"ENCONTRA ,, 21 . ~ eci~, de base 1 fais cornôNidoi ANDRÉ · àroc;E
rn /
1 1 1
'
I I
I
O Colégio do qual surgiu uma metrópole
"Ibi
scho/11, ibi va/trudina.rium, ibi
donnitorium(Aliaescola,aliaenfrrmaria, ali o dormitóno). Com cstaspalavrasrderia-KonovíçoJ~dcAnchicta,cmcanadirigidaaSancoln,ciodcLQyola,àsíngclaoormruçàodoCol~gioS;J.oPaulo, noscamposdcPiratinin ga,ecujaMissa inauauralforacelebradaa2Sdejaneirode 1554. feita "de iorrl.o e palha - Kgundo a missiva - media c-a1one p:1ssm de comprido e dou de largo. em que mora,·am bem apcr-
r11dos os irmlos, conten1es com II lembranç11 doScnhorJt-Su$postoem seuprtstpioena Cruz". Outro~ificio docol4io, mais amplo e adcquado, indlllii,~ oom igreja ancxa, foi conclui-
dodoisanosdcp0is.Acompanhandoocrcscimentodavila,oconjuntofoinovamenterefonnadoem 1653,adquirindooportecornquc
chcgouaoséculoXIX.Oprojerodano'"aigrejainspirou-,;enalarejadeNossaSrnhorada Graça,de0linda,deaucoriadoarquite10jesui11 Pc. Francisco Dias. Um de seus altares lacerais havia sido reservado para venerar a imaa;em do Pc. Jo~ de Anchieta, Joao que tí,·eue luaar sua beatificação,já.emãoesperada pelos fi~i,. No skulo XVIII, cntrctanco, uma cerrível perseauiçãoscabaceusobrcaCompanhiade Jesus.Aantigaformaderelacionamentoe11treaCoroa portuguesaeosjesuítasmudara diamecralmenie. Comefeico,a3dcsctembrodc l759umdecreto real assinado por direta inílu!ncia do MarquhdePombaldeclaravaiodososjesuicas"'infamadoscdesnaturados",sujeitosào:xpulsliodctodasascidadesdoreino,dC\'endo serconduzidosparaasprisõesdelisboa.O patrim0niodaOrdem,porsuavci,passava para a Fazenda Real. NaCapitaniadeSloPaulo.ocapitão-geral Dom Luiz Antonio de Souza Botelho Mourão, Mor;ado de Matcus, pressuroso c !óem CS· crúpulos, executou essa determinaçãn, não apenasseapropriandodapra1ariadaigreja dosjesu!cas,oomotambtminstalando-scnas dependfoeiasdocolé&io. Tanto os livros da bibliotecaquantoaquelesdcanotaçõesdcregimosdebatismos,casamcntMeóbitos.eoutrosmanuscritos,scguiramparaLisboa. Dizse que foram queimados em praça pública, sob opretcxtodcqueoSantoOficioconsid~ouos her! tkosc nocivos. Vá.riosdosvi ajameseuropeusquevisitaram SãoPaulonoskulopasJadoregistraramcm seus relatos ou r~rataram o histórico oonjumo arquitetônico do Pá.teo do Cole&io. Entrctanco, cm 1891, o Governador Jorac Tibiriç.:i, adcptodasidéiaspositiviscas,dcterminouademoliçãodaigrcja,paraquccm seutcrrcno sc conscruiue,scgundosuaspalavras, ''umedificiooondiano,dcooncepçãomoderna",destinadoàscdedoCongrcssoConstimimcdc São Paulo. Comoénatural,essadecisãocausoumalestar em certos setores da população. O Bispo de São Paulo, Dom Lino Deodato de Carvalho, aoompanhado dc uma comissão desaccrdotcscleigos, solkilouao Governador a revogação de tal ordem. Este, em rctanLo, ncgou-scaatcnd!•los. AC\lriainterpõs.entào,rC('UrsonaJustiça,oqualsomemeapóscinooanoste-.·easentcnçafinal,favort,·clàrcintearaçãodesua
......
,
No Pául do toe,o. <teia dol eddm
QU!
c:onsmu1am o Ml'ÇO ela metrliOOI! oa, km
posse. Mas duramc aquele período, em que otcmploes1C\·einterditado,asgotcirasagravaram o apodrecimento do madeiram e do telhado. Esteveio,dcfa10,adõabara \3de março de 1896,numanoitcchuv'osa. Ofatonãosurpreendeumuitaspcssoas.Os jornaisdaépoca,cmboraregistremalgumas cartas cm ía,·or da restauração do templo, apresentam o noticiá.rio sobre o desabamcmo dcmodolacônicooufavor:hclàdemolição O"CorrcioPaulistano",porexcmplo,rcgis_travasobotítulo "EgrcjadoCollcaio": "A úhima hora, informam-n,os que desabou quasi todo o cectodacareja do Colleaio. não ha\'Cndoporémdesgraçapessoal.Orestodotccto ameaça ruína ... AISdemaroo,noticiava"OEscadodeS. Pau lo": "De uma conferencia ha .. ida ontem cntreo1r.presidentcdoEstadocossrs.bispodadioctSCeintendentcdeobrasficouresolvidoquefosscdcmolidaalgrcjadoCol!e1io,vistooperigoimmincntcqueessc1cmplo cstava offcreccndoao1rlnsi1opúblico. (... ) Naiarejajazcmos restos mortais de muitoshomensil!ustrcsdos1cmposcoloniais. alémdegrandcnúmerodeobjcctosaninioos queporcentcnasdcanosfiguraramnocuho daqucllcccmplo. Porcsscmo1i.. oachamosoonvcnicnteque ogo,·crno se faça representar no act~dademolição, bcm como o sr . bispo da d1occsc c acamaramunicipalparaqucscarrecadcdc mdooquealliexistadignodcarchi"o. UmmonumcncodovalorhistóricodaigrejadoCollc,iocncerrathesourospreciososparaoesmdodcnossahistoria. Estamosccnos dequetudoscfarádamclhor forma". Porsuave:z.osuccssordcDomlinoDcodato, Dom Joaquim A"overdc Ca\'alcanti, qucpoderiatcrsal\'OOtcmplo, prcfcriucntrarnumacordoamigávelcomoGovcrnodo Estado,oquallhcpropõsaindcnizaçãode 350 rontosdcrfu.EstaimportãnciaveioascraplicadanaoonstruçãodalarejadoSagradoCoraçãodeMaria.nobairroSamaCecília.('>.ca· pc!ad0Santissim0Sacramcmo,nelacx1sten• tc,dC\·eriarcccberoaltar-morrctiradodaigrcjadoColé&io.Entretanto,oomoesscaltarnão secnquadravanorcduridoespaçoquelhecra destinado,aso!uçãocnrontradafoimutilá-lo cutilizarapenasaterçapartc.
CO'l'I
&ao!lil que
Miei• lllOt3
NumerosaspcçasartísticasdaigrcjademolidaforamofcrccidaspelaCúriaad;vasaspa róquias, masaofenanãote\'cacolh1mento. Des.conhc<:c-se o paradeiro de muitas desJas peças, entre as quai~ as s~auimes_: seis altares danaH,mesadcvmhá.tlcodcstmadaarcuniões,dozecadcirasdccspaldarepésdccabra.doispúlpitos,dezeno,·eimagensdemadeirapolicromada,oilosinMdatorre,candclabros,lustrescpeçasdcouroeprata
Noséculopa.,,ado,já.ha"iasidodemolido oedificiodoantigooolégio,cemsculocalfora construldoumnovopaláciodogo,·erno,cm estiloncochhsico.scaundoospadrõc:sdcmodcrnidade da época. Transcorridas algumas dkadas,esseedificiotambtm foi destruído para ser edificada cm seu lugar uma réplica da primitiva igreja e de parcedo antigocotéaio dos jesuhas. A hi.11ória tem suas ironias. O go,·crnador JorgcTibiriçá.,quedemonstroutamocmpenhonadcmoliçãoda,·enerandaigreja,cmfins doskulopassado,jamaispoderiaimaginar quc,cmmeadosdoséculoscguime,oedificiodoprópriopa!Aciodogovano.cn1ãoocupado pela Secretariada Educação, scriapos10 abai~o. Etaldemolição-abrangendoo ancxodocdifkioronstruidosobrcosaliccrccsdaprimitiva igrcja-tevccm"istaeermitiraconstruçãodcumaréplicadMcd1ficios queoonstituiamo berooda História de São Paulo.OqucJorgeTibiri~.por«no,ainda tcriamaisdificuldadedeconccber ... Se os paulistanos, cm fins do século XIX, tivessem preservado aquelas relíquias histórico-arquitetônicas, poderiam ter comcmorado o 4~ «ntcnãrio da cidadc, no ano dc 1954, em presença dos edifícios auctncicos Ma1comofahouscnsohistóricoeamoraos va!orcsdatradição,taiscomemoraçõc:sti\'C· ramporccmrooinfciodacdificaçãodeuma réplicadaquiloquedes·criatersidooonservadozelosameme. Eassim,em l9S4,0Spaulistano1sópudcramsentiremseusroracõc:ssinosin\'iSivcisdo histórico templo. quees·ocavam a época de Anchieta. Luls Ramos CATOLICISMO - JanwoOI! 1986
A TFP denuncia. Moscou
passa recibo. Zl"ENCON RAO" c<>~tdalàdrbose DIOClfrSDMDIÉ
(,
-
_./
;:.~ ~
.· 1
~
ili~-l
'·
H'
pouco mais de trh anos - em agoJto de 1982 - a TFP lançava o livro As CEBs . .. das quais muito :se fala, pouco~ ronllere - a TFP as ducreve como são. Nele, o Prof. Plínio Corrh de Oli· veiradelineavalar1amemeopanoramabra:lilrironoqualseinscreveaatuaçãodaCNBB. hojepontadclançadoesquerdismonoPais, paraoqueseser,·edatcntacularorganização d.as Comunidades Eclesiais de Base - CEBs. Na se,unda pane do Livro, dois sócios da TFP, osSrs.GustavoAntonioSolimeoeLuisSérgio Solimeo, com base cm opulenrn documen tação, revelavam ao público a intensa agitação promovida pd8$ CEBs no campo, na periíeria das cidades e mu fábricas. Atitação que procura levar o País pcb. via das reformas, que t~m como ttrmo íinal o comunismo. Apcsardesuasseisediçõese dos 72 mil exemplares1·endidosem l.9rocidadesdetodos os Estados e Territórios brasileiros, os mei05decomunicaçãosocialignoraramolivro. TambtmoClerotsqutrdista"nãoviu" oincómodovolumedeautoriadenossoscolaboradores. Curiosamente, no entanto, a partir pouco mais ou menos daquela data. as CEBs - até entiouslduasfreqütntadora.sdaspáginudc revistasejomaiseclesitsticoseleigos-passaram para uma discrtta penumbra ... De tal forma que algum espírito superíicial poderá sertentadoapcnsar:"A TFPexageravaopc riao repre&entado pelas CEBs! El85 não têm aimportãnciaqucaquelelivroatribuíaadas noproces!i,Odccomunistizaçãodo Pais!" Ta! não é, porém, a opinião de MoKOu: o Cremlin tem os olhos bem postos nas CEBs, econsideracomoumaforçade<:isi,·anopro-
'
'( ' '
• f"'.
NomC.-02 ' ErrnrurodaCE8sdtS.UoAndrtreabDuMIIII "8vHoVeraüw, emSloS.,...dOdoc.r.p,J. a 18dttg,;IS10dolllllpa$!lld0.l'lafoto,1cer111,..deumll ~ltilllfllque~!ffàl'llfJfll'Mlpdlril"'411-
gii,cadol'oT>fmri;,otdopolnlJnro NIIIII adaptação dma iiarti.... vtem-se amis da mesa
comtrl$l1$~!1ensamen:ena:a:. Nosolo,o~deli1a ro.1endo 1 stutadoL1111cir.l.Mall•t$1lUe!da. Quase fora
dotb<M:e ilantlje1Ml,ja!o r,eoobeso, 111mWm mono Ét6eMpertebercomoiooooeon1e,10cle~.11$pt-
·-
lldar111_,t1declaS!l!:!nwus11,l1.ueuoslitsi!J110Sde
CAJ1llCtSMO-Jr,esodl! 1386
cessorevo!ucionáriolatino-amcricanocssc movimento promo,·ido, bafejado e estimulado pela CNBB. AJ.Sim, a revista "Am~rica Latina", pubticada em espanllol pcla Editorial Proaresso, de MO$Cou{umadascditorasdogoverno$0viético,espcciatizadaemmattrialdepropaganda) , trazem seu número de abril de 19S~(o quat,comprecnsivelmen1c.só1aoranoschegaà$ mãos) interessante ma1tri1 sobre as CEBs em nosso continente. Trata-se do aniao A$n:>-mrmid11dn ~lniais de base: 110,·11 forma de prOltSI0$0Ci11ld0$crtnlt$,deValentinaAndrónova,colaboradorado lnstitutodaAméricaLatinadaUniilioSoviéticaccandidataa doutoraemCi~ncias Históricas{revistacita da,pp.4-17). A julpr por outros anip e lilTO$ - · VaLcntina Andrónova é um dos espccialiMas do Cremlin encarregados de acompanhar a amação da esquerda "catótica" latino-amCTicana. Oprtstnteani11odaescritorarussa,baseado enidocumentaçâoatua!iiada(procedentc.comocradeesperar,dcfomnprogrcssistas),revelaumaobscrvaçãoatentadopanoramarcli&iosodoContinente,eumconhe<:imcntodc quem f quem nns,: panorama. No que se refere ao Brasil, V.Andróno,·aniodeixadcdar odestaquequecabedentrodoproaressismo a figura.s como D. Helder Cimara, D. Josi Maria Pires, D. Antonio Ba1is1a Fragoso, bem como à wdete mais recente, Frei Leonardo Boff ... Colocadanoânguloexatamenteopostoao dosautoresdoliviodaTFP, a "camarada" Andrónova tem, entretanto. uma visão dil5 CEBsquepoucodiferedaqueclnaprcs,:ntam,oqucmostraaobjC'lividadedolivrode
,--- - - - - - - - - - - 11 A "motivação religiosa" das
CEBs - instrumento para a implantação do ateísmo ESC REVEU O PROF. PLI NIO Corrh de Oliveira cm 1982, no livro-denúnçia sobre
uCEBs: "Dada a grandt efinidadt da fN11Samen10 s6cio-ec:on6mico v:is1ente enlrt as CEB.s
eascorrtnlt:S socialistas ou comunistas do Brasil ou de qualquer 0111ro pois, i-st lt"'1da a cotteluir que, crosso modo, a rtvoluç6o sócio-«1>n6miro promovida por emue a das
CE&s4oumasá. ''Diftnnria-as atwnas a natullZ/l das llSp«liWJS motivaçõesjilosó}ICllS e rtligiosas. O diri&tnte, mililllnlt 011 rttrula d as CES$ M daz da Relitiio (reinle rpttlld• ptla Ttolotlt, da U ~ rtaçio) u coDduM\H $<Xi0.«006 min.1 qut o P C e o PS dedu:ttm da irnH• &llo. Essa revoluçdo llligiosa e II revalur6<) oriia rim, no mais, tudo ou quDH tudo po1"11 st irmananm largamente no (Offlp<J da 0(60. "Entrttanto, esta rundamcntaçio rdl1iou d1 nvoluçio conft tt is CEBs. no mundo dehoje,caracterfsticasprópriase vanta11,tnsrsptdrk11s,queorevoluçà{)a/jian6opo$· sui. (. .. ) A mollvJçto religiosa d• subverdo du CEBs lhes dá urn• poulbllld ade de b ito, pt/o menos a longo prazo, que Le nin nlo leve" (As CEBs. .. dos quais muito se fala, pp. 82-83).
,--- -- - - - - - - - - ~ Transformação das mentalidades através da reinterpretação da Bíblia
nossoscolaboradore$eaoponunidadcdcK_u lançamcmo. Algunstópicosdoarti1odaobservadorado Crernlin ddJ1am patemc essa coincidência. Balita compari-\05 com o que. trh an05 atrú, dizia o livro da TFP(Verquadr05).
Religiosidade nova , repleta de conteúdo revolucion6rio V. Andrónovacomeçaseuar1iaocom ase1uintcronna1ação: "A. renov(lf4o da l greja católiro,iniciadapeloConcflioEcuminico VaticonaSegundo(l962-l96S),tstd1omandoformasl"fldicaisnaAméricoLarina.(... )Nomarco das mudanças no catolicismo /atino-
americono,o•p•rttlmenlo dasco munidades Kltiiais de baw {CEBsl constl! ul o fen llmr110 de maior re~d nci•" (p.4). O que as CE& 1ruem como elemento novo ao movimento revolucionário? Responde Valcntina Andrónov1: " As CEBs 1raum ao movl menco revoludoni rios,eusco nn itos rella] osos. ( .. ,) Elas dlspll'f mde um a rellglosldade nov1, replH• decon1etld o democri!ico e n volucioni rio " (p.16). (Ver quadro J) Citando o documento final do l~ Encontro Nacional da.s CEBs do Brasil, cm João Pessoa (1978), acrevc a aniculi111: "Alise expres-
sa o desejo de uma participação mais ampla dos leigos nas atividades do episcopr,do e maiorrepreMntaç6odestesnosconselhospas1orr,is e nas pardquias, da observância da lc11aldadeentreldaos,ffliglosose$11nrdole$. Exigem-se 1amlx'm af6n conjun1as dirigidas para a libff'la('io dos pobres em lugar de 'jus1ificaçào daqueles que se contl"flp6em aos in1erases da d aur opri mkl•' " (p. 8).
Por meio da coni,cientiação, os membros
Amentalidadedormmbrode ComunGi!deEcle!laliltBast 11rn1-ser~t1W.l'W;OII•
formlda.~o:rnr1SU1 ,,,_
(TRECHOS DA DESCRIÇÃO do processo de "balckação ideolóiica inadvenida", por meio do qual o membro da CEB vai cendo su mcntalidack reliaiou modiíicada, 1ransformando-Knummarxis1arevolucionirio) " Tn nsformaçto du mentalid ades pell co n1den1izaçio ' 'Ao mesmo tempo que lhe é innHida uma religião nova, revolucionária, sua men111/idade é modificada mediante um processo de consrientiu,ção: procura-se provocar no individuo e no grupo II consciinci11 das desvantagens de su11 situaçtJo na socitdode e a necessidadedeparticiparemsua11/ter11ç60. (. .. ) · "A ment11/idade do membro da Comunidade de Base torna-se, assim, tenso, reNindicativa, inconformada, revoltada contra sua siruação. PIISSfl de uma 'conscilncia inglnua' para uma 'ronsciênciu crí1ica'; ou seja: 'tomu consciincia' da 'situação de opress4o' em que vfre n11 atu11/ wcied11de de c/QSSts, (... )
'lelcu n conK~ntizadon' d• Bíbll• "A Bfblia vai oc-upando c11da vei: m11is paptl preponder11nte na vida dos CEBs, vindo a constituir-se no úniro ponto de referência, n11 inst6ncia última e soberana. olvidado e po$l0 de lado o Magistério da Igreja. "Nos 'drculos bfblicos', 'cultos dominicais', ·reuni&s de rejlex4{)' e outros, adatase o método cham11do 'integrapJo 8/blia-vida': toma-se um texw biblico e faz -se a comparação com a situação atual; au o inverso: parte-se de um f ato de hoje e procura-se a semelhança com algum episódio b(b/ico. (... ) Isto conduz, naturalmmte. ao mais completo livre-exame e abre caminho para todas as divagações - portan10 taml)jm para rodas as aberraçóu doutrinárias e dtsvios dt ptrsonalidade. (•.. ) ''A esta distorção acresce a 'leitura dialética da B(b/ia': as Sagradas Escrituras del'em ser lidas a partir de uma posifdo classista - o 'lugar social do pobre', Isto é. a partir da 'ótica do oprimido'. (... ) A miss4o da Igreja, como a de Moisés, éa de conscientizar o povo para que ele, uma ,,ez despertado, lute pela sua libertação. destruindo os esm,turas de pecado do regimecopitalista''{As CEBs... das quais muito se/ala. pp. 135-139)
das CEBs vão se lfansformando: ''Junwm -se paraacons1n.içãodeestradas tescolasoufornecimento de dgua. Unindo suas/orças, p rocuram deftnder suas terras conrra as pretens6es dos latifundiários ou lutam ptl1 reform1 •&riria, exigem melhorescondi~de trabalho, pc,gamenrojus10, 1ranspo,1tspc,lllire vir do 1raba/Jw. Vão-se compenetrando de um senrido de oole1ivlsmo e de ajuda mú1ua. A vdhl mJ&lio,~anasubmiss4oenaobedilnria, i fflt'lld• 1 sq; undo pl1no. Os fiiis aw, ~l<Wmporuma religüio llgad•i$L11(... ) lulapel• libmaçto"(p.g), E.ua"oo~tiZllçio"-explicaa"camarada" Andrónova-ibaseadano"mécodo Paulo Freirc",qucprocuratransformaraedu cação numa "comprttnllo critica" (leia-se "rcvolucionária")da realidade. "Osreligiososprogressistasqueescolheram as com unidades de base para aplicar seus esforços pr0$Segllc a observadora do Cremlin - foram mais longe, extraindo do ideórfo de Freire o principal:• necesid adede dewnvolver 1c:on!l--
clfnd1 poli1icl dot crt nles" {p.6). Ela cita adiante a frase de D. Antonio Balista Fragoso, Bispo de Craceús: "A5 CEB5.do • ncola prim, r11 p1n1 • prilka polítK'l" 1p.9). o uso da Bíblia de forma manipulada- denunciado no livro As CEBs ... das quais mui1ose/alaoomo fundamen1al para opcrar "baldeaçãoideoló&icainadvmida"'dosrecrucadospelasCEBs-iressaltadoptlacolaboradoradarevis1acomunista:"A no va interpretaçio da Blblla deu impulso ao desenl'o/-
=
vimento da oonsâlncia social doscren1es. para as aç6es dirigidas à criação de uma sociedade de irmãos e irmãs, ou seja, de uma socirdade conforme entendem" (p. 10). E cm outro lupr: "Por serem profundameme cren1es,elesrompretndemsuaexistlnciaeseu lugar no mundo$0fflenrtatl"flvésdesuafl, ossim romo avaliam suasaf6n à /ut de uma interpretaç{jo radical da Satrada Escritura. Foilhes dado areuo d Biblia etlesse dtdicaram stm d 1lSst!i,
CATOUC!SMO-.i-.odel986
ll 11-lll como reflexo vivo dll hisrórlll,Íll:tndo parllltlos(... )tntrtapróprillvidlltlldospobrtsdosttmposbfb/icos, convtnct ndo-w dt
q11eniofa prlm tlnvnqutosrlcosr podtrososprlv1mospobttsdeteu1dlrtlto1"(p. 7). {Ver quadro 2)
De "ópio do povo" e propuls or• do ateísmo A utiliuçlo do marxismo sxla Teoloaia da Libntaçlo, que forma o subscrato doutrin:irio dasCEBs, é vista com u.tisfaçio sxla "camill"ada" Andrónova: "No~detstudo do $i$tema (Qpilalis1a, mui/os idt61O1os do movimtnto das comuflidadts dt bast chqaram cl conc/us4o dt qut as catqorias marxistas os ajudam a comprttfldl-lo melhor. ( ..• ) Eflle"'1t-~llSSimadttluraç6o dottólo,o brosileiro L. Borf de que 'os ~mbros dasromuflidades cris14s de bast comtraram a
apropriar-K dom1n:l1moparautilild-loromo arma dt autodefesa"ª fula para libtrtardo sistema capi1afüta' ''(p.10). Em outra passaaem, referindo-se ao Pt. Gustavo Gutiérrti, o ''pai",da Teoloaia d• Li bertação em voaa nasCEBs, comenta: ''O:s
St
~ ,;ai fl)!\1<1$ utilírnias por V. AndrónoVII to IMo ·er,of the peop.i·, Clll8 pos,çao 1endent1Jc$11 pr~-1:om1.111S1a já to.
objeto de an.l~e em "Cltolicismo"
~---------- ~ Teologia da Libertação Marxismo dentro da teologia MISTIJRA DE CONCEPÇÕES herélicas modernistas com as idiias-forçt1 mar~ütas de luta de classes e de dominio da ewnomia (modo de produção) !>Obre todas as demais ativida.do::s do homem, inclusive a reliaiosa, a Teoloaia da. Libertação - doutrina que anim1 o movimento das Comunidades de Base - a<.:aba sendo praticamente uma transposição do marxismo em termos reliaiosos. A coletlnea de textos que se segue - e~trafdos de documentos 01.1 de obras e d«-laraçOO de prócercs dessa corrente - aprescntl difcrentcsaspcctosdcsu.nov•reliailo. Fl"fl Leonardo Bort, OfM; "Tt11ho poro mim que o morte dt Jt!$11$fOi humana, provocado pt/os afl/OIO"ismas que havia em sua lpoca. "O q"t propomos"''º l 1tolo1ia dtfllrO do marxismo, mai marxismo (ma/trio/ismo hisrórico)dtfltrodo1t0/O1io".
Luiz Albnto Gómu dt So11u: "Parll a teologia da libtrtaçâo ,rào exis/t, llluolmentt, oulrllref/exão1tóricame/horqutomarxismo". Pt. Ronaldo Mu~oz, SSCC; "Ptl!SO qut como cris/àos podemos octÍIQr, em geral, a COflct/>fÕO marxlsra de q"t i tllcamen1e bom oq"ilo que na prdxis rnolucionária st vai mosmmdo tficax Pll"' o ca":sa do prolt1ariado" Pt. Emn10 C.rôtnal (IJdcr s.andinista e atual Ministro da Cultura da Nicarágua): ''Em um dos meus versos escrevi "ma ve: a seg"lnte linha: 'com""ismo e reino de Deus flll rerrll sltfli/11':tlm a mesma coisa'. E com isro t u queria diur que o comuni.!mo to Esta· do do 'socitdllde j/fllll comunis1a' (, .. ) que eslo julurll sociedade comunista strd, tlll mesma, o 'Reiflo de Dtus no Terra'". Frti Bttto e Pt, Pablo Ric hard: ''Tonto Poblo Richard como Frei Betto - "m rtólogo. ourro aitfllt dt pas/Orol - efirmaram qut o socialismo 'I llpenas uma elapa do Reinodt Dtus'''(AsCEBs ... dasquai.!mu/10:rejofo, pp.158, 147 e 162 - Nas páginas indicadasvãomencionadasasfontesdeondeforamtranscritosostextruaquiapresen· tados).
~ - - - - - - - - - - - 41 As CEBs preparam uma
verdadeira revolução "/:. UMA VERDADEIRA Revol uçio (fio sentido lato da palavra), com .ririas possibilidada dt se ,ornar muito ''º"de. qut os CE/h prtparam. Jd comeram a e«Jar nos profundidada de nossos ser16ts os brodos.s/O1011$ ·~•-fuendeiro' ( ... ). Es1d "ª liflho dt pensamento t dt Qf4O dos CE&, como ,ra linha de seu diflamismo 'místico ' exasperado, queoessesbrodas~si,am ou~jufllem, dentrodefl4omuiro 1empo, asdt'iw&•· patrio'. 'pq:a-p11roa', 'Pf:11-locador', 'Pf:11-dlrl&entt'. ' Ptr;a'. enfim. todo mundo que llBOrll dorme i"doftnlt um le1orgo profu"dn, tmbollldo altema1iwimentt pdo dtsaftfl1O e pelo otimismo" (As CEBs ... dos qunis muito :refala, p.42).
CATOI.ICISMO-Jane,rcilt1986
".l.sCE81tormamp,rt1 daestru1~1 delg,ep ,rnaselaOO!a r11T1 ltl'll l t11~ i,ól)li1 tmt1 reigiilo. conlert1C1030 seu con1~umcarli1arlibertador,demoailtico 1 r ~ r,o" fst1&UgeS11Y11r:lmnholir1prodtizidodapublação
-a
uguldorts dt Gutllrm r«onhtcem a importaflclo cltfll(fica da ltorio social morxi.!10, US(mdo-o l'/ll crüica oo capitali.!mo. Attodo-
w ao conctl lo m1n:Js11 dt qutartli11iioé 'ó piodo po vo'taplicando-o •11rtjaoficial, elabo,..nmu ma no v1i nltrprttaçin 1cológia, d• Saanda Elcri1un" {p.6). (Ver quadro
.
)).
É com 5-llidaçlo que ela rewnhccc que no Brasil"acoeftrl"ciaep«Qpr,l"acioflalst1Uereso/utamenttumrumodtrtnovaç4o"
{J). 15).RtnovaçioquevalnalinhadaTeolo. aia d• Libenaçio-CEBs: "0 maior dHlizammlo para I e.,qllffd1 - rcsis1ra cla - ocorft tn1C(lmunldadtsde bHtdo Bnsileda Amé~ <:tntnl" (p.10). Sobrtntlllttimaconturb.adaregiio, Andrónova dtscr- o p.asxl fundamemal que as CEBs desemixnharam na transformação revoluc:ion:iria nun:ista da Nieanigua e nasgucrrilhasdeElSalv1dor.Sobreestepaisoomenta:"N01ttrrllórios llbenados ptlosautrrilhtiros, as CEBs atuam como uma l&rtJa n0Yl 10lllmtnlt solid, ri a com o pnYo tm arm.s"{p.13). (Verquadro4). Andrónova jul1a o Documento de Pucbla mui10 lmbiauo, com par:iarafos "repieios de /rase:s de duplo ~fllido, idlios /"acabadas" {p. 15).Ecriticaafos1ruç4osobreo/gunsospec1os do Ttolo1ia da Llbtr1oç,Jo, da Sagrada
Cona,eaaçãodaDoutrinadaFé,contraouro domarxlsmonesslteoloaia(p. 16). Oquedizerdiantedocsclndaloquesignificaofatodcumapublicaçãooficialmentecomunistl,órgiodeuminstitutomoscovitap.ara oestudodenossoContintnte,mrutrar-setão entusiasmada com um movimento promovi· do sxlo Episcopado nacional? AdcnúnciadoeumentldadaTF P. há.ires an05,nãoencontroueeojuntobCllpulasccle· siisticas. Eu"oixraçOOpcga-fazendciro" continuam • agitar o Pais. Como também as invasõcsruraiseurbanas,oss.aquesasupermercados,etodanl)medeviolênciasfisicas tmorais,pra1icadasixlosint~antes"conscicn1izad05"dasCEBs. que a 5-ltisfaçio do Crtrnlin, manifcs1ada pd• "camarada" Andrónova, ser,,.iri paraabrirosolhosdeBisposeSact'rdotcs?Pelo menos este é mais um serviço que a TFP lhesprcsta,levando-lhnaoconhccimentoo senu.cionaldocumentodeumórgãodaA<.:ademia de Cilncias de Moscou. Por aHim dittr, o "rccibo" de Moseou b dcnllncias formuladas no livro da TFP.
Ser,
A REALIDADE, concisamente: • P•n apazlau.r os auerrllMlros do M-1 9, o 1overno colombiano dispendcu. nos liltimos trk anos, 10ma equivalcntc a 42,3 bilhões de cruzeiros, squndo o PT()(Urador-Grnll do Estado. Rodolfo Gonule, Garcia. Graças a esse programa de reabilitação, 12 171ucrrilMir0ianistiadosrc«beT~tcrras,créditosparaag.ricultura,táJ.is,emprtstimosparaabnrpequenasindúmias,cato! bobas de estudo no Exterior. No total, o montante de despn.as corrnpondeu ao orçamento~a Justiça colombiana em 1984. Conforme denímcia da Sociedade de Agricullorcs da Colômbia (''0Globo'',dc30-11·8S). aoinvtsdedeporemasarmasosguer-
rilheirosconlinuamaperpetraralentadospelopaisafora,vakndo~
agora da anistia. Sua mais espetacular açã~ nos últimos mc&CS,
comosesabe,consi11iu na tomada do Pa"ciodaJustiça, rc~ultandodaíccm mortcs. "Catolicismo" jà comentou cm sua edição de novcmb~o p .p. (n~ 41 9) os resultados dessa nefasta P?lítica, que se obstina cm verboasintençõesnosaucrrilhciros.dc1~andoàmcrc!destesvi11mas infclius. • N1 Áfrin nean, de vol11 • neo-barb,rit 50Ci1li511, come1emse atrocid1de$ inauditas. Assim, Uaanda - descrita outrora por Churchill como a "pé. rola da Afriea" - vive hoje cm plena anarquia. dilacerada por connitostribais. Assasslni0$depri5ioncir0$ destcoudaquclcl)andorival,com rcquintesdcaueldadccviolfociasse~uais,10rnar1m-seali rotina,conformcrelatamoscorrespondcntesintcrnacionais. Sq:undoodi,riocatólico"Munno",rcferidopelo"JornaldoBrasil" dc3-ll-85,soldad0$dOgovcrnol)aleiameesfaquciamcivis,seqüestram mulheres e meninas, violando-as Cffl fila. Militares patrulham a capital com riflcs sovi&icos. Encontram-se esqueletos humanos pelas ruas, ou cnlerrados cm fOSAS comuns. Por outro lado, é tal a miséria, que os hospilais viodcsaparc«ndopor falta de sabonete, igua,atadura.algodão e toalha de papel. Frutos amaraos do "sociafamo com caractcristicas africanas", exaltado por certas tubas da propaganda ocidental ... • Curso pua lllndicalitas brnileiro1111 Rú l5i1. É a proposta do vice-presidente do Departamento de Relações Internacionais do Conselho Cen1ral dos Sindicatos Sovi&iCO§, Leonid Visseloviski, aodcscml)arcaremRecifcparaumaconferêncianasedelocaldo Sindic.atodosTecelões.Sl:aundoorepresen1amccomunis1a,osin dicafümo brasileiro "n=si111 de muiro apoio, pois esitl inregrado por jovens sem a devida cx~ribu:ia" (''Diário de Pernambuco", dc 12-l2-85). Certamente a fim de transmitir know how$0viético na matéria, Visseloviski foiconvidadoparavisitar,indicatos,associaçõcsde classcctomu nid adH de base em Recife Ovisitantcconsideranaturalquenlohaja&rcvcsnaRiissia.Eis a explicação; ''láos,indic111osslofor1e,e,olucio11amosproblcma$'' ... Entrcnós.seossindicatosnloslotlofor1cscomoquereriao vi5itanterusso,1emosum prfmlodcconsolaçf,o:asdi1adurasdos piquctescncarrc1am-sedcperseguirecspancarosqucnàoaderCffl U gl"C'Yes, como temos visto rc«nlemcnte. Nào pare«, pois, nc«MárioaprendernaRússiaoqueacsqucrda"c.a1ólica",inspirada. na Teol01iada Libertação, jA pra1ica aqui. • Na llxtln do san1t,r10 de um Boclna da VASP havia um bebê rc«m-nascido, encontrado pela equipe de limpeza do avião, no aeroporto de Belém, squndo noticia amplamentt divulgada por órgà0$ da imprensa nacional, nas primeiras semanas de dezembro Ultimo A própria mlc - uma professora - confCS$0u ter jo,ado o fi . lho no lixo usim queodtu • luz. Fa1os horrendos como este;, deixaram de ser excepcionais em nosso País. Rc«memente, uma menor de idade deu à luz Cffl Sa.J. vadorejoaouafilharccém-nascidadoquartoandardcumprédio.Ocmbrulhocontendoocorpofoiencontradopelazcladora. Em Rio Branco, no depósito de li~o municipal achou.se o c.adá-
verdeumarccm\-nascida.Ocorpoapresen1avasinaisdcviolincia, e presume-se qut tenha sido espnada após o pano, pois apresentava marcas roxas na aarpnta, altm de ter veriido sangue pelos ouvidos. •Os comun istas chl só permitem que haja um filho por fa. mllia.Talvezcmal1umas,reasoaovcrnopasse aautorizaronascimcn10 de um segundo filho, se o primriro for menina - veicula o"ChinaDaily",reproduzidopelo "Jomaldo Brasil"de7-12-8S. É muito com um o infantic/dio de meninas quando o primeiro fi . lho nlotvarlo, pois a mulher tdesprczada na China. Em 1984, cerca de um terço de iodas as gestações foram abortadas: houvc quase 18 milhõcs de nascimentos e 8,89 milllõcs de aborto$. Esse~opa!squcvaitomandoarcs "democráticos" aos olhos dccenai111d/ije111siaocidtntal,dcpo!íticoscdeincontáveisór1ãos decomunicação,1pontodces1arreccbendomaciçoapoio cconõmicoepublici1Ariodomacrocapitalismo. O infeliz casal chinb, com um únlco filho e as migalhas de propriedade privada conccdidu pclo Estado, acreditar:i nessa proplllada "abertura" capitalisia da China1
• o uw de saias pan homem, al~m de brincos e maquiagem, começa a ser introduzido no Brasil, numa cópia servil do que se passa Cffl Paris, Londres e Nova York. Pintores, anisias, punks ccantorcsdcrockjitransitamànoiteporSlo Paulodamancira acima descrita. squndo noticia "City News" de 24-11-85. Odclirantci1uali1arismomodernotcndeaeliminartodaequalquerdistinçloentreosKxos;enquan1oohomemcomeçaaadotar indumentária feminina, a mulher procura ostentar uma masculinidade que nio se toaduna com u nobres delicadczas e graças quclhcsãopróprias. EJtemplofrisan1ctousoquaKJC11tralizado decalçascompridaspelumulheres. As earacteri11icas peculiares de cada $CXO, longe de constituíremruloparacontcndas, ress-en1imen1ose rivalidadcs,devCfflscr dbia e harmonicamente preservadas, squndo os ditames da Provid!ncia, quc assi m ordcnou e disp& a natureu das coisas. •Ftti BoH, r m pltno l)l'rfodo dt "'si.lfndo obwquiow.. imposto pela Santa Sé, lançou cm Ipanema, Rio de Ja!ltlro, o livro Francisco de Assis, homem do Paraiso, ilustrado pelo pintor Nelson Porto.seaundoinformao''JornaldoBrasil''dc 4-12-85.Espéde dcantologiapottic.a,interprctadaconformcaTeolo1iadaLibertação, recebeu o aval de D. Adriano Hipólito Mandarino, Bispo de Nova Iguaçu. franciscano como Frei Boff e da mesma linha ultra-progressista. Apub!icação,qucd cfondcac hamada ··opçàopreferencialpelos pobres", nmaCrS250.000. Nãodevec.ausar espa ntoaolcitoroclevadoprcço do!ivro,pouco accssive!aospobrcs,poisosapreciadoresdaobraencontrar-scãoprefcrencialmentenu claucsmai$favorecidas.Éoportunolem, brara propósito a frase do Prof. PlinioCorrh de Oliveira: "o esquerdismo emrc nós nlo I um fenômeno de massa. mas de clubt rko c dc sacris1ia".
----
• ··Con,oder(IJ•noztlski um pa1rio1a'', declarou Walcsaao ''Oie Weh",daAICfflanhaOcidental,conformcveiculao''Jornaldo Brasil"dcl0-12-85. TCfflposatrú,ccrtaimprensapretendiavcrnoliderde"Soti d;,rlcdade'· um cruzado an1icomunis1a. Na verdade - conforme de mesmo chqou a declarar - Walcsa desejava !)lira a Polônia umac:spéciedcrqi1Msocialistaau1~1ionirio, meta final do comunismo, e nio um inimigo real deste. Isso explica que, nos momcntos decisivos, Walesa K tcnh1 recusado a apoiar a ala dura de"Solidaried1de'',preferindo,aocon1r,rio,ncaociaroomoaovernocmcondiçõndesf1vorAveis. Agora,ap,ósocs.candalosoclogiodcWalcsaaoditador polon!s,muitosincau1oseo1imistasingenuos1erlooportunidadeparaindaa;arasimcsmos:ser,umpatriotaogcneralquercprime os antioomunistas, num pais assolado pela fome? Ou será um mero titere de Moscou? E Walcsa? Quem t ele, afinal?
O cego que guia outro cego... Plinio Corrêa de Oliveira
J
ANEIRO e dezembro de 8S martaram doi1$urprttndcntesin5ucessosd~penpicáciadenOSSO$mtiosdccomumcaçJ,o social,noqucdizrespeitoàsttndhdasprofundasdopensarcdoqucu-rgloba.isdo8rasil hodierno. Comcfeito,cmjaneirotudo.semon1oupa-
raquco"Rock in Rio"obtivesseumsucnso dcman:ar~poca,nãosócmnívelnacionalco-
mo internacional. Não seria possivd fazer, para estccfcito,mobilizaçãomaiscomplctadosrecursos publicitários tl!istentcs no País. E, à u_ma,astubude_nonapublicidadcprognosucavam, paraonbombantccspetáculo, uma partidpaçãopopularapoctótica,querdopontodcvistadoniimcrodosprnentes,qucrdo cntusiasmodclirantcdoqual.setinhaccrtcza que eles dariam mos1ru. Ora, tudo isto desfechou em um fracasso eiiatamcmc tão arandc quantofora1randcotriunfocspcrado. Min-
•
O: a
l
';
j
1uadofoiooomparcc:imento.emaismin1uadoaindao,:ntuslasmo. Enquamoasmldiasesta\'amcenasdeque brasileirosdetodasaslatitudesanuiriamao Riopan,paniciparpessoalmen1edosmom,:n1os de supremo írenesi a que o espnkulo daria lu,ar, e que, a fortiori, ,os cariocas, naturalmente prazenteiros e folgazõe$, deixariam ~apartamentosesuascasaspara11eapinharm1ooslocaisdo"RockinRio",oque11epaswu foi bem diverso. Os bnuikiros de todas as latitudesprefrriramfiearnoooníortodesuas cidadesede11euslares. Eoscariocasprefcriramasm.acia.setranqililasdellciasdeseuschinelos ao frenesi "d=mra!do'' e agitado do tão apregoado espniculo. Qual a rulo - ou asr.tzões-destaabstençãotãoinesper.tda? &eu Foueotimista,imaginariaqueaindignação da grande maioria dos br.tsileiros contr.t as imoralidades t H e,nr.tvaaãncias anunciadas para o "Rock in Rio" esta\'I na caus.adoqucnãohtsitoemqualificardeíeliz insucessodoespeuku!o.Nes1ecaso.entretanto,quantoestariaafu1adodarealidadeomcu juiw! Com efeito, as grandes multidões estão naustas de trabalhar, de penar. de11er constantemtmeexcitadaspelasmídias paraemoçõesparoxístic:uquelottmsuashoTI1Sdelazer.Elasestloexaustasdeperambularoomespantonocaosdosacon1ccimentos11emnao dodia-a-diareliaioso.cuhural.político,social t eronõmico de nossa existmcia moderna. Elas quemn rupr de tudo isto que as mídias lhes ,:ntrowwn continuamente no espirita, atra~ dos olhos como dos O\lvidos. Elas quC'mll SOS• sqo,normalidade,desprtoeupaçlo.Eistoas mídiaslhesrttusamatodoinstante.Daí,pelo menos cm boa pane. o insucesso. Easmldias?Ptlomenosn<>BTI1Silnlopa=ntcraprendido1liçào,.Ela$procedcmco-
a ~~ei~~='°~:m~~:t~~i!o~tem dia O "Rock in Rio" tra calculado para uma multidAosõíregadeprazeresinduzidos.Uma
l
CATOLICISMO - J&newo de 'l1fl6
multidão efervescente de aspir.lÇÕCS sexuais tmdentes ao orgíaco. No gênero Las Vqas, digamos. De multidões fanas "ad nauseam" das "insipidas"alegriasprópriasdos11erõesdeoutrora. em torno de uma mesa em que 11e Krvia ché de hortelã ou de camomila, e 11e oomiam biscoitoscaseiros,enquamooorriaindolente uma conversinha familiar 11em novidades. E as multidões, saturadas, tendiam ao c:ic!remo oposto. Ptlocontrário,oqueseviuagorafoiotriunfodamaciotacaseirasobreo"Rockin Rio". Essa imcns.a s.aturação, as mídias, re1ardadas espantos.amente, não a prC\'iam. Transcorreuquasc:inteirooanode8Seningutm pare« ter reíletido wbre a lição. Imaginando desta vez como inteiramente real o mito mar•ísta mais do que secular, da luca de classes,asmidiasparecemtercalculadopara aentrevistadeRobertoD'AvilacomFidelCas· no um dci10 aruilogo ao do fósforo aoew num imenso paiol. No caso, o paiol seriam a, massas de 1rabalhadoresmanuaisef<:n-eKmtn de furorporaindaoistiremricosnafacedattr· ra. Eporistosupostamente.ivida.sdeouvira pregaç!omessiãnicadolíderdeSierraMaes-
,~.
Na realidade, nouas ma»as~o tranqüilas, ordeira$cdcboapaz.Elasnãothnojmzaaos ricosnemàpalícia. Eaindi&naçãoquelhes \'ainaalmacontr.toPoderpúblico,nãotporqueestcmamtmo,direitosda1r.tndeemtdiapropricdadc.mas.pelocontnirio.pOrque nAoprotegeapcquenapropriedadeea11eaurança pessoal do homem oomum, porque dei• u as ruas entregues ao roubo impune, oomo ali.is tamlxm à s.anha sexual. Conscqüencia: foi noticiada a CJtibição de Fidel Castro na TV Manchete como um pro,rama que marcaria êpoca na vida p0Htica do Brasilcontemporânco. Oresu!tado?Considereoleitoroquadroabaixo,concernemeaSão PauloeaoRio,construídocomdadosfornecidoscom louvilvelimparcialidadepelolbope.eapresc:ntadosoomimparcialidadenlomenos louvável pela "Folha de S. Paulo" (28-12-llS)epelo'"JomaldoBrasil"(27-12-85) respecti\'lmcnte.quantoàaudiçãodobarbudoeverbosoditador:
Em outros cmnos, paulistanos t cariocas deKjavam uma paçhommta noite de domingo. A TV Manchete lhn ofereceu, para essa noite, a '"iauaria" rt\'Oluciomlria de duas horas de prosacomo"chefe"cubano.Aimensamaioriadasduasgrandnurbesprefcriuarotinapachorrentadeespet.iculosdetelevisãocomum. Antesdetudo.éctaro.porqueocomunismonlodespertanelasaapetênciaagitadae sôfregaqueasmfdiasimaginam. Mas também, em larga medida, porque o povo- o "po'IAo", como em certa gíria se diz -querqueucoisasoontinuememsonego, enloque11eabrasemnumincêndiotnigico. Como 11e aplica que assim 11e enganaram as midias1 lwmeuver,porqueelastémosolharnpostospfC\'llemememenumBrasilficticio. lstoé, o Brasil formado por uma imensa panelinha (perdoeoleitoracon1radiçãonos1mnos,mai; acoiu.éusim:umaanmdequantidadedcpcsroasqueoonsti1uinoBTI1Silumaminoriaproporcionadamentepequena): l)cltrigosecatólicosprogressistasou'ºbofis1asH; 2)uns1an1osmiliard.irioscomunistas; J)eenosaranfinosidóla1rasdaatravaglncia.dapomografia sofisticadaedosimpttVis1osescandalosos; 4) intelectuais que imqinam SOprar Kmpn: para a nquerda a última moda, e S) publicistas de esquerda ou em vias de 11e tomarem 1ai5. Em suma, um Bra$il inauikuioo, poiso Brasil nem t uma panela nem é esquerdista. Mas o Brasil tantoetantoédescritocomo11endo assim.queacabamacrcditandonadescrição attmnmoosque,porarroubosideológicos, acabaram fabricando omito. Mito perigoso. na verdade. Pois não são muitososbrasileirosquerelacionaramofracassodo"Rockin Rio" comofracassoconafneredeFidel Castro. E assim sãoincont.iveisosque"1ooon11entindomaisoumcnosresianadamentequeoBrasi!váresvalandopara aesqucrdaporque,iludidospelomito.imagi· nam que nosso Pa!s tem na alma uma preponderãncia esquerdista ... que nãocxiste1 Um povo que K deixa guiar po r um mito, mtximetlofalso,correoriscodetcrodestinodocegoguiadoporoutroceao.oontrao qualadvertluoDivinoSalvador(Mt.15,14),
lndicedeaudiência (em pontos) Rio deJanciro Horirio
Globo
SBT
21,30h 22,00h 22,30h 23,00h
"
"
Manchete
.,
Globo
26 2l
São Paulo SBT
li
" " 18
Manchete
Sandinismo e suas relações com o terrorismo árabe
º
DEPARTAMENTO de
Es1adonortc-americano
bia.aqualdivulaaopensamcn1ode Khadafi.
tornoupúblicorettme-
1omis8orye.Mnstrod!IIII
IWIOINl;iíagi,eRSelfoiol.t lllllOI dnjen!l!SsencJnltlS
mcntcumrcla1óriointituladoOs
_..,sr.a~11oh1a
Sandinistas e os Radicais do OriemeMtdio(ThcSandinis1as and Midd/1! Eas1crn Radicais, UnitedStatetDepar1mcmofSta-
em~'°'del!_,10
te, Washin11on, DC, agos10 dc 1985).Nclcsedncre-.·c,comfar, 11documcntaçio,umaspec1.odo
u ndinismo que os seu• atuai• apologi,t.u-d~rigosclcigosprcfercm manter em silencio: a intima relação do Sandinismo comoterrorismoimernacional, emconcre1ooomaO LP(Organizaçãode Libertação da Palestina), a Líbia e o Irã. Muitos dos facoscconexões apontadospclorclatóriosãodo conheci mento público, mas a transcrição de alguns dos mais sígnificativ1n,qucfarcmosaselUÍr,drixapatcmcatramas«rc-
11rmqucseconjugam tcrroristascmovimcmosnacionai..dcli~rtaç.ão,dcacotdocomosintercs.scsdocomunismointcrnacio-
"''
Aschacinasperpciradasnodia 27dcdezembroUl!imonosacroJ>OrlosdcRomaeVienaportcrroriuas palestinos - as quai5 abalaramaopinilopúblicamundial-vieramdarnovoreal«à atua!idadcdodocumcntopublicadop<'l0Dcpar1amcn1odcEs1ado norte-americano. Tanto mais qucosreíeridosaiemadosforam uallados por um redator da qtnciadenotícia$Jana,daLi-
Em 1968,FidelCamorcuniu cm Havana mais de 500delegados~egruposcomunistasradicais da Asia. Aírica e Amfrica Lalina. no que \·eio a ser conhccido como Confrrtncia trlContincmal.convocadaparaformaroqucchamavamde mo,·irnenrorr,·olucionilrioglollal. Fruto dessa confcr~ncia foi a formação de campos de trcinamcmodcauerrilhciroscm,·ários paíse5,especialmcntcCuba.Rússia, Libiac Libano. Ú$ militantesdaOLPesliverammtrcosprimciros a r«c~r Lrcinamcnto aucrrilhcironoscamposda Rússia e de Cuba. Foiassimqucpropriamcntc nasccu cstaoraanizaclotcrrori!ita.Postcriormcntc,a OLPmontouscuspróprioscampos-sobasscssorian.issaecubana-noLibanocnaLibia. V~riosdosacuaisdirigcntcsdo 10,·crnosandinistadaNicarágua. cntreclesoMinimodolntcrior, Tomás Borgc. membro da Junca deGovcrno.inlciaramsua .. carrcirapoli1ica"nnscscamposdc trcinamcmo1crroris1 a.cm 1969. Nclesforamtambl!madestrados sucessivoscontinaenicsde40 a70 1uerrilheirossandinis1u.nopcr/ododcl969-J970. Nosanos70os sandinistasassim treinadoló paniciparam de vários atos 1crroris1u no Oriente Khalti!t1.J:t,rll)OfmOftllO
11smoé,;maf01m;ided,l)lo m«:11,lornettollr~tello
nheto 1 1,m1:11111aossanó-
1enoros1ano:, OnemeMédoo
Médio.cm uni.ãocomscus"irm.ãos"daOLPeoutrasfacçõcs tcrroriscasàrabcs,comoaFPLP, ala radical (sic)daOLP. Na revoluçlosangrenta queos palcstinospromo,·cramparadcrrubar o Rei Hussein da Jordânia. cm 1970.cqucpassouparaahi11óriacomoosc1cmbronegro,gucrrilhcirossandinistas lutaram ao lado dos sediciosos palestinos. cendotidonumerosubaixasnos combates Também nos sequestros de a~iõcscomcrciais,nadttadadc 70, participaram ,-,rios 1uerrilhcirossandinis1u.Porcxemplo, no frustrado 'ICQÜCSLro de um aviãodacompanhiaisraeknscE1 Al.nodia6dcseccmbrodc19?0. morreu um 1uerrilheiro nicaragüensc, Patrick Argüello. hoje considerado herói nacional pelos sandinistas. Nosanosscguin1cs,a1éotriunfo dos comuno-sandinistas cm 1979. as relações com a OLP e outrosgrupo!iradicaislirabcsnão cessaram de se incrementar. A OLPfornC<:fildinheiro,armasc assessoresaossandinistasduranlctodoopcríododelutacontra oao,·crnodcSomoza.Foia1ra,·isdospalestinos,earaçasaos contatoscstabclc<cidosnaConfer~nciacri-Contincnca!de Ha,·ana, qucossandinistasobti,cramarmas da Corêia do Nonc e do Vicm.ã N.ãodf'·c. pois. causar cntranhczaofatodcloaoapósotriunfo dO!i sandinista1 ~·!anágua ter reconhecido oficialmente a OLP.
outorgandoá1uarcpresen1açào statusdeembaixada.complcnos direito.1diplomá1icos. Fato pelo menos curioso, uma vez que a OLPnão1cm1crrilórioncmsobcrania. Em julho de 1980,olidcrda OLP,YasscrArdat,fczuma,·i sna"ofidal"àNicaráaua.O~li nimodolntcrior.TomásBorgc. numarc-:cpçàocmsuahomcna aem.dc-:larou: ··Nós dizemos a no.s.soirmàoArafa1queaNiea-
r~uaioscup,1iJ,equeacausa d110LPiadossandinis1as ··.Ao qucAraíatrcspondcu:"~/aços entrcnósmfo.dono,·os. Vossos ,:amaradasnàoforamánosJ.11erfl"ISóparaserem1reinados, mas para lutar··. Horas mais tarde. ainda dc<,,larou Arafat: "Quem am.-ar:araNkarófl:Ua/cnlquclu1arcom soldadospa/e51inos·· Também a Libia, ao,crnada petocoronclKhadafi.paraquem o terrorismo é uma forma de di plomacia. íoigrande fornecedora de dinheiro e arma~ para os sandinisias.Eml979uma,·iàodc caria líbio foi imcr«pcado cm Tums. Oficialmeme rie lc\a.-a suprimcmos méd,cos para os reíu· giadosmcaragilenses,masnarca· lidadecon1inhaS01onclada5dc armasparaagucrrilha.cmãona fa1>efinaldesualu1a. Acenascrcpe1iun0Brasilcm abril de 1983. Quatroa,iõcsHbios.les·ando··suprimcmos médicos·· para a Colômbia, foram dc1idosem Recife e Manaus. Na realidade eles carregavam 84 to ncladasdcarmamcn!ole,ecpc OOOUCISMO
JenewodeS:16
sadoparao1overnosandinista Sc1undodcclarouoentãocmb.aixadordaNicar,1uaem Bruília, trata,·a-sr simplesmente de "uma doaçl,odenossoscamaradulibios" ... Esteera$Óumdosnu· maosos envios de armas líbias paraoregimedeManágua. E$taajudalibiaàsub,·crsàocomuni1ta na América Central é um asp«tomuitopouçonoticiado. Entretanto ela foi substancial e constanle.Por cxemplo,cml979 Khadaflconvidouos!íderndos 1rupos1uerri!hcirosem lmana América Central para uma rcunilocm&nghazi.durantcaqual prometeuajudaíinanceiracpolitica. Asrclaçõesçomolr:ldoA)·atolla.hKhomeinidatamdealguns anosatrU.Emmaiodel983,por uemplo, o Pc. Emnto Cardcnal, MiniwodaCuhuradogoverno s.andinista. durante uma visita oíicialao lrà,obrcveorarissimo prh·i!égiodc uma audiência privada com o próprio Ayarnllah Khomeini.Emjaneirodc 198S.o PrimdroMinistrodoJrã - tido pormuitosobsenadorncomoo h-Orr1m1quccontrolaasopcrações terroristas dos xiitas - visi1ou Manàgua. Dnsrs oontatos tem resu!tadoforncc,memodepetrókoe, ao que tudo indica. também dearmas.porpancdolrààNicar:igua. Orelatóriodogovernononeamcrkano 1ermina rom um item
intirnladoUmrcfúgioparasub,·crsfros.Muitosgruposterrorist1L1, romoa ETA espanhola. as BriaadasVermclhasdah:iliaeo if11po8aadeTMtinhofdaAlcmanha. encontram na Nicari.gua uma basrsqura para suas operações na rcgiào. Ixouuolado. ogo,·ernosandini11afornccepass.aponn fa!$05 a terroristas do Oriente Médio. Europa e América Latina, que assim podem viajarpeloO<:iden1esobfalsasiden1idades.
MuitosterroriStas,fugi1ivosda justiçanossruspaíscsdcorigem. enrontramnaNicat'quatrabalh-0 cseauran,;a.Outrosalintãopor "solidariedadcrc--olucioniiria"", inclusi,·e participando na luta contra a rnistCntia anli,andinista. Concluindo,convi!mrnsaltar queumregimecomoosandinista-marxista.cimimamemcvinculadoàsforçasmaisradicais do terrorismo internacional - é aponladoporcorifeusdanquerda"católica"noBrasi!romoum modctoasrrimi1ado. Pobre país o 00$$0. ~ Ol)tar por esse m,serõh-d figurino tAo cxaltado por D. PedroCasald:ilíga,quechegoua ,·ntirpublicamen1eajaquctade aucrrilheirosandinista!
Ja•·irr l wrbide
Aspectos preocupantes da educação nos EUA CADA VEZ mais cxisle a tendência de subs1 i1uir a edunçào cl:bsica-romoseuduploupcctodc('duca,;iodocaritere aqu1siç:lo de conhecimentos - por uma ('duca~io íluida, moderna. mais orientada para os problcmaspsicolóaicos. Imagine o leitor. por exemplo, uma escola de primeiro grau naqualaseriançassãoobna:adasasedei!arnochioparaeli minar o s1resr. ou uma menina contando à iua mk que ela tem "uma pnwa vi,·endo dentro de!a. ma; tum sqredo"". bsn uerckios formam parte de certos curw1 C1tr1nho; ctiamados "rdlcxocatmamc". Tai; "cunos" 1:10. no fundo, tratamentos p\itológicosexperimcmais, nos quaissemi lizam ascriançascomorobaias. Neles, par exemplo, as crianças são indutidas a ,mersir num mundo de fantasia e fazer uma "~iagem·· por ele; submetidas acs1:igiosprim:iriosdeau10-hipnose:iniciadascmpri1icasde med1taçàotransccndcn1al.misticismoor1ental,)·01a,oudirc tamcn1e em ocultismo. Ensina-'>C b criança, que o 5/r,:ss OC"Or· requandoobc:dccem-pais. Nos cursos de '"reflexo calmante"". em ~osa no,; Es1adm Unidos. as c,ianças i.ào cnsinadas a pra<.:ura, ,;o,n<.elh-O do '·homcm ú.bio" que ,·iH dentro delas; a "r~pirar len1amente atra,t,, de onfícios ,maJinàrios na planta dos~; a imaginar um prO fessorçomo11opernas,ouumclcfanre,crmelho<entadonuma montanha e fumando um charmo" c1c. Também os chamados cur!;OS sobre "abuJa.i ()e crlan.;a, •· (ou seja,ir.CtstO)tstãocadavezmaisemu1ono,I.UA \1uil0\dc<.ln pra<.:uram mcutir a idéia de que o lar é um ambiente hfütil. equeosmaiorcsperigosprovêmdepcSSOa<,daprópriafamília. Um programa adotado atualmtnlt cm ]4 c1tado1 çon,i,1~ numa ~rie de aulas 1obrc horri,ei1 ,a'>OS hipo1~1ico< de abu10, tlecnança< no lar. O manual nunca menciona pai~ mãe ou o< d1mmu!i,·oscarinhososcorrnpondcn1es.masrcferc-1ea""l)C!,· soas que vi,·em no lar" (""ParentsAd>1s.or) Cen1cr "lt"I". Ea1lc FOl'\Lm, srtembro de 1985).
CAJOL1CtS.U0-J111t1udtffilii
Ao lor9)
da~º"'"'ª en«t n
éc;1:1. A!o,rn,nf-... orna ,ruat,a n1ri11..,,,1t .,,_..
da.crtrllll'l~llltuo;.da"para150çom1J11S\i
Um " muro da vergonha" com 1.400 km O MURO DE BE RUM - também conhecido çom razão por ''murodavergonha""-tornou-sc1ímbo!odabru1alidadeco, munis1aque,paraimp,:dirasfugasconstantes,corioucmduas aantigacapitalalcm:I.Esta,comosesatx',cstàencravadana Alcmanhacomunista,esuapartea<.:idenialiligadaaoMundo livre apenas por uma estrada - se>·erameme vitiada - e par a,iões. A1laumasdezcnasdequilômetrosdo""muroda,·er1onha" n1:ialongafronteiracntrcasduasAlemanhas.atra,·ésdaqual poderiaha,erumíluxocominuodefugi1i,osdatiranlaçomunis11. Porque nãoc,.istetal fluxo? Fala-SC:pO\lconooutro··murodavergonhJ",umalonps,er. pentedea,;occoncrcto.dcl.400quilômcuo,caproximad1meme tr!s meiros de altura. que di,·ide a Alemanha em dois blocos. Esta fronteira é guardada por 32 mil soldados fortememearmad0$, 706torresdevigia. 768abrigosc l.298cãn de1uarda.Elaiprecedidado!adoorientalp0rumacercade arameíarpadocletrificadaedcalturasemelhante,colocadaa 460 metros de distância. Quando alguém a ta<.:a, um alarme autom~tico soa imediatamente. paraqueda1orrcdcviaia mais próKimasaiaumapauulhadesoldad0$. Ema!gunstrechos.as autoridadncomunis1ascolocaramumasrgundacercadearamcfarpado.Nosriosquecruzamafronteirah:iaindagradn paraimpedirafupporele-s. "Catolicismo" publicou wb o título ""Muralha intdita de milquilõmctrosnafronteirad1Lmortc".emsuaedicãodeou1ubrode 1978(n~ 3)4),documcntadoartigosobrcoassunto. poucodepoisdcçoncluídaaronstruçãodaquelasinis1rascparaclio fortkada entre as duas Alcmanh11. Pareceu-nos oponuno voltar hojc 10 tema, pois nestcs ano1 mui1as tra1tdias ocorrcramjuntoàquela"muralhadamortc··.salpicadapclosan&uedetantosakmãesqueaspira,·amàlibcrdadecrepudiavam a tirania vermelha Ap,:sardc~rquaseccrtaacapturaoumorteparaospobres infelitcsque1cn1amescapardo"paraiso,·ermelho",aindase notam muitas tentativas, a maior parte frustradas. O Capitão Augustu,Korus.daAlcmanhaO<:idcntal.aíirmaquequando umfugitivoébalcadonoladocomunista,osw!dadosdaAlcmanha O<:idcntal não podem fazer nada. senão observar. Em J984.apnardetodasasmedidasde!iqurança.S4pessoasti· ,·eram hito nas 1enta1i.-as. Algumas delas eram 0$ próprios wldados, pois como n1:lo nas im('diaçôes do muro. são os que tCm mais chance de escapar. Por isso eles s.ão muito ~igiados a1épelospróprioscol~as.Umdcsscs1uardasch~ouaserçon demtdoadoi,anosdeprisàoporha,erouudooomers.ar,atra,tsdomuro.comumhabitantcdoladoocidental. Essaíronteira,guarnccidacomoscuidadosdeumapcni!en ciiriaqueabri1a facinoras,exis1cassimapenasparamantcr encarccradaumapopulaçãocujodescjoé1implc>mcntelc~ar uma •·ida como a que levam seus inm'los de raça, o> alcmãe~ ocidentais. Querem fugir da igualdade. e por uma razão ~imples, a igualdade social é tãocontrólria à natureza humana. quc produzapobreiaeprccis.asemprcdatiraniaparaexistir. lgualdade. tirnniaepobrezasãotri'sparceirasin.scparheis.
C11rlos A/berro Soam Corria
' 'R5:CISC0!Tu,doqu<"goslas mai$: de conso//lr II Nosso S<,nhor, ou de
-
co,m:ncr os p«.a-
dote$, pana mfo ittm m11ii 11/mas para o Inferno?
- Gosto mais dcconw/u a N= &nhor Nlo rq>arastc como NoJSa Senhora, ainda no último m~, se pôs tio triste, quando disseque 11 Deus No!f.S() S<,nhor, qucj:J e:l't;Jmuitoofrndido?Euqu-ri11consolar11
nlo ofendessem
Nos.soS<,nbor,ed~s.ron!l<'r/ero,-peçado. res, para q~ nlo O ofmdessem mais". Awm resix,ndeu Francisco Martoà$0.& pri-
ma Ucia dos Sant0$, dois OOS 1rb pastorcri• nhol a quem NOSl.il Senhora aparecru, nn Fátima, no ano de 1917.
FRANCISCO nu«Ta em l l de julho de 1908. Parecia-scmui1ooomscupai. Eraum menino robusto, 00~0$0, de fisionomia -
qlllllquercoisaa-11umamuida,que111~pattc:iaumtt«rro". Eoon1inua:''Nloer11nadafrKdroso.lade noite sozinho a qualquer/usar escuro, sem mrutr11rrtCTioougqueroontr11rit-dade.Brincava com ru lagartos e as cobr.as que encon· tr11va;fazia·asenrolar-seemvo/tadesuavar11ed.1va./h,::sdebcbtr,nrubur11cosdaspe-dras, o /d1e das ovelhas. Andava A ca!a dll$ lebres,raposasetoupeir.as". O ~ueno tinha um11 alma particularmen1e abert11 :U belezas espalhad15 por Deus no universo criado. Admirava-~ da imensidade docfoedabeleudasestrelas-"/fmpadas que Noua Senhora e ru anjru acendiam" p11ra iluminar as trev111 da noite. Mas, o de quc elemaisgoSH1v11er11dosolqueviasurgi r por tr'-5dosmontcs,queparaeleera''a1Ampad11 deNossoSenhor",maisbonltaque1od11111s outras. Os raios do sol fillrandoatr11vbd111 vidraçasencant11vam.no.Asgotinhasdeorvalhoirisadaspdosoler11mparaeledeuma belez.atodaespecial.
renaefriçõesregulares,amivel,respeitosoc obrdiente. Era pacfücoeoond=ndcntcpor naiureza.Sene,avam-lhe$ellsdircitos.quando1anhavanasbrincaderas,«diascmresist!ncia,ro:spondendoapenas:''Pensasquega-
QUANDO da apa.rição da Santissim11 Vir gem,naCovada lria , Lúcia,Franciscoesu a irmã Jacint11 tinham respectivamente dez, nove cseteanosdcidadc.Somcntesua primacon.,.ersavaoomNossaSenhora.Eletinhaque~ oonformaremouviroqucas pequenas pastoras lhe contaYlllll daquilo que a Mãe de Deus lhes havia comunicado, pois somente via a 11pariçlo.Mu,manifes1.ando1odoseucontentamentonapromessadcirpara0Ciu,cruzandoasmãossobrcoiw,ito,dizia:"Ómi· nha Nossa Se-nhora! Terços, rezo todos quan1os Vós quiserdes!'" Umdia,dis~àsuaprima: ''Ode que mais grutdfoiveraNossoSe-nhor,naque/a/uzque NossaStnhoran05co/ocounopeito. Gosto ramo de Deus! Mas Ele está tio triste por causa de tantas pecadm! Nós nunca havemos de fvzrnenhum". Emoutraocasião,quandolcvar11morebanhodeovelhasapas1ar,Jadntafirouiw,nsatíva,sen1ad11numapcdr11.Lúciaain1eriw,lou:
nhasce tu?! Pois $iro! A mim. Í$$-O n;Jo me imponal" Se&llndo11uaprimaLúcia, "nosjogos,era NS1.1nte llllimado; ITI.IS poucos 1os11m1m de io,ar com ek, porque perdia qua.sc sempre Eu mesma ronfeJSO que simpatfrava pouco rom ele, porque a seu natural pac(firo o:xci1av11 por vezes ru ncrvru de minha demasiada viv,cid•de. Às veu:s, ,xg11v11-o por um br11ço, obrig11v11-o II senrar-se no chio ou nalgu. ma ,xdra, mandava-lhe que estivesse quie10, e ele ob«/,xia-me como $.e tu tivesse uma grande autoridade. Depois, sentia ,xna, ia buscllo pda mio, e de vinha com o mesmo bom humor, coma se nada t i ~ aronteçido. St alguma das outr.u criançasempenhava·setm riru-/htlllgumacoisaque/htptrttr1~, dizia: 'Deixa IM A mim, que me impor111?!' Sempre II sorrir, sempre amJve/ e rondcscen· deme, brincava com todas as crianças indis· tintamente. NAo repreendia ningu~m. Apenas isvezesserc-rirava,qu11ndovia11l11umacoisa quenAoesra vifbtm.Stselheptr,lluntavapor que se ia embora, respondia: "Porque ,-ods nlo slo bons'; ou 'Porque nlo quero brincar mais'". OíatodeFranei$l;O!trboalndolenãosignilicavaquerOMeum meninosemenergi"e fr•co de vontade. Seu pai - li Marto, oomo er,chamado - diziaqueele"eramaisbra· vo, mais irrequieto que II irm4zinha. Por qualquerroisan!loes1avaoom1an1apaciênda,por
10
-"Jadnta/ Vem brincar. -Hojemfoquerobrincar. -Porquenãoqueresbrinc1r? -Porquees1oupensando.Aque/aSenho-,.disse-nosparare-zarmoso1erçoefazermos 5-at:rifidospelaronvenãodospe,:adores.Ago-
ffer(llCO Mano. um das trh pas!l)l"e.mtm a q\l!ITl NO!Sil
Senhola81)areceuemfà1,rna. noe,ooóe1 91 7
r•,quandorczarmmoterço,temmquerez;u 11 Avt-Maria e o Padrt-Nosso inteiros! Em saerificio$,comooshavemmdcfazer? - Di:mos a nossa merenda As ovdhas di~Frandsco-efazemososacrifíciode nA"omertndar!"
Ditocícito.Ascriançasfiçaramsemarc• íriçio, e J)ti$atam o dia - como dizia Lúcia - "que nem o do mais aw1cro canuxo!" Oidcaldcfrancisco,apósuapariçõesdc MariaSaniissima,foiodccon50laraNosso Senhor Jesus Cristo. Dizia com íreq0b\cia; ''Enou pensando tm Deus, que es,, tio 1ris1c por causa de tantos pecados! Sc e,., fosse capa;zdclhcdaralevia!"Oumtlo:"Masquc pcnaEkcstartlotristc!Sce,.,Opudeuecon· IIOlat! ... " Lúci1-hoj,creligjosacarmelilatmCoimbra - conta-nos cm suu mtmóriu um fato :;!~~resco e edificante, ocorrido com seu pri"Um dia, passlvamos pela minha casa, cm frente da c.u.a de minha madrinha de batismo. Elaacabavadcfuera'sua-melechamoun0$ para n0$ dar um copo dela. Entramos, e oFranciscofoioprimciroaqucmcladeuo ropo, para que bebeue. Eleope1a e, sem bcbcr, passa-o .t /acinta, para qucbcba primeiro. comi6o; e, cntre1anro, numa meia volta, desapareceu. -OndeN1áoFranruco?-per11.mtaami• nha madrinha. - Nilo sei; n/Joseil Ainda a,ora aqui Ntava! -Náoaparcccu,e11Jacintacomi10,a,rad«mdo a dádiva, fomos ao cncon1ro dde, onde nloduvidamos um insrantc de que Nfaria: srn1adonabciradopaço,já1antasve-zNmcni:ionado. - Fr11.ncisco!Tuniobebeste1 '6u11.-mel! A madrinh11. chamou ,amas vcu, por ti, m11.s nJo&pattC"CSIC! - Quando peiuci no copo, lembrei-me de rq,cmcdefu,:raqudesacriildoparaconro-laraNouoSenhor. e enquanto vod-s bebiam, fu1ipar1aqul". Em cena ocasi.io, tendo Cll(()fltrado uma cordanoa.minhoporondceonduziam suas o~clhinhas,resol,·ttamdividi-lacmtrêspara atá-la à cintura, e oferecera Deusaquclcsacrificio, pois a corda magoava-os mui!o. As vezciaJacin1adci.r.avaat~correra!gumasl.t· grimas,porcausadoincómodoquclhccau• savaaquclapcnil!ncia. Naapariçãododia13desc1embro,Nossa Senhora disse aos três pas1orczinho5: "Deus N/4 contente com os ,·ossos sacr/f;cios. mas n;foqucrquedurmaiscomacorda. Trazei-a sóduranreodia".
FRANC ISCO preferia fazer suas orações e sacriFidossozinho,ocultando-seinclusivcdc Lúcia e Jacinta. Esta.-a sempre ruando de joelhos, ou "pensando'", como dizia, .. cmNossoSaJhor,1ristcporausackramospecados". Suaprimapcrgumava-lhc: -·'Francisco!Porquenlomcdizespara rr::u.rcomigo,cmaisa/acinra? - Gos10 mais de rc:zar sozinho, para pcnsar c ronsolar a Nossc Scnhor, que Ntá tio triste!'' Quandoialcscolacom Lúcia, muitasvezcs, chegando peno da igreja de Fá1ima, dizia: "Olha! Vaitu.tcscola. Euiu:oaqui. na i6rej11,jumodc/es115esrondido.Nlomevalea pena aprendera ler: daqui a pouco vou para o Ctu. Quando ~o/tares, ,·cm aqui chamar-me"
r.ATOI.ICISMO- .llne!rode 1996
~isqucadocccu,pcd!aàsuaprimaque, quandopassa5scpclaigrcja,fOSKdarmuitas saudadcssuasaJcsusescondido. Eacrescen· tava: "O que me dá mais pena éjá nlo ~ estar aJ1um iempo com Jesus escondido ". Um fato que mostra bem uma caral"lcris1ica mareante de sua pcnonalidadc to 1quinte di.ilogo, que eom de cstabelc,c,:nm duas sc-nhoras que o foram visitar. Elas thc pcrgun1avamsobrcacarrciraqueeledesejariaabra• çarquandocrcscesse. "-Querr::ssercarpimciro? - NAo, senhora - respondia o pequeno. E logo a outra; -Queres ser militar? -Nlo,senhora. -Edouror,nlogostari11.1descr? -Tambc'mnão. -Eujáseioquetugos1ari11.1dcse1 ... Scr Padre/Dizera Missa ... confessaragcnrc ... pre1arna lgreja ... Nifo é?
~ c1a
famillll Mam. onoe
- NAo. senhora. Também mio quero ser Padre. -Emão,quequerr::stuser? - Nlio quero ser nada. Quero morrer e ir para o Céu!"
"NA OOENÇA , o Francisco mostrou-se semprcalesreccomente'",diz-nosalrmãLúcia. Eàs vezes lhe pcrguniava; - "Sofres muito, Frani:isco?!"' - Bastante; mas não import11.. Sofro para consolar a Nosso Senhor; e depoi5, daqui a pouco. vou para o Céu!" A religiosa carmelita comcnca cm sua.s me· móriasalgunsepi§Õdiosimpressionan1cs6os U1timosdia.sdopcqucno Francisco. Eisa[auns deles: "Dianredcp,5S01Sgrandesq~ovisira,-.m, mantinha-se em silêncio. e rapondia, ao que lhe p,e,1un1avam, em poucas palavras. As PN· .soas que o visira,·am, ,amo da terra como de fora,semavam-sejumodacamade/e, às,·c-
zcs /on,o tempo, e diziam: 'Nilo sei que 1tm o Francisco/ A ,ente sentc-se11qui bem!'. Alpmas ,ui/lhas commtavam, um dia, com mf. nha tia e minha mie, depois ck haverem esta do um bom espaço ck tempo no quano de Frandsro:"l:ummistérioque111entenfloen1ende! S,o crianÇII.I como" outras, nlo nos dium nada, e jumo delas senic-se um nlo sei qul difercnte dali demais/' - 'Pil.llU que se seme, aoentfll.f no qU11t10 de Franr;is,:o, o que sentimos ao entrar na flreja' - dizia uma mu/hcr vizinh11 deminh11ia".
E acresoent11v•: "Materia/meme, slo. como dium,criançucomoasoutras.MaJseessa boi! gente, tio habituada 1oma1erial da vida, 110ubessee/evar um pouco o espíri10, ,·cria, scmdif,ru/dadc,qucneluhaviaa/goquebllst1111tc11Sdis1in1ui11". Navfspcradamortcdefrancisco, Lúciac Jacintapassaramtodoodiaaospésdcsuaca-
v,veu
I IOOl!eu o peqoono F,_
ma.Ànoi1e,aoscdespcdirdele,disse-lhcsua prima: "- Fr1nciJco/ Adeus. St fores para o Céu cstanoitt.nloteNqueçasládemim,ouvisrc?! -Nlo1eesqueço,nio;ficadr:scansada.E. agarrando-me a mio direita, apertou -ma com força por um bom 1empo. olhando para mim comasllf1rimasnosolhos. - Quem mais aJ1uma coisa? - p,ergumei· lhe com as lágrimas correndo-me tambc'm j.i pclasfaccs. - Nlol respondeu-me com voz sumida. Como a cena cstav11. se tornando dtmasiado como•'fdon. minha tia mandou-me sair do quar10 - Enrlo adeus, Francisco! Até ao Céu Adeus11éaoCéu/... Nodiasc1uin1c,4dtabrildc 1919,o pc· qucnopastorcntrqioubrandamentcsuaalma a Dcw. por meio dAqucla que lhe havia promt1ido vir busc.t-lo c lcd-lo para o Céu! J o1'Fr11 ncisro Go u veia
11
Na Rússia, um exemplo de perseguição religiosa 'ffiM TRANSPOSTO a cortina de ferro, atravk dos mais variadosmeios,notíciasdcqueore-
gimeeomuniJtarussovcmintensificandoaperseguiçl.oearepressãoatodosos e!ementosinfensos ao marxismo, especialmente os religiosos.Oscatólicosda Lituã: nia , LetõniaeUcrãniaestãosendo duramente a1in1idos. Só no campodcoonccntraçãodeLvov hi.cercade 300católicospresos, submetidosatorturas,maustra-
tosctrabalhosforçados.Láfoi presoosaccrdotecatólicoucranianoPe.AntinPtochnyak,após sofreruffiacirurgianoestõmago. Mas, curiosamente, órgãos da imprensa brasileira, tão zeloros em defenderosdireicoshumanosdos comunistas, nadatêmadi;tera respeito desses ede numeroros outros fatos semelhantes. AtltulodeamostradascondiçõesdevidanoGu/agsoviétioo, reprodurimosabaixotrechosdc um impressionante relato que chc1oureeffltementeaoOciden1e. Oau10r,queaindaseencontra no tristemente famoso campo dcconcentraçãodcMordóvia,arriscouavidaaoescrcvê-lo.TratasedcjanisBarkans,25anos,da cidadede Rezekne,juntoàdivisaentrea Letônia e a Rússia. O jovem foi preso em 1983 por distribuir folhetos anticomunistas. Odocumcntofoipublicadorecentcmcnteporumconceituado órgão especializado em notkias internas do mundo soviético {"CahicrsduSarniulat",dezembro de 1984, n? J07;Bruxelas). Pormaisimpressionantequeseja a mencionada descrição de maustratosetonuras,elanãoé rara.Outrostestemunhosde presos encerrados em campm de ooncentraçãodedivcrsa!iregiões doterritóriorussoatestamanálogosmaustratos e rcferem-seà elevadamonalidadeentreosdetido!i. Ote,ctonadadizsobrearcligiãodeJanis. Entretanto,como a maior pane da população de Rezckne é católica, pOde-se presumir que o heróico jovem o seja.
to:Eisalgunstrechosdcseurcla-
"Recr:biumrraba/hopenoso: odecarregarplaca5T:Mtálicas. Tinha que trabalhar 16 horas por dia, 7 dias por semana. Só uma vez pudemos descansar no domingo. Aalimentaçloeral)és5ima. Muitos de1idos 1en1aram oompensarainsufü:ilnciaalim~1aroom oquee/es conseguiam pc-
garnasfossasdelixo.A/gunscomiam até vermes e capim. Vários tinham partes do corpo apodrecendo, por falta de vitaminas. As ve= morria alguém por c.arlncia dealimentosepordoenças não cuidadas. Cerca de 50'!'. dos deüdos sofriam de exaustlo. Só vi pessoasassimnasfotosdoscamposde ron=!r.lçioalemks ( ... ).
JanisBartans,jo,e,nle!ào, ~suporlal10rl\W3Sindili
l'Slpel,;lfa1ode~ranOOl!llllllÍi!a,MCOO\fnein1erna·
doatualmenteno1erniwl camp0deon:entraçãode
MuOO...nalüssil!{lotol.deoo:ninado"camp0damon1"
"Enconfreimcio,nosminutos de tempo livre, de escrever um poema:'Abaixoocomunismo'. À noite, li o poema a alguns deridos. No dia seguime, de manhl, os guardas vieram revistar-me e o enconrraram. Fui imediaramente (... ) fechado no isolador por 15 dias(... ). Recusei·me a panicípar do inqu~to(sobreo poema). Então, levaram-me de vo/ra ao iso-
/adorealícomeçaramasurrarme. A poma-pb e socos, feriammeascosre/as; o sanguecom·a do ros/0 pelo meu peito. Caí no chão, mas eles cominuaram a bater-me,atéquemefrawraram ocrâneo. "No dia seguinte, os mesmos guardas, parecendo bestas ferozes, Yierambarer·mede novo e
jogaráguageladasobremim,grirando: 'Então, oregímesoviéticonão1eagrada?'Meupeitosupurava,masnâorecr:binenhum cuidado médico, nem mesmo bandagens. "E/ei; queriamforçar-me arespeitaropodersoviéticoagolpes de bota, pelo frio e pela fome (
...).
"Terminado o período de 15 dias(... ),1ransferiram-meparaa prislodocampo, ondefuicondenadoapassarseismeses. Lá, emcondiçôaterriveis,passeiuns quinze dias no isolador. A direçlodaprisâo recrutoucriminososdapiorespkieparaobter5eus fins.Semdizerumapa/avra,eles se jogaram sobre mim e se puserama me surrar. Eu era incapaz de me defender, pois já não tinha nenhumaforça.Osanguepós·se novamenteacorrersobre meu peito,ecaídesmaiado.Quando acordei, era noite. Tinha uma fone dor na cabeça e no peito. Vendo que eu havia recuperado os sentidos, os bandidos puseram-se a Nrer-medenovo, a1équeeudesmaieidedor.
"De manhl, apareceu um guarda com a comida: minha porção era um pedaço de pão de 150gramasemeiolítrodeágua
quente.Euqueriamuitocomer, maseletirou·meacomidaeale-
wuembora.Equandofaleicom um adminisrrador pedindo comi·
da, os guardas bateram-me e insultaram-me(... ). "Um dos guardas imaginou a seguinte 'distraçlo':fuiamarradoaumagradedeferro. Eleesquen/ava umalãmina de metal atéqueelaficasseem brasa,ea colocavaemãosobre meucorpo. Edepois,paraesfriar-me,jogava. mebal<kscleágua gelada.Eraum inferno. E deixaram-me, depois, rodo amarrado. Durante quatro
diasfuimantidoatadoàgrade Quando meus olhos fechavam-se ele fadiga, jogavam-me água, pois nãopermitiamqueeudormisse. Adquiri uma irritação na pele e todo o corpo doia. ( ... ) Arranamlm-me as unhas da mão direita. A dor insuponá·,d fez-me desmaiar. "Sobre meu corpo j,i não havia nenhuma parte imacta. Nilo podia senrar·me, nem deirar·me, era·mepenosoficardepéeera difícil até respirar. Eu só podia descansarquandomomentaneamenteperdiaossentidos (. .. ). "Essesquinzediasquepassei
nesseinfernoparecr:ram-meuma verdadeiraetemidade.(... )Podese ter uma id6a de quem eram esses prisioneiros pelo seguinte fa10: um deles foi posto no isola-
dor porque lentou violara própriamãe, quandoestaofoi visi·
tar.
"Em todo es.se /empo, nilo recebi nenhum cuidado médico. Umavez,jánofinal, vendopassarummédico,supliqueiqueme ajudasse com medicamemos, e quemeenviasseJenfennaria.Ele
rei;pondeu-mequeosmédicosestavammantendoentendimenros paratratar-me,masforamproi bidosde ajudar-menoque quer quefos'>C.Nessemomento,real-
mentejánãoagüentavamais,e desejavamorrerlogoparaacabar comaquilo.Maseunãomorria. PorwltadelOdedezembrode /980eufuiviolencamen1esurrado.Perdiossentidos e fiqueidurame muito tempo estendido no chlo,semnenhumsinaldevida. Osdetidospensaramqueeuestívessemonoechamaramooficia/ daguarda.ComonãohaviamédicoAquelahora,levaram·meao vestiário.Demanhã,quandoum furgãodevia/evar-meaumhospitalparaadissccaçâo.euvoltei a mim. O enfermeiro, vendo-me
naquekestado,fugiuespavorido. Eles quiseram levar-me de vo/ra aoisoladormas,afinal,autorizaram que eu fosse admi1ido no
~ ~~~~ 12
CATOUCISMO - .Janeirodel986
-
h ospital~. Diagnóstico: tubercv~nos=enopul-
mlo. Quando sai do isolador, eu pc,UVI J9 qui/os, escvrava san· 111e e ma/ podi1 ficar de~- Ourrora eu havia pratíc11do toda II wrte de esportes e havia sido
aim~lo de nllaçlo de minha ci-
dade ( ... ).
ztndo quejA nlopod;;, viverem .k'uprópriopa(s,pornAloscrtr:a~romo~. masccmoes-
Discernindo., distinguindo, clasaifieando. ..
cnvo.Ao/Mll!rdevolvidoopassaporte, ras,ou-o. Foi emfo pu-
As líricas andanças dos trovadores ...
sonovlm('nreerondenadoaquarro anos de campo de concmtraçlo "sob rt,ime severo" (o mais terrível). Encontra-se hoje no "campo da mo1u" dC' Mordóvia.
Eisscuender~:JanisBarkans. 4J/:ZOOMordovskaiaASSR, Tcn-
O rdllo do jovtm Janis prossquedcscrevtndo o tcrrivd inftt-
gouchevsld R-N, Pos. B.arachcvo,
noporqwpuw11.Ap6srumprir 11pen11,foiintero!ldon11mhospitalpM11orn111.mcntod11111ben-u-
exl)ffiblda /em demonstrado que
lost e Ih U'III (trimentas. lkmonstn11mJo sin,11/11r con11gcm, 11p6st11dooq11tsofrro,rnll/011 lt'1I p:,s.saportc inttm0(o:1. Rússia todos slo obri111dos II ter passaporte para vi:,j11rdeq11alq11ercíd11dc a 011tr11) • po/ici11, renunciando j ddad11nia rovittica cdi-
ffTCHR. JKh-JBJ/ J-5, URSS. A
os prision~ros que r«rbcm cartas do Ocidtlllt slo um pouco mais bnn tratados, pelo rc:mor queoscomunisrastlmipublicidadead~™ Rezemospa.raque~jovem se m11mtnh1 firmt, bem como os milharN de católicos que sofrem
por sua Ft nos inumerllveis Gu la1s comunisru.
Curiosa insensibilidade perante a tragédia afegã EXCERTOS DE UM RELATÔRIO do Senador S1eve Symms, do estado norte-americano de Indiana· "R«entcmcntcputicipcidcumainvcstigaçãorobrcacrisc n0Afeganistão,realizadap0r umacomisslomistad0Senado cdaCl,mara.Nãofiqueimuitosurprcsopcloqueouvidastcstemunhu. Um regime que massacra 269 civis num uião co=cial deve achar muito jus1ifidvcl o que faz no Afrganis-
<lo.
"Mas squndo a crnbauatriz nane-americana na ONU, Jcanc Kirkpatrick, a brutalidade soviética no Afeganistão tem atingido ~os 1raus de insensibilidade. O utfci10 vermelho matou cer-ca de um milhão de pessoas, incluindo mulM"rcs e crianças. e a 511/1 t.6tica de 'tema devastada' pode ainda causar a mOl"tt de mais 4 milhões, pda fome.
"Muilat crianças 1Cm ficado cegas 011 perdido os membros por causa d05 brinqucd05-bomha que os soviéticos esp;dham pelo pais. Estes "brinqucd05' t!m como finalidade mutilar, e nãomatar,paraqucaspcquenasvítimassctorncmumacara:a para5Cllspais.OutrascriançassãolcvadasàforçaparaaURSS. para serem doutrinadas n05 prindpiosde Marx e Lenin. "Soldadoswviéticoscmhclicópterost!mseqties1radomoçasemulhereseabu~dodelas,jopndo-asdcpois,dcspidas, óo& helicópccros. Tudo oom o fim de intimidar e quebrar a 'vont ~ dc resistir' do povo afcgio. "Dur1nteasauditnciasemWashin11on,visentadonofundo da sala um dos comhatC'lltes mais famosos e valenlcs da rcsist!ncia afqã, o Gcneal de Brigada Rahm.atullah Safi. Junto com outro conhecido combatcn!C, o Comandante Wali Khan, o General tinha VUitado recemementc Los Angclcs. Eles tinham participado de uma reunião com os vereadores e concedido wna entrevista de imprcn~. para uplicar o wírimcnto de K1I po-
'°·"Elcstncontraram,oontudo,umpúbliooindifcrenteein11Cnsivel.05jornaisdeLosAngcles,quenãop0upamtsforçosparadivulprnotk iassobreossandinistaseoutrosmovimcntos csqucrdistas'roml,nticos',quclu11mcontra 'ditaduras direitistas' bnnah, ignoraram completamente I prese~ destes dois grandes homens. ''Nemo 'Los Angeles Tunes', nem o 'Hera.ld Exarnincr', nem as cadeias de T V NBC, ABC e CBS difundiram uma 56 linha MlbrtOWUlltO, ('"Dayty News Dlacst" S-6-85, p. 2e 3)
CA!OUCISMO - -**tt de 1986
O StCULO XII é conhecido na história da literatura como o $kulo dos 1rovadores. Eram andarilhos que, desde o fim do sb;uloXl,cchcpndoatéoXlll,pcrcorriamascs1radasccaminhos,detcndo-scn05castelosacantar,aowmckK11s1laúdcs, um amor platõnioo e desintcrl'SSado, o "amor cortk'' pcla dama que do aho da tOITc os olhava, llnauida t scntimen..1.
MSim, a conscifncia dos povos foi imprejnada pela idtia de umamorcntrepessoasdedifcrcntcsU"Xos,puroescmconscqüblcias, de um 11Cntimemo ardente mas quas< espiritualiudo, que transparece nas "cantigas d'amor" daquela época. A realidade, portm, é bem menos bela do que par«e. Ela éatébutantefeia,paranãodiurhorrenda.Butalembrarquc ' otalamormuítasvezeseraadúltero,poisadamacuhuadafrcqúentemcnteeracasa.da. Eà"purcza"doamor, não era raro succder-seartalidadedopccadodacarne.GuilhermedePoitienlevouaousadiaattopontodepintaremscucscudooretrato de uma dama casada, ''para ronduzi-Ja aos romb.arcs. como e/e a conduzia A alcova". Chea:aram a proliferar as "cortes de amor" (espécie de tribunais cornpostos por damas), constítuidu para pronunciarse 50bre o valor d05 scruimcntos expressos pelas panes cm causa. Assim,porexemplo,otribunalprcsididoporElconoradeAquitlnia sentenciou - dcsavcrgonhadamen1e, ~ prC('ÍlO diz!-lo que"oc.uamcmon/loéumacscu5a/e1frim.acontr10,mor''. Maislon1efoia "cone" dacondessadcChampagne,aodeclarar "que o amor nlo pode euendcr seus direiros sobre duas pcssoascasadas'',scndoimpossi,·cl,p0r1amo,haververdadeiroamormtreoscõnjuges. Nio~deestranhar,pois,qucuconscqti!nciashisióricasda açãodos1rovadorcs1enham11idodcsas1rosas.Foramelcsopontodcpanidadeumarcvoluçãotcndcndal,queminou1rundo a sensibilidade de homensemulticrcs na Cristandade mcdieval.Anoçãodopecadooriginalnãofoineaada,maswbreela lançou-se um manto de falw lirismo. O conselho de Nosw Senhor- "•-ifiai e orai, para n.fo cair<kscm tentaçlo" - tomouse inc&nodo e, sem ser contestado, foi esquecido ... A5 tcndh\cias desrep,adas da liCTisualidadc foram rmncn1ando rnb-rCJ)liciamcntc cm muitos ambientes, numa $OCiedade que aindaprofcssavaabcrtamcnteosprincipioscatóliCOli. Foi um trabalhoprogTC$$iv9,maslemocomotudoquamotprofundo,atteclodircomtodasuavirulênciabcmmaistarde,noromantismo dos steulos XV III e X IX. Movimento este cm que a ,<,nsualidade já se afirmava explicitamente, mas ainda diundose inspirada em sen1imen1os voltados para valores mais altos. É&abido,poruemplo,qucofamosoCS(:ritorfranctsCha1caubriand,rcprcscntantealtamemequalificadodacorrcmcromlncica, mudava continuamente de concubina. Mas, conta de cm suas memórias. sempre à procura de uma fiaura romãntica idcaliuda-evidentemcnteimpos:sívcldeexistir-a",ilfidc", cujo nome ele tomara emprestado à mitoloaia dltica. Ess.asc ouuas impostaçõessentimcntais ao lon10 da História escondiam, wb um verniz prestigioso, o descjo impuro não combatido da sensualidade desbragada. Era, no fundo, uma posição hipócrita. Masahipocrisiataantc-saladodnismo. Assim t que, cm nosw stculo, vemos nas ruas e nas praças ocspctáculoconstrangcdordchomcnsemulhcrcsos1entando dcspudoradamenteascnsua!idadc,noqueclatemdemaísaviltanteeattanimalcsco, Jánãohémaislugarparaovtudiáfanodoromantismo. É moderno ser assim! EpcnsarquetudocomcçoucomasUricasandançasdostrovadores mcdievais ...
CA.
ll
Autogestão em vários sabores, sempre amargos Aau1~1ao é o o~ietivo também ele grupos 1euon;1as ,orno a ETA, autora dl! ,mjrneios atemicloi como o oer?reiado 00f11•aoeditiaoda ilele!jacia de lrún. na prO'/Ífltli! deG,..l)ÚltO<l lhparihal
C
ADA VEZ que o comunismo imerna-
cional aprcsenta sua v~rdadeira face àopiniãopública,susc11arepulsada compactamaioria.&scfa1oinoomest;hel,ao longodosanosofoircduzindoao cstadodc umtumorlocalizado,circunscritorapidamcntepc,laspartesw:liasdoorganismosocial e iso!adocomoumcorpoc:stranho. Os raquíticos PCB, PC do B e congfner~ são, no Brasil. um c~emplo desse fenômeno As manifestações públicas que realizam exibem uns poucos militantes e muito barulho
Masopovopassaaolonge. Todaaestra1égiapublidtáriaimaginadape!ocomunismo internacionalafimdesairdesseimpass,,fazcomqueelenecessariamcnterccorraadisfarces.Cadaumdeles,noperiodo dc!ançamcnto,iludeumcenonúmerodedesprcvenidos ou "inocentes út eis" . Mas, por força das circunstâncias, o comunismo precisa avançar, e avançando se desmascara. Isso oobrigaatrocar rapid;imenteamáscarapor outraquenãodespertc repulsa "Políticadamãoestendida", "quedada, barrcirasidcológicas" , "distensão" , "defcsa
dosdircitoshumanos","convergência", e por fim "sociafümoautogestionário", sãoalgu masdasmáS<:arasqueo comunismofabricou para si. Tiiograndenúmerodedisfarces,em 1ãopouco1empo,reve!acomooengodo é rapidamcme perccbido, obrigandoocomunismoascdesfazerdamáS<:aravelhaearranjar uma nova.
A última má s cara Noprescnteartigoanalisarcmosalgunsaspectosdaúltimadessasmáscaras:osocialismoautogestionário. Dc5creveu-ocomprecisãocclarezaoProf. PlinioCorrêadeOliveiranacélebreMensagcm das então l3 TfPs: "0 socialismo amogestionário, cm vista do comunismo: barreiraoucabcçade ponte?" Entretamo, aprópriamáscaraautoges1iooária, de algum tempo para cl, está sendo usada com certa parcimônia. Quando Mitterrand venceu as eleições de 1981, naFrança,aautogestâoeraapresentadacornournapanacéia universaleavassaladora.Como fraca.1soda
O Novo holocausto QUANDO UM PAIS tem a desgraça de cair sob o jugo cornunis!a. segue-se infalivel -,1e uma séric de conseqiiencias: perda das liberdadcs básicas, perscguiçào aos oposi10m, deustre cçonômico etc. Con1udo, talvez dentre essas decorrências a mais damorosa e notória scja a avalanche_de infelizcs que sc evadem dos "paraísos vcrmelhos" em busca da liberdade e de um regime que não violente a natureza humana. Eis as cifras de refugiados, segundo H. Eugene Douglas, Embaixador norte-americano para Auumos de Refugiados: Alemanha Oriental, 6.S00.000; China. 4.000.000; Afeganistào, ) .300.000; Europa.Oriental, 2.015.000; Cuba, 1.250.000; Vietnã. 1.000.000; Etiópia, I.OOO.OOO; Rússia,400.000; Laos,282.000;Carnbodgc,224.000;Ango!a,200.000; Nações Bt11icas, 200.000; Nicarágua, 100.000; Tibet, 60.000 ("The Phyllis Scl1l.ríly Rc port",qoitode1985).
14
cxperlênciasocialistanafrança-paraoqual contribuiuponderavclmentcareferidaMensagem das l3 TFPs - a autoges1ão murchou em1odoomundo,1antonoscntidodemi10 propagandísticoquantosoboângulodaaplicaçãoooncrcta.Pode-sedizerqueaexperiênciaautoges1ionáriavemsendotcn!adaarduamcntc,demodoespecialnolerrenoeducacional, em países eu ropeus como Itália e Espanha. Emcsmon0Brasil,go,·erno>es1aduais vêmensaiandoaaulogestâonoâmbilodoensinomédio. Emlinhasmuitogerais,osocialismoautogestionário ~isa transformar a sociedade atual empequenosgruposautônomos,chegandoa uma utópica anarquia "ordenada" e "não
~AÍOLICISMO [);n,to<aP•uloConhd, 6n<o f11"°
~iif!~;~~~:~~;~; ç..,,,,.,.,,0od;,cuporvi.lm..,-.l1""'p<-l>!l.ond<> ~·P~-: ~.t:i;;roc, , Edjtou. Rua Maj<ót>Qu<. w, -
lmr,«,,o NA<lJ><e>~Papfü<Am,Grm,.,
~~~=:,:.v= ;-.::~~
m,o~I do Emp,<;a
A............ ,1, rornumC1II00.000:"'°1'<'odo,
~-~t;~~~·;~~;:.~1:~r=:~~;s 0.paJameo10<.><rnP<•rm""""d< tmp,,uro,
~~~~~~~~:;; CAffillC ISMO - Jane,ro de ~86
caóüca".Scriaaplicadodeformagradualna em presa,na família,na escoia eemtodaavidasocial. Prctendeintcrvirafundonavida individ ual e reformar completamenteoprópriohomem. A lgrejaficaria reduzida avivernumasociedadeinteiramentelaicizada, quenãotoma· ri a emcontaasobrigações dohomem para com Deus, nem os princípios da ordem natu· ral delineados nos Dez Mandamentos. A or· demcivil tomariaumrumooposto aoda[greja,aqual-pensamossocialistas - morreria lentamente por asfixia
· •Exemplos" da França e Espanha Apesardesscrecuotátioo, aautogestão t um ideal permanente dO'i mais diversO'i grupos marxi sta.s. Para seter nOçãodequantoelaé desej ada pelo comunismo, apresentamos a opiniãode váriospartidoseorganizaçõessindicaisesquerdistasfranceseseespanhóis. Emborasejamtodoscomunistasousocialistas e tenhamamesmameta,subdividem-seintermina,·clmenteem"sabores"diversos.Masa sua doutrinaemttodosdeaçãorevelam sempreo mesmosabor amargo. A Confederação Nacional do Trabalho CNT - , organizaçaosindicalanarquistaespanhola,panidária daviolência,define ameta pela qual luta: uma " sociedade sem classes, igua/irária,onde necessariamemeosmeiosde produçiioes/ariiosocializados. aurogestiona dospelospróprioscrabalhadores,comoram· bémoconjun1odasociedade e ases1ru1uras. A isro é que chamamos comunismo li~ário: umasociedadeaurogesrionária,federa.leigua. /itária"(l). Objetariaa!guémquesãomanarquistasque pensam assim, mas outro! mais "moderados" - socialistas,por exemplo-nãopemam do mesmo modo. Engana-se: tamo o Partido Soei afota Francês (PSF) como o e1;panhol (PSOE) propõem exatamente a mesma meta. Umporta·vozdo PSOE afirma que entre os 5?Cialistas_eosgruposde extremaesquerdaa d1ferençacapcnasde mftodo,equeesse5grupos "são nossos primos-irmãos'" (2). Um "primo-irmão" - a LCR , LigaComunista Revolucionária - propugna a neccMidadedademuiçàoviolentado E11ado,c"não sóaautogcstãoeconômicada empresa, mas cmtodos05niveisdasocicdade, (.. .)abusca de uma1ra:1sformaçãodetodososaspectos davidacoud1ana"(3). No mesmo sentido se pronunciam o Movi mento Comunista - MC, cisão do grupo ter· rorista basco ETA; a Organização Revolucionária dos Trabalhadores - ORT, grupo maoistaqucv~nalutaarmadaoúnicocami· nhoparachegaraoEstadoautogestionário; o Partido Comunista da Espanha - PCE; e aprópriaETA,grupoterrorislabasco{4). Na Françadefenriemaautogestão,alémdo jáci· tadoPSF,aConfedcraçãofrancesa Democrá tica de Trabalhadores - CFDT, central sin· dicalsociafüta;o Partido Socialista Unifica, do-PSU,cisãodosocialismofrancês;e1c. (5).
Um "primo~irmão" inesperado Em meio a esta "familia" surgem "primosinnãos'' inespcrad05. Afirma um porta-,oz do PCE: "Pcn~mos na evoluçào que se produziu em !cr?res que a/é ~ilo faz muito rempo eram in,m,gos do socia/Jsmo, como porexem· pio, no carolicismo. Hoje em dia. sJo muitos osca1ólicosquelutampclosocialismo.OPar 1id0Comunisrnd11Espanhacoll/ahojecom numerosos miliranres católicos . E esre proces·
so,pensoqueiráganhandomaiorimensidadeno [muro" (6). AUG T,organizaçãosindicalsocialistae5· panhola, afirma: "Foram precisamenre os sindicaras de origem cris1J, como a CFDT na França co CISL na Itália, as organizaçM sindicais que mais contribuíram para a elaboraçJoda idéia au1oges1ion.íria" (7), Oporta·vozda f cdcraçãode PartidosSocialistas-FPS(Espanha),quc foiconsclheirodopresidentemarxista Allcnde,afirmaque "ossocialistasbuscamaliançascomdiferen· res ~ro= poliricos, desde a faml1ia comunis· taatéaesquerdacristl"(8 ) E os fat05 mostram que, infelizmente, ti m encomradotaisaliançasonde men05scriade suspeitar. Adeploráve!atitudcdo Episcopa· doante aasccnsàodosocia!ismona França e Espanha o prova à saciedade.
quezadoadvenárioquecomsua.spróprias forças. Sobreesteúltimopontoumporta-vozafirma que o PSO E deve "explorar em su a estratégia as contradições da burguesia. Será sua habilidadc.Sua máxima inabilidadeseriaagir deforma a quese unam (... ). Dentro dest a perspectiva,podemos confiar cmqueumgru· poburgue5 não reajavio!entamentesenãovê atacado,seusinteresscs, ainda quc o estejam osintere1;se5 deou1rogrupo,eistopode ser oquepermitairavançandopoucoapouco"
Dividir para avançar
2. ld ...... p.JO ). ld ...... PI', 126 < 121 4.Jd<m,lll'.'.102<ss.:114.l9<60. l.U • uloz«1iónadeb.,1<.FU<1"z:u pt,/olk,. y ,indical,. r<Ínt<f'rOUllsobr<<ltrnia,7,7Ed"""""'5 , Sarcdona.1976. pp,2Jo., ,;6!le ss.: 17os, 6. Mcd</osd<uvi...,;,i., .. ,.p,6l
Aolongodasobrascita das, doisoutrosaspectosficamdaros: l)naopiniãopúb!icanão háapoio,muitomenosentusiasmo, pelametaautogestionária; 2)osdefensoresdosoci alismoautoge1;tionáriocontammaiscoma fra-
(9).
Meio Mendes Notas 1.S<rsi<lE , F>jul.Mod<:/o,d,,ran,ki<),, a/ socia/i,mo. f;f'l~. 1977. Maft•na Editori1I. Modrid. 1977. Ili'
J.U auro,f<>lión,<1<N1<...• p.lll I .Mcd</osd<1ra1uki6n 9.l<l<m.p .:µ _
.p.ll .
Férias deliciosas ... Mundo desestabilizado ... Ojornal"LeFigaro''deParis,em sua ediçãode8dcagostop.p.,publicousugestiva matéria a propósito dos múltiplos perigos do dia-a-dia do francês contemporâneo. O tema é apresentadoemformade carta,naqualocasalGeorgesePaulinedescrcve á amiga Tatie suas férias . O titulo original é "Tout va bien, Madame la Marquise" (Tudo vaibcm,scnhoraMarquesa),lembrandoumaconhecidacançãofrancesaquesatiriza o espírito incorrigivelrnente oti mista e de conformismo com qu e alguns encaram a dura realidade da vida. A seguir o texto da missiva: "Querida Tatie Eis·nosaqui emférias. Para evitarascatástrofesferroviárias, as explosõesd e aviões e os acidente5 de automóvel, viemos a pé. caminhando pelO'i acO'itamemos. Está chovendo , mas tamo melhor, porque o sol provoca uma longa e cruel enfermidade. George1;, afinal, desta vez não namorica. por causa da AIDS . Nós não fomos at é agora agredidos, nem cu violentada. Estamos longe domar por causadas ressacas.e longe das ílorestasporcausadosincêndios. Nenhumaintoxicaçãofoidetectadanodepartamemo vizinho, mas nós nunca vamos lá, por causa das cobras. Enfim, podes ver, as férias se anunciam boas. Envi amos-te um abraço, querida Tatie! Geo rgese Pauline P .S. · Senão receberes carta nossa nos próximO'i trh di as, avisa à Polícia.'"
IS
Um milagre contínuo: a Sagrada Hóstia do Escorial
P
ARA QUEM entn, pela primei,..""~ n:iiacristiadoMostrirodtEIEsrorial, perto de Madri, 1 impossivd conter
umaadmiraçtoprofundapelacapelaquefi-
ca cm frente • pona de nu111da, com seu lu~11oso mibulo de jaspe5 e m.trmom. O visitante se apl'OJlima, e imediatamente t atr11ído pcla~Lezadoquadroquecs1.tnoecn1rodo ~'!_bulo. uma vmladrira jóia e maravilha de Essequadro,obradopintorClaudioCoello,ptXilvi1tadovisitanteumacena mui1oexpressiva para um católico: o momento final da solenetrasladaçãodami/agros1hósriadabasílit:llpllnloallardasacristia,nodia19deoutubro de 1684. Desde então. costumou-se cham.t-lodeAltardaSagrada Hósria. Ovisitanteniopodedei.urdeadmiraralgunsdetalhesdobtlissimoquadro:oPriordos Padres Jerônimoscst,depé,~tidodecsplendidacapadtaspcraes,S<eaunndocmsuas mãoscobcna.s uma pequena custódia, na qual náC11postaaSqradaHóstia,cabencoaos pTCSCntes. No momento, a custódia está vol· tadapan,oReiCarlos ll ,que,dejoelhosese· •urando um drio aeeso cm sua mão dimta. adon. a Nosso Senhor Jesus Cristo ttalmente pTCSCnte na Eucari,tia. Atrás do Rei ntto a]. gunsnobrn. Notnauloinfcrioresqumlodo quadrocsá~tratadodcpcrfiloprópriopin· torCJaudioCoello. Noaltodoquadro,alau· masf[Jurassimbóli~YOamsob•abóbada: à esquerda um menino representando o Amor Divino, •occntroum•joYem ~ ~ t a a Re· li1ilo,eldimta, mOYCT1do-secomeleglncia eportandoumacoroa~al,umamulhcr jo. vemsimbolizandoaCasad'Áustria.
Seovisitanteentrarnessa5,1cristianuma iar. dedejubileu,tml.oportunidadederezarorosário juntamente com outros fiéis, e em se1ui· dacantaroinsuperivel 7l!nturnEr,o. Então chcgaráo1randcmomcnco:ovisi1an1erece· ber.iablnçiodoSantfs:simoSacn.mentocom a própri a Sagrada Hóstia miraculosa. Adcmais, se tiver a 5,1nta curiosidadc dc entrar na filacomosdcmaisfiiis,parachegarbcmpmo daSqradaHóstia,podml.constataromara· vilhosomilagttoperadoncla. E,cenamcn1e, ovisitantcjamais,cesqueceridodiaemque entrouna511cristiado EI Escorial. Alffllda obra·primadcpintun.queéoquaórodeClaudioCoe\lo,telivi5toum1jóiadevaloriníini· to:a5a6radaHóstiadoElE.si:orial,ecomcta tmircccbidoabfoç:loaicaristica. Mu,peraun1arlioleitor,oquchádetiocspma1 nn.sa hóstia? Em que é ela diferente da quecstánacuuódiaquandose=beaben· çiodoSantissimoSaa-amento1 Pua quc se possa compreender bem a im· ponlncia da Sqrada Hóstia do EI Escorial, ~prccisoconhe«rumf11oaconttcidonosúltimosdiasdcjunhode 1$72. A Holanda cstl\-a sendo abalada pela pscudo-~formapro1estantc. ASan1aféCa. tólica era negada pelos seauidom do ~forma. dor suíco Zwinglio, 05 quaii.. hcrqcs como seu cabeça,neaavamaprcscnçattaldeNossoSe·
16
nhorJcsusCristonaEucaristia,comoseas palaY111SdoRrdcncorDivino"h1oéoMeu Corpo" fos.sem mentira e engano. Alauns dC:S· seshc~gcsirromperamnacatcdratcatólicadc Gori.:um, na Holanda Meridional. Seu ódio ~árío ao Samíssimo Sacramen· co,nascidodaquclcoutroqucosjudcusnu• triamporNossoScnhorquandolhesrcvclou que Ele era o "pão dc-Kido do C~u. e- quem oomcrde;se pão vfrtni erc-rnamente. e qut Sua carnc .. éVC"rdaddramc-nltcomida"eSeusan· guc"VC"rdaddramcnttbcbida"(Jo.6.!l·$9),le· vouosse~uazesdcZwinglioaapodtrar~de umahóu,aconi.agradaealançattmnochão com viollncia. Não contente com este ultraje àprcscnçattaldcNossoSenhorJesusCristo, umd05hc~gC:SrC$Olv,:upiso1earahóscia. E usim o fe.i. Como seu calçado tinha pregos ex.post05,abriunelatrisorificios.d05quais imcdiat.amcruc brotaram trt:s aocas de saniuc. O prodigio era incgávd, e 05 hereges se per· turbararn.Umd05pro(anadorcs-tal,-ezo próprioqueapisou - ,confusoecondoido por ha,-er cooperado com tal 5,1cril~io, procurou o Ddo da caccdral, dom João van der Dclfl,qucfoiat~olocalondees1a,-a ahós1ia e. rcspcitosarnence, pegou-a do chão. Junta• mente com o profanador ar~l)CTldido, o Deão submcteu-scaumo:xíliovoluntãrionacidadt de Matines, no Flandrncspanhol. Aliconvcr1eu-seohe~geà\'ffdadtin.Rtli· giàodcNossoSenhor Jesus Cristo.centrou maistardeparaaOrd emdosfranciscanos.
Hoje,41lanosdepois,aSa,radaHós1iado EI Esi:orialéamesmahósciaprofanada. mi· raculosamentesan1radacp~scr,-ada. Há uma strie de documencos hiscóricos comprovandoaaucemicidadedaSagrada Hás· 1i11doEIEscorial,profanadahátantosséculos.Masbastaovisicantcaproximar-scdabcUssimacuscódiaqueacxpõcparacertificar·sc deumdosmaisexprcssivosmilagrcseucaris· ticosdomundo.
Seolei1ornão1i,·eraoponunidadedevisitar o EI Escorial e ver ali a Sagrada Hós1ia, queaomcnoscs1cpcquenottla1ooencorajc a for1•lecercada,-ezmaissuafrnaprcscnça ~al de N0550 Senhor Jesus Cristo na Eucaristia. Isto~ csptcialmcntc n«CUário hojc cm dia, cm que hcrtsias bem piores q11e a dt Zwin. &lioscespn,iam,eprofan~num~têm luaar cm todo o mundo. sem oa:1uar a própria E..$panha, hojc 10'-crnada por .socialista1, ateus e inimiaosdo E,.anaelho de Nosso Se nhorJesusCristo,cmboraprocurtmnãoos· tcn1arsuasanhaanticacólicacomonadécada de30. Que ao menos cm nossos corações Ele ~ccba a1os de desaar.ivo e dc amor, já que vão lonae, nas brumas do tempo, os dias cm que oprópriol'odcr Tcm poralseajoelhavadiance dElc.
A.lbtrto de Freitas C,l,lllllCISMO-.laneiloóel986
Investida ideológica contra estudantes namorados:ouodomenlnoquc
pauapelasaladosprofasores paraveruma"donagorda"wntada de modo imoral (os tcrm05 u~dossloirreproduziveis): ou
aindaocontodomeninoques11gcrc a prostituição da pr6pri1 mãe . Há tambtm tem&$ direta-
mente blaskmos,como odesta poesia de Nata!: "Neste naia/ quandoomcninojesus(com ini cia.l minúscula)(... ) passar no bar, cncontrarosamÍ$OScbeber acostumeir115J( .•. )scr,jlloksus menino crescido e ~bado
Odesa'tw)welis,.n111p.l!l!idt "!leftmoc~·r:qwmaberl'I
o...,imodttn1dldme!M m""""oliwo
R
ECENTEMENTE foi objctod_c polêf:'ica, que rcpercu11u na imprensa
diária,aediçãodcumaobracm quatroalentadosvolumes,desti, nada ao ensino de por1ugu~s no
cursoginasial.DrautoriadeMarilda Prates, " H. cflc.doeAçlo cmlingu11 Port11gucs11"(5.'e8! ~ries, 838pp., Editora do Bra-
sil.SP)causoudesagradoemsctoresaillda!ào$da$0Ciecladebrasilei rap0r seuçará1crsub,·euivo, imora!emesmoblasfemo. Aobrareproduzcomotextos base96cont0$oudisser1açOO, contendo uma "mensagem" de lutadeclaiseseírequentemente de iniciação ao namoro. Entre 0$ aucoresdctaiscontosfiguramconhecidose$querdistascomoJorge Amado e Chico Buarque, e também cclcsiisticos da linha progressista, como D. Luciano Mendes deAlmeida.a1ualSccretáriodaCN BB.Aesquerda"católica .. tem uma presença marcante nessa infausta li1eraiura, p0is2 1comosoudissma,;õessão daautoriadepessoasougrupos ada ligados CATOLICISMO-Janeilll tle1'3B6
El!plorando temas de uma mediocridade de horiwntes estarre· çedora, com vocabulário vulgar
e prosaico, 1ma,ensgro1.SCiras, chulasemesmoimo rais,oscon· tosprocuramjogarosadokscen tescomra seuspaiseprofeswres. contraosricosepoderososecontraos adultos em geral. E tam bémosnegroscontraosbrancos, asmulherescomraoshomens Aproveitandoasfrasesouotemadecadaconto,aautoraexplica as no,;00 básicas de ponugub,misturadascomincitamen1osel!plicitosouimplici1osárevoh1. De modo que, decambulhada,sejamabsor.idasregrasde ponugun e de mal'J!ismo. bem como imoralidades. Oesenhostendenciososacompanhamos1e,uos,comoodeum lmensoeearicatocapi1afa1aque. montado sobre um magérrimo operário, attna à Freme deste com um saquinho de dinheiro preso a uma vara Há temas inconçthiveis para adole=tes,comoodamenina queseapaixonaporseuprofessoredepoi1colcciona1rõoutros
romochâ1eaudu,·a/ierdalil!ima c:ria".Ailustraçãocorrespondcnterepresentaumoperáriodema, cadlo, crucificado, cem cima a inscrição:"felizna1a!". Umestudodessesvolumesbemdocumentado,serenoeobjctivodopontodevistadoutrinário-foiíeitopeloProf.Ennio Jost Toniolo(Rd1exioe AçioLu1a de da= para adokscrnres, Apucarana-PR, l98S,ecliçlo do Autor). Diz o Prof. Toniolo: "A Religiio (ópio do p(WO, SC• guado MarJf) 1 1prcscnrada dt formadisrorcidaouridicula. (... ) Mas o em,xnho maior dt 'ReflexJo e AçJo' é oonvenccr 01/uno dequcháduast:IIISSd,oprimidos eoprnso«:s,scndoes1Nirrcmedia,'dmnl/e maus e perpetuammlt tm /ura conrra os oprimidos. ( ... ) A caridadefdtK'arr1d1comoformade~lhoraresttquadrofúnebre,pois,paraummarxisra,c/aa1tnuari1as1tnsótse dimim,iria • rcvolra. Além do mais, luma virtudt,:ris1I, biir• gutS.1,alienanrt... ". OlivrodeMarildaPratesa«naaindapuaamiragemdeum
mundocomunit.trio,anárquico, ccolóa;icoetribal,con~bidocomosenloel!istisseopecadooria:inal. No qual, comenta bem o Prof. Toniolo, "o Grande lrmJo (p.,rrloúnico,fabricanreúnico - t carcereiro liniro) tomará eonr1derudo".
Facciosismo histórico Tal investida ideológica contra criançaseadolescentesnãoselimíta ao ensino de portuau!s. Tam~modc Históriaévriculo das mesmls.simas idéias. Foram rccém~itadosquatrolivrosdc História,paraoprimeirograu,dc autoriadeRenatoMoceUin(EditoradoBrasil, l98S,S P).AHiscóriaéalpintadaoomoodesmrolardcumapcrpétualutaentre opressores e oprimidos , e os aeontecimentosoomooria:i nados semprcdecausascconc'múcas.Sobrcseumétodockensinar,oau1orpassarecibo:''Marxc Engels deram imponanres contribuiçócs ao nludo da Hisrória. Partiram da icllia de que o modo como se produumosbotnsma1triai,équc dtterminaas1r.1nsformaçócshistóriasqucscdtscnvolvtmnottr· rmo politico, wdal, rcligfosoe fi. 1oscriro.Par1es1espcnsadoreso hisroriadordevt analisara /u1a enrrcasc/111sessociais". Equandoosfa1osnãoseencaiumbem nesse pré-concebido esquema ::~l!ista, tanto pior para os fa Oslivrosapresentamaindafotos cm que aparecem meninas nuascestátuasdehomcns nus. Todasemposiçãofrontal.Enaé a mora!idadeque inculcam nas crianças e adolescentes! A"história"deMocellinestá distribuída em quatro volumes. Hisrdria Antiga e Medieval. Procur1daraidéiade queapropriecladeprivada(n0 Egi10,Gréeiaetc.)foiumainvençãod0$poderosos,poisdcinícioaproprie· dadeeracomunitária. Odiluviouniversal,rtlatadona Biblia,$Cl'Íaapenasareminiscência de uma inundação "local, confinadaaovakinfcriordoTi•rceEufrares". Os hebreus teriam sido politeistu em sua origem, e IÓ posteriormente aderiram ao monoteú;mo devido à predominlncia polirica dc Judá, pois ai "seu deus Jeová foidcvado J ,:a1~oria de criador do mundo". A figura de Nos.so Senhor, na qualpoucosedctém,éadeum prqador subversivo. Sem falar 17
nablasfhnia,afalsidadehistórica de ludo isso é critante. Na Idade Média, "OSlff>'m rraba/Jwn para que os nobre$ façam 6UCTT11 eos cliri60$ rezem". Outra inverdade: "No prim:fpio
Vandéia, um movimento campo11&, portanto de "oprimidos", sc ltvantou,x,ntra1Revoluçio?Par.10 au1or do livrof f:icil: "0$
do Cristillllismo, o bispo dt Roma nlo rinha autoridadtsobre os outros bispos".
melhoressimpatiasvãoparaos oomunistas: "B11beufcseus se-
Oautorscmanifestaafavor dos hcrqes: "A la.reja Ca1ólica, ricaeautoritiria,qucsm,preest.a\'11 ao ladodossmhora, pregava aos pobres a submissão e a obcdihlcia(... ).Ma.snemas fo1ucirasncmasprédicasdosmon· aes podiam afoaar as heresias porqueestastinhamsuaoriaem no sofrimento das manas populares". História Moderna e Contemporlnea. Começa com uma citaçlo de Pablo Ncruda, que é uma paródia blasfemado Pai Nosso: ''Opio de ada bocanloltim-
1"almejadoum1sociedadecomuni$1a". Aorel.ataraluta!TlO\'idapelos rom\llll$1ascontraosfrancesesno Vietni,oau1orniocscondepa-
camponeses dessa regilo ~am os mlUs111111sadosdaFrança".Eas guidoresriver11momiri10(... )dt
uma ditadu111pr03rcssisra( ... )e
AiUOS PRESTES
AFRENTE DA IHSURREI· (AO ARMADA HO RIO!
ti ro.t.i.l!t.!9
p/oramos, nós, os homens nlo somos mendigos de vagos deu-
ses". Constata oom frie>.a que "os s.acrifk:ios humanos eram comuns nare/Wlodosastee.u",edefende OI incas, porque, entre ele$, "sacriflciosOOOl'Tmlm, mas de forma moderada". Ao que parece, para o autor, os índios do sempre d=ulpávei1, mumo quando sacrificam vidas humanas. Critica Maria Tudor porque, "ca1ó/icafervorosa, perseguiu vio/emamcnte os protestantes'". e dcfcndeaprotestan1elzabcll,a qual "revc, ainda que a con1ra1os10, q~m411darcxecu1arsua JM{'tnla M/IIÍII Stuart por sua polirka pró-ca1ó/ia". Também os crimes da Revoluçlo, oorno os dos !ndios, nunca s.io imputáveis: "A Revoluçlo (Francesa)1inhaqueavançar,os 1/rond/nos nlo comprttndtram, por WD foram enviados lguilho1ina". Mas como expliear quc, na
raqueladoscvohascuentusiu-
mo:"Oraçasãgenialidadedo/fdercomunuta Ho--Clu-Minh tdo comandante Vr,.Nguien-Oiap os franetseS sofrcr:am derrotu humilhantes". Prossc1uindocomsuahi11ória con~bidaàbasededoispcsose duasmedidas,oautorcriticaas ditadurula1inoamericanasdevidoàrcpresslo,tonur.1etc.,eressalvaquc"noPeru,o,enera/Velasco A/varado (... ) imp/amou
S080 stU COMMANOO L.lVANTOU-SE, ESTA
MADRUGADA, AGUARNIÇAODHT ACAl'fTAL
pclospobrtsdtfaroescondeuma opçlopelaidealo•i•marxist11,A quaJ1udosesacrifica,11rimesmo os pobrn, se necessário? Aof1t.lardos "velhosmili1an-
Rcn.!o Moc:din!Mbas!aOtereabalwCl!lo:lf'l1S111treia,OOJla~ rapiig,r1'deumpnllt1111oca~not011ln1en10111tomunimdel935
Decadência sindical ENQUANTO NO BRASIL os meios dedifusào colocam na ribalta os sindicatos, espe,;:ialmcme os fil~ à CUT e ao CONCLAT, na Europa ele$ estão murchando. Pela primeira vez desde 194S, menos da metade do operariado inalês e$lt sindicali zada. O maior sindicato franci$, a CGT, de orientaçio comunista, perdeu 300 mil membros n0:s últimos doi s anos . Os três rnaioressindicatositalianostivcramum.arcduçlode8'7t dcscus mcmhr0$ desde 1982. Na Bilaica. o declínio impressionante foi de68'1,emumadécada. Aperdadcinflu!nciadasliderançassindicaisfoiaindamaior. Na areve dos mineiros in&lescs da última primavera. J.Ofi't delu cominuaram trabalhando. Hé pouco. a CGT francesa tentou paralisar a Renault, mu já na primeira semana os operários, dcsconhcoendo as palavras dc ordcm, tinham ~oltado ao uahalho. Em $Clembro úllimo, ferroviários inaJe$1!5 rejeitaram moção sindical para iniciar uma greve a prnpósito da rem0çio de companheiros. Pesquisa feita em l984pcloconaituadolnstitutoA11enbach, da Alemanha Ocidental, indicou que 53'7t da população tem resrrvasàmanciradcaairdossindicatos.Signifkativamente, 32'7t de scus próprios membros os consideram "muito radicai11" (dr. ''Newsweclt'',9-12-1985).
fel uma reforma agrária". Mas quandosctratadeanalisararepressãocatorturaempafsescomuninas,elerclatafriamenteque em Cuba os contrarevolucionáriosiamparaoparedón. E acrescenta: Fidel Castro tm pronun.:iamento his16riro afirmou que adotava o mar;rWT!o-feninismo e se aprOllimava da Rllssia. ( ... ) Ningrdm pode neç11r o proçr= cubano após a Re~oluçio". Nessasingular''história''ocstudanteficasabcndotambémque as1uerrilhassão"oins1rumen10 usado por um punhado dt ide11lis1as para 1entar mud11r radicaJmen1easj,rn>Tlhn:idases1rur11rassociais e po/itiasdofpaises latin011merianos" ... História do Povo Brasileiro (e nio Hbtória do Brasil) em dois votumes.Osponugucscsaquivieram "apenasromaintençAode
enriqu«tr, sugando tudo o que puderam". Nossa História é sa- · licntemente apresentada como umconjumod~revoltas(acaha-
18
nagcm, a sabillllda, a balaiada ete.),demodoaqueasvltimas detalensinoadquiramaid~ade que· oBrasilfoicontínuoobjeto deconvulsõe$sociais Ocrittrioparamtncionarpcr.$0Aalidadeshistóricasébas1ante "seletivo". Cita, por exemplo, "odesronl!n:idoYNOFiLIZl",só porquefoicandidato-aliásfra1orosamente derrotado - do Partido Comunista nas elciçOQ presidenciais de J94j;masao1ra1arda "questio reliposa", pura e limplesmente omite o nome glr.>rioso de Dom Vital Maria de Olivcira, pivõ da refer!da questão, e quetantoscnotabilizounaluta contraainfiltraçiomaçõnicana la.reja. Um dos indivíduos que mais largoespaçooropanessahistória "dopovo"foromunistaLuiz Car\osPrcstcs,doiiado"porsua popu/1rid11de e;r/raordin,ria (sid), pela maneira heróica como dirigiuacoluna(prestes)". Semprefavorável,emtcsc,aos movimenlospopulares,oautor, naprátiea,éoontraopovinho miúdo que seguia o Pe. Cícero. devidoà"igno~na'a,1mistria eoatt11SOculturalemqueviviam as popu/aç{Jes in1erior1111as do Nordeste". Ainlovafeaopção preferenda/ pelos pobrn e ignorantes. Ou ser, que I raJ opçAo
tescomunistasejovcns",qucsc o p ~ à mio armada ao regime nasc1do em 1964,dizque"o heróiqueinspirava 1quelesrevo/udonárioseraolqendário Ern.csw 'Che' Ouev,r11". Elogia ainda o auerrilheiro Carlos Lamarca ("estimado por-todas''), as CEBs, D. Helder Clmara, D. José Maria Pircs, D. Padim, "odesremido D. Clllldáliga" e a troloaia da lihcrtaçlo.
Porestasamostras,olcitorpode facilmenteaquitatarotipod~ formaçãoquesepretendeimpin-
f~~ft5o ':~ ~º;';:~~~!~~~~ nhãquescqu~a.uim forjar. Um Brasil igualitário, comunitário, compOStOdcindividuosdesperwnalizados, ateizados, sm, cspcrançasescmideaiseàm~clde a.Jaumtiranctcquelhcsdigaparaonckdevemmover-sc. Taléo modelo que a ditadura fldekas1ristavemprocurandocxportar, taltoirabalho-tamWmelr.>giadonolivro-queeomeçaa 5C'íexecutadocomputsodefrrro naNicaráaua. Eésqundoe55t diapasioquenossos jovcnspassam a ser orientados. Éo seu fllho, Cllrolcitor,éa suafilha,qoepodemestarrccebcndohoje,naesoola,apretextodeponugue$,históriaouqualqueroutramatéria,1aldou1rinaçio.
TFPs em ação Nova sede da TfP espanhola MADRI ~ A nova e ampla sede de TFP-Covadonga, situada na avenidaCastellana,nazonaccntraldcstacapital, foi inaugurada no dial?dcnovembrop.p.,comumaprogramaçãoespecialqucreuniu sócios, correspondentes e simpatizantes da emidade. Nessa ocasião houve bênção e entronização de uma imagem da Virgem do Pilar. Emscguidapronunciouumaconfcr~nciaofamosopregadorcmoralista dominicano Revmo. Pe. Royo Marin. Discorreu ele sobre os fundamcntostcológicosdadevoçãoaNossaScnhora,lcmaares~i1odoqualjápublicounumcroroslivroseartigos. Considerado um dos maiores oradores sacros da Espanha , assim concluiu sua apreciada exposição· '' Enquanto a TFP mantiver sua srande devoçAo à Santíuima Virgem Maria, enquanto lodos seus membros rezarem o Rosário romplc10 - romo rêm o hábi10 de fad-/o - , e enquanto eu tam~m continuerezando,podemosesperartranqüilosqueob/eremosagraçada perseverança final, romo também que chegaremos algum dia a beijar OS J)ts da Santíssima Virgem Maria no Céu". No dia seguinte, 2 de novembro, realizaram-se na nova sede divcrsas confer~ncias sobrc a crise do mundo atual, à luz da doutrina católica, proferidas por sócios e cooperadores de TFP-Covadonga, Algumaspakstrasforamilustradascomaprojeçãodeslides,tendo sido também apresentado um animado skerch sobre a guerra movida na Espanha comra os invasorcs napoleônicos, no início do século passado
Na m uguração da nova sede da TFP em Madri, c011feréno.l do Pe. Royo Marin sobre a de-ledo a Maria S..nti.sirna
Correspondentes comemoram o Natal A TFP JÁ VEM promovendo há três anos uma comemoração do Natal paraseuscorrespondentesdeSãoPaulo. naCasadefatudos NossaSenhoradeJamaGora, no bairro paulistano de !taquera NoúltimoNatal,duzemos e cinqiientacorrespondentesreuniramscnesselocal,cujoamploparquccstavaartísticamentedecoradocom motivosnatalinoseprofusamenteiluminado. Duranteascincohorasdaprogramaçãoospresentesassistiram a uma representação teatral, participaram de um cortejo em homenagem ao Menino Jesus, e também de uma ceia. No decorrer desta, ao somdemúsicasnatalinas,oscorrespondentestivcramoporcunidade de mamcr animadas conversas. O ambiente esteve sempre impregnado de fcrvor e compenetraçào quanto à defesa dos ideais propugnados pela entidade. Nafoto,cenadarepresentaçãoteatral.quesepassanohal/deum hotel interiorano, numa noite de ,·éspera de Natal. Um jovem, "prá frent e"eescravodamoda, láencomraumcooperadordaTFPeo aborda.Naconven,aquesetrava,oadeptodoscostumcsdcvanguarda manifcstaotédioquelheinvadeaalma. E recorda com nostalgia os Nataisdesuainfãncia,abrindoaalmaparaumretornoàvidacalóli-
" Conferência sobre AIDS CAMPOS~ A Sede local da TFP promoveu no dia l l do corrente uma conferência a respeito dos perigosedaexpansãoda AIDS, no auditório do SENAC desta cidade íluminense. O conferencista, Dr. Antonio Rod rigues Ferreira, é conhecido médico de Belo Horizonte, e também presideme da Secção de Minas Gerais da TFP. Advertindoqueessaterrivel enfermidaderelaciona-sediretameme comagra--ecriscmoraldaúltimadécada,oconferencistasaliemou que nenhuma de suas vitimas obteve cura. Com base cm farta documentação cicntifica, extraida de pub!ica<;õcs médica.1, demonstrou tambémograudesericdadecomqucessaepidemiavemsendoencarada peloscscudiosos. Comoobjetivodepreservarasociedade,cespecialmcnteosjo vens,dosfatoresquedeterminamessadoença,oDr.AntonioRodrigucs ferreira formu louum apeloàsaucoridades, cducadorese pais defamília,,es1altandoopapelfundamcmaldamoralca1ólicatradicional para se cortar o passo à sua propagação. CATOLICISMO ~Janetro 11e 19B6
Rep resen taÇiloteaualdurameacom emor1cão doNa1a l~raCorres~ n1esdalfP,em São1'11ulo
Programa de fêrias reún e jovens SÀO PAULO - Durante uma semana, 430 jo,·ens procedent es de todo o Brasil, e também do Exterior (estes, enviados por entidades coirmãs,deváriospaíses),participaramdaprogramaçãoespecialde férias promovida pela TFP em sua sede rural do Morro Alto de Nossa Senhora, no município de Amparo (SP). Alémdcpalcstrassobrctcmasdcformaçãoculturaledeatualidade, a programação contou também com numerosos jogm à man eira detorneiosmcdievais,reafüadosnopátiodasedcamplamemeorna mentadocombandeiraseescudosdecorativos.enoqualseencontra,junloaocruzeiro,aimagemdeNossaSenhoradasGraças. Numa das exposições, o sócio-cfcti,·o Sr. Caio Newton Fonse.:a demonstrou romo a decadência de costumcs, as crescemcs manifcstaçõcsdesatanismoeasituação calamitosa em qu e se encontram as nações subjugadas pelo comunismo constituem aspectos de uma mesma crise que atinge o mundo moderno. Em c"ontraposição, o ideal derestau raçãodacivilizaçãocristã,aoqualsedevotaaTFP,conslituiagrandesoluçãoparaseop0racsses males, e cujaconcre1ização encontrainteiraconsonâncianasrevclaçõesfcitasporNossa&nhora de Fátima, no ano de 19!7. Nessa ocasião. a Santíssima Virgem, apósreferir -seaosc3.1tigosqueentãojápairavamsobreomundo, prometeu: "Por fim o meu Imaculado Coraç.ão triunfará". Aolongodaprogramaçãodeférias,jovensrooperadoresda TFP apresentaram também rápidas peças teatrais. Numa delas, por excm plo, tigurava-se um conjunto de música punk. conduzido num caminllão, que !enla,·a promover um show no local, mas era intensamente vaiado e tinha que sair às pressas.
19
((Sou Maria do Bom Sucesso )) A
PRAÇA
MAIOR
de
Quilo tem 450anos ele história. Ocsdeafunda-
çãodaddadcpdoconqui>tador espanhol Scbastlán de lknalcaur, cm 1533,tcmsidoomarco
davidarcligiosa,socia!cpelíticadaAntigaGo,·crnacâo.pos1c-
riormcmc denominada Real Audiência de Quito, e amalmcmc Equador. Para o pequeno número de
$WS 204 fl.lndadorcs. 1rh praças
foramtrai;adasjunioaossola,cs de.tinadosao Mosteiro de São FranciM:o, ao Con,·cmo de São Domingos e à lgrcjaMaior,quc
nodecursodosanosk'transformaria cm Catedral
Algunsano,mais1ardeasma1ronas de Quito solicitaram do Rei Felipe li a fundação de um
con,·cntodcrcli giosasquccumpriucduplafina!idade,..,,virdc
retiroparaasdonielasqucquiscncmconsa1:rar-scaDeus.edc re.:olhimemo para as jo,·en~ órfisdeoonqui1HadortSque,empobrecidas, corriam o Tl!.Co de se perderem em ambiente~ onde os co~tumes estavam muito rela~a· do$.Desejavamqucafundação fosscdanovaOrdcmdalmaculada Con<:cição Mupauaram,seosanos,a1é que em lS7S o pro,incial dos franci!.Canos, FreiAmonioJu1ado, a pedido da Real Aud i<'nda ecomaajudamatcrialdoCabidoCivil.10masse possededua~ residêricias principais,qucforma , vamcsquinacomaPracaMaior. Reformaram-seu casas e iniciou~aconstruçãodaigrcJa, onde haviam deconsasrar-s.:a. reliaio5assolicitadasaoRei.Chep.rames1asnodiaJOdedezcm· brodelS76.0próprioPe.Jurado lhei impôs o hábito~ c~rrou adauiuranodia lJdejaneirode lS77. Asquccheaaramda Espanha juntara m-seváriasdonzclainascidas na colõni;i. Nem todas tinhamaidadcrcgulamcntarpara profes.sar.En1rets1ascncontra"a· ser,,farianaFrandscaTorrcsBcrdocho.a,ví!.CainadcnaSçimento. Fiel a um chamado interior da sraça,vinhacmreasfundadoras acompanhandosu a t iaeprimciraabadessa,MadreMariadcJcsus Taboada. Posteriormente transformou-senaoolunadoprimcirocon ventode relisiosas do Equador. Acaba deserpublicadaemlivroasua,·idae~cmplardeamor a Deus cà sua MãeSantissima, deoraçãoepenitência,dcfa,o-
rci;reccbidoscmseus6lanosdc vidacndausurada,edcprofecias sobrec5teskuloXX. OaumrC oRevmo. Mons. Dr. Lui5CadcnayAlmcida,dirctordoArquivoArquidioctSanodeQui1oeca~liodoMos1eirodalmaculada Conccição,títulosqueocrcdenciam como bom conhecedor de t.io importante matéria. Dedicadoduranrc anO!iaoestudodcdo-
cumcntos eclesiásticos, Mons. Cadcna não hesita em afirmar qucMadrcMarianadcJci;usTorrcsiumadasprimcirasílorci;dc san1idadcqueviccjaramcmsolo amencano. O ilustre sacerdote quitenho dc~ne,·c cm ,·ãrios capítulos de sua obraoconhedmcntoproféticoqucare!iaiosaconccpcionista 1e,esobreofuturod0Equa-
Impressionantes profecias O jornal"E1Equatoriano"publicoua4-4-l95lt rethossignificati~os du imprffiionamci; prof«ia1; l'Onfiadas à Madre Mariana de Jl'$us Torres. cujos excertos tramcrC\emO!i a s,:,guir: "Filha querida de meu coraç.lo, sou Maria do Bom Succsw. ruaMãecProtetora.Alâmpadaque(, .. ),·i,1capagar,sc1cm muitosianificado( ... )
"Noskulo XIX - em seu /~rmino - e em grande pane do skulo XX, .-ária$ heresias se propagordo f)<Jf l!SI/IS /erros, en· 1/Jo repúb/iro fil'r/!. Ap;;,gar-se-d nas almas a lu:; prl!<·ioso do Fj, J}(}r rauSQ da corrupção quou lota/ dos costumes. Nesse 1emJ}(} ho,vmi 1randesrolomidodes, Jiskos e morais, público.< e pri· ,·odas. O restrilo número de olmos nqs quu,S ~e 1·1msen·ord o cii/10 do FI e dos ,·mude,· sofrerá um cruel e mdi:ll'e! podtci· men10, o por de prolongado mom'rio (, .. ). ""Nes.sr.; 1empos, o Qlmosjer11 e.stord SlllurodQ do espirilo de impureza, o qual, (J moneirq de um mar imundo. rorrerd ptlos ruus, praças t lugares públicos. numa liberdade uJJustadora, de 10/ modo que não ho•·erá no mundo olmos •·irgens ( ... ). Os Sticl!rdotl'S n descuidarão de seu sagrado dt,·er: perdido O BUssufo Di,·ino, se desviordo do rnminho trocado por D/'11,· (
... )
"Poro lilwriordo eKrtHid<io d1!SS11$ heresias. aqueles o qul'm o amor misericordioso d<' meu f"ilho Somíssimo destinar puro tsta res/ouro,;iio pr«1Sorào ln grande força dt vomade, ptrst· ,-,.ranço, roragm, li' muito confiança cm Deus. Poro pôr I, pro· •·o,nos1us1os,esfQFleconfionço.hQ\·trdmomtntosemque ludo partttrd perdido e sem poss,bi/1dode de andor, Enuio serd o principio f eli:; do restouraçàn com pitio {... ), T<'rd ('h<'ga· do o minha hora, no qual, dt maneiro magnifico e imprrss,onont<'. des1ronarl'i o soberbo Sotanlis. colocando.o sob meus pis, ocorremando-o no abismo mfernol, e hbtr111ndo por fim o lgre)ato Pátriodessocrut>!tiranio",
dor,Cm05traasprcdiçõe$qucno de.correr dos anos foram confir, madu. Destacam.se a pre,•isão daconsagracãodopaísaoSagradoCoracãodc Jesus e do assa,, sinatodoprcsidcntemártirGar, ciaMorcnonapraca)untoamcu rom·cmo,auimoomoacriserc, ligiosa dos séculos XIX e XX Noentamo,osepisódiosmai1; salinues daobra.sioasdcscri~'Õ<'S dasváriasaparieõcsdeNouaScnhoraaestaconfidemcdosscgrcdosercrnos, apanirdc2dr fr. ,·ere irodel594,.sobaim·ocacâo tão cheia de ci;perança de Bom Sucesso. Maria Santíssima~ a Abadessaquepro1cgerâomO!itciroa1éofimdostcmpos.eaMãc qucasse11uraa1odopccadorde coraçãocontrito.equcaseu amorr«orre,aiah·aç:locrcrna. Ordcnouàrchgiosaquemandassc=ulpir uma imagem, 1al co. moscaprcscntaranaaparição.e queacolocasr.csobrcaestalada abadci;sa,paradaqueleluaarso, vcrnaromru1eiro. Um báculo e aschavc:1 da clausura deveriam !óerCO!OCadosnamãodireitada ima11emcmsinaldepropricdadc cautoridadc.Scgundodocumcntoassínadopeloprópriocscultor da imagem e pelo Sr. Bispo de Quiio, a=ltura foi concluída pelosArcanjosM,gucl.Gabrielc Rafael.na noite de 15para 16de janeiro de 1611 . Comemora-se, pois,noprcscmcanool7S ~ ani ,·crs.áriodeiremilagre. Todos esses fotos, o li~ro de Mons.Cadcna)· Almeidano-Jos rela1a. Ti,·eramlusarno~n,ro his1ôrícodcQuíto.juntoàcen tcmiriaPraçaMaior.naiiirejado Con\'entoda[maculadaCon~il;!o,ondca MadreMaríanade JesusTorresouvíudosláb,osdr NossaScnhora: "N:iotemas, Eu sou Maria do Bom Sucesso"".
AfOJIJC N'(22-ffverwoile1986-AAOXXXVI
VI Encontro de Correspondentes e Simpatizantes da TFP: êxito marcante
NARRA O EVANGELHO que, no domingo que precedeu a Paixào, vindo de Betânia e rendo descido o monte das Oliveiras montado sobre um jumento, Nosso Senhor aproximavase de Jerusalém, sendo festivamenre aclamado pela multidão. A certa altura, entretanto, contemplando Ele a cidade, pôs-se a chorar, e exclamou: "Se ao menos neste dia que te é dado, tu conhecesses ainda o que te pode trazer a paz! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos. Porque virão para ti dias em que os teus inimigos te cercarào de trincheiras, e te sitiarão, e te apertarão por todos os lados; e te derribarão por terra a ti e aos teus filhos, que estào dentro de ti, e não deixarão em ti pedra sobre pedra; porque não conheceste o tempo de rua visita" (Lc., 19, 42-44).
De modo a permitir a todos os sacerdotes que visitem a Terra Santa a especial graça de celebrar a Santa Missa no mesmo local em que esse episódio ocorreu, a piedade cristã fez ali edificar uma singela capela, denominada "Dominus jlevit" (0 Senhor chorou). Seu
altar apresenta singular carac1erlstica. Ao invés do rradicional retábulo, que costuma figurar na pane de trás dos afiares, há uma art1S1ica janela a1ravés da qual podem o celebrante e os fiéis observar a cidade de Jerusalém na mesma perspecfiva em que Nosso Senhor a contemplou, ao derramar suas divinas lágrimas. Embora a configuração urbana tenha sofrido algumas alterações ao longo dos séculos, o panorama atual da cidade e sua topografia constituem um cenário que nos remonta à época do Redentor. Dali pode-se avistar, num local nào muito distante, o que sobrou da chamada Porta Dourada, a qual dava acesso ao pátio frontal do Templo. Quase quarenta anos após aquela lamentação de Nosso Senhor, o Templo foi tola/mente destruído, e a Porta Dourada veio a ser, mais tarde, fechada com pedras e argamassa pelos invasores muçulmanos. Ao rezar nessa tão evocativa Capela, as almas verdadeiramente católicas considerarão, por cena, os pecados que se cometem em !antas cidades modernas, em circunstâncias que, muitas vezes, fazem lembrar a empedernida Jerusalém. CATOLIC ISMO - Fevereiro ~1 1986
de Correspondentes e Simpatizantes da TFP DE
8 a 11 DE FEVEREIRO a TFP realizou em Sio Paulo mais um Encon1ro de Correspondentes e Simpati1.an1es. O Enconlro ieve 1.200 participantes inscritos, provenienles dequinzeEstadosdafederaçio. Estiveram presentes também 51norte•amcricanos,5canadenses,65argentinos, IS chilenos, 4 es panhóis, 7sul-africanos,emais12repres.entan1esdeoutras nações. EsstpondenhelafluxodedelegaçõesdeoutrasnaçõesdeH'se ao fato de que a ITP brasileira e suas 14 coirmãs têm uma ustaplfiadedesimpa1izantesesparsapor1odaaTtrra,esp,f'cialmen1e em conseqüência da mensagem que publica111m em 1981 sobre o sodalismo autogestion1irio, cuja ttptrcussio atin• giu 124 países. O ''Boletim das 15 T•"Ps", publicaçio da TFP nortt-a mericama em seis idiomas, m11ntém essa plêiade atualizada sobre o que as di>·crsas TFPs fazem no mundo inteiro. Atualmcnte,essarevistaé remetidaparaleilnresem7.519cidadtsdo0cidente e do Oriente. Na oraçio Inaugural do Encontro o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Presidente do Conselho Nacional da TFP brasilera. semprecomointuitode manterinformadososco rrcspondcntesesimpatizantesarespei1odosgranduproblemasdaa1ualidadc. IMlÇOU o panorama dos acont«imentos nacionais e inte rnacionais dos últimos seis me"", islo é, desde o Encontro anteNow a,pe: toios • Ãngeio Randauo do llldi!ório • enc111.,....10 do VI Encontro iilCatmpandentH1SimpafuanntesdaTFP1damestQ111presidiu orm,to.
rioratéo presen1e.Analiso uelealu1aideoló1,tica edou trinária contra o comunismo, desenvolvida pela TFI' na atual conjuntura. Na sessão de encerrameRto, o Prof. Plinio Corrêa de Oli.-eira propõs ao plenárlo o envio de uma mensagem de calorosas conKr11tuh1çõu110PresidenteJoséSarne)·,pormo1ivodoveto à u ibiçio do filme blasfemo e imoral "Je vous sal ue. Marie··. Tal mensagem foi aprovada por unanimidade e aclamada. de pé, pelas 2.500 pessoas presentes ao ato. Publicamos. em quadro à parte, seu 1ex10 integr1tl. As demais conferências abordaram temas de grande atua lidade, como a Reforma Agniria, a crise econõmlca que abala o Pais, o terrh"el flagelo do AIDS e a desagregaçio da família contcmporline11: temas pedagógico-morais, como a educação dos íilhos, e ainda ma1érias de caráter religioso, co mo o contraste impressionanteen1reprogressismoetradiçiona Igreja Católica, hoje em dia: e a dt\·oção à Mãe do Bom Conselho de Genn111:urnu. A expansio da TFP nos últimos seis meses mereceu lambém umaexposiçiotspecial.Os participantesdoEncontroacompanharamcom,·ivo interesseaseonferências,il ustrad ascomrecursos audio.,isuais e encenações tealrais. Assim, num clima de intenso con,·h·io e muita coesio e cntusiasmo em 1orno dos ideais de 1radiçio, familia e propriedadc, desen,·oh·eu-se o VI Encontro de Correspondenln e simpalizantcs da TFP.
realidade. E agora, nestas grandes con C('ntraçót's nacionais de simparizamcs e
palavra os correspondentes e simpatizantes
Com a
corrcspondtmres, sAo pa.lp.iJ.\'eis a graça divina, o crescimento pro,·idenr:ial e a especial pro1cçào de Nossa ~nhora. É uma alegria para todos nós, particu/armc-me para nós brasileiros, a obra extraordinária de5se homem fidelíssimo â sua missão
{O Prof. Plínio Corria de 0/í~eira], a cu-
ja fidelidade, exatamente, nós devemos o fato de estarmos aqui, pela misericórdia de Deus".
da TFP
V
AI CAINDO a tarde naquela terçafcira, 11 dcfevcrciro,coVIEncontrodc Correspondentes e Simpatizantes da TFP apro;,;ima-se do fim. Na expressão fisionômica de muitos de scus partidpantcs se discerneoquevibranomaísprofundode
scuscoraçõcs:assaudadesantecipadasl Sim,sãojáassaudadesdaquelcsdiasde intensoconvivioeelevadaexpansãodealma que lhes modelam as fisionomias! Se não, ouçamo-los. Uma senhora de Juiz de Fora, que vinha por primeira vez a um Encontro, CO· mentava: "Eu esperava menos. mas encontrei mais. Encontrei tudo aquilo que rinha dentro de mim e que estava pt?Cisando de água, de e5fímu/os, de qualquer coisa enfim, para re11ascer e florescer". JáumasenhoradePonoAlegreencontrou "o lugar onde são prarkados todos os atos da relighlo Ca16/ica, idi:nticos aos de minha infância. Eu sempre rezava di·
zendo: 'Meu Deus, meu Deus, estou perdida, não sei mais qual éa verdade. Será que nlo haverá alguém que nos salvará desseeaosqueseestabeleccucmrcoscatólicos?' Quando conheci a TFP semi uma felicidade plena e sinto-me intensamente feliz pelo faro de um de meus fi. , lhos tornar-se cooperador da TFP. Eu gostaria de oferecer a e/a meus quauo filhos".
vcssc real comeüdo: "Pensei muitas .-ezes - dizia - 1é-lo cnconuado. Logo,
po1ém, minhas esperanças se dissipavam e ntlo restava na.da.. Mas na. TFP enconlrei substáncia 1ào firme c 1lo scgura., quc entendi: t isto! Minha. familia e eu podemos dizer que encontramos nossa esperança e nossa salvaçilo". E um argentino, que sempre desejou vir a São Paulo "para conhecer Corr~a de Oliveira", comenta: "Causa linda impressão ,·er pessoas de tantas nacionalidades aqui reunidas em torno do mesmo ideal. Isrotmuitoreconfortante, sobretudo se se considera que a siwaçtlo geral do mundo se avizinha de um desenlace finar'.
Como naturalmente não poderia deixar de ser, incontáveis preitosde gratidão e elogios calorosos em relação à pessoa do Pror. Plínio Corrêa de Oliveira, fundador da TFP brasileira e Presidente do seu Conselho Nacional, faziam-se ouvir, em meio ao vozerio que provinha das animadas rodinhas de conversas espalhadas por toda parte, no amp!o salão de conferências. Aqui, umacariocaobstrva: "Minhas recordaçôes do Enconrro serão as confeOPraf. Plinio11ttbtu111cum!)l"JlllntosdosJ)llrlicipan IH do Enconuo numa d.Is belas 11111 Ili sedl do Com•
lhaNacianaldlTFP
Um cooperador campista, que acompanha "Catolicismo" desde a década de 50,cxplicaquc"rudoissoquevemosnos Encontros prova e.tarameme que a obra do Prof. Plínio Corrta de Oliveira t providencial, só se explicando pela graça divina. Esse crescimento imenso, a partir daquele pequeno nUclco dos tempos do "Legionário'', Silo as esperanças, que então se formulavam, uansformadas cm
Movendo-me com dificuldade em meio
à compacta massa de participantes. introduzo-me na roda animada pela voz possantedeumoorrespondentecatarinense. No traj~to, ent retanto, uma perspicaz senhora mineira me sopra no ouvido: ''Pois/: ao que parece, os maiores recintos desra grande capital já mio comportam o numero de correJ>pondemes e simpa1izanres da TFP ... " Judiciosamente, o animador da roda ponderava: "Em forma de camos, de coni·crsas, de pale5tras, de amizades, o
que vai surgindo nestes Encon1ros t algo como scmeme de dvilizaçAo ca16lka. Neles, _as almas se t"}lpandem; a pessoa fica ma.IS genlc; a conversa é mais agradá,,:-/, mais fácil; as idéias afloram com maior riqueza e a alma se enche do espírito de Deus" "Para mim, a TFP apresenta um esplendor extraordinário - exclama entu-
siasmada uma mãe de familia gaücha. Semcla,mcusfilhos(cooperadoresdacn1idade) e eu estaríamos há muito tempo no abismo·•. De hã muito. um senhor canadense procurava um movimento ca1ólico que ti-
0unn11ojln111rdodia 10dlf1wereilo,op1rütimo daEncoo1to,loidi:ltrihlHlaosiwtieipl,ntn signilic1tiv111mbr~:1n1fiilrtl)loduçio
fotogrilica do alttn, ninwoscr quNro Ili Now SenhandoBCl!IConselho11istent1ttnGt111.Uano [ltiúj.
CATOOOSMO- Feversode 1986
AIDS espiritual penetrou no Ocidente NA CONFERÊNCIA inaugural do VI Encontro Nacional de Correspon-
dentes e Simpatizantes da TFP, após consignar a significativa expansão da entidade, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira se referiu à tibieza e inércia de tantos católicos em facr da expansão comunista. Apresentamos a se• guir alguns tópicos dessa magistral conferência:
N
O INSTANTE em que se inicia nossoVIEncomro,jápcrcebcmosque, segundo o velho hino
das Congregações Marianas, 'do Prata aoAmazonas, do mar àscordilhei-
ras', a familia espiritual da TFP progride, floresce e vai tendendo a cobrir oBrasil.Foiestcomaravilhamentodos
Encontros anteriores. E o Encontro qucorasc realizaébemumatrstado a mais da pujança desse crescimento Dentrodasociedadeespiritualqueéa Igreja Católka, dentro da sociedade temporal cm que nascemos e vivemos, isto é, nosso Brasil, somos uma minoria, somos um resíduo, Mas somos uma semente que contém cm si o futuro Vendonas ruast rcmularoestandarte rubro e dourado da TFP, muitas almas começam a se articular cm torno dele, para encontrar aí a solução dos graves,sérioi;,altose rcspcitáveisproblemassuscitados pclalutacontra um inimigo comum, E qual é esse inimigo?
Rejeição da Mensagem de Fátima No remoto ano de 1917, Nossa Senhora apareceu em Fátima recriminando o mundo, Já naquele tempo, pela sua pouca fé, e pela imoralidade dos costumes em que ele vivia. E o ameaçou com castigos, revoluções, guerras epuniçõesdivinasdeváriasordens,entreasquaisestavaexpressamentcaexpansào dos erros da Rússia (o comunismo) pelo mundo inteiro. De então para cá, o mundo inteiro, tomado como um todo, não fez outra coisa senão rejeitar a mensagem de Fátima. Então, o comunismo aparece a nossos simpatizantes como um castigo de Deus, como resultante dos pecados universais, como algo que Nossa Senhora permite que exista e se difunda para flagelar o género humano. Eles compreendem que o comunismo os afasta de Nossa Senhora, detestam a expansão deste grande flagelo porque ele é o contrário do que a Fé católica ensina,esabemqueocredovermelho levaráinúmerasalmasàirreligiãoea
CATOLICISMO - Fevere.-ode 1986
umregimetodo fcitodeinjustiçaede concupiscénciadebandada,comosevê naslegislaçõesdospaísesdetrásdacorlinadefcrro.
TFP : poderoso pólo de atração Embora despreocupadas, infelizmente, da prática da Religião; desinteressadas dos problemas morais e pskológicos; vivendo ora para os negócios, ora para a política, ora para a avidez do saber meramente 1eórico, ora para oprazer,certasalmaspcrcebem,entretamo, o gigante Adamastor - o comunismo - que avança. E elas coníluem para a TFP, pois nela percebem uma veracidadeeumacoerênciadcprincipios, uma perseverança de fidelidade, uma eficácia de métodos, umacominuidade de acertos e de vitórias que conduziramaentidade,deumpequcno grupo de seis ou sete amigos que nos anos40sere•Jniaminicialmentecmexíguo apartamento do andar térreo de umedifícionaruaMartimFrancisco, emSãoPaulo,aestaimensidadequc, qual árvore frondosa, estende sua galharia por toda a terra. Se tão pouco chegou a dar tanto, agora essa plêiade de sócios, cooperado res e correspondentes quanto poderá dar? Ó amigos! A tormenta contemporânea vai se aproximando de nós, trazi dapelasmúltiplascrisesquesedesencadeiam sobre o mundo de hoje: questâo agrária, questão urbana, questão empresarial etc. Demodogcra!,qucstão comunismo ou TFP, questão at eísmo ou Fé católica, seja expresso, seja declarado - eisaíagrandebatalha!
Papel da católicos
tibieza
dos
Os católicos indiferentes, os católicos que não reagem; os católicos que teriam todas as razões para lutar, porém não lutam; os católicos que, se vissem Nosso Senhor Je sus Cristo na iminência de ser crucificado, entrariam cm suascasasparatomarumsorvcte,ou
O VI Eoconuofoicolocado soba pm11!ÇiiO da Mãe clo8 omConselhodeGe~zzano,cujoquadmpresid;u
11.essã0U1augu,al.durante a qual0Prof. PlinioCo, ria de Oir.eira proferiu sua admirável conferência paraseabanar,semse incomodarcom Aquele que, dentro cm breve, estaria bradando do alto da Cruz: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?" - estes são os que verdadeiramente perdemoBrasil;oh,seeleslutassem, tudo se conseguiria. Se o comunismo é um risco, não o é tanto porque ele se organiza e dispõe de dinheiro. É por· qu e aqueles qu e não são comunistas, quenãouabalhamafavordele,também não trabalham contra ele. Dir-se-iaquedoladopsicológíco,do ladoespiritual,aopiniãopúblicabrasilciraestáatacadadeummalperigoso. Não é propriamente um micróbio, maséumaausfnciaderesistênciacontratodacspéciedemicróbios,cmvista do que toda sorte de mal podeseinstalar noorganismosemencontrarreação. lstoseassemelhamuitoaumaterrivel doença moderna, da qual muito já ouvistes falar: é o AIDS. É um como que AIDS espiritual que penetrou no Brasil, como em todo o Ocidente! Vencidacntreoscatólicosestacrostadetibieza,1udopoderásemoverno sentido da salvação. Se esta crosta de tibieza não for vencida, poderemos bradar, como os poloneses de outrora: "Finis Poloniac"! Haverá de chegar um d ia - mas espero em Nossa Scnho~a Aparecida que este dia não chegue -emqueteriamosquedizer: " Finis Brasiliae"! Mas o Brasil é aterra de NossaSenhoraAparccida , eeuespero que Ela evite isto!"
Adlllg,çiolloP1r111i,comadeou11osEst100sbrwltiros,mbtmrllllTllfDH
OR11rno.Pe.OLi.0PirHTrind,dldisc01rtusobr1tema impon.-,1, , ,_ atualill,,.,quedtu ma,~1m1rrMm -,lic,ç6uprliti;H:"'Comolduc:1101lillos,11filhas? llunl6'srnouis"'
Os corres?(lnde ntts 'fisit111m, com muito inttrtsH t 111ilf1çio, 1 Hdt do Connlhc Necionll da TFP, 1 ru, Maranhio
rêndas de Dr. Plínio. Eu acho que ele não é só um verdadeiro lider, que éo que- no Brasil está fali ando. Mas ele- possui qualidadl!S nalurais e graça.. Acho que, pa.ra o futuro, ninguêm segura a TFP''. Ali, um se-nhor canadense eJtdama, emocionado: "Neste-s diiu ob5euros,
quando tudo pa.rrc:e 140.
140
ofensivacomunista.Ntcessiramosdcssc aspecto da Igreja Militante que hoje tiio bem a TFP rt,'prC5t.'nfa. E sou muito gra to a l>e'u5 por haver escolhido Plinio Corr~a de O/freira para criador e orit:ntador dme movimento". Acolá, f a adesão calorosa que leva uma senhora da vizinha nação platina a exclamar: "A impressáo que me está causando o Encontro parece-me:- roda sobrenaturar·.
negro, aqui
cstll a verdadeira luz. E csra luz cu a 1·ejo
no olhar de- Dr. Plínio". Maisadiante,umvibranteargeniinode Buenos Aires assevera que ''Dr. Plínio constiruiu o movimento de que a Igreja necessita para defender-se da presence
Encontro da TFF envia mensagem a Sarney DOIS MIL E QUINHENTOS sócios, coopenidores, corrttponden• ln da 1TP aclamaram de pé mensagem ao Presidenle da República, na snslo de enctrnml!nlo do VI Encontro de Correspondente<; e Simpali· zaaccs da eneldade, reunidos cm Sio Paulo de 8 a 11 de !C\erelro. O texto intctral do telex, assinado pelo Prof. Plinio Corrfa de Ofüeira, Prnldeate do Conselho 1"adonal da Tt·P, to seguinte: "Em sokne SbSlo de enC'f'mtmento da assembléia plenária rrunida ontem em -~lo Paulo, com a p~nra de cerca de 200lJ Mklos, coopera· dot"H t correspondentes da TFP brasileira, tht o prazer de propor o envio da plflente mensagem dt calorosas congrstulaçôes a 1,-·. Excia., por motfro do teto ao filmesacrfltgo e imoral "Je tous salue, Marie". Cqm tal teto V. Excla. impediu ullrajes atrozes a ;"\oua .'knhora, lns· tltufda Rainha t Padroeira do Braslt em sua inrncaçio de A.parecida, por d«rrlo do 1torl0$0 Pontífice Slo Pio X. E e"itou para nono poto o lrrmendo abalo moral que lhe resultaria de t·er impunemente ultraja· dos o Menino Deus, sua santíssima .\fie e Sio Josi, seu castíssimo ,-s.. poso. Ou uja, a saarada familia, modelo Ideal de toda fam1l/a brasileira t·erdadeiramente católica. O auditório, de pé, aclamou longamente, e por unanimidade, minha sugestlo, • qual ff acrescrnta assim IIIJ trlrx de frlicltarlJes qut há dias tfre • honrs de lht tntiar."
Para resumir. em toda sua riqueza, ts· se conjumo exm:mamente expressivo de impressões de nossos correspondentes c simpatizantes, damos a palavra a uma clarividente correspondente mineira: ''Eu vejo no presente Encontro três dimensões: uma dimensão de luta, outra de graça e outra de presença de Deus. ''No plano da luta., observando e analisando, percebo que o fruto do trabalho é maior do que o número de pessoas disponíveis para realizá-lo. O que dá idéia do 11rande esforço emprcendido. "A dimensão da graça, eu a concretizaria no seguinte ponto: somo5 ramos brasileiros, cstrange-iros das rrês Amfricas, europeus, africano5, um indiano e todos observam os fatos e os exprimem de modos diversos, segundo seus coswmes. Entretanto, a essência, o conteúdo é o mesmo, o que não vai sem uma espe+ eia/ açlo da graça. ''A presença de Deus, por fim, senoia a todo momcmo. Mas eu gostaria de- ccmsignar um momento que todos presenciamos, e que constituiu verdadeiro suspense na conferência magna de abertura. Em determinado momento da exposicão de Dr. Plinio, faltou luz e os encarregados da boa ordem do Encontro sentiram a necessidade de preencher aquele silêncio de algum modo. Entoou-se entlo o Credo em gregoriano, e no exato momento em que se cantava 'Dcum de Dcum, Lumen de Lumine ', a luz se fez cm rodo o salão. Todos os momcncos cm que scntim o5 a prese-nça de Deus nesse enconcro podem simbolizar-se nesse magnifico momento".
Lui5 Carlos Aze vedo CATOI.ICISM0-~_..de1981i
Polvorosa, se não pólvora ... Plinio Corrêa de Oliveira
V AMOS diretamente aos fatos.
A semana de l6a22 dckvcrcirosc abriucomapastadoDesenvolvimcn• to e Reforma Agrária em crise. Era fortemente questionada a permanência do ministro Nélson Ribeiro. Esse episódio teveumdesfechofelizparaquantosdelc participaram. Em primeiro lugar, para o citado ministro, porque mais uma
vczacrise,quepareciaamcaçá-lo,se desfez como espuma. E ele continuou na pasta. Em segundo lugar para a Contag, pois despontou aos olhos do grande pUblico como uma das causas decisivas desse fato, cm conseqüência de um telegrama-pressão da entidade
ao Presidente Sarney e ao deputado Ulysses Guimarães. A julgar pelas notícias, ambos parcdam tomar inteiramente a sério a liderança efetiva da Con1ag sobre os "2600 sindicatos e maisdeSmilhõesdesindicalizados", a ela filiados. Liderançaescaquehabi· litariaaContagaafirmarquesuaslegiõeslaborais(dasquaisamaiorianão seinceressapelotemareformaagrária) têm a reforma agrâria como "aspiração máxima da classe", e absolutamente "não admitiriam um renoçesso" nessamatéria.Uma,·ezqueacontinuidade do ministro Nélson Ribeiro era assim publidtariamente atribuída, em erande pane, à Contag, cabia a esta parcela importante da vitória.
Uma vitória cheirando aliá.5 a greves, aarruaçasequiçâ, no confim do horizonte, a póh·ora. Pois quando "não se admite" que um governo faça algo, afirma-se que St lhe vai impedir que o faça. E o modo pelo qual os agitadores de massa costumam "impedir" o que não lhes agrada é mesmo esse: greves, arruaças ... tiros. Mas, segundoomesmonoticiârio, ao lado da Contag, "outro valor mais alroselevantou"em favor do periclitante ministro Nélson Ribeiro. Foi a CNBB. E compactamente unânime pelo menos na aparência - tal e qual a Contag. Mais uma vez tocou pronunciar-se sobre o assunto a seu próprio presidente, D. h·o Lorsçheiter, Bispo de Santa Maria, conhecido lider dacorrentemaisesquerdis1adaen1idade eclesiástica. O Prelado, sem optar explicitamente peta permanência do ministro N. Ribeiro, afirmou entretanto ser "fundamental" que "venha Jogo umareformaagrâria( ... )abrangente". Aoqueeleacrescentouque,fosscquem fosscoministro,a lgreja"cobraria(ao PresidcnteSarney)aexecuçãodoplano de reforma agrâria nos moldes estabelecidos" peloditosr.NélsonRibciro. O que, tudo, parece dizer ao Presidentc di República: ''sesairoNé\son, só serve um sósia dele".
CAT!llCISMO-~del!l!li
E uma pergunta fica no ar. Como pode a CNBB, órgão essencialmente espiritual, "cobrar"dochefedeEstado -aqucmcabeadireçãodaesferatemporal - uma reforma pela qual, segun• doaConstituição,estesóéresponsávcl perante o Pais? Não digo que isto tudo faça pensar em pólvora. Mas indubitavelmente faz pensar cm ... polvorosa. Confirmando a atitude de D. Ivo Lorschcitcr, D. Oaudio Colting, Arcebispo de Pono Alegre, qualificado, quão gratui1amente, como da ârca conservadora do Episcopado, elogiou de públicoamanutençàodosr. NélsonRibciro no cargo. Sobainfluênciadetantaspressõcs, Sarneytcriaentãoccdido.Mastambém ele teve nisso seu lucro político. E nada pequeno. Pois ele estava absolutamentedesgastadoamcossetorescon• servadorescanti-agro-reformistasda sociedade. E, tendo esboçado a decisão de demitir o sr. Nélson Ribeiro. causou a grata impressão. nesses mesmos setores, de que, só por si. ele faria uma reforma agrária mais branda, ou até não faria reforma alguma. A culpa da radicalidade da reforma caberia pois à Con!ag e à CNBB. lsto,asgrandescúpulasdesindicatoscassociaçõespatronais, cbomnúmerodecúpulasmédias, concessivas e a:ovcrnistas - porquehâdécadasnão sãodcoutromodo,eousodocachim· bolhes entonou a boca - já a esta ho· ra devem estar difundindo prazerosamente cm todos os ambientes rurais. Estasforamasinsólitasnoticiasdos dias g e 9, excraidas da "Folha de S. Paulo" edo •·Jornal do Brasil''. O dia li trouxeoutrasaindamaiscarregadas de imprevistos sombrios.
O CJMI (Conselho !ndigcnista Missionário) é o órgão anexo da CNBB para quanto diz respeito a nossos índios. A julgar pela noticia na "Folha de S. Paulo" do dia ll, tal órgão elaborou um programa com uma série de reivin• dicaçõcs, muitas das quais pouco ou nadatêmquevercomassuntostribais, mas apresentam graves afinidades com os programas da Internacional Socialista, e dos organismos propulsores da expansàocomunistamundial,scdiados cm Moscou. Com efeito, pede o CII\H a "estatização dos serviços bâsicosde educação, saúde, transporte e habitação", ou seja, a transferência para o Estado, de todos os estabelecimentos privadosbâsicosquecuidamdaeduca• çãocdasaúde,e,no mesmonh'el,dc todos os que cuidam dos transportes e da construção de moradias. O que é monstruosamente amplo. Ademais. rcivindicaoCIMlnovalegislaçãoagrária, bem se vê em que sentido. A tal
ponto que a lei deverá fixar "limites ao módulo máximo da propriedade privada". Não contente com tudo isto, o CIMl requer ainda a "rcdcfinição dopapel das Forças Armadas". E, talvez mais espantoso do que tudo, o "estabelecimento de mecanismos que permitam o efetivo controle popular sobre o Legislativo, o Executivo e o Judiciârio''. A notícia não explica como Strão os órgãos populistas a quem compctirâ controlar os órgãos governamentais, escolhidos entretanto pelo elei1orado cmvotaçãodirctaesecreta.Nemqual Strâ o modo e a amplitude desse controle. Na ausência destes dados, fica-se a pensarinevitavelmentenoscomitêsde sangucdaRevoluçãofrancesa ... ounos sovietes da Revolução russa de 1917. 0sdoisúltimositensdasrcivindicações do CIMI merecem mais detido comcntârio. Segundo o art. 91 da Constituição federal. às Forças Armadas cabe defender o País contra a agressão cx1erna, e 1ambém contra a violação da ordem interna. Ao que parece, a Marinha, o Exército e a Aeronáutica ficarão excluidos da manu1cnção da ordcm interna. O que não cheira só a polvorosa, mas a pólvora.
E se fosse só o CIMI! Outro organismo relacionado com a CNBB é a CPO (Comissão Pastoral Operária). Esta última, diz também a "Folha de S. Paulo" de 11 do corrente, elaborou um "programa conjunto da classe trabalhadora'', no qual reivindica que os trabalhadores(portantoos rurais, comoosindu.miaiseoscomerdais),cquiparados aos proprietários, panicipcm dadireçãoempresarialcdoslucrosda empresa,equeossindicatosdetrabalhadorestcnhamaccssoaosdadoseconômicos,financciroseadministrativos, osquaishabitualmentecadaemprcsa conserva sob rigorosa e explicável reserva. Comissoseacabaosegrcdoindustrial,eosoperârios-co-dirc10res - passam a ter sob seu controle toda a vida da cmpn:sa. O que reduzirá os poucos patrões que ainda restarem a meros fantochesdasoligarquiassindicais operârias. Acrescente-seaindaaistoqucvairctomando corpo nas grandes cidades o vozerio cm favor da reforma urbana: expropriação,aprcçoridiculo,dostcrrcnosdesocupadosnasáreas urbanas; congelamento draconiano dos aluguéis, ~tc~utrapartedevorados pela inílação; Temos assim a figuraglobaldacatastróficatransformaçãoaquecstâarriscado o País. Uma transformação que. por certo, realizará todos os planos de ~foscou sobre o Brasil.
Plano Nacional de Reforma Agrária vigente
Dirigismo socialista se introduz no campo brasileiro Carlos Patr/cio dei Campo
P
ELAS RAZÕES t:11MXW no •r1ico "0 boato, fantasma rutdar do •tro-rdormbmo",
llctl nplklldo po.- qe ruio w tomou Hl)fffluo o ntudo qH o Prof. Pliakl Conftl tk Oli•ti111, Prnidralt do Comdbo 'iad0t11I da T .. P. pro1Mlon a fim• dnuMiar oca•
ritu nidiall=nte 11.ro.reformbt, do Pl1110 'iac:loul de Rdonna A1rirta - P'l;RA, tta111r111tnlr promulgado prio Presidrntt JOM Samet e ptlo min\Jtro da Rtfomu e Dtwnvolvimtnlu Alririo, l\elson Rl!Hlro. Entntanto, p1111 que o auunlo aio fio:tl>M! :.tm um coment'-rio dt ''Catolklsmo", l)flliu " " ~lsta a RI! insite colaborado,- Cartas Pairklo dtl Campg um anl10 MJbre a maliria. Pedido ftlt a 11ue o conbttldo etcrllor, .\1as1tr of !kwnn' dt E.c,onomUI A1riri1 ptll lnhrnldade da Callfó111la, attdea tl1bo111ndo pana prnt'lltt edlflu u dtiuo t lúddo ef(udo aqui publiaodo.
Ü PLANO NACIONAL dt Reforma Agráriawinado pclo PresidenLtJOS<!Sarney pouco tem de novo em seu comeüdo. Pois não faz 5enão repet ir ,emoutraspalavras,osmesmos disposi1iv011essenciaisdoanterio r projetodo PNRA. Na realidade. as alttrações imrodu. zidas no P NRA foram mais de forma que de fundo. Se alio ele 1em de no~·o. coiuiste no fato de in~r um conjunto de medidas de poli1ica a1rloolarecomendadasnaobramencionada notítulodesteani10, da qual souco-autor, comoaverdadei rasoluçãoparaosproblemas
a1ricola,d0Paí,. Isto, entretamo, ele o faz dentro de um conte:lltO marcadameme sociaJis1a c diri1íMa, e intimamente ligado à ReformaA1rària. Portamo,ascriticaseaprccnsõcsenunciadas cm nm;so livro A Reforma Agrária Socia. liJla eConfi:s,;afóría (º) - que pas5aremos a mencionar pela si&]a "RASC" - no se111ido de que a RcformaAa,ráriaco11duzaoPaisa um caos social e econômico, subsistem em toda linha Vejamosagoraalgunstópicosascnciaisdo novo Plano.
I - O PNRA vigente mantém os mesmos dispositivos dos quais discrepa o livro " RASC" 1. Em relação ao acesso Jo trabalhador rural à terra • O que o novo PNRA afi rma: No item 1 · " N=ldade e oportunidade dareformaag,ária"-oPlanod iz: "ane· r::tssidade de modifícaçclo da es1ru 1ura agrâ·
ria do Pais é. por si mtsma, evidente, ante os ansdos dt rrforma d t legiôt5 d t ltabalhado-
rts n, niissemneobum aperspttti,·a deaccsso ittrra ··. Maisadiantcacrcsccnta: "(•.. )tra1a-~de imtgraràromunidade polftica, romo ndadâos plenos, uma PQrctla sig11iflca1iva da popularão brasileira, submetida a rtlaçôes sociais a1rasadas 011 compll'lamtnle marginalizada, exa1ame11te pela impossibilidade do acesso à /erra".
" l mpolll blli1adodetH acHSOil lt r111,01rabalhador rural não cria para si rondi~ de melhoriadepadrãade.,ida.Nõoin1rod11zprá1icasno,·as, ndoabson·equalquertknfr:a1endente a aumentar a produtividade. Se m acesso i tern, 11âo pode ob1tr a roncessâo decrédi10,assi.s1lncia1écnica,melhoria11osi.s1ema de ocoamen1a dtJIS prod111os agrkoltzl e de $Ua rondiç6osocia/eh11mana".
e Sit uação real descrila em " RASC" ''O acesso à terra mto tem sido difícullado pclacstru/11raagrória,·ige111e.Pelocontrârio, ttm havido aumento na difusão da proprie' dadc da rcrra, podendo-seafirmarqul' em torna de JO'I\, dos que ,·i>Y"m no campo, SUSCl'tfvei.s de Krem proprietários (011 Kja, a populaçdo afJr(rola rom aclusllo dos dependentes oudaquelesqueéno,ma/queaindandosejam proprierários: a ta/a/idade das mulheres e os homens menores de U ano.sJ, de fato o SOO. O vudadeiro problema, que mu itas ve;es diflculta o ar::tsso i11trra, l a bab:a rentabilidade e produtividade das pequenas explararóa 110 campo". Ascsta1isticasmos1ramque1antoanúml'ro absoluta de proprietárias romo o percen(")PliftioCorrh<leotiveiraeCarlo>PoiriciodolCampo. A.llt/onn&Apiri&S«ú/i<,a,C""fi... ,6'-ia- Apro-
pri,..,•••
pri,dMk jj,r, Jnkl• !!>"•. no 1uflc •1ronfom,i.,a.EditoraV<r>Cruz.S.oP•~lo. 198l, l74pp.)
CATOUCISMO-~dl!19ffi
rur,/ em relr,çào à Populrzçào Economiromen· re Alivrz tem rzwnenwdo sígnífin11ivomer1/e no decorrerdrzs últimrzs décadas (''RASC'', pp.
ll8ess).
2. Quanto ao aproveitamento da terra •
O que o novo PNRA afirma: Nos mesmos itens anteriores, o PNRA diz
"O Brasil, entretanto, dispõe de ump0ten cia/ de 500 milhões de hecrares de rerras agriculláveis, segundo levantamento do proje/0 Radam-Brasil. ,\,fas os lavouras ocupam, hoje, apenas cerco de 80 milhões de hec/ores
lnduindo~aíkfll ndesáreas emdescansooum sistema dcrotação perdul li rio.Eimó,·e!sclassifiu.doscomolatifúndins,,;eK undnoscritt'rios do Estatuto da Terr:ól, mantêm cerca de 170milhões dehectares,como'lirtaapro,·eilá v,1 não explorada'. deacordocomruprópriosdeclorames" "Assim, odesafioquesecolocaiJsociedodeéodesaberseoBrrzsilf)<Jdecontinuoreon,·i,·e ndn com a terra ociosa, ao mesmo tempo em que precisa criar empregos. gerar riquezas, promover a justiça social, o progresso do /rabalhodor" "(.. ,) O problema ajigura-M! rzinda mais dromá1ico,quandosever/jicoque~randepar-
1edas1err11saptasàagriculturapodemestar apropriadas com intuitos meramente e-spt<:ula1h·os'', "(... )Man1endotermsinath·asoumalapro,·ritadas,usrs propritlári os ,·edam o acesso dos 1robalhodores da 1erra uo meio de que necessitrzm parrz viver e produzir e impedem o progressodrzNação".
e
O que demonstra " RASC"
"Com base em numerosos e51udos, provrzm05 que a agriculluro brosileiro é efidente e responde aos incentivos econômicos, e que o conceito de latifúndio improdutivo é uma invenção orbi1rário do Es101uto do Terra, ambiguoeprenhedeuros. Muitosdoschomados lrz1ijúr1dios improdutivos nodo tlm de improdulivo. As /errrzs montidrzs como reserva de valor, no roso do Brasil, em prindpio não prejudic,zmorzcessoà1erraeobem·es1arda Naçào. Além do mais, o fenómeno é provo· velmenrede magnirude menor do que corren 1emen1eseimogina"(''RASC", pp. 120,121,
127el28). fjcapalpávelocaráterarbitráriodoEstatutodaTerraquandoseverificaqueacnndi çãornaisirnportanteparaqualificarumafazcndacomo latifúndioimproduti,·oé o per· centual de área explorada Um fazendeiro que tenha terra aproveitávdscmproduzirésimilaraumindustrialque mantt'masuaindústriainativa,ouamantém numregime<le produçãocomgrandecapacidadeociosa Suponhamosumgovernoquebaixa,;seum dcçre10-o "Estatutodalndústria"' -·definindocomo"indústriaimprodutiva'',sujeita aewropriação,aquenãouti!izassenomínimo80'11 dcsuacapacidade. lndomaislonge,imaginernosqueognverno,sensjbilizadope!oapelodos"semcasa", promulgasse,, " Estatuto da Casa Própria ...
CATOLICl~MO - F!!"lernilo de 1966
definindocomo''moradiasubutihzada"',sujeita a expropriação e --as~entamento" dos "semcasa",a reid"nc·aondemore,pormetroquadrado,umnúmerodepessoa,;inferior aumvalorarbitrariamentepré-esrnbclecido Oquediriamsobreas medidasdetalgovernooindumialeadona-de·casa?Diriam, pe!omenos,quese1ra1adeumaarbitrariedade,umabsurdoetc .Noentantnéexarnmente isto o que se está fazendo com a classe agrícola. Ainda mais. O percentual de aproveitamento exigido foi aumentado ,em justificação, comocorrer dosanos . QuandooEstatutoda Terrafoípromulgado,erade50t;'o . Posteriormentesubiupara70"lo,eagoraemíem80'7, {"RASC", pp. ISO e ss.). Poroutrolado,osautoresdoPlanoseesquecerndeumprincipiooxonômicoque.do/a wmia,qualificarnosdeelementar.Sobcertos pressupostos-quenocasodaagricultura brasileirasãorespeitados - ovolumedeprodução(áreaexplorada)depcndeprincipalmentedascondiçôesdemercado.Seovolumede produção{áreaexp!orada)nãoéoquesequereria,issonãosedcve,viaderegra,àmá,·ontadeouàincapacidadedofazcndeiro,masao fatodeomercadonãocomponartalprO<lu · ção{áreaexplorada)adicional(,·erp. l29enola3dolivro). Maisumarazão,portanto,paradesquali· ficaroscritériosempregadospcloPNRAparajulgaradedicação e efici(:nciadoprodutor rural. Critérios estes, aliás, baseados no Estatuto da Terra. Finalmente, um comentário à margem. O PNRA diz que as informações sobre a área aprm·ritávelnãoexploradasãofornecidaspclospróprio,fazendeiros,dandoaentenderque são imparciais e objetivas Entretanto,oproprietáriofornecetaisinformaçôesdeacordocorn exaust ivasinstru ções do próprio INCRA. Ora. essas instruções levamaconsiderarcomoáreasaprnveitáveis nãoexploradasmuitasquedefatonãosãocxploráveisdopontndevistaeconômico;eaindaoutrasque,quandoof>ão,nãoestãonomomeotosendoexploradas, porseencontrara fazenda em fase de abertura ("RASC", p. 128)
3. Em relação aos problemas sociais existentes • O novo PNRA insiste em mostrar um quadro geral de pobreza e desespero no campo Tran1crevemos alguns textos do Plano· "Ela [A Reforma Agrária) desponla, igua/menll', como uma exigência de jus/iço social. enqurzntorespos1aadeq11adaàcn mpensação
daenormedí,·idasoclal da Nação para com a maioriada populaçllioruralestigmatizadape.. la pob~za e no cumprimento do preceito cons1ilucio11a/ da observiir1cia da junção social da propriedade". "(... ) A{ está o êxodo rural de mais de I mi· lhào de pessoas por ano, para confirmar o agravamento do problema.(... )" "Considerando-se que uma parcela ponderável da populaçào rural er1cor11ro-se ainda praricamentealijadadosbenejlciosdocresci·
memo eco116mico abrido nas úllimas décadas
( ...)".
"A modificação desM! quadro desoladorexigird, pois, além do decisão polltiro deenjrenlá· lo(... )"
e
A posição de "RASC"
Baseadnemestudosreconhecidamente sérios ,nossnhvrnp rova1ern ecessárioeconvenienteoprncessomigratórioparaoprogres,o,ocialeeconômicodoPaís.Eque. nas últimas décadas, todas ai categorias sócioeconômicas melhoraram, porém umas mais do queasoutras.Nessecontexto,mostramosque ossaláriosruraisnasdécadasde60e70tiveramumaurnentosignificativamentesuperior àinílação. Osproblcmasdcrcndaeempregonaagropccuárialoca!izam-seembolsões,sen<lofrutosnãodaestruturaagráriamasdcumapoliticaeconômicaglobalquepenalizouaagropecuária,emespecialosetnrprodutordebaixa renda ("RASC", pp. 123, e ,s.) Nãosealegueadeterioraçãodarcndaocorridanes1e,últimosanosderecessão.comojustificaçãodaRefonnaAgrária.poisnãosepropõe uma medida estrutural (Reforma Agrária) pararesolverummeroproblemaconjuntural. Quemofizcssere,·elariaomesrnononsense deummédicoquedecidisseamputarobraço dcumpacienteparaaliviardorescaus.adaspor um ferimen!otransitório.
4. Quanto aos benefícios que a atual estrutura agrária tem trazido ao País Posição do novo P NRA: Da mesma forma que o Plano anterior. o novo PNRA se abstém co111pletamente de elogiar o setor agrícola. Pelo contrário, atribui aes1earesponsabilidadedosproblemassociais existente$. tanto no campo como na cidade.
•
Conclusão do livro " RASC"
"A a/11al estruturo agrária /em tido um papel fundamental no progresso da Nrzçào. A agropecuária fillanciou o desenvolvimen/o indus1rialpormeiodeonerosa1ransjerênciaderendos. Contribuiu com mais de 50% dos divisas porrz a importação de bens de capital, motérias primas e /ecno/ogia. Suaproduçào, tanto de bens expof/óveis como de alimenros, cresceu mais do que a população. Tudo isto M!m sacrijiror os rrobalhodoresdo campo, que lém tido um aumento real de solários" ("RASC", p. 126)
Emboraapcoascercadc200J1daprodução agricolasejaexponada, o Brasil se tem des 1acado,nooonjuntndaeconomiamundial,oo mo uma das primeiras pol~ncias exportadorasdepnxlutosdeorigemrural (''RASC".pp 122 e s~) AtualrnenteoBras ill:oprimeiroprodutor decaféedelaranja,osegundoprodutorde soja.umdosmaioresprodutoresdecana-deaçúcar,oterceiroprodutordemilho,alémdc possuir o quarto maior rebanho bovino do mundo{"RASC", p .122).
li - Para o PNRA vigente a Reforma Agrária - uma falsa solução - é verdadeira panacéia O que o novo PNRA afirma: l . ''(... ) Ela [a Reforma Agrária] se destaca, emprimeirolugor,por ., euimpactoposilim sobreoemprego,orendo,oprod1içífoeofer1odea/imentos,adesnu1riçâo, asmigro,;úes,
oques1àourbo110,e,sobretudo,devesumedido pelos cus/os sociais resultun/es de seu adiamenlo ou nàoreali~açào".
2. "A experiência universolmostraqueu modificação do es1n,wra fundiário o/iodo o umapo/(ticoogrfcolaeficien1e,nospafsesque reolizarornrefarmosográrioshem -sucedidos,
criaro11diçúesnovasporoo rrobalhorurole forço a modificaçiío dos sistemas de assistêncio ao setor agricolo". 3. "(... )olrawfsdoeliminaçàoprogressivo do latifúndio edo minifúndio, de modo o permitira incremenw do produção eda prodwividade ( ... )".
"a) comribuir paru o aum~nto da oferta de alimefllose de matérias-primas, visando ao ruendimemo prioritário do mercado interno; "b) possibililur a criação de novos empregos no setor rural, deforma a ampliar o mcrcado intemn e a dimi11uir a suhu1iliwção da força de trabalho;
''d)contribuirparaa1'memarosbenej{cios sociais proporcionados pelas illversÕí's públicas direta ou indiretamente relacionadas càm odesenvolvimentodosetorrural; "'e) promover a paz social nu meio rural. mediam e o errodicoção dos/ocos de tensào"'
e O que o livro "RASC" demonstra: "A Reformo Agrária pro,m•e/meme nàv oumemará a renda nem o emprego na ogricul/ura, nem ali,·iorá o é.wdo rural. Pelo ca/1/rário, a própria natureza dos medidas propos1as e a e:xperiência dos pa1ús onde sl' Pxecu/011 o Reforma Agrária mostrom QUl' os resultados são opostos aos que os autores du PNRA imaginom. A razão disso reside nofo10 dequeo Reformo Agrária. de si. não aloca o cerne do problema. que é a produti,·idade e a eficiêncio agrlcolo, especialmente do pequeno produtor rurol" (""RASC". pp. 136 l' 14 ~Ímerl'SSan/e observar que o PNRA, aofolor dl' "pu{sesquerealiwramreformasagrárias bem sucedidas", imp/ici/amente reconhl'Cl' que houve paises que riveram reformas agrdrias fracossadas Ora. a mera afirmação, desacompanhodo de provas. niio pode dar opoio à tese de que a Rpforma Agrária propos10 pelo PNRA se distingui' de modo o garontir seu êxito. sobretudo pelo /mo de ser elo uma cápio das fracassadas reformas agrárias feitos na América Latina ("RASC", pp. 139a 14J). i:.' comum citorcomo reformos agrárias bem sucedidos os do Japão, Formosa e Itália. No rea!idode, ,! duvidoso o éxiw de tois reformas Em todo caso. independememente do êxito ou dofracassodelas,éincondudenteapresentor como exemplos reformas agrários reolizodos em paisl'S que em nodo seasseml'lham ao Brosil. Sào naçÕl's pequenas, cam recur.ms noturois pobres, abundonle populoçào qualificoda l' ai/a densidade pop11/acionol. ao comrdrio do 8rosil, pais de dimensões conrinentais, comriquíssimosrecursosnaluraisineAplorados, baixo densidade populacional e abundonte populaçílo de baixa quolificoç<io
Ili - O novo PNRA é tão socialista e dirigista quanto o anterior O novo PNRA estabelec,e urna série de mcdidas de polílica agricola que têm sido freqüentemente recomendadas como alternativas à Reforma Agrária, e que foram tratadas em nossomencionadolivro(pp.149, 150, 151, 152 el53):po!íticadeprcçosminimos, se"·i1,-osde assistênciatécnicaeextensãorural, especialmente para o pequeno produtor, pesquisa agropecuária,aperfeiçoamentodosis1emade arrendamento e parceria et c Mas,paraqueessasmedidasdenalureza econômicaproduzamosírutosquedelasse esperam, éindispens.ávelquesecurnpramalgumascondiçõesmínirnas,asquaisnãoestão presentes no documento
1. Continuam vigorando os critérios arbitrários de desapropriação: risco e incerteza para o produtor Especíalmentenumsisternadceconomia demercado,oprodutordeveterrninimizados scuriscoeincerteza,particularmentenocaso doprodutorrural,queenfrentaasincenezas própriasdaproduçãoagropecuária,provenientesde fatores por ele incontroláveis.
Ora, no caso que nos preocupa, o PNRA deixapairaruma,erdadeiraespadadeDâmockssobreacabeçadoproprietário,poispor meroscritériosarbitrários,pressõespolíticas oupelaviadefa10,clepodever-se despojado de sua fazenda. Não se alegue em sentido contrário ter o PrcsidenteSameydeclaradoque apropricdade privada&erárcspeitada,equeasfazendasprodutiva,;nadatêmatemer.Aspalavraspassam, pormaisquesejamreproduzidaspela imprensa.masoqueestáescritoemleisouregularnentosemanadosdopoderpúblico,fica:no novo texto do PNRA, oscritériosdeexpropriaçãoficaramintocados,eponantoosproprietárioscontinuamexpostosàsrnesmasarbitrariedadesedespojamentosaqueesravam sujeitos na redação anterior do Plano. Qualquerfaundeirosensato,atualoua,ur. girpormeiodaReforrnaAgrária,reconhecerá que no Plano aprovadoek nào tem uma verdadeiragaramiadesuapropricdade,eportantoasombradaincenezaedainsegurança influendará1odasassuasdecisões.Comoesperarque.em1al situação,asmedidasdepolíticaagricolapropostasrendamosfrutosque ddasse esperam?
2. EStatizacão da economia ágrícola do País Paraqueumconjuntodemcdidascomoasdo novo PNRA tenhaêxitoéindjspensável que elas se realizem com a mínima presença do Estado e num comexto de liberdadc de opção nas decisl\c5.Jssoéespecialmentenecessárioquandooalvoda1medidasest:lcons!imídopormilharesdepessoaseinstituições. Ora, é exatammente o que o PNRA não faz.. ElepropõcacriaçãodeurnverdadeiroMo!tXhestatalquecoordenaráeexecutaráapolíticaagricolaemnívelrnunicipal,estaduale nacional,abrangcndotodosossctoresdeproduçãoecomercialização. ApesardasmúltiplasdeclaraçõesdoPresideme Sarneyedasdiversasautoridadeseconômicas, dequealivreiniciativaseráosustentáculo da política econômica, o PNRA aprovadosecaracterizapeloop0s10. O que restavademaiscompe!itivoeeficientenaeconomiabrasileira - a agropecuária , na qual apresençadoE.stadoerasómarginal - vê atoraamãonesteprcsemeemtodososlados. Paracornprová-lo,bastaanalisarostópicos:3.3-Desenvolvimentodosrecursoshumanos; 4 Articulações da açàogovernamenta1;4.2-Politicadeapoio àproduçãoeàcomercialização,comseussubitem:a)créditorural;b)inc,entivo,fiscais;e) infraestrutura;f)comercializaçãoeabastecimento;4.3 - Politicadeprom0ção social, comseussub-itens:a)Açõesnaáreadasaúde; b)Açõesnaáreadaeducação, cultura e extensão É importante observar que o PNDR (Plano Nacional de Desenvolvimento Rural), apresentado como anexo ao PNRA, padece da mesmadoençaestatis1aedirigís1a.Totalmen1e afinado com este último, o PNDR reafirma ospressup0stoseobjetivosdaReforrnaAgráriaaprovada.Nãosóisso,masvaimaisalém do PNRA quando, por exemplo, estabelece direuizes para "coordenar a montagem do zoneamento agro-ecológico e económico para a
CATOLICISMO - filvereiro de 1985
11gricultun, br11Siltira, dt fo rma a disciplinar a IOC11/i.ar,J11 das a1Md11dts produ1oras 11gri ro/as".Emoutrostermos.pmcndechegaraté aimporaofazendciro,atin&idoounãopela Reforma Agrária , o que ele deve produzir. Causaes!ranhezaaproposiçãodcumpla· noverdade1ramentesociahs1aparaocampo, quandoaprópriaexperiênciavividarc,:entcmente pelo Pais tem res·elado quão prejudi-
cialêodirigismoesta1aleacstatizaçãodcimpor:antesiletorcsdaa1ividadenacional. Ningutm de bom ,;cnso pode demonJlrar que o Estado tem sido bom arlminimador. Ai estão osenormesdHicitsdasemprcsases1atais,pal10Spor1odaaNacão.En1ão,comonãoqualificardcaberrantecdcsatinadaestano"aintervençJ,odoEstadonumaatividadedaim port.lnciada agro-pecuária?
IV - O novo PNRA não fundamenta economicamente a aplicação dos enormes recursos que ele envolve EranaturalnpeTarqueasau1oridade5gOvcrnamcntais, frenteàscriticasdevultoquc recebeu a primeira verüo do PNRA, th·es,;cm apresentadoagoraumaavaliaçào$0CÍaleeconõmica do Plano de Rcfonna Agrária, da mesma forma como é exigido para qualquer projetodeinvestimento. Ora,nadadeparecidouis1enoPNRAvil1Cn1e. De um lado, apar«c uma C5timativa doscustosdoP!anodeRdormaAgrâria,que muitos afirmam ntar significati,'amente subestimados. E de outro lado. não aparece qualqucrquantificaçãodosretoroosqueseesperamdaaplicaçãode1aisreeurS05.D:talformaqueaopiniãopúblicacarecedequalquer elemento objetivo parajulgardaconveniênda de tal empr«ndimento. Osreeursosfinanceirosemjo1osãodeoonSideri,·el monta. Segundo o PNRA,nosprimeirosquatroanosseriamgastoseercadel3 bilhõesdedólarcs;,·alorquese1undoomros e11ariasi1nificativamen1esubcstimado Nilotíáciloompr«ndcrporqucnãofoifei1aumaa"aliaçãoeconõmicaconsistcmedeta! comprometimentoderecurSQ5.NãoparecerazoávelCJ(i1irdaNaçãosacrif!ciosaindamaiores,pormeiodoaumentodcimpostos,oomo foifeitopelo"paco1efiscal"do10,·erno. Tambtm não é fácil eomprttndtt tal gasto de reeursosoomretomopelomerl0$duvidosooomo veremos a seguir - quando no momen100 Brasil es1i em difleei s tratativas para negociar,uadi\idaexterna,amaiordospaises em desenvolvimento. Cabe ponderar aqui, aliás, que tal avaliação não seria fácil de iler apresentada. Os re sultados da Refonna Aa;rá.ria seriam dcsastroS05, oomo provam os enonnes prejuizos que tivcraml)lrll,ua5rnpectivasceonomiasasexperifnciasde Reforma A&rária feitas em aJ. &uns paises latino-americanos ("RASC". pp.l39al45).Emoutrostermos,oomoafirmamos em nosso livro ("RASC", pp.138 e !39).,bemprovái·elqueosvultososrecursos a aplicar se diluam no magma dm problemas atuaisedosfuturos(criadospelaprópriaReformaA&rária),enãoproduzamosbeTidíciO'l prometidos, conduzindo o Pais a um ,·erda· deirocaoseconómiooe$0CÍal.Porquf?Novamente recorremos ao livro citado para apresentar a resposta:
"Como jti mencionamos, os probltmas dt produçdoerendanaagriculturoseronctntrom no ~qutno produtor rurol, ou nas eh.amados produtorts de baixa renda, que reprtsentam umse1ormajori1ririodop0r,u/oçliorura/. Os
CATOUCISMO - fMHso de 1986
r«ursosliumunosejin11nctirosu1ioquiuplicados nu promoçlio do rt/erido setor se 1êm
mos/n,do txrSuru-, diuntt du magnitude dcuseus prob/tmos. Que conseqütndu deustrous nio H podtm n;prnir dr um pbnu visan• doaumrntual nd amaisoconUn11enltdospr• qurnosprodutorrs .quandnalndanhH teve condiÇGts pani ruolnr os problemu dos aluais! "Em segundo lugar, 11 opinião quase unQ. nimt dos esperialis1as i dt qut, para t•·itur conseq1Unriasnega1i>'flS,romoqutdan11r,rodu1Mdade, ao se impor uma 1ro11sjormoçã11 dousotJ)Q$Seda1erra, énectssdrioaplicor umplos progrumas de finonri11men10 , formorf1o de entidades paro o comercialiiaçao de produ/os e insum/1$ ogdco/os, 11ssis1incia 1écnica e uttns1'0 rurul t1c. Or11, na a1uol falta de r«ursos do Pais, como qualificar um plano dt Rdorma Agr,na qur ulgr a aplicaç,o derecur50senormcssópar11e,·11arasconseqiifnd1sn~a1iusdaaplk1çiodopróprio plano!" ("RASC", p. 137).
V - Uma novidade no novo PNRA: aproveitamento das terras devolutas e fomento da irrigação D: positivo no novo PNRA, só se pode referir o fato de que propõe fomentar a irrigaçãodasresiõesnordestinas.Comoapontamos nonouolivro(cfr. ''RASC'',pp.146e 153), estaéumaallernativacompro,·adamcmevá lida para resolver os problemas sócioe<:onõmicosdevastascamadasdapopu[ação ruralnordcs!ina. Algo similar se pode dizer em relação ao apro,·eitamento da5 terras devolutas (cfr. "RASC'., pp. l52eAncxo li), Onov0Planoes1abdeccnormasparainiciar o cadamamemo delas e afirma a intenção de aproveitá-las para fins de colonização cReformaAj.rária.Ma.s,aindaqucainten çãosejaboa,suarealizaçãodniludc.Ono"o
PNRA de nenhum modo modifica as meti! doantigo,demaneiraaevítarquerecaiaopesodaReformaAgrárianaterradosparticulares. Afirma textualmente: "b) Operctntual de terra a ser oblida via dtsaproprioção deve rdserde7S, 90, 95, 100t90'rtparu11Srtgióes Nor1e, NOTfflte, Sudeste, Sul e Centro-Otslt, resperlfrumente; o perctntual remantsctnte. para roda rqião, 5erá obtido mtdiuntt u1ili;ll((io de 1errus públicos". Ouseja.deaoordooomaTabelallldoPlano,emqucilecstabelecemasmetaseasárea5 ne«"SSáriasparaassentamentos,só l2~1do101al das terras comprometidas na Reforma A1rària!lerãodcvolutas. Portan10,onovoPNRArontinuasendotão confiscatóriooomooanterior.
VI - Conclusão - O ministro Nelson Ribeiro tem razão: "O Plano atual mantém todas as linhas, as metas fundamentais do Plano original" Pelomcnosnumpontoestamosdeacordo com o Minimo da Reforma e do Desenvolvimento Asririo, sr. Nelson Ribeiro: o no"o PNRA nada mudou de 1Ubs1ancial no antigo (dr. "Gazeta Mercantil", Silo Paulo. 11-10-85).
Tal afirmação ficou devidamerne demons1rada nas linhas antcriorcs. Se: is10 t aMim, a agropecuária brasileira e0Paisem1eralestioseriamenteameaçadosdecairnumverdadeirocaos$0CÍaleeconõmico,comoficouprovado no livro "RASC"
Poder-se-ia alegar que o novo PNRA não temocarátermassivoevigorosodoantcrior, "pois leria diminuido o tamanho da drl'll u ser atintida e o númeradefaml1ias a Hrtmfa,·or«idas". Vãilusão.Oquesefezfoiconsiderarsóosprimcirosquatroanosdeaplicação do Plano, deixando as ponas abcn:u para, nas onzeanosrcstantn,atin1irasmesmasárea5 e o mesmo número de famílias que eram pre vistos no plano original. Portanto, como dissemos, o novo PNRA continua tão massi,·o e vi11oroS('I como o
Em Portugal,
Vitória antes do comodismo que do socialismo Comefeito,ototaldeabstençõcstamW-m atin&iu o mesmo indice de 25 '71: equi,·alênciacuri0$aentreo total dos que oapoiarameoconjuntodosquen.loqui serammanifcstar-sc. Seu adversário, o democrata-crinão Dioa:o Freitas do Amaral, na mesma ocasião reuniu em scu favor 46,8 '71 dos vo!OS, fahando-lheapen as3.,,,, paraakançaramaioriaabsoluta, queodispensaria deconcorrer no !iCgundo escrutlnio. Sevi11oraueem Portugalosistcmadeescolha por maioria simples, vigente por uemplo no Brasil, a derrota de Má rio Soarcsteriasidoemãofragorosamcntc selada.
Displicência pachorrenta versus disciplina férrea
11irNnóD.,. 111,;çlo1119'11,..lltf:!W;1'"tdoidtológlcl
Fitit• 1111
""'"'"'
tmnaa.., cootendiot
S uRPREENDENTEMENTE, ocleitoradolushano permitiuque um represen. 1amedae$querda,apósterdasofrido suee55jvosreveses.asctndcsscilPresidcncia da República. Corresponderiaistoaumarcalauina• daparaaesquerdadaopiniãopúblicado pais?O,,,,pelocontririo,aeleiçlodcM4rioSoares1erásidoresultado,sobretudo, da omissão e ncalia~ncia do centro e da direica,aindaforternemcmajoriuirioscm Portugal?
Uma amllisc atenta - ainda que sumária - dos fatos fala a favor do earátcr artificialdocriunfosodalista.
Uma vitória com sabor de derrota Éine~ávelaeuforiadcmonstrada l)Or Mári0Soares,ementrevis1aàimprensa, apósvenoo- osegundoturnodaselcições Afinal. osonhodehámui1oacalenta-
doconcretizo1,1-se. Entre1anlo,a ump0litico experimencadocomocle,trêsvezes primciro--ministro,não1crãopauadodespercebidososaspec1osinusitadosepoucoencorajadoresdequescrevcstiuseu "êxito''. Longe de colhera maioriadossufrá 1i01;,ap0reen1agemdeapenas25,41/"1dos vot01;,obtidanoprimeiromrnoporMârioSoares,demons1rounãoscreleopreferidodoeleicorado.
Comudo,imediatamenteapósoanúnciodõsresultadosooncememesaoprimeiroturno,Freitasd0Amaralveioapúblicopre1tardeclaraçõcsnadacondizentcs oomabelapcrformancequeti,·era. Ao invfsdeconclamarscuspartidário,;para infligirem uma definiti\"a e completa dcrrota ao 110Cialismo no segundo escrutinio, afirmou tratar-se apenas de "uma luta técnica"enãoideológicaem~ambos05 contendorn,umavezquceleeSoarcs têm "a mesma id6a da democracia polf1ica eas mesmas grandes opç{)es em poli1ic11 cxrcrm;" ("Jornal do Brasil", 18-1-86). Quecstimutopoderiamhaurirdcs= palavras os partidários de Freitas do Amaral, ao oonstatanm que seu candidato de repente resolveu pas$ar por um outro MárioSoares? Convite indiretoao desãnimoedesmobilizaçãodadireitaeiscomoterãosoadoamuitossuasdesastros.asdeclarações! No pólo oposto, todas as esquerdas aglut inaram-seemtornodeMárioSoa· res,comvistasaosegundoturno.Nãosó SalgadoZcnha(queconseguira20,81fode votosnoprimeiroturno,ooncorrendopelo PC), como a "católica"-progressista MariadeLourdes Pintassila:o (detentora de7 '7t dosvotosnoprimeiroturno)dccidiramemprestarseuapoioaocandida to110Cialista. Ora, éconhecida amonolitica COC5ão interna nos panidoseMjuerdistas, mormemeo PC;coesãoque, oomoé igualmentenotório,nuncafoi oompactal\O! ehamadospartidosbura:ucses.cujasba-
o...-Jlllâl;oiosclllllllllnt11,1""adaabmno;MI noMf,NOtumod11.._..,.,rn..,1111for1rnosf1 de M6r11 Soar11
1or11 doalÍl'M lllrl I ll*lldl "'1Ól'II
ses,aolonsodaHistória,1amasveiesderammostrasdeadotaraposiçãodeum comodismo ab$enteista às ,·&peras da luta ... Anãoseristo,comoexplicar,no se1undo turno, também um fndice de abstençõcs elevadissimo (superior a 20'7t)? Nloseesta,·amdecidindoosrumosda naçãoponuguesa1 Desscmodo,enquantouesq~sufra,a,·am maciçamente Mário Soares, ponderheis fatias do eleitorado de ccntro-direita-sejapordesimeresseem relaçãoaocandidatoFreitasdoAmaral, scjapordesencantoemrelaçãoàpolitica -cerãopreferido,certamente,umaa:radáve]...-~k~ndnoseamposenaspraias, ou um programa de TV, ao "penoso" esforço de deslocar-se até o local das votações. Aminguadavantaaemde2,41/1 emfavo rdo socialista Mâr!OSoaressobreo comendordemoçrata-cristãoFreitasdo Amaral(respectivamente5O,7l0i', contra 48,371/,),apuradososvotosfinais,pareeelonse, portanto, de representar uma guinadaparaaesqucrdadoeleitorado ponugub.
Para o " Pra11da", foi 11it6 rl11 Segundooór1lodo1ovemosoviético. "fois1m1do1empor1ri1men1eopro-
Discernindo, di stingu indo, classificando... gresso da direi1a, rarar1erfs1ira dos arontedmentos em Porfusal nos últimos tempos" ("Pravda", 18-2-86). O jornal arresrenta, porém, que "nlo alimenta ilusões a respeifo dos pontos-<le-vista de Mário Soares e o oponunismo da politira ronwrvadora por ele ronduzida". Quamo às "flutuaÇOO ideolóskas de que o Presidenre eleito /em dado mostras ao lonso de sua vida po/í1ica, o exemplo mais receme está em sua alirmaçlo de que não se ronsidera nem de direi1a, nem de esquerda". Como se não bastasse tal declaração, afirmou ele que encaminhou ao presidente do PSsuarenllnciadefinitiva aocargode secretário-gcral{';Jomaldo Brasil", 21-2-86). Ora,ésabidoque,porevidentesnecessidades eleitorais, Soares, como primeiroministro, já vinha timbrando em tomar ares bem pouco afins com o socialismo: renegou de pllblieo o marxismo: defendeu , em mais de uma ocasião, a inida!ivaprivada;promoveuadesestatizaçãode muitas empresas e mostrou-se aliado do Presidente Rcagan cm questões de defesano continente europeu. Se se tivesse arvorado como porta-voz domarxismoedaesquerdaradical,teria ele, agora, vencido estas eleicões? Tudo indica que não. Aliás, o "Pravda" - muito experiente na matéria - fazendo recair sobre Soares a suspeita de direitista, na realidade aplaina-lhe os caminhos rumo à consolidação dessa imagem "moderada" que favorece seus intentos políticos. Emfacedisso,pergunta-se:quenovos ardis conduzirão Portugal a rumos que não deseja? _ Rol>erto Falc:onieri
(l:AfOLICISMO Dlt<lot:P1ulo Corrl, <1<S,itoF,lh<>
:,:=1~'0Tf.s"p,.::!' :~~~1~1'!:""hl - ...i,. :::-:.~~~~ ~~~·~,':.:.~,91 ~:;:,oo ~ ! J M onl"' Ft a - . 66l - OllU Sio Pa;,k,. SP - TttlOlll ll l .llll( R !JJI
~~s~:.~::::-=~~1=:~ 1mptt<&<>oaArtpn>1. Poptiot An<> Orifn>
~-:-=!.":'::...~-'-Em"' ... _ , . , . .....: <0111u111CrS),O.OOO;_,,. doo-C,Sno.OOO;-f<i1or CRl,,IOO.OOO; p alldo bnll<ilorCrS600.ooo. E>-. (VlaMfal <0-
.,...., usU0,OO; ""'fo,1orUSU0.OO.
o._...,_,..,_dt r-""·
:...-r:~u=E= ~:..,-::,::!.':~o~ª~=-~;' ,_.....,.A....,tspOlld'1>aa<tlal,.•a-...
Maria, por que chorais? COMENTANDO o extraordinário pranto vertido em Nova Orleans, no ano de 1972, por uma imagem de Nossa Senhora de Fátima - a mesma que, depois, por uma insigne graça de Nossa ~nhora, tem estado diversas vezes cm sedes das TFPs - o Prof. Plínio Corr~a de Oliveira escreveu, então, um tocante artigo para a imprensa diária. "Lágrimas, milagroso aviso", é o título belo, evocativo e ao mesmo tempo terrível desse artigo. Nele, advene o autor:
''O misterioso pranto nos mostra a Virsem de Fátima a chorar sobre o n11mdo comemporilneo, como outrora Nosso Senhor chorou sobre Jerusalém . Lásrimas de afeto terníssimo, lásrimas de dor profunda, na previsão do i.:astigo quevirá. "Virá para os homens do sb:11l0 XX, se não renundarem à impiedade e à corrupção. Se não lutarem csp«ialmenre ronua a autodcmo/içifo da Isreja, a maldita fumaça de Satanás, que no dizer do próprio Paulo VI, penetrou no recinto sasrado". De 1972 para cá, infefümente, tal renllncia à impiedade e à corrupção não se deu no geral da humanidade. A autodemolição da Igreja, por sua vez, prosseguiu açodadamcntc cm certos setores eclesiásticos, os quais escancararam as portai; do templo de Deus, para que nele entrasse sem obstáculos a fumaça de Satanás. A conseqüência natural dessas atititudes teria sido o desencadear pronto e terrível do cru;tigo previsto em Fátima. Mas a lógica santamente incxorá,•el da justiça divina mais uma vez deixou adiada, durante esses anos, a execução de seus temíveis decrc1os, cm at enção às lágrimas da Mãe de misericórdia. Até quando? Chega-nos dos Estados Unidos um album de fotos de diversas imagens de Nossa Senhora chorando naqu ele pa!s, como no Canadá, Europa e Japão. Entre essas lacrimaçpcs constam as da imagem que tem visitado a TFP e também a famosa lacrimação de outra imagem de Nossa Senhora de Fátima, em Damasco (Siria), em 20 de julho de 1977. Algumas delas, até, chorando lágrimas de sangue! O título do album é "Maria, por que chorais?". Pergunta angustiosa entre todas, cuja resposta tão adequadamente encontramos no trecho citado de "Lágrimas, milasroso aviso". As fotos foram reunidas e publicadas pelo Revmo. Pe. Alben J. Hcbe n , SM.
Nossa Senhora continua, pois, a chorar pelo mundo, através de suas imagens! Como a buscar, pela insistência dolorida de seu pranto, um movimento de piedade para com Ela, que leve os homens à conversão. Lágrimas insistentes, como insistente é nossa dureza. Mas a dureza das almas que não se deixam penetrar pelas lágrimas da misericórdia torna mais e mais iminente o momento em que, cessado o milagroso aviso, comece a execução dos castigos previstos cm Fátima. Na perspectiva de que comecem tais castigos, vem a propósito recordar a lúcida e reconfonamc ob~rvação qu e o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira fez cm seu já mencionado escrito: "Tenho por /ógiro que haverá neles !OS castigos] , pelo menos, uma misericórdia especial para os que, em sua vida pessoal, lenham tomado a sério o milasroso aviso de Maria. l! para que minhas leitoras. meus /cirorcs, ~ beneficiem dessa mi~ricórdia, que lhes ofereço o pr~nte aniso .. . ". C.A.
<·rMv,-, 1tJ:iy doyo<1 UJ'r". Edid<, do , u1or com 11/M o1t,r11do A... F,. Aot>o<, llw, SM, (Cm- Dq,u" M) <irnprim,"po< ...
CATOLICISMO - ftvelewo dl 1986
dtlllt\'.,.,, .........ifa,_J _Drif<oll,S\1 ,P-ro,inci.oli<.Paulina(~, HJA. !1111.'!)
Bem-aventurado Ezequiel
Moreno: o espírito acomodatlclo leva à derrota
EMSUA EDIÇÀO de março de /983 (n.~ 387), "Catolicismo" publicou comentário sobre a fisionomia e o por-
te de um dos maiores bispos q11e u história latinoamericano registra, e sua si'ntese biográfico. É ele o Bemaventurado Ezequiel Moreno Diaz, o indômito Pastor da diocese
colombiana de Pasto, falecido em /906, que se
distinguiu por sua energia em face dos inimigos da Igreja.
O rrecho que transcrevemos abaixo, extraído de uma de suas obras, denuncia o dano espiritual que causa às almas a tdtica acomodatfcla de católicos em face do mal. Suas expressiHs siio mais do que oportunas para no.s.sos dias, pois essa tendência de apoucar e distorcer a verda-
de, infelizmente, cresceu de modo impressioname, gra-
ças à ação corrosh·a do progressismo "ca16/ico ".
Eis as palavras do Prelado: ''Os males que hoje efligem a Igreja não são causados principalmente pelos grandes incrédulos, os grandes (m pios, os grandes perseguidores; o obra desses imitadores de Lúcifer seria praticamente estéril, se os conciliadores não os ajudassem, os que chamam de illlransigência à fula decididc, contra o mal, os que sem dúvida se esqueceram dessa sentença do Safrador: 'Os que não estão comigo estão contra mim'. Os maiores perigos que a verdade e o virtude correm hoje em dia não são os grandes e escandalosas heresias, mos os falsificações do virtude e do verdade. Quanro mais hdbeis são essas falsificações, tanto mais seduum e mais são perigosos. Compreendese que certos homens queiram e peçam ministros do Altar que sejam complacentes, jlexiveis, prudentes segundo a carne; mas é um engano total o daqueles que querem tirar partido paro o bem da Igreja cedendo hoje um pouco a seus inimigos, empregando uma linguagem incolor e/rases acomodatlcios, e mais /arde andando com eles e recebendo seus aplausos. Evitai es/a conduta, venerd1·eis cooperadores nossos(... ). tum erro, e erro /u nes/O à Igreja e às almas, transigir com os inimigos de Jesus Cristo e ter uma postura branda e complacente com eles. A co~·ardia velada de prudéncia e moderação fez mais estragos na Igreja de Deus que os gri1os e golpes furiosos da impiedade. (... ) Que bem se conseguiu com as branduras e jlertes com os inimigos de Jesus Cristo? Que males se evitou? Não se consegue outro coiso com essa conduto que qflonçar o poder dos maus acalmando - oh dor! - o somo ódio que se deve ter à heresia e ao erro, acostumando os fiéis a 1•er essas situações de perseguição religioso com indiferença" (Cartas Pas1orales, Circulares y oiros escritos de limo. y Re1•mo. Sr. D. Fray Ezequiel Moreno Diat, obispo de Posto, Madrid, lmprenta de Lo Hija de Gomn Fuentenebra, 1908, pp.UJ-244).
O dragão chinês está impaciente LONDR ES- A lnglatern assinou em 1984 um tntado co m II China Comunis1a, promtltndo r ntrq:a r-lhe Hong Koni: ,m 1997. Em co ntnpartlda, o go1·erno chinês se mmp rom,t,u a dti.11.ar intacto o sislrma ttonômko , social do r nclavc ingl!s durantt SO anos após 1omar posse dtle. Mas parec, qut Peq uim Já co m~a dtsdc agora a rosnar, Manifll'S lou dtsagrado em relaçio a algumas rdormas políticas em Hong Kong. O embaixador dt fac10 de Pequim na cidade disse que tais reformas ~·iolavam o "ll'Spírifo dos acordos de 1984 ". Ao mtsmo tl'mpo, uma rll'visla mcnSIII slgniflcativamtnl t chamada '·O Espelho", equereíleteaopiniiiodoregimeromunis1a,insinuouque apóslllll7acolôniainglesapoderlaser gove rnadapor um co rp o de 100 memb ros Sll'ledonados por Pequim. Um comentarista politko local. T . L. Tsim, !;('ntindo bema situaçAo,dccla rouqu e "Opessoa/agvras11beque os 11cvrdvs sinv-brllilnlt:os mio valem o papel em que fo-
ram impressos. a menos qu , Pequim mantenha soa pala vra". Tudo depende, portanto, da conhecida honorabilidade comunista. Os habita ntescomunsdeHongKo ngcslào preoeu pados. ix-reebcndo que fo ram traídos. Pelo con trári o. os magnatase homensdenegócios, numaati1Udedeseoneerlan tt,co ntinuamfazt ndoa propa11andadoaeordot pttga ndo a cooperaçilo com os chineses comu nistas. Aliás, atitudu usi m es tão Sll' !ornando hábito tambt m emmuitos paisesdoOcidente.
Drogados trabalhando: prejuízo para a economia americana ENTRES e 13070 dos trabalhador,s norte-americanos consomem droaas, não apenas nas horas d, lazer, mas tam~m durante o ptrlodo de trabalho. Em cons,qüfocia, aumtntaram três v,zcs os acidentes de trabalho , em 10 vezes as faltas por doença. O abuso de drogas acarretouprcjui2.ode60 bilhõcsdedólares , mi983,bem acima dos 46 bilhões perdidos em 1979. A !endência é de que tSses nümeros aumentem. Por isso, numerosas companhias começaram a agir com eneraia para tentar conter esse vicio. Estão se generalizando as verificações in loco, as demissões sumárias e os programas dt recuptração, não apenas para 1raba\hadores manuais, mas até para o pessoal altamcnte colocado. Entre outros exemplos, a Pannzoil despediu recentemente 8S empregados, dcscobtrtos com drogas. O mesmo fez; a fábrica GM em Dayton, que dll'miliu 29. Por seu lado, a Southem Pacifk conseguiu diminuir ll'm mais de 60'i1 os acidentes de 1rabalho, depois que adotou tais mcdidasprevc ntivas(cfr. " Time",27-1-86).
,m
A REALIDADE, concisamente: • Desconl enttscomaa,·assa ladoraondadeimoralidade no ca rn a,a l, 7l0i, dos paulistanos consideram que as~soas se dh·eniam muito mais quando eram maiores o recato e a compostura na sociedade. Por outro lado, 62'°'• concordam com a afirmação segundo a qual "o que se ,,f no
carnaval é só sem-vergonhice". Para surpresa de quantos ainda cr~m serem os jovens infensos à moral e à tradição, constawu-sc que justamente as pcssoascmre21 e30anossãoasqucmais reclamam contra a falta de moralidade (19~o dos entrevistados). Osresultadosdestapcsquisa.realizadaentre430pc,soas, pela SGB Publicidade e Promocões S.A .. a fim de apurar as tendências sociais, políticas eetonômicas dos paulistanos ("O Estado de S. Paulo", 8-2-86), são muito eloqücn· tes: desfazem o mito de que ao grande público apetece a torrente de obscenidades veiculadas por emissoras de TV e órgãos de imprensa, durante os festejos carnavalescos. Na verdade, tais órgãos vão-se desacreditando j unto ao público, na medida em que se tornam porta-vozes de um crcscemc e degradame amoralismo. • "Pula! Pula ! Pula!'' - gritavam, cm coro, quase duas mil '"ozes. "Pula logo, col'ardc!", dizia um refrão puxado por vinte alunos do Colégio Santo Inácio, que àquela hora da manhã se diniiiam para as aulas e não queriam perder o horrendo espetáculo. Olhos para o alto, braços agitados, a multidão prosseguia o clamor. A cem metros do wlo, no alto da torre da TV Cidade, em For1aleza. desde a madru gada um jo,em jogava pedras e barras de ferro sobre a inMllita platéia, atf que afinal a1endeu ao apelo. Somente aí a mul!idão emudeceu. O salto para a morte foi mostrado ao vh,o pela televisão e comentado por órgãos da grande imprensa do País. "Basrava a mulridiJo ter ensaiado um coro de 'niJo pule. vamos lutar e v1-.er' - afirmou o psiquiatra Wandic Ponte, um dos mais conhecidos da cidade - e a tragédia talvez pudesse srr e1•/tada ··. O cínico desprezo pela '"ida humana. paten1e nesse brado da multidão - co-aucora do crime de suicídio - vai-se generalizando cm nossa sociedade ''civilizada'' . • 1:onimbaleados pelapoliciacubana doisjovensqueprocuravam asilo politico na embaixada da Venezuela, em Cuba. Eles tentavam pular acerca de arame do prédio, na Quinta Avenida do bairro res!dencial Mirama~, em Havana, quando a policia cubana amou. Um deles ~0_1 morto com um tiro no pescoço, e o outro preso. Os policiais de Fidcl fecharam a área, impedindo o acesso de estranhos, segundo despachos de agências internacionais. Durante os 26 anos de ditadura castrista, têm ocorrido episódios semelhantes a este, não só em embaixadas, corno nas residências do pessoal diplomático, no bairro Siboney. Agora, entretanto, em plena ofensiva publicitária a fa vor do regime cuba no. com enorme cobertura jornalística. inclusive de TVs do Brasil, o tirano barbudo vai sendo reabilitado também por líderes da esquerda "católica", como Frei Betto, que o entrevistou há pouco e publicou, em forma de livro, a entrevista. Meses a1rás, Frei Boff minisuou ao antigo guerrilheiro de Sierra Maestra um cuno de Teologia da Libertação. Que pensarão disso os católicos que gemem sob a opressão cubana ? Ou os que foram obrigados a fugir da perseguição1eligiosaqueseinstalounailha-prisão?Ouaindaos que foram fuzilados junto ao si nisiro "parcdón"?
CATDI.IC ISMO- flwlll"O de 1986
• " ln.-rnt a de morrer logo aqui'', gritou um rapaz da janela do ônibus lotado. "Tira logo esse 'troço' dai", ordenou aos policiais o motorista de um Passai. Ao lado, o do· no de um Chevcuracrescemou: ''Limpa a área para a gen· te passar, 'seu guarda'! Quem morreu, dançou''. Os motoristas buzinavam. Outros gritavam pa!anões. Por que o furor? O corpo de uma mulher rccém-atropclada jazia no asfal to e pro\"ocavaengarrafamcnto no trânsito na pista externa da praia do Botafogo, que liga ao aterro do Flamengo ("O Globo"de26-1 L-8S). Nenhum movimento de compaixão pela vitima. nenhuma palavra de apoio, nenhum esforço para recol her ocadávcr. Ncm scqucr o socorro cspiritual para uma alma quc talvez ainda não tivesse abandonado o corpo. Negócios, in· tercssesirncdiatosconvocamostranscuntcs- ecles cêm pressa. Que lhes importa se deparam com a morte e a tragédia? A mentalidade utilitária e pragmática do homem modcrno, cakada nurn egoismo frio e materialista, vê-se aqui dolorosamente retratada. •
"Mesmo fendo perdido um braço, ainda poderei lutar
com o ourro. Os wssos me fizeram isso. Quero voltar para /urarcontra c/N'' - declarou, em Nova York, cheio de dignidade e valentia, um menino afegão de dez anos, chamado Mozaffar. informou "0 Estado de S. Paulo" (Sara Rirner. do N.Y. Times). Ele e mais um menino de ~te anos. e duas meninas de quatro e dez anos, que sofreram ampu tações, foram aos Estados Unidos pare receber membros artificiais. As quatro crianças procedem de campos de refugiados do Paquistão. Perderam irmãos, primos, tios . As i;asas onde mora,·am já não e.~istem, depois do bombardeio russo. Milhares de outras erianças. menos felizes. morrem a caminho do Paquistão, por falta de tratamemo. "Queremos que o ()("idcnte ~eja o que está acontecendo no Afeganistão", afirma Charles Brockunier, membro da Aliança Afeganistão Livre. ao e.~ibi r fotos das pobres vitimas. Asensibilidadedosprctensosdcfcnsoresdosdircitoshumanosnuncasemanifestaem facedetaiscr ueldades pracicadas pelos comunistas. É uma sensibilidade singularmentc scktiva, ideologicamente orienrnda. • Médicospodemreceitaranticoncepcionaisparameno• res, mesmo sem conhecimento ou licença dos pais, segundo decisão da Cãmara dos Lordes, o mais alto Tribunal de Recursos da Grã-Bretanha. A noticia foi veiculada pela '"Folha de S. Paulo" de 20-10-85. Uma ca!ólica inglesa, mãe de dez filhos, decidiu, no entanto, promo\er uma campanha nacional para impedir que filhas menores de deze!>Seis anos tenham acesso aos anticon ccpcionais via recei1a mtdica. Vê-se.aqui, aautoridadcrna1ernaepa1erna reduzida a frangalhos naquilo qur sua missão tem de mais impor1ante, conforme o Magistério eclesiástico: a sadia educação da prole. coibindo o que fere a moral e os bons cos1umes. No caso presente, é de estarrecer que a Câmara dos Lordes, aureolada pelo prestígio de gloriosas tradições, tenha feito tal concessão. gravem em e aientatória à lei moral. Concessão que sub,·cr1e tarnb~m a ordem social, pois invade a esfera sagrada do lar para desfechar violemo golpe comra o pátrio poder e a própria instituição da família.
O boato, fantasma tutelar do agro-reformismo
Ü
AGRO-REFORMISMO
vcmscndolargam eme b<.neficia-
doporumfatormuitoespecialde propulsão,quesurgede quando em veiaolongoda hiscória, nas épocas de crise. É o boato. Anaturcza,ascausa.sprofundaseasconseqüênciasdC'l,e fator têm algode cnigmático. Sobrc elas discutem infindamente
historiadores,sociólogosepolí ticos.Massuaeficácia-quasc sempreponderável,cmuitasvezesdeáiiva-ninguémanega. Aolongodotremedald e trajetóriatãoincerta emque sevai embrenhando cada vez mais o Pais,oagro-reformismotemsi-
dolevadoavame em caráter de exclusividade,p1,lacolaboração
doboato OboatoépoMoscmprc emcir cu!aç.ãonaclMSCdosfaundeiros, defensores naturais do principio da propriedade rural.
Quandooboatoéotimista,ele criaai\usãodequeaofcnsiva agro·refonriíslaseliqüidarápor simesma.Porondepersuadesuas vitimas de que é supérfluo agir. Quando é pcssimista,oboato aspcrsuade,pclocontrário,de queareformaagrária é ineYitávcl,Emoonseqüênciadoquesuas vítimas concluem igualmente ... que é desnecessário agir. Vistaemseuoonjumo,abateriadosboatosfuncionasistematicamente como um r«cuuo para criar obstáculos psicológicos a que os fazendeiros se articulem emumaaçãoidcológicaepublicitáriauna,depontaapontado Brasil,comaqualopodcrdeles setornariacc"amenteirresistivel.
Algunse~ emplos· 1. Quandose publicouoPla· no Nacional de Reforma Agrária, oboatoacorreu,pressuroso,paraafírmarqueoEstatutodaTerranadatemdeagro-reformista. Equcagro-reformistaeratãosó o Projeto do PNRA, apresentadopeloministroNelsonRibeiro aoPresidenteJoséSarney. Pelo que osfazendeirosdeveriampedir a este, simultaneamente, a aplicaçãoimediatadoEstatutoda TerraearejciçàodoProjetodo PNRA. Cilada primorosa montada pelo boato, já que tambtm o EstatutodaTerraémuitofortcment e agro-reformista. E, em oonseqüência,se!hepedissema aplicação,osfazendeirospediriam ipso factoaoChde deEstadoque pusesseempráticaimediatamenteareformaagrária A TFP desmanchou a cilada (cfr. "Catolicismo'', Em Brasilia,
aTFPpresente emcongressosobre a Refonna Agrária, setembro del98S,n?4l7) 2.Comoosfantasmassãoindifcrentesatiros,oboato é indiferent e a argumentos.Alvejado poralgumarrazoadocerteiro,ele emnadase sent e Yulnerado.Ese limita simplesmente a silenciar durante algum tempo, voltando àcargapoucodepois,soboutra roupagem. Foioque sucedeuentão. Depoisde cu"osilêncio,cominuou acampanhadeboatos.Namaior partc,daq11ipordiante,nãomenosotimis1asdoque oprimeiro. 3.Assim,s11ssurro11largamenteoboatoque,oomomui1ogran de latifundiárioqueé,oPresidente Sarney seria contrário à refor·
maagrária.Porrazõespolíticas, cleestariaoontemporiz.andocom oministrodoDesenvolvim entoe Reforma Agrária. Porém, no momento oponuno degluti,lo-ia comoumgatofazcomorato.Isto é,dar-lhe-iaumbi!heteazul.Os fazendeirosquenãoseinquietassem,pois;quenãosearticulassem,esobretudoquecessassem os protestos. Pois tudo se rcsolveria,semomenoresforço,ainteirocontemodeles. 4. O Estatuto da Terra e o PNRA,diziaoutroboato,sãodc fato radicalment e agroreformistas. Porém o Go\"erno nãoosdestinavaaseremaplicados, senão a certas regiões do Pais em que os abusos agrários sãodefatoinsuportáveis,Ejamais-oh,jamais!-narona emque oboatocirculava. . JstosedizianoSulacercados latifúndiosdoBrasilcentral;no Centro acercada pretensa incúriadosproprietáriosdoNordeste; e noNordesteacercadasagi!ações rurais do Centro, ou do Rio Grande do Sul. Conseqüência:que emcadaEstadose mantivessem tranqüilos, inerte'S e desarticuladososfazen· deiros. Pois que - sussurrava, lhes deliciosament e oboato-no casoconcretodazonasobrea qualoboa1osoprava,1udohave riadesearranjarsem esforçopa raeles. 5.Foipromulgadoporfim,pe, loPresidenteSarney ,oPlanoNa. cionaldeReformaAgrária.Afi nalosfazendeirosteriamrazão parasearticularem,pararcagir, para reiYindicar. Pois o Plano promu!gado é considerave!mente maisradicaldoque otãomalsi· nado Projeto. Uma bomba. 6. Porém, mais uma vez com e çaasoprar,solicito,oboatn Tranqüilizem-seosfazendciros,e volt em à ben, amada placidez. PoisoPlanoébem menos radical do que o Projeto. Eosqueacreditaramnoboato se aconchegaram mais uma vez,de!iciosamente,emseussofás,suaspoltronasesuasredes. Nessa ocasião. o Prof. P!inio Corrêade Oliveira,Prcsidentedo ConselhoNacionaldaTFP,prometeuatravbdaimprensaque refutariaembreveoboato,provando que o PNRA em vigor se presta a toda ação demolidora da propriedade agrária,jáanteriormente vi.sadapeloProjetodoPNRA. E ainda mais. Masdestavez,destaúnica,·ez, opróprioGovernoFederalsein-
cumbiudedesmentiroboaloem cursoe,oomele,algunsdosboatosameriores.Poisog0>·ernose pôsadesapropriarimóveisrurais atortoeadireito, emtodasasla· titudes do Pais. Comisto,aprometidarépl ica doProf.PlinioCorrêade Oliveirasetornou,pois,supérflua.Pclo que ele seabsteve de a escrever 7 - 0.tantosboalos,eismais um exemplofrisant e,que encontrouguaridanascolunasausteras ealgumtantosolenesdo''Jornal doBrasil".Sobotitulo "Cana-
via/époupadonoNordeste", a notíciaasseguraqueasterras p!antadasoomcanadeaçucar em Pernambuco não serão atingidas pelareformaagráriaa serinicia· daem 1986. Eacrescentaonoticiárioqueassessoresdadelegacia regional do INCRA confirmaram quearcformaagrárianãoiráafe. taráreasondehajaqualquera!Í· vidadeeconômicaarticulada,co, moéocasodamaiorpartedaw· nadaMata.Oplanobaseou-se em itens do Estatuto da Terra (JB, \7 . J2 .8S). Tal boato,pulverizou,oopró· prioagro-reformismo,mediant e umProjetodePlanoRegionalde Reforma Agrária em Pernambuco, que declara prioritária, para efeitodedesapropriação,quase todaazonacanavieiradogran dees1adonordes1ino(cfr. "Diário de Pernambuco". de 22-12-SS). Nessaocasiãoonoticiáriojorna!isticotornounotórioque odiretor do INCRA em Pernambuco é membro do PCB (cfr. JB, 31-12-8S;7-!·86).0quefalamuitosobre asfiltraçõesdecomunis1as emahos escalõesdapreseme administração, em beneficio de quemoboatoqu ertãotranqüilos,tãoinertes,tãodes.artirulados os fazendeiros! 8.Masoboatojamaissedes· concerta, jamais desanima. Ele muda deforma. Estranhamente servido pelas circunstãncias, ei.loquereapare ce emcena,comoutraroupagem os fazendeiros estão desagradados com a política a groreformista do atual Governo? Quenãoscpronunciemoomraeste, que não se organizem, nem protestem. Pois é um GoYerno eminememente centrista.Aprova?Elaentrapelosolhos,insinua oboato. Comefeito,paraofazendeiro, que na presente problemática ocupaaposiçãodireitista,a verdadeira esquerda-dizoboa10
CATOLI CISMO- Fevereiloóe 1986
-n4odevei,eridentificadacom oGo,·ernoSarncy. Porquanto, mais à esquerda aindadoqueele,estáumapotênciadcfunduraizcs naopinião nacional: aCNBB. ECS1.a, napresentcCampanhada Fracernidade, ataca de modo Yirulcn!o o Governo.,. por i,er eJCcessi,·amente moderado em seu prestme agroreformiuno. E as.sim, "'fraternalmente". aCNBBquer arrancar aosfazendeirosmaispenas,muito mais - como se faz com uma avequesedescjadepenar-do que as arranca o OoYCmo Samcy. Oquetomaevidente-jurao boato -queesscGovernoestá emreadireitaeaC$Querda.Que tcemrista,pois. 9.Paraajudaradartraçosde verossimilhaBÇa a eua miragem, acode Lula (.. Folha de S. Paulo'", ll•l.86)proclamandoqueas invasõadeterrusão"justaselegítimu",e,sc:dependerdoGo"erno, "nlo haverá reforma agrária no Brasil". Também ele afirma que Sarney é "um dos grandes latifundiários do País", etc,etc. Conseq!i~ncia:cruzemosbraços os fazendeiros, esc dei:<em depenar em m~ias proporções pelo Governo Samcy. Pois. se não aceilarem, humildes e até q;radecidos,estadcpcnagem,o Go,·ernonloresistiniàofensiva do from coligado da e.~:rema esquerda cclesiás1ica e socialista (e, bem entendido, filo-comunista também). ~ondeessesboa1osdesfecham no mesmo, no mesmíssimo alvoqueosprimciros:deixem-se imolarosfazcndeiros,bcmbonzinhos.bemquie1inhos,b.,mhumildezinhos,esemcriarparao Govcrnoaaro-reformistaSarney omcnorobstkulojun1oàopinilopública ...
"Plusç.achan,e;plus,;'enla méme,;hose":atraduçãodafraseprejudicainevi1avehnenteacleglnciaqueela tem em francês. Maslheconscrvaosubstancioso sianificado. Aplicado ao caso concreco,elaseformulariaassim: "Quamomaisoboarnmuda derOUJ)liemedea~ncias,1an1omlliselescconservaidênticoa sipróprionosseusefeitosfavorávcisaosa1ro-reformistas''. Tal, a história do boa10, ao lonaodapelejaagro-refonnista, a1, o momento em que es1c artigo l escrito. Mas ele caminhará aindadurantemuho1empoaoladodareformaa1rária;jãvaibafejandoareformaurbana,cpor fimbaíejaráareformaempresarial, tudoatéahoratrágícaem que-scNossa&nhoranãointen·ier-oBrasilsetransformc na"UniãodasRep\Jb!icasSocialistas Soviéticas Brasileiras" (URSSB). Talvezvalt.,a pena ir-lhe scauindoospa»osaolongodasinistracaminhada,nospróximos números de "Caioli<:ismo··. CATOLICISMO - fMrwo d! 1986
TFP em defesa da propriedade rural EM FINS DE maio de 1985, o Go,·ernoanunciasuainccnçãode levaravameseuP!anoNacional dcRcformaAa,ária.Sopravaassim,mahfonedoquenunca, o 1ufãoagro-reformis1a. Balançando entre o otimismo maisescúpidoeodesãnimomais acachapado,aclasscruralapresentavareaçõesmaisbeminstíntivas,desenconcradasescmbase doutrinária segura. O que fazia temcrumacapitulaçãoamédio pruo,apó$umaououtrareação ~pasmódica,masdesupcrficie. contra a Reforma Agrária.
Emagos1odei98S,oProf.Plinio Corrh de Oliveira levanta bemalto.maisumavcz,abandeira da reação anti-agroreformista, juntamcntc_com o economista Carlos Pamc,o dei Campo, atrav~ do livro A Refor maA1ráriasocialistaeconfisca1ória--:Apropriedadcprivadae afü-rcmie1a1iva.notufãoavoreformista. Foi o primeiro marco da rcaçio ao avo-reformismo doa1ual Co,·erno, a qual foi se afirmandoemsctoresdaopinião pública. Olivro,apresentandoumacerrada argumentação de ronho ideolóaico contra a Reforma Aa;rária,cra_dcmold~acomunicar força,vigoreamculaçãoàs
~:a~ :~rs::
~~~!i~:r•m NaaamenosqueSlduplasdc sóciosccoopcradoresda TFP,a panirdo dia 26dcagosto p.p. , saíramacampoparadifundiro referido livro nos mais diversos rincões desce Pa!s-contincnte. Elasvisitaram!2.363faiendciros em691 cidadcsbruikiru. Taispropqandinascncontraram, em larga medida, a ela.se nm1Janes1esiada,confusa,adormccida. Mas nlo desanimaram, e redobraram seus esforeos de propaganda. Ultimamente tem-se notado que-daqui,deláedcacolácomcçamasemanifestarrcações excelentes contra a Reforma Agr"ia.~inlciosilenciadaspela imprenu,seuvultojánãopode ser ignorado, e elas começam a ganharaspáainasdosjornais. l!incgávelqueadifusãodolivro do Prof. Plínio Corrb de Oli,·eira c do cconomista Carlos Patricio dei Campo alimentou cm mui1os1dísposiçloderesistirà onda.que parecia avassaladora, doagro-rcformismo.Eagora,wmadailcampanhadedivulgação dosparcccrcsdedois renomados juristlll,noticiadanestenúmcro dc"Ca1olicismo",1e,·eomérito del~·an11rumasadiarcaçãocontraessaonda,aoreavivarnosfa i.endeirosaconscibiciadc!óCllslcg!timosdireitos
Um testemunho insuspeito. oesscsentido,dá-oojornal"Zero Hora", de Porto Alegre, de
~~~t~:~r~~i:~r~~~:;:~!ia~
injúriasàentidadc,noemamore conhcccodccisi\'opapeldesempenhadopclaTFPncssareaçào Transcrevemos, a seguir, trcchodenotíciaestampadaemsua ediçãode31-l2-gsel-l-86: "Todoesscmovimeniogerou umareaçloquecomeeoudeíorma nítida. E por onde ninguém acrcdita,'lqueelaYiria:pclarcar1i,;ulaçlodaTradiçlo,Família e Propriedade(TFP),umaorpniiaç.lodeextrema-direila.Osmilitan1esdaTFPinsuflaramossetnrcs mais reacionários dos latifundiirios··.
Ma.sháaindamuitocaminho a percorrer, pois os agro· rcformislas n.lo desis!iram de seus in1en1osdcsola.parapropriedadeprivadaeabnrcammhoaocomunismo no Pais. E o terreno pcrdidopclosproprictáriosrurais,duranteaoosdedormideira gmll, é simplesmente colossal. Rccupcr,-lonloserátarcfafácil Bastapcnsarnocnorm;esforço cmscntidocontrárioeurcidopcla CNB8, a maior força agroreformi,1ado Brasil.
Campanha da TFP desagrada o ministro do MIRAD e causa furor no PCB O MINISTRO Nelson Ribeiro, em dcelarações à imprensa no m~sdejancirop.p.,manifenouscincomodadocomacampanha anti-agro-reformista da TFP. &11undoele,asmaiorcsprcssõe1 contra a Reforma Agrária 1Smpartidodeno1asemjornais e de grupos radicais, como a TFP,aqual.-paraoMini5tro,não conslirniboacompanhia.EoSr. Nelson Ribeiro citou cspccificamentcocomunicadoqucaTFP fezpublicaremdiversosjornais, "auacando acusações comra o PNRA" (dr. "O Liberal", Beltm, 25-1-86). SegundooministrodaReformaA11rária,osproprie1áriosque comra1cm1uardasarmadosparaadefesadesuasfazcndass.ão "~ssoas 11bsolu1ameme inidóneas",quenãomerccem "fépara es1ar 1rata11do com o Poder Público", Após ressaltar que o Miradnãopossuipoderdepoliciaparareprimiroquechamade ",iol!ncianocampo",oSr.Ncl50nRibeirodcclarou:"OMirad só tem um conrra a ,io/tncia que decorre do conni/0 agrário,~ a desapropriaç:S.o".
=no
Dc-poisdeassimapontaraarma da desapropriação para as t~mporu dos fucndeiros que mantenham guardas armados a fimdedcfendersuaspro priedades amcaç~das pela agitação agráriaqueestáemcursonoPaís, orcferidoministromudoudelin1ualilem, anunciandoopropósi todcpromovcr,noprescnteano, "uma distensJo no meio rura/"',..(cfr. "OEstadodeS.Pau· lo,27-2-86).Enessamesmaocasiãomanifestoudesagradonotocanteàdivulgaclo,efet11adapela TFP, dos parcctres jurídicos quesustcntam,scgundoateibrasileira,odirei1odeosproprie1áriosreagiremàmãoarmadaàinva!ãodc suas propriedadcs.
PCB toma atitude Porsua.,ez,cmJoinvi!lc(SC) a secção do Panido Comunista Brasilciro manifes1oudepliblico scufurorpelapublicaçlodosdit,:,sparcccresnaspáginasde "A Not!cia",daquelacidade.No!óCll ,;omunicadoàimpnnsalocal,nada mais fez o PCB do que trans--
crC\-aa1encativaderefutaçãode ··vozdaUnidadc''emsuaedição de31-la6--2-86,naqualor.emanirioçomunistaqualificaaTFP de,.organizaeode extremadireita,queseu11/1zaria "dcumverníz çristSo" para encobrir seu ,onmldonaz/fascis1a". Quantoaosparcceresdosdois renomadosjuriHas,oórglocomunistaosqualifiçade"carilimiria rcacionJri11 e 1erroris1a da TFP" e "pu1~f1110 marcrial". Nesse mesmo artiaue1c, oseman.,iocomunist11tvan1aainda contraaTFPainfundadaacus.a çãodequees1afazuma"aber1a in,;iraçAo .i 1•ioltncia", quando "defende a uri/izarAo de armas pc/osíaundeiros".Massilencia ofatodcqueestedireicoconsta naleibrasileira,aqualgaranceao proprietárioousodedesforçofisicoconlrainvasoresqucintentemocsbulhodcsuaspropriedades.Jnvasoresincitados,quantas ,·ezes,porqentescomunistas ... ou por seus "companheiros de viagem"', qcntes past~rais das CEB!i e de outros orgamsmos da esquerda ''católica".
Eminentes juristas asseguram o direito à reação à mão armada contra as invasões de terras A TFP VEM DANDO a mais ampla dlvulgaç,lo, a panir de 12 dejaneiroúltimo,adolspar«:eresderenomadasfliurasdomundojurfdico,profes.sorcsS!lvio RodrigueseOrlandoGomes , pa-
dúvidadeque,cmfaccdakivi-
gcmc,1invaslodepropricdad"
r~c.rescstesqucversamsobrco
alheiaséçrimcdcesbulhopouosório,previstonoCódigoPcnal, e não! romost Lcmpropalado, um direito de quem ainda não possui.Equeassisteaolegítimo
dimtoqueassisteaosfucndciros dcdcfrnderemsu.utcrra1àmão armada,,:ontrabandosdcdcsordeirosqucintentnninvadl-laspara0<:11pi-lasilcgalmen1c. Osdocumentos,j.f.divu1&,ad05 pela TFP em 36 jornais de J2 ,:idades dc l6 Es1ados, não dcium
timadefe~ paraexpubaros invasores, desde que o faça logo, segundopr~ituaoartigoSOld-, nossoCódiaoCivil. A matkia vem pro,·ocando impacto não apenu nos meios ru ralistll5 do Pais, m115 tambêm ace-
possuidorusardodircitodeklif
sasoontro,·érsiujuridicasepoU1icas,quevtmi;cndonotlciadu pelosóraãosdeimprmsa. OlmtitutodosAdvoaadosdo Paráconvocoureuniãoparadebater,dopontodevistajur/dico, os dois documentos, ao mesmo tempo em que a Associação Rural e a Associae,ão dos Criadores de C.valos Marajoara, do mesmo Est ado, solidariu.vam-se com os pa.recera,rebatendoaJiuns pontosemscntidocontráriole-,·antadosnaimprmsadeBelém.
Já o Mínimo Nelson Ri~iro, cmdeclaraçõesàimprensa,manifestou 'leU incômodo em relação à campanha que a TFP ,·em fazendo Em comunkado il imprensa, a TFP desmentiu vcrsOO veiculadas nos meios de comunicação social,dequeforaelaqueenoomendara os referidos pareceres aosilustresjuri$C<>nsultos.Esclareciaamtidadeque1aispeç.1Sju ridicu foram pedidas por um arupodefumdeirosootizadosad hoc,sendoqueumdestes - o Dr. Osmar Peres Caldeira - te•·e a iníciativa de publicá-los no "DiáriodeMomesClaros",solicitando,postcriormentc,àTFP dardivulgaçãoaosdocum~mosa ni>·el nacional. ÉimencãodaTFPoontinuara difu~odospare«res,sobretudo nasregiõesondeodireitodepropriedade tem sido mab ameaçado pela atual onda de im·asões e agitação rural.
Reações salutares contra a Reforma Agrária D1nnt11concentr1Çk n1Pr1Ç111r!Sio Slhldor,t111C1mpos,os op11iriosdl!Tocos m1rlifestam, atrawisdl um1f1iu,su11p!Hnsão
Reforma Agrária prejudica também os trabalhadores, diz a Sarney o Presidente do Sindicato Rural de Campos
pell A1form1 Agrilri.i:
"SeMDr President1 Trabllhldoressintl flll1CÍINÓ01púbkos lliol"
Operários de Tocos temem o "assentamento" e optam pela iniciativa privada DURANTE A VIS ITA que o Presidente Samey fez à cidade fluminense de Campos, em dezembro último - quando assinou o decreio dc concessão de royal1ies aos municipios extratoresdepc1r6!00-0CheíedaNação foi homenageado por operários da agroindúmiadeTOOO$, que se fizeram representarporumacomitivapresenteàconcentrae,ão naPraçadeSãoSalvador, nocemrocomercial dacidade. Osoperáriosporta,·am faiJ<asdehomenagem, e 1ambo!m crauiam outras cm que manifes11v1m a prC'OCUpaçlo oom o plano do Govcrnodetransformarostrabalhadoresrurais em"assentados",oqueoscolocariaàmeret decooperativasestatiiadas,portantodoPoderPúb!ico. Uma dessas faiJ<asdizia· "Temos medo do E$111do patrão, que irai co11sigoopressilo". Nahoradadespedida.noaeroportolocal. acomifr.'lldcopertriosentregouaoPresidente Samey um abaixo-assinado, finnado por operários da agro-indús1ria de Toco11. que 1ranscrevemos a 5eguir, na íntegra. em toda a simplicidade de sua linguagem:
St. Presidente - Sabnnos que o Sr. remem visra promover os rralui/hado= do campo ap/ic:mdo a reforma BST~ria. A gente fica muito agradeci do com isso. mas qu~remos po11-
duar a/guma.. coisas a rcs~i10. Nem tudo que de um gabinemede um imel«iua/ par<'tt so/u,;-1-0, na realidade é so/ução.
Nem wdo que par«-e ~neficio. é na realida assim é o caso da reforma
de /xndício; ,.,,na.
ScnhorPresidente,asitu11çlodos1r11balha-
dores do campo pode e deve ser melhorada em muitas coisas. Mas uma coisa 11Ao pode ser m<'lhorada: rransfcrirnossotrabalhodainida1i11aprivadaparaaesferapública. A1en1esedárontadeque1ransformados em 11SSCn!ados, os rrab.1/hadores só poderio s,cr-propricrários1afr~*uma,kba, 5Cl'DfX>S· sibi/ida* de pa55ar di5'0. De ourro lado. fi. carnnosdq,endrntcsdascoopera1i•'ISeslatais, buroerariudas que oprimi rio toda a vida rural brasileira . Para aqueles que desejam verdadcirameme trab/l/har,parasie p araafamflia.aindaomelhorcaminhoéodainiciativaprivada . Porquenacondiçlode assa/ar/ado, parceiro ou m~iro amanhl podemos fiar propri~1ários Esse sonho, Sr. Presidem e, podemos alcança., *mro de uma ou duas 1er11çócs: vir a ser proprietilrios. como •-erifka II u.peritncia de c-enienas de milhares de operilrios do Brasil Ac-ei1e, r,ois, um pedido dos trabalhadores: mio •plique a reforma agrilria no Brasil. Temos mN<l do Estado como pattl.o. Estado parrl.o ttaz consigo opresslo. Nl.o encha de foncionáriospúblirosnoua/avoura.ElanAorcnderil mais do querepartiçl.o. Operários de Toros
O PRESIDENTE do Sindicato Rural de Campos, Sr. Ctlio Manhães Wagner, que é tambbn vice-presidente ~a Federae,ão da Agricultura do Es1ado do R10 de Janeiro, fez publicar na imprensa campina uma cana aber11 ao Presidente Sarney, por ocasião da visita do Presidem e a Campos, em 28 de dezembro último. Sesundoopresideotedaqueleóraãorural campisca, ··ramb<!m na dar.se dcn trabalhado. res rurais, a rdorma agr~ria vii desferindo golpesfatais' ",poisestatraioestancamento do"surwascensionaldaagriculturabrasilcira,1qualemseguida11fundanoretrocesso".
Acanaabenalembrao papel irrevogável e fundamental que a Lei Natural atribui ao proprietirio, numa economia cristãmrnte ordenada. Acrescentaodocumentoque,oomaatual Reforma A&rária, o proprietário é indeniza-
~J~tt~:}.' s:,™!~~~!~~i~C:.~d~t~;;:: O presidente do Sindicato Rural de CampospedeaoChefedeEstadooreconhecimentodosesforçosempr~mlidospelaclasserura!, assinalando que e~ta não pooe ficar "ao ~borde uma ideolo,,a cspiinll e ronfise.ar6n11, perdida no temp0, no CSJMÇO e nos propósitos".
O documento finaliza propondo medidas pa.raresaataramisériadoPaís, mas "cons/ruindosem destruir, ajudando, incentivando, conc/am11ndoa.todosparacumpriroscudevercomotra.balhoparri61ico,JUstenrandoo r~aba/h11dorruralcomempre,odignoega.ran1111do1abu111nçadenossa mesa, osdó/are5 d~ nossas divisas e um futuro auspicioso para o nosso Pa/J".
tATOUCISMO- fMflilode 1986
TFPs em ação Denúncia na t;spanha: Judiciário perdeu autonomia
Na África do Sul: pedido de esclarecimento
MADR I - Em SH bo~lim ·•Co,·adoo11a Informa··, a TFP rspanhola dru a pllbllco uma sub.unclosa anjli~ da no,·a l.ei do Poder Judiciário, rttrn"mrnlr 1pro,·1da pela maioria pnl1mrn1ar dr qur dis~ o Par1ido Sodall,11 Opu11rlo Espanhol. O no,·o diplomii le,gal foi apro•·ado rm aproas uma SttSio do Ltjlslaiho do p!liii.
JOA:"iNESBURGO. A assoclaçio "JoHn!i Sul-Aírkano,; por uma Ci,iliuçio Cristl - TFP" publicou r m dntmbro lillimo um manifrs10 q11r oc11p0u páalna lnlelra nos 1r+s malorrsjornals dr Windhork. act1plt11ld0S11dorstrAírlct1no/ Namíbla.t:SW1trrltórlo.qutfolcolônia alrmi alfa primtint Guerra Mundial. f adminii;1rado a1Ualmrn1r pc,l1Áírlnd0Sultesl1Í plritnndosuaindrprndrncia.
Tomandoemconsldtfllçio1011anluçiojudkiíri1rspanholacomo a moddou sku los dr ci>·ilila~iio criitli, o documrnlo dr TFP Co,·adonga apOnlll Oii princípio~ fundamrn1ai ~ par,i que ,·illO~ um a jus1içaindr~ nden1 t:•·l1alieitdade.inamo•·ibilidadtrrstabilidad r dr
,·rndmutos dosJuílU. A no,·a lri, ao conmhlo, 1ransforma osjuilH em meros fundonários do putldu ~u,·trran1 r, ellmlnando a lndependfnda do Poder Ju· dldárlo. Alfm di sso. ela deln os cldadios lnddesos t m fact de um t:stado nnipolente. " E uma justiça politiudatqui,·ale a uma justiça an iquilada' .. rttsalt a co m rado a prnt1r11ntc publicação da TFP r~pa nhnla. Tal ltidrs,·tnda ainda mai s o ,·rrdad tiro rostodn ,ocialismo. qu• ,·inha rnn~uindo ~ o pandlr na Espanha, rm l11r2a medida de,·ido ;, um/ola dr mod t raçio com a qual cost uma ser aprrsrntado pelos órl{iios dr comunka~io. O drspó1ko ao,·erno soda llsta rspanhnl niio acr itou nenhuma das r mrndas apresrn11das prla opn5lçio. Arrform11d0Judidirioconsli1ulrnaisurnainkia1i,atrndrnlra11bson·tr tolalmrntt nio $Ó os dlrtllos lndh·ldu11ls do,; cidad~o,. mas Iam· Wm as pruroaath·n du dl.-erus ct1tegorlu sociais rxl>1rn1rs na gloriosa t:sp11nha.
O documtnlo, publicado rm in11lf~. drikH~ r alrm~o. tjUt ,~o o, idiomas principais do pais, formula rrsprl1U~o prdido dr ~larrcimrnto sobrr11madrclaraçiio(ni11desmen1lda)alrlbuídaa0Rispoca1ólicoda capital. D. Honiíadus Hau k'hlk u. qualificando de ileiftlmo o atual Go· ~·, rno. Sa lienta u maulfrstu da Tt"I' su l-africana tjUt uma lal drdara çiodeilegilimidade.tãomarcadamenreunilateraltdr:is1ica,contrariaosili'ndohabi1ualdel'l'fl&dosanlrcompro,·adasa1roddadtspnpctradas por 110,·HnflS comunlsla< em Angol11, Moçambique e Uganda. dcntrt outrol. Afirmll, ademais, qu e o pronunclamefltn do Bispo d e Windhork poderia wr,·iràesquerdaparapres1l11.luodecadeotemovlmtnto gurrrllhelro SWA J>O (So uth Wrsl Africa l'tople"s Orga n!zatlon), Um resumo duse documento foi estampado lambim rm Joannrsbu110, na Cldadr do Cabo , em outras lmportan1,s ddadrs do pah. A publicaçãod,ss,,m anlfeiaorepresrn1alm por1antrpassonaaçiio iniciada rm 1985 com• dh·ul1taclo de um li,ro prrparado pela Comiss:lo dr Es1udosd11Tt' l'dost:s1adosUnldos, quedenunciouoct1r.lttr nitidamente mu~ISII da SW APO. Com tlrajttm suprrior a SO l)lil oemplart!i. tssa obra tst:i 1t nd o la111 dl,·11lgaçio nlo apenas na Africa do Sul como tamWm nos Estados Unidos e Europa.
Comunicado de líderes rurais do Pará solidariza-se com pareceres EM CARTA PUBLICADA no quolidilrno paraense "0 Liberal", os Srs. Luiz Bueno. José Maria Mtlcher Lobato, Joio Francisco da Slhcira Bueno e Gilberto Mekher Lobalo, e d:i Assoda\·io Bra)ilci111 dos <.:riadores de <.:avalos da Raça Marajoara, Srs. Osvaldo M. Barbosa c Jaime V. Pena, tomam posiçio face 110 11r1igo "O COO\ itt ih arm1s", es1amp11do naqutlt quotidiano pelo colunis1a LIICio Fhhio Pinto. · A missl\a dos ruralistas salitnta, em primeiro lugar, que a publicação dos parrceres no l'arí não foi paga pel11 TFP, e ~impor organismos da classe e mais de crm faztndciros rtsidcnlcs no falado. os quais se encontram "hiufanfe inquirfos com II s//uaç/Jo de dtmrdtm que rtina 110 meio rural"". Exp licam os líderes rurais qut. quando os partteres falam ''em mio 11rmada con1r11 bandos'', bto niio qutr diur que srjam contn as autoridades Incumbidas da Reforma Agrária. mas sim "confn pessoas qur nio rtpr&nlam o Go1erno. mio silo lfUIOridade, t st llr\Ut'llm como /11/ ... E chamam a a1rnçio para o fato de que a lei dt Reforma Agríria "niio esp«iflcou qut tia Hria prtttdida por imafflrs dr quem quer que !!it'ja", acrc-sccntando que nAo seria justo .. rxii,:ir-sr dos proprieldrios rurais qut ass.istiSHm impassínis. já que as autoridades M' omitem. ao rsbulho dt soas fazendas ... Depois dt assinalar o lr11n)torno qut nel~ nusa \tl'l'm-se poslo~ na contingência de pftllr em arm11s para fazer ,·altr o direilo que poS!lutm, manifntam a s.a.füfaçio prlo fato de renomados jurislas caracttritartm as in,asões. no~ trrmos da !.ri bnsi ltin, como crime dt esbulho pos-sório, e garan1irem qur o Códi1_to Chil lhts outorga o direito de reagirem Aalturapanupuls.11rosinvasoresdesuas1erras. Segundo Oi ruralislas paratnsn, a grande •alia dos partttl'l"I publicados "f dt 11/er/ar O> tSbulhadort:S para o crime qut p~lendem prallctr tas conseqütncia.~ nrfasras qur podem oeorrer". Desla forma, rspcnlm clel que "ao in16- da gurlTIII qut- irA d~ncadear··. como ptnsa. o 11r1iculis1a de ··o Llbtral", "nós pensamos que ,~1t al,na ;,.; deSt:Stimular muitasinusóes ... O comunkado dos líderrs runis paraenses termina C\Orlando o Go,erno a utiliHr. para efeito de Reforma Agnlria, O!t 71 milhôH dt hrctarrs dr ltrr:as plibliC11s di~poni\eis, segundo dados do próprio P~RA, tm ,u dt lançar mio das ttrras particularn para eftito de Reforma A1triria. E também dos 13 milhõe,, de lrrns que o 1',CRA desapropriou ou artKadz-u nos tillimos anos.
CATOUCISMD - ltffle,~ de \9 S6
1
AfOLIC
. VI Encontro de Correspondentes ·,, e Simpatizantes da TFP: êxito marcante
A tristeza santa do
C
i
f
omemorando a liturgia cató.lica nopreseme mêsa P aixãoeMo rtc de Nosso Senhor Jesus Crmo, "Catolicismo" publica neste número algumas fotos de um magnífico crucifixo barroco-autênticaobrade artedenossa eracolonia\ - queseveneranaSede do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedad e - TFP , em São Paulo. Essas ilustrações se prestam para piedosa meditaçàodosindiziveissofrimentosde nosso Redentor. O que mais impressiona nesta obra de arte é ador e atristezadodivino Crucificado. Contribuíram para causar essa dor
J ~~t:::t:i;~ ~j~J!i~~s c~~l~!r ~~;t!~~
que evoca a Insurreição Pernambucana REALIZA-SE EM Reclrt, todos m •oos,n11mad• hlqueprtctd e a StxtaFeira S1mta emquinze dias, a Procissiio de Bom Jesus dos Passos, com pompa
tsoltnldadt qut lembramos famosos Pusosda cidade de Stvilha , na Espa-
nb . Trata-se de gloriosa tradlçãoqut se manlf m lui ml.lsdt 330anos, tcuja orl1cm ttmonta a uma procissão ~;. zada em 1654, em açio de graças pela
upulslo dos ~
holandeses quedo-
miaanm aquela ncil o do Brasil. Aprocissiott vt inicionobairrodt Redft(parteantipdacidadt ),indottrmia11T Htnti oVila d t Olinda.OandO<"dt No"° Stnhorfoi t nt iiocarr"Jll• do pelos principais heróis da nstauraçio Pffllllmb11C11Da: Andl"t Vldal dt Ne-
greiros, Henrique Dias , Francisco Bar·
re10 , Franciscoflgueroae ou1ros. A image m de No sso Stnbor dos Passos perco rre diversas igrejas do centro de Rttife: BIISl1 ka do Carmo (Puso de J n11s no Horto d as CMinins); IJPTi• da Conceiçiio dos Militares (Puso d a Pri-
sio de J esusJ; lgnja de SanlO Antônio (Ptiso de J es11s Maniet11do);Malrizda Madn de Deus (Passo de Jesu s Cn1cifieado). D11rante o evento,osbancos e n:partiç~spúbü"1l'l fl!'<'hamasporta~ :h 12 boras,enq11antooeomf rdodacidade encerrasuas atividadesàs l5boras,lsso att staconllnuar al ndavivonaalma dobravopovopemambucanoaqllffe importantt fatohistórico,dtdshoparao destinodo Brasil Católico. Na foto,o andordoBomJesusdos Passos chqaà pr,çadiantt da Bas.ílica ' do Carmo , Catedral da cidade, ponlo lenninaldapffll.'issio.Nt ste loccal,costuma concentrar-R grandtmultidiodt fii isparaassistiraoencontrodasduu imagens: a dt nosso Redentor e a de Noua Senhora das Dores.
natural, não seriam capazes de levar a crueldade a tal ponto. O Homem-Deus sofreu em sua natureza humana. Qualquer ser humano, sem
fo~~:~i s~rra~=~~ :c~i;~:1(:ret~~:01~: ! menta . E convém acentuar que a tristeza j do Redentorsed~vemaisaospecado_sda 1 humanidade, red imidos por Sua Paixão e Morte, que aos tormentos físicos supor1~ clichê tados por Ele. Em épocas anteriores, como também E também do alto da cruz enquanto, exemnossosdias, impressionasobretudoas ternando tristeza c angústia, o Deus HualmasfiéisconsiderarJesusCristopademanado tocou e convert eu almas como as cente na Cruz. Apesar de terem ocorrido do bom lad rão e de Longinus . Igualmenmu itosoutrosfatos..,eneráveis e comovete a tristeza que pessoas virtuosas deixam dores durante a Paixão - por exemplo, transparecer no semblante pode atrair e a Flagelação e a Coroação de espinhos edificar. Éa estatristezaquealudeoEsoque atraisob remodoapiedadedosaupírito Santo: "Pela tristeza queapanxc tênticos católicos é considerar o divino no rosto , corrige-se o coração do delinSalvador no auge de Seusofrimento, preqüente" (Ecl.7,4). gado na Cruz. Assim como se podem distinguir dois Essa disposição de alma se opõe diatipos de tristeza, analogamen te pode-se metralmente à alegr ia mundana dominafa!arnumaaleg riasanta, queedifica,e da, de modo especial, pela atmosfera crianumaalegriamundana,que escandaliza . da pelos meios de comunicação soclal e Éaestaúltimaalegriaque se refere oEspelo cinema, em nossos dias: alegria arnírito Santo, quando diz: "Como o ruítificial, agitada, qu e chega até o desvado dos e5pinhos ardendo debaixo de uma rio, sedentadepccadooujáencharcada panela, assim o riso do insensato; mas dele. rambém isto t vaidade" (Ecl. 7,7). Há qu em diga que o católico deve ostentar sempre uma fisionomia jovial e Infelizmente, nos dias de insensatez e t ransbordame d e com entamemo, de loucura emque "Vi"Vemos, estafalsaaleinvocando-separafundamentartalposigria predomina em quase todos os espírição o pensamento de São Francisco de tos e ambientes . Época abalada por imenSales:"Umsantotristeéumtristesanto ' ', sa crise de caráter religioso e moral, qu e Cont udo, é preciso saber discerni r entre temarrancado lágrimasde váriasimagens atristezasalutareamalsà.Aquele mesdeNossaSenhora, emdiversasregiões do mo santo o deixa claro em sua obra ''Penmundo. s.amentosconsoladores", ao in"Vocar o enCompreende-se, em vista disso, que o sinamento de São To más de Aquino: " A "Verdadeirocatólico, emborapossascnti r tristeza pode ser boa ou má, conforme os e externarumaalegriasa!utar, não deiefeitos que em nós- produz". Assim, o .xará de experimentar especialmente em próprio daa!ma vi rtuosa pode consistir suaalmaumtoquede tristezadigna,vacm experimentar a tristeza boa e até roni!,própriaaquemacompanhaaPaideixá-latransparccer nafisionomia,pois xão de Nosso Senhor até o alto do Calvário . E ainda mais precisamente, adeela edifica o próximo. Essa tris teza Nosso Senhor a experimentou, e a man ifesquadaaquemseassociaàSagradafaitou no Horto das O liveiras , quando disxão nos dias de hoje, à Paixão da Igreja - Corpo Místico de Cristo. E para todo se: "Está triste minha alma até a mone" . CATOLICISMO- Mar(:{l d9 1986
Divino Crucificado
2.' cichl
3.' ckhl
católico que sofre devido ao "mistcriOS<J proces.so de autodcmoliçAo" da Igreja, as dorei; estampadas no semblante tão expressivo deste Crucificado ganham pro-
qucna, que dificilmente poderia se tornar revolta. Ela cai de modo ordenado, emoldurando o rosto. Completando o quadro, sobre a divina cabeça um resplendor de prata, no centro do qual cimila um topázio, com a linguagem muda das pedras preciosas. Sem o topázio, algo estaria faltando, que não sesaberiaenunciarcxplicitarnente.Otopázio, pedra dourada, talvez afirme que, por de1rás da dor, e mais alto do que ela, algo brilha, apesar de tudo: a glória!
funda si&nificação! l? clichê- Há dois aspectos da escultura cm que o trabalho anlstico, e nota-
damente a expres5ão fisionômica, se aprimoram. Primeiro, são os lábios abertos, entre os quais se podem entrever os dentes. O queixo, ligeiramen1ecaido, dáa impressãodctalabandonodcforças,que cstasnãosãosuficicntcsscqucrparamantcr cerrados os lábios. Depois, os olhos que fixam com tristcz.a algo. Entretanto, paradoxalmcntc,clesparecemnãoenxcrgar.Oo\harestádistantc,comoqucconsiderandooutracoisa,muitodiversa,que Lhe causa desolação. Mas, apesar do extremo dessa dor mais ainda de caráter moral do que físico - nota-se no semblante do Crucificado uma paz, uma misericórdia, uma delicadeza de sentimentos, em que o furor não está presente. A tristeza, sim, está prc:sc:nte cm tudo. Mas é tal a tristeu. des.se condcnado à morte, é tão sublimc sua a1itude, que ela transcende, de longe, a majestade de um rei! Oartistasoubemuitobemrcprescntar os cabelos de Nosso Senhor. Não estão penteados ordenadamente, porque tal não teria propósito depois de tudo quanto Ele sofreu. Entretanto, es1ão desgrenhados lindamente, de maneira que formam cachos belissimos. A barba é tão peCATOI.ICISMO - Mao;:ode 1986
2?cllchl-Aexpressãoé,talvez,ainda mais impressionante que a da foto anterior. Foi ela tirada de um ângulo cm que se tem quase a impressão de que se entrará, de um momento para outro, no campo de visão desse olhar. A nota de 1ristezaéaindarnaistocantc. A coroa de espinhos pode ser vista melhor. Grandes espinhos transpassam a fronte de Nosso Senhor. Na fronte, acima do olho esquerdo, nota-se um ferimento pungente. Temse a impressão de que um espinho perfurou aquele local, deixando uma ferida profunda representada por um rubi. Também o sangue, que corre com certa delicadeza, desliza pelo corpo divino de maneira a formar longos liletes, nas pontas dos quais uma gota é figurada por um rubi. J~ clichl - Embora numa descrição como esta entre algo de subjetivo, pareceme que a impressão de desolação e de desamparo é mais acentuada aqui do que nos clich~ anteriores. ~ uma dor que se afigura corno irremediável, sem limites, devendo inexoravelmente desfechar na
morte. Esta se anuncia não com as consolações prenunciativas do Ctu, mas envolta em profunda desolação. Porque o Crucificado tem cm vis1a a maldade dos homens que se estão lançando contra Ele. Há, por certo, uma diferença entre essa fisionomia e a do bom ladrão quando ouvia do Salvador a frase reconfortante: "Ainda hoje estarás comigo no Paraíso". Nosso Senhor, antes de tudo, assegurava que também estaria tá, e que o bom ladrão encontrar-se-ia com Ele. São Dimas foi, portanto, o primeiro canonizado da História. O bom ladrãQ pediu perdão, e o Redentor o perdoou: Naquele momento, Nosso Senhor quis dar-lhe essa sa1isfação para que ele transpusesse com âni mo os tcrriveis umbrais da morte. Tal ale&ria, porém, não se nota neste rosto. E isso~ compreensível, pois Nosso Senhor quisbeberataçadosofrimentoatéofim. Taça de fel, Ele quis sorvê-la toda, e sofrer tudo quanto era possível sofrer. Mas ao companheiro de tormentos o divino Mestrc.quisconcederumaconsolação,na hora do passo final. Logo depois, Ele mesmo experimentou a sublime alegria quando Sua Alma sacrossanta, hipostaticamente unida à Santíssima Trindade, separou-se do corpo e selibertoudossofrimentoscorporaisecspirituais. Consuma/Um esr! O holocausto, voluntariamente aceito por nosso amor e suportado integralmente, chegara ao fim. 4~ clichf - Nesta foto de perfil, a desolação parece ainda mais profunda. Dirse-ia que não tardará a sobrevir a morte . E a desolação moral, causada pelos pecados de toda ,a humanidade, parece especialmente estampada nesta fisionomia. Os sofrimentos fisicos foram largamente sobrepujados por tal desolação, e a expressão fisionômica, refletindo certa perplexidade, dir-se-ia que comunica uma lamentação muda: "A este auge chega a impirdade dos homens?"
Aspectos velados da democratização espanhola ouco MAIS de 10 anos faz da mort e do General Franco, após um governo de quase quatro decênios. A partir de seu desaparecimento em 20de novembro de 1975,acelerou-sea liberalizaçàodoregimee,pa-
P
tomaram uma nova fisionomia. A maioria da Hierarquia católica e também o Rei tornaram-se propagandistas da distensão interna. Para um públicoquejáestavasonok nto, o convite seduzia. Passou a sermalvistoqucmlembrasseosperigosdaimprevidfoeia e dos convívios incondicionais.
rasurpresademuitos,atransição da ditadura para a democracia processou-se sem traumas. Tinha-se enfim conseguido que "as duas Espanhas", isto é, a Espanha de raizestradicionais,católicase
O "aggiornamento" da Hierarquia
monarquistas,eaEspanharepublicana, anti-clerical e socialista, convivessem sem se imerdigladiarem. A Guerra Civil de 1936-l939começou, em consequência, a parecer umepisódiolongínquo,enco-
D.JuanCarlospreferiuseroreida ambiguidade, tentando agradar a lo· dos, comunistas e anticomunistas
berto pelas neblinas de um passado que se desejava esquecer. A nova Espanha, otirnista esorridcnte, nãocomportariamaisarenovaçãodos choqucsdopassado; crauma democracia pluralista e mod ernizada. A alquimia psico-política levada a cabo nesse país ibérico espantou o mundo. No Brasil, numerosos políticos se referem continuamente ao processo espanhol como uma inspiração brilhante para a abertura. Mas estendem-se muito sobre o efeito, não porém sobrc as causas. As presentes linhas deixam de lado o efcito,jábem conhecido, e consideram as causas, pouco analisadas. Trata-se, então, de ver como foi evitado o choque mesmoquenãofossearmado - entre ''as duas Espanhas''. Umprimeirofatorase ter ernvistaéaprosperidadceconômica, muitoacentuada sobretudo nos anos 60. De repente, na cauda do "milagre europeu", a Espanha conheceu a bonança. Hordasdcturistasbemnutridos, habitualmente pouco educados e es-
0antigoCa1dealArcebispodeMadri, D. Vicente Enrique y Taranc6n, exer ceu,noplanoreligioso,u'11papelca, pitaloosentidodedesmobilizaroes piritodoscatólicosemrelaçãoaoco· munismo e socialismo cassamente vestidos, palmilharam-na por inteiro, levando-lhe dinheiro, mas também propagando uma nova maneira de viver, at éia e hedonista. Eariqueza,como todos sabem, não é uma bênção se vier desacompanhada da vigilância. E ela faltou a urndospovosmaisvigilantes daTcrra,quesedeixouenlear pelo gozo da vida com suas tristese inevitáveisscqüelasde moleza e corrupção. Imensos setores do público entraramnumasonolênciadesinteressada,semelhantcàque costuma vir após uma refeição opípara. Nessa atmosfera de torpor, asduasgrandesinstituiçõcsda Espanha-algrejadesde os anos60,eaMonarquia,após a mort e de Franco (1975) -
Na nova posição, o grosso do Episcopado abandonou, como dito acima, a postura tomada em 1936, como quem joga fora uma roupa velha. Naquelaocasião, é úlilrecordar,a Igreja encorajou a luta contra a República anticlerical e socialista. Na Carta Pastoral Coletiva de 1937, o Episcopado Espanhol afirmava: "A guena é uma espécie de plebiscito armado. ( ... ) Tornou-se uma luta cfvicomílitar. Uma querda cruel de um povo dividido em dois: de um lado, a tendência espiritual, entre os rebelados, que acorreram para defender a ordem, a paz social, a civílização tradicional, a pátria, c muito visivelmente, num grande setor, a religião; do outro lado, a tendência materialisra, digamos marxisra, comunista ou anarquisra, que deseja substituíra vdha civilização da Espanha, com rodas as suas características, por uma nova 'civilização' dos sovietes russos"(!). Com a infiltração esquerdista na Igreja e a atmosfera difundida pelo Concilio Vatícano li, a Hierarquiaeclesiástica,majoritariameme,deixou esta anti ga posição e trabalhouporumaEspanhalaicae reconciliada. O símbolo dessa postura foi o penúltimo Cardeal Arcebispo de Madri, Dom Vicente Enrique Taran-
CATOLICISMO- Março de 1986
cón. O jornal .. Pueblo", di· rigidopclogovernosocialista, elogiou este alto Prelado por haver sabido "sal1arabarrei· ra imcrna entre as duas &panhas" (2). No mesmo sentido, afirmou Joaquin Ru iz Gime. nez, político esquerdista, ho. jeocupandoodcstacadopos. to oficial de "Defensor del Pueblo": "Assim, a rccond. Uaçjo - ou mais exatamente a conciliação - foi possível entre os homens e mulheres 'das duas Espanhas' (... ). Muitos protagonistas contri· bulram com sua parte (... ). Mas entre e/e; destaca.se [o Cardeal Tarancón] . Mostrou com suas palavras e gcsros que ramo no seio da Igreja, como no da nação, a pluralidade e a convergência s.fo conjugá. veis"(3).O CardcaJArccbis. pode Madri, cm virtude de seu altocargoedesuacapa. cidadedeliderança,foiolíder deumconjuntodebisposque procurou amortecer a suspicá· ciadosfiOSoomraocomunis· mo e o socialismo. O núcleo desse singular pas1oreio era constituído por 1rês palavras: diálo&o, reconciliação, ecumenismo. Lemb rando a conhecida expressào de Clcmenceau, eles foram "a vozqut adormece".
narquistas e antimonarquistas). Nisso, aliás, seguiu o conselho do Cardeal Tarancón que, respondendo ao discurso inaugural do Rei, profcriuna soleníssimaocasiãoas palavrasquereboaram na Espa nha inteira como o precôniodacraqueseabria: " Peço para ~-6s-, Senhor, um amor entranhado e apaixonado á Espanha. Peço que sejais o Rei de todos os e;panh6is" (5). O diapasão estava dado. Para as esquerdas ele trouxe logoumavantagem:com um Rei na Chefia do Estado, os setores da ordem ficam menos sobressaltados, diante do avanço socialista. A propósi· to, Alfonso Guerra, o segundo homem do Partido Socialista , hoje no poder, declarou há pouco: "Chegamos à conclusão de que o sistema de convivência que atualmemc impera na Espanha é uma obra do monarca, e os socialis1as governam bem com o Rei''{6).Ouseja,éoReique tornapossivel a convi11ência. Juan Carlos, fiel à sua linha denãoircontraossocialisms, assinoumesesatrásaleipermitindo o aborto voluntário. Atoimpensávelseelecstivesse na trilha de Felipe 11, não fo:sseapcnasscusuccssor,mas também continuador. Esta
atitudc lhevaleuenérgicareprimenda do Bispo de Cuenca, Dom Guerra Campos, que qualificou de pecador público epasshd de excomunhão se perseverar no seu pecado o Chefe de Estaçio que sancionasse uma legislação abor· tista. A propósito da política escolhida pelo Rei, importa lembrar que ela se baseia num fundamen10 traiçoeiro. Ele não busca o apoio das áreas naturalmente mona rquistas, às quais trata com distância para não magoar o bloco de seus inimigos históricos, os comunistasesocialistas.Destes úilimos, entre1anto, precisa tentar obter o beneplácito. E o tem obtido, porque eles sabem que, em troca de sua provisória tolerância cm relação à Monarquia, já receberamlargacomrapartida:sem o monarca, as reações do público de tendência conservadora, em geral mortiças, po· deriamsctransformareminconformidade abrasada. Quando o Rei, numa etapa posterior do processo revolucionário, por estar desgastado junto ao público anti· socialista na Espanha, não dispuser mais de sua ascendênciamoral,terávindoahora cm que a atual situação dei-
A transmutaçã o da
Real• za Deseu!ado, aCoroareali· zouumtrabalhoanálogo.Até então,claseidentificavacom atradiçãohispânica,combatida ferozmente pelas forças re11olucionárias. Exemplo dessa postura foram as palavras de Afonso XIII, antecessor imediato do atual monarca e seu avô, que cm novembro de 1923 decla rou diante de Pio XI: "Se algum dia como um novo Urbano 11, (Vossa Sanlidade] oonv~ uma cruza. da contra os inimigos de nossa sacrossama religião, a Espanha e seu rr:i, fidelíssimos a vossas ordens, jamais deserta· rism o posro de honra, que suas gloriosas tradiçôes assinalam para o rriunfo e glória da Cruz" (4). Que outro Chefe de Estado, nolaieo século XX, teria coragem e nobreza de espírito para assumir tal compromisso diante do sucessor de Pedro? Juan Carlos tomou outra direção. Escolheuscroreid.l ambigüidade, tentando agradar a gregos e troianos (ou, mais modernamente, a comunis1as e antioomunis1as, a moCATOLICISMO - Ma,.:ide 1986
Cardeal ucraniano exalta Igreja do Sllênclo ROMA - Por OCMiio do .--.e S-0.0 lllos Bilpos, o C.,. dt-lllt.lladlh'lky,Priap .. UfflUll,~UIUIHI~ la 1 "li Sabalo" (11 I.J.Jl-85), 1"hu elilltiNII pela O,-ZHba•
çioC-ir•"9fwt'Ubenarioae.
·
o Pl"flldo, qa,r foi ba•idode -
11 rui1$11, l"ffNIII o tllvúlo
f •
~ pelo~hnt COIIIHh-
lu11 d• lattJa C1lólln Ucn-
•iau, dlri&lado-M ao Jon111lkll .nlN ltnaos: "0 Jf'dOT , . . . . . 41ft' aosu lff"fja # padfb f' . _. . . . uaa,-a dúc•lk•, o nuo llf'l"-"*r•• ••••
ô.,.,_..,
nr:rll6rio01r~•-~1li-fsr$rnauw.-
r;!"..=::-;:=_.~...;::-~-;-«:r.~ .,.,.,.,..,.,..,..,_.o_._...,,..,.,,_,.. .... ,,._,,..,.,.,_ • . . . . . . . . , . _ . . URSSdoatólieo,
rutlo~*--'lffd.lo1A-,.rrJ•I*'-"'•·
:::!:'ú~~.::.'!':;:".=: =·:,!'X .-••~,°'*-padtff"lffllll•am110St:ampo,
xariadeservantajosaàsforças revo\ucionárias, feroze5 advcrsáriasdainstituiçãomonárquica.Ofinalnãoéárduo de se prever. Eledificilmeme desmentiria a lamentação amargu radade DonosoCo rtés,grandcpcnsadorespanhol do século passado: "A sina da Casa de Bourbon é fomentar as revoluções e morrer em svasmios"(1). Tentetlva de aniquilamento gradual Dessa forma, o núcleo da amai política espanhola consiste cm deixar que uma Espanha progrida de maneira cuidadosa, mas contínua, enquanto a outra morre, lenta mas inexo ravelmente. Talmanobrasópodeterfuturoseo espanhol mudar seu feitio psicológico e deixar de ter um grande caráter, ou seja, acei. tar esta11clmen1e o relativismo nosprincipioseamolczanas atitudes. No temor de despertá-loearranharareconciliaçãoobtida,osdebates na Espanha estão sendo mortiços e indefinidos. Com isso, aliás, o eleitor se vê privado de um direitoelementardasdemocracias:estar bem informado. Uma democracia de desinformados não podegerarumapazautêntica, objetivo proclamado dos "reconciliadores" . Ela só viria de umrevigoramentodasforças saudáveis, que lã0·Somcnte assim teriam meios de conter, mC5mo pacificamente, os fa. tore5 patogênicos que promovcm a desagregação da sociedade espanhola. Quanto ao mododepromovertalrcvigoramento, este já é tema amplissimo,quecscapaaoslimites desteartigo. Emresumo,ofuturodaca11alheirescanação ibérica depende agora de uma escolha de rumos: continuar o povo das cores vivas, das louradas edodesafioouaceitarscrum pais cinzento, mortiço e apático. Plric/es C1p11nem11
.,,___._,s.o.
•1nbalhlOl"fNO. Saa05 . .aC'WAl'6, N.Dl'lfflllel~N-0,..,,.01N1_...Muntaallidaflf'
=·
*""-""----•""'"'-*.O---.aorflfko11wpo,
:-S..:,e=~~-=!':.:
Q::
· - - , - . #dmv . . , . . , , , . ' ,.,._,, .._
üi-fpoca•ao11•en-...o1'"-1111••lllltu-
C1:::=:.=:~.e::=~j.:: blo. llta11lr. Pcw
att--.
RCOllforluM
~............,.,.._tn., - '".._ e
IS~ clla•.., do C..-dnl Yff
~,~
IJApoodu,,,ldtl'ooâno.HiltOWS«r<',~d<lall<'vol:uõoo~.Gabrid
~J~L~!'.;~~~~::: "°""'"""' ,\BC. U-!-U. J) faaquin
Jl;u(zGiml1><z.1tlt<i•.Olltdo ySocicd.ad <t>E,pd.,.19»1982.Pri,,,.,.•P/a,.... 19'U,p. U9.4)l<l<m.ibid<m,p.1S.J)W, obi,po,antelan,,....,«,P.poii1ic•.PPC. 1,1..i,;_191~p.11.6)0.-.W,ç6,,..,,,,./;• c-te.<1Uc1~.1JA.pu,JEm;/ia11~ ro,T~d<lê,pa4,.f'wltla, 1911.p. 191
Stalin: mais cristão do que São Pio X? religioso, aliás altamente prestigiado por membros do Episcopado brasileiro: o dominicano Frei BettQ (l). . Taléaincrivelsituaçãoda Igreja em nossos trist es dias, que vamos até encontrar furiosos e perniciosos inimigos seus entre religiosos! O anticlericalismo do século passado ao menos apresemava uma vantagem em relação a este neoantieclesiastismo"religioso":osinimigos da Igreja a combatiam de fora para dentro .. .
Foi cristã a perseguição aos
cristios
Um t'apa elevado à honra dos al1ares. como São PioX(loto),quedefelldeuaproprietllldeprivada, serit,segundoacontejl\:âodeFreiBetto,menos zelosopelocristianismodoquedéspotascomunistas que perseguiram os católicos. como o fez Le nin,outontinu.amafazê-lonopruente,comoGor bachevaFidelCastro
'!-4, IGREJA TEM uma história ae centralização absolutista do poder, de Cruzadas legitimando religiosamente saques e domínios, de processos inquisitoriais sem nenhum respeito aos direitos humanos, de desconfiança da razão, da ciEncia e da beleza do corpo humano, de sacralização da monarquia, de adesão ideológica ao regime burguEs, de si/Encio i;:úmplice sob o nazismo e o fascismo, de preconceito anti-semita", De onde provém tão furibundo ataque contra a Igreja? De algum anti-clerical debandado? Não. O ataque provém de um
Qual a razão desses ataques violentos egratuitos?Elcsvisam, nada mais nada menos,tentarju~tificarashorrendasperseguições desencadeadas contra a Igreja pelos regimes comunistas: "Nos países que ingressaram no regime socialista, como a União Soviética e Cuba, o Cri5tianismo esteve identificado com o antigoregime, servindo de substrato à ideologia dominante, legitimando a propriedade privada dos meios de produçiJo e a exploração das dasses rrabalhadoras. Em nome de sua fé, os i;:ri5tiJos defendiam o equivocado princípio 'natural' à propriedade privada e associavam, no banhomaria a ideologia burguesa, liberdade individual e livre iniciaríva emprcsarial fundada na ai;:umulação do capital. As transformações estruturais introduzidas pela revolução eram tidas como desrespeito à rcligião,perseguiçãoàlgreja,negaçãoda fé"(grifo nosso). Eadcfesacatcgórica,jánãoapenasdo comunismo, mas da perseguição movida pelo comunismo à Igreja, vai longe na pena do autor. Ele chegaaode!irio de reconhecer aos comunistas uma autoridade para efetuar autêntica interpretação do que seja a Mensagem de Nosso Senhor Jesus Cristo, oposta à interpretação apresentada pela própria Igreja: "A Igreja reivindicava o 'direito' de ser reconhecida romo um Estado dentro do Estado, mantendo relações de poder a poder. Nessa prática, o regime socialista não reconhecia os sucessores da comunidade cristã primitiva, pois o testemunho da Igreja, aliada aos interesses burgueses, não i;:oadunava com sua profissão de fé em Jesus Cristo. Tal rontradição levou a Igreja, cm muiros paises que ingressavam no socialismo, a arobenar comra-rcvolucionários e a panicipar direrameme das campanhas de desprestigio da revolução. Por seu lado, o novo regime passou a encará-la co-
mo inimiga, eliminando seus privilégios, restringindo seus direitos, limitando-a a funções internas. Ainda hoje essa tensão perdura nos países socialistas". Portanto, para Frei Bctto, os regimes comunistas apresentaram uma interpretação própria e verdad eira do que seja a ''profissãode féemJesusCristo"na"co· munidadc cristã primitiva". E notavam qu e osatuaiscristãossehaviamafastado des se primeiro ideal evangélico. Então eles, comunistas, consumidos de zelo por JesusCristo,perseguiamoscatólioos,nos quais "não reconheciam os sucessores" dos primeiros cristãos! Ou seja, Lenine eStallnoutrora,GorbacheveFidelCastrohoje,sãomaiszelosospelocristianismo do que os Papas Pio IX, São Pio X ou Pio XI, que defenderam a propricdade privada, a necessidade dc desigualdades sociais harmônicas etc. E daí pode-se inferirqueaspcrseguiçõesatrozesqueos carrascoscomunistaslevaramacabo, e movem atualmente contra os cristãos, constituem um ato de zelo religioso! É difícil conceber uma aberração maior nos planos teológico, moral e histórico do que essa. E ela é ainda mais grave, quando se sabe ter sido engendrada por um religioso!
Espantoso abismo Marx,infelizmente- explicaoautor -nãosc dcucontadacontradiçãoentre ocristianismodosprimeiroscristãosco doséculoemqueele viveu. Se se tivesse dado conta, "ronstataria a rontradição histórica do Cristianismo - cuja essência é proposta de comunhão pessoal com Deus cm Jesus Cristo e de reconciliação entre os homens - e sua realidade i;:oncrcta romo arma ideológica de dominação burguesa, para justifkar religiosamente os interesses materiais da minoria dominante. Percebida tal i;:omradiçâo, a rondusão de Marx não poderia ser outra senão negar a legitimidade religiosa desse 'Cristianismo' sacralizador da desigualdade social". Ponanto Marx fez bem em combater o cristianismo como ele existia no século XIX. A única coisa que se lhe pode observar, f queeledeveriaterressalvadoo cristianismo dos primeiros tempos! Com tais teorias abstrusas, Frei Betto - e toda a coorte de adeptos da Teologia da Libcrtaçao na qual ele se move nega indiretamente mas fortemente a continuidade histórica da Igreja numa mesCATOLICISMO - Março de 1986
Guiana, uma nova Granada?
Para Frlli Betto. 90"tfl*1ln t0IIUliltu, ccmo S11, linlfoto),qu.1ndoperseguemosc1t61icos,l111rn-r10 pornlo11.so,poisu11riam1hmdodopri· mtiroidtalnangüco! ma fé e numa mesma religião. De Constantino (início do s«lllo IV) - citado nominalmente no folheio - a nossos dias ler-se-ia produzido um imenso v;icuo, um abismo no qual teriam despencado sem perceber, ou talvez até de má fé , Papas, Santos, Doutores, Mártires e tantos outros que nos precederam com o sinal da fé. E Frei Betto, na sua luminosa clarividência, com os de sua corrente filocomunista, estariam fazendo esta ponte sobre o abismo, para ligar o cristianismo do século XX às suas origens. Tal ponte, muito pouco original aliás, seria o marxismo. Não teria havido, pois, a devida assistência do Espírito Santo, durante praticamente dezessete séculos, para preservar a Igreja de tal calamidade. O religioso dominicano abre algumas poucasexceçõcsacssadefecçãocspantosa geral e prolongada. Entre elas inclui "os movimentos tidos como heré1icos que assumiam as aspiraçôes dos pobres". Quer dizer, 'tle identifica o movimento de idéias que defende, como continuador dos antigos hereges. Nisto lhe damos inteira razão. Ante tais aberrações, como não lembrar a do\orida e indignada pergunta fei1a cena vez pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira: "Qu~ ainda é católico na Igreja Católica?" Grt16rlo Lopes
NO DIA 26 DE OUTUBRO de 1983, os Estados Unidos, com o apoio de seis pequenas nações do Caribe, libertaram a ilha de Granada do jugo comunista, privando a Rússia e seu satélite Cuba de importante base de operações militares, incluindo o famoso aeropono de Point Salines, que uma vez terminado teria sido capaz de receber os grandes bombardeiros estratéJicos soviéticos. Os analistas estão agora alertando para a possibilidade de a Rússi~ estar suprin~o essa perda com a construção de importantes instalações acro-militares na Guiana, ao norte da América do Sul. A edição de junho de 1985 do Aker Forrign /nformarion Service, publicação geralmente muito bem informada, adverte que a Guiana, apesar de ser um país pobre e estagnado, possui mais de 100 aeroportos, 12 deles construídos e defendidos por cubanos, acomo aliás o era o aeroporto de Point Salincs, cm Granada. Estes 12 aeroportos têm instalações logísticas das mais modernas. Outras publicações, como a bem conhecida Hemisphere Hotline, de Washington, vem acenando há algum tempo para a mesma realidade. Inicialmente desmentidas, tais informações entretanto estão sendo pouco a pouco co nfirmadas pelas próprias fontes guianesas. O jornal "Guyana's Chroniclc'', do dia 8 de junho do ano passado, trouxe um artigo intitulado ''Acropono de Lethan reformado, descrito como 'perfeito'''. E no programa de TV "Face the Nation" o chefe da aviação civil, Antonhy Mckdcci, afirmou que muitos dos aeroportos da Guiana estão sendo ampliados e modernizados. A partir desses aeroportos, a Rússia pode facilmente controlar as rotas mari1imas do Caribe, por onde passam 750/'o das mercadorias negociadas pelos Estados Unidos. Para nós, brasileiros, o assunto é tanto mais importante, pois a Guiana possui uma extensa fronteira com nossa Pátria.
Dois pesos, duas medidas? WASHINGTON - Imagine o leitor a seguinte cena: num país estrangeiro, um jornalista norte-americano viaja numa perua em companhia de outras pessoas, algumas da mesma nacionalidade. O veiculo está descendo por uma estrada de montanha quando, de repente, é emboscado por uma patrulha militar, que sem prévio aviso abre fogo contra ele. Balas silvam, granadas e,cplodcm e atingem o carro, ouvem-se gritos e gemidos. Em poucos segundos, vários dos ocupantes estão gravemente feridos, e o jornalista jaz morto. Qual imagina o lci!Or que seria a reação do governo norte-americano diante dessa agressão? E a reação da imprensa? Por incrlvel que pareça, a resposta depende ... de onde se: tenha dado o fato. Digamos que o fa10 tivesse ocorrido no Chile ou na África do Sul, com um jornalista incumbido de observar as manifestações populares de protesto contra o regime. O leitor não tenha a m~or dúvida de que a impre_nsa teria desencadeado uma fcroi. campanha publicitária, denunciando a "violência institucionalizada" do "regime 1otalitário"; haveria tempestuosas reuniões dos sindicatos de jornalistas exigindo sanções contra o pais agressor, etc. Certamente o governo norte-americano teria protestado cm nota oficial, teria levado ocaso à ONU, ameaçado com represálias etc. Entretanto, no episódio que descrevemos nada disso se deu, embora ele seja absolutamente verídico. A respos1a estarrcccdora é ... porque o fato aconteceu no Afeganistão, e a patrulha militar era wn destacamento do exército sovi~ico. O jornalista assassinado chamava-se Charles Thomton. Além de veterano jornalista, ele era paramédico, e encontrava-se no Afeganistão com o objetivo de descrever a atuação de.abnegadas equipes médicas ocidentais nas precárias condições sanitárias do país. O go,·erno norte-americano mante,·e um silhlcio absoluto sobre o caso, e a imprensa limitou-se a dcdkar um ou dois parqTafos à notícia. Mais nada. Dois ~ duas medidas?
pesos
CATOLICISMO- Mar;odt 1986
O edifldo do COIIV!!nto, adornado pele fachede da ~apela, 6 sólido • YHIO, sendo de 11ip1 suas espesns ~redes
0/b,,, ~ ~ etn
:#:á 2-?2
an<J(J,1
re~ C
9'ão
~ e
<1a ~
OM O CRESCIMENTO desordenado e desproporcionado de São Paulo, poucos paulistas e paulis1anos, hoje em dia, dão-se inteiramente conta da existência, no coração da cidade, de uma relíquia pre:c:ioslssima, um dos monumentos históricos mais valiosos que ainda restam do passado: o ConYento da Luz, no bairro do mesmo nome.
tantc largas. Tudo, enfim, muito harmonioso. Nesse convento vivem, cm riaorosa clausura, há 212 anos, suc:ess.ivas aeraç&s de freiras ooncepcionistas.
Para quem transpõe o largo portão do convento, na avenida Tiradentes, o contraste dos dois ambientes é marcante. Fora, a avcnida, com as carac1erlstkas próprias de qualquer grande anéria contcmporãnea. Mu ro adentro, quase a mesma atmosfera de duzentos anos atrás!
1: o próprio Beato José de Anchieta quem as.sina a ccnidão de nascimento daquilo que viria a ser a igreja de Nossa Senhora da Luz. Ele abençoa a capelinha mandada oonstruir no antiao Campo do Guaré (mais tarde Campo da Luz) pelo portugub Domingos Luis, para ali se venerar uma imagem da Virgem Santissima, e depois escreve: "Domingos Luis estava acabando a igreja. Já lhe dissemos missa nela com muita festa". Com efeito, cm 1603 esse piedoso Portugub, conhecido sob a alcunha de "Carvoeiro", translada do Piranp, atual bairrodo Ipiranga, para uma ermida no atual bairro da Luz, uma capelinha sob a invocação de Nossa Senhora da Luz. Já no tempo da antiga ermida, os primeiros franciscanos que cm 1583 pisam cmtcrr&.'ipaulistasalicncontramumluiªr para se abrigarem. Posteriormente, durante muitos anos, a capela fica aos cuidados de eremitas que moram na rc&ião do Campo da Lut.
O ediffcio é sólido e vasto. e causou, na época de sua oonstrução, grande admiração aos paulistanos. Tem a graça própria de nosso estilo colonial. A fachada é simples, constituída de um corpo de construção de dois andares. Ao centro eleva-se uma torre de belas proporções, encimada por uma cruz de ferro. Logo abaixo, um nicho com a imagem de Nossa Senhora, que se sobrepõe aos arcos de abenura para os sinos. A esta pane do pr~io corresponde a igreja, à qual dá acesso um átrio calçado de venerável granito, desgastado pelo tempo. As espessas paredes do convento são de taipa, oom portas e janelas de madeira escura, bas-
[Paute
Com •• bãnçi o• d o A p6•tolo d o BrHII
Em 1729, por escritura do antigo proprietário, descendente de Domingos Luis, a capela passa para a administração dos religiosos beneditinos. Não se sabe quanto tempo desempenham os filhos de São Bento esta incumb!ncia que, por lhes ser certamente onerosa, não a continuam.
Tri11 llu•tre• per• onagens É por volta de 1765 que se inicia nova fasenahistóriadacapelinha.Nclacxcrcerãopapel dccisivotres ilustres figuras da história de São Paulo e do Brasil: Madre Helena Maria do Espírito Santo, Frei Antonio de San1'Ana Galvão e D. Luis Antonio de Souza Botelho e Mourão, o Morgado de Mateus. Madre Helena nasce cm Paranapancma, naquele tempo pencnccntc ao bispa· do de São Paulo, e ali reside até a idade dcl7anos.Jámuitocedopraticaasmais austcraspeni1incias. Seusjcjunssãocontinuos, como também sua freqüfncia aos sacramentos. Vem a São Paulo como servente das Rccolhida.s de Santa Teresa, professando mais tarde nesse convento graças ao dote que lhe fez o Pc. Manuel José Vaz. Frei Galvão é natural de Guaratinguclá, sendo seu pai, Antonio Galvão de França, capitão-mór de Pindamonhangaba e Guaratinguetá, natural de Faro, PorCATOUCISM0 -
~
0! 1986
tugal; sua mãe, D. Isabel Leite de Barros, descendente de tradicional família paulista. A vocação para o altar dc:spcna cedo na alma de Frei Galvão, que entra para a Ordem Franciscana, cm São Paulo, onde é ordenado sacerdote aos 23 anos. Foi confessor de Madre Helena Maria do Espírito Santo. O Morgado de Mateus, D. Luis Antonio de Sousa Botelho e Mourão, é capitão-geral da Capitania de: São Paulo nesse per!odo. Sc:nhor do famoso Solar de: Mateus, um dos mais notáveis de: Portugal, brilhante oficial, ilustrado, dedicadoaestudosdeengc:nhariamilitar,estratégia e história militar, é escolhido por D. José I para restaurar c:m 1764 a Capitai~~~aulo, que: havia sido supres-
;!ª!
J
Surge um novo Recolhimento
1
Havia c:m São Paulo um único c:stabelecimc:nto para religiosas, com constituição dada por D. Bc:rnardo Rodrigues Nogueira, mais ou mc:nos adaptada à Rc:gra Carmc:litana: o Recolhimento de Santa Teresa. Em consc:qüfocia dos c:rros do c:ncklopedismo, em tc:rras lusitanas a pofüica anticlerical do Marqués de Pombal perseguia e cerceava a prática do catolicismo. Estava proibida a fundação de novos conventos, bem como a admissão de noviços nas ordens reli&iosas já existemes. Madre Helena Maria do Esplrito Santo asseverava ter recebido uma revelação sobrenatural para fundar um novo convento na cidade de São P aulo. Ainda se guarda, com muita veneração, no Carmelo paulistano, acabeçadeumaimagem de Cristo que, segundo a tradição cons-
.."
.• ,-.._tt
.•
-
.
•.
NabelalachadacolonialdacapelalloConYen1o. sobrenai uma 1orre de proporç6es harmonious, en· cimada porumacru1 de fe rro; abaixo rSu t1ligura umnk:hocomaimagemdeNon1S1nhor1,qu1se 1obrepõe1dGiiarcasdeaberturapar11iooi tantenaqueleconvento, falara à então irmã Helena, conservando-se com a boca entreabena. Aceita Frei Galvão a revelação da Irmã Helena e solicita do governador da capitania de São Paulo, o Morgado de Mateus, que comunique ao Rei a intenção de fundar um novo convento na capital paulista. ScdaMetrópolenãoviesse proibiçãoexpressa,paraocasodessafundação, apermissãoestariatacitamenteconcedida. Sondaram a Corte, e não encontrando oposição, deram-se por satisfeitos. Além disso, o projeto de Recolhimento Obelonctiriodat1pe-
t.doConven1oloiduenhadoporFreiGelwio
não era propriamente o de uma casa religiosa, pois não seriam emitidos votos em virtude da proibição de Pombal. A profissão era apenas um compromisso verbal assumido com o convento. Inicia-se então a obra com a reforma da antiga capelinha, na qual anexam um estreito corredor que conduz a pequenas celas destinadas às religiosas. Era desejo do Morgado de Mateus que "ai se perpetuasse o Culto do Santíssimo Sacramento e de: Nossa Senhora dos Prazeres" . A 2 de fevereiro de 1174 realiza-se a fundação do Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Luz da Divina Providência, assistida pelas pessoas gradas e ilustres da terra. Consta que a religiosa Helena Maria do Espírito Santo queria o Recolhimento adaptado tu regras da Ordem Carmc:litana, de onde procedia; mas,anteadeterminação recebida do Bispo diocesano, D. Manuel da Ressurreição, troca o burc:1 do Carmelo pelo hábito azul e branco da Ordc:m das Concepcionistas. Iniciado apenas por Madre Helena e sua sobrinha, Madre Ana da Conceição, aos poucos o Recolhimento cresce, na medida em que a ele chegam as novas servas da Imaculada Conceição. Madre Helena, como fundadora, constitui-se Regente e Mestra de suas oito filhas espirituais.
Alic erce• d • um • 6lldo edifício Mas era necessário que os fundamentos desse convento fossem construídos com as bases sólidas do sofrimen10. Frei Antonio de Sant'Ana Galvão orienta espiritualmente a pequena comunidade nascente e zela por suas necessidades temporais, enquanto Madre Helena dirige internamente o Recolhimento. Os preparativos da construção do novo edifício do convento já iam adiantados quando cai repentinamente enferma a Madre Fundadora, vindo a falecer quinze dias mais tarde, a 23 de fevereiro de 1775. Segundo Frei Galvão, "foi Deus servido por seus altos jufzos levá-la para Si, querendo somente que dispusesse e/a esta tão grande obra de seu divino bem~p/áciro, e logo depois dar-lhe o ptemio dos seus trabalhos em virtudes, tirandoª desre vale de misérias para o eterno descanso'', A 14dejunhodo mesmo ano, assume o governo da Província de São Paulo Martim Lopes Lobo Saldanha, em substituição ao Morgado de Mateus. O novo governador, julgando agradar a Cone portuguesa, contradita a atuação administrativa de seu antecessor, ordenando o fechamento do convento e a retirada das irmãs para suas casas. No entanto, numa bela atitude de resistência à lmpia determinação da auto· ridadeconstituída,permanecemnoconvento sete religiosas, tomando o cuidado de vedar todas as panas e janelas para quenãosepcrcebessenenhumsinaldevida humana no Recolhimento. Ali elas sofrem, rezam, esperam na Divina Provi-
dência. Todos julgam deserta a Casa. Um me$ e alguns dias depois, por determinação do Vice-Rei Marquês de Lavradio, é revogada a ordem de fechamento. Mas até o fim de seu governo, cm 1782, Martim Lopes continuará hostilizando o convento.
O Mo•t•lro oontlflclo,
um oli•I• ••plrltual Como ameaçasse ruir a velha capelinha, com o frontispfcio já todo escorado, além de os dormitórios serem muito acanhados e o número das que desejavam levarumavldarccolhidafosseaumen1ando, ergue-se um novo convento, onde as religiosas podem viver com mais folga e respiração.Ainstalaçãodonovoconventodá-sea 25 de março de 1788, ficando
~
i~!:th~r~~::c°u~:i~oe:)1:~roT~a~ nejado e acompanhado nos minimos detalhespclagrandcfiguradeFrciAntonio de Sant'Ana Galvão. Ccnamcntc por prudência, Frei Galvão conserva o Recolhimento como simples casa de retiro. Somente 155 anos depois da fundação do convento, em 1929, Madre Oliva Maria de Jesus, estimulada e apoiada pelo Arcebispo D. Duarte Leop0ldo e Silva, consegue incorporá-lo à Ordem Conccpcionista, elevando--<> à condição de Mosteiro pontiffcio, com votos solenes e observãncia da Regra própria da Ordem a que anteriormente pcnenciam as religiosas, p0r devoção e por ordem do Bispo D. Manuel da Ressurreição. O antigo Recolhimen10 toma-se assim o Mosteiro da Imaculada Conceição da Luz. e nele que religiosas concepcionis1as rezam continuamente para o bem da Santa Igreja eda civilização cris1ã, mas também para todos os necessitados, inclusive p0r aqueles que, no corre-corre da vida moderna, esquecem-se de que no centro dessa grande e agitada metrópole um oásis espiritual de ~nçãos e de paz asseguratranqüilidadcacadapaulistano. Tranqüilidadequesepcrde,muitasvez.cs, na procura desenfreada de um progresso meramente material e na demolição e substituição dos monumentos do passado. São eloqüente adver1ênda contra csse estado de espfrito as palavras de Frei Galvão: "Nilo deixe que me firam. Se mexerem nas minhas pedras, nos meus
muros de taipa, nas minhas ima1cns cobertas de ouro, nas monjas aqui recolhidas, estarlo destruindo a paz. e a felicidade desta cidade que vi crescer, enquanto rezando, rezando por ela, en11elhcci11 ••. "
Josl F,...ndsco Go1n-eia
J
J !
Sob a lapide mortuària, que H vê nc primeiro pia• no,loc1tizltdanopresbitériodacapelrd0Conven· to, esU antenado seu fundador, Frei Antonio da
Neve de capela do Convento. viste do presbiléri~. 01mbientetimp1egnadodeumesphitodere,colbimen1oe de blnçlosque nocam a ,poca de Frei
Sant'AooaGalviio
61lvlo
Discernindo, distinguindo, classificando. ..
Só, mas de estandarte na mão LOGO APÓS A INVASÃO da França pelos nazistu, o Oen. de Gaullc, que ainda nJo tinha grande nomeada, lançou de Londres, incentivado por Churchill, um apelo a lodos os franceses para que se unissem a ~~ na resistbcia ao invasor. Apccsentou-sc um ceno número de soldados e ClVIS. Mu poucu eram as flpras reprelelltativu do mundo polltico, diplomitico ou miliw francts. Estas, em sua maioria, haviam preferido aderir ao aovemo colaboracionista de P~ain, ou simplesmente alhear-se. Com isso, o K>nho do General de Gaulle, de constituir um governo no exílio, ÍICOu frusuado nessa primeira hora. Assim mesmo, Churchill, num golpe de lucidez - e na impossibilidade evidente de reconhecer de Gaulle como chefe de sovemo - reconheoeu-o oíicialmente, "em nome do Governo de Sua Majestade", como "chefe de todos os franceses livres". Temeridade do grande lfder britlnico? Não está na lndole desta coluna fazer uma an.6lise polltica dos acertos ou erros que marcaram as ações dases dois persona,ens naquele momento trágico. O fato que desejamos assinalar aqui é de ordem simbólica. Há situações em que tudo parece perdido para uma callSI - esta era a da França naquele momento - e em que é imponan1e alguém manter de~ o estandarte da resistbM:ia, ainda que contra 1udo e contra todos. Os inimil()S o odiarão. Os fracos se esconda-lo. Mas alpns acabarlo aderindo. E a putir de um punhado será passivei a,lutbw outrol. Crescendo o número, serii possfvd lançar um desafio e provocar assim um estremecimento, tavez mesmo 111111. divisio, nas fileiras advenirias. Muiw vezes 1udo dependerá, no Inicio, de que um fique firme e altaneiro de estandarte em punho, mesmo isolado e combatido. Bem o compreffldeu o sapcbaimo Cllurchill, dando naqude mommlo a de Gaulle, cm nome: da Coroa iqlcsa da qual era chefe de IO\lern0, um apoio público que a muitos terá parecido temedrio. . A História provou que ChurchiD tinha razio. Mail tarde o ,cwerao fraacts no ex:Oio põde ser c:omtitwdo, e sua exiltbacia íoi um dos f a t o r e s ~ tes pua que mwtOI franceses lutauem no ex1erior contra o nazismo, e outrol, cm bom numero, mildsmn no interior da França ocupada. Para o povo fraacb an ,era!, constituiu uma espenilÇB de libenaçlo. Situações semtlbaata u IY., na Hiltóri.a, ati mamodentn> da Igreja. O imponame é manter o atandan.e de pt.
CA. CATOUCISMO- Março de 1986
A REALIDADE, concisamente: e J uve ntude polonHa rejtila s,x\xlismo, conforme sondagem publicada num jornal do Partido Comunista polo· nês, reproduzida por "Newsweek" (13-1-86). A pesquisa revela que a maior parte dos jovens conside· raaldadcMédia(quandorcinavanopaísadinastiaPiast) a época mais positiva da história nacional. Um dirigente do PC alertou para a ine:dstência de um "comprometimento socialista"najovemgeração,aqualsedcixainíluenciarpela Igreja. Alarmados com o fracasso da ostensiva pregação marxista, os comunistas adotarão novo método de catequese: projetar filmes pornográficos pela televisão a fim de afastar os jovens da Fé católica. Éinteressanteconsta1ar,atravésdesseinsuspeitotestemunho do PC polonês, o nexo íntimo entre imoralidade e marxismo: a corrupção dos costumes, para as autoridades polonesas, predispõe a mente para a aceitação passiva das teses comunislas. No Ocidente, a guerra psicológica revolucionária (de inspiração comunista) vem empregando essa tática com ir-ande b.i10, décadas a fio, destruindo nos jovens os ideais de luta e heroísmo.
a Líder co munista do Haili qu er Bispos no Go~·cmo, segundo notkia divulpda pelo ór&ão da Arquidiocese de São Paulo, "O São Paulo", de 21 a 27-2-86. Segundo o dirigente do Partido Unificado dos Comunislas Haitianos, Gcrard Pierre Charles, dois Bispos - D. François Gayot, do Cabo Haitiano, e D. Wilheim Robelus, da cidade de Jarami - "scriam os mais indicados" para a Presidência do Haiti. E acrescenta que a Igreja Ca1ólica desempenhou um papel decisivo na queda de Duvalicr, estando pois capacitada para ocupar o poder. "Dize-me rom quem andas e dir-tc-ci quem és" - afirma o conhecido provtrbio. Parafraseando-o, poder-se-ia dizer: " Dize-me quem te elogia. e dir-te-ei quem és". Esta abertacolaboraçãocntrceclesiásticosecomunistas,cada vcz mais freqüente nos tristes dias cm que vivemos, só favo rece os desígnios do comunismo internacional. e Na fndi a, vendem-se crinios de crianças. Segundo um jornal do pais, dentre os mil e quin hentos crânios infa nt is que a fnd ia exporta mensalmente, bom número pertenceu acriançasqueforamassasslnadascomafinalidadcexpressadesclhevcndcrcmoscrãnios. "LaRepublica"(26-6-85). de Roma, ao veicular a notícia, relata que esse macabro comércio foi objeto de denúncias no Parlamento indiano. O governo prometeu investigar o assunto, embora o problema não lhe pareça "coisa grave". Após a legalização do "massacre" de inocentes - o aborto_- cm tantos países, crimes hediondos como a decapitação de crianças e a comercialização de seus crânios não serão rejeitados pela opinião pública, por certo, com um grau proporcionado de horror. e Roup1 tradkion1I pi ra crt1nçH é I nov1 moda - Em oposição ao estilo amcricano-esponivo, caracterizado pelo tom "deseontraido" e proletarizante no vestir, ressurgem os simpáticos modelos infantis de apa rência bem cuidada, clássica, que adornaram seus maiores. Assi m, cm Ipanema (Rio) algumas meninas co meçam a usar vestidos lo ngos, e não poucas saem à rua de chapéu e sapato de verniz, enquanto os garotos querem vestir ca..ATOUCISMO- Março de 1986
misas sociais, calças com pregas, gravatinha, paletó de veludo etc. (cír. "Jornal do Brasil", "Novas crianças na linha antiga", 11-3-86). "A sociedade fala roma roupa que veste" - ensina a velha máxima. Se mudam os hábitos, bem poderá ser outra (de futuro) a concepção de vida nas novas gerações, apetência pela seriedade e pelo requinte Qualidades de que muitos adultos se vão despojando ano após ano, com inconseqüente e inCJ1plicávcl euforia. • "Pravda" em il11iano só tem 8 mil leitores - Lançado em Roma e Milão no inicio do mês, com uma edição de 300 mil exemplares, o órgão do PC soviético não foi salvo nem mesmo pelos cartazes e slogans publicitários que vêm domin ando iodas as bancas de jornais das duas maiores cidades italianas, segundo comcnla Araújo Neto, corresponden te do "Jornal do Brasil" cm Roma, na edição de9-3-86 desse quotidi ano carioca. Decepcionou até mesmo os colecionadores de cxtravagincias - observa o articul ista. Em Milão, o apelo pu blicitário do primeiro número transformou-se cm motivo de chacota: "A pravda emitaliano. Considera-te como um russo". Em russo, como-se sabe, pravdasignificavcrdadc. No momento cm que o próprio "Pravda" russo reconhece o calamitoso fracasso da economia sovi~ica (cfr. "Catolicismo'.', n~ 419, novembro de 1985), poderia seu congênere itahano dcspcnar entusiasmo nos atilados e sagazes peninsulares? Aperspicácia\atinafê-los,ccrtamcntc,dcsconfiar da nada vcraz "pravda" comunista ... • J orn1I comunista l11liano pede s0<:orro 10 ca pitalismo, publicando diariamcn1c, desde outubro, a lis1a de cotações de títulos e ações da Bolsa. Com déficit anual de 11 milhões e 600 mil dólares, "Unità" proc ura assim escapar de uma possível falência ("Jornal do Brasil" de 5-12-8S). O recurso aos grandes festivais nacionais e os insistentes apelos à ge nerosidade dos militantes comunistas já não su rtem efeitos. Por isso, empresários, industriais e banqueiros foram convocados pela diretoria do jornal para resolver o impasse. As sugestões dos capitalistas tiveram boa acolhida . Seráqucameraingenuidadccxplicaráessaatitudesuicidadctaiscapitalistasitalian·os?
e A edificação de um café no local euto cm que Nosso Senhor Jesus Cristo foi batizado por São João Batista, às margens do Jordão ... Este é o projeto do governo israelense para incrementar o turismo na Terra Santa. No mesmo local, seriam abertas alamedas e construídas escadas que propiciassem aos turistas mergulhar nas sagradas águas do Jordão! Até o momento, não se conhece nenhum protesto da autoridade eclesiástica cm face desse desconccnantc e ím pio plano, noticiado por ''A Tarde'', de Salvador, cm 7-12-85, com base num despacho da Francc Press. O lugar sacrossan10 onde o Redentor recebeu o batismo de São João Batista - no qual seria compreensível que se construisse um templo religioso, objeto de peregrinações ser conspurcado intencionalmente pelo ambiente neopagão do turismo moderno e pela imoralidade dos trajes de banho - eis um fato bem sintomático de uma éPoCa dessa. cralizadacanticristã!
REFORMA AGRÁRIA Fatos recentes da agitação agrária no Brasil "O Dia", Teresina, 26-11,86; "Jornal do Bra1il", \-12-8S).
' i
Miua dos "Sem Terra" celebrada 110 htado dO P1r1iú
"CAlOLJCISMO" apresmlou em sua ecllçio de fevereiro ampla maléria sobre a açio e a propaaanda a1ro-fflormlsta no Pais, bem como a rnpdlo da ataaçio da TFP em defesa dai proprieclaM rural e de sadias raç6es i Reforma Agrária. Na presente ediçio, os leitorn podtrio lomar coohttlmu10., atraffl do lt01k5'rio abauo, de •• liatétk:o panorama do sdor a1rkola de ririos F.slados brasileiros, coa1arbados pda qitaçio e demaaoaia
-
...
e N0Est•dod1P1rt11ba,durantcaabertura daCampanhadafratcmldadcdoArcebispadodcJolo Pessoa, o vigário geral Pe. Fernando Abath anunciou que tal campanha prot..mgar-w-áportodoo ano.Segundoclc, o tema da Reforma Agrária ~ complexo, e t atravtsda'conscientização'qucalarejaoonS('lllir4 fazerpressiosobreospolítioos e homens de decisão (cfr. "O Momento", Jolo Pessoa, 18-21 22-2-86).
• Ncs1aen1tevista,osdolspreladosafirmaramaochefedcEstadoque, aoontinuarassim,poderiahaverumaauerracivilnoMaranhão. TalafirmaçlofolrebatidapeloGovcrnador Luís Rocha em nota oficial publicada pclaimprenHdeSão Luis,naqualafirma· "Tomando-se como verdade as dedaraçôc:5 de algunsrepresen1an1esda/grejaCa1ólica,se&uodo as quais no Maranhlo C$tll-se preparando uma guerra ,:ivi/, .só se pode emende, a fontegcradoradasorganizaçdcsdebando armado eomo rcsu/fante de orientaçdcs de religiows, o que se reforça eom ,·llrios depoimentos a1ribuindo a religiosos a orientaçlo d= bandos" (dr. " J ornal do Brasil, l~-12-SS). ePoucoantesdcsscsacontecimentos,osBis-
• Um dos focos de tem;ão é a Fuenda Varelo dc Cima, em Araruna, onde vai accsa adisputaemrcproprictáriose'posseiros'-cs1cs comando com a cobcnura da CUT e, pelo vis· 10, também da Cominão Pastoral da nrra Comcfcito,nodia3dejaneiroúhimoforam dctectados,dentrodaárcadafazcnda,dnco aaentc.sda 'Pasmral Rca;ional', juntamente com dois rcpórtcrc.s estrangeiros da revista francesa "la Vic" (efr. "O Norte", S·J-86e "A União", 19-1-86,ambosdeJoloPessoa).
• Para pôr em pr'-tica esta 'conscientizaçlo' na Arquidi~, ,;ujo Arcebispo i D. Josl, MariaPires,oonhecidoporsuasposiçõesesquerdistas,oPe.Abathinfonnaqucest.6previstaparacstcmb(marÇO) arealizaçiodcum forumpa1'odebatcdetemas'conscicntiudorcs', como o da Reforma Agrária, para o qualfoiconvidadofrciaodovisBoff,quefaráconfer~ciasobrca TeologíadaLibe"'ação (jornal citado).
eN0 Es1adodoMaranhlojá5ercgistraram 70conflitosagrários,apresentandotaisoonflitas um saldo oompro\/ado de 25 mones, desde que foi anunciada a Reforma A&rária. &aundo oomcntários vcic:ulados pcla lmprensa, cmcadafooodetcnsloexiste,aoladodosassimchamados'posseiros·,umrcligioso(cfr. ''Joma.ldoBrasi!", l?-12-85; "O Estado de S. Paulo", 22-12-85).
• Enquantoisso,nointeriord0Es1ado,ase acreditarnosdadosdaFei:agdaParalba,cresceonúmcrodcconílit0$,atingindoacifradc SOatualmcnte.Paraopresidentcdcsscóra;lo, a Reforma A,riria "nlo 5enf verdadeira" se nlo se processar inicialmente por essas ireas de conmco (cfr. "A União", João Pnsoa, 12-1-86).
e Scgundoinformaçõesdos«-retáriode&gurançadoMaranhão, Joio Antonio RibeiroSilvaJunior,atropadaPol/ciaMilitarfoi reccbidat.balanomunidpiode Pau Santo, eoslavradoresemprcgararnaut!nticastitic:as dca;ucrrilhanaoca,.ião.OSccrci,rioacusou diretamente o Bispo de Bacabal, D. Pasdsio Rctúcr,dcseroculpadoport.aisconflit;i,s(cfr.
"
e Frei Hcribcrto Rembcd:i, OFM, Vigário GcraldaDioeesedeBacabal,contcstaoSecrcário, dizendo cm nota rcdt,:ida cm tom pat~oo quc as ·'mc1ra/hadoru auas.siruu- da PoH,:ia Mi/irar do Estado, a 5erviço dos /atifundi;írios, fazendeiros e 1ri~ros da rcgiio" fizeram tombar "um indcfefO e pobrc la..-r.ador" (cfr. "Voz de Nazaré'', Bcl"m, 15-12-85). e ofatoconcrctoéqucasdcnúndasfcitas peloSccretáriodeSegurançaPúblicadoMaranhão dcixaram muito inquietos os meios edcsiásticosdoEstado,apontodeoArccbispodeSão Luis, D. Paulo Eduardo Andrade Ponte,eoBispodeBacabal,D.PascásioRettlcr,voarematéBrasíliaparaumaaudi~ncia de40minutoseom o Presidente Sarncy, na qualoolheramapromessadestedcqucintcrferiripcssoalmcntcparaaprC$$UaRefonna Agriria no Estado (cfr. "Jornal de Hoje", São Luis, 27-11-85; " Jornal do Brasil", 27-11 -85).
pos do Maranhão, reunidos cm São Luis, lan-
çaram um violemo documen10 intitulado "Carta ao Povo de Deus", no qual fazem pro-
damaçõei tonitruamc.s contra "fazendeiros, pistoleiros, unsjuizes,policiaismili1arcs"que agem conjuntamente contra "pobres cinde· fCMnlavtadores"para ''tirar·/hC$avida,reprimirsuaorganizaçl.o,sufocarsuaespcrança de direito de tctTI1". Dizem os Bispos a certa altura do documento: "Defender a vida, reeonquistar a terra, fuerpreval«r:ra foi da partilha t luta nobre abençO,làl por Deus. Por isso apoiamos toda a rcivindicaçlo posta cm lura que visa a cxecuçlo da Reforma Agrária, eontra olatiftindioquepriva a terra de sua rmah"dade social e t fonte de violtnda" (cfr. "A Voz de Nazaré", Belém, JS-l2-8S). • O Es11do do Pari é considerado uma das unidades da Federação onde mais ocorrem conílitos rurais. A se acreditar nos dado~ fornecidospclo lncra,cxis1em a.li,atualmente, pclomenosl26foc0$detensãoagrária.Quinzc municipiosjjforarnescolhidosporesteórgão como prioritários para I Reforma Agriria (cfr. "0 Liberal" , Bcltm, 18-12-85).
Neste mesmo Estado, a CUT atua de mãos dadas com a CPT (Comissão Pas1oral da Terra), iocentivandodctodososmodosasocupaçõcs,oomafinalidadcdeampliar "naprlf-
CATOUCISMO- ~ ó e 1986
1/ca" a Reforma Agrária anunciada pelo Governo. • Enquamo o Governador Jadcr Barbalho promete para o Estado um Plano Rcaional de ReformaAgráriamuitoaudacioso,ultrapMsando as próprias orientações do PNRA (dr. ''A Provinda do Pará", Bcltm, 18-12-95), o diretório regional do PC do B reclama com sanhaaaplicaçlodaRcformaAgrárianarcgiio{cfr. "O Liberal". Bcltm, 19-12-SS). • OI fazendeiros da rqilo Sul do Estado têm-scqucixadodoclimadcintranqüilidadc causadopclasconstantesinvasõesdesua5tcrras por pane de trabalhadores rurais "ronsc/cnrizado1"pclaComissão Pastoralda Terracmanobradru porpoHticos. Segundo os proprictários,osinvasorcsocupamasterras comousodcarmas,obrigando-osascdcfendcrcm paranãotersuaspropríedadesesbu-
J ~:' : 1~~T;d:,' ~ :;·~fs~~~~t j connitoparaqucoMiradpossacomodarnentc "' ~u'!~~~~~~r="J:r:à~~!~~::.'sc;:
1 ~~:~~;~;
desapropriarastcrras1i1utadas,sobprctcx10 .!! deapagaroincfodiodas"tcnsõcssociais" pr~-fabricadas. Os fazendeiros se recusam a 0.Aloisiolorscheider,CardulArcebisl)OdeForta dcnominardc'possciros'osesbu!hadores,pois ltz1,1m1rtiQOqueescranupar11revista"Tem-scaundodizc:m-osposscirrutlmlcgalpo1Prtse~""(agostade 1985),1firm1: "fs~ memcodireitodepOSSe,oqucnioOCOTTeoom U/110$ qu, =ntr;u as bens, ,cumu/M, I um rouosinvasores(cfr. "OEstadodeS. Paulo", bo C0111t111t1" 31-1-86). • Rtttntcmente, fazendeiros de Paragominas equce$$eapoíoscdavaJustamcntccomaordenuncianlITloaliciamcntodcinvasorc5dcterganizaçlodemovimentoscomoaquclcdaCorasporpancdcrncmbrosda lgreja,afirmanmissão PastoraldaTCITII (dr. "O Povo", Fordo que as invasões poderio voltar com maior talcza. 13-10-85). incensidadecmjunho-julho,quandotermina • Esta Romaria da Terra, rcaliz.adà em ou op,:rlodoinvernow(dcchuvas)narcgião. tubro p. p., teve uma missa de enccrramento Sustenrames=fuendeirosodircitoderesistir concelebrada p,:lo Cardeal Aloi5io Lorscheiaessasinvasões"im/mtsmottCOr"Rndoà.larder c mais oito Bispose28 Padres.O tema mas e 16indo cm ddcu de Juas propriedada Romaria j:i era um an1ea;osto da Campade$'', e$tribando-c\e para ÍSIO nos pafl'IXJCS 00$ nha da Fraternidade de 1986: "Caminhemo, juristas Prof=rcs Sílvio Rodri&ues e Orlanjun10,nnbuscadarerraHvre"(iomalcitado). do Gomes, que a TFP vem divulJando cm todo o País. Negam contudo que cs1cjam orga• Rderindo-sc à mencionada Romaria da nizando milícias pankulare$ no Estado (cfr. Terra,D.Aloisio,emarti&oparaojornal' 'O "O Globo", Rio, 3-3-86c "0 EstadodeS. Povo", afirma: "Os agricu/fores, fazendo a Paulo",4-3-86). Romaria da Terra, mio prerendem tirar o que ldruoutros. Prctcndcmapcnasrecupcraro • NoEstadodoCtari odirctorrcgionaldo que Ide/e$" (cfr. "O Povo", Fonaleza. lncra-depoisdcsair'encantado'da Roma14-10-85). ria da Terra promovida p,:ta CPT da Region.al Nordeste Ida CNBB- declarou, num as• Para D. Fragoso, Bispo de Cra1eús, a Rosomo de entusiamio, que• Reforma Agrária maria trazia proposras em simonia com aqucsópodcnlscrcfctivadaapanirdomomcnto lasqueoGovernovem aprcscnrando,cmtcremqueo Governoscntirore:spaldopolitico, mos de Reforma Agrária (jornal citado).
• D. Aloisio retomou o mesmo linauajar agro-isuafü:irionaaberturadaCampanhada Fratemidadr em Fonalcz.a, emmamo ex~ w com mais clare.r.a num artilJ() Que CSCTC'Veu para "Tempo • Presença" (aaosto/85), no qualelenloscsimamuitolongedatcscde Proudhon(''apropriedadc,e/so-roubo''),ao afirmar: "A palavra propriedade nem devia ser usada porque, praticameme, nada I próprio rwuo ( ... ). /nfdizmeme vi1ora, .110 coraçlo dc nossa •rntc, o principio c:ontrário Adivi$1odosbcns(... ).Esquca-mosqucconceutrarosbe-ns,1K11mular,lumroubocons1an1e ( ... ).Maisumavezinsi.s10:apa/avrapropriedadc, cm si, ~ uma palavra errada. Nada do que exi51c I próprio de nin1ulm. Nó5 &ó teme» o uso e posst como gertnfts, administradores. Nada mais(... ). Adminisrramos bens, nlosomososscusdonos"(cfr. "A Folha", boletim da Mitra Diocesana de Nova Iguaçu, RJ, 1-12-85, impressa pela Editora Vozes, de Pctróp0lis). • Easinvasõcsvãoaconte<:endonointerior do Estado. Em Redenção, por exemplo, 400 pnsoasinvadiramumailrea5ituadanomunicípio(cfr. "OGlobo",6-IJ-8S). • TamMm cm Quixadá o clima é tenso, sendo o município com.iderado "um barril de pólvora cujo pavio, embora comprido, j, foi 11ceso",se1undoafirmaoprcfeito,Sr. AzizBaquil (cfr. "OPovo",31-10-85). e O Eslado de Mil1ll ~rais - No municí pio de Tarumirim, duas ativistas da Paswral da Terra, Maria Luiz.a Coleta e Tinia Maria Silveira, ap0iadas pelo vigário, Pe. Léssio Guedes,foramdcnunciadasaoPrcsidentcda Repúblicaporumabaixo-assinadopromovi dop,:lapopulaçãodacidade. Se1undoodocumcnto, "indivíduos 3/ivimu vindos de fora e apo{ados_pclo vigMio loca/'' estão aaitando a rea;,lo c mcitando trabalhadore:s a "avançarronuaas1errasram/Jlrnpanicu1Mcs, Aguisa de pr~o" (cfr. "Diário do Rio Doce", 12-1-86). • Sea;undoasinformaçõcs, e:i,sasati\istasYbn anicu!andocercadc60famíliasnomunicípio, dcscnvolvendotodaumaprcgaçlo'consdcn· tiz.adora'tipoCEBs,instigando-asafazcr,·a ler o plano de Reforma Agrária através das invasões.Como'cnsaio',oricntaramuma1cn tativadein'"aslodascdcdaEscotaTknica Agr0JICCl.lária,aqua\tentatlvasófracaswu por ccr um comingeme da Potfcia Militar 1campadonolocal,tãoloaosoubedamovimemaçlo(jornalcitado). • O clima na cidade continua tenso, p0is o movimentol;der::dop,:lovisArioc pe!asati-;is1as ,e mameaçandoinvadir,asora,aster· ,a; p,:nencemcs a pankularcs (jornal citado). 6 Cln 11-.:rama, elementos "scm•terta" acampad~ na c,dadc e na Fuenda Bllrreiro, daqudcmunicipio,cs1ãoron1andocomoap0io eamclhordasboasvontadndos Bispo$ D. Roque Op,:rman, de ltuiucaba, e D. Est~ão CudOISO de Avelar, de Uberllndia, ru quais a1~os1companhar~1:aaudihciaquelhe,i foi concedida p,:lo Mimstro N~lson Ribeiro. Naocasião,oMiniscrogarantiuqueencaminhar,oproccssodedcsapropriaçlodoimóvcl invadido (cfr. "O Estado de S. Paulo" 6-12-35).
• No Estado do f.splrico Santo h.6 dois acampamentos de "SCITl-terra": um cm São Mateus, comcercadc200famílias,eoutronomunicípio de Montanha, com 50 famllias. Ambos estão situados na diocese de São Mateus, de D. Aldo Gema (cfr. "A Gazeta", Vitória, 1-11-8~: "OEstadodeS. Paulo", 12-12-85). e AssimcomonocasodafazendaAnnoni, do Rio Grande do Sul, os invasores vieram dos CATOUOSMO-Marfljclll\986
m.aildiversospontosdoEstado,ehegandoao local em caminhões e l mesma hora. O grupo
de d~otas famílias t resido por uma espkle de estatuto não escrito, mas imposto com ri· sidezeobedeódocomo\eiinflexlvel,sobabatutadas'comissõe$decoordenaçlo'.Entreos invasores hâelementos sem qualquer caracterf.!llca de lavradores, e os encarregados da 'co. ml!Slo de imprenu' (únicos que podem dar declaações),apesardeerr05prim'1"iosdelinguagem, nas convffSaçôes manifestam apurada dou.uinação politico-,oclal, todadade forte matiz 'comunitário' eau101estiooirio, l maneiradasCEBs(cfr."AGaz:eta",l·ll--8S). • Seaundo o presidente da Federação da Aaricultura, Sr. Pedro Burnier, u invuões contam com o apoio da Secretaria da Agriculturado Estado. da CUT-2 e da Dioo:ese de São Mateus (cfr. "A Gueta". l-11·8S).
e
O secretário Ricardo Santos, daAgricultura,coosiderou"Jevianas''taisacusaçõcs.A respeito da estrutura "comunitária" d0$ acampados afirmou: " Nlo houve inrcrfcrbi· da nona aí. Conb«endo a Me.a II ser ocupada, os undid.atos optaram por esta forma", ouseja,todasase)lploraçõescoletívas.Nos acampamentos, uti5feitas u necessidades dos assentados,estcssãoobriaadosaoomerdalizaros'eitoedentcs'eap\tcarembenfritorias. Bem l maneira dos kolkhows sovitticos ... (cfr. "AOazeta", 1-11-U; "JornaldoComá-cio", 23-12--8S). e Por sua vez, o Govenador Oerson Carnal.li saiu em defesa de D. Aldo Gema, afirmando queoPreladotemsido "um1randeooncfüador"enlopode''demanefraa/1umascratacado desta fonna". O mesmo Governador, ao r«ebetumacomlu.lodeinvasorcsnoPalâcioAnchieta,prometeuaesiesquenlohaveriadespejo(cfr."AOauta",1-11·8S)
• Apesar dessa defesa públtca feita Governador, D. AldoOema deciarou que cs1á dando todo o 11eu apoio aos invasores. "Aov~ ' ° 5 ~ para a ire, ocupada me panciam opovodaBfbliajunro• Terr1 Prometida", comentou embevecido o Prelado. Portanto, eleo,"viusegulndo'paraa,rcaocupada,o quemilitaafavordadenúnciadopresidente
daF«leraçiodaAgric,;uhura(cfr."Jornalda Bahia",Salvador,2e3-ll-8$). e Por ,ua vtl, um runcionirio do Sindicato dosTrabalhadoresRuraisdeSloMateuscomentou: "Es1eéummovimtnronacional. No mesmo dia duas mil famllias fizeram a mesma ooisa em Santa Cararina e houve ocupaç6es também cm Port0Alc1re"(cfr. "A Gazeta", 1-11-85). · • O Minl$1ro NtlJon Ribeiro apressou-se a propor a Sarneydcsapropriaçõcs naquelu '1eas. NasuaexposiçãodemOlivos,afinna· va que era uma área "marcada por fone rendo social", e que fora objeto de reivindicações da !areja e de "ournu entidades comprometidas com ajustiça social" (dr. "Folha de S. Paulo", 11-1-86). eNoEstadodnParao,,quandohouveainvaslodasfuendasdoBugreeJaciretâ,norudoeste do Estado, o Governador Rkha deciarou: "N,O.bouve iavaslo de 1erras planejad11 pelas famílias. FuieuquechameioSecret1riodlAlricultur11emandeiocuparnamarr•" ... (cfr. "Jornal do Brasil", 20-li-8S e 6-l2-86;"ZeroHora",PortoAlea:re,6-12-85). lndoaltm,elcafirmouquecominuaráaautoritarocupaçõesde'1easjâliberadas,ouem prcx:euodcdesapropriaçlo(cfr."Jornaldo Brasil", 7-12--SS). • Em linhas 1craís, o que vem acontecendo n0Estadoéo11eguinte: os'sem-terra', 'oonscientuados' porCPTs, porCEBs, etc-eaca-
lentados por apoios eclcsiistieos de toda ordem - promovem invasões e acampamentos, criandoumdimapropícioàsdnapropriaçõcs 'por interesse social'. OMirad, 'cedendo às pressões,promoveasdesapropriaçõesmasnão as executa de imediato. Seria por demais trau· matlzanteeolocarparaforadesuasterras,a 5el:O,osantiaosporpriewi05... Masalestão os 'qentes pastorais' das CEBs ou CPTs para 'acon11elharem os 'sem-terra' a 11e 'adianta· rem' ao Incra, invadindo as,reascujo pro~e~~i~propriaçlo ainda nlo chegou a e Nessesentido,foisi&nincativooencontro que houve no mês de dezembro Ultimo em ca-
D.AldoGern,,BispolleSioM,taus(ESl,declaroo quees1,dandotodooseu1poio1duasrecentes innsllesdeterras,ocOfridH8fflSll9diocBSe sa de D. Pedro Fedalto, ao qual estiveram presentes representantes da l&reja, do Governo e do Movimento Estadual dos Sem Terr1. Ncs-
ta reunilo, entre outras coisas, fioou resolvidaaformaçãodeumacomisslo,encabeçada peloAr,;:ebispodeCuritiba,queiriaaBrasfliaparalnstarjuntoaoGovernoFederalpor umaaceleraçlodasdesapropriaçõeseassentamentoim«liatodosacampadosn0Es1ado (cír."OO1obo",24-12-8S;"OEs1adodeS. Paulo",3-1-86).
e "Nosso objetivo é in~adfr o Estado todo, com 1en1edos acampamentos", deciarou um doslfderesdoMovimentodosTrabalhadores SemTerra,acrescentandoqueirloocupartodasas,reasaseremdcsapropriadas,emqual· quercantodoParanâ"(cfr. "JornaldoBrasi1", 17-12-8S). • Assim, bascadu no lema de que "terr1 não se 1anha, se CODquisu", começaram a se dar
CPT: de"'1bando as cercas e o 'poder opressivo dos proprietários' CONSOANTE com o pensamento do Cardeal Alo!sio Lorscheider, para quem a palavra propriedade nem deYia eltUtir, a Comissão Pastoral da Terra (CPn, ao anunciar em K1I boklim a Campanha da Fraternidade, comentou que "Ioda propriedMJecapiuli.Ju da rerra, ao dividir o que deve ser de rodof, ao tomar II terra para explorar os outro,. oftude o Pai dt: todos os homens". Ein ,esuida, o boletim da CPT concita todos os crist.lo! a que lutem ··mi favor da bbcrf.aç«, da terra". Só que l maneira da CPT ... ou do PC. Ou 11eja, "demib.ando as cc:n:as dos Jatifundivios e o poder oprdSi~o dos propriet'1ios" Em seu boletim, A CPT prcv~ que, com a tealiiaçlo da Campanha da Fraternidade, aumentará o nú.mero "de aist,ilos e pessou de boa ~anta de" que apoiem a ''conquista popular da !CTT&". E diz que, quando o 'povo' conquistar a terra, o trabalho ser, "de
preferência romuoilArio". No final, o mencionado boletim conclama a ''1oda1enre de boll vontade" aoraani~ zar comit~, comi.S$ÕCS, qucpo$&&lll "somar sua força na C01Trntt que liberrarli a terra do Brasil"(cfr. "Boletim da CPT", nov/dez. de 1985).
1, em Andradina (SP), num moontrodc repre,eniantes daComisdo Palcoral da Tcrn (CP'l), o 'u'-fm Antonio Separa. 'UiCSSOI'' dos acampados de Sumart, comunicou que a CPT eo inovirnanodos sem terra pretendem llrar o máximo provei10 da Campanha da Fralernidade. Neste smttdo, vlo aproveitar o período da Quattima, quando normalmente OCOrTe o maio,- anUJ10 de peuoas à i&ttju, para divulpr 5uas próprias taa cm favor da Reforma Aptria (cfr. "0 Estado de S. Paulo", 14-2-86)
invasões em vários pon1os do Paran,, tendo a açio dos $CDl terr1 novamente 'surpreendido' o Governo Estadual. No Sudoeste houve cinco invasões simultlneu, em ,,eas distintu pertenccntes todas a particulares; no OcsteeCentro-Ocstequatrooutrasfuendasforamesbulhadas; no Centro-Leste, igualmenteumafuenda, nomuntc!piodcArapoti; e noSul,emPalmas,1errasoond&uaslreserva iodiaena local também sofreram invaslo, levada aefeitoporlndioscaina:anaues, muito in0uenciados pelo CIMI e pelo Bispo de Chapeçó (SC). Ao mesmo tempo, lideres sindica.is reunidosemlbiporlanunciavamqueinvasões em massa poderão ocorrer ao Norte do Esta· do(cfr. "O Globo", 17·12-8$; "Correio de Nodcias",Curitiba,19-l2-8S," JomaldoBrasil", 18·12-8S: "Folha de Londrina", 18-1--86; "0 Estado de S. Paulo", 28-1-86, 4-1-86 e
s-2-86).
e Recmtemcnte, certas '1eas do Governo estadual edo lnaa rqional maniímanm-scsumamente incomodadas eom a publicação dos parc,ceres juridiCClli que a TFP vem promovendo na Imprensa do Estado, esclarecendo aos íaztndeirosqueelest!mdireito,segundoalci, de impedir - desde que o façam logo - a in~ISlo de suas faztndu l mio armada. e OchefedaCasaCiYildoGovcmador, Walter Pecoits, numa dedaraçlo completamente CATWCl5MO - ~ dl 1986
Durante uma mi5-5a no dia 26 de dezembro no acostamemo d.a estrada, junto ao acampamento - a qual foi concetebrada por Frci Wilmar Santin, Frei João Batista Pricto, Frei Gen-
til Lima e Pe. Arlindo Toma.r.i - os '5em terra' levaram até o altar enxada, foice e macha-
do, e tamho!m cantaram um v=e que \"ti"· berava <;(Intra o "mundo desigual, espoliado pelo /u,;ro e capital, do poder do latifúndio" {efr. "Folha de Londrina" , ~-12-U). Naocasilo,FrriWilmarSantin,vigtriogc.. r<lldeParan.avai,oomparoualutapelaRcíormaA&ráriaàlibertaçãodosjudeusdoEgito, OpCrad:a por Moisés. Não consta, portm, que hajaexplicadoaoscrklulos'semterra'qual o regime que vigorarliquandochcgarem ao ponto terminal da 'Terra Prometida' ... (jorn1l citado).
D. JoséGGmn. 8ispodeCllapec6(1010), segundo op.-esidentad0Sindic110Rur1ldnncidad1,Val· mor lunanli, com1nd, todH II pessan ijg1d11 às invasõesdetenas descabida,falouinelul-iveemproocssar "o•uror"{sie)dospareeeres,sobaabsurdaalcaaçãodcqucisto''t1rimulaa,'io/lnciaefazum ronvi1e,1uen-e"(dr."CorreiodcNotkias", Curitiha, )l-1-86). • Também o superintendente rqional do Incra, Romlo Vida!, dtubaíou: "O Incra t1rA ho~ furando comra duas fremes: numa es1lo osfaz,:ndciros,osconrr1-rcformis1as,aJiados • TFP, que querem impedir• Reform• A1riria. No outro, estio• morosidade e a burocracia do Governo Federal" (dr. "Jornal do Brasil". 14- 12-86). e ofatoooncrctoéquehtecrcadcumm!s asinvasõesv!m5endo reprimidaspelaPolicia Militar, e o chefe da Casa Civil do Governador já fala em reunir os L3focosdcacampadoscxistentes no Estado em 5eis ar•ndes ' acampament0$provisórios'11,ereminstaladosnasterrasjtdesapropriadas, planoesse quccontariacomobenepltcitodoMinistro Nélwn Ri beiro. O Governo do Estado e o Incra garantiriam alimentação, saúde e educaçãoaostrtsmilacampados (cfr."Oaietldo Povo", Curitiba, 16-2-86). • Curiosamente,aoproporcsses 'acampamentosprovisórios' , 0Sr.Wal1erPecoiupropugnaparaosassentadosoreaimedetrabalhos coletivos, e também residfocias eoletivas, tlo de acordo com os $0nhos das CE&. Resta saber 1,e esses 'acampamentos provisórios' nlo 1,e tran$formarão em outros micro-sovicu, no estilo da Fucnda Annoni no Rio Grande doSul-autfoticaincubadeiraderevoluçlo social,eujaproliferaçãonloénadadC$Cjbe1 para.nosso Pals(jornal citado). • Em Pu1navaí os pr<>priettrios rurais mostram-se aprttnsivos com a movimentaçlo dos 'sem ttTTfl' acampados às margens da BR-376, os quais vtm cont ando com ampla IWl!itlncia do Bispo D. Rubent Au1usto Espindola, o qual já declarou que "para haver Reforma Agrária é preciso forçar a siru1ç.lo" (cfr. "Folha de Londrina", U-12-85 e 22-12-85). • Consoantes com as idéias de 5eu Bi5po, viirios padres da Diocese tlm pres11do 'asi.cnoria'aosacampados.
CATOLICISMO- Ma,çoóe 1986
e No E.$tadodeSantaCatarinaopresidente do Sindicato Rural de Chapccó. Valmor Lunardi, disse que os produtores já não estio maissuportando"=cst:adodecoisasque 11er11 intr11nqüilidade e semeia a discórdia", accntuandoque tod asasinvasõesqueocorremsãoplanejadaseorganiz.adas,etodasas pessoasaelasligadassãocomandadaspelo BispodeChapccó.Elere5ponsabili.routai1eleme111os "por rudo que vier" ocorrer em nossa replJo" {cfr. "OEstado",Florianópolis, 10-12-85). • Por seu lado.o Bispo de Chapecó, D. J~ Oomes,declarouque "asinvasôesnadamais dodoquercflcxo dcuma.tiruaçioangustisnre que toma coma daqueles que desejam produ:rir na terra o seu sustemo", dizendo mais adiante que a Reforma Agrtria ainda não se tornou C()ucreta "porque vem sendo feira de acordo com os interesses dos latifundiJrím" {cfr."ANotícia", Joinville,27-12-85). • Em Sede Trentin os colonos eitlo frustrados e iocooformados com a noticia da usinatura,pelochefedeEstado,dedccrctoqucdesapropria suasterrasparaains1alaçãodos(ndioscaioga.ogucs. ''Oscolonosesliosemaçio, porquen.loacrroitavam queoPresidcntcSar· ney fosse IS5/IJar a dCS11propriaçAo da área", declarou um pona-voz dos colonos, lvani Trombctta. lvani lamenta que os colonos te• nham perdido uma vida inteira para comprar epaaarasterras,construirsuas casas,cstruturar uma vida razoa,·dmemeçonforrávcl, para depois perderem tudo (cfr. "O Estado", florianópolis, 4-1-86). O suplemento "Oomingão", desse jornal, trai em sua edição de 19-1-86 ampla reporragcm, francamente favorável à "açlJoprutoraldodcroem buscada jusriç11social",taloomoc~isteemChapecó,
enlofu:scgredosa respcitodeque''a/11reja está presem e em todos os movimentos reivindicafórlos'' do Oeste catarinense, e de que a execuçto do PNRA ali anda a reboque da cstrutura ecleiiútica, cujos 'aaentes comunitários' mallipulam os ''K"m terra" reunidos em comissões, comltb e wociaçõc:S"quc exercem considcrtvelforç.adeprwlo. • Em Slo Paulo o diretor da Secretaria do Trabalho em Preiidente Epitácio, Geniv:al Freire - um dos impulsionadores do acampamento da Lagoa Slo Paulo - admite que eiteaeamp111mcntofoiplanejadoduranteoi10 meses, com divcrSl5 reuniões e até um oomicio na Praça Cruuiro, naqucla cidadc, 1,emprecomaprcsmç.adodeputadoMtrioBragatto. Nodial~defevereiroúltimo,estedcputado,maisoutrosfunciontriosestaduaisc municipais, compare-aram ao acampamento parainsistirnaunilodeforça.sdosacampados(cfr. "OE111dodcS. Paulo", 23-1 -86).
e Baixaprodutividade,dlvidasacumuladas 5em ponibilidadesde 1,erem saldadas, negociatasdcfunciontriosencarregadosde'regarem'osasscntados,cisob:alançodcdoisanos dos'asscntamentos'promovidospeloOovernoMonto ronaregiãodo PontaldoParanapanema,em terrasdesapropriadaspelo Ooverno(cfr."OEstadodeS.Paulo", 11-1-86). Scaundo consta, também não faltam ali os v!ciosprópriosatodoregimedirigistaeestatiu.do,comonospalsessocialistas. Os chefes locais do IAF (Instituto dos Assuntos Fundiários)- espéc:ie dc: Jncra estadual - estio sendo aculados de promoverem negociatas às cust&J dos assentados, ao impor at11t1acompr1doqucolnstitutolhcsindica, e nlo do que queiram cscolber (jornal citado). e N0Es11dodoRlo vlose multiplicandoa.s inv~. Em Santa Cruz, por acmplo, Bri:rola desapropriou sem mais, por deaeto, uma fazenda n.a Estrada Vitor Dumas. Entretanto, como esta continuava na pouc de: seus donos, mais de SOO famflias apareeeram noloeal, articuladamente, e invadiram trcas da fa. tenda. Os donos vieram acompanhados da Pollci.a,tentandopersuadirosinvasorcsadeixarem a t rea, com ameaças de tiros e dcrrubando as marcaçõe5 feita.s. A ação policial de nadaadiantou,e0$invasorespcrmancccram nolocal(dr. " Jornaldo Brasil",23-1-86). e Enquantois$0,ojuizquejuitouocasoda invasãodaFazendaBarreiro,emParacambi, acusouaPastoraldaTerrade5erm;ponsável pcloincitamentodaditainvasão,aqualfoi
O PRRA de l'ernambuco, que 'l i ~
religiosas' e polftkos consideram 'timldo' e 'acanhado' EM DEZEMBRO do li)() paaado, 1S1eUOR1 do Incra aítnn1ram qiR o plano de Reform. Apvia a .sa- i$pl.antado em 1916, an Pcnwn~, de forma alauma llinairil 111erTUpwltadalmm~.DfflltalllpO\ICOUlreuonde-houvcssequalqueratividlldc~articulada(cfr. "Jomalda Bahia", SalYador, 17-12-3'). Cert.ainelltc lhVitos .-,:iclut«a nlf"lis vimo cm tal promeua uma rado de "rdu... E pusuam 01 diu DllaWKK na dapreocupaçlo local. Antes poráa Q\ll' OIDOapiruK, i' haviam siclo q:redÍdO$ pela ~idade brutal: dos 336imóve:i,rurai5cadaMnldosD0115mu.niápios Pff\'iltOS!*"lla«uçiodailcforma AptrianaZolllllda Mal.ade Pernalllbuco, rqilodeimCIIII a t i v i d a d e ~ , 153 haviafflsicloda.l:il'lcadOlc:omo 'latifúndios' pelo Incra. E notol&I, aqvekorpnismo de Reforma A&rária pretendia desapropriar, ffl 1989, mai,; de l milhlo de bec;(ues no Estado.o que fcomicleradopdoSr. Byron Sariahoapmaa um pri,neiropas$0(cfr. "Jonial do Bruil". 12-l-&6).
muito bem organizada. Dt ía10, o administrador desta fazenda, Sr. WilliamSiberano, emdeclaraçõcsàimprensa,confirmouquea mobilizaçãofoifei11pel0Pe.Ed1,1ard0Neolon, emconCJ1ãocom a Pastoral da Terra(cfr. "JomaldoBrasíl",IS·!J.8S;"OEstadodeS. Paulo", 25-9-86), e OdiretordolncradoRioan1,1nciouque, nesteano,haveráumaimplantaçãodetivada Reforma Agrária no Estado. E certamente conta, para U$0, com o apoio do Cardeal D. Euaàlio Salles, pois este, após entrevistar-« cómoPresidenteSarney,declarouqued;l.10do o 1e1,1 apoio à Reforma Agriria do Gover• no, nela depositando ",randeespmmça"(cfr. "Zero Hora",PortoA!cgre, 28-11-85: "Fo· lhadeS. Paulo", 21-12-85)
Ooiinia,dwcqucalgrejaqucr"rq,cfiroc/amordos rnbalhadora", exigindo wna Reforma A,rtrla com eapropriações na região. Afirma oórt;io da CNBB nesta nota que "sem dtupropriaçôes, sem transformar a esuurura da propriedade", nlo há Reforma Agrária, e que é preciso que "a violtndadosgriltirrucproprictáriosstj1 comida e seus crime!$ condenados" (cfr. "Boletim CIC", 22-10-85).
• Em Mato Grosso do Sul seg1,1ndo diversas dem)ncillll,maisde2milfamílillllestãosendo artieuladu e adestradas, no Parag1,1ai, por membros da Comiulo Plllitoral da Terra (CPT), os qlW$ vbn realizando ali sueessivu rcuniões=oobjetivodetrazcrparaoMato Orouo do Sul o maior numero de 'K'Ill terra' que conseguirem, para engrossar o coro rei• vindicatôrio agro.rdorm!sta em nosso Pais (cfr. "O Globo", ll- 12-85; "FolhadcLondrlna", 26--1-86).
e Um me:s depois, Ni!lson Ribeiro recebeu uma delegação de 'posseirru' do Estado, os quais vieram com uma pouco recomendável companhia: o d,:purado Aldo Aranto:5, do PC doB.NestaentrCVÍ$1areivindicaramaunediatadcsapropriaçlode32,rcasq1,1cclesconsi· deram "as m.ns ,;rlticllS do Estado". O Ministro ficoude encaminharasexlgênciasao PresidenceSarney(cfr."OEstadodcS.Paulo", 1-1-86).
e Confirmandoes!II.Sdenúnciu,emlvinhem.a Rosalvo Ro,;ha Rodri&ues, membro da Comi.sslo Pastoral da Terra, informou que, de fato,hámaisdedl.Lll$milfarruliude'brll$Íguaioa' q1,1e estão sendo apoiadu pela CPT desdeasprovinciasparaguaias(cfr."Jomal tio Brasil", 22- 1-86),
e Emdatmbropassado,comoapoiodoCIMledoPT,onze1rabalhadoresruraisdoEstadodtGoiúedosvizinhosEstadosdoPar, e Mato Grosso fizeram uma "greveshow"de fome em frenteaoPaJ,clodoPlanalto,exlgindoaaceleraçãodaReformaAgrária(cfr. "0 EstadodeS. Paulo", 22-12-85).
• Enquantoisso,tendooPresidentedaRcpúblicadecrc1adováriase~propriaçõesno Estado, stte eocidades ligada.J à das.se produtoraruraldeGoiispublicaram no1aconjun1a nasprimciraspáainasdevirirujornais,desaprovandoasrccentcsmedidasexpropriatórias do Governo (cfr. "A Tarde"', Salvador, 13-1-86).
pauado,amaisslgnificativainvasãodettr· rasj,o,;orrida ooPafs, quando6.SOO'semterra' ocuparam a Fazenda Annoni, localizada nomuniclpiodeSarandi(cfr."Zero Hora", Porto Alegre, 30-10-85; eJL-12-85). e O Cardeal D. Paulo Evarisco Ams esceve emvisitaàfazendaAnnoni,levando"umapa/11vr11dcconfortoccsrimu/0•1uradruagricu/1orespor1crra",segundooomentáriosfeitos pelo Pe. Amildo Fritzen, o 'capelão' das invasõts(cfr. "JomaldoBr.sil", 5-1-86; "Zero Hora" , 7-1-861. • Na sq:uidilha do Sr. Catdeal de São Pa1,1lo, Lula tamb6n foi levar sua palavra de 'estimulo' aos invasores, para os quais fez uma lon,a arenga a favor da Reforma Auwia "na pr,rica" através das invasões. e Mais enfático foi o Bispo de Vacaria, D. Orlando Doni, que, falando aos acampados, dis.se; "Resistam/ &r, em vods a marca dos profnasàcwnaooVlt era"(cfr."CorreioRiograndcn$C", Caxias do Sul, 29-1-86). • "lnvaslo dt 1crras tt:rimt, mas o próprio Ministro Pedro Simon, da A,rieultura, manda alim~nraressas famflias invasor45", declarouoproprietáriodafazendaesbulhada,Bo1/varAnll'Oni. Foraaajudadalgrcja-quc representa,$Cgundoumdo1Uderesdoacampamento, 70'7t dO! donativos - o Governo estádispendcndoverbuparaacompradc80 1oneladasmcnsaisdealimentospar1os6.SOO invasores, lllravés da Cabal, em C011vbiio com olncra. Oprópriodelegadoregionaldo Incr1g1úchogarantiuqucnãohá faltadc comida no acampamento (cír. "Estado de Minu". ~lo Horizonte, 19-11-85). e Qua1rodiasapósainvasão,jécstavadccididopeloprcfei1odeSarandi, Hi!árioSalvatori (PDn, que o acampamento teria tanques delavarroupacsanitlrios(cfr,"FolhadeS. Paulo" , 2·11-85). • No Estado de Pernambuco os lnimos .se l(IUtcmllil,depoisqueodelegadoregionaldo lnera, Sr. Byron Sarinho{tambml membro do diretório do PCB em Recife), encaminhou ao MinistroN~lsonRibeiroumplanoregionaldc ReformaAgráriaqueinc!uiriaparadcsapropriaçõcs - além de cerca de 30 mil hectares noAgresteenoSertão-73milhcctaresdc terru na Zona da Mata, irea praticamente to, madapelamonoeulrnndacana«-açuclí,Ali há7milengenho:s,42usinasedtstilarias,.sendoumazonade francaproduçio,Squodo consta.oitousinas1eriamterrasdassificadas
e EnquantoodiretorregionaldolncraanunciaorepasscaoGovernocstadualdevcrbade lmilhãoeduzcntosmilcruzadosparaamanutençio eassistrnciados 'brasiguaios' j:i acampados em lvinhcma, a movimentação dos 'sem terra' no Estado vem provocando grande tensão (cfr. "O Estado de S. Paulo", 22-l-86e6--2-86), e Comcfeito,nodia4defevereiroosjornais noticiavam que, com a participação de membros da CPT, 70 elementos ·sem terra' promovcramainvaslodoprédioda PrcfeituradeNaviral,aqual1eriasldoplanejadanuma pequena capela de um bairro da cidade (cfr. "Jornal do Brasil", 4-2-86; "Correio do Estado", Campo Grande, 4-2-86). • No Estado ele Golú, onde a agitação a,r:iria t intensa, sobretudo na chamada região do Bico do Papagaio{limítrofecomo Pará e o Maranhão), a ação das CEBs e da Comissão Pas1oral da Terra fu-se sentir intensamente. A CPT, por exemplo, em noia divulgada em
16
• Em Rondôni•, o Arcebispo de Porto Velho, D. José Martins da Silva, es1, propondo ao Governo que acelere a Reforma Agrária no Estado.Squndoele,all!mdasterrasdevolutas , "o Esl.lldo deveria faur um /cvanramen10 du ,Uanresau tire~ qut estio nas mfru dt un, pouros fazende-iros e desapropriil-las em bentffciodt milhares de trabalhadores que nforlmnada"(cfr. "ZcroHora",20-1-86; "Joma!deMontesClaros'',MontesC!aros, MO,21-1-86). • Em Cerejeiras, nesse mesmo 6stado, a Comisslo Pastoral da Terra informou que os invasoresdaFazmdaAhoOuarajus,de!ópejados, foram acampar no pátio da Prefeirura da cidade.Oprópriodifflorreaionaldolncrarc-conhcccu o canl.ter artificial dtsta iovasão, afirmando que realmente ''uns dos 'sem terra'Jlomesmoinvasoresecntraramalircccntcmcn1c" {cfr. "Jornal do Brasil",
~AfoUCISMO
40"
18-12-85).
e N0EstadodoRioGnidedoS11l verificou-
.se, na madrugada de 29 de out1,1brodo ano
CATOUCISMO-Mlrçodt1 996
priaçioem caráter de urg~ncia, para que o probkma não se 11grave"(cfr. "Jornal do Bra-
sil", 14-2-96). e No&it11dodaB11hia,osBispos,religiosos eleísos estãoquerendoump!anoaindamais avançadodoqueopropostopeloGovemono PNRA. Usando o mesmo chavão que seus colegas de outros Estados, considerarn 't!mido' esse plano (cfr. ''A Tarde", Salvador, 31-10-SS). • O Cardeal Brandão Vilela diz que a Reforma Agrária do Governo "não deve fazer medo a DÍIIJluém", pois,nasuaopinião, "não se irara de reforma ousada, mas sim modera-
da". Segundo ele, esta Reforma,! "o caminho /nicial muilo importanre" (cfr. "Jornal da Bahia", Salvador, 13-2-86).
Grupodos"SemTerra", p10venientedaregiilodeCampinas,chegaaoPalácio dolBandeirantes, onde apresentoo uma série de exigências às autoridades paulistas, durante uma discussão que durou várias horas
comoprioritáriasparaadesapropriação(cfr. "Diário de Pernambuco", 29-12·8S; "A Tarde", Salvador, 13-J-86; "Jornal do Brasil, l2 e 20-1-86; "Folha da Manhã", Campos, 23-l-86). eocomeúdodoplanotranspirou,oquedespertou um d=ontentamento generalizado entre os produtores rurais pernambucanos. Em categóricanotapublicadanaimprens.adeRccife,noveentidadesempresariaisrepresenta tivasdacla;;s.ccondcnararnoreferidoplano, eemdocumentodirigidoaoPresidenteSarneypedirarnoafasramentododelegadodolnera em Pernambuco e a volta do plano a Recife para s.cr reestudado, uma ,·ez que fora rcdigidosemqueac!assetivessesidoouvida(cfr. "DiáriodcPemambuco";29-l2-85:''Jornal do Brasil", 30-12-85e7-l-86: "O Estado de S. Paulo", 31-12-85). esyronSarinho,ques.c mostravabastante evasivonosdiasemqueestavasobofogocerradodascríticasdosprodutoresrurais,pass.adaacrisedeixouviràtona05s.cusvcrda· dórossentimcntos.Afirmouele quesós.crá possível a Reforma Agrária em Pernambuco med.ianteumamobilização'popular',paraque a pressàosocial leveo Presidente Sarncy a exigi-la. "Oueleba1enamesa,ouosusineirosefornecedoresderanainl'iabilizamacxccuçiodoplanoemPernambuco"(cfr. ''Jornal do Brasil", 12-1-86). • Parece que s.c insere num esquema de 'mobilizaç~o' acarta que 'lideranças religiosas' e po\ilicase'personalidadeslocais',reunidas num chamado Comi!~ de Apoio à Execução da Reforma Agrária, enviaram ao Presidente Sarney, exigindo deste apoio integral ao referido plano(cfr. "Folhada Manhã", Carnpos, 23-1-86). • Este Comitê, que deseja promover uma mobilização geral para que a Reforma Agrária váadiantenaregião,jáorganizouumatode protesto,dia2ldefevereiroúltimo,naFazendaPitanga,municipiodeAbrcuLima,recentemente invadidaporcercade22Ssemt erras. Oatode protestoscvoltavacontraoque qua lificoudeindefiniçãodoGovcmoemrclação aoasscntamcntodosmil{sic)invasoresque
CATOLICISMO- Marçodl! 1900
esbulharamasterrasdoengenho,queédepropriedadedafarru1iaLundgren(cfr."Jomaldo Brasil" , 22-2-86).
e Estainvasão,1ãoapoiadaporumcomitê quecontacomorespaldodc'liderançasreligiosa,', parecequeveio deencomendapara olncra,cujodelegadoregional,Sr.ByronSarinho,apressou-seaenquadraraáreaentre as caracterizadasporsituaçõesdeconllito,para possibilitaradesapropriaçãomaiságil."Nessascondiçõesondeocon.flítodererrasémais
sério - declarou ele - pedimos a de5apro
• Em Camaçari, tendo à testa o Pe. Paulo Tonucci,oSindicatoda5Trabalhadores Ru raisrcuniu-diz-se-cercadeJOOposseiros napraçacentraldacidadc,numatopclaRefonnaAgráriaecontraaviol!nciados 'grileiros'. O Pe. Tonucci leu, na ocasião, um manifesto condenando o 'abuso dos poderosas', tendooprefeito-tambtmpresenteàmanifestação-reafinnadosuadisposiçãodelu tar por 'uma Reforma Agrária ampla' e em favordalutados'explorados'(cfr."Jomal da Bahia", 16'1-86). eBiscateiras,pedreiros,alfaiates,bombciros ealgunstrabalhadoresruraisdacidadede Ilhéus, sul da Bahia (cerca de cem pessoas), forarndispersadosagolpesdeporretesetiros de revólveres, aotemareminvadirumaárea deterrasdaFazendaCajueiro,nomunicipio de Una. Postos para correr pelos proprietários, na confusão foram levemente feridos. UmacomissãodclesfoiaSalvadordcnunciar naFetaga'violência'dequeforamvltimas, dizendo-se'posseir05'queforamexpulsosda terra por 'grileiros'. Apuradas as coisas, constatou-sequenãoeramposseiros,masinvasores.Eas'grileiros'eramaslegítimosproprietáriosdafazenda(cfr. "OEstadodeS. Paulo",28-2-86).
Maniles1ação dos "Sem Te11a" em prol da Reforma Agrâria, realizada no Rio de Janeiro, em se1embro do ano passado
TFPs em ação Caravana agredida por comunista em Campina Grande CAMPINA GRANDE, Paraíba - Uma das caravanas de sócios e cooperadores da TFP, que percorrem permanentemente as diversas rea:iões do País divulgando pub\icações da entidade, foi vftirna, nesta ci-
dade,deagressãof!sicacomandadapclovereadorMillcioRocha,pcrtcncente ao Partido Comunina Brasileiro. Entre as obras divulgadas
destaca-seasegundatiragemdonúmeroespecialde "Catolicismo", baseado em mat~rias do "Pravda" e "lzve5tia", que atestam fiasco econômico da Rússia.
Aagressãoocorreunamanhãdodial7deste m~.quandoospropagandistas da TFP passavam cm campanha defronte do prédio da Câmara Municipal. Pretendendo sustar a ação pública e pacifica da TFP, o referido vereador do PCB deixou as dependências da Câmara, sendo aoompanhado pela Sra. Tereza Braga e pelo Sr. Felix Araújo, estes vereadores do PMDB. Investindo simultaneamente oontra os caravanistas da TFP, eles tentaram arrancar-lhes o estandarte e as insígnias, no que obviamente encontraram resistencia. Mesmo assim, um dos agressores oonseauiu apOderar-se da in.sígnia portada por um dos propagandistas,aqualdanificou,lcvandoademaisoonsigoumapartedela. Todo o incidente não durou senão cerca de dois minutos, porque os caravanistas da TFP, desejando que ele não tomasse maiores proporções, deslocaram-se cm sua lmmbi para outra pane da cidade, dando pancdoocorridoàpolfcia. Tendo cm vi&ta as versões inuatas com que o episódio foi noticiado pela imprensa local, a TFP fez publicar em seção livre um esclarcdmcnto, do qual tranr;cJcvcmos o sc11uintc trecho: "Canoe inteinunentede verdade a informaçlo veiculada por fo/hãs desta cidade se1undo as quais os propagandistas d~ TFP tenham fa/ado oootra o "paoofe" do Presiden1e Sarney. É iod1scurível ~ u direiro de o ter feiro se assim quisessem. É o que rim feito vários oposiro= desse "paoore", sem que as au_toridades policiais, e ~ enos ainda particulares, ~ imagin&SSCm no direito de os agredir e msu/tar. eateçe taml:>Mi de qualquer fundamento que a campanha da TFP contra a Refonna Agrária importe em incitar proprietários rurais a praticas-qualquer forma de rcaçlo ilqal contra os invasores de_ suas rem1,s:. Como t absolutamcnic no16rio, a TFP mio fez out(I coisa senio d,vu/aar pareceres de dois ilustres jurisconsultos pátrios acerca dos di· rci!osqueassÍstcmaosproprietáriosnocasodccsbulhodosrespecfi· vos imóveis.' Nlo espama que comunistas reorem se opor pela viol~ncia à açlo doutrináriaepacfflcadeanticomuoisras. Poisloque,consoanies•s dourrioasdcMarx,fazemosgoverooscomunis1asemtodasasinfclizcsnaçôcsdasquaisscasicnhorciam. É bem verdade que, ainda hll pouco, os comunistas se apresentavam ao pi!blico brasileiro como arautos da liberdade. Mas nero sequer aos ing~nuos essa pngaçlo liberal podia iludir. Pois t notório que, dessa forma, só defendiam as liberdades deles. SiTYa entretamo esse exemplo para abrir os olhos dos brasileiros para os verdadciros cfcitos da escalada quc o comunismo estll tentando cm nosso País. Mais do que tudo, fazemos voto! pari que abra os olhos de _nlo pouoru pccme<ilebistas, pc$SOl/mcntcdigoosdca1ençlo, quc conl'lvero con/iantemcnte com comunistas inscritos cm suas /i/dras ou cm agrupamentos polfricos aliados ao mesmo PMDB". Em seguida, a campanha em Campina Grande teve prosseguimento normalmente, e cópias desse esçlaredmento - estampado pelo "Diário da Borborerna", principal jornal daquela cidade - foram também distribuídas pelos caravanistas da TFP cm suas ruas centrais, sendo estes acolhidos com simpatia pela população. Dentre as manifestações deapoiocabcressaltaradodestacadoadvogadoAriRodri11ues,que, erndeclaraçõespclorádio e telcvisão,su&ten1ouaintciralcaitimidadc das pasições e da campanha desenvolvida pela entidade. A problemática a =peito do oomuoismo esteve cm foco também, poroutromotivo,naquelesdias,nacidade.Segundoregimounodia !& o "Jornal da Paraíba", de Campina Grande, o diplomata nmo Sergel Akopov, procedente dc Brasília, proferiu na noite desse mesmo dia uma palestra na Clmara Municipal sobre "a paz mundial e desarmamento".
PCB: "novilho tímido"... POR OCASIÃO do 64 ~ aniversário da fundação do Partido Comunista Brasilciro, o" Jornal do Brasil" solicitou ao Prof. Plinio Corrh dc O!iveiraumadedaraçãoarespeitodessadata. Reprodurimosabaixootextointegraldarcfcridadeclaração,aprescntamio cm negrito as palavras que o matutino carioca omitiu de publicar na edição dc 23 do oorrcnle . "Quando, há um ano atrás, o PCB reingressou no cenário po/ftico os1eruivo, despertou uma expectativa parecida com a do touro, no momento em que ingressa na arena. A realidade se mostrou bem outra. Sua figura presente t! a de um novilho tímido que um toureiro possante procura - sem grande resuttado - arrw;tar para o cenrro da arena a fim de dar certo colorido a essa rouroda sem graça, que está sendo a atualidade pública brasileira. t que a sl&Ja PC8 1raz conslgo pelo menos um11 cena cono1açio detraatdia,sangueiraeefic,cia. Nas cosias do toureiro o leiror pode prender validamtnte qualquer destas duas siglas: Teologia da Libertação ou JX)nto esquerda da CNBB".
Colômbia: proposto debate eleitoral BOGOTÁ - Na semana que precedeu as eleições do ini~io de março, ;a TFP colombiana publioou uma Carta Abcna aos Candidato_s à Presidência e ao Parlamento, sob a epígrafe Sejam vossas palavras s,m, sim,nlo, nlo, naqual~sugeridoqueodeba1 c p01íticoabordetemas dercalintercssedaopiniãopública,tomando emconsideraçãosuas autênticas aspirações. O documento, que foi estampado no jornal ''E! Tiempo'' parcelada cdiariamentc de25 a28 de fevereiro, salientava, de inicio, o desejo da TFP de colaborar oom os partidos p0líticos e as correntes de opinião pública, mostrando cordialmente os perigos que ameaçam o país, bem como o modo de evitá-los mediante uma iniciativa comum. Um desses perigos - sustenta - é a falta de comunicação entre a opiniãonacionaleosambientespartidários,osquaisconstituemuma espéciedec!ubcfechadode pollticosepublicitários,empenhados em imparaopaissuaooncepçãode interessenacional,nãoobstante csta limitar-se a um âmbito restrito. O fato de o público t er outros problemas, alheios aos que se refletem na p0lí1ica e que reperc,.ncm na imprensa, tem levado o eleitorado a uma pasi<;ão de apatia ame as clcições, com lndices dc absten<,ão superiorcs a 600/o. O exemplo mais notório desta discrcp!ncia - prossegue a Carta Aberta - foi o amplo apoio concedido ao movim ento suerrilhciro por setorcspartidibios e pelosmeiosdc comunicação,semqu e uns e outrosdessemouvidosaosinúmerosoolombianm;afetadospelasubversão impune. Assim, uma vez que os colombianos patriotas, e evidentemente a TFP comcles,anseiamp0rque avidapúblicareconquiste suaautenticidade ecoer!ncia,odocumcntopedc respeitosamcn1 e qu e,nodecursoda campanha,oscandidatos sc definamcomclarczasobre seguintcs problcmas cruciais que preocupam essa maioria silenciosa: a) aumento ga lopantedasubvcrsãomarxis1a;b)neccssidadc de proteção efctiva,pcl0Estado,dosdireitosdosddadloslesadospe!aguerrilh.a;c)proibição da entrada de armas do Exterior para os guerrilheiros; d) combate ,os fatores de dcsagrcsação moral, especialmente o avanço da p0rnografia, ·a iníiltração marxista na educação e a introduçlo do div6rcio. Ao concluir sua Carta Aberta, a TFP colombiana assinala que "a prote,çAo sempre eficacíssima da Mãe de Deus, $Oh a invocação Chiquinquirll (º), nos rccorda as maravilhas das restauraçôes, favorecidas pela Divina Providtncia, quando os homens sabem ~ emendar de ~ us rumos equivocados".
C,1,TOUCISMO- Mar.o de 7986
({} ~
Q
UANDO se fala em cstilo barroco, vem à meme umaépocaemqueavidanaamena,iníluenciadapelosnobracostumesdasoor-
1esqucdestilavarnà$<:.tmadaspopulartsboasmaneitas.Lembrase também de C%na doue%r de,,;. >7edavelhaFranç,a,da\"p<Xlldos
minurtosedasgrandesfrstasem salôe$, onde damas com saiasbalioecavalheiroscomcabeleiru empoadas moviam-se com cle&incia.NoBrasH,csseambiente,íavorecidoaindapeloourofácileabundanted:uMinasGerais, impuls!onouconsidera,·elmenteo desenvolvimento da ane. De tais valores, Antonio Fran cisco U sboa, o Aleijadinho, soubetiraromdhoretranscrndê-lm;, dando-llle$umaconotaçãomais i.acraleele,.·ada.Aquelaartebar-
roca,comalgodoespíritorenascentista,umtantopaganizad.a,cle soube transform.1.-la numa arte impreanada de intensa rclígiosidade,criandoumestilopróprio, quase medieval. Esta é a razão porquesuaobra.hojc,atraia atcnçãodos maiorcscritícosartisticos. Atémcsmoorenomado Germain Baiin, conservad or do MuscudoLouvrc,deParis,veio aoBrasilparaestudt-lademodo especial. Qualqucrestudo~riosobrea ancMOrrocabrasilcira-emcsmodaAmmcaLatina-nàopodescríeitoscmconsidcraropapclprepondcramequcdesempcnhou o Alcijadinho no dcsenw1vimemo de nossa5 ancs plá.sticas. OAleijadinhonasceunaantiga cidade de Vila Rica de Nossa Senhora de Albuquerque, atual Ouro Preto, em !730. Era filho naturaldeManuelFranciscoda CostaLisboa,portuguh, considcradoomelhorarquitetodaquelacidadc,cumacscra,·aocgra.
CATOUCISM0-~çodt\986
----'
Scgundodescri<,ãodeRodrigo Bretas,scuprimei robiógrafo, o Aleijadinho "era pMdo escuro, 1inhavozfone,afalaVTeb.irada,ororpochciocmalr:onfigurado,ocabcloprero, anclado,a barbaeerradaebasra,11esr1/arga,onarizregu/1rcalgum1an10 pome111lldo;Qfbeiçosgrossos,as orclhas1randeseo~cur-
1o"(l), 0<:&euaprendizadoquasenada &e 51be. Consta apenas que aprendeucomopaiaprofüsão de construtor. Com Francisco XavicrdeBrito,escultordeboa fama,quetinhavindodeSãoSebastilodoRiodcJanciro,aprmdeu a trabalhar a madeira. O abridor de cunhos da Ca.$1 de Fundição, João Gomes Batista, dcu-lhcaulasdtdcsenhoc pintura.Sq:undoalgunshistoriadores, o Alcijadinho possuía também alguns conhecimentos de latim (l) Aos29anosdeidade,oAleijadinhomontou scuateliere passouaatendcrosmais,·ariadO'ipe. didos.Suafamadeaninalogosc espalhoupelarcaiãocalhurcs Eraconvidadoparatrabalharmi constru<,õcsdeigrejasenac.1cultura de imaaem1 nas cidades de Mariana,SloJoãoDel Rey ,Sabarli, Conaonhas do Campo e ou1ros J11aares mais distamcs.
Talento m ultiforme DotadodeumacapacidadearlÍ!;ticatxtraordinliria,tm:onhccidoa1ualmen1ecomoomclhor mestredaartebarrocadetodaa Amtricalatina. Sequisesse,tc riafei1ofor1una.Masaquclc aênionlotinhaapegoaodinheiro, egastavatudooqueganhava Prcferiaterumamesafarta, dar esmolas. Além disso, distribuía
panedc suarendacmreosscus fifücscra1tos(3). Chamaaaten<,lodosestudiososaampLitudedagenialidadede Antonio Francisco lisboa, pois não é comum ser, ao mesmo tempo, tio grande artista na arquitetura e na escultura. 0.-rmain Barin, a propósito destes dotes, comenta: "'Dois homens dispu· 1am a alma do utiJta (... ). O arqui1eto-decoradorper1enceao mundo dos~uloXV/11; mas, no momenroemquec/epe1aocinulpM11modeluumaes1árua,sua
mento, Gcrmain Buin comenta: '"Mesmo na /rillia, "11 que 1anro anisra foi, 10 mesmo icmpo, a,qui/efo, pintor e ~i,lror, nenhum m1mumemo txiste em que se expr~ ck5rc modo cm todos osaspcctosopc-nsamcntodeum homemdegênio "(5). Quanto ao estilo do Aleijadi nho,algunscriticos,comoJ.MarianoFilho, a.ssinalamque "no sewr ornamcn1a/, Mestre Aleijadfoho se emandpou da maneira
vislodasformasiadcumho-
predomfoamenageraçloqueo anrecedera. Para r:ompro,·ame basraumr:orcjocnrrcacapc-/11mordaMa1rizdoPilar(Vi/aRica) ea igrcjadosTerecirosfranciscanosdomesmofogar"(6).
memda/dadcMédia"(4). Os franciscanos exerceram grandeinflu!nciasobrc0Aleijadinho,1an1oemsuaformação~ ligiosacomoarttscica. Trataram de enriquecer-lhe a inspiração atrav~delivroscomiluminuras medievais, vindos da Europa. Tal,·ezporcausadisso,oMcstre manifestou arande devoção ao po,·erdlo de Assis. Numa igreja dtdicadaaSloFranciscodeA!ó· 5.i5,emOuroPrcto,oA\eijadinho patenteou scutalcntoede,·oção de modo especial, esculpindo o altucmmad~iraemuitasoutras peças.Apropósitodessemonu-
peculiardos1Utis1asqueohaviam precedido.Afastou-scdosenrir
O calvário do artista Noaugcdesuacarreira,aos39 anosdcidadc,Ant onioFrancisoo Lisboaalcança grandefama. Asirmandadesdispucavamoseu serviço. Mas justamente nes1-1 época apareceramosprimcir01; sintomas de uma doença que o provaria até o fim dc&e,H dias:
nismo,fa.scúltimadeumcalvârio,durantc oqualreve!ouespfrito de resignação cristã incomum. O Pc . Heliodoro Pires transcreve uma descrição, feita por Rodrigo Brcta5, do estado do Alcijadinhonaderradeiraetapa de suaexist!ncia: "Aspá/pebrasinflamaram-lle, e pennanecendoneste esfadoofereciamà: vistasuaJJ,lrte inferior; perde11 quase 1od95 os dentes, e aboca enrono11-secomosucede freqüentemente ao estuporado, o queixo e o lábio inferior abateram-se um pouco: assim, o olhardoinfel.i.zadquiriu(:Cna«pressâosinisllaedeferocidade, que chegavaaa.ssustarq11emqucr que o encarassc,inopinadamente"
alcpranervosa. Aospaucos,da o vai deformando. Caíram-lhe primeiramenteosdedosdospés, depaisosdasmãm.Jânãopadla andar, sendo 1ranspartado parumescravochamadoJanuârio;ouentão,montavanumburrico.Oartistatomou-scacabrunhado,perdeuaalegriaeajovialidade.Procuroufugirdapresença dos liomcm, preferindo sair paraotrabalhode madrugada,e sóvoltarparacasaapósoanoitecer.Somente aféeadevoção a Nosso Senhor Crucificado davam-lhe forças para continuar otrabalho.Opavooctiamava, carinliosamcnte, "o Alcijadi nlio", Essaalcunliarnereceu-lhe a fama com que hoje é conhecido.
O apogeu: os Passos da Paixão e os Profetas Osescravosamarravamociniclernsuasrnãrn;semdedos.Dessa forma, esse ginio de alma grandiosaesofredoradeucontinuidade,scmdesânimo,aoacervoartísticoquchojeatraiaatençãodemultidões. Adoreosofrirncntodoartistadãoorigerna umnovoestilo,qucémarcado dcpaisnru Pa.ssosdaPaixão e nos Profetas de Congonhas do Campa. Foinessasobrasque oAleijadinhodesabrochouomclhorde seu talento: "Com os passos de Congonhas do Campo, o Aleijadinho - afírrna Bazin -, no ú/rimopcríododesuavida,apcsar desuaenfennidadecresceme,póde produzir, num rema à sua mcdida , as es1átuas que são 1a/vcz a expressãosuprcmade seugénio, reunindonelasrodososresultadosde sua expcrifnr:ia quenlo erasomen1eadoar1isra,masa do homem sofredor"(?). Ajudado par seus escravos, o Aleijadinhoreproduziuasccnas daPaixãoquevãodesdeaÚltimaCciaàCrucifixão,asquaistotalizam66figuras esculpidas em cedro.Sãosete =representando estaçõesdaViaSacra:aCeia, aoraçàonoHortodasOliveiras, aPrisào,aFlagclação,aCoroaçãodcEspinhos,aCruzàsCostas e a Crucifixão de Nosso Senhor. Nas escadarias da Igreja de NossoSenhordeMatoz.inhos,a paucadistãnciadospassos,foram colocadas suas maiores obras-primas: os P rofetas de Congonhas do Campa. Esculpidas em pedra-sabão, em tamanho natural,representamdoicprofetas do Antigo Testamento: Daniel, Isaias, Jeremias, Baruc, Ezequiel , Oséias,Jonas,Joel,Amós, Naum,AbdiaseHabacuc. Todas
(8) .
Nosso Senhor, objeto de ultrajes Passos, Congonhas do Campo
NossoSenhoratadoàcoluna - Pas sos, Con9onhas do Campo
elascommuitaexpressãoe,quase se diria,eloqiiência. Dosprofetasnão se podeafirmarqueseguemumestilodefinidamcntebarroco,oumesmogótico. Êumaobracommuitodc original, na qual dcst_acam-sc semblantes altameme equilibrados,semnadadctcatralidade vaziaoudocxcessodc&tfasede certoestilorenascentistaebarroco. O profeta J oel, par c~emplo, comoseupcítodesafiante,com umpcrgaminhonumadasmãos e aplumanaoutra,cornpcn etradodesuamissãoprofética,rcpresentabcmaquelequcfoioterror dos inimigos de Deus. Eledenunciarâacorrupçãodos costumes, aimoralidade de!óenfreada, e até mesmoa"abominaçAodadesolaçAonolugarsagrado".
de comcntáriosdcccnoshistoriadores. Uma dúvida pode pairar nos espiritos:umhorncmdevasso,corno alguns o apresentam, scriacapazde produz.irobrastào elevadas e sacrais?AleituradolivrodoPe. Heliodoro Pires, acimacitado, é bastante ilustrativa, cornoseveráadiante , parase compreend eraalmadoartista e seconjecturararespcitode sua conduta moral.
No fim da vida, resignação exemplar A vida de Antonio Lisboa é muitocontrovertida, emvirtude
"Talis vira, ffoisila"(Tal vida,talfim),rczaconhecidoaforismolatino. Assim,édifíciladmitirqucoAlcijadínhotenhasidodevasso,aornenosnaépoca finaldavida,depaisdeseconhecer a manei ra nobre e elevada com quesupanou tantotempa aquelaenfermidadeaté amort e. Emborasc,iacornprovadoqueo artistativessc umfilhonatural,o fato,desi,nãoautorizaacrer que ele vi,·essc nadevassidão.Esta não é concebível particularmente nosanos emque atcrrivcl moléstiafoidominandoscuorga-
Cenadacrucifüão(detalhedacabeçadeNossoSenhor) - Passos,Congonhas do Campo
Neste estado horrendo, o seu p0brecorp0jaz.ia "enfermo em cima de tr~s tábuas de um gira11 sofnndo,gemendo, e muifasvczesreuindo".Àsvezcs,olhando paraocrucifixopertode sculeito,pediaaoCrucificadoquc"sobre d e pusesse os Seus divinos p6"(9).
Quando delirava, o enfermo "via"passardiante de sitodoo cortejo dos Profetas, tais como ele oshavia esculpido.Contudo, SãoFrancisco eraoseu preferido e,alguma5vezcs,ouvia-scele dizer: "OhmeuSâoFrancisco, vieste?! Nilo me esqueceste! Quanio trabalhei p~ra a rua arre, para o teu culro/ Vieste/ Mui/o obrigado! Eu já esperava/ Muiroobrigado/".Tudoisto era entrecortado por jaculatórias a Nossa Senhora, frases esparsas do Hino Tora P11/chra es Maria e versiculosde Daniel,de lsaias, de Jonas et c.{10). Foicom essadispasi<,ãodees piritoque oAleijadinho, no dia 18denovembrodc l814,apóster recebido os sacramentos, entregou sua alma a Deus, deixando naterraasua extraordínâr:iaobra paraaadmiraçãodospovos,bem comournexemplodefidelidade eamordaCruz,dignodescrímitadoportodoofiel c verdad eiro cristão. TibérioMeira
' ""
l)Rodris<> J.,.; fm<ira Brnu ,Anrôruo Fm,cirwLJ,lx>I - O N tij-.imbo, Publicoçôe>d• DPHAN {Ministtrio da Educa,ao , s.Udc), 1951 , p.2' l)ldem,p.2J
l)ld<m,op.ci1., p. Jl . ' )GmnainBarin,IJ<ijadjn!Jo ,r L,5':u/i,-
""'&roq"• • uBitsil,BfüionduTornps, Paris,1%l, p. 275 l ) Pe. HdÍ<><la'<>Pir<s,l"ldr <Ob,-• <k A& r6'>iofr:mci,coLis/Joa,Livurio Slo Joot, Rio, l'Hil.p.56. 6)Id<m, p.79 7)Germainlluin,op. cit., p. 240 8) Pe. H,~odoro Pir,s, op. cio., p. 11 9. 10)1<1<-m,p. lll.
A REALIDADE, concisamente: e
Dis 5M'odios11 u to pia: c m 1974, o primeiro-mi nis tro SO·
ciallsta da Suéci a, Olof Palme, rc:centcmcntc: assassinado, quis ajudar o Vietnã comu nista . Com dinheiro ptlblico, naturalmente:. Resolveu mandar fazer lá uma fábrica de papel que seria a maior do Sudeste asiático, capaz de atender
a toda a demanda do país. Terminado cm 1982, o empreendimento custou 600 mi-
lhões de dólares, o dobro do preço orçado. Desde então, a fá.brica não conseguiu funcionar ininterruptamente: por mais de uma semana. Defeitos, falta de mat éria-p rima e ausência dos operários ao trabalho impediram que a produção anual subisse a mais de 22 mil toneladas, quando o planejado era 55 mil. Por outro lado, segundo relatório da Agência Internacional Sueca de Desenvolvimento, 17 mil operários são obrigados pelo governo a trabalhar no cone de madeira, sofrendo embora de sub-alimentação. Para compleiar o quadro, sabe-se agora que as florestas da reaião não são suficientes para fornecer a matéria prima necessária. Em resumo, é mais uma amostra das "maravilhas" produzidas pelo planejamento comunista, aliado às utopias socialistas.
e O anúncio do noivado do Prlncipe Andrtws da Inglaterra com Sarah Ferguson ocupou de tal forma o noticário da TV francesa, que o importante assunto das eleições le• gislativas reaaliudas no país passou para segundo plano. Quem sintonizava os canais, interessado cm saber se o Prefeito Jacques Chirac havia aceito ou não o convite para ser o primeiro-ministro do regime de "coabitação" com ossocialistas, tinha a seu dispor a descrição do an el de noivado oferecido pelo Príncipe à sua noiva: a jóia era composta de rubis rodeados de brilhantes. A noticia revela apetência e curiosidade por assumos que um observador superficial julgaria sepultados na França de hoje.Ofatoéque,naalmadosfranceses atuais-vivcndo sob um governo socialista - existem fibras que anseiam por valores distoantcs da vulgaridade do dia-a-dia: a vida da nobreza e o maravilhoso das jóias. • Por e111 usa de seu atraso ciendfico, 11. Rússl11., até há pouco, usava pessoas inescrupulosas ou firmas-fantasmas a fim de comprar computadores e peças para radares, aviões e fogueies no Exterior. Segundo o Subsecretário de Defesa dos Estados Unidos, Richard Perlc, os comunistas russos leriam, desse modo, economizado 50 bilhões de dólares em pesquisa e desenvolvi mento de novas armas, valendo-se das compras no Ocidente. O Governo Reagan, nos últimos meses, contudo, rcstringiu bastante a saida de material cs1ratégioo dos Es1ados Unidos. Por isso, de acordo com aquela autoridade norteamericana, "os sovi~rioos estilo-se vo/cando de forma crcs• cem e para a espionagem, ao se darem conta de que não po· derlo atingir o que desejam auav~ dos expedientes comerciais normais. Nlo detfrcmos o fluxo, mas o es1amos diminuindo". Inúmeras grandes firmas, apesar disso, encontram meios de burlar as restrições, continu ando a negociar com MosA quem aproveita essa culposa falta de vigilância do macro-capila.lismo ocidental? • A vida de prazens debilita o homem, é a conclusão do psicólogo B. F. Skinner, cm entrevista concedida ao
"USA Today", e que o "Jornal do Brasil" reproduziu em sua edição de 25-3-86. Apósdesfrutar um avidadegozo csegu rançaexcessivos, oindividuocontrairiaumaautênticaenfermidade,qualificada por Skinner de "liberdade nervosa", isto é, incapacidade de fonalccer-se para enfrentar os obstáculos do diaa-dia. Eram legiões os que , até há pouco, esperavam que a ciência e o progresso transformassem a terra num paraíso te_-:nicamente delicioso, do qual fosse banida por inteiro a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Agora se comprova, pelo testemunho de um cientista, quão longe da realidade estavam os arautos dessa utopia materialista. • An11:ola, tontrolada por 35 mil cubMnos. caiu na mlsé· ri11.. O pais, que já foi e:itportador de v1\·ercs, diamantes e petróleo, hoje impona a maioria de seus alimen1os. Em 1974, quando provinda ultramarina lusa, expor!ava 5,2 milhões de sacas de café; em 1985, 250 mil sacas apenas! Nesta nação, duas vezes maior do que a França, apenas 2~, de suas terras aráveis estão sendo cultivadas. Além do mais, o amai go\·erno, para se manter, é obrigado a pagar moradia e alimentação para a soldadesca de Fidel, qu e se instalou em Angola, além de dispcnder dois bilhõesdedólarescomacompradearmassoviéticas,sónos últimos dois anos. Alega-se que a luta do regime de Luanda contra o grupo rebeldeU nitaéumadascausasdcssacatastróficasituação. Entretanto, na época capitalista e colonial, apesar da atuação de três movimentos guerrilheiros contra o regime então vigente, o rico território angolano continuava produzindo. Dez anos de socialismo foram suficientes para arrasá-lo comp\eiamente. e s ujos, felosertpugnaniessioaspersonagensdehistórias em quadri nhos, objeto do mais recente modismo nas escolas none-americanas, comenta Terry Dodsworth. do "Financial Times". Desenhadas por especialistas em retratar o grotesco, tais figuras - impressas em cartões do tamanho de maços de cigarros - apresentam-se deformadas, provocando asco e repulsa. A série é significativamente denominada "a 111,ma da lixeira". Um dos desenhos {"Leaky Lindsay") solta protoplasma pelas narinas, outro {"Double Heather") tem duas cabeças, um terceiro ("Dirty Harry") nada num lamaçal, um quarto ("Jenny Jelly") está-se derretendo, e assim sucessivamente. Psicólogos afirmam que as crianças ficam tão expostas ao horror, à violência e a eventos macabros em nossos dias, que já não sentem ojeriza por brinquedos monstmosos. Nessas condições, que espécie de formação podem ter quando chegarem a adultos? A conaturalidade com o hediondo, que se vai tomando banal no mundo hodierno, é um sintoma frisame da escandalosa decadência da civilização ocidental ex-cristã. • Dez mil o,·os de Páscoa proceden1 cs de treze países foram expostos recentemente na Galeria Ostheimer, em Frankfun, na Alemanha Ocidental. A exposição tinha em vista manter vivo, nos dias de hoje, o velho costume popular dos ovos de Páscoa, ligado à comemoração litúrgica. O interesse pela pitoresca arte pascoalina, outrora cultivada quase exclusivamente no campo, tem crescido muito nos últ imos tempos, em grand es cidades germânicas. CATOUCISMO-Ahilóe1986
Uma visita a Genazzano, a cidade medieval santuário da Virgem do Bom Conselho ROMA - Enquanto o õnibus que me conduzia a Genazzano desembaraçava-se do uáfcgo agitado e enervante do centro
de Roma, csecncaminhavaparatranspor a Porta Maggiou, constatei com satisfação que não levava nenhum turista. Após vários meses de residlncia cm Ro-
ma, cu me acostumara a identificá-los cm todas as partes. Scoutrascaractcristicas nio tivessem, denunciá-los-ia a superficialidade com que pcrambuJam pela cidade eterna, incapazes de admirar as marcas seculares de História e de culcura, insensíveis às bênçãos abundantes que os peregrinos ali encontram.
Turistas c percgrinos -duasc\assesdc viajantes que divergem cm quase tudo. O centro da Urbe, outrora visitado por nwr.os de peregrinos provenientes de todo o mundo, está hoje in1urgitado des-
ses turistas que mal conseguem distinguir uma imagnn 'milagrosa de uma estátua de ídolo pagão. Pouca diferença lhes faz uma coluna esbelta encimada por um capitel corintio ou o concreto aparente de uma pilas1ra de metrõ. Seus olhos v!trcos só parcocm manifestar assombro quando oguiaturísticoinformaquan1osmilhõcs CATOUCl~ O-Atrilde19116
dcdó\arcsoudcycnsofcreccutalouqual museu de Nova York ou de Tóquio pelo objeto que se lhes mostra. Masdcstavcznãohaviaturistasjunto a mim. Pouqu!ssimos dentre eles saberiam da cxist~ncia de Gcnaz.zano, a 50 quilômetros de Roma. Muito menos poderiam eles compreender o motivo que me
movia a peregrinar a essa aldeia do Lácio. ScbcmqueoõnibW1dcixasscpara1rás Roma com 5CII 1ráfcgo iurbulcnto, não estava ausente, dentro dele, acxubcrãncia de vida que o povo peninsular denota cm todas as ocasiões. A vitalidade neste povo i enorme. Sobretudo nu criançu; rc-
Oração a Nossa Senhora G LORIOSÍSSIMA V.,.,..,,. M4rlil. ,k1J11 ,wlo rterno Ctturiho tmM
~-:,:.n:, :::;.::'!";::,.~':::::,;:: rttn1u1,wa,-efJIUOlomi.•fUl,izri,ltm.Obtr_.,.,.,,.~ relo~p,,cioso· Vanc,tl/'INF,Jlta,o,.,aatu,,.,.,p,tt:at1ot
, • alwlçtfo . . .,,. mn&
::::e: =~"~":'~,,.,o:u:r,,,r.r•p,o,,. ~.,.,....-.....a,o•u-.•,..1.•ru1J.
pretendiamdeixaropais,masnãoquiseram fazê-lo sem uma última visita à Mãe do Bom Conselho. Diante do quadro, seus corações de filhos hesitavam, pois não sabiam o que fazer para protegê-lo dos infiéis. E pediram que a Virgem Santíssima os orientasse. Nessa mesma noite, em sonhos, ouviram uma voz que lhes diziaparanodiaseguintecomparecerem diante da imagem e a acompanharem aonde quer que ela fossc. A1indo de acordo com as insuucões. os dois albaneses, diante da imagem, viram uma nu\·em luminosa que descia do céu e a envolvia, deixando-anocntamo visivel para eles. Ela era pintada diretamente sobre uma parede da igreja - um afresco, portanto, - e dali sc destacou, permanecendo suspensa no ar. E lema-
chonchudas,rosadas,olhareslúcidoscom reflexosdeinocentemalícia,procurando sempre comunicação nas imediações. Acenam para os que passam, interrompem a leitura do jornal de um velho ao lado, mexem na ces1a da scnhora em frente e dela retiram um ramo de hortelã que passam a mascar, pouco depois ... bem, elas encantam em seu bul!cio, mas são infindas em seus gostos. Tudo isso tornava animada, porém scm nervosismo, a minha viagem de peregrinação. Essa harmoniosa vitalidade não constituiu nenhum obstáeulo para eu recordar, enquanto viajava, os dados que já conhecia sobre o milagroso quadro de N'ossa Senhora do Bom Consclho de Ge-
Ahonraeoprivilégiodeabrigarevenerar a Senhora do Bom Conselho não coube sempre a Genazzano. A extraordinária pintura permanecera durante dois séculosnaigrcjadcScútari, na Albânia, onde havia atra!do a devoção dos católicos, transformando a cidade no principal centro de peregrinação do país. Com o passar do tempo o fervor dopovo foi-se arrefecendo, e vacilando sua fidelidade ao Vigârio de Cristo. Em 1467, quando morreu o seu último grande monarca, Scanderberg, opaísestavaàsbeiras da apostasia, rumo ao cisma bizantino. Coincidiam estes fatos lamentáveis com o auge da investida das forças do império otomano, contra as quais resistira incansavelmenteScanderberg,clepróprio pande devoto de Nossa Senhora do Bom Conselho. Enfraquecida dessa forma aresistlncia ao invasor, a Albãnia foi rapidamente dominada, permanecendo Scú1ari como último bastião de resistência, portm sem meios para prosseguir sozinha o combate. A situação trá&ica impunha a fuga daqueles que o conseguisscm, sob pena de caírem inevitavelmente debaixo do temível domínio do invasor. Giorgio e De Selavis, dois ardentes devotos da miraculosa imagem, também c,1,T0llClSM0-Alride\986
meme começou a se deslocar e,.. ~· 'eção ao mar Adriático, acompanhau" " certa dis1ância por Giorgio e De Sdavis. Cumprindo liieralmeme as instruções recebidas em sonhos, e abrasados de k, os dois avançaram sempre i.:om os olhos postos no quadro que se movia e não hesitaram cmprosseguirsuamarchasobreaságuas, quesesolidificavamsobseuspés. Duranteváriosdiasdetravcssiae!csnãoperderam a imagem de vista, atingiram o lito· ralitalianoeaacompanharamatéàsportasdeRoma,ondesubitamenteeladcsapareceu. Depois de ansiosa procura, tiveram noticia dc que em Genazzano dcscera do tiu um lindo quadro da Mãe de Deus, que começava a tornar-se fontc de milagrcs e objctodeperegrinações. Dirigiram-se imediatamente para lá, e reconheceram com indizivel alegria a preciosa imagem que os trouxera à Itália. Ela se colocara junto a umaparedelateraldeumacapelainacabada,cujaconstruçãoforaempreendida por Petruccia, uma piedosa anciã habitante da cidade. - Guarda, babbo! Ecco Genazzano! (Veja papai! Eis Gcnazzano!) A exclamação do bambino interrompeu as minhas recordaçõcs, c me anunciou que ntávamos chegando. Com efeito, lá se achava eni.:astelada no alto de um monte, a abençoada Genazzano.
Genauano fora domínio da família Colonna, e é um aut,ntico exemplo das cidades medievais fortificadas. Devido às guerras freqüentes, ora contra bárbaros cinfiéis,oraentresc~orcs feudais, as cidades (ou burgos)eram construídasem locaisquedificultasseoassédiodetropas inimigas e facilitassem a defesa. Eram circundadas por grossas muralhas com senlinclas a postos. E o melhor aproveitamento do espaço exigia ruas estreitas, muitas vezes íngremes devido às condições da 1opoarafia. Na pais.agem montanhosa da Itália, mais do que em qualquer outra parte da Europa, vlem-scessascidadesqueparecemvcrdadeirosninhosde águias, invariavelmente dominadas por altivas torres e elegantes campanários. Com o passar do tempo e a pacificação doscontendores,asconstruçõesiamscestendendoparaforadosmuros.Dcsscsváriosfatoresresultaraaquelcconjuntoquc cu tinha diante dos olhos. A vista 1cral da cidade me pareceu sumamente pitoresca. Um espirita desprevenido poderia, vendo à distância aquele amontoado de casinhas modestas e sem ornatos, ter uma impressão de uma esp,tcie de favela. 1:: uma cidade de camponeses, e que apresenta todas as qualidades da vida campestre de outrora. As casas construídas de pedras, com telhados resistentcs, são simplcs e velhas. Melhor diríamosvctustas-tamosstculosdclaboriosa existência lhes confere inegável respeitabilidade. O insulto do tempo fora modelando a cidadc,eeravisivel emtodasasconstru'. ções. Aqui umamuralhacorroidapelas intemp,tries; ao lado uma parede cscalaCATOLM:ISMO - Atn iit lS86
vrada; maisadianteumacscadadesgastadapelospassosdcdczenasdcgcrações. Naquasctotalidadedasoonstruçõesedos ambientes, nada que denotasse grande riqueza, mas sim um bcm-es1ar digno, vivido sob o influxo da Religião e da civili:zação cristã. Mas ... esca!guémresolvesscrcformar epintar'tudoisso,deixandoasparedesli· sas e brilhantes como novas? E se alguém asfaltasse todas essas ruassinuosaseimprevisiveis? E se os comerciantes começassem a espalhar anúncios luminosos por todaacidade?Cuidei logo de afastaresses pensamentos dignos de vândalos modernos. DeixemosGenazzanoencarquilhadacomoestá, maspitorescaerespeitável,comsuapopulaçãoalegreedespretcnciosa. Isto poderia ser legitimamente chamado anc de ser pobre.
Pobreza e arte, euasviaacada passo dentrodeGenazzano, enquanto me dirigia ao santuário. Logo à entrada, uma parte da antiga muralha da cidade, com as marcas do tempo. Embora construída com uma fi. nalidadepráticacvidentc, não estava ali ausenteacriatividadeartistica. Um arco de pedra simples e gracioso, acima do qual um escudo com as armas da cidade, adornando o muro não retilíneo, encima· do por ameias. Sob o arco um calçamcn· to bem cuidado, e sem a monotonia geométrica dos traçados modernos, dava acesso ao interior da área fortificada. Ruasdetraçadoirregular,estrcitas,si• nuosas. Quasesediriaqueoshabitantes dcGenazzanotinhamhorroràlinhareta. São vias e construções não projetadas, abertaspelocaminharquotidianodasgc• rações. Surgiram espontaneamente, organicamente, na medida do ne1:cssário e do possível. Uma casa se constrói porque há umespaçovago;umaruascabrercspeitando a posição da i.:asa; em seguida uma cscadaamp\aouestreitacomunicaduas ruas em grande desnível; um arco reforça duas construções con1íguas, mas ao mesmo tempo adquire uma função estética. Porque teria de ser tudo retilíneo e simétrico? Sem a monotonia do urbanismo plane• jado,acidadcadquiriuumafciçãocxtre• mamente pitoresca e variegada. Surgiu do labor das gerações ao longo dos séculos, cada um contribuindo com o seu esforço e criatividade. Ali está patente a prescn· ça do trabalho de todos, o que lhe dá uma personalidade própria, e todos se sentem identificados com aquele conjunto, que refleteumpoucodascaracteristicasdccada um e de cada estirpe. Impossível descrever cm detalhes uma cidadeemquecadaãnguloédiferente, cada casa é umaengcnhosaindividuali· dade, cada rua uma surpresa gerada e modificada ao longo dos stculos, e cada habitante uma curiosa síntese de passado e presem e, cm perfeita harmonia com tudo aquilo. Compreendo que turistas endinheirados e apressados não tenham sensibilidade e paciência para apreciar uma cidade
illcadllldodaH!flÍIOaiflciol!IIINrilll lOIOC.,;.flCblda1trli111111Çlopor1111Sllllplicidldl1lllr monill - telll ncia llll1 c•1ct1rl1toc11 Genaz-
ruelas•
assim. Mas há pessoas de bom gosto que sedeslocamdomundointciroàprocura de,;s35pcquenasj6íasarquitctõnicascurbanisticas,elaboradasporsucessivasgeraçõesgcralmentepobrcsenãoalfabcti· zadas, porém ricas em talento e criatividade.
Ladeirasfngremes,cscadasinterrniná\'eis. Tudo me forçava a percorrer lentamente a subida rumo ao santuário. Decididamente a cidade não fora construída por pessoas que têm pressa ... Mas cu aproveitava a caminhada para observarariquciadcambicnteseimaginaramultiplicidadedeestadosdeesplrito que se poderiam formar em cada recanto daqueles. E me encantava verificar que ali realmente não era necessário ter prnsa. Lentidão contemplativa - como isto faria bem ao mundo apressado de hoje ... Por que Nossa Senhora do Bom Con· selhocscolheraGenazzanoparasuaresi· dência, há 519 anos? Desfgnios insondá· ,·eis. Por ccno não a atraíam riq11czas materiais, pois ela mesma se transformaria no grande tesouro da cidade. Talve:zela se tivesse deixado comover pelas preces de alguma alma especialmente devota. Pctruccia, jánaavançada idadcde80 anos, havia entregue todos os seus bens paraaconstruçãodeumaigrejacmhomenagem a Nossa Senhora do Bom Conselho, e enfrentara a oposição e as criticas dos céticos de seu tempo. A miraculosa vinda da imagem mudara as disposições da população, permitindo a conclusão das obras ainda durante sua vida,
exatamente como ela anunciara. E na sua igreja repousa hoje, sob o olhar misericordioso da Virgem. Além de Petruccia, por aquelas ruas que eu agora percorria haviam passado Giorgio e De Sela vis, que fixaram em Genazz.ano sua resid!ncia e ali entregaram suas almas a Deus; o Bem-aventurado Su!fano Bellesini, ardente devoto da Mãe do Bom Conselho e vigário do santuário até sua morte em 1840; Papas e prfncipc:s por ali 1ransitaram a fim de rezar e contemplar a milagrosa imagem; e um número incalculável de devotos do mundo inteiro tem caminhado por ali, buscando a paz de alma que Nossa Senhora generosamente distribui.
Lá estava, afinal, o santuário. A igreja é o palácio dos pobres. E aquela exercia dignamente o seu papel. Em estilo entre renascentista e barroco, bastante espaçosa, ela contém um dos maiores tesouros da piedade mariana. Ao descer sobre Genazzano, a imagem de Nossa Senhora do Bom Conselho fora acompanhada por uma música celestial, ouvida por todos os fiéis que panicipavam das cerimõnias da festa de São Marcos naquela tarde do dia 25 de abril de1467.Emseguidae!aseaproximoude umaparedeinacabadadacapelalateral, ondeseencos1ouparcialmenteeatéhoje se mantém, sem nenhum apoio ou sustentação, embora pintada sobre uma delgadíssima camada de reboco de 31 por 42,5 cm. É um milagre permanente, atestado por uma comissão especialmente designada pelo Vaticano. Foi colocado diante dela um cristal, que a prmege e lhe serve de moldura, po~m sem a tocar, o que, por outro lado, lamentavelmente impede aos fiéis certificar-sedo espantoso milagre. Diante de meus olhos extasiados, por fim, se apresenta a prodigiosa imagem da Mãe do Bom Conselho, que o prezado leitor tem a oportunidade de contemplar na capa deste nUmero de "Catolicismo". A Virgem tem o Divino Salvador no seubraçocsquerdo,eestáligeiramenteinclinadaparaEle,cujorostoseencostacarinhosamente no dEla, num agradável convívioentreMãeeFilho. Um expressivo convite para que também a nossa piedade seja inteiramente filial. A mão direita do Salvador envolve com ternura o pescoço de Sua Mãe, e a esquerda lhe segura a fímbria dourada da tUnica. Os olhares não se encontram, mas parecem conter o inefável deleite de um na ação de presença do outro. Asfeiçõestêmnítidainfluênciaofiental, com olhos marcadamente mongólicos . Aurfolascircundamascab~asde Mãe e Filho, e ao fundo aparece um segmento de arco-íris. O traje é simples, mas o aspecto é de Rainha. Entretanto a priocipal característica da imagem de Genazzano são as constantes m.udanças de fisionomia. Ela acompanha os estados de alma dos que a veneram, como uma mãe carinhosa que se condói das atribulações de seus filhos.
Um impressionante relato dessa característica foi feito em 1747 pelo pintor Luigi Tosi, que recebera a incumbfocia de fazer uma cópia fiel da imariem para a cidade de G~nova. Ele atesta, juntamente com seis testemunhas, que considera "mais que difícil encontrar um pimor tão exct:lcmcmente hábil, que 5e lhe possa arribuiraglóriaeomtrirodehavt-laretratado e copiado com uma inteira e perfeita semelhança ao original. "Esta santa e miraculosa imagem prosseaue ele - muda a todo instante bruscamente de semblante e cores. Com efeito, por volta das catorze horas foi a santa imagem descoberta, e nós todos, presentes e abaixo assinados, a vimos com o rosto alegre, doce e am1frel, mas de cor pálida como de costume. Cerca das quinze horas, mudou de repente de semblante e de colorido, ap.a.recendo aos olhos de todas as testemunhas presentes com um novo ar de majestade, e com o rosto 1/10 inflamado, purpúreo e chamejante, que as maçàs do rosto pareciam duas rosas
Ai;ima.1esblttlt11ff9dalllslapair1sobr...C.1-.o~todt~dti-,dr1q1111ciranlaa lnéluo1npiÇO$ll...,.""Ulllla11ualbasikl, Cllll'ntiotummi$todtrmasanlil111Nuon
frescas e vermelhas. E esta imprevista, visibilfssíma e potentíssima mudança encheu a alma de todos os presentes de um grande espanto e ternura (... ). "Quando a imagem mudava de aspecro, mudava também o olhar e o brilho das suas pupilas. Se se mostra alegre e serena, os olhos se tornam majestosos e risonhos; se de cor pálida, assim se mostram as pupilas virgfoais; se com o rosto inflamado, chamejante e vermelho, os olhos ~ aprcscmam então mais risonhos, mais alegres, mais lúcidos e mais abertos ainda. E destas prodigiosas mutações nós, abaixo assinados, vimos com grande estupefaçilo e ternura, altm da aqui consignada, muitas ainda; de onde se cone/ui que a Santissima Imagem t obra mais divina que humana".
Abasílicaestevequasedesenanaquele nm de tarde, e eu pude contemplar lon-
gamente a miraculosa Mãe do Bom Conselho e rezar por todos os que me são caros. Rezei pela vinda do Reino de Maria, predito por Nossa Senhora em Fátima, bem como pela revelação da terceira pane do segredo. Pedi insislentemente à Virgem a volta do mundo às vias da civi\iz.ação cristã. Implorei que Ela preservasse o Brasil da investida comunista. Rezei também por vc«, caro leitor. - Andiamo, babbo! Abbiamo pregara abba.stanza! (Vamos, papai! Já rezamos bastante!) Absorto em minhas preces, eu não percebera que atrás de mim estivera silenciosarnente, durante não sei quanto tempo, toda aquela famnia simples e alegre com a qual eu viajara. Voltamos juntos para Roma, em animada conversa sobre Genazzano e seus habitantes, já agora irmanados numa mesma devoção à Mãe do Bom Conselho. JuanMlgue/Monles 11ossororrr5ponden1e CATOUOSM0-Atw1Ídl 1911i
O "pacote" econômico • no Jogo cara e coroa Carlos Patrldo dei O,mpo
º
preços e compromissos financeiros foram transformados emvaloresvigentesnodia28 de fevereiro por meio das tabelas de conversão, e os preços foram congelados por tempo indeterminado. Até quando? Este pode vir a ser um aspecto da face sombria damocda,queveremosmais adiante. Assim transformados e congelados todos os preços, emprineipiosereduzazeroa correção mone1ária, desaparecendo a componente inercial da inílação. Faleiacimade"pacotetccnicamente quasc- irrepreensível, pois ele apresenta algumasincoerências.Aforaos'!,/-,rios problemas jurídicos que ele envolve (que tem levado juriSlas de ren0me a declarar que o "pacote" é inconstitucional) e que não são objeto destes comentários, uma incoerência sobressai, do ponto de vista econômico. É o fato de os tinicos preços (compromissos) não sujeitos à tabela de redução serem os impostos devidos.Ora,aReformaTribu1ária de dezembro último foi elaborada pelo Governo estimando-se uma determinada inílação para o ano de 1986. Portanto, na lógica do " pacote", os impostos deveriam também ser reduzidos. Es.sa não redução representa uma1ransferênciaderendado
"PACOTE" DO Governo Sarney pode ser
comparado a uma moeda com duas faces: uma s~ria, atraente e inspiradora de confiança; e a outra sombria, ameaçadora e carrancu-
da, prenunciadoradccalamidades e tragi!dias. Nojogoqucscdescnvolve-
rá nos próximos meses, qual dasduasfaccsficaráparacima? Ao contrário do que acontece em umioaodecara e coroa, isso dependerá, em boa medida, da mão que lançou a moeda.
Amcsdcvcrasprobabilidadcs de triunfo de cada uma
das faces, examinemos com mais detalhe a própria moeda.
Ela chama a atenção por ser bcmcunhada,apcsardeapre~ntar alguns defeitos. Éum
planocoerente,lóticoetecnicamentcquaseirrepreensível,
cujo objetivo fundamental~ suprimir a componente inercial da inflação, que consiste
natransferênciadainílação passada para a futura, produzida pda correção monetária. Era necessário extirpar esse fenômeno, conhecido como indexaçãodacconomia,devidoao nívelextremamentealto da inílação. Como meio para se conseguir este objetivo, todos os
CATOUCISMO - Abrj OII !SOO
Na linha dos defeitos da moeda sobressaem aqueles provenientes do próprio tabelamento e congelamento dos preços. Muitos preços parecem tersidofixadosemnlveis incompatíveis com os custos de produção, surgindo o riscodeparalizaçãode fábricas e desemprego. Se o congelamento durar o tempo mínimo indispensável paradesindexaraeconomia, estes defeitos podem ser resolvidos. Caso se prolongue, então passarão a fazer parte da face sinistra da moeda.
A face atraente Descrita sumariamcme a qualidade da moeda, passemos agora a analisar suas duas faces. Vejamos em primeiro lugar aquela que seria inspiradora de confiança. Elareprcscntaafacedeum governante que pede a seu povo um sacrificio e que manifesta ao mesmo tempo um quê de arrependimento. Que rcconhece que a causa da inílação altíssima, responsável por tantos problemas para o seu povo, foiumapol!ticacconômicaqueresultouemdescontrolemonetário,juntamentecom uma hipertrofia da presença a:overnamentalnavidaeconômicadaNação(estataisdeficitáriasecaosadministrativo) (1). Ele agradece a colabora-
,_,,.,,m,.=,..,·•"""'"""" \ """'·=•n•.>*=""·''o dff,ci1 Pl)büro. . . ando pouca er"-"'» d.a po/if,ca no 1 mm"'"°'ºº·""""~~«'>* em 19115, 1J,B"I, 1984 e
NOlas I.O:,njunu,,aE.:on6mia.Fundaçlo
rot1/ta
Nomn«i1oda"'dll"1<:11dc-ca,u", 1pmisJoinkWetadedesequili"b.rio deCrWrrilh&s.AofilWdoaer-
Gccútio Varps. Vol. 40, n! 2, fev. 1986:
Apeardm1ummro.rclüdier«ff1.1,pnw,nimrcrdll<ri:n("iodoatsdmenro«on6micoeni1«ipafloik
setorprivadoparaopUblico, de montante não desprezível. Eisumoutroaspcctoda face sombria da moeda. Alguns alegam, como incocrência do "pacote'', o reajusteautomáticodossalários e o não tabelamento dos juros. De fato não é assim, pois ambas as medidas não afetam aeliminaçãodaindexaçãoda economia. O reajuste dos salários será aplicado em uma situação futura que se poderiaimaginar"desoongelada", dentro de um contexto geral deajustedosistemadeprcços de uma economia desindexada. Seo reajuste automático dossaláriosnãoafctaadesindexaçào, no entanto pode afetar a expectativa dos agentes econômicos, gerando pressão inílacionária e desemprego. Nàotabelarosjurosestána coerência do "pacote", pois os juros não são um fator de indexaçàodaeconomia,esim umaresultantequeindicaem que grau os objetivos estão sendo atingidos. Elemento, aliás, indispensável para a conduçãodapolíticamonetáriaefisca!. Congelar os juros nãoscriasóumaincoerência, mas também uma inabilidade das autoridades econômicas. Seria o equivalente à atitude deummédicoque,revoltado pelafebrealtadopaciente, resolvesse jogar fora o termômetro.
dc,o....,;r100U-1e,Mf111Jdoe<tinua•'a.'I
l
pttlinún.1rado8"nroCCJ1ral,odi-
r,c;,c1cc,ss1rrilh&s.=ardc5.7~
C01JfroledoffaJ!Mp<lblia>I.OfMfi. dt "operxicnw (ou rui)" somou J.7'!1>doPIB,co111,..1,6'!1>m119'4 e1.9=19BJ.Fin,Jmt111e,odifid1 nomin.al,oumaúaal.lffltfl1t,''1neauidadepobaldC'linandamffl10.do
m,
20.51it111/'8J. Alll!lpllaçjododtlld1do. !leforpdMicoacltl'tfouolKThcimodldi"'daplib~,em,ermosrew,btmromodluplM,lomoneráril.Awm,o niuodtcoloaç.ioh"quidaikrí1ulos
çãoprcstadapelosetOrprivadodaeconomiaaoaceitaraumcntos brutais dos impostos (pacote 1ribu1ár io de dezembro), que parecem ter permitido um equilíbrio no orçamento governamental, criando as condições para a implantaçãodo"pacote"dadesindexação. Mas pede novo sacrifício: umasignificacivatransferênciaderendadosecor privado paraoGoverno,implícitano "pacote", e congelamento provisório dos preços. Este congelamento vigorará duran te o tempo mínimo necessário paraqueadesindexaçãoseja implanlada, eospreçoscomeçarãoaserliberadosgradualmenteomaisdepressapossivel,decalmaneiraqueosmecanismos de mercado comecem a funcionar (2), a livre concorrência seja instaurada, colucroqueasdiversasatividadesapresentemorientcos investimentos, satisfazendo assim,adequadamcntc,asnccessidades da população. OGovernoprometesolenementequenão permitiránovos déficits nas finanças públicas. Garanteque,pe!ocontn!.rio, realizará sérios csforçospara privam.ar asempresasestataísc diminuir o peso do Governo para o País. Em suma, de convoca a Nação para a implantação de uma economiabascadanapropriedade privadaenalivreiniciativa , nacertezadequcisso
trará benefícios para todos, especialmente para os mais humildes.
públi.o< federai, foidcCrJ.,1,2 rri/h&s. enquanioonu"oda t>.>,emo, net:Jriaaju,tada wmou CrJ JJ.9rrilh&sem 1985 eo>dep6,iro, em m()<!,
cessidadesdefinanciamcn1odoseror púb/icoee)(pan<Somoner:Jria.Eru dopareceindi,·arque,sprcs<ôes<e · lem"'íarama, 'in2/doano,oque ajudaaemcnderaaceleraçaodaín flaç;lo. A npansao de .\11, de JM,5._, contrastacomor«ulrado >erificaJocm1984.de20J.5<'•,cde 1983, rom95"lo.
1:..n~~'~:!~~~ ::u::.~~Pj~:í~fo !~ CrtJr.:!:;;'crescimento ac,,muado dosmeio,dep.,g&1t1emos.11 1 ao/on ,
A face ameaçadora Qualéaoutrafaccdamoc· da'? Éa expressão carrancuda de alguém que acusa, apon tando à vindila pública uma causadainflaçãoquenão procede. Segundo ele, a causa da inflação não estaria no Estado, mas no abuso de comerciantes e de industriais que, sedentos de lucro, aumentam seuspreçosccxploramapopulação; nos fazendeiros que não produzem , poisdestinamsuasterrasparaacspeculaçãoenãoparaa produção. E procura engajar a população em uma tarefa de salvaçãopública:acusaraquelescomerciantesqucviolamo congelamento. Esse alguém aconselha os consumidores a que se agrupem cm comissões debairroseassociaçõescomunitárias, para controlar c vigiar os malfeitores. Ameaça convocar a policia, caso nccessário, para verificar seestá havendo açambarcamento. Edispõc-sc atém esmoairàs própriasfazendas,paraconfiscar aproduçãoeosanimais (3). Ele ameaça que o congelamento poderá durar muito tempo (4). Quando ocorrer o resultado natural da vigência pcrmanentede taismcdidasFaltadeprodutos,quedade
!~:~1~:d~::~;~;::.ª1~,,~~:~
2.Vàriosdeclaraçôesdo,ministrc»
dejunho,a"1<pan<.toem/2m=era de 135,9'!',, ao final de ,etembro, 270'!',, e em dezembro a1ingiu ]05,5'!', . . . , Emtntrerórraronfiguraa umento de liquidez, no ronceíto de mO<!da M1.porunidadedcproduro(P/8), dequa<e/4 .. em/985. Parec~por ,antoclara a rdaçJo cm~défid1, M·
dau··;~,r.~·;/ª·.-d,, ·-ª~b<'mde tidodequeoconi:elamento ép ro,·i· ,ór;o, e que o "enge,samen10" da econom·a.,,á,l'm·nadoquandoa, condil;Õc$daeconomiaop,rmit irem Al&un,falamemprazodetrê,ou,eis m,,.,. Esteúl1imopareceu m praio !onao Mmaisparaaljun,.,.ore,,cu
qualidadeeomercadonegro - talvezseesqueçadeapontarcomocausaasupressãodo sistemadepreços,neccssário para se saber o que e quanto produzir . masacusarádees· peculadores os industriais e comerciantes ''recalcitrantes", que se negam a produzir ou vender com prejuízo. Surpreendentcmentc,faztambi:m um apelo aos empresáriosparaqueaumentemseus inves111nentos ... Sepredominarcstafaccda moeda, aparecerá a fisionomia carrancuda e sinistra do socialismo, que termina por devorar não somente os empresários, mas também os próprios consumidores, na hora terrível do controle do consumo. É a hora do racionamento: tantos piiespor família, tantasgramasdemantcigaeaçúcar por pessoa, tan tas gramas de café por mês ctc,ctc.Éotcrmofinaldaintervenção do Estado na vida dopais. Qucodigamoscubanosenicaragüensesvicimas do "paraíso"dcD. Casaldáliga, FreiBetto, D. Arnsetc, ouoschilenosdaépocadeAllende. Paranãofalardosrusrns, habituados de longa da taàescassezeaocontrolepolicialesco
Qual será o resultado? Dequeladocairáamoeda? Do lado sinistro ou do lado
inspirador de confiança'? O leitorpoderásabê-loàmedidaquefor!cndoasnotíciasda imprensa. ~-linha impressão é de que elapenderáparaoladoinspiradordaconfiança . Outalvcz fique numa posição indefinida, jazendo numa irregularidade da mesa onde foi lançada, até que alguém decida colocá-la na posição dcfiniti-
"·Fa!ode mesa . Mas na rea lidade essa moeda imaginária está sendo lançada em areia movediça. E aareiamovediçadasreformasdebase(agrária, urbana), de um projeto para uma nova Constituição no qual a propriedade privada e a livreiniciativasãovili· pcndiadas e enxotadas. bem como de diversos projetos de kivioladoresdainiciativaprivada(porexemplo, a inamovibilidadedoempregado)(5). Nessearenalamoedadesaparecerá, ainda que cla tcnha caido com a face inspiradora deconfiançaparacima.Confiançaqueteráentiludesaparccido, fazendo com que novos investimentos privados não se realizcm,justificando maior intervenção estatal paraevicarumanovarecessào ... Este quadro preocupante não é irremediável. Contanto queseremovaaare1amovediçaeselanceamoedanuma mesalimpa.Ecomafacecerca para c1ma
jospr~osforam congelados em ni • ·es ·nr ·ores aos quede .,·amser emoma,;1ua,àodeequilibrio
Emprimeirolugar,aexistênciade oligopóhosnadatema,1:rcomopro.
3. Váriasmedidastomadasr,,loGo,
Em 1egundo lugar, considerar os oligopólio,comofa10,inílacionário poctderah'el /: simplificar demais as
\ernoesllonalinhaaquiapontada Niioafirmamoscomi1wqueo PO· derPúblicoprei,ndachegaràsúlli mascon,equências,qoeseriamo\o· ciafümo declarado. Compre,nde·se quealgumasm<:dida,dri"ica,,ejam 1omadasi:,ratornrefetivoocon11c· narp,rmanenleS. cnlào 4.Temsidoalegadoqueotabelamen toénecessárioemalgunsmorespe lae.,istêndademonopólio1ouoligo pólio,. Caberiamaquitrêsobsef'·a
,~
~~~;:ª. ~·e~i~~;~:; ~~~:~:º"'
E em1erceirolugar.não/:nece,\à. ,iocomroledosp r~ospara>e elimi narosolijüpóho,.lla,!amumapoh, 1icadeaber1uragradualdaeconomia paraoe<teroreaerm·naç.iodoema· ranhadodeconirolesic-rnamenta1> paraquoelesdosapareçam Esi,farn,aliás,l:reconhecidop, lo própr;oM inisiroda Fa,cnda S.Projctodolei nº S.%7,deauto. riadolidrrdoP.\1DllnaCãmara,d,p~!ado Pimenta da Veiga
Três gotas de progressismo • Uma gota de subversão para escolares A FIGURA DE São João Bosco, ccr• cadodcscusa!unos, que melhor se diria seusfilhos,écenaconhccida,dasmaisca-
ras e simpáticas a um coraçao católico. Ela se tornou mesmo um símbolo de como dc,c scr acducaçàodascrianças: a um tempo afeliva sem sentimentalismo e
firmcS<'mcrucldadc,a1raemce,ohada paraasaltascsfcrasdosobrenatural. O que, tudo, São Joào Basco reali.wu admiravclmcntc pela sua adesào incondiciona! e entusiasmada à fé católica e aos principiosqucdcladccorrem.Deixouele, após si. para pcrpernar sua obra, uma congregação, a dos Padres salesianos. Estamos em 1986. Os ,entos malfazcjos do progressismo dnastam a seara do Senhor. Também a congregação salcsiana, cm muitos de seus membros, infeli.emcntc não foi poupada. Dos gloriosos tempos de São João Bosco nada ou muito pouco restou. Assim êque, para este ano, a Editora Dom Bosco, dos Padres salesianos, lançou umaagendacscolardestinadasobretudo aos numerosos alunos dos colégios que a congregação mantém no Brasil. A agenda é entrecortada por textos que constituem, cm sua maioria, uma ode de lou,oràreformaagráriasocialistacconfiscatória desejada pela CNBB. lnclusi,·c é largamente citado o documento "Igreja e problemas da !erra", oriundo do órgão episcopal, já meticulosamente refutado no liHO, editado em 1981, ''Sou Católico, posso ~cr comra a Reforma Agrária?", do Prof. Plínio Corrêa de Oli~eira. cm colaboração com Master oi Sâcncc cm Economia Agrária, Carlos Patrido dei Campo. Silo Joào Bosco preocupava-se em conduzir os joH·ns a crerem na Igreja cada vez mais e amá-la profundamente. Agora, na agenda dos salesianos, um dos 1cxtos, assinado com a sigla JAP, afirma que "A Igreja cada , cz mais acredira nojo1·cm ". /\ in1crsão de '"aloresé. pois. chocante. É ainda esse mesmo JAP quem se encarrega de afirmar, de modo inteiramentegra1uito, qucosjo,cns es1ào querendo a Reforma Agrária. Num outro tcx10. este do Pc. Virgílio SSP. o próprio roubo. em algum casos. é,istocomsimpatia. Parachcgara essa posição,atécnicausadapclosaççrdotcé a de imaginar uma sirnaçào cm que um capitalistaagccomcxncmainjus1içacon1ra um pobre operário. o qual não tem outra alterna1ha para manter.se senão roubar. Ao mesmo tempo o Pc. Virgílio aprcscma essa sirnacão de modo tal. que
o leitor desatento fica coma impressão dequcclaéabsolutamentegeneralizada. E que. portamo. grosso modo, todo roubo praticado por pessoa não rica é pelo menos desculpável. Não deixa de ser sintomática essa atitude - eneontradiça também cm outros progrcssistas-dcincluirosladrõesnuma frcntellnica contra oeapitalismo. Diz o texto publicadonaagendasalcsiana: "Você sub1rai o dinheiro que cu ajudt:i a ganhar, remete para a Suíça. rindo-se da minha fome - e depois l'em me massacrar porque arranquei uma cor-
lançar, atravésdcsuaRegionalNordestc 1, um folheto popular cm que ex plora cm favordasubvcrsãosocialacrcn,anoPe . Cícero. Chama-se "livro da Romaria da Terra" (outubro/l98S). Abundam os conhecidos cha,·õcs sobre aparticipaçãocomunitária,sobreumsuposto anseio popular de Reforma Agrária, ataques aos ''grileiros poderosos". ao "opressor", ao "ricaço que vive folgado"etodaaeantilcnadacsquerdacatólica. A história do Pe. Cícero entra anifi cialmente no folheto, como pretexto pa-
reminha de ouro do pes,:oço de uma St'nhora ( ... ). Voei' me defrauda nn me empregar por um salário mínimo - e depois me joga na prisão por tcr roubado um quilo de arroz de seu farto supermercado ...
ra atrair seu.1 dno10s e lançá-loscomra o capitalismo. Rastalcrmo;ascguintccstrofe de um dos cânticos aí publicados, para nos darmos coma do ódio que anima a CPT contra a propriedade pri"ada: ..Caminheiros na c-s1rada Muita cerca prende- o chão Todo aram(' e porteira Mat:am <:Orlt: e fogueira São fru1os da maldição"
Quamo aos dois Mandamentos da lei deDeusquedefcndemapropricdadcpri,ada - ··Nãoroubarásc ''Niio,-obirnr.isast·oisasa/hcias"-nemumapala-
,ra! • Uma gota de artifícialidade É SAIHDO QUE no sul do Ceará e regiões circun,iiinhas, notadamemc cm Juazeiro, háumconsiderávelmO\llllCnto popular que tem por santo o Pe. Cícero, Sacerdote falecido cm 1934. Recentemente a Comiv,ão Pastoral da Terra (CPT), óriào da CNBO. r~olleu
Bem poderia, tal poesia, ser assinada por D. Casaldáliga, tanto pelo alto teor deódioquantopelabaixaqualidadeda ,ersificação.
•
Uma gota de grotesco
O DDlÔNIO NÃO É só mau. Ele é também grotesco. E suas obras reíletem o que ele é. Aquilo que pro\ém do Espiri10 San10 é ordenado, é benfazejo. O que
é soprado pelo cspiri10 das trevas é tor-
Alegria mundana e alegria unu, O MENllliO H>"'!-1 ,
WNlkh,
. . . . . . . . . . ,... . . . .ine.
No.-llnltoftlma~ N.-5-lloal .. Alqria.Tal
-~-•-•""""'-a161k1 ''A"lid.na"n. .•onnl..,.. •11••0----1
'llailllll...,_., alue, ==:,:, .. _.., ...
1-...-"·lt ......
. . . . . . . . ""'9,
Állriaaln""•·'"'-· ...,,. ...... , •• rllkll" Mraçia, Ntelt-..Wllh1
-==-•-= ..=,
. . . · - n,fff. . .
..au.a..f
1 ""9Rlltislórta411dou•I ... 111-,..11~UJ1reJa* lllasbulpaaiepta...uart
........... ,.,. .. -c1o.
l..._•l'NMf'l•llr-.4altpi . . . . . . . . . . . . . . pudt, .. ,q . . . .....,....,. . . . . .
-,.11ttlua••e•Brt
--.oat&tk--.,... .. _ _......ff'WII .. •
....... ............ ,. .......................... -----· ............ ,..c:,w...
·-....~"···---......... ......_,,._....,.. ..................__ ,
........ , . . . . . . . . . . HnSt'
. . . . . . . . . . . Mrpil
. ,__
.... tndoftldlola~
•• er. .............
. . . . . . , , . . _ _ wmmdll:
to, é errado, é maléfico. Tais considerações de ordem geral nos vieram à mente ao ler o opúsculo "Simbolismos e técnicas de Encenação para a Catequese - volume 1", de Frei Bernardo Cansi (Ed. Vozes, Peuópolis. 1985). Talfolhetovisaoriemareapresemarsugcstõesparaumacatequcsc:fcitaatravés de encenações. Não insistiremos no aspccto subversão que perpassa Ioda a obra. Desse ponto de vis1a, aliás, o que nela encontramos na• da mais é do que a repetição enfadonha das mesmas generalidades sem provas comqueoprogressismonosassaltaato· do momento. Para dar um só exemplo, eis o qucdiz o livreto: "A liturgia deve formar pessoas 'perigosas', isro é, genu quemloagiientaadivisilodec/asses,ase-paração escandalosa, indecorosa, injuS· ta entre ricos, que são poucos, e os po· bresquesJomilhôes". Trata-se, pois, de um programa para utilizar a liturgia como máquin a de transformação dos católicos em revolucionários. Porém, o que aqui queremos salientar a propósito desse folheto é um aspecto pouco comentado do progressismo: sua tendência para o grotesco. Uma das encenações sugeridas por Frei Cansi diz respeito ao simbolismo das frutas. Nela aparece um "personagem ,·es· lido de profeia"(só que o frade se esqueceu de dizer como é que alguém se veste de profeta ... ). Aparecem também três pessoas: "uma alta, outra média, a 1füi• ma baixa". A baixa diz: "Não importa o tamanho. Somos como as frutas, cada uma 1cm seu sabor, seu tamanho. Nenhuma é desprezada, tanto mais quando é madura". A média: ''Se você rem qualidades, mlose-ja orgulhoso. Jamais uma frvra se orgulhou do seu tamanho ou cor ( ... ). Amigo, faça romo as frutas". A alta: "De· vemos ser como as grandes frutas, quan. to maiores, mais devemos ser repartidos, divi'!idos aos pobres e famintos (... ). Amigo, não importa que vocé seja uma jaca, um mamão, se você é um caju, um figo .. . importa que você amadureça(... ). Viver é despencar·sc" Quandoacena atingeessegrauderidícuto, aparece "uma pessoa apontando aopo1·o"e dizendo: "Você é fruta que amadureceu ou que apodreceu. Você não rcce~ adubo .. . ? Essa mesma pessoa diz: "Se você tiver um inimigo é porque é fru. ta podre e inútil no5 galhos". Será que Frei Cansi se olvidou de que NossoScnhortevecontrasiumamultidão de inimigos'? As encenações grot= vão longe, como nesta ridícula inquisição: "Os participantes, rom galhos secos na mio, v.ão dizendo as siwaçóes, os pecados sociais e pessoais que devem ser queimados, ati· rando, por sua vez, o galho no fogo(. .. ). Alguém pode vir do meio do povo, rom tocha acesa e dizer: 'Eu, o Senhor, sou o fogo que guia os povos à li~rtaçio!'
(... ) Alguém cita os maiores problemas e 1njumças locais. ,om tição na mão". Há tamtx!m a encenação da vela acesa. Alguém "acende a velaevainomeio do grupo, afirmando com voz firme, pausada. passeando enue os participames: 'Vós! Digo: 1·6s todos! Todos 1·ós: sois a luz do mundo!'(... ) Alguém vem correndo de longe(... ) apaga todas as vda.s accs.as". l:ocasodesepcrguntar: não seria um prod!&ioapagarasvelasquenãocstivessem acesas'? Omcsmoapagadordevelas,querepresenta o demônio, "tenta apagar o círio e não consegue. Sare as mãos no rosto e se rerira dizendo palal'Tas ineomp~nsíveis". Só cabe um comentário sobre tal encenação: ridicu!a. A imaginação de Frei Cansi é fértil. Outra cena destinada a "fazerumexercfcio de /ibertaçlo. Agachados, aré o chio, como se rivéssemos que levantar uma pedra, queremos representar o esforço que a Igreja da América Latina está fazendo pela libertaçlo (. .. ). Todos se agacham e, lentamente, levantam os prostrados da América Latina e do Brasil". Scoleitoraindaresistir,aquivaimais uma encenação: "Organizar um monte de pedras(... ). Fazer a celebração ao redor das pedras". Ai aparecem qua1ro profetas com pedras nas mãos. Todos dizem: ''Eu ar iro uma pedra contra a divisão entre pobres e ricos". Um dos profetas defende as prostitutas: "Há pedras que os homens pisam sob seus pés. São as prostitutas". O lado extravagante e desarrazoado do proarcssismo vem à tona no livro, por 10da parte. Assim, pouco depois de dizer -eagoranãoéumaencenação,trata-se de um comentário de Frei Cansi - que "Povo é povo, na sua máxima expressão, na frsta. Povo sem fesra não povo", acrescenta: "Normalmente as festas rerminam com alguns na ,adcia ou ,om fa cadas, sangramenros ou ofensas por ,a usa de bebida(. . .). Âs vezes, nas festas, fala-seda vida alheia, fazendo-se fofocas ou diz-que-diz (... ). Enquanto a fam17ia esrll na fesra. os ladróes assaltam as moradias, roubam os animais. soltam o gado das fazendas!" Talvez algum progressista. querendo defender o telltO infeliz, pudesse alegar que o discernimento de Frei Cansi é um tantoabaixodamédia,equeogrotesco, o rid!culo de tais encenações e comentários não podem ser considerados frutos do progressismo . Mas, se assim fosse, porque então a Editora Vozes - um paradigma de empresa anlfica progressista - publicou o opúsculo? Ademais ela faz um rasgado elogiodofolhetonaúltimacapa,indicando tamtx!m outras obras do mesmo autor. Eosprogrcssistasnuncaerramoalvo quando se trata de tecer loas a alguém ... Gregário Lopes
e
CATOLICISf.lO-Abrildel986
Crescente onda de conservadorismo niversidades americanas silenciado na imprensa brasileira namaisexpressivavitóriadahistória do Partido Republicano. Masistoésóaexpressãopolítica,apontadoicebcrg.porassim dizer , detendência5muitomais profundas do povo norteamericano. Tendências que nosso, expens teimam em não ver. Bemdiziaumartigodo''TheDetroit News", de fins de 1984, referindo-se a esta teimosia: "Os
cxperts(. .. )parecemestarusando bitola". Oedific,odoprimiuvo centro do USIC Educational foundation i utili1adopara
st
ensinar
aos estudantesde hejeum.a melhor compreensão da empre$i privada. daliberdadeindi •idualedosvalorestladitionais
WASHINGTON - Os Esrndos Unidossãoumdospólosdamodemidadenomundoatual,senão o principal. O que ai acontece , maiscedooumaistardeacabarepercutindoemtodooorbc. ls10 éparticularmenteverdadciroparaonossoPais. tãoávidocmimi(araúlt imamoda.tãosôfregode ser"práfrente",scgundooúhimofigurinoquenoschegadeNo,·aYork. Foiassimnosanos60,cmque os meiosdecom unicaçãosocial nosinundaramcom imagensde hippies, conjumosrock,festivai.1 musicaistipo\Voodm>ek,easmil extravagãnciasqueagitavam os EUA de então Sempre desejosa de imitar, nossa sociedade acabou sendo pouco apouco impregnada por
tais moddos. Os novos hábitos soc1a1s,asroupas.asmús1cas,e atéonovolinguajarcaracteristicodenossosjovcnsdosanos60 e70,nãoeramsenãoatrampo•içãoparaomeiobrasileirodos ventosquesopravamnosEUA Entre!anto,nessepais,tcrrada modemidade,hoje emdiaoantigo está-.1 e tornandomo<lerno, e osvemosparecemsopraremscntidoopostoaodosanos60. Porém,dcstavezosmeiosdeoomu nicaçàosocialtêm-semantidoes tranhamemesiknciosos, comosc não percebessem esta importante mudança da opinião pública none-amencana. Ronald Reagan foi eleito em 1980comrato<lososprognósticosdos"expcrrs",ereeleitoem l984por avassaladora maioria.
"Catolicismo,.játcveoportunidadedeoferecerascusleitores uma extensa reportagem exclusiva (n~ 368-370, agosto/outubro de 1981) de . .... ) mostrando o ressurgimento nos EUA do bom gosto,doluxo, dasboasmaneiras, dos trajes recatados. da religião e da tilosofia conservadora Hojeapresentamosumomroaspectodessasalutarreação:acres cemeondadeconservadorismo nas universidades norte-
Dos "loucos 60" aos "conservadores
80" Rapazes cabeludos e de olhar pcrdido,moçasdesgrenhadastrajandobluejeans,greves,protestospacifistas,"sit-ins " ,marijuana , passeatasconlraagucrrado Vietnã,discursosinflamadosdos ídolos da esquerda ... Como os anos 60 parecem estar longe! Quanta mudança em \5 anos!
Ati nos trajes se reflete• mental;dade dos jo.ans co nmvadorts. como se po!le obsernr nos participantes da XV Conferência Anual dos Adolucentesdo Partido Aepubficano llAm CATOLICISMO - Abri ~~ 19116
Como diz uma manchete do "Washington Post", "os estu -
dantesrebeldesagorasàoconscrvadores"(l) George DeAngeloescreveno
"Observer", jornal estudantil conservador do Boston College: "A únic;icoisaqucrcstadoverdadcíro radicalismo é uma moribunda colcçiío de sentimemos
nostáigicosccaceus,enm,aiguns professaresmalsjove11s,quegos1ariam de reviveras tolices das
anos/960"(2) Com efeito, passeando pelos campioquese vê são moças de -saia,a!gumascomsapatosdesaltoalto,rapazesdecabclocuno, algunsdcgravata, ordcm,emuitodesejo de estudar. As tolices e o fervor revolucionário foram su~tituidosporscriedade e desejodetrabalhar.Osjovensagora sentem a gravidade da situação mundial,esabemqueavidanão é ílanação.Aatualgeraçãouniversitárianorte-americanaémuitomaiscompostadoquesuaan tccessoraimediata. Sil-im?Sim,aindaoshá.Mas enquamoosdosanos60erampara protcstar contra a guerra do Vietnã, os dos anos 80sãopara protcstarcontraocomérciodos EUAcomaRússia,eparaexigir que!ogocesseo enviodebense tccnologiaaospaisesoomunistas
Ídolos?Claro,sempreoshaverá . Mas,oquefoifeitodeta!llos corifeusdaesquerdaradicaldos anos60? Hojeemdiaogrande ídolo nos campitem7Sanos,e seu nome é Ronald Reagan, o presidentetidocomomaisconscr,·adordosúltimostempos, e como diz o .. Washington Post"- "a própria antitese da
contra-culluraquedominavaos campi doze anos atrás" (3). Em J980,4) f/o dosjovensde 18a2SanosvotaramemReagan Em 1984 foram 59"7o. Como diz umliderestudamildaOhioStateUni,·ersity: "Afinal lemos um herói, quase um modelo". Ao que o "Washington Post" comenta: "Qua5etodomundoooncordaqueoconscrvadorismose /ornou moda neste campus" (4). Umapesquisaentrequase300 mil calouros em 1985 , realizada peloAmerican Council on Edu cation e pelo Higher Education ResearchlnstitutedaUniversidadedaCalifómiaemlosAngcles, obteveimeressantcsrcsultados. Ern1970,3, 1"71doscalourossc considuavam da .. extremaesquerda",e33,S"lt 'esquerdis-
OCorpo dl TIIÍlllfflllllo dl Oficiais dl Ruen-1 IROTC!, uisllnll nu unifflsidides nortHmericlo!IH, lfffl sa amolidado nos últmos 1110S com o ffflltcimento do conser.,.dorismo. N1 loto, 1 fOfflllÇio de oficilis dei.se o,garõsmo, alunos llt Uniwnida dl f'mcllon tas".Em 198Staiscifrastinham caldoparal,8'i'te20,6'i'trespectivamcnte. De outro lado, em 1970, l'lt se consideravam da "extrema direita", e 17,l'lt '' conscrvadores''. Hojeascifras são l ,4'7te l9,5'7t,respcc1ivamemc.Os quescconsideramdo ' 'ccntro"aumentaramde4,,41;'t paraS6,7"1t . Oquequerdizerque está.ha,·endo uma miaraçãoda esquerdaparaoccntro,eda!paraadireita(S). Sobretudo C11mpre dizer que, enquantoadireitanosanos60e 70seapresentavacomoummovimentoemextinção,sustentado maispelusaudadesdoquepelu esperanças,hojeemdiate\aque temainicialivanasunivenidades. Oimen'l()sunodeativismoconscrvadoroosaunpi,cisoquepassaremos a analisar.
Falência da imprensa universitária esquerdista Osanos60c prindpiosde 70 presenciaram uma verdadeira proliferaçãodejornaisesquerdistasnoscampinorte-amcricanos. Era a chamada imprensa "subter· rãnea" ou "alternativa", cmão tidacomoaponta-de-lançadare· volta estudantil. Hoje, tal im· prensaquasenãoexistemais.Os poucosjornaisquertstamwbre· vivem por terem adotado uma ima,;em mais moderada. Outros, comoo"AmericanSpectator", então publicado na Universidade de lndianaehojemenláriodealcanoenacional,tornaram-seferrenhamentecoiuervadores. Tomemos o exemplo da Universidade da Califórnia em Berkcley.NilliUrnlduvid.adequeestefoiofocodarevoltaestudantil dosanos60.Diz-seatéquefoi BerkeleyomodeloparaafamosarebeliãodaSorbonneemmaio del968.Arqutlipodetodaaimprensaaltanativaesquerdistaera ojomal"ThcBerkeleyBarb",ali publicado,equeem l969eheaou aatin&irumacirculaçiode90mil exemplares. Entretamo, em 1980 o " Barb" teve que fechar, após ver asuacirculaçãocairpar1mcnosdelmil.
Ofeehamcnto do "Barb" foi s!mbolodofim dcumaera,ocpítomedasonede tantos e tantos jornaisalternativos,aindaontem nacristadamodcrnidade,ehoje mCnlJ peças de museu. O ano do fech amemo do "Barb". 1980. não foi só o da eleiçãodeRcagan.Elcmarcouo inkio de uma nova era na imprcnsa universit!lria. Foi nes.se anoquesccomeçouapublicaro "The Dartmouth Review". na presti&iosa.UniversidadcdeDart· mouth.Aocontr!lriodcscusantecessores, o "Review" nasceu ferrenhamenteconiC'TVador.Scu lematumabe<todesafioaoes· querdismo: "Nemo me impune ll=si1" (Ninautm me agride impunemente). Hoje cm dia o "Dartmouth Review .. é toda um.a legendaoojomalismoes1udantil conser,:ador, e seu fundador, BenjaminHart,tumadasfigu· rasemascensãonomundocon scrv1dordeWashin110n Comosefosscumaclarinada, oaparecimemodo"Oartmouth Review''detonouumavcrdadciraavalanchedejornaisuniversitirioscoruervadores.Nosúltimos quatroanos1emsidofundadas mais de 70 destas publicações. Comenta um aniao do " Los An· gelnTimes",comosugcstivotí tulode ''Osjomaisestudan1isal1ernarivosagorasAoconscrvadores":
"Estupublicaçõc-sscmanais, mensais,ouaréàs vezes meramente esporA.dicas ( .. . ), refle1em
o espírilo comervador de muiros estudantesdehoje.Ofatodeiais
publicaçõesesraremnas,;cndoindicaqueoconservadorismo(... )
es1llvolrandoa1erapeloinrclec1ualeidea/is1anasunfrersidades
( ... ). Ao ron1rírio da imprensa universirllriadosanos6'),osnovosjornaisa/1cmariVV<l'dcfcndcm o '5is1em1',isroé.ocapiralismo em casa e an/jcomunismo no exrerior" (6) Osgrandesjornaisaltcmalivn:s conservadores são economicamente sólidos, com orçamemos anuaisemtornodelOOmildólares.Masamaioriafuncionamais nabascdeidealismodoqucdc orçamentosatá.,·cis.Paragarantir aestabilidade das rcvistasj;i. existentes e favorecer o apareci-
mento de outras novas, v,riu fundações conservadoras tem criado programas especiais de apoio financeiro e ttcnico. Por exemplo,0UnircdStares/nd11s1ria/Counci/Educ1w·onalFoun-
da1ion, cujame1aé''ensinaraos eswdantesdchojcumamelhor wmprcensio da empresa priva-
da, da liberdade individual e dos valorcs1radicionais"(7).Alrnlde apoio financeiro esta fundação ofereoeumservii;ogratuitodeartigosechargesdosmelhoresjornalistasecaricaturista.sconser,,.adorcs, bem como ajuda tknica na J'::_paraçãoeimprtssloderevisAnálogo papel desempenha o lns1iw1e for Educationa/ Affairs, quetcmajudadoafinanciarmais decinqúenta re-·ii.t.uuni,·ersit,rias conscr,·adoru. A meta do IEA, segundo o "Wullinaton Post",,! "ofereoe,-p0n1osdel'is, 1amais1radidonaiscconu-n'adoresmu um,·ersidadts .. (8). Talvez a iniciativa mais original scja a da Consen·arfre Studcm Support Foundati<m, fundada em junho doano passado. Estafundaçiotstáabrindosedts em todos os EUA, chamadas CentrosdeApoio,masqueosjo,·cmjácstãochamandopl1orescamcnte de Casas da Darcita. Nestas casas, os jovem lideres cooservadoresencontramdesdealojamenlo a preço de custo, até avançados computadores para diagramarcimprimirsuasrevistas, ,·olamcs e p0s1ers, bem como auditóriosparaconferfociasesalasdeconvcrsaondctrocaridtias numambientesãoedistendido Nãohádúvidadequea nova imprensaaltemativacoiuervadora,·eioparaficar.
A crescente rede de organizações conservadoras juvenis O bito de um movimento depende, a longo pruo, de sua poiisibilidadededeitarraízes.Eii.so supõeorganizaçio.Desden:sanos 60,asúnicasorganiuçõesdejo"enscomprojeç:ãonacionaleram os You116 Amcricans for Freedom (Jovens Americanos pela Li-
berdade) e os College Republicans.Oativismoerecrutamento deambasforamfortcmenteprcjudicadospt"lostumulmososanos de60e70,emqueaesquerdapareciascraondadofuturo. Apardeumrevigoramentodas duasorganizaçõesacimamencionadas, osanos 80estão pr~ciando o nascimento de um sem número de organizações de jovensconscrvadores,vffiasdelas denivelnacional,catécomescri1óriosemWashington.lsmé umeloqiientesintomadequea amai onda de conservadorismo 111 juventude norte·americana nloémerofogodepalha. Talt omlmero,tal1diversidadeeoescopodo•tivismodei;taspujantcs oraanizaçõesjuvenis,quesctornatotalmcnteimpos5ivelfazerscquer uma síntese delas. A esquerda i' não mais tem mais o monopólio do aiivism o noscampi.Abandciradapuj ança eda modernid adccstá. ago ra coma di reita. Desdesir-inscontra o comércio dos EUA com a Rússia,atémnrchudcapoioà auerrilhaanticom unistanaNicariiJuaouemAngola,eisinegáveis simomasdequeosjovensconservadoresestãocadavezmaistomandoainieiativa,numambienteondeosvalorestradicionaisestãocadavezmaisnamoda.
O renascimento do espírito militar Explica o Prof. PlinioCorrêa de Oliveira, em sua consagrada obra RevoluçjoeConrra RevolucJo: "A farda. por sua simples presença.a/irmaimpliciramentf algumas ,·erdades. um 1an10 genbicas, sem dúvida, mas dc indo/e cerramc111e contrare,,'()/11ciomlria:acxi5rêociadcva/oresquesJomaisque a vidae pelosquaissedc,·emorrer-o queéconmlrioàmcntalidadcso-
cialis1a. roda feita de horror ao risrocàdor, dcadoraclodase-
j:Urança,cdcsupremoapcgo.tnda1crrMa. A existência de uma moral, pois a condiç;Jo mili1ar ~ roda e/a fundada sobre idéias de honra, deforçaposraaoserviço do bem e voltada contra o mal CIC"(9) Eranaturalqueaondadehippismo,so,:ialismoeimora!idade dosano160fosse1ambémuma ondadepacifismo.Opretextoaí estava - a Guerra do Vietnã. que,aliés.os EUA nunca quiseram ganhar. As passeatasantiVietn.ltornaram·seumdoscaractertsdistintivosdarevoltaestudamil. Cbeiou-se nos campia u tremos vcrdadeiramemeestarrecedores, como por exemplo a queima de bandeiras norteamericanasemmeiolO'igritosde ''aba.ixoofascismo!":eafamosa passutl de jovens veteranos da guerra. em Washington. na qualclesatiraramaochãoascondea>raçõesganhasnoscamposde batalha. Existenasuniversidadesnorteamericanaso chamado Reser,.·e CATOUCIS~D - Aln de 1986
Offlrers Training Corps {Corpo de Treinamento de Oficiais da Reserva),maisconhecidocomo ROTC. Este foi um dos alvos preferidos da esquerda nesses mm uituososanos,ecmmuitasuniversidadeselenãoresistiuàinvestida,tendoque fecharassuasportas.Deumaugedel77milrccrutas em 1%7, o ROTC caiu para apenas33milnoinkiodosanos
'°·
Mas,oomorenascerdoconservadorismo.afardaescávoltando aserentreosjovensoqueela semprefoi:s!mbolodoorgulho nacional e dadedicaçãodesinteressadaaaltosideais.Já eml980 o ROTC voltou a receber 65 mil recrutas,eem1984erameles220 mil.Eatendênciaéiraumentando.
OcasodePrinceton,umadas mais prestigiosas universidades dooEUA, é característico.Até os an<J!; 60, o ROTC fora um dos orgulhos de Princeton. Mas em l97l eleteveque serfechadosob apressãodospacifistas eesquerdistas,que chegaramajogaruma bomba nos seus escritórios. RealM,rto alguns anos mais tarde, contaagoracommaisde lOOcadetes . DizDave Harro,·er,umcadete do ROTC de Princeton· "Quando era calouro, algumas pessoascriticavam-meporserdo ROTC, mas hoje sou tratado com respeito. Quando caminho pelo campus de farda, as pesooas já náo zombam de mim" (10) . É precisodizerqueapartirdoterceiro ano o ROTC exige o uso constantedafardanauniversidade,!M,mcomotodososdetalhes da disciplina militar, porexem plo, o cabelo cuno etc. Outro cadete, Bil McClellan, diz: "Quando eracalouro,/inha medodevesrir aminhilfarda(na u11il"ersidade),pois me se111iafora de lugar, e todo mundo me olhava.Masagora,comumnúmerocada,·czmaiordc es/Udantes no ROTC, <" com a crescente onda de conservadorismo no país,çróoque osenudantesrespeiram seus companheiros do JWTC"(ll) Ocap. Byron Young , um dos oficiais do exército encarregado do ROTC de Princeton, comenta: ''Tem havido umaimensamudançanajuventudenossereanos cmqucpermaneciafastadoda5 universidades". Ele acrescenta qucestásurpresocomavelocida-
decomque estámudandooambientenasuniver-sidades,passandodeesquerdistaparaconservador(]l). De fato, estes depoimentos confirmamoquesevêpelasruas. Alguns anos atrás. um rapai de fardaeraobjetodemofa,quando não de insulto. Hoje, é freqüente ver pessoas dando tapinhasnascostasdosjovensmílitares.oferecendopa!avrasdeen-
corajamento e admiração, e concedendo-lhes precedência nos ônibus e lugares públicos.
Aofinalizar csteartigo,não podemos deixar de registrar uma interrogação: será que nossosjovcns,tãosôfregosde imitarasextravagâncias, em nome da moda, imitarão ag_o-
ra a moda do conservadorismo? O não fazé-loevidenciaria a verdadeira intenção deles.Ouseja,sóseguiramoda quando esta leva à imoralidade e ao relaxamento. Em outras palavras, a tão famigerada moda serve-lhes de mero paravento para propósitos ineonfessados.
Antonio Francisco Navarro
Discernindo~ di sti nguindo, r lassificando...
O rosto é espelho da alma t TALA U,VlÃOea inurdventrcualm.eo corpo. que. tudo oquese.PQssa /IUmo ref{er~se no ourro. f et,mo nt:sta terra o qut Ili» 4 dedo umhecr:r imrt>/iia1amen:e dos outros i o que elef tl{'I de material, i atravt.s de!IH prisma ql#I percdNmo.f o.s traçOJ" do espifilo. Tudo no h01nem, Sf! bezn lnterpn1ado, í indicativo de sua oJmd: um simples fnto pode r,velar um e.pirita au1oritdrlo ou {ltbil, o undar freqflt,itm,ente indira a resofuçilo ou a 1,ra,nstilnria da alma, e. ati o .w,,o l'(fl8fe a plaridet. t#. qw IOl.11 <la a a,ltaç6o ""' qu,: 5.e. ffllC)ive e.ste áU i;ltfufl,: àp/rltO humano. Entrettzato, • tudo no corpo hun:umo t expressivo, nado oi tanto e tilo flíimlro~ltMnte. cerno o rosto. 'Vele.# refinem com ln/llR., l'irtude:s {UI '1/mo. e tonzbim srus vd;íos. a hurmonio lnternaQ1m9 o dntmcah-ar d#II poixM, a, fkgrlQI e ohofrim011os. Sobn!tudo IIO dado tnlNJru1i, com o,pttlal rique.,:p. f) qut won do efPlrilo, romo 11m «à fiel f• kt6ntijka, o ttmbtY da vo: que o or11fnou. Por i.Uo 5uma _T ~ a , com aqildlpefSl)il'/dlcio. ,uove,~gUfl fr6pria ao, pur~ de. cor(lflo. de./iN: o ros10 ; o dfl olm4. Va, tdd fo n:, ala propriedade do rwto (1ft, tm alfltnt OIJOt, e.le. e.v,,lhard não só as C(lnlt;/Qlicas paturais o.o mnmo., virtM~ sobnnaturais e dc{eit(b dd iima alma, ma~aliap~, nda, dabl:n;4ooultJ•aldlf4odMná!. Como exemplo 1/e tnllfll}arlnria da blnçdr, ~ ~ ,onta o l¼. ki"""1,nie_.. ra a ~ito de Stttrttl h.1dr:Jp de lAyolzt: ' '1*SIIW flllOlldo !e cal({Vtl, pmffld qut seu snnbt'1nte. aif1amatt, 0$ pr~ua • ,que. o l)r,l.ho th t«Jo o,.. rmro 1111 0btandal'tl e der"tiq .IPm o llivino amr>r"lmpressloNUttt., per sua ~ . t o dirce.rt#m~to qw o P'ilpo l <'ão Xll 1tve dr> npititó de lamentttzfs, lusalisafldo os 1,açqs de ra, rpsto.
olhar,
.,_Ao
~í:.;~~f!'::-Jltil-:idv:~ z(:::/;,:;:t:J:~:nr;: da
ratótia» como dejtnst,r R,llgiãa. aPQ/o,wa t,rllhllllle: 'fJIMDU-llt .-ia,1m11e em ftzd,/a mrdeai.; "liuhJ O indirvvom (1!UV Pilpo. [)q?-ols:,jai utle.rbtdG ao li· bcraff.smo r:0141@, twnou-.e. um prefMlra db,t prinrlJ,,os ~ . foi 'fDndhmdó por R&l!P, (//Xl#1Ztou do i·arotictsn«, e eor,,e lmp,en«Mtt t dnc-
PCl'll4o ,m 18,'i4. No fi'ttle dtJ prllfrtlru /tr:t:, tm l.8.JI.
COffl
,1 dltOI,. gra11de Í'l111Q, ú1'Wtfn<4.l
fo1 a Roma f!ita ~ma audilN:il, com r, Pops Le.fú XII. Amip do s<'lttrdptt
~;;::;t;:~n/!fntJ:,";~":f{';:J:o':'t::::/::,:::::11/:e::i=~
~
~'!tS.'t:::1i,:t,;Jrt::=~~;:~~11dllda,
,ado morno, tm
d:n:~":Itf,Jw:':/;,:::~~~:::::s~==~ cãi'iJea,
"O S,mr Patit~ com J(1.:. ~ , (llflll/t trlsu ll1e disse; 'Çuahdrr ,\.iz n -ttcdJemOS6C'QIJVCf"SIU11o.lC0l'lL"4./j:aunQl~lf,rp,mlOI D,,drNotH
l."Wuhine011Pos1''.2-ll-84 2."Humanfaen""', 134-8} !:;:::,~d":onPosc"".S-1().8'1 ! . "'Wuhini 1onTimc,", 10-1 -86 6."Hum&nh<n " "·IJ4-8l 7. "US1CEFAnualR<))<>rt . l98l S,"Wa>hinJl OnPo,t"",12-!-8l 9."R.,.·olu;lo<Contr•·R"·oluçl<>". ""Diárioda,L<i,"".l'«l .• pp,)7<18.'>lo Poulo,1982 Prince1on. Reunions !s
)i;_·;~~•pect"". 11.idem.p.ll
CATOUCISMO - Atlril de 1S86
dJa~-atemas snn ~ar, diante f°" olltMt,r,o /«:li tk 'ª"°""'' Santo Ptldrc nri-di::bi 'Isto nfó wrlpmente, que e11 1JdU putt lltfpedlr411e-O~tfia~~de'1/,;J::t:/i;,g1~//Z:'/tr:;:,=~==::::.~'!sea':Z :os da Fwnra e drt ltdtla quererf(lln para eil. ull! ~ ~ ~
tstz7tt,:.
:;~~~5!::~;:~:l:~~:i=r~::=;/~'!s~~ ~i~:ri;is~ i.~:~f;f~~ªf:1:;~;.º.d~1:=~:r0·~~~-i;~·~~~ .~ fal ,: i- ,\ fortw an r..: . . d;-· 1/.'- .Jf'"!4J
C, A .
REFORMA AGRÁRIA Fatos recentes da agitação agrá ..ia o B ui/ l0tt5"quescmanifc:staram "com muitaapcssividadc'' cm face à Reforma Aanlria do Governo, que ele con~idcra "mui10 moderada", equc,naopiniãodn Purpurado,devcriamcreccroapoiodctodasascorrcntcsccatcgoriassociais{SJ. Em sua mcns.agcm dt Ano Novo, O. Avttar Brandão Vilela disse ainda quecon~idera 1986umanodccisivo,cntrcou1rasr~por· quescr, oda apticaçiodo PNRA (6). OPurpurado,nume5forçadcdefcndEro slo1anda Campanha da Fraternidade, disse nãoconsidcr.t-loumasoluçãoutópica. Para o Cardeal, "roda utopia t! sublimt, em si mt s ma, mu nem stmptt aplic1frtl na realidade concrtta",oqueo!cvaadar,comonorma de proceder, "ncmuropiadtliramt ,ncmlt-
l/llismosuspáto,comro,·trtido ta1t,is,·t·
Bispos pró Reforma Agrária
:zts,criminruo"(7). O C.rdeal diu e que, embora possa parC'Ccr queaCampanhadafratcrnidade11ioqueira nem a paz, nem a fraternidade, ao levantar um tema tão conllitivo como o da Reforma Agr.tria, cntretanto a intcnção dos Bispos - pe!o mcno1ade!c,frisou- "nlo~gtrarconniros, /evamar barreiras, preparar campos de
choqut.cstimu/arasfamosaslurasdc cl=" (8) .
DESDE Q UE SE INICIOU a atual movimentação aa,ro-socialista no Brasil, à testa dela wmprc esto:vc açodadamcntc I CN BB, bem romo vtrios dos Srs. Cardeais, Ar«bispos e Bispos brasileiros, que, atravtsdastubasdo IV P od<:r - o u seja, da imprensa. rádio e TV
-
não cessaram de dar apoio à Reforma
AarAria. Analisando algumas dessas dcdaraçõn sem a pretensão de apr~ntar, com iMO, um quadro eompleto dclu - ,·emos que as modulações variam de tom desde um aparente moderantismotranqüiliudor,atéanota agudacutrmiada dos Prelad0$inc:endiirios,tipo D. Pedro Casald:i.liga. Mas a melodia é uma W: a da Reform a Agrli.ria .
Contra a Reforma Aa,rária , em defesa do direi to de propricdade, ni oenconlram os 11m
Foi es!t mnmo Prelado qutm disst ao Primtiro /lfandathiodo Pffl que, fosse qual fosse oMírúsuo da Rtforma tdo ~rwolvimtn10 Agr;írio, a CNBB "Tht cobraria II e.TC('IJÇ;iO do plano de ttforma agrária nos moldes tsra bt/ecidos.. . "(3). Para D. 1,·o, aRcfor maAgrliriadcvt atingir os latifúndios " mesmo produri,·os" devcndo agora "scr considerado 1ubvmi,·o qu= falar corura a Reforma Agrúia" (4) , Em Sah·ador, D. A•·tlar Brandão Vilela. Cardeal-Primaz d0 Brll.'iil.cri1icou"cem15sc-
O pre odes
• Enquanto isso, em Porio Aleare a Regional aaúcha da CNBB lançau um hvrcto para ser distribuldo cm todas as missas dominkais, sob o titulo Pão e Terra, CompromiS50dc Todos. O!ivreto, que conta com uma aprcscn taçlodc l>. Jost MMrioStrother,sccrct.trio rcaionaldePastoral , csti mulaosseuslcitores a"con,·ersarem"comsciJscolc11asdetrabalhosobre ''comodtvcriaStrartformaagrá· ria". Ofolhctofalaaindatlll "assumlrocom ·
promüsodeajudarparaqutat~quccrias-
ventu
pronuoclamentosequn, deu m só Bispo que
seja.Assim estãoascoisas,infclizmeme, na Terra de Santa Crol,,, Silbicio 101al sob~ os dois Ma11darnentos dalei dcDcusqueasscauramapropricdack privada:"Nlofunarás" e "Niocobiçarás ascoi11&s al heias" . Oi. mass.ade declaraçõcs cpiscopaisem favorda Reforma Asr.tria selecionamoi ,atitu!o de amonragem, algumas das mai s signi ficati vas . que seguem abaixo: • D. Lucboo Mendes de Almeida , Sa:rct.trioaeral da CN BB considera a Reforma Asr.trla dernoradadcmais, ccm convCl'$.lcomoPresidcntcSameypediu ae5tcuma acelcraçãodas dcsapropriaçõcs,sobrttudo nas rcaiõcs dcconmto qr.trio(I). • J.t D.h'o Lorschdtt r, Presidente da CNBB, foi radical: "O Govt rno rcm que romar provi&ncias urgtntes para ckfla,rar ck vez o projeto da Reforma Agrária , sob pena do prognima cair no descm:liro da Naçfo" (2). CATOUCISMO-Aln de 1911i
res(referc-sca Deus)nloscj•m•isobjerivo de lucro de al,uns", bem como se empenha na busca. de "aç&sconcreras"incemivando os lcitoresa"oraanitar-separarcrmaisforçacm vim,damudança"{iornaldtado). &sundo O. Stroeher, a CNB B no Rio Grande do Sul está empenhada cm dois proj,:t0$: "cm (1,-or dos d~mpre1ados, e cm apaio A lura pela reforma agr~ria" (9). • Aind:ii no Rio Grande do Sul, D. Edmundo Kun1 , Bispo Auxiliar de Pono Alesrc, afir· man que "osdonosdatcrracdoplo"dc· vimi "mudar o seu coraçlo, desapcg,ando-se de si mesmos e de SCll5 bens su~rnuos" ( 10). U o Bispo de Pa.sso Fundo, O. Urbano Alll • >tr - sob cuja égide se mcon1r1 o movimcmodosinvasoresdafazmdaAnnoni-dcdarou que I Reforma Asrária "rem que ser rca/iuda#,cnlodaquiaalgunsmcses " (I I). • Em São Paulo, o Cardnl Arcebispo O. Paulo faarlsto Anu. cm sermão a 8 de dczcmbro na P raça da Sé, conctamou o povo a fazcr presslo par& uma Refo rma Agréria ' 'mais jun a " . Nestcscrmll.ooP urpuradoafirmou: "Há que se mudar a siwaçlo do cam pa, ou 0Brasi/ vai-sc 1ornarum pafsscfragcm, inabi11h-c/" (12). Maistardc,aoabri r aCampanhadaFratcrnidadc, disse O. Arns: "Com a campanha daFratcrnidadc,prctcndcmosconsc1uiruma 'conscicmiiaçlo'dcnortcasu/doPaís,para que ogo,·crno renha respaldo para realizar uma Reforma Agt1lria mai5 radical, embora muitopacificacjusta ... "(13) e Em Campinas, o Are.bispo D. Gilbffto Ptrrin Lopes, que u:m dado franco apoio à CPT eàsin,·asõesdeterrascm sua Arquidio«'Sf como, por exemplo, a de Sumaré, afirmou ser a TFP um movi~nio que merece desconfiança e desaprovação. A respci!o da Reforma Agr,riadcclarouqucesta··tur,cnrc,imprtfcindfrc/ p.ua mudar a fisionomia do Pais", cClljaneccssidadc"tmrapcloso/hos". &gundo ele, esta mcdida "é a democnuiuç;ioda 1crra c a l1rcja nunca es«>ndcu quc es/11 ncc:cuidadc era immcnrc" (14). • Em Maio Gros.ro do Sul, com a a~inatura do Arcebispo de Campo Grande, D. Vit 6rio l'••·•ncllo , a Regional E~trcmo-Ocsie da CNBB manifestou em carta aberta a insatisfação dos Bispos, sacerdotes, religiosos e lei· go1, pelo que consideram como "um enorme rerrocmo"no Planodc ReíormaAgrá riado Go.-emo, propondo-se ao mesmo tempo, "romo larcj11, conr inuar inccn1iva ndo as organiu çõcs dos uabalhadorcs ruraís " (JS) . • Já D. Eugênio Sallts, Cardtal•Arcchispo doRJode Jantlro ,declarou,apósemrcvista com o Presidente Sarney, que a Reforma A grária do Governo era uma medida a que dava scu apoio e cm quc depositava "grande cs· pcrança"{l6). • Ainda no Estado do Rio, D. Clemente bnard, Bispo dc Noo Frlburao e upocnte da CNBB, declarou que "os vo/os dos nossos eleilores deveriam se congregar cm torno dos ideais como o da Rtforma A 1r~ria" (17). • Tmibtm r>0 mesmo Estado, D. Mmuro Morem, Bispo de Duque dt Caxias, em carta lida cm todasas missasdc wa Dioccsc, cnumCfll "aoona,ntraçJodatcrranasmlosdcunspoucos" como um d0$ "pecados maiortf contra o Deus da Vida cStu Povo". Para ele, a ne, =sidad c de uma Reforma Agrária desponta oomoo maior problemado Br1si1(18). • Em lklo Horiwme, o Arcebispo Me1ropolitano, D. 5"-l.fim Fem1ndts dc Araújo. asscverou:"Nloacciramosapropricdadcscm limitaÇÕl'S, nematensloe viol~ndagcradas CATOLICISMO
~IMl1 9116
D. Helder volta à cena: sempre a favor da Reforma Agrária
~_..,.._....,.,-riM9 ........... ,,.__ --·-·.. _"..,..,_eapatl_. ...o~• "·• .......~ ,,.,.u........ ~.,.,,.... ......... s.c-- o.Hl!Ws,pan..-allcf_A....,_•~•fpnirM.-•ta...,_ .................. . ,.o...,,. ,......,...nr.... .,....,..,.Kel'__ D.Knr,D.lÁMAllA
------··-
· - - ~ '~'8craa&DNS•...........
-
10io...-;.a ...........1o__., . . . . . . .. . l:ahne~- ...
,
~ . A . a s - * _ _ . . , , ..,,_. • • • ,.,___,.,.,.,, • .,_,,,.. --~-,_,-llk.''tlj ~
Apbii, ..,,,_ .... .,,.. ..
(IJ,
,._......., •.•A.~nY,,_.. .. ..._ • ...,_. ... ._"--*-•.....,._ ,.....,,,.,,.,,.. ..... ...,,,,..,4,.,._1._,...... IIJJldl'".•JID&d,,
..... ,..- .......... •-.ufauaN~·--""""*..,.. ~iaid.,Ofll.•~de0....tltfftfe..,..._11i11411M''la..,.........,''
ntio "lnNfWD ,,.,,.,.,... ,ua tflfocMut ....., J1ff11 .....,..._ a •rt-1 Alf*rta. H
......., . ,
FC
-luta•• (:•ffi-..
a,.....,.~"--'111• ..,.__,_,..,..,,.._,onia .... ~-...
• 1toltfJ'I I Nd-1 "&rirk, u qM - ,-n rit pra... .... ..,._,_,c•..a1111 .,-"1~,cuar,.,..,.,..,,.,...,..,....,.,. .. ..,...._,_,,..~,/n!ltw"(l}. ~
ff.111.
Nélson Ribeiro, a CNBB e a Reforma Agrária QUEM FICOU PROFUNOAMLVfE satlsft lto com o "ma "5COlhldo pan • C1mpHh1 d1 Fn1ttnidade ckste ano foi Nélson Ribeiro, o Mlnislro da Reforma Acrliria. " Foi uma rsc-olba dfrioa", dedaro. ck, e l!IIO mosln qut "a litt}a rontinua tti>'indic,,,ulo". ,\ ümpaab cri1rli - sqcundo o ministro - " uma rony,;:itoda nacional fa>'Onl>'d"1oiacro-<"tfOrmÍ$1DO{I). l:'.le ,·i com euforia o pa~I dos edttlistkos H lmplant a,çio da ~ f - • All:riril , pois - afinaou - "o(>$ 11/I JJoj<t l<tmos a lgtt}• nos apoiando e ~ a ,·ai 1,,.,1, ali A dlllma p11lHluj1 desfc iu,ís a disc,usdo da Ritfwma Agnlrla" {?). P .... ele, "esses oi/o milll~ (!)de lraballladottu lndia/izados, eJ/1 orpni~o faofhtica da lgttj•, jamais p,trmilirio q"" Sf posl!tl'JUt pw mais ltmpo a Rdorma A.gnlrla" (J). &,uodo o Ministro, a CNBB dcs!tja "ronsc,~n//zar OJ trabalbadorn rurais, produlon,,· 1t propmtlÍrios runis wbn- a lmN1;a11 re•lluçlo d~ um• ttforma agl'8rla" (4). Nes5e ,;,atido, o ministro dl multa lmponl nd,i , propaganda 11ro-ttformls1a que a CNBB promovrrl no melo urb•no. ''A popalaÇ2o arban11 pred!UI ,wr ron5Cknllzad• sobtt o problema a1r/Írio". disse tlt, ac~nlando qut, "st do llou,·itr t..tt rrab•lllo dt con5Clttlfiaçlo, t$lts srgmitntos poderão, no faturo, sc,r surprrc,ndidos com• ntrnslo do problema". Ele ainda r11F1tiwu ser ncccssiirio qut a Reforma Agrária se torne uma rei>·indicaçio urbana, e não a~n,is um,i notícia urbana , como ttm 5ldo. E p:1ra l!óSO con1a com o trabmlho d• lgrcj• (5).
"'º'"' 1. " Foi••
ti< S. l'Hkl". lJ.12-15; "Jo,..i "' 11,w! " , l~ l-16: 1, .. ...... . ti< 1-driu", ••-": l. "G-", 22-U.fS;~. "0 Ea!Me tl<S. P•kl", U-l,16; 5, " t'ol•• ti< 1.°'""'1u" , .lf. 1-M: "0 Eslodod< S.PMIG".IJ..?-Mo"Tollootl<~.Poolo·· -o...,,..doto.
por e/a. NAo JJCBIIICrtlOS em annas, de nenhum
dosladosdor.:on fli10, msslu1arcmosp.uaq1JC rcrra (. .. ) seja direito de todos, dc,·cndo p0rtanto scr di>'idid11" (19J.
e Em Fonalcza, o Bispo Auxiliar, D. Gtraldo N•scirn-cnto, a firmou quc "2caus.aprincipaldowfrimcn1ode1anrosirm.losnossosn.lo éopcriododa sccac d;umç-hcnlcs, masaganlnda, acobica c a con crntraçlodos bens, dasriqutzasc, robmudo.da tcrranasmlos de poucos.(.. .) Ponant<>, a ncwa panilha (... ) dcvccontinuarno apoio àorganiuçAo,.is/u185 e rcivindicaç&s das comunidades, visandoa umajus1a rcforma agrllri11 c a mudanças capucs dctra.nsfonnar asocicdade"(20)
O Mirada todo vapor... llalr.. DINÂMICA da aplicação do PNRA, o ministro Néhon Ribeiro manteve, em Brasilia, uma reunilo a portas ftchadas oom os di, re1oresregiooaisdolneradetodososEs1ad05 , Ne:;tareunião, seaundo transpirou, foi definida uma metodologia 11nificada para a elaboraç}o dos PRRA (Planos R~ooais de Reforma Agrária), os quais começaram a ser acelcradosapill'tirdesseenoontro(l). e Em janeiro, vemos o Ministro do Mirad reunido , num seminAriotécnioo sobre a Reforma Agrária, com D. Luciano Mendes de Almeida e com representantes da CPT, da Conta.a;, do movimento dos Sem Terra. Evidentem~nte que a "inde$eji.w;l" classe dos proprietãriosfoiaprioriexeluídadcssa.o.oombinaçõe, ..• (2).
Neste seminário Nfüon Ribeiro di!iCUtiu, eomosreprc:scntantesdaCNBBedostrabalhadorcsrurais,osmétodosealtemativasde aneniamentos e a organização sócio. eeonõmicaquedevevi1orarentreosassenta. dos. Quem oonhe~ os amores do Projeto do PNRA pelas "foqnas comunitárias de 11propri11,;lo" (3), e a ojeriu d11 CNBB e de 11t:uJ orpnismos caudat.irios ou vassalos (CPT, Movimento de Sem Terru etc) para com a propriedadcprivada,t>Odeima&inaroquereJul!oudenareunião ... (4).
Oass.essordiretodoMiniwocchefc descu &abinete,JairBorin,afirmouqueoMiradnão Clt6preocupadocomoenvolvimentodcsctores da Igreja, do PT e da CUT nos acampamentos de invasorCl de terras: "Enquanto for mantido o e~rcndimcnto e o di'1010, os ma1izes idcolós1cos nJo pesam" (S). • Nélwn Ribeiro também manteve contato com o cotão ministro Pedro Simon, da Agricultura, para combinar uma articulação dos
doiJMinistfriosoomvistasàexceuçãodaRc· forma Agrária. Decidiram formar uma oomis· sloencarregadadeexptdircomunicadoatodos 0$ governadores de Estado, pedindo apoio ao PNRA e p;,.ra que eles amOMefll m qualqutt posslbllid•de~rnisli nclaquantoaoa.i.sentamcntodoi!colonos.Sc111ndoRibeiro,aRcforma Agr.iria "mio cnconrra ot!s11k11/os em qualquergo,·ernador",mas "seforderccradoa/1umprob/ema",pediráaajudadomininr0Simonparaconvencer1odosdancccssidadc da RcformaAgriria (6). e oisscoMinistroqucoMiraddcscnvolvcr,srustrabalhosem oonjun1ocomoMinis1ttiodaJuniça,paraimpedira"viollncia" dosproprictárioscontraos"possciros". Pretende ainda de realizar uma mmião com 1odososSecretáriosdcScaurançadosEstadosondehajaoonflitos,afimdeoonscauirque montem um dispositivo para combater essa mesma "viollncia" (7) Cabe notar que o Mínimo do Mirad vem fazendorepetidasrcfer~nciasà"vio!Cncia"no campo.Mas-taloomojásepodianotarno projeto inicial do PNRA, de sua autoria poucosep~paeleemsalvquardarodi· rC'itodosproprietários.Amcs,brandecontra es1esaameaçadadesapropriaçlo,ondchouveramílito.Aoqueparcee,desdequeumgrupodein~ll.50Te!oataqueumapropriedadeecrie um conflito, a wlução consistiria em que o Poder Público se, associasse aos invasores para os assentar nas terras assim arrancadas à força d1.1 mlos do proprict,rio, e n expulsasse datcrra,metcndo-lhenobolsoalgunstítu!os dadividapúblicarespt,,·eiscmvinteanos, equcninguémlcvaasério(8). e Na se1uidilha das medidas para abater os obsckulos à Reforma Aa:rária, Nélwn Ribei· roanunciouqueestão11t:ndofei1oscstudospa·
O programa do CIMI e da Comissão Pastoral operária para a socialização do Brasil
raacriaçãodcumaJuniçaAgrária,mediantcumgrupodctrabalhocompostop0rrcprcsemantesdoMiradedosMinlstériosdaJustiça,AariculturacTrabalho.Oministroe!otá eompmsa.,equertalproje1oprontologo,parasercncaminhadoaoCon1resso. TatanúnciovcmdcspertandoreaÇOOnoPoderJudiciário,acusandooMinistrodequereruma "Justlçadócil"(9). • Eoestrangulamcntotributáriodospropric!áriosruraisnãoémeroplatonismona boca dosrtpresrntantcsdoMirad.Olncraestáagoraacionandojudicialmcntcosfazendeirosem débito como lmpoi;toTerritorial Rural,que onerademodosufocanteaclasserural. Assim, é um programa de compressão onimoda ebrutalcontraoproprictárioqueest,scndo paulatinamente posto em pr:l.tica{I0). e Outrofantasmaquesclcvantanohorizome contra o propri etário rura!~ochamado censoagropccuário. Dc5dc20dcjanciro, SS mi l cntrcvistadorcsdolBGEiniciaramacolctadc dadosparacstcccnso.percorrcndofa.:endas, chtcar1.1,sítiosetodotipodcpropriedade!rurais,numtotaldemaisdccincomilhõesde estabelecimentos cm todo o Brasil. Há uma apremsãogcncralizadacmcmos,-,eiosdactasseru ralarespcitodosfinsúhimosdeste~nso, devido à fúriaconfiscatóriaquevcm tomandocontadossc!oresgovernamentaisen· carregados da Reforma A&rária. Isto, embora o l llOE garanta que nenhum órgão do Go· vernopoderáusaressesdadosisoladamente, porexistirumalC'iquea.i.seguraaprivacidade dasinformaçõesfornccidasaestaautarquia (11).
....
l."7~ollou'\ PonoAl<J,-,.21.11.a, l."'Folha<l<Londrina"",)O.l.M; ),Tói>ko74doproJ<to,apud""Apropri<d.<kpri..da< alivr<lnlciatlv1,no1ullo&aro.r<f(lt"mh!a"".PlinioC0< 1fadcOl iv<iroeCorlos Patricio<l<IC.mPo,P-«l 4."'FolhadcLondrina"",lO-!·M ~~'i:,s.Paulo",26-U6 2 7.'"FolbadcS.Pawo·· ... 11 ..,,JJ.J.M l."Apropriodadcpri,·ada•alh-'t•inldativa,noluflo IIÇO-«'tomWu.p.61 9."ZtroHoro",g.146 10."FolhadcSk>Paulo",16.l,M ll"FolMAatopcçu.iria"".IS.1·"6
!:;~.,
@AfOLICISMO e,;,o fJa. -
-=
111m.. , ~•alo Conh <1< .._...d: Tal. .. Tal. .... llq,o. 1,adoooDRf. SP>Dl,oo•JJ.,.. llua M>rtidl FrHffl<O, 66' - 01226 SAoPaolo.SP.1lua-Go>1a<a1<0,l9'-21100
r~..:J~1,<1im r.ar,<;l<O, 66S - Olll6 SAoPaulo ,S ~ -
Td:(Oll)lll3'!'1K.lll)
Com"'1'K&,:,<lor«•om,·i,,,,...;,;.oP<I> RoO<leó
~·p~·~.G;t'•:>< [di<<>r>. Rua~taltloq"",9"-
~:'jZ,':i...61~'.'~j,::.s: A,,.. o.•11<•, -
Futuro da Reforma Agrária no Brasil: Panorama de menor violência, mas crescente apreensão CONTINUA REPERCUTINDO Largamente na classe rural a eampanha da TFP, de di-
vulgaç!odruparecerespedidosporumacomissão de fuendeiros a dois ilumes jurir;consultos, os Profs. Sílvio Rodri1ueseOrlando
Oomcs,acercadodireitoqueassis1eaospropríctáriosdc,nocasodeturbaçloouesbulho descusrcspcctiv01imóvcis,defenderem-seà
mãoarmadacontraosinvasores Alémdapublicaçãointcgraldcambosos tcx1<>1cm52jornaisde21unidadesdafcdc-
ração, as duplas de propaaandistas da TFP oorutataramque,cm muitos lugares, numc-
rososfazendeirosv!mrecebtndocópiasxerografadasdessamatéria.Afonte-ouasfontes - d~ simpática distribuição é desconhecida da TFP , bem como da generalidade dos
fazendeirosqucre«btmcsscmateria!. Taldistribuiçioconstituic,ipressivosin10madaaceitaçloqueospareceresv~menconuando.Apenetracãod0$partcfft5sctornou, W1im, já hoje impossível de 5eT avaliada com preci~o. Em outros termos, sua divulgação vai-se tomandoincalcul,vel.
Decresceu o número das invasões. Uma colaboração da TFP para a paz nos campos! Édignodcatcncãoofaiodcquc,pelomc• nos att o momcnio em que este notici,rio t rediaido,caiumuitoonúmcrodcinvasõcsde terras.Eosjornais,!mfalandocadaveimcnos delas. lstosi1nifkaqueosor1anizadoresdessas invasões-dcmodogeralmuitoartiliciaisentenderamqueas\tuaçãojánãocstá1ãopropíciaparasuaatuação.Umsintomadissofoi anoticiapublicadapclo"Jornaldollrasil", emsuaediçãodei8dcmarçoúltimo.Seaun• doaqueleórallo, "numa 111irudesemprecedemcs na históri11 do escado (do Parani), o Movimenro Estadual dos Sem Terra, li1ado AlgrejaCarólic11,conc/uiuquc11formac.lodc acampamentos cm irellS privttd/U ou do 10-
•·erno nlocstisurtindo maisefeiro". Com isso, a paz nos campos cm nosso Pais parecc,porenquanto,terdadoumpassode melhora considerável. Fato esse que akara muito a TFP, edesfuuardi10$Uaprecnsõcs dequantoslamuriavamqucadivulgaçllodos pareccrcshaveri11dcocasionarcfuslodcsangue noagerbrasilciro.
Qua novo plano a CNBB apresentará ao Governo? Nãosalramaindaosplanosrcgiona,sdc Reforma Agr:uia. Nem sabemos ao certo quando sairão. Não sabemos lambem at~ que ponto os responsávC'is por tais planos terlo avaliado a viaCATOUCISMO
Atnóe1S86
bilidadedaRcíormaAgrária,easoasinvasões dcscs111fem e decresçam definitivamente. Umavez1ornadocrôniootaldescs111famen• to,issonãotrariaoomoconseqüênciaumminguamento da esperança de c,iecutar uma Rc· formaAgrliriapormão "popular""? A ser assim, que atitude tomará a CNB B, tloprcssurosaemverpassadaaplainaniveladoradoagro-igualitarismosobreaclasseru, ralbrasilC'ira?Comquc disposicão"oobrará" dogovernoSarney - oonfonnedeclaraçãodc O. lvoLorscheiter, presidcmedaquelcorganismoepi!.COpal, publicada pelo "Jornal do Brasil"de9-2-86 - a cíetivaçãodamcdida? Poroutrolado,estaráoGovernodisposto alevaracabosuapoliticaagro-reformistano scntidodepuracsimplesmemelançarasl'oUciasMilitareseasforçasArmadasoomraa massadaclassedosfazendeiros,aaarrandoosàunhaec,ipulsando-osdasfucndasoonfiscada$1
Emtalcuo,osfazcndeirosscperguntarão o que está acontecendo no Brasil. Ontem, eram perscauidososcomunistas. E, parafazercomquecssarcpressãocessasse, fez-sea abcrtu~. Eagoraverifica-scqucaperseguiçãonãoccssou, mastão só mudoudelado. Eospcrse1uidossãohojeos propric1áriosrn rais(rcformaagrária), amanhãosproprietá· riosdelmóve!surbanos(reformaurhana), e depoisdeamanhãosproprietáriosdeempresasindustriaisccomcrciais(reformaempresarial)1 Tr!s reformas já anunciadas na imprensacomocstandonocentrodasmctasgovernamcntais. É esta uma pcs.adaincógnitaquepairano ar,cparaaqualcrcscentenúmerodebrasileirosnãocncontraresposta. Anóscompete,nessequadrodeinccrteza, tomarumaa1iludedecircunspecçloinintcrruptamentcanalltiea.Econvidaroleitoraque faça o mesmo.
Para a CNBB, quem acumula bens é assassino dos pobres, e quem se defende contra o esbulhador, um provocador de conflito
A Reforma Agrária na fala do governo N~LSON RIBEIRO anunciou que o PNRA visa u.scntar, cm todo o Pais, l milhão e 400 milfamíliasemquatroanos,desapropriando paraisso43mi1hõesdchectarcs(I). Causasurpresaclcncgarrotundamentequc
ria, "n.to se coaduna com a lei, nem rom o plano aprowido pelo Presidcnrc" (!). Portanto,caminha-semcsmoparaconfücarcrctalh.arast«rasdos particularcs, dcixandoimactasasimensasárcasdevolutasdo
pretcndautilizar,cme.sca.lapríoritária,utcr• rasdopróprioOovcrno FWcraloudosEs1ados, ou as oferecidas por panirularcs. ''Essou ouvindo falar pela primeira vez nis-
PUblico ...
so", disse o ministro da Reforma Agnlria, acrescen1andoquc,utilizartcrrasdoOo,crnocdosEs11dosparafinsdcRcformaA&r'·
maiorlatifun diáriodoPais,ouJcja,oPoder
Squndo o ministro da Reforma Agriria. a partirdotrabalhode"conscientizaçAo''da
Estudo da TFP tem ampla difusão em círculos empresariais O PROJETO DE LEI n? 775/83, apresentado ao Congresso Nacional pelo Executivo, a respei10 do uso do solo nas cidades, às vezes chamado de projeto de lei do desenvol vimento urbano, constitui uma verdadeira Reforma Urbana, que subverte o direito de propriedade e prejudica a fundo a livre iniciativa em nosso País. Além do mais, é um largo passo no caminho da estatização de nossa economia, e agravará o próprio problema que se propõe solucionar, ou seja, o da crise habitacional. Estas são algumas das conclusões do documento apresentado pela Construtora Adolpho Lindenberg no 44~ Congresso Brasileiro da Indústria da Construção, realizado nos dias 14 e 15 de março último em Curitiba. O texto foi elaborado, a pedido daquela conhecida empresa paulista, pela Comissão de Estudos Econômicos da TFP. O estudo assinala que o projeto é dirigis1a e estatizante, e vem desacompanhado de dados e estudos suficientes que justifiquem 1ão drástica transformação no uso do solo urbano no Brasil. O documenlo aponta como especialmenle danosos à propriedade privada e à livre inicia1iva os tópicos referentes ao parcelamenlo, à edificação e à utilização compulsória (arts. 29, 30 e 31) bem como ao direito de preempção (isto é, preferência da Municipalidade para adquirir as áreas postas à venda em certas regiões urbanas, obrigando os proprietários a oferecer o negócio às Prefei1uras antes de concluir qualquer operação) - arts. 32 a 35. E ainda aquele que diz respeito ao "controle comunitário" (art. 47). A esse rcspcilo o estudo indaga se isso não representará a implantação, no Pais, de novos "comissariados do povo" do estilo da Revolução Russa. Segundo a Comissão de Estudos Económicos da TFP, está comprovado que u leis de zoocamento e os códigos de edificações, írcq0cntcmcnte prejudicam, ou mesmo impedem, a oferta de moradias a CllStos compallveis com as rendas dos setores menos favorecidos da populaçAo.
O documen10 sugere uma moção ao Governo pedindo a recirada do projeco, e a divulgaçlo dos dados, documen1os e estudos cm que se tenha baseado a elaboraçlo da propositura em foco, para que assim ela seja amplamente discutida pelas cn1idadcs do setor imobiliário e pelo público cm geral.
lgreja,uráponivelcolocaremprá1icaa5rne· tas principais do PNRA. Para ele, 1986será "o ano da implcmentaçlo da Reforma Agrária em sua plenitude". E acrescentou: "Até agora $Ó adoiamos mWidas emergenâais ( ... ). Qualquerpessoaq11crenhavis1ooplanosa~ queeleaind11niloen1rouem v;,or"(l). Admitindo que ao Jonao do caminho "po· demarontec-ertKUOSlillicos,m.ununca~· 1r11régiros".0MinistroafirmaqueaReforma Agrária "ur, fei1a sempre conrraríando pc,$0,U",eque, poriuo mesmo. "todosaq= ,~ que a defendem de•-cm es1ar unidos" (3). Segundo Néls.on Ribeiro. a Reforma Agrária "niio pode ser m11iJ 11diad11, nem minimi;r.ada, nem em nome de qualquer ripo de rom p/actncia a ser feita em ritmo lemo, pois nào há democracia auténtica q11e nilopanepor profund11sm11danças Kondmicas, enàohá mudançascrondmicasau1ln1icasquemJopassempelomcior11r11/''(4),
Paralevara\'anteessas''profundasmudan· ças",oMinimodo~liradcontatomuminstrumentokgal: o PNRA. A~rdeoboatoter,·eiculadotratar-sede um "recuo" e de um plano "muito mais moderado q11e o primeiro", o novo PNRA não alurouemsuaesKT\daoanterior.Ali:is,foi o que declarou o Secretiriodc Imprensado PaláciodoPlana!to,FernandoCésarMesquita: "OPresidemenA01iroun11dadaessincia do PNRA. Pelo ronrrllrio, as a/1craç&s que fezdotomaraReform11A11rilriae.lequfrcl" (S).
Um dos diretore$ do Incra, Moadr Palmeira, m1 dcclaraçõe5 es1ampadas na publicação canademe '' Lc ~,oir" {30.12-85), umiu-se à,·ontadeparaafirmar; ··Dizerqueanegodaçào é preferfrel i upropriaçlo é uma pre· ca11ção,·erbaldestinadaatranqüílizarose$piritos".
E,paranAodeixarmargemadúvida,aíestloasdcc!araçõesdopróprioPresidcnteSarney,oqual,aoressaharqueumdosgrandes desafios deste ano~ a execução da Reforma Agrária,reafirmouadisp0siçAodelevaropro. jetoatéofim. "EJS11bandcir11,1odososbrasileirossa~m,nlo1b11ndon11rci",accntuou o Presidente(6). Aindarcccntemente,aoreçebc,rabancada doPCBemaudihlcia,aarantiuae$taquc "o Go,=o n;lo daril um fJa$$O 11fti na C/fKU· ç,fo da Reforma Agnlria'' (7).
-
I ... OOlobo",2i.tH5 2."Folha<ltS.Poulo",l1·114!: 'J0<IW<lol:lruil", !J.2,16) l."OE11adod<S.Paulo",f>.114!:"O0lobo",l2·1H!
"OElladod<S.Paulo".f,.11.a! "Fotho<ltS.P1ulo",l1-IO.., ~"'OEaado<ltS.PAlo ... S..pl,Alri«Jll.!l·l.&6 7."Fotho<ltl.onclri.. ''.7·1.16
CATCN.JCISMO - Atnde 191li
TFPs em ação Argentina: plebiscito sobre o divórcio BUENOS AI RES - "Argentinos, hâ uma maquinaçAo que afirma que quereis o divórcio! Acreditais nesra balela? Peçamos jumos um p/ebisd10 a naçlo e desmontemos a farsa!" Este apelo, bradadoaplenospulmõesnasruascenuaisdcstacapital, por sócios e cooperadores da TFP argentina, bem expressa a tomad a de posição da entidade em sua campanha amidivorcista. Com efeito, a União Cívica Radiçal, partido ao qual pcrtcncc o Presidcnte Alfonsin, acabadcanunciarquescu projeto de introdução do divórcio deverá ser discutido em regime de urgência, proximamente. Ao mesmo tempo, diversos órgãos de comunicação social, mediante pesquisas realizadas, têm pocurado dar a impressão de que a opinião pllb!ica se mosua simpática ao divórcio. Em contraposição, convicta de que a opinião pllblica platina ~ de fato majoritariamente antidivor cista, a Sociedade Argentina de Defesa da Tradição, Familia e P ropriedade deu a público, nas páginas do jornal "La Nación", uma substanciosa carta abcna ao Presidente Alfonsin. intitulada Plebiscito para drrrorar o divórcio. Depois de salientar que os termos dessa consulta não podem ser coníusos, como acomeccu na Itália em 1970, a mensagem sustema que "se o Congresso resolver aprovar o divórcio, esiará realizando um ato de nulidade abso/ura, inaceitávt!I para os ca1ólicos argentinos, os quais se sentiriam coletiva e pessoalmente agredidos por ral decisão''. Dirigindo-se por carta a cada um dos membros do Episcopado, a TFP formulou apelo no sentido de que estes levantassem suas vozes em defesa da instituição da familia. O Presidente da Conferfocia Episcopal Argentina, Cardeal Primatcsta, entretanto, não parece decidido a intervir diretamente no debate. Indagado por um rcpóner a respeito, por ocasião do inicio da campanha da TFP, limitou-se a declarar que o apelo desta em favor do plebiscito "niio exprime II posição dn Igreja". Fato sintomático do vivo interesse do público pela campanha da TFP foi a obtenção, logo nos primeiros dias, do expressivo nlimerode l0milassinaturasparaseuabaixo-assinado,cnquanto emissoras de rádio e televisão, bem como correspondentes de jornais do Exterior, solicitaram entrevistas ao Presidente da TFP, o advogado Cosme Beccar Varella {hijo).
na verdade, um debllitamento dos laços a tf aqui existentes. E po ndera o document o da TF P es pa nhola qu e, em face de uma eventual agressão soviética "a dcsmobilizaç.io completa (incluindo o desarmamento) do Ocidente seria, cm rigor de lógica, o passo final dessa polírica de falta de vigilância anrc o imperialismo sovi~rico, dentro da qual tanto a retirada da Espanha da NATO (se vencer o "mfo"), como o debiliramento de seu5 laços com ela (se vencer o "5im")serio um passo deci5ivo". T al debilitamento, facilmente aceito pelos panidários de todas a.s entregas e de todas as capitulações, não é "a via da Espanha de Cid Campeador e da Reconquisra, de Felipe II, da ContraReforma, nem dos heróis da resistfoda contrn a Passionária e seus companheiros sangüinários", salienta o documento de TFPCovadonga. Concluindo, aentidadesolicitaaogovemoa publicação urgente das razões que o levaram a propor uma redução dos vínculos da Espanha com a NATO, no preciso momento em que a Rllssia dá mais provas de em nada haver mudado sua política de expansão imperialista. "E parece-nos - ressalta a mensagem - que a1uario segundo os ditames de seu amor A Civilização Cristã e à Espanha, os espanhóis que, no caso de não lhes serem proporeionados tais dados, se recusem a votar. Exatamente como os homens sensatos que se recusam a entrar com os olhos vendados cm um largo e incerto caminho".
Referendum sobre a NATO: pronunciamento da TFP espanhola MADRI - Dias antes do plebiscito realizado na Espanha a propósito da permanência ou não do pais na NA TO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) a TFP espanhola publicou no diário "A BC", desta capital, me nsagem ao pllblico. O docum ento analisa os aspectos paradoxais do problema , ou seja, o fato de o governo espanho l, chefiado pelo primeirominisuo socialista Felipe Gonzalez, ser favorá\"e] à permanência da Espanha na NATO, e portanto aparentemente empenhado em defender o pais contra uma eventual invasão soviética. Entretanto, a presença espanhola na NAT O - salienta o documento - será, de fato, muito limitada, pois o pais não ficará incorporado à estrutura daquele organismo militar, estando impedido de panicipar de suas decisõcs e de receber os benefícios decorrentes dos fundos de infraestrut u ra , destinados a mel horar panos, estradas e aeroportos. Nessas condições, o sim em favor da permanência da Espanha no referido organismo teria efeitos irrisórios, significando, C,l,TOllCISMO -A!rid! 1986
POR OCAS IÃO da Semana Santa, a TFP promoveu em sua sede rural no município de Amparo (SP) uma programação especial para jovens, que consiou de palestras, a reza da Via Sacra, representações teatrais e jogos ã maneira de 1orneios medievais. A sessão de encrrramento teve lugar em São Paulo, na Sala São Miguel, com a presença do P rof. Plinio Corrêa de Oliveira. Nessa ocasião, jovens arautos relataram, em tom de proclamação, o dia- a-di a daquela programação, dando especial realce às representações tea trais, cujos figura ntes transitavam pela sala e dirigiam a palavra ao auditório. Na foto, aspecto dessa sessão.
Ap,.,.;,1 Mimcelebredlno Sr1sil, 1 t.' Ili IIIIÍOde 1500- Ôlto dl V"1ttor Mlinlls, Mu1111 N1eional. AilldrJ111ffl1
Brasil: vocação e esperanças NO DIA 12 DO PRESENTE MtS, comemoramos com o descobrimento do Brasil, o desabrochar da vocação cristã de nossa Pdtria. Tf"riam idiia, os primeiros lusos quf" aqui aporraram, da missão a que a Providência chamava esta nação? Vindos de longínquas terras, como sementes flutuantes que a oceano deposllava em nossas praias, cabia-lhes crescer e ocupar rodo um pa(s-contlnerite! O primevo Mandamento "crescei e multiplicai-vos, eenchelaterraesl{jeitai-a"(Gen. I, 28} era-lhes então repetido pela vot dos ventos que cortavam a selva e pela luz do sol que o banhava toda inteira. O portugués do inicio do século XVI - estuanre de vitalidade humana - era fruto de uma civilização cristã ainda vigorosa, mas na qual os germes de decomposiçiío revoluciondria jd começavam a /ater sentir seus efeitos em profundidade. Nessas condições, ele, que acabara de enfrentar e vencer o desqfio dos mares, era posto inesperadamente ante o desqfio ainda maior das florestas imensas e traiçoeiras, de um povo a cristianizar, de uma terra semflm a conquistar, de uma grande naçilo a fundar. De outro lado os fndios, esses homens misteriosos que aqui viviam, de temperamento esquivo e reações inopinadas, indolentes para o trabalho mas dgeis e corajosos paro u guerru, e que uma ação civilitodora exercida com subedoriu e tato poderiu elevar. Imersos na superstição, estavam à espera - talvez inconsciente - da luz de Jesus Cristo que os resgatusse do paganismo idolátrico e da barbárie croel a que uma decadência imemorial os tinhu reduzido. A natureza tropical os emoldurava, impressionante pela sua exuberância, amearadora pelos seus perigos, deslumbrante pelas suas belezas. Nnte fantdstico conjunto, os elementos naturais sadios e os sobrenaturais deveriam amalgamar-se - com a conlribuição posterior do negro - para modelar, com vistas ao
-futuro, o Brasil que nascia. J! este inicio, i nta semente, que o célebre quadro de Victor Meire//es, reproduz.ido nesta pdginu, procura simboli~ar. A pintura uprnenta-nos, pairando acima de todas essas reulidades, como sendo o ápice comum ao qual elas deveriam reportar-se, a celebraçilo da primeira Missa no Brasil, que teve lugar poucos dias após o descobrimento. ta primeira bênção de Crislo, realmente presente na Terra de Sunta Crol, i o primeiro dsculo da Igreja a esta nução ainda em Sf"u berço, obtidos pela intercessão materna de Nossa Senhora, e a clamar a v()("UÇÕo crislã de nossa gente. E aquele Sunto Socrij(cio parecia d/ter também que era em torno da Soma Igreja Católica, e pela ação da graça, que elementos tão dispares enlre si poderiam encontrar sua unidade, formar um só povo, ter um ideal comum no serviço de Deus.
Quase cinco sicu/os de história se seguiram, com lances sublimes e c/audicaçôes, grandes dedicaçôese nefandas apostasias. Até que ponto, em meio à fumaça asfixiante do caos que envolve as naç&.s contemporfineas, df"Slliando-as brutalmente de seus rumos, ati que ponto nos i licilo ainda espuur que o Brasil cumpra integrulmente sua vocação de nação católica? Pergunta lancinante pelas incerteUIS que traz, mas consoladora pelas esperanças que levanta. Se, em meio uos acontecimentos apocalipticos que a Suntíssima Virgf"m previu em Fdtima pura todo o mundo, o Brasil seguir a voz que o chama a reencetar o caminho de sua ul1a missão, af então teremos todas as razões para crer na plena realização duque/a esperança qu~ pairava sobre a primeira Missa, com um sorriso e uma promessa de Nossu Senhora.
Invasões, Reforma Agrária e
invasões ilegais. Porém,nestecaso,aviolência - a guerra civil - não teria começado na reação. Pois toda reação é, por sua nature;:a, uma ação segunda, ocasionada por uma ação primeira, is10 é, o ataque,ainvasão.Aguerracivilteriasido começada, então, pelos atacantes em série, pelos invasores em série. O que é de clareza cristalina.
:s~:1!'~ª~:
. li:
QUEM entenda que pôr repaos às in~asõcs de propriedades grlcolas 1mpona em comba1er a reforma Agrária. Sou oposto a esta, ,orno às invasões. Não menos oposto sou a que se confundam duas coisas tão distinta.o;. E, no caso, a confusão e óbvia:
J ;oºi!;1i~~~i~o~
8
p~a':::~:~ti:1~~!
meio do qual a panilha do solo agrícola edecretada e levada a cabo pelo Poder executivo com bascemleL Se necessário, na última fase, a Policia militar é encarregada de expulsar das terras, que até há pouco haviam sido suas, o proprietário eventualmente reealcitranteemas abandonar.
2~~ ~~t~~~~sª
::ra:i~::s~ ~; ~e~:
tenticidadcaliásnãodcmonstradaconstitucm procedimento marcadamente ikgal.Elasnão sãodecididasnempostas em ação por órgãos do Poder público, masporturbasaglutinadaseimpelidasao ataqueporiniciativademerospar1iculares.Aoarrepiodalei, essas111rbas invadem as terras indicadas por seus mentores. Como se acaba de ver, em nada disto as invasões têm características comuns com a RA. Nesta perspec::tiva são até o contrário dela. Diante disto, se patenteia quanto ~ incongruente sustentar que opor-se às invasões importa automaticamente em criar obstáculos à Reforma Agrária. 3 ~esp~~rt,s:~~~:~~eS?iv1~eR~~:~e:se; Orlando Gomes, sobre o direito à defesa dos proprietários rurais em caso de invasão (os quais a TFP vem difundindo,
a pedido de fazendeiros), não cuidam da RA, mas das invasões. Quem afirmasse - como o tom feito, aos uivos, certa imprerua esquerdista - que o combate às invasões imJX)rta em obstar a execução da RA, acusaria o Governo de escandalosamente fraco. Poisestesereconheccria entãoimJX)tentepararealizar, através dos próprios meios legais já sancionados, a RA JX)T ele proclamada JX)nto-chave de seu programa. E, para ocullar essa vergonhosa fraqueza, o Governo se constituiria então, maquiavelicamente, em cúmplice da desordem e da violência. Pelo contrário, quem trabalhe para que a violência das ocupações não se cometa, a!ertando para isto a vigilãncia da inidativa particular, atua como defensor da ordem, e portanto colabora com o Governo no cumprimento da missão mais imediataeessencialdcstc,aqualéevitar a violência. 4 ~~f~~;i~~f;;::ss di~~i~~~e~á~~:~~:s t:; face das invasões, os Pareceres cm questão não são fatores de discórdia e de luta. Pelo contrário, eles não poderiam sermaiscaracteristicament emantenedores da ordem, nem mais pacifistas. Acusar os referidos Parcçeres de condu;:ir à guerra civil é negar a verdade evidente. A guerra civil é ateada por quem pregaapráticadaviolênciageneralizada, e não por quem obsta a que a mesma invasão violenta se transforme em fato consumado e impune cm todo o território nacional. Quem acusasse uma série de reações de fazendeiros - feitas à mão armada para defender suas terras - de se constituir em guerra civil, 1em de pressupor que essas reações fossem causadas por uma série de
s~;;::,t:~~~ddº; i~~~~ terra, porque a realidade sócio-econômica contemporânea tornou peremptos os artiaos do Códiao Civil (de 1917) em que se fundam os Pareceres dos Professores Si Mo Rodrigues e Orlando Gomes. Afirmar a hipótese de revogação da lei, combasenessajustificativa,nãotemfundamento no Direito pátrio. Absiração feita do inadequado dessa percmpção, importa ainda comiderar quantoéfracooargumentodosqucaalcgam. Afirma-se, com efeito, em setores da esquerdaeclesiásticaepolítica, que o estadodemisérianoqualseencontrariam asturbasdeinvasores,tornariainclementeeatéinumanaaaplicação, na presente crise sócio-econômica, da legislação aduzida nos Pareceres em questão. A isto cumpre objetar, antes de tudo, quetalestadodemisériadasturbasnào foi objeto de demonstração científica fundamentada. Afirma bombasticamente a existênciadessamisériaaimprensaagroreformista. Porém afirmar é simples. O que importa é provar. E. quanto a esta prova, os apologistas das invasões nada dizem ... Pelo conuário, a propaganda pró-invasões e, mais ainda, o próprio fato concreto das invasões, depõe em sentido contrário. Explico-me. Note-se antes de tudo que é diferente reconhecer a existfocia de ''manchasdemiséria"nestesounaqucles pontos do mapa do Brasil rural, e identificarcomoautênticosindigentesos integrantesheteróclit0sdascolunasinvasoras. E' destas últimas que trato aqui. E, como foi dito, provas da miséria destas enquanto um todo, até agora não foram apresentadas. Pelo contrário, no fenômeno das invasões, um fato há que chama a atenção. Os jornais não dão (ou quase não dão) noticiasderevoltasdetrabalhadores rurais famintos, que imporiam a partilha de terras de fazendeiros gananciosos, os quais lhes estariam a pagarsalárioinsuficiente.Ouentãocontrafazendeirosdesidiosos, que deixassem incultas extensões de terra que os trabalhadores poderiam aproveitar. Quanto a mim, que tenho acompanhado com alguma regularidade o que di:i: a imprensa sobre as invasões, não 1ive sob os olhos um só caso des1es. Tudoissotevaaconcluirquenasrelações de trabalho agricola há, pelo menos em linhas gerais, mútuo con1en1amento entre empregadores e empregados.
CATOI.ICISMO ~ M,ll~ 1986
As desordens, as espoliações, os esbulhos, só - ou quase só - procedem de !Urbas de invasores. Ou seja, de gente que vemdeforadafazenda. E,note-se bem, não li um só caso de trabalhadores manuais que, em presença dos invasores, se tenhamsolidarizadocomestescontrao fazendeiro! Ora,scfossemt!iofreqüemeset!ionesrasas"manchasde miséria"naagricultura nacional, por ceno os astutos e ágeis provocadores da agitação agrária já teriam tentado aproveitar essas "manchas", para as transformar em bastiões daguerradedasses e darevolução social no interior das próprias fa,:endas. Tudoislolevaacrerqueoscontingentes de mi~ria vão, na mais pessimista das hipóteses, a pouco mais do que M hordas itinerantes de agro-agitadores. Essas hordas, por mais que se as lmagine numerosas (e também sobrc a quan-
,_llllmDIIXIIBISdablSen111dan,emlwlhema
(MSl m MIIDI cima~
d l d t ~ em umno da dl:X:l:sl,emllourldoslfutolKI llclol,seró.li.i ~ lll\lltl
óe 19941urna ó111pic111eiras e meilttem&das domovmemo cll!
1go~o1gr6ria
E chegamos aqui ao fim da argumentação. Se até o Judiciário, na sua majestosa imparcialidade, considera válidos aqueles anigos, quem, no Brasil, tempoderes suficiemes para os proclamar pcremp1os? Essa perempção pode se !Ornar efetiva pelo mero fato de ser ela proclamada segundo o bel prazer despótico de uma meia dúzia de paniculares, panegiristM das invasões? Então o Brasil teria afundado no caos...
:~~:o::~
tidadedepessoasqueasintegramnãohá dados confiáveis), não podemconstiluir o quantum populacional suficiente para tornar pcremptos os dispositivos legais sobre os quais se fundam os Pareceres em
6~!~~.~:
5 ~t:d:~:::i~·a~:;~~~~:~~nJ; todos os "indigentes" que integram essas hordM, a pcrempçào da lei em favor delas só se poderia alegar caso o Brasil não tivesse terras devolutas em que elas pudessem ser localizadas. Ora, o maior latifúndio improdutivo do Globo ~ o acervo de terras devolutas pertencentes ao Estado brasileiro: cerca de SO"lo do nosso território-continente. Umaáreaequivalenteaodobrodasáreas territoriaissomadasdaFrança,Alemanha Ocidental, Itália, Espanha e Ilhas Britânicas! Ascolunasdeesbulhadores"agro-
CAT(llOSMO - MM dl 1986
reformistas"constituempotencialdetrabalhoinsofismave!mcnteaprovcitávclpara cultivar essas terras. Tais terras clamam, por assim dizer, pelos braços deles. Por que ra.:ões confusas, e jamais enunciadas com peremp1ória clareza, na terra que sobra não são localizados os braços que por sua ,·cz também sobram? Por que utilizar esta força de trabalho excedente, como instrumento de depredação da propriedade privada e não de aproveitamento do ubérrimo e ocioso latiflindio estatal? Porvemura não tem este, mais ainda do que a propriedade privada, uma função social a cumprir?
7it~ ~~~ee:r~~~~i~~.~~~-~~g~~:rt~~
quer dessa suposta perempçào, vem aplicando tranqüilamente os dispositivos supostamente peremptos, do Código Civil.
8!~:o ~~~i{~;:!d;r;~~ solveroproblcmadaagitaçãoagrária. Não é, porém, reclamando aos berros que o Poder público tolha à TFP a liberdade depalavra-aqualncmaoscomunistas se nega neste Pais de abertura que os agro-agitadores devem procurar, para apontá-los ao Governo, os caminhos da solução. No dia em que uma entidade como a TFP, legal e ordeira em tudo quanto fa,: (do que temos mais de 4.000 certificados de delegados de Policia, prefeitos e outras autoridades municipais),jánão pudesse usar de sua liberdade para defender no Brasil a civilização cristã, contra o socialismo e o comunismo (dos quais areformaagráriaéumareivindicaçàoostensiva, eas invasões um sinuoso e censurável método de alcançar êxitos), a abertura teria deixado de ser. E uma ditadura ideológica vermelha teria começado a instalar-se entre nós ...
REFORMA AGRÁRIA Fatos recentes da agitação agrária no Brasil Da Romaria da Terra, no Ria
Grande do Sul, à AHembléia da CNBB, em ltalcl
e Durante a nona Romaria da Terra, organizadapelasccretariadePascoralda CNBB, direções regionais das comunidades eclesiais de base e comissões pastorais da terra, D. Urbano Allgayer, Bispo de Passo Fundo, declarou que, embora a l&rejascjacontráriaàsinvasõcsdeterras e à promoção da reforma agrária "na marra",ésua"missão"darajudaaosínvasores. Afirmou, também, quc "o faro de hav<-r ocupações de fazendas nos mostra que a reforma agrária deve ser agilizada" (1). Tais declarações foram prestadas na Fazenda Annoni, invadida em outubro de 1985 pelos chamados "sem terra".Nesselocalfoirealizadaa Rom ariadaTtrra, qucconstoudeencenaçõ" ltalralsemdefesada.slnvasõesdetcrras. A missa de encerramento foi cekbrada pelo próprio D. Urbano Allgayer, na condição de Bispo da diocese local. Uma das músicas cantadas durante a Romaria, cujo aucor é o Pe. Domingos Finauo, penencen1e à diocese de Passo Fundo, teve como refrão: "O povo dm pobres unidos / é machado que cana / 1raízdo m1l / queloc1pit11lismo / que o Evangelho contradiz" (2) (negritos nossos). e O presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais do Paraná (FAETAEP), Amenor Braido, afirmou : "Temos indícios claros de que rcxunos vindos do Exterior C5tio financiando as invas&s" (3). E acusou a Comissão Pastoral da Terra(CPTideestarrecebendo verbas de países estrangeiros, entre eles aBélgica,aAlemanhaeaHolanda, paraincentivarasinvasões.Segundoele,os lideres dos movimen10s dos acampados não tfm emprego fixo, nem renda, mas viajam de avião pelo Brasil afora, promovem encont ros e congressos. "Ora, de onde vem o dinheiro?" - indagou. Pediu, roi_is,queogovernoinvestigasscoassun• Reuniu-se a Regional Nordeste II da CNBB, que congrega várias dioceses de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte. Pedem a execução da Reforma Agrária, "como exigfncia do Reino de D,:us". Para o presidente dt5sa Regional, D. Antonio Costa, Bispo auxiliar de Natal, a Reforma nasccrá de baixo para cima, partirá do trabalhador sem terra,dascomunidadesorganizadas,que sãocapaies desomarforças. ''~por isso que nós estamos engajados cm fortalecer as bases", explica. Traia-se, portamo, de um movimento de pressão organizada.
Estaéarazãopelaqual,emseteáreas de conflitos, os "sem terra erguem lemas ealusôes.:1 Igreja", afirmou o Bispo. Em sua concepção "o povo não confia no governo, está decepcionado com os seus programas e promessas" (4). • Leiamosocantodeentrada deuma Missa da Campan ha da Fraternidade. Ulilizam-se abusivamente os 1ex1os litúrgicos num sentido contrário à propriedade privada. Es1a cançoneta fai-nos lembrar o verso de D. Casaldáliga: "malditas todas as cercas"! Noticia o semanário litúrgico catequético "Deus conosco" (5): "Peregrinos do Reino dos Céus/ para o Pai elevemos as mios / recebemos a Terra de Deus / partilhemos a Terra de lrmàos! 1. No deseno Jesus foi tentado / a ser dono de tudo ... e não quis. / Hoje é esse o grande pecado, I que nos faz este mun do infeliz!(.:.) 4. Temos todos um pouco de crime, / ninguém pode só pedra atirar: / vendo a lura que o Sangue redime, / e o egoísmo profana, ao cercar" (negrito nosso). Em seguida, o alo penitencial, recorrendo ao jargão marxista, pede que Deus perdoe aos ''aos crimes que fazem da re/igiio uma alic-naçào", aos que não se preocupam "com os irmios sem rerra e sempaz"(6).
e A associação de Criadores de Gado Nelore do Brasil, em ofício enviado ao Ministro da Justiça, Paulo Brossard, solicitou a invesligaçãodas missões religio-
sas nos parques indigenas. Afirma esse ofício: "Os- índios ,.,êm sendo manipulados por padres euroixus que pretendem criar uma zona liberada nas fromeiras do Brasil (Guianas e Venezuela), unificando reservas indígenas, facilitando a incorporaçào daquela regitlo aos pa{ses euroixus". O deputado João Batista Fagundes (PMDB · Roraima) também tem denunciado, na Câmara, a existência de " um movimentoseparatista,emseutenitório, orientadopormissõeseatóticu"(7). Muito significativamente, os índios ancanos - segundo seu chefe, Henrique Castro- mos1ram-se disposlos1trecorttraosauenilheiroscolombhinosdoarupo M-19para forçar a FUNAI a demarcar a sua área na serra do Traira (8). e No sul da Bahia, maior rona produtora de cacau do Estado, um grupo de faiendeiros interpelou judicialmente a FUNAI: "Sem explicaçio convincente, e sem mandado judicial", salientou a advogada dos fazendeiros na interpelação, "a FUNAf ordenou a invaslo da Fazenda Slo Lui;as (... )coma panicipaçào de arruaceiros e bandidos conhecidos". Os
fazendeirosasseguraramqueaoperação foium,·trdadeiroatodeauerrilhaebandltismo.Denunciaramaindaaintromissllo do Bispo de Itabuna, D. Paulo Lopes Faria, que tem auxiliado os invasoresasemamerem napropriedade. E salientaram que, ao invés de l400pataxós, que segundo a FUNAI habitariam no local, e:<istem na realidadeapenas 36 índios. Os interpelantes asseveram, ainda, que um dos chefes dos invasores, que se diz cacique, já foi apanhado, várias vezes, transponandomaconhaparaserp!antada na fazenda (9) . e No município de ltapipoca, a 125 quilômetrosdeFortaleza,oadvogadode umfaiendeiropediuadecretacãodeprisãopreventivadeumpadreeumafreira, alegando em seu pedido que "esses dois religiosos, após reunirem mais de JOO pessoas de várias comunidades eclesiais de base, principalmente de Maceió e Sabiaguá, na casa paroquial, ostrnsporraram para as terras de Raimundo (nome do fazendeiro), onde passaram a des1ruir suas cercas, casas e plantios. Ao todo, foram destruídos mais de dois quilómetros de p/amaçiks, além de outras benfeitorias". Conforme o advogado, houve reações eum violento tiroteio. Três invasores ficaram feridos, sendo socorridos pelo Pe. Edvaldo, que "f: o grande responsável pela inlranqüilidade social registrada na área", continua a denúncia. O Bispo de ltapipoca, D. Benedi10 Ferreira, segundo o advogado, "ainda nio se definiu sobre a ques/ào, mas já c-ncaminhamos rrlarório ao Cardeal Arcebispo de Fortaleza, D. Aloisio Lorscheider, pedindo sua interferfocia"(J0). e ReformaAgrárladeixaproprietários na rua da amargura. O ministro Nélson Ribeiro analisará caso a caso os processos daqueles proprietários que tiveram sua única terra desapropriada, para fins de Reforma Agrária, e nllo tCm, conseqüentemente, nenhum local para morar. A informação foi dada por Nélson Ribeiro ao deputado Fernando Gomes (PMDB - BA), que levou ao conhecimento do mi· nistro ocaso de um proprietário que se encontranessasimaçãonaregiãodeCamamu, no sul da Bahia. O deputado Fernando Gomes ressaltou queexistemomroscasosdogCnero,como o do proprietário Otávio Carvalho Valverde, casado, com quatro filhos, cuja terra de l.200hcc1aresjáestádcsapropriada e ele não possui outro local para morar.Além desse fato, 70pessoasestão trabalhando com a extração de madeira nessa área e Otávio Carvalho, caso venha a sair do local, não terá condição de CATOUClSMO
Mel0de1986
indenizá-las, pois o valor da terra oferecido pelo Incra não é suficiente (li). Ao que parece, a CNBB não fez a "opção preferencial" por estes novos pobres. Seria por que se trata de fazendeiros?
e No sul do Pará recrudesceram os conflitos, em conseqiiênda das invasões de terras. Em Xinguara, trb pessoas, entre as quais um fazendeiro ainda não identificado, morreram, enquanto um casal saiu &ravemente ferido. Em Conceição do Araguaia, um filho do proprietário da fazcndaCanaãeduasoutraspessoassairamgravemente feridasdocom bate. Asinformaçõesforamtransmitidaspela Comissão Pastoral da Terra (12). e O Sindica10 Rural de Xinguara, no Pará, enviou telex ao Presidente Sarney denunciando invasões de terras produtivas naquela região. Segundo a denúncia, ''as invas&s são organizadas ()Or edesiáslicos sem o mínimo de bom senso, que in suflam e ,:stimu/am o invasor" (13). D . Morelli e as Invas ões: " Reforma Agrária de fa to "
e D. Mauro Morem, Bispo uluaprogressista de Duqu,: de Ca11ias (RJ), descobriu um novo conceito de invasão. Declarou em Porto Alegre, onde foi ministrar a aula inaugural da Faculdadcdc Economia da Universidade Fed,:ral: "Não existem invasões de terras no Brasil e, sim, ocupações. Na ..-erdad,: o povo, organiza.do, está fazendo a reforma. agrária imprescindfrel ao País, e o governo deve reconhecer isso como cumprimento da. d,:mocracia. e mio como uma ameaça à segurança. Afina./, a questão fundiária sufoca a Nação". Para o Bispo o "pacote" econômico é uma medida timidaenãoalcançaráseusobjetivos,se não for acompanhado da reformaagrária ( 14). e D. Josl, Rodrigues, Bispo de Juaz,:i ro, manifesiou-se contrário aos planos ~:vernam,:ntais de irrigação do NordesEis sua declaração: "Criou-se no Nordeste o mito da seca. Até o Presidente Sarney foi atacado por essa doença mental, chamada paranóia da irri&ação. O ma l aq ui nio é a seca, com a qual poderíamos conviver,, si m, a cerca, a cscrutura fundiária"(IS).
uma brincad,:ira de crianças". Ele arrancou aplausos calorosos da lfder do PC do B, Udice da Mata, e do repr,:sentate do PCB na Câmara, Paulo Fábio. Ambos classificaram de "lúcida e impressionante" a declaração do Primaz (17). Significativa coincidéncia de propósitos entre um Cardeal e os PCs! e Em São Luis do Maranhão, o dire· tório do PC local esteve reunido para discutir o Plano Regional de Reforma Agrária do Estado, elaborado por uma comissão intearada pelo INCRA, FATAEMA (representant,:sdostrabalhador,:srurais) e pela CPT. S,:gundo o órgão oficial do PC do B, "(... ) os lavra.dores e cam(JOnescs têm apreendido às custas do sacrifício dos que tombaram e, com a experiência própria, buscam as mais variadas formas de resistência na terra que ocupam, fazendo jus1iça com as próprias mlos e usando auro-dcfesa armada contra jagunços e pistoleiros" (18). • A proposta de constituição apr,:sentada pelo PCB, intitula-se "Novos rumos, Constituição para o Brasil". Prevf, na questão da política agrária, "a transferência de posse da área e dos meios de produçlo a 1raba/hadores ou a cooperativas destes, através de contatos adminis1ra1ivos públicos de concessão de uso'' (19). A analogia entre esta proposta e os "assentamentos" que figuram no Plano Nacional de Reforma Agrária parec,: clara. Senão são irmãos, o parentesco é bem próximo ...
e O Cardeal Primaz, D. Avelar Brandão, formulou, em Itaici, numa entrevista coletiva, um apelo "a rodos os scgmen· tosdasociedadebrruileira,pa.raqueaceitcm a reforma agrária, já que se /rata de um plano moderado", acrescentando que sua não aceitação "terá sérias conseqüências para o País" (22). O. Avelar frz um ,:special apelo aos proprietáriosruraisparaqueaceitemar,:forma agrária do governo, "que é tímida e não faz medo a ninguém". "Se eles ( os proprietários] mio aceitam um projeto moderado como este, como é que vai ser?" - perguntou o Cardeal, garantindo, porém, que a Igreja ''não tem interesse em colocar pólvora no in~ndio"(23).Nãoobstantearessalva, a declaração do Purpurado parece conter uma ameaça aos proprietários qu,: discordam da Reforma Agrária que ele apóia.
• D. Josl, Maria Pires compareceu à fazenda Mont,: Rios, próx.ima a Joao Pessoa, no momento em que soldados, por ordemjudidal,e11pulsavaminvasoresdas terras. O Arc,:bispo aconselhou os invasores a permanecerem unidos "ainda mais, porque a Igreja está do lado do oprimido". Assegurou que "os trabalhadores não devem desistir da luta". E garantiu que ,:ncetará uma campanha para angariaralim,:ntoselonas a fim dealojarasfamílias,enquantonãosaiumad,:cisão positivasobr,:o problema. Para D. José Maria Pires, "não podemos permitir que os camponeses sejam desalojados dessa forma"(20). Trata-se, portanto, de claro apoio a uma invasão efetuada pela força.
"Ninguém convoca. ninguém para o conflito. A nossa idéia é que o Governo faça ajustiça social no campo, com mil"o forte. Mas não podemos evitar que um migrante faminto reaja a uma situação que sabemos injusta., em que , ,-, das propriedades rurais concentram 504", das terras agricu/turáveis no Pais" - assev,:rou o Bispo de Chapecó (24). No regime anterior, atacavam-se os governantes. acusando-os de coibir a liberdade. E agora essas mesmas vozes le_vantam-s,: contraditoriamente para p,:d1r o cerceamento, ''com mão forte", de s,:tores não esquerdistas.
PC aplaude Primaz
e O Bispo Aill[iliar de João Pessoa, O. Marcelo Carvalheira, juntamente com agentes pastorais do município, Padres, Reli&iosos e leigos, distribuiu nota de solidariedade - em termos diretamente contrários à !ei vigente no País - aos invasores da faz,:nda Mon1e Rios. O documento afirma que ''embora a atitude dos 1raba/hadores seja formalmente ilegal, da é de fato a favor da Lei, pois antecipa a sua aplicação onde os poderes públicos se omitem em fazê-lo" (21).
e Em discurso na Câmara Municipal sobre a Campanha da Fraternidade, D . Avelar Brandão, Cardeal Arcebispo de Salvador,defendeuuma "reforma agrária séria, justa e pacffica, que nlo seja
• "Queremos dizer ao Presidente que não tenha medo de fazer as reformas, pois estamos do lado de/e'' - afirmou o Bispo de Rubiacaba-Mozarlândia (GO), O. José Carlos de Oliveira, presidente-da
• No sermão da Procissão dos Passos, em Olinda, D. Helder, velho caminhante nas sendas da demagogia, afirmou : ''V,:m ai um passo importante para a vida dos brasileiros que é a Constituinte. Quem for e/eito tem que saber o que defrnder, pois o que queremos é a reforma agrária" (16). '
CATOUCISMO- Maiode 1986
Regional C,:ntro-Oeste da CNBB, antecipando o teor do tdegrama enviado ao Presidente Sarney pela CNBB, reunida ,:m ltaici. Curiosa esta declaração que insinua necessitar o Presidente da coberturaeclesiásticapararealizarumatarefade âmbito cstritam,:nt,: temporal.
e Em Itaici, D . José Gomes, Bispo de Chapecó (SC) e presidente da Comissão Pastoral da T,:rra, sugeriu que o Presidente deveria ter a mesma corag,:m que demonstrou ao decretar a reforma econômica e convocar o povo para fiscalizar os la1iíúndios improdu1ivos ou por atem;ão ~;_antindo a execução da Reforma Agrá-
Mamãe, eu não "vou na onda" a propósito de Cuba Ü s MEIOS de oomunicação denos.soPaíst~procuradodar aimpresslodequeavidaem.Cuba não t rto má oomo 5C iml&ina . Nãonep.mquc!áhajapobrcza, mas Ileria uma pobreu deli-
/TE
í
fWW(lltA/WAfFEREIITE...
• 1-< - ffií' ~: • •t ~ • · ' , 1.___.. ~;
-~
~
1
~~:;e~~Z1e~~;:;9J:~~!;~~
~
-
.
'.
.•.'
f
~
~
, 1
i
e
pena comentar um a.rtiao do
do
O que Cuba ofereceu aos 11l•ltantes A autOlll seaui11 numa "ddqaçlo brasilrira convidada a pani-
cípardodi~ogojuvr:nil,:,:,studanril da Am~rica La1im1,: Caril,,: sobre a dívida eir1erna", na qval "algumaspe5soasnloarondiama,:moç;to(... ),nlo/aJ. tando ~u,:r qu,:m s,: dispusn.u a pisar o JC/o cubano dando vivas a JJnlo Quadro,". Tratavase, portanto, de uma delegação em.queosmembrosdiscordavam entre,iporcausadasv,riastend!ncias ldeológiCllS e polílicas. "A sesslo de abenura do diil/ogo ofereceu ao plemlrio de cercade700jovr:nsrepresentantesck 4()()organiz.açõn dos mah divtr-
sos matizes ideológicos o mom,:nro do prim~ro ,:nro,11ro com o comandant,: Fldd OISu-o!'' Além disso,haviaumasurpresa: ''Convidadoacncerraro.sdiscursosda noire, ar11ura , gil e cordat1 de D. Pcdro.CIUldá/iga (.. ,).Sereno , c/,: condamou o, jow-ns ao sacr:1dontrdeio da~bddl1.,{o negritotnosso).Observeoleitor osadjetivost!ogiososempreaa-
~?=1:~;~=::~;';
QasPassagét,sparaCl.84
De forma $\IJlCStiva, a anieulis-
~~=~~s:i~~~ª!~~;t~:~t:~:
O novo homem no
sistema comunista Como u infra-atruturu cio
~;~i~ ~;: ¼~!e~~c~:
1or para o regime de pobreza ali ~stmte, Seu obj,:tivo nto t afümar que todo mundo está muito rico na ilha. Pe!ocontr:!.rio,deixa claro que lá a pobreza! acneraliz.ada. Mas, tratar-se-ia de ccrto tipo de pobreza que o clima psioolóaicocriadopeloeomunismo, tornadekitável. Tal modo de apresentar Cuba oondut, implicitamente, • que o brasileiro desprevenido vá se acostumando com a mi~ria ,:omunista. Hi o titulo, "Mamãe, eu fui a Cuba", atrai a atenção do leitor. ~el_e a anicul!sta imaginara ter v1aJado sem diier à mãe - uma senhora Idosa, anticómunista ou, pelo m,:nos, sem nve!ar que iria a Cuba, Na volta, ela ac:ha engraçado contar à mãe, qu,: roma um susto, enquanto a filha k divene diante da reação da velhinha . Cuba representaria o futuro, o anticomunismo seria o passado, tal tainsinu.açtode run-
felita delas que ainda nilio tive, ramtemposuficienteparaaprenderoquetavida$0bataidedo "oomandante" Fidel Castro!
1
l,!l:ll:.;Z'.2fi ';,:; 'lt ,,j ~11 ••ào.
~
O tu~ ar.t•il• • C,H nti H li• Ili • ntDr1 N 1ni1• 161,iu I •la. e - t,.,w,. n panlcipantn à, ftlr1 llns i4 1aoa N PCB •" eoncer,. , .. • rifa H brr.e1 dl Puumbuco. cama 1t11t1 1 cut.H .et1111.
do$ para qualificar aquele que in, cita 0$ jo,·ens ao ''u,rado exereido da rebddi.1". Mu, afim,), quem ralou pelo Brasil, naquele ''di,10110 juveni/", onde não faltavam velhos adeptos do comunismo internaclonai? Encabeçando a lista dos que falaram estavam, 5egurtdo o anigo, representantes do PDS, seauidos pelos do PFI., PDT, PCB e PMDB. ''Enquamo isso, Ili fora uma Havana ensolaradas,: oferecia aos visirlllfes": Mu "para ckcep, çl-0 dos qUC'espcrai'l.m mcomrar um, forte~ de rra/J'Jmosoviéiioo", Cuba oferecia tam~m 05 "pllneios proiramidos", os quais •'eram opdoniis". A arandc novidade era uma "Ha•-ana ensolarada"/ E, para nãodarimprC55ãodeimposição, os passei05 eram ''opcionais", mas - não nos esqueçamos _ "programados". Ai daqueles que ousassem sair do "prop-ama"! Os visitantes eram "illccntivados a descobrirem por si sós os ,:ncantos da cidade". E a aniculista nlo pôde deii<ar de reeooheccr: "uma cidade pobrr''. Mas, tratando-sedtumpaísoomunista, a avtora tem pressa em apre1mtar a pabrua Klb cores róseas. Conta então que uma pessoa t,as. lante idosa a aborda: "Moça, voclpodemlocntendcr, mas nós temos muiro orgulho da nossa po. bn:u". ''É claro que eu ,:nrcndia", at1esoenta a repóner. Nota-se neste comentário uma avidez em, desde j.i, ir preparando o leitor para a mistria, que neeessariamentevir:!.seoBrasilcairnocomunismo.
nem
Mas tudo são maravilhas ... Cubaenfremaalaum problemas,tprecisoreconhecer... ~ pais com "uma sodtdade surprffndente(... )enfrenta uma sf.. ricdedificuldades. Umaecono-
mia frágil, uma polirica de habi-
raç.fo que ainda ndo foi capaz de supriras 1-idades da Arca slo u mais evidemes". Vão apareccndo as dificuldades. Att há pouco só havia vantagens: ·'sol e passeios programados .. " "Uma socitdade em que um espedallzado ,: e(fr:u s,:rviço de educaçlo e satide é ,ra111i1amen· te oferecido á populaçlo". Quer dizer, num pa!s onde tudo testatal, o sistema de ensino tem que seroficial,oservi,;odes.aúdetem que ser oficial. Qve maravillia! o bruilciro mtdio bem conhece es· sas ".-antag,:ns" do sis1ema oficial. Basta lembrar, por exemplo, as intermináveis filas do INAM PS. É oficial. Entretanto, a visitante em Cvba tem um jeitinho para tudo, e arranjou um adjetivopar11omarsimpátkaa nprC55ão: ''umespecialb:ado... " É claro que a professora tem que ser especializada em ensinar o B-A-BA e o mtdioo não pode ser um açougveiro. Ela só não diz se 0$ serviços atendem b neeessidades da população inteira! Há outras vantagem que ela não pode deixar de mencionar: ''Ump.lisdl!novr:milhóadehabilantes, em que a alimcnraçlo bilsjca é subsidiada pelo go,·erno e onde se imprimem dois milhôes de livros a e1da tr& meses". Talvez seja o caso de dizer que nesse pais comem-se livros! Ela t cuidadosa. Não há um elogio Quan1oàqualidadeeabundlncia de:ssaaiimentaçlo.Mas-ntose pode negar - o pessoal da ilha 1~. l~. JL. Ora, t evidente tam, ~m que tais livros, em espanhol, nãosãoapenuparaoscub.anos, mas oont~m propaganda marxi5::.para toda a Am!rica espanha" Eisso smifalardaalegriad/1$ crianças, nas minissaias das moçu-enoolhargalantedosrapazes".Nadadtprosperidade,nada de boa orpnização de ,·ida. Apenas sexualidade! Quamo, pr0pa!ada "alegriada5crianças",
substitu!-las. Trata-se da miséria ~~~c;1~v~::~mc::u~(;~~ii:u: fabricar: "porque um• SOOedade, nlo f só infra-ntrurur11. que cons1rói. Ela sobmudo o homem que cria". "E ai - afirma a autora - a coragem nAo é patrimônio exdusivodos lkkres da rcvoluçJo, mas um dom 11rnerosamente rcr,anido por Ioda a gente. Coragem e dianidad,:, pa/a'725<h1,·,: paras,: forjar o perfil de um povo". Em termos mais claros, trata-se de viver a vida dura, ooraaem de enfrentar I pobreza. Tal coragem substitui a comida, substitui o tra· lamento mtdico, substitui o que se quiser ... Mas para ela está ótimo,porquetumbemdeordem moral que oompensa a pobreza, ou seja, compensa o fracasso do regime $ÓCio---«onõmico. O res10 não lhe interessa. Entretamo, esse tum "pom que canta, dança es,:diverie, com mísseis apontados ~ ra • cabtça". Eisoutrafacctadete.l "ror;igem". A América do None oonstituiriaumaameaçape:rmanente, pela pos5ibilidade de lançar bombas sobre Cuba. Não há ooment:!.rio! E O que dizer do "•ia•ntesco out-door" roloauJo no litoral, dt frente para os Estados Unidos, "onde st ,·t, numa extremidade, o tio Sam acuado. E, na outra, um cubano com os pulmôes cheios deu, gritando 10s qua1ro vr:mos: 'Senhores imperialistas, nós nlo lhe temos mtdo ncnhum '!" Segundo a visitante, tal cartaz constitui ''uma gigantesca injeçlo de Jnimo para quem passano local ... " ParaenoerrarsuapeçalaudatóriadeC\lba,aautora,deum modo jocoso, retoma a insinuaçào do thulo: "Mamle, eu fui a Cuba. E qualquer dia desses eu querovo/1u". Após ler tal anigo, a vontade
;:~=~;~~
~!:dn~~1:~ ~~ ba,paralilnloqueroir". Cuba - o pais do ''paredón", aíllia-cairccre, daqualmilharesde pcssoasjás,:evadiram a1t com risco de vida - jamais ser, modelopara nossa Pátria. Tibtrio Meira CATOUCISMO - Maio de 1986
A REALIDADE, concisamente: e
Nio t , penas a Libla que promove o ICITOr. Também a Rússia J)OS$Ui forças especiais - denominadas "spetsnaz" - , atuando no Ocidente, cuja missão primordial é eliminar Chefes de governo e altos lideres polítitos e militares do Mundo Livre a fim de paralisar as nações capitalistas, neutralizando suas armas nucleares e centros de comando . São cerca de 30 mil soldados cuidadosamente selecionados e treinados para atuar por trás das linhas inimigas em tempo de guerra, ou mesmo pouco antes, e cm casos excepcionais até em tempo de paz. Antes do início das operações bélicas, essa força terrorista, composta de profissionais de todos os campos, colhe informações sobre as pessoas e alvos visados. Asatividadesdas"spetsnaz" foram observadas nos países escandinavos, no Afeganistão e na Europa Orient al. Há pouco, sua existência foi oficialmente reconhecida pelos ministérios de Defesa da Suécia, Inglaterra e Estados Unidos. Identificaram-se também centros de treinamento na Rússia. Neste ano, Victor Suvorov - pseudônimo de um major doserviçodeinteligenciarusso,quefugiuparaalnglaterra -deve publicar um livro a respeito.
e A última opor1unldade para a s u, cia sobrevh·er seria imitar os Estados Unidos, reconhece "Expressen", o maior jornal escandinavo. Ulf Nillson, principal repórter desse quotidiano, comenta: ''Nosso país, ao invés dese tornar a sociedade igualilária perfeita, tornou-se a naçlo dos sonegadores de impostos e de operários cujo único desejo t receber dinheiro por baixo do pano. Pior ainda, es1á-se /ornando um pais em pomo morto, preso na estagnaçlo. E, att na Su&:ia, o per vo esiá-se dando conta disso". O controle da vida de cada sueco e a imposição de um radical e minucioso igualitarismo, por parte do Estado, vem tornando impossível a vida no país. Como se isso não bastasse, a pornografia atingiu tais proporções, que até organismos que nos anos 60 e 70 defendiam o permissivismo sexual - como a Associação Sueca de Educação Sexual - mostram-se agora alarmados com os resultados da própria filosofia pregada antes. Quem semeia ventos, colhe tempestades .. . e A Teologia da Llhert açio "não é aplicável " à Polônia atual, declarou o Cardeal Primaz de Varsóvia, Joseph Glem p. Na sua opinião "estas formas extremas de revolução podem corresponderá conjunrura de determinados p aíses da Amfrica Latina e África, mas não á Polônia". AférreaditaduracomunistaaqueoGeneral Jaruzelski submeteu essa infeliz nação, portanto, não será abalada ou contestada, se tal depender do Primaz polonh . Difer(nças de "conjuntura ... " - eis a explicação do Antlstcte. Ao que parece, a rebelião contra sistemas opressores, propuganada por certa "Teologia da Libertação", só seria válida quando o Poder estivesse cm mãos de não-comunistas. Certamente, nestes casos, a "conjuntura" seria mais favorável. Estranha forma de conceber a ''libertação". que parece legitimar a opressão da esquerda!
e Preocupad os com o AIDS, al,os funcionários do governo norte-americano tentam impedir a disseminação dessa fatal doença. Dos 18.070 pacientes registrados, 9.591 já morreram. CATOLICISMO- M&«IOI 1986
Tais autoridades, contudo, julgam que um milhão de norte-americanos podem estar atacados pelo vírus. Por causa disso, pretendem fazer testes sangüineos nos chamados grupos de alto risco: homossexuais, viciados cm drogas, prostitutas, companheiros ou companheiras de pessoas infectadas, hemofílicos que recebem transfusões, nativos do Haiti e da América Central. Além do mais, todos os militares norte-americanos vão sendo subme1idos ao teste com o mesmo intuito: deter a e:,,;pansão do pavoroso flagelo. Todas essas medidas, entretanto, são meros paliativos. Por que não se fala cm evitar aqueles tipos de contato sexual, através dos quais habirualmente se transmite a doença?
e Os Estados Un idos planejam vender à China comunista sofisticados equipamentos para caças supersônicos e já abriram caminho para o fornecimento de ajuda ~écnica, isentando Pequim de enquadramento na lei de assistência externa, que proíbe ajuda a países comunistas. Desde a visita do Secretário de Defesa americano Caspar Wcinbcrgcr à China, em 1983, cogita-se de negócios com os chineses, mas vários obstáculos os impedem. Por exemplo, as relações que Washington ainda mantém com Formosa, e que tanto desagradam os chineses comunistas. O "pacote" econômico e tecnológico em estudo pode chegar a 500 milhões de dólares. Causa pasmo ver a colaboração assim prestada pela po1encia líder do Mundo Livre a um pais comunista. e Na Holand a, uma eomissio governamental TKomcnda queaeuta náslaseja legalizada, sob certas condições, e jáexisteatéprece-dcntejudicialnessesentido.Calcula-seque haja uma média de sete mil mones por eutanásia, anualmente. Por outro lado, pesquisas de opinião indicam que mais de tr~ quanos da população apóiam esse crime hediondo. Quando se concebe a vida sob o prisma hedonista e pagão, não há o que detenha a marcha em direção ao abismo. "Abyssus abyssum invocat" (um abismo atrai outro abismo), ensina a Sagrada Escritura. • FrelBeto, co nh ecidopor suaestrelta vl nculaçiocom oterrorista Marighelac ml969,acabadee_screveruma" lntrodução à Polftica Brasileira" (Editora Atica), a qual podcrá scr utilizada pe\os professores da rcde estadual paulista de ensino, que lecionam a matéria Organização Social e Política Brasileira (OSPB). Coordenador da escandalosa e tristemente célebre ''Noite Sandinista", realizada no auditório da PUC de São Paulo, em 1980 (cfr. "Catolicismo", n~ 355/ 356 de julho/ agosto de 1980), Frei Belo afirma na citada obra que a diferença de opiniões poUticas "mfo <! bem democracia (sic!). É, sim, o resu/lado d~ uma s«iedade desigual, dividida em diferemes classes sociais, em que nós vivemos ... " Assessor de Lula e dirigen1e da Pastoral Operária no ABC paulista - onde tem sido um dos mentores dos movimentos grevistas - Frei Bcto não esconde nesse recente opúsculo sua concepção ditatorial de ''democracia", semelhante à que seus amigos aplicam na Nicarágua! Tais são as "pérolas" marxistas que o religioso dominicano põe à disposição de professores e alunos do Estado de São Paulo!
CoM
APOIO proveniente do Canadá, daauociaç!ocatóliro-prog:rcuista "Dtveloppcment ct Paili".ecustoaproximadodc400 mil cruzados, foi produzido no Brasil um filme-documentário de propagandadaaçãodocleroedc leigosprogrcuistasemn0$$1Pitria.lê:umahoradeprojeçãoqUI' visa,nofundo,cxaltarosocialismoditocristlo.Ot!tulododocumcntirio:"lgrejadaLibcrtaçlo". O filme nlo C5tá Kndo projctado para o arande públieo, nos cinemas vtistentes nn nosso pais. Mu sim, cm recintos menores, a preç0módico,p;1raosintcrc1sados.
Vedete • Umadufigurasàqualscprocurou dar maior destaque é D. PedroCasaldll!iga,BispodcSão Félix do Aratuaia {MT). Esse Preladoaparece,cn1rcou1rascenas, numa prO<.:iu.ão em que é conduzida uma imagnn de Nossa Senhora Aparecida, durante a qualsccntoamcimicosrcligiosos tradicionais, como "Eu confio cm Nosso Senhor,.,", Pcroebc-sc queesteéomciopcloqualopovosimples,ainda"-vidodcrcliJi,lo.procura:1Cratraído.Mas10da a prega,;lode D.Cai.aldáliga, nodocumentário,éfcitanoconhccidodlapasãoesqutrdis1a. D.Ivol.ol'$Chciter,Bispode SantaMaria,eD.Aloisiolorsh.eider, Arcebispo de Fortaleu, tambml.slofocaliudos,espccialmenteoprimeiro,atual PresidentcdaCNBB,oqualscapresenta vestindo um soturno clervman preto. Produridopelocincastacario-caSi!vioDa- Hin,ofilmefoiexibidoemSlo Paulonofinaldefeverciro e eomeço de março. no aud.itóriodoMuscudeArte.lograndopequeoonúmerodeauistentes. ~ plano dos promotores
projetá-loemsindicatoscCEfü de todo o Brasil. OenvolvimcntodeD.Ctaudio Hummcs, Bisp0 de Santo André, nugrevesdoABCpaulistafica palenteado. Comotamt,,!mscfocalizaolfdcrcomunistaMarigh.eLa,mortopetasforçasdescxurança, no fimdadkadadc60, fazcndoreferênciaàsuavinrolação com os religiosos dominicanos, especialmenteFreiBcno.Masse silenciasobrcofatodcqueMarigh.elafoiatraídoparaolocal ondecstavaap0licia pelos próprios dominkanos ... De fato, foi umdosrcligiososque.pressionado,!elefonouparaMatigh.elada livraria''DuasCidadcs".combinandoumcncontro,aoqualeste"eprcsentcapolícia. Entreuvedetesdodocumcn1,rio - além de D. Evaristo Arns, D. Mauro Morelli, o pouco carismlltico líder sindical Mcnegh.elli-figuram:Freil.ronardo Boff, o qual apar~ caminhando por um corredor e em si• lêncio,numaoenaàqualsequis dar um car:iter patéticoemocional (oh.omemproibidode falar!)cHétio Pelegrino{psiquia. traeautordcarti&osemquedefcndepasiçõesfreudianas fonementeimorais),cujopape]T10filmcconsisteematacaras"maquinações"doVaticanocosch.amados intcresses burocráticos da Igreja. O documcotfflo explora também o "martírio'", ou seja, a mortcdercligio!IOSoupes.soutigadas às CEBs, em confronto com a policia. ou por suiddio Sobreasmortesocorridasenlre policiais evidentemente nada se di?. OfilmedcilL'.adaroaindaque, noBrasil,oimpulsoparaoprogressismopartiudoantigomo"imen!o da Ação Católica (hoje substituído e superado pelu CE&),oqualfoiassumindoposi,;õcs pollticas em favor da es-
querda. Acaba sendo uma nova comprovaçlodaclarezadcvistas do Prof. PlinioCorrhdeOlil·eiraedescuacertoaolançar,cm 1943,olivro-bomba"EmDdesa da Ação Católica"( º ). Ochamado"problcmadatcrra""eaobseulodacsqucrdacatólica pela reforma agrária ocupam papel importante nodocumcntiirio. Aoterminaraprojcção,tcmseascnsaçlodcaliviodcqucm sai de um ambien1e empestado por uma fumaçafuliginosaquc adcreàpelc.lê:prcciso,porassim dizcr,limparaprópriasensibilidadcdepoi,dcterassistidoatal filme.
A men• agem De inicio a fim, as pregações procuram inculcar a mesma mcnsaa;em: tudo deve pro,·ir do povo eserfci1oparaop0vo.Nãomais oautbnicopovo,comocleéadmiravclmen1edncritopel0Papa PioXllemsuasalocuções-diferenciado,orcãnico, hierarquizado-massimamauadcspersonalizada,reduzidaaoicualitarismomaisavihante,brotalizada, sem outro movimento que o que lhe vem de um impulso instintivoecego, aoqual tudo devese subordinar.
Pela amostragem apresentada nofilme,peroebc-scqucoobjetivovii.adofaconstituiçlodc umasociedadctcmporalprolctarizada, em que a luta de classes lcvadaacabopelosprolctáriostcr.tdcstruldoa.sclauesmaisinte1cctualiz2das,maiscultas,maisricas. Nin&uém poderá subir, porquc não h.a,·cr.t mais dcgraus e tudocstaránivcladoaorésdoch.lo. Tcnderãoadesapar~rasprópriasnoçõcsdeculturaccivilitaç!o.Emúltimaan.tlisc,éataba, o objetivo que o filme deixa tramparcccr.
A própria Igreja apresentada nodocumcnt.irioéumai&J"ejad.ifcrente.Asccrimôniasreligi0$1$ pa.s.samascrsimplcsatoslaicfaados.Nlomais!iCnotaobomgosto,adignidade,aausieridade,a pompaeasublimidadedoautfoticocultocatólico. Os Bis~ quase nio se ap.resentam como os reprcsentantes dc Deus. com o poder de ensinar, goveroaresantificaropovofiel. Nãomaisdevemvcstir-sedemodoasimbolizarsuaautoridadee misslo.Elessãocomooutroshomcnsquaisquer,laicizados.sem poder nem missão especificas. Apenasumpoucomaisconscientiz.adoseesclarecidos,eporisso procurandoconscientizareesclarcccr. Nada mais. Adifcrcnçapadre-leigovaise csfumaçando.Nãomaish..tpontíficcseclcsiásticosqueconduz.cm a Deus, mu sim o aa;itador, "carismátieo'", A rdigilo nlo mais é uma lipçio com Deus, mediante uma Revelação de verdades cm quesedevccrcrp0rquepro,'êm doalto:nemdcvcmosnosaproximar dos sacramentos, porque transmitemag:raçadivina;ncm precisamos pertencer à Igreja com vistas à salvação. A reli&ilo foidea,adadaparaseidemificar apenascomavidadopovo.com scus problemas, suaspreocupaçõcs,luta.seesperançu. Opovonadatemaaprender, dedcve-semanifestar;nãopreci!i-11 seguir a ninguém, de~e caminhar scgundo suu apctlncias; não~mister(lucsejasantificado, ~clc,dcsi,porserpovo,ésanEssaradicalmudançanaiveja,sempresc1undoofilmc,ro-meçou com o Conc,.1io Vaticano [[! Umanovaigrcja,comnovos credos. novudoutrinas, novos estilos:um•i&rejaproletiiria. Trata-se, como se vi, de uma espkiedecomunismoreligioso.
CATOUCISMO - Meioi111986
Dik~mindo, di!llinguindo, d a!l!lifican do. ..
O longo itinerário de uma sede de sangue
Mi"' ~l1br1III ""'•mbllnll pro&rHSist1. foi·M I t1111p1 N, grandes nlenidade1 r11ll9iose1 qu11tr1i1111 de l1to1 pon "1t~1ica. emqueoaspectocomunismoé radical,eoquehádereligioso restringe-se apenas a um vago sentimento. É tambtm uma igrcja que pode chegar até à violêneia: o episódio da participação dosrcliaiososdominicanosnum vastoplllnodeguttrilh.as,nofim dadkadade60,comprovaisso. Odocument.irioacabascndo umde$afioaospoderesconstituldos-opróprioPoderJudiciárioéabenamenteatacado-ea ameaça de revolução social vem insinuada em várias das pregações.Éumrccadoaosgovernantesquescoponhamaoadvcnto do comunismo. E é tambtm uma ameaça ao Vaticano, caso ele queira manter os poderes bimilenaresdaCj1cdradeSãoPedro. Veladamente e de modo di fuso vem dito o quinte: ou nos acompanhamounósosdestrui-
O v•rd•d•lro JHrigo Quemprocureobservarodocumenulrioumpoucomaisdetidamente,paraaltmdasuperffcie propagandísticaque,deimediato,atingeoolhardoespectador, nlopodedrixardenotarduas realidades. Primeiramcnte,oCSforçoenorme, com empregode aprecljvclsomaderecursos,quc oproaresslsmovemdispendendo noBnsilparalrB$tarnossageoteaposi,;,õesdeesquerd.a.Emseaundoluaar,chamaaatcnçãoa desproporçloentreditoesforço eofru101téaaorarealmen1epor ele obtido.Qualquer espectador mais clarividente percebe haver nãosófaltadeentusiasmo,mas atéde!nteresscdopovocatólioo em acompanhar Prel ados tão eminentespeloscargosqueocu1>41m,quantoemvogapelaproPa&ilndaqueosbafeja. Alauma "prra" t)Ode-K notar numacenaernqueoertagrevees-
CATOUC!SM0-1,le,oclll!llli
ul.sendodecidida.Mas,nessecaso,asvantagenspessoaiséqueestãoemjoao, enãoasjustifkaçõe,da''esquerdacatólica".Hâ aindaumououtroepisódiode movimeruaçJopopularemquesc pertebealaumlnteresscpelaação prosresslua, por pane do p0vo queaparccena~na. Porém,no total,~ muito pouco. Sobretudo tendoemvistaqueofilme,como énatural,procuroufocalizaru cenumaispropagandísticas. Onde,entlo,operigo?-perauntar,ala,uém. Para quem saiba observar de modo atílado a realidadebrasileira,nfilmcacabanarealidadedocumentando, aindaqueindiretamente,umfato: oesforÇO emprctndido pelo progre$$ismo para conduzir o Paisrumoaosocialismotemsua principal possibilidade debito nloem5uasbascspopulares poucasefraeamen1een1usiasmadas-masnaintrciadamassa dos católicos, bemcomonaconiv~nciadecenossetoresdaa!ta em6diaburguesia. Aimen1,1maioriadoscató!icoi; vaisendocorroídaemsuacatolicidadepelaimoralidadedoscostumes,pelodesejociegozaravidae,sobrctudo,pelov!ciodenão quererrcconhcceromalqueinvadetod11la,rcia.Acuacorrosãosegue-seain~rcia,querepresentafatordecisivoparapOSSibilitar1infiltraçloesquerdistanos meios católicos. Nlo fosse tal inm:ia,oproaressismoseriaexpelidodaSantaliveja,comooorp0 estrllnho que é. E contra tal c~pulsãonlolhevaleriamncma cobcrtura,nemapropagandaque lheproporcionamaimprcnsa,o r,dio, a TV c ... o cinema.
G"f6rlo Lopes (')f>linioCoffhdc()livcira."EmOefna daAçk,C.ólica",Edi1oralt.w:M.....,,
!.~Slo.:•::!..~!:.,~_Ed.
N APOLEÃO, a quem !amo e tanto se poderia lea,iLimamente recriminar,diziaerurctantoalgocheiodeseruido:acducaçãode uma criança começa cem anos antes de ela nMCer. E, cremos, poder-se-ia até pera,untar K não começa bem antes di»o' As1radi,;õcsdefamília,oambieruecriadopelos1ntepa,!ados ttm sobre os home,u uma açlo que. mesmo nlo sendo decisiva, t hab11ualmente imponantc, ainda quando doeipercebida. Um índio numa floresta é um selvagem porque seus antepassados foram lolliamente se degradando. Um homem ocidental do 5«ulo XX berdafor~entcosefeitosbonsemausdaculturaqueoprcco:dcudemuito. Curios.amerue estes prindpios de ordem natural, e mesmo. a seu modo, wbrcnatural, slo reconhecidos hoje em dia att por quem K proclama socialista e mesmo comunista. É o caso do pai de Che Ouevara,olíderauerrilhci roque,nadécadade60,apropaa,anda procuroulcvantarlalturadeummi10.
"'-.l i hijo,elChe" (º )éotitulodofüroqueopaideGucvara es,;re,.·eu parae,altara infausta memória do filho.jj recoberta atualmente pela poeira do tempo. Pois bem, neuc lino o Sr. GuC"1"ar1 pai fu qUoeitào de aprci.entar a 1cnealogia do filho desde o s«Ulo XV III (Km omitir que descende de um vice-rei do Mbico), detendo-se mais pormenorizadamente no hisiórico I partir dos b~vós de Che. Jus1ifica ele: "Um homem nlo I um ente suJpcnso no c:spaÇO; esr.í re/11cionado com tudo o que o rodeia e 11111 ~nci11 NI.Í /ig11d11 ne,:euari11men1e a seus antepass.11dos. t, por esia rWo que faço um11 relaçlo de faros ocorridos duranre a vida do1 an1epa$Slldos de 1::rne110". E não é só. Oautori.eestende!ongamentesobre1infãnciade CheOuevar.11,depoissobresuaado!esç!nciacjuventude(diga-se dcpas141em, ade um verdadeiro"hippie", 11opior1entidodo tcrmot),defenJendoat~dequees!-asépoeasprimeirasdavida doauerrilheiroti•eramumainflu!nciamarcantenafo1mae,lode sua personalidade Falando sobre a primeiríssima inflncia de Che Oue,ara, escreve: ,"Considero q~ nlo se poderia fuer um verdadeiro rerrato desua~anresdedescrei.-ero11mbienreonde11asceu, i.ecriou eSt:de-senvofreu".Sobreomeninoeoadolcs.:en1e,IC'l'escenta: "A bio,r11fi11 de uma pessoa jamais será complr:ia. se nlo R descreve o ambiente flsico e social em que viveu..\.feufl/hoE,nesro ~freu em Alta Gra.:ia defdem cinco atlos deussti5 1100, ( ... ) 1eve um IM onde se debatia toda espkje de problffnH wciaiJ..",'asceu ouvindo falar da e.,ploraçlo eJr.ercida pelos parr6N sobre os operários'" Ealonaanarraçãodeepisódiosdainflncia,adolesç!n,iaeju· ventudedeCheGucvara(onde,defato,sepercebeadepra>·ação mora! e idrolói;ica em que ele ~e formava), vem acompanhada de divcnu foto,, nas quai, o vemo1 vjriu idades, desde criança decoloat,1uerrilhciroernCuba. Foi,1liá,,dainfeli1ilhad0Caribe, queeteescrc,,·euà própria mle. dc.:lararidoestar 'se<fenro def&IIIUC" Essanecnsidadcdeconhn:crainfinciac11éosan1epas.sados de um homem, para oomprecnder bem 1ua ~rW>nalidadede adul10. nôs a quisem01 ilustrar com ba$C na bio,rafia deu~ 1uerri• .,1eiro comuni.$ta, ~ta por seu pai também romuni5ta. E bto pari sa!itntar a unlvcnalidade dase principio. aplk;hd tanto no caso de um 1,11n10 quanto no de um comunittll. Se fitkscmoi a demonma,ão ,;om fundamento em al11um autu1 tradicionalista, pOderiamobjetar-nosqueessa,idéiasoloamiqua.Ja.,efanáticas, próprias a outros tempos, e que só I TFP II quer ressuscitar Ora,éoinsuspeitooomuni!laSr.Guevarapaiquea.baqueseu filh0Jópodcserb-rmemendidoseno1reportarmosacpisódios desuainfãncil, eatfaovice-reidoMbico no it<:ulo XVUI. E nissoeletemruão! C.A..
=
l' )"\.ti hijo, el Cb~", de ErnC'\to Gue,ara lynch, Editorial Planeta, Bar~-elon.a, E.!panba, 1981, 3SO pp
PCB:
um anão com pernas de pau
UM ANÃO QUE SE IMAGINA incumbido da missão histórica de um gigante pOde adotarafórmulaquefoiintrodui.idanoshábitospúblicosporStalin,oUderoomurústado
tempodacarranca,oonsistenteemnuncase lkixar íotoa,rafar de pé, de corpo intcir:,, atf btm achado. E o bito do tirano 5,0-
e
viftico, na aplicação dcsse estratagema, i sem
dUvida incontestável: co~guiu passar para a História com a imagem de um homem de estatura normal quando, na realidade, ele era extremamente baixo. Assim o PCB, cuja falta de popularidade fez dele um anãodap0l!1ica brasileira, com pretens.ãode&i&ante,precis.avaarranjaruma fórmula própria para o seue&$0. E,estando noBrasil,tinhaque 5eroriainal,inspiTadano
jeitinhobra$ileiro.NadadecopiarStalin,um estrangeiro-poisoPartidosedizcõnsciode sua"indepe,ndincia"emrelaçlloaMoscou. Omblmoasctolerarscriaatendera!guns con5elhosdocamaradaFidel,dandoumcer· 1oardequermesscde iarcjaàsfestanças. E o PCB poderia, de fato, ter encontrado &Jgumafórmulaoriginal,scosideólogoscomunistast upiniquinsnãoraciocinas.scmcom basenabitoladateoriadatese-anti1cse-sin1csc, aoelucubrarasoluç.ãoparaconciliarosclcmentoscontr:irios,anJloe&igante.Oresuhado lamcntivel a que cheaaram foi o de colocar as pernas artificiais da leaalidade e da publicidadenoanão,queseobs1inaempassar por1i1ante. Auim, com esses novos mecanismos. entrou nopakodavidapúb!icaoPCB,cer1odequc faria um bonito papel. ombreando com os grandcsdoccnãriopoliticonacional. Mas , acontcccu que os empredirios ck»a mu1açtodoanãoemgisante-aqualparecc ter sido cientificamente montada alhures mait uma vez se enganaram com o Brasil. A leaalização não funcionou como uma npcmja mliaica capaz de absorver a sangueira que empapa seu passado. Nem o IV Poder - a imprensa, o rádio e a TV, aparentemente onipo1cntes - lhe garantiu as multidõn. ()$ próprios industriais do comunismo não demonstraram Kgurança na "empresa PCB", ao ins1alarem seus comitês eleitorais- em São Paulo, Rio, Mato Grosso e outros E.$tados emandarcssupcriorcsdcvelhascasas,enão nostérreos,comosccostumafazer,paraque ointeressadotcnhafâci!acesso. Assim, se o PCB sc mostrar de corpo intei ro, ealau~m da platéia bradar "olha a perna depau/",corrcclcoriscodcquevoltcàtona damem6riapúbllcaavelhaesinis1raimagcm deviol~nciacdcsangue. lmagemqueoprópdo diri&ente mâximo. Giocondo Dias, não conscauiuesconderaodedararapos,sibilidade do uso da luta armada e da violtncia (cfr "FolhadeS. Paulo", l l-4-86).Ora,cesiciro quefazumcesto,fazumcento:umpartido quenloquis,nopassado,convivercomasrellrasdamoral,desej:1-lo-Anofuturo?
O PCB em ritmo de feira A dificuldade, para o PCB, nloé pequena,eelacxplicaoesfor,;oquasedcscspcrado dos Udercs comunistas, de procurarem impor ao Pais uma nova imagem do partido. Ou melhor, máscara nova, pequeno buraucsa, "descontraída,fcireira"e í esteira,àscmclhança dalin1ua1emdostcólogosda libertação para
10
osquaisalgrcjaéumafcsta;omundoeavidaslo, tambfm, festas. Quemporconvicção,pordcvcrdeoffcioou vlcuriosidadc,foivcrafeiradoPCB,comemorativa de seu 64~ aniversário, realizada em São Paulo, no Parque de exposições de animaisdaÃauaFunda,de li a lJdeabrilp.p., inalou1imprcssãodifusaeconfusa,queimPftJll8Y:II o ambiente, de que "o panidlo é bonachlo e nada faz de bem nem de mal a ninj'uém". T udo, na feira , pareciaterumcertoardc dcsoraanização,própriaaatrairobrasilciro pelos seus defeitos. Havia um jornall.inho, "Pregãodolivro",qucfaziapropagandada fanaliteraturacomuniS1aedasS01oncladas deliYTosr«:ebidassónomkdefe-.·creiroe que nint:u~m lt, ou pelo menos não comenta. Ali,nlose"queria"fazcrproselitismo.Oelctrecista, por e~cmplo, fez a anistlm:ia esperar meia hora para acender as luzes do palco. Un1 a1t1racejamdizendoqueadcsor1ani· uçãoeraproduzidapeloc:tcessodecachaça -asaarrafasdevodkadesapareceramlogo noprimeirodia,compradasporespertos"&a· pos" que compareceram acompanhados por no1oriedadescomunisw-outrosdi?iamque craporcausadaimoralidadeedou5(ldamaconha,fatorqislradopelarcpónerdeumma· tutinopaulista. PouCO!,noentanto,terãopercebidoclaramcntc que, ali, hada ha,-ia de espontlnco. nem mesmoadesorganiz.ação. Tudocracientifi,amcnteplanejado,obede<.:e ndoaumaestrate1ia.Tudoeracomroladodiscrc1amcntc por umaorganiuçãointerna,cningutmcantava fora do coro. Havia por 1rAs da ''csp0n1aneida~c" a carranca de uma or1aniução rlgida, on1potcnte,capazdchannonizar1odososscntimcntos. Ointcriordafcirapodiaserpm:orridocom fa~lidade, pois apesar de havcr õnibus gra1u,101igandoaestaç.ãodomctrõaolocal, c oinaresso,paraostrê:sdias,custaraper,ascin co cruzados, nào havia, nos momentos de maior movimento, mais de quatro mil posoas -numparquecomcapacidadeparamaisde dezmilpes.soas-,númcroessequebailtava paramilequinhentas,ouduasmil,noshor.irioscomuns,oquedeiu.vaossalõespraticamente vazios. Normalmente se encontravam umuS0ou60pcssoas-nuncamaisde\OO -noschamadospainéis,quesãopalestrasfeitas de modo atualizado, nas quais diversos oradorcsexpõemsuasrcílexões,maisoumenosaomesmotempo. Udentro-ondeos"fiscaispopulares" cramconiven1esesccobravamsetecruzados p0rumacer.·eja - haviacantoria.,músi,cap0pulareumacuriosaseleçãodcbebidas:mui1acach.açaparaasbases,e'81ãoseparadopara osprivilc&Jados,commesa5eccrveju.Para que misturar, nãoé7
Surpre•e • e frac••• o• Passandopclosvaziosstandsdosdiversos paise5comunistas,ovisitantedcparava,dercpente, com um ajuntamento de pessoas: era um painel com "p05ten" de ij'reju e pal.kios maravilhosos construídos nos antigos tempo~ daRússiaczarista,bemcomoilbu115comboniras imaaenJ da San1íssima Vir&cmeobru dcartedaépocapré-comuni5ta. Qucrdi~cr, oqucatrainaRússiaéatradiãoqucocomu-
CATOUC1SMO-Mil0de1986
nismoquisdcstruir,nãoasocicdadcqueele implantou. Maisadiantcumagrandefila,talcomonos paisesd c alémconinadeferroedebambu: craabarracadaChina. Curioso,aproximeime, lcmbrandoqueamedicinanaquclcpais parc,:;cdefcnderum"princípiobásico":"uma só doença para todos os pontos saudáveis". Equalnàofoiminhasurpresaquandopercebiqucsetratavade curandeirismo. Lásevendiaumapomada-panacéia,que"cura"todos osmales!Faz.ialembrarcertapropagandados "avanços"científicosdamedicinaindigcna, vinda da taba .. A:;surprcsassucediam-secadavez.maisinopinadas. Nopainclsobrealntentonadcl935,SCJ!agcmlriosque delaparticiparam - numacena comuangedora pelo artíficia!ismo - faziam umaauto-análise desuaação,aqualcontribuiuparaqueo partidoperdesse S0anosdc história. Ali,umaudilóriovaz.io,ouvindo-scapenas um locutor insistir durante IS minutos para que todos os metalúrgicos presentes comparecessem para o grande debate da classe. E, apesardospossantcsalto-falantcs, nãocompareceram as massas operárias que o PCB se jactadcpossuir. Ncmoatopoliticofestivocon seguiua trair gentc,mcsmocontandocomabarulheirade um tal "Paulinho da Viola". Quando os políticos começaram a falar, o povo fez como asavcsdcanibação-''domcsmomodoque clasvêm,clasvão" - esefoi.Masapaciêndadoscomunistaspareciainesgotável.OdeputadofederalGoldmanncsperouquese insistisse<luranteumquanodehoraparaconseguirjuntardezcsseispessoas,paraograndc
(~~;:ª~ó
~~b~~e ;,~ri;a"r::ti~~;~~~~;~, interessavaláfora,enãoaorecintodafcira!
! 1
As feministas ficaram certamente sus~pti bilizadas, poiso orador oficial, após <lirigirlbcsalgumaspalavras,retirou-separabebericar. Elas,desapontadas ,procuraramotodopoderoso secretário-geral do PCB, Giocondo Dias, que tentou consolá-las. Nessasucessãodeepisódiosaparentementefes1ivos-cmquenãofal10usequerum conjuntofolclóricorusso-anotaprc<lominameeraainautcnticidade,o"bluff" e oindisfarçávclridiculo.Aliás,issonão:;urpreen<le. Pois, quando o verdugo carrancudo se aprcscntarisonhonumafeira,oscúmplicesdc sempre simularão alegria. Eosingênuosscrãoosúnicosaacrcditar. Rafael Menezes
CATOLICISMO - Ma~ de \986
Educação sexual ou perversão da infância? O NOME DA SÉRIE é: "Jdro rk ,cnte", com a se&uime expLicação: "Proposradenlucaçjo
affflvae~ua/nafamlliaenaescola: vis.lolibtrrador11". O primeirofasciculointilula-sc"Queromeconhe<X"rmelhor",destina-
doacriançasde6a8anos.Oseaundo.paracriançasde9all llnO!i,
tem por titulo "Crescer é
coisaboa". Trata-sede uma publicação da Editora Vozes Ltda:, Petrópolis (RJ), 1983, com lmprimatur -
Jo!lo RezendeCos1a,Belo Horizome,2dejunhodel984.Sobre asamoras,informa-nosacontracapa: "Elia.MMorciraéoricntadora do ü,ligio Loyo/a, Bdo Horizonte, rcsponsáffi pela Educaç!a
Relilliosa no Pré-escolar e séries da esro/11. Realiza trabalho de coordenaçAo dePaswraldeJu•·entudena Paróquia da Divina Provid&n::ia..Pmidpadcumgropodecasai$d.amtsmaparóqui.'I.
"Eliam:Pimemaécoordenadora de Emino Reli1ioso e profes1ora d11 J.' #rie do 2.0 grau do Colégio loyo/a. Colabora na
oricnraçãodac.uequesedoCo/éllio 5111. Dorot~ia e no Encontro de Casa.is da Paróquia do Canno, em&loHoriuinte". Duaspcssou,portanto,inteiramcntccnvolvidasematividades deap051oladoleigo,trabalhando emestrcitacolaboraçlocomsetoreseclesiásticos. Osfascículosdestinam-seaseremtidosdiretammtepelasaiançu, pois suu piainu constam principalmentededesenhos,com textoscunosllttvindocomocomplemento : e tam'Mm espaços em queaaiançadeveescreversuas próprias impressões ou responder aperguntu.
Crueza. do texto e do• de•enho• No fascículo n? ! , após várias páginasdecxplicaçãosobrediver-
sas pane,s do corpo, tudo cm lin&ua&em muito infamil, aparecc a figuradehomemestrábico,provavelmente o pai da.scrianças, comumaexplicaçãosobreocas.amcntoeaooncepçãodosfilhos, apresentada numa linguagem crua,eemtermosaberrant-e.paracrianÇ115de6a8anos.Elogo afi1,uradeummeninoadiantaa e•plicação,oomoscjAnti,·~ inteiramente familiarizado com a termino!o&iaeociclodaconce))ção Olinguajartsurpremdentepelasuacrueza,semqualqucraplicaçloprhiasobreO!iignificado d0$termosusad0$equedc.sianam os vários 6rpos, masculinos efcrnillll0.'i,orden.ad05àprocriaçlo.Oquechocaré,ou,pelomenos, causará estranheza a uma criançadc6a8anos, provavdmcnte ainda preservada em sua inodnciapelaaraçadobatismo ecujacuriosidadenion1áa1,uçadaparaesse1ipoderealidade. Informações mais detalhadas sobre o processo de reprodução humana podem ser encontradas nol?fasdculo,paracriançasde 9a li anos. Nasptginas21e22 es1iodesenhadosedescritossucin1amcnte, em sua anatomia e fi. sioloJia,osórglosdoaparelho genital do homem eda mulher, comosed:iafecundaçãocagestação. Na pá.tina 25 l~-sc a dcscriçãoda fecundaçioedagestação,apartirdoa1osexual.Nap,égina29tapresentadaadescriçlo donil.Kimentoapósaaestação.E naptgina)l,fiauramtrkdesenhosmomandoumfetoemdi~~~~~~ estágios de desenvolviNão há qualquer preoçupação em evitar que tais ioformações sU5citcmnO!ipequenos,porlhes terem sido imposta.s de modo precooe e iodiscriminado, ocnas pcrturbaçõe,;dealmatioprejudiciais nma idade, e muitas ve,;es de comcqii&lciasnocivaseduradou-
Poistudoestádescritooomose as informações sobre a vida sexual pudeMem ser ministradas da mesmaformapelaqualseexplicariaoproccMOdadigestãoouda respiração.Ab$traindo,ponanto, dofatodequetodoscrhumano, apósopecadooriginal,tparticularmente vulnerável à concupiso!ncia.Oqueésurproendcntenumapublicaçãoqueseapresenta como católica! Emboraadcscriçãodoatose xualsejacolocadaemumcontcxtoquesupõcomatrimõnio,não éensinadoqucialatosótlicito nocasamentomonogãmico e indissolúvel. Expressõescomopu· rn11, castidade, ptt11do tambcm nãosi.oencontradas.Avidasexualtapresentadasobumaspectounilatcralcpositivo,deixando lugaràsuposiçãodequeelat semprelíci1a,bas1andoparaisso que exisl.a amor entre um homem e uma mulher: ''Poisaenteronscientc, seja uande ou 11inda pcquena, sabe quc o 11mor er11re o homcmcamulhertcoisamuito boacséria.Lcvaosdoisasere/adonarcmprofundamente.Pois aspessoasquesc11mamerespei111mconhecema vcrdadeirafelic:idade"(p.42).
Essaoonceituaçãoafasta-sedo ensinamen101radicionaldalgreja,queinsistcn1 necessidadedc um cuidado todo especial na transmi!Sãoàscriançasdeoonhecimemos sobre matéria sexual. Panicularmemesignificativasparaocasoqueoraabordamo!is.ào estaspalavrasdoPapaPioXII: ''Váfinspirareis(aosfilhos)aJ·
ra es1ima e accndrado amor pela vinudcdapureia,indirnndo-lhes comoguardaselfura a materna prot~Ja da Virgem Imaculada. Vós,cnfim,comvossapcrspicáciadcmlccdccducadora,gra-
çaslfíc/aberruradealmaqueriwrdes sabido infundir em i·= filhos,n.:lodcixarcisdeperscru-
raredc disccrnira ocasilo c o momcntocmqueccnasquestões delicadMscapresemamascues-
p/riro,cmrazàodcperturbaçõcs espec:iaisdossenridos.Caber-·vaslfentloavós,paravos.sasfilhM, IOplliparavossosfilhos-na medida em que julguem n ~ -
rlo - /cvanrarcaurelo.samenre o v<!uda,·crdadc,cdarumarespos taprudcntc,justaecristila: tais quesrôeseinquictudes"(AlocuçioàsMulheresdaAçloC.tólica,em:U..10.1941,A.A.S.,Ano
Suiddio oc crianças a,'11 me propo rções alarmantt-1 nos t ~U~.los,iqu ,do.-~ a•·Ls;-.;ews ~dWnldRe n' A presidente da l\uo..ia;. :>pa1a btudosscL e'i IC!d J, Dra. Cynthia Pfeffer, autora do livro "A Criam,:a S, -.ida" ci,nsidera que depre'\>.ão, ''stress''. akoolismo e llW de dro<l, além de probkmas familiares. encontram-se n:1 orgiem · muitos desses casos. Afirma, ainda, que o cre:..;,;nte núcro de dissolu,;õcs do lar conjugal parect estar asso ade tendfocias suicidas na infãnda e adolõeên Como 'IC v!, o divón:io eontmua a produzir pé-ssimos efei• tos na rociedadc, npe.:ialr. nle entre os qu mau nec essitam do am paro familiar.
m.
CATOLIOSMO-MIIOdli1911i
XXX IJI , strie li, vol.VIII, pp.4:5$-456). EsobreaspoblicaçõcsdcsunadasileducaçJ,osex1,1al,emanadas defomeca16lica,dizaindaaquele Pondfice: "HAumterrcnonoqualcsra educaçlo da opiniio pública, e sua retmcaçlo, ~ impõem com uma ur1tnci1 tri$ica. Ela. se acha, ncsreC1111po, pcn-rnida. por uma propaganda quenlosehesirariaemchamardcfunesra, se bemquedcst• vez ele emane de fontec11tólic11,cvi~agirrobreos católicos{... ). "Queremos falar11quidoscs criros,livrosc11ni605conccrncntcs I educaçlo sauaJ, que hok em dia obrlm freqüemcmenre enorme sucesso de liv11.r11.ri11 e inundamomundointeiro, inv11.dindoainfAncia,11fo1ando11.geraçAo 11dolestt:nre. penurbando os noivos e os jovens esporos" (Alocuçloaospaisdefamilia,em 18-9-1951, cfr. "Catolicismo", n?13,jan/l952).
Evoluclonl•mo • luta de cl••••• Outro pomo que causa est ranheza-paradizerpouco - na obraemqucstiotofatodeatâo combatida hip61- sobre uma evolução, que estaria na origem do1parecimentodoserhumaoo, apresmtada como dogma univi:rsalmente aceito e comprovado.Oquetsabidamcntefalro. Nap. tldo2?fasdculolernos a frase: "O animal participada evo/uçlo como uiarura de Dcus".Enapá&inascguinte: "0 nenêteme.spfritocconsciéncia. Par«e-$e com DcllS, a Con5Ciência Maior. P11rricipa d11 evo/uç,ão como Filho de Dcus". E na p. 20: '"Alra>~dae,·oluçlo,Dcusfez a.sl)CSSOIISdedois~ilosdifcrcn rcs: homens e mulheres". Esta afirmaçãoparecerontradizer,pclo=n05implici1amente,aintervençiodiretadcDcusnacriação doprimeirohomemcdapri~eiramulher,questionandoass1ma doutrinado monogenismo-segundo a qual todos os homens têm1uaorigcmnumprimeirocasal-edopt<"adooriginal. Enap. ll encontramos ainda a seguinte afirmação: "Alt:mdas razôcsdeordemff5ica,existeo111ro mo1ivo import11nteq11elev11 11mncnl11nascer.Es1emotfro~ prende I evo/uçlo dos e da vid11nomundo''. Portanto.não seria apenas o desenvolvimento normaldoembriãoedofetoquc levariaaonascimemo;esteseria tambtm ronseqU~nciadaevotuçãodosscrcsedavida nomundoem1eral. Há-eistoseconstatatambtm cm outras publkaçõcs - um conúbio educação sexualevolucionismo nu fileiras progressistas. Outroelementocaracrerístico daprcgaçioproa:resslstaiprocurarstmpreumaocasiãoparaintroduriraq~tio,oc;.J,nãoimportando a que pretexto.
=
~=
CATCltCISMO-Maiollt1986
NocasoprC$CD!e,otemaétratadosq:undoaóticadaCNBB: ospobrcssioaprescntadosrom? oprimidos,exploradoseQCra~~zados,mquamoosricossioos opres$0reseexploradores.Oswfriment05domundosioapcnas osdeordemrna1crial,pas.siveisde seremalividadospormeiodereformas,comosecornprovapcla 1eituradestetrecho,nap.!6do l?fasc!culo: "Pcnsandonóspodcmos modificar o mundo . Deus permitiu que fosse assim. Nós conseguimos modificar muirns coisas e criar oimas. Eu posso diminuir um pouco o sofrimento do mundo. O sofrimento da fome. do de.sempreso, da falia de moradia''. No2~ fasciculo , apretensaluta emre pobrcsericoséabordadamaiscxtensamente.Apóscriticar,comrazlo,aquelesqueexploramoscxonapublicidadee nosmeiosdecomunicaçãosocia!, asautorasosqualificamdemaus ricos. Depois,poraproximação, estendemaqualificaçãoaoutros ricos não publicitários. Nãopodiafaltar,evidentci:rien1e,umaalusio,emboraind1rcta ilncccssidadedaReformaAgrária: "'Assim i que ctC$CCm, a cada ano, assiruaçócsdeinju:,tiça na/erra". Enap.4(lasautorasconsideramescraYidioaexi5tcnciadcpobrcs,aqual.5eriasemprefrutode umariqueudesonestaemaldistribu!da: "Slofami1iasintdras ~m emprego, passando fome, sem lujar onde morar. Tudo isso~ ~nscqülncia da '!queza mal dmnbuídaeconsegu1dadeforma dC$ODC$/a. A Igreja tem se prtOCupado m~iro com~ simaç!o dos empobrecrdos, e fe,ro o possfre/ para melhorar sua vida, par11/ibmA-/osda.si1uaçlodecscra,,;dAo em que ~frem"'. E.ssaspalavrusoamcomoum apeloclaroillutadeclassescàs refonnu iaualitárias, socialistas eoonfiscatórias. Servindo tambtmparaincutirdesdetogo,em criançasde9a li anos,umsentimemodeculpaporaquelaspossesquc,evemualmentc,sua5fa. mllias1enham,eumafut1,1rafa!tadercaçiloquandodclssforcm privada5poresbulhoouporconfisco.
Esia ta ""vis.to libertadora da ~humana"quecs1âscndo incutida em crianças de 6a li anos,paraqueelaspossam,dei.deji,"ajudar1mudar,liben_ar, melhorar o mundo ~m que v,vemos" (p. 4S). Oque,nojargioprogrei.sista, significa"libcrtar"omundoda doutrin atradicionaldalgrcjaem ma1friamoralesocial,transformarasestrutura5poli1icas.sociais eeconõmicasnosentidosocialis1a,eimplantarumasocirdadecoletivista, laica, pcrmissivacisuafüária. MuriloGallin
A TV, um Instrumento de controle social MUITOS CR1TICOS 1.!m-..e preocupado com o, efe;101 nesattoo; quc s tel~'Vil-io prodLU nos tclc1i,e,.:1adore quedisl)l!ndem hc,rp, horts diame do vldeo. A atcnçáo dele<! volta-se c~pcda!mente pllrl cmo1 programas que_ ntimu\am no pút;,hco a pritic.a da v,Qltnç,a. Sendo esta focahada_l)Ulkulanneme no prnente ar1i10, de acrndo com a anáJ"e fn11 por doi, C5p<:(1alislas, deixamos de lado outros 11-~pcctos mahàr;,s e não )S llCÍasl0$ da TV para milhões de: !dnpc, :,rn e-m iodo< . :ndo qu.ais,e onaramdcladeper · :oc _ vl\lrrim
J., .,lltV1Yffl105dias .-,ol~i: a io!.óna TV , m~, a1 do mento-nasruasda,,b;.:,t.s :idernas,1.cna nterc-s5an!cllff1un1arsea TV não tem nessa , ..scminaçãClumpapcJ imp()IUT!te. Um estudo dos Dfl. George Gerhner~ l_.a_rry ~rou, ambos da Anncnbcrg School Comu1mai,on da Ln,,crs,dade da Pemil,·â, ·-., EUA, oferece-nos importante! subsídio, sobre orema1•1 Set\1ndoclcs,atdevi,àopossuinasocieJadeatual um poder que t próprio da autoridade . O, pro1ramu comendo atos Jc violhida prrdi,põem as pessoas à accitaçlo dela, com uma ~al1dadeoomaquaJ..,dcvcaprendcraconvi.-cr Para c-idcni.:iar flse poder da 1dcYislo, os dob dentistas IIOtlC- ~ lembram um exemplo muito ilusmttivo: Aqucks que dui idfln da influén,-ia da T\l, m",c-m roa.siderar O paaodoautc,mó,d na so.:iaJade amm".:ana. Quando oauro iióvd Jur11u $Obre MJ poeirem;,J rodon.u, OWJ/0$ americanos •·i(anH10 como uma carroça sem ca,·alo, nJo como um propu/s« de um no,,, ffiilo de vida. rguJ/mcnte, 11qudcs de nó, que crt"kff11m an~ d;, T\l rendem a con:..iderJ-1:, aperw como um mc,o de dn·u!1açlo emrc outros. no ,ran,1c conJunto de ti.iemas d~ comunfraç.to de ma«a do sé<:u/o XX. mmo o cinema e o r,tdio. Mas a T\I n.io é apcna.1 um ovrro meio,. A violtncis na TV conduz05 !CIC'lpcctadore-- a verffil o mundo oomoaindamaiSJ)tTÍJosodoqucclereal~ttt, oque;nnuenci1 o cn"1f'(lnamento. A pergunta ··po,J,._ >ffu>n/ianrc (hoJt tm dia/?'". J~IJt doa 1elnpc-ctado~ mais as"llu0$ tespon deram qu.e '"nurn.·a se é sufide-memcme ,-autehsa", Ju seja. pormai,quc,ede<..:onfi~,nunca~i.b.uta: Geralmente as pcuoas nio ntio p-.icol(lgicaente preparadas para11:tlcl'endtremdolcfei10'ida>iolfnçla11an· . .>\nim.ponderamoscietni1nquc "cmbm-•cri1icosstQuti•cmdocar11 r,::r nrerotipado dm- enredo, '10< dramas de T\'. mui1os rcll'l pecr,adore, ,&m-nm como rer=rari,os do mundo rNl ( .. .) t'-in1uém, 1enfando dctn:rar o. cfrilm das opinidc:< da T\I. tem o ."ll!d.aJo d,· .,cr,an-los de omnu influln,:ias rn/1ura;, '
O medo t L.n oenhm~nto universal, fá.il 5er c~1 ! macio, oquaJ1emsidoohjetodeu1;1iiaçãoahusi,anaT\",incutindo nas pcs-, Uffll! ••e..agerada imag,·m da allN'açll Jo perifo" Um hipcnrotiado $Cll$O do riKo e da in..q:urança pode condu zir a crncmtes dern11ndas de pro1~0 Dessa: forma, a idcvi s.tio poJ, 1or1111Me o principal msnumentode controle k>cial. O rdmJo mudo reua.Jta lambtm o papel da telev1sio na k ~ , d<1 penonaJidadc. ,;orno também do modo de a,1r pr J"' tclapcc1ador~ '. Para ilu1tr11 1ua tcic: , os a1,11orcs q:inam um ercmna que nves.sc numa ,ruta e tivesse conlicd ento d~ vida nterna 11pcnas atrué,, de um aparelho de telev11lio li11do duran1c o horário nobre.~, (Unhec:UT'ICllto do mundu seria formado cxdu1i•·arnente com bas.a 110 qu.c: ele aprendcriaatravt,dcimagcm.fatix,pcu"as.objeh)JCluaa ,~ fictki<>, que aparecem na TV. Ate ,cu modo de wr a nat1,1reia humana ,er11 rnoldado pcla ll'icologia ,u~rf' ·ial do~ car110'1er~ llPfflCíllados na TV
,•,G,eorf,
.-.
..,
-. ··nws.:.,,~
......,.._ ..P:ollopT-)1'~"1'16
otn·,H....,.virwrr•
Na França: mitterrandismo sem Mitterrand?
_.111ftdml"'ÔJQ~~ Minerrandnlo
consevuiuim!*lt.-?
EM
MAIO de 1981, Mittcrrand era eleito presidente socialista da França, por estreita margem de votos (2,6'1,), com o apoio dos comunistas, dos esquerdistas de todos os matizes ... inclusive de matiz católico. Pouco depois, em junho, dissolveu ele a Assembléia Legislativa e, no novo Parlamento, o Panido Socialista ob-
tinha apcnas 37 ,4117o dos votos, o suficiente para eleger 285 deputados, maioria absoluta e folgada. A abstenção chegou a 29,7'?. dos ckitores. Na França e no mundo inteiro as es-
querdas comemoraram a ascensão de Mittcrrand e a celebraram como o inicio
dcumanovacraqueseabriaparaaRevolução mundial. Era a vitória da "França qu e sonhava'', da França herdeira das utopias de 1789,daComunadc 1871 eda Sorbonnc de 1968, sobre a burguesia "prosaica, banal e tediosa" de ccntrodireita, simboliz.ada por Giscard D'Estaing. A euforia au1ogestionária dos socialocomunistas, sintelizada na famosa expressão "/es têtes vont tomber"(as cabeças vão rolar) do deputado e ministro socialista Paul Quillcs, durou, entretanto, bem pouco tempo. E, para esse resultado, muito contribuiu a repercussão mundial que teve a Mensagem das 13 TFPs sobre
osocialismo autogestionáriofrancês, de dezembro de 1981, escrita pelo Prof. Pli· nio Corr~a de Oliveira (1). A autogestão foi arquivada. Os ministros comunistas foram afastados do governo e o PSF "rompeu" com o Partido Comunista Franc~s. Na economia cambaleante, os socialistas, sem inspiração e para evitar o caos, adotaram um plano de austeridade com medidas de cunho nitidamente liberal. Desde 1983 todas as sondagens de opi· nião pública indicavam o dcdinio de prcs!lgio do governo socialista, confirmado pelos resultados dos pleitos regionais parciais e das eleições para o Parlamento curopeu de 1984, na qual o PSF obtcvc apenas 210Jo dos sufrágios. Prevendo o pior, Mittcrrand promo· veu, cm 1985, a reforma do sistema eleitoral: as eleições majori1árias com dois turnos deram lugar ao escrutínio proporcional de um só turno. Pelo antigo sistema, o PSF obteria no máximo 150 cadeiras na Assembl~ia Nacional - cujo plenário compõe-se de 576 deputados, segundo a nova legislação - e o PCF, com seu atual eleitorado, seria praticamente alijado do cenário político francls, conseguindo apenas nove representantes.
Todas essas medidas, entretanto, nào puderamevitaraderrotadascsquerdas. Apesar de ter havido um aumento de 86 cadeiras na nova Assembléia, o PSF perdeu 70 deputados. O resultado obtido, de 3J,90Jo dos votos, só foi possí\'cl graças ao voto útil dos comunistas. E, dos 22conse!hos regionais metropolitanos, 20 ficaramsobapresidênciaderepresemantes daatual maioria de Centro-Direita e apenas dois com o PSF! Mitterrand nomeou como primeiroministro Jacques Chirac, Jidcr do RPR, maior partido da coligação (RPR - UDF - Diversas direitas) que obteve a maioria absoluta de cadeiras. Trk temas principais emergiram das últimas eleições: o fenômeno Le Pen, o declfnio crescente do Partido Comunista e a questão da coabitação de Mitterrand (cujo mandawsecstende ati 1988)com uma maioria parlamentar de ccnt rodireita.
L• Pen: desordeiro ou flel-da-balançal As sondagens de opinião púb!ka previam de 5 a 7"71 dos votos para a Frente Nacional. Mas. o par1ido de Jean-Marie Le Pen conseguiu empatar com o PCF: CATOOOSM0 - Mlllldl19116
35cadeiras, I0IIJ,dos11otose2,7milhões de eleitores. Chiraceacoligaçãodecentro-direita, queobteve29l cadeiras-apenas duas a mais que o necCMário para a maioria absoluta - recusam-se a procurar o apoio da FN, alegando a presença de racistas e fascistasentreosrepresentantesdessepartido. AFrenteNacionalbaseousuacampanha nadefesadeumapolítica dura face àimigraçãoclandestina-queconstitui sério problema para o pais - e à insegurança gerada pelo terrorismo e a criminalidade, que atingiu índices sem precedentes nos últimos anos na França. Com mais de 30 deputados, a Frente Nacionalcons1ituiráumconsiderá11eJ1rupo parlamentar, o que implicará, para ela, em muitas vantagens. "O presidente do grupo (Le Pen) pode semear a desordem no desenrolar dos debates ... pode multiplicar os motivos de obsrruçAo, através de pedidos de suspensAo da sessão, de
voraçAo nominal, de verificaçllo de quorum .. . " (2). O Partido Comunista agiu dessaformanofimdalegislaturaanterior, atrapalhando enormemente os trabalhos. A Frente Nacional agirá desse modo? Ou procurará ser o fiel da balança, compensando a frágil maioria governamental nos momentos de dificuldades? O fato é que Mitterrand já consentiu na realização de estudos para o restabelecimento do escrutínio majoritário de dois turnos, uma das metas prioritárias de Chirac. Se o Presidente dissolver o parlamento e con11ocar novas eleiçõcs legisJalivas (de tipo majoritário), o PCF e a FN seriam praticamente varridos do Parlamento, pois ncs.sas condições só obteriam nove e sete deputados respectivamente, com seu eleitorado atual.
O PCF: um partido em extlnçlo Com eleições majoritárias, o PCF correria sério risco de desaparecimento. A is-
~AfOLICISMO
so se somam as dissensões internas no partido. Um manifesto de página inteira aparecido em "Le Monde" (2-4-86), assinado por mil comunistas, pede a convocação imediatadeumcongres.soextraordinário - o Vaticano li do PCF, segundo a imprensa - a fim de ser discutido o destino do partido e a escolha de novas lideranças. Com efeito, a hemorragia eleitoral ,·em sendo enorme no PCF: de quase seis milhões de eleitores nas legislativas de 1978 (20,61111) passou para 2,7 milhões (9,79'"t). Em Paris, o partido não conseguiu nenhuma cadeira parlamentar, enquanto a Frente Nacional elegia dois deputados. O comunismo enquanto partido está em declinio em toda a Europa. Diz Alain Besançon no "L'Express" : " . .. Um partido /eninista não é nem uma casta nem uma classe, mas uma espécie de seita presente em todas as camadas da sociedade, e contudo separada delas por seu estatuto e sua regra". E noutro anigo. sobre o futuro do PCF, afirma o mesmo autor: "O partido comunista não é concebido para ganhar eleições, mas para manipular uma crise" (3). Realmente, o maior perigo representado pelo comunismo - e isto vale tam~m para o Brasil - não está no contingente eleitoral que ele ostenta. Pois, em que país do mundo conquistou ele o poder atravCS de eleições livres e honcstas? O comunismo é temh·el, isto sim, enquanto está à espera da crise que lhe permita assenhorear-se do país por meio de embustes, da conivência dos inocentes úteis e datraiçãodaquelesqueselhedeveriam
A jogada da coabitação As primeiras fricções entre Mi•terrand e a atual maioria de direita começam a aparecer. Muitos çomentaristas as vêem como meras escaramuças nas quais os contendoresbuscarãoapenasadelimitação das respectivas áreas de atuação. A Constituição francesa, de De Gaulle - da atual V República - não previu a situação em que pudessem conviver o Executivo c uma maioria de oposição. Estudos foram feitos sobre a questão. Seus autores e os comentaristas mostram que na área da Defesa e das Relações Exteriores a Constituição é dúbia quanto às atribuições do Presiden!e e as do Primeiro-Ministro. Entretanto, nesses primei ros dias a coabitação "funciona até o presente de maneira geralmente satisfatória", afirmou ao "Washington Post" o ministro todopoderoso das finanças, J;duard Balladur (4).
Cautela da pahe dos dois oponentes à espera da primeira derrapagem do adversário? Ou haveria algum acordo? O fato C que há, entre ministros e deputados da coligação de centro-d ireita, muitos que prefeririam antes um acordo com os socialistas do que com a Frente Liberal, de Le Pen. CATOLICISMO- MN ilt 1986
Assim, o Deputado Bernard Stasi, do Centro Democrático Social (CDS), criticou Chirac classificando de "estúpidas" as medidas propostas pelo primeirominstro contra os 1erroris1as, como a pena de 30 anos de prisão para on:riminosos. Acrescentou o mesmo deputado que se o CDS está atualmente "aliado à direita liberal", ela deve fazê-lo de modo "que esta coalizào não deri1'e muito para a direi1a"(5). Jacques Barrot, também deputado pelo CDS, pronunciou-se no mesmo sentido. Rebocando uma maioria precária, Chirac prepara-se para governar a1ravés de ordonnanccs (Dccre1os-leis), poderes que já lhe foram conferidos pela Assembléia. As primeiras medidas na área econômica compreendemaprivatizaçãodeváriasredesbancáriaseindústriasnacionatizadas por Mitterrand e pelos governos anteriores. Curiosamente, o projeto de privatização concede aos diretores de empresas amplos poderes para "favorecer a panicipar;Ao dos assalariados no capital e no lucro das empresas", bem como a "aparticipaç!o dos assalariados nos conselhos de administração e füca/ das sociedades anônimas'', a quaJC proposta, na base da "terça pane do número de membros do conselho"(6). Assim, a realização do projeto que Mitterrand não ousou por em prática - o tão decantado socialismo autogestionário o governo de "coabitação", ao que parece, estaria começando a favorecer(7). Não seria a primeira vez na História que isso se daria. Quando num pais ocorre uma vitória sobre o comunismo e o socialismo, a opinião púl'>lica em geral se desarma psicologicamente, perde a vigilân ciacontraosadversáriosda vCspera, na falsa ilusão de os haver derrotado para sempre. É nesse período que às vezes são aprovadas leisdesaborigualitário e confiscatório. Foi o que se deu com a aprovação do Es1atuto da Terra no Brasil, poucos meses após o golpe de 1964. A TFP, na época, çombateu essa manobra, denunciandoo''janguismosemJango" que se insinuava com a Reforma Agrária. C hegaremos a ver na França, com o govcrnodecoabitação,umMitterrandismosem Mitterrand? Peçamos a Nossa Senhora de Lourdes e a São Luis Rei, padroeiros da França, que concedam aos verdadeiros católicos francesesalucidezeacoragemparaverem e denunciarem os ardis dos inimigos da civilização cristã.
Gregório
cam 2
Do ponto de vista sanitário Rússia equipara-se à Sri Lanka ... DE UM ARTIGO publicado por revista francesa (cfr. Ticrry Wolton, "URSS - Demoaraphie: le ooru;tat d'échK", Lc Po;n1 n~ 681, 7-10-SS) atralmos ai.uns dados !il'!ifieativouobre as~simas condições de vida cxistcntci; na Rllnia comunista: - A expectativa de vida diminui. Hoje viYC•SC menos tempo naquekpafadoquehi.vinteanosatrás.Eml96Sohomemrnsso vivia em média66,2 anose a mulher 74,l. Em !980, segundo estatisticas da Organização Mundial dc Sa\ldc, aquelas cifras descerampara61,9e73,Sanosrespectivamcn1c.Cabeno1arquees1e é um fenômeno únioo para um pais industrializado em tempos de pu, tomando-se mais chocante ainda quando comparado com o que OCQrre em outras nações. Em 1960, por exemplo, russos e japonc~ viviam em média 6S anos. Atualmente um jap0n~ vh"e dotc:anosmaisqucum russo.
- A monalidade infantil na Rússia t quatro vezes superior à dospaiscsocidcntabmaisdcscm·olvidos.Asituaçãoncstesccor ta tal pomo vergonhosa que os dirigentes sovitticos procuram escondC-la,nãopublicandomaisestat!sticasdcsdeosúltimosanos da década de 70. - O número de alcoólatras na Rússia uhrapassa os 40 milhões, 5e&undo relatório da própria Academia Soviética de Ci!ncias, cm dezembro de 19S4. Esse vicio t obs-crvado em iodas as cateaorias sociai, e atinae tanto os homens como as mulheres. Emrc as moças de 18 anos, 95~ fuem uso habitual de bebidas alcoóliCi15. Este fato rcpcrcute robre a tua de mortalidadc infantil, pois l6~ ducriançasnascidassioponadoresdelesõescongCnitas~evidas aoakoolismodospais. - A má alimentação, a fadiga, o esgotamento ncrvoro provocado pelos incômodos da vida diária - tais como a dificuldade
para comprar mantimentos e 1rti1os de uso pessoal - se acrescentam 10 aloool ismo como fatores responsávcis pclo enorme aumtntonaincidênciadcd~nçascardio-vasculares.Osacidentes card!acos mortais na RUSSi.a W> ~ mais fmiüemes que na França. Eles fiauram cm primeiro luaar como causa de morte, principalmente cm homens com mais de 50 anos. contribuindo assim paraadiminuiçãodaMpecll!ivadevida - A assistência médica é de uma prcçariedad e impressionante. Oshospitaiseseusequipamentossãoinsuficientcsemnúmero,c sobretudoemqualidadc.Osmedicamcntoscstãosemprccmfal1a,eosmédicosrcccbcramimtruçõcsparalimitaraprcscriçãodc mcdica.mentos dispendiosos. quase sempre indispcns!veis para o tratamcnlodamaioriadasd~nça.sara,·n. - Cada ano n=m 35.000 crianças com malformação cardíaea arave, dc cfcito lctal caso nlo scjam opcradas antes de complctaremumanodeidade. Entrctanto,essctipodccirur1iaespccia!izada só é praticado cm um hospital, localizado cm Moscou. No rcstantedopaisnãohárecursosparasalvaravidadcssascrian~· Assim. daquelas H.000 apenas JOOoonscguem escapar da morEsses dados configuram a Rússia, do ponto de visia sanitlirio csocial,comoumpaíssubdescnvolvido,tcndosidocomparndo 1 Sri Lanka (º) e à Gua1emal1. (") Eill f 1-.ioaçlooflcial <(lltO&lltia<>CriU.o - ilhadoOct&llo [lldi,oo 10larfOdlo.Uetnidad<wtdllDdia-,tceb<,,,oml"1l.qu.ando1or,_... uma ~ep<lbllc1Drmoa-tücaSocill1i11dtnuoillCornurúdade8ri1lni«,.Jtp1<riormont<, w1rclo1mi16riodlilhlroiclom!nadopelospon,,.....a110lkuloXVt;ommea,
~i:":~;Lis:~=:.:'.~.·:·:i::tx~rt"ho!•nde><s.
pu,andop....
Aspectos de um país cárcere, o Laos QUEM GOSTARIA de ser acordado todos os dias por alt o-falant es alardeando as maravi lhas revolucionárias? Pois em Vientiane, capital do Laos, é assim. Ainda a neblina não se dissipou da superfície do rio Mckong, que a banha, e seus pobres habitantes já tiveram sua dose matinal do alarido propagandístico comunista. São tecidas loas às realizações do governo e exige-se, aos brados, solidariedade e rraternidade. Essas informações constam da edição de 17 de fevereiro do "Newsweek". Após esse começo de jornada pouco animandor. os laocianos lembrar-se-ão facilmente de que estão num dos pa!ses mais pobres do mundo, com renda anual de 120 dólares per r;apita, e de onde já escapou quase I0OJo da população através da fronteira com a Tailândia. Com efeito, esta nação de 3.600.000 habitantes perdeu 300.000 desde 1975. A maior parte deles buscou refugio cm dois odiad!ssimos lugares: a França, antigo poder coloniudor, e os Estados Unidos, país-sede do capitalismo ... Mas ainda há uns 100.000 laocianos que vegetam miseravelmente nos campos de refugiados da fronteira 1ailandesa, os quais preferem ao paraíso socialista pátrio, cheio de alto-falames e parco cm alimentos. Há no Laos, de outro lado, uma população prisioneira no meio das selvas, para "reeducação". Esses pobres seres humanos não se persuadiram ainda da superioridade do socialismo, e estão sendo convencidos disso. Enquanto não se co nvencem vão ficando nas selvas. Calcula-se que cm 1970 eram 40 mil os "reeducandos". Hoje, fala-se cm 6 ou 7 mil, muitos dos quais funcionários de destaque da administração, mas que estavam desiludidos com os atrativos do regime. Mudarão de idéia, certamente .. . Por incrivcl que pareça, a Suécia e a Austrália ajudam o governo laociano, deixando de lado, no caso, a preocupação com os direitos humanos, tão presente cm outras circunstâncias. Entre os programas de auxilio da Austrália está uma bolsa de esmdos para 10 est udantes. Porém, por precaução, eles devem andar sempre em dupla (um vigia o outro), e se um deles sequer recusar-se a voltar para a tran quilizante a1mofera laociana, o governo de Vicnlianc já avisou que cancelará o programa. Além da ajuda ocidental, o Laos recebe 1ambém o fraterno e generoso auxílio bélico oriental. Do Vietnã lhe vem uma singular contribuição: SO mil soldados e S mil conselheiros. E da Rú ssia mais 2 mil dessa última espécie, solícitos, gen1is, trabalhadores e .. . abstêmios. Enfim, como se vê, o Laos já tem tudo com que nossos comunistas tupiniquins e seus "companheiros de viagem" sonham cm presentear o Brasil.
CATCl~'-'"
W.•19116
Reforma urbana à moda socialista U M DOS MITOS difundidos pela demagogia esquerdis1a no Brasil é a necessidade de uma drástka reforma urbana como condição para solucionar o problema habitacional, notadamen· te nas grandes cidades do país. Neste sentido, ondas sucessivas de boatos são habitualmente fabricadas para fazer acreditar que a população periféricadeccrtascapitaisestápronta a se atirar à revolução social. Poroutrolado,atristesituar;ãohabitacional dospafscssocialistas,onde há décadas se implantou toda sorte de "reformas",inclusiveaurbana,écuidadosamentesilcnciadapcloscorifeus da demagogia revolucionária. Por conseguinte, nada melhor para se avaliara suposta eficácia deseme-
lhante"reforma"doqueaaprcciação dos frutos por ela produzidos nas infelizes nações de al!m Cortina de Fer-
rn. Os dados aqui consignados foram extraidosdopenetranteestudo"Acrise de Habitação nos Países Socialistas", publicada pela Fundação Getúlio Vargas (cfr . .,Conjuntura Econômica", outubro/ 85).
Habitaçõas c oletivas: f oco de promiscui d ad e e a lcoolism o na URSS Aescassezdehabi1açõeseobai:dssimo nlvel das moradias na URSS são fatosadmitidospelosprópriosUderes comunistas. Em recente discurso, Gorbachev reconheceu o fracasso da planificaçãoccntralsoviéticanosctorhabi1acional. Osengenhcirosrussosnllo se preocupam nem com a qualidade nem com a durabilidade dos materiais empregados nas construções. Só lhes intercssaatingirasmetasditadaspe[os burocratas do Cremlin. Es1as, por sua vez, quase nunca são alcançadas. Em Lcningrado, por exemplo, dos 104
apanamcntos programados para o ano de 1984, apenas 64 foram concluídos. Com área não superior a 22 meuos quadrados, esses mini-apartamentos, conhecidos como .. já-vi-tudo", devem abrigar uma família média de cinco pessoas. Fibras de: plástico, tecidos e outrosmatcriais,utilizadosparaobter divisões internas, são rccul50S com que a fértil imaginação do povo russo busca alguma privacidade dentro dos cubículos que o Estado Patrão lhe ofe• rece como moradia. Emconseqüênciadac:scassc:zgeneralizada de habitações, residir num desses apartamentos, construidos segundo o molde da gcrontocracia soviética, é luxo de que poucos desfrutam na Rússia. Emgeral,sãoediffciosantiquíssimos, pertencentes à velha nobreza russa, alguns com mais de 200 anos, que foram tramfonnados em habitações coletivas. Na versão brasileira scriam as chamadas "casas de cõmodos'', que marcaram a vida na rua do Catelc, no Rio, nas décadas de: 30
''°·
Um exilado brasileiro que viveu bastante tempo em Moscou conta que as residências coletivas soviéticasconsti· tuem uma permanente fonte de constrangimento e: promiscuidade. Na ho• ra do rush, quando as pessoas se levantam para ir ao banheiro, as filas para ousodossanitáriossãoextensissimas. Homens, mulheres e crianças, algumas delas conduzindo vasos noturnos com dejetos, esperam pacientemente sua vez de despejá-los. As cozinhas coletivas também são fonte de permanente disputa: numerosaspanelastentamconquistaraúnica boca de fogão disponível. .. Umjornalistadarcvista"L'Expansion", que morou muitos anos na Rússia, ao falar sobre as inúmeras familias vivendo em cômodos de proporções liliputianas, comenta: "A promis-
•• A co rda pa,. enforcá-los" é 01itulo de um livro recentemente lançado na França, pelo jornalista Eric Laurent. O autor analisa a transferência da tecnologia ocidental para os palscs de além Conina de Ferro e demonstra que 85111 do potencial industrial e militar soviético foi construido sra· ças à incessante cooperação de homens de negócios americanos, entre os quais Armand Hammer. Isto ocorre desde a revolução bolchevista russa, cm 1917, até nossos dias. O titu lo do livro é wraído da famosa afirmação de Lenine: "Os capitalistas nos ~-cnder!l.o a cor"da com a qual vamos enforcá-los".
cuidadcexistcntcnascasasco/etivasé ouua grande tragédia para as famfüas soviéticas". Alguns especialistas apontam como umadascausaspskológicasdoselevados índices de alcoolismo, na Rússia e países satélites, o diurnrno constrangimento a que é sujeita boa pane da população nas rcsidênciaJ coletivas. Fracasso da Reforma Urbana em Cuba Logo que tomou o poder, Fidel Castro implantou na então "Pérola das Antilhas" a Reforma Urbana, transfcrindo ascasas alugadas aos seus ocupantes. Os imóveis pertencentes ao governo foram cedidos cm fonna de usufruto permanente. Àscmclhançadamatrizsoviética,o ditador cubano transformou os antigos palacetes de Havana em habitações coletivas, com um cômodo para cada família e serviços comuns de cozinha e banheiros. Os atuais ocupantes dos velhos solares de Cuba de outrora, hoje reduzidosatugúriosestatai.smuitoapropriadamente denominados "cabeças-deporco", são indiferentes à conservação deles, umaveiqueapropriedadcnão lhes per!ence. O rcsullado é que a ffiílioria se enconua em roínas. O malogro da reforma urbana em Cuba foi tal,que Fidel Castro se viu obrigadoadarmarcha-a-rénasengrcnagenscstataisefavorecer,emalguns aspectos,alivrciniciativanosetorhabitacional. Com efeito, em 1984 o governo cubano promulgou a "Lei da Habitação",estipulandoanansferência da propriedade das habitações construidas pelo Estado a seus usuários, mediante venda direta. E propiciando, também, a construção e conservação de moradias através da iniciativa privada. Naprátkaistosignificou uma virtual derrogação da Lei de Reforma Urbana. Em vista disto, espanta o anacronismo da esquerda tropical ao exigir para o Brasil "reformas" comprovadamente fracassadas nos próprios países socialistas. Ogovernocubanoconsideraqucos "bohios" (casebres), existentes aos milhares em Cuba, não formam favelas, masapenasconstituem "soluções habitacionais provisórias" . Com este malabarismo retórico, os adeptos da Teoloaia da Libertação podem alardear aos quauo ventos que "Cuba é o único pais da América Larina onde nlo há favelas". A realidade, porém, salta aos olhos dosqueconscguemchegaràcapitalcubana. Oscasebresespalhadosemtorno de Havana formam um autêntico cinturão de miséria. Bríullo deA.n1glo
TFP em defesa da propriedade rural TENDO t:.MPREENDIDO UMA CAi\.lPANHA de tscla=imentodou1ridrio II resptitodo d Irrito dt proprirdad t t ltmn connos, espttia lm rn tt no mt io run1J, na reglio dr Montes Cla• ,05 (MG), a TFP foi objelo dt vio lr nlos alaqun, ,·riculados pela im_prrn s11 local, por parte do dlretM!o municipal do Partido dos Tnb alhadorts (PT) r da Cnm1»Ao Pas1or11I da Trm1. (CPT)daqurbddadr. .
Reproduzimos a !if'&11lr as respostas ap~estntadH prlo Pro í. P~ul o Co rrb dt Br\to fil_ho , D1 re1or M Imprens. da Tt"P, aos dois fu riosos ataquts. A rtfu taçao • nota do PT fo, pu bllead1 tm 24 dr abri l p.p. nu P'&inudo ''Dilirlo dt M ontesOuos'', w ndo • con testação il CPT tstampada na edlç¼o dt) dt maio 6ts.w mr,;mo quotidiano.
TFP contesta dirigentes anônimos do PT CARECE TOTALMENTE dr fundamer.10 a notícia difundida por dirigcmes anônimos doPTdestacidade.atravbdocon~tuado "Diário de Montes Claros". de que a TFP vempromovendoemtodaaregiAoconfcrên· ciasnasquais _a1aca a Reforma Agrária, e~ ''uma,·erdadc1tacruzadacomr1aordcmpul>lica. incemfrandoarossub,·crsi<"os cacon~lhando os faundeiros a~ annarem e~ rebelarem ronrra o decre/o do PresidenteSarncyquecsrab:deuuoP/anoNacionaldeReformaAgnlna". Narcalidade,apcdidodefazcndeiros,vem a TFP difundindo pelo Brasil OS pareurcs dos l'roks.sorcsdeDircitoSllvioRodrigueseOrlandoGomes,wbreocaráterileaaldasinva· $6esdetcrra,eMdireitosqueemtalemerl~ncia a lei confere aos proprietáriO'l. Essespar=rcs,oonhcoem-nostodososleitoresdo"DiáriodeMontesClaros",queos publioounalntegraemdatadelS-1-86.Epodem, todos, atestar o car11ter sumamente le&al cordeiro desses documemos. Como~natural, proprietáriosrurais eo utraspcssoasintercssadasemseinformaremsobre o momentoso as1un10, manifestaram o desejo de que expositores da TFP lhes comcntusem ditos parcctteS. Paraestefim,doisclementos de projC?Q da TFP, o Prof. José Martini e o Sr. José Cyro Rodrigues Soares- este Ul!imo pre;tí1ioso filho de Montes Claros
- 1ml feito exposições nas quais se ,·lm limitando estritamente a usar as liberdades demo-çr:l.ticasassqurada.spelaaberturapolilicapara e~posiçõesecomentário11objeth·oseclarossobre as invasões, em faceda lei civil, bem como do Estatuto da Terra e do l'NRA. Quantoaessesdoisültimosdiploma.slegais, a TFP deles divergiu de pllblioo em ,·áriO'l pontO'l, dcsde os primórdios do resime militar miqueoETfoiimpostoàNaçio-attapromulpçio do PNRA pelo Ex.mo. Sr. Presiden ceda República. Dr. J~Sarney. Usou ela assim de um direito que nem sequer a ditadura !hecomestou,eseriaoaugedacontradição edaile&a]idadequelhecontestasseagornogoverno."Maisrealistadoqucorei''.parecem contestá•loagoraalgunsdirigentesdoPTde Montes Claros. Quantoàversãodeque, nestasrCJiõcs,os expositores da TFP teriam "in~ntivado aros sub,-usivose aronsdhadoos fazendeiros a se annartm e~ rebehuem"nc .. não se trata senlo de balela que a TFP desmente com um simples e categórico não . O mesmo ni o, a TFP oopõeàversãodequetenhadlfamadooChefc de Estado em Var&elãndia etc. Entidade estritamente apolltica e extra partidária,defendendo-seagoracontraacu· iações clamorosamente falsas dos mencionados próoera anônimos do PT, a TFP não_imi o menor intuito de envolver no episódio a qremiação partidiria em que militam.
"Como se atreve a CPT a censurar o que não conhece?" A LEITURA DA NOTÍCIA publicada no "Diirio de Monta ClarO'l", cm sua edição de 24 de abril, intllulada "Sio apenas um bando de loucos com medo de perder o poder que roubaram dos trabalhadores", suscitou no Serviço de Impre nsa da TFP. como primeira
reação, a idtia de não dar resposta alguma à nota da Comi55ão Pastoral da Terra dessa cidade.Poistalnotadeixadaroque,querno conteúdo, quer na forma, e!a não apresenta nenhumdosrequisitosqueatornemdignadc tal.
Com efeito, na mencionada nota cnxameiamasafirmaçõesdifamatóriasedestituídas de qualquer prova. Deoutro!ado,ostermosemqueévazada aclassificamirremediavelmemenoniveldcum xingatóriocaluniosoefuribundo. "E,comoéóbvio,apublicaçõndeuejaez, atentatóriasda.sregrasmaiselementaresdeum procedimentojomalisticocorreto,nãoseresponde,i0bpenadcqucoau1orda respoMa roleparaoní,·etdoataqueaquecondescendeemre\'idar. A circunstância de que a CPT tem nexo com omovimemocatólicoéa!in\carazãodapresemcrtplica: l)"Édircitodetodoobrasileiro,noregime daabertura,cxprlmirlivrememesuaopiniào acercadosas5untosqueinteresiamaobempúblico. 2)Éoquetem fcitoevai fazendoaTFP, deformamodelar,nasuacampanhadeelu. cidaçfiodopúblicoacercadaReformaAgráriasocialista econfücatória, bemcomoda.s invasõesdeterraspromovida1porccrtoagroreformismoatemat6riodoanigo6l,incisoll, combinadocomoartigo29doCódigoPenal. bemcomodosartigO'l l60e502doCódigo Civil. Para is.so. a TFP tem difundido laraamente o livro "A Reforrna Agrária socialista.e confisauória - A propriedade prh·ada e a liwe iniciativanotufãoagro-reformista"',deautoriadoProf. PlinioCorrbdeOliveiraedo economista Carlos dei Campo, bem como os pareceres fornecidosaumacomlssãode fa. zendeirospelosacatadosprofessoresdeDireito Sílvio Rodrigues e Orlando Gomes. E, além dis.so, a entidade tmi atampado pela imprensa réplicasarcfutaçõesq_ro-reformistasdeque suaspublicaçõest~msidoexpliea,·elmentealAo mesmo tempo. a TFP vai promovendo, atravbdeeonfcrênciasecontactospessoais, demodoordeiroeelevado,umamploesforçodeesclarecimcntodadasseruralsobrca matlria. Queremos crer que a CPT de Montes Claros não leu um só desses documentos. E não tomouconhecimcnto,atravbdeinformantes idóneos,deumasódessasatuaçõespúblicas. Pois,docontrário,nãoteriatidoatemeridadedequalificartudois.socomoumaação"de um bandodelouros"etc., '1c, l)Mas,nestecaso,comoseatrC"Yeentãoela acensuraroquenãoconhe«? Aponte a dita CPT em que li-.o, em que phina.oucntão,emqueartígodequej ornalouemquedataencontraoquelhejustifiqueincrepara TFP ,ecstaühimaestarádispostaaaoeitarwbreoauuntoumadiscw.são substanciosa e cortês. Enqu antoasinvcçtivasdaCPTdeMontcs Claros st cifrarem em atirar contra a TFP injtlrias e calúnias dcstituídas de prova e de educação,aentidadeoutra coisanlofaráKnão vohar-thesa.scosta.s,deixando-ascairnochão. Pois elas não a atintem.
CATOLICISMO- MM dll l911i
TFPs em ação Lei não deve transformar abominação em privilégio NOVA YORK - Os estandartes rubros com o leão dourado
da TFP voltaram a 1rcmular nas ruas desta capital, caracterizando a presença da entidade na manifestação de 18 de março, contrária a uma lei municipal, cm discussão, que concede privilégios 1rabalhistas a homossexuais. Sócios ecoopcradorl:$ daen tidade ostentavam também várias faixas, uma delas com os dizeres: "Sodoma e Gomorra negaram a lei de /kus rornando a homossexualidade habitual cm sua civilização - Vede o resultado: tendo praticado o vicio contra a natureza, foram punidos com o fogo e-terno (S. Judas, 1,7)". A convite da Arquidiocese de Nova York, discursou nessa ocasião o Sr. John Spann, Presidente da TFP norte-americana, que reafirmou a posição da entidade, fundamentada na moral católica. E também apontou os embaraços práticos e injustiças contra os empregadores, os quais fatalmente decorrerão da aprovação desse projeto. Ao mesmo tempo a TFP fez distribuir amplamente um prospecto sintetizando sua posição ante o problema. Pondera a cntidadc que as leis norte-americanas proíbem prcconceitos contraindiv!duoscm razão de suas características raciais, as quais são facilmente identificáveis. Todavia, cm se tratando de homossexualismo, o legislador é quase incapaz de conceituar juridicamente o que vem a ser discriminação, pois algumas vezes aquele vkio mal transparece exteriormente até mesmo para acu rados observadores. Segundo o projeto de lei, no caso de recusa patronal, basta que um candidato a emprego apresente prova de filiação a uma entidade homossexual, para que se inicie um processo criminal contra o empregador. Isto transformaria os homossexuais, que alegam ser uma minoria perseguida, numa classe privilegiada. Além disso, o projeto não prevC garanlias para o empregador, contra tão injusta e degradante pressão. De acordo com a moral católka - prossegue a TFP - não podem os homossexuais ter posições de inf\ufocia como empregados no ambiente doméstico, na escola ou na paróquia. Garantir aos homossexuais o direito de acesso a tais posições, equivale a violar a liberdadc da Igreja, da família c da escola na prática religiosa, comprometendo diretamente a formação da juventude.
Nova Diretoria Prospecto em lingua
árabe NOVA YO RK - Uma síntese, cm idioma árabe, da histórica mensagem "0 soda/ismo autogestionário: L'm vis1a do comum·smo, barreira ou cabt'ça-de-ponre?", de autoria do Prof. Plínio Corr~ de Oliveira, acaba de ser reedi1ada pela TFP norteamericana e está sendo remetida pelo sistema de mata direta a países do Oriente Médio. Na foto, o dístico Tradição, Família e Propriedade em caracteres arábicos, que figura na contra<apa da publicação.
C,HOUCl!MO- MaooOI 1986
REALJ ZOU-SE recentemente a 37~ Assembléia Geral extraordinária da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Famflia e Propriedade, na qual foram eleitos os membros da mesa do Conselho Nacional e os da Diretoria Administrativa e Financeira Nacio nal, que deverão exercer seu münus no biênio
1986-1988. A mesa do CN ficou assim constituida: Presidente o Prof. P !inio Corrêa de Oliveira (vitalício), e Secretário o Prof. Paulo Conêa de Brito Filho. O cargo de Vice-Presidente permanece vago, como homenagem à memória do último titular, Prof. fer. nando Furquim de Almeida, falecido em 1981. O Conselho Nacional t formado por doze membros na1os, que são sócios que assinaram a ata de fundação da entidade, em 1960. A DAFN flcou composta da seguin1e maneira: Superintendente o Sr. Plinio Vidigal Xavier da Silveira, ViceSuperintendente os Srs. Eduardo de Barros Bro1cro e José Carlos Castilho de Andrade, e Vogais os Srs. Adolpho Lindenberg e José Gonzaga de Arruda.
Virgem Iverskaia, esperança de conversão da Rússia u
dcSloPcdro.Umbeloucmplo doqucrcstoude$Slunilocoma CttedradaVcrdadcdcu-scnojubileu de São Pio X, quando uma dclcpçãodecatólicosrussospresentr:ou o Santo Pontífice com um ícone da Mãe de Deus, justamcnte sob a invocaçlo dc Virgein Jvcnbia. De onde, tudo leva a crerquec:t.SCcultoaNO$S1.Scnboratan1erior6rupturadaqucla nação com Roma. Tendo até, quem sabe, um sianificado auspicioso para a C()nversJ.o da Rússia, anunciadanaMcnsaaemdcFátima. Dentro do cisma, 1 Virgem Santissim.acontinuouaindaascr cultuada-sebemqueforada vcrdadeiralgrcjadcCristo-cm muitos,.antuários,epormeiode vários !cones espalhados p0rtodoaquelcvastoterritório. Entre estes, destacava-se o d1 Vira;cm ll*rica,qucépadroci ra deMos~ oou,ecujonomednhasuaoriaem na lbtria, reailodosul da R\l.s.si1, nazon1do C4ucaso.EssaplnturadcMariaficavae,;p05tanumapequcnacapelanacntradadoCremlin.Scgundoprospectos e canõcs do museu de Torrejón dc Ardoz, cssc loonc teria sido pintado no século XVI.
MA DAS MAIS im.ponantes ookçõa de lconcs - pinturu
reli&iosastlp\casdoOrientecxistcntcsn1Europa,elalvczno mundo,encontra-11enapequena cidadedeTorrejóndeArdoz,não
lona:c de Madri,Ali, naanti1a sranjadoColqioJcsuítadeSan10 Isidro, ~que o nobrestr&io Ououp inHalou seu Museu de
!cones. NãoscJabcaocutoadatada construçãodoconjuntodcedif!-
ciosdaa:ranja, mas tudo leva a a-crquetcnhasidonosprimciros ano1, do s&ulo XVII, quando a Companhia de Jesw adquiriu um pcdaçodclCTTl.emTorrejón,pa-
ra ud-lo no 1basteeimento do Colqio Imperial, fvndado pela lmperatrizMaria,filhadeCarlos VeviúvadcMaximiliano l. Comaexpuls.liodosjcsuitasda
E.5panhaem 1767,agranjafoi adquiridaporD.JuandeAguirrc:.EmlSO!l,oexicruoimóvdcs-
tavaempoderdac:uados Pi&natdli de Ara1ão, Condes de Fuentcs,muitochea;adosaosfilhoJcspirítuaisdeSanto lnácio, aoliquaisdcvolveramàdimtoiObrc:osoJ.ar,durantearestauraçlo daCompanhiadeJesusnorànado de Fernando VII.
Expulsosnovamenteosjesuft.u da Espanha no skulo XIX, voltaagranjaàsmlos dosCondes de Fuente1,, permanecendo çomelesaté 1902. Por fim, restaurada por O. Rafael Onieva Ama, çom ioda a mqnificifocia atual,foielades1inadaparafins culturais, recebendo o nome de La Casa Grande.
SeperC()rrermosudepend!nciasdeLaCasaGtande,epenelnlfmos no MUWII de fcona, wna pintura da Mie de Deus chama especialmente a atenção: a Virgem lveril;aia ou Virgem Ibérica.
Nela, a Mie de Deus ! representada tendo cm 5CU braçoesquerdn o Menino Je1,us, oom a majestade de quem se 155Cllta cm seu trono natural. 1: cm Maria qucencontraJesussuasoompladncias. A Viraem, ao mesmo tcmpoquesustémcomtodocuidadoeprotcçlooMcninoOeus, comobraçodireitoindicaaofiel scrEleomodelodetodasasperfeições co Juii1uprcmodctodas
i,_
lcci• cllVirl"'l lfff'lll1Ll, , 11f11HO H •l1 1ldl 1111ioN1 917, .....
~"'"'iDI .... PflCNII'• ' Rlffl•floIli,_ .. l.,..u.. •
T.,,lf'• NArMl. 11
•ll'CIOHI
Nlclltvisu. bcolltrHI IIHIMltl ..
LI tau Grudl. H ,11,1eaÂI ,.1n
fWIIMLI N Mil N 0..11 dl S.. • M• FilM •
.,itlc:i•
Nlaa111111ti11ir-1lc1M. as causas. Como Medianeira Univerial de todas as .,-aças quc é, scutemoolharvol11-separacadadcvotoqucsc1prescntaaseus pêsinvocando1u1 intercessão e oonfiandocm scu amparo. A harmonia, a doçura que se desprcndemd1pintu11-toda feita de cores cm que predominam o vermelho e o dourado, massuavcscmatiudas-são contrariadas violentamente ao obscrvarm~ nela a4uns furos ocasionadosporbalasdcfuzil. Percebem-se marcas clarf.ssimas dcfuzilamcnto,tantonorostoda Mie quanto nodo Filho! Esscíatotloinsólitoenoontra 1uacxpticaçãocmpassadoainda rc,;iente.Suadata?lldemaiodc 1917!
Sim. Enquanto cm Fátlma NossaScnhoraapareciapelaprimeira vez. dando Inicio I uma 51!rie dc m.anifcstações cm que profetiuvaaexpani.lodoserrosda Rds&ia pdo mundo inteiro, como açoitepe[ospecac!Qldog!nero humano,cpromctiao triunfofi. n1l de Seu Coração Imaculado, cm Moscou, e$Sl profanação era çometida duranteos distúrbios quepr,:çc,deram àrevol uçlobolchevista.
lnfe!ixrnente, como se sabe, com o cisma do Oriente, pequeno foi o nümero dO$ ílfu que, no lmp&io dos Czares, oontinuanm a manter sua fidelidade 10 trono
Ocpos100Czar,durantcaeUmerarcafociadoPrfncipcLvov, 1oboaovcmodeKcrcnsky,acapcladctalformafoidcstruldanaqueledialldcmaiodoanoda Revolução comunista, que dela nlorestoupcdrasobrcpedra.O lconcdaVirgemlvcnkai1foifuzitldoccons11qucchorou10scr profanado!Considcradaperd.ida durantecs.scsmcscsqueantcccderam I revolução bolchevbta, a pintura da Mle de Deus pôde ser conservada jun11mcnte com outros tantos loones, .,-aças a Sb"sio Otwup, que cm dezembro de 1918oonscguiurctlr4-losdaRU51ia. Hoje, e,;p051a no Museu de (C()nes de La Casa Orande, a Virgcm herskaia - profanada por ódio6Rcll$ilo-pcrmanc,;iecomo $irlll de e1,pcrança, sobretudo para a Rú.ssia e tamb&n para o mundo, da nova era prometida porNossaScnhoracmF4tima,e profctizadaporSlo LuisMaria GrianiondeMontfon-ocxiraord.inúiomiuionáriofrancês do século XV II - como M:ndo o reino de Maria!
A REALIDADE, concisamente: e Apesar de se r uma ditadura co munista mal-disfarçada,
a Nicará1::uacontinua a receber créditos dos pair;cscapitalistas. A Alemanha Ocidental suspendeu sua ajuda, somente cm 1983. Ante:s disso, e desde a ascensão ao poder dos sandinistas, cm 1979, com.:edeu esse pais 53 milhões de dólares em créditos e 12 milhões de dólares em doações à Nicarágua. O embaixador sueco em Manágua, Guten Magnusson, calcula que. ncs1es últimos sete anos, seu governo tenha dado à ditadura de Ortega aproximadamente 100 milhões de dólaresentrc créditos e doações, c confirma quc tais favoredmentosprosscguirão. No mesmo dia cm que a Câmara de Representantes dos Estados Unidos votou contra uma ajuda de lOO milhões de dólares pedida pelo Presidente Reagan em favor dos anticomunistas nicaragücnscs, a Espanha fez um novo empréstimo ao governo sandinista, de 25 mi!hõcs de dólares, para a importação de produtos espanhóis, somando-se aos 57 milhões de dólares que já lhe cedera cm outras ocasiões. Também a Itália, França e Holanda colaboram imensamente com o regime sandinista, que em termos de penúria e escassez não fica aquém de Cuba, Rússia ou demais países socialistas. Eis uma ajuda pretensamente "humanitária", de tanto proveito para os !iteres de Moscou.
e
CUT recebe lições em C ub a. Três sindicalistas vinculados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), fo ram a Cubanofinaldefevereiro,paraparticipardeumcursodc formação de líderes sindicais na Escola Lázaro Peiia, de Havana. Consta que at é 9 dc abril ainda lá estavam . Sãocks dirigentes dos sindicatos da Construção Civil do Maranhão, dos Trabalhadores Rurais do Pará, e dos Trabalhadores nas lndllsuias de Calçados de Franca, cm São Paulo, constituindo o segundo grupo de brasileiros a fazer seu aprendizado com Fidcl. Rccememcnte, Lula também esteve em Cuba, como convidado especial do tirancte barbudo, nas festividades do PC cubano. Convém lembrar que, em mais de u;na ocasião, o PT e a CUT defenderam a ocupação de terras como meio de efetivar a Refo rma A grária. E, cerca de um ano atrás, sind icalistas da CUT seqüestraram, mantendo em cárcere privado, funcionários da General Motors, no ABC paulista. Em vista desses dados, não é difícil imaginar que tipo de lições serão ministradas àqueles três sindicalistas da CUT ...
e
Ju,·entud e americana é mals lradlclo nalqueageraçio dos pais. Recemc pesquisa feita nos Estados Unidos, junto a jovens de 18 a 22 anos, mostra que o conscn·adorismo na juventude atual é bem maior do que supõe oco· mumdas pessoas. Há vinte anos o número de jovens tolerantes em relação ao adultério era bastante superior ao de hoje, e 31 ,4"7o crêem que a geração dos pais encarava as questões sexuais com bastante leviandade . A maior parte dos adolescentes quer dedicar-seàfamília e aona balho, scndoqucquase300Jo deles pretendem tomar-se milionários, de acordo com os moldes capitalistas . Segundo antigo e surrado mito, os Estados Unidos seriam o pais da "modernidade", oposto à moral tradicional e aos costumes sadios. Quão longe da realidade estão os que ainda se aferram a tal idéia!
e
C uba , um11potêncianuclear? A cláusula central do acordo que pôs fim à chamada "crise dos foguetes", em 1962, entre Estados Unidos e Rússia, estabelecia que esta não podia instalar armas nucleares cm Cuba. Mais de vinte anospassados,aamiga "PéroladasAntilhas"cstádando os primeiros passos que poderão conduzi-la a transformarse numa potência nuclear. Já em 1985, foram embarcadas na Rússia, rumo à ilha do Caribe, as primeiras peças para um futuro reator nuclear cubano, a ser instalado em Juragua, provinda de Cienfuegos. A instalação dcstc rcator, fabricadonausinalsorskiy, de Leningrado, faz pane de um acordo de cooperação nudear assinado cntre os governos de Havana e Moscou. Segundo este tratado, será também inaugurado cm Cuba um centro de pesquisas nucleares, com treinamento de técnicos qualificados.
e
Vem cai ndo sem parar, de 1%3 alé 1980, a capacidade dos estudantes americanos do ní\·el secundário de usarem conceitos \'Crbais e matemáticos. Isso faz com que 40""o dosjo,·ensdc 17 anos sejam incapazes de tirar conclusões do que lêem e um quinto deles não consiga fazer uma rcdação convincente. scndo que apenas um terço pode rcsoh-er problemas de matemática que ro:quciram vários estágios de raciocínio. Pela mesma razão, tanto empresas quanto as Forças Armadas precisam gastar milhões de dólares cm programas de treinamento em leitura, redação, computação. Segundo a Marinhaamericana,umquartodosrecrutasn1ioconsegue ler com a desenvoltura equivalente à do nono ano de escola sccundária.queéaminimanecessáriaparacntenderocquipamento sofisticado usado pelas Forças Armadas modernas. Todos cs1es dados foram colhidos por uma comissão nomeada pelo Presidente Rcagan a íim de estudar os problemas educacionais norte-americanos.
e
A Estaçio Rod o~·iária dt' Bl'lo H orl1o n1 e podrrá conla r com uma capela , se for acolhida proposta da deputada Vera Coutinho. endereçada ao Governador Hélio Garcia. Minas Gerais possui um rico acervo de arte sacra que certamente poderia servir de inspiração para essa capela, a qual nãodeveriaapresentar, ponan to, imagens modernas feitas até com ferros retorcidos . E stas, de nenhum modo, convidam às almas à piedade e àoracão. Assim, a Rodoviária de Belo H orizonte daria um exce· lente exemplo para outras tantas estações rodoviárias, como também ferroviárias e mecroviárias, pelo Brasil afora.
e
Analfabetos íuncio nais. O presidente da Conferência de Ministro da Cultura da Alemanha Ocidental (sic), Hors1 Werner Franke. sugeriu cm Bremen que se impeça de assistir à televisão crianças cm idade pré-escolar. Ele teme que as crianças J)('rcam totalmeme o estimulo paraaprenderalerecscrevcr,com·crtendo-scnoquechama de "analfabetos funcionais". Com efei to, caem vertiginosamente os índices de leitura dos jovens alemães. Em 1978, 530Jo deles liam livros. Em 1984, essa taxa caiu para !9"7o. A leitura de rtvistas pelos jovens caiu no mesmo período de 51"7o para 14'1:o. Acstatisticarefrrenteàleituradcjornaisabrangeum))('ríodo de dez anos: de 7111,'o dos jovens cm 1974, para 32""11 em 1984. ·
CATOUOSM0-..u'lho cle 1985
Revelações do Sagrado Coração de Jesus DEDICA a l11rej1 11 mh de Junho à dnoçio ao S11n1do Coraçlo de Jesus. Em vista disto, "Catolicismo U· põenoprestntearlli1:0•spec1ossalientudasllr•ndlosas revelações confiadas a Santa Margarida Maria Ahu:oque. Nossacapaapttstnlao pl'hbltério eaimagemdoS,gradoC.OrsçiodeJesusdoaltarlater11l,11oladodot:v1nldho, do Sao1u,rto do Coraçio de Jesus, na capital paulisll (fotos deÂngNo Randauo). Estebeloetf'Mlldonal1emploemestilobasillcal-q_uerontribuiutiolar11mente para difundir enttt os fiits paulistanos uma del'oçi0 tio import1nte da pied1de c1t6lk1 - ptrttn« àCo~Saksian.,quemanlém janto a dr o Lltto Coraçio CU Jesus. O anistko altar-mor, provenknte de Turim. foi projetado peio escultor DomingO!I IHlpiano, em 1895.
C ERTA MENTALIDADE de católicos fax consistir a Religião no cumprimento de uns tantos preceitos e cm idtiasvagasarespcitodaFéedopróprio Deus. Para estas pessoas é incomprC(nsivcl que Deus tenha o papel que a Fé nos cnsinaquetem,tantoemsuasvidas,como na História, ao longo dos séculos. Élhes difícil compreender que dctcrminadadcvoçãopossa1erumpapcl histórico ou que um santo tenha uma missão providencial. Crêem cm Deus, sim. Mas num Deus tão etéreo, que é quase como se não cxistissc,cqucvive1ãoalheioàscriaturasquesuasolicitudeparaelasnãosevo\ta, pronta a conceder-lhes graças ou a castigá-las quando necessário. Estas considerações ocorrem à mente ao ler as revelações do Sagrado-aOCoração-aO- de Jesus a Sanla Margarida Maria-aO- Alacoque (•).
Panorama hl•t6rlco em que o Sagrado Coraçio H manlfeate No século XVII, época das revelações do Sayado Coração de Jesus, a Cristandade era vitima de uma crise profunda, que tivera sua origem num enfraquecimento da Fé, da pureza dos costumes e CAIOLICISMO- Junhllcle1 986
Nn1t111trlldoS.tui11odoStg11doCcnçiodtJe1111.emSioPaulo
do amor às justas desigualdades. Pouco maisdeumséculoante:s,taldecadência já produzira a revolta protestante. Embora rejeitada pela maioria católica, suas causas-etambémsuasconseqüências -continuaram a se espalhar, gerando uma dissolução crescente dos costumes e um modo frívolo de encarar a vida. Talambientefacilitavaapropagação de formas veladas de heresia e revolta, afastandogradualequaseimpcrceptivdmente as almas da Fé e da moral católi-
"·Esta situação de perigo não podia deixar indiferente a Providência Divina. Em numerosas passagems dos escritos de Santa Margarida Maria,toma-seclaro queadcvoçãoaoSagradoCoraçãodeJesustinhaporobjetivo fazer ver à humanidade o abismo a que chegara e conccder-lhcgraçascspeciaisdearrepcndimento e mudança de vida. Afirma a Santa que "e:sra devoçiJo era como um último esforço de Seu amor, que queria favorecer os homens nesres ú/rimos skulos de sua RedençiJo amorosa para os retirar do impbiode sa1amb" (p. 59). Como scvê, o Divino Rcdemor referiase também a épocas históricas posteriores. Com efeito, se a situação em que caira o mundo no sêculo XVII tornara apreensivo o Sagrado Coração, o que dizer dos dias em que vivemos, em que aquelasirnaçãonãofezsenãopiorar,chegando a auges inimagináveis de maldade?
A devoção ao Sagrado Coração de Jesus, a extrema misericórdia que manifest"a e suas ad~ertências são, portanto, hoje mais atuais do que nunca. A • grand es re velações A devoção ao Sagrado Coração não eranovanalgreja,masapenaspoucodifundida. Era como um sol nascido sécu· losantes,eque,naépocadcSantaMargarida Maria. iria caminhar para o esplendor do meio dia. Desde os primórdios da Igreja até o século XVI!, inúmeros santos já a haviam pregado. Entre outros, o fizeram Santo Agostinho, São Bernardo, SantaTereza de Jesus, São Francisco de Sales e São João Eudes - es1c, praticamente contemporâneo de Santa Margarida Maria. O Divino Redentor quis, entretanto, servir-sedahumildereligiosavisitandina paradifundiruniversalmenteadevoção. Asrevelaçõesderam-seentreosanos de 1673 e 1675, ea própria Santa as descreve. Rezava ela diante do Santissimo Sacramento, quando Nosso Senhor aparece-lhe e diz que Seu Coração, "não podendo mais conter em si as chamas de seu ardcnre amor, ê preciso que e/e se difunda por meio de li e que e/e se manifrsre aos homens para os enriquecer dos preciosos tesouros que cu tc mosuo, e que conrêm as graças santificantes e salvadoras para as retirar do abismo da pcrdiçlo'' (p. 56). Nas aparições posteriores, o Divino Mestre revelou como queria manifestar
Seu Coração e o modo como desejava vêlo honrado. Santa Maraarida Maria assim nos dcscrcve a scaunda rcvelação: "0 Divino Coração me foi apresentado como um crono de chamas. mais radioso
que um sol e transparente como um ç.ristal, com sua chaga adord.ve/, cercado de uma coroa de espinhos, que significava as ofc:ruas que nossos pecados Lhe; faziam, e encimado por uma cruz". Nosso Senhorlheprometiaque"emrodosos/u-
gares onde ara santa imagem fosse exposta para aí Sl!r honrada, Ele distribuiria suas graças e blnçlos" (p. 58) . J; ainda diante do Santíssimo Sacramento que Nosso Senhor lhe aparece com o Sagrado Coração à most ra, e apontando-O, dix: "Eis o Coração que tanto amou os homens, que nilo pcupou nada a/é exaurir-SI! e consumir-se, para tes1emunhar-lhes Sl!U amor: e por reconhecimenco nilo recebe da maior pane deles senão ingratidões, per suas irreverências, sacrilégios e pelas indiferenças e desprezos que 1tm Por Mim no Sacramento de amor. Mas o que me é ainda mais penoso é que s4.o corações que me são consagrados que agem assim. Por isso Eu te pt!ÇO que a primeira sara-feira depcis da oitava do Samíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa especial para honrar mru Coração, comungando-se neste dia e fazendo-lhe- um ato de rrparação e desagravo, em satisfaçilo das ofrnsas recebidas durante o tempc que estive exposto nos altans. Eu te prometo também que meu Coração se dilatará para distribuir com abundância as influtncias de seu divino amor sobre aqueles que- Lhe prestem culto e que procurem que Lhe seja prestado" (pp.70-71).
''Meu
povo ••colhido "
Para melhor fixarmos, enumeremos os elementos das revelações: - Manifestação da misrricórdia divina através da devoção ao Sagrado Coração, como meio de faxer frrnte à impiedade reinante; - O modo como queria ser honrado: a imagem do Sagrado Coração, a instituição da festa litúrgica e a comunhão repar adora; -A ingratidão, as irreverencias e os sacrilégiosdequeeraalvo,espccialmente por parte das almas consagradas; Os dois primeiros aspectos são bastante conhecidos; o terceiro, porém, é pouco lembrado. Sobre ele, Nosso Senhor foi e;i1.plki10 numa das aparições, assim narrada por Sama Margarida M aria: "Ckscobrindo-me seu Coração amoroso todo dilacerado e transpassado de golpes:
'Eis as feridas que e~recebo de meu povo escolhido. Os outros, contentam-sccm 1olpcar-me o corpc, mas estes atacam meu Coração que jamais cessou de os amar. Meu Coração dará lugar enfim ã minha justa cólera para casligar estes orgulhosos apegados ao mundo, que me desprezam e não procuram senão o que mr é conu ário, drixando-mc pelas criaturas, fugindo da humildade para não buscar senão a estima de si, e seus cora• roes ficarão vazios de caridade, nào lhes
restando de religiosos senlo o nome" (p. 77). Note-se que o Divino Meslre assim §C referia a sacerdotes e reliaiosos numa épocacmquenãohavia "tcólogosdalibertação",padresguerrilheiroscfreiras insufladoras de invasões dr terras. Que palavrasencontrariaajustiçadivinapara a isso se referir'? Com todo o respeito devido a pessoas revestidas do caráter sacerdotal ou religioso, não podemos enlrctanto deixar no esquecimentoesteaspectodasrrvc\ações do Sagrado Coração.
A• nove primeira• ••xtes-feiras SantaMargaridaMariafoifavorecida por incontáveis aparições pos1eriores, enlrc as quais a mais conhecida refere-se à comunhão reparadora: "Promero-1e, na excessiva misericórdia de meu Coraçilo, que seu amor onipotente concrderá a todos que comungarem na primeira sextafrira de nove meses seguidos, a graça da penitência final; 11ão morrerilo em minha desgraça e sem receber meus Sacramen-
_,,
PrubitfflOt1k1r-mordumtimoStn1116riG.naç;ipital
tos, tomando-se meu Divino Coração o seu refúgio seguro no último momento" (p. 192).
Jnfelixmente, esta devoção, pedida pelo próprio Reden1or, vai sendo relegada ao esquecimento, e em muitas igrejas dda jánãoscouvefalar,ouéqualificadapelosprogrcssistascomo "velharia dopassado, coisas de antes do Concilio".
" Eu reinerei" DentreasapariçõcsposterioresaSantaMargaridaMaria,cumprercssaltaras incontáveis vezes em que Nosso Senhor aencorajounasenormesdificuldadesque c!aencontrouparapropagaradcvoção. Após uma primeira resistencia por parte dos Superiorrs, a devoção teve uma discreta difusão nos convemos da Congregação religiosa a que pertencia a Santa e cm algumas igrejas ou dioceses cujos bispos viam a mão da Providência no culto ao Sagrado Coração. Esse primeiro desabrochar do culto publicamente. emigrejas,encontrou ferrenha oposição dosjansenistas cdo clero por eles influenciado. Moveram-lhe uma vcrdadeiraguerracprocuraramimpedir de todos os modos a reali?ação dos desejos do Divino Salvador. Por \ezcs a luta era tão árdua. que Santa Margarida Maria parecia vergar sob seu peso. Numa aparição, porém, Nosso Senhor lhe assegura: ''Nãorccccis
nada; Eu reinarei apesar dr meus inimigos e de todos aqueles qur a isso queiram 5e opcr". Ela Lhe ouvia repetir estas palavras: ''Passarão o céu ea terra, mas minhas palavras nilo passarão" (p. 192-19)). À morte da Santa, a de\·oção já se espalhara a outras congregações religiosas eatémesmoaoutrospaiscs.Contribuiu poderosamente para isso a ação pessoal da Santa, bcm comoapráticadasvirtudrscmtalgrauquelhegrangcaramrapidamente- a fama de santidade após a morte-. Por esta forma ,onomedeSantaMar-
garida Maria Alacoque ficou indissoluvelmente unido à devoção ao Sagrado Coração. Quase- um século depois, cm 1765, o PapaClcmenteXll l concedeuacelebração litúrgica do Sagrado Coração às dioceses da Polônia e às de outros países que apcdissem.Asolcnidadefoiestcndidaà Igreja universal por Pio IX, em 1856. Em todo esse período, as manifes1ações de piedade e entusiasmo foram se tomando cada vez mais numerosas. A imagem do Sagrado Coração acolhia bondosamente os fiéis em um número crescente de igreju e de lares; muhiplicaram-seasinstituiçõesrdigiosa5 cm sua honra; nas perseguições religiosas da Revolução Francrsa e em di\·ersas revoluções comunistas dr nosso século, via-se a estampa do Sagrado Coração no peitodoscombatentescatólicos,dcsdeos vandeanos, na França, aos · ·cristrros" mexicanos e "requctés" espanhóis.
A epopéia da devoção ao Sagrado Coração dr Jesus, emrctanto, não trnninou. Em Fátima, Nossa Senhora, ao anunciar o triunfo final de seu Imaculado Coração, confirmou o que seu Divino Filho promctrra a Santa Margarida Maria: ''E/r pretendia arruinar [o império desatanás] para nos colocar na doce liberdade- do império de seu amor, o qual ele que-ria res/abelecer nos corações" (p.59). Nos dias 10rmentosos po; que passa a Santa Igreja e a sociedade temporal, as palavras de Nosso Senhor ecoam nas almas fiéis: "Eu reinarri, apesar de meus
inimigos". L úcio ,._fl>ndcs l'J"Sa>n,e\for...,.-it<M.,..-Sa,,.écri1<parrik· mfm"""".tdÓlloft$SalmPool.J>oris.HM7
Ulll.lOSMO - .b"lho de 19ili
Q UANDO, cm 28 de abrll,O!idetectortsdcradiação na usina nuclear de Formarslí., Suecia,acusaramnh·ciscxtraordinariamenteallosderadiaçào, pensou-setogocmfalh111oprópriorea1or.Nadatcndosidoenco111rado,convocaram-!iCccrca de600trabalhadorcsda Usina a rim de testar com contadores ''geigcr"osníveisckradiaçãonclcscxi5tcntes.Oiresulladosforamaindamaisalarmantes:suas roupasindicavamradiaçóesmuitoacimadoslimitcsdecontaminação.Natdrcunvirinhançasda Usina, os contadores também registravam radiaçõcs quatro a cinco ,·ezes acima do normal. Algo ia mroJ. Tcrrh·elmcnte mal! Apó$ muitas indagações, os suecos, perpluoscnãocncontrandoas causas do fenômeno em !iCU próprio tcrritório, voharam sua atcnçãoparaoa.isamescoYizinhodo sul.Emvãotcntaramobteruma respoSta.Osil~nciorussoeral)é HW
Dois dias antes, numa das ofuscantesmanhb,comunsnaquelas la1i1udes, algo parecia anunciar que a prima,·era não
CAT(k.lCISMO- Jlllhadl 1986
passaríaaolargodaRússia.Uma brisamorna,originãriadoMar Negrosopra,·aatra,·tsdooutroralcgcndirio"ccleiro"ucraniano. Muitos dos dois milbõcse meio de habitantes de Kiev (a maisan11gadioce:sedaRússiaca1ótica)após uma semana deãrduouabathowbrcgimecomunista.tinhamsuaatençãovoltadaparao1prepara1ivosdafes1a oficialobrigatóriaquc!iCaproximava.Gruposdetrabalhadores, maisuma,·c1,,espatha,·ambandeiras,·crmclh11efaixa,oitcn tando bombésticos e mrrados "sloao.ns"dopartidoc,comiluminaçlo profusa, pretendiam alegraramaiorfestaproletária doano. Amenosdecemoetrintaquilõmetros,emrctamo,opoucodc normalldade-melhorscdiria dcT01ina--<lavldaccs.sasa:siknciosamen1eirrompiaa 1ragédia. à5margensdoríoPripyat.numa estradasecundiriaqued:iacessoàscidadesdeChernobyl(po· pu\ação25.000)ePripyat(popu1ação l0.OOO). O palco dos acontecimentos era a enorme usina nuclear de
Chernobyl, cujo quarto e mais novoreator-cmfuncionamen· 1odesdel983-estavarapidamcnte fugindo ao concrolc. Somcntcnanoitedodia28de abriléque,atra.-ésdccomunicadolacõnico,omundosoubcdo tráaico1ciden1e.E :16 lentamentcM=udei~ou fihraras,·erdadeiras proporçôe$ do maior acidente nuclear da História
Um programa falho AusinadeChcrooby!eraprecariamentcconstruídaccomtccnologia an1iquada.Scu1siMemas dcsesurança,muitorudimcntarcs,maldavampara suprirqualqucrfalhaquehou,cs!iC. Como não foi revrladoodesenrolar uaco do ocorrido, prcsume-sequetenhasidoestaa seqii~ncia trágica: falha nosis1ema de refriseração; dcrretc-!iCo combustível de uriinio, incendiandooinvólucromoderadorde arafite;produçãodegasesinflamáveisqueexplodcmeespalham radiaçôe$. As medidas de emergência claudicam: é impossível tcntarextinguiroincindiocom
ãJua.poisprovocariavaporcsra· dialivos. SegundoMcd•·edev.bioquimi· co russo exilado em Londres. a his1óriadoproer,.manlldearrussomO'ltraqueO'lcientW.aswvié1icosconhcciammckfcitosdo sistema de Chcrnobyl, aliás, o mcsmoadotadoempelomcnO'I ~daforçaatômicadopaís.A primeirausinaatõmicaruiiafoi des,:nhada em 1954 pelo prof. Nicolai Dollezahl. E a; novas usinas eram fruto simplesmente da multiplicação do modelo inicial. ls~osigniricavatambémamullip!ica.,ãodos mesmosri.cos. Mais ainda. O Comit! Cemral do PanidoComunista resolveu inualarosno,1>Srea1orc:snasccrcaniasdas principaiscidadcsda região curopiia da Rlluia. Em 1977,Dollethalpassouacombatcrcs1amcdida. Eles.abiaquantosaciden1es,grandescpcqucnM.ocorriamcomrtatoresnuclearcssoviétioos,civisemilitarcs,ecomoclesforamocultados. Por razões de prudfncia. facilmcntc rompreensivcis num pais comunista, suas ad,·ert~nciai eram impUcicas. Também as pon-
deraçôe:ldcoutroscicntistas,como asdcOollahal,foramignoradaspeladitaduramoscovita. A revbta sovittica "Ucrânia Literitia"reclamava,hámcnos dedoismeses,dascondiçõesexi$· tentes na usina de Chernobyl. apontandofaltacrônicademateriaisnccessários,forçadctrabalhodesmoralizadaeorganizaçilopredria. Diante deue quadro, é surprcmderuequeatragtdtanãotenhaocorridoantes. E,senãoforcmtomadasasprovidênciasnecessirias, outras tragédias poderio repetir-se.
Mo• cou reconhecerá
• eu erro? Aperau ntaéinaenua. Estaria maispróximodarealidadequem perguntasscquevanta&ensaRússiaprocurarátirardesse acidente. E ela pode contar desde já tom esta: "Paraa1.iomalvisra indústria nuclear do Oâden1e t dt:pouca ro,uolaç;lo o fa10 de queorea1ordt:Chcrnobyldirua subsranda/rnente no desenho enasmedidasdt:.se,uranç.adaquc/esemo~raç;Jonospa/$C$ livres.Acattúrroferrouxe muniçóeJ a111ais e poderosas para os 11ivi11as1ntinucleares cmtodoo mundo." ('"Business Week", l2-~·86).Semdúvida,no0cidcn te, asmanife11açôcs pleitearão, contraditoriameme,ofechamcntodasusinasocidemaisenãodas realmente precárias, que se encontramalémcortinadeferro. Acreditariaalguémque,com Gorbachc\', astoisascorreriam di\·ersamcnte1 De acordo com o ''ConiercddlaSera'',3demaio, "muitos es1avam dispostos ajurBr quc, com Gorbachev, n;Jo se re~riria um incidemc 'como aquele dojumbo (sulcorean o), abatidotraiçaeiramcnteporcaçasrussos',masosilênciosobre a exploslo atômica (síc) que ameaçou roda a Europa é al&O isualmcnreinfame."Emoutras palavras,espcravamqucoregimeti\'essemudado,porqucmudara o homem ... c.squ=am-se ~es~~-aideologiapcrmaneciaa Sa11aà,·i11aodescaso,vcrdadeiramentc criminoso, em não apreuar a comunicação aos paí5CS vizinhos do iminente J)CTlio que corriam suas populai;ões. Como também a demora em eva· cuaroshabitamespróximosda usina.Deacordocomosserviços deinteliaênciaamericanos,jána noitede2Sdeabrilosprimeiros alarmes foram transmitidru ao Cremlin. Portamo, acé o dia do primeirocomunicadooficialrus-
so,dia28deabril, houve1rêsdias deinc,cplic,hclsillnciosobreum assun1om1quearapidezdainíormaçãopoderiaserdecisi,·aparasalvar as ~idas, ou preservar a saúde,demilhares,tah·eidcmilllõe$dcpessoas.Apó§oquc,,ieram asdeclaraçôcsclássicasde que''tudoestásobcontrolc''.O por qul deste procedimento? Simplesmente porque não pode ha\'er erros no sistema soviético ... Essa a11mdc inexplicável, de nloreeonhecerlogoopcrigo. põ('sobaravesuspcilaasintcnçôcsdosdiri&cntesdoCremlim.
Desconfiar d o " diálogo disten sivo" SaberáoOcidenccreconheccr, porfim,oannde''bluff''doestilo0orbachcv1Ouceráacatá$· trofecontribuidoapcnaspara "umaconcord;Jnciagcraldeopin/00", durante a reunião dos pa!ses indumializado• cm Tóquio, "sobre o arraso com que Moscou deu noticia do rrágico e-·en1o"?("Corriere dcllaSera",
Roma,4-S-86). Épasili,amcnte muito pouco ... Onormalseriaqueoslíderes SO\·inicos,reconheccndo~sctamorosos crros,abri!>stmdepar em par as ponas do Estadopriiãoparamoscrarquenàopairasobre o mundo a ameaça de qucouLrasusinasrepitamatraitdiaqueorascdescnrola. Amesmaediçlodo''Corriere dellaSera"rcaistraaprcvisão, feita em Washington.de que a Rússia "sescntiráobrisadaaaa/eraropro/lramadediá/ogodisrensfrocomosEstados Unidos''. Portanto,aoinvbdecorrigirsua credulidadebonacbeironaabaladapcloevento,oOcidemcjáse mostrareccptivoaaceitarilusóriaspropostasrussal,comoesta dc"umdiálogodistensi.,.o". Ou1roproveitocomqucaRússiae<11amen1cpoderácontarí:o silfoclo suspcim dos paladinos dos direitoshumanos,quenào se apiedaram das crianças - para sófalardelas-expostasàs radiaç~s.Seriaporqucatragédia sedeunumpaíscomunista?
Afalinciatecnológica russa, paccnteadanesteepisódio,iconseqiifocia inevicável do próprio ~gime socialisca."The Economist",de9-S-86,observaque"O$ comunistas russos rem ulrimamtnle descriro como sua economia ,·em sendo prejudicada ~la mávontadedospl&Mjadores.gercn1tsctécnicosquenlodizem a,·crdadeumparaosoutros.B· 1afraqueza1eriarambémromribui'doparacausarodesas1rede Chernoby/". Jást\'!que,apartirdeChcr"'°b>1.lpropapndarussa-por meiodeseusincontáveiscolaboradores ocidentais, inocentes úteis, quintas-oolunas,nc.,-fa rárenaSCttafalsasolução"bnrerred1handead"(antes\'crmelhoquemorto),advogandoindire1amen1eodesarmamemounilaceraldospa(seslivres. EspcremosqueoOcidemesai baaproveitarasliçõesqueestc casoilustratãobem.Aprovcitará mesmo? Só o furnrodirá.
Roberto F11Jconieri
CAI0UCISM0 -J.mo de1911i
REFORMA AGRÁRIA: trampolim para um Brasil socialista ''Eu NÃO FALEI de refor-
mas. falei de tran$formação pro-
funda ... Oquesecstáfazcndo
sJoreforminhaJ;euquerouma transformaçloprofunda", p0is o "dcrramamemodesanguesó ~evira~nosunirmos"comcsseobjetivo. "O Brasil tem tudo paraumatramformaçfoprofunda, "pida e ~m fraud.-. É hora de o povo fOmar o poder, de,,;. rara mesa. fssoéumdesaflo, ~ uma misslo da i1reja. oomo po\lQ de LN11s". E.ll&.1afirmaçôe;Sforamfei1as
porD.JoséMariaPircs,Arcebis-
podeJoãoPessoa,amcosminguadosparticipantcsdeuma"SemanadcEstudosPoliticos"quc serealizousobseusauspkios,de 17a2l demarçoú.himo.
Aupresslo "viraramcs.i", O.Jo~parcccccrju\gadofortc
demaü.Eprocuraaccnuá-la,1al"'lPlra nlousustaralguminefouo pregnte: "Não é virara m~ mach11<:ando os outros ... " Es:la "Semana de E5tudos", na rcalidade,poderiachamar-sctriduodeindtaçàoà"iotencia.Peloseucar41erpretensamenteretigioso,realiiou-senatradicional e linda igreja de São Francisco e foi encerrado na Catedral pelo próprio Arcebispo Emsuapalesua, D. Pirc,;começa por externar a apr,ecnsão pelo fato de estarem os panicipantesperdidosnas\'a.stidõcsda Catedrat.Oqucnãoére"clador degrandcb.itoalcançadopelo c-,·entoprovessista...
O "reino " comunista das CEBs Após faur elogios à Revolu ção Francesa e ao iluminismo, que-5egundooorador- tem sido"anti-autorit4rio ",D.Pires passaaapresentar,ent reout ras novidadcs,umaexplicaçàosingular para certas quenõe1 históricas. Explicaçãoqucfazkmbrar impostaçõescorrcntcsalémCortinadcFerro,ondeo"amorpelo po\1>" lC'Ya a interpretaçõn dosf.iosconformeaspróprias con\'cnibciaspollticas. CATOllCISMO-).rilode 1986
Tanto o moderni!;mo, pai Jo atualprogres,ismo,quantoora cionalismo fe(Cberam loa.s do Prclado.Scgundock,KanteHegcl "s/focris1/fos"ees1e "rinha umabollformaçiforcológica". Porfim,comonliopodjafaltar,oArcebispotomaadefesa dosteóloaosprotcstantcs.Ejustifica: ''Elcsn.to1iver11maslimi111çm quc 1i,·er11m os 1eólosos c-ató/icos. Emloa 1co/ogiapro1cs1a111c p&k pro•redir muiw m.t.isnodi&>,ocomomuDdodo queatco/osiaca1ó/ica"',poiscs1eseramobrigadosapensarcomoa l1rejapensa"a "A/srcja-c,iplicaD. Pires -condenoutodasestascorrenrcscconquistssporquc, noconrcxtocmqucvivia, c/a nãorinha n0ç;fo do bem alcançado. Não S-Oubc.!Cpararobcmquehavía Umadurazões: "orcgimcquc claconhcciacr11orcsimedorrono, 1 Monarquia"! ParaO.Pires,onovoCódigo dcDirei10Canõnico"de1almancir11cnabclcccuccniunormas. quc/$S-Oimpftltacria1ívídadc". Muàmedidaernqueacaminhadada lgreja(popular)sc,·aidesenvolvendo, ele "ªi sendo superado. Ou1ra"frcada"1eriasidoadiminaçãodaau1onomiadaigreja particularernrelaçãoaRoma.E, porfim.oproblcmadaigualdade,1anwnalgrejacomocntreos sexos "quandor;ada,·ezmaisno mundo moderno, es1adtsigua/dadc1c11dcadC$1!parcccr". A lgrcja,scgundooPrclado, é iaual ao povo de Ows. São iguais.insiste, ''comfunç,:ic$difcre111es,masiguais". Eleconsiderauma"frcada"anãoadmllsãodemulhcresnalitur1ia,porque nas "comunidadesdcba.!C, qucéo novo modo de ser Igreja"', já se utiliiam as mulheres ncssesofkios,fazcndocomque a"/1,rcjaquccstánasccndodo poro"eineja "na frcntc,já, da lsrcjaofidal". Quantoaosdesafios,D.José cnumera"ários.Comoajudaras CEBs para que sejam "cada ,·ez mais sinal do reino?" Ele não c,iptica que "rcino"' é es1c. Mas Frei lktn,seuami,o.explica:''Oso-
dalismoéa~nasumaetapado Rdno de !Nus'"("Movimento", 3-3-80).EoconhecidoPe.ErnestoCardcnal, ministrodaCUlturadaNicarquacami,8odeambos,ofazaindamelhor: "Comunismo e Reino de !Nus na Terra significamamesmacoisa'"(''O EmdodeS. Paulo". 17-1-79). Comofazerparaseconseguir um "laica10 adulto"? E como ma111eraautonomiaron!iCrvandoacomunhlocomRoma?Sào outrostamosdesafios.Asolução que D. Pires , uacrcéaapresentada porum Bispo,qucclcnão nomeia,par1icipantedareunião de Ml:dcllin (1968): "Antes de wdo, olhar para as necessidades desse povo ( ... ) e depois vam05 ,·crscis1oquc11scntedcâdi11 aquiesuldcacordor;omRoma ou n!lo e5/IÍ. I! o .!Csundo momcnw: dialogarcom Roma"". Para fadlitar. ele aconselha que os leigos caminhem sem se importar com os Padres e Freiras,equeseorganiicm, tomandoainiciati\'a,rumoaum "laicatoadulro". A ra.zão do conselho é simples: "A /mqem nlo é mais aquela ,·cr1ica/,cmquclácmdmaes1á 0Papa,dcpoisosBíspo5,Padrcs etc., e o po,·o til embaixo. Se um fica mais cm cima ~ para poder enxcrsar melhor(... ) mas mio porque ele .!Cja superior ao outro".
Pressões, gre ves, ocupações ou... No mesmocidodeconfcrenciasforamabordadosu'CS1ernM: aTwlo1iadaLibertaçào,aRcformaAgririaeoConcilio Vaticano li. Umdosparlicipames o~nouquco"po,·o,noqual
o 1có/o,o esr, refletindo a fé, também nlo ~ burro, cmlo a biblimcca pode .!Cr dis~n5ada". A ,OCT!ura foi feita por Frei ClodovisBoff,oidealizadordas "operaçõts pega-fa.iendeiro" e dos''mutirõescontraajagunçada" no Acre Noutraocasillo,FrciClodo"is explicou o que ~!lo essas ''operaçõe.!", esses "mutirões". "Mais de cem homem, (.. .)[armados] oomsuase5pinsardasdccaça, foram prender por coma própria o (fucndeiro)paulis1acoscringalisf1. !Npois de pq05, (... ) cotlduiiram-nos, sob armas, cm 1rtsdiasdccaminho... ""Nom111irãocomraaiaaunçada "mais de JOO homens,(.. ,} armad05 comlCTÇlldoslfacõe.!]ca/sumas arma.sdcr;IC,( ... )rendcramos pistoleiros que puderam ( ... ) aprcscmaram-nm e as suas armas à.iauwrldades".(º) A1ora,em João Pessoa, Frei Clodovis amplia sua operação. Elequer"aocupaçilodasf:í.bricas". A vislode Deus.e do mundo quecletcmnãoéaquelaquco comum dos homens conhece. ou sejaadcummundocriadopor um Deus pessoal, onipotente e transanden!e. Paraeleoprópri0De11sé11m deusdifereme,quc\ivc"misru rado com a massa do mundo", misturada coma "pasradanos511 v/daconcreta". ep.araquem querfazertwlosiadalibertação basta considerar ''aféminurnda com apssca da vida". Qucdifcrcncaha"eráentreessedeusdeFreiCJodo"is e odeus dos b1amanistas, dos budistas, dosimancmis1as,dos&J1óstic0!i? Não,·ernoscomodistinauir. Mu ele afirma que ino é namralpara osteóloaosda liberta-
E,comtotaldesembaraço,explica: "A lula armada , po ré m, nio estlÍexcluídacomo ú.ltimo .... cur.io. A /grejanuncaafasto11a possibilidade de utilizá-la. Os próprios Bispos da Nicarágua autorizaram os crisrãos a panidparcm do movimemo armado da derrubadadeSomoza"(ncgrito nos50).
O mesmo quer o PCB
ParaD.JoUMariaPiru,Arcebispcde João Pesso~. "'l llora dttopovo tomar opoder.devir11r 1 1111s1"'
çào,osquaisapresencamaTeologiadaLlbercaçà?comoumaal ternativa''quevaialémdosoc1alismoreal". Odcscjodetransformaçãomelhorscdiriadedescruiçâopormeiodessa"teologia",élevadoacéparadentrodalgrcja: o''grítodospobres. ogriroarticu/ado,ogritorefletido,ogrito interpelante de toda a Igreja", poisessateologiascríapopu!ar, "profética, rransformadora,que dcnuncia".Edenunciaoomuma meta definida: "E~ mundo e essa Igreja tem que serwdoele e toda e/a transformados. /'orissoopróprioFideJCasrrodisseescureiissodesuabocanumarecep,çãocomváriosbrasileiros quehoje emdiaé muitomais rt ~olucion:.i.riona AméricaLa tina espalhar livnn da Teol ogia da U bertaçio do que espalh ar livros de KarlM arx ". lssomostra,finalmeme,'' queessa tw logi a é na rcalid adt muitom ais radicalqut omanâsmonacrlticaaocapitalismo" (negritonosso). Para essa transformação, os ttólogosdalibertaçãonãoindicam a via, diz Frei Clodovis. Eles ' 'estimulam o povo para que, em nomedaf~. encontre ou crie os instrumentos e os caminhos de sualil>erração". Éclaro,csclarece,qucé"nalinhadatransformaçãodosistcma",masopo,·o é qucdevccriar,"nafantasiae naprárica",osmeios e o "modclodasociedadcalrernaciva". E oqueclesugere paraa"fan1asia"eparaa "prática"? "Vamoscomeçar pe/apa/avra, pelo diálogo, pela concepção, pela prcssào,pela grcvc,peloboicotc, pelaocupaçàodasfábricas ctc., e quemsabc,scnãotemou rrojeito,vamos pegarpelasarmas".
Nàoé difereme a opinião do presidente do diretório nacional do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Giocondo Dias. Leiamos umcrecbodesuaentrevis1a,publicadapela''FolhadeS. Paulo" (ll-4-86): "Épossfrc/que passcmos para osocialismopc/a via pacifica, mas cu não excluo a possibilidade da luta annada e da violência". Segundo ele,apassa gem paraosocialismopelavia pacific-.adepcnderádonivcldeorganizaçáopopular."Nàoscráo Panido Comunista que tomará o poder, mas as massas organizadas. A nossa tarefa é organizar opo,·o edirigi-lo bem", afinnou. E, na Constiminte - conforme Giooondo-oscandidatoscomunistasdefenderãornaiorintervençãodoEstadonaeconomia, usosocialdapropriedade privada e a ampliação da Reforma Agrária.Dessemodo,aconsolidaçãodcuma"democraciaburguesa", através do Congresso Corutituimc,farácomqueoBrasil "peroorraumaetapadoprocessodemocrárico",criandocondiçõesparaque oPaíscntrc em outra etapa, ada "eliminação do capiralismo", concluio/iderdo PCB.
Tam bémparaosdemaisconferencistasdcssa "SemanadcEswdos Políticos" a luta armada nàocausavanenhuma estranheza . O professor da Unfrersidade Rural da Paraíba, Genaro/cno, por exemplo, discorrendo sobre a Reforma Agrária, disseque a promessaderealizá-/a"trouxeao mesmo 1cmpo uma grande esperança ao trabalhador rural, mas 1emfcitocomqueosdonosdas rerrasseorganizemcadavczmeJhorpararesponderem,àbala,a busca dos trabalhadores pelos seus direitos". E acrescenta: ' 'O PresidcntcSarncydisseque vai fazerumaReformaAgráriapacífica. lmpossívd! A Reforma Agrária no Brasil se fará com sangue". Perguntaram-lhe se o sanguecontinuarásendoderramado,aoque eleretrucou: "Depende fundamro talmcme de 11ma açãodoprópriogo,·<'mo,tomandomWidasconrraoslatifundi;irios, pois é uma quesrJodcsobrevivência os rra balhadorcs se armm:emparadcfcndcrsuas vidas. Eumdireitode lcgítimadefesa",explicaochefccomunista, apreseman do uma ressalva que não tranqüiliza ningufm· "lssomfoq uer dizer queaúnica saidados1rabalhadoreséa lura armada. Essa é decisão que o
próprio1tabalhadorde,,ewmar aparrirdaava/iaçãoquedc própriofaça dasituaçào emquese cnromre".Masdi7.crdeanccmâo queostrabalhado resnãosedevem armar é "11ma poswra bastante ingtnua". Acrescenta o procerdo PCB: "Qucrerumallltadest/!Snlloviolentaét11Nezcolo,;araprópriavidadosrrabalhadores,cmrisco".Eobservaaindaquenosú.himosanos houve 336mortesnocampo.
Experiência cubana ... alternativa para o Brasil Os mentores dessa caminhada transformistaficambemidemi ficadosquandoafirmam - co moofaz oprof.Ocnaro - que hoj e se pode falar abertament e daslígascamponcsas,mantendo "umamitudcdemuitorespcito emrdaçàoároda/utadeoenvolvidape/as/igas"jáqucexistem atualmente "muitosdostrabaJhadorescmuitasliderançasdo própriomeiosindicalque foram 11téformadosduranteesse período".ErC$$a11a, ~ mrebuços,que "referir-se li experiência cubana, como forma de buscar uma pos sfrel a/fcmariva para asociedade doBrasiJ,éumacoisaperfciramemerazoávc/". Para e!co PoderJudiciárioe apolicianãocstàoiscntosdcculpapelaatualsituaçâodeviolêncianocampo: éprecisodizerque "a Policia e a Justiça não são neurros,mas estãocomprovadamentefavorecendoosimcresses docapital emprejuízodosimeresscsdos1rabalhadores". LuisSilva,vice-prcsidenteda CUT-Nordcste, também dá seu testemunho: " A Reforma Agrária, a quescào da terra é uma qucsràopolitica". Éumalutade todaasociedade,porqueoproblema da Reforma Agrária é a sociedade nova. Pararaluta,ao ~conseguiraterra.éumafa!ta de perspectiva. "A Reforma Agráriaverdadeirasóvaiserfeita,pos1a emprática, quando os trabalhadores estiverem no poder econsiirufremsuanovasocieda dc. Enquantoissomfoaromecer e/a é uma forma de lura, uma bandeiradelutaquelevaàorganizaç~o dos rrabalhadores numa perspectivadessatransformaçào da sociedade". Ou seja, a Reforma Agrária, paraosscuspregoenmconsc,entizados, não visa a aumentar a produção,macaraforne,nemresolveroproblcmados '"ScmTcrra", como teimam cm acreditar os ingSnuos. Ela é o trampolim para essa sociedade nova, es~ "reino" comunista que o Pe. Cardcnal está ajudando a im plantar na Nicarágua O homem da CUT no Nordeste não esconde seu emusiasmo pela "espomancidadc" do~ invarores dc terras: "Nós,naParaíba.tinhamos60áreasdcconflito, mas depois de duas reuniões dc11r1icufação, chegamos a ter
120árcas ",oquercsuhounuma promessa de desapropriação de 9láreas. Para Álvaro Lins, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura, é preciso que ''todoopovoesrejacngajadona lura pela Reforma Agrária. Em 64,q11andochegouahora H fic11mossozinhos, eu fui até preso",dizele. "Espcramosque essanovafaseemqucesramosingressando, esse no,·o grupo de pessoasqucestánosajudandotenham firm eza, porque ninguém scengane, aquifo[rcferêndaà Revolução de 64] poderá mltar. Alutanãopáraporaí, quando orrabalhadorreccbcumpedaço detcrra.Elaiemquecontinuar rommuitomaissagacidadc, muitomaisexpcriência e coragem". Salienle·.1eque osesquerdis1as que paniciparamda''Semanade Estudo,Políticos" nâoprezamo poder dos proprietários, como atestaoprof.Genaro: "Oslatifundiários e os grandcsempresário5ruraissãofu1Jdamentaisno jogodeforçasque compõeopoder das classes dominantes no Brasil". Falta apena! da parte dosprópriosfazendeiros,acompreensãodeseupapelnaatual conjuntura e de suainfluência, quepOdeserdecisivaparaoPais.
O leiio dourado da TFP É raro hoje o ambiente cm nossa Pátriaondenào sc façaouvir,aindaquescjanofundodas consciências,orugidodo leão dourado da TFP. N~«a reunião dos"profeias"datal"socieda denova",que ~ idemificacomo " reino" (lcia-scregimecomunista),oleãodouradodaTFP ~,cevcde algummodopreseme. Um dos participantes, durante osdeba1cs,leuumacitaçãodo livro "Camponeses em marcha" , de Sérgio Benevides. E explicou queaquelacitação: ''ARefonna Agráriaabre asviasparaadecadência e depois para a ruína da famHia " ,foi extraídade umdo-cumemodaTradição, Família e Propriedade.elaborado em l%0 por Plínio Corréa de Oliveira, juntamentecomdoisBispos eum cconomista,todoscredenciados pela Hierarquia da Igreja para lrataremdamatf ria.Epergun tou:naqueletempoaHierarquia apoiavaaTFP,qualéaconfiabilidadedela, dadoqueapóiaa Reforma Agrária? A resp0sia apresentada pode iersintet i:radanaseguinceafir maçào: "Esscs eramcasosisolados . Não eraagrande parcelada lgrejaquc~juncavaàTFP.Foi um grupo pequeno" .
H.afae/MeJJezes
CATOLICISMO - Junho d~ 1986
i--
Um catecismo ~ L_ da ''religião nova'' __J o
E mais adiante: "Deus promereu e deu uma terra Pilra o povo de Israel. Deus promete tambtm um• 1erra, ~ je,p.1rand:!i. Umluaarondeo homem possa tr•balhar. alimenrar a fam,1/a e vfrer cm pa.z. Um mundo de fraicrnidade. Esre mundo nornqucDcusnospro-me1eéo ..., i11o do!ldus. Porém elemlovemdcgraça. É preciso muitauniãop.araqucoegoÍ$I/lO seja derroiado. O no~o mundo é uma conquisu que o pow, rm de fazer"(pp.4)-44-negritonos-
CATECISMO nos cnsinaquc o homcm foi criado par1 oonllecer, amu e servir a Deus nesta ,erra. e deste rnodoaleançar a bem-avcnturança cterna.
Dc,usé.pois,nossafinalidadc úl!ima;easa!vaçãoctcrnadcve scroprincipal objet\vodohomem neste mundo .
Quão longe de$5H verdades si1ua-.seumaabundanteli1cratu-
raeatequtticadenosrosdias! Comefcito,propaga-scportoda parte uma n,:o-a.teqllCSC (tarnbtm chamada eatequesc renova-
w).
da)cujoscntidoproíundoéa tend~ncia contínua a minimizar
- quando nào eliminar totalmente - a noçàodenossosdevnes para com Deus. E hipertro-
fiar abusivamerueoqucentcndemsernossasobrigaçõespara como próximo.
Emron5eqü~ncia, asconsidcraçôe$sobreatram«nd!nciadc Deus, a eternidade, o cf!mero destavida,aprâticadasvirtudes, asantiflcaçàopessoal, avida c1ernae1c.,cstãoausen1esdcssa neo-catcqu~e. Podechamar·scaindaeatólica u11111eatcquescque1ao sistcmaticamcme silencia a rcspei10 de verdades fundamentais da Relia:ilo? Comodisscm0i,tal\itera1ura edesiás1icamodcrnainfelizmcn1céabundantc.Vcjamosapcnas um exemplo. AsEdiçôcs Paulinasdivul1am umfolhc1od~tinadoàprcparaçãopara0SacramemodaConfirmação, tendo como autor o Centro de Estudos Mi&ratórios -CEM.Oopúsculolevaonome .. Dnpcrtar3" e conta com elo1iosa ··aprescmação"'assina· dap0rD.AngéticoSindaloBcrnardino. Como sabemos, oSacramentodaConfirmaçãoouCrismaé umSacramentoqued.ioEspíri· toSanto,imprimccmnosi.a alma o cani.1er de ~ld.ados de Cris10, c nos faz perfci1os cris1aos. VejamosdcqucmodoolivretoduEdições Paulinu-qucsc dividecmtrês pan cs-prctende prcparar osfiéisparaaunçãodo &antocrisma.
A propriedade p r i11ada: raiz de c âncer?
um
Aprimcirapartelevaot(tulo: "Pisandonochão".OobjctiYo aqui, dizolivreto,é"conhc«r um pouco mais de perto a reali· dadenaqua!vfremos"(p.9).Fi1uraclc,acertaa!tura.asc1uinte narração: CATOllC\SMO-J,a,hlldl 1986
ASSO 1 "1ecisnlo "llnptrt1 3"' apmenll DBrasl 6oeflll. Seu clnw saril I pri>pried,dl prindll. O Bruil está doente. Vai ao médico. "0 que dói em vod?", perguntaomMlco. " - Tudo,Doutor!A.!ddadcs dentro~ mim estio cht:illS de fa vclad05;nasro.1S,.sóscv~mcnor abandonadoemu/herda>'Ída;hil um mome de acme dcs,-mprcgad• " - Sua doença t 11avíuima! E.la .sr- chama capita/iw,o. Vod cs1ilcomocJncerdocapitaliw,o. " - Equa/11raizdodinccr, Doutor? "-Drite·meexplicardireitinbo. Olha Brasil, as coisas foram dadas per ~us de prcseme. E prescnre • 1ente nlo 1·ende nem jogalora.E.mlo,1udode1..,scr de rodos. Nlo t meu Mm seu, maswdotnosso:•1erra.asfllbricas.osprodu105dorrabalho, as casas ... 1Udotde1odos! Mas oshomcnsin,·entaramacerca. o muro e disseram 'isrotmcu,is10 t seu, aquilo tdelt! Isso 1-e chama propriedade privada. Essa, Brasi/, ta r11il docâncer" (pp.l8a25-negriionosso). ParaapublicaçJ,odoCEM,a causadetodososmale!iquesofreria o Brasi!éapropriedadc privada. De onde, logicamente, deva claserabolida.Substi tu ida pe!oquUPclocoletivismosocia lista: .. Tudotdc1od0i''.Espantoso!Apublicação"·ea16lica"rc-
jeita, descmbaraçadamenie, o ensinamento continuo dos Papas sobre11propriedadcprivada,e acenaparau m regimecomunistaromosoluçãoparaos"malcs" d0Bruil.Eis50éformaçãoreli&1osaparaarecepçãod0Sacramcnto da Confinnação!
Um rein o dos c lfu s
marxi•t• Asegundaparte, "Olhandoa Blblia' ", apresenta um di.ilogo, noqualsede:stilaumaconcepção dahis16riadahumanidadedeimpiraçlo marxista. Os homens viviam no paralso. Masoeaoísmocntrou(csteseria opecadoden=primeiros pais),"unscomeçaramacxp/oraros ourros, a ~frer .t cus1a do rraba!hoalheio.Cr=uariquc• zadeal1unseamistriademui10s.Omundotornou-seinjusto. ··~us rema plama de uma ca· sa,deumasocicdadejusracfra• 1crn•p.araoshomcns. "Mas de repente, ,·cm o ,·ento e• eas,, de:smorona. Os homens ,·ol1am1exp/orareescr1viuros ou1ros. Opccado1·0/1ae1easa eai.Quandoissoacolllc«,~us enviaproferas, como na Bíblia. Toda a Bíblia e a história da conJtruç.fodcssacasa;acas,,on· dcrodospos.samserfcli.mdcbai· xodomesmo/eto".(p. 36).
Nessa concepção da hi$16ria, nãoh.:ilugarparao$0brenatural. O ' "reino doscéus ' ',queDcuscs· taria a prometeraoshomcns,n a expressão do folheto, parece ronfundir-sccomumacsptcicdc "parai$0"ncstatcrra,oqualé aprescntadocomootermoeo fimdavidahumana.Tal .. paraíso",por1udooquevimos,padccedascaractcristicudasocie· dadeeomunista~nhadaporKarl Marxescusscguidore, Detudoisso,oquere1tadareligião católica? Em ~uida, a terceira pane do folhetointitula·se"Caminhando juntos". Para os autores do folheto.a "no,.. socicdadejun• e frarcrna"que,paraelcs,scronfunde como"reinodeDeus.. oucom o' 'rcinod0icéus",1emcomoscmcnt e:sasComunidadcsEdesiais de Base - CEBs. Essas mesmas comunidade1,cujocat1l.termar· xis1izan1efoidenunciadonolivro "As CEBs ... das quais muito se fala.poucoscronhece-aTFP asdescrevcromo$io",dcamo-ria do Prof. Plínio Corrh de Oliveira, juntamente com OS Srs. Gusta,·oAntonioSolimeocLuiz SérgioSolimeo. Scévcrdadequealiteratura catcquétka, como a que acima analisamos,see1palhacomprofusãop0rtodo0Pais,equecm muitoslugareselaiimpin&idaàs paróquiasccatequisiude um modoverdadeiramentedcspótico,omalqueclaprodulé,cntretanto, alBomenor do que se poderia temer. Arazãodissoéquenouop0vo.lúcidoeimeligcntc,quando 1·crdadciramen1e1cm fé,delongc percebea discrepãncia de:ssa neo-a.tcqucsc com a doutrina im111áveldaSan1atarcjaCatóli ca Apostólica Romana. E assim, mansa e cortesmcnte, fecha os ouvid05cocoraçãoa1alca1equcse;caseusfilh0i rccomendaque façamo mesmo.
A rtióblo Gfa ,·am
Menti, HJenti ... TÊM-SE multiplicado nos últimos dias, cm jornais e revistas, notícias marcantemente ambíguas, as quais esquivando-se embora de o afirmar taxativamente - visam dar ao leitor a impressão de que a TFP tem alguma forma de responsabilidade por atos de violência ligados com a agitação agrária, que vêm ocorrendo, aqu_i e ali, n~ .território nacional Oequenaturezaseriacssaresponsab1hdade?Taisno1iciasastutameme não o dizem. Pois a acusação ambígua e vaga aco-
A
tFP
APRESENTA
Guene,ro< da Vffgem
A RÉPLICA DA AUTENTICIDADE A TFP ,em <<'gredo,
Sociedade Brasileira de Dtfosa da Tradição. Família e Propriedade Rua Dr. Martinico Prado246
CEP0!224 - SãoPaulo,SP
berta o acusador contra desmentidos que ele teme necessariamente lhe sejam infligidos pelavícima. Assim, à mingua de pormenores, a TFP fica reduzida a excogitar os possíveis matizes em que a acusação gcnérica vcnha a se explicitar. Uma possível modalidade em que se especificaria a calúnia consistiria talvez em que, tomando posição saliente na controvérsia agro-reformista, a TFP contribuiria para acirrar os âni mos. É o que teria ocorrido notadamente com a distribuição a mais de 70 jornais, feita pela TFP a pedido de fazendeiros, dos pareceres de dois insignes jurisconsultos sobre o direito de defesa dos proprietáriosemcasode lnvasãodesuasterras por hordas de desordeiros agro-reformistas. Este acirrar de ânimos contribuiria, segundo essa visualização, para criar o clima propicio à eclosão de atos de violência. Em dias normais, "constas" como este sequer merecem desmentido, de tal maneira sào retorcidos, alambicados e falhos de bom senso. Entretanto, o Brasil não emi vivendo dias normais. E quan do problemas nacionais de grande envergadura, e até problemas internacionais, trazem quase sem fôlego a opinião pública, constituem-se, como que espontaneamente, as condições psicológicas para que os boatos mais desdenháveis encontrem gua· rida em setores apaixonados da opinião nacional. E, se muito repetidos e martelados, podem servir de ponto de partida para asgrandesofensivaspublicitáriasdaCalúnia. "Menti,menti, alguma coisa ficará sempre", dizia Voltaire. O primeiro passo nessa e<;calada da mentira consiste precisamente em difundir boatos como o acima. Convém, portanto, cortar pela raiz o mal, que, a julgar pelas aparências, promete crescer. É o que de momento faz a TFP. Assim, para desmentir essa calúnia, cumpre lembrar antes de tudo que a TFP tem 25 anos de existência, ao longo dos quais tem estado continuamente presente, e com destaque, na vida pública brasileira pela difusão sucessiva, em todo o território na cional, de 26 livros e ensaios, quase todos com tiragens de dezenas de milhares de exemplares, bem como do mensário de cultura "Catolicismo", e também através de conferências e campanhas públicasrealizadasporcaravanasdesócios e cooperadores, as quais vêm percorrendo em todo os sentidos nosso território-continente. Em todo esse material escrito ou falado não há quem possa apontar uma grosseria, um insulto, menos ainda, uma mentira ou uma calúnia. Paralelamente, ao longo de toda essa atuação dascaravanasjuntoaopúblico,nãoháquempossaalegaruma só agressão, tropelia, ou desordem. Em abono do que a TFP dispõe de mais de quatro mil canas de prefeitos, delegados e outras autoridades municipais. Não sabemos de entidade que apresente prova mais patente dacontinuaserenidade e legalidadedeseuprocedimento. Serenidade e legalidade estas inalteradas, mesmo quando a TFP tem sido alvo de estrondos publicitários de violência incomum. Tocaàsraiasdoabsurdolevamarponantoaquelascaluniosas insinuações comra uma emidade dotada de tantas provas desuaindolepacifica.
Telefone:(011)221-8755 Horário: das lO à5 20horas Parar=berolinoprl0Corrtiortj:1Strado,en,iea qu.anüaoorrespondrnle(Cdl50)Xlpor=mplar,,em rn,i,dcsp,<as)porVakPostal ouOrdemdel'a,;a· monto, oempr< em fa,-or da TFP (se optar pela Or demdel'agamen!o,indiqu,aconian '. 21629-4,da TfP, na Aiônda n~ 429do ll.anco ltaú). Mcn(ionc oeunomeeenMreçocompl<10<
Poder-se-ia talvez insinuar que a TFP teria uma panicipação nessas violências, por efeito de sua suposta conexào com a União Demo- crática Ruralista (UDR), que o mesmo noticiário se tem empenhado em envolver no assunto. Extravagante maneira de acusar! Pois bastaria que uma entidade tivesse relações com ou-
CATOLICIS"'O- Jooho de 19116
tra de constituição jurídica inteiramen1e diferente, sem o menor nexo cs1atutário, com diretorias distintas e de passado histórko perfeilamente diverso, para que as ações de uma en,·olvettem automaticamente a outra! Onde a prova concreta da colaboração da TFP nos a10s condenáveis pelos quais a dita campanha difamatória insiste em resPomabilizar a UDR? No esforço para dar um tal ou qual viso de verdade a tudo isto.alegou-se sera UDR forneccdoradossubs/diosparaalarga publicação dos aludidos pareceres. Não há pessoas físicas ou jurídicas que 1enham concorrido muito relevantemente para o montante dos gastos efetuados pela TFP para a publicação de tais pareceres. Com efeito, cada contribuinte tem dado quanto pode ou quer. E sua contribuição ,-ai sempre para a publicação em seu município ou área de influência. Sendo tão numerosos tais municípios e áreas, em nosso lerritório.continente, é fácil avaliar quanto os ,·árias donatfros são de pouca morna em função do conjunto dos gastos da companha. E assim concluir que nenhum contribuinte por si só constituiu fator determinante no desenvolvimento da campanha. Entre estes contribuintes - acrescente-se - não está o nome da UDR. Importa acrescentar que também fora deste fim especifico da publicação dos pareceres, a TFP não mantém conexão com nenhuma outra entidade rural, ou de qualquer outra natureza. Para tudo isto, a TFP tomou sempre contato direto com os proprietários de terra, sem indagar da eventual filiação deles a qualquer corrente político-partidária, ideológica ou profissional. Tudo isto Ponderado, cumpre ainda ter em vista que, publicando esses pareceres desde 12 de janeiro Ultimo, a TFP está esdareccndo os proprietários rurais de como agir dentro da lei em face das invasões de terra. Assim, a atuação da TFP é kgal em si mesma, e inclusive promove o respeito à lei pelos fazendeiros. Seeventualmemea!gumproprietárioruralsair forada lei, é pois p0r sua Unica coma e responsabilidade, e contra a orientação que os ditos pareceres apontam. É o que há de mais cristalino. E \·ejamos., por fim, a que espécie de democracia nos vão encaminhando os que atribuam à TFP - só pelo fato de sua tomada de posição - de estar contribuindo para dar calor à contrcr,érsia sobre a Reforma Agrária, e imaginam, cm conseqiiência, ser ela co-responsávcl por todos os crimes que p0ssam nascer do excesso de calor dessa Polémica. Uma ilação dessa natureza importaria em negar a democracia, que esses detratores da TFP em gera! tanto proclamam. Porque, se todo homem que toma posição ardorosa numa controvérsia, por is~o mesmo é culpadodctodasaspaixõesdaidecorrentes,cntãoéprecisoreconhecer que iodo debate democrático caloroso é, ele próprio, gerador de crimes. Ouseja,aconseqiii!nciaéque, na verdadeira democracia, os debates devem ser sem calor e sem vida! O que é absurdo. Se aparecerem, ademais., semeadores de noticias ambíguas ou caluniosas contra a TFP, que pretendam insinuar ter ela tido alguma participação na própria trama de atos de violência, negamo-lo desde já energicamente. E com profundo e enojado desdém. Pois a tal nos dá direito nosso longo passado sem jaça, bem como o respeito e a confiança que nos ti!m incontáveis brnsi!eiros, mesmo dentre os que discordam de nós, mas conservam o bomscnsoeespiritodejustiça. São Paulo, 22 de maio de 1986
Paulo Corrêa de Brito Filho Diretor de Imprensa da TFP
CATOUCISMO - .llllhodl 1!186
Esclarecimento da TFP COMO É SABIDO pela maior parte dos 1elespcctadores da TVS. o apresentador do "Programa Flávio Cavalcanti" - e recentemente falecido - tratou e.,;:iensamente de aspectos do livro "Guerreiros da Virgem", do Sr. J.A. Pcdriali, no programa do dia 8 de maio último. E determinou o dia 15 desse mfs para que comparecessem à TVS. a fim de darem explicações, o Prof. Plínio Conta de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, e o Sr. Pauto Correa de Brito Filho, Diretor de Imprensa da entidade. Julgando ambos não deverem atender a essa indicação, o Diretor de Imprensa da TFP enviou no dia 12, ao Sr. produtor do "Programa Flávio Cavakanti", o seguinte telex: " Respondo pelo presente telex aos convi1es 1elegr.lificos que V. Sa. enviou ao Prof. Plinio Corrh de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, e a mim, como eco de sua truculenta intimação a que o primeiro compareça ante um conselho de sentença que o julgue, e à TFP, em vista da estranheza manifestada por V. Sa. em função de fragmentos que leu, de um livro do sr. J. A. Pedriali. A TFP saberá difundir muitíssimo em breve sua resposta a esse livro, e se desinteressa de comparecer, por si, pelo Presidente de seu Conselho Nacional, ou por mim, a esse julgamento desprovido de todas as circuns1ãncias que lhe confiram autoridade e peso. Com efeito, ela está bem decidida a jamais se submeter a quaisquer julgamentos exceto o de Deus, Nosso Senhor, e o dos poderes religiosos ou civis competentes. Essa linha de conduta é obviamente explicável, em vista da nossa dignidade de homens e de cristãos. E máxime o é quando tais "julgamentos" se revestem de um caráter intimidatório risível, e de uma falta de respeito insultante. Pelo dito, fica também explicado meu não comparecimento. Saudações
Paulo Corrêa de Brito Filho Dire1or de Imprensa d• TFP'" Como se vé, dito telex não contém apenas a afirmação da recusa de comparecimento, masaexplicaçãoparaessarecu-
"·Ocorreu que, na apresentação do dia 15 de maio p.p., o Sr. Flávio Cavakanti fez referências a esse telex, citando-lhe um ou outro tópico. Porém nãolhefezalei111ra dotcxtointegral.Es1efatonãoémencionado aqui para comentá-lo: '"De monuis nisi bonum" (Sobre os mortos con\"ém só dizer o bem). Entretanto,alcituraincomplctadorelex da TFP deixou o pllblico com uma explicação também incompkta das razões do não comparecimento dos representantes da entidade. Ora. a TFP tem o direito eodC'\'erdecsclareccr, a esserespei10, o pllblico. E o fato de haver falecido o Sr. Flávio Cavakami não a priva desse direito, e muito menos a dispensa desse dever. Assim, curvando-se ante a memória dele com todo o respeito devido à majestade da morte. a TFP publica aqui o texto integral do dito tele~. Evidentemente. fálo só para que conste, e sem nenhum in1Uito poli!mico, que ncssa cireuns1ãncia seria descabido.
1
! :
1
A frase, o Bispo e as citações TODO MUNDO SABE da cxis1ência de bombas de efeito moral, cuja finalidade~ apenas criar susto ou pânico e assim desarticular uma passeata ou uma manifestação de protesto. Quando, cn1rc1anto, as pessoas visadas por tais bombas sabem manter seu equihbrio emocional, e não se deixam impressionar pela ex-
plosão,cstanãotemsobreelasqualquer efeito real. Assim como há bombas, há também
frases de efeito moral, fabricadas para criar um impacto emocional no público,
tornando-opropensoaumaccrtaatitudcquesequerdele. Em geral tais frases visam a preencher um vazio de provas e de argumentos. Podem ser utilizados, por CJtemplo, num discurso ou num artigo de jornal. Como no caso das bombas, se a vítima visada por 1ais frases souber manter em calma sua emotividade e analisar com cuidado o contetldo delas, então transparece o que há de inócuo no palavreado. E a ação psicológica que se buscava, fica frustrada.
A
fr••• • o Bi•po
Eis um exemplo de frase de efeito meramente moral: "Cons1a que uma conhecida sociedade de defesa da propriedade privada estaria angariando bilhões, em subscrições feitas à base de ORTN, para
inves1ir contra a Igreja Católica, por suas posições em favor da Reforma Agrária". À primeira vis1a, ela pode impressionar um leitor incauto. Fica-lhe sugerida a imagem de uma entidade maquiavtlica que se atira contra a Igreja, servida por fortunas nababescas, obtidas quase por extorsão através da aplicação das Obri· gações Reajustáveis do Tesouro Nacional. Se o leitor, porém, souber evitar a cilada, e analisar a frasc com algum cuidado, verá que ela mais visa por cm vibração os ncrvos do quc convcnccr araz.ão. Senão, vejamos: "Consta que... ". A frase começa por um "consia", ou seja, um boato, um "ouvi dizer", algo sem fundamento seguro. Ora, tratando-se, como é o caso, de uma acusação - e de uma acusação grav!ssima: "investir contra a Igreja" ninguém tem o direito de propagá-la, e ainda mais de ptlblico e por escrito, com base num simples "consta " . Acusaralguém,ouumaassociação,dcumafalta grave, implica numa responsabilidade moral seríssima. E se frita com base num simples boato, pode facilmente classificar-se pc!o menos como difamação. Ah1 esquecia-mcdedizcrqucmtoautorda frase: D. Luis Fernandes, Bispo de Campina Grande, Paraíba, cm anigo para o "Correio", de 8 de março do cor-
rente ano, intitulado "A usurpação da terra". Prossigamos, portm, na análise da frase de efeito. "Uma conhecida sociedade ... " . No contexto da frase, a expressão "conhedda." contém uma leve mas evidente insinuação de mal afamada. Ele não ousou chegar até a afirmação, mas fez escorregara insinuação. Nem é preciso dizer que é a TFP o objeto de tanta má vontade do Sr. Bispo. "Anzariando bilhões": a cifra, de si, imprcssiona.Masclccvitadizersesetrata apenas de dois ou trCS bilhões (que, cm cruzeiros, é uma quantia ridícula para uma"investida''dcssepo rtc)ou scovalor t muito mais alto. Fica tudo no vago. E os "bilhões" explodem assim no ouvido do leitor, como uma bomba de efeito sem qualquer consistência.
''Subscrições feitas à bascdcORTN". A impressão que fica ta de um refinado maquiavelismo ao ob1er subscrições com base nas ORTNs. Ora, antes de vigorar o atual ''pacotccconõmico'', as ORTNs eram base para nUmero incalculável de operaçõesfinancciras:cmprfstimos,do· na1ivosc1c. Pois adcsvaloriz.ação galopante da moeda exigia isso, sob pena de tomar dcs1i1uída de significado qualquer subscricãooucontratofinanceirocomalguma extensão no tempo. Como se vê, exorcizado o demônio da má impressão que o texto carrega cmsi, fica ele vazio de significado. Por fim, o grandiloqücnte acorde com que termina a frase: "para investir contra a Igreja Católica, por suas posições cm favor da Reforma Agrária". A TFP estaria, pois, investindo num ataque quixotesco e virulento contra a própria Igreja. O que há de real em meio a essa fumaça psicológica? Apenas o seguinte: a TFP está empenhada de fato numa campanha deesclarecimcntosobrcoscfcitosfuncstos que !cria para o Brasil e para a própria lgreja,aimplantaçãoda Reforma Agrária, tão bem-amada da CNBB. E não recebendo dinheiro da Alemanha como o recebem diversos Bispos, para poderem incentivar suas CEBs, anêmicas de entusiasmo - vê-se a TFP na contingCncia de angariar fundos entre os brasilciros csclarccidos (c, em geral, não muito ricos)quc nãoqucrcm ver sua Pátria afundar no abismo do socialismo agrário propugnado pela CNBB. Há nisso algum ma! moral? Alguma ilegalidade? Nós só vemos patriotismo e desinteresse. 1: sinto mático, porém, que D. Luis Fernandcsprocurcconfundirseuslcitores itlcntificando essa nobre campanha contra o agro-socialismo, como sendo uma investida contra a Igreja. Em outros
termos, para ele, atacar o agro-socialismo é atacar a Igreja. Mas, então, pode-se perguntar a D. Fernandes, a Igreja mudou? Ela não mais ta continuadora dos Papas que defendcramapropricdadcprivadacatacaram o socialismo cm memoráveis encíclicas como a "Rcrum Novarum", de Leão Xlll, a "Quadragcsimo Anno" de Pio XI, ou então cm outros famosos documentos como a Radiomensagcm enviada p0r Pio X II ao Ka1holikcntag de Viena, cm l 952? Fala em nome da Igreja um Bispo que, contra a doutrina social católica, defende uma Reforma Agrária socialista e confiscatória?
A• citações Sentindo, talvez, oingratodesuaposição, D. Fernandes recorre à Biblia, procurando nela um calço para a Reforma Aifária que defende. Já t sintomático qucclcdeixcdcladodocumentosponti· ficios luminosos do gencro dos acima citados a respeito dos problemas por ele abordados. Mas o mais curioso t que os própriostcxtosbíblicosqueclecitanada provam cm abono da Reforma Agrária. a) Cita o Prelado, sem comentários, o texto do Profeta Isaías: "Aid11quelesque ajuntam casa sobre casa e apro.Yimam campo a. campo, att que n.io haja mais lu1a.r e ha.birem sozinhos no meio do Pa/s"{ls. 5,8). Oquetemcssctextoavcrcomasituaçãobrasilcira7 Aexistiralgumaana!ogia, só pode ser ade um Estado que é, de longe e a perder de vista, o maior latifundiário da Nação, e que ainda quer dispor das terras dos panicularcs, como se fos· sem suas. E isto para fatcr uma Reforma Agrária, que a ser necessária, deveriacfctuar-scnasinumerávcistcrraspU· blicas. b)CitaoLivrodcJó: ''Os(mpiosmudam as fronteiras das rerras, roubam rebanhos e os apascentam, apoderam-se do jumentinho dos órfãos e tomam como penhor o boi da viúva.. Empurram os po· bres para fora do caminho e os miserá-
veis silo forçados a esconder-se ... (íà ~
brcs) ceifam no campo alheio e rebuscam a vinha do ímpio, passam a. noite sem roupa, se-m caberia contra o frio, ensopados pela chuva das montanhas, sem abrigo, comprimem-se aos rochedos, andam nus, por falta de roupas, famintos carregam os seus feixes ... Sobem da cidade os gemidos dos agonizantes" (16. 24,2-12). Para D. Fernandes, essa descrição ''pa· rccc corresponder nitidamente (sic!) aos quadros mclancólioos de nossos dias, c-m nossas cidades e cm nosso interior". Ora, o texto se dirige contra os ímpios, contra os que roubam. Se O. Fernandes conhece casos desses no Brasil de hoje e não duvidamos que possam existir elcquedcnunciedirctamcntcosau1ênticos responsáveis, a fim de que tais ímpios sejam punidos. Nós o apoiaremos e o aplaudiremos. Mas, insinuar que o fato t gcneraliz.ado, como se todo proprietário fosse, por sua própria condição, um fmpioeumladrão,eoBrasi!fossetodo CATOLICISIIIO-»Wlllóe\985
ele um camp<> de misfria, é exorbitar e muitodarealidade.l:ircontraaprópria evidência. Aliás, a prova de que o texto do livro de Jó não é contra os proprietários, é o fato de que Jó, por ser justo, foi recompensado por Deus com uma das maioresfortunasdequenosfalaaSagrada Escritura. Cito a tradur;ão do Pe. Matos Soares (Edições Paulinas): "Havia na rerra de Hus um homem, chamado ló, e esre homem era sincero e reto, e remia a Deus, e fugia do mal. (... ) E possuía sete mil o-•elhas, rr~s mil t:ame/os e quinhentas juntas de bois,e q'uinhentas jumentas, e um grande nümero de servos; e este homem era grande entre rodos os Orientais. E os seus filhos iam e banqueteavam-se em suas casas, cada um em seu dia. E mandavam convidar suas três irmils para irem comer e beber t:om eles" (Jo. 1, 1-4). Diria D. FernandesqueJóéumlatifundiário típico, um opressor, pois tinha numerosos servos, um gozador da vida! Felizmente, porém, Deus nllo se deixa iníluendar pelas opiniões desse Bispo, pois, após fazer Jó passar por uma terrivel prova de fidelidade, para recompensá-lo dobrou-lhe os bens: ''E o Senhor deu-lhe o duplo de tudo o que ele antes possuía. E o Senhor abençoou ló no seu Ultimo estado muito mais do que no primeiro. Echegoua1crca1orzemi/ove/has, e seis mil camelos, e mi/ juntas de bois, e mil jumemas"(Jo. 41, 10-12). c) Por fim, ciia o Profeta Miquéias: "Ai dos que planejam a iniqüidade e tramam o mal em seus leitos! Ao amanhecer, já o pra1icam, uma 1•ez que isto está em seu poder. Cobiçam campos e os roubam, cobiçam casas e as tomam, oprimem o homem e sua casa, o dono e sua herança. Por isso, diz o Senhor: eis que planejo contra essa gente uma desgraça, da qual não podereis livrar vossos pescoços, nem podereis caminhar de cabeça erguida, pois esre será de fato um tempo de desgraça"{Mq. 2, 1-3). D. Fernandes parece não ter percebido que esse texto choca-se claramente contraaposiçãoqueeleassumeeasdos que propugnam a Reforma Agrária. O Profetadefendeclaramcnteos !egítimos proprietários contra os que "cobiçam os campos e os roubam", ou seja os invasores da propriedade alheia. Otextodefendenãosóa simples propriedade,masatéaquelarecebidaporherança - como era o habitual na ~poca - e também o dono, pelo fato de ser dono ("o dono e sua herança") contra os opressores que a querem tomar. No Brasil de hoje, tanto o Estado, no caso da aplicação de uma Reforma Agrária socialista e confiscatória, quanto os agitadores rurais, mediante invasões de terra meticulosamente articuladas, têm primazia emre tais violadores do principio da propriedade privada. Principiocs1e assegu. rado por dois mandamentos do Decálogo: o sétimo ("Não furtarás") e o déci· mo("Nãocobiçarásascoisasalheias"). Ame a "iniqüidade" dos que "cobiçam" e "roubam" o campo alheio (clara rcferfocia a esses dois Mandamentos) Ci\TOLICISM0 -Jurilioilt1SB6
não é de estranhar que Deus tenha dito através do Profeta Miquéias: "Eis que planejo contra essa gente uma desgraça, da qual nào podereis livrar vossos pescoços". Se, ante a situação de autodcmolição emqueseencontraa lgrejanopresente,
=---
seaundoaexpressãodePauloVI,taldesgraçacelestejásetornou inevitável, cntãonlloháoutraatitudesériaatomarscnãopreparar,nosparaela.Éoquesugerimos a D. Luis Fernandes que faça tamb<m. GrtJlÓrio Lopes
KOMMEHTMPYET XYAO>KHMK - ·-
=
H :~~..-~;,o: ~.,:."::;~ ...~.=: ~3:~"':"':: o,tcm«>->O_"_ _ _ _ p , c , \ p J < _ , - ' ~
n_...., --ecxwr ,...,.,_. .,. . __.. _.._ =- ,-n,"-. ...... ..,5pa,cu-,-opunr,ogy•...,.._
rpyflMe _ . . , . _
•<>v,,_,,,_"°'°F"""'"",.,.
""""""º,... .,.P_ •-, ()p.ooaciroO o6Moo:N4, Mo...,..., "-,_...-,o,. ••- Ty.,,...<oO ,'CCJ'.
""', .,.__,._...
""'9"11X'•
<J'"l"<T..,.
.,.....,,.._
-..,_
<H"'""'""-
c....a.fopw:ooc...a.~{llo ...... _opn,_l-lK).
Diz a p1rsanag1111 do desenho ICÍIIII: HAIJOl1aspla-d«anul t.lras MO fie11lt,m,ira r,mpo,u,aloL .. H t lblúo da "chageH. em llf9(ito: "fit os pludocu_# O dtsenha I os Guru - · traduzidos do 1usso -11prinan I coostr1ngedor1situaçio11111qu111 ana,ntr1 opowoMMi1.ca:
wu oio- qllllldo11is1t -
,iuo.
Pão duro ... ''CoMERÁS O PÃO com o suor do reu rosto". Pronunciadas estas pala vras, iniciou-~ a longa peregrinação dos "degredados filhos de fa·a ( .. .) neste vale de lágrimas". Nada mais justo, santo e louvá,el da pane do Senhor do Céu e da Terra, do que punir a desobediCncia de nos,os primeiros pais .. . O labor árduo deve produzir o bom pão, pois o homem, se curvar a cabeça e praticar a santa Lei de Deus, poderá , pela obediência, aliviar e até alegrar sua peregrinação. Considere o leitor esta receme notícia do "Pravda", órgão do PC russo, queixando-se do duro pão que lhe fornece o Estado-patrão, e a significativa "charge" que a ilustra: "Em muitas indústrias de pão das repúblicas socialistas sAo grandes as falhas e a perda de produçtlo. Por qul? Grandes defici/:ncias do rtgime tecnológico de trabalho, omí55ôes de planejamento e no controle de laboratório, indispensável para a boa qualidade da produçào. Os pães saem mal feitos pelo aumemo da umidade, miolos crus, peso alrerado, forma desfigurada, casca queimada, e, o principal: fa/ra de aroma, frescor e sabor. Es1es defeitos são constantes nos comple.1/"0S industriais e fábricas das regiões de Arca/gel, Astrabut, Gorki, Ka/iningrad, Orlov, Moscou e Tuvinia, RSSA" (*). Após 70 anos de sociafümo, grande parte do pobre e sofrido pom russo Sõ tem o pão que Lenine lhes prometeu com cilebre slogan "pAo e rena'', O pio é esse. E a terr.a? Dividida cm kolkozcs e sovkozes. o po,o dela só recebe amargos frutos .. . Os "teólogos·da libertação" e congêneres, que repetem sem cessar a cantilena de Lenine, talvez gostt1ssem de provar desse "pão" que o socialismo amu-
Explosão populacional: mito e manipulação publicitária
D
IASATRÁS,tioomreal proveito uma oonfe r.ên-
cia do Pe. Otto Maier, merltóriohomemdeestudos, sobreocontrole anificial da natalidade. Um amiao meu partici-
pou do último congrcs.so da"BlueAnny"realizado em FAtima (Ponupl), em outubro p.p., 1endo1'as&istidoàpales-
1r1dordigiosoalemão.
Julpm1oqueotrabalho do Pe. Maier poderia me intcrei.ur,encaminhoumo. Creio, por#:m, que
nloseriaeuoúnicoparaquemscuconhccimento$eriaútil,poisoassun-
to está continuamente prescntenosmeiosdein-
formaçloenasconverS&ldodia-a--dia,embora, infelizmente, seja com freqüência tratado de maneira dis1on:ida, superlkialeparcial.Osda-
dos apresentados pelo conferencistat&noméritodcescJ.ar«erimpor11n1esaspeç1.osdaques1io. Porissotransmitoosaoleitor, ao lado de
reflexõescomczinhassuacridas pelo tema.
O .,-ande ar1umcn10
dospartidáriosdocontroledanatalidade#:ode que h.i no mundo uma o.plosiopopulacional. Seria uma bomba de cfcitosmalsdevastadores doqueaatômica,pre<.:isandoportantoserdesativadaoquantoantes. Do contrário, a Terra tomar-se-ia um verdadeiro inferno, com multidões de famintos e doentes disputando ansiosamenteOSescasSO$reeursos naturais, em rápido proceuo de c:xlinção. Como solução, pr«oniu-se habitual menteautiliz.açãogeneralizadadosmftodosartificiaisdeoontracepção, mectnioosouquimicos, ea1tmesmooabonovolun11irio. Só assim a "bomba populacional" seria destruída. A esse propó~ito, o conferencista lembrou as autoriz.adupalavrasdo Cardeal Dom Edouard Ga,non.Pro-P rcsidente do Conselho Pontificio para1fam1li1: "Os11u1tmioosdemdgrnf05nlo
11cred/r11mn111esedacxp/osio popul•donal. Trata-se realmente de quese111iba u1/Jiz.arH poWbilidadeseosmeios etisrenres,eniodediminuirapopulaçio. 111.em Bucareste [onde hou,·e umoongressosobreotema]oProf.Ujeunedefendeu11resedequerod11 11 popu/11çjo prevista
paraoano1000poderia
ser alimentada apenas pela Awtrll.lia, mesmo se viveueimeiramenteem
regiôesdessepaisefora desuasaruaisgr11ndescid11des. Os agricu/forcs dos Estados Unidos edo Canadll.,tagor111ambbn osdaEurop11,estiosen dop11g05paranioplan tar.Hojt,apmas5fioda superflcit ttrnsrtt ~ uplon.da racionalmtntt". Aesscrespeito,llÓ$poderlamos tambffll lembrar a siiuaçio brasilcira, onde aproximadamenteametadedasterru!ãodevolutu,alffll doque,uterrasparticularessópodemseres,:assarnente aproveitadas, porque nlo haveria quemcomprasseaprodução, se utiliudas intensamente. Apesar disto, a cantilena sobre o controle da natalidade no Brasil fa mesma ... H4alJunsmeses, como se sabe, o govemo frandsseviu forçado a tançarumamaciç11campanhanatalista,paracvitarosinconvenientcssociaisdabl.ÍJl:anatalidadc, entre eles a diminuiçio dapopulaçloativaeo aumento Insuportável dos cncar1os da Previdfncia Social, que deixa derettbercontribuiçõe5 e, ao mesmo tempo, deve pagar as pensôe$ e a assistblcia mi!dica aos idosos.Porcausadaan1ipati.aàprolenumo:r0$a, criadaanifü:ialmentci» !apropagandanosvdculos de informaçio, nas cátedras universitárias, no proselitismo individual etc,, surgiu nesta mesma França, como aliástamMmemoutros paiseseuropeus,umfcnômeno preocupante. Os francesu de ori1em deixaram-se influenciar peladicamistilicaç:lopublicicária,baixando,em oonstqüfncia,onúmero
médio de li!hos porcasal.Aooontrilrio,osimigrantes,quasetodosde origemafricanaouasiiltíca,eem1cralbemprimitivos, revelaram-se menossubmisrosàmoda,enosúltimoslustros ti,·eram proles normais. Dessa forma, as novas geraçõests1looonstituldas,proporcionalmente, muito mais por Jovens vindos de lares pouco educados do que de íanulias d a antigaorigem franccsa.Noconjunto,é forçosoquehajaumadiminuiçào do tônus da cuhuraedacivilizaçlo francesasatuai.s.Axenofobiaeat~mesmooracismo, que infelizmente cstãoaumentandonap4!1ria da "douceur de vivre", pnr,·fm em pane dessc:fato.
Transpondo a1ora o oceano e fixando os olhossobn:oBrasil,percebemosumoutrofenômcno,mascomalgodc análogo ao europeu, A propagandaantinatalista influenciou muito mais asclasse!labastadas,que dispõemderecursosamplosparaaedueaçiodos filhos,doqueasfamilia$ modestas. Assim, entre os estratos mais educados praticamtnte desaparCCCTamasprolesnumerosa.s, que existem aindanasdasse,simples. AinevitávelconseqO!ncia f também uma quebra no tônus cultural médiodasnovasgeraçôes. Fa!ando sobrcovu!to dacarnpanhaafavordo oontroleartificia!danatalidade,oPe.Maierdenunciaemsuaoonferfncia a exinfncia de um conluiode"agfnciasoficiais internacionais como por exemplo o Banco Mundial - com poder0110Sveiculosdeinformação e empresa, multinacionais,paraimpor a limitação dos 11· lhos. Ou seja, haveria umaespéeicde aliança cntrcsetoresdomacrocapitalisrno,dolVPoder edecarnarithaspolítkas paratornarvinualmente obrigatória 1al medida. Esseoontubtrnioteria oomowndosresultados impedirqueseoonhe-
çam,emtodasuaextenslo, osgraves inconve· nicntesparaasaúdecausado~ pelo emprego de me\osartificiaisdclimitaçlodanatalidadc. Tal conluin seria tambtm responsável, em certa medida, pelo aumento dastuasdedivórciocde aborto que acompanham normalmemeousngeneralizadodeamioonceptiAliás,talfatoéfacil· menteoompreensivel.Se auniãooonjugaldohomemedamulherdeixa deteroomofimprimário a procriação e educação dosfilhosepassaaser, fundamemalmeme, para juntos gozarem a vida, basulqueessafruiçãodiminuapuaqueem numerososeasosadvenh.aa stparaç.ão. Não se pode nqarqueautilizac;logeneralizada de an1ioon. cepcionais contribuiu muito para apagar na memedaspcssoasaclarcza a respeito do fim primário do casamento. Concomitantemente,foi tambtm fator possante paraavinualagoniadas noçõesdedeveredesa• crificio, oonaturaisao vinculo mairimonial, e que eram alicerces sólidosdaestabitidadeconjupl. Di510 resultou, em a,ande medida, a dcsaarepçloatualda famfliae1criseatrozemque almtituiçãoes1ilmergulhada. Eraforçosoque,paralelamente à campanha antinatalista,surgissea exigfociapropagandisticadaeducaç.ãosuual nas escolas primárias e secundárias,poisbabitualmemesãoasmesmas pesso.u de mentalidade Laica,naturaliscaehcdonlstaquedefendemambumedidas.Aesserespeito, com·ffll em primeiro lugar lembrar o ensinamento de Pio XI
naDivinillliusM36is1ri; "E5rll. muito difundido ama/mente o erro de
quem,porumaperigosa pretenslo e indecorosa lr:nttino/ogia,fomeD/aa chamada educaçio sexual, pensando falsamente que poderio imufÚzar
osJovenscontra 01
pajgos da carne com meiN puramente natu-
r11iststm11jud11rt1igiosa nenhuma". A adverttncia de Pio Xlatingeumaçatcgoria quequasedeixoudeexii· tir,ouseja,adaspcssoas que melifluamente defendem a educação sexualpof\'CTnclaumantldotooomraadevassidlo. Hoje,jiquascnlo fpossh·elsunentarcua posiç.ão,pois,napnltica, éraroqueasaulasde NlucaçlosexualnãosejamapologiasdaimoraHdade.OPe.OttoMaicr alinhacxemplosalemães, comoénatura!.masningutm ousaria afirmar queasituaçãocalamitosasercscringeàsfronteiras &trmlnicas. Ele transcrevc:trechosdefolhetosrelativosaoassuntoqueoonstitunn,mesmo nlo se levando em contaalinguagnn,;ruae vulpr,propagandadescaradada libeninagem. Uma du frases de um deles: "Niosemuado quandotoomo. Trata-se
denloterfilhosqua.ndo vocla.inda.sesentemuitojovempara.isso".O folheto dá então, no meio de outros conse \hos,umafatadelocais onde mb:lioos e conselheiros "nlosededicam 11 faztrpregaçlomora.J, masaajudu".Entreos locais indicados: igre· ju ... , Quesensomoralterlo as meninas, mocinhas quel~mtaisfolhctoscomopartedeseumaterial escolar? Que tipo de mlesdefamiliavirádessesambitntes? O Pe. Ono Maier qualifica, a jUJto título, a ofensiv1an1inataliMaoomodumaioresamcaças àinstituiçlodafwniliae àcivilizaçJ,o.Comoum dospaliativosàsituaç.ão, ele discorre ainda sobre osmeiosnaturaisdecontroledanatalidade,cujo emprego é admissível quando há justificativa paraselimitarosnascimentos.Masestea,pectodaquestioéoo!ateral ao artigo e, alCm do mais,banarueconhecido denossopll.blico,pclo que omitimos sua uanscriçlo.
Pirldes Capancma CATOUCISMO-.lrlhode 1S86
U M DOS MAISoonh,:çid1» milaares deSantoAntõnioéodoi;crmãoaospeixes. Otaumaturgofranciscano,cujafestai;ccomemora no dia 13 do prQCTite mês. era um prodigioworador.Suael0qüênciaeraadmi• rada em todos os lugares por onde havia pas. $&doouatéondchaviachcpdonotlciadcseus wmoo. Falava perante as notabilidades do mundoeopovosimples:todosocntendiam. O Papa ouviu.o e o chamou de "Arca do Tes· tamento",taleraoconhecimentoquetinha daSagradaEscritura, a propriedadecomquc aaplicavaeaprofundidadeoomqucainterpretava. Ouviam-nograndespreladose,upcrioresda Ordem,gcntedopovo, vindadclugaresdis1antes,àsvezes comarandesacrifído, artc5ãos,eavaleiros,mercadorcs(quef,:çhavam suasloja.s),homens,mulheresccriança.s.Assim,aarandepopu[aridadequeofradeportusuCS conheceu em vida foi um prmúncio do calordc5c:usinoontáveisdevot1».Podc-5c:di· zcr que Santo Antônio é um d1» 5,11DIO$ mais populares no Brasil, att nossos dias.
Santo Aat/lllio - Almca do Santo lhcoll dr Giono). NCulo XIV, Bas.llic1 dl S.1110 An16"io. PU!.11
CATOLICISMO- Jumoóe 1986
5.Jo FranciKO o havia mandado para as cidades onde os hereges predominavam. tpoca de posições definidas, nos séculos XUeXlllocorriamarandcsoontrastes. Enquantopor1odaapanenoresciamossantos, e numerosos chefes de Enado vieram a conquistar a honra dos ah ares, multiplicavam-5c: tambtmasheres!as:osvaldenscs,osalhigcnscs,oshumiliad1»daLombardia,queinfestavamespecialmemeosuldafrançaconortedaltália. RiminicraumadascidadcsondeoshcrclCS81assavam.Empraçapública,porqucas muhidõesnãocabiarn nuigrejas,SantoAntõniorefutouahercsia c mostrouaverdade católicaclaracfulgurante.Masosheregesnão accitaramsuasrazões.Elepassoucmãoàdiscussão, respondeu suaspcrguntas c foi dcsfai.endo,umaauma,suasobjeções. Eks,porém,deram-lheascostas,pcrmaneccndocmpcdernidos. Opregadornãopodiaaceitarpassivamcoteesse desf,:çho. Nàoeradoseufciliodeixar que resultasse em nada uma discussão em que tantoempcnharaaverdadcdalgreja. Rezou, renc1iuemediutod1»osriscoseoonseqü!n· ci.udolanccqueprojetara. Screnamemedirigiu-seaumlocal,próximo à cidade, onde um rio dmJ;ua no Adriátioo. Ali, entre âguas doces e salgad.u, dirigiuse aos peixes, exclamando oom voi forte: "Peixes do mar e do rio! Atendei v& .t p;i/1mi de Deus, visro que os infiiis e os herqes /'«"Usamou'IJ-la/" Imediatamente as águas oomeçaram a movimentar-se de maneira estranha, e um número inoomá,·el dc pcixes aoorreu ao local, em atitude de quem ouvia atentamente o $811· 10,pondo suascabcças.forad'água. Emdiscursobemordenado,recordou-lhes oscuidadosromqueOeusccrcou1;uavidae
osbcneficiosqueLhcdeviam,entreosquais o deterem sido preservadosdocastigounivcrsal,porocasiãodod!lúvio.L.embrouaprcsençadospeixesempa.nagensimponantcsdo Anti10 cdo Novo Testamento. Ospcixcs,pordispruiçãoda Providência, davammos1r11desatisfaçãoedecontinua· remdispensando-lheamaioratcnção. Poríim, o pregador mostrou o resultado queprocuraraoomomilagreedeixouaoshe. reges a lição: "~utam melhor a Deus os vivtntes privados da raüo do que os homens privadO$da fé". Foiavitóriaespantosasobrcoshereges,que desdeoinkiodesejara. Eníimaverdadebri lhava,nãosóde5c:usar1umentosedcsuaeto-qühlcia, mas também pelo testemunho mila· aroso incontestável oom que Deus maravilhosamcnte subscrevera sua prea,ação. Umfatoassimnãoaoontc«oomqualquer um. tpr,:çisoumasólidavidainterior,uma unidade intimaoom Deus, uma oonfiança ina· balável. E Santo Antônio tinha ioda CMa riq11CZ11 ln1erior. Por iuo foi, ajwto 1irulo, cogoominadomutelodoshereges:foiaqueleque estudouaestrat!aiadaluta,aquelequcfalou à mullidãoc, na hora necessária, provou a verdadedasuapa.lavraoomoextraordinário milagre. Entretanto,SantoAntõnioétidoemmuitosambientes,inclusivecmsaeristias,oomc um 51,nto destituído da fone personalidade quenaverdadctinha:qucfaziarnilagrcs,não no servlro de Deus, mas por sentimentalismo, paralivraratguémdcsuaafliçãoz.inha. Um 511110 em cujas ima1ms as feições geralmeme aparecemdclicadasdemais,epouooviris. At~suaadmirávelora!óriacscuprofundo conhttimcnto da Sagrada Escritura podem surpr~nderseusdevotos,maissimp!es,que nunellouvirammencionar cssesaspectosde suaatividadeapostólica.Sobretudooculta.se ohcrói,ovarãorcto,implacilvelddensorda fécintransi1entecomoshercges.
Uma piedade unilateral e distorcida Não f de hoje que se disseminou em ambicntcs católicos cer1a mentalidade tendcmc aoculuu-umladoda,inudc:amilitãncia.Justammte o aspeclo que caraeteriu a Igreja na terra, cpeloqualéchamadade Igreja militante. Contra quem ou contra o qut militam os católioos? Em primeiro tupi-, cada católico mititaduramen1ecomrasimesmo,contraSCll5 defeitos,contrasuasmásinclinações,oomra 1»defeitosdopecadoedasfraque=emsua alma. A vida de todo católico f sempre uma sueeulo de lutas em que, muitas vezes, altcmam-$C fracassos e vitóriu. O católico luta também oontra o demônio e todas as tentações eueriores. Os demônios, oom intelig!ncia muito superior à dos homeru,
contra a fé, como tam~m os maus costumes. EtambtmnaaecuçlodCS$&tarcfa,ogran· de taumaturgo jamais conheceu o medo. tconhccidooepisódiocmque, falando a um1grandeancmbléi1c.:lcsi:i.stica,começou suaoraçãoadmocstandocmtermosse>·cros opróprioArçebispoqueaprcsidia, por seus maus costumes. Aofinaldareuniao,0Preladoprocurouofrade,a1irou-scaosscuspés eexprcssou-lhetodooseuarrcpcndimenloe propólitodcmudarde,·ida.Era assimosl.culoXIII. Conhecida tamhtm t a sr.·cridade com que
f~tfd~~
e~:~:~q:~"'!~~~!:t:'a ~~:e~'. pios morais nem a justiçn. Santo Antônio falou·lheduramentcsobrescuspecados.Os aJSCClrudeEllelinncsperavamqueclcrnandasscmatarofradeou,pelomenos,prendflo.Mruotiranonãopermi1iuquctoca..scm
= 5d:r~:
:~ci:!ºqu~~spc:1:~; f~ ciseanoum fu[Jorsobrenatural, que o fez imaainar-scj.tlançadonosabismosdoinfer-
-
B11flic1 de Santo Anl~nio tm Pidul, onde estisepul11doojocom~rável lilllo es~ritual da Sio fr1oci:;ço
estão permanememente ocupados com eles,
comaintenç.iodcosfazercair. Conv\"m lembrar ainda os ambientes anti-
c.1ólicos que os !iéis $ão obri,sad0!i a freqiientar,sil~nciosques!oarespostaquando fa. lamd,uooi=dalgreja,e1Upressõcsquerofremacadapasso.Ocatólicoé , hoje,ograndeisoladodetodosos ambkntes. Finalmrnte,ocatólicolutacon1raosirumigosdalareja,con1r1.osqueapersegucmou querrmdestruí-la.Comraaquelesquedesejam diminuir e até e,ninguir sua influencia na
sociedade.Principahnenteocatólicodevelutar pela glória de Deus, poise$s.alutaé1ilo obrigatóriaqu.antoocombatecontraqualquer defeito moral. Qunn se preocupa em nOS.<Jos dias com a glória de Deus7 Muito, se acham
dispmsadosdessaluta. Perigoso engano. Assim,essaati1udedeespírito,comouma antiescoladecspiritualidadc,foicorroendoaJ almaseasinnituiçôes.Est&po!iiçãounila1cral,ampliandoruainfluhidadesdcml1Ít0$paçoscpiscopaisatthumildcscapdu,acabaria deformando, como cm Jrande medidade formou, arcligiO:'lidadepopular,alémdcabrir caminho para a a~itação de toda sone de erros e falsidadcs que cstão i.endo pregados a propósito dasoonclusõesdoConcílio. AvidavirtuosapaSS()u&.5C'l"imaginadapor muitos como uma vida sem maiores preocupações, bastando a cada um ser mais ou men01rumpridordosseusdcvercsdecstadoc proíiuion.ais. Daí uma devoção aos santos muito sentimental, para assqurar sua ajuda nasoluçJ,odaenonncquantidadedeprobleminhasdiários.Assimsertrorrea~tosque lhessioapresentadoscomoentcsdébcis,in· capuesdeten:mcxercidonatcrraalgumaln· ílu!nciasocíal,muitomenosde1erem panicipadodcgrandcsacon1ecimentos,cmfavor dal&rcja.
Coluna da Igreja SantoAntõniotcmsidoinvocadopdosfitis cspecialmemccomobenfeitordospobrcse rcstituidordaJcoisaspcrdid15.Es1ueou1ras lnvocaçõe:snasceramdapledadepopular,inspiradrucm fatosdavidado$antoqueencorajaramscusdevotosapcdir-lhca inlerccssloncsscscasos. Entrc1amo,opapcldeSan10Antônioultrapusa,delonge,oslimitesdcssadrv0ção.
cr=
Nascido cm Lisboa, de família nobre, cntrcconvcuasoundassobrcaaucrraao maometano, que os ponua:ucses empreendiam aquffllealémmar.Suaeducaçãolhefacilitaria,maí$tarde.plancjarocombatcaohcrcge emover1.1multidõcs,comseuvcrbo,;anden· teehabilidadcnacondu,;lodaluta lniciousuavidarcli&iosanosmruteirosde São Vicente de Fora e da Santa Cruz de Coimbra, conhei:idos pelo alto n!vcl do, estudos que ali fatiam os Cõne10s Regular(!; de Santo Agostinho. Enquanto neles pmnancçcu, San· 10Antõniodcdioou-secomcmpenhoaoes1udoda1eologiaedaSqrada Escritura. Estcsestudos$Cl"Íamo fundamentodcseusadmir,veis sermõcs. O Cõne10 Antônio. para melhor servira Dcus,conforme lhepareciascrochamadode Dcus,renunciouatudoparaabraçarapobrcza franciscana c ir pregar aru maomctanos, cmMarrocos,tspcrando5C'l"martirizado.Mas Deus tinha outros planos a seu rcspci!o. Qucria-onoeentrodalu1acootraahercs.ia, martelandooshercscs. lmobilizadoporlongadoençaenquantocstcvecmMarrocos,emb11rcoudcvoltaaPorlllJal,masosventosdeDcuslc,·aram-noparaaSici\ia.Edalíoiteraocampodebatalha que lhe estava destinado. Excrceuen1iocomtal1randczaasuavoeaçJ,o,quehojeoirivncamossoho1itulode co/unada/greja.Éumtituloqucscdiaquem asustentou,durantcsuavida.AlgrejapOde ter virias colunas. crn determinado momento. Nat;,ocadcSamoAntõniovi,iamtamSão Francisco e São Domin1os, além de mu11osoutrossantos.MasaclecoubcseroficialmenteinvocadocomosuacolunaesustentAculo. Ele é também o prop11ador da fé, o dou· rorda verdade, ot>a1a/hadorcon1ra a falsi<hde,is1oé,elefoi, duran1cavida,opregador implac:bclquenãoadmitiaocrroeolllCftre quc ensinou para 1odos os séculos. Mais de $Cleecntos anos depois de sua mone, cm 1946, o Papa Pio XII sublinhou mais uma ,·ez o reconhecimento de sua sabedoria, proclamando-oDoutorda lgreja,sobotitulodeDout':'rEvangélico.querdiler,ornestredaEscritura. Foi chamado também de cxfirpador dos cri· mes, porquenãocombatia$0mcmcoscrros
hm:'
Ailldainh.adcSantoAntõnioinvoca-otam· ~m sob o titulo de rcrrordos dcmdnios. NC5te pontoalarejatorna-ocomparávclaSãoJosé,emcujaladainhaseencontraomesmotl· rnlo.Aambossctemncgado,poraquelamaneiracstranhadeeminarapicdade,osatribu1osdeheroismo,de1randezaede$1gacidadcnocomba1taoinimi&o, Estctltuloéoverdadclrocoroamentoda vida terrena de cada um des,ses lllntos. Quer dizcrquesuaaçãofoitãoexatanoçUmprimmtodosplanosdaProvidlnciaparaa Redençlodoshomenseexpansãoda[greja,que portodosos~ulosSatanássclembrarádelcscom1crror.
Se,110 de Meria A lareja invoca Santo Antõnio tamhtm wb otJtulodeservodaMle/manJ/ada. Es1andoumdiaoSantoaconsidcrarosargument0$cmfavordadoutrinadaAuunção, apareceu-lhe Maria Santíssima, irradiando umaluzbrilhantcediáfanademajestadee paz.Falou-lhesobreaincorrupçãodeSeucorpoapósamorteeinfundiuneleaccrteuda AssunçJ,o. Estimulou-oapreaarcstaverdadc, sem temor de erro. Desde então, li1ttt de qualquerdUvida,deulibcrdadeao.scucoraçioparaprqar,porondeandassc,maiststa &lóriadeMaria. Em 1950, Pio XII consaJ(OU solenemente, comodo1madefé,adoutrinadaAnunção de Nossa Smhora. Ne$$a mesma ocasião, na Constituição Apostólica Munifi~missimus Deus,pclaqualdefiniaodogma,destacouo Pontlficco"l ugarprimordial''qucocuparam OSeseritosdcSantoAntõnio,como1cs1emu· nhodaantigüidadedacrcnça,queentãoofiCWizava. SantoAmõniofoiumservoficleardente devoto da Mãe de Deus. E a servidão a Maria cond11Z as almas a um perfeilo equilíbrio. Ela, que~ o refúgio dos pecadores, a consoladora dos aflitose a11X1lio dos cristãos, ttambo!m ''1trrívdcomoumex~rcirocmordemdc bara/ha'',emdefcsadaonodoxiacatólica.Ela é1des1ruidoradetodasashcresias. AQimSantoAntõnio:talcraasua,implicidadcdcalma,tãoradiealasuahumildadc, queNossoScnhor,querendopremiarasuavidadcdcleparacomospobrescarrependidos, apareceu-lhe soh a forma de menino. Umacriançaqueeleteveavcnturadcsusten. 1a1cmseusbraças.Masjamaisfoiumscntin:'ental.Ali:is,0McninoJesusnAoaparecena para premiar um sentimental.
Homero Bar radas CATOUC!SMO -Jimodt l!llli
REFORMA AGRÁRIA Fatos recentes da agitação agrária no Brasil ltaici: CNBB exigindo sempre O URANTE a 24~ Assembleiageral do Episcopado, reu nida em ltaici, o presidente da CNBB, O. Ivo Lorscheiter , e o secretário-geral da entidade, D. Luciano Mendes de Almeida, em nome dos 265 Bispos presentes, enviaram telegrama ao Presidente Sarncy apelando "insistentemente" para que não sejam adiadasaaprovaçãoea prontaexec ur;ão do s planos regionais de Reforma AgráLatifúndio lnd(gena é lntocl11el Declaram-se, tam~m, preocu pados com "o clamor dos povos índfgenas", acentuando a "necessidade da imediata deman:açilo de suas terras, de acordo com
o rstawro do índio".
Felizes os silvfcolas - só eles têm o .seu direito de prop riedade assegurado ... pela CNBB! Mais ainda: pouco im pona aos
Antístetesqueasterrasindígenasconsli· tuam um imenso e ocioso latifúndio cm nosso pais. Com deito, segundo pesquisa organizada a pedido da FUNAl (Fundação Nacional do Índio), dos 854.667, 100 hectare$ do 1erri1ório bra..silciro, 67.30J.79J são áreas entregues, ou depossedosindios, incluindo-se, aí. as reservas já demarcadas, ou apenas consideradas como indígenas, com demarcação já programada. Trata-se de um território imenso, superior ao do Estado de Minas Gerais, ou à áreadaFrança.Mase nquantoem Minas vivem 15 milhões de hab itantes, e na França 55 mil hões, a população indígena nac ional é calculada pela FU NAI em apenas 215 mil indivíd uos . Assi m, os índios, que represent am ape nas 0,2 0Jo da população total do país, ocupam 80Jo do territ ório nacional. Se o território brasileiro fosse dividido pelo número de habitantes, chegarfamosàsituaçãoseguinte:cad abrasileironão-e4-ndioteriadireitoasetehectares de terras, enquanto cadai ndigenateria236hectares! As informações são do jornalista João Maiato, que as publicou no jornal "O Diário", de Maringá (PR), em 2 1-2-86, com base em reponagem estampada num jornal de Brasília.
Tambám O. Eugênio é fa11orj11el
Em entrevista na Cúria Metropoli tana, D. Eu gCnio Sales, Cardeal Arcebispo do Rio de Janei ro , deda rou: " Há unanimi-
c.AlOLICISMO -
~ ~
1986
dade na Isreja brasildra em rc/aç4o li Campanha da Fraternidade dcsre ano, que rrara da reforma agrária. Tive ~urnas disrordãndas com re/aç!o a a/gun5
rmos, defendi mais ênf~ em rrechos do discurso do Papa [pronunciado em Ro-
ma, na recente reunião de João Paulo II com os Bispos brasileirosJ e na p ala vra
Boletim da Pastoral:
"Ocupem já!" O CENTRO de Estudos Migratórios e o Centro Pastoral dos Migrantes {de
São Bernardo do Campo, SP)editam o Boletim "Vai-Vem", o qual, no número 20, de março último, publica uma virtual apologia das invasões de terras no Brasil.
Invadir ,.,.,.. . com • Blbll• ,,. mio Assim, no texto-base para a Semana do Migrante, a comemorar-se de 23 a 29 de junho pró,c:imos, figuram várias "recomendações" aos cristãos, formuladas a partir do método "ver, julgar e agir". Sob o titulo "Tomareis posse da terra e nela habitareis" (Nm. 33, 53), o folheto re<:olhe, a esmo, citações da Sagrada Escritura, manipulando-as a seu talant e para o fim que tem em vis1a, qual seja demonsirar que a atual estrutura agrária é pecaminosa e que uma reforma agrária socialista e confücatória seria um imperativo de ordem moral. Merece destaque, no ílem: "Agir- a busca de soluções evangélicas", ocomenlário de que "o cristão deve ser (. . .): ''Prof,hko diante da Jjfuaçio dos ·caídos'. Lutar firmemente para que a ter· ra seja de quem a trabalha. OT&•nlur-st para ocupar t tomar passe dos espa· ços ,IDOS t improd•tl,os; fazer com que a ferra ociosa recupere sua função primordial: gtrar a l'itl•!" Violu a 1d t o dirdto dt propriedadt, por mtlo das invasões. pro,oealtdo até, alg111mas vnn, mortn ao campo - Sffia nta uma das formas de "&enll' ,id:I"? " 'Tomattts pos.w da terra e nela habitareis', diz a Palavra de Deus (Nm. 33, 5Ja). Aí está a verdadeira forma de realizar a Rdorm1 A1rária a partir dos trabalhadores!" O boletim do Centro Pastoral dos Migrantes da Diocese de São Bernardo apresenta o vtr..ículo do Livro dos Números como se fosse um preceito genérico que Deus tivtSse dado aos homens. Entretanto, a citação, en1endida no seu contexto, tem um sentido completamente diverso do que é proposto pelo boletim progressista aos leitores desavisados. Na realidade, a partir do ver..icu\o 50, Deus, falando a Moisés, de1ermina que os filhos de Israel invadam a terra dos cananeus e to mem posse dela. Tratava-se, pois, de uma ordem divina especifica para o povo israeli1a, cm circunstâncias históricas bem paniculart~ ~ uma distorção do tcxlo biblico apresentar esse mandato de Deus a Moisés como dirigido a todos os homens, de modo genérico. E distorção ainda mais aberrante consiste em utilizar o \'Cnlculo mal inierpretado como pretenso fundamento blblico para lesiiimar uma forma de ''.~lizar a Jkforrna Agrária a parrir dos uabalhadores''. Modo que insinua a hce1dade, para estes, de "tomarem posse da trrra e nela habitarem"; ou seja, de efe1uarem invasões de term. Ao que tudo indica, muitos dos "sem terra" compreenderam bem e aplicaram literalmente essa interpretação sui generis do An· tigo lcstamen10. ..
A ~ , - r • ,,,.....,,..r o Gonmo Outra forma de realizar a "verdadeira Reforma Agrária" são os acampamentos, alirma o folheto. Aliás, sugesti vo, nesse sen1ido, é o depoimento de um "sem ICrra'' acampado diante da Assembléia Legislalivade São Paulo. vindo
da cidade de Sumaré (SP), também transcrito no artigo: ··Os acampamentos do Brasj/ são uma força muito grande; se os companheiros não desorganizarem os grupos, • 1enlt tem condições de fuer a Reforma Agruia dos Trabalhadores", Com panicular clareza vem em seguida a insólita explicação do Movimento dos "Sem:rtrra"; "Os acampamentos sJo uma fonna de pressionar o governo para, pelo menos, botar em prática seu 'proje1inho' que nJo ousou mexer com os grandes proprieui.rios de terra. Os acampamentos esrão pipocando nas várias regiões do país, sobrerudo no sul(...) erigindo a Reforma Agrária''. Seriam, pois - a crer no folheto - as invasões e acampamentos um sinuoso e censurável método para conseguir a Reforma a partir de pressões do gênero. Segundo essa concepção, a lei já não mais seria um meio eficaz para efetuar a Refonna Agrária. Em outras palavras, trata-se de um apelo a acões claramente ilícitas. 1
"A tena , noau" (doa lnraaoreaJ Talvez para não pairarem dúvidas a respeito de suas intenções, o boletim estampa uma poesia, defendendo a mesma idéia em termos ainda mais agressivos: "Mãe-Terra chora seu ventre abortado/ Mãe-Terra sangra o orvalho vermelho de seus filhos banidos. I Banidos pra longe de seu colo .amoroso, / Destino sem nome, sem razão de viver. "Mãe-Terra grita sua escravidão;/ Sua posse e guarda está com o Capital. I E o Capital investe em sua prostituição, / pois só quer dinheiro, não arrozfcijlo; vive a engordar, não partilha, não;/ toma a Terra de Lucro e não mais deirmlas. "E eis que toma a Mãe-Terra a sorrir (mesmo entre uma lágrima e outra) I Vé seus fllhos na LUTA pelo resgate da mie; I derrubando as cercas, enxotando os bois, I Replantando a semente de uma terra que volta a ser terra de irmãos: 'i: d1qltdo o tempo da ocupaçio / da Reforma Agráría do Trabalhador Bóia-Fria se unindo ao Posseiro {sic) teimando !Sem-Terra ocupando / Favelado quer poste / Nos cortiças, jusriça / Todas juntos em busca da Pedaço de Chão! "A TERRA É NOSSA: para ocapat / Pra sobreviver/ Para desfrutar, seus frutos colher/ não pra explorar nem para vender/ Não pra ajuntar ou fazer CI'c.'$C(!r.
"Só pra: I PARTIL HAR n05SQ DE-COMER (sic) / nela AMAR quem dela NASCER COMUNGAR e pra BENDIZER a Deus único dono - que a Terra criou - que deixou pra povo nela SER FELIZ!'' (negritos nossos; maiúsculas do original). Deixemos de lado a falta de concatenação entre as estrofes, a pouco convincente "espontaneidade" dos versos, bem como as ridículas - e ao que parece intencionais - incorreções gramaticais. Importa ressaltar tão-só o caráter demagógico que a poesia ostenta. Com efeito, é uma tirada sentimental de cunho primário apresentar o chamado "migrante" como um ente "abonado" da "Mãe-Terra". porque não tem local para habitar! Num país com as imensas vastidões desabitadas do Brasil, em que abundam u terras devolutas férteis, afirmar, de modo gratuito, que é preciso 05 "sem-terra" sairem ''todas juntos em busca da Pedaço de Chão!" - é verdadeiramente escandaloso. Tanto ma.is quanto - convém insistir - em toda essa agitação agroreformista, omite-se, muito cuidadosamente, a menção das terras ociosas em poder do Estado (cerca de 50"- da ãrea nacional), o maior latifundiário do Pais. Ao invés disso, pretende o folheto citado que "Jua (da terra) pmse e guarda está com o Capital", o qual é associado indiscriminadamente ao lucro e à prostituição. "Partilhar ... amar.. . comungar" são termos que o panfleto apresenta vinculadot à idéia detiue a "terra~ nossa", isto é, dos invasores, eufemisticamentc rotulados de posseiros! "Terra de Deus, Terra de /nnjru" é o lema da Campanha da Fraternidade promovida pela CNBB no presente ano, e que parece haver inspirado essa esdrúxula composição poetica. "É hora de ocupar!" Seria este o sentido real da campanha?
fraternidade. Mas, concordo com a propaganda nos meios de comunicação, que está sendo difundida por mim no Rio" ("Folha de S. Paulo", 21-3-86).
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs: "urgência" na reforma D. Ivo, naqualidadedepresidente do CONIC - Conselho Nacional de Igrejas Cristãs-, recebido em audiência pelo PresidenteSarneyjuntamentecompastores metodistas, evangélicos e luteranos (que o assessoram na direção desse organismo ecumênico), exigiu uma Reforma Agráriaemregimedeurgência,principalmente no Rio Grande do Sul, Paraná e SãoPaulo,locaisonde ocone grandemimero deinvasões(cfr. "O São Paulo", 17--4-86; "O Globo" e "Folha de S. Paulo", de 25-3-86). Desconcena ver um alto Prelado oomo D. Ivo,presidentedaCNBB,àtestadessacspécie dc Central Única de igrejasqueequiparaalgrejaCatólicaàsoutras - " exigir" a Reforma Agrária, quase num tom de ultimatum ao Poder temporal.
CONTAG: reforma já ou invasão Fielacertosistemaquepretende"arrancar" a reformapela forca, a Confedcracão Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONT AG) adveniu que, se aReformaAgráriaforadiada, "as trabalhadores rurais passarão a ocupar indiscriminadamente as terras". A ameaça foi formulada por José francisco da Silva, presidente da CONTAG, num encontro com o ministro Nélson Ribeiro ("O Estado de S. Paulo", 9-4-86 e "Zero Hora" 15--4-86).
@JAtoucISMO
TFPs em ação Peregrinação a Fátima LI SBOA - A fim de implorar à Santíssima Virgem graças especiais e abundantes para a Cri51andade. que em nossos dia5 se deba1e em meio a uma crise sem prececlemcs, como também o pronto cumprimento das promessas fci1as por Nossa Senhora. em 1917, u TFPs
dcPonugaleEspanhapromo,·eramumaperelJlnaçàoaoSan1uário de Fãtima, na primeira KTnlnl de maio último. Oda paniciparam 140
sóciosccooperadores.entrcosquaisumadclcgaçãodcjo,·~snonc-
americanos. JumoàestãtuacqOestredolkaioNun'Áh·ares,nohistóricoMosteiro da Batalha, a 20 quilõmetrosde Fátima, os peregrinos deram início
àcaminhadaqueculminounaCapeladasApariçõcs,situadadcfron1càBasilica.chojcencober1aporum\'aStoalpendre.Ali,envcrgandosuascapasrubrasepor1ando01ronhecidoscs1andancscomleão rompante, os romeiros das TFPs rezaram o Rosário e renovaram sua Consa1rai;ão a Nossa Senhora. utilizando o texto de São Luis Maria Grignion de Mon1for1. No ato, uniram suas intenções às das TFPs existcntcs em treze outros pa/ses. Nafotoaolado.ospercgrinosdiantedoMosteirodaBatalha e, abaixo,jovcnscooperadoresdasTFP sportam.diantedaCapclinha da Aparição, uma rcliquia do Santo Lenho, uma ima1em de Nos$a Senhora do Pilar e o estandarte insígnia de TFP-Covadonga.
TFP desmente notícias O Seniço de Imprt nsa da TFP tem lançado rtttntcmentt ~,irlos co-
municados, desmentindo notíei u - •1gumu dclu c•luniosas - reftrt nte, i a1uai;io d1 en1ld1dt, Hptcla lmentc a npnrtuna c cficu difusiuqu eela.-empromo.-endudos pareccres dedolsaca1adosjuris1Ha rupeitodaau toddesad1poss,. ABAIXO REPRODUZI MOS o telex remetido ao " Estado de Minu ", tendo sido cle publicado na cdição dc 15 de maio p.p., des.1e quolidia no "Com rdcrtncia; noticia dfrulgada pelo .. Estado de Minas" em suaedi/Jode14-$sobotitulo''Lavr11doresmincirosv4oao Presidente pedir reforma agrária", o &-rvico de Imprensa da TFP leva a público o que segue: Carr:ce t01a/meme de fundamento a ver.s.fo caluniosa de que esta entidade renha colaborado em "perseguiç4o" armada no distrito de Cachoeira, município de Fa,erllndia, ao nom, de Afiniu. Como, aliás, em qualquer curro pemo do 1erri1ór/o nacional. De nenhum modo pode-u confundir com e:ua aç4o criminosa o falo de que a TFP ,·em difundindo per todo o País. a pedido de fazendeiros os luminOJos pareceres cm que os professo= de Direito Sílvio Rodrigues. da Unfrcnidade de Slo Paulo, e Orlando Gomes, da Uni•·=idade Federa/ da Hahia, demonslram cabalmente ser conforme à lciqucproprietáriosrurais,emp~nçadainva$1ooutemarfrade in,,ul.o de suas rerras per hordas agro-reformistas, defendam à mio armada suas propriedades." TRANSCREVEMOS a sc1uir o mao do telex enviado ao "Jornal do Bruil'", es1ampado per es1e em sua edição de 17 de maio último:
CATOUCISMO-Junho ele 1985
"Em sua ediçl.o de JJ do corrente, publicou o "Jornal do Brasil" no1Íl;ia sob o tiwlo "Fazendeiro faz lei/lo para se annar••, na qual háimpenantesretificaçdest fazer: I. Nlo exisre o 'ºaberto apeio" da TFP A Uniào Democrática Ruralista. A primeira mio tem caráter c/assis1a e atua no terreno esuila meme doutrinário, com base nos ensinamentos tradidonais do Supremo Magis1hiodafgreja. Pelo comrário, se nlo estamos mal informados, a segunda tem carárer de coligaçlo de proprictários wrais que defcndem seus lcgítimos interesses - e os do Pais - com base em consideraçôes sociais e econômicas de ordcm colcriva e privada. 1. A TFP n4o teve participaclo - e nlo tem - cm quaisquer iniâafivas econômicas visando reunir fundos para que faundeiros se armem, cm vista do risco a que esrlo expesras suas propriedades".
O "JO RNAL de 8ras!!ia" publicou em sua edição de 17 de maio p.p., sob o tímlo ''TFP comesta afirmações de Irma Passoni'', o seguinte comunicado: ''Carea: r01aimenre de fundamemo a afirmaç4o atribuída pelo conceituado "Jornal de Brasfüa", em suaediçlode JJdocorrente, àdepu1ada federal lrma PlllSOni, de que II TFP /em cone.do com a monc do Padre Josimo Morais Ta.ares, ocorrida recenrcmeme na cidade dclmpera1riz(MA). Ena entidade, de caráter rigorosamcme dourrinário e padrlCO, consen·a em seu ,11rqufro mais de qua1ro mil aiesrados de prefeicos, delegados eauroridades municipais certificando o carlltererimiamenre ord~ro e legal das campanhas per e/,s /e,·adas • cabo em todo o Pai$. O perfil moral da TFP exclui, peis, como 1or11/men1e im-erossímil a ~uP05iç.to daquela (kpurada do PT. Supesiç.to essa em abono à qual arefcridapar/amenrar seabs1tm. a/iís, decirarqualquerfaro".
COMO DESCREVERIA o leitor a foto de nosso clichê? Uma linda tapeçaria? Uma toalha ricamente ornamentada? Detenha-se um pouco e verifique que se trata de uma vista aérea. Estamos na "Grande Place" de Bruxelas. A população da cidade apinha-se em torno da atraente obra de arte. Que poderosa indú.mia terá gasto rios de dinheiro na confecção desta colossal tapeçaria? Será extravagância propagandistica de alguma multinacional? Não, caro leiior! Esqueçamos por alguns instantes os negócios, os interesses e as mil preocupações que afetam qualquer habitante das grandes cidades modernas. Imagine-se partícipe de uma grande festa. A vida se difunde rica e abundante por toda a cidade, a alegria é contagiante: Bruxelas comemora seu aniversário. Nesse dia, mantendo uma tradição secular, o povo belga faz sentir a todos o esplendor da vida e o alto significado do belo na História de uma nação. Pois, assim como os pulmões inalam o oxigênio, a alma humana, na sua retidão, aspira à beleza. Eis o resultado: um enorme tapete ... de flores! Sim, leitor, não é um sonho. Trata-se de um estupendo tapete feito com pétalas. Obra desinteressada, fruto do afã coletivo de oferecer à cidade a homenagem de seus habitantes. Nela figuram, numa harmoniosa combinação de cores e formas, em quatro pontos do tapete floral, o brasão nacional da Bélgica, no qual figura um esbelto leão heráldico. Em torno dele o lema "A união faz a força", inscrito nos dois idiomas oficiais do país: o francês e o flamengo. Da união das duas nações que compõem o Estado belga - a valã, de lingua francesa, e a flamenga - resulta a força do país. Não só a força mas também a beleza e o esplendor expressos mediante um feérico tapete ... feito de simples flores! Uma obra de arte, de cunho popular, feita de pétalas é, no sentido mais próprio do termo um monumento de louvor à beleza.
Inicia-se a resistência aos calvinistas holandeses século XVII
da praia do Pau Olinda
Na era colonial
Calvinistai :\ 1holandeses~ nvadem -) -,, - y-' '· . .
r
=- -~
G RAÇAS ao esforço dos missionários e colonizadores, Pemambuco desfrutavadeinvejávelsituaçàonoalvorecerdo
Despreocupação, véspera do castigo
século XVII. Olinda, sua capital deentão,eraumabelacidade,ricaealegre,de futuro promissor. As numerosas corres de suas igrejas cmreconava.moazul tropi cal e, nas horas acostumadas, seus sinos chamavam osfiéisàoraçào. Osre!igiososdeváriasetlorescentesordens exerciam o apostolado junto aos colonos e aos índios. Estes úhimos, após séculos de paganismo e barbárie, conheciam finalmente a civilização e sobretudorecebiamagraçaincomparávcldaver<ladeira Religião. Viv iam,juntocorn os brancos colonizadores, uma existência laboriosa, mas amena. A capitania desenvolvera-se rapidamente e contava com 140engenhosque produziam o melhor açucar da época. garantindo fácil venda nos mercadoseuropeus. lnúmerasvilaspontilhavam aárca fértil, desde "as alagoas", no Rio São Francisco, até o Rio Grande do Nort e.
O quadro , porém , não era sem sombras. Noséculoprecedente,aEuropaconhecera a grande hecatombe que foi a Pseudo-reforma protestante. Nações inteiras desgarraram-se do seio sagrado e amorosodaSantalgrejacpassaramatrilhar os tortuosos caminhos da heresia. Alémdaconvcrsãodosdesgarrados, pelaqual a lgreja sempre trabalhou, constituiagrandeesperançaacristianizaçào das enorl'1esáreasdoglobo,recemement e descobertas . Entre elas, noiadamente o Brasil. Para essas "novas cristandades" arevolução protestante também voltava seus olhos. O Brasil já sofrera investidas dos calvinistas franceses no Rio de Janeiro e no Maranhão. A coragem cheia de Fé do Bem-aventuradoAnchieta,oheroísmode umEstáciodeSáexpulsara-osdefinitiva-
l,
~
Osholandesescalvinistas,porsuavez, tentavamdecáeacoláassenhorear-sede alguma parcela do território brasileiro e, a partir dai, expandirscudominio e com ele a heresia. Por outro lado, seria fecha r os olhos à realidade, nãoreconheceradissemil1açào, no Brasil colonial, dos mesmos fermentos nefastosquepossibilitara rn apropagaçào do protestantismo na Europa. O relaxamemodoscos!Umes,ogosto excessivodavidaregaladaetendeme ao esquecimento da Religião, foi objetivo de veementes alertas de inúmeros pregadores queapontavamos víciosecon vidavamà emenda devida Ant evendo o castigo preparado, caso os fiéis não dessem ou vidos a tão j ustas reprimendas,ummissionáriodominicano - Frei Antonio Rosado - algum tempo ante~ da invasão holand esa ass im se exprimiu num sermão: "Ah! Olinda , que do reu nome ao dr: Holanda não há que mudar mais qw,• o I em A. Ande muitos dias hás de ser desrruída e abrasada
C~TOLICISMO - Julho de 198fi
)
hol,wde~cs, cm castigo dos grandes pc:cados que cometes, e me parece que já te vejo andar em foso, olha que, pois fal· 1a ajustiça da terra, há de vir a do ~u!" ( 1). E acrescenta o cronista: "Assim CO· mo em: religioso va1icinou, assim cm bre-
[X)T
ves dia sucedeu". Displicência ante o perigo que se aproxima Para homens de fé, a constatação da decadente situação religiosa e moral seria suficiente para pl"C\·er alguma punição. Os habitantes da florescente Pernambuco tiveram ainda outros avisos que não só os de suas consciências. Em 1624 os holandeses atacaram e conquistaram Salvador, capital da Colônia, fazcndo-senecessáriaumaforteesquadra para os expulsar. As atrocidades contra a população local e a tentativa de pervertê-la ao protestantismo eram de conh ecimento geral. O objetivo seguinte muito provavelmente seria Pernambuco. Suspeitas não faltavarne espiõesholandesesco!etavam dadosarespeitodasfortificações,configuraçãodacosta.desembarcadouros, re• gime dos ventos, modos de vida etc. Vários documentos nesse sentido haviam caido em mãos das autoridades e foram enviados à Metrópole (2). Mais proximamente à in,·asão, a Holanda não fazia se• grcdododestinodaesquadraquepreparava. Ainda no ano de 1629 os holandeses haviam instalado em Fernando de Noronha uma base de apoio, logo desmantelada pela ação fulminante de Matias de Albuquerque.Outras incursões menores sederametudofaziaprcverumataque. Matias de Albuquerque tentou prcve• nir a população e apressar a preparação da defesa. Encontrou, porém, a barreira de um compacto otimismo: "NJJo, isso niioaco111eccrá ... ''
crutados às pressas, pouco adestrados e com escassas annas. O otimismo geral impedira de fazer mais. Ao melo-dia de 14 de fevereiro os sinos soaram alarme: avistara-sc a csquadra holandesa, composta de 70 navios, mais de 7 mil homens, 1.200 canhões, ar· masemuniçõesemabundância. Ogrossodaesquadrabatavafoirechaçada ao atacar Recife, que na época era apenas um pequeno porto, com algumas casas e armazéns. As tropas desembarcaram um pouco ao norte, na praia do Pau Amarelo, e investiram contra Olinda. Após boras de ferrenho combate, bombardeados constantemente pela anilharia daesquadra,osdefcnsorcsforamcedendo ante o número de inimigos, causandolhe, porém, pesadas baixas. Por fim, refugiaram-se em Recife. As pequC11as fonalez.as que guarneciam Recifcopuscramumaresistênciaheróica. Uma delas - o forte do Mar - atatada por 800 holandeses, conseguiu pô-los em fuga, tendo estes deixado 150 mortos. Os luso-brasileirosdefensorcsdofortceram apenas27;dcstcs,quatromorreram(4). AIOS de bravura semelhantes a este deram-se também cm outros pontos onde se travara batalha, surpreendendo os invasores que esperavam uma conquista fácil. Somente após quinze dias de renhidos combates entre forças tão diferentes. os holandeses dominaram Recife. Matias de Albuquerque, porém, para diminuir as vantagensdosinvasorcs,inccndiouosarmazens e as poucas casas, retirando-se comossobreviventcscalgumaartilharia paracominuaralma.
Depois de tomeda, profanações e saques
con\entos eiare;as,váriosdosquais erarn verdadeirasobrasdearte.Arrombaramlhes as portas, despedaçaram ai; imagens, roubaram ou des1ruíram os vasos e ornamentos sagrados, profanaram os sacrários vazios. Soldados, vestindo burlescamente paramentos sacerdotais, bebiam noscálicessagradosatéembriagar-sc.Algumas das igrejas foram parcialmente in· cendiadas ou demolidas. Outras foram propositadamente transformadas em de pósitos e mesmo em estrebarias. As casas. então vazias pela fuga dos moradores, foram saqueadas ou incendiadas. Em várias delas, a mesa estava posta para a refeição ... O Colégio dos Jesuítas, semi-desmantelado, foi transformado cm quanel-general. O Brasil do século XVII - Cristandade !uso-americana - começava a ser assolado por inclemente e prolongada per· seguição religiosa movida pelos calvinistas batavos. Perseguição que assumiu face oraterrível,oradissimulada, e que revi· gorounosluso-brasi!eirosseudevotamento à Santa Igreja. O fogo do ataque inimigo com seu efeito cautcrizador, por assim dizer.contribuiu para retemperar a alma dos pernambucanos amolecidos, predispondo-osparainiciarareconquista. É o que continuaremos a expor em próximo artigo. Lúcio M endes
....
l.Dqo ._San,....,_··""'onad1Guen11del'mlambuoo'' l ! tdieio inlopal,F'unda,çlodoP11-.0Hia 6-
~ruz,=.~.'J'::::~~;:~. . ~':;'panh,. Edi1 0,o dePcmambu<o.ll;..:if<,l971.pp.l6
Tomadas Olinda e Recife, os hereges atiraram-se com sanha diabólica sobre os
J, Al"'dfU>'lo úu«r&,01>. <lC ., p.'6 •.OõotoLoPo>Sanüa,0.01>. cil.p.Jj . S. ldom, pp. l2-k: F,.; Mll>M!Cal.io, ··OVll<:rooo Lucidttio", Ed S. Paulo, !9'J. p. 'l
Cu~"'"·
Aconteceu Ao amanhecer de 9 de fevereiro de 1630 uma pequena embarcação aporta em Recife e traz uma comunicação urgente do governador das ilhas de Cabo Verde: "Setenta naus da Holanda 1inham estado em Síio Vicente, e, segundo diziam alguns prisioneiros de uma fragata que fora tomada, a armada ia sobre Pernambuco" (3).
Agora não havia dúvida. A capitania preparou-separaofereccrdefesa,cmbora dispusesse de apenas 700 soldados re-
Nosslc191: GUllhlodlltpllcaeak:nfl ..... 1111.-ildoBls1iladll'rlildoP1o1.l.-1 la, $Íl..ado110~\IOSIOIIOl111111Jm 111.Eni l4dlf-.Odl 1830. os111wiasho-
lll*mlcn111M1S11closnobllcihor1Z001W,,.. rflnll11111a'll1111lundo.foi11tSHIDcll11111 DMft91 ... UOC"jlSDUjlNP,llltl'lrtlO$OIO
~IIIO.f'wliilda . . . . . p,lil.osN 11racamimlrara11t0lilidll. 1-çlDdoc1t11 do1111QU1conu11cidldl.Es11;ft11e111ht róiclresisttnc:,ltc111tr&llni'llnogo~ svperio,...... , . . , . _
C.I.TOLICISMO -JoAicile 1986
DtsaMll baseado 1m 11111
tM
dl f11111
l'ost ,
ipocaóadorrwiaçj(lholanden.skuloXYII
ptrt-1t
a coltçio
dl J. dl
Soc.za Ldo -
Engenha típicD Ili
A REALIDADE, concisamente: e
"Go rbiu: hev eoenferrno11rso russo" é o título de anigo estampado rccentementepelo"WallStrttt
Journal".Scusautores - os jornalistasnorte-americanosHenryS. Rowen e Vladimir G. Tremi provam,corndiversosdados,quea Rússia, comparada ao Ocidente, continuaráatrasadaemumageraçào, senãoadotarprincípioscapitalistasna economia. É 1ãoprecárioo escadode sua indústria,queossoviéticosnecessi!arn importar80'7t damodernamaquinária edaaltate.::nologiaocidentaispara supriremascrônicasdeflciênciasdo regime.
Por outro lado, o débito russo em relaçãoaoOddenteédc20bilhõcsde dólares,oquesuperaovalordesuas exportações à Europa e aos Estados Unidos. Atrasocpenúriasãomarcas característicasdosocialismo,que,
entretanto, "teólogos da libertação" e bur2uesesdeesquerdaqucrcmvcr implantado entre nós.
e Emdiversasddadesbn1sileiru,à revcliadaproibiçãooficial,diretórios acadêmicos promoveram a aprcse:11açãoem videocassete do filme · blasfcmo"Jcvoussalue,Maric''. Desagravoparticularmcnleoponuno antetaliniciativa,ocorrcunacidade dcJacobina(BA). Tomando a defesa da honra da SantissimaVirgemebaseando-sena documentaçãos.obrc ofilme, divulgada há dois anos pela TFP franccsa,oSr. JuraciJosino Cavakantc publicou substancioso artigocmprimcirapáginadojornal "A Palavra". A candente atualidade dotcmadeterminougrandeprocura dojornal,quesccsgotou rapidamente
e 1m11gin11v11-secun1dopõrum pajio cientista Augusto Ruschi que acaba de falecer, vitima de cirrose hepática. Cunhou-se até um novo tcrmoparadesignarotratamentoa qucfoisubmetido,mesc!ade curandeirismo bisonho e ritualismo mágico:''pajelança" . A imprensa diária deu grande coberturaàinusítada"dcscobena". Altas autoridades teceram loasàs pretensas capacidades medicinais dos índios. Pois bem, consiata-se, agora, qucoresultadofoinulo. Nãoédifícilmistificaropovopor mcindcumapublicidadcfavorávclà ondaneo-tribalistacontemporãnea. Chega-se, por vezes, a apresentar os silvícolascomocntesquasedivinos, isentosdopecadooriginalc idilicamente perfeitos
e
Voltou i. moda, nos Estados Unidos, o 2osto pela epopéia mllluir. Ahistóriadosfcitosbélicoscomcçarn asumirdasunivcuidadcsdcpoisda ScgundaGuerraMundial,emboa medida como conseqü~ncia do espírito pacifistaecapituladorsimboliiado pela Conferência de Yalta, na qual o Ocidente cedeu metade da Europa à Rússia. Tal sentimento recrudesceu durante agllerra do Vietnã. Agora, são bem outros os ventos que sopram. Novos jornais e livros sobretemasépicosestàosurgindoe nãoháfaltadecolaboradores. Um pr~mio cm História Estratégica e Militar da Europa será conferido pela primeiravezemdezembropela Associação Histórica Americana. Na Univenidade de Princeton há uma cadeira intitulada "Guerra e Sociedade noMundoModcrno",ecstásendo estudada a criação de novas disciplinas naquclaprestigiosaimtituiçãode ensino norte·amencana. Historiadores militares vêm atraindo 2randes platéias nru campi universitários. Os assuntos variam da estratégia militar do Império Romano àsdoutrinasaplicadasnaScgunda Guerra Mundial. Também os filmes patrióticos tornaram·sepopulares. Depois do comprovado fracasso da politicadistensionistanone-americana emrclaçiloaoscomunistas,é comprecnsívclqucosjovensdaquelc paisexprimamdessaformaodesejo deumaatitudeenérgicafaceao cxpansionismosoviécico. • Co ntinua a perseguição religiosa na China. segundo relatório de grupos missionários franciscanos, publicado em Bonn. Estão detidos Bispos católicos fiéis à Roma, por não sesubmetcrcmàchamada"igreja patriótica", controlada por Pequim. Assim,enquant-0oscomunistas s.orricmparaoücidente-desejosos deatrairinvestimentosctecnologia capitalista-mantem, no plano interno,uma férrea ditadura. Também no campo da política familiar o totalit a rismo governamental épatcntc. Em razão da campanha de controle danatalidadeinti l ulada"Umcasal, umfilho"-lançadaem 1979-há hoje,nopaís,35milhõcsdcfilhos únicos . O aborto e o homicídio de crianças do sexo feminino, durante estesanos,estivcram emvogana China. Agora o governo afirma que a geraçãodosfilhosúnicosacabou constituindoumproblemaparaa naçilo,vistoseremelessupermimados, preguiçosos,arrogantcs,egoístase dependentes.
Solução? Criaram·sc 30 mil escolas paracnsinaraospaíscomoeducaro filho! Doscamposde"recducaçào" social daeradeMao,passou•separaas cscolasdereeducaçilodospaisdaera Deng.
e Frei Boffmio abandona as l eses enôneuquesempres ustenlou. Seu recém-lançado livro "E a Igreja se faz povo"(Ed. Vozes.199pp.)éuma coletãneadeartigoseensaiosjá pub!icadfüanteriormente,contendo idéias como esta: santidade é opção politica;manirio, testemunho na luta contraaopres.sào ElevaialémdeMartinhoLutcromongcdevassoebeberrão,que rompeu com Roma no século XVI fundandooprotestantismo-poiso considera revolucionário no plano religiosos, mas reacionário no campo social. Fel izmente- explica Frei Boff -osprotestantesdehojetentam livrar·SC desse "moralismo burgu~s·' e aderir à lutado "radica/ismo evangélfro".
A obra traz o imprimawr do Bispo de Duque de Caxias, D. Mauro Morelli, apologista declarado do filme blásfemocsacrilcgo "Jevoussaluc, Maric"cdasinvasõesdetcrras. Após onze meses de "silêncio obsequioso" ... , rctornaaopalco,ao queparecevitorioso,ofradc! e F.stiovinculadasào'llanizaç:lo guerrilllt iraFrentcFarabundoMartí - FMLN a Igreja Católica e entidadcsdcdcfcsadosdircitos humanos em E! Salvador. A denúncia é da guerrilheira Luz Yanet Altaro. conhecidapelo·pseudônimode Miche!leSalinas. Segundo ela, 95~, dosmantimcntoscdaajuda econômica enviados por organismos humanitários internacionais para os refugiadossobproteçãodalgreja terminam cm mãos dos combatentes da FMLN. Luzalírma ainda que a Igreja "apóia os grupos da FMLN" e que o Escritório de Ação Social (da Igreja) chegouaemprestarsuaconta bancária paraodcpósitodefundosda organização guerrilheira, além de forncccralimentosquesão enviadosàs frcntesdcbatalha. Eacrescenta· "Monsenhor Arruro Rivera Damas, Arcebispo de San Salvador, sabe que osorganismoshumanilàrioss,io manipulados pela FMLN".
O presidente salvadorenho, Napolcón Duarte, por sua vez, propõe que a Igreja organize um terceiro diálogo de paz com aguerrilha. Aoleitor,asconclusõcs
CATOLICISMO-J\Jlho i!e 1986
Nas ilhas Canárias: Necessita reforma a casa do Apóstolo do
SÃOCRJSTÓVÃOda Laguna, Tentrife- J:i noiniciodoséculo XVI era intcn· soo1nífcgodccmbarcaçõesncs1carqui~tagoe5panholdasilhasCan,rias,siluado no Oceano Atlincico. próximo ao litoral marroquino. E foi no lollJÍnquo ano dc l548.quc,numacara,da,~rtiudacidadcdSãoCris1óvaodaLq:unaojo,·emJosé dcAnch_ic1a,rn1locomcercadcquaiorzc anosdc1dadc.De$1inava-seel<:aPor1ugal. afimdcproucauirseusestudosna UniversidadcdcColmbra. Scusdotesinteleauaisabriam-l~aspor1asparaumfu1urodcprest!giocdestaquc nosambicntesuniversitáriosea1fli1erários. Ataisvantagcns,emrttamo,dcrcnunciou paracscolhcralgodcmaisaho.Atendcndoàmoçãodagraçacaoconviteformuladop0rSan1olnédodcLoyola,JoséingrcHou na rectm-Fundada Companhia de Jesus.Convitecstequcnãocrascnãooeco do formulado pelo próprio Criuo, e que osEvangclhosrcgi1mam: ·•&queres ser
perfeito, ,·ai, ,·endeoquetens, ( ... ) ,·em
e.sc1ue-mc"(Mt .. l9,2l). Dina Victor Hugo que só hé uma fama verdadciramenteimortal,adossamosda l1rcjaCatólica.Ecomoscsabc,cnoontrascemcurtooprocestodccanonizaçilodo Padre Anchieta, ao mesmo tempo que a fa. madcsuas,·irtudesvaicada,·eimaisscndoconhecida. Acidadeberçod0Após1olodo Brasil, situadanumarqiilomontanhosadailha dcSantaCruzdcTenerife,oonservanumerosostraçosarquitetõnicosdcscupassado. Belasenumerosasiarcjas,ocasariopintado de branco e tambnn aJiumas ruelas caJ. ç:adas oom pedras, j.t polidas pclo passar doshomcnsedosskulos,chamamaatençãodo,·isitantc. Masénap,-çadosAdclantados-títulodosantiaosGo,ernadorcs-quesccncontraoimóvclcspcçial-
0.TOUCIS!.10 - .ltllo de 1986
mcntesígnifica1ivoparaaHistóriadoBrasil. Em sua fachada, uma placa de mármore. oom inscrição em latim, informa: "Aqui nas'-Tu o preclaro filho Venenl•·d Padre José de Anchieta S.J., cognominado o Apóswlo do Brasil - no rerecito centcnirio de sua mone, 5 de junho de 1891". Nota-scqueessa oonstruçãotofrcu aJ. gumas ~formas ao longo do tempo, mas suaslinhasgeraisscoonscrvaram.Sabc-sc queafamíliaAnchietacmscutempodesfrutavadcdestacadapmiçãosocial,eatocatizaçãodesuaresidência,próximaaoPalá.ciodosAdc!amados,ooonfirma.
Restauração á urgente Nãoobstantesuarazoá.velaprescntação a1erna,oprédioes1á.aexigírtrabalhoscspcciaisdcconscrvação.dcvidonãoapenas aodesgastenaturaldevidoàaçãodotcmpo. A este, com eíci10, um outro fator acrescentou -se,. Naúl1imadécada,acasaes1evealugada àUnivenidadelocat,queneiainstalouuma república de estudantes. Sabemos como são,muitasvczes,taismoradiasnosmais diversospaises,emespecialemnossaépocaderc,·oluçãohippie. O resultado é que, tran~olTidosalgunsanosevcncidoopraro rontratual, os moradores tiveram que scrdcsalojadc:-spelaUni,·ei-sidadceporforçadelei,oqueocasionou uma represá.lia dapartedcle$:arrebentaramporuu,janelas e até mesmo, cm algumas dct>endências. o forro. ODr.JoséLuisMauryMorin,proprietáriodoimóvct,o,·cmmantendofcçhado l\ává.riosm=.poisnãopodealu&á.-lonovamcntc.anãos,:rinvestindona reforma anãopcquenaquantiadedoismildólares.
Quantiaessa,aliá.5,qucrorrcspondemais oumenosaoprópriovalordoimóveLNestailhadcccrcadeJmilquilõmetrosqua· dr1dosedein1ensoturismo,ostcrrcnosaleanç1maltopreçocosmateriaisdeconstrução,vindoscmsuaquase101alidadedc fora,sloigualmcntecaros. Entretamo,essesaspec1osfinance:iros passampar1sc,undoplanoquandoseconsider1ovalorhistórioodessarnidCT!cia, tamoparaacidadcquantoparaoBruil etambml para Igreja. Nnsesentidoéauspici0$0qucnosúltimosmesesváriasmedidaspr,1iC11Semprol dcsuaoonscrvaçlo,·cnham scndotomadas.Aprimeiradclasfoiad«laraçlo,feita por1u1oridadesl0caU,considerandoopré diomonumentohistórioo. Mais rtttntcmcntc, no inicio de maio, teve lugar na cidade, nas depcnd~ncias do Colqio La Paz. a fundação da Asso.iação dosAmia:osdoPadreAnchieta,cujoprimeiro objetivo é angariar fundos para a 1quisiçloeres1aur1çtodoprédio.Aassociação1cm1ambémcmvistaneleinstalar umcentrocultural,destinadoadivul1ar, atravésdeuposiçõcsedo,;-umentação,a vidadoilustrepcrsonagcmqucalina5ecu. Taliniciativavemdefatopro:cnchcralacunaqucseobservaemSãoCristóvãoda LaaunaarespeitodoApóstolodoBrasil. Um profCSJOr universitá.rio, por c~cmplo, queoonheceminhasligaçõescomoBrasil porlaçosdeami1.ade,tolicitou-meinfor· maçõessobreomodopeloqualpodcráobterlivrosbrasilcirosquetratamdaobradc Anchicta,poisabiblioarafiadequedispõc aUnivcrsidadeemquclcçionaércalmcntc muito incompleta. Pre$idida pelo jornalista e escritor Eli scolu;iuierdo,aAssociaç:ilodosAmigosdo PadreAnchietatcmtodasascondiçõesparaconcretizar.seusobjetivos.Entrcaspersonalidadesprcsentcsàsuafundação, des1acava-sc0Cõne10 Julian Armas e o Cõnsul do Brasil cm Tencrifc, Sr. Pedro Duque.Aparticipaçãodestclll!imoindica que o Brasil, país que Anchieta tanto amou e procurou formar à tombra d;,. Cruz,escar,presentencssccsfor,;odcgratidãoaseu bcnfeicorehcróidaH.
A lfonso Becr1,r Varei/a TIIJUO
Wrrc$pOOden/~
Um diário, a CNBB e ''Le Sillon''
D.Casaldi~aeumf!ldiobororo,emplenacelebraçio.hta óumadasilustraçóu do diário do Bis?O de S. Ffü
E MBORA, de momento, a multiforme ação da CNBB em fa-
vor da esguerda tenha tirado re· levoàatuaçãodosBisp0s"ardi· ti" individualmente considerado!ó,nãodeixade serverdadeque o Prelado de S. Hlix do Araguaia,D.PcdroCasaldáliga,continuasendo,noBrasil,umparadigmada"esquerdacatólica". fez e!c publicar na Espanha seudiârio,refcrente aoperiodo de agostode l977afcvereirode
1983, sob o tüulo "En Rebelde Fide!idad"(Desclée deBrouwer, Bilbao,1983,222pp.). Aleimradodiárioérazoavel-
mentemaçante,masalgunsrcspíngosenvenenadosdelcimportaconheccr.E''Catolicismo"habitualmente veminformandoscus
lei1orcsdaaruaçãodesetorcsprogrcssis1asdalgreja,tantonoBrasil quanto em outros países.
E•tranha concepção de adultério, concubinato e celibato Um ''jovem casal me procura, comardctimidezecompunç.io Temquatrofilhos. Hácincoanos que vivem 'amigados' e gosran·am dcsairdessa'situaçlodcpccado'.
Mw;elajáfoicasada'pelalgreja'comoutromarido.Confonoos. Aucguro-lhcs, cm nome de Deus, que. podem v/\'er em paz. Suasinrxridadeesuapanicip.lç.io na comunidade os redimem. O Pai vC seus corações. Dou-lhes meu rosário, comosinal,como quem improvisa um sacramento desupl~ncia". Analisandoocasocomoeleestáapresentado,nota-sequeocasalreconheciasuasimaçãodepecadoeprocuravaoBispopara obter uma solução conforme à moralcatólica.Casooomplícado D.Casaldáligasimplificae"em nome de Deus"virtualmcnteos aconselhaa ... permaneceremem adultfrio. Como pode ele falar em nome de Deus, no momento mesmo em que subverte a moral católica? Desde que a pessoa peque com sinceridade{!)eparticipcdacomunidade, pode permanecer à vontadeemseuestadodepcca· do?Parecequeoarrepcndimen· toeaemendadevida, bem como os Mandamentos, nada t~m afazernamoralcasaldaliguiana. Tem ela ato! um "sacramento ' ' suplementar para o adullério .. . Outro caso: "Ela ficougrávidadoprimeirofilhoquandoaindanãotinhadozcanos.Temagora23ejáesperaononofi/ho.Ca-
daumdeumpai.Nuncasecasou.Ele1cm 25anos.OsdoisviV('m amigados há um ano. Ele resiste ao casamento porque ela já foidemuitos . Ainsegurançados doisétotal.Promcto-lhesque rezarci por eles. É tudo o que posso prometer-lhes". Essa oração é tudo o que um Bispo católico pode prometer? Nãn tem ele um oonselho a dar, umesforçoafazerparaarcgularizaçãodcssatrágicasituação?Sc n=sário-cporquenilo?falar-lhesdoriscoqueoorreasalvaçãodesuasalmas? D.Casaldáliganão i! muitoexigentcemmatériade companheirasdeviagem.FalandodoregressodeumaviagemaVilaRicadiz: "Jánacaminhonetc,íamos ... os dois padres, umas prostitutas, um pistoleiro, uma vendedora ambuJantc, c ao volame um avemura do menino". Aprescncadeprost itutas,sem qualquercensuradcmaparte,é ainda refcridanumaviagemaSào Josi!doXingu:"AsMagdalenas iamevinham,entreiníantiseresignadas". Quan1oaocelibatoeclesiás1ioo, o Bispo de 5. Ftlixcrêque "mio se deve impor o que é um carisma, ncm faltariJ.oeunucos voluntáriosaserviÇOdoR eino. Tudo t problema de opç!io cm face da Graça,unaedfrersa".Ncgaclc, ponanto,queocelibatodevaser umaoondiçãocanõnicaparaosacerdócio. Em face disso, não t possível fugir a uma conclusão prática dessa tese: casem-se os Padres que queiram!
"Todo poder ditatorial corrompa", e xceto o comunista ... D.Casaldáligaquerscrtãora~ dical,quesualinguagcmch egaa ser ridícula: ''O primeiro mundo oonsumisra é um antropófago que está comendo o Terceiro Mundo". A Alfonso Carlos Comin, que ele reconhece ser comunista, chama-o "irm!io, testemunha Jiel,radicalcristiloecomunista, chciode graça(sic!) e de luta", Seu enlevo por Comin é !Otal: "Beijei sua (orografia como se bcijaacnamJMdcumsamo" Citandoeendossandoumtal deJoséBriones,oBispodeS.Félix mostra-se exclusivista: "A Igreja de Jesus t unicamente a
Igreja dos pobres: nilo cabem neJa os que querem rcter seus privilégios. A opção pelos pobres não éumapossibilidademw;oúnico caminho na Igreja de Jesus". Bemoutrai!adoutrinacató!icaensinadaporSãoPioXemsua memorável "Cana Apostólica" contra os erros de "Lc Sillon". Nela,oSantoPontíficecitaLeão XIII afirmando que se deve "mantera dfrcrsidadc dasclll-5ses,quetscguramcntcopróprio dacidadebcmcomrituída(... ). Ele (Lcilo X/11) fulminou uma cena democracia que vai até aquelegraudeperversidade(. .. ) dcpretenderasupressiloeoni-.,,/amenro das das=". E- con· cluio Papa-osqucassimfa. zero "caminham pois ao revés da doutrinacatólica,p.lraumidcal condenado" ("Notre Charge Apostolh:iue" , 1910, Ed. Vozes, Petrópolis, 1948). D.Ca5aldáligai!semprecontra a5multinacionais,desdequenão sejama5dasubversão.Nestecaso,scusrepresentantessãoaC()lhidos com alegria: "Paulo Freire, omestreimcrnacionaldaeduca· ç.iopopular, coordenou, sábio e incisivo,noSSJisdiscussôessobre educaçãoindfgena-.,,rsuseducaçilo ocidcma/ ( ... ) o JJ.Jtriarca Pau/o Freire, conscientizadorde consciemizadores". O entusiasmo pelo subversivo PauloFreire,levouoPrcladoaté a esquecer que títulos como "mesue","sábio","patriarca" são anti-igualitários. Sentencia o Prelado: "Todo poder di1aioria/ corrompe". Mas, quandosetratadoditadorFidel Castro.aítdifcrente,poiselc estariaaté kvandoCubaarcaliz.ar o Reino de Deus nesta terra. Ea própria[greja,queatéagoranão haviaoompreendidoasmaraví[hasdocomunismonaquelailha d0Caribc,oomeçaaabrir-se paraelas.Eisodesconcertame 1exto: "Cuba. Por fim rnmbém ali a lgrejacomcçaadecidirabrir-~ ao Reino, maisrea1is111,precisa mentcnahoraenolugardaCu barcvolucionária.Quenilocstá longedoRcinodcDeus,diriaJesuspossivelmente". Aditadurasandinista,porsua vez,i!tratadacomouma"vaca sagrada"qucnãopodesertocada: "Nicar;isua esrá ameaçada cm seu procesS-O de /iber1açilo. Uma possível comra-revo/ução
CATOLICISMO - Julho de 1986
impcríiilis1a-b1,rguesa, afogando a nvoluçlo Jandinis1a, ral>'ez com uma complaceme pas.sividade dccena Jgnja, ta/vez 1ambém burguesa,sipufltamlofll()SHOS derttrocesso". Quando os marxi$tas galgam o poder, e impõem uma ditadura wcialista, como em Cuba e na Nicarlia;ua,entlooPrcladoconsideraquealiberdaderaiou.Esc opovodetaispa!sesmanifestao descjodelibcrtar•stdessainr;õmoda"libcrdade",tar;u.sadode cstarascrviçodoimptrialismo bur~.PcriUnta-sc:tpclaliber• dadccpclopovoquelutaD.Ca. saldá.li1a?Outpclomarxismo? ANicarlia;uataindaaprescntadaoomomodelopara formar agentes de pastora! no Brasil: "Omcm A noite Teófilo [vindo da Nkaráguaj deu a iodo um 1rupo deagentesdepa.storalumamagnificaconfeitncíasobreaNicarágua(... ),amis1icadeSandino, apresençacristlnoprocessorevo/ucionário, a hierarquia da I,nja,asrealizaçôesedesafiosda revoluçlo". Com um lirismo fora de moda, elcacrescenta: "Nicanlaua,jáo disse npetidameme, cstil tio formosa que nos faz tnmer de ciii• mes", Seuenlevopclocomunismon.a Amkicalatinao[eva,deoutro lado,aacusaroBra.silde ''usurpado e por sua vez usurpador". O Bispo de S. Ftlix - espanhol, oomosesabc-fal1davocaçlo denossanaçto,aqualdeveria scr,cntreoutrascoisas,"consr;iememente /e~iro-mundiJII (... )emcomunhlocomÁfrica, a máeprtterida". MelhorforaqueelenloficasseacusandooBra.sil,nemlheeolas.serôt1,1los"vocacionais"sopradwpelapropa1andasocialistaintcrnacional.Quamoàmater• nidadedaÁfricaemrelacãoao Bra$il.éumconceitodeverassur· p,,..,ndcmc! Deondeoterátiradoo Bispo espanhol?
Reforma Ar,r,rla revoluclonjr/a Para D. Casaldáliga, todo fazendeiroé,pordelinição,uminimigo: "Aproveilei o avílo-srop de Tomás (D. Tomils Ba/duino) para r;hegar I tempo. E por falta de °"Iro campo ti•·emos quea1errisar em campo inimilo, em p1s1a de F1zenda". Etodolatifún· diotempanecomodiabo: "Pois nfodeix1de.1erq11eo/a1ift/ndio ~ uma espkie de dem6nio". ~taloódiodoBispodeS. F~lixàpropriedadeprivada,quenele essa paixão se volta contra a prôpriaa. lgrejaporqueEladefende a propriedade: "Durante /antas s«U/os- depois do Evangelho e das Padres - a Igreja defendeu (apropriedadeprivada.J, rllonímpli~. queagoracusi,a emendero111r:eir1rque1/Jreja
CATOUCISMO- Jutio de 1986
poua questionil-/a, reduzí-/a á suafunçiosocial,desmitiflr:á·/a de uma ,·u". Areformaa11ária.,aliás,éapcnasumaspectodademolição da propríedadeprivadaedetodaa sociedade: "Adisr;usslosobrea reforma~apassan~ame111e pela disr;usslo da propriedade privada, pela disc11551o da soriedadeimeira".lmplicamesmo,segundode,n1,1msuicidíodo capitalismo: ''OcapiraJismonun· r;a fará, sem suicidar-se, uma reforma agrhia que seja para o bem da maioria". Sobretudo o julgamento dos Padres franceses que estiveram implicadosemprobkmasdeinvasõesdeterra.eforamcondenadosàprisãoporincitamcntoao a5susina10, diz: "A jus/iça do Brasiluma.-ezmaisscsuicido11". Como pode alguém ou uma instituição suicidar-se mais de uma vcz,licaparaoPreladoexplicar. O ataque ao Poder Judiciário é sintomático da nova "ordem" q1,1eeleapregoa.
A " defs•a " que o P•• tor f•z de •ua• ovelha• Ésabidoqueaaçlosubversiva de Prelados tem freqüentementecomores1,1ltadoqueopovofiel,ávidodeRcligiloefano desubversão,acabcporscdrixar enredar, culposamente embora, emal&umasdasseitasprotestan· tes.AssiminiciaD.Casaldáliga adescriçãodaaçãodospentecos· taisnalocalidadcdcSerraNova: "Ofpen1«os1aisdaAssembléía de Deus 1omaram·se aqui de lllllll impenínênciaqueullrapassa10dos os limites. Realmente, S<'U uJo, invadindo a intimidade das fammaseforçandoaréfisir;;imente a.speswas(ancilos,doen1es1ambl!m)par«e--scromqualquercoisamenoscomoEvangelhodelesus" Dir·se·ia,cmtcrmosdeEvan· gelho,oslobosadentrandoorebanhoeestraçalhandoasovdhas. O que faz o Pastor? ''Nlloseioquepodemosfazer nesta situaçllo por agora. Dói-me peloecumenismoqued=josalvara qualq11erp~. Edói-me pelas divis&s, induJÍ\"e familiam, q11t se produzem nes1a comunidadehumana". D.Casaldálipnãosabcoque fuer? Nloéporven11,1raseudeverdePa.storlutarcontraahere-sia,desmascararoslobos,alertar e for1ificar os que permanecem fiéis,disputaraopente<:ostalismo cadaalmavacilante,condenaros quescob!tinarnnoerro,esobretudoensinaradoutrinacatólica? Omais mriveléquenlodóiao Preladoaperdadafédetantos. Dói-1hcqueaaçãodospentecostai5 ... atrapalhe oecumenismo! Ha,·er.t ainda fé católica, em
meioaesscenimenismodeban· dado? Note-sc,a.demais,aradicalida· dcdaposição:occumenismopre· cisascrsal,·o ..aq!WQucrpm;o·•. Mesmoaopreçodaféedasal· vaçãodasalmas?Ta]preÇOépor demaisaltoparascrpagoporum católico,qua.n1omaisporumBis· po.Q1,1ando0Suprem0Juizvier pedircont1"aoPastorde$ellempenhoempreser\'arafédesua.s ovclhas,oquedir.tD.Casald.tli· 11? Que estava preocupado em salvar o ecumenismo? Ou entlo, emfazersub,·crslo? Nemmesmoasdolorosasdivi• sõesfamiliarestrazidaspelaheresiaabalarnoBispodeS. Félix eolevamatomaral&umaatitud,. Os sinais da heresia vlo se fa.
zendotragicamemenotaremSerraNovaeoPastorosdetectarom clarividCncia ... einércia: ..Ascaras,entrecamo,dessespemecostais,atéontemrloamigoserlo akgres-ascara.sdascriançasindusive - tornaram-se de uma madlemarris1eza", lntrcia diurnos mal, D. Cu.ai· dáligasaúdacomalegriaoa.d\"CD· todessctipodehcresia: "Felizme111e Deus e ~u Cristo slo maioresdoquenossostemores; e sua GraçasupcrabundaenOI' excede,1:un!>émdesreladodecá davida.Aleluia,pois,masde~ ras, irrnllos pcnrecostais, Aleluia!" Mais um exemplo do pouco caso demonstrado por D. Casald.tJi&aemconscrvarsuaso.-elhasna fCcatólica: ..Celt bramosoen~ramenro da assembl~ia do poo;o (... ) estava tambhn Vanda, estudanre lu1er1na de teo/0Jja que se preparapara scrpaslora. Passa ummêsconoscoemprálicapaslOral".
Nada e<:umi!nicos são, entre outros,doispontosdadoutrina católica, absolutamente f1,1nda · mentais:aconfissãoindividuale aMi!;s.aemendidacomosacriff. cio. Por iHO D. Cualdáli&apa· recenliosimpa!izarr;omcles. Arespeitodaoonlissãoíndividual, ele nos adverte para que ••nJ1oujamosfanif1icos",poist prer;i50 "r;onjugar harmonicamenteacomunidadeeapessoa, iambl!mnahoradapenit~ncia". Sehábocaemqueumaa.dverti!nciaantifanática soe falso, essa é adeD.Casald.tli&a. Causapa.smoaindaanaturalidadecomqueoBispodeS.Félix noticiaque,comdois argentinos, "onrem.tnoitece/ebramOI', na cozinhadac.as.a,umaeucaristia latino-americana". O respeito e arevcrênciaquetodobomcatólko di:dica ao augusto sacramento do ahar scmem-sc agredidos: porquenacozínha1Nlohaveria localmenosprosakoparascpraticaraçlotlosublime1 E fica a perplexidade:talescolhanlose bascianaidciaprotestantedeque
aMiJsaéuma5implesrcfcição, cnloarenovaçloincruentado SacrificiodeNossoSc:nhor?
Vlgoro•s condsnaçíio do• • gira dores ecumênico• D. Ca.sald.tlip maniíes1a seu contentamento por veraCNBB alinhadaasuasposiçôes: "A/8() cheira bem na CNBB. Há. um dima de maior ~nsibilidade em fa. ,:e do povo, uma liberdade e.-,n. 6(/icacrescvne". Doutrinastlodifcrentesdaca1ólir;a,comoasqueaquianalisamos, D. Casaldáliga e outros Bispo$, atualmente em postw de eomando na'CNBB, CC'rlamente as encontraramincubadasna lgreja,àmaneíradefillo,jánotem· poemquecursaramosseminários.Talfillo,porsuavez-no quer;oncerneaseupensamento socialigualitário-éherdcirodo movlmento"LeSillon'',quetantomalfezàl&rejanoiniciodeste5é<:ulo,eaoqualjánosreferimosacima. El5oquenosdizo.admirável S!0Pi0Xdospcri1ososerrosde ··~Sillon",lavra.dosentreoscatólicosdécadasa1rás,ehojepo:s-tosemevidênciaeamptiadospe,. losprogressisias: "Todososoperáriosdetodas asttli6iõesedetodasassdtasforam convocadw para a consu11çlo da ddade futura. Ou1racoiS11 nlo~ lhes pediu a não ~rque abraçass,emomemioidealsocial, querespeir-mrodasasa?nças.(... )/Jtoposto, qittscdeve pensar da promiscuidade em que ~ acharloagrupadososjo.-ens eat6/icoscom hererodoxosein crMu/os de toda cspkit, numa obradestanatureu?Esianáoscrámil.-ezesmaisperigosapara eles do que uma a.ssociaç.fo ne11· rra?(... ) Por~m mais estranhas ainda, ao mesmo ttmpo inquierantcs t acabrunhadoras sio a audllcia ea ligeireza dos espíritas de homensqutscdiumcatólirose quesonhamrefundfrasociedade em tais r;ondiç&, ( ... ) rom operários vindos dt ioda pane, de todas as re/iliôes ou sem re/ígião, r;omo11~m crenças,(... )Queé quesairádcsracolaboraç;fo.Uma construçlo puramtnre vtrbal e quiméricaemqueseverllcoruscarpromiJCUamenteenumaconfusloseduroraa.spalavra.sliberdade, jusrica, fraternidade e amor, igualdadeeexa/1aç.foh11mana, e tudo baxado numa dignidadt humana mal compreendída. Stráumaqiraçlotumultuosa, esréri/ para o rmi proposto e queapro,~1anl aosagi1adoresde masus mtnos utopistas. Sim, na realidade, pode-se dizer qut o •smon' escalfa o sorial/smo, o o/huruonumaquimen,"(documentocitado). Gregório Lopes
A détente" de Reagan, fato pouco conhecido 11
EM
MAJO do ano passado, o Sr. David Funderbuk, então
embaixadornorte·americanona Romenia,renunciouaocargoque
ocupavadcsdel981.Livrejádos deveresoficiaisqueselavamseus lábios,denunciouàopiniãopúblicaapoliticafrancamentefavo-
r«edoradocomunismo,wnduzidapcloDcpanamemodc Estado(Ministtriodas Relações Exteriores).ArenúnciadoSr.fun-
derburk, um conservador, foi precipitada por cr=nte frustração ao pcrceber a total consonãn-
eia da política norte-americana comadeMosoou.Suaspróprias palavra.s: ''Eu estavaprcsoentrc um regime comunista e um Depanamenro de Estado que pare-
ciarrabalhardeconcertocomos liranoscomunistas"("Cooservative Digest", Washington, novembrol98S,p.77). As gravíssimas denúncias do
embaixador Funderburk causaram grande celeuma nos meios políticoi;deWashington,enopúblicocmgcral.Emretamoelassó viernmcorroboraracresccrueondadedcscoruentamento dos sctorescoscrvadorescoma pol!tica do Dcpanamento de Estado. Convémacentuar,nocntanto, queess.anova''détentc''deReagan,vistanoscuoonjumo, t uma realidade pouco conhecida, tantonof.xterior,quantopelogrossodaprópriaopiniàopública none-americana. É também digno de menção quemesmoarecentedccisàodo governo Rcagan de romper com oacordodelimitaç!odearmas nucleares estratégicas SALT-11 oonstituiumfatodevalormais simbólicodoqueconcreto.ls10 porqueessctratado,assinadopor CancreBrcjncvcm 1979,nunca chegouascraprovadopeloScnadodosEstadosUnidos. Quem analisasse a situação norte-americanarnperficialmentepoderiaterascns.açàodeque ogovemoReagan,nasuapolítica cxterior, vo\tou aos padrõcs amicomunistas,assumindouma alitudedeconfrontaçàoantea ameaça do comunismo internacional. Mas a triste verdade é que nestes anos os Estados Unidos tem-seguiadopornormasdedistens.ão,dnconhccidasaténogo-
Segundo o Upeçi~s1, nortumericano em ,ssuntos aleglo, Andrm Eifa, os indõmitos guerrlt-eiro• l nticorr•mistas do Al1g1oi,tlo 110101 s6cs1io raccbendados Es1&dos Unidos o suficiente para "luta,e morrer,condenados 11,im I uma morte 1!011"
vcrnoCaner,quecntretantofoi oparadigmada"détente",epor isso foi eleitoralmente derrotado Porhoje,resumiremosasituaçãodapoHticados Estados Unidosfaceaoavançocomuninano que se refere ao Afeganistão e Angola.
Afeganlstlo: o •uflclente para morrer
lentamente Em dezembro de 1979, o exércitovermelho invadiu oAfeganist.ão.Ocupadopormaisdel20mil soldadossoviéticos,opaispassou ascr,naprática,mcraprovincia russa.Diantedaafronta,oemão presidente Jimmy Caner impôs à Rússia treze sançõa, várias das quaismuitosevcras.Atéofimde seumandatoe!easmanteve. AoassumirReaganapresidência, cmjancirode l981,apoHticanorte-americanamudou.Movidotalvezpelodcscjodcganhar asimpatiadoscomunistasru:;.sos, Reagan suspendeu doze dessas s.inçôes,mantendoapenasaproibiç!odetransferênciadealtatronologia.Aindamais.Cartcrcxigiraumastriede condiçõesprt-viasparapodernegociarcomos russosarespeitodoAfeganistão.
Entrce!as, aretiradada.i tropas comunistas. Tais condições têm sidomuitomitigadasporReagan, Até em documentos oficiais do Departamento de Estado já começam a infiltrar-se frases como
"r«anhccemosqueossoví~ioos tlmdireitoaterumAfegani5tlo mfohos1i/nasuafronteira$ul" ("Rhctoricvs. Reality", Herita&eFoundation, WashingtonDC, 31-1-86,p.6). Antesdainvasãorussa,oAfeganistãodesfrutavanosEstados Unidosdosratusdcnaçãomais favorecida,condiçãodadasóa paísesamigos,cqucoutorgavantagcnsnooomérciobilatcral,bcm como facilidades de crédito. A oondiçãode''naçãomaisfavorecida"cxpiraautomaticamcntcao cabodedoumeses,ctemdeser explicitamente renovada pelo Congresso norte-americano para cadapaísemparticu!ar,anoapós ano. PorincrfrelqueparCÇa,cn quantooextrcitovermelholevava adiame suaguerra de e~termínio no Afcganistão, c ali maminhaumgoverno tltere, oCongressorenovouacondiçãode naçãomaisfavorecida,porseisanos seguidos.Foisó emjaneirodestc ano,apósíntensacampanhapro-
movidaporgruposoonservadorcs,qucoPresidentcRcaganrevogoutals1atus. De outro lado, há o problema daajudaque vcladamenteosEstadosUnidosfomc,;:emàresistênciaanticomunista,osheróicose esforçados mujahed~n. Quem, deooraçãorcto,lcndonosjomais scusfeitosesuasfaçanhas,não secmpolgou?Entrctan10,naspalavras de Andrcw Eiva, tido cm Washingtoncomoomelhorespecialistacmassuntosafegãos,os guerrilheiros anticomunistas só estãorcoebcndodosEstadosUnidos o suficiente para "/mar e morrcr,condenadosassimauma mortelcnra''(''Afg:hanUpclatc'', Washington,27-2-86). Alguns exemplos concretos. Emlugardecanhõesanti-aéreos, osEstadosUnidostênlfomecido aosguerrilhcirossimplesmctraJhadora.i russas "Dashaka". A muniçãooonccdida,daqualsó 15'i'• é do tipo que fura blindagens,ésuficienteapenaSpara.um minutodefogoautomáticopor mCS1Sóreccntemcnteogoverno americano tem começado a fornccercanhõessuiços"Ocrlikon" e, mesmo assim, com munição suficiente para poucos disparos pormês,Emvezdeprovcrosafe-
CATOLICISMO- Juhl de 1986
gãos com misseis nortearnericanos, por exemplo o "Redcye" ou o "S1inaer", capazes de derrubarospoderososhclicópterossoviéticos,osEstadosUnidos se 1ml limitado a enviar mísseis russos SAM-7, que vem falhando 100~ das vezes no campo de batalha. O mesmo aoonteu com os moneirm. O aovcmo de Wasllington $:Olheu para a guerrilha afeaãomorteirode82mmrusso,ernacópiachines.a,compro-vadamenteopiordomundona sua esJ)«-ie, no que se refere ao alcance e à pontaria ("Afahan Update" , 13-7-SSJ. Alistapoderiaaindaestenderse. Maslogosuraeapergunta: por que os Estados Unidos fazem isto?l:pormeraincompctencia, ouporpolltkadeliberada? Arespostaestarrecedoraéquc setratadepoliticadeliberada. l: oqueosespecialistaschamamde "políticadaoeaaçãoplaus/vel'', segundo a qual, a intcrvenç.ão none-americananoAfcganistão nãopodesermui1oaparente,paranãodcsagradarMoscou.Quer di.ur,enquaotoaRUssiaintervém abertamente com l20milsoldados, dentre os quais fiaura um númeroCTesccntedebatalhõcsde elite,osEstadosUnidosassumem umaatitudedefalsaprudenciae entrquismo, com vistll.'ia nlo a.zedaro humor dos tiranos do Cremlin. Muitoparecidacssapolltica, aliis, com a levada a cabo na guerra do Vietnã, que resultou numa estrondosa derrotanoneamerieanaeumfortechoquemo-ralparatodaanação. Nem o milhão de monos e os quatromilhõesderefl!JÍadosafegãos tem movido os norteamericanosaasswniremumaatitudemai!rígida.Dir-se-iaqueesSll$Yltimudossoviéticosforam s.acrificadasnoaltarda"détente".Altarsobreoqualestásendo 1amW:m sacrificada, lentamente,aresistênciaantioomunistaemtodoomundo. Umfatoocorridonoanopassado, e ao qual os jornais do mundo todo fiteram eco, serve de eplloaoacstatristedire1ivada políticanorte-americana.UmsoldadorulSO,cansadodematarcivisinoccntes,edes.ejosodeviver emlibtrdade, procurou asilo na embaixada norte-americana em Kabul, capital do Afeganistão. Ali au1oridades 50viéticu exisiramqueosoldadofoss-cdevolvido,passandoporcimadapráticaintemacional,quereconheceo dirritodell.'li10.Apósváriasoonsuha.s,0Depa1umentodeEstado deu ordem para devolver o Wvem às autoridades russ.as ... Fontesdoserviçodeinformaçlocomuniearam poucos dias depois queorapazncmsequerchqou
CATOLICISMO - Juhl ele 1986
vivoaoquanel. Foilo10 íuzilado como de:sertor, vitima da "do!-
teme".
Angola: c• pltali•mo flnanci• tropas comunista• Os leitores de "Catolicismo" jé t~umocrtoconhecimentodasituação em Angola(eír. "O cambaleante im~rio soviético", ''Catolicismo'', outubro de 198S). Resumamo--laern poucas palavras: ogovernodeAngolat controlado pelo MPLA (Movi· menta Popular Pela Libtrtaçào deAngola),facçãovirulentamenteoomunista, quetern tran.sformado o pai, num vinual protcto-rado d.a Rússia. Para man1er seu predriogovcrno. o MPLA dependede40milmerccnirioscubanos,btmoomodebrigadasintrirasderussos,none-coreanose alemles-orientais,servidospelos mais sofisticados ;mnamcntos do arsenal soviético, alguns dos quais só estão cm operação na RüssiaepalsesdoPactodeVarsóv!a. A UNJTA(União Naciooal pela Jndependmcia T01aldcAngola)o!ummovimen1oqucse1presentaoomoantioomunistaepróocidental,emboraseuprograma político seja social-dem()(Ta1a eomtintassocialistas,eseulider JonasSavimbi foioomunlstadc linhamaoistaeparecctersimpatiaspelascomunasehinesas. Em l4an05delutaoontraoregíme títere de Luanda, a UNITA tem oorueguidoocon1rokto1aldcum tercodoterritórionacional,procurandodom!narmaisoutro!erÇO.Sepudcroontaroomoapoio ocidcntal,aUNITApossuidesobtJoosmeiosparaderrotarogo-vemo comunista e implantar um regime pró-ocidental
Quando o MPLA, já oontandocomoapoiodetrezemilmerc:enárioscubanos,tomouopoder cm 197S, o então presidmtc norte-americano, Gerald Ford, oonoutodasasrelaçõescomAngola.OpresidenteJimmyCarter eontinuouamesmapolf1ica,impedindoqualquertipodcrelacionamentoentreosEstadosUnidos e o MPLA. Entretamo, o Departamento de EstadodeReapnrestabtJe,ceurelaçõescordiaisoomessestfteres deMoscou.Efeimais. Todas as armas oomprada.s pelo aoverno de Luanda são pagaseomdólares fornecidos pela empresa petrolífera norte-americana Chcvron-Oulf,queoperaospo-ç0&deCabinda, naeos1anone. São dois bilhões de dólares por ano,quetambémsãousadosparapagarosmerccmirioscubanos, russoseoutros.Abemdiur,essesdoisbilhõesdcdólarescons·
Helic:6,pterodtl1lri:~iosovi6tic1dlrrubtdu111l11lorçHdaUNITA,tmoutubndà norta-ar1111IQIIOS, IDmtcido1 lo\
;ano JIUSl(ID. quando alas nio ~ Ili miueia ..-1.....11 ptlo .,..no dt Washington
tituempraticamcnteaúnicafontededivls.asdogoverno. Quando, no inícioda;tc ano , grupasoonservadoresoomeçaram a pressionar a Chevron-Gulf, acusando-ade estar financiando um governo títere de Moscou, a companhiarespondeu,ernoomunicadooficial,afümandoqueela, ''junto com outras organizações industriaisamericana.s,temrecebidoeonstanteapoioeem:orajamentodoGoverno d0$Estados Unidos. O banco norte• americano fuport•lmport Bank, com inreiro beneplki10 do Governo dõJ Brados Unidos, /em fornecido empréstimos e garantias às opersçôes/inanceirasda Cbevron em Angola" ("New York Times", 19-1-86). De fato, uma diretriz do próprioDepartamentodeEstado,de agonode 1984, diz: "A.crediramos rumemenre que a parrieipaçlo de companhias norre• americanas em AJ16()/a t do interesse, a /on,o prazo, desmba.! as naç6esede1odososan,o/anos" (idem).
O Departamento de Estado, atravésdeseuenviadoespecial paraoSuldaÁfrica,Sr.Chester Crocker, vem promovendo uma políticadeconstanteapoioaosrellimes comunistas de Angola e M0çambiquc, em detrimento dos movimcntosanticomuniHasnessespaíses. E de apoio ao movimento guerrilheiro comunista SW APO, na Namíbia, em detrimeoto da Áfriea do Sul, a maior p01ênciapró-ocidentaldarC'&ião ("Washin&tonTimes",7-12-84).
JonasSavímbi, lldcrda UNITA,declarouemqostodoano passado: "Euachoqueoobjeli· vodoSr. Crocker,demin11t a minha posiçlo inreiramenre... Porque o Dr. Crockerest.11 ren1ando a,radar sque/es que slo
man:istasC011fcssos,cquetraba-
lhamcomraaidtiadeliberdade proposta pelos Estados Unidos? Por qud Por q~ ek faz úso?"
("Howard Phillips Wuhinaton Rcpon'', Ft. Wonh, T«as, setembro de l98S,p.4). Em 1976, o Congresso norteamericano aprovou a chamada "Emenda Clark", que proibia qualquer ajuda à UNITA. Aesse respeito, Jooas Savimbi comentou amarp.memc que, em 1976, eles foram "abandonados por todos, exceto pelo inimilo" {"Grass Roots", The Conservalive CauC\1$, Viena, Va. Dec. SS/Jan.86,p.2). Quando em \98S deputados conservadores tentaram repelira Emenda Clark, o Departamento de Estadoseopõs a taliniciativa,ehepndoapressionarulideranças da Clmara {"Theoric vs.Reality",pp,g-9).Enquanto se impunham violentas sanções econõmicascootraogovernoanticomunistadaÁíricadoSul,foi preciso uma verdadeira batalha paracooseguirrepeliraEmenda CJa:rk.Elafoifinalmenterejeitadanocomeçodesteano,m.a.ssó quandoomvolvimmtosovi&ico emAnaolafiooutãoescandalo-soque a1t' deputadosesquerdis• wapoiararn a moção. E mais recen1emen1c, o aoverno norteamericano, cenamcn1c pressionado pcla opioião pública majori1ariamcnteantioomuoistadopals -aqualpareceestardespertandoparaadesconcertantequestão an1olan1 - forneceumlsseisàs força1deSavimbi . A sorte da ajuda norteamericaoa à UNITA pareçe ainda indecisa, cmbora, uhimamen• te, comeum a aparecer sintomas deumamudançadapoliticado govemodcWashi~onnosentldodefavoreccràresistlncia aoti-MPLA d.a UNITA. Javkr Jturblde
O CREPÚSCULO da Cristandade Medieval - o século XIII a qual povoou de grandes santos eheróisosctusda Igreja, nasceu e desa-
N
brochou uma flor que haveria de espalhar
seu aroma ao longo de muitos séculos: Isabel, infanta de Aragão, rainha de Portugal. Sua mãe era Dona Constança, filha do reiManfredodaSicília,netadoimpcradordaAlemanha,Frederico ll .Seupai, Dom Pedro Ili de Aragão, era filho de Jaime I, o Conquistador, e de Dona lo\anda ou Violante, filha do rei da Hungria,André ll ,eirmãdeSanta Isabel da Hungria, duquesa da Turíngia.
Portugal,Sancha, MafaldacTeresa,estasduas últimas também rainhas. Em 1625, quando a Basílica de São Pedro se cobriu de gala para a canonização dcSantalsabel,nadamenosdequaton:e mona«:as, descendentes seus, ali e:stavam representados.
laabel de Portugal e Isabel da Hungria
Conquistador dos reinos de Mallorca, ValênciacMUrcia,vencedordosmouros empelomcnostrintactrêsbatalhascampais,justiccironagucrra c na paz, zeloso do serviço de Deus e do cullo sagrado, fundador de mais de duas mil igrejas, desejoso de libertar o Santo Sepulcro, cooperador de São Raimundo de Penafort c - scu confcssor - na fundação da Ordem de Nossa Senhora das Mcrcês para a libertação dos cativos tomddos pelos mouros, Dom Jaime 1-e seus filhos levaram ao aposcu o reino de Aragão.
Cresceua lnfantaaragoncsanumambien1egucrrciroereligioso, nutrindocspccial devoção pclos seus santos parentese pelo pequeno Oominguito de Vai, crucificado pelos judeus cm Zaragozano anodcl2S0.Mascranaturalquesuaadmiração maior se voltas.se para aquela cm honra da qual recebera o nome de batismo: Santa Isabel da Hungria, sua tia-avó, já cntãocanoniz.ada. A filha de André li fora dada cm casamento ao duque da Turíngia, na Alemanha. Após alguns anos de feliz matrimõhio, a jovem princesa tornara-se viúva,abandonadapelosparemes,pe~guida, despojada de seus Estados e riquezas, e por fim expulsa com seus filhos pequenos. Obrigada a ir-se com estes a pé, de aldeiaemaldeia,vivendocomomendiga, a duquesa da Turíngia não apenas accitaraopãodador,masabraçaraapobrez.a como seu 1esouro. Tomara o hábito e o cordão de São Francisco de Assis, o qual lhe enviara de presente seu capotilho. Com apenas 24 anos, Isabel da Hungria entregara sua bela alma a Deus, a 19 de novembro de 123 l, em Marburgo. Quarenta anos depois, Isabel de Aragão herdava-lhe não apenas o nome, mas também asvinudcs.
Sm.:cdcu-o no trono de Zaragoza o pai de Santa Isabel, Pcdrolll,conquistador da Sicflia, durante cujo reinado firmou se estavelmente o domínio aragonês no Mediterrâneo. Apenas um irmão de Santa Isabel não chegou a cingir a coroa real. Dois deles sucederam a seu pai cm Aragão. Outro reinou na SiC11ia. E a irmã Violante foi rainha de Nápoles. Entre seus antepassados e parentes por afinidade, ela podia contar São Fernando de Castela, São Luis de França, Santa Inês da Boêmia, Santa Cuncaundes de Cracóvia, Santa Hedwigcs da Polônia, Santa Maraarida da Escócia, São Luis Bispo de Toulouse, a Bcmavcnturada Salomé da Polônia e as santas infai;!as de
À tão bem nascida princesa não faltavam candidatos para o matrimônio. Coube ao jovem rei de Portugal, Dom Diniz, filho de Afonso Ili e dc Dona Branca de Castela, a graça de receber a mão da bcla e virtuosa princcsa, então apenas saindo da meninice. Após eliminar as ultimas resistências maometanas no Algarve conquistado por seu pai, Dom Diniz tinha seu reino constituído.Dedicou-se, pois, ao dcsen\·olvimento do comércio e da marinha. Guarneceu o litoral com florestas de pinheiros, quemaistardcscrvi riamàconstruçãonaval. Fundou uma Universidade em Lisboa - Jogo transferida para Coimbra, onde
Quandoveioaomundoapcquena Isabel de Aragão, presumivelmente em 1271, no palácio real da Aljafcria, em Zaragoza, reinava ainda seu avõ Jaime 1. Atai ponto se encantou com a neta, que tomou a responsabilidade por sua educação, tendo-a junto de si durante" os U!timos anos de seu longo reinado.
FIiha de rel•1 mãe de rei•
Esposa de Dom Diniz
CATOI.ICISM0-_... dt 1986
tinha a cone - au! hoje glória das letras lusitanas. Alguns anos após as nú;,cias, dona Isabel deu ao rei uma filha e um herdeiro: Constança e Afonso. Logo, porém, vieram as tribulações para a jovem rainha. Infidelidade do Rei Levado pelas paixões e influenciado por cenos familiares da mesma idade, entregou-se Dom Diniz à vida licenciosa, indignadeumpríncipccristão, faltando assimàfidelidadequedeviaàsuaformosa e santa esposa. 1k diferentes mulheres, teve o rei cinco filhos e duas filhas. A rainha soube entretanto manter-se em atitude honrosa e digna. Sofrendo cm silêncio o mal que não podia remediar, mandou criar com todo cuidado os b,utardos, e tratou-os de tal forma que estes \hevieramasermaisfiéisdoqueseuprÓ· prio filho Afonso.
Aos habituais exercícios de piedade, Dona Isabel foi acrestentandoaolongo desuavidaobrasde caridadeepcnilência, entre as quais não era das menores o sofrimento que lhe causava o rei. Em todas as coisas via a Deus: nas flores de seus jardins, nasbelezasdesuascidades, na afeição de seus vassalos, nos farrapos dos pobrezinhos, naadversidade,naalegria, nostrabalhosemesmonas pompas e grandezas da corte, onde seu espírito cresceu cm vigor de fé. Cuidava de vestir-se com muito cuidado, conforme impunha sua condição de rainha,masnãopermitiajamaisqueem seu vestuário se introduzissem as cxtra:.:~âncias que a moda já emão rcquintaDeclarou guerra contra os apetites e impulsos maus, tornando-secada vez mais plácida, intemerata e pura. Por isso mesmo o pecado e o vício haveriam de persegui-la. Tinha Dona Isabel um criado muito fiel e de costumes virtuosos, aoqualconfiava o cncargo de Jevar discreiameme esmolas aos pobres, especialmente pessoas de alia condição que haviam decaído. Um criado de Dom Diniz levantou perante o rei desconfianças em relação à fidelidade da rainha, pelo afeto com que trarava o outro criado. Dom Diniz turbou-se, notorvelinhodadúvidaedos ciúmes. No dia seguinte, saindo para os arredor<'$ de Coimbra a pas5,cio, à vista de um forno decai assaltou-o uma cruel idéia. Chamouocapataidosqueali trabalhavam e disse-lhe: - Aqui há de vir, amanhã muito cedo, um homem a perguntar, de minha pane, se está feit0 o que El Rei vos enco· mendou. Tomai-o sem mais e arremessaio ao fogo dessa caieira; que a meu serviço cumpre que ele acabe assim. E na manhã scguime chamou o pajem da rainha, mandando-lhe que fosse ao forno decai perguntar se estava pronto o que o rei encomendara. Passando algum tempo, impacientou-se Dom Diniz em saber do resultado. Mandou pois que CATOLICISMO - .lulhi
(le
1986
seu pajem favorito - o acusador da rainha - fosse ao forno decai verificar. Paniu o caluniador a toda pressa. Mal começara a falar, os operários agarraramno e o lançaram ao fogo. Pouco depois, comparecia diante do rei o pajem da rainha, informando que os homens do forno diziam estar a encomenda acabada e bem acabada. Atônito, indagou o rei sobre a demora. Respondeu com candura o moço que, ao passar por uma igreja, ouvira tanger a campainlia para a elevação. Entrou para adorar o Santíssimo Sacramento, e esperou até o final da Missa. Porém. começou outra em seguida e assistiu-a também, pois seu pai lhe recomendara ao morrer, que nunca
A rainha deixou o exílio para obter a clemência do rei. Este a concedeu, contanto que o herdeiro se submetesse. Dona Isabel conseguiu, por fim, com suas lágrimas, a obediência do filho. Pouco tempo depois, o tresloucado principevoltouaatacarcomsuashostes, buscandoaaliançadeAragãoeCastela. Os primeiros combates com tropas do rei se travaram. Foi a rainha ao entontro do filho. Desta vez, não já com lágrimas, porém com severa majestade, increpou-o: - Já não vos lembrais do juramento que fizestes cm Pombal? Tan10 \"OS pesa a obediência e fidelidade que prometestes a El-Rei vosso pai e senhor? Que podereis esperar de vosso povo no dia em
Conduçia i:1o1,.,1,odo S..t1lllbel. Ili htrtffl0l. ondtlaltc111, 1 Coimbu. c~q..- 1brigl M11 p,tçioio tne:Ofl{rado il.::011111110 . . 1612. llntt. tm cena ocui6ts. 11llou 1111 lfOIIII çdnliâ
deixassedeassistira1éofim10daMissa que visse começar. Maravilhado,oreiviunissoojufzodc Deus. Tocado peta graça, não só reconheceu ainoc!nciada rainha, mas temeu o castigo,edaíemdian1evoltouàfide!idadeconjugal. A revolta do p ríncip e herdeiro Não causou menores sofrimentos a Dona Isabel seu único filho varão, herdeiro da coroa. Ávido de mando e de honras, formou ele um partido contra o próprio pai. Todasastentativasdarainhasanta para reconciliar o filho com o marido foram inúteis. O primeiro obstinou-se em disputar com o pai, e este cm punir o fi lho rebelde. Dom Afonso tentou tomar Lisboa. Dom Diniz armou-se para derrotá-lo. Santa Isabel preveniu o filho, mas insistiu em sua submissão. Dom Afonso fugiu. Aosaberqueporcausadarainhaofilho lhe escapara, Dom Dinizenfureceuse contra ela. Conou-lhe os rendimentos e deixou-lhe apenas a vila de Alenquer, para onde a mandou em desterro. Pouco tempo depois, Dom Afonso esteve novamente em guerra contra o pai, atacando Coimbra na sua au~ncia. E foi sobre ele Dom Diniz com seus homens.
co.-pa,
que vos tocar o governo do reino, se, com os maus exemplos que cm vós vêem agora, dei,i:aisa traição autorizada? Enfim, 5C vos não movem meus conselhos e meu carinhodemãe,temeiairadeDeus,justo punidor dos escândalos! O príncipe tremeu. Nunca vira o rosto de sua mãe aceso em tal indignação. Acertou-seapaz.~fasnãofoisenãocurta trégua, porque Dom Afonso voltou à suamaldade,eaguerradenovoscdeflagrou. Santa lsabelcobriu-sedesacoe citicio,cordaaopcscoço,cabeçacober1a de cinza, e assim apresentou-se a Dom Afonso: - Oh filho!. .. e a mim este pago me dais! As palavras foram poucas. Mas tal era suafisionomia,queoinfantelhtcaiuaos pés. Impunha este, porém, uma condição: que o rei afastasse de seu lado Afonso Santhcs, um dos filhos bas1ardos de Dom Diniz, e o que mais lhe era caro. A condição era inaceitável para o rei. Dona Isabel, porém, chamou a sós Dom AfonsoSanches~qucaamavaerespeitava como sua mãe - e obteve dele que seretirassevoluntariamenteàviladcAlbuquerque, no reino de Castela, da qual era senhor. 1k lá escreveu Dom Afonso Sanches a seu pai, dizendo que sacrifica· vaseusprivilégiosaobemgeral. E are--
oom::iliação entre Dom Diniz e seu herdeiro efetivou•se, por fim, no ano de 1324, por obra da rainha. Nenhum diplomata evitou, oomo a rainha santa, tantas zuerras inútcis cntre cristãos. Agindo ora com firmcz.a, ora com doçura e tato, ob1cvc ela a pacifica. ção nas contendas entre Dom Diniz e seu irmão Dom Afonso, que jil. antes do casamento de Santa Isabel disputava terras daeoroa; cn1re Portugal e Castela, seja por questões limítrofes, seja por disputas familiares cnlrc Dom Afonso IV (seu fi. lho) e Dom Afonso Sanches, senhor de Albuquerque; ou do mesmo Afonso IV oom seu genro Afonso XI de cas1cla, neto de Santa Isabel. Esta obteve ainda a paz entre seu innão Dom Jaime li de Ara· gão oom Dom Fernando IV de Castela, casado com sua filha Dona Constança, falecida na juventude. Seguindo sempre a mesma po\itica de evitar os conflitos entre cristãos, pacifi. cou seu irmão Frederico, rei da Sicília, cm guerra contra Roberto de Nápoles. Trsn• forms11a flores em ouro ... l(mulc dl S.nt1IS1btil n1 ig11j1 dl S.n11 Cl1r1, em Coimbrll
Obtidaaprimeirareconciliaçãoentre Dom Diniz e Dom Afonso, por ocasião _ de seu desterro em Alenquer, Santa Isa· - Que levais ai, senhora? - pergunbel voltou depois a essa vila com o mari· do e o filho. Foi inspirada cm sonhos a tou ele. - Senhor, levo rosas ... - respondeu oonstruiraliumaigrejaoonsagradaaoEspirito Santo. No dia seguinte, ouvindo ela inspirada pelo Céu, receosa de que Dom Diniz se desgostasse. E abrindo o Missa, recebeu novas luzes a respeito. manto, aos olhos do monarca não apa. Chamou então oficiais para cuidar da obra. Quando os mestres chegaram ao lo- rcccram moedas, mas rosas frescas encarnadas ... cal desii!lado pela rainha, com espanto A narração dos milagres de Santa Isa• encontraram os alicerces prontos. bel encheriam um livro. Não nos sendo Certo dia, quando estava sendo levan· possível registrá-los aqui, limitemo-nos a tado o templo, passando por ali uma moum episódio que mostra a que ponto esça com flores, Santa Isabel as distribuiu todas aos oficiais de sua obra, entrcgan- sa rainha levou sua austeridadeemorti• ficação, premiadas com o milagre. doun_iaacadaqualedizcndo em tom de Costumava ela reunir todas as sextasgraccio: feiras da quaresma doze pobres ukcrosos, - Hei de ver se hoje trabalhais muito a quem lavava os pés, dava de comer, e bem, com esta paga de minha mão! servindo-os à mesa, e os despedia socor· Guardaram todos a dádiva da rainha, ridos de vestimentas, calçados edinhei· e quando ao final do dia cada um bus· cou sua flor, achou·a convertida numa NaQuinta·Fcira, Santapraticavai&ual moeda de ouro. Ao Divino Espírito Santo, por ocasião obra de caridade e humildade cm relação adozemulhercs,asmaispobrcsechaga. desuafestalitllrgica,aRainha, com seu das que podia encontrar. E sucedeu uma o esposo e o filho, solenemente agradcceramosfavoresrccebidos,espccialmcntc vez que, tendo lavado um dos pés a uma o dom da sabedoria, de que um e outro delas,rccusavacstaquelhelavasscoou• tanto careciam. A partir de então, a ca- tro,alegandoqueosdcdosukeradosexa· daano,opovolusonãodeixoudcrcmc- lavam cheiro pestilento. Porfiava a mulher para esconder coisa morar o grato episódio da fam.ma real que consagrou sua coroa ao Divino Espírito de tanto asco, mas a rainha conseguiu, por fim, que deixasse ver o pé. Ao desaSanto. tar os panos, as damas e servidoras que De tal maneira esse costume deitou raf· ajudavam a sua senhora nestas obras de zes na alma popular, que, au! hoje, cm numerosas cidades brasileiras, a festa do caridade se afastaram, tão repugnante era a chaga da pobre mulher. Mas a Santa, Espírito Santo i associada a esse gesto de gratidão de Santa Isabel: um menino e com grande brandura, limpou aquele pé imundo, enxugou-O e beijou-0 várias vc. umamenina,emtrajesreais,conduzcm zcs. Depois envolvcu-0 e atou com cui· uma coroa à igreja. dado, deu à mulher uma esmola, e com solicitude acompanhou-a até à poria . ... e moede s em r o • • •I Quando a pobre doente chegou à sua caLevava um dia Santa Isabel - i tradisa, achou·se com o pé curado, sem cicação conhecidíssima - entre as dobras de trizcs ncm sinal dc moléstia. seu manto boa quantia cm moedas de Punha Dona Isabel especial cuidado praia, para socorrer vários necessitados, em socorrer pessoas que, tendo vivido quando topou de repente com o rei. com largucz.a por serem nobres, viam-se
'°·
deca/das. A esscsnccessitadoseracxtremamentcpenosaamiséria,devidoàvcr. gonha que sentiam cm pedir auxilio, por causadacondiçãodescunascimcnto.A taispobresajudavacomgrandcgcncrosidade, procurando fazê-lo de modo recatado. Abriu escolas especiais para filhos de fidalgos pobres, e costurava ela mesmo toucados de noiva para moças pobres de bom parcccr. Instituiu um fundo para ór· fãsnobreseeducavacomcarinhoasfi. lhas de seus vassalos particulares. Em Torres Novas levantou casas de recolhimento para convcnidas. Provia ao enterro de pobres e gastou imensas quantias em esmolas, como também no resgate de cativos cristãos tomados pelos mouros. Após sua última peregrinação a Santia· go de Composlcla, a rainha santa soube que seu filhosedirigiaàfrontcira, cm guerra contra seu neto Afonso XI de Cas. tela. Partiu ela sem demora, indo encontrar Afonso IV cm Estremoz. Mas suas for. çasjáseencontravamno fim,clámcs· modcscansounoSenhor,a4dejulhode 1336. No imenso calor daquele mês, seu cor· po foi levado para Coimbra, e não se cor· rompeu após os sete dias de percurso. Ao contrário, exalava um aroma celestial, que se manifesou novamente em 1612, quando seu caixão e s.eu corpo foram encontrados milagrosamente intactos.
Otwida1111111p$o.,msia,1m110SSG6itnD '*'*o,1111l!P11'igr11adl3.'calunl,à11-8. 1dtderaçiD1pr1M11tllUeor..SllldodoHprotll'do PCr(Gioc:onckl Oin.citadCl1111parA• gr1fo111tllriofll,Nr.llidldl.doPruf.~g
...
CATOLICISMO-!A'wide19B5
Discernindo, distinguindo, classificando...
A escova de dentes e a Reforma Agrária ' CoNTA-SE O FATO do homem que foivisitarummanicõmio,elánotouque umdosloucoscaminhavapu:undopcla mãoumbarbante,naeictremidadedoqual arrastava uma escova de dentes oomose fosseumanimaldeestimaçio.Penaliudo, ovisi1anteaproximou-seentiododoente, ecomvozcompassivalhedisse: "Comot! engraçadinho o .seu cachorrinho!" Ao que, parasurpresadohomem,odementerespon deu; ''OSr.esrJ/ouco?Nlov~quet! uma escova dedemes?" eocaosdentrodomanic6mio! Tal ta impressãoqueporvezesnoscausaomundomoderno.E.para nãolrmaislon11e,fiquemosnoauuntodomomento:aReformaA11rliria Se entendemos por Reforma Agrária aquiloqueoomumenteseentende-ecomoemlarga medida a apresenta o Plano Nacional de Reforma Agrária - ou seja, aexpropriaçlodasterrasdosatuaisproprw:táriosparadividi-lasentn:ossem•terra, vemos que se uata diretamente de uma imerslodoBrasilnocaos(•). Senão, vejamos:
I • Do ponto de t1l•ta económico a) Esd. provado que a atual estrutura fundiáriabrasilei~.tmboracomdefeitos, tfundamentalmen1eproduti\·a.a1endeàs necessidadesbásicasdoPaís,equeoíndiceckproduçioest,cresccndo; b)TudoindicaqueaReformaAgr:l.ria, desarticulandoessaestrutura,farábaixar aproduçlo,generaliundoapobrezaenlo melhorandoasituacãodenlngutm, nem d05pobres; c) NospalsesondeelafoiimplantadacomoMb.ico,Chile,Peru,EJSa!vador'1c. -foisempreumfracasso: d) Do ponto de vista financeiro, o PNRA éumplanodeluxo,implicandogastosfaraõnicosparasuaef'1ivação,numpalscom sériosproblemasfinanceiroscomoéonos-
li - Do ponto de t1I•t• •oclal: a) A Reforma A&rária é um passo importan1e para o i1ualitarismo social, condenadopcl0$Papasemv,riasendclicas; b)J;:umres\'1llarparaumasituaçlomuito pró;,;ima l do oomunbmo, a partir da qualfacitmentesechegaatéele; 1:) tnta-se de uma primeira reforma. que necessariamen1eatrain!.areformaurbana eaempresarial.lançandooPaisnocaos.
Ili - Do ponto de vI• t• religio•o: a)O$teictosbíblieosromquealllunsprocuram defender a Reforma A&rliria - e;,;.
CATOLICISMD -.Mio tlt 1986
traídosoradasprofeciasde1$a!as,orado livrodeJó,eaindaoutros - são,paraessefim,vaaos,eainterpretaçãoquelhest dadanãocondizcomadoutrinatradicionalda Igreja; b)Deoutrolado, a propriedade privadaesui.solidamentefundamentadatmdois Mandamentos da Lei de Deus ("Não roubariis" e "Não cobiçarb as coisas alheía$"),tminúmeros1extosbíblioosondetclaramentereconhecida(porexemplo a pariibola dos vinhateiros no Novo Teslamento), e em toda a Tradição da Igreja.
Não obstante tudo isso, aCNBB,edivcrsosBi!;posindividualmente,tideramde modo encarniçado a campanha próReforma Agrária, procurando atribuir-lhe umsignificadoretigiosodiferentedoque verdadeiramente tem. Tais Prelados exaltam um igualitarismo obviamente OpOSl0 àdoutrinasocialdalgreja,eriJindoademais a Reforma Agrária numa panacéia econõmicaemfavordospobres,queécontráriaatodaevidênciaeatodososexemplosquetemosdiantedosolhos Paraisso,os mencionadoseclesi:l.sticos pressionamogoverno-nãosemalgum bito - promovem e apóiam invasões de terras,procuramarregimentargentedócil parataisinvasões,trazidasmesmod0Para11uai. E constaqueelesu1iliumattdinheirod0Exterior,promovendoumaverdadeiramaratonapara forçara Reforma Avaria. Talinvestidaclericalencontraparcciros emaltasesfcrasdaburguesiaenumpcquenonúmerodeinocentes- úteisnopovinhomiúdo,muitosdosquaisdeixam-sealiciarpormirificupromessas.Mas,deoutrolado,esbarranumaimens;,ePft5.'i~in• diferença do povo brasileiro. Eueesforçohomhicoemfavorda Reforma Agriria por parte de Bispos, pa.dres e religiosos, constitui uma das causas do atual abandono rcligío5o em que se encontra o povo católico. Este está sedento de religião e, com cena freqüência, se ttm dei· xadoarrastarporseitasprotestantesei:ul-
tosafro-asi:l.ticos,dadoquenãoreconhecemaisna!inguagemdosBisposavozdo Pastor,massímadomercen:l.riodequefala o Evangelho. A imoralidade plopante, como tambtm os muitos males que assolam a Igreja hoje emdia,pr11icamcntedcixamdeseroombatidosporessesclffl1ospro1rcssistas. Anteta.isfatos,amaiorpar1edosbrasileiros,especialmenteosfi8scatólicos, fi capcrplua. Como pcrple;,;o ficouovisitantenomanlcõmiodiamedarespostado louco,nlotntendendomaisoquesepas$8Vaejulgandoestarmergulh.idonocaos. Caosparaoqual$Ósevfumaexplicaçlológica.Eleconsistcnumaimensaconfusão semi-real, semi.fabricada, cm vista deumobjctivotspcç!fico:quebrarobom senso.abalaraspsicologias,afimdemai_s faci!mentearrastaranaçãoparaumas1tuacão - como a de Cuba, por exemplo -emquecl1se1ornesubservicntedopo-dcriosoviético. Eparaistoolusco-fusco t necesPrio. pois vendo claro o p0vo rejcitaráumasendaqueolevaráaoabi!lmo. Quem achasse, pois, que a CNB B conduz o Brasll rumo a uma civiliução católica -segundo a entendia, por exemplo, São PioX-equeapcnasporengano aqueleórgãoepisoopalpuxaatr:l.sdesio vagãoprt-romunistadaReformaAj.r:l.ria, com'1criaomesmoerrodovisitantcaocrcr queopreten50loucopensavapU:<arumcachorrinho.Nlo!Aloucuradesscalienado erasuigeneris,sendo,coniudo,apiordas dem~ncias. Não se originava de uma doença nas faculdades mentais, mas de um propósi1oltlcidoedeterminadodepraticaro absurdo:puxa.raescovadedentcs. C.A.
Constituinte sem plebiscito: inautenticidade Plínio Corrêa de Oliveira
T
EM-ME vindo mais de uma vez ao cspirito a correla-
ção - geralmente inadvertida pelos brasileiros - en-
tre dois temas da maior atualidade: Reforma Agrária e Constituinte. E, se alerto a alenção dos leitores da "Folha" para tal correlação, faço-ocspccialmemeparaobem da vindoura Constituinte. Pois viMl concorrer assim para a preservação do mais essencial e mais honroso dos predicados que ela deve ter, isto é, sua autenticidade. Explico] . - Representatividade na atual democracia - Na perspectiva dcmocrálico-representativa inerente à Abertura, a eleição para a Constituinte deve ser vista como sendo especifo;amente o ato pelo qual a Nação designará os lidimos porta-vozes do pensamento e dos designios dela no tocante aos rumos a serem esçolhidos, bem ,orno às soluções a serem dadas aos grandes problemas nadonais. Essarcpresentatividadedaes<:olhaeleitoraléessencialpara que o sistema re<:eba o título de representativo, do qual a imensa maioria se ufana. E, çomo é inerente a toda e qualquer representação (por exemplo, uma procuração passada por um particular a outro), iam~m essa representação ,oletiva e eminentemente polítiça do eleitorado vafe pre<:isamenteporsua autenticidade. Umaprocuraçàoinaulênlicasó pode ser qualificada de errônea, falsa ou imposton.. Uma Constituinte inautênlka, também só pode ser qualificada de falsa, nula, usurpadora. Este enunciado pode pare<:er duro. Mas até lá conduz a força da lógica.
2.- Constituinlt: t: Constituiçlo inautf ntkas? O debate t:lt:itonll - Panl que a eleição St"ja authtiea (t: portanto para qut: o sejam a Constituinlt: t: a Constituiçilo), cumpre por suavnqucsejaau1ênticoopt:nsamento u pressopeloselei1ores. ls1o é,q11ecadavotouprimaopensamentoreale profundo de quem o depositou na urn a.
Em outros termos. é pre<:iso que o eleitorado tenha tido todas as facilidades para conhe<:er, em seus vários aspectos, os assumos que o debate eleitoral vai pôr em liça. E que o juizo e os desígnios formados pelo eleitorado, em vista destes dados informati\·os, tenham genuína consonância com o sentir e o pt:nsar profundos do País. Pode não se dar isto? Como?
3.- Debate eleitoral inaulêntico: eleiçõrs inautênticas, Constituinte e Constituiçào inautênticas. De vários modos. Por exemplo, desnaturando os debates públicos pr~vios à eleição. Tais debates são indispensáveis para que o eleitor emita um voto consciente e portanto autêntico. De um lado, porque lhe dão oportunidade de abrir seus próprios horizon· 1es,naconfrontaçãodasrespec1ivasconvicçõesedosrespec1ivos argumentos, com os dos que pensam de maneira diversa. E de, assim, ver mais claro nos problemas sobre os quais lhe toca pronunciar-se. Isto põe em foco os surrados termos de liberd ade de pensamento e de liberdade de opinião. Esses dois princípios, intimamente conexos , têm sofrido, ao longo da História. conotações pejadas de erros . Entre estas, o livre-exame de lutero, e o liberalismo desbragado da Revolução Francesa. Mas, entendidos num sentido compat!vel com a prudência cristã,~ óbvio serem eles dementos lndlspens1hels para umdrbate prf-eleiloralgenuíno c, portant o,para a repre• sentatl vldadt autêntica do resultado eleitoral.
4.- Reforma Agrária e Constituintt - Essas diversas e delicadas preliminares conduzem à análise das interrelações da Reforma Agrária com a Constituinte. Uma rápida palavra sobre a primeira. Dado que a Reforma Agrária representa uma inversão quase completa da estrutura imobiliária rural do País, e dei xa o caminho aberto para a implantação de um sistema inlt:inlmentt lgualilário no campo, pcnsoque, desde a lnde-
REFORMA AGRÁRIA Fatos recentes da agitação agrária no Brasil • Proprietário á proibido de circular na própria fazenda O proprietário da Fazenda Colorado, em Conceição do Araguaia, no sul do Pará, de<:tarou que "atravésdalustiçanlo ~ ron~gue roibir a invasão de terras na r~iâo do Bico do Papagaio".
Eleiráa Brasíliaa fimdepediraintervençãodoMinistérioda Justiça para retirar os 74 invasores de sua fazenda, os quais-segundoafirma- "e-stloinsuflados pda Comiss.fo Pas1oral da Terra". Asinvasõesnafazendacomeçaramhá mais de um ano, e, desde então, o proprietário \'em tentando uma solução judicial sem êxito.
Omaisincrivel, por~m,éesta revelaçàodofazendeiro: "Hojeos posscirosestão armados r me impedem de circular na minha fazenda , como também não permi1em o trabalho das oito faml1ias que mantenho empregadas'' ("O Estado de S. Paulo", ~-6-86, negrito no1So). Parece incrfrel que um proprietário seja privado da liberdade de ir e vir na pró-CATOl.lC!SMO-Mlll de \986
pendência, jamais es ti,·f'mos na perspKlh'a df" uma transfo rm açio df" mais profundas consf'qüê ncias sódoKon6micll!I. Não foram de akanct maior a Abolição. a Rcpllblica, a Revolução de 1930, com a conseqüente derroca· da política da aristocracia rural, ou a revolução industrial tão fortcmcn1e acelerada a partir do go\•erno Getúlio Vargas. Nem o Golpe de 64. Considero, pois , in1eiramcnte inco ngru enl e co m a Abf'rtura , que o ExKutivo opl'n' tão grave reforma quando apl'nas poucos meses nos separam da l'leiçiio da Co nslituinte. Pois seria natura l que sobre tão magno tema, as decisões fossem tomadas diretamente pelo po vo, e não por um Legislativo que não faz senão representar o povo, com as fa. lhas e lacunas increntes a tudo quanto é humano ... máximc em matfria politka. Como não consultar a própria Nação, prC'Via e diretamen1e. sobre a Reforma Agrária, quando tão normal ocasião se apresenta para isto?
5.- Abertura continua Janao? - Pelo contrário, tentando impor ex aucroritalc propria a Reforma Agrária promulgada pelo regime milltar, nas vésperas de uma grande eleição, o governo age tiranicamente. Dado, por sua vez, que o Estatuto da Terra do regime militar se inspira nas intenções agro-reformistas de Jango, é jan1tuls1a a Reforma Agr:iria da Abertura. O que, positivamente, não se esperava dela.
6.- Reforma Agrária: "Cano de Tfvólwr" na fronll' do fa:rendeiro - Falei pouco antes do debate pré-eleitoral, e da liberdade indispensável para que ele produza frutos autênticos. E' o momenlo de relacioná-lo com o tema agroreformista. Ao longo de todo o periodo pré-eleitoral. os fazendeiros do Brasil - mediaia ou imediatamente sujeilos ao pânico do confisco - 1êm ipso facto encostado na fron1e o "cano de rl"·ólve r" pskológkoda desapropriação de suas terras apreçovil. E, pois, os que se levantam contra a Reforma Agrária, mais do que ninguém se expõem ao risco da desapropriação confiscatória. O qu e lhes resta, assim, de li vre parllcipação no debate el<'lloral! A pergunta faria rir. se não rosse dramáliea. 7,-As lnvasôesde1erras,plebisci1oafavor dos fazendeiros - Aoomecc que esla classe tem um peso eleito ral muito maior que o da simples so ma num érica dos ,·otos de 10dos os faundeiros f' de suas famili as. Com efeito, em seu conjunto, as in,·asões de tura 1êm ,·alido por um ,·erdadeiro plebiscito contra a Reforma A1,tríria. Pois, todas ou quase todas as invasões noticiadas pela imprensa resultam da ação dedtSO rd elrosextrinsecosàsfuendas. Nuncaouquasrnuncadare.-oltadoscolonosoodosbóias-friasquc:trabalham na fazenda. O que demonstra, com clareza de cegar, que
priafazenda,deondefoibrutalmenteexpulso por agitadores. Surpreendem também as delongas do Poder Judiciário quanto à reintegração da posse. Mais espantoso ainda é o fato de invasores se transformaremem"piquetciros",impedindo de trabalhar na fazenda os próprios emf:e~f~i~~sa agrária a todo o vapor!
e
"Pega-fazendeiro"
Conforme denúncia do pecuarista Roberto Junqueira de Azevedo, o Bispo do Acre, D. Moacir Grecchi, es1á ensinando técnicas de tocaia aos seringueiros daquele Estado. Formaram-se, assim, grupos de ué 30 pessoas para emboscarem empregados e administradores de fazcnCATOlltlSMO -
).flo de
\986
Tfina habitualmente a harmonia enire es1es e os fazendei ros. Oc onde se explica a natural c tradicional iníluência dcstesúltimos. Toda essa imensa legião de: agro-brasileiros é normal que se sinta constrangida, coarctada, ameaçada se, ao intervir no debate eleitora[, não puder propor e defender livremente a abolição da Reforma Agrária (Estatuto da Terra e PNRA) pela Constituinte. Ora, a Reforma Agrária - prelúdio inelutável das Reformas Urbana e Empresarial - é a grande questão do Brasil destes dias. Se ela ficar à margem do debate eleitoral, ou se, entrando no debate, não hou,·et possibilidade de o Brasil rural se manifestar longe do "cano de TfVÓlver" da ameaçatremendadoconfisco,qualaautenticidadcdapróxima eleição e da Constituição que se lhe seguirá?
8. - Pedido ao Presidente Sarn e,· - Para que sobre a futura Constituição não fique projetada esta sombra, meu pedido é de que, em um gesto liberal (no sêntido um pouco arcaizante, mas limpo e bom da pa!a.-ra), o Presidente Sarney: a) suspenda.desde fogo os confiscos admllfdos pelo Estatuto da Terra do regime: militar, e: no Plano Nacional de Reforma Agrária aprovado por S. Exa., e ptrmita assim aos fazendeiros, co moaosfraba/hadoresrurais, odebate/1.-re sobre a Reforma Agrária. Esta suspensão deveria durar até que a Constituinte deliberasse sobre: o assunto; b) para maior garantia da autenticidade popular do que esta última deliberasse sobre Reforma Agrária, lo&o depois de tal deliberação (e enquanto a Constituinte passa à analise de outros temas), o Go,·crno co,n·oquc um plebiscito Pll· ,. ronsut11r diret1mcnte a Naçlo sobre se está de acordo com o decidido por seus representantes. A consulta plebiscitária imediatamente subseqüente à aprovação de leis imponantes é medida preconizada por numerosos constitucionalistas, e adotada por paiscs dc uma organização política inteiramente consoante com os princípios que no Brasil inspiraram a Abertura, como é o caso daSuíça. Nestas condições, se: a Reforma Agrária confiscatória for aprovada plebiscitariamc:nte - violando o 7? e o 10~ Mandamen1os da Lei dt Deus que di:tem ''Nio furlarás'' e "Não cobiça rás ,s coisas alheias", e com dano social e econômico irreparável para nossa Pátria - pelo menos o Presidente Samey não será só a ca rrcgar peranlta Históriaa terri• ,·c1 responsabilidade por essa ea1ástrore. E - pelo menos aos olhos dos que acreditam que a .-ontadc popular vale mais do que o próprio Deus - sua posição será objeto da geral admiração. T,anscritoda"FolhadcS. Paulo",dc20-6-86.0ldcstaqucs =net;ritoc0$ i ub1ítulo1s.ãodcstaNliçlo.
das, as quais in.-adem em seguida ("O Globo", 27-5-86). Parece, pois, estar em marcha no Brasil a operação "pega-fazendeiro" que Frei Oodovis Boff, assessor pastoral de D. Moacir Grecchi, considera uma "forma ooncrera que toma a fé nas CEBs cm ,ermos de mobi/izaçào Ji/J(':r1adora" (r:fr. ''As CEBs ... das quais muito se fala, pauco se conhece - a TFP as descreve como são", Plínio Corrêa de Oliveira, Gustavo Antonio Solimco, Luis Sérgio Solimeo, Ed. Vera Cruz, 198), 4 .• edição, p.194).
~guir-sc-ão ao awal brado-slogan "pega-fazendeiro'' os de ''pegacmprcsArio", •·pega-indunriaJ", "~alocador"? Nesse caso esraria em curso
uma insurreição nacional, cujo impulso inicial foi dado pelas CEBs.
e
Escravizar e agitar indios
Em telex ao Ministro da Justiça, Paulo Brossard, a Associação dos Criadores de Gado Nelore do Brasil acusou o Bispo de Roraima, O. Aldo Mongiano, de orieptar os Padres da diocese a "entregar armas aos índios e instigá-los contra civilizados para derrubar cercas, incendiar casas, envenenar gado e ameaçar de morre pequenos e médios agricu/rores". Afirma ainda a f'ntidade que os Padres obrigam "índios a extrair ouro e minérios no regime de escravidilo branca", os quaissãoconuabandeadosparaaGuia-
na. ''Osindios -prossegueotexto- vivem na mais exuema miséria". Segundo essa denúncia, inquérito policial instaurado pela Secretaria de Segurança de Roraima constatou as ações ilegais do Bispo e dos Padres. A&itaçãoagrária- autênticalutade classes - não é a única que emerge da questão indígena manipulada por missionários-agitadores. Estimulam também a luta entre índios e brancos, apresentandoestes-cominjusta edescabida generalização - como espoliadores, réus de genocidio etc. Causa pasmo portanto a atitude contradilória desses cclesiásticos progressistas: de um lado, exaltam a vida tribal como um modelo para a nossa sociedade; e de outro, escravizam brutalmente silvfcolas, a crer nas graves acusaçõcs formu]adas ("Jornal do Brasil", 26-5-86).
e CPT • Invasões O padre apóstata Renier Parrcn, coordenador da Comissão Pastoral da Terra no Oeste de São Paulo, éo principal Uderdas invas~sdeterra na região. Casado,suamulherMariaLúciaEspicaski e a cunhada são funcionárias dessa Corais.são. O escritório estadual da CPT funciona numa das salas externas da igreja matriz de Nossa Senhora da... Graças, em Andradina. local onde freqüentemente se
articulam acampamentos e ocupaç~s de terra ("O Estado de S. Paulo", 4-5-86). É a...sombroso constatar a ação impune dessc sacerdote casado, mentor de invasõcs, trabalhando num organismo eclesiástico juntamente com a esposa! Não é, porém, o único caso de incitamento à Reforma Agrâria por pane da ''esquerda católica" no oeste paulista. Segundo o pecuarista Plínio Junqueira Júnior, os acampamentos que C)(istcm hoje nas rodovias de Teodoro Sampaio constituem "uma açilo planejada pela ala esquerda do PMDB, pela Comissilo Pastoral da Terra, PT e alguns deputados da regjào''(''Gazeta Mercantil'',23-4-86).
e Reforma Agr/J ria " na força • no braço " Cerca de dôis mil dos chamados "sem· terra"-entreelesinvasoresdafazenda Annoni - acamparam ao lado da sede do INC RA cm Porto Alegre para exiJir que o Governo apresse a Reforma Agrária, a qual eles prometem realizar ''na for. ça e no braço" ("Jornal do Brasil", 2-5-86, negrito nosso). Durante cerimônia litúrgica no local, O. José Gomes, Bispo de Chapccó (SC) e presidente da Comissão Pastoral da Terra -CPT, elogiou o movimento afirmando que os acampamentos são " um dltti10 sagn.do que deve ser apoiado e nlo re-
Que surpresa brotará no meio da confusão? COMO É NATURAL. cm torno de assunto tão imponante como a Reforma Aarlhia - o qual envolve questões de índole religiosa e moral do maior alcance, e também problema:i; sócio- cconõmicos absolu1amente fundamentais para a vida do Pais - esté havendo muito desacordo e muita confusão. Também é natural que, problemas de alta plana como esses, se entrelacem com outros de caráter estritammle político e panidário, de nivel intrinsecamente menor. Mas que descarregam no debate sobre a Reforma Agrária todos os fatores de paixão pessoaJ e de competição que tão frcqücn1emcntc - e nocivamen te - inrerfcrcm nas ques1ões panidérias. Entidade apolílica e extrapanidária, a TFP não se envolve nCSKS últimos aspectos da questão agro-reformista. Não tem ela, ponanto, intenção de combater nenh uma pessoa, nenhum partido, a não ser aqueles que, por seu próprio programa, são especificamente o oposto da entidade, como por exemplo o PCIJ ou o PC do B, e os corpúsqilos comunistas de cunho 1errorista.
...
Esta Sociedade não pode en1retan10 deixar de auinalar, a propósito da controvérsia agro-reformista, que um dos pontos mais confusos do panorama nacional é, no momento, o problema das relações entre o Estado e a CNBB. O ministro Nelson Ribeiro era manifestamente uma pessoa da inteira confiança daquele organismo episcopal. E sua retirada do Ministério parece ter uaumatizado a CNBB e trazido para os setores de opinião opostos à Reforma Agrária um tal ou qual desafogo. Mas esse desafogo foi Jogo e gravemente prejudicado pela nomeação de um minisuo da Reforma e do Desenvolvimento Agrário, do qual todos dizem que foi compomente do MR-8 (cfr. Suplemento A1rícola de "O Estado de S. Paulo", 4-6-86). No momento em que o Chefe de Estado declara querer l rabalhar em prol da aprollimação cnn e as classes sociais e da boa ordem no campo, não se com· preende bem como S. Excia. lenha ido procurar justamente um ex-terrorista como denominador comum entre as classes que ele quer aproximar. A TFP pensa que se deve manter em atitude de alenta e)(peclaliva, para ver ao que essa nomeação dcsconccnantc poderá conduzir.
primido pelo governo", pois se trata de um instrumento para "agilizar" a reforma (''Jornal da Tarde", 3-5-86, negrito nosso). Mais tarde, o mesmo Amistite defendeu expressamente "o direito de os trabalhadores sem-/erra (... ) ocuparem terras de grande extensão" ("Folha de S. Paulo", 3--6-86). E instou os "sem-terra" das comissões agrárias organi1.adas pelo Governo a articularem mobilizações no sentidode"inibir aaçAodos pro prictá· rios r ur ais'' (''Gazeta Mercantil'', 21-5-86, negrito nosso). Eis ai o ideal de certo agro-refo rmismo ret ratado por inteiro: a viol~ncia das invasões seria uma forma licita de pressão sobre o Ex.ccuth·o e o Judiciário, enquanto a ação dos legitimos proprietários na dcfesade seusdittilosdeveriaserinibida ou reprimida ... Aberrante contradição!
e
Invasores •• vangloriam de estar "con q uist an do" pela for ça .. . Assim alguns concebem a Reforma Agrária: Vejamos o que os chamados "sem terra" confessam acerca da própria atuação: ''A Refonna Agrária da 'nova república' é só propaganda eenrolaçlo. Eles só vào desapropriar se nós fizermos muita pres-
são bem organizados (.. .). Usamos doi5 tipos de pressAo: I .0 acampamentos e 2.0 ocupação de terras. "A1r11vés de acampamenros e ocupaçôcsjá. conquistamos mais de 70 assentamenros (. .. ) em doze Estados" ("Terra nãoseganha,seconquista'', Caderno de Formação n~ 9, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, pp. 5 e 7, abril/ 86). Ao que parece. eles estão seguindo ao péda letra o conselho de D. Ivo Lorscheiter, presidente da CNBB, o qual se declarou favorável aos acampamentos, "como forma pacífka e /eg(rima de ocupaçao de áreas pelos sem-terra" (''O Estado de S. Paulo", 30-5-86).
~AtoUC!SMO _ , PoolOConb<lclltllol'W>o Jlnta.._..i,ol, T•ka.oT•k.- - R,.;,. t.ado,uDU -sl'oobo •' ll.14 _ ,R.,.i,1..,..frun,,:o,66' - 0lll6 Sio-Pan,l,o,SP,._.. _Goo<..,._,1,-,-Z110D - Campoo. U ....,_, RNM...,.f•--~-Olll6 -
SioP•olo,SP-Tdc((IIIIUI .JHS{l ?H)
~~~=.~:.~~=-~ J:-i:"oã"",li'.'r:.. C.lf\oa, -
:rs: ,., ..
CATOUCISM0-J.hde1986
TFP em defesa da propriedade rural MANíENOO-SE cmitamcmc
emsuaposiçioapoUtkaeutrapanidári.a, a TFP '"ffll promovmdo rom grandc bito oonfe~as
homms do campo cm diver=Attornomcnto,maisdc70exrc&iõcs do Pais.
pan
posiçõesj.1.fora m realiudascm
dc dczu nidadesda Ftderactoe ruresultadosobtidostbnsidoos
vm1desen,·olvendocmdefcsada propricdadeprivada,sefeznotar aindamaisinten=entenasúltimas5CITlanas. Taismato!riaspublicitli.ri.upulularam cm ôrairu de imprenr.a de vii.rias re1iõesdo País. A todas a TFPopôscris1alinosecatt86ricos desmentidos.
mcl horespou!vcis.Os exposico-
res têm encomrado, demodoac· ra!, cxprcuivoapoio. Dentro da
confusão quccaracterizaoatual mom cnto nacio nal,vcmassima TFP csc!arc«ndo numerososfa, zcndeirossobreoqueébemexatamcnte a Refonna Agrária, o quca distinauedasinvasõesde
terras , eoq ucvuamos pare«· rndosjuriconsultosc.dmioscomo~os Profs.SilvioRodrigues e Orlando Gomes, documentos cs.sc:squcaTFPj.1.divul&ou.•P"· dido~fa.zo:ndo:ir0$cà$expen51,s dc:;tes,em63jornaisdc l9E.5ta-
O " Jornal do Brasi l" , de 6-6-86.publica,emsua secção de cartll.!, comunicado da TFP, do
qualtran=evemos a sc1uiros principais excertos: "Tendo esse jornal publicado em suacdiçãodc24-5 notícia a respc,i1odeumcomunicadoemi1ido pc,!a Federação dos Traba· lhadores naA1riculturado Rio Grande do Sul {FETAG), assinada por seu prtsideme, sr. Ezídio Pinheiro,aqual lançauaveseinfundadas acun1çõcs contra a TFP ,oS~rviçode lmprensadestaentidade apresentaao pllblico ruseguintesesclare(imentos: (,,,) JV - O documento da FE· TAG aprcsentaaindaacusaçõcs
EMBORA CONTRARIA à cen•ura oficial, certa Imprensa tem ~•ur• Interna ... por exemplo, contra
•u•
a TFP.
E que "tnourão" usai
d~.
NCS5Coontatodiretocomosfa-
NA lMPRENSA, pablkoll-se l'ttHICIIIHle COllll'II a TfP:
undeiros,nota-scmuilocomoa classcruralsctncon1rap0ucoin• formadaarespcitodtat,unsaspcctos muito importantes do probltma aaràrio. O resul1ado ê que os a&ricultorcs r«cbtm com sim• patia,quandonãocomsof~1ui· dãoeentusiasmo.ospronuncia· mcntoseesclarecimmtosdaTFP. Tais,:sclartcimcntossãoapre• sentadosp0r e.,,p05itoresbascad01fundamentalmentenasobras "Souca16/iro:pos$O$tfCO/l/raa reforma agnlria?"( \98l .4 cdições . 29 mi l exemplares) e "A proprirdadeprivadaealivreini• çia!i vanotufiolllfO-rtformisra" (l986 , 2 cdiçõcs, l6 milexcmplar,:s), ambudeautoriado Prof. Plinio Corrfa dcOlivtiracCarlos Patrkiodel Camp0. Esseslivrosconstituemosdois lancesmalsreccnteseimp0r1an• 1esda TFP nalutaaiaantcsi:aque há2Sanosvemelat rabandoem favordoprincipiodapropriedade privada. especialmente no =po. Masatentativa,cons1anteem certos setores aaro-rcformistas. dedene1rira TFPa1ravtsdtentrnistas, informaçõcseno1icias tendcnci= e ato! mesmo abertamente calunio~, e deste modo prejudicaracampanhaqutesta
-
CATOUCISMO- Mlo óe 1986
''AI rnçkscoaln o ~ dr ttforma a,;ri.ria veados ·w-
t.ellpolTP(Tradiçio, Família e ~ ) e UDR(Uaiio ~ ~ ) ( •••).A UDRe 1TfP tmtam f1UTcom q11t o fllrilaoe o wnorisma mlprrta', IICl&50II oawa (20-5,..86) o $apffl111NK1n11C rtgio11al do 1......,. em Sio Paulo, Joli Oy Veip". Eaúo .,,_.., folcorudaa ro!plicaronapo11ck111t da n ·p, mvUldaal111visckldiex: "Rnpolftlo Pfia TH', ckdara o Prof. Pliaio Corrb de OUl'dn. F.,,,. tlbpfJtdt pro~-.sst1perabu11d1111fes dt que jamMs dtu qulquer apoio 1 0 f!IKÚJDO e ao nazismo. Allis, ,·irlos pnkt · tadoquedtpois,lria1JW1TFl'jicolabonu1m11almprttt• u ca/61ka ao tempo em qae o fasd5mo , o 111.iismo es11,·am Nlf'Oltllt'.,_ÓfJlosoombarHam amaeoulra itholoRI•. Q,,HIO. dedanrlo. q11e. Tf1' 'leal• fUffCODI que o ltf'• rorlsmo , - ~·. desailltlNI do modo 11tllh n1ttf6rko. "0 &ull 111tlro :11bt 4'ff • TFP r l11nd111tHtW-att ordri111e i11fn,,a 1,an,~ tkqulqllff fonn•de t1olh,cg. EJa·
m-"aJ111atmC01154uiddtm.....,.rauJ11/drlo. "Futt--iesu~oimporolem dfft-ef'ao11freldo .d11-
plário. E - ~ d e W . l'oi.1palemia1Tflle>'Mlllll_,,,e o~dfJCO#Sd.lloNarloaaJU TFl'raSuperl•ltnden· lt llo IKn na IIÍl'N de JIHllarória lltlff8 da Reforma A,drla, .t6 pode adffS 0$ . _ _ t peni,rlnr • IHU IW(I' n.tfX}I. E
r•.
•
m11ru p,,ne, -
n'C'1UO •
raJ".
Por•• ruio ..Catollrisao" nio p11blics o -
.......
•
do 6'Jio
•...,_.Cftlllf1Ulk?
Ú. . . t Hdu6vaanle por do ndlcdbar *-ah nll COII•
MIPIO ,..._dttpriaa a bali pntdhlcia "pro boao P•· ds". Mas, drpob dbN. alada sr dlri eo• fiStOllomb nllTIIKII• da,qMaTFPiradkaltCJLtnmlfda.
c...-•-~••_,....•dlz~ojenadbdo•l•050
PCB, . . an,tll PC do B c l o ~ o MR-1.
inteiramentcinfundadascdescabidas contra a TFP, por exemplo: \ . QueasaçõcsdaentidadeK caracterizam pela 'implantação dtid6asinconftssáseis,espúrias etotalitli.ri.l,!{... )qucnão1o!era eexluiodireitodasclassesmenos favortcidas'; 2. que a ' TFP cst.tprepndoodivisionismo das classes'; 3. que Oli sócios~ coo· pcradoresdaentidade'nàodesejamaimplantaçãodaverdadei ra justiça50Cial nocam p0' Aessepropósitoi mportadizcr que: l. A TF P reputa a Reforma Agr,riainjustacnociva ao Pais Emvistadisso,aen1idadeplei1eia a revo1açào de ta! reforma J)Or mcioslepis,comoseriaatravés da Constituinte, ou mediante a derrogaçàodoEstatutodaTerra cdalcgislaçloaa;ráriavi1emc,e umaposteriorelaboraçãoesançiodeou1raltiordinAria(is1oi, s,cmcaráterdepreccitooonsti1ucional)q ue,ic,se regulamentara matêria. 2. De nenhum modo a TFP aconselhaqueseoponharesistênci.acontra05qcmescredenciados doPoderPúblico,incumbidosde aplicar a lq:islaçãoda Reforma Agrária.querKjamagentes civis, quer militares. Convém acentuar que ainvasãodeterrasé uma açlocrími nosa.proibidapor!ei,conform e jávimos.sendolicita aresistênciacontracla. Pelo cont rário, a Reforma Agrária é pre(eituada por lei , e portantoresistirpclaforça às autoridadesqueaapliq uem,constituiai;ãoevidememente ilegal.E comoépúblicoe notôrio, a TFP se abstém iistematicament~ de praticarqualqerilegalidade. 3. Se um determinado fazendeiro julpr que a Reforma Agrária estli. sendo apllcada, no .caso específicodclc.demodocontrário à próprialei,resta-lhcunicamente, segundo a TFP, apelar para o Poder Judiciário. E de nenhum modode>·cclcrecorrcrã "iolência.oqucscriae>identementeumaaçlocriminosa. 4. Em face ck$sa pmiçlo assumida por nossa entidade perante oa»unto,toma-sepatente agratuidadede1odasasacu!aÇÕesacima enunciad.u, como tambc'm o
-
nacdiçãode23·5-86editorialdesairosoeinveridicoarespeitoda TFP,sobotítulo''Terraparaos quepodemutilizá-la",estampou em9-6-86nasecção"Opiniàodo Leitor"umcomunicado,noqual aemidaderefutatodasasacusaçõesdequc foi objeto. Abaixo apresentamosaíntesradodocumento:
únicoeverdadeiroobjeti rn v11a do por d a nesr.e terreno: assegurar a paz social, a autêntica harmoniadasclasseseapros~dade individualecoletivanoplano agrícola. Objetivo qu e a TFP, desdesuafunda<,ão,há25anos, quandolançouo'bcót-seller''Reforma Agrária - Questão de Conscifocia·.vemprocurandoalcani;aratravésdemeiospadficos elegais,comoocomprovammaís dequatromilcanasde prefeitos, juizcs.delegados e outrasautoridades municipa;s. atestando a atuação exemplarmente ordeira da entidade .. ,
Em Goiás Também "O Popular''. & Goiãnia,publicoudesmentidoda TFPemsuacdiçàode7-6-86.sob otítulo"TFPsedefendedasacusaçõesdeNdito",Delereprodu~;:osostópicosmaisimportan"No mesmo dia 23-5 em que 'O Popular' divulgava declarações infundadas do sr. Nelito Brandào.Sccretáriodoimerior deGoiás.arespeiiodaTFP.esta difundia um comunicado de seuServiçodelmprensa,pubticado na 'Folha de S. Paulo'. Estasimultaneidadededivulgaçõesevidenciaqueodocumcn1odaTFPnãofoi redigido com vistasàsdeclaraçõesdoSr.t-/eli10 Brandão. Este apoma como rc:;;1xinsáveispe[oclimadetensilo vivido no Bico do Papagaio, de um lado, os Partidos Comunistas,oPartidodosTrabalhadores ealgrejaapoiando,quecontariam com elementos infiltrados nomeiodosposseiros,procuran· docomurbaraordem.E,dcou· trolado.se encontraooutroex tremo,aSocicdadeTradição,Fa míliaePropriedade(TFP),cujos militantes estariam arrecadando rccursosfinanceiroscomodaro objctivodecombatertodo e qual quer tipo de Reforma Agrária
ApesardeoreferidodocumentodaTFPnàoter vi sadorebater taisafirmações doSecreláriodo lnt eriorde Goiás,comofoidito acima,noemamo.váriosdeseus tópicoselucidamassun1osquese relacionam com as mencionadas declarações(*).( ... ) Ostópicruacimareproduzidos sãomaisdoque suficientespara evidenciarsc:rinjusta e descabida a equiparação que o sr. Nelito Brandão fa~ entre o, Panido, Comunistas e a TFP. Não sabemos de entidade no Brasil que apre,enteprovamai,patente de contínua serenidade e legalidade de seu procedimento como a TFP.Serenidadeekgalidadeestasinalteradas,mesmoquandoa entidadetemsidoalvodeestrondospub!icitáriosdeviolênciaincomum.Apesardisso,0Secre1áriodolnteriorde Goiásconsidcra, de modo infundado, a TFP umadasresponsáveispdoclima detcnsãonumaáreadesseEstado,juntamentecomosPCseoutrosorgamsmos ... Porfim,convémfrisar,nãotemos conhecimento de qualquer entidade emnossoPais-eobviamente incluimosnissoassupra referida, organizações - que pos>a comprovar de modo tão concludente como a TFP, ocunhoordciroelegaldetodaasua atuação. JulgamosimperiOSQ!evarapúblicoaspresentesconsideraçõcs, tendo emvistaoperfeitoesclarecimentodamattriaaquefazjus asimpáticapopulaçãodeGoiá.5".
Na Bahia Porsuavez,o jornai "A Tar· de",daBahia, tendo publicado
{*) Nossos leitores já tomaram conhecimento deste documento naediçâodemaiode"Catolicismo".
"Tendo'A Tarde',emsuaediçâode23demaio,publicadono editorial 'Terra para os que podem utilizá-la', refer<!nciasàSociedade Brasileira de Defesa da Tradiçào,Fam,Jia e Propriedade (TFP) - que esta não pode deixar passar sem réplica -aemidade leva ao conhecimento do cultopúblicobaianooquesegue
1. Ao ocupar posição saliente naaw11/campanhacon1raareformaagráriasoci11/istaeconfiscatória.aTFPnáo 'ressurge das cinzas', pela simples razào de que.desdesuafundaçãoem1960 atéagora,esuveclaemcontfnua atuação pública por meio da divulgaç;Jo. em todo o território nacionaJ,deU/ivros e ensaios,quase lodos com tiragem de dezenas de milhares de exemplares, bem como do mensário de culmra 'Cato/iâsmo', como tam bém
atravésde conferênciasecampa· nhas públicas rea/iz.idas porca· ra,·anasdesócios e cooperadorcs. 11squaisvêmpercorre1Jdoemrodosossentidosnossoterritório Aliás, durame todo e:sse tempo, vemela sendoobjerode ruidosos
araqucsde órgàosde csquerda e centro-esquerda, com os quais tem polemizado de modo íncesS.'lllte. Espanta, pois, que um editoria/islll, rendopordeverdeofícioesrarínformadodarealidade
nacional,ignore1odos es5esfa1os atalpontoqueimagine teresrado a TFP dcsfeíra em cinzas duranre certo período 2.Oqualificativode 'inrrigante' atribuído à TFP é perfeita· mente gratuito. Tomada a pala· vra'intriga'em seu s,,ntidona/U· ra/ecorrenre,aentidadecomesra do modo mais categórico que 11/gumavezrenhapraticadoessa espúria forma de açAo. A ral pon· toque convidado a dizer como,
quando e onde a TFP se dedicou afazerinrrigas,nadadeconcre/0 o edítoria/ís111poderá alegar. Sem dúvida, terá ilaqueadosua boaféa/gum ... inrrigante. J.O«iitorialistaigualmenteestámalinformadoquando11.1scveraqueosluminosospareceresde figuras exponenciais do mundo jurídico foram difundidos pela TFP 'emjornaisdoSu/do Pais', insinuandonàoreremsido,porranto, publicados em órg.los de imprensadoNorte eNordeste. Narealidade,foramraisdoc:u mentos tambtm publicados nos seguintesórg.losdessasrcgiõesdo Pais· /. 'Diário da Tarde', J/héus (BA), 39·1-86. 2. 'Impacto', Camacà (BA) 15·4-86. J. 'Jornal de Sergipe', Araca ju, 5-2·86. 4. 'Gazeta de Alagoas·, Ma ceió,2·2-86. 5. 'Diário de Pernambuco', Recife. 21-2-86. 6. 'Correio da Paraíba', João Pessoa, 7-2-86 7. 'JornalPequeno',SiioLuís, 2-3-86 8. 'lornalde Sanrarém', Santarém (PA), 9-3-86 9.'OLiberal',Belém,16-2-86 4.Porfim.fatode aquelcspareceresterernsido'ernitidossobre
casosespecificosemlocomoregrageral'.nAovemaocaso.Pois demonstradoaa!gu1Jsco1Jsulen1csfazendeirosquepodemresis-
riràmAoarmadaaquempraifra contrae/esocsbu/hodasrerras, qualífícado,aliás,comocrime peloarcigo 161,parágrafoprimeiro,incisoll,doCódigoPellal,os pareceres concorrem para manter a ordem e criam obstáculos á açàodosquecome1emtaldelito. E t:, porlllllto, salutar o efeito dessa publicação. Os mellCÍOllados documemos foram redigidos realmeme com vístasacasosespecificos.Masos ptillcipios neles primorosamenre exposros,enosquaisospróprios pareceres sebaseiam.sàocxtensi>-osa rodas as situações análo· gas. Peloquesuapublícaç;Josó pode ser esclarecedora e útil pa-
raaboaorienraçàodacontrovérsiaagro·reformista".
TFPs em ação Argentina: apelo aos Bispos silenciosos BUENOS AIRES- A propósito da C\'entual introdução do divórcio na legislação argent ina, o Ca rdeal Pri matcsta.Arccbispo desta capital,volcouaafirmarapo'iiçãoabstcncionisrndoEspicopadonadiscussão do 1cma. Falando à imprensa, por ocuião da ~2 ~ As~mblêia Plenária do Epi$Copado, declarou clcquc "Op;Jrlamcntot/ivrcea seus membros incumbe a responsabilidade de~ uprtua, ... Por sua vez, manifõ1ando perplexidade a me 1al pronunci amento, a Sociedade Argentina de Defesa da Tradição, Família e Propriedade publicou matêria de pãgina inteira no diãrio ''La Nación". Depoi!> de anali sar o andamento da ooncron' nia di,·orcis1a, amplamente dinilgada pcla imprcma,aTFP platinacltpôe suapropostadcrcalização de um plebiscito para que a naçào po,ss.a .se manikstar autêntica e li vrcmentc. Desde que essa consulta popular atcnda a todos os rcquisi 1osdcimparcialidadc e sericd ade,opovoaraen1ino,católicocporisso antidovircista,dirámajoritariam enteummloaodi•·órcio,sustentaa TFP argentina O documento apela também aos Bispos silencioso!l para que façam ouvir suas vo1,es cm defesa da inMiwição da familia . neste momento decisivo e trágico na História do país.
Chile: " A revolução joga suas cartas " SANTIAGO - Há ,·:írios ano, ,em• dtw-nrolando no Cllíle uma onda dt proteslos nos col<'Jlio,, nu unh·enid ades, com dHdobl'llmtntos nas ,·ias pública,. Nes.secaos• parente,e ntretan, tn, f po.,1údtncon1rarumfioeondu1 or:aartlculaçiodeuma minoria tentando oconlrole 11•kológko de toda a naçio. E~aml nando os mais re«ntes lances dessa o~raçio de guerni psicológica re,·oludonária, a Comissão de Estudos da Soc iedade Chlltna de Ddesa da Tradição, ~·amília e l'roprk dade elaborou um substaodoso ensaio que auba de ,·ir a públko sob o título "A Rero/uçjoJoga SU/1!; carias". T111t•-• de om doS5ier de 150 págin as, leito com base em nolída5 da Imprensa t tambim em depoimenlo• gruados de 1estemunhH do5 fatos mais sinlom6t kos dts.Sll mon11gem an iculada do caos. Para podtt"a,·ançar. o comunismo tem con tad osobttludocom a lnlltnuldade dt "inoanlcs útris" t ''companhfirm de ,iagtm'º. Tal ln11enuidade lhe ~rmite u1mzu. co mo ,;t fossem can as de baralho, tlementos que acttditam ou fi n1:em acreditar que lluam li,·ttmtnl t, Éocaso dat"'lut rda ••cat61iu",aqualfunciona no Chile à maneira de um corini,:a do banlho: tem um .-alor muito csptcla l e t rese n·ada pa111 as jogadas decis l,·as. Alémdi sso,a utmzaçâodeboatos 11aracriarp Anlconapopulação ui se 1orn1ndo cada ~u mais frcqücnlc nos mais divt rsos pontos do Chile. Apontando~ 11nalo1lla com a "Grande Prur" dat·ranç• del189,oli.-rocita.cntrenumerososut mplos,oca so dta lgum as m:its,na~riftriad eSantl ago, queangu stiosamtntt dMam ter ou,·ido, º'debo1 fonft'', que crianças esta,·am se ndo conduzidas SKrelamcnle pll'll oi Estados Unidos, como pagamtn lodadi,·idaexierna ... AComlssãodtEstudos da Tl"l'chilen att~ahaque,ataca n• doaesquerda esuas maquinaçõn. noiu e:s1,por lsso aderindo integral e íncondicionalmt ntt a estes ou aqucltS que a rsq uerda atau.Quantoaosobjeti,·os,isados,assinalamosautottsn.iio ttttm em ,lsta udush·amtntt o paS5-lldu e o p, -nte: " 0 passado J• r.s1~ incorporado J História, o ptt5t'n fe e~,~ injt'rido na polffka. No.uodoffierlrmos o/hos posfosnofuluro".
Alerta ã Espanha narcotizada MADRl - Por ocasião do 4? ano do iioverno socialista, a TFP espanhola deu a público, em seu boletim "Covadonga lnforma .. , substancioso comunicado no qual analisa o dcsmamelamento moral e espiritual do pa(s.
CATOUCIS!JO- Jutode 1996
Aprcsentandoumbalançodosprincipaisfatoresdedcsagrepção, odocumemoassinalaoaumemoespan1osodadissoluçàomoral,fa'"ºrccidaporpr0Jramaspornográficoseanticatólicosna1elevisào.bem como a proliferação de roubos sacrilegosrprofanaçõn. Entrees1as rcferC·Seespecificamenteàbrutalagressãoporgrupospunkiesaosparticipantesdeumat radicionalprocissãodaScmanaSanta,emPamplo· na.Alémdlsso,sloprópriasades íiguraroperfilca16licodaEspanha asfacilidadesconcedidaipelogovernosocialistaaoaborto,àcutami•ia, bem como as medidas asfixiantes com que limita o ensino particu· larealivrtinicia1ivanasati,·idadtseconômicas. Sc,m esboçar rea!i\'idade , domin ada por uma forma de apatia como ade um indi>"iduonarcotizado,a Espanha oferece um panorama de ifavidade 1,em pre«dtmes. "Uma &panha narcotizada nlo é a YCr~:!~~~0~panha; é o comrário da Bpanha", diz textualmente o doCon,·idando os católicos espanhóis a dcspertllrem, alertarcm c dcsnarç01izarem tantos e tantos que dormem o sono do otimismo e da indiferença, o documento conclui implorando proteção a Santa Maria do Pilar e ao Apóstolo São Tiago, padroeiros da nacãocspanhola.
África do Sul: apelo contra o boicote JOANESBURGO - A a.\.SOCiação Jovens Sul-Africano5 por uma Civilização Cristã - TFP. publicou nos jornais "The Citizen" e º'The S1ar",des1acapital, apelo aos Bi,;poscatólicos dopa(s, reunidos em Marianhill, nosenti~ode nãoapro,•aremdocumen!opropondoodcsin,·estmct11, modalldade deboicotcfinanceiroàAfricadoSul. EssaintervencãodaTFP!e,·oucrnconiaocon,·iteformuladopelo Episcopado, no1,entidodequeopúblicoman ifestas!lt suaopiniãosobre o tema. Scaundo a TFP, as sanções apontadas trariam n=sariameme o desemprcgo, atingindo em especial o sc1or ncgro e criando assimumasituaçioeconõmicada qualtirariaomaiorproveitoasubversão comunista. Em questão de dias os jovens da TFP obtiveram para seu apelo mais del0mil ·adesões,dcpessoasdasdivermsctnias . EmDurban,no fü, tádioKings Park, por ocasião de um a manifestação de oposição dos zulusà.ssançõeseconõmicascaosboicotcsdeterminados poralHumas naçõesdoOcidcntccomraaÁfricadoSul,muítosdospresentcs subscre,·eram o documento, que 1e,·c também uma versão no seu idioma AoladodoprlncipenativoBmhelezi,primeirominimo daZuzulin· diaefundadordomovimcntoanti-apartheidlnkhata,di5CllrsouoSr. Jutiernes Manzi,represemantcdaTFP,oqualtxplicou o quc é acnti dadee os objeth·osdacampanha cm curso.
Um registro em dicionário LONDRES - Atenta à curiosidade e ao interesse do público britânico. a Editora " Paperfont" , destacaphal. acaba de editar seu "Dictionaryof l nitials", que reune as p r incipais siglas e abreviações - hoje muito numerosas - usuais no Reino Un ido e tamb¼!m outros países. Essa obra, de autoria de Harriete Lewis, registra à página 118 o significado da sigla TFP bem como sucinta informação a respeito.
Q UANDO A IGREJA declara oficialmente a santidade de alguém, o faz numa belíssima cerimônia, presidida pelo Papa, o qual, após ter examinado todos os escritos bem como a biografia da pessoa a ser canonizada, declara infalivelmente que ela está no Céu. Dessa forma, o novo Santo é apresentado como modelo para todos os fiéis . Os Santos são, pois, modelos de virtude. Contudo, não éessaaidéiasugeridapormuitasimagensdctiposcntimental que existem cm algumas igrejas. Para não falar das imagens ditas modernas, ge ralmente monstruosas e até diretamente blásfemas. É na verdadeira fisionomia dos santos e bemaventurados - quer retratados em fotografias, quer cm pimurasouemesculturasfidedignas-queaparcccmos reflexos de sua santidade.
Analisemos, pois, um quadro do Bem-aventurado Condestável D. Nun'Álvarcs Pereira. Foi um dos maiores guerreiros de Portugal e ilustra uma das mais belas páginas da História da Igreja. Ajudou eficazmente os reis lusos,noséculoX[V,aexpulsarosmourosque haviam, seiscentos anos antes, invadido a Península !bérica. Di-
rigiu exércitos,masnãocomoumgeneraldcgabineteque acompanhadelongeosacontecimentosdagucrra;clcia àfrentedeseusguerreiros,lncutindo-lhesvalorccoragem. Terminadas as guerras, depois de ter-se casado, sendo pai e mar ido exemplar, esse herói que Portugal inteiro admirava pediu licença ao Rei para fazer-se religioso, tendo entrado na Ordem do Carmo. Ali , apesar de seus dotes, o grande Condestável tornou-se um simples porteiro de convento. Assim, aquele homem que tinha vencidovárias batalhas passou a fazer os serviços maissimples: aten dia à porta, arranjavadinhciroparaosmendigosetc. O qu e bem mostra bem como não há contradição entre as vinudesguerreiras exercidasporamordeDeus,ea verdadeirahumildade. O quadro reflete adequadamente o que foi o Bemaventurado Nun'Ál vares. O artista soube retratar com
S1nt1Ma1iaMada l,nadePa11i-Pin!U!adeCa regg i
maestria uma fisionomia que é admirável por sua grande decisão!
Santa Madalena de Pazzi. Rosas adornam seus cabelos. Belos adornos se multiplicam também pelo vestido. Há ainda uma pequena corrente de ouro com uma pedra preciosadetamanhorazoávcl.Ocabclocstáintcncionalment e solto, como era moda naquela época. As rosas, dandoumpoucoaidéiadcgrinalda,scrvcmparacontcr um tanto os cabelos. Esse era o modo de trajar típico das moças da pequena nobreza da região de Pazzi, na Itália. Quanto à fisionomia de Santa Madalena de Pazzi,notase que os traços são finos num rosto pronunciadamente oval e com o!hos grandes. Entretanto,todoesscaspcctodepessoamuitofina,fica eclipsado pelo olhar. Ela tem umolharcscuro,comoé freqüente na Itália, mas cheio devida, de reflexão e de muita bondade. Nela há também muita leveza. É a leveza de uma virgem. A seriedade, a pureza, a finura de pensamento, a religiosidadeprofundadoolhar,1udonelasealiaperfeitamente. As qualidades naturais qu e Deus pôs nessa donzcla forarp rea!çadas c elevadas pela santidade.
*
*
*
As ilustrações que apresentamos refl etem modelos de virtude. E!asestãoemflagrantecontrastecomcertaiconografiaqucsistcmaticamentcprocuraaprcscntarossantos como pessoas sentimentais, sem fibra, sem personalidade e força de caráter. Criaturas avessas a qualquer tipodesofrimentoqueodia-a-dia acarreta àqueles que desejamviversegundoaverdadeiradoutrinacató\ica,o que importa cm imitar o Redentor e carregar a sua cruz. Talmodonaturalistaedesfib radodeencararavida,refletidonessasimagcnsoramaís,oramcnospcrccptívcl, não está de acordo com o exemplo dos santos, muitos dos quais, mediante o martírio ou uma vida de sofrimento, imolaram-se por amor de Nosso Senhor Jesus Cris-
<o.
OPLANO FOI REVELADO Tentar-se-á ainda "batizá-lo"? I MAGINE O LE ITOR uma nação na
qualnumerososagentesdeumpaisinimigo penetraram clandestinamente. E ali, po r umprocessomaquiavélico e oculto,
procuram perverter os habitantes, transformando-os em soldados do adversário. Um dos nacionais percebe o plano {") , e com ajuda de amigos o den uncia. Muitos,porém,nàocrêemnadcnúncia. Habituados a deixar-se guiar só pelasaparências,achamdesagradáve!o esforço deumaobservaçãomaiscuidadosa. De outro lado, não querem ver de frente uma situação incômoda que os obrigariaasairdoletargo, e a por-se em condições de enfrentar o ma! que avança. " O plano é maquiavélico demais pa-
da e quer chegar à " sociedade igualitária" . E acrescenta: "O trabalho popular tem um caráter decididamente político ( ... )visaa transformaçãodasociedade". Paraatingiresseobjetivoénecessário infiltrarnopovoagent esqueo arrastem at é onde ele nunca iria por si mesmo: " P ara qu e tudo isso possa se realizar ("umasociedad e libertadae igual itária") éabsolutamente necessárioqueoageme se insira no meio popular" . Queméoinfiltrado?:"Oagente externonãoésódiferentedopovoporsuaextração e/ou simação de dass e , mas também po r sua posição no processo ou caminhada de libertação(. .. ) lmportaqueoagente{ ... )reconheçaeassu-
"O trabalho popular tem um caráter decididamente político" ra ser verdad eiro", respondem aos que lhes qu erem abri r os olhos. Certodia,emre1amo,osprópriosagentes, talvez por se sentirem muito seguros desuaposição,talvezaindaporinadvertência, inépciaouqualqueroutrarazào, publicam eles próprios seu maquiavélico plano. Crerãodestavezoshab itantesdopaís infiltrado, naqueles que os avisavam? Passarãoadefender-sedainfiltração? Se não o fizerem, o que merecem da Providência Divina? Estas considerações, caro leitor, não são puramente imaginativas . Elas têm uma base real, e muito real. O plano foi revelado. Qual plano? O da guer ra psicológica revolucionária que vem .sendo levado a cabopela"esquerdacatólica",comofim de arrastar o Brasil para o socialismo. Em um livreto de 120 páginas ("Como trabalhar com o Povo" , Vozes, Petrópolis, 1985), Frei Clodov is Boff - irmão daquele outro Frei Boff, que recentemente seenvo[veunumcasocomaSantaSéensina aoschamadosagemesdepastoral como manipular o povo católico para, a partir da fé, transformá-lo em militante do movimento socialista. Éo mododeoperaressa açãopsicológicaprofu nda , deta!h adamente estudada, que Frei Clodovis revela em seu escrito . Ele a rotula: " Trabalho popular" .
O agente externo infiltrado O trabalho popular, diz ele, parte da sociedadeatualcomoelaestáorganiza-
ma sua posição específica junto ao povo {. . .)De fato,éuma ilusãosedizerouse pretender 'igual ao povo"'. E mais adiante: "Trata-sé sempre de uma presença qualificada'' Oinfiltradocomeçaporreduziropovoaumestadode dependêndia: "Otrabalhodeumagente no processo popular levainicialmenteopovoaumacertadependênciadoageme''.Assim,numaprimeirafase,oagenteext ernodeveagirem relação ao povo, afirma Frei Clodovis, "comoscocarregasse''.Seupape!éfundamemal: "A história( ... ) com o agente podedarumpassoem frente, por vezes decisivo".
lrado-queintcrprctcsuasnccessidades e o carregue nas costas, mesmo contra seus desejos expressos, a caminho da tal "sociedade igualitária". Essas são, adverte Frei Clodovis, algu mas das "atitudes fundamentais que estão por trás do trabalho popular".
O agente "educa" o povo Numaprimeirafase,paranãoseindisporcomopovo , oagenteinfiltradoprecisa " tomarpé narealidade",lançarsondas em busca do campo propício onde iniciar a ação psicológica revolucionária. Deve fazer ' 'uma sondagem em tomo de algum problema (saúde, religião etc.)' ' porque " é daterradarealidade,especialment e darealidade contraditória,quepodenascerumtrabalhopopularpromissor. Poiséemtornodenecessidadesou interessesvitaisqueopovopodesemexer". A proposta revolucionária do infiltrador precisa ser enxertada nas ment es das vítimas de um modo que pareça natural: "É preciso começar, mas sempre a partir de um ponto de inserção, sobre o qual se enxerta a própria proposta". Dado esse primeiro passo, "reunido enfim o grupo em torno de um problema definido, está deslanchado o trabalho popular" Esse "primeiro momento (reflexão) temumcunhoessencialmenteeducativo ( .. . ) visando ( ... ) a conscientização". Trata-se, pois, de " educar" o povo, ou seja, convencê-lod e queeledeve fa zer a revolução. Taleducaçãodeveserfeitapor meio do diálogo, mas não de um diálogo qualquer:"Odiálogoexigeumacenadisciplina (... )ade centrar o debate em torno de um problema definido( ... ). Notese que o diálogo se faz em torno da prática;'vida social é essencia!m ente prática'
"É uma ilusão (do agente pastoral)
se dizer ou se pretender 'igual ao povo"' Paraquesuaaçãosejaeficaz, o infiltradodevetomareuidadoparanàosedeixar influenciar pelo que o povo diz , pois "oque opovodizint eressamenosdoqu e aquiloqueelequerdizer( .. . )o povo diz umacoisaparasignificaroutra'' .Emprimeirainstãncia,afirmaoreligiososervita , o povo não é "juiz de seus interesses". O povo nos t apresentado, pois , à maneira de um déb il mental. O que ele diz não representa seus interesses. Eleprecisadeumaespécie dc tutor,oucuradorde loucos - no caso o agent e externo infil-
(Tese VIII de Marx sobre Feuerbach)". Ficaclaro,portanto, que o tal diálogo é dirigido segundo o método marxista. Mas não se trata, para o infiltrador, no primeiromomento,deexplicarasidéias marxistas,sempreparaçãoprévia. Pois, "uma idéia só se fixa na alma do povo quando se enraíza no chão de sua própria vida . Se este chão não está preparado, pouco adianta semear". Ainda quanto à "educação" ou "reflexão" é preciso dis tinguir três momen tos: ver, julgar e agir. CATOLIC ISMO - A~osto de 1986
VER. - A educação deve "panir da realidade". O que é ela? A primeira coisa a considerar é que essa "realidade" nãoéarealidadeobjetiva: ''Não se trata deumarealidadebrutaeex1ema,1alcomo um analista de fora pudesse aprcend!la(... ) aqui convém evitar a ilusão do objelivismo, que entende a realidade como algo de meramente objetivo, de exterior ao povo". A tal "realidade" também não corresponde ao que o povo vê: "Não se trata também da realidade tal como se exprime nos desejos expressos, nasexpectativasmanifestasenosinteressesimcdiatos do povo". O que o povo quer não interessa, pois ele é um alienado: "A questão donde arranca o processo de reflexão conseientizadora não é: 'O que é que vom querem?' Se se entra por ai, cai-se no subjetivismo, onde se movem as idéias alienadas do povo, seus sonhos utópicos e seus desejos falseados". Mas,afinal.oqueéessa"realidade", pontod epartidadarevolução? Simplesmente o dogma marxista da luta de classes: "Partir da realidade: trata-se particularmente de 'conflitos' que atingem a vida do povo( ... ) são suas IU1as". Es1amos. portanto, diante de um a idéia de realidade pré-concebida, qu e se quer inculcar no povo. Frei Clodovis insiste nis so. A metodologia "só é bem aplicada quando inspirada( ... ) por uma concepção aeral privia da realidade" (negrito nosso). ~ tãoartificialessaidéiadequealuta declasseséarealidadeque,aotomarcontato com a vida do povo, o próprio agente infiltrador pode ficar inseguro quanto a tal dogma. Para exorcizá-lo dessa tentação perigosa, o religioso adverte: "0 agenteexternocustaasehabituarcomeste raio: que o povo vive na opressão". Dentro dessa concepção, qualquer pre1ex10 serve de ponto de panida para deslanchar o processo revolucionário, se bem orientado pelo agente infiltrador: "Quando se toma a ques1ão da família, da escola ou da saúde, acaba-se levantando o problemadosistemasocialvigente. Seja lá qual fõr a poria de entrada, chega-se sempre ao núcleo da questão, que é o modo de organização social". Paraqueoconílito-pretextodefato vá no cami nho da revolução, "o agente há deestarextremamenteatentoacadapasso" e seguir sempre "dois critérios b;l.sicos: J)que aquela ação vá na boa direção, isto é, que signifiq ue um passo em fren1ena linhadamudançado sistema; 2) que a ação seja assumida pelo povo como sujei to possivelmenle prmagõnico da mesma". JULGAR. - Quando se obtém que a vitima do processo veja os fatos de sua vida como sendo parte de um conflito de ctasses,deve-selevá-laaanalisarassimtoda a sociedade: "Novo passo não significa apenas saber mais alguma coisa acercada própria realidad e. Isso val e numa primeira fase, até que se dê o salto qualitalivo da 'consci!ncia crítica'. Esta( ... ) passa a questionar o sistema todo". Dado esse salto qualitativo, é necessário submeter a vitima a uma doutrinação CATOUC1s,,rn -AgostDIII 1986
Sinos repicam para prestigiar os invasores da Annoni NÃO HÁ QUEM, •I&•• dl•, do ltnh• smdclo a maskalldacle ck> um si•o W•r 111.wlo em sua alma, stja • 1101 thamar para• MIMII, seja a no, 1:0nriclar pan. a oraçio do AJttel•1, 011 Htio, ao exprimir Oll sentJ-nlot clt dor clt 1odJI uma paróquia ao dobre clt D•ado1 pelo pusamen10 de um fld. F.aa pritica - lafelltmffllt cada "u mais mi111aada • poato clt ma ....,.. lu1am estar complelamtatt foi, por iitni"d q11e pattta,, •• dos lllrios ftlffllllradot pelol OflHludores ela "Rom•rifl Conquisbdora dll Tffffl Pro.edda" pan, prudalar os la,asorn d• Fazeada Aaoiud, 1fH t!Kn'nnm 1U ca.mlnllada de 21 diu u prllÇII em frentt i atalnl IMlropolltua (cmb'o dt Porto Alegn-), em 23 de jaalto úlU•o.
•bolid• -
O IIHYt'bmato, desde o ,eu Ulttdouro, ten om ari1ff polftieo-retvtaórto oldente, hffll na Unha do plano de açjo psicológka rumo ao sodallsmo, rTl"elado por Frd Ood~b Bofr. O Intuito da "romaria'' foi co nfnsadamente o de pttSlioaar o lº"emo a qGCimar ellpas oa aplkaçio da Reforma Agrirta. Nlo faltou apof,o oficial. O prefeito Akeu Collarn decretou ponto fatal!•· tffo para qae Oll 12- mil fuadonirlOll munldp.als parüdpu1t111 do "arande aconttdmeato polftko", fltlU.do s11u JH"óprla!I p.alauas. Ao rttebtr os lnnsom 111 eatnda de Porto Alqre, o prefeito enlregou as cba"ts da ddade a um deles, salltllta•do qlH "811 nual•hada ,ra "um marro lntcial do trabalhador do campo para bn- r • 5111 Ubfflaçto rumo I ama radical, urgente refonn.a 11riirt1". Durante I maait'tsta(io, o dlmórto do PC do B gaúcho, por unaplo, dlslrtb•la folltelo, no qual anrma que "os acampados da FauDda Anonnl slm· bollnm a ralsthu:ia" e (IH o Partklo "luta por 11.11111 rdonna nclkal". 0. "...ttrra' ", coao .e cltttomin.am na5 invasott!I, slo liderados poreleannos tisados à ala "proaressht•" da l1reja e rtttbtm IIKNo de hui mero, orpaismos aqaenllitas do País. No acampamento da Faunda Anonnl - tom l'.ffa de JO adi in,aorn mcoatram-w, permanentemente, dezenas de padrn, reUalosos e frdras ort11airi0ll 1k ririas pontos do Pail. Um de seo, Hdnn "hi\'fl1 é o Pe. Arlindo Frtt:r.en, Ji com ampla tradlçio em açular molimentos de "sem-lerra", pob me parle atJ"a ao acampameino de Encruzilhada Natalino, hi cinco .anos. Também Frei Lt-onardo Boff fez nolar - ruidosa e propapndlstkameale - SIU presença nesse5 mrios que lhe sio llo anns. Com efeito, além dt ri,ifar os la\'MUreS na própria Aaonm (lramfonnacla, Ili lffllpo, nu1ru1 npkte de ''50Yitt" dlrtgtdo pdos . . . .padoa, ao qual "estranhos" nio pndem ler KtSSO), o ladá"tl frade bou,e por bem celebra r mbu panos lansons u caltdnl de No..-o HamblUJo, que atan 110 percarda "mlll.llria". Nnu ocasiio, formulou I seaulnte .ameaça: ''Qoe o 11o"erno ctf&II daramtnte 1t qan o projdn (de Reforma Aariiri•), 011 tertmos o cresdmtnlo da vlollnda. A padfllda do po,o é arande, mu, 1tO dia em que o PG"O perder a padhldli, tudo pode acont«er" ("'Folba de S. P•olo", 1 ~ ) . Pua de, alo estio ocorrendo "lnHsõn"; na \lenlade, o po,o tstlli de,cobrlado forma de •·reaJ~ do dlttHo de ler uma sobrel'lda", Isto é, "onapudo terras" ("lonaal do BruD" e "Foi•• de S. P111lo", 19-6-l<i).
'°
DmltoMIHlkfpio*Sanadl,Ndtaeeacoatraafueada......,alf Porto Alqn (dbwm 450km). dena« l•ãmeraaolllras - - ~ laceaCh-u· lata. dala. O.rate O tnjcCO (perconido a pi), OI 251 "nNMfroa"
-. . li
.......... -..eauecaataYUt..._coao'"ollh•._,..._..,_
.............. eeruarm•...a,,•é•~,.-e•E.......
.......... A....._• parddpMla a
"roaarta" fic:a- -,edadN na
A•...._ • . . . .aeatodel.apdor,atalrNalacapkalPKll•,OI
IP..-esf--.~pelolllpo-AullardePorto Alep'e, D. Allfollio do eu.o Cllnldle, • • do ........ aelltor de qae lnlbrm- • hp do do Ech•, aa,ul "lmlqm a..._. aperaaça 111H \'ocfttha ho--
f;~.•J.._
ne,ollde,....,..prildpabn1111doc:eatro, 01.....,__dlepra• i ealedral, oade rot ralbado a1o PQblico. Mâ .... .,.. o e1ean111 " proans.._.. OI festejoa, . . . ffZ - peaaoa do llilpo-Aullu D. &lmlHNlo K•u - cUrdor do Sealarlo Maior. Vlaalo - (IH os m:dMa .. praça da malrlr,
ao so• fad\lo
dos toqaa de UIIOS dll Cate4ral.
... a,.:_ ...__.
i ---
Devem-se evitar "as idéias alienadas do povo, seus sonhos utópicos e seus desejos falseados"
-
intensiva: "Um estudo mais sis1emático
eorgãnicodasoci~ade.espccialmcmc para gente do povo já mais experimentada e num contexto mais livre de formação teórica. Aliás, cursos assim se revelam necessários a partir de um ceno mo-
mento". AGI R. - É preciso ser prudente ao procurar arrastar o povo à ação: "pretender, desde o primeiro encontro, que um grupo se comprometa na polhica direta é, o mais das vezes, por o grupo a perder". É preciso ir modelando o povo para a ação, pois também é falso o "espontaneismo, quando se confia que o processo vai por si só levara luta de modo determinístico". Assim, de etapa em etapa, pode-se levar um grupo a fazer o que o agenteex-
ternoinfihradodcsdeoiniciohaviaprogramado: "Em termos das etapas da ca-
Religião : poesia que ajuda à radicalização
'
vcmserlongameme preparadas-. O processo tem "momentos de ruptura. de saltos em frente. Mas estes só acontecem após um largo período de 'acumulação polilica'. Esta é que cria as condições de uma revolução"'. As reformas, como a agrária, urbana , empresarial, podem ser caminhos preciosos para a revolução final: "É falsa adisjuntiva sumária: reforma ou revolução, pois uma reforma pode ter conteúdo revolucionário''. A apresentação do socialismo, como sendo o objetivo que se quer alcançar, precisa ir sendo feita, cm meio a um utopismo brumoso, conforme a pessoa ou grupo estejam mais ou menos pervertidos pelo processo: "O objetivo final. que é (... ) o surgimento de uma nova sociedade( ... ) pode ser mais ou menos definido. Pode ter traços ainda utópicos (ideal de uma sociedade reconciliada) ou já po!íti-
Se o agente se colocar numa "visibilidade ostensiva pode prejudicar a ação coletiva. Primeiro porque revela o caráter dirigis/a de uma ação: esta se mostrará como controlada por cúpulas". minhada, a experilncia mostra que um grupo vai normalmente das tarefas de nível comunitário (entreajuda), passando pelaslutasdebairro(melhorias),chegando às do sindicato até a questão do sistema político global". Para efeitos-do püblico em geral, o agenteinfiltradodevedisfarçarseupapel paranãoserinteiramentepcrccbido,epara dar a impressão de que a ação do povo é espontânea: "Uma visibilidade ostensiva (do agente) pode prejudicar a ação coletiva. Primeiro porque revela o caráter dirigista de uma ação: esta se mosuará como controlada por cllpulas. Segundo, porque e;,i;põc a direção à mira dos ataques adversários, comprometendo assim toda a ação". O infiltrador, funcionando como cabeça daqueles que ele conseguiu arrastar às ruas. precisa ser protegido na hora da ação: "0 povo caminha como tarturuga: coma cabeça protegida". Dcve-se,ainda,criarailusãodeespontaneidade: ''A ação popular deve ser, e por isso mesmo aparecer, uma ação coletiva, assumida por todos".
cos (como o proje10 'socialisrn'). A definição do objetivo( ... ) depende do próprio processo dccrescimento daconsciêneia e das lutas de um povo". É, pois, aos poucos, cm meio à busca utópicadcumasociedadejusta,queosegrcdovai sendo revelado e ganha traços socialistas bem determinados: ''O projcto histórico adquirc u m pcrfil concrcto no seiodautopia( ... )a 'sociedade justa' ganhaostraçosdeum ·socialismo'bemdelerminado". Trata-se, assim, de "um projeto histórico que vá se definindo de forma crescente''. E, como é óbvio, essa preparação das mcntalidadespararccebercmprogressivamentc a revelação da finalidade socialista para a qual estão sendo sinuosamente conduzidas. não se faz espontaneamente. É necessário haver "uma organização que leve à frente, de modo constante. a caminhada".
É necessário "uma organização que
Revela r o • eg redo ao• pouco• Esse processo deve chegar até a Revolução. Mas, para isso, as mentalidades de-
A esta altura, algum lcitorjâestarâsc perguntando o que faz a religião dentro desse plano maquia\'élico. Pois, afinal. Frei Clodovis é um religioso servita! Acontece que o plano todo, como, aliás, também sua realização final, o socialismo, é de um ateísmo raso e vulgar querepugnaaqualqucrespiritocomum mlnimo de elevação. Daí o sistemâtico fracasso dos PCs, em termos eleitorais, sobretudo na América Latina. Então, para fazer passar pela garganta de um católico esse arenque ressequido do socialismo, é preciso regá-lo com um pouco de molho religioso. Molho esse que, para Frei Clodovis, é uma utopia: "O sonho utópico dá saüde e vigor à prática. Dai a importância da comunidade viver momentos de poesia e celebração do futuro absoluto. Para issoareligiàooferecerecursos sem igual". A religião, pois, não deve ser seguida porque ela é verdadeira, porque Deus a revelou, nada disso. Apenas o que há, é que o processo rumo ao socialismo, para andar, precisa de um pouco de "poesia". E dentre as várias "p0esia.s" à disposição no mercado mundial, a que mais serve às finalidades socialistas - porque a ela o povo está mais intimamente ligado - é a religião. Então o ingrediente religião vem preencher a necessidade de utopia do espírito humano. Seria diíicil encontrar uma visão mais a1éia da religião do que essa servida por Frei Clodovis! Uma outra formulação apresentada por ele do papel da religião é igualmente esclarecedora. Diz o religioso, arespei10 dessetrabalhopopularrumoaosocialismo, que há uma "mística desse uabalho ( ... )trata-seaquideumaespiritualidadc, embora sob traços seculares". Mais uma vez, porém, essa espiritualidade secular - ou atéia, se se preferir cm tomo do marxismo, não consegue galvanizar convenientemente o povo. É preciso que ela seja revestida da·capa da religiàopararerconsistênciaeatrairosincautos. Assim "tal questionamento atinge sua radicalidade máxima quando reveste a forma religiosa( ... ). Por isso a mlstica acima só atinge sua e;,i;pressão plena como mlstica religiosa". Nessaperspcctiva,aíinalidadedarcligião seria levar o socialismo ao Ultimo grau de radicalidade, e portanto também chegar à plenitude do ateísmo. A religião seria um remédio-talvez indesejável, masnecessário--paraainapetênciadc socialismo que se registra no povo. E, como todo remédio, perderia sua razão de
-
leve à frente, de modo constante, a caminhada"
1
CATOllC1SMO-Agostode191li
ser tão logo o socialismo fosse efetivamente alcançado. Ai ela se tornaria um bagaço, do qual convêm desfazer-se o quanto antes. Dentro dessa concepção, não é de estranhar, por exemplo, que na Nicarágua, arrebatado o poder pelos marxistas, através da re,·olução sandinista, com o claro apoio do Episcopado, já te-
Paraquebraressasrcsistênciasconservadoras do povo, Frei Clodovis recomenda os seguintes estratagemas: "a) Partir da Bíblia, sobretudo de alguns textos que 1Cm um poder de indução política maior; ( ...) d)rezarapropósirndcproblemaselutas do povo; ·
"O agente externo custa a se habituar com este fato: que o povo vive na opressão"· nha começado a perseguição religiosa contra o povo que deseja permanecer católico. Enquanto, porêm, o socialismo não domine efetivamente os países da Amêrica Latina, a fórmula geral de atuação domarxismo-"teoria-praxis" - precisa ser adaptada: "Em nosso contexto latino-americano de hoje, essa fórmula geral se concretiza cm fê-política".
O po110 é con• er11ador, i preciso quebre r•lhe •• res istê ncias. Enganar-se-iaquemachassequc,com o plano atê aqui aprCM:ntado, tudo estaria já resolvido para os que pretendem implantar o socialismo. Não ê assim. Apesar da capa religiosa e dos mil enganos que vimos, o povo ainda resiste à douirinação marxista de numerosos sacerdotes. Nega-se a fazer a tal ligação "fêpolítica". preferindo uma outra, expressa, segundo Frei Clodovis. pelo binômio "fe-vida". O povo cm geral~ conservador, não quer saber das transformações enganosas para as quais o convidam os agcntesinfiltrados,efrequentemcnteoferece resistencia à ação psicológica revolucionária: "Omaisdasvczes,narcligião
e) fazer dramatizações desses problemas e lutas, relacionando-os com alguma passagem bíblica ou com a visão geral da fê; O celebrar (em missa, vigília etc.) os eventos comunitários que tem maior conteúdo social e político etc." Com isso, espera ele quc"à medida em que uma comunidade vai -se engajando
popular, a liaação fê-vida ê mais conscrse de uma ligação de ruistêncla mais do quede mobilização" (destaquedoorigi• na]). CATOUCISMO- ,l.goslode 1986
~Zs~~.t;jr~~i:on~~;:u~~lvc:J~e~~n:!~ mente o modo de estruturação da esfera eclesial(suadounina,suaspráticasreligiosas,esuaorganizaçãocomunitária)à suamissão,ouseja,àsexigênciasautênticas da esfera social" (destaque do original).
é importante a "comunidade viver momentos de poesia e celebração do futuro absoluto. Para isso a religião oferece recursos sem igual". nas questões sociais, mais fácil se torna a síntese transformadora entre fêpolítica". Porém, cuidado, adverte Frei Oodovis, "há sempre o risco de a prática social e política ser de tal modo envolvente que leve um grupo a enfraquecer e mesmo a perder sua relação com o polo 'fê' e com a comunidade de fé - a Igreja". O que significa este receio? Afinal teremos aqui
"Evitar a ilusão do objetivismo, que entende a realidade como algo de meramente objetivo (. . .). Não se trata também da realidade tal como se exprime nos desejos expressos, nas expectativas manifestas e nos interesses imediatos do povo". v11dor11 do quc transformadora( ... ) trata-
raria toda animatão à caminhada marxista: "0 descuido neuc pomo leva a( ... ) diminuir a confiança do povo nos agentcs da lgrcja c a privar-sc - o ageme c o povo - de uma fonte de inspiração e animação privilegiada cm que consiste a própriafê". O zelo dele é, pois, pelo marxismo, para que esie não perca o inestimável contributo que lhe traz a religião. E aqui sim se poderia dizer - oh espanto! oh dor! - que a religião está sendo usada como ópio do povo. Frei Clodovis vai ainda mais longe. Não basta utilizar o ingrediente religião, ê preciso que ele seja convenientemente adaptado às exigencias do socialismo. A própria doutrinada Igreja e sua estrutura devem adequar-se a essa finalidade social-igualitária.Nissoconsistiriaamis-
uma manifestação de zelo do sacerdote pelalgrcja'?Scriaingênuopensarassim. O religioso leme que se perca a ligação com a Igreja porque ... isso levaria o povo a se afastar do agente infiltrado e ti•
Coerente com essa visualização auSa da religião, o sacerdote servita evoca, no epilogo, asagradafiguradeNossoScnhor, sem mesmo citar o santo Nome de Jesus, nem apresentá-lo como Deus e Senhor: "Queremos evocar a memória daquele que, dentre todos, melhor soube se relacionar com o povo oprimido e que mais quis e buscou ncsie mundo a vinda do Mundo Justo, que chamou de Reino". Portanto. o Reino dos Céus, do qual Nosso Senhor explicitamente disse "o meu Reinonãoêdcstemundo"(Jo . 18, 36), seria, para Frei Clodovis, a implantação do socialismo nesta terra! Em consequencia, estariam já em pleno Reino dos Cêus, ou pelo menos cm fase avançada de implantação do mesmo, a Rússia comunista e scus satêlites, Nicarágua e Cuba naAmfrica Latina. O plano, pois, foi re\·elado, caro leitor. Para os que timbravam em enganar a si mesmos e aos outros sobre os verdadei ros métodos e objetivos da ''esquerda católieal', ficaapcrgunta:haveráaindaalguma "releitura"detcxtosou "reflexão teológica" capaz de "batizar" uma 1ào descarada profissão de "fêmarxista",e um tão maquiavêlico plano'? G1?J6rio L opes
A REALIDADE, concisamente: •
No próprio dia da 1ragidia de
Chernobyl, um comandante de helicópteros da Força Aérea recebeu ordens de jogar areia sobre o rea1or incendiado. Encarregado de investigar o sucedido, um vice• primeiro-ministro disse ao comandante: "Tudo depende agora deseushelicóptcros"-informao órgão das Forças Armadas soviéticas, ''Estrela Vermelha''. Este é um sinal claro de que a radiação muito forte já era conhecida, e o acesso à usina só poderia ser por via aérea. O semanário soviético "LiternatumayaOaz.eta"acusoua TV russa e outros órgãos de publicidade de informarem mal e com lentidão sobre Chcrnobyl. Tambtm o "Pravda", porta-voz do PC russo, publicou cartas de leitores criticando a falta de informações sobre a explosão. Com efeito, os chefes comunis1as mantiveram silêncio absoluto sobre o assunto durante três dias, indiferentes à vida e à saúde de milhões de pessoas! • Um Borr norte-americano. O PadreCharlesCurran, professor de Ética Sexual na Universidade Católica de Washington, reafirmou, em cana à Congregação para a Doutrina da F~. não estar disposto a retratar-se, como lhe fora ordenado pelo Vaticano. O sacerdote defende o abono voluntário cm certos casos, esterilização, relações sexuais fora do casamento e mesmo entre homossexuais, se baseadas num compromisso permanente! O Pe. Curran afirma que seus pontos-devista são "aceitos pela maioria dos teólogos católicos em nossos dias". Nove ex-presidentes da Sociedade Católica de Teologia dos Estados Unidos fizeram circular um manifesto cm seu favor, e o próprio Arcebispo de Chicago, Cardeal Bernardin, procurou defendê-lo junto à Santa Sé. O Bispo de Rochcstcr. por sua vez. enviou cana ao Cardeal Ratzingcr, advertindo: "Se a situação do Pe. Curran, enquanto teólogo católico é posta sob suspeita, teólogos de valor talvez abandonem as instituições católicas". Enquanto. no Brasil, Frei Boff prega a revolução social, seu
congênere none-americano defende a revolução sexual. Ambos, com desooncenantes apoios episcopais. e A Alemanha Ociden tal "comprou" aproximadamente 40 mil prisioneiros da Alemanha oriental, desde a construção do sinistro Muro de Berlim, em 1962. Só neste ano, Bonn conseguiu libertar 626 presos dos cárceres comunistas mediante pagamento de vinte mil marcos (Czl 160 mil) por pessoa, como taxa mínima. A informação é do presidente do Grupo de Trabalho 13 de Agosto. Rainer Hildebrant, que acompanha esses casos. Segundo seu depoimento, há ainda cerca de 8 mil pessoas presas na Alemanha comunista por mo1ivos polí!icos, is10 é, geralmente por haverem tentado exilar-5<: no Ocidente. Eis como os comunista.,; exploram seu próprio "Gulag", à maneira de uma empresa, para auferir lucros apreciáveis. Além dos financiamentos,emprês1imose "facilidades" sem conta que lhes propiciam paises do Mundo Livre, há mais este macabro comércio humano para sus1cntar o falido regime de Pankov. e Foram morlos pela polícia co munista doze infelizes que tentavam fugir de Berlim Oriental. O bárbaro crime ocorreu quando procuravam abrir buraco num tUnel ferroviário a fim de alcançarem o lado ocidental da cidade. Seis dos fugitivos morreram cm tiroteio com os guardas, que os descobriram, enquanto os demais foram executados sumariamente por um pelotão de fuzilamento, após a captura. Segundo o jornal alemãoocidental "Bild" -que forneceu a noticia - todas as vitimas eram reservistas do Exército. As vozes que protestam contra violações dos chamados "direitos humanos" cm países nãocomunistas emudecem paradoxalmente quando se trata de atrocidades como esta pra1kadas por regimes comunistas ... e Epidemia de "bebê\de cocaína''. Calcula-se que cinco milhões de norte-americanos usem cocalnaregularmente. À vista dessa
proporção assombrosa, não surpreende que os efeitos devastadores da droga comecem a manifestar-se, deforma crescente e epidêmica, também cm recémnascidos. Provocando flutuações na pressão sanguínea, a cocaína atinge o cérebro da criança, que pode nascer com danos físicos e mentais irremediáveis. "Acho que os efeitos a longo prazo serão devastadores". afirma o Dr. Sherrel Howard, da Universidade da Califórnia. .. Teremos crianças mentalmente retardadas, com sérias dificuldades para fazer qualquer movimento, mesmo coisas simples como comer, vestir-se". Essa situação faz lembrar certa passagem da Sagrada Escritura: "Os pais comeram uvas \'erdes, eos dentes dos filhos são os que ficaram botos" (Jerm. 3 1) Em outra.,; palavras. os filhos sofreram o castigo dos pecados dos pais. eMctadeda populaçio norl tamcrieana não crê na teoria da evolução, seaundo resultados de uma pesquisa levada a cabo pelo chefe do laboratório de opinião pública da Universidade do Norte de Illinois, nos Estados Unidos. Como se sabe, Darwin defendeu, no século passado. a tese de que os homens proviriam dos macacos ou de outros animais. Já a doutrina católica ensina que está na origem daHumanidadeumprimeirocasal, criado diretamente por Deus - é a monogenia, em oposição ao poligenismo apregoado pelos evolucionistas. Houve tempo em que se pretendeu atribuir caráter cientifico à concepção darwiniana, embora ela nunca tivesse encontrado respaldo cm pesquisas antropológicas sérias. A força de ser repetido, porém, o mito evolucionista foi adquirindo um direito de cidadania arbitrário e espúreo, fundado em seu suposto caráter moderno. Por uma espécie de ironia da História,sãoagorajovensdos Estados Unidos - pais-símbolo da modernidade - que recusam tal concepção. Aprenderemos a lição, ou continuaremos a propagar e ensinar em nossas escolas as mentirosas modernidades ... de ontem?
CATOUCISMO
/;qM\o(lf,
1986
Bailes e demônios combatidos por um Santo P ROCLAMADO por São Pio X "pa1rono de todosos saccrdo1es que 1tm cura de ai, ma.snafrançaenos1ertitóriosdesc,udom!nio",ep0rPioXl "patrono celeste de todos O'i piroros de Roma e do mundo católiro", São JOO.o Maria Batista Vianney, o Cura d'Ars,tfestejadonocalendáriolitúraicoa4 de ilJIOSto. Transcorre, nesie ano, o biccntenáriodesc,u nascimento, ocorridoa 8de maiodel786,nopequenoluprejode0ardilly, na Diocese de Lyon, França. Daintrnsavidaapostólicadessehumildesacerdote,porcujasvinudesemilaarcsafrançabrilhouaosolhosdeoutrasnaçõescomincompar:ive!esplendor,destacaremosapenas, edemodosucinto,ocomba1equcempreeodeucontrnosbaiksccontraodemônio. Os dados aqui apresentados foram extraldosdaexcelenLeeconsagradaobradoCône-
go Francis Trochu, "O Curad'Ars - SlloJ~o Maria Batista Vianncy", publicada em 1960 pdaV07.cs. Ncssatpocatalcditoraaindalançavaobrastãorccomcnd;heiscomoadoCOneiioTrochu.sendoquchoje,infclizmcmc,cla mmou-seumfocoimenlOdedifusãodepublicações "progressi.11a.s" no Brasil.
I ntransigência em relação aos bailes A maneira intransi&cmc pela qual o Pe. Vianneyfezdesapare,:erosba,lesnapcquena cidade de Ars, onde era ~roro, tornou-se dkbre por sua eíicácia. Foram necess,rios2S anosparaoSamoconseguireltirparcompletameme os ba.ilesdos costumes locais. OCun,.d'Ars,aplicandoamoralcatólica, tinhacomoprincipioque,paraevitaropecado, de--e-se fugir tambo!m da oca.iilo ... Assim, foiinexor,,·demsua!uta."ElevialongcdizoCon. Trochu-eatacavaaomcsmotcmpo a dança e a paido impura alimentada por ela. Daí o seu combate contra os serões tais comoscpraticavamcmArs,econtraa!iberdadcquescpcrmitiamosjovemantcsdoscsponsais". Édeseno1arque,naquelatpoca.nãoha,·cndoaindatckvislo,dnerna,"disco1eca''c asmi!difercntesocuiõesdepccarqueonwpaganismocontcmporãneooferece,osbailes constituiamofatormaisdinAmicodepcrdiçlodajuvcntude. Em seus sermões o Pe. Vianney afirma\a: "Eali,sobavi1tadospais,caladosoucúmplice~. renovuam-sc pr,1icas que teriam causado horror ao próprio pa&anismo". Sua linauaaem,doaltodoplllplto,eraduraedireta,repeiindosemccssarasmesmuinnruções: - "Não há um só mandamen10 da Lei de Deusqueobailcnãotransgrida.Asmilcscostumamdiur:·Ah!eucuidodeminhasfi!has·. Cuidasdosseusenfeites.porbnnãopodeisvclarpor.seuscoraçõcs. lde,mãcsepaisriprobos,idcparaoinferno,onde,·oscspcraaira de Deus. Li vos aauardam as boa.sobra.squetendesfei10.deiundoàvontadevossosíilhos.lde,clcsnlo1ardarãomui1oaseajuntarem1vós,pois1lobemlhcsensinu1csocaminho... Entãovereisseovosso cura1inhaou nilora.z.ãode vos proibir esses pruo:rcsinfernais ... ·· Ou ainda: "Meu Deus, poderio ter olhos 1ãoce1osapontodecrercmquenãohámal nadança,quandoclatacordacomqueodeCATOLICISMO - Ag(Jsto de 1986
Aiotr1nsóginci1doCur1d'Ars1t,1iu11dmiraçiodltodosq11111lemom1m,cujls1lmassecomovi1mcomseu ardlni. 111G, ~a ilustr&r;io aciml, 1 mu~idio 11011 1rr1blt11 alguma 111/q1111 do Sl,nto (Da obn dl Mons. fourrry,
B11pod1B1llcy,"EICur1d1A,s"I, mOnioarrastamaisalmasparaoinferno? ... O demônio rodeia um baile corno um muro ccrcaumjardim... A5peMOOSqueentramnum salãodcbaikdeixamnaportaoseuanjoda 1uardaeodcmônloosubsti1ui.dcsor1eque hátantosdemôniosquantosãoosdançadorcs'. OCurad'Arsnegavaa.absolvição,mcsmo por uma única falia, aos pccadoresquenlo renunciuscmàocasiãodopecado. Allim. bom nUmero de seus paroqulanosesperaram meses e até anos para screm admitidos aos sanamentos. Eis um diáloao em que secspclhabemcssamanein,.deagirdoSanto Cura: - ·' Passei seis anos sem cumprir como preccito pas<:a.l, dizia em marçode l895 a Mons. Convm ~vel anciã, cujo maridoprCSCTIIC ia confirmando a narração. -Seisano!i! -Sim.dos 16aos 22. Cadaanoiaàcasa
dosmeusp,arentes.porocasiilodafeiradcMittrieuxealidançavaumpouco. Durantctodooanosósalanaquclaocasião. EmArsjá nãosedançavahaviamuitotempo - eradc i835a l841.-Masessaúnicasaida.qucse repe1iatodososanos,eramotivoparaquceu nlo recebes.se a absolvição. - E apesar disso ia confessar-se? -Sim.porocasiãodu1,randcsfcstas.O Sr.Curaapcnasmcdavaabênçilo. - Equelhediziaele? -'Senãosecorrigirdeiraosbailcs.cstá condenada!. .. ' Era lacônico. -Dançava,porém.nouirasocasiões? -Nunca. -Entãoporqueiaconfcssar-se? - Pensava eu: Se Deus me chamar antes dereceberaabsotvicto,csperoquetomaráem conta o meu descjodcarcaber ... " Certa vez, um pai de familia c,;pôs ao Pe. Vianneyurn caso de consciência:
- "Pcmoacompanhar minha filha ao bai-
1<? -Nio,meuami&o-Murunãoadeixatcidançar. -Oh1,icdanãodanÇar,dançaráseucoraçlo"-concluiuoSanto ...
O Cura d'Ars enfrenta o dem6nlo i;doamadanossaF!católicaaexi5tincia doinfernoedosanjosdecaldos.Masaaçào dos esplritos infernais permanece oculta aos olhos do homem, e somente com penníssão de Deus ela se manifesta exteriormente. Durante3 1anos-del824al855 - oCurad'Arsfoialvodeperscguiçõcsostensivas deSatanás,cujoobjetivoera,certamente,queb,.raresist~ciamoralep$icológicadoSantoe obrig,1.-lo a deixar o ministtrio das almas. Felizmente, discffn.ida pelo vario de Deus e:ssa trama diabólica, Vfflttllele todas asmaquinações do poder du trevas. Durante a noite, ruídos misteriosos Impediam-no de dormir. As vezes ressoavam aritosnopátiodacasaparoquial:qua!quer coisadehorriveledeinfernal.E.ssabatalha, para sustentá-la, oPe. Vianncysótinhaoo-mo tecurso apacifncia e a oração. N01ou, porém, que o barulho era muito maioreosa.5$altosdodem0niosemultiplicavam, quando, no dia seguinte, vinha algum arande pecador. E.ui aVffllllação muito o consolounassuasinsõnlas.Diziaqueodemônio era bastante tolo, pois anunciava a converl.llo dc arandcs pccadores. Ocspíritodomalpermaneciainvisível,porémsuaprescnçafazia-,icsentirdeváriosmodos.Derrubavacadeiras,sacudiapesadosmóvci1doquarto,rri1avacomvoz.aterradora: "Vianncy, Vianney .. , Comilio de batatas ... ". Muitasvezes,imitavaanimais,comoourso, oeachorro,sacudiaasconinasdoquanocom furor. Conta-nosoCon. Trochuqueairmàdo Santo Cura, Margarida Vianney, ia de vez em quando visitá-lo em Ars. Numa dessas visitas, deu-seoseguintefato:"Ouranteumadw;noitesquepassounacasaparoqui_al,elaouviuo Cura d' Ars sair d~ quano, antes da hora, para ir à iareja. 'Poucosmomentosdepois,eontaela-ouvi pertodeminhacamaum eslrondo muito violento, eomo ,icqu:uro ou ,;ineo homens despedaçauem eom g0lpcs foníssimos I mesa e o armirio ... Tive medo, levantei-me,acendialuzeviquetudoestava em ordem. Pensei que talvez. estivesse sonhando. Deitei-me novamente e apenas estava na cama quando o est~ito se renovou. Desta vez o susto foi muito maior, Vesti-me a toda pressa e corri l igreja. Quando o meu irmão voltou par11 canõnica, contei-llle o que sc tinha pusa.do. Ob! minha filha, replicou, não h' por que temer, é o demônio. Nada pode contn ti: 1 mim tambtm me atormenta. Algumas vezesmeagarrape!ospuemearrastapelo quino. Fazissoporqueconvcnoalmaspara Deus"'. O Cura d'Ars foi scverlssimo para com os que praticavam o espiritismo e o ocultismo. Emdiversasocasiões,sóapresençadovencrAvel1lcerdotebas1av1par1expulsardemônlosdepes.soasposse$S&li,lranquilitando-as e devolvendo a paz interior a suas almas. Oesdel855at!amone,eml859,odemônionãomaisimponunouoSantoCura. Na horadedaroúltimosuspiro,teveumaagoniaserena,imperturbável.Antesdedeixaressa terrarumoaoParaíso,tinhaSloJoãoBatis1aVianneyiníligidoaodem0niosuaúl1ima derrota
Discernindo, distinguindo, classificando...
Oh! Civilização Cristã A CIYILIZAÇÃO CRISTÃ i uma maravilha! N6s, amargurados neste IIÍnel obscuro e lasiimdvel que é o fim do século XX. vivemos uma época que bem u poderia chamar pós-cristã. E por isso não temos idiia de quanto nas épocas iluminadas pela Fi, o esp(rito e os princ(pios da Santa Igreja frutificaram nQS instituiçt.'Jes da ordem temporal, nQS artes, sobretudo nas famt1ias e nos indivfduos que as compunham. E não só nos indivfduos exponenciais, investidos de uma grande missão ou possuidores de particular irradiaçiio pessoal. Diz. um ditado popular: pelo de+ dou conhece o gigante. Assim tambim, naque/QS pessoas dedicadas exclusivamente à vida privada, cuja existlncia transcorreu apenas no círculo de seus ín1imos, mas que souberam deixar-~ embeber pelo espírito da CÍllílizaçdo Crislii, se rrconhece um jorro de luz que mostra como foi grande a sociedade temporal ca1ólica. Queremos hoje ilustrar esta coluna com alguns pensamentos de uma Jovem. desconhecida do grande público: Marie-Edmte Pau, irmã do General Pau que comandou as tropas francesas na Afsdcia, durante a I Guerra Mundial. Nascida na França, em 1845, quando jd dedinava fortemente nos povos o espírito católico, hauriu ela com sofreguidão o perfume de Cristandade que, embora muito debilitado. ainda perpassava a atmosfera temporal, tendo mo"ido aos 26 anos de idade. Deixou cartas e um didrio (recolhidos no livro "Marie+Edmte intimé", de MI/e. Marie Pesnel). Seur pensamentos, que não são os de uma rrlig,osa, e muito menos os de uma mística, trazem, contudo, a marca profunda da Civilização Crist6 que ela amou. E nos deixam a saudade do que se/oi e o desejo esperançoso da época futura, em que reinará o Imaculado Coração de Maria, predita pela Mãe de Deus numa de suas apariçôes em Fdlima.
~
¼
----
- Em visita ao Museu de Versa ilhes: "Nossa História esrd admira1·elmente escrita nas paredes desse belo paldcio. As salas consagradas às cruwdas causaram-me uma emoç6o indescritfvel: tudo a( i grande, forte, resplandecente de entusiasmo". - "O entusiasmo é o amor aa sublime, le~ado até o sacrifício da 1·/da e de tudo o que ela oferece de melhor(... ). Eu n6o quero mais tentar argumentur contra o sublime; quero amd-lo simplesmente, correr após ele, contempld-fo sempre". - ''É preci.so r;ultivar QS boos recordaçôes; elas s4o por vezes a semente das virtudes", - Ouvindo ao longe o rufar dos tambores e o 1roar dos canhôes, ela comenta: "Há um eco no fundo de minha alma que responde a essaJ harmonias fongfnquas. Por que bate assim meu coração ao rufar dos tambores? Por que o troar do canhão, o cheiro da pólvora me emocionam tão fortemente?" - Aos 5 anos "eu não sabia ainda rezar corretamente meu rosdrio, mas eu exu/tuvu de alegria ao apelo dos sinos para a prece do anoitecer", - "Minha alma desfibra-u no repouso; prefiro sofrer e lutar". - "Eu creio que a dor, para a sociedade como para o indi1·íduo, é deslinada a rttrguer a naturttJJ humana, purificando-a, mas sob a condição de ur comprttndida". - "Eu me espan/0 de ~iver tanto para as multidóes. e de que elas sejam sempre o centro principal de meus interesses e de meus pensamentos; desde que eu me analiso, foi sempre assim. (... ) Este umor abs1rato da humanidade e das naçôes suas filhas, 1em a utilidade de forçar-me, pela lógica, a inleressar-me até pelo mais humilde e mais fastidioso de meus vir;inhos". - "A admiraçdo, o reconhecimento, a exaltação dizem sua última palavra nas ladainhas da Santtssima Virgem; (... ) dir-u-ia que a alma humana reconhece, de um só golpe, na Mãe de seu Redentor, o tipo de sua befttlI primeira e que, enlernecida pela lembrança dos dias do Eden, ela se inebria à vis/a desta Virgem incompardvel. É entdo que todas as graças de Maria. unalisadQS com uma escrvpulosa ternura, revelam-se a n6s através de comparaçôes orientais; de outro fado, o laconismo da invocação exclui toda ênfase, e deixa a cada imaginaç4o o cuidado de colher a flor que foi apenas indicada ... ''. - "Eu quereria morrer por uma grande causa, e o meu único pensamento é o de servir a uma durante toda minha vida". C.A..
José FnndS<:O Gou,·ei• CATOUCISMO - Apm Ili 199:i
Yist, d• cid,dt d1 0uoc1 ~H, ~Dr nn11d1 •• P1nidinci1, 1b11g1 as Santos Ca1por1is
D AROCA. O nome pode par~r estranho a ouvidos bruileiros, mu quanta sonoTidade oomml ele quando oonhteemos sua história. Este nome cvoca um dos maiorcs acontccimentosdaHistóriaqlicadosva!cntcsespanhóis,nalutamulti-$CCUlarpclarcoonquista descutcrritórioaoinva..sormaomctano. SctvcrdadequeohomemfazaHistória, éverdadetam~mqucelatvazlaescmarnça quando a consideração dos aconiccimentos não tem cm vista as relações do homem com Deus. .É neste sentido cheio de elevação que OarocapassouparaaHistóriadaCristandadc,naqua!osmil1gresatcs1amaproteçãode CristoàSuaEsposaeaveracidadedcsuadoutrina. Sobesteprismadevemosveromilagredos CorporaisdeDaroca, na Espanha, ocorrido numlábado, cm fevereiro de 1239.
A• batalha• Tomadaa~lebrecidadede Valfneia, att entlorortedo fam050 mouro Wn, assuntos paniculares obrigaram o rei D. Jaime, o Conquistador, a Yiajar para Montpel!ier, delJtando ele sem cone\uir a conquista daquele reino. Em seu lupr ficou, como governador da cidade,oinsi&nccavaleiroD. JimcnoPfrez, eparaa ddesada:erraconquistadaseismil homem distribuido$ cm trh auarnições, uma de!uoonstituldapel05soldadosducidadcs de Daroca,CalatayudeTcruel. O rcidesi&nou ainda generalinimo de suu armas a seu tio,D.BcrenaucrdcEntenza,aoqualsejuntaram os dois arandes mestres do Templo e de CATOLICISMO -
"'vmtodt 1986
S!oJoão,comoutroscavalcirosilustresde Ar•alo. Loao após a partida do rei, a.s 1rop,ucristãsde Daroca, Calatayud eTerueldccidiram apOdcrar-r.c:dofonecastelodcChio,situado num monte de dificil acesso, onde muitos mourosr.c:haviam refugiado após deixarem Valheia. AI tropas cristãs tomaram os dcsfi· ladeirosqueoonduziamaocastelo,paracortaraoinimigoqualquerponibilidadcdecomunicação,eesoolhcramoomopontoestratéaicodesua.soperaçõcsolocaldcn(Jminado "Puch dei Codol". Os mouros, que do case elo obstrvll"am todos os movimcntos dos cristlos, sobrc os muros atearam grandes foaueiras. e tocando trombetascoutrosinstrumentosprocuravam obtersocorrodeoutrosmouroiqueestavam pelavitinhança. Zafo, que não se: encontrava distante, inccirou-sc da $ituação e, em brc-.~ tefl\po, chciou oom numcro,i,;.simo ah-cito. a fim de dar combateaoscristãosqueataca,·amocastclo de Chio e caminhar dtp0is rumo à capital do rcino,recém -perdida. Omouroacarnpoucomsuashoste5bcmà vinadocastelo,mandouarmarastendasde campanha,cseu cxtrcitocercoutodoomootc, esperando amanhecer para lançar-se ao ataque. Ascrõoicasrclatamquchaviacercadeccm sarracenos para um cristão.
O portentoso mil•gre D.Bcrcngucrdc Enten zarcuniucrnconselhodeaucrraoscincocapilãesqucdirigiam as tropas cristãs. Dccidlramqucaoraiardo diar.c:cdcbrariaMis!.llcquctodososcapit:'les comungariam antes de iniciar-se: a batalha. Terminado o ato religioso, todos, num só ímpcto, dc•,criam lançar-sc contra o inimiao, dis· postosa vencer ou morrer. Defato,sobreumapcdraquctinhaaformademcsa-altar. lcvantou-scum magnifioo pavilhloadomadocom bandeiras e troféus militares. O capelio-militar, D. Matco Martincz, dc Daroca, pároco dc S!o Cristóvão, comcçouaparamcntar-r.c:paraacclebraçãoda Santa Missa Enquamo isso, D. Bercngucr de Entcnza dispõsquefosscmvi&iada.sa.squatroextremidadcsdosmontcs,ficandocmcadaumadc· luSOsoldadosdosmaisbravos,paracvitar umasurpresaourcsistiràprimcirainvcstida doinimi&O. Dirigindo--sc a todos naquele soknc momento, pronunciou cle brC'\·e discurso chcio de e11tusiasmogucrreiroedeoonfiançanoDcusdas batalhas. Em~eguida. mandou que as tropas secol0<:assemaorcdordoaltareestandoto-dosoomascspadasdc.sembainhada.scasbandcirasdespregada5,dcu-scinícioàcclcbração da Sanca Missa. Todosassistiamosan10SacrifíciocomfcrvorosadC'Yoçãoquando,nointervaloen1rcca Consagração e a elC'\'ação, os mouros, com arandeestrondocaritaria,oomcçaramoassahoaomon1e. Oscristãos,dcixandoosacerdotcnoaltar, co rreramaocombate.Osaccrdote recolheu as Hóstias consagradas , envolvcu-asno,;corporaiseasescondcuentreaspcdras,pertodeuma,rvore. Travou-scocombateoomincrlvelardore ap6strkhorasdclutasan1renta,osmouros fugiram para reorganizar-se. Voltaram os cristãos, e o ucerdote rccolocou as sagradas Hóstin sobre o,.altar, p0is os capitlessuplicaramlhesfosscministradaaco~:.nhão.cmaçãode&raçasporaquclavitó-
(r~ :c::;;;~:~:;j~~~:~::~,e~:~·
auccooladasaosoorporais. Tão maravilha-
doficouD.MatcoMartincz,quecaiudejoclhos, absorto D. Bcrcngucr então acercou-se: do altar e pergumou-lhe: "Bom padre, qual ta causa dcvossadetenção? '' Osacerdote,suspirando cderramandolágrimas.tomouoscorporais emsuasmlosenãodcuoutrarespostascnão adevohar-separaoscapitãcsemos1Tar-lhõ as sairadas HóMi.a.stintasdesanaue. "Milaarc! Milagre!", exclamaram todos, arrebatados de entusiasmo. Nãotardou,porém,osmourosvoltaramao assalto. Os cristãos, confiando cm Deus que tãovislvclmemeosprotcgia,lançaram-scao combnteromrenovadoardor. A luta foi horrenda; ocampofiroucobertodccadáveresecroféusdegucrra. Do lado doscristãos,apmasalgumasbaixas.Avitória foi completa. Os mouros abandonaram o castclodcChioe,oodiasquintc,dclcr.c:apossaramoscristãos.
O de•tlno dos Sagr•do• Corporais Ao tratar-se da posse das Preciosas Reliquias,promoveu-scacaloradadisputacntrcos dcDaroca, TerueleCalatayud,poistodosas queriam para si. Os de Tcruel akgaVam ter direito porque suac_apital,estandomaispróllimadoinimiao, unha sofrido mais danos. OsdeCalatayud,porsuavez,asprctCT1diamemvirtudedc r.c:ressacidadeamaior cmaisricadastrês, eaquedavamaissoldadosedispendidomais cauda_is. Osde Daroca. porfim,alcgavamque deveriam possuí-las p0rque foram elõ os pri· mcirosafazcrtremu\ara.sbandeirassobrea PonadosSarracenosdcValhlciaeporscrum filho de Daroca, D. ~1atco Manin~. quefl\ celebrara a Missa. Quanto a O. Bcrcnguer de Entcnu., descjava clc quc as rcliquías ficassem cm Valênda,porscre51acidadea capitaldorcinoondcomi!aarcocorrcu. Vendo, porém, D. Bcrenguer de Entenza queadiscussàor.c:tornavacadavezmaisacalorada, propôs quer.e: firasr.c:a sorte. Todos aceitaramasuges1ãoc,portrêsvcies,Daroca foiaprivilesiada.
Apcsardisso,algunscapitãcsficaramdcsoomcntcs,suspeitandoquchou,·c»eoupudcs· ~0<:ha~vcrar1eouenganoporpartcdosdcDaAlau!mentãosuseriuquc sc trouxes!iCdo campo do inimigo uma pequena mula branca, que nunca tivesr.c: pisado em 1erras dc cristlosequcoonduzíriaemr.c:ulombo,r.c:mscr auiada por ningué'm, os Corporais com assagradas Hóstias. Onde a mula espontaneamente scdctivcssc,alideveriafixar-scamorada.õoolh\da pelo Cfo, do Santi~imo Mistério. Os capitãcsnloscopuscramaestadctcrminação. A55imscprocedeu. OsCorporais,contendoassagradasHóstias,foramcolocadosnumapcquenaarcadeprata.ligadacomoordõa descda.queaindaseoonscrvam.Osaccrdo· te.lC'\'ando-aconsigooomgranderever~ncia, montousobreamula,dci.xando-acaminhar aor.c:ubclprazcr. Atris iam os $0ldados com a Cruz erguida easbandcirasdnfraldadas,caacmecomtochasacesasnasmàos,formandoumaprocissão, tocandomúsicaccantandohinos. Ea crõnicadizqucasvozcshumanasuniam-!iCàs dosanjosquccantavamnosarcsàpassagcm dos sagrados Corporais.
Durantcotrajcto,aopassarporvilascpequcnos povoados, vcrificaram·sc alauns milagresqueaumcntaramofervoreentusiasmo religioso dos acompanhantes. A procissão via·r.c:acrcscida,decadavcz,dospàrocos,lcvandoaCruznoaltoeacompanhadosdcscus paroquianos. Em Pucbla de Aniaza, trou~eram um homcm posscsso do dcmônio, quc proíeria palana.s horrivris com ,·oz estrondosa. No momcnto em que a.s Sagradas Reliquiaspassaram, o homem ficou repentinamente livre do cspíritoqucoatormema,·a,comgrandea.s,;ombrodetodos NaviladcJtr\ca.doisladrõesroubavamum mercador e tentavam as.sassiná-lo. Quando vi. rampassarapr0<:issàocomasSagradasRctiquias, fugiram amedrontados, laraando o mcrcadorquc,cheiodcalcgria.saiuaocnoonUTOUCISMO
Ap1ode1986
iro da numn05-il comitiva. Prostrou-se de por terra.com lágrimasnosolhos,cadorouoSantlssimo nos Sagrados Corporais. Enquanto o mncadorrdatavascu 1crrl,·eltranscaoscircun1tan1es.osdoisladrõesvoltaramcomalaridoeapres~damcn1e,diundoque1inham vistonos aresumamultidãodeluzesbrilhantes e de formosíssimos anjos que voavam, cantando hinos ao Scnhor dos 8:trci1os. E entio sentiram vivos remorsos por seus crimes, ea1raídospor1ãoes1upcndasmaravilhu,vinham,arrepcndidos,confessarsuasculpase lavarcomlâgrimasosscus dehtos.
O lugar ascolhl do pela Pro11idiincia Divin a Porondepass.avaaprCK:issão,opovo,querendoqueali parassca mula, a fimde ficar comosSa11radosCorporais,colocavadian1e do animal todo tipo de alimtmo. Maia mula nenhuma,·ezsedett\-·edian1edasi11uarias. Por fim. chegando a o.roca, a mula entrou pelasponas deum hospital que csta,·a fora dacidade.Ali,ocorrcuou1ramaravilha:oanimaldobrouosjoelhoseexpirou. ~1amancira,osSagrndosCorporais permaneceram em Daroca. Ofatosee!ópalhoupor1odaparte.ParaDarocaacorrcrarnosmaiore!óda1erra:reis,príncipesegrandessenhoresparaadoraremoSantissimo no Mim•rio dos Corporais.
ln•tituiçiio da fe•ta de Corpus Chri•ti No ano de 1261, por CK:asiãodaascensão doPapaUrbano ]V à CátcdradeSãoPcdro, acidadede Da rocacoscucabidorcsolvem enviarumadelegaçãoa Romaafimdcinfor mardctalhadamenteSuaSantidadesobreas maravilhas operadas por Deus no ponentoso mllasre. Além do mais, aumentava considera,·elmente a picdadcd05 fiéis, que afluiam dc todasa.spartes.ejánãocabiamncmnaigreja, nem nas praças. Tinha sido necessário construirforadosmurosdacidadeumapcquena torredepedra- "10rre1a" - para abripra Relíquia. "Estesmotivos.cosinformcsquesobreo íatoderamosgloriososdou1orcs,0Scráfico São Boaventura, e o angélico São Tomás de Aquino,inclinaramoAnimo,efacili1aramos decretos de nosso Santíssimo Padrt Urbano IV,queinstituiunacatólica lsrcjaasolenísslma festa do ·corpus Christi', ordtnandosefizessem procis$Õespúblicase solencscqucndassclevasseefosseadorado 0Augus10Sacramcnto"I•). Silo Vi~nte Ferrer, em 14 14, pregou na "1orrcta"nodia de"CorpusChristi"econvcr1eu llOjudcus. De tal maneiraestcndeuseafamadcsscmitagrc, quedasmaisremotasterra.svinhampcrcgrinosadoraroSamíssimo presente nas Hóstias dos Corporais de Daroca. O poncntoso mila11rc ocorreu no ano de 1239. Hoje. após mais de Sete skulos, podem aindascrvistasc adoradaspclosfiéisas Hóstias,abrisadas nummagn!ficorelidriolavradoemprata,oqualseencontraem DarCK:a comotcstemunhodavnacidadedaSantalgreja Católica. Apostólica, Romana.
Paulo da Gama ( • Jcttldopd<>llo,-do.1'<.Jooffl<lu.inem"·Hi>,;oriad< Da,c,oa".Tan,,n,,füori•ln··H.,akk> d<Arqón"".Za ,a,ou.p. 7l.Ou1, .. obrm.on,ul1t.dH: ·:Cornpt"n<l,OS.. 1ra<.lo<l<lap«<J!in>lú>t0<oa d<LosS..nml"""CorporalnrM ist.,,Od<0.,0<a"" . E<lid6nd<laCaja doAborr0>
,~1:'C~.~t!'.i~=;., ~.~~~~;~-:;:; 0 "'1ad r Comun,dad d< Daroca"", l..,i,ulo E>tu· Lo
~J:r~~
<1<
d< la
E=na . l>i~"' "'ión Pr<>vio.ti-al
CAJOUCISMO - Agosto de 19811
d<
Ainda a tragédia de Chernobyl Soviéticos permitirão socorro às vítimas? O CARDEAi. IVAN J.ubachlnky. primaz da litreja católica ucrimiana pt· diu, em Roma, ao1 n-,pon,heh políticos da Rii'l'iia para autorizartm •~ oraaniuçõc,~ carilativu ca1ólica, • pre.,tar ajuda b pr11.-.ollli atingida'! pela eat1h1rofe da cenlral nuclnr de C.:hrrnob}I. Eis o aprlo - rndoSHndo o pc,dido do Cardnl - lançado rm Konia.stein (A lrmanha), em abril último, prla obra calólica inlemnional ''Ajuda à lgn-ja "lrittrsi;itada"'. e publindo no '"comunicado dt impn-nsa" da ª"oclaçio, "lnform11tion,dien,t·-, no. 2/86 de J0.4.-86: "0 Cardral M}ro,lav han Lubachi,sk,, Pai e guia da lgrtja católica ucra• niana, profundamtnte locado pela itrandt tragtdla qur IIÍt'IOn em primeiro 1ujl:Ar e acima de tudo o po,o ucraniano por ocasiio da catástrofe da ct'nlra1 nuclrar de Chernobyl, rc,a prlas inumeráveis ,ílima.\ r centenas de milhares de alinjl:ldos. "Ao mt•mo 1empo, eom wntimento dr profunda humanidade e 10lid11riedade cri,tà, o Cardtal aix-la a lodos os homen\ de boa •onlade a contribuir por todo• os meio\ de ttiridade po,shcis - para ,11h11r" a~ist\f o po•o uCra· niano martirizado, ao qual ~'li lragédia dt' con'!ol"qutncias incakulá1 ti\~ faz acentuar o~ sofrimenlo, e priva~õ~jii, tio numt'roso,. '"C'omo pastor do povo ucraniano, siruo-me obriglldo-a chamar a atcnçiio dos chefes po lílico~ da lniiio So1ié1ica sohtt siia pe,ada rtsponsahllidade naquilo que rnnct'rnc '-"'"' acontecimcn10. Eu lhl"I peço ao mesmo 1empo de ali•iar a afliçio e o 1,nfrimcntu do po•o ucraniano auturillndo a~ ohrh carillti•a~ a encaminhar e di~lribuir ~m demora a ajuda n«·cs,ária no local d11 calá... 1roft"'. ~ modo, prlo wu encarrqado de imprcn..a, Chri~toph !\-1ulltrlt'ilc, a obra calóllca inlCrnacional "Ajuda à Igreja ,«e~~itada". cndo,sando o aprlo lançado pelo Cardeal l.uhachh•k), pede ao goHmo da Rú~,i:.i de não recu,ar o, ofen-cimentos de au~ílio pro>enlentes de organliaçõc\ caritati•as reli11:io,a, ou 11:0Hrn11mcnh1is que t'.'tào fora da esfera de Influência soviética, ma~ de O\ attitar como sinal de mlidariedadc humana em faH>r de..s11~ prssoai. lio dur14men1e pro~adas.
Nova Zelândia
Visão de conjunto da "terra da longa nuvem branca"
A NOVA ZELÂNDIA, pequena naçio formada principalmente por duas Ilhas si1uadas no Pacifico Sul, multo próidmas à Ausldlla, certamente não constitui objeto de 1ttnçlo especial do públk:o brasileiro. E Isto se explica facilmente em face da enonne
dlstlncia que sepan. nosso pafi do outro txlttmo do planeta, a\fm das ncassu ttlaç6es existentes entre o Novo e o Novissimo Mundo. Nos dias que correm, en1re1an10, estando o globo pnnicamen1e dh·idido enlre duas ideolo&iu sócio-econômic:u conmtantes, ou seja, a que pttvalece no mundo line e a dominante na esfen comunista, a localizaçio t.sln.tlgica de um paít lem papel sumamente importante, sobretudo se considt'11.rmos a possibilidade, sempre pttwnte, de um choque militar entre as duas áreas de inílufncia. Encar11da a reaUdade sob 111 prisma, toma-se comprttnsível a crescente lmportlincia da Nova blindia. Reprneotará grave pertao para a estabilidade do bloco ocidental, se• Rússl• e seus sa1illtes intensifiarem sua influência no arquipilago neozelandk. que ocupa posiçio •lt•mente estratf&lca no Pacífico Sul. Assim sendo, parettu con,enlente a ..Catolicismo" publinr um primeiro ar1igo acerca desse país, bem pouco conhecido do pliblico bnasileiro. A presente colaboraçlo foi enviada por um aml&o nosso l:li rõidentt, o qual apresenta sinlilica mas clarividente descriçio da sltuaçlo reinante naquele es1ra1lglco arquipélago da Ckeania. Um segundo artigo será estampado em próximo nlimero de "Catolicismo", abordando a política de aliança da Nova Zelândia com a Austrália e Eslados Unidos conhecida por ANZUS - , bem como a qucsllo do movimento pacifista no pais, a qual vem afetandosobttmaneira a mencionada allança. WELLINGTON - O primeiro C11ropc-u a visitar 1 NovaZclândi1 foiohol1ndkAbel Janszoon Tazman, cm 1642, o qual partira de suap,itriaoomdoisnaviosem buscado famoso Continente Austral. Ele bordejou do sul paraonorteacostaocidentaldasduasilhas maioresechegouapenetrarnoestrcitoquc dividcaNovaZcllndiaemdua.silhu,imaginandotratar-scdeuma ba!a. A.verdadeira
baia, contigua aoestrrito, e os montes que nela
se banham, têm hoje o seu nome. Contudo, o estreito recebeu sua denominaçãoan home· nagem a Cook, navc-gador in&lk que ali esteve an 1769. James Cook circunavegou ambas as ilhas, mapeou-asdefomiamuitoprecisaeoonseguiu estabeleccrosprlmeiroscontactoscomosnativos, os lndios polinésios maoris. O holandff Tazman chamou a região de "Ncw Zct"land" - "nova terra do mar" -
enquamoosnativosadenominavam"Aotcaroa" - terradalonganuvem branca". Ricoembc!ezasnaturais,aNovaZelãndia ~ um pals em que as montanhas se elevam a altitudes superiores a 3.000 metros, precipitando-se: depois abruptamente no mar. De tempos cm tempos, vulcões entram em crupçlo,oomforçadcvastadora.Todaacosta dasilhastoobcrtaporbelasareiasdouradas,quccnobrecemadmiravelmenteopanorama. Avejctaçloédiversificada,incluindoasc:lvaúmida,com.trvorescentcn.triasaltíssimas ecamadasdcmusgoquecobremosolo.Nas escarpasdosrochedossobrcvivem,apesardos impiedososventosedofrio,pequenasedclic:adas plantinhas silVtstrcs. Encontram-se: tambtm zonas desérticas. Occn.trioainda~cnriquecidopelaprõen· çadoimpressionantenúmerodc75milhõe$ deovelhas,quelheoonfereumtõnusbucólicoe~tico A colonizaçãoC11roptiasóse1ornou mais acentuada cm meados do s~culo passado, a partir do TratadodeWaitan1i, mediante o qualoRcinoUnidoestendeuseuprotetorado àquelestcrritórioscnomeou-lhesumgovernador. Com a descobenadoouro,an 1841,n.ailha doSul,llouveumainC\itéveloorrida àsminasporpartedcavcnrnreiroseespeculadores de toda espécie, tomando grande impulso a imi1raçlo. Porvoltadoanodci870,621/odaJ)OpUlaçãodopafshabitavaailhadoSu!. A ilhado Nortesósepovooumaistarde,quandoaflo· restaprimcvafoipostaabaixoeosrcbanhos a subsutuiram. Hoje an dia a ilha do Norte, CATOLICISMO- Apwdil l!llli
oom suap«u:l.ria eindústriamanufatureira, éírancamentemais dcscnvolvida do queado Sul. abrigando mais de 70'7t da p0pulação. Grandenúmero dcmaorisaglomcra-seatualrnente cm tomo de Auckland. ddade fundada em 184 1. Os desmandos dos brancos aventureiros, a discriminaçãoradaltãodaíndoleda ooloniu,çãoprotestante, e aindaoutro!l fatores,provocaramduasaucrrasrnaorisnoséculopassado,rujadenagraç.ãotornou-sepossiveldevido à vcndadearmasdeíoaoaoscanibai5. efetuadaportraficantesbranoosinescrupulo-
Panorama religioso Aspriticure!igio,,asmaishabituaissãoat de,'áriasseitasprotestantes,havmdotambml um númerooonsiderâveldecatólioos. Osna• tivosmaoris, ao que parc«,nãoforamcon. venicntemen1eevangeliu,dos. rnantcndo, em 1eral, aténossos dias,muitascrença.seco1tumesdesuareli&iãopf!mitiva. Mediante o censo realizado em 1981, oonstatou-sequconú merosomadodecatóli· cosc dosadeptos dos trêsmaioresgruposprotcstantes- analicanos.presbiterianose metodistas - tinha caído de 2. 133.827 para l.943.331.desdc 1976. Os que mais regrediram foram os anaJicanos. Os números oompar.uivos são os seguintes: 1976 - l&reja da lnglaterra(analicana),29,2'1, ;Presbitcriana, 18,l '!o; Católlca, IS,J;Metodista,S,S'i', ; Ba· tista, l ,6'7t . 1981 - lgrejada inglatcrra,25,7; Presbiterian.a . 16,7: Católica, 14,3; Metodista, 4,7; Batista, 1,6. Esse declínio foi abribuldo. cm pane, à chamada renovação carismâtica e ao surgimento de novas"crenças" . O maisn01,velcrescimen1oobservou-senat Assembléias de Deus, que em 1956 possuíam somente747squidores,alcançando,n05últimoscincoanos,um aumentode l24,6ir..A contin uaressatendi!ncia,prev!-se queosadep. tos desta se itaserãoaproximadamcmc300mi1 almasnofi na! doséculo. Outras confi~ r~osas também cresceram, como por exemplo a ia,eja Ratana, u Tc:stmiunhasdcJrová,aigrejadosSantosdos Últi mos Dias. Oestas,a Ratanaea dosSantos dos Últi mos Dias mantiveram a maior proporção de çresci mento em 2, anos, e em suas fileirasencontra·seomaiornúmcrodemaoris. O número de não-crentes também aumentou , e os últirnos números oonh.ecidos são: q. nósticos (24.000); pessoas se m re!i&i!lo (168.000) eateus(22.000). Desdeoiniciodacolonlzaç!locuro~ia, llouvecer1onúmerodejudeus.seguid05pelosllinduis1as. Oprograma derenovacloearismática recebe iníeliunentetotal apoio da Hierarquiaca• tólica na Nova Zelândia. Tal programa vem sendo promovido mi todas as dioceses do pais, oomgrandealarde. Entretan10,suarectptivi· dadej uncoaosfiéiséfria,poismuitosvi!etn o movimento carismático como um incenti,·o àprotestantização da Fécatólica. Hâ também os que ident ifica m a renovação carismática oomcomunldadescristãsdebase. Dcqualquerforma,percebe-seo desejode esquerdizara lgrcja,porpartedesnisahos representantes,afim delevaroscatólioosa assumirdeterminadaposiçãoperanteosassun• rospoliticoscandentcsdo'pais. Nota-setambem umaacemuadatendênciaecumi!nicacom ofitodemlsturarosca1ólicosoomadcptosde ouiros credos. Nesse sentido, i' se ei;tuda um scn--içoconjun1odccultoentrccatólicoseanalicanos. Eactsechegoua fazera proposta daordenaç!lodemulh.ercsehomenscasados, O.T0UCISM0 - ~toóe1986
Bases do PC alemão a suas cúpulas: mintam menos! FRANKFURT- O Par1ido Comunista Alemão (DKP), da Alemanha Ocidental. realizou, em fi ns de abril deste ano, cm Hamburgo, seu 8? Congresso Nacional. Os grupos regionais. urbanos e de bairro, do Panido, enviaram, com an1eccdhM::ia, 1Uges1ões que o encontro deveria analisar e publicar. As citaÇÕCS abaixo foram extraídas do livro de propos1as vindas dos grupos de toda a Aleman ha, e revelam as preocupações e dificuldades que as bases do Panido encont raram no seu trabalho capilar de atrair e convencer novos aderentes. Em termos não muito velados. eis o que as bases do PC querttn de suas cu. pulas: deixem de mentir e5QU\caradamente na propaganda que fazem do co· munismo. Pois tais mentiras estio sendo contraproducentes. Vejamos: O grupo de bairro de Munique-M00$8Ch sugere : ··Os propósitos de paz dos países socialistas tomar-se-iam muito mais claros se tambt!m fossem mosnados os problemas que se põem para o socialismo na manu1enção do equilíbrio militar; e se o desenvolvimento dos países socialistas não fosse apresentado cm tonalidades tio c;or-dc-rosas". Do grupo de bairro de Col6nia, Centro-Velho Sul: .. Nós somos a favor de wna maior objetividade na apresentação dos m~ri1os da União Sovítlica e não dol constantes apla\lSOI e ovações, sejam quais forem as palavras nas quais estio envoltos". Orupo de bairro Heiddbcra-Sul: ··uma avaliaçlo realista da sin,açJo dos pabes que vivem o socialismo real obrip, sq;undo nos parece- não só tendo em vllta uma arp.imentaçio fidedigna no pais em que vivemos - a não ignorar limplcsmente os reveses evidentes, como por exemplo os que pudemos observar nos últimos anos na Pol4nia". O pupo de Dortmund.-Domfeld a propósito da alegada .. crescente podridlo do lmperiallsmo'' capitalista, diz: ''Sento nos for dada ader~de Lenine sobre esse procewt, essa afirmação~ frutado oco para mWla gente, que a rejeita como nlo tendo base na realidade social em que vivem. Por isso pleiteamos que se desista de u581' o termo ·podridão"'. Sobre o mesmo termo, su,ere o grupo de Sin,en; "Essa afirmação nos soa malto batida''. O pupo de Punlenfeldbruck aaim se exprime sobre os problemas do meio ambiente: "Os problema ecolósicos nos países socialistas deveriam ser apresentados abertamente". O grupo de Bannbed:-Sul: "Renovadamcnte afirmamos que, em vista do acirramento da lutl ideol6pca, cret0e cvidenlemente a importlncia do traba lho fllolófko-ideolóp:o. Nlo oomepiremos, no entanto, sa1isfazer essa W fOfflllllaQ&apad:ticueempoladas, compostassolntudoparaatingir e convencer os outros. Mas dnka e exclusivammte com argumentos claros e evidentes, e com fundamcnt.aç6es concludentes, nprcssu cm Un,-ua,:em dara e inteliglvel para a maioria de nona populaçlo. "Ao talarmos de nós mesmos, ou sobre os palses sociali~ta.s, Jogo derrapamos para formulações patfticas e idealizadas. que íacilmenl e podem ser in1erprctadas como um au10-incensamen10". Como se vê, as basti do PC alemlo não têm ilusões sobre a propaganda feita por suas CUpulu. Se os PCs no Bra~il não fossem um mero produto de laboratório, e tivessem bases, o que diriam ~tas a suas cúpula.~? BfiJollol~bull~
aenaacom
sugestão esta Que partiu do Conselho Pu10ral da Diocesc dc Auck\and. Como se vl,é:o progressismo que vai penetrando na Nova Zclãndiaeomo por toda pane, faundo suas devastações.
Grupos raciais e tUnlcos
Ddllciodo6oftrllDIIIOlNl'ldh,•Wlllinlton.',....uslllliornts1111nnsdllllHllirldollllilldo.Edificldo a111 inh11 abedlc:1111 ontilo da .-quitelllQ trtdiaorlll dos ~oficilil bri1inioos, • ,og1 IIIO sku1a
,m 1878.
puudo.
Editlcios do PIOl"""1o. "' c~ttl nte11tl1fldlsa, QIIII 1prHent1m fGrtt cotrtrn11: o dl Htilo cliwco op6t·a d1 u1ilo mode,no, o •u•I t d1nomintdo ""Bnhin" (Colmti1I
Os Estados Unidos armam a China comunista
to
HAvAriaslendassobreaorigemdaprimcirapopulaçiodaNo'"aZc!ãndia,sendoamais populardeluaquenarratersidoumpolino!sio chamado Kupe o primeiro homem ache,ar ls ilha..s. Foi cle - de acordo eom 11radiçào local - quem deu o nome "Aotearoa" 11.terrarec!m--descoberta. Eneontrando-ades.abitada,KuperetomouaHawaiki,localizada,segundováriosindídos,naPolinésiaOcidental-a legendáriaterra natal dos maori -,apartirdaqua!começaramasondasmigratóriasànovaterra 05 maoris inicialmente povoaram a ilha do Norte; i:ulti\·avam como suprnnos valores o "mana" (J)resd&io),o "1apu" (s.antidadc)c o''utu"(vinpnça).Ocanibalismoerapraticadoporeln,espccialmenteapósasbatalhas, na celebração da vitória. Daatualpopulaçãodasilhas,)mithôcsde habitantes,90"i'oédeascendenciaeuropéia:in&leses,=,iugos!a'"os,holandesescaustra!ianos.0Jmaorisrcprcscntamapenas8"'• dapopulaçãototal.Sobosconheddospretextosdeautodeterminaçãoedeprescn·açãoda i:ultura,a!lmdcoutros,tem-seintentadoartii:ularummovimemodeagitaçãointerna,vi sandocriareonflitosentremaoriscbrancos. Esse movimento t bafejado - eomo em vários ou1ros países do mundo - por forças interenadasemdcsagregarosrestosdccivi!izal'ãocriitãqueaindasubsistemnomundocaótico de nossos dias. Urnalidcrdomo\"llllentopró-independ~ncia maori~ DonnaAwatcreque, no liwo "Soberania Maori", afirma estar seu po\·O engajado numa suen-a ~ica, a qual assume grandcs proporçõcsnamedidaemqucopassadoércve!ado. Afirma ela: "'A guerra começou há 140anos.Oenilodcbata!haeseulugarmu4aram. Entramos em nova fase". Repetíndooqueoutrolfderracial-este daNov1Calcdônia-disseaccrcadaprescnça dm brancos cm seu pais, Donna Awatcrc afirma: ''Obrancothó:spedcemmeupais". Ponanto, U forças interessadas em criar animosidade por pane da minoria maori eon-
CiAtOL!CISMO
SEGUNDO o "Washington Post" de 31 de outubro último, o Congr{"lso norte-americano liberou a venda de 98 milhões dç dólares de equipamento militu para a China comunista. Encorajadas pela nova "dé:tenl.C:" promo\·ida por Reagan, várias companhias privadas já haviam vendido à China equipamento civil utiliz:hcl para fins militares, como helicópteros Sikor5ky; mas agora foi feita a primeira tran,ícrCncia de equipamento e tecnologia militar de governo a go~·erno. Essa primeira venda refere-se especificamente a equipamento para modernizar as fábricas chinesas de munição de artilharia. Mas cla abrc campo para futurM operações com equipamentos sofisticado~. como misseis e radares de defesa anti-aérea. Esta inclusão da China comunista no pro1tama de "Venda~ ~lilitares ao Exterior" do governo none-americano marca uma profunda mudança na política dos Estados Unidos com relação à ditadura chinesa, prccisameme no momento cm quc o go~·erno de Pequim está enaajado numa política de maior aproximação e amizade com Moscou. Por incrível que possa parecer, a razão que Rcagan excogitou para defender $\la venda de: armas i China comunista, é que tal política "fortalece a segurança dos Estados Unidos" ...
CATOLIC1SMO-Agostodll19116
tra os brancos. Lamentavelmente, tambtm na NovaZelãnd.iaccrtoselementosdosmeiosca• tólicos estão comprometid0$ com nse movi· mentoracialdecunhorebelde. Assim, em aniJo estampado na publicação católica"FamilyLiviq"(março/85) ,umtal Dr. Bob Moore aíirma: "Sou obrigado a ad· mitirque,comobranco,penençoaumsiste· ma que concentra o poder e a autoridade em mãosbrancas.Omff"VonoualarejaCatólica neoze\andaaevejoque1randepartedopoderrepousaemmão5dehomensbn.n001,ain· daqueumemcadactncocatólico1deAucll:land seja maori. Quanto desejo temos nós de permitir aos católicos maOflS oondutir sua própria canoa e celebrar sua própria identidade eatólicamaori".
Panorama polftico Por pertencer l Commonwealth, a Nova Ze· lândia rm>nh- como Chefe de Estado a Rai· nhaElizabeth ll da ln&Iaterra,eabendoàcoroaina]esaanomeaçãodo10,·ernador·1eral dailha. Seusistema_deaoverno~parlamentPrista. Asúltimasekiçõcsforamrealizadasemjulho de 1984 , subindo ao poder o Partido Traba· lhista (Labour Party), o qual conquistou 56 assentosnoParlamemo,enquantooPartido Nacional(Nationa!Party)obteve37,eoPar· tidodeCrMitoSocial(SocialCredit Party) apenas2. Aposição preponderante no Partid0Trabalhistafaliberalepra11mltica. Há,porfm, cm !iCU seio, alas mais otremadas, destacandose er!lrc elas o chamado Partido de Unidade Socialista. Embora conhecido com e:ue nome, não ponui representatividade parlamentar, ncmflegalmenteconstitu!do,sendoapcnas um grupo radical dentro do atual governo trabalhista. Minoritlirio, este agrupamento nquercfu1a 1em en1retanto arande influhleia na politica seguida pelo "Labour", e seu claro objetivo f promover a dominaçf,o da Nova Ze· Jãndiapclocomunismo. AmaiorforçapoliticadaoposiçãoCoPartido Nacional, que apesar de apresentar-se com tintasconservadora.s, deixou o país em pksimasoondiçõeseoonômlcasporoca.siãode scupcriododego,·emo,nomandatoanterior. O Partido de CrMito Social afirma ser uma ahernativaemreo50Cialismoeocapitalismo ditoselvagem.econtacomgrandeapoioda imprensa. Háaindaoutropartido,semreprescntati· vidade parlamentar, o Partido da Nova ze. lãndiaque,nodiierdeseulíder,propõe•sea seropartidodaclassetrabalhadora.
A impren• a neoze/ande•a Na principal cidadedailhadoNorteAuckland - hádoisgrandesórgãosdeimprcnsa:odiárioma1u1ino"NewZealandHerald"',consideradodeposiçãooo111trvadora. co "Aucll:landStar".sespertinoliberalque apóiaoaovemotrabalhista. Wellington.capi1aldaNovaZelãndia,possui igualmente dois jornais de expressão, o "The Dominion'" e o "New Zealand Times", sendoestcúl1imoconsideradoomaisconSCT· vador. Quantoàimprensareliaiosa,eaberessaltar dua.spublieaçõescatólicasdecirculaç!onacional. Uma Co "The Tablet", de orientação 1radicionaleoonservador1,quedei,r,oudereceber apoio oficial da Hierarquia. Outro o"Zealand.ia"'-!consideradootremamente progressista. rettbendo, iníelizmente, total apoio do Episcopado. PhllipÃ. Moran CATOI.ICISr.10-Ã90't0 de 1986
Agruras do consumidor soviético EM NOSSA EDIÇÃO de nove mbro do a no passado (no. 419), apreKnta· mos ma ti ria inklila no Brt1sll , extrt1fd1 dirtt1me n1e do " P ravda", ór&io onda! do Partido Comunista so vli tko , e do " ll\'ts tla", diá rio do governo do Crtmlln. Esse noti riirio já enti o atestava qu io critica é a situaçio na qual vai imerJindo a RUS.Ua. De fato , os dois principais órgios da imprtnsa da quele país enume ram tantas rttlamações, qurixu lio variad as de indMduos e ali de º 'la nismO!I 1over· na mentais, qu e se pod e condulr: a prod uti~idade e a efidi ncia do sistr ma tt006mieo soviético tendem a uma siluaçio caótica. Confirmando aqur le estado de desoraaniuçAD eeo n6 mlca da Russia, pa reeeunll!I o ponuno n-produrlr neste número um notklárto publicado pelo " P n , da", em sua ediçio de 22 d r re'l'n-iro último. Vej a mos o que os infeli us co nsumldorn sovii licos têm que suportar da pa rte dos bako nislas do com t rcio es ta tal; e tambim • categoria "sui generls" de prod u1 os a eles imposta por um sistema econômico que esquerdislas bras ilei ros tt lm a m , apesar de tudo , e m ver Implantado em nossa Pi tri a. Srgu e tr adu çi o da no l kla.
A MERCADORIA AMA O DESVELO A INSENSATEZ e o formalismo na organiz.ação do comfrcio e a carência cada vez mais sensível de artigos bons, res istentes e bonitos tornam o balconista indiferente, desatencioso e desrespeitoso em relação ao comprador . O tklio, aindifercnçadealgunsvendedores, a arrogância, agrosseriacacrueldade de outros, são as consequências diretas dos defeitos da administração do comércio. Julgue você mesmo. Ali tarefas para a secção de Tsum (armazém em Duchamb, capital do Tadjikistan), são estabelecidas de acordo com a estação do ano. Se não se está na estação do ano na qual você f encarregado, sente-se e boceje. Se chegou a sua es1ação do ano de trabalho no comfrcio, esforce•se. T. Mukimob, diretor do armazfm, simplesmente explica: "Não se pode transponar as merc::adorias de uma seção para outra, assim como não se pode transponar os vendedores (de uma seção para outra)". E na realidade is10 (tais transferências de mercadorias e vendedores) não i simples de fazer. Caso se façam, serão infringidaJ não só as espccializaç6es, mas também uma sfrie de instruções, não contribuindo de nenhum modo para a ajuda mUtua tntre os trabalhadores, nem para o largo desenvolvimento das profissões do mesmo ramo, e nem para o 1ra10 atencioso das pessoas emre si, nesta esfera Não i segredo que alguns armazéns da RepUblica acima referida e em pani· cu lar da capital, não confiando no comprador, limi1am com empenho o acesso (do público) às mercadorias por meio de toda sone de barreiras, feitas de correntes, cordas ou cordões que permitem a passagem somente de S a 10 pessoas. Se você vai escolher um vestido para a sua filha, o guarda invariavelmente lhe barra o caminho, e i preciso provar que (a filha) veio junto por causa da compra ... Atualmente também outros lideres do comircio estão çonvencidos danecessidade destes dispositivos de limitação e contenção, entretanto, ofensivos às pessoas. E, de acordo com a opinião deles, i indiferente que haja deficit, inter~~~=~ão (de pessoas), ou que as mercadorias permaneçam muito tempo na es- Para quem elas servem? - pcraunta o diretor V. Kremniavka, do Tsum (armazém). E mostra os artigos feitos cm Lcningrado e Kanibadan. Depois de 20 dias, não se vendeu nenhum vestido. O preço j.f, baixou virias vezes, e mesmo assim não se vende. Na realidade, quem quer vestir•se com essas roupas horríveis? A direção e os tCCnicos da fábrica qud,r,am-se da falta de guarnições, fivelas e botões de boa qualidade e de emblemas reluzentes. Porém ~cri, possível que isto justifique a mercadoria defeituosa que enche as nossas prateleiras? Até 20"io dos ar· tigos de costura do Ministfrio da Indústria local da Repúb lica do T adjikistan são defeituosos. Dez entre trin1a indústrias do Minimfrio da Indústria Le\·e (que foram) examinadas tole ram continuamente infrações das leis do comércio e das condições técnicas. Anigos defeituosos tambim foram apresentados cm uma conhecida exposição de Duchamb. Hil. o caso das tristemente famosas calças com uma perna de cada cor , feitas na ofici na da indústria avançada pertencente ao Ministério da Indústria Leve daquela República, empresa denominada "SO anos de URSS''. É o único caso? Junto com S. T ursunmatov (diretor da seção do comércio da indústria de mercadorias da Repdblica de Tadjikistan) fomos visitar a indústria . Orgulhosamente nos mostraram as coisas bonitas. Após termos admirado os modelos, fomos ver a linha de produção. Ali arrefeceu-se o entusiasmo. Ao acaso, tiramos um terno do cabide e vimos nele um defeito grave. O. Latifi Correspondente do "Pra\ da"
Espanha: continuidade ... na demolição Ü
ELEITORADO espanhol
rcnovoucm22dcjunhoUl!imo, nãosemcertarctidncia,omanda1oconfcridoaoPSOE{Partído Socialista Operário Espanhol),
h,poucomenosdequatroanos. Ai-ar da dccad!ncia e de uma desconforthcl abstenção de 29,2'11,sinalexpressivodcdesintercHe popular, os so,:ialistas continuam no poder em Madri, presumivdmente,attpelolM'nos
1990. Comcnta-senaEspanhaaeltis-
tfncia~umsupostoplanosocialistadas"6lesfalaturas",istot, o intuito do PSOE de permanc-
oer no govemo, ininterruptamen1c,por24anos. Tal plano 1upõe um paciente gradualismonaexecuçãodopro-
gramasocialista,dcmaneiraair acostumandoopovooomseus cfeitosdclettrios.Amarchaace-
lcrad.a rumo ao extremismo de suaspropostasfinais,ocasionariahojcnecnsariamcntcumsobress.alto enéraicodeconsequ~ncias imprcvislvcis.
Acos1urnar,adonneccrcavançarnasurdina,eisafónnulapresente do PSOE. Falando no seu XXX Conaresso, cm dcznnbro de 1984, FelipeGonzá.lez,SccretárioGeraldaorianizaçloeatual Presidente de Governo, relembrou, mais uma vez, que o partidohavia1dotadoumalinhade açlo jraduafüta, inimi&a de aventureiriJmos;"OprojetopredsaserencutadocomooJiulas do Himalaia acoruelham: subir comosetivesseoiteotaanosparachegaroomose1ivessevin1e" {"ABC",Madri, 14-12-84). Dois meses depois, di$C111'$aJ\· donumsemintlriosobreliberdadespüblicas, voltouarecordar queopro,ramasodalistaprecisavade25anos-astais6leiÍS· la1uras - para a realizaçlo completa. Ao mesmo tempo, instou seuscamaradasdepartidoamoderaremoritmoreformistapara que"nin,ufmsesintatentadoa voltar a montar uma cruzada" ("Ya", Madri, 24-2-85), aludo evidenteaoperigodenov11uerracivil,comoadel936-l939,casoossocialistasabandonemsua ttltica,radualis1aeaceleremimpen!o8.damente,almldoquetoleraaopiniiopública,amareharumoaseusobjetivos. Da atenção posta e,;eessivameme nom~todoutilizado vem oerrocras.so,hojebastantecomum em numerosos meios de dlfudo, deafinnarqueopr()Jrl· masodalistanaEspanbai! "moderado.Naverdade,continuaele deumaradica!idadeatroz,CJ<primindo,hojecomoontem,osobjetivosijualitáriosecoletivi51as. Faz pane da manobra pôr de lado duas pOSiç-ões historicamente muitoprotuberantesnosocialismo:emprimeirolugar, apoliti-
ca econõmieanão tem o acento posto·naestatiaçloecoletivismo, como era habitual, mas se apresentacomcaracterístiClUliberais; em segundo, a postura antinone-americanaestAnasurdina e o PSOE tomou at1um.as atitudes favorecedoras - pelo menos em pane - d05 interesses (Xidentai!, como se deu, por e~emplo, no plebiJcito $Obre a NATO. Com issoelesedisfarçounosvéusda moderação.
Demollç io da aocledade Comessasduasposturasrombudameme realçadas em ,randes meios de difusão, o socialismo vempodendopromover,relativamentedespercebido, ooutroaspec1odesuaação,queconsiste em demolir minuciosamente os restos,aindaupressiv05,da&-panhatradicionalecatóliea. Realitou uma reforma no Exército,quepraticamentetirou do Rei o mando supremo das ForçasArmadaseocolocounas mlos do Presidente: de Governo e de seu Ministro da Defesa: reformouoJudiciwio,despojandoodesuaindispensAvelindc:pendhdaepondo-osobcutelaefetiva do Legislativo, ou seja, do Panido no poder: legalizou o abono;leaalizouoconsumodas chamadas "droi;as brandas" que, como todo mundo sabe, são a porta de entrada pua as "dura:s";promoveuumaesc.andalosaeducaçlosexualnuc:scolas, "libenadora" e "desincomplexante":eliminoudiscriminações contraoJhomossexuais:autorizouacirursiatranssexual,e,;pres. s.loeuf!micaparaindicaralegalizaçlodascastrações;disscmioou pelop,aisinteirooschamados Centros Assessores da Mulher, verdaQeirosf(Xosdc:uma moral permissivbta e aotifamiliar;pennítiuqueaquestloregionalista, com seu macabro conejo de atentadosevftillla$, continuassesea1ravandoeameaçaue aunldadedaEspanha:aprovou uma lel de ensino (a LODE) que introduzaautoscstlocscolaretiradosdonosdecoltJjo,diretores e professores, ,rande pane do poder que até a1ora tinham, transferidoparaumórgloeletivoeanifidal,oConselhoEsco-lar;vemestimulandopela1elevisloestatalintensaeampanhaoontraal,reja,amoraleatólica,e instituiçõestradicionais,comoa MonarquiaeoEittrcito;ineentiva na ~panha inteira a propagandadablasramiaedacrépula, comoforamoscuos,entrc:outros, das peças teatrais "Teledeum" e "Demonis". TerrfveledevastadorainvestidadedemoliçloradicaldaEspa-
Eleições parlamentares: 1982-1986 A"°
cadeiras
'li dos vo101
1912 1916
202 114
41,14 44,06
Total dt cadeiras
350 J50
Uma revolução tremenda, assombrosa ALFONSO GUERRA, Vice-Presidente do Governo e o segundo homem do PSOE, não receiou declarar: "Fizemos uma revolução absolutamente tremenda. Quase não nos demos conta, o que t melhor ainda. Há nesse pais uma revolução cultural verdadeiramente a.s.sombro-sa. Ainda hâ muito por fazer, não há a menor dú,·ida. Mas há apc:1encia. E há uma revolução magnífica que: t a volta à natureza. Ecsw revoluções, que são muito mais discretas que as revoluçõc:5 polítita5, estio se sucedendo na Espanha" ("Diãrio 16", Madri, 5-7-85). Tam~m o conhecido jornalista Jo5ê Maria Carrucal, em livro de ampla divulgação - "La Revolución dei PSOE" - estendeu-se: ~obre o mesmo fato: "Se voltamos o olhar para as mudanças mais es;pctacularc:s introduzidas pelo Governo González(, .• ) nos damos conta de que: correspondem a esta ultimíssima revolução (a revolução cullural). Uma revolução formada concomitantemente: por uma multidão de revoluções: a revolução K· xual,arc:voluçãofc:minina,arc:voluçãopc:nal,arevolução homonexual, a revolução filial, a revolução estudantil. Tudo isso unido a uma nova rc:laçto com a natureza. ao desafio do principio de autoridade em todas suas foi mas; ao ensaio de no\&S esmnuras familiares'' (Ed. Plaza ê: h.nes, Barcelona, 1985,pp.41-42)
nhacristl,quesed!paradoxalmente num emoliente clima onde oqueseouve,quaseexclusivamente,vindasdetodo5oslado5, slovwcsadormecedorasclamando"moderaçlo","moderaçlo".
Na verdade, o ,logan da campanha de 1982, "Pela mudança", eodadel986,"Continuidadeno bom caminho", exprimem, se bementeodld0$,IObstinaçlode executar-com&radualidadee muitocuidado,éverdade-uma =luçãodeumradicalismopoucas vezes visto na História. Pretende-se, de fato, a desaattaa· çlointeiradeumasociedade.SobreosrestosdaEspanhadeSanta Teresa e de Felipe 11, o PSOE almeja impor a anarquia at~ia, autogestionwiaecoletivi5ta.
Por!m, felizmentecresc:cdentrod.aE.spanha-paradoxalmenteinctendiadaeadormecida-o mlmerodaquelcsqueper«bema matreira dicotomia criada pelo PSOE que, como o deus Jano, apresenta-se com duas faces: uma, liberal,econõmica e ocidental, quetranquitiu;outra,quepoderlamos aenericamente chamar de revoluçloeultural,queameaçae agride. TerAo PSOE suas "6legislaturas",ouoincêndioacabarApor dc:spenaraarandeenobrenação i~ca,ca1ólicaepuJ11azentrt. todu? Do rumo que a Espanha tomar nessa encruzilhada depende seu futuro. Pl rlclesCapa11em11 CATOUCISl,l.0 -Agosto de 1986
REFORMA AGRÁRIA Fatos recentes da agitação agrária no Brasil P ODE·SE AFIRMAR que em quase: todos os movimefltos imponantcs verifie1dos no Pais, nas últimas Ktllanu, com vistas a subverter a ordem cstabtl«id.a no campo, notou-
K a propulsioda "esquerda católica". Aresenhaqueaprescntamos1seguircomprovaaafirmaçlo supra,merece:ndoserres5al!adoopapelpreponderantequeedesi1h1i-
cosv~muercendo,demododesconcertante, nesseprocessodeagitaçlo.
A CPT en•lna ao• lnvaaor•• a "resistlincla" armada Scaundo a CNBB e a CPT, invasão e ocupação tem sentidos diversos. Aprimeirasignificariaapropriar-Kestavel-
mcntedapropriedadealheia,devendo,porisso,scrrejcitad.a.Jáasocupaçõesdeterrassão
tidaspelosdoisoraanismos«:lesiistlcoscomo''movimemostransitóriosepaci"ficos,atravbdosgua.isseprocurapressionardem0<:raticamenteoPoderPúblkoparasolucionara situaçãodecxtrcman«es.sidadeedesespero dos lavradores .. ("O Globo", 15-6-86). Éassombrosocon.5idtraraocupaçãodatcrraalhcia-autlnticoesbulhoposses.sório!mero"movimmtotramitório epadlico",comose isto não C011$1itu!!ISe, por si W, uma violfncia ao Direito. Mas a CPT - Combsão Pastoralda T crra-c,cplicamelhoroqueentci..:lcpor"pacllico":"Quandoaresistençia {sic)dospo5$eirosnãoisuficieme,(cles)são eapaus de se orpnizar e realizar ações de au• todcfes.i, induSÍ\'C com armas. É uma medida e:\trema a que tem sido levados pela \iolblciaoficialepelaviol~nciadosfuendciros, grileiros, pistoleiros, etc."{cfr. "CPT: Pastoral e Compromisso", Votes em co-ediçln com a Comissão Pastoral da Terra, 1983, p. 4 1). Auim, embora fale em ''movimentos transitórios e pacificos'" de ocupaçlo, a C PT estimula,navcrdade,ainvasãoarmadadasterras. O conselho acima - seguido à riS<:a pelos invasores - vai espalhando pelo Pa(s indndios,mortesedevastações.
Bispo• do Paraml apóiam inv•• •o Durante a "Romaria da Terra". em Laranjcirasd0Sul, no Paran,, oi10 Bispos e p1Utoresdetodaaregiloreafirmaramoapoioaos chamados ''Sffll·terra" que invadiram proprit-dades no Es1ado e ins1alaram 26 acampamentosparae:\igiraReformaAgr,riaj,. Este,:e pracnte à manifesação O. Pedro Fedalto, Arcebispo de Curitiba e presidente da Regional Sul li da CNBB, o qual dedarou, nes5,1 circunstãncia, que se a Reforma Aar,ria não for .·ucutada.aviolblciaser,inevid.\·el,ea l&reja pmnanecerti "ao lado dos oprimidos" ("O Globo", 7-7-86). Durante o 1rajc,to de quatro quilômetros percorrido pela insólita Romaria, trh encenações foram fcitu, apresentando kTllpre a po,i ç.l,o do governo como "morosa e intoleran-
O.TOUCISMO - ,l.gostQdll 1986
te",adosgrandesfazc:ndelroscomo"aploradoraecriminma"eadosBlsposoomode "coragemelutapelaconquistadaterra". No))41iodaigrejamat rizdeLaranjelrasdo Sul,depoisdepedirqueamultidloerauessc u faixas e os canazes para a filmagem que a Comilslo PastoraldaTerraenviar,atodos osEstados,osorganizadoresrecebe-ramespig1U de milho dos invasores, como símbolos do movimento . As espigas foram reunidas em oestos de vime que cada ifUPD levou aos 26 acampamentos do P araná, os quais reúnem hoje mais de 20 mil pessoas. À tarde, no mesmo local,os8Bisposepastoresdaigrejaluteranarealizaramum a celcbraçãoconjuntacomo marcodalut a pelaterra("Joroald0 Br11.1il", 7-7-86). Solcnemente,portanto,numacerimõnialitúrglcaeapóspasseatadeprotcsto, Prelados legitimaram e "abençoaram'' as ações dos invasores. Eis como se ,:iola, de manelra frontal, a ordemjur!dicado Pais.
CUT propõe ocupaçao em maHa, e D. Balduino elogia A c,cecutiva nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores) proporia ocupaç.ão simultlneadetodas1UtC1Tasociosasemalaproveitadasdo País, "sejameLu públicas ou particulares, de empresas nacionais ou multinacionais",cmscullCongressoNacional,aser realizado cm fins de julho, no Rio. Por ocasião do mcerramento do li Congresso Estadual da CUT paulista, cm São Bernardo do Campo, o projeto foi aprovado. Scg\Jndoapropo!ita, de-'Csereliminadaa propriedadepri,:adanocampo.Alterr1Uinvadidas passariam a sercoleti,:u. O documento sugere, ainda, que os acampamentos sejam feitos por tempo determinado para evitar o "rlscodedesgastesdiantedaoplniãopúbliea". AestratigladaCUTpre,:!lutapelaconqulstadatcrra,queenvolvcoenfrcntamento dos"g,rileiros .. ("JornaJdoBrasil"e" Folha deS. Pau!o", 7-7-86). Para o Bispo de Goiás Velho, D. Tomás Batduíno, essa proposta tem um "cunho de validade e de respeitabilidade". No momento cm que o Brasil se v! convulsionado de Norte a Sul pelo incitammco às invasões,oquepensardessecomentário7
Enxada no altar: d a mi••• do• ' '•em-farra'' Ao celebrar missa.na catedral de Bruma, o Bispo-auxiliar de Curitiba, D. Alberto Cavallin, reafirmou o apoio da CNBB aos cha• ma.dos "sem-terra", que jejuaram durante dois dias pelo apressarnento da reforma. Entre as 85 peuoas que participaram do jejum - alguns na sede da CNBB, outros na porta da Nunciatura Apostólica e no squlo do Mirad - , havia uês padres . Duranteacerimõnia,umaen.,:adafoicoloeadaemcimadoa!tar, enquancoospartici-
pantes do jejum cantavam hinos e le-,·am.a~-am. Ao acolher os manifestantes, D. Cavallin, o qual tambim i membro da Comissão Episcopal de Pastoral da CNBB, afirmou que a CNBB se es1, transformando numa "tribuna livre" para os '"kffl·tnnl", já que em outros luaares "voo!$ nloconseguem abriras portas". OBispodiriglu-seaos"sctn-terra"comestas palavras: "VOCCSnlosãobagunceiros, nemoomunistasouarruaceiros.Nlovloatirarpedrasemau1oridades. Vodsviocoose11ulrderrub• r os'1ollas' d0Poder eoutrastant1Uparedesquevãodificuharapassagemde VO<:!s. Vocêsnãosãovagabundos,sãoliomens honestos,osverdadeirosapóstolos"("OEstadodeS.Paulo'',10-7·86-negritonosso) . Tal ditirambo vale bem como um podero1,0 estímulo para que os chamados "semterra" continuem a "conquiuar" a terra alhela ...
Atra• o na reforma pode levar I guerrilha, ameaça Bispo O Bispo de Conceição do Arquaia, D . Jos,! Patrício Hanrahan, afirmou que, se não
houver urg!ncia na Reforma Agrária, pode ha,:cr uma auerrilha na rcailo do "Bico do Papapio" (norte de Ooiás). E acusa pequenos grupotdelatifundiários,queresistcmàreforma ("Correio Braziliense", 3-6-86).
Bl•po peda reforma " cora}o•a", ou have,A " explo•lo " "O que se notai que o Presidente Samey quer fazer uma reforma aar,ria sua,:e de· mais", afirmou o Bispo de Bragança, no P ar,, D. Miguel Giambelli, ao ad,:cnir que a Gleba Cidapar, no municipio de Viseu, "vai pc-gar fogo .. novamente, cm futuro próximo. No seuentender,oaovernodevefazer"umareformaagrMlacorajosa"paraso!ucionaros problemas do País ("0 Liberal", Beltm, 31-5-86). Slocada vez mais frequentes , no notici'· rionadona!,os1pelosepiseopai1cmproldc uma reforma mais radicaldoqueaprevista no PNRA. Em outru palavras, apesar docaritcr manifcstamente confiscatório do atual Plano.muitos Bispos consideram-no "tímido" , pleiteando ora que se ampliem ainda maisotC11,0Sprcvistosdedesapropriaçlo,ora que se elaborem leis determinando módulos mhimo e mínimo para a propriedade, na pr61dma A»embltia Constituinte. Por 1ua \'et, D. JC* OolllC$, Bispo de Cha· pe,:6 e presidente da Comiulo Pastoral da Ttrr1,chq:ouaafirmar:''Aarandeesperança da reforma t a C01Uti1uinte, porque divisão de tcrra não se fu negociando um pedaÇO deste ou daquele fazendeiro" ("Diário Catarinense", 20-S-86). Tai!medidasdrásticas-seconcrctizadas -aquedesa.strcsnosoonduzirão?
TFPs em ação Modelo brasileiro para a África do Sul SÃO PAULO- O frade dominicano Joio Xerri, que esteve em vi$Íta a África do Sul no ano passado, formulou através da " Folha de S. Paulo" denUncia contra as TFPs, que mantbn um bureau naquele
pab, e d.as quais a auociaçlo "Jovens Sul-Afri=os por uma Civilização Cristl"
~
uma entidade au16nom1 e coirmã. Setl;undo o sacer-
~e~~~-ª TFP seria favor4vel à !legrqaçlo racial ("ap;mheid") lá exis-
Solicitado a pronunciar-sesobreaatuaçllodo bureaudasTFPsc a entidade delas afim existentes naquele país, bem como sobre o "apartheid", o Proí. Plínio Corrb de Olivrira concedeu entrevista ao mesmo jornal, a qual foi publicada juntamente com a falsa acusação, que assim perdeu seu sentido. Eisarc:spostadoemirimteprofessoràperguntasobreo"apartheid": " Em teseasoluçloideat daquestlota brasileira. Ela se inspira sobretudonosprindpioscristãosqueencontramtantaacolhidanomeigo coraçlo de nona gente. Quanto l Áfrka do Su l, tenho a impressão quenossoscoirmlosdcláestãonumasituaçlodelicada. Poisoscatólioossloali apenas9~. "Ooladodosbrancos,faz-senotaralgodaria;idezprotestante,e do lado dos negros, há frequentemente resquícios - por vezes mais do que isso - do estado selvq;em. Uma aproximaçlo psicológica e afetivaa;radualent reunscoutrosvai-sefazendo.Mascommenosceleridadedoquedesejar!amos,poisintervémnocasoaindaoutrosfatores. No meio nearo os comunistu declarados ou ocultos insuflam reivindicaçõcsmaisdcumavczjustas,ma.sa.ssociadasdceólerarcvoluciontria. No meio branco, o 'progressismo' que lavra entre católicos e protestantes, faz coro em boa medida com a pressAo comunista. Tudo Isso conduz a uma luta de 'classes' l marxista de brancos versus nea;ros, que só azeda e atrua uma solução harmoniosa".
Livreto explica o que são as invasões SÃO PAULO-Acaba de sair e Já se escoa rapidamente. Tem muita imagin&Çjo, mas é pura realidade. De que se nata? - É a mais recente publicação da TFP. O primeiro número da "Coleção Presença Rural" . Ouuosvirãoembreve.
O tema? Um usunto de palpitante atualidade que o liVTW> aborda, cm forma de di'1ogo. Eis uma amostra: -"AIÕL .. TioMello?Osr.r.abcoqueacontcccunaFazcndaSaudade?-Foi invadid1! - "Invadida?? Como? Por quem? - "Foi o pessoal do Centro Paroquial do Padre &!nardo. Mas tem tambtm a;mtc da CPT, do Sindicato, estudantes, e até ativistas do PC. Os empregados da fazenda dizem que é gente estranha" ... O diáloao prosseaue. Os peuonagens vão desfilando: tio Mello, fazendeiro na simpática cidadc de A ndorinha , imaiinariamente sit uada no Ccnuo Su l do Pais; Luizinho, seu jovem sobrinho, talentoso e emprecndcdor; Dr. Feijó, advogado influenciado pela Teo!ogia da Libertaçlo, veladamen te favorável à Reforma Aa;rária e às invasões; Dr. Bragança,juizaposentado, homemexpericnteedotadodevastaeultura jur!dica. HA tambtm o Pe. Ednardo, articulador das invasões, alffll de outras fiauras como o Tuca, ferroviário apos.cntado, invasor "profissional",jáac:umulaa"experíência"dcsetcinvasões.. . Toda anarraçãoipontilhadadeepisódios de muito interesse. Nas32pá&inasquecon1émapublicação,oleitorencon1raráuma históriaquesediriadeficção,seniocontivessetantostraçosderealidade. É o Brasil da hora atual, o Brasil da Refo,ma Agrária, o Brasil das invasões que o leitor cnoontrarA. Como é preparada uma invWO. como ela t levada a cabo, como é em que medida os proprietários podem de fender suas terras denuo da lei? Tudo isto, encontra·se no lhTeto-di'1oao da TFP , que tem como titulo/ "Sou fazendeiro; se invadirem minhas telTU, posso defender o que t meu? Como? Em que medida?". Os textos sio de Htlio Santos Silva e Atilio Guilherme Faoro, ambos cooperadores da TFP. O lançamento é da &litora Vera Cruz, de Sio Paulo.
Mas hi mais. Nada menos do que 16 textos, e,maídos de noticias dejornaíscpcriódicosnacionaisldõneos,mostramqucasediálogo imaginário confere inteiramente com I realidade brasileira. Acompanham a documcncaçt.o importantes trech05 de dois lumin050s parcccrcs dos jurisconsultos e professores de Direito Civil - Silvio Rodriaues, de Sio Paulo, e Orlando Gomes, da Bahia - a respeito dos direitos dos proprktários em Cll50 de invasão de suas terras. Os parcccres, atendcndo ao pcdido de um dos faundeiros que os encomcndar;,.rn, foram publicados pela TFP em 63 jornais de 61 cidades de 19 Estados brasileiros. Por isso tudo, o primeiro número da .. Coleção Presença Rural", da TFP, merece ser lido por todos os bruileiros. Especialmente pelos quedesejam,atravésdeumaleitura leve,estarbcminformadossobrc oquesepassaportrllldofenõmcnodas invasões. É especialmente pro,·eitosoeoportuno para os proprietários rurais, rrandes,médios ou pequenos, alvos diretos dos movimentos invasores.
CUT dá sinal para avançar, Tl'P alerta A comissão c,;ccutiva nacional da Central Única dos Trabalhadores deu a público, na primeira scmana de julho, a proposta elaborada para seu 2~ Conare$.SO Nacional, no Rio de Janeiro. Tal proposta é clara; recomenda "a ocupaçlo dc todas u terru ociosas e mal aproveitadasdopals,sejam públicas ou particulares,deempresasnacionais ou multinacionais". Várias personalidades nacionais foram solicitadas pela"Folhadc S. Paulo" a se pronunciarem sobre esse tema. Entre elas figurava o Presidente do Conselho Nacional da TFP, Prof. Plinio Corrb de Oliveira, cuja declaraçlo, publicada na edição de l de julho daquele matutino, reproduzimos abaixo; "'Ocupação' t ai invasão impune, por hordas de desordeiros. "Quem julsa sc uma terra é mal aproveitada? Parcec que as próprias bordas. Ou seja, todo o Bnu.il rural es11i l merc! delas, que ocuparão as vazias porque estio vazias. Edeclararlomal aproveitadas todas as terras com comodidade$ e benfeitorla:$, ocupadas, em que lhes cobiceentrar. "O que teremos entlo? Um pcp·pcp que, à menor resistblcia, podcrA tramfonnar-sc em,quebra-quebra, e cm mata-mata. Uma revolução social completa".
" Revolução e Contra-Revolução ", uma tese com exemplos SÃO PAULO - O livro blsico da TFP, "Revolução e ContraRevolução", de autoria do Prof. Plinio Cor~a de Oliveira, analisa, num dcseuscapitulos,omodopeloqualasarandesrevoluçõcssão precedidasporumaformadcrevoluçãonoscostumes,nos modosde serenosambient~, aqualpreparaoterrcnoparaasconvulsõcs nos fatos e nas instit uições. Epararcsistiraocomunismo,eàsuavcrsão rcli&iosa,o''proaressismo'',énecessArioaocatólicoconhccercresistir a cstaformaderevoluçlotendencial. Focalizando atrav~ de exemplos concreios estes princípios, jovens cooperadores da TFP tfm se dedicado com hito I elaborar rApidas apresentações teatrais. Uma de5Sas representações ilustra os fenômenos Revolução e ContraRevoluçio cm mattria de restaurantes, em nossos dias. Divididoopalooemduasseçõcs,num1delasaparcccorcstaurante revolucionário: ambiente desordenado, mesas dcu.rrumadas, garçon sem qualquer traço de boa educaçio. O cliente, do mesmo 1ênero, dcmonstra !ltl" adepto do lema "f proibido proibir", d,,revoluçãode 1968, na Sorbonnc. A cena, entretanto, de vez em quando se esvai. As luzes focalizam a out ra pane do palco, na qual deparamos com um ambiente inteiramente oposto. Traia-se tambtm de um restauran1c, mas aqui o trato t ameno, cordial, hA l'lnne:za de peT$0nalidade, respira-se pureza, cm uma palavra, o ambiente t contra-revolucionirio. E o preço melhor ... Na Sede NO§S8ScnhoradeJasnaOora, situada no bairro de lta-
CATOUCISMO-AQosm de 1986
quera,emSãoPaulo,este"sketch".fezpartedaprogramaçãoda~eumão mens.al de correspondentes e s1mpali1anres da TFP, no último dia6dejulho.
Tf'P pulveriza calúnias da " mafia" ULTIM AMENTE a TFP tem sofrido uma $«ic de in,·estidas publicidrillll, a propósito da campanha que .-em promo\'cndo cm todo o País, de esdar,x-imemo sobre os males da Reforma Agrária socialista econfiscatória. Taisinvestidascaracterizam-se,entretanto,porumadesooncertante au~ncia de comeúdo pol~mico; afirmações no ar; acusações sem apresentaçãodequalquerprova;argumentoscomcondusõcscarentes de neico tóaico. MasparaqucfiquepatenteperameoPaíseaHistória,queanenhum ataque a TFV se Clquivou, a todas aquelas acusações opôs ela sua firme e cris1alina resposta Na impossibi lidade de reproduzir na ínteara tal pol~mica, rcsu mimN aqui seus principais lances, para conhec ime nt o de nonos leitores.
Orquestração de ataques à TFP na Bahia Atitudes atribulda.sàTFP,equcseriamprópriasaconvulsionar os cspiritosoumesmolc\'á-losipráticada"iolCncia,vinhamsendorefcridas, de algum tempo para cá, num ou noutro jornal da Bahia. A Tf Pseabstinhaderefutartaisversões,tantomaisquantoelassistematicamentc apareciam desacompanhadas de provas. Tais noticias, en1rctanto, se acumularam e enconm1.ram guarida em órgãos de imprensa dos quais se poderia esperar uma sel~ão mais ética c cuidadosa das informações quc publicam. E. em seauida, repercutiram cm mais de uma eminora de rádio e TV. A cominuidade dessas falsas imputações sugeria a impreMão de uma campanha de difamação - sempre sem pro"U - habilmeme articulada não se ~bc por que mios, com o fim ób,·io de afastar arbitraria mente a TFP do grande campo da comro,·é™a agro-refoflllll1a. Um comunicado da entidade, com cabal desmcn1ido de todas aquelas acusações íoi tntlo nublicado no jornal "A Tarde" de Salvador, cm sua edição de 19-6-llb. Assim, reíutando noticia publicada pelo jornal •· A Tarde" de que aTFPpublicoumat~riapagadc3páginas "suacrindoaos fazcndcirmparaque,nocasodeinvasõesdcsuas1erraselesrcajamabala ... ", o comunicado da TFP afirma; '''Matériapagade3pá1inas.daTFP':ano1íciaomitcdizcrnoque consiste ena tal matéria paaa. Com~m ela dois pareceres, respectivamente de autoria do Prof. Orlando Gomes, da Faculdade de Direito daUni,·ersidadefederaldaBahia,edoProf.SilvioRodrigues,dafaculdade de Direito da Uni"ersidadc de São Paulo ''Apcdidodcumacomissãodefazendciros.ambosospreclarosjurisconsul10sexplicamquaisosdircitosdosproprictáriosnadefesade suas terras, ante duascvmtualidades:oriS<:odesercm im·adidas ilegalmenteporhordasde desordeiros amotinados pela propaganda agro-rcformista; ouofato consumado da invado. "Nadademaisleaítimodoqucdesejaremosfazendeiroscxpostos a umaououtrac,·cntualidadceonhceerscusdireitosemtaiscasos,c responderem•lhesatalrespeilodo!sJurisconsultos.Ésólerospareceres, de umedeoutro, para tcracvidênciadequeelesnãocontêm 'sugcstões'aosfazendeiros.Ospar,x-creslhcseicp!icamoqucpodcm fazer, masseabsttmdeosaconselharqueofaçamounãofaçam. ''Quantoàdifusãodessespareceres,opapcldaTFPêperfcitamentc delimitado. Ela não tomou com ato com os dois mencionados catedráticos, mas simplesmente r,x-cbcu de um dos membros da comissão depropriet4riosconstituída'adhoc'paracontratartaisparc«rc:o;,fazendeiro em Montes Claros (MO), os tutos destes. E o pedido de os difundir. "À vista desse pedido, a TFP aquiesceu cm efetuar tal difusão obviamente conforme a lei - e o vem fazendo por todo o Brasil. "Quemvejanenadifusãoa1ividadeilcgalousub,·crsh·asimplei;mentc delira". Do mesmo modo, o comunicado da TFP responde às acusaçócs do candidato.da coligação PFL/ PTB/ PS ao go,·erno da Bahia, Josaphá 1'farinho,dcqucacntidadcpregavaarcaçãoarmadadosfazendeiros
C.AT0UCISM0 - Apt~ dt 1988
aqualqucrtcntativadeinvaslodesuasterras.Osrefcridosparcceres, diz a nota da TFP - não "prcgam" a reação armada, mas simplesmente afirmam ser es1a conforme a lei, nos casos por esta Ultim a especificados. "EoSr.JosapháMarinhoseomi1eprudcn1emcntedcdarruargumemosem quesebaseiaparacontestartãoabalizados parc«res". Asdcclaraçõcsattibuldasaod!rctorrcgionaldo lncranaBahia,Sr. Arruti Rcy- publicadas rnmbfm cm "A Tarde", 10-6-86 - de que aTFP mantinhaescritóriomontadonosuldoEstado,utilizavadocumentru falsos para tumultuar o desenvolvimento da Reforma Agrária, e cspalhav}' boatos, a entidade respondeu; "t absolutamente invcrldico que a TFP 1cnha montado escritório 'no sul da Bahia' ... "Ademai1, quais são os 'documentos falsos' que a TFP estaria di fundindo? O que dizem? Onde circulam? Quem os posiui? Enfim, que prova,; apresenta a notícia da inautenticidade deles?" Porfim,ànoticiaestampadano "Jornal da Bahia", !1-6-86,de que o repreientantc do CNPC - Conselho Nacional de Produtores de Cacau, Hélio Bandeira, afirma\'& que faha à TFP "legitimidade parasepronunciaremfavordointcressedosprodutorcsrurais",con1esta a TFP cm 1ua nota; "A entidade não intervém na contro,·énia agro-reformis1acomointuitodcdefcndcrosdircitoseoskgítimos imcresscsdcstesoudaqueles.Move-aumobjetivomuitomaisalto,que éodcdcfcndcroprindpiodapropriedadtpri"ada,afirmadono7? e no 10? mandamentos da Lei de De us".
Em Montes Claros, resposta ao Bispo-coadjutor O" Jornal de Montes Claros'' publicou, cm 30-5-86, o sc11uime pronunciamento atribuído a D. Geraldo Magela de Castro, Bispo-coadjutor de Montes aarru: "A TFP a aente nem considera, pois não aceitam a autoridade m:Uima da lartja, que , o Papa, e nem a CNB B". Em seu comunicado a TFP lembra que, embora sem o dizer. o pronunciamento do Prelado faz eco a uma nota cmõ·ida pela CNBB cm 19-4-85 na qual se ll; "É notória a faha de comunhão da TFP com a Igreja no Brasil. sua hierarquia e com o Santo Padre". O comunicado da entidade esclarece que, em resposta à mcncionada nota, a TFP saiu a público no dla seguime, pedindo fatru e uibiçãodeprovas.Ea1éaprcsemedataoilustreor1anismoepiscopalnão deu nenhuma resposta, ou seja, não especificou faias nem eicibiu provas. A resposta da TFP às d,x-laraçõcs do Sr. Bispo-coadjutor de Montes Claros foi publicada na fn1cgrapelo"Jornald0Nor1c",daqucla cidade, cm s ua edição de 19-6,86.
Reunião da TFP em Bela Vista distorcida em noticiário Tendo a "Folha de Londrina" veiculado ampla matéria, de modo falscadoctcndcncioso,sobrccxposiçãoaprcscntadaporcoo~rador da TF P a proprietários rurais da cidade de Bela Vista, ao norte do Paraná,oScrviçodclmprensadaentidadeenvioutclexàquclcquotidiano, qucopub!icou na edição de Sdcjulhop.p .. Transcrevemos abaixoseuconte\Jdo; " A 'Folhadelondrina'publicoucmsuasediçõesde3c4docorrcnteextensasmatériasreferentesàTFP, nasquaisfiauram fatosinveridícosedistorçõesquemereccmdapanedestcServiçodelmprensaoscguintcrcparoccsclarccimento;nachamadadcprimeirapágina dma folha, na edição de 3 do corrente, com o título 'UDR falha cm Bela Vista'. afirma-se que a reunião convocada por membros da TFP daquela cidade 'objetivava formar um núcleo da União D,,:mocrática Ruralista'. "Sobretalmatéria,con\'émfri~r.dcinício,quearcfcridareunião não foi convocada pela TFP, mas sim pelo Sindicilt0 Rural de Bda Vbta,sendointciramcntefalsaaafirmaçãodcqucocncontrovisava a formação de um n\Jcleo da UDR. Tal objetivo jamais foi enunciado pelopresidentedomencionadoSindicatoRural,Sr. ThirsoSilvaGomcs, não tendo ocorrido, durante a reunião, nenhuma referência, mesmo indireta, à UDR. "A propósitodcsseassunto,éoportunolembrarqueestcScr"iCO delmprensapublicou,nacdiçãode25demaio,da'Folhadelondri na', substancioso e pormenorizado comunicado, desmentindo cabal mentcumasériedcafirmaçócsinfundadas,·eiculada.,;porórgàosde imprensa. entre as quais estl\'apr,x-isamemeaprctcnsa\'inculação cmrc a TFP e a UDR",
C OLÓNIA .r t sobretudo de1•ido u suu imponente ra1edraf que o nome desta cidade ofemd, às margens do Reno, deixa recordoçôes no espfriro dos q11e o 1•isirom. Nudu representu Colónio tdo bem quanto esse famoso templo gótico. Ele se ergue dominame, esplendoroso, magmfice,ue! Dizer is10, na 1•erdade, exprime pouco do que se passa no mais fundo da alma de um peregrino que o contempla. Ele é umjruro genwí10 da Santa Igreja Católica: maciço em sua base, como uma forialeza, ulça-se, com suas torres, tdo afto, que parece querer voar e tocar o fi rmamento. Tudo nele é solide::. a remeter para o céu! Ao 1ranspor seus mugnificos portais, tem-se o desejo de repetir as palavras de Cló1•is a Sdo Rem(gio, ao entrar na igreja de San/a ."1aria, em Reims, para ser batizado. Ali, 10cado pela beleza e riqueza que orna1·am o interior do 1emplo, o rei dos francos pergumou: ''Santissimo Pai. é aqui o Reino de Deus que vós me ha1·eis prome1ido? - Nõo, - respondeu-lhe o sumo Bispo - é o COmeço do cominho que a ele conduz". A btlew interior do cotedral de Co16nia, a sucessiio harmonioso das ogfras góticas, a delicodew dos vitrais, o esbelto das cofllnas gigantescas, eleva o alma num mo•·i1_11ento do esp(rilo andfogo ao do olhar possantemente auaído para o o/lo. Suu imensidão ido bem proporcionodo encanto o/ém de wdo o que se possa imaginar. A1rás do oirar-mor, com toda o honro e dignidade próprias a tão impressionantes reliquias, encontram-se os res-
tos morruis dos gloriosos Reis Magos que, guiados pelu estrela de Belém, ti1•eram o privilégio de visi1ar e adorar o Menino De11s tão logo Ele nasceu. O visitante sen:e u almu jubilosa, reco,iforioda pela paz e recolhimento interior. Sente-se pequeno e humilde, mas amparado diante de tanta grandezo, reflexo da grandeza de Deus. Sente ao mesmo tempo Sua i,ifini1a majestade e Suo paternal proteção. A Providénciu Divina acompanha os passos de cada filho nesse vale de lágrimas, tal como a /ui daqueles altos vilrais desce até ele e suavemente o enca,uu t'Om seu esplendor: o inacessive/ vem wcd-lo, arraindo-oasi.
Transcorreram anos e slfculos olé ser concluida essa maravilho, no século passado. Quantos acontecimentos se passaram diante dela e quantos ainda se passarão ... Tendo começado o ser consmlida no século XIII -fase final do apogeu da Idade Média - , sobre1·iveu à sua decadência, teslemunhondo crises, revoluções, guerras, glórias e derrotus da civifi:.açdo cris1ã, durame esse longo perfodo em que se afanaram os homens distanciando-se de Deus. Todos essds 1111press(>es e rej/exôes à mente do peregrino alheando-o, ainda que por instomes, das cogituções deste século turbulento. E no final de iodas elas, seu espirita i propenso o exclamar: ó grandioso obro-prima gótica. ó 1•estfbulo do Céu.r
,-~m
CliSMO Na 42!l- Setembro Ili 19&6
,.,.._, X
Um tesouro desprezado: o catecismo tradicional tas será, não só de inestimáVl:'l valia, mas mesmo indispcnsá,•cl.
Il us1remosesteinapreciável - e, imporia notar, perene valor pedagógico do método
de pereuntas e respostas nos manuais ca1cquétkos, com um exemplo.
A Fé é o fundamento da . -_ Mas, Fé?religião __ __
em que consiste a
Aci1tequeurerno.n1,.,mce,10Mntldo, 1ostmpos apmtllliaJs, comoo,epru1n11oquad<o l(lml -
1
"Pregaçjo de S!io Pedro111 pr111nç1de Sio Marcos" (fra .l;n.gi..;o, $k. XV. Mu5tU de Sio Marcos, Floitr,ça)
Ü SISTEMA de pergun1as e respostas, embora adotado demodomuitofreqücntc nos manuais de catequese, não !hesénocmamoinncnte. Assim, o mais ctkbre çatecismo,
o "Catecismo Romano" admirá,·elexplicaçãotcológica da doutrina cristã - não o adota, empregando o método discursivo. Do mesmo modo
procedem obras que tiveram grande circulação no Brasil antes da devastação pósconciliar, como o " Catecismo Católico Popular" , de Francisco Spirago (1 ), ou '' DoutrinaCató!ica - Manualdelnstrução Religiosa" de Bouknger (2). Spirago, no prefácio de sua obra, explica como ela pode ser utilizada também como texto catequético escolar. para crianças (3). Outros
exemplos poderiam ser apresentados. Feitacsta0bservação,queremos porém reivindicar as vanta&cns do método de perguntas e rcspos1as nos manuais catequéticos. Elas explicama razão pela qual ainda hoje - apes.ar da maré montantc contrárla do progressismo - continuem sendo impressos catecismos de primeiro, segundo e terceiro grau que utilizam o rcfcridomc'todo. Salientamos primeirame nte que é fundamemal cm qualquermanualcmequéticoadareza de pensamento, a precis/Jo dos concd1os e a cxaridào dos lermos. Ora, o método de perguntas e respostas é especialmente apto para que um texto possua essas qualidades
Em segundo lugar, nesse método, o texto é forçosamcnteconciso. E is1oscpresta oumamcntc a qu e o catequizando compreenda perfeitamente, e memorue com exatidão, aquilo de essencial que lhe está sendo ensinado. O que vale de modo especial para as crianças, e para as pcssoas de menor cultura ou capacidade de compreensão. Acrescentemos apenas um outro titulo de \alar ao método cm questão. Nem sempre ocatcquista temcondiçõespara extrair, por si só, a partir deumtexto catcquéticoexpositivo, aqueles ensinamentos que, com toda aexatidãodou1rinária, seus alunos devem ouvir e assimilar. Nesse caso, oempregodecatccismosvazadosem perguntas e respos-
Se abordarmos, ao acaso, urncer1onUmerodecatôlicos (e não nos referimos aos "progressisrns" ...),eperguntarmosacada um deles o que t: a fé,asrespos1asfacilmen1e serão imprecisas, ou mesmo erradas. Para um grande número dessescatôlicos,ignorantesdo ca1edsmo,aféé1.1mscmimen10 individual. Ora, se rea!rnenteafésereduzisseaum sentimento,elaseriamutá\el, corno o são os i;entlmemos humanos. E estaria. portanto, assentadasobrealgodeintrinsecamentea-racional.A\eracidade ou falsidadedasdh·ersasconfissõesreligiosasescaj)lll'iamassim absolutamente ao e.lame da razão. Como poderi a. então, a Santa Igreja Católica Apostólica Romana sustentar - como sempre o fez-queforadese1.1seiosacrossan10 não há salvação? E que signifieado teriam nesse casoaspa\avrasdeNossoSenhor Jesus Cristo aos Apóstolos: ..,de por todo o mundo. pregai o Ei•angelho a toda criatura. A quelequecrerefor batizado, será safro; quem. contudo, 11.io r:n:r, será r:011denado" (Me., 16, 15-16).
Rcduzidaassim.a fé,auma experiênciainterior,aummovimentosubjetivodocoração, a verdadere1igiosaestariabanida da face da 1erra. Os infelizmente numerosos católicos intoxicados por essa mentalidade são, ademais, presa fácil dos erros neomodernistas, e das animanhas dessa
CAlO LI CISMO - Setembro de 1986
verdadeira ''seitaprogrcssisraesquerdista. de há muito encastoada no seio da Igreja"~ sca:undo a t:nérgica e não refu tada afirmação do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira (4). Bem diversa da situação desses católicos é a daquele qucfez.umbomcursodecat('{:ismo. Ele terá aprendido, nesse caso, o seguinte: "Queéafn Afééumavinudesobrenatural, infusaem nossa alma, pela qual cremos firmemente todas as verdades reveladas por Deus e propostas pela Igreja. Como chegamos a oonh«cr as verdades revr/adas par Deus?
Chegamos a conh('{:er as verdades reveladas por Deus, por meio da Santa Igreja, a quem Deus confiou o sagrado depósito da revelacão. Podemos nós compreender todas as \"erdadcs da fé? Não, nós não podemos compreender todas as verdades da fé, porque algumas delas são mi5térios. Quesàomis1érios?
Mistériosi;.ãoverdadesque c.~cedcm a força de nossa razão, as quais devemos crer porque Deus no-las rev elou. Por que devemos c:r1:r os mistérios?
Devemos crer os mistérios. porque foram revelados por Deus que, sendo Verdade e Bondade Infinitas, não nos podeenganarnemserenganado" (S). Consideremos a concisão e a clareza das respostas. Essas qualidades facilitam notan•lmenteaimel('{:çãodasverdadesensinadaspcla Igreja, como também sua memoriz.acão. Ora,ain1c]('{:çãocxatadas verdades aqui apresentadas impona sobremodo, pois elas diz.cm re,;pci10 ao alicerce mesmo de nossa vida espiritual.
O ensino deve ser adequadamente ilustrado - Mas o aprendiz.ado docatecismonàosereduzaotexto domanualdecatequese.Muitospreconceitoseobjeçõesao estudo do catecismo decorrem dessa redução. Na realidade, "nainstruç.lo re/igiosacaró/icaapa/avrado ca1equi5ra I: e sempre será o e/ememo principal", como CATOLICISMO - Seiembfo óe 1S8S
obscrvajudiciosamenteSpirago (6). O cexto do manual constitui a base sobre a qual "há deselevamaro edifício da ins1ruçào religiosa mediante a palavra ~·iva do catt'quis11", diz. ainda aquele autor (7).
Comefeito,asverdadesensinadasnocat('{:ismocomportamdesdobramcntosadmirá,•eis,ensejamexemplificações quedespenamaadmiraçãoe o entusiasmo do catequizando. Dão ocasião a aplicações concretas, que auxiliam a penetração da doutrina na própria vida dele. Aozclodoca1cquis1acabcanobreegravc 1arefadecomentarosconceitos, dar-lhes o colorido das comparações e dos exemplos adequados,complememá-los se for necessário, em função dasdiversascircunstãncias. Assim, as respostas que transcre\'emos do "Terceiro Cat«ismodaDoutrinaCristã'',sobrearé,admirá'"cisem sua precisão, podem em certos casos pedir desenvolvimcntosqucnãofiguramncsse manual. O catequista zeloso ou já os conhece com segurança, ou procurá-los-á em fonteadequada,porexcmplo em outros manuais catequéticos mais desenvolvidos. Figuremos uma situação que facilmente pode se dar. No ambiente paganizado e revolucionáriodetantoscolégiosdehoje,osjovensquese ufanam de sua condicão de católicos são freqüentemente vitimas da zombaria de professores ateus. po1 vezes comunistas, e de colegas devassos.Ojovemcatólicoscvêa.ssimenvoltonumapcnosaeincessante "guerra psicológica",quecxplídtaouimplicitamentetachadeinfantil,aracional,ridícula,aféqueele tão dcnodadamente proclama. E a objeção explicita ou implicica úhima é: "Mas como você pode ter certeza de
que Deus existe? Como pode saber se sua religião é verdadeiraoufa/sa?"Eospscudoargumentos do a1eismo não faltarão.
Papel da razão no ato
defé - - - - •
Imaginemos que tal ocorra a um grupo de rapazes católicos que cursam os últimos anos do curso S('{:Undário . Ao professor de catecismo zeloso caberá então empregar
A clifereriç11nt11 a 1dmifál'lll ensin1menta do, catuismo, 1.r1dici(in1i,. tamooPt q.ueno Cu1ci1mo ti.SiloPioX~foto,•esquerdll t o ti.sconc1111ncttorntudodo,cattc:1$IIIOI "progr1sm111'". como··o..pert1-l"'. ltnçldopelts EmçõesPIIUlinlslntfata,lolirátl),idloc:111t1.
1
toda a sua capacidade para forn«erasarmasintclcctuais n('{:essáriasaosjovenscombatente,; pelo nome de Cristo. Nocasoquefiguramos,dcveráexplicaraseusalunos,mai.s amplamente, o caráter eminentemente razoável do ato de
"
Ele ensinará então que a existênciaea.spcrfeiçõcsde Deus podem ser demonstradas também pela razão humana. l:esta,aliãs,umaverdadede fé, definida no I Concílio do Vaticano (sessão lll, cap. li, canon 1), e foi ensinada por São Pio X nos seguintes termos: "Deus pode ser conhecido e, ponanro, demonstrado também com certeza pela
luz natural da razão, por meio dascoisa.squeforamfciras,is-
10 é, pelas obras visivcis da criaçAo, como a causa [pode ser conhecida com certeza e demonstrada] por seus ültimos
efeitos" (8).
Ocatequistaprocuraráentão-cma!gummanualdefilosofiaoudecatequesemais desenvolvido,a.sprovasracionais da existência de Deus. Porexemplo,nojácitadocat('{:ismodeBoulenger, vol. 1, p. 46eseguintes. Ele selecionará aqueles argumentos que parecam mais adequados às circunstãncia.sconcretas, eas ensinaráaseusjovenscatcquizandos. Ele lhe,;cxplicará ainda os principais motivos de credibilidade, que demonstram com toda a certeza a auroridade infa/fre/ da Igreja para propor as verdades da fé. Entre esses, além dos milagres e das pro(('{:iBS, figura a própria Igreja, analisada em si mesma. Com efeito, a Igreja, com suascaracterísticascsuahis-
tória, se constitui num testemunho nunca desmentido, queaolongojádevintestculosevidcnciasuaorigemdivina - como belamente nos ensina o I Concílio Vaticano: "A Igreja par si mesma, is10 é, par sua admirável propaga-
ção, eximia santidade e·inesgotável r«undidade em toda sorte de bens. por sua unidade católica e sua invicta estabilidade, I: um grande e pcrpéruo motivo de credibilidade e testemunho irrefragáve/ de sua divina de/cgaçAo" (9). O abandono dos Catecismostradicionaisconstitui\·crdadeiracalamidadeocasionadape\otufão"progrcssis1a". Como conseqüência, a palavra de Deus deixou de ser semeada na alma de tantas crianças - e mesmo adultos - que dela absolutamente necessitam. E,lamentavelmente,emlugardaquelcsadmiráveiscatecismos, disseminam-se hoje profusamente em ambientes católicos cartilhas "progressistas", cm que não faltam elogiosaMarxeàlutadedas-
ses! Antonio Dumas Louro No,11
&~. üJ:.<>h., ímpr<>,. polo UILÍI<> ~~i,~~t;.;:':S::r.:!,Editora i . cr,. vo1. 1. 6~ «lóçA<>. 19'1. , .u , . 1n••At CElls ... do,q•ol•m•ltoMfala.
!:':,~--~...;t~~~~-~=-
~·--1!~;, ~at<cimm da Do.crina Cri,,
1t "".Edi1or0Vo,<>Lu!>.• Pn,1,po11, .n• c,;ljçk,.)961).pp.21-26.
e.0p.~.1 i ,-o1 .. 1~s,,iedi(k>.J>.ll. 7.()p cil .• ibid<m.dntaqueOX>orisinol. 1. t~ ""M0<g pr0pno"d< l i d<..,...,t,,,; <1<1910.op,,,d~.op . cu ., l ~ •"<II .•
1962.p. •S
~.Cl11dopo!oP< . "-OIOlliO Roy<>Mvln. O.P.,in""T«>l<>1i•Moralpar>S.1lor«··. B"-C, ~lodri. 196-1, 1~ ,oi .• p. l?9.
A realidade sobre a situação sócioeconômica do Brasil: reverente comunicado da TFP ~ · à S.S. João Paulo II São Paulo, 28 de junho de 1986 A Sua Santidade João Paulo li
Cidade do Vaticano Apresentando a Vossa Santidade os protestos de nossa profunda veneração, pedimos vênia para levar a seu conheci -
mento quanto segue:
TFP, entidade cívica de inspiração católica, cuja posição em matéria de Reforma Agrária é diametralmente oposta à da esquerda católica Cabine Pública - Roma 623 000 RM PPA 1 Sr.JuanMiguelMomes Diretor do Ufficio Tradição, Familia e Propriedade Via Cas1ellini 13 - Casda Postak 465 00197- Roma -Tel. 87-3478 No intuito de assegurar quanto possivelas ubidadopresentetelexaoaugusto conhecimento do Sumo Pontífice, envio ao sr. o respectivo texto, pedindo que empregue os meios aptos para conseguir tal fim.
Cordiais saudações Plínio Corrêa de Oliveira
I - Esta Sociedade é constituída por cató!icospraticantes,algunsdelesintclectuais, e outros homens de ação. Reúneos o propósito de - complementarmente ao esforço construtivo exercido por tantas obras católicas no sentido de aliviara situação dos pobres e resolver em espírito de justiça e de caridade aquestão social - esclarecer a opiniào pública,eespecialmenteos ambientes católicos, acerca dos erros e tramas do comunismo, o qual tem empenhado crescentes esforços,nasú!timasdéeadas,afimde seineukarcomodou1rinaaceitávcl eassimilável pelos católicos desta Nação.
rr.aça. e Basílica de Slio P~dro, no Vaticaoo. Em
1 pnme1roplano.as"columnata1"deBernui.
Para isto, e com intuito específico de preservar na sociedade temporal o que restadecivilizaçãocristã,essescatólicos leigosseconstituíramporprópriainiciativa,esobaautoridadedeumadiretoria eleita poreles,em uma entidade que se inspira nos ensinamentos do Supremo Magistério.Elase professasubmis.saàSagradaHierarquiaemtudoquantodizre5peito à Fé e aos costumes. 11-Aessetítu!o,aSociedadeBrasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP vem participando ativamente do presente debate agroreformista, no qual assume posição diversa da dos católicos a justo titulo ditos de esquerda. Pois a entidade impugna como injusta a desapropriação de imóveis rurais grandes, médios ou pequenos, feita pelo Poder Público a preço vil, e até quando tais imóveis sejam ocupados e plantados devidamente, de acordo com a funçãosocialdodireitodcpropricdade. III - Nesta importante questão, as divergências resultam muito mais da diver sidade do modo de ver os termos concretos do problema rural no Brasil, do que de divergências propriamente doutrinárias. A TFP acrescenta de passagem estar persuadida de que, do ponto de vista doutrinário, seu pensamento é o da imensa maioria dos católicos brasileiros, tantotrabalhadoresmanuaisquantoproprieCATOLICISMO - Setembrn de 1S86
tários. E também de ponderável número de veneráveis Srs. Bispos. IV - Parece muito conveniente destacar este ponto - a imponãncia dessas divergências sobre o "status quaestionis" da controvérsia agrária - para o quepedimos vênia de acrescentar aqui um exemplo concreto.
Desapropriações de terras particulares n5o se justificam no Brasil: o Poder Público é o maior latifundi6rio improdutivo do Mundo Livre Estimativasbaseadasemdadosfornecidos pelas próprias fontes oficiais indicam que cerca de 50'1• do território nacionalcstáaindaconstitu!dodetcrrasemgeralagricultáveis-pertencentesaos Poderes Públicos federal, estaduais e municipais do Pais. O montante das terras assimdisponíveisequivalcaduasvezesas áreas territoriais somadas da Alemanha, França, Espanha, Itália, Grã-Bretanha e Irlanda! Desse modo, os trabalhadores manuaisdescjososdeadquirircmterras dcvcmseratendidosgratuitamcntc(eaté com auxílio estatal) por meio de áreas de domínio do Poder Público. O que torna incxcusávclquecsteúltimomantenhaincultaseinútcisassuasprópriastcrras,as quais fonnam o maior latifúndio inaproveitado do mundo atual, enquanto desapropria a preço ,·il c confiscatório as terras de paniculares.
Os católicos de esquerda manipulam argumentos técnicos inconsistentes, ou de ordem meramente senrimenral Eua situação espantosa, cuja constatação pode pré-julgar a solução a ser dada a todo o problema agrário, não é contestada pelos agro-reformistas, os quais não ousam afirmar o caráter prioritário do aproveitamento das terras particulares sobre as terras públicd, para efeit0dereforma agrária. Para explicar de algum modo sua posição, recorrem elesaargumentosdecarátertécnicoconcernenteàsdificuldadcsdcssaexploração, ouentãoscntimentais,comoatristezados quemigrarcmparazonasdistanteseinocupadas, separando-se dos troncos familiares originários. E, assim, a questão agro-reformista se esvai cm meandros concrctosquepoucoounadatêmquever com a doutrina do Supremo Magistfrio Eclesiástico.
A TFP lança obra que refura a argumentação dos agro-reformistas V. Até aqui, a TFP tem publicado obras nas quais trata, não só dos aspectos morais do problema atro-reformista, como ainda dos seus aspectos tknicos. Mas,paraoefeitodedesenuanhardo modo mais visível uns aspectos dos outros, tem ela no prelo - a sair nos próxi• mos dias - importante trabalho intitu· CATOLICISMO - Setembro de 1966
lado /s Brazil Sliding Toward lhe Extreme Left? NotesOn the Land Reform Program in South America 's Largest and Most Popu/ous Country(O Brasil resvalando para a extrcma C5Querda? Notas sobre a Rcfonna Agrária na maior potên· eia territorial e demográfica da América do Sul), de autoria do notável economista Carlos Patricio dei Campo, Master of Sdenceem Economia Agrária, pela Uni· vcrsidade de Berkeley (Califórnia, EUA).
A agricultura brasileira cumpre com passo firme o seu dever, crescendo, a cada ano, 296 mais que a população VI - A título de exemplo, permita-nos Vossa Santidade mencionar aqui alguns dados - solidamente documentados na obra junto - os quais demonstram quanto é carente de objetividade a descrição da presente realidade sócio-econômica brasilcira,traçadacomtintaprofundamentcescuracpcssimistapelosfautorcs da Reforma Agrária: J. A agropecuária brasilciratcmcontribuido significativamente para o progresso social e econômico do País. O citado trabalho de Carlos Patrício dei Campo mostra que:
a) Na última década, a produção agro· pecuária per capita aumentou a uma taxa média anual de 20Jo. Isto significa que essa produção superou sensivelmer.te o crescimento demográfico do Pais; b) 50'1, das exportações do Brasil são de origem agropecuária; c)Aagropecuáriabrasileiratransferiu JS a 48'1, de sua renda para a indústria e o comércio.
O salário rural rem crescido, apesar da crise econômica, na qual cabe pesada responsabilidade à estatização industrial, levada a cabo, sobretudo, no Governo Geisel 2. O salário real do trabalhador agricola aumentou de J,8070 a6,3% anualmente, duranteadécadade70. Entre os anos 82 e 84, o salário real diminiu, acompanhando a queda geral da renda do País causadapelacrisedadividaexterna. Crisc csta,diga-sedepassagem,quedenenhum modoscdcveaqualqucrretrocessoouestagnaçãonaagropecuária, masafatorcs outros, entre os quais os éspe:dalistas de todas as correntes atribuem pesada responsabilidade ao fracasso da ampla estatalização industrial levada a cabo princi-
Campanha da TFP contra Reforma Agrária toma vulto internacional
IS BRAZIL SLIDING? ... Está o Brasil resvalando para a esquerda? NO EVIDENTE INTUITO de dar respaldo ao agro-socialismo 1upiniquim, versões completamente infundadas, acerca do pretenso estado de miséria rei nante no Brasil, vêm sendo insistentemente veiculadas nos Estados Unidos e na Europa, nesses últimos tempos. Tais versões justificariam, aos olhos de norte-americanos e europeus, as drásticas medidas de implantação, no Pais, de uma Reforma A&rária de sabor fortemente socialista - seguida depois das Reformas Urbana e Industrial, e demais refonnas de base, as quais silo as Clapas tendentes a empurrar o Brasil para uma posição extremamente esquerdista. Com vistas a oontrarrestar ess.a propaganda soprada pela esquerda internacional, acaba de sair do prelo, nas oficinas gráficas da TFP norte-americana, o livro /5 Bratil Sliding ToK-·ard the Extreme Left? Notes in rhe Land Rtform in South America's Largest and Most Popu/ous Country (O Brasil resvalando para a extrema esquerda? Notas sobre a Reforma Agrária na maior potência territ0rial e demográfica da Am~rica do Sul). Escrito pelo conhecido Mas1er ofScience Carlos Patrício dcl Campo, a obra apresenta uma penetrante análise sócio-econômica da realidade brasileira, solidamente baseada em estatísticas insuspeitas, e deixa sem face os pres1idigitadores da fome e da miséria, os quais, a esse preiexto, querem impingir ao Pais uma Reforma Agrária socialista e confiscatória. A TFP norte-americana já anunciou a obra pelo sistema de mass mailing. E está prevendo uma larga repercussão cm círculos decisivos da opinião norte-americana e européia, pela expectativa que o simples anúncio que tal lançamento já criou cm meios intelectuais, sociológicos, técnicos etc.
da população br115ikira ~desnutrida.To· mando em consideração as necessidades recomendadas para o consumo de nutrientes, e de acordo com a mais compkta pesquisa sobre nutrição realizada no Brasil, existe em média um superávit calórico no consumo alimentar da população. Estudo realizado pelo Banco Mundial (baseado na mesma pesquisa) para averiguar as deficiências no consumo dl:' nutrientes, com o objetivo de que a população brasileira atinja padrões de peso e aitura análogos aos das faixas de renda mais altas do País, apurou que no máximo 17% da população estava com défi cit em relaçãoaomcncionadopadrãode consumo. Por outro !ado, os especialistas afirmam que l:'sscs dados a~aliam o riscodedesnutrição,enãoadcsnutrição propriamente dita. Ou seja, os referidos 11r, não correspondem necessariamente à população desnutrida, mas à população cm riscodcdesnutricão. Acausadamáalimentaçãodemuitos se prende não tanto a problemas de re nda, masahábitosalimcntarcscaspecws educacionais e culturais:
I
O.sdeos11110SpopuloM1Sten!rf.lsurb.lnos1tt os riarejosllliisr1e6ndi1osdenonoimens0 Pais. os
propagal'ldistuitintnn111diTFP1imleitorebo1,
su1vo1rmf1,ord11)!opriedadepiivad1,.con1111
Rr!orm1Ag,,n1sot'8~st11contiscatóri1
paimente sob a presidência do General Ernesto Gdsd (1974-1979). O fone crescimento da produção agrieola ocorrido no ano de 85 {8,0'ío) e as boas perspectivas para ]986indicamuma provávclrecuperaçãodossaláriosnaagricultura.
Nas últimas décadas, espontâneo e significativo aumento na difusão da propriedade da terra no Brasil 3. O número de proprietários rurais tem crescido a uma taxa de 20/'o ao ano, nas últimas décadas. No ano 80 (último censo agropecuário), 490/'t da população ativaagrícolamascu\inamaiordc24anos era proprietária de terras. Porcentagem que vem aumentando constantemente no decorrer dos anos.
Não existe no Pars o quadro desolador de miséria apregoado pela propaganda das esquerdas 4. O quadro desolador de miséria com que se dcscrc,·c a situação social do Brasil não corresponde à realidade. Scmncgaracxistênciadcccrtassituaçõcsqucexigemurgcntcsolução,cumpre ponderar, entretanto, que os dados disponíveis não confirmam este quadro desolador. O mencionado livro Js Brazil 5/j. ding Toward thc Extreme Lcfr? aponta, entre outros, os seguintes dados:
Franca diminuição da pobreza nas últimas décadas a) O número de famílias pobres diminuiu significalivamcnte. Oe 44"To no fim da década de 60, eram no máximo 18%, no fim da década de 70;
Aumento do poder aquisitivo da população b) Em 1960, 120Jt das famílias tinham geladeira: cm 1980, SO"la. Em 1960, Sir• das familias tinham televisão; cm 1980, S40i'o.Asresidênciascomluzclétricaaumentaram, no mesmo período, de 39% para67'Todotota!deresidênciasdoPaís. O porcentual de familias possuidoras de rádio aumentou de )S'1t para 76r.,, no período;
Vigorosa ascenção social c) A Nação brasileira se caracteriza por uma vigorosa mobilidade social cm sentido vertical. Entre SSll'io a 6S% das fami• lias de classe baixa ascendem de posição social,dcumageraçãoparaoutra. E entre 53"lo a 72~ das pcssoaspenenccntcs a essa mesma classe' ascendem de categoria social;
Também não é real o quadro de desnutrição descrito pela esquerda católica d)Careccdequalqucr fundamentosérioaafirmaçãodequeagrandemaioria
Os (ndices de mortalidade infantil diminuem, e sua causa não é a subnutrição e) De acordo com as estatísticas dispon!veis, osindicesde mortalidade infantil têm diminuído significativamente. A principal causa da mortalidade são as doen-
ças infecciosas, tendo a desnutrição participação insignificante no indicc dc óbitos.
A fome e a miséria apregoadas pelas hordas de agro-agitadores, mito publicitário posto a serviço da esquerdização do Brasil VII. Mas, diria cxplica,·clmentc um observador colocado à distância. ccomrainformado por tantas noticias difundidas pelos rnass media: por mais dignas de nota que sejam as informações acima, não podem elas valer contra a evidência dos fatos. Ouseja,contraobramidotrágico dostrabalhadorcsruraisqucsearrastam famin10s ao longo das estradas, e invadcmpropricdadesparacxtrairemdatcrra, com o trabalho de suas mãos, o nutrimento necessário ao sustcnto para a fa miliae para si mesmos! Quanto são tendenciosas essas - como outras - noticias difundidas no mundo pelo tufão das propagandas modernas! Não podendo alongar ainda mais o presen1e 1clcx, já demasiado ex1enso, nào nos é dado provar ao Augusto Pontífice quanto há de exagerado, por vezes até ao dcHrio,nessenoticiáriopostoaserviçoda csquerdizaçào do Brasil. Seja-nos entretanto licito mencionar aquiumacircunstânciaquesóporsideixa ver o exagero inconcebível dessas versões. CATOLICISMO
Setemi:.-o de 1986
Na imprensa falada e escrita do Bra· sil,sóháreferência5atrabalhadoresmanuaisextrinsecosâs fazendas, que penetram nelas ilegalmente. Nunca, ou como que nunca, há referências a apropriação de áreas ainda disponíveis na própria fa. zenda, feitas pornabalhadores manuais neta empregados, e necessitados de matara fome por meio de seu próprio trabalho, apossando-se das mencionadas áreasdisponíveis.Comoigualmentenão háreferênciaaumsócasocmquctrabalhadoresempregadosnumaterraconfra. lernizem com os inva5ores no impor uma divisão ao proprietário. De onde sede· duzquereinaa inteira paz social na5incontáveis fazendas percorridas em suas andanças pelos invasores.
" ... dadó que Vossa Santidade receberá em breve a visita do Exmo. Sr. Dr. José Sarney, DD. Presidente da República brasileira .. . " VI 11 - Não tendo conseguido que a impressão da obra do sr. Carlos Patrício dei Campo ficasse concluída no prazo de· sejado, a TFP se permitirá de a oferecer a VossaSantidadeassimqueela~cnhaa lume. Entretanto, dado que Vossa Santidade receberá cm br<Te a visita do Exmo. Sr. Dr. Jo5': Sarney, DD. Presidente da Rcpúblicabrasilcira,oqualparcceimpos• sive! que não aborde com Vossa Samidade a questão agrária, de cujos debates a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil tem participado a fundo, a TFP ousa oferecera Vossa Santidade, previamente a essa visita, o texto português datilogra• fado da mesma obra, do qual todas as pá· ginas vão rubricadas pelo Ufficio das TFPs cm Roma, encarregado da respectiva entrega. E pede respeitosamente desculpas pela aprescntacão inercmc às minulas, e por1an10 inadequada para subir à augusta presença de Vossa Santidade. Serve-nos de desculpa o fato de não ter ficado pronto a tempo o trabalho gráfico, ora cm execução cm Nova York. IX - Ao oferecer a Vossa Santidade o presente estudo, a TFP é movida pda esperançadequeossubsídiostécnicosnele contidos possam, nesta emergência, ser de algum proveito para Vossa Santidade, especialmcntcnoqucdizrcspciroàgrande imponãncia dos dados técnicos e temporais que scr\'em de premissa para toda a comro\'érsia sobre a legitimidade moral da Reforma.Agrária Nessa expectati\'a, a TFP apresenta a Vossa Santidade a filial homenagem de seu profundo respeito, e roga para seus dirigentes, seus sócios, cooperadores e correspondentes, as orações e preciosas bênçãos de Vossa Santidade. Plínio Corrêa de Oliveira Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Deresa da Tradição, Familia e Propriedade RuaMaranhão341 01240. São Paulo BRASIL CATOLICISMO - Se1embro de 1986
Sadia reação de empresas familiares alemãs UMA DAS ECONOMIAS mais sadias do mundo é sabidamente a da Alemanha Ocidental. Muitissimo se tem falado sobre isto. Pouco propalado no entanto é o modo como esta economia é organizada, e aí realmente encontramos dados e situações desconhecidos para a maioria das pessoas. Um dos pilares mais rijos da economia alemã é a constituição familiar das empresas daquele país. Com efeito, ao contrário das &ipntescas sociedades anônimas de capital aberto el(istentes cm boa pane do Ocidente-- notadamente nos Estados Unidos - as firmas alcmã.'i, cm grande número, são ainda fruto do vinculo estrci10 c:d,tcnte entre dois institu1os fundamentais da civilização cristã: a família e a propriedade panicuJar. Das 1.800.000 pequenas e médias empresas ex.istcn1es (que ocupam 601/a da popula_ção ativa do pais), cerca de 1.S00.000 ~o familiares, ajudadas por um poderoso sistema bancário, no qual o Estado é pouco presente. Con\·ém lcm· brar também que empresas de muito grande porte, como a Benz, a Krupp, a Stihl, a Thyssen e outras tem sua orieem cm verdadeiras dinastias familiares. De uns tempos para cá, porém, pressões insistentes vem sendo feitas sobre es1u empresas pequenas e médias, no sentido de abrirem seu capital ao grande público, rejeitando assim a influencia e a direção sobre elas excercidas há déca. das por famílias ou indivfduos. Inicialmente, o Estado tem retraido sensivelmente a política de subsídios que vinha desenvolvendo até aa:ora. Mu, o fato mais relcvanle é o papel do macrocapitalismo neste conjunto de medidas an1ipáticas. De um lado, a:randes industriais pressionam o próprio Governo para que cone os subsídios estalai!; concedidos às empresas familiares. De ouuo lado, os bancos (privados) tendem a diminuir pondcrave\mcntc os fmanciamcn1os - muito favoráveis - concedidos até agora, alegando o melhor rendimento obtido para seus capitais, na recente onda da Bolsa de Valores, que tem atingido índices jamais vistos. Chama a atenção, aliás, esta aliança do macrocapilalismo, representado pe· los erandes industriais, com os bancos e agentes da Bolsa de Valores, no scntido dc tcntarcm estrangular esta figura tão sadia da livrc iniciativa, que é a empresa familiar alemã. Mais um sinal, talvez, de que as simpatias do macrocapitalismo estão muito mais voltadas para um certo gênero de capitalismo ... de Estado, de tendência socialista, do que propriamente para a livre iniciativa em suas dimensões mais simples e ora:Anicas, representada por uma famnia ou por alauns indivíduos apenas. Digna de atenção, ennetanto, ~ a relutlncia manifestada pelas empresas fa. miliares - apesar de todo esse conjunto de medidas 1cndcntes a debilitá-las - cm efetuar a abertura de seu capital. Sentem elas pcrfcitamen1c que a demasiada ampliação da propriedade através das ações corresponde a uma massifi~:!!i~;c~~=.ªcabaria por dilui-la tanto, que na prática ela se tornaria como que Realmente, como sentir-se "proprietário" numa empresa com centenas de milhares de acionistas - como as há nos Estados Unidos, por e11:emplo - ain· da que se detenha parte ponderável do capital, digamos 1001, ou ISI/',, que permita administrá-la? O próprio conceito de propriedade se esvairia, sobretudo enquanto irradiação natural da influência de uma familia. Nesta época, cm que a malfadada onda socializante tomou quase vergonhoso ser proprietário, é de todo interesse e até estimulante ter-se prcscmc a sadia reação alemã à dissolução da propriedade pri\'ada familiar
e c resceo número de mães solteiras nos Estados Unidos. Relatório preparado pelo Centro Nacional de Estatísticas de Saúde demonstra que os panos de mulheres solteiras representaram.em 1984, uma proporção de mais de um bebe para cada cinco. Este é o índice mais elevado desde que o Governo noneamcricano começou a reunir dados a respeito, em 1940. Entre as causas que concorrem para esse surto, o documento aponta a crescente proporção de divórcios. Tambtm concorrem para a destruição dafam!liaaondaavassaladoradc imoralidade co permissivismo sexual contemporâneo.
é possível separar uma ferida de um
. .. No passitdo, os beduínos com manadu de camelos constituíam a elllc da l)Op ulaçio··, afirma o prof. Donald Cole, antropólogo da American Uni\'ersity do Cairo. Agora, no Egito, a importância social se mede preponderantemente cm Função do dinheiro, do número de automóveis ou de animais maisuatáveisquc o pesado c-comfrcquCncia-rabugento camelo. Até mesmo como fonte de alimentação, os criadores passaram a substituí-lo, cm muitos casos. por ovelhas e cabras. Contudo - observa o prof. Cole o beduino não se sente inspirado a compor poesias sobre o,·clhas. "enquamo que escrevia ptXmas sobre Desse modo, a legendária figura árabcdascaravanasecamclosparecc condenada à extinção. E um perfume de tradição que se esvai e um rico elcmentocultural quefenecc.
e Arrozt milhotSliosobrando no Vale do Pitraíba e nio hli luga r para eslongem. Os armaiéns encontram-se abarrotados e os produtores, na maioria pequenos e médios, vendem os cercais para atravessadores. Nas últimas semanas, toneladas de arroz ficaram expostas ao tempo, pois faltam silos para armazená-los. Também não há saca de juta para embalar o arroiaindacm casca, o que agrava a situação do produtor. Aculturaestáaindana fase inicial. Produiores dC Roseira, Caçapava e Pindamonhangaba devem ob1er, com o resto do Vale. cerca de I milhão e 400 mil sacas na atual safra, a segunda maior produção de São Paulo, depois de Ribeirão Preto. Tudo isso ocorre no momento cm que se importa l milhão de toneladas de arroz da Tailândia, China e Uruguai. Como justificar essa contradição?
eooissinai5 da Ressurrdçãode Nosso Stnhor J e:S us Cristo, no Santo Sud li.rlo de Turim. Todo cadáver humano, transcorridas mais ou menos 30 horas do sepul!amento, deixa nos tecidos que envolvem o corpo uns pequenos cristais, denominados pelos especialistas ·•mctabólitos de decomposição". Os médicos legistas, segundo a revista católica alemã "Der Fels", de março p.p., não encontraram nada de semelhante no Sudário de Turim; isto prova que o cadáver ali envolto não começou a se decompor. Os cientistas afirmam tambtm que. mesmo com os maiores cuidados, não
e sóoplantiodcirigocrueeu na proporção de 1rin1a por ctnto cm todo o Pais, segundo revelou o presidente do Sindicato da Indústria de Adubos e Fertilizantes, Wilson Armelin, que prevê um aumento de I milhão de toneladas na produção do presente ano. Em 1985, o setor produziu 8 milhões de toneladas. Os produtores agrícolas esperam do Governo a concessão de linhas de fi nanciamento para a construção de arma1.éns, além de uma agilização no sistema de transportes. Se isso não for fcito-alertamdirigcntesda Sociedade Rural Brasileira - a produção acabará ficando nas mãos de
camelos
e ca,·alos".
tecido quando o sangue está seco, sem arrancar panículas do corpo ou deixar no tecido sinais de pequenas fibras esticadas que foram puxadas entre o tecido e a ferida . Ora, após um aumcntodaordemdcvintcc três ,·czcs, não foi passivei descobrir nas fibras do tecido sinais de esticamento, nem mesmo nos locais onde ele estava mais fortemente colado, no meio ou nas beiras dos filetes de sangue. Isto testemunha que houve num determinado momento da História um sepultamento, tendo o cadáver ali presente desaparecido de um modo que não se poderia ter dado naturalmente.
atravessadores, que compram os produtos abaixo do preço mínimo de mercado, para a revenda nos centros urbanos. Surpreendentemente, porém, a aicnção do Go,·crno parece mais voltada para a execução da Reforma Agrária, sob a aleaação de que no Brasil se padece fome. e "Op~·iiu" pelo ócio. Nossa imprema cnxameiadeprotestos, manifestações e invasões dos denominados "sem-terra", que seriam milhares pelo Brasil afora Tratar·se-á de um povo errante, faminto, sobre o qual se abateu a tragédia do desemprego, ou que infortúnios da vida reduziram à miséria e indigência? De quando em quando, vem à baila fatos que desmentem tal ,·crsão. Assim, os sem•terra acampados em Teodoro Sampaio. no interior de São Paulo, receberam de uma destilaria de álcool situada nas imediações oferta de trabalho temporário para seiscentos homens. Apenas alguns aceitaram.Os demais prcfcrcmcominuar a vivc:rdos auxílios que chegam regularmente ao acampamento. Um deles - incrível! - já ê dono de 60 alqueires no Paraná. Os outros - com ou sem terra - manifestaram apenas ostensiva preferência pelo ócio. e o l NAMPS (Instituto Nacional deAssistênciaMMicada Previdência Social) importou da Alemanha comunista cerca de CzS 61,6 milhões cm aparelhos médicos e hospitalares com similar nacional.desnecessários ou cm quantidades exageradas, e até semqualquerutilidadcnamedicina. Alguns nunca foram sequer usados por falta de operadores capacitados. Realizada cm 1977, a estranha transação somente agora ,cio a público! Com bastante freqüência s.c noticiam escândalos e despcrdkios financeiros cmórgàos da administração pública. Não há quem desconheça, por exemplo, o insanável deficit das empresas estatais (em torno de CzS 200 bilhões), que dominam mais ou menos setenta por cento da economia nacional. Simbolo gritante de como é in"iá,cl o estatismo socialista!
CATOLICISMO - Setembro de 1986
Discernindo, distinguindo, classificando...
Ü ESCRITOR FRANCtS Julio Verne é geralmente elogiado por ter antedpadoem seus romances, segundo se comenta, considerável nümero de descobenas cientifüas, dcsconhe<:idas em seu tempo. Seus mais famosos livros - "Vinte mil léguas submarinas", "Dalerraà lua", "Cinco semanas num balão", e ainda outros -sàotidoscomo intuições admiráveis do submarino, do balão dirigível, da viagem à lua etc. Há tambtm quem ache que o inegável talento do romancista estava a serviço de um plano de divulgação das invenções ciemíficas, que já se preparavam para eclodir, Pouco conhecido, entretanto, é o conto de Julio Veme in1itulado "Mestre Zacarias". Trata-se da história de um sábio, inventor do escapo dos relógios, que permitiu o verdadeiro nascimento da relojoaria, pois proporcionava uma "medida regular e continua do tempo". Mesue Zacarias considerava-se ·•um homem superior (. .. ) um sábio de grande mérito .. , um símbolo do homem que se identificou com o espírito cientifico. Levava consigo "este orgulho da ciência que refere tudo a ela". Por \e:.tes ele parecia "o anjo decaido, levantando-se conira o Criador", e, pela ciência, "'tinha-se deixado arrastar a consequências materialistas". Um certoium-zumcorriaaboca pequena de que o extraordip.ário inventor "asia de concerto com o diabo". Apartirdccertodia,entretanto, de modo inexplicável, os relógios por ele fabricados começaram a parar. Desmontados, nada se encontra neles de anormal. Remontados cuidadosamente, continuam parados! Devolveram-lhe um, depois dois, depois muitos, enfim é uma muftidão de pessoas que se acotovelava em sua oficina para exigir a de,·olução do dinheiro. E, na medida cm que os relógios iam parando, o inventor percebia-se vigiado por uma estranha figura de homem com cara de relógio, que o rondava: um velho com voz metálica, uma espécie de monstro queparecia"existirháumgrandc nümero de séculos" e que se dizia encarregado de "regular o sol". Por fim, só um de seus relógios continuou a funcionar, num caslelo mal-assombrado. cm podi:-r daqui:-le mesmo homem-relógio que o CATOLICISMO- Setembro de 1986
perseguia. E Mestre Zacarias sentiu quesuaalmaestavaaprisionada naquele relógio. Se o mecanismo parasse, o inventor morreria. Tal relógio, que ames locava o Angelus e as horas do oficio divino e sobre cujo mos1rador apareciam escritas máximas piedosas, agora reproduzia frases de danação eterna: "É preciso comer os frutos da árvore da ciência" ou "0 homem J)Ode tornar-se igual a Deus". Querendo absolutamente o relógio para si, para poder conservar sua vida, Mestre Zacarias não hesitou em entregar ao demônio, representado por aquele estranho homem-relógio, sua própria !ilha a quem amava. Nisso um eremita apareceu no local, estendeu sua mão para o relógio, o qual explodiu; o demônio foi engolido pela terra e Mestre Zacarias caiu mono no desespero e na impiedade. É, comoseve, uma alegoria, na qual Julio Verne expõe veladamen1e aidéiadequeforçasmaléficas estariam por detrás do progresso científico. Este seria utilizado por clascomoumacspéciede encantamento para atrair os homens, que passariam a adorar a ciência e se afastariam de Deus, O paravento, atrás do qual se esconderia o espírito do mal. seria a ilusão de que a ciência era fruto apenas da inteligência humana. Em determinado momento, porém, quando os ··enfeitiçados" estivessem suficientemente em seu poder, o próprio demônio encarregar-se-ia de desativar as conquistas técnicas, tomadas então inúteis para seu fim. Nessa ocasião, ele passaria a dominar mais diretamente os homens, sem necessidade de utilizar como paraventoo progresso científico. Sem querermos tomar partido em relação à alegoria de Julio Verne, é impossível porém não constatar certas analogias desta com a situação presente do mundo. Nossa civilização, que durante os últimos cem anos adorou a técnica e a ciCncia,jáapresentafortessintomas de estar se desprendendo delas, não obstante, para a maioria, o progresso cientifico ainda constituir um ideal. É inegável, porém, que minorias cada vez mais numerosas e mais prestigiadas pela propaganda, como os pacifistas, os ecologistas, osindigenistas,apretex1ode combater os malefícios da atual
civilização computadorizada, pregam uma volta à simplicidade da namreza, ou diretamente à taba indígena {ver a rcspei10 "Tribalismo indígena - ideal comuno-missionário para o Brasil no século XXI", do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Ed. Vera Cruz, São Paulo, 1977). E, entre elas, filósofos, sociólogos, religiosos, políticos, homens públicos etc. Nessa perspectiva, convém ter presente as verdadeiras características de um povo católico, opostas às da massa revolucionária, seja csia fruto de uma industrialização mal impostada, seja de um igualitarismo de tipo ncotribal. É Pio XII quem ensina: "Povo e multidão amorfa ou, como se costuma dizer, 'massa', são dois concciws diversos. O povo vive e move-se por vida própria; a massa f de si inerte, e não pode mover-se senão por um agente externo. O povo vive da plenitude da vida dos homens que o compõem, cada um dos quais - no próprio lugar e do próprio modo - é uma pessoa consciente das próprias responsabilidades e das próprias convicções. A massa, pelo contrário, espera uma influência externa, brinquedo fácil nas mãos de quem quer que jogue com seus instintos ou impressões, pronta a seguir, vez por vez, hoje esta, amanhã aquela brincadeira. Da exu berância devida de um verdadeiro povo, a vida se difunde abundante e rica no Estado e em todos os seus órgãos, infundindo neles, com vigor incessantemente renovado, a consciência da própria responsabilidade e o \'erdadeiro sentido do bem comum. O Estado pc,deservir-sedaforçaelementarda massa, habilmente manobrada e usada: nas mãos de um só ou de diversos artificialmente agrupados por tendências egoistas. o próprio Estado pode, com apoio da massa, reduzida a não ser mais que uma simp!es máquina, impor o seu arbítrio à parte melhor do verdadeiro povo; o interesse comum fica então gra'"emente e por longo tempo golpeado, e a ferida é bem frcqücntcmcn1edecuradificil"' (Radiomensagem de Natal de 1944, Vozes, Pecrópolis, 1956. p. 7). C.A.
Ant11 da fflHSK/1 das fim, ocarndo RI igreJI Ili 'fibldllCWlh"'-Gctltbrlnt1,P~dr1Alldr•Sovtill. illterromoeu, Miua 11rtvertiu as indiose as holln6esu-rw1so,Hdotompk,-qu11,quelaqu1
IDCHM .....,no,tt..-ouno1•11on: 11'jrtdos,fic11ilcoma1briçassetas1momril 11r01rnen11.At1rrlv1IJ11ediçiocumpriu-,eirisc1
EM
ARTIGO antc:rior ("Calvinistasholandesc:s invadem Cristandade luso-americana", "Catolicismo" no. 427, de julho p.p.) tratamos da invasão de Pernambuco pelos hereges batavos em 1630. Constituía tal invasão clara tentativa de estabelecer uma "cabeça de ponte", a panir da qual a heresia procuraria conquistar todo o BrasiL. O caráter religioso da invasão ficou ainda mais evidenciado, como veremos, pelas perseguições que se lhe seguiram. Tais atos de hostilidade à Religião Católica eleva os combatentes luso-brasileiros à condição de autfnticios dtíensorc:s da Fé.
Albuquerque resiste e Calabar trai Com os poucos recursos que lhe sobraram após a resistência inicial oferecida à invasão,MatiasdeAlbuquerqueretirou. se para uma pequena elevação, a uma milha de distância de Recife, e em pouco tempo construiu uma fortificação logo batizada Ar raial do Bom Jesus. Dali coordenava as "companhias de emboscadas" -espéciedegruposdeguerrilhas - que por muito tempo mantiveram os invasores cercados em Olinda e Recife. Bastava-lhessairembuscadeáguaoulenha, e eram logo atacados pelos soldados católicos.Estas"companhiasdeemboscadas" ocuparam também todas as estra-
10
dasqueiamparaointerior, isolando desse modo os holandeses numa estreita faixa do litoral. Atacados continuamente, os invasores resolveramconcentrar-seemRecifc.AntesdeabandonaremOlinda,incendiaramna. As várias igrejas e conventos transformaram-se cm mont\Xs de rnínas carbonizadas! A partir de Recife. os holandeses realizaram '"árias tentativas de romper o cerco e ampliar o domínio, obcendo porém pouco i=xito. Altm do cerco, a fome e as doenças começaram a ceifar vidas, sendo que, dois anos após a tomada, ainda os mantimentos vinham da Holanda. Pensavamjácmretirar-se,quandoum fato inesperado provocou uma reviravo!-
"·Ca!abar -
que na História do Brasil ficousendosinônimodetraidor-lutara até há pouco ao lado dos católicos no Arraial do Bom Jesus. Entregara-se, porém, a roubos e ao contrabando, sendo descobeno. Ameaçado de prisão, fugiu para as linhas holandesas, oferecendo seus serviços c:m troca de lhe salvarem a vida. Grandeconhecedordscaminhosdointerior. dos costumes e das táticas dos católicos, Calabardc:uaosheregesa possibilidadedeexpandir-se,guiandoelemesmoas incursôes. A partir dai, caíram sucessivamen!e lgarassu, Serinhaém, Nazaré, Goiana. O próprioArraialdoBom Jesus,queresistira a tantas in\"estidas, foi tomado após sangrento combate:. Calabar escolheu para isso uma Quinta-Feira Santa, quando - bem sabia ele - a maior pane dos soldados e da população es1ava se confessando, preparando-se: para as cerimônias
da Paixão. Nisso tamMm assemelhou-se aJudas,queentregouoDivinoMestrena Quinta-Feira Santa ...
Atrocidades dos hereges e milagres No c:sforço de expansão, os hereges bandearam para seu lado os índios poliguares e tapuias. Juntos, índios e calvinistas dc:vastaram todo o litoral e as principais vilas. As cenas de barbárie e vandalismo repetiam-se em cada vila ou lugarejo subjugados: as igrejas e capelas eraminvariavelmenteprofanadasein~diadas; inúmeros sacerdotes foram mortos após sofrerem torturas indescritíveis; muitos cacólicos pagaram com a vida sua fidelidadc:àlgrcja. Asanhadosinvasoresnãopoupavaidadenemcondiçào:velhos, mulheres e crianças pereceram atrozmente.Asplantaçõcseramdcstruídas, o gado roubado ou morto, as casas e c:ngenhos saqueados e incendiados. Em Potengi, por exemplo, após repelir um ataque: dos holandeses, a população preparou a defesa contra nova imestida. tendo muitos recebido os Sacramentos e realizado uma procissão com o Crucifixo à frente. Pediram a Deus que lhes desseavitóriaou,emcasodederrota, a fidelidade inquebrantável à Fé Católica. Nasegundainvestida,osbatavos,apoiados pela artilharia, tomaram o vilarejo, não sem encontrar uma defesa encarniçada Reuniram todos os prisioneiros, homens e meninos com mais de sete anos e, sob pretexto de os levarem a cuidar da lavoura, conduziram-nos à localidade de Uruassu. Lá chegados, foram cercados pelas tropas. acrescidas peta presença de CATOLICISMO - Setembro de 1986
numerosos índios em meio a um alarido infernal. lmpostocertosilêncio,umpregadorcalvinistaexonavaos prisioneiros a apostatar,;:m da Rehgiào Católica e aderirem à heresia como único meio de salvarem as vidas. Em al!os brados, os luso-brasileiros proclamaram queprefcririammorrerarenegara Fé . Os urros dos índios e holandeses avolumaram-se e, cm meio à repetiçào de atosdeFépor partcdoscatólicos, iniciouse o massacre: "A muitos abriram para lhcstirarasentranhas,depoisdelhescor!arem as cabeças, as pernas e os braços, para que nào parecessem homens. E para desfigurarem as partes, lhes tiraram dascabeçasaslínguas,olhos,orelhase narizes; dos braços as màos, das màos os dedos,eparaquetodostivC'Sscmpartena crueldadenàoficou herege, nem gentio, que nào cortasse a sua paru" (!). Setenta outros luso-brasileiros, moradores em localidade próxima, tiveram o mesmo fim. DevoltaaPotengi,osheregesnãopouparam injúrias às viúvas e filhas dos recém-martirizados. Estas, sabedoras do ocorrido, pediram para ir dar sepultura aos restos mortais de seus maridos, pais e filhos. Os holandeses retardaram de quinzediasaconcessãodalicença,para que as feras e a corrupção consumissem os despojos. Passados os quinze dias, foramasatli tasevalorosassenhorasdarsepu!turaao que restava. Chcgadasaolocalencontraramosrestosmortaisfrescos , comosangueabrilhar, comoseacabassemdeser mortos. Pairava no local um intenso e agradávelperfume,queperduroumuito tempo. À noite. de volta ao povoado, ouviram uma música verdadciramcntccclc,tial. Provinha ela do local onde sepultaram os mortos. Muitos holandeses tambémaouviram. Noutra ocasião, os hereges chegaram àviladeCunhaúe,comfingidabenevolência, ordenaram que todos viessem à
Missa, pois após esta "tinham importante questàoatratar-lhes". Parte da população, receosa da perfídia dos holandeses, nào compareceu. Começada a Missa, as tropascercaramaigrejaecomeçaramnovo massane. O sacerdot e, Padre André Soveral,de90anos,imerrompeuoSanto Sacrifício e, dirigindo-se aos índios e ho!andeses,disse-lhes que aquele qu e tocasse nek, no altar ou nos vasos sagrados, ficaria com os braços secos e morreria atrozmente. Houve um desconcerto entre osheregeseíndios. Ospotiguaras, escarnecendo dos tapuias temerosos, atacaram o sacerdo1e e o despedaçaram. O templo ficou juncado de fiéis mortos Poucos dias depois, a maldição dosacerdote cumpriu-se: os índios que o haviam tocado tiveram sei.tsbraçosparalisadoseressequidos,c tomadosdedesesperopuseramfimàssuasvidas,matandose uns aos outros a dentadas. O martírio de três jovens ocorrido em Sào Lourenço, bem próximo a Recife, é assimdescrito:"Arrancaramaostrêsas unhaselhesquebraramosdentes;foram depois cruelmente açoitados, pingados (comakatràofcrvcntc)edC'Sconjuntados, qu e foimiserandoespetáculo;puserama cadaqualdostrêsentreduastábuasrepassadascommuitos pregos e os algozes emcima,quelhesfaziamentrarospregosatéascntranhas;clesmuitoconslantes nestes tormentos chamavam por Deus e por suaSantíssimaMàe,coquemaislhesalivioufoipcdircommuitainstânciaosdeixassemconfessar, e por não poderem já andar, amarraram a cada um uma corda-ao pescoço arrastando-oslargoespaçoatéospendl1rarem e acabarem de matar, arcabuzando-os" (2). Muitos outros fatos semelhantes poderiam ser narrados. É lamentável qu e esses gloriosos martírios. que fazem lembrar o heroísmo com que os primeiros cristàos arrostavam as perseguições no Império Romano, sejam tão pouco co-
nhecidos cm nossa Pátria. É desconcertante que estes episódios da História do Brasil sejam silenciados, quando deveriamscrcxaltadoseadmiradosportodos os nossos compatriotas . E também pelos católicos,emâmbitouniversal,casotivessehavidozeloeminstaurarprocessosde bea!ificação dos \uso-brasileiros, cujo martíriofossebemdocumentadohistoricamente. Emretanto, a justa glorificaçào desses heróis não só da Pátria, mas sobretudo da Fé, parece não serdoagradodaque\esaquemaborreceaidéia - no entanto,tàoverdadeira-dequehouveaulênticos martírios no Brasil-Colônia. E que a Insurreição Pernambucana - por ter sidoinspiradaemmotivosprecipuamentereligiosos - apresentaascaracteristicasdeverdadeiracruzadamovidacontra inimigo.> da Fé.
Nassau: benfeitor? A perseguição religiosa levada acabo de modotào bárbaro revelou-se contraproducente. Portalrazâo,al-lolandaenviou oCondeMauriciode Nassau , politicoastu10esinuoso, incambido de, por meios mais benevolentes, conduzir aos mesmos objetivos: consolidar o domínio holandêseperverteraoprotestantismoa populaçào católica Comeste fim, Nassau proeuroupacifiearosânimos, evitando excessos, concedendo uma aparente liberdade rcligiosaepromovendoalgum progresso 1nateria\ lssonãoimpediaque,sempuníçãode suaparte,seuscomandadospraticassem atossemelhantesaosqueatéaquitemos descrito. EleprópriolevouacaboatarefadesubjugaraferroefogoosuldePer nambuco e "as Alagoas"', além de comandarouordenarataquesà Bahia e ao Maranhão. Numa clara manifestação dos intuitosexpansionistasdoshereges - e eleprópriooera-atacoueconquistou
Na ilha ~ -An.tonio Ya,. Nass= struiu o palátio daBoaYista (gra,uradeaut01iadeFran,Postl.nas proximidades da ponltqutmarnlarar::onstruir sobre o rioCapibaribe.Otdi!ício,hojedesapa,ecido.nãofoi 1penaslH'l'l1apnzi,elvivtndadochelthol1ndifs,mas também serviu como fortifir::a~io para autgurar o dominiGdoinYasorca1Yioi11anacidadedoRecif1
O Conde João Mau,icio de Nassau (cuja gravura. de autor~ do artista 11;,mengo Franz Po,t, foi desenhada em 1637. data da chegada daquele a Pernambuco). sob0p1ete.t0deprotegeroclerocaiólico.ordenou o aprisionam.nto de todo! os sacerdotes e re~giosos
naehdeltamaracá.deportando-osimseguida CA.TOLICISMO - Setembro de 1986
temporariamente Angola, São Tomé, outras possessõesponuguesasnaÁfrica, e enviou uma e,:pedição ao Chile com o mesmo objetivo. A "boa administração" de Nassau, propalada por cenos autores, restrinaiuse a urbanizar Recik, fonificá-lae fazer os engenhos retomarem a produção dt açúcar. Foi durante o seu governo que, sob pretexto de "proteger" o clero, ordenou o aprisionamento de todo s os sacerdotes e religiosos. Presos cm ltamara1:á, sofreram eles duros malt ratos, dos quais muitos pcreceram. Os sobreviventcs foram embarcados cm navios holandeses, que os abandonaram sem alimentos e quase sem roupa cm praias de ilhas desertas do Atlântico. Os poucos sacerdotes que conseguiram escaparaoaprisionamentoviviamescondidospelosmatos,continuandoaministrarosSacramcntos,cncorajandooscatólicosamantercm-sefirmcsnaFéearesisnrem aos invasores. Por outro lado, no intuito de perverter a população, grande númerodeprtgadorescalvinistasfoidisseminadopclas vilas, além de se promO\"CT "catecismos" protestantes. O povo, porém, fugia dos pregadorescomodeseresempestados,e os livros heré1icos eram queimados como ''serpentes venenos.as". Um cronista contemporâneo de Nassau, descrcvendooembarquedestepara aHolanda,comenta: "Quandosedespediu de sua casa, vendo que nenhum português o visitava, nem lhe dava as boas idas,dissemuitoscntido: 'Nunca imaginei que tinha tantos inimigos, como agora vejo por experiência'. Deixou este homem mui poucas saudades na terra, e te\Ouconsigomuirnspragasdepobres"(3).
PreparB·S8 a reconquista Os políticos que sucederam a Nassau, menos habilidosos, retomaram o anterior regime de terror. Tal estadodecois.as tornava impossivel a prática da Religião e o próprio desenrolar da vida cotidiana. Esboçam-se então os primeiros sinais de umaaniculaçãovisando a reconquistaarmada . A cada dia, notíciasdcnovasprofanações,saqueseviolênciascometidaspclos hereges aumentavam em todos o desejo de restituir as terras nordestinas a seu Deus e seu Rei. A insurreição organizouse, prepararam-se os planos e as armas; emissários percorreram os povoados e engenhos, observando e recrutando. Es\a\•a prestes a eclodir a gloriosa lnsurrtição Pernambucana. Dela trataremos em próximo artigo. LúdoMend es (l) Dom Domi!liOS Lomo Couto, ··~a,·os do Br11llcGló1iasdcPcmambuco"",<:dwiodaFundai;lodcCulluraCidadcdoRecifc, Recik 1981, p.239. (2)Di<>solopcsSan1iaao,""His16riadaGuerrad< Ptmambuco'".1'cdiçloin1cara1,1'undaçlodoPa1nm6nioHis16rkocAt1isticod<Pcrnambuco.Rccifc,1984.pp.lClS-109 (l)l'rciManudCalado.··o,·a.lorosoLucidmo". Ed.Cuhura, SloPaulo. 19-13. p. 262
11
CUT: perigo real ou "bluff" publicitário? AS TUBAS DA PUBLICIDADE apresentaram o II Congresso Nacional da CUT, realizado de!? a 3 de agosto último no Rio de Janeiro, como um perigo iminente que ameaçava os fundamentos do Estado de Direito, no Pais. Nesse Congresso, Meneguelli teria conseguido comer os radicais que queriam a paralização do Brasil. De fato, "decretou-se" apenas um dia nacional de luta para o mês de outubro vindouro. O que pleiteavam os "uluas" da CUT? Tudo! Suas reivindicações ocupam um caderno de 100 páginas, abrangendo desde problemas salariais, preços, reforma agrária radical, invasões de terras ociosas, ruptura com o F\11, no~o código de trabalho elaborado pelos trabalhadorC$, desmantelamento de todo o aparelhamcn!Q policial, socialização dos meios de comunicação e das empresas nacionais e estrangeiras, estatização dos bancos ... e, obviamente, não privatização das estatais. Enfim, umaverdadeirare\·olução,ouseja,atransformação do Brasil numa imensa Nicarágua. Mas, ao que parece, as coisas para os cmistas não correram como eles esperavam. Apesar das facilidades logisticas, refeições gratuitas, instalações, impressos em profusão por conta do Barnerj, iluminação, som e até um batalhão de funcionários públicos cedidos por llrizola - como verdadeiros serviçais desses pseudo-adversários das mordomias - os números no congresso da CUT não corresponderam às e,pectativas. Talvez esse esvaziamento se deva às reações produzidas pelas ameaças de resolver as coisas na "marra", que antecederam o congresso. Nas reuniões gerais, nunca compareceram mais de quatro mil, embora os jornais noticiem sete. A sessão de abenura cifrou-se a uma discurseira intérmina. Lá pela metade dela, dois terços do auditório já ha,·ia batido em retirada. Uns entediados, outros protestando I.' alguns proferindo palavrões irrepeti\'eis. Todo mundo sabe que político costuma ter faro fino, só comparecendo onde rende voto. Brizola, Saturnino, Darcy Ribeiro e Suplky não julgaram vantajoso estarem presentes. D. Ivo Lorscheiter, Presidente da CNBB, chegou a ser chamado para compor a mesa, mas também não apareceu. Num insólito "Tribunal da Terra" ali formado - que dt justiça tinha muito pouco - estavam D. Tomás Balduino, Bispo de Goiás Velho, e o Pe. Ricardo Rezende, da CPT do Araguaia. ~ntados no banco dos réus: o Estado brasileiro, as multinacionais e o latifúndio. Todos foram condenados por unanimidade. Aliás, logo na abertura do ''juri'', os réus já foram declarados culpados pelo juiz, o qual foi apresentado como sendo jurista ... Três "vedetes" destacaram-se, a titulos diversos, nesse primeiro 110. Arepresentante da Nicarágua, que todo mundo aplaudiu, mesmo sem entender o que ela diz.ia. O Lula por ser o Lula. E o representante do PCB, Hércules Corrêa, vaiado como "pelego", desde que se levantou até o momento em que se sentou. Suas últimas palavras foram: "Estou habituado às vaias". A TFP, por bem ou por mal, estava presente. Em meio ã orgia panf1etária que inundava o ambiente, pelo menos três impressos em circulação citavam a sigla do Leão Dourado, e mais de uma vez juntamente com o nome do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Nenhum leitor vai imaginar que se trata de referências imparciais. São as mesmas calúnias de sempre, já mil vezes desmentidas, e mais recentemente no Comunicado de Imprensa da TFP intitulado "Menti, menti..." (cír. "Catolicismo", junho/1986, no. 426). Mas importa registrar o fato, pois ele constitui mais uma prova, entre milhares, de como a TFP incomoda as esquerdas. Rafael Meneses
CATOLICISMO
Setembro óe 1S86
Detrás da cortina do invisível MANAGUA, novembro de 1985. Pobreza, favelas, água racionada, pichações cm todas as
parcdcs,sujcira.Ànoile,sóem alguns postes há luz acesa. Em ou1ubro, <liame dos rumores de
uma"invasão"dosEstadosUnidos, dezenas de tanques foram entrincheirados nas proximidades
deManágua. Hoje,sóficamos buracos,chciosdeáguadachu va,acriarvcrdadcirasnuvensd c mosquitos e pernilongos.aponta
dascomoprovadaguerrabacte riológicapromovidapt"laCIA
Nãofaltamaspiadas.Amais frcqüenteé:"Quando es!ávamos pior (com Somo,:a), estávamos mdhor". Os mais oTimistas acreditam quc a pobrcza causada pe-
losandinismoacabaráporc~plodirnumare,·oltapopular. Maso fatoéqucatéhojenenhumgovcrnocomunistacaiuporcausa damisériaqucproduziu.Umnicaragüenseatirmou: '·.Se esrnmísériase1ivesscdadono11:mpodc Somoza,já1criaha•'ldom01im e gre,·es . MasnàohárevoltasnaNica ráguadehoje. A razão oficial é o" estadodeemcrgência"decre 1adopelogovcrno.Masa1•erda deirarazãoéoreinode terrorim postopeloswmuni,tas.Éumterrorsutil, mas onipresente. Não há "'desaparecidos". Ao mcnosa,pessoasnãopermanecem desaparecidas por muito tcmpo.Quem"desaparece".geralmen1e,·oltadepoisdealguns dias,umtantomachucadaesilenciosa Nospoucosdiasqueestiveem Manágua,tomeiconhecimentodc inúmeroscasosdeperscguiçàoe imimidação.Porexemplo,oDr. EnriqueMencscsPefia,direlordo Centro para a Unidade e a Promoção da O.,mocracia. Ele realizou, no dia 24 de outubro, uma reuniàoparacelebraroquadra gésimoaniversáriodaONU. No diascguinle,enquamoclcestava ausente, a policia vasculhou sua casa. Ourante a madrugada. a policia,·oltou,lcvando-opreso paraomesmoprédioondeameriormeme funcionavaapoliciasccretadeSomoza, e queagoraé adclegaciaccntraldapoliciasandinista Cominuameme interrogado duranteváriosdias,:;ofreueletodasortedevcxamcseesteve em complctoiso!amemoatéscr!ibcrtado . Elefoi"advcrtido"deque nãolheépermitidoconvidarjovcnsparaasreuniõcsdeseulnstituto,pois''ajuventudenospertençc".Apo!iciaconfiscoutodos osseuscscritosdedezanos. O Sr. Guillcrmo Quanl, Diretor da Câmara de Comércio Nicaragücnse, foi lcvado à polícia
CATOLICISMO - Setembro de 1986
de madrugada, em pijamas e doeme. Foi submetido a várias horasdeimerrogatórionascdeda PoliciadeSegurançadoEstado. Ncsseinterrogatóriolhe foidito que poderiascrpresoportrinta anos. Tevc seusdadosefocoregiscrados,comosefosseumcriruinoso. Pouco depois de voltar àsuacasa,recebeuumachama· dadeumdospoliciaisqueoincerrogaram. Ele só disse: "Está p,o,,to?Prcparesuascoisas,pois
vamosalparammá-lo". Esse cípodeameaçatelcfônica porpartedapoliciasandinistaé um procedimento comum. Por exemplo, o Sr. Andrés Zufliga, presidente da Confederação de Associações Profissionais, após pa.sarpelasmesmasafromasacima narradas, recebeu uma chamadatelefônicaacadameiahora, durame toda uma semana. ameaçando-ode morte.
Ossandinistascontinuamtambémsuacampanhade doutrinação. Todooensinoécontrolado pe!o Estado. Os professores são obrigadosareccbcraulasdedoutrinação. Ascriançasassimeducadasestãosevoltandocomraos pais Quando o Sr. SofoníasCisneros,direcordaAssociaçãodePais dasEscolasCatólicas,protestou contraoensinodessa"ideologia matcrialista"'emcanaaoMinistroda Educação, Pe. Fernando Cardenal, elefoide!idoe!evado àpolicia,Lá elefoidespido, espancadoeintcrrogado,sendofinalmentelevadoaté uma escrada durameamadrugada.eali dcixadonu.Ca.soscomoC5tesãofrcquentes O.,outrolado.continuaoconfiscodapropriedadcprivada.
Exatamente que porcentagem da economia escá atualmente nas mãos do Escado, ninguém o sabc;poisosdadoseconômicossão consideradosdescgurançanacional e guardadoscomoscgredosde Estado As vezes as fazendas são simplesmente confiscadas, sem nenhum!ipodeprocessooucom pensação. Às vezes se observam asformalidadesdaL eideReformaAgrária,segundoaqualoan· tigoproprietárioreccbeopreço cm títulos do Estado. Se os P<'quenosíazendeirosresisumà expropriaçãodesuasterras.estas lhesãosimpksmentcconfiscadas Os camponeses que trabalham nascooperativascriadaspelaLei de ReformaAgrárian:'.iorecebem citulo de propriedade. Eles se cransformam, na realidade, em servos do Estado. Eles plantam porordemdoEstadoesóaek podem venderseusprodmos. Os grupos e pessoas com os quaisfalciduranteaminhavjagemsentemcomoseumaconinativesse descidoemtornodelcs Nàoumaconinade ferro,nemde bambu,masumacortinainvisivel.Asnoticiassobreasi!Uaçào daNicaráguasimplesmenten:'.io filtramparafora.Ataxadecãmbio faz com que sejaquase impossívelviajarparaoElcterior.As com·ersastelefônicasimernacionaissiioproibili,·amentecaras Pordetrásdcstacortinainvisivel, os sandinistas continuam com sua tentaciva de quebrar qualquer oposição cívica, reduzindo-aafragmentosisolados.aterrorizadoseimpotentes. CadavczmaisoindivíduodependcdoEstado, Paracomprarpilhas,pneus,comidaeatémesmo papelhigiênico,éprccisoterautorizaçiio do Estado.
Es1c comrokab:;olmodossandiniscas,acocalfaltade ordeml egal,acontinuainsegurança,ain1imidaçãoeoterror,jumocom acresccnte mi1éria.es1ãocondu zindoaumadesmoralizaçiiopaulatina,aumsemimentodeabandonoporpartedosqueseopôcm Nadaresumemaisasimpressões destes dias que passei em Manáguadoque aspala,·rasque umapessoame disse numacon versa: "Porfavor,fureacortina
invisfrd.N6s1cmosumasócoisa a dizcr:socorro!'"
Numaterça-fcira,deixeiManágua rumo à Guatemala. Qualquer pessoaque cenhapa.sadode Bcrlimorie:ualparaazonalivresabcoqueeuentãoscnti.
Robert R. Rei 1 ly Nota OSrhR?_;><rtR.Re_illy,fi1:ur•m:i10 re,norte-amencanos.com.çouatrabalha,naadminis1raçll0Reaganloaoquecs1ea,.umiuopoderem!981 ApósdoisanosnaU.S.lnformation Aaency, o Sr. Rcillypa«.oua fazer panedoquadrodefuncionáriosda CasaBranca,naquaHdadedeA.scs,or Especial do Presidem• nor!e americano para Relações Públicas. cargoqueocul)Ouatéfi111del985 Atualmemeé funcionáriodaembaiuda none-amer"cananaSu "ç OartiJo,doqualextra!masapreseme ,intcsc. foi redigido pelo Sr Reillyapó,umavisitaàNkaráguae publicadopdobo!<"timdoNicaragu.an lnform~rion CentN", um oraanismo formadoporrefugiadosnkaragiien~· nos_ J;EUUb e falic~tl~ ~ dif~são cãodesua,ofridapátri• As informaçõescontidasnesscsuc·n,ore!a,o.contendoaspectospoucocrmhecidosdavidaquoi;dianasob orqimesandinis1a.cenamen!e scrão ~:,~~'.cresse para nossos prezados lei-
13
Descuidada, imprecisa e incompleta a correspondência do sr. Blay A réplica de Caio V. Xavier da Silveira Paris.9dcagosiodel986 Sr. Redator da "Folha de S. Paulo" E M21dejulhodei986,a"FolhadcS.Paulo"publicouumaa1ensa corresp()ndfocia de Paris, de autoria do sr. Milton Blay. Nela o autorassacaváriasinverdadescontraaassociaçãoparisicn~"Avenir delaCulture", bem como contra a TFP francesa, com a qual ela mantém efetiva colaboração. êfácilvcrqueosr. Blaypraticou
assimumaagressãodcindolcideo-
l611:icacontraduasbcncméritasassociaçõesdopaísemquctrabalha Umacoutravi!mmovendoativa campanhacontraaimoralidadcdos mass media franceses. A abundancc
correspond~ncia por elas recebida exprime o apoio de dezenas de mi-
lharcs dc francescs a esta ação .saneadora da moralidade pública. NotcM:
que - e de modo especial no ca-
so dc "A'"cnir de la Cuhure" - 1al campanhaestâapenasnoseucome+ ço,apartirdoqueénormalcsperar umscmprccrcscen1e-númerodeade+ sões postais ao mtw moiling promovido prla entidade. Ora, desta ação saneadora, esse sr. Blayniogosta. l:oqucsenotadifusamentc na sua vasta correspondência para a "Folha de S. Paulo". "/11deirae"(Ju\·cnal, Sátira 1, 1. 168). Creio ser supérfluo traduzir para o sr. Blaycssas duas palavras !atinas,qucsignificam"dafsuascókras". Noquc1oca à TFP francesa ca "AvcnirdclaCulturc",dcucaloro• saeirretorquivcl !iplkaosr. OuillaumeBabinct("FolhadcS. Paulo", 29-6-86). Recomendo a quantos tenhaminrcresseemconheccresscaspccto da investida do sr. Blay, que consultemoarrazoadodefinitivodo jovem e brilhante diretor da TFP francesa,oqualé,aomesmotempo,cncarregadode Relações Públicas de "Avcnir de la Cuhure". limito-me a aconselhar simples· mentequeosleitoresdesejososdese informar anim sobre o tema, meçam prc..,iameme suas possibilidades visuais. Pois,scnioforemmuitojovens, ou nioli\·erem uma ..,istaexcelente noscn1ido mais preciso do 1ermo,duvidodequeconsigamler bemasvitoriosasargumen1açõesdo sr. Ouillaume Babinct, ião corpusculares são os caracteres gráficos \"ffdadeiramemediminutosdequea "Folha de S. Paulo" lançou mio para tomar a defesa da TFP francesa edc'"A•'CnirdelaCuhure"conhecidaprlo:úblic~.. • Mas também a mim me cabe di· icruma palavrasobreacorrcspon-
dência do sr. Blay. Pois, ainda que eunadatcnhaqucverdiretamente comosassuntostracadosacima,essc sr. Blay procurou meios - os maissinuososeatra\'ancados-para me relacionar, de modo acabalhoado e insul!antc, com sua correspondência. O que ele fez violando as e,,:igênciasmaisfundamentaisdeum trabalhojornalisticoàalturadoórgãodeimprcnsa paraoqua!cscre+ veu. Estánaordcmnatural dascoisas que a informação jornalística de bomquilatedewsercuidadosa,precisaccomplela. Especialmente no qucmcdizrespeito,csscs1rêsprcdicados básicos faltaram de todo cm codonacorrespondênciadosr. Blay. Suainformaçãonãofoinemcuídadosa, nem precisa, quando, referindo-se extensamente a toda uma dramática trama policial e judiciária movida contra meu irmão Martim Afonso Xavier da Sih'Cira Jr.,cm 1979,confundiu-mccomele. Defeitosquelhescrviramdepassa• relapara,apartirdcrecentcdiâtogo telefônico que 1c-.·c comigo em Paris, sobre a TFP francesa e "A,·enir dc ta Culture", chegar até a mim, lentando cnvoh·er-me cm uma seqüênciadcacontccimentosqucnão mcdi.zcmdirctamcntcrcspeito.Mas com isso fica atingido também meu irmão Martim Afonso. Comefcito,a informação do sr. Blay foi gravemente incompleta. Poisckmcncionaasacusaçõesfalsas e infamantcs quc circularam a respeito de meu irmão em Paris, e seuencan;eramentoinjustoedramáticonaprisãode"LaSamé".Masele nadadizdofatodequcesseencarccramentotinha o caráter de mera prisãopreventiva - sis1emaaplicadocommuitomaioramphtudcna FrançadoquenoBrasil-cdcnenhum modo significava a afirmação da culpabilidade de Manim Afonsoprlasautoridadesjudiciârias.Comoelctambémnãosemostrainformadodcqucessadctcnçãodurou27 dias, prazoestequc1eriasido muito menor se as dificuldades cambiais não tive<;scm impedido familiares nossosdcrcmccerdcsdelogodoBrasilaelc-.11daquaI11iade700milfrancos, que dc-.·eria ser dcposi1ada como fiança, mon1ame esse: aliás absolu1amcmc inusitado no fórum dc Paris Por fim - e esse ponto é absolu• tamentecapital-osr.Blaynãosc
mostra informado sobre o desfecho dasacusaçõesedoproccssocriminal aquemeuirmãofoisujcito. Em suartplica, ou. Guillaumc Babine1 llis1oriouocssencialdoassun10. Scosr. Blay fossemaiscuidadosoem informar-sc, eledeveria ter consultado na coleção dà "Folha", por certo existente na agência dojorna!cmParis,asrcpcrcussõcs desses fatos. Pois era pelo menos prO\'ávelquealiencontrasscelcade+ fesa de Martim Afonso contra as acusações de que foi vítima. Saiu cla,efecivameme,cmscçiolivrc,no dia27dcnovembrodel980.àp. 7, sobocíiuloCorlaabertaaoSr. Julio de Mesqui1a Neto - O Es1odo não p(}(Je r:e,uuror: "O Estado" po-
d,. Masodescuidodosr.Blaynotocanteàobjetividadedoqucnoticia chegaaoperfcitamcmcinimaginá''Cl. Pois eu mesmo transmiti ao sr. Blayoessencialdasinformaçõesque aqui acabo de dar. Tui ocorreu dias antes de a "FolhadeS. Paulo" publicaracorrcspondbiciadclc.E,scm cmbarao,dcnadadoqueeulhedisserasobremeu irmio,osr. Blaysc mostrainformadoemsuaditacorresr;~:~~il\ue o sr. Blay se ria do qucacabodecscm·er. E se apreste a me perguntar que pro,.'aS tenho acerta de tal. Nesse caso, faço ao sr. Blay um convitc:presscmindoparaqucrumo elecamlnha\"a, gravci-lheacon,·er-
"·Queira o sr. Blaypassarprla Ruc deVauairnrdn?29,ondcrcsidocccnhoescritório. lá poderá ouvira fi ta.Comessa bcnevolência bem bra,ileira que o sr. Blay parece teresquecidoaodcixaraPátriadistamc, promctodcsdcjáofercccr-lhcnessa ocasião um cafezinho. E em seguidalc-.•ii-loatéaRueLcgendrc,onde lhcmostrareiasedcdc"Avcnirdcla Cuhure'" que ele diz conhecer, mas naqual.see:steve,foicmmatreiroincógnito. .. Como acima ficou dito, cm seção livre meu irmão Martim Afonso noticiou e documemou. para conhecimcntodenossoscomerrineos.rndo quamoimporta,-aparaqueaintactahonorabilidadedescunomesaisse ilesa dessa 1orpc barafunda. Aliás,depassagem devoconsignarqueelescconser.-aagradccido
Bureau para representação das 15 TFPs 29, Rue de Vaugirard • 75006 -
PARIS
CATOLICISMO - Setemblo ile 1986
até hoje, pelo inteiro descaso com que todos os nossos parcmcs, amigos e conhecidos receberam, cm 1979.a.srcpertUssõesdessabarafundanoBrasil.Pois.unãnimcccon1inuamente lhe dispensaram o trato amig? e confiante a que 5Cmprc fizera JUS. Masoshomenspassam,cascoleções dos jornais permanecem. Elas constitucmaimagcmdoprcscme, não só para o conhccimcmo dos contemporâneos,masparao~trabalhosdospesquisadorcsfuturos. Ea cadaqualiocaprovcrparaqucoseu nome pessoal, e o de sua familia, passem, limpos de nódoa, para a posteridade. Noqucnordizre:speito,umaoutra considcraçãoconcorrr para tal. Honramo-nos cm que, desde nossa adole-sc!ncia,integramosasfilciras reluzentes de méritos da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradi,;.'lo, Familia e Propriedade - TFP, guiada combito,atravésdctantasvicissitudcs e tantos ''cristàos atrl'vimentos" (Camões, Os Lus(adas, Canto 7.14). por seu fundador e P residente ad vitam, Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. E é natural que não consintamos em que o nome digno e ilustre dessa entidade, tão"isadapor C5trondospublicitáriosdcfundoinegavelmenteideolôgico(dozccm,·inte anos - cfr. Plínio Corrêa de Oli,-cira, Guerreiros da Virgem -A ri-plica da aultmticidade / A TFP sem sesredos, Editora Vera Cruz. São Paulo, 1985, pp. la Vlll), rcccbao mcnorrespingodeacusaçõesinjus1amcntcassacadascomraummembro de nossa família. Portudoisso,iranscrcvoaquia partccsscncialdascntençapanada dcfinilivamemcemjulgado,quecm da1adcl0dejulhodcl980lavrou aJuizade lnstruçâo,sra. N.Marm1s.desfaztndotodoo1ecidodccahiniascomqueseprocuraraen\'01ver meu irmão Martim Afonso:
"CONSIDERANDO que. sei inc:ontesrdvel que o Sr. XAVIE~ DA SILVEIRA romou empres1adas somas de dinheiro a t(/ulo pessocl, mareria/izadas por reconhecimen1os de dNidas, n4o esrd demonstrada que este li/rimo se renha valido de sua penencença à empresa brasileira de construção CA.Lparainduziraspessocs a assinar c:on1ratos, Jazendolhes esperar assim uma aplicação mui/o rentd~I e isenta de imposro; que.comefei10,1odosos1i1ularesde rtt"Onhttimento de dívidas são unânimes em declarar que essas somas de dinheiro foram empresradas sem juras, com oobjt>tivo inicialdt>financiar os trabalhos necessários à t'sc:ola SAINT BENOIT, à qual pe· lassuasc:onvic:çõespessoais, t>lescswvam ligados;que, a/ém disso, o Sr. XAVIER DA S/LVEIRAfomeceu a contabilidade du associoçào ~SSISTANCE JEUNESSE; da qual a cscolat>ro umaemanaçiio, contobilidade da qual resu//u que somas dt' dinheiro foram aplicados num montanre sensfrelmente idêntico às somas emprntados; que, de outro lado, nenhum dos qut' emprestaram CATOLICI SMO - Se1embro de 1986
apf't'Sl!'ntaqut>ixa, onàost'raSr. DE LANGALERIE, tendo ficado esta~lt'CidO, t'nlll'/anto, qucesrt' último - o quul era na época empregado da associação - depositou diretomentt' o montante do empris1imo na c:ontabanc:driadareferidaassoc/a. ,;4o, o que demo11Stra à evidénc:ia queelec:onheciaodestina,;4odetaís samos,· "Considerando que nôo existem, por conseguinte, motivos de incu/paçào concludentes contra XAVIER DA SILVEIRA Martim de ter c:ome• rido a infroçàosupramencionada (de abusodec:onfion,;ot' 't'scroquerie'). '!.... Declaramos que, nessas c:On· di(OO, nàoiocasodeprosseguire ordenomos o arquivamento dos au-
tos, para serem r1Homodos se oparecell'm motivos de inculpação novos''. Com essas fórmulas juridicas clãuicasimpressas.1erminaoirretorquívcl ~ocume:10. • Comovêoleitor.csteéopronunciamemodaJustiçafrances.a: meridianamentcclaro.serenocdefiniti· Comraclescdesfazaofensivado sr.Blay. Aisto,nadatcnhoaacrcscentar. Agradecendo a publicação desta, apresento minhas cordiais saudações Caio Vidigal Xa, ier da Sih·eira
Castro se envergonha das calamidades cubanas ... EM D ISCURSO pronunciado em J de Julho último na abertura do décimo período legislativo da Assembléia Nacional do Poder Popular, em Havana, o ditador comunista. Fide[ Castro íez oonJundentes revelações a respeito do constante fracasso da produth·idadc da indústria cubana, chegando a falar numa "lisra de adamidadd". Repro,·ou o fato de que a maior indústria têxlil do país tenha adotado um estímulo para os OpcTários (depois abolido), premiando o srupo mais produtivo com ... um bolo no finaJ do e:<pedicntc! "Eu goslaria de saber .se no BNWI os capilalistas que têm 1/i indústrias tfatcis e que as mantém funcionando c:om /004', de produ.,lo, trazem um bolo no final do dia ou no final do turno para premiar os empregados que produzirem", disse ele. Castro lembrou que o grande problema dessa gigantesca fábrica têxtil são as aoteiras. Seu telhado tem 140 mil metros quadrados, e já foi feito tudo para evitar a.s goteiras, um problema tamMm de outras fábricas cubanas. "Como diz o Raul (general Raul Castro), aqui /em-se que perguntar qual é a fábrica que n.1o se molha", disse, contrariado, o comandante. Ainda como uemplo, citou o próprio prédio da Assembléia do Poder Popular, uma moderna e funcional construção que sel"\·e Iam Mm como Centro de Con\·cnções de Havana. Foi necessário que um especialista do Terceiro ~tundo viene para apontar a solução do problema das goteiras, lamentou Fidcl. Mas suas dramálicas palaHas não pararam af. Assim se referiu aos engenheiros e cs.pccialistas de seu país: "Nós temos um montAo de imb«is. NAo pouo
;~~'::=i~':s de i~tra man;i:· ~~jf~i~am:;,r~s,:os5::cC:1/::::':~3/· c;; 0
enc:onuar solução para os telhados e que idéia devo fazer deles? Que eks esrio de má ft'! See:stifo, haveria que fuzilá-los. Haveria que fuzilá-los. Eu acho que fazem isso de imbecis, de sonhadores, que seguramente acreditaram mais de uma vez, talvez cinco yezes, que tinham encontrado solução para os telhados enifotinham". E o ditador cubano comentou, sempre contrariado, a apreciação de estrangeiros a respeito da indústria cubana: "Há mui/a gente que ch~a aqui e ri de nossas fábricas e de nós, da quantidade de disparates, de coisas absurdas, desorganizaçio e descontrole em qualquer pane. Ficamos satisfeitos porque milhares de engenheiros, de arquitetos, de profissionais unfrerntários se forma ram, mas tem que vir geme de fora para dizer que nio sabemos nada, que 50" mos uns tontos, uns idio1as ou supcr-autosufic:ientcs ou gente desinformada t que não sabe de nada. Inclusive, vem qualque-r industrial capitalista B nossa indústria mec./inica e começa a rir e a pt"rguntar 'como •ods podem produzir ou faz~ isso ou aquilo'. Todas essas i;alamidades que se cste~c mencionando aqui mostra que somos subdesenvolvidos cu/ruralmcnte, cie-ntific:amentc, or1aniiatframentc. E o pior é que nos n.'5Íjnamos a todas essas imbecilidades", Disse ainda : "Vendo esse tipc de coisa eu acho que devemos tomar consciincia de que somos uns idiotas, pois te-mos muitas deficitncias, muitos problemas e nifo conse1uimos nos livrar deles". Sempre dirigindo-se aos deputados presentes, acrescentou: "Imagino que não vão jogar a culpa no imperialismo". E Fidel Castro. no poder desde l 9S9, terminou suas apreciações com uma frase melancólica: "Refletir sobre todas essas calamidades me dá, •·ergonha ".
15
Reforma Agrária: oportuno pronunciamento do Presidente do CN da TFP A RF.SPEITO DO candtnte lema da Reforma Agriria, o Prof. Plinio Corria deOlh·eirapres1o urettn1em,n1easSf'guin1esdeclaraçõesilmprenu:
P. - Qual a posição da TFP so brt a Reforma A&niria?
R. - Tomando em consideração as palavras Reforma Agrária no sentido que <'las têm habitualmente no Brasil
-sentidoesienoqualsccnquadra exatamente o Estatuto da Terra e o Plano Nacional de Reforma Agrária vigentes - a Reforma Agrária é
socialista e confiscatória. Digo-o porque,segundoessaslcgislaçõcs,o Poder Público paga pela terra desapropriada um preço substancialmente inferior ao valor real. E embora a lei admita pagamento em títulos da divida agrária, é público e notório que, frequentemente, trarucorrem anos antes que o proprietário do imóvel expropriado receba tais títulos. Aliás. nada garante que o ,ator real desses títulos seja sempre idêntico a seu valor nominal. E, para efeito de indenização do proprietário. é sempre pelo valor nominal que eles serão calculados. Tudo isso penaliza se•eramente o proprietário, e o montante dos prejuízos sofridos por este é assim. na realidade, objeto de ,erdadeiro confisco do Estado. A Reforma Agrária também é socialista e confiscatória porque o resultado último dela, por efeito do sistema de assentamento, consiste em transformar o trabalhador manual em um verdadeiro trabalhador II soldo do Estado. E não em um proprietário rural, no sentido exato do termo. Em suma, a legislação agrária vigente prejudica, a nosso ver, tanto o proprietário quanto o trabalhador manual no campo. Tudo em beneficio do Estado. E isto é socialismo. P. - Qual a a•·a liaçlio que a TFP fiai sobre a~trutunl fundiária do Norte do Paraná?
R. - Penso que esta é sausfatória. Ela compona propriedades grandes. mé<liasepequenas,e se vai modelando segundo o curso natural da evolução agricola,demaneiraquevárias fazendas, hoje tidas como grandes no Norte do Paraná, seriam consideradas de tamanho comum, 30 ou 40 anos atrás. Isto é, o curso natural das coisas conduziu a um acentuado fracionamento da terra. Mas esse
16
curso normal é moderado e não tende aum fracionamento tal que haja apenas pequenas propriedades. A coexistência de propriedades grandes. médias e pequenas. conforme a natureza do solo e da cultura. é a tese que sustentamos de5de o lançamento do livro "Reforma Agrária - Questão de Conscii:ncia", em 1960, do qual sou um dos co-autores. Numa zona fértil e rica, como é o None do Paraná - e se pode dizer o mesmo do território brasileiro considerado cm bloco-não é desejáve!quetoda a estrutura fundiária se reduza a propriedades privadas de pequenas dimensões. Nosso País é extenso demais, tem um potencial rico demais, e tem demais pujança para poder se impor a ele um só tipo de propriedade rural. A coexistência harmoniosa da grande, média e pequena propriedade constitui para ele uma verdadeira necessidade. Aliás, parece-me que no Norte do Paraná, como em lodo o Pais, se dC\·e rnmar em consideração que o maior latifundiário de terras inapro,·eiladas é o Esrndo. Isto é, o Poder Público, tanto o federal quanto es1adual e municipal. Como demonstra o livro "Sou Ca1ólico: posso ser contra a Reforma Agrária?", editado em 1981 pela Editora Vera Cruz, e do qual, com o distinto Master of Science Carlos Patrício dei Campo, sou coautor, fica provado que a União, os Estados e os Municípios, em conjunto. são proprietários de mais de ~00/o do territórionacional,enquantoos particularespossucmapcnas46"7o desse território. Se se trata de dar terras aos que não as ti:m e que as desejam, não vejo verdadeiramente porque o Estado há de desapropriar propriedades particulares e fracionar latifúndios privados que, em comparação com os fabulosos latifúndios inaprovcitados dele, não são senão minifúndios. Como se vi:, a TFP é entusiasta do fracionamento das terras do Poder Público. Suponho que no Norte do Paraná elas sejam bastante extensas para atenderas necessidades mais prementes que se apresentem e,·entualmcntc nesse sentido. P. - Qual a ligação da TFP m m a UDR?
R. - As duas entidades não tCm ligação. Penso que, como a TFP, a UDR coliga fazendeiros contrários à
Prof. P~io Corrll 6e O~•ti r,
Reforma Agrária. Mas essa última entidade me parece primordialmente de caráter profissional e técnico. Enquanto a TFP é de caráter sobretudo doutrinário (ideológico, dirse-ia no sentido corrente e um 1amo abusi,odotermo). Mas a circunstãncia de visarmos tah-ez o mesmo fim, que é estabelecer barreiras à Reforma Agrária. não ensejou até agora qualquer nexo entre ambas as entidades. P. - A TFP tem lido inleres:se em lncenll.,1r a org1 nb:11çio de produlores rur1ispar1queelesseposkionemem rtl1çio 1li Reforma Agniria, no Norte do Parané? R. - Sim. Como no País inteiro. Isw é, em livros de grande tiragem, como ''A Reforma Agrária socialista e confiscatória - A propriedade privada e a livre iniciativa no tufão agro. reformista" e "Sou católico: posso ser contra a Reforma Agrária?", nos quais temos refutado opiniões da esquerda católka, favoráveis à Reforma Agrária. E temos tido manifestações de apoio à nossa posição por parte de fazendeiros do Norte do Paraná como do País inteiro.
P. - Qual o molho das reuniões promo~id1s por cooperadores da TFP com produlores runlis, uma ,·ezque no Pan1 ná não se configuram quadros dedisputapelatern1?
R. - A expressão "disputa de ,erras" é muito vaga. A agitaçãoagroreformista lavra no Norte do Paraná, como em todo o País. Assim. o esclarecimento de proprietários como de trabalhadores rurais sobre essa agitação tem todo o sentido. CATOLICIS~O - Setembrn de 1!186
REFORMA AGRÁRIA Fatos recentes da agitação agrária no Brasil CEBs continuarão in vadindo, prtusionando,
ameaçando••• Dentre as conclusões do 6~ Encontro das Comunidades Eclesiais de Base, em Trindade (GO), consta - segundo documento oficial - que os integrantes do movimento continuarão, "com forca cada vez maior", a promover a "legitima (sic!) ocupaçio de terras ociosas na cidade e no campo (. . .), acampamefllos de sem-terras, pressões sobre o Incra e outros órgilos do governo e1c. ,. Certamentenãosatisfeitocomtaisproclamaçõcsinccndiárias, D.Casaldáliga-
aocclcbraramissafinaldoEncontrodeclarou, com desembaraço: "& o governo e as auroridodes mfo podem ou não
querem fazer a reform:J agrária, nós, com a graça de Deus, a faremos" ("fo!ha de S. Paulo", 26-7-86). Oape!oàpráticadcatos manifestamente ilegais não poderia ser mais escandaloso nem mais categórico!
D. Balduíno: nosso trabalho "é subversivo " Cerca de trezentas familias dos autodenominados "sem-terra" in\·adiram a fazenda Capão Grande. no município de Abelardo Luz. (SC). Os invasores declararam esperar que se repita o ocorrido no mês passado com uma fazenda vizinha, Papuna 2, cujo titulo de posse foi entregue aos "sem-terra" logo após a invasão. O secretário da Comissão Pastoral da Terra~ CPT local. Carlos Dcllc, defendeu a ocupação: ••vemos apoio e solidariedade aos que invadiram a fazenda". afirmou ("Folha de S. Paulo". 23-7-86). Idêntica posição assumiu o presidente regional da CUT e candidato do PT a deputado federal. Jorge lorcnzcti. Deste modo, o incrível lema dos invasores "TerranAoseganha.seronquista", vai-se impondo no Brasil. Comenrn D. Tomás Balduíno que a ação "pedagógica" da Igreja em favor
~°:i;~~~~~ª.:Jt!e;:bt;;h~º::::,:d!~i! subwr.;h·o t re,·olucionárlo do que a nossa açAo assisttmt:ia/isia de ames(... ). Es-
se 1raba/ho ~ai oontinuar. doa a quem doer"("O Liberal", Bclêm, 24-6-86. negrito n01SO). É raro encontrar na boca de um Prelado, mesmo "progressista". declaração tãoacimosamcntesub,ersiva ...
CATOLICISMO- Setembro de 1966
PC do B também quer a ocupação ... O diretório mineiro do Panido Comunista do Brasil divulgou folheio propondo a união de todas as "forças democrãticas e progressistas" cm torno das metas que apontam "o futuro socialista". Segundo o documento, a "base para a união do povo é um programa comum''. Um dos pontos comuns que o PC do B reivindica é a "implam.içào imediara do plano de reforma agrária e a lut;i por sua ampliação"._ Tal união, entretanto - salienta - deve fazer-se em torno das "questões concretas", como a "ocupação de terriu". que é um "exemplo dc unificaç.lo das massas". Ikssc modo, "o PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL está co11ve11cido de que t possível triunfar. A vigorosa mobiliza.ç;Jo popular constiwi força gigantesca capaz de 1enccr lodos os obs1áculos•·, acentua o programa comunista. Jacta-se o Par1ido Comunista do Brasil, em manifesto da comissão diretora regional pro.,.isória de Fortaleza ("Tribuna do Povo", Juazeiro do Norte-CE, 28-6-86) de ter sido "o primeiro partido no país a lançar a palavra de ordem da Reforma Agrária". E, ao ressal1ar a ··coerência'· nessa luta, o PC do B lembra a °'gloriosa resistência armada no Araguaia", isto é, a guerrilha que, anos atrás,ceifouincontávcis,idasnaquelaregião. Por outro lado, ao fazer seu o conhecido "slogan" da CNBB "Terra para quem nela trabalha", o documento pleiteia a "criação de cooperativas de propriedades co/erivas e fazendas estatais",
fr~R~:!n~i~1R·;~~A~;f:l~~fs~: VA E ANTJLATJFUNDJ ARIA "(destaque do original). Como atingir essa meta? Basta "aprovefrar as possibilidades que se abrem com o projeto d<" Rdorma Agrária do Go~e,no Sarn<"y", ressalta o te'{tO comunista. Por isso - explica com desconccnante clareza o PC do B - "onde quer que c-sr11/uta(pelaReformaAgrária)scja1rarnda. lá seguramente esrar~o 1am~m apoiando e participando os comunistas que integram a legenda do Par/ido Comunis1a do Brasil".
"Tribunais populares" Têm sido frequentes. no noticiário t"O· tidiano, declarações de prócercscsquer-
dis1as-eclesiás1icosouci\'Ls - protcstando ora contra "delongas" do Executh·o, ora contra a ·'morosidade" do Ju diciário cm \e1,ar avante a Reforma Agr.iria. Em seu entender, o caráter pretcnsamente anacrõnico do atual Código Civil e mesmo da Constituição Federal representariam entraves para uma Reforma A&rária, que eles desejariam ver imposta sem qualquer possibilidade de resistência Parecendofazerccoataisscmimentos, vemagoraapúblicoumavozsacerdotal - a do coordenador da Comissão Pastoral da Terra, da Prelazia de Conceição do Araguaia, Padre Ricardo Rezende propor nada mais nada menos do que a "crfaç;Jo de tribunais populares e comit2s pró-Reforma Agrária'', para dcnun ciaroscrimes praticados na lutapcla tcr ra. Tais tribunais e comitês seriam "as únicasgarantias''dequco Brasilteráum PNRA ("Notícias·•, Federação Nacional dos Engenheiros, Brasllia,junho/ julhode 86, no. 42). Com "tribunais" dessa espécie, é claro, a reforma viria célere. Aliás, a idéia do Padre Ricardo Rezende não é propriamente original; há muito, ela costuma ser aplicada nos países comunistas ...
Mesmo no Brasil, tal procedimento não scriainédi10. Assim, no lugarejo chamado Arame, pcrtcn~ntc ao município de Grajaú, no Maranhão, deu-se o que passaremos a descrever. Umindivlduo,acusadodeserpistoleiro a mando de proprietários, foi julgado por um "tribunal popular··, condenado à morte e exec utado em praça pública. Seucorpo,crivadodebalas, foi arrastado por uma multidão. Toda a população do lugarejo participou do !inchamento (exuaídodorelatório''Conílitosde Terra". editado pelo Incra, p. 5). O macabro crime é narrado pelo repórter Ricardo Amaral, do "Jornal do Brasil", dc27 dcjulhop.p., qucacrescema um dado espantoso. O Padre Cláudio Zannoni, que vhe há 8 anos no local, a pr6pósito do "justiciamemo··, comentou: ··Foiumges1odeaurodcfesa dos la1-r11dores". Assim. o Padre Zannoni, antes mesmo da criação efetiva dos "1ribunais populares", reivindicada pelo Padre Ricardo Rczendc, aprovou uma e.'{periência preliminardes!>ll.sanguinolema farsajudiciária!
17
TFPs em ação Divorcistas argentinos
temem plebiscito BUE NOS AIRES - A Ca/lcF/orida, uma das ruas centrais e mais movimentadas desta capital, foi palco nassemanasqu e antecederama votação do projeto divorcista pela Câmara, deintrnsaca mpa nha promovida pela TFP argentina. Seus jovem cooperadores, envergando capas rubras e portando estandartes com o
leão dour ado, colecavam assinaturas para um apelo em prol do plebiscito para derrotar o divórcio. Também
divulgavam o livreto intitulado Como refurar os divorcistas, demonstrando
que a dissolução da família tra7. como
conseqüência a proliferação de delinqüentes, toxicômanos, hippies e subversivos. E não faltaram ainda os slogans antidivorcistas, proclamados em coro , os quais atraíam a atenção de pessoas do público, que paravam para melhor ouví-los e, em muitos casos, para conversar ou mesmo contestar. O projeto de divórdo, resultante da fusão de 22 outros projetos anteriormente elaborados, foi aprovado pela Câmara a 18 de agosto último e deve passar à discussào pelo Senado. E, quereriam os que são contrários à indissolubilidade do vínculo conjugal, que o projeto fosse debatido nos restritos ambientes parlamentares. Dado o alcance da matéria , entretanto, a TFP platina em lances de grande envergadura apontou ao público os graves riscos que tal aprovação traria inevitavelmente ao país. Em debat es apresentados por emissoras de rádio e TV, o Presidente da entidade, Dr. Cosme Beccar Varella (hijo), defendeu com desenvoltura a indissolubilidade matrimonial, conforme a doutrina tradicional da Igreja, atraindo, de modo geral , a simpatia dos telespectadores de um paiscommaciçamaioriacatólica. Convém lembrar, aliás, que a Argentina é uma das poucas nações do mundo cujo Estado reconhece a Religião Católica como oficial. Essa campanha da TFP permitiu constatar que os ant idivordstas encontram-se, em sua maior parte, entre pessoas com idade inferior a 30 anos e superior a 60. Além disso, muitaspessoascasadas,queforam abandonadas por seus cônjuges, fizeram questão de se afirmar contra o divórcio .
18
Emborad,:-terminados sacerdotes tenham apoiado e fadlitado a coleta de assinaturas, houve também casos de oposição declarada à campanha. Causou surpresa a atitud e conciliadora do Episcopado em relaçào aosdivorcistas,manifcstada, de modo especial, por ocasião da concentração que reuniu aproximadamente 40 mil fiéis, n_o dia 5 de julho, com vistas à defesa da família. Nessa manifestaçào foram proibidas faixas e qualquer tipo de símbolos, não sendo sequer pronunciada pelos oradores a palavra divórcio. Segundo noticiou "El Clarin". o próprio Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Casaroli. em mensagem dirigida aos Bispos arg entinos, desaconselhou a luta antidivorcista. Segundo o Prelado, "a Igreja não pode renunciar à sua doutrina, mas deve evitar a confrontação e o plebiscito".
França : TFP no guia da oposição e da nova maioria
relati vas aos programas, líderes e história dos partidos políticos e associações que participamda vidanacionalcm sentido contrário à investida socialista. Como em vezes anterior es, na ediçãodei986dessapublicaçào, lançada em janeiro último , figura Tradítion, Famil/e, Proprfr·rt , entidade autônoma e coirmã das TFPs existentes em outros quatorze países. Dirigindo-se à opinião pública francesa com vistas ao período eleitoral 86/ 88, a TFP chama a atenção para a inconsistência de uma atitudeotimistaedesprevenidaem relação ao futuro. Como a um motoristaquedcveencetaruma viagem por um roteiro não conheddo, mas sujeito a numerosos imprevistos - acentua o informe da TF P francesa - , convém ao eleitor, de fato desejoso de estabilidade, dar sua contribuição para quc o então debate pré-eleitoral não se omita em tratar de grandes problemas nacionais de amanhã,cujossintomasjáse fazem notar.
PARIS - "Le guid e de l'oposition etde_lanouvelle majorité" (O gu iada oposiçào e da nova maioria) é um anuário publicado regularmente na França, contendo todas as informações
CATO LICISMQ- Sete rnbi o de 1986
Registros bibliográficos
TfP pulveriza calúnias da " mafia "
A Comissão de Leitores da TFP, a qual acompanha lançamentos editoriais no Brasi l e no Exterior, registra referências às várias TFPs nas scguimcsobras: e Q uien ~ q uien en Espaiia, editado por Josc Luis Campillo Afonso, 11.fadrid, 1986, l.294páginas.- No índice alfabético de personalidades figura o nome do Prof. Plínio Corrêa de Olivdra como Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição. Família e Propriedade, bem como o endereço desta em Slio Paulo.
A ATUAÇÃO esclarecedora da TFP, a propósito da presente conuo,·érsia agro-re formista, continua a despcnar de cá, de lá ou de acolá furibundos ataques à entidade difundidos em diversos órgãos de imprensa. A todos estes, a TFP tem respondido de modo cabal. As tréplicas quase nunca surgem. E quando aparecem, costumam ser mera repetição das calúnias e injúrias já refutadas, acompanhadas, por vezes. de imprecacões e desaforos.
e world C hri stian Enc,clo11ardia, A companuin• study of churches and
rcligio ns in thc 111odCrn\\0rldA I) 1900-2000. Edited b)' David B. Barret,
Oxford, Ncw York e Nairobi, 1982. Apresenta minucioso levantamento sinóptico e estatístico da sitllação religiosa mundial. fazendo reíerência à presença das TFPs no lakato católico dos seguintes paiscs: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Uruguai e Venezuela. e Jesul1as, l1:Jcsia1 Mar:\ismo1965-11185, La Teoloiia de la Libcración desmasca rada, Ricardo de la Ciena, ed. Plaza e Janes Editores S.A., 1986. - Ein capítulo dedicado à infiltração eomunista nos ambienles católicos brasileiros, trata largamente da atuação do Pror. Plinio Corrfa de Olheira e das eampanhas promo\'idas pela TFP a propósito das CEBs e da Reforma Agrária.
~ATOL!C!SMO u1.-.,ut:P1ali>Cor t!odt8rlooF1IOO
:;,:1~,"o'"ri.'s"i!"O:' ;~~"':3r;,~,-,.,~1- R,11,Rn1oç10, RUl Ma,1lm f"ra1><i1<0.
~
- Olll6 -
~c~:~.s~jh•<1<><Cot1on,... m - 11100 c;..fodaa R... Martim fra...i-. W - Oll:6 S.OPaulo.SP-T<!.iO!lilll. l m(RlJS)
com..,.;çio dit«1po, • .. .,.•..,gpc1aeaodci-
~·P~",1; •.:.;~r..:a , Editoro. Rua Malnoq .... 96-
J:"'i~......61t'~;:~~~t.""" Orlf>W -
. :,"7.,~:::-: ,:--:t:: .,;_. .l--. -.::::. ..-..•...; .... .... O. pop,b<f110< 0 1<1Dpt< . .
,_....;..,_,. ~
-
dt r.-Po-
, ,,
,
,- ,....ia a,,.... podo .., ....,-ia t<lormlola: lua M1t!ila f raod1<0. 66J- Ol~6- Slo P10lo.SP
CATOllCISMO - Setembro de 19B6
Assim, a " Folha de Londrina" , de 4 de julho último, estampou nota do PT e uma carta assinada por Joaquim Pacheco de lima, agente da CPT de Cambé (PR) com infundadas acusaçõesegravissimasinsinuaçôesdc que a TFP estaria em olvida em atos de \'iolência no campo. Tais insinuações - acentua o comunicado da TFP - "rejeitamo-las com inteiro desdém". "É oponuno lembrar - continua a nota - que não conhecemos em todo o Brasil, uma entidade que possua, como a TFP, mais de quatro mil cartas de prefeims. delegados e outras autoridades municipais atestando o caráter pacifico e legal de sua atuação··. O jornal "Novo T empo·· de Rondonópolis (M T) também publicou em suas edições de I0e 12 de julho, dedarações do Sr. Bispo de Rondonópolis D. Osório \Villibaldo Stoffel OF.\1 contrárias à entidade. O Prelado limitava-se a repetir uma velha nota emitida pela CNBB no final de sua 23 ~ Assembléia Geral. em 19-4-85 . contra a TFP. A réplica da entidade, estampad a por " Novo Tempo" em sua edição de 2 de agosto, esclarece: ' 'O Prelado parece ignorar que a TFP divulgou pela imprfnSa cotidiana, no dia seguinte ao da publicação da nota da CNBB (20-4-85), um comunicado cm que mosna,a o infundado das acusações que deram origem à nota dos srs. Bispos··. E tal comunicado acrescenta,a que '"se a CNBB considerai a que a entidade tivesse emitido algum conceito heterodoxo, ou praticado uma só ação que fosse na linha da nota di\l.llgada pelo organismo episcopal, quisesse especificar qual. A
TFP sem dú\'ida acataria o reparo, desde que provada a autenticidade do erro, ou a iliceidade da ação imputada''. "Ora-cominuaaré.ilicada entidade-atéapresent"! data,o ilusire organismo episcopal não deu nenhuma resposta ao comunicado da TFP". "Assim, a atitude assumida pelo Sr. Bispo de Rondonópolis se baseia numa nota da CNBB que o próprio organismo episcopal, passados já 14 meses, não ousou sustentar ... " Em sua edição de 12 de julho, "Novo Tempo" \"Oltou a injuriar a TFP atribuindo a esta o epíteto de "1'-laffiabeatificadaqueusa estandartes roxos carregados por fanátiços". Mas não apr,:sentou nenhum dado ou justi ficação para destemodoqualificararntidade. A tudo isso a TFP respondeu com o aforismo latino: "'Quod gratis asseritur gratisnegatur" (o que é afirmado gratuitamente, pode ser negado sem provas). "Novo Tempo" creplicou! Tal resposta, entretanto, exibida em sua edi~llo de 2-S-86 sob o titulo "De fanatismo'', consiste na repetição pura e simples das injúria~ anteriormente refutadas pela TFP, acrescidas de uma acusação no,·a {«-O de notícias tle um cotidianopaulisca,asquais tambéma TFP já contestara de modo cabal). O mais caracceristico dessa pseudotréptica é seu fecho-uma frase enunciada em tom triunfal: "Se isso não for fanatismo. refresco de ameba é melhor do que suco de caju" ...
A mesma acusação de "fanatismo" contra-a TFP surgiu nas páginas de "O Trabalho", de São Simão (SP), em28-6-86. Acrescentou-se a esta, desta vez, tambémaacusaçãodeinstígaçãoà \'iolêncianocampo , e a suposição de uma ligação inexistente entre a TFP e a UDR. Cortês, mas firmemente, a TFP tambématodasessasalegaçõcs respondeu, sendo a contestação acolhida nas páginas do referido jornal, em sua edição de 2-8-86. A nota da TFP conclui com as seguintes pala1ras: "Se o editorialista thcssc tomado conhecimento do teor do comunicado publicado pela TFP em 23-5-86 na "Folha de S. Paulo", intitulado '":-. lenti, menti ... " e reproduzido por ,·ários jornais do País, certamente não teria concluido seu texto assegurando - de modo gratuito - que 'parecia que a TFP esta\"a abrindo caminho para se formar a UDR em São Simão' ··
19
•
P11i,quedi,tnlrancnes,demiosdadasemileoo1r, form,1mumçí1tLllo
Heroísmo e sofrimento FLUTUANDO, !e\'es como balões, paraqucdlstasfrancesesrealizam ousadas acrobacias. De mãos dadas, eks formam um círculo a centenas de
meuos do solo. Por cena, eles não pertencem à família espiritual dos medíocres. Coordenação de esforços, fruto de
longo adestramemo físico e mental, hábito dC enfren1ar o risco, numa palavra, vitória do espírito sobre a matéria. Eis algumas qualidades exigidas na consecução de semelhante proeza. Sem dúvida. não existe verdadeira epopéia quando não hoU\'CT obstáculos
cuja superação represente risco. Assim, ninguém será herói pelo simples fatodea ssistirdeirndo filmes de guerra na TV ... Mas, consistirá o heroísmo apenas em desenvolver dons naturais, como a coragem, e em arriscar a própria vida? De fa10, o heroísmo só será auténtico quando o risco fõr aceito em função de uma causa elevada, como a defesa da Pátria, da honra etc. Aí se aplica de modo eloquente a arande ,erdade enunciada por Claudel: "A mocidade não foi feita para o prazer mas para o heroismo". Tais considerações de ordem natura! ajudam a que nos elevemos a outras bem mais altas. Trata-se do heroísmo empreendido por amor à Fé. Participa eledaprópriaexcelénciasobrcnatural desse dom celeste. E é por isso que nos aparecem resplandescentes de luz divina a epopéia das Cruzadas, o arrojo de uma Santa Joana d'Arc,-a força perseverante da Reconquista ibérica, a cruzada antica!vinista, no século XVI I. em nossa Pátria.
Mas o heroísmo católico apresenta tambêmou1rafacc, talvez menos conhecida, mas nem por isso menos heróica: é o sofrimento suportado com fortaleza cristã. Enfrentar a dor com serenidade exige um dominio de si que só as almas tornadas fortes, pelo auxílio da graça divina, podem alcançar. Neste sen!ido, é edificante modelo a vida de Santa Tercsinha do Menino Jesus.Aheroicidadedesuasvirtudes, adquirida em meio às paredes austeras do convento de Lisieux, marcou profundamente a piedade católica com umanotadedoçuraesuavidade. Semelhante disposição de alma. todavia, por ser heróica, não é o contrário dos modelos ideais de heroísmo na fé que acima citamos. Longe disso, a santa carmelita acakntou em si altos desejos de realizarasmaisarrojadasações. •
Em sua célebre autobiografia, "História de uma Alma", ela mesma atesta: ''Sinto-me com a vocação de guerreiro, de padre, de apóstolo. de doutor, de ,mlrtir. Enfim, sinto a necessidade, o desejo de realizar por Ti, Jesus, todas as obras mais heróicas ( ... ). Sinro em minha a/ma a coragem de um cruzado, de um zua,·o pontifício. Quizera morrer sobre um campo de batalha, pela defesa da I1reja" (cfr. Sainte Thfre~e de L'Enfant Jésus - Manuscrits Aucobiographiques, OfficeCentral de Lisieux,1957,p.246). Magnifico arroubo de entusiasmo pela Igreja, que um espírito pouco afeito à verdadeira noção de heroísmo católico pode ter dificuldade em atribuir à enferma de nosso segundo clichê. Acometida de grave moléstia pulmonar, Santa Tercsinha aqui aparece poucos dias ames de sua morte. Mesmo assim, a idéia de tombar no campo de luta não a abandonava: ''Quando penso que morro numa ,·ama! Eu quereria morrer numa arena!" (cfr. Summ. par. 2733 - Depoimento de sua irmã Celina no Processo de Beatificação e Canonização). Talvez como ninguém, a santa que prometeu fazer cair do céu uma chuva de rosas, foi um exemplo vivo de heroísmo manifestado no sofrimento e na prática ascética da vida religiosa. Heroísmo tão autêntico quanto aquele praticado pelo guerreiro no campo de bacalha, visto que o heroísmo católico começa na Juta de cada um contra os efeitos do pecado original instalados em si mesmo: ··o espírito está pronto, mas a carne~fraca"(Mt. 26, 41). Alé o fim de seus dias, ua,·ará o seguidor de Nosso Senhor Jesus Cristo renhidabatalhacontrasuasmás tendências, inerentes à natureza decaída que recebeu de Adão. Nessa luta, contará ele com o auxilio sobrenacural, pois a graça, que Deus nunca recusa, pode o que as forças meramente naturais não poderiam. Se a essa graça der uma correspondência inteira,eleserá um herói! f?toOIIS1nt1Te,u,nh1130·8·18971.frad1?Duco, d1111nlHÓllitu!Ji«mento
Ainda em nosso século,
encontramostracosda
A crise familiar na sociedade urbana e industrial M uno SE TEM falado sobre pro-
blemas no relacionamento emre pais e filhos. "Crise da adolescência" , "conflito degerações''eoutrasexpressõesindicam
qucoconvívioeascondiçõesdevida intrafamiliaresnãoatravessamumafasede grande harmon ia e entendimento Ofatoéqucainstituiçãofamiliarestá sofrendo um processo de des int egração, que se acelerou nasúl! imasdécadas, en!recujasmanifcstaçõcspodemosconscatar,po r umlado , adiminuiçàodonúmcrodecasamemos e,poroutro, oaumcntodo número de divórcios, de familias monoparentais,de uniõcslivrcs,defilhos ilegítimos, de práticas anticonceptivas , abonos etc Ad esarmoniaobservadaemrcoscônjugesecntrccstcscosfilhosfaz partedessacrise,quetcvccomofatoresagravantesdegranderclcvoastransformações sociaisocorridasnosúltimosduzentosanos, culminando com o estabelecimento de uma sociedade urbanizada e indus trial Nossoartigoprocuramostrarcomoa passagcmdcumasociedadeagráriacrural,cujafamiliaeraorganizadaembases patriarcais,àformaatua!desociedadeindustrial e urbana,emqueafamlliasepulvenzou e seconsmumcm pequenos núcleos, tem prejudicado sens ivelmente o desenvolvimentoharmônicodacriançae dojovemnoprópriolar,eobomentendimento que deveria haver entre pais e filhos.
Para isso recorremos a alguns textos de especialistasnoasrnnto,que representam apenas uma pequena fração daqu ilo que gosrnriamosdeapresentar,masqueseria impossivel dadaaexigüidadedoespaço d isponível para um arti go
Transformações sociais alteram estrutura Familiar "O relativo declínio ua importância da vida rural, ea urbanizaçào daquilo que delaaindavive,constituicertamenteuma das maiores rcvirarn/rasna história cultural e instiwcional da humanidade. A redução da vida rural e de suas instiwiçôt;>S a uma posiçào su:ialtcrna na civilizaçào ocidcma/ imroduâu de fato uma no va época na história da humanidade"(!), Essas transformações sociais afe taram profundamente as instituições trad icionais, ent re as quais a vulca, po r sua posiçàosingular e fundamemal , a ins ci tuição fami!iar.Oadvemoda socicdadcurbana eindustrialfezaparccerumnovotipod e fami!ia-afamílianuckar - cujascaractcrísticasatuampoderosamemecomo fatoresd esencad eam esouagravan tesde crises familiares e de confli to entre as gerações
A antiga família patriarcal Nas sociedades de épocas anteriores, emqueprevaleciaotônuspróprioàvida rural, havia outras condições paraodesenvolvimentoharmónicodacriançaaté a idade adulta, inexistindo praticamente achamadacr ise daadolescéncia.Naque-
an ti ga familia pa tria rca l. como ates ta afo10,publicadapela revista"L'llumation Francaise",de 10-10-1 930.Sentada nocentrolvendo-se uma jovem ap oi ando o braço no espaldar de suacadeiral,estáa anciã da qual proveio esta numerosa progênie, a fam ilia
colornbiana Arango
las sociedades , orientadasporprincipios está~·eis e coerentes, a familiaeranumerosa, patriarcal, hierarquizada, abrigandotambémparcntescolateraiscabrangendofrcqücntcmcnte trêsgerações. Nela acriança se sentia em segurança para resolverqualquerproblemacomospais, semsernecessárioenfrentá-losdiretamence, poishaviaapossibilidadederecorrer à intercessàodev:iriosparcntcs,comoos irmãos mais velhos , tios, primos, avós etc., que atuavam como pessoas mterpostas entre as panes conflitantes. Dcssamaneiraoslitígiosse diluiameosproblemas emocionais não atingiam uma fase mais aguda. Ne sselipodefamiliaacriançaencon1ravaseusmodelose seuscompanheiros: "A familia rradicional era capaz de propordonar um cerro número de adultos que poderiam servir como (, .. ) moddos a serem emulados pelos jovens. l.1to era possil'el, não só porque havia mais indivíduos na famillil , como tambtm porque sua condura e sua atuação no rraba/ho eram mais visíveis.(,.,) Na família rradi'-·ional grande, a criança gcralmente c:reseia com pares que eram membros de seu próprio grupo familiar. Eram companl1eiros de jogos e não havia necessidade- de sair da familia para encontrá -los" (2) Osproblemaseramresolvidosden lro da própria familia, cm amb iente de compreensão e respeito: "Uma familia 11,1 qual se respire unidade, wmprccnsão, amor, sacrifício, com1midade de bens, soluçào de necessidades etc., rema força de uma imtit1Jição qu e acol/Jc e ampara, não se pensando em solucionar fora de ca.111 os conl7iros que se apresemam, mas cm aprescmá-los e discuti-los 110 seio da fa. CATOLICISMO - Outu b10 de 1986
mí/ia. Enquanto não chega à idade de in/ef\'ir em todas as questôes familiares, o adolescente procura resolver suas questões ~oais por si mesmo, mas em fun• ç.lo das correçôes ou do benep/ikito do pai, o qual, possuidor da tradição fami· Jiar. sabe proibir aquilo que nlo é conve· nieme. (... ) A influencia da fam11ia assim constituída tem grande fortaleza e cria o ambiente de respeito que, como poder moderador, evi1a muitos desmandos" (3).
Seriedade institucional do casamento Um dos fatores mais poderosos no sentido de conferir solidez e es1abilidadc à familiapatriarcaleraseucaráterpúblico e institucional: ''Ames, ao menos no Od· de1ueedesde Roma, a familia era sobre· tudo uma insrituiç.lo. Consriwía.se, pú· blica. e formalmente, sobre o casamento, o qual se regia por normas religiosas, éti· cas, legais e consuerudimlrias de grande vigencia. que envolviam e transcendiam (... )oscri1érios,sentimcnros,prefertncias e decisôes prfradas dos cônjuges, embo· ra não os cxc:/uissem nccessariamenrc. Es. tecaráterinsriwciona/davagrandeso/idez e esrabilidade à famflia. Sua ruptura pública costumava ser /egalmeme inviá· Hd ou difícil e, quase sempre, objeto de condenação social. Os membros de uma família desfcira costumavam considerar o fato como um fracasso, um estigma e uma 1ragédia'' (4). A concepção de que o casamento não devia ser deixado aocaprichoscntimcn· tal e afetho dos futuros cônjuges pre\'alca:u até o final do século XVIII. E contribuiu poderosamente para a cstabilida· de das famílias e para o bem comum soei.ti. ''Niio se cogiia~a de pergunrar aos futuros cônjuges sua opinião. O casamento era algo impor/ante demais para isso. Era uma cstratêgía essencial para a wbrevi~ência da famJ1ia. N/Jo era por crueldade que se decidia que Aline não se casaria com Jost. O fato de eles se amarem ou niio era sem imporltinda cm relação ao ;ispcc/0 primordial, ou seja, a conrínuidade da família" (S). "Nosso sisrema modemo ocidenral de casamento romântico é uma aberração curiosarelnrivamenterecenre, umacondiç;'fo exctmrir.:a das saciedades 'avançadas'. No passado (... )ot·asamento foi um mecanismo de primeira ordem p.1ra a coesão social e para a uniilo de interesses e degruposlociai5connirivos. (. .. )Ao con-
siderar de form a geral o casamento através do tempo e do espaço, observamos que de t típiça e norma/mente um acordo diplomático, e que t sempre, cm urro sentido, um 'matrimônio de estado'. Sc:u propósito essencial t cstabckc-cr uma aliança entre grupos sacia.is diferentes e com frcqütncia oposws" (6).
Desenvolvimento normal
da criança sem o
fenómeno "aclolescéncia"
Na sociedade pa.triarcal, ''cada homem nasce para seu lugar. Nela a criança cresce na 1radiçii;:, da fam11ia, assumindo a ocupação de famHia, mantendo por toda a vida. o status profissional familiar. Um jovem sabe para que nasceu e se ajusta mais ou menos naturalmente e inconscienrcmcnre. Porém, c.-m nosso ripo de sociedade nenhum jovem sabe para que nasuu" (1). O fenômeno "adolescência", com suas criseseproblemas,étípicodasociedade moderna, inexistindo nas anteriores: '"Es· se fenômeno, surgido na Alemanha wagneriana, penerraria mais /arde na França, cm torno de 1900. A 'juvemude', que era ent.lo adolescência. iria tomar-se um tema literário e uma preocupação dos mo-
,alistas e dos politicos. (.. .) Daí cm dian te a adolescência. se expandiria, empurrando a infinda para. rrás e a maturidade para freme. (... ) Assim, passamos de uma época sem adolescência a uma época c-m que a ado/escém;ia é a idade favorita. Deseja-se chegar a ela cedo e nela permanecer por muito tempo" (8). Assim, o aparecimen10 do fenômeno "adotesc!ncia" coincidiu com a eclosão do romantismo, com todas as diswrçõcs da realidade e todos os mitos por ele criados. As sodedades das .!pocas préromãnticas, pré-industrializadas, dcsconhcciamessesmitoscdis10rçõcscomrespeito ao desenvolvimento normal da criança em sua família. "Na Idade Média, no início dos tempos modernos, e por muito tc-mpo ainda, nas classes populares as crianças mlSturavam-se com os adullos assim que eram consideradas ca pazes de dispensar a ajuda da miie ou das amas. (.. .) A pariir desse momento ingressa,am imedia1an11:nte na grande comunidade dos homens. (. .. ) Nosso mundo é obcecado pelos problcr:":u físicos, morais e sexuais da infllncia. Essa preocupação não era conh!Xida da civilização mc-die1al. pois para essa sociedade n.lo havia tais problemas; assim que era dcs-
lf_'"'.'i.'!.'"-~7::::;,.~
!:s':a~e u~banismo 1
niYeladoriem conjunto de tuas gom;o,dH, M '"bO,b;o
dt Oalv Ci1y, em São FrantistolEstados Unidos).Tal conglomerado urbano é um reflexo na!ural da
;:~~~!~:
1
criada pekl
1ndustria~zaçilc 1n1ansiva.
mama.da, ou pouco depois, a criança 1orna1a-se a i:ompanhcira natural do adulto"(9).
o Julgamento do
magistério tradicional da
Igreja Asocicdadeantiga.rural,comsuasfamilias patriarcais, mereceu de Pio XII as seguintes palavras; ''Magnífico esperácu/o, espedalmeme cm algumas regiôes. oferecem aquelas fa. CATOLICISMO- Ourubro de 1986
mílias muito bem chamadas patriarcais, nas quais o espírito do avô desaparecido
ainda perdura, comunica-se e se /ransmire de gcraçiio cm gcraçiio, como o melhor e mais sacro patrimônio, guardado mais zclosamcnre que o ouro e a praia. É .mbre rais patriarcas e rais famílias que se apoia a sociedade com suas esperanças e suas realidades. E essas casas, abençoa das e fecundadas pela religião, são as que dão à sociedade civil e ;i pálria sua mais serena fisionomia, sua mais firme cocsào, seu mais forte vigor. Nelas enconrraise comprovais uma autoridade paterna respeiwda e potente, porque ali é 1-·cncrada religiosamenrc; porque o fil/Jo ve cm seu pai um reflexo da pafemidade de Deus; porque naqueles lares a fé cm Cristo tem a primazia da reverí:m:ia, da uniiio , da submissão eda eoncórdia"(JO).
A fam,1/a nuclear da sociedade urbanizada: uma nova mentalidade, um novo comportamento A sociedade urbana e industrial, por sua vez, não é regida por princípios coerentes e estáveis. Nela tudo é instável, conflitivo, competitivo, agressivo. Não há lugarparaafamiliapatriarca!.Surgiuentãoafamílianuclear,constituidasomentc pdos pais e por um ou dois filhos, onde acomunicaçãoafctivacacomprecnsào mútua entreasgeraçõestorna-se cadavez mais difícil. Filhos e pais não mais contam com intermediários para atenuar suas dificuldadcsrecíprocas.Eatelevisãocon-
tribui poderosamente para acentuar essa incomunicabilidade e incompreensão.Os filhosjánãosabcmexatamenceparaque nasceram, não se orientam com os pais para a vid a profissional e social, voltando-separa o mundo extra-familiar à procura de grupos de companheiros, ondeespcram encomrarparasuasapetênciasaliberdadeeacompreensãoquenão encontram cm casa . Confinadaemmoradiasdeáreareduzida, a familia nuclear moderna torna maisevidentcs aos filhos os desajustes e descntendimentosexistcntc.sentreospai,. O que constitui uma causa suplementar de tensão psiquka para crianças e adolescentes, osquais, apesardasdificuldades que sentem em relação aos progenitores, ainda querem ver no lar um ambiente que sirva de refúgio contra as agressões da sociedade moderna. Afamilianuclearéessencialmentcum rruco da urbanização, que transforma não apenas as condições materiais de vi ~ da como também a mentalidade e o comportamento das pessoas. ''Aurbanização é significativanàoso-
mente porque ela aumenta a densidade da populaçào, mas Jambém porque muda todo o tônus da comunidade social. Quando são colocadas juncas, em grandes co munidades ,·om pequeno espaço geográfico ell/re elas, as pessoas se comportam de maneira Íllleirameme diferente de co -
mo se comportavam quaJJdo ,friam isoladas em fam11ias ou cm pequenos gru pos de vízin/Jos . Problemas como a cria ção dos filhos. a situação econômica. a
moralidade, a religião, o casamento e a fanu1ia ( .. .) tornam-se novos devido a esl/l grande modificação do estilo de vida de um povo" (11).
As pessoa, vivendo no :neio rural. em familias patriarcais, tendem a adotar normas deconduta moral mais rigidas e conservadoras. Sualransferênciaparaomeio urbano,ondepassamal'iveremfamilias nuclcares,aslevaaassumiratitudesmuitomaisliberaisemmatériadecos1Umes, quandonãodecompletodcsrcgramento "A urbauização é o fator decisivo na evo/uçào da família. Tt' ve illício em escala apreciável durante o século XIX, quando 3 dite rural começou a deslocarse para a cidade, ( ... ) favorecida pelos sucessivos progressos da indústria. ( ... ) H pois uma tendência definida que favorece a rápida transformaçào do que ai11da resta da organização patriarcal. Como conseqüênciadisto,apareceramasscguin ft'scaracterísricas:igualdadedestatust'11tre o homem e a mulher; parricipaçào cada vez maior da mulher nas alividades remuneradas; aumento do comro/c da natalidade; aumento do número de separações e de matrimônios parcialmeme separndos; dimiuuiçào da autoridade paterna e diminuiçiio conseqüente das distõi.ncias no seio da família; dt'bi/itação dos vinculas de parentesco e, conseq11entememe, a mudança da família extensa para um grupo conjuga/"(l2)
A perda de funções na família nuclear Essa transformação igualitária e liberalda familiatirou-lheumadesuas funçõesmaiscspccíficas:afunçãodeeducar Para i>so contribui poderosamente a cresccnte dificuldade de relacionamcnco entreasgerações,motivadanàosópelaausência freqüente de pais c mães doambientedoméstico,comotambémpelaatmosferatensivaqucoconfinamcntoprodu2.Aistoseacresccncaaindaainterferênciadefatorescxtrínsccosà familia.como a escola, o Estado e a televisão. ··o Estado se encarrt'ga cada vez mais das func6es que ames a família asS11mia instruçào, educação, Jaza. A sociedade intervém ,·ada ,,ez mai.~, inc/usin? na educaçào dos filhos t'm ças.1, por meio de jornais e revistas, datdcvi.1ào,doslfrros(... ) e de ct'rtas orgauizaç6es. (. . .) Assim, lt'm se a imprt'ssão de que a família ,·.1i per-
um,dupo"'"''
lança da revo lução
de automoçào atraves indus·"·.ialéopr.oces_so dos robôs, que vêm
subs!iluindo gradativamente o traba lho humano nas empresas. como se observa na foto lproduciiodecwosna fábrica da Chrysler, em Newark. Delaware, Estados Unidos)
1
dendo seus direitos(... ) "T. Parsons considera a familia nuclear ou conjugal atu,11 como uma das principais causas da agressiviifade do jovem e do adolcscen/e. Na ,erdadc, dt'ntro da família 1radicion,1/ o menino ,ia seu pai como um modelo masculino e profissional. Chegava progressivamt'mc à mawridade conformando-se ao modelo observado. Em nossas socied.1dcs, pelo contrá,rio, o pai está pouco cm casa e muito freqüemcmcnrc suas atividades profissionais parecem distantes e ob~,·uras ao filho. ( ... )Ames. numa sociedade csuh-cl, pouco móvel em suast'struturas, o papel dos pais mio era problemárico. Transmitia -se de geração em geração e ninguém o discuria. ( ... )Alua/mente, pelo
CATOLICISMO - Outubro de 1986
A m,lho,, ••f•mli, 1111Cltar.1rabalhac1d1 ve1 mais fora dt casa,
dedicando-se1161
1
trebalhospe.sados.
como essas opei.irias
dt uma indústna 1utomobilist1c1. na Alemanha.
próprio fato das mudanças rápidas 11,1 sociedad,:-, ( ... )os pais se sem em desarma-
dos" (13). "A familia jâ não r,erce suas funç&s tradicionais. ( .. .) lnsw/ada frenu ao relevisor, os pais mfo falam de suas atirídadt:s ou de sua profissão. A família, co-
mo lugar de silêncio, ê uma n:alidade de-
masiado frcqüemi:. ( ... ) {cada 1rz mais raro que o filho aprenda do pai uma Mie ou ofício. ( .. .) A familia tamb~m perdeu
em grande parle sua função de 1ransmíssora de ia/ores morais" (14).
UrbanizafãO favorecendo
a dellnc,ilência Juvenil
Um dos aspectos mais protubtrantes da
urbanizaçãoaceleradacdesordenadaéa formaçàodegrandesconjumosrc,idcnciais, onde as familias nucleares, confinadas em minüsculos apanamentos, não têm a mínima apetência de neles permanecerem, e tendem a passar a maior parte do tempo na rua. Isto acontece tanto com os pais como com os filhos, ímpcdindo a funcão educadora da famíliae favorecendoadclinquência. "Se os vínculos parecem re/n .rnr-sc no interior das fan111i11~. outros1w1osse formam. rotundos e às 1·ezes desconccr1nnlC$ para os 11dul10s. Os j01·ens ~ unem c.1 da 1cz mais em grupm. formam bandos ( ... ),cuj11form11çiiosc,Ea1u11/mcmefa1·orecid11 pe/;J. :mificiosa críaçllo de grandes conjuwos residenciais. umas ddadt$dormil6rio abandonadas duranre o dia a uma ju1c111ude sem 1igilância .. (IS).
Essa transformação familiar e social comocausadedelinqüênciaécorroborada pela maioria dos C".Specialistas na matéria. ··Amuiormente. os membros de urna comunidade eram impulsionados por forres laços de familia e de ocupação a uma conduta uniforme, com pouca probabilidade para as a1i1id.1des assoefais. O descnvo/vitnenro socfal conduziu à prolifrraçào de grandes cidades e à rnpwra dos laços familiar~. O rrabalho ~ realiza em grande parrt· fora do circulo familiar e os amigos Ia/ores fic,1ram disso/1 idos. sem
CATO LICISMO
Outubio óe 1966
lmp,.,ib,""'"~
l
cu idar pessoalmente
dos filllos de~ido /Is tarefasuercida.sfora do lar. as mie$, na família nuclear. ent1eg9m freqüentemente sun cnanr;l$aoscuidado$ dec1eche$.comues1a dePerp!g(lan[França).
que se· hajam criado outros 11010s. Isto significa. para o indi,iduo, que ele 5(.' considera cada vczmaisrm um ,aziosocial. desconectado de qualquer outro lugar, rradição ou grupo dc rrabalho. Os membros da comunidade 1ornaram-se mai, isolados e anônimos e. como resultado, os ,·onrro/es sociais tornaram-se mais débeis. É uma sociedade assim que Durk heim considera como básica e alimema dora para o desem·ol1 imenro da criminalidade" (16).
Também a simples marginalização do menor,chegandoounãoàdclinqüênda, é considerada pelo poder legislativo brasileiro como fruto da sociedade urbanizada e industrializada:
··o chamado ·problema do menor'(.. .)
t 1ipico da wciedadc de massa em que vi-
1 emos, caracterizada pela indus1rializaçAo. pela urbanizaçllo. (. . .) E decorrem e das profund1JS transformações wciais que atingem a sociedade, renerindo-se principalmente na familia. Todos os paisõ l'&m a familia passar de agrária a urbana; de grande a pequena. (. . .) A chamada familianuc/ear(p.1isefilhos)reduziu o àmbiro da proreçAo e assistrfncia no menor. Enfraquec:eram-se os Ja~-os de parenresco, impedindo que os demai:; paremcs
assumissem o lugar da mãe. (. .. )A causa mais prô~ima a condicionar a marginalização do menor é. sem dúvida alguma, 11 desagregação da familia. cm decorrência da pobreza e da rápida mudança de
,a/ores"{l7).
Incapacidade para prestar serviços a seus membros Mas não foi apenas cm seu aspecto moral. psicológicoesocialquea familia foi afetadapclaurbanizaçãoepelaindustrialização. Também suas ati,,.idades econômicas foram alteradas. A família deixou deserumaunidadedeproduçãocsetornou incapaz de prestar seniços que antcspresta1a,edeexercerfunçõesqueantcsexercia. ''0 enorme crescimcnro atual das cida des, a mecauizaçào, 11 massificação e os meios de comunicaçllo criaram ambienfõ que estão transformando profundameme a estrutura familiar do passado: os home11s não trnbalham em casa, mas em escri1órios e oficin.is. A remúneração mio se recebe em produto m:is em dinheiro. A unidade familiar já nllo é uma entidade produrora de alimemos mas consumi-
dora . ( •.• ) M arido e mulh er j á m'fo s3o capazes de cuidar de suas pessoas idosas, de seus enfermos e de seus filhos, mas é a sociedade que deve proporcionar asilos, hospilais e creches. A sodali:taçào (isto é.aprogrcssivacadequadaintcgraçãodo individuo na sociedade extr a-familiar) das crianças se faz menos no lar que nos jar· dins de infância, na rua e nos colégios. A base do entrelenimemo é pouco interpessoal e se faz frente às telas de televisllo ou fora de casa, em parqu es e espetácu los púbficos " ( IS)
A verdadeira causa da crise familiar Vimosa1éaqui algunsaspeç1osdain· ílulnciamaléficaque astransíormaçõcs sociaisdosúltimosdoissécul os,caracterizadascspedalmentepclosfcnômenosde industrializaçãoeurbanização,causaram à estr utura interna da família. Esse aba·
lo dainsti tuição fa m ili artradicionalteve e contin uá a ter , evidentemente, profundas repercussões de ordem soci al. Por fim queremos assinalar o seguin te: apenas a industrialização e a urbanização não seriam su ficientes para provocar essa profunda desagregação famili ar senãohouvcsscsubjacenteael as,atuan do com muito maior profundidade e com muito mais dinamismo, uma imponantíssima crise mora! e r eli gi osa. já muitas vezes secular, chamada Revolução ( 19). El a é que movimenta os fatores psicológicos e sociológi cos para proceder à transfor. mação dos costum es e das instituições. Sem a su a iníluêm;:ia, a industrialização e.a urbani zação não te riam ocorrido da maneiradcsequilibrada,anárquicaeprecipitada como ocorr eram. E a família tradicional , patri arcal , extensa, protetora, educadora, formativa para a vida soci al e profissional, sem problemas psíquicos, sem conflito de gerações e sem crise de
Família Patriarcal
Família Nuclear
-t, Tfp l ca da sociedade rur al, agrária. -t, Numerosa: muitos filhos . -t, Geralmente 3 gerações a constituíam, as quais conviviam entre si.
! ~~::~sc~~~~~;~~i~o~~\;~a1~S
pa-
rentes.
-tr Unidade de produção. -t, Tensões diluídas pelo ambiente. -tr O Jovem passava, sem crises, da infância para a maturidade. -t, Os pais eram modelos de iden t1· ficação pslcológica e pr ofissional para os filhos. -tr O filho aprendia a trabalhar com o pai e seguia sua profissão. -t, A mulher permanecia em casa. Os filhos ficavam sob seu olhar. -t, A familia resolvia dentro de si seus problemas internos, sem recorrer a estranhos. -tr Prescindia de instituições externas para educaÇào dos filhos, saú de e previdência. -t, Vivia bem integrada na sociedade mais ampla. em estreita colaboração e harmonia com ela. -t, A sociedade em Que estava lnte· grada era fator de equilíbrio psicológico e social. -t, Sua estabilidade provinha da fé
e da observãncia de princípios religiosos e morais. -tr Sacral. Sua fé e religiosidade impregnavam todo o ambiente familiar. -t, Na decisão dos problemas. a razão prevalecia sobre os sentimentos. -t: b casamento não era ditado pelo sentimento dos cônjuges, mas por razões de familia.
* * *
Tipica da sociedade urbana, industrializada. Restrita: poucos filhos. Não costuma ha ver convivência en tre as 3 g eraç ões que acompõem. Poucos parentes cola terais. Pouca convivência entre os pa rentes. Unidade de consumo . Tensões agra v ad as pe lo ambiente. O Jovem enfren ta a cr ise da adolescência Os pais não sào m odelos para os filhos, que os procuram fora de casa. · O filho não tem aprendizado profissional com o pai , e em geral segue profissão d iferente . A m ulher freqüentem ente tr abalha fora, não cuidando pessoalmente dos filhos. A família não resolve seus problemas internos. Recorre a estra nhos. Vive na dependência de instituições externas para educação dos filhos, saúde e previdência. Vive oprimida, em cri se e em conflito com as estruturas soci ais. A sociedade em que está integrada ê geradora de problemas psicológicos e sociais. Sua instabilidade provêm da fal, ta de fê e da inobservãncia de prin· cipios religiosos e morais. Laica e materialista. Vive em ambiente de naturalismo e ateísmo pn'itico. O sentimento e a afetividade dominam. Guia-se por impulsos e instmtos. •O casamento, quando existe, ê fruto de impulsos afetwos, quase sempre fugazes.
* * * * * *
* * *
* *
*
* * *
adolescência, poderia contmuar a existir ea darotõ nusaumasocicdade "ausrera e hierárquica, fundamenta/mente sa cral, anti-iguafi1ária c amililxral" (20).
Rejeitamos, portanto, com toda veemência, a solução que psicólogos e soci ólogos revolu cionários aponta m para os malesdaurba nização,daindustriali zação e dafaml1ia nuclear :oestabeleçimento de fam ílias comun i tárias, ou de comu nidades de famílias, em regime socialista e autogestionário, onde se desenvolveria uma crescente liberdade de costumes e um comple10 igualitarismo social. hto seria a implantação da 4~ Revolução anárquica e 1ribal, tão OJ)Ortunamenle denunciada pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira na Parte Ili de sua obra (21).0 Murilto G allie:t
liibliografia(l)Harr}·Llnm llarne1.·"Soeirtyin tran,ition"",Pren1ic,Halllnc .. NNY0,k,l939.pp SS9· l60. in Pau! li. Landi1, "Adotesunce and Youth -The procn., of maturin1", Mct:;u,.· . Hill Book Co., NN' Yort, 19'2, p. 6,.1 (l) HansScbald.''Adoh:scence:a,oc:ialps)chotolialanal)'"'"', P=t~Hall lnc .. E:RpNood a;rr. (New Jaxy), 2nd edi1ion, 19n. p. 138 (l)Joslllopis."la0fim1acióndcladote,cmiey la'GuidanceofYou1h'non,:amer1'11111.",Ed . Herder, B.arcelona. l9M.p. l-l.
{4)Marian0Yela,"Próloao"'1Jm.!An1oni0Rios Gonza1ez, "Oriernaciõn y1cnpia ramiliar", Ed. J~
1i1utodeCienciudelHomb«.Madrid,l9S4.p.10. (l) Loui~ Roussel. Fami/lcd'aujourd"hui, fsmilkdc
demain,··s..m·egardtdel"enfance",No. 1-2. 198~, Pari1,p. t l8. (6)FrankMusgro.-.."Famitia,educad6ny,ocie. dad "".Ed.Verbolli•ino.Em!la(Navarra),1975, p.92 (7)PauJH.LanJi,,••Adolts.erlceandYou1h - The proa,s; of maiurina··. \Jct:;,a,.·-Hill Rook Co., N...,. York.1912.p.63 (8)l'hilippcAries... lfü16riaSocialdaCl'Wlçaeda Zaha, Ed1 .. RiodeJa!l('iro. 1978, pp.
:-:.~;_;a··.
(9)Jdem, pp. 27S-276.
(10) Pio XII, Alocuçio aos homens da Açio Cató-
lica lcaliana cm 20 de Ktcmbro de 1942, ·-co1ccción dc Encicli<ao y Dorumcm<» Pon1mci0< ... PubhcacioneodelaJun11T«n1ea Nacional, ~ladrid.
!9S5,p.1177.
(11) Paul H. Landis,0p.ci1., p. 65 (12) Amonio Candido, A mrmura da ('$<"O/a, ""Edu cacãooCiinciasSociai1"",l956.l./'óo . .l,pp 139-1 72,in&tmucll'frommNeto. "'P,icologiada Adoloscõncia"".LhuriaP,onefraEd .. 7'ed .. Slio Paulo,!979,pp.226-227. (IJ)An...,·MaricRod\ebl••·~ló,'"Ela<lok$cen· \~n~~undo'", Ed. Herder, Barcelona, 1972. pp (14) Marit-Françoioe C&c-Jallade, '"De 14 a 19ai'oo< -Laadolncenciaolad1ficuldaddeser".Colecciôf! ··A$iKh.aceel llombrc'". No 8, Ed. Sal Te,. rac,Santander,198-1.pp.53-H (IS)RobenLaplanc.Ger•udl.asfargueoyDeniK Laplane,··LaPubmad"'.O,kos-,auEd.SA,Barcelona.p. 129. (l6)C.J.Sand"rom,"Psicoloaiadelnii\oydeladolesun10'·.Ed.Morat1SA.Madrid, 1968.p.26S (17)CâmaradosDepu1adOl'.·'A ltealidadcRrasi lciradoMcnor"",CoordmaçãodcPublicaçõcs. lln.silia, !976,pp . 23cll. (IR)JoséMa nuel RodriauezDel11ado, Fundamcn. 10<biologirosdclaf1milia.••E11udi0Sociologico
dclafamilia8paftola"',lns1i1u1odeSociologia AplicadadeMadtid.Confc-deración Espai\ol3dc Caja,, d< Ahom>s, Madrid, 1976, p. 471 (19) Cfr. l'linio Conb de Oli•·eira. ""R.-·oluçio < Contra-Rc•,oluçio".Oi'riodaslc,1L1da.,2'ed., SioPaulo,1982 (20)1dcrn,p.42. (21)1dcm, pp. 71-7l
CATOLICISMO
0111ubto rle 1986
A REALIDADE, concisamente: .GRANDE MA IORIA rrjrita odi>·órcio na Irland a. Em plebiscito reccmc, os irlandeses manifcsiaram-s.c, de forma inqucs1ioná,·el, favorávcisài ndissolubilidadcdo\'inculoconjugal. Aproi:ios1ag_ovcrnamcmal,_quc
p,,rmiua·o divórcio após cmco anosdcSq>3Jaçâo,obt~·eapnias 36,S"t dos sufrAaios comra 63.S~1 conm\rios.Amcrcsuhados como esse compreende-se porque, na Araentina, osdivo'.dstastantofittrampara,mp,,dir o plebiscito prop0s10 p,:la T FP platina.
• TRAB A LHADO R brasHeirn mns tra-St ins.cnsi,·el à idenln1tla~ucrdi<1 a . Enaéaconstatactoaqucscchcga.anali>ando aslamentaçõcsdeLuisln.:i,;ioLuladaSih·a,lidcrdopartidoque
pretcndcr~resemaraclasscopcrária,oPanidodosTrabalhadorcs(l'T).Épúblicocnotórioofa-
de esta agremiação abrigar mar~istas radicais pro"enientcs dos mais ,ariados meios. "'Quem !O
çadores. Para§alvaranimais,assassinar homens! Tal~ a lógica dosquccontrariamatcinatural catéobom~nso.
mMicosnàoco1J5eguemchct;;,.r a
uma~-ordoaodiagnos!icar uma . PA ÍSES COMU/\IS TAS ti1n111aisajudJ1quro~ociekn1 ais. Os bancos privados imn-nacionais concederam cm 198~ mais créditoàRússiaeaospaiscsda Europa OriemaJdoqucàsnações cmd=nvolvimcnto.seaundorevclou oil!fonnmi,·o do FMI de julhodestcano.EnquantoosfinanciamcntosbandriosaospaíKsemdesen,·oh·imcn1oficaram emapcnas 3 bilhõesdedó!ares . aRússiaeseussa1élitesreceberam 4bilhões,ouseja,maisdoqueo dobrodoanodel9S4.Jánocaw dos países cm d=•·ot-·imento, a quC'da em retação a l984 foi 1mpress,onamc.po,snestcanoos empréstimos bancários ha,iam alcancado14bilhõesdedólares. Esse~ mais um c~emplo aritante dapoliticasuicidalevadaacabo pelo capitalismo ocidental.
es/Íillingindomaisaperifcria,
ondcmoraamaioriadwe/c/rorrs, ta ~trtma dirti1a··, lastimou Lula. Segundoelc,o PT •·precisascroltardcnovoparaaperiferia, ondc11dirciraga1Jha1erreno~traordinário". Taisdeçlara-
çcksforamícitasapropósitodos resultados~onamesobtidos pelo PT. cm rc~ntes pesquisas elcitora!s,noE.11adodeSioPau lo.
. C RUELDAD E dos drfro de animais, Com o objeti•o deçlarado de mahratar caçadores-espancando-osctonurando-os quase at~ a morte comtituiram-senaJnglatcrragruposdcnominados''frentcdcLibenaçãodosAnimais"c''Esquadr.lode Puniçàoà Caca''. Numa publkaçãooficialdar.anaüinária "frcn1e··, s.ão descritos ,ário~ atcmadoscomctidoscontraestabelccimentos comerciais (lojas, açouaucs,rcstaurnntcs)porofcreccrcmproduto!ódcorigcmanimal. Umdoslidcresdetaiscorpúsculosterroristuanuncia,comometapróxima,asr.assinarca-
SOl"fS
CAIOUCISMO - Ou1ubro de 1986
1aapiorcrisedcsuahistóriano .se1or.Aofazercstacons1ataçiio, am·istacomunisia·'LitcraturnayaGazcta" acrescenta que "os
• A A IDS NÃO tem nen lluma p0ssihilidade decurcaacurto oum&lioprazo.Essaéa,ondus.ãoaquechcgaram3milcspeciahstasrcunidosreçentementeem Paris. Outraconsta1açãoé ade quesepassarádosatuais25mil casosparalOOmilnospróximos 3anos.Atéomomento,todasas ptsquisasrcladonadascommedicamcntoscapazcsdecomba1er ov!ruscau.adordadoençaforam infrutíferas. Segundo o Dr. Nelson Guimarães Procnca, Prcsi dcntcdaAswciaçioMC'dicaBra silc,ra, ''aprsarda.sinümer.u1cnrari>1uparaseob1cruma ,·acina dic;u(todasfracassadas),éprov;ll'dquedocorramlllomeuosde
Janos, 1a/vu5, anresquccs1e objeti,osejaa1ingido".AAIDS vemsendocada,·ezmaisconsidn-ada como c.utigo de Ocus por seraarandcmaioriadescuspor tadorcspervcrtidossc.,uai,.
. A M EDICINA RUSSA rstíi dotnle. A Rússia.com seus l
milhàoc200milmC'diros.enfr~-
doc1JçaejJéqua~lciqucum mMico =ilc remédio para uma detffminadamfrrmidadecoutro
aronse/hcoconrrJrio", Nolon aoartiao, sàocitadas ,.trlas razõesquejustificariamessefracas-
so, mcnosaprincipal: acstatízaçãodamedicina
. NO 2S~ AN IVERSÁ RI O daco nstruçlio do"M urnda\'rrllDTihw " ,ex-soldadosda Alcmanha Oriental, que lograram refuaiar-.senoücidcntc,dcpuseramumacoroadeílorcsaosl)c:'S deumacruz(fo10). A cruz fora erguida ameriormemc em memória de Pctcr Feçhtcr e de todas a, vitimas do muro. construido em l3deagostodcl96lpelorcgime comunista da Alemanha Oriental Peterfeçhtcr,aotcntargalaaro muro.em 196l,foia1ingidopelasbalasdosguardasfromeiriços ecaiudoladooricntal.Gritando
;~J:e~~ ,-- - - - - -
~·,~oc:;~~;qe~~:ii:~au sanaue, Só uma hora dcpois sol dadosoomunistasvicrambuscar seu corpoj.1.~em •ida.
.TAI\.IR~~M os TCm :cos fol(em . Os tcheços Robert Ospald,de35anos,cZdcnekPohl, de20,con5C$uiram fugir de seu pai~ para a Au~tria cm 2 impro: sisa.dos 1etcfér1eos. A fuaa fo, consideradadasmaisespe1aculares,dadaaori1inalidadcdomeio cncontrndoeoperigopeloqual passaram.Comefcito,depoio;de esperarem v.1.riosdias por uma noitcescura.subiramnumatorredcallatcnsãodarcdcelttrica IC\andoosteleíéricos,eosprcnderamaoscabosdcmanutcnçào. Ocpoisdedcslisarcm~rcade300 metroscntrcfai,cai;queaumcn1avamseutcmordc1ercmvistos, osíugiti,·osdcsccramemterritóriolivre.AfromciradaTcheços1n,áquia e considerada da~ mais
::7/uardadasdaEuropacomu· 1
e os DESASTROSOS servi, çosicldtmlca e de trca n~porter m C uba.Hámuitosanosquenàose ampliamaslinhasieleíónicascm Ha,ana,capitaldcCuba,epc!o menos um terço delas 5e imer· rompem diariamente. As listas de assinantesestàod~tualizadasc cheiasdccrros.e0Minis1ériodas Comunicações não conse1uc rcedit.1.-las por absoluta falta de papel.Enquanloisso.otransportedepas§aaeirosedecaraacaminharapidam~tcparaocolapso, dcvidoàfaltadeJ)C'CUdercposiçào para ônibus e caminhões, poí~ o pais nào tem divisas para imponá-la>. Essesseniço,,sóniio são piores porque o ao~ern:> comunista de FideJCastroest.1.de,atÍ\'llndo muitos ,·riculos para tirar-thesupcoCas.l
Rosário: eficaz meio de santificação e escudo contra as heresias
1
AVirgemdoRosàn0 Pinturade.Sassoferra10
(1643),Basilicadc
Santa Sabina, Roma.
SENDO O MÊS de outubro
consagrado ao Santo Rosário. "Catolicismo" traz à consideração dos leitores alguns dados sobre as origens, a história e os incontáveis fa\'OTCS
con~didos pela Mãe de Deus atrav~s dessa devoção simples e sublime. Simples a tal ponto, que uma criança pode recitá-lo facilmente. Sublime, pois Papas, San10s, Doutores da Igreja e teólogos nele encontraram força.coragcmcsantaaudáda para as obras árduas que tiveram de empreender. O grande Papa Pio IX, cujo
processo de canonização está cm curso, dizia cm seu leito de morte: ' 'É o Rosário um Evangelho compendiado, e dará aos que o rc;,:am
os rios de paz de que nos fala a Esr:riwra; é II dt"i·oc.lo .'11ais bela, mais rica cm sraças e sra1íssima ao Coração de Maria. Seja es1e, meus filhos, meu 1es1amcnto para que I os lembreis de mimn/ltcrra"(l).
Origem e expansão do Santo Rosário Por \'0lta do ano 1206, São Domingos prt"ga,a contra os herege-s albigenses que assola\am o sul da França. Sua palana de fogo ccoa,a nasigrejas.praçaseruas;seus argumentos eram irrespondfreis, e pela força da lógica nascida da Fé, confundia os hereges, reduzia-os ao mutismo e lcva,a-os à derrota. Até
grandes milagres o Samo operou. Apesar disso, os hereges continua,am a penerteralmascatôlicasea here<;ia ganhava terreno. Nessa si1uação, São Domingos implorou à Virgem Santíssima que inter\iesse. Nossa Senhora apareceulhe e re,elou que a única maneira de fazerrccuaraheresiaeraarecitação do Rosário. A panir de então essa prática estendeu-se pdo mundo inteiro. Seria tambtm este o grande recurso de que se "ateriam as almas fiéis, ao longo de toda a história futu ra da Igreja, para obter graças em suas necessidades. Essa devoção reúne em si os méritos da oração vocal e da meditação. Ao praticá-la, como filhos que muito amam a r-. tãe Celeste. repetimos a própria saudação que o Arcanjo dirigiuaNossaSenhora-a A1e l\laria-etambémaoraçãoque Nosso Senhor nos ensinou - o Pai Nosso. Pe-la repetição do Credo, renovamos nossa profissão de Fé, e lou,amos em seguida os três títulos de maior glória da Santíssima Virgem: Filha escolhida de Deus Pai. digna Mãe de Deus Filho e Espos.. fidelíssima do Espírito Santo. Sucedem-se então ame o fiel os quinze mistl:Tios, nos quais se meditam os principais acontcrimcntos da ,ida de Nosso Senhor e de Nossa Senhora. Em suma , são os fundamentos da doutrina católica apresentados à nossa consideração nesses fatos augustos ou
mistérios. Por esca razão Pio X I dizia que "o Rosário t um pc:queno E1a11gc/ho"·(2). A panir da re\elação do Santo Rosário e de sua propagação por São Domingos, a heresia albigense começou a perder terreno e foi finalmente aniquilada. Oshereges,em dcsesperodecausa,temaramape!ar para as armas, e tamb<'m nesse plano foram derrotados. Baluarte do exército católico na ocasião foi o destemido SimãodeMomfort. O Rosário teve então rápida difusão por toda n Cristandade, e pouco depois, cm 126l. o Papa Urbano IV já se referia às inúmeras graças recebidas pelos fiéi~ através desta devoção. É incontável o número de Papas que. posteriormente, inçentivaram a prática do Rosário, dedicando-lhe por 1czcs endçlicas inteiras e concedendo-lhe indulgências. O Papa J úlio Ili afirma1a que "o Rosário é o ornara da lsreja Romana··oi.
Rosário, arma para a luta Ao longo dos séculos, a Igreja não ces~ou de encontrar inimigos claros ou ,elados. Por fidelidade a seu Di~ino Fundador, çom elesemrouem luta. ou por eles foi atacada. No século XVI. dois grandes maks assolaram a Europa católica: imernamence, arrebentou a revolução protes1ante, nrgando, entre outras coiias. à Santíssima Virgem o papel CATOLICISMO
Ourubro de 1986
que Deus lhe assinalara no Uni\·erso sobrenatural: e1(ternameme, os muçulmanos em c~pansão ameaça,am a soberania das nações católicas. Em ambos os campos de batalha o Rosário este,e presente. mantendo na Fé católica ineontá\eiS almas e 1raicndo de volta ao aprisco da Igreja ovelhas que os erros do protestantismo ha~iam desviado. Naderrotadopodermuçulmano,é célebre a batalha de Lepanto: a esquadracatólica,sensivclmente inferior à dos infiéis, mas encorajada pela palavra de um Papa santo - São Pio V-enfrentou e ,·cnceu a poderosa frota muçulmana, imenendo definithamente o domínio dos marc-s. Tal ,itória ocorreu a 7 de outubro de IHJ. Sao Pio V atribuiu-a expressamente à recitação do Rosário, e instituiu nc~ta daia a festa de Nossa Senhora das Vitórias. Seu sucessor, Gregório Xlll, para tornar mais clara a relação entre a vitória e o Rosário, intitulou-a Fcs1a de Nossa Senhora do Ro.ário Era também a época da evangelização de novas terras, tendo os missionários te, ado por toda parte a de\'oção do Ros.ário. No Brasil, esta de,oçllo encontrou filial acolhida, atraindo a proteção de Nossa Senhora togo comprO\ada em fatos como a expulsão dos calvinistas franceses do Rio de Janeiro. no século XVI, e de seus congêneres, os protestantes holandeses, no Nordeste, no séc11lo XVII. Nessas lutas, muitos soldados 1raziam o Rosário ao pt,s.:oço, e o redtavam dc,01amente ames da, batalhas ou cm agradecimento pelas 1'itórias nelas obtidas.
No século XVIII a Re1olução Francesa lentou extirpar a fé de uma das regiões mais católi.:as da França: a Vandéia. Os pacíficm; camJ)On~es, pais de família modelares, transFormaram-se em indômitos guerrcirosederrotaramsucessivamemc várias levas dos exércitos revolucionários. Ao peito, junto com a imagem do Sagrado Coração de Jesus, esses heróicoscombatemes levavam o Rosário. Pouco depois, as hordas revolucionárias de Napole.lo encontraram tenaz resistência cm vários lugares: a Espanha católica, tão afeita ao Rosário, as expulsou galhardamente; na Áustria, o grande herói católico Andreas Hoffer, articulador da resistência, recitava o Rosário com suas tropas. Tinha este hábito quotidiano desde os tempos de paz, quando dizia aos soldados que comiam com ele, poderem eles igualmente acompanharem-nona oraçllo. O Conde Badellky, marechal austriaco, rezava o Rodrio antes das batalhas, e sempre que o fazia, ~aía vencedor. Poderíamos esrndar a História atê os nossos dias, e veríamos sempre o Ros.ário nas mãos daqueles que dcíendcram a Fé verdadeira, encontrando nele as graças e forças necessárias.
Uma devoção dos santos Não só para a vitória das armas cristãs o Rosário foi de uma ajuda marcante. Os Santos - heróis da virtude-que travaram batalhas mais árduas que as das armas materiais, são
NaÁusnia,os combalentes cat6hcos que, sob o comando de •ndréasHollei. lutaram contra n llo1dasrevolucionirits deNapoldo,tinhamo ~bito de rezar o Rosãno com seu indõmitocheft.
CATOLICISMO
Outubro de 1986
disso um exemplo. É comprovado terem todos os santos, que viveram depois da instituição do Rosário. recitarem-no fielmente. Eéseauro que essa prática religi~acontribuiu poderosamente para os santificarem Santos eminentes tam~m pela sua ciência, como São Francisco de Sales e Santo Afonso de Ligório, obrigaramse por voto à sua recitação quotidiana. São Clemente Hofbauer, empenhado na conversão dos pecadores, afirmava: "Cada l'ez que rrzri o Rosário pela comersào de um pecador, foi-me conCT'dida". Não caberiam nos limites do presente artigo enumeraras incontáveis aprovações e esiimulos da Santa Sé a esta de1·ocão. Basta lembrar que praticamente não houve Papa que, após a instituição do Rosário, não o recomendasse. As referências de Pio IX a esse respeito são ;:omovedoras, e Leão XIII afirma que a devoção do Rosário aumenta a virtude dos justos. Gregório XIV diz que é o melhor meio para destruir o pecado e readquirir a graca. Uma contra-prova disto constitui a atitude dos hereges de todos os tempos: atacam ou desprezam o Rosário sob os mais Ia ri a dos pretextos.
Nas apariç ões de Noss a Senhora : "Rezai o Rosário" Em diversas aparições, Nossa Senhora encareceu maternalmente a reza do Rosário e ligou a obtenção de graças à sua recitação. Em Fátima, por exemplo, a Santíssima Virgem afirmou: "Sou a Senhora do Rosário" (aparição de 13 de outubro). Já na primeira aparição, a 13 de maio. afirmara: "Rezem o terço todos os dias, a fim de obttrem a paz para o mundo"; idêmica recomendação deu aos tres pa!itorinhos em aparições seguintes: às pessoas que, por meio dos videntes, lhe pediam graças ou curas, recomendava a recitação do Rosário como meio de as ohtcrcm. Engolfados nos absorven1cs afazeres quotidianos, assaltados a .:ada passo por solicitações que pretrndrm desviarnos dos caminhos da virtude e da adesão à Santa Igreja, rescncmos ao menos uma parecia do dia à prática desta de\'oção tão recomendada por nossa .\ làe Sanlis~ima e pela Igreja. Tal prática nosi:espeeialmente neees.sâria na época atual em que o "progressismo" efetua ,erdadeiras devastações na.~ alma~, cujo efeito é diminuir nelas e mesmo e1(tinguira devoçàomariana . ..J Lth:iu Me ndes No1a,(l)l)(x•1rina l'omifi<ia. tomo !li.
Documento, m.ariano1. C'd"ión prep;,tada porei tadro Hilario \1a,in. 8.',C. \bdtid. l9S4. p 20 {2) Encicliai ··tn1ra'l:=111ibu, m~li,"'. de 29-~1937.50b,-eoS&n10R.,...,io. (J)DoctnnaPomif>tilo,1omo IV. Documentos ~aria.nos. me>mo aulor. BAC. \1adrid, 19S4. p 8
No convívio do Carmelo
Martírio pouco conhecido de Santa Teresinha
,. ,. 1
1....,...... ,. anos(jane1rode1889),
poucosdias1p6ssu1
Retepçiodl!Htbito,
110Carmelodelis1911i O mart!rio na YJdl re~g10sa 1mc1ava-u paraa1ovfflln0Y1Ça.
A
ventos católicos - podem fa1.er com que as almas se sobreponham a essas dificuldades. Para não transformar o claustro num desses mundos fechado~ sobre si mesmos, em que as dí~putas de partidos com sua politicagem miúda, murmurações e crhicas reciprocas costumam vicejar quando o primitho fen·or desapareceu, é necessário uma elevação continua de vistas e um holocausto constante. Esse foi um dos grandes méritos de Santa Teresinha. Assim, constatamos, Jogo de início. que no Carmelo de Lisieu.~ ;'faltan1-se-
JULGAR P ELAS estampas com
que a iconografia moderna comumcntc
aprcscntaSantaTeresinha-cujafesta se comemora no dia 3 do presente mês dir-sc-iaqucelajamaisteveumsofrimento sério na vida. Com seu meigo sorriso. teria passado pelo Carmelo como porradioso \ale, a colher 0ores aqui. lá e acolá, sob o olharcomplacentcccntcrnecidodesuasirmãsdchábi10, acéquc, aos 24 anos, após rápida doença. ~oou para o Céu de onde passou a derramar uma chuvadcrosassobreaterra ... Tudo muito enternecedor, tudo muito hollywoodia-
naran:-lmemeaosi/Em:io, 11 regularidade. e sobretudo :1 c:;ridade mtítua. H11vía en tre as rc/igios1H lamem1hl.'is dfrisõcs. A direção t."XC'rcida na Conwnidade origina, a em grande parre eSfDS desordens'', co-
no! Entretanw, que deturpada noção de santidade isso inspira! E quào longe da realidade histórica. Por isso convidamos o leitor a recuar
no tempo e a penetrar no ímcrior dos muros do Carmelo de Lisieux. enquanto aí vivia Teresa Manin. Desde que a epopéia tcresiana começou a empolgar o mundo. um véu de discreção en,olleu muitos dos fatos que !>C passaram naqucle con,emo durame a ,ida dasania. Não negamosqueess.adiscreção possa justificar-se em época muito próxima daquela em que os fatos ocorreram. Posteriormente, porém, o recuo do tempo dá ao historiador o dire ito, e conformc o caso o devcr, decorrer os véus, paraqueaverdadcbrilheintciraaosolhos de todos. Ainda mais tratando-se de uma santa,cujoesplendordasvinudessópode ganhar em nitidez quando sua vida é admirada sob todos os seus aspectos. Fiéis a esta norma de conduta, hagiógrafos já ~êm apresentando ao püblko traços ainda pouco conhecidos da ,·idade Santa Teresinha no Carmelo de Liseux. E que, bem entendidos. só resultam numa maior glorificação de sua humildade, pcnitêndaefortaleza. Sàoalgunsdesscs tr aços que neste art igo re produzimos. Sãoclesnecessários aindaparanosfazerconhecerccrtosaspectosda personalidade de Sor Teresa do Menino Jesus. deformados pela piedade falsa, romântica e açucarada que precedeu à impiedade atual. Para restabelecera integridade dos
fatos, nos basearemos nos depoimentos qu e as próprias contemporâneas de Teresa fizeram nos processos de beatificação e canonização da Santa(•).
Em um Carme lo di vidido. a p erseg uição Para focalizar bem o problema, um pressuposto é necessário: a ,ida em comum, principalmente para religiosas de clausura,jáéemsi umconstantemartirio, mesmo cm mosteiros fervorosos. O convívio constante vai fa?.Cndo emergir os efeitos do pecado o riginal com wda sua cruezae prosaís mo,agravadospclasdiferençasnaturaisdcgostos,deaptidõcs, esobrctudodeeducaçãoedecultura , que 1endcm a provocar constantes atritos de temperamentos e personalidades. Só a prátka das virtudes e o espírito sobrcnaiural - freqüentes até há pouco nos con-
mo dcrlara uma companheira de Postulantado de Teresa (p. 183, n. 9). Realmente, a Priora, Madre \laria de Gonzaga, era uma pessoa singular Oriunda de pequena nobreza normanda, por seu porte, harmonioso timbre de \OZ e capacidade de empreendimento, catirnu logo as demais religiosas, geralmente de classes mais modestas, de maneira a governar por vinte anos o Carmelo. Possuía,cntrctanto,sériasanomaliasdctemperamentoquechegavamàsvezesàsraias daloucura(p . 173, n. 61). Passava subitamente da mais e~trema alegria à mais profunda melancolia. E sobretudo era devorada pela obsessão do mando. ··Fosse ou não fosse Priora. n.io tolera, a que ouira ri,·csscautoridadc'', lemos num depoimcnto(pp. IS I-IS2, n. S). Eouiro depoimento atesta que "cenas espamosas t"Sra/al'am como uma tempestade a propósito de nadas, mas rendo sempre a inl'eja na sua origem" (p. 152, n. 6). Por isso, "a postura da Priora origina,·a partidárias e parridos. A diplomacia e a lisonja sei;u/tivavambem ' ',segundoumadecla· raçàonoprocesso(p. 150,n. 2),e .. tudo era entregue ao capricho do momento. O bem durava pouco e il força de dip/oma cia e finura se chega,·a a dt"Sfrutar algu mas semanas de uma siluarAo precária··.
CATOLICISMO - OutJbro de 1!186
aduz ainda um elm:idatfro depoimento (p. 133,n.14). Naturalmente, as poucas carmelitas que não se presta,am a esse teor de vida eprocuravammanteraregularidadeeelevação próprias ao estado religioso eram as que mais sofriam . Entre esrn,,, notadamente Santa Teresinh a. Suairmllmnisvelha - Madre lnêsdc Jesus-, a primeira das quatro irmãs 1\-lartinacntrarnoCarmdo,equemes• mo cm ,ida da Santa chegou a ser Superiora, era o objeto mais direto dosciUrnes dcMadrcMariadcGonzaga. Atesta uma irmã que "'muitas religiosas estendiam a t,'/a. Teresa, a animosidade que sentiam contra o grupo das 'quafro irmils /\lanfo'. romodesdmhosamen1ech:ima1•am a Sor Teresa ea suas irmiis. Es1e mo1imen10 de anlipatia foi despcrrndo por Me. ,\faria de Go11z;1ga que, sem embargo, htH ia feito tudo para fal'orccer a entrada das quatro irmàs na Comunidade. !\las seu caráter invejoso a fez arrepender-se amngameme desse passo. As qualidades ~upcriorcs dcs.,;as súdita~ exixpcionais lhe fizeram sombra e pôs rudo em obra para que a Comunidade não IH apreclasse'"(p. 295. n. 49). Algumas carmelitas, como foi o caso de uma irmã leiga, dcscarrcga~am cm Tcresinha, a benjamim. seus r=ntimentos. Rude, de origem humilde, com grande eapaeidade para o trabalho mas de diminutos horizontes, essa irmã não cessa~a de atormentar a jovem Teresa, ainda po~mlame, porsuadificuldadena1ural para o trabalho braçal. Vendo-a, por exemplo, andar com sua habitual compos!Ura, calma e cranqüilidade. exclama\a: "Vejam como anda! N1'o se apressa. Quando eomeçará a uaba/har? Não scn e para nada" (p. 210, n. 68). E açulma comra ela o desprezo de outras Irmãs também medíocres. Aco~tumada ao afetuoso trato dos Buissonnets - residência ondeantes ~i, ia com sua exemplar familia - sem ironias. sem insinuacões mordazes. sem ditosofensi·•os, a no,asituação muito fa. ziasofreraquelaadolescentede 15anos. Um dia ela chegou a desabafar com ~k. lnêsdeJesus: "'E/a(aialirmãleiga)me pcrfura,•a com picadas dr alfinetes. A pobre bolinha (ou "joguete do Menino Jesus'", como ela própria se chama~a)J' não ag uenta mais'; mostra por toda parti." alfinetadas que a f;uem sofrer mais do que se fossem grandes feridas" (p. 211, n.72). Aanimosidadedairmãleigaperdurou até a morte da Santa que, por sua ,ez e a seu modo, atendeu sua perseguidora curando-ainstantancamemedcumaanc• mia cerebral. quandocstalheosculouos pés já sem vida ...
O;; ciúmes 1le Me. Gonzag a Não podendo ser reeleita para o Priorato após dois triênios sucessi\·os. /'..le. /'..lariadcGonzagainíluirafa,·ora1elmcn-
CAlOUCISMO - Outubro de 19Bfi
1c para a ckiçào de J\lc. Jnê~ de Jcsu~, "cujo caráter col!ciliador conhecia bem. Cria assim permanecer seuhora ,, fa,:er agir a no1•a Priora segundo seus caprichos. Quando a du roma, a au10ridade. a fez sofrer mil perseguicôes'' (p. 29-1, n 46). E isso a tal extremo que ''um dia uma Irmã. mesmo sendo a mais fcn orosa d(' seu partido, tes1.-munhando uma cena 1crrfre/, não põde conter sua indignaebo: 'Oh! Me. MariadeG011zaga-disse-e5ui mui/O mal fazer sofrer assim a I ossa Priora"'(p. 29-1, n. SI).
1:: evidente que também SantaTcrcsinha não podia deixar de sofrer prescnciandoiaisçcnas. Dcclarasua Mcstradc Noviças: "Testemunha /Is rczcI drH 111.·nosas dificuldades que Me. Maria de Gonzaga suscital'a a Me. /nk d.- Jesus. já Priora, sofria crudm.-ntc por isso a Scr,a de Deus. mas caJa,·a-se. ~m embargo. um dia me disse ,·om o ,·orado
cheio de lágrimas: 'Agora compreendo o que sofreu Nosso Sc11hor ao ver sofrer sua
/ITJedurantea PaiYllo'''(p. 296, n. 52). Contudo, "a Sena de Deus soube 1irar desrns dificuldades uma ~.-asillo de I irtude euquamo algumas almas encomra1am nisso um empeeilho", declara-no~ sua irmã Celina. "Neste transtorno geral. não se apartou jamais de sua união com Deus e do cuidado eom sua perfeição pessoa/'' (p. 153, n. 12). Nesses momentos críticos "deu pm1a de grande prudência para e,itar tudo quamo pudesse agrn1·ar a situação já di-
fícil", lemos no processo. "Procura1a eo11ciliar as coisas, acalmar os cspíri!Os perturbados a fim de que ,·oltassc a paz
e as almas pudessem rt!1om1u sua ,,ida in terior tão freqüemememe rumulruada" (p. 152, n. 8) . E, a uma de suas no,iças que se indigna,a com t>Ssa situação, di zia: ··"Deu.~. quepermi1e o mal. 1irará dai
'"'-" ' " I C1rmelo de lisieux Uevtreno de 1895), em recreio. na alameda dos castanheiros Santa. Teresinha está de p~. à esquerda, tendo e sua fren te uma imagem do Menino Jesus.
o bem. NossaMãc{Me. lnês) é uma santa, por isso Deus não lhe evita isso'.
Dizia-me tam~m que era um dever rezar pela conversão de Me. Marfa de Gonzaga, e que tinha mais pena por ver a Deus ofendido do que por ver sofrer sua
Mlczinha"(p.297,n.53).
Co11quista11do a santidade ambiente relaxado
111.1m
Em seus Manuscri10s Autobiográficos,
diz Santa Tercsinha: "Deus permitiu que Me. Maria de Gonzaga, sem se dar con-
ta, se mostrasse muirose,·era comigo"(p. 129, n. 4). E sublinha três vezes a palavra ''severa'', o que já é muito eloqüente. Madre Maria dos Anjos, sua Mestra de Noviças, coma que Teresa, "quando encontrava Me. Maria de Gonzasa, nlo recebia senlo reprimendas, que supQrrava em silêncio' ' (p. !30, n. 6). São muitos os depoimentos nesse sentido. Como essas repreensões eram feitas cm público, sem a mínima discreção, um dia Mc. Jnesdc Jesus,conhcccdoradascnsibilidadedealmadesuairmã, foiabrir-sc com a Priora a fise rfipeito. Esta lhe rfipondcu com calor: "Aqui está o incon~eniente de ter irm.15! Desejais, sem dtivida, que Sor Teresa seja exaltada; eu devo fazer o contrário. FJa é muilo mais or1ulhosa do quc pcnsais c ne<:cssl1a ser conslanttmcntc humilhad11. E se vindes interceder Por sua saúde, deixai-me agir, porque isso nlo toca a Vós" (p. 132, n. 12-negritosnossos). Eleita Priora, Me. Inês de Jesus, para apaziguaras!lnsiasdepaderdaex-Priora, nomeou-a Mestra de Noviças. Mas deulhe como auxiliar Santa Teresinha, para sanarasdcformaçõesqueaprimeira poderia provocar em suas dirigidas. Como Sór Teresa tinha apenas 20 anos, isso pro-
vocou o ressemimemo de algumas oposieionistas, ehegando uma a lhe atirar no rosto que ela "tinha mais necessidade de saber-se dirigir a si mesma do que de diri1ir as demais"(pp. 134-135, n. 19). Asiluaçãode"auxiliar" lhe era muito penosa, pois tinha que cumprir seu dever sem ofender Me. Maria de Gonzaga. Esta, "quando notava que a influéncia da Serva de Deus era demasiado efetiva ou quando seu humor a perturbava, entrava em suspeitas e a 1n11ava duramente'' (p. 137, n. 27). Mais tarde, após difícil eleição, Me. Gonzaga retomou o cargo de Priora, e conservou para si também o cargo de Mestra de Noviças, mantendo Santa Teresinha como auxiliar. Isso mostra Que, em alguns momentos, reconhecia ela paradoxalmente o valor de Teresinha. Aliás, chegoumesmoaafirmarque "se tivesse que esco/har Priora entre a Comunidade, escolheria sem hesitar a Sor Teresa do Menino Jesus não obstante sua pouca idadr" (p. 158, n. 23). O que não a impedia, nas horas de ciúmes, de agir de outra forma: "Por ,a usa da volubilidade de Me. Maria de Gonzaga, nlo reve Sor Te· resa um instam e seguro no sobredito ,ar· go, que lhe era tirado e dado a cada quinze dias. Era necessário .sempre recomeçar... " afirma Celina (p. 138, n. 34). Para concluir, é oportuno ponderar que, quando uma alma est determinada, no mais fundo de sua alma, a ser fiel à voz da graça, esta a ajudará emsuafidelidade,pormaisadversasquc sejamascircunstânciasemqueviva.Será para ela um doloroso martírio, como o foi para Santa Teresinha que - ressalta uma de suas noviças - "niio tendo outro estimulo que sua Fé e amor a Deus, vivendo num ambiente mais bem relaxado, mereceu em verdade o louvor dirigi-
do ao justo no Eclesiástico: pôde violar
a lei e não a violou. fazer o mal e não o fêz"{p. 359, n. 35). E este lou\'OT ela o mereceu porque teve sempre presente que ''én=siiriocon: quisrar a santidade .1 ponta da espada, e necessário sofrer, é necessário agonizar'" (p. 372, n. 66), mas com os olhos sempre postos na Eternidade, fim último de todas as coisas.D Plinio Solimeu
(º)
a 1artmO'I es..-sMp<llmt11!0J 1.i mmo •im •Pff'"
...,..i.,. 110 notlt111,t Mm docum,nl•d<> li,·To do
P,. Albfno B•ni<>• C\ff. •·S.nl• Tttni1a. 111od~ lo f .,n;, 1k la ,·Ida rtllJiou". l::dimri•I l Ubrtnl. COCULSA. Madriil, 1%4, 5! tditldn. ~rada ciúlfi0mtndon1ttm01o•ú111ttOchpi1ina•n,q"' na rtrtrid• obra,"'"' N>mo o númtro danotaaque .. ,d,rt.
.. '""º""•
~AtoLICISMO
o,.,..........,._ ....pr,..,_dc~ ...
3:E:E,=.E= _,.._.it- ,....,._•.......,a , _ OA1,ao.,.
... ,.-.-pod<-...-·c;m,,,.-;., .... MarumF-6"-01U6-$1<>1"Mdo.SP
CATOLICISMO - Outul:lfo de 1986
Discernindo, distinguindo, classificando ...
" ... inimiga não há tão dura e fera, Como a virtude falsa, da sincera" (Lusíadas, X, 113)
EM
CERTO SENTIDO se poderia afirmar que a caricamra de uma virtude éa pior inimiga dessa virtude. Em tal perspectiva, ante os males desta vida, o que mais comraria a resianação cristã, cheia de fC:, çoníiança e fortaleza, não é o desespero, mas um otimismo esttlpido e imprevidente, freqiientíssimo em nossos dias, que fazasvezesdecaricaturada resignação confiante. Para o homem virtuoso, a confiança na bondade divina de nenhummodoimpedequeeleveja e combata os mates que o circundam. O otimista de hoje, pelo contrário, se caracteriza por fei:bar os olhos à realidade quando ela não lhe agrada.~ uma,estruz queenterraacabeçanaareia,na ilusão de assim evitar o ~rigo que o assalta! Quantos e quantos, levados por essa deformação mental. não querem ~er os riscos para si e para os seus - sem falar para a Pátria e para a Igreja - pro,·enientesda guerra psicológica revolucionária, da reforma agrária (ou urbana e empresarial) socialista, da imoralidade galopante, das drogas, ede não sei mais quantos mates sinistramente engendrados pela atual re,·olução dos COSIUmes. Símbolo desse eslildo de espirito otimista encontramo-lo, por exemplo, na expressão "tudo bem", queultimamcmese generalizou Há uma colisão de automóveis? Os ocupantes descem e dizem· "Tudo bem". Comunica-se a atguémquesuacasa foi assaltada, ou que seu pai esiá doente, ele poderá responder: "Tudo bem". Expressão aparentemente inócua, mas que somada a mil outros fatores, representa um indicio do falseamento moral e psicológico de toda uma época.
CATOUClSMO- Ou:ubro de 1986
1
Consumido pelas cham.s, o cutelo da M11quasa reduziu-se, fUÍIIIS
Esse 01imismoinve1erado, avillame das almas. encontrou uma expressão graciosa na canção francesa "Tudo vai muito bem, senhora Marquesa", cuja tradução, em parte, abaixo reproduzimos. Nela fica patente a insensatez que há no otimismo a todo preço. Serve até de teste: se, ao lê-la, o leitor a considerar simplesmente engraçada.enãosesentir propenso a analisar a alfa lição que ela contém, C: sinal de que pelo menos a ponta da asa do otimismo contemporâneo o roçou. Ausente há quinze dias de seu castelo, a Marquesa telefona para seu mordomo pedindo noticias. e dele recebe a segui nte resposta: "Tudo "ªi muito bem, senhora Marquesa. Tudo vai muito bem, tudo vai muito bem! Entretamo é preciso, C: preciso que eu vos diga. Há um nadinha a deplorar, Um incidente, uma bobagem. A morte de vossa égua cinza. Mas, fora isso, senhora ~-,larque5a, Tudo vai muito bem. tudo vai muito bem.( ... )"
E nesse tom otimista prossegue a poética conversa telefônica, no decorrerdaquala,\\arquesavai sendo informada, por etapas, dos "nadinhas"queocorreramemsua ausfocia: a égua "morreu no incêndio que destruiu todos os estábulos", e "os estábulos se incendiaram porque o castelo es1a\•aemchamas". Até que, quase a desmaiar, ela implora um relato completo do sucedido. E assim termina a poesia: "Pois bem. eis aqui, senhora f..-1arquesa· Ao saber que ficara arruinado. Logo que voltou de sua surpresa, OsenhorMarquêssesuicidou. E foi ao cair Que ele derrubou todas as \elas. Pondo fogo a todo o castelo, Que se consumiu de alto a baixo. O vento soprando sobre o incêndio. Propagou-o para o esiábulo. E foi assim quc. num momento, Viu-se morrer \Ossa égua. ,\fas, fora isso. senhora l\farquesa, Tudo vai muito bem, tudo vai mliitobem!" rJ
C. A.
Conversa animada na escola PAULO E LUÍS, estudames numcol4ioca16lieo,saiamjun1osdaauladeOrpnizaçãoSocial
ePoliticaBrasileira{OSPB).Desciamaesçadariainterna,quando
Paulointerrompwo silêncioquc jAsc fatia um tanto pesado. -
Nlog051ei des!>elivrodc
OSPB(l)queonossoprofesliOr
adotou. - Nem cu - reJpondeu Luís.
Allis,oautortoFrei Betto,co-
oi,
FREI BETTO
Introdueàll à Política Brasileira
. . . . . ,. . 1 1presenll aas
estudan1es,n0quese rtl11tildiu:i!llin1
OrganuaçioSoci1le Polltic1 Brasileira, uma Yis.iodlre,lidade
nacion,I deformada par princlpiosecritérios
m1rxis1as.
nhtcidoporsuaspmiçõc:smarxis1asan1ka16ticas.
Conveí$&1\do, chegaram ao andar ttrreo, onde, bem junto à cscada,selocaliuvaaportariade entradadoroléJio.Paulodetc~se, lirouolivrodesuapa.stae, colocando-osobreobalcãoda portaria.abriu.o: - Veja aqui a afirmação de quc"um1f1e$Soa~romacriminosa, em1eralporquena.sana miu'ria".,h1opoderá~rverda-
deemalaunscasos,masgenera!izar é pura demagogia. Há até mendiaoquecscondegueérico porque tem preguiça de trabalhar! Ambos falavam com calor,e nloperceberam a aproximação doporteiroque,doladodedentrodobatclo,ouviaatentamcnte a convcru. E cm determinado momento interveio. - Olh.a, mOÇO;S, voc!s t~m ra· dio.Quandoeutinh.aaidadcdc v~corriaumdosanqucdizia "abrireseolastfech.arprisões". Eu, nao!poea,acrediteini$$0. Depoisqucpasseiatnbalh.arcmesoolas,viqueerafa!so,qucmui. tomeninobomentranaescolae ficacorrompidopormausprofes soresemaus!ivrosc, apartírdaí, cainaimoralidadeeato!nocrime. -Poiso!,seuSeverino-in· terrompeulu!s-a11orajánio ditemmaisqueo!faltadeinmu· çloquefuoladrão,massima miso!ria. Eles in~mam oonfonnc lh.es conv!m. Só não a<ritam a
14
verdadequeeMinaalgrejadc quetodoh.omemtempe,:adoori· Jinaleporisso.senãoseesforça parapraticaravlnudc,acabafatendoopior. Como o telefone toca.1.SC, o portciroseafastou,cosdoisra· pamcontinuaramsuaoom·crsa. Paulo dizia· - A mim chama muito a a1en ção a amipatia quc Frci Beno 1cm pelapropriedadcprivada.Éacadapasso.Oitqueelanasccuentrcosindios,quandoosfciticci ros,0$ehefeseosguerreirosde umatribodeixaramdetrabalhar eapropriaram-sedocx~cmcdo trabalho dos outr0$. Ai teriam nascido tambbn as ela= sociais. - E vod ootou - perguntou Luis - que ele não dã nenhuma provadisso1Éafirmaçãogratui· ta. Éoquesechama interpretação marxista da His!ória, mu que se poderia chamar tambtm invencioni~marxistadaHistórit. E, de passagem, ele deixa a impresslodequeaorigemdahu manidadeestllemtribosdetipo indíaena. Nem fala que Deus criou um casal inicial, Adão e Eva. -Éverdade.Alilis,e!cparecc quererquenóstodosvamosparaataba. Vej11,porexemplo,no CadernodeA1ividadesapergun-
taqueelepõe,sem responder: "Nasocied11deprimirivaoshomMJU11b,a/h11vam11~na.snacaÇ.t, n.troleradefrurosenapcsar. Por que nlo podemos continu11r vfrendo desse jei10?" - lssoparamimnãoénovidade.LiumlivrodoProf. Plinio CorriadcOliveira(2),emqueelc mostra documentadamente que enacorrente"proaressisla"não quer o bem dos índios, nem ajudá-losasairdabarbárie,mas simarrastar-nosparaumasituaç.locomoadelesnaíloresta.lnclusiveteríamosqucaposiatarda Rcliai.lodcJcsusCristoeaceitar os erros deles. -E$$ahistóriadeexaltarreligiõespa,al.s, eu o.lo vou na onda. Vejaaquiolil'To,napágina77. elOJ1ia os bororos porq•1e u5am courodeonçaparaf;u:er,czados mortos!Enoteaindaupalavras que,comsimp111ia,clepõcnabocadeumnearo: "SeagenteescuruseosOrixlls,cvilandoriva/idades, nosso povo teria resis1idocoma forçadeXangóeacora,cm de 01um e estaria unido pc/11sabt-eloriadelfá.Masnioescucou Xangó Agodó!" Ele quer ainda a preservação do candomhlé. -Conheçomulionegrocató· licoqueficariaindignadocomcs-
sasimpatiadeFreiBenopclopa1anismo que eles em boa h.ora abandonaram. - Veja Luís, este livro, altm de marxista, parece feito para formar ignorantes. Diz aqui: "Semcomid11esembebidaopapa(comminüJcula!)nlodirigea /greja".ÉelaroqueseoPapaestiver morrendodefomeedesedenlopodedirigiralgreja.Mas não pode 1ambtm se não tiver uma inteli11~ncianormal, se não forassistidope!oEspíritoSanto etc. Masi=nãocontaparao Frei Betto,elesóv~olado material. OprofessordeOSPBdesciaa C$Cadari1nessemomen10.Padre aindajo,·em.camisaespone,·ermclha,abertaa1o!opci10,calça jeans,tcnisbranco.Aonotarseus doisalunoscon"ersa.ndojumoao balcãodaponaria, com o livro abeno,aproximou-seeontentee, comattntonórdico,foidiundo· -Muitobem!Vejoquecstão aproveitandoasaulas.Esse!ivro representaodescjodospobres. Osrapates,um1an1oincomodados pela sUbita inter,cnçào, nãosabiamoquediur. Paulo, sempre mais afoito, arriscou: -Olhapadre,creioqueoFrei Bcnonão pensa como o Sr. Ele
CAHII.ICISMO - Ou11bra óe 1986
diz aqui: ··Hã moradom d.a favela conformados, acreditando que havtr.l scmprt ricos e pobrcs".EnoCadcmodeAcividades: "Am11iorpancd11socieda-
dcbr11sileiratcompos1a dtpel· soaspobrcs(.,.)quccstloscos1umadasapensardcacordocom aideo/ogiadasc/asscsdominan1cs". Logocstelivro nãorepresenta nem o pensamento nem o desejo dos pobro, mas sim do FreiBettoedosdesuacorrcnte. Asvtriasoorcsdoarco-irissc fizeram ver sucessivamente no rostoelarodosacerdote.Afinal elescdominouedissc: - Não gosto que me chamem de padre. Souo Prof. Hans,ou simplesmenteHam;. - Prof. Hans - disse Luís porquecstclivroafirmaquea ideologia capitalista "planta na ca~adaspcssoasq11eadcsi611a/dade social t 11m fenômeno naruralcirrcvcrsívcl'"?Meupai !eurcccnteme!lteumacolcçlode EnciclicascmqueosPapa5defen• dcmcomodou1rinaca16!icaisso queoautordizqu~écapitalismo. StrAqutcsscsPapascstavaminnuenciadospelocapitalismo?O capitalismonãotrmooisasboas? Oiaccrdote,pouoohabituado ilformadcintdiginciabrasilcira. sentia-se enfurecer. Procurourapida.memcno;i.rquivo.desuamemónaatgocomque responder. Mas,nosmescsdocur'°abreviadopararcccbcraordenaclosacerdotalquefizcra,praticamentenlotheratcmpodecstudara doutrinacatólica ... Sóomantismooatraira,eeleotomaracomo "dogma de, fé". A saída que enoornrou foi oinsul!o: -OHtaLuis,scupaidevescr um desses que o Frei Beuo diz aquiqucscapropriamda"mais valia"dotrabalhodooperArio, eacolocanasuacontabancitria. Váriosalunoshaviamsrre1ardadonaescola,ea1ora,aosair, fiuramrodaparaouvir.Umdelcslnterveio: -Profcssor,euachoqueflcou malparaoSr.ado!arcssclivro. Depoisdetantofalarconcraaexploraç!lo, o Frei Beuo vemdizcr aquiquenosocialismo''ningutm pode explorar o trabalho dco11• ffll pessoa", que "o cxefficnte produzidope/otnba/hodopo,·o t r«olhido pelo Estado e dcw,11'idoj população na forma de~ Mflciossociais''.lstoéumab$urdo,prof=r.Asiiuaç!lodecar~ncia na Rússia mostra cxaiamenccocontrário; amisériaem Cuba e na China. também. -Não,não-re;pondeumalà,vontadeo Pe. Hans - o Frei Bettoes1Afalandoaida5vantaietl!domododeprodução$0clalista em tese. Elenãocs1Afalan· do dos paiscscomunistascomo eless!ohoje. -Essanão,profcssor!-era umavo2 feminina que se levantavadarodadealunos.-Nessa mesmapáginaestáe.scritoque''o modo de produção wdalista predomina nos chamados pai~ comunis1as".
CATOLICISMO- Oulubru de 1986
Agargalhadaccooupelaescolaintcira.OPe.Hans,a1rapa]h.ado,balbuciouumadesculpaefoi i;aindo,nãoJCmantcsdi.zer: - Pelo menos o Frei Bettoé coerente! Quando ele já se retirava, a mesma voz feminina gritou: - Nem is'°, professor, Veja aqui,eleatac,.oscolonizadorcs ponuguescs porque JC apodera-
,-am das tCITll5 dos indios. Enttlo, noCil50d05índios.vak:apropricdadeprivada?Sónãovalcpara osbrancos1 A segunda gargalhada ecoou, semi -abafada pelo som ensurdecedor da motocicleta do Pe. Hans, que se preparava para
p,,m.
difrrcnttunsdosoutrosnlode.-e ser entendido como sinal de CS·
íicaram e5candaliudos até com o padredire1or.Cochichavamen1resi: -Eleestâ "alaranjando"as whas.Ditaduradecsqucrdatambém é demais. Não basta amenizar. Numatentativadecontrolara situação,odiretoracaboudedesceracscada.Aochegaraocentro da roda. já um aluno lhe dizia: -OFrciBcttonãod:iparaa 1en1eengolir, padrt. Veja só na página79,elcatacaPcdroÁ[varesCabralcomoinva'°rdasterrasdosindios,dizqueaReligião cató!icaé"are/igilodosbranoos",elogiaosquercspeitam "a reli1iãodaaldcia".Ele.1.1mreli&ioso, dizer ino... Mas então a
plendor democrático(... ) cada 1rupo de p0/i1i005 representa um in1tresstdcc/a55edifcrcnre". -Ponanto-concluiuPaulo -comoFreiBcttoqueracabar com a diferença de classes, ele QUeracabarcomadiferencade opiniões políticas. E impor apenas a opinião dele, procurando faz!-la passar. t claro, por opinião do po,·o. A palavra democracia, na boca dele, ,·ale tanto quanto na deGorbachev ou Fi• dclCastro,ouscja, significa ditadura de esquerda. Aquia1enteentendeporqueclegos1atamo dcCubaedaNicarAgua. I.J:I. nin1u~m pode "abrir o bico". Odire1ortomoubruscamente o livro das mãos de Paulo e leu emsilênciodurantealgunsminutos.Ouvia-scatéozumbirdeum mosquito. Por rim: -É, voct tem razão. Eu vou dizcraoFrciBettoparaamenizar istonapróximacdição.Nemtodossãocapazcsdecomprunder o que aqui está Alguns alunos da roda, ao pt daescada,quetendiamparaacsquerda e tinham mesmo al1uma simpatiapeloPe.Hans,desta,·ez
Rellgiãocatólicanãofunivcr.;al1 Não mandou Nosw Senhor que 0Evangelhofossepre1adoatodosospovos?Nãofcaridadeparaoomosíndiosensiná-losasair dopaganismoedaidolatria1Eo Bem-aventurado Anchieta agiu malquandonãorcspcitou "areligiifo da aldeia" e converteu 1rander,úmerodeindios7 -É,-ga&ucjouosacerdote -eunãoco~doemtudooom o Frei Betto, mas vocês precisam comprccnderaposiçãodele.Ele é um defensor dos direitos humanos. -Direitoshumanos,uadareplicou Paulo, um tanto impa çicntecom aescandalosa proteçãoque,sobcapadcmoderação, odiro:tordavaaFrciBetto.-O Sr.vcjaaqui,nofinaldolivro, eletransc-reveataldeclaraçãoda ONU'°brcosdircitosltumanos e a vai comentando. Essadectaração,oSr.sabe.éusadacomo bandeira por muito esquerdista. E o Frei Beuo vai ainda muito além. Ocomentáriodeleéscmprenalinhadejustificarospaisesromunistasquandoelestrans1ridemoscltamadosdirci1oshu-
-MasoFmBcnodefende idtiasditatoriais-dissePaulo, ousadamente. - Ele fala em de· mocracia~paradisfarçar. - Como asslm1 - perguntou odiretor,j:l.dcscendoosprimeirosdegraus. Paulo.quetomaraolivroem mãos,subiuae.scadadedoisem dois de1raus. encontrando-se comopadrenopatamar.Abriu napá&ina69eleuemvozalta: "A diferença de opiniôcs politicas nAo ~ be-m democracia. É, sim,orcsultadodeumasocieda-
dedcsi1ual,divididacmdiftrtn1csc/11sscssociais,cmquenósvivemos. O fato de os candidatos e os po/llicos pensarem de modo
Frei8e1toinfor11111 havermiuion6nos ··quesedeium reet!ocarpeloslndios: aswrnem a cultura da tribo".Desejariotais missioo6rios Que também n6s vival!IOl à manei,a, por exemplo, dos ÍIÚo$ Scüs !foto),
conhecidoscomo BeiçostlePIV,qut conservam o primitivo
~:~~u=~=
de made11a7
:~~D:scos
~
:.!"' •
Até cntloniDJUffllnotaraque, atraidopelaaJ,azami.,opadredire1or observava silenciosamente do alto da escada. Vestindo um ckrgymanpre10,cabeloebarba grisalhos.erao·tipodohomem queprocuravadardesiumaimagcmdemoderado.Fôraelequem introduziranocol~iooPe.Hans eoutrosprofcssorcs,comoafrciraqueleciona,·aeducação=al, rcsponsávcispelanovaoricntaçilo "progressiua" da escola. Mas, quandoospaisvinhamprmcstar, eleprocuravapor"panosquen tcs",faziapromessasdemoderação que acalmavam os ânimo,,
::S~º~~
~:~i: ªc~:e~~e;x~:;:~ total. acabava prote1endo os "progressistas", Era um hábil politioo.Ao5crnotado,fez-scsiJo?ncioemreosalunos.Doaltoda cscadaquelhescrviadepedestal: ele sentenciou: - Vocispodemdiscordardo Pe. HansedoFrei Bcno, nàoh problema nenhum. Mas vocês precisamtambémdcixara elcsa liberdadedetersuasopiníõespolíticas.lssotdemocracia.
15
manos. Pore~emplo,oari;gol3 dadeclaraçãodaONUdiz : "To· do,têmdireitoà/ifn>rdadcdc/0comoç.'io,·residi'ncia<lrnirod.1, fromeira, <le c·ada Esia,Ju". O
FreiBeuocomenta: "'OsEsiadus que1i'me<:onomiapfanificad.1p-0dem obrigara/guma,;pes.masa 1rnbalhar.ecomcqüemememevi·
frei Bello afirma que nos regimes socialistas oEstado"'P-Odeobrigar algumas pessoas a trabalhar e a vive r em determinado lugar. É o que sucede aos cidadãos soviéticos. inc lusive as mulheres incumbidas mui1as vezes de tarefas pesadas. como as operâriasde cons1rucão civil. em leníngrado,que aparecem na foto
,er ,·m de/ermjnado lugar, em funç.1odepriori<la<ie,dogoverno. Resufr;õcsquamoaudireiw <lelivrercsidi:aóasàooeasionalmeme ímpo51,lS a profissionais c·ujosscn-içossàoparticularmcn, rein<lispc11s1ú·c-isemdetNmina, das regiões de um pais"' . Quem
nãovêqueéaju11ilicaçãodaditad"racornunista,qucmandao trabalhadorparaageladaSibc.'ria ouparaondequiser?Ainàovale oh<,mdopovo nem os direitos humanos! -Eoartigol7Jadeclaraçào - completou Luis - diz que "ningu~m sed arbi/rariamente prfrado de su~ proprie,hde", ao queFreiHeuocomenta: "Osdirci1os da coktiddad,• cs//io acima
pressa' Apenas recomendou como medida de prevenção - Não é preciso contarem a seus pais esta nossa co1wersa Nào tem interesse para ele1 Aliás, nem precisam momar-lhcs olivro.Paraque?-Emseguida,dirigindo-1eaoporteiro - Se\'erino,fechejáocolégio, pois nós vamos lodos embora. Nadaderodinhasdcpoisdasalllas. Já está começando a anoucccr.
nhaclargucessere,·ó/vcrdoseu irmao· "'
Sobretudoasmocinhasdaro, daficaramindignadasc-om,·ssc texto.Sentiam-seprofundamen teofendidasemsuacondicãode mulh er,-.;, Nisso, uma janela se abriu com estr~pilo noandarsu· perior.Opadrediretorapareceu gritando· -Ainda estão ai~ Parem de com·ersar. Vàoernbora! [l Gregório Lopes
do direito de proprfrdadc dos mciosdeproduçáo'". Ê,pois. um
c-olctivismomuitomaldisfarçado que ele opõe à propriedade defendida pda ONU. Opadredjretornàoquisouvir maisnada.Afinal,ele esta\'ac·om
Dissidente russo mantido em hospital psiquiátrico BRANCO E DEPAUPERADO, o prédio esconde-se atrás de altos muros, numa rua secun dária de Moscou. Na única entrada para o público, pode-se ler a inscrição: " H ospital Psiquiátrico de Moscou". Lá, entre os muitos pacientes com problemas mentais, encontra-se Serafim Yevsyukov, de 53 anos, um dissidente pouco conhecido que, embora são, está sendo submetido a "tratamento" psiquiátrico. O caso é relatado pela conceituada revista norte-americana "Ncwswcek" de 11-8-86. - "Como se sente, papai?", pergunta Lyudmila, ao visitá-lo no hospital. - "Cansado . As injeções me levam a não ter apetência de nada, a não pensar em nada. E stou continuamente cansado", responde etc lentamente. Yevsyukov foi preso recentemente quando protestava no centro de Moscou contra a ~etcnç~o ~o filh?, condenado a 3 anos de prisão na Sibéria por ncg~rse a servir o exercito, pois pretendia emigrar para o Ocidente çom a família. Mas, já cm abril de 1985, Yevsyukov havia sido preso diante da embaixada alemã quando tentava entrar para conseguir o visto de emigrante. Esse ato custou-lhe 3 dias no hospital psiquiátrico. Segundo Lyudrnila, seu pai divide o quarto com 13 outros doentes. Há 10 dias que não tem permissão para o banho e para trocar a roupa do corpo e da cama e o uso de óculos lhe é proibido . Não tem apetite para tomar sopa servida no hospital nem para o damasco que ela lhe levou. Sua esposa não o visita, pois teme ser presa e submetida ao mesmo "tratamento" psiquiátrico. Yevsyukov é dia e noit e vigiado por um funcionário do hospital. "Ele não me deixa fazer exercícios nem mesmo na cama" e "somente permite que se vá ao banheiro de dois a dois", certificando-se de que " vol!amos diretament e para o quarto", confidenciou ele à filha. "Estou proibido de caminhar. Passo a maior parte do tempo deitado na cama". Yevsyukov é submetido a constantes injeções que o deixam atordoado, Segundo o dissidente, o objetivo de seus captores é o de roubar-lh e as energias físicas e mentais para tirar o máximo de informações que a KGB usará posteriormente contra ele, Assim, sua única arma é o silêncio. De uma a três vezes ao dia um médico tenta perguntar -lhe a respeito de seu passado, de seus problemas, de seus temores . E a resposta é sempre o silêncio. · Ele e sua familia vêem muito poucas chances de viajarem , enquanto não fo. rem incluídos na categoria de dissidentes especiais, "As embaixadas do Ocidente nos dizem: 'Vocês não estão convidados a partir. Não são judeus . Não estão com a familia dividid a. Não há nada que possamos fazer por vocês'", diz Lyudmila. E assim os comunistas de Moscou vão atentando contra os mais elementares direitos humanos de sua população, sem que, no Ocidente, se proteste contra isso .. . D
16
CATUl! CISMO
Outubro de 1986
REFORMA AGRÁRIA Fatos recentes da agitação agrária no Brasil D. Aloisio injuria o Judiciário Irritado com as liminarcs concedidas pelo Supremo Tribunal Federal cm favor dcfazcndcirosque1iveramsuas1crrasdcsapropriadas, o Cardeal-Arcebispo de Fortaleza, D. Aloísio Lorschcidcr, afirmou. durante a 18~ reunião do Conselho
Permanente da CNBB, em Brasília: "O Poder Judiciârio está julgando em causa própria". Acrescentou ainda: "Quem tc-m cargo p1!blico nào
dc,cria possuir propricd11dc rural" ("O Globo", 29-8-86). Indispor a opinião pública contra a Suprema Magistratura, injuriando-a de forma clara, equivale a fomentar o caos no Pais. O que pretende o Prelado? Abrir caminho para os chamados "tribunais po-
pulares'', caracteristicos das ditaduras comunistas, e que tim reprcscntamc da CPT já desejou introduzir entre nós?
... E ameaça, reforma "na marra". ou revolução! O mesmo Cardeal formulou esta ameaça: se a Reforma Agrária não se concretizar. ··hmeráamaiorre10/uçãosocial 110 Brn~il ... s~gundo o Purpurado. "ou SL' faz a lfrforma Agrária como dc-Fc- sc-r frita. ou Si> faz na marrit .. ("Jornal do Comtrdo.,, Rio Grande do Sul. 16-8-86). ~ assombroso constatar o dc~cmbaraço com que de desafia o Poder Público, formulando proclamações incendiárias. ~a, erdade, tais ",aticinios" cxplosi1·os mais parecem fa?Cr parte de um plano, no qual se enquadra a atuação das CPTs e CE Bs, pelo Brasil afora, prnmo1endo in1ac,ões - às 1·ezes sangren1as >0bpre1e,1ode"acelerar .. oandamento da reforma.
D. Giambelli, reforma ou guerrilha! D. Miguel Giambelli. Bispo de Bragança, no Pará, alertou: sem uma Reforma Agrária urgente e corajosa. o Brasil tende a se tran~formar num espelho de El Sah ador oom o surgimento de guerrilhas. E eri1icou o PNRA. por isentar do confisco os latifúndios produti,os (o que. aliás, nãoé\"crdadc). Emsuaopiniào, o conccitodctcrraprodutivade1eriaserre\ÍSto. pois "no Pará existem Jatif,índio,
CATOLICISMO- Ou1ubro de 9&6
que têm uma cabeça de gado por hectare. Isto é ser produti1·or·. perguntou('' A
Provinda do Pará", Belém, 4-9-86) Como seria uma Reforma Agrária "justa,.ou "corajosa .. , cntão?-indagamos nós. Tahczarespostaaess-apcrguntatcnha sido dada por D. José Maria Pires. Bispo de João Pessoa, ao fazer a desconcertante declaração: "Os lavradores ( .. .) já estão fazendo suas próprias leis(. .. ): são leis legítimas, çomo ( .. .) 11 de ocupar OI espaços vazios, as terras ociosas. (Esta) não é a Reforma Agrária do govcmo, mas II Reforma Agrária do Po•·o, pela qual dc1·emos /mar'' (programa radiofô nioo "Correio Debate". João Pessoa, 1-8-86).
Sem terras mas com armas! Trinta e cinco espingardas de fabricação caseira e quase 100 quilos de panfletos e ··cantos para a Romaria da Terra,. foram enconnados cm poder de um individuo quc prctendia entrcgá-los aos au todcnominados Sem-terra do sul de li.fato Grosso. conforme re1elou o ponador à Polícia Federal Segundo o Superintendente Regional da Polida Federal. delegado Roberto Al ves, o caso pode representar o inicio de uma ampla inl"cStigação sobre a venda clandestina de armas aosinvasores{"O Globo", 8-8-86). E ainda há quem acredite que os Semterra sejam sempre pacíficos lanadorcs que in,·adem as propriedades só para subsistir ...
Ministro Dante, da CPT ao Ministério ... Em declarações à impren~a. o .\linistro da Reforma e Desen,olvimcnto Agrário, Dante de Oli,eira, teceu elogios ao dero "progressista··: "A Igreja i uma aliada no~a (do governo). Nôs lemos pomos ,x,muns. ( ... ) Eu entendo que as Comissões Pas/Orai5 da Terra(. .. ) se envofrrm mais com a que.;rilo do /faba/hador. inclusive cmocionalmcnte. ··Eu fll!"SIIIDjá fui agcmcd11 CPT(CD· missãoPas10raldaTcrra)de/\1a10Grosso. em 1976(... ). trabalhando quase dois
Como se 1·ê, o ex-membro do MR -8. muitoantesdeascenderao/1.linistérioque hojeocupa,tambémfez scu•·aprcndizado" em organismos eclesiásticos. Já seu antecessor.o ex-ministro Nelson Ribeiro, cranotoriamentevincu!adoà "esquerda católica''.
A ameaça do Bispo - Frei Boff ensina como "atrava ncar cidades" O Bispo da Região Leste paulista. D. Angélico Sándalo Bernardino. formulou
a seguinte ameaça: ··Scalgrejaquiscssc. esse pais seria inrndido numa questão dc dias. Somos rcspons;frcis pelo movimen to popular mais 1•igoroso dos rempos ("Veja .. , 9-7-86). Frei Leonardo Boff - muito versado nessamatêria - resolvcuc~plkar.scgundu parece, como seria a execução de tal p!ano.Aocelebrarrnissa,nacatcdralde No"o Hamburgo (RS). para os invasores da fazenda Annoni que panidpavam da "Romaria pela Terra Conquistada". Frei Boff mostrou qual o uso que a esquerda católka,em fazendodarcligiãoparaseus objcti\Os: '·o imporwnrc dc.~ra Romaria é que as rei~indil:m;ões sào feitas a p:1rrir da fé ;J/UDÍS ..
crisrA e d;;i religio5idadc popular(. .. ). A porra de entrada é cons1iruid;;i pelo discur50 religioso( ... ). que é a/ramcmc mobilizador. Cria uma misrica de resistên cia e de esperança(. .. ). Nodiacmqueos milhões de '5cn1-1crra' se mobilizarem rc/Jgio.samcmc pela reforma agrária, e5ta serd in1t•ndn·/"" A mcncionad11 romari.1 podcr.i, c>lt/ào, ..dc;cncad<'ar um procc.\50 cm todo o Pafç. As cidadi>s podcriio esrar atnna n-
cadas de romarias·· r·Scnhor'". São Paulo, 24-6-86. negrito nosso). Te!;"nicae1identedeguerrapsicológica re1olucionária. o "a1ra,ancamento .. das cidades - pleiteado por Frei Boff constituiriaqu'çáumprimeiropassorumo à convulsão social nos grandes centros urbanos. Se somarmos a isso o caos da~ imasões no campo, qu~ mab falta como preparação para incendiar o Pais? ~
a;;rsi;t::,~::~~: ":i/:f::i:1:ê;,~~; "J; J , = ~ '· , ,,1,,,;,,açjo,dc,po;o,ou,b"lh,domra/"("O Norte", João Pessoa. 14-8-86).
•
'. íJ
TFPs em ação Blasfêmia ocasiona protestos ZARAGOL.A, Espanh.a "Acolhida com i11diferc1Jça
o,~•••TFP.José
geral, dcrfrada da 1ncrcdu/id11dccdo mis1eriosc,
Alberto Palmeira
dcbilir11mcnrod11 fé, exibe-se N1l Zlr,goza 11peç11 de/carro b/a5(cma 'Loivirtuosos.ffi" Fomamcblcau'. TFPCo,·adonga alça R'U protesto, quc~jafazcrchcsarcomo um bradodcinronformidadcc
Ribair0,e1JIO$para
uma assistência de 400 pessoas, em CasimifodeAbr~,a
rcparaçloatéospésda Virgem
ÍIIIIII
Maria. Transeumcunc--tcao
J
meno5imeriormcmcacstcaro deinronformidadccomraa blasf~mia e a indiferença .. Uma enorme fai~a com c½CS
diures foi cs1cndida pela TFPCo~adonaa na Praça do Pilar, nes1acidadc. Nc$5o8 peça, encenada pelo
1rupoca1alão "Els Joglars", a «'T1aahurasurgcr1opalco
umafiaurarcpresc,mando Nossa&nhoradoPilarcom manto n•rmdtm, coroa douradacresplt11dor tocandopandcirocdançando. O Ar~bispo de Zarngoza, D. Elias Yanes, tnc também oportunaimcrvcnçào,dandoa públiconotadeccn.mraconcrn o "asravoà llirgcm doPi/arc J maioria doshabitamcsda
cidade". Os promotoro,;da peça, por sua \·ei, dc<:lararam-sc surpresos com os protestos, alcgandoQucjia estio apresentando hi um ano na Espanha,scmQuaisqucr reações. Com tal alegação, eles indiretamente confirmam a -cracidadedosdizcrcsdafaixa dcTM'-Covadonga
Oprimidos da Rússia são lembrados SAINT LOUIS, Estados Unidos - Por ocasião do cruzeiro nuvial atra,·és do rio Mis.sissipi,rcalizadoabordo do barco "Och.i Qu~n··, com aparticipaçãodcl27norteamericanose46soviéticos,a Soc:icdadcAmericana de Defesa da Tradição. Familia e Propricdadcmanifcstouscu protesto pela iniciativa. Quandoacmbarcaçào chegou a St. Louis - pomo finaldo"auzcirodapu'", comofoicbamado-ccrcade 500pcssoascncontrll\·am-sc sob o G111e,.11yArch(Arcode Gatcway). Nesse local a TFP
1B
norte-americana estendeu uma enorme faixa salientando o absurdodaquclc<ho11de con,cratncia, lembrando que 256milhõcsdchabitanccsda Rússia "'•frem sob1irania. 111eismo. mis/ria c KGIJ'"
Esta manifcst.içào, como a deou1rospopularcsprcscntcs, foidocumen!adapor fotógrafosccin<"grafistas soviéticos. Scgundonoticiouo'"St. Louis Post Dispatch", um drn agcnccsrussosrealiwuuma ccrimõniasimbólica misturando água do rio Volga com lamardiradado Mis.sissipi,c,·ocando amiuckeapaz".
Llvrefo de Fãtlma em nova edição SÃO PAULO - O lino "Asapariçõcseamcn:.agem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia", deautoriadocngcnheiro AntonioAuiusto Borelli Machado,,emscndo amplamcntcdivulsadoemtodo oBrasilporsóciosc cooperadores da TfP. E para a1.-nderocons1antcin1eresse do público, a Editora Vera Cruz acaba de lancar a sua 21~ cdição,quecotalízaassim455 mil<"xemplares. Estampado inicia!mcnteem forma de arciso, nas páginas de ··Catolicismo", o cn:.aio de Amonio Au&usto Borel!i Machado foi ampliado e cdi1adocm formato de linodc bolso, com sucash·as edições a parcirdcl973.Com9-l p:lginu,oliHctorcúnc
informações pro,·cnicntesdos principaisesmdiososquc l'SCrc,·.-ram sobreasapariçÕC!i da Samís.sima Virgem ao~ trts pastorinhrn, contendo tamb<'m, como prefácio. uma sub.tandor.a,·isiodcconjumo dousuntoF:ltima,escritapdo Prof. Plínio Corrh de Oliveira. Os interessados em adquiri lo poderão escrever à Editora Vera Cruz (Rua Dr. Martinico Prado246.01224-Sào Paulo,SP-preçodoli.-rcto: Cd20,00)
Agricultores rejeitam Reforma Agrãria CASIMIRO DE ABREU (RJ)- l'orocasiãododiada
Pátria, a Comi11àodc
luotlamentaçio httrin,ri1 da ll(nicão usumida pela entidade coo1ra I Reforma Agrilna.
1
Produtores e Trabalhadores Rurais pró-Concórdia Social. reccmcmemeconstituida, promo,·.-u no Pa,·ilhãode E~porcn desta cidade uma programação especial para fazend.-irosecrabalhadorc-s rurais. Rcakecspccialfoidadoà rccepçàodaimagemda Padroeira do Brasil. Nossa Senhora Apare.:ida. Além de cânticos e rápidas rcpresemacõcs1eatrais,constou doprogramaumapak,tra profcridapeloSr.Jo,éAl~rto Palmeira Ribeiro, sócio da TFP, QUCCtpõs aos 400 parii,,pantes do nicomro a fundamentação doutrinária da po'liçioassumidape-la.-ntidade conua a Reforma Agrária Solidari1.ando-sc com a TFP. falaram tambémosSrs. Uil,·o Peres. em nome dos produtores rurais, e Cel.o Silva,reprcsentHn<.loos trabalhadorcsagricola,
Dificuldade de expressão JOÃO PESSOA~ Luii Henrique, jovem estudante de Comunicação da Universidade da Paraíba, não se sentiu em condições de redigir uma cana ou um artigo para manifcstar seu dcsacordo oom a campanha desenvolvida pcla TFP contra a Reforma Agrária. Porisso,munidodebrochaetinta-prerndirigiu-seàs depend~ncias de uma coordenadoria do estabelecimen10. pichando as parcd.-s divisórias com frasc-s ''Abaixo a TFP" e também contra uma entidade ruralista. O gesto causou perple;,i:idadeedesagradoen1re professores e c-studames, repercutindo também em órgãos de imprensa locais. O
CATOLICISMO
Outubro de 1986
TFP pulveriza calúnias da ''mafia 11 O DITO DO IMP JO Vohaire ··Memi. menti , que sempre alguma coisa fkará " parccc on cntarosaarord ormistas d~t ratorc, da T FP. Com efeito. embora a cmidadcsc,cmpcnhccm refutarcomclar(tacprcci>ão uacusaçôe'squc,atra,tsdos ór11ãos de comunicaçâowcial. comra ela são a5$atadas. esias, pors ua repc licào,l'âosc torn ando um vel ho realej o . E
paraat usadoresquc,porfalta dcpro,·ascdearaumcn10s, nàofa1.c,mou1racoisascnão rcpetirsurradascalUniasjá 1amas, eze'>rcpe!id as.nãohá outro mcioscnâorcpcti r os
mc,mo1dcsmcnt idos Assi m, a tit ulo de c.~cmplo , col0<:amosaoalcancc do leito r mais doisdcsmcmidos da TFI' àscaliinias diíundidas por uma como que "mafia" agro-refo rmista. Opri 'Il<'irodclcsfoi publ icado l)('lO .emanári o
" EdicâodoB rasil "(Belo Horironte), dt !8 a 2-1 de ago>to. Responde a dcclaraçõt; dopresidemedafederaçàodos Trabalhadores na Agri<;uhura no Es1adodc Minas Gerai; (FETAE~lG), Sr. Jo~ quim Fe rreira A1'·cs. feitas a propósi to da aw açào da TFP em Montes Claros (MG ). Diz a nota da TFP : ".d.-,·emosl'Selarecer que não .-.~iste qualquer ligação emre TFP e UD R. Enquanto a UD R demonstra primo rdia lmente cará ter profissiona l e têcn ico. a TFP é decaráccrsobrecudo douirimi.rio(idcológiro dir-se-ia nosemido,:Qrremeeumtanto abush·odo1ermo1. i\ las as circumtãnciu de,·isarem , ta l, eL, o mes mo fi m,.que é rn abcl e<:er ba rreirns à Reforma A&rári a. nào emejou até agora qualqucrliJ!açàoentreambas ascntidadõ. "A!êm disso. a Tf P confirmaarealizaçãodcvárias palest ra s sobre o caráter socia lisia rconfisca 1ório da Reforma Agrária, para fazcn deirosetrabalha<lore;, rurai!ina regiàode Montci. Claro!i, oomoaliás em ,árias ouuu regiôe$ do Pais. inteiramente demroda ki e com,ista sà harmonia social. " Os exposito res da TFP li mit am -se aesplica r o teor dosdocumemos(parcccrc,; dos profs. Si l,io Rodrigues e Ortando Gomes)a fazcndciros inter=dosemconhecê-los bem . não os aconselhando nem desaco nsd hando, po rém. a ,e armarem ou a orga nizarem corpos de gua rda"
CATOLICI S'-1 0 - Outubro de 1986
Na " Folha de l ondrina", de J-i-8-86. a mal.iria da TFP re:Spondc àsacu$11çôes feitas na tribu na da Assembl,!ia leg isl ativa. pe lo depu tado estad ual Márcio Almeida. d o PCB. repetindo as mesmas in,erdadõcomidasnamaléria do Sr. Joaquim FerreiraAhes. Ao deputado do l'CB a TFP responde : " Não causa cspan10 que o referidodeputadocom\l nist a sc ,·olte comra a TF P com acusaçÕC'ií nt eiramenlc infundadas,jáquc,porccno. ele nâooonseguiu enl'Ontrar nadaderon,is1en1epara basearsuasimccti,as. ·· Acusar de ilegal ede fomentar a violência. a difusão dosparccere, de doi>gran de> jurisconsultoibra,Ueiros( .. .) é ,erdadciramente brincar com as pala, ras. Com efeito. esses doisemincntõjuris1asapenas indicam. com base em dois an igo1 <l o cód igo civil, de que modo podemo!iproprictár ios reagi r comra umaatilo ctaramcnteilegal,que,!a in,·asàoeoesbulllodesuas !Crta.s
" ,\lern'<:'a!ençlooempenho com que um deputado co mun ista pr ocura tolher a atão- intci rame ntelegal e pacifica- de<en,ol"idapcla TFP. numa época de abenura política.em queonormalio debaiedemocr:hico. Se ames deasccnderemaopoder - que a Provid ência prcser,·eo Brasil des1adcsgra ça -os,·er mclho i te mam.desse modo. suprimi r as liberdades de seus ad,ersárioseabafarqualquer ,ozdiKOrdameda sua, pode seimaginaroquefariamc~ subjugassem nossa Pátri a"
SEU AMIGO MERECE VM
PRESENTE ESPECIAL Dê a um amigo a oportunidade de pertencer à selecionada família de brasileiros bem in for mados: os assinantes de "CATOLICISMO". Ele se empenha em comentar fatos e problemas da atualidade à luz dos princípios imutáveis da Santa Igreja Católica, bem como fornecer a seus leito res notícias pouco veiculadas por grandes jornais, pela televisão e pelo rádio. Ê muito fácil possibil itar a esse amigo sua partici pação na me ncionada fa mília: basta recortar ou xerografar o cupom abaixo, preenchê-lo e enviá-lo à Empresa Padre Belchior de Pontes Ltda. E caso V.Sa. tenha se inteirado s6 agora da existtl ncia desta revista, não perca esta ocasiã'o: aproveite o mesmo cupom para garantir sua
assi natu ra por um ano. Aind a na "Folha de londrina". foram publicadas no,as acusações à TF P lancadaspelodeputado esmdual :\-lárcioAlmcida.do PCB. Emreclas a de que esta ent idade defe nde de forma "raivo sa" o latifúndiu,e de que te m "preconceitos anticomunistas· · "Aponte o acusador uma!,() passagem de qualquer das numerosa;ohra.1cditadaspela entidade em que até mesmo 1ran<pareçaa prctc nsa' forma rai"osa· de defen der algu ma> desua,posições",rcplicaa TFP. emoomunicado publicadonome,mo jornalem 9dcsetembrouhimo. Quantoàque,tilodos prcconccnosanticomu111,tas, a TFP pergun ta : "Será que o depu1ado jll lgaser pre,o ncei10 todaadoutrinarontráriaao comuni,mo?" E conclui o comunicado: "Nc;,te Ultimo caso.poder-se-iadiierque nosso acu,adore;ui imbuído de um preooncei10 mar.xi,ta em rcla,;ão aos am icomuni , ta, .. ' '
Ã
Empraa P»dte Btkllior de Ponln l ld.&. Riu. Martim Francitco, 66 5 01226 - Slo Paulo. SP Estou oferece ndo uma ª"inatura anual de ··ÇATOUCISMO" a (Em ietr• de fo rma,
f>Of
fl vo r/
CEP _ __ : : ~o-m,--~ ~~~~~~~~~~~--=-' ' "_''_ -_ -_-_ : End. _ _ _ __ _ _ __ _ _ _ ; Pin u.nto,tslo u cnYilndo: '. Oo,,,que ~inal e eru,ado {em anexo) em favor da Empre51 . Pl.drc Bdch10rde P<on1esl1da. : O v ate Poltal (em anuo) em faYOf da mesma Empresa : 0 0rdem de hpmento em favor da mesma Empresa, envia da · puao B,nco Bradu co, agência n.º093 ,Santa Ctdlia. da cidadcdeSio Paulo : na,esuintocattg01ll fva[o r:
: 0Gruoio Benfeitor (CzS600) '. . Ü Coopon.dor(CzS-~5~)· - ---
0Benfeilor(CzS400) -
~ -~mum (Cz~. '.~~
••
J 19
NA
VELHA EUROPA, como em nenhum outro continente, a civilização cristã frulificou em obras magníficas. Dentre elas, as catedrais e os castelos são manifestações das mais eloqüentes da ação civilizadora da Igreja. Os europeus, especialmente a partir da Idade Média, sábia e suavemente conduzidos pela ação santificadora e plasmadorada Igreja. incrustaram em seu 1erri1ório privilegiado. fortificações, castelos. catedrais e palácios. simbolos de sua elevada cultura. Na França. Alemanha, em nosso Portugal, além de outros países. vêem-se esplêndidos castelos. ora sobre um rio. ora à beira de um lago que os protege e os reflete. às vezes num pico abrupto, ou então à orla de uma cidade ou mesmo ocupando o centro desta. No campo. os castelos levavam o esplendor da nobreza ao po,·o simples, que deles logo fazia o centro da vida religiosa e social. Na cidade. eram as catedrais românicas e góticas que geralmente consticuiam o núcleo da vida urbana. Poder-se-ia dizer que o ·corpo social naquela época levou das ca1cdraisparaoscastelossuavidade piedade, e dos castelos para as ca1cdrais ge nerosos óbulos que muito contribuíram para a construção destas. E também da vida castelã provieram algumas expressões singelas do quotidiano laborioso. que
ficou imortalizado em incontáveis vit rais Assim. no interior dos templos e dascidadelasdesfrutava-sedeum tranqüilo e elevado ambicnce. onde se harmonizavam as classes sociais, unidas pela prestação de mútuos ofícios e favores, num clima de rts\X'iwe admiração. Quantas vezes. ao se entrar tm ca1edrais. admira-se o nobrt esplendor que lhe5 foi conferido por reis e imperadores. Outras vezes. pcrcorrendotorreõcsealasde castelos. sente-se que de suas pedras como que se evola a sacralidade proveniente da Igreja, a qual impregnou profundamente os ambientes e costumes de então.
ttt O castelo de Neuschwanstein. na Baviera, embora idealizado no século XIX pelo Rei Luís li. é uma reprodução moderna. bem sucedida, dos encantadores castelos medie,•ais. Obraarquicetônicaqueevoca possancemente aquela antiga sacralidade! Desde a travessia da norestaqueocerça - silenciosa, fcitadccalmapcnumbra, entrecortada pelos raios douradps do sol. como se vê na fo!O, cm seu ocaso - o visitamc1em a sensação de percorreras naves de uma imensa cacedraL A esparsa névoa. recémformada no cimo dos negros
pinheiros, colore-se por efeito da mesmaluzdiáfana. E entre os pinhei ros, cm meio à névoa e aos feixes luminosos, começa-se a discernir o castelo deslumbrante, como se uma fada modelasse a neblina e os raios de luz, num sonho maravilhoso.
ttt Por1en1oso. esguio, ele mesmo banhado naquela névoa dourada como tào bem t1•idencia a foro solicãrio como um eremita contemplativo, forte como um guerreiro combativo, idealizado para grandes ekvaçõesdoespirito, Neuschwanstein desafia os penhascos . os vemos e as neves. À sua vista detém-se o espírito como ante um edifício de sonhos. Tão altas torres serviriam tanto para vigiar os inimigos. quanto para aproximarmonos de Deus.
ttt Lentamente cai a noice. A feeria de Neusch wansccin se esvanece. É preciso abandonar a visão do cascelo . E especialmente quando o espírito volta ao quot idiano, é que na imaginação se forma aquela síntese magnificaentre oesplendorda nacu reza e a obra arquitetônica feita pelo homem. Encão, junto com as torres de Ne'uschwanstein, sentimonos transportados a meio caminho entre o Co:"U e a Terra!
Apresentação "No BRASIL: A REFORMA AGRÁRIA /e,•a a
miséria ao campo e a cidade -
TFP informa,
analisa, alerta" é a obra que a Edilora Vera Cruz
acaba de lançar. Se11 amor, o insigne pensador católico rradicionalista Plinio Corria de Ofi1·eiro, em todos os
momenros-cha1•e em que o agro-reformismo representou perigo para o Brasil, deu 11111 brado
saiu.ar, alertando a opinido piiblica contra a ameaça de socialização de '10$SO campo. Comprttnde-se, pois, que hoje, quando se começo a aplicar efe1framen1e a Reforma Agrária sociafista e co,ifiscatória em nossa Plilria, mais uma l'e;: reboe a
Além disso, denuncia os táticas ogro-reformisws (como por exemplo, a articulação dos im•asóes de /erras) e as distorções pubficilárias da realidade agrária do Pa(s efetuadas pela propaganda esquerdisra, além de expor com penetração os diversos matizes de a!itude dos proprietários rurais ante o Reformo Agrária, ressoltando o que há de perigoso na posição de um moderontismo agrore/ormiSia, assumida por algu11s deles. Figuro como apêndice da obra um comunicado do Serviço de lmpft'nsa da TFP. publicado 11a imprensa diária, que dá uma visão sintética do livro do Master o/ Science em Ero11omia Agrária e sócio da TFP. Sr. Carlos Pa1ricio dei Campo, "Is Bra:.il slidi11g toword lhe extreme left? Notes on the Lond Re/orm Program in South America's lorgest a11d Mos/ Populous Coun1ry " (O Brasil res1·olando paro o extremo esquerda? Notas sobre a Reforma Agrária na maior potência territorial e demográfico da América do Sul). Essa monografia - que 1•em alcançando significatil'o repercussão - foi lançada pela TFP norte-americano em lláshingron, no Capitol Hill (a Colina do Capitólio), no sede do Free Congress Fou11do1ion, inj1uen1e organizaçdo do no1·a direito omerico110, no dia 6 de outubro último. "Cawlicismo" tem o satisfação de apresen1ar a seus feitores nes1a edição o con1eúdo in1egrol da obro do Prof Plinio Corrêa de Oliveira. Forom inseridas cinco páginas iniciais, nas quais figura uma visdo global do campanha de esclorecimen10 da opiniiio pública brasileira empreendido pelo TFP a partir de agosto do ano passado. a respeiro da Reforma Agrária sociafis1a e confiscotdria, em curso no Pafs. Nessas páginas preliminares, ademais,_/oi inserido o comunicado do Serl'iço de Imprensa da TFP a propósi10 da agitaçiio esquerdista promovida comra a emidode, por ocasião da campanha que ela empreendeu em Belo Hori::;on1e, nos dias 27 e 28 de ouwbro último.
mesma vo; potenre que prew•niu os brasileiros contra a Reforma Agrdrig janguista; o Esraw10 da Térra,
logo no inicio do regime militar; o documento "Igreja e problemas da terra•: emitido pela CNBB em 1980;
e, finalmente, a Proposta de I Plano Nocional de Reforma Agrôrio da Nova República, lançado pelo go1·erno a1uol, em maio do ano passado. Na presente obro - que se afiguro uma clarinada supremo visando preco1•er os brasileiros quanto à implonração do soâalismo agrário já em curso - o Presidente do Conselho Nacional do TFP historio o atuação desta entidade, durante um quarto de século, em prol da propriedade rural.
A direçiio de "Catolicismo" externa aqui seus agradecimentos à Editoro Vera Cruz. que concedeu licença paro reprodu:Jr integralmente seu recente lançamento, bem como us ilus1rações que figuram na presente edição. lguolmen/e nos autorizou a Editoro o apro1•eitar o cupa e a quarto copa de "No Brasil· u Reformo Agrário le1·0 o miséria ao campo e à cidade - TFP informa, analiso, alerta''.
A voz da T FP faz cair a máscara liberal do comunismo 1. A TFP em camp a nha Nami3fl~do1R27 deootubrop.p.,os
Encerr~daagrandte,·i1oriosacampanhapaciíicamemedescm'Ohidana.cidadedeS10Paulo,pelaTFP,paradifu.ãodamaisrmnteobradoProf. Plinio Corréa de Oli,-eira, No Brasil: 1 Rtíorma Agririalr-111mistrl11oampoeicidade,oscoopcradorcs da entidade rumaram mi dilmas direções
estandanesrubrosda
TFPeafaiuqut denuncieYaoPfflllllda triplice Reforma~ 1 Agrária,aUrbanaea Empruaria!dominavam o obelisco. na Praça Sete de Setembro. atraindo vivamente a atenção
dotmitórionacional,comoobjeiil'OdedarprosscguimenmasuapatrióticaatMdade. 1. A c ampanha em Belo
Horizo nte: 01 fa t os
OOpiiblH:o.
Parcedeln.chegadaa BeloHorizomee incorporadaaossócios.coopcradoresecorrespondentes
locais da ~ão mineira da TFP, oraanizaram no dia27deou1ubrop.p.am1!05apropagandanaPnça7deSctcmbroenaA,·enidaAfonwPtna,!osradourosctmraisdaquelapujamecapital. 2. Agrassio com unista Ás\2:30horas.isioé,cmadeduashorasdt· poi$dc:claserdcscn1'0lvida11anquilamen1eporno-
,-enúcltosdispos105aolongodaqudeslogradouros, magotesdeo:1remacsquerda-nosquaismsobrc1udodeserqisu1raparticipaç!oeferl"tsCt11te de ,;omunisw notórios - começaram a p!'Ol'OOIT os elementos da TFP por mrio de slopns, injlirias
º'
OprottUOtititofbtmconltttido:aa!ttreaçlo a111.iriacuri0505.forma1-se-iam1ruposdepopulamquepartidpariamdol"ozerioemsentidofa1-o. ráxtlourontrárioaumououtrolado.Noaugeda cfcn"MllCia,algunsagiudorcsagrcdiriam-omais diM:rctamcme posshtl - elementos da TFP. Dai rc• sultariam berrciroeconfusão. 3 . An 61ise d a ag ressão: Jogada publicitãria
Estariaasslmmon1adaajogadapobllcltárlado PC:1eosdaTFPscdc:fendcsscm1itoriosamentepela força. os mw m!'dia - rreqüuiemenle inril1r11dos
dc elcmcnlos pMkomunlsl:IS, e predispostos mim aatti1arcomo•crdadeir11 1 •ersiotomunist1 dos fatos - drnu11darilm i oplniio públict os da TFP tomo ljitldores. tglfflOffS. ~nan-f1sclstait. squndo o psto rtfrio cbs csquml11 ctc. ctt. Se.i,eloto•tririo.osde111tntosd1TF"P1tdis-~pane,i11rlu11tiolnron·rtllim1tpar11tlcs clopoa1odc•·is11pabtiritirio,11-miopró· rom1nhble,.!11osjonrais1pmtntaril 1 TFP romoi11ÓC111rridicul1ora1ninç:iodcmolóidcs.anio ser 1omada I SfflO tomo barTti11 defensora contra o comunismo, Comi11o luc11ri10Pfflprlocomunlsmo.Pois st benefkiariam cornntes tondlla1órias. de um antiCATOLICISMO - Nov./Dezembro 1986
Ourante a manhã do dia27dtoutrbro passada,1ntesque1 violfnciacomunistase cntantaue contra a =:~tasdaTFPf vt!nderam a obra na 'I:• pl"incipiil artêfia de
BeloHorizon\f,a aYenidaAfaosoPena.
Agitadoresnquerdistas invtsttmcon1r,o COOl)tr1dord1TFP (commegafonen1 miol • ameaçam lllfedi·lo. comuni!mopouroconsistente..Esc prtjudic-1ri11 mais txptritn1t. pmpicaz e n tmcu111d1 organiu• çio 1n1iromunista - aliái; compro,-ad11mente paci• fica-quehánoBrasil. Bementendido,e.taematégiadosagrcssorcs1upunha.emBeloHorizonte.ainrn:iao'ilen$i,-a-ou
quasetanto-daPolicia,qucscabs1criadcrom~pmscpmroscomcndores,di'ilribuindouns eoutrosemlocaisdifmntes,nosqll.lll=sccada
COflffltea!ibmladelkpala•raasseguradapebl.ti. Osromuniswee,qucrdi!!a5conginernPffl(iam ronw firmememe rom ma abstenção. E n.t.o foram fru~rados. Att o fim - com exceção de inóctWe e.porádicas intcnfflÇÕC:\ - a Policia nada fez queassegurasscdcmodopcrrnanenteeamplo,aliberdadedepalavradaTFP.
ondcosa,gitadorcsjáthffltrllpassado. Táticahibil,quedeuosrcsultadosesperados. CooperadorcsdaTFPpoucoconhcctdoresdacidadcpenetraramnaPraça71kSttcmbro,dcnsamcn1esuperlotadadetranscurncs.,aqualporistotorna,-adiíícilosimuhâneoeágilescoamentodasrnuitasdezenasdecooperadorcsdaTFPquede-,iamrurnar,acocon1inuo,paraolocaldesuarcaglutinaÇiO,Assim.naprópriapraça,foramcirrundadospeJosagitadorcs.CorneçarammtioestcsasagrtSSÕCS.
àsquais.conformedi~rilesformais.oscoopcradoresdaTFPnàomidaram.Nestadificilconjuntura.osdaTFPseesqui\-aramhabilmcmc.e-.iiando de se apor 1k modo imbecil a brutalidades impmisi,-cis..
li. Tática da TFP face à Jogada comunista
Ili. Na imprensa, ecos favoráveis à jogada comunista - A TFP retifica versões distorcidas
Pre>-endoes.saab!lmr;ão,oscooperadoitsdaTFP adowam a titica 1k sc diswh= logo que oomeÇISSf l agitação, c sc rcron'ilituircm nos locais por
No dia seguinte. quase toda a imprrn~ belohoriLontina,emlargosnoticitrios,publicou1'fflÕCS ccndmciosasdosfa1os, emulando em ridkularizar
osda TFP. No mesmo dia, apareciaems,ecçãoLiHt no··EsiadodeMinas",omaiordiáriodacapitalmineira,1erenocsub!lanciosocomunicadodacmida de,re1ta~leçendodaramenteaverdadcdosfa1os. A1sinou-00Dr.An1onioRodriguesFerrcira,presi
dentcdasccçàolocalda TFP.
1. Fruto da tática da TFP : o comunismo deixa cair a máscara da não violênci a OcomuDicadoitSSa!ta,-aqucocomuni!ólllobra-
silciro dci.ura cair in.abilmcntc a má~ra de organiraç.io pacifica e amante das libcrdades públicas. que usara com espantoso desembaraço durante a Abenura,romofitodeobtcrsuareintegraçãona legalidade. Hca11paltD1tq11t.comonos ttm)IOsdelininno longínquo ano dt 1917 - tamWm no Bruil, t m 1986,1,iolfflrilfupa11ed1ts:SEnriadopensamcn10 e doslllt1odos«1munist1s. P111silmciar11odons101nl'.ocomunismo rrs.ohntpagar,ffl•s11do. umal1o prtfDJIOlíliro-
propagandistico:t dân11cair1odiio1 prmO!l
CAlULICISMO. Nov./Dezembro 1986
mísc:m1qu c portantos anos, tcom11n1 as 11n1a&tn1táticls, loumaMm afütlad110ros10.
Al'i!Oaose-i:ltsiàstico\aospoliticos,aosmili1ar~aosjornalis1as.aosescritoresquequciram1er a •·m!adc inteira. 2. A população de Belo Horizonte di boa acolhida à TFP
Na1«Ça-íeira,dia28deou1ubro,oselememos da TFP se dispu~ d~amcntc nas mais imponanttsanériasdequinzebairrosdagrandccida· o;lc mineira. E atuaram tambml, dt1idammte. na cidade opmria satélite de Conllgem. lnad1fflidammte.osromunisiasoomt1eramoerrodequasen.t.oa1uarncsscdia.Eportod.ipane - n01adamcntc cm Contagem - o contato direto daTFPcomapopulaçãoscíczdcsanuriado,pad· ficoccordial.comocstâ001.oriammtcnaindolcdo di~oepan1opo-.t1mineiro. Oquedtp(M'e:,:pm1i1-amcn1c a fa1'0r da afirmaçto de que a baderna daPraça7dcScrcmbro.dodiaamcrior,sóeraobra dcpunhadinhosdcdesordciroscomunis1as.Oque n01·ocomunicadoda~çãominciradaTFP,igualmcmcminado peloDr.AntonioRodrigucsN'rrcira, comcntO\l com denodada clareza em informe publici1ário do "Es1ado de Minas" do dia 29. 3. Oa comunistas tem.::im a palavra da TFP
Esse cair de máscara do comuniunoem Belo Horizonte tem um intercsscdcaltaa1ualidad~. não só
Nodia20deootobro lillimo, mais de 1200 sócios,cocperadorts, contspondtntes e
sinpatiantndaTFP iniciafõt1!119flnda
c.nl)IMledevendtdt mais recente obrado Prol.PlinioCOl"riade
Olivtira, em todo o cefltrt1deSioPaulct. Nalota,sóciosa cooperadorts difundem
ohru~c.ibectu'ado viad111odoCll,6,
esquina com a rua Xavier de Toledo.
porquedei:<a1"troahocrorda"iolênciaimrinscca à ideologiacao1métodosdos"mnclhos,comoaindaporqucdáo,:;.uiiodemcdir qu:m10osrnmunism lcmem o =~icio da li~nlade que I Lei rMOnllttt i TfP.100,j A1 •om nqu,n:listas se alaram tobrc os tpisó· diosd1Pr1Ç17dtStttmbroed1A>"tnid1 Alonso Prm na impressa btlo-bol'Uoolina, já a pari ir do dia 29 dt 011tubro. O episódio lhn dn1gradi,, t\plira,clmcn1c. 4. Também no interior de Minas e São Paulo, provocações comunistas Masomedoromunistaromin11011aocncalçodas
1-alorosa.1cam-anasdaTFPcmcidad~doimcrior aqoescdirigiram,eernpregoucomrael.asmétodos lllilogosaosusadoscrnBcloHorizome(comasnecess.iriasadaptaçôesameiosur~mmos1'l!los). Auim, m. fflhdc de ll)ltinga, ondt puderam descobri r a pi\H dt uma das c:111,1mas. os comunis111 111ilizar1m proniaçóe$ anílogas. E o mn mo lizt·
ram,nodi1J(ldcoutuhro,comum1car.1,1naqut a1ua11em Ribtir:lo Preto. Oobjctirndnsasno,-aspr01·ooiçôespa1ttttransparcnte:obltrquco1propagandis111daTFP St lmpacitntasscm cpa.ssasscmiagressio:outntioquc Stfllasscm.
Agrcslãoe-.-cmualmcntepratkadaporsóciosou cooperador~ da TFP daria - pelo menos nos malfwlos - fundamcnco para a 111speita dc q11c tam• bérnnodia27,ern&loHoriiont<'.elesreagiramrom
força.Oquefadlitaria,porpoucoqucíossc,a máscara pacifista do comunismo. f\olorontrário,StscabstÍl-nStdcagir,aTFP"en 1rqariaospontos"',E tibtrt1riaornmuni.smo,eo trfplittrcformismo(agnlrio.u rbanoccmprcsarial) - que o comunismo lanto bafeja - do 1oante da •riumtntllÇiottmdaqu,raractniza fSlamtidadc.
IV. Brado de alerta da TFP ao Brasil Desiludam-stoscomunistascscus"cornpanhcirosdc,·iagcmH:aTFP~ofanincrnomaroisancrn 011111. De mommro.1 TTP ~ 1m bndo de apelo 1 1od1s1sau1orld1dtsl)l11q utlhtdcfend1m 1li· btn:l1de.oqu,fcondiçioiBdisptllSÍ.•"Cll)lr1 que st mia q11t no Bnsil 1ind1 t possil"tl str anl icnmunisll. EcsperaconunuarasmiraPátriaeaci1ilizaçãocri1t.l,scgundoosmtiosordeirosep3Cificosde queclanãoabrirâmão. Emnumcrosasou1ra1cidadcs,1campanha,-aiSt dcstn,oh·endopacificamente, e sem pro,·ocaçOO. V. Prece a Nosse Senhora
Aparecida NossaSenhoraApare-i:ida,Pad rociradoBrasil, queiraprotcgcraTFPparaobcmdaci,·ilizai;.locris1!cm nos!OPais. SãoPaulo,3!dcou1ubrodcl986 Paulo Corria de Brito Filho Dirttordc lmprcnsada TFP
Visão global da "Campanha T ~ a n t a Cruz" "CATOUClS\10" 1em aprmntado, desde agosto do ano passado. nutrido notidário sobre a intcn-
saeampanhadcesclar«imentodaopiniãopúbhca bl1l5ileira,promO\·idapelaTFP.Taliniciati1-arepre1ema ~igoroso bradodealertacomraa Reforma Agrâriasocialistaeconfiscaiória,emcuTSOnoPail. Es.aa1uação recebeu o si1:nifica1h-0 nome de "Campanha. Terra de Santa Cruz". Cabe rm>rdar ter 1ido esta a primeira denominaçio que rtctbtu oossa Pátria. após o descobrimcmo.
Na!oto,propagandistas da TFP permanecem alinhados na Praça dos
Bandeirantes,centrode Goiãni;i,ap6sbrilhante vendada obrado Presidente da Conselho
National daTFP,no cia7dellCM!mlKO.
Foi laoçada nuiaete mk a obra "Rd<H'ma Agrâria sociali$11 c confisca16ria - A propritdade pri-
•-adaeaJi,·1?inicia1i•'tno1ulloagro-reíormista", deau1oriadoProf.PlimoCordadcQli,-e111,PTf-
~identedoConselhoNacionaldaTFP,edo\las1er ofScienctcm EconomiaAgrâriaesóciodaTFP. Carlos Patrício dtl Campo. Foram Itndidos 16 mil cu:mplmsdaobra.1C'lldono~reo.is11pub!icado os acenos principais dela (edição de juthoagOS1o/85,nos.fü-4!6).A1iragcm1011ldorcfcrido número duplo da publicacão foi de 36 mil e:<emplarcs. Pareceras jurídicos Apanirdejancirodoprcstnccano.aTFPsecmPffihounadifullodospareccrcsdedoisemincntcs jurisconsultos,osprofcssorcsSil\'ÍoRodrigucs,da FaculdadcdcDirtitodaUniversidadcdcSãoPau. lo,eOrlandoGomes,dafaculdadeFedcral da Bahia. Tai1parcccrcs,conformcinformamoscmnossaediçãodcft-.·erciroúl1imo(no. 4U).propugnam a1e5edeQucoCódigoCivilbra1ilcirofacullaaos proprietários rurais dcfrndcrem à mão armada mas fuC'lldasameaça!Wdcin,-utoporbandosdedc· wrdciros.Em1·i11udedaatuacãodacn1idade,os mencionados d(XUmmtos fOTam cscampado! por 8S publicações. cm 74 cidades de 21 Unidades da
-~·
Dcsdcabrilúltimo,1e-.tinicionc,,afas,edessacampaohaproll\O\idapdacnüdade:palcscrascmmiões para proprietáOOS rurais e l.a1ndorcs \Ísando csclarcd-loscspecialmcn1csobrcocari.1c-r.socialistacconfisca1óriodoEstaiuiodaTcrracdoa1ual Plano l\acional de Reforma Agriria, bem como a noci1idadedcumcdcou1roparaos1rabalh.adores rurais.AiéopttSCT11cjãsercaliuram204e:,:posiÇOOcrcuniõesdesstghtc-ro, ccndoa TFPtambem parcicipado. panicularmcn1cair11'ésdesiands,dc 1Sfcirasdcgado. CATOLICISMO · Nov./Dczembro 1986
Mais um "best-seller" A no"a obra deautoria doProf.PlinioCorrEadeOlh·eira,cujo texto imegraléap~ntadonaprestmeedição,foi lançadaemoutubropa1sado.Olivrohistoriaaluta empretndidapclaTFPcontraastentati,·a1deimplantaraReforma,\grárianoBrasil,desde!960,focalizandoigualmenteaspc-ctosdepalpilanteatualidadedaquestãoagro-reformista,comoaatuação daesquerdacatólica:o e1piri1odeconcessõe1que semanifestaemsetore1dadas1edosproprietários rurai1:aarticulaçàoda1invasõesdefazcndas: eo signifkati,l)desinteressedosempregadosdestasem relaçãoaos in,-asores. Campanha de iimbito nacional lniciadaavendadessaobranocentrodeSàoPau· lo,em20deoutubropassado,porl200sócios,coo· pcradore1,corrt1pondentesesimpatizantesdaenti· dade,essaúltimainiciati,·adaTFPexpandiu-se,du ranteumasemana,para36bairrosdacapitalpau· liltaemunicipiosvizinhos.Posteriormente,quatro cam-anasdesócio1ecooperadoresdaTFP,duran· tel7diasde campanha,,·enderam 16.281 exempla· resdaobra,percorrendo80cidadesde9Estadosbrasikiros,entrea1quaisfiguramimportantescapitai1 como Belo Horizonte, Curitiba, Cuiabâ e Goiânia. Foram também distribuído> gratuitamente mais de lOOmilfolhe101quecontinhamtema~doutrinários emdefesadapropriedadeprivadaecomraaRefor. maAgrária,artigosdoProf. PlinioCorrêadeOli· ,·eirapublicadosna impren1adiária,alémdepro· pagandadeobraseditadaspelaTFP. Nodial2deno,embro,realizou-segrande,-enda dapublicação,especialmenteem,·áriospontosda Av.FariaLimaeAv.Brasil,nacapitalpaulista.Em algumas horas de campanha, escoaram-,e 1.614 exemplaresdaobra.Encerrou-,eodiadecampanha comumaentusiáslica1es.ão,noauditóriodaentidade,durameaqual foi analisadoobrilhante rc1ultadodaamaçãodospropagandistasdaTFP. [)(,,de o inicio da "Campanha Terra de Santa CruI", foram,·isi1adas U23cidades,em20Esta· do1doPais,desdeSantarém,noP:irá,eTuriaçu,no Maranhão,atéBagé eUruguaiana,noR ioGrande doSul.ForampercorridosmaisdeSOO.(XXJ Kms,ou seja,maisdoqueadistânciada Terraàlua,que édeaproximadamente384.320Km
~AfOLICISMO
Em Cuiabã, cooperadoresdaTFP proclamam slogans e ostentam faixas nas proximidades da tiela catedral gótica da tidade,durantea campanha de sete horas e meia QUe lá empreenderam no dia 7 de novembro. mediante a qual alcançaram o significativo resultado de642obrasvendidas. A campanha de venda do livro do Presidente doConselhllNacional daTFPencerrou-seno dia 12 de novembro com um brilhante resultado: em algumas h!irasdeatuaçãoos propagandistas da entidade venderam 1.614 exemplares, em vários pontos da avenida Brasil e avenida Faria Lima, na capital paulista.
Siglas utilizadas nesta obra CEBSs-ComunidadesEclesiaisdeBase CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil ET - Estatuto da Terra INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária MlRAD - Ministério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário PNRA - Plano Nacional de Reforma Agrária da /\'m·a República RA-QC - Livro Reforma Agrária - Questão de Consciência 1 As notas de tod o o trabalho estão remetidas para o fim da obra. 1 Os destaques em negritonascitaçõessãodoautor desta obra
fulos
CATOLICISMO· Nov./ Dezembro 1986
Ângelo Randazzo
I,; Bnzil Slidinjl T O\l'lm l
the Extmne Lefl'! Nodecursode25anosdeembatesdoutrinârios contra a Reforma Agrária, a TFP lançasobreoassuntoquatroobrasderepercussãonacional. ri[ ª:i~:d;::~f~~~~J'u~;~eJ:~~t:~:: sados, e semprefundadusnoa moracend ra doàcivilizaçãocristi,nenhumaentidade nacional classista, político-partidária, ideológica ou de outra índole, o pode apresentar maior. Ele situa a TFP em um plano imp.1r na história desta pugna pró e contraapropriedadepri\'adanoséruloXXbrasileiro.
Introdução A esta altura da presente contM'ér-
:~:~:~=Í~~:O;a~~~ blico um quadro global de suas recen-
tcs realiz.ações em tal matéria, consideradas no contexto dos 25 anos de atuação da entidade contra o agro-socialismo confiscatório. Eisto tanto mais imperioso quanto ela encontra habitualmente grande dificuldade em obter dos m,us media a publicação de qualquer matéria que lhe digarespeilo,ouasuasatividades(excetuadas, bem entendido, as matérias
contrárias,paraasquaisfreqüentemente se abrem largos espaços publicit.i-
rios). Do que resulta ficar o público muito menos irúormado da atuação dela, do que das atividades, n.lo só de en-
tidades de merecida notoriedade, como até de corpúsculos urbanos de importância mínima Em conseqüência, só resta à TFP lançar mão de publicações como esta. O queelatemfeitocomêxitodurantedécadas, eesperafazertodasasvezesque as circunstâncias o indiquem como oportuno, e seus recursos lhe facultem possibilidades para taL
Os novos lances da TFP A exposição do que a TFP tem a ventura de haver rt'alizado- especialmente ao longo do atuai tufão agroreformista - em beneficio da estrutura agrária do País, e da preservação de um relacionamentocordialentreascategorias rurais harmonicamente desiguais, comportaria também a exposição do que ela ainda prt'lende fazer em tal matéria. Entretanto, como é óbvio, os melhores preceitos da estratégia recomendam umareservasistemáticaquantoaosplanos para o futuro. Assim, a entidade só descre\'e, na presenteexposiçâo,.doislancesdegrande alcance, que está começando a desenvolver. O primeiro consiste na divulgação da edição em inglês, feita pela TFP norteamericana - a Amerir.u1 Society for CATOLICISMO - NO\JDezembro 1986
tht Deftn~ of Tr.Jdition, hmily .tnd Property - do lfrro Is Br,,zil Sliding Tow.Jrd tht Extreme Ldt? Notes on the Lirnd Reform Program in Sauth Amerids L.trgest ;md Most Populous Country(O Brasil re5viJliJndo pard d atrem.J esquerdiJ? Not.Js sobrt a Reform.t Agrirfa n.t m.tior potênci;, terrilori;,J e dtmogrificiJ do1 Amêric.t do Sul), do Mi1Ster of Scienct em Economia
Agrária, Prof. Carlos Patrício dei Campo. Obra inteiramente à altura do nobre fim a que se propõe, que é a refutação, em nível internacional, de quantas inverdades cirrulam pelo mundo sobre a pretendida necessidade de realizar reformas de estrutura, como a Reforma Agrária, pararesolverproblemassócioeconômicos existentes. O estudo refuta também as descrições unilaterais e exageradas sobre as condições de vida dasclassessociaismenosafortunadas, e especialmente dos trabalhadores rurais em nosso Pais A específica utilidade da obra do sr. Carlos Patri<.:io dei Campo será exposta Jseguir.
Boatos difamatórios percorrem o Brasil e todo o Mundo Livre Com o testemunho das 14 TFPs, suas coirmãsautônomasexistentesnastrês Américas, na Europa, na África meridional e na Austrália, e dos bureauxTFP em funcionamento em doz.e países, está a TFP brasileira informada, há tempo, de que notícias difundidas mais ou menos em todo o Mundo Livre, apresentam o Brasil de modo tendencioso e injusto: nossas principais cidades seriam mares de favelas, dos quais emergiriam, como "ilhas" de um luxo acintoso, alguns bairros habitados por uma plutocracia riquíssima; e, analogamente, em nossos campos, dirigidos com incompetência e moleza por uns poucos monopolistas nababesros e faustosos, viveria uma população faminta e doentia. - Cultivo da terra? Escasso e pouco produtivo. - Salários? De fome. Cuidados médicos, proteção securitária, instrução pública? Tudo carente em algumas zonas. E inexistente em outras.
A causa dest.l situação estaria no descaso das autoridades políticas e sócioeconômicas para com os pobres. Quanto às terras ociosas, estariam em mãos de latifundiários, que as manteriam improdutivas, com intuitos egoísticos de
ext~::
~:;~ili!;!~~ tem gasto seus recursos, mais em atividades que não lhe competem - atuando como empresário - do que em setores como saúde pública, instrução etc. Isto, osdetratoresdaatua!ordemdecoisJssilenciam. E os problemas de fato existentes nessas áreas, aliás artificialmente exagerados por eles, os atribuem à atual estrutura sócio-econômka do País.
Analogamente no Brasil ... Talquadro(silênciofeito,bementendido,sobreosgastosdasocialização...) apresenta sensível analogia com o que certa propaganda agro-reformista vem fazendo circular no Brasil, de modo ora mais, ora menos insistente, desde os anosSO. Por obra, talvez, de hábeis "fábricas de boato~ têm curso, em cada região do País, quadros análogos ao acima descrito, referentes, porém, não à própria região (onde a falsidade deles salt.lria aos olhos), mas a outras regiões distantes, de nosso território-continente. Assim, é mais ou menos esse o quadro que nos sertões tem curso acerca das megalópolis, e, reciprocamente, nas megalópolis acerca dos sertões.
Ambiente favorável à propaganda da
Reforma Agrária, no Brasil NoBrasil,adifusãodessequadrocria ambiente para a propaganda da Reforma Agrária, a qual encontraria assim fundamento na função social da propriedade, posta em especial realce na famosa encíclica Quadragesimo Anno, de Pio XI (15 de maio de 1931). E sobre a qual vêm insistindo, com crescente empenho, os Romanos Pontífices.
Aos olhos dos brasileiros que, desconhecendo a realidade global sobre seu País, dão ingenuamente crédito a esse
~~ª~a1~~med~~::~~:!~~ aplauso das almas cristãs, pois luta pela 1ustiça social. E, ao contrário, quem lutacontraaReformaAgráriasocialis· ta e confiscatória, age sob o impulso de princip;osobscurantistaseretrógrados, como de mesquinhos interesses pessoais Ora, essa deturpada visão da realidade sócio-económica brasileira desvirtua os pressupostos mais essenciais da controvérsia agro-reformista. Pois as evidências indicam que tem havido uma melhora substancial na situação de amplas camadas da população. A pobreza fica delimitada a bolsões remanescen· tes, especialmente em determinadas regiões do País. "É provável que a recessão sofrida pelo Brasil nos primeiros anos desta década tenha agravado a situação sócio-económica dessas parcelas. Esta recessão, porém, nada tem a vercomaestruturaagráriavigente.O crescimento econômico contínuo que o Brasil vem alcançando a partir de 1983 ~:;"!t~~Jo~i~/:ra~~ação se teMais ainda, a Reforma Agrária, de si,
~l~~ã~
;~b~~~sse=~a~~: rr:~:s: das experiências de Reforma Agrária na América Latina, e dos assentamentos atéagorarealizadosnoBrasil,confirma essa conclusão. .É o que mostra o novo livro do Prof. Carlos Patrício dei Cam· po, que a TFP começa a difundir.
As detrações intern acionais do agro-reformismo, a que servem? E, no Exterior, qual o efeito de boatos tão difamatórios? Neste derradeiro quartel do segundo milênio, a facilidade das viagens e dos contatos internacionais cresceu consideravelmente. E aumenta cada dia mais. Todo o Ocidente já se tornou intensamente intercomunkante. E a opinião verdadeira ou falsa - formada no Exterior sobre a situação de um país, pode repercutir profundàmente na escolha de rumos feita pela opinião pública deste último. "_É, pois, natural que os aludidos boatos internacionais facilitem, de vários modos, a implantação da Reforma Agrária no Brasil. E, thelastbutnotthe/east, essa difamação metódica abre campo para que, 10
em mais de um país, pessoas generosas, mas também crédulas, se disponham a contribuir para a ação de órgãos de propulsão do agro-reformismo no Brasil.
A TFP se dirige a João Paulo II antes da visita do Presidente Sarney
Balela marxista: uricos cada vez mais ricos, e pobres cada vez mais pobres"'
A atuação deste livro começou antes mesmo de seu brilhante lançamento em \Nilshington no dia 6 de outubro do corrente ano (cfr. Apêndice I deste trabalho). Com efeito, foi ele ofertado a 5. 5. João Paulo 11, em telex que a TFP enviou ao Sumo Pontífice, em junho p.p., pouco antes da visita do Presidente Samey ao Vaticano. O referente a este importante assunto constitui o Apêndice 11 do presente trabalho.
De tudo is!iü, a propaganda comunista aufere vantagens. Com efeito, tirando partido deste quadro, o PCB e o PC do Bpreparam os espíritos para dar crédito à balela marxista de que, no presente regime sócioeconômico, é fatal que ''os riros fiquem cada vez mais ricos, e os pobres r:.1d:a vez mais pobres''. O que leva a desejar a transformação social, por via de violência, de uma situação que seria tão odiosamente injusta Bem entendido, também os com unis· las e socialistas de todo jaez - tanto sentimentaisutópicosquanto"cientíJiCOS' - opositores radicais e sistemáticos da sociedade cristã harmonicamen· te hierárquica pregada por Pio XII (cfr. Alocuções anuais à nobreza e ao patriciado de Roma, de 1942, 19-M, 1946 e 1947),lucramcomadifusãodessafalsaenegramugem.
Os perigos a que o Brasil se expõe E quem perde? Perde 6 Brasil. O que perde ele? A visão sensata e cristã de uma realidade nacional que, sem ser ideal, por certo não se identifi· ca com esse quadro de pesadelos. Com isso, o País corre o risco de perder, por suavez,edesdelogo.aidentidadeconsig,o mesmo, pois quand? uma na_ção deixa de ter de si umav1sãoobjetwa, ela se toma irreconhecível aos próprios olhos. E, mais, tal nação - ou seja, no casoconcretooBrasil-searriscaaser prh'ada, amanhã, de sua própria independência. Pois quando uma nação se habituaasósewratravêsdapropaganda falsa do adn•rsário, este último - no caso, a Rússia soviética- se torna senhor das escolhas de rumo que esse país tenha de efetuar nas grandes encruzilhadas da História. E,inegavelmente,oBrasildehojeestá namaioremaisdramáticaencruzilhada de sua História. Entra, pois, em boa hora, a obra do sr. Carlos Patrido dei Campo. que a TFP no momento oferece ao público brasileiro.
Outro lance: recente estudo da TFP focaliza os graves prejuízos da Reforma Agrária para o trabalhador rural Acaba de ser aberta pela TFP outra frente, no âmago de sua grande luta doutrinária contra a Reforma Agrária socialista e confiscatória. Consiste em denunciar ao público as deploráveis condições de existência e de regime de trabalhoeill.queaaplicaç.iodoEstatuto da Terra e do PNRA, tende per se a deixar os trabalhadores manuais "beneficiados'' por ambos os atos governamentais. O alcance desta iniciath•a da TFP é dos mais consideráveis. Com efeito, até o momento, a Reforma Agrária tem sido focalizada com particular insistência - por admiradores como por opositores - enquanto medida restritiva do direito de propriedade. Ou seja, a aplicação do ET e a promulgação do PNRA seriam sobretudo lances desferidos num contexto de luta de classes: a luta dos trabalhadoresruraiscontraocapital, representado pela propriedade da terra. Estudo recente da TFP lhe proporciona tratar com amplitude e insistência muito maiores do que até aquL dos efeitos nocivos da Reforma Agrária para as condições de vida do trabalhador rural O que é particularmente útil para a informação de nosso público, grande parte do qual imagina que, nociva embora paraosproprietáriosrurais,aReforma Agrária melhora, entretanto, de modo considerável, as condições de vida dos trabalhadores do campo. O atual plano de Reforma Agrária \'isa fazer da estrutura rural brasileira CAlOLICISMO. Nov./Dezembro 1986
uma imensa rede de unidades "de trabalho e produção'; os chamados assen· Umentos. Segundo mostra o estudo da TFP, estes se caracterizam por não tomar como base o indivíduo. sua pessoa, sua livre iniciativa. Emtalsistema,os titulares dos assentamentos, submetidos à ampla e coercitiva legislação agroreformista herdada dos governos militares, dificilmente cheg.n.io ,1 ser propriet.írios no sentido preciso do tenno. O "assentadó' será apenas um usuário da terra, pois receberá uma simples concessão de uso da mesma, a título precário, por um período experimental mínimo de cinco anos. Se conseguir satisfazer todas as condições exigidas pelo contrato de assentamento - o que parece diflcil, como se deduz da sucessão de fracassos dos assentamentos feitos segundo essa sistemática - ele poderá receber, e ainda assim com sérias restrições, o domínio da parcela. Aos assentados permite-se apenas o direitode"participação''nagestãodos assentamentos. Participaçãoesta,entretanto, de nítido sabor autogestionário. Ademais, superpostas aos assentamentos, e coMC!ando gravemente ,1 Ji. vreiniciativadosil.Ssentados,estarãoas Cooperativas Integrais de Reforma Agrária,defiliaçãoobrigatória,emanadas e subordinadas ao Poder Público, que passará a ser, afinal, o grande se·
nhor das terras brasileiras, e de todos os que nelas trabalham. Mas não é só. O estudo deixa claro queoconceitodeassentamentoestáinsetido num processo, gradua! e dinâmico, que é a Reforma Agrária. Segundo depoimentos de propulsores do movimento agro-reformista, esse dinamismo processivo ruma para a imposição de formascadavelmaiscoletivistasdeorganizaçãodotrabalho,ondeosassentados acabam sendo meros usufrutuários perpétuos da terra. Assim, no dia em que os assentamentos autogestionários e cooperativizados estiveremestabelecidosemtodooterritórionacional, terácessadodeexistir no Brasil ,1 propriedade individual, bem como seu corolário, a livre iniciativa. Qualifique-se isso em tese como se quiser, em tal caso se estaria em presença de uma gigantesca hipertrofia dopoder do Estado, investido de amplos poderes, e capaz de intervir com redobrada meticulosidade, na vida e na produção de cada nesga do território nacional. E a História poderá registrai;. então, queaimplantaçãodessarededeassentamentos trrá sido poderoso meio para empurrar mais ou menos inadvertidamente nossa Pátria no caminho apon. tado pelas utopias marxistas.
Em conseqüência, a oposição à Re· fonm Agrária já n.io pode mais ser vistão-só como a justadefesadodireitodoproprietário ao solo que é seu. Pois ,1 Refonna Agrária é, ao mesmo tempo, uma agressão à classe dos proprietários e à dos trabalhadores rurais. E é justo que uns e outros lutem, em nobre e leal frente única, contra a Reforma Agrária, a qual - intenções à parte - é objetivamente um ataque global contra ,11 agricultun brasileira . Neste sentido, a TFP cogita de publicar esse estudo, o qual mostra detalhadamentê o impacto desfavorável da Reforma Agrária sobre as condições de existência do trabalhador que passar à situação de "assentadô'. lnfeliztrabalhadorrural,doqualtanto se gaba de cuidar a demagogia agroreformista, mas do qual tanto esta se desinteressa na realidade ... Confia a TFP brasileira em que, com a graça de Deus, a exposição do que ela desta forma tem feito e está fazendo em prol do instituto da propriedade pri\'ada e da civilizaçâo cristã em nosso País, atrairá sempre mais a simpatia de quantos - proprietários e trabalhadores do campo, correntes de opirúão, grupos sociais e associações representativas das classes rurais -atuam para análogos fins.
1.t pelo grande público,
I
A TFP: um quarto de século na conbvvérsia sobre a Reforma Agrária PC primeiro porta-bandeira da Reform a Agrária A Reforma Agrária foi uma das metas proclamadas no Brasil pelo Partido Comunista desde seus primórdios, nos anos 20. Reivindicação de mero grupo de ideólogos, sem raízes na opinião pública, foi ela vivendo de modo latente e incubado, como aspiração do pequeno núcleo inicial, difundida a seguir nas exíguas fileiras de ativistas políticos que em torno deste grupo lentamente se constituíram, ou seja, o PCB, e, mais tarde ao lado deste, o grupo dissidente ainda menor, que é o PC do B. CATOLICISMO - Nov./Oezembro 1986
Enquanto rei11indicação de adversáriosdasociedadeburguesa,extrinsecos a ela e rondando fora dos muros dela para a destruir, a Reforma Agrária carecia de garra para constituir perigo ponderável em um país CUJa população boa, cordata e ordeira é infensa aos ódios, tensõesevio!ênciasquecaracte· rizamalutadeclasS<'S.
Focos de irradiação do agro-reformismo Entretanto, pouco depois do fim da li Guerra Mundial, o agro-reformismo começou a penetrar em círculos ricos e influentes da sociedade burguesa, nâoa
partir dos PCs nacionais, mas de focos de influência formados na sociedade burguesa da Europa, pela ação de causas várias, que de 1.-i se irradiaram sobre as três Américas. No Brasil, foram especialmente sensí\·eis a tal influência: - antes de tudo, por sua facilidade deradicaçãoemtodasasclassessociais, a chamada esquerda católica, instalada nas fileiras do Episcopado, no Clero e no laicato; - certos ambientes intelectuais, tanto uni\'ersitários quanto de imprensa, rádio e TV; -os círculos da alta plutocracia desejosos de se articularem com a força ideológica e política que assim nascia.
Revisão Agrária p aulista, prim eiro grande lance da batalha agro~reformista Foiaconjugaçàodestastrêsforças,as quais agitavam aos olhos do povo o "perigo comunisú" constituído pelos magros grupos de partidários do PC, que deu origem ao primeiro lance agroreformista ponderável.
~i;:isi;.;~~~~~J~~:~~
lo de São Paulo, o projeto de Revisão Agrária, apoiado desde logo por parte da imprensa e rádio, e por quase todo o Episcopado paulista, bem como pela CNBB. Ante a burguesia intimidada, essas correntes apontavam como norma de conduta para os agricultores o velho le· ma "ceder para nio perder". Ou seja, aceitar uma fonna atenuada de Reforma Agrária, para evitar a mui· ta dos camponeses inconfonnados com o estado de miséria quimérico em que viviamos"colonos". Narealidade,afomedoscolonosera ineal,comoinealsuaindignação.ARevisão Agrária carecia, pois, de todo em todo, de qualquer fundamento. No entanto, os esquerdistas de todos osmatizesaderiramsofregamenteaela, bem conscientes de que a Revisão Agrária era, no dizer de seus próprios propupnadores, apenas o "passa pioneiro' em um caminho longo e resvaladio que conduziria forçosamente - pela demasia inerente às concessões ideológicas - ao comunismo.
A TFP entra imediatamente na liça A TFP entrou imediatamente na liça, sustentandoqueolemaqueasituação recomendava não era "ceder para nio perdei' - estribilho de colorido dado à derrota, entoado pelos visionários mas "nio ceder para nio perdei'. ~ assim que, desde 1960, vem a TFP enfrentando animosamente sucessivas investidas do agro-reformismo socialista e confiscatório, desfechadas em um quadro de luta no qual, por vezes, enfrenta a sós a refrega, enquanto outros fechamosolhos e cruz.amosbraços.Ou então conclamam a lavoura para deprimentes táticas de suicídio, consubstanciadas invariavelmente no slogan "ceder para não perder''. Foi o que se deu, logo após a Revisão Agrária paulista, com a investida agro12
refomústa de Jango, apoiada pela palavra ou pelo mutismo de ponderável número de Prelados e de lideres rurais. Essa investida encontrou em plena ação a lFP que, em uma campanha épica, difundiu por todo o Brasil o bestseller Reforma Agrária - Questão de Consciên cia, o qual, lançado em 1960 (4 edições, 30 mil exemplares), haveria de se constituir no verdadeiro" livro-bandeira contra a reforma
:-!~ªde ~o:~:s{t~~ 1Tb Cristodofbvo, Ed. Sabiá, Rio de Janei5
0
~i~
ro, 1968, p. 271). Com o apoio de tantos brasileiros clarividentes, essa campanha renovou as energias abatidas da opinião pública, e concorreu acentuadamente para barrar o caminho à Reforma Agrária (1). Assim, a TFP contribuiu para dispor a opinião pública rumo à grande resistência regeneradora que desíechou no golpe vitorioso de 64. Mas, enquanto tantos outros dividiam entre si os frutos da vitória - honras, mando, situações de influência e de ganho - a TFP se recolheu despretensiosamente à sua atividade quotidiana, de formação da juventude.
' Janguismo sem Jangú':
brado de alerta contra o agro~reformísmo renascente Quem haveria de dizer? Esquecida, assim, pelos vitoriosos do dia (não porém pelos derrotados, os quais lhe \-Otaram uma hostilidade inextinguí\·el), pouco depois de deposto Jango, teve a TFP de erguer-se, também agora só, para levantar um brado de alerta contra o agro-reformismo renascente. Emanava este - mais uma vez, quem haveria de dizê-lo! - da pena do personagem rútilo por excelência, da Revolução de 64, isto é, do militar que se ilustrou nos campos de batalha da Europa durante a ll Guerra Mundial, o Marechal Castello Branco, o qual fora elevado à Presidência da República pe· lo próprio golpe anticomunista e antijanguista de 64. Alerta com o "Janguismo sem Jango~ exclamara a TFP, pouco após a deposição de Goulart . Aproveitando a descompressão psicológica do momento, os agro-reformistas, em solerte manobra, tentaram fazer aprovar o projeto Aniz Badra-lvã Luz, fortemente dirigista e atentatório do direito de propriedade. Depois de ter sido aprovado na Câ-
mara, o projeto foi sustado no Senado. Um estudo dos autores de RA-QC, publicado pela imprensa e enviado aos membros do Congresso Nacional, tivera seu efeito. O brado estava, aliás, longe de Sf'r inútil. Por moti\lOS que a História ainda não revelou, assinou o Marechal Castello Branco, em 30 de novembro de 1%4, o Estatuto da Terra (lei n? 4504) que implantava no Brasil uma truculenta Reforma Agrária, no espírito e no es· tilo da que Jango ideara. E aprovado o Estatuto da Terra, publicou a TFP em 22 jornais de todo o País o Maniksto ao povo brasileiro sabre a Reforma Agrária, no qual denunciava: "Com o apoio das bancadas janguistas, os representantes das colTl'nles que depusenm Jango fizeram, através da aprovação da emenda constitudonal e do Estatuto da Terra, a 'reforma' que Jango queria".
Durante o regim e militai; Reforma Agrária a conta-g otas O manifesto da TFP, alertando a Nação e especialmente a lavoura, presumivelmente concorreu para que o regi· me militar, marcadamente socialista em outrosaspectos,emmatériaagráriatenha aplicado o Estatuto da Terra, durante 20 anos, em um sistema de contagotas. Porém o resultado de 20 anos de conta-gotasestálongedeserigualaz.ero. Constituiu-se assim, nas áreas paulatinamente desapropriadas, uma experiência agro-refomústa, fruto direto do Estatuto da Terra. Seria normal que os modernos paladinos da Reforma Agrária se regoújassem em alegar os resultadosdetalexperiênciacomoargumen· todecisivoemfavordeseusplanos.Porém não o fazem. Por quê? Obviamente porque tal não lhes convém ...
Adormecimento progressi vo da classe rural Enquanto tão discretamente avançava a Reforma Agrária, o adormecimento da classe rural se veio tomando cada vez mais profundo. Demonstra-o a atitude, continuamente satisfeita e despreocupada no tocante à Reforma Agrária, mantida durante todo esse período pelasassociaçõesrepresentati\-asdala· voura,inclusiveasmaisilustresebenemêritas. CAlDLICISMO - Nov./Dezembro 1986
Ern1960setm-a,dentrodoo própriosarraiaiscatóliros,ace-
salutaentreagrc>:-reformistase anti-agro-refonn1stas. Líder católico de projeção
nacional,oProf.P!inioCorrêa de01iveiralevantaaltooestandartedoanti-agro-rclormi5mo Na foto, uma concorrida e movimentada conferência, proferidaporeleemBeloHoriz.onte, t>muutubrode 1961
Elaborado çomoconcurso de conceituados agricul tores e técnicos paulistas e mineiros, o livro Decl.iraçJo do Morro Alto(outubro de 1964) apresenta um programa posili\'O dl.' política agr.iria que visa proteger e estimular a roduçãorural,beneficiandoassimpropril'láriosl.'trabahadores do campo, I.' em geral toda a Nação.
f,
do\~~'!~~~~v~QZ:~~ Consciênciaatingeatéemsuascapila· ridades o nosso imenso meio rural. Num abaixo-assinado dirigido ao Con-
~n%ª:r':1:~f=~f!~!~
jeitamoagro-socia!ismoeapoiamastesesdolivroRA-QC.
Um raio em céu sereno: o documento da CNBB, de 1980 Durante esse tempo - isto é, desde a promulgação do Estatuto da Terra em novembro de 1%4, até a proposta do 1~ PNRA da Nova República, em maio de 1983 - só perturbou a tranqüilidade da classeruralumraioemcéusereno.Foi o documento coletivo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apl"O\lado em ltaici (SP), em fevereiro de 1980.Explosãoagro-reformistadenível ideológico, à qual não se pode recusar o mérito da franqueza, pois longe de ocultar, em torcidos circunlóquios, seu espírito e seus propósitos radicalmente igualitários, proclamava a determinaçào de promowr, depois da Reforma Agrária,aReformaUrbana,aqualvisa implantar no solo urbano o mesmo igualitarismo que a Reforma Agrária institui no solo rural. Com o que tornará curto o caminho rumo à implantaçào de uma Reforma Empresarial (industrial e comercial) igualitária. Igualdade sócio-econômica completa, portanto
TFP: os católicos., enquanto católicos, podem se opor respeitosamente ao reformismo agrário e urbano da CNBB Aqui também, logo de início, constituiu voz de alerta a ecoar por todo o País o brado da TFP, a qual divulgou o livro Sou católico: posso ser contt.1 a Reforma Agriria, (PUNJO CORRÊA DE OLIVEIRA - CARLOS PATRlCIO DEL CAMPO, Editora Vera Cruz, São Paulo, 1981, 360 pp.). Esta obra reivindicava para os católicos o direito de discordar respeitosamente do programa sócio-econômico de seus Pastores, e de se manterem contrários às Reformas Agrária e Urbana socialistas e confiscatórias. A repercussão dessa obra foi considerável: quatro edições, num total de 29 mil exemplares, vendidos em 18 meses. Como Reforma Agrária - Quest.iio de Consciência, Sou católico,.. nào deparou em seu caminho com um só livro que conseguisse refu tá-lo Não encontrando embora terreno propício, a investida da CNBB pouco a pouco prosperou.
Começam as invasões e ocupações Com efeito, teve início em 1981 a intérmina seqüela das invasões e ocupações de terra, a qual apresentou em fins doregimemilitar, istoé,apartirdeabril de 1984, um surto de maior intensidade Desde logo a TFP te\'e seus olhos abertos para fenômeno de tão funda significação. E difundiu dois números do mensário de cultura "Catolicismo'' (n? 402, junho de 1984, e n? 406-4(17, outubro-novembro de 1984), especialmente consagrados a alertar o espírito público, impregnado então do mais obstinado otimismo. Assim, as caravanas da TFP percorreram em várias direções, vastidões inteiras do território nacional, pondo à venda aquelas edições de "Catolicismo'; quealcançaramatiragemglobalde115 mil exemplares Contudo, ootimismogeralqueacolheu a "Nova República" abafou a voz de alerta da TFP, que nào conseguiu sequer despertar para medidas imediatas eeficazesosdássicosórgãosrepresentativos da lavoura
Irrompe a tempestade agro-reformista Caiuem15demarçode1985oregime militar. A Abertura esteve prestes a levar ao poder o Presidente eleito, Tancredo Neves. A morte deste franqueou asupremamagistraturaaoseucompanheiro de chapa, o Vice-Presidente José Sarney. Pouco depois, a tempestade agroreformista irrompia e se estendia por todo o País Com efeito, no dia 26 de maio, o Presidente Sarney anunciava, na abertura do 4? Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais, em Brasília: "Asora estou apresenlmdo para debate a proposf,1 do 1~ Plano N.icional de Reforma Agrária (PNRA), inspirado no Estatuto da Terra" ("Folha de S. Paulo", 27-5-85). E, realmente, no dia seguinte, o Ministro Nelson Ribeiro entregava à imprensa o texto do PNRA, de responsabilidade do Ministério a seu cargo, isto é, o da Reforma e do Desenvolvimento Agrário(Mirad). A divulgação desencadeou uma chuva de críticas dos líderes mais em evidência das associações de produtores rurais,críticasessasquesemantiveram acesas maIS ou menos por uma quinzena. Porém se notou que, em seguida,
elas amainavam, tendendo a pleitear que o Governo pusesse de lado o PNRA, ou pelo menos o mitigasse, de formaaajustá-loaoEstatutodaT~rra. Este, sim, deveria ser aplicado, pois se consideravaqueaReformaAgrárianele estabelecida era justa e boa. Se esta era a posição dos líderes das associaçõespatronais,talnãoeraados proprietários em geral, conforme se manifestou no Congresso que reuniu em Brasília, nos dias 27 e 28 de junho, cerca de 4 mil agricultores e pecuaristas. Uma oportuna intervenção do Eng? Plínio Vidigal Xavier da Silveira, fazendeiro no Estado do Mato Grosso e dlf€tor da TFP, mudou o rumo dos debates, e deu ocasião a que subisse à tona odescontentamento latente dos fazendeiros, n.iio apen.is com o PNRA, m.is em relaç.iio .io próprio Est.Jtuto d.i Terra
TFP: mais um livro contra a tempestade agro-reformista Mais uma vez, no desconcerto geral do País, e especialmente de tantos lavradores que não sabiam para onde voltar-se, a \"OZ de alerta da TFP ecoou por toda a Nação. Publicou ela o livro A propriedade privada e a livre iniciativa, ni:, tuf.iio agro-reformist.i, PUNJO CORREA DE OLIVEIRA - CARLOS PATRICIO DEL CAMPO, Editora Vera Cruz, São Paulo, 1985, 174 pp.), que faz uma análise pormenorizada do Pi\!RA, e aponta o seu carátersocia!istaeconfiscatório, bem como do Estatuto da Terra. Enquanto a propaganda agro-reformista chegava ao auge, heryicas "duplas" ou então caravanas (' Eternos Itinerantes") da TFP difundiam largamente esse livro. Duas edições dele foram publicadas, sendo vendidos 16 mil exemplares, além de 34 mil da edição especial do mensário de cultura "Catolicismo" contendo excertos da obra.
Contra as hordas de invasores, a TFP difunde Pareceres de eminentes juristas Entretanto, todoesteesforçonãobas· tava.Agitadoresagro-reformistasreunidos por impulso de numerosos vigários, religiosas, e muitos núcleos de CEBs, há tempos vinham constituindo CATOLICISMO - Nov./Dezembro 1986
hordas de invasores, com o manifesto intuito de tornar a Reforma Agrária um fato consumado à margem da lei. Realizavam-se assim, em cerrada ca• dência, as invasões e as ocupações de terras, à vista de autoridades policiais obedientes a uma inêrcia comandada, e de autoridades judiciárias locais impotentes, na maioria dos casos, ante rircunstânciaS que independiam de seu competente zelo. Tudo isto se desenrolou sob os acesos aplausos da CNBB, com o bafejo de quase todos os meios de comunicaçâo social, eem presença dos sorrisos algum tanto embaraçados, mas visivelmente comprazidos, do Poder Executivo. Nessa atmosfera difícil, mais uma vez entraram em ação as valorosas "dup/as"ecaravanasdaTFP,edistribuíram atéagora,apartirdejaneirodocorrente ano, a 85 jornais esparsos em 21 unidades da li:!deração, desde Roraima até o Rio Grande do Sul, e desde Mato Grosso e Goiás até o litoral, os Pareceres límpidos de dois jurisconsultos de fama nacional e internacional, o Prof. Silvio Rodrigues, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, e o Prof. Orlando Gomes, da Universidade Federal da Bahia. Esses Pareceres, difundi-
~:~~~FJ: :Oki:°a:: j~~~~~: tosacompetenteelaboração,demonstram que, ~gundo o Código Civil (art. 502), o legítimo proprietârio desassisti-
~~
1:f:~~:~.:~: rs~i:a~
~::~~
tt:~a~ o esbulho dos invasores e ocupantes agro-reformistas - o que pode fazer indusive à mão armada quando necessário.
Em seguida à difusão dos Pareceres, decrescem as invasões A difusão desses Pareceres, acompanhada de exposições ou reuniões para fazendeirosetambémparatrabalhadores manuais, realizadas por sócios ou cooperadores da TFP em 181 localidades, \'em repercutindo amplamente no País. E, com expressiva simultaneidade, as invasões e ocupações fo ram caindo de número, a ponto de, em certo momento, parecerem cessadas! (2) Como sempre, também esta propaganda, de tão ampla envergadura (3), foi levada a cabo pela TFP na maior ordem e na mais estrita conformidade com as !eis humanas e divinas. O que valeu à er:itidade atestados de delegados, prefeitos e outras autoridades muCATOLICISMO - Nov./Dezembro 1986
nicipais, comprobatórios da conduta modelar dos sócios, cooperadores e cor· respondentes da TFP. Atestados estes que vieram juntar-se a outros análogos, gloriosos trunfos de anteriores campanhas, atingindo o total de 4317 certificados do gênero.
Produtores e trabalhadores rurais rejeitam a nova investida agro-reformista Embora os meios de comunicação social não o realcem como de\'erlam, o fato é patente: o.tgerbrasileiro rejeita a nova investida agro-reformista. Rejeitam-na, em maioria compacta e notória, os proprietários grandes, médios e pequenos. Rejeitam-na também - e o fato é muito digno de nota - os trabalhadores rurais, queem geralaig· noram, em razão dos habituais silêncios dos meios de comunicação social sobre as conseqüê-ncias danosas da aplicação do Estatuto da Terra e do PNRA também para os trabalhadores rurais. Prova-o o fracasso das Reformas Agrârias executadas em outros países, eas experiências já realizadas no Brasil. As notícias \>eiruladas pelos m.tss medi.t (4) tendem a criar no espírito destes a ilusão de que a Reforma Agrâria acarretarâ para eles a implantação de condições de vida fartas, seguras e idealmente justas. Mas eles não se deixam embair pela miragem. E, quando objetivamente informados sobre o que seja a condição do ".a~ntado" resultante da aplicação do Estatuto da Terra e do PNRA, a rejeitam categoricamente. Esta última afirmação, demonstra-a, com irretorquí\1'1 eloqüência, a atitude dostrabalhadoresruraisfaceàagitação agro-reformista: 1~ os m.tss medi.t não noticiaram até aqui, que saibamos, um só caso de su· ble\'açào de trabalhadores de um imóvel rural, YOltada a expulsar o proprietário deste, e a dividir o im&.-el em áreas para assentamento dos ex-colonos sublevados. Os agitadores do campo são sempre "Ím'.tsores" e não pessoas radicadas no solo onde a agitação tenta levantar seu pendão;
21 igualmente, os mass medi.t não mencionaram, que saibamos, um só caso de invasão e de ocupação de um imÓ\X'\ rural por hordas de agitadores agro-reformistas procedentes de alhures, ao ensejo da qual os trabalhadores já radicados no imóvel assim invadido, hajam feito causa comum com os inva-
sores,afimdeseassociaremaestesna partilha geral. Dado o cunho tão freqüenteme nte agro-reformista das notícias divulgadas sobre invasões e acampamt>ntos, ocarâter insuspeito dessas informações de imprensa é patente. t. assim óbvio que, no Brasil, reinam relações de geral concórdia entre os trabalhadores manuais eos proprietârios rurais.
A CNBB passa para o silêncio. Por quanto tempo?
t. de se notar que, enquanto assim declinava a agitação nos campos, outra modificação substancial se operava no quadro geral da refrega concernente à Re!orma Agrâria. A vista do fracionamento dos partidos políticos, e do notório declínio de
!u:~~~f~~~ªr!~fi:~t~p:~~~~f!~~i~~ Reforma Agrária foi a CNBB Por isto, nossos órgãos de comunicação social se mostraram infatigáveis no colheredifundirdeclaraçõesepiscopais emfavordaReformaAgrâria,bemcomo em noticiar "f.tç.tnh.ts'' destes ou daqueles Prelados no mesmo sentido. Mas o declínio das invasões e das ocupações parece ter feito ver a nosso Episcopado - agro-reformista fogoso, desconto feito de raras e nobres exceções - que o po','O não o acompanhava. O fato é que tem gradualmente diminuído, de tempos a esta parte, o núme· ro das declarações e :' f.tç.tnhout agroreformistas aparatosas, e que a Cl\!BB pare<e calar-se quase por inteiro sobre o grande tema, até há pouco tão de sua predileção. Dar-se-á isto porque a proximidade daseleiçõesde15denc,,X'mbroteriasugerido à CNBB concentrar-se na orientação do eleitorado acerca da Constituinte? A hipótese parece sem sentido, pois a Reforma Agrária é naturalmente o maior pomo de discórdia da eleição. E, ou a CNBB mantém sua insistência em favor dela, ou vão perdendo YOtos os candidatos agro-reformistas. Isto é, o contrário do que a CNBB deseja.
O pronunciado fenecimento do movimento agro-reformista O resultado desse pronunciado fenecimento do movimento agro-reformista pare<e ser o fato de que - pelo menos
"
até o momento - o número de decretos (')(propriatórios do Presidente Sarney não retomou a fougue dos tempos em que o município de Londrina foi declarado área prioritária para efeito de Reforma Agrária (dr. Cap. 11, in fine) . E, fato talvez de maior monta, as verbas para a Reforma Agrária no orçamento de ffJ diminuíram sensivelmente. Di-lo o muito circunspecto (')(membro do movimento terrorista MR-8, Dante de Oliveira, Ministro da Reforma e do Desenvolvimento Agrário, para o qual a pequena dotação prevista no orçamento da União para o ano próximo se dl."o'e ao fato de que o plano de desapropriação em massa, elaborado por seuantecessor,era"irrealista''{dr. "Folha de S. Paulo': 14-9-86, p. 4) (5).
Mas os impulsos agro-reformistas estão longe de se acharem amortecidos Estaráassimvitoriosaalutacontrao agro-reformismosocialistaeconfiscatório? Seria temerário afirmá-lo. Depois de um período de indecisão, tomou-se claro que, nas mais altas esferas governamentais do País, a meta agro-reformista continua a ser almejada com impulsos contidos, é certo, mas que no ânimo dos líderes eclesiásticos e civis da Reforma Agrária estão longe deseacharemamortecidos(6).
A controvérsia agrária reflui do cam po para as cidades! A agitação agro-reformista declinou no campo. Porém continua a se fazer sentir nas cidades. fui episódio típico disto, em furto Alegre, a aparatosa ocupação do edifício da Assembléia Legis-
\ativa por hordas agro-reformistas (24 de junho de 1986). Teve ela como antecedente a teatral " Romufa Conquisúdora da TeITa Prometida", iniciada na misteriosa cidadela de ocupantes na fa. zenda Annoni, a 330 km da capital gaúcha. Tal" Rorrurfa"durou28diaseter· minou diante da Catedral daquela cidade, no dia 23 de junho último. fui então a romaria recebida pelo BispoAuxiliar de Porto Alegre, D. Edmundo Kunz, e pelo secretário-geral da Regional-Sul 3 da CNBB, D. José Mario Stroeher, num ato público com a presença dos C'Stranhos romeiros, mais tu· do quanto há de católicos esquerdistas, e dos correlatos "companheiros de viagem" e "inocentes úteis" do comunismo. E para todos eles foi, no dia seguinte, celebrada Missa na Catedral, pelo mesmo D. Edmundo Kunz e mais seis Padres ligados à Comissão Pastoral da Terra e ao movimento dos "semtem"(7)
Atualmente, os pruridos agroreformistas, concentrados nas cidades, parecem metamorfoseados nas greves urbanas mais ou menos generalizadas, de que o País inteiro é testemunha
Que rumos tomará a ofensiva agro-reformista? Atrajetóriadapresentenarraçãohistórica se embrenha agora num terreno resv.aladio e coberto de brumas. Estamos, em outros termos, no âmago de uma charada A suspensão das invasões e ocupações ocorreu ma.JS ou menos ao mesmo tempo em todo o País, como se tivesse sido ordenada por uma imaginária vareta mágica. Segundo o depoimento de credenciados entusiastas do agro-reformismo, tal suspensão nào constituiu mero reflexo psicológico das supostas massas de agitadores rurais, mas resultou de motivos
profundos. Pelo que, tiveram o consenso de líderes incontestes. E nada tem sido noticiado pela imprensa, que autorize a hipótese de uma alteraçãonascausasque teriamdeterminado tal suspensão. Sem embargo, a partir do dia 24 de setembro, se têm levantado in mscendo nm'as vozes de pregoeiros das invasões (8). No dia 26 de setembro, o Movimento dos Sem-Terra anunciou que dali a três dias iniciaria a invasão de imóveis desapropriados pelo Governo Samey em seis Estados, mas cuja imissão de posse fôra embargada pelo Poder Judiciário. Efetivamente, em princípios de outubro houve invasões isoladas em Sào Paulo e Santa Catarina. No Rio Grande do Sul, porém, onde o Movimento dos Sem-Terra é mais atuante, os ocupantes da fazenda Annon~ que haviam anunciado seu intento de invadir outras dez áreas, foram impedidos de fazê-lo pela atitude enérgica da Brigada Militar gaúcha. 700homens da corporação cercaram o acampamento dos "sem-teITJ" e têm conseguido, até o momento - não obstante uma tentativa malograda de considerável número de acampados para varar o cerco - impedira partida das colunas invasoras. Se coluna nenhuma partiu, contudo érealque certonúmerodeacampados na fazenda Annoni saiu durante o dia, de dois a dois, com pretextos diversos E,ernlugarderetornaraoacampamento, reuniram-se mais adiante, de maneira a constituir um magote para efetivar as planejadas invasões. Ao destacamento da Brigada Militar incumbido de impedir as invasões pareceu acertado seguir a alguma distância o magote, disposto a agir caso este tentasse qualquer invasão... Sem embargo da linha geral destes acontecimentos, a decifração das enigmáticas causas deste vaivém da ofensivaagro-reformistaprorneteapresentar especial interesse
II As forças em jogo na atual confronração sobre a Reforma Agrária Uma luta épica de 25 anos Como acaba de ser narrado, desde 1 inícios da década de 60 \'em a TFP lu16
tando arduamente contra a implantação
1 do socialismo agrário em nosso País. A tal vem ela sendo movida pela dedicação desinteressada que \'Otaà civilização cristã, da qual a PROPRIEDADE individual é, como a TRADIÇÃú e a
FAMiLIA, princípio básico. Luta est.a particularmente desinteressada no que diz respeito à propriedade rural, pois a quase totalidade dos sócios ou cooperadores dela não tem investimento agri1 cola. CATOLICISMO · Nov./Dezembro 1986
A atuação da TFP ao longo desses 25 anosdelutaépicanãosecifrouempro. mcr.er a elaboração e a difusão, em nosso território-continente, de livros acaute\atórios da opinião pública contra o agro-reformismo, ao contrário do que faria crer a narração já feita (dr. Cap. 1), de caráter mais bem sintético. AD longo dessas campanhas para a difusão de livros, e também nos intervalos entre elas, várias polémicas e lances congêneres, referentes ao agro-reformismo, marcaram a caminhada da TFP. Disto pode recordar-se o leitor eventualmente esquecido, lendo o histórico das atividades dela, publicado em obra editada sob os auspícios da entidade (dr. Mtio siculo dt tpopiia anticomunista, Editora Vera Cruz, São Paulo, 1981, 4a. ed., pp. 68 a 132). Passado de lutas pela propriedade agrária, maislongoericoemesforços tãoárduosquantodesinteressados,nenhuma entidade nacional classista, político-partidária, ideológica ou de outra índole, o pode apresentar. Ele situa a TFP em um plano ímpar na história desta pugna pró e contra a propriedade privada no século XX brasileiro. luta esta que \'em crescendo cada \'fZ mais de intensidade e importância, e que presumivelmente crescerá ainda mais à medida que nos acercarmos do fim deste século. O que atrás foi lembrado fornece largamente material para a história de uma instituição - a TFP - ou de um setor básico da atividade nacional, a lavoura. Dia virá em que por tudo isso se interessarão também os pesquisadores que, no Sffl..llo vindouro, escm-erão a História do Brasil.
Hoje em dia ... Tais antecedentes nào podem ser visreminiscências luminosas, pela TFP, por seus sócios, cooperadores e correspondentes, pelos numerosos amigos que ela tem entre os fazendeiros e os trabalhadores rurais, e também não pelo público em geral. E nem por eles assim são vistos. Pois, em continuidade com essas reminiscências se vai desem-okendo todo um presente que borbulha de vitalidade. Tão logo se delineou a atuação agroreformista do presente Governo, os olharesdeincontáveisbrasileirosseniltaram para a TFP, esperando que, favorecida agora em sua liberdade de ação pelo clima da Abertura, haveria de se manterfielaseuroteirohistórico, que lhe traça o dever de entrar quanto antes na liça em favor do prinópio da pro. priedade privada integrante da trilogia Tr.1diç.io-Famífü.-Propriedade, que as tos como meras
CATOLICIS1'10 - Nov./Dc:zc:mbro 1986
pugnas aqui narradas e muitas outras ainda, haviam feito ecoar em todos os rincões do País, ao longo das décadas. O que tomara das mais conhecidas, a sigla TFP. E, com efeito, hoje em dia a TFP está na estacada, desenvolvendo, como sempre, seu combate a um tempo a\ta-
~:i
r:a:i~~:~~el~~fa~~~s~::;~: ideais
Órgãos de classe vêem no ET uma ambigüidade que ele não tem O primeiro lance público dessa luta no atual período presidencial foi a publicação do mencionado livro A propriedade privada e a livre iniciativa, no tulio asro-reformis@. Logo em seguida, deparou-se a TFP com um obstáculo difuso e generalizado, implícito mas potente, que ameaçava invalidar todos os esforços anti-agroreformistas. Era uma tendência freqüente, mesmo da parte de elementos dos mais representativos da classe dos fazendeiros, a elidira pugna ideológica e publicitária, procurando apresen• taraopatronatorura!oproblemaagrário sob um aspecto ambíguo que de nenhum modo ele tem. Se há algo a elogiar no ET, como no PNRA, é a franqueza com que anunciam - custe o que custar e doa a quem doer - o alcance inteiro (que não se pode hesitar em qualificar de brutal) de sua reforma. A análoga referência faz jus a maior força propulsora do agroreformismo na atualidade brasileira, ou seja, a CNBB. Não h.á hoje brasileiro que não disponha das informações suficientes para aquilatar até onde vai o sentido esquerdista da ação dela. Emcontrastecomisso,certoveiode figuras proeminentes da lavoura se manifestou propenso a ver no ET uma moderação que ele de nenhum modo tem, eareservarsuasincrepaçõesexdusivamente para o primeiro projeto de P/\!RA e, de outro lado, para a CNBB. Desta atitude, inteiramente carente de objetividade no que diz respeito ao ET, que - cumpre repetir - é genuinamente socialista e confiscatório (dr. A propriedade privada e a Um iniciativa, no tulioagro-reformis@, pp. 33 a 39), decorriaumesforçoparaqueaclassedos proprietários rurais aplaudisse o Governo por estar aplicando o ET, e lhe pedisse simplesmente alterações no pro,. jeto de PNRA. Atitude que, conscientemente ou não - este pormenor não
entra aqui em cogitaç.lo- teria por efeito levar a classe dos fazendeiros àautodemoliçào. Aos que tenham exato conhecimento do ET causa espanto que a tendência "llilbigiiisu'' acima apontada chegasse ao extremo de propor aos 4 mil fa. zendeiros reunidos em Brasília, nos dias'lle28dejunhode1985, queniio s6seabstivessemdascríticasdasquais é passível o diploma legal imposto pelo regime militar, mas até pedissem ao Presidente da República sua aplicação. Diploma legal esse, entretanto, tão nocivo à classe rural que foi necessário deixá-lo dormitar durante vinte anos nas gavetas da administração pública, à espera de uma boa oportunidade pa~ rao pôr em prática. Tal oportunidade, como é óbvio, fot fo~~~i~~t:rdfs:~"!°J~:~~~i;g~ dos últimos anos no Brasil. Não um surto de popularidade real e de pujança vital, com raízes na opinião pública. Mas de "agressividade" e de audacioso poder publicitário. Efeitos que não provém necessariamente de raízes na opinião, mas podem resultar de astúcia e amplitude de meios de ação: o que a_boa estratégia e o ouro podem propor-
Engaja-se a controvérsia agro-reformista Nas grandes confrontações referentes a temas que tocam até no mais fundo as raízes de uma nacionalidade - e incontesta\·elmente a Reforma Agrária é um destes, máxime se vista em seu indiscutível aspecto de passo pioneiro, rumo à abolição da propriedade privada edopatronatonaagricultura, na indústria e no comércio, através das subseqüentes Reforma ~rb_ana e Refor~a Empresarial - a pnme1ra etapa consiste na apresentação ao público, das teses que estão no limiar da controvérsia, e no desdobramento sumário das respectivas argumentações. No Brasil, onde os debates públicos são muito mais elementares do que em países ~os quais a vida políti~opartid~na tem con:io fator capit~l de mfluéncia o descortmo, as doutnnas e a cultura, esta etapa se desenvolveu muito rapidamente. fui s6 o Sr. Presidente da República_ enunciar os ~us até então insuspeitados propósitos agroreformistas, que estes produziram confusos sintomas de desacordo e de protesto em setores majoritários da opinião pública, eaplausosestrondejantesem 17
Quandoasgrandesememoráwis Marchas da Fanu1ia com Deus pela Libe-rdade começam a atrairparaasroasimensasmultidôes,delasparticipamcomentusiasmo os elementos da TFP.
~i~~f::b~~;~:~ ~:~~ 0
~u;;:l~:i,e~ t~r:~1e~~çt:
de patriótico inconformismo Todavia, enquanto outros dividiam entre si os frutos da vitória - honras, mando, situações de influênciaedeganho-aTFPse reçolh.e _despreten.si?samente à sua<1hv1dadequot1d1ana, deformaçãoda jU\·entude.
Cena do comício realizado na Centraldo6rasil,noRiodeJaneiro, a 13demarçode1%1. A par doPCBedeoutrasforçasesquerdistas, Jango depositava grande esperança no apoio da esquerda católica. No seu derradeiro discurso televisionado,!le,ituperouacerbamente a "mmona tf'acionJria" que,segundoele,passaraaacusar ~e anticatólicos não apenas o Pres1dentedaRepública,masaté aildS personalidades do mundo religioso. ac~~"ectt~::ot~:fuªs~~ª~\~~ eraclara
setores minoritários. Os mass media se fizeram porta-vozes benévolos, quando não entusiásticos, destes últimos. Foi precisamente nesta fase que começaram também a sair os pronunciamentos da TFP, dos quais o mais marcante foi o livro A propriedade privada e ,1 livre iniciativ,1, no tufio agroreformistJ, já mencionado. De um fado e de outro, as posições estavam tomadas e a polêmica engajada Tratava-se então, para cada lado, de conquistar o maior número de aderentes. A certa influência da lógica, as correntesantagônicascomeçaramaacrescentarentâoa estratégia
O ponto de partida da estratégia agro-reformista Que se saiba, o ponto de partida de talestratégianãofoiatéagoradescrito de público com a calma e o método indispensáveis. Cabe tentar fazê-lo aqui, começando por apresentar um quadro da situação:
1?) No pináculo do pcxier estatal, um Presidente da República ainda jovem paraocargo,simpático,ecomforosde inteligênciaeculturaasseguradospelo própriofatodesuaeleiçàoparaaAcademia Brasileira de Letras. Mas portador do terrível handicap de suceder a Tancredo Neves, cuja popularidade, elevadaaosastrospeloconsensounânime dos mass media, ainda mais se enriqueceracomanotaemocional,tào inopinada e dramática, das circunstâncias que o impediram de tomar posse. Ademais, natural do Maranhào, Estado notável pela inteligência de seus filhos e pelo grande futuro que o aguarda, mas profundamente dividido (como o demonstraram posteriores acontecimentos) no tocante à pessoa do Sr. José Sarney. Este último nào contava, pois, nem no Maranhão, nem em qualquer dos grandes Estados, com aquele tipo especial de popularidade reservada exclusivamente ao Presidente da República que nele tivesse nascido. 2?)Adespeitodessascircunstâncias, o Chefe de Estado chamava a si, logo noiníciodeseugoverno, atarefa terrivelmente audaciosa, de encaminhar o Brasil pela via cheia de terremotos e de borrascas, de um reformismo social completo, que conduzisse a Nação da economia liberal que temos (ou imaginamos ter) intacta, para uma ordem sócio-econômica que é impossível não chamar de comunista ou comunistizanCATOLICISMO - Nov./Dezembro 1986
te,umavezqueelatendeaeliminar,como se viu (cfr. Introdução), apropriedade privada, e conseqüentemente a livre iniciativa, como mais especificamente a propriedade individual e opatronato. 3?) Segundo mito publicitário bastante difundido, esse programa, temerário mais do que audacioso, contaria com o apoio irrestrito e impetuoso das massas trabalhadorasfamintaseopressas. Estas, protegidas em seu furor pelas liberdades da Abertura, investiriam - sempre segundo o mito - dia mais dia menos, contra a burguesia pequena, média e grande, emcujasfileirasosintelectuais eostécnicos oprimem ostrabalhadores manuais, os burgueses médios e grandes sugam e roubam as camadas inferiores através da cobrança de preços exorbitantes pelos produtos do campo e da indústria, e de aluguéis não menos exorbitantes. No alto dessa pirâmide de malfeitores, os snobs ultrajariam por seu luxo desmesurado, insolente e corrompido, a pobreza dos trabalhadores mal pagos ou desempregados. Desde que contasse com o apoio de líderes adequados para estimular e guiar o descontentamento das imensJs massas populares, um Presidente da República poderia encontrar nelas um apoio firme e compacto muito maior dÜ que, segundo as conseqüências de nosso regime federativo, ele recebe ordinariamente dos políticos dominantes no Estado em que tenha nascido, e nos Estados que se lhe agregaram para obter paraeleasupremamagistratura 4?) Onde encontra o Presidente Sarney esses líderes escolados, tão indispensáveis? No PCB, no PC do B, em cujas fileiras refulgem, para efeitos intemos, "astros"deprimeiragrandeza,eemgruposideológicosoupartidáriosmaisou menos vizinhos, como o PT e outros menores - conjrcturavam os ingênuos Diantedoprogramaradicaldesseconglomerado, estouraria o descontentamento dos oprimidos, dando início à luta de classes que acabaria forçosamente vencedora, segundo garantem os vaticínios de Marx. 5?) Os mais cautos e subtis tinham discretasreservasarespeitodessasesperanças. Provavelmente estaria entre estes o Presidente Sarney. Mas eles depositavam toda a sua confiança em outra força, de cuja imensa influência os mais ingênuos não se haviam dado conta. Era a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Porrazôesprofundas,queseriaexcessivamentelongoelencaraqui, a Igreja dispôs sempre dr imensa influência so-
bre nosso povo muito majoritariamente católico (9). Influência esta usada mais ou menos até meados do presente século, com comedimento e discriçào maternais, e que por isso mesmo não se tornava patente aos olhos dos observadores superficiais. Mas influência que transparecia de quando em vez com clareza meridiana (10)
A infiltração esquerdista na Igreja Essa imensa força, começou a minála, por volta dos primórdios dos anos 40,umalentaeinsidiosacampanhaesquerdista(ll). Talinfiltraçâosefoiacentuandoinexoravelmenteaolongodosanos40, 50 e 60, de sorte que, em 1968, a TFP organizou um abaixo-assinado pedindo a PauloVImedidascontraainfiltraçàoesquerdista na Igreja. Essa infiltração se tomarajátâonotória,queesseabaixoassinado alcançou o impressionante total de l.600.368assinaturas. Foi ele entregue em mãos no Vaticano. E não teve resposta (12). De então para cá, segundo alardeou incessantemente a maior parte dos mass media, não têm feito senào crescer dois instrumentos dr ação da CNBB junto às massas trabalhadoras: as Comissôes Pastorais da Terra (CPTs), e as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) (13).Asprimeiras,órgãosdiretivosrecrutados preponderantemente no Clero e, portanto, destinados, nâoarffrutarasmassas, masaagirsobreelas. As segundas, destinadas a abranger as multidões.
A CNBB, o "V Poder" Carlos de Laet, o brilhante polemista católico e monárquico das primeiras décadas deste século, escreveu certa vez que, no Brasil, há quatro Poderes. Destes, três sào integrantes do apare_lho do Estado: Executivo, Legislatirn e Judiciário. E o outro, extra-oficial, deveria ser entretantomencionadoaoladodestes, em raz.ão de sua grande influência. Era portanto um quarto Poder: a Imprensa Poder este tão am>scido em nossos dias, comoadventodorádioedatelevisâo. O historiador que algum dia compulse as coleções dos jornais contemporâneos,nâoseeximirádeafirmarqurum quinto Poder emergiu da sombra discreta e digna em que se envolvia outrora: é o Episcopado, hoje em dia rotulado como CNBB 19
O I Poder lança a investid a agro-reformis ta apoiado no I V e no V Poderes Era natural que, nos seus primeiros passos, o novo titular do I Poder se apoiasse no rv, e sobretudo no V Poder. fui o que aconteceu. Apoiado nos m,us medfa e na CNBB (muito mais do que nos partidos polí· ticos, que ao longo deste tempo não fizeram senão desbotar e decair gradualmente de seu papel central no cenário político do País), o Presidente Samey lançouaatualinvestidaagro-reformista. Estratégia de amplíssimos contornos, e de linhas tão claras, que basta descw'êla para tomá-la perceptível para qualquer observador.
. .. e então? OpactoreformistaentreoGo\'erno
História do Brasil. Jstoé, o Presidente Sarney não só sentiu a necessidade política de revogar imediatamente o decreto delirante, como ainda se viu na contingência de \'Oar a Londrina com um séquito luzidio, do qual faziam parte nada menos que quatro ministros- entre eles o sr. Nelson Ribeiro - tudo para recitar o "me, culp;i" do Governo ante os fazendeiros justamente agravados {15). E, nas pessoas destes, ante o mundo agrícola desnorteado e alarmado, habitualmente ordeiro e até bonachão, que já começara a se pôr em marcha rumo à confrontação ideológicopolítica Os dias do sr. Nelson Ribeiro estavam contados: sua demissão era questão de tempo.Elecometeraoerrodecorrerdemais, e revelara os desígnios do agro-· reformismo.
A verdadeira solução: coleta, análise e divulgação de dados estatísticos
e a CNBB, selou-o a nomeação para o
recém-criado Ministério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário (Mirad), de uma figura presumivelmente conhecida nos meios agro-refonnistas, chegada às CPTs e às CEBs, mas perfeitamente desconhecida do grande público, o sr. Nelson Ribeiro. A este não faltaram operosidade, agilidade e garra. F-e-brilmente desejoso de efetuaroquantoantesaaplicaçãointegral do ET e do PNRA, o nO\'O titular desenvolveucontraaestruturaagrária vigente, toda a força de impacto de que dispunha. E foi isto tão longe que, para coadjuvar os católicos esquerdistas em seu ímpeto. o Governo não hesitou em prodigalizar prestigiosas cortesias aos parlamentares do PCB e do PC do B,sebemqueasmanifestaçõespúblicas feitas por eles, com apoio de numerosos e influentes políticos burgueses, e recursos econômicos ruja origem se desconhece, só tivessem conseguido o comparecimento de pífio número de partidários (14). Com base nessas forças, o agroreformismo c\érico-publicitário-político arrojou-se a uma série de empreendimentos que chocaram a tal ponto a classe rural e a opinião pública em geral que, quando sobreveio em 2 de julho de 1985 o decreto declarando prioritâria,
A verdadeira solução para a controvérsia agrária em curso no País já foi proposta pelo autor destas linhas mais de uma vez pela imprensa diária (16). Teria ela consistido em que o Governo tivesse acompanhado de há muito nosso incontestá\~l desem'Olvimento econômico, mediante a coleta científica, imparcial - e largamente divulgada em todo o País, para controle dos interessados - de dados estatísticos inteiramente elucidativos de toda a nossa realidade rural contemporânea. De posse de tais dados, teria sido possível saber de há multo, e com certeza inteira, se uma Reforma Agrária (como também uma Reforma Urbana e uma Reforma Empresarial) é necessária, e em que medida o é. A partir desta realidade assim elucidada, seriapossívelàsváriascorrentes de opinião discordantes, travar de modo objetivo, substancioso e fraterno, uma polêmica ou um diálogo aberto e capaz de preservara paz social, e operar na paz os progressos e quiçá as modificações que a justiça e a caridade eventualmente sugerissem. Mais ainda, para contribuir quanto possÍ\'el para que a Nação tomasse esse rumo, promoveu a TFP a publica~ão de três obras que, apesar de nossa penúria estatística, chegam a resultados científicos de uma incontestável seriedade (17). E, mais recentemente, a obra
cola próspera do Estado do Paraná, ocorreu um fato sem precedentes na
Is Brazíl Sliding Tow.ud the Extreme left? Notes on the únd Refomr Pro-
::~~;:!~nrn:\~:::;.
20
gram in Sou th Amerit.l's L;irgest , nd Most Populous Country, do Prof. Carlos Patrício del Campo (The American Society for the Def-tnse oi Trildition, F.tmily and Property, Pleasantville, Nova York, 1986, 163 pp.).
Essas várias obras conduzem à conclusão de que é ilegítimo, segundo a Moral católica, e gravemente improfícuo, do ponto de vista econômico, que o País em'erede também em matêria agrária no dirigismo estatal (o qual, no campo da indústria, já lhe \"em custando catadupas de prejuízos e desastres). E que para isto golpeie ou suprima a propriedade individual e a livre iniciativa (18). Mas os fatos demonstram que nossos meiosdecomunicaç.losocial(exceção feita, em certa medida, da ''f-olha de S Pauld' e da "Última Hora" do Rio de Janeiro) são fechados - e quão radicalmente! - para toda publicação referente à TFP. Exceto, bem entendido, quando setratadedescompô-la,ededarapúblico toda espécie de im·erdades ou de análises infundadas a seu respeito. Ao que ela só consegue redargüir uma ou outra vez em espaços jornalísticos nos quais lhe é imposto o uso de letra t_ão diminuta, que só adolescentes ou 10\~ns conseguem lê-la bem. Ou então a TFP se \-ê reduzida a responder pagando altas tarifas publicitárias, que suas exíguas finanças muitas vezes não lhe consentem dispender. Assim é que as três obras da TFP já referidas, se tiveram uma repercussão muito maior do que a que tantas obras do gênero conseguem obter em nosso País, deve-se ao fato da ação abnegada da pujante juventude de seus cooperadores, os quais, nas vias públicas das grandes cidades, como ao longo dos mareseatéosúltimosrincõessertanejos de nossa Pátria, têm procedido com garbo e êxito â venda delas. Sobretudo o que a TFP não pode deixar passar sem os protestos que sua consciência lhe impõe e a lei lhe faculta, é que, com base em dados que não conduzem a tal, se preconize para nosso País a efetivação de uma Reforma Agrária cuja aplicação em pequenas parcelas de seu território já conduziu a desastres. A análogos desastres em escala imensamente maior arrastou a Reforma Agrária outros países, nos quais foi imposta mediante a promessa de quesaciariaafomeeaquietariaaindignação social (exageradas até o folhetinesco pela demagogia), e que os conduziu à escra\·idão miserabilista reinante na Rússia, ou quase tanto.
CATOLICIS~O - Nov./Deiembro 1986
III
"Ceder para não perder": velho "slogan" que serve de base para nova estratégia Como há JX>UCO se mostrou, a condu· ta do Go,.-emo em matéria agro-reformista trazia para este, como ronseqüênda, a necessidadedemudardeestratégia. Tal necessidade, imposta pela atitude
tantodosproprietáriosoomodostrabalhadores do campo, teria obriamente por meta a reconquista, pelo Go\-erno, da popularidade que seu agro-reformismo lhe fizera perder em largos setores rurais, lhe abalara seriamente em outros, e lhe valera a desconfiança generalizada em todos os setores do País, quer no tocante à eficácia da reforma planej.1da, quer no concernente aos pendores socialistas - na melhor das hipóteses Ribeiro.
do ministro Nelson
Para compreender as remodelações queaestratégiagovemamentaliriareceber dentro em bm-e, é necessário descre\'er rapidamente a transmudada situação da opinião pública. 1':')Segundoa imagem do Paísatéentâo apresentada pelo IV e V Poderes conjugados - imagem esta bastante gratuita, pois não se baseava em estatísticas de qualquer espécie (ou sebaseava em estatísticas fragmentárias às vezes, inidôneas quase sempre) - as cidades e os campos de nosso territóriocontinente esta~-am sempre mais imersos na miséria, "os ricos Cildil vez mais ricos t; os pobres Cildil vez mais pobres'; segundo os prindpios da crítica marxista. Em conseqüência, uma geral explosão de inconformidade estaria para estourar no País 2':') Essa explosão traria derramamentos de sangue generaliiados, cujas principais vítimas seriam os proprietários, menos numerosos que os proletários, e portanto ne<:essariamente inferiores à forçabrutadaimensamassadostrabalhadores manuais. 3':') Em conseqüência, quatro dos cinco Poderes (o Judiciário excluído. pois) apresentavam-separticularmentezelosospeloresguardodavidadosricose pela proteção dos pobres contra a miséna. Todos recomendavam aos fazendeiros uma políticil de conctssões: "ceder piln não perder' fõra o velho s/ogiln agroreformista da década de 60. Slogans CATOLICISMO · Nov./Dezembro 1986
têm vida efêmera. Este já não está em moda. Mas a essência dessa política concessiva e moderantista, ele a exprime por inteiro. 4~) De outro lado, as massas famintas e furibundas, esses moderantistas esperavam conter por meio de um conselho paralelo, que bem poderia se ex· primir pelo provérbio italiano "piano, piano se va lontano e se va Silno" ("devagar se vai longe, e sem prejuízo da integridade física"). Em outros termos, fossem os produtores rurais cedendo lentamente, e conservariam por mais algum tempo a posse - sempre mais reduzida - dos respectivos bens. Pois estariam matando, aos poucos, a fome da fera que seria o povo deste fim de século. De outro lado, fossem os trabalhadores manuais esperando, que acabariam por lhes vir, pacíficamente às mãos, todas as rique• zas que esperavam. Com o insucesso da estratégia acelerada, o agro-reformismo mais do que nunca tinha que deitar suas esperanças em que prevale<:esse no espírito dos produtores agrícolas a estratégia do ''ceder pm não perdei'. E na dos reformistas a de "para obter; não comr nem impor"
um dia em que o primeiro terá ganho tudo, e o segundo terá perdido tudo. Em outros termos, o proletariado terá destruído o patronato, e estará implantada no_Brasil uma organização sócioe<:onônuca sem classes: precisamente a meta comunista. Isto posto, o~ ceder para não perder'' é .um slogan típico da estratégia comurusta.
"'Ceder para não perdeT': "'slogan" da predileção dos comunistas, que conduz à destruição do patronato
~~;~:t:d~ªcº fir7~~:Ct;~1~t~:~::1~ e grupos partidários ou ideológicos de
Essa circunstância leva a que se pas-
se, no momento, da descrição dos princípios essenciais da nova estratégia, pa· ra a an.ilise desta. E, para que esta úl· lima seja sintética, cumpre considerar apenas seu ponto essencial. Segundo os preconizadores do ,,ceder para não perder", a que conduziria esse sistema simultâneo e gradual de reivindicações sempre maiores do proletariado, e de concessões incessantes do patronato? Em tese, se o primeiro avança sempre, e o segundo cede sempre, chegará
Objeção: a estratégia d o "'ceder para não perder" conduz a um ponto de equilíbrio Mas, dirá alguém, esta é uma interpretação unilateral do slogan. Pois ele também pode ser interpretado em sen-
~~;,dn~'.:~~~i·~:::~s:a~
tArios e recuos patronais, se chegue a um ponto de equilíbrio ideal, no qual as massas terão todas as suas ne<:essidades satisfeitas, e os proprietários ainda não tenham sido levados a ceder tudo. O "ceder pau nio perder'' seria então um slogan instaurador de um como que jogo de cordas. Num extremo da
esquerda. Do outro lado, estaria opatronato, analogamente aglutinado, esti· mulado e organizado por associações conservadoras ("conversadoras", diz um malicioso jogo de palavras popular). Este jogo de cordas não poderia ser necessariamente comparado com uma luta fratricida, nem com um esbulho total dos que têm em fa\'Or dos que não têm. Com efeito, se a fartura do País o permitir, e o proletariado sempre mais acentuadamente \1mcedor tiver bom senso, chegar-se-á a um ponto de equilíbrio. Por que, então, entre duas interpretações desse slogiln, ambas válidas, preferirainterpretaçãopessimistailotimista? 21
Antes de responder, importa fazer aqui uma ponderação. É que esse slogan (e portanto também a política de concessões que explícita ou implícita· mente nele se inspira) é perfeitamente ambíguo. Ibis admite duas interpreta· ções igualmente válidas... rumando pa· ra pólos opostos. Emoulrostermos,taispólos,talpolftica, tal ambigüidade, conduzem de imediato para a confusão. Edaconfu· sãoresultaqueaparteenganadajamais é a comunista.
Outra objeção: a l ógica cerrada desses argumentos conduz o País à luta entre dois radicali smos Objetará quiçá algum leitor que a lógica cerrada desses argumentos conduz a opinião pública, por via de conseqüência, a uma terrível opção. Pois se de um lado estão os que tudo querem conser•ar para si, e de outro lado estão os que tudo querem conquistar pa· ra si, a luta é inevitán!l, e pode desdobrar-se em lances sinistros. Ibis é a luta entre dois radicalismos, entre dois extremismos. Ora - continuaria o objetante - a verdade está sempre no meio termo. E, reduzido a optar entre um ou outro radicalismo, o povo brasileiro fica sujeito a cair em um dos despenhadeiros opostos. Estaobj~ãonãoresolveoproblema. Pois, se a opção inevitável entre dois exageros certamente não é aceitá\'el, menos aceitável ainda é admitir que o caminho para evitar qualquer dos despenhadeiros é, para a opinião pública, embrenhar-se na ambigüidade, prenhe de sobressaltos, fraudes, decepções, vinganças e crimes. Por outro lado, se o "jogo da corda" realiza-SE= tendo, de um lado os comu· nistas, e de outro os burgueses conservadores, há pouca esperança de que vençam estes. Pois o desiderato comunista não é o equilíbrio, mas a ruína total do opositor. O equilíbrio, só o desejam os burgueses que o ri5co tenha tornado compactamente "modelildOS". Ea garra dos que ~querem tudo~ vence normalmente os esforços timoratos dos que "se contentam com pouco". Éoquedemonstra a históriadoavan· ço inflexível do comunismo contra o moderantismo burguês, nas mais variadas situações.
22
No '°jogo da corda'; de um lado a '"'longa manus'"' de Moscou; de outro lado, os fazendeiros do Brasil Tudo isso, por mais concludente que seja,aíndanâoabarcaart"a!idadeinteira. Do lado agro-reformista não estão apenas pessoas de espírito utópico, propensas a sonhos sociais mais ou menos românticos, ou demagogos desejosos de carreira po.!ític_a, ou gananciosos de lucros publicitános. Estão ostensivamente, com o estandarte da foice e do martelo em punho, o PCB, o PC do B e os corpúsculos ideológicos conexos (terroristas, inclusive). Nosseusestandartes wpra o vento de certa Teologia da Libertação, a que devem o apoio de tão grande parcela da CN"BB. E, por detrás dos PCs, seus "compa· nheiros de viagem" e seus "inocentes úteis", é impossível não entrever a /on· g, manus de Moscou, a qual vai estendendo por toda a terra a impostura, a demagogia, a violência e, por fim, ocolonialismo comunista mais ou menos explicito.
Atitude da classe rural No "jogo da corda", de um lado está, pois, essa longa manus de aço, fazendo uso de todos os ardis, como de todas as brutalidades, para ganhar terreno e donúnar. Do outro lado estão os fazendeiros do Brasil, alguns tão embre· nhados em suas fainas quê nem sequer se deram conta, até o momento, do que é o agro-reformismo. Outros que, abrin· do estremunhadamente os olhos para
o que se passa, e habituados ao trabalho produtivo, não porém à luta, são propensos a dar ouvidos aos que lhes propõem qualquer forma de concessão, e a dar crédito a qualquer slogan ousofisma que nesse sentido se lhes ofereça. Outros enfim, inteligentf'S, ágeis, despertos, e prontos a qualquer sacrifício para a defesa do patrimônio que herdaram legitimamente ou acumula· ram arduamente para seus filhos, já vão dizendo não aocantode sereia da demagogia reformista. É entre estes diga-se de passagem - que a TFP en· contra as compreensões mais profundas, os entusiasmos mais calorosos e patrióticos, as colaborações mais generosas No momento, o núcleo da batalha agro--reformista se trava entre os próprios produtores rurais. Serão estes sensíveis à voz de seus vanguardeiros de escol, amigos da lei, e da paz dentro da lei' Ou, pelocontrário,deixar-se· ão iludir pelos pregoeiros de concessões inúteis e suicidas, do "ceder pan não perder'? No primeiro caso, ainda há para o Brasil salvação. Pois a classe dos proprietários é tão numerosa e influente que, mediante eleições sérias, ou por plebiscito probo, ninguém conseguirá vence-la. Se, pelo contrário, ela se entregar âs molessolicitaçõesdeumimediatismo preguiçoso e cego, com isto mesmo ela daráouvidosàsvozesquelhepartem, emúltimaanálise(atravésdeinocentes úteis, companheiros de viagem etc.), dos arraiais da esquerda, no extremo dos quais está ... Moscou. Neste caso, e dando ouvidos a essas \-OZCS, ela estará ipso facto \"endendo ao comunis· mo a corda com que este a enforque. E comelaaoBrasil(19).
CAlOLICISMO. No, ./Dezembro 1986
PormotivosqueaJ-listóriaaindanâorevelou,oMarechalCas t~!loBranco - opersonagemrú Ido por excelência da Revolução de 64, elevado à Presidência da Repúb!ica)X'loprópriogolpeanticomunistaeantijanguista - assinou, em 30 de novembro do mesmoano,oEstatutodaTerra, queimplantounoBr~s_ilumatru: culenta Reforma Agrana, no esp1rito e no estilo da quc Jango ideaEntretanto,durante20anos,o EstatutodaTerrafoiaplicadoem sistema de conta-gotas ..
Em 1980, o Episcopado nacional dá norn impulso ao movimento agro-reformista ao lançar o documento Igreja e problemas da /erra. Tal documento pressagiava de modo iniludível os surtos e as tropelias rurais a que o Brasil tem assistido, atõnito, a partir do atual penodopresidencial Na foto, Assembléia Plenária de Bispos aprova, em !taici, o referido documento
IV As invasões, essas desconhecidas
Os ""com-terraª:classe anônima que ignora o próprio poder Vistas a~ coisas da perspectiva há pouco delineada, o futuro do Brasil se patenteia dependente, de modo capital, daclassedosquetêm terras. O que, a muitos espíritos, parecerá uma afronta à realidade, já que estão habituados a aceitar sem tergiversação quanto lhes dizem os meios de comunicação social. Segundo estes, a grande força não é dos que têm terra, mas dos sem-ferra.
Uma análise fria dos fatos mostra, entretanto, que o poder dos sem-terra não é senão um mito publicitário, baseado unicamente no fenômeno das invasões Ora,estas,comosepassaráaver,nada provam. Ou provam o contrário do que esse mito visa inculcar. Sem embargo do que os com-ferra são os primeiros a ignorar quanto podem (20).
O que se pode concluir do fato das invasões? Para que as invasões servissem de apoio a uma conclusào tào grave quanto a de que, dadas as condições de existência do operariado rural, o País esta~ª necessitando de uma Reforma Agrána urgente e completa, que ~te~asse radicalmente a estrutura fund1ána do setor agropecuário, seria preciso que se tivesse certeza - cientificamente fundada em estatísticas de probidade e de poderconclusivoincontestáveis-acerca denumerososaspectosdessasinvasões. Para iniciar tal demonslraçào seriam necessáriosestudosaindanàofeitos,ou só feitos superficialmente
O "caso" da Annonir um fato característico Tomando como exemplo o "caso" característico da Fazenda Annoni, no Rio Grande do Sul, invadida em outubro de 24
1985, e que permanece ocupada até o momento, caberiam as seguintes perguntas: 1.Quantossãoprecisamenteosinvasores hoje fixados no acampamento da Annoni? 2. Quais são - com a mesma precisão - as condições internas de vida, os liames de submissão, voluntária ou não, que vinculam os atuais habitantes da Annoni aos chefes do acampamento? 3. Como sào escolhidos esses chefes? Ibr quanto tempo? Quais seus poderes? Como se distribuem entre eles tais poderes? 4.Quecódigodeinfraçôesequesistema de punições aplicam os chefes a seus subordinados? 5. Qual é o grau de liberdade com que ali interferem os Poderes Públicos, quer para inspecionar, quer para mandar ou proibir, dentrodoâmbitodasrespectivas esferas legais? 6. Se, no que talvez se possa chamar de campo de trabalhos forçados da Annoni, o~ que ali residem exercem alguma atividade para seu próprio sustento, o fruto dessa atividade vai diretamente para o trabalhador, segundo oregime da propriedade privada, ou vai para uma caixa comum que importe a vigência, no acampamento, de um regime socialista autogestionário? 7. Têm os habitantes da Annoni liberdade de optar (sem sofrer qualquer pressão moral ou de outra natureza) entre trabalhar fora do acampamento ou dentro dele? 8. Na Annoni, cada qual é livre de escolher o tipo_de trabalho que prefere, ou está adstrito à exewçào do trabalho escolhido pelos chefes? 9.Casoaproduçàodoacampamento estejasendoinsuficienteparaosustento dos habitantes, de onde e de quem, e em que porcentagem, procedem os recursos ne.:essários para completar o orçamento dos acampados? (21) 10. Bem entendido, o aspecto ideológico das invasões, bafejadas por apoios episcopais importantes e que continuam presentemente, nào pode ser passadoemsilêncionesteroldequestões. Quais, por exemplo, os eclesiásticos easorganiz.açõesdecatólicosconstituí-
das por leigos, que ajudam o acampamento da Annoni, e o estimulam? Quais as formas espirituais e materiais do apoio e do estímulo que dào? Quais sào as fonnas de açào que mais estimulam? Cumpre saber se na Annoni existe ensinoreligiosoparaascriançasemidade escolar, quem o ministra, e qual seu conteúdo. E não se argumente que tal matéria nào pode ser investigada sem transgressão da liberdade de pensamento e de religião, tào fortemente enraizadas na Constituição ~dera! Com efeito, a partir do momento em que a CNBB, alegando justificação doutrinária, toma a dianteira na maior transfonnação sócio-econômica até hoje ocorrida no Brasil e, de outro lado, um documento da Sagrada Congregaçào para a Doutrina da Fé afirma taxativamente a existência de veios ideológicos marxistas no famigerado movimento da Teologia da Libertaçào (documento assinado pelo Cardeal Ratzinger em 6 de agosto de 1984), ao mesmo tempo que o PCB, o PC do B, e corpúsculos conexos apoiam francamente esta conduta da CNBB: nesse momento toca ao Poder Público tomar conhecimento também dos aspectos ideológico-religiosos de quanto na Annoni se passa. Entre outras razões, porque cabe ao Estado defender a soberania nacional, sempre ameaçada - como analogamente o estào as das demais nações do continente sul-americano - pelo imperialismo ideológico-político de Moscou
Como fica implicada a soberania nacionalr na agitação agro-reformista Asoberanianacional?Oquetemela a ver coma Reforma Agrária? Não faltará quem levante essa pergunta, inspirado em urna candura desconcertante, para não dizer suspeita. Por certo, uma vez que, em virtude da abertura política e da democratização do País, se tomou permitida, nos termos da lei, a propaganda comunista, não há argumento que justifique uma CATOLICISMO - Nov./Dezembro 1986
inculp;ição da propaganda ideológica ou política do comunismo entre nós. Mas tal não obsta a que continuem de
~~~:j~1~~e~~~;t~ °:m~~te~ mundo é absolutamente notória: 1?) Em conformidade com o próprio caráter expansionista do comunismo, onde quer que exista um partido, uma simples corrente ideológica, ou um mero corpúsculo comunista, seus correligionários do mundo inteiro devem voltar-se para lhe prestar toda a ajuda necessáriaparaquecresça,seconsolide e conquiste o poder, dele expulsando os burgueses. Obviamente, qualquer partido, corrente ou corpúsculo comunista, não tem, em sua doutrina, senão motivos para aceitar tal ajuda. 2~ O principal fornecedor dessa ajuda é o partido comunista russo, o qual dispõe como entende dos imensos recursos do Estado soviético (22). E como, de outro lado, toca ao mesmo partido comunista russo a coordenaçâo e direçào de todos os partidos co-munistas no mundo, todas as ajudas que o movimento comunista receba de qualquer parte são reguladas pelo Kremlin. 3~ Isto conduz, por sua vez, a que todos os governos comunistas - dedarada ou veladamente tais - pressionados pelos países do Mundo Livre, não tenham condições para subsistir se não tiverem o apoio do governo russo. Ou seja, é inautêntica a independência de todos os países sujeitos a governos comunistas. Cair sob um go\·erno comunista é, pois, perder a soberania nacional 4?) Assim, o fato de que o Poder Público, em um país não comunista, assegure aos partidos e correntes marxistas toda liberdade de ação, não constitui impedimentoaqueogovernoosvigie. Pelocontrário,quantomaiselessãolivres, tanto mais de\•em ser vigiados, dentro dos limites da lei, para garantia da soberania nacional contra os desígnios de agitação, seguida de luta de classes e revolução social, que constituem um caminho forçoso para que o comunismo tome conta do poder, e a independência nacional soçobre.
O cupações invasões acampamentos e revolução social 1
1
Todas as considerações acima foram feitas a propósito do acampamento da Annoni. fuis é inteiramente cabí\"el perguntar o que se passa nas pequenas coCATOLICISl\•1O - Nov./Dezembro 1986
munidades cuja formação as hordas de invasores têm levado a cabo aqui e acolá. A comunidade da Annoni, como as demais, faz um só todo com o movimento das ocupações. As invasões são a causa das ocupações. As instalações de grupos contestatários em prédios como os da Assembléia Legislativa e do Incra gaúchos, e outras tropelias praticadas em cidades como nos campos, são m~odos de ~ão dessa luta de classes à marxista, que tocou às raias da revolução social
As hordas de
invasores agro-reformis tas Examinado, pois, o movimento das invasões agro-reformistas no que diz respeito aos acampamentos, cumpre ainda considerar o mesmo movimento em outro aspecto, que é o das hordas invasoras. A tal respeito, caberia aos Poderes Públicos fazer estas e outras perguntas: 1.Quantashordasdeinvasoreschegou a haver no País, no auge da ação delas, isto é, de Julho do ano passado a fevereiro do corrente ano? 2. Quantos são os componentes des 1 sas hordas, ainda existentes? Onde estão concentrados? Em regime análogo ao da Annoni? 3. De que ponto ou pontos do terri· tório nacional procedem as hordas eufemicamente chamadas colunas - de invasores que nele perambulam (e das quais se destacaram os componentes do acampamento da fazenda Annoni, e de outros locais ainda)? 4. São brasileiros, todos os que compõem tais hordas? Se não, quantos sào estrangeiros? Em que data entrou no País cada membro estrangeiro? 5. Estão identificados na Policia? 6. Dos dados colhidos por ocasião dessas identificações, que quadros estatísticos foram elaborados no tocante à idade, estado civil, profissão, salário e bens de cada pessoa? 7. Acompanham-nos as respectivas fa. mílias? Ou deixaram-nas no lugar de partida? 8. Nesta última hipótese, como se sustentam os familiares? Os invasores enviam alguma ajuda fin,mceira aos familiares distantes? Com que periodicidade? Com base em salários? Em contribuições etc.? 9.Senãorecebemsalários,dequem lhesvêmosrecursosparamanteresses envios? 10. Os envios de recursos financC'Íros dosinvasoresaosrespectivosfamiliares
são feitos por via postal? Bancária? Outra via? São documentados? 11. Estes e outros gastos de uma coluna de invasores, são contabilizados? 12. Quem os contabiliza? Os dirigentes de cada coluna? 13.Ondecostuma ficaressacontabilidade? 14. Obedeceelaaospreceitoscontâbeis que são de rigor? 15. Qual a vida de cada "invasor': antes de se entregar à sua presente OCU· pação? 16. Teve passagens por delegacias criminais, ou de ordem política e social? Foi processado? Condenado? Cumpriu integralmente a pena imposta? 17. Também antes de sua presente atividade, o invaSOT participou de movimentos ideológicos pacíficos? 18. De que índole, esses movimentos: política? sócio-econômica? religiosa? filosófica? 19. Salientou-se o invasor em algum desses movimentos? A que título? 20. Participou de algum movimento
i:oªfe~~: e: ;i~::;,:~1:s~; 0
0
violência? 21. Em seu presente perambular, usa ~le armas? A quem pertencem? A ele? A coluna invasora? 22. Com que dinheiro, quando e onde, ele ou a coluna adquiriu cada arma? 23. Essasarmasestãoregistradasna Polícia? 24. São de porte legal? 25. Praticam-se na coluna exercícios de tiro-ao-alvo, ou outros como caratê, judô ou capoeira? Há, na coluna, treinamento especial para isto? 26.Quaisastécnicasusadasparainvadir um imóvel rural, para acampar nele, e para defender os im•asores ou o acampamento contra elementos enviados pelo proprietário? E pela Polícia? 'll. AIJ longo de seus deslocamentos,
d~~~~:;o~:s~ ~~r~! ~~;~mi: n~~~~:~
na resposta cada cidade ou fazenda em que foram ajudadas. 2& Essa ajuda comporta e\'entualmente o fornecimento de armas? 29. As várias respostas aos itens anteriores permitem apurar a existência de redes organizadas, de apoio logístico às diversas hordas? Que quadro de conjunto se pode montar com esses dados? 30.Queorganizaçàointemaexisteem cada coluna? 31. Que grau de poder exerce a autoridade nela existente? 32. Quais as punições que costuma impor' 33. Estas punições costumam ser recebidas de modo disciplinado, ou geram reclamações e insubordinações? 25
34. Quem faz, entre os participantes da coluna, a distribuição dos recursos logísticos que ela vai recebendo ao longo do seu trajeto? 35. Habitualmente, qual a porcentagem de elementos de uma coluna que a acompanham desde o ponto inicial, e a dos que a deixam no decurso da caminhada? 36. Em face das autoridades da coluna, é lícito a um componente deixá-la quando queira? 'Jl. Em tal caso, tem ele a liberdade de levar o que lhe pertence?
38. Caso nada possua, recebe alguma ajuda para se transportar ao lugar em que o egresso deseja habitar? Se não, como arTanja o membro de uma coluna o necessário para tal?
39. Hápráticasouprédicasreligiosas ou cívicas quando a coluna marcha, ou quando se detém para repouso? Qual o conteúdo dessas práticas? 40. Existe uma direção geral eclesiástica, dos movimentos de conjunto dos invasores?
Tudo isto, seria indispensável que os poderes competentes o a,-eriguassem e
~ftt
~i~~s~:i~;,º;!~~~~,:,;:ne~~ ma pudesse, afinal, formar juízo exato sobre o que significam essas invasões, como expressão das condições de vida autênticas, e das verdadeiras disposições de ânimo dos que as compõem. Antesdeestardepossedessesdados, todaconclusãosobreasim·asões-em si mesmas e enquanto sintomas de descontentamento popular - é vazia de sentido.
V
Os trabalhadores rurais não se solidarizam
com os invasores: nada os une, tudo os separa - Concórdia com os produtores rurais /vJ contrário do que se procura inculcar, as invasões, em lugar de testemunharem o poder revolucionário sobre as massastrabalhadorasrurais,atestaram - e continuam a atestar - precisamente o contrário. Isto é, que elas não têm nenhum espírito de Te\'Olta contra os proprietários, reconhecem-lhes placidamente a influência, e lhes acatam os direitos patrimoniais. ~ tão geral este ponto, que pode ser tido quase como um plebiscito.
Uma invasão característica Para entender bem o alcance desta afirmação, imagine-se uma invasão característica : 1~) No conglomerado urbano próximo, o vigário vem fazendo, há meses, uma campanha agro-reformista, ao longo da qual começa por falar em tennos dramáticos, da miséria reinante nos mais diversos pontos do território nacional (é mais vantajoso para a demagogia agrária referir-se assim às misérias que existiriam em pontos indeterminados e distantes, do que à miséria próxima,poisestararaS\'eZesexiste,e astiradassentimentaissobreelaficam carentes de base aos olhos da população, que conhece a realidade). 2?) Aos poucos, o vigário passa a justificar, em termos inflamados, as invasões que colunas de famintos vêm fa. zendo lá ou acolá. De quando em vez, 26
aparecem referências à possibilidade de que essas colunas de famintos também enveredempelasestradasdacircunvizinhançadaigreja.Essasreferênciasse vão tornando sempre mais freqüentes. 3<!) Ao longo dessa escalada de pre· gação agitadora, o vigário mobiliza (ou começa a aglutinar) um primeiro núcleo de CEBs, entre cujos primeiros integralltes estão, em geral, elementos de sacristiacegamentesolidárioscomele, ou indivíduos de feitio psicológico naturalmente agitado etc. A esse núcleo vai sendo inculcado o "de.,.er" em que se encontram seus componentes, de fazer prose!itismo para engrossar a célula nascente. E esta vai sendo preparada para apoiar logisticamente qualquer coluna de invasores, que eventualmente venha de longe. 4?) Segundo a mecânica do movimento geral das invasões, ao longe se terâ ao mesmo tempo constituído e vem caminhando por etapas uma coluna de invasoresades!radoscujoitineráriopassará pelo lugarejo. Oh "coinddênci;{'I. Os jornais da capital vêm ao mesmo tempo dando notícias sobre a coluna, a qual cada vez mais se acerca do lugarejo. Em determinado momento, a coluna está tão pró-xima que a própria folha local a noticia. O que ela fará naturalmente (se for bem "tra balhad,l') de modo sensacionalista. S?)Chegadasascoisas a este ponto, o vigário muda o alvo de suas investidas. Essas já não visam apenas os pro-
prietários em geral, mas dois ou três fa. zendeiros em particular. Aponta-os como capitalistas implacáveis, sanguesugas dos pobres, tiranos etc. Estão implicitamente designadas assim as vítimas das invasões. 6?) Chega a coluna. No lugarejo, é festi\'amente recebida pelos elementos das CEBs e pelas demais pessoas que o vigário tenha conseguido aglutinar. Os componentes da coluna recebem diversos recursos logísticos: alimentaçào, cobertas, alguma roupa, sapatos etc. Quando for o caso, também assistência médica. 7'?) Depois de acampada por alguns dias em praça pública, a coluna se põe em marcha rumo à fazenda já prédeterminada. E,senâoencontraobstáculos, a invade, nela instalando seu acampamento, cercando uma área que lhe convenha ocupar, e ali começando a levantar tendas, e a dispor as coisas para uma permanência durán•l 8<!) O proprietário? Muitas vezes ausente, e dando por telefone diretrizes ao administrador... Trabalhador,csteú!timo, se bem que não trabalhador manual. Mas que sistematicamente se mantém fiel ao proprietário. A polícia? Na grande maioria dos ca· sos não age. E até se mantém distante. O juiz? Em geral atende o pedido de reintegração de posse, apresentado pelo advogado do proprietário. Mas esse atendimento, na maior parte dos casos é ineficaz, emrazàodainércia das autoridades policiais. CATOLICISMO - Nov./Dezembro 1986
9?) Se assim se desenrolam os fatos, o que acaba por acontecer? A esta altura da narração, todos os olhares se voltam para o proprietário. O que fará ele? Não raras vezes, sua consciência de católico(easdeseusfamiliares)játerá sofrido tal ou qual abalo em conseqüência das pregações esquerdistas que de há muito rem fazendo o padre. Ademais, sente-se inseguro quanto aos limites e aos modos de reação que possa desenvolver - segundo a lei - para seoporàvivaforçaaosin\·asores.Diante do desinteresse das autoridades na defesa dos direitos dele, não sabe se realmente a lei permite opor-se à bala à invasão. Sereagirassim,ouseutilizar homens armados, para evitar ou para fazer cessar a invasão, nãoacabará indo ele para o banco dos réus, e finalmente para o cárcere? Ademais, teme ele por sua esposa, por suas filhas e filhos, com ele residentes na fazenda. E, para poupá-los, todos, se sente propenso a ceder. Psicologicamente debilitado, abandonado por todos, o mais das vezes a vontade de lutar vai desaparecendo nele, pois, como observa Oausev.•itz, o maior teórico da guerra, para derrotar um adversário, nem sempre é necessário vencê-lo; basta tirar-lhe a vontade de lutar (cfr. CARL VON CLAUSEWITZ, De J;, g11erre, Les Éditions de Minuit, Paris, 1955, cap. Il, pp. 70a 83). lO?)Oepílogodessastnsteshistórias costuma ser pouco conhecido. Sesobrevémumacordo,ofazendeirocedesuasterras,ernparteou no todo. Se de suas terras restarem alguns farrapos, takez passe a morar e a trabalhar nestas. Mas o faz humilhado e apreensivo. Apreensivo, sim. E por vezes até agoniado pela insegurança. fuis qucgarantiatemeledequeaconcessão feita hoje não é senão um resultado inglório e inútil, e estímulo de uma série de outras invasões, ante as quais terá de curvar a cabeça de cada vez, em virtude de novas imposições feitas "na marra e na lei" por esta ou outras hordas de invasores? O que o aguarda então, senão a derrota final, em que nada mais lhe reste da antiga fazenda? Outras vezes, o fazendeiro prefere praticar uma espécie de "eutanásia': e eclipsar-se quando menos o imaginam os ocupantes. Levando a família e uns poucos trastes, vai iniciar vida obscura e humilhada em qualquer recanto do Brasil. onde nenhuma reportagem o alcance para desvendar ao público seu triste fim. Pois este é triste demais! CATOLICISMO
Nov./Dczcmbro 1986
O s trabalhadores rurais em fa ce dos patrões: tudo os une, nada os separa Pode-se supor que a narração desta tristehistóriaacabeaqui.Narealidade, todo um aspecto dela - aliás da maior importância - ficou faltando. E desse aspecto ninguém fala. Além do proprietário e dos seus, de um lado; do vigário revolucionário, de seus agentes urbanosedaco!unados invasores,deoutrolado; das autoridades policiais inertes e das autoridades judiciárias reduzidas à impotência, de outro lado ainda, falta à descrição do quadro e à conseqúente narraçã'J do drama, o atinente a mais outro grupo de personagens. São os trabalhadores manuais - bóias-frias em geral, e mais raramente assalariados, parceiros ou meeiros - que trabalham na fazenda.
Se eles fossem, todos, os famintos e os m-oltados cuja figura a campanha agro-reformista visa impingir ao público, seriajusto,seriaplausível,queeles tomassem uma atitude antipatronal desde o início da invasão. Que fossem ouvintes entusiasmados do vigário ''iu.stireiro" e indignado. Que se antecipassem à horda dos invasores, declarando ocupada em próprio proveito a fazenda em que trabalham. Que, pelo menos, esperassem como libertadores, os companheiros de fome e de miséria aglutinados nas colunas de invasores que viriam se aproximando. Que, vendo se acamparem em frente à fazenda, a fim de negociar com o patrão, déspota sob cujo jugo avaro há tanto tempo gemiam, eles precipitassem o curso da in\•asão libertadora, indo de encontro aos invasores, paraajudá·losnaderrubada de porteiras e cercas, atrai-los para dentro da fazenda, e aí procederem aumapartilhatotaldasterrasemque todos juntos, in\·asores, bóias-frias e OU· tros assalariados, executassem pelas próprias mãos a Reforma Agrária socialista e confiscatória. Quanto seria feliz o fazendeiro que conseguisse safar-se desse cataclismo, levando consigo apenas seus familiares, e alguns trastes! Consulte o leitor as recordações que guarda na memória, do lido na imprensa ou ouvido nas rádios ou TVs, sobre invasões desse gênero, edigaseserecorda de vários casos de adesão revolucionária de bóias-frias e assalariados àhordadeinvasores.Nãoselembrará de nada, ou se lembrará de pouco mais
do que nada. Consulte as coleções dos jornais: não encontrará senão o mesmo resultado.Oquequeristodizer,senão queosbóias-friaseassalariadossentem como imaginárias, ou pouco mais do que isto, asdescriçõesdemisériapungente e de revolta geral, que o agroreformismo trombeteia por todos os lados? E que nenhum deles (bóias-frias e assalariados) experimenta na carne \Í· va a aguilhoada feroz da fome, nem a ação dilacerante da miséri.:i? Em termos mais precisos, os bóiasfrias e assalariados doBrasilinteiroou como que tanto - deveriam estar a esta hora efer.'escendo de indignação e de revolta, vendo de longe, de perto. - e em muitos casos quão de perto! ~!lªíi~~~;;te para eles o momenPelo contrário, sua atitude diante das hordas libertárias que se aproximam, não é a de cúmplices, nem sequer a de colegas Exatamente como os patrões, olham silenciosos, perplexos e abandonados pelas autoridades, essa prodigiosa capitulação do Poder Público ante as forças do caos. O que, tudo, significa que em face dos invasores nada os une e tudo os separa. Em face dos patrões tudo os une e nada os separa. Enquanto continuar essa situação psicológica dos trabalhadores do campo (sobreosquaiscontinuaentretantoimplacável a martelagem de tantos meios decomunicaçãosocial),sósepoderádizerque, exceçãofeitadofenómenoartificialdasinvasões(tãomalexplicado e pouco conhecido em seu âmago), uma paz social profunda reinava no ager brasileiro antes de começar a presente agitação reformista. E que continuou a reinar nele em pleno desenro[ar-sedaofensivadasinvasões. A tal ponto que, se estas cessassem completamente hoje, a intranquilidade começariaacicatrizarjáamanhã...
Um brado necessário: º O rei está nu " Estasconsideraçõesronduzemauma reflexão feita logo no início da presente
:rei:~ã~;~~::
e~~ev:~lt:dºc°N~~ Diante dele, um e outra abriram os olhos, se bem que nos meios de comunicação social esta imensa decepção do agro-reformismo não se comente? Por fim, previam os promotores do agro-reformismo que, no silêncio geral sobre esse fato, uma voz tivesse cora· gemdegritarque "o reiestinu"(23), isto é, que o agro-reformismo não é o fruto natural de uma situação sócioeconômica flagrantemente injusta, con27
tra a qual se levanta naturalmente a luta de dasses dos oprimidos e famintos; mas que, ao contrário, ela é o efeito artificial de uma conjugação de intelectuais e homens de ação bem encastelados em dois Poderes do Estado, o Executivo e o Legislativo, e em dois Poderes da sociedade, os meios de comunicação social e a CNBB? De qualquer forma, é patente que, se não houver quem brade 'i:I rei esti nu", a consumação da Reforma Agrária, o
~:ra~;
::~:e~~~~:t~~ºr7c~~;~i~:r: empurrando o Bras il rumo ao comunismo. Nessestermos,aTFP, ainda que só, levantao seubradodea!erta.Edenuncia que o adversário comunista já está dentro da cidadela, escondido no bojo, não de um, mas de muitos Cavalos de Tróia (24).
A obrigação dos fazendeiros de se defenderem: e de defenderem o Brasil Estebradodealertasedirigeespecialmente aos fazendeiros, porque estes constituem a parte mais atacada, e por issomaisemrisco,nosistemabrasileiro. A eles interessa, pois, mais direta-
mente,defenderem-sedosoçobrototal. A eles também toca, de modo mais cogente, a obrigação de defenderem contra esse mal o Brasil. F<J,zendo-o, exercerão de modo capital a função social da propriedade, pois, paraumaaçãodestas,empregarãoseu prestígio, sua influência, e tudo quanto representa para a alma e para a História desta nação cristã que é o Brasil, o instituto benfazejo e multimilenar do sagrado direito de propriedade Do sagrado direito de propriedade, sim. Sagrado, porque ele se funda em dois Mandamentos da Lei de Deus· "Nio furtaris" e "Não cobiçar.is os bens do próximo". Sagrado porque, ao longo de quase dois mil anos de vida da Igreja, o ensinaram os Papas!
A TFP arrostará as vinditas, difamações e perseguições que sobrevenham Erguendo em nome da TFP esse brado de alerta, bem sabem todos os desta associação a quantas vinditas, a quantas difamações e perseguições se expõem. Mas por Deus, por Nossa Senhora Aparecida, Rainha do Brasil, tudo estão dispostos a arrostar dentro da Lei. Eis aqui proclamado o alerta.
E seja de nós o que Maria Santíssima, nossa Mãe, dispuser. Nascido em 1908, já me acerco do limiar dos 80 anos. Se a mim cabe, em talidade, dar, por meio deste trabalho, ainda maisumcontributopara tàoalto fim, só posso ser grato a Nossa Senhora, e Lhe dirigir a súplica, inspirada com pequeno retoque - em uma prece litúrgica, que é prévia às reuniões plenárias da TFP: "Dignare me pugnare pro te, Vitgo sacrata: da mihi virhitem contra hostes tuos" (Ofício parvo da Bem-aventurada Virgem Maria). Ao tempo das lutas heróicas entre portugueses católicos e árabes maometanos, encontravam-se nossos maiores ante as muralhas intransponíveis de certa cidade defendida pelos sequazes de Mafoma. Vendo-a irredutível, um guerreiro português, destro e cheio de Fé, se aproveitou de um instante de distração dos de Mafoma, e por um golpe dedestrezaede coragem, abriuasportas da cidade de par em par. Ademais, para que nào fechassem novamente os mouros os batentes dela, deitou-se ao chão. Sobreelepassouacavalariaportuguesa, ingressandovitoriosamentena cidade, aosbradosdeféedeentusiasmo. Com isto morreu o valente. Mas a cidade estava ganha para Jesus Cristo Em vista da magnitude do presente temaedasituaçãohistóricaemquenos encontramos, o fato constitui modelo de heroísmo cristão
VI
Diversidade da reação dos produtores rurais face à Reforma Agrária: raízes profundas Váriasvezes têmaparecido,neslaexposição, referências à atitude dosprodutoresruraisemfacedoperigoqueo agro- reformismo cria para eles, para suas famílias, para o Brasil e para o princípio da propriedade privada, precioso resquício da civilização cristã entre nós. Porém, numa descrição analítica da luta entre anti-agro-reformistas e agroreformistas, cumpre que esse assunto não seja tratado apenas em refe rências fragmentárias insuficientes, mas em um quadro de conjunto. Tanto mais quanto se acaba de ver toda a importância da atitude que vai tomando a classe dos prod utores rurais nessa importante controvérsia. 28
Um quadro objetivo dessa atitude exige muitas matizações. Pois essa classe numerosíssima (são mais de 5 milhões osprodutoresruraisnoBrasil)comportaatividadesagrícolasepecuáriasdas mais diversas, desenvolvidas em condições também muito diferentes navastidào de nosso território. Acresce que o modo de uma classe se portar diante de algum problema que lhesejavital,estáforçosamenterelacionado com o estilo de vida dessa classe, e com a psicologia do contexto social do qual ela é uma componente. Ora, os estilos de vida e as psicologias se diferenciam sensivelmente de um para outro Estado de nossa Federação. E não raras vezes comportam submatizes dentro de
um mesmo Estado. Seria um nào mais acabar se se pretendesse descrever aqui todas essas miríades de variedades Pois o assunto não caberia num livro E exigiria as proporções de uma enciclopédia
Revolução Industrial: transformações que rumam para o comunismo Isto não obstante, um ponto de diversificação deve ser aqui assinalado. E' o dos diversos relacionamentos dos fazendeiroscomavidaurbanadasgrandes, médias e pequenas cidades. Ou seCATOLICISMO - Nov./ Dezembro 1986
}a, em outros termos, do refacionamento deles com a Re..-olução Industrial, a
qual existe e avança consideravelmente mais nas cidades do que nos campos, nas cidades grandes mais do que nas médias, e nestas mais do que nas pequenas. Por Revoluçio Industrial se entende aqui o conjunto de transformações sócio-económicas operadas nos estilos e moldes de vida da sociedade, bem como no comportamento do capital e do trabalho,apartirdemeadosdosémlo XVIII até nossos dias. Transformações essas decorrentes em muito grande parte de invenções como a m.iquina a \'apor, o uso da eletricidade e outras. Tais invenções determinaram um surto industrial que se poderia chamar fabuloso, rico em conseqüências de fundamental importância, como a formação das imensas babéis contemporãneas, o desenvolvimento do sistema bancário fü., as quais, por sua vez, marcaram a fundo a vida nas grandes cidades. O tipo de sociedade assim plasmado apresenta um sentido marcadamente revolucionário, se confrontado comas cidades e a sociedade do passado (25). Paralelamente, as ideologias em ascensão, nestes dois últimos séculos, também têm caráter revolucionário, se comparadas com as dos anteriores. Todo esse vasto conjunto de transformações se apresenta, pois, aos olhos do observador, como uma só e imensa revolução, denominada correntemente Revoluçio lndustrial, a qual projetou seus efeitos até mesmo no âmago de entidades das mais antigas, e das mais zelosas da tradição. Tem ela, por exemplo, visívelrelaçãocomacriseprogressista que atravessa a Igreja, bem como com o surto de marxismo que percorre o mundo. Este último ponto merece ser especialmente notado: as transformações industriais, nascidas de causas puramente técnicas, assim como condicionaram em boa medida a revolução sócioeconômica, também foram condicionadas por ela. E as ideologias libertárias e igualitárias, disseminadas em todo o mundo pela Re\'Olução Francesa, entraram em íntima simbiose com a Reo.'Olução Industrial. A tendência cada vez mais acentuada da sociedade capitalista e burguesa, para o relativismo filosófico e o permissivismo moral, conexos com a Revolução Francesa, foi marcada a fundo pela Revolução Industrial. E, por sua vez, ser,e largamente de veículo para esta. Para prová-lo, basta tomar em conta o possante apóio que o rádio e a TV têm dado à corrupção dos costumes CATOLICISMO - Nov./Dezcmbro 1986
Muitos fatos - à primeira vista inexplicáveis - da realidade contemporãnea se decifram à vista das considerações aqui feitas . Um deles é a enigmática propensão de tantos ambientes capitalistas para o comunismo (26). Como explicar essa tendência, que não encontra aliás qualquer reciprocidade no campo comunista, dado que capitalismo e comunismo parecem constituir a grande antítese de nossos tempos? Sem recorrer a fátuas explicações hegelianas do assunto, basta!embrarque os propulsores da Revolução Industria! são e sempre foram, ao mesmo tempo, os verdadeiros e grandes propulsores do capitalismo. E, marcados pelas ideologias atéias remotamente procedentes da _pseudo-Reforma protestante (dr. LEAO Xlll, Encíclica l'an'í'nu .i fa 2.Seme Année, de 19 de março de 1902, \bzes, Petrópolis, 1960, 3~ edição, pp. 8-9), bem como da Renascença e do Humanismo {dr. PUNJO CORRÊA DE OLIVEIRA, Revoluçio e ContraRemluçio, Boa Imprensa, Campos, 1959, Cap. líl, 5, B, p. 19), estão em íntima simbiose ideológica com as transformações técnicas e sócio-econômicas que impulsionaram. De onde o caráter compacto de sua obra. Bem como a tendência desta, a longo prazo, para o comunismo, mesmo quando muitas vezes o combata de imediato. Os cordões carnavalescos em marcha, por vezes \'Oltam as costas, cantando e saltando, paraametarumoàqualcaminham. Mas, mesmo assim, não deixam por um só instante, de caminhar para essa meta. Tal fato pode servir de analogia ilustrati\•a para a inconsistência e inocuidade de tantas reações burguesas "anticomunistas". Como para a eficácia de muitas tomadas de posição pró<omunistas da mais rica burguesia.
Receptividad e e oposição d os p rodutores rurais à Reforma Agrária Os fenômenos sócio-psicológicos e sócio-econômicos s.ão, por sua própria natureza, complexíssimos. Por isso era necessária toda a exposição anterior, a fimdequeoleitortivesseuman<x;ão, sucinta embora, das causas e do significado das diversas tomadas de posição da classe dos produtores rurais face à Reforma Agrária. As manifestações pró-comunistas e pró-socialistas são mais freqüentes entre os fazendeiros de alto padrão econômico. Com efeito, a freqüentação das
grandes cidades nacionais, e dos grandes centros urbanos de importância mundial, lhes é habitualmente mais acessível.Muítasvezesresidemnelas, e éa partir delas que dirigem, através de um sistema de comunicações muito "evoluidó; os super-administradores que eles mantêm nas explorações agrícolas ou pecuárias. O avião particular que possuem - não raro são eles vários - e para o qual têm pista de vôo a dois passos de sua residência na fazenda, lhes põe ao alcance f.icil, tanto os rincões longínquos de nossa fronteira rural, quanto as babéis nas quais gravitam seus negócios urbanos, ou asestâncias de lazer climático e as praias de nosso País. A abundância de seus recursos lhes permitefacilmentetomaraviãointemacional para passar férias na Europa ou na América do Norte, caçar feras na Africa, visitar as pirâmides do Egito, ou extasiar-secomasbelezasnaturaiseartísticas da lndia. Quando não prefiram conhecer o apogeu da Revolução Industrial no Japão. Fazendeiros tais, estão naturalmente abertos a todos os ventos que.sopram no mundo ocidental e capitalista, na medida em que esses \'entos impelem dara ou veladamente para o permissivismo moral completo, bem como para a abolição de toda autoridade, de toda ordem, de toda !ei, em suma, para a au«>gestão, a ecologia e o tribalismo. Essas circunstâncias tendem a tomar tais fazendeiros receptivos para com a Reforma Agrária. Receptividade esta que, conforme o caso concreto, se manifesta radicalmente por uma aceitação benévola do confisco agrário (27). Mais freqüentemente, porém, areceptividadesetraduzemumasimpatia expressa ou tácita para com estes ou aqueles aspectos do agro-reformismo. E, mais freqüentemente ainda, por uma atitude indolente no combatê-lo. As vezes essa indolência toma aspectos não só de modorra, como ainda de desâ.nimo ou, por fim, do medo de ser desapropriado em razão de qualquer atitude anti-agro-reformista. Ográficodestassucessivasatitudes, influenciadas,emgrausdiversos, pela Revolução Industrial e pelas ideologias com as quais ela é conexa, pode descrever-se em círculos concêntricos: quanto mais o fazendeiro se encontra próximo ao centro, tanto mais freqüentemente é ele adepto da Reforma Agrária. Pelo contrário, quanto mais distante, tanto mais propenso é a opor-se a ela. Bem entendido. este gráfico não tem rigidez mecânica. Não significa ele que 29
não haja no próprio âmago do gráfico fazendeiros esclarecidos, e nobremente batalhadores contra a Refonna Agrária. Nem que nos pontos mais distantes do centro não haja produtores rurais pró-comunistas ou agro-reformistas. Quer ele dizer, simplesmente, que a minoria agro-reformista é tanto maior quanto mais os fazendeiros se acham próximos ao centro. E a minoria decididamente anti-agro-reformista é, por suavez,tantomaiorquantomaisosfazendeiros estão distantes do centro. De tal sorte que a oposição à Reforma Agrária atinge seu auge entre os produtores rurais pequenos e médios {e raras vezes grandes) cujas propriedades gravitam em torno de pequenas cidades, e cujaresidênciaprincipalseencontranelas, ou nas próprias fazendas. Produtores rurais esses que {ainda mesmo quando grandes), nas zonas mais distantes se vestem de maneira quase ígual à dos respectivos trabalhadores manuais, conversam "sentados" sobre os calcanhares, e se têm casa e mesa superiores às do trabalhador, é muito mais do ponto de vista quantitativo, do que do ponto de vista qualitativo.
Alheamento dos grandes temas, otimismo e indolência Tudo leva a crer que se os produtores rurais contrários à Reforma Agrária, classificáveis em posições diversas do gráfico acima referido, esti\'essem decididos a enfrentar - dentro da lei embora - a Reforma Agrária socialista e confiscatória posta em execução pelo atual Governo, disporiam de influência suficiente para fazê-lo. Mas a maior parle deles se encontrava paralisada por dois fatores psicológicos muito atuantes. De tais fatores, o primeiro era certa inércia política decorrente do infeliz alheamento de grande parte deles, dos assuntos públicos que extravasassem os estritos limites dos respectivos municípios. Contrariava esse seu hábito, a um tempo suave e tacanho, a necessidade de ajustarem as vistas à vastidão filosófica, religiosaetécnicadacriseagropecuária de envergadura nacional. Outro fator, já atuante no Brasil nas últimas dé(-adas da existência colonial, é certo otimismo decorrente das condições altamente propícias do País, da suavidade natural do seu clima, como do temperamento de sua gente, que circunscrevem o mais das vezes a tiroteios 30
quase se diria incruentos, a maior parte de nossas convulsões internas, ao mesmo tempo que nossa distância da Europa.e da América do Norte nos tem preservadosempredaaçãodevastadora das guerras mundiais de nosso século. Tudo isto, somado a certa indolência não rara entre os brasileiros, alimenta a convicção muito nossa, definida em termos jocosos mas lapidares pelo ditador Vargas, de que a melhor das soluções consiste, no Brasil, em "deixar como está, para ver como fica". Certo tipo de brasileiros queria ,-er nisto tudo dons divinos, pelo que comentavam, comprazidos e aliviados: "Deus é brasileiro''.
Abrindo os olhos para o perigo comunista Em cadência lenta, as crises e as re\'Oluções deste século vieram abrindo os olhos de nosso povo para o contrário. Isto é, Deus sem dúvida ama o Brasil, mas o amor dEle aos homens não consiste sempre em cumulá-los com os dons da vida terrena, mas em fazê-los aceitar os castigos e as provações com que Ele nos prepara para o Céu. A primeira crise a nos provar que algo de muito sério, de dramático até, começava a passar-se no Brasil, foi a Re~1llução de 1930. A respeito dela, disse em alocução radiofônica célebre, o inolvidável Arcebispo de Sãp Paulo, D. Duarte Leopoldo e Silva, que ,,a etv.1 daninha do comunismo trouxe-a para 5. Paulo a moxila de certos próceres de 1930'' (D. DUARTE LEOPOLDO, Illu· minuas, Emprex.a Graphica da "Revista dos Tribunaes': São Paulo, 1937, p.116).
Esta penetração vermelha incubada narevoluçãovitoriosaalertouosbrasileiros mais penetrantes. Na reação pau· lista de 1932, não era difícil distinguir a participaçàQ. entre os combatentes por São Paulo. de brasileiros preocupados com o grave perigo que assim se mostrava no País. Aparentemente consolidada a ordem, a maioria da população voltou à calma de outrora. Mas os golpes comunistas de193SemNatal,RecifeePortoAlegre,
trazendo consigo múltiplas manifesta· ções de uma brutalidade insólita, reve-
~;::,J~%~~:~i::Íi~~~~ :::r:. E cada mais quente. \'eZ
Em 1937, o então presidente Getúlio Vargas, como que brincando em seu próprio proveito com o integralismo e
o perigo comunista, impôs ao Brasil o Estado Novo, ao longo do qual a nota trabalhista,carregadadematizessocialistas, seacentuoumaisemais. Talnota não fez senão crescer durante os períodos presidenciais Dutra e Kubitscheck, a ponto de que, com Jango na chefia do Estado, o comunismo passou a constituir um perigo iminente.
Divisão ideológica nos meios religiosos, culturais, políticos e sociais Emfacedestaconjunturaéqueainfluência de setores novos da opinião católica começou a marcar na vida pública brasileira sua presença atuante. O esquerdismo católico formou des· de as primeiras horas com Jango e os comunistas. Em sentido oposto, um ponderável setor católico tradicionalista tomou forma jurídica de sociedade civil com denominaç-ão de Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, desde logo conhecida pela sigla TFP. Com o apoio de políticos burgueses e liberais, e escudado nas esquerdas, apareceu o movimento agroreformista. A este perigo fez face o livro Refurai., AgráriiJ - Questio de Consciência, de autoria de dois Prelados que então davam à novel entidade seu prestigioso apoio, bem como do autor destas notas e do economista Luiz Mendonça de Freitas. Tomou-se desde então patente aos olhos de todos a divisão ideológica dos meios católicos, ao mesmo tempo que todos os fatos anteriores desfechavam em análoga cisão, com amplitude jamais vista anteriormente, nos meios culturais, políticos e sociais.
Dos vários trunfos do esquerdismo na Nova República, o mais importante é a esquerda católica O Golpe de 64 afastou de momento o perigo. Mas a reação anticomunista do regime militar, excessiva em mais de um lance de repressão policial, foi ao mesmo tempo de um liberalismo ideológico quase absoluto, que permitiu aos esquerdistas se infiltrarem largamente no ensino e nos miJss medid. E implantou na economia o socialismo. Em suma, o perigo comunista entrou gra,-emente acrescido na NO\·a República. Destes trunfos que o esquerdismo trazia na mão quando cessado o regime CATOLICISMO • Nov./Dczembro 1986
militar, nenhum tinha, de longe, importância igual à dos avanços alcançados no período de 64 a 85, pelo esquerdismo nos meios católicos (28). Especialmente a partir de 1968 começaram a soprar no Brasil os ventos da Teologia da Libertação, que tantas esperanças e tantas preocupações vém trazendo à Santa Sé (29). Na Hierarquia eclesiástica, como nos seminários e noviciados, esses ventos sopraram cada vez mais, a tal ponto que poucas têm sido, no Brasil, as vozes eclesiásticas a se erguerem contra a penetração crescentedaesquerda(30). E,assim, para incontáveis brasileiros, desnorteados e alvoroçados, a figura que o Episcopado apresenta em seu conjunto é de uma potentíssima força de esquerda (dr. Cap. II).
A TFP funda nos documentos tradicionais do Supremo Magistério eclesiástico toda a sua ação doutrinária. Mas a eficácia de sua ação tem limites, pois ela é uma organização de leigos, que ocupam na Igreja uma função discente, e não docente. E que, não fundada pela Hierarquia, nem dirigida por ela, não seinsereentreaschamadasassociações ttligiosas, as quais, pelo fato de serem dirigidas pela Hierarquia, lhe refletem as intenções e os programas. A posição dela é inteiramente conforme ao Direito Canônico, porque é uma associação da categoria que se denominava, até a entrada em vigor do novo Código de Direito Canônico em 'lJ de novembro del983,uma associaç.iolaicill (emlatim, ronfra~mius Jaialis). Isto é, uma associação de leigos que se rege por
seus próprios Estatutos, e que só está submetida à Autoridade eclesiástica in rebus lidei et morum, ou seja, no que se refere à Fé e aos bonsconstumes(dr. Resolução da Sagrada Congregação do Cono1io de 13 de novembro de 1920, ~Ada Apostolicae Sed~ 1921, \'OI. xm, pp. 135 ss.){31). Comotal,aTFP,fundadaeconstituída por leigos, tem o direito de difundir e comentar sob a própria responsabil~dade, os documentos do Magistério. A Hierarquia cabe corTigir qualquer erro que encontre nestes comentários, pois olaicatocatólicoestásujeitoa ela, como foi dito, em matéria de r-é e costumes. Mas, enquanto associação fundada por católicos e não assumida pela Hierarquia, tem a TFP o direito de se dirigir por si mesma (32).
VII Condição de êxito da investida agro-reformista: irresolução dos fazendeiros face às invasões - Os P.treceres difundidos pela TFP desfazem a manobra
Balanço de forças Como atrás foi dito (cfr. Cap. II), no primeiro lance da atual im·estida agroreformista, que corresponde mais ou menos à duração da gestão ministerial Nelson Ribeiro, a CNBB se apresentou como a grande propulsora do Governo ainda novo, e politicamente pouco robusto do Presidente Samey, nas vias ásperas do agro-reformismo. Não seria fácil dizer se o então ministro Nelson Ribeiro era, à testa do Ministério da Reforma e do Cksen\lllvimento AgrárioMirad, mais um porta.voz do Chefe de Estado, ou do Bispo D. Ivo Lorscheiter, Presidente da CNBB Em maMria de Reforma Agrária, quase todos os partidos mostravam uma indefinição ou uma moleza que os relegava para o segundo plano do debate. Os meios de comunicação social transmitiam opiniões diversas, mas, pe· la abundãncia da matéria e pelo destaque na paginação, levava a melhor o agro-reformismo. Associações de classe dos produtores rurais, quer oficiais (sindicatos), quer CATOLICIS~-10 - Nov./Dezembro 1986
particulares (Confederação Nacional da Agricultura, Sociedade Rural Brasileira, f.ederaçôesdeAgriculturaestaduais, e certas outras) tomavam uma atitude do gênero 'wler para nio perder". Ou então de tal modo silenciosa que seria difícil não a qualificar de omissa. E, srosso modo, os proprietários se sentiam desnorteados e abandonados Tudo isto dava sobejo alento aos agroreformistas de todo jaez. Parecia-lhes já tocar quase com as mãos os louros da vitória.Mas... Mas ... Os observadores mais atentos notavam que, em profundidade, a situação era bem outra. Não conhecemos um só jornal que o tenha dito. Porém, a despeito da situação privilegiada de tantas lideranças agressivas, doentreguismo ou da moleza de tantas outras mais ou menos "inocentes" e muito úteis (algumas inocentes, e todas mui· toúteis),edaomissão(takezemergencial e provisória) de tantas outras ainda, a classe rural brasileira se mantinha imóvel, desconfiada, e insensível às pressões legais, governamentais e sociais. A própria Cl\'BB, com tantas possibilidades de levar consigo a confian-
~,~z.
o coração de nossa gente, falava em
Se o agro-reformismo semeava dúvidas, os livros e campanhas da TFP deitavam cada vez mais raízes. Fato impressionante, os trabalhadores rurais tomavam atitude de todo em todo análoga à de seus patrões. Eos incitamentos provenientes destes ou daqueles sindicatos de trabalhadores mal serviam para despertar aqui e acolá raros grupelhos de agitadores amalgamados desde logo com as CEBs.
Quadro de uma situação Antes de passar ao segundo lance desta narração analítica do agroreformismo desencadeado pelo Presidente Samey, foi necessário descrever (cfr. Cap. VI) a evolução paralela das duas forças que hoje impulsionam a Reforma Agrária, isto é, o populismo nascido da Revolução de 30, mais rico em seiva com o trabalhismo de Vargas, desaguando no reformismo de Jango (que hibernou e prosperou no regime mili31
tar), para desfechar por fim na atual ofensiva agro-reformista {como também urbano-reformista e empresarial-reformista do Presidente Sarney). Foi necessário igualmente apontar (dr. Cap. II) as origens profundas does· querdismo católico, desde o fim dos anos30atéàsexasperaçõesreformistas radicais dos anos 80 (com a reação concomitante da TFP). Foi ainda necessário nutrir ambas essas narrações com as referências cabíveis para tornar compreensível - como se passará a ver que a única saída dessa situação para o agro-reformismo eram as invasões e ocupações.
Procedimento inviável do ponto de vista político Comefeito,àprimeiravista,asitua· ção que acaba de ser descrita deixava ao Governo uma só via direta e legal para implantar a Reforma Agrária, dando cumprimento ao Estatuto da Terra e ao PNRA. Consistia ela em ir de.:retando sucessivamente as desapropriações que entendesse cabíveis segundo a lei. E, caso os fazendeiros desapropriados não entregassem os respectivos imóveis no prazo legal, poderia o Governo recorrer ao uso da força, para expulsar do imóvel o fazendeiro e os seus. Tal procedimento, inteiramente viável nostermosdalei, revelava-sedesdelo-go inviável do ponto de vista político. Pois·
1?) O estado de ânimo manifestado pelos fazendeiros, em sua quase generalidade, deixava ver que não se levantariam contra o Governo, caso este não chegasse a lhes retirar efetivamente a posse das terras. Porém, no caso em que o Governo deliberasse chegar a esse extremo, eles só sairiam das respectivas fazendas coagidos pela força policial. Nessa hipótese, dar-se-iam certamente lances dramáticos que haveriam de traumatizar a fundo, não só a classe rural, como toda a população brasileira, naturalmente cordata e compassiva. Formar-se-iam, assim, focos de indignação em vários lugares. E, da indignação à resistência armada, o caminho por vezes não é longo. O Governo ver-se-ia, pois, na perspectiva de uma situação incontrolável 2?)Acrescequetodaa Naçãojáestá profundamente traumatizada com a inércia das autoridades locais face ao aumento vertiginoso da criminalidade· inércia,esta, visivelmentebaseadaem postulados humanitários naturalistas, unilaterais, e deformados. 32
Na hipótese dessa perseguição policial em massa contra os fazendeiros, o povo ver-se-ia diante de uma contradição incompreensível. De um lado, uma repressão dura e estrepitosa contra homens honrados, cuja única culpa consistia em viver com suas famílias, de seu trabalho, em suas terras. E, do outro !ado, um regime verdadeiramente privilegiado, deixando à larga, com a inércia oficial, não só a criminalidade urbana, mas também essa nova forma de criminalidade rural, que é o esbulho agro-reformista. Nenhum governo teria prestígio suficiente para suportar o impacto do descontentamento público em presença de situação tão anômala.
Outra tentativa fracassada: a sublevação dos trabalhadores "famintos" O que o agro--reformismo não poderia obter por vias ordinárias, restava-lhe fazê-lo por mãos de terceiros. Quais terceiros? Estava largamente difundido no Brasil e no Exterior o mito do trabalhador manual habitualmente sub-remunerado e faminto. Bastava ativar mais algum tanto a difusão de tal mito, para que a muitos parecesse normal que, assim co-mo nos anos que precederam imediatamente a libertação dos ·escravos em 1888, muitos dentre estes, levados pela indignação, fugissem das plantações (não sem praticar por vezes aios de via· lência contra as pessoas ou os bens dos senhores), também agora os trabalhadores famintos, tangidos pela fome, e cientes de que o Governo desapropriaria em favor deles as terras em que vi· vessem dignamente, ocupassem por sua livre iniciativa essas terras. Ilhado em sua casa sem mais condições de sobreviver, o fazendeiro desapropriado nãoteriaoutrasoluçâo,senãoabando-nar a fazenda espontaneamente, procurando novas condições de vida em outros lugares. Ficaria evitada, assim, a tragédia da expulsão do fazendeiro manu militari por de<."isão de um Governo omisso e quase se diria indulgente para com os bandidos e implacável com homens de bem Como já foi visto (cfr. Cap. II), tudo se passou como se, na etapa Nelson Ribeiro, essa tivesse sido a grande esperança do Governo, da CNBB, e, bem en-
tendido, do Ministro-hífen entre aquele e esta (ou seja, o próprio sr. Nelson Ribeiro). Entretanto, falando de modo geral como atrás se mostrou (dr. Cap. V) aatitudedostrabalhadoresruraisfrustrou de todo em todo essas esperanças. O que fazer então?
Uma terceira via: a operação ªpegafazendeiro" Abria-se uma terceira via. Onde não existiam senão pequenos punhados de descontentes, haveria que aglutiná-los para formar com eles colunas que dessem a impressão de que constituíam multidões. Essas colunas de desconhecidos poderiam desempenhar-se da operação "pega-fazendeiro", tão ingrata ao público se realizada manu militari por ordem do Governo. Operação "peg.i-fazendei.rrf' que corria o risco de transformar-se em operação "nrat.a-fazendeirú', se os proprietários desapropriados, lesados por esta forma, resistissem de modo violento. Quem concebeu o plano? Quem o executou? Não se conhecem documentos que permitam responder peremp· toriamente a tais perguntas. O fato é que, entretanto, antesmesmodesemanifestarem inteiramente evanescidas as esperanças de uma insurreição geral de trabalhadores manuais, começaram a aparecer em um ou outro ponto do território colunas dessas, sempre fortemente apoiadas pelos mass media. O número de colunas de invasores foi crescendo. E, mais ainda, foi crescendo o noticiário. De sorte que, nos meses de ju· lhoadezembrode1985, asinvasões, e com elas as ocupações correlatas, dentre as quais a mais célebre foi ada fazenda Annoni, no Rio Grande do Sul (cfr. Cap. 1), encheram com seu rumor o território nacional. Parecia afinal encontrada a via ade· quada ...
Da reação ou não reação dos fazendeiros dependia o êxito da manobra Por~m, mais uma vez um ?esengano espreitava a Reforma Agrána. O êxito das colunas de enigmática origem e composição (cfr. Cap, V), tinha CATOLICISMO - Nov./Ikzembro 1986
A "enlen/t'N agro-reformista entre o Governo e a Cl\llB foi selada com a nomeação para o recém-criado Ministtlrio da Reforma e do Dese.m'Ol vimento ~grário de uma figura presunm't'lmente muito conhecida nos meios da esquerda agrária, chegada às CPTs e às CEBs, masdesoonhecidadograndepúblicobrasileiro,osr. ~elson Ribeim Foiduranteaaberturado4?Congresso1':acional dos Trabalhadores Rurais em Brasília (26 de maio de 1985) que o Go\"enlo anunciou
olançamentodoprojetodel?P!anoNacional de Reforma Agrária. a j!~!:t~ªra;:::a;~eio~~~~!scii:,~~
~~j~'de:t;~:~~:t~~r ~;s::\:e~ts~ agro- reformista. Na fotQ. invasores da Fazenda Anooni, após uma caminhada de 28 dias, denominada - ~ ~ Conquistadora da T~ J"rometúu~ realtz.am ato público por ocasião de sua che-gada af\lrtoAlegre, em23dejunhoúltimo.
comocondiçãoqueaelasnãoresistissem os fazendeiros. Com efeito, segundo o Código Penal (art. 161, parágrafo l?, inciso II), a invasão de terras alheias, para delas se apossar, com violência a pessoa ou grave ameaça, constitui crime. Etocanaturalmenteaoproprietárioodireitode pedir o apoio da Polícia contra os esbulhadores. Fizeram-no vários deles, mas sempre ou quase sempre sem sucesso. O que lhes caberia então fazer? Em condições normais, e mesmo sem consultar o Código Civil nem o Código Penal, mas simplesmente levados pelo natural senso de justiça e por um costume imemorial, sabiam eles que lhes assistiaodireitode-nãoobtidaaação da Polícia - receber ii bala os invasores, nas orlas mesmo de sua propriedade, impedindo-lhes que as transpusessem. E, caso a invasão esbulhadora fossemaisforte,vencesseabarreiradefogo oposta pelo proprietário, e resultasse em que os criminosos se fixassem em um imóvel ii maneira de posseiros, tinha desde logo o fazendeiro o direito de os expulsar com seus próprios meios, sempre que não obtivesse a imediata intervenção da Polícia E, repita-se, é o que fariam sem dúvida os fazendeiros esbulhados, em condições normais. Em tal caso, as invasões haveriam de se transformar em uma guerrilha generalizada por todo o País. Estaria este último disposto a pagar tal preço para fa. z.er uma Reforma Agrária desejada tãosó por uma minoria, potente e organizada embora? Do reagir ou não reagir dos fazendei-
ros dependia, pois, lodo o futuro. Masessareação,tãocertaháumou dois anos atrás, já então se apresentava incerta. Alguns fazendeiros reagiam com ênfase. Outros sem ênfase. E outros deixavam ver claramente sua indecisão (33). Tal indecisão se devia a que, como há pouco foi dito, eles se encontravam ante um quadro psicológico e moral totalmente alterado. O que os deixava inseguros sobre as conseqüências efetivas a que se exporiam caso, segundo a fórmula de costume, se opusessem à invasão, ou fizessem cessar a ocupação esbulhadora, tudo mediante recursos próprios deles, e não a ação policial. Essa hesitação dos fazendeiros ia, pois, tornando viável a reforma inviável. Outro grave tropeço se opôs no caminho dos agro-reformistas. 34
A TFP divulga por todo o País os Pareceres de dois eminentes jurisconsultos Surgiu aí ocaso dos Pareceres, já sumariamente referido (dr. Cap. !). Certo número de fazmdeiros dos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Mato Grosso constituiu uma caixa a fim de obter de dois jurisconsultos célebres, uma resposta inteiramente esclarecedora acerca dos seus direitos enquantoproprietáriosrurais, emfacedas invasões e ocupações, pois que estas se lhes deparavam sempre mais prováveis, dado que se vêm multiplicando pelo Brasil afora. - Sempre que omissa a Polícia, seria lícito aos consulentes reagir à bala para evitaras invasões ou para fazer cessar as ocupações? Aos jurisconsultos escolhidos sobravam saber e fama para responder com segurança às perguntas dos fazendeiros. Eram eles o Prof. Silvio Rodrigues, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, e o Prof. Orlando Gomes, da Universidade Federal da Bahia Seus Pareceres, verdadeiras obrasprimas pelo valor jurídico, pela clareza e pela força de sua argumentação, bem como pelo cunho firme e cristalino das conclusões a que chegaram, foram datados respectivamente de São Paulo e Salvador no dia 14 de outubro e em novembro de 1985. Um dos consulentes, o'Or. Osmar Peres Caldeira, advogado e fazendeiro residente em Montes Claros (MG), impressionado a justo título pelo alcance dessas peças jurídicas, entendeu que não deveriam elas ficar apenas no conhecimento deles, consulentes, mas deveriam ser do conhecimento público, para o bem do País. Assim, pediu ele à TFP que as divulgasse pela imprensa, b<-m como por meio de campanhas derua. Vivamente oposta ao agrorefomúsmo, a TFP atendeu ao justificado pedido, e se pôs desde logo em ação.
A campanha de difusão dos Pareceres dos ilustres catedráticos paulista e baianoteveinícioemjaneirodesteano, com a publicação integral deles respectivamente no "Diário de Montes Claros" (15-l-86e1S-1-86),enosjomais"ODiárid' e "A Cidade", de Ribeirão Preto (12-1-86). Em seguida, foram eles dados a lume em 85 jornais de cidades de importân-
eia variável dos seguintes Estados ou Territórios: Amazonas, Pará, Maranhão, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás. Tal publicidade dos extensos e importantes documentos só foi obtida mediante pagamento. E por essa razão foi feitaem17capitaisdeEstado, entre as quais não se incluem São Paulo, Rio de Janeiro,eBeloHorizonte,poisissoimportaria em despesa absolutamente acima das possibilidades económicas da TFP.
Amplo efeito da publicação dos Pareceres OefeitodapublicaçãodosPareceres foi o que naturalmente se podia esperar. Isto é, ela esclareceu os proprietários rurais sobre seus direitos, de maneira a não deixar dúvidas sobre o que lhes seria legítimo fazer por própria iniciativa, em caso de invasão ou ocupação de suas terras por hordas itinerantesdeagitadoresagro-reformistas Sem dúvida, a difusão dos Pareceres avivou nos proprietários a determinação de resistirem, dentro da lei. Em princípio, essa determinação é de molde a proteger fortemente a ordem legal em vigor. Se não o fazem as autoridades omissas, estavam no direito de o fazerem pelo menos os proprietários que fossem vítimas de esbulho, ou tentativa de esbulho. Eassimseevitaque hordas de agitadores dêem por sua própria deliberação como abolidos, dispositivos essenciais do Código Civil e do Código Penal. Pois se a estas hordas se reconhe.:esseestaexorbitanteatribuição derevogaralet edeasubstituirporoutra estabele.:endo precisamente o contrário, o Brasil teria soçobrado na pior das ditaduras, que é a do populacho criminoso, e dos enigmáticos revolucionários que o manipulam detrás dos bastidores, nas grandes convulsões políticas esociais,dasquaisforamsinistrosparadigmas a Revolução Francesa de 1789 e a Re~·olução comunista de 1917. A propósito dos referidos Pareceres, cumpre notar o comedimento dos consultort>s e dos jurisconsultos: os primeiros querendo saber com precisão quais os limites do uso legítimo da força, pelo proprietário vítima de esbulho, ou tentativa de esbulho. Os últimos, demarcando com todo o cuidado esses limites, de forma a proteger a vida e a inCATOLICISMO - Nov./Dezembro 1986
tegridadefísicadosinvasores, nostcrmosexatosda prudentelegislaç.loem vigor.
Violência é de quem ataca direitos legítimos, não de quem se defende Era dC' esperar que a publicação desses Pareceres fosse acolhida com aplau· sogeral. Pois outra nãod~·eseraatitude dos bons brasileiros diante de proprictários rurais que, postos em situação sumamente aflitiva, timbram em ddC'ndC'r seus direitos, mas só nos limites da lei Entrctanto, largapan:eladosmeiosde comunicação social se esmerou em fazer o contrário. F-ocaliumdo com luz desfavorável os fazende iros que agissem segundo os Pareceres, puseram-se a clamar que a campanha da TFP propagava a violência nas vastidões do •ger brasileiro. Comentário absolutamente tão descabido como o de quem alegasse que os guardas de proteção postados nos edifícios bancários para a defesa daspessoasebensali presentes, constituem foco de violência nas cidades. O que, segundo consta, até agora pessoa nenhuma ousou fazer, de tão aberran· tequeé. Violência! Oi,.,,iamente há uma violência injusta: é a de quem ataca os direitos conferidos pela Lei de Deus e pelas dos homens. E há uma violência justa, a qual constitui um direito, e conforme o caso até um dever: é a dos que defendem seus próprios direitos, ou ajudam seu próximo a agir do mesmo modo quando atacado. Vociferando indiscriminadamente contra qualquer violência, em notícias acercadefazendeirosdispostosadefenderem seus direitos, tais órgãos de comunicação social apenas tinham pa!avras de simpatia e de encômio para os esbulhadores, mesmo quando usavam de ameaça ou de violência efetiva contra o proprietário rural. Essa contradição só se explica em função da máxima do comunista francês
CATOLIC ISMO - Nov./Dezembro 1986
Proudhon: ':4 propriedade, eis orouba''. Máxima, esta, que ecoa a seu modo em toda a literatura comunista, de Marx até nossos dias. Os mesmos setores dos mass media acusaram os ditos Pareceres de propi· ciarem a formação de milícias particulares nos campos. No que viam ameaça gravíssima à ordem. Essa acusação ambígua omitia definir o que seja precisamente uma Mmili:i,f, que contingente de homens, ~ que nívt>l mínimo de armamento dt'\'C ter, para ser qualificada ~e tal. Pelo que a acusação caiu no
O movimento das invasões e ocupações decresce Mas a opinião pública não se deixou arrastar por essas vozes enganosas. E não houve quem - fora dos ambientes da esquerda católica, do PCB e do PC doB-tomasseasérioessasacusaçi':,es. Eerafácilperceberque,umavezdifundidososPareceres, os fazendeiros que agissem segundo eles, teriam a compreensão decidida, do Brasil inteiro. Sensibilidade política não tem faltado aos mentores das invasões e ocupações. E lhes é impossível não ter senti·
::~~:a~~~~: :!'t7Ja~,k~f:
mando atualidade redobrada os Pareceres. E que estes, por sua vez, cri.ivam condições fatais para o mito originário dos movimentos de invasão, que consistia em apanhar irresolutos e inertes osproprietários,eassimlevá-Josaconsentir na implantação ilegal, embora incruenta, da Reforma Agrária, nos respectims imóveis. Mito este que, a ser convertido em realidade, teria conduzido à implantação da Reforma Agrária no Brasil, por uma ação que o Governo, nem propiciara, nem combatera . O que pouparia a este último a impopularidade sem medida, decorrente da aplicaçào do Estatuto da Terra e do PNRA manu militari Mas o mito jazia em terra. E, presumivelmente por essas razões, o movi· mento das invasões e ocupações não fez
senãodecrescerdealgunsmesespara
,á. Estefatocapilalprejudicavanaturalmente - e quanto! - o prestígio do agro-reformismo. Pois seu processo de fenecimento só podia espalhar o desânimo nas fileiras da esquerda. Tanto mais quanto um fato capital~ passara anteriormente:otrêfegoearchdominis-tro Nelson Ribeiro pedira demissão (28 de maio de 1986), exatamente um ano e um dia depois do lançamento do primeiJ-o projeto de PNRA. Para substituir no Mirad o ministro que fora o líder bem-amado e ideal do agro-reformismo religioso e civil, precisava o Presidente Samev de um no\'O ministro, ao mesmo tefflpo mais comedido, e contudo bem visto pelos extremistas de um e outro agro-reformismo. A escolha do Chefe de Estado recaiu, certeira, sobre um político que reúne em si essas qualidades contraditórias Isto é, o atual titular do Mirad, sr. Dante de Oliveira, a um tempo pessoa de confiança das esquerdas quanto à sua autenticidade marxista, por sua participação passada no movimento terrorista MR-8. E político afável, negociador flexfrel ao extremo, como ele mostrou ser quando da recente ocupaçào da sede do INCRA em Porto Alegre por uma coluna de ocupantes da fazenda Annoni (cfr. Cap. 1). Com o sensível decréscimo das invasões, a agitaçlio agrária nlio poderia entretanto cessar. Pois tal importaria em fi car patente ao País a inviabilidade polí· ticaatualdosdesígniosagm-refonnistas do Presidente Samey. O que, por sua vez, teria um reflexo deprimente sobre as facções do eleitorado famráveis à Reforma Agrária, as quais se aparelham de modo ativo para introduzir candidatos seus nas chapas dos vários partidos pol1ticos impressionados pelo mito da suposta popularidade da Reforma Agrária, e esperançosos de conseguir assim mais cadeiras na Constituinte Era preciso, pois, que essa agitaçào parecesse subsistir em alguma medida no campo. E que ela se deslocasse por sua vez para as cidades. Foi o que ocorreu, conforme já se narrou (cfr. Cap. 1).
35
VIII
Analisando o futuro: o moderantismo agro-reformista abre caminho para a implantação da Reforma Agrária total Adeflaçãodaagitaçãoagráriaéprovavelmente uma causa do fato de estar
tal tema insuficientemente presente nos debates e programas concernentes à próxima eleição de 15 de nO\-embro. Ele, entretanto,sevinculacomumtemada maior atualidade que é a próxima Constituinte.
Constituinte sem plebiscito: inautenticidade Na perspectiva democrático-repre· sentativa da Abertura em vigor, a Cons·
tituintesomenteseráautênticaseopovo brasileiro puder participar com inteira lib€rdade dos deba tes prévios às eleições, notada.mente podendo plei-
tear, sem o temor de sanções governamentais, a abolição da Reforma Agrária. Semisso,aprópriaautenticidadedafutura Constituição poderá ficar questi(r-
nada. Em vista disso, e considerando a profundidade das alterações que a Refor-
ma Agrária trará ao País, uma vez implantada, o autor destas notas, pronunciando-se como Presidente do Conselho Nacional da TFP, sugeriu ao Presidente Samey, em ofício de junho deste ano, que suspendesse desde logo a aplicação do PNRA. Somente assim seria possíve!aosfazendeiros,comotambém aos trabalhadores rurais, um debate livre sobre o tema. Esta suspensão deveria durar até a Constituintedeliberarsobreoassunto. E para maior garantia de autenticidade do que esta deliberasse sobre Reforma Agrária, logo depois que tal se desse, e enquanto outros temas sejam debatidos, ~ indispensável que o Go\·emo
~~~~::~~~ p~:~i~i:b:;ªs~º;:t~I~; acordo com o decidido por seus representantes. No dia 20 de junho, publiquei na "Folha de 5. Pauló' o artigo Constituinte sem plebiscito: in;autentiâdade, que contém substancialmente a mesma proposta (o artigo foi reproduzido em 20 jornais de 10 Estados). 36
Inspirados por essas ponderáveis razões, fazendeiros de todo o País têm enviadotelexaoPresidentedaRepúb!ica pedindo a suspensão da Reforma Agrária, até que a Constituinte se pronuncie sobre a mesma. Edo conheómento da TFP que 61 telex já foram enviados ao Chefe da Nação, representando um total de $415 assinaturas de proprietários rurais de 18 Estados da Federação.
Em vista da Constituinte: o dever dos opositores da Reforma Agrária Assim, nas atuais circunstâncias - e o fato nem de longe foi posto no devido realce - os dois pontos de maior importância para a atuação dos defensores do direito de propriedade e da livre iniciativa consiste em que: 1~ se alerte \framente o eleitorado para que exija de seus candidatos o compromisso formal de votarem contra a Reforma Agrária na Cónstiluinte; 2~) a tal propósito, os candidatos enunciem com toda a clareza o que en tendem por Reforma Agrária. Este último ponto merece ser considerado com a maior atenção.
Evolução semântica da expressão º Reforma Agrária"' Com efeito, o significado do que seja uma re/or11U ilgrária tem variado conforme os tempos. De si, tal expressão significa reforma do ilger, palavra latina que quer dizer campo. Posto que a palavra reforma indica habitualmente uma mudança para melhor (reformar uma Ordem religiosa, um hospital, uma escola, significa retificar desvios, suprimir abusos etc.), reformil .,grm., designa uma melhoria nas condições do campo. Mas, por uma evolução semântica, Reform.t Agrárfa (já agora então com iniciais maiúsculas) não designa mais, genericamente, o restabelecimento de
uma boa ordem no ager, mas especificamente o tipo de reforma agrária pieiteadadesdeasprimeirasdécadasdeste século pelo Partido Comunista Brasileiro. Ou seja, o confisco puro e simpies das terras pertencentes aos particulares, pelo Estado. Nos anos 60. sob a presidência do sr. JoàoGoulart, essas palavras passaram aservircomolemadesegmentosesqu~rdistas da burguesi~ nacional. ~las deixaramentãodedestgnar exclusivamente a supressão radical da propriedade rural, reivindicada pelo Partido Comunista, para abranger Umbém areforma gravemente mutiladora - se bem que não extintória - dessa propriedade, objetivada pela burguesia de esquerda . E,de20anosparacâ,este tem sido ininterruptamente o sentido de Reforma Agrária.
O que é ser contra a Reforma Agrária? Assim, o que significa presentemente ser contrário à Reforma Agrária? Não é difícil esclarecê-lo· 1~) é opor-se a qualquer reforma fundiária que suprim, ou lese o direito de propriedade, como ele é ensinado pelos documentos tradicionais do Supremo Magistério eclesiástico, e garantido pelalegislaçãodvilecriminalvig:ente; 2~) não é, entretanto, opor-se a qualquer outro tipo de reforma, que n,io suprima nem lese tal direito
O Estado brasileiro,, o maior latifundiário do Mundo Livre Um exemplo elucida o assunto. A estrutura fundiária brasileira se compõe de duas parcelas distintas. Umaéconstituídapelasterrascorrentementechamadas "dt'\'olutas", pertencentes à União, às quais se de\·eria acrescentar as terras cadastradas de propriedade do Governo federal, bem como dos governos estaduais e municipais. Essas terCATOLICIS~IO - Nov.1 Dezembro 1986
ras, consideradas em seu conjunto, constituem o maior latifúndio do Mundo Livre. Outra parcela é constituída por propriedades priv;,d,H, grandes, médias ou pequenas. Bem entendido, as terras pertencentes à União, aos Estados ou aos Municípios, são naturalmente destinadas à ocupação progressiva da população brasileira. Fragmentaressasterras,paraas ir distribuindo em lotes, a pessoas físicas ou jurídicas idôneas, em nada é lesivo da proprit>dade individual. Muito pelo contrário, favorece-a Tal distribuição de\-"t> até ser apoiada e promovida pelos Poderes públicos competentes, naturalmente interessados em que, de um lado, os brasileiros carentes lâ encontrem no que trabalhar, e do que subsistir; e, de outro lado, em que essas terras, por ora improdutivas, passt>m a ser aproveitadas para o aumento da produção do País.
O que é a Reforma Agrária socialista e confiscatória
t radicalmente oposta à propriedade privada - em outros termos, é totalmente socialista e confiscatória - a Reforma Agrária de tipo comunista, que incorporetodasasterrasparticularesao patrimônio do Estado, embora com indenização. E mais ainda se tal incorporação se faz sem qualquer indenização. E, nas presentes condições do Brasil, tambémésocialistaeconfiscatóriaaReforma Agrária que desnecessariamen· te incorpore ao patrimônio público, C(lm ou sem indenização, terras de propriedade privada inaprO\·eHadas (34).
Porque é socialista e confiscatória a desapropriação injustificada de terras ociosas Por que tachar de socialista e confiscatória a desapropriação injustificada de terras privadas, que não sejam aproveitadas? Em princípio, o direito de propriedade confere ao dono a opção entre aproveitarounãoaproveitarsuaterra. Ainda que ele a tenha só para um aproveitamento futuro, cuja oportunidade ele mesmo escolherá, não perderá ele seu direito de propriedade por ela não ser produtiva.~ o que manda o bom senso: por exemplo, o dono de uma biblioCATOLICISMO - Nov./Dczcmbro 1986
teca que guarde nesta muitos livros que não leu, e ta]\'eZ nem lerá, mas pretende deixar para seus filhos, nem por isso perde o direito sobre essa biblioteca. Como o dono de uma adega que não pretenda beber todo o seu vinho, e se dará por feliz em deixar parte dele aos filhos, nem por isto perde a propriedade desse \'inho. Bem entendido, se a terra ociosa de que aqui se cuida fosse indispensável para a sob['('\'ivência de pessoas carentes, poderia o Poder Público exigir que o proprietário lha vendesse (sempre que possível pelo \·alor comercial). Porém, ainda neste caso, não teria o Poder Público o direito de a corúiscar sem pagar ao proprietário previamente tu· do quanto, dentro do justo preço, lhe fosse possível. Nisto consiste a funçio wci,1} que grava todos os direitos, inclusive o próprio direito à vida (assim, toca ao Poder Público chamar às armas os cidadãos vâlidos, em caso de guerra). Dizer-se alguém favorável à desapropriação das terras ociosas privadas, independente de qualquer outra consideração, importa em mostrar-se contrário a um dos elementos essenciais do direito de propriedade. €. deixar-se tocar, ainda que de leve, pela garra da dialética comunista. Isto consentido, ocomunismo saberá fazer o resto... Aliás,ahipótesedesegrnentossociais carentes, os quais não podem subsistir senão mediante o confisco das terras particulares inaproveitadas, não ocone no Brasil hodierno, onde a imensidade do latifúndio estatal oferece amplíssimas possibilidades de expansão. Por este motivo, causa preocupação e dor ver que brasileiros dignos de simpatia por sua atividade e seu interesse pela coisa pública, se proclamem fa\'O· ráveis a um tipo de Reforma Agrária que comporte a desapropriação das terras ditas ociosas. Eles parecem não en· tendt>r quecomisto se proclamam simultaneamente em favor da Reforma Agrária socialista e confücatória, em relaçãoàqualsepostamàmaneirade inocentes úteis ou companheiros de vi;i.gem{35).
Estatuto da Terra, ídolo sagrado cuja merecida revogação todos parecem conjurados em impedir Surpreende, pois, que tenha tomado cada \"eZ mais amplitude, nos últimos tempos, a ação de entidades de vulto, em favor de uma Reforma Agrária que
implante no Brasil o princípio socialista e con/iscatório - para o qual abriu caminho o Estatuto da Terra - de desapropriação das áreas rurais por preço arbitrado pelo próprio poder expropriante, isto é, o Incra (Decreto-Lei n~ 554/69,art. 3'?), mediante títulos da dívida pública (Decreto-Lei n~ 554/69, art. 4~ § único), de mutabilíssima variação emBolsa,eque,ademais,serãopagos depois de o proprietário ter sido obrigado pelo Incra a deixar sua terra Surpreende em particular a atitude de não poucos próceres de uma asso:~~:.n~atj~á;~~ti:;;~:~: tes meios de comunicação social). €. a União Democrática Ruralista (UDR). Associação cheia de vitalidade, parecia ela fadada a erguer alto o pendão da justareaçãopatronaleclassistacontra a Reforma Agrária. Em atitude de cordial desacordo, manda a objetividade que se registre o fato de qut> em suas fileiras se vai levantando, aqui, lá, ou acolá - pela voz de líderes e propagandistas de relevo - a proclamação de um faceiro apoio à legislação agro-refor::~:gJ:~~up:I~J~:;:~a~ rafai Castello Branco, que o Presidente Samey tem afirmado, com muita razão, estar pondo em vigor ao aplicar, em todo o solo do País, seu devastador PNRA (36). AesseEstatutodaTerra,ídolosagrado cuja merecida revogação todos parecem conjurados em impedir, bem como ao PNRA, querem vozes dentre as mais representath•as das organizações da la\"oura beneficiar com algumas" mi· ligações", sem dúvida vistosas, mas de efeitos efêmeros. Ou seja, querem elas restringir as áreas atingí\'eis pelas desapropriações sóàsterrasditas"ociosu",eistomesmo sob a condição de qut> pute das desapropriações recaia sobre as terras" demlutas".
ºCeder para não perder": vantagens que o agro-reformismo aufere com essas eventuais umitigações" do ET e do PNRA Porém, quanta imprecisão em tudo isto! E quanta vantagem o processo agroreformista pode tirar, ao longo dos tempos, desta como de outras e-."entuais "mitigações'' do ET e do PNRA! 37
Tais mitigações transferem para matérias várias a atenção do público, desfocalizando-a das questões fundamentais que se põem a ta! respeito. Ou seja: 1?) Por que não fazer recair sobre o latifúndio--moJoch do Poder Público, a totalidade dessas desapropriações, e admitir pelo contrário que uma parte delasrecaiasobreoslatifúndiosprivados, tão diminutos em comparação com estt'Mol«h? 2?) Uma \'ez admitido que as terras "«i05's" pertencentes a particulares possam ser desapropriadas (confiscadas ... ) nos termos do ET e do PNRA, qual o número total de hectares que o Poder Público deveria expropriar? Em quf proporção saciará as necessidades dos segmentos populacionais carentes, com suas próprias terras, e em que proporção com as de particulares? 3?) Quais os critérios desta proporcionalidade? Serão eles uniformes para todas as áreas do País? Por que sim? Por que não? 4~) Outro ponto gravemente impreciso desta temática diz respeito âs terras consideradas improdutivas ou "ocious". ~ocaso de perguntar: "«ioSil" é só a terra absolutamente não utilizada, em nenhuma de suas parcelas? Ou é a parte não utilizada de um imÓ\'l'i rural entretanto já explorado em parte? 5'.') Neste último caso, será expropriável, em um imóvel de destinação agrícola ou pecuária, qualquer parcela "ociog_" em que se possa instalar uma pequena propriedade? Ou será desapropriável apenas uma área superior a certo limite? 6?) Será imune de desapropriação o proprietário que reserve para plantio ou criação uma área pw,isoriamente ociosa, já que ele não dispõe atualmente de fundosparaexplorá-la,esereservapa· rafazê-loquandoa parte já explorada lhe haja fornecido recursos para tal? 7?) Considerada a questão do ponto de vista da economia em geral, sabe-se que a produção agropecuária está em proporção às condições do mercado (preços de produtos e insumos, incentivos econômicos etc.). Paralelamente, a infraestrutura de apoio à produção agropecuária (vias de acesso, transporte, rede de annazenamento etc.), em linhas gerais também está em proporção e se vai adaptando ao mercado.
38
Este quadro de equilíbrio é correlato com outro equilíbrio que se estabelece entreessesfatoreseograudeaproveitamento da terra atualmente existente. Assim, infligir a pena capital da per· da da propriedade .io proprieldrio que não a explore numa proporção maior do que o mercado comporte é mera arbi· trariedade. Então, qual o critério para catalogar como "ociosa" a terra atualmente não explorada no Brasil, fora do quadro de equilíbrio acima descnto? (37)
Quanto tudo isto é vago, confuso e ambíguo! E quanto fiai à mercê de interpretações do Mirad e do Incra (órgãos oficiais cujos cargos diretivos são promíscuamente lotados por funcionários agro-reformistas radicais, entre os quais comunistas, ou então "moderados'') ir dispondo sobre tais matérias em sentido mais agro-reformista, ou menos, conforme as resistências maiores ou menores que vào encontrando ao correr dos dias!
''A. reforma
ª!?,,fria
é um processo ...
A tal propósito, é importante lembrar que a Reforma Agrária, por sua própria natureza, não é algo de fixo que, uma vez implantada, não comporte mudanças. Ponderou o insuspeito deputado Ro~ Freire (PCB--PE), a respeito da atual Reforma Agrária, que ela não é a " que nós (comunistas) desejávamos, mas, dentro da corrtla(io de forças aistentes no hís, é, talvrz, a possÍVf!l. E, como a reforma. agrária. é um processo, ela pode até mesmo adquirir; a partir deste início, um dinamismo que nós não sabemos onde vai terminar" (cfr. "CorreioBraziliense''.6--7--86).0useja, a Reforma Agrária "moderada" é tãosó um passo para a implantação do co· munismo! Uma vez concedido o princípio de que ao atual Estado arquilatifundiário brasileiroélíàtoconfiscar,semlesãodo princípio da propriedade pri\"ada, as terras de particulares antes mesmo de ter esgotado suas próprias terras, tomase claro que, paraesseEstadoarquil.t· ti fundiário, ;i propried.tde não é um direito natural intangível (com resen-a da
função social inerente a todos os direitos), mas que pode ser modelado ou podado livremente segundo o arbítrio dolegislador.Eassim,aestratégiados agro-reformistas "moduados" (tantos deles" inocentes úteis1 serve ao comunismo no contexto da estratégia global das esquerdas. Comprimido no momento pelo declínio das invasões e ocupações, o agroreformismo radical se encolhe, e pede tão-só que se lhe reconheça em princípio o direito de desapropriar uma parcela das terras privadas. Por pressões publicitárias posteriores, espera ele ir conseguindo gradualmente o direito de desapropriar parcelas cada wz maiores, semqueleinenhumaoobrigueautilizar, para o bem do País, as terras devolutas que a este pertencem. Em suma, a meta fundamental, o
:~~i~~oc~J~~f ! !i~:·ce~o : ~ 1
reformismo "moderadd' - não consiste de todo, ou consiste muito menos, em distribuirterraacarentes,masem abrir caminho para a extinção completa da propriedade privada . Estascons1deraçõesbastamparajustificaropresente,1lertacontracertomoderanlismo .tgro-reformista, o qu.tl, .tr· vorando o lem.i tendencioso "ceder pa· r.t não perder", n.io faz senão expor ,1 novas inwstidu soci.tlisW e confiscatórias o ager brasileiro.
AD encerrar estas considerações, a TFP volta seus olhos, com afeto filial, a Nossa Senhora da Conceição Aparecida, dedarada Rainha do Brasil pelo Papa Pio XI {decreto de 16 de julho de 1930), a quem implora proteja nossa Pátria em meio às mil dificuldades e ameaçasdestetorvoeconturbadofim de século e de milênio. E que nos conceda" a paz de Cristo no reino de Cris· ' to" de que falava o mesmo Puntífice Pio X! (Encíclica Ubi Arcano, de 23 de dezembro de 1922), para assim transpor· mos a soleira do terceiro milênio, no qual tudo nos chama a sennos cada vez mais autenticamente a nação de maior população católica do mundo, e a nos constituirmos, por fim, como a nação paladina da Fé e da civilizaç.'iocrist.ã ao longo dos séculos vindouros.
CATOLICISMO •
Nov./Dezembro 1986
O Congresso Brasileiro de Rcl?rma ~ráfia reúne em Brasília, nos dias 'lJ e 28 de junho de 1985, cerca de 4 mil agncultorese pecuaristas Uma oportuna intervenção do sr. Plinio V. Xavier da Silveira, fazendeiro no Estado de Mato Grosso e diretor da TFP, muda o rumo dos debates, dando ocasião a que subisse à tona a inconformidade latente dos fazendeiros com o PNRA e com o próprio Estatuto da Terra. Assim, mais uma vez, a TFP faz cair por terra o principio do uet'der p.,ra não perder".
No desconcerto geral, a \"OZ de alertadaTFPecoa por toda a Nação Enquanto a propaganda agroreformista chega ao auge, intrépi-
~=~:5ug~~epe;:~: "' 1:e:a~ifup: priedade privada ea/ivreinidatfra, no tufão agro-
rdormista,dePlinioCorrêadeOli-
Carlos PatriciodelCampo. veira e
Apêndice I Livro editado pela TFP norte-americana desfaz campanha agro-reformista a gosto de Moscou Obra de Carlos Palrido del Campo Prefácio de Plínio Corréa de Oliveira
No dia 6 de outubro p.p. realizou-se em Washington, em úpitol Hill (a Colina do Capitólio), na sede da Fttt Congress F-oundation, influente organização da nova direita americana, uma entrevista coletiva de imprensa, em que o presidente dessa organização, sr. Paul l;lkyrich, fez o lançamento, diante de re-
presentantes da imprensa, rádio e televisão, do livro do Prof. Carlos Patrido dei Campo, Is Brazil Sliding Tow,mf the Extreme Left? Notes on the Land Reform Prognm in South Americ.,'s
úrgtsl .and Most lbpulous Country(O Bnsil resnlil.ndo J'dn a extrema esquerda? Nof4s sobre a Reíorm.1 AgrJria mr m;,ior potência tellilorial e d~
mográfica da América do Sul). Í'Oi utilizado, para tal evento, o conhecido Kingston Room, onde se encon-
tram semanalmente representantes das dezenas de organizações reunidas na CoalitionforAmerita,paratraçaraestratégia da nm·a direita. Paul \Veyrich que, na sua reconhecida qualidade de estrategista do movimento conservador norte-americano, é o coordenador geral da Co.alition for Amerir•, deu início à entrevista de imprensa com uma breve e substanciosa declaração. Nela, elogiou a TFP norteamericana pela sua iniciativa de publicar a atualíssima monografia do sr. Carlos Patrício dei Campo. Ressaltou ocaráter nefasto do plano de Reforma Agrária no Brasil, e suas conseqüências para o futuro não só do país como das três Américas. ':4. tsquerd,1 tem tido sucesso •o perpetuar mitos i1 respeito do Br.1sil, que tom,1m i1 reform,1 ,1griri.1 nesse pi1ÍS i1t:eit.ive/ .1os olhos do mundo livre", disse o sr. \'1/eyrich. "Este livro destrói esses mitos, e mostu o enorme progresso do Brasil" O famoso líder conservador americano concluiu assim suas declarações· "Como tatóliro, queroreSSJJtarque um dos m.1is impotúntes aspectos do movimento a favor da reforma agr.íria no Brasil ronsiste na •luaçio d.1 esquerd• 40
c.1tólica, .1 qui11 promove i1 Teologia da Libetúç.io. Vários desses setores r•dic.1is têm aitic.Jdo o PNRA do gow!mo br•sileiro como sendo moder.1do demais. Entre esses podem ser enconfr.1dos conhecidos bispos católicos, bem tomo Si1cerdotes e freius, que intentiv•m, apóiam e lideram invasões de terras''.
A seguir, usou da palavra o sr. Morton Blackwell, que nos três primeiros anos do SCJ\'emO Reagan exerceu as funções de assistente especial do Presidente dos E5tados Unidos, e é hoje presidente do Le,1dership Jnstitute, importante organiz.ação dedicada à formação das novas lideranças conservadoras "Visitei o Brasil e fiquei fortemente impressionado pelo seu povo e pefas grandes possibi/id,1des de prosperidade etonômic,1 e democracia estivei", disse o sr. Blackwell. "O BrJsiJ é um pi1ÍS-Chi1ve. Rira onde for o BrJSil, p•ra li iria Améric,1 Latina. Se esse simpitico país se tomar marxista, a maior pme da Amérira Utina poderi.1 sentirse inclin•d• a seguir o seu exrmplo", afirmou. p!:\~~~{!~~~:!:,~!rs!:c7e;sJ'o;~;~ Defense oi Tr,1dition, family •nd f'ro. perty- a TFP norte-americana - entidade que traduziu e publicou o livro do sr. Carlos dei Campo. O sr. Spann analisou as várias partes do livro, chamando de modo especial a atenção dos presentes para o prefácio do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira que "resume brilh•ntemente os principJis pontos do estudo, inserindo-os numa visio de ronjunto da reaHdade rontemporânu". Emseguida,ostrêsentrevistadosresponderam a todas as perguntas dos jornalistas presentes Onaturalinteressequeamatériaencontrou junto ao público paulista, por notícias nos principais órgãos de imprensa desta cidade, leva o Serviço de
Imprensa da TFP a divulgar o noticiário abaixo.
Enquanto tem suas cogitações voltadas para os aspectos internos da controvérsia agro-reformista no Brasil, as vistas da TFP também se dilatam para além de nossas fronteiras. Assim abarcam elas, na sua globalidade, a poss,mte ação difamatória, empenhada em todo o Ocidente .-.cerc• do problema da pobreza no Brasil, bem como da ilegada ganância dos proprietários de imóveis rurais e urbanos, edosempresáriosindustri;1.isecomerciais.Essaação difamatória, visando em última análise extirpar do panorama nacional todas as modalidades da classe dos proprietários, terá por desfecho inevitável - se não se lhe opuser obstáculo - a extinção do próprio instituto da propriedade privada entre nós. E, ipso facto, a implantaçio do regime comunista . Para obviar as múltiplas pressões internacionais que assim vão defluindo sobre nosso território, deliberou a TFP promover a apresentação de alguns traços _essenciais do gue seja a realidade nacional, no que dtz respeito à agricultura e à pecuária brasileiras, bem como à estrutura agrofundiária e ao problema da pobreza do País. Pois são estes ostemassobreosquaisainvestidaes· querdista internacional exerce atualm~nte sua pressão mais forte e direta. A medida que essa pressão se forestendendo a outros setores da economia nacional, espera a TFP ir publicando trabalhos análogos a este. Pois não duvida ela de que o pluri-reformismo, no qual lateja -advertida por seus propulsores, ou não - a ânsia comunista de avassalar tanto a Luso-América quanto a Hispano-América, não cessará de agitar nosso País enquanto não sinta que este se dispõe a lhe dar réplica pronta e irretorqufvel, em todos os campos em que ele introduza seus deformados quaCATOLICISMO - Nov./Dezt:mbro 1986
drosdarealidadeeseusargumentosso,físticos.
A TFP recorreu a um especialista emdito e penetrante Para que fosse realizada tão importante refutação, a TFP se voltou, confiante, para o especialista erudito e penetrante, ao mesmo tempo que douto e destemido, que é o Prof. Carlos Patrício dei Campo, M ,uter of Sd ence em ~Ü~:t:i~l(E~~t'Sidadeda O nome deste, já conhecido com respeito e alto apreço por todos os que acompanham as publicações da TFP em nosso território e fora dele, figu ra como brilhante autor da parte técnica e econômica de dois importantes livros, dos quais a primeira parte, filosófica e sociológica, fo i escrita pelo ilustre pensador católico, Prof, Plinio Corréa de Oliveira. furam ambos os livros divulgados pela entidade e se intitulam respectivamente Sou católico: posso ser contra a Reforma Agt.íria?(1981), e A propriedade privada e a lim iniciativa, no tufioapreformista (198.5).
"O Brasil resvalando
para a extrema esquerda? Notas sobre a Reforma Agrária na maior potência territorial e demográfica da América do Sul" f. o sr. Carlos Patrício de! Campo o autor do novo livro desejado pela TFP brasileira, Is Brazil 5/iding Toward the Extreme Leh? Notes on the Land Reform Program in South America's Largest and Most Popu/ous Country, impresso nas excelentes oficinas gráficas da TFP norte-americana, a American Society for fumi/y and
the
Defense of Tradition,
Property, e que vai sendo divulgado em escala mundial pela mesma. f. prefaciador da obra o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do CN da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, oconhecido pensador católico tradicionalista, cuja obra como intelectual e homem de ação, tem repercussão mundial. O moti\'o por que tal edição é feita em inglês é óbvio. Este idioma é presentemente o mais conhecido e o mais utilizado em todos os países do Ocidente.
CATOLICISMO - Nov./Dezembro 1986
O que sobretudo é verdade para as obras referentes a temas econômicos. Dada a finalidade internacional deste novo lance das TFPs, nenhum idioma é mais indicado. Bem entendido, vai a TFP brasileira difundir também a obra do sr. Carlos Patrício dei Campo entre os plantadores e criadores do País, bem como entre os intelectuais especializados no estudo da agricultura e da pecuária e da estrutura fundlária nacionais.
Os mitos agro-reformistas refutados pelo livro Enunciada sob a forma de mitos agroreformistas com a respectiva refutação, éesta aexposição dasconclusõesaque o recente livro chega, ao cabo de vitoriosa argumentação, toda ela baseada em ampla e segura documentação (cfr. pp. 149 a 152): Mito n': 1: No Brasil, uma minoria de grandes proprietários possui toda a terra:, deixando a maioria sem acesso a ela e em condições miseráveis.
Resposta: O trabalho demonstra que: - O Estado é o grande latifundiário do Brasil. Está em suas m.ios uma imensaquantidadedeireasdevolutas. Rrcentes estudos provun que nest.i e,:. tens.i área, em grande pute agricultável - na qual se encontram, naluralmente, terras de diferenles graus de fertilidade - uma ponderável parcela é apta para a pequena agricultura. - As áreas sob domínio privado estão distribuídas desigualmente, coexistindo grandes, médias e pequenas propriedades, de acordo com as características naturais e econômicas das diversas regiões do campo brasileiro. Mas essa desigualdade não implica em que a propriedadeeapossedaterra não estejam amplamente difundidas. Aproximadamente 50% da população agrícola não dependente (com exclusão, portanto, de mulheres, e de homens menoresde 24anos)defatoéproprietária, e cerca de 75% das propriedades têm menos de SOha . - Nas últimas décadas, a situaç.io social da grande maioria da populaç.io tem tido um.a melhora substancial; em particular, a população empregada no campo tem auferido aumentos reais significativamente altos em seus salários. Contudo, entre os anos 82 e 84, o salário real diminuiu, acompanhando a queda geral da renda no País, causada pela crise da dívida externa. Esta última, aliás, não teve nenhuma relação
com o setor agropecuário. Sem falar, obviamente, do fa rdo que a economia nacional teve de suportar; em conseqüêneia da progressiva socialização da economia, fortemente impulsionada no Governo Geisel {19'75-1979). Mito n<:> 2: Os grandes donos de terras não exploram adequadamente suas propriedades:, prejudicando a produção agrícola:, e contribuindo assim para que a grande massa da população viva na fome e na miséria Resposta: O trabalho deixa claro que: - Em linhas ger.1is, os grandes proprietários exploram adequadamente a terra . Eles respondem aos incentivos econômicos e utilizam eficientemente seus recursos. - Em princípio, não se pode afi rma r que uma determinada extensão de propriedade seja mais eficiente que outra Na prática, cada tamanho de exploração aplica as mais diversas tecnologias e combinações de recu rsos em função dascaractcrísticasnaturaiseeconômicas das diversas regiões. - Onde se manifesta mais comumente o problema de produção e eficiência, é na pequena exploração. Não tanto por ser pequena, mas por falta de capacidade empresarial e de conhecimentos, mais freqüentes no pequeno proprietário, e pela penalização que este tem sofrido. - Apesar da penalizaçio sofrida pela agricultur.1 e pela pecuária nacionais, a produçfo agropecuária em geral, e a de .1limentos em particular, tiveram aumento proporcionalmente maior que o da populaç.io. - O ag er brasileiro, .1pesar de exportar só 20% da sua produção global, alcançouqueoBrasilseconstituísseem umdos maioresexportadoresdeprodutos de origem rural, aportando cerca de 50%das nossas divisas. - Na at ualidade, o Brasil é o primeiro produtor mundial de café e de laran· jas,eosegundoprodutor desoja. Está entreosmaioresprodutoresde açúcar e milho, e possui o primeiro rebanho bovino do mundo (excluído o da lndia). - A agricultura tem transferido para <lS outras atividades entre 30 e 40% de sua renda, representando contribuiç.io ponderfrel para o surgimento do setorindustrial e docomercialnoBrasil. - Não se pode falar de miséria e fome generalizadas no Brasil (wr resposta ao Mito n': 4). - Portanto, constituigra~·einjustiça apresentar os proprietários rurais como umaclasseparasitaemaléficaparao País. 41
Mito n? 3: No Brasil existe uma grande concentração na distribuição da renda:, fazendo com que os ricos fiquem cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Resposta: O trabalho torna patente que; - De fato houve um aumento na concentnção da renda na década de 60; mas tal não se \'erificou na década de 70. - Entretanto, em ambas as décadas houve uma significativa diminuição da pobreza. Objeta-se que esta tendência sealterouapartirdoano82, por causa da recessão econômica sofrida pelo País.Entretanto,asfontesdedadosdisponíveisparaesteperiodosãoprecárias para determinar com um mínimo de segurança o grau de pobreza atualmente existente. - Certosestudosdedistribuiçãoda renda não refletem toda a realidade sobre a situação social da população, pois não captam as mudanças havidas nas famíliasenosindividuosconsiderados em particular. A posição destes na escala social tem tido uma melhora substancial, fruto da alta mobilidade social vertica.lquecaracterizaasociedadebra:~;i~ud:j:~~~:t:::~fu:ssl be de nível econômico em um período relativamente curto. - Esta significativa mobilidade social :Z:t,u~~~=s~f;j~~d~: velmente a porcentagem de famílias de classes mais modestas. - O qut rtalmente ttm sucedido no Brasil, tque todasascategoriassociais melhoraram, ainda que - na dtcada de 60 - os ricos se tenham beneficiado mais do que os outros. Mito n~ 4: 80% da população brasileira está desnutrida e é enorme a porcentagem de crianças que morrem na primeira infância:, especialmente por desnutrição. Resposta: Com base em sólidos estudos nacionais e estrangeiros, o trabalho pro\"a que: - Carece de qualquer fundamento sério a afirmação de que 80% da população está desnutrida. - Tomando em consideração as necessidades recomendadas de alimentaç.io e de acordo com a mais completa pesquisa sobre consumo familiar realiz.ada no Brasil (FIBGE-FAO, Estudo Nacional de Despesa Familiar- ENDEF, 1978),emmtdia,existtsuperávitcalórico no consumo alimentn da populaçio. 42
- Estudo realizado pelo Banco Mundial (A World Bank Counlry Study Blilzil: Human Resources Speci.il Report, Washington, D.C., 1979) - feito com base na mesma pesquiSJ - para averiguar as deficiéncias no consumo de nutrientes, para o fim de atingir padrões de peso e altura análogos aos das faixas de renda mais altas do País, determinou que no máximo 17% da população estava com déficit em relação ao dito padrão de consumo. -Poroutrolado,osespecialistasafirmam que esses dados avaliam riscos de desnutriçio, e não a desnutrição propriamente dita.(38) - Não está de acordo com a realidade considerar a desnutrição perse - isto é, a que resulta da falta de alimentação - como a principal cauSJ da mortalidade infantil. A desnutrição freqüentemente vem associada ou é causada por doenças infecciosas e parasitárias. Por sua vez, a incidência de tais doenças pode prender-se a causas sanitárias e a problemas educacionais. - Adesnutrição infantil a merecer inte!Vt'nção atinge só 2 a 3% das crianças, não havendo diferença significativa entre as diversas regiões do País. - A causa da má alimentação de muitos se prende, não tanto a um problema de renda, mas a hábitos alimentares e a fatores educacionais e culturais. -Apesar de os índices de mortalidade infantil ainda apresentarem valores rela.tivamente altos, estes têm sofrido substancial diminuição nas últimas décadas, e a expectativa de vida do recémnascido tem aumentado progressivamente. Miton:'5:0Nordestebrasileiroéa Biafra latino-americana onde milhares de crianças morrem de fome. A causa básica dessa situação éa má distribuição fundiária. ~est~:~:aroartrib~:;dr:vt~~~~iro com a Biafra é um evidente exagero. ~ verdade que os índices de desnutrição são maiores no Nordeste do que nas demais regiões do País. Entretanto, o único índice que apresenta uma diferenca ponderâvel é o déficit estatura!. Ora, pela natureza das conseqüências orgânicas de tal déficit, não é correto considerá-lo como prova de que milhares de crianças morram de fome no Nordeste. Ainda mais, bastaria consideraras estatísticas de mortalidade infantil para pro•.-ar o demagógico de tal afirmação. - Os maiores índices de mortalidade no Nordeste se prendem mais a uma
insuficienteassistênciahospitalarede saúde em geral. - De fato, no Nordeste o nível de renda é menor, e existem bolsões de pobreza imporlantes. Este atraso relatirn daquelaregiãoseprendesubstancialmenteàsgravessecasqueassolamgrande parte dela, e à falta de conhecimentos técnicos que apresenta a população local. - O \"erdadeiro meio para tirar o N"o:-deste desta situaçàon.ioestá na reforma fundiária, mas especialmente em apron~itar o gigantesco potencial de irrigação da região. Estima-se que este chegue a 4,7 milhões de ha, o equivalente em ârta a toda a superfície irrigada da Califórnia. Vários projetos privados estão obtendo resultados excelentes, que revelam a viabilidade de tais iniciativas. Mito n? 6: A Reforma Agrária difundirá a propriedade privada e aumentará a produção:, o emprego e a renda dos que vivem no campo Resposta: O trabalho demonstra que: - A Reforma Agrária, como mostra a experiência dos países latinoamericanos onde foi executada (EI Salvador, Chile, Peru e México), muito provavelmente provocará uma queda na produção agrícola e na renda. Muito provavelmente, também não aumentará os empregos, especialmente dos trabalhadores temporários e trabalhadores por conta própria, onde se encontram os bolsões de pobreza na agricultura. - Parece absurdo multiplicar artificialmente, por meio de uma Reforma Agrária, o número de pequenas explorações, quando os maiores problemas de renda na agricultura se encontram exatamente na categoria destas - Enganam-se, aliás, os que pensam que a Reforma Agrária em curso no Brasil pretenda difundir pequenas propriedades. Ela parece, pelo contrário, imbuída do espírito de criar conjuntos comunitários de produção, de naturez.a jurídica pouco clara, desincentivando, se não abolindo inteiramente, o domínio individual da terra. Mito n~ 7: A Reforma Agrária no Bra· si\ é uma pré-condição para o crescimento econômico. Ela não pretende coarctar o sistema capitalista; pelo contrário:, ela permite seu pleno desenvolvimento. Resposta: O trabalho demonstra que; - A Refonna Agrária é dirigisb. e socialiunte, e intervém em um dos setores mais competiti'IOs do País. CATOLICISMO - Nov./Dczembro 1986
- Ela faz parte de um longo processo de estatização da economia brasileira, iniciado já a partir da II Guerra Mundial. - A história econômica do Brasil de
:~i:~!7~~
~e~~a~~tá
~~e:~: dos da década de 60, houve um dirigismo estatal exacerbado, com o intuito de obteraindustrializaçãodoPaísaqualquer custo. - Na década de 70, a inten,enção do Estado na economia se agravou por meio da estatização (especialmente via criação de empresas) de importantes atividades da economia nacional. - O Bruil precisa é de uma política econômica que liberte, quinto possível, a inicialiin. pMlicular do jugo esta.til, permitindo-lhe assim aproveitar osgigantescosrerursosnaturaisehumanos que possui. - Por isso, consumir vultosos rernrsos em uma Reforma Agrária parece ir contraasnecessidadessócio-ecunômicas da Nação.
Mito n~8: t indispensán•l fazer a Reforma Agrária e as outras reformas de estrutura:, como a urbana e a empresarial:, pois do contrário haverá uma re-
~~~~' t~:~~l:~~a~~sa ::asa~!fu~ social de gra\·es conseqüências políticas:, sociais e econômicas Resposta: O trabalho torna claro que: -Carece de fundamento o quadro
CATOLICISMO - Nov./Dczembro 1986
de miséria e desespero generalizado quepintamosagro-reformistaseosesquerdistasemgeral, ecertosórgãosde comunic;i.ção soci;i.l propalilm. - A ameaça de uma revolução social comunista em caso de não serem feitas as reformas de estrutura, não passa de mero recurso demagógico. - O perigo comunista não provém das camadas populares do País. Ele existe, no Brasil, mas principalmente ~~~i:.to;/~~::~;c::!ªi~~; chamada Teologia da Libert~çio. Ou então em círculos da alta burguesia industrial e comercial, bem como dos meios universitários e publicitários.
Reforma Agrária, falsa solução para um problema artificialmente exagerado O objeti,'O do trabalho do Prof. Carlos Patricio dei Campo não é prora que não haja casos de pri,·açào material que requeiram solução urgente. Tampouco pretendeelenegarascom-eniências de uma melhoria das condições econômicas de algumas camadas populacionais O que o trabalho visa provar é que o quadro da situação sócio-econômica brasileira descrito por algumas correntes de opinião, não confcre com a reali-
dade. É um quadro desprovido de objetividade, unilateral e exagerado. Também visa ele mcfstrar que a origem dos problemas sócio-econômicos existentes não reside na atual estrutura sócio-econômica vigente no País. Menos ainda na estrutura agrária. Tais problemas resultam da política - marcadamente dirigista e estatizante - que tem caracterizado o desem"Olvimento econômico do Brasil desde a !l Guerra Mundial. Em linhas gerais, essa política favoreceu a indústria em detrimento da agropecuária. Ou seja, prejudicou justamente aquele setor que emprega os recursos mais abundantes do Brasil: terra e mão--Oe-obra não qualificada. Não é de surpreender, portanto,quetalpolítica tenha pl'O\"OCado desequilíbrios econômico-sociais exagerados, desnecessários e evitáveis. Portanto, propor uma Reforma Agrária é querer aplicar uma falsa solução paraumproblemaartificialmentecxagerado.
O Apêndice ll - Reverente comunicado da TFP à SS. João Paulo li - que figura na obra do Prof. Plinio Corrêa de O!iniira, não é reproduzido na presente edição, porque "Cato!idsmd' já o publicou em setembro último (n':' 429l.
43
Aa~riculturabrasileira,apesardosconsidera~tl<; sacrific1os com que arca cm prol da economia nacional, vai acompanhando satisfatoriamente a expansão demográfica ElaabasteceoPaíseaindafazdoBrasil o 3~ exportador mundial de grãos. Dela procedem em magna parte as divisas com que se tem feito nossa industriali-
~=~t Te°~~::;::~e:~n~ªú~i~:~ o comércio.
l
se~d::r~:~:~o 0~~: normalmente
í
! Colheita
d~ trigo
;-
--
--·
~
-
... .· Colht-,tademilho MercadoMunicipaldeSiol'aulo,vendaa1.ireto
~
Fum~iodecafez.il As instalações fabris d~ Vlllal\'$ S.A. em Sio Bern•rdo do C•mpo (SP), umadascaracteristic•sempresasdoparquemdustrialdeSãol'aulo
Notas
1!i~Hll!:'!i~~!:t~~ altmtSmopor.idwr fhoitgrralrnmh,~
s.áriosd.atn~da,kt signifKltÍ\'OOque!!gistr,,em 5ell li,,u ,t ~frmn, ,tgriri, 11(1 Bmil. o sr. josé Go-
mes d• Sil,·a, um dos ,uto~do pnmeiro prujetoM
a<RA
"Ntm:wmp,r,p,.,ltm,oíOMfft'léori5""1 i plni• Y4iadik,.n1P,;,píâtotM:O/Mdll1do.Âs"'us5111 1<:ioiillli,~•.tipábliu.úüollffl{!,.ow•lp11nu ut$Ülukiwf,<l:lmlli$nÊtlM/N(kf~t,So~ ú TrMiiç~ familú t PropriNldt(TFl'J,(... } &üúltim,,ssori,,Jottm
titdMi• Bruittir, th
&idopllfia,l-nltlhwláll0$iklu/H.grinof,,~ j1ltmtidtpublfrl(MSqutp,tnxúiou,~j,por mtio dr um., pmiMtn~ lhJ,l(:io junlo ;, ,utorid,. dn t outro:sdrrolasdtinfllttnri,.Olfrro Relorm.o Agrirv-QutsüodtC~loid11r•nb'm11i/o ttmpo o o r i a z l o ~ d, TFP. ~ tr... IM/bo foi ~ n k romplmda ~ l a ~
KADT. Cltbolk Rldiub in Bruil, OJon'I Unll~~ l'ttss. Londres~"' Ymk. l'm.pp.99•'16e 215; JOS[ GOMES DA SILVA, A Rdonnl Agrirú no Bmü,ül,•r.RiodeJ.,neiro.l'fll,pp.V6e250;RONAlDM. SCHNBDER. Tht lblitic-11 Systtm o/Br.tii/-E~rgtnct of 1 "Modtmizingu AulhoriWi1n
~ - ISlH-W,ColumbiaUm,fflityPress,No,,a 'lb!l 1'111, pp. ffi234; CHARLF.S ANTOll\"E, L1g/i•t1 lt pou,'1ir •u Bmil- ~ÍJ$lnrt du ,ni/iwis-
~ . ~ d e Bmu"''ff. 1971. pp. 57 1 f.O; PHIUPPE C. SCffi!ITIIR,bwmt(Onflid 1ndpolmcal dwllfinBruil,StnúonlUM'l'!SityPress,Swdocd. C.iliforn11. l'i71, pp.219 e +17; MARC\0 MORBRA ALVES, Un graoo dt Mostu1 - E/ dts~ttlt dt la mvlucillnbwittii.l, CasadelasAménca.s,Ha,\11\11, 1972, pp. 241-243; JOSÉ GONZALEZ. HtlderC.01.,. ti NArwbispo Ro;o", Edicicmes G.P., Bamlona, 19?2,pp. !Ual\6; LL'ISVIANAFILHO, OGomm> Oshlo8ra1Xt1,B~doEmc!to.Jo5'01)1npil.
ondt iw mmimn o, iwuJ U!OCÍldO/f pu WCIUr
RiDde)illleirQ. 19i3, \OI. ll, p. X!!; ElDl:-.'OBRA.\"CANTE, ~/Móriodof.fUdoM,UorCMJdtSioP.iulo, in Gtner,J OLYMPIO ~tOL,'RÂO FILHO, Mt~
A"m,opo,ifio;iRdonnJAsr.iri•qwn.,tpoc,:w
n"a.s:11ffli1dtdtumm-oludonJrio,
ilnund.117'.
~,lbrtoA!egre,3.i.ed.,19;\pp.212·213;FUNI)A. ÇNJ GETIJUO VARGAS, Diclonirio históriwbiogrilirobruihiro-1930-I!ilSJ (Coonl. dtl!r.ie! áelochtALl:ir1Al,'"deAbneuJ,Ed.forenstUniwr;;i~FL\"EP,Riode).ineiru, l'il&l,3º\'0l.,,"ffl>l'tePIJ. 1',10 CORRÊA DE OLIVEIRA e 4° vol., 1-erbete 50CIIDI.DE BRASILEIRA DE DEFESA DA. TRADIQ(),
todel~dolMorroAlto,111>l!N'd1f=nd•
kCJu.r,ntt o, dtNtn wb1" o faWulo d, Ttrrl, • TFP ,ndou wnMm muitolliv,1, pmiciplndu, ,1,,..,d,iwu,dirigtntn, dtdivtnMt/K'On/rosrom11 111/0ridld!'! frdmistnwrrpda ~pn~arJodo profrtodtlti q1ttdtu «iµ111 ,_primtir,lti ,grírú"(op.cil.,l.wrEddO!eS,loodt~l9'JJ,
p.176) Cumprtobstn"aJque,qu;,nio•tmúllimoponto, ou.joséGo~d,Sil,·,rstím.il,níormado:aTTP j.un.iisfoioomidadaparo ~erv;untro$,fS11aalut çjose rrstring,11 apubhca,;óes, ali.isden?al influên riisobreaopini.ioger.il. ~ f possíw! considerar striamtntea história do Br.isilnes.e~e,gnorvoprofumlofffflOca11Sotdoptloir,-roRA.-QC.NUOlffl)S0Sest\ldlOSO$tanrl) nidorwsquantoNrangtiros-m11itosdo5qu,,,sde poss;ôes~srontriNSbd.iTFP-lffllft"ito ~ • RA-QC emKUsli,TOS.Apmasatilwo de e<emplo, e muito lon~ de rsgc,tar ;1 tru<;io, pod_rnencion.i,:GAW-.:OPARAA'HOS, 1/dorm, Agriri1 t Plantjamtnlo, Ed. Alba, Rio de J,mei ro, 1961, pp.12-13; JOÃO l!ENl!JQUE. D,yaniUf.io 1piru jfffl WIIIIUIÍSmo, Rio de ).ineiro, 1961, p. 15; Mons. FRANCISCO OE SALES SRASU.., Em fJdr.. 1.1. Sil·,ado~ 1961, pp.237 .1 25i; "'· RICARDO M. CACHO. Un p,obttN. 11,u lfy, ua libtu, in "Rdi-
~;~~-~~=i:tt::::;
luâoni.ria,Reder,çiONICionil,S.ioP.iulo,1%1,pp. 'fl l \OJ, \Wa me120; MICHEL SCHOOYAXS, O romunismotofuturod1lgrtj1n0Bmil,Herdet S.ioPaulo. 1963,p. 77;MESSlASJUNQUEIRA. As TtrtlJ Dtoolulls n., l/m)nn., Agr.ir/4, S. Paulo. 1964, p. ól; MAR!... PACHECO ECHAVES. R«on:ln1do um.1 fnt d1 ~-m brl5iltir1 - J96/.t9(;5, Ul Editor1, S.io P.iuk\ l%S, pp. '21 +1 e 49156; f't. PALLEI.IGr:-..'E OIARBO~':\'EAV. C.S.C., ~ SodfdadttRnvlu,jo.Hl'rder,S.ioPaulo,1%5,pp. 524-525.527,5J2eWJ;Pt.t,1JSSEAl.ESSIOFLORIDIS.J,. RldKliismoC1t1o/iroBr11i/i1no,lstiluto EditonaledelMediterraneo, Roma, 1968, pp.92-95; MARCIO MOREIRA ALVES, O Cristo do l\,.v, Ed S.W, loo de janeiro, 1968, p, Zi'l; EMANUEL DE
CATOLICISMO · Nov./Dezcmbro 1986
LPMEdito-
r.ifutl(L'DR), pva(Ujo,5 nob:im:>sos1111,s,·M\ados ôrgiosdt1Dlprtnsafranquearamdepare111para:s -rolun.is. Ne111poiissoaatu.-;kid.iTFPdf00Ude5e1notória,atéaobstrvadoresde ainndel'IOSSaslronteiras Anim, a ttvista 'Toe Eronomist", de L:mdres, em sUiediçilldel7demaiop.p.,dtpoisdedizerque "01'1Psldtt1ttd0Bmil.Y.foslwnt,:diloá11~
prtfUO dt MJFptlllÍtr-St dl ptr!/Jlffll ,h lffl1l1l1l agriri.lq11t4-ztmlZWOJWSldO",apon11o"grupo thatnoNdirlita(Jit)
~
F1tm1iltl'ro~
dadt"comostndo umadasfor(a:sdtopos(àoiRtfmmlAgrWMBrilSil C1~•imU desta,modepoimento, dt todotm IOdo insuspeuo, do n. psé Elida 'kig,l, Supenntemlen· teregio!,aldolncraemS.OPaulo,oqual, tmdisrur· soimpro11Sidodi.tntedemanilesLmlesda~p, apontou1TFPromo"oprino~ltktMnlodtUD· ~rontr1,mimn.,agriril"(dr.-O~de S.f'lulo",21-~)
H)AffterenriiM{IIÍfftllllillitudtpró-Rdonna ~ dos m.w-,-lil brasileiros t Nturilmente ~.Elinkiinclui,portan~1totalid.i&dos rneio$dtcomurucaçãosocial,mas1genmlidadedeles. Nempodiaser deoutralllaM'ir•,dadoonúmrro por assim diz~r inront.iwl de em~soras de tele.·i· s.kltderádio.~mromodedimos,ttvisWewtrosór?)S mtnOre:Sqlll' l!I05tem M Bmil. Quemdiz"•gtnmlidldt"niodiztt"CMJ1u111·.
FA.\1IUAEPROPRIEDADE;IJZA.\"V.SDESOL'ZA
U.\1A. l'linia c..m. dt Olfrtir• - u111 m,udo do $«1//oXX,d~deMestoocl ilpresentad•;io ~=tode Históri.i di f-aculcL.de de FiloMlfia, l.etrilS e Ci~ndas Humanas da Um,'fflldade de São Paulo,Sâo~l9Sl(Dllllle.:,gt.),ppl24al35e~ &t,ireliçlopoderi.lser.l(rtS(idadepeio!lll'IIO>
:!::-rr
w~=~~
il ,ice-gol'"1Udorde5antaútanN.membrod.i
"""'"'
f'ISIOr,ldilmi,easws.sordo~lc,,-unmtodo:sSemTem, dedarou que embora este úlluno mo•,imtnlo .wuma1,nponsabilid.ldedaim,11.iodr\7ómiSn.i· queleEstado, l\Omomentonào ;1sesLá mal$estimu· lando;"Awnjunturaltojt n~ipropíri11 ~ 1ipo
{5)011t'1paSstemqllt'est.íolM'o'imtnto;igrordorm,su,j,lsevinh.if=ndo~h,,iriosmews.
O~·pre51dentedolncra,sr.],MQ:imesd1Sil,·1 - um dos autores do primeiro projl'IO de PJ\"RA chegwmesmoa=i<:!rnrque1N01-aRtpúbhucometeu um gme mo ao roloo:;ar em dis(u.ss.kl .1 Rrlormi Agrml, poi5 isto~ou 1 · 1'.rg/utÚWfMJ dl1brasronsm-.doras". "Sóhlfl1ubltihlitU ~ ~{)ttndff<kAJ1Mid,upo,ffinioúm1dtOli1'tÚ3'0,romtnloui*emtomdtllflillgllrOIUl,.Í,"15-
tadossucessiW:!~'(lleoQ,.'ffllOse1'iuobn~.1faztrnest,,ma~(dr."Afirut",2i-5-86). Em\8dtjunhodel986,.tme~t.1"\l'i.1·semm ;, Reforma Agm,a como "um1qutsüo til qHlop vtf/lO ~entrou •mubtrwmo t d1 qual 1g~
dtlíio" {"fulh.id eS.Paulo",S-S-86)
r1qun 1.1irse111ubtrporondt".
Segundooprofe.sordaUni,wsidadet>tadualde úmpinilS,s[pséGraziinod.iSil,·.1, lmlbtmdned.i ~ Brasileir.1 dt RtíonN Agr.íri,, (ABRA)tiS.es50reronô!nmd.iFtdtr,ck1005T~ NlJlldoresr,jAgooi[turadoE.Sl.ldodtS.ioP.iulo(reUiesp~"ornovitMnh/Jindklinuli5ipatiwM~ dt$C.UUndo •s O<llp•fÕH <k ttrr1 romo IM/e-. par• 11ttltr,çk,d11ffl1111U1grirú.po,romidm.l1sinta
O mesmo numtro d.i n.-."ista inform.i que um Mi ni51rodeútadoronlidm:iouque"JlffllnllldoS...,wy t uwiivtl. {•.. / Hou>I' 11m1 p,MpitJ<io do go~ Eou!?OMirustmadnmeque "1 ~ nos /mnoll!m1fwe,tim"""'4IUll~mquliqw,chme, df JU""'1, 11/iq /ri dinJtriro f>Hl lfftflllrOS /.t-
lor
firuntd~ntd' (rolh.ideS.PJuki',15-8-86).
(3)\'.irios~deimprensa,-mlu.m,1tt'os pruntiros me5eideste mo, publicindo noticll5 e F.i.ztndo~om.115du,-msoon1r,U\iS;TFP, ((llfdmamVffopapelmt'\·mtedesu~no emb.ile;1nti-.igro-momust.1. Dfpois des5I' ~ inicW inst.llou•st, em rapida ~umsilmciogerale,mri-eldaspropug;nadottsdaRtíorrnaAgráriailCmlld.iatu,ckidaTFP, stbemqueestatenhacontinuadocadavezma~in ttn><l t 1mpW. NJ mesmo tempo em que era implan tadot.alsilmcio,fundal·a-seaUtuàoDtmocrátic.1Ru
,:r.uf~ t, lftm dÍJ54 U tH;flnizl{Óff dt tsqutrd• to, mtmbros d1 P.i5tor1l d, Tt111 cmrgv,m • qutsüowm umwmpontntt idt<ilógkoaplosivo". 1w seu t ~ o Mirús:ro Dlnte de Oli,"e"ir• reronheceu que "• Rmmna Agríril viw 11111 mo-nro
dtlkMio"{"OE.wadodtS.f'lulo",21-$-86)tqueela "•ind1niotntrouamtrilbaJ" ("Folh.ldtS.f'luló',
.....,.
Esta~liodecepcionaosromwusw. .. tilCXBB! Oa-guerrilheirodoPCdoBt1tualdepulado~
::;.~:;;::;2::~ar;:::;::~ dtsetnm,rviiiel' ("OEstldodeS.f'lulo•,2-9-86).
O.l~l.o1$Chtitn;PresidtntedaCNSB,loi,·isit.u 45
ol'residenteSameyereclamooda"morosid,dt do Govtmo"nimruçiodaRefonNAgt.ln.l(dr. "fu. lhadeS.Pau!o",)J-&-36) N1mesm.aoc,1si,iaO.hom.aniíesto,,,insóht.1p"" cu~comiSlimu'l.lttsqut1'ffllsendoconctdidis ptlol'odnJudinári::1.1u!Wldoostft1tosdtd~ tosdtd~pn,pria(ioilSSirudospelol'residenteda Rtpúlki(dr.1'111NdtS.Paulo", )J-&.36J (6)úusouger.ilestupdlÇM;lnoPalsaif~do .\!irustro Dalllt dt Oln'tll'a dt que ·, monrw ,gri~twrucoislq'"'~'*~mqutúurrJpidq colllONAWN 1111u/MrdaJ1111tmf" ("jonw do Br> jf', 7-~J-
OmesmoMirusm)ded,rou,illgunsdiudq,ois. queqllff "m-, lfflll1IW ,grW impl,nud, dm,·,i Ím'l1'1!Ú1'l t ~IIW bmi-/1 t q'"lffJglUITU/IIIJ'i11WllinJkoromcip6. Nio IÍO stpú ("jonwdo8!1$it", 10-~) Nimt$0\l~OMinÍSlll()-s'J10UqutOSIR~NtillSstllliràoi1f'.llffllCiodilfflll'1Ncom muitom.úsforonospróximos~(dr. "jom.ildo Brosil",10-9-S!i). '7) Em 29 de ouru't>ro de 1965, oo mumcipio g.iúd• d< Sarandi,afai:tl'ldaAnnoni(tmhtigiocomo!ncrahí 13anos),/oir.lpidamtl'lreirw.adid1,num.optr111;io cuidadoumenreplaneiadiel!);f(utada,porcercade 6.500",emottrr,"pro,,1'nientesde32municípi0:s Osin1·1.soreststabeleceram-sedesdeentionoloc.ilcomrigidadisciplina,num.aespéciede"s,w,·~·. ~ p o r um.a ~roorde~ deqi,e p,1r· ticip,1mmembrosd1Cl'TTodooC'IJ<11Jtoromoattnllrérealiz.adopor meiode.ilgunslideres,eosdrmoisocampadosnlioimpedidosa1éde00Wobcal!ffllquelífiquem5e11sfilhosa.>mo~. H.lruDNnlt. A lfflll1IW
n-()("5dapl'f5ff'(anolocal dearmaffltl'lto5, bemromodecon5e'lheiroscubilnosel'lic.arolgUtl'ISK Os..:ampadostffllrtttbtdofano1poiofinarmro elogisricoporpmedetltmerltosprognssiswda lgrt)il,depolíbrosdeesqtitl\Uedepmonalidaclts dopróprioGo,-.mo.út11'!1'ilffllisJWldoOKffllpi· nlffllQ.flmoutms,oCarde.JAm!.FmBctf, eopit5ideni.doPT, LulslgnkioLulldiSil1·,. Onotrji,ioda,mpmu.iemtomodo "cwAnnoni"prorura1preseru.i-locoll'IOdtumU:,nctsimbó-
00,~f::;:i.:z~
~!ha;:;;:_ tenasloramseleooNdasparalffl!l ·emroman.a" arf J\mo~. num~identeJMWpubbc,tmDdesb-
=/f;r~S:,: !:;ioc!:~! ~t~:~~~
sendoíestr,-amen1tiecebidapel.lstsquerdastdesYstrisoucilisdasloal~1"Madas,dur1.nte28dias a "romni,",lim.ane1r1deum1no1·1Coluni?mtes. pen:ormi os 3llkm que sepmm il fazenda Annoni dePortoAlcgre
ChegandoàCapi1al em2Jde1unhoúltirno,osma· n~estantesforamrecebido,naentradadaódadepeloBispoAuxiliarD.AnloniodoCarmoCMlic~.qu• oscomparo,.,.~po,Qjudeuemmord,arumolTerra Prometid,,.I~m1,dosmiosdoPfefl'lto,ascha1'PSd.ocidade A seguir, ocuparam pircialmerite I s,p,de d.o Assem· bléi.>l.tgimti1'idoEstado,Uperm.anecendoininterruptunfflte p;ircmi de um més. ffiilntidos pell piópria ~ . Ocuparam t.lmbnnasdependênc'ias da5ededo!ncn.ondee:\1gll'amapresençadomi-
NSho0a~deOli11'11'iltdopresidtnltdoórgio.Rubf!I "8en(nu, os quilÍI prontamerut Ktdmm, 1-Y. jilndodtBrasiL,,ia~,fimdtpulamtntucomosirll·1sores. Apóso~1-oltarmp,iri,lazendiAnnoru. (8)Nodi.125desettmbro.Clkolorsche,ter,Pt.. 1idtnttdaCl\'118, id,-m111que • ~Mlltifundwios
,01tr•lnlltadotntw1isJtmltmC1ÍIPm11,11tnú~ik funjusti(a~llsp,óprusmio1 no111tionrr,/ btasi/t/tq o UOf t'OIM(ui no çuÍf, qut ,o//MJ iirhdtd•{'Nr," rFolhildeSPaulo", 26-9-S!iJ. Corrointerprelilrffloldecl.m,;Ao.tmfa«'doprobltmi1dasLn1'1$ÕtS? 46
Segundootaro,ol'residenredaC~'BBde~cm, selhagener-umentetodoequalqueralode,·iolênCW, que1 do:1 in1·asores,. quer dos proprieu!ÍO$ •gredido, Admit.J-s.-pau efeitode,1rgument.,;Ao,1tesefjo di!cum-à,ma5ob,,iame~autl.lpek>l'relad<l.dequt oinvosors.-pre.nneum~tadoau!êntico.N1 dnNdtumi1propried<ldeestão.f,1Ce1fa«",OSLn1'ilii0m,dt-wnlido;dooutrolado,opropritünocom stUSfamihareseseusdelensott5.Dequaldo!dl)l5 lado!lpartir;ia~·adefnermlnoBrosilim• cm:ade500a!IO!iatr.is.i5toê.p,mopmodoprihistóricoillllerioraC.br11' Dequ.ilquerformil,naperspertn·adeD.11'!1.flógi:oqueosÍll\·asoresteriop,uais.sope[ol!lfflOSumo illtl'lumtt-dignadtrespeit,o:1/omt.Enquamoosdeft-ruorts,;dmdenwsrultosedotadosdtirwor,isio.nioSffltememsiagamdafome.Acondus.lo se,i.ide~Ul:'•\"iolêntildefmsindopropriet.lriostn.l muito ffiilÍ5rol~doque1,iolêncii ~ n doin,·as.ir! (9) Cfr. PID.10 CORREA DE OLIVEIRA - GUSTA\0 ANTONIO 501.l\lEO · LUIZ SIRGIO SOU· MEO, As CEBs. .. d,s quais mlUtr, Jt f.J,., pouco Jt ronht('t-,1 TFP,sd~romoUO, Editor1Vera Cruz,Slol'aulo,1983,6!ed.,pp.52e62167) (lO)roid,stanatun'l.llumfatoque,plr •rridcnJ, con<:eme ~50,1lmenle o autor deste trabalho, mas t~-~~;~~:.::é!~~~::ilt:~1!:. sõtsp.1raaCon.stihlinte queoentioPn'sidenteVargishaviaestatuídoquesel't'\U\JSse'.Tmh1oautorent.l.o24anos. Fonnara-seeml9)),naFa.cuk/.ldedo!..u!l"deS.ioFm-.cisco,eparaopúbliconiosedeslac:ara!tl'lioromoliderdoali..isptijilnteM111imerito\!1n.lno.Al.igaEltitor.ilCatólic1,fund<ld1pek>Ep,scopadom119Jl,ll'ldicou.(peLtstq1odeSloPaulo)sw cmdidatur,1paraa <Jup. Únic•porSiohuloUnido. Essa $ltllplescredenciaJ !ht1·aleuo trulde 2W\7 WIOS..roÍIIOmtSmOttmpoodeputadomai!j(,,'tm
e=1Wdodo8ra5.i[. EmMfflllt'mtrf'Nil,o.\lirmboda}uSbÇil,Sr./wloBroswd, ilfinnoo.que '.i !.ig,BntorllCiltOOf,fOf •~atuf'dlhdinJ~ILIHi5t6rildo&-•si=•m•iorirr/luênr:iapolític•e/e1tor,r{l,rIWdeMind'. BdoH~.3,;-86.p.2) {11)Cfr. PUX!O CORREA OE O\.MJR,\, flll ~ ku d, ¾io üwlk1, ,\1-e Mari.l, S.iol'aulo, 19-13comrnta de~,ur escrit.l m nomtdoPapi PioXJI peloSubstitutodaSemtariadeEslado,Mons.J.B Montuti.fururoPauloVI (U)Or. Mt.ia $tCIJlodtepoptú,nticomuni$ta pp. J75a\S,I _ (13) Cfr. PU~10 CORREA DE OLIVEIRA . GUSTA\Q A:-.'TONIO SOLl.\1EO - LUIZ SERGIO SOUMEO, A,- CEBs. .. d~ qu,is muito Jt f•/1, pouro Jt conh«t-ATFP1sdescrerecomoSMJ,fditor.i\'~a C!lll,S.\oP.iulo,1983,6!l'd.,256pp. (14) NM dias 23 e 24 dt mim;o dt 1985, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Comuni,1,1 do Brosil (l'Cdo B)n'aliwamem S.klPau!oeem(H.IUdi e.1.pitaisdol'iis,emluguesdistintos.fest.tscomemorah,·iS do6.l~ani1-m.íriodesuafundaçiocm 1922. Kop.,n:iued.>ÃguaFunda,cedidopellSene!Jriil d.l.Agn:ulturadoE,tado<l</SãoPaulo,ifeslidol'CB NCip1talp.,uli,1,1•i,,d,Ui,•fIPJttJUC'Õ,tJdt.vtiJln,. ap<l$Íl'Õt1,dtb,1tstbomt11,1çellf,tudonumdima dtqllffffleS!l';on<kcomp.u,m,mmr,dtónromil pnstJastmdoisdid'iJom.ildoBrasil".25-3-85). As ~ - wga.... de p ~ - t!mt de lil"TOS dt-ptop,gandildaRús5ia,AlemanhaOrienw,
Ülec'ow.-âqwa .. AfõlidoPCdoBs.-reillizounoGiNs,odol'ilciffl\bu,nodomingoUdelllil'(O,tconiouromo OOGlp.,rl'Oll'imlOdo •ice-gol'tffl.ldorOrMS~ d05semt.imsestaduaisAlminoAffunso.);RSern tCaiol'ompl'llde'k,le,k\edoprefe1loMirillCO\·as. Aass1.s1m,jaericompostasobMUdodef,11'Ndose pessoasde~modes!,Jilffl>anhad.iselram;p;irt.ldas.,c,lou.lp;irlllónibu1daC.\1TCj(ompanhi,
Municipaldelransp;irttsColetiv05),Am.iora.glomeraçioreg1S1rou-sebl5horo,,om , pnn:.im1damentel.500pessoas,efoidiminuindogr.idJti1·.imentt-du1,ntt-asqu,trohomt!l'll'i.>doshc,,. mu.1.:al qllt'anrectdt:'lloromlóo.Oplib!ico!'SU\'im.aisin!e· rtSSM!onapartidadefuttbolqutsertal11.mnof.!· !ldioMunícip.,[coruiguo.NoiniciodoCOIIOOOpropn.lmtl'lltd1tQ,.1.md.opermaneciamoolocallSOO pesso,is.queum.acllquedtlXladeptosdoPC:do Bpnxurm sembitoillllDlilJ' {dr. "'Cillolnsmo~ n! m . ,1m1de1965,pp.).}.11J. Mas. tm rnillmi dtdtl'l'IIXl'il(ia, nlo h.i(Offl(lcon· 1ultudi:fflmenteop!J'Q,I.1.>sim,clwnoua.itenOO o !.tro dt qi,e, 11.1.S elercõe muruaJ)illS de 1916. emSio~a,itóri.Jtocou.,c,undid.tto,·.ig.unmlt' ronsn11dor. sr. Jlnio Qwdros. que obtell' 1 maiori.l TI05 bitrros operUIOS, oo habit.l.do:s peL, poqum1 burgu~. Efoid~porseurompetidotisto to R!lidor rtmlndo Henrique Cardoso, nos bair rosd,.il1.1bwguesil (l5)Nodi.>3dejulhodel965,o"Di.im0fitial• d1Un~pubhco11de,;reto,assnudonodi.l ,1nterio1 ptlof'N'sidenttdaRepub!n, d«Luando"príarit.iri,,p,raf/rudtfflí)nru,v.íria,•ilf•roTUlituíd, plloMunidpiodtUmdrina".Segundoe,;pli.:a,,;ôes posterioresdostknicosdolro::r,edoMini1troNel50nRibetro.oabjtt"'lldetaldecretoerasomen1eper· mitir1desapropriaçiodeumaa!l'ade165\hectare1, da fmndi ApucarJnmh.l, locah1.11da n,,quele munidpio, pira 1.li 1.ssen1.i, t)) fimili.ls de ~iros que ocupanm term num.a rese,,,·a indigt'N próxima.~ gundoapra:ittm1·igornosorsini,mosOXiciai1mc.a~del'Jl«ll1JraReformaAgrária,aárt-1ded,rid.aprioritJn.lésemprerNiotis,'fU"Se,.igtra· dae.arr1bili.>namerittmoior (Hronlilttntt1,doque 1ámffflil·,1mentedesapropnada {"conltúdo") Ormteldr,1COl'l1<U10e.arb1rririodess.-rrwcanisll'IO nlop.i.550lldtspen:ebdo10Sfarendtll'IISdel.ondriN, quefic1rim1usumente.ilirmadosnio~roma IMdJC!.ip1'rTli!l'll'nt.ll, ffiil!COfflSe11>possi,1'isdesdobr.1.mentos. Com efeitQ. o d«rtto est.,be!ecu, em seu.ut. ~qi,etod,,aOOded.v.d.ipoont.inilfican.l "Job, jwisdkio d, Difffllria Rtpon,I do f.\'CRA•, e oo m P.; qut "o pt.uo dt illlm'fll(.io ~ >fflW!l'foú/11,1Jff1"$l'l'lil"lkCinco•no:J';•ptJdtDdo!lffptorropdtf'. Eoifl. 4~1ind.lespedoso1que "o, tnb,/hoJ do INCRA objtffrario pmt,Pncí.J· IJNnlt:l}tdrmnuU(iod•fflrolllr•fundiarúd,,..
1iio;b)ai,fiodtlltll./Uunid•dt$l•miliHP1" Pu1 que tudo ÍS!O, !O:' o abjtt11'11 era ,1pena1 - ronÍOffllt!O:'.ilegou- !'e$0h'!1'0 probltma rirnlrutarrill das1llfamíli.tsdtposSfir05cujan'mocioosíndios
e,àglam? A1·1',1r,>111;iodosfaundeuuschegoudesdelogo ~r,o,emMlordoParant)ostRich.i.cupn'dutoM toral seenront1,1prec~meriteemlondrma,cidade daqualfoiprefeito.Edele,dlK'tamente~PmidenteSamey: llO,enhorqutrmtm, lardacoril(Ml" desalraouoGolvrrudor.-llQutm111t=t1doro,.rio l1Mumini$tlf)" -~p;inde1J -lheol'rttidente Tudo!O:'resolve,.,,omilJ'e\'llg,l(lodod«mo"mal rtdigido" - segundo comtntáno, da imp=s.a - e artdaçiodtl'IO\Odfmlo,cím,nsm'\'l'ndoaám
priorit.íriilpara~1todereformaagranaffintamen· teaost65\hecwesquede-.fflim.serdesapropn.>dos piraoob)ett\'111~ .\lils1preocupi,;M>romodecreto ~ m~•indapmlSl~Çllilndool'residenteSa~·,isitoulondriniem8~agostode1985 (dr. "fulhadeS.l'au· lo: 4+85, 9-8-83; "jonwdoBmil". 4+85; "Of.!tado
deS.Paulo".S+SiS-8-85.9-8-831 (16) Cfr. ~ mhtWildo PDQ,\'CP (l'.i."!Xlo Dos Qut :-.ioConseg,,,em l'tnsilr), •f'olhade S. l'ilulo". S-HKI; ,41,,trtw,. umac/w,da!. íolha dt 5. Paulo·
25-s.&l; ededulÇM).i1'111h.ldtS.Paulo". demal Cfr. 1.1mbémSoriratólko:(I05Ml!lffronlt• •llmH1JU Apari,!, IdllOr.a \En Crui. ~ P.iulo. 1981, ~· ~17)í'f~~ .ao•uwrdoprner,tetr,balhof•m ess.istlogiosiS.afum,cões!OOn'trkli1·rosdosquais
CATOLIC ISMO • No,./ Dczcmbro 1986
écoaum1.!queapartees1ati111c1eeconómic1des~tubalhosniolhe perte!'l(em. ma1 siu:es5,vamrn· teaoutTOSautOrtS.C\l,OSnomesmencionacomsatisfac;jiJ:LuizMendol\cadeFreitaseúrio!Patnóo de!Carnpo. J.Rdatm,,vtirú-QwsüaikC~nd.l.EdJ.
tor.t\ffaCrw:,SioPaulQ.1~520pp.-qui!rotJ;. ~llmi!Nmplms. 2.Sau,,l(ilico:~~l'Ontrl,l/mmn,Aç.i-
,W,Editora\ffaCruz..SioPaulo,1981, 360pp.quatroPdi;Õfs,:!CJmilf!ltmplurs. lAprop,itdl<kprirM/1t 1/frttiniriMi1'l,nofll..
ú,o~,Editor1~1Cruz, SioPaulo, 1985.IMpp.-duasPdieôts.16fflil~mpwes. (t8)H.írustollgu1111t,;p,t1siodeflll!mo,0Ulll'IOtrilismodeu1111oipniz.ac,l,oroino1TFP,uch1d1peWS~e ptbs 'h>mf'WWWJ/k '™6tmw~ tasdelll\mCaefechada1qiuisquer111ulUn(..s?fi. xismoeimobihsmoCtgOS,esemootrofundarnmio r..:ionalquel'liooapegosuperstitioso,o~ el,quiloque110prnentecontinu,opus.ldo.' ATFPNOneg,emprincipioapossibilid.i.lede muda!'l(asp,11aque1propnedadeeat1,·relllÍCwtiva c,.,mpro1mco1Nlmente su1 missJos«i.11. Mocontr.1rn, mslSleela em que~ promonm lari;amcnwos estudoi sociilis e Konómiros nece5$irio!l para que st a,rngüe~e-.-erituill5mud.aníl5sionecessánas.quais sioel.i~eemquemedididt"imseríeitasparaatin· girem,'l'rdadeiramenteseufim Se1TFPchl'g<lu,aocioodeS('llsestudos,i,con· dusãodequeoatuillplanodeRelorm.iAgr.l™éno. ci,uwnto10Sproprieiário!lquantoaostrabilhadores rurais.nàodiae$$ilconclusioocaráwrdeenu!'l(la· do~dogmítko", nosentidoinJustamentepqorat,vo dinobrl'palz,·ra ~dognu". D.í-llle, pelorontrúiu, o
"'(~~':z~~:tde~~~Swhnrwa o Ko,runttm (1 hlttrNaoNI Comunist.11, eque allOS IM!iw<ifb~do~deSeg,,r.1nc.1diS ~l'nid..ls,doqu.il,pelosisrem.lderodi.zio,chegoo•lf'lprniderueemflllhodel'J.l"l. ded.1rouem 19JQ.emum,conreri1riln.1EscowllnindtGuerr1 ful~ic,1: MAgflffl1toulttllffllllllunismotc1piUlismaii11t1'itii'tl. Ho;,tmd~tWJq niosoOK11 s,,firirmtllN'nlit larf#fp,r1 lt«1r, ,\'<mi ltor1dttg,rídil'fui I lfJou.1'/1110$. l'u-1ptllur ~ m<lf do tlitmtnto surp,P$1. ,t ""'1~;, dn-. Mlonn«id1.A.1,1im,(l)mt(m>IIIOfllll(1ndootr11i$
r,pt1mtlv...,..i1Mntop«ifüuik que5ttertlu-
tícú. H11'ffÍ1bmur'5tktriullbt1tCOIK'l':IIÕni111udiW.0sfMÍJt5c1pilllisús,MpidMtd«Mltnlfl, 5t rtjubilcio tmrooptr.U/LlptÓpru dr,lrui(jo, Pullf.ioem ci1111d1 n01"1oporfllnid1de de Jt lornmm
1mip.EnquuiloNútm1gum/1,mf'flNgilll'mM romnouopunbokch1dú' (relitadoemlffiporjo, ~h bch Komlfder, v.-iluno de Manuil1k~ na fs. colaUnin,,ojomalim.nortMmericanoRichardl Sto~,de"Hum1nEwn1s",dell'ashington,epubli· cadoncssalt\'istaeml2de~oitodel953J. E1W~IIIN(.iodncn,uJ,-.eexplici1aafamosafrnseatribuíd1 a l)mn: hA burgunlum 1-.nderi1 ro,,. d1romqut1tnforr1rtmo,N
{ll)Adotil·~.lqlli0binómioHJtm-/frr1~-'Wmttrrfsópara,1f,,,cilidadedev.posiclodamatml, i,iqueeleselOmouCO!Tfflte M,1sf~rioll'SS.lllirquan10nelel".>JSll'W'uruWerill. Come/tito, o Bri1Si!N01td111deapertiinos ·romtm1· e nos ·$f!l'Hm1". E nem I produtn~ dil Lr.oor1iass,,ntoquem!fres5,1so105agncultorts, D\ilS'OPalSlllleuQ. J.dem.tis.oqueêPf'(IS,ln·w1ueum "Sttl'Hffla"' :-.C, 5e!ltidoliterill,fquemtri1Nlhium,tmadilqu.illNO r dono. Mi15 00! Nsti p,m idmhfimo •5em-1erra" comumind~te' A e-...dtnoa dos/atos t>rffllf em ~ntdocontr.irio. Rll5algllffllpode5trumiS5.llallildQ.umparceiroou um meeiro. e mtffl,mto tncO!ltrar-~ em $1tuaçào muitorn.iisfolgidadoque1d~umpequ,enopropnrt.írio.
CATOLICISMO · Nov./Dezembro 1986
OoontrJtodekxJclode ser.·iço nàof intnnseca· mmtem1usto.Mocontrí.Jio.éconformtildoutrina social da Igreja, d~e que o wrio corresponda .is trkcond;ções.-:ug,daspor l'.iXl:a)str1usto.quer di.zet.pro,x,~o,o,·alordotnbilhodoWJ!a. ri.>do; b) !fT mmimo, i5to é, .tender pelo menosb necessidildeiessenciaisdotrabalhador;c)!f'lfarni!lar.i!tof,queJrenc.l.,tambémi5nece5~dilfa. miliidotrabalh.ldor. !comeswressal,as-qlll'.ili.isNOsJo,suru:,s -queseutiliw.íoll'fm:dobinômio. f2\)A~públicin.icioNL~lio ~ •mmeio;ootumu!toem que,i\""'°5, se
•paiuloudomodo1Ni!,'l\'Qromosdiscurso5pronuncwc.lo, ooSen.ido "'1deróll, emxtembrode !~ pelosen.idol'Jo,geflomhmsen,sobrei5enl00.l5de dinhmodoWerioip.,:asub-.ffiCÍOl\.lr1,grli(io agrirlaemnossof'J~ M.15oó15SU!l!O!eptrdeunotumultodas,:ri5tS,dils ,igita(ÕH e das ap:ffi!SÕeS dil pmmte qu.dn histórica
(22)O•rt6ºdaConst,tuiçj!J,a.'ikic;adi.!expre,umente: NOPvtido (Gmunist.i d, Uni.ia Sovitlic• t,Forr1dirigtnlttoritni.dor,d,witd,dtsovittÍ<ltonúdeodtst11fi.tem1polfü'°'d,sorgniú,. ~ tJt•llif t S(}G,ii;. (... ) Munido d, doutrim m,n:ist.,-l,ninist.,,oPCdett,min1,ptrsp«tiv1s•·
r,/dod~mofrimenlnd1soâtdldtt1linh•d•polític,inltrwltrutriord,URSS,dirigt,ç•ndt1/i· •'id,dt ai,dora do pm'O smiltiro t imptimt um rariter jifremitiro t dtnlifica.mtnlt fundnMnlldo; su, lull ptlo triunfo do comunismo" (Co,uliludón - 1.ty fund1mtnt,l- dt 1, Umón dt Rtpríblitaf So-
,,,
ri,Ji1ús 50'riilias.
Editorial l'rogreso. Mosrou, 19&1,
(D)Afrase~alusr,,aumcélebrecontodol':IC!Í· tor din1mnquh Han~ Christian Anderse~ {18ffi.l87SJ.Umreie<tremm>mteingênuofóril~· ganadoporumtr•paceiro.qutlhl.',fflderapor.ilto pttW um lraJt' que deslumbraria• todos. OliS que, ffll nrtudedeum=antamentQ. N05tlii ,isí,"et ,o própmmorwc,.Oscorfesb.Mlu~~arnselog!laelog:iarl'T!funcamf'nM'1no,,,1roupadorei. Animildo.'511'Wll•pasw.r;e1populac;lolod.al.lm~Jtpôsamaruresl.11ruidos.l.mmteseumrusi.r!mope!.aindumt'nt.Íriafl/óll,poi!ningufffltlMICOTa• gmidl>reconhecerquenada,'la.~o,uged,marti~porkn,umacrian{•ioocentegritou•'brti esti nu~. A pirlir dilt quebrado o ulWÚO\Í5mo, to, d<M pasSMam il bradar 'íif'fi t,li nu~. E o monaru, wnlusoerml'l'g!lnh.tdo,retirou·seiw•seupalkio. {24),'-,1!/í.ld1,deHomero(,1prctcimadamenteSSO A.C),tnarr,1dJe01,'m0!3hi5tórladaguerr111101·i· daporgn-g05contraTroi.,urn.ipoderosacidadeda Ás~ Menor.
Depoisdetmmmi:adoacidadepordezanossem
oon,eguirdominá-la,0$~deliberaramlançar mlodeumardil.Parai5so.constroíramumimenso m'OOdemadfirJe,dur,111teJooitt-,introduliramno interiordelealgun1guem"iroseselt'tiraram. Quando amanhe,;</\!, 05 tmlallO'l,l'rificilramcom mombroqueo,dwrs.írioseha,i.irelirado.eque lht>S deixara comopresentt-om·alo. EnCJnlJdos, le-.·.1ram·noparadentrodosmurosdaad1de.,f,m delt!!ejarcomessesirrtbolo.1,iroruardu,mm±e ronquistadil Ttrmin.>do115cei~b.mouosilbri!sobre ,1cidade.OsguerreirosgrtgosS1ll',1ment.lodobojo doca·,.lloeamtarn as portas da cidade p.ir• seus comj1,lOhei:rosqued.iscreLlmentesehil\-wm,pro:i;il!lldo.Destaforma,semgrandeesformosFS05esmagaramoslmimosinild-.ertidos.Aasturi.lM'lareduziJo.idmwguffi'l'Íl'05 heróicos m,)5 impn"'iden· :t~i_mreruoodafoi,;,ronseguir,dobm
(25) Cfr. PU~lOCORRÊA DE OUVIJRA, Iw,111,,. ç.io t Contu-/w,T)/uçM, Boa !mpm,sa, Campo,, 1959,C,p.Vlll,pp.ii-36. (26)!,mpl.,•bibliogroii.adi5porm'l'l!<lbrtofil\"O-
recimentodemtiosc,pitalistas.>0comunisrno,e~ brl'a depei,d~nctam!l1ta1, temológica e«onômica 00$ pai$es comunistas em n,la(io "° Mundo u,·re. Cfr., po, e'l'.emplo. Al>.'TONY C. SlfTTO~ .\'atio/W Suiâdt-,\/i/illtyAidlo/l,p!/mirfUnion,theAus-
tt.ilwn Ltague of Rights, Me!boume, 197), 283 pp.; DER.\lOTHEALY,ThtGrainl\r,po,,,CtTl!ttíorDt-fffl:tStudies,col.C~n.l,Abenlttn,l'm, 50 pp.; CHRISTOPHER COKER. Tht Smffl Union,
Üflmlfwopt,1tH11M,-intrrruwrwf<'OIX)mic ordtr,Thel\iwnglool'ilpm..\U.XU,llllheCmttrforStr.itegic1ndlntem.1bOIWStudies,~ tcMllLM'ffl~;\\i!lungton,1981,mpp.etRIC LAIJRE.\i.Utotdtpaurlnpm,drt -Rtlltiotu ttl' tff militw: d;,«mn ~llllwx t i ~ annmu-
llisln ik m7 .i 110:t jo,,n, F.ir.u<1, ~ 1965.»lpp. (2'1) -.u,u ,mi,q niomt.,JmiwnslllSpl'ffJCIJ~ l\ff,sobrt,~,t,v.ii,.,Vadútmqllt'fU~ ts10udi1posl01tnttts,ul0Gc71'tfflq.dtúnftiútq. min/tn futndal", till t, rtSposll. NO tjorara, da
daporpo1mtido,d1Lr.wr11p~dist.1sda
rn,
(28)Cfr. Pu:-.10 coRRtA DE OUVIIRA, ,t lgrtj11mt,nalad1d,1mt1c1romuniMa-Aptlo,os BisposSi/Mcio,Q, (1976),eTrilnliJJIIOindígtw,
idtllrcmuM-mi1sioniriopv10Br,si/no1kulc
XH {1977); PU~~O COmà DE OLIVEJRA - CARLOS PATRIC!O DEL CAMPO. Sou c,16/irc: posso Jttrontr11 Rtform, ..ts,irM!{1981); PUNJO COR· READE OLIVEIRA - GUS!A\0 ANTOXIO 50U· MEO - LUIZ SERGIO SOU~!EO, AJ CfBs, d,J qu,is muito H f1/1, pow H rcnhllt-A TFP ,s d~rcmoúo(l982) (2'J)Dest.K1m·~neste~ntido:Qdiscutsoin.augu· rillde joioPa~loll à Ili Conferência do Ept§COpado l..itin().AmericanQ. eml'ueNI. .12&+7:l;" l11511vcãc sobrt1lguM1,p«1md1"TeolfllMd1Libetúf.io",
d1.Conpgac;lopar11Dl.,utnni1diff,def>.8..S.l;o di,cursodeloi(,l'ilulollilOSc.rdt.Wtl'reladosdi (U1'1,111.)ow.i(dt.•t:Qs.ser,.lttneRoawio';22·U-IM,
pp.l.4e5);odiscursodeilbertur.1domrontmcom 0Episcopado8rl§Üe!l'oemP.o1111(cfr."l'Osser,1to, reRorn.incr.1-'-}.&;);ra /Mtn,cioJObrt•Liberd.,
ikCli$tit1U~.wmbfmdilCoog,eg,clopar.11 Do.,TTU\ildi l'f,22·.Hl6. joioPaulollconfirmooeswid,~lafdiml'S111.1 Congr'S,ac:lo !Otn mos dil Teolugla da Liberta çiotmd1,'ffl05pronu!ICÍilll'lmt05dingidos1Jatmo. 1meric1nos,15,1bfrhomilladurante1Mi5s.apeLi fongelllitlo dos !\:,,.,os, em 5,1,o Dommgos. República [)Jmll\lCill\il lcfr. ·tosserntore Ri:nnaoo~ U.\0-8.l,p.4talocuçlo1058i5p05doL,IW<!?ern 1·is1ta 1d limin1 {cfr. "l'Os~r.·atore Romano", 2-'-J0.8.I. p. ~); il058ispos d1 Solh·la em,·i5itald liminalcfr. -UOs.seo·atoreP.omano".S.12.iM.p.5):IIOS Bispos, 5.-c:erdix.-s, ReligiOSOS, Religios,>1 e seminarisus, narnedraldeQu110 (cfr. -UOsser.·.>toreRom.1oo", 2812'J-l-8S, Suplemento, p.XVl);.>0C\ero, Reli· giosos,Religiosa;,~min.1ri!t.1seleig0s,emLlm.a(dr. idem,p.XXXIJ):IIOSfiéi>, em Aya(Ucho, l'ero(dr idem,p,XXXIX);ilOStrab.tlhadores,emTrojillo,f\>.. ru(dr.idem,p.XL!\');ilOSn.itl\'OS,emlquitos,Peru (dr.idem,p.XLVII). ~llt~=~~~is';,m{:=~:!~& Geraldodt?rotnc,Sigaud,Arrfffipo~de Diirllilntlllil, n Josf EWroCost.i. a-Mebi5pJCoad· ju10reAdnumStradorApostób:o!fdeph111deL1le1ab.i, n Orl.indo ai...'"' Arctbi!ipo de Cuiabá. D. AntomodeAlme.dilMoraes)~ ArcmspodeNi· terói. rD. Antomo~!iu.uoito, Bispo de l\mt.1GrosSi (e51e ttel tilhm05 j.i fill«idosl Ali.b,nenhumdessesP!Ndo:stemqualquerm· &"'l.lfflflltocom1TFP {Jl)Ol'IO\'OCódi30deO.rertoúnónicop,receter mtroduzdof.lálidides~d,1 m.lllft! JWil o fu!IOOnameruode moa.ac;,irs pm·.td.ls de leigos. usando. rntrmruo. terrmnologw TIO\;). O i!ilunto ui apenas smdo1profundildopeloscomtlllidottsdol'IO\UCÕdigo, emrumo,IWogoaodoCodigoanterior.
(32)Emm.aisdeumamatén.1, tem aTFPtomado posieóeSdiS<:rep.intt5daCNBB.l'aratanlofundou· 5eSffllpttem1blind,mtedocumenu.;ãodo1mWN ehiltóric:1.Ejmlaisre,:ebt\l,JOlongodetantasdf~H. fflubC.k>.
Nãofoi,pois.stmsurpres.a,queaTFPtomouronhmmmto de que I CNBB N\iil di.-ulpdo no dia 19dtabrildti9SS,aofimdem23!Assembláil(.f.. tal,UNIIOUtlll(!lltffleilltootgilllÍSfflO~ ('(l,Dtmdeillucm1nunon>$inlu~()Sesempro""'queN\'Wll~~lttftid.iffllidade, .mnn.J\·1~:'tnobitu 1/.IJUdttomi,nlwd,T11/SoátdldtBtuikindt~d•Tr,._ dkiqFU1U1útProprifdMltJto,n•H;n.uqllUdo Btnilulftooro5mtohdlt'./... /l.uH'IIWIIOfGJ Í/K'Offl'tnifllff'fdffllf1'tnlt1dtu""i«ifdMJtt>'viJ a,,n/wljdilfhtt'lip)Uatôliultln/igil(.ioto<II GI'
kJ,1UIIOfpm,m".("OSiol'iu!o':2í,.4aM·85) Aessedocumentosurpreendeate,respondeude modopromo1Tl'P,oom111Nnoti.deimptenSild.i qualstdestacilostguintttópico NAfinnu Tf1't,Ju, tomoJtmptttsl"", diJpo,ú ••C.atu•rigiw,túd-15,gnd1HitrlfllllÚnoton· anwnt,JfitilDlroslumn~ "Se, CNBB roruidm qut, TFP tmlti11 algum
rollCl'i1Dhfftrodao(l.ouprllirou11111i11Óil(IOqut~ j1, n,linii1doromunkldodt(lnt,m,qutir•tJptdfir.u11111/,1TFP,strndúvid1,1<1uri(ll'tplIOdtSdtq11t pl'lmd1,a11ttntiâdadtdotnoo11,ilietl· d1dtd11çioimp11t,dl".
oqu~W.Htmcasodetsbulhoagro,re/ormistaron· tinu1>·aa!.Jmrl.ugamwteimtieosfai:endel!QS. {34)A impunid.,.depropugnada,mimp.,rilolati· fum!io prl\.tdoimprodutiw, pode~urp!ffi\der. M1s serniustomoti,u u!ifúndiopri1.ido:oqueé1 Fundodeszgna attr· ra. LliuJEadJffll'OLt!Inoqutsigru&agrandt l.itifimdiof,pois,umaproprifdadedegril!ldes
---
M ~grandtem~ao~?Bemeatendido, ;Is proprirdadesdt~lllffl01'!i:médwou Osqualfum1JSdegrandt,médiooupequenose
ilmJl>Ol, pois, 1 WN proprifdadeconsidrrad.i no
conff!dogmld.ldistribudodosolomiumpm. Em~no8ras.i,CYda•~ed.l:s átt.15pfflfflCffl1'510R>derPúlüo,.idesig!ucãodt gnndeproprlwdt,de ulihindio,só~aoWfttesrolatifundioe;tlt,IJ.~de5te!leMum.,d.1sproprifdades pril.id.ts, mesmo~ INiores, cooshtui l.mfundio. (35) A existe<ril d e ~ f;nvrà\ei5 il illgum tipodeRefoTIT"1Agr.il'Wnãopas50Udespe!(ebid1ao sr.~G1llil.nodiSiln,dimürd.iA~iaçào6ri1· sileira de Reforma Agr.írii. Em 5eU li,w hr1 tnt,11dtr o Pl, no ll'iltian, l d, Rtform, Agr.iri.l (Bruilitn· se,S.k>Paulo.1985),elediscrirniNosopositoresdo l!PNRAentre"1J,qutksqutnio1etit.lmparptin-
"Entrtúnl(l.pot11mimpmtil'fldtjU5tiç1,niopo,
dpiaqu1/qul'rtt.funn11grJrfa;2)osqul' nio ,ctitlm • propost1 dl' ttform, 1grJri1 do MIRADIINCRA" (op. cit., p. 1~)
dtt/1Htiluromovilídn1tUJl(WJv1g1Jtgt,,;. rkaromo11- tiogt.Mf-dalt!ll(ld1 CNBB. ind/Jptasi,'tlnp«ificuf1/(1Jtaibir
u/lJllld1Tm,(t/ dthndtmodil'tit11s,gr,do t in,.. littlMld1propritd.fdtpri»d.i'.Osubgrupolonna·
t pro,·n"rc..
toli::ismo",n~m,almldel9&5.p.4). AC.\IIIB~~.eo,pisódioc11unool,idogtrtl A talprop6st!o. umparticullrmmctmtret.ullortgislro. Os autom d.i noud10.'BBl0breaTFPjul. pram um d"-11' cmsu1.v il TFP por ,iu illltude suposwnentt pouco subiruss.i em ffl11;.0 i Sanu Sé. fwrosdJ.lsdtpois.15.lgr~Congrtp;.lopara1 Ooutrin,i d., f-t impunh.l um pmldo de '\lkt<jui<>, JOJilindtt'1 Frei uorwdo Bctf OFM, em •"ISII de
0111tor"'l'licaqueosprimeiros"UOronlr,o&-
doporM·,p~muillld1pttp<MJd1 TF1'" e" ltmumptJOIUOdtsprttívtltt1lrtmgrllldt5p prwtiriai,{... }t111rtpresttúçl0dopt,o,Mtt,tur,il/,. 1Conm/t~M}/\/.IOQ111ldtAçi(ultur1"\p.lS)
Osegundo.ubgrupo "IW<lirontr,v<Wqwrfffor. 111.1,çiril(. ..) hlollll'no:rilDni,'tldodiMttr,,,,YO IMlffl'tiJ.i•~doútiulad.olnT,.{...JASo, dtd.ldtRw,lBrl5WU2(•• .Jllm"ndt5tUpmidtl!lt Fli,io~dt.W.-neu,;~ortpre5ttrúnlt111.1iorfflJtSllbpvpo"(pp. fi.16).
impcdilnltsdes,UdcumnirmmquelílCOl!ffilm
~aslmç.t§tmri.l'isaol•f'l'.'KApropcsoptlo
11P1de5'11Str.'l'O!ldedn'lllgilçiod.icha~'fmlo.
Ministro Nelson Ribeiro, o il~tordesuca "1JirDf!Mil dttttlll5Mgml'ntos d1 bu.rgul'5il urb1n1 " e#IIJlllfflDOJttom~d,blllJUtsúnr· r,l lffllriniJ • lllllil milrm., •gtiril. O ptt,Kknt, d, Socitd.fdt NlOOIW dt Agricultun /SNAJ, por =mpla, (.. ,)dtduau-se nioJÓ/11l/TITTII propo,, lldoMIR.4D'L\'CRA,romo,rlnsilicoudt 'ins,,, fi&nttporqutni<lroi*mplltmsuHmtlHOfll· re/.fdM,. dt modo, rrrerfff opnxnJO dt indi1mtn· Ili dls gr111dtJ rididtJ' (folh• dt S. f'ilula, 1+85)ff (p.23)
giil d., übl'Nçio.
Fa!osem~NruslÓN«lesiístndoJlnsiJ,tW\,ndetod.i1Liltmo,AffifflC1;~mtfl()5 deVBispoSbruileirospublar.m1(dettt11doc,.unen. toconjun1q.eosdtmiisempro11unci.untntos~ rrli,) sua " inconformidade" com a pei,.i.lid1·
:~~tu~K:~~~e~~~=
textualmentenodocumentocon1untodivulgadoem Goilniaem!Odem1iodel9SS(d1. "Folh1deS.Pi1U·
k(',11-S·85} Aind1que1TFPfosseresponS.,-elpe!a.posiçlofd· ~àSmtaSt,que1notadaCNBBlheatribuía,in· rontest1>"flmente, 1dec!a.rada "inconformidade"denadameno,que17An:ebispost615pos* VMmgrmdilde mu,to lllilio!. Ei$tq. ern ruiodo f.,.
(36)Atitulodee.emplo,mencione-Sl'1~inttdeclara,;ão do ~r Rona.ldo Ramos Caiado, principal lí· derdaUDR:-Qui>trlfflllOfmlciliwromoSl'mlo ronlr111'tfuffl!11griri1.Nunr1fiztm01issqUn/o
todequelill"intonformid1d t"stl'J\ill\Úesta,,a
quttndo:sslmos01pl1110SrtgianliJJIIIOOnld01ptloprt1idtnltS.uney.Oqutciotnd01$lmosUOilJ dtJ1proprÍilfãt5 qur cio tStia JtSUÍndo, kr ("Jor·
d.ip.,r1ede6ispos1n(llml:>idosm.aisdoqutosleip..ded.v11D1petftttottmplodeuniioC01111Sanu. St,quer1stusirmiosno[plSCOpido.qllff110Sfifu. Entrft1ntq.d'5ti\t:Zilmnussio1Utorild.Jnotid.J Q,,'IIB,,ui.idtil!&llmenl()SronlnaTFP,tendom,. bona$rntlhc.ffesrl!ÕeSpm«nlllrill'tjodooimenlild.ainrrlrllormid,ddo&17Btspot... Nd.idisw,llffll
NldaT.. rd,t,SioPauk\14-h".ó).Esdmc,aindao 11. Rorwldo Caiado que .. ~ rdonn, q11t • UDR dtltndt t I mtSm11provld1 ptlo prtJidtnlt 5.unt}; 1111tJJ11i1proposúpt/(lfünoNlOOrlll' rCorreio Braziliense",s.6-116) Outrod~líderd.lUDR.osr.~-. Sydneifmrw, dediarouqw"• UDRn.iafronlr11
_.,
{l3)Muilo$piopr,Nnoiiru1115t+fflre,:omdo~ dew~olpM~sCOlllb.tstno[s. tmitod.iTm,enoP:-.:RA. Etfmoblidog.nhode cau5ilnosTribwws. Ewfam, bemt'OllhtcidQ, rr1 nomw que mdu~ s..mui!DSW:l'fldtirosliresistfntiatm(as<ideim·,.. sãoebulhml,tt!UporhonilsdeJg!O-lffl'lnlUSl.lS agluliNdostdirigidosporirlÍClilbv1p,trt,c,,.lill'. Ent!Nnlq.ffilbemnotórioqutainceneusobre 48
l'l'!Únn.l'Sfir:ilt1D~Elalr;,;aild1comainroilo dtro/,bo,arromago,m,a,prindp,lmtt*pu•QII'> n,itnd~lkil!PNRA,quttlDJroMidtr,..
cion.i.lldr."Ú\11111i1Hor1",Brasíli.J, IJ.6.Sli;"Comio SrazilJ?nse';lJ.6.86:"FolhadeS.Paulo",21,6-&,;"prn.i.ld.ifud,",SioPiu~24486:"Úl1imaHor,",Br1· s!li.i,25¼&i;"FolhadeS.Paukf',del~;·cOfll'io do Emdo", Campo Grande - MS, ~ ; "Com-io Bmilienst", U+a6: "O Lilml~ Bdém, U+-86; -00riodeMll'ld'; Belolionzonk,, ~ ; -O l.mar, Belffll,26-3-$6);do11.s..i.l,"idorFarirui,diietorde}.jo Admirustmil-ad.JUDRNClOIW(dr."OEstadode S.Piukl';IJ+S6e")omildeBr~lWl~s.s.&i);dosr.. l:debon~\1.1\eSFr.aro,, 3~,n-~d.lUDR nacioNlep!'Sidenttd.JL'DRminm{dr."Diiriod.J Tude°,Belo~.)6.6..s6f"[stadode.\1iRH", BeloliQniQnre,25+86,Jl-3,86):doSLOougiasfoo. 9«1,preii<ientept17,'lllftld.il!DRnoParan.í[dr."O Esladodol'ilran.í~Cuntiba,Jl.8.86);doSLRubens jofgeMtla,t!,ic:'t-da'ttord.iA(loTemlonal,f'ro. d11Ç.lod.iUDRNOONJ(dr. "OG!obo':lwdeJ,neiro,22-6,86);,dosr.CaOO!ICameimd.iCunha,roordtnmd.iUDRnol'iiluifár. "01'..!iado", Tett"Sina,
,,,..,
PodemumWmSl'fmenó::lnadosoromunic~ A UDR do P1.r,ni 10 seu povo ("Folhadel..cm· drini", 24-&-86)fi1Cirlad.iUORdoNortedol'ará aoArcebispoDomA!bertoGiudblcioRamos,publi cadaem"A \bzdtl>,'1uré", deBelém,dtf>-7./!6. (37)Ãmíngu1dessecritfflo,aaplica(ãodedispo, s,çõesdraronia.na1rontraa"1trraociosa"patt,:eca· mmharem linha 1$ p.llªª superprodu,;.lo. Um.a Ca-1\U em pe1'5pecti,·a1 Bemaoront1mol(.omof51bido,i1legisla,;ãonc,rte. americ1n1,tendoem,istaassegurarumattt1dami· nÍlllilpiti10Sprod111oresn,rilis,garantiuatodosos
agnrultoresarompra-pelogomno-dose:indenln qll(ocumssem
NS s.úrn. E$11po!~ira1"ou,aolongodasúlt~dfca.u5, ~:Tm:::wptrantse~.icumula,;lode
00 il '51.1 Slhlill;ão. qut onm s,gruficah•;amentt oon;illl\el\todoEstado-ol:m?X'aill'mromartmunera,;iodessessupecilits-fonm lfflt.d.t§ ,-.nas medid.1spu1diminuU" 1prod~;igmpecuári,, EnllttslllS,mar•m-st11*mHdep.,gamentopar• ,qllffl1[UfdeixmemS11atma ... ociosil,Chegou~poo.1fSltalmnodeoGc,,ffllOp.,ga!pildljut' oigrirultorNOproduu! Algodt 1n.ílogo ,'aÍ-5e pmando tambm aos paise europeus que mfrmtam o mt5mo problemil.
Terlopn\Sidorumnossos/og,osospropulsoresdo ~relonnismo IOMist.1 eronfisu~ A~llCl!INlllencaNeeuropéia.NOosfaz dncobnr1funçjo,oci1l que,fffldetenninada.<i
ctminstintiis.podetocaristtrr~ociosas' (38) t pre,:iSO esda!!Wqueoestudodo Banw Mundiill..qulreftridodi1ideernrrésnin".isosdéfiçits(aJónr:osent0ntr..dos:ln"t (•té200caloria~dia}, 111(1(/er1do (entre200emca!oNs.'diJ)e$trio (mais de400calorias'dia) De,·ido1discrep,inciasentreosespecialistaia«>r· cad01Sm~osparaestimarasneçessidadesnutri· cionai1,oestudoronsiderad11vidCl50afirmarco1110 d.!ficit~defirudosromolel-es , irodmdos;im. d.ique,nesteúh1momo,oestudodoBancoMun· dialilfmntqutocar.íterdu1'idosodessedéfnttJlUD, tomenosd1SC11tfrel.Quantoaodfficitsuperiora.OO cilonis.romspondeatt1l1'\dapopulac;io.omesmotwdoconsider1taldéficilrom"·idmcia.inques-
~~t~r.:~~~. .
do tt11considmi;ões1fflúc.l,; deronhrcidosfSjl('Cir
lisw(Tmnobms.Dupm),clissif1Ci10reftridodéfi. citwperior1Dlalorincomosendooíndirr-dedes-
na,nllmdn,topUllOlnilmi/of'iln(lbemdof'illf. O ,ntigo pllno trl ,únpltJmtllft imprllkirel. &~ 1P1 tm f1St dt impwú<ia, tJti ptrlo lki iikll'
n111riçio~ilhvo.Aapressio"ffiCOdfdesnu· tn(io"lutíliud.Jromb.JstNffl:Offll'nd.i(.iodeJ C.l\~;oqui1111Uqut.iingfst.iode-111Nqum, tidademenorqutopadrio~nàosigm, fÍCillKtSSilniltntlltt~-~ris<;ude
("]om.aldoBrd,lH--86). \tj,un-se,.unda,nomosmo~d'°'r~do mes,nosrRonaldoCai.>do.pn.'5idl.'rlred,UORN•
Est.ultllllilapressionioéffflpreg,,d.Jnoestudo do8.ll(()Mundia.J
mos~umNliodttnWl.h/innentt(lgo,'tr-
deficifflcia.
CATOLICISMO · Nov./Dei:embro 1986
Oesforçopropagandíshcoemprrendidope:Y!a:ªd~j~~;a:J::~:m~~~:~~ coraçãode~oPauloatéasconferênciasrea·
liz.adasemquase200cidadesde14Unidades da~eração,le\'o.uosr.JoséElidaVeiga,su-
f:::;;:~~~e~1:~d~~~~;i!::~ de articulaç.io contr,1 a Reform,1 Agr.íri.itt (dr. NO Estado de 5. Paulo': 21-5-86).
!
!
RECEBE A TFP ALGUM FINANCIAMENTO DA UDR? A TFP nega - Desfaz confusões - Apresenta provas irrespondíveis
EM 14 DE ABRI L p.p., o 1r. Ronaldo Caiado. ~ideme da União Dffilocrática Ruralista (UDR), conoo:ku enat'li1ia à Rádio Conceição
do Araguaia, no município paraense do mesmo nome. A emre-•i>ta e,. tágmadanaemiswra.~undoa"FolhadeS.J>aulo",quedáessa notícia em sua edição de maio último. o sr. R. Caiado afirmou, na oca sião.queaUDRpatrocinoua publicai;ãc,nosprincipaisjornaisbrasi leiro1.deumapáginadi1ulgadasobamponsabilidadedaTFP,·tom parocerrsdedoi5juriila.sJX1ufis1as(sic),defemkndo'Odireirodeaspro-
primirios rurais usa/'fm armas p;ira a dd~ de su.1s propriedades· •: Solicitadopelarqiorta!emda"Folhade S.l'aulo.. asepronunciar
§OOrtamencionadadeclaraçãodosr.R.Caiado.oJ>rof.PlinioCorrta de OLi1'eira pmtou àqucle rnalulino um esdarecimento, que saiu C'!,llmpado no mcsmo di.a 18demaio. O Pre$ideme do Conselho l'-acional da TFP diz, nn sua nota. que ,;n, dlfu!Jo 111rarN da impmtJ;11 dos parr«rrs rk doi5 insigncs jurisron<u/tos, esc/arerendo proprinário, ronis scbrt stusdirtiro, ern facrde imaWtS agro-reformistas, a TFP 1em stmprt1omadoroma10 dimo mm os proprielários de /ma. stm indagar da r-,enrual filüçio dd1:5 aqualquerrorre111epolitíro·partidária, ideo/ógicaouprofi5sional. E ierclusú7ll11entedci5õfazendeirosqura,:111idadcliffl/'C'COlhidoasron· tribuiçórsn«ruáriasparaosga<rosdaspublkaçOOnosioruaisdas rrspcctiras/ocalidades..(...JNáocreioqueosr.RonafdoCaiado1enha afi1madoroisadifertntedi550.lk<r1erhal'idotqui,o.-ona1rammis-
slo da notícia~ Comim actntuarqueo tÍlulo dessa matêria - PlinioCOfriaronfirma rinos/o - publicada ao lado da D01icia sobrt a tn1rt\is1a do». R. Caiado - esta última sob o titulo Em~·is,a apoma colaboração mire UDR e TFP - êde molde a induzir o leitor na fal,a idéia de que a TFP mantém IÍnculos com a UDR. Com efeito, quem lesse apenas osdoisti1Ulos, umabaixodoou1ro. seriale<i'ltdoàquelaequivocada impmsJo. Nloobslantc.apróprianoticiada"folhadcS.Paulo'',antcsde1ran1· cre·•ernain1egraanotadoProf.PlinioCorrtadeO\i1·cira, msaltaque ela "r:onfirmao.s,inculosda TFPcomproprietáriosruraiscontr.in·o.s àreforma4grária':ma;obsen·aqueanota'tntrrtanto0ilomonh«r /igaf&s rom a União lkmocr:í1ica Ruralista (UDR)': Para ~/vtaropúbliroa ~páro desse notidirio. o&rdçode lmprtnsa da TFP publicou comunicado na ~iç,o de ZJ rk maio da ··fo.. lha de S: Paulo'; sob o 1Jiulo .\kmi. memi.... no qual reafirma; ·~-.sc:-seraUDRfOITlff't'donldosJubsidiosparaalargapublicaçlodosaludidospa=. ",\âohápruoasfisiasoujuniJicasque1enhamronrorridomuito trleianrrmrnrr para o montante dos gasros efeiuados pela TFP para apublica~orktaispa=.Comefo10,(lld/lronrn·bui111r1MJdado quantopodeou quer. E suJ romribuiçAo ,.,; sempre para a publicaçio em 5t'II município ou área de influfnda.
;;t~:'!f,~~;,:~:~:;:i:~n:;t:~::i~~!: ~~:u~a"~~~~~
emfunçiodosgastosdacJmpanha.Eassimronc/uirqufnenhumcon-
,o
rribwnte por si 5() ronS1i1ui farordeterminante no dmmo/1imenl(J da campanha. Emreesresrontribuintcs - acrescente-se - não r1-rá o nome da UDR''.
Tudoi1iopo1to,oa1suntopareciamcerrado,pelomenosno quedizrespeitoàTFP,quandoelere••freude modobastantees1ranho. PoromiâodoprogramaROOi/Vila.le-.-adoaoarpelaT\-'Cullura no dia 6de outubro e reproduiido na e<lição de 12 do mesmo m~ por ·'() Esudo de S. Paulo.., o jornalista Dmni Aze<'edo, da "Folha de S. Pauto" - faze:ido /abula rasa em 11111 mmiória de quanco se p.aJsara anteriormente - pergumou ao sr. R. Caiado: "E.li51ea/guma rois.a em romumN11rra UDRea Tradido. Fami1ia e Propriedade? A 1.:DRpasooalguma m11triada TFP na grande imprensa btasilrira rom parrcerrs rk juristas sobrt a ocupacio de terr.J$, sc,undo adm!tiu, em mtrt1istalFolha. a própria TFPT'
Porsua1tz,osr.R.Cai,ado,tambémesqueddodoqueelepróprio. segundo a "Folha de S. Paulo", declarara à Rádio Conceição do Ara· guaia, respondeu: ''Isto t uma imerdade. i>IO f uma crlúnia. A União D.:mo,:rá1kaRura/is1af(.. .)aú11icaentidadeindependen1rncstepais. não o:isu nenhuma ligação. e muit~ menos financiamos parrrerdt ou tras entidades.. É uma imrrdade. E um, m#ntir:1 dt qumr dtnt,:rir. f uma mMllfir:1 dt qlHffl asucrr (lic) ron1r:1 • mma t111/d~dr:
Sobrt1alperguntactalrcsposca.a TFP1miaponderaroseguin1e: 1. O jornali!lase Cllganou gra1?'!llmtc. Em emre-.i~a nenhuma. nnn emqualquerou1raformadedeclaraçâo,aTFPa',SC'l'trQUOqceelelhe atribui.Eistopelasimplesraiàodenãoser,·erdadc.ronformeoscaie. góricosdesmemidoscitadosacima,queaTFPtenhar«-ebidoqua!Quer donati1~dacaixadaUDR. 2. As frases "is/O r um• a lrínia (•.• ) f um• mutira dt qumr drnegrir. t um1 mMntira de querrr ,ssacrr (1ic) ronr1a, now rn1id1de'; proferidas pelo sr. R.Caiadoem1uarespo1ta, parecem não se referir aojornalista.Tontotqueesteúltimonãosejulgouobrigadoafam qualquerprote1tonoquelhetoca1se. Pori1tomcsmonãose1ênelas oucrosen1idosenãoumaimplícitaeob!iqua in1-rcti1'ltcomraaTFP. l Pro1estaaTFP? Conformeficouprcn-ado,elajamaisdeclarourcceberlai1dona1i,-os. Nnnjamaisos recebeu. Quantoiimffli1-apesadador.r.R.Cai.ado,elafazmaisdoqueprotestar: a TFP a sobmoa. Com eíeico, todo o seu pmado de dignidade e de !ilura, a coloca aMO!u1ammte llcima de ofm1il'lts do gfoero. Sc.maiscirrunspecto,0Sr.R.Caiado1i1-eueprocuradoinformar·se bemsobrepublicaçõesdeimpren.adaTFPantesdcpronunciar.sea respei1odelas,ttriaencon1radoosmendonado.sdesmentidosdaen1i· dadeaes,a1·ersão,queaelecomoan6sindigna. Basta, l)Onanto. a .imples rememoraçào dos fatos como eles rtalmenie ocorrtram,paradei:uraposiçãodaTFPadmadequalquersuspeita.
CATOLICIS:-.10 - Nov./~:.i:embm 1986
A ação esclarecedora da TFP contra a Reforma Agrária socialista e confiscatória levou a entidade a participar de várias exposições agropecuária s e a realizar palestras em quase 200 cidades de 14 Estados bras ile iros.
NiddadedeSerriti(PE) ~uenosprodutomruraisetraballu.doresm.anuais,
Adoraçio dos Magos - francisco de Zurbaianl\598·1664)Coleçio pri~ada, 8artelolla.
Mensagem de Natal HCATOLICISMO" n4o poderia deixar transcorrer este Natal sem uma grata menção à data magno da Cristandade. E, ao mesmo tempo. relacionar essa grande r:omemoraçdo com o contexto de n0$$0S dias, no qual o pe-
neurmte e oportuno 1rabolho do Prof Plinio CorrPa de Oliveira, reproduzido neste número duplo, constitui uma
salutar clarinada.
Convidamos nossos leitores a voltar mais especialmente suas vistas para o cambiante panorama formado pela opinião pública nacional. Ou seja, para o conjunto de men-
talidades. modos de ser, estados de espfrito, que comp6em o Brasil de hoje. E se perguntarem: neste Natal de 1986, a quantas anda nossa Pátria? Para dar a tal pergunta uma resposta muito sumária, muito genéri('(I - pois mois não comporta esta Mensagem - mas séria e ponderod_a. é preciso re5!alrar o t6nus de tristn;a e mesmo de aba/lmento que va, caracteriumdosempre mais o homem médio do Brasil de hoje. A perda de certa alegri(I espontáneo, de uma bondade na1ural e inviscerada na alma da nação, e sua subs1ituição por traços de ansiedade e depressão, parecem ser uma nota presente no panorama à medida em que o Pois vai sendo empurrado para posições de esquerda. Para que o leitor possa mais /adlmente dar-se conta disso, examine o contraste que represen1a, em meio a esse quadro que tende para o sombrio, a louçania, a afabilidade, a alegria dos SOCios, cooperadores e correspondentes da TFP quando em campanha nas ruas. Ou seja, exatamente na atividade mais di/(ci/, em que o esforço é particulurmente árduo e a dedimção necessita ser mais inteira, a( ,efulge com especial intensidade um bem-estar
de fundo de alma. O mesmo se diga, com as necessárias adaptações, dos Encontros de Correspondentes e Simpalizames du entidade, onde transborda afelicidude de estar juntos, olhando nu mesma direção.
li!
Eis aí uma réstea de luz e de esperançu que nossu revistu procura espargir a todos os seus caros leirores. Crendo na indestrutibilidade da Igreja, "Catolicismo" espera firmemente na Providência Divina, a Qual não permitirá que a civilização neopagã de nossos dias consume suo vitória sobre a Cruz de Cristo. A{ está a voz de Nossa Senhora em Fátima, como um roque de sino a reboar pelas almas ao longo dos últimos 70 anos, comunicando-lhes aquela forma de esperança na qual vicejam rodas as sãs alegrias e prosperam iodas as virtudes. E assim nos introduzimos na1uralmen1e na comemoraçiío do Natal, data entre todas sagradu, para depositar, aos pés do Menino Jesus, esta esperança e alegria, que nEle encontram sua verdadeira e única fonte. Abandonado pelos homens em Seu presepe, a nuvem de tristew se abate sobre os que d Ele se cifastaram. Mas para os que O procuram, bem junto a Nosso Senhora, Ele é a esperança dos séculos fumros e consti/Ui, desde jd, em meio à co,ifu.sdo e ao sofrimento, o gdudio e a honra de todos os que O encontram. Neste sentido, o Natal em 1986 é mais do que nunca a/esta da esperança, contrastando com o caos hodierna, da alegria de alma oposta à anglistia crescente que invadiu os espiri1os contemporâneos. Tal é u Mensagem que enviamos a nossos leitores e a todos aqueles que, neste Natal, queiram unir-se à/amflia de almas de "Catolicismo':
-/886
Presl!pioportugués IMuseu do presépio da Prefeitura de São Paulo).
uv
ovó, O QUE É NATAL?" A velha senhora, recos/ada em sua cadeira de balanço, calma, aureolada por uma certa majesrade, olhava penalizada para sua nerinha. A menina, com um vestidinho branco que ressaltava a inocência de sua fisionomia, apoiava as pequenas mãos sobre os joelhos da avó. D. Rosália fora atingida em seu mais {ntimo pela pergunta da nerinha. Jamais, em seu remoto tempo de menina, tal pergunta teria sido poss{vel. As crianças como que nasciam sabendo o que era o Natal. Todo o ambiente que as envolvia falava do Natal, boa parle do ano transcorria na expectativa da chegada daquela noite sagrada, e ou1ro tanto, depois, na degustação saudosa da última comemoração do nascimenro de nosso Salvador. A noção de Na1al era en1ão, para uma criança, tào viva e conamral como a do ar que ela respirava. Agora, nesta época neopagã, varrida pelos ventos gélidos do indiferentismo religioso, abalada em seus fundamentos pelo relativismo
filosófico, desagregada pelo permissivismo moral, como c·omunicar a uma tenra menina a idéia de Natal? E não só a idéia fria e inoperante, mas o calor de alma, a elevação de esplrito, as graças próprias do Natal? Levada por tais cogitações, a boa senhora de repen1e se deu conta de que os olhos azuis e lrínpidos da netinha já a fitavam com ansiedade. Então, cheia de mansidão, começou a falar.
- "Minna filha, Natal é doçura, é paz. Natal é alegria inocente, é felicidade de dar, é o esquecimento de si mesma. Natal é amar, é adorar, é prostrar-se contente ante Deus. Natal é ternura por ver o pequeno, o frágil que se quer pr01eger; é admiração ante o grande e o Jorre que é mais do que nós, que se Qfer 1•enerar. "Natal é um ambiente em que os anjos, presen1es, se Jazem sentir sem se deixar ver. É um clima de bênçãos vindas do Céu que nos
enche a alma e nos torna propensas a toda forma de bem. E o mal se recolhe em seus antros e covas, ntio suportando a luz. "NuUJf é o presepe, montado nu safa, com Nossa Senhora e o Menino Jesus, e também São José; com a eslrela no alto da gruta brilhando e ammciando: nasceu!; com o burrico e o boi, quase humanos, aquecendo o Me11i110 em palhas deilado; com os pastores I longe, em·oltos em lu:..· com as fontes, os lagos, os montes e as flores que a imaginação pressurosa de cada fiel quer i·er circundar o palácio - tão pobre! - do Rei. "Natal é o pinheiro pequeno e esbelto, coberto de fitas, de luz e de cores. "Natal é a Missa do Galo, assistida de noile na igreja, com flores e cantos, com música e lu<., com festa, com suave alegria, com grande esplendor. Seguida da ceia para comemorar o nascimento do Menino Jesus. "Natal é o presente envolto em carinho que a màe dd ao filho; é o almoço em familia com um pouco de vinho, com passas, com nozes e amêndoas, com grande união. "Natal são os cõnlicos que elevam o espírito, e nos falam, sublimes e alegres, do Menino-Deus.
É o sino tào belo que toca distante na igreja ... "Natal é sentir-se bem próximo, bem junto a Nossa Senhora e ao Menino Jesus,· quiçd até Ela nos deixe IOmd-Lo nos braços para O adorar. "Nora/, minha filha, é uma graça tão grande, uio grande, que foi dada ao mundo para lermos, aqui nesta terra, um pouquinho do Céu. Tàl graça nos i·eio porque há muito lempo, lá longe em Belém, cidade dislanle que você nào conheceu, nasceu 11111 Menino para nos salvar. Foi-nos dado, Ele é nosso, e entretanto é o Filho de Deus. Sua mãe é Maria, também nossa mãe, que por nós O mereceu. Ela O desejou untes de Ele vir ao mundo, e por isso Sua vinda ocorreu. Ela O amou tanlo que ninguem sabe medir o grau desse amor entre os dois, e essa grande união! É um segredo de Maria, que Ela comunica a quem Ela quer. Mas há no Natal uma benção que desce do Céu e faz sentir a todos os homens algo das graças dessa união''.
Pmépiojapoobcom figuras de seda {Mumi dopresépiada Prefeitura da São Paulo}.
Prtdpio com 11prusivnfigur,s pclicrom1d15 !Museu dopmépioda Prelti1uradeSilo Ptulol.
A menina estava literalmente embevecida com tudo quanto ouvira. Mas não só com o que ouvira. Durame a narração, ela notara no 1imbre de voz harmonioso da avó, na s11a expressão fisionômica radiosa, na elevação compassada de seus gesLOs e sobretudo em seu olhar cheio de doçura, de luz e de paz, ela notara, ou melhor ela sentira as graças do Natal. Era 25 de dezembro de 1986. Naquela sala despretensiosa e digna, em duas almas tão desiguais mas tão afins, as graças do Natal haviam milagrosamente revivido! - "Mas vovó, por que ndo há mais Natal?" - "Minha filha, não se angustie, o Menino da gruta de Belém e sua Mãe Santissima não nos abandonam jamais. Se os pecados dos homens e das nações fiz.eram com que as graças do Natal, escorraçadas por toda parte, se refugiassem no Céu ou nos fiéis desta Terra, é para que voltem ainda mais itensas e peneirem nas almas em profundidade ainda maior. "Foi por meio de Nossa Senhora que nos veio o primeiro, o único. o grande, o eterno Natal, Nosso Senhor Jesus Cristo. Peçamos a Ela que as grandes graças que Ele ainda quer dar ao
mundo nos fumros Natais, venham na sua plenitude, venham sem demora, minha filha!" Enquanto a menina continuava transportada de enlevo, a velha senhora tomou com respeito em suas mdos a Sagrada Escritura, osculou-a e leu compassadamente a passagem em que o Profeta /safas, muitos séculos antes do magno acontecimento, descreve admiravelmente a vinda do Redentor do mundo: "Este povo, que andava nas trevas, viu uma grande lu1.; aos que habitavam na regido da sombra da morte nasceu-lhes o dia (. .. ). Eles se alegrarão quando tu lhe aparece,es, como os que se alegram no tempo da messe, e como exultam os vencedores com a presa que /Omaram, quando repartem os despojos. Porque tu quebraste o pesado jugo que o oprimia e a vara que lhe rasgava as espáduas, e o cedro do seu exator (. .. ). "Porquanto um menino nasceu para nós, e um filho nos foi dado e foi posto o principado sobre o seu ombro; e será chamado Admirável, Conselheiro, Deus Forte, Pui do século futuro. Pdncipe da paz. O seu império se estenderá cada vez. mais e a paz. não terá fim (. .. ) fard isto o zelo do Senhor dos exércilós" (Is. 9, 1-7).
Plano cruzado 11: obstinação socializante votada ao insucesso? EM VISTA da imponância e a1ualida· de do Pacote II, "Catolicismo" julgou con,'enienteaprescntaraseusleitoresuma apreciaç:loabatizadaepcnetr.mte,embora sucinta, emlinguagemacessívelaopúbliconãoespecializadoemeconomia,desse conjuntodemediastomadaspeloGo\'erno, na área econõmica. Para isso, convidou os membros da Comissão de Estudos Econômicos da TFP a abordar o tema, inserindo-o no contexto geral do Plano Cruzado. Eis a apreciação:
Ü
PLANO CRUZADO afundou. O
que o Pais viveu desde sua implantação em fevereiro de 86 foi como uma miragem. E como toda miragem, repentinamente desapareceu, surgindo a dura realidade dos fatos. Para facilitar a compreensão do leitor, utilizaremos uma analogia. No advento do atual governo, o estado da economia no Brasil era semelhante ao de um doente em recuperação, logo após uma grave cirurgia. Este doente imaginário estava aindanaUTI,mascomsinaisinequivocos de melhoria, dando mostras de recupcração. Sua.s forças e rescrvas indicavam apcrspectivadesuasaídadaUTJ.Ae-:onomiabrasilciraapartirdel983reiniciavaseucrescimento,aindacomtaxastímidas, após dois anos de fone recessão, apresentandosaldosfavoráveisemseucomércioexteriorcumsignificativovolume de reservas. Mas, este doentenecessitavasubmetersea uma segunda cirurgia, para a extração de um tumor que corroía seu organismo: o déficit público, provocado pela presença hipertrofiada do Estado na economia, alimentava - entre outros males - uma inflação-que poderia eliminar os beneficiosalcançadospelaprimciracirurgia. Era indispensável extirpá-lo. Coisa, aliás,que deveriat ersidofeitanaprimeiracirurgia.
O Plano Cruzado: esperança que a mentalidade socializante transformou em desilusão Sobrevém a mudança da equipe médica. Depois de um período de indecisão optou-se por tirar o doente da UTI, esquecer o tumor, dar-Ihc alguns cstimulan-
tesedeixá-loirparacasa,naespcrança de que estivesse melhor. Ilusão, pois ao cabo de poucos meses os sintomas da doença apareceram com mais força. A inflação ameaçava explodir, levando o paciente à beira de um colapso. Isso ocorreu no final do ano de 1985. O doente foi obrigado a retornar ao hospital. A equipe médica optou por um tratamento de choque, qu e pretendia eliminar o tumor (o déficit público) e sua manifestação mais aguda (a inflação). Era o Plano Cruzado que nascia Ele consistiaessencialmenteemdesindexara cconomiaeliminandoacorreção monctária;ospreçosforamcongeladose os compromissos foram expressos em moedadeigualvalordeacordocomdeterminadas tabelas de redução. Com isto ogovernopretendiaeliminarainflaçãoe criar condições para um crescimento econômico estável. Posteriormente, no mês de julho, o Governo decretou empréstimos compulsórios comoimuitodeaumentaraarrecadação de recursos para financiar seus próprios gastos, criar um fundo de investimento e conter o consumo.
AntesdoPlanoCruzado,apesar da gravidade da situação econômica nacional, não faltavam produtos nos supermercados e d11mais estabel11cimentos comerciais.
Como "Catolicismo" já tratou anteriormente (cfr. "O pacote econômico nojogo cara e coroa", Carlos Patrício dei Campo, no. 424, abril de 1986), de fato, opacote que instaurou o Plano Cruzado era coerenteemsuaslinhasbásicas,dentroda política econômica adotada pelo GoverO congelamento dos preços estabelecidosejustificavaporumcurtopcríodode tempoparaeliminaroefeito inercial da correção monetária. A médio e longo prazo, todavia,eleseriainócuonocombate àinflação,alémderepresentarfatorde deterioraçãodaeconomia. Tais efcitos seriam ainda mais graves, caso o congelamcmo não fosse acompanhado de um cone no déficit estatal. Entreianto, os responsáveis pela política econômica do Pais manti veram o conCATOLICISMO - .Ja:lffil de '187
gelamento dos preços e não reduziram o dHicit público, causa principal da inflação. Após alguns meses de euforia de pro-
dução e consumo, começaram os estrangularnentos: falta de rnercadorias e rnattrias primas, mercado negro. fuaadoscapitaisestrangciro1,disparadadodólarno mercado paralelo, quebra das exportações e aumento das importações, crise cambial. A ameaça inflacionária reaparecia. Em outras palavras, a euforia era uma miragem a partir do momento em que o governo não optou pela eliminação da causa essencial da doença: o déficit públicoeaintervençãodirigistado Estado na vida econômica do Pais.
N0s11c1p1:f0t0d1Ãng1l0Alndnz0
A sa údeque.paraalguns,aNaçãoparecia ter recuperado era irreal. Ela provinha de estimulantes com resultados provisórios e efeitos colaterais danosos. Ou seja, não houve, e não era viável esperar que houvesse, a curto prazo, invcstimentos suficientes para sustentar o crescimento repentino corno o que vinha tendo a eco nomia. lslo não é de estranhar quando o setor público apresenta uma avidez insaciável emcxtrair recu rsosdosetorprivadopara pagar seus déficits, ao mesmo tempo cm que este enfrenta um congelamento de scuspreços.Altmdisso,vaiperdendo,cad.a \u mais, a confiança num governo que já está efetuando uma Reforma Agniria socialistacconfiscatória,enquantopaira noaraarneaçadasrcformasurbanaeempresarial. Scndoaconfiançaelementoes-
CAIDLICISMO - Jane~o de 1SB7
sencialnas decisõesdeinvestimentodosetor privado, como esperar que a5 realize? Afugadecapitai1,reconhecidapclasprópriasautoridades,manifcstacssadcsconfiança. O resultado final de tudo isso t que o País se encontra novamente na UTI ...
Cruzado li: mais uma provável desilusão O que dizer do ajuste propugnado pe· lo Plano Cruzado II? lxvc-se =altar, cm primeiro lugar, que não se 1rata de um ajuste. As medi-
O Pacot1 li determinou um aumento brutal do Imposto sobre Produtos lndustrializedn !IPO de detuminados bens de consumo, çomo automóveis. çujo indice de venda caiu acentuadamente.
dasanunciadasrcprcsentamumgolpcde timão que pretende tirar o País da iminência de uma crise cambial de graves conseqüências, fruto do próprio plano Cruzado.
Em segundo lugar, elas são de molde a criar desconfiança. não tanto por si mesmas, mas pclas circunstãncias cm quc foram lançadas. Dizia-se que a falta de men;adorias. cobrança de ágio etc., eram conscqüfncia da avidez de lucros de produtores e intermediários.. Lançou-secontraclcsaaCl.L'iação de sabotadores do Cruz.ado e inimigos da economia popular. Repentinamente, o Governo parece reconhecer - pelas medidas 10madas queosproblemasprovinhamdeumademanda exacerbada. Ora, de duas uma: ou as autoridades econômicas sabiam que isso seria assim ou não sabiam. Se sabiam, porquelançavamaquelasacusaçõcscontraosempresáriosparticulares?Scnãosabiam,tdeseperguntarseterãocondições para resolver os problemas econômicos do País. Qualqucrquesejaahipótcsevcrdadei ra, aconclusãonecessáriaéquepartesignificativa da opinião pública pc:rdeu a confiançanaoricntaçãoeconõmicaatual. Perdidaesta,dificilmentcqualquer medida tera o resultado que dela se poderia esperar. As medidas anunciadas consistem basicamente cm um aumento brutal do !PI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre determinados bcn1, cm um aurnen10 significativo das tarifas dos scrviços públicos, e cm urna política cambial com rninidcsvalorizaçõcs quase diárias. 1àmbérn estão anunciadas medidas de contençãodosgastospúblicos,masdcum valor irrelevante frente à magnitude do déficit. Serão essas medidas eficazes? Scrcficazsignificariaconseguir,acur10 e médio prazo. deter o crescimento econômico; e a médio e longo prazo, criar as condições para incentivar os investimcntc:;, tudo isto com um mínimo de ônus para as classes mais necessitadas. Em relação ao primeiro objetivo, parcce-nosqueasmcdidasscrãoeficazes na proporção em que o Governo de fato
Voltou ilsarpleitea d1 pt lnn11uerdasa morat 6ria un iltter1I - ll'ltdid111t1mente da nasa p1r1 0 Pltf1,d1conseqiihcies imp revislveis - 1 qual j6 111 •~igíd• no cemício promovido pel1 CUT contr1 o
arroçhoaal1rial,111p111çad•S6.SitPltul11, empriRcípiosdeno\ltfflbrode1983.
reduzaseudéficitdrasticamemeepralique uma política monetária re$tritiva. Em relação ao segundo, dificilmen~ serão eficazes. Isto porque o fundo de quadro dirigista e socializante da política cconõmica governamental dc:sc:stimula os investimentos particulares. É preciso uma mudança de fundo na filosofia econõmica do Governo. Finalmentc,éumailusàopcnsarquecsseajustescjaindolor. Por vias diretas ou indiretas, ele termina afetando a classe operária, especialmente setores menos organizados dentre seus componentes,quesãonormalmenteosdemenor renda. Alauém poderia dizer que uma maneira de evitar um ajuste recessivo seria endureceras negociaçõesdadívidao:terna, ameaçando ou simplesmente declarandose em moratória. Com os recursos assim poupados., aliviar-se-ia a crise cambial, melhorar-se-ia a capacidade de importação, evitando-se sacrificar o crescimento da economia. Este raciocínio simplista merece um comentário à parte.
Mora tória unilateral: uma falsa solução Não resta dúvida que o pagamento dos juros da elevada dívida externa onera o crescimento econômico brasileiro e dificulta o controle do déficit público. A possibilidade de dispor de pane desses recursos evidentemente abre espaço para um maior crescimento.
Pvrto de Santos. - Com o Pl1 no Cru11do, houWI queda de uponaçõn I acrhcime de lmpon1ç6e1,o qu1g1rouperigoso dnequillbrio da b1l1n~a comercial b111sil1ir1.
É uma ilusão imaainar que pode ser benéfica para o País uma moralória declaradaunilateralmente. lssopodefecharas portas do comércio internacional e o mercado de capitais, com gravesconseqúências mternas. Aqueles que pedem uma moratória sob pretexto de que o País não pode se submeter a um ajuste recessivo, ignoram ou I' simulam desconhecer que sua atitude po1 de levar o Brasilaumarecessãoforçada, I' muitomaisgraveeprofundadoqueaquel la que ~e quer evitar. Ocaminhocertoéodeumanegociaçãoapartirde umaposiçãoforteedecidida, para a obtenção de melhores condições de pagamento, ofercccndo em conDe outro lado, não é razoável que os trapartidaumapol/ticaeconõmicadifecredores externos exijam o pagamento da rente da que vem &endo seguida. dívida e seu serviço, quatquerque&ejao custo para o país devedor. Essa exig!ncia prejudicaria ambas as panes. Diagnóstico errado leva as Entretanto,éaceitávelqueodesejodos medidas económicas ao credores seja que o país devedor, de posfracasso se desses recursos adicionais, os utilize adequadamente no sentido de orien•ar o Como e,r;plicar que o Governo tenha crescimento econômico rumo a uma adotado uma políliea econômica que con· maiorcficiência.Estaseriabenéficaaamduziuaesseimpasse7 bas as panes. Para os credores constituiAbmalndo-se os aspectos políticos que ria uma garantia de um aumento da capodem ter entrado em jogo, do ponto de pacidade de pagamento do pais, e para este seria um fator de maior bem estar para vista econômico somente se pode explicar sua população. essaoriemaçãodoGovernoapanirdeum Especialmente, a política econõmica sediagnóstico,ano,sovererrado,sobreos guida pelo Brasil nestes mese5 devig!nproblemassociaisdoBrasilesuascausas. cia do Plano Cruzado não demonstrou O fundo de quadro da politica seguida paum aumento de eficiência. A prova disso rece resumir-se no seguinte silogismo: é a crise cambial que tal plano determi- O Brasil é um pais rico, mas com a maioria da população constituída de po-
Depois de comerciantes, industri•i• tertm sido uansformados em "bode. npiat6rios·: chegou a vez dos pacuari1t11, qu e foram acuudnpordrglo1olici1i1 d11on1g1do111 e inimigos do povo. sendo inju111ment1 inculp1dospel1nussez d1 urne.
bresemisefli\·ris.Os rkostornam-secada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres; - A causa dessa situação é o sistema 01pitalistaque,aoprocurarobcneficioe o lucro individual, prejudica a coletividade; - Logo, para aliviar a situação de miscria em que vive a maioria, é preciso con· trotar e atê, se necessário, coarctar a iniciativa particular, limitando a propriedade privada e os lucros e impondo pesados tributos. Ora, tal silogismo é um dia11nóstico errado de fio a pavio. Essequadrodemisériageneralizada éexageradocunilatcral. Alémdisso,ascausasdosproblemassociaisexistentcs não são o regime da propriedade privada, alivreiniciativaeolu· croindividualcomocritériobásiconouso dos recursos. Logo, as medidas não do uma verdadeira solu~ão. Paradcmomtrarainconsisti!nciadosilogismoserianecessárioumoutroartigo. Apresentamosaquiapenasrápidaspalavrassobreclc,umavezqL1eessetemafoi largamente abordado na obra do Mester of Sdrnce cm Economia Agfliria e colaborador de "Catolicismo", Carlos Patrício dei Campo - "Is Brazil sliding to"2nf 1hr Extremr Ldt?'; editada pela American Society for The Defense ofTi"adition, Family and Property, New York, 1986. Em nossa última edição (n~ dLip\o 431-432, nov/ dez. !986)apresentamosumanotícia sobre o lançamento desse livro no Capital Hill, na sede da Frtt Congress Founda1ion, cm Washington, a6deoL1tubro último, bem como as conclllsôes a que chega a mencionada obra. Afirma-sr que 601/o da população brasileira ganha menos de um salário miniCATOLICISMO - JaoeHO óe 1967
mo. l::suficienteconsideraroqurganha uma rmprcgada doméstica OLI um scn-mte de construção civil para constatar qlle há algo de errado c-m tal afirmação. Além dessa constatação banal e corriqllcira, é oponuno observar que bastou um crcscimC"llto razoavelmente acima do normal para que os salários reais estourassem e SLlrgissem sérios estrangulamentos na oferta de mão dr obra. Ora, evidentemente um panorama de miséria genrralizada não é compatível com tal quadro. Afirmar que o Brasil possui um sistema capitalista, baseado na economia de mercado, é um eufemismo. Aproxima• damente 6()0,,o do Produto Interno Bruto (PIB)égrradopeloEstado,oqualexerce atividadeseconõmicasquedcvemserpra!icadaspelospanicularcsepanicipaahertamente do controle da economia (comrole de preços, controlr do comércio exterior, monopólio de inúmeras atividades etc). O Estado é o responsável principal pelos problemas sócio-econômicos existentes. Em vez de destinar os recursos dequedispõe,especialmcnteparamelhoraracapaci1açãodascamadas mais baixas da população e aliviar sua situação, o Poder Público no Brasil estrangula o setor privado e aplica tais recursos principalmen1eparapagarodéíicitdesL1asmal dimensionadas empresas. como também parasubsidiaratividadcsineficientes,qlladrosadministrativosinúteisetc. Maisainda, por meio de controles de toda naturcza fomrnta a inríiciência no uso dos rc• cursos, inibindo o dcsem·olvimento r o bem estar do País. Esse diagnóstico errado fez o Governo perder uma oportllnidadc única para rcsol~·er os problemas de fundo da econo-
D 1tu1I governo perdeu uma oponunidada 6nic1p1raresolvara1prebl1mn d1fundo d11cuoml1brasi11ir1,nla1praYOitandoa qu1d1 do praç. do petr61to no m,rc~do mundial, com vistas, economia ele divisas.
mia brasileini. A diminuição das taxas de juros internacionais, a queda do valor do dólar e do preço do petróleo no mercado mundial, ocorrida cm 1986, eram fatores altamente favoráveis para qL1e o Brasil solucionasse seus problemas internos e externos com uma política econômica adequada. E isso não se fez. Se o Pais continuar com uma política intervencionistaqueoneracadavezmais o setor privado, estará se emb renhando pe!asendaerrada. Nessaperspectivacabeperguntarqual será o "bodcC)(piatório" escolhido para justificar o novo pacote. Por ocasião do lançamento do Cruzado, foram apresentados, como "bodes C)(piatórios", os comerciantes e industriais, acusadosdeserempcssoassedcntasdelucros. especuladores etc. Depois, surgiram OLltros. Os pecuaristas foram os mais visados. apontados como inimigos do po\'O. A,ora parece trr chegado a vez dos banqueiros internacionais... lnfrlizmenle, o verdadeiro responsável sempre fica de fora: o Estado hipenrofiado qur pesa cada \'t'Z mais sobre os ombros da Nação. Comissão de Estudos Ecouômicos da TFP Antônio AuguS!O Lisboa Miranda Celso Carvalho da Costa Vidigal Plinio Vidigal Xavier da Silveira
A REALIDADE, concisamente: • PROFANADA Im agem da VUllem Maria. Mais uma vez uma =ltura upresemando Nossa~ nhorafoi vitimadetorpeprofanaçãoemnossoPais.Já eml978 atentou-seoontraasagradaima-
nichoemgrandeccrimôniadede-sagravo,comaparticipaçiode10-dososfiéiscampinciros.Éominimoquese poderiaesperardiante de tão abominável atentado contraaMãede~us.
gem de Nossa SenhoraApareci-
da,PadroeiradoBrasil.Destavez oalvofoiNossaSenhoradaConceição Imaculada, padroeira de Campinas.Oatentadoocorreuno dia2dedezembropassado. Seu autor, Deluddio Marcelino dos Santos,de25anos,foiqualificadopela imprensaoomodesequilibradomentaL [kpoisde iludir osegurança e ocõnegoWaldemiroCaran, pároco da catedral de Campinas, o rapaz escalou o altar-mor, lançou a imagem da
Virgem ao chão, despiu -se e instalou -senonichoondeestava apadrocira,perrnanecendoaipor aproximadamente dez minutos, attquechegassemasforçaspoliciais. Antesdepraticaroatentado,Deluddiohaviatentadopro· fanarosacrário.Comoimpacto. acsculturasacrasepartiuemtrês pedaços. Segundo o referido sacerdote, "há. dois meses esse mesmo rapaz invadlunossaigrejaeocupouum dosaltareslarerais,masfoicon-
rroladofaâ/meme''.Ovigárioda catedralcontouaindaquetentou abordar~lucidiologoapósaentrada dele na igreja. "Thntei dissuadi-lo.Disseque mio estava emrnijesapropriados(orapa:ijá estava sem camisa), convidei-o p.uaumcaféep.uadar-lheabênç.to, mas ele saiu rapidam eme e chegou ao altar''.
Nomomento,onichodoalrnrmordaCatedralcstásendoocupadoporoutraimagemdeNossaSenhoradaConceiçâo[maculada,cedidapeloMuseudeArte Sacra da Arquidiocese de Campi· nas,enquantoaimagemdanifi. cadapassaporminuciosoprocessoderestauração.CelsoMariade Mello Pupo, diretor do Museu, acha que será possível em dois meses devolver à escultura suas formas originais. Umavezres1aurada,a imagem deveri aserreintroduzida emseu
•
NATO DEIXA RÁ RúMia ata-
ca r primeiro. Como se sabe, um ataque desurpresalogonoinkio deumaguerramuitasvezesdeterminaseu rumo, poisoimpacto psicológico inicial combinado comadcsestabílizaçioestratégicadoadversáriopode provocar sua desorganização, impedindo ou retardando um contra-ataque àaltura.Astropascomunistasdo PactodeVarsóviapoderão escolher o momento melhor para o ataque,poisesterecursoelementarnâoseráutilizadopelaürganizaçãodoTratadodoAt lânt ico Norte {NATO). Foi essa condusào aquechegouJamesMeacham. especialistaemassuntosdedeíesa, emanigopublicadonarevistaeuropéia"Economícs".Afirma ele: ':4defesaéali/osofiaeoobjecfroprincipaldaNATO, o que, independememente da es1rarésia ador.ada,dáaolnimigoumagrande rnntagem''. E continua: "Os generaisdoPacrode Varsóvia.sabem perfeüamenre que a NATO mio atacará primeiro''. Os generais da NATO, de todas asnacionalidades,culpamoslidercspolíticosocidentaispor essaoriemação,aqualpoderálevar a que "n.tosepossamfa2.erlogo
algunsmovimentosessenciaisan
resque~ja1arde demais" • DECRESCE a população da Alemanha.Desde 1970,essepais europeucontacomomaisbaixo índicedenatalidadedomundo. No ano passado, nasceram somente 584.766 crianças, contra l.065.437eml964.Paramanter a atualpopulaçãode56,6milhões, oindicede natalidadedeveria atingir8.'l0.000nascim entos.Assim,aprosseguírosníveisatuais, apopulaçãogermânicadecrescerá para 54,9 mithões até o ano 2.000. Edaquia4anosjácomeçarãoafalrnraprendizcsnasempresaserecrutasno8:érci!o,de-
vendotambémescolaseuniversídades gradualmente se esvazia-
e A RÚSSIA procu ra mais 1juda ocide ntal para suprir suas obsaletas indústrias estatais. Com essefim,oprimeiro-ministrorusso Nicolai Ryjkov manteve uma entrevistanoCremlincomonababo norte-americano Armand Hammer,presidenteda"OccidentalPetroleum",umadasmaiores empresas petrolíferas norteamericanas.eamigodoscomunistas desde os anos 20. Disse Ryjkov: "Paradesenvo/veros laçoscomerciaiseeconômicos,muruamenrenmtajosos,comospafses ocidentais, est,Josendo estudadas fonnas de cooperação, tais como a coproduç.toindusrriale a criaçAo de empresas misras': De
fato,ninguémsabeaocenoquais possamseressas",1rn1agens"para o Ocidente, .. Apesar disso, Hammcr - um típico "sapo" capitalista - declarou-se pronto a participar''ati..-.unem,,''naprocurade"novasformasdecooperaçãocoma Rússia"! • HOLANDESES já matam ,·elhose doe n!e,. Cercade 5 mil eutanásiassãoefetuada.sanualmen1ena Holandaequase80"lo dos médicosdopaísjáparticiparam nessetipodehomicidio.Arevelaçãofoi feita pelo Dr. G«rVa11 derWert,dacidadedeHaren,que reahouapesquisa entre 63colegasdesuaárea.Ométodopreferidoéodeinjetarumliquidochamad0Ve5paraxna.s·;eiasdo5pacientes que~ deseja matar, a maioriadelcsso frendodecâncer. Dos63médicosinterrogados, 51 realizaram90eutanásiasnosúltimosdoisanos.Acutanásia éile-galnaHolanda,masominístro daJustiçam enosprezaa,-iolação da lei nos casos em que a morte obedeça a nonnas éticasdeaceitaçãomútua. Eassim estácriado oclimaparaqueoEstadolegalizeuma formaveladadehomicidio.
• COMPR UJlóSÍVEL e sintomático é o regozijo do ditado r cubano comaTeologiadaLibertação.NolllCongressodoPCda ilha.,declarouFide!Castro: ""Com importante força emergiu na AméricaLa1inaa"Jeo/ogiadalibertaç,Jo,aqualvalorizamos111Io sócomoumaexperiEnciasincera e compromerida com os pobres por pane daqueles que, d= modo, expressam seu aurêmico crisrianismo, mas também em sua SÍg· nilicaçilopoli1icacomoexpressào dodesejodemuiroscrist,Jos,parrindodesu115própriasconvicções religiosas,deconstruirummundo presidido pela fraternidade,
pe/aigua/dadeepe/ajusriçaen1reoshomens''. Pordetrá.sdesse blá-blá-bláficaditoqueaTeologiadaLlbertaçãopreparaaAméricaLatinaparaooomuniomo.E isso alegra Castro • CHAMAM-SE "Vermes do esgoto". Gemem, babam, ui,-am, cantam,1ocamguitarrasetambo-re5. Uma serra automática com ruídoensurdece<loréligada.Simulampartodentrodeumenorme aquário.~nduram-se emar maçõesde açoeatiramserragem, tintaverm elhae talcounsnosoutros. Comem um carn eiro cru. Lambuzadosdelama e nus,enfiamovoscrusunsnabocados outros,cnquantorolampelochào cobertosdeareia.Agarrad05em cordas,lançam-secomraasparedesparaestourarsacoscheiosde cinta. Destroem um carro a maçhadadas Essas eoutras cena.srepugnantes e macabras, própriasaomais sotumodospesadelos,autên!icas pré-figurasdoinfcrno,fazemparte da.sapresentaçõcsdogrupoteatralespanhol'"Vermesdoesgoto", compostoporquatorzejovens,e estabelecidoemBarcelona.;esde 1983. Thdosepassaemenormes galpôes,ondeosassistentesse misturamaosmusculososesuados integrantes do grupo. Sua denominaçãorefletebcma infàmia e baixezade inauditasapresenrnçõesteatrais,sintomalúgubredestcocasodoséculoXX. D
CAffiLICISMO - Jane1rn de 1981
Na Colômbia, há 400 anos:
Pintura da Virgem milagrosamente restaurada BOGOTÁ - Comemorou-se a 26dedezembroúltimooguarto ccnten:iriodomilagrequedeterminou o aparecimento de uma grandiosa invocaçto mariana:
NossaStnhoradcChiquinguirá, PadrodracRainha daColõmbia. Scus.antuárionaciona!licasituadoa)O()quilõrneuwdes1a,;:api-
tal.numareailodasmaisfértcis dopa!s,ondcsepodcadmirarbc-
los casarões da época colonial, cen,adosporimenso,trigais,além depastaaemquealimemamrebanh05deo,.·elha.souaado.
Sua popula,ao descende em a:randepartedosindíaena.sque, no século XVI, oonstituiram, sob
aorientaçãodosmissionáriosdominkanos. o aldeamento de Chiquinquirá, denominaçto que sia:nifica, em seu idioma, local de
muitas:igua.s. Noss.aStnhoradeChiquingui-
rávemdcrramandocopiosasgraçaS,apanirdcseuSantuário,ano
apósano.aolongodessesquatro séculos.
No al1ar•mór do maje!Hoso templovenera-seumguadrogue mede l,26por l.J3m,noguala ViraemdoRo!árioéapresentada tendo i $uadireitaSantoAntônio dePáduaeisuaesquerdao ApóswloSamoAndrt.
PintadopeloanistaAlonsode Nan,aez. por encomenda de Dom AntoniodeSanLana,piedosoericos-enhordaregião.oguadrofoi ,-enerado durante algum 1emp0 no oratório da mansão deste Contudo. tendo ele, juntamente comseusfamiliare.s,setransferidoparaoutraregião,aamplaresidtnciafoipoucoapoucosedeteriorando.. Infelizmente. também ooratórioeseuquadroprincipal forama1ingidosnioapcnaspcla açãodotffllpO, ma.stambémpeloolvidoda, almas, muitomais terrh-el... Emtaiscin:unstãncias.alguffil haviares.olvidolC\11raguelabda pinturadaVi11em,quaseinteiramemedesbotada,paraumdepósito. Maistarde,portm.guando veioresidirnamansãoumsobri nhode Dom Antonio deSamana,umanovap:iginaseabriuem sua história. Com efeito. Dona Maria Ra lll0$ Hernande1deSamana.csposadomencionadosobrinho,reco-
CATOLICI SMO - Janer0 de t187
lheu e limpou o quadro, colocando-oemseudevidolugar paraser~nerado.Elaprópriaera a primeira a desaara,11r, tanto guamo possh-el, a Mãe d-, Deus pc,loestadodeabandonoemque Suapinturahavia sidorelegada durameiamotempo.Apiedos.a s-enhoradiariamemereza,'llàVirgem,aquffllchama,-afilialmen1c de Rosa doCtu: -"A1tquandoha,·c,isdepcrmanecerNrondida?Quandos-eráodiaemque,·05manifestareis ev05deixareis,·eradescoberto, paraquemeusolhosseregalem comvossasoberanaformosura?" Terminara Dona Maria Ramos, a26dedezembro. suas orações matinaisejliseafastavadooratório,guandoou,·iuochamado delsabel,umaíndiaquealitam bémforarezar.Estamostra,'ll-se
extasiadacomasübitarenovação dascoresdoquadro,comotambémcomaintensaluzquerobre elepairava.Loaoacorrerampara admir11roprodíaio1odososmoradoresda ~ita,ecada um deles, emaisespecialmenteamencionadas-enho111,puderam,algumtempodepois,prestarscudepoimentoaumnotério. Apanirdeentão.anotíciado aoontecimento,com suaatmrn;feradeNMãos,vaiscespalhando portodaartaião.Multiplicam-se o•fiéisquealiacorrempararezar,aolongodosanoscdossé culos,attnosrosdias.
A Colômbia encontra-se, hoj e minada por germes desqrcaadores profundamente amicristãos.
llu•dro mil1gr1so de Nossa Senhor1 d0Rodriode Chiquinquir,,llalnhle Padroeira da Col6mbi1.
dcmodoespecialasgumilhasoomunistas,quecomamcomapoio atédesetoresreliaiosos.Eissos-e dáa1alponto.que vioscdesbotando,poucoapouco.os,-es1igios dogloriosopassadocatólicodc:ssanobrenaçãosul-americana. Que a Virgc,mdeChiquioquir.i,,ujoquadrofoirestauradoffll circunstãnciastãoinc:speradas, conceda quanto antes à Colôm biaaarai;a de uma restauração bemmaisimportante e maiselevadadoqucamaterial - istoé, aautêmicareno,·acãordigiosac moral. D
Marlim Via na
Desbravamento e terras ociosas Plinio Corrêa de Oliveira '
1
PROPRIEDADE
ociosa " -
"terras ociosas'': a exp.,.sst!io 6
trombet•ada pelo agroreformismo como a dizer "proprl•
dada odiosa" - "terras odiosas".
Com efeito, ''6clo'' faz pensar ai em letras preguiçosamente mant._
das Inúteis por donos egoístas, en-
quanto em Nus confins agonizam na penQrla populações que, Mas pudeuem trabalhar, sairiam de sua lmeNK:lda miséria. Em confonnldade com meu ortl• go anterior (" Folha de S. Paulo, 1-11-86), em naç6e1 que nõo o lraNI, tal sltuaçõo pode extltlr em terras lnapro>Hltados, de zonas su-
perpovoadas. Mas Isso noo ocom
aqui.
Pois
ela
H
remediaria mediante a partilha das terras públicas em favor da populaçao corante. Partllha 011(11 nao ferreamente Jgualltãrla, como
::~!°:O~T,:::':;nr!::;n:·a~::: ral coexistência de propriedades grondes, mtdlas e pequenaa. Com efeito:
1.
No Brasil, o eficaz aproveitamento das ferros nõo utilizadas, ou Insuficientemente utlllzadas, em orta, da fronteira rural ou para al6m desta, comporta sobretudo a ação dos desbravadores. Foi por melo destH que o Brasil agrlculta-
:os:lrc::,~y:~~U:e~~:~e:.e~!:S~: atuais fronteiras agricolas nrtio progresslvamente empurradas até coincidirem com as pr6prla• fronteiras do pais. Ora, o desbravador estt:I para o agricultor comum em relação análoga t:I do her61 com o cldadõo tt:lo-só honesto e operoso. Desbravar pressup6e possuir qualidades pessoais Invulgares, empregadas de mOdo total, para a obtenção de resultados relevantes. O desbravador é, em certa perspectiva, um dom da Providência. Desbravadores dos mares foram os grandes navegantes da epopéia lusa dos MCulos XV e XVI. Desbravadores foram também nossos her61cos bandeirantes, e a NU modo o foram, e o s4o ainda,
os mlulOnõrtos, que velo buscar no mais entranhado dos matas os lnapreclllvels tesouros de Jesus Cristo, que stio as almas dos sllvl• colas a Mrem por eles trazidos ia f6 cat6llca. Em todas essas modalidades de desbravamento, o homem sonho com tesouros lnap~lllveis o con-
~=!1~ ~:.=d:S::,eª'::11:::: grandes. bem como a seus filhos e
netos, que suscita esses Individuo, de escol que se atiram õ procura de foroestes, no mundo Inteiro. E se, como o taz o Reformo Agtt:1• ria, a lei lhes aceno apenas com o lnexp,essiva mediocridade de um exlguo assentamento, esses homens-chove do propulsão rural do pais se entrega~o o toda espécie de outras otlVldodes, e fuglrtio do desbravamento como de um cárce,- anti-humano.
2. Assim, natural •
que o desbravador queira ,eservor para 11 6rea multo maior do que a simples parcelo cultivável por ele logo nos primeiros lustros de suo Investida desbravadora. Este excedente de terra, ele o destina para garantir o futuro de filhos e netos. Ora, as tareas lnaproveltodos de1H1 Justos lafltúndlos Iniciais
constituem, no moderno llnguojar agro-reformista, "terras ociosas''. Haverá maior Injustiça do que tachar de ' 'ocioso'' este excedente, prêmio bem merecido por esses gigantes e her61s que são 01 desbravadores?
3.
AI propriedades "ociosas'' que subsistem nos regl6H Jll d• senvotvldas (como a região centrosul do Pais) stio, o mais dos vezes, restos - all6s J6: multo subdivididos - daquelas grandes propriedades prlmevos, constltuldos quando essas zonas eram de desbravamento.
do'"::11~:0::f:,";.~':~::,.':: le tamtMm para as terras ''ociosas'' nas zonas densamente povoados.
4.
Nõo • porém de se excluir o posslbllldade de que existam também propriedades - com parcelas de terras lnoproveltodos - reconstltuldos depois de anterior fra· clonamento. E Isto, por Justo razõo.
O desbrav1dor, p1r1 domin ar I Horestl virg1md as fro•t1ir11sgriçolu dohís 1 formar um1 pr6sp1r1 fu11nd1, deve possuir
q111lidldu pessoal1 invulg1r1s.
Aulm, M um proprletãrlo. dispondo de recursos, quer meconlzor e lntensltlcor o produçeio rurol de certo 6reo, forá bem se comprar certo nOmero de propriedodes pequenas, e as onexar Q que J<:i tem. Eteteróctessemodorecon• tltuldo uma propriedade grande. Ot'a, acontece que, multa, vezes, a fim de dotar de adequodo con-
~:~:ifu~~d: ~ª:':;~~~á~~9.x,V:~
comprar certa exten,eio de terra, que ele nOo esteJo habllltado a ex• piorar de Imediato. Mos que 6 de seu próprio lntereue explorar logo que aeu, lucro, bastem para IMO. Chamar tal, terra, de "ociosas'', e atrair sobre elas o roto da desaPfOPtiaçõo soclallsta e conttscof6.. ria, • obviamente Injusto.
5.
Por fim, o Estatuto do Terra e o PNRA nllo fazem a devida dlstln· ç60 enfTe a, terra, lnaprovettadas, sltuodas na orla da fronteira rurol ou al6m dela , e terras ln aproveita• das, preguiçosa ou especulattvamente deixada, ao ltu em zona, de Inteiro cultfvo. "Expeculatlvomente''. Tal especulaçao. o agro-reformismo moderado, como o radical, costumam apresentá-la Mmpre sob umo luz desfavoróvel. E Isto porque o, lucros produzidos por elo não resul· fariam direta e excluslvamente do esforço pe1SOOI do proprletãrlo. Os socialistas e comunista, es160 na 16glca de N u e~ ao tomar ::~:.s:::o~:n::oq!:'cTa1:! mo e ao comunismo nOo se pode aceitar eua poslçao antag6nlca entre capital e trabalho. defendi· da por Morx. Com efeito. com esplrlto feio mais penetrante do que os esquerdistas, leão XIII ensinou que ocapttal n60 6 o conft6rto do trabal~ mas • o trabalho transformado em riqueza, odqulrlda pela dlllgt ncla e pela criteriosa poupança do Ira· balhador, e normalmente transmitida aos seus descendentes por legltlma sucessao heredHOrta.
6.
Assim, tombem, o aumento de patrim6nlo, proveniente de um trabalhador ter sabido aplicar suas economias na compra de um terreno ta dado a valorlzar-M pelo progresso das periferias urbanas, ou em aç6es de sociedades an6nlmas para cuja capacidade de progresso ele tenha atinado. .Oo lucros que lhe provêm de um particular discernimento das boas ocasl6es com que o dotou a Provldtncla. E o fruto desse discernimento natural lhe pertence. Nada disso pode ser chamado " especulaçOO'' no sentido peforattvo do termo. D CATOllCISMO - JMeirode1387
Memorável discurso TRANSCORRE1:J em novembro último o cinqüentenário de um marcante discu r~o do !'rof. Plimo Corita de Ofü'Cira. Não o reproduzimos naquele m~s em razao ~e mteresses supenores de nossa publicação, que nos IC'.'llram a publicar um numero du plo, referente a novembro e dezembro, com mau!ria esl)«'.ial da qual nossos leitores tomaram conhecimento . Parece u-nos indispensável, entretanto, estampar aqui ao menos rápida notícia dessa brilhante oração, cheia de zelo apostólico e amor de Deus. Os leitores que desejarem conhecer-lhe a Integra, poderão pedi-la que a enviaremos com gosto.
São Pa~lo, 22 de novembro de 1936. No salão nobre do Colt&:io Arquidiocesan_o reahzava-se a solene colação_ de grau dos bacharelandos que então conclurnm o curso fundamental (equivalente ao atual 2~ ciclo). Após a entrea:a dos diplomas pelo Arcebispo Metropolitano, D. Duarte Leopoldo e ~ilva, e do discuno do orador da turma, cabe a palavra ao paraninfo, o então Jovem Hder católico, Dr. Plinio Corrêa de Oliveira. A revista "Echos" {n! 29, 1937), assim descreve a o,:.pectativa reinante: "Enfim os desejos de toda assistência vAo ~r satisfeitos. úvanta-se o Exmo. Sr. Dr. Plínio Corrta de Oliveira, sendo saudado por nutridas palmas. S.fuia. prende todas as a/ençôes, sendo numerosas vezes freneticamente aplaudido''. Palavras do orador: "Hil onze anos .... eu concluía meus estudos ginasiais e tinha abertas diante de mim li!/ portas dos cursos superiores ..... E, no entanto, no meio de tanta aJegn"a, eu me sentia interiormente devastado por uma gmnde angústia, feira de n~sta/gia_ e de aprttnsões. As felicitações que minha geração =bia, os progn6sucos fel12es com que a presenieavam, as perspectivas risonhas que lhe eram aponta~as, me parer:iam de um oro e cruel formalismo, a vista do drama que eu so(r1a no isolamento de minha vida interior. Eu sentia que a geraçlo que nos tinha educado faltara lan11:ntavelmente a sua misslo para conosco. Onde
procunlvamm diretrizes, só encontnf111mm gentilezas. Onde procunlvamos conselhos, s6 ouvíamos frases gastas pela banalidade e repetidas sem convicçifo ... "O que ouvireis de mim .... é uma palavra franca até A rudeza, mas sinceramente amiga ..... ~emos na a/ma as cicatrizes dos grandes combates que travamos. Como um hino marcial, sentimos vibrar a todos os instantes em nossos corações o chamado divino que nos convoca para a grande batalha. Concebemos a vida mio como um festim , mas como uma Juta. Nosso destino deve ser de heróis, uãode sibaritas"'. Dr. Plinio especifica então que a angústia de que fala é a "cri~ da adolescência", e esse é o tema de sua oração. Prossegue: . "f'!o sé'C~lo passado, como neste século ainda, o lar e o colégio, os dois princ1pa1s ambientes em que: mmscorre a infância, foram guiados, em via de regra, por um espírito que, ora mais ora menos intensamente, apre.senta matizes cristlos ..... Mas com a adolesch!cia. rompem-se os véus que ocultaram A infância o verdadeiro aspecto da vida moderna. E o jovem, afeito a um ambiente de Fé e de pureza, se vê forçado a ingressar ines~radamente em um mundo que prega uma lei diametralmente oposta. .... A fam11ia, que até a véspera era o anteparo ~e sua moralidade, lhe comunica que, doravante, abriu-se para ele a, era das OlJ"las e dos ptllZn"CJ .... a famllia irai seu dever, transformando-se em pre1oeira
ou cúmplice da corrupção'~ Na Universidade lhe ensinani que a Fé "deve ser rejeitada como crendice indigna, Por um jovem cioso de seu brio intelectual''. "& o adolescente tiver o heroísmo de resistir, o mundo o apupanl como um convarde. & til"er a con1rdia de ceder, aplaudi-lo-á como um herói': Após falar sobre as incoerências do século XX, oscilando en1re a Fé e a irreligião, prossegue: " Hoje, mais do que nunca, o ca10Jidsmo e o comunismo aparecem claramente como os dois polos opostos para os quais com'Crge a humanidade Entre o catolicismo e o comunismo nilo há meio iermo possível .... . Queirais ou nlo queirais, o vosso destino será es1e: ou sereis soldados da Cruz, ou servireis nas hostes da foice e do mando''. D
Os luso-brasileiros iniciam a Reconquista! EM
ANTER IORES artigos ("Catolicismo" n':'s 427 e 429, de julho e setembro de 1986) tratamos da ten1ativa holandC$a dc estabcleccr um enclav1: protestan1c
cm terras brasileiras no século XVII, bem oomo narramos as continuas profanações deigrejas,omartlriodesaccrdotescfiéis,
ascrucldadescsaqucscometidoscontra a população católica. Esta situação insustentável punha para os católicos a alternativa: levantar-sccmlcgítimadcfesaccxpulsar à mão armada os hereges invasores ou verem a Fé católica em grave risco de ser extirpada de todo Nordeste brasile iro.
Olevanteenfim sedeu,eparatalefeito a Providência suscitou um valoroso grupo de guerreiros tendo à frente João Fernandes Vieira. Era etc católico exemplar e homem de grande fé, conforme os
cronistas da l!poca. Aliava a isso um feitio empreendedor, um caráter reto e fogoso, que arrastava aqueles que o ouviam. Durante anos, Fernandes Vieira procurara minorar o sofrimento dos lusobrasileiros, usandosuainfluênciajun1oàs autoridades holandesas, socorrendo os perseguidos, dispendendo com generosidade sua oonsiderá,·el fonuna. Apesar desses esforços, a situação piorava cada dia e urgia apelar para outros meios.
Juramento ante o Crucifixo Certo dia, depcis de rezar e ponderar bem, decide levantar-se cm armas com a população católica, para expul sar o herege invasor. Dirige-se a seu oratório, ajoelha-se ante um Crucifixo e um quadrorcpresentandoaSantíssima Trindadc, e assim ora a Deus: ''A/tíssimo e Podero-
síssimo Senhor, Padre, Filho e Espírito
Santo, ires ~ssoas e um só Deus verdadeiro, não há para convosco, meu Deus e Senhor, fingimenro, pois conheceis o mais oculto e intimo dos comçõcs; e Vós, como Aquele que 111do sabeis, sois testemunha de minha verdadeira incençlo e vontade, e o q~ me move e incita a levantar• me e procurar a liberdade deste afligido povo é somente o zelo de ~ussa honra; e vrndo os vossos templos sagrados profanados e vossas sagradas imagens com tanto viliptndio desses hereges tratadas" (Diogo Lopes Santiaio, "História da Guerra de Pernambuco", 1~ edição integral, Fundação do Patrimônio Histórico e Anistico de Pernambuco, Reci fe, 1984, p. 181). João Fernandes Vieira pôs-se a ~utar aquilo que a Deus prometera e \010 as dificuldades se apresentam. A uns, a modorra e o conformismo impedem uma decisão; a outros. paralisa o temor de uma luta humanamente tão desproporcionada,
pais a campanha teria de começar com apenas40soldadosrcgulareseumaspou· cas ~ntcnas de homens válidos, saídos de suas tarefas rotineiras e pacíficas. Como armas,apenasa\gumasdezenasdeespin• gardas, foices e lanças improvisadas. Fernandes Vieira, porêm, não esmoreceu e cs1abdcccu prazo para começar a in• surrcição.CasoosrcforçosdonegroHen• rique Dias e do índio Felipe Camarão queelctantocsperava - nãochcgassem a tempo, começariam assim mesmo: "Estai muito certos que, quando nos faliam
O terça e o ncapul, rlo, qua os çombatentas luso-br11ileirntr11i1mpendurad0sao pesço~o. acentuavam o npecta religioso da lut1contr1 oller1111invasor.
as armas da terra, então nos hflo de Só· brar as do Céu, e os que morrerem por tão justa causa gozarão da bem• aventurança que a55im confio em Deus, pois é a causa Sua e vós soldados Seus" (p.245). Nesse meio tempo, noticias do levante chegaram aos holandeses, que trataram de repararasfortificaçõcs e mclhorarasde· fesas. Ao mesmo tempo enviaram à Bahia uma embaixada ao Governador Gc· ralTelesdaSilva,pararcclamarqucotevante quebraria a 1régua estabelecida com o Rei de Portugal. TelesdaSilva,católicofer,·oroso,esta· va impedido de enviar socorros a Pernambuco cm razão da dita trégua. Sabedor. porém, das continuas violações dela per pane dos holandeses e vendo o cinismo com que a alegavam para impedir o levante. disse-lhes que ''ou haviam de dei.>:.a.r de fazer tantos males aos momdorcs de Pernambuco, não lhes roubando os ha,-cres, oprimindo sua liberdade e impedindo o culto divino, ou lhes havia de mandar fa. zer guerra a fogo e sangue e assim o jurava, ainda que soubesse que Sua Majesta• de lhe havia logo de mandar ,:orlar a cabeça" (p.222).
"Aqui venceremos ou
morreremos/" Retomada a Recife a fracassada cmbaixada e sabedorcs os holandcscs quc cfcti• vamcnte Vieira estava prestes a levantar• se em armas, publicaram um edital pendo a prémio a sua cabeça. Respondeu Vieira por outro edital afixado nas pra· ças públicas. Conclamava formalmente à guerra e assim terminava: "Bem conhe· cem os mesmos flamengos (holandeses) que al~m de ter cu o favor do Céu, renho o poder da rerra, que eles m'lo ignomm, para dar à exccuçào 111do contido neste edita/"(p.235). Reúneentãoasforçasdisponíveis e procura um local propício para iniciar a reconquista. O local escolhido - o Monte das Ta· bocas - ficava seis léguas para o interior, divisando-se do seu alto toda a campina cm direção a Recife, possibilitando acom-
panhar os movimentos do avanço inimigo. Ao none, escarpas íngremes impediam qualquer possibilidade de ataque ou de fuga, obrigando, assim, os holandeses a atacar necessariamente por um lado, o qualeraprccisamentcomaispropíciopara a defesa, pois, o rio que serpeia aos pés do mon1e forma ne,stc local campinas estreiias, entreconadas de alagadiços e espessos tabocais (csl)«."ie decanas bravas) dificullando enormemente o ataque. Caso fossem derrotados, os ca1ó licos não teriam escapatória, pois a única saida quc restava seria facilmentc varrida pela cavalaria e artilharia inimiga. Vieira criaraoonscientementeaalternativa:aqui, venceremos ou morreremos! Dessasituaç1ioestavambcmcicmcsos combatentes católicos, e num inflamado discurso pcuco antes da batalha Vieira lembrou que, afinal, chegara o alegre dia da reconquista e que não só eram as vio!ências dos hercges contra suas pessoas e seus haveres que os devia mover, mas sobretudo "a honra de Deus, Nosso Senhor''. E acrescentava: "Lembro-vos por último que p.a.ra trás não há retirada, logo. para diante se há de abrir o caminho" (p.244-245).
Nossa Senhora e o Menino Jesus distribuem munições Vieirahaviadispostoseussoldadosentrincheirados cm três pontos chaves dos tabocais, de modo que cm cada um deles, além das dificuldades do terreno, os holandeses encontraram ao chegar uma nutrida fuzilaria. Nas encostas e no alto do monte, Vieira comandava o contingente maior. Dali, enviava grupos a reforçar as parte,s mais ameaçadas. Após horas de combatc,capesardaspesadasbaixassofridas,osholandese,sconseguirampassar as sucessi\'as barreiras, espalhando-se a peleja por toda campina e pelas encostas do monte com uma ferocidade inaudita CATOLICISMO - Janeiro de B87
Anlm, M um proprletãrlo, dispondo de recursos, quer mecanizar e Intensificar a produçao rural de certa órea, fará bem M com• pror certo número de propriedades pequenas, e as anexar ã que Já tem. Ele ter6 desse modo recon• tltuldo uma propriedade grande. Ora, acontece que, muita, vezes, a fim de dotar de adequada con-
~:~:if~~d: ~ª~'::;~~~ã~~9.,oV:~ comprar certa extensõo de terra, que ele nao esteja habllltado a ex• piorar de Imediato. Ma, que é de ptóprlo Interesse explorar logo que NUI lucro, bastem para luo. Chamar tal, terras de "ocktsas'', e atrair sobre elas o rakt da desa· proprtação soctallsto e conflscat6rla, 6 obVlamente Injusto. MU
5.
Por fim, o Estatuto da TerTG e o PNRA nõo fazem a devida dlstln· çOo entre a, terras lnap,oveltodas, 1ltuadas na orla da fronteira rural ou além dela, e terra, lnaprowlta· das, preguiçosa ou especulativa· mente deixada, ao 16u em zonas de Inteiro cuttlvo. "Expeculatlvamente". Tal especulaçõo, o agro-reformismo moderado, como o radical, costumam apresentá-la sempre sob uma luz destavorãvel. E Isto porque os lucros produzidos por ela não resultarlam direta e exclusivamente do esforço pessoal do proprletãrlo. Os socialistas e comunista, estão na 16glca de seu el'l'Ot ao tomar :~~=s~::o:~sri::o~'ra1r! ~:e~:rºe::~~~~:on:~.!;r,:~: entre capital e trabalho, defendi· da por Marx. Com efeito, com espirlto tão mais penetrante do que os esquerdistas, Leõo XIII ensinou que o capHal n6o ão contr6rto do trabalho, mas 6 o trabalho transformado em riqueza, adquirida pela dlllg6ncla e pela crtterlosa poupança do fra. balhador, e normalmente transmitida aos seus descendentes por legltlma sucessão heredtt0rla.
6.
Assim, também, o aumento de patrlm6nlo, proveniente de um trabalhador ter sabido aplicar suas economias na compra de um terreno fadado a valorlzar-se pelo progresso das periferias urbanas, ou em aç6e, de socledad .. an6nlmas para cuja capacidade de progresso ele tenha atinado, 160 lucros que lhe provêm de um particular dlscemlmento das boas ocasl6es com que o dotou a Provldincla. E o fruto desse dlscemlmento natural lhe pertence. Nada disso pode ser chamado ' 'especulaçõO'' no sentido pejorativo do termo.O CAIDUCISMO - JMeiro dll387
Memorável discurso TRANSCORREU cm novt"mbro Ultimo o cinqúentenário de um marcante discurso do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Não o reproduzimos naquele mês cm razão de interesses superiores de noS5a pubücação, que nos levaram a publicar um nú mero duplo, referente a novt"mbro e dezembro, com rnatfria espedal da qual nossos lcilores tomaram conhecimento . Parcccu-~os indispensável, entretanto, estampar aqui ao menos rápida noticia dessa bnlhantc oração, cheia de zelo apostólico e amor de Deus. Os leitores que desejarem conhecer-lhe a íntegra, poderão pedi-la que a enviaremos com gosto.
São Paulo, 22 de novembro de 1936. No salão nobre do Colégio Arquidiocesano rcaliuva-sc a solene colação de grau dos bacharclandos que então concluíam o curso fundamental (equivalente ao atual 2? ciclo). Após a entrega dos diplomas pelo Arçcbispo Metropolitano, D. Duanc Leopoldo e ~ilva, e do discurso do orador da turma, cabe a palavra ao paraninfo, o então Jovem líder católico, Dr. Plinio Corrêa de Oliveira. A revista "Echos" (n~ 29. 1937), assim descreve a o..pectativa reinante: "Enfim os desejos de toda assistEnda vão ser satisfeitos. Levanta-se o Exmo. Sr. Dr. Plinio Corria de 0/i· veira, sendo saudado por nutridas palmas. S.Excia. prende todas as atenções, sendo numerosas vezes freneticamente aplaudido''. Palavras do orador: "Há onze anos .... cu concluía meus estudos ginasiais e tinha abcnas dia.me de mim as portas dos cursos superiores ..... E, no entanto, no meio de iama alegria, eu. me scnria interiormente devastado por uma grande angústia, feita de n05talg1a e de apreensões. As felicitações que minha geração recebia, os prognósticos (dizes com que a prcscnteaVllm, as perspectivas risonhas que lhe enim apomadas, me pareciam de um oco e cruel formalismo, A vista do drama que eu so(ria no isolamento de minha vida interior. Eu sentia que a geração que nos tinha educado faltara lamentavelmente a sua missão para. conosco. Onde procuráVllmos diretrizes, só enc:ontnframos 1emilezas. Onde procurál'llmos consdh05, só ouvfamos frases gastas pela banalidade e repetidas sem convicção ... "O que ouvireis de mim .... é uma palavra franca. até à rudeza, mas sinceramente amiga ..... Trucmos na alma as cicatrizes dos srandes combates que travamos. Como um hino marcial, sentimos vibrar a todos os instantes em nossos corações o chamado divino que nos convoca para a grande batalha. Conce~ mos a vida nllo como um festim, mas como uma luta. Nosso destino deve ser de heróis, não de sibaritas''. Dr. Plínio especifica então que a angústia de que fala~ a "crise da adolcscEn· eia", e esse é o tema de sua oração. Prossegue: "No sh:ulo passado, como neste século .ainda, o lar e o colégio, os dois principais ambientes em que mwscorrc a infllncia, foram guiados, em via de regra, por um espírito que, ora mais ora menos intemamenre, apresenta matizes cristlos ..... "!as com a ado/~clncia, rompem-se os véus que oc:ulta1\tl1l à inf§ncia o verdadeiro aspecto da vida moderna. E o jovem, afeito a um ambiente de Fé e de pureza, se \te forçado a ingressar inesperadamente cm um mundo que pre· ga uma lei diametralmente Of)OSta..... A família, que até A vtspeni era o anteparo (!e sua moralidade, lhe comunica que, doravante, abriu-se para ele a; era das org1as e dos prazeres .... a fam0ia trai seu dever, transformando-se cm pregoeira ou cúmplice da corrupção''. Na Universidade lhe cnsinanÍ que a FC "deve ser rejeitada como crendice indigna, por um jovem cioso de seu brio intel«tuaJ''. "Se o adolescente tiver o hcrofsmo de resistir, o mundo o apupará como um convarde. Se tiver a COVllrdia de ceder, aplaudi-lo-á como um herói''. Após falar sobre as incoerências do século XX, oscilando entre a FCe a irreli· gião, prossegue: " Hoje, mais do que nunca, o catolicismo e o comunismo aparecem claramente como os dois polos opost05 para 05 quais converse a humani· da.de. Entre o catolicismo e o comunismo mio há meio termo possível .... . Quei• rais ou não queirais, o vosso destino será este: ou sereis soldados da Cruz, ou servireis nas hostes da foice e do martelo''.O
O artigo obsoleto chamado social ismo A CONHECIDA rl"'ista
franccsa"Fi1aroMagazine'',dc lS-3-86,pub licoupenctramc e$!udointitulado "Socialismo: asraz&sdcumdeclfnio
Yvan Blot ab11rv1, cam p1apried1de.queesoçi1ldemocraci1 - um1qr,io do sac:ialismo1preHnl1d1como moderad1 -1u11:1 j.ii nia m1is custit11i um modelop111 os powoL Quando Dlof Palm - o lldermai1repres.1nt1tiwado socialismo s111co, assnsinado algum tampa 1t,.1 - visitou FidalC1st10,nacapilllcubana, em fevereiro de 1975 lfoto), tal modelo 1inde Impressionava
moral'; de autoria do atual deputado Yvan Blot, presidente dthonrado "Clubdc l.:Horlogc"(as50ciaçãofrancesa
\
dcopasiçioaoSO<;iafümo). "Catolicismo" aprncnta hoje aseusleitoresumresumodesse traba!ho,publicadoàsvésperas das últimas eleições legislativas francesas, cmqucossociafatas sofrtramhistóricaderrota. No inkiodoartigo, figura umaperguntab<:mrngcstiva: "E scosocíafümo fosse um
=ntodcciviUzaçlolimirado
m11i111"'lnount11 útais"' • esplritos"inginvos" do Mundo
no tempo, ralcomoalimpada
dciu:círe.asgumasde-rdigilo
livra...
ouaancbarnxa? "~ laprimcira...-z,dridcM muitos anos, podemas consra1arJimu/11mcamcn1cno
conjumodospaisa d=nvo/vidos, dcmocr.lticos e livmumd«linioda clcitoradosocialísra.
·~ potttntagcm eleitoral do !IOCialismobaix.ifortcmcntc.
cm onze países europeus, se
compan1mos os resultados das duasúltimaselcições,anfrcl naciona/.Sioc/cs: Grécia,
Portugal, Áustria, Suécia, Dinamarca, A lemanha, Fin/Andia, /i"ia, Gr.1-Bretanha, lslindiacPll(scsBaixos(...).A Es~nhaf,nomomcnta,a Unk.r nudadcira exceção"(*). Essa baiJta ~ acompanhada de outro íenõmcno indi.scu1ivel. ''aarcnuaç.foda densidade das idlias$0Cialistll$CIDSCU5 próprios ~rtidos•: Cita o cstudocomoc,icmplosaSuécia eaGri-Bretanha. Nesta úl!ima,odecUniodopanido socialista se vem dando cm proveitodonovopanido,a Aliança. Yvan B101obscrvaquc ""cm 1986, o vi1or do wcia/ismo j ' mio I o mdmo que no skulo pauado': E indica SCIC UllÇOS caractcristicosdosmovimcntos políticosdo~loXIX.dc (ndoleM>Cialista,quecstãoem viasdedesapa=imemo: l)AUudorool ucioo,ria qutlnspl111>lloprolt111riado, não mais tem a mesma audi~ncia Junto à classe média em ascensão, aqu aloonstituio arossodassociedadcs desenvolvidas. 2)OEsladocooccbldocomo olnstr11men1odasmudaoças. Hoje,alivrTernpresa, a pesquisa cientifica e técnica inde~ndemcs,fazcmmuito mais~laerradicaçãoda
misériadunações,doquea açãodirTtadoEstado. 3) O1ot1litarismol11m1 nracteristin tendencial do 51Xllll~mo. ':4. palavra .socia[democrata [muito usada ~ los M>Cialistas] éumabclainvcnçlo: la confisslodequeosocialismo nloénccessariamemc dcmocrírioo"'. 4)Olg111ll11rbmof qun 1lon1dodt modo profundo. ':4.ssoci<"dade5 a/111menrcdcscnl'Olvidiisrêm n«e$$idlldeckqulllitiC11ç6,es scmp"maisnumcrosas,.u
quaiss.foinoompatfrftscomo nfrtl11mtntol0cial''. 'l A ooçlo de ,11ngu:ud1(n1 lut1soci11),llplcado soclallsmo, 11mWm f posta em cheq11e. "/ncapazn .... dese adap111"mAsnovascondíçõts, os1r11nde5sindiC11to.1, de inspiraçlomar)(ista, sofrem um11scnsfvcldeufciçlo''. 6)Oinlmlgosoci1l,o '"burguh",nlomai5imotivo demobllizafioco mo 101i11rnenle. "Comrariamcmc U pf'Cl'iS(}cs de Mau, tCKÚJ a sociedadescabu11ucwu. O quec/'loonsidcrada uma minoria condenadap.-la Hisrória(aburgunia), vai se tornando maioria, na qual a maior ~rte dos menos favorccidosdestjascimegrar''. 7)AÍOl'fl rTdt ntora,queera opro letariadop1111.os marxl"as· ,111 !lt' dinoh-en do ~load•-enlodasociedadede
A tudo issodC>l'-se acrncentarodecliniodoscu
p~tígionoplanomoral. "Desde 1945. os11rcntados comnt os direitos humanos foram cometidos com muito mais freqü,nda nos paísn soc/11/isras, isto~ comunisras''. Eoautorcitacomoc,;emplos oautoaenocídiodoCambodge, a agressão sm·i~tica no Afeganistãoeosmassacresea fome provocados na Etiópia ~loditadorMengisru. Por sua ,-ez, afirma Y,'3.n Blot,asocial-dernocraciade ntilosuecoj,nãomais constitui um modelo para os povos. t transcri111 scauir 11m1pesq11isadeopinião, citada~Jodeputadofranci,; emsculivro'"Asraftcsda Libcrdade",p. 176. Àquntão· "Emsuaopini.fo,cmqua! drncspafscsaspcssoasslo maisfclizes?':aSuiçamodelode Estado não socializado(graças à resiMência dademocraciadirTta face ao estatismo)-ocupaprimciro lugarcomumaprefcrênciadc 56'9 por pane dos cn1revUtados.ASuicianão obttm senão 10'- e, a Rússia, somentelll/'tnasonda.gem (fonte SOFRES)..:· As re<:cntes viiórias (minoritárias)obtidasna Europa, ~los socialistas, "devem-se fundamentalmente aos erros de seus adn."rs.<lrios ': e.não ''Hosefeitosdcuma força popular real'; observa o autorfmnc6.Citaoomo c,;emplosa França,aEspanha eaSuécia,paíscsernque·'os anri1os10•-crnosmodcradm sc,uiramumalinhadcccntronquerda"'e "'provocaram a dcsmobilizaçlodcsco cltirol'ldol dit'Ci111, qada
ganhandoltesquenla. Eles forambaridosapcsardeuma
cmluçlo$000Jó1icaque/hes SCJiafavonfre/a/on,oprazo''. Oarti1oconcluicoma constatação: "Odcclinio hist6ricodosociali$mon.fo signíficaqueesreúlrimopcrdeu sua força e/eiwra/demodo irr-cm~iá•-el.Opcrigocstá semp" presente. Ele, cmretanto,nosmostraqueo socialismolcada vez mais um arr11ísmo''.
Aimprensabrasilei111,l'm dando algum destaque ao proa:ramadeprivatiuaçãode empresasebancos,promovido ~lo governo do primeiro ministro JacqucsChirac. Política inteliaente, num pais ondeeragrandeocontrolcdo fütadosobrcaeconomia.Tal proaramaseria, contudo, invi1h-cl se não lr,asscem contaainsatidaçJ,odos francescscmrelaçloaoregime socialista.Oquesó,l'm confirmaroacenodiist= apresemadasnoartigo publicado~lo"Fi&aro Maguine''. Ele bem atesta comoospartidosM>Cialistas ,·ãoseiornandoarcaicosna Europa. Importaremos nós, paradcsaraçadenos..saPátria, ~laprTHlodeclérigo, csqucrdistas,deccrtosórgãos dccomunicaçãosocial,de grupelhosbarulhemosda "intcligentsia"nacionalsuas doutrinasen,-elhecidasquca Europaoomeçaarejeitar?O Gregório Conta
CATOLICISMO- Janeiro óe S87
Discernindo, distinguindo, classificando...
OUTRO DIA, passando pelo centro de uma cidade moderna, encontrei o homem medíocre. Ele: tinha todos os nomes: chamava-se Joio, Pedro, Antonio, Luis, Paulo etc., etc. Tinha tambtm todas as alturas possíveis ao ser humano, desde o agigantado ao amlo. Seu peso? Gordo como um tonel e magro como um caniço, passando pelas flutuações intermediárias. A cor de sua pele era branca, preta, amarela, comportando uma infinidade de tons. Vendia saüde e tinha rodas as doenças. Ele era rico, ero pobre, ero remediado; era nobre, burguês e plebeu. Advogado e mendigo, médico e fa.tinciro, emplt:'Sário e operá.rio, mfo havia profissão que ele não exercesse, attf a de desempregado. A cidade onde o encontrei? São Paulo, Tóquio, No\·a York, Madri, Camberra ... enfim peguem o mapa mundieserá fácil localizá-lo em qualquer parte. Só o que nele não encontrei foi sabedoria e \·erdadeira fê. Dei·me conta então de que: o homem medíocre ê o fruto típico do processo revolucionário de caráter igualitário que desde o Renascimento e o Pro1cstantismo vem, como um flagelo,seabatendosobreas sociedades do mundo moderno. Lembrei-me dos tempos áureos da civilização cristã em que cada homem, por mais minguadas que fossem suas capacidades naturais, por menores que fossem sua importância social ou seus recursos de fortuna, era detentor de uma personalidade própria, que normalmente fazia dele umacélu!a viva, única e inconfundível no plano da Criação. Isto lhe advinha da graça e da retidão de sua natureza espiritual não deformada pelos mil condicionamentos revolucionários modernos. De homens assim surgiu então toda uma cultura e uma civilização católicas. não só com sua filosofia e suaartesublimes,suascatedraise castelos incompar.h·eis; mas também, num outro plano, com seus queijos e vinhosrequintados,suaculinária \"ariada, suas mil formas de artesanato popular, de canções e danças alegres e inocentes. Os homens que geraram tais maravilhas, frcqúentemen!eeram apenas medianos (ningutm tem obrigaçãodesergfnio), raramente mcdiocres.
CAWLICISMO- .J&nll1ra ele 1987
1
Afotoapr11ent1fisionomi11 que poderiam ser vistas em qu1lqoer meg116pol1 mollerna. H6 um tr1çoco111um 1ntr1 HIH tipos p1dronizados1T1lve1elelheiej1 dnconhacido. ..
I;: claro que mediocres sempre os houve, mas a Revolução igualitária, causadora de um achatamento generalizado devido a seu igualitarismo nauseante, roubando às almas seus mais prodigiosos fatores de ascensão espiritual que são a fé e o amor de Deus, fez da civilização moderna uma verdadeira fábrica de medíocres produzidos em série. Quer conhecer um deles? Dei){IJTCÍ que o escritor católico francfs Ernest Hello (1828-1885) o apresente: "Suas admirações são pruJenres, seus enwsiasmos são oficiais. Por vezes o homem medíocre admite um principio, mas se se chega às conseqüências desse principio, ele dirá que se exagera. &apalavra exagero nAo existisse, o homem medíocre a im-entaria. Ele tem medo e horror dos santos e dos homens geniais; nada admira com calor. Nã.o crê na existência do diabo. Ele prefere seus inimigos, se são frios, a sr-us amigos se sílo quentes. O homem medíocre gosra dos escritores que não dizem nem sim nem não sobre coisa alguma, que nada afirmam, que condescendem com iodas as opiniões comraditól"Ías. Ele acha insolente toda afirmaç:Io. Mas se
alguém é um pouco amiso e um pouco inimigo de rodas as coisas, de o acharásllbioeft:'Sen•ado. Ele tem medo de comprometer-se. O homem med/ocre diz que hll bem e mal em todas as coisas. Ele lamenta qur- a RelisiAo crisrà 1enha dogmas. Não tem entusiasmos nem compaixào. Sr-nte-se apoiado sobre a multidão dos qur- se lhe assemelham. Ele não lura. Tcm sucesso porque segue a correnteza. Não percebe a grandeza, mio sr- exrasi;, nem se precipita. Nos seus julgamemo como em suas obras, ele subsiiwi a convenção à: realidade, aprova o que cabe em seu casulo e condena o que escapa às designações e categorias qut e/e conhece; teme o que o surpreende, e nlo se aproxima nunca do mistério terr{\-el da vida, evi1ando as montanha~ e os abismos a1ra,·b dos quais ela conduz seus amigos. O homem mcdfocrc é muito mais perverso do que ele se imasina e do que os ourros o imaginam, porque sua frieza esconde sua maldade. Ele é o mais frio e o mais feroz inimigo do homem genial. Ele é cheio de si, cheio de nada, cheio de vazio, cheio de vaidade" ("L'Homme'', capítulo "L'homme mtdiocre",pp. S8a67). C A.
Quando Jesus Cristo é expulso... WASHINGTON - Tendo cm vista que o procc5.s0 de apostasia da vtrdadcira Rc-
ligião por parte das massas, no mundo moderno, atingiu um grau inaudi10, apre-
sença do preternatural to rna-se cada vez mais notória.
1tmicos carregados de 'mensagens' confusas, mas 'ricas' dos fogos fátuos, ou ai~ mesmo das fulgurações pto\-enient~ do misterioso mundo d.a transpsico/ogia ou
da parapsicologia" ("Revolução e Contra-
Revolução'', Diário das Leis, 1982, pp. 71-72). Ao IOTIJO dos anos, "Catolicismo" tem posto em evidência o caminhar desta previsão rumo à sua reafüação. Um fato
É comprecnslvcl, pois, que o demônio
procure dominar a sociedade atual, introduzindo-se com todo seu horror no
lugar de onde foi expulso Nosso Senhor Jesus Cristo.
Assim,apretextodcfolclore,decultura, ou mesmo sem pretexto, diversas ma-
nifestações de satanismo vão se tornando moda neste sombrio final do século XX. As duas noticias abaixo ilustram a ocorrência desse trágico acontecimento, cm países considerados dos mais desenvolvidos da atualidade: Estados Unidos e Inglaterra.
Nenhum dos teóricos do comunismo vê na di1adura do proletariado o fim último do processo m-olucionário. Segundo eles, havcn!. de chegar um momento em que o estadosocialista hipertrofiadoserávltima desuaprópriahipertrofia,edcsaparccen!., dando origem a um estado de coisas auto-gestionário, cientificista, onde um estranho "homem novo" nascido de um misterioso"saltoqualitativobrusco" viverá, por fim, com seus semelhantes, numa completa igualdade, liberdade e fraternidade. Como seria esta nova sociedade?
Na França, o PC em vias de liqüidação NO BRASIL, O MARXISMO continua a ser sobretudo um fenômeno desacristia e de salão. Os partidos políticos oficialmente socialistas ou comunistas não alimentaram nenhuma esperança quanto aos resu lt ados das eleições do ano passado, para a Constituinte. Na Europa, os partidos comunistas são também inexpressivos, exceto na Itália e, até há pouco, na França. Na Itália, o PCI, estagnado há anos, com 30070 dos eleitores, tem ainda algum peso na política da península. Na França, as deições de março de 1986 selaram o virtual alijamento político do PCF, após um constante declínio de seu eleitorado nos últimos vinte anos. O gráfico abaixo. publicado pelo diário parisiense "Le Figaro", de 19-3-86, patenteia o:uberantemcnte o menosprczo dos eleitores franceses pela utopia mar;,,:ista. E isto. apesar de todas as manobras e recuos dos diria:emcs comunistas do PCF, a fim d e tentarem evitar essa virtual liqüidação política. Jã que, de momento, tambrnl o caminho da violfocia parece dificilmente tran sitável para os comunistas europeus - pela tão grande falta de apoio popular - res1a-lhes tentar. em nh"el mundial ou pelo menos europeu, uma convergência leste-oeste, alegando ser esta a Unica via para "salvara paz mundial". Ou seja, ameaçando veladamente com a guerra total, procurar ob1er a efetivação de regimes semi-comunistas nos países do Ocidente, fingi ndo uma tal ou qual liberalização da tirania que exercem no leste, até o momento em que se sentirem suficientemente seguros para dar o bote final. É certo que, para tal manobra, os comunistas teriam à sua disposição grande co ntingente de clérigos e de políticos do Ocidente, aplaudindo-os incondicionalmente. Ma.o; o problema para eles é outro: as populações dci;,,:ar-se-ão enganar? Amedrontar ? D
Em 1976, o Prof. Plínio Corrfa de Oliveira publicou a terceira parte de seu famoso livro "Revolução e ContraRevolução" (cfr. "Catoli cismo", janeiro 1977, no. 313). Tendo analisado nas duas primeiraspartes - esc ritasem l9S9-o processo revolucionário que, atrav~s das etapas do Protestantismo, Revolução Francesa e Comunismo, es1á a levar a Cristandad e rumo a um estado de coisas diametralmente oposto ao que florescera na Idade M~dia, a "doce primavera da Fe', o insigne pensador católico detinha agora a sua atenção sobre esse novo estado de coisas sonhado pela utopia comunista. Aonde pretende ela conduzir-nos? "~ impossNe/ não perguntar se a sociedade tribalista sonhada pelas aruais correntes estrutura/is/as não dll uma resposta a essa indagaçlo'; escreve o Prof. Plinio Corria de Oliveira. Sobre o papel da religião,ou seusucedãneo, ncstasociedadetribalista,ensinaoprcclaroAutor: na tribo, ''ao pajé incumbe manter esta vida psíquica coletiva, por meio de cultos to-
CAmUCISMO - Jane~o de 1987
ocorrido nos Es1ados Unidos cons1itui significatÍ\'a confirmação disso.
Bruxaria é reconhecida
como religião Em meados do ano passado, o Secretário do Tesouro, James Baker, informou o senado r Jesse Helms, da Carolina do None (EUA), da cxistfncia de várias oraaniu.çõcs satanistas e para prática de bruxaria,reconhecidasoficialmemccomo "religião" e gozando de isenção de impostos. Munido de tais informações, o senador conservador apresentou um projeto delciqucretiravaaiscnçãodeimpostos a tais organizações, o qual obteve aprovação unânime do Senado, cm novembro doanopassado,cfoirejci1adonaCãmara pouco tempo depois. Durante a controvérsia cm torno do projeto, vários líderes de seitas praticantesdebrux.ariaenviaramcartasaosscnadorcs,descrevendosuascrençasefitos,c opondo-se a sua aprovação. "Catolicismo" obteve cópia de uma dessas cartas. t um documento a bem dizer estarrecedor, que mostra o quanto o processo mágico-tribalista vai progredindo na nação tida como a mais moderna do mundo. E agora, gozando da aprovação do Legislativo. Acarta,comdatadelldcoutubrode 1985, está assinada por um "Reverendo Doutor Sidney Gavin Frost". Eis alguns trechos significativos: "Somos bruxos, e praticamos uma re1/gi!o minoritária, mas bem atestada e do-
cumentada . .... "Estamos reconhecidos como religião pelo 101-erno federal no seu Manual de Capdifes; cm dita publicação. os capdifes recebem insrruçôes res~ito aos serviços a serem dados aos bruxos nas Forças Armadas e no campo de batalha. . "'R'mos sido reconhecidos ~lo IRS (serviço de impostos do Ministtrio da Fa-
(jlAfOL!ClSMO r,;..,...,p..,1,:, ç o,,hdotllr1101">1bo
J-...._,j,,1,r.uo To.....,llli -lt<p"odooo DRT-5 P ..,t,oa~ ll.H3 ltNIA!M:l!.oa 'IUUlll Fruei><O,j,6!-01 ).;,:i -
~c";',::;/:J
l!.oa-Ooi,-,n.197 -111 00
e_, RI>•~,.,,;,. ó6l s.o r ..1o. sr 1011 1 : i 1.,1,, (11.. :m F,....,;...,_
-012u, -
To1:
C°"'r,<ni<lodir<U PO<•';,.m ..... '°""'la lb"'1<ó~ "r~~~.G;!r":o <!:dlcor•. Roo M air l"'IU< , % -
J:'i=.""61t'~P!.°ir.;; ..,,,., o,•-• -
O. o>pm<111<>1, >1111P«<ffloomtdot l::aptt>aP>
, , . - . . , . . r..1nL1,, .• i,od«lo...,. ...,.mi""""" l G<rh<io. Pa<• mu<l.000, dottnd<f«o<k
, ,..·oancat1•,:o"-' · "" k ,, ,am Wmo<n<l<reço ont' <>.A«>""p<HIM"<i• r<la,. ,•.,>nat"· .... •n><lo•vuha pod,1<1 tn•~iG<rf»<i-l:M"" M.,..;., Ff.,,_.;,,,,. 6W - 01!l6 - SI<> P•" '°· Sl'
CAIDLICISMO - Janetro de ll87
zenda) como dignos de ter o 'status' de Associaçlo Religiosa . . ''ll!mos uma existincia legal muito bem definida. R-mos um credo e um culto reconhl!Cidos. "Temos um sisrema de controle e governo ec/esiiürico definido e diferen· te das outras igrejas. Embora cada grupo de bruxos seja de si pequeno, ele tem incrente dentro de sua estrutura um governo l!Clesial. "R-mos uma história rrligiosa definida, que em nossa opinião data de 4.000 anos AC, pois nossos ritos podem ser vistos nas pinturas das cavernas primitivas de Altamira, Espanha ..
''ll!mos um corpo de membros que não cs1.fo associados a nenhuma outra igreja. Temos uma completa organização de ministros, que realizam seu rraba/hopasroral nas congregações. 'R'mos um bem definido programa de estudos para nossos ministros. .... 'R'mos congregações regulam. Realizamos regularmente aros de culto religioso. .... "Embora nAo tenhamos 'escolas dominicais' para educar nossos filhos ... entretanto. cuidamos para que nossos j01-r:ns sejam educados com uma sólida érica religiosa ..... "Somos uma igreja oficialmente reconhecida nos Estados Unidos desde 1968.
No Rio, Missa por Samora Machel FOI OFICIADA missa de 7~ dia, na Catedral de São Sebastião, no Rio de Janeiro, pelo Bispo-au:<iliar, D. João D'Ávila Moreira Lima, no dia 28 de outubro p.p., por alma do presidente da Repllbhca Popular de Moçambique, Samora Moisés Machel. O ato litllrgico contou com a presença do Governador Leonel Brizola, do prefeito Saturnino Braga e respectivas esposas, de altos dignitários do gov~rno daquele Estado, de representantes ~o corpo diplomático dos Estados Unidos, França. Itália, Ponugal, Austrália, Austria, Finlãndia e Suíça. !:; oportuno rememorar aqui, em rápidas linhas, a traje1ória política do ião pranteado lider da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique). Treinado na Riiuia, Machel assumiu a direção dcsia organização guerrilheira em 1969, após a es1ranha morte, ocasionada por carta-bomba, do_ então presidente do moYimento, Eduardo Chivanc Mondlanc. Em 1976, já como presidente de Moçambique, viajou a Moscou e usou pela primeira vez a expressão "ditadura do proletariado" para descrever a orientação de seu governo. Declarou .nessa ocasião pretender transformar Moçambique no "primeiro Estado inteiramente marxma da Africa". Nacionalizou todas as instituições prilllldas de educação, sallde, bem como todos 05 edifícios e propriedades particulares. Perseguiu sobretudo a Igreja Católica, nacionalizando todos 05 ediflcios religiosos, incluído o mobiliário, e proibiu o ensino religioso para jO\·ens menores de 18 anos, que passaram a receber fone doutfinação marxista. Ainda em 76, foi constituída a SNASP, oraanização policial, subordinada diretamente a Machel. Criada com a cooperação da KGB (a policia polftica soviética), aquele organismo policial foi treinado por especialistas da Alemanha Oricn1al. A SNASP 1inha a faculdade de prender qualquer pessoa sem acusações especificas e por tempo indeterminado. Atravk dela, Machcl podia efetuar buscas cm qualquer resid!ncia, a qualquer hora. sem ordem judicial, aUm de poder confiscar bens. Duas semanas após a criação dessa polícia, seus agentes prenderam mais de 3.000 pessoas em Maputo, Beira, Nacala, Xai-Xai e Chimoio. Muitos dos prisioneiros foram enviados aos campos de re-educação, cufcmisticamentc chamados de "Centros para Descolonização Mental" (cfr. "Comba\ on Communist Tcrri1ory", Regnery Gatev.ay, lnc., Pelo Frcc Congress Rcscarch and Education Foundation, Washington, 198~. pp. 42-43). Desde aquele ano até nossos dias, bem mais de 75.000 pessoas morreram no Gulag moçambicano. Entre 200.<XlO C 300.000, alcunhados de "parasitas contrarcvolucionários", encontram-se amalmente cm campos de concentração. O falecido presidente moçambicano enviou 12.000 jm·cru de seu pais. entre 8 e 18 anos, para a Alemanha Orien1al. Lá, tiveram eles seus passaportes confiscados, sendo submetidos a trabalho escravo, em minas e fábricas. Motivo: J)aiar as enormes dividas que o regime Mache\ contraíra com os sO\-·iéticos (cfr. Boletim "Howard Philips' Washington Date Une", Fori Worth, fev. 1985, p. 6). Além disso, conseguiu Samora Machel conduzir Moçambique à miséria: na década de 60, a economia dcsia nação crescera 2,6070. Na década de 70, -8,6!','otU R. M•nsur Gufrios
.... Recebemos nossa isenção de impostos em 1972. ....
':4.travéS dos anos temos prestado serviço pastoral aos membros de nossa rongregação, arr:': a membros que se enrontravam presos. (Muitas autoridades carçenfrías) têm permitido a realização de cultos de nossa igreja dentro das pcniiendárias''. Algum cético poderá sorrir, tomando o episódio como mero folclore. Não foi essa a opinião do Congresso noneamericano,que dedicouváriassessõesao debate do problema. E ai está o aspecto mais grave do fato: nãoéaexistênciade bruxos,tãoantigaquantoadodemônio, massimofatodequeagoraelespro!iferam e já ombreiam, em igualdade de situação jurídica, coma Igreja de Deus.
Escolas inglesas ensinam magia negra às crianças Enquanto nos Estados Unidos o Legislativo concede isenção de impostos a organizações de bruxos, vejamos o que vem ocorrendoemaulasparacrianças na Inglaterra. Poucos meses atrás, um inusitado discurso reboou pelas tradicionais abóbadas da Câmara dos Lordes, no belo edifício do Parlamento britânico. A baronesa Caroline Cox tomou apalavraparadenunciarqueemalgumas escolaslondrinasse ensinaàscriançasmagianegra, bruxaria eciênciasocultasemgeral. Prevendo que maisdeumaaristocráticasobrance!hase franziriaentreinterroganteecética,a baronesa apresentou como prova uma longa carta escrita por inspetores da própria Inner London Education Authority (ILEA), que é a Secretaria da Educação de Londres, da qual dependem as escolas públicas da iona. Num dos trechos da carta, enviada a todos os colégios sob a jurisdição da ILEA, os inspetores afirmam:
TFP pulveriza calúnias da 11
mafia''
UMA ESP~CIE de "maf1a" comuno-progrenlsta nõo cessa de denegrir a TFP. Ora pelos canais de TV, ora p&las páginas de Jornais, ora ainda, através de coehlchos de boca a ouvido, sua atividade visa sempre o mesmo objetivo: espalhar Inverdades e até ca1Unlas contra a entidade com o intuito claro de prejudicar a luta ordeira, pacifica e patrlõtlca que esta vem movendo contra a triplice r• :n";!:.:~~frla, urbana e Os leltores de "Catolicismo" têm acompanhado através desta coluna os desmentidos categõrlcos que a TFP tem oposto 001 ataques dessa "mãfla". Te-
"Estamos preocupados com a instilação do sencimento de medo nas crianças .... eswmoscientesdequeascrianças esrão sendo aterrorizadas por histórias e outrns atividades [relativa.s a bruxaria e ciências ocultas], a ponto de causar-lhes sérios transtornos de componamento (. ..). Muiras pessoas de convicções religiosas (...) estão preocupadas com o qu e elas qualificam de apoio e enrorajamento de pnfticas ocultistas (nas escolas)". Os inspetores da ILEA declararam que muitos pais e mães de família têm manifestado preocupação acerca de "programas de leirura que incluem histórias de fantasmas, aulas sobre bruxaria, jogos de computador que contêm um forre elemento de medo, celebração de Hal/owrcn (o
diadasbruxas) e aulasnasquaisseensina abenamcnte ciências ocultas''. Em especial tem causado muira apreensão um livro /ex.to de religião muito usado nas escolas públicas: "Beginning Re/igion" (Começando a Religião). Nele as religióes animistas primilivas são estudadas ex.tensamente, enquanto as referências ao Cristianismo são m{nimas. O Padre Nosso é mencionado unicamente para inuoduzir uma oração ao "Grande Poder do Sol''. Vários capítulos tratam sobre o curandeirismo dos bruxos africanos, e as crianças siio induzidas a imitar os rimais descritos. Citemos como exemplo as seguintes fra ses extraídas desse livro: "Os espíritos dos ancestrais ficam perto de seus parentes ainda vivos para poderem entrar cm contato com eles..... Estes parentes ainda vivos Podem entrar em contato com seus ancestrais através de um 'medi um'. .... Muitas pessoas hoje em dia procuram a mediuns para tomar contato com algum parente morto. Os mediuns realizam o que chamamos sessóes. "Você sabe o que acontece numa sessão? 1ente descobrir por si só. .... Invente
rõo eles notado que o sistema é sempre o mesmo. Esta Ultimo se manifesta; nossa entidade responde; faz-se momentaneamente o silénclo para mais adiante vottar aquela com a repetição das mesmas delrações. Veja-se, por exemplo, mais dois eplsôdlos desta luta. Ao "Jornal de Brasilia" (edlçl:lo de 26-11-86) a TFP teve que mostrar que a noticia por ele publicada em 28-10-86 - "Povo põe ·mltltante da TFP para correr" era Inverídica. Do comunicado da entidada estampodo nesse quotidiano, destacamos o. seguintes tópicos: "S. os membros da TFP se defendessem vitoriosamente pela força ãs agressões de magotes da extrema esquerda, sua atitude seria noticiada como a de agitadores, agressores etc. Se, pelo contrõrlo, se dispersassem, a veullo pró-
algum sortílégio que um feiticeiro usaria para sarar ou1rem. Se você puder conseguir um gravador, grave seus feitiços com voz cavernosa''. OlivronãopretendeensinaroCristianismo. A própria introdução da obra, que é deslinadaacriançasde l0al2anos,reconhece qu e a finalidad e da publicação é "mostrar as crenças do homem no mundo dos espíritos e deuses; e mostrar co-
mo através destas crenças o homem tenta desvendar os mistt':rios universais para conseguir entender os problemas fundamentais da vida''. Segundoumpsiquiatracitadopelabaronesa Cox, a farta ilustração do livro, contendo feiticeiros, bruxos fazendo sacrifíciosdesangue e outrasimagensdogênero, "é de molde a causar nas crianças medo, numa idade em que e/as precisam de toda a estabilidade que po~sam ter. ls-
so pode /evar a crises nervosas''.
Eis ai leitor a que extremos a impiedade chegou em nossos dias! Asaulasdeeducaçãosexual - disseminadas praticamente em todos os países domundo-jáseencarregamdeextirparainocênciadascrianças,namaistenra idade. A mesma impiedade, em seu requint e, atenta agora de modo brutal, na Inglaterra,comraaretidãodosemimentoreligiosoquedesabrochanasalmasinfantis.Odiandoarealidad e tãobemformuladanacélebre frasedelhtuliano"Anima humana naturalitcr christiana" (A alma humana é naturalmente cristã) - , esses propagadores da magia e do ocultismodcsejariamalteraranaturezae proclamar: "Anima humana ab initio satanica"! (Aalmahumanaédesdcoinicio satânica). MarioA.Cost11 nossocOJrespondente
comunista apresentaria a TFP como ln6cua e rldlcula organl:taçllo de molóldas. "Por Isso os membros da TFP adotaram a tática de se :~~:';8;:\~1:ç~ee c: reconstituírem nos locais por onde os agitadores Já tivessem passado. Tática hãbll que deu os resultados esperados".
No "Dlãrio do Grande ABC" (edição de 23-11-86), também teve a TFP quedesmentir outra noticia "mafio-
sa":
"Nõo é exato - diz a nota da entidade - que seus propagandistas começaram a destllar pelas ruas de Goll:lnla gritando slogans contra a Reforma Agré:trla e o governo federal. "Com seus slogans os própagandlstas não fizeram
uma s6 alusão ao governo federal.. ?' A nota da entidada esclarece ainda que os cClnticos da TFP não eram medievais como pretendeu a noticia estampada no referido Jornal em 9-11-86. E acrescenta que ''os sócios e cooperadores da TFP apenas entoavam o conhecido hino católico •Queremos Deus'. Suas roupas também nada tinham de medievais, mos e ram trajes comuns de Jovens do atuolldade''. E o comunicado da entidade ainda ressalto a boa acolhido do pUbllco á campanha promovida pela TFP: "A noticia afirmava ainda que os propagandistas da TFP não conseguiram nenhum sucesso com os pedestres, o que é Infundado, pois a venda de livros, nos dois dias de atuaçõo da entidade na capltal goiana foi bastante significativa". CATOLICI SMO - Janeirn de 1987
Abadias cistercienses
comemoram fundação centenária na Alemanha FRANKFURT - Nos últimos anos, várias abadias cistercienses da Alemanha comemoraram SSO anos de existência. lnfelizmemc, mui1as delas subsistem apenas como monumentos históricos e museus. Algumas estão reduzidas a ruínas. A última abadia a comemorar seus oito skulos e meio de existência foi a de Eberbach no · Rheingau, às margens do Reno. Em 1133, doze monges da abadia de Claraval, na França, foram enviados por São Bernardo à Alemanha para fundar um mosteiro. Segundo a lenda, estando os mon ges à procura de um local para erigir o convento, umj avaliaparcccudiantedeles.saídodalloresta,emarcoucom suas presas um grande circulo irregular no solo à beira de um riacho. Percebendo na atitude do animal um sinal da Providência, os religiosos começaram a erigir os mu ros externos do mosteiro acima do circulo cavado pelo javali, e sobre o riacho construiram a igreja. Esta foi concluída e consagrada 50 anos mais tarde. O nome do luaar, Eberbaeh, lembra até hoje o singular milagre: significa "riacho do javali". Eberbach foi o primeiro convento subsidiário de Claraval em terras germânicas. Um segundo foi instituido no ano de 1138, em Himmcrod, na região de Eifc!, no qual ainda hoje vivem monges cistercienses. Todas as outras fundações cisterdentes na Alemanha provlm do convento de Morimond que, como Claraval, foi fundado em 1115. Durante a vida de São Bernardo - ele faleceu em ll53 - saíram de Claraval 68 fundações espalhadas por toda a Europa, desde a Sicília até o norte da Su~ia, e desde Ponugal à Grã-Bretanha e Irlanda. Sabe-se que São Bernardo fundou pessoalmente a maioria das abadias de seu tempo, embora, não poucas vezes. ele tenha enviado até 100 jovens monges de Claravai para se estabelecerem nos novos com·cntos, pois em vista da grande fama de sua santidade o afluxo àquele mosteiro era enorme. Em l\53, 700 monges choraram a morte de seu pai espiritual em Claraval. Além de sua principal missão de apostolado e cristianizncão, os cistercienses alcançaram grande mérito cm 10dos os setores do trabalho agrícola, reflorestamento, cultura do vinho, criação de peixes e abelhas, como também na mineração. Estudos recentes revetaram que em C\ara\'al, no século XII I, se produzia anualmente mil toneladas<k: ferro fundido. Asgrandes abadiasing]esas de Fountains e Rievaux/Yorkshire criavam até três mil ovelhas, constituindo elas os maiores fornecedores de lá do mercado inglõ. A abadia de Heilsbronn, em Ansbach, na Baviera, cuja igreja bacia! ê o maior jazigo dos príncipes de Hohenzollern, no sul da Alemanha, produziu, no século XIV, 12 toneladas de mel por ano para a fabricação dedeliciosopãodemel,especialidadequesemantématé hoje na região. Aabad iadeEberbach--acujafundaçllocentenária nos reportamos - foi grande cultivadora de uva e fabricante de vinho. Seu "império comercial" compunha-se de mais de 200propriedades rurais e centros de produção urbanos. Des.apropriada na épaca da "secularização".
Corr11dordoclaustrodaabadiacistercien11d1 Eberb1ch,•s mar9ena do Rano
no s~ulo passado. até hoje se conserva em mãos do Es1ado. Restam-lhe hojescis domínios, num total de 190 hectares, cuja producllo =ne em beneficio da manutenção do antigo convento, como monumento cultural. Uma de suas especialidades é de ter dado origem ao vinho tipo "Cabinet ", auardado pelos amigos monges em recintos especiais para a maturação. Sãodegranderenomeosleilões de precioslssimos vinhos pertencentes à "câmara de tesouros" da abadia. Os cistercienses gozavam também de especial favor da parte dos imperadores e príncipes temporais: Frederico Barbaroxa foi admitido como membro vitalfcio da comunidade de orantes da Ordem e duas vezes pelo menos visitou a abadia de Císter. Seu neto, Frederico II, pediu, no leito de morte, para ser enterrado com o hábito cisterciense. Inúmeros reis e príncipes em Ponugal, Espanha, França e Alemanha escolheram abadias cinercienses para nelas serem enterrados. Ao todo, foram fundados 700 com·entos cistercienses masculinos e 700 femininos, em toda a Europa. Só na Alemanha e regiões hoje pertencentes ao mundo comunista no leste europeu, foram erigidos por volta de 100 mosteiros. Arcgradoscisterciensesexerceugrandeiníluênciasobre outras ordens monásticas e inspirou inúmeras ordens de cavalaria. O Beno H ofsi: hull r nosso correspondente
TFPs em ação TFP em livros e revistas • CONFLITOS DE TERRA, Mini stério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário, Brasília
,.
- DF, 3-2-86. mimeografado, J3S Apresenta um levantamento dos connilos de tcmt cm que K Jtlistram manes ocorridas no Pais,eml98S.Á!.páginas39c40
aobrafurefe~nciastruncadas U publicações de "matériaspa· f11S,1Usinadaspt/a Tradição, Fa-
mllia e Propriedade''. O estudo "Conflito»de'Ierra"nãoregistra
oconteúdodcssas"matériaspaga.s"eseusautores:trata-$edos wbstanciosos ~ em que°"
Juristas Si!vio Rodrigues e Orlando Gomes justificam a reação armada de fazendriro5 contra inva10re5 de suaspropriedades.
A pedidodeumdoscomponentesdacomi!.sãodefuendrirosqueencomrndoutaispam:cresaosdoisjuriconsuhos,oSer.,;ço de lmpmii.a da TFP prom~ ~usuapublicaçãoem8,órgã05 de imprensa de todo o Brasil •
CAM I NO DE LIBERTAD,
Carlos A. !»li M., Caracas, Ve-
nezuela. Obra editada em Madrid, Unlón Editorial S.A., 1985, 261
,.
Coletineadeartigosdoautor estampados!la$páginasdo ~Di:1.rio de Caraea.s" no decornr de 1984/ 85, abordando temas de atualidadejurfdica,administrati-
,,.esocial. No capitulo terceiro o autor apontaanagranteinjustiçada pnwguiçlo oficial movida contra aTFPnaquelepafs,em 1984.
• SOC IALISME ET RELIGION SONT-ILS COMPATIBLES? de vários autores membros do "Club de l' Horloge'', tendo à frente Henry de Lesquen, EditionsAlbatrol.21 rueCassetic. Paris, 1986, 268 pp. A obra reúne as exposições apresentadasnosimpósioquca auo<:iaçlo promovw na cidade dcRouen,emm.aiodel985. Res$1ltandoatotalincompatibilidadeentreadou1rinatradicionalda l~jaeoi.ocialismo,osautores tratam tam~m das numerosas metamorfoseisoíridaspelase5COlusoda!istasao longodossécu105, vArias das quais se arvoram em int!rpretcs de um au1~ntico crisliamsmo.
No capitulo XIV do livro, ao discormsobre "Teologia da LibCTtaçto. um desvio marxi$1a de valores cristios", Frei Philippe Vercoustre, O.P., referindo-se à atividade intelectual na América Latina,ressaltaque "omovimen-
to1radiç;lo,Fam,7ia c Propricd11de-': do Prof. Plínio Com:11 de 0/i~ra. conrra-araca (a Tcologia da Libcrtação)noBrasil,edcnuncia aroalizJocommromunis~oumcricamcntc insigJ1ifican1es, mas infilrrados nas romunidades de
~·:
e
ÉTVDES. mista dos Padres Jesui1as,Paris,julho/agos10de 1986.CharlesAntoinc,dimordo centrodeDiíusãodelnformaçào sobreaAméricaLatina(DIAL). Artlao intitulado "0 EpiKopadonasdé.:adasdodesenvolvimcnto"aprcstmaumbalanço,segundo a ótica progressista, da atuação dos Bispos brasileiros a partir de 1959,ccontémumare-
ferincia cm que a TFP eapresentada de modo infundado, 500 ãn1ulodesfavorá,-cl. Aotratardascontrovtrsiasque agitaram os ambientes católicos quantoaumamudançadeatítude ante o comunismo, sustenta queoaugedadivisãonaHiernrquiaenolaicatoocorreucml968: "É a época em que a arrema direira car6/ica, 11ra~ de sua rompcmentemaiscstrondosacmais agn,ssiva, "Tradiçlo, famHia e propricdade':mu/1iplicaasmanife5raçóey de rua e campanhas de impn,n$1 contra o "comunismo na/gn,ja': • GUIA DE INTEGRAÇÃO RURAL, Rothmann's Comfrdo e Editora Lida., São Paulo, 1986/81, 2~ edição, 338 PPApresenta informações sobre emprtSasdc!odooBrasil,rclacionadas com a aaricuhura. "TFPuma ehama dc idealismo crisrào emfavordapropriedadepri«ida.
NAosca,/a,nA-Orecna,a•'aOÇI
sempre" é o 1iwlo de um anúncio qucaprescntaumbm-chistóriro daatuaçAod11entid11d~ no qual é conadido especial n,alc:c ,b rcc:cn1cs posições assumidas pela
corídadc, con1rária$ A Reforma Agráriasocillfüracronfiscarória.
TFP espanhola desagrava Virgem do PIiar MADRI-Os vcrUO:!idaimpicdadeedablasRmiainfeli:onente abatem-se tam~m sobre a outrora cat61ica Espanha. Cartazes, peçasdeteatroeatcntadoscadavez maisírcqücntesvisamconspurcar dcmodoos1cnsivoamoralca16licaemonumcn1osrelia:iosos. Um desses infames atentados foíac:,;plosãodcumabombaco-
CAJlJLICISM0-Jaoeirode!:18/
Jocadajuntoàimag\"TTldeNos!kl Senhora do Pilar, no ponto mais altodosmomcsPirineus,isto f , o Pico A neto, de 3.400 metros de altitude.Comacxplosão,aimaaemsefragmentouem,·áriospedaços. A 12 de outubro ú!!imo, por ocasiiodafestadeNossaSenhoradoPilar,padroeiradaEspanha, uma comith·a de 18 coopu;idorcs deTFP-CO\·adonaaeste,.'Cnolocal, fai:cndoum atodcdcsagra•'OàVil'l!lcrnSantíuima,noqual l'fflO\'Bramsuaconsauaçãoa Ela, segundo o m~todo dl' São Luis MariaGrianiondeMomfon.Os jo1·eMcolocaramnohxaluma placanaqualt"stáconsignadoo atodl"desagra,·o. EmseguidavisilaramclesoPrefeitodacidade r,r&ima,oqual,jumamentccom moradorcsdareaião,estáprovidenciandoarestauraçãodaimagem e seu pedestal.
Reforma Agrária não venceu nas eleições SÃO PAULO- O ministro da Reforma l' do Dl'scm·oh·imento Agr.l.rio, Sr. Dame de Oli,·t"ira, afirmouàímprensaqueosresultados do último pleito eleitoral constituem "umrriunfodareforma agrária do Prcsidenre Josf Sarnc,•robreossctore,maiscon-
il'r<adorcsdoAlfs':emreosquais clcaponta a TFP. Em face dcssiu asserções, o Prof. Plínio Corria de Oliveira, PrcsidcmcdoConselhoNacional dcssacntidade,cn,iou1clCl<aorc-feridominb1ro.noqualressaha: "Scmmtndonaroo1rosrtp.i!ros tJOSquaisessas4S$<'Tti•a5d.loaza.
perrni10-mcrealçarqu<"ncnhum temah;l,acujorcspciloasúlrimasclciçõtsforammaisincxprcssfrasdoquea RdormaAgr.lria. Todos ou quase rodoso5cartazes tmarériasPll6aSdepropaganda dos11frioseandida1os.publicados aolongoda,·ampanhacleitoral. c->·itaram de 1omara1i1ude ante 1Ao CMldcntc lenta. E, romo "'5a. be. tsrc , prtdsamentc o ma1crial dt propaganda que rnai5 5en5Íbiliu n0550 grande público. Quanto a pro1ramas p:midàrios. a imtnsa maioria do clcirorodosimpltsmtnteosignora. As;,imsendo, robreesrarcforma, como a/i;Js - pelas m<"smas rnz6cs-asduasou1ras,aurba, nacaemprcsarial.a.1eleiç~sdo dia JJdeno,-embroforamsimplesmeml'inócuas"
CATOLICISMO - Jaoeuo óe 1387
Uruguai: bomba contra manifesto MONTEVtDtU - A franca ani5tia recentemente concedida pc!ogovernouruauaioaosguerrilheirostupamarosdeumargem a que estes reinvidicas.sem também o julaamemo de militares acus.ados dedelitosdurame a re· prfSS.ão. Comoobjeti\'Odeofem:<"rsua comribuiçãontsscdebatedein1ereswpar11ofuturodopais,a TFPuru&uaiapublicounodiário .. E1Pais",al7deoutubropassado,umasubstanciosaanálio;edo tema.Odocumentoponderaque acontrovérsiasedesenvolviacomo ..sec.~isriutmapen as milita rese1upamaros. Emre ..srei;, enrre1amo, st encomra a imensa maioria dos uruguaios, roralmcn · teinoccmtsntssarefrcga,masrofrendoasconscqüéncias. Como o país pód<" compro,ar
ar/àsadedade-prossegueocomunicado-asubl"C"IS.lo11.loa1aca apenas u Forças Armadas, masroub.11.scqüesrracmaladvis
<"corrom{Jl'aju,-emudc.Porisso mloéjustonems.lbiosarisfazer aumpruridoapai.tonadod<" jus riçaem relaçiloa unspouco5, 5e comiuosepraricainjus1içaquanto nos demais''. Em seguida o documcmo recorda o prindpio de tolerlinciaensinadope/oPapa /..doXlll.se1undooqua/algrejanAoit'opôc•rolcnfociapra1icada pelos podues públicos cm
relaçloaalgumassiru11çôe:scontnfrias••~rdad<"l'Ajusriça, itndo cm vista c->•irar 11m mal maior ooadquirirouconSt"n-arumbem
Seu amigo merece um PRESENTE ESPECIAL Dê a um amigo a oportunidade de pertencer à selecionada família de brasileiros bem informados: os assinantes de "CATOLICISMO". Ele se empenha em comentar fatos e problemas da atualidade à luz dos princípios imutáveis da Santa Igreja Católica, bem como fornecer a seus leitores not ícias pouco veiculadas por grandes jomais, peta televisão e pelo rádio. E: muito fácil possibilitar a esse amigo sua participação na mencionada família: basta recortar ou xerografar o cupom abaixo, preenchê-lo e enviá-lo à Empresa Padre Belchior de Pontes Ltda. E caso V.Sa. tenha se inteirado s6 agora da existência desta revista, não perca esta ocasião: aproveite o mesmo cupom para garantir sua assinatura por um ano.
maior. Finalmente, a TFP uruguaia as· 5ina/aque"n.loit'J)Qdecxísirdo paisumpreço1loa/roemtroca deumai/uS-Oriajustiça.O,'Crda deiroproblcmaquesed.. ,-ercsol ,·erto des11m!r se. depois que se aninioucom1cnerosidadcaparte criminalmcmtagresrora,St"r.ljus· 1oprocrdfr1toju/sarn..nro das forçasarmadas t polidaisqutenfrentsram r .-cnccram a conjura çAodosinim/gmdeO,.us<"daP.i-
Estou ofe~cendo uma a51ina1ura anual de "CATOLJQSMO"
1:
(Em /f rr• deform.t, par fnor}
tria," Nodíaseguimeacssapublicação,aviolt"ntartSpostado51errnrisras w ftznotar:ae;plosãode umabombana sededacntidadc causouara,·tsdanos.Emretanto, emnotaàimprensa,a TFPuru guaiadedarouque"conhttemal a entidade quem pensasse que, co m intimidações desse gênero. ela se afastará um milímetro de seudc->·cr".
rara 1a1110, e11ou enviando· OCl!equenominalec"'zado(emanexo)emfaV<lrdaEmpresa PadreBelchiordePontesLtda.
Ova1e PoJtll (em anexo) em favor da mesma Empresa 0 0rdom de Papmonto em favor do mesma Emp,u1, enviada paiao81nço81adesco,agência11. 0 09l.Sant.aCe<:{Jia,da cldadedeSSoPaulo
A
DOUTRINA católica nos ensina que o Céu é um lugar. Nele, as almas que se salvam gozam, por um dom sobrenatural. da "isão beatifica. pela qual contemplam por toda a eternidade seu Criador, numa cxultaçãodegáudiosemigual. l:esta a maior felicidade do Céu, de algum modo infinita, porque participa da infinltude de Deus: "Eu sou a rua 1?Compens11 demasiadamence grande" {Gen. IS, 1). diz o Senhor. Esta \'erdadc. até a irrupção do progressismo. sem pre esteve muito presente e nítida no espírito dos fiéis. O que, porém, infelizmente, não estava igualmentení1ido-sobretudopela ação exercida na Igreja por certas correntes de espiritualidade a partir de meados do século XVIII - é a participação do homem inteiro, e portanto também de seu corpo, na felicidade celeste. Uma idéia incompleta e mesmo distorcida do Céu, o apreS<'ntava, por omissão. como sendo unicamente espiritual. Ali toda matéria es1aria ausente. Não se falava cm panoramas ou belos edifícios a scrtm contemplados, nem cm sabores ouperfumesasertm legitimamente fruídos. Os cinco sentidos do corpo eram ignorados. Tal omissão privava a muitos de um poderoso estímulo para desejarem o Céu, e portanto para praticarem a virtude nesta Terra Bem outro, porém, é o ensinamento da Igreja. O homem, nos ensina Ela, não é puro espí rito. Integra também sua natureza um corpo material. E esse corpo, no último dia, ao soar das trombetas angélicas, misteriosamente ressuscitará. unindo-se para sempre à alma, da qual a morte o ha\'Ía separado. Ressuscitará glorioso para o Céu, ou com os estigmas de seus p«ados para ser lançado no inferno.!:: o que no Credo afirmamos: "Creio na ressurreiç.fo da carne''. Deixadaslongcasmisériasdesta vida e sua mistura de gozos legítimos com os meramente carnais e !5ccaminosos, nosso corpo, de algum modo espiritualizado, participará à sua maneira da felicidade da alma. E, sendo material. ele encontrará no Céu todas aquelas coisas materiais que para isso necessitar. Este Céu-lugar maierial magnifico, cheio de felicidade, modelado pela mão carinhosa do
Coroação da Virgem, no Céu - Fia Angélico
(séc. XV l, Galeriados 0f!cios. Florença Criador para que também nossos corpos possam dar-Lhe glória e alcançarabem-aventurança-éoque os teólogos chamam Céu empírco. O célebre exegeta Cornétio a Lapide, jesuíta do século XVII, diz que Deus "criou o Ctu empfreo. e o adornou e tornou perfeito em wda sua beleza''. Este Céu empireo, explica ele, "to que os fiéis chamam de Céu, de modo que, se perguntando a eles para onde desejam ir depois desta vida, imediaiamente dizem 'para o Céu', ou seja , para o Céu empíreo" {]). Empirco, diz o famoso teólogo Suarez, deriva do vocábulo a;rego PYR (fogo), pois ''assim como o fogo é todo cheio de luz por sua nawreza. assim aquele corpo (ou Ctu) t luminosíssimo .... t chamado empíreo pelo seu esplendor" (2).
A Patrologia siriaca acrescenta que
"o ar destas rrgiõe.s .sublimes será infinitamente doçe e le1'C, como conn'm a corpos gloriosamente rcssuscirndos; de si mesmo ele emitirá raios resp/a11desce111es, esplêndidos e encantadores de ver"(3). Os santos e doutores fazem do Céu empireo descrições admiráveis com fundamento na Sagrada Escritura, e mesmo inspirados pelo senso católico ou baseados cm re,:elações privadas fidedignas. Apresentamos abaixo algumas descrições compiladas por Cornélio a Lapide, cm sua monumental obra (4).
Omencionadoexegetajcsuitaexplica qu e "os corpos e os olhos dos santos terão suas riquezas e objetos belíssimos e pl?Ciosíssimos, mediante os quais poderão 5C nutrir e deleitar. Ora. os olhos !(. comprazem não somente com a luz, mas com a l'ariedade das cores, como o ,~rele ..ariado dos campos, das ánores, das flores, dos frutos; também com os rios e fontes transparentes como crisral, e principa/mence com as pedras preciosas cheias de fulgor. Portamo, no Céu, elas mJo faltanlo''.
Segundo atesta Santo Ambrósio, "Santa Inês e outras virgens bem· a1'Cnturadas apareceram vestidas com rrajes de ouro e de pedras prrxiosas''. "Finalmeme - prossegue Cornélia a Lapide - no Céu e.~is1irlo as ,'árias mansões- dos bcm-anrnturados e pafâdos belissimos consrruídos de pérolas e pedras preciosas ..... As
casas sâo de cristal e translúcidas para a beleza. o prazer, a proporçllo e para significar também a desigualdade de méritos ..... Nocéureunir-51.'-áa pompa e a glória de todos os rris, imperadores, principes, Pontífices, rainhas e duquesas".
Que alegria será para nós contemplar lá a beleza excelsa de Nossa Senhora, e poder gozar de sua maternal presença! E, no centro do Céu cmpírco, diz Cornélia a Lapide, "a humanidade de Cristo éo facho, a estrela ou a luz que ilumina e deleita os olhos corpóreos dos bem-an:nturodos·: o
R. P. Ccrndius a Upide SJ, "Commcmaria inScripruramSacram·: Lud&icus v;,,...s
(1)
Lá. diz Santo Agostinho, "urna prima,'Cra perpétua faz ver rosas perpétuas, rcsplandccrm na brancura os /irias, no n•rmelho o açafnlo .... m·erdecem as searas. rios de md correm, C\'0/a o perfume das flores .... dos bo!>ques floridos pendem frutos. Os que querem comem sempre. ..''.
::r!7/::'!~/t'J~l::?·~.:7: ~ '!f~ romus
(l)R.P.FrancisroSu,,,...iSJ,"lkopn-r,e,r dicrom·: /ib. 1. ••J>S. /Vt V. (J}Aplld "Di.1icnnai1"dc Thtc/D1,c Caihcliquc·;,.,,rbtlt'-C~·;ro/unal49/ ('JR. P. Cornc/iut•Up,dc.op.ci1 .• tomu, ,~mu,primus.HinApoca/yp.iinS.Ju;annis': caps. 2/cll,p. J6Jtu.
SÃO JOSI: DA cosrA RICA - Todos os domingos a cena se repete: parcntcs e amigos tentam encontrar-se na fron teira, mas uma cerca de arame os separa. Em um dos lados, soldados ostensivamente armados postam-se próximos às pessoas, a ponto de ouvirem o que conversam. Enquanto isso, caixas com alimentos, materlal de timpeza e dc higiene pessoai, roupas etc. são passadas para essa parte, onde mãos vazias as esperam avidameme. Estamos, emão, diante do tristemente famoso muro que separa a Alemanha Ocidental da Al emanha comunista? Bem Poderia ser, mas, desta vez, o "Muro da Vergonha" - ou "Cerca da Amargura", como \"Cffi sendo chamada é o que separa a Nicarágua da Costa Rica. M uitas vezes, segundo testemunhas, pôde-se presenciar cenas dramáticas em tallugar,ondepessoasagarram-sechorando ao alambrado. - "lssoéumavergonha.Eunãoqueria vir aqui, pois me dói ver o que ocomunismo fez com minha Pátria. 1: lamentável que só há algumas semanas um jornal da Costa Rica denunciou esse absurdo", declarou um re!Ugiado nicaragücnse. E um vendedor de lanches com ponto no loca! afirmou: "i: triste ouvir tantas lamentações, ver gente que chora e até de;maia". Eis aí dos significativos depoim~ntos que ouvimos naquele local. A Estrada lnteramericana une os doi s p1ises. Para se chegar à fronteira atravês do território costarriquenho, passa-se por um posto policial na localidade de Pen - as Biancas, onde a Guarda de Assistfncia Rural (GAR) procura orientar os viajantes vindos geralmente de São José, LimóneGuanacaste.Essaguardaéaúnicamititarizada,jáqueoExtrci10,aMarinhaeaAeronáutica não existem neste país. Uma linha branca, pintada no chão. indica o limite exato da fronteira. No lado costarriquenho, não se impede a passagem. Mas no nicaragüense, poucos metros adiante, existeumacorrentequeê abai-
xada por ocasião da passagem de cada veiculo. Nesse ponto do território nicaragüensc, do lado direito da estrada, começa o alambrado ao longo do qual as pessoas se reúnem nos encontros de rins-desemana,es1endendo-seaqueleatéum rio próximo. Do lado esquerdo não há cerca, mas soldados sandinistas armados vigiam o local continuamente. O alambrado foi colocado durante o governo de Somoza, deposto pelos guerrilheiros sandinista5 em 1979. Desdeen1ão,foiimplan1ada naNicaráguaumaditadura comunista com todas suas lúgubres seqüelas. Mas até aquele ano Podia-se passar sem restrições a fronteira. Era comum os nicaragüc:nses cruzarem a linha divisôria para comprar cm território costarriquenho, e vice-n•rsa. "Para que ir ao outro lado agora, se não há mais nada para se obter?", é o que comumente se ouve dos costarriquenhos. De fato, do lado de seu país pode-.;e notar um comércio pu-
jante, enquanto além da fronteira nada mais se vê.
Brutais restrições dos sandlnlstas As dificuldades para os nicaragücnscs chegarem at éacercadearamesãomuitas: primeiramente, têm que conseguir uma autorização por escrito do Exército Popular Sandinista (EPS), que rtgistra suas residências e as de seus familiares. (Explica-se a exigência do endereço dos familiares, pois, segundo alguns refugiados, caso a pessoa fuja para o Exterior, seus parentes sofrem represálias, como
Depoi1d•mar•10nal)IHachegaraté•frontei ra,ne· nhumnicaragüensen1àcertcdequeamercadoria que recebeu, provenieoH da Costa Rica.será libe· r1d1pelopostodeliscalizaçilodeseupafs.
O govemoconulistada N ~ . am poucos anos. cons&IIMl'conduziropaís1umcompletotstadode pen6ril,olldeumacalladec1em1dental-quevi· rou artigo de luxo - ~ recebida com sofreguidá11.
prisão). Ao chegarem ao posto de Sapo (distantctrêsquilômetros dafrontcira),a autorizaçãoétrocadaporumafichaque de,.'eráscrapresentadaaossoldadosjunto ao alambrado. Mas, mesmo com autorização, muitas pessoas ficam retidas em Sapoá. - "Esse é o terceiro domingo que venho ver alguns pan:ntcs que obti\-eram autorização, mas soldados do pos10 os impedem de seguir adiante'', lamentou uma scnhora.Outrosdiziamquehavia ISO pessoas lá retidas. Poucos são os jovens autorizados a chegar à fronteira, visto que ogovemotemequeescapcmparaaCosta Rica. Do lado costarriquenho, aproximadamente 200 pessoas costumam se aglomerar na cerca, aos domingos. Os encontros se iniciam por volta das 10:30, prolongando-se apenas até aproximadamente às 13 horas. Mas, às vc:zcs, são cancelados inopinadamente pelas autoridades nicaraguenses. Outrora,osencontroseramcombinados por telefone, mas o go..-erno sandinista praticamenteinviabilizouasligaçõcs,suspendendo, inicialmente, as chamadas a cobrar. Logo a seguir aumentou brutalmente o preço dos telefonemas intemãcíônais, impedindo as.sim o contato do país com o Exterior. - "Da próxima vez, traga-me mais manteiga",dizumasenhoraparaafilha. Alem desse produto, muitos outros são passados através do alambrado: desodorante, creme dental, sabão, todo tipo de alimento, mnédios, roupas e até dinheiro.
A/gozas temam sar
fotografados Durante os diálogos travados no local, pouco se pode saber a respeito da situação interna na Nicarágua. pois os soldados sandinistas logo aparecem, s6 se afastando quando percebem alguma máquina fotográfica voltada para eles. Indagado por mim por que temia ser fotografado, as.sim se expressou um deles: "lemos instruções p ara impedir que nos fo tografem". Já os refugiados nicaragüenses do lado costarriquenho pensam de modo diferente: "lsso,tiremuitasfotografias,pois esses soldados são uns covardes", exclamou um desses refugiados, enquanto eu fotografava o soldado sandinista, que se escondeu atrás de um arbusto. Um fato pre5enciado no local deixou transparccerquealgunsdiplomatasacreditados junto ao governo de Manágua sofrem a mesma penúria que o resto da população. Num dos encontros, um automóvel diplomático. com 11ts ocupantes, es-
CATOLICISMO- ~nidel987
Índios na mira sandinista O REGIME TIRÃNICO de Manágua tem oprimido os indígenas do pais, especialmente os índios Miskitos. Nos dias 25 e 26 de março do ano passado, soldados sandinistas atacaram três comunidades indígenas de Miskitos, provocando a fuga para Honduras de aproximadamente dez mil e quinhentas pessoas, num dos maiores movimentos de evasão ocorrido desde a vitória da Revolução Sandinista. Como ilustração dessa política persecutória, considere o leitor a significativa foto acima. "Aqui nós estamos como porcos no chiqueiro", afirmou o índio Julio Centena (no primeiro plano, o primeiro à e$Querda), com os ~ metidos na lama. Andres Diaz, à sua esquerda, perdeu dois netos em dezembro de 1982, num acidente de helicóptero, que vitimou 84 pessoas, quando se realizava operação de deslocamento forçado de índios misk itos, na região ao none do povoado de Jinotega (Fonte: "Department of State Publication 9.478", junho de 1986, Washington DC, USA).
tacionou bem próximo do alambrado. ~:sc~!,:~?:~~~,h~mai~~~i:.~~· dne~ le desceu um casal poriando uma caixa que imediatamente foi passada para o outro lado. A seguir, 1rocaram rápidas palavras, despediram-se e o carro diplomático se afastou. Quanto indaguei ao casal quem eram os ocupantes daquele veículo diplomático, respondeu-me o homem: "Um deles, i1aliano. é secre1ário da embaixada de seu país na Nicarágua e casado com uma senhora nicaraaüense; outro é seu cunhado, e o terceiro. um oficial sandinista, que os acompanhou desde o pos10 de Sapoá, temendo que o nicarasüensc se evadisse para a Cosia Rica". Mas nem sempre o que os nicaragllenses recebem na fronteira poderá ser levado até suas casas. Ao transporem novamente o posto, Ioda mercadoria é vistoriada e autoridades locais decidem o que pode passar.
At4 quando •• manterA o jugo mo•covital É meio dia e os õnibus estacionados no posto fronteiriço costarriquenho de Pen h as Biancas começam a se preparar para o longo percurso de volta. As pess~1, pouco a pouco, abandonam o local, pa1rando uma atmosfera de melancolia no ambiente. Ooladonicaraaüensc,sórestamaaora soldados com metralhadoras fazendo a ronda. Mais ao longe, pode-se divisar uma bandeirasandinistanesraevermelhatremulando ao vento, enquanto em meu cspirito, e talvu no de muitos daquelcs infeliusexilados,assomaaduraindqação: aié quando o católico povo da Nicarágua permanecerá sob o juao de títeres comunistas a mando de Moscou? Tudo o que pude observar e descrevi neste relato ~ pouco divulgado pela própria imprensa costarriquenha. E, segundoasinformaçõesquetenho,a "Cercada Amargura"~ pra1icamen1e silenciada pela massmediadeoutros pa!ses. Assim,~ para cumprir um dever que envio esta matéria para "Catolicismo", certo de que ela poderá alertar seus leitores sobreaverdadeirasituaçãoreinantenaNicarágua.Edcsmascararapropagandaque a "esquerda católica" latino-americana fazdoregimesandinista, prestigiado até por viagens sensacionalistas de eclesiásticos_eleigos "engajados", que atuam no
Depoimentos de refugiados nicaragüenses
EU VI, EU OUVI, EU SOFRI... A
REVOLUÇÃO sandinista na Nicarágua é, quiçá, um dos acontecimentos qu e mais cobertura de im prensa tem recebido nos últimos anos. Muito se temescrito a favor e contra ela. Mas, inegavelmente, poucas notícias têm tanto interesse quanto os testemunhos pessoais daqueles que podem dizer: "Eu vi, eu ouvi, eu sofri .. :• "Catolicismo'' apresentahojeaseusteitores extratos de depoimentos de refugiados nicaragüenses. Pessoas que deixaram sua pátria e seus familiares para escapar daferozperseguiçãoquecadavezmaisse acentua naquela infeliz nação, dominada pelo regime marxista-leninis1a. Estes depoimentos constam de um documento oficial do Depanamento de Estado dos Estados Unidos, publicado em março de 1986, sob o titulo "Em suas próprias palavras" ("ln Their Own Words").
Alberto Gámez Ortega, exVice Ministro da Justiça sandinista O Dr. Gámez foi colega de classe de Tomás Borge, um dos "comandantes'' que hoje governam a Nicarágua. Desde cedo simpatizou com os sandinistas, permitindo até ql:le duas filhas suas participa~sem da gucrnlha. Seis meses após a vitória da revolução,foinomeadoVice-Ministroda Justiça.Quaset~sanosmaistarde elerenunciou ao cargo, foi aprisionado pelo
governo, passando dois meses e meio no c_árcere,vftimado própriosistemadcjusuça que ajudou a montar. Eis alguns trechos de seu depoimento: "Dez minutos após
minha chegada em
casa [após ter entregue o cargo], a pessoa responsável pelas operações de segurando Estado chegou acompanhada de um contingente de soldados e me ordenou que a acompanhasse oomo prisioneiro. Fui pos10 num automóvel, deitado de bruços no chila com a boia de um soldado cm minhas costas, e fui levado até um quartd militar chamado EJ Chipote. Dias mais tarde sou~ que minha casa tinha sido vasculhada duranre três dias e minha espasa inrerrogada re~tidas \.'C"zes, aré por mais de 6 horas s~uidas. Todo.s meus arquivos legais e m,ws papéis pessoais foram confiscados. "Fui colocado numa e-ela de aproximadamente tris metros por quatro, e disseram-se que a primeira regra a observar era calar-me, mio me queixar e não 1ritar em qualquer circunstiincia,pois era ali que eu ia apodrecer e tinha que aceitar isso. .... A e-ela então foi deixada cm rotai cscuridlo e sem nenhuma ventilaçlo''. ça
Aos domingos, ll)!Olim•damente200pessoas1entamencon1r1rparen1uaamigosjuntoà"Cen:ada Amargura".
Brasil.
Que a exportação do "Muro da Vergonha" para terras americanas- produto tfpicodatiraniamarxista-representesalutar ~rado de alerta para todos os brasileiros.
CATOLICISMO -
fmreno de 1987
Após passar 10 meses na Rússia, onde completou um curso de criminologia, Baldizón tornou-se, cm dezembro de 1982. chefe de investigações da Comissão Especial de Investigações do Minis1frio do Intcrior, cargo que ocupou até julho de 1985. Oucamo-lo:
ÃlwaroBakizooAYilesrepudiouupriticasiniquas
utizatlaspelaComisslGEspecialdekwe$tigaç6es
A conupçio reinante l'IO sistema judici'rio nicaragulflse desiM!iu Alberto GAmez 011ega
dapolicienicaragüense.
"Vo/rando da Unilo So11iética, estudei im-cstigaçlo financeira, e fui desjznado para trabalhar no escritório do chefe da Polida Nacional, onde eu tinha como misslo realizar in11CStigações internas. Com~i a descobrir c,uos de corrupção e 11iolaçlo dos direitos humanos. No início, eu pensa11a que fossem, incidentes isolados, fenómenos auibufreis aos tempos que estávamos 11ivendo. "Quando mais 1.t1rde fui transferido para o Ministério do Interior, pouco a pouco eu me dei conta de que a corrupçlo e as 11iolaçôes de direitos humanos não eram casos isolados: constituiam política deliberada do Governo nicaragüense''. O Sr. Baldizón passa então a narrar um desses casos: "Em julho, agosto e se1embro de 1982,
foram caprnrados mais de quinhen1os ín-
Após narrar os interrogatórios sem fim a que foi submetido. o Dr. Gámez apre senta uma resenha do estado da justiça na Nicaráguasandinista: "Os expedientes legais foram substitui-
dos por intaesses políticos, de 1111 maneira que no Ministério da Justiça e nos tribunais aceita-se de maneira sistemática que os fins justificam o uso de qualquer meio imoral. Com 11istas a liqüidar certos setores económicos e sociais, bem como cenos líderes sindicais e po/í/icos que nSo estavam satisfeitos com o regime os quais aumentavam em nrlmero com o passar do tempo - e que não esta\l/lm satisfeitos com os rumos da rc110/uçilo, foi elaborada toda uma no11a estratégia legal que permitia ao Estado processar e encarcerar os cidadãos que ele considerasse uma ameaça política. Foram apromdas leis cuja linguagem era imprecisa e \138ª, em na.grame ,·iolaçlo dos direitos legais. .... Isto ainda foi complememado com a críaçilo de tribunais diferentes, ou tribunais espeôais, que permitiam ao Governo processar pessoas em julgamentos sumários, tornando-as assim 11ítimas sem defesa. Estes uibunais eram composlOs principalmente por juízes que não tinham nenhum conhecimento do direito, e que passa,-am por cima de todos os procedimentos legais previamente etisrentes''. Acrescenta o Dr. Gámez que o Ministério da Justiça foi sendo cada vez mais subordinado ao Diretório Geral de Segurança do Estado, organismo controlado por "internacionalistas cubanos". Estes ensinaramaosnicaragüensestodasastécnicas de tonura, que então começaram a ser usadas sistematicamente nas prisões do GO\'t'rno. As tonuras visavam quebrar psieologicamente o prisioneiro. Muitos destesassinavamfolhasembranco,para escapar dos suplícios.
deconfissào,le,.uu-meafalarcomalguns prisioneiros que, uma vez condenados, tinham sido lf:\13.dos a prisões mais acessíveis aos representantes do Ministério da Jus1íça. Eles declararam que, de fato, tinliam assinado folhas em branco, mas que outros tinham conseguido resistir e não tinham assinado nada''. Uma pane interessante dos depoimentos do Dr. Gámez é a denúncia de que as organizações internacionais de din::itos humanos eram muitas vezes manipuladas pelo Ministério da Justiça, bem como por outras agências do governo sandinista. ''As visitas deles Jos n::prescntantes de tais organizações] ernm programadas adrede, em lugares como o Sistema de Penitenciária Aberto, que funciona\lll em fazendas, ou em cenas prisôes nas quais se mos1nr11a só o que eles (os sandinistas)
queriam mostrar: Mas nunca lhes era franqueado, por exemplo, o quanel EJ Chipote, com suas celas de castigo, suas cadeias clandestinas etc." Após permanecer dois meses e meio noscárcercssandinistas,oDr.Gámezficou cm Manágua por mais cinco meses, tendo que suponar repetidas visitas dos agentes de segurança do Governo. Em julho de 1983, obtc:o.·e permissão para fazer um tratamento de sallde em São José da Costa Rica, onde até hoje reside com sua esposa. (Os dados desse relato foram extraídos das declarações apresentadas por Alber10 Gámez Ortega, no Clube Nacional de Imprensa, em Washington, a li de marçodel986,edasubseqücnteentrcvista concedida a 16 de março do mesmo ano).
A/varo Baldiz6n Avilss, ex· oficial de investigações da policia
';,\snumerosasqueixasquecramrrnzidas a meu conhecimento [quando ainda excrciafunçõesnoMinistériodaJustiça], por ad\/Ogados da defesa, sobre este tipo CATOUCISMO - Feverel'o de 887
O Sr. Baldizón aderiu entusiasticamente àrevoluçãosandinista. Para melhor servi· la, ingressou nas fileiras da nO\'a policia.
Osold1donicar1güenu6fotogr1t1donummomen, 10d1descuido."Temosinmuçõupar1impedirque nos fotografem'; disse um deles.
dios Miskitos nos povoados em 1omo de Puerto Cabezas. Levados li delegacia de Segurança do Estado, foram submetidos a torruras para falar. O Ministro (do ln· 1erior) insisria. que uma comissão 'bi· partidária' fosse conftirulda, para decidir sotlre a sorte dos prisioneiros. .... A comissão decidiu assassinar 150 indios num bosque peno do rio \½lw.i. Os sobreviventes foram encerrados em celas da prisão· de Zona Franca''. 1 •. Outro trabalho colocado aos cuidados do Sr. Baldizón foi a formação de esquadrões de soldados sandinis1as disfarçados de guerrilheiros anticomunistas ("contras"). Estes esquadrões cometeriam toda sorte de abusos contra civis, que depois seriam noticiados como atrocidades cometidas pelos "contras". Diz ele, referindo-se ao primeiro esquadrão: ''Os soldados esra~'llm disfarçados de
guerrilheiros comra-rrvolucionários... En1raram na mata e começaram operações como se raessem parte da resistência. Malaradl uns doze camponeses... queimaram suas casas e até pus,:ram foKO numa cooperarfra do Gm-emo''. Falando de outro esquadrão, ele continua: "Sua missAo consiste em fazer-se passar por soldados da FDN (Força D,:macnirica Nicaragüi:nse, anti-sandinisra), emboscar w!leulos civis, bem como ameaçar e agredir camponeses do lugar''. Baldixón descre,e como as delegações estrangeiras que visitam a Nicarágua são enganadas pelos sandinistas. Referindo-se ataisdelegações,oMinistrodolnterior, Tomás Borge, as chama de "idiotas úteis". Eis como se organizam os "shows": "Tomás Bo,rc propôs que eu mamfres5e 5CI11Pte uma lista de 10 pessoas com problemas de saúde ou eron6mieos, as quais pudessem estar disponíveis para um 'show: caso uma delegação estrangeira viesse fazer uma visita. Ele então dava um jeiro de receber essas pessoas no mesmo momento em que atendia a de/egaçAo, para impressioná-la. Um desses indivíduos era um eego que linha pedido uma sanfona para utilizá-la como meio de ganhar a vida e poder ajudar sua mãe. Borge disse-lhe que lhe daria o instrumento, e eurireidinheirodacaixinhaefizacompra. Após termos entregue a acordeão ao cego, na frente de uma del~açlo de alemães oçidentais, recebi instruções de retirar posteriormente o insrrumento dele. Eu não estava de acordo com e5se aio imoral. Em todo caso, Borge fez um
'show' com este pobre homem, tal como ele faz com outros''. Em julho de 1985, Baldixón rugiu para Honduras e depois para os Estados Unidos. Em represália, o governo sandinista aprision':lu sua esposa e seu irmão. A senhora foi colocada sob prisão domiciliar, e o irmão foi encerrado na prisão de El Chi pote, onde é mantido até hoje incomunicável. (Dados ex1raídos dos depoimentos prestados no Departamento de Estado dos Estados Unidos, cm Washington, de outubro de 1985 a fevereiro de 1986).
•
Uliana Germaniuk
AMI
TichertkOW!
Continua implacável a perseguição religiosa na Rússia
ULIANA GERMANJUK é mãe de cinco filhos. Seu marido encontra-se preso pela segunda vez, por ter posto em prática suas convicções religiosas. Uliana desta vez não aceitou passivamente essa renovada injustiça e as dificuldades e trabalhos que trazem os afazeres domé-stkos e a educação e manu1enção dos filhos. Agora ela aderiu a uma organização ehamada ''Conselho de Parentes·•, fundada por grupos religiosos para amparar familiares necessitados de pessoas condenadas à prisão ou trabalhos forçados por questões religiosas. Nessa organização, Ulianasededicaaajudareassistir apessoasquescencontramem situação semelhante à sua, mas que não têm meios de sobreviver, ou tendem a perder o ânimo ante as dificuldades que o regime comunista lhes impõem. A prática da caridade, porém, é proibida nos países de regime comunista, e as pessoas ligadas ao "Conselho de Parentes" são esixcialmente acossadas e perseguidas pelos agen1es da KGB. Uliana não escapou à sanha persecutória dos esbirros ateus. Em setembro do ano passado ela foi condenada a 3 anos de trabalhos forçados, acusada de "calúnia contra o Estado e a ordem social ... Poucos meses depois adoeceu, e seu estado se tornou tão grave que teve de ser internada no hospital de sente nciados. Seus filhos, avisados, puderam visitá-la, mas encontraram a mãe semiinconsciente. Mui10 a custo os reconheceu. O marido não sabe do estado da esposa, nem pode visi1á-la, pois eontinua preso. Pdos mesmos moti>·os, a Sra. Ana Tschertkowa. de Alma Ata, encontra-se já há 14 anos numa clínica psiquiátrica, onde é submetida a .. tratamentos·· regulares para curar-se de suas "superstições". No silêncio, dignas de admiração, mas ignoradas por um mundo que prefere não ,·era tragédia que se desenrola nos países comunistas, incontá,·cis mulheres na Rússia e demais nações do bloco soviético são vítimas de brutal perseguição religiosa. Suportam sofrimentos inimaginá"eis por amor à fé que professam. Em geral, as situações dramáticas a que se vêem atiradas ocorrem de um dia para outro, em eonseqüência da condenação do esposo a muitos anos de prisão. São obrigadas então a arcar com o peso de enormes dificuldades, resuliantes da lacuna deixada pelo pai de família ausente. E não é só o amparo e sustento dos filhos, mas também as incertezas dos tempos que virão, o medo e as angústias de uma possível perseguição. Caso não tenha perdido o emprego como mulher de um "criminoso", o salário que recebe é escasso para a manutenção dos filho s. Apesar de tudo, hámulheresrussasquenãosede;xam,ergarpelasdificuldades e injustiças, mas entregam-se com maior ardor às prá1icas religiosas . Onde cs1ão os defensores dos direiws humanos, tão preocupados, no Ocidente, com qualquer esquerdista que tenha arranhado a pele ou quebrado um dedo'? O (Dado, excraldos do boletim in íormaiivo "Ch,i>1en in 1'.o! . Aumia . junho de 1986)
CATOLICISMO -
fMre.-o de 1987
A REALIDADE, concisamente: • MIN ISTR O MOÇA MBICA NO promove m11Ssac~ Ocoronel Manuel Antonio, ministro do Interior de Moçambique - segundo noticia "O stculo de Joa-
nesburgo",del -12-86-presenciouatorturaemorcedesctehomensfüspeitosdepertcncercmà RENAMO, organização guerrilheira que luta para libertar o país dorcgimemarxis1a.Asse1evítimas - sem nenhum julgamento
-tiveramasmãosatadasaum caminhãomilicar,sendoarrastada&porvária5centenasdemecros
atéumaclarcira,ondeforamatiradas a uma enorme fogueira,
sendoacenapresenciadape!orcferidoministro.JoaquimChissano,amalprcsidentedeM0çambi que,dáa5,5imoontinuidadeàmesmapoliticadebárbaraperseguiçào a05 anticornunistas seguida
porseupredecessorSamoraMachel,que,comosesabe,morrcu emrecenteacidcntedeavião,cm quctantooaparelhoquantoopilotocramrnssos. • VOLTA A MODA de brin cospara bomcns. 0 costume surgiuem 83,rctrocedeu,vollando agoraaapareccrcomv,gor:ouso debrincosporhomens."U!timamente, vem mais homem do que mulherparafuraraorelhaaqui, sendo80 '7t homens".Aafirmaçãoédogerentedeumadrogaria _ em~oPaulo,queacrescentaestaramaioriadcseusclientesna faixados 16aos20anos.Gerentcsdeoutrasdrogariasconfinnam qucjáérotinaaprocuradescus scrviçosporpartcderapazcs,mas que os mais velhos também os procuram O censurável modismo vem sendohabilmenteaprescntadopcla imprensacornourndireito, um atodecoraserncurnaforrnade contestaçãosocial,enãocorno urnhábitornaispróprioapervertidosscxuais,oquefacili1asuageneralização. Urna jornalista chamada Maria Rita Ked, que se apresentatarnbémcomosocióloga,observaapropósito:"Maisdo queurnasimplesmoda , existea necessidade interna dos homens deterosmesmosdireitosdeusar oadorno",acre:;centandoqueo usodosbrincos"éumamanifcstaçãoamaisencontradapclosjovensparaaderrubadadebarrciras, quasesempremoralizantes" ("FolhadeS.Paulo",23-ll-86) Entretanto é inegável que os brincos, tão condizentes coma delicade:.aferninina,quandousadoshojeporhomensconstituem simomadaprofundarevoluçãode costumes cm curso.
CATO LI CISMO -
Fevereiro de 1987
Asnovasrnodas - afeminan· doohomememasculini1.andoa mulher - tendemaeliminaras características naturais que ornam cadasexo,atentandoassirncon tra a obra de Deus.
• t INC RÍVE L, mas os bomo-xuais ter.io monumenlo na Hol anda.TrêsmilpessoasassistiramnoaudilóriodaSinfônica Holandesaacerimôniade!ançamcntodoprojetode construção domonumentoao"mártir"homossexual.Aobra-umgiganteséotriiingulorosacom36metrosdelado(figurautilizadapc!osnazistasparadistinguiroshomossexuais)-locali1.ar-sMlno ccntrodeAmsterdã, e oanúncio foifcitoduranteacerimôniapeloprefeitode5sacidade. Olançamentosedeuconcomitantementecomo40?anivenário da Associação dos Homossexuais Holan<l=- Seu fundador, o septuagenário Nick Engelshmann, foiagraciadorecentementecoma Ordem Orange-Nassau (equivalenteàGrãCruzdoCruzeirodo SulnoBrasil),enaocasiãofoiho-menageadoporsetemi!associados.Estavamprcsente5aoatopoliticosdc todasas tcndências. E o ministro da Cultura holandês, Eelko Brinkmann, tido como "conservador",condecorouove lho homossexual. Segundopesquisasdeopinião, · 801;', dos holandeses não têm a menorrepulsaaohomossexualismo. Porcausadisso,cadapartido político formou seu próprio movimento homossexual, en quantoogovernodáretoquesfi naisaumalegislaçãoqueimpediráqualquer discriminação cm r elação ao pecado de homossc:<ualidade. Quando nos recordamos da passagem do Antigo Testamento (Gen.17,24-25),quenarraade5truição de Sodoma e Gomorra mediantechuvadefogoeenxofrecnviadosporDeusparapunir seushabitante5pelopecadoda homossexualidade-oquepen sar sobre todoessee5pantosonoticiárioprovcnientedaHolanda? • " TRIBUNAIS POP ULARES "" na África do Sul. P rimeiramente, o condenado tem as mãosamarradascomaramefarpado;aseguir,umpneuépcnduradoemseupescoço,comosefosseumcolar,cseuinterioréprccnchidocomgasolinaouóleodiesel.Avítima,então,éobrigadaa atearfogocmseupróprio"colar" denominado"necklace' ',quecm poucosminutosomatanãosóde-
A Amsterdã dos belos canais e dos ediflciostradicionaisabrigarâ agora o "Monumento aos
Homossexuais".
vidoaofogo,masàintoxicação provocadape!afumaçapretada borracha.Desdeentão, afamília docondenado,queatudoassistiu,nãopodefa.zermaisnadapara salvá-lo, pois a borracha derretida corre por todo o corpo, queimando-o,eaàguanãovencemaisofogo. Duranteosuplicio,osexecutorespostam-seaoredor da vítima, rindo e ridiculariundo-a. Compõem tais "tribunais populares" ncgrosdctendênciasocialistaoontráriosaoregimedeseparaçãoracialaistentenopais. E as vítimas - sem nenhuma possibilidadedcdefe5,a - sãonegrossuspeitosde"colaborarcom o sistema". As se5sões são reali1.adas em qualqueredificiodisponivcl.Até umaigrejapróximaaPretóriaestavasendousadaparattsefim, onde sete "julgamentos" foram reali1.ados.AfreiraBernardNcubechegouadeclararnaCatedral deCristoReideJoancsburgo,segundoapublicação"VAT Update''{órgãodomovimentoVictims Against Terrorism - Vítimas Contra o Terrorismo, da África doSul),emsuaediçãodejunho último,que "ostribunaispopularcse5tãofuncionandomaravilhosamentebem". Entresetcmbrode85ejunho de86,500ncgrosforamexecutadosnessascircunstãncias.Masissoéapenaspartedohorror,pois l7l4empresasdirigidaspornc-
gros,4435casas,28igrejase54 edifíciospúblicosforamcrimino· samentede5truídospelofogo. A generalidade da imprensa ocidentaldenunciaamiúdeviolênciassupostasoureaispraticadas pclogovemosul,africano contraosqucseopõemao''apartheid". Éjustaadenúnéiaquan· doosa1ossãoarbitrários, sendo compretnsívelqueosórgãosde comunicaçãoosnoticiem,desde queosfatossejarnverdadciros. Entrctanto,porquenãodenunciam eles também, ou pelo menos nãodivulgamasnotkiasdefreqüentesatentadosterroristaspra· ticadosporesquerdistas,comoos acimanarrados - àsvczescom apoio de religiosos progressistas -contraneg.rosquedclesdiscordam?Seráquesóosterroristase oscomráriosaoatualregimesul· africano merecem comiseração?
fo,..,
• SE A NOTICIA n i• cul ada pela impren sa ocidental, "inoccntesúteis"deváriasgarnas, àvidosparacncontrarvirtudes nos regimes comunistas, certa· mentediriamqueelafazjlartede maisuma"torpccampanha" paradifamaroregimcrus.so. M as agoraainformacãoéfomecida pelopróprioórgãooficialdo PC soviético,o" lzvcstia"dc25-10.86, citando seu correspondente em Khabarovsk{Sibériaüriental),B. Reznik.Numanigoemqueanalisa a qualidade das casas dcssa localidade,revelaelequeasparedes racham, as janelas não fecham e as portas nào abrem! Alémdisso,oslinóleossujos,rasgadoseuntado1depixe,sãousa· dosparataparumchãototalmente deteriorado. E as rachaduras das paredeschegamata!ponto, queachuvaeancvecntramatravésdelas. Quantoàsescadas,os degraus soltos e os corrimãos cambaleante5nãooferecemami· nimascgurança. E não pensem o infeliz povo russoeospcrplexosbrasilciros qucoM inisthiodasConstruções porácobroaoproblemadasmoradiascoletivas, poissãogastos milhõe$derubloseasituaçãonão mclhora.Omesmojornalconfe5saemsuaediçãode24-10.86: "É grandconúmerode defcitosverificadosnaconstruçãoereforma dascasas". Defato.em540edifícios e obras inspecionados pcla "ComissãodeConstruçôesEstatais".constataram·scdefeitosem 490dcl cs;em354,asanomalias eram consideráveis ou criticas. Em alguns edifícios, chegou-se mesmoasuspendcrostrabalhos, porfa!tadesegurança...
Triste herança socialista
TERRORISMO CULTURAL EM PARIS PARIS -
Os socialistas franceses
fracassaram na aplicação de seu programa político-social e foram rejeitados pela maioria dos franceses,
nas eleições de março de 86. Mas, infelizmente, deixaram pegadas disformes em alguns dos belos
panoramas da França. Com efeito, quem visita Paris, ainda hoje pode admirar os monumentos e ambientes fabulosos, criados pelo gfoio franci!s na época em que a ação civilizadora da Igreja tornou a Europa, enotadamentea França, a matriz das belas artes, da.1 boas maneiras, de
esplêndida culinária, em suma, da cultura e da civilização por excelência, que f a católica. Não é de estranhar, pois, que os socialistas e comunistas, que concebem
o homem, a sociedade, a economia e a cultura de modo diametralmente oposto ao da Santa Igreja Católica conforme nos ensina Pio XI, na Enckfü:a "Quadragcsimo Anno" tenham promovido investidas contra a estética e um verdadeiro terrorismo cultural, nesses panoramas gerados pelaclvilizaçãocristã.
O projeto "Gra nd Louvre" Quem h9je visita o Louvre, amiga residência real, museu célebre por suas notáveis coleções, tem a sua atenção despertadapelagrandequantidadede poeira que cobre as telas e esculturas ali expostas. Isso resulta das obras do projeto "Grand Louvre'', anunciado bombasticamente por Minerrand, em 24desetembrode 1981. Diante do centro da fachada desse palácio - cujas harmonias e proporções são Unic;u no mundo será construida uma grande pirâmide de vidro, alémdeoutrastrêsmenores, em contraste aberrante com o conjunto clássico que caracteriza o edifício. Mitterrantl, ignorando as normas correntes de recurso à concorrência internacional, impôs um arquiteto sino-americano. leoh Ming Pei, para executar tal empresa. Este último já foi o responsável pela ampliação da National Gallery, em Washington, trabalho norteado pela mesma mania de contraste entre o estilo clássico e o moderno. As pirâmides, mais as lojas de "souvenirs", antiquários e lanchoneies,
que transformarão o subsolo num verdadeiro "shopping center", provocaram uma onda de protest0s por parte de críticos de arte e do público em geral. Entretanto, as obras prosseguem no ritmo programado, com as bênçãos hoje do governo de Chirac e do.novo ministro da Culiura, François l.éotard.
Absurdas esculturas em profusão O transeunte que passa pela estação "Saint Lazare", a mais movimentada de Paris, depara hoje com um amontoado de malas deformadas e empilhadas a grande altura! Seriam restos de alguma catástrofe ferroviária ocorrida há pouco? Não. Aproximando-se, ele poderá constatar que se trata de uma "obra de arte", fundida em metal ordinário: o "Guarda-malas per~tuo''. Pouco mais adiante, em frente à mesma estação, ele se espantará com uma enorme quantidade de relógios, parecendo jogados uns sobre os outros de qualquer modo, nas mais variadas posições, mas dispos1os de maneira a formar uma coluna, toda 10na e
irregular. Mais: todos os relógios estão parados! Trata-se de duas "esculturas" do artis1a Arrnan, de um total de quase duzentas (em Paris e no interior) encomendadas a outros tantos anistas, quase todos de esquerda, pelo Sr. Jack Lang, ex-ministro da Cultura de Mitterrand. Imagine o leitor: a cidade-luz, admirável pelo traçado de seus bouli:vards, praças e jardins, semeada - melhor seria dizer agredida - por tais disparates ''artísticos"!
As "colunas de Buren" Mas, o terrorismo cultural socialista atingiu o paroxismo com a introdução das "colunas de Buren", na "cour d'honneur" do Palais Royal. Esse famoso palácio, que penenceu ao ramo Orléans da família real francesa, com suas linhas nobres e 5Óbrias, encanta ainda hoje o visitante. Os belos jardins, com os espelhos d'água e repuxos, formam um conjunto esplendoroso com o edifício. Pois bem, o magnifico monumento, situado no centro de Paris, teve sua "cour d'honneur" semeada por 260 l:ATOUClSMD -
fMreuo de tl87
colunas truncadas, esu,11uas de brai,<.v e negro, que destoam, de modo excêntrico, do estilo clássico de seu pátio Interior. As musas sacrílegas que inspiravam o Sr. Jack Lang levaram-no a escolher o Palais Ro>-al para servir de campo de upcriênciadadi1aane comcmporãnea. Encomendou, en1ão, ao escultor franc!s Daniel Buren, esse projeto. Houve grande número de protestos, por parte do público, em vista dessa ofensiva do monstruoso contra o palácio. As obras chegaram a ser embargadas ainda no governo socialista. Mas, o atual ministro da cultura decidiu ordenar sua conclusão, a despeito dos pareceres contrários do Tribunal Administrativo de Paris, do Conselho de Estado, da Academia de Belas Artes, da Academia Francesa e do público em geral. Foi em nome dos direitos do autor (!) que a conclusão das obras foi ordenada. O arquiteto que concebeu a "cour d'honneur". como um pátio cercado de paredes e descoberto. onde as carruagens podiam penetrar e circular, teve o seu direito autoral aniquilado pelo direito posterior do Sr. Daniel Buren ... É o que observa, com inteligência, André Heilbronner, numa pequena nota,em "Le Monde'', de 19 de maio último. Também nos tanques, junto à GatcriadeOrleáns,jácstãoinstaladas, para jorrar áaua, não mais chafarizes, mas sim - incfNibi/e dictu - esferas de aço inoxidável! As esculturas modernas, ou seja, fiauras disformes, cm concreto e bronze, serão colocadas sobre o gramado - autentica injúria cst~ica contra um jardim do século XVIII, famoso por sua concepção, e que só pedia boa conservaçãq.
Essa estranha simbiose entre o belo e o horrendo no campo artístico é simétricaàcocxistênciaentreobeme o mal no campo moral. Assim sendo, essa agressão psicocultural promovida pelo socialismo francês, habituando à simbiose entre o belo e o monstruoso, não só embota a finura da sensibilidade artística, como tende a destruir a própria capacidade do ser humano de discernir entre o bem e o mal, de julaar retamente de todas as coisas, e por fim, de amar e de indignar-se. Peçamos à combativa Santa Joana D'Arc, padroeira da França, a nação por cxcc)ência do bom gos!O. que livre sua pátna desse novo inimigo - a influência cultural socialista - tão pernicioso quanto sutil. Calo V. Xavier da SIiveira nosso correspondente
CATOLICISMO - ~reuode!l81
A caridade leva à polêmica o CARDEAL PIE, famoso Prelado francb do ~ulo pa»ado, cm sua "Tcn:eira instrução sinodal dada no mfs de julho de 1862", assim nua do papel da polffllica na H~tória da _Igreja: ..A necessidade dos iempos prec1p1tou~ [aos que nos prtt~cram na fé], o mais das vezes na contfO\énia. Quando ~e 1! suas obras. \"enfica-se que a polêmica af_ aparece_ na maior parte do~ casos. ~uardemo-nos de nCK lamentar viram-se Jorrar dcucs choques a~ mais bn[hant~ centelhas de seu gênio, os traços mais luminCKo~ de seu esp1ri10. Eu não sei se a 1rad1ção ca1ólica não sofreria um prejuízo mais irreparável com a perda dos livro~ de apologética e dos tratados de controvtnia do que pela perda dos de catequese e homilias pastorais. Objeta-se, eu o sei, que a contradição pode dar importãncia ao agressor c_atrair-lhe o favor popular, enquanto um silêncio desdenhoso o teria deixado afundar na Ob¾undade e no esquecimento. ~ isto, respondo primeiramente. que_ a Ia:rcja, sem cometer a falta de sobrestimar nem engrandecer de modo dehberado alguns de seus adversários, tem o hábito de não desprc1.ar nem diminuir nenhum; e que, se se acha que Ela os honra e os eleva combatendo-os, Ela ~ão precisa defender-se deste procedimento. Eu acrescento que a feona do silêncio é, geralmente falando, uma teoria por demais cômoda para não ser suspeita, e constato que ela não tem em seu favor, no passado, nem a autoridade, nem o cllcmplo, nem o $Ucesso. E como se ins!ste particularmente sobre a dificuldade cm observar a caridade nas d1scussOO religiosas, eu respondo que os grandes doutores nos fornecem ainda, a este . : propósito. regras e modelos. Em uma multidão de textos CUJO conhecimento t elementar, e que não são novos a não _ser para os que nada ~bem. ~les recomendam a medida, a moderação, a mdulgência para com os inimigos mesmo de Deus e da \Crdade. O que não impede que, 5em contradizerem seus próprios prindpios, eles mcsm~ empre1uem a todo in~tante a arma da mdignaçào, al&umas vezes a do ridículo, com uma vivacidade e un:ia liberdade de lingu33crn que chocam nossa dehcadeza moderna. A candadc, com efeito, implica antes de tudo _no amor de Deus e da verd~de; ponanto, ela não teme tirar a espada da bainha no mtercssc da cau~a d1~·ma, sabendo que mais de um_ inimigo não pode ser derrubado o~ cura_do senão por golpes audaciosos e mc1sõcs s.a.lu1ares \Oeuvres d~ _Cardmal Pie, IX &lition. I.V., pp. 52-53)" (Transcnto da TC\'Llla "la cnuque du lib6alisme'', n' li. 15-3-1909, p. 498). ·
LASALETTE(l846).Lo"""'("") eFátima(l917),astrêsgrandesaparições da Virgem nos tempos modernos. Três mensagens, três segredos, seis pastori-
::.::;;;,";' ::';,~i:.~,\,:';,~: ~;;:,'1;'.' rasesimplesde criançasafastadasdocontex!O das cidades: desencaixadas mesmo do "establishment" cultural, pois todas
são analfabetas e mal conhecem o caiecismo. Interpeladas, porém, porautorida-
deseclesiásticas e tcmporaissobre o teor das aparições, demonstrarão ter aquela
Santa Bernadette testemunho v1·vo das apar1·ço-es de Lo urdes
sabedoria que Deus muitas vezes não con-
cede aos sábios e aos prudentes mas dá aos pequeninos ... Outra nota comum às três aparições: os
pedidosdeoração e depenitência.Seem La Salette e em Fátima a Senhora indicou
explicitamenteessesmeiosparaevitar-se o castigo, em Lourdes foi quase urna súplica. Do estrito pomo de vista das mensagens, La Salett e e Fátima parecem visar mais longe, isto é. a França e o mundo. l..ourdes teria um caráter !oca!, dir-se-ia mesmo quase pessoal. Nào houve ai grandes rev<:lações públicas, e os segredos, ao que parece:, dizem respeito só à vidente. No entamo, essa gruta perdida nos contrafortes dos Pirineus serviu de trono para a Rainha do Céu ratificar, pelos seus celestes lábios, o dogma de Sua Conceição Imaculada proclamado quatro anos antes pelo imortal Pio IX, o que tem verdadeiro alcance universal, abrangendo toda a Igreja. l..ourdestornou-seumdosmaiorescentros de peregrinação marial do mundo. Os inúmerosmilagrcsaíocorridos,desafiam os incrtus e podem ser comprovados cientificamente por peritos de todos osquadrantesdaterra... MariaSant!ssimaligou a esselocalgraçasdeordcmmaterialcomonão o fez em nenhuma outra parte. Por que a Providência quis servir-se em La Salette de duas testemunhas (Melãnia e Maximiliano), em Fátima, de três (Lúcia, Francisco e Jacinta) e em l..ourdes só de Bernadette? É de se supor que nas duas primeiras,oconteúdodasmensagensreveladas impunha o depoimento de mais de um vidente. Em Lourdes bastaria Bernadette como depositária dos atos e palavras de Nossa Senhora. Por isso, impunha-sea ela ser,maisdoqueosoutros,umttstemunhovivodaautenticidade de suas revelações. E ela realmente o foi. Nisso, praticamente todos os contemporâneos são concordes, como veremos. Esta publicação já apresentou densa matériasobre l..ourdes,suasmensagens, avidentc:,osmitagresaíoperadosetc.(cfr. "Catollcismo'', n? 398, janeiro de 1984, Gregório Lopes, "Santa Bernadettc:, a quem Nossa Senhora apareceu"). Por isso limitar-nos-emos a ressaltar um ou outroaspectodaalmaedapersonalidade de Santa Bernadette. Pareceu-nos oportuno
OsolhosdeBeroadette,segundoseuscontemporãneos - atesta Mons. Trochu -. "apareciam límpidos e puros. Tinha-se a impressãodequenelesti vesseficadoalyodoresplendordasaparições". CAIDLICISMD -
Fevereiro de 19B7
I'
abordar esse tema, tendo cm vista que §C comemora a li defe-.-ereiroafestadcNossa Senhora de Lourdcs.
mãs de Caridade, onde fora recebida, quanto naquilo a que os franceses chamam ião finamente de "esprit de répar~ tie': o dom das respostas rápidas e a propósito. Umsaccrdote,porcxemplo,paratestála, disse-lhe que, como a Virgem lhe prometera o Céu, nãoteriac\aqucsepreocupar com sua alma. - "'Oh! meu pa-
"Seu rosto... efusão de uma alm a cândida" "~mdhamc aos profetas da Lei Antiga, r;ujos atos e vida constituíam uma confirmação sensível das grandes venlades por eles anunciadas. .. ela praticará obras que falam por si mesmas.. :· em favor de suas visões, nos diz um de seus recentes biógrafos (RL, pp. 203-204) (*). Qucobras?Grandesmilagres?Levitações? Êxtases retumbantes que atraiam multidões? Não. Após o ciclo das aparições, tudo é simples. humilde, dcspretcnc:ioso na filha do moleiro de Lourdes caido na mais °'trema indigência. Miúda de corpo, "parecia ler uns doze anos; tinha catorze': afirma uma pessoa descrevendoa no momento mesmo em que respondia auminquéritopolicialquevisavafazê-la negar os fatos sobrenaturais de que era testemunha.Apesar disso, "sua.figura.era. fresca e roliça; o olhar exprimia uma grande doçura e simplit:idadc O timbre de ,vz, R bem que um pouco forte, era agradá>-el... Sua roupa era pobre, mas asseada" (FT, pp. 112-113). O Procurador Imperial e Conselheiro no Tribunal de Apelação de Pau, Dutour, encarregado de um inquérito sobre os acontecimentos, deixou este outro relato da vidente: "Em &madeire Soubirous tudo era simples, mesmo vulgar à primeira vista ... l ceno que logo que falava, a sua linguagem ingênua, entoaçAo de voz firme e suai?, grangeai-am a confiança. É igualmente 1-erdade que. quando ela exprimia um scntimen/o nobre ou um pen-
samento menos comum, espalham-se pdo seu rosro um encanto rdo penetrante que s6 podia ser a efusão de uma a/ma cândida" (fT, p. 103). E es1a testemunha é insuspeita ... É por isso que se pôde afirmar: "Durante as aparições, Bernadette, em êxtase, era um tenemunho sem o saber. A 1ransfiguraçào de seu ros10 e o Elan de sua
prece, assombraram, eom-erteram numerosas rcstemunha5 (das aparições] sem que ela seapcrc-ebesse" (RL. p. 101). Afável, com a mesma simplicidade atendia quantos a procuravam, tanto grandes quanto humildes e, "à disposição de lodos, e/a edificou uns, surpreendeu, confundiu outros" como confirma o pároco dc Lourdes, Peyramale.antcsadver• sário das aparições (RL, p. 113).
O sorriso que converte Vcjamosaquiumcasoconcreto,tocan· te O conde de Bruissard, veraneando nas redondezas, 1omou conhecimemo pelos jornais do que se passava em Lourdcs. Atcu,"espiritoforte'',quisdivcrtir-sctcrtando pilhar a vidente cm contradição. Encomrou-aàportadacasa,remendan· domeias.Aprcscntou-lheumlongocminucioso inquérito ficando surpreso ,om a segurança das respostas. Então, perguntou à queima-roupa: CA.TOLICISMO- F-evereifo lle '8117
dre, respondeu e/a. Eu irei para o Céu se fizeroqucdc,,u!'- 'Eoquetuentendes por fazer o que deve?' insistiu o sacerdorc - 'Oh! replicou ela, não é ao senhor que será necessário dize-lo. senhor padre!'" (RL, p. 108).
"O pecado, a maior das calamidades"
Esta in9ffl de No= Senhol'1 das Ãguas encontrase nos i,IRins do conveoto de Saint·Gildard. Ela lembrav1v1g1mente, segundo Bemadette. o sorriso da "Senhor1''.0quenãoacanteci1comaimagemque foicolocadaoagruta.
"'Como sorria e/a, essa bela senhora?' A pcqucna pas(ora, narm ele, olhou-me admirada, e após um momento de silêncio, disse: - 'Oh! era preciso ser um ente c:elesrial para poder imitar aquele sorriso'. - 'NAo mo poderia5 tu imitar? Sou um incréduloenãocreionastuasapariçôcs'. O rosw da criança entristeceu-se: 'Entlo. pensa que sou mentirosa?' &ntime desarmado. Não, Bernadette não era uma mentirosa, e cu cstfre quase a ajoelhar para lhe pedir perdia - 'Visto que ~ um pecador, replicou ela, vou imitar-lhe o sorriso da Virgem Santa'. Acriançaergueu-se/emameme,juntou as mãos e esboçou um sorriso celeste como eu nunca vira em lábios mortais. .... Sorria ainda com os olhos vo/1ados para o du. Eu pcnnancda imóvel diamcdela, persuadido de ler visto o sorriso da Virgem no rosro da vidente" (fT, p. 248). Sobocfcitodcumagraçaarrebatadora, o antigo incrédulo dirigiu-se imediatamente à gruta, onde se converteu. Apesar de todo esse aspecto profundo e quase místico, Bernadcttc era dotada de um es pírito alegre e jovial que se manifestava tanto no recreio da escola das Ir-
Recebida no Conl'cnto Saint-Gildard das Irmãs da Caridade e da Instrução Crislã, em Ncvers, Bernadcttc combateu o bom combate até à morte Devido a seu sempreprecário cstadode saúde,quando nãocstavanacnfcrmariacomopaciente. estava como enfermeira. Foi nesse posto que a colheu a guerra franco-prussiana, cm 1870. O convento foi transformado em hospital de campanha sendo as religiosas mais novas mandadas para outras casas do lns1ituto. Entretanto, o Bispo da cidade quis conservar Bernadetteparasalvar Ncvers. Numa noite, toda a comunidade, mais grande número de habitantes da cidade viram no céu que "todo o horizonte csia.-a incendiado; era como se fom um mar de sangue''. Bernadette exclamou: "E mesmo assim nio se com-ertem!" (fT, p. 370). Quem? Os franceses. Para ela os invasores eram os executores da justiça divina.
"Nós teríamos mais necessidade de cho-
rar do que nos alegrar vendo nossa pobre França tão empedernida e tão cega! Como Nosso &nhor é ofendido!" - esçreve ela à Superiora do hospital de Lo urdes na Páscoa de 1872 (MSP, p. 178). E quando o inimigo se aproximou de Ncvcrs e canhões foram colocados no terraço do convento, pergumaram-lhe se cla não temia os prussianos. Ela respondeu: "Eu só lemo os maus católicos" (FT, p. 370; RL, p. 179; MSP, p. 178). Maistardc,cml876,escreveráàsuairmã: "Deus r:astiga-nos, mas Rmpre como pai. As ruas de Paris fomm regadas pelo sangue de um grande nlimcro de pessoas; mas nem isso foi suficiente para comover os corações empedernidos pelo mal. Foi preciso que as ru/15 do sul fossem também banhadas pelo sangue e ti•-essem também as suas vítimas. Meu Deus, como são cegos se m1o abrirem o comçlo à luz da fé depois de Ião tcrrfreis calamidades! Se perguniarmos quem leria podido provo-
car 110 tern'>-el casligo, ouviríamos uma voz no fundo do coraç.fo que nos dizia: foi o pecado; sim, o pecado, a maior das calamidades, é ele que atrai sobre nós rodos os castigos ... Eis aqui a alegria e os benefícios que o pecado nos proporr:iona" (FT, p. 426).
Certo dia, lendo o relato de batalhas quescsupõcseremasdc 1870,cxclamou: ''Ah! esrc livro, dá·me mmadc de ir a
guerra!"(RL, p. 191). E este aspecto com· bativo e militamc da alma de Bcrnadcttc ficamaispatentenacartaemqueescrc-ve a Pio IX nesse mesmo ano: "Há muito 1empo que sou um .wavo, se bem que indigno, de Vossa Santidade. Minhas armas sAo a prece e o sacrifício" (RL, p. 193). Entretanto, apesar de toda esta elevaçãodea!maeconstantepreocupaçãopcla glória de Deus, nos momentos de recreio mostrava-se amá\'Cl e algumas vezes até divertida como relata uma Irmã escrevendo a uma correspondcn1e: "Só queria que visse como é amát'Cl! O que me impressiona é a sua"" simplicidade, a serenidade e a alegria que por •'CZCS •-ai até travessura durante os recreios... Vê-se que goza da mais doce beatitude. Como os santos slo amáveis e como será bom ter Já cm cima uma companhia tão agradável!" (carta de Sor José Vida], de
a
29-9-1873-FT,p.403). Comentamos acima como para Bernadette o pior dos males do mundo era o pecado, ao contrário de certos teólogos ''aggiornatti" para os quais o pior mal é a pobreza. Bemade!Cc amou esse estado, nunca dele se en\'Crgonhou e desejou mesmo que sua família dele nunca saísse. A alguém que, na época das aparições, convidou-a a ir a Paris onde se encane• garia de sua fortuna, =lamou: ''Oh! nAo, não. Eu quero continuar pobre'' (RL. p. 109). Mais tarde, já religiosa, escrevendo ao convento de Lourdes a propósito de seus irmãos, afirma: "Eu não peço que eles sejam ricos, mas que amem o bom Deus e sejam como devem''. E a um sacerclote de Nevers que iria a Lourcles recomendou que dissesse a seus irmãos pa· ra servi rem a Deus e trabalharem, ''con· tanto que não se enriqueçam. Diga-lhes bem para não se enriquecerem" (RL, p.
211, FT, p. 426).
"Não prometo fazer-te feliz neste mundo..." DizaSagradaEscrituraqueDeusprova aqueles a quem ama. E Bcrnadeue, muito amada por Deus, viveu uma Via• Sacra continua: aperdadosbcnsatéain· dig!ncia.nainfãncia,oul1rajeàhonrada familia quando o pai foi injustamente prtso como ladrão, os Imos freqüentes (de 9 filhos o casal Souhirous perdeu S em tenra idade), uma contínua doença de estômago e sobretudo a asma 1err!vel que levou Bernadette várias vezes às portas da morte. Kflitapelafaltadear,nessashoras, gritava: ''Abrí-me o peiro" (MSP, p.
186). Já religiosa, seu quadro de saúde tornou-se ainda mais terrível: "Uma asma crónica, dilaceramento do peito acompanhado de vómitos de sangue que dura-
ram dois anos. Anevrismo (dilataçAo da aorta), uma dor de estômago, um tumor no joelho. .. Por fim, durante os dois últi-
mos anos, uma cárie dos ossos, [sesundo dizem, mais dolorosa que a mais aguda dor de den1es] de sorte que seu pobre corpo era o receptáculo de todas as dores. Nesse meio rempa, alx:essos se formaram nos ouvidos de Irmã Marie-Bernard [seu nome como religiosa} e a afligiram com uma surdez parcial, que lhe foi muito penosa, e mfo cessou senAo algum tempo antes da morte" - É o que atesta o Pc Lebvre, seu último confessor. Mas não para ai: "Um wmor anquilosa o joelho. .. Sofrimento arroz: joelho enorme, JXrna diminuída e não ~ sabia como ajudá-la a
mo,,~r-sc. .. Dormindo, o menor movimento de perna lhe arrancava gritos agudos que impediam suas companheiras de enfermaria de dormir. Ela passa noites inteiras sem dormir..." (RL, pp. 236-237). E todos esses sofrimentos físicos seriam menoscruéisseaclesnãoseacrescentasse o verdadeiro martírio de alma. Como foi ressaltado no já citado artigo de "Catolicismo", per disposição da Provid~ncia, suas superioras, temendo que lhe acontecesse o mesmo que sucedera com os pobres videntes de La Salene - tão incons1antes depois das graças re<:ebidas - não poupavam ocasião de a humilhar. Pior que tudo, Deus também se velou; "t bem doloroso nAo poder respirar. afirmam e/a a uma lrmã, mas é bem maü penoso ser torturada por JXnas interiores. tcrríw~I!" (R L, p. 233). EJa afirmava estar pregada ao seu leito como à Cruz, e,,i:damando: 'J'\gora minha paixão durará até a morte" (MSP, p. 201). E teria que suportar mais dois anos de mart!rio ...
t
" ... mas no outro" Apenas morreu Bcrnadene Soubirous, a notícia se propagou célere não só por Nevers mas por toda a região. Filas intermináveis de pessoas formaram-se para ver ''a santa" e pedir para tocar objetos de piedade naquele corpo tão martirizado.
"Viram-se os trabalhadores apresentarem uns os seus urcnsOios, as suas tesouras e dedais para que os tocassem nas mãos de Bernadette. Alguns oficiais da guarnição tocaram-lhe com o punho das espadas e ficaram depois muiro tempo a rezar, retirados para o fundo da capela para não impedirem a multidão de se aproximar" (FT,
Agrutaerapar11vident1"seuCéunalerra".
"Em honra da Santíssima e Indivisfrel Trindade., pela exa/taçlo da f~ ca161ica e aumento da religião cristã, pela autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos bema~'C.'nturados Apóstolos hdro e Paulo e no5sa .... declaramos-e definimos Santa a Bemavcnturada Marie Bernard Soubirous e a inscrevemos
no catálogo do5 Santos.. :: Aronso de Souza
(º )Serviramcomofon1e,bibli<>a;rif,cudcs1eartilO as squinies obras, qut Indicamos ptl.u iniciai, doaumre númaoda1 pqinas reopectivu: René Lauremin. V~<k8m!1dtt1t,DcesclfedeBrou...,,On,,·tt~LaGro11t,U.o!dition,1978;1'ranci,Trochu, lkrna<kt1eSoubirou$, uaduçiodeRicardola~ Ediiorial ASICJ·lisbol.. Livraria Flamboya,u, Siol'luln,1958;MicbeldeSaintP'iertt.lkrnackrlel"f Lourde<. La &füion1 ele La "rulle Rondt., Pari', 1958
(IJAtOUCISMO
pp. 486-487). Comen1a-se que iodo o estoque de artigos religiosos esgotou-senas lojas de Nevcrs ... Seu túmulo tomou-se local de peregrinação como já se tornara a aruta de Lo urdes. Mas a maior glorificação que a Igreja concede a um fiel, neste mundo, coube à humilde vidente de Lourdes, em 8 de dezembro de 1933, festa da Imaculada Conceição, quando soaram as trombetas de prata do Vaticano. e o Papa Pio XI, coroado com a triplice coroa, na Se< e Apos16lica, proclamou:
CATOI.ICISMO -
FMie.ro de tl87
Teologia da Libertação Deformação da caridade rnapelasquais$&cerdoleselcigos l'l'l&ljadosRentreaamcomtantoempenho, taoto üzelo" àdestrui~odoqueaiodarestadacivilizaçãocriuãemnon.aPátria? Como explicar sua desin ibida e proclamada aliança com comunistas,suapartidpaçãoeminvasões, agitações e inclusive em mortes?
A deformação da caridade Ateologiacatólicaensinaque acaridade éamaiorda.svin ud6, porque ela consiste no amor a Deus. Amor que. tendo como objeto o próprio Deus. se irradia em amor ao prfuimo. "Dena forma, nlo,:-xis1emduasvirtudesdaca-
ridade, uma relacionada com
A revolução da Sorbonne, em 1968, J)llSSouparaaHistóriacomoumadas m;mifestaçõesmais1adicaisdoupi
riloderevolta, comotambémdo6dio
cooua.idesigualdadeealierar11uia t1istentesentreos,er11Scriadospor
Deus. - Aaceit&çlo dt tais valores importa num sofrimento regene rador para as almas retas.Noentanto,ela repruentaumsohimentoinsuportà· vtltantopar1rtv0lucionàriosdaas· pkiedoemldantequeligura na lo·
10- ladeadopor cartazesdelenine e Mao-Tse-tung,enquan!owigiaa en tradadacélebreunivtrsiliadeparisien-
51- quantodogênerodeadeptosda Ttologiadaliberuçio.
M uno
ro-
SE TEM escrito bn: a Tco/ogi11 da lil;,cnaçAa Ainda estão presentes na memória as
documcntospublicadospelaSantaSémomllndoaimpossibitidadcdocmpn:aodomarxismopelatcologia,romoqueracorrente mais din âmica da Rologi11 d,1 Libcnação. Nopresenteartigonãopreten· demos estudar a.s dou1ri11a.s da TéologiadaUbertaçlo,ma.sprocun,rresponderaalguma.sin!errogações e perple.x.idades: como e.x.plicar queteóloaoscatólicos cheguem até aacei1aro marxismo?QuaisasdeformaçõcsdealCATOLICISMO- Fweruo de !187
Deus e outra relacionada com o próKimo; hAape nasumacarid ade queaban:a11omHmo 1empo a Deus, a quem amamos por Si mesmo, e 110 pró., i mo, a qu em amamo s por a mor de Deus" , ensina o P<,. Tanquerey. Ora,peloseupapelcentralna vidacristã,nãosepodedeformar aprá1icadacaridade,semdeformar ao mesmo tempo todo o modo de ser do ca1ó[ico. Seu amor sobrenaturaledesinlel'l'Ssadoao próximo por amor a Deus, pode darluaar aumamorsentimemal eegoísta,oqueabrepassopara a.smaisviolenwpaixões.Paixõcs que.quandonãocombatida5,podemconduzirnãosomenteadesregramemosmorais,masàacei1açãode falsosprincípios. Oq uese passacomosadeptos da Teo/ogiadaLibmaçllo, ejá temacomccidoinúmcrasvezesna Históriadal~ja,équeel6,por umaddormaçloaradualdapniticaedanoçãodacaridade.acabaram por cair em utopias iguali1árias. Comefeito,quandooamorao próximovaiperdendoscufunda· mento em Deus e permanecendo apenas mera paixão humana, muitofacilmente acaridade,11i sendo entendida como simples meioparafazer=rtudoaquilo quefazooutrosofrer.Eisso,sem levarem conta a natureza desse sofrime,uo,seeleédeíndolemora!ouriaterial,flsicaoupsicológica,Stéjustoouinjusto,bené· ficoounãoparaquemopadecc. Dessaforma,osoírimentopaM/l aservis1oindiscriminadamcnte comou m maletudoaqu iloque faça alguém sofrer, como um a injustiça.
Tal deformação, de natureza sentimental, pode coodu.rir b maiores aberrações, dado que umadascaUS3$dosofrimentohumanoéoesforçonecfisáriopara semantcrfielàUideDeus.Pois, emvirtudedopecadooriginal, todossofremosemnósarevoltada "leidacarne':dequefalaSão Paulo{Rom. 7,22). Ealutapara pniticara virtude nos é penosa. De onde muitos se rcvollarem contraaUideDeus,osMandamentos, sob o pretexto de que Deus.sendobom,nlopodmafazero homem sofrer. Estaalegaçãofalaciosanão l~'llem conta queseDempermiteosofrimento aohomcm,éparaseupróprio bem e santificação. l)ei);llfldode!adotalverdadc. o sentimentalismo deformante da caridadejul8aqucnãosede-.~punlroucorrigiralgu~.p,orquefazendo C$SC alguém sofrer, seria con1rárioà01ridade. De onde se segue o permissivismo moral, tão comumàsheresiaseaossistemas filosóficos falsos.
A mística do igualitarismo Ao lado desse permissivismo moral,qucdesvirtuaanoçliocorreta de Deus e da religião, a deformaçãoda caridade podecondu.rirtambém,eaeralmcnteofaz, aoiaualitarismo. Comefeito.nãoésóaobedlênciaàUíquefazohomem.wfrer. Pela própria ordem natura! das ooisas,ooonvíviodoshomenscntresieaprópriavidaemsocicdade.obrigamaqueunssesubmetamaoutros,queosmenosfavorecidosdependamdosquepossuem mais.os menoscultosdos maiscultos,cassim p,ordiame. Ora,aindaaqui,emvirmdeda rt\'oltadaspaixõesprovocadapclo pecadoorigina! e pclos pccadosatuais,ctambémdaprópria condiçliodccriatura,todasubmissioaalguémexigeaprática da humildade. reconhecimento dasprópriascaitncias,limitações etc. E isso, após o pccadooriginal,sósefuacustadeesforço, dedomíniodesi.Oque,mesmo oomaajudadaaraca,implicaem uma luta constante. Talespttiedesofrimento,entretanto,éumsofrimeniorq;encradorquemelhordispôeaalma plr.l compreender e amar a Deus. Pois,maior queasdesiaua!dades cxistentesentrcoshomcnsé.adesiaualdadcsupremaqucexisteen-
treascriaturase Deus. De onde. amuasdcsigualdadeslegiti.r.:u queexistementreoshomensprepararáoamoràdesiaualdadeinfinita que exis1e entre Deus, as crmuras. Afalsanoçãodacaridade,cntrttanto,nàoconsideraesscaspectodaqucstlioporque,nofundo. ela~ fruto do oraulho, que não sup,ona sobre si nenhum jugo e nenhuma superioridade, como ensina o Prof. Plinio Conta de Olivciraemsuaconsagradaobra RcvoluçAo e Contra-RcvoluçAa Esseorgulho,queln-aàdeformaçãodacaridade.deuorigem, aolongodaHistóriadalgreja,a inúmeros movimentos ou seiw permiuivistaseiaualitãrias,cheaando ao comunismo mais radical. Assim, por exemplo. nos primeiros tempos do Cristianismo, entrea.sdi~heresiassocialistas. dcstacam-R a dos Nirolaisras, quepm1icavaaté1comunidade demulhcrcs,eadosApo51ólicos quenesavaapropriedadeprivada.NaldadeMédia,entre0utros, assinalam-seosmovimentosheré!iooscomunistizantesdosFratice/li, dos Irmãos do Livre, &piritoou os Hussi1as. Os A11abarisra1 na época da TCYOha protestante,emnomcdeumigualitarismo radical, ensangüen1aram a Ale manha na famosa "fC\'Olta dos camponeses". É este espírito. preparado por uma deformação paulatina da pri1icaedoconccitodacaridade.massobre1udoalimentadopela mfsricadoigualítarísmo, que preparasa=dotesc!cigosaaceiuarcmosprincipiosda7colo&iada Liberr11çAoímpreanadosdcmarxismo. Eéelequeconduzàpráticadosdesatinos mencionados nolnlciodes1ear1iao.Adecadênciacadeformaçãodavidaespiri1ualsãoelementosdosmaisp,oderososnalinhadoengajamento rcvolucio nário,poisnliohénada tãoforteparaconduzirohomem, comoosprincípioscapráticareliaiosos.Paraobem,comopara o mal... Luís Strgio Solimeo FÕn1n: Con~<1açlo plrt. a Ooutrina ~ Ft ln<1n,ç6o>,ol,«q!un<l$p«fwd.a 1'oJo,,-d., tilwta,-jo(6-l-8"1): iclen,, /n<1n, çjo,obn-alibtt<lad,mlfl••libtfla;.lo (ll-)-116).
-~Adolplw~AJ,,._,;den,,,s. /OptAICtl.,...,<1M}'Ul!Ullo..dk<1~
Pan,-lbllrnai, l~J6,, p. ls-4. - l'!l.,;o Conh de Ollvolt11, 11.-.ul"!"lo • C0<1tt11,Rtvo/uçJo; Di6rio dos 1.-tó<. Slo Plulo. l'lfll,l'>rt<l,Cop. \/ll,l,A - lpChavami1ch.UPl><nom<,n,Soffa/m~S<uU,Pvii,l97:Z,pp.l&-96.
N os SALÕES do Antigo Regime período histórico que antecedeu a Revo lução de 1789-équeprincipalmentese forjou a Revolução Francesa. O mito revolucionário procurou apresentá-la à posteridadc como um movimento popular incontenível. Mas o estudo sério e documentado de historiadores de grande porte mostrou à saciedade que o movimento Popular atuou, aqui e ali, ao longo dos anos da Revolução, como fenômeno episódico e freqüentemente induzido, e não como sua raiz primeira. Entre as causas determinantes da Revolução Francesa, a principal foi o trabalho coordenado e meticuloso !evado a cabo com o intuito de paralisar a ação dos que poderiam ter resistido. Não falamos de uma paralisação flsica, mas sim ideológica e psicológica. E esse trabalho teve, nosinúmerossalõcsdoAntigoRegimc, seu principal palco. Neles reuniam-se habitualmente - por exemplo, desde 1608, no salão de Mmc. de Rambouillet, até 1794, já cm plena Rc\'Olução, no de Mme. Necker - as figuras mais eminentes da nobreza francesa, juntamente com Minis1fOS do Rei, diplomatas estra ngeiros e os representantes mais qualificados das artes e até das finanças. Ou seja, todos aqu eles que tinha'm por vocação e por missão, e até mesmo por interesse, defender a estabilidade social e política da nação. Entretanto, ao lado destes, foram sendo introduzidos nos salões - sobretudo no século XVIII em paridade de situação e por vezes até com honra, os ponadores mais virulentos do pensamento revolucionário: os "filósofos'', como eram conhecidos. Isto é, aqueles que defendiam prindpios igualitários, aieus e Jiber1ários. Assim, o ímpio Voltaire, além de Rousseau, Montesquieu, Fontenclle, Diderot e muitos outros misturavam-se com os demais freqüentadores dos salões, incutindo nestes suas idéias malsãs, como por exemplo, o culto à razão. Nos salões - onde, diga-se de passagem, a culinária farta c requintada de ncnhum modo era negligenciada encenavam-se represemaçõestea1rais, literatos liam trechos importantes de obras que desejavam lançar, concertos musicais eram apfcsentados. enfim, desenvolvia-se intensa atividade cultural. Sobretudo levou-se a um auge - nunca antes. nem depois igualado em toda a História da humanidade - a arte de conversar. Esse inestimável dom do espírito qu e é saber conversar sobre todos os assuntos de modo ameno sem frivolidade, e s.ério sem ser pesado, foicultivadonossalõescomosc cultiva uma flor ou como se·lapidam jóias de alto preço. Por isso, dizia Talleyrand que quem não viveu no Antigo Regime. não conheceu a doçura de viver.
Doçura verdadeira, mas por vezes envenenada porque destilada juntamente com os princípios revolucionários, os quaislevaramaselitesfrancesasa\-erem comcondcscendência, ccmalgunscasos até com alegria e colaboração, a mart montante da Revolução que acabou por tragá-tos a todos.
Dentre os salões literários e "filosóficos" do Antigo Regime, tah-ez nenhum tenha tido a importãncia e a fama do salão de Mm e. Geoffrin (funcionou na rua Saint Honoré, nos anos de 1739a 1776), freqüentado pelo duque de la Rochcfoucauld, pelo marquês de Marigny e incontáveis outros. Foi nele que Mozan se apresentou pelaprimeiravczàsociedadeparisiense,cnclcRamcaudesdobravahabitualmente suas vinuosidadcs. O próprio Benjamin Franklin ali esteve, fazendo, aliás,apagadafigura. Sendo conhecido em toda a Europa o salão de Mme. Geoffrin, as personalidades estrangeiras presentes na França tinham como ponto de honra serem convidadas para freqüentá-lo. _Por !le pas~mm o imperador José ll, da Austna, o rçi Gustavo Ili, da Suécia, o rei da Polônia, Estanislau Augusto Poniatowsky, e um sem número de nobres, diplomatas e ministros estrangeiros. Entre os "filósofos",ou seja, os revolucionários que ali davam o tom, destacou-se numa primeira fase Fontcnclle, e depois. d'Alembcn. Além de Diderot, Hclvetius, Marmontel, Montesquieu e outros. Entretanto-e parece ver-se aqui um toque da Providência - uma Ultima oponunidade foi dada aos freqüentadores dos salões dc rejeitarcm o cspirito revolucio11árioqueelesabsorviam, mantendo embora cximiamente o alto valor espiritual daconversaedaculturacm geral. A filha de Mmc. Gcoffrin, a simpáli-
Estequ11drv1WL.emonni11!1743-1824) reprtsentao Pf!Stigmo ulio ~ Mad1me Geoffrin. Ele t a te~c111a a conU1 da dm11ta, sentada a0 lad0 llo Príoc1 pedeContiquetemochapéunaml\\Obustode ValtairLemmirlllOfLindicl bem IS idtias revolucionlriu.-1JtiNmiwreCU1S0.1cootr1asquais,
:ieleY1ntooc0rajosamentetRainhalkllnturelus.
ca Marquesa de la Fené-lmbault (Marie Theresc Gcoffrin), fana do ranço "filosófico'' do salão de sua mãe, ali aparecia às vezes para zombar de seus freqüentadores, o que lhes causava, como bem se pode imaginar, um mal-estar não pequeno. Apesar de possuir un:icarátcrccnsuravelmente frívolo, o certo é que, cm relação aos "filósofos",ela "os detestava em massa e condenava em bloco". Esteve a ponto de publicar uma Enciclopédia contrária à famosa "Enciclopédia" que os revolucionários haviam dado a lume. Não contente com isso, resolveu ela também abrir um salão literário. E o fez naprópriaresidênciadaruaSaint Honoré, onde começou a reunir pessoas opostas ao movimento "filosófico", tendo obtido desde logo um resultado brilhante. Entre os freqüentadores desse novo salão, destacaram-se, por CJtemplo, a famosa Mme. de Stael e o Marquês de Croismarc. Assim, num mesmo dia, a residência da rua Saint Honoré recebia, cm salas diferentes - mas cruzando-se muitas vezes na porta de entrada -sociedades literárias irreconciliavelmente opostas entre si, uma a fazer fronda contra a outra. Os "filósofos" apelidavam a sociedade de Mmc. de la Fcné-lmbault de "a cabala dos devotos", pelo seu caráter católico.
Os freqüentadores do ncwo salão acabaram por fundar - de início, de modo jocoso, depois seriamente - uma espécie de associação anti!'filosófka" chamada a "Ordem de Lanturelus", da qual a filha de Mme. Geoffrin era a rainha. A fama
CATOLICISMO -
Fevere~o de 1987
da ordem.espalhou-se de Paris para toda aFrànça,atingindo, em seguida, a E.uropa inteira. Esta associação tinha amda fins filantrópicos, de ajuda aos pobres. A irradiação foi tal, que os pedidos de admissão na "Ordem de Lanturelus" afluíram de todos os cantos do Velho Mundo, il)clusive ·do Grão-dwqu~ herdeiro do trono russo. Ante o sucesso alcançado por sua ordem, a Marquesa de la Fené-lmbauh sonhou constituir uma vasta liga dos inimigos dos "filósofos e gen1e bem pensante", quelivrariabatalhaaoinumcráve]e,,:éreito daqueles que ela, com razão, qualificava como "os destruidores da religião e da sociedade". Atacaria vivamente e sem descanso a "Enciclopédia" triunfante, e levantariaaltarcontraaltar,sobopróprio tetoonderealizaramsuassessõesos"sectários da filosofia nova". Para tal fim ela lutou com vigore coragem. Em 1776, Mmc. Geoffrin sofreu um ataqucapoplético, queeraoprenúnciode sua morte próxima. A Ma rquesa dela Ferté-Imbault, filialmente temerosa pelo destino eterno de sua mãe, procurou incliná-la a receber os sacramentos. No momento em que o pároco ch~gou, d'Alembert encontrava-se cm vima a Mme. Geoffrin. Foi-lhe pedido que se retirasse do quarto, paraqueaenfermapudcsscconfiar suaconsciênciaaosacerdote. Irritado pelo ato religioso, o "filósofo'',diantedacriadagem,exaltou-seeexternou sentimentos pouco decentes para a ocasião, sobretudo exprobando acerbamente a piedosa filha de Mme. Geoffrin, a quem atribuía fingimentos religiosos. A combath-a marquesa não teve dúvidas: expulsou d'Alembert da mansão e proibiu dai em diante sua entrada e a de todos os que ela chamou "seu cort~jo'', ou seja, os "filósofos".Manteveapro1bição,eduranteos mcsesquedurou aenfermidadede Mmc. Geoffrin, nenhum deles pôde por os pés na residência. Foiimensaarepereussãodestaproscrição geral dos enciclopedistas de seu "templo" da rua Saint Honoré. O partido inteiro dos "filósofos" desferiu ataques para vingarainjúriaquelheforalançada.Os "Lanturclus" contra-atacaram visando desagrava r suarainha, eaquere!aprivadanascidaemtornodoleitodeumamoribunda, tomou proporções de uma batalha entre a ortodoxia e a "filosofia". A Marquesa da la Ferté-l mbault não se perturbou. Não só manteve o interdito mas obteve de sua mãe, algum tempo de-
:i~~~~~;~~~:~:r:
~Íf~~~i~fto:~~: nha filha é como Godofredo de Bouillon: elaquisdefendermeusepulcrocontraos infiéis". Isto dito, deixou-a fazer. Foi, pois, a Marquesa quem teve a última palavra: " Minha mãe não readmitiu nenhum dos que eu havia afastado. Ela fez sua Páscoa de modo que seu pároco esti,-cssc satisfeito, e meu triunfo e completo". Até o início da Revolução, em 1789, a Rainha de Lanturelus manteve seu salão em crescente progresso. Gregório l..o pes
CATOLICISMO - Fevere~o fie EB7
Discernindo, distinguindo, classificando...
O homem superior Stnto E~as, Profita - Imagem que 11nneranaig1ei11deSantosJusto ePastor(hpanhal.
No
ÚLTI MO NÚMERO de "Catolicismo", nesta coluna, fomos apresentados ao "homem medíocre''. Agora, o seremos ao "homem superior". Nós o encontramos na História da Cristandade, encarnado, por exemplo, na figura exponencial de um Godofredo de _Bouillon, penetrando à frente dos c:;ruzados na cidade de Jerusalém, e não aceitando ser coroado Rei na mesma cidade cm que "Nosso Senhor foi coroado de espinhos". Mais próximo de nós no tempo, já na era moderna, impressiona-nos o varão íntegro e totalmente católico que foi Santo Inácio de loyola, devotíssimo da Virgem, terror dos protestantes, organizando seus religiosos à maneira de um exército em ordem de batalha. Lançando o olhar mais para o fundo da História, vemos? "homem su~rior" na figura épica de Carlos Magno, pai e fundador da Cns1andade medieval, fundando um império, con,·ertendo os bárbaros, ,·~ncendo os sarracenos, aureolado por seus pares, ~oroado pelo Papa na Basihca de_ Latrão. Se retrocedermos ao Antigo Testamento, lá encontraremos, mcomparável em sua grandeza, destruidor do reinado fmpio de Acab e Jezabel, \"enccdor dos sacerdotes de Baal, envolto ainda nos mistérios de seu rap10 para o Céu num carro de fogo, o Profeta Elias, de quem as Sagradas Escrituras dizem: "Surgiu então o Profeta Elias, como um fogo, e as suas palavras ardiam como um facho"
(Ec~;i::;~~s
ainda citar Moisés, enfrentando o soberbo faraó do Egito; conduzindo por 40 anos, através do deserto, um po\"O ~e coração d.uro; falando diretamente com Deus que lhe apareceu no Monte Smai, cm me10 a uma novem espessa, ao ribombar do trovão, ao reluzir dos relâmpagos e ao som de uma trombeta que atroava muito forte. Nosso Senhor Jesus Cristo está acima de toda classificacão humana. Ele é verdadeiro homem, mas é também verdadeiro Deus, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade: "Aqui se cale toda língua". Alguns traços do "homem superior" nos são descritos pelo mesmo escritor francês Ernest Hello, do qual reproduzimos, na última edição, a magnífica caracterização do homem mediocre: "O homem superior corresponde aos pressentimentos desconhecidos da humanidade. .. Revela aos homens aquilo que por si mesmos eles ignoram. Desce até o fundo de nós mesmos, mais profundamente do que nós costumamos des cer. Dá palavras a nossos pensamentos, e está em maior intimidade conosco do que nós mesmos. Irrita-nos e nos enche de alegria, como um homem que nos despertasse para que o acompanhássemos a contemplar com ele o nascer do sol. Ao tirar-nos de nossa casa para levar-nos a seus dominios, enche-nos de inquie1acão, dando-nos ao f!lCSmo tempo uma paz su~rior... O h~mem superior, incessantemente angusuado pela oposição ent«: o ideal e a re~h~~de, compreende melhor do que ninguém a grandeza humana Junto com a m1sena ...Sentese fortemente chamado para o esplendor ideal que é o fim de todos nós ... Acende em nós o amor do ser e incessantemente nos lembra a rejllidade de nosso nada. Ele é superior a suas obras... , que sempre acha incompletas" (.. L' Homme'', livro 1,c.8). Em meio ao vozerio da mediocridade, que por toda pane enche os ouvidos do homem contemporâneo, saberemos distinguir, em nossos dias, a voz de um "homem superior"? A. C.
A expulsão herege
N ARRAMOS cm recentes artia;os(l)ainvaslodonordeste brasilciropeloscalvinistasholandesf:S, no skulo XVII, bem como asatrocidadesqucelespniticar.im ea.sperse,:uiçõesquemoveramà Reliaiio católica, moti\'llndo com isw a gloriosa Insurreição ~r-
nambucana. Ena, como vimos. alcançoulogodeinlcioamilaJro,-
savitóriadoMonteda.slllbocu, cmcujabatalhaapam:eramNossaSmhon.oomoMenin,oJe.sus
e Santo Amio. Aessen1raordin,rlofei10bélico scauiu-sc a rcconqubta da maior pane das c i ~ e vil.a$, ficando os batavos insulados em
Recifeefortificaçõesesparsaspelo!itoral.N1qucl1cidadcficaram litcralmenteencurralado!l,quae nãop0dcndoul!rapassarseus limi1cssemscrcmatacadospordcstacammtosdcsoldadoscatólioos.
Entretanto, com acnegadade uma1randcesquadraholandeu. compostade60naviose9.000ho-
mens.osl11so-bra.sileirosespen1-
Primeira batalha de
Guararapes Afinal decidiu-se o comando holandlsaromperocerco,atacandoapopulaçlocivilreunida aosuldeRccifc.eaomcsmotrnipoa,;onaralinhadcsuprimentos que da Bahia vinha para os insurrectos. Para tal,saiude Rmfe uma força de 9.roD homem foncmcntc armados e municiados. com boaanitharia,ao~mdefanfarrasclevando bandeira5em profusão. Tãocrnoscstavamda viuma,qucmaisdeumcronistacomenta ter parecido aquilo mais umdcsfilcdcaparatodoquca salda para uma batalha. Conhecedor do rumo de tal força, Fernandes Vieira - que dcsdcoinlciodalnsurreiçãotc,.-c comoscubraço-direiloovaloroso Sargento-mor Antonio Dias Cardow-rcuniutodooexércitocatólico-2.200homcns - c, cm marcha rápida e silenciosa avançoupararuMontesGuara-
~a':i~n~\~~/: :::~:a;~~:
vamumai.aqueaqualquermo-
citoholandls. Os católicos "Jeva-
mento. Em lu,ar deste, porém, os in>'UOTeSÍIUfflncheaareditai.sà.s
ramst-usrosáriosaopescoço, que eramas bandeiras da Vi1KemSe-
linhascatólicas,prometnidopff-
nhoraNossarniquemronfiados arrebatariam as do inimigo" (3). Oisp051osos~ldadGSnascneostasdosmontcs.Viciraprcparou uma fone linha de combate numa estreita pasugem - o boqueirão. Ordenou então que uma pequcnatropadc60soldadosfossefustigaroinimigo,atraind o-o auim para o local que oferecia melhores condições de combate ~a:uindoopcquenogrupo deroldado1,avanguardaholan<ksaen1rounoboqucirãoondc foisurpreendid.apelofogod.asarmascatólica!icavi!óãodequeto-
dioàquclesqucseentregassem dentro de dez dias. NJ4 editai$, os comandan1eseatólieos - João Femandes Vieirn. Felipe Camarão e Henrique Dias - mpondenm que ninautm esta>'& diSP0$tO a entregar-se c sim alutarpois"quemaodMnofv. guerra_qucpv.essabffá1uatdar aoshumanos?"E~ntaram: "Niotrnios MC'e:Sikladede ~~is (os editais)sa/vop1racarwchos de nossas armas .... Sailfmj,a camp0,queapeitodescoberroos esp,c,amosncle. .."(2).
daaregiãodosMomcsGuararapesjAcstavaempodcrdoscatôlicos. ComosrcforçO!~indosda reta1uarda,osba1avosoonseauiramamuitocus1ofazcrO!ca1ólioosrccuareni,epuderamreagruparafrcmedebatalhaccolocar aartilhariaemp05içiodea1aque. Vieira empregou mtio a tAtica tão temida pelos ad,-crs.irios: as11nçar sem dar um só tiro e. ap(»a artilharia e mosquetaria holandcsasteremdisparado.atiraremelcsporsuavczcinvcstiremàespada. Osholandeses, nioafeitosàluta 001'])0 a corpo, foram tomados deplnicoeprccipitaram-sccn0l$tas abauD ''rom m/lis pressa do quesubirnm"dizumcronista.O dcstemidoataqucdosca1ólieoslcvouderoldãoogrossodoexércitoholandls,empurrando-opara os1crrenosalagadiç<>5dabaixadafronteiraaosmontcs.
BatalhadeGuararapes-Õlel:rdeVic101 Meireles Ide. XIX).
AbeteigrepidosGuararapes,condiídltm l795,aprcwitoupartedapeqt11111 upela vatin que se e<iticoo noCÍIIOdosr11C11ttesGuarar8jles.em 1656,emaçãodegraçaspelamagnifica mn alcançada sobre os ......YL
Ato heróico decide a batalha A vitória parecia ser quase completa,quando l4novosregimentos holandeses entraram na luta, rccrudescmdoabatalhaque cheaou a seu auac. Os católicos. famintosccansadospe!amarcha forçadachorasdeoombatc,parcciam, num primeiro instante, vacilar. Joio Fernandes Vicin, e Felir,eCamarãopcreeberamadiflculdadcc,invocandoonomcdc Deus e de Sua Sands.sima Mie. arremeteram para o ponto mais J>CIÍ&osodooombate. làlc:wmplo reanimouosca1ólicosquecnfren1aram as trepas redm-rhc,adas, fazendo-asr!CUll"ctomando-lh.e$ a artilharia, na qual punham O!i bata~os boa parte de suas esperanças. Dur11,,.jAcincohorasocombateeO!ioomandamesholandc-
CA.TOUCISMO -
rt'>'!!re~o óe 1387
5CSpCr<:e~ramqueabatalhae$• tavaperdida. Di$pU$eramentão sua:1forçasemposiçãomeramen1e defeiuiva. ao mesmo tempo em que os católicos reagrupavam-se para novo ataque. Enc,portm,nãofoincccssário. Aproveitandoaescuridãodanoitc,oscalvinistasbateramemretirada, deiundo l.l00mono11entreosquaisl80ofieiais - 700 feridos, anilharia, muniçõe$ e mantimentos. O comandante esta,-a ara,-emente ferido. Eral9deabrildel648,fcstade NossaScnhoradosPIUCrcs,cm cujahonracriaiu-semaistardea bela igreja que aqui reproduzimos. Nodiaseguintc,verificandoos frutosdetloimprcs$ioname,·itória -2.200católiooscontra 9.500hereges!-íoramoontadas 33bandeirastomadasaosholandcs,es,entreelasosdoisprincipais cstandancs:odaHolandaeodo generaloomandante.Antcsdeas enviar aoGm-ernadorGeral na Bahia. João Fernandes Vieira as fezdesfiJaràvistadasforçasbatavurefuJiadasem Recife, ''para que fic= quebranrados seusfn/mos':dizumcronista.
"Ainda me rsata a
mio direita •.." Aproveitandoofaiodequeos católiooshaviamreunidotodasas suas forças para a batalha, aguarnição holandesa tomou Olinda de surpresa,sendopotémdesa!oja• dautsdiar.Mpois. Fe!ipeCamanlonãote-.·eagló· riadeparticipardabala!hafinal deGuan,,raJ>C$. pois faleceu alsum tempo antcs da realinição des5egloriowoombate.Denominado"governadordos!ndios",!ndioelepróprio, foi feitoca,-akirodaOrdemdeCristo, "fidelís.úmo .i 11,1ç.io pofft1$Ues.1. bml ~perimentado so/dado, grande ardi/osonaguerra,mu/robomcris1ão e virruoso; cada dia ouvia Missaerez.avaoofír:iodeNossa Senhora"{A). Outro que nos combates deu grandeprovadevalenliafoiHen. rique Diu. "go,-ernador dos ne• gro,;". Numa du batalhu 1eve a mão esquerda decepada e enquantolhepuohamumimprovisadocurativo,diziaanimosamente: ':.\indameresraadirehaeoom efalleidefazermui/omalaosheTQ"C:S''. Eo feL .. Apó5aJ1unsmesesdccombatesmenoresqucmantivcramos calvinistas bloqueados em Recife, chCllaram noticias certas de que estes pretendiam sair novamente com grande mimC!l) de soldadm etentarrompcro«= OscomandantestatóLicosordt· naramareuniàodetodasa5HO· pasdisponivcis,deixandoguarnecidaOlindaeaiJ:umpontmesltllttgicos.Eram2.600wldado1,vcleranosnalutade=onquista,dt cujos peitos pendiam escapulários do Carmo e Santos Rosários. Houvcconfissãoecomunhãoge-
CATIJUCISMO- feolel0l!Ode m7
ral,sendoaindacxpostooSantissimo Sacramento em todas as igrejupeloe:spaçodeutsdias, ''p;uaqueDeusselembrasscde lodos t lhes d ~ >'Cnrimen/o ron/rascusinimigos"(5).
A segunda batalha de Guararapes Usandode:sta~~ulticadiferen· ce,6.200soldadosdasforçasholandesasrapidamemea,-ançaram paraosulc,antesqueastropas ca1ólicaslhesconassemapassagem, apoderaram-se dos Montes Guararapes. Subeitimaramoscalvininasa fibradosoombatentescatólioos! EstQ.1.ichagador.emmenornilmcroc emoondiçõesdesfavoni,-eis para o combate, entretanto não esmoreceram. Jo!o FernandesVieira,mui1osagazmeme,1iroupar1idodeumacirains1ãncia Eraoaugedoardeme,·er.Ionordcstino; Vieiracspalhou seu ex~,. dtoentreosarwredosdabaixa da,semdci.Karclaroporondea1acaria.Eespem11... 0calorcrescia à medida que se aproximava o meio-dia, sufocandoosoombatentcsholandescs,especialmente os que usa,.. mcouraçasmatálicas. lmpacientQ. movimtnUtram-
cm poucas horas- entn eles o comandanteegrandenilmerode oficiais. Oos nos~, morreram apenas47.No-,-amemeaartilhari;1,fartamunição,armaseman1imcn1os,recer11ementeche1ados da Holanda,caírarnempoderdos católicos Durante toda batalha srande nilmerodesacerdotespera;,rriau fileirasdosnossos,oonfessando, animandoedandoosilltimossacramentosao1moribundo1. Entreossaccrdotesestavaoviglirio geralque.aanhaabatalha,ordenou fosseo:pos100Samisr.imo Sacramentonodominaoseguinte "dando-seolouvore1lóri1111 Deus Senhor Nosso. easuaSa-
a i.air da cidade, fonificando-a mai$ainda. DoladocatVlioovárias investidas foram emprttndidas, sem sramk sucesso. FernandesVlciraviuquecranc«Ss.irio lançarumataquedecisivo,eoom issoaomesmotempoquebraro ãoimodosinvasoresesalvaniur odo1Ju,i,o-brasileiros. Esoolheuoomoalvouma$61idafortalez.aqueddcndiaacidadeparaoladodeOlinda. Nosil!nciodcumanoite,dispõsvtrias peçasdeartilhariaeaoromperdo dia iniciou cemi,dobombardeio. AJuamiçãoholandesadefendcusevalentementcmasoscatólicos, desurpres.a,espadasàmão,e5:alaram as muralhas e tomarar L o
...quanto am 1111 parte illtema, foi construido pelos holandesas em Rtcife, tendo representado im?ortante
papelparaassegurarodomíniodche· r1ge1nvasor.
seeleie.. abandonaram asmelhorcsposiÇÕes. Enquantodulinhasinimigas par1iasrossofoaoda1rtilhariac dasarmudemão,Vieiradividiu oscacólioosemdoissrupos:com um atacou violentamente o boqucirão,oonquir.tando1ar1ilhariabatava;oomooutroocupou ocimodosmontcsabandonado peloinimiso. Os holandeses foramassimempurradosparauma árcad• despenhadeiros,sendo obriga,osalutarcorpoaoorpo. Apcsardedefendcrtm«-valcntemente,affiriadoataquecatólioo os desbaratou. A batalhachegouaofimcom totalvitóriadasarmascatólicas. O im'11SOr perdeu 2.000 homens
crarissima Mãe. a Vir.irem Maria, qucfoimedianciradesealcançar C:'llll ~itória" (6).
A arremetida f inal OC'vidoàconfiguraçlodoterreno,Recifceradifo:ilmenteatacávcl,poisreduzia-senatpocaa duasilhas-oRecifevelhoca ilhadeAntonioVaz.AltmdadificuldadcnaLuralcons1ituidapelos atoleiro,; que u cerca•'llm, cramcludefendiduporvárias fonalczas,alsumasdasquaiso:xistem att hojc. OtcmpopassavaeosholandeloeS rcccosos não se a.-emuravam
redu10.0sdefensorcsforamsul>mergidos poruma a,-alanchede luso-brasileirosenafuaalançaramopãnioonumreforçoquede Recifelhcsvlnhaemauxílio. Nodiaseguintc.usandouitica semelhante, AndrtVidal de Negreiros-valorowoompanheiro deFernandesVicira,desdeosprimórdios da lnsurnição-conquistou a foualcza de Ahena. Poucodepais as tropascatóJiças sl!iaram a maior dar; fonaletas inimiaas - o forte das Cinco Pontas.Porém,quandoosnossos pnparavamoataque,afortalc7.a rmdeu-se. .. Asora,podia«-invcs-
tirdiretamenteoontraacidadec, porfim,vrn~r. Alndanasimcdiaçõc:sdafortaleudcCinooPontu,nacam· pinadolll.borda, quando Vieira orpniuvaoataquefinalàcidade,osbatavosarvorarambandcira branca cm Recife, chegando emissiriosparatratarda rendição.A.certadosostermosdesta,o exhcitoholand!sentregouasarmas e cont ingentes lusobrasileiros ocuparam as várias fortificações,dando-scemãoa entradatliunfaldosoomandantes
catóUcoscm~ife. O 101·ernador holandh en1re1ou-lhesaschaYesdetodas ascdificaçõcsmilita=.armattnS ecdiflcios públicos. Oscalvinisw teriam tempo de apronarem
suas ba,a1ens e embarcartcm Emi!.Yrio.s holandeses foram enviados às fonificações desde o Cearáatlasmaraen..doRioSão Francisco,oomordemde..,entrellrCm imediatamente e prepararem-separa embarcar.
FicavaassimoBrasillivredesseenormepesadelo:apOSSibilidadedeumendavrprotestante~rmaneme em terras de Santa Cruz.
Paratal!i~rtacãoforamnecessáriosvimeequatroanosdelmas, hero/Jmo e martírios, ao fim doJ quais,a27dejaneirodel654,a ameaçacalvinistafoidefinllivammteafastada. Nessediaossinosdasign-jas, mesmo u mais lon&fnquas, repi-
f1,1od1S1nt1T1rtsinhal18951,que 111111,um,splritoopostoiqueleque
CmlieratrhátSanta,emseufilme.
-
Santa Teresinha, também alvo de blasfêmias
PARIS - Há cerca de duzentos anos, durante a Revolução Francesa. turbas de bandidos e agitadores pertencentes às facções anticatólicas mais radicais, inw.diram e profanaram a Catedral de NO(re Dame e numerosas igrejas, em toda a França. Destruições de relicários e imagens dos altares, realiz.ação de paródias da Liturgia católica foram algumas das manifestações mais conhecidas desse ódio contra a Fé, efetuadas naquela época. Como se apresenta essa militância anticatólica em nossos dias'? Está ela morta e sepultada como seus protagonistas de outrora? Não. Atualmente, ataques desse gênero subsistem, numa versão adaptada ao cinema e à televisão. Além disso, não se voltam preferentemente contra objetos sagrados, visando mais a doutrina, os dogmas, as tradições e os santos da Igreja. E, o que é mais dolo-
caramfestivamenteeapopulação aoomuaospésdoSan1issimoSacramento, nos sacrários, e dai; imagens da Mile de Deus, par;1. agradeceraprotcçãoquehaviam concedido tão esplendidamente a nOS$1.Plitria. Os brancos João ~andes Vieira e Andrt Vida! de Negrei-
ros,oncgroHenriqueDiaseoin· dioFelipeCamarãoficararnassim insçritoscomletrasdefogonaal· ma nacional bruileira, como e,;emplosvivosdeheroismocatólico,numalutaqueapn:sentoucaraacrlsticasdcverdadeiracruzada, ocorrida na América portu-
guesa, $kulos após as cruzadas movidueontraossarra~nosno Oriente. Lúcio Ml'ndes
roso, tal forma de impiedade ostensiva e insolente coma com a benevolência de publicações oficialmente católicas! Depois do filme blásfrmo "Je vous salue, Marie", que suscitou justificadas repulsas dos verdadeiros católicos tanto na França quanto em todo o mundo, uma outra produção cinematográfica acaba de ser lançada sob o título ''Thérese'', na mesma 1rilha da anterior. Tem ela como personagem principal Santa ltresinha do Menino Jesus, apresentada em versão modernizada, apesar de trajar o tradicional hábi10 carmelita. A TFP francesa. que já denun ciara o caráter blásfemo e imoral da película "Je vous salue, Marie'', através do envio, pelo sistema de mala direta, de 350.()(X) exemplares de seu boletim "Aperçu", voltou à carga, pelo mesmo sistema, esclarecendo o público daquele país acerca desse novo filme. A excelente acolhida à iniciativa da entidade lhe valeu milhares de cartas de apoio, indignadas com a onda de blasfêmias. Distorcendo de modo absurdo e irreverente descrições e comentários comidos na Aurobiografia da carmelita de Lisieux, ou pura e simplesmente invcntando"cenas e diálogos, o diretor do filme, Alain Cavalier, um cineasta que participou da rcvolução de maio de 1968, apresenta uma imagem freudiana das religiosas carmelitas, empregando uma linguagem vulgar e desa,.,...rgonhada. Este fato levou os jornais "Libération" e "Humanité" a qualificar a película de Cavalier de um filme "quase erótico''. O jornal "La Croix", órgão da Arquidiocese de Paris, infelizmente, não moveu uma palha sequer para opor qualquer reação a essa produção cinematográfica. Pelo contrário, classificou-a como "um filme admirável, que faz passar sobre o Festival (de cinema) uma luminosa mensagem''. Outra publicação católica, "ChrétiensMedias", sustenta que "para desvendar o mistério da santidade, Cava.lier procurou a via mais lúcida. Ele tomou wdo ao im-crso ..... Os tempos da oraçlo nlo interessam mais''. Como poderão os \·erdadeiros católicos reagir contra essa nova in\'C5tida da impiedade'? Uma das primeiras iniciativas consiste, por =pio, em conhecer e divulgar ainda mais tudo quanto apresente a verdadeira fisionomia da admirável religiosa carmelita. Além de sua famosa Autobiografia e dos demais escritos luminosos que ela nos legou, convém aduzir aqui a bellssima coletãnea de fo10grafias, na qual Santa Tcresinhaaparecc em numerosas cenasdesuainfãncia, adolescénciae,sobretudo, de sua vida no Carmelo. Tais fotografias apresentam a '"antagem inestimável de nos permitir conhecer a autêntica fisionomia da santa, sem cenas leformaçõcs que se notam em imagens e ilustrações da carmelita de Lisieu;,;, caracteriz.adas por traços 1enden1es a exibir a santidade como algo adocicado, sem firmeza e destituído de espírito de cruz.
CAIDUCISMO -
Fe'leletnJ de 1987
TFPs em ação TFP pulveriza calúnias da "máfia "
Homenagem aos môrtires de 1936
Sócios e cooperadores de TFP· Covadonga,envergandocapasrubras e po rtandoseusBStandartes.diri gem. se aumadasprincipaisfossasdoce mitériodeParacu1llosd1Jaramapara deposita1 um1 c0roa de llores.
MADRID - Os estandartes rubros de TFP·Covadonga tlm mar<:adocorndestaqueap~n-
ça da entidadc nas,·áriassolenidades que Yêm se realizando na Espanha,apropósi1odo1rnnscur-
sodo50?aniversáriodomartirio de milhares de católicos espanhóis,assassinadospcloscomunistas, durante a Guerra Civil (1936- 1939).
Em Paracucll05deJaramate,~ lugar recentemente uma das mencionadascc,rimõnias.Essalocalidade,Quehojeabri1ahis16ricoce micério,rcduiia-seapcnasa algum as casasquando,em 1936, foiescolhidapclosagentescomunis1asparas,erins1aladonasimediaçõn um campo de fuzilamen1os dc Jn1nde ponc. O fa10 de Pa-
racudlosdistarapcnas 18quilõmetrosde1'fadrieaprnentarum
sotoarcnoso,quefacilita"aotrabalho de escavação de imensas fossasparascpultamemo dasvitimas,foidecerminadoparaalúaubn:escolha Segundo D. Jose Antonio Ga«:ia-Noblejas. pesquisador e oonícn:ncistaqucacabadcpubli• carumaaposlilasobn:cssasmatanças, pelo mcn<H 8.300cspanhóisforamfuziladosnaquelelocal.entreosquais,saccrdotci.religiosaseleigos,arbitrariamente acusadosdefascistasporcausadc suafidelidadcàl&rcja. Homcnagcando õ5CSmár1ires. ossóciosdc TFP-Co,·adongacolocaramcoroadcílon:snumadas CATOLICI SMO -
Fwere.-o óe B87
pr incipais fossas, cendo também n:zadoo Rosá ri o na ocasião.
Canonização Acanonizaçãodosmániresda Gu...-ra Chil espanhola não r ~m vista por algumas autoridades, tantocivisquantocdesiástica.s, quen:cciam oesta~lccimemod e uma divisão na Espanha Em recente edição, o boletim "Covadonga Informa", editado por TFP-Covadonga, pondera a inconsisttncia deua op05ição, pois de duas uma: -Ou<Hoomunis1;ue-.uluiram ehojej.\nãofariamoqucfizeramnosanosdaauerra;cmtalcaso,nãohárazãoparaquesejulguemcensuradospelofatodea lgn:ja condenar uma ação que eles tam~m condenam: - Ouoscomunistasnãoe-.·o!uirame,ponamo.0$dehojepraucanam cxaiameme a mesma açãoquecometeramnaqu~aq>Oca. Neste caso.~ legítimo que a lgn:j a procun:alertaraopinião públicanacionalan:speitodanocividadedaatuacãooomunista. E semquesepossaa1ribuirestain1ençàoprincipalàscanonizaçõe, cmqucstão.épn:eisodiw-queestc efeito colateral tem muita impcmância.
A 13 DE NOVEMBRO último ojornal'·ONone",dcJoãoPessoa, estampou noticia fazendo ecoa repetidasinverdadescontra a TFP. A estas a entidade mais uma\'CZcomestoucom suahabitualclan:ia. A propó'litode um manifes10 apócrifodoPCdo B, cujaautoria-diz"ONorte''-éatribuídaaomMicoDr.JorgeRaposo. p=ideme da UD R de Rondonópolis, ogovernador eleitode Mato Grosso, Carlos Bezerra, afirmou: ·"A UDR e a TFP que falam amesmalínguaestãousandoaltos n:cursos para combater a democracia" Em resposta, a TFP emitiu um comunicado, n:produzido pelo mencionado diário paraibano em suaediçãode l4dedezembroúltimo,doqualdestacamosostó· picos iniciais: "Rei teradasvezc:stcm a emida· deesclarccidonãomanterqualquervinculaçilocomaUDR ..... "O Sr. Carlos Bezerra certamenteniloteriafeilotalafirmaçãoscti\·essetidoasp;\&inas4~ e62dan:cen!eobrado Prof. PlinioCoiriadeOli..-eiraintitulada 'No Bra,;il,aReformaAgnlrialevaamisériaao campo eàcida· de'..... "Pn:iendercercearacampanha da TFP qualificando-a como combate à democracia constitui, isto sim, um a a1itude antidemocrática". 0&0\"rrnador eleitodoMato Orossofezaindaumad eclaracão inveridica, ao afirmar que ..os propagandistas dela teriam feito proselifümonasruasdaquelacidadeeacéemCuiabá.emapoio do candidato da Aliança Democrática Municipalista(ADM). "Causaeo;panto-observao comunicado-n:gistrarumaafirmação~gffiero,telldoemvista ocanlterapanidário da entidade, desde sua fundação até o pre1ente.conhccidoaliás,desobejo.portodos. "A TFl'-finaliiaanotada entidade-divulgaoesclarecimemo acima iiCJII intuitos poLelllicos e auaura para o mencionado ao..-ernador eleito uma atuação conforme as máximas da ci•·ilização C'listã, e os legitimos intercsscsdo Ma mOros,;o".
A "Folha de Londrina·· de 12-12-86 também di,·ulgou noticia quemen:o:udes,,,emidodo~rviçodeJmpn:ns.adaTFP,scgun-
doaqualaentidadetêmarticuladoumplanodcpanicipaçãoua gm-"rdcâmbitonacionalanunciada para aqueladata. Esdare« o comunicado: "O procedimento tradicionalmente ordeiroclegaldaentidade, ao longodc25anosdeatividades públic~valeuaestaoi mpr=ionancenúmerodc4.3J7atestados de delegados,pn:feitoseoutras autoridadesmu nicipaiscomprobatóriru;daconduta modelar de seus sócios e cooperadora. "Taisfatosquatiricamautomatieamentcoomocaluniosaahipótcsele-.'llntadaporcs1ejornal ".
TFP repercute por vias equívocas O PROF. HERMANO Toscano de Melo. da Unh-ersldadc Fedcral de João Pessoa, numa entrevistaconccdidaaodilirio"Corrdodal'ara!ba"",daquelacapital, cdiçãode7dejaneiroúltimo.aternouaopiniãodcqueacomaminação radioativa do leite im portadodaEuropaapn:sentaníveistoleráveispeloorganlsmohumano.Oentmistado,emmeioàs suasdcclaracôes.n:feriu-scinei;peradamente à TFP: "Tenho iníormaç&s !Cgura5 de que a TFP .... fez uma ampla campanha contraoleitcimportadoda Europa, sobretudoemcimadapossh"rlcontaminaçãopor radioati,·idad e". Seriailumati,·oqueoreferido professor, que~engenheiroagrõnomoecspecialista cm laticinio1;, esclar=scqualafontedesuas "informações scauras", pois a própria TFP está curiosa em conhecê-la.Sim,porquenenhum dosdircton:sda entldade jamais teve conhecimento de qualquer ''amplacampanha"-oumesmo n:s1ritaouaté1CCTC1a-queaassociaç.ão1enhaprom0\·idocontra o leite importado da-Europa ... Ao que parece, o especialista paraibaooemlatidnios,comodi~ oadágiopopular,''ouviucantar ogalo.masnãosa~ondc". A TFPvcmemprcendendo,is10 sim, ampla campa nha contra a Reforma Aarária ~oci alista e confiscatória. ora em curso no Pais.
Assim,n.ão~impoui..-elqueo profCMOrdaUnh"rrsidadefederaldal'araiba1enhaconfundido ~formaAgrá.riasociatistacconfiscatóriaCÓmimponacãodeleite europeu(!) Dequalquerforma,es1eequivoco nãodeixa deserumcurioso simomadaressonãnciaqueaentidadealcançounoconscience(ou subconscicme1) de brasileiros, mesmo que seja por q!ilproquos. ..
Ft,~ ~ ~em,
~ C oNTAM-NOS os ATOS oos APÓSTOLOS que, libertados da prisão onde haviam sido confinados por ensinar a ressurreiçl1.o dos mortos, São Pedro e São João
reuniram-se aos cris1àos de Jerusaltm. Todos Juntos elevaram seus coraçôes a Deus "e tendo eles assim orado, tremeu o lugar onde escavam reunidos e foram todos cheios do Espírito Sanro e anunciavam com firmeza a palavra de Deus" (Ar. 4, 31). É esta vinda do Espírito Santo sobre os fiêis - de certo modo um compll:menro de Pentecostes - que Jean Fouqui::t (séc. XV)
representa em sua belíssima iluminura. Surpreende agradavelmente ter ele imaginado a
cena na Paris de seu tempo, e não em Jerusalém onde ela realmente se deu. É uma vinda do Espírito Santo entendida não apenas como um aw religioso, ma s como um fato social, dado
que naquele fim de Idade Média -
apesar de já
serem bem atuantes os primeiros germes do processo revolucionário que se intensificou até nossos dias - toda a civilização e a cultura ainda se encontravam felizmC'tlte impregnadas de catolicidade, na cidade ou no campo, no castelo ou na aldeia. As pessoas que vemos na iluminura são componentes da sociedade parisiense do século XV. A s roupas de colorido maravilhoso - o azul profundo, o dourado esplendoroso, o vermelho cereja, o verde água - caem com nobreza sobre os corpos e formam ordenadamente no chão pequenas caudas. Fouquel representou com mais cuidado as roupas e as atitudes de algumas das figuras de primeiro plano, enquanto a maioria fica apenas esboçada. Mas tudo feito com tanta arte, que à primeira vista tem-se a impressilo de se ver colorido todo o conjunto, e os personagens numa atitude de enlevo profundo e respeitoso que floresce da calma.
"AdncidadoEsplritoSanto'' - Uu· minuraXXlltdacoleçio"Les Heures d"!tienneChevalier"-JunFooquet !séc. XV), Museu Met10politano ICo· leçiolehmanJ,NovaYork. Tendo os rostos /('Vantados, esses homens olham, melhor diríamos contemplam, raios dourados descidos do alto, que ao passar entre as nuvens fuliginosas infestadas de demônios, abrem uma espécie de clarabóia. Atravts dela vislumbra-se o azul profundo do céu. É o Espírito Santo que vem, produzindo num mesmo aro a santificação dos fiéis e a expulsilo das hostes diabólicas que fogem em atropelo. A própria cidade beneficia-se allamente do magno acontecimento. Uma bênção parece pairar sobre o casario pitoresco, comunicando-lhe um quê de paz sobrenatural, de louçania calma e distendida, que é bem o oposto do ambiente pardacemo e trepidante das cidades modernas. Ao fundo, a grande e majestosa Catedral de Notre Dame ergue-se sobranceira, ao mesmo tempo prorerora e sublime, como uma espécie de medianeira entre Deus e os homens. O multiforme panorama citadino é pontilhado de torres de castelos e igrejas que se distribuem agradavelmente à vista, sem plano definido. O rio Sena, de águas prateadas e plácidas, desliza suavemente sob os arcos da ponte Silo Miguel, ponte coberta como, às vezes, se construíam então. A delicada relva e as pequenas árvores que crescem na margem do rio apresentam um frescor vegetal agradável e uma candura visual encantadora. Ao longe, elevações de terreno emolduram discretamente o conjunto, fazendo ressaltar a proporção inteiramente humana do tamanho da cidade. É a vista topográfica mais amiga que de Paris se possui. E uma Paris representada aqui como uma espécie de cidade santa que sucedeu à Jerusalém pecadora. Uma excelente amostragem do que foi a civilização crisril medieval.
A escalada das drogas
uma loucura lógica U ~~ct~~:nt~~?â~~ /~:~ª~ú~E
da. o consumo de drogas, que se alama avassaladoramente por toda a sociedade, atingindo até as crianças, corrompendo a juvcntudc,dcsagregandooslarcsctc
A ninguém de bom senso ocorreria imaginar que se trata de problema circunscritoa cercos setores da sociedade e que ele consucu1umaarneaçaapenasremotapara ajuvcnwde
Na verdade, o consumo de drogas problemarealmentecircuns.crito há algu-
mas décadas - emerge pouco a pouco como um Leviatã, ameaçando o que resta de ordemedenormalidadenestetristefímde século.
A título de ilustração, convém lembrar algunsdadosrecentesdivulgadospela im-
prensa: em Brasília, por exemplo, cerca de l80miljovcnsestàovidados,ouscja,ccrca de 30% de todos os jovens da capital da República. Nos Estados Unidos, há wna publicacãocomdoisnúlhõesdeleitoresdedicada a cnsinar o cu ltivo da maconha e da papoula (de cuja semente se produz o ópio).Acocaina,calcula-se,jáfoiprovada por vinte e dois milhões de pessoas e eseravi1.a ccrca dc 4,3 milhõcs. Scm falar no "crack", cocaína fumada e não inalada, barata, e que vicia quase infalivelmente (cfr. "Time" , 15-9-86). Embora tais dados sejam, grosso modo, conhecidos, poucos são os que analisam as causasprofundasquelevamalguémaprocurardrogas. Causases5asdiretamcmeligadasà decadência espiritual e moral do mundo contemporâneo.
Drogas que curam e drogas que viciam Emartigoimit1.ilado" Porquealoucura dadroga é lógica",MaryKenny,do"The Sunday Telegraph"', considera a escalada atualdasdrogascomodecorrêncialógica do nosso modo de vida: "A dor e o sofrimento, que 'eram aceitos no passado como parte integranre da herança do homem aprofundava e melhorava a caráter - hoje, devem ser removidos o quanto antes''. Cremos que "há remédio para cada doença: cada ~·ez que temos dores f(sicos ou emocionais, buscamos algum 1ipo de droga". AosJX)ucosaaceitaçào pura esimples nãosódador,masdequalquerdeficiência, é encarada como anomalia, masoquismo, e JX)Ssivclmentc uma deformação do caráter. "Eempregamosdrogasparareme-diar e diminuir a dor ianto quanto poss1: ve/econseqüentemente/icamoscomrai-
~·a e brigamos se a draga 1raz alguns riscos, algum efeiw cola1eral". Há, JX)rém, uma diferença moral "entre o uso de algo como a morfina para aliviar a dor, e o ópio - sua fome - paro provocar prazer intenso. Mas não é tão dif(cil escorregar do ah'vio para o vicio". A articulista bem aponta na loucura da droga, uma sede de êxtase. De fato, indiretamenteelaconstataqucoabandonoda religiãoeorepúdiodagraçadeDeusacarretam para o homem contemporâneo um vazio de fundo de alma, que "em nosso mundo"se procuraprecncher"oomdrogas". Talconstataçãoéverdadeira,embora, como é evidemc, o caos psicológico e moralaquesc vêcmreduzidososvicia<los em drogas divirja per diame1rum da ordem interna da alma, fruto esta de graças e dons recebidospclossantoscpclos fiéis em geral. "A religião tornou-se cada vez mais lllilitdria. concernida com matérias claramente sem mística, como o Terceiro Mundo e poli'rica na Nicurdgua" '"O mundo moderno tornou ludo sensivelmente agradável, confortável e fácil por comparação - às lutas de nossos anlepwsados pela sobrevh'ência. Pouca coisa é proibida aos mais jovens. E abandonamos o que é certo para dar-lhes uma
EisumexemplodasconseqüêociasiJ!odulidaspelaas sim chamada droga "leve". Percebe-se irela fo10 que otoxicômanoes1á lll!rnalaixacleidadenaqual,nor maknen1e. cinco artOS ~ouco rep resentam. En1retanto, oenvelhecimentoprecocecausadoire1o usodadroga
épatente
educação em que nada é negado aos desejos de seus pequenos coraçàes". Por outro lado, continua a articulista, "hd poucos mistérios que sobraram: sexo, casamento. no passado objeros de curiosidade intensa, têm sido reduzidos a informações ch'nicas banais, encomradas em wda parle".
Alegrias inocentes opÕem-se às drogas "A inreira escala dos pra:,eres 1em sido sujeita a um m,memo experimemal: no passado as pessoas encomravam enorme prazer em coisas extremamente simples uma passeio à beira-mar, um casamento familiar, uma galinha para o )amar dominical, uma ida ao circo'', O receber "11111 relógio significam um grande passo paro a 1·ida adulw. E na irifãncia de minha mãe, CATOLICISMO -
Ma~ de
198)
uma boneca especial poderia traduzir-se em anos dt altgrias tem recordaç6es pura roda a vida. Para a maior parte das crianças de hojt hd muiro poucas pri~·aç&s: ga-
linhas e OOratinhas nada rtpresentam telas têm ,·isto, de qualqutr modo, tudo o que pode deslumbrd-las na TV. Assim o que resta?Na1uralmen1edrogas". Estaconstataçãodaarticulistaédegrande imp:>nância. De fato, quando não semcontra mais alqria nos pequenos prazeres inocentes da vida, começa-se a rolar pelo dcspenhadeirodosprazercsintensosqueviciam e se requintam sempre mais, sem mmca satisfazerem ph;namente. A droga é, na realidade, um patamar bem adiantado dessa verdadeira escravidão do demônio. "Talvez seja um esclinda/o que sejamos flagelados pelas drogas, mas é também uma conwqüéncia lógica do modo pelo qual modelamos no.sso civilização". Procuramos eliminar '"todas as dificuldades, dores, to folclore próprio da vida, tomando tudo agraddvel, /dei/ e con/ortdvel, nada deixando a mais do reino da dor, da alegria, da descoberta e do b:rase espiritual senão o desafio dassensaç6es a/ucinatórias", condui a articulista.
ALGJNS IWXlS SOBRE A REPRESSÃO DE DRO:?AS NO BRASIL EM DECLARAÇÕES à reportagem de "Catolicismo", o ddqado da Policia Federal em São Paulo, Dr. JOSI! Augusto Bellini, titular do Setor de Rcprcs:sio de Entorpecentes, informou que a droga mais comwnida no Brasil atualmente é a oocaina (um ak:alóklc, estimulante, extraido das folhas da coca, planta orisinária da América do Sul). Só no ano de 1986, no Estado de São Paulo, o mencionado setor apreendeu 561 kgs. de cocaína pura. Tal volume n1o dci.r.a de ser bastante expressivo, pois essa droga é comume:nle lfUSturada a ou1ra.s substlncias, visando o aumento de volume e, como é consumida em pequenas quantidades, atingegrandenúmerodcvkiados. Além disso, pela Delegacia Estadual de lnvestiaações Criminais (DEIQ, foram aprcendklo5, oo Estado de São Paulo, nos anos de 84, 85 e 86, respectivamente, 18,293 kgs., 12,908 kgs., e 42,121 kgs. de cocalna; 543,211 kJs., 2.307,587 kp e 1.270,535 kgs. de maconha. Segundo folheto distribuído pelo DEIC, do Estado de São P~ulo •. aqudc alcalóidc é de "tal mant1ra nocivo que, mesmo após a cura de desmto,:,CQfiío, o co-
cain6mano não~ reatpetTI das gruves leslks causodas em seu sistema nervoso", Agrava ainda mais o fato de que ''os e/e/los dq cocufno lra11Smilem~ aos desce11dentes, e conseqüentemente, pedem efetor Ioda uma raça", A respeito dos efeitos maléficos da maconha, "catolicismo" publicou ir:i5trutivos artigos, nos números 372 e 373 respectivamente, dezembro de 1981 e Janeir? de 1982, desfazendo o mito de que, (Xlr ser drop "leve", a maconha (ou manjuana), poderia ser liberada.
Como cortar-lhe o pa,so Certamente não será exagero afirmar que, a continuar como vai, ouso de drogas, mais depressa ou mais devagar. levará à ruina da humarúdade, se alguma outra causa nãosobrC'V)Cfquealtere profundamente o curso dos acontecimentos. A5 barreiras até agora levantadas contra esse flagelo não iludem ninguém. O combatedesenvolvidocontraessemal,baseado quase sempre na repressão - e que é necessária, digna de todo aplauso, - é en1retanto de uma eficácia duvidosa quanto a seus resultados. Essas barreiras podem amortecer a onda e retardar seu proaresso em alguma medida, salvando algumas vitimas. O que é louvável e até altamente louvável. Mas não basta. Aflora assim uma questão: existe um modo de acabar com o consumo de drogas, além da repressão, evidentemente !egítima c útil, masqucrarasvezesrcsolvc~ Para responder a essa pergunta é prcc::1· soiraoãmagodoproblemaebuscaracausa pela qual o homem, cm nossosêculo, tanto procura as drogas. Ai então indagar: como eliminá-la? curioso notar que esta impostaçãofundamental.aúnicarai:oávcl antcoproblcma,pratieamentcestáausentc. Por que?
t
O prazer: da infância à maturidade Desde os albores da razão até o fim da adolescência o homem vai formando ~uas idéias, mais ou menos definidas, insuntivas, raciocinadas, iníluenciadas por esta ou aquela doutrina a respeito.da vida. Sendo jovem e tendo diante de SI uma vida prova,'elmcnte longa a percorrer, elc quer saber o que o aguarda nessa caminhada. Ele discerne desde logo que a vida apresenta,
CATOUCISMO -
Março de
1987
REPRESSÃO A ENTORPECENTES . DEMONSTRATIVO OPERACIONAL EM lDDO O PAIS QUANTIDADE APREENSÕES
1986
1985
1984
Maconha (gramas) 2.650.776.106 364.321.928 12.189.832.513
Sementes de Maconha(g)
35.894
5.159
63.246
Plamiosde Maconha
87
71
115
Cocaina(g)
551.100
566.872
790.833
Pasta Base
386.482
deCoca(g) Plantiosde Coca Folhas de Coca(g)
-
182.802
284
53
21
4.395.625
491.770
40.814.307
Inquéritos Instaurados
2.940
2.447
2.629
Traficantes
2.495
2. 196
2.468
1.477
1.122
1.072
Indiciados Usuários Indiciados
Nota: Dados fornecidos pelo Depanamentode Polícia Federal, em Brasília 3
em concreto, aspectos extremamente agradáveis e desagradáveis. Na infância, alguns dos aspectos agradáveis são: a gula, as deUcias do correcorn, da aventura, do carinho materno, da aprovação paterna etc. Mas, é também cheia de coi5as desagradáveis, como por e,i.ffllplo, coibir-sedas desmandos da gula, da agitação do corre<orre etc., sem falar nas punições eventualmente aplicadas pelospais. A criança, quando começa a refletir, coloca para si mesmo esta pergunta: "A.vida desse; mais velhos, a minha também, n4o ~ possfrel sem tais coisas desogroddvds? Não lunwia um meio de /e-.w uma vida a~nas agrodávd? Por que me proibtm de/ozer isto?" Assim, há mil fatos que poderiam não suceder, mas que acontc,cem e estragam a vida ideal de uma criança. Conforme a formação que ela recebe, resulta-lhe daí um desejo veemente de, ao lonao da vida inteira, afastar tudo quanto é desagradável e atrair a si mdo quan10 é qradável. Nisso consistiria a fclicidadct E como a criatura e:riste para a fclicidade, ela a procura a vida inteira. Ao chegar à adolésc!ncia, mudam naturalmente os temas: o que aborrecia na infãncia, não aborrc,ce na adolcscência. Mas há outros aborrecimentos nesta fase. Cada época da vida tem .seus desagradas e ~ incômodos. E os haverá até o fim! O moço, ou a moça, faum este cálculo: "Se i possível goZ11r, eu quero chegar ao extremo do gozo utingido pelos meus pais, e quero já! Quundo eu tiver a idade deles, terei chegado uoutrosde/eitcs". Acorreriaatrásdosdeleitcsnãotemlimites, pois o frenesi do gozo é o que está na mira de iodo gozo que começa com intemperança. Em determinado momento, sobrevêm as decq,çõcs da vida. A propósito, é oportuno lembrar aqui o exemplo triste do bisneto, do famoso Churchill, Charles James Spencer Churchill, de 30 anos, marquês de Blandford, preso e condenado, no ano passado, à prisão em virtude da pos.se de heroína e do assai.UI a uma drogaria para roubar seringas, agulhas e anfetaminas. O que: teria levado à droga eao roubo alguém que éherdcirodeumafortunae.mmadac:mSSO milhões de libras (mais de um bilhão de croz.ados), dono de um dos castelos mais belosdalnglatc:rra,oBlcnhcimCastle,senão a idéia de uma vida vivida para o goro imediato, e que tem que chegar já a um auge? Istoconduzncces.sariamcnteauma
fortissima 1entaç:ão de experunenul1 esta ou aquela droga. Quem poderá impedir que um homem desses compre drogas de outro que, paradoWmente, para sei-- tão rico quanto ele:, está fazendo comércio de drogas? Em outras palavras, o traficante que vendeu drogas para este marquês inglês,
Aacentro.vemosamaconha,m,glab:irógeni,00 pode ter pensado: "Este i um cretino. Quando eu firor rico como ele, eu não vou tomar drogas. Eu ,·ou comprur-lhe o costeio ... , pois viciado como estd, ele o perderd". Mais tarde, porém. o traficante de drogas, hipoteticamente instalado no castelo, sentiráqueestenãolhebasta.Adrogaacaba sendo - para os que entraram nesta perspc:ctivadegozo-umasaidainevitável! Por trás dessa corrida cm busca da droga está a procura desenfreada de sensações que caracteriza o nosso século. Uma das idéias primordiais que nos foi inculcada é ada rn·ersibilidadeentrepra-
~q..iei'lc:UamescainaeoLSO.Acini,emsen-
tidohoràrio,cactimbooo"maritas";Ooisutensiios par1ofllbricodacigi1m,demacooha;cigarreiracom CÍO}IITOS denominados''basedJ"oo"fmlO"; pilpl!I par1cigatr"os1frascocootendomiao-pontosdeLSO. Todas11lotosrllatn-asao11tf1110 1torlSIQÜil'CiBS dllcorrentndasS0giSap-!S!l'ltDS,m111rtigofo. 11111obtidllnosetordePrmnçã,1ElllnldcDflC.
Autiizaçãodos meiosmaisioosi111dcsparaotráfico dedrogas~a,àsveces,adasresi,eitaroi:--Ól)ÓO Mocatóko.Pou:osteriamimaginadoq..iesellf" desse11ingitaisrequirtesrassama16ril.Umah6slil,comomos11ail loto,servitcomoveítuloparao lrwportederoou-pon(mdall)ltlent1dr01111W-
.........
~-' CATOLICISMO -
Março de
1987
mentos. Cada um de nós tem que padecer aquotadedorcsrcservadaspelaProvidência. Tal sofrimento é suportável. porque Deus sabe providencialmente compensar, equilibrar a dor e a alegria para cada homem, de acordo com aquilo que cada um pode suponar. Havendo alguma provação pela qual o homem deva passar, e que normalmente não poderia agüenw, Deus, com suaaraça,conoeder-lhe-áforçassuplementarcs para tolerar o insuponávd. Foi o que sucedeu com a humanidade de
nos.so Divino Modelo, Nosso Senhor Jesus Crisio,emsuaagonia.Elett"ZOU,preparouse para o que vinha, pediu o auxílio de
Deus porque sentiu o peso do que iria acontecer com Ele. Veio um Anjo e O ron-
Calçados11tiladosnotr61itode..,
ronou, ou seja, deu-Lhe forças. Padeceu os tormentos da Paixão, foi crucificado, mas houve depois a alegria da Ressurreição. Tragada foi a monc na Ressurreição. E cstefatocentraléomotivodetodan05Sa alegria. Para alml de todo sofrimento, para além de toda dor, para além da mone , o homem que tem verdadeira fé sabe que a felicidadetotal,pcrfeita,obter-sc-áma:liante a contemplação de Deus Nosso Senhor, por toda a eternidade, no Paraíso celcs1e. R. Mansur Guérios
zer imediato e verdadeira felicidade: quanto mais intenso o prazer, mais completa seria a felicidade. A plenitude dcs1a corresponderia ao auge daquele. E a ausência de prazer imediato consistiria na infelicidade.
Alegria e sofrimento à luz da fé Como conar o passo a isto? DQdc a primcira infãncia é preciso ensinar as verdadestradicionaisdaFécatólica. Habitua.Ta criançaaconvivercomessasverdadcseencontrar nelas o seu alento. Mais ainda: a sua alegria. De que maneira? Esta Terra é para nós um lugar de prova e sofrimento. Se os suponamos bem, então seremos merecedores da felicidade cterna.NossavidanãoécomoadeAdão eEvanoParafsotcrrcstre,osquaisforam criadoscmcstadodeinoctnda.Seclcsnão tivessem pecado, seria normal que permanecessem um tempo indefinido no Paraíw; e, cm ceno momento, fossem levados ao Céu. Teriam cumprido seu dever nas dc!ícias do Paraiso terrestrc. Mas essa situação foi alterada pelo pecado original cometido por nossos primeiros pais. Donde termos nascidos num lugar de degredo, de expiação. Tal local chama-se Terra. A vida 1em que exigir esforços, trazer desilusões, mas uunbém algumas alegrias, segundo mÍ51:eriosos dcsígnios dc Deusarespcito de cada um de nós. ~ desígnios de Deus ninguém se fun.a. Atravês da oração, por meio da intercessão onipotenle de Nossa Scnhora, podc-sc obter que a miscricórdia divina nos poupe es1a ou aquela provação. Mas não pouparâ 1odos os sofri-
CATOLICISMO -
Março de
1987
Porto ( não tão) seguro para dinheiro QUEM CONFIARIA o próprio pescoço a um carrasco, ou suas economias a um ladrão? .. Somen1e num final de s&:ulo caótico como o nos.so, poderia uma publicação do ponc da revista "Fonune" ( 10-1 1-86), de Los Angeles, sugerir que se confie dinheiro de qualquer origem ... aos comunistas! "Se a Suiça mio t mais um lugar seguro para dinheiro dúbio. onde colocá-lo? Acredite ou não, o novo porto 'quente' é a Hungria". "No ano passado, a Suíço congelou as contas dos diladores depostos Ferdinand Marcos e Jean-Claude ''Baby Doe" Duvalier, e um banco subsidiário suíço liberou dados de Dennis levine, ocusodo de aprovei/ar-se de injormaç6es confidenciais em transações comerciais em Wall Street. Depositantes desamcertados com tais indiscrições talvez. queiram considerar o Banco Nacional de Poupanço da Hungria". Segundo a revista. Michael Cerre, produtor independente de televisão de São Francio;co, filmando na Hungria, resolveu abrir uma conta com 20 dólares no citado banco, para testar o segredo bancário. Perguntou a um funcionário dessa casa bancária o que faria se ele chegasse com sua mala cheia de dólares. Rcspos1a: "Não perguntamos nado. Suo conta pode Sltr aberto em seu nome, sob pseudônimo ou em número. O banco não responderá a quaisquer inquéritos governamentais~ Í$SO". Tal ÍUIICÍonário, para aumentar a tranqüilidade do írcguês - comentamos nós - , deveria ter acrescentado que nem mesmo sob ordens do Panido comunista quebrariam o sigilo bancário. Mas a certeza do "banqueiro" húngaro não ousou ir até lá ... Aprcssai-\·os, ó capitalistas, cm forncccr mais dinheiro para as economias comunistas, tão sedentas de dinheiro fone. Não basta o auxilio descomunal do governo nonc-amcricano aos soviéticos. Agora o convite é feito individualmente aos c.;,pitalistas "ingênuos" para "ajudar" os hllngaros ... A revista informa-nos de uma vantagem a mais: o banco húngaro eslá pagando por volta de dois pomos percentuais acima do suíço: 5,75'lt!
A REALIDADE, concisamente: • PARA os RUSSOS "nforcarem" mais tacilmcnte os upltalistas .. . - Também tecno!ogicamcmc, como se sabc, a Rússia Soviética é muitíssimo inferior aos Estados Unidos.A tal pomo a supremacia ocidental ~ incontestávd,quetemsidofrcqiicntes asdcnúnciasdcespionagcmpromovida por agcntes comunistas cmcamposavançadosdaciancia norte-americana. Porissoos"va:iamcntos" dcinformaçõesconfidcnciais nesse5 campos eram qualificados de alta traição. Apartirdc agora,cntretanto, aoqucparecc,aRússianãoprccisarámaisdar-seaotrabalhodc u&arsubtcrfúgiosparaobtcras infonnaçõesoobiçadas. Vejamos umfatocaracteristico.Ogovcrnononc-americanodecrctara,há 9anos,ocmbargoàvcndapara aRússiadctccnologiaccquipamenu>sparaprospecçãodcpctróleocgás.OgovcrnoRcagandccidiuemjaneiroúltimosuspcnder esse embargo, alegando, surpréendentemcnte, rai:õesdcor· dem econômica! Foram inúteis as ponderaçmdoSccretáriodeDcfesaWeinberger,aoadvertirquc amelhorqualidadedoequipamemonorte-americanofa"rácom que os soviéticos economizem maisparainvestircmarmas. Semdúvida,Leninpareciacs!ar ccrtoaoprncr: "Oscopilo-
• BELOS HÁBITOS de fttlras ... mas só para bonecas. Conservar,namentedaspcs.soas, imagens da época anterior ao Concilio,quandoas frcirasusavamhábitosbcloscdignos - cis o que Tom Cholewa, norteamericano de origem polonesa, intentafazcrcomcrcializandobonecascomtanvesumentas. Cholewasentesaudadesdaqueletempo emqueasreligiosasusavam hábitos "à modoontigo". '\Acreditaelcquc,oomonoseuca so, muitostêmdesejode prcser varasbclas reoordaçõcsdesua infância. Por iuo, pretende criar cada modelo"omaisparccidopos$Ívcloomosorigínais" .Jáque,"as
listasnosvenderiJoocordocom oquoliremosenforcó.-los" ..
• ARRANH A-CÉUS para .. . radávercs-Umcnormecubodc cimento,comvidrosdeaspecto "futurista",]0andarcs revesti dosdemármoresdecoresvivas, cgrandesjanelaspanoràmicastudofeitoparaatrairturistasesuangeiros ... Seria esse mais um projctousadoparafigurarnasfamosas avenidas de Manhattan? Errado. Trata-sede um prolongamento vertical do cemitério monumental de Staglieno, em Grnova,quedeveráestarcondui-
• RJ.:QUINT A-SE a matança dc lnocen tcs.-Pllulasabortivas, que provocamaexpulsãodo feto , serãocomercializadasdentro de poucos mesc!l na França, scgundoanunciaramfontesdaOrganizaçãoMundialdeSaúdc,organismodaONU.Estudosreccntesindicamqucométodofoieficazcm90f/o doscasos,eostcx tes,iniciadoshátrêsanos,produzc:m resultados cada vez mais apcrfeiçoados.Ostécnicosdacmpresa Roussel·Uclaf, fabricante doproduto,oontudo,alcrtamparaoriscodeapílulaprovocarum abortoincompleto,pois.quando ingcridatrêsouquatrosemanas depois da concepção, costuma provocar a cxpulsãodcsomcnte 60f/odofeto.Ouseja,oscrcm formação é dec..pado Tais crimes - é de pasmar! nãosuscitamindignaçãoproporcionadacmtantasentidadesquc seaut0proclamamdefensorasdos direitos humanos. E isto numa sociedadecomoanossa·, 1ãosensí,·elaospretensos"direi1os"dos animais e tão preocupada, por cxcmplo,comoriscodcextinçào das baleias ..
wstimenios são cosrurodas por olfoioies, e cada qual pode ser ronsideradoumoobrodeorte;ela [as bonecas] nuncu poderão ser feitasemlinhodemontogem' ", explica. Pretende, assim, vestir bonccascomoshábitoscaracte· rísticosdasl .800ordensRelia;ious femininas existentes no mundo A Cholewanãofaltaramoriginalidadenemperspicácia :jamais lhcocorrcriavestirbonecascom as dessacralizadas roupas usadas pclasFreirasemnossosdias;não atrairiam, por certo, o rntercse nemdeadultosnemdecrianças .. .
Projetodocerritério--edificiode Stagie oo, Gihma.
Tmi Chdewa cmiilQW\ilS de suasboriecas vestidas cmi hábito, religiooos traticionaís. do cm 1988. O prédio poderá rcccbcraté9.701 cadávcre5 nas ga,·etasel.679nosossários Tal con~il.o de cemitério além de chocar o sentimento de respeitoqucsedeveter aosmortos e à tradição imemorial de sepultá-los,vemcausandopolêmicas na Itália, pois se opõe à monumentalidade dos campos :;antospeninsulares.EamaisjustotítulocmGênova,cidadeque se ufana de possuir cemitérios consideradosobras-primas,e à qual repugna conceber que um defmuo"habite"odécimoandar de um edifício lndiferentes,porém,atãosensatas pondcraçõcs, os técnicos prefcremverccrto1 lado$, ditos práticose " Funcionais"doprojeto: protegerosvisitantesdo mautempo,ea "vantagem" da iluminação votiva centralizada, que permanecerá sempre acesa , mediantepagamentodeumatarifaanual • RÚSSIA DE GORBACHEV contin uaperwguindo • religião. -Aimagemdelibcral.queoditador russo Gorbachev procura difundirnoOcidente,nãotevereflexosemseuprópriopaisnoque serefereàlibcrdade relig_iosa.aindaoondicionadaaograudecolaboraçãocomogovcmo.As.sim. aigrejacismática.russa,ditaortodoxa - cujabicrarquiaéindicada pelas autoridades comunistas - goza paradoxalmente de bom tratamento, num pais oficialmente ateu. Mas,poroutro lado , prossegucmosencarceramentosdedissidentesnoshospita1sps1qu1ámcos , aosquaisvez poroutraéooncedidaalibi-rdadc.desdcquerenuncicmaféem Deus. . Edward J. Derwinski, conSelheirodoDepartamentodeEsta· do norte-americano, em depoi
mcntopcranteumsubcomitêdo Congresso sobre " Religião na Rússia", meses atrás, afirmou queasamoridadessoviéticasaumentaramarcprcssãocontraas comunidadesreligiosas.lstoporque,segundoo regime,areligião atuacomoumaideologiahostile umobstáculoàdifusãodoatcismo.Oscondenadospor"crimes religiosos ' 'sãosentenciadosatrabalhosforçadoseclassificados oomo "'criminososespecialmente perigososnassuasatividadcsoontra o Estado". Vale dizer , trabalho-escravoemalgumcampodeconcentrai;ãodosmaisrigorosos,evemualmcntelocalizadonasregiõcsdistantescomoa géli da Sibéria • ÁfRICA FALID A volta-se p•r,1.• livrelnlcia1iva-Depois descntircmnaprópriapcleosdesastrosos efeitos do socialismo, váriospaíscsdaÁfricancgra rcsolveramadotarprincipioscapitalistascmsuaeconomia . Resultado:após20anosdcatrasoemisériaquaseabsolutos - quando essas nações recém-independentes tornaram-se praticamente oolõniassov1é-1Jcas-passaramamanifcstaragorasinaisincquívocos de progresso SegundoaComiS5àoEconômicaparaaÁfrica. órgãodogo,·ernonorte-americano,emboranâo sepossaassegurarumaestabilidadenessaexpansãoalongoprazo , dadasasdificuldadesdccadaumdessespaises(algunsdos quais fortemente endividados). hojeamudançaénotória.A!>Sim, apóssei1anosderigorosarecessão, a África negra apresentou, em1986,umcrescimentodaor· demde20J1,havendoexpectativas dequetaisindicesaumentematé o final da década Maisumavezsecomprovou, parafraseando um conhecido adágiopopular:quemscmeiasocialismo, colhe miséria
CATOLICISMO -
M;irçc de
1987
Um novo estilo de ser Arcebispo D.Raym:n!Hunthauwt,BispodeSeatlle.
4 DE OUTUBRO DE 1986. Quatrocentos manifestantes chegam até o portão da Base Naval de Bangor, no estado deWash ington(EUA)paraprotestarcontraaprcsençadosubmarinonudcar"Alaska" . Entre eles, representantes de grupos pacifistas, ecologistas,da ·'esquerda católica" e similares. Brados, palavras de ordem, cartazes contra o governo. À frente da manifestação um homem de 60 anos, trajando grossa jaqueta e boina preta. Só ocolarinhobrancodcnotasuacondiçáosacerdotal. lÉ D. Raymond HunthaU5Cn, Nccbispo de Seattle, a maior diocese doestado de Washington. A presença desse Prelado cm passeatas do gênero não t novidade. Ele é abcno opositor da polilica militar do go\·erno Reagan. tendo chegado ao ponto de, a par1ir de 1982, não pagar SO'i't de seus impostos cm sinal de protesto. Esse tipo de "de-
2
D.J.-nesMalooe, PmidtntadaNCCBUotol. l!fflitll dorunento oficial, ac fmda1turüa geral do Episcopado none-americloo, ooqu,laquell llrgio sesolida rilacomoBispodeSeattle
sobcdiênciacivil" (de fato uma grave infração das leis tributárias do paíi;) é a marca característica do irriq uicto Arcebispo. A panicipação cm passeatas pacifistas e a revolta tributária não $ão as li.nicas manifestações censuráveis de D. Hunthauscn. AdiocesedeSeattleétristemcntecélebrc porscrpalcodemuitosoutrosabusos. Por exemplo, cm 1983, D. Hunthausen cedeu a catedral metropolitana para uma missa de homossexuais. É comum na diocese a utilização de moças (as chamadas "altar girls")paraajudaremasMissas. Acomposiçãodopãoázimo para a consagração freqüentemente não obedece as normas titürgicas. Infelizmente, alistascrialong4se quiséssemos completá-la.
Queixas pressionam
o Vaticano Tais abusos causaram estranheza em muitosfiéis,dcsorientadosoomoque\'iam acontecer em sua diocese. Começaram cn1ão a chQgar canas a Roma, expondo perplexidades, narrando epi.'iOO.ios cscandalosos,solicitandomedidas.Oíluxodccarta foital,queoVaticanoviu-scforçadoaintervir. Comodizodocumentooficialpublicado pela Nunciatura Apostólica em 24 de outubro do ano passado, a Santa Sé procurou "responder ao imenso volume de queixas enviadas a Roma por sacerdote$, religiosas e fiéis do arquidiocese". Para isso, o Vaticano irutaurou um inquérito, nomeando D. James Hickey, Arcebispo de Washington, como Visitador Apostólico encarregado de investigar os aludido abusosna diocestdcSeattle.Oinqutrito, por desejo de Roma, seria sccre-
'°·Após meses de investigação, Mons. Hickey elaborou um relatório no qual, entre outras cmsas. aponta as seguintes irregularidades: - TribunalDiocesa no.Usodepcssoas não graduadas no Tribunal Diocesano, bem como de ex-sacerdotes. - Llmrgia e sarnunmtos. Contínuo uso da absolvição gcral: prática da Primeira Comunhão sem primeira confissão: repetidos casos de inter-comunhão (cat6\icos comungando em igrejas protestantes e viCC
\'ersa).
- Saúde pública e mor,i.l. Falta de ensino das diretivas da Santa Sé sobre amiconcepcionais e esterilização. Prática freqüente num hospital da diocese da esterilização em mulheres com finsantioonccpcionais. CATOLICISMO -
Março de
1981
- Homasstxuals. Falta de afirmação categórica da doutrinada Igreja a respeito da questão: ligação da igreja com grupos homossexuais. - ú-sacerdo ln. Emprego de exsacerdotes cm tarefas educa.tivas ou dc minist~rio pastoral, ou até cm serviços litll.r· gicos, contrariando abcnameme as normas daSantaSé. - Formação do clero. Irregularidades doutrinárias nas seguintes áreas: Cristologia, Ant ropologia, papel do Magistério, NaturezadalgrejaedoSaccrdóciocTeologia Moral. Como conseqüência da Visita Apostólica, foi decidÍdo - de coffium acordo com D. Hunthausen - que o Vaticano nomearia um Bispo auxiliar para a diocese, sob cujaautoridadeficariamasárcaspastorais queslionadas. A escolha recaiu sobre D. Donald Wuerl. A pedido de membros da Hierarquia none-americana a Santa Sé concordou que fosse o próprio D. Hunthausen quem delegasse tal autoridade para o no\'O Bispo Auxiliar. Entretanto, por mais de seis meses tais faculdades não foram concedidas a D.
D. Donald W...-t foi romeado Bispo Auxiar de Seat-
"·
ANCCB.1m11!lriãaplerdril.
Wucrl. Só depois de pressionado pda Santa StéqueD. Hunthausenviu-seforçadoa tal. Em mdo o decorrer do proc=;o de afirmou que tal pro\'idência não tinha sido "ordenada" por Roma. Em carta ao derodioccsano,disseapenasqueeraconforme "aos desejos da Santa St". Durante o episódio ficoupatentearelutãnciade D. Hunthausen em aceitar toda a extensão daautoridadcd0Va1icano,prcfcrindofalarsemprcnumproccssodc"acordo"cntrc a Santa Se e ele, quase como se se tratusc de duas potellcias equivalentes. Como era de se esperar, ocorreu ovazamento do caso para a imprensa, e a Visita Apostólica na Diocese de Seattle tornou-se pública. Para evitar conseqüências piores, simu ltaneamente, em Seattle e Washington, os dois Arcebispos implicados deram a público um comunicado oficial.
A Conferência Episcopal cerra fileiras em tomo de D, Hunthausen ANunciaturaApostólica,em24deoutubrodoanopassado,publicouumdocumcntooficialsobreotemaintitulado "A Cronologia de RffYntes Acontecimentos no Arquidiorese de Seoufe". Tal doounento resume todo o processo da Visita Apostólica, bem como os acontecimentos que a detmninaram. lniciou-seentãoumasériedcfatos,que - não é ousado di?.ê-lo - são de enorme i':1Portância pelasgravissimasconseqüê~c,as que podem acarretar. Ante tal pubhcaçAo, D. Hunthausen resolveu fazer uma defesapúblicadesuaposiçAo, defesa que por vezes se transforma em veemente ataque aos proccdimentos da Santa Sc, e mcsmo à autoridade desta. Assiméqucnodia27deoutubro,apcnas três dias após a publicação do documento da Nunciatura, D. Hunthausen emitiu um comunicado cujo conteúdo difere substancialmente do mencionado documento. Promete o Prelado levar o assunto até a reunião geral da NCC B (Conferência Episcopal Nane-Americana), que se ~ a dai a poucos dias em WashingSurprccndcmemente, a NCCB concedeu a D. Hunthausen amplo forum para apresentar sua defesa e, por viadcconseqüência, para ven1ilar seusataquesà Nunciatura Apostólica e indiretamente à própria Santa Sé. Uma cana-defesa assinada pelo Prelado, com data de 11 de novembro (se-
gundodiadareuniãogeral)foidistribuida a cada Bispo, bem como aos representantes da imprensa. O correspondente de "Catolicismo", lá pr=te, também a ra:d>ru. A coisa foi mais longe. Permitiu-se ao Arcebispo comestatário faier um longo discurso (21 páginas datilografadas) no plenário da NCCB. No final da reunião geral dos Bispos, D. James Malone, presidente da NCCB, emitiu um comunicado oficial, noqual-atravé:sdccui&.dosalinguagcm diplomática - acaba dizendo que aquela entidade, com toda a força de seus quase 400 Bispos, cerrava fileiras em tomo de seu "irmão Bispo". A atitude dos Bispos nane-americanos é surpreendente. Otomgeraldadefesade D. Hunthausen e do comunicado de D.
Malone, é de quem admite que a autoridade para julgar um Bispo cabe mai$ à Conferbtcia Episcopal do que à Santa Sé. Em seu discurso, D. Hunthausen afirma: "NOSS() povo já chegou à maturidade, e merece ser rrotado como adufto. Ele é capaz de resolver com maturidade os problemas que existem e roma, a sério a sua 'propriedade' da Igreja, que é direito de nascimento de todos os membros batiZJldos do Corpo de Cristo". Em outras palavras, os problemas da Arquidiocese de Seattle deveriam ser resolvidos pelos próprios norte-americanos, já suficientemente "maduros" para terem que aceitar imposições de Roma. Tal é o tom da pol!mica! Antonk> t'ra ndsco Navarro
A grave situação do oatolioismo norte-americano PROBLEMA GERA~ por D. Hunthausen é tanto mai$ pn:ocupante quanto vcmengros.sar wnasbie de: atitudes de: boa parte do dero cdo laica10 dos Estados Unidos, cada vez mais abertamente revoltados com as normas tradicionais da Santa Igreja. Em expressivo artigo intitulado "O /lapa persegue os cauJlioos norte-americanos", a famosa revista "U. S. News ar.d World Report" revela a cx1ensào dessa crise. Por exemplo, uma pesquisa efetuada com a metade: dos Bispos norte-americanos mostrou que 2511i'o destes aprovam o celibato op:fonal para os sacerdotes, ou seja admitiriam sacerdotes casados. E, o que é mais impressionante, 28f?e aprovam a concessão de ordens menores a mulheres. Entre os católicos nane-americanos, os números também são alarmantes. 4lf?e aprovam o aborto livre; Sllli'• a legalização do homossexualismo; 58f?e não yêm nada de mau nas relações sexuais prématrimoniais. Apesar de ser o Magistério cristalinamente claro a este respei10, 68'!. aceitam o uso de anticoncepcionais, e 73'Tt defendem novo matrimônio para pessoas divorciadas. De outro lado, como bem mostra um artigo estampado no "New York Times", óe !Ode novembro do ano passado, as práticas pelas quais foi condenado D. Hunthausen são comuns em muitíssimas dioceses dos Estados Uni dos. Ele foi censurado por ter emprestado a catedral met ropoli!ana para uma missa homossexual do grupo Dignity (sic). Entretanto, tal grupo goza também do privilégio de missas regulares em dioceses como a de Manhattan, Chicago, Baltimore e outras. Foi imputada a D. Hunthausen a prática de dar a Primeria Comunhão iCil1 primeira coníwão. Ora, tal prática é seguida por grande número de padres de inúmeras dioceses americanas. O mesmo se pode dizer da absolvição geral. Ela é muidssimo freqüente em todos os Estados Unidos. Por que promo,·er um inquérito só a respeito de um Arcebispo?
º
Em fins do século passado, tanto doutrina quanto movimento religioso de inspiração liberal e naturalista lavraram no clero e laicato dos Eslados Unidos. Era o americanismo. Uma vez esi:udada a extensão e importância do perigo, Leão XIII decidiu enfrentá-lo abenamente. Em ;;ana dirigida ao Cardeal Gibbons, com dara de 22 de janeiro de 1899, o Pontífice condenou os erros do americanismo em toda a linha e exigiu submissão absoluta da Hierarquia e dos leigOS noneamericanos. Pastores e fieis daquela nação submeteram-se. Posteriormente, tendo cm vista conar até as raizes o mal, o grande Pontífice São Pio X pessoalmente se encarregou de =olhcr os Bispos para as dioceses nane-americanas. Agora, tanto no caso de D. Hunthausen quanto em face dos novos erros difundidos em ambientes católicos none-americanos. algumas atitudes a Santa ~ tomou, mas não de grande alcance prático. Ck verdadeiros fiéis continuam esperando a firme atitud e da qual deram mostras Leão XIII e São Pio X. Tal atitude 5C1'á tomada? Só o tempo .J dirá. Todos os autênticos católicos none-americanos certamente reagiram com alivio ao tomarem conhecimento das medidas adotadas pela Santa Se, no caso da diocese de Seattle. Entretanto, se a intervenção de Roma restringir-se apenas a isso, é possível que cm muitas mentes surja a pergunta: bálsamos e unguentos curan1 o canca? Ou é necessário algo muito mais enérgico e abrangente?
CATOllCIS i.40 -
1,!~rco de
1987
Cena deprimente em que uma criança imit10 modo de sef do cachorro, comendocomout&Na frança,muitos mtMIIIIH f*ITTÍ!lllll qtJ1! OS cães comiH!I • mesa com seus donos ... Ouasmaneirascis!intnde:seigualar
o homem
10
1nimall
Rtctntement1inauguradonoc1111tr0
dtSloPiulo.o"Rtta11todosCies.. possuit111QU111sdelrlie1bfinquedo$
especi,isi,a,aolamdessesanimais.
Sua Excelência ... o cão! "D ESDE QUE os animais de estimação tomaram o poder, cstamOJ]C\'&ndovidadccact1orro".Estesugcs!ivotltulofoiutilizadopor um importante jornal europeu,aotratarda,·erdadeira "febre" de animais dom~stioos que assola a sociedade norte-americana "St: ,-od pouui 11m animal de tslimaçja,achar pro,a,rlrnenrequcépararcrprazcrecompanhia. Errado: ,ucté queetisfepararnamer~uanimal ronrenreerornsaúde';dizoanigo.Econtinuacitandoumcnt~vistado:"Meuca,;h(JlTOé<:XÍgente e arroaamc. Depois do m,.balho euq11eroea/ma.eociloin5ís1ccm quejoguemO!icomabolaores/0 do dia. Eun!opossuoo,;ào,ele rnepouui"' Quandosechcgaacste)Xlnto, éperqucobomscnso.acéomais e!ementar,j!ficoulonge... emuitolonge. Estima-scque~da5 familias norte-americanas possuem ani maisdets1imação,sendoqueparamant!-losgasta-sedcl2a IS bilhões de dólarn. Para se ter idéiadoquertprcsentaes.scmontante, basia dizerquccqui,alca 15'7tdadh-id&C-'temabrasikira!
Hotel e play-ground para cães E o Brasil, como se sabe. já adCTiufrancamcnteacu.amoda Na cidade de São Paulo há até umartdcdcho1focspccialmen1cparaanimai~Localizadosjun10 a serras. tai, hotéis possuem
CATOLICISMO -
Marco Ge
19B1
piscina,,-cterin,irio24horasJXlr dia.cardápioadaptadoparacada animal etc. Caso o animal adocça.seupropriccárioéinformadoimediatamente.Paraosdonosmaisocupados.algunshotéis ofereamoserviçoporta-a-pena Aose""hospedar",éfeitaumafict.doanimal.cominstruçõcssobre alimentaçio e medicamentos. sendo que um acriscimo na diária lhe dá o dirtito de partidpar deumcul'$0deadcstramento.Os proprietáriosmaisaixgadostêm àdisposiçãoumplanodesaúde para seus cachorros: o "aolden-dog"". Nemo apoio oficial falta aos cães.Ass1m,aprefciluradcSào PauloacabadcinauguraroRecantodosCães.localizadoaolado da Càmara Municipal. zona çencraldacidade.Olocalcontém mnqucsdcarciacbrinquedoscspcciaisparaolazerdoscães. NaFrança,oabsurdo,'3.imais além: cemitérios para animai~ O maisamigodclc:ststálocalizado cm A5nicm, nos arrabaldcs de Paris. às margens do rio Sena Uma ,ffdadeira fonuna cm vasos dcgeriinioscbuquê:sdeflorcsrobrtm os túmulos de ma~ de 3 mil animaisdomésticos.cntre.achorros,gatos. macaoos.ca,alO'I, periquitos e porcos. Diante da amcaçadcfechar-seoccmitériu perfaltadcrttursos,maisdc500 furiososfran=fizcramruidosamanifes1ac;lodcpro1cs10.mesmodcbailodcchu•a. Eorgani;QU;1mumromi1i!paracxigírsub· sidiosdogc,,.·crnoafimdemantcroccmitérioal:>crto. Y,-csCormic. da prefeitura de Asnicres.
pr0põcqucoccmittriosejadcdarado "monumento nacional". e assim a lei impedirá que seja desativado. Sào Paulo poderá em breve ronstruirseuccmicérioparacães e gatos. Um projeto nesse sei:i•i· dov.:msendoelaboradoems,g>!opela Prefeitura dessa cidade.
Restaurante e cemitério para animais Calcula-sequcos54milhõcsdc franCCSCSpOHUCm IJmilhõe:Sde animais doméstkos. V~-se muito maiscachorrosquecriançasnos restaurantes de Paris. EofamosoguiadaculináriafranccsaMichelininformaquaisosres1aurantcs onde os cãcs sll.o aceilos à
m=.
Emfaccdcsscsdisparatcs.uma rd1c:<ãoseimpõc:tendoabandonadooscaminhosre1.osclumlno-
sos da chilizaçlo cristã. o homem moderno dcbatc-.sc: acormcmado nu vias tortuosas que le>am à insensatu. PodepartCCJin,·ermsímil.mas jáexistcmospSicólo1osdeanimais. uma profissão cm franca prosperidade nos Estados Unidos. poislOOdesscsprofissionais,pe lomcnos,cs1ãoen1inandocmum número crescente de fa,·uldades dcv.:terinária. Eles se autodenominam ''Npecia/is1as cm rompor1amenro dr animais domésrico,,···. esuafuntãoéorieniarospropric-1!riosdega1osecachorroscom ··perturbações pSiquicas"". como ncuroscscfobias.AfirmouRan -
dali Lockwood, diretor da "" Humanc Socicty'' dosEJCadosUni dos: "Ck<-cmosim:enri-...raspe>· soas a tentar uma rcrapra para seus animais. cm ,·el dc dcsfazerem-sedc/C$ eoomcgufr urnourro''. A Ora. Sharon L. Crov.--cllDas·is, profõSOra de comportamento animal na Unl\'ffloidadc da Geórgia. corrige os animais que .sc:a1errorizamromastcmpcstadnministrando-lhtsumadroga anti-ansiedade.ADra.Sharontomaocuidadodenãomcncionar onomedosdonosdoscachorros paranàoviolaraconfidcncialidadeen1rtpacientccdoutor.
E agora eles freqüentam até igrejas Depois de conquistar hotéis, prai;as.ccmitérioscpSicóloa;os.~ cachorroganhoutambtmopn,.ilégio de f~iicmar um local que oshomcnsabandonamcmprofusão: asig~jas. lssojásedána Suécia,ondcduasiJrejasdeEstocolmopermiccmacntradado cãoedeseudonoparaassistirem aoserviçodominical.Umcarpc teespecialtfornccidoparainsta· lar o senhor cachorro. Nummundoondconúmcrode criançasestáemfrancadiminuição.de,idoàpniticacriminosado abonocdocontrolcdanata!idadc.condeos,-clh<»são~lcgados aoab,andonooudeiudosnaobscuridrukdeumuilo,quandonão p~maturamente monos. os animais passam a gozar de direitos eregaliasprópriosdos.scrcshumanos, numa flqrantc im-crs:lo devalores.Paraondc.cncào,ca minhamos?Paraumaanimaliza çãoda humanidadc,comoque rcm osesiruturalistasc outros? O. Rocco
' ' H ~~1.°t:d~~~;~~ª;~ nome, dotado desde a sua mais tenra infância de uma cordura de ancião. Com efeito,antccipando-sc,pelos5CUScostumcs, à sua idade, jamais entregou o espírito a nenhum pnucr, e pelo contrário, estando ainda nesta terra, podendo aozar livremente dos bens temporais, desprezou o mundo". Assim começa o arande Papa São Grególio Magno a historiar a vida de São Ben10, o Patriarca dos monaes do Ocidente, hoje considerado o Patriarca da Europa, cm seu célebre "Libcr Dialogorum", no qual narra a vkla e milaares dos santos italianos do skulo VI (•). Quem atualmente visita Subiaco (hália), tem a impressão de que naqueles montes, naquelas vastidões, São Bento acaba de falar, sua palavra como que a.inda ecoa com
biaco, onde manavam água!i frcsca!i e limpida!i. Ali, enoomrou São Romano - ancião até mesmo na virtude - que lhe impôs o hábito de monge e o serviu no que pôde. Assim se retirou o Varão de Deus a uma pequena gruta onde permanco:u durante três anos ignorado pelos homens, exceto pelo monge Romano, que do alto de uma rocha costumava faz.er baixar por uma cesta, atada a uma corda, o pão para Bento. Um dia apresentou-se-Ih.: o 1entadorl Uma pequena ave negra começou a esvoaçar à volta do seu rosto. Traçando o San10 o sinal da cruz a ave se afas1ou. Seguiu-se então uma violenta t~iação da carne, como o Santo Varão jamais havia sentido.
lluminadosubitamentepelagraça,arrojou-scsobre um espesso matagal de silvas e unigasquecresciapeno, tendo-se revol vido dutantc muito tempo sobre as pontas dosespinhoseosardorcsdasunigas,saindo dali com o corpo todo chagado. Assim pelasferidasdocorpocurouat'tridadaalma, pois trocou o deleite pela dor. Desde ai, segundo ele mesmo costumava contar a seus disdpulos, de tal modo ficouenfraquccidaatentaçãodavoluptuo-
SobrtoüSacroSJ*:OHfoito'l5truida,al)lrlidostti*'Xl111XIV,1.namplexodecapelasenxertadas norothedocomo1111Dl'ftlJdeandorirtlasH,~ ,expresskrdol'aplf'ioll
umasonoridadcqucnãodesapareoc-como as coisas de Deus que se repetem não fatiga.
São Bento rwccu na re,ião de Núrcia, por volta do ano 480, numa familia abastada da antiga nobreza de Roma. Desprezando os estudos lilerários - vendo que nocaminhodasletrasedascihlciasmuitos se debcavam rolar pela rampa dos vícios - abandonou a casa e os bens paternos, e desejando somente agradar a Deus decidiu tornar-se monge. Quando concebeu a idéia de retirar-se para a contemplação, apenas sua ama o
.se-
guiu. Chegando à cidadezinha de Afftle ficou sua ama desolada pois, havendo obtido emprestada uma joeira (peneira grande) para limpar o trigo, esta se quebrara por sua imprudfncia. São Bento, compadecido com a dor da ama, pegou os dois pedaços do objeto e retirou-se para rezar. Ao levanw-sc da oração encontrou a joeira inteira, e sem nenhum sinal de que se tivesse partido. Era o primeiro milagre do
San10. A notícia se difundiu como um rclãmpago, causando grande admiração e turbando aquele começo de contemplação. Bento preferiu, então, as solidões de Su-
10
CATOLICISMO -
Março de
1987
sidade, que jamais voltou a sentir nada semelhante.
Por duas vezes tentaram envenená-lo Jáentãoafamadesuaexímiasantidadetornaraoseunomecélebre. Não longe dali havia um mosteiro, cujo Abade faleC'Cra, o que levou todos os monges a sc dirigircm ao venerável Bento pedindo-lhe, com insistancia, que os govern.assc. Este, durante muito tempo, negou-se dizendo que os seus costumes não seriam oompatíveis com os costumes transviados deles. Entretanto, após mui1as instâncias, deu o seu assentimento e impôs naquele mosteiro a observãncia do caminho da pcrfei-
ção. Dando-seentãooontaosmongesdeque sob o governo de São Bento não lhes seriam permitidas, como outrora, coisas ilícitas, e como a vida dos bons se torna intolerável aos homens de costumes depravados, tramaram sua mone. Depois de decidi-lo cm conselho, cm seu cáliC'C, ao vinho acrescentaram veneno. Quando, segundo OS costl!me do mos1eiro, o oopo de cristal, que cominha a bebida envenenada, foi apresentado a São Bento para que o abençoasse, o mesmo se quebrou ao fazer o Santo o sinal da Cruz. Compreendeu, pois, o Varão de Deus que devia conter uma bebida de mone o que não tinha podido suponar o sinal da vida. E reun indo todos os monges lhes disse: "Porque quisestes fazer isto comigo? Não vos disse com antecedência que eram incompatíveis os meus costumes com os vossos?Jdeebuscaiumpaideacordocom os vossos caprichos, porque daqui por diante não podereis mais contar comigo". Voltou, pois, ao lugar de sua amada solidão, e habitou só, na presença do Altíssimo. Como o Santo ia crescendo cm virtudes emitagres,muitosnaquelasolidãosecongrcgaram para o serviço de Dew oniPo(ente. Foi nessa época que Evicio eTénulo, varõcsdopatriarcadoromano,cncomendaram os seus filhos Mauro e Plácido aos cuidados do Santo. Certo dia, enquanto o venerá\·el Bento estavacmsuaprópriacela, Plácido saiu para buscar água num rio, e ao submergir na águaavasilhaquclc\,avaconsigo,caiuscndo arrastado pela correme. O Varão de Deus, dando-se con1a do que ocorria, chamou imediatamente Mauro e lhe disse: "Corra irmão Mauro, pois aquele menino que foi buscar água caiu no rio e a corrente o arrasta". E, coisa admirável e insólita desde o Apóstolo São Pedro, Mauro, julgando que caminhavasobreaterrafirme,correusobreas águas até ao lugar onde acorrente linha arrastado o menino; e pegando-o pe· los cabelos, voltou rapidamente.
CATOLICISMO -
Milfço de
1987
De rqrcsso ao conven10, narrou ludo ao venerável Bento que atribuiu o falo não aos seus próprio méritos, mas à obediência do discfpulo. Mauro, pelo contrário, sustentavaqueaquiloeraapena.<;efcitodaordem de Bento. Foi Plácido, então, o árbitro desta contenda de humildade mútua, dizendo: "Eu aosertiradodaságuas,viasobreaminha cabeça a melota do Abade e via que era ele quem me tirava das águas". Como é pcruliar aos maus invejarem nos outros a vinudequeeles mesmos não desejam, um Prc!ibítero, chamado Aorêncio, incitado pela malícia do demônio, começou a invejar as ações levadas a cabo pelo Santo, a difamar sua vida e a afastar de Bento quantos podia. Obcecadopelastrevasdestainveja,chcgou a ponto de enviar ao Servo de Deus um pão envenenado, como presente. O Varão Santo o aceitou com ações de graças, mas percebeu o mal escondido no pão. Áhoradarefeição,costumavavirum corvo que tomava alimento da mão do Santo. Tendo vindo como de costume, o Varão de Deus deitou ao corvo o pão que o Presbítero lhe tinha mandado, e lhe ordenou: "Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, toma este pão e joga-o num lugar cm que não possa ser achado por nenhum homem". Então o corvo, abrindo o bico eestendendoasasas,comcçouaesvoaçar e a grasnar em tomo do pão como se quisesse dizer que queria obedecer. mas não podia cumprir o que lhe tinha sido mandado. Entretanto Sào Ikmo lhe ordenava de novo, dizendo: "Toma, toma-o tranqüilamentc e atira-o a um lugar onde não possa ser achado".
O''SacroSjJe(:o-,1"'Cavsne~- -SID111n, iopennaneaucuant1trâ..,.como"11M,;"vi•·"'foti:i, a inagamdDVri:lditOu11fl!WOI» çiodacest1utimlaporSlollomnlpnll!IT-lle ffil9ilopão.
Por fim o corvo tomou o pão com o bico e levantando võo se foi. Três horas depois voltou e recebeu das mãos do Varão de Deus o sustento costumeiro.
Espírito de Profecia Foi por essa época que São Ben10 se dirigiu a um lugar chamado Montecassino. Existira ali um templo antiquíssimo no qual os gentios cultuavam Apóio. Em redor tinham crescido bosques para o culto dos demônios, no qual se ofereciam vitimas sacrílegas. Ao chegar, o Varão de Deus destroçou o ídolo, deitou por terra o altar onde se fariam os sacrif"icios e o:,nou pela raiz os bosques, constnrindo no próprio templo de Apóio um oratório em honra de São Mar1inho, e no lugar onde estava o altar pagão erigiu outro oratório a São João. Comsuapregaçãoatraíaparaaféapopulaçãoquehabitavaaquelasregiõcs.Por iSMJ o demônio lhe aparecia, e com grandes gritos se queixava da violenciaquetinha que padecer por sua causa; e de tal maneira gritava que até os monges, que não o viam, ouviam os seus berros. São Gregório Magno continua a historiar a vida de São Bemo, contando que o
Ojovem8ento,tendosere1ifldol)ll1i1Sddõesde Sibiaco.encontroo-seccmSioRcmaooQUeheinP4soh*hitodemooge.
Varão de Deus pas.sou a aour tambêm do espírito de proft.cia. Assim, narra ele, que o Reidos Godos, Tolila, ouviradiz.er que São Bento gozava do espírito de profecia. Diriaindo-seentão ao mosteiro, fez.se anunciar, tendo rece-bido aviso de que podia aproximar-se. P6-fido de csplrito como era, quis certificar-se, na realidade, o Varão de Deus tinha espírito prof~. Peaou então um escudeiro, chamado Rigo, emprestou-lhe o seu calçado, vestiu-o com a indumentária real, e lhe ordenou que oomJ)0.l"CC:l:Me diante do Varão de Deus como se fosse o Rei. Quando Rigo chegou ao mosteiro, ostentando as vestes reais e rodeado de numeroso séquito, estava o Varão de Deus sentado a ooruiderável dis1ânda. Vendo-o chegar, gritou-lhe dizendo: "Filho, tira isso que levas; não é teu". Rigo caiu iinediatamente em terra e ficou tomado de temor, por haver tido audácia de burlar-se de tão grande Santo; e todos os que com ele linha ido ver o homem de Deus, caíram consternados em terra. Ao levantarse não se atraveram a aproximar-se de São Bento, e voltando ao seu Rei lhe contaram, tremendo, a rapidez com que tinham sido descobertos. Então Tolila foi pessoalmmte ver o Santo. Não se atreveu entretanto, a aproximar-sedeleeseprostrouem terra. OVarão de Deus disse-lhe três vezes que se levantasse, mas como o Rei não ousava fazê. lo, Bento, Servo de Jesus Cristo, dignouse acercar-se daquele que pcrmant.cia prOS+ trado; levantou-o do solo, repreendeu-o por seus desaforos, e em poucas palavras lheanunciou,deantemão,todasascoisas quelhesuccderiam,dizendo: "Faxes muito mal e muito já fizestes; já é hora de pordes fim a tua iruqüidade. Entrar.b por certo em Roma, atravessarás o mar; reinarás durante nove anos e ao décimo morrerás".
11
POfordlmdl5aoBento,seuiiscílUOMaincarrinhousolnaãguasdori11HlvouojowmPlácido,
que•• •mtllOO pela co.-rente11.
O Rei,visivelmenteaterrado, ao ouvir tais palavras, pedindo-lhe orações, retirou-se da sua presença; e desde então se mostrou menos cruel. Não muito tempo depois entrou em Roma, foi à Sicília, e no décimo ano do seu reinado, por um juízo de Deus, perdeu o reino com a vida.
Redação da famosa regra São Bento não só fez milagres de todos os tipos, não só profetizou, mas também r~suscitou. Certa feita, saíra São Bento com os irmãos para os trabalhos do campo, quando chegou ao mosteiro um homem levando nos seus braços o corpo de seu defunto filho. Naquele preciso momento, rcgres.sava o Varão de Deus juntamente com outros monaes. O camponõ pós-se então a bradar: "Devolve-me meu filho! Devolve-me meu filho!" Ao ouvir tais palavras o Varão de Deus se deteve e lhe disse: ''Porventura, tirei-te o teu filho?" Ao que aquele respondeu: "Morreu, vem ressuscita-o". São Bento fincou então os joelhos em terra, pros1ernou-se "sobreocorpodomenino, e levantando-se logo ergueu as mãos ao Céu, diz.endo: "Senhor, não olheis os meus pecados, mas a fé deste homem que pedequesercssusciteseu filho,efazei retornara este corpo a alma que dele tiraste". Mal terminou as palavras des1a oração. a alma do menino voltou ao corpo. Tomou-o então São Benio pela mão e o de\"Olveu vi\·o e incólume a seu pai. SãoBemoquebrilhavaassimpcl05seus milagres resplandeçeu, de maneira não menos admirável, pela sua doutrina. poises· creveuumaregraparamonges,notávdpe,-
Rigo,escudlln,doRai~Totia,lenttkll!lplllfO VariodlDeus.Desmascaradoporeste,cMJemte.-·
raa!anoriz&do.
lasuadiscriçãoedara na sua linguagem, que atra'"essou os sêculos e inspirou inúmeras outras regras de Ordens monáslicas. Sealgutmquiserconhecermaisprofundamente sua vida e s.cus costumes, poderá encontrarnopróprioensinamentoextraído da regra o fundamento das ações que praticava, porque o Santo Varão de modo algum pôde ensinar outra coisa senão o que ele mesmo viveu. Noanoemquehavcriadesairdestavida, anunciou o dia de sua santíssima morte aalgunsdiscipulos que viviam com ele e a outros que moravam longe. Seis dias antes de morreu mandou abrir a sua sepultura. Em breve foi atacado por umasfebrcs.Aose;,,;todiadadoençascfez levar pelos seus discípulos ao oratório e ali se fortaleceu para a saída deste mundo com a recepção do corpo e sanaue do Senhor; e apoiando os seus débeis membros nas mãos dos discipulos, pe1TT1anea:u de pé com as mãos levantadas ao Céu, e exalou assim o último suspiro em meio às palavras da oração. No mesmo dia, dois de seus discipulos, um que se encontrava no mosteiro e outro longe dele, tiveram idCntica revelação. Viram, com efeito, um caminho adornado de tapetes e resplandea:ntedeinúmcraslãmpadasquescdirigiadesdeomosteirodiretamente ao Céu, pelo lado do Oriente. No cume, um personagem com aspecto venerável e resplandecente lhes perguntou se sabiamo que era aquele caminho que estavam contemplando. Eles responderam que ignoravam. Então lhes disse: "Este é oca~ minho pelo qual Bento, o amado do Senhor, subiu ao Cêu". No lugar em que havia sido demolido o altar de Apóio, no oratório de São João Batista que ele mesmo tinha edificado, foi sepultado São Bento. Aqui, como na gruia de Subiaco, onde havia habitado, rcs-
CATOLICI SMO -
Março lle
1981
queoconverteu,participavadessamesma graça. E que Oóvis, quando falava do ".Deus de Clotild~", era uma graça desse generoquereccb1a, Embora, historicamente, essa clave da civiliz.ação cristão européia possa não ter vindo sempre de São Bento, é certo que a tin . '~:mãedessagraça-caracreristicadctal ele a representou melhor do
::!h~~~é~.
Com a recusa do mencionado espírito no fim da ld!lde ~édia, começou o pro'. revolueionário de fundo gnós1ioo e igualitário, que se vem desdobrando ao lon,godos~los,numprocessodedestrmçãodac1vilizaçãocristã. Estareluziuoomesplendoresespeciaisno auge da referida era histórica, tempo em que, como descreveu Leão XIII na Encíclica "lmmortale Dei", "a filosofia do faangelho governava os Estados". E acres':71ta o Pomífice: "Nessa époco, a injluénc,a do sabedoria cristã e sua virtude divino penetravum11Sleis, 11Sin.s1ituiçôes, os costumes dos povos, todas as categori11S e rodas as rduções da sociedude cMI. Então u Religião instituído por Jesus Critto, solidamente estabf>(ecida no grau de dignidade que lhe é devido, em ioda porre era jloresa>nte, groçus oo favor dos Pnhcipes e à proteção legitimu dos Magis1rodos. Então o 5acn:ddcio e o Império estuvam ligados entre SI por umu /elit. roncórdia e pela permwa ~mistosa de bons oficias. Orgunit.uda OSSlm, a socitdodt dnl deu frutos suJ)t'riores a lodo ex_pectutfra, cuja memória subsis1eesubsis1trá, consignadaoomoestó em imimeros documentos que urti/lcio ~~~«:.:;~~rsários poderá co"omper
ces.so
Vrtinadoporcbençarro-tal.Sâollemo~1Silita Ctwrlmlo, e ~ dl pi, tialou o i*iro suspiroemmeioàspalavrasdaoraçio
plandeccpelosseusmilagresatéosdiasde hoje.
Considerações sobre a serenidade Beneditina De fato, imJ)Cf'II ainda~ Subiaco aquela atmosfera de paz benechtina, que contém dentro de si uma dupla noção: a de etcrnidadequeexisteourinsecamenteanós e que, no fundo, vem do próprio Deus Nosso Senhor; e a noção daquilo que é como 9ue perene dentro da criação, porque desunado a atravessar a História do mundo de ponta a ponta, até que esta termine edesagüenaeternidadecomoumriodesagua no mar. Essapaz-essaserenidadebeneditina - é extra-temporal. Ainda mesmo quando cuida de coisas temporais, ela é uma atitude que se torna pos.sivel em vista de um ho~zonte muito maior do que o simples hon1.0me terreno, mas que não é o puro horizonte celeste. Faz parte da paz beneditina o cercar-se dasco1sasterrenasboaseatéólimas, adequadas a seu fim, e considerá-las em fun.:.ãodealtasperspcctivas. Estabclecc-seassi m algo por onde se simboliza com seres cnados, aquilo que se está ,·endo na ordem do incriado: produz-se então um ambiente visivel que é o espelho do ambiente in~isivel de eternid~de estável, incomovível, inabalável, supenor, séria, contemplativa, que se tem diante dos olhos.
. ~sa ~enidade é_ como que um aquáno imenor no qual VJ,·e o benednino, e que nada toca: nemapiorinvasãodosbárbaros,nemas h_eresiasmasabjetas, nem as revoluções mrus celeradas, nem o consumismo mais diabólico. De maneira que na dor, na alegria, como em tudo o mais, há uma wna interna da alma que não se engaja; panicipa, se interessa a fundo, mas não se deixa afetar.
CATOUCISMO -
Marco de
1981
Nãoéumaquebradcpersonalidaclc,éuma amplitude da personalidade. Auim é a amplitude do varão - brne~itino ou não - que tenha comprecndido ISSO. Eleécheiode1endênciasparaalaode "!emo, de solene, de bondoso, que o fascma sem o cansar, absorvem-no sem oroubar, crn que ele sesente lanto mais ele mesmo quanto maissecngolfanesseespirito de serenidade e de paz beneditinas. Essa &raça beneditina irradiou·se pela fonnação de um estado de espírito contra o qual todo o resto de J)a&llnismo romano e de recém-chegadas selvagerias bárbaras não ~uderam resistir. Era uma graça, uma especledcaroma espi~ tual,queimpregnava toda a Idade Média. Auim, por exemplo Pode-se dÍzer que até a casa do trabalhador manual-daqueles tempos, construída toda com madeira, refletia essa graça de São Blnto; ~aca de es1abi!idade, de seriedade, de lógic.à;de delectaçilo da boa ordem das côisas si~plcs c elementares, func1onando na sua limpeza e na sua dignid.a-
d,.
Naqueles primórdios da Idade Média, emqueosoldaCristandadevinhanascendo, é impressionante constatar como já se vislumbravaqueadversáriosmedonhososbárbaros,asofensivasdosmourosetc - ela teria que arrostar. Mas havia uma luz que iria vencer aquelas trevas. Percebia-se, no fundo, que Deus então se compranacom o comum da humanidadee que Eledavano,asgraças, rutilantes, profundas e abundantes. As misericórdias dEle como que não conheciam nenhum tipo de retração. Pelo contrário, sua ação dadi\'Os.a e a deçura dEk iam tomando um colorido e uma luz cada ,·ez mais intensos. Por exemplo, mesmo em pessoas que não conheceram São Bento e que lhe eram até pouco a m ~ . embora contemporâneas como Clóv1s, Rei dos Francos, parcre vis'. lumbrar-sc tal Jraça. Tem-se a impressão queSamaClot1lde. eSJXlia do monarca. e
Depois de um longo processo revolucionário chegamos a 1987. Estamos a menos de 13 anos, não da passagem de um sêculo, _mas da mudança de um milénio. Depois que o Sol de Justiça, o Príncipe das Nações, Nos5?Senhor Jesus Cristo se encarnou e habitou entre nós, nascidos de uma ~rgem, a Histôria se dividiu. Os acomcrimemos passaram a ter como marco Aquelt que é o Rei do Céu e da Terra. "A_ntes de, c;nsto·• e "depois de Cristo", assin:i se d1v1dem eles. É por assim dizer, a dois passos do inicio do terceiro milênio depois de Cristo que nos encontramos. A humanidade caminha para a realização dos acontecimentos proíetii:ados por Nossa Senhora de Fátima, acontecimentos estes q~e serào coroados com o Reino de ~u Sapiencial e Imaculado Coração, anuneiado também por Ela com estas palavras cheiasdeluzparaoshomensde Fé: "Por fim, o meu Imaru/odo Coroçõo triunfará!" E, com certeza, neste Reino do Sapiencial e lmaeul~do Coração de Maria, São Be~t?, o Patnarca da Europa, atra\'és do csp1ruo com que marcou sua ordem não Poder.i deixar de ter um grande papel. JoiioOIIDias
Duas crises opostas 1
AGRA VA-SE A CRISE na produçãodealimmtosdosprincipais pai5acapitalàtasde5Cn,·ol•
vidos.Masnlo~olcitorquc se1ratadeumavtrsãoincernacionaldcnoss.acrisedo"boigordo". Afina!,nãoéqualquernaçãoqucoonsegue"produzir,.faJ. tadecamc,pOSSuindoomaiorr,:.
banhodea:adodeeonedomundo.Não,acrisedeleséocontr:li·
riodanoss.aesoacomoalgosur· realistaaouvidosdebruilciros: acrisedelesédesuper-produção Ninauémsabeoque fazeroom tantoalimmto.j,nãoh.t local paraguardartantaproduçãoex-
cedente. E como resultado, os preçosinternacionaiscalram,"ff1iginosamcnte.
Curiosamcn1e,nOW1imprcns.a p0uoo tem abordado esse tema que abala o mito e!,Querdista e
"progressistacatólico"da fome queestariaaameaçaroBrasile
omundo,eemnomedaqualse-
Aprodu1i,idadcagriool1quejá craalta.temaumentado.Evários antigosimpor1adorcsdealimen1os norte-americanos tomaram-se auto-suficientes.ou exportadores. Tomcmosumprodutoqualquercomoexcmplo: omilho.A &iaan1csca1111rr1demilhodel986 foide2S8bilhõae886milhões de litros. Não só não há oondiçõesdetantomilho$CTCOnsumido,oomonãohásilosearrnazéns suficientes para estocá-lo. lê:quc clcsaindae-;1ãochciosoomosexccdentcsdasafraan1crior .OsEstadosUnidosjátinhamestocada acifraf:antãsticadc12bilhõesc 200milhõesdcbushelsdemilho. Cercadc2.000bucaçasdanavegaçãofluvialforamalugadasparaestocaranovasafra,enq uan1onãosedesrobrcoqucfazcr comela.Ogovcrnoplanejagas1arnoanoemcursocercadc2bilhõesdedólarcsempa1amentos afa.,endcirosdemilhoparanão plantaremnada,dcixandosuas terras vazias. Para se ter uma idéia do volume do milho exce• dente,bastadiierqucekforma-
riaumamontanhaquadradadc um tilômetro de comprimento em çada face, por cerca de 166 mctrosdcilltura! (2)
Mas a Europa.Ocidcntillnãoficaa1ris:sócm l 986,ospaiscsdo Mercado Comum ficaram com exccdcntcsdel6milhõesdetone1adas de cercais, 375 milhões de galôcsdevinho,645miltoneladasdecarne,alémdemonianhas demaniC'ijlacovos,la1osdc!ci1e,pirãmidesdequeijos,ctc.. S6 1cs1oeagcmdes.scs ali mcn1os excedentcscus1a5milhõesdedólares por dia. Em alguns lugares, para economizar nacstocagem, csu1-sejogandomanteigaparaos porcos!Masopioraindaestápor vi r :oomose prcvkmsafrasaindamaiorcsem87,calcula-sequc sobrarlocercadc80milhõesdc 1oneladas,qucsesomarloao5jl\ enorme-; excedemesatuais. lsro tudoirácustarmaisdc3milhões dcdólarcsporanosóparaguar-
dar.Eisroooorrenumar~a:o supapovoada. com rclativamcnte poucas1crrasusadasparaaagropccuária.(NaA!cmanhaOcidental.porcxemplo,s633'1, dastcrrassão aráveis) (3)
ACRl5f DA AGRICULTURA COMUNISTA Esses excedentes estão aumentandoapcsardocsforçodeexportaçãocdocnviodealimentoscomoajudainternacional.Sóparaa Etiópiamarmtaefamima,aEuropaOcidental cnviou mais de 2 milhões de tonclada!t de om:ais. Os EstadosUnidospossuemhlianos umgrandcprogramaoessecampo O "Alimento para a Paz'" Oúnioograndecscoarncntoparaaagrirulturacapitalistaapoplê-ticafapcrp:tuarncntefalidaagricultura comunista. O bloco romunista éo grande imponador de alimcn1osque rcstanomuOOOcnessa bancarrota agrioola, comocm tudomai5,éLidcradopelaRúlliia
rianccC$5;\.riauma"urgcnte"Rc-
forrnaAgr1rias«ialista.Area1idadc é bem diferente: não há ITIC'Tcadoparaoonsumirtantoilli· mentoedaf a<:risc. Antigosgranclesimponadores,oucessaramde imp0rtar ,oupassaramacxp0rtadorcs,portcremsq;uídoomcs•
:, ~~r!n::i~fzid~~:~ª~~~
nAosoriillizousua..,-iculturaoomscu7S<lmilhõadchabi1an1cs.paswuacxp0rtaralimentos. AdcsérticaArábiaSauditaparcceterícitofloreseerseusdcscnos, c,noanopassado,1cveexcedentesdcccrcais.Eaindaopaísmais povoadodoplancta,aminú:;culailhade Taiwan,comS20habitantcsportm'(l983)tornou-sc export adora de alimentos. Um doscasosmaisincr!vciséo Japão com mais de 120milhôcs dehabitantcsapcnadoscmsuascsmitasilhas:aterradosol -nasccntc tornou-scauto-suficicmecmarroz,scuillimcntobúico.APQ&f dosnipônicosoonsumircmmais dcll milhõadetoncladasdcarroz,hátantoexccdente desseproduto q ueogovcrnocstápagandomuitosagricultoresparanão produzirem arro~ (1).
Nos Estados Unidos a crise t maior,oomotudonaquclanação.
Comparando a colheita superabundante - - - - - - - - Oseuropeusocidcnta4a<:0$lwnan.m-se,;on,1idN<1equeomaior quinhlodeseusimpo1toSdodcstinadot1pqaraewx:a,mdol produtosq:ri,:olasproclu>idoJcmCUIIIIIO,noContineruc.Mat,dlo-,e dc!~contadoCUSlOmonummtalqueiHolfflrCSfflla,cd,, mq:nriudedolltllOC[ucslluais7
Gnmdiosidade branca: Uma torn: de leite cm p6, tendo c:omo base o Coliseu. alcançaria 13,6 quilõmttros de altura.
CATOLICISMO -
Março de
1987
No Peru: Estat~dcimporiarnadamenos que50bilhõe5dcpàosem 1984, e is50 para prantir um abaste,;imento precário, como qora rcco-
nhea a própria impn:ll.$il ver-JM-lha(4). Masparaavaliartodooalcancedo fracassooomunistaoonvém lcmbrarqueaRUuiafoi,naépocac:zarista,o"celeirodaEuropa'', poiscraomaiorape,nadordcce-
n:ab. Porexemplo,em 1894daap()r'!00617.2A2.(00dcpoods(mais de!0milhõesdetondadas).Alml di$.so,possuiasfmilwiirwtenas
nearasdaUçrãniaeoonttm~ trnasMivcisdoqueosEstados Unidos(,).
Só mesmo o comunismo C0115e· gue realizara "proeza" deman-
1erumaprodutividadebaixaoom 1odos esses fatores posilivos. Tal "proeza" aliás, repete.se nos demaispa!sesmarxistas, naseguime proporç:ão:quantomaisradicalfor aaplicaçãodadoucrinaoomunis 1a,tantopiorsertaproduçào
China e Hunaria que admitiram cenoselemeruosdacoonomiade mercado, foram bcneflci.ntas com um aumento da produçlo. Nas mais radicais nações do mundo comunista como, por c,cnnplo, Cuba- par.mo de Frei
lknoedoLula-anunciou-seh.i. pouco que o racionamento de alimemos .será ainda mai.s riaoro:50 do quej,t.OVietnãrcconheceu,afi-
nal,asituaçãodedesastredesua agricultura. E mesmo o nosso Portugal, até lloje não conseguiu refazerdadesa.WosaReformaAgráriaquelhefoiimpostapouoodep0isda "revoluçlodoscravos". Ponugal tem de importar entn: SO -~de-~alimm1ares(6).
MasacrisedoexcessodeaLi-
mcntosproduzidospelospaísescapi1alistasoontinua,p::,isobloroco-
munis1anãopodcimportarmais porquetemproblemasdedivi= As1imsetldo,nãose~esoluçãoa ,;urtopr,uoparaoproblema.
Nossaburoaaciacstatalcertamcnte poderia obter aliUJlS dólarcs a maisparaoPafse.,;portando
seult110\ll'·howparaasnaçõescapi1absuu. Numabrirefochardc olhoselacriaria1aloonfw.ãona c-oonomiadepaisesdesenvohidos quequalquercrisedee.,;cessode prodll(ãou·ansformar-se-iaemcri-
sedc cscassez ... Lu ís Me nezes d, Can-·alho
Artificialismo do jogo político favorece esquerda LIMA - Ainda hoje, o fundo de quadro da situação polilica peruana continua scndo a obra de destruição da sociedade e da economia do pais andioo, leva-
da a cabo nos anos 68 a 75, pela ditadura procomunista do gcnttal Velasco AJvarado. Obra que foi mantida intacta, ou agravada em vários aspectos, pelos aovernos que lhe sucederam. Naqueles anos realizou-se a reforma agrária socialista que deixou como seqilela a subprodução de alimentos, produção qu, está reduzida hoje a 50'11 per clipita do que era até 1968. Enrreosinsondjveisefeitos negativos dessa n:forma contam-se o abandono de terras produtivas, a migração torrencial do campo à cidade, o de· semprqo, subempreio e dcLinquência crecenti=;;, como uunbem a queda em mais da mmde dos índices de nutrição. Paralelamen1e a essa e outras refonnas, criou-se um clima dc:rnaaóaico de luta de das.ses e favoreceu-se as orpnizações polltk:as e sindicais marxista-leninist&1, as quais continuam fermentando a população. Até o ano de 1968, a esquerda mar'\ÍSta tinha oo máximo 5 "9 do eleitorado, e desde: 1978 - nas tleiçõcs para a Cons1i1uinte - oscila por voha d, 30'11 na capital e 20'11 no resto do pais. Por outro lado, a autogcstão era oficialmente apresentada como destinada a ser hcgcmõnica na economia peruana. O notável fracasso das primeiras destas empresas - chamadas de "propriedade social" - as desqualificou imediatamente. Outras reformas socialistas - na indústria, na mineração, na pesca, e o confisco da imprensa diária · foram implantadas com mão de ferro sobre a população, tcndo-5' cm vista organizá-la revolucionariamente cm grandes Ol"gaJlismos de "mobilização social". O descontentamento tornou-se muito vande. Em várias ocasiões o povo incendiou as rcpanÍÇÕC$ pllblicas. Durante o posterior governo de transição do general Morales Bmnúde:i: {1975-1980), elaborou-se uma Constituição sob fone pressão, com vãrios traÇOS socialistas. As eleições gcrai5 diretas de 1980 concederam uma c6moda vitória, com 471\ dos v01os, ao arquite10 Bclaunde Terry, o presidente que havia ~ido dcpos10 pelo golpe de Velasco, em 1968. Sem embargo, Bclaunde deixou intacta, de modo geral, toda a obra agrorefonnista e socialista de seus imediatos antecessores. A situação cconõmica agravou-se dramaticamente, e ele pagou a conta da destruição levada a cabo por Velasco, pois seu panido, nas eleições gerais de 1985, obteve apenas 5'7t dos votos, reduzindo-se, portanto, a um dkimo de seu eleitorado de 80. A ocasião foi aproveitada cuidadosamente pelo Apra, antigo panido socialdemocrata com grande variedade de matizes internos, o qual, cm todo caso, continua sendo comiderado como tendo consumado as reformas socialistas. Colocou essa agremiação politica muitos ~·elasquis1as cm imponantcs p()StOS do aovemo. Sua pohtka exterior tende a um apoio incondicional ao marxismo sandiniSta, na Amcrica Cen1ral e, cm geral, a uma atitude an1i-norte-amcricana de inspiração não abertamente marxista Neste contexto, o terrorismo do Sendcro Luminoso e outros grupos faz aparecer como moderados os esquerdistas radicais que panicipam do jogo eleitoral. A crise econômica, ,ntrttanlo, ameaça qigantar-!.c a médio prazo, com a qual seria muito possível a futura vitória eleitoral da aliança "lzquerda Unida" {IU), composta por panidos comunistas de várias tendências, elementos vinculados à Teologia da Libertação, e outros grupos esquerdistas. A menos que o setor de centro direita do país comece a exercer uma oposição inteligente, descendo cm suas críticas ao fundo dos assuntos e esclarecendo amplamente a população. Ape· '1lr de todo o esforço das forças rt'\'Olucionárias, esta, cm linhas muito gerais, continua sendo católica e moderada Cartos Bueno
CATOUCISMO
Marco de
1987
"
Alemanha Ocidental, após as últimas eleições:
Futuro poh'tico instável 0s RESULTADOS do pleito eleitorai de2.S de janeiro, apresentaram aspeçtm dianos de uma náliscmaisdetida. Asdeiçõe5gmniní,::ti,anta-dc
tudo, comi5tiram num brado de almaparaospandespartÍ(i<)5.
Nio só para o SPD,PartidoSocial Dernocrata, esquerdi.ua, que perdn.itmmo-fbomrcssalt.ar p,elaseiundava0D11$eC11tivammte. Mast.lmbbnparaacol i ~ de =itro-dimta formada pelos partidos Democrata Cristão
episcopado
smn!nioo lancou uma
es:sapaslorolll6oJtrdlidutm1'('.IZ ai/a durantt o !/tinto ofício domi-
nico/". A leitura desse documento deveriaJfffarultativa.E~ apublicaç:Ao; "Na s u a ~ , mbisposnõo/lT>'Or'«rm ffltou
aq~ partido, como jd foi Mbi1anasd«odas~cinqüentaest:s-
(CDU), Social Cristão (CSU) (a
:.ema, qXJCO qw frtqütnl~nte
Democracia Crinã da Baviera) e que oom o apoio do Partido LiberaJ,!:51ánopoderhá4anos.talcoligaçiovnnexeromdoumapoliticaobjet.ável.Sobretudonoplano
eles~ afJll$t!n/(1\'(lm romo adl/Q-
a,rioola,desestimulandoospn:,dutomrurédcvidoapc,5içãodébil que tnn ammúdo mi relação ao Mercado Comum Europeu. Es.sa colipçio (CDU/CSU), liderada pelo Cbancdcr Hebnut •
0tst-..110po.storola~.supnmodolivnarol.ho". Talvez. le,.,ando em consideraçlo a chap que tep'CSffllll para Q5 alemães oà-
Kohl,qutjieraapontadaOOtnQ Vffl<ledora nas pesquisas de c,pinião, - att oom a pc>SSivel Qbtffl· ção da maiQria absoluta, que dis-pensariaentãooap0iodosliberai5 -perdcunaverdadc2milhõc:se 200rni!VQ1os.Seaundoarevista londrlna "The Economist", em 5uaediçãodc 31-01-87, tal perda foicausadapelauansferênciadc 800.0Xl votos i,ua Q Panido Líberal, pda abstcnçãQ de 800.000 elei\Qres,ob$ervanooaindaareferida pub)icaçãQ que "400.()(X) si,-
frrzgarom Or1 soda/ tkmoaatas. a1rofdos ~ ~1rifmo do mndiNioindic:aarevistaqualodc!;1inoquetivtTamos200milvotos
ll!Sl.alltes, daperdawtal 50fridape1a colipção CDU/CSU. Teriam sido transferidos à extrema-direita, representada pelo Partido Nacional Democritioo? É bem possível.
Sobrttudo -
como n:s.salta
gados da democracia cristã." Aoonsclham eles apenas que os '°flNIOrMm$UOd«isõodentrodo npirltodoresponsabüidat:krri.nã.
dentais a vizin!w>Çll rom Q ~ çomunisu da Alemanha Oriental, acnsoentaapu:oral: ../nfeliz.ma,. ttnõoltod<,Qll(mt){XJIIQ(/W,dt partilhar ei:w li/Nrdadt". Em seu clocummlo os bispos aindarepudiamacleiçãodcro:,,resentantes de partidos extremistas. Porém,oreferido boletim esclareaqueessespartídosdesempenhampapelirai&nificantcnavida políticadopais.Assim,amudançadc atitudcdQepiscopaoo, mindo uma posição de ncutralida·
=·
deemf-.:edospartidosammaior upressão dtitoral, na melhor das hipó(escs, Í&VOffl%\I os libcr.tis. senk>dimamm1eoSPD,deeo;quer-
da.
da10JQNl/l~Rt111".
Q
"JomaldoBrasil"dcll-0!-87seseconsiderarqut'"Xoh//fQ/QII
tkasstflU(lrnumtkJsúltímasromídol .... qutas,;o,tstantcda Ostpolitikpaman«m/Qina/lf!r(Jdas e que Bonn continua a!Nna à ooibbonlrw oom o Lt:stt". Esta linha de conduta, de si, poderia ter causado desaçados a wna pane do eleitQrado e explicaria Q significativQ crescimentQ dQ PartidQ Nacional Democrático, de cxm:ma-direita, que triplicou a porornlqem dos votos, embora permaneçaapenasoom0,6"ledos sufrqios.
Que peso teve a atiu.wk assum.ipelos bispos das 22 diocescs c:atólicasda Repúblic:a Federal, nos
da
jJJf
CartaPastoralaosmaisdc26mi!hões de tiN sobre as elei~- A esserespeito,infonnaobokúm "lmpre!SÕc:S da Alemanha", de 21-01-87, que "~ pri~ira wz
Nasí11Jfll1eleiç6esgermãnicas.pel" ds-1lmaisl'OIOSDIIDSnàresagupamen!OS pollfm: 1 coigaçJo l[Offl·
...1g$PO,presddo~JohamesR&.1
nanentllCOO/cst/lidndlipelo~
(fotol,candidatotchancalerl'IOpleitO
allrltaw!Kohl[ID10] __
eetorlll.
OPartlOOVerdc-acx1remacsqUCTda eeolóp:a, quc plcitrou rn1reoutraScoisas,adcsa1QmizaçãQdopalsesuasaídadaNATO -alcançoutproximadarncnte l milhãodcvotosamaisdoquenas eleiçõeSdcl983,principalmenteàs custas dos social-democratas. Esse aumento foi Qmamrnte favorecidQ pelo$ desastres cwlógieos
mtnto da esquerda dos socia/dtrnocrotasqw1nsisrtnaradica-
orortidosaolon&ode1986:acootaminação quimic:a do Rmo e Q addcn1en.ausinarmdearsovittic:a de Chemobyl. A me propósi10, 1 refcrida edição do "The F..ronomist'"ressaltaqueavitóriado Panido Verde fonaleoe "Q argu-
liUlfão
maior dQ panidQ t na odo-
çõo, tm suo pla1eforma, dt temas
trol6gicostdtsarmame111is1as". Porsuavet,arevistanorte-americana "Newswoek", em sua cdiçlo de 9-2-87, cita o oomenul-
riodocien1is1apotitioodaUnivtT· 5idade de Bonn, Cul Cllistoph Schweitzer "qutodwrteparoum futuro lll$l/Jvd como resr,llado tk um ffl/raqummenw gradual da posiç6otkKohJtoomQ/linda Qf10$ÍÇÕO com mtdidas roda wz
mais esquerdista''.
--~:22tS~·Pequenos crescem
CadeirasnoBundestagapósaeleiçãoeml987 (1983)
SociaísDe 186(193)
DemocrawCri! tiO!
UnijoSocialCnstã
221(244)
Verdes42
"11devQtos
•i"-•:j' - - ' i - - - ~ I ·~·~'--,---"".'."'·í·;,~,..,
cc!
Verdes
J
Liberais
SociaisDcmoc1111as
1
vu ,u,
Dcmocrat.uCristiQs/ UniàQSocialCristi
rffllllados do pleito eleitoral? A
pergunta tem todo propósitQ. O
16
CATOUCISMO -
M&1Q de
1987
SultaQ(lSo/hosarompluidadt daronjunlWTlutualdapol1íica,ermânica. A ooalizão CDUICSU rontinuaMC"tSSÍlundo,parogowrnur, do apoio do AuritJo Ubvol.
Umt1radicalkPf40aqumílslados socia/~nlQffllttlS, IT:Sfituirio dt im«tia10 c1 CDUICSU as 400.000 WJ1asquerlahaviamronquisu1-
doues:suroligaplo.Análôg0mornop«kriaororrrrtmrN/çãoaos lKXJ.OOOllifrdgios qwtf)(ISSQfflm paruoParridoLibt!nd,provenitntts da col;,oçõo CDU!CSU.
Poru,e,.,mer-anj11VOr(M$S(lroligrJçloao/lla/1mdhw::iadotspte. tropolírico ukmão, $ t r i o ~
rionomfnimodef,r,nn,,td«isdo por pont do chanctkr Kolll. Emprimrirolugar,pnrimriatlt tlS umbigiiida<ks da Ostpolitik. Afim disso, o chanc-t> ltr poder-ia uplonu a Juta de qut a SPD wm :sit rudicu/iu,nda. Coma txemp/o di.sso, loportuno ltmbrar qut a candidata dt,rotada, JohanntsRau, tidoromo modt-
abundonar
rudo,renunciouuroncorrtrâprtsidtntt da SPD, a qual Strd possivelmrntt p=nchlda ptlo mais aquerrlisru Oskar lafontaine. Por fim.rompttiriuuKahlaplicuruma polüicuinttrnaanti-siocla/iu,ntt.
Decisãocfirmeza-qualidades muir05 apre;iadas pelos alffl\Jes-
tomam-se a.uim mais do que nc~ ao chanceler ,mnãnkO. pois romo bem lembra "The Eainnornw.'',''quarrotldc(JescJe. wm ocorrn- tstt aM: no Rtn-0 t Pala1inado, Schltswig·Holsrein,
BrementHnst.Os~ rorrrmarurodtptrtkr sua maioria no Bunddru1, a .J;tftlnda cw:u- do
Parlanwmo J«Jtral " -
a qual pos$UÍ cerw analoailS oom oScnadobrasikiro-"qwtronBrt!ª represenlanra r:staduais dtltntores dt amplos podtrt:r, lnduinda a ditrifo dt wta tm m11-
1éritlS de 111.W{ffl". - Convtm esdareoer que os representantes de cadaestadodaf«lcraçlono8undcsrat são nomeados pelos respcctivos governos estaduai!l Assim, para acompanharmos comacuidadeodesenrolardoproccsw ckitoral dcste ano, na AJc. manha,oonvtmterprtsenteala;umasindaiaçôes:teriac.,;tn:maesqu..-dado Partido Social Democrata força para radicaliur iua ~ partidária. tentando recupcrar o quc pcrdcu pano Partido V.,-de? Mas de$tjará_ dessa forma,WITer-Ori$1Xldeperdero pouco que conquistou à oo~gação go.,.emamental? Acolipçãocentro-diratista,quc gov..-na o pais, tomará atitudes sa-
di:.u e ,;orajosa$ oo quc diz respcito à política de privati7.açlo? Quanto à Ostpolitik, dcmostrari firmua cm relação aos paises comunistas do Lestt? Am;pcitodessesttm.11$detan· 1a importincia para a Ale-manha Ociderual, :.uumas falarão nova. m~tecm 1987.
Discernindo, distinguindo, classificando...
"Velhacos e insolentes '' N
5
: o ;!~~t?r~~irL1i~~ O grito de revolta ribombou pelas abóbadas cdcstcs. Esta é a primeira manifestação de uma criamra inteligrnte posta à prova, queaSagradaEscrituraregisua. A história da liberdade começa comum brado de revolta. A desobediência de um anjo é o marco inicial da caminhada que leva ao inferno. A seu modo, por esta mesma trilha dcperdiçãoentraramnossosprimeiros pais cometendo o pecado original. A panir daí, todo ser humano é concebido com uma tendência marrada para toda forma de desobediência. Exceção gloriosafoiahumilís.simaeobedientissimaescravadoSenhor, Maria Santíssima. E especialmente com a vinda do Redentor ao mundo graças abundantes foram concedidas aos homens para estabelecer bem o equihbrio entre o saber mandar e o saber obedecer. A panir de então, sob a benéfica innu~ncia da Santa Igreja. foi possível aos homens construir toda uma civiliz.ação b;ueada nos ensinamentos evangélicos. De fato, tal foi a civiliz.ação cristã. Umdospilaresdcssa.civilizaçãofoi indubita,·elmcnte o relacionamento social calcado sobre o estilo pai-filho, de mandar e obedcctr. Mas a serpente revolucionária ,·oltou â carga. O humanismo renascentista colocou de ceno modo o homem como valor supremo, guiadoapenasporsuarazão. Lutero repetiu cm relação ao Papado o mesmo rugido sinistro que o demônio fizera ouvir cm relação a Dcus:'Non serviam". A Revolução Francesa foi o "nonserviam" contra o rei, ao mesmo tempo que erigia· cm divindade a razão, colocando-a no altar do Deus todo,poderoso a quem devemos s.crvir. E o comunismo é o "non serviam" oontra tudo e contra todos (cfr . Plínio Corr~a de Oliveira, "Revolução e ContraRevolução", Parte 1, cap. XI). Chegamos assim a um estado de coisas calamitoso e anticristão. em que igualmente s.c tem vergonha de obedecer e de mandar. Cada um está disposto apenas a seguir sua razão - quando não os instintos, de mcxlo claro - a qual írcqüentemcnteservedc ró!ulopara o capricho debandado ou mais simplesmente para a estupidez.
Àpigina 132dcseulivro··LaAvenrnradela Teologia Progrcsista" (Eunsa, Pamplona. 1976), o famoso filóso-
fo 1omis1a Pe. Comélio Fabro recolhe um 1e,i10 do filósofo dinamarquês Kicrkegaard - apcsar dc SCf cslc co05iderado um precursor do existencialismo - , tão e,ipressivo no que se refere ao assunto que nos ocupa, que aqui o transcrevemos: "Por desgraça, rodo homem tem uma paixão natural e inata para a deso!Je.
diência. Assim, foram avançando as "rozões",taspessc,ascrêemporrazões em vez de crerem por obediência, porque nos envergonhamos de obedecer. "Deste modo, a suavidade 1omou o lugar do rigor, jd que não havia coragem para mandar e repugnava deixarse mandar: os que deveriam mandar converterom·srem \/C/haros(aosubstitulrem o mando pela cspcncza), e em in.solentts os qut deveriam obedeur. Assim, com a suavidodt o cristianismo foi ol>olido na cristandade. Sem aworidode, com panos remendod0$ t des~ doçados, ele atuava na cristandade como que escondido . ... "Não hd paro nds senão uma sa/vaçõo: o cristianismo. E também para o cristianismo só uma salvarão: a SCl'tridode". A.C
Ca rlos A. SoaresCormt
CATOLICISMO -
Março de
1987
17
Mornl cristã, salvaguarda contra a expansão da AIDS Plinio Corrêa de Oliveira Irmã Dolores de Jesus D.C.D
A "Folha de 5. Paulo", emsuaedição de 21-2-111, fonnulou ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a seguinte pergunla: "Voei! achaque o enfoque moral é adequado para combater a AlDs?" À essa questão, o Presidente do Conselho Nacional da TFP respondeu da seguin te forma: Sem dúvida, em nosso Pais já tào perigosamente atingido pela expan.ão da Aids, é preponderante o fator moral, como coercitivo do terrível mal. Com efeito, sabe-se que o prindpal fo-
co do contágio dessa docnça está nos ambientes h o m ~ . Mas também os bis-
sexuais contagiam a Aids, e isto não só nas relações com o próprio sexo, como ainda comosexofcminino(aliásmaisresistente ao comágio do que o masculino).
Esscssãoosdoisgrandes "grupos de risco" para a propagação da Aids. H á um terceiro "grupo de risco", constituído pelas pessoas sujeitas a freqüentes transfusões de sangue, como os hemofílicos, cenos anêmicos etc. Constituem eles vitimas inocentes do cruel contágio, cm razão dopouco cuidado com que seja eventualmente selecionado pelos t&:nioos o sangue que recebam. Com efeito, pode suceder lhes seja assim ministrado sangue contaminado de Aids .. . Quanto a cada um desses três "grupos de risco", o enfoque moral segundo os princípi0sdalgreja,cmnossoPaisgraças a Deus católico, é de molde a exercer a mais valiosa influência. Pois, segundo é geralmente sabido, o ato homosscxual é qualificado pela Igreja como "pecado contra a natureza", e catalogado entre os pecados que bradam ao céu e clamam a Deus por vingança. O que lhe revela toda a gra1-'idade. Ora, a não ser um freio moral de tanto alcance, não sei verdadeiramente como coibir de modo eficaz a homossexualidade, e ponanto a upansâo da Aids. O que é mais digno de notatomando-sc:emconsideraçàoatendênciaporassimdii.ersuicida,já vitoriosa em diversos países, e cm franca ascensãoemoutros,anãoqualificarahomossexualidadecomocrimc. Poder-se-ia objetar que o próprio surgimento da ameaça da Aids uerce efeito ini-
1B
gual ávelparaarepres.sãodahomossexualidade. E que, reprimidaesta,operigoda Aids estaria extinto. A expansão da Aids constituiria ponanto wn perigo autodemolidor: oprópriopãnicoda terrível doença levaria os homens a evitá-la, abstendo-se doatocontraanatureza. Scmcontestarcerto efeitosalutardoperigo da Aids como fator coercitivo da homossc:xualidade, cumpre notar que tal valor tem algo de relativo. Pois depende do próprio viciado escolher entre as duas r>en· pcctivas dificeisque se lhe abrem: a dura batalhaparaaextinçãodovicio,ouapermanência nesse vicio, embora sob o terrível risco do contágio mortal. Ora, está na psico!ogiadeincontáveisl-'iciadosoptarem pelaviadovicio,que\hesagradaamo!eza e as apetências desordenadas. Pelo contrario, o católico, posto ante tal alternativa não se considera livre de escolher entre uma e outra via: sabe que lhe cumpre tão-só obro= à vontade de Deus. Obedecer, sim, pe!o amor e pela submissão que a este deve. Mas também pelo justo temor de que a mão de Deus o castigue duramente com as penas eternas do inferno. E, bem entendido, com proporcionados castigos nesta 'lida. Destes, um dos mais terríveis é a caminhada inexorável do portador de Aids, através dos mais devastadores procedimentos, rumo à mone. Restadii.erumapalavrasobreo desleixo e a incúria responsáveis pela transmis-
Faleceu no dia 8 de janeiro último a Irmã carmelita Dolores de Jesus, no carmelo de Pla,encia, na Espanha A falecida, que ingressara na 'lida religiosa em 1934, demonstrou grande fonaleza de alma e resignação em facedossofrimentosprovocadospc!o câncer que a vitimou, oferecendo todassuasprovaçõeseaprópria 1-'idana intenção da.o; TFPs, em todo o mundo.
A Irmã Dolores, pouco antes de sua morte, recebeu, com a permissão de sua superiora, a capa de sóciahonorária da TF P espanhola. 1k acordo com a regra carmclitana, oataúdefoicolocadosobreumtecidomarron,nocorodacapelaconventual,tcndosidoocorpoveladodurante toda a noite. No dia seguinte, após a encomendação do corpo feicapelo Vigário Geral da diocese de Plasencia, o féretro foi carregado por sócios e cooperadores da TFP -Covadonga, bem como por familiaresdare!igiosacarmelitaaté-o cemitério do convento A TFP brasileira fez celebrar Missa de Sétimo Di,\ em sufrágio da alma da Irmã Dolores de Jesus.
~AÍOUCISMO
são da Aids nas transfusões de sangue. O prejuizosofridopelasví1imasinocentes,em razão dessas faltas profissionais, qualifica de muito grave o pecado dos responsáveis. E a justiça de Deus pode se des fechar >O· bre eles com todo o rigor, ainda quando consigamardilosamentetornardespcrcebidooseucrimeame ajustíçadoshomens. Oqueconstituiparaocatólicomo!ivação de inigualável importância para que não se deixe arrastar, pela negligências ou pela precipitação, a uma transgressàocomrao S? Mandamento: "Não matarás". Nesse caso, como em tantos outros, só mesmo a moral especificamente religiosa constituiparaohomemoparapeitosalvador que o protege contra as múltiplas propensões internas para o mal.
rn«to.c P,oloCo"<>.d,Btioornho
:::.:l~•D';;";;';! ::~°':JT!J:h.,hi - R<1i•·
Ét~:~~~~~~~~~l~:;;~~I: rw,,,,..potiçi,o: Grafibri, Art«Grá/ka.s Lido p::l~~"p"dinod,Cam]'.)O!,J08 · 04004 · ~
~:r'í',',~ ..63~"~:•p~~;~ A<to G,ifoau A<>lurorooauol:comuotCzS 400.00;coop<T•
e~f ~~~;~'-~-f~to~~tt\~~'~;~: mumUSS30,00;brnl<rtorUSS 60,00
CA.TOLICISMO -
Março de
\987
TFPs em ação TFP promove encontro para jovens
NodialOdefmreiroúl!imo,QU•ridofoiinstalada 1 AssembléiaNacionelConsti1uinte.aTFPfe1afüar na sede de seu Cooselio Nacional i Rua Maranhão esquinada Rualtacolomi,n1c1pi11lp11Jüta,umau
SÃO PAU LO ~ Em sua sede de campo no municipio de Amparo (SP), a TF P promoveu mais uma programação cspcdal de f~rias, visando a formação ,ultural e cn1rttenimcnto de seus jovens eoopcradorcs e simpatizantes, procedentes de 10do o Brasil. Paniciparam tambtm desse programa delegações de TFPs da Ausml.lia, Argcmina, Bolivia, Chile, Colômbia, Eltados Unidos, Peru e Uruguai, tendo sido aproximadamente de 400 o número de jovens prcscn1cs. Na abertura do encontro foi solenemente recepcionada uma cópia da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, cuja presença avivou~ todos a lembrança das aparir;õcS' da Santissima Viracm em Portugal, exatamente há 70 anos. Como se sabe, as revelações da Mãe de Deus indicavam guerras e a dominação comunista como castigos resultantes da impiedade crescente do mundo, caso os homens não fizessem peniténcia e oração. Foram realizados, durante ·a programação, além de palestras de formação, animados jogos, com a participação de cavaleiros e de uma fanfarra, tendo sido também encenadas atraentes peças teatrais.
pressiva faiJaalusivaa,oacantecimeoto.
A TFP mantém bem alto seu estandarte anti-agro-reformista V
:r~t~~o~~e~!-n~~~~:~s~i~:s órgãos dadasse rural - ou surgidos espontaneamente de importantes zonas agrícolas - contra a política do Governo face à agricultura e à pecuária. Tais protestos incluemmaisde umavezareivindicação de um tratamcmo paritário entre produtores agricolas e industriais no conjunto da economia nacional. Em vista desses facos, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP, comunica que: 1. Não sendo embora um órgão de classe. mas entidade voltada à apreciação da plurimórfica realidade nacional com base nosprincipiostradicionaisdadoutrinacatólica. considera um dever declarar seu apoio às referidas reivindicações agropecuárias, as quais se lhe apresentam, de modo geral, conformes à justiça e à equidade. 2. Dentro da corroema sócio-econômica que a!óSim se ,·ai estendendo pelo Pais, a TFPnãoesquece,entretanto,anecessidadeindcclinâ'"eldemanterbemaltoseucs-
tandarte na luta contra a Reforma Agrária socialista e confiscatória que vai sendo a;radualmente imposta, em todo o território nacional, pelo MI RAD. 3. O empenho explicito, desassombrado e constante em favor da propriedade privadae da !ivre iniciativaconstituiopantochave dadefesadosdireitosdaagricultura brasileiracontraoperigoagro-reformista.
4. Com efeito, é, por certo, mui!O censurável que o Poder Público onere com uma política agrícola injusta a produção agropecuária. Contudo, mais censurável ainda é confiscar ele a própria terra. da qual, mercê do trabalho humano, nascem estas riquezas. S.Éoq~ faci lmente5e co nclui, desde que w lo me em conla que one11tr 11. busi•·•mentc os frutos pendentes da laranjeira de algllrm f obviamente prejudica r essealgui m. Po rim. muito mais prejudica a esse ala; uém a pessoa que lhe se1T11 pel11 rai z a laranjeira.
1
6. A TFP apela, pois, para o povo brasilei ro no sentido de que, com a atenção deledcsviadaparaosmaisdiversosassuntos por efeito dos problemas angustiantes que vão emergindo a todo momento nos mais variados pontos do hori;:onte nacional, nãoseomitademanter nocentro de suaspreocupaçõesumaexplicitaeinflexível ação legal anti-agro•reformista. 7. Este apelo é feito a toda a população, cnãosóàdasseagricola. Pois,casoaopinião pública se habirne à Reforma Agrária, estarão abertas irremediavelmente as portasparaoutrasreformasquegolpeiam sucessivamenteosdemaissetorcsdasociedade e da economia brasileira: a Reforma Urba navoltadaco nlra os proprittá rios de imó,·els urba nos, e a Reforma Empresarial voltada co nu,11 os proprirtirios dosestabe-lccimentos Industri ais r comereials. IÊcstaatrípticereformadirigldacontra a propriedade privada e contra a livre iniciativa, segundo os ,·elhos anseios que o Pan ido Comunista do Brasil (PCB) ,•em difundindo em nosso Pais desde sua fundação, no longínquo ano de 1922.
SOCIEDA D E BR ASIL EIRA DE DEFESA DA TRADIÇÃO, FAMÍLI A E P ROPRI EDADE Ru a D r. ,\ lartinico Prado, 246 • Ctp 01224 • Fo ne: 221 -8755 • Slo Pa ulo, S P CATOLICISMO -
Março ~e
1987
19
Rothertugàntite,itunteoiwemu.
Rothenburg: evocação pitoresca do quotidiano medieval A :i':~~~~J:'!u~=~
comparáveis. Disconc-ndo sobre aquela época, cm que se forjou a civilização Cfistã ocidental, é natural que sc menciom, essascsplendorosa.sobrasarquitetõnicas, frutos, cm larga medida, da ação civilizadora dalgrcja. Entretanto, se quisermos formar uma noção mais abarcativa do que foi a vida quO(idiana do homem medieval, sobretudo a do pequeno comerciante e ado trabalhador manual urbano, de-vemos pensar nàosóemcatcdraisecastelos,masnuma miríade de manifestações ligadas diretamenteaessa.sduascatesoriasprofissionais. Rothenburgé, nesscsentido, umexemplo magnífico.
Situada cm estratégico planalto acima do rio Tauber, a noroeste da Alemanha, a pequena cidade deve sua fundação aos condes de- Rothenburg, iniciadores, no skulo X, do povoamento da região. Vista de- fora, a localidade é protegida por muralhas e tones como uma fonalcza. Por dentro, oomo bem evidencia nossa primeira ilustração, podemos discernir, cm alto grau, a poesia e anequecaractcrizaram as aldeias mcwc-vais, na A.lcmanha. A
cena apresenta wn aspecto ootumo, durante o inverno, da íamosa cidade, salientando-se, à esquerda, uma encantadora torre, denominada "Slebcrstunn", cm cuja base se abre um aroo ornamental, que permite a passagem da viela "Schmicdgassc". Como nenhuma outra pequena cidade alemã, Rothcnburg soube conservar atra-
vésdos siculos. em 5ua arquitetura, a fidelidade- ao espírito d e seus construtorc-s. Dignidade, aconchego, sadia espontaneidade, amenidade devida, frutos exímios de uma civilização fortemente impregnada pelo espírito católico. Valores esses que, no 1empo de sua oonsm1ção não eram privilégio da aristocracia, mas haviam penetrado em todas as classes sociais.
Rothenburg enfrentou guerras, revoluções, terremotos e epidemias ao longo de sua história. O episódio - de fundo real, mas enriquecido pela legenda - que marcou mais intensamen te a vida de sem habitantes, conservando-se até hoje vivo na memória de todos eles, oconeu durante a guerrados30anos, noséculoXV\l,quandoapitorescalocalidadefoisalvadadestruição de modo imprevisto. Conta-se que cm 1631 - a cidade, infelizmente, se deixara arrastar, no skulo
XVI, pela heresia luterana - Rothenburg fora sitiada pelo general fram:CSTilly,comandantedastropascatólicasquelutavarn contra a ligadas nações protestantes chefiada pelo rei Giutavo Adolfo, da Suécia. O Conselho Municipal da então cidade-livre, partidário do rei sueco, dccidiu enfrentar os católicos. Durante a batalha, o paiol de pólvora localizado dentro do burgo, voou pelos ares, causando grandes danos numa das principais muralhas defensivas. Rothenburg vem a capitular. O general francês entrou então vitorioso na cidade. Mas, irritado com a inesperada resistência, Tilly ameaçou destruir a localidade, além de condenar à mone quatro membros do Conselho Municipal. Os pedidos de ciem~ncia não encontravam eco. Ofercccu-seentãoaovenccdor,deacordo com a lenda popular, uma ponentosa canecadetr&litrosemeio,cheiadomelhor vinho fraCCS. Bem humorado, o valoroso general prometeu poupar a cidade, caso algum dos ofenantes bebesse, de um só trago, o conteúdo da caneca. Aprcsentou-scentão,oomovoluntário, um idoso mas ràbll.'ito membro do Conselho Municipal chamado Nusch. Após certa hcsitação o vetho alcmão oonscguiu realizarscuintcnto.Tillymantcvcsuapromcssa. A cidade foi salva, cm meio a grande júbilo popular.
Essepitorcscoacontccimentoécclcbrado anualmente pelos habitantes de Rothenburg, na festa do " Mcinstcnrunk". Nessa ocasião, reprcsc-nta-se na sala imperial da Prefeitura (segunda ilustração), o lcgendário cpisódk,. com todos os pmonageru vcs1idos segundo a moda do sécwo XVII. O fato também é relembrado todas as vezes em que o relógio do imponente cdiíicio do Conselho Municipal bate as horas. De duas pequenas janelas, no alto da fachada do prédio, aparecem dois bonecos representando rc-spectivarnentc- o general Tilly e o velho Nusch com a caneca aos lábios. Não é sem propósito que Rothenburg tornou-se mundialmc-nte célebre. Percorrendo-scsuas estreitas, sinousase ao mesmo tempo originais ruas, de traçado irregular, contcmplando-sc a belcza arquitetônicadescuscdificios,asotidc:zdesuastorrcsemuralhas,sentc-seaimaginaçãotranspanada para a placidei: da época medieval, a justo litulo cognominada a "doce primavera da Fé".
Na loto, aprese"IIÇio cinicl do episótio len:làrio de 1631:à~da.ogenera!Tily, eà lht1, o'llhl Nuschtll"Dltt..adevinhoaosltill.
Tradição religiosa multissecular entusiasma juventude andaluza Santíssimo Cristo da Expiração, obraprima do escultor setecentista Francisco Antonio Gij6n. Representa o Salvador no momento da última agonia.
SEVILHA - Comemorando« no l)mffl· te mês• Sagrada Pai.do t Mol1e d, Nosso Redtnlor, plrtffU•ltOI0pol1unoaprT-
•nlal' ao. ltitottt de "C.1olklsmo" a l'tslo sucinlll dt uma das malottt ffltbraç6es de Stmana S.nlll. Tralll-w clu cerimônias que se realuam, nma ipoai Utúflka, nu ma ddade que se dest.ca por sua notivtl riqutZaculturaleanfsdca:M'11ba. Tatva nenhuma outra locatldade ,spa,nh(la, retrate tio ~ os contrasea de aJ. ma do nobre povo ibhico como esta que stt11utàJDa11t11Ssorriden1t:1doGuadalquh-1r. As iallM dt 1a! rio, que cio 1n1ndel acontecimenlos prt9ffldanm, ~ •
daqutffl'coatar-oosaspóriasdl~ cristl. Su.Alptl'fk:wtsptlba, dlriamosque rom srado,;a rnerfnda. monumentos ai· tivm que desafiam os 5kulos.
An l õnio Cartos ~ Aiemio Esp«ial para"Catolicismo" JÁ NOS ALBORES do Cristianismo co-
nheceu esta cidade a virtude e a sabedoria de grandes santos. Teve Sevilha a honra de contar um doutor da Igreja - Santo Isidoro - entre seus Arcebispos canonizados. Dentro de suas muralha5, foi manirirado o ínclito prindpe realaquemaEsprnhadcveo retorno à verdadeira Fé: São H ermenegildo. As rua5 est reitas e graciosamente floridas do bairro de Santa Cruz ainda guardam. como em delicado escrinio, recordações de Santa Tereia a Grande , que ali padeceu e lutou nos anos heróiros da Contra-Refor-
=·
Mas nenhuma figura terá marcado tão a fundo ~ a antiga urbe, como aquele Rei de Leão e de Castela que em novembro de 1248fczentrar triunfalmentepelasruasde umaSevilhaarrancadana,·ésperaaopoderio maometano, a incomparável imagem de NOS53 Senhora de los Reyes. Após lon• gos anos de lutas, tinham voltado por fim ao domínio cristão os últimos reinos islãmicos da Peninsula ibérica. Restava Granada, masaindaassimsubmetidaatributo e vassalagem. O Rei São Fernando, pais
é dele que falamos, ainda quando menino jásepreparavaardentementeparaoexereicio das armas e gostava de repetir à sua mãe, Rainha de Castela, que quando fosse mais velho fariareinarnaAndaluziaa Rainha do Céu. Via ele agora seu sonho realiiado,e preparava-separamorrerem paz.Avidainteiratinha-adedicadoarcstaurar a integridade territorial e moral da Espanha sob o signo da Fé católica. Seu reinadoficariaassinaladonahistóriacomo incomparável época de magnanimidade e de justiça. Sem o saber, fezeleaprimeiraprocissãoemcstilosevilhano. Para agradecer à Santíssima Virgem a vitória alcançada, mandou pr~um if,\lldiosoandorpara conduzir uma imagem dt N= Senhora em tamanho natural, m.agnífü;a escultura do medic-,·o que ainda hoje impl'C$.SÍona por seu pone a wn tempo régio e inefavclmeme materno. Quis o monarca ceder â imagem o seu lugardegeneralvi10riosoefe-laentrar na cidade com todas as honras de Rainha. Para si. reservou um lugar secundário, parque - dizia - não era ele mais do que "um cavaleiro e um vassalo da Rai-
CATCl.lCISMO-Nri031987
nha do Céu". A partir de então a imagem da Virgem de los Reyes nunca deixou de sair às ruas de Sevilha, no dia 15 de aaoslO de cada ano, rodeada por verdadeira multidão de fiéis que a aclamam como Padroeira e a cultuam com pompa e dr:vc,ção ardente. São Fernando, dq,ois de conquistar Sevilha, já não a quis deixar. e seu corpo repousa incorrupto aos p6: da milagrosa imagem. Trb vezes ao ano é ele eJCpo5to à veneração do povo e recebe as honras militares reservadas aos soberanos. Desfila na oca5ião um regimento com banda de música e grande aparato, sobasabóbadasogivais da Catedral. Sevilha da Reconquista; Sevilha da Contra-Reforma; &vilha dos gal~ das Índias, dos missionários e dos conquistadores; Sevilha da arte e da cultura hispânica ... Quantaspáginasestarãoaindaporse escrever sobre ela? Mas det enhamo-nos hoje naquilo que é semdúvidaomaisfielreflexodaalmaautêntica de seu povo: a Semana Santa sevilhana. Dizemos autêntica, porque não tomamos como sevilhana a onda de blafêmias e outras aberraçõcs que aqui, como em toda Espanha, vem se manifestando, sobretudo a partir da ascensão do socialismo ao Poder.
As origens Cobrirem-se os pecadores arrependidos
com pobres ,·estes de rude tecido, como sinal de arrependimento e propósilo de emenda, é tradição antiquíssima na Igreja. Já no Antigo Tes1amen10 a enrontraffiO!i mencionada numerosas vezes. Noseuestudo"LosnazarenosdeSevil13", Juan ln fanteGalán afirma que "o U$O de i-estes penirenciais persistiu e aré se in-
O beijo de Judas, o traidor•..
cremem ou nos primeiros séculos da rgreja e durante a Idade Média, para os penitentes públicos, que deviam comparecer diante da comunidade humilhados e manifestando seu Ollependimento, em fkmanda de perdão. Cort(111a-se-lhes o robeleiro, impunho-se-lhes pobre e rude hóbito, p,escre-
via-sit-lhes oração, jejum, mortijiroçào, e f1COvam excomungados, :;;eyrey,odos da comunidade e ogrey,ados oo gruf)Q ou ordem dos penitentes. Mas como o que importoi·o verdadeiromenteeraodisposiçiioeatimde de co,wersào dos penitentes, o seu grupo era objeto de umo especiol e misericordiosa atenção pastoral, como convinha à durfssima situação disciplinar o que estavam submetidos os pecadores públicos. "No século décimo - continua Infante Galán - se. bem que perdurasse o prólica da penitência pública como pena canônico, existem já outras formas de peniréncia privado. "Mois tarde, surgem gropos ou as.rociações de caráter penitencial, adotando o tipo de vestes trodicionalmente usadas pelos penilentes. Era umo túnica um pQUCO curta, de tecido grosseiro, deixando o corpo descoberto na parte supen·or das costas para tornar f}OSSivel o flagelação. Iam demslços e nonno/mente com a robeça cobena pQr um capuz. Posteriormente, o ropuz passaria a ser alto e ormado de papelão ao modo dos penitentes c:ustigudos pelo lnquisiçdo." O ano de 1521 foicmSevilhadealteraçõcs e calamidades. Precisamente por isso foram numerosas e oollSlantcs as procissões peni1enciais,eoomeçouarezar-seafamosa via sacra que saia do palácio do Marquês de Tarifa e terminava já fora da cidade, no monumento da Cruz dei Campo. "À/rentedestoprodssão da via sacra ia
Nossa Senhora da Esperança, do bairro da Macarena - nome pelo qual é popularmente conhecida - em seu esplendoroso "passo", ou andor processional.
NOSSA CAPA '"Nues1roPadre Jesusdt1GranPodtt"éo Amoe!icnhordcSevill\aeo,uprcmo,iml»lo de sua Semana Santa. A imponcn_te majcs 11de da imqem doGran Poder, da qual ap~!.<ntamos suacs1i,·a f010 nacapa desta edic;lo. produinasmul11dõesqueseaglomeramemsil!neioisuap,as~em,namadrupdadaSextafeiraSama,umaatltudedere,eriociaertcolhimcntoprofundos.Cam.lnl\ao Redentor e-ntrcumdihlsiodcdores.Osscusolhosanunciamjtaque!eúlllmoiMf,h elolharquelan ÇOII doahodaCru!. antesdee,pirar. Porcima do mar das i1nomínia1, da< inara1idões e dot ptCad0$ do$ l>o!Mns. apare« a dtt..,minaçf,o com que o Salvador carrqa o madeiro da C1u!. Qu" uhar 0< h.omen,, cudo >0íre•• para lbl11 devida clória 1 ~ Pai e resgatarolffl01ohumano
A mainlrica e,c111!ura de Jnus do Grande Poóer,a1ribullbldurancemui10\ano,aoincomport-.lc,n,eldo=hornpanholdo<ê
..._,loX\'ll,1'bnine%.'>1on,ahnfoi,nav"da dc.obradcxufamo,odiscipulo,Juanck.\1t~-lalcomo1in,es1,p,;,loeacritiamoder napudcnlm«Jmf)rO>-U.Porouuolado.asdi r....neasesulimcu!lo..-.ide,unse_.. rompa.· r111~niçad«ididamen1eclboicadcMontailne1riquezaNrrocadeseudiscipulo.
CATllJCISMO-Atridl!1987
a chamada cruz das toalhas, por causa do sudário que pendia dos seus braços. Seguiam atrds duasjilas de penitentes, alguns com t:ru:;;e,s ao ombro, sem uniformidade nenhumanose:srilosecoresdesuas\-estes penitenciais''.
Vigorosa reação contra o proteslantimo Mas foi somente no segundo quartel de século XVI que começaram a surgir verdadeiramente as irmandades sevilhanas. E surgiram como vigorosa reação cm fa~ dos erros luteranos. Vejamos como as descreve o Rvdo. Pe. Frederico Gutiérm:, C.M.F. no seu livro. "Semana Santa em Sevilha": "Em 1517 Lutero lanrou o seu desafio a Roma. Em 1545 reuniu-se por primeira ve.: o Co1TC1: fio de Trento. O luteronismofez estremecer toda a vefha Europa. Até Se\•ilha chegou também o erro que atentO\'O contra a fé mufti.ssecufar. O primeiro auto de fé(/) <Ylebrou-se em Se-t·ifha a 24 de setembro de 1559. E Sevilha reagiu com um {mpeto assombroso e sentiu a necessidade de sair (1 rua para proclamar sua fé cat6fico em culto f)Ublko. E assim, contra os erros da doutrina luterana, nasceram as confrarias, com um desejo de viver a Paixão de Cristo 'co, mo algo próprio', com ogowdoloroso de unir-se a Nosso Senhor Jesus Cristo padecente. Assim foi requintando Sevilha sua Semana Santa." Asinvasõesnapoleônicas,asguerrasliberais, a expulsão das ordens religiosas e a"desarnortização",ouconfisco,dosbens da Igreja, fizeram do século X IX o mais sinistroearrasadorparaasconfrarias. No entanto,elassouberamresistir. Ejánoúltimoquarteldesseséculoenoprimeirodo presente, conheceram elas uma pujante expansAo. Na Semana Santa de 1932a única confraria que fez procissão de penitência foi ada Virgem "de la Estrdla". Eram os 1ormcntosos tempos da Repllblica filo-comunista. A imagem de Nosso Senhor q~ ia na procissão foi atingida por um objeto contundente, quando passava por uma das ruas do centro da cidade. E contra a imagem de Nossa Senhora di.5pararam um tiro de pistola que não a alcanÇOu. No final dopercurso,jápertodoseutemplo,oentusiasmo da multidão não tinha limites. De uma janela pró,úma cantaram uma "saeta" (2)que nunca mais foi esquecida em Sevilha: "Dicen los dei /Junco awl, (3) que Espa,Ja ya no es cristiana, pero aunquf' seu republicana, aqui quif'n manda eres tú, Estrella de la maiiarw! ". A partir desse ano, a Virgem da Es1rela passou a ser conhecida como o cognome de "La valiente" ...
O verdadeiro espírito do confrade sevilhano "É muito dif(ci/ que os que vão a Sevilha somente para ver a sua Semana Santa - diz-nos ainda o Pe. Frederico Gutiérrez - possam realmente compreend~/a. Sobretudo se se cotentam em permanecer«>-
A Santissima Virgem da Amargura e o Ap6stolo São João em seu grandioso "passo de palio". Semelhante a um camarim real, ou a um templo ambulante, esse gênero de "passo" é construído pela piedade dos fiéis que procura assim consolar as dores da Rainha do Céu,
Procissão de penitência da Confraria do Santíssimo Cristo das Sele Palavras e Maria Santíssima dos Remédios.
mo espectadores. Todas as procissões parecer-lhes-iio a mesma. Todos Ol' "passol'" iguais. (4) Fará uma enorme confusiio vendo tantas imagens da Virgem. E por fim até é capaz de pensar que já conhece a Semana Santa sevilhana. Equi\/QCO-se. É predsotê-lavMdo. "Os co,ifrades não lew1m os seus 'passos' às ruas .só para que os veja o poi•o. Ainda que não houvesse ninguém, /ellá-los-iam da mesma forma. Eles {n,am-nos, paraseroutros CristospelarruasdeSeiiilho". Atualmente, são 56 as confrarias de Paixão em Sevilha. Nelas ~tão inseritos mais de70.00Jirmãos,dosquaisuns23.00Jparticipamdasprocissõesdepcnitência. Não falamos aqui das confrarias "de glória" que são mais de 30 e também fazem suas procissões noutras épocas do ano. nmâvd a obra assistmcial e apostólica das confrarias sevilhanas, q~ não se limitam a fazer procissões mas mantêm durante todo o ano hospitais, asilos e obras de assistência a crianças.
t
Semana Santa o ano inteiro Logo depois das festas do Natal, todas asbandasdemúsicadasdiversasconfrarias começam os seus ensaios. Passeando aoentardecerpelasmargensdoGuadalquivir, ouvem-se, de cá e de lá, belisshnas marchas proccssionais. A panicipação juvenil éintensa.
CAT!UlSMO-Hride1!117
Ospreparativosdasprocissõesfazern-se ao longo de todo o ano. Chama a atenção de quem se detenha um pouco nesta cidade a pujança das atividades artesanais e artísticas relacionadas com a Semana Santa Há numerosos ateliês de bordados da melhor qualidade, onde se confeccionam os mantos das imagens, os tecidos dos "passos", osestandarteseasinsígniasdasconfrarias. Não faltam também numerosos ourives e escultores, alguns de fama mundial, cujasobrasprocuramsemprecingir-seaos bcloscânonesdomaispurobarrocoespanho! e são apreciadas no mundo inteiro. O progressismo pós-conciliar arremeteu furiosamente contra esta tradição "oonstantinianaetriunfalista" -oomo aliás o fez por toda parte - mas sua tática de guerra aberta, que noutros lugares acabou oominsignescostumescatólicos,emSevilha - como aliás em toda a Andaluzia fracassou rotundamente, obrigando-o a adotar a política de minar por dentro as oonfrarias.Apesardetodassuastentativas para engajar os jovens naoorrenteprogressista, cadavezémaioronúmerodestesque participa de algum modo na Semana Santa, não só ern Sevilha, mas também em outras cidades da Andaluzia. como Málaga, Córdoba e Granada, e mesmo ern pequenas localidades da região. Os pais, logo ao nascer seus filhos, já os farem irmãos de alguma confraria. E assim eles crescem familiarizadoscomessatradiçãováriasvezes"centenária, queproclamaaindae[!I pleno século XX as principais verdades da Fé católica apostólica e romana. E é precisamente isso o que canta uma bela música popular:
"Que D/os existe, porque lo ha visto Seviflaentera, ai ver pasarcualquier Cristo, por una caflecualquiera!
Os ''passos" Trintaouquarentahomens - os"oostaleros" - alinhados por altura e ocultos sob belos veludos bordados a ouro, conduzern àscostasos pesados "passos",que avançam lentamente ao compasso das marchas processionais. Nas confrarias de Se-
NOTAS
(l)Aco,olcncqucscrcalizavano fimdo,prO· cesrosinquisi1oriais.Oshcrcges.umaec,julgados, cramconduzidosàljrcjacins,ados.p0rmciodc umscrmâo,aabjurarscuscrros:osqucofaziam cramabsolvidoscrcconoiliadoscomalgroja:osquc 1•ob$tina ,·am,ramcn1rcgucsaobraçoSCC"ular {2) A '"i.acta"" é um canto p0pular lipicamcmc andaluz, muita\ vezes improvisado no momento cm quc passapclaruaaimagcmqu,ocantormaisvtncra.Vcrdadciraoratãocan1ada, cla c, primcdcmodomui1oscnsívcl ad,vo,;ão.adorcaoompaixão cristãpclossofrimcntosdoRcdcn,oredcSuaMãc San1issima."Sae1 a'"significaflecha : mctáforacx pres,;i,a.porqucfcrcaalmaoscu!omiristccdolorido, mas cheio de enlevo. (J)O' "banooazul"l:abancadatleslinadaaoGovernonoParlamcntocspanhol (4)0"'passo""/:umandordc!amanhocomide rávcltran1p0nadoporumJOou40homcn,cscr,
;;::; J~~~\:i:,:~s;t~::x~~;'.'escntaçõn cscultó CATO!JaSMO - Ab-i de1987
Sai de seu templo o "passo" do Santíssimo Cristo do Amor, que representa o Salvador morto na Cruz.
Este "passo", da Confraria de "Nuestro Padre Jesus dei Soberano Poder en Su Prendimiento", representa o instante em que o Filho de Deus se
;~~;::;~~:if;::,~ t: ~::;;i~; de
poder das trevas" que Ele mesmo anunciara.
vilha não há motores a quebrar com seu ronco impertinente a atmosfera religiosa. A única condução que se admite é a dos músculoshumanos. Tarefapenosaepenitencial a destes homens que com o seu ritmo pausado e unãnime, comunicam aparência de caminhante a uma imagem de Cristo, ou à de uma Dolorosa. Cada confraria conduz dois ou três "pa.,sos",nosquaisestãorepresentadosos principais momento~, ou "mistérios", da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. O trágico realismo barroco conferevida às primorosas esculturas de madeira, e nos convida a acompanhar com' eompunçào os passos do Redentor ao longo da sua via dolorosa. O"pa.,sodepalio",quefcchacadauma das procissões, não é só um camarim magnífico de palácio régio, mas também um pequeno templo ou altar; é o dos.sei de majestade da Rainha das Dores, que acompanha seu Filho divino pelas ruas. Nas sombras da noite, o resplendor das velas arranca reflexos ao ouro dos bordados, às pedraseaosmetaisnobreslindamentecin• zelados. O grande número de velas - dizem singelamente os sevilhanos - é para aliviarossofrimentosdaMãequechora, e assim não veja as dores do Filho que vai na frente .. . Alguém disseacertadamentequeaSemanaSantadeSevilhaéumaauladeteologiaaovivo. Acidadeinteirasetransforma em templo. Desde as sacada5 e janelas sereza e secanta,eaté elaschegamtambém os braços abertos dos Crucificados que passam, e a Virgem que concede graças ao longo de seu caminho. Mesmo a5 almas empedernidas recebem um apelo à conversão, em meio aos fragrantes aromas, aossons e àsluzcsdaSemanaSantasevilhana.
A REALIDADE, concisamente: • HORROR PARA crianças.
-Porcinoodólares,osooruumídoresamerican0$poderãoadqui-
riroquc hádemaishorrendoem matéria de brinquedos. Trata-se debonecosquecxalamodoresfélidos,como0$decad.t.vernndeoomposição,peixcpodre,bafode cachorro e vômito. Feitosdebor-
rachaecomtamanho aproximadode IScrn,osbonecoslibcram osodoresquandoseusvcnt ress.ão prmionados. Os nomes vari.un conforme 0$ respeçtivos cheiros: BocadcLixo,Bocadecavala(tipodepeixe), BocaMatinal, Ba-
fode Cachorro. Bafo da Morte eVictorVõmito.Paraosquenão suportamhálitostiorepugnanLts,ofabricanteoolocouàdiiposiçloomonstruosobonecochamado Ralph Groswiro, do qual scpOdemarrancarosolhos(fo10).
"Ara'diocklfffdasesbrinque-
dosl1es1aratlqutpon1oasoC~t, t tm tsp«ial lU criallfOS, os ~iram .., afirmou Jim Simrr>Oll5,diretorde"marketing"do
Brushell'sAxlon Jnc .. fabricantedoproduto.Estranhatestagcm ena,queprocurasabersejáchegamos ao fundo do poço em matéria de deJradaçlo do bom sensoedoprópriosensomoral,ao mesmotempoquevilahabituar as crianças ao ronvivio rom o pestilento,ohediondoeogrotesco,sendoqucoprópriodetoda formação sadia é cultivar nas criançasboasaspiraçõcscnobres sentimentos,afin sromainocên• T ÁTICA ptko-rell&]osa P•· n dcbilill r ~Slfndaafrg:i.Éconhecidaaoposiçãocheiade fibraque,hádezanos,opOvO aíegãoYemfaiendoàocupaçio rUS5adeSC11terri1ório,nãosedeixandodobrarpelabrutalidade nem intimidar por ameaças. Ante esse impasg,osoomunistas resolveram agora tentar a ,-ia psico-rdigiosapararealizarscus
designiosdedominaçãoinfiltrando-senoislamismo Comefcito,ostiterescomunisHu locais -ou seja, o governo de Cabul - convenceram-sede queaúnicasaidaéinterpretarde mancirawcialis1a0Corào,para despertar simpatia na população, talcomovemsendofeito,entre oscatólicosbrasileiros,porFrci Boff cseusadeptosemrelaçào à Sagrada Escritura. Desde que os comunistas romoapoiodcl30milsoldados ruuos - aboletaram-se no poder, os guerrilheiros oriundos da populaçãolocalpromovemverdadeiraguerrareligiosaoontrao reaime ateu de Cabul. Porisro. osditigentespró-soviéticosooncluíramque,niopodcndogo,·tt· narcontraoCorio,melhorseria adoi.arumapoliric,.dcaproximaçãocomos"mullahs""{esptciedc pregadores muçulmanos), os quais,acxcmplodospadresprogressistas no Ocidente, já vêm adot ando um relacionamento maistolttantccomosmarxistas. Dentre esses prepdorcs muçulmanos, 11.500 foram transformados em fundonários pilblioos, ao mesmo tempo que o governo mandouconstruirinümerasmesquitas. Comoéu.bido,porpioresque sejam os erros do Maometismo, elesaindadeixammaracrnparaa manutcnçãodectrtosvaloresnaturais. Ocomunismo, pelocontrário,sendoanegaçãodetoda ordem,oomparadoaoislamismo éaindapior,equeradestruição dore$todeordem natural e de bem que aquele não liquidou. Atualmente, com as bençãos deues "mullah$'', os mandatários afegãos não dei.111m pa.ssar umaoportunidadeparafrisarque enLreo lslãeowcialismonãohá contradição. Como se vt, d. e lá as me5mas más fadas há... • CO/'iCORR t.NCIA n pitaUsta p1r1 1judar bloco sovit tico.
- Banqucirosin1ernadonaisdísputamentrcsio"priviltgio"de atenderpedidosdecréd.itofeitos por países comunistas. Tal tcndtnciaéapomada p,:laediçàode fevereiro da revista "The Banker"{editadacmlondrcs),por11-vozdacomunidadefinanccira Segu ndoapublicação.nesteano osempréstimosserào4S~supe· rioresaosdoanopassado(de2.ll bilhõesdedólarespa$$1fãoa4bilhões), e só não i,erão maiores porqueospaisescomuniscassolicilaram apenas essa quantia
Osbanqueirosjulaamemboas condiçõcscconõmicas-epor1amoaptosparar«-eberemprêstimos -paíi,escomo Bul1ária. T checos lováqui a. Alemanha Oriental e Hungria . Tais nações pqarãosommtede0.20a0,30'í• detaxaderiscoacimadalibor (juroscobradosememprhtimos int ernacionais).oque éconside· rado um privilta,io. Alemanha Oriemal e Hungria, oomUSSl,5 bithãocada,serãoospt,isesmais beneficiados.Paradoxalmente.os prindpaisbancosnorte-americanosinduem-i,eentreosmaisdlspostosaemprestaraoblocosovittico,nãolevandoemconsideraçàoacampanhasis1emácicaquc Mosroue5C11Saliadospromovcm contraoregimcdesuapáttia. • NA [UGOS LÁV IA. jo,us ~o111m-'ll' para1ttlijiio.-Oinsuspeico jomal iugoslavocomuni1ta'"Nada",emartigoassinadop0rDanicaManojlovic, tra.z in1ereSlantCS informaçõcsares-
:iJ~i::i~i~:::~a",'.:. r~!l}:
q~11SigTeyasdt1odoopqfs.mais doqutnopt15-Sadortttnlt,ts1âo repletas de jovens", dizaanicu -
lisia.Comôsesabe,alu1oslilvia foianexadaàcsfcrasoviéticaem J94S,ejáeml946oditadorTi10 mo,·euviolentaperseguiçãooon1raos cris1ãm de seu pais. Maisadiante,ajornalistala· memaofracassodaaçãopersuasóriapromovidapelol'artidoComuni~ta, apesar de estar este há !antOS anos no poder: "Par«e
qutareligiâoestámaispróxima dosc-rentesqueano$50doutrina polfriro, idrológic-a". E conclui Danica Manojlovic seu artigo com umsignificati,·o bradodealertaai,eupartido:··s,-
nõonosvo/tarmospa,aajuventude no tempo devido, para suas aspiroções,rlasie1omardfon1r dr novos membros da Igreja. ~m mudançasrodicaisnasrondir(>es de nosw sociedade, nada podemos fazer para impedir o reforro da visão religiosa da vida".
É immsamem e reconfortante paraqualquerca1ólicotomarconhccimento da impO!focia dos oomunisc asiugoslavosemíaccda pujante religiosidade que anima a ju,·entude de seu pais. Após quarentaccinooanmdedespot ismoateu,osemimemorcligioso -arraigadocmtodososhomens-recrudesceemjovensque poderiam parecer irremi.ni,·cl mcmcalhciosàrelia,iào!
• ENQUA ',TO prossque o rtc:ru tamcn lO forçadodcjo,·e ns nica raKüe nses ... - Milhares de jovens-algunscommcnosde 16anos-oontinuamsendolc,·adosàforçaaoscamposdetrcinamento do exfrdto comu no-sandinistaafimderettbercm instrucões mili!ares. Ojorna!go,·crnista"Barricada" anunciouquegrandcparte delcssc,apresentavoluntariamenre.masnavcrdadegrupossandinisias - conhecido s como "CDS'" - realizam visitas de cau. em casa, obri1ando os rapazcs asealistarem.sobpenadepri5ão. "É$Óparaexamemédico"',dizem as ordens de convocação. masosadolescentessãoimediatamentc colocadm em camin hões mititareseconduridm a locais di!itamesparatreinamenco. Nada disso, en1re1amo, pare ceupenurbarmS9 brasilei rosda ··Bria,ada paraacol heltadocafé"",queviajaramemjaneirolll 1imo,àquelainfelitnaçãocoma finalidadeexpressadcajudarseus despótioosgo,·ttnantes. No ano pa~o.outrato1Tiitivaliiestiveral-Omomesmoobjetivo. Desta .-ez,rompõemogrupopesroastigadas ao PT, PMDB, PCA, PDT eaoproscrito movimencoguemlheiroMR-8.altmdedois padres -umdoParáeoutrodaBahia - bem como o prefeito da cida· dedeSãoSe~(RS). faidentemente, trat a-se de uma atitude politicadeapoioaocomuno-sandinismo.
Jovens nicaragüenses seguem para a instrução militar, que inclui doutrinação política.
·-
.
l
...
.
~
Produtores rurais manifestam seu descontentamento em Brasília A Classe
rural
manlfeStou grande capacidade de mobilização NO DIA 12 de fevereiro ultimo, IS mil fazendeiros dos mais diversos pontos do País reuniram-se cm Brasília para manifestar o seu desagrado para com a atual política do govemocmrelaçãoàa&ricullura. Oacontecimentofoi,nosdiasseguimes,
amplamente focalizado pelos principaisórgãos dc imprcsa do Pais.
Confrontando esse amplo noticiário com o 1c:s1cmunhodc assistentes à manifestação - entre os quais sócios e cooperadores da TFP, bem como correspondentes da entidadc - pareceu-nos dc rcal utilidadc precisar alguns aspcctos fundamentais daquele imponantc acontecimento cujo realce se perde no meio do abundante material noticioso. Também é de nossa intcnçãortgiS1Tarum ou outro pomo que a imprensa diária não abordou, ou o fez apenas de passagem. CATil.lCISM0-~de1~7
Oprimciroaspcctoarealçaréofatodc qucaclasscruraldemonstroucapacidadcdc
mobilização superior ao que se poderia esperar. Alguru;jornais - com seu hábito de inflar os mlmeros - falaram de 25 mil agricul-
tores presentes ao congresso. Outros, de 20 mil. Entretanto, mesmo considerando que testemunhas oculares do evento constataram a presença de cerca de 15 mil produtores rurais, pensamos que deve qualificar -se de al· tamente apreciável o resultado. Conforme testemunho fidedigno de moradores de: Brasília, os quais costumam acompanhar com atenção os diversos movimentos que ocorrem na capital do Pais, aprcscnçadosfazendcirossuperou de longe, cm nllmero, as várias manifestações promovidas por grupos esquerdistas naquela cidade.
Segundo a imprensa, a reatividade dos proprietários rurais em Bras11ia surpreendeu o Governo e os próprios promotores do encontro. Tal reatividade não é estranha ao profundo descontentamento que lavra nessa classe com a aplicação efetiva do Estatuto da Te"a, através do PNRA.
Reatividade dos produtores foi superior à expectativa Por outro lado, à capacidade de mobilização, os agricultores somaram uma reatividade superior ao que se poderia imaginar. A ponto de, segundo a imprensa, ter surpreendido o Governo e os próprios promotores do encontro (cfr. "Jornal do Brasil" de l)-2-87). Reatividade essa que não é estranha ao profundo descontentamento que lavra entre os produtores rurais, desde que o Governo da Nova Repllblica resolveu aplicar efetivamente o Estatuto da Terra, através do PNRA, ameaçando o campo com um verdadeiro confisco atabalhoado e indiscriminado. E não somos só nós a pensar assim. Fala nessa direção o seguinte tópico de um editorial do" Jornal do Brasil'': "Ointeriorestâ sendodesestruturodo. e5l'U brado de alerta i exatamente contra a enorme bagunça em que se traneformou a pQ/ílico agrlcola do país. Nãoépossfrelesconderruerrosticnicos (Só técnicos?!, perguntamos nó.s ... J, um demis do ou iro, dos responsáveis pelos sistemas de preços mínimos, pelocriditoruro/ t pela assim chamado pQl{tica de Reforma
Agrdria" (cfr. "Jornal do Brasil" de 14-2-87).
Também a1cstamcssamilidadeosrdatos proccdcntesdasduplasdepropagandistase das caravanas da TFP que percorrem ininterruptamente o Brasil. Sca:undo eles, é generalizado o descontentamento dos proprietários em relação à Refonna Agrária e à política econômica do Governo para o campo.
o contributo que a TFP se alegra de ter dado Aliás- diga-se de passagem - tais relatos são também unânimes em afirmar que continua viva na memória dos fazendeiros a verdadeira epopéia desenvolvida pela TFP, especialmente n= dois últimos anos, em defesa da propriedade privada e da livre iniciativa. Estes reconhecem o papel da campanha reali1.adaem 1985 em tomo da obra "A propriedade privada e a livre iniciativa, no tufão agro-reformista", bemcomoagrandedifusão, no final de 1986,dolivro "NoBra.o,il: a Reforma Agrária leva a miséria ao campo e àcidade-aTFPinforma,analisa,alerta''. Recordam-se 1ambém do papel cksempenhado pelos pareceres jurídicos divulgados pela TFP em todo o Brasil, no declínio do movimento das ocupações de terras no País. Lembram-se ainda das conferfncia.o, feitas em centenas de l<X:aiidades, por sócios e cooperadores da TFP, para produtores e trabalhadores do campo, como valioso fator de esclarccimentoedcreforçodcsuasposições anti-agro-reformistas.
A excelente reatividade Poderia ter sido mais bem aproveitada pelas cúpulas rurais O bom estado de ânimo manifes1ado pelos fazendeiros não se no1ou apenas na passeata, apresentada por muitos órgãos de imprensa como sendo o auge da manifestação, mas que -segundo esses mesmos órgãos a.o,sinalam - contou com um terço dos participantes do encontro. A reatividade da classe rural se assinalou sobretudo na vitalidade demonstrada pelo auditórioemre_ieitarlidcrançascoocessivas, o que se pôde notar muito especialmente na participação ativa de todos no movimento esponlâncodeaclarnaçôesedevaias-algumas estrondosas -que eclodiu durante o encontro. Lamentavelmente, como veremos, as liderança., rurais não chegaram a polari7.ar C$ta reação, erolocá-la nos trilhos adequados. Faltou-lhes, por um lado, o arrojo para deixar patente ao Governo toda a extensão do descontentamento da classe. Por exemplo, no congresso não se tomou uma atitudedcc!didaco_ntra a Reforma ".',grária, nem seouviuumdiscursosignificauvoacsserespeito.
Na manifestação houve muitos discursos, mas o plenário nlo tomou conhecimtnto, nem debateu o documtnto que foi levado ao presidente Samey.
Por outro lado, faltou também o tino necessário para evitar as mesies frases de efeito, o que arrastou essas mesmas lideranças a levantarem propostas irrealizáveis, expondo assim o flanco a que as "mass média" e certas personalidades loa:o glosassem e apresentassemcomo"loucas","demagóiÍC85","levianas'',"imprová~s", "arrogantemen1e 10talitárias", "deex1remairresponsabilidade e vedetismo", "lamentáveis e inoportunas", um "acinte â ordem estabclccida"(crf."GazctaMercantil"dc 13-2-87, "Folha de S. Paulo", "O Globo" e "Jornal do Brasil", todos de 14-2-87).
Notório desprestigio de velhas lideranças rurais Ocompletodesprcs•'.giodeccnasliderançasruraisfoiou1ranotadestasmanifestaçõcslargarneme registradaspclaimprensa. "As velhas lideranças do setor ogropecuário brasileiro estão dejiniliYamenle "queimodas". F1dviode Brito, presidenledapoderosa ômfederaçtio Nacional da Agrieullura (CNA),um eterno senador sem 1'Qtos,foi li-
lera/mente esrorroçudo do assembléia dos agricultores", e "impedido de/alar por uma sonora\l(liadeváriosminutos"(cfr. "O Estado de São Paulo" de 13-2-87). A "Folha de São Paulo" (13-2-87) co-
menta que essa manifestação "simbolizou a rejeiçãodamaistradicionalliderançabraslleira no setor". A matéria trazia como titulo "Liderança tradicional da CNA recebe vaia". Outros lideres de entidades de classe não quiscramcorrcromesmorisco.Significativamcme, dirigentes de conhecidos órgãos rurais, que são·oradores habituais em assembléias desse gênero, desta vez nem sequer se apresentaramparapcdirapalavra.
Também os Políticos da frente parlamentar pela agricultura decepcionaram Idêntico tratamento tiveram alj:uns políhomens de posição esquerdista notória-quctentaram1omarapalavra,apresentandD-$Ccomo componentes dachamada Fren1e Parlarncntar pela Agricullura, a qual se propõe a defender os interCS!;CS da classe rural no Congresso e na Assembléia Constituinte.
ticos -
Superando de longe as manifestações esquerdistas promovidas em Bras11ia, a concentraçào dos fazendeiros reuniu aproximadamente quinze mil peS5oas.
Cumpre ainda salientar o papel sempre "moderantista" que a maior parte dos Politicos presentes procuraram desempenhar junto aos faz.endeiros. nisto coadjuvando várias das lideranças rurais. Vários deputados lentavam demover os íaz.endcirosdoqueconsideravamuma"Posiçãoradical".Aliás,segundoaimprensa, os deputados da Frente Parlamentar pela Agricultura não participaram da caminhada até o palácio do Planalto (cfr. "OEs1adodeS. Paulo, 13-2--87). Passc:ataes.saque foi impedida pela Policia de prosseguir atl! a Praça dos Três Poderes.
A grande laalna da
manlfestaÇão de Brasília: lembraram-se da laranja, mas esqueceram-se da defesa da laranlelra
Os oradores foram recebidos, alguns, oom palmas meramente prOlooolares. Outros, com vaias abundantes e de estrondejar. Um desses foi o senador Severo Gomes: "Vuiado t dwmadodementiroso, 0$('110dor Sel-ero Gomts (PMDB-SP) n4o conseguiu dirigir nenhuma palavra que se pudesse ou11ir den1ro do gindsio de t:Sf)Ortts. Sevtro Gomts ttntou falar, mas a assembléia 1•oiou/orte, insistiu e ele não 1e1•e outra altemutivado quedeixoro micro/oneeem ~ guida sair da tribuna" (cfr ''O Estado de S. Paulo"de 13-2-87). Outro , o senador Mário Covas: "Mesmo o campeão nacional de votos, senador Mário Covas, não conseguiu/alar" (cfr "O Estado de Sio Paulo de 13-:Z.87), Umdetalhcqueaimprensanãoregistrou: nessa ocasião, o Sr. Salvador Farina, vicepresidentenacionalda UDR, pediuaopúblicoque ouvisse o senador, apresentado como membro da Frentt Parlamentar pela Ag.ricultura, apesar de se tratar de um comunista convicto. Só tntão o Sr. Covas pôde dizer algumas palavras. Também não figura, no vas10 n01iciário da imprensa, a vigorosa vaia de pro11:s10 recebida pelo senador José Riclia, ex-govemadordoParaná,aopediraos íazendcirosque voltassem para casa e confiassem nos paliticos, pois es1cs defenderiam osseus in1ercs-
Infelizmente faltou, da parte de todas as lideranças, o empenho desassombrado e constante em proclamar, na propriedade privada e na livre iniciativa, o panto capital dasreivindicaçõesdaclasserural. Com exceção de uma ou outra referência depassagcm,emalgunsdiscursos,otemada Reforma Agrária - que ameaça a fundo a própria estrutura fundiária do campa- foi o grande marginalizado em toda essa manifestação. Tampauco durante a passeata qualquer manifestaÇão anti-agro-reformista foi !Uli· zada - o que teria dado outrissirno contCU· do ao ato. Apenas umaououlra faixa fazia uma leve alusão a essa temática. A TFP, d= semanas antes, lançava um manifesto de solidariedade às reivindicações agricolas (cfr. "Folha de S. Paulo" de 1-2-87)- as quais lhe parecem de modo geral justas e C:Onformes à eqiüdade. Nel~, a entidade a.ssmalava aos produtores rur.us e à opinião pública em geral: "É muito censurável que o Poder Publico onere com uma fX)lítica ugn'rola injusta a produção agro-pecuária, Contudo, mais censurável ainda écoeftsear ele a própria terra, da qual, mercê d~ trabalho humano, na.scem estas riquews. {...J Onerar ubusivamen• te os /rotos pendentes da laranjeira de ai• guém é obviamente prejudi~ressealguém. Porém, muito mais prejudicadu a esse ai• guém a~quelheserrepe/a raii;a laronjeira". Assim, uma ótima ocasião de manifestar ao Presidente Samey - de maneira respeitosa, mas ao mesmo ternpa franca e corajosa - toda a extensão do descontentamento da elas.se rural em relação à aplicação do Estatuto da Terra e do PNRA, pareceu-nos inabilmtntedesperdiçada. O vdho fasciniopor-parecer "moderado" aqualquerpreçomáinspiradocssapalíti·
Esses protestos não causam espanto, Pois não t fácil explicar - e em várias rodas de fazendeiros, durante o congresso, se comentava i.s50-comopoliticos tão notOriamenle ligados à esquerda podiam ser apresentados oomodefensoresdaclasserural.
De acordo com o que noticia o ''Jornal do Brasil", parece que sim. "Nós .somos por ar ilude e discursos mais moderados", afirmou o principal promotor da manifestação, Sr. RobertoRodrigues(cfr, "Jornal do Brasil" de 13-2-87).
Muitos órgãos de imprensa apresentaram a passeata - que contou com um terço dos participantes do encontro - como sendo o auge da manifestação de Brasflia,
=-
rAT1llCISM0 - Atrlde1~7
~·
Pouco depois a Frente Ampla da Agricultura Brasileira, dirigida pelo mesmo Sr. Ro-berto Rodrigues, anunciava o lançamento de um mánifestode fórmula "condliadora,pac{fica ernJoretaliotória"(cfr. "O Estadode São Paulo" de 13-2-87).
As
bases não estavan,
afinadas com o moderantlsmo das llderanças
Atitulodehipó(ese,perguntamosseeslc esquivar-se dos assunlosespinhosos, cm nome deum timoratot mal entendido "moderantismo" não está na raiz das desconfiançase mesmododescon1entamento demonstrado pelos fau-ndeiros em relação às suas cúpulas. Hipótese essa que parece não estar tão lonae do que os jornais assinalam, ao dizerem que "a muiorreclamaçiio dos que loturam os cerca de 600 ónibus de várias partes do pais/oi n4o poder debater nenhum as· sunto, maslimirar-seaouvirdurantetodoo dia discursos e Idéias de lideranças com as quais nem sempre tstavam afinados" (cfr "O Estado de S. Paulo" de 13-2--87). Tambtm aqui não estaria alheio à verdade afirmar queesse"péatrás"emrelação ao modcrantismo concessivo t fruto, em boa medida, dos constantes alertas que a TFPvem fazendoàclasseruralarespcitoda debilidade e dos perigos que esse gênero de estra1egia pode trazer para o Brasil. Omaisrecen1edessesalertasfoiexatamen1e o opUSC!lkl "No Brasil: a Reforma Agrária leva a miséria ao campa e à cidade -A TFPinforma,analisa,alerta",noqual o Prof. PlinioCorrêadeOJiveirademonstra que o moderanlismo agro--refonnista abre caminho para a Reforma Agrária socialista e confiscatória t para as outras reformas urbana, empresarial t comercial. Ou seja, franqueiaasportasparaocomunisrnototal.
Nãotdemoldeaabaterasdesconfianças daclasseofatodenãocersidoapresentado ao plenário da assembleia, para discussão, nem mesmo o documtnto que, cm nome dos faztndeiros, havia sido entregue ao Presidente Samey como sendo a expressão das reivindicações da classe. Esse fato, muito singular, a imprensa regis1rou apenas de passagem: "[Os produtores) se entristeceram com a ausência de dtbotts sobre o documento que foi levado ao presidente Samey, r:ujo teor nenhum dospartidpantesdaas.wmbléia 1ew conhecimento" (cfr. "O Estado de S. Paulo" de 13-2-87). Ao íim da presente análise, não nos parece descabido registrar com alegria o calor comquenumcrososíazendeirosamigosmaniíeswamsuaefusivasimpatiaeagradoaos sócios e cooperadores da TFP que assistiam - como meros observadores - ao encontro de Brasília. calores.se quet fruto da confiança e da amizade de que a TFP desfruta junto à classe rural, mensuradas diariamente no contato direto que tem com o público.
No Vietnã, perseguição anticatólica revigora ofervor religioso e ~u~~!i~~~~ta: ~
um território menor do que o do Estado
de Rondônia, o Vietnã, apesar de subjudado há muitos anos por um regime comunista de obcdiência sovi~ica, aprcsenta osignificativocontigcntedeJ.800.0ClOcatólicos, ou seja, 7'7. da população. Passados32anosdesdeque,pelosacordos de Genebra, os franceses entregaram apartenortedopaisaoscomunistas,c li desde que os Estados Unidos, através de suaestratégjasuícidade"nãoVCl'lea",dcixaram também a pane sul nas mãos dos vennelhos,qualéhojeasituaçãoda Igreja no Vietnã? Teoricamente, a Constituição permite a práticareligiosa,masistoésónopapd.Na prática a realidade é bem divCTSa. Em l'iTT7,oprimciroministroPham Van Dong assinou dccrcto estabelecendo que as pessoas escolhidas para serem "'esp«iali.stasematividadesre/igio.sas"(saccrdotese rc!igiosos,noca.sodalgrejaCatólica)devern "dar pf'Ovas de seu patriotismo e de seuamorpe/osociali.smo". Tais ''qualidades" precisam ser rt"COnhecidas ptlo "Comiti! Popular" da região, após minucioso exame. E o ensino ministrado aos seminaristas "nilo pode ,star em contradição com a lei ou os opções e linhos do Partido". Segundo um padre de Da Nang, "poro se chegar oo sacerdócio no Vietnã, é preciso ter sido socialista fervoroso desde a primeira juventude. É preciso dar provas de fidelidade oo regime".
Perseguição religiosa
Vietnamitas aglomtram-se nas igrejas. fios rostos, a dor; nos olhares, a desconfiança e o temor pelo dia de amanhá.
Paraseteridéiadorigorcomqueasinstituições católicas e os fiéis são perseguidos basta considerar os seguintes fatos: a) os seminaristas e professores que tiverem familiares ligados ao antigo regime são expulsos dos seminários, ficam privados de seus canões de rcsidi!ncia e de racionamento de gêneros alimentícios, e assim se vêem obrigados a mendigar de aldeia cm aldeia, sem uma existência legal; b)todasascscolascatólicaseaquasetotalidade dos seminários foram transformados em sedes de cooperativas; e) nas 13 dioceses do Vietnã do Sul havia, em 1973 (ano do último censo, antes da tomada do poder ptlos comunistas), 4.399 alunos nos seminários menores, e
funcionavam S seminários maiores com um tOlal de mais de 1.00> seminaristas. Lá não seconhcciaaçrii;edevocaçõesquea1ingiu o Ocidente depois do Vaticano II. Mas, de
CATIUlSM0-Alrióe1987
tar para OOl'IO!lebrar. Crianras quebram o silitlCiopiedosoquedevmtlseguir-s,eàsprimeiras oraçr'íes: elas se sentem incomodadas pelo aper/o e pelo ar rarefeito do ambiente. "Após hora e meia a missa termina com a .wudaçdo de paz. Mas os vietnamitas não se dão as mãos nesta ocasi4o. Eles c:rur,am osbrarossobreopeitoeindinam-seàdireita e à esquerda. em direção aos JnLI" vi:,Jnhos. Depois, deixam a igr(ja, tomam suas bicicletas e, após um quarto de hora, já mios,eouvemaiso rumor das pessoas". Éapesadavidasob umrcgimecomunista que retoma sua triste rotina. Não menos impressionante é o testemunho de um rcpóner de "L'Aaualiu! Religicuse'', em sua edição de maio de 86: Em Hanói, capital do país, situada na região none, que esiá dominada pelos comuniS1as dcsde 1954, a missa solene de domingo é celebrada às 5:30 hs da manhã.
Fiéis na catedral de 54/gon: espírito aflito e fé profunda.
1975 para cá, só 10 foram ordenados sacerdotes no sul e na pane none, em 32 anos de dominação comunista, o total de ordenações foi de apenas 9. Os poucos seminários que ainda são tolerados contam em todo o pais, com apenas algumas dezenas de seminaristas, poucos dos quais serão ordenados; d)paratcntardividiroscatólicos,ogovemo comunista fundou, em 1954, ao nor1e, cm 75, no sul, o "Comitf de Católicos Paui01as" que ama sob suas ordens. Este comitf conta hoje com a adesão de 48 sacerdotes, sendo seu presidente o padre Vo Than Trihn, um "victminh" (guerrilheiro) dos tempos coloniais. Só este comitê tem acesso à grande imprensa, toda ela nas mãos do Estado. O único quotidiano que a lgrejapos,suiafoifechadohá3anos.Nos primeiros anos do regime, este jornal foi tolerado pelos comunistas por se ter oposto ao antigo presidente Th.ieu; e) as peregrinações ao santuário nacional de La Yang, dedicado a Nossa Senhora, estão proibidas. Foram tambl!m proibidas as oraçõcs à noi1e cm família, sob o ridkulo pretexto de que são fatigantes; f) os domingos e dias santos foram praticamente abolidos. Nas cidades, nestes dias, as lojas permanecem abertas, opcrários asfaltarn as ruas, comerciantes transponam suas mercadorias; nos campos, as pessoas ceifam arroz, aram a terra etc;
CATCk.OSMO-.-lbióe1!111
g)práticasreligiosassiopermitidassomente no recinto d3.5 igrejas e, ponanto, procissões não p()dem ser rcaliz.adas ao ar livre. Há diversas igrejas fechadas porque seus antigos párocos morreram e o governo n.ão permite que sejam substi1uídos; h) calcula-se entre 200 e 300 o nômero de sacttdotes que estão em "campos de reeducação" para nunca mais saírem, se quiserem guardar sua fé. Muitos dos católicos que sedeclararam contra o regime ainda estão em prisões. Grande é o número dos que morreram tentando fugir pelo mar cm pequenas embarcações.
O sofrime nto e a dor acrisolaram a fé dos vietnamitas Apesar de todas essas formas de perseguição, a fé dos católicos vietnamitas não parece ter arrefecido. Pelo contrário, dá mostras, em vários campos, de se ter fortificado no sofrimentQ e na dor. Um repóner· do imponante semanário alemão "Sonntag im Bikl'' assistiu às cerimônias da Quinta-feira Sama de 1985 na catedral de Saigon (antiga capital do Vietnã do Sul, hoje chamada Ho-Chi-Minh). Narra ele: '"Cheguei duas horas antes do
inicio, e a igreja já transbordava de fiéis. Ndo cabia mais ninguém". Um padre era
"Mil fiéis se acotovelam. Os retardatdrios se aproximam da porta segurando a bicicleta com uma mão e, com a outra, um missal de pdgifll1fjá amarelecidas. No momento do invocupio à Virgtm mil ,P('S.Sl'XlS se \/Oltam em direção à modesta imagem de mdrmore cercada de placas de agradt!cimento por graças rec-ebidas. Mil pessoas caem de joelhos, o olhar fixo e brilhante de devoçdo: homens, mulheres e crianças pobremente vestidos, mal agasalhados apesar do frio úmido do mês de março. Ver esta/é, este fervor ião raros hoje entre nós! E depois JJe encontrar de rejNllte outra ve.: em Hanói, cupitaf do V"ietnd comunista com as ruas cheias de uniformes à moda n.wa, d~ slogans marxistas, de band6,m comunistas!" O padre redentoris1a Henri Xuycn, vigário da paróquia de T ân Dihn, em Saigon, a maior do Vietnã, com 13.000 paroquianos e 7 sacerdotes, afinna: "Nossas
paróquias, nestes últimos 10 anos, estão sendomaisfreqüenradasdoqueames. Há um considerdvel aumento da prdticu religiosa. Aqui temas rercu de 2SO conve,wes por ano". De um modo geral as igrejas existentes não são mais suficientes para receber os fifü que desejam assistir os ofícios religio-
sos, mas os comunistas não pennitem a cons1rução de novas nem a ampliação das antigas. Eles esperam poder asfixiar lentamente a fé daquele povo com o evclhccimcnto do clero que não é renovado. Mas,infelizmenteparaosdisdpulosde MarxeLcnin,otiroestásaindopelaculatra. À dimulção do clero seguiu-se um aumento de fervor dos fiéis.
obrigado a impedir com gesios enérgicos que as peswas ocupassem a própria área onde seria celebrada a Santa Missa. "Monsenhor Nguyen Van B;hn, art.'ebispo rk Saigon, seguido por cem sacerdotes, abriu ca-
minho entre os presentes dirigind<Ne ao af-
Carlos Albeno Medei ros Fon1es:"Sonn1-.im8ild .. Frankfun,abril1986; "'LePoin1 ... Paris.26-5.U; ··t'ActualittRelijleu.., dansleMondt",Pari,.154&6.
Nova Zelândiatrabalhista na encruzilhada
Pacifismo ameaça adesão ao mundo livre WELLINGTON - A Nova Zelândia participou com todo o empenho e bravamente, ao lado do Reino Unido, nas duas Guerras Mundiais, tomando-se mais débil o relacionamento entre os dois países após o conflito de 1939 a 1945. Com o enfraquecimento paulatino do poder britânico na área, especialmente no docorrerdasultimasquatrodécadas,aNova Zelândia aceroou-sc dos Estados Unidos, tendo sido formado em conseqüência um pacto tripanite chamado ANZUS (AUSTRALIA - NEW ZEALAND UNITED STATES). pelo qual aquele país da Occania e a Austrália tornaram-se alia-
dos diretos da superpotência americana. Tal pacto visa proteger os inter- do mundo livre na região do Pacífico Sul contra uma possível investida soviética.
Otratadoqueconstituiuessaaliançafoi as.sinado em São Francisco, Califórnia, em 1951, sendo conhecido como Tratado de
Segurança do Pac(/ico. Mais Wde de tomou a atual denominação de ANZUS. Em novembro de 1984, reuniu-se uma comissão na Universidade de Gcorgetown, em Washington, para estudar e analisar mais detidamente o ANZUS. Participaram dessa comissão altas personalidades phliti-
cas como Henry Kissinger, ex-secretário de Estado nane-americano; Ray Clinc, cx-dir'etor da C IA; o almirante Thomas Moore, ex-chefe de operações navais dos Esta-
dos Unidos, e o Sr. Malcom Frascr. c:x.-primci.Jo-ministro da Austrália. Os estudos efetuados pela mencionada comissão visavam avaliar a panicipação dostü:spaisesnoscxcrciciosdcgucrrapknejados para março de 1985 no Pacífico Sul. Uma pane dos cxerdcios contava com aparticipaçãodenaviosnuclearcsdeguerra norte-americanos que atracavam cm J:X)rtos neozclandcsc$.
ESP[RITO PACIFISTA
sumno
Apartirdessapropostatcvcinlciouma ondadercaçõesdaopiniãopúblicaneozclandcsa contra a guerra termonuclear, liderada pelo primeiro-ministro Mr. Lange, do Partido Trabalhis1a (Labour), conhecido por sua longa história de apoio a movimentos antinucleares. Ao mesmo tempo,
uma organização chamada Compunha para Desarmamento Nuclear iniciou pro1estos para boicow produtos franceses vendidos na Nova Zelândia, a fim de que a França ccssassesuascxperiênciasnuelearesnoPadfico.
Tendo em vista aliviar a tensão criada naquela ocasião pelo governo da Nova Zelândia, os Estados Unidos propuseram a visita de um navio norte-americano. Para ianto, o governo ncozcland& exigiu a garantia de que o vaso de auerra não fOMC movido à energia nuclear, nem equipado com armas dessa natureza. Circulou, então, pelo país, uma lista divulgada por grupos antinucleares contendo os nomes de Ili naviosesubmarinosoonhecidosporseremnuclearcs. Por ocasião desse movimento de opinião pública, um almirante norte-americano da rcscrva afirmou que 9()071 dos navios da marinha dos Es1ados Unidos são nucleares, e que não se retirariam as armas nudcares de uma embarcação para que pudesse enirar num porto da Nova Zelãndia, pois seria contrá!io à política militar. De outro lado, essa atitude assumida pclo aovemo neozelandes provocou reações nalnglatcrra.Aprimcira-ministrabritânica, Margareth Thatcher, durante entrevisla à imprensa em Washington, afirmou enfa1icamente que 5e reçusaria a rcvefar à Nova Zelândia 5e os naVÍO$ de guerra britânicos portavam armas -nucleares ou não.
DECISÃO PERIGOSA No fim de janeiro de 1985, a Nova ZeLlndia tomou a decisão de não permitir que navkls nane-americanos entrassem em seus portos. Tal a1i1ude levou 05 Estados Unidos a cancdar os cxercícios "Sea Eagle" (Âguia do Mar) que seriam rca.lizados em março. Uma pesquisa de opinião pública revelou que a população apoiava a decisão do governo neozclandi!s. A Igreja Católica concedeu a este seu apoio. O Cardeal Williams, Arcebispo de Wellington e dos 500.000 católicos da ilha, declarou que o assunto evidentemente tinha uma conotação mOl"lll, e quc ficava satisfeito com a posição assumida pelo governo. Por outro lado, o Bispo Thomas Gumblcton, de Deuoit, Estados Unidos, afirmou; "Cremos que a declaraçdo da No11a Zelândia como zona nudear li11re é uma apres;siio da 1/0nlade de Deus para tra11S/ormar no.s:so bonito planeta em um lugar sagrado, fi11re de armas nucleares". E líderes de seitas protestantes norte.americanas emprestaram também seu apoio à medida. A oposição a esse movimento antinuclear encontra-se ainda numa fase inicial, não conseguindo por ora arandc influência.
O porto de Auckland, segunda cidade neozelandesa, como os demais do país, n3o pode receber navios movidos il energia nuclear.
1: curioso notar que, durante toda essa campanha antinuclear, razões de ordem filosófica ou moral quase não foram levantadas, não tendo igualmente sido aventados araumcntos ecológicos, como aciden~ tC:S nucleares etc. A referida campanha rcsuingiu-sc a um movimento temperamental de opinião pública de caráter pacifista, sem base doutrinária. Obviamente., constatou-se no mundo comunista grande regozijo pela decisão tomada pelo governo de Wdlington, manifestado através de várias publicações oficiais dospaisesdealáncortinadcferro. Tal foi a alegria externada no Leste que o primeiro-ministro neozelandês, Mr. Langc, sentiu-5e embaraçado, julgando oponuno chamar o embaixador sovié'tico no pais a fim dcesclareccrqueMoscouhaviainterpretado mal a decisão que tomara. NOVA ZflÁNDIA RETIRA-SE DO ANZUS A crise das relações entre os governos norte-americanos e neozelandes continuou. E no mês de junho último os dois países romperam a aliança militar que mantinham, tendo a Nova Zelândia se retirado do Tratado ANZUS. O secretário de Estado dos Estados Unidos, George Shultz e o primeiro minisl:ro neozelandês, David Lange, não superaram suas divergências a respeito do acesso de navkls com armas nucleares ou movidos a energia atômica aos portos da ilha do Pacifico Sul. E para confirmar a política de seu governo, o primeiro-ministro neozelandês, em visitaaBonn,mesesatrás,defendeuenfaticamentcadesnudearizaçãodcseupais. A continuar essa politica pacifis1a do atual governo trabalhista, séria ameaça paira sobre a Nova Zelândia: a de isolamento quasccompletodeseusaliados naturais e conseqüenteestrcitamcntodcrelaçõesoom um inimigo sempre pronto a "ajudar" nações com fraco poderio militar e iludidas pelamiragempacifista:aRússiasoviética. PhiUpA.Moran
CAT!ll1SMO-Abidel!ll7
A dura realidade de Moçambique
Osartiaosdcprimeiraneccssidadc,comosabão,óleo,açúcar, são inexistentes, "The Economist",emsuaediçãodc l ~/3/86, afirma que, "IISpouaulojasque perm11necem11bertas,n6otêm11bsolu111men1en11d11par1111tnder ... ndo hd ve/1/S, nem tampouco fósforos •.. ntm &:U$0/in11, aceto fJ"· raquemtemcarnlsderacionamenro dados pelo f)'1rtido".
Cresce o
descontentamento MOÇAMBIQUE, outrora mra dc bblção, foi conquistada pa-
raacivilizaçãocom1randessacrifíciosd0$navegadorespor1uguescsdos«"1,1loXVJ,quelhclc-
varamaRcli1iãocriscã.Ecmcuj05naviosvicramosmissionários
qucresgataramparaaFédcCristo os habitantes dcsta tcrra banh.ada pdo()ccano Índico. O relacionamento dos portugucscscomosmcmbrosdasdifcrcntestribosncgrucraharmõnico,cjuntosforamclcsdcscnvolvcndopoucoapoucoopa/s,mcdiancccstrcilacolaboração, Que
produziu resultados impressionantes.
Emprimcírolugar,ostusosaanharamaconfiançadosncgros, osquaisaceitaramsereducados paraconjun1amcmcempreendc, rcmaconstruç.lodaquclaanci&a Província de Ultramar. A colaboráçlo mtrcos colonos IUSO!icmnativosfoibastantces1rci1a,chojcfflldiaaindapodem
!iCrapr«iadO!!i os írutosdabcn· f~jainnumciapoM\liue5a,que preparou os moçambicanos para enfrentarcomlxitoodC51.lioda vida. Nãoédificildistin1uirosnegrosdeM0çambiqucdosdeou• cros países da região; possuem elesdiíerençasmarcantesemrelaçàoaosnearosduanciaascolõnias britãnicu, por exemplo. Caracterizam-se por sua educaçào,hi1ono1ncgócios,dignidadcdccomportamcncoerclacionamcntopcssoalrxcetcntc. Que
difcrcnçad,crcsuhadossccompararmos os obtidos pelos ponugueses com oscfeitos decorrentes da colonização protestante!
A colônia foi entregue na Metrópole Mastaishitoscasprontessas que eles prenunciavam foram frustrados.Coma1ristcmcntccélcbre Revolução dos Cravos de 1974cmPonuaaJ,concedeu-scos portugueses de Moçambique prefercmdizerqucscimpôs-a indcpcndtnciaaessaProv!nciadc Ullramar, cm 25 de junho de l97S.Onovogovcrnowcialista ponugub entregou o poder dirc1amen1c à Frcntc dc Libertaçãode Moçambique - FRELIMO. que ,inhalutandoparaaindepcndênciauns l0anosames,comopleno apoio de Moscou (dr. "The Economist", l~/3/ 86). O Ocidente assistiu passi,·a mente como espectador a uma traição consumada, pois foram entrCjues aos comunismo, sob pretexto de "soluçãodcmocrática"esemquehouvesseelciçõcs, mais de I0milhõcsdenativose «ntcnas demilharcsdeimigran tes ponua:ucscs. Alguns abandonaram tudo o qucpossuiamesaíramdeMoçambique, preferindo a libcrdadcascrcmcscra>"osdcumregime comunista. Poucas vozes lcvantaram-senoOcidentcalcnandosobrccs$1catástrofe,eagrandc maioria dos moçambicanos
prcferiucontinuaravidafácildo otimismo. E uma ilusão parecia dominar as mentes: "Todw nós sa~mos que nos fJ"Í~ onde o romunismoenuou, perdeu-~11 li~rdllde, 111arou-.sea Rtfla:ldo, aboliu-se a propriedade, oscdr· ceresencher11m-se t/c.M11soqui emMoç11mbique11silu11ção vai ser bem diferente, pois w comunistas sabem bem que nósmlD acei111remosi$$D, e se o impuserem, revollar-nos-emw, o que nõalhesronviria.Comumromunismo moderado, fazendo-se um esforço, pode-w vfrer". Quão lon11c estavam da realida· de os desavisados moçambicanos! A FRELIMO aplicou toda a doutrina marxista, sob a direção do presidentedopaís,SamoraMachd, que era enfermeiro no 1em• po dos ponugueses (cfr. "The Economist''. 25 / 10/ 86). Opaisfoipraticamentcdestruído, "11stsrol11Spar1icul11resfo· ramfechadus. 1r11nj11S co/e1/,·11s org11nitDd11S e 1/S proprl«iades prfradus nucionaliv,dru. Qi,a~ de um dia para outra. 11 que foi uma próspera rollJn/11, con11tr1eu-wnumdesaslrel'C'On6miro" {""TÍ.e Washin11on Times", lS/ 12/86). A população negra lcmbra-u comsaudadcdaépocadosportugueses.Hojeosnc,roslamentam: "Antes~ podia 1r11balh11r, podia-~ ir de um lugar II ou1ro eacomid11ndof11//11v11. Qudodiferen1el11si1uaç6011tu11/!Qu11ndo regrl'ilDrào 0$ portugue~s?''
Os soldados da FRELJMO (foto),para manterem o controle de apenas 15% do território moçambicano, contam com o reforço de 53.500 homens de sete exércitos estrangeiros.
Pouco a pouco, a população começouaabandonaropaisca instalar-se mu nações vizinhas, aceitandocorrerqualquertipode riSC(l,paralivrar-udaescravidão marxista.Noanop;usado,odiário "TheStar",deJoanncsburgo, noticiava a preocupação dc umgrupodepoLiciaismilitarcsdo Parque Nacional Sul-africano Kruauer, situado na fronteira com Moçambique: "eratãagrandtonúmerodepusoosquefugiamdaquelef)'1fs-11Squ11ises1av11m wndo devoradas pelos ltôes do parque - que estes se hal'/am arosmmado a comer somen1t carnt human11 e es1avam esqu«endoderomo~roçavo!" O dcs.contemamento dos moçambicanos foi crescendo e um pcqueno,rupodclesdc,;:idiucriar a Resist!ncia Nacional Moçambicana - RENAMO. De acordo comoprestiJiososemanáriode Washington," HumanEvcnts", de 8/ 11/ 86, a meta da RENAMO é "11erradicaçãodosis1tmadito1ori11lromu11is111"c ''oes111belecimento de um Governo de Unidadt N11Cion11I". A RENA MO, ~ucna no inicio, foi crcsocndo aos poucos c hojeemdiacontacomumaforçadc lS.OOOhomem,dcacordo com a mencionada edição de ''Human Events". OrcsultadodoesforÇQbo!lico da RENAMO merece atenção. De acordo com "The Washington Times··, o movimento con1rola85'7t doterritóriom0çam bicano.Praticamcntesóasgrandescidadescbasessoviéticasestão ainda cm mãoJ da FRELIMO. Para manter o controle dos !51/trestantcsdotcrritório,a FRELIMOcontacom25.000soldadoseaajudadegovemosmarxis1as vizinhos. ··A1i5J.500rt /Of"fOS de 7 exirci1w esmmgeiros. Esteslncluem25.000deZimbabwe, 10.(}()()da Tanúmia, 6.500da Etiópia e 12.(}()()so,·ilticos, 11/emãesorien111is,n,0Qnosecoreonosdonor1t'",5C11undoinforma o "Tht Washin11on Times", de lS/ 12/86.
Ocidente: cegueira ou traição Mas não é somente graças ã ajudadeou1rospaisescomunis1as que • FRELIMO conu1uc sustentar-se no poder. Já dizia LeninequcsócomoaW1.1liodo
CATllJQSMO-Al.rlde\937
13
Ocidcnteocomunlsmoconse&uiriaimpor-scnomuodo.Oca.sode Maçambique não~ uma e,;oeçio. "Human Evcnts" informa que "aadmini.straç60Rtogansolici1011 4J milhdts dt dó/ara paro dar à FRELIMO tm J986". Al~mdiuo,"Wizshingtondtu à FRELIMO 75 mllh6tsdtdólare, dt$lh J98J t plontja dor-lht outros2Jmi/hiJtstsltono... ,o Banco Mundial plall(ja dt:sitmbolsar 6()() milh6a dt dó/ara, nosp,d;rimos!Oonos. •.. Sukia, Holanda, Portutol, Fro~ t ln1/attrro p/antjom dar dinhtiro a Morambiqut .... O Gowrno intfh tstdp/a,,(Jando tnvku lnstrw/ora da British Sp«ial Air Strvice - SAS (Stn,ifos lnglaa E.,. p«ials do Ar) poro trtiMr os forças tsp«ioi.s do uirriro do FRELIMO, afimdequertolium um 1robolho-lhor.Aa}udatron6mico do Oddtntt torno poss(ve/ queodoblocosoviiticoStconcen1,e na as.slstlnda mllitor" ("The Washington Times", 15/12/86).
Em 19deoutubropassado, o aviloTupolevdefabrlcaçlosovi~tica, que conduzia Samora MachdaMaputo,caiucmtcrritóriosul-africann,causandosua mortccadamaioriadospawgc1ros. Imediatamente o &ovcrno da FREUMO, juntamente com outros rc&Jmc:s manustaseesqucrdistas,acusaramaÁfricadoSul dehavcru51doproces505e]etrõnicosmuitosofisticad0$ parade$viar o aviio de scu curso, e derrub;l-lo. Contudo, o multado da
anliliscdacaixaprctadoaparelhoindicouqucessahipótescnão tem fundamento. Sobreaquedadoaviãoque conduziaopresidcntcmoçambicano, acdiç1ndc~dcoumbro llltimo do "Thc Economist" lcvama a hipótesc dc tcr sido Samora Machel vitima de uma c:onspiraçlo russa. O pilnto dn avião, ummilitarsovi~icoquc sobrcviveu aoacidcnte, foicxaminado nohospital$Ul-africano,tendo-sc dcsc:obcrtoqueclchaviatomado &randcquantidadedeikool. nas Ultimas horas. EntrC'lanto,asituaçãonãowfreu mudanças radica.is com a mortedcMachel.Organismosdo Partido Comunista de Moçambique C$COlheram como novo presidente o Ministro d.as Relações EJ!teriores, Joaquim Chi11Sano, o qual ~umconhecidomarxistac mui10 çhc1ado a Moscou. De acordo com "Thc Economist", craapcssoaquemaisconvinha aosrussoscolocaràfrcntcdognvernodcMoçambique. Portudoquamofoiacimadescrito,pode-scconcluirqueasiluação atual de Moçambique constitui umadasmaistristese sianilicativasamnstrasdatrágicarealidadcd<»rtgimc:scomunistasdi10li"dcmocri1icos"edc"LiW'r11çlonacional". Comotambémdacqucira-paranâodiZCT !raiçio do Ocidente - cm rc-laçJio à ponderhel maioria amicomunista da populolÇão moçambicana.
Sob o governo do falecido presidente Samora Machel, Moçambique - a próspera ex-Provfncla lusa de Ultramar - converteu-st num desastre econ6mico.
Vio1e acordos e receba prêmio! "ESTA J; UMA HORA íeliz para a agricultura americana" declarou embevecido John R. Blix:k, então Secretário da AJricultun. do governo Reagan, quando anunciou o famoso acordo com o decurso de cinco anos, prantindo aos russos a compra dettrcais americanos. Isso se paMOU em 1983. E uma das ccmdiçõcs da Adminisu-açio Reagan era que os 10vib.icol compr~ anualmente qua1ro milhões de toneladas métricas de milho e trigo ao preço de mercado.
Como não pc,dia deixar de ser, os russos violaram oaoxdo, adquirindo mais milho e menos trigo, não cumprindo o compromisso de compra proporcional dos dois produlOS. E, por alguma razio - diz a revista "Fonune", de Los Anaelc:s (l~-9-86) - os sovitficos não se incomodaram cm se desculpar. Ao contrário, reclamaram que não estavam obtendo preços subsidiados como os oferecidos a outros países, por exemplo, Turquia e Argélia. Acrescenta aquela publicação: "Quando ficou claro que os J1JilOS novamente violariam o acordo, a Administração Rcagan premiou-os por tal comportamento reduzindo o preço de nosso trigo. Os consumidores sovib.ioos terão trigo amcricano I preços infeliorc:s aos quc os amcrii:anos pagam". E acrescenta, entre parfntcsc:s, "Fortunc": "E abaixo do que os russos podem conseguir dos outros grandes
forncc:edorc:s". Mas não é só isso. A mencionada fC\'íga ainda informa que o Senador Robert J. Dole, de Kansas, "acha que o acordo ê excdcnte, mas que infcli.uncnlC reduzirá I procura de outros produtos". E conclui "Fonunc": "As.sim, imaginem, nós devemos oícrcccr aos russos milho subsidiado". Só IJ!ilho? !! o caso de per,untar. A continuar as coisas usirn, os sovib.icos podem alimentar esperanças de obter tecnotop e até material cvrat4ico nane-americano subsidiado ...
~Af,oUCISMO f)jNl<>r:
~••lo Corri& d< Bnto f,I..,
§=J~~fif~:;l;; - CH IJIOl.M/
c..t.rio: R"" M"'1isl H ...-;,.,.,. 66} - 01226 Sk> Paob.SP - Td: i011!2ll .'1$l{~. ll!l r___..,,Orafi-An .. Grifao Lt<la.
PZ:k>~":'dinodcCamp0o.XIII -Oo!OOC-~
J:?.:..""..~~~..
:rs: . ., ..
Gtif"- -
-uo1n1-...i,com.... Cd.00,00:oooperadoo Cz$600,00;bfflratorCd 1.000.00:lfaadr l>tftr.,,ora:s1 .$00.00.~(nllk<a)co-
•-USIJ0.00:bmreitorus160,oo.
CATlllOSMO - MrideHll7
Oque está por trás das enganosas reformas da Rússia • NA Li1'"GUA russa hi. uma pat.,·r•cujasia:nilícaçãoêascguimc:algofcitoapenasparacnganar -poka~uka. Coma-seque
ças"',"profundas'',"democratizantes"etc.
OJ)fincipePotcnkim,paraimpres-
Abtrtu ra n1 imprtnsa-Mui1oscstãoadmiradoscomofa1odc a própria imprensa comunista apontarmazelasdoregime,relatandofatosconcrctosqucamcs eramescondidoscomo§Circdos dcEMado."Ca10Ucismo""1empubUcadodi,'l:rsasmatfflasrdiumindoalgumasdessasnódoasestampadas pelo "Pravda" e "lz'"CS· tia". Casosdessesjávinhamstndo narradospelaimprcnsaháanos, comoformadcscrecupcraracrcdibilidadenorcgimc.Oqucmudouéapenasaquantidadedefatos aprescmadosaoptlblioo(aparclhosdcTVquccxplodem.calças cujatin1urasainapernadofrcau!s,sapa1osquestdesfuemno primcirouso.fahadealimcmos etc.),bcmcomopusou-stanoti· ciargrandesca1ás1rofes,oqucaté oacidentcdcChernobylnãoera fcito.Mas,convémfrisar.nunca seapontaumproblemageraldo paisoudosis1ema.Assim,odesdourotscmprcbcmcircunscri10: cmtalcidade,emtaldiaíaltoubatata,cm1alou1rafahamfrutas. dctcrminadamarcadeTVéque cxplode.Comprcendc,st.pOis,o comcmáriodcumjornalis1asovié-
sionarauarinaCatarina,aGran, dc,queiaatravessar suasterras, mandouergucracmadistânciada estradabela$akkiasdcpapel.ão,as
quaiscnmatéiluminadasànoite. A.uimcomoawberanafioouad-
mirada com odcscm·olvimemo da.simas~Potenkim(daina.s.('Cu
a npress.Ao "aldeias de Potenkim''),tambémhojcosocidcntais cstioadmirandoasrcformasdc Gorbachev. Maséprecisodiier quc,sobocomunismo,osrussos le,aram a poku~uka ao nivel de umaverdadeiraci~ncia. ApeHr de toda apokawb lt,·ada a eíeito pelo Cremlin desde 1917,,·isandocriaraidéiadeque aRússiaéumparaiso,oocidente acaboustimeirandodoestadode misériaeatrasoemqucviveop0,osoviétioo(masnãoa ·· nomenklacura"'comunista!).Ésabidoque a"[mourist"enganaruturinas estllpidoscin&ênuos - cujonú· meronloépequcno-mostr1ndo-lhesapenasal&umasp0u<:ascidadesrussas,enelas,sódeterminadas ,,cas próprias para recebe-lru,comoscfossemvitrines: hotciJdclu~o,mui1asvezesconstruidos p0r companhias ocidcn1ais,lojasexp0ndoartigos1enta· dorcsque,narealidade,nelasnlo st ,·endcm, cardápiru variadíssimos(cmgttaldediver~páJinas) deres1aurantespara1uristasocidentais.que.dcfa10.sóstrvcm4 ouSpra1os,escolasearanjas ··modelos'"parasercmexibidasa 1uriscascjornalis1as,estatis1icase dadruíalsosetc.
A reforma eleitoral proposta porGorbatchev é epidérmica, diferenciando-se apenas nas aparências do sistema soviético de votação atual.
Charge do "Newsweek", de 23-2-87.
•
ctoULAELEITORAL
OESCOIJiAEl.El
VELHA
Democracia Russa
CATWOSMO-Mn de l!lll
CÉDULA ELEITORAL
WO ESCOUiA UM
NOVA
Democracia Russa
Alistadememirasdctodogêneroéinterminável.Àcustadetantomentir,detantotentarmascararatristercalidadc,oregimcco-muniscaacaboupcrdcndosuac~ dibilidade1antonoexterior.quan1oimcrnamcn1c. Daiaimp0r[ãnciaqueoPCcscáconccdcndoàpolíticadeaberturainiciadaporGorbachev,aqualéconstituidasobre1udoporgolpespub1icitáriosbcm arquitetados, que diferem das mcn11rasnuasecruasos1cntadas ameriormemc. Emsuma,pa»oustde umapokazuka mal feita, prim,riaeelemcmar, para umasofisticadacmaisdiíicildcstrdetecta,
,..Vejamos alguns exemplos to-
madosdentrea,decantad35rcformasdeGorbachev,qucparteda impresaocidemalnãosecaMadc saudarcomo··dramáticasmudan-
tico:"Cri1iq11em.mas111Joge11era-
lium". E sobretudoaimprensa russan·i1a1irarconclusões,p0is dassc:riampoliticamenteperigosas.Limita-staindicar"'bodesex piatórios", como um mcarrqado ncgligemeouumproblemau!cnicoqualquer,alémdasconhecidas imcm~ries,qucdesdcl917vêm sendoapomadascomoacauHdas más colheitas anuais. Abe rtura d1s pri ~6tste1m pos drconcent raçio -A volta de Sakharo,· doexilioparaMoscou foimuitofestejaclapelaimprcnsa, bcmcomoadealgunstideresjudeus. Anunciou-se como grande fci1oquel40prisioneirrudeconscilnciaforamouserãolibcr1ados. Na,crdadc.c,;1ào,endolibcnados apenas presos muito conhecidos, paraaumemaroimpactopublicitãrio. Alguns desses, aliàs. não ocultamofatodcstrcrnmarxistas, discordandodoregimeapenasem umououtrop0nto,comoSakharov,QuaS1"nadastdizsobreos ,·erdadcirosoposicoresdarcaimc. prcs.osnruinumerhciscamposdc concentraçãosoviéticos.Squndo ccrtascstima1ivas,osprisionciros potíticosatingemacifradcl0.000 (cfr. '"The New Yorl Times"".
12-2-87).Ehãcentenasdeopositorespolitieosereligiososintemadoslíorçanosterrfveishospitais psiquljtricos-prisões,onderecebem~maciçasdeneuropiUticosafimdesero:mreduzidosatrapos humanos. Orntreessesmithares de prisioneiros deconsciCncia esquecidos.11'-muitoseatólicos, çomoSoliaBdiak,condenadapor divu!aar a mensagem de F:i.tima cntrejoveru,oPe.Matulionis,heróicolituanopresoporlevarossacramentosaenfermos,oPe.Sviniuld,queatendiasemi-dandestinamenteamilharesdecatólicos disperws pela Sibo!ria, e a.inda muitos outros esquecidos pelos homens maslembradospor Deus. Além di$$0, a legislação que permite prisões arbitrtrias contim1a vigente. A situaçlo noseampos de concentração nlo mudou desdeos1emposdeStalin,segundo o dCl)Oimento do intelectual Vladimir Brodoski, recentemente libertado do campo de Tomski, emquevivemcercade2.000prisioneiros,dosquaisuns200contra.iramtuberculose(cfr. ''OEstadodcS. Paulo", 20-2-87). Abertun, na KGB - Comentou-se amplamente oom admiraçlo que os funcionários da KGB
Um exemplo de "pokazuka" do regime soviético: o luxuoso Hotel National, construido na época tsarista (1,903), com salões ricamente decorados (foto), foi restaurado em seus mínimos detalhes para receber e impressionar turistas ocidentais. Ru"os que não pertençam A "nomenklatura", isto é, A elite burocrAtlca soviética, estão proibidos de entrar no restaurante do hotel.
~pons:i.veispelapri&ãoi~justado jornalista VictorBerkhmforam castitados.E.stehaviadenunciado acorrupçloreinantenumaregião carboníferadaUerània.Antesde seconcluirapressadamentedesse incidenteiwladoqueaKGBest.t mudando,verifiquemososfatos O mencionado jornalista é um
.O poeta e sua ameaça A ASSIM CHAMADA "abertura" de Corbachev tem seus "embaixadores". Um destes açaba de viiitar o Brasil. Trata-se dopoetaeex-dissidcnterussoEugencEvtuchenko.NãoédesprovidodeintCTCSSCindagarporqueveiolnossa~triaecomofoinoticiadasuapassagemporela. Antes portm, conviria rcverccrtosclkhb. Diuidentc na Rússia, n1o ~. nem de longe, sinõnimode anticomunista. Freqüentemente os dissidentes são socialistas que discordam do mé1odo utiliudopelog0vcmoru$50deaplicaromarxismo.Oqucnosvisitou, pOJ uemplo, em anigopar;11 a rtvista " Time", etraduzido na Integra pelo _iomal do PCB, "Yoi. da Unidade", de 21l a 26-2-87, explica, adotando a mais pura ótiao marxista, em que consisteatJopropalada"glasnosl"ou"abenvra":"lumo.evo/uçdo. GorbochrvMmo. in~ntouMmo.imp6sthcimo.paro.baixo. Eltertâ lljlttindo osimpero.1/vos históricosqur-, por si .sós, t~lramdono.ssop0-.o". Emoutraspalavras,tadial~cahistóricaque produzas mudanças. De acordo com outro dich~ propaa;andlstioo, esse movimento de "abertura" suscitaria maior liberdade. De fato, a mesma "Voz da Unidade" limita bem essa "abertura''.~ uma "crüir:a o.ostalinismoeoapoioàs mudançasqut/or1aleçamadtmocraciasocialis1a". E o poctadissiócnte - que fuquestãode friur repetidamente não pcnenCC'T ao Partido, nem ser funcionário do Estado- diz que, na Rússia,osoposiloresda "abenura" são os "qutn6otlmitho/ogia"{"0Globo",2 1-2-87).0bviamcntedo os prqmiticos. Os que "qutrtm manlrr .R'Wprivillgios, SftlS pru1os"(ldem).Sio,enfim,aquclesqucorcgimccomunistaconsidcra corruptos. Os que obt!m vantaaens pessoais, sem se incomodarcm com a ideologi. comunist•. Eporissotidoscomovermesapcgadosa resquicios raqu!ticosdc intcrcsses particutarcse de propriedade privada. Mas, objetará alguém, e:it.t h•vendo uma abcnura efetiva na Rüssia. As autoridade:i soviér.icu libenaram diversos dissidentes. Obras,rnmesantesproibidossãopublicados,projetados.At~a censura esui caindo. Respondendo à questões formuladas pela revista' 'Veja" de 4-3-87, sc ainda cxiste ccnsura às artes e à cultura na União Soviética, Evtuchenko asseverou: Hojt, são basir:amtntt cn artistas qut d«idtm o que vlofo.urtdivulgo.r para o p,1bli«J''. Eacrcsceniouquc,antcriormcntecramos "editora.
16
funcion:i.riooomunistaquefaz.ia denúnciasdotipodasque Gorbachcves1,cncorajando.Nãoénc nhumopositor,nemdiuidente.O "castiao"dosrcferidospoliciais consiJtiuapcnll.!nademissãodo encarrcgadoeem''advcrté'ncias'' aosdemais.Navcrdadc,oepisódioserviuparaevidcnciarquea
policiaprecisaseruminstrumentomaisdisciplinadoaserviço da a1ualpoliticadescnvolvidapclo Cremlin. Paraqueissosctornc bemclaro.éprov.tvelqucmaisalgunsil\cidentcsdoa!ncroocorram proximamente,enquantomilharesdeinoccntescontinuarãoscndoprcsosetonurados,scmqucos
~UgadasaoEslado".Econcluicomumaraumentoqueé umaconinadefumaçaparacscondcrarealidade:"Aroras4oas ortanizaç6tsdostseritornque /omam=dtt:isdo". Como se taisorg1niuçõcsnãodançasscmconformeamüsicaorques1radaapanirdoCrtmlin,sobabatutadtGorbachev ...
Que ventos trouxeram
o poeta? Convidado pela ''Rioane·· e pela ''Fundação Rio'' para visitaro País, o poctaaproveitou suaes1adiatntrt n6s paracsu,btlo:ctt contactos com autoridades e elementos da ''inteligenuia · •.
Em audibciacomo PrcsidenteJoséSamey,opoctadefmdcu '"o intt"mlmbio cultural ttllrc Brasil t Uni4o Sovillka". Su1criu arealinçiodcduasscmanasculturais.noBrasilenaR\\ssia,por ocasilodasdatasnacionai.sdo5doispaiscs(7dc5etembroe7dc novembro) (cfr. "O Globo'', 26-2-87). Como bom cstrateaista queseaproveitadasmenoresoportunidadesparaganharterrtno,ovisitante-oqualsedeclara ..soclalis1acris1do··(idtm, 25-2-87) - sabe que uma semana "niio ll'nde nada, mas fica coma um sim/Joio e um estfmulo" ("Folha de S. Paulo", 24-2,87) EvtuchenkoinaugurounoRiooCcntrolntegradodcEducação Pübtica{CIEP) Yuri Gagarin. Foi recebido pelo ministro da Cultura, Celso Funado, e, acompanhado pelo governador do Distrito Ftdenl, José Aparecido, visitou a Universidade de Brasília Viajou pelo Nordeste. Minas. EsplritoSanto e São Paulo. Desfrutou enfim, de todas as vantagens para uma bem sucedida missàodiplom,1ica, sem nenhumadasdesvamagensdecmbaixador "ad hoc": apresen1ou-sc como desvinculado do panido, ex-perseauido e ex-censurado. Umaesptt:iedc mánir-arautoq11C plcitciaoaplainamentodas viaseadesobs1ruçlodoscaminhosque conduzcmàdcmocracia... socialista.Casol$$0nãosucedaamcaçouo poeta - '"nestemomtntodtptrígodttxlermi"nioda humanldadt (a;uerra nuclear], não ronhtctr, n4o aproximar os povos, tsld nollmittdocrime"(''O Globo", 26-2-87). Em termos mais diretos, segundo a concepção desse "embaixador" da "glasnost'',estarlobeirandoacrimina!idadeosopositoresda aproximação doMundoLivrcoom a hidra comunista, a qual, no momento, apresenta-scdisillllulada, oom enganosas roupagens .. .
CAT(lJDSM0 - Alrlli!1!117
poliCiaisresponsáveisrecebarn nernrneomo"advertênciu"(cfr, ·washin11onPost",26-l -87). A~rlurstleitorsl -Causou sensacioareforrnaelt'itoralpropostaporGorbachev:,·oto=ememaisdeumcandida1oparacadacar10! Um importante diário brasilcirocheaouadizerquetais reformas '"abalamasestruluras dopodtrsoviético'". Penaéqueo quotidianoemquestãosedeixou levarpelasaparênciasdernaisuma pokazuka. Com efeito, secomparada oom as ''elei~-õt$'' comunis1ascli.ssicas,asdeGorbachevpodem pare~r realmemeabertas Eis,porexemplo,ocômiooresultadodeuma"elciçJlo''pelosiste macomuniscad'5.siro:naAlbânia (pais considerado modelar pelo PCdoB),emeleiçõesrealizadas no inicio de fevereiro.dos J.830.653eleitoresregistrado5,todosvotaram,sendoquealotalidade,menosurn,votoun05candida101únicosaprtsen1adospelo"democrátioo''PC.Oúoiooeleitordo paísquenl'iovotounoregime, votouembranoo.Considera-seque houveagoraumavançodoPC, poisnas"eleições"de4anos atri.s,cinhaseregistradoumvoto oomra.Populaçlosadiaesta:nenhumeleitormorreu,nemfioou doente,todosale&rm1ente"~ lheram"oscandidatos-Unicos ... Ea "democracia'" de Gorbachevnoquesediferenciadesta? Nas apuências: em vez de um só eomuniua para cada posco, os elcitorespoderJloescolheremre doisoumais,,.comunistasapresemad05pelopartídoúnioo. E e1; saes.:olhasinaularcntreigua_isseréporvoto=eto.i;:ummistério comopõdeojomalbrasileiroooncluirdaiqueessamudançaepidérmica "abalaasts1ruturasdopo-
dusovié1iro"! A"'nun panca pital nlnlngri• ro -Saiuumanovalei,multonperadapelasmultinarionais.permitindooinvestimentoestrangeironaRússia,Serãumaentradaes-p,etaeulardocapitalismonaquele oecanodeestataisinefiricntnedeficitárias?Maisumavcz,asaparênciasenaanam.Oscapítaisocídentaisserãoaplicadosemnovas firmasestatais:pelomcnosSl'i't do capital pertencer:i ao Estado Comunista.OpresidenteeoscheFes administrativos deverão ser russose,talcomoosempregados, serlonomeadospeloEstado.Admitir«-lioapenasfirmasquctragamtn:nologiadeponla,quedevescrtransferidaparaosrull505e que se comprometam a exponar paraoOcidentepelomenospanc desuaproduçl'io.Eparainccmivi.-lasnes.sesentido,asnovasestataissópoderl'ioimportarm:lquinasematêriasprimascomdivisas FornecidaspelosinveslidoresocidcntaiJ,ouproduzidasporexporta,;ões. Abertu ne mpresarial - Este foi o ramoqueapresentou abenura um pouco mais sianifü:ativa,
CATIUISMQ - ,aili!1!117
masmesmoassim,extremameme modes1a.Foiautoriudaaoonstituiçãodemicro-rmprcsasprivadas,sobretudonosctordescrviços,Mastaisernpresasnãopodem admitirempregadoscapenaspodemdedicaraclastempomter;rat quemle&almentenào,:i;tejaempregado{otrabalhotobrigatório naRússia,podendoodnempregadoserpresoeacusadode''parasitismo'').Assimsendo,sóaos aposentados,dotnu:sebpoucas donaJdecasaquenãotrabalham sep,erm11e1ornarem-semicro-rmprcsârios. Os demais só podem trabalhar nas micro-empresas fora do horário de serviço. Como nãopodiadei!Cafdeacontecei-num resimesocialista, hA rana burocraciacv:irioscontrolesparavigiartalgenerodecmpresas. Narealidade,crata-sedeuma tenta1i,·adc1razeràluzdodiauma situaçlodcfa1ojátxistcnte.Procurandofu1iràpesadaburocracia,viccjanaRússiaumapujante e<:onomiasubterrlneailegal,bascadanomercadoncgro,noroubodcmmeriaisestataiseematividadcstidBJcomoiUcitas:motoristasdecarrosoficiaisqueosutilizamcomotAllis,pedreirosecarpinteirosdasestataísque fazem traba!hospanicularesoomma1criaispenen~mes10Estado,médicosd0Jhospi11isestatais(ctodososslo)quea1endemàsocultas rtc.,etc. Vâriossovirtóloaosju[jamquc osrussos,npertoscomoslo,nlo sairãoàluzdodiapirafi,;arsujei1osa0Jcon1 roles,impostoseflutuaçõesdapoliticaoomunista(cfr. "TheEconomist",22-11-86).
Aoladodessasreformas,que nlopass.amdeumamaquilagem dolipopokazuka,há~iriasoutras quevisamdimlnuiraburocraciac aíneficifncia.Assim,porexcmplo,aquepermiteàsfa,:endascolrtivasvenderprodutosdiretamenteaoscoruumidores. Entretanto, tais reformas em nadaalceramanaturczadoregime totalitárioepolidal.OcspcclalistaMikailTsypkim,da" Heritage Foundation'', dos EUA, classificou muitobemocscopodclas: "lsro i apenas um uforça para Jonal«er a mdquina do pari ido.
E.ssasst10ltrl/Q/iYQSdefai;ercom qut o sisttma fundont mtlhor" ("Time", 9-2-87). O próprioGorbaehev indiretamente ooonfinnou cm seu diSCIITTO ao Comit~ Cen1ral doPCemjaneiro,aofalardasre-formas: "Aques/tioemcauwse-
guramtflltniJoiumamudançade nossosisttmapolitiro''(ldem). Emfaeedctodooexposto,não scpodefugíraumaconstatação tão simples quanto significati va: asreformassoviétícasousãoum engodo sofisticado, ou não passamdeumrneioparaforta!ecero panido e tornar o sistema mais cfie1entc.
Di.~cernindo. distinguindo. cla....,ificando. ..
"Grimoire" brasileiro 'GRIMOIRE", concedo, é uma palavra francesa pouco conhecida no Br!llÍI. Mlli nem pe>rmo~elamenos exprc55iva. TalvCl' até seja difícil encontrar-lhe um sinõnimo adequado em nossa üngua. Sem mais delonps, porém, vam05 ao seu significado. Os feiticeiros e magos de todas as ~pocas tinham 'ltus !ivr~ .~ret05, onde anotavam com cuidado e dissimulação os mistérios de 5Uil.'i anes e Ili fórmulu de suas poções. E iato desde & sibilas do pagarilimo antigo, pu.sando pdos bru.KOS medievai. e chegando a1t os modemo5 teosofistas e curandeiros Tais escruos constituíam mesmo a base de ink:iação para O\ aprendizes de feitio:iro, os Quais, aos pouçoi;,, iam conhect:ndo o conteúdo daqueles livros e mtrosando-se as~m nas anes diabólicas. Um 1eiJO cm cujas m.Aos caisse um dcues tOfflOI, r1ada dck compreenderia, poÍl sua escrita era indecifrávd e suas fórmulas inin1elisíveis. "Grimoire" t a palavra que a língua francesa elaborou para nomear tais livros, e serve ela tambml, por extensão, para dcsi&nar todo escrito ou ciência que, r,ara os k:i&os no assunto, venha a ser tão indecifrável como um livro de magos e feiticeiros. Ora, nós vemos todos os dias a economia nacional ser manipulada de mli.ltiplas formas e Jeitos, de tal modo que, nessa matmA, o brasileiro médio já não eruem.le mais na-
da. Como nca o problema da divida encma? Por que foi um fiasco correr atrás do boi &0rdo com o laço na mio? A moeda foi trocada e os preços amgdados para acabar com a inllaçio, e a inflação desconrdou os preços e dcs~·alorizoo a moeda. Por q~ a Reforma A&rária no Brasil seria umapanaa!ia, seda por toda parte fracassa?Osero-nomistas se acusam reciprocamcn1e, ~ recnnunam, ,e sucedem e nada se resolve. No toca!, um leigo 110 assu11to nca com a imJ)TCSSão de que o problema econômico. ., de fato ~ politioo! E que se o Pais vai à deriva no campo econômioo, t porque certos politioos assim o querem para melhor empurrá-lo nas vias sinistras do sociali.mto. Enquanto isso, a economia propriamente dita t remexida de tal forma que nos íaz lembrar a lapidar def'lnição que dela deu o famoso memorialista rrano& do stcuto XV III , o duque de Saint Simon. Muit0 espiri1uoaamerue. define de a economia como um ''grimoirc''- E-lo que diz: ''EstalinguagemdasflllllllÇ&,daqual fizeram umaámcia e - se se pode avcflturar a palavra - um "snmoirc", para que sua comprccnsio fique oculta aos que nela não sãoiniciados,esobreaqualministroseintcrmediários, banqueiros etc., tem grande intcrasc que os outros permaneçam na ÍiJIOrincia; esta linguagem, di&O eu, me t totalmente desconhecida" ("Mém.oircs de Saint Simon", tome 9, cap. XX, p. 278, Hachcttc, Paris, 18S7). A. C.
TFPs em ação ro111a em rodo o tt"it6rio nacional.
TFP aplaude veto à peça " reledeum"
Estou ctrto de in1erpretar o sentida unãnime deles, llO comunit:ur a V. Sa. a solidariedadt dt
EM TELEX dirigido cm 14 de
marçopanadoaocntãodiretor daOivisãodeCen1uradaPol!cia Federal,CoriolanodcLoyolaFa· aundes,oProf.PlinioCorrhdc OLivcira,PresickntcdoConse!ho Nacional da TFP, manifc:;tou o calor0$0lp0ÍOdamtidadcao,-c,-
1oeon1raapeça"Ttkdeurn",dc autorespanhol,agualumgrupo
ttatral~SloPaulopretmdc cncmar no Brasil.
todoscomseu11obreges10,oquol honra o Brasil".
Chi/e: propriedade
privada sob ameaça
g1,1rar os sócios, cooprradora e
SANTIAGO - Com !óCUS jovcns $Ócios c coopc:radorcs bradandoslogansnasn.iucenlrais destacapitalcvistosoanúnciono diiirio"ElMercúrio",aSociedadcChi!enade~fesada Tradição, Famfliae Propriedade deu inicio,noúltimodia22dcmarço, a mais uma campanha de grande envergadura. Tra.ta-sedo lançamento da obra "Ch1k 1987: csquecimentoseoonfosõcsamcaçamapropriedadeprivadaealivrciniciativa",deautoriadecarlos Patricio dei Campo, Mas1:erof
rorrt1pondtnlts rom que a TFP
ScitnoetmE«>nomlaAgrm3.pc:-
Eis o muo da mcn5agrm:
~,o
"O da torpe~ team,I 'Ttltdtum',tmrorlffqüinciade seu luminoso t destemido parectr, rt~rcutiu dt modo Jubilosa e imensonolJnimo de todos os brasi/tlrosqueronservam intoc1oorespei1odt~idoàsf)U$0(lSt
roisassa1radas, brm romo às normas:rublimesdamoralcristã. Enlrr estes, tim a honra dtfi·
CHILE 1987°
Entrega da Coroa de Santo Estêvão aos
comunistas A venerável Coroa de Santo EstCvAo, reliquia religiosa e sfmbo/o nacional da Hungria.
Embora o objetivo nsmcial e ocampodeaçãodaTFP chilena sejaC\'identemcmc seu próprio país,acampanhaaprCKntatam· bbn um alcance internacional. Is· soporqueaatcnçãodomundo convergiuparaoChik,cmvirtudcdavisitadochefedaCristandadc,S.S.João Paulollàqucla naçlo,tendo1reftridacntidadc oferccidooprimeirouemplardo livro ao Pomifioe.
Atuação do Bureau para representação das TFPs na Austrália !aUniversidadcdeBerkclcy,Ca!ifórnia Com base tm fano material,:<;tat!stico, o autor, ao analisar dc modo pc:netrante a realidade wcio-cconõmica chilena, com provapodcremasinvestid.uda esquerda-ch'iloucclcsiáMica ~predisporopalsarctornarà mishia material e moral do socialismo.
SIDNEY, Austrilia - O. cstandanes rubros com o Ido rompante cremularam nesta capital quandooBureaupararep resen· taçlo das TFPs na Aumália associou-seàsváriumanifesla· çõcspúblicascontraacxibição do filme blésfemo "Jc vous saluc, Marie". Alémdisso.,isandocolocarao akanccdopublicoaustraliano clicieme meio de aprofundar a de,O('ãoaNossaScnhora.oBureau editou e ,·em di,·ulgando
POR QUE RAZÃO e de que modo o governo comunista húngaro obteve, em janeiro de 1978, que passasse à sua guarda a preciosa relíquia religiosa e símbolo nacional, a coroa de Santo Estêvão? Como se sabe. esce símbolo da leghimidade do poder na Hungria foi levada aos Es1ados Unidos por ocasião do final da Segunda Guerra Mun~ dia!, quando Budapeste caiu na órbila russa. Os estudiosos que acompanham o assunto em nossos dias e sobretudo os historiadores que no futuro se dediquem a conhcccrosmeandrosdessastratativas,encontrarãosubstanciosa documentação na obra de Attila L. Simoncslts. "The Last Battle for St. Stephen's Crown" (A última Batalha em prol da Coroa de Santo Estevão) (Ed. do autor, Cleveland, Ohio, USA, 1983). Num denso volume com 1.100 páginas o autor reuniu relatos, apreciações e artigos, como tam~m fano material fotográfico, documentando as repercussões suscitadas cm iodo o mundo quando o presidem e Jimmy Caner, em consonância com a Ostpolilik vaticana, decidiu atender ao desejo do gO\·erno de Budapeste, entregando-lhe a prcciosa reliquia. A obra transcreve integralmente o artÍj:O do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, sob.o título ''lrridebit'', pub\kado na "Folha de S. Paulo" de 16-1-78, o qual lembra a doação da coroa ao Rei Santo Estcvão, pelo Papa Silvestre 11, no ano 1000. A colaboração jornalística analisa, em seguida, a situação penosa em que se encontra a Hungria e assinala que a presença da coroa-símbolo "poderá talvez
atrair Anjos. e rios de graças, de modo que o povo húngaro sacuda o jugo sob o qual jaz". Tam~m figura no livro de Auila L. Simontsits o ceiegrama enviado ao presidente Caner pelo Sr. Timm Rccse.
CATll.XlSMll-.llride1!117
uma versão em ínglês,cópiada ediçãonor!e-americanadosubstancioso ensaioinlitulado"NossaSenhorade Fátima:profecias de tragédiaoudeespcrançapara a América e o mundo?'', deau1oriadosóciodaTFPbrasileira, AntonioAugustoBorelliMacha do,ejápublicadoemquinze paises.PrefaciadopcloProf.Plinio Corrêadcüli,·eira,olivroéfartamente i!ustrado e reune infor mações dos mais conceituados autoresqueescreveramsobre as aparições de Fátima
Dentre asmanifestações de vivasimpatiarecebidaspcloreferido Bureau par essa iniciativa destaca-seadoArcebisp0maroni1adeSidney,D.AbdoKhalifi. MembrosdoBureaupararepresentaçãodas TFPs na Aumálía visitaram o Prelado a fim de agradecer-lhe o apoio recebido para oportuna divulgação da obrade AmonioBorelliMachado. Na foto. Antonio Carlos Ghiouo,diretordoBureau,apresen ta a D. Kha!if um exemplar do citado estudo
Dois cavaleiros do século XVJII, lançando fogos de artifício, apareceram no ar, como um imenso afresco de 30 m. x 25 m,, confeccionados não com tinta, mas com luz e fogo (ver descrição dessa cena, representada no desenho fornecido pela própria Hermes, na contracapa),
Complementos de uma grande f esta
então presidente da TFP norte americana, no qual solicita que não seja entregue o "diadema do Rei Apostólico aos
opressores e perseguidores da Hungria". "Catolicismo", em sua edição de fevereiro de !978 (n? 326), apresentounoticiáriosobre aentregadavenerávelco-
roa aos comunistas húngaros, no qual figura o texto do telegrama da TFP norte-americana ao presidente Caner, bem como significativo trecho do mencionado artigo do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Além disso, aquela edição de noss.a publicaçào descreve a manifestação realizada em29denovembrode 1977, nacapitaldosEstadosUnidos, em defesa da Coroa de Santo Estêvão. Promovida por húngarosresidemesnaquelepaisenoCanadá,ainiciativa consistiu num desfile de mil e quinhentos manifestantes que, partindo da Casa Branca, dirigiram-se ao Capitólio. Sócios e cooperadores da TFP norte-americana, com suas capas e estandartes rubros, tiveramumpapelsalientenessa manifestação.
Emrcasváriasreferênciasqueaobracontémàdestacada atuação do Cardeal Mindszcmy, herói da Fé, é oportuno lembrar, a tíllllo de ilustração, a resposta dada a um repórter durante entrevista concedida em C!eveland, no ano de 1974: - É necessário manter a Santa Coroa nos Estados Unidos? - Ainda é necessário que permaneça aqui pela mesma razão pela qual ela esteve at é agora. Encontra-se na Sagrada Escritura a frase: "Nãoatirepérolas ... "Eunãoconduo; está na Sagrada Escrim ra, concluam os Srs.
CATOllCISMQ - Atri():!1987
PARIS - Na contracapa deste número apresentamos o aspecto central e mais belo da festa proporcionada pela íamos.a casa comercial Hermes. Mas, como toda grande festividade, também esta teve seus complementos, que sumariamente descrevemos abaixo. Antes do espetáculo mais importante, interessantes ações colaterais entretinham a multidão, numa abundância d e imaginação, como também de realização, própria a outros tempos menos mesquinhos do que o nosso. Diante da fa. mos.a cúpula da Academia Francesa, cavalos altamente adestrados, montados por cavaleiros e amazonas em coslllmes do século XVIII, evoluíam ao som de músicas de Bach,tocadasaocravo. Noutros recantos do cenário, homens vestidos com trajes medievais dançavam; e ainda se realizavam, às margens do Sena, espetáculos de gênero um tanto circense ao gosto popular, nos quais nem dromedários faltavam. O conhecido diário parisiense "Le Monde" comentou: "As festas são raras, elassãoaindamaisbelas;aquea casa Hermes organizou no coração de Paris, no úhimo sábado, foi como um presente anacrônico e precioso, um buquê de luxo oferecido sem preciosismos ao povo; em resumo, um sucesso". Nofinaldoespetáculo,foirepresentadonocéu,mediante raios laser, em três dimensões e a 4(X) m. de altura, a nave espacial Hermes, que após ter executado algumas figuras em vôo, aterrissou no "Pavilhão d e fogo" . Michcl Duchene, diretor anístico da festa, que durante dois anos trabalhou arduamente na produção dos projetos e desenhos, assim se expressou sobre o magnífico empreendimento: "Construir um pavilhão de fogo sobre a água era uma missão impossível. A complexidade de um triplice domínio sobre os elementos: a água, o vento e o fogo ... . O fogo de artifício não durará senão 30 minutos. Tantos esforços, 1rabalho perseverame de ccntenas de homens, sob umventogladal,durantelongosmeses,tantasenergiase entusiasmo para cada um ultrapassar seus próprios limites, tudo isso com vistas somente a 30 pequenos minutos! Preciosos minutos , os quais eu creio, entretanto, que durarão muito mais tempo, irão mais longe, engrandecidos pela memória. A contabilidade dos esforços importa pouco na realização desta festa, que será como um sonho luminoso e fugitivo no coração de Paris".
O público literalmente se apertava nas margens do Sena, no
~~~~:· e~: ~~~ que 0
Flutuando no Sena, o pavilhão lança seus fogos. Iluminado ao fundo, o belo e tradicional Palácio da Moeda.
Pavilhão de fogo nas águas do Sena PARIS - Em oito anos que aqui estou, jamais vi fogos de artifício tão faustosos! Comemorando, em janeiro último, seus 150 anos de existência, a famosa casa francesa Hermes - artesanato de luxo em geral: artigos em couro, seda, perfumaria etc. - teve uma idéia
~di:! ~m°arital~~solveu
esplendorosas festividades que o bom gosto humano tenha inventado. Nada mais nada menos
~~i 1.~ª ~t;i:~~:m~7;! ~lo
~~tth~\o~ª~ TiJ!1;:sa es~:'el~i~~:k~ pavilhão luminoso - "pavilhão de fogo", réplica do que foi utilizado na festa promovida por Luiz XV transparecendo toda sorte de cores, flutuou sobre as históricas águas do rio Sena, das 19 às 22 horas do dia 24 de janeiro. Era uma espécie de "castelo", lembrando construções orientais foram necessários quilômetros de
tecido para recobri-los - de 24 m. de altura e 20 m. de largura, equivalente a um prédio de nove andares. Estava baseado sobre uma barcaça, dentre as que
~~:~r~: ~/~~:a~~: !~s
fim da segunda guerra mundial. A partir de 20, 15 hs., o pavilhão começou a deitar de si, por todos os lados, belíssimos fogos de artifício (fabricados pela famosa casa Ruggieri, a maior especialista
~g~~~~oeTotc::!ºs~V:do entre o Pont-Neuf e o Pont-desArts, um dos mais belos quadros do mundo civilizado. Foi meia hora de fogos - tempo enorme para uma apresentação desse estilo
~ ~~ia~~~
d~alp~~da~s estátua de Henrique IV, através de um serviço de som jamais visto, e inundavam completamente toda aquela imensa área. A cada música
:i;ei~e: ~~~~~\d: interpretava visualmente.
fogos,
~:~-~~~a~(o~:a:c~i:ontirnenso salão transparente e florido, onde a Hermes recepcionava seus convidados, além de fazê-lo igualmente em numerosos barquinhos e no célebre Palácio da Moeda. Também sobre a água o "castelo" lançava fogos, que se abriam em belíssimos buquês imitando os que espoucavam nos céus; ao mesmo tempo que, rio abaixo, um sem número de fogos prateados deslizava. Uma cena de beleza indescritível nos anunciou que chegávamos ao fim do espetáculo. Numa rede até então invisível, que pendia de 50 m. de altura, acenderam-se, num abrir e fechar de olhos, dois cavaleiros do século XVIII, lançando fogos de artifício. Era como um imenso afresco de 30 m x 25 m., pintado não em muro mas no ar; e, em lugar da tinta, utilizava-se luz e fogo. Durante uns cinco minutos eles se moveram, ao brilho da policromia. Espetáculo jamais visto! Um quadro inesquecível pelo maravilhamento que produziu e pe~ ~:::iêgo:;~ ~~e f~g~ª~~ou. em seguida e incendiou os céus de Paris numa arrebatadora fantasmagoria pilocrômica.
tttQue uma firma comercial proporcione tal fer,tejo indica bem o prestí~o da tradição, da verdadeira cultura e do bom gosto
~~~=~ -~~'ll~~~~a
festa sublima o desejo de fazer do passado um fator de progresso, o iniciadordeumpresenfee{icaze realwufor ("perfomumt") que seroe de trampolim para o futuro. Nós sonhamos com um imenso ,x,rvir. Não cedemos ao saudosismo nem à fia;ão científim. Esta fesM strá o rtflao de um presente em plenoélan". E o diretor artístico do espetáculo, Michel Duchene,
f~J:~: s::u:S:O ~~
do século XVIII que um pouco st ~ no curso do século XX: o sentido do fausto e dll grrmdelJl". Caio Xavier da Silveira Nossocorrespond.ente
Fátima, aos 70 anos: como correspondeu a humanidade ao Apelo da Mãe de Deus? Amoniu Allgusro Borelli Afachado
especial para "Catolicismo"
''F~J,::,:, ";:/;;~~ie d~~;r~;;~
1·eio ao mundo,
e iambém por meio dEfa
que Ele de~·e reinar no mundo''. Estas pa!anas lapidares com que São l uís Maria Grignion de Momfort abre o célebre Tratado da Verdadeira Devoçdo à Santíssima Virgem também servem para resumir, numa fórmula simh.ica, a Mensagem que
Nossa Senhora \'eio transmitir aos homens nas hoje mundialmente conhecidas Aparições na Co\'a da Iria, em Fátima, Portugal, em 19 17.
Com efeito, o que está em jogo é o Reino de Cristo nesta terra. Há séculos que o mundo vem se distanciando de Jesus Cris-
to, num proccsso continuo marcado por sucessivas convulsões. Dele falou longameme Leão XIII , na Enciclica Parvenu à la Vingt-CinquibneAnntt(l9dcmarçode
1902), apomandoromoetapascaracteristicasdcsscprocessoapseudo- Reformaprotestante, o filosofismo do século XV III e o ateísmo moderno. Também Pio X! I a ele se referiu, ao apontar um subtil e misterioso "inimigo" que se lançou contra a Igreja e a civilizaçãoçristã: ''Eleseencon1raem1odolugar e no meio de todos: sobe ser violen to e astuto. Nestes úlfimos séculos rentou reoliZJJr a desagregação intelectual, moral, social, da unidade no organismo misterioso de Cristo. Ele quis a naturr..a sem a graça, a razão sem a fé; a liberdade 5i'm a autoridade; às 1•tzes a autoridade 5i'm a liberdade. tum 'inimigo'quesetornoucadal'tz mais concreto. com uma ausência de escrúpulos que ainda surpreende: Cristo sim, a Igreja não! Depois: Deus .fim. Cri5ro não! Finalmente o grito i"1pio: Deus esui morto; e, até, Deus jamais uistiu. E eis, agora, a tentatfra de edijlCílr a estrutura do mundo sobre bases que não hesitamos em indicar como principais resporwfreis pelo ameaço que pe!jlQ sobre a hamanidade: uma eronomia sem Deus, um Direito sem Deus, uma po/{tica sem Deus" (Alocução à União
dos Homens da A. C. Italiana, de 12-10- 1952, " Discorsi e Radiomessaggi", vol. XIV, p. 359). CAJOI.ICISMO-Milllcle!l87
''Cristo sim, a Igreja nâo!" é o grito de revolta de Lutero, cuja atuação no plano rcligiososeconcatenacomado:shumanis1as no plano cultural, e constitui o que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira chama a 1~ Revolução (cfr. Revolução e Contra-Revofuçdo, Boa Imprensa, Campos, 1959, 64 pp.). "Dtus sim. Cristo não!" é uma alusão direta ao deísmo da Revolução Francesa, a qual constitui, na referida obra do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, a 2~ Revolução. O grito ímpio "Deusestd morto", ou até ' 'Drus jamais existiu .. identifica o ateísmo da Revoluçõ comunista (a 3~ Revolução), que, por uma singular coincidência - nos planos de Deus não há "roinddêndas" mas aç&s providendais - irrompeu no mundo precisamente quando se davam as Aparições de Nossa Senhora em Fá1ima, no ano de 1917. A Providência Divina não poderia dar manifestação mais clara de sua intervenção decisiva e sapiencial nos acomccimentos humanosdoqueenviandoàTerraa Virgem Santis.sima com um Apelo ao:s homens paraquevoltasscmaDcus,indicando-lhes, ao mesmo tempo, os caminhos para esse retomo. Todas estas considerações são bastante conhecidas do público que lê "Catolicismo", mas convinha recordá-las para situar bem a pergunta que todo espírito sério de· ve se põr ncs1e ano jubilar de Fátima, cm que se completam os 70 anos da$ çtlebres Aparições: "Como oorre'ipoodcu a huma• nldade ao Apelo de Nossa Senhora em 1917, naco~• da Iria?"
O balanço completo dcssagraveinoor• rcspondência ao Apelo feito pela Providência, atra\·és dos lábios maternais de Nossa Senhora, exigiria uma coleção de muitos volumes,eaindacorreriaoriscodenãoSCT c,,:austivo. É forçoso restringirmo-nos a um balan-
ço superficial, que nem por isso deixa de ser impressionante. Para ficar apenas no campo moral, o que piorou de 1917 para cá?
• A estabilidade /Jas famílias esboroou.
O divórcio se cstabel-u cm quase todas asnações.Asscparaçõesdefatosemultiplicam, os casais se dissolvem após pouC'OS anos de matrimônio (qu ando não, muitas vctCS, logo no primeiro ano de vida cm comum, e enquanto a mulher espera o primeiro filho). A virgindade, não s6 do marido, como da mulher, cm muitissimos casos já está perdida antes do matrimônio. Na vida matrimonial, a limitação da natalidade se tomou prática habitual. A Endclica Humonae Vitae, que recordava os prindpioscatólicosacsserespcito, foi escandalosamente contestada nos próprios meios católicos, inclusive por Episcopados inteiros, e de público! Nem por isso diminuiu o número dos abonos, e esse crime horrível - o assassinato da criatura humana indef$ cometido pela própria mãe, com a cumplicidade de outrem - passa a ser reivindicado como um direito da mulher, de sacrificar. cm proveito da como. didade pessoal, o fruto de seu ventre!
• A imoralidade campeia nas escolas como nas famílias, na intimidade da vida privada como cm praça pública, nos cspctáculos como nas divcrsões, nos veículos de comunicaçãosocial-impressos,auditivos ou televisivos - nos outdoors como nos canaz.es c,,:poSlos dentro dos escritórios ou oficinas, e freqüentemente até dentro do próprio lar. • Dcalgunsanosaestaparte,ostrajes e as modas perderam toda a compostura, e nem as ponas dos templos sagrados são uma barreiraparavestcsquec,,:ibcmcada vez mais as partes pudendas do corpo. Quando se estudava a colonização da América, tinha-se pena dos indios, tão atrasados, que andavam nus. Hoje, os homens e mulheres do ''adiantado'' s&uloXX, vão regredindo progressivamente para o nudismo total. • E o que dizer do homossexualismo, diante do qual caiu a barreira de horror da sociedade, e que se apresenta arrogante a pontodeexigirquenãose faça contra ele qualquer censura? Maisainda,pretende-se que sejam punidos os rcsponsáveis por qualquer "discriminação" contra os homosscxuais. Ernoutraspalavras,aspessoa.s que não dispensarem um trato perfeitamente normal aos que se entreaam a esse: ominoso pccado, ela.s sim sofrerio uma discriminação, quiçá sendo afastadas doc,,:crcicio de suas funções ou do seu emprego ... • O hippismo, o punkismo, o rock. o dark, a disseminação do uso das drops, os absurdos já cm práticaeoutrosprojc-
Retrato moral de um mundo que se afastou de Deus Arespostasaltabruscaeveementedos nossos lábios: "Mal;muitomal!"
A~assustm,dousodtdrooasem 1odo011Uldo.~1tllltrtjovlns:si1t0ffll dadeg,adação11101alto11temp0rha.
plesmente - é a ar-ande altema!iva que NossaSenhoraapresentaóoqueserefere à vida terrena dos homens: se estes "ndo deixarem de ofender a Deus", o mundo será punido "de seus crimes, por meio da
guerra, da fome e de perseguiçôes à Igreja e ao Somo Padre" (Aparição de 13 de ju-
lho (jc 1917).
-
tados no campo da biogcnética, as blasfc. mias con1ra a Religião (dentre as quais o filme Jc vous saiu~. Matv e a peça teatral Tdedeum não passam de ignomínias das mais conhecidas) seriam outros tantos verbetes da cnciclop&!ia de monstruosidades quesepoderiapublicarsomcntcsobreoa.specto moral do mundo moderno, e aos quaisépos.sívelfazeraquiapenasumamera referência de passagem. O que é tudo is10 senão o retrato de um mundo que se afastou de Deus, cm revolta contra Deus?
Naprcvisãodessequadro,assimtãosumariamentc descrito, Nos.sa Senhora veio colocar os homens diante de uma alternativa dara: ou se convertiam, lançando mão dos remédios que Ela lhes oferecia, ou viria wncastigo. A Santissima Virgem foi mui10 explicita a tal respeito, e não omitiu nenhuma das perspectivasquecssagravcsituaçãoaprcsentava aos homens. Em primeiro lugar. e acima de tudo, o castigo na outra vida; castigo irrepará,'Cl, sumo, eterno: a condenação ao inferno dos pecadorcsqucmorrcssemsem arrependimento. A Mãe de Deus não teve receio de mostrar o infcrno aos três vidcntes, Lücia FranciscoeJacinta(dedez, noveesacanosrcspectivamcnte), em contraste com certa catequese moderna que prefere não falar do inferno "para não assus1ar". Este aspecto da Mensagem de Fátima constituiol?Segredo-ou,maispropriamcntc, a primeira pane de um Segredo Unico, composto de três panes distinlas, segundo esclareceu a lnnã Lúcia, a única vidente ainda viva, hoje carmelita cm Coimbra, Portugal. A segunda pane do Segredo - ou 2? SeJredo, como se costuma dizer, mais sim-
Aguerraéassimclaramcnteaprescntadacomowncastigopelospccadosdoshomens. Porém, se é wrdadc que a Sant!ssi· ma Virgem não parece ter em vista tanto ospecadosdegovernosquantoosdaspessoas consideradas individualmente, cumpre ponderar que os pecados de toda uma âJea de civilização, pela sua generalidade, tomam uma cena nota oficial. Por isso é que as nações, enquanto tais, tambml serão punidas, e algumas até ao "aniquilamento", comod.iztcxtualmcntco2?SegredodcFátima. E as.sim se faz justiça, pois, como observa Santo Agostinho, ntio podendo as nações ser castigadas no outro mundo, posto que não mais uistirão, devem expiar seuspecadoscoletivosnestatc·a.
A Rússia espalhará seus erros pelo mundo Não deixa de chamar a atenção o fato de que nossa Santíssima Mãe indique também claramente a nação-instrumento de qucDeussescrviráparacxecutartalcastiiO: a Rússia é que promoverá essas "guerras e perseguições à Igreja". E para maior arrepio dos que abriram suas almas à influência marxista, Nossa Senhora acrescenta que a RlllSia "tspalhard seus erros pelo mundo". Os "errosdaRússia"são, de toda evidência, o comunismo, uma vez que asdoutrinasdalgrcjaCismáticaRussanão têm nenhuma possibilidade de exparuão no Ocidente. Es1a profecia éde 1917, e foi revelada ao mundo pela Irmã Lúcia, juntamente como l? Segredo, em 1941. Em 15 de julho de 1946, a vidente foi entrevistada pelo escritor católioo norte-americano William Thomas Walsh, o qual lhe perguntou: "Na sua opinião, isto significa que todos os países, sem exceçõo, serão conquistadas pelo comunismo?" "Sim", respondeu categoricamente a reli· giosacarmelita. Note-se que, segundo os mais atualizados tcórioos da guerra revolucionária, a conquistadeumpaísporoutronãoscfaz sempre e n=sariamcntc a1ravés das armas. A conquista psicológica e ideológica pode ser tal, que uma nação fique dominada pela outra sem o disparo de um só tiro. Esseprocessodcconquistaatravésda gucrrapsicológicarevolucionária,Moscou o vem desenvolvendo larpmente e com resuhados imprCMionantcs, cm todo o Ocidcncc. digno de nota que a expansão do comunismo internacional começou ase fir. mar precisamente no fim da II Guerra Mundial, em 1945. Mas, mesmo assim, estava-se então longe de poder imaginar que a hidra oomunis1a tomaria coma do mundo inteiro, como hoje já se pode ver com grande clareza. E vai tão adiantado esse processo que em fümerccendoproduzido
t
por norte-americanos, intitulado Amerika, figura nada mais, nada menos do que a dominação dos Estados Unidos pela Rússia soviética, ocorrida supostamente no ano de 1987 •.. Quctalpelfculavenhascndoexibidadesdcjancirodocorrcnteano,assistida por milhões de especradores, sem provocaruma onda de indignação que varres.se os Estados Unidos, do Atlântico ao Pacifico, indica bem como a maior potencia do mundo livre está sendo preparada para aceitar passivamente o jugo marxista. É uma impressionante confirmação das profecias de Fátima já bem à vista!
Proposta do comunismo: nem conversão nem castigo, mas uma terceira via Eis porém que, neste exato momento, uma objeção de porte se levanta contra a tese acima enunciada: a Rússia de Gorbachev já não ê a mesma de Stalin, de Kruchev e de Brejncv: "0 comunismo amoleceu". A "abertura",a "reconslruçào,palavras que indicam as transformações em curso no regime soviético, e que é chique dizer em russo (por isso JllCSmO ntio o fa. remos) aproximam - segundo dizem - a Rússia do sis1ema vigênte no Ocidente! Conseqüentemente, desaparece o perigo comunista. Fátima errou! Há uma tcrcei ra via quc elidc a altcrnativa aprcscntada pela Virgem Santíssima (convcrsao ou castigo). O socialismo autogcstionário de Gorbachev não só abranda o comunismo, como representa uma solução a ser adOlada pelo próprio Ocidente, pois é a forma mais complctacperfeitadcdcmocracia.ladcmocraçiadealtoa baixo, em todosossetoresdasociedadc.-Assim,secxprimcm, pr=urosos, os Olimistas empedernidos. "Catolicismo" publicou cm abril p.p. o anigo "O que estd por trás das enganosm reformas da Rússia" de autoria de Luiz Menezes de Carvalho, cm que se demonstra como as mudanças políticas e sociais anunciadas nesse pais são meramente aparentes e não passam de uma balela. Em todo o caso, mesmo se fossem realizadas efetivamente, !'iCria um cnpno mortal tomá-las a sério como wn abrandamento do comunismo. Na realidade, como demonstrou o Prof. Plínio Corr!a de Oliveira cm célebre Mensagem das então 13 TFPs (hoje são IS), publicada cm l~l e divulgada em 155 publicações de 69 países, num total de 33,5 milhões de exemplares, o socialismo autogcs1ionário nada mais ê do que a realização plena do mito marxista da dissoluçãodoEstado,nafasefinaldainstauração do regime anarco-comunista. A implantação das reformas de Gobachev na Rússia, e sua generalização pelo mundo, nada mais.seria, de fato, do que a vitória completa do comunismo. Fátima está, pois, na pista cena! Eparaqucnãopaircmdúvidassobrccssedesidcratodasamaistransformaçõesque se produzem na Rússia, convém citar um discurso recente, publicado no "Pravda" (17-2-87), do próprio líder comunista que as conduz; "Nruso princ/pQJ fJfflS411"/Mto consiste em dt.ten~ofru todo o potencial do socialismo . ... Queremos nwis socialis-
CAJUUCISMO - Maic óe '387
mo, e portanto mais democracia. Para exduir qualquer de/onnaçiio e tsptCUIQfÔO (e ouvimos muitas que Wm do Oddel'lle), quero qfirmar: as n=as 1ral'lSformaçóes nós as reoliuzmos de acordo com nossas conttf)ÇOO, com as opçiws socialistas, com base em nossas noções sobre os valores sociais, com crilérias que são rom:tuzidos peio modo de vida soviético. Os novos suces.sos e erras, nós os avaliamos com bau no
regime socialista e ffl1 nenhum outro " (Encontro no Cremlin com os panicipantcs do forum Por um mundo sem armas atómicas e pda sobrevivência da humanidade DiscursodeGorbachcv, destaques nossos). Não se trata, ponanto, de um abrandamento do comunismo, mas de levar o socialismo ao seu desenvolvimento pleno, que é a tal K>Ciedade autogerida. sem Estado e sem autoridade, com a qual sonhou Marx.
L'm êmulo para a bomba atômica: o vírus da Aids At6egor1nãasedescolnlll!lfvacina~1oteni"' flagaloda AIDS, que vii se •uno nãa s6 111111..uto.,comooocasodestepcilntl,IU!llmpitll em l.olns. ..
.. mas116entrecrianças,comoa1estt11Dtodeste bebi,IU!lhosptalWJfllllticllBostM.j6Contamina clohefl1itlrilmentepe1o,irusdarnolbtil.
E eis que, neste momento em que a humanidade busca, sôfrega, uma saída (nunca nalinhapropo51aemFátirna ... )paraoperigoenonnedahecatombeatõmica, resultante do confronto do Ocidente com o mundo comunista, um outro flagelo começa a açoitar o mundo. OcasoAidslcvantaumainterrogação: não levará ele também à destruição da humanidade7 Já há quem o sugira, apresentando dados alarmantes de um alastramento universal da infecção. Os pesquisadores descobrirão a tempo uma vacina que a cu-
re? Se não, como será possível conter a eitpansão da Aids? No momento mesmo em que 05 mais amargos frut05 delas se anunciam na ordem terrena, a onda em favor da legitima· ção da homossexualidade se mostra muito mais dinâmica, muito mais agressiva, muito mais pres1igiada pela publicidade do que a reação anti-homossexualidade. Então,cornocvitarqueelachegueascus exuemos? Se se toma em consideração que o mundo todo está cada vez mais impregnado pela doutrina de que a continência sexual é impossível, chegar-se-á inevitavelmente a admitir o casamento de pessoas do mesmosexo.Aberraçãoqueéaconclusão lógica de um pressuspasto falso. Assim, o mundo todo caminha para a sua autodestr ,ão pela Aids, e u.be-se lá que efeitos colaterais a disseminação desse vírus pode ainda produrir! Então, a bomba atômica encontrou um êmulo, mais lento nos seus efeitos, mas, com o correr do tempo, não men05 terrível em sua devastação. NãoseráaAids-apardoperi&oda guerranuclear-umcastigodeDeusque já se vem abatendo sobre a humanidade impenitente?
Um tema vasto como os espaços intertsttlares: a crise na Igreja - o l ' Segredo Todavia, ainda não se disse tudo. Nem será passivei, por enquanto, dizê-lo. Pois o castigo de Fátima, já tão terrl\"el noquedizrespcimâvidatemporaldoshomens, se anuncia ainda mais tenivd no que se refere às almas. Segundotudoindica-c05cspecial~tas cm Fá!ima vão se alinhando pouco a pouco de acordo com esta tese - o terceiro Segredo, ainda não revelado, trataria da formidável crise que assola a Igreja. Em todo o mundo, 05 fiéis são perturbados em sua confiança na Hierarquia e no Clero por uma crise reli&iosa que 05 dei· xaperplexos. Comoseorientarãoelcsnaquilo que é o mais fundamental de suas vidas, isto é, o caminho para a vida eterna? Esteassuntoévastocomo05espaçosinteres1elares, e sobre eles os fatimólogosjá l'5Cre\'eramooisasmuitointeressantes.Quiçá. um dia "Catolicismo" venha a tratar dele.
Uma grande Mensagem de
esperança: o Reino de Cristo pelo Reino de Maria O que importa ressaltar, para concluir, éque,nãoobstanteprognósticostãoterriveis, Fátima é uma grande Mensa&em de esperança. Depois dos tormentosos dias por que devemos passar - e já estamos passando-viráogloriosotriunfodo Imaculado Coração de Maria. "Por fim, meu /marulado Coração triunfard" (Aparição dci3dejulhodel917-2~Segredo).Maria reinará sobre as almas, sobre as famílias e sobre as nações. E quando isto ocorrer, também Jesus Cristo reinará no mundo. f.AlOOCISMO-MaiodeUJ7
TFP chilena lança oportuníssimo liVro de carlos dei campo -Brilhante campanha nas ruas de santiago
oque aimprensa "não viu" na visita de João Paulo 11 ao Chile
Textoc fo1os deAtilio Faoro enviado especial
SANTIAGO DO CHILE- Um brasilei-
roquechegaaoChile-comoacontoceuno meu caso- com idéias da realidade chilena concebidasapartirdeinformaçõesaprcscn-
tadaspe]osjomaisnoBrasil,prepareseuespíritoparasurpresas. Tendo ocasião de analisar atemamcnte e in !oro a realidade institucional do Chile, em pouco tempo constatei a pobreza, insuficiênciae parcialidadcque caracrerizam certo órgãos de imprensa, tanto brasileiros quanto de outras partes do mundo, ao noticiarem aspectos imJ)Ortantes de fatos ooor ridos nest e pais.
E daí a formação de um "clichC'' falsea-
do, quepoucotem a vercom o que se observa objetivamente, quando se tem a alegria de
estarnestesimpáticopaísirmão. Assim, foi para mim motivo de surpresa epcrp!exidadc comprovara cxi stênciadessa.s distorções e omissões em artigos e notícias que se publicam sobre o Chile, afetando gravemente o direito dos brasileiros de se· rem bem informados. Estandopresentenestanaçàoantesedurante avisitaque acabadefazeraelaS. S. João Paulo 11, tive ocasião de "pegar com a mão" algumas lacunas do mencionado noticiário. Delas tratarei em panicu!ar neste arcigo. E estou ceno de que os fatos relevantesqueaquivounarrar,osprezadosleitores de " Catolicismo" nào leram nos quotidianos brasileiros.
Aexpectativa da esquenta Antcsdavisitapapal, aesquerdachilcna e, em panicular, o esquerdismo católico, blasonaram de "diversos modos e em graus distintosaexistênciadeprecedentesnavida e obra de João Paulo 11, que permitiriam espcrar uma imervenção do augus10 visi1ante na situação' imema dó Chile. Interferência
que, segundo a esquerda, favoreceria, quando não imporia, uma gradual socialização do pais. João Paulo 11, de acordo com tais expcculaç6es,adotarianoChilegestos e profeririapalavrasdeestimuloàesquerda, e de censura à direita. Vários dos mais importantes órgãos da imprensa internacional- entre os quais os brasileiros nàoforam exceção - fiz.eram eco emprosa e versoàsexpectativasdaesquerda chilena. E, eAagerando cenas limitações àLiberdadeindividual aquiexistemes,evitam ressaltar que gradualmente o pais caminha para a normalidade institucional. Tais órgãos sobretudo sonegam o fato clamoroso de que o Chile sofre uma agressão constante da guerrilha comunoprogressista. Assim, os diários brasileiros, pelo que pude observar, nào procuram relembrar que o maior e mais sofisticado arsenal para a subversão comunista encontrado na América Latina foi precisamente descobenoem váriosesconderijos da costachilena, há pouco mais ou menos um ano. A existênciadestearsenal, demais de80toneladas de annas e murúçõc:s, levou o governo noneamericano a fazer umaadvenência à Rüssia, bem como alcnar os principais governos sul-americanos. Os mesmos vícios de informação quanto aos aspo:tos politioos institucionais repetemse em relação ao panorama sócioe,;:onômioo. Oquc,maisadiame, tereiocasiàodc focaliz.ar .
Reações populares que a imprensa "não viu" A ''mass-media'' destacou as manifestações de oposição ao regime chileno por parte
da"esquerdadebarricada",ekvadasacabo por grupos de baderneiros, em vários momentos da visita de João Paulo li.
.
.'li. d~
,
N
,
li
Naesi;b,adaaxistenteemfrenteaobairropopmr"UI Banden".ondeJoãoPill.llollv<lier.:ootrar-secooitra ba!hadoresellilltantesdeCEBs,passa-seumlatanls61ito:bandosdecinegraflstasefotógrafosestn111gl/Í rosredlem"llagrantes"de~oposici(nstas. llm líderdiÍumi1palavra deonlem.AtoC011tínuo,talcomo num teatro de marione!es, os manifestantes iniciam movimentos ritmadosdeCOfpa,ergueme agttam pu· nhosa!nados e faix1:1S,rl!pl!tindoeaderciadamente re lrôespoli1icoscomo"JoãoPaukiirmão,levesotira no!"(referindo-seaPinochetl. Na fotosuperior,osfotógrafospreparamsunmáqui-
nasantesde"entrar emaçâo";nalotoabaixo,afil11111gemjá começou. Os dizeres das faixas dão aim preSllãodequeseeS{lefaavisitadeumllderpoUtico.
Nãoelpressõesderaspeito à figurapapal.Di2em.por exemplo: '"A CNI \ort1Xa" ICNI. sigla da Cen1ral Na ciooaldelnformaçõesdogovemochileno):'facomu
nhãopara tomndores";Avi!óriaexigejustiça"(Bli gindaoretoroodesacerdotese1pulsosdop;iíspor ativídadessubversivasl
Curiosamente, porém, essa mesma imprensa "não viu" arejeiçàoqucamaioria anti-esquerdista do povo andino ofereceu aos desordeiros. Cenos cpisódiosquepresenciciaquisào prova~ eloqüell.tes de que libras imponames esadiasdaalmachilenaes!àovivas. NaEstaçàoCemral, opUblicosantiaguinoaglomera-se, esperando a passagem de João Paulo li. Uma jovem, inesperadamentc, atravessa o cordão dc isolamentoedcitase no meio da rua. Os carabineiros - força policial incumbida da manutenção da ordem C.AJOLICISMO-Maiorlet:!87
JoioP1ulollchega10Chilll. Aniesda visitapapal 1 "mm media"nacional1estr1ngeii1faletoàs especulações d,e,querd.cl!61icadequeseesptrava lllJa interflfillcia do -,.isto l'isilllltt 1101 u-
sootos internos ct.lnos. Eu. Wltervençlo, stglll'ldo se afirmava, im!lkn"" gato,; e palawu de estí· rooloil~rd..1dlcens\J1àdirtit1.
pública,equivalemeàsPoliciasMilitaresdos diversos E.s iados, no Brasil - hesitam cm rctirá-Ja.Motivo:apoucosmctro5dcdistância,fotógrafosccinegrafistascstãojáoom =mâQuinasem punho ... Optlblicoseimpacicma. E começa a elti&ir que seja retirada a agi1adora, bradando; "comunista!", "tirem-na, tirem-na". Um policial, sem uso de violência, começa a retirá-la, pois faltam minutos para o "papamóvcl" passar. Esta grita, esperneia, como se estivesse sendo agredida. Quando percebe que não está sendo filmada e que o público, indignado, d irige-lhcimpropérios,lcvanta-seesomeno meio da multidão .. . Como a imprensa qualificou tal ocorrência?- Um protestoaenericamente apresentado como ''algumasmanifestaçóe:sderua" quc ''apolída reprimiucomviolência"("O EstadodcS. Paulo",2/4187).
"Papa descobriu que asituação chilena não era como lhe haviam pintado" FALAM POR SI as declarações do Sr. Jacques Bonomo, conselheiro da direção e chefe de serviço de grandes rcponagens do conhecido semanário parisiense "Lc
Fi~;~~:.~~~
No encontro promovido
~~=~e;s~Ts~t~i~~-.~oo~;i::~r~~~/::;,is de saliemar a imponãnciado evento, declara: "O Papaaprtndeu muitas coisas, ainda
comparecimento
que pareça estranho diur. Porque - isto lhe digo por iriformaç«Scollfuíenciaisàs quais tiVf! ac= -, o Papa descobrir, qr,e a situapio chilena não era como lhe ha· viam pintado antes de sua ~isita: que a m iséria ,,4oe,a t4o extrema como lhe disse-
pelas CEBs, minguado
Cenasmontada.sdc"rc.,.oltapopular"fo-
ram regis1radas em outros momentos da visita. Pouco antes de João Paulo 11 chegar à esplanada cxisten1eem frente ao bairro popular ''La Bandcra'', onde teria lugar um encontro com trabalhadores e militares das CEBs, testemunhei este fato insólito. Bandos de fmógrafosecinegrafisuu percorrem olocal,r«olhcndo''ílagrantes".Umlíder de um grupo rt\'Oltoso dá uma palavra de ordem. Ato continuo, tal qual num teatro de marionetes, os manifestantes iniciam movimentos ritmados de corpo, erguem e agitam punhos CC"rrados, e monotonamente repetem brados cadenciados: "Elevaicair,ele wliwir!"ou ''Joõ0Pa11/oirmão, levaorirano!"(referi ndo-sca Pinochct). A montagem, Por seu tom extra.,.agantc e totalmentcinsólito,despertaacuriosidadc dosassistcntcs-inclusivedccarabinci ros - que acompanham a movimentaçio como quem prcscncia uma cena preparada em um estúdio de Hollywood! Luis, o jo.,.em uni.,.cnitário que me acompanha, comenta: "'Veja só o que vai ser transmitido para o mundo inteiro!... " E.staorquestraçãodenenhumaformacxprimc os anseios do povo chileno. Como pretendé-lo'? Aliá!;, o público presente - discretamente apresentado pela imprensa como uma massa dccsqucrda-csta.,.amuitoaqubndoespcrado. Nãopassa,·a de ISO mil pessoas, mas um jornal brasileiro fala em "cerro de 300 mi/"("Folha de S. Paulo", J / 4/ 87), enquanto ou1ro menciona ''mais de 600 mil" ("OEstadodeS. Paulo,3 / 4/ 87). Poucos dias antes, conversando no local comummembrodaCEBs,cste~diziaque
ram, como também a pobrC'l.JI. lstonõoquerdi:pque não hqjapobresemiserúvei5, mas, junto ao Papa, exageraram o panorama negativo. Ele, com seu olhar de jornalista e obsnvador, deu-seronra de que o Chile t r,m país como os outros ".
espcravamdc500milal milhão de pessoas. Esperança que de nenh u m modo realizouse, como documentam as cenas aéreas captadas por helicóptero e trani;mitidas pela televisão.
No ParoueO'Higgins:
Imprensa vela comportamento ordeiro
da população
Ocstrépitopubl icitári o,quecercouaviolência ocorrida no P arque O ' Higgins, velou uma vez mais o compo rtamento ordeiro da compac:tamaioria dopovoali prescnte.
Porumacuriosa"ooincidência",asaçôcs dedcsordemeviolência vãodesenrolar-se muitopróximas aolocal rescrvadoaoscorrcspondcntesestrangciros. Pouco depois de ter inicio a cerimônia MiMAe solenidade de beatificação de Soror Teresa de Los AndCS, religiosa chilena que se santificou em um con,·cntocarmelita, no começo do sá:ulo - pedras voam em direção dos carabineiros. A\/Ío]entaagressãodosdesordeiroschoca o po.,.o, que começa a retirar-se do local. Os agitadores, adestrad os em guerrilha urbana e idcntificivcis pelos lenços ~presos ao rosto ~ no estilo dos sandinistas recolhem o madeiramc que sustenta os cordões i:le isolamento. Em minutos, acendem
um cinturão de fogueiras, atingindo algumas a altura de S metros. O que 1cve como efeito cstrat~gico bloquear a saída do parque. Aviolénciadosagrcssoresaumen1a.Pedrascpauscaemsobreospoliciais,quese defendem com bombas de gã.s e ja1os de água. Os baderneiros recuam. Mas, seguindo uma palavra de ordem, a toda pressa confudem-secom a multidão, ao s gritos de -"corram,corram!"-oomocvidente intuitodefazercrercstaroJ)OvOcome!es. E, deste modo, induzi r a polícia a uma repres~ slogencralizada.Fatoquc,seseverificassc, deliciariafotógrafosccinegrafistasintemacionais prescntcs.Edariaàscsquerdas, afinal. os tão esperados dividendos políticos! Mas isso não ocorreu. O povo não aderiu à manobra. No meio da multidão, \'OZCS sensatas fazem-se ouvir: "Não corram, não corrom; porque vão pensar que estamos comosromunistas!"
ouem Sáo os Instigadores da vloléncla? Resta, entretanto, uma pergunta: quem estaria por irás de ocorrencias 1ào dolorosas qucdeixaram,scgundofontesoficiais,osaldodc28polidaisemaisde220civisfcridos? Deacordocomjomaischilenosdedivcrsas tendências - mas cujas informações
quase não ecoaram fora do país - graves acusaçõcsforam\ançadascontraaesquerda católica, como instigadora da violência. ''La Época" (4/4/87), por exemplo, órgão de orientaÇão democni.ta cristã, conta que, no próprio parque, ''muitosleigosincreparama/gunssacerdotes, acusando-os de serem instigadores do que havia ocorrido''. Opadre-operárioMarianoPugafoiqualificado de "infeliz", enquanto o padre Miguel Ortega foi acusado de ''fomentar o ódio S<r dai" e vituperado como "desgraçado". Essaatirudedosfl6spareccteruma~cação. Pois, quando as forças policiais, reforçadas por carros e equipamentos antimotim, começam a dispersar os baderneiros, umgruix,de 40sacerdotesparamentados retiram-se do altar. E, de mãos dadas, entram na área de confronto. O que tem, como efeito imediato diminuir o impetode alguns agressores. Mas também produz a paral.izaçãoda ação policial que fica impedida, assim, dc:oontinuaraimporaordemnoparque. Com esta inesperada ''ajuda'', os agitadores recebem novo alento. E recomeçam aagrc:ssão,jogandomaispcdrassobrecarabineiros e atésobrealgunssacerdotes! O próprio organizador do ato - testemunha perfeitamente in.suspei1.a - Juan Carlos Latorre,emcntrevistaradiofõnica,reproduzida em pane por "EI Mercllrio" (S/4/87) e com mais pormenores por ''EIAkazar'', dc:Madri(8/4/87),dcdaraqueosautoresda violbtcia ''sâoosmesmosquept!'(kmàlg~ ja que os acolha, os pro1(ja e colabore com el~quandosesentemo11sedfr;emperseguidos". - "Algunsseroresdalgreja açularam os grupos Qlle promowt:ram a violência", diz, por sua vez, Fidc:I Reycs, Decano da Faculdade de Direito da Univenidade Central ("El Memmo", S/ 4/87).
"O Ollle é multo diferente do que mostram
os periódicos no estrangeiro"
SOB O TÍTULO "0 Chile é um paisdiferentedo que mostra a imprensa", odiátio chileno '' La Segunda'' (edição de 13/ 4/ 87) apresenta signifiçativas declarações de João Paulo 11, reproduzidas pelo Bispo de Pueno Monu, Dom Eládio Vicui'ia. "R«ordo - declara Dom Eládio - '11H quando via o entusiasmo do povo nas ruas, oSantoPadrrrepetiaconstanlf'mente: 'OChik/muitodifm>nttdoquemostrom ospl!riódiros no~trongriro. Éum pafscu/to, diftrentede outrospaise:sq11e visitei'. A n:spdtodaspe:ssoa$quesa[amaSt'W"pass()Sporo/Msaudar, comentou que 'se vl gente alegre e bem vestida, niio se vê roupas andrajosas'".
suas posiçôes junto ao altar para tentaracul-
mar os rinimos", acrcsccntando ainda que "no meio da ron-eria ar testemunhos das
pessoas eram sempre contra a pol[c/a" ("JomaldÔBrasil",4/ 4/ 87).
Na Avenlda Providência,
aplausos aos carabineiros Jáseviu,peloquenarreiatéaqui,quantooschilen05 mostraram-se não só refratários, mas contrários à desordem.
opróprio João Paulo li elogia repU/sa àagJtaÇJo Tão notório foi o ''show", que o próprio João Paulo II comentou, conforme " El Mcrcúrio"(S/4/87),dirigjndo-seaoCardeal de Santiago, Dom Francisco Fresno: "Pequenos grupos niio representam o verdadf'iro senrimento dos chilenos". Na mesma edição de "EI Mercllrio", o pona-voz do Vaticano, Joaquin Navarro Vais, deu a conhecer que "o Papa elogiou a a1i111dedosfiéisan1eavioléncia: 'Felicito-os porque a hCl\lf'issabidoenfrenlarcomocris1ãos', referindo-se aos /OIO$ do Parque O'Higgins". No mesmo sentido, "La Segunda" (J 3/4/87) transcreve comentários que João Paulo II fez a Dom Eládio Vituna, Bispo de Puerto Momt, quando este lamentou osdistürbios no Parque O'Higgins: "Era um pe· queno grupo mas, em comporução, havia uma imensa multidão que ficou até o final dacerim6nia". Es1.aaversãorcaldosfatos. Sem embargo, o correspondente de um diáriocarioca,aonarraroacomecido,afirmaque "umvastose1ordoparque, onde se reuniam centenas de milhares de f>l=XJS, foi invadido por wt:(cu/os blindados da policia, que atiravam gases lóxicosedgua com produtos qufmicos contra exaltados manifestantes e fiéis". E que padres "abandonavam
NnsdiasQueantecederam•chlQldadeJoãoPaulo 11,tTFPclilenareaúouampleeimpeetante!ifusio daobr1MClàe1987:otYidosyconfusionesameriallffllli--opiedadprmcl;iyllbtnciativ1Mna,pm-
cipliserteriasdeSantiago.Emll)ell8$151ias, escot11111-secercadelZOOmmplt11Sdofflo. N1confluênciadisAvelid1sPtOYidinciaselobalaba,n1chamadazona01ie<>t1deSantiago,jovrosdi TFPdoChilloferecemaop(blicaoportunoivrode C1rloldelCamposobre1realkladesócio-11:ooonáta dopals.mão.Aomesmotempo,a:stelllam vistosa llialUSiv1à~.
É oponuno, a propósito dessa atitude assumida pelo público andino, ressaltar um 1raçodoperfilpsicológicodoehileno.Eslc, em boa medida, é parecido com o que é, no Brasil, o simpático povo mineiro. Observador, cauto, desconfiado, paciente, não se apressaemtomarposiçàoatéqueasituaçào criadaexijadeleumaatitudefirme.Aínào recua. Sabe ser afirmativo, categórico mesmo. Foi o que sucedeu, por e:i1emplo, na Avenida Providência, situada num bairro de dasse média de Santiago, próximo à Nunciatura Apostólica, onde es1ava hospcdado o augusto visitante. Sãol3:0Shorasdequin1.a-feira,2deabril. Previamente à comitiva papal, aparecem batedores do corpodecarabineiros. Alguns esquerdistasassobiarnevaiam,emsinalde protesto. Populares respondem com palmas, sufocando os assobios. Em seguida, aparece um micro-ônibus com mais policiais. Assobios de esquerdistas. Nova salva de palmas. O clima toma-se tenso. Passa o ''papamóvel'',aplausosgeraiseunânimes. Apósalgunsinstantes,desceaavenidaum grupodecarabinciros,compassocadenciado. Assobios. Palmas. Guerra de assobios e palmas,apontode,naruaenosprédiO!i,tOdos se engajarem. As pahnassufocarn vito-
riosaeestrepitosamenteosassobios. Cessam osassobios.OentUSWillOfoitantoqueuma senhoracomenta: ..Forammaisaplaudidos que o próprio Papa". Nos balcões e janelas dos prédios as palmascominuam. Num dos prédlos,cmfrenteàlgrejadaDivinaProvidência,de40pessoas , 36aplaudiam. Uma senhora, voltando-se para outra, indaga: ''Onde estão os jornalistas q11e não ,·ê,n aqui porafilmar isto?"
oes/nfonn,ção também sobre oquadro sóclo-eamómlco A ~ituação sócio-econômica chilena ...
"Oue mentira tão grande!"
Quanto já se disse de verdadeiro e de errado
O BISPO DELos Anaclcs, DomOrozimbofuenzalida, na qualidade de presidente do Centro de Comunkaçõcs Sociais do Episcopado chileno, prestou ao diário ''La
ascurespcito?
~poca" (a:liçãode 16/4187)asseguimesdociarações:
Que impenetrável amálgama de \'CfSÕCS confusas, ora Cl(ccs,sivamcnte pessimistas, ora de exagerada apologia, forampublicadasarespeíto,emanigoseestudosdivcrsos? Faltava, ent retamo, uma visàodeconjunto do panorama sócio-«onõmioo chileno,
St"m compromissos políticos de qualquer espécie, sem cxa,eros
nem omissões destina-
Diel'l!ede1.111pítilicodemaiscle200pessoas,1TFP clilelillançouaestudodtClllosPatriciadelCl!II" po, no u1to momemo 111'1 r,.lf os alm do nUldo ill· teuoyoltaram-separ10Ctilii,emvirtudedaYisita de Joio Paulo li.
dasabeneficiaraesteouàquclelado.Mas, sim, ba5eada inteiramente em documemação segura, abundantc, própria e enfrentar umaanálisetécnicainobjetável,aprescntandoaimagemexatadanaçãotalqualelaé. Essatãonccessáriavisãodarealidadenacionalmcontra-senacsclarctcdoraobrado economista Carlos Pauicio dei Campo, in1itulada "Chile 1987: olvidos yronfusiones umerwwn la propiedad prfrada y la libre inicia1iw1 ". Oautor,sóciodaTFP brasileirae denacionalidadechilena,participoudonúdeoinicialdejovensuniversitáriosque, no inicio dos anos 60, fundou a revista ''Fiducia", da qual foi o primeiro diretor. Esse grupo, em 1967, constituiuoquadrodesóciosecooperadore5dasociedadechi[enade Defesa da Tradição, Familia e Propriedade -TFP. Eis algumas verdades deste livro oportunissimo, n.•cár1~tadopcla TFP chilena, do qual "Catolicismo" notificou o lançamento, em sua edição de abril último. Sabem os brasileiros que a extrema pobreza, entre \970e 1982, dinúnuiude2l,0paCATOUCISMO-MMJdefJ87
"Houvtjomalistas~mfotinhomumolhartron.sc.wkme,masumolharmfoJN.
Vinham impregnados de um tipo de ideologia, v1nhamjustiflcoro ~ elts travam na mente. Algun.sjornalistasdis:wrom q~asdesordensdoparquehavlamsidopromovidospe/oscarabineiros. Que mentira t6o grande! Como podem memirquondo esrávomos ali JO bispos, JOOs«erdotes e o próprio Papa, e todos olhando de um J)()llto de visibilidade su~rior no estrado, como M d~nvol\:iam l!S/as situaçóes violentas e trtigicas paro o pais?"
ra 14,011/"o da população total do Chile? Estàoosbrasileiros informadosdeque, segundo a CEPAL- Comissão Econômica para a Améica Latina (órgão da ONU)- em 1980, o indke de pobreza total no Chile era de 16,0'lt em relação ao IO(al da pop~. um dos menores da América Latina, apenas inferior ao da Argentina? Com respeito à monalidade infantil, tem conhecimento o públ;co do Brasil de que o Chilealcançouumaaasmenorestaxasnas três Américas (17,9 por mil, em 1985), só compará\·el à dos Estados Unidos e Canadâ? E, no que se refere ao analfabetismo, quenoChilepraticamemedesapareceu,rcstandoapenasS,0%deanalfabetos? Sabia o leitor, enfim, que o Banco Mundial apontou o caso chileno como modelo;i de política econômica para combater os efeitos sociais nocivos do ajuste recessi\·o na América Latina?
uma campanha urgente enecessária Uma onda de difamação, em imbito in1ernadonal, 1·em se acentuando nos últimos 1empos para denegrir a imagem do Chile, apresentando-o como se debatendo numa situação de pretensa e generalizada miséria.
A presença de João Paulo II em território chilenoairaiuaatençãoda opiniãopública mundial,queviuanaçãoatravésdosolhos decentenasdejomalistasestrangeiros. Eles, naturalmente, pergun!avam: Chile, oqueé?Chile,oquefaz? A TFP chilenaofercceuarespostaatais indagações, publicando e difundindo o mencionado estudo de Carlos Patricio dei Campo, Masterof Scie11ce em Economia Agrária pela Universidade da Califômia, Berkeley, (EUA). O primeiroCJl'.emplar da obra, finamente encadernado, foi remetido, antes da viaJem, a S. S. João Paulo II , em Roma. Igualmente receberam-na o Presidente da República, osMembrosdaJuntadeGovemo,osMinistrosdeEstadoeasprincipaisautoridadesdo país, os membros da Hierarquia Eclesiástica, membros do Corpo Diplomático, osdiri&emes dc todas as correntcs partidárias, bemcomojornalistasecorrespondenteses· trangeiros que cobriam a visita papal. Nos dias que antecederam a chegada de João Paulo 11, aTFPchilenarcaliwuampla campanha de difusão da obra nas principais artérias de Sanliago. Em poucos dias, o livro tornou-,;c um dos assuntos mais comcmados , nas rodas sociaischilenas. Nas livrarias, avcndade"Chile/987:o/vidosyco,ifusiones amenaza11 lo propi«kxl privoda y lo libre inieiativo" foi tal, que a obra logo apareceu na lista publicada pela imprensa de livros que mais se escoaram durante a semana. A campanha da TFP chilena, pelo espl&tdido nú mero de exemplares vendidos, bem comopelaquantidadeecalordosaplausos que despertou - e, pol"panc da esquerda, por manifestações de ódios sem argumentos, que suscitou - atingiu plcnamenta seu objetivo. Emapenas 15 diasdccarnpanha, cercade\200ex.emplarestinhamsidovendidos eoutro tantogen1ilmenteofcrccidospelacntidade às autoridades e personalidades mencionadas. A TFPchikna, ajustoti1Ulo célcbrejun10 à opinião pública deste pais por mais de 20 anos de oponuníssimas intervenções na vidanacional,alça umavezmaissuavoz. Agora. paraevitarolvidoseesclarecerconfusões sobre a realidade sócio-econõmicadoChiledehoje. Olvidas e confusões que podem conduzir ao retomo da miséria material e moral dosocialismo. Que Nossa Senhora do Carmo, Rainhac Padroeira,destaNação,preserve-a de tal catástrofe.
Escola e Estado aliados na demolição do pátrio poder Aa,;iodaescolacomosera,:IQ-radeconru1osfam.iliarestoma-sc maiscvidcn1cquandotlarclcaa aumplanosecundirioatrani;mis.sãodeoonhecimentosbásioos quesiodcsuacornpet!nciacomolcr,cscrevtreoontar - c sc:prcocupaantesemincutirnas criançasid~iasnovassobrescxo, pol!tica,rcliailoctc.,difcrcntes daquclas1do1adupelospais.h10 na1uralrnente podc suscitar protestos,oqucacon1ececorn ccrt.afre,qüêncianosEstadosUnidos, oonformttsta noticia·
UMA DAS CONSEQÜtNCIAS mais nocivas da transformaçio da familia patriarcal em
Famílianuclearfoiaperdadeal&llmasdesua.sfunçõesmaisimportames.Aoabdicardela.J,afamília as dclegavaaoutras imilituições,comoaescola,oEstado, osmciosdcoomunicaçãosocia! ctc.,qucforamadquirindoassim umcres«ntcpoderdcintervcn-
çionaesferafamiliar.fusaintervençlo5emanifesta,comespecial
freqiltnda, no relacionamcmo entrcpalsefilhos,acrandoconflitoscusurpandoaospais,com O\iitmoeonsentimentodcles,a autoridadeeol)ttriopoderquc pordircitonaturallhescabe(cfr. "Catolici$mo" n! 430, outubro de 1916,"Acri$ef&miliarnaso-
ciedade urbana eindus1rial". Entrcasfunçõesauimtrarn;fcridashaviaumaqueeraatributo
prceminenteequasecxclusivodos pais:afunçãodccducar,dc transmitir valores tradicionais, prindpios morais e religi050$, normas de tomportamcnto para avidafamiliarcsocial. Atara os pais ji qua.R nio transmilrm tais valores e, quando tentam fazt.lo, frcqüancmnite nio têm êxlto, pois eles pas$3.ramparaoimbi1odeoutrasinstituições,comofoiditoacima.E oomoeli$8$insti1uiçõesmuitasveus incutem OO$joveru ídfou e componamen1os que não são cxatamcnteaquelesdcscjadospelospais,cria-senafamíliaumasituaçiodeconflitoederevolta dosfilhosoontraosprogenitores.
Uma escola que interfere nas relações familiares A.intervençãodaescolanavifamiliar e, mais CSJ)t'CÍficamrnte, na funçio patcma de transmitirconhecimentosaosfilhos,co-moconse,qOblciadarevoluçãoindustrial, foibemdescritaporG. Mendel: "A escola cumpre uma furlf4o paterna t tspecializada: os conlrtâmentoseastécnicasque opai1ro,umitiaa111esaseujillro da
s4oagor/lt6onumerorosecompltxosquefoiprecisocriar'pais especializados'-osquee,uinam -tumainstituiç6oparticu/ar. Tumblm uqui podemos obM:n·ar osefeitosdarevolur,Jo tlcnicae industriu/,quesubmettaorganiUlçào:rocialasuastxiglncias,im pondo a crlaç6o de um meio novo - exo/u - muito útil. rertamente, quunto ao rksenvolvimento dos conlre-cimentos e das técnicas. Porim, a própria existln(ia d - nOV-O meio vai cr.,rregada de conseqülnrias ... que tlm uma import6ncia capital: deswzlori~dafullfÕ(} pattmll/amiliaredapessoodopai (j,iqueele niioiropazdecumprirseupapel demesrrr);rupturadoslaç-ostradicionaiscom os mais velhos; desenvolvime111O dt uma ins1iluiçiio qutcons1i1uiumverdadeiroroldo de cultura para o conflito edipiano da pu/Nrdude e, da(. uma iniciaç4oõrt!Nliãocontraaso-
Nasta,)lmdopassado.ospaisexercillnplÕln\Jh:il90breoslh>s. tmsmilildo-hswloresmcraise~ igiososessendlisiisualormaçio.
citdadt". ("Lacrisisdcgcncracioncs", Ed. Península, Barcelona. 1972, pp. 179-180, in Carlos Moya Valga!'oon, "Informe sobre la juvtntud contemporanca", DeJuvcntud n~9. Ed. Nacional. Madrid,janciro-março 198),p.23). Oiscordamo,doaumrnoque se refere aos seus pressupostos Freudianos.Poisoronfli1odaP11~rdadenãoéfrutodofantasiosocsubjetivocompltxodcEdipo- proposto por Freud com ba.Rtmobsc:rvaçõeslimitadas,e arbitrariamente estendido a toda ahumanidade-massimdadesarmonia incrente à família nu clcar moderna, cm vinudc do abandonodosprincipiosmorai1; crcli&i050stradicionais.
"Ctn1e11as dt pais de Jamflia e dtolivlstas pr6-fam,1ia de lodo o pais estão pedindo que asse o uw gener11/il..tldodetknicaspsi«rsoriais111Uescolas.empregadasparomunipularoscrionçosefazê/usrtjtiturosvulortsmoraisociden1ois, trocando-os por uma moralrtlativlsta. "Numu sirie de audiências com pais de famflia. em oito cidud~. o Departamento de Educução ouviu q~ÍXJl$de que oscoligiosrr6od4omaisprio,idadca ensinara ler, tserever. contar e matiriasdtconhttimentogeral, eseaplicomrodo vc.:maisem mudarasa1itudtsdascriançmem rrluçdou 1tmosdelicodoscomo rrligi<io, suo.feminismo
,;::_ri~.
"O emprego de comroverridas térnirospsicológirosse1emcon,·ertidonumapartedocurrfculo emgrandenúmerodeescolasnos Estados Unidos.... Umtstudodo NorlhWUt Regional Educationul Laboratory, dt Portlund, poro servirooscurrfculosdoscoligios. dizqueoobjetivodesswticnkas i"instilorumoconscilnciaglobal nas crianÇOS'. Parti Isso, continuu otsludO,tSSt$COnrtitosdetducoç6oglobaldtvemser'infundidos'nascriançasduruntetodoo curr(cufo e 'desde o mais cedo passivei''' {"Human Evcnts", Washington,!4-4-1984) É evidente que este problema niioécKcluslvodosEs1adosUnidos. A escola transmissora de principias laicos, matcria!istas,
CAIDUOSMO - Mall de 9:17
evoluc:ioni$1.a.Sepermissivosscmcontra diueminada em todos os paísesdoOcidcmc.
Um Estado Intervencionista, lesivo do pátrio poder Muitomaispodcrosoqucaescolacomofatordcinterferi!ncia naau1oridadcpa1ernal:0Estado. Sua intervenção pode realizar-sede duas maneiras: 1) lndiretamen1e,pormciode escolascst1taiscdccurriculosc
JiaslSCdllltUlliscostwnnrelegs isso1Mgl.rldoplano,colocandoem realce temas deicados como. por ex1mplo.llmililidadeCOf)Xlr8les. 10,oqueilclnaascrilrlçasarejeitar satiosYlkresrncnisatihápcucovigentes.
progr1masimpostostambl:m às escol1sparticularcs. b) Dirctamcmc, por meio de !eis,projeiosedN:retosdospodercscxecutivoelc&islativo,ou aindapordttisõndopoderjudiciáriodcbilitandoprofundamente o pátrio poder. Opreiu.toinvocadotscmpre omesmo:aproteÇãodosdireitos dos menores contra manifestaçõcsarbitráriasdaautoridadepatcrna.Acont=que,oomoverc moscmalaunsc11cmplos,ostais ""direitos" alcpdos s.ão quase scmpredcscabidos,cnquantoas arbitraricdadespa1ernasgcralmcn1cnlopassamdocxcrcicio natural do pátrio poder. l=:cl1roq~amaiorintcn·cnçlocstatalnafamíliasc,·crifica nospaísesdcrcaimecomunista. porforçadcsuaprópriadoutrina.Porscutado,os1ovcrnossocialinasdepaisesocidcntaistêm procurado ampliar de todos os modos a intromissão do Estado navidafamiliar(vcr"Catolicis mo" n~420,dezcmbro 1985. "' A familia,alvodoódiosocialista", c"NaFrançasocialista,governo contra a familia"").
CAlll.lCISMO-Mlllóe937
Relataremos aqui outros c:<emplos dcssa intromisslo cstatal na autoridadcpatcrna,ocorridosem países ocidcmau. Na Alemanha, quando o pais crago,·crnadopclacoalizão formadaporsociaiJ...dcmocrata.1elibcrab(l979).aqueteaovernosocialinapropõsumanova!cg.islação5egundoaqual, "~ospois ne1amaumfilhode/Janos~rmi.ss4o porafattr uma viagem de férias rom um grupo de jovens, elher«usamodinheiroparais.ro, o Esrada p<><ie imervir para permi/ir o que os pois haviam proibido, inclusiw cus/eando o 1·iagem"(cfr.''Zeitbuhne".Mu niquc,S-S-1979).
Tribunais norte-americanos favorecem a corrupção dos costumes NosEs1adosUnidosainterferênciaesmaldcbilitandoaau10ridadepaterna5emanifcstaprincipalmen1ea1ravtsdcdccisõcsju-
diciais,aofavorcccrumaLibcrd.adedcsmcdidadosfiltioscmrclacio aos pais. especialmente no campodoscostumcs.Éocasoda pcrmisdo concedida por tribunaisparaousodecon1racep1i,·os caprjticadoabortopormcnorcs,scmooonhttimcntocooonsentimento dopais. Quandoo1overno1mcricano fezsaberatodasasclinicasfavorecidascomajudafinanccirado Estado.qucdevcriamdarcifocia aos pais no caso de fornecerem contraccptivosamenorcsdeida de,semoquepcrdcriamodireitoàquclavcrba. muitasdclassc opu5Cramàdecis.liodogo,·ernoe 1c,·aramocasoaos1ribunais.A ConcCcntraldeApclaçõcsdos Es1adosUnidoscmi1iujuirosobreapcndência.dandorazioàs clinicas. Ouscja,justificandoa sonegação da informação aos progenitores.Ealcgandoquc.casoasc!inicaslhcsdesscmconhecimento deterem fornecidocon traccpüvosasuasfilhasmenores, estaspodcriampcrdcraconfiança nosmtdicosconsultores.au mentandooriscodeconcepções indcsejadascviolandooprinci
piodoscircdo profissional{cfr. "A.S.N. - Atenria Sanitaria Nuionale", Roma, 29-2-1984, pp'.4-S). Dcturpandoaapli<:açàodedois princípiosdetticaprofissional ~ aconfiancaeo5egredo-otribunal faz caso omisso de um princípiodcordcmnatural,muito iuperior àquelcs invocados, qua!scjaodircitocodevcrque têmospaisdeconhcccreoricnuracondutamoraldcscusfilhos menores. Outrocxcmplosianificativosc rcfercaocasodcumajo,·emdc 17 anos,irjvida,quc marcou um abortoscmoconhecimentodos pais,poissabiaqueelcsaimpe-diriamdereatiú-lo.Sabedorcsdo fa1op0rou1rasvias,ospaisforamàclinicaondeoatocriminosodcveriascrconsumadoeprocuraramcntraremcontactocom om<!dicocontratadoparaa"opcração",numatcntativadedi1.suadi-lodcrealità•la.Poro!mosfuncionáriosdaclínicalhcsbloquearamo acesso ao profissional e amcaçar1mchamarap0Uciacasonlo5Cretirasse.Apósalguma altercaçto,opaidajo,·cmfurioso,pcgouumacadciracatirou-a contraumaenormcjancladevidro, bradando: "A1ora chamem apolicia".Foicntãoprcsocindiciadocminqutritopolicialpor dcsuuiçãodepropriedadcalheia epcrturbaçãodapaz.Maistardc sua filhacompareceuàclinicae rcalizouoaborto.Ajanelajáestavaconsertadaccladenadafoi informadaarcspcitodadetcnção deseupai(dr."U.S.Prcss"',SiJ. ,er Sprina, EUA. 27-4-1984).
Na S uécia, um Estado ''sequestrador.. de crianças Dospaisesocidcn1aisdcgovernosocialista,jnaSuéciaondeo Estadointcrfercdemanciramais clamorosa naJ familias. Dc!Sa intervenção arbitrária c d~pótica al1ojáfoiditonoarti1o"Afamilia, alvo do ódio socialista". Farmiosqoraorelatodcoutros casosquebcmilustramasituaç,Io de aprcens.lio cm que vivem os progeni1orcssuccos.ameaçadosa cadamomentodevcroslilhosarrebatadosdecasapor um Estado inquisitorial e prepotente. E qucpar1tant05evalcdeprctcx1ososmaisdivcrsos,f1ltciscsem fundamento.muitasvczcsa!iccrçados em meras suposições ou dC$COnfianças. AlgunsanosatrA.sumacomiss.ãoofieialdcnomin.adaComissão sobreoDircitodaCriançanaSociedadepropõsaco,gcstãofamí-
• \iareo .. divór..-io"dosfilhosem rclaçloa0$pais.E55acomissão, qucjj havia contribuidoparaa elaboraçlodcumaleisuprimindooscastiaoscorporais,ap=cntourel116riodefcndcndoodireitodosfilhosdcpcdiremseuafastamentodospais,r:asoeue,storneminsup0nAve!avidanolar<.ievidoàsconstantestensõesebri gas entre eles. O relatório fala aindade"par1icipuç60",de"~ dcrermln~o"ede"ittfluência doscriançossobreasdecisõestomadas ~los pois" (cfr. "Crianças poderão drcidir sua separação
dospais","Folh.adeS.Paulo", 8-1-1980). Um caso que se tomou famosoem todo o mulldo foi o ocor-
rido com a família Lllja,assim narradoemanigosobosugestivotitulode"UmJuiuidodeMe-
noresonipotente"; ··os abusos dos Juil.lldos de MenoresnoSutfcio,conhecidose temidos no P/lfs, só chegaram ao conhecimcmodo opiníiiapúbli-
rot!llropiioenorte-amcricanadepois do Beándolo enWJIW~ndo o famflioLi(ja. "O Juí'lD(io de Menores havio decididolnttrnoroml'ninoAlan Liljanuf1Wdi'nlcapsiquiá1rialinfantil,emvir1urkdesuspeitasll'•'Dnt/ldasporduasproft!SWTOSdO Jardim dt /nj4nciD, rk qul' o pai n4oolhoseufilhonosolhosnem o carrl'go deformo carinhosa, quando Karl ia buscar seu/ilho de um ano de idade. Stgundo l'los,1udolstostrioumsintoma de um re/acianomemo doentio entrtpo/efilha. queestoriopre· judicondo o crionça. All'Stodos mfflicosprovondoorontráriode
nodo odio,r/arom. Alon deveria serinll'rnadodurtmtt váriassemanos poro obsttvopio. O qul' aromtttri11dl'poisjátraca11hecido por Karl lil}a. Ele pr6prio 1r11bolharooi1oa11osnumluiZP do dt Menons. De nodo adian tariam proct,S.SOS judiciais ou qualquer outra provid/ncio . O meni11oseriae111regueotducadorespagospe/0Es1ado, ''lutores" que gtra/mtme OJSUmem o educação de um númerort/aliYOmen/e grande de crionças, formando quose uma espkie de asilo. Ou segundaa/1erna11Yo - Alonpoderiase,en1,egutà1Mlel11dealgum NllOI, que poderio ado1á-lo p0Sltrlorme111e. "Karl U/ja não nperau a ordem judicial de UttUÇÜO da decisdo do Juil.ildo de Me110rl'S,fugindo rom mulher e filho poro Helsinque, tdtldporoosEsta· dosUnidos,ondtnarrousuahis1drioàimprtnsointtrnacio110/,d10,rdo ainda outroscosossemelhontts" (As.siJ Mendonça, " 0
EstadodeS.Paulo", 19-9·1983).
NosEstlOOSUridos,ascliríta$lem oproll"d11Íffllll6'~0Spaisevitem osabortosdas~.mesmomentt-
de uma fomflio que o sus1en10. As morta1ozuls permonecem. A criallfO sofria de umo doença esp«iol. AlegriadosSchõn,que ptdemseufilhodtvolto. Recuso stto: uma 10I mudança sd poderio prejudit:d·IO. Ndo há dúvida dequeetesjomaisove,aonovame111e" ("Sutde: 1c contre-
sq
modélc'', "LePoim", Paris,n? S78,l7-10-l983) Ocstilotclq.ràficocirônicodo artigorcnalt a afrieucadeter· minaçJodoEstadosocialis1asuecoemarrancarascriançasdcscus pais, como também pode ser obwvado cm outrOl tr«-hos:
"Porqutsdoosws1e111dculos futMros do sociedade id~I, as crionros s4o objeto de nudodos ottnlos por porte da odministraçdo. Mas, attnÇdo, pois! Por pouroque ,·ochqutiromserorigi"ais, ondorfora do pista certo, ,·od serão ro11Siderados, pelos ser>·irossociais,romoindignosde educarsuaprole.Vinteeduasmil crionros su«as - um rffQrde no Ocidentt-foromlirodasdeseus poú pelos OJSisltnlts sociais, sem decis4oprtviodaJustiça, e6"dosmenortsa14orolocadossab a1u1elad0Estodo. lsto/ei10, I pro1icome111eimpossfre/rontestor,di11111edtum1ribunal,ode· cis4a dos todo.podtroSOS ,tn•i(os sociois .... Mobilil.ildosporumo camponhadecar1ouse/olhe1~, os professoras de jard111s de 111f(incia, ptdogosos, cn/trme1ras, visitodoraseautrosespeciolistas strivoliwmcmze/oparodetec· 10, os genilores indignos e aponld-los à p<JUcia" (art. cit.).
Portranscc:nderoslimitesdo presen1carti10,deixamos<lerela1aroutrosC8$0Sdeintrominão prcp()lentedofutadowcconafamília.NionosiludamospensandoqueesteproblemascrestringcàSuéciaouaal,umpaisdeao,. vemosociafata. Na medida em que qualquer país,inclusiveonos$0.ÍOrresva. landopclascndaquele1·aaosocia!ismo,aamcaçadeumaimervençãoarbritràriadofatadono âmbitodafamflia,usurpandoa autoridadee01direito1dospais, tornar-sc-.ácadavczmaispresen1e. Eniomaishaveràlibcrdade p;iraaeducaçiodosrilhos;ou cleswlocducad01comoofütado dCKja. ou k'rio retirados â forçadoconviviofamiliar . MurilloGallkz
~AfOUCISMO
"Um Juizado de Menores onipotente Outro caso impressioname ~ narradonareviJta''LePoint": "O bebidos Schõn, de Mo/moe, nâoquerromer.Angustiados,os pais leYOm·nO ao haspilal. O exame mfflirodtsCObre marcasozuis 110 corpo. Sem dúvida, Irara-se de umacria11çamár1ir.Pal{cia.Jus1iça. O pdtrio poder t retiroda dos ScMn. A criança t rolocoda em uma institu/çtlo, t depois em co-
o.Plia,n.,,,.,.,....,pn-....
nomc:da~---..-.. . . . .
podo.
"°M!en<:aminhadQftGcrmcia.Par.omu.dançad,eencimçod,ellsiD&11!.,Ón«CUÓ· norntt><ionor.....,b,lmoond,rrçoonlipAeo<IClpot)l!MciOr<lldvo10Hinaturo<
=s,1,.podo..,.ermadaà~RwoMlfl>m~ll6$-0llU-Si<>
CATOUClSMO - Matdl!917
Tema candente em nossos dias
Eutanásia: consideracões à luz da doutrina católica #
OPapaPloXJl,emrNisdeumaalow· çioparamédicos,apresentouimpol'tantesdifetrizesmoraisrelativasii questiodaevtanásia. CARRElRAfoivenigiosa! Nosúhimos )0anos,o diA •·órcio,alimitaç4odanatalidadc, oaborto,otiomosscxuali!;mo,o
iricesto ... passarama1,erfawscorriquriros.Cos1umes,dosmaiscxiru·aaantescabjetos,inspirados pelo "punkismo", pela música "rock",pclosatanismo ... não causa.mmaisrcpulsa.Nosmeios de comunicação não provocam maisscnsaçlono1fciurclativaià fecundaçãoartificial,àin.s<,minação artificial. a "'mães de alugucl'',àmanipulação genética. a expcri~nciascomcmbriõcshumanos,atransplantcsdcórgãosfctais,afctoshumanosutilizadosna indüstria,aoandroginismo ... Dir~-iaqucKvis·crmummundo
loucocdcpra"adocomooimaginadoporAldousHuxley! Nestacorridachegou-Kàeutanásia.
Igreja condena
a eutanásia ASaaradaCongregaçãopa.raa Dou1rinadaFt,emSdemaiode 1980, assim defineaeucanásia· ''Uma açao ou omissão que, por sua nature~a ou nas imençOf!s, prov<XQamor1eajimdeeliminar uxJoodor".Aeutanásia,portan10.situa-xani,·elda.sintençõese ani,·eldosmétodosemprcgados. Scgundoadou1rinaca1óLica,nada ounintuémpodeamorizaraque
CWJCISMO- Mll:lde 937
sedtamorteaumserhumanoinocente. sejaele fetoouembrião. criam;aouadulto,velho,doentc incurávelouagoniz.ante.Etarnbtmaningutmépermitidopcdir esiegestohomicidaparasiouparaoutroconfiadoilsuaresponsabilidadc,nemsequcrnelcoonsentir, exp!icilaou implicitamente. Trata-se,comeíeito,deumaviolaçãodaLeidivina,consubstanciadano5~mandamentodoDccá1ogo - "N4omatard$"-,de umaofcnsaildignidadedapessoa humana,deumcrimecomraavidaedeuma1entadocontraahumanidade. TaltosentidoestritoeojulgamentodaCongregaçãoRomana, oqualnoujudar,at'\'ilarasconfu!óMque,nosdeba1es~eo1ema,aparecemsempre.
O que não é eutanáSÚf O Pontifido Conselho "Cor Unum"reuniu,del2al4denovembrode 1976, umaCominão lnterdisciplinardetcólogos,mêdicos e religiosos dedicados aos doen1es.Es1aemitiuoparecerde que,aomenosnosambien1cscatóliCO$, não se, recorrnse ao termo eutanásia para indicar: l~)oscuidadosterminaisdcstinadosa tomar mal$suponâvcl a íasefinaldadoença.lstoé,todoo cuidadomMiro,enfmn<"Lroseparentcs,üandoatomarmenospenosaadoençaaoenfermo, a1enuando-lheemtodaamedida ponivelosoírimen10,panicularmentecomumaprescnçaoompassivajumoaele; r)adecisãoderenunciaracertasintervençõesmêdicasquenào parecemadequadas(ouproporcionadu)àsituaçãodod~nte E:o.plicaPioXllque"olromem, emrosodtd~nçagrave.remodireitotode»erdeempregarosn.idados n«r5Sdrios para consenar
avidatasaUde''.Mascstedever ''sóobrigaaotmpregodosmeios ordindrios ... t nao imp(Je ntnhum~nustxtraordindrio".lsso seentende,porexemplo,nosemidodequeomeiopodereprescntar umônus1al,qucsuautilização não obriga em consciência; ou também no sentido de que ningutmes1áobrigadoaosprocedimentos que são evidentemente imit<"Lsportentarevitaroqueéint-vitável: 3~) a intervenção destinada a aliviarossofrimentosdodoente, inclusive,emalguAscasos,como riscode1breviar-lheavidaconsciente.l:oqueacitad1Comiuão [nterdisciplinare,cplica,quando afirmaquefLicltoousodeanalgésioosounarcóticos.mesmoquandoproduzdoisefei!osdinintos:o alívioda.sdorese,-paraosdoentesemcstadomuitogravequco peçam-0encur1amen1odavida consciente. Desde que, naturalmeme,hajaentrees.sesdoisefcitos proporção ra:i:oável. 1: o que se chama "prindpio do duplo t/ei10": todas as vezcsquede um ato bomouindiferenteseguem-xnecessári05eparalelosdoi,eícitos, umbomeoutromau,xhácau!>.I sufidentementegraV(',élicitopraticaroatovisandoaodcitobom e1olerandoomau.que.porhipó-tese,éinevitável.l:muitoimportanteacentuarquenuncapodeser moralmente mau - ma.1 tem de ser sempre bom ou indifrrente oatoquesepratica,cdoqualdeoorrcmosdoisefeitos.As.sim,mataruminocente(atomau),,üandoaobterumbem(cessacãodo soírimemo),nuncaépermitido.
--) Nãohá~ deseutilizarmeios extrllOl'dinárlos (ou
Acstaalturadcnossouabalho. convtmeluddar uma qu.-stão bastante árdua: o que se dt'\'e fazer noscasosconsideradoscompletamentedesesperados, como também naqueles de inconsciência profunda,decorremcounãodo quesechama''mortecerebral""? S.,nãoseest,obrigadoaoempre1odeterapiaqueinulilmente tentamimpediramone,quando es11seapro1imainevi1avelmente.
e nem mesmo ao emprego de meiosdema.siadarnenteoncrosos para o doente ou sua família, pergunta•stentão:podeomédioo retiraroaparelhorespiratórioartifidal,antesdeocorreraparada defini1iv1dacirculação?PioXII responde afirmativamente. Quamoàverificaçãodamorte, compe1eilci!nciaindicaromomer1oemqueelaocorre_. Asveus,is.soconstituiproblemadiílcil. A monecerebralé, mt-dicameme, o verdadeiro crittrio damone.ABimoju!zoclinico quesebaseiasomentenaparada cárdio-respiratórianãoé,emccr1oscasos,umcriti!rioin1cirarnenteadequado.Sóaparadaineversí,·eldasfunçôescerebrais,e,cpres!óapeloeletroencefalograrnasilencioso,ouaparadadoíluxosanguíneoenceUJioo,reveladanuma angiografia cerebral, permitem melhor avaliação. Quandoseinstalaumc:omapermaneme,otratamen1otobrígat6rioseh,possibilidadederecuperaçâo. Caso contrário, o tratamentoterapfutkopodesc,rimerrompido,masoscuidados-isto é,aajudaordiniriaaopaciente a=ado,incluindo-xaalimentaçâo,bemcomoaatençlodedicadaeoapoioespiritu•lquesedt'\'e atodos-devemprossc,guir. ASagradaCongregaçãoparaa Doutrinada Fé,em uma ''Dedaraçilosobreaeuianásia'', de5de maiodel~80.dizqueauti!ização dos termos "ordin,rio" e "ex1raordion,rio"1a1'·ezpossap.arecerhojemenosdara,pclaimpreci.sãodeles,oupclar,pidaevoluçãodatera~tica."Porisro,hd qutm prefira falar de mtios proporcionados e niJo proporcionados". btoé,hideavaliar-xbem "o 1ipo de terapll,ti(a o usar, o grau dt difin,/dade e de ri$t;O, O cusrotaspossibilidadcsdeapli(a. çõoemconfrontoromonsultado qut se podtespert,r, atendendo ao ts1adododoen1etilssuasforças físin,stmorais''. Assim, ome:,;mo meiopodeserproporcionadoparaumdoenteedesproporcionado para outro.
Razões e pretextos
daeutanhia Napritica,oproblem.amaisimponante, e que xrve de prnexto
maisíreqüenteparaorecursoàeutanúia,éaquestãodosofrimentoccmcspecialdadorfísica.Ora, essaUOelementos indispenúveis davidahumana,naa1ual o;ondlção, fru10 do peeado origlnal. Mas,persunta-se,scr,sempreneccn.trio suportli.-los, mesmo quandohouverrecursocapude atenu.t-losousuprimi-los? Par11 o católico verdadeiramcnte fid, o sofrimento e inclusive a dorfisica ..ndorons1i1wtmwmfa1opuftlmuiltnqat1WJ, mrutst4o associados a 'l'tllorartli1iosost moraistltvtldos".Ofielfobrigadoamortificarsu.acamecatrabalharnoSC11tidodcsu.apurificaç:lo in~r,porquc,ntpndo-5eacste csforÇO,nlolheépossivclcvitar pormuito1cmpoopecadoeC'\lm• prircomfidclidadctodos osdevcrcs.Odomíniodesimesmoedas tcndênciasd~rcaradaséimposslveldeconquistar,semoauxílioda dorfísica..Suaacci1açllonãoéscnãoumamaneira. entre muitas outras,demanifcstaroqucécssencial:avontadedeamaraDcus cdeOservirm11odasascoi$1S.liitonosensinouPioXII. Scrá.precisoscmpresuponartudooquefornces.wiopa,apcrmane,;erficlaDc,uscàprópriaconsciincia;masparaiS&Oaaccitação dadornãoésenlownmeio,nunca um fim cm si m~mo. ocasiões em que "arontinwtlfloda dor impahqwtlltobttnhllm btns t inlnust SMptriora'', afirma Pio XII.
H,
Nl!ofscmpn,neeessárioiratéo martírio. Podc-scmtãorccorrcr aosmeiosdequcamcdicinadis-
põe,cujoarsmaltera~uticomodemopOSSibilitaquasescmprcum aUvioparatodososdocmcs. Respeitadososdircitosprimordiaiseaapettnciacspiritualdecada um, que p()(lcm levar a aceitar eatéaprocurar"ador/ísiro,pa,a mtlhor parliciparda Paixão de Cristo, rtnwnciar ao mwndo e rcpaltlr sews próprio$ pteados", é imeiramcn1' legitimo utilizar-se d0$meiosneeessáriosàcessação dador. lníelizmente, imperando cm nossosdiasaimpiedade ~ e como,se111ndoaSaJradaEsaitura, ''1160 h4pa:::paroos impios .. (ls. 57,21)-,crcsceonUIIlcrodaquelesquc,lendodcsprezadoasaltas ruõcsqucháparasofrcr,postos cmfaadador,entrcgam-seaodcsespcro. Daí o aumento de número dos que praticam a eutanúia volunt.triaeoutrostip01idesuicídio,~pecialmentecmalgun.1paí ses.Quantomaioraincrcdulidade,maioronúmcrodesuicidios, praticadosporaquclesque mais odeiamadordoqucamorte! Qsquepropugnamaeutanásia julgam que o homem tem um direito ab!,Olu10 sobre sua própria vidaoumone.Umprctensodireitoaosuicldioparece-lhetãorcspeit.tvelquantooleiitimodircito •vida.Eeritícamoque eleschamamo "ferotdtsejodeimortalidadt", agora inalcanç.tvel, dos que recusam a cutanúia. Acusam osanii-cutanasistasdee:scolhcr para0$docnt~omalrcal(osofrimento) paralhesevi1arum mal que - dizem tlcs ~ SÓMe cfctivaria numa situação im.agin:lria (a imortalidadcdaalmacavidaeterM).
ComoKvtofundamcmofilosóficodosquedefcndtmacutanásiaéomaterialismo.Elespressupõcmaabsurdaautonomiaabsolutadohomcmcrcjci1amqual· quer norma moral objetiva. Dooutrolado,quantasvezc:sa vcrdadeirara.zãodaeutanúianlo scr.topes0qucocuidadodocnfer• moacarreta?Ou as despesas tidas comoexCC$$ivas7 R:u.õcscgoíSlas, ponanto.
AfunçAodomédlco
nãoálnfelizmentc,1medicinatcmsc tornadocada,·ezmaistec:nicistac impcs!,Oal. E a sociedade vem deteriorando-seproaressivamcntcdcvidoaoespiritorcvolucion.trio,quevaicxtinauindonclatodo osensorcliposo.Sãocssesfatorcs, dos mais impor1an1cs, que prcparamosespirit0$plraaeutanásia. Háumaintençãomanifestade, sobprctextode"dcs1ruir1odosos 1abus",imp0rnovamoraleno,·os costumes. Na corrida ,·erti&inosa a que aludimos no inkio, quando o abonofoilegalizado-v.triasnaçõcsoficialmcntcpassaramaautorizarohomicídiodcmilhõesdc vítimasinocentes,emuit0$plise mães se transformaram rm outr0$ tantosHcrodcs-,nãoeraj,prc,isi,·elquc,cmbreve,tambémos incurlvcis,osponadorcsdetaras heredltárias,0$velhos•·eriamchegarahoradescuholocausto1 EmaJiuns~tadosdafedcraçio nonc-americana a pena de mone é aplicada mediante injeções letais, como método mais
suavcparacx«utaroscondcnados. A aplicação da eutanásia é natamente a mesma coisa. Cabcriacntloaomédiooopapeldecarrasco? JS&Ojmponaria cm admitir que, na csfcr11 própria à medicina, a moral nlo entra, Emrctanto, a normamoralconccrnentcàeutanúia - "Não matarás" - não é sópr«eitodeLeiDivinae deLei Natural,o;omoestãligadaaopróprioconceitodeMedicina.lstoé. a eutanAsia, al~m de ofender a Dcuscviolar a natureza, também contraria a noção fundamental dasfunçõesdomédio;o,qucconsistememsalvarecurar,cnàocm LuizMo~iraDu ncan B,bl;<>tnfll l)'·Oo,:!a,r,ç1<1,obr,aovwwi.,'·,das.
~~~o:;,:~~9:'°'~ -~~:.~.~;
Ro,nano",dc)dcqOSIOdcl980 lfl'ioXJl.di=rio.osmédóeol,oobtc a R,.n,ma(lo,tm:U-!!-'1.,n"Mcn>q<m :.~.:~laosm«lkos",E<liçl,,>l'aulinu,
ll.1;!j/;1~;·~""'"º ""' .,...,,,.;.,a,, <m ')"La<riliqu,duUl>of>li...,.",rM<ladi,iplapdoAl>ME.Bvbier,artia<>dcDr ~1i1ud, 1!-'-J9J,,n• LJJ,,.,,.,V!,Tomo l)Ancll,..·C.Vu10,"Probkmas<l< Biot-
\1n;:QrffioaUni>inoo,Slol.,opolôo -RS,
,io..r,.,..;..,.,po;,osJ."Doontok,p, Módo:a",U.,.&NCru,.erap.19'!1 7) H l Uppmann,··A..,..-,0E1hoo áM<diei ...",ia .. Vttbw,,",tomoV\I,
;::;.!·=f:O·Umv<Hldad<C.1ó-
:;:=~-=-~:= Conoclho "Cor Uoum" ... li R•1noDo<:lorn.rnli",a~,~.dcl·ll-tl,llabdl.a.
::.;;~:-=·~~·;t,~i":·.·.........
Nos Estados Unidos, eutanásia propaga-se como epidemia .t1resanos,q11andoumadecisão da Suprema Co rte norte-amcricanalegalizouoaborto,otcmadaeutanãiia!inhaum intercsscmaisacad~micoqueprátko.Hojc,oassuntorutanásiacomeçaacdipsaroabonoenquantoqucstãoqueprcocuoaopúblico,osmédicoseogoverno. Éo que afirmou o Dr. C. Evcrcu Koop,cirura,ilogcralnafaculdadcdeOireitodeNotreDamc,lndiana.nos Estados Unidos.
H
Acontinuaraondadeeutlrlásias.liàadanosEmdosUnidos apartirde
marçodoanopassaclo.rrmefesidowcomoadaloto.desdequeoestadodesuasaúdeseagrave. estão lm8IÇldasdemorr.,.ndefane ede
sede,naquelepaís...
·'Ainda a.1Sim - afirmou - a ewtandsianopanoramaamericano ce,1amen1t114ochtgouaopon10 emquees1dnaHolanda. ondta .wx1apar1edasmor1tsia1ribwlda àeu/andsia.Estatornow-serotina namtdicinaholandesaces1di111c,ftlmtnltSt1ncionadapcloequiva/entcholandhda AMA (Associaç6o Midica Amtrirona)" ("Our SundayVisitor", 16-2-86).
-""'"'·Os Estad0$ Unidos entraram abcnamcntc.-rampaescorrcgadiadcsdeque,cmmarÇOdoano passado.aAMA,mãxlmaemidadcrq,~ma1ivadadassem~ica americana,pormeiodcscuConselhoparaassunt0$éticoselcgais, emitiuumas"tuidelint.s"(linhas deconduta)altcrandoo<:ódiaoel:icodaentidade.Passou•scaafirmarqueédcacordocom aétlcafa•
zerccssarouom111rtratamento médico,paraquemorramospacientcscmestadoterminalimincn te.Econtinua:aindaqueamortc nio$t':jaiminentc,masopacien1c $<':Cncomrccmcstadodecoma= ncnhumadúvidairrevcrsivel,nâo é an!i-étko suspender todos os meiosdcprolongaravidaatra,·és dctralamento médico, indusi,·c nutrição(porsonda)ehidratação {!,0roendovc110SO)('·ThcWandercr",SaimPaul.USA,l5-5-86). Rapidamente, di,ersas scçõcs locaisdaAMAaderi1amàsnova, linhaséticas,re&ulamentando-as no sentido mais abarcativo. A AMAdcl.osAngelcs,Califõmia, porexemplo,noquedizrcspeitoà suspensiodeáguaea!imcntosa estendeu10$''paâentesqwtes160 r:on/wS-OS· ·alémdosqucestãoem estadodecomapcrmancmc. Aellensioearapidczcomque éadotadaaeutanãsiatêmalarma-
r.ATDUCISMO-Maiode1387
Segundo acoocepçãocatóica, os ...ellosdMms«tratadoscom respeitoerec.bertodooauxíionecessário emsuasdoençasedebidaóes./,IJi'lvéscisso.amentaidadeneopagàque vaidominandocadavezmaisotiomem contemporineo inci'ta-<1 ajustificar aeutanásia eI estender oâmbitodesuaapieaçio. 56gtl'ldoPioXl.~''acorrtnJaçiodadorinpedequeseobtenham bensei'lteressessuperioras",podese1ecorrllfaosmeioslicitosdequea medicinacispõe.Oarsenalterapêutico moderno apicado nos tios~ possibita~sempreum~MOparatodososdoentes. doosmovimentosdedef"5adavida.Estcscomeçamamovimentarseemfavordeu male1islaç.!loquc exija:icominuaçãodaa!imentaçãoparaaquc\csqueestãoincapacitados. ''A sdeci.s&ssuspendendoqnu1riç,io artifiâa/ visam dire1amtn• 1eadifusdadaeu1andsia",deda-
rouJohnWilkc,ChtftdoComitf Nacional de Direilo da Vida
("Wall Street Journal", New York,9-6-86) OPadreRobertBarryOP,teóLo11odomioicanoemWashin1ton, refere-~aocaiOdeC.H .. 5:!anos, aquemfoirctiradaa.sondadeali· mentaçãoapósodia&nóstioodc "comaP<'rmaneme", feito com ba~emaP<"nasdoisdiasdeob:ser-
,·açõa. "OrdinariatMnlt - escta-
receu - um Murolagwa n«nSi1adi!~omenosduassemanasparadeterminarff um es1adodees1uporlcoma1osoepelo1Mnosum misparad1>1"minarsrsr1ra1ad1> umes1udo\·e1e1a1i,'Opersis1en1t. V1>joaparttl'rnahori:on1eai'li1>ç,iole1a/",concluiu(''ThcWandercr",lS-S-86) VáriosEstadosdaUniãoestão propondoprojetosdc!eiqucautorizam a ,uspc:nsão de comida e água para cenos pacientes (anciãos,paralítioosoudementcs,por excmplo),inclusivequandoaligua cacomidapodem serad minblra da1oomoolher.Tal('ocasodcum projetodelciparaoEstadodc Wuhington.
Autorizações judiciais
para matar Anh·eldepropaaanda.uma~riedecarospromovendoaaceitaçâodaeutanásia]e,adotaju!io s:'.io~nsacionaliiticamentedifundidos pela imprensa em todo o pai,.Oca1,0deElizabe1h8ou,·ia, pore~emplo,umaquadriplégica d1>28anos(paralíticadopescoço para bai~o de<de o nucimento) quc,contrariamemeaoprincípios cristàos. .solicitou.em 1983,autorizaciodojuizparaqueosmêdic0<dohospi1alondee111\·ain1ernada lhesuspc:ndessem 1odoalimenlo,atéàmorte.Ojuizrtütsou opNlidoeBou,·iapassoua~rah-
OOOLICIS~O-Ma.cde'S87
memadaporsondanaso-gistrica conl ra suavontade.Eml986,ha,·endoelacntradonovamentecm ju/w,aCortcSupremadaCalifór· niaoonfirmouadecisãodeuma cone de primeira instância permi!indo-lheacabarcomsuavida pelaauKnciadealimentação ('' WuhingtonPost'',6-6-86). Bouvia ~ tran,formou em um simbolodocs1ranho"mavim1>n10 J)l'ladi11>i1ad1>morr1>r".
Maisoumcnossimultancamente,deramcntradaem juizoumastriedepcdidosdeautorizaçãoparapraticareutanásiaempacientcs inconscicntcs,emcomairreversi,cl,fei1osporparen1cspróximos. Nnse~tido,podc-~aduziro ''casoJobes'',emqueomaridoe os pais de Mrs. Nancy E. Jobnsolicitaram e obti,·eram do juiJ. Arnold M. S1ein.docondadode Morris(N.J.),aautorizaçàopara maiardefomeapacientc,que~ encontrava em "es1ado,·cgetati,.o"háváriosanos,depois deum acidentcopera1ório. OjuizS1cin recul<Juolaudodosmédico,quc atestaram que Mrs. Jobn "~bem queromgra,·1>slesôesurebrais. n4oes1a,·aemumestodovegl'ta/Í· ,·apermrme111eerespo11diaacer· 1asordens"('' Thc Wanderer",
8-5-86). Numcrososcasosscmel han1es foram difundidos amplamente peJa imprensac mcios decomunica ção.Emreelcrnde "BabyDoc", ummeninonascido co msinaisde monsolismocqueos médicos dei ,arammorrcrdefomee5Cdeape didodeseuspais.
Rumo ao infaôcídio e ao suicídio ODr.JoscphF\etcheréprcsidcnteeméri10datérrira"Socieda dcpelodirci1odemorrer",conhe· cidopromotordaeu1anásiapli'ii ,,1eati,·a(comousempNlidoeconhecimemodopaciente)cdo3rupodo"Ol"(quocientedeinieli&focia) para determinar quem é humano(comofimdemaiar os rneninoJ naiddos monsólicos), 1arnMmmembroa1i,·odo''Planned Paren!hood" (movimento quepromo,eoplanejamentofa-
miliar),eaindaprofcssorprotestantedeteolo11ia. Afirmaclc: ,.Nâohddúvidade queatendênciag1>ralnopensamen1o ltiroa1ua/ ,deacalxlrcom o ,·idr, dos ,mm-nascidos defeituosos, nào htidlividadequea consciê11ciodoprablemadocrescimen10populacionaledoslimi1es dosrecursos/1>waramaspessoasa aceitaranecessidadedodirri/Oa mo,ur(eutanásia), O m1>smo ~ale{Hlro oinfan1icft:lio. tumaprd, tico comum em áreus onde existe ex~sso de populaç4oe ia forma maisantigadeplantjam1>mofamiliar. O in.fanticfdio ina reu/idade algomuitohuma11oquando~1ra1ad1>m1>ninostxmardos.ikvffltlmwutimulá-lo(o infanticidio) emurtascircunstfinc,asd1>1xasso de popu/Qfdo, esp«1almen1e quandosr1ra1ademeninosdef1>11uosos"("EIR''.l-S-86),Squndoflctcher,eues~resdnsracadosque elemandariamatarsão ''wx<'tais humanosmrorrigfre/.s" e ..esrdoconstan/1>men1econ.sumi11dom:ursosfi11anuirospúbliros1>priW1dos. ,·iolandoassimu Jusliçadistribu1fraqu1>sedt,'tQOS
ou/fos"(idem). ODr.KarstenVilmar,prcsiden, tedaAssociaçãoMédicadaAlcmanhaO<;idcntal,ardorosoinimigodaeutanásia,dedarouemen1revista àimprensaqueosargum~nloscrndcfesadaeiaanásiaho• jeproduzidosesl~oria mern1alinhadosqueseusa,·amquandose estava impondo o abono: arsumentos"sociais","penpectivas dcumavidarazoável''e1c Primeirofoiocontroledanata, lidadeeo abono.qoraéaeutanásiaquecomeçaaimpor-~por,ia dosfatos.Eaomcsmotempocomeçaapreocuparoaumemos1g. nificati,·odcsuicidios,wbretudo najuventude.Umasociedadedcsfibradapelaperdadaf(',pelodcsr<11ramemodasen.uahdadeepelaco,·ardiaperanteowfrimen10, deonde1iraráaforçadealmasuficienteparade1er•.s<:nomeiodcsia ,enemecspantos.aquetahez nosconduzaàins1i1ucionabzação do,uicidioeatedosuiddioookti,·o1 "Cllnicasqu1>facililam, l'm ,.,~ d1>m1{Xdir. o wind10, Sl'ràoes1a-
!H-ll'Cidas111'St1>pa1's",dcclarouJ A.Motto,umpsiquialra dcSão Francisco, nos Est ados Unidos. emdcbateentrepsiquiatrassobre o tema: ''OsuiddioéSl'mpreum acon1«im1>n1opsicopa1a/dgico?''
Omencionadopsiq uia1raafirmou quesec51:!.formandouma ''onda sa,;ialnes1a11açda,qu1>/ornatal desenvoh-imenta inevi1óve1·· ("Amcrican Medical New,", 8-6-86)
" A anciã pedia r8f)fltidas vezes: água... água" ..lnstiluiçóeshospitalaresem 1odaana,fdoes14oa1uulme111emo1ando de fotM I' Sl'dl', mesmo quando1aisproadimmtossiioilegais".
Mary~nnander,da"Aliança para a Vida Humana" cm Minncapolis.reproduziuanarraçàode umamu!her,aquemclachama "S",cujaa,ócs1avacmurnhmpitaldaquclacidadenone-arnericana: "Arompa11h1>iradequarto deminhaal'O,qu1>1inhaquQSl'nOven1aanas,haviacaido1>quebradaabacia;suafilhavinadolito· ralpara,·é-la··.Essafilhaconsia
tou nes~a ocasião que sua mãe nuncapoderiaandarno,•amenlee iriapassarorcstodesuavidanumacade,raderodas. Dizendo-se entloprcocupadacomacapacidadedesuamãeparavivcrsozinha, achavaqueaidéiadeum a cadeira derodaserapordemaisdeprimcnte.An,iosaiamMmparavoltarà suacasa,cssafilhanãoencon1rou mclhorsoluç:'.iodoquerequisilar quetodacomidaelíquidosfossem suspensosparaquesuamãemor"S'medisse-pros.sciiueaSra \lar)· - que u mulher {Xdia em ,·azallau1>!)1'11dus ,,eze.,;: Água ... Agua ... Água.Suarozerabos1anll'/or11>parueh1>gara1iacomada 1111111,a a,·Q. do ou/ri) lado do quar10 ". A anci.ã "1a, a em um "tado de causar compaixão. Asenfermeirasentravamemolha,amoslábiosda,elha,masela amdaimplora,•aporàgua ... Após .ei~dia.amulhermorreu("Thc Oregonian",13-86). MiguelRett1r\'•~la
A classe rural na "Dança da Morte" agro-reformista Ü ~~~~~~~~ ~;r~~fr~~:~;~:
guiar. AConstituin!caindaestádandoseusprimeiros passos. E com quanta indecisão! Amoratória-quetantoassustouparecc não trazer efeitos imediatos. Pois semprcquctaisefcitospareccmnaiminência de explodir, alguma concessão dos credorcs, feita a cwto prazo, os adia para dentro cm breve. E sempre que esse cuno prazo se esgota, é prolonaado por outro período mais ou menos igual ...
Embora o Governo Federal continue a fazer freqüentemente desapropriações de terras para efeito de Reforma Agniria, o tO{ai dessas desapropriações não oonfiiUra uma marcha ttlcre da terrível rtforma.
Por seu lado, as "mass media" tanto mantêm na surdina essas desapropriações, que um misto de apreensão e de disu:nsão se vai alastrando pelos campos. Com tudo isso, a Reforma Agrária parece de tal maneira encalhada, que até já se CQiitou, em aJ&uns jornais, de fechamento do Ministério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário. Enfim, tem-se a impressão de que todos osperigos-oupelomenososprindpais -pararam de andar. ' ' P :::~~eª~~~~~;:u~q:~e~fS:: sequeessesperiaosdesapareceramdopanorama, cometeria um grande erro de avaliação. Erro de avaliação esse, a que pode ser induzidlt'aclasserural, ao passar de um tensivo debate, que já dura quase dois anos, em tomo da ameaça agro-reformista, paraumquadrodeaparente recuodoperigo, como é o atual. Qualquer observador de mediana clarividência pode constatar que nada aconteceu que demonstre terem os promotores do perigoseretiradoefetivamentedaluta. Eles apenas diminuíram o número de declarações ameaçadoras e de "façanhas" aparatosas. Mas a meta reformista e confiscatória continua a ser visada por eles.
Comelesperto. .. ou,·imosfalarda"dançada morte"a que seentregamcertastribos T de fndlos. odosjli
Lançando mio de algum prisioneiro, amarram-no num1roncoeconstituem-se em1 círculo em torno dele. Ato contínuo, dandoinlcloaumritualmacabro,começa m adançar e rodopiar emtomoda•·iti-
m,.
••.oulonge...
Oprisioneiro,anaustlado,ora,·êocírculo dos ad,·er'Slirios a se aproximarem amtaçadoramente dde, ora nolll, pelo conlnirlo, que o mesmo círculo se alal'la, e os ad,·tnlirios tomam distância dele. Mas o rodo pio infernal st vai apertando. Parectilvftimaque, acada vezqueo círculo da monc se abre em tomo dde, abre-se menos. E. sempre que st fecha, fecha-stmals.Momento,;ráqueahora da morte teni chtgado, quando os ~..attns lhe vl brarem na cabeçll a Rl.llchadada ratai •
CAIDUDSMO - Maio óe B87
E }~~::=~es=~tJs:~~riegri::~ número de revoluçõe$. E também sintctizar a situação convulsa que o País atraves-
...
Habitualmente, os que estão no poder, ou os que tem situação econômica mais fone, julgam que o perigo se encontra mais distante do que na realidade estâ. E. quando menos esperam, soa o momento em que este perigo lhes .Wta ao pescOÇO. Nocasodadançadosíndios,parecehaver uma determinação, por pane dos algozes, de desorientar a vítima e fuê-la passar pelos tormemos de uma confusa marcha para a mone, antes de a exterminar finalmente. Se tal fosseointuitodosadversáriosda classe burguesa no Brasil, não agiriam de outro modo.
A ~::;ri~';~=[::S ~f~te~°Je::! quando eles abrem o cerco, e se faria pregoeira do pânico quando eles
o es/reilas-
~m. Entretanto, uma organiZIIÇ"{Jo rom o quilate da TFP jamais proaderia ussim. Ela está inteiramente OOnscla do perigo, mesmo quando este parece qfasuu-se. E :s<r ~ que o comunismo (ou o reformismo con.[1SC01ório, precursor deste), quando q/rouxa o círculo, não é porque desistiu de seu intuito de destruição, mas porque pretende desmobilizar a ~frima, para logo em seguidavoltaràcargacommaisvirulência ainda. Em outros termos, ele deseja aturdi/a, a desorientá-la antes de a matar. ~ a TFP parai~ suas atividades nas ocasiOO em que o perigo parece minguar, ela teria a sensação de estar faltando com a missão a que se propôs. Mas também está cerra de que a propriedade privada e a livre iniciariva acabariam por receber em nosso País - muito antes do que se pode imaginar - a derradeira machadada que as prostraria por terra. A a,usa do dvilittJÇào a-isl4 no Brasil pede - especialmente nesta hora - pontos de apoio verdadeiramente sirios. E I por isso que a TFP vem mantendo bem alto.o seues1andarreanti-ogro-reformista. E pretende continuar afazê-lo.
-,
' - :;--- ,_
-
1
.
PÇooB! ;. !'
5egln;loórgiosdamprlMlnacional,asiMIS6esdazonalestedaC!IIJl.alpdsta,11,J11-.nncio emm.-çoúlmno. foramk!Sllftldas peloPCdoBepelaPastoralda Ten-a. Na foto, urndosi'IYasorn IPlfKI comeflla,emfrtnteil casa que construiu, 1'18 Via 1~ de Outubro, Estrada O. JoioNery, Guaianazes. No ll1U'O do teneno, bem vis!Yel, urn picllamento significetiYo... [FotoAglnelaFolh.aa-F.tnandoS..,toa).
1nvasões de terrenos:
Reforma Urbana "na marra"
E~~~::=~ ::.rpo
nquanto se nota, no "ager" brasileiro, o refluxo do movimento de invasões, agora nas cidades, através do esbulho organiza-
As entidades organizadoras dessas invasões são as mesmas de sempre: a Pastora! da Terra e as CEBs, o PT, o PC do B etc. Serão as primeiras tentativas para a realização da Reforma Urbana "na marra", no mesmo esquema com que se tentou empurrar para frente a Reforma Agrá-
ria?
A ser assim, estaremos diante de um fenômeno de alastramento ça agitação, que desta forma passa do campo para a cidade. Esta era uma conseqü!ncia há muito prevista pela TFP em suas divCTW 10madas de atitude face à Reforma Agrária. Pois, se não se coloca um dique à violação do direito de propriedade no campo, mais cedo ou mais tarde, pela própria dinâmica do mal, esse direito não será também respeitado nas cidades .
.. .ofinalésempre este. CATll.lCISMO-Mai:Jde937
Movimento de invasões fracassa no campo: agora é a vez das cidades
A
s lideranças dos sem-terra, ao fazerem uma avaliação desse ano e meio de acampamentos e in-
vasões, acabaram por concluir que a forma de acampamento já não é a melhor maneira de pressionar as au-
1oridadcs para a realização da Rcforma Agrâria. A notícia é dada pelo "Jornal do Brasil" de 8-12-86. "Desde novembro d-O ano JXlS·
sado não orientamos mai$ a formação de acampumentos. Essa forma delutaestd esgotada", afirmou o lí-
der do sem-terra Seno Stats, frase essa citada pelo jornal.
Segundo aquele quolidiano, muitas famílias estão saindo do movimento e voltando para suas terras de origem.
C
omo se recorda, foi no ano de
1981 qucscfücramscntirossi-
nais precursores da onda de invasões e ocupações de terras, a qual apresentou em fins do regime militar, isto é, a panir de abril de 1934, um surto de maior intensidade (cfr. "No Brasil: A Reforma Agrária leva a miSttia ao campo e à cidade - A TFP informa, analisa, alerta", Plinio Cor!'& de Olivtira, Editora Vera Cruz, 1986,pp.l0cll). Agitadores agro-refonnista<J m.1nidos por impulso de numcrosos viprios, religiosa.s, e muitos nudeos de CEBs, há 1empos vinham reunindo as hordas de invasores, com o manifcs10 intuito de tomar a Reforma Agrária um fato consumado à margem da lei. Nessa hora difícil para a classe rural, a TFP promoveu a difusão, cm 86jornaisde 21 Unidades da Federaçio,dostúcidospare,:;:eresjuridicos que demonstram ter o legitimo proprietário, segundo o Código Civil, quando dc:sas.sistido da autoridade policial,odittitodedefender-se,eàs su.a5terras,contraoesbulhodosin· vasores e ocupantes agro-reformistas - o que pode fazer inclusive à mão armada, quando neces.sário. Com expressiva simultaneidade, as invasões e ocupaçOcs foram de tal fonna caindo de número, que, em oerto momento, pareceram ter cessado.
As esquerdas articulam pressão agroreformista, e já começam a erguer o tacape contra a propriedade urbana e empresarial v ~:~·~~!:::~~~~;;1:~~~iru;~t'~~~!~v~~~1= :::: a pankipação da CUT, CGT, Pastoral da Terra, UNE e Fetaesp, entre outras entidades - que debatem por conta própria a Constituinte, já sel«ionaram cinco temas sobre os quais apresentarão propostas para a nova Constituição. Os temas são: Reforma Agrliria, Reforma Urbana, direito dos trabalhadores, direito à informação e instrumentos de ''panicipação popular' ' nos planos social, político e económico (cfr. "Folha de S. Paulo", 25-3-87).
T:1::R~u: t:::o:c:~~ mltica bdsicQ"
~ d ! e t ~j~ ; ~ ~ : ~ ~ (cfr. "Fol.ha de S. Paulo, 24--3-87). Plataforma semelhante é simultaneamente pleiteada pelo PC do B, conforme decorre de declarações do sr. Jorge Eltz de Souz.a, presidente do diretório paranaense desse panido-anão. Pretende ele a formação de uma freme de trabalho com todos os setores "proares.sista.s" da sociedade, para exercer pres.são sobre os constituintes, atrav~ de plenária5 populares por municfpios, entidades ou categorias, manifestações de ruas e caravanas até Brasília (cfr. "Folha de Londrina", 7·2-87).
S:fM~:.1 ªq~~:: :=w~:1~.~:~r~~~:
Na ocasião, o deputado Aklo Arantes, conhecido agitador estudantil filiado à Ação Católica nos anos 60, e aaora expoente do PC do B, estabeleoeu como plataforma comum dos parlamentares presentes, entre outras medidas, a Reforma A&rária(cfr. "Jornal do Brasil", 21 -3-87).
Tal como no campo, também nas àdades o Governo é um imenso "latifundiário" N::a':';::~q=r::c:~ms!_~~~~=~~-:%:o~~~= e entidades estatais detêm em suas mãos, muitas vezes "improdutivo''? Aessepropós.ito, o ''Jornal do Brasil'' publicou reportagem de 3/4de página, de responsabilidade de Ancdmo Gois, da qual e:o:traimos alguns dados reveladores. Segundo o aniculista, "o govn-nofederol que(..• )se vê empurrado '1promovera
refonnaagrárianasterrosa/heias, temsido,00l011godotempo, reiapsocom5UaS"próprias terras - muitas de/as fincadas em áre<JS de grande valoriUJfÕO no per(metro urbcmo". O imenso latifúndio urbano do lAPAS daria para abrigar 428 campos de futebol. O instituto éum infeliz proprietário de9 mil 917 imóveis que ocupam uma área de 3 milhões de metros quadrados no perímetro urbano. Só em Minas esse patrimõnio sobe ai mil 130imóveis. Nas terras do BNH poderia ser erguida, em tese, uma cidade nova para 5 milhões de habitantes. São ao todo 282,6 milhões de meu-os quadrados. ARtdeF~Fedenléproprictáriadeimóveisresidcnciais,peloBrasilafcn, equivalentes a quase dois terços das moradias do bairro de Botafoao, na Zona SuJ carioca. Ela tem nada menos que 20 mil imóveis residenciais, além de pr6:iios e ler· renosde1odaespécie. Quatro grandes favela.1 do Rio estão plantadas sobre terrenos do 8uto Central, em plena Avenida Brasil. O lbnro do er.sll é dono de I mil 100 imóveili de vários tipos, is10 sem con1ar os 1 mil 181 prédios em que funcionam suas agências. O Metró do Rio tem 95 terrenos em áreas de grande valorização imobiliária na Tijuca, Flamengo, Catete e Botafogo. A maioria desses terrenos escá abandonada.
CAllllCISM0-M.:ide917
A REALIDADE, concisamente: • Es<juerda no n1 men1e perde eleiçõesnaAlemanh a. - ''OprindpiodofimparooPt.midoSociol
Democrata mais a111igodo plane1a''. Nestcs termos exprimiu-se o Chanceler Hdmut Kohl, ao comentar ogrande revés sofrido pc-
lossocialistasalcmães(SPD)em Hesse, !radicional reduto d~se partidohámaisdequatrodécadas.Scgundoocandidatovitorio-
ma publicamente marxista, e é amigo de D. Casaldàliga. Trata-se dotris1ementeafamadoPadreErnes10Cardenal(foto),Ministroda Culturanicaragüense Odepoimento,colhidopclojornalistaPedroMonzón,édiadono livrodeLuizH . Alvares,intitul ado''NicaráguaSandiniscaoclRefinam iemode!Engail:o",Argentina,1985
sodo Par!idoDem ocrataCristão (CDU). Waller Wallmann, "o
SPD(socialista)emicondenodao irdederro/uemderrolu,se insis·
, - emsuo 'i
çocomosV,'
"
(ecologistas)
Analista scomentamqueopleireíle!iuagravecriseexisteme ~n1reossocialis1asalemãeseadesorientaçãodeseuseleitores. Nosúhimosanos,têmsidofreqüemesnaEuropaosinsucessos dcitoraisdaesqu erda,principalmentenaAlemanhaelnglaterra, ondeospartidosmaisàdireila, atualmemenopoder,gozamde .lólidamaioria !O
• Religiâo , tema atualnas un i,·ersidades norce-americanas. Foi -seotempoemqueconfessar publicamemeacrença emDeus e freq üemarasigrejaseramatitudes loioqualificadasdepieaas,próprias tão.,om emc ac,pírito, débeis,efeminadosoudecrépitos.A.1 novasgerações,aoqueparece, n·opensamma'sdestafma Aosim,nosmeiosuniversitários norte-americanos caiu em desuso ecinioomaterialismodopassado, ea polêmica sobre questões religiosas renasce com iodo vigor, conformerelataamplamatériaestampada pela conhecida revista "Newsw~ k", de março último Nessescntido,nàoédificilcomprm·arumfatodaatualidade:ascgurançaqueatécnicahodi erna proporcionaaosjovens,nãolhes satisfazosansciosdoespirito. "A almahunumaé11a/uralme11· tecristã", afirmavajudiciosamente Tertuliano. Compreende-se, po1s,quenemosprazeres,nemas drogas, tampouco o mero bemestar material poderão substituir nohomemessaprofundaapetênciapdostemasreligiosos.
•fapoenleprogrH.~ista,·iufim da Reli gião. - "A humanidade 1•aiamadurecendoeareligião,pe/aleidagravidade, irá desaparecendo attf fazê-lo completamente" Declaração tilo aberrante foi feitaporumsacerdmeque scafir
CATOUCISMO-Maiodell87
• So,·i~t ioos foral - Mais de l.500manifestantespanicipa.ram, naNovaCaledõnia,deumruidosopr01es1ocontraapresençado navio russo Alexander Pushkin, noportodeNoumea.Menosde duashorasdepoisdeemrarno porto,onaviofoiobriadoazarpar.semquenenhumde seus500 pas:;ageirospudessedescmbarcar Mesmoamesdonaviotentar atracar, .seu negro ca~co já esta,·a cobertodefrasescomo"Sovié1icos/orad0Pací/ico"e "SoviéticosvoflemJJQracasa".Quandoas cordas foram lançadas ao cais, garrafasdecervejacomcçarama ,·oar.Pelomcnosumadasjanelas da embarcação foi atingida. Os mais exaltadosoonseguiramoortar ascordas,apesardatorrcntede águadespejadapdatripulaçâodo Osorgar.izadoresdamanifestaçâo - membrosdopartidodirei tista"FrenteNacional'' - disseramqueoprotestov1:;avaextemar scudescontentamentoemrelação ao acordo pesqueiro entre a Rússia e Vanuatu no valor de l,5 milhâodedólares. Vanuatuéumpais formadoporváriasi lhas,anordeste da Nova Caledónia, edistan teapenas400quilõmetrosdest e pais.
• Volta o latim, nível fscolar melhor11. - O Colégio Pedro[!, tradicionalestabelecimentodeensinodoRio,resolveureviveroensinotraçlicional.embuscadaqualidadeperdidanosúltimosvinte anos.Reintroduriunocurriculoas antigas disciplinas-português, literatura,históriaegeografia-
emlugardasinson:;asebisonhas ''comunicaçJ.oeexpres.sâo'','' estudossociais''eequi"alentes, que estaYamemvoganadécadapassa· da.Feimais: osal unostêmagora a ulasobrigatóriasdelatimefilo· 1ofia, e as norma1disciplinarcs tornaram-sengorosas Comoconseqüência,noúltimo ano,820/odentreosestudant esdo referidoestabelecim emodeensi· no,queprestaramexames\"estibu lares,foramaprovados ··o proje.ssor que deixa algum traçonacriançaéoduro,oenér gico,nuncaobonzinho'',ressaha odirctordoColégioPedroll.TitoUrbano,ondelecionahámais de cinqüenta anos Segundoele,olatimeafiloso· fiaobrigamoalunoaraciocinare adesenvolverscucspiritocritico, enquantoqueosmodemismoseas reformasocasionaramumadecadência do ensino, nos últimos
•Lellãodesegredosmi111ares. - Espiõcsrussosnãoprccisam pralicarmalabarismosparaterem acessoasegredosmilitaresnorteamericanos;bastaquefreqüentem leilõesrealizadosembascsaéreas dosEstadosUnidos.Esta é acon· clusãoaquc,cpõdechegar,após a sauditoriasmilitarcscfemadas recentcmentenesseslocais.Foram encontradas l.200fttasmagnéticasprontasparaseremleiloadas - jumamentecomcadeiras,escri· ,·aninhasemáquinasdeescrever -emváriasbasesaéreas.Asfitas reúnemdadossobresatélitesmili· taresedecomunicaçãolançados emCaboCanaveral(F!órida);testesdecaça·bombardeirosF·!Se F·16nabasedeEdwards(Califór· nia);dosmisseisPershing,PoseidoneTriton,nabasede Patrick (Flórida);edelançadoresdefo guetes,naestaçãodaForçaAérea, emLosAngeles.Outrasfitas,contidascmcaixascomoselo ''secreto",estavamabandonadasnoes critóriodevendadcsucatadasba sesdeOffutt(Nebraska)eE!gin (Flórida)
•Q uando a,·erdadeiraartetstenora ... - Segundoespecialistas europeuseamericanosligadosaos leilõ,,sdeobr.w;dearte,es1ámudandoaa1itudedaspessoa,ne,sc campo. Nos dias atuais, artigos mui!asvezesfeilosemsérieakançampreçosabsurdos;comotam· bémcenosobjeto'iquepertenceramacantoresdc"rock",·êmscn-
doleiloadosaprcçosexorbitantes, comosefo.1semobrasanísticas. Por exemplo. há dois anos, o Rolls-Royce do "beatle" John Lennonobteveopreçode2,3milhõesdedólaresduranteleilãorealizadonoantiquário' 'Sotheby's'', deNovaYork;eaguitarradocan. torBillHaleyfoiarrematadapor 24m ild ólaresno"Christie's",de Londre,.Ambososantiquáriosjá possuemdepartamentosespecializadosemobjetosde·'rock". Numaépocaemqueainversão devaloreseafaltadebomsenso vâo.1efaiendonotaremta mos camposdaatividadehumana,não espanta que pseudo-relíquias de "cekbrida<les"emvogaocupem olugardasgrandesobras-primas, disputando-lher;aprimaziajunto aopúblico.Comooon,eqüênda, asmanifestaçôesdegênioetalen~~-~.u::~e~~~~:m~ais onde exilar-
• AIDS EM ASC.l::NSÀO \'ertiginosa. - Segundo pesqui:;ado· rescmpenhadosnadeseobenade an!idotoscontraovirusdcssaterríveldoença,asituaçJ.oagravar-se-áaindamais,vistoquenJ.o háamenorperspectivadeêxito para os próximos anos. No Brasil, somemcnomêsdc fevereiro, comprovaram-se 251 novoscasos,oquefezadfraaumemardeJ.0l2paral.26Jdoentes(24,7"i'o).SJ.ooshomos.scxuais -comosesabe - osprincipais responsáveispdoalastramcntoda moléstia. JánosEstadosUnidos,estimascquel,5milhJ.odeamericanos tenhamsidoexpostosaovirusda AIDS. Destes, pelo menos 500 milapresentarão,cedooutardc, sintomasdamoléstia.Outras500 mil terão sintomas secundários relacionadoscomaAIDS(debilitamento geral do organismo, disfunções metabólicas e outros efeitos). Oassumovemdandomargem aumacspantosapublicidades0breques1õesscxuaisnaTV,1an· tobrasileiraquantonortc-ameri. cana.Assim,sobpretextodeinformaropúbliooacercadadoença e evitarsuapropagação,os meiosdeoomunicaçãowcialaca· bam banalizando a prática de aberraçõcsmorais,namedidacm que, ao veicularem o tema, fazem tábularasadamoralcatólica.Redundará tudo, pois - forçosa· mente-numamaiordegradação dos costumes.Ora, crescendo a imoralidade,nãograssaráainda mais o apocalíptico flagelo?
Delicadeza eprece o~~Af~~:::~~t:es:::'i:
Jeon-Buptiste Chardi11 ( 1699-1779), fi-
simples, mas esplêndida na sua simplicidade, doquefoioutroraacivifiu,ção cristã.
lho de um marceneiro, é o pintor da burguesia/rancesaedo vidodefam17io
em sua época. A cena, reprtsentondo um interior familiar colmo e sdbrio, põe em realce omomerrtodaoraçãoonresdorefeiçõo,
Da(seusugestivotítufo- ''leBénédi-
cité" - que 1raduzidoliterolmenreparoo português signifka "O Bendizei", primeirapa/avradapreceprópriapora
essaocusiiio. A menor das meninas estó com os mãçis fX)Stas em atitude de oraçào, e a
outra,comacobeça/igeiramemeindinada, denota recolhimemo. Toda acenaapresenra-se perpassmia porumadiscre1aunçãosobrenatural. E
émesmoes1eumdos/a1oresdeoriginafidade do quadro, injeliuneme pouco
comumentreaspimurasdeseutempo. Representando embora um fato romum e corrente do vida 1emporal. como é a refeição IOmoda por duas crianças,
oautorquisentretamopimd-lonomomento simbdfico txa/o em que, por
ml'io da pnu, a graça divina oscula a naturetJJ. a sociedade temporal que aí ~-emos embebida de esplrito sobrenatural até nas suas manifestaçôes mais rorril/ueirm. No fundo, umaapresenlaçtio
t.
Isso tudo, sem/alar nos perigos a que ela se expõe no 1,ajeto: ser assallada por "lrombadinhas", so/n>r um ocidente,
serobfe1odesolidtaç(Jesimpuffl5, etan-
A mãedascrianças-outalw-t;agovernanto, como parece sugerir seu longo avental - trato-ascom umo deficadeuiindizlvef. O ambiente, como se vê, é tipiromeme de antes do Revolução Fronceso. Depois desro, os costumes vieram progressivomenle se degradondo - o feminismo eascondiçôe,sde vida moderna foram transformando o comportamento das mulheres nosentido de uma crescentemascufinizaçãoaté chegar aos tristes dias de hoje, em que senhoras e moças, para manter integralmente seu perfil feminino, encontram todos os obstdculos. De Jato, uma desditosa moça, por exemplo, que tenha de entrar, cada manhã, num metrô, na ponto da cidade, a fim de ir trabalhar na outraextn>midade, e depois aatilografar continuodamemeoito horas por dia, no ambiente barulhento e ogitado de um grande escritório ou de um banco - vollandoem seguida para sua cwv, situada numa espécie de bairro dormitório-, queoondiçóes /em eladealimentarasqualidades de delicadeza inerenres à sua a/mo?
las coisas mais ... Como 1ambém, sem falar nas condiçôt:s nada recomendáveis em que vivem numerosasfaml/ias hoje em dia ... A mulher, nessas condições, 1em de 1omarumaoutraa1iludeperante a vida que niio éadoofúvel per.;onagem represemada neste quadro de Chardin, em que, a delicadeza feminina aparece em seu aspecto mais respeitável. Delicadeza, em grande parte, adequada para trator com crianças, e que regula todo o relacionamento com elas, de modo a não chocar seu temperamento infantil e nem lhes incutir um medo desnecessdrio. Por isso, como se vi na ifust,açào, as meninast:$làointeiramen1e distendidas, rezando, para depois passar naturalmente à refeição. Nore-se ainda o porte ereto de ambas. Nenhumadelasestdcom o tronco curvado nem apoiada no encosto da cadeira. Estõo tesos, quase numa J)OSiçiio de jantar de cerimónia. Entn>tonto, encontram-se na mais estrita imimidade - pois intimidade não :signif,ca deslei.ro nem/alta decomf)()Sturo. É mesmoesteumdosencomrosmaisagradáveis que hd para se apreciar: o do aparato da alta educ-aç4o com o distendido da intimidade familiar.
Dilema decisivo: conversão ou tragédia A~goria sobre a pestebubôniu em Londres, no ano de 1665: o demônio, empunhando látegos, pune a cidade, representada por um pestilento. Comparadas à Aids - que jé foi cognominada "a peste do fim do skulo" - as epidemias de pestet>ubllnicadopassadoconstituemprece<lt'n tes menos terríveis e devastadores.
Em Uganda (Ãtrica), o número de vítimas da Aids dobra a cada seis meses.A mulher à direita, de 28aoos, cootaminada ecooscientedamorte ter· ta, aguarda seu fim no s&io da família. Em sua pequena cidade, Kiotera,milharesde pessoas se encontram em situação idêntica. Mesmo em fa. cedamorte,elasnãomudamoshábitossexuais.
H orn,
QUEM ABRE qualquer revista ou jornal, ouve uma emissora de rádio ou vê televisão, depara forçosamente com um espect ro que vem aterrorizando o homem contemporâneo: a AIDS. Noticiários vindos de todo o mundo relatam o desenvolvimento do "fenômeno Aids". E o pintam, freqüentemente, com coressombriasouentãoemitindofosforescénciasdepãnico: a Aids alastra-se como uma pe5te no interior de cada população, ao mesmo tempo que vai contaminando sempre novos palses. I_JI1portantes revistas da Europa e dos Estados Unidos dedicam ao tema longas re-
ponagens. Cientistas são chamados a ~epor, interrogados em atmosfera angusllada , como se lhes imputasse o delito de ainda não terem extirpado o terrível inimigo público que assalta os mais diversos povos, roubando-lhes vidas. Nãoraro,ilustrações sensacionalistas de capa nas revistas dão maior evidência às reponagens e propalam aamcaçaque adoençatrazparaahumanidade. Alguns periódicos nacionais seguem o exemplo dos americanos e europeus, em seus anigos. Autoridades governamentais sucedem-se nas entrevistas, dissenando sobre programa.,; de profilaxia. Assim, alarmados pelos meios de comuni-
cação social, os comentários se multiplicam em variadas roda,;, preocupados por vezes, febris quase sempre. Doscírculosmédicosespecializ.adosque se ocupam sempre mais do problema, passa este às Universidades e delas às escolas Enormes dotações financeiras são destinadas aos pesquisadores para que descubram remédioatãograve mal. Mas at é agora, nãoobstante 1almobiliz.acão,aindanãose vê um caminho promissor que conduza à solução definitiva, por tantos desejada: a desoobena- de uma vacina que imunize complctamentecomraa terrível moléstia.
CAIDLICISMO -Junhode1987
Em face da AIDS "A peste deste Rm de século" Enquanto a solução não é encontrada, crcsceme número de pessoas, famílias, grupos 50ciais e mesmo religiosos cobrem-se de vergonha com a morte de seus membros infeçr.adospelaA.ids. Vergonha porque a transmissão da doença se dá, sobretudo, em relações homosse-
xuais, ou então heterossexuais, em ambientes de prostituição. Comprovam essa realidade, a seu modo, instruções onciais de pl't'VençãodaAids-desaborlaicocamoral, a miúdo ferindo os principies cristãos - ao centrarem sua atenção no perigo de contágio derivado da promiscuidade sexual modema,aqual,cntrctanto,nãoprocurarn combater. Como se ao Estado não mais coubesse salvaguardar a moral pública. Nesse sentido, dois médicos, coordenadores do Projeto Aids do Rio de Janeiro, declaram ao jornal carioca "O Globo", de 5 de janeiro deste ano: "Ninguém preciso
soas já contagiadas, nas quais a Aids ainda niofoidiagnosticada. Segundo especialistas, o vírus pode permanecer incubado cm uma pessoa durante anos sem que os sintomas da doença se apresentem. De acordo com as observações do Prof. Dr. E. vou Hippd, em anigo publicado pelo "Frankfurtcr Allgcmaine Zcitung" em JS deabrilp.p., '"é especialmente sinistro o Jato de que o temJX} de incubação da Aids (tempo entre o contágio e a monifes·
vi que até 1991 4() mil casos serão diagnosticados, fazendo JO mil v(timas mortais". A revista none-americana "US News anel World Repon", de 12 de janeiro p.p., emartiaoinlitulado"Aids:aauroradopãnico", revela que, segundo o Dr. David Baltimore, prêmio Nobel de microbiologia de 1975, "em termos de impacto na sociedade, a Aids serd o maior problema de saú-
de pública da dkada a caminho do now século. A nlvel internocional a Aids ameaça mina, naçM". "Muitos esp«ia/istas - segundo a revista - acreditam que os cdlculos do que
senJ a dtwlStaçdo da Aids sdo comedidos. Ali o fim de /986 mais de 29 mil ameri<:a-
ter tanro medo de contraira Aids a ponto deevirarasrelaçõessexuais.Oriscoéman-
ter relações com homo ou bissexuais, S<r bre quem a pessoa não 1cm nenhuma informação". O espaço dedicado pelas instruções à prc,.·cnção do contágio por transfusão de sangue, no caso dos hemoffiicos, an!micos etc., e bem menor. Esta forma de con1ágio a1inge vitimas não culpadas de desor· dem moral, que comrairam Akls por - fa10 gravc - descuido ou negligência de enfermarias. Destas vítimas, verdadeiramen1c merecedoras de compaixão, poucos se
"'""""·
A Organiução Mundial de Saúde (OMS) apresentou, em 4 de abril último, dados sobre a expansão da mol6tia cm todo o mundo. Até aquela data o organismo internacional havia recebido informaçõe!i sobre 48.527 casos de Aids. Opa!smaisafctadocontinuasendoos EstadosUnidos,coml4.5t3casosdeAids. Em seguida vem a França, com 1.376; Uganda,comJ.138;TanzJ.nia,l.130;Alcmanha Ocidental, 1.025 e Brasil - cm scxto lugar - com l .012 casos de Aids. O Canadá vem depois do Brasil, com 1.000 casos, Haiti, com 851; Grã-Bretanha, com 734; Ruanda,com705 e Itália, com 561. Segundo o "Jornal do Brasil", de 1-5-81, "noúflimocensofeitopelaOMS, no fim de março, registraram-se 4$.6()8 <:a-
sos. O ritmo de crescimento da dOhlÇO poroce estabilizado em cem unidades por dia, com fndices mais elevados na Âfrico, onde num mês o número de enfermos passou de J.SJ6 paro 4.J46". A OMS também anunciou, em 27 de abril p.p., que mais de 100 milhões de pessoas estarão contaminadas pelo vírus da Aids até 1991, caso a doença continue se propagando na América Latina e Ásia (cfr. "O Estado de S. Paulo", 28-4-87). As estatísticas mostram que existe cm cada pais um número muito grande de pesCAIDLICISMO -.ltllhode1387
ração da doença) chega a ser de 10 anos. :i~nJ:. hoje contq_giada,
:,s::rr;;:~ ';,1/e~
"Por causa do longo rempa de incubaçdo - acrcsccnta o Dr. vonHippel-, ainda não está esclarecida qual é a percemagem de pessoas coll/agiadas nas quais o doença realmente eclode. A principio sup&-se que eram "cinco a quinu por cento, no mdximo vime par cento. Hoje asestimativas indiamt qut! =a porcentagem variu entre 75 e 100"-." Segundo o "Ncw York Times", de 9 de janeiro último, "aAidsjáC1!ifou,desdeseu aparecimento, 2.19) vidas aJ}l'llllS na cidade de No\JO York; no ano passado /oi registrado um aumento de800 mortes em re/Qçâo a 198S. O Dr. Rond L. Stonebumer. diretor do Depanamento de Aids da s«retoria de Saúde da cidade de Nova York acrescrnt,;,u que é desesperador notar que o número de v11imas levadas até a morte pela doença continua o crescrr. "Um dos respawvt!is pela Saúde Pública da cidade - continua o diário novaiorquino - Dr. Slephen C. Joseph., pre-
nosjdtinhamAids. Deacordocomasprevisbes mais otimistas, no ano de 1991 cerca de 270 mil terão sido atingidos e 179 mil terão mo,rido. O Centro para Controle da Doença calcula que 1,5 milhões de norteamericanos são portadores do wí-us, mas não manifestam os sintomas. Outros acham que esse número é de 4 milhões".
A
questão moral
Sem afirmar, de modo algum, que a atualdccomposiçãomoralsercstrinjaaos Estados Unidos, constatou-se nesse país, na úllima dêcada, um aumento da homossexualidade e das práticas do amor livre. Nessas circunstãncias, aparcccu e se alastrou a Aids consumindo um número sempre crescente de vílimas. Em vista disso, compreende-se a lúgubre constatação de uma revista daquele país: "Em apenas mais 4 anos a Aids terd matado mais america-
nos do que as guerras do Vietnã e Coréia
Em face da AIDS juntas" (''US Ncws and World Repon", 12-1-87). Um abismo traz.outro abismo. Nos dois pafsesasiáticoscitados,prefcriu-sesacrincar prindpios morais, cedendo diante do comunismoinvasor,paraquesesalvassem vidas humanas. Hoje, vidas desaparecem, cdfadaspelaAidsquesealastracmmeio à moral sacrificada,jáquascinc:xistentc. O Ocidente, até agora, procurando csquivar-sedaalternativa-aliás,falsatomar-se comunista ou moITer ("rtd OI' dead"), muitas vez.cs deixou molementc cair sob o jugo marxista milhões de pessoas. Ho,ie ele é posto diante de outra ai· temativa, implacávd e dilacerante: o risco de vida e a morte vergonhosa, de um lado, ou a castidade, seja ela matrimonial ou ado celibatário, de outro. O que preferirão os homens? Continuarão a violar os pri ndpios morais católicos, lançando-se ainda mais fundo no poço da devassidão ou se converterão à observância das boas normas de comportamento cristão? O problema moral é candente no caso. O jornal italiano "Corricrc della Sera" publicou nas vésperas do ultimo Nacal uma cnuevisca do prof. Eolo Parodi, presiden· te dos m«lk:os italianos. Declarou ele: "Crdo que todos os nossor higienistas e imunólogospoderiamco~aorganiuir cur.sos de aperfeiçoamento sobre a prob/emdtica Aids. A meu ver. (Upois do c.incer, a Aids é a segunda doença que tem possi· bilidade de agigantar-se, encontrando alimento precisamente no bem-estar. no progresso, no promiscuidade e ainda na perda de prindpios éticos e morais. nos problemas da fam11ia moderna. no impulso obsessiw, e na s,exuo/idode competitiva. Porece quase uma defesa ou uma vingança da
Assim o "frankfuner'' ilustrou seu artigo de 15-4-87 sobre aAids:amortevem no aliciante frutodatantaçàoconsentida.
natureza em relação ao homem arrogante eprevaricador". Em5entidocontrárioacstasdeclaraç:ões, estampou o mesmo jornal, palavras doescritor Gaspar B. Amidei. Este procura velar o fundo nitidamente moral da questão: "Hd quem/a/e de peste e quem/a/e de punição; hti quem fale de Sodoma e Camorra. Mas a Aids 'não éumjlagefodeDeus', é um vírus. um1errfvefvfrusqueataroo sistema imunológico". Na edição de 5 de janeiro de "O Globo". o escritor H erbert Daniel opina que atribuir ao aparecimento da Aids caracccristicas apocalipticas de fim de século, só auasa a evolução dos conhecimentos sobre ela. "Existe medo entre os homossexuais, mas estamos orgunilllndo vdrias atividades, como debates, poro esclarecer as pessoas". acrcscentou H erbert,homossexualconfcsro. Considerando-se esse aspecto moral e religioso da questão. seria de esperar um pronunciamento firme e orientador das auioridades edcsiá.rucas, .sobrctudo nwn pais de maioria católica como o Brasil, exortando a população a abandonar o vicio que vem constituindo, em ioda pane, o principal fator de expansão da Aids. Tão mais cxplicável se tornaria cssa interfettncia quanto inúmeross.ãoosquejásepcrguntam sea Aids - estreitamente ligada ao pecado contraanatur«a - nãoéuma punição divina. Aliás, a própria ciência vem em abono da prática da castidade. O "New York Times", cm sua edição de 31 de janeiro p.p., relata que o " Secreuirio de Educoçdo William J. Benetl e o Cirurgião Geral Everett Koop, resolveram svos diverglncias sobre eduCQÇdo a respeito da Aids, publicando uma declaração conjunta no qual sustentam que se deve tnsinar aos jovens que a obstinlnda sexual é o mais seguro ...
Em sentido análogo a revista "Time", de 16 de fevereiro p.p., relata que '"tm 1986 o número de mortes de Aids contraído em relaç6es he1erossu:uais dobrou. se. gundo informa o Qn1ro paro o Conlrole de Doenças, em Atlanta. &iro Jong prossegue a publicação - outroro 'sumo sorerdoliui'daliberdadtsexual, apresenlOU o dilema de modo sucinto: mio seria mais /dei/ abandonar inteiramente as rela· çõessexuais(... )?" Em longa cana dirigida em 10 de abril a um dos mais imponantes jornais alemães, o "Frankfurter Allgemeine Zcitung", o Prof. Dr. A. Schuller,do Instituto de Medicina Social da Universidade de Berlim, faz uma análise científica aprofundada a respeito da rápida expansão da Aids, dos meios que já se estão empregando e dos que se pretendem empregar para combatêla. Quanto a esses meios, o Dr. Schuller com.:lui pela precariedade, ou pela impossibilidade de se assegurar uma defesa eficiente contra a infecção em relações sexuais. E acrescenta: "Dada a expansão epidêmico da Aids, a solução ndo será tnconlrada em um remédio milagroso ou na utilização de meios mecánko.s de prevenção, mas sim numa mudança radical do nfilW modelo de comportamento, de nossa moral, bem como de nossos hdbitos permissivistas. (... ) A abstinlncia 5ft tornou um imperati\lO de nossa cfrifização, não enquon· lo categoria moral, mas e11quan10 princ(.. pio de sobrevivbrcia. ( ... ) So/Jre!liverdo apenas aquelas soci«lade:s que tiverem/orça de renunciar à liberdade sexual". Estas declarações de um Secretário de Educação, de dois médicosedeumade· fensorada inteira liberdade sexual pareceriam indicar que, aoconstatarqueapropagaçãoda"pcs1e"estáligadaàdccad&lcia dos cosrnmes, um movimemo de retorno à razão es1aria por se dar em meio à atual confusão dos espíritos. Seria auspici050.Mas,infelizmente,trata-sedevozcs isoladas, raras cm meio à torrente das que se pronunciam em sentido contrário à adoção de qualquer freioparaaosvicios morais que há muito grassam nas sociedades hodiernas.
56 uma convemo religiosa pode modffkar a PSko/Ogla do vldado Por outro lado, sem uma conversão de natureza religiosa o viciado dificilmeme abandona seu vicio. A previs.ão dos male· fícios dc.$te não o move a abandoná-lo. As devastaçõcscrescenttsproduzidaspclouso de drogas, porexemplo,apcsardapropaganda preventiva eda repressão, tem patenteadoatristepsicologiadoviciado. Tudo indica que a mesma psicologia se manifestará em relação aos vícios sexuais, principais difusores da Aids: obnubilado pela atração do prazer imediato, o homem escravizado ao vicio evoca pseudo-razões segundo as quais "com ele, dado seu caso concm:o, e suas características, o vicio não o arruinará... "
CATOLICISMO -.kmo de '987
Em face da AIDS Umencontrodealtonivelcientificoesocial realizado na Alemanha, em Heidcl-
berg, a 6 de abril p.p., confinna tristemente tais ponderações. Segundo o diário "Frankfuner Allgemcine Zcitung", de 7 de
abril último, a Aids continua a atacar. Na Alemanha contaminam-se, diariamente, cerca de duzentas pessoas. Entretanto, a maioriadapopulaçãoéindiferenteao fato. Tal indiferença, scgundo a Sra. Schii-
fer,SecretáriadaPrevidênciaSocialdoEs-
vidência Social. O Encontro se intitulou: "Aids: a peste mundial". Sua finalidade eraimpedirapropagaçãodadocnça c ''fechar as portas da sociedade à penetração do vlfus", segundo seus organizadores. Quem compareceu aos debates'! T eriam sido os mais interessados cm se prevetúr, como os homossexuais, os heterossexuais frenéticos do tipo "outra noite, outra companhia", os drogados ou os penencentes aoschamados"gruposderisco"?Não!Es-
umaconversãodc naturezareligiosa, o viciado não abandona seu vício. Em vista da disseminação da Aids, cm assustadora escala social, é oponuno lembrar o ,ábio cminamento de Lcão XIII: "É por isso que, do mesmo modo que a ninguém é lícito descurar seus deveres para com Deus, e que o maior de todos os deveres é abraçar de esp(rito e de coração a religião, não aquela que cada um prefere, mas aquela que Deus prescreveu e que provas cerras e indubiuh,eis es1abe/ecem como a única verdadeira entre todas, assim também as sociedades não podem sem crime comportar-se como se Deus absolutamente não exisris.se, ou prescindir da religião como estranha e inútil, ou admitir uma in-
Em Nova York, a doença sobressalta as autori dades.Elasseesforçamltfllinformaropúblico das ruas.
tadodeBaden-Württembcrg,causainquietaçâo. Elaacrescentaqueaumapesquisa deopinião,jovens entre l7e J9anosres-
tesestavarnausentes. At enderamaoconvi1capenasmédicos, terapeutas, assistentessociais,organizações filantrópicasfcmi-
ponderam, sem exceção, que a ameaçaAids absolutamente não lhes diz respeito.
Como se sabe, nessa idade, as relações scxuais pralicam-sc sem empeçilhos naquele
pais.
Na França, uma pesquisa de opinião realizada pelo jornal ''LeParisien'',noinício de abril dest e ano, revela que jovens, de ambosossexos,entrc i3c 19anos,consideram o casamento ou inviável ou supérfluo (210Jo); apenas 50Jo ainda acham qu e aoonservaçãodavirgindadeaté oca.,amento é imponante, sendo que cm 1972, essa parccla erade21%,namesmafaixade idade. Mesmo assim, com a generalização das relações sexuais fora do matrimônio, 84% dos jovens declaram na mesma pesquisa que a Aids em nada alterou seu comportamento sexual. Também na França análoga indiferença se faz notar ... De fato, tal indiferença foi comprovada durante o citado encontro de Heidelberg, cujarealizaçãofoidivulgadapelaimprensa,comconvitesdirigidosao público pela Democracia Cristã, panido atualmente no poder, tendo sido anunciado que a ele compareceria a Sra. Schãfer,SecretáriadaPrc-
CAIDLICISMO-Junllode1987
A Aids, segundo confirmou a conclusão do Encontro, propaga-se principalment e pelo contato sexual. Contudo, as pessoas mais expostas à doença eximem-se de preçaver-se ... Segundo a Sra. Scháfer, o problema complica-se pois essas mesmai pessoas se funarn a um controle médico, Tão mais dificil se toma a qucstão quanto se sabe quc nãobastaapenasumexame:acadaseisou oitosemanaseledevescrrcpetido,docon trário não é eficaz. Muitos se negam ao controle médico, dizendo não dcscjarem saber sc talvez já oontraíramainfccção.Outros,quc trocamde parceiro com freqüência,alegam:sejáestou contaminado, porque não padem então os outros também se contaminarem? "Em face da Aids - alena sombriamente a Sra. Schãfer -, ninguém mais pode es/Or seguro". Semdúvida,haveráaquelcsque,movidos pelo terror de contrair a Aids, procurarão de algum modo çonter o livre curso de suas paixões desordenadas. Mas sem
diferentememe, ~gundo o seu beneplácito" (Encíclica "lmmortale Dei", de 1~ de novembro de 1895, Editora Vozes, Petrópolis, 2~ edição, 1948). Prccisamenteestcabandonodareligião sedeucomassociedades daépocaatual: tomaram-se estranhas à Religião e componam-se como se Deus não existisse. Como querem agora procurar uma saida qucaslibene do f1agcl0Aidsqueasaçoita? Nàoépcrscverandoem seuafas1amento do Criador que poderão alcançar o que aspiram! Mais do que ninguém desejamos nós que, pela conversão à autêntica FécatólicaeaconseqüentcpráticadosMandamentosdaLeideDcus,ahumanidadeseliberte por completo da "peste dofimdoséculo", Nelson Ribeiro Frage\li
A REALIDADE, concisamente: saficov•deriva,eosdoisj,;wens, sem alimentos. Quandosc:encontravam • l6quilõmetros de Fort Lauderdale,naflórida(Estado!i Unidos), foram avistados pelo navio"CaribbeanPrincess'',que osr«olheueoslevouaoporto destlcidade.Aosercntr~o. Fonseca declarou: "Poucosvr.:t:J mt ffnti 140 Jtlit. Em dado mo. mtntoosi111aplotsta~a1cfodij,: cil, quefNnsamosemnossuiddar. 1. melhor morur no O<:Nno doquetstar vivo tm Cuba". Grarasaoroncursodtalgumas
OsMDl!fflaspitorescosdocampo, na Baviera(comooda festa"[)es. cidada Pastagam da MontanheH, c,.llSl"ofMfotol.~a
nloatraimaisasmoçasnascidas BIQUBlasregiila... • A VIDA NAS 1ldtlas t faztn-
du es1' at11Hf9C11, anunci1 o jornal"FolhaEconõmlcalMvara". Moças nascida$ no campo não quertmmaiscasar-sttmorarem seu próprio ambiente. eporesst motivo,alili.s,queaOr11aniuçi0 dosfaundtiro1Bávaro1fundou a Assodaçlo de Ajuda Familiar aosfazendeiros,aqualacabade declarar que "800 campontMS proprittdrlos,tntrtJ0 11S0anos,
ftliztsdrcunstfindas, t.s.stsdois jovtns conseguiram opor/ar tm terra livre. Quan1oso111ros, porim, terão pertcido no mar, preferindo tsst fim o viver no "pa· rafso"deFide/Cas1ro?
procuramsiecm;Jr, masQJNfl#S40
moças das n1i6es ruraisd~am UJK)StJ./QS".
As vibrações atraentes das 1randescidadesofu$CUJ!0lpreçopelosare$purosepêlaoist!n-0 ci1 rompauada e 110 mau diana dos campOS da Baviera.
• ESPIONAGEM p6t Gorbll· dttv u dulnuin. Na Ultima reunilo dt eúpule entre os presidtn· tes Reagan e Oorbaehev, em Reykjavilc (hllndia), um fato surpreendeuatodos:ainesperada dcxnvoltura com que o 1overnan1e russo formulav1 as ron1raproposiu,tomandoadianteira emfaceàsproposiçõesformuladas pelo manda1,rio norteamnicano. Mas posteriormente o fenõmenofoiexplicado.~Jundorevelaçõesdeimportantediplomataamerkano,desdejulho passadooCremlin vinha tendo acessoaosrclatóriosseeretosque aembaixadadosfatadosUnidos cmMoscouenvlavaaWashinaton,tratandodassupo11asintenções da Ri.lss!• na reunião. hto foipossívelar•çuatrhfuz.lleirosnnai5que-$eduzidospor soviétiC&$-permitir,maentr•dadaKOBnolocal.O•todeespionagemJlnhouar•ndedest•· que na impren$l mundial em meadosdeabril,econsider,-se queprovoeouomaiorfra<:assoda. 11quranÇl das embli.udu norteamnicanas detodla História. "Cllqoaf/Cllrto11toaofN11sa,qut o Crtmli11 rtetbill >iosws ieformn a111n mnmo do Caso Bronca. A tora ff pode e111ender a atitudedesenWJltoeatressiYa dodirigentesoviitico,nareuni/Jo de cúpula de outubro. úorbachev sabiaquoi.stromasno.ssosobjeç&s e preparou contraproposlas impecdveis", declarou o diplomata.
• "MUSEU DA MKOnlla" na
Holanda.Oqueparcciainconceb[vel lté h' alguns anos atrb, lJOrlsetomourealidade. Foi in&tJ.Firadorecmtcmente,naeidack ck Anuterdã, Holanda, o "HuhmuK11m", ou Museu da Maconha. Depois de construir o Museu do Suo, o Monumento ao Homolsellual e praticamente ter lqalizadoaeutanúia,sófaltava lquelepalsterumm=detal ghero,queM:mdúvidaseráum instrumentopo!iS&nteparaaproliferaçãodadroa:a. Sintomática neuc: sentido~ a atitude de algumas aahdu de turismo internacionais, que v!em no fato uma dasatraçõesdacidade,pensando até em instituir o "Cir~uito da Maconha". • GORBACHEV qutr comba1er u nlta:iões. Em visita realiada ala:um tempo atràs ao Ouzbekístão, repúblic•sovikicadaÁsia Centrll,detradiçãomuçulmllJla, ocheíesoviético,diriilndo-sc:às autoridadc:slocais,acmtuouanecessidade de "11m combate especlftc0 e implacdvel con1ra as man/ftstaÇda reliriows" e do "incremento da propaganda atl!ill". Acre$CCTltou: "Nestemmpol!inToludvd qualquerdistancillmen10 en1re as palavras e os aros". E exigiu• puniãodoscomunistu nqli1en1esou culpados de puticipaçio em cerimônias retia:iosas. Como se vê,, o propalado •branda.mento da perseauição relia:ios,, na Rúuia não tem base nosfatos.
• A INGLATERRA o,:upa hojt oprimtlroloaarentreunações ocidentai5emnúmerock1busos eçrimcssc:xuai5praticadoicon• tra crianças. Tambán os usaltos aumentuam em ~ no úl1imo ano.AOrã-Bretanh1!,entreos paiseseuropeus,oquepossuio maiselevadoni.lmetodccriminosos.Os1eus,,dos1iopostosem Liberdademaisfreqüentementedo qucemoutrospaises. Razão: as cadciasj,cstiosuperlotadas.Es· tas informações foram publicadas pelo "Frankfurter Allacmeine Zeitun1",em l0deabri!Ultimo. At•lpropósito,oescritorBernardLevindeclarouao"Tlmes", de Londres, quenosültlmos20 anoshouveumadecadêndamoralemtodososM:toresdavidaina:lesa,reíletindo-senanealiJhlcia cmsaldudividas,emdiuraverdade,nomenorrespeitope!apropried•dcalhci•enainfraçlodos bons costumes. "t difldl dererminor - acresccnta ainda o mencion,do di.trio alemão - em que medida ases probltmasencontramsuaroiino Jalladejl!ounadisto,rdodalei moro/ e dasreloç6es com o próximo e com o próprio Esrodo". • "É MELHOR mOrTff no etta• nodnqueestarrlvo,mCub1". OscubanosManucJFooseca,de 30anos,cJcsusHerman,ck25, sobrevi\'tramdurante6diasem plenoo«anonumaimprovis,,da balsafeitacomelmarasdepneui, natentativadedescobrirqualqucr pais onde pudGstm viver livremente. Durante esM: tempo, a bal-
• JORNAL COMUNISTA louwa Fnl Boff. Segundo o órgcio ofRI do Partido Comunista i1aliano "L 'U11íttJ", "asitul1fàovol1aa.11efduraede/kolk,parao1t6/oro brasileiro Boff(/010) e paro Ioda a lrrrja pro1ressis10 da Amtricallltina". O Jornal do PCI defende Frei Boff contra uma possh·el cemura e<:lcsiistica, citando os elogios de D. Adriano Hipólito Mandarino e D. ValfredoTepeàrecente obra de Frei Boff, intitulada "A Trindade,asociedadceaLibertação". Tal livro, concebido soboprism•daconhecidaTeoloa:iadaLibertaçlo,conttmafümações que colidem com a Fé católica.
FrriBoff-quenioocultaseu comprazimento em receber tal apoioçomunista-declarou,por su1,·cz,querespondcrábre-.·emen1e "a1raváde11mjornolhonradoer:orajosc,como 'L'Unití/"' ascritiC&$fOrmuladascontraele, emespecialpel•Arquidi=do Rio de Janeiro.
CATOLICISMO-J\l'lhode 1987
A grandeza de São João Batista vista pela piedade popular E
ntreaitradiçõcsqueherd1m05 de nosws 'lntepauados por1u11unesestáadasfes1asju• ninas:acomemoraçãodeSanto Antõnio,di;, 13;deSioJo.lo,dla 24 e de São Pedro, dia 29, que vieramen riquecerapiedadebrasileiracomi.cucaráter jovialefamiliar,genuinamcntcpopular
AI~ há pouco a figura desses santosendmavarumastrosd~ eiradosdcfazendas,presldindo
afo1ueirasquereuniamaoseu redor parmtts, vizinhos e ami&os, Ceralmeme, após um tnço ~m
ou,infelizmcnte,malrezadoortodoxo ou já com al11uma.s crendicesdepermeio-começavaofoguetórioeosoltardebalões.Bebidas,oomooquentão, e comidas típicas da época eram serviclasemprofu!Jlo,às,·eteSem demuia ...
CATOLICISMO· .kmJ de 1987
ScafestadeSantoAntõnioera espcradaoomexpeetati,·aporque abriaocidodasfestasdej,.mho,
adeSãoJolo,nanoitelidacomoamai$friadoano,eraseuauge,estendendo-seaitackSioPedro,quecomtituiaof«hodcou-
"
AfestadeSãoJoão,oPrecur sordeNossoSenhor,tinha,pois, uma ênfa.K esptcial. Nos tempos do Bruil colônia e im~rio, e mesmodepoÍ$,eraum1dasoca, ~ôcsparauocadecumprimentos eprõClltes.
Fogueiras de São João Qualaorigemdcssasfesti,·ida despopu!aresemlou,·ordeSão Joà0Bati11a,prindpalmentedas fogueiras,queseestendera.mde·
poisaosoutrosdoissamosdejunho? O. Gutnnger (KC.XIX), aba: dedacflebrcAbadiaBcneditina deSolesmes,naFrança,oosapresent11lgunsponnenoresinteres• santes (•). Su1origemremontariaquascàorigemd0Cri!nianismo.Exp!icaeleque,emcodosos cempos,alarejaprocurouKmpre ress1ltaroparaleloexis1en1eentreon11,eimcn1od0Precursore odoMeuias;''Amis1niosaro11/ormidaderntnCristotvuPrtnirsor to inromporávtl pro:t1midodtqut 01 untt11r:on1ram-SJt assmolodos em muitos passagens doslivrossuntos", diz ele, Ao profetizarema•indadoMessias, osLivrosdoAntigoTestamento, muitas vezes, predizem tambtm o nai,cimemodeSão Joào; co mesmoArcanjoSãoGabrictfoi
enviado a anunciar a Zacarias o nascimento do B1tista, e como mensageiro a Maria Samíuima parapedirseucomentimentoparaa Encarnaçlodo Verbo. SentindoesseeloprofundoentreoMessiaseseuPr«ursor,a picd1depopular,nlopodendo, noríaidoinvernoeuropeu,extravasar1odasuaalegria no Natal. quisexpam:lí-lanacomemoração don1scimentodeSA0JoioBatista,porcoincidires11fes1ividadecomasbela$noitesde\'erlo. A alegria natalina tC\'C que restriniir-seaosrecin1osfechados,quintessenci1ndosuadoçuraesuavidade,codaimcriores.A a!egriapela"indadoPrecursor, pelo contrário, pôde e~pandir-se naspraçaspúblicas,a1ina,indoaté momanhase"ales,cumprindoassim apre\'idodo ArcanjoGa-
AbasílicapatriartaldosPontffices
romanos,adeSãoJoãodelatrão, emRoma,édelicada ao Precursor do Messias. ''Ele trauma luz ardtnit t lumino.sa" (Jo.$, H).
briddcquconascimentodomeninoseriamotivodealegriapara todos. Nodia24dejunho,apma.ios \lltimos raios do sol deixavam de
iluminara terra, do Oriente ao Ocidenteimm!ollSfogueirascomcçavam a arder nas cidades, aldeiuemeJmosimplescabanas, emsinalderegozijopelomuci-
mento do Batista. Eram as chamadas "fogueiras de São João . Por que fo1ueiras? Para, seaundo D. Gutranaer, simboliu r o que dele disse o Apóstolo Vi,aem:
Nostemp0:5de fi, acenderas fogueiras neie dia era um pri~~légio rncrvado às pessoas mais gradas da ordem civil. As.sim, em 1641, foi o próprio Rei Luís XIV quemfeiarderagrandefogueiramontadanaPf~deGrtve. em Paris, como o haviam feito seusantepassados.Aliú,eramas municipalidades que arcavam co,naorganizaçãoedespeSa!Jck:s· 5U comemorações, cabendo ao clero,emmuitoslugares,benzer apilhadelcnhaantesqueaesta fonea1eadooíogo. NapanecspecificamcntereliliOsa, um período penitencial pm:ediaafestividadcdonascimento de São João Batista, a uemplodoqucpreccdiaaodo popularmenie çonhccido por "Quaresma do Advento". E eram trh também. como por oca.sião da viallia do Natal, as Mis sas que se çelebravam na vigília
Festa de SãoJoão. numa fazenda fluminense. durante o li Império D ESDEafll,oc,ada tololl!Dfle, 1ftstada SioJoioBatbtafCJlla----kfllkjN1 ao llnál, coacutips, prat01lf.. pkN a • tndidoul fogadra. A,n,f_ n, ....., lu VNIUuer , ,•dlet011aoBrQil aa tllt a ..a!,arauacn.,o,btlU01,nildaNOdaed1C:&ÇHde joffU,erialefflallf. .ftla .. lintaqHll90ciedldaclafpeCl, llml*ttre\'e•-ftsU .. SioJQllo -oferK:ldaaot pretot -, 111•p~11f-.ta4oDr. Raanro, llt1ad1aoEata'°'ºIUo*.111Miro, 10dl1UdeJ•Hoebqadtu1(• ):
''O Dr. Rameiro orpniu essa fetta todOI os aDOII. nesse dia, tambêm onomutioo de um ntho, atualmente na Europa {com certeuem Paril). Pari OI aa-avOI, i um.a espkie de fes11 da colheita, porque ao mesmo tempo termina a colheita de cafi ( ... ). Da.GabrieJaj,mecontaracomor1ulho,quenodi1.deSlo Joio m,itam um boi e dois poreo5 para distribul-lot 10$ pre101, no dia da fcsta. ( ... ). Quandocscur-ucomeçouafesta. No p4tio, fechado pela c111. em trb lados e por uma ma de palmeiras no quarto, colocaram uma arande mesa em forma de ferradura. Sobre a meia, grandes~j,conadm, montes de arroz (naturalmetecordetijolo,porcausadostomates),1rav~ SiPntes de fàjlo pmo acompanhadas pelo seu "inseparhel complemmto, o bolo de fub,i, o "anau"; coam sobremesa, havia compota de batata docc, milho novo cozidoem kitc {canjica)se111idapelomelado,1oiabada,queiumdocemaravilhosopreparadocomafrutada,oiabeir1.eatévinboa"discrêtion". E como os pretos se apresentaram cuidadosamente arruma-
'°''
No começo vaprosos e acanhadm, depois confiantes e fi. nalmerueapamimdosqundos1111catqorias, colocando-se em primeirolupros\"elholeosadul!os. A mocidade teve de nperar, nio se pockndo sentar senlo cem pessou de Cid.a vu.. Era muiu, enaraçado apreciar como ewi sente boa e ~mplória se tinha enfritado.
Os homens demonstravam vislvel prtdileçio pelo5 paletós que haviam recebido de presente, ou tinham compndo por pouco preçodeummuc:ateambulante. Umdelcsenverpvaumacasaca~! Osquenlotinha.meome,u.i(lo~erum paletóusavarn ao menot chapéu. e de preferfncia canolas!
AI mulheres mostravam-se mau graci05a.l 1101 Km vestidos multico!ore:s. AlJumat, ortulhOAmmte ostentavam todas as cores do arco-iris: turbante vermelho, o vestido azul e o cinio verde, nenhum consirapmmto lhes causavam. O espetkulo tornou-se particularmente belo e pitores.co, quando 11ml. Infinidade de lamparinas de cores divenu comcçaram I brilhar, iluminando a cena, sob o Cruieiro do Sul que faiscava no Hmpido ciu de Inverno. Assinimos a tudo de uma das janela.ida casa e voe! bem pode calcular o interesse que despenam essas coisas, ainda mais cntren6se11ropeus.( ... ), Nuncamaismcesquecereidopequenofatodnsanoitequc dcr.ejaria saber fixar com pinçel e tinias pua poder mostrarlhe todo seu mcanto. Acompanhda pelo COTI$tante bater dos tambores e mura• cas,umasraci0$1mulatacomosolb01fechad01,orostovoltadopara as estrelas, eobraçadireitocstcndido, caminhava descalçasobrcasbrua11rdentesdofogoutinto,enquantorecai1.msobrecla.ia.ibolumutticoloreid01fogo$deanificios. riscando de luzes I tKUridlo. Parecia caminhar com a ,egun,~ dos sonlmbulos. Nlo podia acreditar no que meus olhos viam e eo,n uma es~ie de temor, ob,.ervava-a co,n a respiraçlo SUJPtJUI. Mas, depois de fazer i5$0, ela calçou OI i.apatos calrnamente; dizem os pretos que no dia de Slo Jolo o fogo nlo qurima
ni111u&n". 1•)"0._....,__ _
......,....tnll....... _.........,, .............
àl" , l11a\"•liua,Ed. P&UTffl'l.SloP...... l9U.pp. )l)._M). ,\ol,n,aija
<d,çio""FfNll&Nld.oudo1U1,t ..... Moldapola,canuq••-on,-.
lélo&llCU_ . . ......, _ _ _ ,.Ol_(IIOCOMUora.-.......
_,.._,..,._ _ _ ...... O l _ l l l " ' _ " " l t H i l . 0 . - d M
:-:.::.:;.r::_-••,..,,._......,_l.._"""""''"".. ....,__,.
CATOLICISMO ·.kllho de 1987
dessafesta:aprimeira,noturna comoadoGalo,lembra\·aseutí• tulodeprecu.rsor;aseaunda,ao na~rdodia,honravaseulntiS• mo:caterçciraexaltavasuasantidadc. E anim, solenes. eram tamWm1odososofícioslinir1icosdodia24dejunho. Tanto respeito tinham nossos maiornpclasantidadedenafn• 1aque.noanode84J,ab11alh1 deFomenoy-naqualLotirio foi derrotado poriCuS irmios, Carlos,oC:a.lvoeluis,oGcrmf,. nico - foi adiada de comum aoordopclosdoisexércitospor coincidircoma,·igíliadafestade SãoJoãoBalista.paraodia25 dejunho.
precndcrdoqucsetratava-o quefazsuporque,allmdemudo, Zacanas ficara tambtm surdo. Ele entio, pedindo uma ta buinha,nelae-Kreseu:"Jodojo Yu nome". No mesmo instante se lhcdnatoualin1uaccomeçou, cheio do Espírito Santo, a louvaroSenhoreaprofetizar.0 Evangelhorcgimasuaspalavras como. sendo o "Cântico de Za<:arias".
"João é o seu nome"
ninocre:sciaeufortijic,,"""ºes· p{rito:habilflVQOSdtsertOSfl/jo diodesuflmflni/estQÇ4o"(Lc. l,
Doscvanaclist;u ,! Sio Lucas quem nos dá, no capítulo l~de seu E,·ange!ho, maisdetalhna rnpeitodonascimentode João Balista. EmrandoosacerdotcZacarias no temp!o, no seu dia de turno,paraofereceroincenso. viudoladodireitodoaltaroArcanjoGabricl,cnviado peloAI• tinimo para oomunicar-lhequc su.asprccnhaviam sidoouvidas. Su1mulhndariafinalmente,1uz umfilhoque,;eriagrandediante doSenhorepknodoEsplrito Santodcsdeoventredesuamle. Ora,Zacariaseracasadocomlsa· bel.sendo ela estéril. Ambosjà caminhavam para a velhice. Por iuo te•·c ele um momento de dú~ida, ruão pcla qu;d foi castiga. dopeloArcanjoromamudezatt queserealizas,;eoprcdito. Ailim Isabel ronceNU, ptrman«:endo cinco mescsocul!a, em açiodegraças. No sexto mês de gravidez r=beu a visita de sua prima,MariaSant!ssima,qucjá traziacmseuseio,comonumta· bc,rn,culo,oFilhodeDeus.Ape· nasntaasaudou,sentiuhabc,I o menino exultar de alegria cm seu seio. Nesse momento. à ,·oz deMaria,reccbeueleoEspírito Santo, segundo D. Guéranger. Aos louvores queemão recebeu de Isabel. MariaSantíssimarespondeuprodamandoasgrandezasqueoCriadortinhafcitonela,c, por meio dela, a todo o gênero humano. Permaneceu a Vir• gemSantissimacombabelaiéo nascimento do menino. Mara~ilhado!;,osparentneri• zinhosdcbabelemgrandealvoroço congratularam-seoom ela. queatéentiotinhavividooopróbriodaesterilidade,considerado então pelos israelitas como um cas1iao.E,aO'!oitodias,quando se1ruavadecircuncidaro menino e dar-lhe um nome. todos o chamavam Zacarias, nome do pai. "~ nmhum modo, rnp<>-
la80).SãoMateus,porsuavez, esclareccque,nodncrto,"João Barisra \'CSlifl·U rom peles decil·
dia a màe, mas chamar-u-d
Joio".Osparentnnãoiedeixa~amcon>"cncer,poisnenhumdos antepauados do recém-nascido tinhaessenome.Recorrcramentloaopai paraumapalaHadefinitiva. "Por acenos", diz o E•·angelho, fizeram-lhe com-
CAlOUCISMO-..ltmlde1987
"E divulgaram-Y todfls estQS mflrQ11ilhflS por todas flS monll:1· nhasd0Judlio;e1odososqueos ouviflm flS ponderavam em seu roroçõodiundo:quemjulgasque virdaseresremenino.'Porquea miiod0Senhores1avaromele"
E,finalizaoevangelista, "ome-
melo atodflS por um cimo derou,0Qos rins, fllime111ando-sede gafanhoros e melslfres1re" (M!. 3,4)
O maior elogio Adulto, o Precursor recebeu dos lábios divinos de Jesus o maiorelogioquesepodefazerdc um homem. Depois de ter pcrguntadoportrêsvezesàmultidio -''Oquefosiesvernodeserto? Uma cana flgitflda pelo ,·e1110?'', "UmhomemvestidodesedQ?", "Um profna?" - respondeu a
SabedoriaEncarnada:"Sim,vos digo Eu, eQindflmflisdoqueum profetQ.Porquedeleesrôescrilo: eisqueenvioomeuafliodiflnte deri, o qualprepor11rdo1euc11minho". Eacrcsccntou: "Naverdadevosdigoqueentrtosnosd· dosdasmu/herts, 11ãoveio11esle mundoou1romaiorqueJodoBatislQ"(Mt. ll,7a 12).
Essa alirmaçio ,! tanto mais sianificativaquantooPrecursor fora precedido por toda uma plciadcdesantosd0Antig0Tntamen10 como Abraão, ls.aac, Moisb,Elias,cpe!opróprioSio Jost,aquemfoidadaa1raçains!gnedcseropaiadotivodo f ilho de Deus co casto esposo da Virgem das virgens. SãoPcdroOamião,aocomentarqueaprimciracmiedctodas asbasílicasd1Cristandadc,ade São Joio de LatrSo,cm Roma, lhcédcdicada,comenta: "Escolha marcante certamentt essa, que dd II JorJo /ai primflZÍQ na própria cidade consagrada pela mor1egloriosadosdoisluzeiros do mundo. Pedro, de sua cruz, e Paulo, sob o 1/ddio, vhm o primeiro lugar pertenara um ou/ro Romfl 1orn11·~ purpúro rom o s,,nguedeinumerâveismdrtircs. mas suas honras v(lo rodas"º b,!m-aven1urad0Prec:ursor.Joio, portodflf}(Jrte, io maior".
Afonso de Souza (')DomP,_Gutr•••..... L'Annó<Li IUfJIQU<",MalsanAlfndMam<ttfil, EditcuttP"'nifkau,.Toutt,!92l.<i<>uzxmoidition,1omtlll,pt0.J06< ..
São Pio X
Resistir aos assaltos dos próprios filhos da Igreja AS PRERROGATIVAS de piedade. de zelo e de doutrina que Vos distinguem, e sobreludo a devoção que professais por esta Santa ~ apostólica, são uma garantia de que Vós me sereis de uma ajuda real para manter intacto o depósito da Fé, para guardar a disciplina eclniásr.ica e para rcsistiraosassaltosdisfarçadosaosquaisa Igreja está exposta, não tanto da pane de seus inimigos declarados, mas sobretudo, da parte de seus próprios filhos ..... Não t extraordinário encontrar pe.ssoas que lançam dtl· vidas e inccrtcus sobre a verdade, e também afirmações obstinadas wbrc erros manifestos, cem vezes condenados e que, não obstante, se persuadem de que não se afasta· ram da igTCja, por que elas t~m à5 vcz.cs seguido as prálicas cristãs. Oh! quantos navegadores, quantos pilO!os, e - que Deus não permita! - quantos capitães confiaram nas novidades profanas, e com a ciéncia mentirosa ele nossa época, naufragaram antes de chegar ao porto! No meio de tantos pcriaos, cm todas as ocasiões, cu não faltei em fazer ouvir minha voz para chamar os transvia· dos, para apontar os erros e para traçar aos católicos arota a seguir. Mas minhas palavras não foram sempre compreendidas e interpretadas como deviam, apesar de terem sido clarll.'l e precisas. Assim muitos, seguindo o exemplo funesto de nossos ad~ersários que espalham a cizânia no campo do Senhor, para chegar à confusão e à desordem, nãosccnvcrgonharamdedar-lhesinterprctaçõcsarbitrárias,atribuindo-lhesumsignificado. narealidade,contririo ao dc:scjado pelo Papa, e guardando como sanção um prudcntesiléncio. E, nestas duras condições. cu tenho uma urgente necessidade do concurso válido e eficaz de v05SI ação, oh! meus filhos bm!--arnados, tanto nas vossas diversas diooescs, para as quais, com a dispensa papal, Vós retomareis, como na Cúria e nas Congregações Romanll5, porque, pela dignidade a que fostes clcvados, unidos de espirito e de coração ao Papá, Vós estais entre os primeiros defensores da sã doutrina, entre os primeiros mestres da verdade e os procla· madorcs dll5 exatas \'Ontades do Papa. Vós pregareis a todos, mas especialmente aos eclesiásticos e aos outros religiosos, que nada desagrada tanto Nosso Senhor Jesus Cristo e ao seu vigário, do que discórdia em matéria de doutrina, porque na desunião e na contestação, Satanás triunfa scmpre e domina os que cle scduziu" (in "Critiquedu Libéralisme", n~ 137, p. 360, 15-6-1914, discurso de São Pio X aos novos Cardeais, no Consistório de 27-5-1914).
Um brado de alerta! A dolorosa previsão que se realiza Coma o ano de 1943. O Brasil católico vinha de presenciar um acontecimento mar• cante de sua história: o IV Congresso Eucarlstico Nacional,~ cm São Paulo. Impossível é descrever a possante influencia da Igreja, o esplendor de suas cerimônias, sua magnífica unidade e a pujande seus movimentos leigos que, na oca-
ça
sião, se patentearam aos olhos de toda a
N-. Entrttanto,quaiscupinsintroduridosno madeiro sagrado, desenvolviam-se em certos meios católicos - quase imperceptivel-
mente de início - elementos de divisão e discórdia. Por aqui, lá ou acolá, tendencias ncomodemistas entre nós aportavam, provindasdecírculosditos"avançados"do
catolicismo europeu, e procuravam reeditar a envclhecida heresia modernista tão corajosa e esplendidarnente condenadapelo pont!ficc santo de nosso s6:ulo, o grande São Pio X. Tratava-se ora de práticas de picdadeeapostoladoquedestoavarndamilenar tradição da Igreja, ora de novidades litúrgicas que punham em voga procedimentos e ritos até então proscritos pela autoridadeedesiá.5tka. Ambas essas tcndfocias provinham de umavisualizaçãonovadaReligião - um neomodernismo - que se alimentava em autores católicos muito em voga na época: Emanuel Mounier, o jesuíta Teillard de Chardin, Pe. Lebret, Jacques Maritain e outros. Em 1935, o Episcopado brasileiro fundara entre nós a ''Ação Católica", organismo criado pelo Papa Pio XI para promover o apostolado leigo na Europa, após a!GuerraMundial.Aquiestabelccida,a AC crescia como uma árvore envolvida por certa parasita que tende a estrangulá-la. Com efeito, os neomodemista.5 do dito "apostolado social" e do chamado "movimento litúrgioo" estabeleceram-se na AC oomoernseuterrenopróprio, e nelad.ifundiam os desvios morais e doutrinários que contribuiram, de modo decisivo, para a imensa crise religiosa que se observa em nossos dia.5, no Bra5il.
Naqueles longínquos idos de 1943, tal realidade gravíssima, mas sutil e difusa. quasenão era percebidanosmeioscatólicos. Notou-a, entretanto,comacuidadede visão, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, e oomvigordelógica explicitou a5conseqüências que dela decorreriam. E no ambiente ainda marcado pelos últimos ecos do pontificado de São Pio X e que mantinha as aparências de normalidade da vida católica, a voz do Prof. Plínio lev:.ntou-se num brado de alena: "Em defesa da Ação Católica", livro-den ú ncia que comoveu então os meios católicos do Brasil.
A denúncia Em sua obra, Plínio Corrêa de Oliveira advertia os católicos dos perigosos erros que se desenvolviam nos círculos da Ação Católica e os desmascarava como sendo a penetraçãodo espíritodenossoséculo nascido da Revolução Francesa de 1789 naqueles ambientes. Por exemplo, o igualitarismo revolucionário que já então desdenhava a constituição hierárquica com
Naépocadafoto,naqualosváriossetorasda AçãoCatólicadeSãoPaulocumprimentamoAr· cebispometropolitano,D.JoséGaspardeAllon· s&caeSilva(nocentro),oProf.PlinioCorrêade Oliveira (o primeiro à esquerda) detectou os primeiros sintomas do vírus progressista nessaor gaizaçãodeapostoladoleigo,osquaisirimnacarretartrágicasconseqiiências.
queNossoSenhorJesusCristodotouaSua Igreja, tendendo a nivelar clero e fiéis; o liberalismo - uma abusiva interpretação da liberdade humana, importando praticamente na independência de critica e de cemduta face à doutrina, à moral e à disdplina da lgreja - que !evava certos ambientesdaAção Católica desprezar ritoslitúrgicosaprovados e incentivadospelaSanta Sé, e práticastrad.icionaisdepiedade comocontráriasaumaespiritualidade"esclarecida" e "cristocêntrica". Assim eram repudiados ou sabotados a devoção a Nossa Senhora, o Rosário, a Via Sacra, os Exercícios Espirituais de Santo Inácio, por exemplo.
CATOLICISMO-Jlllhodel987
Não faltava também uma falr.aaplicaçãodaexpn:s.ão"fraternidade",queimportava na negação de tudo quanto separa e divide os homens mesmo legitimamente: as fronteiras entre as nações, oomo tambémentreasoorrentes filosóficas, entre a verdadeiraeasfalsasreligiõesetc. Dai a presençadeumanítidatendênciaparaointcroonfcssionalismo nos n:feridos setores da -Ação Católica: nãoseprocuravaITlaisesclarecerosnãocatólicoscomvistasàsua conversão - nos casos em que a prudência e o zelo o recomendassem - mas sim manter em relação a eles uma política de oonccssões,silêncioseomissõesquesóserviaparaconfundiredesedificarosfiéise a ninguém convertia. Eram, no apostolado "aggiornato" da Ação Cató!ica, achamacia "tática do terreno comwn" ou as demasias do apostolado dito "de infiltração", que o Prof. P!inio Corrêa de Oliveira meticulosamente descreve, analir.a e refuta em seulivro. Fermentando setores da Ação Católica, o mencionado espirito e os princípios com O autorde"EmOefesada Ação Católica"rece ele correlatos não poderiam deixar de probeucarta de louvor, em fevereiro de 1949 lver duzir oonscqüências revolucionárias sempre fac-simile) ... mais amplas e extremadas. Tal foi o histórico brado de alerta de Plinio Corrêa de Oliveira em seu livro verdadeiramente propelo insigne pensador católico há44 anos fético. (2). Diziaoautornaquelaocasião: "Ée,;iAtendênciaigualitáriaeliberalemmadente que muitas pessoas não percebem as téria de doutrina e liturgia católicas, preconseqüências profundas que estão impt,: sentenosaludidossetoresdaAçãoCatólicitas nas idéias que professam, e outras ca - como o denunciou Plínio Corrêa de nem sequer profeswm tais idéias na sua toOliveira - se corporificou e radicalizou, talidade, aceitando, pelo contrário, apenas segundo depoimento daqueles antigos próuma ou outra. A hist6ria da filosofia nos demons/ra, porém, que sendo o homem • ceres da JUC. Os homens que assim se deixaram influenciar, transpuseram os limites namralmente l6gico, ele jamais aceita uma do campo especificamente religioso e se idéia sem experimentar a necessidade de abriram para o político-social, percorrenaceitar as conseqüências que dela decorrem do neste os diversos matizes da esquerda: (...). doidealreformistaaorevolucionário;deste "Assim, as pessoas que aceitaram algua prática revolucionária, na AP (Ação Pomas idéias costumam apoiar, aplaudir as pular); da AP para a Ação Popular que caminharam mais avante no mesmo Marxista-Leninista do Brasil, e daí para a terreno, revelando singular entusiasmo~ integração no Partido Comunista do Bralos que chegaram às posições ideol6gicos sil (PC do B). mais radicais, e uma real desprevenção de São as conseqüências que da idéia iniespírito para perceber os erros flagrantes cial decorreram. que nestas pessoas se notam. Em outros Vejamosaslinhascssenciaisdessetriste termos, estamos em presença de uma idéia processo, oonforme atestam os aludidos exem marcha, ou melhor, de uma corrente dirigentes jucistas. de homens em marcha atrás de uma idéia, nela se radicando cada vez mais e de seu espírito cada vez mais se intoxicando"(!). A JUC abeberava-se Chegamos a 1987. Quase meio século se nos pensadores católicos passou. As idéias que então germinavam, mais ''avançados'' "marcharam"!; atrás delas marchou "uma correntedehomeru;", "nela se radicando cada vez mais e de seu espírito cada vez No dia 9 de julho de 1935 foram promais se intoxicando". mulgados os estatutos da Ação Católica Fazendo a história dessa "marcha", embrasileira aprovados pela Santa Sé. Combora de um quadrante ideológico oposto punham seus organismos "fundamentais" ao do Prof. P!inio Corrêa de Oliveira, anhomens e mulheres, juventude masculina tigos militantes e dirigentes da Ação Catóe juventude feminina. Nestas duas últimas [ica Universitária, a JUC (Juventude Uniaparecem a JEC e a JECF para estudanversitáriaCatólica)testemunhamaespetates secundários e a JUC e a JUCF para os cularrealizaçãodadolorosaprevisãofeita universitários; a JAC e a JACF para ostra-
CAmUCISMO·JtmOOde1987
... escrita em nome do Santo Padre Pio XII (foto), então reinante,por Moos.Joio Batista Montini,futuroPauloVl,enaépocaSubstitutoda SecratariadeEstadodaSantaSé. balhadores agrícolas, e a JOC e a JOCF para a juventude operária. O desvio inicial da JUC (Juventude Universitária Católica) deu-se a propósito das inovações litúrgicas. Eis como seellprime Luís Alberto Gomes de Soma: "Produziu-se entào um grande debate em torno das reformas litúrgicas e das idéias de Jacques Maritain. A JUC, e especialmente a JUCF, deram especial imponância, em muitas cidades, à participação ativo no culto através das novas exigências litúrgicas que escandalizavam os setores eclesiais tradicionais( .. . ). ""Um dos dirigentes da Ação Cat6licu de São Paulo daquela época, Plinio Corria de Oliveira, discordando da orientação nacional de Amoroso Lima, escreveu um livro 'Em Defesa da Ação Cat61ica' para denunciar o que ele considerava os erros liberais emodemistas"(3). Entretanto,ossetores"liturgicistas"(como eram então oonhecidos) da JUC extraíamoonseqüêncifasdesuasidéiasjápara o campo social. Atestam-nos dois outros destacados dirigentes da JUC de então, Haroldo Lima e Aldo Arantes: ''A problemática social penetrava cada vez mais nos cfrcufos cat6licos. Houve setores que formularam o dilema do que fazer, nos seguintes termos: matar u fome para depois ensinar a ndigiào, ou ensinar a religião paro depois malar a fome?" (4). Continuam os mesmos autores: a JUC procurava embeber-se nos pensadores cat61ic-os mais 'uvançados' - Emanuel Mounier, Teil/ard de Chardin, Lebret e outros".
Da JUC nasce a "Ação Popular" "Uma melhor compreensão dos problemas estruturais brasileiros, o desenvolvimento da lulu de massas no país e o éxito da Re,;olução cubana, em 1959, desperta-
po comulÚsta de linha refonnista que pouco depois se integraria ao PCB. Um agrupamento político nascido da JUC transpunha seus próprios !imites, visando uma atuação mais ampla. Foi chamado "Grupão" que, por ocasião de uma maratona estudantil conhecida com o nome de UNE-Volante - em meio a uma greve estudantil, a greve de l/ 3 transfonnou-se na chamada Açào Popular (AP). A Ação Popular - reconhecem Haroldo Lima e Aldo Arantes - originou-se de um setor da JUC" (8). Uma corrente de homens em marcha arras de uma idéia ... "!
A AP abraça o marxismo-leninismo... e se incorpora Pali:JRichard,"teólotJ!daileftação"(o<,Jalapa· rece na foto participando da famosa "Noite San ciista",reabadaooteatrodaPUCdi!SãoPaulo, em 1980),afilmaque,naJUCde 1960, "oBra-
silviviaantecipadamentea efemscêocia docris !ianismo revolucioolirio". ram o JUC para a idéia da revolução brasileira. A JUC, pelo seu 'engajamento' no movimento esmdantil, vê-se dionle da neCT!SSÍdode de definir objetivos po/fticos mais gerais para o cristão. Por essa rat.iio, no 'Congresso dos 10 anos' rea/iuido em 1960, no Rio de Janeiro, a JUC aprova um documento intitulado 'Diretrizes Mínimas Para o Ideal His1órico do Povo Brasileiro' onde faz a opção por um socialismo democrdlico e pelo seu drama de 'revoluçào brasi/eira'. O Congresso foi altameme representativo, contando aproximadamente com 500 representanres de quase wdos os es10dos dopaís"(5). As idéias da JUC marchavam ... "logo após o Congresso dos 10 anos realiui-se o XXIII Congresso Nacional dos Estudantes, onde a JUC aparece - pelo primeira vez - como força política organizada, e faz olianr;u política com grupos do PC do Brasil defensores de posições reformistas. Esta aliança provocou cnticas entreossetoresmaisreacionríriosdoclero ( .. .)(6).
"A seguir a influência da JUC cresce em quase todos os estados. Também começa a aparecer dentro dela uma tendência de esquerda, queemalgunslocaischegaalomar certafonna organizada, no que se chamava 'setor pohUco' da JUC. "Em três estados a JUC ampliou mais sua influência e, de maneira especial, cresceu a importância da esquerda da JUC: Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia" (7). Em 1961, pela primeira vez, um membro da JUC, Aldo Arantes, é eleito para a presidência da Urúão Nacional dos Es· tudantcs (UNE) cm aliança com um gru-
aoPCdoB Em 1962, cm São Paulo, realizou-se a primeira de uma série de três rcuniOO que definiram os rumos e posições ideológicas da AP, Foi então aprovado um documento intitulado "Estatuto Ideológico" que defendia a "revoluçãobrasileira"eo "socialismo". "Nela se radicando cada vez mais, e de seu esplrito cada vez mais se intoxicando"! Aofimdagreve dol/3,aAPjásepropunha a transpor os limites da política csrndantil e lançar-se num ãmbito mais vas10: o trabalho com camponeses e operários. Em fevereiro de 1963, a AP realizou, na Bahia,ochamadocongrcssodcfundação. "Foi aprovado, nesta ocasião, o 'Documemo Base' que se definia pelo socialismo, pelo socialização dos meios de produção. Declara-se ao lado da 'corrente socialista que eslá tranefonnando a Hist6ria moderna', desloca o 'papel de vanguarda da revolução soviélico' e a 'importância extrema, decisiva mesmo, do marxismo tanto na teoriaquantonaprríticarevolucionrírio'" (9).
Ocongres.soelegeutambémumanova Coodernação Nacional. Entre o principais fundadores, presentes ao encontro, estavam Herbert José de Souza, Aldo Arantes, Luís Albcno Gomes de Souza, Haroldo Lima e outros, tod05 provenientes da JUC. A Revolução de 1964, no Brasil, ocasionou um novo passo na trajetória da AP. Sua "Revolução Política de 196.5" define aetapadarevoluçãobrasileiracomo "socialista" e de "liberlaçào nacional". "Por essa época - dizem Haroldo Lima e Aldo Arantes - a AP ainda era uma organização idealista com elementar edisperso conhecimenro do marxismo" (!O). Diversas corremcs se introduziram na AP, demre elas a chamada "Corrente 1" que propugnava uma clara tomada de po· sição em favor do marxismo-leninismo. Em 1968 cem lugar a "I Reunião Ampliada da
Haroldo Lima e Aida Arantes assevei-am que a
JUC"procurava&mbeber·senospensadoresca tólicos mais "avançados" - Emarruel Mounier, (apadreJesuita)TeillarddeCha1din!foto),le· breteoutros". Direção Nacional" que representou a vitória da "Corrente!". "Pela primeira vez todos os participantes de um Congresso da AP se consideravam marxislas-leninistas" (II). É o "aplauso" e o "entusiasmo" pelos que "chegaram às posiçóes ideológicas mais radicais"! Na UI Reunião Ampliada de Direção Nacional a AP dá mais um passo na sua "marcha" e se declara oficialmente marxista-lenirústa. Assim o descrevem Haroldo Lima e Aldo Arantes: "Os acordes do Internacional, entoados em voz baixa para não provocar problema de segurança, saudaram, com o final da reunião, o surgimento do 'Ação Popular Marxista· Leninista do Brasil' como a parrir de entào, pa.ssou a se chomar a antiga AP" (12) Corria o ano de 1971. .. A panirde J972asre!açôesentre asdireções da AP e do PC do B tornaram-se diretas e freqüentes. Sempre o "aplauso"eo"entusiasmo'" para com aqueles "que chegaram às posições- ideol6gicas mais radicais" ... ! Tal processo de aproximação culminou com a última circular expedida pelo Bureau politko do Comitê Central da APML do B. A circular intitulava-se simplesmente: "Incorporemo-nos ao PC do B". Eis, vista como que em laboratório, a marchadeumsetordaACuniversitária, desde asprim eirascontestaçõesem matéria de liturgia, à integração no PC do 8.
Amplitude da manobra Mas a manobra iniciada na Ação Católica não se limitou a levar um punhado de
CAIDLICISMO-..h.midel987
cabeças-<juentes até sua deglutição pelo PC do B. Ela foi muito além em seus resultados, inf«:cionando os ambientes ca1óticos do País como um todo, inoculando neles os germes do neomodemismo europeu. A profunda crise cm que se deba1em atualmente tais ambientes, a teologia da tibertaç!o marxista etc., nada mais são do que estágiosadiantadosdadoença queinicialmente sc pronunciou na AC. Pablo Richard, sacerdote chileno, "teólogo da libertação", autor de vários livros, afüma: na JUCde 1960 "0Brasifvfriaa11tecipodammte a efervescência do cristianismo revoluciondrio" (13). O sacerdote chileno acena, pois, para uma realidade bem ampla: é todo o quadro politico-religioso de nossos dias que se ressente da "marcha" ideológica iniciada naJUC. Ainda mais significativo é o depoimento do sacerdote peruano Gustavo Gutierrez, considerado o "pai" da teologia da libenação: "Foi 110 Brasil e mais precisamente na JUC, no inída dos anos 60, que muitas das intuiçôe:s do que constituiria mais tarde a Ttologia da Libertoçiio /atinoammcana começaram a concrrrivir-se, num lento prtXfflO ligado a uma prdtica e, sobretudo, a umaprdtia,política"(l4).
cabe-nos por fim uma última oons1ataç!o: se tais foram a lucidez de visão e o amor à Igreja contidos no brado de alerta dado por P\inio Corr!a de Oliveira cm 1943, e depois confirmados por uma longa trajetória de luias em favor da civilização cristã, como não reconhecer hoje que suapalavraescucxemplooontinuamaser umfarolailuminarasendatenebrosados diascaóticos,carregadosdeterríveisameaças, cm que vivemos? AmóbloGl1v1m
tl<lo feder-ai e acr«11 • funçlo dcviot-Uder do PMDBna.Clman. Aldo ~ . mffllbro da JUC. foi, ""' 1962, dtito pan a dinçAo da UNE. Foi, juntamcn!c com Haroldo Lima, um dos diria;cn1a da AP que levvam I orpniaçfio as, inoorp0nrnoPCdoB.Em 1982,foie!titodcput.adofedcra.lpeloPMDB1oi1no. (l) Lui, Albmo Goma dt Souza, "A JUC: os estudantes c11ólicose a po!hka", Voza, PetrópoLis, 1984,pp.9'1-96. (4) Haroldo Lima e Aldo A11nm, "Hil!ória da Ai;lo Popular, da JUC ao J>Cdo B", Editora Alfa· Omep,SioPaulo,1984,p.27. ~~_ii,_aroldo Lima e Aldo Arantes, op. cit., pp (6)Emf1eedallllfChaldeolóskad•JUC,oclcro lllciona.lscdividiu.Houvcillidllmc111,-pequc-
0011UIJICfo-osquclhtpr()Çll,l'aramcon.aropuso;maswnbémosqutwdinain•pmupru,cuNou {L) PlinloConiadeO!ivcini... Em DefesadaAçlo f::~~-",Edit0<11AveMaria,SioPaulo, l'kl,pp. (2) Slo da: L•iz Albmo Go111a de Souu, membro da JUC mi Pono Altl<t, nosano1d, ll''4c 1955.Vin•daJEÇdeflaa<!tdtPonoAle11t.fol membro da c<iuipe nacional ffll 1956 e 1957, cncarrepndo-1e em 1958 do trabalho l11inoamcric1nodaJu,·en1udcEstudan1i!Católk1lntnnaciona.lJECl,daqualaJUCcramtmbro.Elcito s«rt1trio1eraldaJECl,c,crccu1u11fonçôcstm Pari1nos1nos 1959 1 196!. Vohou10Br11i1,m l962,um:endorua.sfunç6anoMinil!fflOdaEdu· caçio. Huoldo Uma, também a-mtmbl"oda JUC. f'IUrOU mire o. diria;mta q.,. prOmO\'natn • unllo da APc:omoPCdo Bnn 1972. Foi um dos funda· dora do PMDB baiano. Em 1982 foi eltiio depu-
padoscomoqutoonsidtt1Y11D01accuosdcl1.c
mat.aYam dt ~w tio somente as COC1Kqilhlc:iu maiiradlcaisdecad1pu$0.Ehou...,aquclaqu, ac!acmprat.aramstudtcldldoecalorosoapoio Eram os mai• bem or11n!u.do1. Ena história oomponaria um trabalho muito mW amplo do que o ~~~ntt. Regi mamo-la lptllll, wm dela nos ocu(7) Haroldo Lim1 c Aldo Ar1n1es, op. ei1., p. 28. (S)HaroldoLimatAldoArantes,op.cit.,p.29 (9) Haroldo Lima t Aldo Ar1n1a, op. cit .• p. 37. (IO)HaroldoLimacAldoAranm,op.cit.,p.62 (ll)HaroldoUmaeAldoArantes, op.cit., p. 72. (12) Haroldo Lima e Aldo Aranta, Op. ci1., p. !JS. (ll) Apud, Luís Albmo Gomes de Souu, op. cit., p.lO. (14)Apud,LuisAJbfftoGomcsdtSouza,op.cit., p.9.
Perigosa ação soviética no Atlântico Sul L o,oapósallGuerraMuodial,ecomoíimdtprotqer-iie contraoexpansionismocomunista ruuo, 01 países doAt11ntico Norte •ninaram um tratado polilico-militar. Emboraaprescn-
tandocadavetmaissintomudc deterioraçio, 1 OTAN (Oraanizaçlo do Tratado do Atllntioo Norte) tem de f110 cumprido a mis.doenencialparaaqualfora
criada,ouseja,evitarainvilSio daEuropa,Ocident.alpela Rú$Sia, e com ela a Ili G...erra Mundial. Seomundoaowudcqua1rodtcadu dt paz. relativa, deve-se, em 1randcmedida,aopoderdiuu1$ÓnodaOTAN ~osanos70,comaentre1ado impiriocolonialportu1uh,ca ,:rcse-emeexpanslodainflulncia rossa na Ásia e na África, a 1meaç1milit1rcomunist1,antes
restrinaldasobrctudoaonoru, fez-se sentir no1ul. Os wviético1 obtiveram aceno a diversos por101 de iauu profundas no sul da
Áfric:a.Oportodc~,c:mMoçambique,étidocomoomelhor da rqilo. Os portos an,olanos
forneoemaosvaso5dtiuc:rarus50SU1!1.1.PftsmÇIDOAtllntico
SI.li que antes nlo tinham.
A África do Sul, premida p0r razões coon6micu e pe]() b10quc:io de vendti mililara I cla imposta pdol E..stados Unido5, te~ que reduzir sua marinha de suerra.ficandoapenaseomalgumas lanchas auarda-oostu. A únicaprescnçamili1arc1pudc contr1rrest1ro1so.,itlico1éab.asenavalnor1e-anmlcanadcDie-
10Garci1,masestaficalocaliz.ad1aquiuedoi1milquilõmetros, cm pleno Oc:nno fndico. Diantedaaeomteammçamili1ar n1S,a no AtllnticoSul, virias vous dariVldentes prop1.tSCram, nos anos 70, 1 formaçio de umtratadoparecido.liOTAN, a OTAS (Orpnizaçio do Tratado doAtllnt.icoSul),qucC0111preen-
dtriaos palse1pro-ocidentai1da re&iio, npec:ialment, Brasil, Ar1en1in1 c Áírica do Sul. Diver.sas circunstlnciu impediraro que tal acordoseconcrc1izasse,oquereprnentouelarotriuníodadiplomaciacomuniila. Hoje.nsadiplomaciaacabadt
ob1crmai1umb.ito. Nodia21 dt outubro paaado, a Assembitia Gefal da ONU aprovou uma
l'e$01UçioinstituindooAtillltic:o Sul como ""zona de pat e ~
n,ç,Jo"'. Talnwluçlo,infcli.zmentc, r011poiada pelo Brasil.
Fazcndo tibula rua da maciça presmça militar cubana c T\lS,aemAn1ol1cMoçambiquc,1 rnoluçlodtterminaque "'orer-
rit6rio de 11m Es1ado ndo dews,tr objeto dt 11ma ontpard<J militar". ComoK'íl.OOOsoldados
rubano1nlocon1titufncmdcfa1oumaocupaçlo! Nodocumcnton.lofiauraqualquermençlo.l
prCKnçanav1ltoviéliainosp0, tos aoaotanos e moçambica.noli, ncmhlfandcsírotasdtbarcos "pesqucir01"r11$10$R1.rCJilo.
Embarcaçõeseswquedh-ersos J()\'erflOl,tnlrCOlquaisOdoChi-
lc,tffllrcpetidasVCl-CldCJ!unciado como e,,;e,;ut.antcsdc wdasdt espiona,cm. Durante a auerra du Malvinas, foram ellCI barcos
"pesquciro1"sovihicosqu,forn~Tlm valiosas iníormaçõcsso-
brc1 po$içlodo1 navios inalcsn 1osar1cntinos. lnformaçõcscst11 obtidas pela Rll.nia, via Ja!~lilt. NumdtJCU1mosidcnndosiniciai1cooltcm$de1uasde,;ianlçõcs,odocumento,propupando a "inde~ndlncia da Namfbia", nas circun1tlncias a1uais,
concede1poio1ota1.liauerrilha promovida pela SWAPO (Orp niuçio do Povo do Sudoeste Africano). O tm-orismo praticado p0r esse movimcntocom unista, quc plcitcia ucender ao aovcrno da Namíbia , foi denunciado num1ubstanci010e document1doopll.sculo-"Toda1 vcrdadc sobrc1SWA PO" - lançado pel1 TFP norte-americana, em 1984.
Ae,,;~baiutrlzd01El.1ados
Unidos na ONU, Sra. Jeannc Kirkpatric:k, cm imlmcr01 pronunàamcnt06, denundou a ONU como tmdo w convertido num josuelenasmlol do bloco comunista liderado pela Ruuia.Consider1.ndoraoluçõcscomo1citida, n.lo t dlffcil admitir tal afirmaçlo. Apesar da po5içlo usumida por nOUI. dele1açlo na ONU, quandoaccfctuouavotaçlo dc 21 deoutubrollltlmo,oaqudc orpnismointcrnadonal, hi bruilciros quccspcramviraindaop vemo de nos,a Piuia I alterar suaoricnll.çionortferenieacs,...,aveedelicadaproblemá!K:11 doAtllntico Sul.
R. MUMrCllffiN
Na África do Sul
Rei zulu condena atuação esquerdista de organismos eclesiásticos D~~;J~::ddoo:Oti=~:~: mapequenacid11dedorein0Zulu-vasto tenitórioincrust11donaÁfricadoSul-,o Rei Zwelithni Ka Bhekuzulu denunciou em
tennoscatególicosaparcialidadepolíticade organismosedesiásticosdaquelepaís,bem comoofavorecimentodaviolênciaaqueestesseentregam.Asdeclaraçõesdosoberano,
publicadasportodaaimprensasul-africana, suscituam acesa polfmica. Os sete milhões de Zulus constituem a maior etnia autóctone da Áf ricl do Sul; 35% dos negros, e 1/ 4 da população global do paÍ'i.AquasetotalldadedeJesviveemseureino autônomo, KwaZulu, que ocupa grande
partedaprovfnciadoNatal,nacostado Oceano índico. Aguerridos e inteligenks, os Zulustomaram-seprotestantes,noskulo passado. Posteriormente muitos com'erteram-seaocatolicismo.Elessãoco-
OAeizuluZwelithiniKaBhekuzuluatusouecle-
nhecidos por seu anticomunismo mi6tanle.
siâsticoscatólicose protestantesde"dançara
Organismos eclesiásticos "dançam a música" de movimentos políticos
de esquerda Falando a uma multidão, o rei, embora anglicano,nãohesitaemlevantaraquestão: "NãoestaràoaslgrejasAnglicanaeCatólicaapoiandoaviolência?" Expondo suas '~roves preocupaç6es" a esse respeito, acrescenta: "Claros esforços 1êm sido feilos para u/i/iyu as principais Igrejas como cobertura ao pensamento e à ação política partidária. Em nenhum lugar isto está tiio demonstrado como no Conselho Sul-Africano das Igrejas, o qual p(}SSUÍ hoje uma lista de organizações pohUcas que eles consideram como verdadeiros ou autên· ricos movimentos deliberação''. Em outro trecho de seu discurso, o soberano zu/u éainda mais incisivo: '54caurelaivos contro os pregadores do Evangelho que cadavezmaissiiovistosincitandonossopovo a apoiar a pol(tica do desespero e da violência, sob a capa de religião''. Para o rei, tal pregação "fai:.da ideofogiapolflicao centro da religião popular, em vez de colocar Cristo como o centro da vida do cris!ão''. _!«,ferindo-se à campanha movida contra a Africa do Sul, o monarca mlu denuncia a inautenticidade da mesma no que dii respeito ao apoio dos negros: '54s principais [grejaspro/es/antesea lgreja Catóficaapelarom agora paro sanções e pressões económicas contra a África do Sul, sem dese,rvo/ver qualquer pesquiso entre os que pertencem a essaslgreja.s,parosaberseoscristiiossimp/es apóiam o desinvestimento e as sanções.'Ao agirem dessa fonna o "Conselho das lgre-
música" de movimentos politicos de esquerda. jas" e a Conferência dos Bispos "dançam a música" de bem conhecidas organizações políticas.
Declaração episcopal pleiteia "pressões econômicas" A alusão do rei Zwelithini Ka Bhekulu à JgrejaCatólicadeve-seaofatodeque,em maio do ano pas!">ado, a Conferência dos Bisbos Sul-Africanos deu a público uma insó-litadeclaração,pedindoaaplicaçãode"pressôes econômicas" contra o país, como meio de forçar a execução de mudanças políticas. Talpedido,consideradoexorbitante,infelize contraproducente,va.leuaosautoresumprotesto tanto de negros quanto de brancos. Alémdisso-fatodesconcertante -ospróprios Bispos signatários declararam que o documento "não obriga a todos os católicos a concordarem conosco·: admilindo assim queelepudesseproduxirumacisãoentreos fiéis. Eacisàoveio,dcimediato. .. Emparóquias dasprincipaiscidadessu!-africanas,vigários recusaram-se a ler o ~to episcopal nas missas, e alguns deles até chegaram a impugnálo asperamente nos sennões. Em outras igrejas, fiéis retiraram-se-das missas quando era lido o texto, e até o contestavam em alta voz. As criticas generaliz.aram-se em tcxlos os ambientes, católicos e não católicos, notadamenteentrelideresnegros.(Atotalidadedas pesquisasde opiniãoarespeitodoassunto provam que a compacta maioria da popula-
çãonegra se opõcàss.ançõeseconômicase ao desinvestimento como meios de pressão paraporfimao''apartheid"). DiasantesdareferidadeclaraçãodoEpiscopado sul-africano, a novel entidade coirmã das TFPs, "Jovens Sul-Africanos por uma Civilização Cristã", realizou, confonne noticiamos em nossa edição de julho de 1986,n~ 427,umacampanha-relâmpagode coletadeassinaturas,subscrevendoumrespeitoso pedido aos Bispos para que se pronunciassem contra o desinvestimento. Em pouquíssimos dias foram obtidas 11.000assinaturas desul-africanos detodas as raças e condiçõcs,inclusi ve depadres e frciras ... e até mesmo de um Bispo, desconform e com aatitudedaConferênciaEpiscopalnocaso. Posteriormente, em janeiro d~te ano, após ter o Delegado Apostólico na Africa do Sul cxternadoagravepreocupaçàodaSantaSé comaingerênciadoEpiscopadoemquestões políticas, uma "Comis~ão sobre Pressões Econômicas" nomeada pela própria ConferênciaEpiscopal,chegouàconclusão dequeapoiarsançôes econômicascontrao país seria agora "comraproducente''...
Ser anti-socialista constitui "crime"? lnfelizmente,o esdrúxulopedidodeprcssôes econômicas não foi um ato isolado do órgão episcopal. O próprio jornal publicado pelo Episcopado, "The New Nation", chega aqualifkarde"heróis",terroristasautoresde bárbaroscrimes,presos emílagrante. Também exalta com entusiasmo !ídercscomunistas, como o secretário-gera! do PC su!africano,MoisésMabhida,aquemdedicou
(9AfOLICISMO
CATOLICISMO-Joohode19B7
Discernindo, distinguindo, classifiGIIldo...
A felicidade possível o
Chateauhfiand:''Eujamaisfuíf&flz''.
wn panegírico biognUicosob o título: ''Moí· sisviua'terrapromerida'... " Enquanto assim enaltece terroristas ecomunistas ''Thc New Nation" manifesta sistemática hostilidade em relação aos líderes negros anti-esquerdistas e moderados, como o príncipe Mangosuthu Buthelezi, primeiroministro do rei zulu.
EssapatcntcparcialidadcleYou,rmm:en· te encontro com uma delegação da Confemlcia Episcopal, encabeçada pelo Art:ebispo D. Denis Hurley, presidente do organismo, o príncipe Buthelezi a comunicar aos Prciadosqueoszulusrejeitam 17subserviéncia às metaseobjetivosdeorganitPÇÔt:S revoluciondrias". Oeclaiando-sc ''oomprom~
tido com a errod/coç4o do 'apartheid; mas não com um futuro scdafisto", o príncipe in"PtNventura a lgr(ja O,tólica pensa que isto [não ser socialista] é um crime?" dagou:
Odiscursodoreizulueaposiçãodescu ministro exprimem, pois, o deseonceno de largas camadas da população negra su!-
africana face aatitudesassumidas pclo Episcopado, como as descritas acima. O Sobcrano evocou no final dc seu discurso as tradiçõcsguerreirasdesuafanuliacdesuanação, que "mio precisam de mentores para lhesfa/arwb1Palutadelibertaçãof-J. Nós nos encontramos no mais duro do combate hd mais deJOOanos''. E acrescentou que procurar
mudançaspolitica.5porviacrucntascriaurna atitude ''irifantil" e ''irmponsável''. E con· cluiu conclamando os negros pertencentes a confi»õcs religiosas a ''unirpm~ paro ofe"""maior resistência /Jscompanhasdestinadas o piorar as privaç(Jes e a complicar ainda mais o problema da pobretP dos negros". Rint..:"Carionc.tr',~doBw'NudeComUllaç6,sdorrinozulu,3~trffi:Sll'e, 1986,p.91ll;"ThcScu-
t""11Croar,,cman6,iodominicalclltare;io.Cal{ila,llJI. alliama.LS-s-16tJ4-9-86;"ThtNi:wNllian",~ pdle<>nCaeni:iadolBdJJC)IRll-«fricanclt,l()-4,9-S,U.,
ZS.9.ll-Lo-16;"f'mw~.Motcou.S,10tll-l-16:"'Tht ~~.Johannc,t,,.qo,:ZS..1-1986,26-1"'1:~~ llay",~27-1"'1:"SouthAfric&nDip", J0.1-81.
CAIDLICISMO •.Mlho da '987
~R~O~~~f:'::~:C":d~ Naturalmcmc1 Sabcnoqucdacoiisistc? Como obtf-la? O tema é apaixonante, pois corresponde a um dos anseios naturalmente mais profundos da alma humana. Para entrar nele por um atalho, tome· mos como exemplo alguém que, cm sua época, o mundo considerou um homem feliz: o famoso escritor framXs René de Chatcaubriand. Tendo ele nascido no Antigo Regime, viveu longamente, o que para muitos é já um fundamento de felicidade. Viajou por toda a Europa e pela América, conheceu de perto os maiores personagens de seu tempo, participou ativamente deaoonte· cimentos decisivos para a humanidade. Era moço durante a Revolução Francc$a, atravessouopcriodonapolcõnioo,i:ntrou de cheio na Restauração e veio a falecer cm 1848. Possuía o título de Visconde, numa êpoca em que pertenceT à nobreza ainda era altamente considerado. Como diplomata, foicmbaixadordafrançarm Londres, e como político chegou ao alio postodeMinistrodasRelaçõcsExterioresdcseupaís. Comocscritorfoiumsuccsso inigualado ffll seu tempo. ScMdo por urna inteligência privilegiada, penetrava o fundo das realidades e sabia descrevê-las com elegância e colorido. Seus livros se vendiam como água e eram disputados oom sofreguidão. Exímio homem de salão, dotadodegrandccuJtura, conversava admiravelmente; as pessoas concorriam para estar com ele e o tornaram objeto de constantes homenagens. Suavidasentimental,infelizmentena• darecomendávcl,eraentretanto,parao conceito mundano de felicidade, um êxi· to. Mulheres tidas oomo as mais belas e cultas da época disputavam seu afeto, como foi o caso da famosa Mmc. Réca· mier. Enfim,nãohaviaprazerdestemundo, sejaosdocorpo,sejaosdashonrasedignidades, que ele não tenha fruído intensamente. Eis, cntrctanto, o que tal homem nos deixou escrito cm suas Memórias: "Eujamaisfuifeli;z. eu nuncaafcanffl a felicidade, a qual entretanto persegui oomumaperwi,"erun,çaquedtnNredoordor naturalde"minhoalma; ninguém W· ~quoleraafelicidadequeeuprocurava, ninguém conheceu inteiramente o fundo de meu coraçôo" {"Mémoires d'Outre Tombe", apêndice ao tomo 1, p. 449, Pa-
ris, LibrairieGarnierFrercs).
Então não é possivcl a fdicidadc nesta vida? Seporfclicidadeseeruendeaqudaplonitudedc gozo e bem-estar a que todo o serhumanoaspira,estasóseráak:ança· da pelos que chegarem ao Cá!. Nesta ter· ra o sofrimento é componente essencial do peregrinar humano. Saber v!-lo oomo uma participação bendita na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, chegar a amá-looupclomenosaccitá-lorcsignadamente, éuma fonte de paz para a alma. Paz que é um elemen10 fundamental da felicidade possível nesta vida. Entretanto, há mais. Para os que não foram chamados, por uma vocação religiosa especial, à renúncia dos bens da terra,cstapazinterior,aliadaàpráticados Mandamentos,possibilitainúrncrasocasiões de alegrias verdadeiras e inocentes, que ajudam a carregar a Cruz e preparam a alma para as insondáveis alegrias do
au.
A contemplação de wn belo panorama ou de uma jóia, por e:,,:emplo, o apreciar tcmperantrmente um prato saboroso, o inalar com prazer um fino perfume, o agradar-se com as harmonias de urna músicaoudcwncántiro,oafagarumve-ludo precioso, sãoddcites inocentes que umapes,soacalcjadapelosprazercscáusticosdasensualidadeoudcumamorpróprio inebriante não sabe degustar. O prazer virtuoso éscmpretemperan· te;obomcatóliooenoontranasalcgrias inocentes desta terra um símbolo e um ante-gozo das grandes alegrias do Céu empireo. Mas sabe também que a vida presente é fundamentalmente urna prova e um combate, e que as alegrias deve:m ser vis1ascomoasnorcsqueogucrreirolcgitimamcntc colhe ao longo do carnii,ho, nos intervalos da luta. São para ele um alentoenãoumfim. Defato,naárduabatalhadcstavida, aProvidênciaDivinafreqüentcmcntcscmcia ao longo de nosso caminho verdadeiras alegrias inocentes, quer de ordem natural, quer sobrenatural. Devem ser fruldas sem apego, e tendo-se presente que, como as noresdocampo, elas murcharão. Mas dc-.·cmos 1ambém estar apcosa receber por meio delas aquela dose dcalentoedccsperançaquetaisalcgrias se destinam a transmitir-nos, a fim de ajudar-nosacarrcgarnossaCrozeacn· frcntar a batalha da vida. Até o momento cm que, pela miseri(-ói-dia de Deus e a intcrcessãodaVirgcmSantissima,scnos abram,deparrmpar,asportasdafclicidadescmpitcrna1 C.A.
C&Meal Lubachivslty a João Paulo ll:
"Santidade, Vós não deveis ir à Rússia" º
CARDEAL Myrosl av IVll n Luba.
chivsky,superior gtraldoscatólicos ucranlanos, exilado em Roma (ele nunca fol autoriudo lfq uer I visitar sua ai-quidiocese, Uiv -1.eópolb), dtu entmisui àimprmsa sobre o'5pinhoso ISSUJIIO de uma iMRtual riaetm deJoãoPl uJo li a Moscou. Eis algumas de
suas afirmações: "No que ron~rn! à viagem do Pbpa II
URSS - t, noazso que medi;: maisdiretamenterPSpeito, à Uc,únia-jótomeipo.sição sobre a questão. Estou corrwnddo de que todo católico e cristão ficaria feliz. com uma viagem do Santo Pndreà Ucrânia, mas no si-
Esta fato - anexada a urna carta proveriente daUcrlNia, escritaemoutubrode1979-aPf&·
sentacat61icosucrarianosrezandodiantedesua jgrejafechadapeloscomunistas.Emváriasi11rejascomoestaosfléisvêmcolocandolloresjun,
to à porta, hé quarenta aoos. Que belo exemplo de fidelidade e firmeza para oscatólicosdo Ocidental (cfl. "lglesia de los Mártires", periódico bimestral,n.• 2. março/1.981,Kõnigstein, Re!Mlblica Fedefal da Alemanha). tuoçdo atual não é reolista/alar-se de uma tal
viagem. Nada sei sobreatcistêndadequa/. quer convile do Ptltriarca Pimen ao Ptlpa. MasnoquetocoàUc/'Onia,sãooscatólicos ucranianos, dos quais sou o pono-vot.. que deveriamfauroconvite. Entretanto, o situoçdo é to/, que não posso apresentar semelhante convite ao Santo Podre. Na presente sjtuaç4opolftica, ta/visitoresu/tarioto1almentt inoportuna e contraproducente, porque serio apffJl,leÍtodo pelos governantes soviéliCOS parajins puramente propagandlstioos; UmtnronlrodoSantolbdrecomoFtJ. triarcack Moscouacaneuuia umagftlVf!per-
da rJq autoridade mOtUI do Papa oor olhos tk
todos os que, no URSS. têm/é, os quais bem sabem quanto o Patriarcado de Moscou estd comprome1.ido com o governo ateu ecomunista. (-)Nasváriasemm,istasdosrepresentontesdopatriorcododeMoscouencontramosumelementovariávefeoutrocons• 1an1e. O variável é sobre a ido do Ptlpa à URSS. Sàopseudo-com·ites. É um jogo. Às ~"tUS acenam com uma ~·iogem de sentido religioso a Moscou, mas não/alam de ida â lituánia ou â Ucrânia (regiões densamente católicas]. Outros Veu1 tornam presente as di/iculdades"("Corrierc della Sera", Roma, 19-3-87). Para entender todo o alcance dessas incisivas palavras do Cardeal Lubachivsky, é preciso conhecer alguns pressupostos.
Umadasmaisbclaspáginasdahistóriado nosso triste século XX é quase inteiramente desconhecida do público brasileiro; a pertinaz resistência dos cató!ioos uaanianos às tentativasdocomunismonissodcdestruira SantaigrejanaUcrãnia,absorvendo-apelos cismáticos-comunistas do assim chamado "patriarcado de Moscou". A Ucrânia, com suas terras imensamente férteis,mashojercduzidaàmisériapelocoletivismo, foi incorporada ao império comunista russo. Foi ali, às margens do majestoso rio Dnicper, cm sua antiqüíssima capital, Kiev, que no ano 988. o rei São Wladimir, após prolongado proces.so de conversão, fez batiz.ar todo o seu povo. Mais uutle, com o cisma de Bizâncio, à qual esla\'ll intimamente ligada, a igreja ucraniana acabou se separando de Roma. Porém, no início do cisma de Bizâncio, em 1054,aUcrâniamanifestavafomtendência a permanecer católica. E foi só devido a muita pressão e imriga bizantina que os ucranianos romperam com Roma, depois de 150 anosdcBizânciooter feito. Em 1439, o metropolita de Kiev, lsidor, reatou com Roma, no Concilio celebrado em Aorcnça, Mas o grão-principedeMoscou,enfurecido, não accitouaYOltadosucr.mianosàlgrcjavcrdadcira. Prendeu e depôs o metropolita e seus seguidores. Em 1596, porém, os ucranianos e bielorussos, através dc seus episcopados, novamente se uniram à Santa Igreja, causando grande choque nos cismáticos. Tal acordo denominou-seUniãodeBrest•Litovsk,selada com sangue pelo An:cbispo mánir São Josafá. A panir daí iniciou-se uma luta sem tréguas de Moscou para quebrar os laços dessa uniãooom Roma. Os mencionados católicos fiéis - ucranianos e bielo-russos passaram a ser conhecidos como "uniatasK. O ódio e a ferocidade dos cismáticos se dC\'C
sobrctudoàatraçãoqueosuniatas=n:em sobreospovoscslavosaindaadcremesaocisma. Os católicos conservam a mesma liturgia oriental de São João Crisóstomo, e a Iingua litúrgica é o eslavônico. Sob o regime comunista, as sangrentas pcr.;cguições e pressões de toda ordem se intcnsificaram cnormcmcntc, cuJminando oom asuprcssãopuraesimplcsdal&fC.ianaUcrânia. HOU\'CUma legião de mârtircsc deconfessore!l da fé. E formou-se uma autêntica lgrejadascatacumbas,comcentcnasdc padresefreirasc!andestinos.Comenta-seque essalgrejadascatacumbasestámaisílorcscentedo que nunca, contando até com seminários e conventos clandestinos, embora praticamente esquecida por aqueles que mais dC\'ef'Íam apoiá-la no Ocidente, masque preferem "dialogar'' amistosamente com os perseguidores comunistas. Ainda hoje, grande número de católicos ucranianos, esquecidos por seus irmãos na fê do Ocidente. jazem nos terrl\'cis campos de conccntraçãocomunistas,osquaisnadamudaram com a decantada política de ''abcnura" de Gorbachcv. A Igreja Católica uniata continua hoje proibida e perseguida na Ucrânia. Seus magníficos templos e catedrais foram entregues aoscismáticoscomunistasdopatriarcaPi· men,queaderiuaogQ\-crnosoviético c por isso goza das mordomias da "nomenklatura". Outros foram 1ransformados em depósitos ou em museus de ateismo. Apcnasfoipermitidaaabcnuradealgumas poucas igrejas católicas de rito latino, servidas por padres de ori&em polonesa, ostensivamente abcnas para servir às minorias polonesas que vivem na região. Essas poucas igrejasfrcqücntadasporestrangeiros vi~m super!otadasdccatólioosucranianos,quelá vão receber os sacramentos. A mesma perseguição é movida também contraoscatólicoslituanos.ALituâniaéa única~ do impm()comunista russo que é maciçamente católica. E ali a Igreja igualmente floresce Mim sendo, nesse clima de perseguição aoscatólicoséquesedcveavalia:apcrplexidadedosucranianosfiéisaRomaantcas notícias - \"Cicuiadascada vezoom mais insistência - de que João Paulo II iria à Rfusia panicipar dos festcjos organizados pelos cismáticos para comemorar o milênio dobatismo de são Wladimire de seu povo. As notícias até agora recebidas acrescentam que o Pomíficenãoscriaautorizadoavisitarasregiões católicas da Ucrânia e da Lituânia, limitando-scaparticipardeatosccumenicos em Moscou com o "patriarca" Pimcn e demais bispos cismáticos, seguidores do regi.me comunistadcM05COu. Es.scéocomo:toemqueseinscn:maspercmp1órias declarações do Cardeal Lubachivsky.
CAIDUCISMO·Joomdet987
Articuladores eminam tá<ica revolucionária ..,VBSOf'ff
Um Blopo, admirador de
"Che" Guevara, comanda Invasões D. ~lico Slndalo Bernardino, BispoAuxiliar de São Paulo encarregado da Região Leste, ' 'comanda diariamente" a mobilização dos invasores (" Jornal do Brasil", 12-487). Admirador de "Che" Guevara, cujo "poster" mantém bem destacado na parcde de seu escritório (''Folha de S. Paulo'', 21-4-87), ele avalia o movimento dos semterra como "promissor", ao mesmo tempo que afirma que a Igreja cumpre sua mis+ são ao incentivar os " movimentos populares" (idem).
" D. Angélico iniciou este movimento há muitosanose,hátrêsanos,nósoonseguimos aniculá-lo com o cada5tramento das familias" (" Jornal do Brasil", 12487), informa o Pe. Antonio Luiz Marchioni, co,.
nhccido entre os invasores como o "Padre Ticão'', e braço direito de D. Angélico, .segundo as informações da imprensa.
"{ ) Os padres Mauro, Enulio e 'Ticão', de igrejas da Zona Leste, são apontados como lideres dos invasores. Do padre 'Ti-
cão', a Polícia afirma que ele costuma distribuir senhas( ... ) e in dicar terrenos que podem ser ocupados" {"0 Globo", 2-4-87).
Articulação àntre "esq.-da católica" e PC do B O P1drt lldo E partidário dt um dos princlplis baluartes d1 Teoff>giadaUl~ rDO Brasil. Fm Leonan:lo BoU. Par1
taçlo
C'ATOUCISMO ·..kllhodrl:187
NaútradaO. Joio Nery, no bairro drltaimPauJis1a, um dos mais conwlsionados pelas ações deesbulho,irwasores aguardam com pausath&gada da PM, em 23 de abri último.
aquele sacerdote o frade lffll " um.a lmportAndl muito 1ran de na história da lartJa braslktra". O Padre Ticio pretende continuar tnlbalhando muito pelos chamados movimentos populares. "Oleai de uma la,eja que esteve wmpre do lido da dl5M dominan te"' diz dt, repetindo o ,'dbo chavio com que os ~ prowram caluniar a lgrtja ("Jornal do Brasil". 12-4-87),
Já I Uder do PT na As.stmb~ia Lqlslatlva de S. Paulo, deputada Lulu Erundl· na,ve1tranamilitante dosmovlmentos de lnv ~ de ltmlS na capllal, saúda com aJ. voroçoo que quatmcacomoa1r1ndenovklade desD " campanha pelo direto à mo-
radia" : a " articulaçio uniliria" eolffClero esq uerdlllita e PC do B. "Existe uma proximidade multo maior denosso partido com a lgreja daTeoloJia da U bertllçio, do que com o PC do B, mas estamos conseguindo uma artkulaçlo com todas as fo~as e 11. maioria dos problemas, quando SUIJe, ~ entre os quadros lntennedi, r1os, e não cntre as dlreç6es", db a depulada pelista {"Jornal do Brasil" , 12-4-87). Osblirros maisafetados pclasaç6es de esbulho estio eutamente entrt aqueles que stach1m sobajurisdiçioec~btica do Bispo D. Angffico Sl ndalo Bernardino: Sio Mipe('Pautista, llaim Paulista, ümelindo Malarluo e Guaianazes {"Jornal do Brasil". 6+87).
Os invasores, reunidos sob as ordens do "Clero de barricada", e orientados por agentes pastorais e membros do PC do B, já estavam mobilizados desde as cinco horas da manhã de 13 de abril, dia da primeira ação policial para efetivar as liminaresdereintegraçãodepos,seconccdidaspela J ustiça aos legitimos proprietários, lesados pelas hordas de invasores. No Barracão Preto, Q0 dos comunistas, várias mulheres tinham como tarefa ouvir as notícias do rádio, para saber em que áreas a Polícia ia começar a atuar. Às7boras,aprimeiranotfcia:aoperação começaria dentro de duas horas. Uma faixavennelhafoientloestendidaemfrcnte ao Barracão P reto, com a frase: "Povo unido jamais será vencido". Cotni5sões da Pastoral da Terra e do PC do B começaram a movimentar-se, para dar " as regras do jogo'°, segundo os lideres. "As moças que trabalham na igreja e quenosaj udaramaorpnizarainvasão nos disseram para sair quando a policia chegasse. É isso o que agente está fazendo. Mas depois a gente volt.a. Esse pedaço deterra é nosso",disseEuniceSimiasPaes, uma das invasoras da Zona leste ("Jornal da Tarde", 14-4-87). Também Antônio de Souz.a dâ seu testemunho: "0 Padre e o pessoal do PC do B ensinaram: basta construir e tudo será mais tranqüilo'' (''O Estado de S. Paulo", 14-4-87). " Eles podem vir 50 vezes. Nós iremos 51 paramarcardenovonossoslotcs",disse João Gama, o líder da invasão do Jardim Miragaia ("Jornal do Brasil", 14-4-87). "Nem que o proprietário cerque o terreno, a gente vai dcuar de entrar. Demabaremos muros ou cercas, porque a área é nossa" (idem).
17
TFPsemação Advertência contra
a via sandinista no Equador Quito, Equador -
A TFP equatoriana encerrou há poucas semanas uma grande campanh a
deesclarecimemosobre aamcaçadeavanç<>comunistanaquela
naçãoandina.Efctuadaemtodo opaís,oonstituiuelaumbradodc alertaante asituaçãode vazio ideológicoque aliscobscrva. Fczpartcdacampanhaapu. blicaçãoemscçãolivrc,naspá· ginasdc ''EIComercio'' ,deQui to,e"Exprcsso",dcGuayaquil, cmjanciroúltimo,deumasubstanciosaanáliscdaTFPlocalsobreasamcaçasqucpesamsobrc o Equador. Tal análise foi tam~m largam ente difundida, cm formadeseparata,porumacaravanadcjovcnspropagandistas, nasviaspúb!icasdasprincipaiscidadesdo pals. Tomandocomoexemploaescaladamarxistaquclcvouossan· dinistasaopodcr na Nicarágua, o documento da TFPdenuncia, no Equador, uma situação cm queospartidosnãoaprescntam princlpiosfilosóficos,doutrináriosemorais.&ra''cvaporação" dasconvicçõesideológicai;permi. te a formação de uma "frente ampla"dasváriasforçaspolíti cai;dopais,comgrupOScomunis. tas. Tal coligação constitui um lance estratégico dos comunistas paraatomadadopoder.Depois, rualiadosnão-comunis1asserão a1acadosederro1adospelosmar. xistas. Tal qual na Nicarágua!
TFP-Covadonga na feira de livros Madri - Por oçasiào do "Dia do Livro" - ampla feira de obras das mais diversas editoras espanholas, realiuda anualmente - , TFP-Covadonga montou um sugestivo "stand" de seis metros de b1rgun1, na Gran Via, uma das mais importantes ruas madrilenhas.
Háf1uinze anos que a associaçioofereceaopúblicodacapi· tal espanhola, nessa ocasião, as diversas publicações que tem edi· tado. Nessa última mostn, observou-<'le especial Interesse dos tran-
seuntes, que desde as 9 até às 21 hs.sentiram-se11traídosniio só pehu obras expostas no "stand", mas também pelos vistosos estandartes rubros, marcados pelo leão dourado, da entidade.
OdocumcntodaTFP cquatorianarcpercutiuamplamentc,re· cebendo expressiva cana de aplauso de Mons. Bernardino Echeverria,ArccbispodeGuayaquil. Também Mons. Luis A. Carvajal, Bisp0 de Portoviejo, Mons. Gabriel Diaz Cueva, Bispo Auxiliar de Guayaquil c Mons Jorge Mosquera, Bispo emérito de Zamora, juntamente com 153 Sacerdotcs,solidariuram-secom o manifesto. Talapoiofoiestampadoemscçãolivrcnojornal"El Exprcso", sob o titulo "Aocabodc tanracontrovérsiapolitica, torna-scporfime.>:pressoodilemadchojc:oupersevt'TarnaTra.<lição Cristã, oudcixar-searrastar peloserrosde Marx".
Programa de formação para jovens Maisdeccntoccinqiientajo. vens de todo o Brasil participa· ram,duranteaScmanaSanta,de uma programação especial promovida pela TFP, em sua sede campestre,nomunicípiodeAmparo(SP). A Via Sacra, rezada ao longo del4Estaçõcs,numdosmorros que circundamaScde,tcvecomo pon1oal1ooencontrodedoiscortejos,cmqucjovensconduúam andorescomasimagensdeNos· soSenhorJesusdosPassoscde Nona Senhora das Dores. Os desdobramentos mais re centesdoprocessorevolucioná· rio,muitasvezesse<:ular,quevcm desagregandooOciden!ecristào, foiotemadeumadaspalcstras, acargodoSr.WellingtondaSilvaDias.Baseadanolivro'"Rcvolução e Contra-Revolução", de auloriadoProf.PlinioCorrêade Oliveira,essaexposiçãofoitambémilus1radacomrcpresentaçõcs teatrais.
Via Sacra: novas edições Em abril de 1951, "Catolicismo", que então se apresentava comformatodejornal,publicou em suas páginas uma Via Sacra, de autoria do Prof. PlinioCorrêadeO1iveira,naqualas14Es· taçõcssãomediladasemFunção dasdificuldades e provaçõcsque ocatólicomilitanteefielàdou· 1rinatradicionaldalgreja1emde enfrentarem nos,osdias. RecditadaernscparatanoBra· si!eemdiversosoutrospaiscs,tal opúsculovemdcspertandointc rcsscemcresccnte númerodepcs· Estampadocmabri!últirnono jornal"EcosCatólicos",deSan JosédaCos1aRica,01extointegral da referida Via Sacra foi tambémlcvadoaoarpelaRádio Monumental,daquelacapital, em doishorários,naScxta.feiraSan-
"
Em Bogotá, Colômbia, uma ediçàofoilançadaporiniciatin da TFP daquele pais, e vem alcançandoampladivulgação,tendomerecidosignificativacartade apoiodeMons.Rafae!Sarmiento,ArccbispodeNovaPamplo-
"·
CAmLICISMQ.Jt.nhode1987
Corteio da Virgem Dolorosa, uma tradição que revive.
Os baloeiros C om todo o aperfeiçoamento 1tualmen1e akançado na feitura dos balôe5 (,·er contracapa) passaram eles a ser confeccionados por groposespccializados, os baloeiros, que sedt<licam aessatarefaquandosuasocupaçõeshabituais lhes permitem, em geral à noite e nos fins de semana. O grupo - de familiares, vizinhos, amiaos, colegas - po. de ter 30, 50 e mesmo 150 componentes. Tem um líder e uma hierarquia própria, e a distribuição dos trabalhos é feita~undoascapacidadescpossibilkladesdccadaum. São diferenciados tambem os trabalhos dos homens, das mulheres e das crianças. De 20 balociros entrevistados, "poro explicar suas rela-
çóts com o balão, todos/alorom de sua infância e adoltscincio, quando o prática de /aw. soltar e capturo, balão st constituía num divertimento vincu/odo aos /tstt)os juninor" (1). A admiração pelo balao esui, pois, ligada à ino-
cl_ncia primeira da ~ da criança, que, quando não inteiramente eorromp1da, p()de prolongar-se na idade adulta. Um dos entrevistados declarou: "O baldo traz mo,daçôts de jam11ia, tro;. rer:ordaçóts já vindas de muiro tempo atrds, cerras passagens de minha ~-Ida juvenil que a gente n6o esqu«:r nunca mois''(2). A arte dos baloeiros ''f pas-
sada como umo 1radição ou heranra de pai paro filho, de 110 poro sobrinho, de geração em gtro(ÕQ, mifirmando os
laços da vida doméstica" (3). Checa a lembrar as corporações de oficio medievais. Muitas turmas estão idenlificadas com a pessoa de seu chefe e são conhecidas pelo nome dele. Há 1ambem os balógrafos, que se ocupam em fomgrafar os balões, colecionando, 1rocando e vendendo as fo10grafias. Já exiStem lojas especializadas no alnero. Um balão pode levar muitos meses ou mesmo um ano para ser confeccionado. Não só o aspecto artístico foi aperfeiçoado mas tambem a segurança. O balão~ tecnicamente calculado para cair, depois de 2 ou 3 horas, com a bucha apaaada. Além disso, os balociros tlm uma equipe especializada em acompanhar os balões, utilizando carros, motos etc., para recuperá-los cm sua queda. Vão munidos de binóculos, lunetas e, para prevenir acidentes, também de cxtimores de incêndio. Caso ncecssário, CS1ão ainda dispostos a indenizar os prcjuizos causados. Nesse sis1cma, alguns balões chegam a ser resgatados e soltos 4 ou 5 vezes.
CAIDUCISMO ,..h.mldem7
F1ança,1798:guerraóe(:laradaaDeuselllg1eja.
A existfflCia de sc,uranç.a é um dos principais ariumentos que eles alegam para pedir a revogaçio das leis antibalão. Leis que, alias, tlm sido aplicadas com parcimónia, noiando-se ,nnde tolcrincia (4). Alegam ainda que desasIres podem haver e os há também com aviões, e de maior vulto, e ni111uém pensa p()!" isso em cancelar os vôos. Mas enquanto não ocorre a m·ogação que desejam, os balões são soltos sem anúncios prévios de da1a ou local. Assim mesmo, não é raro a nolicia correr "entre amij:os" e reunirem-se centenas de pcssoas para ver soltar o balão. Já chegou a haver4 mil pessoas na "plat&". A preparação para soltá-lo pode levar duas horas ou mais. Ncs.sc período toca-se música, dis1ribuem-se impressos com canligas ou odes referentes aos balões, até que, por fim, o balão sobe, em meio à alegria geral, sob vivas e salvas de palmas. Além dos santos, o balão pode também homenagear um aniversariante, uma data civica etc. Hi ainda jornais debakiciros,c:omnotidasemareriasdcintcressedclcs. Urna "oraçio do balociro" assim tennina: "Livrai-me da chuvo, do ~nto, e da polícia, tamtwm". Embora nem tudo sejam rosas nes.sas "tunnas", pois, evidentemente, nelas corno por toda parte se infil1ram os cb,ios de nos.sa época, sua fácil pr~liferaçio não pode deixar de causar un:ia ponta de inveJa na "esquerda católica", que tanta dificuldade vem encontrando para arregimentar "opriml~os" para ~uas CE&: os ~pos de baloeiros, só entre Rio e Niterói, chegam a mais de 5001 Assediados cm épocas de eleição, os baloeiros ncgamse, de modo &ffll], a fazer de seus balões veiculas de propa,:anda polí1ica, rejeitando, por vezes, altas propinas. Marufes1Am-sefreqilentemen1econtraqualquercomercialização de sua anc, e 1emem que, se as leis anti-balão forem a~das, o Governo queira controlar essa atividade para efn1os de 1urismo. Prcscmernente, a capacidade criadora _dos balOC!r~ se desem·olve livre de vínculos profiss1onrus e trabalhistas. NOIU
(l)Livrocit•donacontracapa.p. 60 (2Jldtm. p. 63 O)ldtm, p. 64 (4) Pro•• da compJ1c~nda da, auw,idadts é o li>rO ..i,tado ptll FW;'AR_TE. i' cit•do._quc: embora base•do ,:m •l1un1 prts,up<)l.tOI S0<:10lós1ÇOSC011ttst,,m, t 1ndub11.1.,clmcntc promocional pua os 11'\1· posdcb1loei,o,.T1mbffltaPrcftitura\funic1paldtSioP1ulopam,. c111ou,m1 l981, 11r1,·Hdo O.panamen,ode lnform._Jo, Documrn,._,o Ani,1i<:a1 (lDART), uma cxpoolçjo de balõn, ao mesmo trmpo que tllnou um opúK11locom dcsn,ho< dt como H fu um
farta
doa.lmmiaç;lo
balonros
f01<Jllif,ca
bailo cçom
e informati•-a sobtt os 1rupoo
de
Junho, época dos balões ... D eus colocou no céu as estrelas, es• sascenttlhascriadasdeSualut;incria· da, para cintilarem e serem admiradas. Os homens, com seu engenho e arte, imitam o poder criador lançando IX!'ª o céu os baltJes. Ci111i/ando ao crepuar
dastrxhasoubuchas, quesõosuafon1edeluzeca/or, cortam eles os espaços aéreos, levados pelas asas do vemo. Nos meses de ma,ro a agosto (tempo em que o ~·ema é propicio), mais especialmente em junho, siio dezenas, por vezes centenas de balões que coalham os céus do
Rio de Janeiro e também das periferias de Siio Paulo, podendo ser vistos ainda
em numeró5aS cidades brasileiras, formando galdxias luminosas que encantam e distraem. Trui,idos JN{os portugueses como par-
te imponame - juntameme com as/Ir gueiras - das comemorOÇOO populares
dos san1os de junho (Santo Ant6mo, Sào João, Sào Ptdro e São Manod), a origem primeira dos boiões, emrrramo, perd~se na noi1e dos lempos. Conta-se que teriam sido i,rventados pelos árabes,
ou mesmo pe/os/tnfcios ou chineses-:até Marco Polo é citado.1 No Brasil aTT(ligaram-se e 1raneforma,am-se em tradiçõopopular. Freqüentes ainda na década de 40balões em geral pequenos, hoje conhecidos por Maria Preta, /eiros por uma faml7ia - conhl'Ceram posteriormente certo de<:lfnlo. Mas, a partir de 1970, especialmente na wna narre do Rio ~e Janeiro, e posteriormente, nas perifenas de São Paulo, um novo impulso os levou para cima. A partir de então, o tlmido artesanaro de outrora foi se transformando em verdadeira arte, tendo empolgado a populaçõo. Os baldes foram requintando-se, tomaram-se imensos - podendo rer 50 m. de altura e subir olé dois mil metros - seu colorido divtrsificou-se e aprimorou-se, figuras geométriws ou ,e.. presentar*,s de santos, de reis etc. passaram a ser pintadas ou até bordadas no bojo (supn-/lcie üiftrior do balão, que vai do meio até a boca). Mais ainda, f}f'r.SOnalizaram-se: f1COram famosos ba· lóes como o "Carrousstl", o "Pagode Chinés", o "Montgolf1tr"etc., eo "Tabuleiro de Xadrb" chegou a paro, uma composição de trem dt subúrbio, pois rodos os ocupantes queriam W!T o balão! A técnico aperfeiçoou-se. A antiga bucha empapada de queroz.ene redeu lu-
gar a uma outra feita à base de parafina e sebo. O papel utilizado é esJ!frial, em geral imporrado; o bolão é ci_nrado com uma fibra, própria pGra agúenta, a pressão. Paracontra-peso,queemm_uitoscasospassouase,necessdriode\1/doaoramanha dos balões, inventou-se uma nova ma,ayi/ha. Conjuntos de lanterninhas - presas ,wma armação feita de vareras entrelaçadas por um fio resistente são carregadas pelo balão como um pin,gente de fogo. Formam figuras e desenhos luminosos (de animais, de homens, de castelos etc.), para o que chegam a sernet:ffllirias4a5mildelas. Cada lanterninha tem o formato de um copo, feito de papd de seda ou celofane, e contém uma vela acesa. Por veus fa: tam~m parte do contra-peso uma cangalha (espkie de caixa, bandeja ou engradado de madeira fina, onde sõo fixados fogos de anifk:io que Ydo explodindo no ar), da qual saem chuvas de praia eoutrasbeleUJS pifOlécnicas, durante maif de meia ~ora_! O o.isto de um balão e alto. O dmhl'lro é arrecododo entre os próprios baloeiros e p,oW!niente de doadores. E4forço, habilidade, arte, despesas, w~o é feito pelo momentfin~ prazer estético de por no céu um luzeiro fugaz .. o que certamente decepciona os marxutas, cujo m110 é o de que tudo se faz por uma ra· zão tronómica. Os boiões eleva'!' aos céus "a expressão das idéias, da _1mag1nação poérica, da emoção estéuca, da engenhosidade, do desinteresse económico, da generosidade" {*). A variedade de tipos de balões é imensa: cruz, pião, aranha, tangerina, figuras dNersas. A decoraçã'! exterior pode ser feita com papel laminado, \li· drinhos, conchas,purpurina 'Jrocaletc. Vitrais iluminados e en movimento, os balões encantam pelas suas CON!S variadas, pelo brilho de suas luzes, pela originalidadt de suas formas, pelas fi· guras que O.Sttntam, pelos fogos que fazem espoucar. Nas babeis conremporãneas, cinzentastpesadonas,sãogotas de maravilhoso que o ~'ento ftl·a e traz. Em junho, o ciu fica colorido. (")Stmdrf/M. C. S.~,··BaJlio,,.,ffll.<dt-
l""""/4ml",tditadof)fflFUNARTE.lll!IIS. Rio txJallNO, p. n .
AfOIJCXSMO N' 439 - Jl.fw> de 1987 - Ano XXXVII
Cardinal Aloislo
D X E
1
N
A
LORSCREIDER parlisan des pauvres
G O p
1
N G
A "justiça" de Deng Muito se lem falado sobre a liberalização imprimida por Deng à C hina comunista. Tris1e ilusão! Uma singular "justiça" mediame a qual as execuções capitais se sucedem, sem a possibilidade de verificação da culpabilidade dos condenados, é o fato bruto com que nos defrontamos.
Equiparação homem-animal No crepllsculo do bom senso em que está imergindo o mundo moderno, os animais vão sendo trata-
dos como se fossem seres humanos, enquanto cresce o desejo de equiparar o homem aos bichos. Já existem até "capelas" para "casamento" de cachorros, e um nobre inglês quer doar seu cadáver para servir de alimento aos animais.
Cardeal lorscheider É o regime de salariado a própria raiz do pecado? Pode-se justificar a apropriação de bem alheio, mesmo quando o que dele se apossa não se encontra em estado de extrema necessidade? Estas e outras ques1ôes são respondidas de modo surpreendente ncs1e livro do Cardeal A1oisio Lorscheider.
Carmelitas heróicas Madre Maravillas de Jesus viveu os terríveis episódios da guerra civil espanhola. Ela e suas carmeli1as, muito devotas do Sagrado Coração de Jesus, procuraram defender o monumen10 a Ele consagrado no "Cerro de los Angeles", em meio às vicissitudes de uma cruel perseguição religiosa.
A ~~!:ksn::r~~~~~
! •• -ltt1i!i ..
ralizantcs"dodirigentcchinêsDmgXiaopin,. Mas, por mais que se procure reformas realmente pmfwufas, que alterem aditadura igualitária e coletivista própria ao
1
-
Mlito. p1nsam (!lll t u,n sinal dt libetMltc:io da<'IIÍffllcamunisl1of1todt111Chinlap1
•t-C«.Colll.Cor-.se~!
rcgimc,nadasccncontrará.Considerou-se
uma vitória que este tenha aceito (de mão
~a:·q~!~:~~~~~::::;J~~i: u,-.~--~:- _
Cola; admirou-se a penetração do rock, da ~ ~ _• calça jeans e de cosméticos; elogiou-se a ~
moderação do regime em face das passeatas estudantis do ano passado, que acarretaram "apenas"· algumas dezenas de feridos e um nlimcro desconhecido de prisões... Para os observadores sérios não há dú1 11ida:asrcfonnasdeDcngsãoapenascosméticas, visamalterarasaparênciasa fim de tornar o comunismo mais aceitável, mais respeitável, mais moderno, ao mesmo tempo que é realiz.ado um esforço para diminuir a burocracia asfixian1e e a crônicaincficiénciacconômica,intrinseçasao sistema marxis1a. Mas, em iodo esse caudal de noticias sobre a China de Deng, quase nada tem sido dilosobrcasquestõesjudiciais,carccrárias cdcdircitoshurnanoscmgeral.Nacradc Mao o Gulag chin!s era considerado dos mais bárbaros e injustos do mundo. Os especialistas perguntam qual a simação atual. Arespostaédificildedar,porqueaChina - hoje ainda mais do que outrora esconde cuidadosamente suas prisões e campos de concentração. Es1es situam-se cm locais afas1ados e ermos, e nenhum estranho pode aproximar-se deles. Assim, é impossível obter notícias referentes a Wei Jingsheng-omaisconhecidodissideme polftico do regime na fase inaugurada por Deng e que foi condenado, em 1979, pela Corte do Povo, na capi1al chinesa, a 15
anos de prisão, na longínqua Mongólia. Muitos diplomatas ocidentais acreditam que, na realidade, o "crime" pra~icado por Wei foi propugnar a democratização do pais. Nas últimas agitações estudantis ocorridas em Changai, um poster afixado na Universidade Tongi faria uma referência a ele: ''Se vod! quiser saber o que é a liber-
dade, apenar se dirija a Wei Jingsheng e fhe/açaessa pergunta". Os sobreviventes que cumpriram suas penasforamenviados,emgeral,aaldeias distantes, proibidos sob ameaça de penas severas de relatar o que viram e sofreram. Algumas personalidades são autorizada.<l a voltar a seus lugares de origem, como o Arcebispo de Changai, Mons. Gong Pinmei, após 25 anos de prisão. Mas tanto ele quanto outros ex-prisioneiros permancam cm silêncio, de modo que quase nada seconhca- sobre es5e5 campos deoonccntração. A maioria deles está situada na remota prov(ncia de Qínghai, uma região desértica e quase desabitada, famosa por seus invernosglaciaiscseusverõescórridos.Bascadizcrque ela é conhecida como a "Sibéria chinesa". Um exemplo do que acontece com quem conta o que viu é o que ocorreu com o editor Xu Wenli, preso em 1981 e sentenciado a l5anosdecároere.Ekoonseguiu fazer ,hegar a amigos um livro manuscrito em que relatava os gritos que ouvia dos prisioneiros sendo espancados e a aplicação nestes de choques elétricos. Como castigo, segundo a Amnesty /ntemario-nal, Xu foi colocado, cm 1985, num regime de confinamento solitário, cm minúscula cela sem janelas. Sua ração alimentar foi diminuída, proibindo-se-lhe fazcrexerdcios, es<:rever e utilizar material de leitu-
"· •
de~~~=.1a;ns~~li~ çosedeconsciência. Muitos deles são católicos que se recusaram abertamente a aceitar o rompimento com Roma da as.sim chamada "Igreja Católica Patrió1ica". Os presos por motivos rdigiosos ou politicos s.ão oonsiderados i.:riminosos comuns e misturados com toda wrte de a.ssa.5Sinos e bandidos, nos duros trabalhos forçados dos campos. E são punidos SC\'eramentc pelas infrações mais insignificantes. Apena de morte é aplicada com grande freqüência pelos chamados "tribunais populares".
CATOLICISMO - JuhJ de 1987
w.,;Jingshengpllfante1Cort1doP11W,iban11 seuju!Gtm1nto1m1979
Tétrica execução A com;eituada revista norte-americana '"Thc American Spcctator", cm sua edição
de dezembro de 1986, estampou o relato detestemunhaoculardeumadessasexecuções, o que representa, como mat~a jornalística, verdadeira raridade. Trata-se de wn professor universitário chinês, em estágio na Universidade da Califórnia, em Berkeley, e que não pretende vollal' ao "paraíso" vermelho. O especialista cm assuntos chineses John Creger está publicando um livro contendo relatos do Scholor chinCS, que usa o pseudônimo Liu Fong Da. Narn ele que. no outono de 1983, encontrava-se com vãrios de seus ahmos em Zhengrliou, capital do Henan, nas planícia do grande rio Amarelo, na região central da China. O prof. Liu realizava pesquisas de campo com seus alunos. No dia 23desctembroeleeseusdiscípulossouberam que iria haver uma parada especial e resolveram assi5ti-la. Nada havia sido publicado na imprensa local. Apesar desse silêncio, enorme multidão afluía para a avenida principal. A cidade tem uma população de cerca de dois milhões de habitantes. O povo comentava que aquele seria maisumdiadeexecuçãopública. Soldados foram colocados nos dois lados da avenida para conter a multidão. Logo ouviu-se um grito - "Está vindo!" À frente surgiu um grupo de motociclistas e atrás, bem vagarosamente, seguiam 45 caminhõcs. Em cada um deles, dc pé na carroccria bem junto à cabine, via-se um condenado fortemente amarrado com cordas, portando um pequeno carta.: com acusações como "assas.sino", "ladrào''ctc.;embaixo, o nome do réu riscado por um "x" vermelho. Os prisioneiros tinham as roupas em frangalhos e cada um era flanqueado por dois guardas. Os condenados comportavam-se de formas diversas. Alguns vinham de cabeça baixa; outros mantinham a cabeça bem levantada, desafiadoramente, enquanto ou-
~~~ =~:~!~st ~~~~~~:a:;~:
da tina em tomo do pescoço, com nó pronto, paraserpuxadapelosoldadoao lado, se não se componassern bem. Atrás dos caminhões com os 45 condenados, apareceram vários automóveis negros conduzindo mais soldados e funcio-
CATOLICISMO - Jlllo de 1987
nários do PC. Como o cortejo lúgubre movia-se a uns S quilômetros por hora, milhares de pessoas o acompanhavam a ~. talvez umas 100.000, que se acoto11clavam para assistir o desfecho. E após essa multidão. vinham muitos de bicicleta, o transporte mais comum na China. Nos arredores da cidade, o cortejo parou junto ao leito seco de um riacho, acima do qual se estendia um amplo campo formando wn antiteatro natural, logo ocupado pela multidão silenciosa. No chão havia 4S cstacas dc madeira, cada uma com um número. Um pequeno buraco se observava em frmte a cada uma delas. Os funcionários do PC saíram de seus carros e assistiramaosúltimospreparativos,cnquanto os condenados eram desamarrados e descidos dos caminhões. De repente, três foguetes vermelhos foram soltos de 1rá.s dos caminhões. A esse sinal, os guardas puxaramos prisioneiros para baixo. AJguns que não conseguiam andar foram arrastados. Assim que foram colocados junto às estacas, três foguetes verdes foram soltos. Antesquealuzdos foguetes tivesse desaparecido, surgiu wna fileira de 45 policiais carregando rifles. Tomaram rapidamente posição atrás dos prisioneiros. Alguns segundos depoi.5 deles estarem a postos, surgiram três foguetes amarelos no ar. Nesse momento, os guardas que escoltavam os prisioneiros, agarraram-nos pelas pernas, por trás, forçando-os a se colocar dcjodhos.Ascguir,afastaram-se.Imediaiamente, os policiais com os rifles aproximaram-se dos condenados, colocando as armas a poucos centímetros das cabeças daqueles homens. Os 45 tiros foram ouvidos como se fossem um s6 estrondo. Os prisioneiros foram caindo nos buracos diante deles esvaindo-se em sangue. Vários tiveram pane do c:rãnco estourado, outros, ainda com vida, contorciam-se. lmediatamente após, os executores e os guardas que escoltaram os condenados, dirigiram-se aos caminhões e retiraram-se, enquanto outro grupo de soldados, cerca de IS, aproximou-se com pistolas na mão. Os supliciados que ainda se moviam receberam mais um tiro. Os funcionários do partido, após se certificarem de que todos estavam mortos, abandonaram o local em seus carros negros.
O clima de t8ff'OI' permanece Apósscafastaremosveiculos,amultidão, até então silenciosa, começou a falar
e a se aproximar. Os policiais que permaneceram no local rodearam os buracos onde jaziam os cadáveres, enquanto a multidão correu para ver a cena de peno. Como havia muita gente, a linha de guardas nãofoisuficicnteparaconteramassahumana. Assim, alguns dos que estavam na dianteira, empurrados, acabaram caindo nos buracos, por cima dos cadáveres ensangüentados. Um dos guardas tomou uma das estacas, pcscoucomclapartesdacabcçadeumcondcnadoebrandiu-acon1ra o povo para afastá-lo das covas. Atf o fim daque\cdia, milhares de pessoas acorreram ao local para ver o sangrento espetáculo. Os corpos pennancccram na mesma posição cm que caíram, A maior pane das famílias não apare ceu para levar os cadáveres. Para faü-lo, elasdcvempagarumataXaparacobriros gastos com a bala e a execução. Mas levar o corpo do condenado seria mal visto pelas autoridades, pois demonstrariam algum grau de apreço para com o supliciado.Issopoderiatrai.ercomplicações e perseguições para a familia. A maioria prcfereguardardistânciacmrdaçãoaseus parentes presos, e mais ainda cm relação aos executados. Assim, mui1os corpos ficaram ali insepultos, em "exposição" pública até o terceiro dia, quando funcionários do partido levaram-nos para local desconhecido. O objetivo era bem claro: tratava-se de um "show" de força para o povo lcmbf1lrse bem do que pode acontecer a quem sai da "linha justa" ... Execuções análogas foram realiiadas por toda a China em grande número, naqueles dias (cm pleno florescimento das chamadas reformas de Dcng). Só nessa cidade de Zhengzhou, executaram-se trC:S conjuntos de sentenciados. Comenta-se que o número de execuções teria variado entre 80.00l e 150.000.
Como, quando e por que foram julgados tais réus? Serão todos realmente criminosos? Ninguém sabe. Pois, na China, como em outros Gulag5 criados por regimes marxistas (que a esquerda - católica e não católica - parece não ~er), a maioria dos "julgamentos" são secretos, praticamente neles não se permitindo a defesa doréu,nemaapresentaçãodetcstcmunhas de defesa. E todos sabem que o panido decide tudo no tribunal, tal como ocorre na economia. Se a realidade dos fatos não se ajustar ao que decidiu o panido, tanto pior paraosfatoseparaajustiça! .. . Luís Menues de Caí"alho
A REALIDADE, concisamente: ritóriodaAlemanhacomunista, asestradasque atravessamesse 1crritóriosãorigorosamentecon1roladas. "Oscarros.emhipóle-
seolguma, podem parar para pedir informaçÔl!s ou dor coronos, ewmente em locais determinados épermilidoinlerromperoviogem para um descanso. Quolquerdesl'ia ou entrada em ddodes duran1eopercursnf!terminon1emtnle proibido"
TelevisioruSJa """ntrandoosla , n11111riunos,•iasat!lite
• PROGRAMAÇÃO ru ssa na TV Americana. - Por incrível queparcça,atdcvisãorussa dirigidapeloEstadoparafaicr propagandadoregimecomunis-
ta e atacarocapitalista - scrá agoratransmitidaaovivo,durantemaisdeoitohorasdiárias,tam bém aos ... Estados Unidos. QuemscpropôsaisIDfoio"DiscoveryChannel,.,umcanaldetelevisãoamericanoexclusivopara
assinantes. Em sua propaganda promocional,o"Oisco,·ery" se ufanadeseroprimeiróatrans-
mitiras66h.orassemanaisdeprogramaçàodir~amcntedaRússia,
"ao vivo e sem censuro" Aproveitando a política de "abcrtura",amalmente emcursona Rússia, porque não suge rir a Gorbachev que permita a apresentação de apenas alguns minutinhosdiáriosdeprograma cão americana em seu pais? E "aovivOi'Si'mcrnsura",écla -
•Bl'.RLIMri<"lleBerlim pobre. - Acomemoraçãodos7!i0anos deBerlimcolocoumaisumavcz em realce a diferença frisante exhtcntccntre osdoissetorcsda cidade,divididapelosl60quilô me1ro-;demuro:doladoO::idental. far1ura c prosperidade: do Oriental, miséria e estagnação Com efeito, sali enta órgão da imprensa paulista, "'emrornumo
loja de di'portamen/o, que na lodo oâdi'ntal é um ,wdadeiro 1emplo consumis/o, no lado orii'nlaléi's/arsuji'itoafilasi'a prateleiras ,·azias com produws qui'nãoprimomf)('fo apelo publicitário''. Parase chcgardccarroaBerlim Ocid ental, pro,·eniente de qualquerpontodaAlemanhalivrc. éuma verdadeiraaventura Comoacidade estáilhadaemter-
Nafronteira,oscarroscabagagemsãocuidadosamemerevistadosantesdcenlraremnosetor comunista.Qualquer publicação sópas,arádepoisdeacuradaanálisedosguardas Assimseadcntrao .. paraiso" ,·ermdho ...
• DROGAS e divida. - Durante o V Congresso lnternacionalde CombateàsDrogas,realizado há pouco em São Paulo, John Lawn, responsável pelo principal Departamento Americano encarregado do assunto - o DEA (Drug Enforcemcm Adminisuation)- re,·clouquc nos últimoscincoanos aumentou em 385%onúmerode mortes, nos Estadosamericanos,pordependênciadetóxicos . lnformoutam b,:mqueosguerrilheirosnoPeru e Colômbia , e mesmo na Síria. trocamcocaina por armas Quantoà expansãodonarcotráficonaAméricaLatina,hásobrctudoumdadomrpreendente: averbautilizada emdrogasnessc continente mobiliza cerca de 500bilhõcsdedólare<;,quantia superioraototaldadívidaexternaacumu!adapelospaisesdarcgiào,quenãochegaa400bilhõcs de dólares A informação foi transmitida por Bayardo Ramirez, delegado veneiuelano à primeira reunião daComissão!nt eram ericanaparaoControledoAbusodeDrogas (ClCAD), órgão da Organização dos Estados Americanos.
• CAMPOS DE concentn,çíio naNinréguR. - Aquiloque há meio~ulocaracteri7.a,aaJ'll'rseguiçãobru1alMHitlercomrascus oposilorcsinternos,,·ohaàlonahoje.naNicaráguasandinista "The Miami Herald" informouque cercade400camponcses, suspeitos de ,impatiiarcm comos guerrilh eirosamicomunistas - "contras" - forámtira dosdeseusranchos,nazona atlãnticadopais.einstaladosem
''ocampomentm wp<'n-isionados
pelo Esrodo", de onde não po
do,defendeque"asgre\'essiio
demsair Comcinicafranqueza.osecret:lriodaFrenteSandinistanaNo· vaGuinéde<:larouao "Herald" que tais medidas eram ind ispensáwis. pois "nuncohouwontes
esco/a.,deguerrodosoperários. nasquo1sestessepreporompara o grande lu1<1 que não pode ser maise;-itado"
1on1oscon1ro-re,·oluâanóriosor mudosemnrusuwno". Aesqucrda - clcricalou!aica - tãoWfrega em e~altaradila durasandinista,certameme "nào conhecerá''essesfatos ...
• COM UN ISTAS condenam padreca1ólicn. - Opadre LadislauHanus,de80anos, foicondenadoaumanodeprisão,em libcrdadecondicional.porterouvidoemconfissãoumfíelsemlicençados mandarim ,·ermelhos daChecoslo,·áquia.Osaccrdo1e, aposentadohátrêsanos.iauma veip0rmêsàigrejadeRu2umberckparaa1cnderosfiéis.oque asautoridades comunisiasconsi· deraramviolaçãodalei Ainformacãofoidivulgadapcla agência católica austriaca "Kathpress''.SegundoaComissãoparaPessoasPerseguida.1, "o
condenação demonstra quealiberdodedereligiãonoChecoolo váquio não passo de ficção"
•AG Rtn:."escol\ldeguerrll''.-Umcenogrevismogeneral izado - rnntas,·ezestenden· c·iosoeabsurdo - ,que,,aiassolandonossoconvulsionadoPais. às,·ezesdámostrasdeseusintentosmaisamplos,osquaispouco transparecem no dia-a-dia. De,1e modo, explorando co nhecidas técnicas de guerra revo lucionária.oSindicage(entidade que congrega trabalhadores nas indústriassergipanasde cirnento egesso),apretcxtodedeflagar urnacampanha~alarial no Esta-
Tal apelo incendiário, bem ao gosrodeMarx e de seusêmulos da"csquerdacatólica"',consrn doboktiminformati,·o"Gra,·e··, editadopeloSindicage.fi!iadoà CUT
• ''BRAS ILITE' ", a síndrome de Hrasília . - Aarquit eturada cidade é monótona, autoritária, cansativa.Segundo o psicólogo TitoNiciasRodrigue:sTeixeirada Silva.apopulaçàovivein,atisfeita,esmagadaernsuaindividuali dadepelasobrasdcüscarNiemeyer e Lúcio Costa, que criaram um,·erdadeir0Molochu rbanis1ico,ondemdoéarquitetônicamente igual. Perde-se,assim,lodaa espontaneidade,oimprevis10,ofatorsurpresa,asen.sação de descobcrta - elememos csscnciaisparaoequilíbrio psiquico das pessoas. Apadronizaçãorigida e repetitiva,com!Udosetorizado e dislante, acaba promovendo um semimentodesolidãonosindivíduo-;.gerandoatéproblemasconjugaisemfamnia.1cujoslaçossào poucosólidos-esclarcceuopsicólogo - Como é que um urbanista planeja uma cidade sem praça? Sem o bar da esquina~ - inda·
'ª·lstoimpedcquecadaqualexpanda sua personalidade, seja criat i,·o,originando-se.daí,neurosi:sepsicoscs - a"Brasilile". cmsuma,comofrutodaconcep çãoestética moderna que ignora os verdadeiros anseios da alma humanaaoproduzirmegalópolis semalmae semornato-;an isticos.
Ofavo, olírio e abomba PlínioCorrêa deOliveira
Ac~~ac~~it:.se~ ~dJe;:ia~!{r~50~!::
to, a TFP lutou contra ele, nisto empenhando a totalidade de seus meios de ação. A vi1ória do divórcio não resulwu, aliás, do fato de que uma investida divorcista panicularmentc calorosa ou eficaz tenha conseguido derrubar, por fim, a muralha gloriosa da indissolubilidade conjungal. De-
correu tal vitória, isto sim, de afrouxamentos lamentávcis ... para dizer só isto, ocorridos nos próprios meios católicos! Mas, instisto, é bem notório que a TFP con-
tra ele lutou atê o fim. Lembro estes fams por ocasião da pergunta que me faz a "Folha" sobre se sou favorável ou contrário ao
"fim das restrições legais ao divórcio". E' claro que sou contrário à revogação dessas restrições. Pois, ven-
do eu no divórcio uma catástofre, só posso ser vivamente favorâ\·cl ao que restrinja os efeitos dessa catástrofe. Mas devo acrescentar que a maior catástrofe nessa matêria não foi - nem continua a ser - o divórcio, mas a terrível dissolução dos constumes que de há muitos anos se vem propagando, de modo gradual e ine. xorável, em nosso Pais. Constitui esta a causa profunda do que a implantação do divórcio é apenas um dos catastróficos efeitos. Em outros termos, um número sempre maior de brasileiros, católicos praticantes (!) ou não, ou então ateus, coincidem nesta matéria. Pois estimam que o casamento civil entre divorciados (ou de divorciado com pessoa soileira) carece de conteúdo moral, pelo que lhe falta seriedade. De onde estarem de acordo, num sem-número de casos, em estabelecerem a coabitação sem passarem pela cerimônia vazia, do contrato civil. Quando o divórcio penetrou em nos...as leis, o concubinato já se tinha d ifundido largamente nos constumes de incontáveis setores sociais no País, dos mais altos aos mais modestos. Parece não o terem percebido ccnos divorcistas que imginavam ocorrer, logo depois da aprovação do divórcio uma avalanche de pedidos de dissolução do vinculo matrimornial. E isto a tal ponto que, em certos lugares, se estudou muito seriamente a instalação de bancas nos corredores forenses, a fim de atender de algum modo a essa avalanche. Seria como que um "estouro da boiada" dos mal-casados, afinal "liberados" de entraves legais, e sôfregos constituirem nova união. Porém não houve tal "estouro", simplesmente porque os mal-casados que queriam uma "fórmula" para escapar do liame conjugal, em sua grande maioria não sentiam qualquer sofreguidão, pois já haviam afun-
CATtulSMO - .dlt dl 1987
dado no lodaçal do concubinato agravado pelo adultêrio! Comparativamente com a imensidade dessa ruína moral, a diminuição dos entraves legais ao divórcio, ou a supressão deles, o que significa? Quão pouco! Digo, pois, que do ponto de vista de sua repercurssão na opinião pública, a atual comrovêrsia sobre o tema exerce um efeito pouco salutar, sempre que não seja lembrado o que ficou dito acima. De fato, essa controvêrsia se apresenta a muitos antidivorcistas como uma ocasião para repetir, em ponto pequeno, a batalha perdida com a aprovação do divórcio. Como que a fazer luzir, bem ao fundo de um horizonte tenebroso, a esperança de uma reinstauração do casamento monogâmico indissolúvel. 1s10 J)Ode desviar a atenção dos anlidivorcistas para um campo que ê mais imponante. Para que a restauração da indissolubilidade tenha viabilidade, é preciso que se restaure previamente, em incontáveis almas, o anseio de seriedade, de aus1eridade, de mortificação. Sim, e de algo mais, que se exprime por uma palavra doce como um favo de mel, perfumada como um lirio e que, entretanto, detona hoje em dia como uma bomba. Essa palavra ê: pureza. E ela vem seguida de peno por duas coirmãs, não menos doces, nem menos suaves, mas com um poder de detonação ainda maior. Essas são: virgindade e honra. Antes disto, como esperar que o País revogue o divórcio?
Vencendo o anonimato Erp~~~s~~~~:i~t~:~z::
Assim, tudo levaacrerqueo jovempiloto,comameticulosidadecaracterísticadosdesuapátria.agiusó,tornandopatente quea defesaaérearussanãoétão eficiente como se imaginava! E queépasmosaafaltade oontrolcaéreodeMosoou! Que intençõesoteriaminduzidoarealizartalproeza?Faz.eralgoqueotornariacélebre?Épossivel. Talgesto,sobretudonuma épocaemquesebuscaoomverdadeirasofreguidãoamediocridadee oanonimato,apresemaa5· pectosdignosdeaplauso
so.Nomêsdasílorcsanatureza adquirebelczatodaes~ial. E naquelcdia28,osoldeprimavera,generoso,brilhantc,foitcste-
munbadaaventurainéditade um jovemqucarrastouumdosmuitosenigmasdopoderiorusso. Mathias Rust. alemão de 19 anos,aorealizaraproczadcvoar cercade oitocentosquilõmctros Rússiaadentrosemserdetectado :. ouconlido,e,apóscvoluçõcsso- ~
~~~oªnr:aª;ªf~~c:mc.i
0 ~:~~
Basílio-pousarjuntoaoCrem0
:~~~~~~v: ~~ª~~~
f j
~~c~~rt: !t
Umadasfacetas'?isterios.asda
lís1onom1ada Rússia comunista
ie~ ~rt~ªr~~/::co=I~~:
1
11
guro, tranqüilo de seus 65 mil
quilômetrosdefromeiras?Mais dedezmilradarcs,dium,amo-
nitoramnoite edia. Ouuodcssescnigmasdizrcs~itoàdcdicaçãoediciénciados
guardasdefronteiras,dependen tes diretrn; da KGB. Afinal, a cor· tina de fnronãoé uma simples muralhada China .. .E Moscou? Moscou nem se diga. É o centro, ocoraçào,aMecadoateísmo e do comunismo mundial.
Em setembro de !983 o mundo inteíro ficou aturdido com a noticiadabrutalimerceptaçãode umJumbosukoreanoquesedesviara,entrandonoespaço aéreo russo, provocando a morte de maisdeduascentenasdepassa· geiros. Tal gesto demonstrava trágica e eloqüentemente quão ciosa era a Rússia da defesa de .seutnritório É exatamente nesse ddicado pomoquese insereaaventurado jovemalemão.Usandoe!eméto· dos corriqueiros demonstrou, comtodaatranqüilidadeeforça de expressãodosFatos,adebili· dade dadefesarussa Aaventura. realizadacomou semaparticipaçãodetercciros, tevequeserminuciosamente planejada. Pois,·oartaldistãnciaem
r'
""' ~ - - -- - - - - - '--"-"--l::__ _, Ca~radiGorhathev.su1··1bef1ur1'"foi'°ngedemais ..
~uenoavião,comrecursosprecáriose emvôovisual(presumivelmcntesemauxíliode rádio), exigeestudometiculosodarotaa ser seguida. Não espantaquetenhaconsultadomapas espcciaise algum especialista em vôos que envolvam altos riscos. Segundo "O Globo" de9-6·81, o jovem pilo10colheudadosjuntoaum "expcrt" emvôossecrctrn;para "re/irar do Alemanha Orien1aí pe$$0osiflleressodoscmrejugiorse no Ociden1e. Mothioso proeurou paro saber como escapordos rodores,eeleooconSl'!houavoar reme à copo das árvous, · com oviàopequeno"".Ma1is10éoóbvio!Qualquerpessoacomumminimodeconhecimen1ocmnavegaçãoaéreasabcdi110.Qucoutrasinformaçõespoderiaterprestado esse perito em incursões atrásdacorlinadeferro,deverdadeiraulilidadeparatornarpraticamente seguro o sucesso da proc7.a?Anossover.seriapcquena essa contribuição
Paradeseperodossoviéticos,0 jovem,aoquemdoindica,agiu
só.Arevista"Tim e"de 15-6-87 dizque''investigodoresnâoconseguiram!igarRust,umoperador decompulador,oquolquerorgonizoçàoo/émdeseuaeroc/ube". Provadaaligaçãocomqualquer movimento,pareceriaestardiminuído,àprimeiravista,o,·alorda façanha.Mastudobcmexamina. do,1alvezfosse menosdesprcsti· g1anteparaosrussosseremvit1· ma5deumgrave!apsodcseusistemaprote1ordoque dasmaquinações dcumsupostogrupomicroscópioodoücidente. Napri· meira hipótese, teriam deixado passarumCJsco.enquantonasegunda, seu serviço de contraespionagem foraincapazd e detectarpreviamcnte o ''complôcapitalísta" e neutralizá·lo.
Poroutrolado,seumgrupoti· vesse orientado, planej ado a ação,ni!operderiaaoportunidadc,quiçáúnica,dedistribuiral· gummanifesto, folheto ou algo quedeixassepatenteaosolhosdc todosaclíciênciadaorgani7.açào. Nenhuma noticia a esse respeilo chegou a nosso conhecimento.
Parece, entretanto. haver 1mplicaçõespolílicas.Ovõosedeu próximo do momento em que Bonntentava "chegara um acordo sobre o postura alemii dionle das sugestões feitas pela Uniiio Soviéricaarespeirodocon1ro/cde armas" ('·Jornal do Brasil", l ?-6-87). A Alemanha Ocidental ficara isolada na Europa "desde queosoliadosdaOrganizoçiiodo Trotado do Arltintico None (OTAN) concordaram com apro-posla de Mikhoi/ Gorbochev de eliminorosmísseisnuclearesde médioe,:urtoolconce, também conhecida como Opção zero / ze. ro"{id.,ib.,).Ochan celerKohl relutava,de início,emaceitara eliminaçàodcssetipode mísseis Teriaojovempilotoqucridotambém demonstrar ao mundo em geral e àA!emanhaemparticular,acovardadosdiante do"moloch" comuni.sta, a carência de fundamentodeseutemor?Embora suaatiludeaté agora não permitatiraressaconclusão,um dcspachodaagêncianoticio-;a alemã DPA diz que Mathias Rust "realizou seu vôo por morivos po/ilicos".Sefosserealmentesua inten,ão política desmascarara debilidade das defesas soviéticas, ela em nada o desdoura, pelo contrário. Aguardemos noticiasdoprocessoquc está emviasdeserinstaurado,augurandoaprontali· bertaçâodoousadopilotodas frias garras da KGB R. Mllnsur Guérios
CATOLICISMO~ Julho de 1987
O crepúsculo do bom senso A :ROT~~~~~i!:~~~~~~:
cadasvai acarretando,comoumadcsuas conscqüênciasmaisfunestas,aprogressi•
va perda do bom senso em setores cada vez mais vastos das populaçõesdepratk:amcnte todos os países. Assim, parece ir-se apagando no panorama mental de mui1as pes.soas a distinção entre o homem e o animal. Este último é
cada vez mais tratado como se possuísse qualidades humanas, enquanto o homem vai paulatinamente se degradando.
As notícias abaixo falam por si.
Cães "humanos" e homens "caninos" Narevista"Clarin",dcBucnosAircs, de 4-1-87, podemos ler: "A última notício dos ricos proprietdrios de ciies nos Estados Unidos é o 'casamenlO' entre animais. E, como no caso do casamento entre humonor, Las Vegas é a paroiw dos enlaces canino.s. A 'capela' dirigido por Qroldine Toussalnt é o preferida pelos grojinos de quotropota.s. "De lodos os estados do pais vêm casar-
se aqui - conto orgulhosa Gera/dine -, mos hoje lenho uma cerimônia com dois cãezinhos de Las Vegas. A noiva é Missi, de Suzanne Young, dona de uma famoso boutique, e o noivo é Jo Jo, de minha amiga May Suárez. A cerimónia é tào real que até Mendelssohn se /01- pre$ente". A aberração vai mais longe: "Suumne, um pouco perturbada, reconhece que o en· laCf! foi resolvido com certa pressa: 'Demonos conta de que Missi estava grávida e achamos que Jo Jo era o respQns,frel. Por isso decidimos realizar as bodas puro legitimar os nascimentos'''. Paralelamenteacstasupervalorizaçãodo animal - ainda Poderíamos dtar certo tip0 dc defesa desarrazoada dos bcbês-foca, das baleias, dos botos, dos sapos etc. o homem vai, progressivamente, despre• z.ando sua própria dignidade. Neste scntido é significativa a noticia que ~ue: "LasUltimasNoticias",de23-I-87, informa: "Um lord ing/es que se converteu (sic) ao budismo, deseja doo, seu cadál'eT a um canil de Londres, afim de que sirva de alimento aos animais. "Estou doondo ml!US órgãos pura im-estigações médicas mas as sobras ninguém as quer, explicou lord Avebury, ex-membro do Parlamento. Haverá pernas e braços e coisas similares que não têm muita utilidade na im•esligação médica, ac1escentou" O desejo de equiparar o homem ao animal vai tão longe quc até a scmclhança físka entre o cachorro e seu dono jâ é premiada. Segundo a revista "Manchete", de 7-2-87, cm Nova York foi recentemente realizadoumconcursonoqualseatribuía um prêmio de até 300.000 cruzados para
CATOLICISMO - JIA1o de 1987
o dono que tivesse a cara mais parecida com a de seu cachorro. Dcan Lun, com o seu "PoOdcc", Ali Baba, foi o vencedor. Outrasabcrraçõesnotratocomcachorros já foram comentadas no artigo "Sua Excelência ... o cão!", publicado em "Catolicismo", na edição de março deste ano.
Novas ciência e arte Por ou1ro lado, diversos ramos da ciência vão tratando o homem como se este fosscumacobaiaparacxperiênciasmuitas vezes malucas. Entrcelcsmereçeespecial menção a chamada engenharia genética. Sobre esse tema "O Globo", de 10-l 1-86, nos informa: Pesquisadores franceses testam a111afinente a chamada gra\·ider; entre espécies, em outras palavras, a possibilidade de animais gerarf!m seres humanos ou vice versa, através do implame de embriões. "Zebras procriando maa,oos, éguas parindo ber;erros podeTiam pa,ecer a inl'enpfo de algum médico louco se não hoU\'tSSe a prova vil'a de tais experiências nos laborutdrios do CNRS, ~ntro Nacional de Pesquisas Cientificas da França. "A experiência de inseminação de óvulos humanos em animais, é o projeto dos pesquisadores que causa mais pr(!()Cllpaçào". Nos diversos ramos das anes a insensatez também vai se implantando. O "Jornal do Brasil", de 12-12-86, transcreve um anigo do "'Ncw York Times", assinado por William Greer, do qual reproduzimos algunstreçhos: "Maxilar e Mand1bula é uma loja de ossos. Desde 1983, Ga/iano (seu proprietário) tem vendido crânios, esqueletos e outras AHJNUSlo "leu, fflil dt cachorro" JNtcÍ$1 Mf rtptnuob1tualmente.Bas11l'tl'i!ic1<011c11so dtcuid1doquecercatant o1cte1 ...
AúllÍ!lllmodleml11VtgH6o"c1$11'11en1o" do1canónos,1oqu1llliof1l11nem1t11imórlia "r•ligio11"nem1t111idlodtu11mento
partes resistentes da anatomia animo/ e humano paro artistas, figurinisras, derorodores, professores e escolas. Há poucos me-
ses a empreS10 obriu um 'showroom' na Cofumb11SAvenueecomerouaatrai,asf)f'$-
soa.s da rua. Outro dia, uma mulher de meia idade que examinava uma pilho de morcegos empalhados, disse que elo e o marido já tinham decorado o quorro cio casal com esqueletos, eagoraelaqueriaum ou dois morcegos. E, virando-se parar o vendedor comentou: 'Espero que eles tenham tido morte natural'. "No 'showroom'ospreços variam. Um crânio de babuino vale /9j dólares, um humano custo 9j0 e vértebras o \'arejo são \'f'ndidas por j0 Cf'ntS cada. "O visitante vê cabeças de blifa/o em camosescuros, ossosdegibóiassobreas mesas, pernas de giro/os, um ur.so preto in1eiro e cinco tafflntulas espe1ados 11um cartão, sernndo diante de um ventilador".
Crimesmonstruosos,abcrrações,cxcentricidades sempre os houve ao longo dos tempos. Mas, em épocas de normalidade, taisaçõeseramfreqüentementepraticadas às ocultas, por um número restrito de pessoas e eram al\·o da indignação, da r«:11$3. ou do desprezo da opinião pública cm geral. Hoje em dia, pelo contrário, tudo isso se faz nas praças pllblicas, cm proporções nunca antes vistasediantedaapatiageral, quando não do aplauso de muitos. O aspccto mais grave do problema é talvez tal apatia diante do pecado, do crime e da insensatez. Estamos presenciando neste final de milênio um como que crepúsculo do bom senso humano neste mundo, fruto do grande afastamento que houve, cmrelaçãoàsviasdaciviliz.açãocristã. Terrível castigo para a humanidade que não qucrtrilharoscaminhosindicadosporoosso Di\·ino Salvador. Carlos A1btr10 Medeiros
São Cristóvão:
P
ADROE IRO dos viajantes e dos que
trabalham nos transportes - dos aviadores, marinheiros, ferroviários e motoristas,aosçarroceiroseciclistasSão Cristóvão é um dos santos mais J)O· pulares da Igreja. Suaefigiedehercüleo gigante com olhar de criança, transportando nos 0fllbros o Menino Jesus, é conhecida universalment e. No Brasil, sua devoção é muito antiga e arraigada na população, sendo-lhe dedicados, no Rio de Janeiro, o antigo Pa-
ço Imperial e um bairro com belíssima igreja colonial, como também vários clu-
bes e associações. Em São Paulo, sua igreja foi anteriormente capela do Seminário diocesano da cidade, dirigido no século passado pelos frades capuchinhos, entreosquaissedistinguiucornoprofessor, aquele que viria a ~r o heróico defensor da ortoxia na "Questão Religiosa" do Brasil Império, D. Vital Maria Gonçalves de Oliveira, Bispo de Olinda e Recife. A festa do "Ponador de Cris10" - 111 é o significado de Cris1óvão, em grego era comemorada, no amigo t.:alendãrio liuhgico, a 25 de julho(]).
. 1
REALIDADE Qual é, porém, a verdadeira história de São Cristóvão? De absolutameme ceno e conhecido, além de fatos esparsos testemunhados por Padres da Igreja, é o seu manirio ocorrido no século 111, durante a perseguição do Imperador Décio. Um século mais tarde o grande Doutor da Igreja, Santo Ambrósio, dedicou àquele mártir um prefã. cioparaserrez.adonaMissaprópriaàsua festividade, no qual diz que ele recebeu do Senhor "uma coroo de virtudes ião
perfeito" e "uma graça de doutrina tão soberana"que lhe valeram a conversão dequarentaeoitomilinfiéis. Mediante elas converteu também "Aniceto e Aqui-
O .nllofm1 f.tnmt mrq11<lm11trr nims-:.
01..i•rfimo érrc'
JUIIUllllj)'OlflllllllflllllUllWlll1llllll'llS·:- ;l
"n,no:~
S. Crimrdo $e111ia o lllll1ino cada m mtis ptsado ...!Gr1wr111111 mM0"11 com,"Sia Cristb.ia dl Bu,hein", skulo XV. ThlJohn Rylands Libr1ry,
Manchesml
UTOUCISMO-Jtllode 1987
realidade e legenda fino, publicas e mds mulherescolejodar no
prcodo e na desonestidade", levando-as a confessarem diante do povo a Fé e areceberem a coroa do manirio. Ele passou ileso pelo tormento do leito em brasas, e
asf\echasqueselheatiravamdesviavam· se de seu corpo, ~·oltando-se uma delas contra determinado algoz que o a1ormentava, furando-lhe o olho. Este lhe foi cu-
rado ao contato com terra empapada no sangue do mártir, obtendo-lhe o santo tambémagraçadaconvcrsilo.Finalizao grande Arcebispo de M ilão dizendo que o antigo verdugo, por intercessão de São Cristóvão, "alcançou perdão e gruça para curar os enfermos" (2). A partir do sêculo VI sua devoção difundiu-se muito, tanto no Oriente quanto no Ocidente, onde inúmeras igrejas e mosteiros lhe foram dedicados. Sua efígic,esculpidaemmadeira,ornavaaté a façhada de muitos prédios pllbti,os. Há quem afirme que os fatos desçritos çomo sendo da vida de São Cristóvão não são reais, indicando apenas um simbolismo. Assim, como ele sempre tivesse Cristo oo wração, os pintores o teriam apresentado carregando-o aos ombros. Porque suponara muitos torm entos cm defesa da Fé, representaram-no atravessando caudalosa torrente, e assim por diante. Não são, entretanto, muito çonvinccntcs 1ais interpretações, pois o mesmo simbolismo poderia aplicar-se a muitos outros santos. Seja wmo for, ao longo dos tempos, principalmentcnaldadeMédia.apicdade católica, a partir dos fragmentos esparsos conhecidos da vida do Santo, teceu uma série de legendas a respeito de suavida,quenossãonarradas,entrcoutros, por Jacques de Voragine, em sua famosa "La Légende Dorée" (A Legenda Áurea). de tais legendas pode-se dizer que,senãoreprcsentamainteirarcalidadc histórica, pelo menos manifestam as virtudcsqueaalmainglnuaccheiadcfé do homem medieval, çom maior ou menor riqueza de fantasia. via refletidas no
admfrá,elm~
A LEGEl'fDA Apresentamosascguirumasintesedcssas legendas, wntida na obra acima rcfcrida {3).
CATOUCISMO - Jtllo óe 1987
Réprobo era seu nome, sendo ele cananeu e dotado de imensa estatura; seguia a carreira das armas a serviço do rei de seu pais. Ccrtodiaocorreu-lheaidéiade que deveria servir somente ao mais poderoso monarca do Universo. Partiu então à procura desse soberano. Na corte do que lhe parecia o mais poderoso, observou, durante certo espetáculo, a seguinte cena: toda a vez que um menestrel pronunciava o nome de satanás em scus cantos,oreisepcrsignava.Cristóvãoquissaber o motivo dessa atitude, respondendolhe o monarca que assim fazia a fim de impedir que o demônio dele se apoderasse para perdê-lo. ''Se temes a esse satanás é porque ele é mais poderoso do que 1u ", disse-lhe Cristóvão. E partiu à procura do infame ente infernal para se por a seu serviço. E.ste apareceu-lheàtcstade poderoso exército. dizendo ser quem ele procurava. Mas,assimquechegarama uma encruzilhada onde havia uma cruz, o diabo e todo seu exército infernal íugiram espavoridos. Alcançando-os, quis saber Cristóvão a razão daquele sllbito pavor. O demônio respondeu-lhe que um homem chamado Jesus Cristo, na cruz o havia derrotado. "Pois se ele é mais possam e do que IU - disse Cristóvão ao demônio - irei procuni-lo para por-me a seu serviço". Eassimcontinuouapercorrer o mundo à procura de Cristo. Um dia encontrou-se ek com um eremita. "Antes de conhecer a Cristo lerds que fazer mui/Os jejuns", disse-lhe ele. Cristóvão recusou-se a tal. "Terásmuilo que rezar", acrescentou o eremita. Cristóvão respondeu que isso não podia fazer por não saber sequer o que era oração. O eremita propôs-lhe então que se postasse às margens de um grande rio e, com sua possante estatura, ajudasse os viajantes a atravessá-tosem perigo. Isso agradouaocananeuquefoiparaasmargens do Eufrates onde, por vários anos, conduziu às costas incontáveis pessoas. Certa noite, Cristóvão dormia em sua cabanaquandoouviuportrêsvezesuma fraca voz que o eh.amava. Percebeu tratar-sedeummeninodcunscincoanos, que lhe pedia que transportas.se ao outro lado. "Tarefa fácil", pensou o gigante. Mas algo estranho começou a acon1ecer: àmcdidaqueavançavanaságuas,Cristóvão sentia o menino mais pesado e as águas mais revoltas. O peso tornava-se tão grande que Cristóvão receiou afundar com seu fardo. O menino segura\'a um globo na mão direita. Afinal. ofegan-
te, o gigante chegou à outra margem onde disse ao menino: "Ah, ml!U pequeno, 1u me pusesie em grande perigo. Estavas ião ptSDdO que me parecia transportar o mundo todo em minhas costas". '"Não 1e espantes - respondeu a criança - porque não somente transportavas o mundo mas também Aquele que o criou. Eu sou, .om efeito, Jesus Cristo, teu mestre, Aquele que tu serves fazendo o que fazes. E, em sinal de veracidade de minhas palavras, apenas retornes, planta teu bastdo na terra perto de 1ua cabana. Tu o verás amanhã coberta de flores", E, posteriormente, isso veio a suceder. Alguns afirmam que, nesse momento, o Menino Jesus teria batizado o Santo dando-lhe o nome de Cristóvão, e recomendado-lhe que saísse a pregar Seu Nome. Seguindo tal conselho, chegou Cristóvão a Sarnas, na Lícia, onde convcneu inúmeros infiéis; e dentre eles os soldados que o rei local enviou ao seu encalço para o prender. Permane<:endoprisioneiro voluntário, foram introduzidas cm sua cela, por ordem do monarca, duas mulheres de má vida para o levarem ao pecado. Ele as converteu. Desafiaram elas, depois, não só o rei, mas todos os ídolos, lançandoos ao solo, amparadas por forca sobrenatural. Receberam elas posteriormente a palmado martírio. Depois de muitos suplícios, Cristóvão teve a cabeça decepada por ordem dosoberano. Este, numa das tentativas de matar o Santo, foi ferido por uma das flechas que fazia arrcmessar contra Cristóvão e teve o olho furado. "Depois de minha morte, aplica um pouco de meu sangue sobre tua vista e a recuperarás'', dissera-lhe Cristóvão. Seguindo esse conselho, o monarca não só recuperou a visão corporal, mas adquiriu a sobrenatural. Afo nso de Souza Notas (l)EstafttlividadtnJof11uranocalcndirioli11irgioa1ual.Nioobstan1e,acomcrnor-aç.lodoSan10 rominuaawrrealindanodla2'deju1ho.na.sisreja,q1>Cotffllp0<pa11ono.Ea1é_hoje.,,....,da1a. :liu~ns lupres,.. efotua a 1.-.dicional bmçiodos (2)frt'iElzdrioSchm.utOFM,"Amaravilhosahil16riadeSloC1i,1ó•"io", Vouo.Pctrópofü, 1961. pp.6-7 (l_}JacqundeVoragineOP.'"LaUamdeDorée". L,bra1ric Académ,ql>C P.-ron, Paris, 1960. tomo 1. pp.11'-319.
Uma visão "sui generis" da doutrina social da Igreja F ~s~~!~~~c~ ;:a~~:~~r~
reproduzindo as mensageru radiofônicas "A voz do Pastor" - do Sr. Arcebispo de Fonaleza, Cardeal Aloisio Lorscheider.
O próloso é de autoria do próprio Purpu-
rado. Temos a ,·er-são francesa, intitulada "Cardeal Lorscheider, panidário dos pobres" (cdiçãoCcnturion, Paris, 1986. 140 págs.).
Pcroorrendoessasmensagcns-qucbasicamentctratam dc problemas sociais, e nasquaisnão faltamcont radições-ficase admirado em constatar com quama sem-cerimônia o Cardeal Am:bis!X) de Fortaleza se distancia do ensinamento tradicio-
nal dos Papas. Ademais, quando se trata de fatos, tudo é de tal modo gcnêrico, impreciso e dcs1i1uído de prO\'iL'i, e ao mesmo tempo enfático, que não hâ como refutá-los. '"Quod gra1is tmeriwr, gro1is nrgatur" (O que se afirma de modo gratuito, pode ser negado gra1ui1amente). Para que o leitor tenha presente quão fundada é essa nossa apreciação e se dê conta do teor de certas posições progressistas, em nossa P átri a, pare,;o:-u-nos suficiente, atítu!odccxcm plo,comentarmos abaixo seis tópicos da obra do P urpurado. Não possuindo o texto em português, ti\'cmOS que traduzir as mensagens do francês, o que poderá acarretar eventuais pequenas discrepâncias com o original.
Vej amos, no entanto, o que ensina sobre isso a doutrina católica. O texto é de Pio XI: "Os que dizem ser de sua natu,e. <P injusto o rontraw de trabalho, e preten-
dem substituí-lo por um ron1ra10 de sociedade, dium um absurdo e caluniam malignamente o NOSMJ Predeassor /laia X/li} que, na Encfc/iro 'Ren.im N01'Qn.1m', não só admite a legitimidade do salário, mas procura regulá-lo .wgundo as leis da jusriçr," (Encicliro ''Quadragesimo Anno", de 15-5-1931, Vo~. Petrópolis, p. 17) Podeminvadir ea propri ar-se!• No tocante às invasões de supermercados que, a pretexto da seca, roram organi.tadas no Nordeste, D. Lorscheider dá a sua versão: "Niio se pode falar de im·as4o quando os pobres semmej0$, que são os mais cruelmente alingidos /pela s«.a/, vêm à cidade e faz.em ver o problema que eles vii-em na pele" (p. 57). E "pode-se falar de roubo, quando essas pessoas tomam aqui/a que se apresenta diante delas, purticu/armen1e quando êlas vêem lojas 011 supermercados bem abastecidos?" (p. 55). Comosevê.éumajusiificaçãodasinvasõesedaapropriaçãodoqueédosoutros,semprovasdequesetratadcfatodc uma sirnação de extrema necessidade, onde íalta qualquer outro re,;urso. Sobretudo é gra\'C esta posição, tendo-se cm vis1a
2
1. ~~:
: m~tf~~:::~ a morre Injusta dos pobres" (p. 46). Estranha essa noção de pecado. Que a morte de um pobre, injustamente provocada, é pccatlo, ninguém põe em dúvida. Mas se o injustiçado for rico não é pecado? Ê legitimo matar injustamente um rico ou um remediado? Além dis.so, só é pecado a "morte injusta"? Não há numerosas outras formas de pecado que se opõem aos 1\fandamcntos da Lei de Deus? E, se se trata de pecados sociais, por que não qualificar de pecados o incitamento às invasões da propriedade alhcia,aimoralidadegem:raliu«iaetantas outrasviolações dospreceitosdoDecãlogo, cm seu aspcçto social, como a inveja gerada pelo espírito de luia de classes? E prossegue D. Aloisio: "Mas a morte dos pobres é a conseqüência necessdria da alienação do trabalho" (p. 46). Ora, "alienação do trabalho" é por excelência o regime de salariado, pelo qual alguém trabalha para outro e recebe cm troca um salário. E55e regime, pois, seaundo o Cardeal, seria a própria raiz do pecado, a base da "morte injusta dos pobres". eoontraeled,c,,·er-se-iainvestir.
10
llioXlll:'.'É impo .. írt1qu1111soclldldlcin 1odo1 1t1am tltvado1 ao mHmo nlol. ÉMmdutid1 istoqu1dtsajlmo1socillism"
Cardeal Alotsio Londllidlr mio Ali gtntris da doutmasocialtlalgrejl
que, ,;egundotodososindicios, não se tratavam de senanejos famintos, mas sim de invasões organizadas, que por terem causado mal-estar na opinião púbLica, logo cessaram Ora , Pio 11, em sua Cana "Cum sicut", do:- 14-11-1459, condena nove proposições do Cónego 7..anino de Solcia, das quais destacamos a 8~ condenada: "Ademais, subtrair um bem alheio, contra a WJntade de seu proprietário, não é pecado mortal" (cfr. Dcnzinger.717h). Por seu lado. Leão XIII na ··Rerum Novarum" ensinaquesóemi.:asoextremoé justo tirar do alheio. Por exemplo. para nâomorrerdcfome. Mcsmoanccessidadequeégrave,mas não i.:hcga a ser extrema, não justifica o funo. É a doutrina reafirmada durante o Pontificado de lnocfocio XI. através do DccretodoSarnoOficio,dc 1679,qucoondenou as sentenças do sistema moral denominado "Laxismo". A 36~ sentença condenada, que o referido documento apresenta, é a seguinte: ''É permitido furtar não só em extrema necessidade, mas também em gf'ITT~ [ne,;essidadc)" (cfr. Denzinger, 1186).
3•
~ ~ : ; :~ e -~~~,:r~º;g~:~: ( ... )pede uma pedagogia( .. ,). O princípio da comunidade e da participação rei-e/a-se igualmentenecessárionestecaso''(p.59). I)c,,·ea rcformaagrárialevarnccessariamcnte a uma panicipação comunitária na propriedade e nos frutos da terra'? O problema já foi resol\ido pelos Papas, noquesercfereàpanicipaçãodosoperários na propriedade e no lucro das empresas. É evidente que os princípios im·ocadospclosPontifK"CSparasolucionaraqUõtão quanto às empresas, valem plenamente para resolver análoga temática referente à propriedade agrária. Vejamos dois textos de Pio X II · "Por isso u doutrina social católica se pronuncia, entreourrasquesr6es, tiioro/15cientemente pelo direito de propriedade indfridual. Aqui estão também os moti1•os profundos por que os Papas da5 Endc/ica.s sociatf, e Nós mesmo, Nos rocusamos o deduzir, quer direto, quer indiretamente. da na1urrJ1 do contrato de trabalho o
CUOLICISMO - ..11A1o dl! 1987
direito de copropriedade de operário no capital da empresa e, conseqiiememente, seu direito de codireção. lmporta~·a negar tal direito, pois por trás dele se enuncia um problema maior. O direito do in~ididuo e dafam11ia à propriedade i uma conseqüincia imediata da essência da pe$S(Xl, um direi10 da dignidade pe$S(Xll". (Radiomensagcm ao "Katholikcntag" de Viena, de 14-9-1952- "Di.scorsie Radiomcssagi", \'OI. XIV, p. 314). "Não se estqrfa tampouro na 1-erdade querendo afirmar que uxJq emf)MSO particular é por na/Uff;JJ umq sociedade, na qual as relardt's emre os portidpomes sejam determinadas pelas regras da justiça distribu1i1•ista, de sorte que lodos indistin1amen1e - proprietários ou nõo dos meios de produção - teriam direito à sua parte na propriedade ou pelo menos nos lucros da empresa" (Discurso de 7-5-1949 à IX Confrrência da União ln1emacional das Associações Patronais Católicas - "Oiscorsi e Radiomessagi", vol. XI. p. 63). Sio socialistas os que querem a • igualdade social - "lnecessório q11e a distribuição de bens se tome cada dia 11m po11co mais eq11itativa e mais justa, paro q11e cheguemos um dia à igualdade social" (p. 7!1). A propósito desse texto do Arcebispo de Fonalcza, convém acentuar que t falso ser aigualdadesocialofimjustoaalingir.Pelo contrário, elat indesejável e antinatu"l. Ensina Leão XIII a respeito: " ... é im· possível que na sociedade d vil todos S(jam elf'l'Odas oo mesmo nlvel. t sem dú1•i(Jq isto queckse}umossocialistas;mascomroana/UfWI lodos os esforços são vãos. Foi ela, realmente, quem tstabelereu entre os homen5 diferenças tão mult(plkesromo profundas; diferenças de ime/igênda, de 1alenw, de habilidade, de saúde, de força; di/erençus necessárias, de onde nasa e:rpomaneomeme a disigllaldade das condiç6es. Es· ta desigualdade, por ou1ro lado, reverte em proveito de todos, tanto da sociedade como dos indil'íduos" (Enciclica ''Rerum Novarum", de 15-5-1891, Vozes, Petrópolis, p.13) E São Pio X, resumindo ensinamentos de Leão XII[, diz: "Segundo a ordem estabelecida por Deus, deve haver na sociedade prfncipes e vassalos, pa1r6es e proletários, ricos e pobres, sábios e ignorantes, nobre:r e plebeus, os quais, todos, unidos por 11m laço romum de amor, se ajudam mutuamente poro alcançarem oseujim úl1imo no Céu e o seu bem-estar moral e material na terra (Encíclica 'Quod Aposwlid Muneris')" Motu Proprio sobre a Ação Popular Católica, de 18-12-1903, Vozes, Petrópolis, pp. 22-24).
4
5. ?o~~=e:!n'::!~"!! ~
mcnto de Rousseau e de outros precursores da Revolução Francesa, o Cardeal Lorscheider afirma: "Todo poder vem do f)Q\'O. tum princ(pio que não admite nenhuma discussiio. E i somente aq11ele q11e rerebe o poder do povo que pode /egitimamen1e chamar-se Governo" (p. 127). CATOLICISMO - Juh:I de 1987
Surpreende essa afirmação peremptória do Prelado, sabendo-~ que tanto a Sagrada Escritura quanto o Supremo Magistério da Igreja ensinam de modo claro que todo o poder provém de Deus e não dopovo. Para não nos alongarmos demasiadameme, citemos apenas um texto bas1ante eloqüente de Leão XIII: " ... o poder J]Ublico só pode \'ir de Deus (... ) todo aquele que tem o direifo de man· dar não recebe~ direito senão de Deus, Chefe Supremo de lodos. 'Todo poder i-em de Deus' (Rom. 13,l)" (Encíclica "Diutur• num lltud", de 29-6-1881, Vozcs. Petrópolis, p. 5). Ad~·oga o fim dos semi n:irios, das • ordens religiosas - As associaçõesreligiosa.sdelcigos,outroraíloresc:entes, entraram em decadeJlcia por múltiplas
6
Coowentos 1 semináritl1çomseuambient1111!11, tl)lhimo!nto1111udo .. .. 11tari~1upera,:lo1,deYernlose1subs1i1uido1 ?fKCrMOOnidadesEclesiaisd!Basa?
razões, previstas pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em sua obra "Em Defesa da Açào Católica" (Editora Ave Maria, São Paulo, 1943),aqual recebeu carta de elogio, escrita em nome do Santo Padre Pio XI I, então reinante, PQr Mons. João Batista Montini, futuro Paulo VI, na época substitutodaSccretariadeEstadodaSanta Sé. A prôpria Açào Catôlica foi posteriormente tragada na voragem das atualiUÇÕ<S.
Ocorrem-nos esses fatos ao ler as seguintes afirmações do Cardeal Lof5Çhcider. a respeito do futuro dos conventos e seminários: "Hoje em dia. eu 1-ejo também de modo diferente o problema das 1'0(.'QÇÕes na Igreja. O problema está muito mais em criqr pequenQS comunidade:r ecfesiais 1·i1•as e apostólicas do que atrair pes:soo.s para os rom·entos e seminários. Dus pequenQS comunidades eclesiais 1·âo jorrar os di1·ersos ministérios e sen·iços necessários ao f}()l'O
de Deus. Há toda uma nova es1ru111ro de vida eclesial que nasce" (p. 134). Na Igreja que o Arcebispo de Fortaleza parece almejar, portanto, nlio haveria mais con\'entos de franciscanos, dominicanos, carmelitas, jesuítas e de iamas ordens e congregações religiosas que ilustraram a his1ória eclesiástica. Nào existiriam serninârios apropriados para a formação do Clero. Seria uma igreja - segundo o sentido natural das palavras do Purpurado constituidademiriadesdeoorpúsculos,as CEBs. Quão diferente o aspecto dcs.s.a igreja do que ela apresentava, por exemplo, no glorioso pomificado de São Pio X! Em di\'ersasocasiões, aliás, o autor refere-seàpretens.aoomunidadcdebensdos primeiros cristãos como sendo o ideal para toda a Igreja. Como o assumo vem tratado mais extensamente nesta mesma ediciio. não abordamos aqui o tema. Gregóriol..ol)('S 11
Comunismo dos primeiros cristãos: erro histórico C oM FREQÜl:NCIA, para justificar o marxismo que pregam, porta-,·ozesda
tumat1isidlcllhis16riui1mnaf qu1 .. p,imjwlcanuidldlc:ris-
"esqucrdaeatólica"alcgam
ll.lp6sl'ln!ICOUH,-.igocu..n r.... eomuni:111
que os primeiros cristãos ,·iviamem regime de
oomunidadcdcbens. E, para justificar 1al a.snção, citam um1cx1odos··A1osd05 Apó11olos" que, evidcnlcmcntc,interprC'lama stumodo.
"Oargumcnto(deSilo Tomás) (l)calibra bem cxaiamentee11arcsposta. São Tomás, com deito, ai lembra a heresia dos Aposró/icos. mencionada por Santo Aaostinho(2J: 'Os Apostólicos -cscrc,cSantoA.gostinho5C enfeilam t-om essc nome oom um.1 ntrema arrogância. porqueelcsrrjeiramdcsua
Eis o texto: "E a multidão
doiquccriam tinha um só roraç~ocumasóalma; e nenhum dizia ser sua. roisa
ai,uma daquelas que ponuia.
mas1udoemrcrl~cram comum(... ). Emloha,•ia
oomunhloa.spenoaseas.ad;ue aque/esquepo55uembensem
nenhum n«essi1ado cmrc dõ. Porque rodos os que pouuíam
propriedade. a e\'tmplo, na Igreja Caró/ka. dos monges e
campos ou casas, ,·endendo--05, rraziamoprn;odoquc >'Mdiam,rdepuuham-noaos MsdosApós10/os, edis1ribui,1scporcad11 um5egundo,1 sua
nccnsidadc. E Josi. a quem os A pós1olosderamosobrenoroc de Barnabf(qutquerdizcr Filho da consolação), k~ira,
natural de Chipre, lendo um campo, •tndeu-o, e k•·ou o p«ÇO.eodepõsaospésdos Ap6s1olos. Um homem, portm, chamado Ammias. com suamulhuSafira, ,·cndcuum campo: e. de acordo ,;om sua mulher. rc1c•·c parieduprcço (do campo)c. /c,,.mdo uma par1c, s pós aos pés dos Apóstolos. E Pedro disse: ,\ nanias, porque 1enrou
Saiamb o/eu coraçAo, para
qucmcmihN11ofapiriw Samo, crerfrcsscsparicdo
prtco do campo? NAo
f
,·erdadcquc. ronscn-ando-o
(u-m•cndcr),crareu.emcsmo depois de ,·endido, nAo cs1a.-a em /eu JXXkr (O preca)? Por que mo1fropuws1eem 1eu ooraçlo(faur)1a/,;oisa?Nào memme aos homem mas a Deu, .. (AL 4, 32 -37 e 5, 1-5;
tradução do Pc . 1-latos Soares). Oquepensardi>so?
AquelH,demrcnos>O$ leitores. mais familiariiado,
12
deccr1osc/trigos./lfas
prccisamcnt~osApostó!icos comosmcioseclesi/is1icosde alaumtempoatr/is,jàtcrào ou,·idofalardcumarcvista que. cmi;uaépoca, foi renomada: "L'Amidu Clergé'" ("O amiaodoClcro") FundadanaFrança,IK)s«uto passado, port-.lons. F. Perriot. protonotário apostólico, oontinuouclaau-r1•1füada, u-manalmcntc,at(u proximidades da segunda 1ucrra mundial. Revista dcaho oh"clintclcctual.sua c,pecialidadcerare1;pondera consuhasdeintcrcs!óe eclesiástico. quer fossem doutrinárias.litúrgicas, canônicas etc. E a.,simscrvír dcorientacão,sobrctudopara o clero, mas 1ambém para os fifo;católicos.ema5,0;umosquc concerniam à larcjade Deus. Em 1928 era diretor da rc•.-is1ao sacerdote A. Rozier, douiorcm Leologiaecõnego titular de Langres. Emreas questões respondidas por tão autorizadarcvista.em!óeu número de 18 de outubro de 1928 (45? ano. S! série. No. 42),enconiramosumasobrc ··o direito de propricdad,• na 1eologia dc~o Tomás". São dez páginas de luminosa e,planação.dasquais e,1ra1mosapcnasoquc.sc refere à pretensa comunidade debcnsentreosprimciros cris1àos. Ncs.scte\10 - fomc !óeguraeséria-no»os
lcitoresenL-OnLrarãoafidedigna interpretação da referida passagem dos Atos dos Apóstolos. Sóos sublitulos são nos.sos.
s,lo heregn porque, separa ndo,e da lgrejn, eles olham como condenados aqueles que fazem
usodcssn bens. dosquaiscln próprios estio desprovidos'
Os hersgss contra a propriedade ··CONSflTUIRÁ uma objcçãoaodircitode propriedade a vida religiosa? Aqui.dilcm,ocomunim10ou a pobre1.a é a regra. Não será este.pois. um ideal a que é pre-:iso tender? De outro lado, osprimeiroscrinãoshaviam instaurado entre eles um ,·crdadeirocomunismo(At. lV, 32). "SãoTomisnãoignorou estaobjcçio.celeaoolocou em suasjustuproporções. Nem a •ida religiosa, nem o 'comunismo'dosprimciros cristãos constituem uma dificutdadc§triaàlcgitimidade dapropríedadepri,ada.Para queaobi«-àoti,·essealgum valor.scrianeces1:irioquca comunidade de b-cns realiLada na primitiva Igreja ti,c,sesido impostaaosfiéis.cquea\'ida rchgi0$S Fosse um preceito e não um conselho. A perfeicão docon!óelhoc,cnsélico oão 1ira.comefei10.ali,:,:,idadedc umaprá1icadifercmec.desi, oonformeàlcinaiural.
"A hcrnia dos Aposrdliros nlooonsistc.pois, precisamcme.cm fazer profissàodeconiinênciaede pobreza:osmongcsc numerosos c!érigoJtêm para si mesmos scmclhantcexigênda Masoerroconsistcemquerer impor a mesma disciplina a todososílfüsobpcnadc condenação, ESlo Tomás conclui: ·E. pois. um erro
díurque11locsrápcrmi1ido ao homem ponuir alguma coisa em propriedade·. "A fonioricsrn resposta •·aleparaadificuldadetirada daperfei,ãodapobreia c.,.anaélica. A •ida religiosa. sejanummo11ciropro,idodc rendas,sejanumacomunicadc ,i,·cndodecsmolas,éuma ,idadcconselho.nãode prcccito,enãoseimpO<:a ninguém. Aioda mais, mesmo dopontode,i11adapcrfcicão da ,ida espiri1ual. SAoTomás mostra que o conselho c•angélicoda pobreza não impede absolu1amemco rico dcsamificar-.sc no meio de
CATOLICISMO - Jt.ht de 1987
suas rique~as: (... ) "Grande foi a •irtudcdcAbra.lo, que, ponuindo imen..as riquuas, soubeenrreramo manrer~u rorarJoisenrodeafeir,ioás riquezas ... '
Nos Estados Unidos
Estranhos rumos na educação infantil
Não havia obrigação de entregar os bens aos Apóstolos ··Na realidade, a comunidade de bens na primitiva tiircja c0<:.~i,1ia pcrfcitamentcrom a propriedade prh·ada: o pre1cnso'oomunismo· dos primciroscris1iloséumcrro históriro. Ésuficicntelcroom atcncãoos1ex1osdeSãoLucas (nosA1osdos,\ pós10/os)para oon,·cm:cr-scdiswL.) .. Acomunidadede~ns residia fundamemalmcntcna disposiçilodecadaumdos fiéiscmolhartodasascoisas quelhepcrtcnciam,oomo per1encendoa1odos: pra1icamemc, os rKos. na medida das necessidades, >endiam alaumasdcsuas propr1cdades,lc,a,amo produtoao,;Apó;1olos. e oonoorriamassim,soba direção dos chefes da Igreja. para es1abelKer um Fundo comum de bens destinado a oobrirasneccssidadcsdos pobres. D<.,stcmodoa indigénciacradefaio suprimida entre os primeiros lifü.o\las,,·ê·sc,tudolcvaa ,uporqucapropricdade pri,·adasubsistiaao ladodes,e scntimcntodei:cncrosidadc c~1raordinária c, até. ela era necc..áriaparaquoofundo comum de recursos pudesse ser alimen!ado.cmccs!>llr,à rnedidaquefo..cmsurgindoas necessidades da Igreja. "'Deomrolado, es1a grnero.idadeeraespomànea, nenhum preceito a impunha: "Niloi,·t'rdadcqut'. nms1:n1mdo-o (St'm lt't>dt'r). era teu. e mesmo depois de ,·cndido, mlocsra,·,1cm rcu poder (o pre,;o)1" (Ar. 5. -+): e. ainda /JUS ll/OS (XII. 12) é di1oqut'M11rill. m;lede Mar.-os. rinha uma casa em propriedade'(3) '"SãoPcdrosó~nsura Ananias numa coisa: ter queridoenaanarsobreopreço reoolhido.Mastoda,ua impostação 'pro•.i qucos t,cns pc-rman«iam na pouc de cada fiel, quemloha•"ianenhuma obrigaçiloparaosfi~isde >Mder.cus b<-ns e de entregar o pr~ aos Apóswlos· (4)"".0 Jac ksun Sanl os Noo.a,11i<;,JC001ra doo,1ó1<>l
~:'~ !:.,41G1.1."\"ifJ'.':."\;r•;,n>l ~Y. ~J~l.xrnit,,;,", n. ,n l'.l.., '*I.
A ~~~~:~~~l~C~~~~! ;~
queno salão. Em determinado rnomemoclasscdcitamnochào para eliminar o "stress". A scguir.umdiretora5oonvidaaima11inarqueelascêm··uma~a morandodrncrodcLas"".Scguc-sc uma viagem pré-hipnó1ic.i a uma rcgiiocharnada"Aquatron",na qualaspessoastêmqucscimaainarpairandonoespaço,d~s pousando numa macia nu,·cm, para cm sc1u1da estender novamcme as asas e 11oltar à terra. De voha, elas imaginam um "homem sábio" vi•·cndo dentro de 'Cu corpo,ccomcçama ·'rcspirar"'atra,·ésdeburac-osimagináriosnITTJ)és. Olcitoroqucpcn,adcumta! grupo1 Serão psicopatas num manicónio?Mcmbro,dca!guma seita onental esquisita? "Hlppics"numaorgiadcdrugualucinó&enas? Nada disso.O grupo acima dcscri10 t de crianças norte-arnericanas.r..ccbendoaulas de "Reíluo Calmamc" colégio.
Incitando
considera a /Ore/a jundamtlllaf datducaçtJocomosendoterapêu 1ic11""(""ThePhy11isSchlanyRcpon" Ahon,setembro, 1984,p. 1).
Comeniandoessano,·at~Mn cia,aronhecidapublici§taconscradora. Sra. f>hy!hs Schlaíly, pondera: ··Nao I dt t'stronhar qut'ta111ascr1a11ras1enhamproblt'mas emocionuis, st sintam a/K'nodas dos pais, desligadas dos padrda moruis. t sejum ju11cio1111/mtntt 1111aifabt1as. O dtdfnio daeducaçdoromf(()uQuandoos rolégiosdeixaramdt'msinaros
ciê11ciasesstnciaistosconhtci· menrosfundumentoisàrcrianças, e com~aram a St concentrar em ;ogospsirológicossobreotillides e sentimenros delas" (lbid) Duran1e o mês de março de 1984,oMinistériodeEducaçào levouacabouma~ricdcaudiências. nas quais pais de familia prcocupadose:,,1crnaram ,uainconformidadeoomosnovosmé1odos.ASra.MarcyM«nan,por cxcmplo,narroucomonooolqio de sua filhinha. H professoras obriaamasmeninasamantcrdi.iriosíntimos,qucdcpoissão!idos
BO
suicídio e à imorslídsde Rejeitando a sadia educação tradicional,oomscuduplocar:i.terdeaquisicãodcconhecimen1oscformaçiodapcri0nalidade. cada,·eimaises1ásc1ornandorc gra nos Estados Unidos um tipo de~ucaçãoquc!cmrnaisdce~pcr1rnentação ps,oológica cs1 ra 11 ~c guS(!~~i)ªrfJ~r~\i:~~~: goprofessor.Samue!Hayakawa, declarou em 1978, perante uma comissão do Senado: ··umano•·aheresiat'du""'·ionalestáflorescendo, umahtresiaquerejeitaa idéia de educ-oçâo como sendo
;i~~
A 1dut1çio 1tadiciooll "H ~uporcionir ilO NRI '811hecmentos lunda-laltlistlor,...w.apmo~
~n;,:;;z~~;r:s~~trn~~~~Taí~i:
!l!I'. ~-Nun ... Comm.inAcu1>
~~-;~r:.
1 •·Ln "'"'"' .ir, Apõ<m··.
p. lS?
CATOLICISMO - Jt.ht de 1987
13
Problernuwnociooai11dell!la mtnto1 do: padrõn morais 1ornam-selrlqUl!ltuentr1crian ÇHl'IOl1Ume!"Í&all8S
. ~
por elas. Numa página, asuafilhalinhaescritoquequcria mataramàe.Aprofessoraescreveu ""Nàoamale,somen redêumasovani>la". Em muitos colégios brinca-se comamorteeosuicidio. Um jogo muito usado é o chamado "botesalvavidas'",noqualas criançastêmqueseimaginarnum bote à deriva cm alto mar, e ameaçando afundar pelo excessivo numero de pessoas a hord~. Ascnançasen!ãotêmquedec,dirquemserájogadoforadobote. Noutras ocasiões se pede à criançaqucimaginequemvaJcometersuicidio.Elaentàotemque à margem:
Novosmétodospcdago)gicospa-
ractmestarna1aizdoaumento doindiudeana~abo!tosnosEs tadosUnidos
apresentarasrazões,escrever umanotaexplicandoseusuicidio, edecidirquemeiovai usar Asdi.cussões deproblemassexuaiscomeçamjánosprimeiros anos.Porexemplo,emalgunsEsrndosdaFcderaçàoascriançasde b-7anossãoinduzidasa"brincar"usandotatosindccorosos,e descrevendo suas sensações. Em aulas de 5? Grau (]O anos), as crianças,emgruposmistos,de vcmdiscutirdetalhesdaanatomia de ambos os sexos. bem como formas de atividade sexual, in duindo formas contra a nature1,a. O manualdeprofrssores in dicaqueestasaulasinduem "fo-tografias,leituras,contatos'". No 9?Grau(l4anos),aaulaédivididaemdoisgrup0s, meninos e meninas.Ambosdevemengajarsenumacompetiçãoparadescobrirquemconhccemaisdctalhes daanatomiadosexoop0slo ..
Umlivrodetexto,emre outras coisas,diz: ''AsrelaçiJessexuais pré-marrimoniaissão aceitáveis tanto para o homem como para amulher,sees/ãoengajadosnumarelaçãoamorosaestál'el.Curasauwridadesnama1ériaacon selhama1équeasnaNosdevem vivuju,11osan1esdes..casarem". Olivroreçomendaalegalizaçào daprostituição,defendeohomo,sexualismo e passa a expOr modelos"alternativos"dematrimônio, como o "malrimônio aber10,noqualpodi>mha,wrelaçiJes sexuais ex1ra-ma1rimoniais,semaferarov{nculoen1re ocasal"("WashingtonTimes", 25-5-86).Éprcciwdizerqueeste cursode""higienesexual"éobrigatório!
Religião incomoda Omalnunca é introduzidoscm que obemsejaexpulso.Apartir dosanos1960,quasetodasasreferênciasàreligiãotSmsidocuidadosamcnt eexpurgadasdoslivrosdet extodo ensinopúblico nos Estados Unidos , num minucioso trabalho de censura. No decurso do ano de 1986, trêsestudoschegaramàmesma conclusãodemaneirainteiramenteindependente: ostemasreLigiososeopapeldareligiãonavida enahistóriadospovostfm sido quase completamente censurados noslinosdetcxto.Écuriosonotarqueumdosestudosfoiconduzidopeloprópri0Minis1érioda Educação; outrop0r uma organizaçãoesquerdista. '"Peoplefor thc AmericanWay'"; e oterceiro porumaorganiuçàoconscrvadora, o ··Family Research Council" ". Comumataleducaçào. não é deestranharqucoindicedeal fabetizado11endaadiminuir.Nos anos 1930.amargemdeanalfa
betismonosEstadosUnidosera muito reduzida: l,5"1t dosbrancosnativos,9,9'7odosbrancosestrangei ros, e 16"1, dosnegros eram analfabetos. Hoje em dia, oíndicede analfabetismoécalculadoem25'io,sendoqueentre os negros ele alinge até 400/o. Umacomissãodogoverno,num estudorealiudocml98J equeteveenormerepercussào.ch.egouà conçlusãodequeexistem23mi lhões de analfabetos norceamericanos.Outrosestudosapresemamcifrasaindamaiores. Um estudo privado.realizado pelo "Commiuee for Economic Deve lopment",conduiuque25"1t dos adultos nos Estados Unidos são "ona/fobetosfuncionois",eque outros 400/o são "analfabetos marginais" ("The Phyllis Schlaíly Rcport'', novembro 1985,pp.l-2). Para terminar. uma pergunta quetodobomcatóliconãopode deixar de fazer. A Confer~ncia Episcopal norce-americana iniciouháseisanosapublicaçãode umasériededocumemospastoraissobretemas mais candentes darealidadenacional.Jãfoipublicadacm 1983umaCartaPastoralColetivadefendendoodesarmamentounilaternldosEscadosUnidos.Esteanofoia,·ezda Pastoral sobre a economia, na qualosSrs.8isp0scriticamoca pitalismo,epropõemsoluçõesde cunhosocia!-democra1aeigua!i1ãrio. NãoseriaahoradeosSrs.Bispos lançarem uma Carta Pastoralsobreolamentávelestadoda cducaçãonopais,reafirmandoos admiráveisprincípiosdapedagogiacatólicatradicional?
CATOLICISMO - Jutio óe 1987
Discernindo, distinguindo, classificando...
Otipo humano se conhece pelo traje e ~~~~:ie~!i~~~~~~
reflete - quase diriamos se desdobra - em mil diferentes aspectos da atividade individual ou social: no modo de cumprimentar, nos temas correntesdeconversa,nadccoração dos ambientes, enfim seria um não acabar se quiséssemos enumerá-los todos; e certamente a lista não ficaria completa. É fora de dúvida, porém, que um dos reflel(OS mais 3.5sinalados de um tipo humano encontra-se no modo de trajar próprio à sua época. Em nossos dias, por exemplo, não é possí,·el referir-se às vestimentas em moda, sem que logo nos ocorra a impressionante decadência moral que se observa no homem contemporâneo. Mas não se trataapcnasde uma decadência moral. Trata-se também de um adelgaçamento da pcnonalidade. A extravagância e mesmo a aberração reinantes hoje cm dia e a falta completa ou quase tanto de compostura no trajar, marcam o novo tipo humano que vem surgindo, o qual caminha já, a largos passos, para o "hippie" e para o "punk". Ora, não só é grande o papel do vestuário no Cl(primira personalidade, mas é ele também um elemento imponante na formação desta. O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, a esse respeito, observou com penetração de espírito: "Quando uma época se preocupa em elevar o homem( ...)seráoutenderáaser nobre, digno, varonil o traje, desde o Soberano até o último plebeu" (in "Catolicismo", n~ 20, agosto/ 1952, "O traje, espelho de uma época"). Oproblemajásecolocava nitidamente no século passado, quando o igualitarismo no ,·estir que hoje em dia atinge um clímax tendia a despersonalizar os individuos. A esse propósito, o conhecido escritor ponugu!s, Eça de Queiroz - infelizmente autor de tantaspáginascensurá,•eise até ímpias - em sua cana "A Siurmm, alfaiate"(•),assimseupressa,com inegável ,·ef'·e e permitindo-se um compra:nsivel exagero didático para açentuar a veracidade da tese que esposa:
CAT0LICISM0-Jt.flode1987
"Meu bom Sturmm, a sua sobrecasaca é perfeitamente insensata. Ali a tenho, arejando à janela, nascostasde umacadeira; e assenta tão bem nessas costas de pau, mmo assentaria nas do Comandante das Guardas Municipais, nas do Patriarca, nas dum pilO(o da barra ou nas de um filósofo, se o houvesse nestes reinos. Quero, pois, severamente dizer que ela não possui individualidade. " ... o casaco está para o homem, como a palavra está para a idéia, o casaco serve para tomar o homem apre:sentáveleviáve[atravésdas ocupa,;ôe!;!;Oeiais(. .. ) "Eu desejava, através dessa veste, mostrar-me em Lisboa, onde a ia usar, sinceramente como sou. E, no entanto, que me manda V., Stunnm, num embrulho de papel pardo? V. manda-me a sobrecasaca que talha bem para toda a gente cm Ponugal, desgraçadamente: a sobrecasaca do Conselheiro! "Digo 'desgraçadamente', porque \'eslindo-nos todos pelo mesmo molde, V. leva-nos todos a ter o mesmo sentir e a ter o mesmo pensar. Nada influencia mais profundamente o sentir do homem, do que a fatiota qu e o cobre ( .. .) o mais extraviado mundano, dentro dumarobe-de-chambre,senteapetites de serão domésl.ioo e de carinhos ao fogão. "Maior ainda se afirma a innuência do vestuário sobre o
linl!ID*jlwtnlwnllfflllCII-.Otrajnll'flettr11 dtsi.i>:o • #i1,l'IS aa,n111n1 • nmo KMIIIIH1ormndo"1fpo.0ttnis, antiga 1111nte11Ados6p1nnponn.tornou-secll?dalllbitllll.iatris11tipolullil!G*io- " " • "**'nllllont:t:tefill•séat-
...
pensar. Não é possível conceber um sistemafilosóficocomospés entalados em escarpins de baile, e um jaquetão de veludo preto forrado acet.imazullevainevi1avelmentea idéias conservadoras. "Você, pondo no dorso de toda a Sociedade essa casaca de conselheiro, lisa, insípida, rotineira, pcsabunda, está simplesmente criando um País de conselheiros! "Dentro dessa confecção banaliz.adoraeachatante,opoeta perde a Fantasia, o dandy perde a vivacidade, o militar perde a coragem, o jornalista perde a veia, o criticoperdeasagacidade -e. perdendo cada um o relevo e a saliência própria, fica tudo reduzido a esse cepo moral que se chama o ronwlheiro! A suatesouraestáassim mesquinhamente aparando a originalidade do Pais! Você cana, em cada casaco, a monalha de um temperamento. E se Camões ainda vivesse -eV.o ,·estisse tinhamos em lugar dos Sonetos, anij:os do Comércio do Porto .. .". C.A. (º)Eta deQ,.,eir~ ...C,nas lniditasde FradiqllC Mrnd0$ ~ mais pá&inas NQuecidu. Lellor lrmlo Edi1or.-.. Pono,l~Sl,pp. 4Ja 47.
15
ANTA TERESA (século XVI) deseja-
Sva que
Geral do Carmelo, o que o Núncio não ti-
filhas se enclausurassem nos
nha ousado conceder. "Yer-se-ào obriga-
conventos do Carmo, em tomo do Sanllssimo Sacramento, como os mais fiéis guerreiros se encastelavam na fortaleza para mclhorresistiràinvasão.Apartirdoscon-
das [as monjas) - escreveu - pelo santo
SUa5
dausura, a contemplar como arrancam [Nosso Senhor] do seu trono, sem poder voor para perto d Ele e defendi-lo, ou pelo menos não deixá-lo .sozinho emre seus inimigos, paraqueassimpossoencontrar
ventos-àsemclhançadaestrategiamilitardaépoca-buscavaelaempreender umaheróicaresistênciaeguerradcrecon-
a seu fado corações muito pobres, ,nus muito amantes? Seria, Pai nosso, o mais cruel martfrio. muito maior do que perder a vida. Se Nosso Senhor tem que supor/ar gritos de ódio de seus inimigos, que possa OU\'ir também no.ssos lou1-ores". Na festa
quista, feita de orações e sacrifícios, que atraíssem as graças do Céu próprias a animar os defensores da Igreja, atirpar as hercsias e dcterminar a vitória da çausa de
""''·
de Cristo Rci, do mesmo ano de 1931, o Geral dos Carmelitas, frci Guilherme de Santo Alberto, comunica1·a-lhes a apro1·açào papal: "Suo Samidode dignou-se con-
Em nosso século, passados 400 anos, Madre Maravilla.s de Jesus, carmelita descalça, e suas filhas espirituais, as carmeliras do convento por eia fundado - oo Cerro de los Angeles, ao pé do famoso monu-
ceder com sumo agrado of/J\'Or pedido, cu-
Madre Maravillas de Jesus: exemplo de heroísmo em face da perseguição socialo-comunista mento ao Sagrado Coração de Jesus, na Espanha - seguiram com fidelidade heróinum dos momentos de perseguição religiosa mais terríveis da História da Igreja.
mu/ando de bênçãos toda a piedosa comunidade".
ca os ensinamentos de Santa Teresa,
Desde aquela data, durante os atribulados e ensangüentados anos da li Repúbli ca, essas carmelitas, sempre à espera do manírio, realizaram uma vigília continua emprcvisàodcpossivcisataquesdcsurprcsa das turbas socialo-comunis1as.
Bem junto ao Coração de Jesus Com efeito, a proclamação da II República espanhola (1931-1936)- socialista foi prontamente seguida das trágicas jornadas de maio de 1931: igrejas incendiadas, conventos devastados, sacerdotes assassinados. Do Cerro de los Angeles, as cármelitas viam as colunas de fumaça e ouviam o matraquear das metralhadoras. Naqucla circunstãncia, Madre Maravillas escrevcu ao Núncio: cm caso de ataque à imagem do Sagrado Coração de Jesus, poderiam as carmelitas sair de sua clausura e rodear o Monumento para defendê-lo? O Núncio não acedeu, pois parecia-lhe uma temeridade. E, em 11 de maio, chegou uma ordem terminante do Bispo de Madri: "Dispersem-se". As religiosas rcfugiaram-seemcasasamigas.AMadre permaneceu no Cerro de los Angeles, mas num outro prédio. Dali apelou ao Prelado. Este conccdeu quc as rcligio= retornassem. Madre Maravillas convocou-as e deu-lhesliberdadedeescolha:ouvoltarao convemoouprocurarlocaismaisseguros. Todas voltaram sem hesitar. Madre Maravillas tentou cntào obter do Samo Padre Pio XI, através do Prepos10
16
Em 1936, o povo católico levantou-se comra o governo central. comunista, eclodindo então a guerra civil. Todas as mani festaçõe!; comunistas em Madri anunciavam seu imauo de panir ao assalto do Cerro de los Angeles. Desconhecidos vagueavam ameaçadoramente em torno do convento e do Monumento. Os familiares das religiosa!; pediam que elas se afastas.-;crn do local.MadreMaravillas,juntocomacomunidade, desinteressava-se de seu deslino pcs.soa.[, e do convento. O Senhor - diz.a ela - o mamem de~ e pode dcrrubâlo quando lhe aprou1•er. Todas suas preoi:upaçõcs iam para as injúrias feitas ao Sagrado Coração de Jesus e Seu Monumcn-
'°· Arrancadas do "Cerro"
M..ir1M1o1Hilluaimsaa~-11dcl
-...ntodeãcadoaoS.,-ãCor1ÇiodlJt.
sa. 1111·-c.rr.c11m.t.n,11n~
Em lldejunhode 1936, terminada a Missa, ouviu·se um alarmante repicar da sineta do torno. Do lado de fora, milicianos vermelhos e soldados de assalto queriam levar, detidas, as religiosas num caminhào. O capelão, Pe. Rafael - que depois morreria mârtir, vitima dos com unis-
CATOLICISMO - .h.tio de 1987
tas - deu-lhes pela última n:z a comunhão <' deixou vazios de Hóstias os cibórios. As
no,·iças pronunciaram, sob condição, seus ,·otos solenes nas mã05 da Madre Maraviltas. Estavam radiantes porque - tinham ceneza - iam ao martírio! Por fim, abriu-se a pona da clausura. As carmelitas saíram em conejo, oom seus hábitos marrons, seus véus pretos cobrindo-lhesosrostoselevandoaseapas brancasnosbraços.Guardasemilicianos comunistas ficaram paralisados. A Madre então P<"(liu permissão ao chefe da tropa para ir até o Monumento. Os vermelhos consentiram. Cantando o Te Deum, as carmelitas foram prosternar-se ante o ,\lonumento ao Sagrado Coração de Jesus. O Pe. José Maria Vega, que logo seria também mánir de Cristo, recebeu a renovação da consagração de todas. Teriam sido felizes se, naquele momento, uma rajada de metralhadora as tivesse dci;..ado prostradas para sempre ame a bendita imagem, escreveu o Pc. Jesús M. Granero S.I. Confundidos com oqueviam,osmilicianosasobrigaram a subir num veículo. No caminho, crui.aram com um outro auninhão de milicianos. Estes queriam massacrá-las ato contínuo, mas os primdr05 opusaram-se e as drixanµn nooolegio da Sagrada Família, navi.rinhalocalidade dt"Getafe,queseenoontravasobbandcira francesa, eondeficaramasalvo. Ali, de ummiranteoculto,ascarmelitasaoompanhavam com suas orações reparadoras os atentados ao Monumento. Cargas sucessivas de dinamite explodiram em quantidade, mas o Monumento resistia. A cada tentativa frustra, as religiosas cantavam o Te lJeum e o Magnifico/. Mas, na primeira sexta-feira de agosto ouviu-se uma trrmenda explosão: a imagem do Coração de Jesus fora derrubada em meio a horrh·eis blasrrmias. Madf(' Mara,ilhas dis.se então resolutamente; "Fa/umdo Ele, niio temos mais nada que fa:::.er aqui. Amanhã mesmo soi'rnos pura Madri". Elas esperavam contra toda esperança.
Fidelidade heróica sob a perseguição comunista A familia de uma das rc:ligiosas havia emprestado à Madre um apartamento na rua Claudio Coelho. n? 33. O Carmelo instalou-se ali integralmente, e levou com rigor a vida conventual. As f('ligiosas vestiam, prudencialmenie, roupas civis, mas não podiam passar desapercrbidas. Em fremefunciona\'auma ·•chcca",prisãoonde eram 1onurados e monos os anticomunistas. Eoosdosgrit05e fuzilamentos chegavam ai~ às carmelitas. Os cuidados esmerados, a sagacidade e a prudência de Madre Maravilhas nem scmpreconseguiamdespistarosvcrmclhos. Houveinvasõesdemilicianose "chequistas" no apanamento, com bu.Kas e até re,istas pessoais. Cena "ez, durante um longo interrogatório no local, a Madf(' respondeu com tanta naiuralidade ao chefe anarquis1a de nome Carcajo. que lhe apomava
CATOLICISMO - Jlllo de 1987
17
~ncr,ocomentodo"Cerrodl!losAngeias",cDnStrUido ~pó, 1 {lll!ffl ciri
uma arma, que ele acabou guardando a arma, dizendo: "Vamos, vamos, a senhora e eu não podemos nos irritar um com o outro". Respandeu a Madre: "Tudo isso Deus o fa::;.. Não temos medo porque estamos desejando dar a vida por Ele". Numa outra ocasião, voltou o mesmo Carcajo com um outro "chequista", alardeando serem anarquistas, e vangloriandose dos crime; que lhes eram atribuidos. Pergu11tou se elas não tinham medo. Em toda Madricircu!avamnarraçõesdosaten!ados e brutalidades dos comunistas, e as canne!itas eram jovens ... A Madre apenas respandeu com um aceno às religiosas para que cantassem uma de suas canções: "Se o mart{rio conseguimos/ que maior felicidade! / Beber com Jesus o cálice / e depois com Ele ser feliz / E se Deus quer / que eu morro em prisão/ lhes direi que estou presa I .W, .W por amor". O assassino anarquista impressionou-se. "Isto é ser verdadeiramente católicas'', disse saindo. "A canção é que nos tocou", reconheceram depais. Até o fim da guerra civil, mais de dois mil assassinatos foram atribuídos a Carcajo ... Os alimentos escasseavam e a saúde das religiosas piorava diariamente. A superiora, com seu tato proverbial, arranjou as coisas de tal modo, que as cannelitas puderam abandonar a zona sob controle socialo-comunista,entrarnaFrança, e,depais de breve escala em Lourdes, reingressar no território espanhol reconquistado pelos anticomunistas. Anteriormente, em previsão da guerra, a Madre tinha adquirido o antigo "deserto de Batuecas", famoso peloseremitas que o ocuparam nas origens da reforma cannelitana de Santa Teresa. No local só restava um velho frade. Nas encostas das monta-
18
nhas espalhavam-se ermidas cm ruínas. E, por toda parte, a wlidâo ... As religiosas instalaram-se na antiga hospedaria, e desde o primeiro momento estabeleceram a observância da Regra. Foi a primeira fundação de Madre Maravillas na Espanha, a partir do Cerro de los Angeles, e ainda em plena guerra. Logo multiplicaram-se as postulantes, e o Bispa de Salamanca autorizou ultrapassar o número regulamentar de religiosas, com vistas a novas fundações.
Por fim, o retomo Mas as preocupações da Madre Maravillas em Batuecas voltavam-se para o Cerro de los Angeles. Na primavera de 1938, lançou-se a uma arriscada aventura. Acompanhada por duas irmãs voltou a ocupar oconvento,atravessandoumaduplafileiradetrincheiras. Os chefes militares anticomunistas julgavam o gesto como um verdadeiro heroísmo, pois o Cerro de los Ange/es, pela sua posiçâo elevada, era alvo da artilharia comunista. À sua passagem, os soldados católicos comovidos, pediam a gritos: "Irmãzinha, dê-me um escapulário! Irmãzinha, reu por mim". Do antigo convento só ficavam ruínas, mas a casadoscape!âesaindaera habitável. Em março de 1939, as carmelitas voltaram para instalar-se defüútivamente, mas já não restava nada em pé. Tiveram elas que se hospedar no colégio das ursulinas. As condições materiais eram péssimas: faltava água, as ruas estavam ocupadas pelas tropas e a circulação proibida. Em 28 de março de 1939, quando as cannelitas iniciavam o Te Deum no Oficio de Matinas, ossinospuseram-searepicar:osvcrmelhos tinham-se rendido!
E, enquanto em Madri o pavo celebrava sua libertação, as carmelitas subiam ao Cerro de los A ngeles rezando a Via Sacra entretrincheiraseescombros,ecaiamde joelhos ante os restos do Monumento ao Sagrado Coração de Jesus, em reparação eemaçãodegraças. A história da Ordem do Carmo se enriquecia com mais uma página de glória, pela fé da Madre Maravillas e das canne!itas de seu convento do Cerro de los Angeles. Caberia à destemida religiosa escrever ainda muitas outras.
Santiago Fernandez Obra,comul!ada,: - "Si!úledejas ... VidadelaMadreMaravillas dcJcsús,CarmelitaDescalz,a",GráficasHalar,Ma drid,1976 - Jcsú, M. Grancro. "Madre Mara•illas de Jcsú, iiografiacspiritual... lmprcmaFarcso,Madrid. 7 -SantaTeresadeJcsus,"CaminodePcrfección''. in "ObrasComple1a,... BAC, Madrid, 6! ed. , 1979 - LucioMondcs,"ApaixiodoCoraçãodeJcsus". "Cawlici,mo... n? 418, oucubrode 1985 - J.F.M.,"Porlassendasdelacaridad - Madre Maravillas,hijadelalglWa~deSan,aTeresade Jesú,",Tallercsdcllnstim10Poii1écnicoSalcsiano Atocha, Madrid, 1984 - Cannditas Descal,as dcl Co,uón de Jesus y San Jose, "Madre Maravillas de Jcsús - Carmeli!a D,,s-
19
~1;01--;ul~~iJ~ºl~~~;; 'd~~i~~:;Ji,a, Descalzo, - Postulación de la causa. "La Madre MaravillasdcJesús,CarmefüaDcscalu{189l -J974) UnreaucrodcsantidadcnlalaJcsia'',Roma,Po,tulaciónGeneraldelo,Carmeli!asDesca!zos.impresocnla Tip0grafia Pohglota Vaticana, l98l
(l;AtOLICISMO
CATOLICISMO - Jlftl de 1987
TFPsemacão . Boletim de noticias latino· americanas
Expansão contínua dos núcleos
de periferia urbana da TFP
A TFP vem encontrando especial
~ividade em certas camadas da população, não tanto de pessoas
N~v
dadassealta,oumédia-alta,massobrctudo da classe operária e da pc· qucnaburguesia.
Especialmente a partir de 1982, fa. nu1ias de correspondentes e simpati-
zantes da TFP passaram a fonnar os chamadosnúcleosdcperiferiaurbana, assistidos de peno por sócios e cooperadores da entidade especial-
Oorant11comemoraciodo Nau l de 1986,corrtsponde ntesdaTFPasffita m, nasedld111ntidad!n.obair,ode ltaquera,emSioPaulo,uma representaçlo 1ea1ral alusiva i da11
mente voltados para essa tarefa. Como é natural, aos poucos esses amigos desenvolvem uma ação de proselitismo em seu próprio ambiente, atraindo novos simpali1.antes. E, paraespamodemuitos,àman,~irademançhadcazcite,ainnuênda da TFP vai-se espraiando pela Grande São Paulo, em capilaridades até aqui submersas pelo "brouhaha" agitado dessa mcga]ópolis.
Na Grande São Paulo
N~!smz/ g~:=~~ir;~i':.11~
pias de sócios e cooperadores da TFP atuarndiariamentcjuntoafamílias de correspondentes. O âito crescente desse campo de ação levou a Soci~ade a alugar uma sede especialmente destinada a atender a esses correspondentes. Taiscorrespondentesvêm-seaprofundandocadadiamaisnadoutrina e nos métodos recomendados pela TFP, com vistas a uma atuação em profundidadenosambientesemque vivem Háreuniõesdediversostipos,parapequcnosgrupos,nasprópriasresidências dos correspondentes. Realizam-se também encontros mensais maiores, que rellnem às ,·ezes 200 a 300 pessoas. Airradi.açãodessetrabalhojáatinge37bairrosdacapitalpaulis1a,ondetaisnüclcosvãoscdesenvolvendo promissoramente. Ainda recentemente, o Prof. Plínio Corrêa de Oli,·eira íez conferência paraoseorrespondcntesdos núcleos de periferia urbana da Grande São Paulo. Realizada no Ultimo dia
CATOLICISMO - Jlhl de 1987
:a~~;\~r-;;~;;;:,s°:Sb::;~ entes religiosos, intelectuais e polítioosdos EstadosUnidosarespcitodo quesepassanospaíseslatino-americanos, a Soci~ade Americana de Defesa da Tradição, Famil ia e Propri~ade vem editando um boletim que apresenta síntese do noticiário coligido nos principais diários dessa região do mundo. Tal noticiário, que habitualmente não aparece nas páginas dos órgãos nane-americanos, exibe a reprodução do recone de jornal e sua versão em inglês, dando ênfase especial a fatos queatestamasgrandespotencialidades da Amhica Latina oom vistas ao s&:ulo XXI, ressal!ando também a reação anticomunista, o Jlf"OCCSSO de esqucrdizaçãoeainvestidadiplomáticasoviétiea nessa área geográfica.
Ap,cmit,ndo fflenalos Ili SUH OCUIIIÇ6n. ÇOf respondentesúTFP.rtSidefltecsnaperifóda grllldeSiaPUO.f0111111"am1.r11ço,i11quej6c1111-
11to111rnaisde SO membros
22 de março, focalizava o modo de atuar próprio a um correspondente de núcleo de periferia urbana. Hoje em dia, em certos ambientes, convém pensar duas vezes antes de atacar a TFP. Não tem sido raros os casosdequeodetratorderepentese dê coma de que está falando com um partidpanteativodosnúdeosdeperiferia urbana da entidade... Experiência amarga teve, nesse sentido,umcomitêdegrcveemcerta fábrica do ABC. No meio da reunião em que se procurava fermentar os ânimos dos operários para aderirem à greve, levanta-se um simpatizante da TFP e "acaba com a festa". Láfoipeloaresagreveprctendida. Mas há também, nesse terreno, boas surpresas. Ao desembarcar de um ônibus na Estação Rodoviãria de São Pa ulo, um correspondente da TFP argentina tomou um taJâ cm direção ao centro da cidade. Conversando com o mOlorista, qual não foi suasurpresaao-constatarquefalava com um correspondente da TFP brasileira ...
1 '
~
,.
'
Livreto de Fâtlma em polonês
A;ã~8 ~1~~:.1a:~a:a:.et
obra "As aparições e a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã LUcia", de autoria de Antonio
Augus10 Borelli Machado, por iniciativa da TFP desse país. Tal edição ccnamente constitui um significativo contributo para robustecer a fé dos católicos poloneses, cuja pátria encontra-sesoboj11gotirânioodeum regimemar,cista.
19
Umsonhoque se tomou realidade ...
e ~:~:::/'/!!!1i::::: tt7:'/J~n~'::~~Zul<m'::s~
bordo de três frágeis emborcações, realizaram, em /498, um grande sonho da época: o descobrimen!O do rora maritima para as fndias. As dificuldades que tornavam quase impossivel o
acesso ao Oriente, eram finalmente superadas pelo gênio naval português. A o cabo de poucos anos, um w1sto territ6rio - que em cerro sem ido se poderia chaes1ender-se-ia até os confins da
''!ª' de império Asia.
O 1"1peto exponsionis1a luso, como 1ambém o espanhol, era enuio es1imulado não apenas pelo desejo de dilatar os limites do reino, mas rambém de propagar o Fé Católico. As naus lusitanas, em cujos mas-
tros tremulava o pendão da Ordem de Cristo, transportaram missionários que, no Oriente, na África e nas Américas, com o apoio da Metrópole, semearam o Cristianismo. É verdade que os tempos }d não eram os da pleniwde de Fé, como outrora. Tanto os germes de decadência trazidos pelo Renascimento quanto a cupidez Jaziam-se notar. Porém, não se pode negar que uma santa ousodia estava presente nesse empreendimento, no qual se vislumbrai·a algo do admirável espírito das Cruzadas. A grandiosa epopéia do expansionismo marítimo de Portugal ficou imorroliuula nos 1•ersos de Cam6es: "E também as memórias gloriosas Daqueles Reis, que foram dilatando A F~ o Império; _e as terras viciosas De A/rica, e de Asia, andaram devastando. E aqueles, que por obras 1•aforosos Se vão da lei da morte li berrando" (Lus{adas, canto/.º, li) Entretanto, a alegria exuberante de uma raça vigoroso perame os novos horizontes que se lhe iam
apresemando, deveria manifestar-se não só em w?rsos mas também de outros modos. .Se nos "Lusíadas" ouvimos as sonoridades de um poema composto para enaltecer as façanhas empreendidas por aquele povo, na Torre de Belém admiramos um monumento que se tornou s{mbolo das triunfais conquistas portuguesas de outrora. Constrolda entre 1515 e 1520, no reinado de D. Manoel/, a Torre destinava-se à defesa do porto de Lisboa. Foi no decurso dos séculos usada como fortaleza, torre de 1•igia, depósito de armas e até prisão. A riqueza de seu estilo - o gótico luso da última fase, cognominado manuelino - realçado pela cor branca de suas pedras, confere à Torre de Belém um encanto especial. Edificada no estuârio do Tejo, a torre-Jortalew impressiona os esplritos pela solidez de sua constroção, como também os fascina pela harmonia de suas linhas arquitetônicas(•). Na foro noturna em que ela aparece nesta página, dir-se-ia um edifi'cio müico, banhado com luz dourada, emergindo da noite da História para comunicar uma mensagem de heroísmo. Cercada por torreões e ameias, encomra-se no 1erraço do ediflcio, allaneira e atenta aos navios que en1ram no porto, uma imagem de Nosso Senhora do Bom Sucesso. Para Ela se vo/la1·am os olhares agradecidos dos marinheiros ao retornarem de suas perigosas viagens pelos mares de todo o orbe. Com o passar dos lempos, a Torre de Belém tomouse a mais preciosa rellquia evocativa da gesta marüima dos fundadores do Brasil e de todo o mencionado império lusitano. Ela lembra um sonho que se /ornou realidade: o êxilo de empreendimentos tidos como superiores às forças humanas.
,·-----·, o------·--~------·-·""·•ºJJ/
- · - - -.. . .,.~··r.,,,•--•-•,,_,_
ameaça emperrar edepois anarquizar amedicina no Brasil
Caso seja aprovado oatual projeto de Constituição: ' obrasileiro ficarácerceado no seu direto de livre escolha do médico; • os hospitais ficarão expostos agraves riscos de desapropriação; ' tudo caminhará para transformar ocorpo médico do País em uma grande repartição pública.
Carta aberta da TFP alertando os srs. Constituintes sobre
A estatização
da Medicina Senhores Constiiu intes: O Projeto de Constituição, no Título IX, Capítulo li, Seção I, referente à Saúde, determinará, se aprovado, profundas modificações nas condições de vida do povo brasileiro. uma vez que atinge um dos campos mais delicados e sensíveis da
atividadchumana,quclododesvc\odc cada individ uo para com sua própria saúde.
Quando até Gorbachev recua ... De que ficará valendo aos brasileiros a recuperação da plenitude de seus direitos políticos, se a próxima Constituição lhes retirar inestimáveis dirtitos que presentemente lhes tocam na esíera privada? Por exemplo, de que lhes vale o direito de participar de comícios, ou de atuar na vida politica como entendam - que a próxima Constituição lhes confinnaní - se essa mesma Constituição lhes tirari. o direito de escolher os medicos de sua preferi:ncia para tratarem da saúde, sua ou dos filhos?
A Refonna da Saúde, tema
que o público ignota A opinião pública não está sendo informada de modo adequado para avaliar devidamente as conseqüências concretas de tais modificações. E. assim, nem de longc, pero:bc cla a gravidadc da situação para o nde está sendo conduzida. Contudo,sepudessepronunciar-secom
oonhocimcnto de causa, ela seria certamentc contrâria a tão radicais e inopinadas modificaçõcscomoasqueestãosendoprojctadas. Ademais, impô-las ao povo brasileiro .sem o tempo ncccssário para um amplo debate nacional que o esclarcccs.se inteiramen· te!iObrcoass unto -céoqucvaisucedcndo-sótendcacaracterizara Reforma da Saúde pi"econizada no Projeto como um ato de autorital'tifflO profundamen· te discrepantt dos ansdos de abtnura que marcaram o advento da No>'a Rtpública. Detentora de extensocurriculo de scrviçoi;prestadosao Pais,eponadoradc larga expcriênciadecomatocom o público, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade -TFP, representada por sua Comissão de Estudos Médicos, sente-se qualificada para solicitar o debate amplo e elucidati\'O há pouco referido, aprcsentando dcsdc jã, através do presente parecer, alguns subsídios que julga dignos de atenta consideração.
Será possível uma autêntica democracia politica, quando uma gigantesa ser instaurada pela ação das correntes de esquerda na Constituinte - dispuser arbitrariamente da pessoa e do produto do trabalho, para efeito de tratamento médico, de todo brasileiro portador de problemas de saúde?
ca máquina estatal -
É entrttanto a isso que conduz a ampla estatização da Medicina pleiteada pelo Projeto de Constituição, apresentado para debate no Plenário da Constituinte. Enquanto o fracasso do socialismo se vai patenteando a tal ponto no mundo inteiro, que até a Rússia de Gorbachev o vai abandonando, no Brasil a Constituinte parece ir atolando sempre mais no socialismo nosso País. É o que se vê com a tenível socialização da Medicina, que a Constituinte parece em vias de aprovar.
1 - Aspectos doutrinários da socialização da Medicina 1 . O caráter estatizante e monopolizador do Projeto O Projeto de Constituição ~ es1atizantt t mo nopolizador em quase todos os seus disposi d,·os. Por brevidade, se chamará a a1ençãoapena5paraalgunsdeles. a) Em seu an. 34&, o Projeto proclama oestranhoprincípiodeque asaçõesdesaúde (isto é, qualquer tipo de atendimento
médico) ..são d~ NJtun:.a pUbfka, cabendo ao Estado sua rtfUliJçiiO, u«uçâo ~ controle".
Aliberdadedoutorpriv.do. nominalmenttreeonhe<:ida. énarealldadec:oaretada b) ~ verdade QUC o Projeto assegura, no art. 349, "a liberdade de exerc(cio profis-
sional e de orgoniwção de serviços prii•oCAT0UCIS M0 -Agostode 1987
dos", naárrndasaúde,masacreso:ntaquc isw será feito "na forma da lei e de acordo com os princípios da poütica nacional de saúde".
Amedicinaprivadaficaassimnadependênciadosorganismosestataisquetracem a política nacional da saúde. A liberdade do setor privado na área da saúde, rcçonhccida norrúnalmente no texto do Projeto, se: vêentretantoooarctada no seu elemento mais imponante que é o dinamismo da livre iillciativa. e) Assim, o setor privado, em vez de ser o grande demento propulsor, como ainda o é atualmente - em que pese a grande
campanhadevacinaçàonoRiodeJalll!iro.~atribuiçãodoPoderPúbticoconcentrareslorçosem programas preventivos de saúde.
Na Constituinte, grave crise de autenticidade Quando de futuro se escrever o his1ória da presente Constiruinte, ficará patenteado que, nestes dias, elo terá passado - talvez sem que mais de um de seus membros se dé ronta do fato - por uma grave cri.se de autenticidade. Parte da imprensa encareceu, nos períodos pré e pós-eleitoral, quanto a maior parle dos candidatos era desconhecida pelo grande maioria dos votantes. E quanto, de outro lodo, estes se abstiveram de pronunciar-se, antes das eleiç6es, sobre os grandes temas sociais e econômicos que tanto realce iriam tomar, por certo, no lexto conslitucionol em elat;;;°:C~·um fator da grave caréncia de representatividade do conjunto' dos eleilos, no-tadafonemente pela imprensa o propósito do resultado das eleições. Explica-sefacilmenre, por exemplo, o número de votos em branco desconcenantemen/e alto, pelo fato de os eleitores nào conhecerem os programas dos seus futuros "representantes". Com efeito, como podem reprcsen/ar autenticamente o eleitorado tantos candidatos que, em sua grande maioria, este último não conhecia, e que pareciam empenhados, durante a campanha, em nada dizer que esclarecesse o País sobre o programo de ação que eles levariam para a Constituinte? Cri.se de representatividade: crise de autenticidade, portanto. Por sua vez, os jornais dos últimos meses dào conta de tudo quanto entrou de confuso, de arbitrário e de precipitado, de escandaloso por vezes, na tramitação dos sugestões dos srs. Constituintes e do público, feitas às- 24 Subcomissôes e 8 Comissões incumbidos de elaborar, os primeiras, anteprojetos parciais, e estas últimas, novos anteprojetos parciais que englobavam, trés o três, os anteprojetos anteriores. Se fosse necessário prová-lo, bastaria lembrar o coso arquetípico, e até folhetinesco, do que se passou no Subcomissão de Reforma Agrária, e os tumultos que ocorreram nas Comissões da Ordem Económica; da Ordem Social; do Soberania e dos Direitos e Garantias do Homem e da Mulher; e da Famflia, da Educação, Cultura e Espones, da Ciência e Tecnologia e do Comunicação. Ainda que se admita que boa parte desses inconvenientes tenham sido inevitáveis, à visto das circunstâncias, tal não impede, contudo, o risco de que mais de um anteprojeto de Subcomissão ou Comissão, incumbido de condensar as sugestões dos srs. Constiruintes e do público, exprimisse muito menos o pensamento destes últimos, do que os do relawr da respectiva condensação. Mais um tftulo de coréncio de autenticidade, portanto. À anterior caréncia de autenticidade no reloçào eleitor-candidato, somou-se assim mais outro fator da mesma cadncia, já agora no relacionamento do público e dos deputados rom as Subcomissões e Comissões elaboradoras dos anteprojetos, e destas últimas com a Comissão de Sistematização, encarregado da harmonização dos anteprojetos, para que da{ resultasse um Projeto de Constituição. Até que ponto esse Projeto, produto da fusão dos anteriores anteprojetos, corresponde às- "desiderato" da Constituinte? Hd bem poucos razões para supor que essa correspandéncio seja ampla, total. Ver-se-á o que os debates sobre o Projeto em curso no plenário da Constituinte dirão a respeito. Como se a 1ramiraçõo dos sucessivos anteprojetos estivesse perseguida pelo demônio da inautenticidade, esgueirou-se nos meandros da elaboração legislativa mais um fator de inautenticidade: o exagerado número de matérias sobre as quais é chamada a decidir a Assembléia Constituinte, e o amplitude como que incomensurável de várias dessas matérias entram em conflito com a inevitável limitação dos prazos regimentais.
Comaestatizaçãodamedicina,nãoédesetemer umaacentuadaquedadepadriodaatualcirurgia brasileira!
CATOLICISMO-Agostocle1987
A Comissão de EslUdos Médicos da TFP veio acompanhando, passo a passo, os anteprojetos que se sucederam ao longo dos trabalhos, primeiro da Subcomissão de Saúde, Seguridade e Meio Ambiente, e, depois, da Comissão do Ordem Social, encarregadas de elaborar o texto referente à Saúde, a fazer parte do futuro Conslituiçiío. Assim, elaborou ela um primeiro parecer, tendo em vista o Anteprojeto encaminhado pelo referida Subcomissão, à Comissão da Ordem Social, e o enlregou no dia 9 de junho ao Deputado Edme Tavares, DD. Presidente dessa Comissão. No dia 26 de junho, o relator da Comissiío de Sistematização apresentou a primeira versào do Anteprojeto global, para apreciação no âmbito interno da Comissão. E no dia 11 de julho, o relator entrou finalmente com o Projeto de Constituição, incorporando algumas emendas re-cebidas até determinado prazo (2 de julho). ~ esse Projeto, aprovado pelos Constituintes integrantes do Comissão no mesmo dia 11 de julho, que/oi apresentado para debate em Plenário, a partir do dia 15 de julho. O que fazer, diante dessas datas que se sucedem a loque de caixa, e de tontos textos que vào sendo sucessivamente reformados? Renunciar à publicoçào do presente estudo, e conseqüentemente renunciar também o contribuir para modijicar disposições do Proje10 que a Comissão de Esiudos Médicos da TFP tem como calomit= poro o País? Jamais. A Comissão de Estudos Médicos da •TFP, no que lhe diz respeito, decidiu colaborar, na medida de suas possibilidades, para evitar ao País as múlliplas e graves calamidades que o Projeto, na sua atual redação, contém, mesmo porque os dispositivos impugnáveis, segundo nosso modo de ver, vém se mantendo ao longo das sucessivas redações. E assim, os srs. Constituintes, a classe médica em geral e a Nação poderão ajuizar dos argumentos que a Comissão de Es/Udos Médicos da TFP submete à sua apreciação.
parceladosserviçosmédicosjáestatizada -passaaocuparumlugarseçundário. Isto, aliás,éexprcssarnentcditono§2~ do mesmo an. 349. o qual estabelece que ..o setor privado de prestação de serviços (tt .smítk pode ponicipar dl!/onna complemffll(U na assistência à S'1Úde da populaç6o, sobarcondiçóesestabeler:idasem contrato dtdillltopúblico". Afirmar que toda "prestaç4o de sen·iços dtsoúdt"deve ser feita nas "condições tstabtl«idas em contrato de direito público" significa que sendo esta uma função especifica do Estado, somente será exercida pelos pankulares como uma conces.são·govemamental. Em outras palavras, a montagem de um hospital, de um laboratório de análises, ou até mesmo de um simples consultório médico dependerá de uma autorização do governo, e será objeto de um "conmuo ~ dinilo públko ". ~ fácil compreender como isto reprcsen-
~ : = ~ a u ~ : ~ , ~q~i~~~~
t.o Hospital do Servidor Público, no Rio de Jllltiro, looga fila para o 1tendimtn10.
mais, à mercê de favores politicos. d)Maisainda.sobrcosetorprivadofica pairando continuamente o fantasma da intervençãoestatal.eatémesmodadcsapropriação: "O Poder Público pode inurW nos serviÇOS <k saúde de noturna pri-
vada necessdrios ao alcance dos objetivos da polítiro nacional do setor, bem como dnapropri4-fos" (an. 349, § 3~).
2. Gigantesca estrutura
burocrática No an. 345, o Projeto cria o "Sisuma
Unico dt Saúde", que implanta no Brasil umagigantescaestruturaburocrátkapara ocupar-se de todos os aspectos da saúde :losddadãos, nos moldesdosfl'llçassados Wtemasdesaúdesoviéticoecubano. a) Com efeito, entre as muitas atribuições que o Projeto dá a este "SisJema único de Saúde" está o de "formular po/Ílicas e elaboro, planos de saúde" (art. 347, inciso 1). Políticas e planos aos quais o
G1ev1 hospitala,: fen6meno cotriquwo nos hosJitaisd1 rede pública. O que sucedef6, cno II efetue uma ntllizaçiocompletada mediclnahfnilirll
setor privado deverá obedecer, sob pena de intervenção ou desapropriação (cfr. art. 349, § 3~)b) Ademais, mediãnce o "Sistema único de Saúde", competirá ao Estado "disciplinar, controlareesrimularapesquiso
sobre medicamentos, (... ) bem como participar de suo produç,io e distribuição" (art. 347,incisolll).Omesmoincisolllesclarcce que isso lem cm vista a "preserração da sobc'onia nacional". Na realidade, se cs1abclccc assim a 10tal ingerência do Eslado tanto na pesquisa, como na produção e até na dis1ribuição dos medicamentos. Tudo isto convene o "Sistema único de Saúde" num organismo-polvo, arquiburocrático, de tipo orwclliano.
3. Ingerência estatal lesiva dos direitos individuals Ditad1K1e1t11talqueabrange genericamente toda a Saúde a)O Projeto, cm seu an. 343, proclama o prindpio: ..A saúde I dirdto de todos e de\w do Estado".
LongaliadeesperanopostodolNPSclaAv. F,1nciscoMatamzo.emSiol'lulo. Aoqueperece,eenas como nt1 nlo imp!'essionam os COl'IStilUintes que desejam ampia, ainda mais 11111tizaçio da medk:nl no l'lil. CAT0LICISM0-Agostode1987
Tanto o dirrito de propriedade qu1n10 1 lnicl1liv1 privada se fundam no que há de mais cvick-nte, da ordem natural dascoisas. O homem tem, por sua natureza dotada de inteligmcia e de vontade, uma nobreza que o faz rei de todos os seres ck ordem inferior: animais, vegetais e minerais. O próprio fato de ser inteligente e livre lhe confere o direito de csroll*r e praticar as ações que rcdwxlem prioritariamente em seu próprio bem individual, e no dos seus.
Jusdflca-5e iw;im I Hvrc illiciltiv1. Dono de si próprio, tem o homem o direito de dispar, antes de tudo em seu próprio proveito, do produ10 do seu trabalho.
0PoderPllblicodeveconcederapoio1instituiç611privado1deassistanciam6dicaao1maisnecenitad01, como as Santas Casas de Misericórdil. AIrmandade da Miseric(N'dia, fundada em 1498 pela Rainhl Dona
Leo001"dePortugal,in1pirou,10longodo1skulo11t•nosso1clas,1criaçioclenumel'ososhospltai1deSff tipo. ~e loto, 1 histórica sede da Same Ceu ele SalvllkH' - primeil'ohospital do Brasi -. cuja fundaçlo 1emom166pocadoG0vemadorGeral, Tom6dtSoua.
Por outro lado, no art. 347, inciso li, o Projeto estabelece que cabe ao Estado,
mediante o "Sistvria único de Saúde", ''pratar fUSistincia Uftq,ol d saúde Ufdi1•idual e coktl1v", Dentro da concepção cstatizan1c do Projeto, estas disposições parecem obscurecer (e quiça negar) o principio do Direito Natural de que, acima do próprio Estado, o lkver - e. de modo corntato, o direito decuidlll'daprópria saúdepmence,antes dl-ludo,1cadaindiriduo(salvocasoscxcepcionaisdcdocnçasinfccciosas,oomcaráter epidêmico). Assim, fica aberto o campo para que se introdur.a em nossa carta Magna, dai filtrando para toda a nossa legislação ordinária, o princípio dc quc o cuidado da saúde de cada individuo toca primordiameme ao Estado. Princípio este que pressupõe o conctito,eminent~ntecoletirisll,dequc oindivíduoexistelnttlramente paraasoricdade,quandonattalldadedetxisteantes de tudo para si mesmo e para Deus. Princípio, par isto mesmo, evidentemente oposto à ordem natural das coisas, e de c:aniter tirinico , uma vez que faz depcnder, emprimciralinha,ocuidadopclasaúdede cada qual da Jigantesca burocracia estatal que o Projeto visa criar. Em uma~ em que tanto se fala da pessoa humana e de seus dirci1os, na nova CoMituiçiobrasiletr11odireitodoindivtduo de dlspar üvrcn>fflle de sua própria saúde- o qut cquhlllt I dil.er, de sua própria rida- ficaria subordinado IO Estado! Owigiarno Htalll dr..11co, de cunho
especificamenteigulllhtrio b) Tambmi lesa os direitos individuais o disposto no an. 344, li, segundo o qual
"o Estado assegura o direito à saúde mediante" o "acaso unfrff'SQ/. igualitário e gratuito"aosserviçosdesaúde.
CATOUCISMO-Agostode1987
Poder-se-ia pensar que C51e disposili\'O só é válidoparaossa-viçosdo&tado. Mas o principio enunciado, tendo em vista a lógica interna estatizante do Projeto, leva a temer, na prática, que se impeça I qualquer um de obter para sí um melhor padrio de atendimento, de acordo com u 5t1U p<mes e proporcionado is suas oondiçõe!i de saúde. Isto pressuporia a cxi51ênciadcum regime marcadamente dirigista. para não dittr comunista, pais: 1~) ou afirmaria que todos os salários dcl·em 5Ct' iguais; ou 2~) queemborasendodesiguaisossalários,lui;ros e proventos, 1 um indivíduo que pnhc mais stria licito gastar seu supenivlt no queentenda(inclusivemoradia,decoração e lazi;res de alto padrão), pan!m não pal'II addesadesuasaúde e de suavida!
4. O direito do homem sobre si mesmo o direito de propriedade a livre iniciativa
- a rrvre escolha Mas, poderá objetar alguem: "O direito de propriedade, o principio da lívrc iniciativa, tio freqüentemente lembntdos no decurso das pnscnte rcflexõe, no que se fundam? Não oonsti1uirão eles meros prccollmtos sem fUJldamcnto lógico, que permanecem no espírito humano com caráter dcsimplesbábitosmentaistransmitidosrotinciramentcckumagcraçãoparaoutra?" Não cabe nos limites de um documento do gênero deste, demonstrar cabalmente o fundamento lógico, tanto da propriedade privada como da livre iniciativa. Mas, de si,amatéria é detransparênciacristalina. Peloqueépossíveltraçaraqui,emsuaadmirávelsimplicidadc,aslinhasmcstrasdessaargumentação.
Fundam-se nislo o direito de propriedade e o direito de herança. Negar estes dois princípios não imparia só em prejudicar o bem comum, com detrimentodapropriedadeprivadaedalivre iniciativa; importa, ademais, em predpitar o Estado e a sociedade no despenhadeiro de uma onfmoda tirania. Assim, 1 negaçto do principtOdalivre escolh a 1n1nsform1ria inexoOlvdmcnte a Mtdidn1 em inslmmento do Poder esll· tal, uma vez que rcduriria o pru;iente (sobrctudoo pacientegrave)a uma situação de complell dependfnd1 em reuçio 10 médko, o qual, por sua vn, etaria na deptndfnd1 do Estado. Convém lembrar que os Estados e os governos, considerados inconcreto, configuram-se, o mais das vezes, como instrumentos de panidos, facções ou grupos de caráter idcológiro, polítko ou quiça financeiro, que dctbn o Poder. Gruposesscse disto pululam exemplos na História propensos tantas vezes a txertff sobre os indlriduos prm6es das mais variadas naturezas, 1 seniço de inleftSStS. prcferfncils ou desejos de vlnpnça. Com a Medicina socialwlda.sem possibilidadcdec:scothaaltcmativa, é desses grupos no Poder, de suas ideologias ou interesses, que os cidadãos passarãoadependcr,paraobtcrcmumtratamento de saúde. Negar a propriedade privada importa emprccipitaraeconomi1nose:ltremosde mi~ri1 dos quais está proi;urando desatolar-se o governo russo com o descongelamento do férreo capitalismo ck F.s!ado inerente ao regime soviélioo. O quc Oorbachev vem tentando realizar canhcstramente através da tão preconizada "glasnost",
5. Direito de propriedade e livre iniciativa no Magistério Pontificio Aestatizaçtoindlscriminldairondcnad1 pela Doutrilll Social da Igreja. São numerosos os textos pontificios que tratam do assunto.A TFPospossuieoscolocaàdisposição dos srs. Constiurintcs que queiram conhed-loseanalisá-los. Para corroborar o sentido an1i-socialistadctais textos, sirvam de exemplo duas citações: Fala Pio XII
Em seu discurso à IX Conferência da União Internacional das Associações Patronais Católicas, em 7 de maio de 1949, Pio XII afirma: "Faur da ~atiZPÇiío como que a regra normal do organiZJJÇão pú-
blica da economia seria subW!rter a ordem
das coisas. A mi.nõo do Direito Público é, com efeito, servir o direito priWJdo. e não absorvi-lo. A tronomia, como qualquer ourro ,amo da atividade humana, nào é JXX narurna uma instituiçiio do Estado; da é. ao invér, o produw vivo da livre iniciativa dos indivfduos e de seus grupos livremente constitufdos". f•I• Joto XXIII Citando o ensinamento de Pio X I na Encíclica Quadrogesimo Anno (15-5-31), JoãoXXlllreafümaoprincipiodesubsidiariedade, ou da função supletiva do Estado: "Permanece, contudo,firmeecons-
tante na /ilosoj10 social aquele importontúsimo princfpio que é inamovível e imutável: assim como niio é lfcilo subtrair aos indivíduos o que elas podem rfOlit.Dr com asprõpriasforçaseindústrio, paroconjuJ.. lo à cole1ividade, do mesmo modo passar paro uma.sociedade maior e.mais_ elevado o que sociedades menores e infenom poderiam conseguir, é uma injustiça ao mesmo tempo que um grave dano e perturbação da boa ordem" (Encíclica Mater et Magistrade 15 de maio de 1961). Inclusive à vista destes ensinamentos p0ntificios, ~ inteilllllll'ntr m:ud~·d I instituiçlo dt um "SistemaúnkotkSmíth'~
•
__
Santa casa de Mlsericó«lia do Rio dt J1nelro, instalada num vasto ediliclo
Esquema das mudanças capitais MedicinaHtaliuda
cenll"llhador e estatizante, oomo propõe o Projeto de Constituição rm debate no Plenário.
I.NaMedicinaprivada,opaciente pode escolher seu midico, seu hospital ctc.
1. Na Medicinasocializ.ada, opacien1etemqueaceillraquilo queo F.sudo lbeorerece.
li ~ Aspectos práticos O J)OVO brasileiro deseja a estatização da
2. Emquepeseoestadoatual denossaMcdicinaemfasede socializaçãojáadiantada,uma parte pondeclvd da populaçio co115egueusarset"\llÇospriva-
2.Acstatizaçioteodtrãadiminarpraticamemea Medicina puticular, restando apenas um ou outro serviçoprivado,JX)r6napreçosinacn.slveisparao comum da população. A existência da Medicina paniClliar, que passaria aserusadasomentep0rpcswasdepos.ses-asquais, alémdecontribuircompulsoriamenleparaousodo serviço IDMico estatal (no qual nio confiam) ainda pagariam cuidados médicos mais caros (aos quais confiam)- trarugrcdiria o princípio constitucional, propos!onoAnteprojeto,deigualdadedetratamento m'11ko para todos osôdadio5. E isto lo-ariaa legislaçãoordináriaairttrttando passo1 passo11Medicina panicular, até a sua extinçlo.
Medicina prcconiz.ada pelo Projeto? Caso fosse realizada umaenqueteim, parcial a respeito, ou melhor ainda um plebiscito, não há dúvida de que a resposta seria um rotundo NÃO! 1:: fato público e notório que qualquer pes.,ollprtftffstrllendidapormédioopartku]ar I retOrrtt à defteieote assbt~nd• IMdka propordoruida por órgãos cstuals, mui1uveusatéteodoqlM'ilnçarmlode rttunos extraord.inirios. Fai:endo tabula rosa deste fato, o Projeto de Constituição em debate no Plenário, naSeçãoreferenteàSaúde, propõe a criaçãodeumaimerw,amáquinaestatalde assistencia,movidaporverbasoolossaisque serão extraídas da própria J.l(lpulação (obrigada assim a contribuir pesadamente para a manutenção de um serviço no qual ela nãooonfia),fomcc..-ndo-lhe,rmtroca,serviços habitualmente inferiores aos que ela conseguiria por si mesma. Que efeitos traria para o Brasil a aiação desta irnensa máquina esta1al de assistênciam«lica7 Uma Medkina cada vez mais burocraliuda, e portanto esclerosada e ineflrienUm Estado cada vez mais intervencionista e hipenroliado. Uma população cada vez mais pobre e mli<l despojada dt seus direilosindividuais. Noquadroabaixoéfeitaacomparaçio entreasliberdadesdtquegozaa1Ualmen1e1 populaçio, em 111J.téri1de1:.WS1ênd1 m'11kl, e as limitações que lhe Sttiam lmposllS pda esütizaçio. Seria o "paraíso" da tecnocracia maisdespól:ica impos!a ao contribuinte, entretanto infenso a da.
1,.
doseíKientcs,acustosque,em ri1:or,siioaindaaccssÍ\'eis.
3.AMedkinaprh·adaestimula os profissionais a manterem serviços de bom nível dentífico e a melhorarem a qualidade do atendimento, como conseqüência natural do principioda emulação e da concorrência.
3. A Medicina esütizada nio estimula o aprimoramento dos seniços médicos. O paciente não tem oondições para exigir boa qualidade de atendimento.
4.NaMcdicinaprivada,exisie harmonia e entroSllRll'fllO na relação médico-paciente.
4. Na Medicina socializ.ada falia molivação ao médico pua atender brm o paclm1e. Estabelece-se a ftitl de confiança do doente em ,dação ao m«lico.
5. O médico particular tende a
S.N1Medidmesütal,offlfdicotendeaencaminhar
I.Sllumirocasodopacientepor inteiro, levando o tratamen10 atéofim.
os casos para outros seniços. evitando assumir a total resp0nsabilidadesobreo paciente(práticajocosamente denominada de "empurr01erapia'').
6.Alivreioiciativanatireade produçiiodemedicamen1os~ Cimulaapcsquisacientífica.A concorrênciafa11oreccobaratcamento de custos e a melhora da qualidade.
6.Af11bricaçiodemedicamet11ospelof.st1dolende attdurlronúmerodeprodu1oseapiorarsuaqualidade. É sabido, por exemplo, que a importação de determinadasmatériasprimasénecessáriaparaprodução de certos medicamentos de eficiência garantida. NumaMedicinaesülmlda, aronverufnciadeeslimular ou cercear I importaçio de tais substâncias serli determinada por conjunlura!ó econômkas, fi. nancan&S ou poülicas frcqUC!ltemente alheias aos inter~ da saúde pública ou privada.
CAWUCISMO-Agostode1987
Ili - Conclusão e apelo
Public,çõet de entidades médicas do setor privldo tim reagido contra a estatizaçio da medicina e delendido1livf'elniclttiY1
A Sociedade Bftiildr11 de Defesa da Tr11diçio, FIIJlliliae Propriedade- lTP, entidadecivicaefilantrópica,deinspiração católicaedenaturezaapoliticaemrapartidária,nocumprimentodosfinsprevistos nosseuscstatutos,1pda1osnobresConsti1uin1es par11 a 101al rejtlçto do reírrido Projeto, no que se refere lsaúde,e para a promoção de amplo debate, de maneira aauscultarosverdadeirosansciosdaopinião pública brasilcira. Para tal, aComissiiodeEsludosMédioosdalrPofereceiconsidtraçiodossrs. Constituintes, a título menmente cxemplif)Clltivo, os seguintes eltmtnlos para uma políticadtsaúde: 1!) atriblliçin dos cutdados de saúde. espttiahnente dos lmisteiw:iais, basicammte
à iniciativa privada, eabmdo ao Estado apenas uma ação supletiva;
2?) roncentnlçio dos esforços govmuunenlais em programas preventivos dt saúde;
O tradlclonal Holpit1I da Rell Benellcitncll Portu911t11, em Sio Paulo, é uma das instiluiçõet prlv• dls que mantém alto padrio de atendimento.
J?)apoioàsinslituiçõescxistenteseinan1ivo àcriaçâo de novasins1ilwçõesde assistfociamédicaaosm.alsnecn.sitados; 4?) preservaçio do principio da livre fSCOlha do mMico e dos Stn·iços de saúde pelo paciente;
5!) proibição de campanhas de limitação da natalidade; 6!) proibição do aborto, da eutadsia e da fecundaçiohumanaartiílcial. A reafirmação e fortaledmenlo dos princípios da propriedade privada e da livre iniciativa na lirea daMedicillll,esobrctudoaobservãnciados a ltos princípios da Moral ca1ólica nesse campo, somente resultarão em benefkio de toda a população. QueNossaSenhoraAparecida,Padroeira do Brasil, ilwnine os Constituintes na tarda sobremaneira delicada da daboração de nossa nova Lei Magna.
São Paulo, 16 de julho de 1987 Comissão de Esmdos M~ieos da TFP
OllolpilalSifio.libanh,nacapitalpaulist1,con1tttueslgnilicltlnamostra dapulançad1inlci1tiY1 priv1d1noset01'hospitalar CATOUCISMO-Agostodll1987
Dr. Dr. Dr. Dr. Dr. Dr. Dr. Dr. Dr. Dr.
Antonio Rodrigues Ferreira Antonio Cândido de Lara Duca Affonso Giffenig de Mattos Edwaldo Marques Francisco Fernandes Scnra Francisco Lconcio Cerqueira Jorge Eduardo Gabriel Koury Luís Moreira Duncan Murillo Maranhão Galliez Romeu Merhej
Nos Estados Unidos, esquerda católica importa revolução de contrabando WASHINGTON - Existe hoje em dia, nos Estados Unidos, umavastaredcdcinstituiçõesc movimt:nlOS -
tanto religiosos
como Leigos - de apoio à Nicar'&ua sandinista c à guerrilha ~ntro-americana em geral (1). É íatopoucodivulgadoquconú-
mcro de "intcrnacionalistll$"
norte-americanos trabalhando gratuitamente para o governo sandinistaémuitograndc. Essaredc,nllocontcntccmexponarJuaajudaàrevoluçãoccntro-amcricana, tem começado a importartalrevoluçãoparadentrodufronteirasnonc-americanas.Umdosprincipaísmeiosutiliudo5 paraes.se fim ~o chamado "movimento santuário".
O"samuário"escolhe bem seus ativistas ÊtradiçlonoOeidcntcçriJtio considcrarosr,:çintosdcigrcju cmostciroscomosendoinvioláveis.Ouseja,semexplicita autorizaçlodoBispodiocc:sanooudo vigirio, como também no caso dasi&re:Jasprotestantes,dopastor,apoliciacouua.sautoridadcsniopodrmai penetrar para prender algum refugiado. É o quc,na ldadcMedia,denominava-se"dirci1odcasilo".Modcrnamcmetuae):pressioindicao direi1ode1bri1onioli0emigrcju e san1uirios, como iambém cmrecin1os nloreligiosos. Abusandodesiainstituiçâo,a esqucrdareligiosannrtc-americana-1antoca16Licacomoprotestante-temconstituídoumgrandc,cmborainformal,movimcntoreli&ioso-políticogmericamentccbamado"movimentosantu.ário".Surgiuestecm l98 1,dcvídoàacuaçiodopastorpresbiteriano John Fifc, dcTucron, no Arizona,cdcdois"qu.akcr$"do Novo Máico, Jim Oudlcy e Jim Corbet. Tal movimento afirma contar commaisdcSO.OOOativistu.Suaacuaçlobá5icaconsis1e cm declarar "samuários" um crcsccn1cnúmerodcigrcjas,paraneluabri1ar rcfugiad01centro-americano,emc:<icanos, que estãoilcgalmcntcnopa.ls,c, desta forma, conseguem burlar as leis. Taisimia:rantesilea:&u,rccebid0$ mu igrejas-santuário, apresentamumacaractcristicasingular;aimensamaioriadelcsdoc:squerdis1upro••en.icmesdepaises
não-t0munis1as, como Honduras, Guatemala e El Salvador. Os nican1iiensesoucubanosquefoa:cmd1s1iraniasvennelhasc:tistentes em suas p4trias, dificilmente encontram refúgio nas meneionadasiarcjas(2). Masestanloo!aúnicacaracterlstica de tais "refugiados"." Ames de serem aceit01 num "santuário", eles devem passar por vários testes.Segundo constata ume:<celentcestudodivulgadohá pouco nos Estados Unidos, "o movimc111o[sanmário]nãoactti1aquafqu"imigrantcourcfugiado como candidato a r~bu ossistincia, mru só aqucfcs que fogemdc1011trnosanticomunisros e cs11Jo dispostos a tomar pane nasarividadadomovimcnto.Scgundo I• revisUI) 'ln The:-w Timc.s', 'osrefugiadosdcsantuário n6osdocscolhidosacsmo.( .•. ) Elessãoa111cspas1osaprovaparovcrscc.s11Joprontosparoscengajartm [no mol'imentoJ, diz a Irmã Darlcnt Nicgorski, que tem troba/hadomuitonc.stasc/eção ' " (3).
O prOJtlitismo i bem organizado. Ativistas do movimento ".santuArio"viajam ao México parabuscarcltmeniosque,já pri-selccionad0$porgruposda esqund.a rcligiosacentro-american1 c levados 11i aqucle pais, 5Aoentiointroduzidosclandestinamcnte nos Estados Unidos e en1ajadosnasa1ividadcsdomovimcnto(4). Qualiafinalidadcdetãograndc opcração? SeaundoaconhccidacKritõra conservadora Racl Jean Isaac, quesctemcspccialiiadonocstudodaesqucrdanonc-americana, "para os /(deres do movimenlo, o 'santudrio'i,cmliltimoanálisc, um modo de criar uma rcvo/ufào neste pai$, um modo de CQnSC/crlli:Prosfliisdasigrejas, rodicoliuf-los e prepará-los paro formar comunidades cri.stãs {de base] segundo o modelo latino-amcricono,11Squai.scn16oco-. m«ariam Q lura poro dtrrubor a ordtm cstabclccida"(S). Apesar dos arandes esforços fcitospclaesquerdacatólicanos Estados Unidos para organizar um movimento de Comunidade Eclesial de Base, similar ao lalino-americano, fatorcspsicológi~chis16riros1bnato!aquii~pcdidoqueestcalcancca:randed1namismo. Entreianto, aos poucos, o movimenio vai ,:rcscendo,
Famil QUlltfflllttca, no interior de uma igrejeótNova Yor1c, que a abrigou
ocupandoespaçoscadave,;maiorcso1lgrcja,eipos.sivelqucvcnh1 a desempenhar um papel oomparhel ao que u.cra tem na Américalatina,n.apr0pulsãoda lutapelaesquerdizaçãonoplano político,socialecconôrnioo. Porem, a morosidade de seu creKimcnto, juntocomospro-
!1~~~1rF;~~;;;.t:r1~1~::::
esquerdaac_nvcredartamb6npor outroJcammhos. Dentre eles, o movimento "santuário" e um mciodeintrodutiraprópriarcvoluçãolatino-ameria.naoosEsLadosUnidos,edcstaformaaccleraroproassodecsquerdização dopaiJ.Eltplicaaautoraconscrv1doraacim1citada:
''O 11trdadciro fim do movimcnto i obtcr a viuJrio da guerrilhanaAmiricaCentrol, etrattra'nvolur,Jo'paro('lllll-paroosE.stadosUnidos.( ... )A Tcologioda LitJcrtoçãocn,wunossafromcira, trotidapclosrefugiados. UmaigrtjapopularcsttintllccndonosEstudosUnidos, àsemc/hançadaigrcjapopularlatino-americona"(6). Numcnsaiointitulado"TcologiadoSanmário",doisativistas domo,·imcntodeclaram;
"Esttioromeçodeuma11trdadcira solidariedade. A Tcologio da litJcrtoção cruwu 115 nosfronteiros, jcl não cm fo~ma dclivrosf)llfll!lltrtmlidosedi.s-
5ll3
CATCN.JCISMO-Agmto.1987
curidos, mas na praxis [termo pro,·enicntcdafilosofiamarxista, cusadopda Teologia da Libertaçãoaorefcrir-s.caoativismo rc•,oh.1ciomirio). UmaJirtvo/ucionúffllnQsctu, ron~danacsperançaesus1enradanartSistineia. Eadedaraçõodesantudrlo i o rerne dele novo movimenro de:wlidaril'dade rttigiosa"(1). A solidariedade aqui referida C.cvidcntcmcnte. a da csqucrda rcligiou norte-americana com a latino-americana. Opotencialdeuarcvoluçlodc tipo latino-americano nos EstadosUnidosnãodcvcscrsubesti· mado.O~nsodcl980mostrou qucapopu!açãohispano-amcricananaquclcpaíscradcquaseJS ni.ilhões(deumtotaldc220). Hojc,dcvidoasuaaltataxadcnatalidade, o nú.mero deverá ser muilo maior. Isto não leva cm considcraçãoosimigramcsilc&ais,quealgunscspccialistascalculam ser 12milhões(8). As autoridades de imigração declararam que só cm 1986ingrcssaram dandcstinamrntcnopaíscercadc l,8mi!hõesdcpcssoas,901i'tdas quaisprovenicntcsdoMbico c América Central (9). Algunscspccialistasdizcmquc,acontinuar o atual ritmo de crescimento, 10'io da população dos Estados Unidos scri hispano-amcricana no anol.080(10). Essapopulaçãohispana.cs~cialmcntcocnormccontintcntc dcílcgais,forneceaomovimcn• to··santul.rio'"umvastocampo dcaçlo. lndc~ndcntcmcnte, C claro,docngajamcntodcclcmC11tosdapopulaçloanalo-sad,quc já por si poderãoconslituirum importantcfatordcagitaçiosocial.Acsqucrdanlocstl.poupandocsforçosparaorganizarno pais uma maua de manobra com ~noslatino-amcricanosaliresídcntcs,inclw;ivemediantcaelaboração de uma "Teologia da Mcstiçagcm",espécicdeTeologíadalib,crtaçãoapllcadaàpopulaçllohispananosütadosUnidos(ll). Além de promover o '"movimento santuário", juntamente comsctoresprotcstan!esdclinha progrcuista,acsquerdacatólica atuademuitasoutras formas.Assim,porcxemplo,aorsanização dos"'Encuentros'',ques.ãoconsr=s dc cclcsiásticos e leigos como objetivodcdinamiur a pasmraldccunhoprO,rCSlista, nosciodapopulaçtodeorigcm hispano-americana e:,;istcmc no pai!;. Masnapráticaoquccs1,ha'"endoéumasimbiosccntreacsqucrdarcvolucionáriacltnicadc origemanglo-lU.ã,eaesquerda católica,quecontacomumfortecomributohispano-amcricano. Talsimbioseésobretudopatente nos estados norte-americanos do sul,cspccialmcmcCalifómia,TcxaseArizona,osquaisjá possucm.emalgumasreaiõcs, 50"' depopulaçãohispana.
CATOUCISMO -Agostode1987
SaulDavidAlinsky(J909-l972) é!ldooomoomaiorteóriooda revoluçionosEstadosUnidos.JudeunascidoemChicago,éelcautordedoislivrosqueconstituem ollOdcm«umdacsquerdanorteamericana. Um deles, "Regras para Radicais", esul.dedicadoà Lú.ci fer. "'o primeiro radirol" (12).Alinskyfundou,cm 1940,a "lndumial Arcas Foundation (IAF)ealgunsanosdcpoisolnstitutodcTrcinamcntodalAF,cspécie de Universidade onde !Ao educados agitadores na teoria e pr,1icadarcvoluçiosocial.Oinstituto s.c auto-proclama "ncola deradiroisprof,ssionais'".Grandcpartcdaagitaçãocsquerdista dasú!timasdécadasrncontrasua origemnosmanejosde'·organizadorcs"da lAF,oomocufemisticamrntesãochamadosscusagitadores profissionais. Nosanos60,naCalifómia,começouumacuriosa aliançaentre asorganiu.çõcsdeAlinskyeacsquerdacatólica, as primeirasconlribuindo com seu know-how e c.-:pcri~ncia nas agitação rocia! e asq:undaoomsu amassadefiéis, impecavelmente organizados em paróquias.sobaautoridadcdos vi&árioseBispos,esua Tcologia daLíbcnaçiocomofundamentaçãodoutrináriadomovimentorcvolucionário. A fórmula revelou-se altamente eficaz, e da Califórnia ela foi transplantadaaoTcxaseaoutros cstadosdosul,cparcceestarscndo implementada cm todo o país. ütamos assistindo ao aparccimcntodcumavastarededeorganizações, curiosa simbiose de irupos de prCSUO do tipo Alinsky com Comunidades de Base. Os vigáriosproircssistascontratam "oraanizadores" da IAF para mobilizargruposquc,comapoio financcirodasdioceseseordcns religiosas, começam então uma ... açãosocial(IJ). Qua!scr,orumoquecsscmo,·imcntomis!otomaré?Ter,ele opotcncialdeserarumarevo!uçãodctiposandinistanosfatadosUnidos?Otempoodirá. De nossaparte,queremoscumpnro dcverdealertarosleitorcs de "Catolicismo"'paraesscpcrigoa fimdecontribuir paraqucelc não se torne realidade Ou ao menos para que. perante a História, fique consignada a nossa advertência. M, rioA. Costa
Quando o bandido fala mais alto. .. M ais pareda uma festa: ao ritmo de sambe e num clima camovalesco, foi condufda a diSputa eleitoral. De um lado. pda chapa "'Liberdade", o ladrõo de cam,s e estelionalório F.dir Flores V-,anna; de outro, ~ nome da "Parlkipoçào", o 1ambim ladrão de carros e de bcm:os Josi CarlosGrerório. apelidado o "Gordo". Este - um dos chefes da "Falange Vermelha", orgamVJfÕQ criminoso~ atua livrertU'flte no interior de p,r:sidiosfluminenses -, ao ser proclamado viloriaso, discursou, eufórico: - Fugir I fácil, mas no momento não vale-a-pena. Vamos deixar de lado a força e agir com in1eliglncia, como a Mdfia italiOll(J. A Falange está mais ~unizada do que nunca ejá deixou de s,u bcndo para se tomar comando (c/r. "O Globo", 19-6-87). Esse inusitado "programa" eleitoral de um assa/lante foi exposto na Penilenciária Milton Dias Moreira, após a missa de Páscoa rezada pelo Bispo-auxiliar do Rio, D. Affonso Gregory. Com 101a/ desembcraço, nessa ocasião, o assaltante o "Gordo" co,ifesso ter WY1Cldoa "eleiçdo" (515 VOU)$ contra 71) amparado no poder económico, e anuncia que fará diversos inve:uimemos, en1re os quais a promoção dos criminosos pugilistas. Seu principal aliado na campanha/CJi o trqf1C011fe Josi Carlos dos Reis Endna, conhecido pela alcunho de "Escadinha", que certa vez fugiu da prisão num helicóptero. Recopturado, gow ainda hoje de privilégios no d/11-Q-dia, enquanto se prepara um filme sobre :;ua vida (cfr. "Jornal do Brasil", 4-6-87). O "Gordo" tomou-se, assim, ":nri/e de cadeia" aquele que dita as regras na prisão - e preside111e da Comissiio Permanente dos ln/emas, encarregada~ apresentar as reivindicrzçóes dos presos àS" autoridades, com direito ati de oonl'Oal'r o impr,nsa para umu entrevista coleti~-a e ~ livrt ucesso aos órgãos municipais, estaduilis e federais. Numa dessas entrevistas tornou ainda nwis explic/10 seu "programa", asseverando: "Os trabalhadores têm a CUT ta Conclat, os metalúrgicos têm o Lula. Os presidiários tlm a Falange. Por~ nqar isso? (c/r. ''O Globo", 11-6-87). O "Gordo" mostra-$11', deslafonna, odepfQ de um et:rto socialismo corcerdrio, o que não surpreende num bandido ... O diretor da penilencidria, Paulo Dercy Dias Ribeiro, criador da singular medida, comen/ou a respeito: - A democraci'1 chegou paraf,car, ac:resttntondo que isso i um/ato inédito no Pais (efr. "O Globo", 11-6-87). O e,ifrczquedmenlo do sistema penilend4rio em face (lQ cresceme poder do crime, que, de um cúbiculo pode organiwr e comandar um resga1e mediante helicóptero ou ter uma lancha à espera, em hora cena, em praia desena e despo/iciada (como se passou j4 com prisioneiros da Ilha Grande) - eis um sintoma grilante do caos hodierno. Enquanto os presos adquiremfo~'U e insolência nunca vistas, desfrutando de incrfveis regalias, rep~ntantes das Policias Militares, guardiães da ordem legal, vêem, a cada dia. corroída sua autoridade, desprestigiado seu perfil moral e cerceada sua atuação em prol da sociedade. A quem aproveita essa inw-rsão de valores? Armando Bnüo An.
s-
(1) J. M - \\alie< e lllwl Bmwnídd. """Th< a.......,,ion Lobby"". Councit ror lnm./uacrican S<cunc,, \\'a,lli""°" D.C .• 191S.Cfr.tambáaJ..,,..L.T"°". ""l'f""""'o,UodWklillu!'".Couocilfo, 111fDtf-offrftd<xa,Wallinpoo.. D.C.,1916 UlkodJ<3'1l<aa<.""s...:t..aryScoui>ia ··n,. Ammcaa Sou1h8end.ladiam.abril.1936.o.22
t6Jldmi.pp.llle24. (l)Mi<hadMcC<lllmolt~Jr...,•yGo6dcti. "1-olouofs...:t..,..·.ct,;oqo.Jr.el~ -TakFororOIIC..,ull""""'2. -""'""lní-Díp:,o"".ll•l-tl.p.l (l)PalmcrSoacy • W&JIIO Lum"'; ••n,, r_..,.T,...._b"".Tl><Americu ~~:i~ÍOllCo,nrokfoutldalÍOll,198',
A....,.i<anlmmipioaCoorrolF°"""" 1lon.M01>1,tty. Virsiiúa. 1996.p. 14
(9)"""Th<Waot,õ.,.io,, P°""". 22+16 (lO)LeoaBou.i.r.""Th<lmpa<10flmrni11'0lioa011tlwU.S.POpUWion$llt"'.Po-
c•Jt\Hd.. w.2-20
:;'.~'.°:''ll~<fereo« But<au.
dldo"".
SpcaOlor".
O)S&mut!T.F,_...n..SAD<luary Mo-.....,...Smu.wi,,_Rndutilln"".Th<
Ullaac,art.d1 .. p.ll.
Wu~Õfll[O<I.
(ll)l'<.VltsilioEliumdo.""o,,i,w,wy
&ndMu,e"',Me1icanAmornnC'vhu
ratc....... S...Allloo.io.Tcuo.t9l,.Cfr.
,..,.w.do.....,...,or.""Mntiuj,'". MACC.T..a,.1971. tll)Sau!Alinoky.""Jr.Wftfmbdicak'".
~or~'."::fi.~~""e--=:
~~Radic:ah"".ibid .• 1~.reedíçlo<k
tll)01 .• po,.,. .. ··n..1AFN<1-..orl:i,, Tuu"".Jffl<ckll.......,.publicad<>o11<1 ~~-m~~l~··.Musion,Te-
O Conselho, o farol M ~r:':p~sl~~~;~/!~ia~~~: 1. ~~~ê~~an~~:e tidária. Jamais alguém me viu disputando cargo político ou apoiando legenda de partido. E, se é verdade que fui deputado por São Paulo à Constituinte de 1934, igualmente verdade é que não representei qualquer corrente partidária na legenda eleitoral da qual faz.ia pane meu nome - a "Chapa Úni-
ca por São Paulo Unido". Essa chapa multava da coligação de todas as forças políticas ou sociais de primeira plana na vida paulis1a de então. Dessas forças, duas eram de caráter 1ipicamen1e partidário, isto é, de wn lado o Panido Democrático, que repre-
sentava mais bem a "intelligenisia" urbana e alguns incipientes grupos laborais de esquerda, e, de outro lado, ovelho PRP (Partido Republicano Paulista), mais bem de direita, o qual abrangia a grande maioria da classe dos fa-
zmdeiros - os famosos coronéis da Guarda Nacional, freqüentemente fi-
lhos, e em iodo caso quase sempre continuadores dos barões do Império. As correntes de expressão social eram a Associação Comercial, a Federação dos Voluntários, representativa da juventude que se insurgira contra Getúlio Vargas na epopéia de 32, e a Liga Eleitoral Católica. Atendendo a honroso convite desse Pastor de figura sacra), hierática e até algum tanto pa1riarcal que foi o inesquecível Arcebispo D. Duarte Leopoldo e Silva, concordei em ser candidato por esta última - entidade tipicamente extrapartidária - , a qual concentrou sobre mim retumbante votação. Sem embargo dos meus jovens 24 anos, fui o candidato mais votado no Brasil. Lembro todos esses fatos - sobre os quais pesa até hoje longo e enigmático silêncio - tão-só para não deixar qualquer equívoco sobre o caráter apolítico e extrapanidãrio de minha longa e ininterrupta presença na vida pública brasileira. E se assim o marco, é para que nenhuma suspeita de intenção panidária pese sobre quanto passo a afirmar e alresente arti o.
s~~
d~n:e,v~ cu lar, o Brasil jamais tenha estado em situação tão inçada de paradoxos. Somos a oitava potência econômica do mundo. Contudo nos encontramos na posição de insolvência mais vexatória. - Nossa rede de comunicações jã desbravou, em linhas gerais, todo o nosso território---<:ontinente, o que nos proporciona a evidência da imensidade de nossos recursos potenciais e atuais. Entretanto, nem assim arranjamos meios de sair do atoleiro no qual dia-a-dia vamos afundando mais. Nas últimas eleições, os dois corpllsculos eleitorais comunistas que respondem pelos nomes de PCB e PC do B, contando com larguíssimo apoio na generalidade dos "mass-media", tiveram uma votação corpuscular e, no entanto, o comunismo jamais constituiu maior perigo no Brasil. - E, para levar a termo esta lista de paradoxos, todo o Brasil conhece o terrível peso que têm em seu orçamento os gastos com a administração pllblica, do1ada de incontáveis servidores, mas geralmente tida e havida como inoperante, lerda e terrivelmente inflada. - A par disso, não há quem ignore o peso terrível das empresas'estatais que o Poder Público teve a inabilidade e a imprevidência de comprar e constituir na última década do regime militar. Entretanto, a nada disto se dá remédio. E, em lugar de pagarmos nossas dívidas, só acrescemos nossas despesas. A inflação galopa em doida asttnsão. Ricos e pobres apertam os cintos, e ninguém sabe do dia de amanhã. Pior. O Governo, a maior parte do PMDB e do PFL, e as bancadas esquerdistas da Constituinte vão abrindo caminho para todo um processo de gastos faraônicos impostos pela implementação de reformas sócio-econômicas ruinosas como a Reforma Agrária, a Reforma Urbana e a Reforma Empresarial. De outro lado, apesar da crise interna que, ao sopro da Teologia da Libertação e quejandos tufões progressistas, vai assolando, no Brasil e no mundo, a Santa I e· a, a CNBB a laude eufó-
rica essas reformas orgiacamente dispendiosas. E se zanga de verdade com a Nova República, quando esta lhe parece insuficientememe rápida com sua marcha para o abismo.
2. :::=a';:ªP=~ insultos. pelo estalido das taponas, e pelas querelas decorrentes das insuficiências dos prazos regimentais, a Constituinte vai reformando o Brasil. Reformando ... Não há setor da vida nacional em que alguém não estremeça, a esta hora, na antevisão dessas reformas que abalam tudo, desde a segurança e incolumidade do Poder Judiciário, que devera ser intangível, até a integridade ea própria existência da família, ameaçada de deixar de vez, de ser uma realidade, para ficar reduzida a mera ficção literária de mau gosto.
3. ~:i~::~~;:: meiro nem pessimista. Se, linhas atrás, incorporei em um só quadro - que é impossível não qualificar de sinistro tantos fatos conhecidos por todos, não é para lançar ao ar mais UIT!a lamentação estéril, entre muitas outras que se fazem ouvir hoje em dia, em todos os rincões. Tenho uma sugestão concreta a ofer~r ao público. Apresenta ela, pelo menos, o modesto mérito de não ter pretensões a ser uma panacéia. Mas, uma vez aceita e posta em prática, poderá alterar muita coisa.
No momento em que o depu1ado Cunha Bueno levanta o estandane da monarquia (diga-se de passagem que com ressonância ponderave!mente maior do que muitos imaginavam), e a hip6tese parlamentarista não parece dis1ante da vitória, estou certo de servir meu Pais, no terreno extrapartidãrio e apolítico, evocando outra reminiscência do Brasil imperial, a qual deixou em nossa História recordações tão profundas e tão gratas, que se prolongaram, por décadas e décadas, República a dentro, sob a forma de luminosas saudades.
•
e amaru.1a Plinío Corrêa de Oliveira Trata-se do Conselho de Estado, sobre o qual dispunha de modo conciso, elegante e claro, o capítulo VII (ans. 137 a 144) da Constituição de 1824.
4. ::~ ;~;~~~~:r: r:::r f~ maior destaque no regime republicano. E que, até a morte, se intitularam de conselheiros. Como se esse Conselho prestigioso tivesse sobrevivido à própria Monarquia! Assim o conselheiro Antonio Prado, e o republicano dos republicanos, que foi o conselheiro Rui Barbosa.
Tinha esse Conselho por fim ser ouvido "em rodos os negócios graves e medidas gerais da pública adminis1raçào ... "assim como "em todas as oca-
siões em que o Imperador se proponha exercer qualquer das atribuiçôes própnflS do poder moderador... " isto é, do supremo Poder do Estado. É o que
dispunha o art. 142. Substitua-se " Imperador" por "Presidente da República" e ficará claro todo o assumo. Para ser nomeado conselheiro de Estado pelo Imperador, era necessário que o cidadão brasileiro tivesse ''de ida· de 40 anos paro cima" (art. 45, § 2'?) e que fosse "pessoa de saber, capoci· dade e virtudes" (an. 45, § 3'?).
5. ~!~t'ui~ u~~n::~rnt~~~s~f~: crutada segundo o critério da capacidade pessoal, entre os homens de maior competência nos vários ramos que in. teressavam então à coisa pública. Vitalícios, os conselheiros pensavam fora e acima dos vagalhões das dispu· tas panidárias, e representavam o pronunciamento dos exix>entes do País sobre tudo aquilo que no Brasil se decidisse de mais imponame. Os conselheiros tinham a palavra para, nas reuniões do Conselho de Esiado, fundamentarem os seus vo10s. O que era registrado nas atas do organis· mo, e de lá passava (salvo nas sessões secretas) para a imprensa. Nem o Imperador, nem o Parlamen· to eram obrigados a acatar os pronun• ciamentos do Conselho. Porém, não era freqüente que o pudessem faz.er com desenvoltura, em razão da gran·
de influência que tais voz.e; alcançavam junto ao eleilOrado.
6. :;i;~!~~~'=t~1!::s~~; conselheiros da era Imperial. Deveriam
ser, segundo penso, pek> menos 100, di· vididos em secções especializadas se. gundo as matérias tão amplas e tão variadas de que cuida o Estado moderno, hipertrofiado pela elefantíase socialista. Homens com capacidade para tal tem-nos o nosso Pais. Se bem que não pululem na área política. Uma circunstância comemporã• nea daria ainda muito mais eficácia a um Conselho de Estado. Até meados deste século, o que ocorresse no Brasil habitualmente repercutia pouco no Exterior . Hoje em dia, apesar dos disparates de toda ordem que vieram pomilhando nossa vida política, o progresso do Brasil tem sido incoercível. E isto confere, atualmente, repercussão internacional muito mais ponderável a muito do que aqui se pass.a. Assim, não seriam raros os assuntos levados a conhecimento do eventual Conselho de Estado que repercutiriam pelo mundo afora. E isto em dois nÍ· veis: nos ambientes científicos internacionais, e no público em geral. Por outro lado, em nossos dias, as verdadeiras notabilidades brasileiras já não se contentam com ser conhecidas em nosso território-continen1e. Querem mais. Ambicionam ser conceituados nos correlativos ambientes de celebridades do mundo inteiro. O normal de um parecer de grande ponc, emitido no
7
Conselho de Estado, seria de alcançar notoriedade em todas as revistas e órgãos especializados dos principais paises. Convenhamos em que, em alguns casos, as notabilidades do Conselho de Estado 1eriam fácil campo para se 1ornarem célebres. Um parecer que revelasse ao Brasil o modo de sair da atual entalada econômica e financeira, não é bem verdade que ficaria mundialmente célebre? Ora, se tal seria o galardão dos grandes pareceres, como seria pífia a consideração em que cairiam os documen1os apoiados cm argumentação apressada, dados contestáveis, e cambaias vistas de conjunto ... como é o caso de quanta opinião apressada, imeresseira, para não dizer dcsalfabctizada, de muitos de nossos pró-homens, que se divulgam nos "mass-media" hodiernos. Tudo isto atuaria como fator constante a exigir es1udo, análise, reflexão profunda dos conselheiros.
8 • ~1:~~
~n:e°1~~:~:ai~~~: lho do Império ocupassem o Conselho do Brasil de hoje, estaríamos no presente caos? Tenho por muito provável que não. Pois. à mancira de um farol, esse Conselho indicaria a rota quando as rochas, os ventos, as brumas e a noite 1ornassem perigosa a travessia. É bem verdade que o Presidente da República, o Gabinete ou o Congres~ so, poderiam não atender ao Conselho. Mas também o capi1ão de um navio pode não seguir o facho de luz do farol. Quites, entre1anto, a responder depois perante a maruja eos passageiros!
São Domingos descrito por seus contemporâneos A 4 DO CORRENTE mls, a Santa lgrTja celtbra a resa de Slo Domingos de Gusmão, apóstolo do San10 Rosário e inc:ansál-el lutador contra as httaias. Plllreceu oportuno a "Cll1olicismo" apresentarawusldtorualgu115t111çosda biografiadessegrandesanto,bawlidaemdepoimentos de sws conlemportneos. Alguns
deles convi~l'Mm longamc"nte com Sio Domingos, dos quais dois são batifkados - o
Bem-aventuradoJordAodeSaxeea Btm-
aventuracb. Cecrua Romana. Muitosdosfatosaqulnarradosforam anotados à medida que ocorriam, Já em vi· da do santo. Em vista dis5o, por ocasião de sua morte,Jhxisúam YÚ'ill'l blogndlasoomplet~ ou pardais. O conjunto desses dtpoimtntos foi public,,do anos atris, sob o tftulo "Sllnto Domingo de Guunlin visto por sus oonltmporáneos", na conhecida coleçio BAC - Biblioteea de Autores Cmúanos, editada em Madri, Espanha (cfr. 2~ edlçio, 1966, 827 pp.).
O
PAPA lnoo!ncio Ili, que ascendera à Cátedra de P«lro em 1198, csta\-a muito preocupado, no início de seu pontificado, com a situação reinante no mundo. E tinha razõcsdesobraparaisso. AlentadccadênciadoscostumesemtodaaEuropaacabaraporproduzirseusfrutosquaseincvitávcis:hcresiasespalhavam-se
em vários pontos da Cristandade, especialmente no sul da França e norte da Itália. Na própria cidade de Roma, e entre o clero, sentia-se sua influência nefasta. Em dois sonhos sucessivos, o Papa vê um homem sustentando aos ombros a ij:reja de São João de latrão, sede do Papado na época. Num dos sonhos tal personagem ves1ia um hábito marron e wna corda lhe cingia a cintura. Era São Francisco de Assis. No outro, uma pessoa, distinta da primeira, portava hábito branco. Algum tempo depois, em outubro de 1215, o Papa tinha ajoelhado diante desi um sacerdote espanhol de aspecto vij:oroso. Na face,ondetranspareciamasvinudes,brilhavam olhos penetrantes e respritosos. Com voz sonora. clara e pausada, vinha pedir a aplU',açàO de uma nova Ordem religiosa, deslinadaapregarcontraasheresias. Pelo aspecto ítsico, e sobretudo pela missão a que se propunha.o Papareconhe-
12
A pintura de São Domingos acima é um detalhe do famoso afresco de Fra Angélico (1400-1455) intitulado "Cristo escarnecido" (Museu de São Marcos, Florença). Julgamos que ~·iria muito u propdsito republicar ubtJi:co a penetrante unálise que o Prof. Pfinio Corria de 0/iwirafn des.va obro fJl't(stic-a, na Sl'fÜO "Ambientes, COSJumes, OviliZPÇÕt'S", estampada no n! J8 de "Catolicismo", fevt!mro de 1954. ''CQ/lfideremos queugoru o quodro que representa Sdo Domingos. O:relementos espirituuil nele transparecerem admiravelmente. É mail um retraio da alma que do corpo. O esforço do pensamento, isto é, a aplicoçâo na leitura, a tensão serena mas forte do trabalho intelectual, a expressão fisionómica própria a quem está entendendo e nisto se compraz, tudo enfim se aprime aqui com urna dist:,eçõo, urna intensidade, uma veracidade sem par. E há ainda ou/ros traços de alma que transparecem: o ânimo e o viÇQ do espírito ju't'f!nil, o equilíbrio, a candura, a piedude e u 1ernperança do perfeito Religioso".
CATOUCISMO-Agostode1987
ceunelcopcrsonagemqueviraemsonho, vestindo o hábito branco. Seu nome era Domingos. DescendentedanobrefamíliadosGusmán, Domingos nascera em caleruega. Espanha, em 1170. Mén'l das inúmeras qualidada naturais, seus pais a isso aliavam a santidade Dona Joana de Az.a, sua mãe, é venerada loc:almente como santa desde o século XIll,efoibeatiflcadaem 1g28;seupai, Dom Rliz de Gusmán, é Venerável. Pouco tempo antes do nascimento de Domingos, sua virtuosa mãe 1ivera uma visão, segundo a qual trazia em si um pequeno cachorro de cuja boca saíam chamas abrasadoras e luminosas que se espalhavam por todo mundo. No Batismo, sua madrinha, uma nobre senhora da regi~ vira uma estrclaresplandc:scenteabrilharnafronteda criança. gu~~~[~c~::;ii:: : : , tendo sob os olhos o livro vivo dos bons exemplos paternos e, logoaodespertardarazlio, foi instruído por um vinuoso sacerdote, seu tio. Aos quatorze anos iniciou os estudos regularcs, findosos quais cursou Teologia na eélebrecscoladePalbicia.Aos2\anoseraOOncgo,ctrêsanosdepoisprofessorde1cologia,ocupandoacátedradeEscriturasagradacmOsma. Um fato inesperado veio prcNidencialmente mudar a vida do santo.
Fr1Angéiço pintouváriasceriasdavidade São Domingo,, como o mila11red0 ~vro Incombustível presenciado pelos albigenses ...
O Rosário, arma contra as heresias Na volta de uma viagem a Roma. onde acompanhou o Bispo de Osma, Domingos encontrou-se no sul da França com uma legação pontifJcia, enviada para faz.er frente à heresia albigense que dominava a região. Os legados, sabedores das vinudes e fama de santidade do Bispo e de Domingos, pediram e aceitaram seus conselhos: uma cruzada de pregação contra a heresia, emqueoargumentomaissólidoseriaasantidadedevida dos pregadores. Domingos deu o exemplo, lançando-se logo na peleja. Os ''combates" iniciaram-se logo ao penetrarem na ârea infestada pcla heresia. Pregando de cidade em cidade, várias delas foram palcosdeardentesdiscussõespüblicas entre São Domingos e os defensores da heresia. Em duas dessas cidades - Montreal e FanjeaU)( - as discussões ficaram célebres. Após acalorada disputa, em que São Domingos aniquilaraosalbigenses pela evidCJIciacristalinadeseusargumentosepelavecmência com que os defendia, propuseramlheos hereges que ambos os lados redigissem osargumentose,àvistadetodoopovo,os lançassem a uma fogueira. O povo aglomerou-se na praça e a fogueira foi acesa. lançado o pergaminho dos hereges, o fogo consumiu-0 rapidamente, sem deixarcinLli. Oiegara a vez de São Domingos. Com aserc:nidadedosqueservemaVerdade,lançouseuescritoaofogo. Portrêsvezesconse-
CATOLICISMO-Agos1ode1987
...11m1dasressun-eiçõesoperada pelosamo...
...,suaedificanlemone
1J
cutivas as chamas dcYolvcram o pefplTlinho intacto,lançando-oaospésdoshcn:gcs.São Domin,os foi aclamado. ApcWdwoedos ara;umentosco11tidos 110 pergaminho, que passava de mão em mão, pane dos hereges não se converteu. Porcssaépocareunirarn-seemtomode Domingos alguns sacerdotes, que anos depois formariam a Ordem fundada pelo santo. Nesse período Nossa Senhora aparcceulhe, revelando a arma com que venceria definitivamente a heresia: o Santo Rosário.
Cruz.ada contra os albigenses Domingos e seus primeiros companheiros lançaram-se com mais ardor à pregação contra os hereges e à difusão do Rosário. Apesar das inúmeras conversões obtidas às vezes de cidades inteiras ~ a heresia tomava-se cada dia mais virulenta, pondo emriscoaF~dosconvertidoscsubvertcndo a ordem pública. Os hereges perseguiam os representantes da Igreja, a ponto de ferirem gravemente um enviado do Papa. Baldados todos os intentos de persuasão pacifica, o Pap;i. lnocêocioIII oonvooou todos os reinos minhos para uma cruuda, a fim de extirpar o mal pelas armas. Cinqüenta miJ fiéis apresentam-se e, oomandados pelo Conde Simão de Montfon, conquistam sucessivame11te várias cidades que estavam cm poder dos hereges. Nesta cruzada São Domingos dc,,;empenhou importante papel, animando, orientando e conquistando pelapalavraoquca espada de Simão de Montfon dominara. Informado devidamente, o Papa depôs um Arcebispo e quatro Bispos suspeitos de heresiaEntreosescolhidosparasubstituí-los estava Domingos. Este porém solicitou ao Papadispcnsadcaoeitarocpisoopadoepermissão para continuar a pregação, sendo atendido. Foi então nomeado inquisidor, com o fimdcextirparoquerestavadaheresia Durante todo esse tempo Domingos foi amadurecendo a idéia da formação de uma Ordemreligiosa.Apardisso,atraidospela santidadedesuavida,muitosoutrospregadoresforamsereunindosobsuasordens. Em 1215 Domingos dirigiu-se a Roma e eJtpôs seus planos ao Papa Este, como foi dito acima, reconheceu no Santo um dos personagens que vim em sonho (o outro era São Francisco de Assis), aprovou os planos e recomendou algumas medidas concretas. como a escolha da regra e a flllldação do primeiro convento.
Nasce a Ordem dos Pregadores De \/Olta à França, São Domingos escolheu a regrade Santo Agostinho como mais adequada à fi11alidade que tinha em vista, pois deixava ampla margem de iniciativa às ordensquenelasebaseassem..Unindoatradiçãoagostinianaeasneccssidadesrequeri-
14
das pelas cirwnsrâncias, São Dominaos uaçou oom plttisão wn estilo dc vida até então intditonaigreja Estabelecido o primeiro convento em lblouse, São Domingos voltou a Roma, onde o Papa aprovou formalmente a fundação da Ordem dos Pregadores. Cerca de vinte anos haviam dc,;:orrido desdequeSãoOomingosesboçaraaidéiada Ordem. Le11ta e organicamente foi definindo os oontomos e pra:isando a fisionomia de umadasmaioresordensreligiosassur&idas na História da Igreja De volta a Tolousc encon1rou a cidade em ebulição e preparando-se para a gucna. Decidiuentãodispersarosfradeseíundar nOYOS com-entos na Espanha, Itália e none da França. Este fato - conhecido como o Pentecostes dominicano - longe de debilitar a Ordem, deu-lhe novo impulso. A alguns, céticos em relação ao seu profundo discernimento das vias divinas, o santo dizia: "Deixai-me operar. Eu sei bem o que faço". Defato,estadispersão,queseriatemeráriasenãoestivessenosdcsejosdaProvidênda, deu resultados excdentes. Em pouco tempo flortsciam conventos da Ordem em váriascidadc::sded.iYCf50.Spaises. Apcsardadificuldadedecomunicaçao. São Domingos visitava periodicamente todas aquelas comunidades religiosas, corrigindo e incentivando, ao mesmo tempo que se dedicava a pregar nas igrejas e praças. AI:, termo de seus abençoados sermões, numerosas pessoasabandonavamavidadc::sregrada. Agradecidas pelo dom que Deus assim lhes fazia por meio de São Domingos, precipitavam-se em multidões para receber suabênção,beijarsuasmãosousuasvestes. Alguns mais ousados con.avam pedaços de seu hábilO e paramentos. Aos frades que se opunham a tais manifeslaÇÕCS de entu.siasmo, d.iziaosanto: ~Deixaiqucofaçamequc saciemseufervor".
Últimas vitórias e glorificação Certosdeque aProvidàlcia seoomprazia em ver ho11rado o santo que suscitara, muitos recorriam a Domingos para que intercedesse junto à Deus. Incontáveis milagres foramopcradospclosimplestocardesuas mãos ou por uma oração sua. Sua própria mãe, oonM.Cedora das vinudes do filho, vendo.se num apuro pediu a Deus que a atendesse pelos méritos de Domingos, eob1eve um milagre. Mais de uma vez pediramlhe que rcs.suscitasse monos, e ele o fez. ~r outro lado, com palavras de fogo, ele e seus primeiros seguidores conveneram mais de cem mil hereges à Fé católica. As mudançasdcvidadecatólicostíbioseram ineontáveis, o fervor reacendia e os eostumes melhoravam. Mas Deus, por assim dizer, tinha pressa cm premiar semelhante vida Pressentindo isso, Domingos dedicou seus últimos anos a organizar a Ordem e imprimir-lhe o mesmo entu.siasmo que o animava.
Aos 51 anos, em meio a uma ação incansá\tleincontáveisviagenspara visitaros sesscntaoonventos_iáexistentcs, viu que a morte se aproximava. Estava em Bolonha quando uma violenta febre o acometeu e prostrou-o no leito, de onde não mais selevantaria. Imediatamente os frades o cercaram. Aproveitando suas últimas forças, pregou-lhespelaúltimavez.Fezumaoonfissãogeraleofradequeaouviudc,;:larouposterionnente que Domingos jamais cometera um pecado mona!. A febre aumentou e cresceu o número de írades que o rodea\'al\l. O superior do com~nto onde c::stava ctclamou, soluçante: -Pai,vóssabeisqueoosdeixaisdesamparadosetristes. l.embrai·vosdc nós, para que rogueis ao Senhor por nós. Ao ouvir essa dolorosa súplica, o bemavc11turado íundador olhou para o alto e, em alta voz, rezou por aqueles que deillava, acrescentando: ~Euvossereimaisútileproveitosodepois da mane do que o rui cm vida. A uma ordem do santo, os religiosos comecaram a rezar a oração dos agonizantes. AI:, chegarem às palavras "Vinde, santos de Deus;acorrei,anjosdoSenhor,param:cber sua alma e apresentá-la ante os olhos do Altís.simo''. eJtpirou. Era 6 de agosto de l221. A seus íunerais, alffl\ de incontável multidão, encontravam-se presentes inúmeros Prclados. entreosquaisoCardeal Hugolino, que o venerava como santo, e que pouco depois ocupou o trono papal sob o nome de Gregó rio IX. Em seu pontificado realizou~se a solene canonização de Domingos. cujo proces.so foi om~mamcntc facilidado pelo fato de os frades da Ordem, e muitos que o conheceram, terem anotado filial meme os fatos da vida do santo e sido testemunhas oculares de suas vinudes. No intróito da Missa que iwmemora a fesia do glorioso fundador da Ordem dos Pregadores figuram estas palavras que tão bem evocam sua vida: "O coração do justo meditaránasabedoriaesualfnguaproclamaráoqueéreto. TrazaleidoSenhorcsculpidanasuaalma".
~AtoLICISMO
CATDUCISM0-Agostodl1987
Eleições na Inglaterra ena Itália:perspectivas
ovelho leão eapílula dourada
V EM se observando no Vdho Continente que, ora um panido conservador vence
Os resultados tinais registraram a maior dcmxa cio PC! que, entre o Senado e a Câ-
qUCTdismo.
mara, tiveram 28 cadeiras a menos. Os .'iOciali.nas perderam 2 cadeiras no Senado e p.nharam 21 na Câmara dos Deputados. Por fim, os democratas<ristãos obtiveram ao todo 14 cadeiras a mais em ambas as
Duas eleições efetuadas em junho último põem cm realce aspectos interessantes
"""· De acordo com a
pleitos eleitorais, ora agremiações de esquerda sofrem estagnação ou mesmo retro-
cesso. Emambososcasos,nota-sccertaresistência popular às formas clássicas de es-
docomportamentodaopiniãopública,que
indicam movimento rumo a uma posição mais conservadora.
lnglate" a Nas eleições britânicas, a PrimeiraMinistra Margaret Thatcherobtevemarcantevitória,rcclegendo-scparaumterceirornandato,comaconfortávclmaioriadc 102 cadeiras na Câmara dos Comuns. Só
houve outro caso de um primeiro ministro exercer três mandatos no inicio do século
"'"""º·
Comenta-se, e com razão, que a princi-
pal causa dcssa vi16ria foi a poli1ica de de-
sc;tatizaçãoconduzidacomdetenninação, eficiência e sucesso. Com essa oriffltação aenfraquccidatoonomiabritAnicavemsc r=pcrando da decadência provocada pela política estatizante dos trabalhistas, até oito anos atrás. Outro fator que contribuiu para essa vitória diz respeito ao desastrado programa dcsarmamentista propugnado pela oposição. A platafonna trabalhista, defendida pelo candidato Neil Kinnock, é a do dcsaJmamento nuclear unilateral. Ela tornou o panido um "porto de atração paro a as-
sim chamado 'esquerdo maluca' "(c/r. "Newsweek", 21-6-87). Entretanto, a vitória conservadora não é total. Em relação a 1983 houve até um
recuo. É verdade que naquela ocasião a guerradasFall<lands-Malvinasgalvanizou Umimpasseentreou-primtlrominls1101ocialista BeninoCraxi ...
AvitóriaeleitGrllldeMar11111etThatcher-quelhe conferluumten:eiromandato- $6encontr1umprecedente histOOco no início do Hculo p,a,sado a opinião püblica em torno da "Dama de Ferro",eos"Tories" (oonservadorcs)obtiveram a expressiva maioria de: 144 cadeiras. Noatualp\eito,ononeeoestcdalnglaterra, assim como a Escócia, votaram foncmcnte na oposição. O desemprego e umalcntaadaplação,nes.saszooasdaGrãBretanha, às medidas dcsestatizantcs, estariam na origem da derrota regional dos conservadores. Não faltará à primeiraministra oponunidade para alterar tal quadro. Conseguirá ela executar até o fim o programa dcscstatizante, devolvendo à iniciativa privada as empresas gO\'CTllllI1lClltais alheias à administração dacoi~ püblica? Émuitodc:seaugurarqucoconsiga,eque tal plano cm nada se deixe influenciar pelas mod ernas correntes políticosociológicas, também elas contrárias à cstatizacão, favoráveisentretantoaumaautogestão de fundo socializante. Se tal influência vier a ocorrer, o velho leão britãnico poderá ser igualmemeconduzido para o cárcere do socialismo, só que entretando pela pona oposta à da estatização.
Itália
análise do Instituto superior de sociologia de Milão, publicada pelo quotidiano "La Repubblica", de 20-6-87, e que cobre um período de oni:e anos(l976-l986), "verificou-seumotendlncia do eleitorado dos grandes partidos
- em particular, dos do esquerda tradicional - em direçdo à direito". E o mencionado documento ainda observa: "As mulheres votam sempre mais~ esquerda, mas os Jovens sempre menos . O que significa essa mudança? Seria longo dc:mais esmiuçar aqui os dados. Entretanto, háalaoque,se não explica inteiramente esse deslocamento rumo ao centro e à direita, pode-se considerar uma hipótese plausível. Está cada vez mais patente o fracasso dos !Jlétodos comunistas e socialistas para organizar a produção e diri~ girasociedade-fru1odesuafilosofiaenganosa. Assim pode-se conjccturar como muito provável que cenas bases eleitorais do PCI e do PSI não queiram mais identiticar-sccomasposiçõcsdeSCU.'lpartidos. Equcaprópriapoliticacsquerdiz.antedaDemocracia-Cristãestejaencomrando obstáculos. Se isto for assim, é de se temer que, de agora cm diante, tais panidos procurem mais wna \lCZ "dourar a pilula" do esquerdismo para tomá-lo mais atraente e aceitável ao eleitorado dctemúnante, o chamado centro decisivo. R. Mansu r Guérios
... eol!WcltmoeratacrlstioCiriacoOtMitaocasio!lOu I con~ocaçlo antecipada das eleições
Na Itália, um quadro mais complexo se desconinaapósopleitoeleitoraldel4e 15 de junho último. Um impasse entre a maioria democrata-cristã e o governo socialista de Bettino Craxi está na origem da convocai;ão das eleições, antecipadas de um ano. O resultado das urnas, entretanto, não permite que o lider dcmocrata<ristão, Ciriaco de Mira, ou o lider dos socialistas. Craxi, governem sem a mesma coligação dcmocratas-cristâos,socialistas, republicanos, social-democratas e l i ~ - , que durante três anos e meio manteve Craxi no poder. Em outras palavras, o impasse permanece. Sem embargo do que, houve nas eleições algo que se poderia descrever como uma acomodação de terreno com tendência à direita.
CATOLICISMO-Aptodl1987
15
Esquecido pela imprensa ocidental
Vietnã agoniza sob ojugo comunista REGRA geral, ocidcn1al silêncio os ac:ontccimentos internos uma nação COMO estabelece, a "mass-mcdia"
sobre logo que nda se
faz
de
pela força, a dominação comunista, e com ela, a devastação e a miséria, suas congênitas. No período que segue à !ornada do poder pelos vermelhos, diminuem as noticias e desaparecem quase completamcn1e as reportagens, oomo se sobre os acontecimentos internos e as condições de vida daquele pais alguêm corresse: wna pesada conina de silêncio. E tudo o que possa estar acontecendo nele toma-se impreciso, misterioso, quando não dcsconmcido pura e simplesmente. Ocorreu ~ com a Rússia e sua periferia de nações cativas, e também com a China, Cuba, incontáveis nações afrkanas, e outras. Tal se deu tambbn com o Vietnã, outrora próspero e encantador pais do Extremo Oriente. Mas, de vez em eiuando, alguma notfciaacercadasituaçllointema filtra, caí ficamos sabendo, por exemplo, que aquela nação asiática encontra-seatualmentereduzidapclocomunismoaumestado assustador de penúria e de doença. Confrangedoras infom1açõcs ~ sentido são enviadas de Hanói pelo jornalista Erhard Haubold, publicadas pelo
"Frankfurter Allgemdne Zcitung". em 10 de junho deste ano. E&sa matéria jornaJística rompeu o pcwlo silencio que pairava sobrt' a traaica &ituação vietnamita, na generalidade dos órgãos de comunicação social do Mundo Livre. Um quarto das crianças vietnamitas são subnutridas. A falta de vitaminas vem permitindo que a doença conhecida como bcri-bcri - que causa paralisia.\ e tdcma.s - atinja proporções cpidemicas. Larp faixa da população padece tambmt de diarrlia, febre hemorrágica, verminose, encefalite e malária. Os antibKll:kos ministrados têm quase scrnprc vcncido scu pcriodo dc validadc; os problemas dc trans--fusão de sangue são "crônicos"; o rranspone de doentes f precário. Estas informações foram recentemente co\ltidas no }ornai do panido romunista "Nhan Dan", em
Hanói.
a principal responsável pela pequena produção dos campos. Sem créditos concedidos pelos países do Mundo Livre - nem se cogita cm receber ajuda de outras nações comunistas, também cmpobrt'cidas - o /1,-linisu!rio da Agricultura não pode adquirir os adubos, sementes e modernas máquinas de que dispõem as nações ocidentais. Um abismo atrai outro abismo: para remediar a grave falta de alimentos o governo, apoiado pela ONU, vem impondo às fanu1as um programa de limitação da natalidade. Milhões de dólares são investidos no fabrico de anticoncepcionais para distribuição gratuita. No sul, onde os católicos são mais numerosos, essa solução encontra maior oposiçãodccon.sciblcia: crianças trai.em felicidade e quanto maior seu número melhor para a família, dizem os viClnamitas. Tonem a solidão da velhice SOoi'o deles, caso sua prole não seja numerosa: desejam expirar cercados de muitos filhos, netos e bisnetos. O que é louvável! Os que assim pensam moram sobretudo cm aldeias e trabalham os campos. ProdUZClTl com suas familiai; bem mais do que os kolkhozes e as cooperativas 50cialistas. O governo ainda concede às famílias o direito de uplorarem suas terras como btm pankular. Por isso mesmo, quanto maior o número de nascimentos, maior a produção, que por pencncer à família, não~ compulsoriamente entregue ao Estado, podendo ser oferecida no mercado livre, minorando assim a grave necessidade de mantimentos do resto da população. Se o governo fonalcccsse a instituição da família e a manutenção dos antigos clãs. cm vez de combate-los através da limitação da natalidade, e pro1cgesse a propriedade privada da terra, a fome não seria tão avassaladora, nem o povo tão oprimido. Mas o comunismo é assim: para manter o mito socialista não vacila cm lançar povos imeiros na miséria ...
A séria escassez de alimentos faz vitimas sobrCludo entre crianças e anciãos. A reforma agrária confiscatória é
Escrevem os leitores Rnmo. Pe ~ro Ulrich, Capelinh• (MG): "E.,;táótima a m'ista CAlOLICISMQ Precisamos é mesmo de alerta". Ih. Mónica Cap,nem• F. E. Melo, P,r,i de Mina'! (MG): "O CAlOLICISMO é um informatiYO de grande alcance e que metttt toda credibilidade''. Profa.MariliAlittM.ct,ado,Codo(MA): "CAlOLI CISMOé uma revista ótima, traz-nos bons conhecimentos e nos ensina aconheoer a nossa.gente e o mundo". Ih. M•ria Sltvir, dt V. Caman, Mossoró (RN): "Gostei muitissimodotrabalhoescritoarcspcirodoepoodiodaigreja
dcC\mhaú-RN,quandofoimortooPcAndré,edivcrsosí!êis foram martirizados". Proí. ~ da SIJ1111 TjMler, Valença (RI): "Apenas parabenizar e 1rnplorar para que não mudem a linha". Sr.~Xavks'Doi,Om:hi(PE):"OCAlOLICISMO cm forma de revista ficou muito melhor para se guan:lar como um valioso documento".
16
Ndso n Ribdro Fragclli
Sr. Lu.lz da Costa Ramos, Gurjio (PB): "De alguma forma quero contribuir com CATO LI CISMO. que tanto tcm batalhado ao lado do proprietário rural". Sr. AblwttdeMedeiros, Redíe(PE): "Desejo o CATOLICISMO cada vcz mais anticomunista. Comunismo é o câncer do mundo que já infecciona o Pais. Sr. Joio Dai Conte AzzoUn, Alq:rete (RS): "Continuem combatendoocomunismoqueseinfiltroueestáseinstalando 'democraticamente' cm nosso País". Sr. ZtbedeuJoside Souza, Filadélfia (GO): "Boa.revista, trazendo dentre os assuntos do momento atual, hislóricos, artísticos etc., bem como um conheci mento profundo do Catolicismo no mundo, e de fatos históricos que têm sido de pouca di11Ulgação''. Sr. fünriql.H' Fffllllndts Ema, Sio Lourenço (MG): "Maravilhosa a leitura de CAlOLICISMO. firme e bem disposta Alraentc, leio-a todinhae ficocsclarecidosobrcos 'acon-
tecimentos'gerais..:• Da. Hclma Viviao Gobato, 8eb Vlsu do Paraiso {PR): "Gostaria que, no decorrer deste ano, CAlOLICISMO falassedeummodoespecialsobrcoinfemoepurga16riocitando o Evangelho. Quero mostrar para pessoas que não acreditam .. '.' Dr. Juio Cesar flanl&uassu, Rio dtJimdro (RJ}: " [CATOLICISMO está] melhor a cada número''.
CATOUCISMO-Agostade1987
A REALIDADE, concisamente: • '"AGENTES SILENCIO• sos··. - Miquina e filme mcno. resqueumacaixalkfósíoro,mas romcapaci~defotograíaratê 10011ud;u, foram enconirados noe<itojodobarbeadorelétrico deum"agcmcsilencioso"-segundoagiriatknica-dobloro oomunista. Treinados especialmcntcparaa<;ôesdcemcraencia -escadodctcnlãoouaucrra-, 1aisespiõeslevamuma,·idaaparcntcmcnte nonnal na Alemanha
capitafüta,enquantocoletamda-
dosmilitaresceconõmicos,einformam o Pacto de Varsóvia acercadas descobertas. Porcxcmplo,firmasdcBonn, quecnfrentamdificuldadesfinancciras,rccebemofenasdclucrativosoonlratosemtrocadeprodutoscstratt'&ioos,cujacxporta• çãoéproibidaporlci. Deste modo, a espionagem econômica poupa à RUuia billlõesdedólarcs,quetlaprccisariainvestirtm pesquisaedesenvolvimentoprópnos. O "know-how" oddencal em microclctrõnicaéobtidogratuitamentc,pormciodcssasacividadesde upa. Asrc,·claçõessobrcoauunto constam do Uhimo rclacório anualdo"Vcrfassunaschutz .. _ o serviço de contra-espionainn alemão-QCidcntal, sediado cm Colônia. • EVOLUCIONISMO nio é popular.-Squndor~ntepesquisadeumjornalpaulista.681ft dapopulaçlonoEscadodcSlo Pauloacreditaqucohomemfoi criado por Deus e apenas 19'11 concorda com o evolucionismo. cnquantoS'i'tjuleaqucoscrhumanocvoluiudcanimalsirradonais.criadosporaçãodivina. Conforme esse lcvamamcnto, 5817tdospauListassustcntam,ainda,qucdcvcriascrobrigatório, nasescolas.ocminodamonoscnia, isto é, de que Adão e Eva comtituiramoprimeirocasalda humanidadc.Jâosqucplciteiam adifusãocompulsóriadocvolucionismod.oapcnasl8'i',,cl6'i'1 defrndcmoensinodtambasas t,:orias. Eis ai mais um sintoma do saudâvel dcdinio dO t'VOlucionismo quescnotanoseiodapopulaçlo. outroraendeusado,1idoC01110inquestionbel e um autfmico '"dogma" da "citncia moderna" .. • COMO A RÚSS IA aprlmo,.. ~a tknln. -A ccnasurpr«nde,àprimciravista: membrosdoConaressonone-amcriCATOLICISM0-Agostnda1987
canonoatodedestruircommar rctasumri\dioToshiba(foto).A qucseprendetalsentimentode indignacão7 Atêhápouco,osistemaamericanodedefe<abencficiava-seda máqualidadedashéliccspropulsorasdossubmarinosrussos,quc cmitiamfoneruido,podcndoser dctec1adosp0rmicrofonessubaquáti005amaisde360quilômctrosdcdistãncia. Agora,contudo,osrussosobtiveram de uma subsidiária da empresa jap0naa Toshiba a maquinaria neas!.ária para fabricar hiliccs silenciosas. Em conse· qií~ncia. seus submarinos só podem ser dctmadO'I a menos de 16 quilômetrO'I! Os japoneses estariam ajudando a indústria de gucrracomunina.Paraissocon correram, também, n0vO'lcOmputadoresimpOrtadosdaNorucga. Cakula-sequeo Pentágono precii.arádispendera''bagatcla" de40bilh~sdedólaresparare fazer sua defesa estratégica Muito a propó!iito, salienta a rcvista"News.,.·«k",cmsuacdiçãode l3dejulhoúltimo,nãose veamesmaindignaçãoootocanlcàvendadetrigosub:sidiadoparaaRUssia,fcitapelosE5tados UnidO'l,emboratalacordofavoreça analogamentc, e de forma possantc,ossovitticO'I. • ESPA:"ri' HA soci1lis1a íech.a tmptts.1s«11t1it.-Emfunção daestatola1riamarxis1aquecampei1infreneM,âriasdécad3$n0 Ocidentc,osgos·ernantesdevárias 1endlncias ideológicas mesmo aqueles que se afirmam "dedirtita"-promo,·.-ramuma acerituadaestatizaçãonascconomiasdes.eusrespectivospaises, notadameme França, loa:ta1erra e Espanha Hoje,utrêsnações dcparam sccomumformid.ivcldêficilnes-
sascstataiseprocuram, a toda pressa,re-·t-rterodesastrosoprocesso,cntregandoàsmãosdeparticularestaisempresasfalidu. Nocasoespanhol(ondejáíoram privatizadas ccrca de 2Q'l't das estatais), a mudança de TU· mosétantomaisfrisantcpcloíato de o primeiro miniscro GonzaJcz - socialista - aprescntar-sc comoograndepropulsordasnovasmcdidas. "Na fapanha de Franco confess.aGonzalc.z-!inha-scpor nonnaencarnparascn,presaspn, vadas que iam mal, dizendo-se qucestaseriaumaformadeprotegeroemprcgodO'ltrabalhadores. Em99'i'1 doscasos . ascmprcsascncampadassófizerampiorar depois que panaram para as mãosdoGovcrno,quesófezestatizarprejuizos.Achotudoisso um absurdo". Nosso Governo bem faria se meditMSe sobre essas palavras ...
moausênciadeliberdadeerestriçõesãa1uaçãodalgrcja,D.Hubertnãohesitouemelogiarocolaboracioni51Tlo do EpllCOpado cubanocomoditadordaantiga ""PtroladoCaribe... ".OsBispos cubanos, como lideres, estão preocupados em trabalhar para melhores condições através do diálogo,aoinVesdaconfrontação.. , afirmou, com manifesta desenvohura. Acrcseentou.adcmais,estainsólitafrasc:"Comoviajamospor cinco Di=ses para apreciar o trabalh.opaS1ora!dalgreja,oquc vimos nos lembra muito as primeirascomunidadcscristãsmcncionadas nos Atos dos Apóstolos". Avistadisso,oquepensarão tantoscatólicoscubanosqueforam testcmunhasdomaníriode irmãosnafé,cujasvidasforam ceifadasju ntoaosinistro''paredón"'?
• HOMOSSEXUA IS com ungam na Missa. - Ê incrível, mas foicomumaMimcclebradana igreja da Piedade,cmSalvador, queseiniciouascmanalmernaciooal do Orgulho Gay. organiudapcl0Grup0Gayda Bahia, entidade reconhecida como de "utilidadepública"(sic!)pela Càmara de Vereadores de Salva-
• UM LATIFÚN DI O indigent. - São 500 milhões dc hectares,istoé,ôO'i'ldoterritórionacional.ocupadospor IS milhões dehabitantes,dosquaissomente 0.4iv.{73mil)sio$ilvicolas. Estassioastcrrasamazõnicas,ainda1ãoa,;res1esedespovoadas, quea!gunsaprcsentamcomocobiçadaspclosnOSSO!inativos.Em suma,vas1idõesnababcscas,aindainculiasefertiliuimas,deoossoraís. Umaag~ociadcno<iciassalienta: casoos índiosobtenh.am todasasterrasreivindicadasnaregilo,tornar-sc-ãoosnovosemiresdaAmazônia,dcvidoàrique1a mineral d0'1 seus tcrritórios. Segundoestudosdeórgãosespecialiiados,acadalndio-nessahipótcse-caberiam 25mil hectares de terras, inclusive à$ crianç3$,emalgun!icasos Scráqueumórgãooficialda CNBB, como o Conselho lndigenina Missionário - {CIMJ) que tãoencarniçadamenteseapresentacomodcfensordasterrasiodigenas-desejaráis.50para0Brasll1
,~.
An1esdaMissa,emplenoccn1rodacapitalbaiana,osh.omossuuaisrealizarammanifestação, comcartazes.E,apósoatoreligioso. promoveram distribuição depreservati,·osnaPraçadariedadee árcas próximas. Comosetalnãobastassc. aos "gays .. nãofoinegadaacomu. nhão,segundocomunicouàimprensa o lider do movimento, LuisMott,tendoelcprópriorecebidooSamíssimoSacramento dasmãosdocclcbrantc,FreiExpedico, párocodaigrcja. Cabcbem,aqui,lcmbraraspalavrasdaS,agradaEscritura: "E [CristoJestaránotemplodaabominaçãodadesolação"' ... (Dan 9,27). • BISPO ELOG IA col1bonclo11ismo epíKOpo-nstrisll. Apósconcluirviaicmdedczd1u p0rCubaàtestadcumadclcgaçãodeeclesiâsti005, D. Bernard Huben,presidcntedaConfcrfncia Episcopal Canadense, tettu comentáriossobreascondiçõcs dcvidadadesdilosailh.a.Embora rcconhecesscque h.t escassez dealimcntos,fahadematcrialde construçãoepobrci:a,panicularmcntc nasárcas rurais, bem co-
0uejn o CIMI uansfOffllolr prinw vos&ivlcoll11mverd,ôeirosemiru
d1Amlz611ia?
TFPsemacão . Jovens sul-africanos denunciam jornal católico pró-comunista JOHANNESBURGO-A atuante orpnkaçio anticomunista da Áírica do Sul, "Jovens Sul-Africanos por uma Civiliza. ção ClUtl", coirml das TFP:s, acaba de lançar um opúsculo intitulado: "O 'Ntw Na1ÍOll'taT«HogkldaLibtr1QC6o:dats-
Pomífiaoreferidoestudoepedindomedidasarespei1odosfatosdenunciado6,foi cntrquc ao Delegado ApostóLico ru1 Africa do Su.J, o Atcebispo D. J. Mees. AmissiYlleraassinadapor lOOpersonalidades~
O jornal do Episcopado 1ambém abrclargamentcsuaspáginasparaos representantes da chamada "Igreja Popular" nicaragücnse, como os Pes. Ernesto e Fernando Cardenal, de orientação marxista, que foram punidos pela Santa Sé. De fato, toda a linha editorial da publicação segue aquela Teologia da Libertação condenada pela Santa Sé cm vários pronunciamentos recentes, por adotar çrítérios de análise emprestados ao marxismo. Não estranha, pois, que o "Ncw Nation" tenha publicado estas declarações do Pe. Emil Blaser, vigário episcopal para a Comissão Justiça e Paz da diocese de Johannesburgo: "Os crislios de\lem sujar as mios
prcsmtativasdetodosos;rupos~nioose
lado a lado com o povo na suo luta ...
rc~,!'
Eu df,·o cheirar gás laaimogtllio, cu devosaberoqueagenlcsmtequando uma bala peneira na carne". Se· gundo o jornal, este sacerdote r«:t:beu
tranhr.,pàperplc,:id,:,tk,dapwpluidotkao
desroncerto, do desconano à arrgústia 01ris/t /1/Mt'drlodeolmadosltitore:sdo jornal publicado ~lo Epiv:opado Sufq/rÍ(JJllo". A obra, baseando-se em farta docummtação,dmunciaacitadapubLicaçãocoi:n,osendoum "aliadoobjetivo"do
oomurusmo mternacional. Nodia25demarçoúllimo,umatarta dirig:idaa João Paulo II ofemendoao
:u~l.
e
Bispos e,;-iesi,Ul:ÍC(I$ católiros, beTn oomo Udtrts protestantes, Vffll favore<:mdo abmamente ~ a.irrentes pOllticas de inspiraçlo marxiSUI. A 0 ::-:
J:f~~~.!.t:-Xr~
Austral,nodia20dejaneirop.p.,0Delegad0Ap05tólirovill-seobripdoaadvcrtirosB~Uimmidos,nosseguintestermos: "A. lgrtja muito $11/}imaa/mmlt proibr lie>l derv tk ,-ticipor ativameme da~
hlialeddxaestttroballwaos/ngosqut f()l'(lmjormm:Jos11ad-0111rin11daFirotóli· ro".
·-
A contradição: umlldllnnha }omaJ _ ,...
O "New Nation", já em seu primei· ronúmero,transcrevefrasescomoesta, do Pc. Buti Thlagale:
"Quando se fala sobre and/ise .rodai, os críticos imediatamente pulam para dizer que ela é marxista. Da é marxista,ébem,·erdade.Nds(ostcólogosqueutilizama "análise social")' iemosum patrimônlocolhidoda1ra-
diçllo manls1a". Em artigo intitulado "Oprimidos pelo livro", o Pe. Alben Nolan sugere que as versões tradicionais da Bíblia têm deturpado o significado original de palavrasquenaversãohcbraicasignificariam "opressão". "lsto-dizes-
secdesiás1ico-1eriatiradotBíblia seucarilerdelivropolítko-social. conscienlizador dos ' oprimidos'
". A tese contém, ponanto, uma acusação implícita à Igreja de ter distorcido a Sagrada Escritura.
1B
do Bispo de Johannesburgo, D. Regi,
nald Orsmond, o "manda/O para conscientizar a Igreja Católica a nfvd de bases"... Nessa mesma linha, nas questões trabalhistas, o "Ncw Nalion" manifesta sistemática hOSlilidadc para com a classe patronal. São freqüentes títulos oomo "O músculo metalúrgico enpjase a 'quehrar os patrões"' (n?6, 2&.3-86);"Abatalhadospatrõescomcçou" (n~2. 30-1-86) etc. Em cocr~ncia com essa atitude, o jornal vota hostilidade sistemática também às organiz.açócs sindicais operária5qucprocuramtermosamigávcise conciliadores no relacionamento com os empregadores. E elogia, por excm• plo, em uma greve de ônibus, a cha· mada "resitincia da dasse trabalhadora" sob forma de ",·iolênria política aberta contra u propriedade dos pa· Irões da transporte".
-
Simpatia por gowtm0$
.8
organiuções
A o uatar das qucslÕC!i pOtiticas da Âfrica
ALl$lral,assimpatia.sdojomaldiri&em·5e dariunmtc para o lado das ditaduras nwXÍ5la5 da FRELIMO. ao Moçambique, e do ~WlA, cm Angola, bem como dos ,no. ,i=tosterroristasapoiados pela Rúuia, como SWAPO e ANC. Por acmplo, é sabido que membros do ANC1i!m.praticadoaioscriminososdcin-
1imidaç:loa>mraclemmtosdapopulação nq:raque:senepmaparticipardaagita· çto promovida pelo mesmo ANC, submetmdo--oiinclusi,·eàbtrbaratortura do"necklace"("colar"),qucoonsistcan oolo,:ar no tono da ,itima um pnNmál.ioo embebido tm psolina, ao qual se l)Õt' ÍOIIIJ. ''NcwNation'' exaltaesse&elemm·
o
toscomuno>tfflOrisW(oomoMoisbMabhida, que foi K'Cl'Ctirio geral do PC rolafricano e ao mesmo tempo comandou, desdcl963,a"alamilitar"doANQ,sem fazn resuiçõa: nem à sua ideologia nem àsuaselvageriacriminosa:pelorontrario, qualií1taoeJtos1errorisWoomo "heróis". Especialmentcpre$tigiosaparaoANC fol a mancir_a pela q~ o jornal ~isropal noticiouav1si1adaDircçãodaConfcrêtt· ciaNacionaldosBisposdaÁfricaAustral
à sede da direção desse movimcr,to prócomunista cm Lusaka. Zàmbia, cm mar· çodcl986. C~relaçàoàslidcran~negras,ojor· nalutiliz.adoispesoscduasmcdidas:asdc csqucrdasãopromovidascexaltadas,cn· quantoasdamaioria,:,onse,-vadorasão constan1cmcn1e dene&ridas. O "Ncw Nation" eosluma também cnalteoer outros regimes tirirucos da Âfrica (a> moosdcBurkinaBaso,Líbia.<:«:.),emesmo os de Cuba e Nicarágua. Eéoponunolembraroq~estampou essapublicacl,o,porocasiãodamortede Samora Machd. dii.k>r comunista de Mo, çambiquc(oqualdesejou transformar seu país.r.o.primciroEsuldomamMa-lcrúnista daAfnca): "E/tnu11m1migo.COMNbrirotalia· do dt nos. lula tde 1100:WpOW - um
~llócr.cumi:amaradaaltammie f5tim.clo. "Nós (.horr,'110$ w,,;f pr0/11ndamtnte, be"l;,mada camllrlda Sumoru l\ftJChrf...
/Jmaparttdt~mcneuromvod-tn/15 romo 1IOd mtSmo /IÍO rcsolutumtnte us:se-
1111rura, 'ulula cvntinuo'. Assim :it!}o". (23-10.86). Muitos leitores cauuncmc poderiam supor estar ltndo uma nota fúncbrt pubücada pelo "Pravda" ou pelo "E$trcla Vermelha".
Nodie2SdemerçoUltimo.oop,isculoedit•·
do pelos "Jovens Sul·Afrlcanos pol' uma Civi· liiaçioCristJ"loiolertcido1JoioPauloll
"Flashes" campanha
da
Eis algum.a$ amostras da a,ande repern.a sua fast inicial a campanha-d~minda som o "Ne:w Nation" empreendida pelos "Jo,,.en.sSul• Africanos por umaCivilizaç:ioCrisli: SKrn:lokdsCldMltdoüobo:"Public.ição muico OpOfluna; que sua circulação cubra todo o pais, e seu impacto seja uma salutarsacudida". PJK!n, Redm1orisla: "Congratulo-me comtodo:SVO,::CSporestaobra•prima;espc,roquc1cnliaumaimmsacirculaçio.Scrádiflcilrefutá-la ... " s.cmlolt Mlssloa"1o que j.t: b.atizou maisde\Omilnilus:Ajrade«o"exoelmte exemplar de 'O New Nacion e a Tcologia da Libntaçlo" ", e exona a quc ajovem coirmã sul-africana das TFPs ··mantcnha o fogo apostólioo aceso". Anúncio do livro: saiu em ~dosmaioresjornaisdo pais, com tiragem somada superiora 1 milhão de exemplares. DirigtntecatóllrodaCidadedoCabo: "Esforço maravilhoso - Parabtm! Farei oquepuderparadifundir,,.ossoestudo. RezoparaqucoSantoPadrtajalogoem relaçioaoque,,.ocfs lhecon1ararn,ecorrijanossospobresBisposdesviados". fm11mário dt Johannesburgo: "Sou cu quem deve IM$ agradecer por terem assumido esta tarefa - muito inarata tarefa dcdesmascarar ... Dcsejo-lhc:stodosuceslO cm nome dos JCRS humanos decentes". Din,lon dt " l\.1ul lwff5 ptla África do Sul" ',imponameorganizaçãocivieafeminin.a:cmcntrevistaradiofõniea.elogiouas TFPs. "uma rede de: orpniz.açôes eatóli· easem20países,dedicadasaeombalera infiltraçào comullÍS(a no seio da lrre;a Ca· tóliea". Cuponsdtl)fdklos: Nosprimeirosdias de çampanna j.t: chegaram pelo a>rmo oenccrw de pedidos de exemplares. Campanlta de rua no Cffltro dt Ptttoria: Foi a primeira campanha de rua dos "Jovens Sul-Africanos por umaCivilizaçãoCri5tã"' nestacidadc,capitaladministrati,,.adopals. Branoosentusiasmados,ncgros maravilhados. Venda e,ccelente. Um vigáriocon,idouacstendcracampanhasá· badoedominjonasuaparóquia,eem 10dasasMissasammciou~1eapublicação.Praticamen1etodososfiéisrompraram. CU5,!,00 quc ,m1 alcan(ando
TtfTOrismoesquerdistaue1cidocontr1ne,gros:noprimeiro pllnod&fo10,jaloe3dherdofi-
lho de um Yefe.idor da loca6dade de K1V1110buhle. O jovem foi queimado vivo por um, turba queconlKkravaseupaiumtraidor.
Réplica esquerdista de estilo: xingatório furioso, fuga vergonhosa... A ~~ti=i~:t!~~
daLiberta,;ão"foiinióadanosúltirnosdia.s demaiopclos"Jcr,·ensSul-Africanospor uma Ci,ilil2ção Cris.!ã"', mtidade coirmã dasTFPs,a1ra,,.é:sdeanúnciospublicados nos mais imponames jornais do pais. A reaç.10 do "New Nation" não se fez esperar. Nodia ll de junho, ojomal J)llbl.icou, atítulointciramenteacecional,umcdilOrialsobreocaso. (Há 5cismesesojomal nãopublx:a,-acditorialncnhwn,porqueseu 1rdator-ehd"e, conhecidocsq~dista. filho dcdirigentedoANC,cnoomra-seprcSO) Ocomeúdodoeditorialtraza"'marcadc fábrica"da~uerda:ill5ul1osfuriosose 1·azios. refutação nenhwna ... Inicialmentc,apublieaç.ã.oassinalavao "rt>p,,minopululardeotaquesao 'NewNa1ion'porpartedegn,posdirt>ifistasre/igiosru". E seindigna,,.a porque "0Ct1püu/o local da Tradição, Familia e Propritdade (TFP)(.. .)deuopasi:odeape{ardire1amen•
Congratulações à Conferência dos Bispos Australianos SIDNEY - O Burcau para a representação das TFPs na Austrália enviou men~aac~ de agradecimento à Conkrtncia Nacional dos .Bispos Aus~ralianos P4:las recentes medidas que determinaram o fccltamento da Comissão ~atóhca ~e Justiça e_ Paz: fase organismo. apesar de se apresentar como oficialmente hgado ~ lgreJa, vmha ocasionando ara~ prcocupações nos ambientes católicos do pais. cspcc1almente oom a publicaçãododocumentol$titulado ""Trabalho para uma PazJusta".noqualdefcndiao fim da Aliança ANZUS - tratado que estabelece a defesa mútua entre Austrália e ~,a. dos Unidos. Alnn disso, a CCJP escandalosamente patrocinou, ltá dois ano!ó, a visita de uma delegação do Panido Comunista das Filipinas a Sidn.-y. ''Comtirui motiw, deánimo poro o Burrau paro a re~ntoçõo dos TFh no A11.5trd• lia - salienta a missh-a - a o/ilude JNnetrunte r rorajosa, entretanto téio poternal. tomodo reanltmente JNla CNBA em relação Is Comissão Carólit:a Justiço e Ftli, Desto formo. ntfo queredamos deixar dr ogradtttr tal atifUd~ r. ao mesmo 1~mpo, ~ J}ffl,r filiomen/e que prossigam os Srs. Bispos nessa mesma linllo, poro p1V11Cllo _e edlf1Cllf6o da populoção colólico e sa/voguordo de n ~ PrJ/ria. em relaçdo o esse inimigo insidioso e amieristdo que I o oomunismo inrerno("lonal''.
CATOLICISMO-Agostotie-1987
teaoVatkonofJ(lquestdodt~jomal'". Comtodadesen"oltura, fugia do assunto dizendo: "Nósntfo nospropomosen1rar em dtba1e rom os autores dtsro pub/ieoftfo'". A razio <le5ta rccusa é surprecndcnte: as TFPscstariam imbuídas de "paronóiomacortisfo''eJ)l'OnU"Wiam ''romunú1aso1ldebaixodaCt1ma ..! Ecsta "arJU· mcmaçAo'"deplorivelroncluiaafinnando que, como o jornal conta com "o apoio da O;itiftrbrlJ dos Bispos. o · ~ Notion" sen1equelltfo 1emporqutMdtsculporck sualinllarditorial". Emresurno.xingatóriofwioso,íuga,-craonhosa ...
E.xpresslva repercussão Enquanto o ''New Nation'' assim imerae num silêncio cnversonhado e contrafei-
~~- :~c~=~~od~r~~~~o ~º:f~~ 0
ca do Sul. mas também na Europa. especiahneme na Alemanha. Deste país procede a maior parte do financiamento do "NewNaiion", pro,-enientedefundoscolhidos pororganizações católicas loc:ais. lmimeros fiéis já 1inham protestando nessepais.públicaepri\"adamente,romra a apUcação d~da a õK!I fu~. rm grande pane dcsunados a subvcnoonar organizacõcsesqucrdistasdomundoimeiro.A difu!Aodocstu.dosobreo"NewNation" naAlemanhareforçouconsidcrnclmente os araumen1os dl'SSeS cató~cos. Enquanto isso, na Âfrica do Sul a campanha da ooirmã das TFPs ,'Cffl enconlrandosimpaciaea1fentus.i.asmo.Umconhetidosacerd01emissionário,0Pe.G. Blancllard OM I, resumiu bem os scn1immt<>'i dosleitoresdodocummtoncstafrase: "A now publicaf6o U11itu/oda New Notion eoTtologioduübrnaçrio"troaromoum bem-vindo oltrlo ro,ura tste pnxa.w ck troSdo ttoldgic:o que o 'NewN01ion" ,-em
·o
impulsionondo'".
19
Daesquerdaparaadireila osrepresentanles dattilia, Polônia, Espanlla, França e Sukia.
I Torneio Internacional de Cavalaria lf:s ~~!:!4ne:~xr:ei::i :t:::::!w
~~n;::J;~re pQnte lewuliça começa o descer oo som fo rte, vibrante e alviçareiro de dezenas de tromberas, 1ambores, e ioda umo fanfa"º· As luzes de centenas de archotes e focos começam o iluminar a drea quando deienas de caWJleiros,comsuasjlómulas, 1rafescoforidose armaduras coruscantes, en1ram em rena a pleno galope. !! umo belíssimo cena de grande impacto que faz com que os dez mil assistentes se ponham de pi e adornem. to inkio do " / Tournoi /nternational de Che,·alerie ", em Paris, na "Porte de La Vil/e11e", patrocinado pelo Ministirio da Cultura e Comunicoçóo francês, e fazendo parte in1egrante dos feslejos do Milendrio Copell'ngeo. Durante dei dias, seis equipes de cavaleiros ~·indos da lngla1erra, Suécia, Polônia, ltdlia, Espanha e uma da própria França disputam entre si participando de um autênlico Torneio, de acordo com o espírito e as regras 1•igen1es no Idade Média. DepQis da cavalgada inicial, hd a apresentação indfrid11al e por equipe dos diversos contendores, sendo emào proclamados as divisas e os uíulos nobilidrquicos de cada um . Os cavaleiros prestam homenagem às autoridades, que se situam num palanque em forma de te11da, todo decorado com galardões, flâmulas e panejamentos de cor forte. A seguir começam as disputas. Cada dia sdo quatro eq,iipes que porfiam em comendas cujos nomes têm origem nos torneios do 1empo do Rei Henrique li: "La Q11intoine", "Lo Course O la Bague", "Le Fauconneau". Durante mais de uma hora, cavaleiros de dois em dois, separados apenas por uma meia paliçada, competem procurando espe1a, e recolher, com as lanças, discos espalhados pelo chão, ou entdo recolher argolas suspensas em mastros. O número de discos e argolas colecionados por cada ro1·aleiro, bem como a rapidez com que siio execu1adas as diversas tarefas, determinam os ,·enctdores. Finalmente chega o ponto culminante do espetáculo. Os ca,·aleiros das duas equipes ,·enctdoras da primeira etapa 1·õo defrontar-se nas "justas", isto é, no embale com lanças e escudos. Outrora, o objetfro dos confendores era realmente derrubar o adversário de sua montaria. Hoje em dia procurou-se ameniUJr as lutas. rol.Do pela qual as lanças US'1das são de madeira muilo frdgil, que se quebra oo primeiro choque sem perigo de d('Ses1abiliwr os ca1·aleiros. Cada desafiante situa-se
Ado lpho LlndenlX'rg especial para "Catolicismo"
num ex/remo da arena e de um dos lados da paliçada. Um grande silêncio antecede o início da peleja. Um gesto do " Marechal da Liça", seguido de rufar de tambores, f az com que os cavaleiros disparem um em direçào ao 011rro com as lanças em riste. A equipe cujos membros consigam atingir o maior número de escudosdosadversdrios i a venctdor.o. No final do Torneio a equipe ,-enctdora, no caro a f'SfJOnhola, enobreceu o espe1ticulo com um gesto bem próprio à galhardia ibérica e ôs 1radiçôes de cortesia medieWJis: convidada pelo " Marechal da Liça" o encabeçar o desfile de encerromen10 dos jogru, declinou da honra e solicitou aos sueros, os quais tinha acabado de ,-encer, que preudessem no liderança do cortejo.
O sucesso desses festejos mediel'ais junto ao público, principalmente entre 05 jovens, vem mostrar umo vez mais a fragilidade das críticos geradas pelo esp{rito moderno, e que esquerdistas e progressistas de iodo o tipo têm feito à Idade Media. De / 010, elas se esboroam por si quando a verdade sobe O 1o na. Pois, se bem que o Idade Média apresente mui/as imperfeições, constiluiu ela no entonto uma civiliwçào a caminho da perfeiçào. Baseada na observância dos Mandamemos, aceitava de bom grado a orientação religiosa, cul!Ural e social da Igreja Ca1ólico. Seus heróis eram os San/OS e os co1'aleiros que se imola\'om pela Cruz. Por outro lodo, tanto o cul/Uro como o p rogresso alcançaram em todo esse pen'odo histórico um crescimento mui10 grande. E, ao contrdrio do que apresenta o filme "O Nome da Rosa", recentememe exibido em nossos cinemas, a vida quotidina medieval era alegre, colorida e mui10 animada. Se a fes1a comemorati1•a dos ljO anos da Casa Hermes, que se realizou hd poucos meses. em Paris, comenlada em nosso número de abril, "restaurou algo do siculo XVIII e que se perdeu no skulo XX, ou seja, o sem/do de Fausto e da Grandew", nós podemos agora dizer que o I Torneio Internacional de Co1•alaria restaurou jun/o oo público lambem algo que se perdeu em nosso século: o predom,nio da cor1esia no relacionamemo humano e a admiração sem limites pelo espiri10 de bra1·ura e proe:a daq11eles que lutam pela l'erdodeira Fé.
Os
Évisivtl oab.itimento no5 stmblantts de a!g11ns dos"hfntfici.itiol''donsentamentoimprod11til'O 110municipiodtlagua~(ES) ...
...cvju1erra1viocaindonoahandono, como documenta a foto.
Noswcap,i:NomunicipiodtPottoFtfü (m, à altura do quil6mtlro 99 d,1 Rodo~iil CasttlloBranco,umgrupodtfamílias foramHstntad.isptlolnstitu1odt Assuntosfundi.iriosdoEslado.Nts5t assentimento, os "btntf!ci.irios" têffl apMH autorizaçio p,i,a lamr a terra t niotítulodtpropritdadt;av:ploraçioda lfflaicolttiva;tncondiçôts habiOOOn.iisJiotioprec.iriu, queos usentM:los mtm tm !Nrracos armados comp,iptlioaluminizldoproifflifflttdt uiusdttm!Nligtnsdtltite "longa V'tda".FotoBrunoS;mtarelli.
PROPUGNADORES da Reforma Agrária prometem multiplicar os assentamentos. Osjomaisfalam deles. Quem sabe precisamente o que são? Nesses empreendimentos, a terra será dividida entre os beneficiários? Ou permanecerá indivisa, para uso coletivo? Quem será o dono do chão: o assentado? a cooperativa da drea? o Estado? Como serd a exploração da terra: individual ou coletiva? Serdo os assentamentos versões brasileiras das fazendas coletivas dos poises comunistas? - Estas e outras importantes questões são amplamente tratadas no mais recente livro da TFP, que leva por título " Reforma Agrária: 'te" a prometida', favela rural ou 'kolkhous'? - Mistério que a TFP desvenda", de autoria do sócio da TFP e colaborador de "Catolicismo", o advogado Atilio Guilherme Faoro. De nature1.a sócio--Jurfdiéa, o livro - que é certamente o primeiro no Brasil dedicado por inteiro à denúncia dos efeitos maléficos da Reforma Agrária para os trabalhadores rurais - contém 200 páginas, das quais 18 ilustradas, e está baseado em sólida e abundante documentação: leis, textos de autores agro-reformistas e notícias de dezenas de jornais brasileiros. Entrando rijamente no arsunto, o Autor desmitifica cena "propagando" agro-reformista que apresenta o Reforma Agrária como "redentora" dos sem-terra por ela supostamente beneficiados, os quais ingressariam numa "terra prometida" nova. Oh ilusão! A realidade é bem diversa: os apregoados benefícios "redentores" praticamente inexistem, e uma vida penoso e frustrante espera provavelmente as faml1ias instaladas nas áreas agro-reformadas. A imponância, a atualidade do tema e o modo penetrante como ele é desenvolvido, de si, Já recomendam a leitura de ··Reforma Agrária: 'terra promnida',fave/Q. rural ou 'kolkhous'?-Mistério que a TFPdenYnda". Reproduzimos, com pequenas adaptaçôes, o texto introdutório da obro com o qual a TFP apresenta ao público brasileiro esse seu importante lançamento editorial.
CATOLICISMO - Setentro de 1987
- - - -- -- - - --d<ri-.-,~- - ...-..-0-,~-,..-_-oo - ,ra- ,-m-m,-.- ~ - -~
Ao lel"tor D 1F ~:r:~~7a111;o;~;a~! privadaedalivreiniciativa,amcaçadasgra0 0 P
vcmentepelocursodos trabalhos e debates dentro da Assembléia Nacional Constituinte, crescia a expectativa do público accrcadcumatomadadcposiçàodaemidade, sobretudo diante do problema da Reforma Agrária. Segundo opinião manifestada por diversos parlamentares e outras personalidades, o problema da Reforma Agrária é o grande divisor de águas nas controvérsias idcológicas na Constituinte. O próprio relator da Comissão de Sistematização, deputado Bernardo Cabral, disse que ela "será o temo mais difícil de conciliar naquela comissão" ("Folha de S. Paulo", 18.6.87). A questão agro-reformista foi, sem dúvida, das mais debatidas no âmbito das subcomissões e comissões da Conicituinte e tudo indica que o será iambém no Plenário. Sobre a reforma da saúde, de importância também primacial, a TFP acaba de publicar uma carta abcna, de autoria darespectiva Comissão Médica, alCTtando os m. Constituintes para os graves inconvenientes da estatização da medicina,constanres do Anteprojeto de Constituição (Tí1ulo IX, Capitulo li, Secção 1). O documento constituiu uma f'irme e corajosa tomada de posição da entidade para a "lota! rejeição do referido Anteprojeto [da Comissão de Sistematização! no que se refere il saúde, e para a promoção de amplo debate, de maneira a uusculrar os verdadeiros anseios da opinião pública brasileira" ("Folha de S. Paulo". 10.07.87). "Catolicismo" estampou esse documen/0 em s11a última edição. Oimpac1oaltamentefavorá1·eldacarta abertadaTFPsobrca estatizai;ãoda mcdicina fazpre>·er uma ampladifusãodela cm todo o território nacional. Difusão aliás já cm curso.
Desde 1960, a TFP \'em publicando livros, em verdadeira cruzada em favor da propriedade privada e da livre iniciativa. Na presente cmcrgmcia, a entidade não po-
E§lesro§losdts.1.nimôtdfsconltnltsWOdos membros d.i bmíli• de um ment.do do Projeto dePot,-,~Arapoti{PR).Umarepor1,gtm
publicadanaediç~de7-<J.36da"folhade Londrina"reJistraodtubafodestam.iede
flmíli.i: "L.i em São MiJl!fl dt lg.u.çu a gente tinh•lar1ura,1i1iamelhor". CATOUCISMO - Setl!ff'Ol'o de 1987
léria de Reforma Agrária? A Subcomissão de Politica Agrfcola e FundiáriaedeReformaAgráriadispôs-sc a ouvir sugestões para o trabalho de que estava incumbida. Como subsidio para os debates, o Escritório da TFP em Brasília
-criadoespecialmenteparaacompanhar os trabalhos da Constituinte - promoveu a distribuição, a todos os componentes daquela Subcomissão, das mais recentes obras da TFP a respeito da Reforma Agrária. Tais obras são bem conhecidas do pú-
blico: Sou cU!ó/ico: JJ()SS-O ser contra a Reforma Agrária? (1981, 29 mil exemplares), A propriedade privada e a livre inidativa no tu/iia agro-N'formis1a (1985, 16 mil
exempla~), ambas de autoria do Prof. PlinioCorrêadeOliveira(partcdoutrinária) e do Prof. Carlos Patricio dei Campo
(pane t'COnômica), bem como o estudo No Brasil: a Reforma Agrária fn·a a miséria ao campo e à cidade - TFP informa, ona-lisa e alerta (l986, SS mil excmplares), de autoria do Prof. Plínio Col'TCa de Oli\·ei-
A TFP entra uma vez mais cm cena, para jogar uma grande cartada contra a Rerforma Agrária. É o lançamento de Refor· ma Agrária: 'te"a prometida', favela rural ou "Kolkhow'?-Mistérioquea TFP desvenda, que se compõe de três partes. A primeira delas (os asse11tamen1os de Reforma Agrária numa visdo ~e co'l)untO) ofcrccc aos leitores mais afeitos a matérias ligeiras uma condensação do estudo cm pauta, deixando aos mais versados em demonstraçôcseJXJnnenorcsapartesegunda do trabalho (Os assentamentos de Reforma Agrária: natureza, legislação e imp/ictJÇOes sócio-econãmicas). Numa terccira pane (Sem 1v!us nem mistérios: os amurgos 'beneficias' da Reforma Agrária uos tral>alhadoresrurois)os leitores encontrarão substancioso conjunto de noticias, extraídas dos principais jornais brasileiros, as quais dão sólido embasamento às teses Sl.!5tcntadas pelo autor.
"·
Adifusãodelastevegranderepcrcussào cm todo o Pais. O que levou, no ano passado, osr. JoséEli Veiga, na ocasião supcrintcndence regional do INCRA em São Paulo, a reconhecer que a TFP é "o prindpal elemento de articulação conlra a Reforma Agrária" ("O Estado de S. Paulo",
21.5.86).
Aautoriadolivroédodestacadosócio da TFP. o adl'ogado AtilioGuilherme Fao-
Ami11ur•tdecepçiomarcamasfisionomi•sdos uwnt•dosdiu-f.uend•l•ngad•,ernPorto Uniio(SC),qutit,h.ipo11Co ptnsfümquei lt1npuwri1•sttcleles.En!retanto,c0fllbase no PNRA, as terru 1etio utiliz~n ~b ~""' 1pe11udeconcmiodeu§O.
"""
ro, diplomado pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná. Seus dtudos o levaram a aprofundar uma questão que, segundo tenhamos conhecimento, não foi aventada por quem quer que seja: astãoproclamadasvantaaensdaReforma Agráriaparaostrabalhadoresruraisbene-fidadospeladi.stribuiçãodeterras,segundo o Estatuto da Terra e o Plano Nacional de Reforma Agrária. Conduido o tra· balho, o inteligente e perspicaz autor en· comrou uma \'erdadeira surpresa, ou me· lhor até, uma verdadeira bomba, que hoje a TFP leva ao conhecimento do público brasileiro. A alta qualidade do trabalho que hoje estamos apresm.tando foi objeto de elogioso comentário do Prof. Silvio Rodrigues, professor catedrático de Direito Civil da Faculdade de Direito da Uni,·ersidade de São Paulo (a conhecida Faculdade do Lar· go São Francisco) e Doutor Honorú Cau• sanaFaculdadedeOireítodaUniversidade de Paris XII, bem como autor de fa. mosopareccrsobreodireitoquccabcaos fucndeiros de defesa à mão armada em caso de invasões de terras. Comefeito,consultadoestesobrea in· terprctação dada pelo autor ao artigo 322 do Anteprojeto da Comissão de Sistematuaç!io da Assembléia Nacional Constituinte, concernente à outorga de tftu!o dedo· miniocomcláusuladeinalienabilidadeno processo de Reforma Agrária, respondeu• lhe o preclaro jurista que não há mister de "qualquer parecer poro defender suos oon• c/u.sóes"nestamatéria.Eestcndcndosuas aprcciaçõcsaoconjuntodaobra,acrcscentou que "suos osse,rões, oo campo junüico, são inrensurd1-ei.s e de1101om um minu• cioso oonhecimemo dos institutos que \ler•
sa".
Scgundomanclaconstantcmcntcapropaganda pró Reforma Agrária, os proprietários rurais são defensores egoísticos de
seus interesscs, e .se mantêm indiferentes
com a condição do trabalhador rural, o qual viveria na mais negra miséria. E dessa forma a Reforma Agrária .seria, para os lavradoressemterra,maisoumenosoque foi o 13demaiode 1888, ocasião em que aPrinçesalsabclassinouaLeiÁureaeli· bcrtou assim o elemento servil negro no Brasil. Lesados pela investida agro-reformista, seriam, pois, os fazendeiros, e mais ninguém. E a defesa deles contra a Reforma Agrárianâopa.uariadelutadeclosses,dos oprasores contra os oprimidos, sedemos de obter pura si e para os seus jUSlas condições de trabalho. Nestaper5Pcctivanàocabcriadúvida:o dei-er de 1r>da o Nação consistiria em coligar-se afo,-or dos oprimidos, contra os opressons, ou seja, a favor das ,itimas contra os seus expforadons.
Tai modo de apreciar o panorama já hoje se apresenta falso, cm vista do estudo revelador de Atilio Guilherme Faoro. Com efeito, a TFP desvenda cm toda a medida o quadro verdadeiramente trágico em que se encontram desde agora os "beneficiários" da Reforma Agrária. Isto é, aqueles querecebcramterrasparacultivoemdecorrCncia da aplicação dos programas de Reforma Agrária. Mais. A TFP, na pessoa do autor deste livro, põe em evidência que a Reforma Agrária prejudica muito mais gravemente ainda os trabalhadores rurais, do que os próprios fazendeiros. Se a estes ela "mata", àqueles estraçalha! Este oponunísi;imo livro introduz, pois, um elemento novo e sensacional na controvmia agro-reformista. lmercssa ele mais ainda aos trabalhadores sem terra do que aos rroprietários rurais. E proclama que ~ chcgadaahoradeambasasclasscssealiarem cm freme unica contra o golpr irreparávcl lançado contra uns e outros - contraaagriculturabrasilcira-comaimplantação da Reforma Agrária. No front anti-agro-reformista estão os produtores rurais e também seus valorosos trabalhadores. De ouuo lado, estão as utopias, a tecnocracia, a burocracia, ocoletivismo.
A área de interesse de Reforma Agrdria: 'terra prometido; /ove/a rural ou 'Kolkho-t.eS'? - Mistério que a TFP desvenda ê aindamaisampla.Scriadomaispalpitanteimeresseparaoagro--reformismoproclamar a todo o Brasil que os assentamentos feitos desde que .se implantou o Estatuto da Terra até hoje produziram lisonjeir05 resultados, quer do ponto de vista do incremento da produção agrícola, com o conseqüente proveito para o bem comum do País, quer do ponto de vista do bem-estar dos assentados. Tudoistocontituiriatemaparaumaplaquete ou um livro opulentamente documentado, cm cuja elaboração as tipografias oficiais esmerassem o emprego de seus melhores recursos. E a imensa maquinária de propaaanda do Esudo, coadjuvada pela rede de organismos de difusão da CNBB, prlaorqucstração publicitária das esquerdas, poderia, com esta plaquete, fanar os olhos e encher os ouvidos da Nação. Ora, nada disso foi feito. E o resultado dosassentamentoscon.stituimatêriasobre aqualapropagandaagro-refonnistaguarda o mais prudente e hermético silfocio. É deentrever,nestesil!ncio,umpatentefracasso da Reforma Agrária. A verdade, resultante de pesquisa em abundantematffiajornalistica.selecionada por uma comissão de leitores da TFP, \'tm agoraalume:amaioriadosprojctosdeassemamemos fracassou, quer do ponto de vista econômico, quer do social. Eassim.seexplicaquecomeceasefazer notar, na área agrícola, um fenômeno sócio-«onômicoinusitadonoBrasil:asfavelasrurais! Familias inteiras, reduzidas à mi~ria mais deprimente, vivem em precarissimas condições de alimemaçào, higiene, saúde e habitação. O que vem representando sérios problemas sociais para órgãos püblicos, sobretudo para administraçõesmunicipais. Que acontecerá quando, cm todo o território nacional, os assentamentos de Reforma Agrária estiverem implantados, em lugardatradkionalestruturaagricolaaque o País deve sua pujanca econômica? - O Brasil terá um campo empobrecido. Campo empobrecido equivale a cidades empobrecidas. O empobrecimento do campo e da eldode ~ assim o fruto amorgo que a Reformo Agrárw o/erecuá aos brasileiros. Fruto esse só comparável aos sofrimentos punaentes que constituem o dia-adia dos tristes povos submctidosaoagrocolctivismo: Rússia, China, Cuba, Nicarágua etc.
CATOUCISMO-Set1111Dode1987
Desiludidos, assentadosdoProjetoButii,em Cle1·el!ndi•(PR),dtsfiamsuasqueiusnum• reuni.\ocom rtprtsen\anttsdolncr.iedtoutras tntid•dn
Em conclusão: a rtQÇão contra a Rtfor· ma Agrária :st tlri·a ao nl1'tl dt luta dt todos os bra.rildros, tm dtfna da população rural t da agricultura - tsttlo da tcOIIOmia nacional - contra a ln1'tstlda dosocialismo marxista dtmolidor. A projeção da presente obra e, como se pode ver, muito vasta. Mas merece ainda consideração de outros setores da opinião pública. A Refonna Agrária é o primeiro vagalhão de um verdadeiro maremoto que se aproxima,avassalador,implacávcl,terrívcl, contraapropriedadeprivadaea!ivre iniciativa. Tal maremoto chama-se Refonnas de Base ou Refonnas de Estrutura. Depois da Refonna Agrária, virão ne,;;essariamente :m~Z;~rmas Urbana e Empresarial, entre Esta impressionanteverdadeCdeslnibidamente afirmada pelo guerrilheiro argentino-<ubano "Che" Guevara, para quem "a bose das reh·indicações sociais que o gr1errilheiro deve le~·antar serd a mudança de esml/ura da propriedade agrdrio", sublinhando que "alutadevedesenvoll-erse, pois, continuamente sob a lxmdeira da Reforma Agrário" (Ernesto "Che" Guevara, Oeuvres l - Textes Militoires, Fraçois Masp,ro, Paris, 1976, pp. 52-53). Desencadeada a Refonna Agrária. as outras Refonnas serão muito mais dificcis de comer. Refreada a Refonna Agrâria, as omras ficam sem meios de se expandir. A propriedadeagráriafodlqucprinclpalc neces.uirioqucépttcisoromperpararcalizar a reforma global das estnlluras do Pais. Refonna global que, uma vez realizada, lC11ará o Brasil ao comunismo. Uma vez impedida, estará cortado o passo ao avanço do comunismo. A TFP sempre apontou a conexão intima entrt a Reforma Agrária e a reforma globaldetodaaestruturade propriedade privada do Brasil, ressaltando quanto a agro-reforma abre caminho para as demais. Afirma o Prof. Plínio Correi de Oliveira: ,.Nãoépossíve/consideraressaava!anche de igualitarismo fundiário, sem indagar se ela não terminará por atingir, além da empresa rural, também a empresa industrial e a comercial, e por fim todo o sistema sckio-político-econ6mico vigente. Ao que a resposta deve ser qfirmath•a" (Guerreiros da Virgem -A réplica da autenticidade, Ed. VCTa.Cruz, 1985, p. 8; \ "et também, do mesmo autor, Sou Católico: posso ser contra a Reforma Agrdria?, Ed. VCTa Cruz, 1981, p. 43 e As CE& ... das quais mui1osefala,poucoseconhece-A TFP as de:scff!l,'t como s4o, Ed. Vera Cruz, 1982, p. 48, nota 5). Se assim é, iem todo o propósi10 que proprietáriosrurais,urbanoseernpresariais formem por sua vez uma ainda mais ampla frtntc única contra a Reforma Agrária socialista,confiscatória,coletivizanteegeradora de miséria.
CATOLICISMO - Saterrao de 1987
Da capacidade de mobilização desta fremeúnica,ordeiraepacifica,dep,nde, pois, em larga medida, o futuro do Brasil. A presente obra da TFP é um precioso contributo para encorajar o engajamento de todos os bons bra.,ikiros nesta leal e patriótica frente comum. Por leal entendemos a frente única que desenvolvaumalutafrancaedeviseiracr• guida,semdisfarcesnemartificios.Nãosc trata. cm tal luta, propugnada por tão po-deroso e altaneiro from comum. de dizerem os opositores da Refonna Agrária que são agro-refonnistas, mas só em um o outro 1xmto. "Refonna Agrária": a expressão, cunhada naconlfO\lérsia que durajá JOanos, designa toda a reforma lesiva do princípio da propriedade individual. De Norte a Sul, o linguajar eo1idiano do povo brasileiro assim a entende, implícita ou explicitamente. Serpeia RefonnaAgrária é ser contra o principio da propriedade individual, é querer eliminá-lo de \·ez por um golpt radkal, ou acumpliciar-se com a eliminação completa do princípio atravb de sucessivos golpes parciais e "moderados". ··Moderados", sim, de uma "moderação" que, por um processo inelutável, fará de cada concessão uma brecha aberta na afirmação do próprio principio, sujeito desta fonna a uma corrosão processiva implacável. Não se trata de aceitar a Refonna Agrária sequer cm propriedades agricolas desocupadas. Então - replicará alguém - não se pode ser a favor da Reforma Agrária no latifúndio estatal, cuja extensão como que continental, a TFP foi a primeira a introduzir como argumento na çontrovérsia agro-reformista? Adivisãodasterrasdc\"olutasscvemfazendo no Brasil desde tempos imemoriais e jamais foi qualificada de Reforma Agrária, simplesmente porque não o é. A Reforma Agrária implica na transferência compulsória da propriedade ou do uso de tcrraspanicularespara pesooasque,.segundo a legislação civil em curso, sobre das não ttffi nenhum direito. As terras dC'\,"Olutas, pelo contrário, pertencem ao Esta· do, ao Pais, p(>{encialmeme a cada brasileiro. En1regá-las aos segmentos da população que as queiram cultivar é a fonna de as fazer aproveitar, nas pessoas dos beneficiários, pela sociedade toda, que delas é dona.
O Brasil inteiro simpatiza eom os trabalhadores rurais. O Brasil inteiro deseja favorcd-los. A TFP, desinteressadamente, preocupa-scoomasortedeles. Eparapropiciarcada vezmaisoengajamentodessa valorosaclassenafrenteúnicaanti-agroreformista pretende a TFP publicar também uma resenha popular e ilustrada do essencial da matéria da presente obra para ampla difusão no meio deles.
Qual o efci10 presumível da obra sobre os membros da Assembléia Nacional Constituinte? Havcránaturalmenteoreflexoqueo11a· lor persuasório do trabalho pode trazer à consci!nciaeàconvicçãodossrs. Constituintes. Mastambemémuitodescesperarque, feitooanúnciodolivrocapropag.andaque cm praça pública a TFP lCV"ará a cabo em todo o território nacional - com eficácia inexccdida no Brasil, ern se tratando de matérias com as quais ela se ocupa - os deputados sentirão muito vivamente a simpatiaeapopularidadedesfrutadapelapo-sição da TFP no tema específico da presente obra. Assim, é natural que os srs. Constituintes,conscientesdodeverderepresentarcom fidelidadeaopiniãodocleitorado do qual são mandatários, tomem na devida conta esta posição do público ao emitirem seu voto no Plenário. "Bem-aventurados os que rim fome e sede de justiça, porque seriio sadados" ensinou Nosso Senhor Jesus Cristo (Mt. 5,6). No presente momento histórico, a classe dos trabalhadores rurais, que por si mesma não dispõe de recursos materiais e humanos para se defender da nocividade da Reforma Agrária, espera que os brasileiros que tfm ''jomeeSffledejusriço" venham em sua defesa. Lançando a presente publicação, aTFPdáseucontributopara a concretização desta nobre tarefa. São Paulo, 31 de julho de 1987. Sociedade Brasileira de Defesa da Tradlçio, Família t" Propriedade - TfP
Frei Boll, /.O. e convergen,,a A
Estaria o irrequietofrtiBoffsendo prestigiadopel.iimprtn,a,rom l'ist.11 a liderar uma converg~nda rdigiosal!Sle-Otstedemaliz man:istaf
A
IGREJA cismá1ica russa, comumcntc conhecida <:orno "lgrejaOrtodoxa"(referidanesteartigosobasiglal.O.),convidou adeptos de várias religiOO para uma conferência ecumênica emMosoou,seguidadeumaviagemporcidadessoviéticasepaisessatélites.Oprogramadesenvolveu-senosprimeirosdiasde julho deste ano
Ahierarquiacismáticadal.O. sobrevive num regime militantemente ateu. A "Jib,,rdade" de cultoqueelaostentagozar,lheé concedidaà5custasdecolaboraçãoserYilprestadaaoregimeoomunma
Tal colaboraçllo ampliou-se tantonasúltimasdécadas,quea J.O.sctomou,notoriamente,um dos meios eficazes de que o Crcmlindispõer,aramelhorse imporàpopu!ação,etambtmpara projetar de si, no Exterior , uma imagem menos brutal. Um dos que viu nessa confertnciaecumênicaumaocasiàoparaestreitarlaçosdeamizadecom ahierarquiacismáticacolaboradoni!Ha foi o frade franciscano LeonardoBoff,incensadopelos meiosdecomunicaçãosocialcomopropugnadordaTeologiada Libertação que propomos
r·o
nâoéteo/ogianamarxismo,mas marxismonateologia","Jornal doBrasil",6-4-80).PartiueleparaMoscou, levandoconsigooutroseclesiásticos''avançados", umpastorpro1es1anteeurnsoció-logo.A ,v iagemdurouquinicdias ecorutoudevisitasasetecidades.
Contradições, generalidades ... Aoretornar,FreiBofffoientrevistadocomexclusividadepela"FolhadeS.Paulo
b!icoueml0dejulhoú!timosuas declarações. Elas não foram numerosas. Exprimem seu pensamento sobre o comunismo, as atuais mudanças anunciadas por Gorbachev e o ecumenismo de fundoidcológico . Oirrequietoreligioso, oracomradi_tóri_o,orainseguro,'0ooonsegum_pmtarcom coresmunofavoráveuoqueviu portrásdaCortinadeFerro. Por essarazão,apesardeseusesfor· ços,nadapôdecontardeconvmcentearespeitodasmelhoriassociaisdoconfinadomundocomulssosenotadesdesuaprimciraafirmação: "Nossasociedade
vem carregada de preconceitos, divulgados pelos meiosdecomunicaçâo articulados com o sistemacapítalista,comruinleresses dograndecapita/aquinomundoocidenta/".Ora,oomosecoadunatalasserçiiocomofatode que , desdesuapartida,aimprensapagapeloscapitalistasfanfarreousuamissãoamistosaemterrascomunistas? ~áqueaimprensacapitalistaoconsideratão insignificante,apontodedivulgar fartamente suas loas à Rússia? Ouessaimprcnsanãoétão infensaaosinteressesdaRússia, como ele parece imaginar? Por qualhipóteseoptariaFreiBoff'l
"A gente faz uma descoberta da União Soviética. Vemos uma sociedade altamente limpa, saudtivel... " Acontradiçãoseestabeleceagoraentreessaidílicadeclaraçãoemfavordaatualsociedadesoviética,deumlado , ea simpatiaque oentrevistadomanifesta pela "glasnost"de Gorbachev,eopróprioGorbachev, deoutrolado.Scasociedaderussaédefatoassimcomooaçodadofranciscanoadescreve,por queentãoGorbachevcentrasua politicaderenovaçãonadcnúnciadeerrossociaiseeconômicos monstruososaliexiscemes , proclamando desejar aboli-los para assimprestar umgrandebeneficioaopaís?Gorbachev,comsua propaladarees1ru1uracãodaRús1ia,estarádestruindoumasocie-
dade "altamente limpa e saudá-
vel"? "As igrejas estão abertus e cheias", acrescenta ele, esquivando-se,entretanto,detratardopomofundamental:desde queaquelepaíscaiusobojugo comunista, em 1917, quantas igrejasforamfechadas?Quantas foramdepoisreabertas?Foiedificada alguma?Nessemesmoperiodo, comparativamente, no Ocidentequanta.sforamoonstruidas?
"As igrejas es/âo cheias". O religiososedispensadefornecer aos brasileiros dados inequívocos sobreorealsignificadodessafreqüênciaaocul10. Se, de fato, a perseguiçàorcLigiosaamainou,tal abrandamentoseriaumanovidadedignadeserbemdescritalX'r quem,comoéocasodeumteólogo,deveocupar-seemesclarecerosfüfü.Quamassãoasigrejascheias?Ondeestão?Somcnte ruvelhrua.sfreqüentam?Sãoainda pesadas as sanções policiais contraosqueprocuramorecolhimentodostemplosparasuas orações? De nadadissoo cntre"istadoseocupa,certodequenenhumrepórterda "imprensucapitalista"operturbaráoomsemelhantesquestões ... Ea.ssimtalimprensa , juntamentcoomorcligioso, fazem passar wna imagem favorável de um regime de opressão Perguntado sobre o que teria notado no mundo comunista a respeitodaliberdadedeimprensa{sabidamenteinexistentehásetentaano1)edeopinião(onde partidospolíticosceleiçõeslivres sãoproibidru), Frei Boff,afetando pundonoroso recato, vela-se detrásdesuaignorãncialingüística , queoteriaimpedidodelançarumolhar,porfurtivoquefosse,paraatiraniasoviética: "&m,
•
satransparéncia - a"glasnost" - viopovosendoentrevistado narua,grandesconcursosdemúsica nacional, enrrevistas com camponeses,opiniõessobreasváriasculturasregionaisromosseus folclores. /sso,com uma grande espontaneidade, com entrevista direla, o povo falando ao vivo, na rua, no campo, nas festas". As observaçõesde f reiBoffoombaseementrevistase opiniões que acompanhoupelatelevisão,não parecem de fácil compreensào, poiseleacabadeadmitirquenão entende russo .. Esobreosdissidentes-poeta.s,escritores,cientiltas - que reclamam liberdade de expressão?Arespostaésimplista:''Não
pudemos falar com os dissidentes, quecertamenteestàonaSibério",respondeu.Mesmofazendo esta constatação, Frei Boff afirmalogoemseguidaqueelee seusoompanheirosdeviagemnão tiveram "asensaçàodequehajo delitos de consciência", na Rússia. Teriasidomuitoproveiloso aseusleitoresseofradeesclaressecetambémcomoéquesetem
isso nâopossodizerporquenâo leio russo". Edificante"imparcialidade",oomaqualelepretendetornarcrível tudooquecon-
"Por outro lado, vi televisão "todasasnoites.E,coisasurpreendente,frutodessaaberturo,des-
OPatriarcaPimen, dai.O. sovié!ka, promo1·eu em Moscou umar~niãol'CUmênicafielàlinlta
convergencialista~Gorbachev CATOUCISMO - SetE!l'O"O de 1987
a"sens.ação"dequehi<klitosde consci!ncia. ~r,portelepa1ia? Maisainda,arespeitodospresospolickosFreiBoffdeinperplexoqualquerleicorque w jah)cido,aoafirmarnãoteropiniAo formada.NAodisseeleante$que de,·emestarnaSibtria?Niotcm clca "sens.aç.lo" de existir na Rússialiberdadcdcconscifocia? Oquemais esperapara formar sua opinião? No,·asdeportações ouoo,·as·· sens.acõcs"'?
O que há por trás da viagem " ... oron,·iteparanossavisila, l'indo pela Jzreja Ortodoxa, si1nijiro um11 amostro do qut l es1(1 retf/rutur(IÇÕodasoci~ade,essa/ransparéncia,essasnovaslifHrdadesqueestãosendovividas naUnid05-0l'illica.(.. .)Estepróprioconvilemostraquehdlduma aberrura. Emsezundo/uga,.para grande surpresa minha, onde euchega>'u, atlemambientede 1randecultura,romoem Vi/nes, por exemplo, onde houvt um debu1erom cienlistas sociais, jornali.stas e paseas tizadas /J pa~. eln conhtâama Tto101iadaLiber1açrk},ronhet;iamomtun0mt,linhamlidolfrrosmeus. ( ... )ls10 l,nós conhn-{amosmenosa eln dogurelrs anós". O entreviHadoquer dar a entmder, neste ponto de ~ua.s declarações, que K &ou na Rú.ssia de grande liberdade de informação. Maisainda,eleinsinuaque-nos pai5e;ili,Te$ dOO:ideme,paraconheceroquewpassa atrás da Cortinadeferro,himenosliberdade doque na.snaçõessoviéticas,paraconh«eroquesepass.aporaqui.~ráqueparaoteóloaodalibenaçãoomundocapitalistaétirànico,equea verdadeiravitóriadaliberdade seria conse1uidapelacntreaadoO<:i, dente ao comuni~moa1ravés de umaconverg€ndareliglosadctipoecumenico? Éinteressantenotar.emabo, node$sah ipótese,queoteólogo progressistacau1closamentedei"ª'ransparcccrque,parade,o ecumenismoéumanotacaracteri>1ica da renovacfto de Gorbachev:aaproximaçãodaTcolo1ia dalibertaçiocomal.O. ''Jigni/iroumaamostradoque l(... ) =novali/Hrdadeque estdJendo vivida na Unido S(willica". Lo1oadi1n1eafüma, nOme$mO sentido: "lssomostraointeresst que eleJ tim fN{a relitido que Je aniculacomajus1içosociol,rom arrligidoqut não l maisdpiodo po>-o,mosumfatordel,/Hrtapjo edt IUliluiçdo d(I dignidade dos oprimidos.lssointert.S$11profundamente a eles, e com profundo N>SfNifooonossocrwionismo''. OreligiOiOfranciscanodeixa patentequeGorbache,· temoob-
CATOLICISMO - Setaniro de 1987
jetivo-igualmentednejado~lahierarquiada l.0.-deaproximar-seda"religilloque Jeorticulacomaji,s1içaJociol". Tal ··religião" já nio mais seria o ópiodopovo,seaundoaclõissica acu~iofeitaporr-.farx.EFrci Boíf parece aqui endos.s.ar inteiramenteamesmatesc. Ele exprin,e seu ~nsamento em uníssono com Gorbachevea 1.0. Ou seja, a converg~ncia deve ser realizada aproximandocorrentnidcológicas quepo5suamelcmen1osmarxistas incrustados. E, em panicular, no que sr refere à lgreja Católica, a corrente que e$laria prontaparataltipode aproximaçãoseriaa Teol ogia da libertação.
Discernindo, distinguindo, classificando...
"Há novos cOnl'iles para encontros, diálogos e discussões, paraconhecermosnOl'aJregiôes da UniãoSol'iltica, aquelasonde existe muçulmanismo(sic),onde exis1eou1ro1ipodeigrejaor1odoxaque nõoorussa, que seja a georgiana. Enóspensamosem estim ular este diálogo, sempre em contac/O com as nossas igrejas daqui,emcon/actocomasigrejas de fd, e, a panir daJ igrejas, um didlago aberto com toda asociedode". Novamente realça Frci Boff a idéia de que, paralelamente à fusão do comunismo russo comocapitalismo,pro1ramada porGorb.ach~noplanotemporal. e$lá em andamento um di:I. lo1odasreligiõcs,visandouma fusâO('Jltreclu. Ele espera ponamo umasimul1ãnea quebrade b.arreiras ideoló1icas:aoladodeumacon,·er1ênciaoperada~losorganism05de Estado, df aquém e além da Cortina de Ferro, de,·e ser rea!izada outraconvergênciaentrcuigrcjas,masemtornodomarxismo. Dois movimentos que devem encontrar-se num só ponto. Um deles se desenvolve no campo temporal,capitaneadopor Gorbachev,rumoaformasdeSO<:iedade e de economia socialistas comapar!nciascapitalistas.Ou1ro.nocamp0re!i1ioso,rumoà absorçãodasrcligiõcspelomar~ismo, via ecumeni smo. A Teologia da Libert ação tende a lideraresse último movimento. Dopontodevistapessoal,teriafreiBoffalaumpapelsalien1carepresentaremtodaessaorquestraçioron,·ergencialista? Em vistadograndedestaqueque!he ,·emsendoconcedidonosmeios decomunicaçãosocialdetodoo mundo,aper1un1anãoéociosa Tomar-se-iaeleolider, no Ocidente, desse processo religioso "'libertador",queconduziriaas reJia,iõcsa1éaquelepontodeconver1lncia,noqualGorbach~e al.O.,dooutroladodaConina
S:m~ : /:J::::Jí:d: 1"os'?.(Ç:/:::~1:c::. u:;~ 6tel,glnr,a e Essa cons1a1oç6adatxistlncladeconspiradores, ou "agentu da Rf'l'oluçllo", t prt'Ci~. Entre ou iras coisas tia no.< 11xplica porgue, .U veus, os própr1osrontl'mpor4neos~t. um /lCOntt'Cimen1a revolucionário, mesmo quando dele pam npantes no qualidade de atares importantes e lúcidos, nllo conseguem p,nf'rrar crrtos enizmas surt idos da trama dos fa los. Caso caractt'rls1/ro ntsSa linha Iodo Marquls dt La Faµtte, uma das jiguraJ pr<Hmintn/u da Rt'volução FranCl!sa, em sua etapa inicial. lnteli1en te, tmprttndedor, muito can1ribuiu ele paro o impulsa primeiro que abalou o Amigo Regimf' e daenrodeou a mari l'f'l'olucionárla de 1789. Foi La Faµll t o principal/autor e 1enerol-chejt' da Guarda Nacional, a,,anitpÇilo armado cujo mis.s6o, em boa medida, rra o de mDnler as ..ronqu,stas" 1'11w,/uciondrias. Padm, f'm fOCI! dos ,enebrosos fins do Rrvol~. La Fayrtte ndo che,ava a1t ôs últimos co~ulncuu. E romo su1ematicrzmenle tem aa,nlt'CuJo rom ase tipa de l'f'l'Oluc,onar,o moderado, ao ton10 dutu cinco skulos, elt', depois de ter sida convenientemente uli/ilJI/Ía, foi posto /J margt'm como ba-
!~:~::/l~~~:~:~; reaistrada, em meio à confu~o reinante,noquadroatualdorelacionamnito l nte-Oeste ...
Enigmas da Hist,ória da &voluçãn e ~:::::=~~n;,::r,,,1::,eg:::;:õt:::f!n::
t'dacrr- oft'll6meno "Rf'voluçdo"comoJendo ofatorantral t' dominantt'do História do Oc1dt'llte, tm U11 lan10 prn"odo de crise qur vem do skulo XV a nossw dias (cfr, "Rrw,luçdo,. Con1ro-Rew>luçdo '', Ed11ora D1dr10 dos Lf'ts, 2.• tdiçào, Sdo Paulo, 1981). Ora, afirma o insiane ~nsador ca1óliro, ·'produz1rumprocess<Jt60CTNrentt',tóaron1fnuo,comoodo Revoluçdo, atl"'Cl'oisdasmd~·ic1SS1tudesdeskulosifltnros,che10S de imJJ"Yislos dt' roda ardem, nospaf'fCt' 1mpo$$fwl St'nl a ação
' b'coll!U' de Squr, t'm suas mt'mdrios, relata í~lmt'nte as ronfidl,,das a t'k ff'llas por La Fayrllf' - Sf'M 1rande 11m1go
~':;,~";!,~'::,.":,Rtv°:J:1/&,~;;;,.1:';:t,~:!trf!u7/:/;::.
fomentar e da qual se Jul1ava um dos chefes, acanlt'Ctmentos qut' n4o dominuva t cuja ori1em desconht'Cia. S,.,utm aspalavras de La Fayeflt'.
"Eu n4o sti por qul fai a/idade, um par lido qut' st ~ ode na wmbn1, \'eia misturar•st ao verdadt'iro povo(... ). Satu, tu aio 11ft de aadt, um Cl!rfa n úmero de bandidos, pagos par mi~ df'sconbedr/111, e que, a{Jf'Sllr de 11ossos esforços, comerrram crimes deplortivt'is (•.. ). Em vão nós os repeUamos, nós os casugávamos, nós os dispersávamos: ela vollavom _semprt. Após atomadadaBostilha,seuUCf'ssocometeuhorr1Vt'tsas.sass1natos;a/lPariseles amraçavom saquear(...J. .,Pt'la mesma l poctz, alguns deln st haviam mos/rodo, mQJ empequenonrJmero,nasprav(ncias,eo boato,fa/samen1eespalhado por 1ado.parlt, de suo vinda próxima, excitou um Ido grande tt rrar, que na mumo instantt'. f'm iodas os comunas, a povo pt'gau em armas {o Grandt Medo{. Fiumos lnliteis b111ca, para cooht'Cer a1 t bt fff de.s.su bandidos t o l oco dt' onde
1:a~:i :a:s: ;::::s': z:~~'::'::In";':':,omo,,::;~ permaaetea /osol,frtl. 0 0 ~~,./;
" No mis dt' aurubra último, nte bando de alf'fados, misturondo-st aos movrmf'nlos dtS()rdenados produtidos em Paris(... ) congretau ludo a que se pode tnrontrar dt' vü _e de corrompido numa capuol (... ). Quando cheguei a Versa,lln, t'lajd haviam mandado rom si,o prtsl'nça a safa dt ret.1ni<'Jt's do ASSl!mbllia e ometJÇOdo a castt'lo. A Guarda Nacronal 1'11primiu suafúria, dispersou-os, f't'nlllo lwlo J)llT«%U calmo. Mas (... ) no fim da nOlle, os bandidos úitroduvrom-st na castf'lo, pelo lado da j ardim, otral'/sdt' uma porta que n4o n1aw, oc-upada pdo Guardo N«ional. Pouco faltou t11160 para quefosJecometuJo um uponloso crtmf' (... ). O povo não Ju,wa tomado parte nnta odiosa tnlmtA ("Sauvemrs_ ti A~oc/a sur le Rlgnf' dt Louis XVJ", par k Com te La11u- Ph1fippede St,ur, Arthlme-Fayard Édueur, Paris, p. 191 - du1aqun nauru). C.A.
Numa conferência em Nova York
Americanos capitulacionistas apoiam posição russa NOVA YORK - Entre os oitOCffllOS membros da delegação sovietica nas Nações Unidas (duzentos deles iden1ificados pelo ComitC de Inteligência do Senado noneamericano como agen1es da KGB), destaca-se Roland Timerbaev, que goza de ampla liberdade, e de pomposo titulo: Primeiro Deputado Representante Permanente da União Soviética junto à.o; Nações Unidas. Enquanto colegas seus dedicam-se a tarefas clandestinas que permitem aos russosofabricodemisseiseaviõesquesãoquascréplicas do material none-americano, pelo menos aparentemente, Timerbaev restringe-se a funções não veladas, mas não menos importantcs, que incluem o estudo das reações do público deste paí5 arcspcitodasaçõese propostasso,iéticas. Infelimlente, para is.so, ele pode fazer uso de tribunas compartilhadas por oradores que não atrapalham demasiadamente a sua mis.são. As.sim aconteceu aqui, rm Manhauanville, no College of ihe Sacred Hcan (Colégio do Sagrado Coração), uma instituição de ensino superior pertencente às Religiosas do Sagrado Coração. Fundada na cidade de Nova York em 1841 - onde Wi[liam Thomas Walsh, o grande apóstolo de Fátima, figurou entre seus pnr fessores - esta instituição mudou-se para Manhattanville em 15152,ehojereúneprofessoreseestudantesvindosde todas as panes da União e de mais de quarenta países. No dia 18 de março, Timerbaev, junto com o embaixador Stanley Resor, ex-!óC'Cretário do Exêrcito dos Estados Unidos e participante do Forum Sobre o Controle de Armamentos em Moscou (1987), fez aqui uma palestra para 85 pessoas, cujo tema era "As relações entre os Estados Unidos e a União Soviê1ica após Rcykja\'ik". O embaixador Resor foi o primeiro a ocupar a tribuna. Ao tratar das nc-gociar;ões para o controle de armamentos, elogiou Gorbachev. Afirmou que, se a Adrninist~o Reagan deixar de insistir em se preparar para a "guerra nas estrelas", haveria a possibilidade de se assinar "talvez o
mais importante acordo sobre armamentos nucleares feito pelos dois paises na história das forças nucleares''. O cmbaixador lamcntou a falta de progrcsso nas ncgociações paradiminuironúmerodeforçasconvecinonaisnaEuropa, causadaemgrandepartepelaretuuinciadosrussosemfornecer dados a respeito de suas tropas na rcgião. Masck manifestou a esperança de que, com a aceitação por parte dos soviéticos da possibilidade de verificação, in loco, do cumprimento do acordo limitando misseis de médio alcan ce, e com a '"glasnost" - que seria facilitada por um sucesso de Gorbachev na sua politica exterior - surgirão negociações strias nc::s.se çampo.
StinityReiOr,cH«fmriodo Eiércitonorte-amcricanoc p.1rticipantedoforumsob1e Con1roledeArmamentosem
Rol~nd Timtrbaev, primtiro deputadortprtStntante permanentedaUniãoSovitlin n~s Nações Unidas
MOiCOU (1'37)
do sem resultado, visando reduzir as forças convencionais nessa.região. Tendo defendido as ações de Reagan e Gorbachev na Islândia, afirmou: "Foi a primeira \'f'l que os lideres das
duas grandes potincias discutiram a possibilidade da abo--lição total de forças nucleares. Isto significa que uma noi·a concepção estd entrando no process-0 de negociações". E acrCSCC'ntou: "t para n& uma questão de muita importãncia saber como os Estados Unidos reagem ao processo de reestroturação de nosso pais. Nós tfStemunhamos reações diversas. Presenciamos agora mesmo a reação do embaixador Resor, uma reação fai•orável, de atitude positii•a. Mas nós também assistimos reações diferentes de ouiras pessoas, as quais são importantes". Ooradorprocurouexplicitaressadiferençadereações:
"Algumas 1emem que o que n& estamos fazendo tornará mais forte a União Soviética, que imensijicard seu desen1'0/vimento (... ) e, ponanto, seu desem'Olvimento militar. Outras dium que a jOCY do socialismo - que ia fatt da União Soviética - tornar-se-á tão atraente que ourros pai: ses - ndo só a Nicardgua, mas outros /mais tarde seriam mencionados o Equador e o Paraguai como exemplos) -
Resor foi seguido na tribuna por Timerbaev, que afirmou ter vindo a Manhattanville planejando dizer o que Resor acabava de pronunciar - com o que ele concordava -, exceto num ponto: o que o orador none-americano asseverara sobre o desarmamento convencional na Europa. De fato, era grande o número de divisões soviéticas no continente europeu, mas há J4anosaRússiavinhancgocian-
desejarão escolher o socialismo como seu fim, seu objetivo. E isto elas não gostam. Então, n& nos deparamos com reações diferentes e eu, como funcionário da União Soviética, como pessoa, estou interessado em estabelecer o de· nominador comum, a opinião geral e prepondera me aqui, a respeito de nossa reestrotução (.. .), ou melhor, de nossa revolução''. Durante a sessão de perguntas e resposcas, Timerbaev deve ter ficado comprazido com as rcpcrcurssõcs fa,·orá-
CATOLICISMO - Setembro de 1987
No canadá
Homossexuais, uma "classe" pr/vlleg/ada NO DIA 2 de dezembro do ano pas,sado, o legislativo estadual da Província de Ontário, no Canadá, aprovou uma emenda ao "Código de Direitos Humanos", proibin~o qualquer tipo de discriminação contra os homossexuais. Uma aliança dos liberais com os socialistas, aos quais se somaram incrivelmente quatro deputados conservadores,
obte-,,c facilmente uma maioria slc 64 contra 45 votos. A leitomailcgalqualqucrtipode.'.\iscriminaÇàporcausa da "orientaçãosc:mal" de uma~- Destartc, os que se entregam ao hornolsexualismo passarà.:' a ~ozar de todos os direitos e privilégios das pessoas nornu.:t5. Entre outras conseqüências, por exemplo, os "casais"dc .tio.m~ 11uaisficamequiparadosafamlliaslcgalmentcconstJ,'Wdas, com todos os direitos e bcneficios dai decorrentes, a,:mo previdência social para ambos os ''cônjuges", pensão o,.' velhice, direito a adotar e educar crianças, direito a deixar herança paraessascriança5 ou para o "cônjuge" sobrevivente et~. Mas há mais. Numa~ em que os privilégios de todo tipo são vier lentamente criticados, cru. ld converte, de fato, os homos--scxuais em "cla.sse" privilegiada. Pois em qualquer circunstãncia, wn homossexual sempre poderá alegar em seu favor que está sendo discriminado por causa da sua "orientaçlo sexual" . Mesmo pessoas normais poderão fingir-se homossexuais para obter assim priviléjios. Por Cllemplo, se uma empresa se negar a contratar uma pessoa, Por causa de sua evidente incompetência profissional, d$8. pessoa poderá declarar-se homossexual, e acusar a empresa de a estar discriminando. A empresa se verá mtão forçada a contratar o incompetente candidato. Outro exemplo. A liberdade de imprensa, como é hoje habitualmente entendida, inclui o direito de criticar outrem, sempre que se tenha fundamento para tal, e se guardem as regras da boa polêmica. Mascsta nova 1d canadense IOl"na os homossexuais incritic:ávcis, tomando reu de crime
veis que obteve neste centro acadêmico: a admiração externada por um professor universitário pelo objetivo último da revolução ru~. à qual ele se referira; a impassibilidade do auditório quando ele afirmou - no que foi secundado por Rcsor - que conflitos regionais, como o Afeganistão (um "erro nosso"), não de,.·eriam prejudicar as negociações globais entre os Estados Unidos e a Rússia, como na época da Guerra do Vietnã; a atonia dos ouvintes quando ele negou descaradamente que houvesse exportaçã~ de re,.·olução por parte de qualquer país comunista, e multo menos de Cuba, para a América Latina: o "bom senso"deumpartidpanteque,aprescntando-seoomo homem de negócios aposentado. comentaquc se fariam consideráveis economias se os Estados Unidos e Rússia chegassem a mais acordos; e os aplausos e gargalhadas, após ter o moderador pcrgumado ao autitório: ··Se eu conse-
guir comvtncer os Srs. Reogon e Gorbachev o nomear os Srs. Re:sor e Timerboev como seus representantes para se sentarem nu /sfándia... ou em qualquer ou1ro lugar e ela-
CATOLICISMO - Stlffltlro de 1987
O)!llparável à ksa-majcstlldc de outrora quem tecet contra des qualquer acusação pública. Tomemos um caso ocorrido na cidade de Edmonton. A revim "OUr Family" (Nossa Familia), publicada pclo5 padres oblatas, estampou um artigo de conhecido môdico psiquiatra none-americano. no qual se faziam observações desfavoráveis ao homossemalismo, do ponto de vista médico e científico. O título: "Uma análise psiquiátrica do homossexualismo e da AIDS". A seção local do grupo católico (sic) homossexual "Dignity" apresentou queixa-crime perante a "Comissão de Direitos Humanos" contra o diretorda revista, Pe. Albert Lalondc. Diante da pressão e da ameaça legal, o próprio ~uperioc Provincial dos oblatas, Pc. Gcrald Wk::sner, dCDlltiu o Pc. Lalondc, curvando-se assim ante os desejos dos homossexuais, amparados pela nova lei ("lllC l mcrirn", 3-2-87). Infelizmente, a campanha feita pelos representantes da Igreja contra a lei foi, no minirno. frouxa _e como que sem vontade de ir ti últimas conscq~. Assim, pnwcamente não teve efeito. Causou ainda mais estranheza o fato de, uma vez aprovada a lei, a Conferfncia dos Bispos Católicos de Ontário ter emitido um comunicado conciliatório! Nele, os Prelados afirmam não estarem co&itando cm nc·liuma retaliação contra os deputados que deram seu voto
~ivor~ad:'1~~~ ~~~uc:!=~~~"; t d
~ - de cxcusap0rtcrem que criticara ki,osBisu ea}irmam ,:iuc não tinham outra alternativa senão aprca doutru,."' _da lgrcJa so~rc o hom055CXualismo co-
::w
mo ela é (''Toe l .."'r~~toda~~i da,il, o apoio Se ª OJ)OSlção ofü:.. -:lamor050. Assim, dois dias mais
:.:==~·~c.·rtasdoslcitorcs" um ~G~~:~~,;;i:a~ de
==~ "·
quotidiano, .urna .mi~iva do 1 -..,. ti:c outras coisas diz: 'E.stou cert<.,
'"'
grande
de todo coroçdo (a
~~/i ':i!~::,:~ •uir::;:;:de ~ , certo tam:':,,~;:n":~ro,:: ;:a'!:J:;::'i}º,;j·;!/!;o; m. •fito amnência direto, ~grundenúmero,
--it ~ :
amando-os como paroqu,anosaJtomente res,,. 11
plo" ("Thc Toronto Star", 6-12-86).
b<.>rarem um arordo iota/ entre os nossos dois países, ~ocês acei10riam?"
Oh, William Thomas Wahh, como sois hoje dcsconhecido na instituição ondc ensinasies! Fostes visitado pela bela Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima quando estáveis no leito de morte, e agora descansais cm paz •.. Desfrutais no presente a fclicidadc dcnãoterdcsquetcstemunhar tanta cegueira e hipocrisia exatamente na era cm que se cumpre a afirmação categórica que vos fez a Irmã Lúcia: todos os países, sem exceção, seriam conquistados pelo comunismo. Ao asseverar isso, teria ela cm vista essa conquista psicológica pacifica? Rezai p0r aqueles que, ,ustcntadm pela Mensagem de Fátima, atravessam este vale de provações, rumo ao futuro esplendoroso anunciado por Aquela cuja causa defendestes em vida! John Drake especial para "Catolicismo"
Santa Francisca Xavier Cabrini, neste século, autêntica ,. m1ss1onar1a
Al2ded«c-mbrode l917fa~sub+tamenie no Hospital de C hicago, por d a fundado, Sa nla t·ranruca Xav!tt Ca brtni, no mo me1110 em que preparava presenles deNalalparaquinhe111ascrianças, fllhas de lmigrantes italianos daquela tidade. Essa alma, como que incend iada por um fogo evangelizador, era colhida, portanto, em pleno campo de batalha e com as armas na mio, Aquela que não quis perder umminutonavida, quenliofosse emprepdo na maior pória de Dell!l, Rio ttl·e inra si nem mesmo os últimos instantes. Tudo foi para Deus. Numa fpoa. em que se exaltam reprov6,·ds métodos de um apostolado "aggk>r, nato", em que se propugna uma absurda mlsslo4og:ia " tribaüsl11",a fu nd11doradas lnnk Missiooúiasdo Sagntdo Coraçio de Jesusaflgura... mmo um modelo de ,·erdadriraapós1ola, emmntraposiçio h 1, . ticas pseudo-apostólkas do proares,stsmo.
Á RDENDO em zelo pela salvação das almas,foielafielàmissãoqucrcccberadirctarnente do Papa Leão Xlll, de socoITer os imigran1es italianos espalhados pelo muodo. Para isso, cruzou trinta vezes o oceano em trinta e cmoo anos, atravessou a Cordilheifll dos Andes com trCS metros de neve, em lombo de mula, fundou cer tcnas de escolas e instituições de cariei ad~ ~ três Américas Europa. Esteve r .o sil por d_u~ vezes, onde fundo!'. ai&umas casasrellgi~desuaCongrr',::açãoeaqui
e
Bra-
:º;~~ ~o~~:. .C: _f;{i~t~ªc!~~t;~~ 1
mwsdeseumd rehgi'_Jsaseses.sentaesete
i1U: ~~~~:~: ~:::: :=~~~~ 1:.=:,r:,s sua ~one, como a primci~a
1ª·:58-»'..a t r ~ ~ = ; s : a c i ~
an1J'. da terra à qual dedic.ara o melhor de se- ..s esforços e na qual passara os últimos
nove anos de sua vida. "Catolicismo" já apresentou de!a pormenorizada biografia (cfr. n~ 203, novembro de 1967). Hoje, vamos apenas analisaralguns aspcctosdeumapersonalidade possante, que não transigiu com o erro e qualquerformademal,bascando-nosem suas canas, publicadas pelas Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus, de Chicago, sob o titulo: "Tbc Traveis of Molhei' Frances Xavitt Cabrini" ("As viagens de Madre Francisca Xavier Cabrini"), The Wisconsin Cunco Prcss, Milwaukcc, USA, Seoond Printing, July 1955.
''Leio marinho'' As cartas que nos restam de Madre Cabrini foram quase toda5 escritas a bordo dostransatlãnticosdurantesuaslongasviagcns apostólicas. Eram os únicos momentos em que ela podia se dedicar a escrever, uma vez que seu campo i;nediato de ação ficava res1rito às dimensões do navio em que viajava. Era a oponunidadc que a Mãe
10
.. .
e Fundadora das Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus encontrava para atenderaodcscjodesuasfilhas,relatandolhes suas viagcns eempreendimentos, paraformá-lasnoseuespírito. Sempmendercm ser páginas literárias, de sociologia oudevidacspiritual,têmentretantodctudo isso. Sobretudo nos mostram sua elevação de alma, seriedade de espírito, têmpera de caráter, sua santidade enfim, que a colocavam no ccnuo das atenções admirativas e respeitosas dos passageiros eda tripulaçãodosnaviosemqueviajava. lsso de 1al forma era m im, que lhe mereceu o cognome de "Leão marinho" por pane de algunspassageiros(p.71). Narrando o dia-a-dia, comentando o tempo, os passageiros, os pequenos incidentes de bordo, os acidentes geográficos da rota ou os países pelos quais passava, Santa Francisca vai sempre fazendo alguma aplicação doutrinária ou espiritual mais neçessárlasàssuasdiscípulas. Acompanhcmo-la um pouco ncs.sc caminho.
Cu.iondtniSC"'/.UdrtC.ibrini,tmSint'Angtlo lodip,iino, loulid.ide pnilim.i df Mil.o
ApóstolazelosaaQuando se instalava no navio com suas religiosas, Madre Cabrini procurava os meiosdeadaptarosatosdavidaconven!Ualàscondiçõcsdaviagcm.Assim, "r.sro monhà fomos ao tombadilho, naITa ela,
saudamos o mar - imagem da imensidade de Deus - e recitamos nossas oraçôes, as quois, sem esforço, aj1orarom fefllorosomentede na= almos. Recitamos o 'Ave MarisSlefla'(Ave, do mar, estrela)" (p. 3). Este espetáculo de um grupo de esposas de Crisio fazendo transparecer sua fidelidade à vocação cm !ai circunstãncia, atraia
os passageiros e o próprio capitão do navio: "Todo vez que ~·amos oo tombadilho ~ diria ela-, procuramos um lugor para estarmos a sós, mos, poucos minutos de-
pois, somos rodeados por senhoras da Primeira Classe... o Capitão do na1'ÍO e os ou1ros passogeiros mostram-seans,osospor nos dor todo confono" (p. 29). Sem qualquer forma de ativismo CJ1agerado, sua presença apostólica fez com que atéosprotestantessecomO\-essem: "A tripuloçõo - escreve em ou1ra cana ~ é no
muiorio sueaz (... ). Lamento ser incapaz de CATOUCISMO-Setenuode1987
/olor o eles de Religião ( ... ). Quondo, em meio O mor!, nos ou1'f'm conwr o 'Veni Creoror' poro o Noveno do Espfrito San10, o 'AveMa/lÍSStella'ouourroshinosda Bem•oventuroda Virgem Maria, permanecem reverenremente o tentos e parece htr.,er um raio do céu caindo em suas almas". Para remediar a insuficiência do idioma "eu dei a eles uma pequeno medalha que receberam rom grande dl'W)fào e olham como um grande tesouro, mesmo os que são /Jf'lr 1es1omes"(p.87).Eassimelaagia,nãobafejada por um espírito interconfessional, mascomvistasàconversãodostripulantes à verdadeira Religião. Outro dos inumeráveis casos contados por da: "Esta manhã acariciei um cachorrinho, rom inrenção de adquirir a amiwde de uma senhoro. Eu preciso falar-lhe de n0$$t1 Sanra Religião. Ela t protestante". A.senhorarealmenteaprocuroupara'"discutlr/ongamente"sobrere\igiãoeacabou tendo a missionária em grande estima. No fimdaviagcm,SantaFranciscadcu-lheum crucifixo no qual havia uma estampa de Nossa Senhora, que ela agradeçeu muito, acrcscentandoque,1al\·ez,umdiascfizcsse católica. Madre Cabrini via lonae: "'Ela é uma senhora qw /em muÍla influéncio e, desse modo, quanto poderd estender nosso Religião a muitas autras almas!". Também uma inglesa, anglicana, ''grande escritora e colaboradora do 'Chirogo Tribune' ", após várias conversas com a Santa, mostrou boas disposições para se oonvener.
Espírito combativo Outro caso típico de sua ação: os capitães de navio cm geral, apesar de viajara santanasegundaclas.se,sentiam-schonrados em tê-!a à sua mesa. "Perto da mesll do Capitão - narra ela - senta-se um grande literato napolitano. eacom'ff3õQ naturalmente cai sobre História, literatura, dénda etc. Sempre que o napolitano ullrapa.ssa o meridiono, eu mantenho silêncio por um momento e depois, rom genrilew ejirmew, afirmo a verdade"(pp. 154-155). Sua linguagem sabe ser vigorosa quando necessário: "Desde o Panamd - escre\'f' ela - , lemos a bordo um minislro pro1estan1e do pior tipa poss/1-el (.•. ) com sua Bíblio nas mãos tentou forrar suas dia/J6. licasinterpretaçõesaosouvinres"(p. 128, dc-staque nosso). E, cm outro local: "Ontem à noire um ministro protestante reuniu quantas~ p6de na Primeira Classe e fez uma reunião para coletar fundos para os filhos dos pobres marinheiros. É realmente triste que tunlos sigam o dem(>.. nia , não a Cristo•• (p. 31, dc-staquc nosso). Eis aí a linguagem de uma santa. Madre Cabrini não se deixava intimidar ante as dificuldades. Numa escala forçada em Puerto Limon, na Costa Rica, foi proibida de entrar no pais devido a uma lei que interditavaaentradaajesu!tasereligiosos portando o Nome do Sagrado Co~o. lnoominenti, pediu uma entrevista com o govmiador da cidade, dizendo-lhe que "la-
CATilJCISMO - SelfflUO dl! 19137
mentQlla que um pais que se gabava tanro de progresso ti~·esse leis tão retrógradas, rontrdrias à liberdade de que tanlo falavam", O fato provocou tal polêmica na CostaRica,quedoisrepresentantcsdoPresidente da República a procuraram a fim de desc-ulpar-sc pelo "mal entendido", oferecendo-lheumpassededozediasparaquemaisíacilmentepudessevisitaraquela nação. A admirável missionária, contudo, nãooutilizou,porquelinhapressade chegar ao Panamá (pp. 89, 90). Pôde ela obsctvar, no entanto, a decadência religiosa de Puerto Limonondeos brancos iam raramente à igreja porque isso "não é bom para aqueles que reivindicam ir 'progredindo cada dia"'. E exclama: "Que lástima. que infortúnio es,;e de que se te,diam afastado do bom espírito característico da roça hispánica! E tudo isso w~io roma terrfrel influindo maçônica que mo1"11 e domina tudo e todos cada 1•n mais nestes países" {destaque nosso).
Formadora de Almas Essa mulher fone do Evangelho queria que suas filhas estiva.sem à altura da vocação. Numa viagem lamenta que algumas Irmãs, por se sentirem mal com enjôos, ''agiram mais romo crionças do que romo Religiosas. fato que me desagradou tanto que eu quase me arrependi de as haverescolhido para uma missão tão difícil" (p. 33). Noutro local, adverte suas rtligiosas da Itália: "O missiontirio não de~-e remer nada além do perodo ou da ofensa, J)Qr menor que seja, a Deus. Então, o que pode me perturbar? Uma só roiso: que minhas filhas percam o espirilo do lnslituro, rornem-se tibias, sem fé. Isso seria pora mim um mar de amargura que poderia perturbar-me" (p. 56). Tambem os funcionários dos estabelecimentos por ela fundados sentiam a doce firmeza de seu pulso. A respei10 de '"seus filhos", médicos do Hospital de Chicago, alguns dos quais ''jamOSO$ no mundo mé· dico", comenta cm uma cana: "Precisam ver quão humildemen1e eles se submeteram aos regulamentos que eu ditei apds harer obsenado cuidadosamente as condições /ocois. E se eu agora posso deixar Chicago
Edificiodoprimfironm'ici~onortHmeriuno, tm WHI Puk, Nav• Yor\, construido em m~tir•
Aspmo iltuJI d• CiY Mit du 1111W Mission.irin doSigr~oCar~lodeJ~s,tmCodogno
roma mente tranqüilo é porque sei que minhas insrruções são t:uidadosomente observadas". Vendo em uma de suas viagens noveccn1os imigrantes amontoados na Teri;eira Classe,diztcmerquescufuturoscjaidênticoaodeoutrosimigramesque,noNovo Mundo, se csqueçeram completamente dos princfpiosda Religiàonaqual foram educados, de maneira a se fazerem chamar de "bdrbaros". E teme isso porque "hd enln eles um raimso anarquista que os reúne, e roma Belial, os incita O nw,/ta rontra a autoridade e a ordem de tal maneira que ru ofidais do navio tim que interferir" (p. 12) . .. Tirem a religião do homem - [e não o pão ou a terra ... notemos bem], afirma ela em outra cana - e nada resta em sua l'ida seniio ilusão, p,rturbaflio e ojliç&:s sem minttro. Onde pode ele enconrrar forças para resignar-se peronte as dagraças e infortúnios se não tem os pensamentos reronforranres que a Religião sugerr? De onde as nbelióes e sedições sur· gem senão da/alta de Religião?''(p. 276, dcstaquc-s nossos). ~ oportuno es1abelcccr aqui o contraste gritante entre essas palavras - proferidas por uma fundadora e mis.sionáriaquealcançou a heroicidade das vinudes-eapregaçãoatualdeeclesiásticoseagentespastorais, que fomentamo espírito de rebelião e, por vezes, att a aniculam. Foi especialmente para salvar almas como as daqueles imigrantes e evitar que elas se corrompessem em ambientes tantas vezes neopagãos e materializados do Novo Mundo que Santa Francisca Xavier Cabrini dedicou todos os seus ingentes esforços. E ofezdetalformaquepassouparaosanais da Igreja e da Histôria como a "Mãe dos Imigrantes". Afonso de Sour.a
A REALIDADE, conci samente: • EU ROPA amn.çada. -Ao deixar o comando da NA TO que
ocupouporoitoanos,oGeneral Bernard Rogersconcedcu cncre-
vistas ao,; jornais norteamericanos"Wa,;;h ing1onPos1" e"Wal!StrtttJournal"advenindooOcidentesobrea "chantagemeintimidação"promovida,
pelo Crcm!in. Segundo o excomandantemilitar,aspropostas soviética.svisando adiminarm
misseisnuclearesde akanccmédiona Europa,somadasàesmagadorasuperioridaderu55,3..-marmas convencionais, críam todas
ascondiçõesfavorãvcisaumataqucdesurpresadastropascomunistascontraasforçasdaNATO que , ··cornosarmamcntosconvencionaisdequedispôc.sóestariaemcondiçõesdcresistira umevemualataquedurantepoucosdias, nemmesmosemanas". "Nós ainda não conseguimos
convenceraspcssoasdeque ~ste umagraveameaçaàlibcrdadee queessefatoexigesacrificios"acresccntou o comandante, referindo-se ao pouco interesse dos dezesseis membros da NATO cm aumentar os recursos para ampliação e moderniução de suas forças. • PA RA PROTESTAR cont ra aestati uçiio do ensi no ,propugnada pelo projeto de Constituição,apresentadopelaComissão de Sistematização da Assembléia Constituinte, realizou-seno Rio deJaneiroumcongresso,·ersandosobreotcma"AEscolaPar ticular na Constituinte'" Ocncontroreuniucentenasdc diretores de escolas particulares
dctodooBrasil,preocupados comaingcri'nciacadavezmaior doEstadonacsferaeducacional Osparlicipamesdocongresso rcjeitaramofalsoprincipioformu1adopeloartigo37ldoreferidoprojcto , oqualafirmascra educaçãoumdevcrdoEstado.E rcafirmaramoprindpiodequea educaçãocabeaospais,peloDireitoNamral. • SUBVERSÃO com chá matr . - Na década de 70, os guerrilheirostupamaroscn.sangüenta ram o Uruguai , promovendo atemadoseseqüestros,tendosidonumcrosososassassinatospor elespraticados. A im~pularid~ dedess.afacçãoterromtacrema naproporçãodoscrimespraticados. Fracassaram. Deunstemposparacá,contudo, seus métodfü ganharam n:quinte c eficácia:aoinvésdeviolência,utilizampropagandapacífica;aparentebonomiaemlugardoaspectocarrancudochirsutodeomrora Por isso, os velhos fuzis e as bombasinccndiáriasforamsubstituidospormate. Eles,semanalmemc, searmamdegarrafas1érmicas c dcsaquinhosdeervamate, c ocupamapraçapúblicaparadifundirasmcsmasidéiassubvcrsivas do passado: reforma agrária socialista, estatização dos bancos ctc.Longe , porém,derenegar o que fizeram, afirmam tão-só ~r esta estratégia mais oportunaparaosdiasatuais. Após propagar~m o medo, procuram agora atrair a stmpatia ... dosincautos eingênuos de sempre.
• VOLT ARÁO os cbazlohos, simpatias e benzeduras? - O Projt lo dt Constituiçio, da Comissã o de Sls!em atizaçiu da Assemblt ia Constituintt , plt itt ia , entre outros desatinos, 1 estati zaçiud1 Medlclo1,induindo-sc a[ apesq uisata produ çio de remédios. A vina;ar 1111 princípio rm nossa futu ra Qr.rta Magna, ierfa mos sem dúvid a uma Imensa m6qulna estatal de a&Sistência mfd ica, o qut tom aria a Medicin a brasileira ainda mais burocratizada, e por1aoto maistsdtrosad11e incficicntr . Mul!o IIUSU'lltiva f a malél'UI publicada no " lnfonnalivo Hospi1al11r", dt maio dtslt ano,quan10 à int ficif nci11do Es111do t m 111atf riade pesq lllsade produtos farm acf uticos: "Os modernos Hrmacos (produto~ farmacf ulicos) disponívtis no mundo fonm desc:obertos, produzldos t distribuídos pela indústria farmacêutica privada, O Poder Público, como se sabe,o iiodesc:obrlunenbummedicamentonos úllimosSO anos,tmnenbum a parte domuodo, eniioino,·ounocampo da ierapêutica médlctt. Atualmente, no Brasil, temos a ~ aos medicamentosmaisatualizados , vindosde pesquisados mais rt nomadoslaboratóriosfarmacêuticos.Ocootrole, ptloF--stado , da ptsqulsa t daindústriafarm acêutica , comcerttza oos farivollar ao tt mpodos 'cha.zinbos' , 'simpatias' t 'be nzeduras'" .
12
Tr.l.n1itointerro mpido:s.i.oo,J.apos queatrm•s,ama1'itrada,oomo auxíl iodeumdedicadobrigadisla ... • CA RI NHO entrrnccedor com sapos. - Já existem na Inglaterra brigadinhas protetoras desses animais, cujo lema é ''Ajudeumsapoaatravessaraestrada".Essaszelosaspatrulhas (em maisde200estradas)ficamapostm especialmcnlc nosdiaschuvosos,quandoosirresponsáveisbatráquiossa!tam com maior desembaraço, Namcsma[nglaterrafoi inauguradosoknemcnteporlord Skc!mersdale, Sub-Secretário do Meio Ambient e, o primeiro túncl (deumas.érieascrcomtruidaemtodoopaís)paratravessiaeprocriaçãodesapos,perfuradosobaperigosarodovia A-4155,dispensandoassimasbrigadasdeseuextenuantelrabalho. Após o rompimento da fita, Lord Skelmersdale declarou que dedicava o túnel à Rainha e ao anfíbio .. . AFrançadisputavacomalnglaterraasupremaciarmdcfesadossapos, masosbritãnicosganharamadianteiracoma construçãodostúneis.Porora,aFrançateráde comentar-se com suaszelosasbrigadas,apenas . .. Nãosedeveesquecerqucenquantolnglaterra e Françalutampelapreservaçãoeprocriaçãodesapos,emambosospai sesoabortomatamilharesdecriam;asindefesas,anua!mcnte!
• PA IS ESQUERDISTAS ... filh osconw rvado rts!-Scgundooconccitocorrentede"modernidade",cadanovageração d{'Vcriarepresentarum"avanço" paraaesqucrdacmrelaçãoàanlerior, seja nas idéias e trajes, seja nos estilos de vida e comporlamemo.Nàoéisto, entretanto, que parece ocorrer em nossos dias, ao menos nas proporções imaginadas. Assim,matériadivulsadapela ediçãode4-5-87da"FolhadeS Paulo"aprcsentaumcuriososintoma:represemamesdagcraçâo contestatária, formadanasúhi mas,!uasdécadassoboinfluxo da RevoluçãodecunhoanarquistadaSorbonne(simbolizadapelo lema "IÔ: proibido proibir"), ,·êem-seàsvoltas,hoje,comfilhosdetendênciasmai1~mcon scrvadoras. Neste sentido, mencionam-secasoscaractcrislicos,comoosdepaisfumantesde
maconhaouesquerdistas,quesão desaprovadospelosprópriosfilhos. Estesrejeitamcomênfasea suposta"modemidade"dospais De outro lado, porém, a "mas1-media", de modo geral, timbra emapresentaraju,·entude hodierna,emseusfi!~mais dinâmicos,comopanidáriadarevoluçãosexual edasdrogas,ou sistematicamente favorável à esquerda Comoconciliarambasasinfor mações? Ao que parece. ao menosumaboaparceladasnovissimasgeraçõt,;aindascdcixaarras1arparaovk1oeparaaesquerdapelavelocidadeadquíridana geração dos pais. Mas, já sem convicçàonementusiasmo,chegando mesmo certo número de jovensatomarposiçõesumtantocon.servadoras,comonosca sosrelatadosnomencionadoma tutinopaulista. CATOLICISMO - SetentJo 00 1987
Na Europa acentua-se atendênda conservadora
EM PORTUGAL: VITORIA E ENCRUZILHADA ~
P ~:': ~~115:sºe1!~~n~~d;~~~g'~:
paraindicarosrumosconservadoresdesejados pela expressiva maioria dos que se manifestaramnaseleiçõeseuropéiasdejunho e julho passados. Conforme ficou dito cm nossa última edição,houve,nalnglatcrra,umanitidavitóriaconscrvadora e, na Itália, uma derrota significativa do maior panido comu-
nista do Ocideme. Nas eleições municipais espanholas, por sua vez, ocorreram os pr)meiros revezessocia!istas, que talvez indiquem uma futura queda do PSOE de Felipe Gonzalcz. Por fim, como a coroar tal
cendênciat-onservadora,dC\·emosassinalar a muito marcada vitória do Panido Social Democrata ponuguês, a 19 de julho passado, que ratifkou Aníbal Ca\'at'O Sil\'a como chefe do gO\·emo. Convêm lembrar que o PSD ponuguês não segue a linha esquerdistadosdemaispanidossocial-democratas da Europa. Osrumosdelineadosnessasdi\·ersaselciçõesindicam,comvariantesprópriasacada um desses países. a rejeição cm grau maior ou menor das utopias socialo-comunistas. Pacentcia-se um desejo cada ,e2 mais nítido de uma política segura e cstâvel num mundo cobeno de crises. O Ponugal do Primeiro-Ministro Cavaco Silva ilustra muito bem a tendência do público para uma polflka de estabilidade social e econômica. Pois, desde a revolução c¼jucrdista de 1974, chamada "dos cravos", Ponugalviuafastar-sedcscuhorizonte aquela bonomia, aquclatranquilidadc. aqucla singclc1..a de trato que marcavaaindaasrelaçõcssociaisqueseusfilhos mantinham.
.-
CODCedcndo • C11·aco Sill• miiori,1 ,1bsol11t,1 n• Assem~• Nacional, o eleitorMio porluguts disst "nio" i05 rriormist~s Nlllinntrs dcm: deresseis em ereze anos! ReFonnas socializantes modificam considerá\ciS aspeccos do Ponugal tradicional. trazendo como corolário econômico a escassez e a carestia. Cansados de tantas inccnezas, sofridoscomtantasdesilusõcs,os eleimreslusos - aos quais ainda resta uma boa dose de bom senso - nào deixaram passar a ocasiàodedizerumrotundo"não"aosdevaneiosutópicosemalfazejosdcrcformis-
"Esrovas lindo Inês posta em sossego De tem onos colhendo doce /ruito Naquele engono d'ofma fedo e «'gO
Que o /onunu niio deixo durur muito" (Camões, Lusíadas, Canto Ili) Parafraseando a inesquecível estrofe de Camõe5, na qual se inicia a descrição do drama de Inês de Castro. o Ponugal anterior à Rc\"Olur;ão d<X Cravos. adormecido por anos de ilusória bonança. de repente se ,ê sacudido por reformas profundas a alterar sua fisionomia. GO\ernos se suce-
CATOLICISMO -
Setentro de 1987
A rr•,oluçio l'SQUffllisti de 1'Ji4, chamacb "dos cra1m", ll'lltou atrn-és de rrlonn.is rstatizantn fori,i, um Portupl aws.o, ~ ml'Sl!IO
tas estatizantes que pretendiam forjar um Ponugal avesso a ele mesmo. Com os pés na realidade, mais de 50% dos votantes sufragaram o PSD - o primciro panido a obter maioria absoluta dcsdel974 - queapresentavaumprograma oposto ao controle da economia pelo Estado. É um número que não deixa margem a dú~idas. Tal resultado não significa a dcscstati zação imediata. Ela só serâ possível com a modificação da atual Constituição. Para tantooPSD,oom 146das25Ocadeirasdo Parlamento, necessita entretanto do apoio socialista-osegundopanido-paraobter os dois terços indispensáveis à alteração da Carta Magna. Os socialistas estariam dispos1os a re••ê-la, mas "somente segundo seus próprios parâmeiros" (Cfr. "O Globo" de 21-7-87). Que paràmeiros sào esses, senão aconser.açâo do caráter S<r cialista da Constilllir;âo? Nessecaso.édesetemerque,maisuma vez, os consenadores - tal como ocorreu em 1980, quando obci\eram larga maioria rclati\·a {49o-to) - não consigam os apoios necessários para eliminar a ingerência do Estado na eçonomia. A menos que a fórmula enganosa da autogestào sirva de ligaçãoentreconscr.•adoresesocialistas. Estahipóteseexplkariaocnigmáticodos"parãmetros" socialistas. Em outros termos, para haver alguma alteração da situação atual, .só restariam duas saídas: a) abandono da intervenção doEstadonaeconomia(oqucossocialistas pare<:em ter implicitamente recusado ao insistiremnamanutençãode"seuspróprios parâmetros"); b) adOÇão da autogestão. que seria a vitóriasocialistasobaaparCnciade"dcmocrati1.açãodocapital".Âprimeiravistaseriamedidadcsestatizantc.Na realidade.pro\ocariaovirtualdesaparecimento do proprietário individual, enfraquecendo e, eventualmente em seguida, eliminando a propriedade privada. Es1aseria a metadossocialiscas. Talêaencruzilhadanaqual.rndoindica, se depara o Primeiro Mínimo Ca"aco Silva na fase política que ora se inicia. E ê nessa perspeai~a que devemos acompanhar o desenrolar dos acontecimentos na cão querida terra lusa. R. MansurGuérios
13
O Brasil aprenderá a lição dos fatos?
Clérigos, empresários.jornalistas e políticos levaram a Nicarágua ao comunismo A ~~\º1r~:J;?;'tsa~f~: nágua,D.MiguelObandoyBravo, faziatalopmiçãoaoregime deSomoza , que ch egoua1;Crconhecidocomo ''Comandante Miguel", alusão aos "comandan
ccs"sandinistas Aindanessaépoca,ospadres marxistas promoviam a "ocupaçiiopadficode igrejas", em protcstocomraogoverno. Tambtm banqueiros, emprcsários,jornalistascpolíticoscmpenharam -sc
afundonoapoioaosrcvolucionários. Quantoaos"operáriose
camponeses, não se deixaram sensibili.;or pelosfrocassodos imen-
rosso11dinistas" .Eram"moisin1eligentesed=l1/iodos'' . Os sandinistas {adeptos do marxismo)constim iamumaparcdaínfima ~ deimportãnciadcspre:zivelnoconjuntodaoposiçào
Entretanto,foram clcs que tomaramopodcrepassaramap,:rseguir ferozmente seu, aliados da ,·espera. Todasestassão rcvelaçõescontidasnum livrodegrandercp,:rcussão,especialmentenoM éxico onde foi editado:"Me/hor que Somow, qualquer coisa!", de Jaime Moral« Carazo (Compaflia Edicorial Conlinental, México . 1986, JlOpp.) . O autor foi banqueiroeempresâriodo,mais importantesdaNicarágua,protegeu-sobretudocomdinhcirode seu banco INDESA - o sacerdote marxista Ernesto Cardenal e suaobrasociaHzante nasilhasnicaragüensesde Solcminame.Hoje,consideraquefezo pap,:lde "tomo útil" do comunismo. Após a revolução teve que se exilar. Conta eleque,já em l974(cincoanosantesdo desfechodare,·o!ução), hou,·eemManágua a "Primeira Convenção do Setor Privado",oomapreSt,nçadedois milempresáriosdetodoopais Nela,emboraossandinistasfossem considerados jovens extremistassem"nenhumpesoeimporrôncio'',deu-se-lhespossibilidade de,falarem e seremouvidos, poisosempresánossimpauzavam comelesporscrem''jownsedo oposição clandestina". Comentaoautor: "Asoprociofôes[sobre ossandinistas] erom corTetosarurtoproza,corae1eris1ica emprl'Sarial muito comum . molizado pelo miopia e ingenui-
14
dade( ... ).NiJosequisolhorpora afim, nem analisarem profundidade os tenebrosasforços ocultaspordt'lrásdasmáscaros' ".Assim, "porridos polflicos, empresa privado e outras grupos" não retletiram ''sobre o papel que representaria a ju vemude doutrinada, nofuturo proces.sa revolucionário,r:ujages1açiiacomeçavaa four-senoseiodo jácitodo Canvençiiodosetorprivada" . Os sandinistas estavam " incrustodosemalgunssetorl'sreligiosos" e "osdirigentesempre· sariais"traziam-lhes"recursos, credibilidade e prestigio doméstieo e. internacianol". Dessaforma,quandose deua vitória da revolução, "as mais surpresos com seu triunfo" fo. ramossandinlstas,que eram"s6ciosminori1ários-edeconhe cido filiação e depl'ndincio es trangeiras-incrivelmenteoS<Ociadas com banqueiras, empresários e padres" Olivro é sérioebcmdaçumentado, inc!usivefotograticamente. Sem abonarmos em tudo as idéias doautor,nemcertas expressõcs grosseirasqueusa,não é possível negar-lhe objetividade e clareza nadescriçãndosfatos.
Da sacristia ao sandinismo Aos sandinístas Fidel Castro prodigalizava - alémde ordens - dinhciroctreinamemo emCuba e mesmo na Rússia. As combinações eram feitas através do embaixador cubano em Manágua.
O entãoPresidentcdosfatados Unidos, Ji mmy Carter, por sua Yez, exerceusobreo regimcdcSomoza"pressóesirresis1íveis,impossfveis de serem supor/adas par qualquer governa da América Latino". A" rarpeza e a cegueira de Cone, tinham mais poderdes1rutivo do que as forços telúrieas'' do anterior terremoto. O Presidente norte-americano "presenteou em bandeja de prato" os sandinístas,entregando-lhesopod"
Es1eseram emgrandepartcrecrutados entrejo,·en1 burguescs quefrcqüentavamcolégioscatólicos . Foi ··umahábi/esu/i/componha de pene/raçiio, ogitoçiio e fomentodesimpotii;anles, ocultada sob o poder espiritual e a credibilidode dosbalinos". Tele-dirigidosporFidel. julgaram provei coso tornar firme o acordo com a burguesia. Reuniram -se com: Joaquim Cuadra, "advogado próspero do Banco da Amlrica e do 'Nicarágua Sugar Sra/e ", insuspeitável paro a burguesia: Emílio Balrodona. gereme do 'Cafl So/ú,·el SI A', um dos indusrriaismaisimporlontes do pofs;FelipeMantica.gerentede uma cadeia de supermucadas. membro da direçiio do Baneo da Américaeligodoaosaltosorganismos do empre.ro pril'oda' ' ; Ar1uro Cruz•• que es1avo em Wos· hingtoncamobancolnteramerieano de Desenvolvimenro 81D"; e outros Daí surgiu o chamado "Grupo dasl2''qu e deviasero ··cava/o deTroia"paraintroduriro1sandinis1as,dando-lhesumaaurade
Mons. Miguel Oba ndo y Bm o hoje Cardeal-naépocada rl.'l'O luçãosa ndi nista eraconhecido como "ComandanteMiguel"
" pluralismo palflica". O aval bu rguêsnocheque marxistateve grande efeito. Comcçou·SC a propalar emão queaacusaçãode comunistasfei taaos"rapazes"(ossandinistas) erapropagandasomoristaquevia comunismoportodaparte! "Oulra Cubo? Niio, isw não pode aconteceraqui. Láéumoilha!' " Tais eram "os rociocinios simplistos de muitos nicaragüenses" Aajudainternacional aosandinismofni ••incalculável" . Assim, "Carlos André.s Perec, Presidente du Venezuelo, foi o principol financiador da insurreição sondinis10" . Na etapa posterior à tomadadopoder,oPresidentedo México,LopeiPortillo,deu.até 1983, " quir,hemosmilhôesdedólores".ACostaRica,comanu~neia do Presidente Carazo Odio, foiagranderetaguarda e "sontuário' ' militardossandinistas, t o Panamá de Omar Torrijos, seu pontodt apoioparaviagens a Cubaechegadadearmamentos
Chega o "ca"asco de Washington" Ossandinistas, nãoconscguindorevolucionaropais p,:lasarOP1e$idente lópe1 Portil!o, do México,écondecor.ldopo r Daniel Ortega
CATOUCISMO-Seterrb-ode1987
mas, solicitaram uma mediaçlo internacional alravés da OEA. !Krsio Ramirez {aiual ,·ice-prcsiden1e da Nicarágua) narra como, para d~tos deua mediação, reuniu-$e com o cmpresário AlfonsoRobclocoutros: "Re,mimonospelaprimeiraveinoArrebispado'·. A comissão fonnada pela OEA era101almcntccon1roladapeloreprescn1an1e norte-americano, Bowdler: "Era um p(Jl"(lpl!Ífo de Carie,, sob o diifara da O.EA, para pressionar a mida Imediata deSomo;:a". No início de 1979, um novo embaixaclor norte-americano é nomeado para Manágua. LawrencePeiullo:·'Serlaocarrasco deWashingtonparaex«utara Rntenra do Presidente Correr". Apo$içiodosEs1adosUnidosobservaem livro a diplomata e acad!micanone-americana.Sra. JeaneJ.Kirkpalrick-eraadc que "as atividades terrorisrast gutrrilheirasnàosePOdiamconsiderarv/ofaçôesdosdireitoshumanos,tnquantoostsfarçasparartprimiroli'rrorismocontraria,·am as paurasde Carttr sobre osdirtiroshumanos". Em junho de 1979, aConfemJ. ciaEpiscopal,presididapeloArcebispoO.ObandoyBravo,pedearenúnciadeSomozaeains, 1auraçlodcumanovaordem. À voidosBísposuncm-seoscmpres!rios de Robcloeospo!iticos. Ahatalha~ampa!iaganhando alium;bairros.Àfrentedosoomba1cs,ser,,.indodecarnepar1canhio,eramemiadososhabhantesdos"bairrosconwientl:odos peloscrislâosrtformistasrtvoluâondrias". A populaçloprotegia-secomopodia. Fua;iam pessoas aos milhare~ pelas ruassecund!riasemdireçàoaoaeroporto.Apósl9diasdcin1ensalu1a, ossandinistas,nãoconsesuindo vencer1Guard1 Nacional, reti· raram-sedacapilal. Antecssasituação.oomSomouaindanopoderevitorioso,o embaixador none-americano em Manliguaorganiut na Costa Ricauma"JuntadcGoverno"paraaNicarásua,com1r~smarxi1tas{OanieJOrtega, Moisl5 Hassane!Kra;ioRamirez), "comp/etadocomasadornosd«orotivos da dtmocrdtico t independtme Sra. Violeta Barrios. v1ií1·a de Chamorro,tdoengenheiro-tmpradrio-progres5ista A/JOIUO Ro-
Mo".
Jll.$emarmas(01iEstadosUnidosashaviamcmbargado),pressionadodetodosO'llados,Somozarenunciouem l7dejulhode 1979. '' Tendo ainda o capiral em suasmlios,quttraomaisfundamenta/, e um parria/controltmililar [do rcsto do paisJ, (... ) stm str derrotado militarmtnte pela FSLNIFrente Sandinista de Libertação Nacional] t pelas forras do comunismo internacional e com umo Guarda Nacional uni
CATOOCISMO - Setel!Do de 1987
Srrpobmirtl(àrsqutrdi),
D.inift Orwg. (à dirw), q"' hoj\intitul.im Yice-~, pmidtnte da Nimqu,
st
ffllhnN:H:losrtetbffllordens!k
FidelCastro
flOldaquelJiefoiltafatlofim, (... ) Samo:a era liquidado pelo PrtsidenteCorter''. OConttressoNacionalnicaragüense nomeou para substituir Somout,oDr.FranciscoUrcuyo, oqualdurounopoderapenas43 h~ras, tendo em $e&uida que CJU!ar-.se.De(:laroumaistardeque aoassumiro1o•·ernonloconheciaos"pactoss«l'l!IOS{... )eme'!os a_inda que devtria entregar 1med1atamm1t a presidincio a Mons. Obando y Bra\lQ para que tsreapassasse~JumadeGoverno" formada pelos sandinistas, na Costa Rica.
Tachamos os
sensatos de 11
fa,.os profetas"
Em19dejulho,aFSLNentrava em Manigua "triunfante", scmqualquerresislfnda.ANicarágua"pa$Savacomosuf>.solé/i1e cubonoàórbitadoimperialismo soviilico".lnici1va-seumadi1aduramuitopior, "coma perda obsoluta dt todas as libtrdadese dil'l!iloshumanos". A panir dai. "com a mesma vtlocidadt com quefuglom os niCtll"(lgüenses. chtgavam milhores de cubanos-cas/r,"stas, checos, búlgaros, romenos, alemães orientaiseterroristas/nternacionais,qutcaiamr:omoobutreswbreosdespojosdtguerro". lnstalaram enilo um "lerrh-el aparelho moderno, citntlf,ca, dia~ liroderepressdo, 1trr0r,delaçdo, 1or1uraemortt:suoú11icoe-specia/idodeeraa·seguranradoE.stodo'" A responsabilidade histórica e moraléaterradora:"Asimple-se dtS>'l!nturada Nicardgua deu o passofo1alparaoabismoinsondd1·rl, tmpurrado pelas mãos de seusprópriosfilhos( ... ). Todos fomas culpados". O autor enumera os culpados; "Banqueiros, tmpnsários (... ), soctrdotu (... ), Bispo.s( ... ),jov,nsestud11n1esinstigados e doutrinados par seus mes/res t diretorts espiriturais, cursi/his1as,cris1ãasrevoluciondrios( ... ),conservadortsem1odo
apectro {... ), indiferentes, passivos, opdtkos (... ), jornalistas". Mas1alvezomaisimprenionanteéquc"/echamosou1•idos. olhos e inttliginda para aspa/o,·,asdos sensatose pruden1es, 1achando-osde( ... )agaureirosfatalis1as,falsosp,ofe1as''. Prossegue o autor, citando então 1 "Odisslia", de Homero: "Não quistmosoi,virosconsefhos. algunspu«rram,osdemaisforam escrovi:odos( ... )asr:olaboracionistas t oponunistasforom 1ransformados numa manado dt porcos"'. Aos soldados da Guarda Nacional, pessoas do povo que só eumpriam ordens, fi:uram oferecimentos vantajosos caso entreaassemasarmasnasi,:rcjasena CruzVmnelh.a.OiooiUldosac:reditaram: ''Unsâncomilcafram na armadilha mortar'. Foram ::;~~~ras vitimas do novo 10O stu
A imprensa foi amordaçada. o confiscosea;encralizou.ascriançasforamrecru1adasàforçaparaoexérdto,25a30milindios - miskitos, sumos e ramas "relocal,:odos em campos de C"O'!ct111ração",are)igiloperscJu1da,opovooprim1do,aespiona,:eminternainstitucionaliuda, a "a/jabttização" (ensino do marxismo) imposta. Rótulos de "agen1esdoCIA"e"co111ra-rtvoluclonúrias"foramatribuidos emprofuslocomopretextopar1 persea;uiçõcs. V!rios pai~ continuaram ajudando a Nicanligua sandinista, México e Estados Unidos entre eles.Em\984,BayardoArce,um dosnove"comandantc-s"sandi, nis1as.declarou:"Embrincadei,a,atétemosditoquees1avaistr aprimeirae:,:periênciadecons1ruirumsocialismocomasdólares do capitalismo". A OEA, • Anistialnternadonal,osa;.randcs meios de comunicação social mundiais, que ames damavam pc:losdireitoshumanosnaNieará,:ua,calaram-se. Tornou-se poderosa a nova "igr(japopu/arda1eologladolibenaçúo, com toda sua hierarquia, acólirose movimentos soli-
/i/.es,nacionaiseln1ernacio11ais". Esta "igrejapopu/orsondinista ·daspobres'iimensamenterica".Recr~dinhelrodos"movimentas internacío,rais da ttOlogia dolibtrtaçào( ••. )eoutrosfontes cristiis-europiias".
Aprenderemos
a lição? É.sabidocomo,àmedidacm queasituaçãofoisetornandoinsuscentá,·el,oCardealObandoy Bravo,dh·ersosBispos,banqueiros,empres.trioseoutros,,:ran• dememeresponsá1·eispelaascenslodomarxismoaopoder,começaramamanifestarumaproa;rcssivaoposiçãoaosandínismo. O auior também se refere à pre.sentelutaanti-sandinistalevadaaefeitopelo"conmu",com a qual é solidário. Sobreaquclc-s combatentes. informa que suas forças cstlo conuituidas pelo própriopovonicaragilense.Mas elenãosalien1aumaspeaopreocupame: muitos dos que atualmente se colocam como líderes d01i"con1,as",estiveramàfrente do movimento que culminou com a tomada do poder pelos marxistas. Terãoelesaaoraodisccrnimentoearetidãoqueantcs lhcsfaltouparaconduúraluta? O povo da Nicar;ljua cm .-ão confiounelcsumavcz.Oresultado aí está. Serão tais líderes agoradignosdequeselhesrenovecssaoonfiança? Morales Carazo apela ainda para que ouiros pa!ses ratino-americanos nlo se deixem iaualmcnteenaanar,poisare,·oluçlonicaragilensci1penaspar1edeumarevoluçl.ointernacional.AsAméricas,dizele.sãoum barco do qual a Nicar;ljua é o ccmrogeográfico:''Nâoestamos (adosnósnomesmobarco, que Jd começou a Jaztr água pelo meio?" E asrcs«nta: estabeleccu-se"umobastmi/itarso1·ii1icueomaisimpressionanteaparelhamentodeguerra,nacintura (... )do continente". Nós, brasileiros, saberemos aprendera impressionante lição qucolivrodc JaimeMoralesCarazonosaprescnta? Grtaclrlo Lopes
D.itsquenbpm•direii.:Adolfo CMfflJ,ArturoCruz,Alfonso RobelotStãolloieffl1rtos pt"incipai1dirigentesdos"contm". Todosel~da•ltabu15uesia,foram co1aboradort5•tiYoseinfluen1tSda rtvoluçioqu,l"t1uowndini1mo
""""·
15
Demolição da devoção a Nossa Senhora na catequese revolucionária EM
SEU NUNCA suficientemente louvado "Tratado da Ver. dadrira DevOção à Santíssima
''ViiymM.iri,, nioh.itnlrrn mullwffl qutm stjl semdh,nte, 1"1H;befacomo,ros., ,lvo1comoo lirio!", onl,1o"OficioPan-odf
Virgem",escr,:veSão Luiz Ma. ria Grianlon de Momfon que
No,su.Senhori' ...
''foi por intn-mldio da S<intissi-
ma V~m Maria que Jesus Cristo ~io ao mundo, " I lamblm por meio dela que e/e deve reinur 110mu11do"(l).Eque,porvon1adcdcDeus,adev0çil.oaNona Senhora"ln~riaàsalvo(do", como provaram muitos e grandes teólogos, apoiados na opinião de Doutores como Santo Aaostinho e São Tomás de Aquioo(2).
dctcrminaçãodosBisposda.sprovínciaseclesiásticasmeridionai\do Bra.,il,eobjetodesu~ssiva.sreediçõcsdcsdeemão: "Op«ododtAd6o(... ){i1am-
bém/ d, todN as sew dts=nden1es. (..• )Exct101 VitJl'm Maria, 1odNasMml'nscontraemopecado origiMI. ( ... ) O Filho de Deus se fn. homem, !amando corpo e alma humana nu purisslmu entranl!uda l'lfJ"'mM,ria,por
Por isso, ~da maior importlncia quc a criança, dõde os albomidarazio, vi aprmdendoaoonheceraiublimidadeinwndâvd dasperfriçóesdaRainh.adosAn-
obra do E:sp/ri10San10. ( ...) A
&,ntissim11 Virgem pode e deve
jos. Poisusimernsuaintcligênciaeemxucoraç.loirãodõabro-
chamar-• Mie de INus, porque
chandooamoracendrado,ores-
IMâedeJesusCri.sto,quetDtus. ( ..• )Maria foi Yi,rt'mllaftsdo parto, virgem no psma e ,frgtm
pcitocheiodcadmiração,aconfiança sem limites para com a Mie de Deus e nona Mãe.
depolsdoparto"(B).
Maria Santlnima:
Uma catequese
"uma mulher
impregnada
como a. outra"?
demantlamo
Acatequesc"cat6Li1:a"re•,oluciontria, portm, deforma gravemente, e pordifcrrntesproccdimrn1os,oconhecimrntovcrdadeiro de quem ia San!Wima Virgem. Eassimabala,demolc,ade--oção aEla-devoçãonorntamoneeessáriaàsa!vaçto. Considncmosoomoacoleção '"Oesperta",tlestinadaàca.equese dccriançaseadolcscentes(elaboradapeJoCentrodeEstudosMiaratórios-CEM,epublicadapclu Edições Paulinas) apresenta a Virirmlmacu!adaaseusleitores. "Quando 011~imas falar th
Nossa~hor-a - dizovol.lde ''Dcsperta'',paracriançasapartirda3!.série-,foropenst.1mas 1111111(1 pt:S$OQ di/rrmte das outras.
Mua'9lassim.Mariaerauma mulher do povo hebr=. Era como u oufnu mull!rrrs. hrtenâa a umafamflia simples de Nazaré. Seuspaissechama~·amAnaeJoaquim"(3).
Reduzida desse modo Maria Santlssima-nocntamoalmac,.dada, aSNedaSabedoria, a únieadignadeseraMãedopró--
16
Parabemanalisaroquescguc.
prioOeus(-4)- i condiçãode uma mulhcrcomoasdemais,que perftições,quevirtudes,"Dcsperta"-lapres,entadaVirgemd..uvirge1157Nadadcsublime;apenasalaumasqualidadesquetantasjo~i:: {~tas de seu tempo podc"Maria era uma jovem muiro bondOStl, trabalhadeira, simples, humilde, e cheia de cwugem. Tinha utn(I t rande preocupação:
embaiudadoA.njopergumandollleestcscaceitavaseraMãedo próprioDeus.Mariadeuprovadc todaa$Ua$Olicitudcporcoll5er· varintactaavirgindadc: "Como issosefard,poisl!llndoronheço varão?"(6).Masdessecsplendor de virtude nenhum ~estígio resta nanarraçãoque "Desperta"-lfaz daelciçlodcMariaparaMãedo Fi!hodcDcus: "[Nus( ... ) e.scollreu
Maria de
ajudarasou/,os. Eraumape,..-,,ea
Nawriparaser11m6ed0So/va-
demui111 jé. Erounuiótinuiamil"·Ek,era ass1m,port1Wvfriaa Aliançarom Drus. Elatomou11 sbio o que N pro/elru fal11ram. Prtparouoseucoraçdo eesper11-
dor: l/>$1/.$Crislo. /tlariap,odjadiur 'nio' a INvs. Mas Na diUI' '$lm'. Quando uma pe550a diz
vaoSalnuJor"(S).
Noteoleitoraau!incia,neste elencodequalidades,deumarcferênciasequeràpurezavirginal dcMariaSantfssima-purezano entantosuperiorà·dospróprios Anjos! Essa auKllcia se manterá., implacivel,aolongodetodo= catecismo.-A.ssim, aoreoebera
'Jim' a Deus, Na dc•·c dlur 'sim' aoirmioM«$$/tado.l"°oiiss(}qUI' /tlaria, IW"8mk, feiquando
soubequesuaprimalsabefpreâ-
savadtajuda"(?). -Comoédivcrsaaapresentaç!oqucaeatequesenão-progri:mtafudcNossaSenhora,àscrianças! Assim, ensina o "Primeiro Catecismo da Doutrina Cristã", pubLicadonoiníciodoséuilopor
é pre:isoqucolcitortcnha prescnte quc a toleção "Desperta" f12 umacatequcsesesundoa"Tc,ologia da Libmação" imprqnada de: mar~iuno. - "Cawlicismo" já apontou,aliás,apresençadeafirmaçõcsdcinspiraç!omanistano vo!. 3~ da referida toleção (9) Segundooserrospregadospor Mar~.asclasscssociaissãosemP"e~teinimigasentresí:,empn,efalaJlfll'flle,osrieos e ospoderososaprimirãooi; pobra.Easslmcabcaestesopapel hislóricode quebrar a opressão, implantando• ;,ulfkbde completa-poli1ica,socialecconõmic:a - entre os homens. A "Teologia da Libertação"
imprcanada de marxismo a55ume essc:serros.Porisso,elaincitaos pobresàlutadeclasses.Eomundo da igualdade completa, essa tcologiaoidcntificaoomoReino de Deus pregado por Nosso Senhor Jesus Cristo! Tais idéias se opõem àdoutri· na 1radicional da Igreja~ qual ensina que as desigualdades sociais
CATOUCISMO - Setembro de 1987
ra - e ronseqümtememe da de\'OÇio para rom ela - não sc enoontralClffle[lltnacoleçãocalcqué1ica "Desperta", lmaaine o leitor o efeito que prodw:irlosobreasalmasdas crianças e adole$centes, músicas como "E tectwnavas Maria", do Pe. Zezinho SCJ (disco " Um ctrto GaJiktl 2" - EPD. O. grifos
jusw, proporcionadas e harmônicas decorremdaprópriaordem naturalcia.,eoisu,epcmantode ~.Autor d.a natureza. Dentro de tal concepção errônea QUt acabam0$ de apontar, "Dcsperta"-lprocurale•,arscus pcquen0$C\ltcquizand0$aconi;e,berdeummodom'Olucionllrioa própriamisdoredentoradeNosso Senhor Jesus Crbto. Assim, diz.: "lt$11$q11es,emprtomo11os po/JreJ,qwstmprt/11ÍOtlo\'tFdQ.
sãonossos): '"( •• ,)AtnilVQSO/tllStnhor.l ,t, matllS o tn. JMI:, I Ama•-.s
dt, qutsemprt/C. o bem o todos, qutsnaprtqllisquetodosos lro-mt,u (05$#,tn i111ais: não me~
igual t i ff>tfJÍIIU dt lodos OS IMJ·
su~ido.( .•• J(Mas)aqutlef quemaodam, os lK(J$, ni oque,.
dt Nazori. I E 1e d1Dmavam Maria, Maria do bom Josi.
ll'mm11auae,-/da,MmrtpartJr asroisas e ajuaarosou/ros, O
"F,roaimaginar l ltlljtitodt 1trmulbtr. l .-riu,fabivas,brin· ca.-as,Cllllta•-as. l daaça•-.s peosa11dotmJW. "( ..• )Com,uvítinhastamig,u lcant1IW1Scantig,udos 1empos de entdo. / E ~ umadeltlSflU11v11 / doamorque mor.-,,.. not<'llrorsÇ'lo, / 1tab0Cfftt u,Mari11,qut llloeswndlas / Olfleussmlimeatm.l l'r'aqutlacarpiDW'IJl[de Jo-
I C0$1umam amar. '"Elt(hatnilVQSMoria. Maria
pos
uemplo dtJei11J incomoda.-.a ,·1a11 rklts. Reso/>'t n,m acab11r
rom Jesus" (IO).
Uma Nossa Senhora Igualitária e revolucionária São LuizGrign ionde Momfort nos explica que Deus P ai só deu ao mundo !ótll Filho Unig&úto por Maria -apesardassúp!icasin· CCMantes,aolo111odemilênios, dos patriarca$,profetasesamos daAntÍjaL.ei- porque"IÓ M aria omerrceu ( ... ), pdafor;a de .suasor'llfdesepdasublitnltbiMde suas,ir1ufks "( l l);den11ees1as, por suar~ ardente, sua humildadeprofun<la,suaobediência perfeira, suapureutdcs1ial (12). Mas a coleção catequética " Dcsperta"aplicatambémaMaria Sami"ima a visualiu,ção de inspíraçãomanôsta.Assim,para ovol.ld=acolcçio,niofoipor suasexcelsasvirtudesque Maria foieleitaM;ledoFilhodeDeus, mas sim porque ... era pobre: " Det,s ~mprt ama aJptSSOQS simpla. As pff,SOiU p0bm. Por isso, e:sr:olhtuMariadtNo;-,prtpara .ser a Mãe do Sa!>-ador: Íl'SUS
Cris10"( 13J. E para "Desperta"-3, Maria accitou ser aMãe de Jesusporque
elalutavapelo reinodaigualdade entreos ho mens - reino e:s.sc que tal catecismo identifica com o " Reino de Deus" ! Comcfci10. oop100llo, conclamandotoda1 a! mulheres para a lu!apela igualdade-para "a
nossomaiorluta,[que)trontraa gratlde doe11ÇO que fo::. da soe~ dackumlugordtegolsmo,dtdivis4o e de ~iollnâa" (14) aponta-lhes como exemplo a se-
guir nessa ação rt'l·olucionária, Nossa Senhora! Diz "Desperta"-3: Maria '"""' um• mul/Jer pobrt qw >fr&na P.-JtstiJD.Foichomo-
da porDeusparasuom,iedtJ~ svs.Mariaa,yi/ou~amâtdo Filho dt Det,s por um moti,·o muitoliimples;EhllCll'dir.,-.e tinllll 1' tkque omundod011 bnmtns podia r,rr mdhor. Ela tinha esperançotlrabolhoumuilo para que o rtino de Deus fosse uma l'Nlidade. Da f oi um en ·mplo par.- u mulht= ae su• i:p0"1l, um
que I: lilmbl:m a casa am homens" (15).E o !ivreto propôc:,cstaati· vidade de gru po: "Como a mulher J}Ode ~ g11ír, hoje, o exemplo de Maria?"(l 6) - Aliâs, ~ n«essário não se deixariludirpor esse a parenteze· lopelospobrcs,d.apanedosprogra.sisw {C()mQ também d.a parte dos comunistas). Pois.observa o Prof. PlinioCorrhdeOlivera,
oque"a~ilaprogn:ssisl~·
5'él/ dtpress11fOffl,unOlffetlSptO· $11mtOIQ5",
Comonãoestremecerdcdore deindignação,aoverdes.semodo llepdo-indiretamasincquivocamente - o amor entranhado da SantissimaVirgemàsuaperpétua YirJindade - à qual aliàs da se vinculanporvoio,cornonosen-
sinaaTeoqi,acatólica (l8).-No
ção da vmlade sobre Nossa Smho-
entanto,c:aroleiror,otextoacim.a, redigidoporumsacatlote,\'ffl!C:Stampadonnumlivrodeca1cquese para jovens: "Em Comunhão-Partiápaçio", do lrmãoNcryF'SC,el..ia d'ÁvilaJannoui SF(19) ... Que a Vírg,em lma,a.ilada protrja aspobresalmasdctanwcrianças ejovens,asquaisdetalmodovão sendo deformadas pela ca1cquese progressisla,impregnadapda "fu· moradeSa1onáf" q uc pcncUOU na Sanu1lareja(20)! Antonio Dumas Louro
(!J"Tr01adodaV<rdad<iroDe>-oçlo t s..o,;";ma v;,,.,,,--, Vou,, P«rópolis, 1m.1~«1 .. p . 11.
rldiona.i1rloBroril,cm l90S,,obj<to d< ,u,cnri•H r..:diç(,n. Vo,n, Petrópoli,,
dista( ... ) tem por mt/Q [~] a ditadu,a dt 11m s6 faivo dt opi,i/6o, os rrvol1ados que existem de alto abaixodonm,i11,asoriaf,mlll' os qUDis da simula propagondis1icame,i1es6 wros 'p0bres" (l 1).
Ultraje inqualificá vel à Virgem dn trlrgen•, e,n ~ "católica" ~çadamente, essa dtmoli-
uemplotktllgul:mqut l11toup1· r.- • ronstmçlo da casa de lkus,
@JAtoUCISMO ---+++
:."a~':!.r•lli.
IHmor:Pouk>Conhd<B,~ofilllo
~:.;~• , _ .,.t : TokaoTokWolli - R<Ji•u-,lo na DRT-SP >Ob o n•
RNI~ : R... Monim froo,a,co. M, - 01?26 - Slo Paulo. SP/ Ru. do>Goó,
=-~9.:~,;~: f,!°:':.~l-
01?26 - Slo P•uk>. SP -T.t: (011) 221.f7SS(ram.11ll) :~=~~1::~f,.,a,,ri<aot1<1a - M kmad,r,od<Camp<><. ~~~'.'~"'Po~<<An.,Griíi<aoüda-R<MIJ. . . 611 - 011)0 ~~~o""ó,ma pubbaçk,-'da Emp,.,..l'ode<8dcllootd<l'Oft1n
Aniu1.-. • •oi: panclc bollínoOfCdl.000,00: ~fnto,
(2) ld.. p. ,1
(l)"~pm a"-1.Pa"linao,SloPouk>, 1m,1,~«1.. p.J7 -dt<toqu01110SSOS (C0<11ooomumaap,e<<1rta<lod<D.M..,, •nlAI> Bi,po-oiulli11 d<Slo
=
I.I00.00:00G-
=~9:::-Cd110.00.E>onler.(.,.oóra)bcnfâl0fllSJ60,00:
- u•o.,
O._,nrn100,..,.p«om-data,.... PMffkklióof* pod<riolétfflCllflllMadooi~.Po,01Budan,:od<~d<a<,i... n1<t •---••mbcnio......,_...,,..,_,..ror=pondrnciorcb1i,·a
:ti"'~~~: '.:""'S:;!:;"~..., '""""" liGffrncio: ª"" Manwn FranNCO.
(t)"T10tadodaV<tdad<iraD,.oo,:lol,
Sar:ioiJSimaViticm".p.26.
:i)·~~-"-1,p.J7
~°'."pma"-l,pp.l1-Jl-descaql>tS 48)"1'1i!nriroC.C-dOD<luu!MCNtl",V"""',~19SS,19a.Nl •• pp. 16-ll -deslaqva-. (9)ArnóbioCla.-..n,""UmColtci.,...dO 'Rd;p1o Nova'", iol "C01olicb11,o"' •~
=-
~--~-~L.1~6l~~--
dosBisPo<d .. p,ovinciu«ieciU,;cun><-
1960.22".<d .. p.[92. Ol)"D<,.pn1a ",1,p.J7-d<olaquoes"°' (HJ"[).,pmo"-l,Ptulin .. ,Slo Poulo, 1911S.2!Nl .. p."9!contaoom""'"~ ...,,actod<O.Ansffi«>Slndalolkrnar dir>0,Bispo-ou,ib,dtSJ.<>Pauk>) ~~"Dal>ma"-J,p.'8-dtotaq..,..,.._ 116)!\>rd<m-d<,laq.... ...,...,., (17)
lo '"AtCEBs ... duqlltlismui,ox ro-
~· =:..~-~':"S: =:
19112,L/Nl•• p.JO. (ll)P< • .lootA.dtAldama!il,lll"Saaar ~Sur,ima",Biblioo<eadtAuto.'dadri,19SJ,lll.-ol .. p.
;~/rialanol.
\1,Pauti1101.Slof'auk>, 19112.l~ «1 .. p.
(ll)"Tr3l><lo<IOY<rdadtln0rvoçloi p. Z6 - .... aq .....
v-.,_.._
(ll) a,. ""T<r<:<iro C..tci"""' da Dc:onrim Ctbli", pul>ticado po, tlntfm,_lo
(lOl/\ .. p,noiotrloPap0Pauk>Vl,cm alocvçtod<l9dtjur111ode1972 - "ln-
••P•-•"idiPaoloVl"".Tipopar,aPotiJk,<aVOlicana,•·ol.X.P,70l
1ssi-.-ln1<n1acioft&IS.andar<lSmalNumbn" -OIOHS02
CATOUCISMO-Seteml!totle1987
17
TFPsemacão . Atividades da C.Omissão de Estudos Médicos da TFP
Sempre vigilante, a entidade entra na liça D !:s~Eo1~:\~:u~it~it:c:a
TF P tiveram sua atenção atraída pela movimentação cm tomo da reforma sanitâria.Umdeseusmernbrossobretudo, o Dr. Antonio Cândido de Lara Duca, empenhou-se cm acompanhar de perto o desenrolar do assun-
to. Posto ao corrente da matéria, o ~idente do Conselho Nacional da TFP, Prof. Plinio Corrêa de Oliveira,
estimulou de todas as formas a cominuação dos estudos, apontando as linhas-mestras por onde seguir.
Em dois anos, dez mêdicos pencnccntes à referida Comissão pesquisaram mais de mil recones de jornais e de rcvisw especializadas, bem como
ióO Fundo (RS); "Diário de Pernambuco", de Recife; "Jornal Pequeno", de São Luís; "O Comércio", de Amparo (SP); "Tribuna do Ceará", de Forta!c-.ta; ' ' Folha de Londrina", de Londrina (PR ); " Diário de Cuiabá. "Catolicismo" publicou com destaque esse estudo em sua última edição. O manifesto aborda aspectos doutrinários e práticos da socialização da Medicina, e aponta as graves conseqúênciasquetalsistemaacarrcs:arápara toda a população brasileira. Traz, além disso, uma i11trodução redigida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. relacionando a tcmá1ka com o delicado problema da real representatividade da Assembléia Constituinte.
20 livros que tratavam diretamente do lema. Quando a Comisslio de Ordem
So-
cial da ConstituinLe incluiu em seu texto grande nlimero dc princípios cstati1.antcs da Medicina, a TFP estava apa-
Repercussões em profundidade
rdhada para dar a público o manifesto sereno, profundo, conclusivo e irrespondível que foi estampado até o presente nos seguintes jornais: "Folha de S. Paulo"; "O Nacional", de Pas-
Ames de ser levado ao público, o estudo da Comissão Médica da TFP foi aprcsentadoadiversasassociaçõesda classe, que, além de manifestarem
acordo com seu conteúdo, prontificaram-seaapoiaradifusãododocumcn-
to. Logonodiaseguimeàprimeirapublicação, os 559 membros da Assembléia Nacional Constiminte receberam cópias do manifesto. EmSãoPaulo,dezenasdetelefonemas afluíram para as sedes da TFP, tanto de pessoas manifestando apoio caloroso ao manifesto, quantodecomunistóides que, protegidos pela cómoda conina do anonimato, cxtemaram sua furia através de diatri~ grosseiraseinócuas. Vinteetrêsmilequinhemosprospectos com o 1e,no do estudo já foram enviados a todos os hospitais do Rio e de São Paulo, bem como para numerosos amigos da TFP. A entidade Vffllrectbendo,alémdisso,pedidosde grande quantidade desse material da panedeassociaçõcsmêdicas,paradistribuição entre seus associados. A presença da TFP tem marcado diversas reuniões de associações da classe, onde representante da Comissão MédicadaemidadegeralmcnteeX"põe as teses do manifesto.
Programação reúne jovens nos EUA NOVA YORK - Palestras. apresemações teatrais, toques de trompetes e jogos de inspiruçiio medi~·al ma reoram a reolitJJÇiio do ''Summer Program" (Programa de Verõo) poro jo~'tns, promo1·ido pela Sociedade Americana de Defesa da Tradição, Fam11ia e Propriedade, com a duração de uma .wmana. O Prof Jeremias We/ls, correspor,dente da TFP americana,fez uma exposiçiio com base na obra "Re ,·oluçõo e Contra-Re,..ofuçõo", do Prof Plinio Corrêa de 0/il'eira. Mostrou que a crise do mundo contemporõneo deita mas raí::.es mais profundas no final da Idade Média, quando a sede de praures OCTllionou os primeiros abalos na cristandade, trazendo a Re1'0/uçiio Protestante e abrindo caminho poro, mais tarde, eclodirem a Rel'o/uçõo Francesa e a Rel'oluçõo Com11nis1a com seus desdobramentos em nossos dias.
t8
CATOLICISMO - Seten'OO de 1987
Apelo aos colombianos: rejeitar com vigor a subversão marxista
TFP replica, acusadores silenciam ... Maisumasaraivadadcacusaçõcs infundadas à TFP paniu deum órgão eatólioo-progr=ista. Desta \·ez foi a revista "Família Cris1à"queas esiampou em sua edição de março
BOGOTÁ, Colômbia - O auml'tlto de ,·iolinda das r«ellfes úwestidas da gue"ifha marxista no pais, que seestmdepeki :onarurof tromeça a atingir tamblm as cidodes, foi objew de uma acurada análise por J}Qfte da Sociedade Colombiana de Defesa da Tradição, Fam11ia e Pr<J+ pritdade, publicada no jornal "EI Tiempo", de 6-8-87, desta capital.
úllimo. Com efeito, o Pe. Francisco de Assis Correia, respondendo a um consulente. reproduziu em sua seção "Cartas do mês" nada menos do que 17 acusações sem provas (sendo a!gumasdesdobráveisemváriasoutras) contra a entidade. A resposta conês mas categórica da TFP apareceu na mesma revista emseunúmcrodejulhop.p.,naspá• ginas4e5,nas,eçào ''Opiniàodolritor", evilando a redação do mensário ttcer qualqucr oomentário sobre a cana da entidade. Âfaltademe!horparabawarsuas acusações, o sacerdote de5enterrou uma nota da CNBB de l'J..4-85, ig• norandoare:spostaquelhederaa entidade,estampadana " Folha de São Paulo" de 23.-4-85. Até o presente aqucleórgãoepiscopalnàoa contes• tou, por não ter o que responder ... O Pe. Assis Correia, neste episódio, não se pautou, pois, pelo consagrado e universalmente reconhecido axioma do Direito "Audiaturet altera pars" (ouça-se também a outra pane).
As infundadas imputações lançadas contra a TFP pela " Familia Cristã'' encontraram eco num programa da rádio '' Por um Mundo Melhor" , de Governador Valadares (MG), levado ao ar às lOhsdodiaJI demarco último, o qual se incumbiu de acrescentaraindaoutrasim·erdades. Entre estas, a titulo de mero exemplo, dtamos a acusaçào ab:surda de que a TFP écontrária "aos vicentinos, aoscongregados marianoseao pessoal do movimento de oração (sic) etc."! A resposta da TFP, firm e e incontestável, foi ao ar no dia !Odc julho p. p., durante o mesmo programa diário em que a entidade foi atacada. A direção da emissora também não apresentou nenhuma COnteslação à réplica da TFP.
CATOUCISMO - Setlll!UO de 1987
A entidade, que nos 11/timos anos ,•em denunciando a impu11idade de que goZJJm os [amores da l'iolillcia marxista, i11icUllmtnte maniftstaalegria pelo faro de ,·o~es tão autoriwdas, como a do Episcopado NacioMi, terem feito agora oul'ir jui:.os se,·eros t justos sobre a situarão do país, apelando autoridades no sentido de tomarem medidas.
as
TFP no monte Pa,co~I, noundo nprimeiraspáginasdenossaHistórii
No monte Pascoal, rezando pelo Brasil SAL VA DOR - Sócios e cooperadores da TFP, componentes da caravana Nossa Senhora de Fátima uma das três que percorrem permanentemente o Pais, difundindo o pensamen1odaentidade-visitaram há pouco a região de Porto Stg uro (BA), onde escalaram o monte Pas· coai (o primeiro ponto avistado, em abril de 1500,porPed roÂ!varesCabral e sua esquadra, quando de seu histórico desembarque). Junto a um cruzeiro, no alto do monte, osca ravanistasda TFPhastearam seus estandartes, tendo rezado o Terço a fim de implorar à Virgem Aparecida sua maternal proteção para o Brasil, nos conturbados diasatuais Depois de terem também renova. doa consagração a Nossa Senhora, segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort. c cntoado o cântico da "Salve Rcgi na",emgregoriano, encerraram o ato simbólico com o tradicional brado: "Pelo Brasil! Tradição, Familia e Propriedade!"
Emminando os a111ecede111es da a111al ameaça guerrilheira, a TFP ro/ombúma saliema a i11doli!ncUI do P<J+ der Público, que considera o problema como sendo restrito a algunuu regiões muito eircunscrltas e sem pos· sibilidada de ameaçar a Colômbia em seu oonjunto. O docummto aponta tambim, como fm·orecedoro da guerrilha, a atitude dt co,mantes coneessões das diretorias de entidades rurais, as quais aceitam as medidas go,·emamentais de caráter eoleti,•ista contra a propriedade agrfcoki, ramadas por exfgincia dos guerrilheiros. A entidade com,oca especia/me11te a cltme dw proprieldrios rurais para que se manifesre com 1·igor em defesa própria e do pais. A legftima defesa da ,·ida t dw bens - assegurada pelo Direito Natural e reconhecida pelas leis colombianas com'trte-se agora numa obrigarão moral, dado que não é possfrel contar com o concurso das autoridades para presen·ar os direitos, e uma ,·e~ que a presen'afão deles coineide com a necessidada da Pd1ria ameaçada.
A TFP implora à Puclroeira da nação, Nossa Senhora de Chiquinquird, que forra lera os ánimos de todos seus filhos nata hora de gra1·idade extrema e torne ckiro, sempre mais. os sinais de sua lnsondd1•e/ proteção à Colômbia.
19
Fidelidade e heroísmo ao longo dos séculos ROMA - Dia mede um públiC'O :ul«ionado, protegidos por capacetes e r:ourQÇrIS, penachos
,~mo, pufiklm-se, =prmhando olobardas, soldadosformadas
(1()
tmJNIOl6ff.Rtn1omosalgunssé-
culosnoHis1órla?Oeulgummodosim:osossisremes enamrados vhm d~nrolur diante desi a 1rodicional cerimliniadojuramento ãbandeiradaGuardaSufço, no
famoso pdtio de Sdo Dâmaso, do Paldcio Apos1ó/ico do Vaticano.
Oque tantou1raiaarençõo? Serd mera c11r/osid11de por um espttlkl;fo cujos protagonis/as evocam,pe/aindumentária, o século XVI?
Umuum, osjovensrecroras chegadosdedfrersoscantãessuf-
ços e opó.s meses de cuidadoso adestramento, sdo chamados a pllSlarjuromemoao[Nndãoror-
regadodegl6riasnoservirodos
Romanos Pontifices. O n~/ito soldado, ou,·indo sua convoca-
rão, rompemeriicamenuopas-
so, noform(l(6oondesee11co111rr,, e :se r,proximr, dr, ixlndeirr, com pane solene.e fiílrboso. O jurameitto lhe serd tomado por um oficioldaComponhio, em~nça de altos disnitdrios edesidsticos, representon/esdo Papa Tomando firmemenle o povilhão-insfgnio com suo mão esquerdoeolçondoadireila, na quol somenre trls dedos permanecem eretos, em louvoresuf>. mlss4o Q Sonrr5Simr, Trindr,de. o novo 1uarda repele afôrmulo do jurr,menroemvozaltoesonora, perfeitr,men1eoudfrelnosqua1ro rontosdeS4oDiimaso, noidiomr,prdpr/odeseucr,nufodeorigem; fronds, r,/emão ou itoliono. A foto des1r, pdsina registro o mômentoemqueumrtt:ruto,no posiç4oacimadescrita,pres1aseu juramenta. Aoludoesquerdodoqueestd faundoojuramento, lle-seou1ro soldado portando umu espada medit1•r,/, escuro, doruda de lâmina mui10 olongudu, com duplo fio sinuoso, a qual ocupa lugar
i:tn1rolnoc:erim6niu. Eloiapresen1adademodohierdtico,curucter{srico da C11ordo Su{ça; apoiase no ombro direi/o doso/dado que a seguro, e ver1icalmen1e aponta poro o ciu. Elo ia Espado de Ho,vo dos Suíços, simbolode suo bravura, que empolgou 1odososexirdtoseuropeusmedievr,is,01r,/pon1oqueosgrandes mona«rlS COrlSlituíram poro defesadesur,prs.sooedesuacor1ere1imentos deher6icos infan/eshelvkios. Ouniformeivis/Osoesério. Dese11hado por Michela11gelo, i dig110 e ao mesmo 1empo alegre, recordandoo esp/e11dordoson1igoscor1eseuropiias.Apropriudo âstdticr,sfJ'lic:asdosic:ulo XVI. txprlme slmbolicomenrea beleza moralinerenteQelevodaflnalidade da Guardo: c:,,s,odiur o Soberano Pontífice. Mr,isr,usteromasnãomenos esplendoroso lo uniforme que distingueosofiâais. Nailustroçdo, podemos admirá-lo, pois ele ienvergr,doporumofu:iulque . sustimofuste, noquulseprendeopendãodavolorosoGuarda. O penacho do elmo desse mil/10, maisgraduodoibrunco,controstando com o cor bord6 das demais plumas. O feitio i ixlsicomenre o mesmo, mos em vez de :sertolhodonote,'etecidodeque :serevestemossoldodos.icor1a-
do em veludo vermelho de cor bord6, forrudo em dourado, por veusaporente. Ojogodessofeli:combinor4odecores,particularmente quondoacentuodapelos reflexosdosolprimavui.l ~ acerimônio:sertalizaa6demaio. em comemoração Q ind6mi1a re:sistlncia dos sufçosoosaque de Roma em 1517 - dd uma nota de maje1adeQpolicromia dos uniformes da tropa. O c:apace/e e a couraçr, reluum, l{mpidos, como o idta!quedefendem
Opúbficosabequtosjo,·ens soldodos, embora en,·trgando uma fardo Inadequada paro a guerromoderna,s4oherdeirosde umabrilhan/eemu/tis5eo,larffadiçdo militar. OficialmenttfundadupeloPupa Julio /1, em IJQS, aGuurdu Su{çadeu mos1rosdeudmiràvel heroismo, dlstlnguindo-seemdive=episódiosporsuaexemplar fulelldodtooSoberonoPontif«:t. Durante o saque dt 1527, quandor, Urbefold~os1adapor 1ropasoserviço~CarlosV,sc,s
r:omponenres morreram quase rodos em defesu do Pupa. Sicu/os mais lorde, em 1848, repeliram vo/entementeashordasrevoluriondriosquepretendiaminvudiro Quirinal, residlncia de Pio IX. Poucos anos depois, em /870, ombroaombror:omoszuavos, rrlebrelegi4odtvolun/6riosroldlicos vindos dt vdrios países, defenderom os Esrados Pontif,: cioscontrar,invaJ4opiemon1esa. c:hefiadoporGariixlldi. A1ualmen1e incumbem-se de guardur o Pondo de Bronze (entrada ordit1dria do Vaticano), u Porta de Sont'Anna, rumbim denominada "PomJo dos Su{ços" (resenadopara vefculos)ea Saio Clementino. Manllm ainda umaguardajuntoQEst:QlaRigiu, que dd acesso ao Paldcio Apol16/iro. Sus1en1a11dohdsic:uloso6nus ea1lôriode,·elarpelasegurança do Sumo Pontífice, a Guarda Su,ríltomou-Jeumsímbolo~fidtUdodeaoPopodoedeheroismooseuseniço.Sfmbolocopoz. ainduhoje,detncan1arosmu/1idóts que visitam Roma t de for1alecer no alma dos jiiis o en1usiasmopelo.sln5tituiçõts1rudicionaisgeradospelolgrtja. JuanMitut!Monrts nossocorresponden.te
''AcoRA
você está comigo, em meus pensamentos. / Nosso amor a cada momento se torna mais fone. / Olhe dentro de meus olhos. / Vociveráquemeusou. / Meu nome é Lucifer. I Pegue minha mão, por favor ". Aletradamúsica Nib, gravadapcloconjw110 81.ck S11bbath,cuja traduçãoaprescritamos acima, bem como inúmeras outras das mais conheddas bandas de rock têm o caráter nitidamente satanista. Como também a música God of Thundtt do conjunto de rock chamado Klss que se apresentou em São Paulo no Estádio do Morumbi em junho de 1983: "Eufuicriadopordemõnios. / E cheguei a reinar romo o Senhor porque eu sou / o Deusdo1rovãoedo Rodi. ' n' RoU./ (. .. ) Eu fui criado por um demônio. / Fui treinado para reinar roma um deles. / Eu sou o Senhor da terra desolada". Que ligação existe entre este lipo de música que eletriza muitos jovens de nossos dias eocultoaodemônio?
As raízes tribais do rock O chamado "fenômeno rock 11nd roll" . como todo fenômenosócio--cul1ural relevante, não n = mediante geração espontânea. Todo um processo histórico precffleu seu aparecimento. As raizes africanas do rock são tão marcadas que críticos em geral, como Ana Maria Bahiana, chegam a afirmar que "a mãe
Desvendando osignificado profundo do Rock
Noss.i U.pi: Apmenbçkl do conjunto nork.1mtric.100 dc "rock'' " Kiss", 11o1 c.1pit•I piulist,1, tmfinsdcjunhodcl'!IIJ. Sobre• "louméf" dorefttidoconjuntoporlrff ci1bdesbmiltirn- 1tio,S.OPauloeBelo HorilOnte-Pt'ridesC;1pillefflaescmeuo ar1igo " Kiss:fascinioemalogm",publicado naediçlodejulhode 1'J33{n~391)de "Ca1olkismo". Neleoautorcomentao h.ic.issodab.ind,1"rock"em.eu1trk "sh011-1"e .icentu.i,1notóri.iin.inu;içiode utanismotm,titudes doscompontntesdo " Kiil'',ln.inu.içãop,i:tenll'n.i let,.id.imúsin "Godollhundtr'', de.1utori,1 doconj11nlo; cuj.i triduçio .1pmenl.lmos logo no início do pmen\tlrtigo. Ft>todeBrunoS.ant.reHi.
2 - CATOllCtSMO OUTUBRO 1987
fMsPrt!ley,qutnospri~ros•nosdtr.11• •1u~io podffi,I ser 1isto apenas como um untor t\lm·~nte...
eopuido rock estãonaÂjrica. t!umaancestrafidadc muito forte. (. .. ) Cada Vet que se sentir jraroe impotente, o rock vofumi a esta negra matriz salvadora para revivificarse, ,efrescar-se ' '(I ). Esta atirmação poderia ser matizada, lembrando que diversos conjuntos de rock procuraram inspirar-se também em fontes tibetanas, hindus c até nas pirâmides do Egito. Segundo Davin Seaye Mary Nccly, em livro de quase 400 páginas, ''Escada para o Ctu - As Raízes Espirituais do Rock ' n' Rolt", editado pela Ballamines Books de Nova York, os escravos africanos que foram levados para a América do Norte "vinham de uma inte/'ISQ cultura religiosa(...) de uma soci«Jade onde a religião era a prrocupoçãoronstante". Segundo tais autores, osafricanosprocuraram "novosmétodosde adoro, seus deuses,jd que seusroptores lhes deduraram quen4o podiam maisodord-los (J moda antiga (... ) com fetiches, 101ens e magia"(2).
Paracomomaresscobstáculo, ''osescravos, com freqüência, fugiam para o fundo das florestas pura encenar estranhas imitaçóes do culto cristão", o nde a música e a dança tinham um pape! central. ''Oe,spiri-
to não descerá sem uma canção ", era um ditoqucosescravostrouxeramconsigodaterranatal(J). Concomitantemente, continuam osespccilistas Oavin Seaye Mary Necly, seitas, como por exemplo as dos Shakers (Tremedores), "commétodosprópriosdefaurbaixar os espíritos, atraiamnovosadeptos. A SociedaM d05 Crentes na segundo vinda de Cristo ero ma1.Sronhedda pelo apelido que recebeu (Shakers) por se reuni! - grandes salõt>s para sessões de dança que dunn·am a noi1e imeira, com músiros sem palavras e manijestaçõesdescontroladasdopcderdo espírito. Os Shakn-s.sú fatiam isto: balançovam, tremiam, chacoalhavam, rola1'flm pela chão eforma,·amfilacomosefossem uma cobro dançando(...) ao som ritmado das
palmasedasbatidasdospés''(4). Eram os pentccostalistas. A libertação dos escravos e uma rudimentar evangclizaçãodcstcs ncocidadãosocasionaram a formação de novas igrejas. Os negros aderiram a vários tipos dc seitas protestantesecspecialmenteàs pentecostalistas, por serem estas as que mais se aproximavam de suas antigas tradições. Assim, o ri1mo e obatuquenegrosentravamnasigrejas. Cantores negros eram apresentados como simbolos da liberdade. Eles vinham para "rontar a/roe bom som os praures do mundo, daromeedodemónio"(S). ''Osen1imen1alismo piegas e neurótico da amf(Wamericana, comsuasrimascertinhas esuaspu!01·rase/egantes, era então contrastado com letras grosseiras e sem eufemismos, palavras vulgares, insinuaçõesclaras sobre atos sexuais(... ) Eros ponrijiclIVa nas noires negras, longe dos o/harescrüicose vigi/ames dos bra11cos" (6). O álbum "Roei: - A música do século XX'' assim descreve o ambiente numa igreja evangélica negra do principio do século: "Nosa/ào rústico de madeira ressoam palmas e batidas de pés, num rirmo complexo, sincopodo. O pregodor grita um verso da música; osjíéi.s respondem repetindo o mesmo 1•erso. Chamada e resposta sem parar, numa cadência estonreanlt. Os dedosgrossosdo negro martelam as tedas brancas do piano europeu. O piano geme, o pianisla geme, o pregador geme, a congregoçiio geme -éx1asegeral"(7). Fora dos templos, já existia o gênero de música denominado Blues, também ele de OTÍj:em africana. O ritmo choroso do Blues fübiu o Mississipi junto com os negros que abandona,•am as plantações de algodão do Sul em demanda dos centros indusuiais do Norte. U, com a ajuda dos instrumentos de metal, com o sa,;ofone e o pistão, o Blues crepidoueadquiriuumabatidamaistensa, como a que ritmava a vida agitada de Detroit. Nasceu então o Rh)·thm and Blurs, oomumacadênciasensualqucconvidavaintensamente a dançar. O Blues foi a forma primeira do Jau. Este se generalizou mesmo entre os brancos. Para a formação do Jazz contribuiu ainda, sebemquecommenos força, e estilo Western and Country dos oowbo,-secaipirasbrancos.Maistardeapareceu o boogle, uma forma de tocar piano muito trepidante, já claramente a caminho do rock. "Masnosomdo Bluesedo J azz-c."plica em linguagem freudiana a revista "Violão e Guitarra" - permanece a mesma força instintiva, pulso o mesma energia erótica reprimida pelos purilanos brancos" (8).
Um novo tipo humano:
Elvis Presley Ao mesmo tempo em que esta revolução musical ia se consumando, outra profunda mudança se operava nos Estados Unidos,
CATOLICISMO OUTUBRO 1987
~
3
Aevo!uç.iodos"Beatles"levou.osmaislongedo qlll' Elvis Presley.D.igr,mt.i ...
após a vitória aliada na Segunda Guerra Mundial. '"Osc/dadãosamericanosseocupavam em desjru1ar o bem-estar material trazido porumadas maiores ondas de prosperidadeem todaa Hist6ria. Todosos=nças decorrentes das pres1õa de guerra voltavam-se agora para a sodedade de ronsumo. Era um universo mdgiroem que máquinasfantdsticas de todos os tipos apareâam para mo/ver todos ru- problemas do homem"(9). ''Aprosperidadedos&tadru-Unidas afümaarevisut''ViolãoeGuit.an11''-ronwlidadoscomoporêndaim{Wrial, convidowaorrlaxamoitodosrostumes. E as novas gerações educadas pela linguagem n4o verbal do cinema e da TV tendiam àuçiiodireta 5em muita rejle;cüo (. . .) à promra de no-vase;cperiênciasesem:ações, à 6nsiadopraur imediato, de extrair o máximo da i·ida no presente e não se ptPOCUparcom o futuro" (ID).
Noiníciodaclécadade!iO,LittkRichard, cantor negro, reconhecidamente homosseimal, foi um dos primeiros a modificar defini1ivamente o ritmo das músicas negras e brancas e a fundi-IM num novo be1.1. Obea1 éarepetiçãoinccssantede pulsações regularescombinadascomritmossincopados, geralmente mantidas pela bateria
eficlmentereproduzidaspelaguitarrabaixa. Obel.téoquecaracteriz.aoritmodamúsicarock.Eleéafaiscaquelibcraaenergia, que força a entrada do ritmo alma adentro. Alan Freud, um animador de programa musical (disc-jocl:ey). deCkveland, mantinha um programa chamado Moon dog's Rock a nd Roll Party (Festinha Roe i: and Roll do Cachorro da Lua), que promovia o novo ritmo em ascensão, de onde ter passado para este ritmo o nome de Rock aod Roll,umeuf~moquenagiriadosnegros e mesmoenlrc osbrancosdeváriascidades dos Estados Unidos era usado, até a década anterior, para designar os movimentos do ato sexual. E assim surgiu o Rock a nd Roll .
Rock in Rio. Estegfflef'Odenpetkulos procur• influenci.ir d, modo cmcente J iunntude bmilei1•.
4- CAlOLIOSMO OUTUBRO 1967
... chegaram também.is drogras,.iderindodepois a um estranllo misticismo orient.il. N,1 foto, John Wlnon e Paul McCirtney. O terreno estava então preparado para que um vendaval se desencadeasse. Bem conduzido pela propaganda, ele varreu a Terra ... Em 1953, o conjunto Bill Hlll lcy e seus Comell.S grava o primeiro Roei: 1.nd Roll: '" Rock llmundlbe Ood:' ' (Rocl:odiainteiro). Halley, martelando o novo bcat, populariza a nível internacional o ritmo negro do rhylhm ' n'bluesrevigoradopelanovabati-
da. Alauns fihnes ret.ratando problemas de revolta da juventude ajudam a compor o cenário; "Juventude Transviada", "Sementes de Violência". "No Balanço das Horas". Cenas de violência e libcninagem ocorrem em muitos cinemas. Aansicdadedajuventude,naturaleinduzida ao mesmo tempo, pedia entretanto um OO\'O ripo humanoqueencarnassepor inteiro a mentalidade que raiava. Ele surge desafiando a moral enfraquecida do es11.blishment com gestos provocadores e obcenos. Seu nome: ElvisPresley. ElvisnasceunoMississipiouvindoblues, coun1ry e canções religiosas no templo Assembléia de Deus que freqüentava.
Em 1956, um dos mais populares programas da TV none-americana, o Ed Sull.i\·a n Show, acaba rea:bendo Elvis Presley numa série de apresentações, embora com algumas restrições.Fenõmenosdehisteriacoletiva, defrcncs.i, mostramqueaintemperançachegaraaumauge. A velocidadeeaimoralidade com rédeas soltas são as notas dominantes do novo fenômeno. Com seu papel simbólico e sua ascendência sobre as emoções mais primitivas dos adol=entes, ElvisPresley favoreceu uma onda ck revolta que aferou milhões ck jovens em todo o mundo. Sentiram-se constrangidos por toda forma de proibição e de amo-ridade.
Os Beatles e a droga MasacoruscaçãockEl~isfoipassageira,
como nos apon(a a revista ''Violão e Guitarra··. "Tornou-seapenasummoçopreCTXl'men1ee11Yelhecido, um Frank Sina Ira mais 1101•o"(ll).Eletinhacurnpridooseupapel. As tendências do movimento rock caminharam,já nosanos sessenta, para o consu-
mode drogas. Nascecntãooadd rock (acid:
a:Jriasignincandodrogasfones). QuandopareciaqucorockdcElvishavia saturado a América, afinna a especialista AnaMariaBahiana, "ei-loquesurgepreservadodooutroladodoAtlfintir:o, com uma outro geraçõo"(l2). Inicia-se assim, na In-
glaterra, a era dos Reades. Os lkatles,quenoiniciodcsuacarrrirase apresentavam com cenos aspcc1osoonservadores, em poucos anos aderirarn abertamenteaousodedrogas. AfantasiosaletradamllsicaLucyinthe Sky with DiamoDds(Lúcia no Céu com Diamantes), que apresenta as letras LSDcomo iniciais, consta ter sido composta sob efeito dcdrogasalucinógenas. YellowSubm11rinc (Submarino amarelo), Stra"·beny Fields Fottvtt (campos de morangos para sempre) são outras músicas psicodélicas que procuram simular os efeitos da droga. Simultaneamente com os Beatles, subiram à ribalta os Rolling Stones (Pedras rolantes), também ingleses. Sculldcr,Mick Jagger, atraído pelo ocultismo, leu obras como "Olivrotibctanodosmonos" co ''Segredo da flor de ouro'', docsoccrismooriental. Aqui começa a fase mistico-oricntal do rode Este começa a entrar no campo reLigioso, dcrivando para o ocuhismo. Entregues por inteiro às drogas, os RolUng Stones compôcm músicas a clas claramcntcdedicadas: "InnãMornna", "Primo Cocaína", "Brown Sugar" (Açúcar preto - mistura de heroína, cafeína e outros elementos) e '"Silver Lacly" (Senhora prateada), nome de giria da seringa hipodérmica. Abbic Hoffman, o liderda esquerda hipptr americana, assim se exprime a respeito da revolução rock. deste período: "Oroekéa/ontedo revolução. Nossa maneiro de viver com a droga, a indumenttiria freaky [excêntrica), ( ... )issoiarn-olução"(l3).
O cenário está montado para a entrada dodemônio0 Heavy Metal A revolução operada no campo dos oos· 1umes,nes1asegundaíascdorock,foiainda mais radical do que a de Elvis Prcsley. Não sepCKlencgar terem os.BeaOescos RoJ. ling Stont5 representado um grande papel na preparação psioológica e ambiental da revolução da Sorbonnc, cm 1968, a revolução do ''É proibido proibir", de caráter anarquista e estruturalista. Com a revolução da Sorbonnc, uma nova bandeira tribalista foi bem longe fincada. Os cabelos se alongaram e se soltaram, os botõessedesprcgaram,osjtanscomeçaram a substituir os ta.:idos mais nobres e a minisaia triunfou por toda pane. Os Beatles, assim como ooonera com Elvis Preslcy, saíram do palco. Em apenas sete anos, eles, que haviam começado de palctó c gravata, rolaram aceleradamente, en-
A lendí!n<ii da mod, "rocf', ir p,oduiindo suu delorm,ções d~e ~ infância tre barbas, cabelos e trajes exóticos, ao som da citara oriental, até o hippisino, movimento que abriu as ponas para o satanismo. Pouco tempo depois, segundo observa o sacerdote canadense Pe. Jean-Paul Rcgimbal OSST, estudioso do Fenômeno rock, a intensidadedosoméexageradamenteclevada ''acima do limite de 10/eróncia do ouvi-
do humono. ( .. J Ojim des,jadoideenvofver, imergir o auditório num oreanosonoronnfúria. Niioset'SC"Uroorock, mossu::rtá qfogado num rilual de sao, de pen~e de revolta" (14). ! a introdução do H"'vy
Metal. AestaalturaarevoluçãorockprCM:Uralcvar a desordem até uma ilusória abolição dos sexos. O tipo humano do lleavy Melai (Metal pesado) t sexualmente indennido. Afirma Julio Ludemir no ''Jomaldo Brasil'' que "osgrandesintérpretessiioandrdginos(. . .) e se apresentam por trd.sdeetérearcortinos defumaço"(IS}. Mas o hnvy melai, o rock bruto e selva-
gem, abriu nova fase no processo Rock and Roll .AprcscnçadeSatanás,rcstritaatéentãoaumgrupodeiniciados,passouaficar cada vez mais declarada. Esta introdução oficial do demônio no ambiente do rock obedectu a ir~ etapas. Primeiro, através do processo de gravação chamado backward mtiking (ocultar gravando ao inverso). A descrição é do Pc. Rcgimbal: "Ajimdetransmitiramensogem
derominho''). Ouvida de trás para frente, transfonna-se cm: "My sl'l·ttt Satan, no otheuruide11patll",ouseja: "MeudoceSatands, só voei traçou um caminho" (17). Numerosas gravações muito conhecidas contêm este tipo de mensagem. Outra !&nica de introdução do satanismo foiaapresentaçãodemúsicascomfrascscivadas de duplo sentido. Uma era a versão cxotéricaparaograndcpúblicoestupidificado c superficial. Outra,CSOlérica, para um pequeno grupo de iniciados, tudonomelhorestilocabaliticodas vdhasseitassatinicas. A mesma canção, Stairway to Hnven, oferece-nos, também aqui, um frisante exemplo. Ela é cantada pelo conjunto Led Zeppelin, cujo principal mentor, o guitarrista Jimmy Pagc, satanista convicto, a compõs cm 1975. Stairw11,· to H"'ven passou a ser tida como o hinodorodt:, caté hoje é 10cada em rádios do mundo inteiro, inclusive no Brasil. Sobreacomposiçãodcste''hino'', Davin Scayc Mary Nccly, cm sua obra denominada exatamente Stairway to Heaven, transcrevem uma declaração de Robc:n Piam, outro integrante do Led Ztppdin: "Page haviaescritoaracordeseos tocou
poro mim. Euestavasegurandoocanetaeo papel. Não sei porque. estava de mau humor. De repente, minha mõoromeçou aescrn-eraspa/avras. Quandoasreliquastpulei do cadeira". E, no caso de Plant, prosseguem os autores, "há boas razões paro crer subliminar de maneira mais subtil e menos que uma mão inefável o esteva mo~·endo" detoctdvef registram-se de trds paro freme (18). /rares que se tomam audíveis [isto é, comEisalgunstrechosdcSlllirwaytoHeaven: preensíveis] quando se roca a gravação no ··Hliumasenhoni. que esd~a / quelusentidoin~. assim como polavrasescritos ao oontrdrio podem ser lidas em um es- do o que brilha é ouro. / E d.a rompr11 uma escadaquerondui110Céu". pelho" (16).
Um exemplo disto: tocando-se um tredio da canção Stairw11y to HHven (Escada para o Céu), no sentido nonnal da gravação ouve.se: "There's slill lime to ch11nge the road you'tt ou" ("Aindaêtempode trocar
Caberia aqui perguntar: Quem~ esia senhora? Como ela compra a escada para o Céu?Queescadaéesta? A estas questões, o Pe. Rcgimbal, baseado na linguagem do simbolismo esotérico,
CATOLICISMO OUTUBRO 1987 - 3
E a música continua assim. longamente, com mensagens oodifiçadas para terminar como seguinte verso:
E finalmente o demônio se apresenta sem disfarces
"Se você escutar muito intmsamenle, / a mdodiaencantadafinalmente chegani até
Apósautilizaçãodasduastécnicasdcscritas acima, a do b~ kward masking e a dos tcxlos com duplo sentido, c:h~ a vez W: apresentar Satanás como rei do mundo; é como sem rodeios estampa a capa do W.'iCO Este é o sonho utópico de todas as seitas doC011juntocalifomiano Orith Ungol denognósticas:adcstruiçãodetodasasindividua- minado "Um~ no Inferno". Os Rolling Stones, cujos discos se reprolidades e portamo a destruição do universo criado por Deus. E assim, de acordo com o duziram aos milhõcs pclos c:inoo continenPe.Regimbal,dar~se-iaaintcgração, "auni- tes, foram os primeiros a apresentar o poder dadecósmicaesrorá rerminada"(l9), segun- dastrevasemsuamUsica"Simpatiapclo do aspiram os gnóslicos desde a Antigüida· Demônio". Ao som de um batuque totalmeme africano eles cantam: "Peço licença de. Nesse contexto, fica dara a apreciação puru me apresentar. I Sou um homem de forwno e bom gosro. I Ando f)Orai'há muicomaqual o sacerdotciniciaseulivro: "Há mai$de rrintaanos umapossamere- /O tempo, I roubando as crenças e as almas volução tomou form o, sem partido po/üico, de muitos homens. / Eu estava por perto sem discurso eleitoral, nem mesmo um ma- quando Jesus Cristo I teve seu momento de nifestoideológico paraenunciarosjinseob- dúvida e de dor. I Assegurei-meomo/diçoadamente deque I Pi/atosfovarioas màose jetivosdosnovosrevolucionários. ,.Pela primeira vez na história da huma- d«:idirio seu destino. I Pra;:erem conhecê-nidade uma profundo revolução social, a:o- lo. I E.speroqueadvinhemeu nome. ! ( ... ) n6mko, morafecu/mra/esro/heu o música, Chame-me a,xnas Lúcifer". É freqüente conjuntos de rock hoje cm oletroeasbandas-vedetesdo rock paraprocfomorseurodicalismo. (. .. ) dia fazerem apologia explícita do demônio. vocf. / Quando 1odos serio um co um seri o todo. / Plll'll ser sólido como uma rocha
(rod:) / c niomals rolar (roU)".
O tipo hum•no do "heny met.1J" f stlualmen1e indefinido.Stusgrandesintbpretts.iprtstnLJm· secomoandróginos.Osd.ifoto-doconjun1o amfflcano Cindertla - podem nio p,irem, mas
slotodoshollltfls. ..
Osquatro",.1p,i1ts"doconjunt0Kissprimam nioaptna1ptlatltm~nci.ltand,oginismo, llli!jipeloYLJnismo
nos dáa interpretação que, segundock, seriadara para O!i iniciadO!i: "laonri--sobedoria do eso1erismo cujo alquimio, desde os moi$remotos tempos, tento o tronsmutaçào do chumbo em ouro. Opreço("romproro escuda'')sign/jlco vendera alma. E o Céu é o reino de Lúcifer(o inferno)". ' 'E qu andoafchegar,/elasa be bemqu e se11S lojase:süvere mfechadas,/comuma só palavraela obtémoque quer", Mais uma vez o ouvinte comum não entendeo quceleestáfalando.Oqucsãoestas "No inicio isto não foi tomado o sério, lojasqucestãofechadas?Qualéapala11ra Pois rodos imaginavam que serio um modisqueaajudaráaobteroquequer? mo a mais. (...) Entretanto, o fenómeno (...J O Pe. Regimbal assim interpreta este tre- opareddo no início dos anos JO iria desencacho: "Rejere-s,e ao conhecimento mdgico dear sobre o mundo uma onda profunda, das feiticeiras. (As "lojasfechadas'')silo as um misto de /amo, de escória, de sangue e de resistências dos não iniciados e ("apalavro revolta. que tudo obtém ")são as fórmulas mágicas "Éo Rock and Ro ll, amoispoderosorequeabremtadasasponas". volução doscorpos, dosespíritosedoscoraçõesjamai$so(da dasemronhos do in.fer" Há um símbolo na parede, / mas da no" (20). quer ler cu tna. / Porque, sabe, is ,·nes as E - é oportuno aduzir a propósito a oi).. paluras / tfm duplo sentido", servaçãodacspocialislaAnaMariaBahiana Agora se toma daro que há um segundo -hoje,aocabodcsteprocesso, "oroc:kéo significadonaspalavrasequeSt.airwayto língua dominante, u moeda internacional Heuen tem uma linguagem esotérica, ini- corrente, o padrão, omatri;,;"daprcsentereciática. volução musical (21).
6 - CATOUCIS.\1O OUTUBRO 1987
AC/ DC, um dos principais conjuntos que participou do festival Rock in Rio, cm janeirode 1985, é um deles. Suas mU.Sicas tem por título: "O Inferno não é um lugar tão ruim assim para se estar", "Derrubado entre as chamas", ''A condenação através do Rock anel Roll". Em ''Auto-estrada para o Inferno'', eks vociferam: "Não há sinalização de 'pare', / nem limite de 1'e/ocidade. I Old, Satanás, / esJou pagando minha divida I tocando num conjunto rock. / 0/d, garota, I olhe para mim, I e:srou indo para o 1en-aprome1ido. l Estou no auto-estrada paro o Inferno". No Brasil, onde a blasfêmia caminha impune, o disco mais vendido no ano passado foi o "Cabc-ça Dinossauro", do conjunto
ionnif, do conjunto ''Oio", durJnlt 11mJ .1pmtnUÇ.O, f.u com ;i m.O tsqUffll;i o sin.J coml'IICion.11 qu, simboliH o cltmônio
so Deus/ que chamam Cristo, / que prega obemeabell!U1"(23). Esses fatos falam por si, dispensando maiores comentários. Eles, e outros análagos apresentados neste anigo, visam exclusivamente chamar a atenção d( nossos leitores para o dímll}( de blasfêmias e ex.altações satânicas a que chegamos, predispondO-OS a uma enérgica rejeição dessas abominações. Osanos70assistiramaoaparecimentode um novo tipo humano: o punk e com ele o punk rock que levou para o palco, alffl\ d( uma maior extravagância no modo de ser e de vestir, o desejo mórbido do masoquismo edaautodcstnrição. OefeitodessarevoluçãoatravCSdamúsica tem sido em boa medida abalar a estrutura da alma humana - na qual a inteligénda governaavontadeeestaasensibilidadeedecretaroirnpérioanárquicodossentidos, oquepredispõeaumaaçãomaisintensado dcmôniosobreosindividuoscasociedade. Nãoobstantetudooquefoiaquiapresentado, há quem imagine ser o rock, com todos os seus horrores, apenas uma chaga locali:wda em parte muito detenninada do corpo social, o qual não estaria doente por inteiro.Taispessoas,frcqüentementedesejosasde wna vida sem problemas, preferem despreocupar-se em face do mal que avança, preferindo proclamar que "tudo vai bem''. Segundo esta mentalidade:, o rockseria apenas um cxcesso passageiroda juven1ude. Tal atitude no fundo prepara o terreno para um avanço cada \'CZ mai5 fácil das fonnas extremás de revolução e paralisa as
C1tacapadediscodoconjunto"Dio"p.1rodiade maneira blásfem.1ade1·oçioao5.igradoCoraç.io de)e!UI.Odemõniopmctconvidarosadeptos do"rock"aadorá-lo.
rcaçõcsquepossamsurgircontraadecadên-
ciamoralaquearevoluçãorockconduz. Na realidade, muitasdascaracteristica.s Titis, no qual se fiu uma radical profissão de fé anticatólica: "Eu não gosto de padre. I Eu não gosto demodre. I Eunãogostode/nio. I Eu não gosto de bispo, leunãogostodeCristo. I Eu não digo amém. I Eu não monto presé-
f~~l:::. rJ:~::;::,1~ :e:::,,; :i não gosto do berço I De Jeus de Belém. I Eu niio gosto do.Papo, I eu não creio na graça / Do milagre de Deus. / Eu não gosto da !greya, I Eu nãoentrona Igreja. / Não lenho religiiio"(22)
Outro conjunto brasileiro, o SepullUra, de Belo Horizonte, lançou há um ano o disco ~:i::u1:t:!toas~J~~t::ib~~:~mª:~~ nio saído do fundo da terra apodera-se de um corpo com face de caveira, pregado numacruz,equeseriadc Nosso Senhor. Na faixa dõse disco intitulada ''Crucifixão'', assim se exprimem cm inglês: ·"Nós negamososdeusestsuasleis. / Dt-sqfiamosseu supremo poder, / crucificado
~ =~~~e:i~~;:~.r;"~~~~~\:S~
tão disseminadas por toda a sociedade. Alémdisto,orock abrepassoparauma iníluênciacrcsccntedodemôniotantosobreas pcssoasquaruosobreasociedadecontemporânea, a panir do ritmo e da dança frenéti-
ca. Carlos A lberto Medeiros
NOTAS (l) RAHIANA. Ana Mari a, "A Música dos«ulo XX", inautores ,·ários. ··Rock - Arnú,icadoSéculo XX"'. Edi1ora Rio Gráfica. Rio. 1983. p . rv
;;:~?!~:o;,:~~~f~.~r~~:
Ablasfêmiaeo1mltaç.iow1.inicaelpress.isna capado disco "Visõesmórbidas"melamogr.iu deimpiedadequeatingiramalgunsconjunto1de "rock" minau~",Êdirion,St. Raphaol.Shtrbu,ck~,Canad,, 1983. p. ll.
(J)ldc:m. ibidem, p. 18 (4) lokrn. ihidtm. p. 18. (5)1drm.ihidom.p.29
(l4)1d<'m,ibidrm,p.9.
íl)MORAES. Rl:in.aldo, ''Aptt.11ístóriadorock··. in Autorn V'1i01. ··Rock - A música do Smilo XX ... Edl1ora Rio Grif,ca, Rio ok Janciro, p. 2.
(18)SEAY,0a>int/'IEELY.Mary.op.cit .• p.l49 w~i::.GIMBALOSST.Pc.Jnn-Paut,op.cit.,pp.
(15)1.UDE\IIR.Julio.'"JornaldoB,asil".14":2·87. (16) REGIM BAL OSST. P<". Jun-Paul,OJI. c11., p
~~~~=·~~/!';t~~~!~-.::~~'.·~_8: (17)Jokm.ibidc:m.pp.21t22. "·
r::~~':t::!:n~/ 7Zt::::rua: ~L1I~~~~~:it'.;::~~:;~~~dadot~ ~o;:,:,::,~n:,'ilea1º«.7o'",":n::Ot:~a;: lliii:Jf~:f~1fS-~:ic;,.~(~ remos o altar-mor. / (.. .)MostroremosOQ mundo nosso ódio. / Os padres terão seu
culoXX"',p.21. (IO)Ro,.iM.a .. VioUiooGuit.arra'". n~ 25.
norunw poroosuiddio. / Elestimfir10/al-
'n" Rotl - Viold<"II.CcnscienceparlolM~.. suhli-
p. 10.
(20)ldtm,ibickm,pp.Jc4. (2l)8AHIANA,AnaM1ria,op.ci1.,p. \'I. (22JOiM:O; Oireçl,0Anl11i,;aeMusical: Liminha Gr1>-adonoeslúdio'"Nai.Nu,·tns·· -al:>ril<k 1986. fabri<;adocdistribuldoporRCA Elflrooiasoblic:m çadc:WEADiscos. (ll)OiM:O:a,avadonoBll>dio'"VittVf'"SO'·-a,01· tock 19&6.fabric:ldotdisiribuídoporCogum<"lo Produçôes'",lkl0Hori~on1t(MG)
CATOLICISMO OUTUBRO 1987
~
7
A REALIDADE, concisamente:
• AO LEMBRAR o 26~ lnfausto anlvrrd rl o da co nstruçlo do J\lurode Berlim. ojornalporta-voldo PC alemlooricntal '"Neucs l).,msch!and'' refcriu,sc,à sinima burciracomo ''fromeira abcrta colocada soboontrolc".Eomitiuqualqucralu!iAoaofatodeque,quandooMurofoilcvantado,osalem.tl'$orien1ai11l'$t1vamfu&indoparaoladoocidcrual à razlodeum por minuto. Na vndade,jlirmjunhode 1953, ma-
nife51açõesdc alemãesorientaispcdindoa reuniíicaçlodasAlemanhllS en.m1ufocadasporlanquc;o;ooviétioos(foto).Ecmagostodc\961a conHruçiodoMuroscpul1avadevelqualqueraspiraçlone55esc,mido.
• MAIS VER GON HOSO do queo Muro ... -Erich H oneder,
atualdirisememuimodop;iísc.trcerequc~aAlemanh a comunis11.~oautordaordc mdcati rar paramatartodos05q uebu&eama libtrdade,atra,·cssandoomuro. Tarnbtmpartiu deleainiciativadc modemizar(istoé,"aperfciçoar'') add.urnanabanciradetrê:smcuos deal!ura.EtapouuiemSC1Jmcio uma.treadequasecemmctrosde Jarauraequipadacom torres de observação a cada cem metros, eercuclctrificadaseobstáculosde 1çoparabloquearapassagcmde vc(cutos. Apesardinotudo, Honedtcr acabadeserrecc,bidooomo" hós. pede de honra ·· pelo Chanceler Helmut Koh l,dapr65perael ivre A lemanha Ocidcmal, numa viagcm inédi1a que rcnderá amplos dJvidcndosàmanobrapsioológica oomunistadedcsmobilizare ador· mcccroOcidcnte... • SINDROME docompulador. - Um jovem dinamarquês, de 18 anos, entusiasmou-u por um oomputador.Nadamaisointercssav~. Pa»avade 12a 16 hora.spor diabrincandooomoobjcto.Para comunicar-scoomorapu,osmédicostiverarnqueaprcnderlinguaaemde programação, pois es.sc paciente -oqual so Fre dcextrema an1ús1iaeaniicdade-éi ncapu dcen tcndero idioma oomum . Elc sedi?indiuociavelmcmeunido ao oomputador,eacordadurantea noiteprofcrindofra.scsdescone-
~.
Internado num hospital psiquiitrioodcCopcnh ague,elc não ma.is ooruquc <futin&uir o mundo
&- CATOLICISMO OUTUBRO 1987
queocercadouniversoimagináriodaoomputação. LarsKnudscn,dirctordcuma cmprcsadcproccssamcmodc dados,emCopenhague,a" Profcs sionalDatalnforma1ion'',revc!a qucmaiJdctrhmiljovcnsdinamarqucsn,cn1rc l4cl6anos,já padecem desse mal; "não vivem paraoutraooisa"anãoscrparao oomputador,edifü:ilmcn1e,·ol1arioaadapiar-scaomundorcal. • A RÚSSIA 1tsb1 df firm ar eo m o l rtumaoordodeooopera ção,lfaç&saoqualdisponl,cmfuturopróximo,deuma ferroviaa estender-seda fronteira soviética até o Golfo Pnsiooatrav~ dotcrritório iraniano. Tal fcnovia possibilitaràoacessoda Rúr.r.iaaor; "maresqucmes''doSul. E,aiém disso, MoS(:oupassaria ad ispor, utiliu.ndoess.aviaftrrea,deum a fromciraaber11paraapa5Sagcrn detropasoomdestinoaoAfeganistlo,queaindaresistchcroicamcntcàbrutalocupaçãosoYittica. Ao mesmo tempo , o Cremlin propõe-scaoon1truirolcodu1ose rcfinariasdepctrólcoparaosiranianos,aumcntandodess.aforma suapenetraçlocconõmica,políticaemilitarnopab de Khomeini.
• A INT REP IDEZ punid a como crime. - Causou indignação e revolt anomundo livrcaco ndcnação do piloto alcmão de l 9 anos, Matbias Rust , aquatro anos dcpruãooomtrabalhosforçados . Seu impcrdo.tvel "delito", aos olhosdo1soviéticos,foi,na rcali cbdc,terdcnunciadopar;,omundointciroaescandalOSilfraqucz.a eincficiênciadosistcmadc defesa
aércorusso,aopouurscmobstá culoscomscupequcnoavião,na Praça Vermelha, cm fins de maio úhimo . Osimulacrodcjulgamcntoa quefoisubmctidoRust-sóconccbi•·elempaiscs101alitiriosserviu,nofundo,parapatemeac quão ridkuta e 'oU.ltória se tomou aposiçãoruua,apósabrilhante proeza do jovem alemão Scsomarmoscsscfiascodosradares-incapazesdedctcctaro ,õosoli1áriodopequcn0Ccw1a - à memorável catástrofe de Chcrnobyl, seremos forçados a conduirqueoreaimcmoscovita , nãoobstan1eseusarrcganhosbtlicos.faz!embrarmuitomaisum "tir;rcdcpapcl"doqucumasupcrpotiincia, tal como a "massmcdia"trombctcia ... • .. COEX IST tNC IA pacifica··, ··dillloto'', '' de511 rmamcn10 dos tspfrflos", s.ão termos que afloramnonoticíárioquotidiano.
Malservcm,contudo,paraocultar umdadotcrr/vcl:Wnomomcnto estãosendotravadasnãomenosdc quarc.ntagucrrase'!1 164paiscs. As vítimas - cm ma1sdcccmoonílitos desdc l 94! - brevemcnte supcrarão acst imati va dasJS mi. lhõesdcpcssoas.cuja.svídasforamccifadasdurantc1Scr;unda Guerra Mundial. "Deveriamos ter entrado em umperiododcpaz,masasguerras nãopar«emacabar'',obr.crvao vice-almirante aposentado Gene R.Larocque,diretordoCentrodc lnformaçõesparaaDdcsa,nos EnadosUnidos. "Empraticamentctodososcasos, háumamá.scaranafaccda gucrraeatrás damáscaracstáa UniãoSovíéticacosquecumprcm suasordens'',resultouoSccrctário de Defesa norte-americano Wcinbcrgcr,acr=tandoqueos EstadosUnidosde,·emempcnhar armase,ocasionalmente,tropas, paraimpcdir oCJCpa nsionismocomunistanomundo.
• CART A Inédita so bre o Mi lar~ do Sol. -A Sra. Maria da Conccição PaneiradoAmaral,tcstemunhaoculardofamosoMilagredoSol(foto),ocorridonaCovada lria,cm 13dcoutubro de t917,escrevcu.doisdJa.sapósofcnõmcno,canaasuamãcre!atandooquevíu. Transoorrcndoal3doprcscntem!so70~aniversáriodesscimprcnionantcMilagre,éoportunorclembraro que ali se passou através desse documento, u~ hi pouco inédito.
:1~~:~~~d:s~=~d~L!~~i;:,~:~~; 15-S-&7·
"Só1enhopcnadenãopodcrvoarjáparaalpa.-lhccontaro que:iep&MOunodia 13 na Fátima. Sabequcaomeío-diacm pomo vicramumasooresdocfocairsobrcaquclamultidão.Aseauir vcioum1es1retasobrca Carrasqueira,ondea.spcquenas lospastorinhosJestãoajoclhadas.Nistocaiuma a1mosferaencantadora sobretodosq uantosláestávamos , enota-scquetaSamissima Virgem que está falando com a feliz menina chamada Lúcia. A di105amcni na&ritaaopovoq ueaNoss a Scnhoradisse quctodo opovoolhcparaoSo l,etodaaq ue!agcntccomcçaaclamar•v;. vaa Virgem doCfoe da Terra '. ( ... )SabcqucoSol p(ls-sc nu ma velocidadc1andaràroda,quc pareciaumarodadefor;o.Depoi5 parouej.tsembrilho.Alitoda a gentcficouaterradadc'talmilagre'.( .. ,)Sabe,minhamãc,amenina l úciaandoucm triunfo, toda11ente1qucriaouvirebeijar,eumafuicu. Pordnãosc falanoutr1ooi51".
"Um pouco de verdade sobre a Igreja Católica na China comunista" J ,1PORT.\Yrt ani10. com n líloadma.publi111dupt"lu.t,m1n,rio o:111ólK'11 rnrKN ··1>11oml?>l' ,uu,nu .. , dt 18-5-Sti, narra a ttí1tk• ,ituaçii11 do, católico, na
China ,ermelha. lnr,n~amentt Prt'"ionado,•adrrirt'mi''lgrtJ•l'atriótka'',ci,mílin,.-riada
ptlos tílrrttcomun!Oas de Pr11u1m .
..+..,
>0hrt'>i>tm Mroica,
mrn1r.lu1andopor"1afidrlidad, fnquanto,"bi,pu,fantocht>, "patri61ico•·.,11Jamaonttrior,
<N:tMndo o 1polodo,ca1ólico, do\lundoLl\rf,O>•trdadtiro1
Prrlados ~•in tncsrttrado,
t
fflOfffffl 1115 ffllSfflOITili dtintsa,.
Julgamo,oportunuap~nlar 1no"o,k-ilort,um1,in1t~na4ualri1tun1mn~rtu, - dr,-
stlmprrssion1n!fuU1orscrito IM'lo Pt. Camillt C.raUSJ
Uma igreja comunista
e outra mártir A imprensa do (xidtntt vem
publicandono1íciasaparcntemen1ercconfonantcssobreasituação dos católicm na China comunista. Ch wristas podem observar lá iarcjasabertas.combisposepa dres"livres",celebrandomiua1 eoficiandocerimõnias. Taisclé· ria:os chegam mesmo a &a.ir do pai,, como é o caso de alguns ''bisposcatólicos''quc,isitaram a[aumtempoairlisasfilipinas,o Canadá e a Europa. E,deoutro lado,1ruposscmelhamcs,proccden1csdaAmérica edaEuropa, foram visitar a China. "Umaespicicdtteforia seesta~ltt:tu. Muiun vhm ntssesfa1osuma raz4o dtts~runça. 1:n-0 ijustifiaivc/?", per1unta o Pe. Grarr.
H:latualmemedu~entasigrcjas rcabertas.masesquett-scque.em 1'138,dncram 2.187. hla-,..,cm sctescmináriosedu~entosscminaristas,quandocstes,em 19-18. eram no,ccentos. lmpres1ionaaomb,,ãodamo. rosadaimprcnsaocidcnial, mcsmo a católica, quan10 ao martirioconlinuosoíridopeloscatóliCOS chín,:-.1es nos Ultimos trima anos.apardosco,uiantesclogios arcspeitodoquc!l'<:'podtobser· ,ar hoje na China cominemal Ora.oquesc\'ê,narealidade, ''I umoi[(.re)ucismdriro.desejudoe or1onizado}Nlogo1·erno··. com oobjeti,odesubsmuira,erdadeira lgrejaCatóhcaefazercrer, cm todo o mundo. que lá c~istc liberdadereligiosa.f>aratanto. foicriadaa '"A1sociaçll0Pa1rióti,·a da Igreja Católica". Eoautordoartiaopondcra· "Um pequeno grupo dt b,spos. mjeli~11,-n1t', prapós-se ofuuresst jogo do comuni,mo. lstol, attlloromocisma.astf)Qf'/lfQOdc Jato com Roma. Esco/huam, com a anuência dogo.,erno comunislo, a/gu,u padff's que l'les ronsagrarambispos,stmnenhum rttursoaRoma. Consaaradores tconsagradosts16otxromungados 'ip.sofac1o·(CódigodcDirf'i10 Canlfoico, crinon n.• 1382). Uma cerlo dúvida persiste sobre a ,·a/idode de sua ronsagroçào Ppisropal". Note-R que essa igreja cismálica a scrvico do comunismocomeçouafuncionarduranteopomificadodePioXII. O10,·crnopermiteaest<:'!óbisposcpadresfantochesoficiarem commitra ebáculobe[uccrimõnias em latim. Permite que eles viaaemaoexterior,porquc "inJtlitmente a c-ristondadt st deb:a enaanorporl'SSOmira,em, abrindo os brllfOS stm mais para n:ro nova ig"1a".
Num " gesto de abertura" . o 101·ernocomunistaíezsairdapri$10.háalgunsmescs,0Bispolca:i1imodeShanghai,Mons.lnácio Kung Pin-Mei. de 8S anos, dosquais30viveucomoprisio-
neiro.J\.las,nàoscdizqueissorcprcscmouapcnasumamudança dcprisão,poisfoicleconfiadoà guard.adobispousurpadorde.1ua SéedcRusauxiliares. "Apósal· gumasforostirr,dasJuntoascus Jr,milior,s, f'lf' f)f'rman~ de no. ,·omromuni<Yfrel;recebe,de,·e;;em quando, um visuanie do exterior, mas sempr,: bem rodeado por stus rtsp,:msd,·eis, De uma rorr,gtm indom,frel, htiJ0anos ntgu-seafuuroJQgoquedelese ~ra,·o.Recusou-searelebrura m,sso de açào de araras tm pública(... ), e não qutr ctlebrar mi:isas nas ºigrejas pa1riQ1iros·. quesabesertmcismd1/cos".
Outro fato recente ocorreu comMons.Wu,Bispoca16Licodc Hona- Kong,quefoivisitar,corn licençadasautoridadescomunisias, suavcl hamãee suafamilia em Cantão. Oscatólicosdcs.saregiãochinesa,1cndonoticia da chegadade um Bispo fiel a Roma, acorreram cm ma.ssa, muitos proceden· 1es de lol\ic. para assinirem a uma miua nilo-cismática! Várias cemcnasdclcsscreuniram,subi tamente,num!ugarondesóalgumas deicmu se reUnem para as Mimis da "AS50Cíaçio Patrióiica". ··su,presostdtsconttntes. ClSrtS~isdestr,ú/timaproi· biramqua/quermis:sapública.Eis o'li~rdade religioso'doqua/gozur,/1re)aCatólicanaChinoco munis1a",exclama0Pe.Graff.
to inteligente e cordial. ele/recebido com simpa1io f)f'lasromu nidades cristàs, mesmo por Bispos (... ). E no inferior da Chinr,, naspris(Jes, nmcamposde trabalhm fo,radm, Bispos e f)QdrtS filis,quejreqüen1emtn1tldestão hdJQanosoumois-ondeviram morrtr muitos de seus irmãos, /iéisa1/amorte-ficaramsobendoen1ão, atravésdos)ornois [qucoscomunista.1fattmchegar issuasmllos,e,.idcmemcnteJque a l1"1a CorQlica, nospafstslivres,ostkixapuraesimplesmen1ecairnoolvidoeubreseusbracosparaosquemioti1•eramacorr,gem da fidelidade e r,ceitaram o cisma! Quama tristetal'' - deplora com raz.ão o autor. E.come,iplicá,·clindignaçio, finaliza o Pe. Camille Graff: "Seumr,rt(riotamMmlinsul1udo, quando, por um falso «-umenismo, padres dos pafsts livres ld chegamem.,isiloecelebramsuas missasnessas'igrejascismd1iros', ondeoscr,stão.sfilis-aimensa maiorianaChinacomunistar«-usam-se a pôr os pá. Jd stria tempo dt tais padres visitantes abrirem um pouco os olhos e compreenderemaimrnsain)usriça queelesduplomeme comei em: primeiro,quantoaeUtssarerdo. ltstcristàosfiéisaRomatque os4ocom1an1acorogem;etambém,qutiramclesounão,tmrela,;6oaosinjelizesbispostsacerdo1tsqueo 'A:isocioção P111fi,J. rica' acoberrr,, concedtndo•lhes umofolsaliberdudereli1iosa, ao preca de uma infidelidadt a Ro. ma. Elff são enganados [peio:!l ,isitantesl quan10 ao seu es1ado, o queluma/njus1içaeumagrave falta dt roridade. Em rois casos, osilêncioouocompromissosào mentiras.Oro,sóaverdadeliber1u'·.
Um martíio insultado pelo ecumenismo O bispo fantoche, auxiliar de Shanghai, Loui~ Jin Lou-Xian, reconhecido por Pequim, fu viagens à Europa e à Amtrica, passando.scporcatólico. "Mui·
CATOUOSMO OUTUBRO 1987 - 'J
Dia 17 de agosto úflimo. Enquan10 a fanfarra toca, na caberei· ra do tão conhecido Yiaduto do Chá, junto ao prédio da Efetropaulo, as faixas, com sua linguagem muda, explicam a finalidade da campanha. Sistema audiOYisua/ de indiscutfrel eficácia.
largo Treu de Maio, no bairro de San10 Amaro. A abordagem indiYiduaf, sempre digna e amá\ltl, carac1eriz11 o estilo da TFP difundir seus ideais. 10 - CATOLIOSMO OUTUBRO 1987
EsTANDARTES afluneiros, capas rubrar com leão dourado, faixas com di~ explicoti\'OS, megafones para JXoc/amar ao longe seus ideois, cooperadores dignos, amúwis e decididos, além de numerosos, é a TFP que, sob a direção do Prof Plínio Corréa de Ofi~-eira, ~·o/la às ruas. Desta YeZ para difundir o ffrro de AtOio Guilherme Faoro, sócio da entidade, "Reforma Agníria: 'tf'rro prometida', fa1't'fa rural ou 'kolkhow'? - Mistério que a TFP den·enda". Em nossa edição an1erior já apresemamos a nosros feitores o essencial do conteúdo desse livro-bomba. Ele demonstra que a Reforma Agrária prejudica mais aos trabolhadores rurais do que ªºff/;/1;;::,!;'a::;~:i~~nquanto a Constituinte debote o espinhoso assunto da Reforma Agrária - a TFP vem proclamando nas roas e nas praças, em magn(fica campanha, com uma acolhida surpreendente por parte da popu!aç-ào em geral, mesmo a l'lâo diretamente ligada ao campo. "A TFP nas ruas, ótimo''; "leve minhas fe/icirações ao Plínio"; "Vocês já esravam demorando"; "Têm todo o meu apoio", são frases que se repetiam aos ouvidos dos cooperadores. Não /afiaram também insullos, é claro, e até uma tentativa de queimar um livro (uma nova inquisiç-ào pr6-Refonna Agrária!), mas de modo geral os agro-ref0rmistas mostraram-se menos extrovertidos e mais encolhidos do que em campanhas anreriores. Nos primeiros det dias - de 17-8 a 5-9 - a campanha se desenrolou nos mais variados pontos da cidade de S.io Paulo, marcando de tal modo sua presenço, e com tanto garbo, que um missivista esc,n,eu para a "Folha de S. Paulo": "É incn'\ltl mas a TFP tomou conta da cidade. Estão por todos w lados da &bel paulistana. Onde a gente vai encontra a TFP. Num semáforo 1·i a TFP Jaw 11ma demonstração(... ) Bom, prf'C'Onceitos à parte, não é que estQ\,·a bonito?" {4-9-87). Só não 1·iu a campanha Cf'rta imprensa que \'tm ~ especia/i;pndo em servir de a/to-falante para qualquer um que queira difamar a TFP. É natural... Presentementei a obra estd sendo difundida por todo o Brasil. As fotos dt Ange/o Randauo que seguem siio da campanha realizada em São Paulo.
Na Av. Paulista, artéria simbólica por excelência, no coroçiio da cidade, enquanto a fanfurru toco no canteiro central, os cooperadores abordam os carros que ag11ardam a abertura do semáforo.
O relógio marw 18:0J. Inicia-se no viaduto do CM o desfile lrirtnfal que encerrou o primeiro dia dr campanha. Os estandarus, a fanfarra, as faixas, o grande número de cooperadores- houve quem enviasse parabéns ao Prof Plínio Corrêa de Oli1-eira por ter posto dez mil jovens nas roas - formando um enorme cortejo, adentraram u Praça Ramos de Azevedo, percorreram a roa Barão de Ílupetiningu, desembocaram na Praça da República. Da[ passaram para a rua Vieira de Carvalho, largo do Arouche, rou Juguaribe, rua Da. Veridiana, roa Dr. Martinico Prado, encerrando aquele memorável dia na roa Martim Francisco, junto ao Oratório dedicado a Nossa Senhora da Conceiçào, v1íimados1erroristas.
t-.J~~ f \ llllílil ·.·~~-·
t! Detalhe da campanha nu A,,. Paulista.
'. . . . ~ Conjuntos de cooperadores com megafo-nes bradavam rontinuomente os "slogans" explica1ivos da campanha. Na foto, junto ao monumento às Bandeiras, no Parque lbirapuera.
Por 1eres !ii'ndo numerosos os 1ronseuntes que pró<:Ura\Jam, ao mesmo tempo, um cooperador para dele ouvlf exp/1caçóes sobre a campanha, es1e tinha que improvisar um pequeno discu= para o grupo de imeressados. É o que se pode compromr na significali1·afoto acima. Note-se a seriedade de rodos, e como pessoas do po1·0 prestam atençdo nas palavras do propagandisla e nos folhetos que receberam.
/01-em sorridente ouve com atençào a orgumentaçüo contra a Reforma Agrária. Em cada um dos awomóveis parados, um contato pessoal se estabelece em torno do tema do livro.
A belr,.a da açüo conjugada da fa,ifarra e dos que empunham os megafones exerce favorá1"tl efeito sobre a papufoçào que se detém encuntada paro observar.
CATOUCIS.\IO OUTUBRO 1987 - 11
1
catequese progressista:
um Adão inexistente, um Judas amigo de Jesus... I MAGINE, preza.do lf'itor, que numacertanoiteoSr.tiva.sc:um
sonho.duranceoqualooo=o seguin1ediilogoenm:acatequis1adcsc:usfilhos,cumdeles: -Vocfsabe,soucau:quiMacC!critora.Epensoemprepararuma séricdelivrouobrecatequese.Ma.s dacatequescrtnovad.J, tclaro.Ah, quantascoisasvoupodercsc!arc-
«r,cmoposiçãoaoquedizemtodos esses catecismos tradicionais, arcaicoscultrapassados1...Assim,
csc~rciqucAdãocfaasãome111.!1 ''figurassimbólicos':E,naturalmente,j.t.queAdãonãocxistiu, cknlopodetcrcometidooque chamam o pttado origin al ... -Mas.Professora,porqucmtiotodosson10$batizados?Nãoé panapagaro ~do original que herdamosdcnossoprimeiropai,
Adão?
-Não,nadadisso. .. Adãonão
exisciu,cponamooshomensnão contraemopeca.dooríginal.Eudi-
rcinosmeuslivrosqueo Balismo tornaacriança"al.lvladadaaup"
hereditáriaconstitu!da" pelospe-
aidosdt ncou claro?
an~dos". Fi-
-Ma.sPapaimchaviaditoquc NossoScnhoréoRNIH tor dc,todososhomcns,atédacriancinha rtOOTl·nascida. -Nacatequeserenovada,J= CristoéoUbtrtador.Afofasedc mcus\ivrosirátodancualinha... -ENossaSenllora?Elanãofoi aúnicapreservadadopc-cadoori1inal,sendoa [maculadaConceição? -Estcéoutropontoquec,unão enfatizarei cm mc,us livros. Olhe,étantacoiu.dcnovoquceu voucscrever... Vaiserumaroleção maravilhou.! Acho que Vocl vai estnnhralaun.spontos... Talvez lhe:partcerliqueomeuSãoJolo BatistanlomimuitosincauPois euofaçodizcraosdisci'pulosdde: ':Apns,rnteihswslaopovo]romo oMasitlS, oSolvodor-libert'1dor. Nlo tenboett1em. hriun1ema ele. Pl'Kho.aber". Num dos meus Livros,ocatequizando vaiaprender queJudasatéofimfoiamigodc Jesus, a quem considerava !iCU "querldomts/rt': Vou também inserir nomesmovolumcoprincípio comunistadalutadcclas.ses,cscrc-~ndoquc"11HisrórUlnosmos11V que11empreospodcrososprocessame condtna111 os fncos,os pobru". Suponha o leitor que acordusc nessemomento.Cenamcntcrespi-
12 - CATOLIOSMO OUTUBRO 1987
rariaaliviado,achandotcruidodc umhorri~lpcsadelo. .. Ora,istoqucconsticuiriadcfatoum50nhoa.sfixiante,éinfcüzmemeumarealidade,cmmanuais dcca1cqueseproa:ressistad0Brasil dcn0S$0sdias.lnclusivc,a.sfrascs qucfigummcnlreaspasnoslábios da imaginária catequista acima, nósascxtniímo!idcumaconhe-cidaobracatcquéticacmonzcvolumes, do Irmão Ncry FSC, e Lia D'ÁvilaJannoniSF("). lkdicaremos alguns artigos a considcraçõessobrcarcfcrida ObMI.
Um Judas. .. que amava Jesus! Umprimciroasl)«'loanotaréa prncnça-ncssaobracomoc,m tantasoutr11spublicaçõcsdacatcquc,scprosressista-deafirmaçõeiedoutrinascmílagrantcoposiçãocoma~rdadccatólica. Com«cmos por um exemplo, circunscrito,masqutimprcssiona pcloque1emdedcsconccrtantc: cmlivrodtca1cqucst,umJudas... amigodtJcsm! OlivroMNosCaminhosdelesm CristoLibcnador"(vol. l~daoolcçioMPucbla:Esperança-Jomn") afirma que I h051ilidadc a Jesus provinhadc~ligadasaodinheiro, aopodcrpoHtko. aoptXier reHgiOS(), àexplorr,ç-ãodopcwo·;o qual vivia em "cscl'llvidào"(p.64). Opcrisotornou•seiminentepara o Mestre. "Jesus foi avisado por ami1os. Com«ouaprtC11ver-se. AfastOu-5eda.t grondcscidadt.s. Judas,dtctp(ionadoromofatode JesusniJoquererassumirarevolurdodire1ar:ontl'llado111inaçõoro111ana;sabedordosptX1erer1ransr:rndtn1aisdt~ambinosopor dÍllhtiro...l'C510lveuobtdtCTraodecrela(sic.).Es/N'llva111nharodinheiro,darumalir&,aoseuqucrido,m11Silusion'1do(sic)mes1re, que, r:om seu poder, não se deixa prender... masaco nt«e queJcsus se delxouprendu.Jud11ssc11rreptndcue,nodesespcrodomalirrepardvel,suicidou-se"{p. 66destaqucdoori&inal). -Comovl!olcitor,asapcrplcxitante~rsllocnsinaque,paraJudas,attofimNOS$OScnhorcominuav11sero"qu rrid omes1re"! Judas,se1undocnctcxto,não 1raiuNossoSenhor.-Ekcra,istosim,S1."11s!~làsituaçãodc''cs· cravidão''d0Sl."UpCWO,Subffif,lido
"O beijo de Judas": do lraidor do Filho de Deus? Ou do amigo de Jesus?
Infâmia inexprimível A FOTO que ilustra esta página é da famosa pintura de Giotto representando a prisão de Nosso Senhor Jesus Cristo no Horto das Oliveiras e que está na Capela Scrovegni de Pádua. Apresentamos a seguir a pene1ranle análise que dela fez o Prof Plinio Corrêa de O/freira em "Catolicismo", edição de maio de 1955, n." 53, na seção "Ambientes, Cos1umes, Civilizoções". ''Judas, a fronte baixa, carnes flácidas, olhar IOrvo, nariz vulgar, lábios asquerosamente moles e derramados, revela no seu todo uma infâmia inexprim,: vel. Jesus, nobre. de uma superioridade infinita, de uma elevação moral inefável, o fita com um olhar em que hd um doce lampejo de amór, uma censura, uma Sfileridade. uma repulsa sem fim. Pobre e miserável Judas, que não quis abrir sua alma. nem ao amor nem ao temor que este olhar suscitava, a que a pergunta melancólica e pungente convidava. ''E porque sua alma resistiu a todos os conviles do amor e do temor. caminhou do fur10 para o deic,: dio, e do deiddio para o desespero ... "
ademaisàoprcsslodo "sistema im,wrialista"romano{p. 66). Jc~Ul.Quc•lcançaraa "lideronÇflto1a/~ junto ao oprimidos (p. M). no tntanto ""11ãoquisassumira11"110lução d ire/a r:omro a dorninariio
I
romana''.Judasficou "dtttpcionado':_ l:,Trdadcqucacstcsnobressentimcntos, somou-se cm Judasaoobiça. ·;.tmóiâoso·: ele desejou ·:.,anharodinhtiro""prometido a
quem emrtaas.sc Jesus. - Mas nu ncacomofrutodaefdi,;iprisão deNossoSenhor.Ptlooontrãrio, Judasdcsejavat.lio-somcnt.- ..dar uma lição" ao s.-u mestre: mcslre ..ilU$ionado': ~ =dade, mas sempre ..qutrido"! Aliás.que ../ifâo"o lscariotes qu.-riadaraJcsus?EmquêNos!iO &nhorcstaria.aseusolhos, ..i/usionado"/O11:11.toemqucstãonão fornec.-respostaacssaspcrguntas. -Tolveza"lição"consistisseem fazerJesussentiraovivo,norisco iminemcdeumaprisão,amalda dedos"oprrssoresdopo.o''. E cntãosedecidir,porfim.a!iderara "rtvoluçiioron/roadominllÇ'tio romana':* - Um Judas bcariotcs que atê ofimamouaJcsus,equenuncao quis1rair!ls10,numliHodeca1e quese...
A verdade sobre Judas, nos Sa ntos Evangelhos Para melhor avaliarmos a ílagran1ecomradiçãodoci1ado1':"10 catequéticocoma,l'rdadeblbhca, transcrev.-mostrechosdosSantos E,;,.ngelhos. Al1um1cmpoantcsdesuaPaiMo,disseNossoSenhoraosApóstolos: "'Nãovosesr:o/h~eu,aos Do~?No.-ntanlo, um devósé um denu)nio!' Fafa~·a d<" Judas.filho de S1111ão. o fscario1es. Este, um dos Dou, o hav.-ria de entregar" (Jo.6,70-71-desiaquenosso). ScisdiasamesdaPáscoa, em Bctânia.r.faria,irmãdeláuro, ungiuospésdeN0S!iO&nhorcom um perfume de arande preço. " ~ , emão, Judaslscariotes, um de seus disdpulos, o que o iria 1rair:'Porqutn60~,·endeues1e perfume por treumos denários paro dd-los aos pobres?' Ele diJM isto. nlo porq u.-se preocupnw comospobm, mH porquetra ladnloot, 1.-ndo1bolsaeom11m, ro ~ba\1loque11.-ra (olocado"{Jo.t2,
4-6-destaqucnosso). NossoScnhorrlogioudiamede 1odos1açlodeMaria,qucsc1dacionavaprtfi&urativamentccom a morte de Jesus. "En tão um dos Dou, chamado Judas Iscariotes, folatlossumossocerdotesedisse· 'Oqutmtdardos,,euaentrqar?' Fixorom,/ht, tnt4o,aquantiade 1rin1am~asdeprata. Eapartir disso,tleprocwrovaumaoportunidadt paro e,megd-fo" (Mt. 26, 14-16). S.lioLucasa~ntuaquc J udu, emseusininrodcslgniodctrairo FilhodeOe.is,seabriraà açãodo dcmõnio:''Ossumossacerdo1eu osescribasJ}fOCllrtHamdequemodo eliminar Jesus, pois temiam o povo. Sotandsentrou em Judas, chamado Iscaria1es, do número dos Dou. Elefoico,iferenciar rom ossumossactrdoteseoscheftsda guarda (do 'ftmpla) sobre o modo delhoeniregar"(Lc.22,2-4).'YkmWm são Jo.lio frisa qu.- "O diabo [Jllsera nororuçdo de Judas /xt,r/ole.s,fi/hodeSimãqoprofetodeentreiar~aJesus(Jo. 13,2).
Durante I Última Ceia, disse Nosso Senhor aos Doze: ":4idaquelehomemporqwmaFi!lwdo llomtmforentregue!Mefhor.seria paroíKfuek homem n4o fer nascido!' Ent4o/udas. o seu troidor, pergu11/ou: 'Porven/ura wu eu. Mes1n>?'Jesusmp011deu-lhe: Tu odi:es'"{Mt.26,24-23). No Horto das Oliveiras, disse Nosso&nhora ~dro,Tiago.João:"Ei.squeahoraestáchegandoe o Filho do Homemestd~ndo entregueilsmdosdospecadores. Lewmtai-vos! Vamos! F:i• qu.. o m..utraldor .-s1,c11t&ando"(M!. 26,45-46-dci.taqLlenosso).
Contradições na catequese:
fator de devastação Con1radições<"11trcoensinoca 1equt1iro.deumlado,caverdade biblica,deoutro,ademaissãodc moldeagerarumamentalidadcrelativistanocatcquizando. RclativismorcLiaioso. .. oquepodehaver demais devastador? Como veremos em outra ocasilo, aaprcsemac.lioqucda SagradaES<:Titurafazcmtmseuslivros olrmãoNerytLiaD'ÁvilaJan· nottiéd~ molde prccisamtntea criaresserelativismo,demolidor dafé. nesses livros. além disso, contradiçõcsintcrnas,entreoquc tditonumvolumcecmoutro.Eai, éoprópriodese,wohimcmoracional da5 crianças e jovens que vai 1cndodcformado. Aprcsememo5porhojeapenas umcxemplo.Emoutrovolumeda obracatequéticadequccstamos tratando, iniitulado "fazemos Aliança em Jesu CristoEucaris1ia" (Ed. Paulinas. São Paulo, 198~, 15.'ed.),àpágina 125, étxpOStaumaoutra,-nsãodoproccdim.-mode Judas. Ela não5e concilianemcoma,l'rdadcC\"an&élica,n.-mcomaversàode"Nos Caminhosd.-JesusCristoLibcrtador"qucexaminamosnopresen· tcartigo.Staundocla,osinimigos de Jesus "resolveram matá-lo. E con,·tnc.-r11m um dos amigos de Jes us, um desuacomunldade.1»1· 111 aj11d,-losa prt nder .- matarJt sus. FoiJ u-das"(destaqucsnOSSO$). Voltartmosaoassunto,cmpróximoartico. A nt 6nio Dum as Louro
H,
Os "Novos Bárbaros" N O FOR UM de Roma, onde Cícero discursou e César foi asassinado, eles furti,=ente arrancam tascas do mármore e as levam a seus pai.ses como l<"mbrança. Roubam objetos de i&rejas, retiram mosaicos de paredes e assoalhos, arrancamnarizesdeestátuas.-pintamsuasunhas.E,para estarem stguros de que stus delito5 ficarão perpetuados, gravam stus nomes nas paredes. Estes são os "novos bárbaros", segundo denominação dada pela imprensa européia aos milhar.-s deturi5tas que anualmente invadem o Velho Con tinente durante as férias deverão. A revista ''Time'', em sua edição de 31 de agosto último, apresenta-nos alguns exemplos significativos dessa "nova barbárie". Assim, seculares fortalez.a.,;; medievais, o Forum de Roma, o Monte São Miguel, na França, e monumentos em geral estão oopiosammte pichados. É difícil caminhar pelas estaçõe,s ferroviárias sem tropeçar em pessoas embrulhadas em sacos de dormir. Até camarotes da Ópera de Viena têm servido de dormitório. A Plaza Mayor, de Madrid, na q>()Ca turística do ano, transforma-se num imenso refoitório e, à noite, em dormitório. Na font<" da Plaza de Cibeles,amultidãochegacom mochilasàscostasedcsinibidamcnte desnuda-se até ficar em trajes sumários ou menos ainda, para um banho de imersão. Lamentavelmente, a indústria européia do turismo contribui para a degradação d.- seus monumen1os. Por e,iem· pio, a igreja de São P aulo, em Londres, com uma livraria instaladaemsuanav.-principal,maispareccumacasacomercial, .-nquanto que na Catedral de Elias o rcstauran1e exi.s1ente na nave lat.-ral espalha odor de comida por iodo o templo. E os assoalhos march.-tados do Palácio Schõnbrunn, de Viena, sobre os quais, duranieséculos, passaram as duquesas, estão agora fonem.-me marcados pelos sapatosdemilharesdeturistas. Em vis1a de tudo isso, é o caso de exclamar: pobre Europa! Entretanto mais pobre ainda é a geração de "novos bárbaros", incapaz de admirar, sem destruir, tesouroscul· turaisq ue a civilizaçãocristã erigiuduranteséculos.
O, Rocco
CATOLICISMO Ol iU6RO 1987 - 13
Jejum e ascese sandinistas ÚB ISPOdeSloftlixdoAraguaia,D.PedroCasaldá.liga,suficientcmenteconhecidonoBrasil por seusescritossubversivosjádenunciadospdoProf. PlinioCorrh. dcOLivcira(l),ruolvcufucruma
via&em à Niear'&ua (de 28-7 a 21-9-85),estendendo-adepoisa CubaeEISalvador.Afinalidade anunciadada"toum&:"erapanicipardojejum-poral1unsqualificadodedictadeemaar«:imemo -quc0 Pc.D'E$COl.o,Ministrodo sovernosandinbta,fuiaparapro.
testaroontraaoposiçãonorteamericanaaKu1overno. Mas,pouoosdwapósachegada deD.Ca5Bldá!iaa,0Pe.D'Esco10 re:Kllvcususpenderodcugradáve! jejurn(oudieta), "porprtscrição mldica ' '.OBispodeSão FClixnão scooru1ran1eu,pondo-sctambém imed.iatammteacomcr ,~mrubescerpelofatodefnmrarcomissoaprocuraçãoquetraziaoonsi&o del)Bisposbrasileirosedoispastoreiprotcstames,parajcjuarpor clcsnaNicarágua ... Nodiúioquepublicou§Obrees• sasuaviagm1(2),éconmangcdor ,·erificarqueoBispodeSãoHliJc desinibidamentcruu§Odcpala· vrões,oque,evidentemente,não dcpõeafavordaintegridademoral deseuvocabu!ário.
Os " contras" não têm mães? AcspinhadonaldatálicautilizadanapubLicaçãoéadeapresen• tararevo!uçio sandinistacomo emincntemcntcpopular,ctcndo contra si um opositor, Reagan, uma cspêcic de lobo mau a todo momentoatacadoeatéinsuhado notivro.Os"contras",quenas montanhasdopaíslutamcontrao salU!inismo,seriamumaespéciede longa-manu.sdoPresidemenorteamericano. Em nenhum momento D. Casaldttipdit-oque,entretanto,épúblicoenotórioque os ''conmu" ooiutituem uma parccladopovonicaragüen$C,inconformadacomorumoqueocomunismointernacionalvemimprimindo a seu pais. Prefere chamt-los de "merccntrios", esquecendo--sequeosandinismo vrmscndomantido6custadesubsidiosrussosedeoutrospa!ses. OPreladochoraatodomomentoaspobresmãesdossoldadosnicaragüensesmortospelos"contras",masnlo5elembradequeos
14 - CATOLIOSMOOUTUBRO 1987
rapa,:es"contras",quenasmontanhaslevamàfrentesuaguerrilha anticomunista, também têm mies ... A!ipâginasdo.diúioestl?perpassadu de um hrismoscnumental pró-sandinista, passa,·elmentedcmaugos10.Mas,rmborasilenciandoccrtosaspectos-chaves daNicarái'Jadehoje,comoainíluenciaeosarmamentossoviéticos,o BispodeSlofélixnãopodeevitardetocar, aindaquecom luvasdepelica,m1outrospontos doloridos. Vejamos como o fu.
Os " agressores" são culpados de tudo faltatudonaNicarllguasandinista. D. CUlldãlit• noticia-o com cuidado, demodoadesviara atenç;lodoleitordaaravidadedo fato,epondoaculpanos"agressores". Ei-loquedi i: '"Porrodaa J}(lrleseperce/Nagutrra, até nos mfnimosderalhes. Hdtseasse:de J}(lfNI hi,rihriro. Eu li,·tquefaur um~maa essepap#I higiiniro ncassofoquerevelaumpéssimo gostodopocta ... J.AsJNrU.rdereposiçi/0$110inventadasadomict~ /io.Oscarroseseuspneumáricos, osr'Jnibussobretudo,diloaustemunho de muita precariedade no NirordgW1ogrtdido''.Eemoutro lu1ar: "Há carestia, sem d1frida,
maseunlfoculpa0Revo/uç6o,sen6oosque oa1acam". Tambtma censuradacorrespondhciaénoticiaclacomdisfarcesparadeixar bemosccn§Ores. Na Nicarágua, comO$C !iilbe, tendoapopulaçloindigena1omado1)0$1ç.lolargamenteoon1raoso--cialismo,ogovernosandinistainicioucont raelaumaatrozper$Cguiçlo,inclusivetrasladando-a violen1amentepara"assen1amentos"controlados,1fimdeevitar queapoieosguerrilhciros"con1ras".N=si1uaçlo.0sindios queniocon!óeguiramfu&irpara Honduras,foramobrigadosa$C estabelecerem nos locais indicados pelo11overno,emcondiçõesdeextremapr~iedade.O.Casaldáliaa-defem,or,paraoBruil,do latifúndioindíaenaimprodutim -este,,.ecomeles.Mas,comoali "1ratadeum1overnomarxista, tentadcsculparC551atitudetirânícadoresimenicaragüense,aqualquerpreço.Ep0rissopõeeletoda aculpa,maisumavei ... na1uerra.Osíndiosteriamsido"evocuados de dreas de guerra". E "tsM punhada de Jam11ias do osseniomen/o de Ara,vuez, moslfam-se nervosas, desagrododoS(.. .). Foram traüdos pela/orço maior do gutrra ... Mas11•damam". A exm1plo de sua metr6p0le russa, n1Nicarjguabebe-sem11ito. TambtmemCuba,oBispode
OPe.O'Escotofezjejumoudid.ldtffllagn,cimen10r
SloFélixconstatouamesmatendencia à embria(Uk(''oscubanos IN/Nm bastanre "). A bebedeira pareceser,demodoespccial,um estigma dos pal!óeS comunistas, umafu1aàinsatidaçio1eneralizadaproduzidapelore&imecoletivim. Ma.1éprccisoac!W'umbode expiatório. D. Casaldãliaa supre a falta de imag.inaçlo pela repetiçilo:osculpadosslo os "aaressores".Assim,"naNiro,ál/llase/Nbe(... )Alg11nserúmque es1os/tuaç601ensodeogressóes e inse1urançafezaumentora/Nbidan11Niroráp1a".
Ascese na miséria Odi,riodemonstra,·erdadeira ãnsiaemjustificaraatual$ituaçâo nicaraaíkn$C,mesmocontratoda a evidência: "Em Esquipulos, uma habitall/t redomadoE:térci10;'Arrancoram -metrlsjlllros'; 'Em 1emposdeSomow, acres~nta wm primo. era melhor. Compr111·0-searoupatorolçado qwuedtstja,·a', "OuçortSpei1osamente.Comprariaroupatrolçodoquem1i>'C:S· stdinlreiroparpcomprti-los,pensoer1 in1eriormente". Ora,comentamosnós,eagora nãosccompranadaporqueninguémtemdinheiroparacomprar. nemh,materialparavender! Tal éai1ualdadenamisériaqueosocialismoespalhaportodaapane De outrolado,comoaplicar qucumarevoluçâoauto-intitulada ''popular'',tenhatantosobjetantesemreopovo?D.Casaldâliga aprcssa-$Cemresponder;"Ptnso tambimquedificilmenteiarolhida pela m11$111 inteira uma revo/u(6(), A Revoluçàotxitt renUn cios", Ficamosentiio$a b<,ndo,poressaafirmaçlio,quearevoluçlonão éamara,·ilhadequenosfalamos teóloa;osdalibertação,muqueela trazsofrimentoefomeparaopovo ... e este que a1üeme firme! Tratl-$C,poÍs,daprq:açiodeum 15CC{Í5mosocial,!aicoerevolucionério.Odiárionoticia,aesscrespeito,queoPe. ErnestoCardenal, Ministro da Cultura, chegou a compor uma p0esia ilUitulada ''Prateleiruvazias",naqualdiz estar''ptsarosomasale1rtJN/as prattleirasva'das". E ai de quem nloscalegrarcomele! Estranhalógicaessa,segundoa qual,nospaisesnâo-comunistas devt-"lcvarospobresàluladc classcs,enquamonospaiscscomunistude••e-!óeaigiroonformi-
""'·
l!obemdospobresquc!óedc!óeja,ouodocomunismo?
(l)Cfr."A lp<i&llll<1 ncalad.od.o....,.. ·-· ",Va11Crw.Slohulo,1'76,
~.i:;:~:::!"t.::~::. k>XXl",V<nCruz,SloPoulo,1'77,121 (2)''Ni<;oritu•,CombM<yProrotio",E~i
~IO.i,SanJ01é(C0110R0<a),1"1,1'IO
Discernindo, distinguindo, classificando ..
Pacifistas incorrigíveis À
O nJLTARdeMunich, ondeassirw- senso te.. crerq11e, encarondo com otimisrorom Hitler um tratado de pozsuicida. mo asprogres:.wsdocomunismo no Glt> Chamberlain, então Primeiro Ministro bo. poder-se-á obter uma paz mundiuf britúnico./oientusiasticomenteucfama- durodouro; mesmowoschefesvennelhos do pela multidão que o esperr11'0 no aero- se apresentem com arrarisonhoedesconporto de Wndres.. Sobre a ob1ençüo des- troído, como Oluafmente o Jaz Gorbasa falsa poz, Churchill- estadista sagaz, chev! ''Os que proticom a iniqüidode/o/ururovenc:wlordaguerrurontraonatis- lam depa;:.com seu próximo, mas no seu mo - comenta· ..Quando eu disse que coração têm a maldude'; adwrter-nos a ha1•íamos sofrido 11maderrota totaleine- Sugroda Bcrit11ro (SI. 27, J). xr.mívef, a tempestade que desabou SObff' De outro lado, q11an10 muis se estendi! mim obrigou-mea/aur uma pousa antes no mundo o domínio da impii!dade de prosseguir" (Winston Churchifl, "The concreti:wda, na ép()CO atual, di! modo &rond World lttlr'; Houghton Mifjlin poradigmâtico na tiraniu atéia f'xercida Company, Combridge-Massachussets - pelosff'gimesmarxistas-mf!norr'Ssâoas possibilidadf'S d, uma 1·,rdadeira pot.,. EUA, 1948, f.ºvolume,p.326). Pouco depois Nit/er desencadea1•a u Nes1e valede/ágrimase/aé sobretudo 11111 guerru, ea fnglaterro, por ter crida na paz dom ce/estf!, e porisso. como nos previne de Munich, enm111ro1•u-se, na dit.er de 0111rogrundeProfeta, ''nàohópa:::.poroos Churchifl, como "um Estado /roco e 11/- (mpios, diz o Senhor Deus" (Is. !,7, 2/J. Já em Fútimo, Nossa Senhora mnditrojado''. A ff'memoroçdodestes/atosésolutur ôo11ou a pui. pura o mundo à rom'ersâo poro os que hoje põem todo sua esperon- dos homens. Enquu11/o perduruff'm. f! ça numa paz com os comunistas. sucessc- mesmo continuarem a ogroi·or-se, as M" dm nazis/as no punoroma mundial. atuais condições em que 1·iiw11os abandono da/é, libertinagem dos costumes, blasfemios, qu,bra de iodas os padrões católicos tradicionais, de todas as Curiosamente a po;:. i um bem facil- hierarquias legítimas eal'anço do comumente suscetfrel de ser desejado rom S(r nismo - enquomo prosseguir wu curw /reyuidão desordenada. Jâ o Profeta Je- es.w misterioso proci!SSO di! u11lodf!mo/f. ff'miw; criticol'a acerbamf!nte os falsos ÇOOq11eassola não só a lgff'ja, ron/ormf! arautos q11e /ala1·am em "An. paz. a,11-ertiu Ptlulo VI, mas tambim a sociequando mio hu1•ia paz"(Jer. 6. 14}. dadedl'i/. como/alar w,iu111l;'ntf!f'm paz? De Jato, o fimdom,nto da paz nesta Assim. seolm,jamosa l'erdadeiro pca., /erra não estâ nas negociaçôes f! muilo antesdt!tudodei·,mrure-,.Pr, so/rerelumenos nas concessões q11e se fazem ao 1arparuaron1'efSÕOdenossoscontemp<r mal. Hojef!m dia, por exemplo, é uma in- râ11eos.E,aomesmolf!mpo,naprevisão
"Mais do que milhões de livros sobre o marxismó'
No
MESMO ditrio em que narra sua ~isila à Nicaráaua, D. Pedro Casakláligaconta a viagem que fez a Cuba. Em Havana. íoi recebido por Frei Bettoc pdos dois irmãos Boff;ostrCS, aoquepare,cc,seconsideramdaca.sa: "Bctto, Lconardo,Clodo\,isecunosabraçamos( ... J.Abraçamo---nos tambmlFidclecu". C~ro reconheceu a importlncia máxima da guerra psicológica, com vistas à eir:pamão do comunismo: "Ali idfüu -dizFldd.aD.Ca.saldaliga-oslivrossãonossa.smunições atuais. O que interessa é que haja diHtlgaçio''. E nessa guerra psicoló&ic& cm favor do comunismo, acentua Fldd Castro, o papel principal não cabe aos rnanistas mas sim à T eolopa da Libcnação. Esi.a realidade, tCl'TÍvcl para um coraç.io \crdadciramente católico, é entretanto rcgis--trada por D. Casaldáliga com 10da naturalidade. Eis aspalavras do ditador cubano que ele reproduz: •'A T cologia de
Ol'rofet.ils.i/u(Aleij.idinMI-Congonha1do Campo):"Nãohi pazpar.i o1impios"
da hipótese do níio com•ersíi4 é prudente prepararmo-nos poro os t,rní·,is acontecimemos que a VirgemSa11tíssimapre11unôou em Fâ1ima, t,ndo em ~isto essa ei'f!nwalidadi!. Aco111ecim,mosquedei-erâo ser. ao mesmo tempo, um castigo e uma 111/sen"córdio, pois sua impressionunte forro de impacto propiciarâ a com'f!r.sào di! muitos. E. aí sim, podetf'mos go<11rdo mugn(jico pozobtidapelu inten:essiiodo /mQOJlodoCoraçõo de Mario. Puz duradouro, f!nquanto permanereff!ffl nos homensasdisposiçõesd,Jundod,a/ma udquindas pela com'f!rsâa Desse modo,~ que tantodesejumos pura o mundo a pu: de Mariu,/ormuespedalmente excelente da paz de Cristo, somos obrigados a desro,lfiur daqueles quf! hoje pregam uma po:::.sem autêmico conversão.
CA.
vocês [uslcdesJ ajuda à transformação da América Latina mais do que milhões de livros sobre o marxismo''. A tristeza e o vazio das ruas cm Cuba, o peso da ditadura comunista que ali se faz sentir por toda a parte, a mediocridade, a penúria e a falta de liberdade, a tudo isso D. C3.Wdáliga alude com eufemismos superlativos. E, o que é pior, terminando por um juízo favorável "Ali ruas de Havana, toda CUba talvez, dão a sensação de llil1iil ca.sa('lll ordem, sem esbanjamentos, sem ruídos inlitffi, sem trarucumc:s agitados, onde se trabalha. onde se serve, onde se é pontual. Umaarandcca.sacmordem; mas com uma
dOCíplinacstri1a;cxccssi\·a?Viriosdiriaentc:scubanosrC'COnheo:ram,falandoconosco,oslimitcseasdcíicienci&daRc-volução: a falta de liberdade de imprensa, por C\emplo; os obstáculOi postos à Religião( ... ). Uma grande casa cm ordem, melhor p ~ para o Reino do que muitas outras do Continente e do Mundo que se fazem chamar democricicas e cristã.s .• , .. A que "Reino" se refcrinti D. Casaldãb&a? Certamente não ao Reino social de Nosso Senhor Jesus Cristo, pregado pelos Papas. Prova1clmente ao ~inistro reino do tsar vermelho Gorbachcv .•.
CATOLICIS\10 OUTLBRO 198~ - 15
COSSACOS DESCONFIAM DA ABERTURA SOVIÉTICA O s cossacos, povo milcnarmcnrc aguerrido, vfrcndo no interior do impirio russo, notáveis por sua fidelidade aos antigos tures, opuseram dura resistência à dominaçlo comunisra e j opresslo viokma a que foram submetidos. Após a revo/uçAo de outubro de 1917, Lenine enviou um milhlo de soldados do Exérdro Vermelho, comandados por Trotsky, para subjugar os cossacoS' e sua República indc~ndcnte, Kossakia. Mais dc cem mil deles foram massacrados. Cerca de trinta e cinco mil fugiram para o cu1io. Incontáveis do os que mornm1m cm campos de concentração soviéticos. Desde 1921 as pitorescas e legendárias aldeias cossacas, denominadas sf{mifzas, foram isoladas do resto do país, à fôn;3. lndomávi:is opcsitorcs do regime moscovita, foram scmprc considerados perigosos é sua estabilidade. Em vista disso, mio podiam rer contacto com o comum dos habitantes russos. Os cossacos que conseguiram escapar aos massacres formaram um governo provisório cm Nova York : terrível exl1io para um povo afeito a heróicas cavalgadas ao longo dos rios Don e Volga. O alua/ tzar vermelho, o todo-poderosos«retário-geraJ do PC soviético Gorbachev, para melhor encenar seu programa de liberalizaçlo, faz constar na imprema, emre outras declarações farfalhantes, que acaba de conceder alguma liberdade religiosa aos cossacos. Assim, na úllima P.lseoa, t_ eriam eles podido, após anos de proibição, comemorar suas cerimônias em seus templos envelhecidos. Turistas, ao que parece, estio podendo percom~r algumas stonilzas ao longo do Volga. Concomitantemente, agentes do governo propalam que a familia de Oorbachev é secularmente cossaça, formada por .lgeis cavaleiros. Teriam residido em Privolnaia, perro de S1avropoler Krai, e até mesmo sua m.ie ainda seenconuaria nessa aldeia ...
Nosso futuro: uma grande "Rocinha''?
O chefe do governo cossaco no exílio, Vassily Glaskow, foi pr(X:IJrado no último mis de maio por um enviado oficial de Moscou, Yuri lsiumov, redator<hefe da "LiteraturnaiaGazeta",revis1aculturalsovibica.15iumov veio con':idar Glaskow, e tambl"! uma delcgaçAo d" cossacos e:olados, para visitar a Rúss,a, podendo mf':5mo percorrer suas stonilzasde origf'm, sem dir,culdades ...
O t:onvite é surpreendente. Depois de anos de perseguição, em virtude da u:jeiçlo do comunismo por parte dCSSf' povo aguerrido, como explicar tal aproximaçAo sem quf' o çomunismo mude substandalmf'nte sua dourrina e seus inlentos? Seria ela sincera? Ou será que nova cilada se disfarça por trás dessa abertura oficial? Os velhos ,ossat:os foram habituados a ver, nos ú//imos setenta anos, que por trás de um sorriso soviético sempre se est:onde uma adaga ... Vassili G/askow externou çautameme a lsiumov suas dest:onfianças. E parece rer sido inílcxivel: ''Precisamos ter logo uma resposro de seu go vemo à pergu1110: o ober1uro de Gorbochev é outt111ico? Ou se troto de um conjunto de medidos engonosos?" O jornal alemão "Frankfurter Allgemeine Zcitung", de 25 de maio passado, que notida as tratativas, nAo esclaret:t' que resposta foj dada a Glaskow. Diz. apenas que a viagem, se sair, será no fim do ano. Não e fácil iludir os cossacos. Eles, de fato, foram sempre tidos por espertos. O futuro dirá se sua proverbial 5agaâdade prescrva-/os-.l das manobras envolventf':5 da abertura "cosmttica" de Oorbat:hev. Esperemos que sua rejciçlo .t tentativa de abraço do urso soviético sirva de modelo para os países do Mundo Livre, 05 quais parecem hipnotizados por tal abertura, cuja etapa final j.l é previsfre/: o abraço estrangulador dos ursos ...
Nt/5on Ribeiro Fragclli
pessoalmente, era uma boa pessoa, lk bom coração, que ajudava os pof)res" (cr. "Jornal do Brasil", 3-9-87). Tais faros alcançaram ampla repercussão na imprensa diária.
ÃM1úOAM-SE as rebeliões nos presidias de None a Sul do Brasil. Assaltos espetaculares a resi&ndas e bancos realizam-se quase diariamente, muitas vezes com seqüestros em busca de re5gate. Organiz.ações ,riminosas invadem estações da Light para apagara luz de bairros inteiros, a fim de propiciar a fuga de presos. Mas, ainda pior a i ~ - ou cumplicidade - das vitimas em potencial. Ceno estado de espírito poluinte e modorrento perante o crime, quando não atC mesmo simpático - mais do que os próprios criminosos-, representa grave ameaça para nossas instituições já corroídas por fatores múltiplos de dissolução. Ainda há pouco, no enterro do traficante carioca "Meio Quilo" - mono em confronto com a Polícia - milhares depeamsacorrcrarn aolocalparaadamarodefwitomargina1. Tampouco faltou, oessa ocauão, o elogio fúoebrc feito pdo padre Nelson Carlos Dei Mônaco, pároco da favela onde "Meio Quilo" atuava, oo Rio de Janeiro. Em dcdarações à imprensa, o sacerdote exaltou com ardor o comportamento do bandido - cuja quadrilha controlava 1 favela "Rocinha", com 200 mil habitantes, à custa de vmiadciros banhos de 5aJIIUC em choques oom facções contrárias - diz.endo que ele "evitava o violhu:Ul con1ra os mOl'Odores, não permitia ~ ocorressem assaltos aqui e,
e
16 - CATOLIC\SMO OUTUBRO 1987
Segundoopresiden1eda AssociaçãoBrasilciradosJul-
zes Curadores de Menores, Jorge Uchoa Mendonça, são os meios de comunicação social que t:riam e fazem proliferar marginais, como o "Meio-Quilo'' e o "Escadinha", ao incrementarem "o proclamação e o exaltação do homossexualismo, do crime" (cr. "O Estado de $. Paulo",
5-9-87). A "irxlústria" do crime vai crescendo, desta forma, avassaladoramm1e, podendo vir a desa&regar todo o corpo social. Na medida em que a "mau-medida" continue a fazer promoção de bandidos como "Meio Quilo" e uma Pastoral "aggiomata" insista em apresentá-los como "boas pessoas, de bom coração", estão sendo criadas ooodições extremamente favoráveis para isso. Se tal onda de pmnis,sivismo e cumplicidade em relação ao crime não for contida com eneraia, o País corre: o risco de transformar-$.C, a longo prazo, nwna grande favela "Rocinha", jugulada por "heróis" de gênero análogo ao do famigerado traficante carioca. Exaltados em vida e ''canonizados'' post mortem, os façanhudos marginais encontrariam sera dllvida o campo livre para suas ações debtuosas. Mas seria, então, o "toque de finados" do Brasil ...
Exilados cubanos apelam aJoão Paulo li 1\UAMI - Um aü,o grupo de refugiados do regime de Fidel Castro, que seco nstituiuna comis.sãodcnominada
"Cubanos Desterrados" . coletou nas :.emanas que antecederam a visita de João Paulo ll aosEstadosUnidos,nadamenos que 70 mil assinaturas para um fi-
lial apelo ao Pomíficc, oo smtido ck que interceda em fa\'or dos prC$0s políticos de Cuba, bem como condene o governo marxista daquela ilha.
Em sua mcnsa,em os "Desterrados Cubanos" lembram a triste situação 11a qual se encontra a Igreja Católica em sua pátria,apcsardasvcrsõesdequeo
regime castrista haH·ria cessado a per~uiçào religiosa. Alentadospclapatcrnalsolicitudedo Pontífice, que em suas visi1as a outros paÍ!iCS tem se caraçieriUt(io por palavras cm fa\'or dos oprimidos, os signatários
pedem que João Paulo li faça ouvir sua 1·oz por cima das 160 milhas que os separam do território cubano, no sentido dcobter alibertaçàoimediatadospresos políticos, cujo nllmcro !óC deva a IS mil, ~undo as estimativas mais sérias. "Com efeifO - ressalta o documen10 - em rodos os paires lotino-americonos onde o propogonda se faz ouvir, o romunismo duma por liberdade paro ioda espécie de terroristas que procuram dern1bar os regimes ali 1·igen1es. Parecenos estranho e incompreensível que, mostrando-se IÔO zeloso em reivindicar liberdade para si, o romuni5mo persiga de modo inclemente seus próprios odrersdrios (Xlfítiros
"Pedimos 1ambém a mlerces.siío de Vossa Santidade - continua o documento - para fazer cessar a injus1iça que nós, e;,.ifados cubanos, sofremos, por não poder regressar O nossa pátria. Para isw 11ão lxisw u supressão dos amais impedimemos po/(tiros ou adua11eiros; é neres.sdrio uma garantia, w:rumido a n{l-e/ internacional, de que, no futuro, disporemos das liberdades iis quais o po1'0 cubanOShtlP"aspirou; is/O i, uma liberdade exemplar como a que goZQmos ama/mente na acolhedora 11ação norte-americano" Eacrescentaacomissãodos "Cubanos Desterrados". ''Confiamos em que uma palavra de Vo.w Santidoderonm·buirá subsroncialmente para tomar inexplic1frel e fa::;er co11 como q11e por si mesma a tirania e a opressão. Então, abrir-se-ão os igre-jas e os córceres e dernibor-se-iio as borreiras poro que o povo de Cuba, jinafmeme livre, possa decidir por si mesmo seus próprios destinos".
Em pergaminho e na TV E1·ocando a correspondência outrora dirigida aos Pontífices, o texto do documentofoiartisticamen1eescri1osobre um pergarninhodecercadeum metro de cornprirnemo.1endoaoahoumaestampadeNossaSenhoradas Graçasdo Cobre, padroeira de Cuba, e ostentando ainda os emblemas heráldicos das di -
\·crsasprovinciascubanas,adotadosaté a implantação do comunismo. Acampanhadccoletadeassinaturas, dt>Sen1·olvidaàsaídadasigrejas,dos suptrmcrcadoseoutroslocais, foi amplamente divulgada em programas de televisão, nos quais os Srs. Sergio de Paz e Robeno Pimentel, da comissão "Cubanos Desterrados", apresentaram ao público o vistoso pergaminho. Numd(SS(S programas, o Sr. Sergio dePaz,ao lerparaostdcspectadoreso texto do apelo, emocionou-se e declarou: "A maiorio das pessoas que se aproximam paro assinar as cópias 1e1-e ou tem algum pareme 011 amigo que sofrt'11 os horrores dos cáfa!res rom11nis1as. An1on Martinez., que enrontromos no $ltpermercodo 'Extro', por exemplo, paswu dez anos no cáfa!re por hol'er tentado sair de Cuba num bote injldvel. Antes de cumprir o pena, sem aviso pré· vio, foi deµo,1ado no navio Marie/. Mas a faml7ia con1in11a sofrendo na ilho".
Nicarágua AindanumarntrevistadetelC'\•isão,o repóncrpcrguntouaoSr.SergiodePaz: "Te111osvis1oufgunsnicoragüe11sesussi11ur. Esta I uma mensagem conjunto de ambasascol6nias?" - "Não", responde o lid('r cubano. "Arontttt que, como F,de/ Castro pretende consolidar na Nicarágua a tiranio comunista tambim ofi implantada rom o apoio traidor dos que defendem a T«r /agia da libenaçtio, quisemos romparlilhar com IKllWS :sofridos irmãos nicoraguei,ses este pedido. Na reolidade, a quase totalidade dos signatários Ide cubanos des1errudos". Mário A.Costa 'losso Corre~pondenle
Mons. En,iqueSJn Pl"dro, BispoAu,iliirdeHouston,dt nacionalidade cubana, recebe o te\to da " Rl'Speito~ t filial Wplin dos1dugiadoscubano1ao Pai comum da Cristandade", naca1edral deSilintPatrick,em No\aYork.
~AÍoLICISMO _ ___,..,+ 1J.,,,.,., p..,1oo,.. h11tllr11or,11>o
1~~:li>l• ,...p0..,..,,1, ro~O<> h~•lu."'' -
R<J»lmS.>,.. DRT·SP ,ot, o n'
k,d,du: Ruo Mar1; m ~'"""'"º· 66! - OU!6 SI.o P•ulo, ~l' k u• <lo, Goi ~:;l~~;IJ,i}!i~ f,;.:.r.::~J- 01216 - Slo Paulo, W -r.1 ,10111
~ ":Q~~,~~~}.!."~;," C.rificu Lula. -
~~~~rp"'
A, B«nad,nodt(om""'
Papol1•Afl.,(;r.if.,., L,da - ~ ...
J"'* MI -OlllO
~~oloci,mo"'ó"""'publ-·àolMlt1aJda E.,P<... Padr< tld,;hiórd<l'Ollln
A-.1 ..,...... ui, v•nJc 1,cnr.,,or c,1 1.000,00; 1,cnr.,,or Cd 1.800.00; roo~~ ~fs9::«im,;mCd 7IO,OO. bt<riof: (,;,,.;,,nJ bcní.,.or lJSS 60.00; O,pa 1am•n10<.,.mp<<<m..,,.,..<1a t. .. pr ..a P,drtll<l<~lord<h•tn l.ldo
pod<tloo><r<n<am,nh•do, lQ<1 !,i.,;,>. Paro muúan~a ú<tndt«ioú,a" ;"'"" ' On«tisl <omencion arta mbln1 0,nd,r«o an,·10 ,11 -ro,, pondln,: , ,, 1, .,._ IO'>;na, u1 a ,,ondaa,ul,ap0df,.r,n,·,.da à G<•t"-i>c Ru1 Muumf,anch co.
m~ ~.2.!;;;}:t:.~~~!:~ 1
S..i.al ', u,nM - 0102-1<0.2
CATOI.ICIS.\\OOCTU6RO 198~ - li
Súplica aJoão Paulo li e abaixo-assinado entregues ao Bispo Auxiliar de Miami reduzNo, a prof)(lganda =trista serviuse de vários bluf/s. Um deles era dar ao
peno que agora não vale mais a pena pensar em Cuba".
Essaéaatuala1itudepsicológicaem Mundo Livre u impressão de que o regime cubano estava isolado e mio dis- relação à tragédia cubana por parle dos punha de meios de expansiio. Portan- grandes setores da opinião pública ocito, pens'ariam os otimislas, não serviria dental, especialmente aqui nos Estados de nada reprimí--lo
ÓRGÃOS DE IMPRENSA t' HMSOras dt rádk> t tdtvisio divulgaram amplammtt , em tselÚI nacional t' int,mari,mal, • visita de João Paulo li aos Estados Unidos. É curioso IIOtar, rntmao10, que es&es mdos de comullkaçio !IO-
dai sileocian.m sobre o bistónco a ~ diripdo ao Poaúfitt pdo5 rdugiad05 wbanos de Miami. Para que I palavra dtln;,rjaconhecid1pdopúblicobrasi-
ltiro, i mais do que justo que "Catolicismo" a apreente com uma attnçào mllÍto~al.
Publkamos abaillo a lraduçio quase lntqraldaspalavras,chriasdeprofundo sigamcado, proferidas pdo Sr. Ml'glo de Pu, ttpfflllffltanle dos ' 'Cubanos
Desternido5",porocasiiodaentrrpdo prttioso pergaminho a Mons. Agustin Romlin , Bispo Auxiliar de Miami, cm 8d,setembroúltimo.
--------Excelência, Neste momento em que confiamos a Vru:sas- mãos sagradas, para ser encaminhado a S. S. João Paulo li, o artistico pergaminho que conrém a súplica dos refugiados de Miami ao Pai comum da Cristandade, e as assinaturas de adesão de mais de 70 mil pessoas, pennita-me umas breves palavras sobre o significado profundo deste ato. Os cubanos desterrados anelamos a libertação de nossa querida Pátria. Não de um desejo resignado que se esgota em pe=mentos estéreis, senão de um anelo cheio de esperança que se con\!efle em prece e energia de reflexão e ação . Uma esperança que tomou renovado vigor em virtude da visita do Vigário de Cristo a Miami. Com efeito, o regime despótico e totalitário de Fidel Castro tem se mantido graças a uma guerra psico/6gica baseada na fraude, e que teve ires fases. Durante a primeira/ase, isto é, aconso/idaçiio do comunismo, o povo cubano foi tomado de surpresa e rapidamente imobilizado. Mantê-lo imóvel não apresentou especial dificuldade. O grande pen'go para o regime marxista era ser reprimido de fora para dentro através desançõesecon6micos, e outras. Para evitar esse perigo, ou ao menos para
18 - CATOLICISMO OUTUBRO 1987
Quando todo mundo se habituou à ilusiio da suposta inocuidade de Cuba, te~·e início a .segunda /a.se da estrarégia castristo: a expansão. Esse expansionismo se fez notar inicialmenre a1ravés de Yán·os intentos revolucionários em diwrsos pa(ses da América La1ina e do Caribe. Mais tarde mostrou-se descaradamente com a ajuda compacta ao comunismo em Angola. Durante esse penOdo de expansão, a mentira/oi ou/ra: ante a conquista marxista em cada ilha do Caribe ou em cada região da América latina, a propaganda castrista se esforçou em disseminar a impressão de que essas conquistas eram tão pequenas, que niio valia a pena reagir contra elas. Ou no coso de Angola, de que era uma conquista tão distante, que não representava um perigo real para o mundo ocidental e que, portanto, rampouco valia a pena reagir. Assim, por um paradoxo que somente os ardis da guerra psicológica podem explicar, duranreess:amesma/asedeexpansão casrrocomunisw, nos poises livres o hábito de conl'iver com o regime cubano, tornou-se ainda mais profundo, ea reação anticomunista se fez mais débil. Quando o comunismo internacional julgou que a inércia ocidental já era suficiente, abriu o terceiro período de sua estratégia cubana. A serpente revolucionária deu um salto e se instalou na Nicarágua, nas próprias portas dos Estados Unidos. A propaganda castrista começou enrão a disseminar uma nova falácia: "o perigo nicaragüense está tão
Unidos. Tal esvanecimento do caso cubano deixa Fidel Castro com as mãos livres para com uma delas oprimir ainda mais o povo cubano, enquanto com aoutraconlinuaaconquistadeoutros pontos do Globo. Diante desse panorama a visita de S.S. João Paulo li toma todo seu significado.{... ) É só de Roma que pode vir uma palavra autorizada que abra os olhos dos esp(ritosnaluralistasmostrando-lhesa superior sabedoria dos homeflS de Deus. Para isso o momento é propicio, porque essa m'esma Roma eterna, no que tem de mais sagrado e mais gloriow, vai se trasladar aos Estados Unidos da América: é o Vigário de Cristo que vem nosvisirar É por $o que os cubanos de Miami, representando todos os cubanos do exílio no mundo inreiro, queremos elevar nossa voz ao sucessor de Pedro para pedir em favor de Cuba o gesto de afeto e a palavra paternal que nos console em meio a nosso abandono. (. . .) O que a prudência nos levou a omitir no pergaminho, para não criar embaraços ao San/o Padre, os católicos de Miami o confiam às mãos sagradas de um Bispo cubano. E dizem-no nestas simples palavras de saudação. Confiam a seu Pastor a missão de transmitir ao Papa: "Vós, Santo Padre, empunhais o Estandarte da libertação no mundo inteiro. Aproveilaiestaoeasiãoprivilegiada para libertar de sua condição de ilhaprisão a nação cubana, que/oi outrora a Pérolu das Antilhas e que hoje se vê submersa nas trevas, no lodo e no sangue".
Após a Mi;,;a em lo11vor da Vi rgem da Caridade, Padroeira de C11ba, ce!tbrada em Miami, refugiadosc11ban-os ass.inamodocumentoentregueajoã0Pauloll.
TFPsemacão . Juristas fundamentam reação armada contra a guerrilha BOGOTÁ, Colômbia - Ante a crescenteinvcstidadeguerrilheirosesquerd.istasemváriasregiõesdopaísosquaisinvadempropriedades,extorquemajudaparasuaaçâosubversiva, fazem ameaças e praticam assassinatos - , um grupo de fazendeiros colombianos apresentou a destacados jurisconsu!tosumasériedequestõessobre o assumo.
Assinalam os ruralistas que algumas vezes eles não obtiveram, por razões diversas - entre as quais o fato de suas1errasse!ocalizarememzonasrem01as -, o efetivo cumprimento dos mandados judiciais que reconheciam a legitimidadedeseu.sdireitos,dian1edas investida~guerrilhciras. Em vista disso, os proprietários indagam s.c: a Lei lhesfacu!tacontratarguardaseescoltasarmadasparasuadefesa. O substancioso parecer, assinado porconccituadostratadistasecatedráticos, cntrcosquais figuram Humbcrto Barrcra Domingucz, Julio Dangond Flores, Gustavo Salazar Pieda, responde afirmativameme, ba.,eando-se na doutrinadakgítimadefcsa, e naslegislaçôesintemacional e colombiana. Dito parecer foi colocado ao alcance da opi!Úào pública, por iillciativa da Sociedade Colombiana de Defesa da Tradição, Famma e Propriedade, sendo por ela publicado, em seçào livre, no diário "El Tiempo", de Bogotá Em nota introdutória, aentidadesa'iienta o acerto da iniciativa dos consulentesdesejososdeescaparao falso dilema no qual tantos sucumbem: morrervítimadaguerrilhaou entrar em acordo com ela. Assim, não querendo eks também agir à margem da Lei, resolveram pedir a um grupo de jurisconsultosquelhesindicassequais os recursos previstos pelo Direito que se aplicam à presente situação. E aresposta foi: a ação armada, em legítima defesadasvidasedospatrimõnios,es. tá de acordo com a Lei
Percorrendo a região amazônica RIO BRANCO, Acre - Divulgando obras da TFP, especialmente o número duplo de " CatoLicismo" (novembro/dezembro de l986, n?s 431 e 432), que transcreveu o opúsculo do Prof. Plínio Corrêa de Oli\'eÍra "No Brasil: a ReformaAgrárialevaamistriaao campo e à cidade", esteve recentemente no Estado do Acre a caravana Nossa Senhora do Carmo. Opúblicodessaunidade daFederaçâo acolheu com simpatia os propagandistas da entidade. Na localidade de Plácido de Castro, às margens do rio Abunã, junto ao marco da fronteira do Brasil com a Bolívia, os sócios e cooperadores da TFP entoaram o hino ''Viva a Mãe de Deus e Nossa", em honra de Nossa SenhoraAparecida,edcramooonhecido brado"'Tradição, Familia e Propriedade!".
Visitas aos que sofrem A PAR das movimentadas campanhas que realizam nm; vias públicas de nossas cidades, os caravanistas da TFP costumam também levar uma palavra de conforto aos que sofrem nos hospitais. Habitualmente nessa ocasião s.ão oferecidm; estampas de Nossa Senhora de Fátima. "fusas visitas parecem marcar muito os doentes", informa Hermclino Buzare!lo, responsável por uma das caravanas. E acrescenta: "Às vezes, durante m; campanhas de rua, somos abordados por pessoas que vêm manifestar sua viva simpatia, agradecidas pela visita que receberam dos jovens da TFP, quando se encontravam hospitalizadas. Há também o caso de hospitais que enquadraram a estampa que ofertamos e a colocaram em lugar de destaque na enfermaria". Na foto, caravanista da TFP oferta uma estampa de Nossa Senhora de Fátima a doente de um hospital no Paraná CATOLICISMO OUTUBRO 1987 -19
À TARDE ntaw1 brumosa, Umida, mas Mm chu,-a, de uma
dop,tlo.spratoseinstrumenrosde p,trcussdo(surdosecaixos);na parte de 1rds. o.s metais (1rompe1a. trombones e trompas). Mrl'na eenff'/Jic:a, proclamatfra e grove,adesp,trtarvisdes14ocara.sde lpocossaudosas.
/uminosidadetut'Vfleoprnsiva. Sen1ia-SI' no ar algo indef,nido sobum(n/indtc/50. A vaga humana aprt550•·a-N pe/o,·iadu1od0Chá;curreganda cada um daquela 1ran.seunra umi-au16matas preacupo(des pliímbtas do qumidiano, deixando-SI' penetrar daquela indtcis4o embaciada dosara. Eamultiddo comprlmla-.ll' na/ufa-lufa,resignada. sem persptcti,·a de uma boa surpresa, cristalina e alegre, quelhepene1rasseaa/ma,coma poderia penetrar naquela carapaça brumosa um raio de sol. O vaie-vempa/uintedos,·tlculos,obarulho monótona de mo1ores, a rouquidãosono/entados1·endedores de calcada eram como a brumasonoraqueentorpeceos ouvidos.
Sem poder distin1uir bem SI' I de /alO real º" u fabricado em seusou,·idosporumaCO'l.iugaÇ6o fantàstic:adecarofonias-taln>moamiragemMformaaosolhos dobtduiilouaus10-opassan1ecrlouvir,subitamentt,vindos dealgumaparle, l'QgoJtoquade clarim. S4oaindainttrroseondulanfl's. Clarins ou trompetn? Ele comt('Q a disurnir naqueles acordes, Mm diívida, uma cena melodia - e/ar/nadas marciais? hinorl'ligioso?-cu}otlmbre/he e,·oca tantos ideais passados e o deixapasmado,oscilandoe111rea realidode eoimprovdve/,a1lque a memória, solicitada, lhe 1raga arecordaçdoprecisadamiísica, cu}asnotas,paraele,hdmultosilenc/aram: sim, lo Hino Po111i/feio! É "Roma Eterna"! Ele prossegue pelo viaduto, não mais com o automar/smo de hápouco.Maislento,entretu1110 maisd«ldldo,comlnhaperpassado de um sonho, 6 procura do 1rompete.N6obastaouvi-lo.l>recisavl-lo.Queria,·erquemo10cava, comootoca1·a,figurando al11uim de face t porte maicos, como mf1ico porttla ser o som queoreanima,·a. Tanto mais que ndose traia apenas de trompeta. Dls1ingue a11ora trompas e trombones, pratos e tambora que consmuem o siquito harmonioso redomado pela nobre::;p dos trompera para questtenhaumafanfarra. Uma fanjarraen16o! ... elaapartdan>moumroiodelu: nas brumas do ,·/aduto. E disposta 6 mane1ra de farpa:novirtia,obumbo,stgui-
O timbre de um ideal que renasce
Tomado de lranqiiila p,trplexidade, ele NjuntaC/ pequena muitiddo que, como ele, parece ter acorr/do.ClquelainesperadacanvOCQfiiode 1rompetes,nacabl'Ceira do viaduto, junro ao antigo ed/f{c/0Marara1:;.t.o. Imóvel, ele ouveaquelessonsedolabirinro obscuro de sua memórialheassomampala,·rasquesimbalizam ldtalsde ou1ros tempos, e que ele empurrou, pelo olvido, para aquela obscuridade, e que/d ficando /n6nima, pareciam fadados à morte: "Roma Eterna ... mdrrlrtS e santos ... Mestra da verdade..." Faz.--st um pouco de luzem.Jffi$ideaismorfiços. e das sombrasdtuusemblan1eemer~alg11mafulgur6ncia Tanto mais que, em seguida, elereronh«eamqjestosa"Marchados Mosque1eirosdoRei'~ a "'Marcha Francesa do Rezimento de Slry", ambasde Lully; o hJ. no "Queremos Ckus", cuja mUslcvlde Sdo Luiz.Maria Grignion deMonifor1;011foriosohinodas Con11regaf6es Marianas, "Do ProtaQ(}Ama:onas".. O/hapararuludoseencontra namu/1iddoconsontinciadesentimen1os. Stuo/harva11ueiaainda tntre os estandurtes rubros marcados pelo heráldiro leão dourado - quase imó,·eis, como a deefraldur por inteiro o ideal queencerram-eosins1rumen1osqueproclamam,ef,rma1ivos, os l'0lores que defendem: é ufunfarra da TFP, que pela primeira ve:, noúltimodialldeagos/0, uapresentaaopUblico,noinfcio de mais uma campanha memorá•·el!
NOTA;Af"'l/,,,.,.IHTFP-P"""'""'·
dot,.,J,,:,r_,,.,._,,,,,omblm..,,,.,._ l<lfll"O'ffOf-Í1ÓIJ/fflt--comp6,-
#dol#pUlln"'""''"""'"'°bit"'bo, IO .,,.,,,._,,,....,..J,,..,,,.,,1a,-,,n,,. J,,_-.,,,,_,,... • .,,,,.,,...
.....,.,_,_,"'-~
AlhtM~-,~-- qwdta'pm
~---·
dido,~TFP,onp,r16rlod,_,f,,,,__ J,,r,.......,.-~_,.,.,.._ ,,,,,,,...,,_.,,,,,,.,_t>qJI_~
o,,.,.....,_..,..__•.,_, ,_
---,o,an>m0Lllll7.PM~.k,_.,.a.,t,trodoJdo:llffll/oXV/IJ• R-f1lkl,/oXVIII).
Em meio à tormentosa crise por que passa o País, a palavra do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira Á NALISADA a grave crise sócio-econômica em que se deba1e o País, ê incon1es1ável que, no âmago dela, se encontra a perspectiva da implantação das três Reformas indissociánis - a Agrária, a Urbana e a Em presarial - que ameaçam ar rastá-lo ao comunismo. Ou st'ja, a uma ordem de coisas baseada no ateísmo, no materialismo e numa das maiores e mais menlirosas utopias: a igualdade obrigatória entre todos os homens. Desde seus primei ros lances na vida pública brasileira , na década dr 60, a TFP ,·em denunciando o perigo reíormisla, atnn·és de con1ínua produção e publicação de livros. manifestos e artigos, com oportunas campan has de difusão em ruas e logradouros públicos em todo o Brasil. Agora, esta Sociedade en tra mais uma vez em cena, com o lh·ro Projeto de Constiluiçiío angustia o País, em que o Prof. Plinio Corrêa de Olh·eira historia a gi!nese da Constituinte, analisa seus trabalhos em adiPntada elaboração e apresenta a Proposta da TFP, concreta, serena , equilibrada, para , dentro da lei e sem traumas, resolver o impasse a que chegou naquela Magna Assembléia. A obra le,·a a palana da TFP sobre o at ual momen10 crírico do País e ao mesmo tempo dá resposta a inco ntáveis brasileiros q ue, desde o início do ano, se perguntava m, até com certa ansiedade, se a TFP não iria inten·ir em grande estilo nos debates em torno da Constituinte. Para dar aos leltores idéia da divulgação que se espera fazer desta no va obra , lançada através de uma edição extra de "Catolicismo", bastará di zer que sua primeira tirage m, a par de ootra, em forma de livro, a cargo da Editora Vera Cruz, é de 40 mil exemplares ... E isto num P aís onde, segundo as estatisticas mais idôneas, a tiragem média de livros não-didáticos não chega aos 6 mil exemplares! O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira expõe a segui r, para nossos leitores, a Proposta da TFP ante o atual impasse da Constituinte. Os subtítulos do texto foram inseridos pela redação de "Catolicismo ".
W'
1986: uma eleição-sem-idéias - alheiamento do eleitorado
NA MAIS RECENTE obra que a TFP acaba de lançar, demonsuo que o mandato popular para faxer urna nova Constituição foi conferido, na maior parte dos casos, a cidadã os brasileiros acerca dos quais o eleitorado ig norava o que pcnsavamno1ocan1eaosarandcsproble· rnas nacionais(e quepresumivelrncnteig• noram, por sua vez, o que a maioria do povo pensa a tal respeito).
2 - CATOUCISWrO NOVEMBRO 1937
O alheiamento entre o povo e os candid at0s, daí decorrent e, é tão grande que foi im pressionante o número de votos em branco ou nulos, e se pode recear que grandepan e do eleitoradoseteriaabslidode\'Otar,casoa leivigentenãotornasse(aliásantidemocraticamente)obrigató· rio o exercício do voto para o povo proclamado cont raditor iamente sobe rano.
A propriedade privada e a livre iniciativa sob o rolo compressor do intervencionismo estatal NaConstituintequeresultoudas ''eleições-sern-idéias"del986,asoorrentesdeesquerda vêm conseguindo envolvera maioria conservado ra, de forma a fazer prevalccerospont osdevistadclas e incluir na futura Constitu icãodis positÍ\'OsqueirnplantemnoPaísas Reforrnas Agrária e Urbana, ao mesmo tempo que abrem caminho para a Empresarial - as duas primeiras com o apoio oficial do Po.der EJ!ecu\Í\'O, e a terceira com claras simpa1iasemahas esferaspolíticas, ed esiás1kas e publicitárias. Ora,airnplantaçãodessatríplice Reformacontrariaprindpiosmoraisejuridicosaté hápoucoafirmados pclagrande maioria do Pais como sagrados e indiscutíveis, bem como interesses privados da maior monta, fundamentais para a CS· tabilidadesocial e econôrnkadeincontá· \'eis famílias. Situação essa tanto mais grave quanto, até o momento presente, a opinião pública ainda não recebeu das autoridades competentes urna explicação claraedocurnentadasob reo mo tivope!oqualadifus.ãofundiárianãose fazexclusivarnentemedianteadisuibuiçãode terras no maior latifúndio inaproveitado do Ocidente, constimído pelas terras incultas pcnencemes aos Poderes Públicos. Ávis1ade111doisso,énaturalque incontá\'eis brasileiros, pcnurbados, chocados, lesados a fundo em seus direitos e contundidos do modo mais grave em seus interesses pessoais e familiares se ressin-
1amdodivórciocadavezmaisacen1uadoentresuasreaisaspiraçõesemtantodo que se vem fazendo na Constituiqte. Quandoessasinjustiçasemsériesobrevierem, ao longo do verdadeiro ciclone nacional cm que importará a implantação cm cadência das três Reformas, os Ministfrios competentes, o Palácio do Planalto e quiçá o próprio Palácio da AI-
•
Como remediar a situação inautêntica, resultante da falta de representatividade da Constituinte?
Asaidaparatudoisso, os Poderes Públicos e a Nação por-se-ão a procurá-la, percorrendo todo um mar de hipóteses e de paplcxidades, do qual mais prova\·elmemc ... não encontrarão saida alguma. Juridicamente, será impossível declarar scm efcito as decisões da Comtituinte,semqucsedescambeparaumgolpe dcEstadocrucntoouincrucnto.Masquc adcmagogiadccertasesqucrdastudofará para tornar cruento. Quem, como eu, deseja, de toda alma, que tal não se df, outra coisa não poderá fazer senão prever e avisar.
• • .;;.a
--
voradaterãoostelefonesati!intarinccssantementc ao longo dos dias e noites adentro. DoBrasilintciroasautoridades locais,perplexascomoimpactodesseciclone,perguntarãosern~ssar:quefazer? que fazer? que fazer? Estará criado o impasse, em todos os lugares do território nacional, em que brasileiros labutam e produzem.
Pois,casoosacontccimentoscnvercdcm por ai, ter-se-á transposto o sinistro limiar do absurdo. E, a partir daí, será tarde para fazer previsões. Incontáveis brasileiros estarão a se perguntar:haveráalgoafazerparaque, alertados sobre o perigoso rumo no qual corremosoriscodedespenhar, seja possível obviá-lo dentro da lei e sem traumas, peloconccno geral dosespíritosclarividentes, cautos e ágeis? Minha resposta afirmativa deixo-a consia:nada na Proposta da TFP, que- a seguir passo a expor.
Constituinte erra quanto à meta: procura popularidade mas desperta espanto e susto
A população brasileira, como em geral a das demais nações íberoamericanas, se divide em duas camadas. Uma, que reluz na publicidade, que se constituidossetoresricos,poderososou c-ntãocultosdapopulação,éfortemente cosmopo!itizada pelo contato com as "últimas modas" indumentárias, ideológicas ou outras sucessivamente lançadas nos grandc-5cen1rosmundiais.Nes.sessctores, a tendência para a esquerda é verdadeiramente fator de popularidade. E nos clubes mais ricos, como nos meios de comunicação social de maior projeção, nas universidades mais ilustres como cm tantos Seminários e Noviciados, é certo que os vanguardeirosda caminhada para a es-
sil real. E à medida que- o Brasil de supcrflcie caminhe para a extremacsquerda,iráscdistanciandomaisemais do Brasil de profundidade. E este último irádespertando,emcadaregillo,dovelho letargo. E,defuturo,osqueatuaremnavida pública de- nosso País terão de tomar isto em consideração. E, em vez de olharem tão preponderantemente para o Brasil cosmopolitizado que se agita, terão de olharparaoBrasilconservadorqueconstituipartedapopulaçãodosgrandesccntros, e se patente-ia mais numeroso à medida que- a atenção do observador desce dasgrandescidadesparaasmédias,das mtdiasparaaspcquenas, e destas últimas, já meio imC'TSas no campo, para nossas populações especificamente rurais. Caso não sejam extremamente prudentes as próximas votaçõcs no Plc-nário daComtituinte,chegar-se-áassimauma distonia gravfssimaentreo Brasil de superfície e o Brasil profundo, o Brasil constitucionaleoBrasilreal. Etaldistonia será ainda maior ã medida que a aplicação das famigeradas reformas sócioeconômicas for metendo as garras nos patrimônios dos particulares. Qual o resultado de tudo isto? - Em· pilharos fatoresdeincompreensãoede indignação uns sobre os outros. Desse modo, indigne a quem indignar, custeoque custar,doaaquemdoer,certoBrasildesuperfície nosiráarrastando para o esquerdismo radical, com a fundada alegação de estar aplicando a nova Constituição ... O reformismo festivo parece não se incomodar com isto. Mas cada vez mais serãorarosospartícipesdesuaalea;rcfarãndola, ganhos gradualmente pelo sentimento de inconformidade e apreensão nascido, a justo titulo, das camadas mais profundas da população.
-
querda comam com possibilidades eleitorais imponames. Masabaixodess.asuperfíciereluzente, há um Brasil quet e quer continuar a ser autenticamente brasileiro, em legítima cominuidade com seu passado, e cujospassosscoricmamnalinhadessacontinuidade, para constituir um Brasil cm ascensão, fiel a si próprio. E não o contrário de um Brasil que seja o oposto do que ele foi e é. Esse Brasil profundo, marcadamente majoritário, cm quem a nova Constituição vai provocando susto e rejeição, tem pouca presc-nça na publicidade. Em Brasi!ia e nas grandes capi1ais de Estado, ele é sempre mais ignorado. Mas é ele o Bra-
CATOLICISMO NOVEMBRO 1987 - l
'· ,;e~, í )
"Inconveniência em submeter a referendum a Constituição globalmente considerada" Nessa conjuntura, abre-se diantedoobscrvadorum caminho parachegar à normalidade coru;titucional, sem ll· curso a qualquer forma de ilegalidade -
cruenta ou incruenta. NaatualConst ituinte,osas.suntoscolocados em debate, de naturezas aliás muito diversas , podem ser agrupados em duas categorias distintas: 1~) os que dizem respeito ao Estado
brasileiro como entidade politica soberana. Quanto às linhas gerais de todas essasmacérias, reinanaopiniãopúblicaum amplo consenso. Tal consenso não é rompido pelo desacordo - em alguns pontos -
entre propugnadores de teses opos-
tas. Poi5 se bem que seja importam e o assumo da controvtrsia, os adeptos de uma
soluçãonãoscsentirãogolpeadosafundoseprevale<:eraoutra. toque acontece, por exemplo, no desacordo entre parlamentaristas e presidencialistas. Com efeito, essa diversidade de opiniões anima atualmente com um tema nobre nossa vida política. E de nenhum modo cria o risco de dilacerar o País em duas correntes radical e irremediavelmente amagõnicas. Bem ao contrário do que vem fazendo o reformismo agrário-urbanoemprcsarial. 2~) amplas mattrias de caráter social e ceonômico, como as já mencionadas Reformas, as transformações a serem ins-
4 - CATOLICISMO NOVEMBRO 1987
tituídasnafamília,aopçãoentreaindoleconfessionalelaicadoensinopúblico, o agravamento das condições do ensino privado,aes1atii.açãodaMedicinaetc.temas que interessam presentemente muito mais o eleitorado. Ora,arcspeitodequasetodaamatériaelcncadanoileml~,adivisãodeopiniões entre os brasileiros é muitíssimo maisacen!uada. Em tais condições, um referendum eom·ocado pela atuai Constituinte, que convidasse os eleitores a dizer sim ou mio, cm bloco, à nova Constituição, colocálos-ia em uma alternativa pungente. Com
,,
-~-
•
efeito, respondersimimplicarianaaccitaçâo total de uma Constituição contendo, e\"entualmente, dispositivos múltiplos, opostosà vozdaconsciência demuitos eleitores. Colocar o eteilor, por meio de um referendum sobre a Constituição, globalmente considerada, na dura contingência de aceitar, por exemplo, as três Reformas queelerepudiaglobalmente,paraconseguiraaprovaçãodasinovaçõesdeíndole meramente politica com as quais esteja de acordo,seráexercercontraeleumaviolCncia psicológica, moral e pol!tica que importaria em grave ato de despotismo .
Solução saneadora proposta pelo Prof. Plínio Correa , de O/iveirâ
Diante do impasse que então se criaria, a solução saneadora consistiria em que os Constituintes votassem desde já uma Constituição dispondo sobre a organização política do Pais, segundo uma tinha geral em que facilmente se pode conseguir o consenso notório de toda a população. A parte sócio-ceonõmica seria deixada pela própria Constituição para outra Assembléia, a ser eleita com poderes Constituintes espceiais a fim de disporsobretal.Obviamente,tantoaparte politica quanto a parte sócio-econômica da Constituição seriam submetidas areferendum popular, tão logo elaboradas e promulgadas. Essa proposta tem o mtrito de dar ao Brasil um prazo - por exemplo, de três anos-paraquenossoe!eitoradolúcido e ágil possa ter a preparação necessária para opinar maduramente sobre tais assuntos. encontrando-se em condições suficientcs para elegcr uma Constituinte autenticamenterepresentativa,naqualserefletirá com fidelidade - e portanto com autenticidade-oqueelepensaedeseja sobrcmatériassociais,econõmicas,sócioeconõmicas e sócio-políticas. Essas convicções do eleitorado se expri mirão, então, atrav~davit ória nasumas,denumerosos candidatos-com-idtias, apresentados por panidos-com-idéias, e verdadeirament e representativos do sentir dele. Para que tal preparação seja eficaz, seráindispensávelumesforçopublicitário informativo e formativodeal!oquilate, e ao mesmo tempo de fácil compreensão pelo eleitorado, esforço esse no qual se empenhem a fundo todas as forças vivas da Nação.
Olhar de frente essa situação, e enfrentarasperplexldadeseapreensõesque ela traz consigo. oferecendo ao Poder Público e à opinião do País sugestões viáveis: assim pode o bom brasileiro cumprir seu dever em ocasiões dramática5, comoestaemquevamosentrando. Emconscquência,quaisqueratitudes destegênerode\'emseracolhidasdeboa mente pelas autoridades públicas, ainda queelaboradasapartirde pontos de vista diversos dos delas . Pois isto faz pane do direito de opinar livremente, que assiste a cada cidadão em um regime efetivamente democrático, como é ou quer ser o nosso. Pelo contrário, o Governo que visse em atitud es como esta da TFP um ato de oposição política levado quiçá às raias da ilegalidadc,tenderia-talvezinadvertidamente-atransformaroregimedemocrâtico em mera ficção politica, cuja essência seria ditatorial. Sinto-me, pois, na qualidade de Pre· sideme do Conselho Nacional da TFP, in· teiramenteàvoniadeparatrazeraoconhecimento da Nação - isto é, Governo e po\"O - a Proposta desta Sociedade para resol\'er o impasse da Conslituime. Queira Nossa Senhora Aparecida, Pa· droeirado Brasil, abençoar esta iniciatí· vada TFPetornareficazesaspresentes palavras, paraqueossrs. Constituintes, seguidos pelo clamor majoritário dos brasileiros, freiem a marcha de tantos males, e ainda cheguem a de1er, nos bordos do abismo, a perigosa caminhada do Brasil.
A REALIDADE, concisamente: •PROSTITUTAS e a Pasloral da Mulher Marglnalila da. Oirnfrciras,trêspadrcs e trêsBispos - D. José Maria Pires, de JoãoPessoa(PB);D.JoséRodrigues, de Juazeiro (BA); e D. Afon.10 Gregori, de \mperatri~ (MA)ecoordcnadordaPasrnral Social da CNBB - participaram recentem ente do V[[ Encomro NacionaldaPastora!daMulher Marginalizada,quereuniuliümeretri~es, repr ese ntando !4 Estado.1
• SAUOAIJES de um rico passado. -
Ao cabo dos trabalhos, as prostitutas dirigiram-se aoaudi tóriodaCNBB,onde escavareu nidooComelho Permanente da emidade, para cmregaraosBispos documento no qual pedem quealgrejadeixc decomiderá. la.1 "pecadoras", passando a encará-lastão-sornente como '\i, rimasdeumaesrruturasociale eronômfrainjusra"-isto é,do çapita!ismo. Segundoal rmã Zot da Cunha Menezes, de Teófilo Otoni(MG),aPastoraldaMulherMarginalizadanãopretende convencerasmulhcresaabandonar aprostituiçiio.
O calendário marca
1987,maspor algunsdiasa escoladapequenacidadedeMount Kisco,noEstadode NovaYork,regrediu sciscentosanos, e re viveu o ano de 1387. Durante uma semana, runcionários,a!unosescuspaispuderamaprenderalgosobreavidadosscnhores,damas,servosecava!drosmedievais.Enquantoalgumestudantesconstruiramminiaiurasdecaslelosevitrais,umgrupo teatral ensinava malabarismo, esgrima e aroo+ílecha. Hou,·e também umacerimôniadeinvestidurad e cavaleiro e,para encerrar,umafriramedieval. Quaseconcomitante aisso, emplenat>fanhauan, cavaleirosrevestidosdearmaduras enfremavam-se , ameoolharcuriosodemuitosespec!adores(fo10).Eraocorneçodofcstival daR enascença , de NovaYork,quecontouaindacommalabaristas, !rovadores e gruposd e dança.s
• HUNGRlA: dividas, alcoolismo c suiddios. - Govemada pelo títere Janos Kadar desde 1956 - anodofamosolevante popular, csmagadopelostanqurs russos-aHungria,atéhápouco,vinhascndoaprcscntada,em certos meios burgueses ocidentais,comoumanaçãocomunista "suigencris", cmfranooprogresso cconômicocmuitoreccptiva aomrismo. Durou poucoomito.Sabc-seagoraquc opadrãodc vidanaquclepaissósemantc,·c a!tograçasaoseoormesempréstimosfornecidospeloOcidentc, rcsul1andodaíumadasmaiorcs dividasexternas"percapita"do mundo:!3bilhõesdcdólares(ruriosamentefala-sepoucodasdívidas dos países comunistas ... ). Poroutrolado,segundoofilósofo Janos Kis,o pa!s atingiu "os/imites biol6gicosdeautoexploraçl.o",jáqueovolumcdos trabalhos-extra realizado pelos húngaros para auferirem algum lucroabalou-lhrsomoral easaúde.Oscasosde mortalidadc ca!coolismo-conformepesquisas doprópriogovemo-atingiram cnormesproporçõcs,sendoquca
Hungriapossuiaindaomaioríndice de suicídios do mundo: 48 para cada !OOmilhabicantes.Ao todo,cercade SmilpessoascometemsuicidionaHungriarndo ano e outros 50 mil tentam fazê-lo.
Essainclusiiodaprostiluiçiio nadiniimicadalutadeclassesteveseuexemplofrisame numpas.1adoreccnte,quando,com·ocadopel0Vaticanoparadepor.10bre suasobras,FreiBoffnãohesitouemdcclarar, de modod~concertante,queprcferia estar preseme ao'' Enmmro",jámarcado,da.1prostitutas, aviajara Roma naquelaoca.1iào
• "DADO QUE HUI le-a:lilaçlo lee•••isl•J vlll de mt0D• trollvo111adedMu,(,,,)mllo,w111ojlioeoasl111tinopro• cesso vffblll kvado a atbo no Drparllmmlo de Sq;uninça da provinda de B1•11 Trl Thlea, no dia 15-10--M, "da mesma for- que osapóstolosovtroraeos ra"1lresde1odasas1erações, clevoobNlttff111WàLeide~11.sdoqueàLeidoshomeas". Ali to1151,qifndu M"f'io stem dúvida I prislo t I mol'le. Eslas eoawqllfadas, V05$0 PaHor esui , lloje, prepando pano mfreati-las. Ele as acollte de bom vado c-o1110 a ffl:Ompensa
qwllleroacedeoSnborapóslSuosdttphtopado,dolquais llawrvlçocladl-.deHue. "Qalllldo n for llftSO, peço-vos q 11e • io Cfflais t m aeab•ma lledançio. mesmo se eia vlffee• 11111 usln111n que pft'lelldam seja alnba. A eshl ltora, lnnlos e lnnls bem amados,
$6vospeço•maeolsa:reader lft(UaoSeôoreom1&0, e lalfllSiflcu vosus Pfftt:S pana que tu penaueça absol11tamente fldaoSeUorelll&ffj••lf1Ht1.Vl1l.mowspln,. ''Coafkl-•os todos, innlos e lrmb, ao Seiattor, li N05$1 Sellllon dt laYH&, A ~vosafd...___, l..oavor1Cristo lesas". Esta dedançio C1t9Stfl Carta Putonl de D. Nc• ,eaKlml>tell,AlftbispodtHH,Virlai,dalalbdel9-IO-a5, a qal filtrotl pana o Ocidellle. Al•lllmealt aio se eoaka o dndao do Arcebispo, qu estava em prld.o doaldllar.
de•••
• ALGUMAS VEZ ES ma !am, outr-as mutilam. - Este é o trágicoresultadodaatualtática de terrorutilizadopeloexército ruS.1ocomraapopulaçãocivildo Afeganistão. Seu alvo: a,scrian ças. Bombas são escondidas em brinquedoscomobonccas,carrinhos, lapiseiras e relógios, os quaissãodisscminadospelasruas e praças. A criança corre para pegá-los.Aumprimeirooomato, oexplosivoédetonado,podcndo levarainfe!izãrnortc.Mas,no maisdasvezes,acargaécalculadaapenasparamutilar,fazendo comqueacriança,maistarde,sc dêcontadoaltopreçopagopela resist~ncia de seus pais. OsfatosacirnaforamdenunciadospeloComitê de_Ajudaao PoYoAfegão,emmatériapublicadanaimprensaamericana(fo· to),lembrandoaindaquecerca.de um milhãodeafcgãosjámorrcramnaguerraecincomilhõesestão exiladru.
• T ALÂO DE CHEQUE é no,·idade na Rússia. -Com o objetivodefacilitarasoperações comcrciaisediminuir asquilométricasfilas emfrcntedaslojas e superm ercados, a Rússiaadotaráotalãodechcquc apartirdo ano vindouro. Custa-noscrcr-epareceaté risivel-queWagoratalmedidacntreemvigornomundocomunista,dadoocaráterbana!e rotineirod essainstituição,há muitoexistcnt e entrc nó.1. A "inovação", em si, bem podcsercatalogadanoroldas mudanças-muitomaisde superfici e doquedeprofundidade -quevão sendointroduzidasno mundo de al ém ConinadeFerro,soborientaçãodeGorbachev.
CATOLICISMO NOVEMBRO 1987 - 5
O terceiro Segredo de Fátima: crise da fé crise da Igreja Antoni o Auguslo Borelll Mac hado especial para "Catolicismo"
HÂ
SETENTA anos, precisam em e no dia 13 de outubro de 1917, realizavase em Fátima, perante S0 mil espectadores, o famoso Milagre do Sol. Segundo competente cientista, constitui ele o mais
espetacular milagre flsico de todos os tempos.
Qualquerquescjaaopiniãoarespcito (não é aqui o lugar de aprofundar a questão),nãorestadú\•idadcqucNossa
~nhora quis, com isso, atrair a a,enç.fo da humanidade imt:ira para a M,msagem queacabavadetransmitiratrkhumildespastorinhosdc Aljustrel,obscurolu1ar de Portugal, o qual emergiu assim
A1vidente5Juint,(71nos)elúci1(10a.nos)
foto1r1fa1Wnoiniciodeoutubrodt1917.
, - CATOllCISMO NOVEMBRO 19117
abruptamcntcparaasluminosidadcsda História. Evidentemente. a estupenda encenação da "dança do Sol" não só atraiu a atenção dos homens que a presenciaram, como vem maravilhando, a1é hoje, quantos tomam conhecimento dela. E, é obvio, mui10 mais que esse efeito, por assim dizer pub!icitário, é o fato de oomtituir uma autemic.açAo sobrenawral da Mensagem que durante seis meses Nossa Senhora comunicara aos videntes. Os eventos de Fátima estão cheios de curiosas "coincidências", que um espírito católico não pode dciJ:ar de interpretar como definidas intervenções da Providtncia no curso dos acontecimentos humanos. Nesse sentido, chama a atenção que ociclodasapariçõesdeFátimaseencerra 26 dias antes da implantação do comunismo na Rússia, cujo 70~ aniversário ocorre no dia 7 do corrente mês de novembro. Ora, como se sabe, Nossa Senhora comunicou aos videntcs um Scgredo em trCS pancs,duasdasquaisforamrevcladasao mundo. Na segunda parte, é apontado o comunismo - e mais especificamente a nação russa subjugada pela heresia vermelha - como o ílagelo de que Deus se serviria para castigar os pecados das nações.
Assim, enquanto a seita comunista se aprestava, cm 1917, para tomar o poder na Rússia, Nossa Senhora já dispunha os meiosparaprcpararoshomensa cnfrcntarograndcperigoqucmarcariaanossa época como uma das mais conturbadas da História. Paralelamente - e surpreendentemente - uma catástrofe ainda maior assinalaria ainda a segunda metade do sécuia XX. A grande força que se deveria opor ao comunismo - a Igreja Católica - se manifesta, também ela, cm muitos de seus setores, contagiada pela lepra doutrinária que ataca todo o mundo! Esta afirmação, que há algumasdécadassoariacomoofensivaaosouvidos pios,cstáre<:onhecidaemdocumcntojá hoje mundialmemc célebre, que é a fns-
1,nel.1doc.1l.1bouçodoP.1çodeVil,1Nov.1de 0urêm, onde os llfs ~identu tstivtrim presos de13•15de,gostodt1917,"Jislindoh prtuótstlorlurudoAdministridorpir, rtvel,1"m 0Sq,rtdo.
tre si, conexão que Nossa Senhora mesma se incumbiu de apontar: ''Vistesoinfemo, para onde vão .as almas dos pobres pecadores. Paraassalvar.... ''Eseguea indicação dos meios que a Provid~nda dispõe para a salvação das almas, e o anllndo dos castigos que robrevirão sobre as nações, se os homens permanecerem surdos a esse apelo à conversão. PorCm, se existe um nexo entre a primeira e a segunda panes(a visão do iníernoeocastigoparaasnações,respcctivamcntc}, a priori se pode supor que há tambêm conexão destas com a 1erceira. O que, de si, lança desde logo a[gu• ma luz sobre o terceiro Segredo, pois evidentemente já C conhecer algo sobre um assunto saber que ele tem relação com outros dois conhecidos. E desse modo a Providência foi permitindoque,decáedcacolá, fossemsurgindo indícios sobre o contelldo do 3~ Segredo. Assim, embora este ainda não tenha sido revelado, foi possível dar-lhe a volta e conhecer, de alguma forma, os seus contornos.
A Con d~ Jri~. ntes t dur~nte o Mil~are do Sol, IIO di~ 13 de outubro de 1917.
uução sobre alguns aspcr:1os da "Teolo· gia da Libertaçllo", da Congregação pa· ra a Doutrina da H, de 6 de aaosto de 1984, em que aquele importante Dicastê· rio da Santa St, tendo à frente o Cardeal JosephRaizinger,denuncia,comaaprovação de João Paulo li , a infiltração do pensamento marxista em cenas correntes da famigerada Teologia da Libertação. Aestaaltura,perguntaráalgumlci• 10r: o que tem a ver isto com a Mensagem de Fátima? - A resposta ê: muito, para não dizer tudo! Com efeito, segundo a maioria dos CS· pecialistas, o terceiro Segredo de Fárima trata precisamente da crise na Igreja. E isto nos coloca bem dentro do tema deste artigo.
Um Segredo único, em três partes distintas Costuma-se falar comumente nos "trê5 Segredos" de Fátima, e todos os que escrevem sobre o assunto adotam essa simplificação de linguaaem. Mas ê bem dever que, na realidade, se trata de um Segredo único, em u~ partes distintas, segundo declaração formal da Irmã Lllda. Tal consideração~ imponante, por· que a serem tre$ Segredos distintos, nada impediria que fossem autõnomos e sem coneJ{ãO próxima entre si. Sendo porêm um Segredo só, deve-se normalmente pensar que suas trb partes, embora tratando de mat~rias distintas, formam um 10·
do único e harmônico. Na verdade, as duas panes já conhecidas apresentam uma conexão intima en-
Por especial desígnio da Providência , uma " indiscrição " da Irmã Lúcia A primeira "indiscrição" - se se pudesse chamar desse modo algo que foi visivelmente inspirado por Nos.sa Senhora - cometeu-a a própria Irmã Lllcia, a única vidente ainda viva. ao redigir pela se· gunda vez as duas primeiras panes do Segredo. Com efeito, chamou desde Jogo a atenção dos historiadores de Fátima, que tendo a Irmã Luéia feito duas redações doSegredo,respeçtivamenteemagostoc dezcmbrodcl941,ambascoincidiamcm tudo,salvocmumafrase,queapareccna redação de dezembro e não na de agosto: "Em Ponugal se conservará sempre o Dogma da Fé, etc . ... '' OintrigantcdafraseCqueo "etc." C da própria Irmã Lúcia, bem como os três pontinhos, que não aparecem em nenhuma fotografia do manuscrito, mas cstão nos originais, segundo garante o maior especialista em Fátima, o Pe. Joaquin Maria Alonso, cordimariano incumbido pelo Bispo de Leiria de publicar uma edição crítica dos documentos atinentes às célebres Aparições. A autoridade do Pe. Alonso não permite pôr cm dúvida a existência desses três pontinhos, os quais colocados a seguir ao famoso "etc. "constituem uma indicação claris.simadequeo1crccir0Segredoseinsercjus1amemcaí. Deondcváriosespecialislasseperguntarem se essa frase: "Em Portugal se conservará sempre o Dogma da Fé", não constituiaprimcirafrasedo3! Segredo, e não a Ultima do 2! ... Aconjccturatemtudoafavordesua plausibilidadcc,obviarnente, representa um lance da Providência para instruir quem tenha olhos para ver!
O. Joft Alves Corrti.1 d• Silvi, p1imeiro Bispo dt leiri.1,t,ndodiint,de1iofamoso tnvelol)' cont,llllo o 3~ St1redo de F.itim.1.
Frase-chave para determinar o conteúdo do 3 ! Segredo Em qualquer hipó1ese, os fatimólogos são unânimes em oonsiderar cssa frase comoachavcparadeladeduzirocontCUdo do 3! Scgredo. Com efeito, se se afirma que "em Porwgal se conservará sempre o Dogma daFé'',aexclusivaemfavordanaçãolusa indica que cm muitas outras nações nãoscpassaráomesmo.Dcondeaconclusão inelutável e terrível, que se poderia formular assim: "Em muitas outras naçôcs não se conservará o Dogma da Fé"... Tudo isto aponta para uma crise da fé, de proporções universais. Ora,umacrisenafêimplicanccessariamente uma crise nos fiéis. Pois não poderia haver crise na fê, se os homens permanccesscm fiêis. Porêm, sendo a Igreja constitufdadefiéis,umacriscnosfiéisi!, de si mesma, uma crise na Igreja. Uma crise da Féé, ponanto, obviamente, uma
crise da Igreja. Entretanto, como ficaria reduzida a pequenasproporçõesumacrisenalgreja quesóafctasseosleigos! Pela forçadas coisas, uma crise na Igreja, não pode deixar de atingir o Clero e atê membros da Hierarquia! Dcno1aria um profundo desconhecimento da História da !areja quem pensasse o contrário! Ao cabo de todas esta.s considerações, explode, com toda a sua força de impacCATOLICISMO NOVEMBRO 1987 - 7
,_.., __ ,.· ..,,e.._., ----··'·- ~.-
- "..P.--,..·-!-••"~~-~--~-.•-,- ,. ..-~ .. ......... ~ . - ~ ~ - ~ ~l·.:.· z;:..
-:--~:.ç~J.-J.--'-·"-~ ~;;::-;:;::,;::- -.Jo:r;
:._:~::~::- j..~ ,.
--=~ .
.,. ___ , ....L..-----1·~1--- · -
.~ .. ---::-k-~----~ 1-,::. ::;;.::!:,"':::;1:.-· ,-J-......_..
diato:aatua/crisi:inrernadalgrcja,com as subtis e descaradas infiltrações modi:rnistas e marxistas, a 1odos os nívi:is i: escalões de clérigos e leigos" (apud Pe. Jost Geraldes Freire, op. cit., p. 164). O j:ã citado Pe. Joaquin Maria Alonso, cuja autoridade como o maior especialista no assunto dispensa coment:ãrios, escreve: "& cm Ponugal se conservará .sempre o do,ma da fé... , deduz-se claramente que, cm ou/nu panes da Igreja, cs.sc dogma, ou se obscurecerá, ou 1ué se perderá. lk que forma concreta isro há de su-
ceder? O texto inédito falará de circunstâncias concretas? É bem possfrcl que n~o fale apenas de uma verdadeira 'crise da ft' na Igreja(... ), mas que, como o faz, ...:.:;,,__f.'. ... __ por exemplo, o segredo de La Sa/eHc, tcnha rcfcrências mais concrc1as às lutas ini....., ..... -....,. .. ~:.... 1-•- ·'CG_.__,_~-~ rcstinas entre os católicos; 11$ deficiências de sacerdotes e rcligio5os: ral\"cz se insinuem até as deficiências da alta Hierar· quia da Igreja.(... ) "Uma fenomenologia c/emcmar dos acontccimi:nros internos da Igreja pós· r·-1- ~... ..•. ,...-. ... ~,---.-~,,..... conciliar demonstra um estado lastimável, ,.,,.... ..,:::% ., ...,...•• ,-._+bem apontado pelo Papa Paulo VI,(.. .) Os mlnuscritos dl lrmJ LÜcil dt 31 dt •gosto cm que a Igreja se encontra sem alegria, T,;"r.·~:,:·:.:·-;;.:';.;: r3dcducmbrodt1'41,iespcctinmcntt, sem firmeza, sem apoio e sem força inreconltndo o te1to do I! t do 2~ Se1redo,. No ::~;:::.;:;· :·,~:= ., . .::-~..1/:.. rior p;ira agir diante de um mundo invatntodcdutmbro,lvidtntturtKtnlou• l"f :.,-..• ,.,,.., _ . - . -. ......... ...... . ,...._--r--.,.,, ., ...,. _~ ---..sor que pretende reduzi-la a uma instituifrHt:"Em Po,tugll Jtconservui 5emp1eo ...·--r r, ___ Dogm• d.-. ft, ttc.~.~ çlo sccular. (... ) ' - - - - - -- - - - - - - ' ''Umaconclusloparcci:ccrra:ocontcúdo da pane inédita nlo se refere a no1·os csrac/ismos polftico-bélicos, mas a acontccimcnros de índole r,:Jigiosa inrramencione aqui, com o devido respeito, to, a tcrrlvcl conclusão: NoJsa &nhora ainda muito mais grsn·cs cm si anunciou cm Fátima uma crise na sua opinião, a qual evidentemente não cclesial, deixa de despcnar um comprazido sorri· mesmos'' (La vcrdad sobre cl Secreto de Igreja! ... Fátima, Centro Mariano, Madrid, 1976, Crise tão monumental, de tão profun- so diante de tào cândida e simpá1ica ma• tmh• • . . - . . . . ~ - - · J .· . ..,._
~-~.-:~·=::-:::.:?.E·· ~-= -·.,,....... -~~
...... _,..,.,...,,___, n--·.,._.,_h __,. ._
-;=~~:~
r-:·~~·~···~·~:~~~-~~~~ :;··· • •
dai. conseqüências, qucparaatestaragravidadcdaad,·crtênciaqucvinha fa;:craos homens, Nossa Senhora não hesitou cm produzir o milagrt físico mais espetacular da História!
A convergência dos especialistas Todos os grandes especialistas cm Fátima, salvo um, se alinham segundo essa conclusão, que txtraem, de modo imediato, da frase: ''Em Porrugal se consi:rvará sempre o Dogma da Fé, etc.... " A única exceção t o Pc. Jost Geraldes Freire, o qual considera que os demais espccialistasdcpararamcomafrase-cha.-e do3!Segredo,sóque,segundoelc,dentrodafrase,aspa1avras-chavenãosão "o Dogma da Fé"mas "cm Ponugal". E daí dcduzelequto3':'Segredodeveanunciar o que se passou em Ponugal a partir do 25 de abril de 1974, com a chamada "Re,·olução dos Cravos". Os demais especialistas ponderam que os fatos ocorridos em Portugal se explicam no ãmbito do 2! Segredo, que pre.-i a disseminação do comunismo por todo o mundo, não ha.-tndo, portanto, neçessidadc de recorrer, para essetftito, ao 3! Segredo. O Pe. Freire t autor de um valioso levantamento histórico e análise de fontes sobre o 3! Segredo. 1:. justo, pois, que se 8 - Cr\TOUCISMO NOVEMBRO 1%7
•r . .
pp. 72-73). nifesrnção de patriotismo luw. Ao Pe. Freire se juntou mais tarde, Fr&c Michcl de la Saiote Trini1C tauembora com ressalvas, o Pe. Antonio tor de três alentados volumes sobre as Maria Manins SJ, tambtm grande bene- Apariçõesdef:ãtima,umdosquaisdedimérito da historiografia de Fátima (ele foi cadoa uma exaustiva análise dos dados o primeiro a publicar o facsímile dos ma- conhecidos sobre o 3~ Segredo. Uma ccrnuscritos da lnnã Lúcia). De.-e-sc consig- ta rudcza dc linguagem quc caractcriza alnar, en tretamo, que em seus primeiros li- guns veios do catolicismo europeu lhe .-ros, o Pe. Martins apresentava como atraiuareservadeoutroscstudiosos. Isccno que o 3? Segredo trata da crise na to,cntrc!anto, nãolhccsvaiomériwinIgreja. tr!nseco do trabalho, pelo que sua conOutro sacerdote ponuguês, o Pe. clusão mereci: ser mencionada ao lado das Messias Dias Coelho, autor de vários li- demais: "Tal crise da fé, cm escala que vros sobre as Aparições e diretor da pu- abarca váriasnaçôesoucontinentesintciblicação bimestral "Mensagem de Fáti- ros, tem um nome na Sagrada Escritura: ma", que se publica em Seia, Ponugal, é a apostasia. Talvez ,:sra mesma palavra sealinhacatcgoricamcntecntreosquejul- se i:ncontrc no texto do Segredo. A pargam que o 3? Segredo trata da crise da tir daí tudo se esclarece. Esta hipótese, e fé: "Da boca de alguns peritos de Fáti- 56 ela, .... corresponde perfeitamente a ma pudemos ouvir .a opinião de que, mui- todos os dados concerni:mes ao misterioto provavelmente, .a terceira parte do Se- so Segredo" (Toutc la .-érité sur Fatíma gredo fala não 56 da já mencionada crise - Le troisitmc sccrct, Contre-Rfforme de fé, como ainda dos países cm que ela Catholiquc, Saint•Parres-U:s-Vaudes, maissefaráscntir"(E.spcculaçôessobrc 1985, pp. 46 1-462). o Segredo de Fá1ima, ''Mensagem de Fá· tima''. janeiro-fevereiro de 1970- apud Pc. Jost Geraldes Freire, O Segredo de Fátima, Ed. do Santuário de Ftitima, As autoridades eclesiásticas 1978, 2~ ed., pp. 160-161). indiretamente corroboram O Pe. Sebastião Mar1ins dos Reis. a quem Fátima deve nada menos que dez Como se vê, h:ã uma notória converlivrosdeinestimáve\valor,entreosquais o primeiro arcabouço histórico do 3? Se- gência dos especialistas em apontar a crigredo, cm pronunciamento recente, de- se da ít - e, concomitantementc, a crise nalgreja-comooconteúdoprovável clara: ''Oconri:údo da J~ Pane mcpart· ce bastanrc cllll"O pelo texw-rontexro imc· do 3! Segredo.
comoéacriscnalgreja,é "muito mais grave em si mesma'' que uma hecatombe nuclear ou cósmica. Essa consideraçào, que a superfidalidadedeespíritoreinanteemtantosambientes nos impele a todo momento a não ter presente,devemospediraDeusagraçadeolhá-lade frente com toda a seriedade. Pois só assim estaremos em condições de e:ii:trair as conseqüências que se impõem ã nossa impostação de alma e à nos.saatuaçàoem face de tal crise. fofeim••i• d• C•w du Doroltiu tm Tu~ !E§!l•nlul,ondtN01w~nhor11p,1rtctu.\ lrm.i liici,,nodi• 2dt i•'"'irodt 1944, orMn.móo-lht (Jut tK1t,·ts1t o 3~ Stgrtdo
Entre o público, não obstante, não é rara a versão de que o 3~ Segredo !rataria de uma hecatombe nuclear, quiçá acompanhada de cataclismos cósmicos. Narea!idade,setais fatos se devem produzir-enãoéinverossimilqueocorram - eles entram ainda no ãmbito do 2~ Segredo, já conhecido. Nada indka - antespelocontrário-queelessejamprognosticados na terceira parte, posto que a Irmã Lúciadeclaraseremdistintosostem:u das três partes que compõem o Segredo. Obser,e-se, aliás, de passagem, que os castigos previstos no 2~ Sea:redo não se esgotaram com o término da li Guerra Mundial, mas estão em pleno curso de realização, uma vez que a grande expan~o internacional do comunismo começou exacamemeapósoconílito,enãoantes. Oes1udiosodosassuntosdeFátimanão deve, portamo, perder de vista os desdobramentos que os fatos anunciados no 2! Segredo ainda venham a apresentar. Acsscpropósito,cumpreregistrarque amoridadeseclesiásticascompetentes se têm empenhado em afastar a hipótese de queo3! Segredo(note-sebem: não o segundo ... ) se refira a uma hecat~mbe termo-nuclear, ou a algum catachsmo cósmico de análogas propo~ões. Curiosamente,aofazl!-lo.essasautoridadessãoconduzidas a alertar os fiéis sobre os perigos - muito mnisgrn1·es em si m~mos - que ameaçam a nossa fé, como que a apontar que o conteúdo do 3? Segredodcveserprocuradodestelado,e não do outro ... Preciosa indicação que corrobora indiretamente o veredicto dos espedalistas.Aconvenientee:-cplanacã_o doassun10,comaindispensávelnanscnçãodas dcclaraçõesdessas au1oridades, e:ii:cederiademuitooslimitesdopresente artigo. Entrementes,retenha-seaad,,ertência dasautoridadcscclesiásticas,quetodosos fatimólogos timbram em fazer sua: "muito mais gra1·es em si mesmos". Com efeito, uma hecatombe que atinge as almas,
3! Segredo: pedra de fecho da Mensagem de Fátima É o momento de concluir. Quem estuda o maravilhoso conjun-
to da Mensagem de Fátima, à medida que se aprofunda no seu conhecimento e se embcvea:comasuabeleza,vaiperccbcndo,entreta nto,quelhefahaoacabamento. É co mo num a abóbada cm que ainda não se colocou a pedra de fecho. Ê esta quedáàabóbadaabelezafinal, bem como a "amarração" de todas as suas partes. Enquanto o 3~ Segredo for mantido sob reserva, a Mensagem de Fátima não deixarádcdaraoobservadoratentoessa impressão de algo incompleto. Quando, entretanto, for revelado, se poderá verificar a magnífica arquitetura que compõe, numaperfeitaconca1tnaçãoeharmonia, suas diversas partes já conhecidas.
A admirável concatenação entre as três partes do Segredo O que se sabe das partes já revela· das, aliás, permice entrever desde logo sua admirável harmonia. Comefeito,no l~Segrcdo,NossaSenhora mostrou aos videntes o Inferno. onde caem as almas dos pecadores que morrem sem arrependimento. Ora,paracssehorriveldesfcchodavida de um incalculável número de almas contribui poderosamente a violação sistemática da Lcide Deus,violaçãoquese
estabeteeeunaesferatemporalemtantas nações. Assim como uma ordem natural constituídasea:undoDeuscriariaumclima propicio para a salvação das almas segundo a célebre apóstrofe de Santo Agostinho aos pagãos sobre a civilização cristã-ocontrárioscdeveafirmarde um mundo erigido ao a,·csso do que manda a Lei de Deus. É o tema do 2~ Segredo de Fátima. Masseapenasaesfcra1emporalestivesse transtornada! Eis que as almas se voltam angustiadas implorando o socorro da Igreja, ede repente percebem que oincêndioquelavrafora,alcançoutambém o recinto sagrado, a ponto de Paulo VI reconhecerqueafumaçadeSatanás penetrou no templo de Deus! (cfr. Aloeuçãode29-6--72). toquescprcsumescjaocomeúdodo 3? Segredo de Fátima. AstrhpartesdoSegrcdoapresentam, partanto, uma concatenação perfeita, em vista dos temas supremos da glória de Deus e da salvação eterna das almas.
Fátima : mensagem de tragédia ou mensagem de esperança? Restadizerumapalavrasobreodcsfccho de toda a Mensagem. Nossa Senhora prometeu c:m Fátima, quedep0isde todos os castigos que abalariam a ordem 1emp0ral e, segundo é de prcsumir,tambémaesferaespiri1Ual,o seu Imaculado Coração triunfará. Nestas condições, a Mensagem de Fátima, nem por ser uma ad,·ertência de tragédia, deiu de scr um grande anúncio de ESPERANÇA! É nessa e:ii:pectatil'a grandiosa que nossas almas se abrem para o momento ditosoemqueaAutoridadeeclesiástica, movida por uma feliz inspiração da Màe de Deus, julgue chegado o momento oportuno de revelar ao mundo o 3? Segredo de Fátima. En1ão estará pró:ii:imo o momento em que,sobaégidedeuma Igreja renovada em seu esplendor, as nacões também brilharão nas luzes douradas do Reino do lmacu!adoCoracãode Maria.
No e1iguo quHIO do OrÍlnltO Now Stnhoril dos Mil•grts, p,ô,imo .i igrei1 d1 h1rel1, tm li!bo•,podMt1·t,1um•utiliud•po1 ]1Cinl1 pou co 1nlts dt morte, bem como • pequ,11,1c.dtir1ondt1tienu.11Nosw S,nhor1,porocuiiodtiuu1p•riçõt1.\ vid,nt,, n•qu,ltloul.
w•
CATOLICIS,\1O NOVEMBRO 1987 - 9
A
Como em ,1,gosto po1iss,1,do, ,1 ,1,tu,11 ump,1nha le\-e inicio numa das c,1beceiras do ,-i.idulod0Chãcoma,1prese nl.lç3odafanfarr,l,Cuj.is músic.isdespcrl.iramointe resse de bom número de pnpulares, ,ll rai ndo .issim, de modo especi.al, .l simpa· ti a do público.
·..
Enquan10.algunsprop11g.andislasseguro1ivam est,mdMles da entidade, outros, de modoritpido,abordav.lmostranseunles e c~punham-lhes sucintamente pontos upi taisdotrab,1 lhod0Prof.Plini0Cor· rêadeOli\eira.
.-
As fah.ls ch.imar.lm muito a atenção d•s pessoo1isquc p.lssa11am nosveiculos. n.l esquin.ld.lavcnid.l Rcbuuçascomaavenid.1 Faria Lima.
27 DE AGOSTO Ultimo, os paulistanos assistiram mais uma campanha da TFP e apreciaram uma inovação : a fanfarra. Dedicamos duas páginas e a contracapadenossaliltimaediçãoaessa recenteiniciativa,bcmcomoaopapelsalientequcntladesempenhoua fanfarra. Durante duasdécadas1ranscuntesda capitalpaulisiaacostumaram-seaadmiraroscstandanes rubros da entidade se alçaremno,·iadutodoCháenasruasadjac;entes.Osdi.teresdas faixas. osfolhe10sdepropagandaeosslogansproclamados a1ravés dos mcgafones 1êm variado bastante, no decorrer dos anos, embora acausadefcndidasejasempreamesma: os,aloresbásicosdacivilizaçãocristã.E os temas das diversas campanhas habitualmente se identifkam com questões vitais das épocas em quc se realizam: infiltração comunista no Clero, di~órcio. tribalismo indigena como ideal comunomissionário,operigorcprescmadopelas CEDs e, sob retudo, a Reforma Agrária, cm vários lances de sua investida socialista e confiscatória. Muitos se perguntavam: como a TFP nunca se ommu nos momentos cruciais paraacivilizaçãocristãemnossa Pátria, não terá ela uma palavraadizersobrcà Constituinte? A resposta a tal pergunta foi dada no dia 29de outubro. Os paulisianosquccostumamtransitarpe]oviaduto do Chá mais uma '"ez ouviram os toques vibrantes e harmoniosos da fanfarra, acompanharam com a vista o tremular dos estandartes e o deslocamento de faixas,numadasquaisleram:"Oqucé Constituição? 69.-, dos brasileiros não o sabe". Assim, a palavra de orientação da TFP sobre a questão candente da a1ualidadc brasileira chegou a1ravés do estudo penetrante do Prof. Plínio Corrêa de Oli\"eira "Projeto de Constituição angustia o Pais", publicado cm edição extra de "Catolicismo". Opúblicorecebcucomgrandeinteresseano,·aobra,cujavenda foi coadjuvada pela distribuição, aos milhares, de dois atracn1es folhetos.
CONSTITUINTE: tema da nova campanha 10 - CA TOLICIS\10 'IOVEMBRO 1987
Utilize a Carta Resposta Comercial para adqum
Notava-se. na população, de modo geral, grande preocupação diante da enormeconfusãoreinantenoBrasil,e,dc modo especial.em face dos trabalhos da Constituinte. Explicam-se, pois, reações como esta: "Mas a TFP então propõe uma solução conciliatória?": "Este assunto é muito importante! Eu levo uma re\'ista porque preciso estar bem infonnado" etc. Desde o primeiro dia de campanha, tanto no centro quanto em zonas como os Jardins, o lbirapueraouoAeroporto o ronusgeral da receptividade do público foi esse, embora com uma nota mais acentuada:ogranderespeitocmrelação à TFP, a qual se impõe em todo o Pais como uma entidade de peso, além do grandeprestígiodoinsigneautordaobra. Tais respeito e renome podiam também serdiscernidospelonúmeromuitopequeno de manifestações hostis - o que não se,·erificoucmalgumascampanhasanteriores.l:expfü:áveltambémque,emface do notório b.ito da campanha os ad\'ers.ârios tenham manifestado um ódio ainda mais , irulento, que [e\'OU a um ou outro espírito pouco controlado a \'OCÍ· fcrar: "Se cu pudesse, mataria todos vocês?" Há também o caso do jovem esqucrdis1a que confessou: "Nós, da CS· qucrda, não sabemos nos estruturar para nos contrapormos ao trabalho de ,·ocês". É igualmente significativo o fato de que, em alguns locais como a avenida Paulis1a e o bairro de Santa Cecma tenha sido lançado de prédios - o que significa adesão - papel picado sobre a passeata de sócios e cooperadores ou sobre a fanfarrada entidade ... E pessoas que trabalham em escritó· riosnaque!aavenida,observandoacam· panha, compararam-na com outras ma· nifestaçõcs realizadas no mesmo local. E comentaram: "Ao contrário de tantas manifestações,ada TFPéordeiraenão perturba o trânsito". Eoindicemédiodcvcndadiária,nos primeiros dias de campanha, é bastan1e eloqüente e fala por si: mil exemplares!
... tendo iniciado então um cortejo que, após atravessar a praça Ramos de Azevedo, penetrou na rua Barão de ltapetininga, ..
... e depois de percorrer parte d.i, pr.i,ça da Repi.ibliu, entrou na ruo1 Vieira de Co1rvalho (foto). A passeata - acolhida com simp.itica curiosidade pelo público dirigiu-se aind.i, ao L;1rgo do Arouche, .i avenida Amaral Gurgel, à rua Mo1rquês de ltu, terminando na rua Martim Francisco, diante do Oratório de Nosu Senhor<! do1 Conceição,vitima dos terrorist.is.
Enquanto instr umentos musinis entoavam acordes e slogans eram proclamo1dos diante dos urros parados, propo1gandistas, de modo cêlere, ofereciam., ediçlio e~t,a de "Catolicismo"., seus ocupanlH.
Em grandes artêrias, tanto pedestres quan to lra.nseunles motorizados não podiam ignorar a campanha., a.nunci.i,da alravh de faixas, como também de slogans rit· mados, que eram proferidos mediante megafones.
eu exem lar da Edicão Extra de "Catolicismo"
CA TOUCISMO r-.O\IEMBRO 1937 - 11
No âmago da convergência, a questão alemã
Os111,istuqueobserv,1mdu
pl.1t.lfotmu o M1110 d,1 Vtrgonh.i tol,1docom11nist.1.dtBtrlim como1ump01min.1dos,
mttr.1lh.ido1u.1ulomltiu1, p1tdio,comj.lntl.1stportu mur,1du - rtlirim-se tm 5ilfncio, pe11i.li~,1do1.
CONVERGf:NC IA t ntrt comunismo e capitalismo: sim ou n!lo? 011robltma1ndaíervt ndo
nos jornais,nurt,·lstas,sobrt1u· donos la1os.!Uslnctrldadeno
con,·ereenclalismo de Gorbl· che,·! E os 1ntkomunh1u podem ddnr-se leu rpor eleoulhes tS·
tá armadauma anipuea? Oiema fcanden1eecrudalpa111nossos
dias."Carnlidsmo" w bre ele tom• po1içio ntsle tsh1do, 1n11lsandoapolfliuconv"l!nci1U1· u.tm suasor11enssovl~tlniittm seuinkiodeu«u~on1Alem1nha.
N Ao HÁ TURISTA que eonservejuntoaomurodeBrr-
lim - o Muro da Ver1onha - a
curiosidadedivmida,cfreqüenttmemedissipada.comqutter, pcrcorridoasmarcensdoRmo ouadrniradooscas1tlosdaRores1a Negra envol!os nas fri•s brumas da EuropaCentral.Sobreiudoo, brasileiros, por naturtzatlodetivos.Oquadro1gora échocantcefazctSSartoda alcgri1emqutmseapro,timadaquelasinistramuralha.Aconver• sadesaparece.Asfaccsalongamscccvitarnfi1ar-se.Asm.1quinas fotográficaspcndern,esquecidas, dosombros:atétricavislotuma imagcmanãoscreter. Vistosos camposminado,,asme1ralhadoras, arames farpados e outros obst.1eulosainda,01uristaretirascernsi lêncio.Quemfumaacendeumcigarroedclefazseuúni· cointerlocutor:parentcsprocurarndar-scasmãoscascs1reitam penalizados. Todos se afastam contristadoscomosccstivcssem cm face da mone. Mas, peri!,1ntase, não estivtram7 Cruu:s 10 lon· godomurorecordamvítirnasassas.sinadas na1fliçlo, própri11 quernfoa;cdocalabouço. Essa airnosftra h)gubre, entretanto, nloselimitaaBcrlim. Etascntendeàtoda\·as1afronteira entrt u duas panes da Alemanha. Hi,altrndisso,oscruéisempccilhos às viJitas que alcmln ocidentaisdcscjamfucraparen1esouamigosqueficaramnaAlernanhacomunista(RcpúblicaDemocr.1tica Alemã - ROA).
Quandorccrbcrnpcrmiuãopara v!-los,devernpagarpc,;adosim postosnafronteiraepassarpor humilhanteirupcçãopolicial,durantcaqual,somenteem 1983, duasptssoasmorrcram. Duas frações de um mesmo povo gemem, cada uma a seu modo. A oriemal, posta diretamtntesobojugocomunista; aocidcntal,aoprcscnciarscuspais,filhoseirmãos,tiranizadru,empobrecidoseencarcerados,dooutroladodomuro. Ogemidoininttrruptodopo"º'ermãnicoconnituicertamente,dentrodatragédiamundialda dominaçãocomuniJta,omaisdolorosodramadeconsciência do Mundo Livre.
Primeira tentativa malograda de convergência ARússiascmprefoiapropulsora notória da sujeição violtnta, n.ão$6dopnrnalem.ão, mastarnbbnde\·ilriasoutrasnaçõcs.Encerradaportr:isda'·cor-
ll - CATOLICISMO NOVEMBRO 1987
tina de ferro", n(M últim!M 70 anoselajamaisdeiJtoudetramar e ameaçar, infiltrar e subverter, incitando guerras e guerrilhas pra1icamtnteemtodasasnações livres. Com isso ela se isolou, também psicologicamente. O bom senso do Mundo Livre fez correr,emtornoda"coninade fcrro".umaoutraconinadehorrorededesconfiança. Entrc1uc, ademais,àpcnúria,consectària dosistcmaeconõmicomarJtista, suapossibilidadedeupanslloficouseriamtmeprtjudicada,sobretudonasúltimasdkadas(cfr. "Baldea,;J,oldeológicalnad,·tr1idaeDiilo10",PlinioCorrêade Oliveira, Editora Vera Cruz, 1974.p.23t ss.).Anleessequadro, a Rússia nlo renunciou il agressão; proeurou,emrttanto, colocar disfarcn para encobrir suallnsiadtsuprnnaciamundial. Propôsp12 a 1odocusto(oque lhe angariou valiosas conquistas armadas no Vietnã, Cambodge. Afcganis1ilo,Ni,;adi1u•e1c.),falouemdesarmamento,emadotareltmentoseconómicosdocapitalismo,pareccndoaspirar.assim,aumaconvcrgênciadeprin-
dpios com o prósptro mundo ocidental.Elacomavacornisso desmobi!iurresinênciaspsicoló1icasemSCtortllociden1aisaela infensos eganhar adtptosqutlhe e$lendtllsemamão,consen1indo najuncãodosdoissistemas. Os resuítados auferidos com taisdisfartes- imensos cm si mcsmos-nãoforamemrctantosuficiemcsparatiraraRússia, aosolhosdoOcidente,dcurnlu gardequarenttna.Adcsconfiançaprt\'aleceu.Asastucio=ofertasdel)l;z nlo atrairam intciramentt.Ealiberaliuç.ãoimerna? Asuspiciciaocidcmalnãoccdeu tlodcprcssaàsprimeirasooticias de abrandamento do rtgime mOSCO\'ita.
Glasnost Fazia-senecessárioumno"ºemaisladinoimpulsonaconvergênda. Em oumu palavras, eranecessirioqueaRúuiafaesscumabemcuidadatoiletle.disfarçandotmsuafaceaspcrmanenltl!Crispaçõcsdcódioedevolúpiadominadora.
Mikhai!Gorbachevfoioper sonagemescolhidopararetocar emprofundidadeadclicadamaquiagemsoviética. Guindadoao mais alto posto do Partido Comunista,jáfamITTOnoscomentários das "mass-media" ociden tais,emboraaindadesconhecido do público,começouaalardear liberalizações internas de caráter capitalistaedemocrálico,visando a aproximação de seu país comoMundoLivre.NistoconsisteasuaG/asnon.Jovempara opostoqueocupa,deaparência airosa, faz-se acompanhar de Raissa, sua desenvolta esposa, queaseuladofazacontradança da distensão, na mais recente quadri!hawviética.Sccretáriogc· raldoPCUS,vezporouuacrilicaoenormeatrasosocialrusso, acorrupçâoeoempcrramentodo sistema. Também a imprensa roviética, àqual foiestendida a novamaquiagem,cumprea determinaçiiodeser"livre",cpassa a reconhecer, com parcimônia embora,queogovernorussovem sescrvindodehospitaispsiquiátncosparaencarcerar seus opositores. R=ntementeapol!cia permiliuatémesmoarealizaçilo deuma ... grcveoperárla. Por,·czeso aparatodasdeclaraçõcsdeGorbachev,oude1eus delegados,édemoldeainfluirno homem ocidental, levado a ver nelas seriedade. Assim,ummatutinopaulistareproduziupartes dcumartigodcEugenyPrimakov,estreitocolaboradordosecretáriogeraldoPCUS,publicadono"Pravda",noqualscafirma: "A climinaçllodoconceilo da exporraçAo da re,·oluçAo é um irnpua/frodaeranuclear".Tal conceito"e,ulsuperado, c nJo cabenomundodchoje". Mais adiantcoartigoreconheceque "essaopiniàorontrariaumdos
Por t,~s da "Glasnost" a rulidade desemp,e("Charge"do "FranUurterAllgemeine Zeitung" de2-6-37).
...., 1:,·
,. .\.·· ., ... . . \l . ~ ,.·
.,,..,,.•. .
':X:
.,.) .,%~.
'l
gelo na Europa"{" Folhade S. Paulo", 11 -7-87).Essecomentáriode um6rgãodeimprcnsapaulista é elucidativo e merece destaque. Osrusrosconcebcmmaquiavclicamencesuaestratégiapolilica:paralevartodoo<xidenteao desarmamento é preciso antes quebrarogelonaEuropa.Rumo aessametaocaminhopassapcla Alemanha Ocidental, ponto mais dolorido da sensibili dade. seniiodaconsciência,do Mundo Livre.Conseguidoodegeioe,em conseqü1!ncia,aconverg1!nciaentreasduasA!emanhas,poderão ossoviéticos est endê-laaoMundoLivre.
Visita de Honecker à Repúplica Federal da Alemanha
principiosfundamenrai5dateorialeninisra"{"OfütadodeS. Paulo", 11-7-87). A Rússia aparece assim tão mudada e... convidando o<xidenceascdesarmar! Ela ostenta haverentendido,som cnteasora, queopcrigoacômicotornouim· possivclpcnsarnumacxponação darevolução,pois elaacabaria uazendoasuerra. Vi1acomisso ob1erumarepcrcussilodireiana psicologia otimista de governos ocidcntaísquc passariamaes1imularodesarmamcntonrn;Es1ados Unidos, mesmo unilateralmente. O resime do Cremlin sabe que obtido tal desarmamento, chancelado pomposamente por contratos,eleteriano,·aspossibilidadesdedominaçàomundial .A hist6riadcsteséculosugereapcrgunta:dequevalemtratadosassinadospela Rússia? Entretanto,asr=ntesmanifescaçôe!ideGorbachevexternandoodesejodc dilatar aG/asnos/, nãogarantiriamtais1racados?
Glasnost?
Arcfonnadaeconomiacda sociffiadcsoviética(apercstroika) scrveemprimeiralinh.aaofortalecimentodaeconomiadopaíse devemelh.orar emcodoomundo otãodiminuídoprestígiodeMoscoucdosocialismo.EsteéoconteúdododiscursodeLigach.ev, membro do Politburo do PCUS, nacidadcde Electroscal (pcrife-riade Moscou),em27deagosto passado.A Rússian~orenunciará futuramente ao socialismo, acrescentouLigach.cv,tidocomo osegundohomemnadireçãodo Cremlin.Classilícoudevàsasesperançasdaquelesqueelogiamas reformaspensandoqucseupa!s realizará um "nuocessodo50· cialimio em fa.-orda economia de mercado, do pluralismo ideológico c da democracia ocidenral". E ainda: "Jamaisnosa[UJrlenmos - - -- - - - - ~ · dc Lêninnemabriremosmlodas
conquistas do ,ocialismo'' ("Frankfuter Al!gemeine Zeicung",28-8-87) Ligachevniioé apresemado oomoumdosopositoresdaGlasll-05/deGorbachev.Aocontrário, ele a considera como "onodoxa".Escassimé,queconlíança sc podeternasinceridade do anúnciod e reformas,quc tamo ahoroçampaciflstasocidentais? Quatrodiasdepoisdescc discursodeElec1rostal,pronunciadodiantedelíderessoviéticos,o PC alemão oriental (SED), do qualErichHoneckerésccretário geral,emcomunicadoquelíguranaspáginasdojornal"Neucs Deutshland",assegura: ''Nllohá coexis1ênciaidoo!6gica.Nemconvergêndadesis1emas.(.. .)Somos e cominuaremos comunista>. Nosso programa partidário é e permaneccrává/ido"("FrankfurterAllgemeineZeitung",1-9-87) Sete dias mai, tarde E. Honecker partia em visitaoficial á Alemanha Ocidental em cumpri· mentoaoprogramacomunistade coc,.istência padflca, visando a convergênciaentreasduasfra çõ cs do amigo Estado germânico...
Gorbachevachoumaisprudente,anmdeviajaràRepúblicaFederalAlemã,permitirqueo secretário geral doPCgermãnicoorientalrealizasse, de 7a8de sctembropassado,suatãolongamenceprogramada-ealgumas veus adiada - viagem a Bonn. Assim se exprime o jornal alemão
Nobairro deWeddíng, em Berlim Ocident.tl,oMuroda Vergonh.t apresenta um aparente buraco do tamanho deumhomem.tduho , através do qual alguêmpoderi.t tenl.ir.iiug• pa,aoOcidente. En1retanto,oorificion..lo t rul , tr.1t.indo-sede um, pintura medi,1nle.iquil um berlinense desconhecido quis consignar seu prot"1o contr.1.idesuman.i barrei,adepedra,aolongoda qualvilriasnuzesindiumo trilgicofimdealgunsqu e tenta,amtu.mpô-la.
Congergência entre as duas partes da Alemanha "Gorbachev quer ter lígaçóesdirctascomospa{seseuropeusercduzirainfluênciadosfurados Unidos na Europa Ocidenta!. Antes de tudo é preciso vencerresistênciasnaA!emanhaOcidemal, aliada quase incondicional dos Estados Unidos cara-a cara com a Europa comunista ( ... )Os«re1áúogeraldoPCsovit1icofoiconvidadoparavisi1ar a Alemanha Ocidental. É uma dasviagenscomasquaismaissonha. Quebrar o gelo entre a Unillo Soviética e a Alemanha Ocidema!csignificaráquebraro CATOLICISMO NOVEMBRO 1987 - 13
"Westfalenpost '' de7-9·87:"He>mxker t um ,·dho comunista de ripo sta/inista, Vem A A lemanha represenraropapelque/hetditado pelo Crem/in e levar ao adonnecimenroaEuropacenrral eocidemal"(Apud"Frankfurter Al!tgemeine Zeitung", 8-9-87), Acelerar o degelo entre as duas A!emanhas,atravésdoadormedmentodaEuropalivre,éametapo!íticaguefazsentidodentro daguerrapsicológicamnvidapor Moscou. A chegada de Honecker a Bonnrepresentava portanto um trunfonessaguerraeumadorparaosalemiicsocidentais(enãosó paraestes)guedõejam,nãooreçonhedmento de dois Estados germinicos, mas a reunificação
Protestos contra ,1 visit,1 de Honechr naperiferi.ide8onn,
nheceuguesóseteriaaG/asnos/ guandovierumsucessordeHonecker(cfr."FrankfunerAllgemeineZeitung'' ,10-9-87).0bser vaçãoingênua,guedepositasuas esperançasnumsucessor,guandonaverdadeoqueestáemjo· gosãoosaltosinteressesdoco munismointernational
Manipulação das "mass-med ia"
Honecker loi.18onncomum,1 mi$sâo:obtercrédilos§em abra ndarosrigores domuro ["C ha1geffdo"Franklurter AllgemeineZeitung" de7-9.Sn
desuapátria,livredomarxismo opressor.Avisita,defato,independentementedescusre5ultados oficiais - uatadoseacordosfirmados - concorreparahabituar setoresdopúbliçoaointercãmbio amistosocomoopressorwmunista. O jornal "Rhein-NeckarZcitung" de8 de setembropassadoassimexprimeagueladorda chegada:"Guardasdehonra,bata/hôes,doishinos:s/loimagens quccausamdoratamoscidad!os - dor de cabeça e ccnamell/c dor nocoraç!otambém.(... )Enrretamo, apro,·a de que encontros
KGB refratária à Glasnost ... A SEGURANçA JURÍDICA do cidadão russo será regulada a partir de 1° de janeiro do próximo ano por nova lei, de 12 parágrafos, aprovada recentemente pelo Soviet Supremo e publicada em Moscou a 2 de julho passado. A possibilidade de recurso legal contra decisões do Estado permanecerá limitada em pontos essendais . Segundo o texto oficial, a lei, que deveria passar a reconhecer direitos fundamentais da pessoa até agora negados pelo comunismo, não permite que cidadãos apelem a tribunais em casos por ela caracterizados como atinentes a segredo e defesa do Estado. Assim, medidas do "Serviço de Segurança do Estado - KGB" não podem ser contestadas juridicamente. Segundo juristas do corpo diplomático, a lei continua, tal como antes, a por estreitos limites à segurança dos indivíduos. O ministro da Justiça interino Gubarev chamou a atenção para o fato de que continuam vedadas asqueixascontradcterminaçõesdeautoridadesligadasàscgurança do Estado - conceito este de ampla interpreiação na Rússia. Como se vl, as intromissões da onipotente KGB na vida dos cidadãos soviéticos permanecem intocáveis e isso também ocorrerá de futuro-, apesar do que blasona a Glasnost.
14 - CATOLICISMO NOVEMBRO 1987
assimconduzcmasrdaçõesa/cmifs a um pouco mais de normalidad~ de>·c ser ainda apresentada pela República Democrática da Alemanha" (Apud "frankfurter Allgemeine Zeirnng", 9-9-87). Em Paris, mesmo um jornal esguerdistacomo' 'Liberation", emsuaediçãode7desetembro último,apresentouumaponderação,própriaaguemseencontra do!adodecádasadiacortinade horrorededesronfiançaexistente emrelaçãoàsintençõescomunistas: "Éumabôlhame aproYaçlo conccdidaao11rquite1odom11ro qu~ ele possa transpô-lo ao som de fanfarrw;. Uma dw; mais famigerada.s a1iwdes do toralít11rismo comunisrarecebeu,assim,amais rompkra indulgencia" (Apud , "Frankfurter Al!gcmeinc Zei!Un8", 8-9-87) Honeckcr nào tinha muito mais a fazer na Alemanha livre alémdeservistockstejadoem cerimôminasoficiais.Semdúvida, tinha de conseguir também créditos e vantagens financeiras paraodepauperadose1ordaAlemanhaguetiraniza. Eosconseguiu.Seuprogramanãofoiintenso.Suasvisitas,aoladodeaplausosdossocialistas,foramscmpre acompanhada> de protestos, pedidosdeeliminaçãodo murode Berlimesuspensãodaordemde matar na fronteira. EmTrier,guandoochefecomunistavisitavaacasadeMarx, um jovem gritou-lhe: "Deliberdadeàminhamlfe!"{''Frankfurter Allgemeine Zeitung", ll -9-87) Em Düsseldorf, ao entrevistar-se com o governador socialista,oministrodotrabalho Blümgualificouaordemdedispararcontraosgue,desarmados, procuram a liberdade, como "wn escândalo". E, prosseguiu este: "A política nlfojustiiicaquesc deixedemencionaravio/açãodos direitoshumanos"("Frankfuner Allgemeine Zeitung", 8-9-87). Honeckerpennanec:eu, o!em· pointeiro,inílexívelameospedidosde umpouwmaisde liberdade paraosalemãesorientais. Em Tri er, um antigo companheiro seu, o prof. Leonhard, reco-
A televisão da República Democrâ1icaAlemãnoticiouavi!iitaemdiver,;as1ransmissõesrealizadasnodiadachegadaaBonn. Sóoscomentârios marcaram a diferença entre essas transmissões e o programa da TV ocidental. Imagem e som eram os mesmos. Nodia9ànoite,diaseguinte doretornodeHoneckeràAlemanha Oriental, os canais ARD e ZDF, da televisão da República Federal,transmitiramumprogramaarespeitodaswndiçõesdevidana Alemanha comunista. As grandesguestõespoliticasforam deixadas de lado. Deram preferbtciaacenasdoguotidiano;moradiasetrabalho,discotecasecasasnoturnas,teatros,a"performance" dos atletas, gerentes e cientistas.Ascenaseramapresentadasemrilmoacelerado, alternadascomcenasdoquotidiano daAlemanhalivre.Aimpressão causadanostelespectadoreseraa de que osestilosdevidaemamba,asAlemanhassãosemelhantes,setguenãosãoosmesmos. "Osfundamenwssobreosquais se erige o socialismo real opressão, violaç:io de direitos e chicanas-nãoforammostrados. (... )A tekvisâo(ocidcmal) convidou,assim,aseconsidcrar ameia ,·crdadecomosefossca wta/, cissoterásuascons~qü~ncias", comentou o jornalista Konrad Adam (' 'Frankfuner AIJ. gemeineZcitung", ll-9-87). Neste comentário pode-se identificar uma das importantes intençõesdavisita:velarosaspec1osdesumanosdocomunismoe daraimpressãodegueapossibilidadedeumaconvergêndaemre asduasfraçõesalemãs,sobosigno do socialismo, não al!erará profundamenteoguotidianoocidental.Nesteparticular,ocomunismoauferiuvantagensinapreciáveis. Enguantoogovernoakmãoocidentaltransferiasuasesperançasparaofuturo,osucessodavisitacoube,emlargamedida,aHonecker.Asmediacomunistasapressaram-scemapresentaressesucessocomocerto,e em acentuá-lo(dr."Frankfurter Al!gemeine Zeitung" , 11-9-87) Por outro lado, as insatisfações causadas pela presença de Honeckerna RepúblicaFederale os conseqüentes protestos mostram que os alemães ocidentais nloestàosedeixandoembairscm resistênciasequeocaminhoda convergência não é fácil. NelsonRibeirofragelli
Lembremo-nos dos mortos Túmulodt filipt Pot,mordomomordoOuudod1 Bor1onha, morto tm 1494, Museu de Oijon (Fm1ç1~ ht1 famop tKUltv11 fuMriri11pr~nt1umi1Hlilui1
dofaltddo,wstu11d1po,oito iiguruftminin.11tmtr1jHdt luto,11 qu1isstgur1m tKucloJ
d11uw1 quttst.1btltç",1m 1li1nç1 com il bmili1 do fin1do.
'' LEs MORTS vonl vilt" -01mor101vãodcrprena,diz conhecidodiladofranch.Podcriamo1acrc1centar-lheoprovérbioportugu~"Longcdosolho1, !on~docoraçio'',paraexprimir bem a rapidez com que a kmbrançados manos se apaga da memôriadosvivos. JiSan10Aso11inho,nosécu-
lo IV, se queixava de que "os manos $lo muito esqutridos. Vai-srlo,oam(fflóri.,dosl:kf1.m1os com os ültimos dobrd do sino e /IS demtdeiriu flollf /&nçadas sobre I S<pu/1ura" (I). Mkamort~l csapicnciuim1,algrej1,par1auxiliar1fr1queza de OO$Sa memória, instituiu
afestadcfinadosparaquc,pelo menos nnsc dia, nos lembremos "daquclesqucnosp~er11m marcados com o sinal da Fi" mas
que,imperfcitosaindaparacomparecerdiantedoDeustrês,·ezcs Santo,pauampelaschamaspurificadoras do Purgatório
Histórico da Festa Desde seus primórdios a Santalgrejarezaporessesscus!ílhosespecialmentenoSamoSaçriíiciodaMissa. Uma data especi!ícameme consqradaaosmortos,porém, 1urgiuapenasnoséculoX, com Santo Odilon, AbadcdeCluny, ct!ebreabadiaquedesempenhou p1pelsalicn1cnaformaçãodoespiritopredominan1enaépocado apogeu medieval. OSancoAbadeestabelecerao dia2dcnovembroparaquesecomemorusc, em todos os mosteiros da ordem. seus falecidos, e queporclessedobrassemossinos,OexcmplodcCluny-que em seu apogeu contl\·a com mais demilmostcirosdependmtes,QpalhadosportodaaEuropafoilogoquidoporoutrosmosteiros e a.numido pela Igreja Unlve~. Uma das razõc:s ix-tas quais tlodepressanoscsquecemosdc nossosmonoséofatode nós mesmos pensarmos muito pouco
namoneenoqucsclhcscauc. Os derradeiros acontecimentos pelosquaistodostcmosquepas, sareaosquaiialgrejachamade "Novíssimos" - que em latim significa"asúhimascoisas"são;aMorte,oJuízo,olnfcrno coParaiso.Por isso; "Pennnos tcusnovissimoscjamaisp«arh
rfrmamrmr" nô-lo recomenda a Sagrada Escritura{Ecl. 7, 40). É-nos, cntretanto,muitomais cômodo "canonizarmos" bem depressaosnossosdcfumos,paranosdesembaraçarmostambtm daséricdcreílexôesquesuaslcmbrançasnosdc,·criam sugerir. E aspobresalmasficamassimesquecidas,apuraarnaquclclugar de dor no qual nlo podem ter maismcrecimmtospara50COTTCT· seasipróprias.Jssoporqueos méritosWpodcmscradquiridos ncstavidamonal: "Df'usnb/am<'rlle <kterminou que, apó:s um periododeprovaçlorniqucp0demosmcr«crelksrrrcrtCff",CM-
gásscmosaorermooncleficaremos para 5emprc fiudos no Nrado cm quc11 mor1c nos ro/hcr" (2). Com efeito, "11 alma do purgatório, embora po.ua r1pon1antamentt pra1fr;ar aros wbrcn11rurais,ronrudo,pclofarodees-
taratrastatumviae(fora,ji,do
estado de viajame para a Pátria cclestr) nlo pode merecer nem r;resccrnacllridade.Conscqüenttmtnrt, nlo pode Slllisfazer (... ) (posroque)an1isfaçAo émtrtccr11rtmissAodapena,a1ra.vésde pcn115vo/untári11Sdestavida"(3).
Éclaroquc,porcstaremjálivres da condenaç.lo etema, sofrememmeioàa!egriadc!óesabercmsalvas.Mas"esscconren1amcn10(. .. )mfo/hes1ira uma parccladosJCussofrimentos;lon6tdisso,oamorq ueseencontra rerardado,causa-lhespcna,ea pcnacresccAmedida.dapufeíçJo do amor de que Drus 115 tornou capazes", como revela a
arandcvidcnteitalianaSantaCatarinadeGfnova. "Seela(11a/ma)pudesscdesrobrirourropurga1óriomais1errfre/-acresccn-
1a a Santa - nele JC prn:ipi111ria, •fram<'rlte/mpclidapclaimpetUOsidadedoamorqueaisre<'rltrc Dcusec/1,afimde5elivrvmai1 rapidam<'rltederudooqurnela aseparadoSumoBcm"(4).
Pelofatodenlomaispoderem mer~r, ficam essas almas maisdcpendmtc:sdaTerradoque doCál, opina o Pe. Fabef, famoso convertido ingl!s do século passado{S).Osmembrosdalgreja Militante u podem ajudar com suas orações, esmolas, penitênciasesobrctudoofcre.:endo ou assistindoporelasoSantoSacriílcio da Missa. É por isso também qucal11rcjacon~etantasindullfnciasplenáriM11.plicáveisàsal mas do Pur1a1ório
Manifestações Inúmeros são os casos em que essas benditas almas r~bem permissàodc Deus para se faze. remperccbcreassimscremlembradas e obterem orações. Há mesmo cm Roma uma i1reja na qual funciona impressionante mustudcmanifestaçõespalpáveis das almas do Purptório {cfr. "Catolicismo". n~ 359, novcmbro de 1980). Ju!aamos ilus1ra1ivo contar aquiumfatoqueororreun0Chile,cmmead05dcstcséculo,cquc
Jnu1Cri1lodHct10 Limbot libtrb os11nl05doAntigo Tt1l1mtrrto - Afrtseo de Simone M11tini (IK.X IV). i1rej1 deS1nt1 Mui1Novtll1, Florenç1(lliili1).
CATOUCISMO NOVEMBRO 1987 - 15
01tltilM - Dtt.1lhedoquad,o "Ju iio fin:.al", fr,1Angélico(stc. lV),AcadtmiadtBtluArtts, Flortnça{ltili•k
nosfoinarradoporpessoadigna dccrtdito. Após a morte do via:ário de uma pequena cidade da resião centraldaquckpaísandino,nenhumoutrosaccrdotcconscguia subsü1ul-lo,1.Wcramosfatoscs1ranhosquel,começaramaocorrer.Depoi.ldcv'1iastcma1ivasinrru1fferu,0Bispod~chamouumsaccrdotcdecomprovada vinudc e força de caráter, uplicando-lheasituaçãodaquela paróquia c oícrcccndo-lhc o caraocomomciodcprntargrandc serviço a Deus e às almas. O sacerdote aceitou. Chcgandoàcidadezinha,com muitaalegriadosseushabitantcs, oelcbrouaSantaMissarcintrodutindooSantínimo Sacramento no tabcrnkulo tanto tempo vazio. Assim iniciou o seu ministfrio. Nessanoite,ntandoarer.aro brcvi,riojuntoaoaltar-morda igrrjavaziaesikncio$a,dcrepente ouviu, $0bre55altado, um pasoroso estrondo. A$ ponas do tcmplo abritam-se com violellcia, eo berrcirodeumamultidãoqucinvadiaortoemo~adoecoouassustadoramentcnclc.Voltando-se parau,s,osacerdotcnadamaiJ perccbeu.Nomcsmoinstame,tudo cessara como por encanto, e elepodianotarapcnasapcnumbraemqueeuavaimersaanavc ecntral,lcvcmcnteilurninadaaqui ealiporrntosde,·clasqucardiamjuntoaala:umaimagem. Osactrdotcr«OJ11CÇOUobrevi,rio procurando acalmar-se, mu, mal apeou o fizera, a mcsma fantistica cena sc rcpctiu. E assim uma terceira e uma quana vei.Muitoimprcuionadoportal manifestação de um poder aparcntemcnte pretcmatural, o saccrdotescretirouparaacasaparoquial,ondctcrminouobreviário, e foi deitar-se. No instante em queapaa;oua!uz,oquanofoiinvadidoporumruldo infcrnal dc ana:ustiantcsgcmidosdcdor,grito1dilaoerantcsedcarrastar dc ptscpcsadascorrcntes.Quando 1oendniatu1,tudoccssou.Tlo losocon5C&uiuconritiaro$0nO, foidcspcn1do,domesmomodo. E auim sucedeu até a manhã seguinte. Reecando que pudesse ter ocorido algum grave crime ou profanaçlonaque!esrecintos,o sacerdote procedeu, no mesmo dia,aumfervoroso,atentoemetkulosoexorrismo. Ànoite,porém,tudosepassoucomonodia interior. Essccstadodecoisasdantesco, que fizera fuj:lr espavoridos seuJantecessorcs,nãofezdesistir cuc homem de Deus, dOlado de maiorcspirito sobrenatural.
h'
Tinhadchavcra1&umaoplicação parataisfenõmenoseelcimplorava à Vira:cm que a nzcssc conhecer. Nessa intenção celebrou • SantaMinanamanh1scguince. Resotvcu,dcpois, examinartodos OJpa~iJcxistcntcsnasacristia, oqucnão1iver1tempoatécntão deíai:er.Folheandoaoacaso uma agenda de seu antecessor, que havia morrido, constatou, comsurpresa,acxistfflriadequaseumacentenadeMissa.spcdidas cm sufr.i.griodasalmasdefalecidos,equenãohaviamsidocclebradas. Fiar luJC! Encontrara a chavedomisttrio:taisalmasquc gemiam noPuraatório,csquccidaspclodescuidooufaltadeu,. lodovig.i.rioanterior,depcnden· tesintciramcntedasoraçõcsque porelasscfizcsscrnn1Terra,pudcram,pornpccialpmnissãodivina,manifcstar-sedaquclcestrcpitoso modo a fim de serem lembradas. Oeonseiendososacerdotetomou$0bresiarcsponsabilidade deoelebrarporaquelasimençõcs, equlçátenhaacresccntadoal11umu Miuas também pelo antigo vig.i.rio,qucbcmpoderiaeswnn Purgatório em vinude daquela vavcfalta.Dcsscmodo,arcfcrida paróquia voltou à normalidade.
Finados e Todos os Santos As comemorações de Todos os Santos e Finados formam de fatoumasó,ponderaoconhecido historiador da Igreja, Pe. Rohrbacher.Argumentaelequc, deumladoéalgrejaMilitante que sc diri&c à Triunfante, no Ciu. De outro, volt&·SC também paraal.arejaPadeecnte,noPurgatório. "E•caridadc,maisfone queamonc,une(euasrr&par-
16 - CATOLICISMO NOVEMBRO 1%7
tesda /greja)doClu.i.1m11edes1a ao Pur,•1ório" (6). lâ:norm1lcadafanuliacatólicatcr,apardeseusmonos,que aindanloalcançaramaglóriacelestecporqucmdc-o·crczarnodia deFinados,scussantos(nãocstamosfalandodossantOlicanonizadoJ),aosquaisénaturalque recorra,na comemoraçãodcTodos os Santos. Com efeito, não é normal a famíliacató!icaoontarcomaintercess.ãodealgumoualgunsdc seusmembrosqueche&aramao CnJ,scj1mpcsSO&$comousoda rulo(pusandoounãopclo Pura:atório),scjamcriançasfalecidu antcsdodesabrochardaoonscimcia e que conservaram intacta a inodncia bati§mal? Estas, sca:undoadoutrinacatólica,a:oz.am i•daetcrnafclicidadc. Santa Tercsinha do Menino Je5us,quetinhamuitadevoçãoa
r.cus irmiotinhos falecidos cm idadedecriançadeberço,declaraterreecbidomuitas&raçaspor sua interccsdo. Façamos o me5mo. Afon$0dfSouza
,_ (l)Ai,udM0<11. A1Clniollnndio. "S,,. <.,..,..,,.,..,po1,r.,,.tnwdoPur1at6rio ... Ed.Pt"linto,SloPtulo.1!167 mcrr.A.O.TonqU«ey."Cornplr>diod< T«>lop&A!Mia.,Mlllica ... oraduçlc<lo Pe. Or. Joio Ferreira Fon1<0, 1.1.,.,;, dllmpr<nsa.Parto,$'«1 .• 1 (J)Cfr.Pe.~Sl,"0.NoYissimi>"". io.'"Sl<nt-Y-.,Sununa··.BAc.Madrid.od. JV.p. 101!. (')Cfr.A. D.T-ey,0pc.ri1 .• a.1J! (')Cfr.~. F'ndericoll,'ilwlr.fabr,-.'""fa.
:r,;:<~_"fi'
,,.,porJnu,''.tdiçlocm......__ sa.H.o.,.;.,,l.Mdro.Edi«>r.kiod< Ja...;u,.Pari,o.Typ. Ganiiu.Mayau,e. frUÇ&.l!<d .• p.Jl2. (6) Cfr. Abbt ltobrba<b<r", ""Vi<O dos Sai nu". G1um~F,<ru. Libui«•· tdi1nrn.Ptri1.1,~.1ornoVI.P9.ltU.
~AfoUCISMO---.. DIN'l°"PtuloCO<mld<BritoFUbo ~~--ll:T1k-T&kahuhi-R.,;,,rtdonaDRT-SPaotron!
Jt,.,jafN:lhsaM&RimF,&Dru<0.66l-0IZ26-SloP-.Sl"/ RutdosGci· ,-.191-28100-carn..,..11.1 Gtthda: autManlm Francisco.66l - 01l26-Slo Paulo.SP-Td: (Oll) m.17,,(fllnlalU!) ~ ~ = s i , - ~ : : ~ ~ ~.. Grt l'ku L«II. - ..... ll<rnadir,od< Campoo. lm~-: Anpr<01 Popti,,AnaGrtf..:ú Ltdl- Rua J. . . 681 -OllJO -S&<>Paulo.SP ~~~-oli<:i,mo·· 1 "m• publioçto ,,,....,., d1 Emp, ... Padre B<khior de Pon1<0
.,..,d,
A,olHl~ra ....1: b<nfokor Cd J.000,00; bct,fo,tor ClS J.800.00; 000,. pen,dor Cd 990,00; comum Cd 7JO,OO. Emrw: (Yia oom.) benfeitor lJSS 60.00; """'"mUSSl0,00 O,paaarn<r1t01,,lffl!p<<<m1101D<da E".mpttUPod,.B<l<t,loroJt--Lldo.,
,pod<,loteroocamillhadoit<l<rmcia.Paramudanç,,d<~d<IUi"""'" _ _ _ ,ambémoendacçoanti&o. A ~ r d a l i > 0 1aullwurot,·<11dao,-ulsapodc""<r1'iadatGerfnê>·ltuaMtnimf,...ct1ro, 1 ~N-! Scriot Nwnba - OH)l,1$02
1;:~~-
"Teologia das Ocupações" '' OouE
ESTÁ emjogonesfastXUp.iç&s [de terras, na Zona Leste paulista], c no ap6io que a fguja está dando, nlo I somente o problema da habitaçAo. No fundo esr;il cm }0&0,tslil-se($ir;)questionandocomasocvpaçóa os doiJ pilam do sis1cma capitalista: , propricdark privada e o mtTt:ado ( ... ). "l$tosignificaqucseaproprirdadcpri-
v11dadostcrrtnos alocstio (sic)cumprlndo asuafunflosoclal(isto é,darmoradiaaofX>'
vo), opo,·01tmdlrtitodccxccu111rahipotc-
c1: tomuasttn-up,uaconsrruirmoradias
( ... ). "Omo•i-nforkOC11paç,k,(••• )tstisendo roordtoado pda Pas1or11I da Tem, da Rc-
tíllo Silo Miauc/ (Movimcnro dos Sem-Terra
e J.tovimcnto de Urbanizaçlo dt Fai·clas aforça maisrcprcsentatfra-,pclaUni/lodc Mo,1mMI0 de Favdas (ligado 110 PC do B) e 1/g1111s ~ore, do PT(. .. ).
"A lura csri ~o 1ra,"11da. Prccisamosesco/htr: r,nr roma ~pl/1/isma, C'Om a sisttm1 dt praprkdadt pri.-ad1 t dt mtll'ltda, a11 com a Projtfo dt Dtus (... )!" (destaques nossos). Taléottordolivreto"TeologiadasOcupa.ções". publicado em maio deste ana pelo lnsti1uto de Ttolosia Silo Mi1uel e CEMI (CemrodeComunicaçãoe Educaçt o PopulardeSàoMisucl), sobaresponsabilidadedo Padre Jung M0Su111. Nan01aintrodutória,aorenahar1op0rtunidadedapublicação,oautorexplicaser "importante a /uia no campo das id~ias: as id~in que 1rreNr1m u mulridócJ se 1ornam armas,porÍS$<Jprmsamossabcrm1mcjA-las". Rei:onh.-.:e, assim, de forma explkila, o papelfundamentalda"com,cientiiacào"dou triniriaparapreparareexccutarasinvasõcs, o que constitui um verdadeiro procnso de "baldeaçãoidtolósicainadvenida",aose uamformarem as hordas de ocupantes cm au t~ntica massa de manobra, com vistas à suprffi.ãoooBruildapropricdadcprivadacinsu .uraçãodosocialbmo. Raras vnes um docu.memo oriundo da "esqucrdacatólica·•ousouconfe$$11"tloabtr1amentc,ep0rinteiro,essasuaúltimameta, ~mcomoopapelcentralqucdescmpenhana articulaçlodomovimentodasinvasõcslado aladocominsignificantescorpúsculosmarximu, como o PC do B. No entender dnses próttrcs comunocatólicm,par.-«tH.soadoahoraemquea propagandaeamufladaefragmenti.ria,desuas tcscs(comovinhascndodesenvolvidaatto prescnte),deveriaceder!ugaraumaexp0siçlonuaecruadeseussinistrosdes!1nios,numa linguagem i' aaora dnpida de semi,·crdadesemeias-Qlutelas. Que significar,. no momcnio atual, nsa manifesta mudança de tética? lmponaressa!tar,,:mre1anto,queoplanocontinuaaserexecu1adosobumaroupaacmcatólica, aoserapresentado,cmborade mododeturp.Qdo,oeminamentodalgrcjasobrea funçãosocial da propricdade. Scgundotalnrõncaconcepção,ocarcme deve,·crcmtodoo1basuidoumladrãooqual dettmdemodoindtbitoalgodaquiloaque ocaremtteriadireitocstrito. Emvistadino, aocarentctocaodireitodeavançarpurae simplcsmente-dcporreteefacanamlo,se forpreciso-contraoabastado,earrancar-
lh.eoneccssério,quersetratedebensmóveis. quer de imóveis ' Quanto ao papd da caridade cristã para resolverpacificamentesi1ua,;õesdcssanatureza,1 "esquerdacat6lica." nadadiz.0uquase nada. Da justiça comuta!iva, mediante a qual a!gufmde-,·epagaroquecomprou,oufomcceroque,·endeu,cdadistinçãomtrecs.sajus• tiçacadistributiva,tampouco. Dcstaforma,ba~eada numa noção assim empobrecida do que seja a justiça social, a "csquerdaca1ólica"investecontratodaaordcmsócio-econômicaviaente. Dalseexplica,porcxemplo,queacada,·n mai!freqüentecousadaresiuhciadosinvasoresàJsucmi,·a.sordensdcdcspejojudicial, nasdivers111crrasocupadas,sejafru1odircto da cxonação "conscicntizadora" de tais eclesillsticos.inimigosael!rrimosevisoo-aisdo regime da propriedade privada e da livre iniciativa. À medida que lições "teológicas" desse ,iaczproliferampeloPaísevãosendofielmentc execu1ad11,oinc!ndiodorcformismoa1rourbanopropaga-secélere, cau1andomortcse devastações sem conta. Assim,desdeoprincipiodoanoatémea• dosdeoutubro,coletamos cercademiletrezcntos rei:ones .sobre o tema, estampados peLa imprensa diiria, cm tod1 a ,·astidão do 1erri16rlonacional. Aseguir,algumexemplossignificativos: • Ntstta no, 140 mortes Scaundo a Coordenadoria de Conflitos Agr;irios (CCA) do Mininério da Reforma e doDcsen\·olvimentoAgrério,asccndea 140 onúmcrodemonesp rovocadasporronflitosdeterraregisuadosattmeadosde outubro. Conforme relatório elaborado pela mencionadacoordenadoria,oMaranh.ãoéoEstadoquereaistravamaiornúmerodemortes por,·iolhcia:21.
Nosúltimoscincoanos,emtodasasinvasõcsdcterrasocorrid a.semManaus , a lrmA HelenaCorreaWalcol1t1cveparticipaçãoativa.Ul1imamente,comandavaaocupaçãode umaglehanomunicipiodelranduba,aquinuquil6metrosdacapi1al, quandocapan1as porelacontratadosparacxecutaratarefaacabaram provocando umconnitoarmado, do quatv,riaspessoassairam feridas. Amencionadafreira-pertenccnceà0rdem dos Adoradores do SanauedeCristo e integrante da Comissão Pastoral da Terra teve, então, sua prisão prc\·entiva decretada pelojuizOóvi!AlbuqucrquedaMata,titular da 3~ Vua Criminal ("Correio Bratiliense"', 8-10-87). ºPldremandareslsllr,Pollda.0Biipo apóia. Foinccess.triomobilizar50policiaismilitarnparaqucosoficiaisd,Ju,tiçapudesscm cumpriraaçlodercintcgr1,;ãodeJ)OSMd.um terreno no Jardim Aurora, Zona Leste J)l!U· lista. O Padre Antonio Luiz Marchioni, conheddocomo "Tícii.o" , um doscoordenadorcsdaPutoraldaTerradaRc&iloLcsie,in-
0Pt.AntonioluizMmhioni,conh-ecido comoP1drcHTitlo"
citouosprescntesàresistência.Foidetidoe enviado num camburão para o44~ Distrito PolicialdeGuaianazcs.Logoaseguir,porém, 1delcgaciafoiinvadidaporumarupodcpessoascantandohin0$rcligiosos.Afrence,0Bispo D. Angélico Slndalo Bernardino, que após abraçaroscdiciosoPadre"Ticlo",discursou, 1onitruamc: "/ssoquecsliÍ arontecendaéa seqüência da canalha. OEstadonlocumpre asuaobrisaç.loetrataopovocomobandido (... ).Nosvinteanosdedi1adur11,11cnhumpadrcfoiprcso11aZonaLts1t. Foi uma atitude canalha, obandirismoestatal". Nomomentodcuccuçãodasentcnçade reimq;raçlod,possc,odclegadotitu!arRobertoJoãoJuliãoexplicou: "OPadrc,Mlrda Keiko Mariano Kauago e Se/ma Rei/na Nunes(queajudavamosaccrdoteaimpedir o despejo] foramindiciadosporincitaç.loao crime. Eles remaram impedir que uma ordem judicial f = cumprida. Esse tum crime prc•is1onoartf$o 186 do Códiso Penal, t • pena t de trk a seis meses de dctcnç.lo. Porém, foram sei/os, depois de pagar uma fiança" ("JornaldaTardc",2-l0-87e "'0SioPau1o"", 9a !5-l0-87). • lnn ro(S: prósp,eni "indú~trla" "Alesrloasim-.u&Jdercrr1Jederonjun1os babiradonais controladas e manipu/a. daJ por geme conhecida. O mesmo que se faz com as rcrras distribu(das. se fu a,ora wm os apartamentos invadidos: vende-seo~spaço ocupado. i mais ou menos assim: o 111vascr rcúne seu grupo e passa a reivindicar 1errasouietos.Quandoolncraaindadistribuía /01cspara colonizaçJo, osronremp/adosreccbiamos1í11tlose(kpoisre•·cndiamparac.amioneirosouparaourrosro/onos. "Na questlo dos apanam.-ntos invadid05 s 1&:nica é I mesma. porque os menrores das invasóe5sioosmesmos.SA01/loconhecidos qucosjornali$tasqucfucmnormalmenrea cobatura d=acontmmcnrosjA os identificam cnrrc a massa que reivindic.a. U cstavam eles na dos bancários. dos fum:ionAri0$ públicos, do ma,is1fflo e. a,ora, sJlo invasorcsdeconjuntoshabilacion1is(... ). '"0incríve/tquenfose1oma11e11huma providinciaparaqu.-~acabecomomarketia,daim·asllo". Estedoqüente depoimentodojomalista RogffiO Mendclski ("Jornal do Com~cio", PonoAlerre, 17-8-87).sobrcoquevemocorrendopanicularmenteemtcrrasgaúchasdt5· cre,·c,narealidadc,emsuasgrandcslinhas, um fenômeno nacional. Armando Braio Ani
,,...,."t
CATOLICISMO NOVEMBRO 1937 - 17
TFPsemacão . Apontados os males da estatização dos bancos U MA- Foi recentemente aprovada noPeruumalei,deorigempresidencial, es1atízando1odoosistemafimlllcrirodo Pais. Apesardasfortes rea,;õeshavídas, oGovernoest.iocupandoosbaocospela
O documento, que su1ere também o re111bclecimentoplenododirei1odepropriedadeedalivreinici1.tiva,comosoluçloparaacriseemq1.1eseencon1ra1.«onomiapcruan.a,obte-.·egranderepcrcusslo,tendosidopublicadoemscçlolivre, deduaspiginas,nosjornais"EI Comercio"e .. Expresso"deLima,e"Corrco" deArequlpa
Ecleslêsticos apoiam
força.
Anteriormente à aprovação da lei, em mensagem dirigida ao Presidente Al;m
Garcia, o Núcleo Peruano Tradição, Familia e Propriedade formulou apelo no
scnlidodequefosseretiradooprojeto, poisektransfcreparaoE.!tadotodoo ,istcma bandrio do pais. Aomesmotempo,50licitouquefosseoonvocadauma=isslosuprapartidiria, composta de personalidades e tknioos de reconhecida competência, com oobjetivodeanalisarafundoos resultadosdacstatizaçlopromovidapelasditadurasmilitaresdadécadapassada. Dispondodeuminformedocumenta-
dosobreodescalabroresutuuuedessaesratiz.ação - pro»que a mell!llgem - a Nação poderia, atrav6 de um amplo dcbatc, dccidir sob~ a oonveniência de no-
va.s medidas estatizames, como a que atingeosbaru:os. E1u1creaindaaconvocação de um p\ebi5cito para elucidar quaissãoasverdadcirasMpiraçõesda maioriadap0pulação,demodoqueesta n.tosc:jalançadanumaaventuracontra sua própria vontade.
Entrea.smanifestaçõ,esdeapoioreccbidas pelo Núcleo Peruano da TFP, destaca-seamensagemdesolidariedade, também publicadanaquelesjornais,da parte de D. Oton ie! Alcedo, Bisp0 Emérito de Ayacud10, e D. Florendo Romani, Bisp0 Emérito de Huancave!ica, bem como de 129sacerdotesdo país. Em sua moção, os si&natArioscritkam olaicismocontemporãneo,oquallcvaas pessoasaconsiderarosproblema.s,como oda estatização em foco,stmlevarern contasc:usaspectosmorais.Es1es,entretan10,ponderamoseclesiâsticos,sãojudidoHmente anafaados pela TFP com basenadoutrinadaSantal1rejaedaLei Moral. Finalizando,oseclesiAsticosafirmam queototalitarismodoEstadon.losc:restrinae aos Bancos, mas estende-se a ioda avidawcial. Éocaso,porexemplo,da promoçãodocomroledanatalidadepor métodos reprovados pela Igreja. Etambémdajurisdiçãoe:;;tatalsobreoscadâveres,salvoocasoemqueoscidadãos · emitam disp0sição em contrário.
CALI, Colômbia - A Sociedade Colombiana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade promoveu nesta cidade uma jornada de formação cult ural, da qual participaram jovens de Cali, Bogotá e Medellin. A programação, desenvolvida ao longo de quatro dias, contou com palestras, peças teatrais e jogos de inspiração medieval. Os participantes realizaram também uma caminhada a um dos pontos mais altos da colina que circunda a cidade, para rezar o Terço junto à imagem de Nossa Senhora de Yanacona.s. Na foto, os jovens partindo para a caminhada.
18 - CATOLICISMO NOVEMBRO 1987
y1unuev1 guura_
EL
BANCO DE TIERRAS
Coletivização ameaça a Espanha MAORI - A ooletivizaçio da cstrunua agropecuâri.a espanhola, mm que os revolucion.iriosmarxistasnãocomeguitarnimplanwpelaforçanadé(adadeJO, correorisoodeseefe1ivardemodogradativo em nossos dias. Não com uma lei única de reforma agrària, mas sim par meiodeumatorrentedcleisdecar.iter n.adonalouregional,baseadasnoprograma do Partido Socialista Opcràrio Espanhol (PSOE), atualmente no poder. Uma dcuas lci5 aboliu de uma va nada menos do que oito mil C&m.aras A&ri· rias,tradicionalscorpora,;õespúblicas queprcst.avamvaliosoauxllioaosaancultores.Outraleipassouparaodomlnioestataltodasaságuasutilizadasnairrígação,ouseja,fontes,riachosel~ssubterrineos. Sem dúvida alguma, a maior revo!uçãoqueosocialismoten1aagora imp0rnaEspanhaoonsistenumasériede rtforrnas agr.irias que estio SCT1do implantadas, oom caracterlsticas própria.s. rmdivnusrcgiões. ASociedadeEspanholadeDcfesada Tradi,;lo,FamíliacPTOpriedadcacabadc publicarosubstaodosoestudo"LasReformaJ Avarias de Anda!uda, Extremadura y Aragón - Paw pionero dei PSOE rumbo ai oomunismo". Al~m de analisar p0rmenorizadamcmcosdiversos projc-
tosa,ro-reformistas,osquaistentamimplirdt fora paradentrowluçõesdelaboratórioalheiasàvidaeaoscostumes dopovoespanhol,contémeleumafundarnentação doutrinária do direito de propricdadcsegundooensinarnentotradidonal da !areja. Corno tam~m um relato do fiasco de experiência.s si milares de reforma qrá.ria cm outros países. Conforme ress.alta a TFP espanhola, talpublicaçãoatendeaooferecimcntode diilo,o formulado ~terada.s vci.cs por líderes sociaHsuu dc Andatuzia, ExtremaduraeAragão.quediziam desejar um amplodebatcsobreosseusplanos. Simomá.1icasrcaçõesdedescomemammtoanteainve:stidaagro-reformÍ$1ajá. se f:uem notar. Produtores rurais não 1tmlimii.dosuasmanifestaçõesaronfertndascmsuai;en1idadesdecl.as.sc:passeatascomtratorcscfaixas1êmlevado oproblemaaoconh«imentodopúblico eàspáainasdosjornais. Comvistasaatrairaatcnçãodctodososespanhóisparaoperigoquerepresentam tais reformas, a TFP elaborou aindasuaestivosíolhetos,comvtrsose historietuilusttadas.Umdes!ic:Sprospec· toscomparaaatualim·estidadocolMivismoagr,rioàinvuàoda Espanhapelas tropas de Bonapane, no stculo pas51do. Esuierequeopovoespanholdefenda hoje, com roer~nda, como o soube fam nou1ras épocas, seu5 legítimosdireitosesuastradições.
BAGÉ - Os ruralistas gaúchos puderam açompanhar dt perto a rectnte campanha promovida pela TFPdtdifusão do livro " Reforma Agrária: ''terra prometida", fa ,·ela rural ou "kolkhozes"? misttfrio que a TFP desvenda", do advogado Atilio Guilherme Faoro. Tal obra teve sua segunda edição lançada nesta cidade, em stand montado na Feira Agropecuária, tendo atraido sobremodo a atenção dos visitantes. O livro de Atilio Guilherme Faoro, lançado em setembro último, foi largamente divulgado no País,atravésdecaravanastduplasd e propagandistas, que vis itaram 172 cidades de 14 Estados da Federação.
Agressões à língua portuguesa E scREVER E FALAR corrctamtnte sempre foi um valoraprcdadopelahumanidade,desdequeestadeixou a barbárie. Entretanto, faltando apenas doze anos para chcgarmosaoano2.(X)(),quer-sematarailnguaportugucsa pelo abandono da gramática, da sintaxe e da ortografia. Foi lançado recent emente, em dois volumes e com ilustraçõescoloridas,um "dieionário"queadulteraagrafia dt palavras, utilizando uma estranha "linguagem especial para a petizada". Só o 1íiulo da obra já é uma agressão à lingua pátria; " Dbcioná.rio da Xuxa" (Xuxa éoapelidodeumaapresentadoradetele\·isão,quesedestaca tristemente pela promoção de programas indec;orosos para as crianças). Como judiciosamente observou um leitor do ''Jornal do Brasil'', cm cana publicada na edição de 18-8-87, tal "dicionário" "poder:l rrtardar o natural procrsso de aprendizagem das crianças, inclusive introduzindo vícios na escrita e na fala, diffceis de serem eliminados, bem como agral'ar dificuldades de dicçAo que apresentem". Masnãosetrataapenasdessatxtravagãncia. Também o trad icional diiado e cópia de palavras, utilizados tficitnttmente como exercícios dr aprendizagem, estão sendo abandonados nas escolas. Tentando explicar ara-
/!ão do no\·o método, a professora Esther Grossi - coordenadora do Grupo de Estudos sobre i\·IModologia de P esquisa t Ação (Gempa), de Pono Akgrt - observa, de modo desconctnante, que, definindo o qut é ctno t errado atravk das correções das ditados, o professor ini• bcoprocessodebuscadosalunos(cfr. "FolhadcS. Paulo", 10-8-87). A propósito, é oportuno lembrar que adiferença entre a verdade ro erro se baseia no princípio de náo contradição - fundamento de toda a vida intelectual e, portanto. da verdadeira cultura. De outro lado, oprofcssordelinguísticada Universidade Estadual de Campinas, João Gcraldi, lançou um método dt tnsino da língua po rtuguesa que dispensa o livro didático. Criticando o en5ino tradicional da gramática, diitlt que é importante respeitara variedadt lingüística do aluno, com seus erros grama!icais, porque tal linguagem íaz pane do meio em que o aluno vi\'t. Concede o professor Geraldi que se deve ensinar a linguagem correta, aqualelcdesignade "variedade chamada culta", colocando-a , assim, no mesmo nível da lin,uagcm incorreta! (cfr. "Jornal do Brasil", 22-9-87). Quando não st tem amor à exatidão da linguagem, agíriaeoutrasformasdedacadência vãoadquirindodireitodecidadania. Eatéo palavrãovaisendointroduzido, como ftz conhecido diário da capital paulista, em artigo recente sobre o lançamento de um livro. Tais exemplos mostram que devemos nos preocupar muito com a indigência cultural, e não apenas com a po· breza material, sob pena de, mais cedo ou mais tarde, regredirm os à barbárie. P aulo Fra ncisco M ar 1os
CATOLICISMO NOVEMBRO 1987 - 19
1500-2000 Cinco sérulos de existência Implantando a primeira cruz, erguendo o primeiro altar, rezando a primeira Missa, e congregando, no ato sagrado, portugueses e índios, l'linioCorrêadeOliveira
Frei Henrique de Coimbra lançava as bases do Brasil cristão.
Vencendo os obstáculos opostos pela natureza bravia, pelas distâncias imensas, pelas agressões externas
como pelos e,itrechoques fritemos, o Brasil vem crescendo num ritmo seguro e vencedor. f o êxito da Fé, im-
plantacfu pelo fervor dos missionários e servida pela íntrepidez dos bandeirantes e dos g11erreiros, como pela inteligência de seu povo e as mil destrezas, ágeis e sorridentes. do "jeitinho" nacional, que se vai tomando lendário. MAS ... Neste5dias. 11ovoadversârioseaprese11ta, mais~
sa.nte do que 05 calvinistas franceses e holandeses de outrorn. ou os adversários com os quais pelejamos no Continente, para a defesa de nossas fronteiras e de nossos direitos. Eque só com coragem e '"jeiti11ho" nâodápara vencer. Pois suas garras, que cliegam agora até nós, também já vão envolvendo o orbe. Diante de um adversário ,:naior, as drcun.stáncias exigem que se levante uma nacão capaz de se engrandecer pela própria dramaticidade da conjuntura.
Os trabalhos da Constituinte mostram quanto vai ga-
;~::1~ t:t;::i~tie:;: ;~~::::u:~~~z;c:::i :!7e~~e;;~ mais altas da sociedade temporal. e ousou até esgueirarse 110 Santuário Dim1te de nós abrem-se vias mais incertas do que as que tiveram de palmilhar missionários e bandeirantes. O Brasil contemporaneo encontrará, nas suas reseruas morais, os recursos necessários para vencer esta terrível conjuntura? SIM! MassobacondiçãodelevantaraDeusamesmasúplica humildedos541us fundadores, reunidos em torno do primeiro altar: "Senhor, protegeio paí5 que está sendo fundado sob um céuazuleluminoso': rezavam eles.
';:!~:;:;/:;J:'J'!~e::;:/;
m~:;::;~:~;;7ae~~ ameaças ''. devemos dizer nós, para nos preparannos a tran.spor. cristãmente vencedores, o grande limiar do terceiro milênio do Salvador.
Fatos prodigiosos do dia de Natal Num~ ut,ela muito brilhante ,iHe ~
!igura de beli11imo menino
st\o
BOAVENTURA, fr:1de franciscano
que viveu no século XIII. f('Ccbcu o título de Doutor Seráfico de\'ido à elevação e clareza de sua doutrina. É de sua autoria o Scrm:io XXI -
No nascimento do Senhor
- pronunci:tdo na igreja de Santa Maria de Porciúncu la, o qu:11 se baseia , segundo att:sta o próprio S:mco. t:m dinTsàs descrições antigas. Apresemamos ab:tixo uma tradução do texto origin:11 latino
"S,io ESTES, segundo diversas descrições, os milagres manifestados ao fJ0IJ0 pecador 110 dia da natividade de
Cristo: Primeiro -
Uma estrela
brillumtfssima apareceu
110
céu, do lado
do Orie11te, e nela se via a figura de um helfssimo me11i110 em cuja cabeça refulgia uma cruz, para manifestar que nascia Aquf!le que vinha iluminar o mundo com sua doutrina, sua vida e sua morte.
Segundo - Hm Ro111a, ao meio-dia, apareceu sobre o Capitólio, Junto tio .w l, 11111 círculo dourado - visto pelo imperador e pela Sibila - tendo ao centro uma Virgem belíssima, portand o um menino, a fim de manifestar que Aquele que nascia em o rei do mundo, que se dava a conhecer como o " resplendor da glória do Pai e a figura da sua própria s11bstâ11cia" (flebr. /, 3).
Nosuup;i Otlilhe do prtSfpio umido ,u Stdt dos Buiuonnds, d,1. TFI', ,i,,u ,1. 0,.M,1.rtinic0Pr,1.do246,niupí1ilpaulisti, poroc..siãodo Natal de 1966. A pinturi til \'tslimenlu dn liguru de1st pmi pio fo1im tterutadasno a1tli~ arlillicod,1. entid.1de. foto deAngelo Rindauo.
2 - CATOUC!S,\10 DEZ( MBRO 1967
V,OOo o sin,1.I no ct u, o impe!ldor rtcusou dHde , nt.io m eh,, m,1.dodeus
Vendo este sinal, o prudente imperador ofereceu incenso ao menino, e rec11sou desde enteio ser cbtmwdo deus. Terceiro - Em Roma desmoronou o templo da Paz, a respeito do qual, ao ser co11strufrto, os dem ônios se perg1111tm1am quanto tempo duraria; tendo-lhes sido respondido: até o m o mento em que uma Virgem dê a luz. Este foi um sinal de que nasda Aquele que baveria de destruir os et{ifícios e as obras da l'ttidnde. Quarto - Uma fonte de azeite de oll/leira irrompeu em Roma e fluiu abundantemente, por muito tempo, até o rio Tibre, para ficar patente /Jauer nascido a fonte da piedade e da misericórdia.
Quinto - Na noite da Na/it,fdade. as ,,Jnbas da Engadda , que produzem btílsamo, floresceram. cobriram-se de fo/lJas e produziram licor, para sig11ificar que nascia Aquele que faria o m1111do florescer, re11erdecer e frurificar espiri11u,lme111e, e atrair com seus odores o mundo inteiro.
Um1fon1edeutitedeoheira irrompeu em Roma
N;inoi!ed1N11ividade,a1vinhas de Eng1dd1 floresn11m
Sexto - Cerca de trinta mil rebeldes · foram mortos pelo imperador. a fim de manifestar o nascimento dAquele que sujeitaria o mundo imeiro à sua fé e mTemessaria os rebeldes no inferno. Sétimo - Todos os sodomitas. homens e mulheres, morreram por toda a terra, conforme disse Siio jerônimo, come11ta11do o salmo "A luz 11asce11 pa,·a o justo", para evidenciar que Aquele que nascia vinha reformar a natureza e promover a castidade. Oitat 10 - Na Judéia um animal falou , como também dois bois, para que se comJ1ree11desse que nascia Aquele que aos bestiais transformaria em racionais
No momento em que I Virgem deu a luz, todos 01 ídolos do Egi· tose e1patifa1am
Nono - No momento em que a Virgem deu a luz, todos os ídolos do .Egito se espatifaram, segundo o sinal que Jeremias dera aos egípcios quando esteve entre eles, para que se entendesse que nascia Aquele que era verdadeiro Deus, único a ser adorado com o Pai e o Espírito Santo Décimo - Logo que o Menino nasceu e foi reclinado no presépio, um boj e um t1sno ajoelbaram-se e, como se fossem dotados de razão, O adoraram, para que se compreendesse que nascia Aquele que a seu culto chamava o povo jude11 e os gentios. Undécimo - Todo o mundo gozou dtt paz e se colocou em ordem, para que ficasse mm11Jesto que nascia Aquele que amaria e promoveria a paz universal e marcaria os seus eleitos para a eternidade. Duodécimo - No Oriente tr~s sóis apareceram, e aos poucos se transformaram em um só corpo solar, pelo que se mostrava que se aproximava do mundo o conbecimento da unidade e trindade de Deus, e também que a Divindade, a Alma e a Can1e em uma só Pessoa convergiram.
Ce,u de trintil mil ,ebeldes for1m mortos ptlo imptrador
Por tudo isso, nossa alma deve bendizer a Deus e venerá-lo, porque nos libertou e sua majestade, com tâo grandes milagres, se manifestou a nós, povo pecador". CATOLICISMO DEZEMBRO 1987 - 3
Bureau das TFPs promove prestigiosa conferência O BUREAU QUE REPRESENTA as TFPs r-m Washingwn organizou. c-m 11 de ouwbro tl//imo. no Capital Hill Club. anc\O ii sede nadonal do P:mido RC'publicano, naquela cidade, um sdcto almo,;o no qual usou da p;i/;nra Frei Victorino Rodriguez OP. rro/ogo 1omis1,1 uni1 ersalmente conhecido, membro
1
da Acadt."mia Pontifícia Romzma de Too/agia, no presente. Prior do ;\losreiro Dominicano de Samo Domingo ri Rcal, rm 1'/adri. Fez a aprescnraç,io do imigne teólogo ao púMico o diretor do Burc:w d,H
TFP~ Sr. Mário N,1 arro d,1 Costa. A c.,posição inr 1/ada ''A Teologia da Paz: o ideal da pa.c ,ú10 pelos homens crisrilos. gen, usos e forte.~ e mio pelos homens sem fé, moles e otimi~-
1as·· desper1ou I iro n111:rcsse nos sesst.>nW partícipa1!/es doalmoco. emreos quais figuraYam dnm depu1ados dos doisgrandcs partidos polír icos dos Esrndos Unidos (' per,onalid,1rles do maior dt'srnqut' dos circulas conurvadorr:s nom:amcricanos. ,._foiu1s outras pessoas manifestaram o desejo de compare..·er, 1cndo sido, mesmo, organizada uma /isrn de cspera. Frd Vicrorino Rodríguez, 110 abordar 11111 rt'ma tão amai. focalizou a paz como uma causa por demafa bela. por drmais jusia. por demais nobre. p;1r;i scrdei\ada 11as mãos dos padfisras. Esdarr:ceu 1ambém que a "'paz sem ordem n.lo é paz. mas libertinagem; ordrm St'm libt'rdadc não ê paz humana. mas ~cra1idllo ... Após II subswnciosa e.tposiçiío. 1-rd Vil;torino Rodríguez IT5pondcu duramc quase duas horas perguntas dos prcsentt's. Reprodutimos a seguir o irem JV da e.tposiçào - que foi um dos mais impor1anres - . cujo teor é de grande inrercsst' não só para o pUblko 11or1eamericano. t·omo também rxira o brasileiro, uma rcz que as profundas dis1or'"6ô do ierdadeiro cont·eito de paz se disseminaram em ~cala mundial. es~ciafmente deddo ao modmenro pacifisra. E, como é sabido, pacifismo hodierno indemifica-se com capillllacionismo esquerdista. com emreguismo dianre ' -d-• _h id_ca_ ,_~ m _ ,_m_·,._ , . _ _ _ _ _ __ _ __ _ _ __,
Bases ou fontes de paz e seus obstáculos A
ENCÍCLICA ··Pacem in tcrris"' de João XXII[ leva este subtitulo; "So· bre a paz entre Oj povos, que 1rm que basear-sr:nal'crdadc.najus1iça.noamor ena liberdade". Falodebasesoudefon· 1esscgundoscconsidcrca pazakançada ou in facto r:sse ou em seu ficri ou Futuro dinãmico.Apazhumana,originando-se doamoredajustiça.pressupõcnaturalment e a vcrdadeea liberdade.
a) A verdade , fundamento e fonte de paz A verdadeespeeulatha. eomo adaequa1ioreict inte/~1us[adequaçãocntre acoisaeaimeligênciaJ,ea,,erdadepr.itica, como adequação do juízo cstimati,·o ao apc1i1c reto, constilucm já cm si uma realização da paz. a paz da imeligência, naturalmente ordenada à verdade. seu próprio objeto. A Falsidadt ou heterodoxia e as falsas concepções do bem, a mentira, a insinceridade se opõem à paz cm suas origens mais proíundas.
4 - CATOLICISMO DEZEMBRO 1987
Averdadecondiciona.alémdisso.os demaisfato resconstitutivosdapaz:aliberdade,oamoreajustiça,que. paraque sejamfo ntes autêmicasdepaztêm que serverdadeiros. Nemalibertinagem,ncm oamoregoísta,ncmajustiçaviolentaou defidentcsãoverdadeirasfontesdepaz. "A verdade tornar- vos-á livres" (Jo. 8, 32).
b) A liberdade , pressuposto e meio ambiente da paz A definição de paz como tranqui/la li· benasa.ssinalabemclaramentealibl:rdade como pressuposto especifico da paz. Verdadeiramente toda realização humana é realização de liberdade. Uma tranqüilidade imposta coativa ou coercitivamente não é uma realização humana dc paz. Não vh·cm na paz nem o encarcerado, nem o recluso, nem o inibido pelo medo, nem o viciado. Scserequerliberdadeparasermau ou guerrear, com maior razão se requer
Pt. \ ictorino Rodriguu: ~A libtrdJde M'ffl ordem rijo t pu, nus libt,1inJgtm; ordem M"m libt,dJdt nJo i pu huma,u, mu t~rJ1·id:ioff para ser bom e viver em paz. Por outra parte a liberdade exigida para a autênti ca pazê a liberdade ordenada, bem encaminhada, não irracional. Nem o despotismo, nem a libertinagem são ambientes depaz,scnãogermesdeguerra.-Joào Paulo l lcmsuarecrnteviagemaos Estados Unidos insistiu nisso: vida pessoal e polhicalivrc, mas na verdade. Pos10que se trata de uma liberdade responsável. controlada a partir do interior da alma. não é obstáculo à paz, senão à guerra, à vigênciadeleiscoercitivasquegarantam o uso exterior correto da liberdade, como tampouco é impedimento da paz a limi1ação natural desde o autocon1role intrinse-coda mesma.
e) A justiça , parte e pressuposto da paz O cumprimento de toda justiça, tanto individual como social. tanto na1ural como adquirida ou positi,·a, seja fazendo o devido ou omitindo o inde1·tdo. má ximc quando se realiza virtuosamente Uustumjus1e),Cemsipaz,ouscja1ranquili~ade da ordem social, e pressuposto de toda paz. Opus iustitiae pax ([s. 32, 17).
Éóbvioqucajustiça,qucéelemento da paz e pressuposto da paz, e a injustiça,quet:desordcmecausadcdcsordem, têm que ser entendidas cm toda sua amplitude de justa convivência intcrindividualesocial,nãosócmrelaçãoaosbens materiais, dando a cada um o seu (unicuique suum), senão também mantendo umasrelaçõesdealte ridadcdignasedignificantes,observando, antesdewdo, os direitosfundamentaisdapessoa,maspraricandotambémaschamadasvinudcssociais de veracidade, afabilidade, compreensão (1 Cor. 13). Um dos direitos fundamentais mais concukados atualmente é o direito à verdade, tão maquiavelicamcnte manipulado nas relações diplomáticas e pelos meios de comunicação social. Naordemdaei;uítajustiçaapaztem que responder a um ajustado exercido de justiçalegalousocial,comoscavemchamando desde Pio XI. - Tanto Pio XII nas Radiomensagens de Natal de 1942e l9Sl, como João XXIII na encíclica "Pacem in terris " de 1963, concretizaram bem os elementos integrantes do bem comum, objeto da justiça social. Assim, aos di reitos humanos, tanto interindividuaiscomosociaisouinternacionais, não basta reconhecê-tos e proclamá-los para que reine a paz: é necessário satisfazê-los praficando os correlativos de,·eres. Embora se vote todos os respeitos em relação à Declaração Universal dos Direitos do Homem ( 10 de dezembro de 1948), conhecemos os escassos frutos de pacificação que produziu. Não se é justo nem pacifico pelo fato de ter direitos e re<:onhcd!-los, senão cumprindo deveres, e esses deverão aprcscntarumabascmetafisicadeéticanatural, ausent e em muitas das declarações de princípios das Constituições modernas. Convémnotarfinalmentcque,visivel e materialmente, a maior oposição ou conuariedadeàpazéaguerraarmamentista,omaior ílageloscnsivelda humanidade.Digoquc"visivclematerialmente", porquepiorqueodesastre físico dos povos cm guerra é o desastre moral da sociedade nos tempos de aparen1e pa1.. Caso tipico da de<:adência de Roma. Em todo caso é necessário advertir que nem todos os que fazem aguerrasãobelicistas,inimigosdapaz. Aqueles que promovem licitamente a guerra, o que amam e buscam t: a paz. É pos.si,·el ser partidário da paz com as armas nas mãos. A Igreja defendeu sempre aliccidadedaguerradcfensivaà falta de outros recursos de arbitragem pacificadora para reparar a injus1iça cometida pelo injusto agressor. Santo Tomás e com ele Francisco de Vitoria e demais teólogosjuristas clássicos justificam essa posição dal grejaCatólicaherdeiradamensagem de Paz de Cristo. Liceidadeda guerradefensiva cumprindo as três condições que assinala S. Tomás: que se faça com a au1oridadc de Chefe de Estado: que haja justacausa,qucéainjúriainferidaarave;equesefaçacomrctaintcnçãodealcançar a paz (Suma Teológica, 11-11, 40, 1).
Nafoto,oSr.M.irioNavurodiCostl,dirt1ordo Bureau d.u TfPs em Washington, desptdtte, ,:l,i nqutrd.i pua J dirtilJ, closdeputulos Tho~s Foglittll (dtmocrlll dl Ptnns)·l1•ni•); Thomu Bli· lty (rtpubliuno dJ VirJini•t Robtrl Dorn.1n(R. ,:l,i C~lifómi•k J•~ 8ilbr1y{D, dt N~·1d.i~ Alffll dtS5t, deput•clos comp•rtctu l•mbtm o dtp. )ohn Myers (R.delndiin•i
Francisco de Vitoria OP, Fundador do Direito Internacional, cujo busto preside a sede da ONU, explicitou mais as referidascondiçõesdeguerradefensivalegitima na Lição De iure bdli. Em nosso tempo 1ais condições de liccidade, especialmente a desproporção do bem da vitória com as previsíveis conscqúências de uma guerra nuclear, lbn que ser muito ponderadas; mas cm nenhum caso anulam o direito de defesa, que indui o aprovisionamento armamentista de dissuasão e a ofensiva de repres1Was. Durante a celebração do Concílio Vaticano li vários PadresConciliares(cntre eles os CardeaisAlfrink, Licnart, Lcgcr e o Patriarca Maximos) pediram insistentemente que o Concilio condenasse toda forma de guerra, incl u si\·e a defensiva: "pacifismo". O Concilio não acedeu a essa moção e mais bem declarou a liceidade da gucrra defensiva eomo úllimo recurso ("Gaudium ef s,xs", n~ 80).
d) Amor e sabedoria, fonte e fundamento perene de paz Refiro-meaoamorvirtuoso,especialmente ao de caridade que é infundido pelo Espírito Santo nos corações, e à sabedoria que é o primeiro dom do Espírito Santo. Fruto peculiar desta vinude e deste dom é a Paz. De ambas fontes de paz falam muito expressamente o Salmo 119 e SãoTiagoMenoremsuaCana(3, 16-18).
Que a caridade seja fonte imediata e plcnadcpazéumaafirmaçãoconstantc em toda a Revelação divina, especialmente no Novo Testamento. Remeto ao texto completo. - A caridade é amizade, é união afetiva, é concórdia. A paz é um de seus efeitos formais. E como une com Deus e com os homens desde o intimo do coração, irradiaseuefeitopacificadorsobrctodaaatividadehumana, inclusivesobre o dom da sabedoria. O dom da sabedoria é fonte de paz porscrohábitosobrenatural intelectivo que ordena todas as coisas, configurando ou refletindo de modo especial a segunda Pessoa da Santissima Trindade, que éa Sabedoria l ncrcada. Dai se afirmar na sexta bemavcnturança: "Bcmavcnrurados os pacíficos, porque eles scrilo chamados filhos de DelJ5" (Mt. S, 9).
e) A paz, obra principalmente de justiça ou de caridade? Obra de ambas virtudes, mas primária c diretamcntc efeito de caridade, e indiretamenteobradejustiçaurrcmovens prohibrns, enquanto remove o obstáculo da paz que é a injustiça. Não há paz semjustiçaesemcaridade. Masacaridadeporsuaradiealidadeeuniversalidade de amor exerce mais força uni tiva e pacificadora que a jus1iça. O ordo justitiae t: menos amplo e menos profunC:o que o ordo amoris.
CATOLICISMO DEZEMBRO 1987 - 5
os livros históricos da Bíblia: um amontoado de fantasias? EM ARTIGO publicado cm
(volume "Vivemos Jesus Cristo Libertador", Ed. Paulina5, São Paulo, 1985, 12~ ed .. p. 154destaques nossos).
nosson!442,deoutubroúltimo ("Catequese progressista: um Adloinexistcnte,umJudasamiao dc Jesus ... "), oom~amos a
uma "Leitura bíblica" •.. oposta ao texto bíblico
mostrarqucnaobracatequttica proa.ressista do Irmão Ncry FSC,
e Lia D'Avila Jannoni SF, muhiplicam-seasdoutrinascas afinnaçõescm ílagrantcOpOSiçào
1,,·crdadecatólica. Analisáramos então um exemplo de comradiçjo com o ensinamento histórico da Sagrada Escritura (all:l.s, incrível: a aprtstntaçãodeum)udas ... acé ofimamigodeJesus!).Co nvém apresentar mais alguns.
Para PIiatos:
Jesus, um Inocente?
ou um perigoso agitador? Os Evangelhos mostram que
Pilat0$ sabia perFei1amentc da inoc~nciadeNossoSenhorJcsus Cristo.Esomenteporumainfa· me covardia ante os judeus, mandou-Oílagelareentregou-O à morte Assim,di?Sã0Mateus:Pila1os --s.111•, romdeiro, quc[os sumossa«-rdotcseosanciios] o h•vl•mtntn,utporin,·ej11.{.,,) [Pila1osdis.wàmultidãodosjudtut:J 'MIU qut m11I rk ftz'! Eles. porim,&rit11v1U11rommais •'C'C"mlnri•: '~j• crudtk11do!' Vtndo Pil11tos qut n•d• con~ui11. mas.quc,•oronrrário,adcsordcm aumenrava {... ). depois de -ra11,-1o[aJe5us],ott1tngoup11• ,..,.... ,-ff'UcirKlldo"(Mt.27, 18-26- destaQ:Ufi nossos). U-se no Evangelho de São Marcos: "Disse-lhes Pilatos: 'Mu que mal ffe ftz'!' Eles, portm, 1ritaram com mais veemind11: 'Cruei(,a-o!' Pi/a/05, mtio, qucrtndoronttnt•r• multidlo {... ) tkpois de fucr 11ÇOif11r • JeJUf, tntn,ou-op11r-. qutfMM m,c/lk,do"(Mc. IS, 14-ISdC$taquesnouos). Nana São Lucai: "[Pilatos disse aos sumos sa«-rdotcs c à multidão:)"V6sme11prescnl11Stts tStt homem como um agjradordo po ro;ora,euointcrrogucidiantcdc vós, enloenconlrtintsfe homemmotivo11/1umdtconden11çlo,romoo11CUS11is.T11mpo11coHtrodts, uma ve.zquedeornviou novameme a nós. Comovetk$. tStt àomtm nada ftzqut ,w. ,tf'llmONt.Porissoeu•·ou J0/1,-10, dfpoisrk oautigar'. (... )Pi/aros, q11trtodosol/11rJt-
Pil,1os,prtstnl1Non0Senho1fl,.
sus, diri1iu-/hcsdcnovoapalavr11. Mas cles gritavam: 'Crucifica-o! Crucifica-oi'" (Lc. 23, 14·21-dcstaQucsmmos). Narra São João: "{Disse PilatOliimultidão:] 'Ntobuman.1paMrontrontlt.( ... ) Qutm$qlll! tu ,·ouolttottidasjudcus'!'EntJlo eles vociferaram, de novo (... ). Pllatos,enlfo,tomo11Jtsus eo mandouna1Nar. ( ... )PiJaros, de novo, sai11 fora e lhes disse; •f:h q11ee11vo-lolr-.goaquifon, [a Jesus flaaeladoJ paras.a/Hrde~ queaioenconlro 11e~moti.-oallUm dt C<1ndt11açlo"'(Jo. 18, 38-40 e 19. 1-4 - destaques nossos). -No entanto, em flagrante oposiçloàverdadeevangélica,o lrmãoNttye LiaJannoni ensinam: " Tan10 Htrodn roma p;. t111osforamC<1nnnddas[pel<¼lídercsreli1iososjudros],dcpoisdc /ongosdebares,iduevindasfrcn~ticasdos chcfe1; religiosos, de queJesuJer-.rtalmentepcrigoso pollllnmtnle.Pll11/osacbouquc um bom cnt/10 [a flagelação] llllstarl11para11m11 dtfioiliv11 mud•aff1 rm Jesus" (volume "Nos eaminhosdeJesusCristoLibcrtador", Ed. Pautimu, São Paulo, 1983, 6! ed., p. 67-destaqucsnossos).
6 - CATOLICISMO DEZEMBRO 1987
g,1,doimultidJo.- s,bi,eltque o Mtüiu er, i110ctnte! Ou 61,v, "conitncidodiptriculosididtdt ltsul",comot11Sin.1ct1tolil-mde
uttqutst! Asravaaperplexidadequetal contradiçãosuscita,ofatodeque o lrmJloNerye LiaJannoni re· comendamaocatequizando,algumaslinhasabaíxo:"Lciawdo isso[sobreo"processocivil"de Je5us]cmJo/8,18-4fJc/9,/-18; Mr27,//.J/"(ib.).-Ora,nessaspassagensde5ãoJoãoeSão Matrosoadole$Centeencontrará - como vimos acima-, no que dizmpdto11PUa105,oopostodo
q~ -boude eJ1l11dar 11oliVTOdt ca lequtst! Pobre catequiundo... que ademais havia aprendido alguns anos antes, noutro volume dos mesmosau1orts,otontririodo que eles •1ora lh es ensinam: o Governador Pilatos "up/irou ll multldloq ue Jesu5 eralooanle. Amuilidlou.i1iuqucJesusmorr=(---l- OGonmadormandou cu1i,11rJesuJ. O!C1rt/lSCO$battram com chicotes de ponras de ferro. ( ... ) O Gover111dor aprtNaton.- [i multidão], p,o·u ndo qut is10 bntnw. E o ~ vo 1rir,v1: 'Seja crucificado"'
NarraaSagada.Escrituraque Deusst m1niftstuastnsinlmenteaMoisés,cf1l1,·1comele.Tal sucedcporcxcmplonocap. 19, 1·7, do livro do txodo. O!rmAoNeryeLiaJannotti reproduzemessetrcchodaEscritura,numa"Uhu .... bíblica. ~ilura do Livro do f,,xodo (... )", apósaqualtdito: ..P,lnrade lhus n• Bfblla! Todos: Glória a Vós, Senhor!'' - Porém, onde o tutobl'blicolUllT&: ..EMoisissubiu[aomonteSinai.parairfalarj11Deus,e0Stahoroclfamou ( ... ).edi-:'Dirásestasooisasà C11S11dcJ1cd,eanunciarás1osfílhos de /5racl ( ... )"', o Irmão Nery e Lia Jannotti escrevem: "Moi~subiu,monianhapara, no sil/ncio,ol'llrtsentirem R u íntimo • mtnSllttm de Deus: 'Eis oquev~de\'erildizeraosdesccndcntcsdcJacôe de[sicJ/srad (... )"'. Eondeanarraçlloblblicadiz: "Moisésfoi, e, convocadosos11ncilosdop0vo,cxpôs tudooque0Stohor1inbam10d11do", osdoisautorespro1ressist.u substituem por: "Mois6ronvocou opovoe/hecom11nioo11 o frvt o dt11111 orarfo"{volume "Assumimos nossa História de Salvaç!oem Jesus Cristo", Ed. Paulinas, 1984,9!ed.,pp.27-28 -destaques nossos). Oscap. !9 e20doÊxodo nar ramdequemodomaje5tosoeterrível Deus se manifestou aopovojudeunoSinai,cnes.saocasião falouaMoi$é$,dando-lheOliDcz Mandamentos. - Mas o Irmão NttyeLiaJannottiensinamque foiMoi!rtsquem .. tlaborouuma /e,islaçlocivilcrclil,iosa"para osisraelitas,e"t:JCrTvt11um11úl6f' dt1ualrfisl,çfoemp/11cas dcpcdn.pMllrons1an1cmrn1escrproclamada. Tr11dícionalmen1e, este resumo d• UI dt Mo/Jh t denomln11d11 OS DEZ MA./IIDA· MENTOS" (id., pp. 91-92 destaqoesnossos:cfr.tambémp. 96).
Ocap. l4dotxodonarraos portentosos mila1res de Deus, abrindo ao meio o Mar Vl'TT!lelho paraqueamultidãodosjudeus passassc1ptenxoto:eimperandodepois ls 'iuas que de no,·o sereunissml,afogandodessemodonuondu 1odosos1uerniros
ey;ipdosqueinvtstiamempcrsi:1uiçio10Pov0Eleito(cfr. ver$içUIOS 23 a 30). ~ las o Irmão Nery t Lia Jannoui wsinarn que oquehou,·efoiqueosjudeusescolherama"pancmaisrasa"do mar:e·'11proveitaram,ronforrne
Existe na Bíblia a verdade
histórica?
Ab1.1.ioprr1ttt.1imoluseupróprio
O!eitorevidentcmentejáte· ráexclamado, com indianação, gue talcategu esedesuóinaalma dacrianca edoadolescenteaconvicçãodeque<1sllvrnshistóricos daBlblla narram a,·crdMdt . -Taléarealidade.EacrC!icemem01dc.'5Ckloaoqueo lrmão NeryeliaJannottin.lopoupam também a verdade histórica dos Evangelhos; com efeito, ensinam gueatcs "donsulladoda .-t,·h,..
filho.- Htf0k.1obediênci.1.1Dws,
da eda refle~o dos ~tores [os
Mo/jjs}tloub/11,dr.,~dfasfinais damatt,·uanlt,tmqueastlguas qu11scdeupare<lam, possibili/11n-
do1paS!>Slgtm11pi"(id.,p.9l -destaquesnossos).-Quanto aosea:ípcios,oqueacont=foi que eles "foram apan/ladr.,s dt surprtSa fH//15 1111111 da matt d1ti11, qut Nmpn, mr.,iw •"klkn• ta. A.Um rh nio podH'tm passar,
sofrtram muil.s pcrdas"(id.,ib -des11quesnossos). E,comoemtantasoutrasveics, emseauidao lrmào Nerye liaJanno11irecomendamaosca1equiiandosquevãoler ... ocontráriu na B1blia: "cf. Ex. /4"{id., ib.) O I Livro dos Reis (também chamadollivrodeSamue!),em seuscaps. IS e 16, narra como Deus, encoleriz.adopcladesobedibtciabsuasordenspor parte deSaul,primeirorcidosjudeus, retiroudcleopoderrêgio,eo transferiuaoj,cwemDavi,filhode
lsal,deBelhn.-OprofetaSa muel,aquem Deus disse que rejeitara Saul, comunicou-o, em termosentrsicos,aesteúltirno. O profeta porém chorava pelo queocorreraaSau!. "EoScnhor - narraoJLivrodos Rcis - disscaSamue/:'M~qu11ndocllora-
rtlstuSau/,/endo-G eun}eil•do p1raquenlonlneiobnlst11el! Enche de óleo o 1eu (v.rso friw de)chifre, c,·cm, panieuteen,·iarals:aideBeUm,po,-qut:,den rnosst11sfilhos~hipan,mim um nl" (16, 1 - destaques nossos). -Maso lrmãoNeryeLia Jannottiescrevem:Saul, "quanto mais fone se Sffltia (no poder), mais achava quenloprecisava
maisoóedeceraSamue/enem acolher1soriem1ç<'ksdos~""r· da1c,cproft11J/1Sm /J, 10 11 15; 14J.Samue/ ( ... )niio10Jerouaslfu1çlo. Rtso/,·tu (... ) eKOlller ourrorelenllroudeS11u/10daa autorldadt.( ... )Samud, t mlili·
ensin.1.18iblii. - Jmit ,1 ç.iodeum 1itulp;agJo,diumolrmJ0Ntryt liaJ•nnoui ...
aJocomorel,procu rouumsubS·
-MasolrmãoNeryeLía Jannottinãohesitamemcnsinar guetudonãop1noude uma hls1ória in~r n1ad1 ptlos autott$ du Gfncsis, para ensinamento dos judeus (cfr. "Assumimos nona História da Sal~aç.lo em Jesus Cri.sto",p.82).Equeemtalhistóna, Abraão rftOh·eu 5C'&11ir um ri1ulldos1doradorudosdtu§r'S, daqueles tempos:
lftutop1raSaul.Esco/htu ( ... ) DA.Vl ( .. ,) fl sm /6/"(id., pp. 99-100-destaquesnosws).
o sacrifício de Isaac: uma Imitação
de ritual
Idolátrico? Tan100Amiaocomoo NovoTcstarncntolouvamahcróica obedi~nci ad eAbraãoaDeus. O Senhor, com efeito, para pôr à prova1fidclidadedclc,lhcordcnaraque imolas$C $Cu único e amado filho, Isaac, sobre um monte dis1ante trh dias de viagem. EsóquandoAbraãoj:i.levamara a faca parasacrificar o rncnino,amarradoepostosobre umahar,fqueoAnjode Deus imerferiu,impedindooholocau!>to(cfr.Gfn.22, 1-12).-0touvorà obedilncia deAbraãopodeserlido,entreoutroslugares,
na Epistola de São Tiago, 2, 21 ·23,
"Havianatpocaestecoslume: marar o primeiro filho em homen.a,em à di~indade ( ... ). Abralo paJJou por um t normt dn,maderonse1'11ci1,quedurou ll11nos.SertlqueseuDeusque-
riaqucelelheentre1Jasstscufilho, /U11c,por1amo, quec/cfo5. se sacrificado, tomo fa;,/11m os
p1iglos1 {... ) Quanto m•iJ na•·• e penu~•. mlis N eom·encia dt!qaeseuDeusnloqutri11um11 coisa d - . ( ... ) (Mas) o costumeexúli•. Que futrt ... Qu11ndo /&aac comp/trou 12 anos, A.bt11lo nsohtu ucrlfld-Jo. ( ... ) {d. G11 2le12/" (id. ,p.82-destaques nO$SO$),
guurnevanielistas]eduromunidarhsnislbprlml1/.-as"(id., p. 35-destaqucsnossos)! Mu scosSantosEva111elhos sãois.so,queulorhlsh'.rko,quc realidadet!rnsuasnarrações? Que ctrtua podemos depositar cm sua Hltnlkldadt? Quem po· derá,cntão,saberoqutftztft• tiumentttoquttnslnou rtll· mtnteNossoSenhorJesusCris10? Mas a divindade de NouoSenhor poderia serobjetodt ,;crteza,aindaqucosEvaniclhosnão fossem históricos. Por exemplo, pclaprei;açtoconfirmadaporrrúlag:rcs.fcitapcl05Apóstolos. Hojc,pclaautoridadedalgreja.É evidenttquetalconcepçãoconduznecessariamenteaurnarave e pcriaos!ssimoerro. Erro este, aliás, velhodemaisde80anos. Ejlicondtnadopt la San111 lgreja.Com eftito,entrcasproposições modernl!ila!iimpugnadaspe!oOecreto"Lamentabili",publi· cadoporordemdoPapaSãoPio X. figura esta: "A divindade de
JesusCrisronlnNprovapelo, E.,.ngelboJ ,. (Coleção "Doeu· mentos Pontiflcios", Ed. VoztS, Petrópolis, vol. 43, 1959, 3~ edi., p.66-dcstaque5nossos). -Voltaretnosat.lo1ravcassunto, no próximoar1i10, Ao1ooloOumasLouro
(IAtOLICISMO - --+uH+ o;..,..,, P&uloConfad< Bnla F"ilba
~~-
_.,.,,I: Taba Talabnbi - RtfÍ1uado lll ORT-SI'
...t, a n!
Rt40fN: Rua Mutilll F,aoà><o,~ - 01226-SAo P•ulo, SP / RuadosGoi, - . 197 - 28100 - Compoo, RJ Gnf-: RuaM1r1im Fr&ncilCO, 66! - 01226- Si,o Paulo. SP-Td: C011)
?ll.17!!(,•m•l2Jl)
:~rr.t~;:1~i~?~~~~!~~~f.~~~~~~:
-Slol'1ulo,SP ~~totki,mo"tumopublkaçlom,n.ald•Empr.,.l'adttll<loh;ord, Ponl"
Aul101~ra H uol: &r•nd< b<nf,110, Cd 4.000,00: b<nfrioor Cd 2.S00,00: ~ 980.00. E>c1<rlor: Mt .t,,.) b<nífitor US$
:ôif:"~~~-~~~.~um Cd
0.pq&rn<1110<, ><."'-P'<ffll D<>m<daEal'l'fl4' P&el,.._Woo-Ot hoL<o LIU .,
pOd<,Aaltfmcam,nbacloolGcr<D<U. Pu,mudall4"ad<tnd<foçod<auiD1U1tn é~lllffitionu1an,btrno<D<kfcçoont1,o.A<ona~rd&tiva •••"owur•••Mda•...,IMopod<..,,..,viad&lGcrmcir.;R""'M""imFranàico, 66! - 0!ll6-SloP•WO.SP ISSN - ln,n....,....i Studud S<rial Numbn - 0102-IJ0l
~ÚBLICO ESCASSO e indiferente: é a festa da '"gl.snosl", realiudanosdia17e8deno.-.:mbronoParquedaÁau1Branca, em São Paulo, cedido tsptcialmtnte para o PCB organizar sua quer. messe, em comemoração ao 70! ani,·ersirio da RC'<"Oluçlo .,,,.i<'tka ...
CATOLICISMO DEZEMBRO 1987 - 7
Comemoração do quarto centenário da morte de Maria Stuart
Modelo de grandeza régia e católica perante o infortúnio D AS BRUMAS misrcrio.,as da Escócia, emerge uma figura luminosa e admirável. cujo nome tem a sonoridade de
uma nu15ica: Maria Stuart. Essa rainha ca1ó/ica da Escócia e da
França. herdeira tambêm do trono da lng/a1crra, foi decapitada em 1587, aos 4-1 anos, por ordem de sua prima proiesran•
re. a rainha Elisabete Ida lng/arerra. em
ódio A Fé. Maria Swart é um símbolo do esplendor régio, penerrado pelas doçuras da Fé católica.
Com justiça foi cognominada ··arainha márrir", pois, ainda que nela renha sido possível 3pomar faltas, tornou-se ''um exemplo vfro de ckvaçáo sublime no sofrer as maiores desgraças e aré a pró-
pria morre como uma criminosa vulgnr" (1).
FilhadeJaimeV,rcidaEscócia,ede Maria de Guise, da famosa Casa francesa de Lorena, Maria Stuart era ainda bisneta de Henrique VII, o fundador da dinastia Tudor na Inglaterra. Foi no f~rico palácio de Linli1hgow que da \'Cio à luzcm7dedczcmbrode 1542.
A Escócia estd orga11iza11d o , ao lo ngo tio corre11te an o, en cenações teatrtlls, to r11e los e outros esp e táculos trfldic iu 11t1is, exposiçõ es e m 1111,sell s, castelos e palác ios p a ra come111orar o q llarto centenário d a m o rte ,te Maria St uart. A Fé, a altaneria e o cbt1 r m e dessa rainha 1narca rt1m profllndame11te t1s alnuu, e m seu tempo, deixando d ep ois, atrtw és dos séculos, recordações ch eias d e a d miraçã o n os esp fr ltos re tos.
Duplame nte ra i nha Com o fa/(cimemo de seu pai, Maria Sruart foi coroa.da rainha da Esc6<:ia., tendo apenas nove meses de idade; sua mãe, assumindo cmào a regência. enviou-a para a França, onde veio a se casar com o del(im. mais rarde rei Francisco li, rornando-se assim a so~rana desse pais.
A Escóc-ia, emre1amo, encomrava-sc convulsionada. A regeme, Maria de Guise, foi deposta por protestantes c.ttremados, que assumiram o poder arra,·ês de manobras dirigidas desde a Inglaterra pela rainha Elisabere. Esta, filha adulterina de H enrique VJIJ c An a Bolena , havia reintrodu:âdo oficialmente o protestantismo, exigindo dr." todo o clero ing/~s que a reconhecl."SSI." como chde da igreja anglicana. Apenas oitenta dentre os nove mil e duzemos pârocos e clérigos manti,·eram sua /idelidade ao catolicismo. To-
-
19 '· . ~> .
-
\~
'
( M1ri1 S!uJrt tm lrije de luto - quid10 dt hin· çois(louel
8 - O,TOLICISMO DEZE\1BRO 1987
dos os demais deixaram-se arrasrar pela a{Kmasiaesubmetcram-scàsobl."rana(2). TaiI acontecimenros repercutiram na Escócia, ondl." um padre apósrara. John Kno.t, discípulo de Cafrino, homem "fa. mi1ico intrat1hd e demagogo" (3), fun -
dou a seita dos presbiterianos, passando a negar não apenas o Papado, mas tambêm o poder dos Bispos. E a defender que o clero de\cria ser elei!o pelo povo, no qua!residiriaafontcdaautoridadeespiritual. Assim , os Bispos, os ritos e as cerimônias foram abolidos: as imagens despedaçadas; I." a própria Regente , por ser católica, foi deposrn. Tomado não só pelo orgulho, mas também pela sensualidade, oex-padreKnox,comaidadcdc56anos, casou-se com uma jovem de dezoito. Na França. porém.cm 1560, falecl."u o rei Frandsto 11, apenas dois anos após seu casamento com Maria Stuan. Esta tendoentãodczesscteanosdeidadevohou para reinar na Escócia, onde encontrou feroz oposição por parte dos presbiterianos. Lutou corajosamente para restabelecer a \'erdadeira religião em sua pátria; foi aprisionada, mas conseguiufugir.Em\568,partiuparaalnglaterraondl." Elisabete sorrateiramente lhe oferecera auxílio. A soberana in glesa, mulher astuta e falsa , além do ódio que professava à Religião católica, via em Maria Stuart uma perigosa rival, poisesta era também hcrdei ra do trono britânico. Assim. mandou-a prender. Durante os dezenove anos de seu cati,·eiro na lngla1erra, Maria Stuart fez apclospaté1icosàspotênciascatólicasda Europa para que a libertassem. O grandl." São Pio V, pela bula "Rcgnum in cxcelsis", de fevereiro de 1570, excomungouElisabete,desligouscussúditosdojuramentodefidclidadeep roibiu-lhes,sob pena deexcomunhão,obedecerem aogovl."rnoheréticodar ainha(4), Filipl." li, rei de Pspanhn, organizou contra Elisabete a "Invencível Armada", a qual entretanto só zarpou após a mortl." deMariaStuart. lnfelizmcnte,asborrascas fizeram fracassar esse grande empreendimento marítimo.
" Como ve rdade ira cató lica, como verdadeiro escocesa, como verdade ira princesa " A rainha da Inglaterra queria de todos os modos eliminar Maria Stuart. Para tanto, instaurou um pro1.:esso que culminou com a condc•nação amorte de sua prisioneira. Voltaire, tão ímpio quanto, no ,aso, i115uspeilo, est:re•tu a respd/o dt:sse processo: ··Nunt:8 tribunal algum foi mais inmmpt:tente. e jamais processo foi mais irregular" (5).
pois mandou que lhe lessem a vida dt" um grande pecador a quem Deus hou"csse perdoado. Deitou-se J)Or um momento, e jumousuasoraçõesàsdascriadas,ajoclhadas na penumbra. Às seis horas da manhã, começou a \'CStir-se.Nestediaaugusto,elarcnunciou ao luto com o qual se revestia habitualmente, há já alguns anm. Foi suntuosamentt" adornada que ela dcscjou morrer. De seu cimo dourado pendiam dois rosários: usa"ª luvas cor de fogo, e com uma das mãos segurava um crucifixo. Duas horas depois, os guardas vieram buscá-la. Elasaiudecabeçaerguidaedlsseaum nobre escocês que encontrou no trajeto: " Tu dirás que morri{. .. ) como l't"rdadeira católica, como verdadeira escocesa, como verdadeira princesa" (7).
Ofttricopal.iciodtlinlithgow,ondeMariaStuart
"Não me importuneis "
Maisdedoismesesdecorreramemre .,n11quasentcnçacsuacxccução.Nessc No grande salão do castelo, local esl'l:riodo, Maria Stuart dividiu o tempo en1re a oração c a rcdação dc cartas às cor- t:olhido para a execução. es1avam reuni-
lhe a voz recitando oraçõt"S em latim. Rezou depois pelo Papa, pt"la Igreja, pelos príncipes católicos, por seu filho, pela rainhada lnglaterraeporseusinimigos(IO). Por fim. ela levantou a imagem do Salvador e clamou: "Assjm como Vossos braços, ó meu Deus. foram estendidos sobre a cruz, recebei-mt" nos braços de Vos-
sa misericórdia, e perdoai meus pecados" (/1). o
ce~~k::;~~'o':~~au:Oc!~! ~º!';.
chado. Toda a assistência p&Je ouvir sua voz pura que dizia: ''Senhor, em Vossas mílos encomendo minha a/ma".
Pais de Maria S1uar t:o rei JaimeV,da E1cócia,e a pri ncew Muia de Gui 1e, da Caw de Loreflil
tescstrangciras,nasquaisasseguravaesta r prontaamorrernaepelaFécatólica. A 7defevereirode 1587,avisadadc queseriadecapitadanodiaseguinte,não deixou transpare<:er qualquer emoção. Disse apenas: "Deus st:ja louvado pela notícia qut: me trazem''. Pediu um padre católico, mas também essa derradeira graça lhe foi negada. Emseuúltimojantar,reuniuseusservidores,entregou-lhessuasjóias. rendas e bordados, rogou-lhes que perdoassem suas faltas e os exortou a permane<:erem fiéis à Religião católica. Em seguida, recolheu-se, passandoanoiteescre\'endo cartas,umadasquaisaHenrique lll ,rei deFrança,naquallhepediaquemandasse ,etebrar missas "por uma rainha que foi chamada Cristianíssima e que morre católica, despida de todos os seus bens terrenos" (6). Chamou então seus servidores, colocou vinho num copo, bebeu à suasatldeeosfezigualmentebeber. De-
Dominado pela emoção, o carrasco feriu a vítima com braço pouco firme. Assim, a cabeça da inocente rainha só rolou ao terceiro golpe. Era8defevereirode 1587.EmParis, realizaram-se esplêndidas exéquias J)Or sua morte. Ao tomar conhecimento dos detalhes da exe<:ução, o Papa Bento XIV afirmou que a ela não faltava nenhuma dascircunstAnciasrequeridasparaumverdadeiro martírio (12). Paulo Francisco Martos
dos trezentos nobres, soldados e moradort:s da vizinhança. MariaSwart subiu ao - -- - - cadafalso m m majt:stosa tra nqüilidade, com voz firme: "Sou rainha SJeRkardoGarciaVi11osde nascimento, princesa, soberana t" nílo l&)nil,Cat61ica",BAC,Ma pp,899-900 sujeita às leis deste país; sou parente pró"HinoriaUnivenal''. Tixima da rainha da Inglaterra e sua legítima herdt"ira; padeço injustamente mas .p.612. dou graças a Deus por podu morrer por 1 tl~~~.nE~:::i"rs;~:t'osv~ ;· minha religião" (8). e de<:Jarou
t::'.t!i:.
Um homem vestido de negro começou emão a fazer imponuna arenga. Era um pastor protestante. A rainha mártir, a quem os sooorros de um padre católico haviamsidorecusados,nãoquisouviras palavras do herege, e lhe disse: "Não me importuneis; estou decidida a morrer na Ft católica. Não posso unir minha oração com as vossas" (9). Opastorinsistiu,_eaexortouaabandonar o trucifixo, pois ~ afirmava - ela não seria digna dele. Mas Maria cobriu-
(') GuilhmrleOnc,ken. "Hisl.ória Uni,·erul",A Editora Lt<la., liiboa,,·ol.Xlll,p. 799. (5) Henri Robm, "Os 1randn proceS>OS da Hi11ó-
ria", Ednora Globo. Rio de J1neiro, 1959,vol.l, p.51. tólJacqunCha!lenec,0p.ci1. p.196
mldm1.ibidcm. p._ 196.
:~! (IO)Jolo (IL)Padre l'lâ&li~Catholique"'.G L,braires,Pa ril, 1846, 1omo XXIV, pp. 5911-599. (12)Jol0Ba1is11Wcu1.op.d1..p.661!
CATOLIC ISMO DEZEMBRO 1987 - 9
A peregrinação, caminho da Terra ao Céu Todosos,noscoslUfflMll,fluir i f,iliin.i,,
......-
epeciilmrntf-nodil13de11Wio-d.i~d.i primtir• •p.iriçMI oromdisttt!IUDOS ilris-, imrnws multidões de pmgrinos promlÍrntfS do rnulldoi11teiro, quewconct'flt1.imn•gm1dt
PARIS-Apercgrinação~umadaspráticas mais antigas da tradição católica, imagem viva de nosso percurso rumo à Pátria celeste. Dirigindo-se ao sepulcro vazio do
Sa!vadorressuscitado,foramassantasmu!hcrescosApóstolososprimeirospercgrinos dessa longa caminhada. Desde então o oostume de pereg:rinar atravessou a história glo-
riosa da Igreja, conhecendo ainda hoje uma vigência e uma vitalidade que as.sornbram especialmente os sociólogos quc cstudam o fe. nômeoo. Não conseguem dcs explicar como é possível, neste mundo essencialmente pragmático, que tantos encontrem motivações tão vivas e profundas na linha da fé, a JX)ntodc ser muito considerável o número de percgrinoscmnossosdias:Guadalupe,Apa-
re,;;idaou Luján são exemplos característicos na América Latina. Na Cristandade, sempre foi o ponto de peregrinação por excelência a Terra Santa, os benditos lugares cm que Nosso Senhor viveu, sofreu e moueu; também Roma, a cidade dos Apóstolos, onde junto a tantas reliquiassagradasoPapagovcma al greja; Lorcto, que possui a Santa Casa de Naz.:u-é,
10 - CATOLICJS,Vtô DEZEMBRO 1987
para ali transponada pelos Anjos; Compostela, na Galícia, guardiã dos restos de San-
tiago Maior. Emcumprimentodepeni1fnciasreccbidas, ou simplesmente movidos pelo zelo, os cristãos caminhavam com suas insígnias, seuscantosesuasoferendas,ganhandoindulgências e tomando-se merecedores dos privilégiosquealgrejalhesconcedia. Na França, lugares como Vézélay, Chartres, Mont Saint-Michel, Tours, Paray-le11.ionial e, mais recentemente, Lourdes, Lisieux, Ars, conheceram e conhecem afluCncias imcnsas de público, um vastoe fcrvorosomovimentodeooraçõestantasvezesprcmiado pelo Céu com o milagre de uma cura ou o prodígio de uma conversão.
As peregrinações: da época medlei,aJ ao
•éculoXIX Como bem se oomprttnde, foi na Idade Média, era na qual - segundo a formulaçào
de Leão XI II - a "fúasofia do Evangelho gow!rnava Qf Estados", que as peregrinações alcançaram um ímpeto nO(ável. Mais precisamentenosséculosXl l eXlll,asromarias mariais estiveram muito em voga, como, por exemplo, as que demandavam Chartres, Boulogne, Montserrat. Porém, enquantoafédavabasc,nolntimodasalmas, a impulsos gener0$0S de amor e desacrifícios, o orgulho humano opunha seus julzos de "bom senso". O movimento rcnascmtista, especialmente em sua versão "humanista-cristã'', combateu o que chamou viagens inúteis e ociosas. No skulo XVI, os protestantes chegaramaccrcarossantuárioseaassaltarospcregrinos. Lutero e outros corifeusda heresia nascente incentivaram, com seus escritos e pregações, saques e depredações iconoclastas. Masavitalidadedalgrejare-,,ela-sefortissima nas épocas de provação. O movimento da Contra-Reforma, com Santo Inácio e oConcíliodeTrentoàfrente,defendeueestimu!ouasromarias,emcspccialparacultuar a Virgem Santíssima. A vitória dos cris--
•'
OlúmulodoApóstoloSantiqoMaior,quc§I' encontranointeriotdamajesloo(.ited r;ildc S,intiago de Comp<Ktel.i {foto), \~m .itr.iindo continuamf!llc,h,ímuitosSKl!los,pttqri~de todo o mundo,~ de vtntrar os dnpojos mortaisdogloriosopadrotirodahp,mh.i tãosnabatalhadeLcpanto,emlS71,sobre o maomctanismoameacador, foi ocasião de um"élan"sobrenaturalinfundidoàspcregrinaçõcs, as quaiJ; se reafirmaram então com ufania. Jáapanirdosá;uloXVJl,mascspecialmente nosá;ulo XVIII, pairou no\·a ameaca sobre as pcregrinações e sobreveio outra decadência. Voltaram com mais furor as investidas do espírito critico e racionalista de oriaemprotcstante.Milagresforampostos cmdúvida;questionaram-setradiçõesseculares, como se fossem meras ''lendas". Era o''séculodasluzes'',emqueatéasautoridades civis perturbavam o ir e vir dos fiêis naspcregrinar;ões,sobpretextodecombateroócio! Isto fezdeclinarapied053.prática, que se restringiu ao âmbito regional ou simplesmente local. Mais tarde, a Revolução Francesa, aoatacar com violência a Esposa de Cristo e ao fazer mánires, suscitou sadios movimentos de fé que revigoraram cenas peregrinações de ou1rora e até deram inicio a outras novas, :.o~~O:.os crimes pra1icados pelos Por fim, virandoapáginadesseJ)C$adclo histórico,naEuropapacincadapclaSama Aliança,ascondiçõesvoltaramaserpropíciasaoromctro.
A re•tauração doaAnosSan'Un Em 1825, o Papa Leão XII decidiu rcinstauraro jubilcu quc a cada2S anos tran.sforma Roma em pólo de atração para os católicos, que assim podem receber os benefícios espirituais do Ano Santo. O Papa quis fazer daquele Ano Santo de 1825 um aconteci-
mentocsplêndido, que colocas.se em evidência a perenidade da Igreja, numa sociedade temporal laicizada. Quatrocentos mil peregrinos acudiram ''adliminaApo.slolorum" ("ao limiar dos Apóstolos"), Já na primeira metade do século XIX, destacaram-se, na França, dois focos de peregrinação: Notre Dame des Victoircs, em Paris, e Ars, que durame a vida do Santo Cura recebia por volia de 70 mil peregrinos ao ano. Na segunda metade do século passado, tomoucorpoacorrenteultramontanano seiodaigreja,quedeuvigortodoespccialàs pcrcgrinações,atéqueasgrandesaparições mariaisdelaSaktte,LourdcseFálima(csta cm Ponugal, no inicio do século XX) conferissem à essa tradição secular um espetacular alcance universal. Jénãoésóopercgrino ou o penitente individualmente que caminha; são familias, paróquias inteiras e grandes contingentes humanos que se deslocam. Pela mesma época, a beatificação de Santa Margarida Maria Alacoque e a construção da basilica de Montmanre, em Paris, contribuíram enormemente para mover almas piedosas que legitimamente pa.s.saram a ver no Sagrado Coração e cm suas extraor dináriaspromes.sasasalvaçãodaFrançaeda Cristandadc.Paray-le-Monial,olugardas revelações,foiocentrocatalizadordenovas peregrinações. As duas guerras mundiais, com seu legado de sofrimentos e tragédias, trouxeram também um discreto renascer do fervor religioso. Na França, organizaram-se nwncrosas peregrinações, ao mesmo tempo religiosas e patrióticas, como a de Notre Dame Ou Grand Rctour, de Boulos.ne, entre outras.
noJesusviveu,sofreuemorrcuhct-oicamen1e,anunciandoque,doCéufariacairuma "chuvaderosas".Católicosdomundointeiroacodemaliparabeneficiar-scdasgraçasakançadaspelasamacarmelita,qucfc. chou os olhos, ignorada pelo mundo, incompreendida e até combatida por algumas dcntrcsuasprópriasirmãsdehábito. Porém, onde mais anuem os peregrinos é aLourdes,nosoonfinsdosPirincus,centro deumaprodigiosaprofusàodcgraçasede milagres. Jumoaomunnúrioprovocadopc-laságuasdeum rioencantadorqucbanhaa grotadasaparições,aProvidênciatemopcrado,nes1eenopassadoséculo,estupendas maravilhas. ame os olhos indiferentes de um mundo cada \"CZmaisincrêdulo. Milhões de peregrinos provenientes dos dncocominentcs, acodem anualmente, de automóvel, trem, ou avião. O que nãoimpedcaexistência comovedora e edificantc do clássico caminhame de passo cansado, apoiado em improvisado cajado, rezando e cantando ao longodoscaminhosedascstradas. A cura de doenças, tantas vezes fatais ou estacionárias, tem desafiado a ciência médica nas piscinasde L.ourdcs, fortalecendo a fé simples e profunda do peregrino. Porém, maiJ; imponante do que a cura dos corpos, há tam~m a regeneração de almas monas pelopecado. l.-Ourdesé, comefeito,uma flor preciosa que a França - a pobre França de hoje, tãodescristianizada tanto no refcrcmeaseusfilhosquantoasuasinstituiçõcs - pode diante do mundo orgulhar-se de possuir. E, mais do que a França, a Santa Igreja, da qual a nação francesa nasceu comofilhaprimogênita. Constante ao longo da hiS!ória dos países cristãos, embora variada em suas manifestações, a peregrinação está enraizada na alLisieux e Lourde• mahumana,emsuainclinaçâoparaosagrado,cmsuaatraçâopcloab$oluto,cmsuaseTomou-se tamb6n lugardc:stacadodcpc- dedotranscendemal ... dcDeus. regrinação, na França, a cidade normanda Hoje em dia, como explicar a anuência, de Lisieux, onde Santa Tcresinha do Mcni- cadaano,demilhõesdepcregrinosaFátima, a Lourdes ou a Aparecida? O que os mo\·e à peregrinação? Nilo será por certo o C•us.imedificiÇ.io•féeotspíritodfpenltênci• simplesintercsseoucuriosidadcdeconhcccr dosptrtiri110squechf.'8am a fjtim• esscsaltoslugaresdcespiritualidadc,nem sempre muito apreciáveis do ponto de vista da beleza natural. ÉqueaMãede Deus, Medianeira e dispensadora das graças, atrai o homem contemporâneo e o convida à conUN. .-'~;versão. Não é este um dos mais expressivos sinais dequco Reino de Maria, previsto em Fácima pela Santí55ima Virgem - e descrito, em sua linhas gerais, pelo grande apóstolo do século XVIII, São Luís Maria Grignion de Montfort-, se aproxima do mundo? E o faz com o mesmo passo resoluto e triunfal com que muitos peregrinos caminham para cumprir suas promessas cm Fá· tiina, no Pilar, cm Ci.cstokowa, Guadalupe, Aparecida ou onde a Rainha do Céu o espera. Caio Xa\·icr da Slh·tira _ fonte biblio&rtfic1 :JeanCMlinicHanr~Bran. 1homme, "Lc1chcm insdeDieu··. Hacheue. Pari , . l98l
CATOLICIS\iO DEZEMBRO 1987 - 11
Falando em nome do povo ••. A ESQUERDACATÓLICA.ae~c:m-
plodasou1rucsquerdas-oomunistas. so-
cialistasetc.-coscumaapresentar-scao pUblico como representante do po\'o e fa-
lando cm nome dele. Tcriaelaauscuhado
nocoraçãodamassaseusdesejoseaspíraçõesmaisprofundos, sendo pois sua portavoz naiura!? Paraqucmanalisearealidadcbra.1ilci-
ra - e latino-americana cm geral - sem se deixariníluenciarpelapropagandamaciça
dequescbcncficiaaesquerdacalólica, corma1ascrbemoum1asiluação O esforço inaudiloquccssaesquerda "em dcsen"olvendo para levar o povo católico a adotar suas posições revolucionárias.aincril·elsomadedinheiro.mci;modo Ex1erior,csbanjadonessel,'IT1precndimcn10, oternpojálongoquevemsendoaastoncssatarcfadeesquerdizaçao,chegaramaum resultado até aaora proporcionalmente ~m pequeno.Aparceladapoputar;àopobreque se deixou aliciar por ioda essa montaacm, ouarrastarpdapressão,ébempcqucna.E, paradoxalmente,aspossibilidadesdeê~i10 dare,·oluçâopregadapclaesquerdacatóli· catêmbaseemclassessociaisecatcaorias profüsionaismaisabastadas:empresários, jornalistas e polilicos, especialmente. Em boa medida influenciados pela guerra psi· cológicapropulsionadaapanirdeMoscou. eagcnciada,emcadapais.pclMcsquerdas de 1odos os matizes, muicos deles ,cm se tornando cada ,·ez mais esqucrdis1as Tal é o fato bruto que está ai, para quem. sem preconceitos, o queira ver. E ele jáédcialmodonotórioqueatéaprópria esqucrdacatólicavemreconheccndosuadi· ficuldadedeaçãojuntoaopo,o. não pO· dendomaistaparosoldarcalidadccoma peneirada propaganda
Uma singular "assessoria" O rcconhecimcmo, porém. é em geral manhoso,aprcsemadojcitosamentc.qua• se se diria com pudor, como quem sccn. vcrgonhademosiraraseusprópriossequa. zcsanude1darcalidadc. Assim é que no livreto "CPT: Pastoral e Compromisso·· (Vozes, Petrópolis, 1983, 108págs.)daComissãoPas1oraldaTcrra, órgão da CNBB. ,·em dito: "0 po1·0 ( ... ) pr«isadcumaasscssoriap;iradcsfazer,·i· sôese,quirocadasdafteparafirmarum11 1·is.:fo do E1·angc/ho que fale direramcmc a ,·idac.t realidade de/e··. Quem não vê que a necessidade dessa singular "assessoria" revela a dificuldade encontradanotrabalhodedesviaro povo dadoutrinacatólicatradicional,parafazê· lo aceitar, em nome da nova fé da CPT, uma visualização política de esquerda? Dcfa10,afécatólicacmscusdcsdobra• memos sociais e políticos (harmonia das
12 - 0,TOLICISMO DEZEMBRO 1987
danes desiguais, por c.,emplo) colide íron· talmeme com o marxismo defendido par ccrtoscatólicos,csscncialmenteigualitário e nivelador. Porisso,dizolivre10, "are/a. çáo cmrc fê e poli1íca [entenda.se poli1ica de esquerda] cs1á sendo cspcâa/meme complexa dc se formular cde ser 1frida sem 1en· sões" De onde pro.-êm essas 1cnsôcs? Do fato dequeosagentesdepastoralscapressam emempurraropo\'O paraatitudesrevolu· cionária.soupré.rcvolucionárias(invasõcs, protestos descabidos etc.) enquamo o Po· ,·o,namedidacmqucconscrvaa fécatóli· ca, não os acompan ha: "Muí10sa1.1ent1:s paswraisavançam noen1.111jamentos0<.·Íi,I e político. A formulaçào e celcbraç!!o da fê. por sua vrz, nào consc1.1ucm acompanhar este avanço". Tais posições católicas do povo freiam asofrcguidãorevolucionáriadosagemes. Opovokgitimamemcdcsconfiascrcon1ra Deus aqu ilo que os esquerdistas propõem aele.As.sim, "háformasdearticu/açàoque fre,qücmemcmc decepcionam o po,·o (. .. ) tambêm limitam a Jura comunitária (será que Deus quer isso?)". Oespíritocatólicodopovo, ao rejeitar alu1adeclasscs,apesardctanta.spressõcs, chega a ser tocante: "Assim, iodo e quaJ. querconni1oaparccíacomoalsomau. ar/ ligado ao demônio". A resistência popular à doutrinação marxista leva a CPT a dividir o po,·o em duas classes, quase dois povos diferemcs: odas comunidades de base que segue do· citmenteatrásdepastorcsesqucrdistas,eo povo que não se deixou apanhar na rede. Diz o livrei o: "O povo mio ê em idade uni· forme e unb-oca. Há o po1·0 orsaniz.ado em comunidades, e há o povo, musa desorganizada''.
ACPTrtconMuqu,"oprnp1ioporncon1tinl"" mtnltquestion.1um.11,ndi-nci• ~cul•1iunt,". Com eleito, .1s u1i.1s nnten.1s de milh.11es de cle,olos que p.1rtidp.1m d.l proci1s.io •nu.1l do Cüio d,r..iu!f, em8elem [folo1•trnl'1de1u.m•ni· fest•çlopubliodepied•dem.iriin.1.,implidt.i· men1equf11ion.1.me•te,ejei1.1m•utendênci•secubriuntewclfo1g.iosrtligiosos!Rcunhoprog,es, sisu como• CPT.
Essas duas classes de povo lêem a Bíblia de modo diferente uma da outra. Os que não se deixaram aPl!nhar lêem a Bíblia in terpretada pela Tradição da Igreja. Reconhe-1:em nela preceitos morais como os Man· damentosda LcidcDcllscaplicaçõcsso. ciaiscomoaharmoniadasclasses. Esses, scaundo a CPT, fariam uma leitura "amarrada" da Biblia,seriamidó!atras . Os das CEBs veriam na B(blia a mística da luta de classeseporissosuakituraseria"solla", viva. Eis o desconcertante texto, além de mui1oeludda1i\'O' ''Há no meio do po1·0 uma /citura "amarrada" da Bíblia e uma outra qu~ ê "solta", Na primeira, o 1/l'ro t como um ídolo e os tc.uos s.:fo olhados como direta memccomro/adorcs da vida moral, indivi· dual e a1t social. É uma Jciwra moralisia e ,·em da siwaçJo de colonização culwral. A leitura "so/ra" ê mais a parlir do povo enquamo clas5e explorada e atê organiza da. Aí o f~\tO ê 1•i1·0. O po1-o vai descobrindo sua his16ria na história bJb/ica ( ... ). É amistic11da/u1a".
Uma pastoral não-católica A CPT, deixa dar o o drn;umcnto, não "seenrcndc"num "modclo·'dc "lgrejaro-mo pod~r Sll$rado ( ... ) como insriwição di-
Discernindo, distinguindo, classificando .. .
EM
TODAS as éJXKYIS h,.stôriros há ,xssoas tm 1orno das q11ais podem 1tr fugar os maiorts crmres e apo.s1osios. a seu lodo pOdem desfilar heroismos, mfominios e,·,r/udtst.xctlsos,queelusnudo,·km.m. lfirumtn1e1·oll11d11squeemiopurosimesmos. Uma só coisa é capai de 1rons1ar,ui· los:selhesprocuram1irur11J·peq11enusco. modidades com que se insralaram na ,·ido. ls1oequfrult11>'ird·/asnoa,·esso.Se11s upe, goscon1rari11dos1runeformum.nusemlu· 1adorosper1/na:i;es, cheiasdedurezaeaté agressi,·os. Tomemos um exemplo upenas. Niioen. Ire nossos con1t1mporãneos, pois poderio srrchocante.Procurt'mo-loemrtosq1Jevi• ,·erum num dos muiort.s redemoinhos do ffis16ria,0R eYOlufQOFrancesa.Stunome: Jocques-Albefl Benhlffemy, Quem nô-lo upresema éofumruo historiudor G. ltn6,1re ("Vieiflts muisons, vieuxpopiers", fume IV, Pemn i!d11eurs, Paris, 1914, pp 181154).
,·o-
M. Ber1héftmy proft.s.s01·11 p,/11 ,·idu "uminuhtrá,·tfUMO(... );eleha,•1adocemenre forrado suu uis1éncia ufim deu prf'Sl!fl·ar. romo ao mais precioso dos ol>j<'IOS, dos choques e dos imprevistos du má sor1e(... )ha1·iuobtidooempregodeguurdadosorquivosqr,eaordemdeMaltaron· .s,,n-a,•a na Torre do Templo". O "Tem. pio'', como era conhecido, es1u,·aconsti· 1u1'doporumrort)untodeedijfcios.outrora constrofdos pela ordem de Mal/a, dis1ribu1: dosnum,·usioquar1e/r/JodePoris, cerco· do por um muro. Fai concedido u Berlhé· lemy residir na "Pequena Torre", anex11 oosorq14ivos. A "ins1alar-se11elaconfor· 1a1·elmeme, a orq11/vlsto 11plicou ,se rom umor". Oad\'en/Odu "Revo/uçãonáoespan. tou lJerthél<'my (... ). Como nada ameaça·
•·aseubem,estar,elenãosealterou'', En· 1retanto, tm IJdeagostodel791,soubesequeafomfliarealficariaencarc.-rodanos edif{cios da Templo: "Em grande tumul· w,emplenanoite,chegaramasviaturas''. Como,porém,u "Pequena Torre .. m1oforatocada, ''BerthélemynãoeJIO>'adescon1eme, aindaque,paraseugos10, aRevoluç{Josehuviuaproxirnadomuitu( ... ). Temendodesordensoorquivistasehal'ioenCl'rrodoemse1Jodsis, quando, àsdezho• rosdonoile,ou,•iuumgrundebarulhoem suaescadario".Suaresidincioeroin,·adi· da: ela deveria servir de prisão poro o Rei <' suafam,1ia e ele tinha que se mudar imediatamente! "Uma cratera de chamas e la\'OS abrindo-se sob os pls de Ber1hllemy teriu causado ao infl'liz homem menru l'mOçdo e estupor. Andando de um lado para ou· Iro, em lágrimas, ele r«luma1·a em 1-do um adiamenlo". Ele ",·ipassarnanoite, em lomemtfrel cortejo, afaml1ia real: o delfim pnm<'iro, tropeçando de sono, dl'pois o Rei, balançando o corpo, muito r;almo; a Rainha, rom·ul.sionada(... )todos,prisioneiros I' r;arre,...iros, penetraram p,la porto". &rlhé/emyainda crmseguiu retirar oi· gunsobjetos-osvinhosdaadegaemprimeiro lugar - e foi posto fora. lncansá1-el, começo então, e prossegue durante quatroanos,comrisooo1lde.s,,rguilhoti· nado, o dtsfior sem assar pedidos de ,e. cuperaçãodosmó>'tis "Suascartos,...jleumosingulares1ado de esp{ritode um homem obsolutomen/e indife,...nte - em meio ao espumoso rtdemoinho - a tudo aquilo que n4o modifica sua siluacâo pessoal. Assim a mor/<' de Luis XVI o anima um pouco; a Rainha e seusfilhosseriio,semdúvida, reclamados pela Áus/ria", e ele poderá retomar seus móveis. Mas niio é o que acont«e. /Npois, Ia vez de Maria A ntonie1a ser morta, "A Repúblico ndo vai p,...nder uma menina de
A falia de espírito religioso na CPT t v/ma'',guctrabalhapara ''lornaroslavradores católicos" . Em outros termos, ela não tal que. re,:onhe« da, "o próprio po1·0 se adapta à Igreja fundada p<>r Nosso Se- consianrememe quesrjon11 uma tendência secularizante". nhor Jesus Cristo. Assim sendo, a pas1oral da CPT - apeÉ p<>r isso que, conforme e,iplica o livreto, a CPT não tem condições "de vfrer sar de 5er esta órgão da Conferência dos a pureza de uma doutrina social de princí- Bispos - assume uma posição não conscn• tâncacom a doutrina tradicional da Igrepios gerais e de distinções morais •·li/idas e possfreis". Em linguagem mais clara, a ja. Na CPT, diz o livreto, t obrigatório ser CPTnãoatuascgundoapureu~adou1ri• ecumênico, o que significa que a pastoral na social cuólica nem das prescrições mo• está "para além das frooteiras dos contexrais corresp<>ndentcs. É, pois, católica a 10s ec/esiàsricos e confessionais no engaja• meoto'sócio-polilico". Desse caráter ''não· atuação da CPT1
Juques,Albert Ber1 hêle my
l4anoseummeninode8aréque<'ltsmorram de l'elhlce", e Bef/hélemy "é "'que suus1ris1ewschegamoofim.Ntloai11da: e/e fica sabendo que um sapateiro é o prectptor do/ilho de luis XVI. Um sapateiro! sobrtseus belosso/ás ..• ( ... ) Opequeno delfim é agora murado num quarto ondt nlngHém penetra, nr,ncavarrido, cheio de imundit:in, im'lldido pelru ratos.ferwindo de •'tt'mes". Ele pe11S11: "t hom\'el! Em qr,ee.stadomeusm6veisS11irâodelá?" "Os por1idos se entrede,·oram; â queda dos g1rondinos sucede o de.sabor dos dantonisras, depois Thtrmidor, wzrrendo o Comuna de Paris; o D1,..16rio substi1ui a Convenç4o - Btrthll<'my reclamo sem. pre". Para ele "um só furo roma, um só wle a pena serronsiderado: é sua mudan· ço predp/1ad11, suu sa/Cla de r,ma residindo do qual ele deveria gozar toda suu ,,;. da". Segundoseusprôprioscdfculos, ele ruscrt,·tr,oi1en1a,·ezt111listadeseusper1ences, para reclamá·lossem cessor. Passadosquatroonosdereclumações, por fim Berthélemy conseguiu re1omor os restos de1eriorodos d<' seus ,mfrt>is. Em 1813, morreu SHbüameme. Qr,ando Deus lhe //ver pedido comas de sua parcela de responsabilidude nos acontecimentos aporol(p1icos que o envofrerom, o que 1erà rtspondida Benhélemy?- "Eu pensava em meus móveis!"
C. A.
confcssional"fazemparteindiscriminada· mente "a Confisslo Luterana" e "owras lgrejascris1ls". Tornou-se famosa a frascdeMmc. Roland, considcrada umaespkiedeMusados &irondinos - ala moderada dos revolucionários de 1789-, a respeito da RC\·oluçâo Francesa: "Li~rdade, li~rdade, quantos crimes se cometem em reu nome.''' Em nossos dias, bem poderiamos parafrasear essa cx prcss.ão: "Povo, ó pobre povo, quantos absurdos se fazem em teu nome!" Grtgório Lopes
CATOllCISMO DEZEMBRO 1987 - 11
do muro
AMtriugrmdo Prof. Plinio CorrhdtOlivei r11,0brto 50ci1!ismo1u1og"1ion~1io foi public1d1 em nosHtdiç.\ode j1ntirodtl98l.
ATE HÁ POUCO - t ainda hoje - referir-se a socialismo ttaomesmoquefalarcmestatização;eponantocmburo,;ratU mo,emperramento.incficiêncía. Nlocs1,a!.ali,s,comoelucidati,·oe~emplodesocialismoaplicado,aRússia,comiuagigan1escam,quinacsmalaabafar1oda iniciativaautênticaeaproduzir miséria onde quer que chcgcm !.CUstcntAculosdefcrro?Nãoestáa!,paraservis1ocomonuma vitrine,oaritantecomrastccxistmtcnoimeriordcumasónaçào, 1Alem1nh-1,ea1édcumaúnica cidadc,Berlim,mtrcdoU5etores: umcmtudodcpcndcntcdoEstadotodopodcroso,coutro,ü·m· doasanidadcdalivrciniciativa1 Contraste tal, in,·iável de se manter cm condições normais, qucfoinecess!rioconstruirum veraonhosomuroparaqucosestrav()!I do E11ado não fuaisscm cspavoridosparaO!lsetorcsdaliberdadc.Eoprópriomurofoiinsuficientc:dcpoisdclcvicramos clesdeauarda,ascercasclctrificadas, O!l sÍ5temas de radar, as metralhadoras automáticas e não !,Clquantosrcquintesmaisdomoderno sistcmll carccririo, para manter neua tcrrh·el nco-scnzal.a aspobresvitimasindcfciasdcum Estado totalitário. Aquimesmo,emnossoBrasil,nlosofremosnaprópriacarncosdesvlriosdcumaincrivelestatizaçlo-qucscaccntuousobretudoduranteogovernoGei!.Cl-aquaJaerouumaeconomia nacionalsemi-socializada,cpor1antoenfermaecambalcante? Essarealidade-adeumestatismofracassadoenc-ces.sariamcntcopressor-tornou-setão cvidcntenomundoatualque!>al-
touporcimadosmuroscdasccrcas.foiinfensaàsrajadasdemc1Talhador1.eaoscàesdeguarda, fezestouraraprópriadesinformaç!oabundantemcnte~eiculadaptlasmass-mt"dianoOciden1c, eveioforçarapona dosquc dormiam,abrir-!hescommãodc fcrroaspilptbrasobstinadamcn· tecerradas,sacudircomviolência os otimistas inveterados e impor-sc,porfim,àconsideração dctodD!l,em suatr,gicaeterrivclnudcz.Detalmodoque,com o tempo, mesmo os mais lentos cmrefletiroucmdescolar-scdc suasutopias,vAosendoinvadidos,aindaqueacomraaosto,pclaforçadessacvidência:aesta1izaçiot1n1inatur1.l,claiummal a ser evitado
Neo-anti-estatistas Os que dirigem cm ni,·cl
mundialoa,·ançodosocialismo deram-secontadequeapartida daestalizaçloestavapcrdidaparacles.Epareccmter-selcmbradocntiodeaplicar,aseumodo, amhimacíni,:aatribuidaaUnio,quarKloeleviusubirptrigosarnente cm todo o mundo uma reaçlocontraorcgimebokhe>-ique: "Façamosnósoan1iromunismoanrcsqucosamicomunis1asof1ç1m". Assim,aoobservadorclarividcn1cdecertosmovimentosatuais dcdcsestatizaç.ão, ocorrcaidtiadeestarprcsencían· doacxecuçãodeumaparáfrase dessa máJ:ima: "façamos nós a d=s111izaçlo,an1csqucosau tln1icoJdests1a1iun1esafaçam". De fato, nio se aplicaria ela a um &tnero suspeito de ami -
14 - CATOLICIS'-10 DEZEMBRO 1987
es1atittas,neo-propu1nadoresde umcmotipodcli.-rciniciati,·a? Vemos assim, por exemplo, paracstupcfaçãogcralealcgria dos in&!nuos. que um go,·emo socialistacomoodcFclipcGonzalcsestjpromo,·cndoadcsenatizaçàonaEspanha:c,maisainda, que o próprio Gorbachcv aparentatri\harcssamesmavia nogigantescoecmpcrradoimi:,triosoviético. Táticaparasalvarosocialis modonaufr:i.gioaqueconduza cnatizaçãoedesviarassimarcaçloquesobecomomaréavassaladora1 Certamente. Mas não apenas tática. Hé também aqui umaspec1odoutrinirio.quaserc-ligioso-dapseudo-rcli&iloda irreligião, tclaro! EstamM no pontomaismiitcriosodoassunto. Procuremos lançar sobre ele alaumaluz. Quem sederaotrabalho dc exumardomeiodoboloraenvelhecidadoutrina de Marx, vcrá quc.ncla.auist!nciadcumEs tadofonccorrcspondeapcnasa umest,giointcrmcdiárioparasc a1in1irame1afinalalmcjada.O Estado tum instrumento para quebrarasresistlnciasaocomunismo,liquidarastradiçõcs,dissol~erafamfüac,pormeiodarcforma aarária c outras, acabar comapropricdadc.l:umacspécicdcrolocompressorquedcve passarsobrcosvestiaiosdecívi lizaçãocristlaindaexistentescm nossa época, at~ reduzi-los a pó E depois? Depoisviriaafaseúltimado proccsso-a comuni11apropriamcntcdita - cujo conteúdo o próprio Marx deixou um tanto obscuro, e que foi denominada como anarquia. Como sobrc.-i,·c-rá eml,o a sociedade sem o Estado? Outr1.palavr1.dovocabulãrio marxistapareceoícrccerarespos11acssaptr&unta:•uro1cs1;to.
dade. sem Poder Público, cada qual,ivcriasoho,anõnimo,iaua] aosoutros,dcntrodacolcti,·idade. Estasimseriao\"crdadeiro deusaoqualde,·eriasersacrificadoqualquerlaivodesupcriori· dadcoumesmodcdifcrenciação, qualquer veleidade de personalização. Assim.ossocialisiasdehoje, aofugircmdcdentrodaes1a1i,ação.aindaquandoofaçampor circuns1ànciasprcmcn1csdesobrcvi,·ência,nloesilopromovendouma,·ollaaosvalorespcrenes dach-ilizaçãoCIUtiqucatéal&um tempo atrú ,·i,·ific1\·am o Qci. dcntc.Acvasiodclesfumsalto paraomaisfundodoabismocomuniita.Mase1SCsaltoclcsnão oquercmdarsós;qucremlançarsc na ,·oragcm de mãos dadai com os não-socialistas. Dai ai' anti11a preparação psicoló11icaquevem scndofeita doladod ccádascortinasedos muros,procurando-pormeio
Saltando de mãos dadas
Stt.íquee1leftlipeGonulnd.1 Í!poudoCongrts50 E,h.1ordin.íriodo PSOE (st ttmb,o dt19791que lhtouto11ou um poderqu1st1b50luto...
Num mundo sem religião (ou,oqucdánamesma,coma pseudo-rcLiai.Aodomatcrialismo), semlipçlocomopanado,sem vin,;ulosdefamília,sempropric-
..:
' , . ~,
,.;:./:. ,
'. ~ ,,.,, ..
j
1
'
·~ """
· · " ' .. ,
,A
~... ' . "-~..,..
.·•
..,
';
... convtrltu-st .11or.1 num ~nctro [t so11idtntt) dtftnsorCU .1uttntiuclntst1tiuçiol
'
,
• ·.
,'..
-~
da,:squerdacatólica,dosmeios decomunicaçiosociatespecialmenle-criarumamentalidade "comuni1Aria"apropósitodet11, do(na.sCE&.nossindicatos,nu associaçõcsdebairroounoque for);eaomesmotempoautogesrionária(nasmicr~mpresa.s.nos condominios etc.). Enquanto isw, opera-se por meio do pacifismo a qualquer preço, de certa propaaanda ecum~nka e quej1ndo,;, a <ksmobiliução de 10das as prevençõesebarreiras,aindaas maiilegitimasene=5Arias,conna o mundo comunina; incentiva-se tambtm o turismo controlado aos paíi.es de além cortina.ideferroedebambu. Como fruto dessa imensa ma, nobra . observamosqueadivisão entre pró,socialistas e prócapitafütasvaienvelhecendo,cedendolu11araumaou1raentreos pró-estatização e os contraestatizaçlo. Mas como o número dos favoráveis à estatização deelinaaolhosvistos,iodostendemaunir-se-óid!lioinesperado!-nocombateàestatiza, ção (servindo a euforia da "unilo''eda"paz''comonC\·oa paradesnortearo1espíritose conduzi.Jos ao abismo autoaestionário).
Convergência autogestionária : o papel de uma Mensagem Para a realizaçlodesse imenwprojetodecomunizaçlo uniYersal,osa1uais 1overnos sociali1tascstariam dispos!osatf,
num primeiro momento, a um «rtoreeuoestratégicoemmaté· ri1depropriedadeprivada(limi1ada) e de inicia1iva individual {controlada), em busca de uma COnYerJlnci1. Nós, ocidentais, iriamosfuendoasreformassocialistas,demodoanosencontrarmoscomde5numpontoin1mnediirio, o mai! próximo pos, l,Í\"d do campo comunista. A par1ir daí, e mesmo an1es, ao lo11&0 dac.aminhada,aautogestãoiria sendo implantada. Admitida eS!ia hipótese, torna-se mais fácil entender a uis1!nciadeforçasfavoráYeisà democratiução auto1estionária docapitalmovcndo-seacédentro doPanidoConservadorbritàni · co;compreende.secomofoipmsh-elaoprimeirominimosocia· listaespanhol FelipeGonzalesvir aoBrasilparacrilicaraestaliza. ção:esobretudolícamaise,:plicávelofatodetersidolançado nomercadomundialoproduto Gorbachev(sorridente,d=ontraldo,convergenciali5ta);eaindaseemendeporquedentrodo ,errenosagradodaSantalgreja tenhahavidoclimaparamedrar esssecoaumelovenenosochamado Teolo1ia da Libertação marxista. Emtalcontextoéqueseperceb,r todo o alcance, em nivel mundial.dadifusãodoprecursor brado de alertado Prof. Plínio Corrh de Oli,·eira, dado cinco anosatl"UemsuaMensag1'111in · titulada "Osocia/ismoauroges· lionário: em vista do oomuni5mo barreir11oucabeça-de-pon1e?"A
elaremetemosnossosleitoresde· sejoso:5 de aprofundamento. Mmo os que jj a leram, i.ejaem ''Catolicismo" (edição de janeiro-fevercirodc1982,n"s373 el74),sejaemórgã05daimprensa diária brasileira, releiam-na. Meditando-a, compreende·sc o tremendo akance da manobra autogestionária - jjimentada naquelaépoea, e ora em plena e,:eeução-paraomundocpa. racadaumdenós. É o rumo da vidadasnaçõesedosindividuos queseestáprocurandoaltcrarem profundidade. Porfim,esse1rá1icopanoramapare«tornarclaraaafirmaçãodalrmllúcia,vidente dcfátima,se11undoaqualtodasasnaçõesserãodominadaspelocomunUmo.lniciadaamanobraautoges1ionjria,comelaseiniciaefe1ivamen1e,no0ciden1e,essedomínio,nãoaíndamilitar.masjá decariterideológicoepsicológico. Domínio este que vai de,,;.agrepndo a,adativamente, de modo como que imeruíYel mas inaor.ivel, os teeidos das sociedades do MundoLivre.QueNossaSenhora de Fátima nos livre dele o quanto antes.
A "síndrome do pânico" Os
HOLOFOTES dos meiof de comuniraçlo vêm se fi. undo com aec,ceme inm1éna11 sobre o fenômeno ,ireu, QU· Jadopd,,trf?idaç.lodavidamodetna,atraindoparadeaatençlodopúblico. N1sociedadeatu.al,ondealutapelavidase faz cada vez mais diflcil e desumana, a teni.lo - ou ílr,:u natura! , que u condiç&s normais de eXUtlncia por Ji mesmas cxi&em, aumcm-11 att o ponto de desequilíbrio e toma-se patolóaiu. Eos sintomas ,·.lo aflorando num número crescente de pe$M>U, desde uecutiv06 e profluionaiJ: liberais at~ donu de e.ai.a., e mesmo c:riancas em idade csco!at. Queixam-se de freqüentes dores no peito ou no nt6ma,o, dcpreu.1o, irritabilidadt e ncnosi.1mo. tranm>f'MOI cardio~l.$Cl.llares ou 1:is1rieos. A ''liindrDml' do p.lnia:l". como ~cm sendo chamada, e q~ a1in1iriajj411'1dapopul•çiobrasileira,011seja,cincomilhões dcpessoas{l) , temsido1ssimdcscrita: o ataque começa repentinamente com suor frio. 1aquicardia, tremores e uma sensaçao an1usti1nte de estar na iminfocia de morrer . Tudo«$U. tio n:pentinamente como começ-ou, mas repete-se uma e outra vez, com dias ou 9el1lll\l$ de intervalo. Em ronseqÜfficia, iniciase no pacicnte um proccsso de fobia5: terror de uir à rua, de andardccarrooudeiraotraba!ho,conformesejaacircunsLincia na qual sobrev!m ataques. Por esu forma, o indivíduo afetado transforma-5<: num verdadeiroinvilido. Atualmente o problema vem sendo estudado Jl'O" equipes moklicas em todos 01 pafse5 indumializados, e grandn laboratórios thn financiado amplamente as pesquisas. A lfil!lde imprensa, por seu lado, tem dado ar ande dinlipçio ao assunto.
°'
Tribalismo ou sociedade orgânica? Semdii,-id,, oprobkma ~efeifOIIIOeÍ\'0$domundomodcmo IJObn .a p,siro/ofi-11 bumana existe e é •rande. Qual Jua
ot16ffll hulóric.t~
Em quaJc, doiJ J«Ulos de etlSltoci-11, o miro do prosrnso indefinido, obf,do atra,·h d.a ciloo-11 e da tlt:nial e concnrizado na re>oluclo indunria/, ,,.rec-eu a mui101 n-rar- realiz.an. do. Mas a condiç«, er-a a«>mpanhMo ritmo do prof1e&ll. Ritmo 1mpos1.o pel.a proda,ioA e brotai fOtP da mllquin.a, q...e nJo podia Jer controlado por meros individuas. F"Ulll-se IICCC$5lria a prNenc.a do &lMJo Pfif-11 Mministrv- (or-çu tio "UIU. Auim, na m.-didll em que.a RYO/uçlo indiw.rial, com suas eri~ 1 1 inumanu. seu 1iJlantismo ml!WfiCV1re, foi af&.11aado o homem da con$ideraçlo de sua superior rondiçJo de ai11ura espiritu11/. 1umenrou proporcion11/rnenre nefc, e na socied.1de 1omad11 como um iodo, o c!Nequilibno pjlquico. Pouco• pouco, JK)rlm, começou-te a ptttt:be.- que o mito do p~,_, deff<I pro,rt'S$0 ma1eriallst1, é um ídolo com ph de b.vro que, cavalfa sobre o corpo .a,oniunre da sociedade or11Jnica. Hoje, no momcnro em que o miro desmorona, eu, socicd.ademoribunda ficaf)Ofra11meum.1enrroJi/h11da . De um lado, ni.11 o abismo d•• tíltimu C0115Cqü!ncias do proce:ssorevolucionário: oromunismo•uro1C$rionllrio,otrib.lfümo (2). H.11 OI que fizeram esM opçlo e I sustentam firmemente. E/1 ronduziria. ,qundo o, que I propu1nam, 110deuirnu·ffimento d-111 principais cauus do stress e todos seriam felizes e psicolo&icamente equilibrado,. Na realidade, f esA uma falsa50iuçloparaumproblemamalcolocldo.Oresultadoselia maior stres.i.. di$tli.rbiol Plicolótkos mais profundos, maior infelicidade lffll. Pois til "soluçio" comistiria aperw ,·u•1éoparo~1Mn0,tn.loemeliminar15verdadeira.icaw.as dadC!Ofdem O 011tro caminbo - que lnfe]W!lente poucos admitem e se dispõem a trilhar - consis1e em voltar ao equillbrio de alma dasociedadeor1.lni,a.E1taopç.lo-aüllicaque,olurio<wi.a o, problem.as do homtm contemporlneo - requer que sejam abracadosinteiramente01principi06daciYilizaç.locri11ierej,eitado, tambtm de modo iniearal, tudo o que lha é c:ontririo.
em._,.
Mi111el Beenr Vima
{l) "_., __
. . ........ _.._...,"""'°...,... """'_. ,.'O-•s. ,-
,, 1+1"!."~ " " M l i l " '; --Jl-).J1, ••l'liqo,IÍO>-
1o··. 1-..1,·· ~ .. ,..._ ............
(l)•"••,_..o. Jl'lwoConto•Oli-o. "Trlboliao......_ _ _
- l * • o _ < l o , . . X X l". ~·,.,c....,,SloP-.1'77
CATOLICISMO DEZEMBRO 1987 - 15
----.
~J.:).
~Ji~IL ,; -4 ,.,,......
'
!L.U
BIENAL:
""'
Etsa"instalação", compos1adetronco1demadeira tfei,esdefeno, por seu eleito visual, odor. traz a lembrança do campo, ..
Na 1')~Bienal de S.lo l'aulo, "nada h~ que tire o fôlego do visi1ante, anãoserosftqui\ômetrosdec.iminhadanecen.iriospara~,·erlo·
d.ia mostra"
A
BIENAL DE SÃO PAULO sempre pretendeu indicar novos rumos no campo da "arte" de vanguarda. Ao que parece nesta 19~ mostra secaram as inspirações. Segundoarevisca "Veja" de !4-10--87, "entreastendi!ncias apresentadas, nenhuma m erece o título de novidade. Nada há que tire o fôfr:go do visitante, a nào sa os 6 quilômetros de caminhada n('(;cssários para se ver roda amostra".Aausênciadenovidade,abanalidade e avulgaridade, sem falar no hediondo das "obras", t~m sido a tônica dessa exposição. Figura insuspeita, a gravadora Fayga Ostrower questiona "se as mostras merecem rea.lmeme ser consideradas 'bienais de obras de arte"'. E pondera "que se for feiw um balanço gt:ral do qu,:., foi apresemado nas bienais que aconteceram nos últimos dez a.nos, é possível dizer que 95% das obras expostas não merecem o tíwlo de obras artísticas" ("O Globo'", 22-8-87). lmpressionadacom aaceitaçào passivadaqui!oqueé oferecido ao público, a artista Fayga continua em suas criticas: julga "que ess,:., público, como cáanças pequenas que não entendem a fala dos adultos, pergunta porque aquilo que vê deverá ser considerado uma obra de arte. E, em gera/, segundo a artista, realmente não são obras de arte. [Sobreconceitodearte,verquadroanexo)Massuaprincipa/ reclamação mesmo é que isso a.comece sem que ninguém discuta" (ld. ib.). E é esse aspecto que queremos ressaltar. Aprescntase algo em qualquer mostra e isso basta para consagrar o "artista"esua "obra". Assim, nesta Bienal da "arte" figuram ao lado das pinturas, das esculturas, das "instalações" (montagens feitas com os mais diversos materiais), os ·•readymade", criação "artística" do francês, já falecido, Marcel Duchamp. Trata-se, segundo "O Globo", de "objetos de uso cotidiano que, com ou sem imerfrrência do criador, passam à condição de 'objetos de arte' pela simples e/eíçào do artisra". Tal gênero d e "arte"exigeumpoucodeesperteza,deumlado, e considerável tolice - ou má fé - do outro ...
H, - CATOLICISMO DEZEMBRO 1987
Assim, a revista "Visão", de 23-9-87, diz que para o"artista"TadashiKawamataexecutarsuaobrabas1a que o deixem "passear p ela cidade por alguns dias. Depois, dêem a ele marre/o, muitos pregos e ripas de madeira usada. É wdo o qut: esse artisrn plástico prrcisa para fa.zersuasobras:insralaçõesinusicada.s,semdha.nresatapumes desordena.dos com os quais envolve prédios, ponres, via.dutos e aré igrejas. Obvio dizer qu,:.,, as reações do público são as mais varia.das, da revolta à indiferença. e ao deslumbramento. E é de observar essas reações q1,e ele [o artista] mais gosta ... " Apresentados pelos "mass media" como "obras" de artistas, "anti-artistas", "nào-conformistas"ete.,asBienaissâo,narealidade,umaespéciedemaçariconecessário para manter viva uma "arte" que, deoucro modo simplesmemcdesapareceria,talafraquezadeseus"argumentos" para fazer escola, anti-escola ou nenhuma esco\a .. . Apesar disso, nota-se a presença de erementos de ocultismo, satanismo e marxismo. E não falta também a pornografia. Talvez sentindo essa debilidade a artista Fayga "apon//l a impossibilidade de renovar, radica/men/e, a linguagem artísrka de dois em dois anos. 'Isto não acolltrce nt.>m em épocas áureas da arte'" ("O Globo", 22 -8-87)
Conceito de verdadeira arte Pl111Ao ddiniu o bdo n11 açcpçJlo objcri,·11 como .. o esplendor d11,·ttd11<k'" S..nto Agostinho o con,eiwou como · "o c,plcndor d11 ordem''. E n11 fili»ofi11 CfCO!á,1ic11 cnronlra-H um conc-ciw de bdo que ~isa11b11rç11rro;:1<Km.ispt"('rosd11 temárica: brloéoesp/cndorda forml sobre AS ,v,rtcs prnporcionadu da mar fria (artes plásricas). wbrcencrgias(artes fon~!ica,), ouwbrclfÓ<'• (artc,miuas). O ronceiro de !>cio nessa aupçJlo idcmifica-se rom o de vre, rambtm enquanto obje(i1·11 ou numa. que rorrcspo,,de-10 de '·t>c1.u ar/<'J"'.
T1/si6nificadodiwna11c--scdc11rtcC11quanroJ11bjc1i,·a.N«re tiltimoscn1ido.11r1cétodoo11pcrfri,;o.amcnwd11in1cli6ênci11práti"(quetvolr11dap11r1111.1ç,lo),no1oc11ntci.produçáodeobras qucrcqucremhabi/idack, perícia. maestria crc. Cmruma-sc ddinir ar/e, cm scn!idosubjelivo, oomo a ret11 raz.alo de
fazer
ponto final
Oe ,cordo com a rni11a "Veja" (7-10-871 painéi1como "Mewpot.l· mi/' (loto) rnmli1uem um bom material para temr ,1 alirm,1çfo do c11lico1;meriunodosrna1l0(lementG,"nbe,g,M!gundo,1qual '"todaob,a p1ofund,1menteoriginal parece feia a principio"...
Tais mosiras. na sua sanha demolidora. ora dcs,cndam. ora ocultam terios objeti1os que aqui e ali se delineiam como um pon!O obscuro, impreciso, sinistro e. em todo o caso, diametralmente opos10 à ,erdadeira obra de arte, ao belo e, por e.~tensào, ao bem À guisa de cwmplo do que poderia ~cr tal pomo obs-
curo. apresentamos um parelelismo. Um objc10 de arte está para o sentido da visão assim como o perfume de uma ílor e-stá para o olfato. como uma iguaria está para o paladar, a ha rmonia dos sons para a audição e, por fim, o agradável de um veludo está para o tato. Não é o caso aqui de exemplificar com iodes os sentidos, pois, em ,irtude das conseqüências do pecado original sentem os homens, por vezes, conawralidade com as coisas mais bizarras e distorcidas. Seos principiosdaestética,·iolados, 1i[ipendiadose a1é massacrados nas Bienais exalassem o mau odor corresJ)Ondente à não obediência às regras pelas quais os perfumes são agradá,eis ao olfato, ta!,ei só os ··ar1is1as·· e alguns extra,,agantes suportariam esse mau odor. O público cm geral, e mesmo o povinho - em nome do qual sc"dcmocratiza",sc"descli1iia"aarte-mui1íssimo provavelmcntcdistanciar-sc-iada'"arte'" modcrnacdificilmcn1e desejaria possuir tal fonte de mau odor em ca· sa. A bem da verdade . diga-scquernl "arte" moderna só atrai aqueles que deterioram o reto senso artístico arraigado em todo o homem e os "picados pela mosca .. do esnobismo. Dessas duas categorias pode-se excluir o po~inho, ainda cheio de bom senso . E.~agero? Nem tanto. Quem 1e,e a des,enwra de ir à 19~ Bienal topou com uma das "instalações", espécie detabaoudivisóriacircularemremeadadefei.~esdefeno (foto). Além do efeito visual, ela despertava. por seu odor, a lembrança do campo. Acontinuaremosimpassesdas Bienais, nãode1erá causar cspéc-ieo surgimento de "artistas" com alguns "rcady-made"' exalando toda espécie de maus odores. A decadência da humanidade terá chegado então a um pa• tamar inimaginável. ao menos para o comum dos mortais. R. Mansur Gutrios / S. J. i\larrins / Fotos Angdo Randazzo
A grn,11lor• F•u• 01trowtr qu~lio.u Nst •1 rooslr•1 rntreum ,ui. m,ntestrcon!iderJdu'bien•isdeobr•sdeut,N'
-···-~
~
As BienJis s~o um m•ç • rico par • m•n1er 1iv• uma "J r1 e" que , de nulro mndo,1imple1men1edewparec eria
Embor• m.1i1 ~nhum• "enol•"• delin.J , ,1. "u1e" •prestnt•d• neis.i 19' Bien.Jl1Wodti1ou,con1udo,de•pre-stnlu tlemenlo1deoculti1mo, wt,1.nilmO e m,mismo
CATOLICIS\10 DfZfMBRO 1987 - 17
A REALIDADE, concisamente:
~
0110,·emo ru1$0puece1 rrependidodesuil prerrog1tiv1 nil ed uuçio inf1ntil.M uenqu.1 n1onlo1bdicu d1doutrin1m1ni1l1que1do1011,so. lru.iouconseqiiêncii1cri1nçuco,
mo ,11.1, do judim de inllnciil n~ l88,dt Kh.1b,1ron•, n1 Sibiri.1 ... • ARTI CUL ISTA do "Prud11": Estldo i mau educador. "A socitd11desovi~ic11comereu um 1r1nde erro ao ,ornar o EJtado o principal rõponsJ,·d por suascrianças.(... )Chegou11hor11dcrn111ur11roiinicocu/1opossfrdna Rússia, oculto A famí·
/ia"'.Oautordes1asurpreendentedeclaração,escri1orAlbenLljan0>·.re-·elaainda,ananiJopa-
Ojornalistanonc-am cricano James Bo,·ard, especializado cm Economia,foiobservarin/ocoa situ.açãocrclatousuasoondusõcs ao "Journal of Econom ic Gro,.·th", tendo sido a matéria pos1criormc111crcproduzjdapela revista "The frccman ",cditada pela Foundation of Economic Educatíon (FEE). Sua descrição é aterradora. NaHungria,aexpcctativadevidadiminui"mpremais,asaúdc pública deteriora-se.Numerosas comu nidadcsnãodisp&mdetclcfone, elet ricidade c mesmo de água potável. Porsuavez,umhúngarotem dc.cspcraratéseisanosparacomprarumautomóvcleatédozeparaobtcrum tcldone. Quanto à listaparaaguardarmoradia,acspcrapodcseprolongarponete anos. As punições para os que nlosedcdicam a trabalho "50c:ililmeme úri/" foram agra,·adas. Enquanto isso, rcccntcmcntc, quandoaproduçãodasminasde carvão declinou, o go,·crno comunistacompcliuos minciros a trabalharem nos sâbados e domingos. Eis uma sumária radio11afia das mazelas húngaras. Quem semeia ,·cntos, colhe tcmpcstade.Quemsc,meiasocia lismo,$6colhcmistria ...
rao"Pra,·da",serh.ibi1onopais
os casais rejeitarem os filhos, abandonando-osemclínicasmaternais,oquefavor«eadis~mi-
naçãodadelinq0!nciajuvenil. SegundoLijanov,queacaba deserdesignadoparadiri&ira FundaçãodasCriançasSovié!icas,milharcsdccriançucresccm aban donadaspe!ospaiscrcpudiadaspelofaiado. l'arnocomunismo,qucncaa ocarátcrrcligiosocsacramental domatrimõnioenãoadmitc sua indisso!ubilid adc,auniãoemrcos esposos nãopassadcmcra formalidade legal.podendo serdesfeita a qualquer momento pela simplcsvontadedcumdoscõn· iu1es. É, pois, o amor livre. lcJalizado por etapas, quc torna impouível a cducaçlodaprole. Ademais,comopodcriames.saspscudo-famíliasoricniarosfilhosnapráticadeumamoralcuja existforia o regime mar~ista oficialmcntcnca:a? • SOC lALIS MO h,)n au o fncll.WI. -Scgundoa··jntclligcnt.sia" esquerdista, a Hun1ria rcpr~maria um oúis de prosperidade e liberdade no mundo de altm Conina de Ferro, $C111 grandcs riqueus - é ,·crdade - mas tamb<!m sem mis.iria. Será real?
• JOVEN S SEM FIBRA. O a:eneral P. X. Kclley, comandantedoCorpodcFuzileirosNavais dos Estados Unidos, declarou r=nicmcnte que os Jovens dcseupais .. cs1ãopcrdendoa/ibramora/". O comandante dos famosos"marin cs"enumcroualgumas dai razc'les rcsponsá,·ei1 porcssacrisc. S<:gundoelc,afalta decnsinoreligiosonoscolégiosé uma delas: ''Opiorderudoéque 1iramo1Dcusdenoss.uescolas", dcc!arou,referindo-scàdecisão daSuprcmaCorteamcricanade abolirocnsinorcligiosonascscolas públicau. O militar culpou tamb<!m as mães que se, empre1amsemne<:cs,;idade,confiando acducaçlodosfilhosaestranhos: "Acducaçlodascriançasagora está nas mãas dessas =bcs anónimas ". O gcmral considera tamb<!m quc nos últimos anos os jo,·ens foram bombardeados por ccnasdepro1cs1os1rarnmitidll.'i pela TV cm que a bandeira am ... ricana era queimada, especialmente após a guerra do Vietnã. Como exemplo de dccad~ncia moral,ocomandanteKellycitou ocaso dos fuzj!eirosnavaissc,rvindo na Embaixada americana emMoscou,qucpassaram segre-
18 - CATOllCISMO DEZEMBRO 1987
dosmili1arcsaosrussospormeio de prostitutas-espiãs. • ORTt::GA: nkangütnw, • Kütnlc a fo mt! Ao cncontrar-wcom donas-de-casa queprotcstavamco111raaescas1czdcalimcntosqucscobserva naNicarágua-principalmen1e arrozcfcijão-,odi1adorsan• dini1tacxclamou,cmtomindianado; "Osnicaragifonscsdcvem 11gücmarafome,provocadape• la5enorme5dificu/dadesccon6-
mfras [por] que passa o país. O mais importante agora I estar com vida" Tal ameaça, formulada cm termos pouco velados, iluma bcmocará1crpolicialcs.:oe1otalitáriodoregime. Su.gcrimos,emre1anto,aolei1orquc faça uma curiosaexperiência:comparcaquclamanifes1ação popular com outras do mcsmoghcroqueocorremfreqücntcmcme cm países não· oomunistas. No Brasil, por excmplo. A frcnte de 1ais pro1cstoscncomrará quase sempre um ou mais representantes (lcia:os ou cdcsihticos)daesquerda"ca16lica''aclamarcontraocapit1Jismo - que 1craria a fome - e a exigir rdormas socialiuas urgentes ... Por que na Nicarhua comuno-undinistaomesmonlo acontece? • CONTOS DE 1'"1NA R ,·altm mYi s do qu~ a ca ma. - Pouco difcrcnça fu se é uma cama comdos1cl,acortinado,oumcra cn,;ergacobcnaoomtrapo.Oque importa é queahoradcdormir é ummomcn1ocspccialparapais cfilhosestaremjuntos. numaatmosfcra de sil~ncio. alimentada pe!oamore confiança. Talambiente fortaleceocspiritoda criançaparacnfrcntar,mais 1arde.osterri"ci'icmba1csdavida. avi,·ando-lhedesdccedoasnoçõcs do bem e do mal. cs1imulando-lhe a coragem e a honcstidade,orespci1oasicaos 0111ros-valorcspcrenesqucse trammitem de a:eraçlo em gcração nas famílias sadiamemc constiiuídas, isto~. no lar cristão. É também a hora da cantij:a dcninar,quetran1ponaamente infantil para mundos encarnados, maravilhosos. paradisíacos, dando-lhe a senuçJio de um bem· estar profundo e inexprimível. EstaintC&Tidadcpsiquicacmoral, qucucantip.sdcninarnutrem cacalcntam,émai1necessáriaà criançadoque,porcxcmplo,um mobiliáriodcal!aqualidadc.
A empresa norte·americana Elha Allen - e,;pccializada cm decorarmoradias-chegouatais conclusõcsapóslongacxperiêncianoramo,conformeanúncio estampado na conhf!'Clda "Archi1ectural Dia:es1" daquele país, cm suacdiçJiodejunhoúltimo. • DA n;OR IA Á PRÁTICA d1"1ibcr1açio",-Padres,rcligiosos c rcligio1as adeptos da Teologiadalibcrtaçãoestãolutandoao!adodeguerrilheiroscomunistasnasFilipinas. Ofato,de há muito público e notório no pais,ganhouno,·adimcndoapós asdenúnciasdeautoridadcsmilitarcs, baseadas cm declarações de Rustico Tan, cx-1a~rdote e membro da ora:anizaçiogucrrilheiraFrcntcNacionalDcmocrática(FNO), que forneceu dados arcspcito.Sctorcscatólico,;conservadores,·êm tamb<!mdenunciandoofato,oque!cvou90sacerdo1ese300rcligiosas"prol'cssistas"ainiciaremumagrevcdefomccmBacolod,comosinaldcprotesto.Ocscãndaloadquiriu11isproporçõcsquces1á prm·ocandoumacriscnasrclaÇÕCS lareja-Es1ado. Em Cqa)"an de Oro, por c,cemplo,háumprt:>ttssajudicial emcursocontraoPadrcDio!-da doladera.acu~dodcpanicipaçionumacmbos.cadaa:ucrrilheiraemqucmorrcramoiwpcssoas Porou1rolado,centenudemili1ares estio pedindoacxpuldo dosrcdentoristasdacidadedcCebu,osquaisrea!izaramnaigreja osfuneraisdedoisgucrrilhci ro1 da FND. enquanto o padre RobcrtoSalac,membrodessaorganizacão,,·emsendotransforma doemmártirportcrmorridocm confronto com forças go,·ernamcnta1s. Scráes1aa•·praxis"libcrtadoraaqucaludccom frcqü~ncia FrciBoff?
•
GucrrilMiros com.uni1t.1s.lilipinm, I comoosd,1foto,,·êfmwnfileiru engross.i.d,i,spor,1.liidoscommqu.1is nlocontn.1m:rtl1gÍOW!iereligiosu ,1dcptosd.1 Tt0logi.1d.1L1berbç,io
TFPsemação aponta a profunda divergência que vai cindindodealtoabai.'looBrasil,acerca das Reformas Agrária, Urban a e Empresarial, bem como da estatização da medicina e do ensino. A obra pôe tambemempenhoemanalisarosgravcs inconveniemes do "reformismo" judiciário, ,ongêncrc, a seu modo, com os demais.
Na borrasca institucional do País, uma sugestão conciliadora da TFP ACABA DE alcançar êxito ímpar apropagandalevadaaefeitopelaSociedade BrasileiradeDefesadaTradição, Familia e Propriedade - TFP na grande São Paulo, para difusão da obra do Presidente do Conselho Nacional da entidade, Prof. Plinio Corria de Oli\·cira, intitulada Projr:10 de Constituição anguslia o País ("Ca10licismo", ou1ubro, 1987). Em 20 dias dcaçãodimajuntoaopublico,sócios e cooperadores da TFP portando ca-
Repercute manifesto contra a estatização LIMA - Apó5 a publi,açifo nas páginas de "E/ Comén;io" e "E/ Expreso" do substancioso comunicado do Nlicleo Peruano de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, aponrando os graves riscos da esrntizaçifo dos bancos, campanhias finan,eiras e de seguros, os jovens propagandistas da. entidade saíram às ruas ,om suas capas e estandartes. O objerivo da campanha consis1ia. na ampla divu/gaçlo de cópias daquele comunicado, bem como da moção de aplauso dirigida A TFP por dois Bispos e cento e vime sacerdoles peruanos.
pas e es1andart es, e acompanhados de fanfarra,venderam20.000exemplares
da obra a leitores das mais variadas classes sociais. A partir de agora, a campanha al-
cançará o imerior de São Paulo, difundindo-se em seguida por todo o
Pais. Projr:10 de Comrituição angustia o
País põe cm realce, com base cm mais deBmilnoiiciasdeimprensa,ainautcnticidade política da Constituinte, e
Tais pronunciamentos, também publicados em jornais de Arequipa e Cuzco, repcrrnriram amp/amemc no pais. Em cana dirigida à TFP, o Arcebispo de Tacna, D. Oscar Alzamora, rearmnou a dourrina social da Igreja, incomparivel com o estatismo socia/isrn, enquanto na Assembléia Nacional a senadora Bertha Arroyo de Alva pronunciou-se favoravc/mcme As reses da TFP, as quais foram objeto de críticas por parre de cinco parlamentares esquerdistas. O a.Jca.ncc da tomada de posição da TFP pode também ser avaliado pela. empenhada remariva de seus opositores em ,omra.dizê-la. O Pe. Gustavo Gutierrez, um dos artífices da Teo/o1ia da Libenaçào, apressou-seempublic-ar, jumamcntecom 300 sacerdotes, ummanifestofavorá\·elàsocializaçlo dos bancos.
Para salvar o Paisdasconscqóênciasincalculáveisdcssasseisreformas socialls1as,comfor1etendênciaparao comunismo, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira propõe que a Constituinte se limiteadisporarnalmentesobrcamatériacstritamentcconstitucional,dacstrutura do Estado, da organização e atribuiçõesdostrêsPoderes,edosdireitosindividuais,sobrcaqualégeral o consenso do eleitorado. A matéria sócio-econômica,eemespecialasmencionadas reformas, só deverá ser tratada por nova Constituinte reunida ao cabo de três anos, cm seguida a um debate amplo e esclarecedor, do qual participassem órgãos representativos de todos os segmentos sociais, cnotadamenteasuniversidadcscentidadcstécnkasespecialiiadas. Com esta proposta, altamente conciliadora, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira tem em vistaqueaopiniãopública se manifeste com toda a autenticidade, em pkbisdto a ser realizado imediatamente após a promulgação dos dispositivos constitucionais de indole sócio-cçonômica.
C...:,LJCJ"----i.<C-""'::..á."-- ~ - -
CATOUCISMO DEZEMBRO 1%7 - 19
Ot•1telodeCou(1éculoXV, P,o,incia de Segó,ia, E,panha)arlislicamente folog,afado po,Reinha,tWolf
"Alios ego vidi ventos ... " NostCULO VIII os muçulmanos invadiram quase por i111eiro a Penins11la Ibérica. A partir de e111ão 1rarara111 os católicos a longa luta de libertação. E com ela escreveram uma das mais belas páginas da hisuiria da Cristandade: a Reconquista, efetuada tanto em território espanhol quanto português. [Jpsde Dom Pelayo, que enrnrra/ado nas Astúrias tornou-se re11cedor da prodigiosa b01a/ha de Coradonga, no ano de 720, até a conq1ús1a de Granada pelos Reis Católicos, Fernando e Isabel, em 1492, u Cru:. e o lslam tra1·aram, por oito séculos, em terras ibéricas, épicos combates. Ecos dessa grandiosa gesta bélica ouviram-sedesde então, em todas as épocas, chegando até nOs, quer nos incontcfreis documentos históricos, quer em contos, lemlas, canções épicos. Talve:. a mais fomosa desws, "EI Cantar dei Mio Cid'' narra poeticamenre as proezas de Cid Campeador, bravo cavaleiro cristão. Também as fortificações erigidas em terreno reconquistado pelos cristãos representam, ainda em nossos dias, testemunho eloqüente daquela cruzada. Esparsas por toda a Penú1s11fa, recordam o ú11peto guerreiro e os grandes episódios da Rffonq11ista. Nesse sem ido, poucos monumentos são tão evoca tiros quamo a forrale:.a de Coca, edificada não disranre de Segóvia, no centro-oeste da Espanha. Constrnfdo para resistir ao assalto de poderosos exércitos, o castelo aparece na ilustração des/a página 1111111 jlagrame especialmente farorá1·el, fotografado com inigualó1·el senso arristico por um renomado profissional do gênero, o alemão Reinharr Wolf(•). A sombria tempestade que sobre ele ameaça desabar defroflta-se com o maciço arermelhado das muralhas. Estas se expõem, radiantes, aos elementos, à lu:. de 11111 sol fugidio, como as hostes cristãs
dispor-se-iam em cerrada ordem de combate, ao som do último roque de 11111 clarim. Tranqüilo, o castelo espera seguro o embate i111i11e111e: "Alios ego vidi l"entos; alias prospexi animo procellas" ("Eu ri outros ~·entos e já enfremei outras tempestades" - o: c-ero, "Familiares", 12, 25, 57). Coca foi edificado por Dom Alo11so de Fonseca, Arcebispo de Sevilha, em meados do século XV. A praça forte sen·ia-lhe de ref1igio e wmbém de s11ntuaso castelo. Tal como o famoso Alcacer de Segôvia, fa:. ele porre de 11111a cadeia deforrijicações conslruídas pelo Reino de Castela durame a Roconquista. A forlafe:,a possui dois reámos: o corpo principal e as muralhas. Aquele está ainda protegido por altos e esbeltos torreões poligonais e pela sólida torre de menagem que sohrassai no cemro do castelo. As linhas brancas, parecendo feitas de delicado ladrilha, que circundam o edificio, emprestam a este 111110 refinada nota ornamental. A profusão de ameias, torres e torreões - adornados por sut(s tracejados - toma a fortale:.a adminfrel, tanto pelo caráter esrrau!gico-militar, quanto pelos elememos artlsticos. Seu vullo colossal rememora, por assim di:.er, 11111110 eloqüente linguagem de pedra, feitos heróicos de outrora. E11fre111ando vitoriosamente, há cinco séculos, a corrosão do rempo, a forrale:.a exprime mag11ijicame11te o caráter de seus consmnores. Campeã das itlades, solitária e altaneira, ela c-ontinua a brilhar, 1•encendo o tempo na ino.1'orá1·el batalha dos séculos. (•J Rf'inhofl ll'ol/, fotógrafo dt Hamburg (Altmonho) é ou1r,r
!"efixuros6ngutostoro'ljun1odtcircuns1únciosqueemcam o~;; :i,:c;,:~:,;:/::'J;'ff~~t::n{,~:'J!:::bc;::i1::,:{=6;:~ o simbolismo iniguuludo dos ··rositlos dt Esf}(lnha". A jo,o
qut figura nts/11 ptigmu ili rf'produçilo dt um cromo genlitmtntt ofer«ido u ' "Co1oliâsmo ·• JNIO ts11idio desse profissionul utrm4o.
~AfOJUCISM
Nº445 - j aneirode19S8 - AnoXXXVII I
No estudo de História do Brasil: tratamento igualitário para todos os povos, ou diferenciado, segundo a importância de cada um deles?
Extremismo igualitário • no ensino de História Plinio Corrêade Oliveira Opo. ucode.Hi1tóriaqu e.st lt cion• t m no1so1 cu,sos prim.írio e stcun· d.í riodeven.1 st rsup rim,dopar•st
ensinar •lgo sobrt o nomafümo dos
1 indios b,asileir.os e 54!us h.íbitos, como 01deS11nhos qu e estes dois jovens d.1lriboW•ur.1, n.1 regi.i.odoX ingu, pinl•m em seus corpos!
f m São Paulo, reforma no ensino confirma teses do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira As
CONS IDE RAÇÕES do iruign,:p,:ru.adorcatólicoarespei10 do an. 24 da.s Dispo1ições
Transitórias do ProjetodeConstituição, que ficuram no ani10 acima , Ião plenamente confirrnadas pela reforma do ensino de pri-
meiro111au (an1ia:oscursosprimário e 1ttUndário, abrarljendo criançasde$e!eaquatoneanos), quea ~ retaria deEducaçãodo Estado de São Pau loesut intro-
duzindo na rede de ensino estadual Em pu blicações oflciai1, a Coordenadoriade Estudose Normas Pedagógieas.órgão daq uela
Secretaria,aplicitaascoordenadasque deverãoori emartal refonnulaçlo doensinoque red undará numa verdadeira revolução pedagógicaaserpromovidanas escol as ei.taduais. Do amplo material publicado, selecionamos alguns tópicos que
NOS1,1a.p,1:~b.1rquedeC1· br1l r m PortoSeguro-óltode Osa.r Pmir11WSiM - fotogr1• f1 doporAngelohndu10.Con. cffilotspKi.ldo Mu$oNI P1ulitl1iW Uni~didedeUo P1ulo. As n.iusluws, oslentiridon.is vel.u ,1 ( ru1d10,demdtCritlo, INlU1 tr1 mp1,10 8rHi l, em 1500,os miuion.irios - diluk>-
2 - CATOLICISMO JANEIRO 1988
~
~!acionam com os temas abor-
dados prlo Prcsldcntc do Con.sc-
lho Nacional da TFP .
O índio "explorado" pelo bra nco Para gui ar os ci;tudos de crianças de nove a onze anos (3 ~ à S~ s.!ries) ,diz a "Proposta curr ic ul ar para o ensino d e Hinória": "A 1/tu/odesuges1ào.professorese alurros poderlio1ra1ardo co,rfrorr1aerrtreosmodosdevida e de1raba/hodesses s ruposhu marro.s [bnmcose indios], emmomerr1os como por n emplo: - rrautilizaçdodoind1'sena como m6o-de-obra na coleta de
pau-brasil; - rra desapropriação de suas luras e de Mil trabalho para e:xparrsão pecuária;(... ) pela mine-
rt111W fta.lólia.-eosdtsbr1Y11dotn poflugueses,qur impb n. lu1m em non1 Pitril l civili11çio cri1ti. Mt1eceessepovore1lc,"" peci11n.i Históri1 bmilrir1, ou de>'c$Noestu dodel,equip1r1do, poruemplo, 10 1W tribos indigen.is p,igis, políg.imic11i c
nôffllldes!
DEITE O LE ITOR os olhos S-Obre as Disposições Transitórias do Projeto Cabral, art 24 . M erece ser lido, pelo men os em mzifo da surpresa que tran spassa todo brasileiro sensato. Diz este artigo: "O Poder Público refonn~lará em lodos os n{veis o ensino da história do Bra sil, com o
f~;1
~~::% ~ª~~rr:i
~~ e~ifer~~z ifo~~l~~:~~,~u~f::~~buu:;lã~ pluriétnica do povo brasileiro (o des taque é nosw). " Parágrafo ú uic_o - A lei d~sporá sobre a fixação de da tas comemora/1ws de alta srg11ificação pa ra os diftrentes segmentos étnicos nacionais". O Projeto Cabral, agora em sua última redação, será exposto em bretrt à votação em plenário da Assembléia Constituinte. Esta deverá, pois, aceitar ou rejeitar o rodicalismo igualitário cru que se manifesta, aliás, também em vários outros arli$os do mesmo projeto. Como se vi, disp& este artigo nada mai~ nem menos do que uma revolução 110 ensino da História pá_tria. E uma revoli1ç~o 911e nada pc:m.pará, pois será fl'z ta ''em todos os 11íve1s '. Ou seja, atmgirádesdeocurso primário e secimdário, e imporá sua pesada carga até ao ensino universitário. Oro, essa "reformulação" (ou seja, revo/uç4o) constituird, se aprovada, um dos maiores, senão o maior lance de despotismo ed11cacio,ra/ até hoje levado a cabo no Brasil. E se choca de modo violento co m a liberdade de l?"nsame,rto assegurada nestes tennos pelo ml'smo P ra;eto Cabral: "Ar/, 6?, § 5 ~ - t. livre a manifl's tação do pensmnento, vedado o anonimato". Com ef~ito, o "obje tivo" do ensin? dl' História no Brosil consistirá em 'co ntempla r com igualdade" o papel histórico das diferentes et nias existentes entre nós do ponto de v ista d~ '.'fonnação m11ltic11/t11ra/ e pluriétm ca do povo brasrle,ro". Oqueve m ascr, nessecon texto, ''fo mração multi-
~~:{;~~!: ~°Ja~=~st.? ~:;1;}:i:l~:1:~ ~i ;::!i! liaver. Poisseaq11ise instalaramaset11iasbra11ca, ver~1e:~~~ ;:ó?ri~, c;r/:,,~':v~J;:,~~ª:i;ªo ~!:J~;;~;~~é~~~: colhe tror como co11seqüb1cia ser ele plun·cu1tural A partir destas sonoros banalidades, oart. 24 enu11cia sua ml'la; que o ensino contemple ·'com igualdade a contribuição das difere,ites et11ias", paro a "forma ç.ão ( ... ) do povo brasileiro". "Co,ztemp/ar" indica aqui que o ensino da História deve distribuir "com igualdade" a quota de extensiio e de realce, a ser atribu(da a cada et11ia 11a "fonna~ ção multiculturo/" de nosso povo. Q u~I o alcance da aplicação desta plaina igualitária 110 e11s1110 da História? Esta, jd o dizia o velho Heródoto, é~ narração e ex-
~~ªi1: 1:/%°:. ';o%~\ ,::::;::sfil!~l~I:~:~::.
Em cor15et1.iiê'!cia, a quo~a de .imporlfir1cia qut o tr1 si110 devt atnbwr à aç.ào lustónca dt cada ttr1ia devt' correspo11der à respectiva importâr1cia 110 cor1junto da vida brasileiro. E, dad? que as ~rias ttr1ias sempre exercera"! aqui 1 '::~~a~~~:r:::;~t~11';1;'.!~ ';;ifd:s deixa ipso facto de ser História. Ademais, o art. 24 do Projeto c;abra/ insinua que o fim nonr1al de um povo pluriétmco, como o nosso, émanter asváriast:tniasemcompartime11tosesta11ques, para preservar a autenticidade de cada qual. Tacho de antinatural esse. como qr,e "apartlieid", pois todo convívio tende hab1t11a/mente a uma mútua assimilaçifo, ou seja, a uma tal ou qual mescla. E, conforme o caso, a Ulflll mescla completa. No Brasil, a tt11dência é claro paro esta mesc.ÚI cultural. Ela é um fato irret~g(vel, e corresponde a um imperativo do mododl' Sl'nflrl'dt serdl' 11ossas três et11ias principais. A mesma tendência se exprime também com as importallfe5 colônias italiana, espanhola, alemã e austríaca, síria e também nipónica, a que acertada111er1/e abrimos nossas fronteiras no século XIX. Pod~-se ponderar, é bem verdade, que.as várias etnias mmoritárias experi men tam a ação s1mult811ea de duas tendências diversas. A centrípeta, tende à misci-
'd~:::::~nt~~
i~7},;(af: ;::::/~;~-~
f~~acfsã~ .J:::~~/:a~~l:~;:::·o~ ros temem o desaparecimento do respectmo bioro social Por isto, operam eles esforços de resisti!ncia à diluição da própria etnia e da respectiua cultura na massa da
1 ~~";ª,;1:,~~~=n~°n;/,;:'~~~1~~n::~:;f~~t~;::e ;:;
esttaie{~1f~i:::;:::rme::::~brr::~:_:en:1:1:ii~m obstdculo se oponlra a que, en1 futuro ma,s ou menos remoto, as vdrias etnias acabem por se mesclar culturalmente em muito larga medida. lslo dito, voltemos ao estudo da História. O art. 24 das Disposições Transitórias do Projeto Cabral só pode ser entendido, a meu uer, como imposição de que o tstudo histórico dê igual import,focia, .atenção e espaço a todtis as etni.as existentes 110 B'!'sil. De S-Orle que, com detrimento ~o pouco de Históna que SI' ensina tm nossos cursos pnmdrio t secundário, se suprimam dela importantes nacos, a fim de ensi,iarà nossa juventude algo sobre as andanças nômades dos nossos {ndios pelos matos, ou coisas congên~res. l: muito de esperar que tal não se1a o modo de ver os val~res pátrios de muit~ P.rof~sores dos três níllf'is 1 1
/:/s:i
: d:H~s':6~;,n!~!~~f-~:~1:,~;":~~:1J:.~o~:;: que corresponde à sua convicção. Segimdo o mencionado art. 24, o contrdrio é que acontecerd. Alguns buroc~tas ani11hados adrede ,w_s lflllis altos postos no Min(stério da Educação, constituirão um pequeno grupo 1deologicame11te homogêneo, a impor a todos os profesS-Ores e alu11os, com base no
;::'º : ,~,
arlit: v;r;I~ ~~;:~d:t~e;r::;~e~~f:;: mente a Hist°f::a, alegar seu direito a er1si,1ar o contrdrio, poderd se lhe instaurar um inquéritoadmir1istrativo cujo desfecho normal seja sua destituição do cario ~a:;:':e,;,7cr:;:~:;:;i~:i~::t:::'::~1~:::rfitre~:~~~ na proporção do tempo de seroiço. Nesta fom1a de d1tadu m i.sua/itária desembocará 1'11· tão a abertura bras1/e1ra, obtida pelaesq11erdacatólica,
:~1~~~1:,çf;c/~:i !ºpt';~t~ tC'l/B,",::;ªrC:,~~I~~ cer tm País ... a liberdade! 1
nOSS-O
Mas contra isto duvido que os promotores da esquerdi1t1ção do Brasil protestem. Pois esta ditadura do ensi110 - uma das piores fonnas da ditadura - 11ão importa em /11/a contra ocomimismo. Antes o fawn'Ce ...
O. Ptclro c,wld.ilig,: "A dntoMr1, d, Amt ,iu foi tm muitos ,sp"tosu m crimt coloniilist,"
ra('Jo e bandeirantismo; pela u pansào da fro nreira agdcola e avanço d0$/erravia.r; (.. .) -nadescarac1er/:(,llçàac:ulturaliniciadadesdeachegadados euro~tacerrtuadacomaatuaçda da Companhia de Jesus"(]). Essatend~ciadeapres.entar o índio como explorado pelo branco,·em sendo difundida hâ mais de uma década pelo clero proa.rruista, que tem em D. Pcdro Casatdáliga um de seus elemcntosmaisrtprcsemativos. Em entrevista concedida ao jornal"~Fato'" . dcsetcmbro de 1976,oBispodeSãoFt!ix do Araguaia afirmou· " Anchlt ta / olaticertapan1a umrransm/J.sordtum e,·ang~ /ha ca/a,r/zadar.Altrejadevtse penitenciar(... ). tevidenteque a descobtrta da Amirlca /ai mi muilasasptttasumcrime colonialista. Equta~angelilJlÇ6a 1emsidoacusivamentevinc:uladaaumaC11//urae,poristamesmo, a um domínio. Ullimamen1e, nos se1ort:.S maisC011SCientesd'1 lgreja-tufrutariadtdestacar aquinaBrasi/sobrtesteparticu/aroC/Ml(Consl'lho /ndigeniJta Missionlirlo)- st pode observa, uma vonradt apaixanadade refazer oquesefetedtencantrarumalinha no1·adt e1·ange/i:ar,respeitrmdo ao m4nma aa,/tura do po1·a em questda. A /1 nàalumacultura, ela robe em todas as CMlturas. A jl tambim nàalpropriamenttumareligida, mas pode se uprnsar de um modo religiosos"(l). Os destaques sãonosi.os.
Pelo urinho pa ra os brancos Aoqueparece,csscéapenas opassopioneirodeumprocesso qucpoderAdesfecharnoseguintc: Se,emnomedd"príndpioda nlodiscriminaçloemreospovos. dc,·e-seman1erlmeiraigualdade cntrecles,contudoénec~rio fazerumprocessohinóricopara se ··,e-estudar'" como procede-
A •çiociviliudori d, Compiinhi• de Je1111tcritiud,ptli1Coorden.1.dori,dtEitudostNormi1Ptd.igógim, ó,po d.i St~lui, d.i Eduu~.io do Eilidodtiio Piulo.N• foto,quidrodo,dmi,àveljtsuit,Beilo JoJfdeAn<hi,ti,d.iulori,dt BtntditoC,lilto. ramas várias raças, umas em confro nt o com as outras. Assim, a tend!ncia que se constatanenarcformulaçãodo ensino é a de se considerar a raça brancacomoinvasora,queoprimiuedescaracterizouasoutras. Ponanto,elafmalfeitoracdc,·c irparaopelourinho.enquantoas ouua.sraç.a.s$.loapresentadascomovitima.s,àsquiissede-·euma 1epa.ração. Écuriosoobsttvarcomoesquerdis1a.s(quenegamopecado oriaina!) defendem na p1ática, ncssareformutaçlopedagógica, ahereditariedadedaculpa,ouseja, os brancos de hoje t~m toda aculpapelomalquepraticaram (ou pretensamente tenham feito) om roraosdescobridores,osbandeirantesetc.
Os inim igos da propriedade do branco defendem a propriedade do ind io Emborainfensosàpropriedadcprívadanaatualsociedadc,os csqucrdistasc!amamcmfa,·orda propricdadedosíndioscvcrberamcontraa"desapropriação" desuastcrras,feitapelobranco. Como e~plicar essa contradiçAo? Em suajil. mencionada obra "Tribalismo indiaena, ideal comuno-missionário~1a0Bra-
CATOUC1SMO IANEIRO 1%8
~
3
sil no sku!o XXI", o Prof. Pli· nioCorr~adeOliveiraresponde aessaqucstio,demodooonciso: ''Ela facilmtfllt u txpfica u UIOmartmro,uidtrarãoquta propritdadtdo branrolindiv/. duol,tportan1omalvista,quando ndo formalmtnlt rondtnada ptfoesqutrdismo. Aopassoqut a propritdadt do tndio l romunitdria, segundo lljirmam os n<>vos missionários, t portanto cabe dtntro dos podr6ts esqutrdis· las"(3).
A Companhia de Jesus e a "cultura" indígena Acriticafeitaà"atuação"da CompanhiadeJesusprocurane• prosbencf!ciosdaobraciviliudoradosmission'1ios,osquaí1se dedicaramdcmodohcróicoàtarefadeconverteroslndiosàvcrdadeiraffccivilizá•los.Oadmi• nlvelPadreAnchittafoiumfu]. 1uranteexemplodlsso. Comaspalavras"dcscaracteriz.açlocultural'',admlte-seque osíndiosnlodevedamserdviliz.ados,eseinsinuaquecramcn• tespcrfeitos. Aantropofaaia,apolia:amia, oinfantiddio,onomadismocas supcrstiçõcs, 1io comuns entre cles,scriampcrfeiçõcs1 Suamilmarcinfclizcstaanaçiodevcria. Kr mantida?
Japoneses e sírios-libaneses APropostacurriailarquecstamosfocalizandofuasquintc ob$trvaçio: "Com o tstwdo dt dlftrt/1/ts fwmasdttrabolhoedevida,no tspaço e no tempo, preltndcmos possibililararomprwnsdo:(... ) -dcqucalnclalncladad<>minru;il.osobrtofndiocsobrco negro/Qmbimstevidenciosobrt outrosgruposs6cio-cw/twrQis(jaJX)ntses, s(rios-fibonestS, nordcsrinos), btm como sobre outros segme111ossocioiJromomwlherts, crianças, idosos"(4). Nãocst4indicadoqucmc:i:crce"dominação"sobreosjaponescscsir10s-1ibancses,masfica claro quces5C5 "grupos 1-0d<>-· culturais"cstariamcmposiç!ode inferioridadcnoBruil.Talll$$tTçãoseopõeàprópriaevid!ncia dosfatos,cheaandoascrridícula. De fato, t$SU simpáticas col&liu, J.IOPUIOSU e bcnquistu cm São Paulo, caracterium-se por seu labor intenso-oquetem lhes proparcionado creKente prosperidade. A.ssim,•idfiadc que seriam discriminada$ (pelos bruileiros de orij:em europtia?) fsimplesmcnteum dctirio.
Comissão de luta contra a discriminação Juntamente com a promoção dalutadcraças,tloafimcoma
( - CATOLICISMO JANEIRO 198!1
lutadcdasses,os csquerdistasindtam a luta contra todas as dÍ$Cl'iminaçõcs. Atravh de Resolução de 2-10.86,oSccrtt4rio da Educação do Estado de Sào Paulo, "co,uidtrando o rtl"rão txdudtnteentrt dtmocrQcia e prn:Qnttilo, wmo vn q,,t o ~ dtmocrd1ico prcssupõt I v:ig1 rcs~ito li dignidllde de todos, sem dis1inçiodtraç11S,cor,sao, ro· racrtrísricasfis.icas ou mtntois, clasu $OCIQ/ e convieçóts pol(ricas, fi/0$Õfla15 t rtligioso.s", eriou a Comimo Especial de Luta Contra todas u Formas de Oiscriminação,aqual "terdpor ob}ttivos: J-promoverodeboteeorefltlclo, nQrtdets/Qdua/det,uino, sobrt todus as formas de discrim/nQçlJo; l i - aponlQredenunciQrus diversasdiscriminaç6tstxistentes ouquevenhQmQocorrernQrede tslQdUQ/deensino; ( ... ) JV-articular-se,eintegrar notraba/hodaComissào"senti dades da socitdQdt civil que rtprcsentem os segmentos discrimi""dos1aqwefasqucsdonotórias defensoras dos direitos humonos"{S). Tal Comiss.ão, que iniciou $t\1Strabalhoscm24-I0-86,dcci diu convidar para integrá-la rcpresen1ante1dedezentidade1,mtreasquaísduas decarétcr étni eo (oComclhoda Comunidade NcgracaComiuão Prõ--fnd.io), alfm da Comissão de Justiça e Pu, JisadaàArquidioccscdcSão Paulo.
Perseguição religiosa
citdQdttssencialmenlthierdrqui• ca, noquol sedlltinguem(ouseio,s,discriminom)dullSclasses, uma ,l qualinn.mbtgovtrnQr, ouinwtwntif,car,eo,,tra,lquol cabt str govtrnadQ, t/1!/in"d" e wntifirod"- Dt ondt derorrtm, pora rod" um, dirtitos e d~rts tspecifiros. E.s10 ' " diJtinrdo clâssiroentrcQ /grtjQhierdrquiroedoc,111,, ,algre}odúcen1e. Or", d" primeira n4o podem/a· u r porlt as mulherts, N4o C0/1!/• 1itui isso wm" 'discriminoç,Jo'? (... )
"PorsuQ•·t:c,os/ivrosgpologéticos-emqwcillgr,}Qdt· /tnderontra odwndrlostxrernos Qdow1rinQqutrtctbtud1Nosso SenhorlesusCr/$10, ou defende " sua ortodoxi" co111ra desvios dowtrindriosqu,secsgwtiramno in1eriorde suasfiltiras-pa$$/l· r4otambémo Strproibidos,JX)r discriminartm o wrd"de do erro? EasprcaaçrJesemq ueopecodo eo vkiosdo increpodos, continuQr/Jopermitidus?Comefeito, elas 1amblm discriminom o bem do mQ/ e parecem estar nQ Q/fQ de miradorefcridoar1. J.•, parágrafos.•. Estt podt, pois, d"r fund"m,nro aumQ verdode/ra perstguiçãor,/igioso"(6).
Inquisição faplicandoos"rominhosd" rtno\'QÇdodQprdtirotducatNo'', a publicação "Subsídios pua o Planejamentol987",daSctrttaria da Educaçjo do Estado de SioPaulo.fuumapropostacujaoolllTtlÍUçlOacaJTctaniara•es conseqüências. Eis a su,:cstlo:
Os termos emprep.d01 n= Rcsoluçlo nos fazem lembrar o par4arafo S~ do an. S? do Pr<>jtto Cabral, que reza: "É livrt o mon/ftstru;ão do pe,uamcnto, ved"dooanonimQIOttxelu(daaquemincilQràvi<>llncio ou dtfender dllcrlminoçâo de qug/quer nQ/urezo" (destacamos). Comentando esse parágrafo S?,emsuareccnteobra "Projeto de Constituição angustia o Pais",dizoProf. PlinioCorrêa de Oliveira: "Nts.saS polovrQS rt$.Wlto /(>. do o inronvenien1tquederorre do /010 dt niio ser definido no Substitutivo o signifjcQdo de 'discriminoç,Jo'. "ComÍSW,Q/éQ/ibtrdadedo lg,tfeCató/icacorreoriscodeser dcsdtlogoatingid". "Com efeito, segwndo tnsill()U$6oP/oX,11 lgrtfeéumoso,-
Arco,cluminirii,01ienl1is11,1.ru,1 G.11,·io Bueno,nob.iirrod.llLibtrd.idt,l'll upÍtlllp1ulistll:sintomllsignifiutivod.1n1imil.içiodcvilorescu1turii,d.iimigr.içloj.ipo11Hi11pelollmbicntcbrll· si leiro,o queicp1rsenlllprfciUmcntcocont,à1io dt um1 discrimillllçio - inteir,1mentc im,13i· n.irill - conlr1 , simpitiu ulõnill nipôniu
" ••. oescolopr«i$QCO/ttarc Qnalisar informQÇÓISQrtspeito dos pr0/CS$0rts, dllS condições emquttrQba/hom,dcsuQtxperiinciQdoc,nte, desut1SQti1udes diQn/1 do cum'cufo Q/uo/ e dllS propos1asdemudon;o,sut1SrtloçdesromQromwnidadt. suasaspiraç6ts" {7). A.ssim.csseuabalhosmi.praticamente um primeiro esboço do quepoderiavirl5CT'umainquisiçãomovidacontraosprofes.sorcsquenloconcordcmcomtal revo]uçlo no ensino. Ncssasrond.içõcs,naredeestadualdecnsinodeSãoPauloa democraciafavoriivclàabertura es111,1esvalandoparaumfcchamcn10,istoé.paraumaditadura burocrática com aparênciasdemocr.iticas.naqualaliberdade domagistérioiriasendocoarcrada.Scriaaditaduradoensino,à qual~reforeoProf.P!inioCorrhdcOliveiranofinaldeseuartiaoacimapublicado.
...
P1uloFranclscoMartos
(ll"Pr<>pc>11acum<lll&rpanoeruino<k Hiaória-l i a;rau".lmprcmaOficia.ldo Eslado S.A. - IMESP, l" odi,çlo, prelimitw, 19116, p. 17. (l)Apud"Tribialiimoi~,;d,a.l com.........-paraoBtasilnoséculoXXl",PlimoCo,rf.l<kotivma,EdiLo,aY.,.aCn.u,SloPauk>,1977.p.lO!I ())ldmi.p.103 c•)''"'-•···"·p.19. {!}''Sut,aidioop0n0Plancjamomo!lll7".
~Ol'lcialOoEscadoS.A.-IMESP.
19'1,pp,llcll, (6)"Pro;.,oclcComLJ1uiçloa,,JIISliaO Pa!o",PbmoCorrbd<Ollv6ra."C11olt-
awao",td,çiouira,oun1broll7.P.19l. C7l"Sul><lcboo .. ",p. 9
Regime representativo + e 1gnoranc1a cronica +
A
+
A
Plínio Corrêa de Oliveira NÃO É COMO Presidente do Conselho Nacional da TFP, que comento hoje um fato de alta imponânda d e nossa conturbada realidade nacional. Faço-o enquantomeroobservadordoquesedesenrola aos olhos de todos. Se, para caracterizar tal fato, exemplifico com uma realização atual da TFP, é por ser o exemplo frisante, e constituir, assim, cômodo instrumento de trabalho. Tenho em vista patentear a desproporção entre a imponância verdadeiramente histórica de vários dos temas suscitados no decurso dos debates da Assembléia Constituinte, e a panidpação da cul-
tura na maturação de tais debates. Dirse-iaque,quantomais1mportanceumtema, tanto mais deveriam ser sequiosos os nossos constituintes, bem como os setores Políticos, sociais ou econômicos imeressados nesse tema, em ouvir os espedalistas (que já há tempo os temos cm apreciável número, e com competfocia indiscutível) cujo pronunciamento elevasse os estudos preparatórios, e os própriosdebates,aonivelaquc nossaPátriafazjus. Por "ouvi-los" não entendo aqui apenas ret:olher-lh cs de quando em vcz, a mídia,algumarápidadedaração,masdarlhes ampla ocasião de desenvolverem an te públicos, ora mais, ora menos cultos, mas em todo caso qualitativa ou quantitativamente imrortantes, as observações, ponderações e argumentações resultantes da cultura e da erudição que têm acumuladas, Objetará talvez alguém não ser tal rossivel, ror efeito das velocidades vertiginosasdavidamoderna,incompativeis comasexposiçôesintelectuaisdealtasericdade,cujaexpressãofaladaouescrita exigedo"homemdarua"atençãoetem po que ele não lhes consegue dar. Porém, a objeção não colhe. Dispostas as coisas segundo sua ordem natural, o conteúdo dos trabalhos intelectuais se difunde naturalmente na massa por um processocomparávelaumcursodeágua que, brotando cristalino no al!O de um monte,vaidescendoemcascatassucessivas, até espraiar-selargamente pelaplanícieadjacente.Ostrabalhosintelectuais dealtoquilatedevemirrigardeimediato ossetoresmaiscultos;e,desses,através dedivulgadoresdetalemoeseriedade,alcançarporsuavezpúblicosdc capacidade cultura! sucessivamente menor, até atin gir, por fim, as multidões. Pois cada
divulgador é, de per si, um condensador. E, obviamente, cada nível de condensadores vai adaptando a matéria versada, às condições rebarbativas da lufa-lufa contemporânea. Atravésdessaaçàopublicitárianome\hor sentido do termo, com o valioso auxílio da mídia, pode constituir-se uma opinião pública ponderada e instruída, capazdedarsuaimprescindivelcooperaçào para que tenha consistência e seriedade o regime representativo. Uma vez que esteja em vigor, em nosso País, um regime democrático representativo, não posso compreender quem aceite com confonnismo o alheamento da opinião pública em relação aos temas grandes e sérios sobre os quais o regime a chama a pronunciar-se em nível soberano, através da Constituinte. Pois numa democracia, em que a força decisiva do votocabeaograndepúblico,aceitarcom indiferençaqueestenãodisponhadetempo paraconsagraraosgrandestemasdo
de os programas de rádio e TV e as fo~ lhas dos jornais gotejarem tantas vezes matériasindignasdec!assificaçãodoponto de vista moral ou intelectual, nas quais ainvectivaearéplicaamolecadasfazem as vezes de argum ento, o insulto e a calúnia são admitidas como armas de guerra válidas ... e apomografiaéoatrativo supremo. Tudo isto posto, é inevitável que a polêmica deixe de ser a nobre e desinteressada esgrimadosargumentos,setransformeno "rugby" vulgar da difamação, e percasuaseriedadeesuadestreza,soba açãodapeculiarcoceiracausadapelo fuxico. E vem a este propósito o caso da TFP. Ao longo de seus 27 longos e afanosos anos de existência, publicou ela 35 obras, escritas por sócios da entidade, ou por personalidades ostensivamente solidárias com ela. Destas obras, mais de uma
:~xcio~u~~i~e~i~~~~u~~:it:n;t~ãe~: moquediztrque noPaís estáentronizadaaincompetência. Ou seja, queénormalcorrerele,emmeioàbalburdia,àbrigariacaóticaevaziadesentido, eà vulgar competição de interesses, rumo ao abismo. Ora,tal é precisamenteoquenosvai sucedendo ... Naturalmente, para encher os horários das TVs e os espaços dos diários com algumamatériaatinenteà"respublica", os responsáveis pela mídia - postos dian1e desse quadro - são freqüentemente induzidospelascircuntânciasaadotaruma solução insuficiente. De um lado, publicam de quando em quando algum estudo de real valor. E o mais é preenchido "tant bien que mal" por narrações ou aná!isesdeaspectosperfcitamentesecundários do que ocorre. Por exemplo, ao noticiar uma sessão de Comissão da Constituinte, encarregada de apresentar proposta sobre questão de alta importância, muitos repórteres deixarão na penumbrao mérito do tema, mas realçarão ao máximo o episódio divertido de um microfone queodeputado''A'' roubou, ou da descompostura que o senador "B" despejou sobre "C". Orecursoaoimprevisto,aoirregular, aovulgar,é,segundomuitagente,oúnicomododeatrairaatençãogeral. Deon-
~----'-!!'!!!'l;l:,.;;::::!~~~,
ASS4!n1amtntonokm99d.iRodovi.i C.istelloBranco,PortoFtlii,S•o Paulo:barruosprec.i.riosp.iraosassentados,quenàorfcebemtitulosdepropriedadedaterra,masapenasapermisi..io tem· poríuia p,u,1 lavr.i-1.i
CATOLICISMO IAN tlRU 19!!8
~
S
foivcrdadeiro"best-.seller",com1ir8j:ens impressionantes. Nelas se encontra expos. 10 o pensamento da TFP , de modo sereno, documentado, fundamentalmente sério. E o público absorve com simpatia e interesseincontestáveis,essematerialpublicitárioqucmuitosimaginariamserabsolutamente impopular. Também ao longo desses 27 anos de peleja, a TFP vem sendo fortemente discutida. O que fez dela uma das organizações mais conhecidas do Brasil, com tal repercussão até no Exterior, que dessa mesma repercussão foram nascendo, em três continentes, 14coirmãsautõnomas ... com outras em vias de fundar-se. De que nível é a réplica a essas obras? A pergunta faz sorrir. Pois, paraquealgotenhanível,éprccisoqueexista.E,de modo geral, esta réplica não existe! Por exemplo, de uma das mais antigas, ''Reforma Agrária - Questão de Consciência", editada cm 1960, rcco nhcce-scfre-
qücntemcntc ter sido 1al s.u~ influência sobre o público que contribuiu ponderavelmentc para a formação do ambiente ideológico que propiciou a destituição do Presidente João Goulart. Estretanto, que réplica teve ela, de proporcionado porte? Nenhuma.
ir:~~s~
ses ~~/~~~~d~:~a~-:rc~~~~ vas publicitárias violentas. Tod~s elas recorrendo ao diz.que-diz, à imagmação difamatória etc. Por exemplo, na de 1975, pretendeu-se que a TFP punha em risco aestabilidadedasinstituiçõcsporqueensinava cara1ê a seus membros. E dai para a frente. E chegamos assim à Constituinte, ao papel da TFP ao longo dela etc. Mas se vai alongando por demais a introdução ao tema com que de início acenei. Fico, pois, por aqui, na esperança de quc,empróximoartigo,enuandodechofreno tema, o exponha cabalmente.
Enigma, fuxico e pinga-pinga EM
MEU ARTIGO "Regime representativo e ignorância crônica'', tive ocasião de pôr em realce um vezo freqüente nos debates de nossos dias. Isto é, o de darprefer!nciaàdctraçãopessoal,aodizque-diz,aofuxico-bementendido,des.acompanhados de documentação e argumentação sérias ... - e de relegar para segundo plano, ou omitir os temas de verdadeiro porte intelectual, e de real alcance para a escolha dos rumos de nosso Pais. Exemplifiquei, a este propósito, com a TFP, objeto de 14 ofensivas publicitárias virulentas, aolongodeseus27 anos deexistência.Nenhumadelasvisourefutaralgumasdas35obrasescritasporsócios ou cooperadores da entidade, ou por personalidadesaelatigadas.Maisdeuma destas obras, entretanto, foi objeto de canas de louvor de figuras de primeira importância no cenário cultural nacional ouinternacional,ealcançou1iragensimpressionantes em nosso País, além de várias edições cm quase lodos os continentes. O que no momento ocorre é significativo. A TFP está pondo cm circulação duas obras de atualidade, pois versam diretamente sobre temas que empolgam a opinião pública. Uma delas, menciono-a só de passagem, pois dela sou autor. Trata-se de "Projeto de Constituição angustia o Pais'', acerca da qual me abstenho evid('ntemcntedeopinar,rcgis1randotão-só
ft - CATOLICISMO JANIIRO 1988
ter a venda dela, na grande São Paulo, alcançado uma sa ída média de 1083 exemplares diários (20.580 livros em 19 dias, o que em nosso País é verdadeiramente excecional. Quero entretanto realçar o que paralelamente vai ocorrendo com outra obra, da autoria do destacado sócio da TFP, dr. Atilio Guilherme Faoro, que é "Reforma Agrária: 'terra prometida', favela rural ou 'kolkhozcs'? - Mistério que a TFP desvenda" (Ed . Vera Cruz, 198 pp.). Nesselivro,tambémeledeexcelente salda, com argumentação inteligente e clara,ccomdezoito páginas ilustradas, oautordesmontaomitodcqueaReformaAgráriatraráparaotrabalhadorrural a felicidade bucólica que os corifeus do sentimentalismo agro-reformista imaginam: uma casinha encantadora, com seu clássico coqueiro ao lado, onde vive tranqüila e folgada, na paz ena fecundidade do campo, o proprietário com sua família, eles mesmos Unicos trabalhadores manuais da tcrrinha da qual tiram o Demonstra Atílio Guilherme Faoro irrctorquivelmcnte que "a situação que se instalará com a Reforma Agrária tornará as condições de vida dos trabalhadoresruraisedesuasfamíliasobjetivamente pioresdoqueasdehoje"(p. 13).Deformaque"a ReformaAgráriaseapresenta( ... ) como uma agressão aos trabalhadores rurais, os quais terão suas condi-
,;;
Niconlricip,1dolivro"hlormiAg,i,rii:'terri promelidi',l,11~li1u1ilou'\olkhoz'1'lmistêrio qutiTFPd'1vendi"um,1;foto,1le1tibtmisdu· 1iscondiçõe1delrab,lhon,ulntndiscoletivu chi~1,1.s
ções de vida tornadas ainda mais penosas e injustas" (p. 14). Para chegar a tais conclusões, o autor analisou acuradamente o Estatuto da Terra e a correspondente legislação complementar, além do atual Plano Nacional de Reforma Agrária, recolheu textos de especialistas e de destacados agrorefomústas brasileiros, compilou cerca de 90no1íciascx1raídas de 27 jornais brasileiros acerca de resultados obtidos em: programas de Reforma Agrária já implantados, bem como da orientação governamental para os futuros assentamentos. Referiu ainda análogo fracasso da Reforma Agrária na Polônia, China e Cuba, entretanto apresentados como modelos para a Reforma Agrária brasileira por importantes propugnadores desta {cfr. pp. 147 a 149). E menciona também ofracassodos"kolkhozes"deStalinnos anos 20, na Rússia soviética (cfr. pp. 79, 81,143 e 146). O autor conclui, de tudo isto que os assentamentos rurais, que já estão largamente em vias de implantação pela Reforma Agrária, desfecharão numa "favelização" das condições de vida do trabalhador brasileiro (cfr. pp. 92, 99 a 126). A alta qualidade desse trabalho foi objeto de categórico e elogioso comentário, em carta que lheescreveu o Prof. Sitvio Rodrigues, catedrático de Direito Civil da Faculdade de Direito da Unh·ersi-
dadc de São Paulo, e Doutor "honoris causa" na Faculdade de Direi10 da Universidade de Paris XII , bem como au1or de famoso parecer sobre o direito que cabe aos fazendeiros de defesa à mão armada cm caso de invasão de terras. Pelo vis10, es1a obra de inegável valor renova de ponta a ponta toda a controv&sia agro-rcfonnista brasileira. Pois ate aqui a propaaanda esquerdista a 1cm apr~tado com acen1uado ma1iz de lula de classes, concebida no estilo marxista; fazcndeiros x trabalhadores manuais. Os primeiros seriam parasitas ociosos de uma proletariado miserável, e a Rcfonna Agrária suprimiria, com gládio justicei· ro, essa si1uação monstruosa, "eliminando'' os parasitas. Os opositores da Reforma Agrária tem redargüido, fazendo notar que na grande maioria dos casos a alegada mi-Seria é mero exagero da propaganda esquerdista, e defendendo no plano moral e jurldico o direito de propriedade que a Rcfonna Agrária golpeia de morte. A obra do sr. Atilio Guilherme Faoro introduz na temática um aspecto inteiramente novo, e que deixa os propugnadores da Rcfonna Agrária num cruel embaraço; se são verdadeiros campeões dos direitos dos trabalhadores manuais, devem reconhecer que tais direitos são ab-
solutamcntesolidárioscomosdosfazendciros, com os quais devem fazer uma frente única contra o agro-reformismo governamental. Se os atuais corifcus da Reforma Agrária não tomarem essa ali· tudc, devem rcconhcccrqucsua luta não e em favor do trabalhador rural, e que os move tio-só urna ideologia fortemente socialista (para dizer só isto). Pelo contrário, aos proprietários rurais toca, a partir deste momcn1O, tão-56 aagradávcltarcfadcscunircmaosrcsJlCClivos trabalhadores contra o lobo da Reforma Agrária, que a uns e outros quer devorar. E assim ficam eles tcstirnidos, aos olhos do público, a seu verdadeiro papel de aliados e protetores naturais dos trabalhadores manuais (uivem contra essas expressões os srs. adversários do paternalismo social, que cm resposta lhes dou de ombros). A obra do sr. Atitio Guilherme Faoro foi distribuída a todos os Srs. Deputados e Senadores com assento na Assembitia Nacional Constituinte. Não me consta, entretanto, uma só repercussão dessclivro-chavcnosdcbatesdaquelaCasa. Mais ainda. Em 40 dias esgotou-se a primeira edição da obra, vendida cm 173 cidades de 13 Estados. Não obstante, das váriasassoc:iaçõesdeclasscquercprescntam os proprietários rurais nas vastidões
deste Brasil, nenhuma tomou a iniciativa de enviar ao autor um só pequeno e modesto oílciodcaplauso e solidariedade! E enquanto assim esses órgãos desperdiçam uma incomparável oportunidade dcimpulsionaracausaparacujapropulsão fazem, a justo titulo, ia5IOS verdadeiramente impressionantes, deixam de lado o livro que investe contra a Reforma Agriria com a força decisiva de um "bulldoier", Por que agem assim? Abstenho-me de responder, mesmo porque, para mim, é um eniima. Me contento cm lembrar a frase de Ltrtin, de que dia haveria, em que ospróprioscapi1alistasvcndcriamaocomunismo a corda com a qual seriam enforcados. E o que tem tudo isso a ver com o fuxico, do qual tratei cm meu último artigo? Creio que, cm mais de um caso, o fuxico tem, nessa profunda anomalia, importante parcela de responsabilidade.
E, sob outro lngulo, tamb1!m fora da controvérsia aaro- reformista, o fuxico que vem assediando a TFP desde seus primeiros dias, continua no monótono pinga-pinga de sua fuxicagem. Pingapinga a que a opinião pública presencia com o crescente desinteresse que lhe corresponde
Antes d.1 oncli ~p,ogressist1~, a Igreja nJo prttiwv,
Linçarmliodo ~m.ulietin('pu, atr;iirosfitis
Ft E IMAGEM. - Quanto mais crescente é o "engajamento" político de certos elementos católicos, especialmente cclesiásticos,menoréocréditoquelhevãotributandoosfiéis, sequiososdeouvirdospú!pitosasverdadcsetemas-cminamento tão pouco freqüente cm nossos dias. Com efeito. ao«· trapolar de suas funções especificas, intervindo em questões de ãmbito puramente temporal, o Clero distancia-se sempre mais dorebanho.dcsoricntadocpcrplexoantctalsituação. Como 5anar este mal7 A llngua latina, com sua concisão caractcrística,dá·nosarcccita: "Sublatacal.lSQ. to/liturcff«· 1us .. (Suprima-seacau$8eCC,.Wio05efcitos). Emoutraspalavras,coibam-scosdesvarios"progrcssistas'·eascoi5asvol1aràoaandarn0$eÍJI.Ol,rccomti1uindo-~emtodasuaforça dcoutroraasalutarinílu!nciadoClcronaSO<:icdade. Surprccndcntcmcn1c,contudo,nãofoits1aa.soluçãopropugnada pelo Bi1po de Pelotu, O. Chcmctlo, ao comiatar o enorme dcsprcstij.ÍO da liJeja Católica em nosso pais perante o público. Em sua opinião, Ela deveria promo,-cr uma campanha para melhorar ,ua "imaacm..... Assim,oPnlado,aoinv~deapontaravcrdadciracau5a domencionadodesprestigiocindicarasoluçlo,fezumapropostadesconccrtantc, qucdcnotaainnu!n<:iadocspíritonaturafüta hodierno, lsto é, ver cm mdo. mesmo nessa evidente crise moral e religiosa - de Fé, cm 1uma - mero problema dc"markctillj"! CATOUC!SMO JANEIRO 1988 - 7
Em São Francisco de Sales, harmônica combinação de brandura com firmeza COMEMORA.SE a 24 de j:oneiro :1 fosca do insigne Bispo de Genebra São francisco de Sales, dccbradoDoutorda Igreja
Francisco lhe Íllnçou esra ob1eç4a, enrrttanro t4a nahLral: 'Sei11S1im, esearalv/J{4aetemantii chdrocirodalmprcnsa cdos jornalista.s 61 ;:Jo"/s~aR;r;;~;:;f'l!,Jo":,n: (:::~'/n::e~ c:uôlicos pelo P;ip;t Pi o XI, cm 1923. NaKido no cmclo de Sales, próximo a exemplo da Fnmça) mm Jantar guemu, saAncci, na Sabóia, cm 1567, e falecido em ques, n1ín111, incindiOs, sediçdts, roub01, 1622, o santo, de índole ir.asávd. de tal mo- a111mina101, de1r111içôt1 de lemplo1 e 011do dominou o vício da ira. que se wmou 1ros male1 inumer.ivell?' f.unosopcxSU2bnnduradcar:á1a. EmrisNa rralidadt, por ma enumvJÇ4o bntta disso, ek 1cm sido apresenado. muito 1al Carlos Auguuo julgou resumir desen Ítc'qlitntemcnte,apena.s.sob-:ingulo,o volvimenros maú longos e corre1e1. M/IS iJ que pode ç:,iusar cm n:io poucO!i a idéia de 1ondoal1era11 nam1çil0:visivelmenteofio qu,:, a 5:1.midadc consiste .sobretudo na pri.- da con1rovimO e1t.i bem ducr-ito tia daquela virtude. Entretanto, é nccC!i TIIÍ rememoraçJo das lliolincuu que 11u~ rio l'os:l.lur - miximc nos dia5 de hoje xiliaram na França a implanta;Jo da Reforcm q1,11" prolifcnm dis1orçõe5 quanto à re- ma - rJo moderada quanto poderia ler 1ita noção de vicb cspirimal - que a sami- do ent1 recordaç,Jc nos l.ibros do jovem po. dadc supõe a pridci, ronjuna, e cm grau ltm,sra - imprenionou de Bize; a pala hctóiro, unto das virtudes teolopis (fé. es- vraar.sanin:11osret111Íflílvaneltm4rlembran perança e caridade), qu:1010 das virtudes flll-' quem linha armado o braço de Polll'Ot C1rdiais - justiça, prudCncia, 1cmpcr:mça contra Franàrco de Guise sendo cerro precforu.J.cza-casvirtudcsacstasancxas. gador que em público pediu a Deu, infini A.ssim,não sóabranduradec:.i.citervinude aOCX;J. à 1empcrança e que modera I/IS ~t::e1;:n~;f; !,;t~1:;:d/:°"::resiarca a ira - m;,s tam bém a firmeza de espírito dtJconvenou e voltou iJ e11r.1nha le1e de LNfomn praric:.i.das por Slo FraociKo de Sa- uro que nJo se sustenta nem em face da les de modo hcr6ico. E como cstll última nnJo nem da Escniura, e que hoje esrá virrude - anC'.Cl à Ío«aleu - nio é quase abandonada peku própn·o, proruranus: fCSS:aiudanarid2.dograndeDou1orePa- 'Eu nilo quero absolutamente negar. repli1rooo di, Imprens:i, cu61ic:ii, p;u«cu -nos cou ele após um momento de 1ilinc1ó, que oportuno ttproduzir abauo a descrição que 1161 nJo 1101 1alveir em 11011a nligiJo. Mas umconcciruadohagi6grafo (l ) faz do seu h4 eJ/(l infeliâdade que v& engan11à aJ af. encontro, quando ainda jovem s:i.cerdote, m/lS com mui111S un"mônias e dificuldades: em Genebra, com Teodoro de Nze, o he- pois rdr dizeil que /IS boas obr/lS rJo necesrcsiara que sucedeu a Calvino na chefia cb s4rias iJ saivaçk, 111 qual/, entretanto, rdtJ nova seita herétiC2 que cs1e fundara pou- 11pen11Jco11veniinciar.DissoprovimrJrio1 t'OS ;lll05 anres. O 1a10 é b<uun1e eloqiienre e signific21fro, dispensando maiores ';,~'tn~:~e:d}":a~=e~:,f,t;J/''J}:~~ comeo1:irios. obr/lS e nJo /IS praticand<J, wndenam-1e mirtravelmenle, porque contranOm rua conrciincia. Pori110, a fim de remtdiar semelhante, maltr, ruo/vemos utahefectr nona rrligi.Jo, 11 E NFIM (TEODORO) de Bhe rta- na qual o caminho de c/11 i romaáo f.icil pareee11, 'pálido', comafacecontraídape- IIIOS /ilil, tendo nós estabelecido tsle f11nlo ts/o,ro do pemamenro. dansen10, 1eg11ndo o q11al 11 ft salva sem /IS obrar. e que /IS lxxu obrar ndó J4o "bsol11do ra111tnle neceu.iria, para a salvaçdo, mas m eu COr11f40 com a mesma franqueza com apenar, comojJ vos dirse, convenientes' que vós me abnltes o vosso . V61 me per[;:;:1:~::,,~r;!';';c~;'J~ gunmus u u podia sal1•ar na Igrrja Roma do na. Eu vos rnpondo afirmarframenu; i QJsim sem dúvida, e n4a s,1 pode negar que ::t/::a"!,J;~:",!:;: ela Jtja a madre Igreja'. lt ainda. Respmta cheia de conseqiiincias, que 01 O jovem 'campeJo ca16/ico', como o mimJlroJ Rotan e MofflJS haviam apresen- chamt1 Carlos Augu.110, prefenil pór o adtado a Henrique IV, t:utamenu q11af1'0 venan·o em presença dor uxtos evangilicos anosanlts. que, lilOI olhos d01 reformado,, devenOm Parece que de Bht acreditou que uu mtrtetr lodo cridilo: inrerlxuror u conienraria com nsa conu1'Vtde, dine ele , rejeitando as boas obras, vós nJottmeàcairno1labirin101do.s s4a,/,,.n!J/::i:::t:f:,'~:g,lllo (2) nô- quair dificilmenu raireir ... Podei, ignorar lo desueve ·romadc de tstupor', quando a uz,Jo pela qual Nosso SenhorJe111s Cris-
';!n1;t1e~f::,'"/l,':1e ':!; t;:~M~
[,ºi:::~:;~ ~=~:~1;':::~::::/1::
8 - CATOLICISMO JANEIRO 1968
ilofr•ndstod,S•les,Doutord.1 lgrt i• t Pi dr°'irod• lmptt nu , dosjorn•li1tuutólicos
10, no Evangelho de S4o Ma1t11s. ens,nando II Jtus Apóstolos o que Ele queria q11e
:,e;,
":í:,/';,~ai;e":rS:::tJ;;::::;;:;,,;::1t diz 140-JOmenfe que conden,uii 01 ma111 porque nJofizeram bo(ll obrar,(... ). Not"i que por lerem fal111do 111 b0t11 obu11t segue a condenaçJo e/tm(l. Se elaJ n4a fossem senJ.o convenientes. como dizeiJ, adm1h que aqutlu que nJ.o 111 11ve11em feiro seriam pumdo1 com carttgo tào ngoroso? Quanto a mim, agu.1,rdo 1101111 soluçJ.o pau esla dificuldade, ou enldo qut conwrdais comigo' De Bh:e enrJo percebeu bem que com um espírito t4a preciso, t4a mtt6drco, e que 11present11va se111 argumento, com uma segurança imperturb,i~tl. n4o hav,a ou1ro mttó de ucap11r, por falta de respo,ra 111 1i,fa16n.1. mediante nova d,grn1Jo. En111 beceu, melindrado por rer sido confundi· do por nlt jovem pap/Jta, e 'começou a proferir v.iriar palavr/lS indignai de um fil61ofo', QuanroaFranciscodeSales, que uma vez mais se beneficiava de 1eu longo uforço em dominllf seu femperamenlo, compreendeu que a discusJ4o ia urminar sem ruultado.equenJolhertJl/lraoulracoim sen!/Q"ponlaro erro de seu parceiro··. (1) Ch11nam, fwtát TrrxÍJJ1. ··5,,,,,, 1-·,.,,.,oiJ d, 511
lé1", L,l,wn, C1111,o/iqt1, E,,,,,,,,,.,,,J V11tt, p.,,,,. l941,pp.46Ja46J. (1) Mo•s C.,,lo,
A"l""º ú
Sdn. l",f,tr,p1-8iJpo ú
c;,,,,.,..,,,.,1,n,,1,o,1o.s:.,,,.,.,,,,,,f,,6,,,,fo
A REALIDADE, concisamente: • ALTA TECNOLOGlA pa,.. o Leste. - Multiplicam-se noticias sobre o contrabando de tec-
noloaiaavançadaocidrnta!para aRússia.Arevista"Timc''de23 de novembro último publicou ampla lista de casos; destacamos
algo, l suiNI de e~cmplo: - Autoridada de Luxnnbur-
,o aprttnderam cinc:o caixascontendo"chi1»",quescutilizam emm(sseiseoutra.iaplicaçõesin-
dumiais,prestesascrcmembarcados para Moscou. A firma francesa"LesAccessoires&icn1ifiques"estavamontandouma
indúmiadopreciosomaterialna Rússia. - A indústria inglesa Con-
sarc Corp. pret(lldia entregar à Rússia nove forn05 de ahatemperatura, necess.irios para a
obtençio de carbono-carbono, ma1erialutiliudonos"narizes" dosmisstisbal!sticosintcrrontinentais.Aoperaçlofoiabonada no último momento. Maisumavezvaleapena!em-
braroditoatribuídoaUnin:os ocidentais comprariam ao comunismo a corda para se enforcarem ... • AVANÇO SOVIÉTICO. Enquantoofcrcccemcéuabcrto e-comamploapoiodomacrocapitalismopublicitirio-propostas de desarmamento nuclear, Gorbachev vaiupandindoseus domlnio5pelomundo,semnecessidadcdcrecorrer.l.1uerra. Por exemplo, nos últimos anos de5encadeou-secomplenoêxito aofmsivarussaemdireçàoaosul do Paeiíico. Assimo"Anzus"'-aliança cntreAustrália,NovaZelândiae Estados Unidos-praticamente soçobroupclofatodcaNovaZelãndia haver recusado às unidades nane-americanas o acesso aos seus portos, ao mesmo tempo em que a Rússia dia-a-dia estreita seuslaçoscomoVietnãeestcndesuasinstalações nucleares do sul da Indochina ao norte do Japão. Oeste modo, Gorbachcv p,ode-sepermitiroluxodeoontinuar a sorrir para um Ocidente d(bilecntrcguista.qucsonha com paza qualquer preço. • HABITANTES de ca,·e r015. -o«adasaíio,trombctoou a propaganda comunista quc,comasupress!odaspropriedadesurbanaerural,ha,·eriaca sac terra para todos. Poisagora.naChina,osprópriosditadores,·ermclhosconcitamapopulaçao de áreas montanhosas a
mor arem ... cavernas,alcgando nloexistircmcasa.s disponiv~ no Pais. Calcula-se que 40milh6" dcchlncst1vivamem1aiscondiçõessub--humanas. Mu, os que moram rm habitaçõcs estatals - hl a propriedadcpaniculartproibida-nãocslariobemservidos?-indagará algum leitor ingbuo e pouco informado. Scgundorttém<0nduídapcsquis.a.oficial,l00milhõesdechinescsurbanospossucmamtdia dc6,36mctrosquadradosdecspaço residencial, sendo qu e em Changaiototal(depoucomais de 2 metros quadrados por pessoa ... Cabc-nos,pois,perguntar: seráesteopontotcrminaldareforma urbana (como também agrária), socialista econfücatória que, com tanta $0Íreguid1o, certos constiniintes querrm imroduzir entrcnós? • IMAGENS OE um pais "IIMn1do" . - Há miséria e mer cado negro na capital de Moçambiquc. Nos ccrraços do Continental ou do Ojambu, nos grand es cafés que são vcst!&ios da époea faustosadclourençoMarqun, antigonomcdacapítal,deicnas de pessoa.! ficam sentadas rm ~ulta du mesas olhando para ovario. Não M nada para beber nem paraver.Oespetáculodarua? Inexistente. Não h'- this nem õnibus.As lojasestãodcst1peradamcn1c varias. A vitrina da grande livraria Nova Loja, por exemplo, s6upõed uas ou três obrasempociradassobrelênin. "Para punir Morumbique comentaumespedalista-bas1a,ia a Pretória baixar umapequenu a/avancu". Com efeito, 90'7tdesuaclccricidadcéfornecida pela África do Sul. Maputoestámoribunda.MoçambiquenaopassadcumaficçãodeEstadO.Só$0brevive,segundocomentou um diplomata ocidental, "namedidaem queu
romunidadein1ernl1C'ionalseesJorçapa1oman1l-lo" AtravtsdcssaexpressivanarraçãodeAlaln Louymdosemanáriofrarim"L'Expresi",osleitorcsp,oderãoformarcertaidéia do que seja um "paralso'" marxiscacm terras africanas. • PAiS EM EXTINÇÀO? Estatísticas recentes, confirmadas pclomaisconccituadodemógrafoítaliano, AntonioGollini, re,·elamestarocorrcndo,cmterras peninsulares, um fcnõmenoque atthápoucopareciainconcebi-
vel:altli.liadel987deteveotrlsterecordedeseropalscoma maisbaixataxadenatalidadedo mundo. SeaundoopresidentedaAssociação Italiana para a Educação Democrática (Aled), Luigi Laratta, nem mesmoaspropostasdeincentivofiscaleprrnlios paraocasalquepretcndateroseaundocterceirofilhosconseguiramvioiarnopais. De fato, há algummeses, a rcaiãodc Trentino,aAl toAdi&c,aonorte,apresc:ntoupropostadeleiconceden doprêmiodeummilhãodeliras (ccrcadc800dólares)aocas.al quetivesseosq:undofilho."Mas a propos1a foi rapidumenlt derrubada pelo oposiç4o", afirma Laratta. Eis como a dttadmcia geral dos costumes vai arrastando a gloriosaltli.lia,ccntrodaCrista.ndadceou1rora1lo ca1ólk:a-conhecida no passado cm todo o mundopor suasfamlliasprolfficas-paraumacrisequepõcem
riscosuapr6priaidentidade nacional. • ABORTO gera comp luo de culp11.-A "UniãodeJuriscas iw,loOireicoàVida"éumaorga-
~~~s~: :~~=~~= ~reJ::
tria. Uma de suas finalidadné combaterac~cessivalibcratidadc daslCJ.squca1ualmemciw,rmi1cm aprá!icaquaseindiscriminadado aborto. Cerca de um quano de seus mcmbrossto mulheres. O professor Oegv.itz(friburgo), membro da entidade, chamoureccmementeaatcnçâoparaolamcntável c~tadocspiritual cm que ficam muitas mulhere, após submeterem-se ao aborto Arrependimento. complc~o de cu!pa.íncriminaçõesa,;imesmas. instabilidadecmocionalcd~ressàosãocomunscntremãesque brutalmente rejeitaram seus íilhos. Apermissãolegaldoaborto, adverrcmosjuri1tas.fumaper,ersãodaconscifociadoOireito
Prtsidiiirios cu binos i Rurin: ~M Mpr noH,1 libr1didt, o Sr.
no,
111,1tir.i" • Oi.T ENTOS CU BANOS preferem morrer nH pri56n americanas. - O go,·ff11o Rng:1111 ttr11men1e nio contava rom a espe tacular ruçio dos prnos cubanos quando assi nou co m Fkkl Cutro acordo estipulando que eles seriam de,·oh"idos pan a ilha,drct rt. Ao conhtccrem as tnttatlus, mwb dt 2 mll prisioneiros se rtMlaram em dois F.'ilados nor1e-amt rk~no ~. tomando deu nas dt rtffns t incendiando alg uns pa,llhôes. Em mdo b duras neaoclações que se !ll'gui111m, um falo ficou pa, ttnlt: 05 cubanos prdnlam correr o risco dt mornr durante o motim a viver sob o regim e caslri~la. Em 1980, oditador cubaoo apro,·ci1ou a fug11 de 125 mil cubanosdopaisparalançaraomar, em pequen11embue1ç~. muilOS df:SSCS prno5. es.-aziando. 1.§.Sim. suas.sinistramente cflebrn priWCS.
CATOLICISMO JANEIRO 1938 - 9
UM ACONTECIMEITTO W.raordioário ocorrido cm Roma há precisamente 146 anos, no dia 20 de janeiro de 1842, repercutiu, na q>Oea, cm todo o mundo. Trata-se da conversão ao ca101icismo do jovem banqueiro judeu Afonso Tobias Ratisbonne. Em Paris, na AJ. sásia onde morava sua família, por toda a Alemanha, país no qual se estendiam suas relações, nlosc falava senão desse golpe fulminante da araça que trouxera Ratisbonnc para o seio da Santa Igreja. Mas como se deu essa conversão tão súbita? Ele mesmo nos relatou: "Encontravome depois de algum tempo na igreja {de Sant' Andrea delta Frattc, onde fora acompanhar o Barão de Bussihcs, que paraláscdirigiraafimdetratardascxéquias de um amigo comum], quando, de
bem! Ela não me disse nada, mas eu comprttndi tudo ...
rtJHnte, senti-me tomado de uma inquietoçdo inexp/icdwl. Levantei os olhos; rodo o ediflcio havia desaparecido à minha vista; uma sd captla havia, por assim dizer, concentrado toda a luz. e, no meio dessa luminosidade, aparrceu, de pé, sobre o altar, brilhante, cheio de majestade e de doçura, a Virgem Maria, tal como Ela estd em minha Medalha (a Medalha Milagrosa, da qual fazia uso havia três dias, às irutlncias do barão); uma força irresistfvel atraiu-me em sua direçdo. A Virgem fez-me sinal com a m6o para que me ajoefh~ e pareceu-me dizer: estd
Miràcolo .
O Papa Gregório XVI ordenou que esse fato cspctaeular fosse cu.minado canonicamente e julgado segundo as regras da Igreja, que se pronunciou favoravelmente como sendo um "verdadeiro e insigne milagre operado por IkllS bondo-
slssimo e grandíssimo, em virtude da interressão da Bem-aventurada Virgem Maria, na conversão insrantlJnea e perfeita de Afonso Ratisbonne do judafsmo ao catolicismo". Um quadro comemorativo da aparição de Nossa Senhora a Ratisbonne re: produzindo a Virgem da Medalha Milagrosa foi colocado na capela da içeja. Todos os anos, a 20 de janeiro, celebrase oficialmente a lembrança desse acontecimento. ~ a festa da Madonna dei
•
Como surgiu a Medalha Milagrosa, referida por esse insigne convcnido? A Medalha Milagrosa tem sua origem nas aparições mariais da capela das Filhas da caridade de São Vicente de Paulo, na Rue du Bac, cm Paris, no ano de 1830. No dia 27 de novembro, a Virgem Imaculada apareceu a Santa Catarina Labourf, então noviça daquela congregação religiosa, e lhe confiou - altm de uma
mensagem análoga às de La Saleue, Lourdcs e Fátima - a missão de fazer cunhar uma Medalha cujo modelo Ela lhe revelaria. "As pessoas que a portarem com conjianro - disse-lhe Nossa Senhora - receber4o grandes graças, sobretudo usando-a ao pescoço". E no modelo, como nas Medalhas cunhadas, lia-se a invocação: "Ó Maria concebida sem pecado, rogaipornósquerecorremosa vcil"". A Medalha foi inicialmente distribuída pelas Filhas da Caridade na região de Paris, durante o reinicio de uma epidemia de cólera. Na escola da Place du Louvre, a pequena Caroline Nenain, de 8 anos, da paróquia Saint-Gcnnain-l'Auxcrrois, a única da classe a não usar a Medalha, havia sido a única a ser atacada pela cólera. As Irmãs deram-lhe a Medalha. Ela curouse imediatamente. No dia seguinte, voltava à escola. Não só a cura dos corpos, mas sobretudo a d85 alma5 se alcançou pelos efeitos da santa Medalha: um idoso e doente militar de Alcnçon, obstinado e blasfemador, a quem uma Irmã da Caridade enviara uma Medalha, começou a rezar contra toda cxpccta1iva. Viu chegar a morte com serenidade, chegando a dizer: "O que me causa tristeu, é ter amado tão tarde e n4o poder amar mais inrensamente". Uma religiosa da congregação relatou o seJUinte caso: "Havia dezoito anos que
conserva ainda sua longada se manifestou e durou cinqüenta dias. A febre desapareceu, mas o doente ficou reduzido a um estado assustador de magreza e debilidade; os intestinos estavam de tal modo irritados que o menor abalo lhe determinava um acesso de febre. Os m&licos consideraram que tudo iuo constituiam sintomas de moléstia incurável e funesta. Nessa dolorosa situação, odocnterecorreuàMedalha, recuperando suas forças, e tendo adquirido perfeita saúde. Diante de tantas graças de conversão, proteção e cura obtidas, o Arcebispo de Paris, Mons. Quélen, concluiu; "A rapi-
NllPlriçãode27dtnottmbrt,dt1830,intesdt surgir a inscriçJo uó M11ia conctbida sem ptU·
do,rocaiiio,nõsq11ertC01rtmos1W1J",SintaCatarillll vi 1-urii S..ntiMi111,1 o i - .i Dtu1 o mundo, romo Rainlw do Uniffl10, t dt Mm miol. cr~ 1-Tj.i,du dt anêis,ffl.lliNl'ffll riioi lumi110MKdt todos os li.dos
uma mulher vivia. com escândalo do mundo, com um desgraçado que havia abandonado sua mulher e filhos. À sua md vida juntava uma impiedade pouco ordinário, dizendo em toda a parte que ndo cria em Deus, nem no inferno e :;om· bando de tudo quanto a re/igl4o tem de mais sagrado. Embora perigosamente doente, protestava que nunca se contes· saria. Soror N., vendo que o sua moléstia piorava e que se aproximava o seu fim, reco"eu à Virgem e p6s-lhea Medalha ao pescoço, e começou uma novena para alcançar a sua conYersdo pelo auxflio
d'Aquela que cada vez nos mostra mais que é nossa Mãe e mãe de misericórdia. No meio do novena, a pobre desgraçada apareceu completamente mudada, ronfessou-u, renunciou ao infeliz. que a h'1Via perdido, e manifestou tanta dor da sua vida passada e tanta devoç4o, romo até er.t4o h'1Via escandalizado a todos com a sua impiedade". Também na Itália, jácm 1836, as aparições da Rue du Bac haviam repercutido. Um juiz do tribunal civil de Nápoles, José Cocchia, gravemente enfraquecido por uma doença crõnica de intestinos, sofria fortes dores com sensações espasmódicas que aumentavam o seu padecimento. Umafebregastro-biliosatenaiepro-
dez. extraordinária com a qual essa Medalha se propagou, o número prodigioso de Medalhas que/oram cunhadas e divulgadas, os benefícios surpreendentes e as graças singulares que a confiança dos fiéis obtiveram parecem verdadeiramente sinais pt'los quais o Céu quis confirma, a reolidade das aparições, a verdade do relato da vidente ea difusão da Medalha". O próprio Mons. Quélen, ardoroso propagador da Medalha, obteve a conversão e reconciliação com a Santa Sé do excapelão de Napoleão Bonaparte, e exArcebispo de Matinas (Bélgica), cargo que ocupara sem o assentimento de Roma, Mons. Pradt, mediante a recitação da jaculatória: "Ó Maria concebida sem pe-
•
cado, rogai por n6s que recorremos a vós".
Os benefícios da Medalha Milagrosa estenderam-se rapidamente aos Estados Unidos (1836), Polônia (1837), China e Rússia (1838), e até à Etiópia (1839). Nesse último ano já haviam sido cunhadas mais de 10 milhões de Medalhas. O Pe. Le Leu, missionário em Cons1an1inopla, na Turquia, dirigiu-se nos seguintes termos a um conhecido de Paris:
"Hd muito tempo que tenciono lhediur alguma coisa sobre a Medalha; um dos maiores milagres que ela tem operado, segundo me parece, é a rapidez. com que se propaga e a confiança que inspira. Pelas requisições que lhe temos/eito, pode V. julgar sobre o efeilo que produz. neste país. Precisaríamos milhares e não sei se poderiamo.tsatisfaura todos os pedidos. Em Smyrna sucede a mesma coisa. Tivemos ocasião de remeter alguma para o interior da Á.tia, onde a Santís:si-
ma Virgem n4o se mostra menos poderosa e benéfica do que na Europa. Em Angora um velho paralítico, que níio podia andar e nem trabalhar, hd muitos anos vivia em horrorosa miséria e suspirava pela morte; e principalmente est'1Va consternado de ver-se hd tanto tempo a cargo de uma famllia paupérrima. Hd neste país grande número defamflias muito devotas da Santíssima Virgem, e a sua inclui-se neste número. Por isso, apenas ouviu falar na Medalha Miraculosa, pediu-a e colocou-a no pescoço. "A fé neste país tem ainda a simpficidade primitiva; nõo se contentam em orar e suspender a medalha ao pescoço, mas beijam-na e aplicam-na à parte molesta; a Santíssima Virgem n4o resiste a semelhante confiança, e este homem que tinha as pernas paralisadas começou a andar no mesmo momento; dt:sde ent4o trabalha e pode ganhar para a sua subsisttncia". O .sacerdote conta também o caso de uma mulher, mie de familia, que estando ji inconsciente, com todos os sintomas de ter tido apoplexia, recobrou a perfeita saúde a panir do momen10 em que seu filho, o qual trazia uma Medalha consigo, aplicou-a ao pescoço de sua mãe, alcançando aquela graça. De Macau, por exemplo, outro missionirio escreveu este fato extraordinário: uma viúva chinesa viu cair seu único filho, crescido como ela no paganismo, sob o império do demônio. Possesso, o jovem corria pelos campos, lançando gritos lamentáveis. Se alguém, bastante ousado, tentavasegurá-lo,eralogoagarradoelançado por terra. Certo dia em que ele se encontrava especialmente atormentado pelo demônio, permitiu Deus que por ali passasse um fiel católico que, animado de uma fé viva e vendo o demõnio maltratar o infeliz. de modo tão 1irãnico, tomou na mão da Medalha Milagrosa. E aproximando-se do possesso, ordenou ao demõnio que o deixasse em paz, o que ocorreu instantaneamente. Tendo sido conduzido a sua mãe, o antigo possesso consolou-a diundo: "NiJa choreis mais,
estou perfeitamente livre. O demônio deixou-me desde que viu essa Medalha". Mãe e filho, renunciando a seus falsos deuses, cumularam de agradecimentos o ardoroso católico pelo favor inapreciável que lhes havia prestado por meio da Medalha Mila,rosa. Um sem número de outros casos de mila,res eassinaladasgraças,queseob-
servaram por todo o mundo, poderiam sera~uirelatados: aconversãodeumvego cismático, a de um pe<:ador na Aus1ria, de um individuo em Lima, no Peru, de um protestante nos Estados Unidos etc.Mastaisnarraçõesex1rapolariamde muito os limites deste anigo.
•
Altm de todas essas graças individuais, as aparições da capelada Ruedu Bac suscitaram sobretudo imenso movimento de ft, que levou o Papa Pio IX a definir, em 18j4, o dogma da Imaculada Conceição. Quatro anos depois, as aparições de Lourdes confirmavam essa definição de um modo inesperado. "A Doma da gruta apareceu-me do mesmo modo como Ela é representada na Medalha Milagrosa", declarou Santa Bernardete Soubirous, que portava consigo a Medalha da Ruc du Bac. Elasimbolizabemtodaadoutrinada IgrejasobreopapclprovidencialdeMariaSantlssimanaMaternidadedivina,na Redenção do gênero humano, e em particular, em sua Mediação Universal. Mas estarão de pt as promessas de Nossa Senhora feitas em 1830? A Medalha Milagrosa conserva ainda o seu poder? Sim! Sobretudo para os católicos que permanecem filis aos ensinamentos tradicionais da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, no final deste s«Ulo borrascoso echeio de incenezas. Taisgraças es1ão tambtm reservadas a todos aqueles que a elas abrirem seus corações. Serão essas almas pedras vivas do Reino do Sapiencial e Imaculado Coração de Maria, anunciado por Nossa Senhora em Fátima, e cuja realização Santa Catarina Labourt profeticamente descreveu: "Oh! Como seró~lodeseouvirdizer: 'MarlaéaRainha do Universo, particularmente da França', eascriançasexc/amarão: 'Ede cada um em particular', com transportes de alegria. Serd um tempo de pa~, de alegria e de felicidade que serd longo; Ela serd carregada em triunfo por todo o mundo". Jos~ fnncisco Go uveia NOTA: Um excolontc e bem doc:umcncado artiJO sobrcavidadcSantaCai1rinaLabouréeu1e'llelaç6es dc NQSS.I Senhon. de autoria de An1ortioAus u110 Borel!i M1eh1do. foi publicado no n! H9 de "C.tolicismo",m1novembrod, 19'0. Alémdcssetr1balho,foramron1uhaduuieSUinto,iobru
paraaelaborlçlodoprnemeant,o: -
"Vies da Saints, mu11r«S -
pour IOIII la
joursdel'anntt",MaisondelaBonnePrcsse,P1JU,std; "A Medalha Miraculo.,, - $UI ori1mi. tlisulria, difudo, rcsultldos'", tdlclo rMS!-1, 1ummtada ido Padtt Al1del, por um ulis\o!,o da ConJrqaçf,oda Miulo. lmprmsa Commm:ill, Pono. 18&4; - P,. Edmond Crapa. "Lf Mw.qedu Conir -
Discernindo, distinguindo, classificando ..
Quando os sinos tocam ... POUCOS HO\-fENS lerão conduzidooooua a Santa Igreja uma campanha mais feroz e sibilina, as1utamente encoberta com manifestações de rcspeito por aspectos humanos d Ela, do que o escritor francb Erncst Renan (1823-1892). Foi ele muito incensado pela propaganda anti-religiosa de seu tempo, a ponto de então ser moda dizer-se que se havia perdido a ft lendo seus livros. Tendo sido seminarista e recebido as ordens menores, Renan conta cinicamente em suas "Recordações da lnfãncia e da Juventude" (Nelson ~diteurs, Paris) co'!'o se deu .n~le o processo de apostasia do catohc1smo. E aí l?r~a-sc claro que esse processo cons1suu fundamentalmente numa_luta de ~one por ele travada co~tra a mocência de al~a que, espcc,al_mente enq_uanto batuad~, ele possuiu. ln~naa. ~ que, m_wtas vezes, mesmo após t~r sido rei:iud1ada de ~m ~odo consCiente e deliberado, resiste ainda, acantonada e esmagada,_ sob a forma de uma lembrança penlSlente q_ue de vez em 9uan~o fu _tocar seus smos para ouv1~os Já ob~tm_adamente cerrados. ,, Ei-lo que, ~~-11e}!1º• conta em suas R~or_da~ - Uma das lendas malS difund1d~ n.a Bretanha é a de uma pretensa c1d(!dt de ~s. a qual, tm época desconheClda, lena sido degfutlda pelo mar (..• ). Nos dias de tempestade, asseguram os pescadores, vêse, na cavidade das_ ondas, as JX!ntas dasflechasdesuas1g":Jas; nosd1asd~
se nos braços gtlidos do racionalismo an1icmtão? Foi aos 16anosqueas tentações contra a ft começaram a atorment4-lo, por ocasião do ambiente mundano que encontrou quando se uansferiu do seminário da Bretanha para o seminário de Saint Nicolas de Chordonnet, em Paris, então dirigido por Mons. Dupanloup ("o homem mais em moda do clero porisiense'') o qual posteriormente adquiriria uma triste celebridade pela oposição que capitaneou, no Concílio Vaticano I, conua a proclamação do dogma da infalibilidade pontifkia. "Durante 1rl.s anos eu sofri esta influlncia profunda, que produziu em meu ser uma completa transformação. M. Duponloup me havia literalmente transfigurado (... ). Este humanismo superficial destruiu a singelez.a primeira de minha fé. Meu cristianismo so/teu grandes diminuiçôes". Iniciado O processo de apostasia, que haveria de durar mais de seis anos, "uma das minhas metades devia ocupar-se em demolir a outra, como esteanimal/aOUlosodeOésiasqueromio as própnas patas". E mesmo após a consumação desse terrlvd processo, e att a velhice, a recordação da inoccneia perdida perma~u atuante: na Bretanha "cantavam-se cânticos dos quais eu me /tmbro ainda: 'Salve, estffla do mor... rainha daqueles que gemem ne:sll! vale de lâgrimas'; ou então: 'Rosa mfslica, Torre de marfim, Casa de ouro, Estrela damanhd' (. .. ) como
':a;':;~ª~:;v;~s;:};~/::, do a li/urgia do dia. Muitas vtzes me pareu que eu tenho no fundo do coração uma cidade de ls que toca ainda sinos obstinados em convocar para os a/feios sagrados fiéis que não ouvem mais". De fato, está nele presente a lembrança de que, quando criança, aostava de contemplar a catedral de sua cidade: "Eu me encontrava a mim mesmo quando revia meu alta campandrio, a nave pontuda, o claustro e os tUmulos do sicu/o XV(... ); eu nOo ficava à vontade senão perto desses cavaleiros, dessas nobres damas, dormindo um sono 1ranqüilo, com uma pequena lebre a seus pés e uma grande tocha de pedra na mão". Assim, "fui CilSIOdurante toda a minha juventude (...). Minha infância escoou nesta grande escola dt fé e de respeito".
me custa seguir a razão wda nua". O fato de toda a obra de Renanestar voltada para a demolição da Igrcja Católica parece ser um reflexo de uma ft que ele desejava extirpar em seu interior att às raízes, sem o conseguir inteiramente: "No/undoeusintoque minha vida é continuamente governada por uma/é que eu não tenho mais. A fé tem isto de particular que, desaparecida, tia age ainda". Essa persistência de restos de inocência cm sua alma (ao menos como recordação), e ponanto de solicitações da graça di~ina, longe de comoverem nele o fmpio, foram ocasião para que chegas.se ao auge do empedernimento. Assim é que, já velho, ele temia ainda converter-se, de tal modo que tcnnina suas "Lembranças" advertindo que se tal con~enão se der, ele a atribui à imbecilização pela velhice Quantos, hoje em dia, fecham ouvidos aos sinos que tocam em seu interior! Nós, o que íuemos quando os sinos dobram? A.C.
1;:,:{,~7:),:
deMariciSainieCa1hfflnoLabouri".Edi1lon1
Spn, Pari1. l9'o7: -AbbéRenét..urftltin. "VicdcCathmne t..bouró", l)Qclffde Brouw.,-, P1ri1, 1980.
12 - CATOLICISMO JANEIRO 1988
Como então abandonou ele essa doce inocência primeira, para atirar-
EsPERANÇA, entusiasmo ealcgriaemtodoomundo.ReaganeGorbachevassinam,na capital norte-americana, em dezembroúltimo,oprimeiroaoordodedesarmamentonudear.Os misseis de médio alcance serão desmontadosemterritíroeuropeu pelasduassuperpotencias.Fa!asenumanovaeradepazeconfiançainternadonal.Novosaoor• dosviràoparacompletarodcsarmamemo. Difunde-seaidtiade que a Rússia mudou, graças a Gorbachev com sua g/osnosr (tra,upari!nda) e perestroika {reestruturação). Kissingeranunciaqueossoviéticosestãoabandonandoiocomunismo,porqueelenãofunciona ("Washington Post", 25-10-87). E Brzejinski, conselheirodoe:<-presidenteCaner,as-
severa que, na Europa Oriental, o comunismo já acabou como ideologia, ~ferindo-se com ocimismoàoolaboraçãoeajudaocidental ao e:11-bloco comunista (''SacramentoBee'',4-10-87).As multiilacionais e os turistas preparam-separainvadiraRússia, cobrindo-adedólares. Entretanto, permanecem de péasperguntas:ocomunismosoviético terá mesmo mudado? O que são as reformasdeGorba· chev, das quais muito se fala e poucoseconhece?Qualéaverdadeirasituaçãodoregimecomunina na Rússia de hoje? Asrespostas a tais indagações são essenciaísparaseentendcroqueestáacontecendoeavaliarmosseo otimismoatualéjustitícado,ou seoacordodeWashingtonrepresentouuma"NovaMunique".
Clasnost e Perestroika: novos disfarces de um sistema fracassado Pa,aosis!emadevidanossinislros camposdeconcentr;içfowviéticos - ondecon1inuamapadecerdeie· nasdemilharesdeprisioneims- a "glasnosl"ea"pere1troikl''n.iopasum de meras ficções propagandisticu
NEM OS EMPEDERNIDOS comunis1asrussosnegamo frac:assoeconômico,p0lí1icoesocial do marxismo. Conforme uma série de notícias que "Catolicismo" vem publicando, a própria imprensarussaestampaquasediariam enterclatosdosincriveisinsucessoseabsurdosdoregime nos mais variados campos. O velho comunismofanáticoesanguináriojánãoenganamaisqu~ninguémnospaíse<J ondeseimplantou. Ele simplesmeme perdeu a poucacredibilidadedequeainda gozava. Imerso numa profunda c:riseide<:,lógicague corróisuas bases,arruinadoeconomicamente,derrotadoemcleiçõesnomundointeiro,sórestavaaossenhoresdoCremlinostemaroutraface,comaparSnciadeeficácia,relativista e sorridente. Enfim,o opostoda/aciesstalinistaaté há pouco preponderame Emra,emão,nopalcodaHistória o sorridente e pragmático Gorbad,n.acompanhadodesua
Apemdoesforçopropagandistico deGorbachev,Sltasreformasriáoilu demnenhume1piritodarividentede aquém ou além(o1tina de ferro ...
elegan!e espmaRaissa,bemdiferente das gordas e desajei tadas camponesas, mulheres dosante· rioreschcfessoviéticos.Einicia~umaaparente refonnageraldo comunismo.Agora,apósmaisde dois anos de muito falatório e propasandasobreasreformas, Gorbachevlançaaomundoum !ivrodesuaautoria,emque e:11plica o porquê das reformas. [ntitula-se "Perestroika:novas id éiasparaomeupaís c omun do", lançado simultaneamente nasprincipaisnaçõcsdoglobo, inclusivenoBrasil(EditoraBestSellcr, São Paulo, 1987, 299 págs.). O vulto da propaganda em 1ornodessaobra foi impressionant e,comanúnciosnosprincipais jornaisdaTerra,provocandoumaavalanchedeanigoserecensões a respeito dela. Todo o alarido, porém, não couseguiu ocultarserohvrobas!ante cacete,repe!iti,·o,oqua!seperde em temasdepropagandabarata.Assim, nele encontram-se divagaçõessobre opiniõesdoamorfa· voráveisaosjovcns,àsmulheres, ~ s:~cdc.àpaz,aodesarmamen0
Glasnost e Perestroika: por quê? Gorbachev explicaa necessidadevitalqucocomunismoru,. sotemde~reformar,emvista dcseuscrescentesfracassos.Afirma ele: "Qualquer demoro poro implontor o perestroiko poderia /evor[aRússia]numfu1uropróximooumosi1uaçiíointernaexacerbadoqut,tmltrmoscloros, constituiria um 1euenoflrtil poro umogro\'ecrisesocia/, econômiroepoi,~iro"(p. !5). Ele endossa a opinião do economista CATOLICISMO JANE IRO 1988 - 13
inar~ina Nikolai Shmeiev, $qUndo o qual I socied1de soviitica sofre de "uma apatia maciço, ln-
diftrtnço, roubo,faltadtrtsptltoporacomotrabalhohontsto, alcoolismo t prquiço" ("Los Angeles Times", 2S-10-87). De aoordo com o mesmo jornal, um altofuncion'1iosoviNicodeclarounumenconttodesovietólo-
gos:"Sema~,utroikanlohd futuroparaaRús.sia-a~nas onttms". Em seu livro, Gorbachev aponla outros males: " ... ltavio
dlf=ldadt no forn«i-nto dt olimtntos, habitaçlo, btru dt C"Oll.l'1'motstrV/ço"(p.20)."Havia uma cis4o tntrt pa/avro.r t ato.squtgtrou umapassividodt no público t a dnaença no.s ltmas proclamados(... ). O o/coclismo, o col'ISUmo dt drogas t o.s crimts oumtntavom" (p. 21). "Emalgunsnfvti.sdoadmimstraç4osurgiu odtsrtsptlto~/alti totncora}amtntodttrapaçast
subonro"(p.22).Mesmoaoconfessarcom"fram;auez.a"osmales que affi1cm o relime, Oorba· chevmcnte:colocaosverbosno pas.sad.o,comosecssesmalesj, nlomaisexistissem,quandoele mesmo mais adiante, l ~ 6 9 , cxplicaquc1~rts1roikaainda estánoiníciod.aoorrcçlodos problema.sdo pais. Vejamos quaii 51.o u principaii dcssu mllltiplas crisa que usolam o comunismo soviNico. CRISE IDEOLÓGICA Ou:.oliderrus50: "lnlt:iou-#uma gradual uosõo tk vo/ora uho/6giros t mOffl/.s dt llO$SO poVO '' (p. 20). Os "valores morais" aqui
Moduthi.bil05dijuventudcdcai·
dentedoOcidcntcntJowndoirttrodu1idoi11,1Rúuii1,tomoillntila fotortctnttdestnjovcm,noP11· qutGorky,em Moscou
aludidosrefcrcm-seàassimchamadl "moral comunista", uma distorção escandalosa do conceito,umavczqueoscomuninas não rc,;,onheccma moral verdadeira. Um $llmizdat publicado pclo jomat sovinioo "RusskayaMyll"(24-4-87)dcnuncia;
"NaRús.siaháumasituaçiiorevoluciotuúw, mas fUlO h;i rtVO!ucion4rios". Ossovictólogoschcpm a essa mcsmaccmclusão. David Shiplcr- naobra dcsu..tautoriaqucapreseI1taosugcuivot.1tulo"Rús.sia- fdolosquebrados, sonbO!I solenes" (N.Y., 1980)-diz; "Umgrandtnúmt-
rodtrussosptrdtu.stW"htróis, afim1S1111ilhologiaeems,ufuturo. A/111rurt0gemcontraisso rtf14t/ando-.rtffl15114lVÍdoÚltima,
pondo dt lado o coletivismo(. ..) outrosptUSamaidtaliwropassado ru.sso, com suas ru,?es na simplicidode rural e na pureza moral{... ) issoestti bostado na 1randeten.s4oenostu/tiaqueperfXl$$llPfO/undomentetodasasr:amudas du sociedade~., (p. 5). O PC transformou-se numa rcpartiçlopública,numcabidcde emprq;os e as pessoas mscrevcmse nele J)llra fazer carreira. Os temposdofervorrcvolucioniirio i'vlolonae.Comoorcgimenão cai mesmo, lfaç&S à KGB, mui1os f = • $eiuinte reflcxão:
"Viimo.s vi11t1 como se tle niio mstisse;itnortmo-lo".Epassam airabalharporcontaprópria. integrando-se à florescente e enorme c,;,onomia paralela. Publicam-se livros e revistu clandcstinos,enquantomo!dicos moniam clfnlcascmsuasca5&S. Eqcnhciros e pcdrciros constroem ou reformam casas por contaprópria.At~filmcsevidcocassetcssloprodurid0$nomercadoncgro.almldesedcscnvolvcrtodotipodecomércioimagin,vel. Os analistas consideram
queseme5saeconomiaparalela opalsnãofuncionaria.Tudois• somostraquantoapoputaçlo5oviéticaest-'distan1edosprincipios ooletivistas de Unin, após 70 anos de doutrinação intensa. CRISE RACIAL- Vivem na R[uuiaccrcadel\0povos,cada um com sua Unaua. costumes e problemas. A maioria deles nlo cs1.6mll11.1radalpopulaçlorussa,llllUOCUJ)llSC\JSlerritóriostra• dicionais.Ei$porqucai.umchamamaRliuiadc"prislodenaçõcs".Oantagonismodemuitot dcssespovoscon1raosruuoscs1'sendocueerbado,sobretudo nasregiõesmuçulmanastnoBâltioo.Umaqravantcdc:ssequadro consistenofaiode que tais povos tbn uma tau de aumento dcmoen(fico maior quc a dos russos:constituemelesquaseSO" d.apopulaçio,e,dcntroembrcve,tomar-se-lomaioria. Ametadcdoconun,cntcdasforçasarmadassoviitic:llliéformadapor elementos provenientes de tais povos,oquetcmcausadonumerososincidentcsdccunhoétnico, inclusivenoAfepnistlo. CRISE TECNOLÕGICA A Rússia encontra-5e incrivelmenteatrasadano queserefete àmaioriadllitecnologiasdeponta..Enacomputaçlo,quealinge todos os campos da economia moderna, o atraso é colossal. Ca· soseeliminassedopaJsseus3,7 milbõcsdemilitares,seusfogue1escarmasnudeares,aR~seriaumpafsdoTerctiroMundo. Só o SC!or de annamcnto é ava.nçado, graças aos riot de dinheiro a ele dedicados pelo governo e à efidcia da espionagem sovittica noOcidcntc. l:jusiamente essa sanaria de re,,;unos que Gorbachev ten11 estancar com os acord0$ de desar· mamcnto. Em stu livro, o secre· 1iirioacraldoPCsovitticoconfes.saquc0$equipamcntosindustriaisnusosnloestlola.tturados padrõcsmundiais.Aocontr,rio dosindustria!iiadosbras.iteiros,
14 - CATOLICISMO JANflRO 1968
l'arilcombateroalcootismo - ver· didtirapraga 11idon.ileum1.d.1.s uus,udoimpressiol\ilnteaumento doíndicedtmorlalidadedapopu· li.tio muculi11,1 - lançHt mio até do hipnolilmo, como o faz nle m~ dicomDKOvitil,emseuconsullório
osprodutosrussosnãoconse· auem ser exportados, devido à suabaiu.quatidadeete,;:nologia obsoleta. ÇRISE NO SETOR DA SAUDE - A Rússia é o único pais industrializado do mundo, ondcofndicedemonalidadees1, cm asccl}Çlo; as moncs por 1000h.abitantessubiramde6.9 em 1964, para 10,3 em 1980. Mas uautoridadcsocsuram.dcdivulprosdldosparacvitarovcxamequercpresentacsscaumento. Al,osimilarocoITCoomamortalidlde infantil. cujos dados tambnn pas.saram a constituir M:gredo dc Estado. Elapauou de 22.9 mones por mil habitan!es em l970,para31.7.cm80. Hoje tais fndiccs devem ser ainda mais clcvados. E o pior é que o aumenco maiordamnnalidadecstáscvcrificandonapopulaçãomasculinaentre30eS9anos,justamente o segmento mais produtivo. Emparte,aexplicaçãodcsscsimpressionancn dados reside no atrasodamedictnarussa.Oprincipal fator, porém, do aumento dlmona.tidadema.sculinaconsistenoaumcntodoalcoolw:no,que atinJiu n(veiscatastróficos: aumcntodc600'9 nosiiltimos40 anos.Oficialmcnteconsomc-sc2 bilhões de litros de alcool por ano. Na pritica o COll$WllO é bem maior. poi$ é gencraliuda adistilaçloclandestina dcvodil:a,oonhecida como samogon, que é altarncnte tóxica (Cfr. "lnsitle Rus1ian Medicine". Dr. Willian Knaus, Bcacoo PtcS$, Boston, 1982). ClllSE ECONÕMICA-1: a aisemaisdeccpcionan1ejparaos comunis!as, pois ~ na economia qucelesespcravamatcançargran-
deprOgreMOCOmvistasaoestabdecimentodo"paraiso"verme. lho. Em seu llno. Gorbachev afirma: "Nosliltimos/5anosa 111xadecresdmemod11rendanar:ian11/ ca(r11 para mais da metade e, noinír:iodosanos80,chegara a um ni,·el prdximo da estagnaf6o «on"mir:a" (p. 17). 0 desperdiciol!&eneralizado.devidoa uma razão muito simples: ningu~ml!donodenada. Confessa Gorbachev:"Gastamos(... )mui10 mais em ma1&ius-primas, energUle ou/ros r~r.ssosjpor unidade produzida, do quejoutras l'!af«:$ dt$em,oMdas" (p. 18). Citemos um exemplo dos paradoxos dacçonomiasoviética:enquamo hi.racionamentodecarne, manteiga,queijoeacúcar(umqui!o de carne por mk e200grs. de manteiga J)Or pessoa, em vi.rias re&iõe5),cercadeumquanoda produçãoapodr«c,devidoàs m:bcondiçõesdetransponeearmazenamento. A Rús!iia é hoje umdosmaioresimportadoresde alimentos do mundo. Na época curisca,elaeraumdosmaiores exponadorcs!s Quamo à phsima qualidade dosprodutosdeconsumo,"Catolicismo" j:itemtraiadoabun· dantemente da matéria, baseando-sena própria imprensa soviética. É oportuno ainda lembrar que numerosos outros problemas aíligem a cçonomia russa, como a~nte1$mo. burocratismo, corrupção etc Essessãoapenasalgunsexemplos de como o tão decantado"paraíso comunista" sem Deus acabou se transformando numinferno.ConseguiráaRús· siau.irdetalsituaçã,01.Cmabandonarautopiamarxista?
As reformas de
corbachev Emseulino,olíderoomunistaapr=ta o programa de reformas como uma panacéia que airari.todososmales!.Cmabandonar o comunismo. Tal ponto é chave,poisaimprensaocidental tem insinuado que o marxismo csti.scndopostodelado. Nada mais falso, e o próprio Gorba· chevaceniua: "Estamosronduzil'ldo todas as reformas de arordo com a opç4o soâallsta (. .. ). Aqueles que esperQm que nos afastemos desse caminhoficartJo muita desapontados" (p. 38). E acrescenta que se trata de um u ·ançodosocialismorumoàau· togestão,1eseessaquevemcon. firmar o magistral estudo do Prof. Plínio Corr!a de Oliveira sobreosocialismoautogestionáriofrancês{dr."Catolicismo", jan./frv. 1982, n~s 373-374). O referidoensaiodemonmaprecisamente o seauinte p0n10: a autoacsião é uma forma mais radicaldcsocializaç!o,poiscadaopcri.rioficaráaindamaiscscravizadoaosgruposau101estionários, al~mdeserosistemamaisigua-
Noio estilo ocicltnt1liudo ele wliio clebt~u,emMoscou:refOffll.llMCosmttiu~ M"ntido tstrito ...
,m
rosa para um comunista: ''te~identecomon0-5-'iOJX>VOstflliufal1adopapeldoproprietdrio"(p. 110). Da!opcqucnorecuo,·crificadonessa área.
li1ário,scndotodososdirigentes eleitospc!acoletividade. Eisaslinhasgerais dasreformudeGorbachev: EMPRFSA ESTATAL-A empresacomunistanãogozadc nenhuma autonomia.l:umarepartiçãopúblicadirigidaburocraticamenteporumministérioquc determinaoque,comoequanto devescrprodurido. Eladettmo lucroouarcarácom05prcjuizos. O Ministério do Planejamento calculatudooqueopaísnecessi taráduranteoanoeordenaaindústriaaproduziroqucfoicalcolado. Eue sistema ultra-cen1ralizadofoirespom.ã,·elpclo col05saldesastreaoqualji.aludimos. Não ha,·mdo patrão, nem mercadolivre,osfregue5es~0 cativos,poisnãoháooncorrência enemincemivoparaseproduzir mais e melhor. Segundoape,rs1,oika,asempresa.spcrmanecemcs1atais, e os mlnin~ri05 apcnas u orientarão efiscalizarào.Adireçioda em· prcsaseráeleitapclos funcioná rios.Oslucrosouosprejuizossc· rio deles. Os funcionários que trabalhemcomintensidadecperfeiçiomaiorr«cberiioump0ucoamais.sendo,porfm,emconcreto, mantido o igualitarismo, uma,·ezqueasd!ferençassalariaisserâopcquenas. Tais autonomia e incentivo concedidos aos melhores serão
pordemaislimhadosparaquetenhamumefeitosignificativono acr~modaproduç!o.Tal,·ezM' •·erifiqueumdiminutoaumemo, muomecanismodointeresseindividual nloscridespertado, conformeexperifociudessetipo jápostasempráticanalugoslá viaenaChina.Osproblemasda cçonomia soviética são por demais profundosecomplexospara que uma reforma "cosmética" como essa produta rcs\lhado ponderá•·el.Sempropriedadeprivadaclineiniciativa,aempresa russa não sairá do atual EMPRESA PRIVADA Foi autorizada a formação de micro-empresas privadas na forma de cooperativas ou de trabalhador- autônomo em áreas debensdeconsumo,alimentose !;Crviços. Complicadaburocracia foicriadaparalicenciarefiscalitartaismicro-cmpresas. Na,·erdade. trata-sedetemati•·adckgalizarpanedacçonomia paralelaedomercadonegroafimde controli..[osetaxá-los. Não tem havidocntusiasmoporpartedos quejáopcramileaalmenteem§C registrar,porra.zôcsevidentcs. Apesardetersidoconeed1da,há quase dois anos, a mencionada autoritação.apcnascercade600 micro--empresa.sforamregistradas em Moscou. Em seu livro. Gorbathev faz uma confissio, dolo-
CAPITAL F..STRANGElRO -Autoriu-scaentradadecapitalestrangciro,emcertascircunstãnciasespcciais:predsahavcr transferinciadetccnotogiadc ponta,edesdequesetratedeprodutodeintCTCSSCdoEs1adocn1 forma de sociedade, em que o Po. der Públioodetenhapclomenos Si'i', dooontroledaempresaaser criada. Eboapartedaprodução terá que ser exportada. CAMPO - As fazendas coletivas aozariio de semi-au1orK>mia,similaràdasemprcsa.s.Serioes1imuladosjcomratos familiares para tarefas espcdficas dentrodosko/khozes.Serlodistribuídosmaisalgumascemenas demilharesdelotcsparacamponescsmontaremmicro-chácaras Essa t uma medida que 1nu-i. efeitos a cuno prazo, p0is ta que mais!.Caproximadosistemaprivado.Es.sasterra.scontinuarloes-tatais;elasapcnasscrãoaluaadas aos particulares por prazos longos. lMPRE.t'liSA- I=: um tCTTCTlO muito visado pc!a glas11os1. No afidetentarreconquis1aracredibi!idadc perdida, a imprensa jfoiamorizadaacriticarfalhas concretu do regime. Nunca, porém, os ór1ãos de comun1cação social dt>·erlocriticarorcgime em si, as Lideranças e o partido único. CULTURA - É também um tcrrenopreferencialdag/asnost. Hámaiorcampoparaacriatividade,emboralimitadoevigiado. Estio5tndointroduzidasrK>país aa"ceaarquiteturamoderna.s, orotkcoutrosritmosdoMun· do Livre, como também a imora· lidadedetipoocidentalnocinemaena TV. Nos costumes e mo-
CATOUCIS~10 J,V,E IRO 1%8 - 1S
"A cultura como instrumento de revolução" A REVISTA "Siempre p'alante", de Pamplona, Espanha, estampou, com o título acima, em sua edíção de 2-9-85, artigo de Fermin de Musguilda. Analisando com penetração e agudeza de espírito a ''cultura" socialista manifestada no "embelezamemo" de esculturas daquela cidade espanhola, o articulista transcreve de modo mui to apropriado trecho da obra do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, ''Revolução e Contra-Revolução". Chegando a nosso conhecimento tal mat~ria somente há pouco, pareceu-nos oportuno transcrever os trechos mais significativosdocitadoartigo,lendoemvista o interesse dos leitores de "Catolicismo" em conhecer repercussões de obras do insigne pensador católico.
das, está se verificando uma rápida "americanização"dajuvenmderussa. DlREITOS HUMANOS Nenhuma reforma se: verificou n=ecampo.Alegislaçãorepres· siva e o Estado-policial continuam tal como ames, se bem que menos visíveis. Algumas dezenas de presos foram soltos, mas dezenasde milhares oontinuamem camposdeooncentração,quenào ficam a dever aos de Hitler RELIGIÃO - Nada de novo ocorreunestamatéria.Nàoháliberdade de religião, apesar das absurdas loas teddas por Frei Betto e FreiBoffàliberalidadcdo fatadosoviéticoemrelaçãoàsreligiões.Sópodemfuncionaralguma5 poucas igrejas (em toda a Rússiaeuropéia,apenas2igrejas católicas estãoabenasaoculto), scbemquccstritamentecontroladaspeloEstado.Éproibidoensinar o catecismo, realizar reuniõcsmesmodentrodoedificio daigreja,promo,·erqua!quertipodeatoreligiosoforadorecinto do templo: não há editoras nemimprensareligiosas:parascr clérigo,ocandidatoprecisaser aprovado pela KGB; católicos praticantcsnãopodcm entrarcm universidadcs,nemreceberbons empregos.
Eisai, em suma, asdecantadasreformasdcGorbach ev. Em largamcdida elasconstituempalavrasvazias,altissonantcsepropagandisticas. lembram elas o famosopartodamomanha:depoisdeterremotos e muitobaru-
H, - CATOLI CISMO JANEI RO 1988
"Qualquer transeunte que passas- 'arte' não foram imaginadas exclusise diante do Conselho Municipal esla- vamente para arrancar de cada pamva seguro de poder contemplar duas plonês e do ambiente e consciência sograndeseformosasestátuasreprcsen- ciais, todo valor, e até a mesma constando a PrudCncia e a Justiça como ciência do valor, do Bem . súnbolo das virtudes cardeais que de"Com luminosas palavras o provem inspirar todo governo. ( ... ). fessor Plínio Corrb de Oliveira assi''De 5 a 12deagosto vimos ambas, nala como a Revolução também utiliPrudCncia e Justiça, humilhadas, to- za a arte como meio de influir nas talmente lambuzadas com verduras, mentalidades: couves-flores e outras hortaliças, co'"Quanto às artes, como Deusesmo também envoltas em um vanguardista plástico transparente. Não, não tabeleceu misteriosas e admiráveis reé só uma travessura.( ... ) Estamos an- lações entre cenas formas, cores, sons, te a cultura por antonomásia, a 'cul- pcrfumes,sabores,ecertosestadosde alma, é claro que por estes meios se potura' socialista. "Agora se prefere romper com dem influenciar a fundo as mentalidaqualquertraÇOde figuraçào,deobje- des e induzir pessoas, familias e povos tividade, de harmonia: sóse aspira a à formação de um cs1ado de espírito profundamente revolucionário'(•). um subjetivismo desenfreado que nada significa a nãoseraanarquiadaal"Estejamos, pois prevenidos". ma. Prefere-sefazertábuarasadasabedoria e dos cânones de beleza e da ordem natural. Destruir e só criar se- (•) "Revolución y contranão autênticos anti-valores. Inclusive Revolución", Bilbao, 1978, 174 pp., poderíamos perguntar se tais obras de pp. 78-79.
N.1.Rimi.i,h.iill0povoscomlingu.1.s e costumes diversos, sendo alguns delesdeorigemétniuui.ític,1
lho,nasceumratinho ... E$1e ratinhocertamem e nãoresolveráos graveseprofundosproblemasinternosdocomunismo. O único êxitoqueeleestáobtendo é opublicitário, c,assimmesmo,mais no Ocidente do que na própria Rússia.Jornalistasocidentaisresidentes emMosoourelatamsurpresosencontraremmuitocetidsmonopúb!icosoviécico quamo às tão decantadas reformas Gorbachev,emseulivro,faz umaveladaameaça,ca5oasrcformas fracassem, como parece provável. Diz ele: "O futuro do socialismo e da paz depende do sucessoda~1es1roika.Osriscos
sàoa//os.,(p.63). Onovoditadorrusso, comta.ispalavras,não parece ameaçarapazmundial se ocomunismofracassar? Seria entãoaguerraatômica?Eckfe.zei;samalve!adaameacaàsvesperas desuaviagemaWashingtonpara iniciar o desarmamento nu clear! Como podem os norte·americanos lúcidos confiar em suasloasàpazcemseuspropó· sitosde desrnomarosfoguetes soviétícos? Não serão as reformas e os acordos de desarmamento maisumtruquc publicitáriodos vermelhos para tentar iludir de umsógolpe,tamoodesencama doecétioopovorusso,quantoincontáveis ingênuosocidemais? Toda essa encenaçãonãouaz a recordaçãodomal sinadoTratadode Munique.que ant ecedcudc poucoaIIGuerraMundial? LuisMentzesdeCarvalho
1
TFPsemacão . TFP lança segunda tiragem - 30.000 exemplares - de
PROJETO DE CONSTITUIÇÃO ANGUSTIA O PAÍS PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA resultadodesastrosodaviaemqueaprecipitouains1aunição do socialismo de Estado em 1917! Assim, pelo elevado número dos parlamentares - 290 - que dele participam, o "Centrão" está em condições de derrotar imeiramente a investida socialista no Brasil. fasain\'estidaconsisteprincipalmentenasseistristemente famosas reformas, cada uma das quais pode, nas públicas.AprtStff\"ldtfanfarras,quettompanbnamascaravaaas, atniu ,-j,·amtttlt a atençio e simpatia do público. E respectivas esferas, produzir no Pais danos que o atirem oulractravanadtsóci-Osecooptradortsdaeotidadttfetuou por terra. São elas: umagrandt ,·endaooRiodtJanriro. -aReformaAgráriasocialistaeconfiscatória; A stgunda tirigem de "Projelo de Constituiçio angustia - a Reforma Urbana socialista e confiscatória; o País" conttm uma "No11 ao leitor", em forma dt enc:1rtt. - a Reforma dos estabelecimentos industriais e co0t,·idoàlmportinclaea1ualidadtdtstucon1'1ido, bcmcBmerciais, socialistaeconfiscatória; mo a darhidiaril dl rdtrida nota, rtproduzimos abaixo seu - a Estatização da Medicina, também socialista e lutoinltaraJ, confiscatória do direito dos doentes, de escolherem livremente os médicos e os hospitais de sua confiança, bem como do direito dos médicos, de exercerem livremente sua nobre profissão, fora das injunções asfixiantes decorrentes da transformação de todos eles em funcionários públicos; e, ainda, o confisco socialista dos hospi· tais e das indústrias farmacêuticas, transformados em inertes e ineficazes repartições estatais; -atransmutaçàodenossajátàopenalizadaredede A primeira tiragem de Projeto de Consriwiçào angus· ensino privado em estabelecimentos estatais, com o contia o Pais, de Plinio Corrêa de Oli\'eira, foi lançada em seqüente monopólio da Educação pelo Estado; - uma ambígua e inaceitável Reforma Judiciária que, 29 de outubro de 1987. Escoaram-se celeremente os 40 sob vários aspectos, abre campo para a ingerência da pomil exemplares dela. A opinião pública se encontrava então em um estado lítica no mais respeitado dos poderes públicos deste combalido Pais, que é o Poder Judiciário. criticodeapreensãoeatédeangústia,queotítulodaobra exprimia com sobeja clareza. Quanto a cada uma destas reformas - cumpre que Nessa atmosfera, afinal uma réstia de esperança se o notem bem todos os brasileiros - não se trata apenas abriu: constituiu-se o "Cemrão", no qual se aglutina- de conseguir das bem dirigidas, ágeis e fortemente estruram todos os elementos da Assembléia Nacional Consti- turadas esquerdas, que façam umas tais ou quais contuinte, desejosos de opor barreiras eficazes ao caos e ã cessões. Elas constituem, na sistemática do atual Projemaré montante do socialismo, que ameaça, com o Pro- to de Constituição, um bloco, e, ou a Constituinte as rejeto de Constituição finalmente apresentado pela Comis- jeita todas, ou o Pais perecerá. As meras concessões par· são de Sistematização, invadir toda a estrutura sócio- ciais só podem conduzir a que ele pereça algum tanto mais econômica do Pais. Isto, no próprio momento em que devagar. Que leve, por exemplo, dez anos para desfazera Rú~ia So,·iética, ela mesma, não oculta ao mundo o se, enquanto a aprovaçào integral e imediata delas, CO· APÓS 35 DIAS DE CAMPANHA de noda, praticamente sttsgotouaprimeiratiragem ,de40.000exemplares, d1obra do Prof. Plinio Corria de Olinira "Projeto de Constituição angustia o Pais". Nos últimos 15 dias, fortm pmorridos mais 18 municípios paulistas,SparautostS,4Cltarintoses,por2caruanasdtprop;apndistas di U'P, qllf pros.wguiram a nodl da obra 111.'l ,ias
o "Centrão" abre uma réstia de luz no quadro da angústia nacional
CATOLICISMO J,4.NflRO 1983 - 17
mo querem as esquerdas, poderá liquidar com ele em cerca de um ano. A TFP, e com ela a totalidade dos brasileiros lúcidos evivazes,nãoseresignaaqueoPaíssearraste, cada\'eZ mais exangue, de maneira a expirar nos portais do século XXI. Queremos para o nosso Brasil a produção, a far· turageneralizada, o progresso, a prosperidade para to· do o País e para todas as classes sociais, o alto teor de paz interna baseada em nossa luminosa tradição cristã. Em suma, a paz de Cristo no reino de Cristo.
É imperioso que o quadro dos riscos que nos ameaçam não se afaste do olhar de nosso público, habitual· mente por demais crédulo e benévolo. Para isto, a presente obra, !ai qual foi publicada, 1em atualidadepalpilante .. Aangústiaqueeladescrevenãofapenasadeon· tem. Eadehoje,eseráadeaman hã,porpouco quedcixemos de ser vigilantes. Pois as esquerdas, sorrateira~, ágeis,unidas, trazemconsigoohábitodevencer,enquan· 10 grande parte de seus opositores uaz consigo o hábito de ser vencido.
Diante de tão insigne missão que compete ao "Centrão", a atitude de todos os brasileiros não pode ser de mera expwativa. Deve também consistir em eficiente e vigilante apoio.
Cumpre que o "Centrão" seja estimulado por nosso apoio, tonificado por nossâ esperança, e aplaudido em todas as suas ousadias, para que ele alcance para o País a vitória total, que poupe à nossa Pátria a ignomínia de, aindatãojovem,tãoimenso,tãorico,começaradescer resignadamentealadeiraresvaladiadascapimlações.
Em livros, revistas, e jornais DISTORÇÕES HISTÓRICAS - Oi· versos analistas têm reconhecido que lançando o livro "Reforma Agrária Qucs1ão de Consciência", em 1960, a TFP exerceu tal influência wbre o público, que é inegável ter sua atuação contribuído ponderavclmente para a formação do ambiente ideológico que possibilitouadestituiçãodopresidenle João Goulan. A própria leitura da obra bem como os pronuncíamen1os do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, um de seus autores, em órgãos da imprensa diária da época, são fomes muito indicadas para o trabalho de qualquer pesquisador ou autor de livros, sejam es1es de nível especializado, sejam de caráter didático. Um exemplo tipico de obra pouco sériaqucnãocitafontesefocaliz.ade modo distorcido a realidade histórica é "História do Brasil, Independência e luta democrática", vol. 6, deAntoracy Tortorelo Araujo, Editora do Brasil, São Paulo. Discorrendo sobre a década de 60, o autor afirma: "As reformas de Jango não rram acaladas: - pelas clu.sses sociais donas do poder económico, socialepolí1ico; - pelas multinacionais; - por setores da /grrja Católica, os mais conservadores, que organizaram uma campanha con1ra as reformas de Jango. Foi quando surgiu no seio da Igreja, a organização 'direitista'chamada TFP (Tradiçõo, Fami1ia e Propriedade), que, usando a religião atacava o governo de Goulart;"
18 - CATOLICISMO JANEIRO 1988
A TFP, entidade cívica de inspiração católica, na realidade,apenasdefendia, naquela época, segundo seus estatutos,acivilizaçãocristãeosprincipios da doutrina social da Igreja, ameaçados pelo processo de comunis1ização do Pais, em curro durante o go\·erno João Goulart. TORCENDO OS FATOS - Não tendo condições de silenciar a atuação da TFP nas últimas décadas, o Sr. Darcy
Ribciro,esquerdistanotórioeex-\·icc-Govcrnador do Rio de Janeiro durante o governo Brizola, optou pela falia deobjetividadeeporcomentáriosrepassadosdeironiaaotratardasnumerosas campanhas desenvolvidas pela entidade. É o que se pode notar no livro de sua autoria "Aos trancos e barrancos - Como o Brasil deu no que deu" (Darcy Ribeiro, Editora Guanabara, Rio,2~ed., 1986),qucapresen1auma
Bispo nicaragüense visita bureau SÃO JOSÉ, Costa Rica - Dom Manuel Salaw.r y Espinoza, qu e ate há po ucos anos fo i Bispo de León, na Nicarágua, este\·e em visita ao Bureau das TFPs nesta capital. Na ocasião, o Prelado rezou o Terço com o diretor desse bureau José Alberto Rugeles , e pessoas amigas e simpatizames, implorando a especial proteção de Nossa Senhora de Fátima para a América Central. E ressaltou també m s ua viva simpatia pelo traballho realizado pelas TFPs, no sentido de prevenir a opinião pública contra as in\•estidas o ra br111ais, ora ardi losas do comunismo imernacional.
longa relação de episódios do dia-a-dia da História do Brasil desde o inkio deste skulo até hoje. O au1or apresenta em sua obra uma dezena de atuações da TFP, apresentadas de forma tendente a diminuir, de modo injusto,. o seu alcance. Assim, em face do idealismo e da ação ~erdda pela TFP, existem os adversários que lançam mão da calúnia, os que opiam pela campanha do silên· cioeaquelesque levantampoeiraefazemalgazarraparaconfundiropúblioo. Entretanto, mesmo tomando essas atitudes, reconhecem eles implicitamente a importância, no Brasil de ho· je, dapresençadoestandartemarcado pelo leão rompante. NA ES PANHA - "Roca Viva", revista madrilenha, de largacirculação entre o clero espanhol, transcreveu a reportagem publicada em "Catolicismo" de maio/87, sobre a visita de João Pau lo li ao Chile. Tal matéria , de autoria de Atilio Guilherme Faoro, documentava como o noticiário, especialmente dos arandes órgãos da imprensainternacional,omitiuexpressivos episódios ocorridos durante a estadia do Pontifke no país andino. T ESE - Na Universidade de Navarra, Espanha, o Promotor Público brasileiro Dr. Gilberto Cal lado de Oliveira, após curso de aperfeiçoamento, defendeu tese &ab re o Conceito de Acusação, sendo aprovado com nota máxima. Residente em Santa Catarina, o autor é admirador das obras divulaada5 pela TFP, tendo consignado no texto de sua tese uma refer!ncia ao Prof. Plinio Correa de Oliveira, qualificando-o como "a maior alma contra-re\/Qluciondria de nossos dias". NOS ESTADOS UN IDOS - Em artigo publicado no semanário católico "TheWanderer", deSt. Paul, Minncsmta, o Pc. Enrique Rueda, sacer• dote cubano residente em Nova Yor k, tece u comentários elogiosos ao livro "Is Brazil Sliding toward Extreme Left'', de autoria do ''master of sdcncc" em Economia Agrária, Carlos Patricio dei Campo. Essa ob ra, divulgada nos Estados Unidos e Europa pela TFP norte-americana, demonstra como as potencialidades econômicas do Brasilcorrcmorisoodeseremsufocadas pela implantação de medidas SO· cialis1as,pleiteadasinclusiveporfiguras do Episcopado brasileiro. Dom Tadeu Prost OFM, Bispo de origem norte-americana que atuou longamente no Brasil, residindo atualmente em lkUm (PA), dirigiu carta a "The Wanderer" manifestando seu desacordo quanto ao livro da TFP, bcmcomoàsaprcciaçõesdoSacerdotesobreaatuaçãofrancamenteesquerdista da CNBB cm relação à Reforma Agrária.
Uma campanha com estandartes, brados e cantos regionais MADRI - Prat icamente todas as cidades e vilas da região de Aragão fo. ram visitadas pela Caravana da Sociedade Espanhola de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP-Covadonga), que divulgou o estudo intitulado "As Reformas Agrárias de Andaluzia, Extremadura e Aragão - Passo pioneiro do Panido Socialista Operário Espanhol rumo ao Comunismo" . Além da venda da obra, a campanha comportou a distribuição de folhetos com versos populares, nos quais a atual investida socialista au1ogestionária é comparada à invasão da Espanha por Napoleão Bonaparte, que foi então maciçament e rejeitada pelo povo. Os versos, compostos segundo o estilo regional conhecido por .. jotas" , fo. ram gravados por Pastor de Andorra, famoso e veterano can1or de Aragão, acompanhado de conjunto musical típico. Transmitidas pelo altofalante do veículo da TFP, es.o;a5 mllsica5 atraíam vivamente a atenção do público, que podia tambtmobtê-las ern fitas cassetes com gra vações.
O semanário nane-americano acolheu a carta do Prelado, publicando ao mesmo tempo duas matérias do Pe. Enrique Rueda, nas q uais ele reafirma edocumemascuantcriorartigo,transcrcvcndodeclaraçõesdefigurasdedcstaque da CNBB, coligidas de jornais brasileiros. DISPARATE "ROC K" -Oconjunto brasilcirode música rock, denominado Titãs, lançou disco no qual se inclui uma canção, cuja letra é simplesmente uma relação de trinta nomes, fi. gurando entre estes o do Prof. Plínio CorrêadcOliveira. Solici1ado pela " Folha de S. Paulo'' ase manifestar sobre essa inclusão, o Presidente do CN da TFP declarou: "O /alo de eu ter sido citado nes1a música aloucada ronstitui algo inleiramente irrelevante. Meu nome é inseri• do numa relaçào dispara/ada, junto com nomes de certas pessoas que combati duramente, de outras com quem y pode estar de acordo ou em desa-
cordo, mas que merecem consideraçào e, por fim, com nomes de bandidos. Es1e disparate é bem 'rock'". SOBRE A CAMPANHA DA TFP , UM COMENTÁRIO- ''Acos/umada a intervir na vida política do País, a TFP causa estranheza e ahWo em seus momentos de recolhimento, nos intervalosentreumainvestidaeoutra. Mas ninguém se engane: o fervor de seus militantes se refaz a cada campanha e, quanto maior o período de hibernaçiJo, maior o poder de fogo da o,ganizqção no retorno às ruas". O comcn1ário - ba51an1c significativo como reconhecimento da eficaz atuação da TFP - é da repórter Sylvia Leite, de "A Gazeta", órgão mantido pela Fundação Casper Libero, de São Paulo, edição de 2-12-87. A reponagem, que lamentavelmente inclui várias criticas infundadas à TFP, abor· da a campanha de divulgação da obra "Projeto de Cons1ituição angus1ia o Pais".
0,TOLICISMO JANEIRO 1988 - 19
A legendária Torre de Londres
--~__.__.; \ /, t ··_
-
..
·~.
.. , .'.' .· '
" Otus pruervt
J
~
RJi nh•
;:!~to:'~t~t; sdra":J:1:S~i"::
Eliwbett". - "Amém".
ra,
pois oltm;Jo[aidtsti11ado 110 culto1111gliC'.ll110. t n~m dos tdif(cios da Torre de l.ondrtsqMtpodffl! S(radminutlls AS{rlm/1$/ls "J6iasda Corw".
A TORRE DE LONDRES,
p:;~'::d ;:.:;::11,.:c :.=: Rml
Albrrdos " YMntnWa~", 11guardadaTorn l ftitapor5_('1dadosdalaaulo$ do mamo ,rgimento q~ provl a guarda dos Pa/dcios dtBuckinghan t dtSI . Jamts.Úlm s~ Clllçll ntgn: t risai vmnelha, hÍnrai tnail'l'llld.r com botlits talam11-
of LDn4on" (P11/4cio t Fort11/a.a rh Swi MR.jtslllM 1111 Tortt lU l.Dmlm),,umd=rurosedifí-
=J:~:'=5:° ri:=;:~~ diosa,do'/Ut""/IUHl/orq>rodu.rido, mtSmoromt11/mlo,porpmto-
rtsdounidos,~comooftlpMdo
rtSOUfot6g_rafos.
chaptl/dt~/tllaibtçsi,COl'IS/1/Uffl! t!ts um11atl'llçioil parlt 1111 Torrt, sobrttudo M cerimônill didrill da Trocada Guarda.
t._11dcnsuhdtdtqW1Sf'mi/11nos dt Hrst6n11 com suas guerms, srns htroismos. e tambbn suus tnidiçoes, dtspotismos,tsdndalosemartínllS,
qutnosirt!illlllUlpdvsimponm· tesguilu,as ''YMnmWimln"(JJ, popularmmltamhtciáospor"Bttftattrs''(1)-paNnásosfamosos Guardas® Tom rk Londns. XII tradicionll/11ni~az11/escurot wrmdho, bmi roma o pitornco clui.pil,, tlm sw.l origtm ~ libri u ~ no ltmpo mi que mnim,; 11 d1n11JIÍII Tudor, no skulo XVI.
Aorigemi:la Torre de Londres rtmonta ao sku/o XI, quando Guilhtrmt, o Conquistador, Duqut dll
::=~~:
Norm11ndill,11trrit>rSS1mdooOmal
1: :~=·
/of'fJl'•Of primnros frutosdõ5acon-
==-
quist11, frz tk a:mstruir no 6ngulo
~i:~:t::t:::::!1::
11m~11=i:et::';:::::J;i
trastnhordt/od,,~/nglatem1,o
Ccnqwistlld!"'fUÍsmgirno/oai/"1·
f:::J;as:' t~:f,;/:fQ~Z1::!';f:; C'.llSQdt11«tssid,Jdt.N11sauassim a Tom de l.ondrts. E= nomt foi d,Jdoatodooconjuntosurgidoao /ongodosskulos.Oedifíciocmtnd rtctM1 tamblm o dt "'White Touw"(Tom Branca), em virhukda
pmxuf"'Ç4o tstltial dos ingleses, qutrrnOUlwmfrtqümtmimttsua aiillçio.Essam.afr5tosaobra11rquild6niol oftrtu IIO okeroador um rm.uínon:ffllplo do vigor, da ts-tabi/iude das amstruçõts th tm mtdilt'fll.
Alhn da família rml t /U seu siquito, a Tom B111nC'.ll, cu~a foto pr,d~osapr«iarntslaplgma,droeru:S(rvzrdertsidtncU1paraoCondtsldvd dll Tom ou um seu /Ulegado na com.ando da guamiç,io. Dtsdloinfcio. aforla/eza,,l;rigou /ambmr pmos polítiaJs, tna1r«ndos nos edif(cios "nuos. Ent" osddidoldaT=del.ondrõ,=ITUIII dtstaqutAS inMmmis uftimas
da pmeguiçdo impitfW5'1 muvida
amt111os01tólirosporHtn~ V!llts1111fi/NlEl~tl.SiSo}odo FÍ$MT, ummfvtl Btspo de ROCMStw, t Sdo Tomds Morns, exC~nalu do Reino, foram ali m11rlinmd~ por k m:~:;,,rem a apro1X1r o drv6rdo do rtr t a m:onh«tlo como chefe da Igreja na Inglaterra. Dut,ottstemunhodtSS12q,oeil
1X1mostneant111r1111"SaltTown-", tomcillndric:»/()(0/iZlldajuntoao
lngulos~datt dacon,trnção,onde "'' ho~ S( podem vrr, grawdos
;::r::· ,~~°:'ffI!"' : ~~; t o /tm4 Companhia de Milrill, da Jtsus, " Ad M11jorttn Dti Glo-
;;:;;;;; ,,1/:::~,,~e,;t~ ~apalm.adom11rtfria
Jd1111kgurnill.metadtdosk.u/o pass,zdoamodmrwiçiiodos,xtrci-
:ltiJ;~/;i~i/!ií:,':!~/;;~1t
f)IISSOM ll 5tf' mtnlmtnlt monumento
hist6rironacio1111/.Fomm[titllsmtilo ,nt11u~ nas munillw
=-
~~::1:Sse,,,.t:s~':s '!::;";!:,
inkiodeste$«U/o,11tingiam11cifrii deummilhaodeprssoasporono.
mm~/:!:,Ji~~:~·11'":~:!,!
notuma "das citam". D ''Ytoman
W~rdtT" Cht{t, tsuatsrolta, deporsdetxam11111rtodasasportll5, lr1111C11ndo-4Slldiavt, tn(llminhaS(,lguardadaTornprirrcipal.En-
:=/:.,~~~~~º
~.,=
W11 rdtr"ChtftlrnzntamtiiostÚ
~fnt~ls!~/.'.~~~ (~A;~~--
iu:;:;,
d;';:::m;,
dts/()(0,tn/iio,compa!Slldamrntt, atto11Wjamento,tnq1111nto/odasas luzes .k 11pag11m t II T= /U .f:on· drtsimt1Jtnorrp,11so®nortt. PlinioSolimeo especial para "Catolicismo"
m·,.-...,,."w.,.,.,.,.,,,,.~
;"gi- . ,,,,,.
,w,.., ,.,,. ..,..rw1m1,
~o amsl'!'f'1o tipiaunentt
""poffMg>do. $tnoffl"""4doo • pl,""
~'ft:~o!,~!;.,!m.J:;,,e;'/!,
gmll•i.t..nlri,.,., l,,,.,.;...,.,.,~"I.,,;.
P:JSSUÍrSIIIIOl~UI. Esta, todiiemestrlo rom4nico, tt;tddediC'.lldlla São }oii0Ewngelist11. Drigi1111rillmtnte tr11tla,dtco!'lldacomprtriOS05_m6vtis,riazsp,ntun1S.IXJioridosv,tr11is tprteioslls im11gtns. Em ISSO, 11 ~do-rtfon1111 prottslonte rmwDtM todo tsSt ttsOUro 11rtístico-
...,,••y..,,,..,,"'e,IIOpt,/W<"°P~
,.o,;.,..,,..1~""~"""""""'º=
~"''"""'
{l)'"Btt(t<,1tr"wmdt""bttf""·"'""' dtg,ulo.EfH •P<liih>.,u, , ;g"ific#n4 '"b<mnulrido". wm dol«llla XVII,
""'""'º'"·P"' " ....~kr,mforma,n,, .,,.,.,...,-,;....,,.....,....,"" .... """""
Impressões de um peregrino à Lourdes de nossos dias COMEMORA-SE neste mk o 130~ aninrsário das apari ções de Nossa Senhora em Lourdes, ocorridas no ano de 1858 a Santa Bernardeue Soubirous. Decorrera então apenas quatro anos da proclamação do dogm a da Imaculada Conceição, efetuada por Pio IX em 1854. Pode-se admitir que a Santlssima Virgem quisassim, aoapareceràhumildepas tora,co mo queratificaraqueleextraordim\ · rio aco ntecimento, proclamando ti a mes ma: " Eu sou a Imaculada Co nceição!" "Catolicismo" já tem abordado reiteradas vtzrs o lema das apari ções de Lo urdts e da ,·ida de Santa Bernardette, Desta vez, pauau-nos que um modo adeq ua-
do e DO\' O de comemorar anh·ersárlo tio &rlillOa todos os de,·otos da Mãe de Deus seri a apr$ nlar a narração da visita de um pe reg rino - colabo rador de nossa revista - ao u n1u, rio mari ano mais visitado do orbe. Tal narração, delalhada e viva, ptrmiti rí ao leitor ir percomndo em espirito os principais pont05 daqueks abençoados lu1ares, que atraem 1nu1lm t nte d ri os milhões de pereg rinos proveni entes de todos os qu adrantes da Terra.
Ü NO RTURNO de Paris atingiu Pau, não distante da fronteira da Espanha, às sete horas. Fo ra uma longa viagem que cortara ~ pais de Norte à Sul. Faltava. pois, muno pouco para chegar ao meu destino. Da antiga capital do reino de Navarra - dos protestantes Antoine de Bourbon e Jeanne d'Albrctcb, pais do futuro Henrique IV - o trem passou a descer obliquamente cm direção aos Pirineus, seguindo o curso do "Gavc de Pau", enquanto deixava para trás povoados, castelo~ e campos cultivados. Atingia-se os primeiros contrafortes da cordilheira. quando os arredores de umacidadecomeçaramaaparccer."Será Lourdes?". perguntei-me, pois algo fazia pressentir que sim, impressão quase tornada cencza quando avistei uma bela igreja no alto de um rochedo, semelhante à que se me tornara como que velhaconhecida,aua,·ésdealbunsefotografias. De fato, era a abençoada cidadezinha. ondeNossaSenhoraapare~raaBernardeue Soubirous! Mal dera tempo para pegar a valise, otremjáencostaranaestação. Ao descer do vagão climatizado, como são os ótimostrenseuropeus, pudesentiragrandedifcrençadctcmperatura.AlémdocHma frio, garoava. Océuestavacarregadodenuvensescuras,muitobaixas.Oho.. rizonte, com isso muito limitado, confundia-se com as brumas. Sai à procura de informações. Logo à porta da estação, uma placa indicava: 2 - CATOLICISMO FEVEREIRO 1988
"Grotte" .Sim , erabemadireçãoquecu descjava.Seguiapé para ir tomando contato com todos os pormenores, saboreando a cada passo os imponderáveis dessa cidade que a visita do sobrenatural tornara ~mro mundial de peregrinações.
A grutade l ou,des. Napar ttsu perior,o ni· clw natural co m a image m da Virgem, indi· c.andoolocalondeNowSenllora apareceu. Asiguasda lontemiriculo1,.1 fora m c.anali. udasaolongod,umamurl;'ta deptd rapa· ,aqueosperegrioosmaisfilcilmentedelase servissem
P r imeiras impressões A praça central ostenta o nome do vigário de Lourdes, do tempo das aparições: "Place Peyramale". "Mas onde está a igreja Matriz?" foi a pergunta que meocorreu,acostumadoàtradiçãoestabelecidanoBrasil,segundoaqual,oedificio da matriz fica sempre situado na praça central da cidade. Fui localizá-la numa das ruas que saía da praça, a uns ~O metros desta, formando um ângulo. no qual.secntroncavamoutrasduasruasformando um Y. A matriz - não muito grande, mas bastantesimpática-consen·aemseuexterior a pátina dos anos. O interior. entretanto,causou-meumehoque,poisfoi inteiramente remodelado, segundo o congênito mau gosto da arte sacra contemporânea. Nada fazia lembrar a atmosferaqueBernardetteencontrara,anãoser a pia batismal , em que ela recebeu as águas regeneradoras do Batismo. De novo na praça, sesui a ''Ruede la Grotte", Uma placa, àdireitadcsta,indicava: ''Ruedes Pe1i1s Fossés". ~ nela que.se encontra o miscrávelcubiculode 4 metros quadrados que servira de prisão
Nossacapil:vistadoillualSantu.i riodelour· des;.idireita,orioGne
à tidade -
daí seu nome "Cathot" ou Calabouço - mais tarde transformado emabrigodafamfüaSoubirous,caidana indigência, exatamente na époça das aparições. Ao "Cathot" se uniu mais rctentememe o prcdio vizinho para scrár de convento a algumas religiosas, guardiãs do loçal. Nele podem ser vistos alguns dos objetos pertencentes à família de Bernardette e algumas reliquias suas. A partir do "Cachot" pude percorrer o mesmo trajeto que a Santa, exatamente há 130anos, fazia para ir à gruta.
A Basí lica, a água milagrosa e a gru ta Ao longo do caminho cruzei com variados grupos de peregrinos franccscs e espanhóisportandoestandartesou bandeiras de associações paroquiais. Cheguei aoGave, qu e pude atravessar, não saltando de pedra em pedra como o fizera Bernardene, mas atravk de moderna ponle. tum belo rio que, naquela época do ano apresentava a água \"erdegarrafa,tornadamais caudalosapelas recentes chuvas. Como é que Bernardctte, a quem os contemporâneos descrevem como muito franzina, pôde atra\"eSsar aquela célere corrente? A resposta me foiprontamen1eapre5entada:duranteos trabalhosdeedificaçãodabasílica,orio foicanalizado.Anteseleseespraiavalar Jamentepelasterrasadjacentesdeixando aparecerasgrandespedrasdeseuleito rochoso. Entrando numa turva, à direita, de?3-rei a grande esplanada que dá para a Basilica. No centro, a uma centena de metros do edifício, há uma coluna com uma imagemdeNossaSenhoradeLourdes ,a "Virgem Coroada". Ela, por sua vez, encontra-scnoccntrodegrandecan1eiro circular,emcujagradedemetalospcregrinos vão prendendo os buquês de flores que trazem para a Virgem. Assim, aos poucos, essa grade vai se transformando em florida coroa, qu e drcunda Nossa Senhora. Peneueirapidamentenacapclainferior da Basílica para agradcter à Virgem Santíssima estar ali e pedir-lhe graças, segundo várias intenções particulares. Depois, contornando o edifício, à direita, e seguindo o curso do Gave, çheguei ao !oca! que dá açesso à li.gua da fonte mi!agrosa. "Venez boire à la fontaine et vous y laver" (Vindebebernafonteenela vos lavar). Tais palavras ditas por Nossa Senhora a Santa Bernardette, na aparição de 21 de fevereiro. podem ser lidas no [ocal. As âguas da fonte foram canalizadas e saem de torneiras dispostas ao longo de uma mureta de pedra, na base do rochedo. É preciso esclarecer que o rochedo, no qualseençontramtantoaBasílicaquanto a gruta - o Massabieille - é abrupto paraoladodo Gave, que corre paralelo
O "C.ichor de S.int.i Bem,udelle, 1nidênti1 d• famili.i Soubirous, n.i épou d.is 1p.irições de Nos§.ól Senho,.i a ele, ficandoentreosdoisume5paçoque formaumacomoqueavenida deuns20 a 30metrosde largura. É nessa face escarpada que se situa a gruta. O ambiente sobrenatural, como que palpáve!emLourdes,édosmais densos que encontrei entre os vários santuários que visitei na Europa . Não se nota nele o clima de feira ou de quermesse, que, infelizmente, é perceptÍ\Cl em Aparctida. Pelo contrário, pode-se testemunhar manifestações de fé viva e simples. isentas dequalqucrrespeitohumano,queaspessoas, fora da pressão de seus contextos soçiais,externam,ematosdepiedadeincomuns nos dias de hoje, mesmo em ambientes católicos. Quase todos os peregrinos não só bebiam a água rezando fervorosa.mente, mas tom ela lavavam os olhos, os ouvidos e mesmo a tabeça, enchendo depois galões de diversos tamanhos com aquela água milagrosa a fim de !evli.-laaparemeseamigosouutilizâ-la nashorasdenetessidade. Pouco adiante das torneiras vê-se a gruta.Suacavidadeémenoremsuapartesuperior,ondeestáonichonaturalem queNossa Senhora apareceu, aprofundando-se depois gradativamente. Amaiorprofundidadedagrutaéobservadaaoladodireito, onde se encontra a fonte milagrosa, no centro de um hexágono de mármore, sendo protegida por umcristalecomiluminaçãoindircta. Como ainda não começara o pcriodo dasgrandes peregrinaçõeseascondições climáticaseramdesfavoráveis,baviarelativamentepoucagentediantedagruta. Pude, pois. ajoelhar-me e ali pcrmancter um bom pcriodo, testemunhando, de quando em vez, exuberantes manifestaçõcsdepicdademaria!:pcregrinosquere-
zavam o rosário com os braços em cruz: outros que, de joelhos, penetravam na gruta osculando o solo a cada passo; alguns ainda que, rctlinando a cabeça sobre alguma pedra saliente, apresentavam à Vi rgem todas suas angústias, todas suas pcrplexidadesedramas,tãoabundantes nainfe!izsociedadeneopaganizadadoséculo XX. Chamou-me especial atenção a piedadedeccnosoricmais,vietnamitase hindus, em 1rajes típicos, como também de negros, imigrantes vindos de excolônias francesas da África.
As piscinas Contudo, o local que mais me toçou em Lourdes foi o das piscinas de água mi[?~~!~iso ressaltar que todo o serviço de ordem, vigilAnciae auxílio aos peregrinos é executado por um corpo de voluntários dc vários niveis sociais. Há desde poliglotas para atender os peregrinos estrangeiros, até médicos, enfermeiros e \'Oluntáriosdeclassesmaissimples, que se ocupam de trabalhos humildes. Impressionam sua fé e dedicação. Outro ponto a ser ressaltado é o fato deaspiscinasnãosedestinaremsó para os doentes que vão implorar sua cura. Embora estes tenham prcçcdência, todos os peregrinos têm acesso a elas. E muitos delesaproveitamessaoportunidadepara
CATOLI CISMO FEVEREIRO 1988 - 3
e de, como habitante de pais tropical em climacuropeuestarexageradamemeagasalhado, nãosentifrioalgumaoentrar naá11uadapiscina. noemanto,àtemperatura ambiente. Pelo con trário, minha sensação foi mesmo a de um bem estar inesperado ...
O ch oque
Maqu etcdonovoSantu áriode lourdes. O edifício a ser construído - eiemploprototipico deute5a,cr1 moder n1- poderi1se1vi r t1 mffm p,u1 est1çio rodovi.i. ri,1 ou g,1rage m... implorar a cura das doenças do espiri10, menos visíveis, mas comumente piores do que as dos corpos . Aspiscinaslocallzam-senumprédio distante cerca de 20 metros da gruta. Os voluntários vão encaminhando os peregrinos para bancos colocados em fila, em área cobena, os homens para um pavilhão e as mulheres para ouno. Enquanto aguardam sua vez, outro volumário vai dando aos peregrinos, em diversos idiomas, uma explicação do significado do ato de que vão participar~ "Lavar- nos na água da fome - diz ele - é afirmar nossa fé, nossa esperança; é uma resposta nona ao apelo da Virgem; é desejar sermos purificados de nossos pccados e pedir que sejamos livres de toda sone de males; é tam~m recordarmo-nos de nosso Batismo". A "porta de entrada do recinto das piscinas ostent a três cruzes como as de uma capela. Apes ar disso, como eu entrava primeiro numa ante-sala de espe ra , por inadvenênciapermanccicomacabcçacobena, por causa do frio. Um dos voluntários, mui lo sério e incisivo, me admoestou: ''Senhor, retire o chapéu", - o que fizincontinenti, edificado com o respeitocxternadopelo11:uardiãodaquele !ocal tornado sagrado pela prese nça do sobrenatu ral. Em seguida, fui introduzido no recinto contiguo à piscina, onde comecei a tirar meus agasalhos. Um dos voluntários, quedcveriaajudar-meaimergirnapiscina, um bom e robusto pirenaico de uns vinte e cinco anos, sorridente perguntoume: "O senhor é italiano?" Parece-me muito oponuno descrever oritoqueseobservaparasedirigi r àpiscina, o qual, apesar do aspecto necessariamente prosaico que comporta, é feito com tal respeito e seriedade quecoarc1a qualquer atitude ou dito impróprios ao local. O que é surpreendente em nossos dias, mesmo nos ambientes religiosos mais conservadores. O peregrino, chegado à ante-sala da piscina, deve se despir parcialmente e se dirigir aumãngulodasaladap iscina onde, protegido por dois voluntários que seguram uma toalha que lhe serve de rcs-
• - CATOtlCISMO FEVEREIRO 1938
guardo,tcrminadesedespir. Recebe então a toalha, que enrola à cintura. Enquanto isw se dá, os dois voluntários, por rcspcitoe recato,eparadebi:aropcregrino mais à vontade, voltam o ros10 para o lado por onde está entrando o peregrinoseguinte, e costumam dirigir-lhe a palavrainforma!mente.Foiessaarazãopela qual o pírenako me abordara anteriormente ...
Despojarmo-nos de nossas vestes é lembrarmo-nos de Cristo ... Nafiladeespera, édadoacadapcregrino um folheto com considerações bem apropriadas para a ocasião, sendo-lhe aconselhado que delas se lembre na piscina. Eis o que dizem: "Despojarmo-nos de nossas vestes para imerairmos na água é lembarmo-nos de Cristo, a Q uem desnudaram no momento da Paixão. É fazer um gesto de verdadeira confiança em Deus: 'Eis-nos aqui, Senhor, 1ais quais somos, pobres e nus diante de Vós". A piscina ê uma espkie de grande banheira retangular de 2 m. por 1,5 m. aproximadamente. Em cada sala existem três piscinas. Como havia pouca gente, só estava funcionando a piscina do meio. Operegrinodevedesceratéquaseà cabeceiradapiscina.Seeleéfranch,um dos voluntários reza com ele uma AveMaria, um Glória, uma jaculatória a Nossa Senhora de Lourdes e outra a Santa Bernardeue. Caso seja estrangeiro, o \"O· luntário pede-lhe que reze em sua própria lingua. Diz,emão,aoperegrinoparacruzarosbraçosnaalturadoi,eitoesentarse na piscina. Depois, segurando-o pelos antebraços,osdoisvoluntáriosovãofazendoinclinarparatrásatéimergirdetodo na água. Jstofeito,oajudamaselevantar, rezam mais uma vez as mesmas jaculatórias e lhe dão para oscular uma pequena imagem de Nossa Senhora de Lourdes. " Pronto, senhor, está feito", disse-me o simpático pirenaico. Agradeci, vesti-me no mesmo sistema, e saí do recinto. Foi então que, perplexo, dei-me conta do seguinte: apesar do frio que fazia
Quando me retirava, com a alma povoada por tais cogitações defrontei com a maquete de um aglomerado arquitetural enorme, disforme, em estilo moderno, com os dizeres: "Ajude-nos a construir o no,·o Santuário". Foi para mim um choque: "Como?! Este mastodonte sem características definidas, que tanto poderia ser estação rodoviária ou garagem - cspé,:ime prototipico de arte sacra moderna - vai conspurcar um am biente tão impregnado de sobrenatural, ligado a tantos im pressionantes e cientificamente comprovados milagres, ocorridos ininterruptamente durante estes !30 anos?"-foramasconsideraçõesqueme passaram pelamente. Tal sobressalto me fez voltar à niste realidade de nossos dias. O ambiente abençoadode Lourdcs,espccialmenteda grutaedapisdna,mehaviafeitomomentaneamentc olvidar o progressismo que , lamentavelmente,penetrounosambientes católicos e na arte sacra ... Pllnlo Solimeo especial para "Catolicismo"
As piscinu de igu,1 mir~cu lou, destinadas n.io só aos doe nt es que ~.io pedi r sua cura, mu ta mbf m ,1 todo peregrino qut nt lu de-
seje se b1nh.u
Revol ução no ensino de primeiro grau
uma visão marxista da História
Hoje, meus ;ilunos, n;i históri;i do cotidiano, estud,1.remos um usunto importante: a vidol deu m ga li nhe iro,ondeencontr;imosog;ilo, asgalinh..seospintinhos!
EouCAR a juventude é uma das mais importantes missõcs a que se podem dedicartantoindividuosquantoinstituições, pois através dela formam -se e orientam-se os espíritos daqueles que representam o futuro de uma nação .
Conforme ensina Pio XI na famosa Encíclica "Divini IlliusMagistri",sobrc aformaçãodajuventude,aeducaçãopcr-
frita é a cristã. Numa linguagem nobre e clara, que denma o timbre da doutrina tradicional da Igreja, o Pomffice afirma:
"A escola, considerada otl nas suas origens his16ricas, i por sua natunui instituição subsididrki e compkmentar da/amflio e do Igreja e, portanto, por lógica necessidade moral, de1·e não somente não contraditor, mas harmoni:ur-se pasitfromente com O.f outrO.f dois ambientes, no mais perfeito unidade moral possivel, o ponto de poder c:onstituir, jun1omente com o fomt1io e o Igreja, um único son tudrio, sacro para a educação cristã, sob pena de /o/ir no seu escopo, e de con verter-se, em coso contrdrio, em abro de destruiçiio" (1) (Destaques nossos).
Infclizmcmc, há mu ito tempo asescolas dcixaram de proporc:ionar cssa cducação, e, como mdo que se afasta da lgrcja vcrdadcira caminha para a dccadência e a ruína, o ensino debate-se em profunda crise. No presente, porCm, tal crise atinge seu paroxismo, pois se está introduzindo adoutrinamarx.is1a, como fundamento do próprio ensino. Quanto à educação religiosa, os catecismos progressistas têm adulterado a doutrinaca16\icadeváriosmodos,cntrc os quais merece destaque a introdução do pensamento de Marx, ao gosto da Teologia da Libertação. "Catolicismo"vcm desmascarando tais erros através de pcnctrantcsedocumcmadosartigosdcseucolaborador Antonio Dumas Louro. De modo concomitan1c, a doutrina comunista,claraouvetada,vai-sedifundindo cm omros campos da educação. É o que se padc constatar na proposta de reformado ensino, apresentada pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo.
Parasetcridéiadaamplitudequea mencionadarcformaaprcsenta,basta di- . zer que aproximadamente 80'7, das escolas do referido Estado pcncnccmàrcde pública. Além disso, tivemos conhecimento de que no Estado de Minas Gerais, reforma semelhant e está sendo introduzida. Não estaria ocorrendo o mesmo cm outros Estados da Federação? Tal reforma (seria mais próprio denominá-la revolução pedagógica) abrange por enquanto o ensino de primeiro grau, quecorrespondeaosantigoscursos primário e ginasial. Mas alguém ousaria afirmar que os cursos colegial e univcrsitário estão imunes à infiltração marxista? Osprincípios,oume!horaidcologia dareforma estáex plicitadacmpublicaçõcsdaquelaSecretariadeEstado, através da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas - CENP. Inicialmente, analisaremos de maneira sucinta a " Proposta Curricular para o ensino de H islória - 1~ grau".
Linguagem sibilina De lnicio ao fim, a Proposta tem um fio condutor:adoutrioodeMarx.Mas,talvezparavelá-la,utifü.auma!inguagemsibilina,rcbuscada e confusa. Eis um exemplo: NaintroduçãodaProposta,st'llsau1orcs dizem que se fundamcmam numa "conctpção daHist6rioque,uoeswbelectrumartluçíio crítico com a segmentação pa.ssodol presente!fururo e oom uma visão processual progressivo concebido em prindpiolmeiolfim teoricomen/e troçados, coni·fre com o lndttermlnado, o Indefinido, o diferenciado, dentro de uma persptttfra de que a Hist6rill, uma pNdc4 socia/ e o 1·iraseréconstru(dopt/oser social em suas 11irios dimensões do presente" (2)(Destaquesnossos). Olcitorcntendeu1NãosecsqucçaemretantodcqueosprorcssorcsprimáriosesccundáriosdeSãoPaulodevemcompreendcrcabalmentcancoconccpçàodcHistóriaparapo-
CATOLICISMO FEVEREIRO 1988 - 5
dcrcmministrarsuasaulasdcacordocomas nonnasdaS,eçretariadaEducação ...
Crise no ensino de História A Proposta afirma que h! uma crise do en· sino de História. Ncsscpontoclatcmruão. Comefeito,muitosprofessores,transmitindoaosalunosoqueaprenderamnoslivros didáticos, apreStntam a matéria como um clcncodc fatos semnenhumaouquasenenhumarclaçãocntrcsi.Concede-Stdcmasiadaimponãncia às datas cm que os fatos ocorreram, ficandosatisfcitotalgêncrodeprofessoresse os discipulos as decoram. Ocupam-St esses mestrcsmuitopoucocomascausasremotas e próximas dos acontecimentos históricos, dando igualmente pouca atençãoàsconseqüênciasquce!esprovocam.Nãoapontamas liçõesqucensinaaHistória,aqual,nodiier lapidardeCicero, éa "mestra da vida". Sobrctudo,aodiscorrcrcmsobrccpisódiosrcvo-tucionários, não fazem nenhuma referência às tendências que existem em cada homem - de capital importância para compremder tais episódios - e, quando muito, apenas balbuciam algosobrcasidé:iasqueantcccdcrameprepa· raramoadventodcnovosfatosdoprocesso revolucionário. Ora, para que os fatos históricos sejam comprcendidosdcvidamenteéindispcnr.ávcla arnüiStdetodosesscsfatores.Paraseestudar oprocessorcvoluciodrio,doséculoXVaté nossosdias,oProf. PlinioCorrêadeO\ivcira demonstra, cm sua magimal obra "Revolução e Contra-Revoluçlo" {3), a imponincia capital das tend!ncias e das idé:ias que prcparamosambientcsparaaeclosãodosfatos.
Produzir conhecimento Radicalmenteigualitária,aPropQStarejeita a id~ia de que o professor deve ensinar o aluno.Segunda ela, "projes.soresealunos" dt\'Cm "produúrronhtdmento", bastando-se na "txpUiincia humana"(S). E se os professores quiserem saber como "produúr conhtdmtn10", devem estudar Caio Prado Júnior, "oin1rodutorn0Brasildomaterialismo históriro t diolitico romo mitodo paro a produção do ronhecimento históriro" (6). Alémdcsseescritor notoriamcntccomunista,omcncionadodocumento,emsuabiblio-&ra!iacita PauloFrcirc,conhecidoau10rcsquerdista, bemcomoobrascujossimples1ítulosj, s.1obernsigni!icativosquantoàsua oricntaçlo ideológica. Eis alguns exemplos:
"Anarquismo,roccirodalibenaçãosocia!", "Anarquis1as,imigran1eseomovimentoope ráriobrasilciro", "Ofeminismoeaconstrução dosocialismo".
História do cotidiano Eis como a Proprma concebe a História eopapc!queneladcsempcnhaocotidiano: "Ahlstóriadocotidianoiumavis4oaurinti· cada história porque representa uma das melhores formas de abordagem da história glo-bal" (1).
EodocumentodaSecrctariadcEdur;ação deSãoPaulocsclareceatfondcvaiessecotidianoda História: "A história humana não st dntnrola aptnas nos campos dt batalha e
Praxis marxista Criticando os livros didáticos, porStterem transformado numa "camisa-de-força". bern como os textos historiográficos, a Pro-p<>sta apresenta não um proirama curricular paraasescolas,masumapr,tica(oupra.xis, na\inguagemmarxista),quedeveserdcsen· volvidapc\osprofcssoresealunos,pois"a Hislóriaiumaprdticasocial". Aessepropósito,éoponunoaduziraqui oqueafinnaVictorAíanassicv,atualdirctor do"Pravda"cvcncedordeumconsursopara a elaboração de complndio popular de fi. losofiamarxista,rcalizadocm 1960na RUSsia,sobosauspíciosdaAcademiadeCiencias Sociais,anexaaoComit!Ccntraldo Panido Comunista da União Soviética (PCUS): "A prática ia otividadt dos home/lS na trallS/ormllÇfl()daMturn.atdas«ifflode. Sua baSt i o trabalho, a produçdo material. (... ) A prdtkalopontodtpartid11ta bastdocoM«immto" (4) (Destaquc n0S50). Embora o documento da Secretaria de EducaçlodoEstadodeSãoPaulonãoapro-rundeooonccitode''plÍticasocial'',todoseu contcxtoparececstarbernemconsonãncia comaooncepçãodoautorsoviético.
6 - CATOLICISMO FEVEREIRO 19118
PioXI
A educação cristã, segundo o Papa PIO XI NA ENCÍCLICA "Divini lllius Magistri", de 31-12-1929, assim definiu Pio XI a educação cristã: "Consistindo a educação essencialmente na formação do homem como ele deve ser e portar-se, nesta vida terrena, em ordem a alconçor o fim sublime para que/oi criado, i claro que, assim como náose pode dor verdadeiro educação sem que esta seja ordenada para o fim úllimo, assim no ordem atual da Providência, isto é, depois que Deus se nos revelou no Seu Filho Unigênito que é o único 'caminho, verdade e vida', não pode dar-se educação adequada e fNrftita senão a cristã. Doqui resulto, com evidência, a imporrãncio suprema da educação cristã, não sd para cada um dos individuas, mos também para os /oml1ios e paro toda a sociedade humana, visto que o perfeição desta resulta necessariamente do perfeição dos elementos qut a compõem" (Vozes, Petrópolis, 1947, p. 5-destaque nosso).
Ht ródoto dizia qut a Histó ri a é a narraçJo tt,pliuçiodoslitosctrtos, pus.idostdig• nosdt m,mória
materiais dt qut dispôt, to suo ill/ra·ts/11l· turonàooparentt(/iosdtluz,canosdtáguo, tsgoto, tlc.), o~r..ando o trotamento dado à coisa pública". - visit,. i padaria: "Acompanhamenta de todas as ttapas da confecção dt um p4o numa padaria ou de outro produto qut possa u r seguido pt/o criança pato comprtensão dt suas e1apasdepref}(l1oçõo". Dc-;saforma,acriança poderá "ptrrtberquemfazopõo, qutm \'ti!• dto pão, quem ganho (lucro) com o vendo do
HoU\'e um Homem que dividiu a História cm dois períodos: antes dEle e depois dE!e. Quem é este Homem? É Nosso Senhor Jesus Cristo, ,·crdadciro homem e ,·erdadtiro Deus, emrclaçãoaoqualtudoscexp!ica. Queiram ounãoosmarxistascosateusdetodososgi!neros,ocalendárioregistraasdatas,tcndowmo referência o nascimento de Cristo.
põo"(9).
Nopróximoanigoanalisartmosmaisdetióamente o tema "trabalho" e mostraremos comoalutadeclasscs.decunhomarxis1a,t instigada pela Proposto, atra,·és do que ela chama de "txttdcio dt dominação t resis1ência", P1ulofranciKo M1rtos
JáHcródoto,autorgregoqutvivtuno~culo V a.e .. cognominado "o pai do His1ória", dizia que csta f a narraçio c u pticaçio dos f1tos certos, pusados e digaos de memórl1. Auim,scgundoatcoriahistórkam.aisronsagrada,osfatosmeramentecorriqueirosnão sãoregistradospelaciênciahistórica.Osacontecimentos do passado só intercssam ao his10riador, na medida em que t1:primem um ''\·olor simbólico de uma reolidodt humano, oquolsesubtroioosstntidos,massepo1tn1tio ooespirito"(IO).
História temática nos 1abintltS prtSidtnciais. Ela u desenrola tambim nos quintais t/1/re planuu t go/i,rhas, 11asl1lasdtsubúrbios,11ascasasdtjo10,nos pros1ibu/os,11oscoflgios,nasusi11as, nosnomorosdetSquinas"(!) (8). Afimdcqucosalunos"pesqu/5emttra· /Jalhtm"scuprópriocotidiano,aPropostarc· comenda as seguintes atividades· -conh ecero,sgotodatscola: "Percorreraescoloconherendosuasdeptndincias,os
A Propmto rompe com a dissica divisão daHistóriaemperíodos(Antiguidadc,ldade Médiaetc),cintroduzahistóriatcm,tica,baseada cm "tix05-ll'm1Ílicos ll'VolllodOS o partir dos vfrêncios sociais dos a/unos" (I \). O tcmacscolhidoéotrabalho, o que está de acordo com a doutrina marxista, segundo a qual,aHistóriadasociedadeé"ahislóriodo desenvolvime1110 e do substituiçda dos modos deprodução"(ll).
"'"
(l)"Di,inillliusMa&iltti",PioXI.Vow,Pnrópoh>, 19'7,w.Jl,J2. [2)"Prof>OSttCnrri.ulorporooenl.inodeHi1tóri1-l ! """"· J~ <d. PT<hminor. !mprm'" Ofidll do Eudo S.A. !MESP-SioPouk>, l™,p.( , (J)'"Rrn,iu,çio,Comra-Revolu,;:lo",Dwiod.a!IL<i,.,Sio P1ulo.2!<diçlo.l'l82 (() "Filooofi1 Mlfl<iSII" - Compffldio POpWII", V. G. Af11Wffl,Edi1oria!Vit6rialtda .• Riod<Jlrl<1f0,l96J, p.lSJ. (J)"Propo$11. ...",pp.lltll. (6)ld<m.p.JI. (7)ld<m.p.6. (l)tdem,p.29 (9)[dem.pp. l0•11 (]O) .. l.otroduçioaooF.lludosH,11óricol,",JDS<V1110.., lkudu,-,Edi,oraHttóer,SloPIW0,19'S.2!<d.,p.JJ2 (ll)"Prop>RoCllrri<ulvpar10En~nodeHislml",Ver .&o Prdiminar - Te,:10 Mimeocr1fado distribliido P,11 Coo,denildori.tde Euudostt-'o,ma, P<dlf(lcku,Sio Paulo, JulOOdc 1986, p. ~ (12)"FilooofuMarlina".p.230.
Descrédito alentador ... VEZ OU OUTRA, sur1cm comen1ários sobre os meios de comunicação social renahando seu enorme poder e prestígio. Cunhou-se att! a ct!lebre el(pmsão " IV Poder" para designar essa utraordinária inílu~ncia que eles exerceriam sobre os rumos de um pais. Na verdade, há quem discrepe de tal apreciaçãojulaando ver ai fortes doses de eJ1;agcroouvis!veldcsinformaçào. Com efeito - e para nm restringirmos ao Brasil-, numa época cm que a quase totalidade das instituições nacionais se vl desacreditada aos olhos do público, seria manifesta ingenuidade supor que a mldio conseguisse ainda desfrutar de um srotu.scspccial na matéria. Como se pronunciará o paulistano mt!dio'.' A 1al propó~ito, merece rciisuo uma ~uisa realizada pelo Instituto Gallup de Opinião Pública, em agosto último, na Grande São Paulo. Scaundo os dados co!hid0$. há uma desconfiança generalizada cm relação a todos os veículos de comunicação, cabcndo a inglória liderança do descrt!dito à imprensa. Assim, 83"9 dos consultados - população adulta ( li! anos ou mais), residente na área - 1cusam os jornais de alterar os fatos, sempre ou às vezes. No que concerne às revistas, o total atinge 65"9 - Quanto .li midio eletrônica, 1 TV ostenta o primeiro lugar, com 67'1;!i, seguida ri,clo rádio com 611ft
Importa n0tar, aliás, que tais rcsultad0$ v!m apenas corroborar le~an1amcn1os anteriofCS, convergindo todos na mesma direção: o poder da publicidade, se1undo essas análists, reveta-se muito mais aparente do que real. Luciano Ornellas, dire1or de rtdação de "O Enado de S. Pauto··, por ex.emplo, não manifestou surpresa com os índices publicados, afirmando: "O próprio Estadão encoml'ndou uma pesquisa idéntico I' co,u101ou queo lmp,rJIS(l tem mesmo uma má imagem junto à opini4o pliblica" (Re\'ista "Imprensa", ano\, n..-1, ~1.11987). Em outras palavras, o brasileiro mtdio-sapzescnu.to - prefere con§Cl"Var sua indcpcndlncia dt julprnento e isenção de .immo quando depara com o caráter tendenciow da ma1éria ~eicutada pelo "IV Poder". Cenamente, e-sta cri1eriosa determinação de preservar o senso crítico em relação aos órgãos de imprensa só tenderá a aprofundar-se na medida em que eles, fugindo à serena imparcialidade exigida, continuarem a enveredar, sempre mais, pelos desgastados e cômodos atalhos do sensacionalismo balofo ou da distorção voluntária. Compete, pois, ao "IV Poder" - e somente a ele manifestar e\iclcntcs sinais de mudança que permitam rcvener rua ~sima ima,em ostentada até aqui Annaado Braio Ara
CATOLICISMO FEVEREIRO 1988 - 7
A REALIDADE, concisamente: • NEOPAGAN ISMO boml• dd1. -Tris1cmcmc ctlcbrc pela educação materialista-eivada decrueldades-quemini1mava àjuvcntude,Espanalcaalizoua 1ml.!icadecrimesh.ediondos,cuja simples e,·ocação horroriza. En1rees1es,asistemáticaclimina-
çlodcrcctm-nascidosoomdtfcitos flsicos.osquais cramronsidcradosimltcispeloEstado. ConHa1adoofato,rompe1ia aum sa~rdotc darcligilopagã 1tirar,ritualisticamcntc,apobrc v!timadoaltodomon1cTai11c10.
Transrorridosquascdoismil anosdcsdcoinkiodacracristã, plcilcia-sc agoraorctoroomais oumcnosdisfarçadoàcss.abarbáriclegal.Comdcilo,es1,1ramilando no Par!amcnto frands
Após a e1plotJo da usiruo de Che,nobyl, u próprias autor idades r,,m,U adm ilia m que, duranle anos, o nivel de radiaçJo atômicanupro1i midade1seiia2.500vezesmaiorqueonor• mal. Hoje manda m para l.i seus dissidentes ...
umprojctoqucau1oriuain1crrupçlodasmcdidasqucpermitem prolongar a vida de rcdmnascidosdcficicntes. Umavczaprovadota!projcto - cufcmisticamcmc row!ado de"eutanásia"-,àacneralizadissimama1ançade inocen1espeloabonojumar-se-i.estaoutra abominaçào,cópiaficldaEsparla pagã! • ESQUERDA Impo pular no Peru, - Nãoobstantctersido, com frcqü~ncia, exaltado pelas 1ubasdapublicidadeC<1mouml!dercarismáticoe bcm sucedido, oprcsidenteperuanoAlanGarciaes táem vias de concluir seu mandato em meio à ampla desa· provação do pais. C<1nfonnc atcstam pe$Quisas de opinilio rccentes. Comprovam-no, ademais, as vaiasquenlot!msidopoupadas aochefedoExecut;vodopa!svizinhn,emsuasúhimasaparições públicu. Asmedidasdccarátcrsocialistaedemogógicoadotadaspor ele - como a estatiução dos bancos-, aliadas ti manifesta inopcrãncia(ouambiJuidack)ck sua atitude perante a auerrilha
maois11do''Send,:,-0LumillOS()''
-responr.ávclporumaondade atentadoscombombacmilhares deassassínios-,parccemtersidoosfa1oresdmsív01ideneevidentedesi;réditojuntoàpopu!açtioperuana. • ''EDUCA."i'DO" pano eo111uttlsmo ... -01ovcrnonicara1ilenseacabade anunciarqucos menoresdcl3anosdeverãoefetuarsuaformaçãomi!itarnasesC<llas. Os Ministérios da Defesa e daEducaç!oC<lmuno-sandinistas convocaramospaiseosmeninos queestàoconduindoaaoraosé· timoanoescolarafimdeserem
• A NOVA S IBÉRIA d11 "&lunos1• ·. - A Rádio France Inter . deParis,informouqueodissidentees1onianoHüiAhonen foi condenado a prestar serviços militares em Cheinobyl por haverconcedidoemre,·is1aaumaemissorafranccsadescre,·endopormenoresdavidadii.rianumcampode1rabalhos forçadosdaRUssia.Ahonenpcncnceaumgrupoquelutapelaindepend~ciadaEstônia,ancxadapcl0$SOViéticosem\940. Como se ,·~- parece mesmo soprar um ztfiro de ··abem•· ra"noimptr!o1:1osco,·i1a:o••in~vador"esorriden1eGorbachev,nãosamfeuocomas1radic10naisefríg1da,es1epcssibcrianu,resolveuinduirumnovoponto""turístico"noroteiro deseussúditosemdesgraça:umaboatcmporadadcresid!ncia forçada nu proximidades da usina a1õmica de Chernobyl. Certamente, li desFrutarão eles de clima mais ameno e menos gélido que o da Sibiria; a atmosfcra, porém. 5trá apenas um pouCQmais carregadadeparticulasnucleares ...
instruidossobreesseinacreditávelp!anode"profissionalizaçào militar",oonformeadenominaçãooficial Anaya, dirlaeme social-crist.lo,C<1mentouarespci10:"(lsto) signíficaquecriançudejardim deinfãncia,decioCQanosoumenos, serão militarizadas". E acrescentou que tal medida "só pode ocorrer a lunáticos"' Cominkiativasdessanatureza,abrutalditaduramarxistainuoduzida na Nicar'-l;ua em 1979. comdmsivoapoioda''e,.querdaeatólica",equeos'·teólogos da libcTlaçlo" apontam ainda hoje como um modelo ideal de i;ociedade, ,·ai rC\·elandosempre novosaspect01idesuafaccsinistra,emmeioàdesconcertanteindiferençadetodoo MundoLivre. •
NARCOTE RRORISMO,
armaso~llllc•. - Ourante a última Confertncia dos Exércitos
8 - CATOLICISMO JANEIRO 1988
Americanos(CEA),realizaclano anopassado,em Mardcl Plala (Ar1cntina), a delegação deste paísapresentouaosmilitaresdo Braslledeoutrosl5paiscsatensotrabalhosnbreasorigensdo narcoterrorismoeasformasde combat!-lo. Seaundotalestudo.ousode droaas,oomoformadedestruír amoraltamodasociedadequantodoExércitoini mi gos,teriasido su1erido pelo Poli tburo em duas reuniões: uma em 1962, e outraeml967,tendosidoencarre1adasdeexecutar a tarefa 1 Bulgi.ria,naEuropa,cCuba,na Amfrica latina Adelegaç!onorte-americana manifestouarandepreocupaçto pclotema,lembrandoquemuitos oficiaisdeseu Exército,enviados para combater no Vietnã, retornaram aos Estados Unidos, de· pois da derrota, viciados em droaas.
• DLAS SOMBRIOS. - Com surprttndeme desembaraço, o nonagenário chefe comunista LuisCarlosPrestesvaticinou.cm declaraçõesconcedidasà''folha dcS .Paulo "". de4dejaneiroúltimo: "'Apro~imam-se grandes 1revesem11itomaiscombativas. NestasgrC\·es,tque,·ào surairos ,·erdadeit0$\ideresdaclasseoperi.ria( ... ).Agora.arepress.ãovai sermuito,·iolenta.{... )Mas n te êocaminhodare>·oluçtiobrasileira,que5e<ásangrenta.,·aimorrermuitagcnte.masdaisursirão osverdadeirOI lideres da classe operár ia. os que fundarão um partido revolucion,rio··. Aindisfarçáseleuforia.contidancssaproclamaçàoincendiária. revela.outrouim.aquercquimcsdeaplos.ãosocialacsquerdadcscjariacondul;lroPais. -CaminhuiaoBrasit.com pasmcélere.rumoaessasupremaesangrentadesaareaação? De insignificame expressão eleitoral.os PCs brasileiros não passamdeoorpúsculossemomenorrcspaldopopular. Para atear umincêndiodetaisproporções, num pais maciçamen1eca1ólico comoonos!iO.espcrariao "camarada"Pres1csC<1ntardesdejá comodecisivoapoiodaquelareal potCnci a - queetecer1a.-ezdcnominou"nossaaliada"'-isto é,a"esqucrdaca1ólica"?
• ··NA LEI ou na 11111rra"". Consta,nasa1endasdistribuidas peloautodcnominad0Movimcntod05Sem TerraaaUcho,oconfessadopropólitodecontinuara promo.-erocupaçõesdeterraem 88,bemcomoaccrtezadeobter, oomosempre,"oapaio"dalgreja "para avançar na oraanização". Lula, por 5tu turno, nào foi men05 explicito ao formular a ameaçadeque"aterra,·aiserlomada,maiicedooumaistarde". Depõem ainda. no mesmo senti do, lideres da CPT (Comissão Pastoral da Terra) e CUT (Central Única dos Trabalhadores) Paraquenãosubsistamdú~i das a propósito, uma das pala vras-dc-ordemdomo,·imento reproduzidascomdestaquepela citadaagenda-éesta:·"Aterra emnossavida / reformaaar:iria / nalciounamarra". Seria este um elemento-chave daconvulsãonacional,prcconi· zada por Prestes, e que os comuno-progressiUas ameaçam deflagrar, conforme atestam as declarações acima, a partir do presente ano?
Roubo sacrílego na cidade espanhola de Alcov, em 1568, e admirável exemplo de fervor popular
A MÃO SACRÍLEGA MADRI - Verdadeira onda de sacrilegios e profanações 1·êm ocorrendo, nos liltimos
anos, em toda a Espanha. Esta gloriosa na• ç,ão,queatéhápoucodavacxcmploaomun• doporsuacatolicidade,pare«tcrsctornado agora a ponta-de-lança da mais espantosa campanhadeul!rajesàRcligião. Assim, por
exemplo, a infame película" k vou:; sal ui" Mafoi oportunamentc proibida no Brasil, foi aqui impunemente
rie", cuja projeção
eaprofu11dapiedadeeucaris1icadosalcoya. nos-comemora-,etodososanos,nodiall de janeiro. Sua origem , bastameimpressionante,narraremosascguir,bascando.nosno sério e documentado estudo de D. Rogelio Sanchisllorcns,cronis1aoficialdacidade.
... um nefando sacrilégio
projetada.
Muitaspessoasjánãoesiranhamquando ouvcmdizcrqucacapelinhadcumpovoado foiassaltada,quc0San1issimocmsuapar6-
quiafoiprofanado,ouaindaqucumaimagcm da Virgem foi decapitada. Narcalidade,tma-sedc a!goorganizado,
que poderíamos chamar de "terrorismo de blasffmias",visando,segundoparecc-além daoknsaíei1adiretamen1eaDeus -acos1U· marofielcatólicoaencararcomnaturalida· deessa1orremedeiniquidades. Eoquetal\·ezscjamaisimpressionamet ,·crificarcomoosfiéis,1·endoatimidezcom que geralmente os Piutores reagem a esses atentados,assumcmumaatitudcdcindol~ciaantctodosessesíatos. Vcrifica-5C,assim. uma vez mais. aquela 5emença famosa: "A p1,15ilanimidadedosbonsfomen1aaaudácia dos maus". Para1onificaroespíri1ocatólicoemmui10sncssasi1uaçâodcso!adora,éoportunoconhecermos. ainda que sucimameme. o adminil·el exemplo de amor ao $amíssimo Sacramrnto quc nos ofercceu a pcquena cidade de Alcoy, cm 1568. Agradecemos às R\·das. Madres Agostinianas Oescalças, do con>'ento do SantoSepulcro,damencionadacidade,aamabilidadernmquenosexplicaramcodososde1alhesdaquekacon1ccimcmo,facilitando-nos opresemerelato.
Na Espanha do século XVI ... Alcoy.noséculoXVl,eraumacidadcreaJ elincdoreinodcValfncia,naEspanha,que se regia pelos Foros concedidos pelo Rei D. Jalmelescussucessores. Scupcrimetrourbanoesta,·acircundadoporfortesmuralhas ebanhadopordoisrios. Hoje,Alcoyéumadeuaspcquenas\·ilas pró~imasàoostamcditerrâneaque,apcsarde atrairnumerososturistas,conservaaindaprofundamen1e arraigados seus costumes e tradicõcs. Umadess.astradições-umfatohiscóri• corclacionadocomoSantissimoSacramento
Corriatranqüilooinídodoanode 156b, quandoumtrágicoacontccimemocomonua p('QUenacidadedeAlcoy. t-.luitocedo,comodeco5tume,oPe. Migue]Solerdirigiu.seàigreja,enoontrando-se naportaoomosacristàoque,naquelemomm· 10,abriaocdificiosagrado.Estandoemoração,05acerdo1eekvouseuolhar,e,fixando suaatc11çã.011osacrário,pcrcebeuqucumpe· daçodotccidodetafctá,usadoparacobrira tccadetramportedo Viá1ico,scprendiaentre as duas portinholas, como tambl!m enoomrava-setombadoocrucifüodoa!tar. Algodeanormalhaviaacontecido.Comefeito, ao abrir o sacrârio pôdeoomprovarque màosacn1cgaha,iaroubadooSantissimoSacramento e algunsobjetos rcligiosos quc ali seguarda,·am. Crendo o sacerdote, comotambtmosa· cristào,queoladràoha1·iapermaneddoescondidoduramea11oilenoimeriordo1empio - e portamo 11âo poderia estar longe-, repicaramossinosebradaramemallal'OZ, dc:spcrtandoo po,·o que ainda dormia. Homensemulheres, "estindo·seàspressas, saíramdesua,;casasparaseinformarcmarespci1odoqueocorria. Ao tomarem conheci• mentodanoticiadoroubosacrílego,seussoluços mescla\·am-se com os lamentos e gritos de misaicórdia
Indignação e mobilização geral
Pintur11n is!enten.1npel.1doconventodu Agosti niana,Desulças,ondesecelebr.1adito1.1 des.cober!.1 d.1s S11gr11da1õ Form11s pelo umpo n~s Joio Esteve, em 1568
Sempcrdadetempo,asautoridadescivis anos. Até os meninos, imi1a11do ~ us maiores, tomaramasmcdidasoportunas,animandoto- buscal'amcomafi11oo os obje1ossacros,l'as· daapopulaçàoàprocuradosobjctosrouba· culhandoas1·izinhanças, pc11e1ra11do osmados. Publicaramcanazesoferccendorecom. 1agais.inspccionandooscampos, pcroorre11pcnsaaquemoonscgumerccuperarostesou• doosriosecc. Houvequem chcgassc até ascidadesde Jiri,·a, Alicante e Gandia. rosdesaparecidosouaprisionaroladrào. Não necessi1a1·am os alooyanos de estimulo Emmamo, na desolada localidade materialalgumparaemrcgarcm-scdecheioà organizou-scumaprocissãode pcnitência,na 1arcfa.Dizemasa1asnmoriaisqucsóficaram qua!amaiorpartedosparticipames acompaem AkO)' naquele dia os sacerdmes, as mon- nhoudescalça,enquamochora1·adesconsolajas, as mulheres c u11s ,·inte homens que, em damcmc. O notário da época, Gaspar Camó, sua maior parte, uhrapassavam os setenta relaca.nosquciodooambienredacidadees-
CATOLICISMO FEVER EIRO 1988 - 9
tavacobertodedor,que atécausavacspanto;osolnãoluziacomodeordinário,nemsc ouvia os pássaros cantarem
A descoberta Aotcrmofinalda jomada,dcccpcionados comainfrutíforabusca,noesplritodapopulaçãodeAlcoyfoi-sescdimentandoaimpressàodequeosacrilégioeraobradealguémda cidadeenãodeurnforasteiro.Porestarazào, iniciou-se aprocuranascasasdospróprioo alcoyanos. Os.ábado,3ldejaneiro,amanheceuscrn quesetivesseconseguidoqualqucrresultado.
dosdeassombroealegria.Oenvoltóriocontinha um cofrezinho com três hóstias e a âmbula, assim como um relicário que fora golpeadoeficaradanificado.
A justiça Oc!amorpopularmanifestadonaprocissãoqueseformouparareconduziroSantí!isimoSacramcmoaotabernáculodeondefora sacrikgamcnte roubado, bem como o repicar jubiloso dos sinos da cidade deveriam soar lugubrernmte aosouvidosdePrats. Oacusadonãopõdenegarseu sacrilégio econfessou najustiçaosdetalhesdocrime.
5.\oJolodeRibera,BispodeValtncia,fun-
dou a Con,;ffgaçlo d,11 Agostinian,s Oeicalç,11 com o objetivo de repara, o sacril~gio cometido contra o SSmo. Sacramento
Nafoto,airnagemrnilagro!oado")esuset''entre as atuais religiosas do Con~ento do Santo Sepulcro,. em Alcoy
AspessoaspercorriarnasruasFalandoacaloradarneme.Poucoshaviamdormidonaquela noite,cstandoapopulaçãoinquietaerevoltada"comoabelhassemrainha". Asuspeitadequeoladrãopudesseserurn talPratsfoi-seacentuando, e ajustiça,fazen doecoaoclamorpopular,determinouquese efetuasseumasegundavistoria cmsuacasa. Arazãodadesconfiançaemrelaçãoa Pran devia-seaofatod eserele estrangeirodenascimento e residirnacidade apenasporsercasadocornurnaalcoyana. Durante a vistoria, um camponês chamado João Esteve, muito respeitado em Alcoy porsuahonradez,cavocandocomsua enchadaalgumasimundiciesnoestábulodaresidênda,descobriuumpanosujocnterradonolocal.PuxandoJoãoaenchada,rompeu-seotecido,aparecendoe111ãoobrilhodeobje1osmetálicos.Convencidodeque se1ratavadasrelíquiasroubadas,ajoelhou-seopiedosocamponês,enãoseatrevendotocá-las,exclamou: "SenhorDeus,·erdadeiro,misericórdia!"Todosospresentesnãopuderamconterseusbra-
10 - CATOLICISMO FEVEREIRO 1988
Em menos de um mês o tribunal ditava a sentença e o advogado Micer Jaume Margarit exigia, em nome da ddade, que se aplicasse overedito,paraservirdeexemploatodos,nolocalonde havia sedado o crime. OcronistaD.RogelioSanchisLlorensassim descreve o justiçamento do condenado: "Deram-lhe o suplício da forca, sendo-lhe antes cortada a mão atrevida e, depois, seu corpoesquartejadoecolocadoemreaisepúblicoslugaresparaquemudamenteapregoasse origorosoequãornerecidocastigodajustiça,equedefuturoservissedeescarmento,ern razãodomedodasentença,aosquenãocausassehorrorarnaliciadaculpa". Amãosacn1egafoicravada!laparedejunto à portado tribunal, ficando ali exposta numa grade de ferro para advertência pública. Com o tempo, esta mão foi substituída por outra lavrada em pedra para perpetuar alembrança do ocorrido.
Nasce uma tradição Como o camponês Esteve não tivesse querido receber a recompensa oferecida, o ConselhoMunicipaldcterminouqueele,durante
todasuavida,ficassc livre eimunedetodos ostrabalhos e serviçosmunicipaisdacidade. Eque,depoisdesuamorte, tal privilégio se perpetuasseatravésdosprimogênitos,devendoestesconservaronome dcJoão. SâoJoãodeRibera-sendoelcvadoàsedeepiscopalde Valência,sobcujajurisdição pertenciaA!coy - fundouumaordemreligiosa,dasAgostinianas~ças,quedeveriater comoobjetivorepararaquelehorr!velsacrilégio.AcasareligiosafoicdificadanornesmolocalondeesteveenterradooSantíssimo Sacramentodurametrêsdias.Pores.sarazào, recebeu o nome de Convento do Santo Sepulcro. Évozcorremequeo Rei Felipe li vestiu lutoaosaberdoocorrido. Umaesculturasacradeextraordináriovalor, reladonadocomoroubosacrílego,éo "Jesuset". Trata-se de uma imagem do Menino Jesus que se encontrava na residência vizinhaàdosacrilegoPrat!l, equemudouaposiçãodeseusbraços.Estes,queoriginariamenteestavamdandoabênção,passaramaindicarolugardo esconderijo.Entretanto,sódepoisdadescobertadorouboéqueseconstatouofenõmenomilagroso. Talimagemvenera-senoreferidoconvento,ondescconservarntarnbémaenchadade JoãoEsteve,ofeixedclenbausadoporPrats paradissimularoesconderijo,assirncomoo luxuosotrajequeseconfeccionouparaserusadopeloditosoaldeãoduranteaprocissãoque, apartirdeentão,serealizaanualmenteern Akoy. hlipeBanndial'fln especial para "Catolicismo"
França
Os "novos gurus": desagregação rumo à autogestão A desagregação do Estado
e a crise das ideologias
"GURU", NA ÍNDIA, é o nomcdadoalídcrcsdepequcnas
oomunidadnrdiaio~qucpululam no scio do bramanismo. Contadores de f4bu!as dcslumbrantes,suscitamsimpatiasccorusçaçôes,cpossucm1.1macapacidadccomunica1ivapessoal''carismática",quchabitualmcntcignoraa lógicac obom senso. Sur&idodcumdiaparaooutro,.sem 1crumo,rricufumco-
nllecido,cada"111ru''profc»a, muitasvczes,oconmitiodoquc pensa,promctcsoluçõesconfu. sas, carregada~ de fulgurações, aos problemas mais angustiantes daalmahumanacàsdiflcu!dadnda,·idaquotidiana,=a~ loàrazãoncmàVtrdadcabsolucactraru«ndnuc. Oobscurofcn(lmcnodogul'UJismo 1cm sido comum nos po-
vos pagãos, cm quase todas as tpocas. Entrcosíndiosbrasilciros,talpapelcra,astumodo,rcprcscntadopelD!i pagés. Porém, oquedizerquandouma sisudae reputada encidopnlia anuncia, a,ora.que·'aurus",poranalogia,p,aswamatercmmãosocctrod a vida e da mentalidade da naçãolídcr dacuhuraocidental. afrança?
Quem são eles? Comdeito,editadoem 1'187, "LtJournaldt L'Année-1986" (º ),compêndiocndcloptdicodos fatosmaisimportantesdoano, prcparadopelafamosacasaeditorial"Laroussc",naseçãoSocicdade,dedioouv.triupáginas aonovofenõmeno.sobotítulo
8trni1d T•pit: "no,·o 1uru~ e ixito 1.ipido~~gócios
''Osnovosgurus"",Ainlroduçâo do aniao precisa: "Os padra não são maisd1ret<Jrt:$deronsciénda.
Os in1cln:1uaiJ mio maisuerctm injlulnâa ponderável sobre os modos de vida ou de pe!!Samen10. A tscola mio mais ensina aru joveT1Sasregrasdeuma "moro!" univtrwl. O ESl/uJo n4o mais aparn:eromoumgu1amass,m um gerente. Neste fim de skulo wnte, as guia5do pensamento dos jranf.'tstssâobtmoutros ... "(p. 257). Emoutraspa!avras,ossaccrdotcs e os intclectuais nao orientam,asescolasnãoeducarn, coEstadonãoémaisdoqueum administradordamultid.ãoque, paradoxalmente, é dirigida por umanovacategoriaqucsurgc:O:S ··no•·osgurus".Quems.ãocles?
"Lc Journal de L'Annfr" apresenta numerosos exemplos Entre eles: &rge Gai!!Sbourg, atorccantor,rujavidadtbocha· dacomsu.aconcubinaalimentau crônicu da publicidade: e que, maisr=memente,estcvenoccntrodasatençõe,;dosmidiaporter praticadoinccstocomsuafilha. Ele~ urnadasmaisdcgradantts ··,·edcnes .. dos midia franceses ,1uais.Jarqun~gue/a,publici, tárioquedcucficazrncn1cotom dacampanhaclcitoraldeMiner-
rand cm 1981. Ele explica; ··Eu n4omedirijoõopinit1opúb/iro masàajetfridadepúb/ka". Harlem OOir, jo,,.cm mulato, lider ami,racistadetendênciassocializantes.&geJu/y,antigorevo!u cionáriodcl968,hojcdirctor do quotidiano sociato,anarquista "Libération".BemardTapie,ex· can1ordcrock:quecmumabrir cf«hardcolhostransformou·sc, no mais bem suctdidochefr de empresa.YvesMourousi,célebrc aprescntadorde1cle,,.isão,decos1umcscscandalosos. ThierrySabine, campeãodccorridasau10mobiHsticas, cuja rnoncfoi extraordinariamente chorada pela imprensa, e outrO:S desponistu comoA/ainProst, Maradonae Platini. "Co/uche",omaisob!;, ccnopalhaçofrancês,qucsccan· didatouàprcsidênciadaRcpúbli canaseleiçõesdcl98l,cmorreu cm 1986. Fronrois de Closstts, romen11dorde1écnicasdoespaço,dbcrnéticacclctrônica,eautordcumbcst-scllersobrcfuturolosia.JeanBoissonnor,jomalis1aecornentadorpolítico.E a lista continua ... O que 1~m eles cm comum? De onde surgiram? Como foi possh·elqueasccndesscrn à liderançadamemalidadcdopúblico francês?
"le Journal de L'Ann~·l986" procura situara ori&emdofrnõmenonosanosdo "mila,rc cconõmioo"' francfs Comefcito,osanos60c70foram marcadn:s pela aleçia fátil trazida pelo oonfor10 material. Mas,talalc&ri a passoulo,o.Os anos80forarnosdacrisenaeconomia, na política, no Estado e na Igreja. ForamtarnbémO!ianos deumobscur«imentodoshori· wmcs,pois,por1odilpanc,1publicidadccorncçouaapon11rproblema:s,casoscomplicadn:souinsohh·cis.Eosfraneesesforamse tornandotriues,acabrunhados, psicologicamcntelãnguidosc,o Queépior.5tmcnoontrarmaisna estrutura«lesiástica-dcsdco Conçi1io ela também em crise uma forçadcsustentaçlo. "As ideologias polfticas, qualsquerquesejam-diz" Lc Journal de L'Annéc" mostram~ incapates de poupar aasindivt"duososinconveniemn da crist, cwjase/titas ~Jaum logo ~nflr em todos os domfnios. EoEstado-Prn>idincia, habituado a adminiJm,r u ubund~ncia e adistribu1:1aen1retodososcidadãos, encon1ra·$e, rtptntinamen1e.Jorçudoageriraptnúria''(p. 2S7).NemoE$tado,ncmascor• rentesideológicasoonseiuemrcsol.,craJionoanoittctrdadvilizãção. O francfs, nos anos da tranqüilidadeedoconfonocconõmico,podiailudir-scprocurandoscguirasidéiasdosintelectuais cm moda. Mu, "estes morreram com Sartre, Aron, Braude!, Foucuu/1 e SimOMde Beauvoir. Seus su«$$0ft:$t!Slàoromoquednomparudas, tm/ace~ umasi1u(IÇ6o queresister:adaveimai.silssuas utUillses, como resistiu (lsprediçóesdequaisquerespecialistas" {Ibidem). Os francos dcOóvis oonsti· 1uiam1.1mpovopujante,sobrco qual dcsccram as ãguas santificantcsdobatismo.Aparttrdem-
0,TOUCISMO FEVEREIRO 1988 - 11
1ão,tendcu elc,dcmodoordenado, aconstituiruma nac!locató!icaorgânica:nasccramasinsti· tuiçõcs,confisurou-sc asocieda· dc.Agoraéooontrárioquese dá; asinstituiçõessedesfazc:medci· :umadc:scobenoumaaglomeraçãoanônimageradapelaciviliiaçãoindustrialemdeclínio.Nena encruzilhada,nãoseouvc umasó voi:que d! umaexplicaçãoválida,asituaçâotoma-seindecifráve!. Os "intelectuais" da moda mostram-se pequenos para dar uma interpretação filosófica ou mesmotécnicadoqueacont~ E vão desapar ecendo do p,anorama.
~ a ocasião para a ascensão dos "gurus" Semguiasrelígíososesemintelectuaisemquepossaconfiar, ohomemmassificadov~erguersediantedeslumaameaça:aescravizaçãoàinfonnática e htécnicasdaengenhariagenética.Ondeprocurarsocorro?Nes.,aemcrgencia, aparecem os "novos gurus" . N!lo s!lo mais os pensadores,et!malgode"carismático". Foramumaelile: "É uma nova raçadeguiasdopensamentoque ocupam o terrerio "bandoriodo pelos podres, educQdores, poU1icos e iritefec1ur,is" (p. 251). Os "novos gurus" plasmam opiniões e atitudes, como tambémreafüamossonhosdofrancêsmédio.Este - prossegue"U Joumal de L'Année" -, não oonseiluindomaislevaracabotarcfasqucseusantepassadosrealiiavam, "fie" particularmente encanlodoQOOOn.sfQtorque ou/roso/Ql.l!memseulugor;elelhes agradect, concedendo-lhes sua atenção e sua afeição. Com toda a na1urafidade ele tende mesmo" lhes delegar uma porte de suas responsabi/idades"(p. 261). Destemodo, ohomem médio transfere aoscu!tuados"novosgurus" umapanedeseupensaredeseu querCI. "Nãose enconrrammais,na categoriadescritaadma[os''novosgurus"Jperwnagen.sque correspondam à definição tradicional de "intelectuaís":indivi'duos doradosde uma con.siderdvef bagagem escolar e de uma grande cultura, e,igqjados geralmente em atMdades universitdrio.s, de reflex6o, de estilo, e depesquisa"(p. 261).0:sintelectuaisnãofiguram entreos"novosgurus" . Masnão slosóeles. Tamb.!maruão,outroraexacerbadaatéodelíriopela RevoluçioFrancesa,éagoraexpulsa com eles. Adentramos o mundodoirrac:ional.Paraopinar sobre isto ou aquilo, os mídias procuramemgeralalguémdessa "novaraça":desponista,empre-
JerryRubin-umdos"novosgurus"
- em1968,ntud,1nteievolucion.irioda Sorbonne...
,..e, em 1985, um bfm sucedido "e,eculil'O" s.áriojovemsurgidode improvisonocenárionacional,palhaço famoso,artistade TVoupessoa escandalosa.Ofranctsmédioescolheoque o"novoguru" escolhe, pensaoqueekpensa. Não procura, ponanto, a idéia mai s correta,ou o produto mais dignoouadequado:basta-lh e achar oquco"novoguru" acha. Eo "novoguru",porsuavez,costumapensar-pouco,escolhe uma solução meramente pragmática, ousebaseiaexclusivamente sobre um argumento econômico. Os "novosgurus"nãobuscamuma verdadeobjetivaouumdevera ser cumprido. Não agem em funçlo de um raciocinio e muito menosdc umatodefé. Poislstoé velho para eles ...
Caminho para a anarquia autogestlonéria
explicar como vai o mundo, as midiasvoltam-seentãonaturofmentepora os que estiio em posíçiio deo "senlir'', embora niJo de o explicar. Freqüentementesiio joma/ístas,artistas,industriaisos queme/horseenquodramnesso definição"(p. 262).ComtaispaIavras,"UJoumalde L'Année" apres.entaos"novosgurus"dotadosdeuma espécie de amena que !hes faz sentir o que todos quereriamsentir,eescolhCi oquc todosescolheriam. Ellplicaçãoracioeinada,nenhuma.Essa"nova raça"asdispens.a:dirige " sentindo", e transmitindo pela sua
"imagem" veiculada pelos midias, cenas"mensagens " que as palavrasnãooons.eguiriam expri mir. Algunsdeles,a,·entureiros recentemente falecidos, "de "gurus"passoramaoestdgiode "'heróis" no sentido mitológico de semi-deuses (... ).Moisdoquede heróis,seriaprefen"vefchamd-los talvez de "anluros", no sentido antigo de "portadores de mensagens"" (p. 258). C.Omadúvida e odesprestígioabalandoopapeldarazão, quantotempopoderãoaindadurarasinstituiçõesatingidas pela crise, até se desagregarem? E, quandoistoocorrer,dodesconjuntamcntodacivilização e dasociedadesópoderáresultarocaos. Caos em que esses "novos gurus",ou seusmaisimediatossucessares, nas trevas do nãoracioclnio,irãoampliandosuainfluencta. E assim poderia surgir umanova"ordcm",distanteda verdadeirafé c darazão:aanarquiaautogestionária,naqualo homems.eráconduzidopelascoruscaçõesintermitentese sinuosas dos novíssimos gurus qu e s.e apresentem. PermitiráaProvidblciaDivinaquesejamos arrastadosaté lá? Ou,arogos deMariaSantissima, abreviaráospresentes dias, intervindopara fazcrraiaroquanto antes umanovacivilizaçãocristã? As orações dos que gemem sobopes0daatualordemde coisas podem pesar decisivam ente numdospratosdabalança. Sanllagoftmandu (º) ""L<J oumal d< L"Anr>tt- 1986"" .Ed . l..uouu, , J9S?, pp.2.17a 26J.O .,ludo oomentadovmi usiiwlo por úo!n,dMor m<l. ~ od<Art .. ,Oflcio<. ' 'm.. tor"" dellel .. Ane> pela Univ,r,idad• <lo C<>lumbia(NO'la York),l.rcionana Uni
~==~:t:s<(;. dos por,i.;, .,..,socicdad., dco,tud0< . t aulord< doio li.ros.ernsu.o,pteialidade: " Franco1<opíe" ' < ""L a l».1a ille des imqe,"" .
"~.~~~I,:~~ MO
~;~:i.,.. tt<poK<Ó• ri: Takao Taka~oshi -
•••
0
R,gi.,rado
111.
DRT·SP oob o.~
Rr<l"l"io: Rua Martim Franci1<0. 66!' - 01116 - Slo Paulo. SP / Rua do,Goi ,,.,ues.197 - 28 100 - Campoo. RJ Gcrh rio: Ru a Martim Fraocioro. <Ili~ - 011::6 - Slo Pa ulo. SP - T,J : (011) 22l.8755( ramal2Jl) Fot0<ompo<ifio: (ilir<ta. a pal"lir do orguiH>• f<>rn«ióoopor ""Cotolkiuno"") B;or, d<irante, S/ A Or.lfka • Editora - Rua MairinQu<. 96 - Slo Paulo. SP '.'.'.' ~ ~~~~~'" Popéu e Art<> Grifica, Lida - Rua J,,·a<,. 681 - OI IJO ~~~olicismo·· i uma publk._lo men,al da Emp,.,. Padre B<lchior de Ponte,
O:spúlpitoseascátedras tomaram-se vacantes. E os m,: dias panaram a procurar uma espécie de "vox Dei" (ou "vox diaboli")nos"novosgurus": "Poucoseduzidospelaproduçãoatua/ dosintelertuais,imp()tentespara
11 - CATOLICISMO FEVEREIRO 1988
t~E;:i~ú~i~:OOVfs~i%i~rJ~~
O.pa1amenu».s,mp,eemnom<d a [mprn11 1'adr,ll<khlord•l'onlN Ltd a., pod,rlow<r>eaminhad0<IGer<Tl,ia . Para mudançade , ndereçod, a ,.inam., ónett<úriomencionar1>mb<moendo,-eçoantigo . Acormpondtnciarelativa
mN~~'1~~:,; -oc~~.ri~!cr~-
S.rial : . : :
~ 01oi~6:itv t m Fran, ·,co.
Voltam os espíritos imundos I MPRESSIONA, no Evangelho, esta descrição feita por Nosso Senhor: "Quando o esp(rito imundo saiu de um homem, anda por lugares secos, buscando repouso, e n4o encontra. Então dii: 'Voltarei para minha casa donde sal'. E quando vem a enr:ontra desocupada, varrida e adornada. En-
tão vai e toma consigo ourros sele esp1f'itos piores do que ele, e, entrando,
habitam ali; e o ú/1imo estado daquele homem torna-se pior do que o pri-
meiro. Assim 1ambém acontecerá a esta geração perversa" (MI. 12, 43-45). Ou seja, um homem (ou toda uma
geração), após ter vivido na graça de Deus, pode perverter-se de tal modo,
quedemõniospioresesetevczesmais
numerosos o infestem com mais poder do que antes de ter ele recebido a graça Tal verdade terrível nos faz reíletirsobreacivilizaçãoex-cristãemque vivemos. Em ratão da vinda de Nosso Senhor Jesus Cris10 a esta terra, foram cxpulsosddaosdemôniosdopaganismo. O saniue reden1or do Cordeiro de Deus caslágrimasdcMariaedificaram sobre os escombros das antigas superstições uma esplêndida civilização cris1ã, alegria e glória do mundo inteiro. Os homens porém prevaricaram e, afastando-sedasuavidadeedoçurada Religião Católica, engajaram-se no diabólico processo revolucionário que começou a grassar na Cristandade a partir do skulo XV (cfr. Plinio Cor· rêa de Oliveira, "Revolução e Contra· Revolução", Vera Cruz, São Paulo, 2~ edição).Eassim,dedesprezoemdesprezodaLeideDeus,vai·scretornan· donosdiasdehojcàs antigassupers· tiçõcsdopaganismo,aindaquclústra· dasporvezescomumvernizdcci!n· eia. De tal modo que, por toda parte, se nota a presença de um neo· paganismo,quesemanifestapelopu. lulardecertaspri!.ticas,filosofias esei· tas, nas quais, com maior ou menor clareza, se percebem as pegadas dos antigos demônios que voltam, acom· panhados agora de outros piores. Citemos apenas alguns exemplos, todos recentes, a titulo de amostragem, osquaisseinseremnumaavalanchede nmíciasdog!nero. • À cerim ônia de adoraçio do Sol, organizada anualmente em Stonehen. ge, lnglaterra,pela"OrdemdosDruidas", compareoeram neste ano mais de 500 hippit.s. 1: uma repetição das cerimônias pagãs que os galeses e bretões faziam em eras primitivas ("O Glo· bo", 22--6-87).
*Uma"escoladc-dC"Stovolvimtn10 da mt ntt'', que aplica conceitos de Filosofia, Psicologia e Parapskoloa:ia, é como se apresenta a "Pró-Vida". com 60 mil nomes de alunos cm seus arquivos, no bairro de Moema, em São Paulo. Para ser admitido aos cursos, o candidato tem que se submc1cr a uma entrevista na qual deverá responder, entre outras coisas, o que pensa de Jesus Cristo. As aulas não podem ser gravadas nem anotadas. Conta·sc aliahistóriadaspirâmidesccnsina·se tknicas de relaxamento, levitação e te· lcpatia(''FolhadcS. Pau[o'',26-7-87). • "Os novos bruxos", como os qualifica o " Jornal do Brasil" (29·3·87), são, por exemplo: Ivo Carabajal que vai uma semana por mes a Brasília conceder consultas a políticos, com base cm búzios e cm sua bo· la de cristal. A Rede Globo não dá um passo sem consultá-lo; Namur, atua na decifração de canas de baralho, e é muito procurado por anis1as; Maria Eugênia de Costro, astróloga, promo· vcu um Forum de Arte e Cultura no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro; Maria Emília Mendonça, dcsccndcnlc dos tupis, recebe músicas dos astros e as grava cm discos; Jair de Ogum fez uma novela para a TV Manchete com a hiuória de um homem que sc apai:itona por um cspirito; Irene Granchi, vende fitas magnéticas com dcpoimcn· tos de pessoas que já viram discos voa· dorcsouviajaramnc!cs. Dizqucàsvezesose:ittra·terrcstrcsapareccmhorri• pilantes com orelhas de rato. • Parasaberprepararascriançass para o ano 2.000, foi ministrado aos paisumcursode"orientaçãoastrológica", na rua São Joaquim, cm São Paulo. Ensinou.se aí que "os filhos 1razem (. .. )uma carga de emoções, ta· lentos e experiências de ou1ras vidas" ("Shopping News'', São Paulo, 29-3-87). * Um programa para "comprttn· siodos bomossexuais"cstásendode· scnvolvidopelaastrólogaAna Maria da Costa Ribeiro, no Rio de Janeiro. Ela já tem livros publicados sobre astrologia ("Jornal do Brasil", 16-2-87). • Espiritismo na TV Bandeirantes é o que propugna Auguslo C. Vanucci que dirigirá alguns programas com a presença de "especialistas em mediu· nidade e paranormaJidade" ("Folha de S. Paulo", 19·2-87). *Passescspirituaisebanhos dccr· va.s é o que aconselha a cartomante Guy Loup. Enquanto Maria José Roque propõe adesão ao "Movimento pela Cura do Planeta" que visa "harmonizar as energias da terra" através da meditação coletiva, cspcc;ialmcnte
No1rupodtpcdrudtStonehcngt,11,1pl.1nÍ· citdcS.1liJbury(ln1l.1tcrri1)- om.1i1f.1moso monumento prê-hi1tórico d.1 Europl Hltnlrionll - ruliu-st • nu•lmtntc il n rimôni• de .1do1iç.lo do sol, promo~id, ~lil "Ordem dos Druid;,f' nos dias de lua cheia ("Shopping News", 22·2-87). • "Trabalhando sonhos íntimos e interesst.s revoluciondrios" a dupla Gilberto Gil e Jorge Mautner criou um ''projeto existencial'' chamado ''Figa Brasil". Traia-se de um movimento "ronet!itual, místico e filosófiro". O ''Panidodo Kaos" , de Mautncr, é inspirado na Numerologia, na Cabala e na Astrologia ("O Globo", l~-4-87). • "Como txtroir o máximo de stu tall.smd" é uma das fórmulas adotadas pelo movimento Nova Era que se propaga nos Estados Unidos. Levar um cristal pequeno no bolso ou colocar umaplacadecristalrosadodentrodo travesseiro são algumas das práticas aconselhadas. Ou ainda soprar sobre umcristalenquantosefazumpedido. A Stor Mogic, que vende pedras má· gicas,estáprosperandocjáabriuduas filiaisemManhattan("JornaldoBra. sil",15-1-87). • Só no Rio hli 29seitasdcoomlnadasord cosmligkascongregadasna Federação Brasileira de Ordens (não registradas),queabrangeccrcadc75 mil iniciados no Brasil. Cerimônias esotéricas, uso de paramentos cstra. nhose palavras cabalísticas (Abraca. dabra), lançamento de livros como o "Diário de um Mago", são algumas das atividades. Kaanda Ananda, que se diz hierofante da "Ordem dos Magos ede Ran", explica que a iniciação se faz atraindo o neófito para práticas rcspiratórias,corporaiscfilosóficasaté chegar à morte da personalidade ou do "ego terreno''. A moderna terapia emprcgada é baseada na magia ("O Globo", 20-3•87). • No Co ngl'C'SSO Holístico de Brasília, realizado cm março com mais de 600 pcuoas, advogou.se o fim da era da razão humana, a integração da ciênciacomamagiaantiga,salicntou· CATOLICISMO FEVEREIRO 1988 - 13
Estados Un idos
A pornografi a av ança A PEDIDO DO PRESIDENTE Reqa.o, o Ministro da Justiça dos .E5tad05 Unidot, Edwin Meese 111 , constituiu uma Comisdo especial para cs1udar o problema da pornografia naqude pah. O relatório final foi publi-
cado num livro de '70 pjainas: "Final Report of lhe Attomey General's Comission on Pornography", editado por Rutlcd,e Hill Press, Tennessee, 1986. O minist ro pediu à Comissão que cst udassccspccialmente;asdimcruões do pro blema; as mudanças observadas
nos últimos anos na·natureza da pornoarafia (cada vez mais ela explora imagens de viol!nc ia sexual); cxploraçlo de menores de idade ("pornografia infantil"); os meios de produção e distribwçlo do material pornográfico; o papel do crime organizado na ind\1$tria da pornografia; relação entre pornopafia e aumento da criminalidade; seu impacto sobre crianças e adolescentes; recomendações de medidas lc-
pis a serem tomadas no combate à pornografia. Para a coleta de material, elementos da Comissão visitaram dezesseis baoc:asderevistu"paraadultos"efoi feito um levantamento de 2.323 revistas, m livros e 2.370 filmes pomográf1C01. Tambmt foram pedidos entrevistas ou depoimentos a numerosas pessoas relacionadas com o assunto, e foi compulsado todo o material científico disponfvd, atinente ao tema. O resultado é que, lendo o relatório, sentimo-nos como que atravessando um mar de lama.
Pornografia Infantil Realçamosaquiapartereferenteà pom oarafia infantil, da qual o relatório amplamente se ocupa. Este tipo de material nos apresenta menores de idade envolvidos em atividades sexuais de todos os tipos. Trata-se: em geral dera-
seo papel das forças energéticas, das doutrinas ,nósticas, da prática da ioga, das medicinas alternativas, dos partidos verdes e dos movimentos ecológicos. O encontro foi aberto pelo 10vernador do Distrito Federal, Jost Aparecido. Nos corredores vendiam• se miniaturas de pirãmidess, cópias do anel atilante encontrado no dedo de um faraó ("Jornal do Brasil", 2S-3 e "Folha de S. Paulo", de l~-4-S7). • Aderindo U práticas do i:enbudl.lmo o compositor John Cage diz que "para ir para dtntro [de si mes14 - CATOLICISMO FEVEREIRO 1988
pazes entre 12e IS anos, mas há também dados sobre crianças e até sobre beb&! As primeiras redes de exploração da pornografia infantil foram descobenas em 1973. E já em 1976 um comite judicial declarava ante o Senado que '"a pornografia e a prostituição in· /anti/ transformaram-se numa indús· fria multimilionária e altamente organizada, que opero o nível nocional". Esse comite calculava que, somente na cidade de Los Angeles - centro nacional de produção de material pornográfico - existiam já 30 mil menores ex• piorados sexualmente. Nas audiencias, testem unhas delataram o seqüestro de crianças pelos industriais da pornografia e até a venda de filhos, efetuada por sc:us pais, a fim de sertm utilizados para tais fins. O relatório analisa muito rapidamente os efeitos psicológicos nocivos da pornografia sobre suas vítimas, e apenas de passagem ele afirma serem as crianças e adolescentes em geral os mais expostos a sofrer os efeitos da avalanche pomog..-áfica. Tais considerações levam-nos arelembrar os gravíssimos ensinamentos de Nosso Senhor, por ocasião de admirável cena relatada no Evangelho: "E Jesus, chamando um menino. p(>lo no meio deles, e disse: 'Na verdade vos digo que, se vos não ronverterdes e vos mio tomardes roma meninos, não entrareis no reino dos cius (...). Porém, o que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim, melhor lhe /6ra que se lhe pendurasse ao pescoço a mó que um asno faz. girar e o lançasse no fundo do mar. Ai do mundo por causa dos escdndalos! (... ) Ai daquele homem por quem Vt?m o es• cândalo! (... ) Vede, não desprezeis um só destes pequeninos; pois vos declaro que os seus anjos nos céus vêem incessantemente a foce de meu Pai'" (Mt. 18,2-10).
mo) i necessário sentar e meditar com as pernas cruzadas" ("folha de S. PauJo", 2.6-3-S7).
O Apóstolo São Pedro é quem nos ofereceaconclusãoadequadaparaeste elenco, tendo em vista o que foi dito a respeito do paganismno antigo, a vi• tóriadacivilizaçãocristãsobreeleeo neopaganismo moderno: "Se depois de termi fugido das corrupções do mundo pelo conhecimento de Jesus
Êctrtoqueasterrfveispalavrasde Nosso Senhor aplicam-se, em primeiro luaar e principalmente, à infame minoria que se dedica ao abjeto comércio de que acima tratamos. Porém, quantos mais serão aqueles que, por sua atitude de tolerlncia, criam um ambiente no qual a pomop-afia obtém inteira cidadania, e que, por isso, serio tambmt atingidos por tais palavras de maldição?
Um relat6rlo amoral O que mais choca na leitura do mencionado relatório nlo é tanto a infãmia do material coruiderado em si mesmo - e o documento contém descrições muito cruas - mas sim a evidente impot!ncia da atual sociedade (J)ós-cristã!)emlivrar-sedetalflaJelo. Sinal claro dissoéocar,ter amoral das noventa e seis sugestões apresentadas pela Comisslo. Baseiam-se:, todas das, em pressupostos meramente técnicos, em dados fornecidos pela ci~ncia social. Omitem, porém, o aspecto moral. Mais ainda. Houve forte oposição a que uma parte de seus membros incluísse no relatório juízos morais. Além disso, a imprensa e outros meios de comunicação socialianoraram o trabalho da Comisslo ou então o criticaram de modo bastante hostil, em nome da... "liberdade de opinilo". Ê ainda digno de nota que - embora o relatório não trate diretamente do tema - os dados nele contidos permitem concluir que o permissivismo da população em geral anie a imoralidade é enorme e tende I aumenw. Basta citar, como exemplo, uma pesquisa realizada em 1985,sobreaaceitação, por pane do público, dos di ferentes graus de pornografia. Apenas 47"9 (menos da metade, portanto) dos entrevistados julaam que deveria ser proibido qualquer material oSlentan· do a prática do ato sexual. Os demais opinaram pela permi55,lo; ou com algumas restrições na propaganda (40'7t), ou mesmo sem nenhum tipo de restrição.
Cristo Nosso Senhor e SDlvador. por tias s4o novamente envolvidos e vencidos, o seu segundo estado tornou--selhes pior do que o primeiro. Porque melhor lhes era não conhtttr o caminho do justiça, do que, depois de o terem conhecido, tornar para trás afastando-H daquele Mandamento santo que lhes/oi dado. Porque se realizou neles aqutle provérbio verdadeiro: Voltou o cão ao seu vômito; e: A porca lavada tornou a revofver--se no /amaça/"(11 Ped. 2, 20-22). Gregório Lopes
LIMA - Dnde 1980, o "Scndero Luminoso" - nome mai5conhecido do Partido Co-muniHa do Peru, de linha maoista - oomemora o an!,·er!.ário de scuchefercvolucionárioAbimacl Guzm,n, o "'Camarada Gonzalo''. com a1emados1erroris1as de toda espécie Em 3 de dezembro passado, asduas1orresdaigrejade Beltni, nacidadedeAyacucho,amanhecerammatulada5comapresençadeb1ndeirasvermclhasos1entando1foicteomartelo.Apes.ardeestarem1lmaasforça5de se,urança,nav~peradesscdia a.ljumascar1asdedinamitehaviamsidodeton1da..epequenos "black-ouu"foramr~trados ernv,riospontosdacidade Pela manhl,nosallodaadminimaçãodomercadodobairrode Madalena.iniciou-se uma MissadiamedaimagemdeSão MarlinhodePorres,patronodaquele eJtabelecimento. A índia Basi!iaQuispetocavauminstrumentotipicosemclhameaoharmõnio, chamado "pampapiano",aoompanhandohinosreli a:iosos em lín1ua indígena dos quechuas.~mad05porumpequenomlmttodefiéis,queass!stiamoatolitllra:iooemlou,·ordo santo.Por,·oltadas7:45horas, quandoocelebrame1erminavaas oraçõesqueanteccdemàbênção final,umhomem.jovemainda. aponcandoumaarmaàportado salão,atinaiucomtrhbalascerteirasascostasdosacerdote.Em squida.fuaiu,aoompanhadopor doisoutrosindivíduosque,àdistància.viaiavamolocal. - "Padre. Jesus niy. Jesus niy!'"(Padre,digaJesus,digaJcsus!).Ellclamouaíndia,horrorizada.que.s.altandodo''pampa piano",!K>Correuoreligiosoferidodemorte. -··MeuDtus,perdoaitodos osmeuspecados",respondeuelc por1rh,·eie5,amesdeentregar sua alma ao Criador. Eraoprimeirosaccrdotemártir.atingido pelaaçlocriminosadaguerrilha comunista no Peru A vitima, o Pe. Victor Acufia Cárdenas,naseeuem6dcmarçoi dc1927,cmAyacucho,tendoiniciadoscusestudossacerdotaisno scminárioSãoCristóvào,daquclacidade,efinalizadoscucurso eclcsi,stico no seminkio Samo
Sacerdote anticomunista vítima do ''Sendero Luminoso'' Pe.V icto r Acuiiic.i,denu, !.lctrdote m.i rtir,vitimido "Sertdero Luminoso"
Toribio de Mogrovcjo, em Lima. Ordenados.acerdotc,inires,souna Uni>·er5idadeCa16licadacapi1al peruanaafimdedoutorar-scem filosofia e 1eolo1ia. Docente em ,iriosccn1rosdeensinodesuacidadena1a!.foicapclãodaGuarda Ch·il (chegando ao grau de teneme-coronel),oomotambém do Exército peruano. Exerceu o cargodcsecre1,riodaCaritas,c aindadepárocodcLa Magdalena,igrejaqueseencontracm rcconstruçlo,poisemabrildoano passa.dofoiincendiadapresumivclmtnte por mãos sendcristas. Dcs-c-sc ainda ao Pe. Acufia a construçlodcumrefritóriopara a.tenderespecia!men1c,-iúvueórfãos vitimas da violCncia comuni511.
Atitudes destemidas Atravk da imprens.a nadonal, o sa~rdote dera scu apoio pllbHco,juntocomoArcebispo eméricodeAyacucho,D.Otoniel Akedo, o Bispo emérito de Huancavclica. D. Florcncio Romani,eouirosl28padres,auma cana abma diria:ida pela TFP perua.na ao Presidentc da Rqiúbli· ca, Alan Garcia. O documento pcdi1a0Chefed0Executiv0Pe-
ruanoqueretiruseoprojetode leideestatiuclodosbanoos,finan~irascseauradoras,oqual lesavaa,avementeosinteresses da civiliz.açãocristleaLeiMora!, abrindocaminhoparao1otalitarismo!K>Cialis1a.Ocontroleanificialdanatalidadeealeide"estatiz.ação dos cad:ivcres" para cftitodetraruplantcstambêmfoi objetodean,i,liscnareferidacar1aa~rta. Namcdidaemqucaumcncava escandalosamente o número de crimes1erroristuemAyacuchoe em1odoopaís,osacerdotecondenava vivamente em seus scrmões esses delitos e a ideoloa;ia comunista que os inspirava. Além do inc~ndio da igreja SantaMadalena,outrosindkios amcaçadoresj, haviamsido re gimados, oomoo pichamen10, emmuros,dafrasc-··Pe.AC11l!a6ploradordopovo,qucvivc dafomedopovo",distribuidaao público,comalauma,aherações, atravbdevolantcs. Em agosto panado. o Pe. Acul!aoonversaraoomumcooperadordaTFPcdisscraqucha· viasidoameaçadodemortcpc-
SororVir1ini1, re ligi o1<JfrandsC.ln.l , irmJ do Pt. Acuil.i
lossenderistu. Um50brinhodo saccTdotcrelatou-n.osque,-iupin1ado cm ,·,:rmelho, num muro, a.. palavras - "Que morra o Pc. Acul!alar,pio ... "-cquc,na noi1eanterior1oa1entado,ocdesi!stioorecebera um telefonema que o deixara vi5ivelmen1e Em v,rias ocasiões.o perÍÓ• dioooficiosodo"Sendcroluminoso", "E! Diario", de Lima, vendidole1almcnteedecirculaçãonacional, atacou o Pe. Acufia,oArcebispodeAyacuchoeo Cardeal de Lima. Um scman,rio limcnho, ci1:mdoumespecialista,analisouo plano, em 6ecuçlo, lr.-ado 1 cfcitopelo"Senderoluminoso" cmrelaçlolla,cj1.Naprimcira etapa,quandosepreparaaauerra de guenilhu, se respeita a crençadaspopulaçõcslocais,mas cxercc-seumasutilprcsslopara que os saccrdo1es abandonem suas paróquias. Na sca:unda, considera-se importante defi nir umaposiçlodelutaoontraalgrcja. Na terceira. lr.-ando-sc cm oontaascondiçõcsdeavançoda lu1aarmada,procedc-seauma1aque rron1al ooncr1 a la,eja. Bemcntcndido,C$tariaiscn1.adew:a1aqueaala "progressista"dll la,tjanoPeru. ~elementoproeminentedess.aoorremco
CATOLICISMO FEVEREIRO 1938 - t S
Discernindo, distinguindo, classifirando ...
Foch, recolhimento e grandeza À FEBRICITAÇÃO, o nervruismo, a correria, a "torcida" em face dru aconrrcimentru que se sut:tt/em na vida de cada homem começaram u murcur profundumenle nossa civilização com o ad,·ento do Revolução fn. dustrial. A mdquina, com seus produtosfabricadru em série, de acabamento :rumdrio, sem perfeiç6o nem requinte, passou a impor seu ritma ao próprio homem. Foram-se, quase inteiramente, os lazeres de outrora, o trabalho personalizado, os objetos longamente burilados na calma e na observação, eestuantes, porisso, de pensamento, delicadeza e ar/e. O homem contemporâneo foi formado na idéia - quõo falaz! - de que 1ais ambientes são contrdrios à eficácia da ação. Na realidade, sdo eles que favorecemareflexõocalmaeorecolhimento traqüilo mediante ru quais as grandes deliberaçbes, longamente umadurecidas, sõo profundamente tomadas, e o 1rabalho, feito sem morosidades inúreis nem pressas intempestivas, torna-se materialmente produtivo e espiritualmente proveitoso. Não hd caso em que a ação se apresente em condiçOO mais tensas da que na ação bifica. Assim, nada se diria mais a\'tSSO à calma do que o ambienté de um quartel de estado-maior em plena guerra. Engano! O famoso Grneral Foch (depois Marechal), que carrrgou sobre os ombros a imensa responsabilidade de comandan1e-em-cheje dos exércitos afiados durante a primeira Guerra Mundial, criava em torno de si um ambiente de 1ranqüilidade e reflexão. E obteve de modo brilhante a vitória final. É o chefe de seu esrado-maior, Gen. Weygand, quem descreve ("No estado-muior do Gen. Foch", revista especializada "Historia", Paris, n ~ 118. janeiro de /965):
Pc. Gunavo Gutierrez - um dos artíficesdaTrolo1iada Libcrtaçlo-que.oommais300ucrrdmes.publioouummaniíestoíavorhelàso<:ialiuçãodosbanços
Martírio com significado especial OentnTodou.cerdotemártirrealizou-senodiaSdedeumbropassado, oomaprewn~ade altasautoridade$eclesiisticas,ci-
M.i,ech.il fo ch
A "regularidade somada à calma imperrurbdvel de nosso chefe cria uma atmosferu benfauja de confiança e serenidade (... ) Ao redor do general {Fochj, seu esrado-maior trabalha em silêncio e recolhimento'(, .. ) Oficiais de pa5.Wgt'm fuaram suas impressões: Ter-se-ia imaginado, diz M . René Puau.x, uma febre intensa, um perpétuo vai-e-,·em de oficiuil de estadomuior enlameados, ordens nervosas, portas batendo, uma visão napale6nica de atividade febril. Não; é o silêncio calmo e confiante'. M. GustaveBabin elogiou 'a quietude, a paz serena que reinam neste local, paz de uma abadia benedirina, onde se Jrabalha incessantemente, mas sem febre nem ru,~ do'. Convento, se se quer, onde cada qual trobalha com fervor na irradiaçt}o do chefe". Durame a refeição, o General Foch "deixa muita liberdade à conversa, se bem que não tolerando nem imo,alidades nem maledicências''. Ele ''/alarme-d com maior confiança, à medida em que me conhecer melhor, a respei-
visemilitares,emilharesde fiéis vindosdcdikrcntespontosdo Departamento de Ayacucho. En· m:osíamiliaresdo$.llcrrdmeusassinadolk:staca,·a-:;eafigura~ suairml,SororVirainia,monja rranciscana.ONúncioApostólioo, Mons. Luiai Dossena. leu um.i mensagem de João Paulo 11, na qual o Pontífice rq,rovava energicamente •·a violtncia que atcntacontraapacificacomi,·ênciaeo:;emimcmodonobrepovoperuano".Oítretrofoicarregadoporseissacerdotesvesti-
16 - CATOLICISMO JANEIRO 1988
to de sua injlincia, sua ju\·entude, de sua fam11ia, de sua casu de campo na Bretanha". Nesse ambienre, porém, ''anre tão a/las responsabilidades, nenhum relaxamenro lhe parece admissível, nenhum esforço suficiente". Ademais, "rodo documen/0, toda informação que ,·alem a pena, devem ser-lhe remetidos ou submeridos sem perder um minuto, quer ele estejo ou não ocupado". Sua ação é eminenremenJe pessoal: "Nada é menos burocrdricoquesua existência de guerra . Jamaiselesejulgou dispensado do aro pessoal pelo en1•io de uma instrução ou de uma ordem escrila. É a homens que ele comanda, com eles faz quesrão de combina, seus empreendimenros. Procuro ter rom eles os mais freqüentes contaras". Ao conceber um plano ''ele vio rão vasramenteetiJolongequeerunecessdrio galopar firme paro segui-lo. Quando, pelo conrrdrio, (. .. ) às voltas com dificuldades de execução, considerava que nenhuma conlingência eru negligencid1•el, e le\·a1•a a1é o pormenor as in1·estiguçOO destinadas a evitar toda md execução ou qualquer esquecimen10". Assim, "na g,andezo do morechal Foch reconheci todas as simplicidades. Contudo, u mais emocionante pura este seu colaborador imediato foi a que consistiu em co,ifior-me ele o seu pensamenro no simples rraje de seu despertar (... ) O pensamento do General, mesmo quando não se havia oinda ,e. \•estidodeseutrqjedegola, linha sempre uma belew, e, da potência". E o Gen. Weygond conclui protesJando contra os que, em seu favor, procuram diminuir o pupel do General Foch; insurge-se com "indignação con1ro esta necessidade sádica de tender o diminuir 1udo quanto é grande". A. C.
dos com paramentos li1úr1ioos at( a Plau de Armas. De lá foi oonduzído.numpercunoq1edurouviriashoruporruasdacidade, ao crmitériocentral. Nahistóri1dos már1irnoontemporlnros, a fiaura do Pe. Acufladestaea·sedemodoparti• cular, poisemmeioatantospcrigos,ITTantou-secomdesassombropcranieaopiniãopúblicado paiscomopaladinodaciviliutão cristl,dandoseuapoioaomani· íestoda TFP peruana. Tornou· seusimmerCC'tdordceternagra-
tidãodestacn!idadc,dasdemais TFPs e anocilçócs coirmãs e autônomas existentes no mundo. bemcomodetodososverdadeiroscatóLicos,queincegramoCorpO M ÍMioo de Cristo. A Providência chamou-o a Si. Que do alto do Ciu, interCC'da ele por lodos aqueln que lutam na Terra em dcf(SadaSantalgrejaedacivili zaçãocristã,nosdiascomurbadoscmqucvivemos.
RamonLMn Nossocarrespond1>n 1e / F010$FernundoMontero
TFPsemacão . r '"' APf il"1 :·,~ ., VIDA DE L,,
A TFP uruguaia em defesa do trabalhador manual A SOCIEDADE Uruguaia de Defesa da Tradição, Família e Propriedade acaba de lançar a obra "Showmani:isia-sindical cscravizaopcrários,envenenarelai;õcsso• ciais. 'camiza' o pais -A TFP em defesa dooperáriohonesto,pacificoemajoritáriodoUruguai",deautoriadesuaComis-
são de Estudos. Atravésde240palpitantespáginaseba-
seadoemmaisde600documentos,oestudodiss~aomovimentosindicaluruguaio em sua doutrina e em seus métodos, bem comoem~sartificios,faniasias,suafor-
çaesuasdebilidades.Dtsmascaraafar~ dalutadeclas.sesnoUruguaiemostracomooopnárioéoaliadonaturaldopatrão
O Partido Comunista uruguaio (PCU) e o Movimento de Libertação Nacional (MLN-Tupamaros) aboletaram-se na ctiltral sindical - Plenário lnterdepanamentaldelrabalhadorc:s{PlnecentralNadonal de Trabalhadores (CNn - e a instrumentalizaram em fa\·Or do comunismo internacional. Mas S<Wt dos trabalhadores uruguaiosdãoumdesmentidoàautentiddadedo PIT-CNT. Asaída\·erdadeiraparaosproblemas do Uruguai éa união de todas as classes nabuscadaconcórdiasocia!.
Naprimeirapartedaobraressalta-sedc modo particular a ··praxis" marxista de doisanosdea!ividadcsindical.Nasegunda,ficapatcntcadia!éticamarxistacoÍttidanoProgramacna DedaraçãodePrindpios da CNT. Programa e dedaração·quc nosdãoafisionomiaprópriadaorganização sindical. Finalmente, na terceira, foçaliza-scanaturezadocomunismo,intrinsceamenteviolcnta, destruidora. oontrária aosinteresscsdotrabalhadorc de qualquer ser humano. O estudo da TFP uruguaia levanta as seguintes questões: Alguémdu1•idariadocarátcrmarxista da CNT, de seu encrelaçamcnto com a Frente Ampla, PCU, MLN-T? Ou de seu alinhamemocomosandinismo,ocascrismoeoomqualqucroutrorcgimeaogos10 doCrcmlin? Há no Uruguai quem não saiba que o oomunismoéoparoxismodoerroedaignomínia,nãoha,·endomalquede!enãosc possare<:ear1 E responde· todos o sabem ou o pressentem.
Noentanto,osquetêmrc:sponsabilidades na condução do Pfil5, eventualmente levados pela voragem dos as,untos contcmporâneos,nãov~mestesgrandesquadros dcconjuntoquelhespcrmitarnconsidcrar tal realidade. O pais ofidal vive neste aspecto um imenso "show" baseado cm trb grandes mentiras: o comunismo se condói oom o pobreequcrsolucionaramisériaeaexploração; os operários são marxistas, odeiam o patrào,desejam a lutadedasscs;osindicalismouruguaiorcpresentaos trabalhadorc:seélegitimamenteconduz.ido pela PIT-CNT. Arealidade,comoficaprovadonoestudodaTFPuruguaia,desmentedemodo gritantccnatripliccmcntira.Masopaís oficialatuacomoscfosscvcrdade. Occrtoéquc,scnâofosscpelarc:sistênciaoperáriaàsindicalização,oUruguai já estaria há tempo vl\'cndo numa Sindicacocracia-anarco-marxista. É necessário derrubar esse castelo de ::~~:~~~rtaleza da CNT a serviço do Emprimeiro lugar,fazen docomquco paísofidal conheçaopaisrealqucnàocrC nessasmcntirasenãoemcndccomopessoasdcresponsabi!idadc crêem ou proçedam como sc ndas acreditassem. Depois,exigirpelas viaslcgaisepacificasagarantiadosdireitosda maioriados trabalhadores não sindicalizada.Portanto, prmegC-!os - nãosócomofoin~sário nosécl,loXIXcontraoabusodealgumpatràoinescrupuloso-prindpa!mentecontraosinimigosdalei,aspatrulhassindicaisinstigadorasdoódiocdarcbclião;os pique1esdegrcvesqucllllpedcmaosquedescjam trabalhar, agredindo até mulheres idosas;protcçàocontraasegregaçãoeo "apartheid'"nouabalhopraticadospelos sindicalistas.OParlamentoeoEJ:e<:uli\"O uruguaioscondoem-secomasituaçãooperáriacomoeraapresentadanocomeçoda Revo!uçãolndustrialedeixaminermesos oprimidos do presente.
Ato do PIT.CNT. Diil nte di1s delegi1 Ções de trilbi1 lho1do res di1 Rú ssii1,C ub•, lu1oslhii1 eou trosp1 ises comunisto1s, o lider sindi c1 I Ricu do Ru d l~o pro11 o1 ma de refo1m1s:ts lo1tiuç.lodos ba ncos, Relo1nw Ag1.irio1, monopólio Hl1till do Co mércio hterior etc...
Aoprcssão,noUruguai,cstáhojedo Olltrolado,istoé,dapartedosindicato. Éa este que é necessário coibir. E êdelc que o trabalhador precisa ser defendido.
A Comissão de Estudos da TFP uru1uaia condui scu 1rabalho citando assábiaspalavrasdePioXll,numaRadiomensagemao"Katholikcntag"dcViena,del4 de setembro de 1952: "Se os sinais dos tempos não enganam, nascgundafascdasconcrovérsiassociais, emi;iucjáen1ra.mos,1!mpreced!ncia(com relaçãoàqucscãooperária,quedominou aprimeirafase)outrasqucstõescproblemas, Citemos aqui dois deles: "A superação da luca de dasses por umaredproçaeorgânicaordenaçãoentre ocmprcgadorcoempregado, poscoi;iue alutadeclassesnuncapoderáserumobjetivodafticasocialcatólica. Algrejasabe queé scmpre responsá,·el portodas as das.sesecategoriasdopovo. "Adcmaís,aproccçãodoindividuoe dafamilia,frenteàoorrcn1cqueameaça arrastaraumasocializ.açã0101al,emcujo fimsctomariapavorosarealidadeaimagem1erroriíicadolevia1ã.Algrcjatravará estalutaatfoeJCcremo,poisquesetrata aquide\·alorcssupremos:adignidadcdo homcmeasalvaçãodaalma". Assim, no ano em que se comemorou o71r.' ani\·ersáriodasapariçõcsde Nossa Senhora cm Fátima, a TFP uruguaia oferett11 ao público do pais vitinho seu es1udocomoumaprimeiracontribuiçãopara se caminhar na linha indicada pelo Pontificc.
CATOLICISMO FE VER EIRO 1988 - 17
•
Emcont.1todirttocomopúblico, oscoo• pu.1.dores di TFPcolhemrt' percussões, cufoleornlocosh1m.1M"rveicul;1dopl!lo1gr;1ndesmtiosdecomunic.1çãosod,1I
ABAIXO os leitores encontrarão uma amostragemintcressantedai;repcrcussões oolhidasporpropagandistasdaTf'Pcmseu contatodiretooomopúblico.nadivulga. ção da obra do Prof. Pli~io. Corréa de ~Jj. ,·eira"ProjciodcCons111u1çãoangusuao
País". Elasrcnctcmuma rcatfridadeda opinião pública não realçada e com fr~qüêriciasiknciadaporórgãosdecomumcaçãosocialemnossaPáuia. • ''Quando a TFPsaiáJruas, o tuSUn-
to i importantt m,smo t I trtwt'', efvmou con~icto um joi'tm ao str abordado na Nmpallha.
Flashes da atual campanha promovida pela TFP
• Um senhor, aosc aproximar umcoopcradorpara !hc 1·endcr a obra: ''Olha, sc
1·ocCSnãolutart1110Bruil1·aicairnoçomunismo. Vocêsprccisamperco=oBrasll,cidadeporcidadc, porqueachoquca situação~tãmuiroperigosa". • Em Santo Andri, um senhor dirigiuSt a um dos prof)(lgandistas da TFP pergun1ando-lht a prt(O da obra. Quando o cooperador comtÇou a lhe expor o ronrtúdado/frrotltobstrvou:"Nã-0,nem prttisoexp/icor.Eujdstidasrtpen:ussões qutl$Sllivrotemtido''. 'Umtsludan1tsm1ndúioabordouum COOptrsdor:"Eujíconheçooassuntodo livroc cstouqucrtndo sabcropreço,porqutaminhaprofes.sonrtt0mtndouaohfll onlcmnaaula".
º OpropagandistadaTFPabordouccrto pcdreiro, nojardimdeumacasa,que folheoucominteressc-olivrodo Prof.Plinio Corrêa de Oliveira. Comprou a obra e observou: "Acho qu e a TFP precisaria trabalhardurante500anosparare-;ol\"CT o probkma do B=il, pois apesar de ser um po\·oin1cligemc.prccisascrtrabalhado". • No /)(11"0 do Tatuapi, 1!11 capital paulista, um stnhor passou pelo campanha t afirmou: "Vocês tslào de {Xlrabbis, porque quem e.stá na ~·anguarda do anlicomumsmonoBrasilsàovocês". • Ao ser abordado, umimp~•·idf111c soudor da ,·ida r:1damo11: .. Nio. Não qutro sabcr dc nHa .E11qu1111o culcah1 a minha pnUI e o ear111,·al. HIÍ 111do btm". º Oi:erentcdeumaoficinamecãnica afirmou_qucjáhaviaadquiridoumCJ:cmplardo!i\'foquandosaiaparaoalmoço. Conhecia o padrão das obras da TFP. "Es1ou imprcssionado - dissc- clc - como o Dr.Pliniotratade~untotãodificílco fazdeumamanciratàosimplcs,ma.s1:lo culta". • Na Lapa, um senhor, numa loja de ferramenras, asseverou: "Eu o.rfeliciro. Comprtiolfrronasex1ajtirotes1ivtdebr11çodo sobre tlt durantt todo o fim-descmano. c:araordinârio. Exalenlt, txcrltntt. Continuemo campanha".
t
Elogiada na Assembléia Legislativa paulista obra da TFP O DEPUTADO estadu al Antonio E.rumoDiaspronunciou-scsobrcolivro"ProjttodcConstituiçãoangu5tia oPafs'',doProf.PlinioCorrêadcOli\"cira, nascss.ãododia 24dc no\·embro p.p.daA=ibl8.alegislativapau!ista. Transcrcvcmososprincipaiscxccrtosdaqutlcimponantcdiscurso,publicadonoDiárioOficialdoEstadode 10 de dezembro de 1987: "Sr. Presidente e Srs. Deputado!!, temosaquiemmãostdiçãoex1ra,patrocinada pela TFP, Tradição-Familia-Propriedade, de autoria do nossoi;aroamigoPlinioCorrladeOlivcira. S.Sa.abordao1ema: 'Umprojtto dcCons1ituiçãoangustiao Pais' e faz uma análise atrcmamcnte bem feita e complcxadctudoqucpoderiarepresentaropemamcntodanossatãotradicionalTFP.
18 - CATOLICISMO FEVEREIRO 1988
"S.Sa.cons!ituintequcfoinosprimeirosidos,quandomaléramosnascidos,comasuacxperiência,comoscu aprofundado e-,pirito humano-cristão fua1tapropostadccautclaaocolocáladentrodalci,scmtraumas. Dizomtinente pcmador católico que a nossa Constituintcpodcrianumprimcirotcmpo elaborar a instituição política do Pais, e, num segundo tempo, daqui a tr!s anos elaborar a parte social-econômica. "Aprincípio,licomcarinhoaaprofundadaanáliscdonossoi;aroamigo Plinio Correi de Oli\·cira. Até alcntam05 cm diz.er qut S. Exa. está muito bem imcncionado. "Meu caro Dr. Plínio. não acrtdito ne-;saConstituintcncmparacstcano, nemparadaquiatrêsanos. (... ) "Meucaroprofe-;sorPlinio,scalguémquisc-rconscnarcstaNação-e já demos uma solução !ógica, pngmátka e racional pcgue a. Constituição dc 1946 e a reformule. Pronto! Estamos conversados!( ... ) Dcsscmodo,ficarcgistradaaquia propostadomeucaroamigo, Dr. PlinioCorrêadcOliveira.Éumaproposta,hajavistaquenãoháninguémque tenha alguma. Pelomcnosqueadclc sirva".
'Dedtnlrodeumbarum scnhorcbamouocoopcndordaTFPcadquiriutris cxempl1rtss da obn, t explicou: .. , ,ou comprar cs1ts trtslinose darump1ncadaamiaoqutcstáalmoça11docomiio,por· q11oe st ,·oris nio faum 1110 contn o com11n lsmo, cs1c pais ,ai vinr 01111 sangurindaqlltlu". • Um homem desabafou: "Eu não,.,_ jomaisnoticiáriodepolitica,nãomcintc ressa.Euprcfirovcrfutcbol,porqueapolíticaéumtalcaosdenotícias,quecunão vejo mais". • ··comaatuolcristqutoBrasdi,sui passando - t:rist em todos os stlom eu sd me preocupurei daqui paro a frente rommeu rrabu/ho, romminho~. Não nll! interesso por mais nado, e, por isso não quero rompror a obro de voeis", afirmou um senhor dt aproximadamtnte 50 anos • Um snllor, ao compnr cinco li.-ros: "No Brasil, aalkom111ismo mesmo, s6 comvocfs".
• Um advogado: "Precisamos lutar contraotcmpoepromovcramáximadifusão deste livro. Fazer dele um catecismo!" Comprou 20cxemplares da obra
• ''Ndo, nàomeinteressoporesteassunto", afirmava um homem ao ser abordado. "Eu agora sou do centro, sou centrista t ocho que não devemos tomar nenhuma posição, nem de um lado nem do ou1ro. Temos que ficor no meio. Eu não quero envofrer-menestesassuntos" .
Oratórios à Virgem de
Fátima
• Um homt m dt dasse midia afirma-
.-a: " 0 qut t u admito mu ito é a congtm q11t 1·oris tt mdr sair b ru1s, dtrn frrntar o pUblico.E dri,ois, j o1·t nsco1no•·ocksabndo 1rau""n llr", • Um oftalmoloa:ista, de 40 anos: "Aoompanhootrabalhodc,·01,:êsces1ou dcaoordo,apcsardeserccntrista.Tudocstáerrado nestePa!s. É uma palhaçada".
• Um comerciante do Shopping Center lgua1emi, em São Paulo, ao atender uma dupla de propagandistas: "TFP? Conheço bem. la com freqüência rezar no Oratórioquevocê.stêmnaruaMartimFrancisco. A tal ponto fiquei ronhecido lá que chegaram o dar-me uma estampa de Nossa Senhora". Comprou5 /ivros. • u mastnhoraou,·i u com 11eoçioauplicaçio,1íirm1ndotm 5t1uid1:' "Eu1cbo quelod os dtvtria mter pacllncladtou,J r is.so, porque rea lme nte Helarect. É uma proi,os11q ue dtHstrfei11e que 1odos de"'ri1m ou,·ir. VO<fsrstio de pan.Wos".
A TFPl u~ erg\l eu dur;, nteo ,inoq u;,lroor•lórios - ;,o Norte,S ul , l estee Oeste dop ;,ís - co m ;,lotogr;,li;,d;i lm;,gem Pereg ri n;, de Nou;i Senhor;i de f litim;,
LISBOA - O Centro Cultural Reoonquista não poderia ficar alheio àsoomemoraçõesdoY.ani\"ersárioda$apariç6es de Nossa Senhora cm Fátima, querpctoqueaMensagemdaSSma. VirgemsignificaparaPortugal,querpcloqueela signifkapara omundo. Com efeito, Fátima desvenda aos olhosdequemqucrvcrumimcnsopanorama. Nele, o Céu e a Terra se fun dem, edivisam-seosrumosda Históriadonossoséculocomojá fraçados. Comoobjetivodemarcarapassagemdeum aniversário tão significati\'o,aTFPlusa,aolongodoano,ergueu emPor1uga! -aoNorte,Sul,Les1ee Ocste-quatrooratórioscom afotograíia da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima. Na pane inferior da mesmapodeler-seoapelodaMãe dc Dcusaostrêspastorinhos, feito em 13 deMaiodel917:"Quereisofereccr-vos aDeusparasuponartodosossofrimcn1osqueElequiserenviar-vos,cma1odc reparaçãopclospccadosoomqucElcé oícndido,edesúplicapclacon,·ers!o dospecadores1"
A partir de uma lenda, uma peça teatral SÃO PAULO - Corresponde11tes esimpatizantesdaTFP,residenmnos mais dil'ersos bairros desta capital, reu nem-semensalmentenaSedeNossa ScnhoradeJasnaGora,loçalizadaem ltaquera EmreasatividadesdeformaçãocuJ. tura!eentretenimentoparaascrianças, destaca,seaapresentaçãodepcquenas peçasteatrais,sobaorientaçãodeprofe$50rasemãesdefamilias. No Ultimo Natal, o ponto alto da festadeooníraternizaçãorealizadanaquelaSedtfoiaapresen1ação,acargo de alguns correspondentes da TFP e 'seusfilhos,deumapeçainspiradano como infantil Francês "O Menino do Tambor",deautoriadeFrancis&agli, cujatradução"Caiolicismo"publioou, aduzindooomemáriosdaredação,em sua edição de dezembro de 1985 {n! 420). Oreferidocontonarraahistóriade ummeninopobre,mascomvivosenso
domara,i\hoso,quem.idiacomseupai numoasis.Nele,os ReisMagos,acaminhodeBctém,descamaramedcs'!,Cdentaramseusanimais.Acriança.que· rendo homenag~r com 5eU tamborzi. nhooDivinolnfantegueacabarade nascer, e oonsidado por outros dois meninos - um delcs prútciJX hindu - pa5sou a fazer pane daquela insigne comitfra. Nafoto,ospersonagens,aJ)Ó$sua chegadaaoPresépio.jumoàimagem doMeninoJcsusapresentadoà'"eneraçãodo público presente.
CATOLICISMO FEVE REI RO 1988 - 19
Esses robustos caçadoru tiro lu u - os 'schütun ' - ma ntil m viva a memó ri a e a coragem de se u$ maiore5, que, e m 1809, enfrtntara m a5 0o pa5 dt Nap0 ldo
A epopéia admirável dos fuzíleiros do Tirol QuEM
NÂO OUVIU folar do valoroso e poé1ico Tirol, 1erra privilegiada incrustada nos Alpes, que abrange o sudMSte do Aus1rio e o norte da /tdlia? As escarpas abruptas de suas altas montanhas co,ifmm à rrgh7o uma nota de J)«Uliar grandrv:,. Os habitantes, dedicados sobre,udo aos afazeres da vida pastoril, modelaram seu cordter de acordo com multissecular trodiçào de fé e lealdade. Sua vldo t cheio de contrastes harmónicos: habituados o vencer o desafio das grandes altitudes e de um clima rigoroso e a gozar da amenidade dosvales,ostiroleses,nolar, cultivam um ambiente acolhedor, tranqüilo e aprazível, bem diferente da correria e das febricitaçDes das megalópolis modernas, Nas almas dos tiroleses convivem o catdlico fervoroso, o lavrador, o guerreiro, o hdbil caçador das regi6es selvagens e até o homem tranqüilo e ,e. flexivo, habituado às· solidlJes das grandes montanhas. Cada povoado do Tirol, muitas vezes localizado num vale à ~ira de um rio ou de um lago, outras vnes, entretanto, situado ousadamente no alto da cordilheira, en~rra um conjunto de 1radiç6es, de costumes e de trajes próprios. Dtntre eles, queremos destacar aqui a Companhia dos Fuzileiros, os famosos "Schütt.en" do 7irof, cilebres por seu passado de fidelidade e de gldrio.
Nilo se trata de uma milícia regular, mas de simples caçadores que perpetuam a lembrança de seus anlepassados, homens de/é, leaisàsuaPd1ria e ent,gicos batalhadores quando ascircun.stúncias lhes erigiram o herolsmo. Nossa clichê apnsenta um grupo de "Schützen" da aldeia de Sankt Veit, situada nas proximidades de Innsbruck, no Oeste auslrfaco. Elegíincia e singeleu, harmoniz.amse no traje ao mesmo tempo sério, alegre e varonil desses saudáveis montanheses. O blusão cinw com gola e debrum vermelhos, típico dos caçadores do Tirol, cobre o conjunto de jaqueta e calção negros, que contrastam com a alvura das longas meias. Nos cintos de couro, lêem-se inscriç6es que identificam a Companhia de Fuzileiros de Sankt Veil. O chapéu de abas largas, encimado por piloresca plumagem branca, completa o uniforme dos tiroleses.
Esses despretensiosos caçadores, com sua indumentária original, mantêm viva a memória e a coragem de seus maiores, que, em 1809, e,ifrentaram com galhardia o então mais pc>deroso exército da terra: as tropas de Napoleão. Em conseqüência do despotismo napoleónico, que não respeitava os sadios regionalismos, o Tirol fora cedido à Bavi,:ra pelo 1ratado de Presbourg. O povo, afeiçoado à Casa lm-
perial dos Habsburgos, que hd séculos governava a Áustria, desagradou-se profundamente com o arbitrária mudança. Porém, feriu ainda mais o coração dos tiroleses o violência sacn1ega com etida pelos novos governantes contra a igreja. O clero católico que permantciafiel foi perseguido. Bispos/oram expu/sos de suus dioceses, conventos e esco/asforamftchados. A subleva(do era iminente. N essas circunstóncias, Napoleão ordenou a ocupaç4o do Tirol por um poderoso exército de cincoenta milhomens, comandados pelo Marechal Lé-febvre. Este contaria também com o apoio das tropas bávaras do Conde Arco. A intençào de Napoleão era submeter a indomável populaç4o montanhesa e dividir o país em três comarcas distintas. Face aos invasores, o Tirol sublevori-se. Liderados por A ndreas Ho/er, simples hospedeiro, que mais tardesetornariacélebrepelasvitdrias a/cançadas,homens, mufheresecrianças acorreram em defesa da Re/igido, da Pátria e da dinastia austr(aca. A marcha das hostes /ranco-Mvaras viu-se bruscamente interrompido. As pontes tinham sido destruídas, os caminhos pelos sinuosos desfiladeiros foram obstruídos com troncos de drvores. Do alto das montanhas, de dentro da impene1rdvef floresta alpina partia um fogo mort(fero de invisível inimigo. Os ' 'Schütt.tn" tiroleses estavam em ação . À esquerda e à direita tombavam os soldados do exército napoleónico. Apds encarniçados combates, os hdbeis atiradores alcançaram insignes vitórias em Oberou, Mittewald e Sterzing. Uma importante batalha deu-se a /J de agosto de 1809, no monte /sei, onde os invasores/oram desbaratados. O marechal L(febvre viu-se obrigado a retirar-se da região, numa Jugo apressada e caótica. As peças de artilharia, para n4o retardar o passo dos fugitivos, foram lançadas no rio lnn. A arrogóncia napolel!nica, vencedora no Tejo, no Reno e no Danúbio, nesta ocasiilo afogou-se nas dguas de um riotirolb ... Na manh4 seguinte à última batalha, Hofer reuniu os combatentes no alto do monte /sei. Dt joelhos e com o Rosdrio nas milosdeu graças ao Altíssimo e à Mãe de Deus pela esplêndida vitória. A resistência dos "Schütun", conlro toda a expectativa, durara oito meses e fora vitoriosa. Novas tropas enviadas por Napoleão, e o desânimo causado pela efetivaçilo da pat. imposta pela França à Áustria, acabaram por subjugar os heróicos tiroleses. Andreas Hofer foi fuzilado. Porém, a epopéia tirolesa ficou como um marco glorioso e indelével na história da Contra-Revoluçào.
o Seção livre
Nº 447 - Março de 1988 -
Ano XXXVIII
Para os proprietários, flagrante injustiça I)ª o trabalhador rural, · . lave· _ção
A Reforma
Favelização do
Agráriano Pontaldo
A REFORMA A
"CATOLICISMO" divulga hoje, em seção livre, matéria de autoria dos Srs. Benedito Carlos Mano, Elzio Júlio S. T. Andrade, José Mário Freire Lemos, Paulo Fernando Jacintho Lemos, Plinio Junqueira Junior, Roberto Gargione Junqueira e Sra. fone Gargione Junqueira Binford, proprietários rurais na região do Pontal do Paranapanemo, desapropriados pelo governo do Estado de São Paulo, em 1984. A respeito desse assunto, cumpre-nos tão-só ponderar que a situação descrita nesse documento por pessoas diretamente ligadas aos eventos nele relatados - pois foram atingidas pelo ato desapropriatório apresenta um panorama que coincide em vários aspectos com fatos e situações mencionados em obras editadas pela Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Fam11ia e Propriedade - TFP, e largamente noticiados e comentados por esta revista, tendo sido algumas das referidas obras nela reproduzidas no todo ou em parte. São tais obras: * "A propriedade privada e a Uvre fnfciatlrn. no tufão agro-reformista ", Plinio Corrêa de O/freira e Carlos Patrício dei Campo, Editora Vera Cruz, julho de 1985. . * "No Brasil: a Reforma Agrária leva a miséria ao campo e à cidade", Plinio Corrêa de Oliveira, Editora Vera Cruz, outubro de /986. * "Reforma Agrária: 'terra prometida', favelil rural ou 'kolkhozes'J -Mistério que a TFPdesvenda",.Atilio GuilhermeFaoro, Editora Vera Cruz, agosto de 1987. * "Projeto de Constituição angustia o País", Plinio Corrêa de Oliveira, Editora Vera Cruz, outubro de 1987. "Catolicismo" tratou dessas matérias nas seguintes edições: n?s 4151416, julho/agosto de 1985; n?s 4311431, noi•embrol dezembro de 1986; n ? 441, setembro de 1987; n? 443, novembro de 1987; Edição Extra (lançada em outubro de 1987, cóntendo a obra "Projeto de Constituição angustia o Pafs"). A Redação
ÁREA DENOMINADA Pontal do Paranapanema localiza-senoextrcmo oeste do Estado de São Paulo, no limite com o Mato Grosso do Sul e o Paraná e naconfluênciadedoisimportantes rios: o Paraná e o Paranapanema. Seu principal município é Teodoro Sampaio. Tidos como terras devolutas até 1950, seus2,5 mi!hõcsdehectares-consticuidosdeso. lo arenoso e seco próprio para a pecuáriaeculturasperenes - foramocupados por desbravadores que ali introduziram fazendas de criação. O Pontal se tornou assimumadasregiõesmaisprósperasde SàoPau!o.
Invasão meticulosamente preparada No simpósio "Semana de Estudos sobre Assentamentos Agropecuários", realizado em setembro de 1983 no Parque Fernando Costa, na capital paulista, foi dadooimpulsoinieialàReformaAgrária que o Governo do Estado de Sào Paulo viria mais tarde a realizar no Pontal do Paranapanema. Coordenou os trabalhos José Eli Veiga, um dos mentores e cxecucores da frustrada Reforma Agrária em Portugal, posteriormente içado à Supcrin· tendência do INCRA em São Paulo. Além da participação no evento de oito órgàosoficiaisdosGovernosfederalees." tadual, esteve também presente o bem conhecido organismo de esquerda católica, a Comissão Pastoral da Terra - CPT. Segundo notícia de imprensa, "tudo isto já era porte de um esquema de invasões de terras particulares que acabariam À beiradaRodoviaSP613,queliga TeodoroSampaioaRosana,cercadeJOOlamilias espeiamaho ra deobterdohtadoaeessoa terras da Reforma Agrária.ASABESP,e ntre outrosórgãos,sustenta oacampamento,for. ne cendo água.
trabalhador rural:
ACRÁRIA NO PONTAL
eclodindo 110 mês de novembro. (... ) Do simpósio em São Paulo, os entendimentos a respeito do plano ~ estenderam à regido escolhida, com reuniôes nos safões
dos igrejas e nas casas de pof(ticos" (''O Estado de S. Paulo" , 28-6-87). O plano nào demorou cm passar da teoria à prática. Segundo inquérito da Delegacia de Polícia de Teodoro Sampaio, as invasões ali ocorridas foram meticulosamente preparadas. Um dos 36 depoentes nesse inquérito, Adão Borges Pinheiro, declarou ter participado de reuniões nas quais se "comu-
nicava e se convocava aos presentes para invadir umas ferras no dia JS de novembro daquele ano, cujas terras seriam invadidas na Gfebo Tucano e Fazenda Ro-
santla'' (Dc::legacia de Teodoro Sampaio, Assentada de 7+84, n. 2S). O mesmo inqufrito apurou também que dirigiam :u reuniões, entre outros, Gerson Caminhoto, presidente do PMDB de Teodoro Sampaio, e Sidney de Paula, comerciante na mesma cidade. As reuniões sigilosas liveram como desícchoaocupaçãodasíazendasRosanela e Tucano, no amanhecer do dia IS
tle novembro de 1983, por centenas de homens seguindo o esquema traçado. Nessa operação, nada faltou aos invasores: mobilizando SOveículos, chegaram equipados com "sof1Sticados aparelhos de intercomunicação a pifha, providos de antenas de médio alcance, comunicando-se também por rádiotransmilsor com J}l!ssoas de fora, dentre as quais o Padre Vigário da Pardquia de Teodoro Sampaio, Vereadores e até mesmo Deputadas &taduais que estariam ligados ao extinto P. C. doB''(Petiçãolnicial da açãodeManutençãode Posse, registrada no Cartório da Comarca de Teodoro Sampaio, sob n~ 683 / 83, livro n~ OI, às Os. 45). Essas invasões íaziam parle de um plano especial para forçar o Governo do Estado a iniciar um processo de desapropriação de terras na região. Quando chegou a ordem judicial de despejo dos invasores, estes já a esperavam. E, também em obediencia ao acertado nas reuniões, mudaram-se para as margens da Rodovia SP-613, que liga Teodoro Sampaio a Rosana. A beirado asfalto,osinvasores despejadosreceberarnvisitasdcapoiodesecretários do Governo, lideres pccmedebistas, deputados deste partido e padres da Comissão Pastoral da Terra. Um vespertino paulistano informou que o apoio assim dado às famílias visa-
va garantir que elas "não desistissem da idéiadeconseguirterras"e, para tanto, o "Governo [do Estado de São Paulo] mandou afimentd-las, enviando-lhes toneladas de glneros" ("Jornal da Tarde", São Paulo, 3-11-86). Alimentos e agasalhos chegaram da Coordenadoria da Deíesa Civil. A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - SABESP forneceu água. E o Departamento de Estradas de Rodagem - DER, surpreendentemente, parecendo ignorar o perigo de vida que representava o acampamento à beira do asfalto, permitiu que mais de trb mil pesso~ se instalassem entre os quilômetros 23 e 29 da SP-613. A complacencia das autoridades rodoviárias deu ensejo a que ocorressem, pelo menos, duas mortes: uma mulherdeSOanoseuma menina de 12 anos íoram atropeladas (cír. "O Estado de São Paulo'', 28-6-87). O principal apoio, porém, veio de organismos religiosos. Uma Comissão da Arquidiocese de São Paulo e da Comis-
NOSSA CAPA
,1qr.- .,.,.ma inlula-
•
noA~NCleNXVde
Nofflllbro,Ollbor.lflorftcenlflfai:en, du, oo Pont.ldo , . , , . ~ (fo. 1otWtlliamC1111).
(A TOLICISMO MARÇO 1983 -
3
a&rlcola que o projeto de Reforma Agrária paulista visa implantar. Bruno Luiz Leonard[, ex-delegado agrfcoladcPresidcnteVcnceslauevereador local, "duvida que a Reforma Agrú-
ria numa regiâo desolo arenoso eseco como o Pontal alcance sucesso. No caso atual, (... ) Leonardi entende o plano como político, nada mais, e desafia a quem desejar pro1·ar que alguém/irou rico cultivando agricultura no lugar"(''O Es1ado de S. Paulo", 6-4-86). Já em 1982, um estudo da CATI Coordenadoria de Assistfocia Técnica Integral, órgão da Divisão Regional Agrícola de Presidente Prudente, apontava umasériededificuldadesquantoaoaproveitamento de terras tipicas daquela região, mencionando entre elas o solo arenoso, muito sujeito à erosão, com mode· rado grau de Fertilidade e a necessidade de in,·es1imentosem fertilizantes.
Desapropriação
são Pas!Oral da Terra, além de Centros de Defesa dos Direitos Humanos de to· das as regiões de São Paulo "foram le-
fulmina empresas rurais altamente
varo apoio e solidariedade aos favradora" (cfr. "O São Paulo", 20a26-7-S4). Na mesma noticia, o órgão oficioso da Arquidiocese paulopolitana informa que, na ocasião, foi realizado "um oto de solidoriedode", o qual contou com "o participaçdo dos padres José Domingos Braguetto, da CPT, Luís Fernando Lisboa, de Osasco (SP), e Antonio Arnaldo Gomes, da Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes, em Rosana (SP)". Durante a visita, o Pc. Bragucuo declarou aos acampados que eles, "com sua gorra e cora-
gem, estào fai:.endo realmente reforma agrdria nopaís"(ibidem). Tudo correra conforme o planejado. Estavacriadooconílitoagrário. Faltava o decreto de desapropriação do Governo do Estado, que foi publicado no dia 23 de março de 1984, sob número 22.034.
Expropriação ilegal, onerosa e anti econômica A intenção do Governo paulista foi confessadamenteadeimp\amarnaárea um proje10 de Reforma Agrária. Para isso teria de exorbi1ar de suas atribuiçOO, uma vez que os Estados não têm p()dm:1 legaisparadesapropriarporinteressesocial, para fins de Reforma Agrária, o que é matéria de competência exclusiva da União, conforme dispõe o Decreto-lei n~ 554/69. Numa verdadeira aventura na ilegalidade, o Executivo paulis1a lentou mascarar cm vão sua "Reforma Agrária", recorrendo aos poderes concedidos pelo Decreto-Federal n':' 3365/41, que dispõe sobre desapropriações por utilidade pública. O açodamento do procnso expropriatório, além de usurpar atribuições legais reservadas ao E:itecutivo Federal, caracterizou-se também pela imprevidência. Com efeito, as indenizações de imó-
4 - CATOLICISMO MARÇO 19113
produtivas
Uma d.ts inúm er.ts be nfeitorias dest ruíd.ts nas faund.ts dn.tpropriad.ts: bebedouros de moderna coneepç.io austr.tli.tna ~o escapar.tmdov.tmb lismodose1 eculoresd.tRefo,. ma Agriiri.t paulisl.t
veis desapropriados Por utilidade pública têm de ser feitas mediante pagamento dopreçojusto,prévioecmdinheiro. Em conseqüência, o Estado de São Paulo deverá desembolsar quantias das mais vultosas, de queos cofres públicosatualmente não dispõem, como reconhecem as próprias autoridades respansáveis. Paraseteridéiadoahocustoquerepresentará o investimemo governamental nesta Reforma Agrária do Pontal do Paranapancma, o montante das indenizações, em valores atualizados, somaria Cd 1.475.000.000,00. Passados quase quatro anosdae:itpropriação,osía.zendeirosainda não foram indenizados. O processo com recursoaguardajulgamentonoSupremo Tribunal Federal, há mais de dois anos. Caso o Governo do Estado de São Paulo não disponha de recursos suficientes para pagar a dívida referente aos 19 proprietários desapropriados, pesa sobre estes a ameaça de a desapropriação tornar-se verdadeiro confisco.
Erros técnicos O decreto governamental sofreu severas críticas de experimentados agrônomos da região, que nele apontam imperdoável falha técnica: as terras desapropriadas não são adequadas para a exploração
Atémdccarregarconsigoasanomalias legais, financeiras e técnicas já referidas, o decreto expropriatário cometeu o absurdo de fulminar 19 empresas rurais, cadastradas como tal pelo INCRA INTER, com elevados índices de produtividade e rendimento, que têm como atividade principal a pecuária de cria. recria e engorda. A área desapropriada de 15.IIOhectares abrangeu parcialmente terras das Fazendas Santa Paula 1, Santa Paula li, ltaporã 1. Itaporã 11, ltaporã 111, Bonanza, Porto Maria, Santa Marina, Água do Peão, Santa Ri1a do Pon1al, Junqueira li, Santa Amália, Guaná, Guaná-Mirim, Santa Rita, Santa Rosa I, Santa Rosa 11, Nova Esperança e Santa Terezinha. Somente nesta área, os 19 proprietários criavam e punham no mercado, anualmente, l8.700cabeçasdegado. Es· te rebanho era suficiente para abastecer cerca de 300 mil pessoas, tomando como base o consumo médio anual de 17 qui los por pessoa. Ou seja, alimemar a cidade de Presidente Prudente, com 200 mil habitantes, durante um ano e meio. Um exemplo. Considerada modelo de e:itploraçãoagropecuária,aFazendaSanta Marina recebeu, cm 1983, o troíéu Heitor Graça como a melhor empresa rural de toda a lO~ Região Administrativa de São Paulo. Possuía 86 pas1os, 80'11 dos quais adubados, 33 açudes, 23 bebedouros artificiais tipo australiano, 3 reservatórios com capacidade para 700 mil litros de água, um poço semi-artesiano e duas rodas dágua que alimentam as aguadas artificiais para o gado, um curral de inseminação com escritório e laboratório, 87kmdecercasimemascextemas,37km dees1radasinternas, 11,Skmderedeeléuica própria. computador, rádio de co-
O assentamen10 das famílias foi realiiado oom distribuição de lotes de 7 alqueires (17 hectares) em média, sem no en1anto0Estadoconeeder1itulosdepropriedade, mas simplesmenteautorizações para lavrar a ierra . Aproximadamente 420 famftias, que originariamente estavam acampadas nas margens da Rodovia SP-613, foram contempladas com lotes na área. O vicio da superficialidade esteve presente na seleção dos benefieiârios que receberam parecias, uma vez que, segundo denúncias, "uns chegaram sem dMJmen-
tos; outros, deixando para trds os fichas policiais. O governo não fe1. perguntas: mandou apenas dizer que n4o esmorecessem. pois iriaajudá--fos"("Jomal da Tarde", São Paulo, 3-11-86).
Falsos "sem-terra" AReformaAgr.í1iacomeçapo1de!lrui1:na FuendaSantaMarilll,,ogadodoantigoproprietiirio apueceu envenenado
municação,escritório, veiculos,tratores, máquinas de fenação e demais equipa. mentos para exploração agropecuária. Além da casa-sede, possuía lS casas de empregados,esooladeprimeirograu,oficina completa, tulha e depósito para cereais, haras registrado na Associação BrasileiradeCriadoresdeQuartodeMilha -ABQM, currais, balança para 20 bois, pista de pouso e um campo experimemal de gramíneas e leguminosas financiado pelo BIRD.
AReforma Agrária começa por destruir... Todas as benfeitorias da Fazenda Santa Marina, entre outras, foram destruidas por empregados contratados pelos organismos do Governo de São Paulo incumbidos de implantar o assentamento de Reforma Agrária denominado "Projeto de Valoriução Fundiária", respectivamente a Companhia Energética do Estado de São Paulo - CESP, o Instituto de Assuntos Fundiários - IAF e a $ec;retaria da Agricultura. Os atropelos do Decreto 22034/84 do governopaulistanãoselimitaram a golpear empresas rurais. Não poupou ele sequer as reservas florestais. Por exemplo, na Fazenda Santa Rita do Pontal, 980 hectaresdereservaflorestalforamdesapropriados, e pane da reserva derrubada para dar lugar a áreas de plantio.
Além da CESP, cinco 5'cretuiu de Estado coliboramna R,fo,maAgràriadoPontal,a qu1lciminhapara!M'lornumaisumprojetoasro-relormista fracanado
Entre os assentados: proprietários, comerciantes... e criminosos!
Entreosglebeirosassentados,nemtodos eram "sem-terra". Comerciantes, proprietários urbanos e rurais foram beneficiados. Sidney de Paula, um dos líderes das invasões, possuía em Teodoro Sampaio o estabelecimento comercial '' A Palhoça", (cfr. ecrtidãode6-12-83 incorporada aos autos da ação de manutenção de posse da Fazenda Ponte Branca, na Delegacia de Teodoro Sampaio) e respondia a processo de excçução fiscal por df-
Em homenagem à invasão das Fazendas Tucano e Ros.anela, a IS de novembro de 1983, o plano de Reforma Agrária no Pontal do Paranapanema adotou o nome de "Projeto de Valorização do Pontal - Gleba XV de Novembro". Nas placasinstaladasnoslimii&sdaáreaaparecemasSecretariasestaduaisenvolvidas: Assuntos Fundiários, Agricultura e Abastecimento, Justiça, Promoção Social, Educação e Saúde. A CESP, que está construindo barragens para usinas hidrelétricas na região, foiineumbidadeforneceraestruturade apoio ao projeto. As famílias foram assentadas por convênio firmado entre o IAF e a CESP. Também a Companhia Agrícola Imobiliária e Coloniudora CAIC, até há pouco pertencente à $ec;retaria da Agricultura, deslocou uma frota de60máquinasdeesteiraeveiculosafim de rasgar estradas e manter a conservação do solo.
Pf"oJeto de Valori1.11cao lffgional do Pontal Gleba XV de Novembro Area 13 310 ha Etploracao Agrícola
vidas contraídas quando era proprietário de uma loja de eletro-domtstlcos em Loanda, Paraná (cfr. Reaistro Geral de Feitos do Canório da Comarca de Teodoro Sampaio, livro OI, íl. 82, registro n~ 398/84). Favorecido com área maior de terra do que outros assentados (recebeu 24hcctarcs, quando a parcelamédiaoscilaentrel5e 18),oinvasor-assentadoficou amplamente conhecido da imprensa, 11uando foi presoeacusadodesertraficante de maconha dentro da Gleba. Na ~a,SidneydePaulaerapresidenteda Associação Agrícola XV de Novembro, entidade representativa dos assentados. Asdenúnciassobreacxistênciadeantcccdentcscriminaisenueoscontcmplado~m lotes na Gleba XV foram reconhecidas como procedentes em cerca de 20 casos, conforme noticia publicada no "Imparcial", de Presidente Prudente, edição de 19-7-84. Representantes dos assentados tentaram minimizar os números, masJoaquimSilveira,queceveseuneto assassinado em setembro de 1984 por dois assentados com ficha policial em Limeira, e a neta de 11 anos, estuprada, garante: ''/s10 aqui esconde marginais de toda a parte"("Jomal da Tarde", São Paulo, 3-11-86). Outrosfa\sos"sem-1erra"foramcncon1rados na Gleba XV, como se pode constatar, por exemplo, cm pesquisas feitas junto ao Canório de Reaistro de Imóveis da Comarca de Mirante do Paranapanema. O assentado Francisco José Santana é proprietário de um lo1e rural de 14,5 hectares no município do Mirante do Paranapanema. Marie1a da Rocha Silva possui uma área rural no Distrito de Rosana, com 24 hectares, além de outro imóvel rural de 80 hectares, também em Rosana. Carmosa Mendonça dos Santos, JoséMigucldeCastroAndradeeSebastião Furlan são proprietários em Teodoro Sampaio. Segundo os autores do projeto governamen1al, a Gleba XV deveria albergar pouco mais de 400 famílias. De fato, pas-
sados três anos, muitos "venderam" seus direitos, outros abandonaram simplesmente os JotC5, e o número real de famílias que se encontra dentro da área ainda não foi apurado. Osvaldo Ribeiro, Secretáric> dos Assuntos Fundiários, depois de visitar a Gleba no dia l ~ de setembro de
1981, ''verificou que o número defam,~ local superava o mi merode lotes em qu~ duas ve.;es: (... ) cerlias instaladas no
ca de 8(J()jami1ius" ("0 Imparcial", Presidente Prudente, 2-9-87).
Denúncias contra
a CAIC e a CESP
desmoralizam empreendimento
A desmoralização do Projeto da Gleba XV ganhou publicidade quando o Governopaulistaanunciou,nofinaldoano passado, a liquidação da CAIC (Companhia Agrícola Imobiliária e Colonizado· ra),quedesapareciajustamenteapósuma onda de acusações à CESP, por desvios de recursos e corrupção administrativa no trabalho executado na Gleba XV. Acumularam-se as denúncias: a CESP havia contratado com a CAIC 206 milhoras de máquinas, para preparar cerca de ISmilhectarC5dctcrrasdcpastagem.Essa mesma quantidade de horas de máquina seria suficiente para desbravar 35 mil hcctaresdeterrasbrutasdecerrado. Depois de tudo, entretanto, a CAIC se apresentava falida e o Governo do Es1ado anunciou a sua liquidação. A CESP foi acusada também de outras irregularidades: duplicidade de trabalho,desaparecimentodebenfeitoriase de aado das fazendas desapropriadas, desviodctorasedernadeiradecercas. Só naárcadesapropriadadaFazendaSanta Marina,801/tdasterrasforamgradeadas cinco \'ezes. A anarquia chegou a ponto de determinada máquina desfazer à tarde o que outra havia feito pela manhã. O e:ic-secretário de Assuntos Fundiários, Miguel Kozma, que era vicepresidente da CESP no início da ocupação da Gleba XV , tentando defender-se dasacusações,acaboureconhecendoque
"havia dois projews (um da Secretaria da Agricultura e outro da CESP), e nós optamos {)4'/o nosso (CESP)". A guisa de explicação, de afinna que "a crise na Gleba XV ta crise do País" ("O Estado de S. Paulo", 16-6-87).
corrupção na coordenadoria, violência brutal contra descontentes ACo mp.1nhi.1EnergêUc• doht.1dodeSào P.1ulo - CESP pôs à dispoti~fo seus recursos .1dminist1.1tivos e m.1teri.1is p,1r.1 i11poi,r oprojttode Reform.1Agr.í1i.1 deinici.1tiv.1 d0Encutivop.1uli$t.1
1
6 - CATOllCISMO MARÇO 1988
Odesgovc1non.1conduçlodoprojetopropiciou que um gr.1nde niimero de bmiliu invuor.1s ocupisse ,1 ire" à rev,li.1 d.1 .1dministr.1çJo.N.1foto, um,1 d,1sf.1míliu - são cerudt400-queM!inst.1louniGleb.1nes1, condiçlo.
A dumo1.1liuçlio do Projeto d.1 Gltb.1 XV g,1nhoupublicid.1denofinaldt1987, qu.1ndo se uumuh1r.1m denimd.11i de eorrupçlio administr.1tivanaCESP,enc.1rreg.,dadeimpl,1nt,110.1ssent.1mento. N,1 foto,.1seded.1 .1dministr,1çiod0Projeto,inst,1l,1dino~ritório d, CESP, em Prim,wer• (S P~
Raquel Malanzuch, beneficiada com umloteequeexerceforteliderançajuntoàsfamíliasassentadas,v!nocmprcendimentogovernamentalmuitacoisaerrada: "A corrupção do próprio coordena-
dor do Estado. Era tamaroisaerroda! Só não consegui descobrir o que ele não Ja'âa!", disse, referindo-se ao último coordenador do projeto, Raimundo Pires. Como exemplo, aponta: "O Governo man-
dava uma verba do Finsocial, eles escondiam e amarravam três, quatro, cinco meses e esse dinheiro rendia para eles. De ouO clima de insatisfação reinante na rra vez, eles diziam: ~-ocls não vão receGleba XV explica o fato de desfiarem os ber nada, parque o dinheirojd vo/10u, esassentadossuasqueUascontraaadminis- gotou o prazo. Como é que venceu o prazo e nds não tivemos comunícaç6o?" (detração do projeto.
•
poimcnto gravado em fita magm!tica cm nheceu morto com a cabeço rachada no nosso poder). O assentado João Gonçal- mtio do mamona/. Era o 'Passoca'. Ele
ves, falando do dinheiro, diz que "o di- tomh'm pensava de uma maneira diferennheiro é seguro para ganhar juro. Niio posso fola r o noml! de ninguém, mas é o pessoal todo que mida a(. Jd passaram quatro dirigentes por aqui, e sofram todos ricos. Entrou um la/ de 'Bombril'
(cognome de Roimundo Pires, re-cémexonerodo do cargo) que acabou com tu-
te" (depoimento gravado cm fila magnética cm nosso poder).
Assentamento: "favela rural"
do e saiu rico. E agora en.trou uma turma nova que estd acabando com a resw. A Reforma Agrária apresenta-se coE n6s que precisamos de ajuda, ele não mo meio de elevação social das famílias ajudam em nada" (depoimento idem). beneficiadas. Na Gleba XV, a grande Rafael Borges de Assis, glcbeiro vin- maioria delas vive, en tretanto, cm condido da Bahia, diz que não recebeu ajuda çõcs precaríssimas de higiene, habitação financeira, embora a verba ''tenhasa(do esalubridade,quevcrdadeiramen!Ccarachd uns seis meses''. E acusa: "A comis- tcrizam uma "favela rural". A falta de são estáfaundo vagabundagem conosco. águafiltradaedefossasépticadáoca.sião Ela vai com nosso nome e pega o dinhei- a que doenças infecciosas se disseminem ro. DtPois não cede o dinheiro para nós, entre crianças e adultos. Muitos IOIC$ não jiaindo rom o dinheiro rendendo jurw conseguiram até agora qualquer tipo de no banco" (depoimento idem). água, e a perfuração de poços foi abanO assentado Valmir Rodrigues, 31 donada por exigir a perfuração de até 80 anos, conhecido por "Bio", militante do metros para alcançar o lençol dágua. PT e membro da Comissão de Saúde do "Aqui está parecendo o Ceard, não munidpio,tambémviirregularidadcsno tem dgua, sdo 70 metros poro achar água projeto: ''Os invasores estão aprov~itan- oquf ... Faur o qui? lt preciso meia hora do e acabou vindo até o prefeito do> Dia- para ir buscar dgua no poço mais próximante do Norte (PR), comprar w direi- mo" - declara o parccleiro Rafael Bor10.S dos 'caros' aí. Ele sabe que não po- ges de Assis. E acrescenta: "O Governo de. Nós jd pedimos para o Estado assu- prometeu dar ca.sa na agrovila e acabou mir este projeto, mas o Estado anda de- n4o dando nada. N4o veio dinheiro para vagar demais" (depoimento idem). fazer encanamento ddgua. Mantimentos? Uma comissão representativa de 14 Depois que entramos aqui não recebemos famíliascom pareccucmjulhode I985à mais nada. Sementes, só deu uma vez" redação do jornal "O Imparcial'', de Pre- (depoimento idem). Dimar Rosa da Silva lava roupa cm sidente Prudente, para denunciar corrupção e violências na adminis1ração do pro- sua casa, no lugar conhecido como 'Bojeto, acusando nominalmente Raimundo teco Central': "'Tenho que buscar água Pires que, na qualidade de coordenador, muito longe. Este trabalho i feito por "'além de incitar a vioflncia entre os pró- mim ou pelo meu moleque, na loto ou no prios assentados, rejeita a ajuda do Go- carrinho. Aqui não dd paro furar poço, verno sob a alegação de que os trabalha- não. Temquefurar80ou90metroseeles dores não a querem" ("O Imparcial", est4o pedindo 1000 cruzados por metro! 22-7-87).As familias que se insurgiram Pobre aqui não fura poço, n4o!". Amcontraaamaladministraçãoestãocons- pliando suas queixas, continua: "Com o tantcmcmc ameaçadas de mone, informa ainda a mesma noticia de jornal. Pelas denúncias que fez, a glebcira RaquclMalan.zuchsofreubruta!agressão em junho de 1987, quando te\'e sua casa destruída e queimada, sua produção saqueada e sua pessoa ameaçada de linchamento por um grupo de 60 pessoas, entre as quais o próprio coordenador do projeto, Raimundo Pires, e o criminoso José Luis Barbrn;a, que em fevereiro de 1984 assassinou o lavrador Antonio Lourenço de Souza no acampamento da beira do asfalto. A viol!ncia chegou a tal pontoque,arrastadaparaforadesuacasaeseparadadeseustr!sfilhosmenore!;, a lavradora quase foi crucificada numa árvore de seu próprio lote. Revelando muita coragem, Raquel denuncia que ''eles queriam fazer o mesmo com mais 14 famt1ias. Na casa do 'Mandioa,' eles/oram fá, mais ou menw umas 40 a 50 pessoas, de madrugada. Ele esta- A"glebtir,1"lbquelMal,mzuch50freub1uva sozinho, ele teve que pegar os dois mo- t;il1grculotmiunhode1967pordtnunciar leques e sair correndo, e escapou. Eco- co,rupçJo n1 adminislração do Projeto. Na meçaram a quebrar a casinha dele. A( a foto,1vílim;imostr;i·;inotici;idojorn1l"O Pol(cia chegou e interditou. Houve ain- S,1ntu.írio",deAparecidadoNorte{SPJ,que da outro caso de um velho solteiro, que rep1oduziusuudtnúnci;iseorel.11od1\·io· eles queriam tirar do lote, e um dia ama- linci;i que sofreu.
que se tira da terra, não dd para viW!r, não. Meu marido faz muitos negócios por fora.Cortalenha,enósttmosseisfilhos. Para comercializar a produção, aparecem w marreteiros quando a gente está na/orca. O milho mesmo foi vendido quase de graça, a JOOcruz.adosasaco. Agora para plantar, nós pagamw 780 cruzadw por um saco de milho de planta. E quando vai vender não fl!m valor. E quando colhe n4o tem onde guardar. Ano passado estragaram na roça três carros de milho porque ndo tfnhomos onde guardar" (depoimento idem). A falta de assist!ncia médica é motivo de preocupação para todos: "A dificuldade t o médico. Não encon1ramos médico, eles dizem que aqui é muito feio, nem jornal não vem. O salário [do médico! também parece que não é grandt coisa", desabafa o assentado Valmir Rodrigues (depoimento idem). Na realidade, segundo a parceleira Raqu~l Malanzuch, "os mldicw foram expulsos daqui, expulsos por perseguição, entra de tudo, política e sem-vtrgonhice também" (depoimento idem). Sinais de abandono também se notam naescoladeumdossctores.Dassetesalasdeaula,apenastrêssãoocupadas, e mesmo estas tem suas paredes sujas e pichadas com palavrões. O banheiro social dasprofessorasestáatualmemeservindo degalinheiro.AscrvcnteCleide,23anos, quetrabalhanaescolaháum ano.explica: "Quemfezgalinheirodo bonheirofoi
CATOLICISMO MARÇO 1988 -
7
•
na proporção de dois quilos por um, isto
t, 6.220quilos. Devolveram apenas 3.433 quilos. Para as lavouras de milho foram en-
viados 28.477 quilos, que deveriam ser devolvidos na proporção de uh quilos por
•
um. Foram devolvidos apenas 27 .SS3 quilos. Foramcnviadasàárcatambémcerca de 60 sacas de sementes de algodão, as quais não tiveram retorno. No mesmo scnlido depõe notícia pu-
blicada cm "O Estado de S. Paulo", de 6-4-86, na qual o agrônomo e vereador Bruno Luiz Lconardi dcdara que "os be-
neficiados com glebas não conseguiram pagar sequer as sementes adquiridas da Secretaria da Agricultura no último ano agr(co/a. (.. .) O Secretdrio Nelson Man- Dopantodevist.1cconõmico,osrtsult.1dos cini Nicolau viu-se obrigado a perdoar a
divida dos assentados".
o marido du professora" (depoimento idem).
"A produção não paga
as sementes"
Do ponto de vista econômico, o "Projeto de Valorização da Gleba XV de Novembro" está longe de obter resultados animadores. Comentando a saíra obtida dois anos após o Governo estadual 1er decre1ado a desapropriação, artigo publicado cm diário paulistano - que se ocupa especialmente com temas econômicos - registra:
"Os resultados sao pouco significativos até o momento, se contabilizados em valor de rtteito e volume de sacas de produtos agrícolas produzidos. (... ) Nem todos foram felizes nesta opção (do plantio escolhido), poú algum acabaram p/an1ando, por exemplo, milho ou algodão, em terras arenosas, pouco indicadas paro este cultivo e grande parte da sqfra perdeu-se". A mesma matCria acrescenta que "as dificuldades ainda silo muitas e cada lote enfrenta problemas diferentes, desde falto de mino d'dgua, declividade de terreno, residências precárias, ainda muito parecidas com os barracos que se vê à beira da estrada" (anigo de Wanda Jorge, "Gazeia Mercantil", São Paulo, 23-4-86).
"A produção na Gleba XV de No-
vembro não paga sementes'' e o lltulo da matCria publicada por"<? Imparcial", de Presidente P rudente, edição de 16-7-85, que justifica: "Números oficiais que estão no posto de sementes de Santo A nas· tdcio indicam um resultado inexpressi• vo". Passando aos números, menciona o reíerido órgão de imprensa que na safra de84/ 8SaSccrciariadaAgriculturaenviou 4 mil quilos de sementes de feijão pa· ra serem cultivadas. A mesma quantida· dedeveriascrdevolvida,masnofinalda saíra recebeu apenas 177Squilos. Na!avouradearrozforamentregucs3.1 10quilos, que os assentados deveriam devolver 8 - CATOLICISMO MARÇO 1988
O fracasso das lavouras de milho, feijão e arroz toma-se evidente p~ra qualquer observador que percorra a Gleba XV. Onde o capim colonião não tomou conta, essas lavouras foram substituídas por plantações de mamona, incentivadas pe\a Coordenação com a intenção de cncobrir o fracasso. . Alguns assentados insismam cm plantar lavouras de subsist~ncia, mas foram forçados pela Coordenadoria a plantar mamona, conhecida como plantação de preguiçoso; dá o ano inteiro e não precisa sequer carpir.
Criminalidade e violência praticamente Incontroláveis Corrupção administrativa, l)essimas condições de vida, fracasso agrícola não são os únicos problemas dos assentados na Gleba XV. O alto índice de criminali· dadee a violência reinante na área alarmam as autoridades policiais locais. Estas, em repetidas declarações à imprensa, não negam a impossibilidade de manter a ordem na região, com os meios disponíveis. Acumulam-se ocorrências policiais nas Delegacias de Teodoro Sampaio e Pono Euclides: furtos, brigas, agressões, lesões corporais, ameaças de mone, homicídios, estupros e 1ráfko de entorpecentes. De uma só vez, quatro assentados foram presos cm flagrante por tráfico de maconha. Dois dos indiciados, Sidney de Paula e Dirceu Batista Silva, eram respectivamente presidente e secretário da Comissão representativa dos Assentados na Gleba. Atendendo à denúncia de uma professora e de pais de alunos, que tiveram seus filhos vitimas de tóxico na escola da Gleba, a Policia apreendeu em trts barracos IS quilos de maconha. O delegado de Teodoro Sampaio, Renan Luz Leal, chegou a declarar que ''é diflci/ exercer vigildncia no assentamento, porque ele é ex-
tenso e os meios de que dis~ não lhe permitem isto" (''Jornal da Tarde'', São Paulo, 3-11 -86).
ob tidos ,1tê ,gor.1 sio dew lent,1dores. Numa duwfr.11,osccrc t,hiod,1Ag1icull ur,1viu-sc ob1ig,1do.1pe1do,1rasdividudosuscntados, pois ,1 pmdu çlo nlo pagou u sementes.
"Quem é quem no assentamento do governo paulisra? Só uma triagem rigorosa da polícia levaria à resposta. Ninguém desco_Jfjiovo, por exemplo, de Lourival Cândido da Silvo, José Lu(s da Si/voe Antonio dos Santos, aparentemente 1robalhadores sérios. Sd que, no fuga, de produzir, utilizavam os foles que ,eceberam como abrigo de uma quadrilha de /adrôes de veículos que comandavam. Foi a po/fcio de Regente Feijó, a 200 quilômetros, quemosdescobriu''("Jornal da Tarde", São Paulo, 3-11-86).
Assentado:
vítima
iludida pelo Poder Público
discricionário
Tudo quanto ficou registrado ate aqui indica bem a que proporções chegou o fracasso econômico e social do assentamento promovido pelo Governo paulista no Pontal do Parana panema. Somas in· calculáveisdocráriopúb!ico foram des• pcrdiçadas. A injustiça da desapropriação paralisoupropriedadesprodutivas.Odi-
N.1entr.1d.1dealgunslotts,osusent.1doscoloumpluuindicalivudeques.liopropriet.irios.C1uel engano;seusdircilo150b rta tC1• ra só lhu permite h aba lh ar, stm ja m.1is st torn,1 rtmdonosdel,1.
'
L?-.
!
.,'"
•
1
.
.
'
·-
~-~411\,t_{,iiít
,_,
'
-
--~
Ot btndici.i rios di Gltba XV wbKrtveri m um docu mt nlo intitulado "Tt rmo de Au toriuçlio de Uw",no qul rtconhtcem qu e o dir ti lopontMOriot doEstado.Osasstntidos qut ureditava mr ectberleg•lmente o stu ptdiço deterriforam iludi dos pe!Jp,opaga nda i gro-,eformista.
reito de propriedade foi desrespeitado quando cumpria plenamente sua função social. Hoje o desânimo grassa na generalidade dos próprios "beneficiários". Muitos deles, pouco familiarizados ou instruídossobreasreaisintençõesdaReforma Agrária, acreditaram em promess~s que lhes foram feilas de que recebenam um pedaço de terra onde poderiam plantar, na realixação singela da música sertaneja "Suo majestade o sobid", que canta "estou indo agora para um lugar todinho meu ... " Tanto isso é verdade que, pcrcorrendoa Gleba XV, podem ver-se, na entradadealgunslotes, plaquinhascom osdizeres: "Sitio Santo Antonio- Prop.: José da Silva". Triste ilusão. Os assentados, na qualidade de beneficiários, assinaram com o Estado um compromisso denominado Termo de A utorizaçdo de Uso, no qual concordamqueasterraspertencemaoEstado(cláusu!aprímeira)c "estoautorizardodeusograruito ndo reconhece qualquer direito possessório ou dominial. a qualquer tüulo, ao beneficidrio porque conudido por mero libero/idade e a titulo precarissimo" (dáusula terceira). O documento, concedido pelo Governo às v~speras das elcições de novembro de 1986, vinha assinado, da parte do Estado, pelo Procurador-geral, pelo Secretário da Agricultura e pelo Secretário de Assuntos Fundiários e acompanhado de uma planta e de um memorial descriti\-o da localixação do lote preparados pelo Departamento de Cadastramento e Pro. jctos Sócio-Econômicos da CESP. Os beneficiários subscritores do Termo de Autorização de Uso aceitam as condições do mesmo "sem quaisquer restrirôes" (caput), assumindo uma série de compromissos (cláusula quarta) sob pena de "revogarão desta Au1orizarâa nos casos de inobservância" (cláusula quinta). O Estad~ exige de forma leon!na, que o beneficiá.no cumpra suas obrigações. Mas, curiosamente, não se compromete, em nenhuma parte do contrato, a dar condiçõesparaqueosassentadosrealizem suas exigê ncias. Não há penalidade, por conseguinte, para uma das partes, o Estado. Todas recaem arbitrariamente sobre a outra pane, os beneficiários. Eis algumas das exigências do Governo do Estado (cláusula quarta): - Con,n!n,ação das tstradas. Ao beneficiário cabe a obrigação de conservar ''as estradas de acesso em condirôes normais deuso"(alínea "a"). lssocxigeapresençademáquinasapropriadasqueosassen. tados não possuem. O Estado parece ig. norar o fato.
__ _;,
___ ·- --·..
--· ,. ----==---..·-·
--:;...-==.-
·-----·--·-------·
=::.--=.·==.:."':'=:-.:::-;::::-..::::
--==---·--:-: -- Domict1io obrigatório no Gltba. Embora a prática medieval da servidão da gleba tenha praticamente desaparecido com o advento dos Estados modernos, o GovernodoEstadodcSão Paulo vincula a participação dos assentados à obrigação de "ler domin1io no Gleba" (alínea "d"). Sc algum asscntado planeja trabalhar no campo e morar na cidade próxima, usufruindo das comodidades de quehojedesfrutam1an1osbóias-frias,podccancelarscuintcnto.Scuscnhor,0Go\'trno paulista. não permite isso. - Exploração familiar da ttrra. Junto com o compromisso de morar na Gleba , o Estado exige que os assentados explorem a terra "com mão-de-obra familiar ou deforma associada ou cooperada com outrosbenejíciários"(alinca ''d").Oque equivale à proibição de contratar mão-deobra de terceiros. Manterá o Estado fiscais para controlar a observância dessa condição?Scrãoelesimparciais?Ondeficaaliberdadedoassentadodcaplicarlivrementeos''recursos''dequedisponha no seu lote? - Yttada a moraditl dt tstranhos à força familiar. Depois de exigir a moradia do beneficiário na Gleba, o Estado declara "~·etado o moradio na mesma de terceiros estranhos que não componham a força familiar" (alínea "e"). Não colocando qualquer ressalva nesta obrigação, o Estado parece ignorar certos hábitos de nossa vida rural. E corriqueiro, por exemplo, acontecer de uma velha tia ou uma velha sogra irem morar com o sobrinho ou com o genro, de quem recebem o indispensável apoio nos últimos dias de vida. Para o Estado, tais pessoas compõem aforçafamiliardetrabalho?Ousãoconsideradas "estranhas" pelo motivo de não tcrcmmaiscapacidadcprodutiva?Nasegunda hipótese, o assentado pode ser punido com a revogação por inobservância das obrigações contraídas com o Estado (cláusula quinta).
li~ - Squir as normas tknicas. A imposição do Estado é categórica, de1erminando que o asscntado siga as "normastknicas que favoreçam o aumento gradativo do produrdo agropecuária e de comerciolizarão" (alínca "g"). Qual a garantia do Estado cm fornecer o suporte de que o assentado precisa para cumprir a exigência? Em nenhum momento esta garantia é oferecida. - Plantar gintros dt primtira ntussldadt. O Estado julga necessário "manter no m(nimo 70% da parte agriculturáve/ com gêneros de primeira necessidade" (alinca"i'').Arazãodamedidanão~de. clarada. Tal norma parece prescindir de razões econômicas que podem indicar não ser lucrativo impor esta produção, máxime nos limites es1abelecidos. Decisões de gabinetedcscoladasdarealidade,éoque denota esta imposição. Aliás, diga-se de passagem, na Gleba XV os assentados foram incentivados pc!a própria Coordenação a plantar .mamona e algodão. Vários glebeirostêmmaisde 70%daáreadeseus lotesocupadacomestasculturas,quenão são de primeira necessidade. Devem preparar-se, pois, para a eventual penalidade a que estão expostos: a revogação do contrato.
o Estado: "Eu fico com a primeira parte, porque me chamo leão" Alguém pode imaginar que o assen::~~ ~~r:i:a~~i:~t:=t~~rs~ iu:e~J~d:~s~~ nãoéaindatodaaverdade. Com efeito, lê-se no mencionado "Termo de autorização de uso": "Dor-se-d o revogaçdo CATOLICISMO MARÇO 1988 - 9
•
Em boa hora veio a lume a oponunisslma obra do advogado e sócio da TFP, Atillo Guilherme Faoro, com o título
".. ..,,~-- ·', :"';iT11 : ., .,
-
desta A utorizuçiio nos ('USOS de i11obserl'i1/!cia, por parir do b;mefidúriu, d<' q11(1/-
quer das obrigações aqui estipuladas ou, a qualquer tempo, </llUI/CIO o Es//ulo sofi-
cirur a restituiçtio da úrea e dos bens u ela im·orporados qi,e sempre se fard por sin gela natificaçào" (cláusula quinta).
Em palavras mais simples, o Es1ado dá, o Esrndo tira porque quer e quando quer. Para0Estado,direi10sdiscricionários,quascdita1oriais. Para o assentado. nenhumdireito,ialqual afábulaapre-
sencaarepartiçãodaçaçaencreoldoe os outros animais: "Eu jico com o primeira pane. porque me rhamo ledo'' {Fedro, l'âbulas, 1, S).
Não pode passar sem protesto, na dáusulaquinca.aomissãodequalqucrrekr~ncia a indenizações por benfeitorias. Ouosassentadosnãocêmdireicoaelas? A hipót«e se agra, a diance da condição "aqualquttrltmpo".comqucsedn'cdar a "res1i1uiçdQ du dreu e dos bens o elu incorporados". Isto ê. o assen1ado pode não ter sequer prazo para colher a safra plantada. Em outros termos, os assentados, ao Firmarem com o Estado tal contrato, assinaram seu próprio termo de despejo,semda1amarcada.Quan1osdentreelessabiames1arsesubmcicndoaurna disposição tão draconiana? De passagem. fique registrado que, embora o contrato seja omi~so. ao Esta-
Dem1b;ir as cercas para faier desapMece r a lembrançaduantigas propriedades, umadas p,imeirumedidas tomadas pelosetecuto res da Reforma Agr.i1ia. Com efeito, se não linrem ludoparaapaga r•recorda çjod• propriedadequehou,·ealê h.ipouco,u~ udadespodem levar longe
..
~
.
docabeaobrigaçàodeindcnizarasbcnfeitorias por força do artigo 516 do Có· digoCivilquercronhcrctaldirdtoaqualquo:r possuidor de boa fé. Eparaquenàores1assequalqucrdúvidadaimprescri1ibilidadedosdirci10sdo Estado. julgou este ncressário acrescentar que · 'm1 quaisquer das hipó1eses pre1·is1as na dáusu/o on1erior (de re1·0?.açtio) a área rel"f'rlerú sempre uo Es1ado '' (cláu-
sula sexta). E conclui: "A presenre Auroriwçào tem prazo indeterminudo 011 u1é o sua remgaçtio"' (cláu~ula sétima). Tudoissoconfiguraumasituaçãoilusória. prcráriae inj usta para os a~senta· dos. Sítllaçào que lcndc a permanecer, pois o contrato (na realidade. uma mera "Au1orização de uso·· por pane do Es· tado) csqui'"a-se manhosamente de mencionar a promessa - esperada por muitos - de um dia se tornarem proprietários. Ainda que produzam exemplarmente e demonstrem aptidão agricola. o pedacinho de cerra que elcscuhi,am será sempre do Estado
"Livro-bomba"
iá denunciou
a tragédia dos assentamentos
"Reformo Agrdriu: '1erra prometidu',fu11e/a rurol 011 'kolkhoi;es'?- .~iS1irio que o TFPdel\"endo '', que denuncia à opinião
públicanacionalatrag~iaquereprescnta, para os trabalhadores rurais, a apli· cação da atual Reforma Agrária do PNRA. A leicura desse livro. qualificado ajusiotítulo. pela propaganda da TFP, como um '"li'"ro-bomba'", é altamente recomendável para quem quiser conhecer a exata situação que a Reforma Agrária criaparaosseuspre1ensosbeneficiários. Osbrasileiros.aliás,perceberamoalcancc da ob ra: cm apenas quarenta dias, esgocou-se a primeira edição, de 5 mil e.~emp!ares. No Pontal do Paranapanema, o quadro melancólko apresentado pelo estudo de Atilio Faoro revive cm toda a sua dramatieidadc. Auguramos que os fatos aqui arroladospelomenossirvamparaalcnar nossos companheiros de trabalho. os produtores rurais, e também aqueles dentre ostrabalhadorcsqucaneditamnademagogia dos agro-reformistas. Este apelo dirige-sctambémàsautoridadcscaopúblieo em geral. Fiquem uns e outros cicntes dc quc, à medida que a Rtforma Agrária for se estendendo a todo o território nacional. o Brasil conhecerá, no campo e na~cidadcs. a miséria característica dos paiscs que eliminaram o direito de propricdadce a liHe iniciali\a. e adotaram "reformas·· e ··c~pcriências"" agrosocialistas. As populacõesdos países assim "'reformados·· jazem cmcondiçõcsdee~ra,idão e de e.~crema penúria que um documcmo. já hoje his1órico, da Congregação para a Douuina da Fé. da qual é prefeito o eminente Cardeal Ratzingcr. nào hesitou em estigmatizar como a "rergonha de nosso 1emp11"'. Sua enérgica ad\ertência chegou a pon10 de afirmar· "Aqueles que, tall-ez por inconsc:iê11Clu, sewmumc1im11/ic('sdese111elhun1esesrruvidões, rraem os pobres que eles quererium servir".(' 'l nstrução sobre algum
asr>ectos da 'Teologia da Libenação···. Documencos Pontifidos, n? 203 . Vozes, Petrópolis, 1984, p. 39). Na proporção cm que o Brasil sealinheentrcospaísesqueaderiramaoconfi sco agro-socialista. gerador de injusticaemhériaparaproprietáriosetrabalhadore~ rurais, merecerá tambêm de carregar sobre si este mantodeopróbrioede ~ergonha.
Um olhar para o fucuro se impõe A burocracia.a ignorãncia,ainctiria cafaltadcbomsensoemtudoouquasc cudo que se relaciona com a Reforma Agrária paulista da Gleb~ XV só podc~ia conduzir ao fracasso. Dispêndios mihonários foram feicos com dinheiro do conPomal do Paranapanema. 20 de fe-etribuinte paulista. Odesfechoéatrans- reiro de 1988 formação de uma ârea antes produ1iva. prÓSpcra ctranqúila.emmaisumfocodc Proprietários injusciçados pela violência e tem,ão social. em mais uma Reforma Agrária no Pontal do "fa,e\arural"da Reforma Agrária. Fa- Paranapancma míliasinteirasiludidaspeloqueumassen1adonordestinochegouac\assificarde "o Benedito Carlos Mano conto da terra''. Neste ··como do lerru'' El:do Júlio S. T. Andrade estão caindo hoje diversas camadas da loneG11ri:ioneJun11ueira Binford opinião pública. desatentas ~ara ~s. pre, José' M:i.rio Freitt Lemos juízos que a Reforma Agrána ,ai infli• Paulo Fernando Jacintho Lemo~ gindo, a exemplo do que aconteceu cm Plínio Junqueira Junior outrospaises,tantoaproprietárioscomo Rober10 Gargione Ju nqueira a trabalhadores.
A REALIDADE, concisamente: Algozcscubanos,por seuturno, controlam opais-cárcc rc dc ponta-a-ponta, 5emcandoo ter ror:senloofiznscm.aspo pu· lações,CC'Mamcntc,erauc1-sc-iam numarev,;1ltaincon1rolhcl. A ou1Tora próspera colônia lusa jaz. exanaue e csmapda, 'iOb ofirreosuantcvtrmclho.
C• minhões lr.1,nsport•m trigo doado pel• C.1nidi aos ifage• lado s etíopes. Maschegaráeleaseudeslino! • AJ UDA AOS FLAGt:LAl}OS ... ou~ l\ltnKillu? - O s países ocidentais começam_- tardiamente - a_ indagar ~e os milhõesdetoneladudeahmcn1osque1êmenv1adoàE11ópia paraminorarafomcdapopulacãonãoacabambcneficiando
tão-50men1eosresponsáveisporess.aani1isap1:nüria,esp«ial-
menie o coronel Mengístu Hailc Mariam, ditador comunista 1ckguiadoporMoscou. ··o que o~ niopc,s precisam ê de preuão diplomática, não de comida", diz Ron)' Brauman, mWico frands expulso desse
pais 1us1amemeporcriticarobrutalprogramadercformaagra riac":,;utadop1:logo,crnoctiopc,aqualcon,;is1iunarcmn ~ilucompulsóriade campon~s para ··as!tentamemos'' em fa. zcndascoleli,as Doi• deputado, americano,, Tob)' Rolhe William H. Gra)_. satiemamancccss1dadcdcprcss,onarcconom1camcnrcorcg1. me maniita etíope co mo único meio de fazer cessar as a1rocidadcs come1ida.1 cor11ra a popu \a,;âo lmportan1enotarqueGorbachev.emboraaba<1c\·a fone mente Mcnai1rn de armas modernas. poucos alimenrns remete !Xira os naacladm; que morrem aos milhares. no infeliz pais africano •Çt:'\ A:o, IH: :-.1.,oJS\\Oinu dem lare, bra,ilciros. - .-;um af:lpubhcitáriopoucas,czes,·is!O. a 1ck,h.âo, propagando a a,a11aladorain,1:,1idase.,ualim peran1cna,fc>ta,carna,alesca1. e\ibiucena,denudismoemmilhôcsdclarcs Descomcn1c embora mm as autênti<:a,,a1urnai,queocorrcm nnsaépoca - comoatt->tamp.,;quisasdcopiniãopúblicarealiza dasnos últimosanos--.otelcspe<:tadorbrasileiro,·iu -><'asredi dopelaa,alanchepornográfica queinundouquasc:todasasemis1,0rasnaclonais.nosmaisdi,crsoshorários.Arrande,mprensa lampoucohnitouemreprodozir, diasaít0.ío1osigoobeiscomamplo d~1aque publiei1,hio. • ~ ,\ T V }"RA NCESA. nudi<mo Jti r rucin/l. - O grau de deiiradacào a que chegou a T V brasileira.noúhimocarna,al.cn· contrainfclilmemeumpara!elo naf1ancesa.Ap.artirdcde1erminadahoradanoi1c, pracicamcn· ce todos os canais apresentam programas çom cenas lilbrica5. "Actle,isãoesulagoramostrando erousmo sem nenhuma rc.mi-
çao"', afirmou o critko de T\ f>h,hpe Aubert. Ainda segundo ek. ··apornografiaiornou->Cob· JCtOdCl'On>umogeral"' • Ai\GOI.Ai\0~ çomcrn ra 10~ e rna ca,·o,i. - Num pais onde falta tudo - da agulha ao ,a pa10,dopardemeiasà))«apara o au1omó,cl, da água à luz. incluindo-~neoM"rol,1.1émesmo fru1aselegumcstropicaisnatin,s. que sumiram das pra1ekiras de supermercados-.ostitercscomuniscas já oao podem ocuhar csta~erdadecomezinha:passa.-se fome cm Angola. Em Sanza Pombo,oshabi,amcscorremao matocca-:amrato\ema,.icos ... para comê-lo~! Na.1 cidades. o número de mcndigos~superioraummilhào depessoa,, l:.nquanto isso, o Go,erno gastaumb,lhâodedó\arcs~marmamcmos. tcn1amlo comer as forçasanlicomuniuasquedia-adiaganham1crreno.oomgrande respaldo popular. Paraosrecalci1ran1es,há,erdadeiroscampos dcconcentracão.ondeo.prisione,ros$ãotratadoscomocàcs
• BEBt.5 NO LIXO. "Quasc:todososdias.umacriança é abandonada nos Estados Unidos",afirmaJoCoudcrt. repóncrdo"Woman'sDay" , que preparou um levanta mento a respeito No último ano, só entre os norte-americanos.foram registra· dosmaisde600casosncs1celcoco macabro: beWs jo1ados em depósitos de li~o. abandonados em banheiros ou simplesmente atiradosaosriosporsua5prôpriasmãcs! 1c m Moultrie, na Gcorgia, umacriancadequatroquilosfoi encontradamorta,.ocadademro dcumtroncodeár\'orcqocima· dapcrtodeumlago . Em Racine, Wiscosin,umamulhe1jogouofi. lhonumtoalctcdebciradeestrada. Muitu,cies -conformea, esta!lsticas -omon,1ruosode luoéperpe1radopormãe,;emsi1uacãoirreaular.ou mesmo por adolcsccn1nqoede,ejamlis·rarscde umfardoinde$Cjlhel,após manterem relações e~1r~-coniusa,s Que crimes hediondosdcs~ natorcza cenham podido atingir taisproporcCX'S-ci,um,inco. mafri!iltnledadC'COmposiçãomoral hodicrna!
Os mi sseis no rte- americanos "Stingcr" empo derdos" mujahedin" já abateram inúmeros aviões e helicópt e ro s ru ssos • OITO ANOS após a in,11sà o do Aít11• ni iitào, cakula-se quc20milsoldadosrussospereceram em luta com os "mujahedin''. combaten1es 1nticomunista.afegàos.M05Coujamaisconse&uiudominaropaís-eomoo fcz.entreoutru.comnaçõnda Europaccn1ral-e.oqueéma1< significati,·o."emgradaii,·amen!c ['<'rdendotcrreno. À ,·is1a desse quadro, entende-se porque Gorbaçhe, acenarnmaretiradadeseus 115 mí lwldados noprcsemcano, cxi gindo, porém, que ccnc igu almcntcoen,iodearmasamerica. nas aos "mujahedin". como o míssil terra-ar "Stinser". por oemplo Seja comofor.comousem ajudaamericana,ossuerrilheiros estão determinados a continuar sua intrépida luta. ··Nóscombatiamoscompcdruantes.cpodcmosrepeti-lono\'amcntc".dis!>C umheróicorombatentcnumarecentc•'ÍSÍ1a a \\'a5hina10n
• "BOAl' Pt:ÓPu:··: os Pl'~11idos i1Mk-HJ1hri1 ... - A Tailindia, q11t Ili mai• ck u•a dkad11 ,·lnllla collttdrndo a.ilu temponirio 1m rdu1iados do \ ~lllt . -ltlMnlt paMOu a l•llfdlr o ln1,-. , . !>llh 'tuas 1rrrl1orillis, clt '"'"os com fa,il1h os .,.._. pais comallilta - os q111ls \to •no•laados c-1-.11 eeiao "'boal proplt"" (pop,olaçilo 40I barc,os). l114iftl'ffllf à 1rari4ia qw w abaln solllff o po•o •izlalllo. o ,io•n110 ldal!Gb rtsoht11 ~Wt• co•f-14adt sllliSll'II polilka dt 11111ru 11açõr,,. u q•ab. dndr W -110, ftst•Notl"H('CnlrN"lu1inria - qu11don60N'('11S1lorm1l 1m Urlaarh>lii p.obl'h famíll ... q11t arrhl:am • ,Ida. tm ln,icl~ rmban:aç~~. pJn fu,iir do n11,id11 co11111ai~1a." .to i,oomrnis a, ,íllrna, 1rn al u,-mar. N'p('lid110 p('l• bru11l I dn4rm•-
ce••l• • •••i·
n•pol/tlndtBanJtot. Com r,,,:andalos. dnH•olluni, o r mblUudor da f11iliadl11, Al'Ml S.ni!.la, 1ta11 ju~ifkar • ~mau polllica INlntada por conn,nla mos tOffl • ptrcll dt ~ld•~ 11111111na,. A~ monro dccorriaci11 ck •• (:sk:1. MH do pod,tlllOI dv ... abrinllO" OI br'a(OI ClfflUt• •Hlt para 111111 qaaa1idluR ilimitada dt N'laa!Nof",
•• JOH,.o: ..
,,.o
'°"'"' '"'º ...
A~ nqllfl'U$. "n,tóllcu"' ou olio -
•'*""
11,o ~ n a . .1t-
ria dt "diN"i10li lllumaaos·· - , dnla frl1a ....,....__ Por qltf~
CATOLICIS,\ 10 MARÇO 1':188 - 11
''Glasnost'' e '' perestroika' ': a ameaça Politiu de50rrisos.- DistenWopn•rco,. g;,niuraRúni1cmmoldtt110d;,listas.
A s MUDANÇAS pelas quais a Rússia vem passando pareceriam indicar um abandono do dogmatismo mar~sta. Gorbachcv, com seu sorriso bem encenado seguido pela esposa, Ralssa, tãodifercntedasmulhercsdostltcresantcriorcs-, ~ portador de duas "maravilhas" destinadas a eliminar as mazelas que, cedo ou tarde, poderiam destruir o socialismo na Rússia e, por extensão, no mundo. O primeiro desses "prod(gios", a "glasnost", "transparência" ou ainda "abenura", si&Jllficaria a objetividade de análise, por pane dos comunistas, das falhas increntes ao socialismo. A ''transparência" scria a basc da sc1unda "maravilha", a "pcrcstroika", "revolução" ou "reestruturação", que visaria erradicar tais máculas, não pelo abandono do socialismo, mas mediante a maior implementação dos princípios marxistas\eninistas. Em nossa edição de janeiro último, taismudançasforamanalisadasnoartigo"Glasnostepercstroika: novos disfarces de um sistema fracassado". Ficou demonstrado que nada indica es1ar havendo um abandono dos prindpios marxistas, na Rússia da era gorbachcviana. Com efeito, na concepção comunista, o Estado é proprietário de tudo. É o único capitalista. E todos os habitantes do país são trabalhadores seus. Donoabsolutotam~mdequantosc produz, exige que seus sóditossedesdobremparafazerandarapesadamáquina esta1al,eremunera-osdeformaigualitária,atendendoapcnasàsnecessidadcsprimárias: "de cada um segundo sua capacidade, a cada um segundo suas necessidades". Para o comunismo, não há alma espiritual. Dai, em teoria, não distingue ele o trabalho manual do intelectual, nem reconhecer a cada um o direito a um padrão de vida superior, porque trabalha mais e produz segundo um padrão de melhor qualidade. Mas, na prática, o que uiste no comunismo é a preemin~ncia do trabalhador manual sobre o intelectual. Em consequ~ncia, o mando deve estar nas mãos do trabalhador manual, e muito secunda12 - CATOLICISMO MARÇO 1988
riamenic, nas do trabalhador intelectual. Éa "ditadura do proletariado", em toda a força do termo. Tal doutrina Gorbachev a manteve. Não só em seu recente livro, "Perestroika - novas idéias para o meu pa!seo mundo", mas já ant es, declara~a ele a "L'Unitá", o jornal do Partido Comunista italiano, que, na "imprcnsaburgucsa",pensa-sequca '"UniãoSoviética,jinalmente se decidiu a se aproximar da democracia" ocidental. A realidade, porém, é exatamente o contrário. Declara abertamente o líder soviético: "Estamos desenvolvendo a subJt6ncla or/1/ndria dos prindpios lenini.stas da democracia socialista soviética. A perestroika significa o aprofundamento do democracia socialista e o desenvolvimento da autoitstão do povo" ("L'Unitá", 20-.S-87, negritos nossos). Eis, pois, a '"substância origindria", segundo as palavras de Gorbachev, da democracia socialista soviética: a au1ogcs1ão. Na autogcstão pressupõe-se o controle da produção por "soviets": pequenos gruposdirigirãoditatorialmentecadaum dos trabalhadores.
Auxílio maciço do Mundo Livre . Aparcntctréguanacorridaarmamcntista. Polltica de sorrisos. Distensão para rcorganizaracasaemmoldcssocialistas . Tais objetivos parecem ter sido atingidos: começam a aparecer indícios de uma desmobilização psicológica no Ocidente, que possibilitará a transferência paraaRússia,emlargacscala, de capital, tecnologias de ponta, fábricas etc . Após a assinatura do Tratado de Washington para a climi11acão, na Europa, de ambos os lados da corti11a de ferro, dos foguctcsdcmédioalcance,aimprensaregistra que "os americanos não mais acham qut o URSS é o 'império do mal', pois u co,ifionço em relaçào aos soviéti· cos aumentou bastante, segundo pesquisa do 'The los Angl'les Times'"(''OGlobo", 21-12-87). Nos Estados Unidos, Gorbachcv reuniu-se com 60 empresários americanos, aos quais expressou o desejo de "importar fana tecnologia". Para tanto, enviaria, dentro de dois meses, o economista
O porquê da "perestroika" O dissidente russo Vladmir Bukovski indica razões para as "mudanças radicais''. Gorbachev, cm seu discurso ao Comité Central, proferido em abril de 198.S, definia a crise: "O destino histórico ele nosso pais, a posição do socialismo no mundo moderno dependerd em grande medida do direção que tomemos agora ... simplesmente não hú outra viu '' (''Pravda", 24-~-SS, apud "ABC", t\.1adri, 22-12-87). E comenta o mencionado dissidente: o "atraso do economia soviética ameaça a couso do socialismo. A peresrroiko e a glasnost de Gorbachev são uma tentativa desesperada de recrutar uma populaf'ÕO hostil para salvar u causa do socialismo. Mas ele sobe perfeitamente que n4o se conseguird nada M'm ajuda maciça do Ocidentl'. E é por isto quesuu 'glasnost' estd destinada à exportação e seus colaboradores mais próximos sào os melhores peritos em relações com o Ocidente" (id.,ib.).
Co,buhe~; 1 perttlroiki slgniiiu democ11CÍi1 wciilistil e 1 ilutogesUo do povo
russo encarregado das reformas, Abel Aganbeguyan ("O Globo", JJ.\2-87). Além do contato com os empresários, Gorbachcv teve um encontro com "os 36 mais importantes 'publ/shers' [editores] e
executivos dos meios de comunicaçào de mas.sa americanos. Parece ter encantado a audiência. O presidente da rede de TV "ABC', Thomas Murphy, dissr: votaria ntde" (' 'Folha de S. Paulo'', 11- 12-87). A Europa Ocidental, aliada dos Estados Unidos, começa a se sentir desamparada face ao "moloch" soviMico. E quase que imperceptivelmente, tende a se aproximar da Riissia. Assim, a opinião pública alemã está mudando, de acordo com pesquisa realizada pelo instituto Allcnsbach: "'.SO,,-. dos
alemães ocidentais agora s4o favoráveis a um desarmamento unilattral, comparado cam 3.S% de há cinco anos; somente 24% dos alemães ocidentais vêem agora a Uniào Soviética como uma ameaça militar, contra .S5% de hd cinco anos" ("Newsweek:", 25-1-88, negrito nosso). Sentindo tal mudança provocada pelo acordo, a diretora do Instituto de Estudos Estratégicos (da França), MarieFrance Garaud, afirma que "o elo indissolúvel que havia, grosso modo, entre os destinos dos EUA e das democracias europiias vai cessar, e tudo vai mudar" ("Jornal do Brasil", 10-12-87).
Tudo vai mudar? Essa éa esperança de Abel Aganbeguyan, o já rcíerido chefe do a:abincte econômico de Go r bachev. Em artigo-entrevista concedido ao escri1or frances Guy Sorman. afirma ele que, na Riissia, '"a produfiio níio responde à de-
manda e o que i pior, declina. A taxa de crescimento tem sido nula na URSS nos dn. anos que precederam à chegada de Gorbachev. (. .. ) "Com a perestroik:a as empresas vão ser au1ônomas, serão dirigidas democraticamente pela cooperativa dos trabalhadores.(... ) "De que modo a autogestão evitará a demagogia", como ocorreu "na Hungria, onde os assalariados resolveram aumentar suas remuneraçtJesàs custas de ndo renoi·ar as maquinários? (... ) ' "O Estado seguirá fixando normas de inversdo mfnima e os trabalhadores eslarõo in1eressados em eleger o melhor patríio f)QSSfvel, posto que defuturoseus salários e vantagens sociais dependerão dos resultados da empresa. O desemprego continuará exc/uldo, sem dúvida: mas a mobilidade poderá aumentar" ("La Nación'", Buenos Ai res, 2-12-87, negrito nosso). Em outras palavras: a autogestão funcionará graças à vigilância do E5tadofcitor, do qual dcpendcré, cm Ultima análise. Também os salários serão fixados, easvantagenssociaisdostrabalhadores (se cumprirem "as normas de inversão mfnima'1 serão concedidas pelo Poder Público. A ameaça de uma mobllldade maior tem destino certo: se não quiserem pcrdersuasvantagenssociais,oscidadãos
Duas impressionantes previsões da "convergência" atual AS SÉRIAS DIFICULDADES que abalam atualmente o comunismo internacional, bem como os planos engendrados por ele para superá-las foram objeto de análise do Prof. Plínio Corrà de Oli ~cira, cm situações mui10 dh·ersas. "Ca101icismo'' oferece abaixo a seus leitores dois trechos de autoria do ilustre pensador católico a respeito dcua temática, nos quais o descortino de horiwntes e o acerto das previsões s.lo corroborados de maneira surpreendente pelos fatos, que vim se desenrolando com uma precisão a bem dizer matemática. A primeira dessas anélises, inserida cm nota na magistral obra "Baldeação Ideológica Inadvertida e Di'1010'', foi publicada no número duplo des1e mensário (n?s 178-1 79), de out./nov. 1965. A se1unda pre~islo figura no prefácio l décima edição (1974) do penctran1e estudo "Acordo com o regime comunista, para a Igreja esperança ou autodemolição1", editado originalmente cm ''Catolicismo'' (n~ 152 , agosto de 1963). As circunstlincias e os personagens são outros, mas o eixo dos acontecimentos permanece invariável.
" Baldeação ideológica inadvertida e Diálogo" (pp. 33 a 35) Análogas consideraçéks se devem fat,,r sobre a atual ttndinda paro um tal ou qual restabelecimento da livrr iniciativa 110 Rtissia. De um lado, se esta, desistindo por ora de uma 1uerra suicida, quer competir com os Estados Unidos em clima de coexistincia poc(/ica 110 terreno da produção, de,,y nttessariamente apelar para o rest"belttimen10, ainda que muito rudimentar, da livre iniciativa. POO a experilncia sol'iética prova que de outro modo nenhum progresw I possfi~ nos .~tores mi qut mais insuficiente g mostra a produção. Mas~ restabelecimento nào .seni utilit.Ddo propagandisticamente para outros fim? Por exemplo, não poderd ele pro,·ocar uma desmob1/i::ação dos esp{ritos no mundo livre, preparando-os paro o ilusiJo de que o Rússia estaria a caminho de um regime democrôtico apenas gmi-socialista, e que os perigosos contrastes entre os dois mundos poderiam ser eliminados caso o Ocidente, no interesse da paz.. co11stn1isse em se "sociafi:wr" fortemente ao mesmo passo que" Rú.tsia se "'capitaliz11S5e" um pouco? Essa ilusão atuando sobre o binómio medQ- simpatia, a que recuos, a que capitulações poderia predispor as naçôes livres!
Acordo com o regime comun ista para a l greja, esperança ou autodemolição? (pp. 12 e 13) Distinta da dupla "détente" Moscou- Washington e Moscou-Vaticano, mas afim com ela, está afermentaçào que lavra nas esferas polüicas maisflexfvtis da Europa ocidental e orien1al tm fai·or da "convergência". Como todos sabem, trata-se ai' de uma ttndência, expres.s<J em diferentes planos e com diferentes rótulos, para a adoçào de um mesmo regimt sócio-econômico em todas as nações. Tal regime ficaria a certa distãncia entre a propriedade individual e a propriedade coletiva. A prevalectr tal ttndlncia, o mundo não comunista darô um passo imenso rumo iJ esquerda. E a p.Jrte mais "dúctil" do mundo comunista tafvtt. Oi um pequeno passo rumo ao re,1me de propriedadt privada. Tal solução deixará entõo entrever o dia em que as nuçc)es assim "'rom·ergidas" operarão novo passo com·ergencialista rumo à parte irredutivelmente comunista. E assim se chegarô ~-irlualmente ao comunismo. O futuro mostroró que as vórias etapas da "'convergência'' n4o são sendo outras tantas e1ap,as na caminhada rumo ao polo mais extremo e radical do comunismo.
0,TOLJCISMO MARÇO 1988 - 11
Reações da direita norte-americana ao Tratado de Washington
Jtut Hclms: "Se o lr.it.1do necessit.ir de rtswlv,11 ou emendu, sc1lio i1p1escnt,1d,11". sovi~ticos cump ram as metas! Ou então, a Sibéria os espera ... Observa, a seguir, o economista de confiança do secretário geral do PC sovittico: "A perestroika, sobre1udo rem que triul'l/ar". Pois "'se fracassar - comenta Guy Sorman - , isso poderia ser catastrófico também para nós, pois a tentação da avenlura estrangeira impor-seia enrão como escapatória" (id., ib.). A ameaça ~ mais do que dara. E aconselha o autorfranCCS, que a endossa: "Nes1e fn1erim, wmemos nota de que A bel quer a paz; sincera ou não, ele tem absoluta necessidade desta para que a Uni4o Soviético consagre todas suas energias ao desenvolvimento econfimico. Tal desejo de paz por parte dos soviéticos, ainda que fosse tótir:o, é sempre bem recebido" (id., ib.). Ob1er paz a qualquer preço tem outro nome: capitulação. O desejo de paz acima de tudo conduz cenas pessoas - como o escritor Guy Sorman - a desejá-la ainda quando ... mentirosa! R.Mansu r Guirios
CON FORME NOTIC IOU o "The New York Times Magazine" de 17 de janeiro últi mo, o Presidente Reagan rctmi u-sc com vários dos principais senadorC'S republicanos, entre eles, Jenc Hclms, 1entando obter a ratificação ráp ida e sem emendas do Tratado de eliminação de misseis balístkos de m~io alcance. Hdrru objetou que se houvesse ponto.,; a serem retificados, ele e os outros senadores o fariam, tomando o tempo que fosse necessário. Du rante a reunião, os congressistas republicanos levantaram várias objeções quanto à eficácia, confiabilidadc e objetividade do acordo. O senador Malcolm Wallop lembrou: os ''so1·iétiros violaram a maioriQ dos tratados que a.ssinaram. Como nas- certificar~mos que eles cumprirào o no~o Tratado? Se não cumprirem. qu, faremos?" A resposta simplória dt Rca,an não st fez esperar: "Recomeçaremos '1/abricaros misseis". Como se fo$se possh·cl, de um momento para o outro, reativar toda uma série de arma~ntos tornado1 obsolc· 101, testar novas armas etc. Sem falar nas discussões casuísticas a respeito do fato de terem os russos realmente violado o Tratado .. , Em campanha de esclarecimento junto à opinião pública, a direita norte-americana inicialmente enviou cerca de 300.000 cartu e S.000 fitas cas5ettC'S, manifestando seu dC'Sacordo cm relação ao Tratado. Além disso, estão sendo preparados anúncio, cm jornais, comparando Rcagan ao primeiro ministro bri1ãnico Ncvillc Chamberlain, que assinou o famoso acordo de Munique com Hitler, em 1938, prenunciando "pa:. para nosso tempo" Realmente - compreende-se a questão lc·,antade pelo 5enador Wallop-, como acreditar nas promc~-..s dos ruuos? Tal pergunta não espanta. MM, como as coisas se passaram, caberia indagar também: como acrediiar no Tratado e cm Rcagan? A propósito, recorde-se que, a cena altura da reunião, o mesmo senador lndaaou: "A Europa concorda? Algulm do Deparram,nto de Defe;u, ,studou o Tratado?" A resposta foi um longo silCncio. Só interrompido pelo chefe do gabinctc da Casa Branca, Howard Baker, que mudou de assunto ao comentar: "O Tratado I multo popular" ... Diante disw, como negar que há graves su,pcitas quanto à seriedade na preparação e assinatura do recente acordo? Sobretudo preocupa saber que ~ nc1ociam novos pusos da "détcntc": ha~·erá uma reunião de cúpula ainda este ano, cm Moscou, para a assinatura de outro tratado de redução de armas estratégicas. Uma das conscquCncias de tais acordo$ strá uma Europa isolada e dcsnuclcarizada. face às tropas do Pacto de Varsóvia, muito \upcriorcs cm arma mcntos convencionais. E, 5e não forem ob5er,ados os natado~. o que é muilo provtnl, 1ambém cm annamcntru nucleares.
Um Estado Invadido: na cidade, ameaças de morte; no campo, Impunidade crescente NO RIO GRANDE DO SUL. só durante o ul1imo ano, houve 21. 700 invasões de imóveis urbanos, altm de outras 15 mil "ocupaçõcs-formi1a" - executadas, habitualmente, por um individuo - conforme rcveJou o pres.idmte da Fcdcraçlo Rlograndcnsc de AssociaÇ1ks Comunitárias e Amigos de Bairro (Fracab), Carlos Alberto Franç. Este, ao apoiar o movimento, formula um vatidnio ameaçador: "~m tndlror distrlbuiçdo da rendo, os probl,mas vlo-Stt 111t'tlWlr (... ), tens6es e conjlitos sodois atorlo se alllstraltdo perltosam~,ue por todo o a.poro fMtropolitatto" ("O Globo", 28-12-87). Em Pono Alqre, existem I0.84S imóveis invadidos, estando ademais as ''prdpri(,s vidas (dos proprietários]
14 - CATOUC1SMO MARÇO 1988
amNÇOdtu pdos invasora, sem que as autoridades polidais ou administrativas adotem medidas para defendlfos", declarou o presidente da Associação Comercial de Pono Alcpe, Cesar Rogério Valente, após reunir-se com proprictúios das residertcias ocupadas (" Jornal do Com&cio", RS, 2- 12-87). Enquanto isso, o autodenominado Movimenlo dos Sem Terra - organizado cm 94 municípios ptichos em tomo da "esquerda católica" e dos lulcranos da rqilo - continua a semear o plnioo nos meios rurais, mediante dclicos e sempre bem articulados comandos de invasores que aluam, simultaneamente, cm diversos pontos, afrontando a seu bcl-prazer o direito de propriedade cm ioda a rqilo, sem serem por isso responsabilizados sequer criminalmente, na grande maioria dos casos. Mais recentemente, pon!m, foram insta.urados alguns processos. Assim, após a invasão da Fazenda Sio Pedro, cm Guaíba, acabaram indiciados pela Policia os frades Antonio Cioccari e SerJio Antonio Goraen por crime de csbulho possessório. A que resultados 1Udo iuo conduzirt? (" Jornal do Combcio", RS, Rotério Menddski, 2S-11-87; •·o Estado de S. Paulo", 1-12-87).
O Inferno visto
e descrito por uma Santa ''LEMBRA-TE de teus nov[ssimos e nunca pecarás" (Ecl. 7, 40), recomenda a Sagrada Escritura. Os novíssimos do
homem são as últimas coisas que a ele ocorrerão,ouseja,amorte,ojuízopartkular, o Céu, o inferno, o purgatório,
o fim do mundo, a ressurreição dos mortos e o juízo final. A 9 de março, a Igreja comemora a festadeumagrandeSanta,cujavidafoi marcada J)Or extraordinárias visões que teve do Céu, purgatório e inferno, ~m como da ação dos anjos e dos demônios neste mundo. Trata-se de Santa Francis-
ca Romana. Nasceu ela em 1384, da nobre família dos Brussa. Com apenas 12 anos, levava já uma vida extraordinária. Sua intenção
era de não se casar, mas seu confessor
do marido, juntou-se a suas filhas espirituais, oonduzindo-as aos hospitais e à.s casas dos pobres. Muitas vezes, em lugar de umremédioourecursoinsufici ente, foi a cura súbita e miraculosa que Santa Francisca le vou aos necessitados. Deus a consolou com revelações ecomunicações místicas sobre a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo e Maria Santissima. Tornou-secélebrepor seusmilagres e dons de cura. Restituiu a vista aos cegos, a palavra aos mudos, a saúde aos doentes, e libertou muitos possessos do demS~~t~· Francisca teve·o pressentimento de sua mort e e preveniu seus amigos. Pedia a Deus que a levasse desta vida, pois não queria ve r as novas crises qu e já começavam a assaltar a Santa Igreja. Caiu enferma, vindo a falecer em 1440. Navidadessamísticaitaliana,asvisõcsoçupam um lugar saliente.
aconselhou-a a não resistir às instâncias de seus pais, tendo esposado então Lourenço de Ponziani. Apenas casada, caiu gravem ente doente, sendo curada milagrosamente por uma aparição de Santo Aleixo, mártir romano. No lar, o teor de sua vida era seA propósito do qu e a Santa viu sobre vero e admirável. Desde seu restabelecimento, Francisca dedicou-se largamente oinferno,océlebrcescritorcatólicofranàs obras de caridade. Junto com a cunha- cês Ernest H ello apresenta um sucinto da Vannosa pedia esmola de porta em mas sugestivo apanhado, em sua obra porta, para dar aos pobres nas vias pú- "Pbysionomiedessaints"(Perrin e Cie, blicas, em zonas onde não era conhecida. Libraires - éditeurs, Paris, 1900, pp. 93 Deus abençoou seu matrimônio, a97), o qual exporemos abaixo. "Inúmeros suplícios, tão variados concedendo-lheseisfilbos.Ofalecimento do filho João consistiu numa das ale- quanto os crimes, foram mostrados à grias de sua existência. Criança ainda, te- Santa em seus detalhes. Por exemplo, viu v~ ele uma mort e extraordinária. "Vejo ela o ouro e a prata serem derretidos e - disseaoexpirar - SantoAntonio e derramados na boca dos avarentos. A hieSanto Onofre que vêm buscar-me para rarquia dos demônios, suas funções, seus me levarem ao Céu". tormentos, os diversos crimes aos quais Váriosfatosdetranscendênciapúbli- presidem foram-lhe apresentados. Viu ca influenciaram sua vida, como por Lúcifer, chefe e general dos orgulhosos, exemplo, a tomada de Roma pelo rei de rei de todos os demônios e precitos. Rei Nápoles, a qual desencadeou uma série de muito mais infeliz do que seus súditos o catástrofessobre suafamília;o exíliodo são. Papa Eugênio IV, em virtud e da guerra "0 inferno é dividido em três panes, o inferno superior, o do meio e o inferior. entre florentinos e milaneses etc. Ainda em casa do esposo, congregou Lúcifer encontra-se no fundo do inferno emtornodesimuitassenhorasdamelhor inferior. A Lúcifer, chefe universal, sociedaderomana,comofimdeseani- subordinam-se três outros demônios, os marem na prática da piedade e virtude quais exercem um império sobre os cristãs. Formou-se a primeira organiza- demais: ção de senhoras que, em 1431, recebeu "Asmodeu,que preside aospecados uma regra própria, dando ori gem às da carne; era antes da qu eda um QueruOblatas de Santa Francisca Romana, cu- bim. Mamon, que preside aos pecados de jo pequeno convento tinha o pitoresco avareza, era um Trono. O dinheiro fornome de Tor de 'Spechi. Após a morte nece, ele sozinho, uma das três grandes
DetalÍiedoafrescocentraldaantigacapda do Mosteiro "Tor de'Specchi (5éc. XV), no qual figuram a Santíssima Virgem, o Menino Jesus e Santa Francisca Romana com seu Anjo da Guarda Celaondevi~eu Santa Francisca Romana,no Mosteiro"Torde'Specchi"(séc.XV)
CATOLICISMO MARÇO 1988 - 15
piritismo esperam no fundo do abismo aqueles que foram escorregando de prc· cipicio cm precipício. " Todas as coisas da hierarquia celeste são parodiadas na hierarquia infernal. Nenhum demônio pode tentar uma alma sem a permissão de LUcifer. "Os demônios que estão no inferno sofrem a pena do fogo. Os que estão no ar ou na terra não sofrem atualmente 1al pena, mas padecem outros suplfcios ter· rivci.s, e, panicularmcnte, a visão do bem que praticam os Santos. O homem que faz o bem inflige aos demônios um tormento indcscri1ívcl. Quando Santa Fran• cisca era tentada, sabia pela natureza e violênciadatcntaçãodcqucalturatinha caido o anjo tentador e a que hierarquia penenccra. "Quando uma alma cai no inferno, Enngclist,11, filho dt So11 nt1 f t1ncisu Roma• seu demônio tentador t felicitado pelos Bill , ,11puece, apóJ a morte, i sua mie, no m· panhado de 11m ,11 nj o - Pintor anônimo (1,468}, ,11 ntiga u pela do Mosteiro "Tor de'Specchi"
"Ao ser pronunciado santamente o nome de Jesus. Santa Francisca via os demônios do ar, da terra e dos infernos inclinarem.se com sofrimentos espantosos, tanto maiores quanto mais santamente pronunciado. Se o nome de Deus t proferido em meio a blasfêmias, os demônios ainda assim são obrigados a se inclinar, ma.s um ceno prazer t mistu rado à dor causada pela homenagem que são obrigados a render. "Se o nome de Deus é blasfemado por um homem, os anjos do Ctu inclinam-se tam~m. testemunhando um respeito imenso. Assim, os lábios humanos, que se movem tão facilmente e pronunciam tão levianamente o nome terrível, produzem cm todos os mundos efeitos extraordinários e ecos, que o homem não é ca· paz de compreender nem a intensidade, nemaarandeza".
categorias. Bclzubu preside aos pecados de idolatria. Todo crime que tem algo a ver com a magia, o espiritismo, t inspirado por Belzebu. Ele t, de um modo especial, o príncipe das trevas. E me<liante as trevas ele é atormentado e atormenta suasvftimll5. "Uma pane dos demônios permanece no inferno, outra reside no ar. e uma terceira atua entre os homens, procurando desviá-los do reto caminho. Os que fi. cam no inferno dão ordens e enviam seus embaiJ:adores; os que residem no ar agcfh fisicamente sobre as mudanças atmosft. ricas e tchiricll5, lançando por toda parte suas mâs inílu!ncias, empestando o ar, física e moralmente. Seu objetivo t debilitar a alma. Quando os demônios encar· regados da Terra v!em uma alma enfra- A ;a ntiga upel;i do Mostei ro "Tor de'Specchi" quecida pela influência dos demônios do ar, eles a atacam no seu ponto fraco pa· ra vencê-la mais facilmente. 1:: o momen- demais. Mas quando a alma se salva, o , - - - - - - - - - ~ to cm que a alma não confia na Provi- demônio tentador recebe insultos dos ou· dência. Essa falta de confiança, inspira- tros que o levam para Lúcifer, o qual lhe da pelos demônios do ar, prepara a alma inflige um castigo a mafo, além das tOr· para a queda solicitada pelos demônios curas que já padece. Este demônio entra ()l,.(o,:P1uloCorrt1d<BritoFilho da Terra. Assim, enfraquecida pela des- às vezes no corpo de animais ou de ho· lo,.olkl•--'••l: Td10 T1hllulli-R<&istra dol\lOllT-SPlobon!l3"7f confiança, os demônios inspiram na ai· mens. Ele finge então ser a alma de um Rt4"fH:llu1M1r<im Fr&nd1«1,66l-Ol.U.-São ma o orgulho, cm que ela cai tanto mais mono.( ... ) P1ulo.SP/ll..,,dooGoi<acua,191-:moo-Cam· "Quando um demônio consegue per!acilmcntcquantomaisfracaestâ.Quanl>Ol,RJ ~ll>11MonimFrandico,66l-Ol~-Slo do o orgulho aumentou sua fraqueza, der certa alma, após a condenação dcsP1ulo,SP-Tel(Oll)lll .f'!!l(r......i 1HJ vêm os demônios da carne, que atacam ta, transforma·seem tentador de outro P - ~ (dlm1.1penlrd,,:orqui,-o,forneci, doopor''CMollclsmo")-anlaS.fAGdficae homem; mas torna-se mais hábil do que seu espírito; quando os demônios da car· Edi10<1-ll"°Malrl-.'16-Si<>P1lllo,SP ne enfraqueceram ainda mais a alma, vêm o foi na primeira vez. Aproveita.se da ex1 - -: Mpn.. Papfu • ,\nes GnflCU Lula os demônios que insuflam os crimes do periência que a vitória lhe deu, tornandolluaJ1. . .,6II-OILlO-Slol'aulo,SP dinheiro; e, quando este;; diminuíram ain- se mais forte para perder o homem. ~~-:=.;;~"';"~-do.Empraa da mais os recursos de sua rcsist!ncia, "Santa Francisca observava um de· A--lfaadtbonffflorCd6.00).00;bmfa,o,~l.000,00;cooptt"odorCdl.D:l,OO;aa11m chegam os demônios da idolatria, os mônio sobre alguém que estivesse em es• ~!;..'°à:·~(vla-)bmf<ilorUSSó0,00; quais completam e concluem o que os ou· tado de pecado mortal; confessado o petros começaram. Todos se aniculam pa- cado, via ela tal demônio não mais em ciÔIC~Oll..... f l f • - - < l a ~ P a dr, lekw.r•P-Loa .. podeflo>-,-•llho<:los ra o mal, sendo esta a lei da queda: todo ma, mas ao lado da pessoa. Após uma cx•Gcrmno.Pti1'1m!ldanç&d<ender-d<winallles t - - " ' l o _ , _ _ _ _ _ a,11iio.A pecado cometido, e do qual a alma não cclcn1c confissão, o anjo mau ficavaense arrependeu, prepara-a para outro pe- fraquecidoeatcntaçãonãotinhamaiso cado. Assim, a idolatria, a magia, o es• mesmo grau de energia. -Oll~-SloP1<1lo.SP
@JAfOIJCISMO
=-=~..:::~~-=:i ~~~llltomàÓl)ft.ll S,and&,d S..ial N\imt,e,- -
16 - CATOLICISMO MARÇO 1988
SUBLEVADOS CONTRA UM NOVO NERO ' ' I STO DEVER IA ser eleições livres; tratam-nos como num campo de concentração, estamos fanos''. Em pouco tempo, mais de vinte mil pessoas haviam-se reunido diante do armaz~m estatal de Brasov, a segunda cidade cm importância da Romtnia. Um grupo de operários, revoltados com cortes de salários e falta de alimentos, saqueou o empório governamental e incendiou as sedes da prefeitura e do Partido Comunista, alêm de matar dois policiais, um deles por estrangulamento. Retra-
Outro comentário jocoso ilustra bem a penúria extrema a que foi reduzido o país: "Se existisse carne, a situação estaria tão boa quamo durante a auerra". Por outro lado, também as indústrias são atingidas pelos cortes de energia. Em consequl!ncia, a produção ê comumente deficitária. Contudo - seria mais um requinte de sadismo? - foi criada uma lei draconiana que diminui o salário de administradores e operários quando uma fábrica não cumpre suas metas. Logo ...
tos do ditador comunista Ceauscscu foram retirados dos
edifkios,lançadospe!ajanelaedestruidospclamultidão, enquanto se cantava o hino "Romenos acordemos".
Evocando Nero
Eram quase duas horas da tarde, em 15 de novembro
último, dia de "eleições" (com a tradicional lista única de candidatos) na iníeliz Romtnia. Depois de cinco horas em que os insurretos "pareciam senhores da cidade" - como relatou uma testemunha - chegaram milhares de soldados. Com tiros e bombas de gás lacrimogêneo, a multidão foi dispersada, sendo presos muitos manifestantes. Aproximadamente 60 a 70 pessoas, detidas para interrogatório, continuam até hoje desaparecidas. O Exércico assumiu o controle da cidade. Dois jornais ocidentais - o alemão "Bild am Sontag" eo italiano "Corrierc della Sera" - estamparam a noticia. O levante de Brasov foi precedido por uma série de greves e manifestações de descontentamento. Por quê? - Mal se inicia um inverno rigoroso, os romenos têm pela frente a perspec1ivade um brutal racionamento de energia e alimentos.
Não há bem de consumo fora do racionamento, hoje, na Romênia. Pão, farinha, açúcar, batata - tudo isso é muito diíicil de se encontrar no país. Carne, pura e simplesmen!e, não eltiste. Tudo o que é produzido na Rom ênia des!ina-se à exportação. Cada pessoa 1cm direito a cotas limitadas dos produtos disponíveis. Assim, por exemplo, um litro de óleo por mts e um quilo e meio de açúcar. O 11overno ousa qualificar tal racionamento como '' Programa de Alimentacão Cientifica''. Âs 3 horas da manhã, muita gentc faz fila nas centrais de distri buição para conseguir leite e ovos antes de os produtos seremenviadosàslojas.Asprateleirasdestasencontramsepermanentcmentcvazias. Osromcnosestãovivendooterceiroinvernoconsecutivo com aquecimento limitado a 12 graus. Nos dois anos anteriores, houve casos de pessoas que morreram de frio em suas próprias casas. Embora no inverno a temperatura atinja facilmente 30 graus abaixo de zero, o governochega, muitasvezes,acortaraca!efaçãodascasas. Em cada cômodo, casa ou escritório, ninguém pode a~nder lâmpadas com mais de 25 watts e já se fala cm reduz.ir o limite para IS watts. Dado que cada residência tem direito a um gasto de eletricidade mui10 limitado, os eletrodomés1icos estão virtualmente proibidos - mesmo a geladeira e o ferro de passar. Em Bucarest, a TV transmite programas apenas das 20 hs às 22 hs. Âs 22 hs íecham os luaares públicos e apagam-se as luzes, inclush'e das ruas. O horãrio escolar foi reduzido para apenas três horas e meia por dia. A dependência do gás, petróleo e eletricidade em relação à Rússia é de tal ordem, na Romênia, que originou uma anedota: ·'O comunismo é o poder soviético mais a eletricidade" - ironizam
Ceausescu ê considerado pela unanimidade da imprensa européia ocidental um megalômano incorrigível, que tiraniza com guante de íerro uma nacão extremamente empob recida, de onde os habitantes tentam desesperadamente fugir. A Alemanha Ocidental está literalmente comprando os romenos de origem alemã - cerca de 220 mil - à razão de 8 mil marcos por individuo. Na embaixada alemã em Bucarest, há 68 mil pedidos de emigração registrados, e os alemães desejam aumentar a quota anual de 11 mil pessoas autorizadas a deixar o país todos os anos. A Romênia nunca passou por nenhuma "desestalinização". Jamais reabilitou condenados dos sucessivos "shows" jurídico-pollticos dos anos 40 e SO, os famigerados expurgos à moda de Stalin. Internamente, a polícia secreta, a "securitatea", reina omnimoda, como um velho filme de 1error comunista digno da Transilvãnia, o país dos vampiros. Ceausescu e a sua "nomenklatura" familiar nunca admitiram qualquer sombra de oposição. Aos 69 anos, e há 22 no Poder, além de "Conducator", ck se faz chamar por títulos grandiloquentes e altissonantes, 1ais como "o filho mais amado e mais glorioso da nação'', ''o gênio dos Cárpatos'' e ''o Danúbio do pensamento". Ultimamente, o "Conducator" entusiasmou-se com os "voivodas" - governadores militares da antiga Valáquia, o centro da Romênia na Idade Mfd ia. Historiadores compararam seus 22 anos de liderança aos do duque Mircea, em 1386, mas a comparação certamente fica aquém da realidade, poisnaquelestemposdecivilização cristã os resqukios ainda fortes de barbárie foram sendo gradativamente suavizados pelo influxo benéfico da Igreja Católica. Hoje, pelo contrário, não há quem cerceie a ação dos tiranos marxistas. Assim, em outubro de 1986, Ceausescu anunciou a futuramudancadacapital para Tirgoviste, a cidade dos "voivodas", onde pretende construir um Palácio de Governo com uma superfície quatro \"ezes superior à do Louvre. A decisão deixou os romenos perplexos. Quarenta mil pessoas foram expulsas de suas casas para dar lugar às obras. Nos últimos três anos o "Conducator" mandou demolir uma enorme área de Bucareste, principalmente sua parte mais amiga e histórica - uma vintena de igrejas em estilo bizantino, conventos e hospitais seculares - para construir um enorme centro cívico que abrigaria todos os órgãos do &O\"erno e do partido. Por essa obra o "César Vermelho" poderá ganhai um novo epí1eto Nero. Sim, pois este cruel e megalômano imperador como se sabe - mandou in~ndiar Roma, que foi quase totalmente devorada pelas chamas ... Arm ando Braio Ara
Hllll 1\\10 \1.1,,Rf.~l
TFPsemação Em apolo aos países bálticos escravizados, estandartes tremulam na 5! Avenida Antt o
prt dio d;i ONU, em Nov1 York, o
protntodaTF P oo rl e-1me ri unil
NOVA YORK - Os estandartes rubros comoleãorompantevoltaramatrcmular na3~ Avenidaeoutrasruasccntraisdesta capital, por ocasião da campanha promovida pela TFP none-amtricana, em solidariedade à Lituãnia, Letõnia e Estõnia, pafses bálticos atualmente sob o jugo soviético. Jovcnssóciosecooperadoresdacntidadcdistribuíramaopúblicomaisdc300
mile.11emplaresdeummanifesto,qucfocalizaaiituaçãodramáticadessasinfelizes nações,asquaisobtiveramsuasindepend!nciasemrelaçãoaoimptriorusso,logo apósa l GuerraMundial.Entrttanto,tal liberdade foi esmapda em 1941, com a in-
va.slo de tropas sovi~iru, que colocaram os mencionados paises na órbita do
Cremlin. Apesar das quase cinco décadas de opressão,v'1iossintomasdevi1alidadcanticornunistavbnSC'lldonotadosnastresnaçõesbalticas.ParaaLitulnia,paisde maioriacatólica,oregimemosoovitaenviou,emmeadosdeíevereiroúhimo,uma tropade\Omilsoldados,quescdirigiram à capital, Vilna,eaKaunas,a11e1undaci-
dadelituana,afimdeconterquaisqucrmanifestações anti-ru~,porocasião doaniversáriodaindependênciadanação. Ofatofoinoticiadopcloimponantcjomalatemão "Frankfurter Allgemcinc Zcitung". Alémdarcfcridamanifcstaçãodcso!idaricdade aos pai~ bálticos, a TFP, em 11eudocumento,aprcsemaumcategórico protesto dirigido à Organiução das Nações Unidas,emvinudcdessaviolaçãodalibcrdade, ernsaltaodescrtditoqueatingco tãopropaladorccuodooomunismorll.SSO, propagado em escala internacional por Gorbachevsobasdenominaçõcsdeglasnos1 cperestroiko
Comidando o público none-americano a apoiar a causa dos países bálticos e manter-scvigilan1cfrenteàsinve5tidasdo eomunismointernacional,conduiodocumento da TFP nonc-americana· "Amigo Americono. nunCll s,tsqutra de que a queda das grondes patincias não sedevt/requen1ementeàfo/10de homens, reoirsos e ormas, mas sim O foi/a de vigilância. "Que Deus conceda copiosamente (l nassanaçãoasvirtudesdasobedoriaeprudincia, sem as quais nenhum poi.s, embora poderoso e organi;;;ado, pode e~itar os abismos da História".
Súplica à Virgem de Fàllma LIMA - Mais de dez mil estampas da Imagem Pmgrina de NON Senhora de H.tima já íoram divulgadas pelos Jovens PeruanosporTradiçio,FamiliacPropriedadc, cm campanhas realizadas nos mais diversos pontos do pais. Novenodacstampaeneontra-scuma oração,emcspanholcnoidiomaindigc-na quechua,naqualarejriçãoaocomunismo ~ fundamentada na incompatibilidade destccomcadaumdosdczMandamentos
18 - CATOLICISMO MARÇO 1966
"O Rosàrlo: grande arma do século XX"
da Lei de Deus. O idioma qucçhua, falado por ponderável parcelada populaçàopcn.iana, tem sido usado também pelos jovens da TFP na proclamação de slogans.
NOVA YORK-"AmericaNecdsFatima Campaign" {Campanha Amffica necessita de Filima) é um projtto cspccial da Sociedade None-Americana de Defesa da Tradição,FamíliaePropriedade,qucvisa atrairparaaMcnsagemdeFátimaocoração e a alma dos none-americanos, cm reparação pclas blasf!inias profcridasdc modo insolente contra Deus e a Santíssima Virgem cm todo o mundo. Um imponantc lance dessa campanha consistiunapublicaçãodolivreto"ORosário:grandearmadoséculoXX",oq11al, comexcelenteapresentaçãográficacem cores,oíereccaopúblicoométododerczarorosário,mcditandocadaumadcsuas contas,sc1undoograndcmissionâriomariano franc!s do século XVlll, São Luis MariaGrigniondeMontfort.Suaspáginas reproduzem também algumas instru"çõcs paraacficazrcçitaçãodo Rosàrio,dcautoriadoeonsagradotcólogooontcmporãneoespanhol, Frei Antonio Royo Marin OP,autordoLivro"LaVirgenMaria:Teologiaycspiritualidadmarianas",cditado cm 1968 pela Bibtioteça de Autores Cristianos, dc Madri. O opúsculo "O Rosário: grande arma do século XX" contêm ainda, eom c:aracteristicas intditas cm nossos dias, uma scquénciadcquadrosrepresentandodcmodoatracn1e o.s MisthiosdoRosário,cquc forampintadosnoatelicranísticoda TFP none-americam, inspirando-se no estilo do célebrcarilitaercligiosodominicanodoséculo XV Fra Angélico.
A Medalha Milagrosa e a realeza de Maria A
PART!Rdasrevelaçõesedopedido
desecunharal'>leda!haMilagrosafeitopor
Nossa &nhora a Santa Catarina Labouré, em 1830,nacapeladasFilha.sda CaridadedeSào
Vicente de Paulo, na Rue du Bac, em Pari_s, estátuas da Santíssima Virgem também foram
Asdu.islaces daMed.ilh.iMi lagrosa -"Todas as pessoas que .i port.irem receberão grandes g,aças us..ndo...i ao pescoço. - As graçasser.ioabundantesp.iraaspessoas que aport.iremcom confi.inça"(dos manu scritos de Santa Catarina Labouré)
esculpidas,sobainvocaçãodeNossaSenho-
radas·Graças. A maM:mal e graciosa imagem de tamanho
namralqueestampamosna quanacapa,eque se venera na sede do Praesto Sum da TFP, em SãoPaulb,éumexemplodairradiaçãodessa
devoção marial. MasosucessodadifusàodaMedalhaMi!agrosa-oomumnúmeroincontáveldeconversôes,curas,proteç~sextraordinária1que lheconfcriramtal reputaçào - nãosatisfez inteiramente à santa religiosa. Um aspecto muito importante da.aparição de Nossa Senhora ficara ignorado: "ASonríssimaVirgem linha em suas mrios a bola do mundo. Ela a oferecia a Drus implorando sua misericórdia". A Mãe de Deus, nessa ocasião, dcuaseguim e explicaçãoà videme: "Essa bola que vós vedes representa o mundo imeíro, par1icu/armen1e a França e cada pessaa em particular". Noespíri1odeSamaCacarina. essavisãodaVirgemdoGloboprende-se àumaglorificação rmura de Nossa Senhora. Coma uma religiosadaCongregaçãoqueavidentedizia que a Santissima Virgem seria proclamada Rainha do Universo. Durantemaisde 40anos, "seutormen/o eseumart{rio"seráarecusaeaimcompreensâoque daenconcraráparafazerconhecera "Virgem do globo". Otestemunhodeumareligiosa,aquema Santafezconfidênciasnoanodesuamone, tomapatentcaimportânciader.seaspenodas apariçõcsdaMedalhaMilagrosa,quemesmo hojeemdiaéfrequentementeignorado
Únicalotogra fia deSa nta Catarina l abo uré aindaem vid.i, tirad a no anode su.imo rte, 1876
"Num tom mais firme do que de ordinário, elo medisse: - A Senta Virgem querabso/u1amen1e um altarno/ugarondeE/aapareceu;masE/adeseja ser represemada oferecendo o mundo a Deuseremo, Ela 1a1110 rei.ou pelo mundo(...). - Ocorrerão grantfes desgraças. (.. .) -Sobrerudo, níiodeixeissair nossasirmàs; porque os bons serão confundidos com osmaus,Jssoseráinslamíineo... osanguecorreránasruas.(.. .) - Num insrame crer-se-á 1ado perdido; mas 1ado será salvo. Porque é a Sanra Virgem quenossa/vará. Sim,qaandoessaVirgemoferecendo o mundo ao Padre Ererno for honrada, nós leremos a paz". Honr ara Virgemdog/oboé,deumacertamaneira,confiar-lhcsolenementeasone do mundo,nomeiodascrisesqueoamcaçam. Épropriamence colocar o mun do entre suas mãos. É por sua vez reconhecer sua soberania e sua intercessão. De qualquer maneira, é consagrar-lhe o mundo EseesseglobosimbolizatambémaFrançaecadapessoaemparticular, 1·ê-scquetal consagração deve tomar também uma fórmula nacional e ind ividual. Essasperspec1ivas estãoemplenaconsonãnciacomasapariçõcsdeFátima,quetrouxeram, neste século XX , a mensagem da Santa Virgem aos homens e anunciaram, com o seloresplandecentedo " milagrcdosol" , o triunfofinaldoCoraçãolmaculadodeMaria
A cape la da s Filhas da Cari dade de S.io VicenC e de Paulo, na Ruedu Bac, em Paris. À dire ita,o altarda "VirgemdoG lobo" indica o local da aparição em que Nos,a Senho ra revelou a Medalha Milagros...Aospésdoaltar, op1edosocorpoinco1ruptodeSanta Cata rinala bouré.
Encadeamento das revolrtções Todososbiógrafosde SantaCatarina labouré mostram como as visões encontraram confirmaçãonocursodastrêsrevoluçõcsdas
quais ela foi contemporânea: 1830, !848ea Comuna de 1871 Apresentando aspectos diferentes, essas trêsgrand es desordenssócio-políticastiveram umaraizcomum.1830éumretornoparcial aosprincipiosde1789,osquaissóserãodefi nitivamente adotados após 187!. Miisnàose poderialimi taragrandezadas revelaçõesda RueduBacàFrançadoséculo
XIX "O mando inleiro será 1ranstornado por males de toda ordem(..}. Crer-se-á tudo perdido. Aí, eu estarei convosco", disse a Santa Virgem à vidente em 19 de julho de 1830. Em 1876,anodesuamorte,SantaCatarinarepetiuessaprofeciaemtermosanálogos. AsrevoluçõesdoséculoXIXsãosomenteumprehidioda1desordensmaisgra~·es,queafetarào o mundo inteiro. Em1917, algunsmescsantesdarevolução russa,Nossa&nhoraanunciaraemFátimaa expansãomundialdoflagelocomunista, como também - segundo as hipóteses mais prováyeis sobre o conteúdo do 3? &gredo, ainda nãorevelado-omáisgravedosmakspara o mundo: a crise da Igreja. Qual é entãoanaturez.a profunda desse malque,d e revoluçãoemrevolução,de ruína emruína, nosconduiaessemomen!otrágicoemquetudopareceráperdido? Trata-se de uma revolla radical contra a ordemespiritualeaordemtemporaldesejadasporDeus,ouseja , contraalgrejaeacivilizaçãocristã.Seudinamismoresidenaforçaexplosivae corrosivadaspaixõcshumanas desregradas, notadameme o orgulho e a sensualidade. Ooonhecimemodesseprocessoéindispensável para avaliar seriamente a situação do mundocontemporãneo. Aexposiçâoclaríssimadesseprocesso revolucionárioenconcra-se no já célebre ensaio "Revolução e Contra-Revolução", do Prof. PlinioConéa de Oliveira. · Faceaesseprocesso,designadosobotermo genérico de "Rern/uçâo", a ContraRevoluçãovisaarestabe!eceraPazdeCristo no ReinodeCrisco.EssaPazeesseReinonos virãoporMaria.Nessesentido,aapariçâoda Medalha Milagrosa apresenta incontesta~·elmente uma caracterisuca contra-revolucionária
CATOLICISMO MARÇO 1988 - 19
Invoque Maria, a estrela do mar! "E
O NOMI:: DA VIRGEM era Maria" (Lc. 1, 27), Falemos um pouco deste nome tJUe significa, segundo se diz, Estrela do mar, e que convém mar<willrosameute à Virgem Mãe. (... ) Eln é verdadeiramente esta espUJ11dida estrela que devia se levantar sobre a ime,uidade do mar, ioda bri1/wnle por seus méritos, radia11te par seus exemplos. Ó ru. quem quer que sejas, que le sentes longe da terra firme, arrastado pelas ondas deste mwulo, 1w meio das borrascas e tempestades, se não queres soçobrar, não tires os olhos da luz desta estrela. Se o ve,110 deis tentações se levanta, se o escolho dru tribulações se interpõe em teu c11minho, olhei a estrela, invoca Afaria. Se é.t ba/011çc1do pelas vagas do orgulho. da ambiçcio. da maledicência, da inveja. olha a estrela, invoca Maria. Se a cólera, a avareza, os desejos impuros S<Jcodem afráb'll embarc(IÇÜO de wa a/m(I. /evtmtcl os olhos para Mari(I. Se. perturbado pela lembrança da enormidade de /eru rrimes, confuso à vista das torpezas de lua consciência, aterrori-
rodo pelo medo do Juúo, começa., a te deixar arras/ur pelo turbilhão da tristeza, a despenhar no abi.smo do desespero, pensa em Maria. Nos perigos, nas angiíMias, nas drívi.das, pe11sa em Maria , invoca lltaria. Que seu nome mmCCI se afaste de teus lábios,jamuiJJ abandone teu coração; e para alcariçar o socorro da intercenão dEfa, não neglige,1cies os exemplos de sua vida. Seguindo-A, não te trnmviará.s; rezemdo a Ela, não dese.,perarás; pensando nEla, evitarás todo erro, Se Ela te sustentei, não cairás; se Ela te protege, nada terás a temer; se Ela te conduz., não te c,msaráJ; se Ela te é favorável, ofconçorás o fim. E as.,im verificarás, por tua própria experiência, com quC1nlo raziiofoi dito: "E o nome da Virgem era Maria ". S,folkrnarda. l.au<"l)l'ffda l'ir,'l"tm ,\ laria ...Sup,:r mi,...,··. Z~ homilia. 1; - apu,I l'i~fTI' Aubro,o SJ, 0 /. M11vrt mariole de S..im lf~rnnrd, f:ditio,, du Cttj, Puris. Le, Caliien dt ln l'ier&t, n~ /J./ J, marf" de /936.pp.68-69.
O SANTO SUDÁRIO testemunho da Paixão, Morte e EMSUA EDIÇÃO de abril de 1983,
cercadcdoismilanos,1·ema!imemandoaden,çãodosfifüecon1inuaráafazê-loa1êaconsumaçãodossêculos.
"Catolicismo" publicouumpcneuantcarti·
gosobrcaSagrada FaccdcNossoSc:nhores1ampadanoSantoSudáriodeT11rim.Aacua-
tidadcdotcmaépcrmanemc,rnn,dcmodo
Breve histórico
panicular, con,·ém que voltemos a ele. por ocasiãodaStmanaSama.
Nos últim05 dez anos. houw um considenh'cl númcro de livros e publkações no mun,_~ inteiro, consagrados ao Santo Sudário, espccialmcntc por motil'odosegundoCongrcssoSudarísticolntcrnadonal,realizadonad-
dadcdc Turim, cm outubro de 1978. Na mesma ocasião, uma equipe de cientistas norte-americanos realizou acurada pesquisa sobreosagradolençol,!endosidosuasconclusõcspublicadasapóstrêsanosdeuabalhos
exaus!i,os. Em now, século cético e pragmático, a maioria dos esmdos do assumo tem como idiiafiualgunsprobkmas:sabcrseaciênciaconseguiráounãopro,·araauccmicidade doSudário:setaloucalnovatécnicapoderá decerminarotrajctocxa1opercorridope!oSudárioacra1·ésdaHistória;ouaindaseumanova dcscobertainvalidaràos cstudosantcriorcs . Ora,nadadiss.oéomais imponantc.Sc ébemc1•idernequeumcatóliconãode1·edesprezar aspesquisas ciemifica1 (váriase das maisimponamesforamrcalizadasporca1ólicos),opomoprincipalparaofiel,aorcnetirs.obreoSudário,ésemdúvidaacomemplaçãodospadec:imentosaw,mbrosospelos quaisNossoScnhorquispassar.tcodo(fflvis1anossasat-·ação. Talcomcmplaçãopodeser enriquecidapelasnova<;luze,queocstudodo SamoSud,rioofereces.obrcaPaixão,1'1orce c RessurrciçãodcNoss.oScnhorJesusCrisco. Apresentaremruanossoslcitoresumarápidavisãohistórkadoacomecidocomainsigncreliguiaao longo dosséculos.ecmscguidaumapanhadogcraldcalgumasdaspesquisascientífkasjárealizadas. Desdejáqueremosdei:<ardarogueo1ema,1·astissimo,não podcriasertratadocxaustivamentcnumarti· go.Dczcnasdcobrasjáforampublicadassobrcoassunto,etantooshinoriadorcsquantoosdentistascstãolongedctcresgo1adoa matêria. Temamos aqui num simples artigo cxporasúhimasemaiscondudcmesdcscobcrtastantonocampocxcgéticoquantocicn1ífico.Consuhamosamplabibliografia.citadaaolongodoartigocnofinal. Noss.oobjeti1·0 principal é dar um modesto contributo àquclesqucdesejammcditarossofrimentos divinos-paraosquaisoSantoSudáriotan• topodcajudar-,contemplaçãoestaquc.há Nosuup1 Nt11fü·o dtfolo lir1d1doSud.iriodtTurim
1
OSamoSudárioéumlençoldclinho,com grandesdimcnsõcs(4,36m. ~ ],]0m.), cuja tramaaprcsema odesenhochamado"cmespinhadepeixc" . e no qual senotam,em tênuccóramarelo-palha. asmarcasdeixadaspeloCorpodoCrucificado.Duaslinhasmaisescurasentrecortadas por uiângulos maiscla rospcrcebem-sede cada lado da fisura. ao longodetodoocomprimen10.Sãoasmarcas dcixadaspcloincêndiodel532,duramcoqual orelicáriodepra1aquccontinha0Sudário ehcgouaderrctcr-secmparte.Asreligiosas c\arissasdeChambtr)' COlocaram alguns remendos. que foram reforçados pelo Bcma,enturadoSebastiào\'alfréseml694.Aágua usadaparaapagaroincêndiodeixoutambém sinais bem ,·isheis no Sudário. Quando.cm 1983.faleceuUmbertoll.último reida ltália(reinoua1é 1946),legouele paraalgrcjaCatólicaoSantoSudáriodoqual eraproprietário.l:na1uralqueolcitorsepcrgunteo gue acon1eceucom oSudáriodcsde a morte de Noss.o Senhor na Cruz ede Sua Ressurreição, a1éa rcliquiachegara Turim, ondccs1áhojcemdia. Noss.oSenhormorrcrapor,oltadastrês horasdatarde,ecomoera1·êspcradcsábado,apartirdopôrdosolnãosepodiamais efetuarnenhumtipodctrabalho,ncmmcsmo enterrar um morto. Por is!-0 não hoU1·e tcmpoparaproccdera1odososritosfúnebres decostumc.OCorpofoicn1·o!tonumgrande pano,chamadoSindonepclos Evangclisras (Mt .27,59;~1c.1S,46:Lc . 23,S3),colocado numsepulcro,propriedadedeJosédeArimatéia.efechadocomumagrandcpedra.Quando,nodomingopclamanhã,assamasmulhcrcs foram ao túmulo para ungir o Corpo do SeohOJ,CTICOntraramosepukroabcrtoe,·a zio.AssimqucSàoPcdrolC\·cconhec:imento doocorrido.paraládirigiu-secomSàoJoào. Estcchcgouprimeiroc.aoinciin.ar-.st,1iudcntrodojazigo0San10Sudãrio,exa1amenteno mesmolocalemquccsta1·aquandorecobria oScnhor,porém "dcsinílado",jazcndono chào.OCorponàocstal'amaislá, No lugar dacabeça. pordebaixodopanoeformando umpcguenorelel'o, esta"aolençoquehavia sidoamarradocmtornodacabeçadeJesus, conserl'andoainda oformatoovaladodesta. O 51nlo hd.irio 111 como SI! •pr-nt•. A im•gem lt m •1 c~rutuislic,s de um neg1liio fologr.ílico. no qu•l o p1eto t b11nco t I t$qutrd1Jdi rti l•
est.i.oinnrtidm. 2 - CATOLICISMO ABRtt 1988
DE TURIM Ressurreição de Nosso senhor Godofredo de Charny. Ela era bisneta de OthondelaRoche.Sebemquetaisfatosaindanãoc;tejam estabelecidoscom codoorigorcíemitico,suaautemicídadeêmuicoprol'á,·el {"Historia". re,·ista especializada. n~ 433. Paris. 1982. PP- 106-108) A partir dai, ahistôriadoSantoSudário fbemconhccida:veneradodesdc IJ57emLirey,numaigrejaconsnuidaparae;;efim.foi ekdepoisdoadopor MargaridadeCharny, nctadeJoanadcVergy.paraacasadosDu quesdeSabóia.Estcsreceberamaprecio~reliquiaem 1453. Primeiramentel'cnerada em Chambery,entâopanedoducadodeSabóia ehojeterrhóriofrancês.0S11dáriofoi1ranspoT1adoparaT11rimeml578,ondepermane· cca1éhojc
o Sudário revela ser um negativo fotográfico htttomodopcloqualNouoStnho,foiem·ollonoSantoSudário,stgundopinturidtGio\·,mnihtlistadtllaRo,·trt(fimdo$ttuloXVl einíciodolt'culoX\'II)
A disposicào dos panos e1idenciou para as duastestemunhas,SãoPedrocSãoJoào,o scguime: o Corpo nãoesta1·a mais presente, masnãoforamremo1•idoporninguém,pois ospanoses1avamimac1os,nãotcndosidoto-cados:0Corpo, ponamo,oomoquesee1a dira de demro dos cecidos. Dai concluir o Evangelina: " Ele ,•iu t creu" (Jo. 20, 3-8),
Nosso Senhor realmente 1inha ressuscitado (cfr.estudo doPe.LavergneOPpublicadoem
"Sindon " n~ s.6, ano 111, 1961, Torino) ('). Éb<:me"idemequeosprimeiroscristãos recolherarneguardaramoomcodaaveneração as Sagradas Relíquias da Paixão do Senhor. Vamos depois rnooncrá-las em Constantinopla. onde, na igreja de Noss.a Senhora de Blaquerna.oSantoSudério.durantemuitos sêculos. foi,enerado.Nãosesabee.xaiamenteem queépoca ele foi le1·adoparalá, mas há,aolongodaHistória.l'áriosdadosindica1i1·osdapresençadoSudário . Os impera doresbizantinoscunharammoedascomaefi. gie de Nosso Senhor, e nessas efígies enrontram-sea1mcsmascaracteristkasquese nocam naSantaFaccestampadanoSud:i.rio de Turim. A mais antiga dessas mOWas foi cunhada pdo lmperador Justiniaoo li (685.695). Os especialistas, panicularmeme P. Vignon e A. Wenschei, enumerr.ram umas vime marcasoutraço1característkose~istemesna Santa Facedo Sudário,quepodemser~ncontrados também em inúmeros retratos de Nosso Senhor na arte biuntina, desde o r,éçulo V.
Porocasiãodoca.,ai_nemodoPrincí~herdeirodocronoda lt:i.ha, ofmurore1 Vítor 1 0 ~~:i::/r~ ~.'e ~fo::ifu~~~;~~~i;a~ ~ ~: oond0Pia.Em tiro11dua1chapascfoircl'elálas pes;oalmcme tm seu laboraiório. Qual não foisuasurpresaquando, ao revelarasfotos, aparcceunosnegathosomajestososcmblan• tedeNossoSenhor!Oquese\·ianoSantoSud:i.rio era, portanto, uma imagem negath·a. quenoncgath·odafotografiasecon,·ertiaem umretratopositis·o.Retratonoqualsepodem ''mais bela imagem, a m~IS prttiosa e suges- notar.reproduzidascomamaiorperfeiçãoe tfra qut st possa imaginar,(. .. ) t qut rom cer- nosmínimosdetalhes,asmarc35d0550frimen1e~a niio foi/eira por miio humana'' (Pio XI. OmnatoreRomano,8-9-!936), Af)(}saquartacruzada,em 1204.queurminou com a tomada de Constaminopla, o Sa.moSudáriodesapam:tu;comoeporquem fo1elele1·adoparaa Europa,éumapergunta queoshis1oriadoresnão:esponderamporit11eiro. Porém. uma comurkação feila pelo Pe. RinaldinoCongressoSuéaristicodeBolonha, em 1982,pareceterdadoumpassodecisi,·o na pesquisa histórica. O Pe. Ri nJldi enconno unosarqui,·osva· ticanosumacartado im~radorbizantino Ale· .xis\',dirigidaao Papalnocêncio [[[.após a t0madadeConstaminopl.tpcloscruzados.Ne· la,oimperadordepostonarraoacontecido aoPapaepedcqueelcimenenhajumoaum doschefesdacru1ada,OchondelaRochequcseriarcspcm$á,·elpelccksaparecimentodo Sudário-,paraqueorestituisse.Longede ofazer,Othontcria cnl'iadoapreciosareliquiaparaseupai,residentecm Bcsançon. na NacerimôniadeencerrarnentodeSua e1po1içlo França.Ofat0éque0Sudárioapare-:emais soltne,ern11J31, o5antoSudârio Í! mostrado,na tarde, em !357. cm Lircy, naquele mesmo escadaria da Catedral de Silo Jolo, trn Turim,~ pais, nas mãos de Joana de Verg)', 1·iú,·a de multidiortunida naptaça Emre oucras marcas dcscober1as por eles, comam-se: uma ri5ca tramversal na testa. uma formade " v''mu ito1·isi1elnoprolongamento donarizent reas sobra1celhas,asobrancelha direita erguida, asm~çãsdo ros10 s.ilicnte;, a repanição da barba, uma linhatrans,·ers.alnagargantaeosolhosmuitograndes O~antoSudárioera. por1anto,aoquecudo indica, bemconhecidoeconsideradocomo modelo seguro para osariisca.s, pois era a
CATOLICISMO ABRIL 1988 - J
1
'-'' ,.:=r::---
~·
/,;
., \
..•. ...
- -~ -
t
1osinfligidosaNossoSenhoraolongodesua Paixão:aterri"elflagelação,acruelcoroação dc espinhos,asmarcas deixadaspclocarrega-
mento da cruz ao longo da Via Dolorosa e pd a
Crucifixão, por meio de pregos nos pulsos e nospés,ogolpcdelançaquelheabriuosagradoladoeosangueeaáguaque dele
manaram. Mais ainda doqueessessinais ,pungentes te stemunhas dasdores ,a fotografiamomou amajestosaserenidade daSagradaFace:éo sublimeretra1od0Sal"adorcomonenhumar-
lisca jamais conseguiu expresswamente
pintar
tào
Taldescobertafoi opontodepartidadas pcsquisasciemificas cconstituiuademaisparanumerososincrédu!osumaprova evidem e daaU!ent icidadedoSud:irio. Queanistateriasido capazde pintaremnegativoumaimagemque. uma ve2 re1·elada . mostrava tal riqueza , tant o nos de ta lhes quanto na expressão?
r.tuitoscientistasemédicosapartirdeentâopuderam estudar com mais pr ecisão as marcasdeiJ;adaspelaPaixàodoSenhornoSudário. Entre todos, con1·émressaltarosestudosfei!Ospel0Dr.P. Barbe1,eminemecirur· giàofrancê1,qucprocedeuainúmerasaná!isese experiências , ecujo tr abalho10rnou-se básico. Osdadosque asegu irreferi mos fo ramC$tabdecidosporele(1·er tambémoquadro sobre ossofrimemosdeNossoSenhor), e confirmadosdepoispordiversosoutros estudo1. Recomendamosanossoskitoreso livro (citado ao final, na bibliografia) desse grandecatólico,qu e,duran tevim e anosestudou , à luz daanarnmia,ossofrimentost erríveis de nosso Redentor. P.Barbet estabeleceu,emreoutrascoisas, queaana!OmiadoHomemdoSudáriocorrespondecomtodaaprecisàoàrealidadeda anatomia humana . Tanto do po mo de vi sta foiológicoquamopatológico,a represemaçâo dasferidasestàcorreta. Opolegarnàoaparecenaimagem, poisemvirtudeda Crudfixào opregoperfurandoopu!sotocanonervomedianoeprovoca acon traçàodo pokgarpara o interior da palma da mão.Essasdescober tas,eoutras,foramcomprovadaspor Barbet com experiências realizadas em cadáveres Eledernonstroutarn bémqucNos,o&nhor morreupor asfixia ,devidoàposiçãopecu liar docrucificadoque,penduradopelosbraços, ficaimpedidoderespirar.Parapoderfazê-lo, ocondenado eraobrigadoaapoiar-sesobre asferidasdospésedasmãos,comsofrimentosi nenarrá"eis; logoemseguida, o corpore 4 - CATOLICISMO ABR IL 1988
o mapa do Sudário 1-
Imagem de frente e de costas
l)Rernendosequeimadurascausadaspelo incêndiode !532. 2)Marcasdevidasàáguautilizadapara apagar o fogo. 3)Duplaimagem,dorsal e fromaldeNosso Senhor Jesus Cristo. 4) Marcas oriundas dos golpes da flagelação. 5)Nafrome, nacabeça.enanucarnanchasdesangueocasionadaspelacoroade espinhos. 6) Chagado prego no pulso esquerdo 7)Manchasdesanguenosantebraço s, o qual escorreu das chagas dosp ulsosd u ranteaagonianacruz. 8e9)Grandcrnancha desanguenolado. Duplo escoamento: o primeiro, em posição 1·ertica!, quando Nosso Senhor ainda estava na Cruz; o segundo, hori zomal,osanguechegouaescorreratéas costas,durame adescida e transponedo Corpo. lO)Sanguedatransfixàodospés;apernacs.querdafícouligeiramemecontraida, e os pés superpostos na rigidez cada1·érica. ll)Comusõcsprovocadaspelouanspone da Cru z.
caia.Enquantoth·esseforça para aguentar esselevama-abaixat rcmendo, ocondenadovivia,depoissobrel'inhaaasfixiaeamortc. Barbct demonstrou igualmente que a ferida da lança foi aberta após a morte de Nosso Se-
li -
A Sagrada Face
l)Equimosesdevidoaumaqueda,acrescidasdeturnefaçãoocasionadaporum golpe. 2) Tumefação da maçã dirdta 3, 4 e 5)Tumdaçõesdamaçàdoroslo, dolábiosuperioredoqu ei.\o,todaspro duzidas prova1·e]mente por quedas e espancamentos. 6)Sangueemanadodasferidasdacoroaçàodc espi nhos 7) Em umecime ntod aregiâodasobrancelha esquerda 8)Narizdeformadoporcausadafratura dacart ilagemque se descoloudoossopor camadeumvio\entogolpede bastâo.
nhor.eonformeorelatodosEvangelhos(Jo 29,31 -34). Alançapenetrouen trc aquimae asextacostdasefuroua téa aurirnladireita docoração,queestavarepletadcsangue,únicolocalqueocontinhalogoapósarnone.A
Alguns dos sofrimentos de Nosso senhor estampados no santo Sudário
águapro,·inhadaca,·idadeplcuraledo pericârdio.
Uma característica assombrosa: a tridimensionalidade Dcntretodll'i as pesquisas cientificas realizadascom ba<ie no Sudário,con1·êm relatar aqui alaumas das mais impressionames. Em 1977,,·árioscien1is1asnorte-americanosfor maramumgrupodeim·estigação. sobadcnominaçâode ProjctodePesquisadoSud:irio de Turim (ST URP). Suapri mci ra gra ndedescobcrtafoi feita pordoisoficiais da Força AéreadosEstados Unidru. John Jacson e Eric Jumper. am~ físicos. Ba5cando-!iC'emfotograliasdoSud:irio,descobrirameksqueaclaridadeda figuraestárelacionadacomadistãnciaemreocorpoeotecido.Ouseja,áreascomoonarizou atesta,que1ocaramnopano,apareccmma1s cscuras. cnquamoomrascomoaspan esl ateraisdo rootoe a cavi dade ocular aparecem mais claras. Essarelaçãodedistânciaent re o corpoeotecidopodia!ierdeKri1acomprecisâo matemática. Ora, i™J é simp!c-smcme imposshel de ser realizado nn qualquer fotogra liacomum,poisnrmasltniesnemospapfo ÍO!Ojrálicosmodernos1êmsensibitidadesuficién1epararegimarasvariai;õesminimasna luzemitidaporalgumobjeto,dcmodoapodcrscravalia daa distânciacmrcofilmeeo dito objeto. Os ci ent istas apcnasco n,cgucm reconstituir uma imagem tridimensional. a partirdefotosdcplanetaslonginquos,poi> ncssecasoadi,tanciaenormcinflucncia.cm proporçãomensurá1·el.aimcnsidadedaluzrcctbida.JacksoneJumperempregaramemâo umaparelhocien1íficochamadoVP8.usado naanálisedcfotografiasdeplane1asecstrclas,Colocaramnekuma simplesfo10i!rafiado Sudárioequalnâofoiseumara1•ilhamento ao 1·cr aparccer na tela .mndisrorção. umaim a gemtridimensional daSagradaFacedeNos, soStnhor.Comqualquerfotografiacomum,
• Clnqumta pnfuraçõnna frome, na ~~r~!_agonia,equeacaboucausando1 tcstaenanucaforamproduzidaspelaCoroa de c-spmhos. Galh.os c-spinhosos mui*Aiferid.sdoscra,osestãonospulto duros foram grosseuamente trançados, sosenãonaspa!masdas mãos amarradossobre~cabeçaporumpunha• Ao perfur11ro pu lso, o prego sccdodejuncostorc1dos,efincadosporno- cionaemparteoncr1omediano:causanlentos golpes de porrete dodore1_q.uenormalmcnte fanamdes· • A di,·ina Fact está inchada pelas maillra\'lllma,ecomraiopolegarpara comusõesde<idoàsboíctadas,aos=, ointeriord.ap.almadamão. aosgolpesdeba!itõeseàsquedas;ona• Osdoisj0tl•osestàochagadosderiz es1á fraturado: a canila,em s.t d=o- \ido às quedu durante a subida do lou doosso(oqual não s.tquebrou); a CaJdrio. fronteestácomundida;asobranctlhac-s*Umsóprtgofoisulicien1eparaliqucrda,olábiosul)(rioreasmaçâsdo xarospéssobreomadeirodaCruz; os rostoestãotumefatos. jodhosforamle>·emmtedobrados,opé • So Corpo martirüado de Nosso Di- direitoaplicadosobreaCruzeoesquer•·ino Rcdemorpodem contar-s.t pelo me- dosobrcelc. nos l20golpesdeaçoite. •Ogolpedtlançaproduziunosagra•o.in~Mio~fflll!I dois, um de ca- doladoumalargaferidaquelicouabtrda lado. NossoScnhorestuaamarrado 1a,pois;,.;~Stnhorjáes1a,amorto. aumacolunaefoi flagelado no Corpo Drlamanousangueemabundãncia,,in 1mc1ro. dodaauriculadireitadoCoraçãoeãgua •onageloromanoC'facompos1ode daca,idadepleural. duasoum!scorrci asdeoouroquetermi-
d~·a: e:
~~~~!~~~:::n;~~~g~
com dua.s bolas nas e~tremidadc-s. • O ombtodirti1o eoomop!ataesquerdoes1ãomachucados pelo peso da Cruz(•),querolandoeesfregando-sen.a came,i,·a.duranteasubidaaoCal,ário, reabriu.afundouealargouasferidasda flage!aç.ão,atéconstituiruma!.ó,haga sangrenta. •Opei10muitosaliente denotaa1erri1elasfixiasuportadaduranteastrêsho-
_ _ _ _ __ ( ' )SqundoOl~ÍCIIOlpmlll<dlea!dr,drBarbo(.,.
19ll••boJC.•OOflfirm•d01pria,tMudOI
timtií1m1dtl9"1~pda~IIOrlt-amtrun..oo«llldCliados1mu:ttamotinpdol1(ar• rqiro.iolrnl.lUll<U"l,lll&IIIJIS<UUl\n,al.'ou
··p111bilhlm··.Es.1tn...,aa.11danapano,om.·II, ou"Mipn",Q11<fi,"111jifo.ad.ti><>lo,;;lld1>"t>.-..i· 1ffl.ls,.o16oconíornw1,úirrna,;õnfr,1•1po,1r-
qotólof;osrut1t1&1dtq1>eNo»oS.nhormr•1ou o'·panbulurn",1pantn1ns,·.-r.al,cu}OP"")I01 »aliado!Ol!Ok1.1pro\lmWl!lm1<
r------------- - -- - - - ~
(Emcim,] S, Se.t,.feira santa,an1esdopôr-<lo sol,SossoOi, ino Siil,·.idor lõra coloudono!Ú· mulo. {Emb,i,o)Soclomingopel,milnh.i,os Após, tolo1e ncontra,am0Sanl0 Sudariocoloudo no ch ão.U m ligciro rele1 o na ahurad a cabeçadei , a en1,e,·er o pi no qu e lêui i man~ do como J!Jdu ,i em tornod;, cabeç•; ni ngutm o tornu. NossoSenhor, com.euCorpoglo rioso,reslu1cil.ua ' - - - - - -- - - -- -- -- --
-~
sobreosjoelhos,cujafacctocouaterra;que foi crucificado, morrcunaCruz,te1·c olado direitoabcrtoporumgolpedclanca,foi cnvoltonoSudário,oqualnãoapre.sentanem sinaisdcdecomposiçãodocorpo,ncmmarcasdequcestctcnhasidorcmo,ido.
A tquipt dt (itnfüliS nortt-1meriuno1, rtunid;i em 1978, nu mi 1;il;i do Pillicio Rui dt Tu,im pi· riutudifoS• ntoSudário,sobipruidfnci;ide lohnJ•ckson.A h.ísde l;icksontsUames;idt tn· tu esptch11mt n1t con11ruida para facil itu os t1iudo1
aimagcmfornec1dape\0VP8apareccextremamente deformada. Deimediato,taldescobcrtamostrouque afiguraestampadanoSudárioo_foiporquc dacorrcspond1aaumobjetotrid1mensional, cnãoemrazãodocontatodirctocom esseobjeto,poisadaridadcdasáreasqucnàotocaramdirctamcnteopanoYariacmfunçàoda distãnciaentreelaseotecido. Ailim,cada pontodcsse"objetotridimcnsional"dc,cria matuadocomofocodaradiaç.ãoOuze/ ou calor)quecausouaimagcm(cfr.JohnJackson e outros,_ "Thc Threc dimensional imagc onJesus'bunalcloth'',naobradeStc••enson eHabcrnas,citadaaofinal,nabibliosrafia). E,identemen!e,trata-scaquidemaisuma pro,·adaautcnncidadcdoSudário,poissc ncmumafotografiacomumpossuicarae1ercs uidimensionais, muito menos os apresenta· riamumapintura.Aanátisedctalhadadaimagemtridimcnsiona!mostroutambém.sinaisde
~: :~~i~ â~ :!i!~!~ :~~~:;i~ss~~~:~~c~
Os cicntistu se propunham wna grande indagação: como se formou a imagem, qual foi es§Cmisteriosoproccsso,oqucacomcccu?E depoisdetodascssaspcsquisas,iivcramque reconhecer;nãosabcmos. Masoqueacifocian.ãoconscguecsclarecer,a Ftopode: NossoScnhorJesusCrino ressuscitou. "Eltressrm•itoucomoodissero. Altluia (... ). O Senhor ~·erdadeiramente ressusti1ou. Ale/uia!"(AntifonadaoraçãoReginaC1"//). lk noit V1·esMichac l Bemelmans
nascsquemático,asconclusõesúllimasdessa quefoiamaiorpesquisacientíficaa1t hojerealizadacorn0 Sant0Sudário. - A imagem não é obra de nenhum artista ou falsificador ; - de cor amarelo-palha, a imagem é oresu!tado da "chamu!oeadura" superficial das fibnlasdo1ec1do; - a imag~m aprescnt~ carâter tridimen1ional, o que s1gnifica ter sido cla formada pe-loCorpoquecstavaen\"oltonoSudário:quc 1a!Corponàopesavano1ecido,ponant0não csta,·asujeitoàleidagra,idade;equecodo ckcrafocod.aradiação,quemarcouotecido; -foicncontradosanguehumanono1ecidocrcsto:sdetcrranap!antadospés,comprovando que o Homem do Sudârioandou descalçopoucoante5de5Cl"crucificado; -cnfim,nãofoiobsen•adoabsolu1amen1c nada que pudesse contradizerem algo as narrath·asdosSantosE.-angelho:s. A imagCil1 é a de um Homem que foi flagclado, cor~do dc cspinhos, o qual carreg~u suacruz,foicsbofcteado,·iokntamentc,ca1u
{
Fotogrdii 1ridimt111io11,1I d,1 Sant,1 hce d, .~osto Stnhor obtida 1ho1.1·ts cio VP 8. hse o1.po1.1tlho traduz tm rele.o n diferençn d, duido1.de , ~ · litnt•ndopo1t1ntoquo1.lqu"mo1.ruquehaj;ino tecido: clobus, h;im;i dos fio1, pó, manch.is de .i11uattc.Oque1tr•p•lh.i.,m1lgo1~i1-iodo Ros.to doRtdtn1or.
nos"bo1õts''queseriam,narealidadc,moe-
1::h!~'.i~a~~~ c~~~!:piu;~!~i~ª!~ ~~'!·~~ loqualosjudeussepultavamseusmortos,há 2.@anosatrás(JohnJackson,op.cit.). 5
conclusões da pesquisa
?~
Aequipede41lcientistasdoSTURPpreparoudurantcumanoasériedetesteseanáliscsquerealizariamemoutubrodel978,logo.ipósotérminodaexposiçàodarc!iquiaem Turim. Durantccincodias,120horasafio,junto àpreciosarclíquia,scmpararuminstante,elcs IC\·antaram,comaajudadeequipamento:saltamcn1esofis1icado:s,omaterialneccssáriopa~ raestudosmaisaprofundadosaseremreali- RKompo!,iç.iodo Mllo1.grum" ro111,1nou~don.1fl.izadosdepois. Adcscriçãodostcstesrcaliza- g,lo1.çlodeNossos.enhor.Asponto1.s, constit11id.1;s dosem Turim, e depois as ISO mil horas de por duu tsftru M chumbo lig.1d.i.s mediante um,1 uabalhoaolongodetrêsanos,cnvolvendo Pf'QUtfl.llfiYol.,OUpGfpt'QIICIIOSOS.SOS,ininc:il"iffl disciplinascomoótka,ma1cmâlica,f!sica,qui- d,ud,11-ezped•çosdecnlM'.All•gel•çJoi m· mica,biologiaemedicin.a,cxigiriamaisdoquc post,1 pelos rom;ino1 muilu ,·cus miliVi o umlh·ro.Exporemosasc11uir.demodoape- conden;ido.
~
6 - CATOLICISMO ABRIL 1988
(')Talinmpmaçlosobro1di1po,i,;lodo1iunosno >epuk1oba!fl1->enum1 no,·11raduç.lod1 Vul1•1• 1poll!\do-1<nos1mosir•1os(upttial111<n1,o··co,k< Sin1i1icu1").quc,·<m1t11dor<i1aapan~d.ad&ad.ad<
60,An0>·1traduçloffund.am<f11ad1emparticularno,
ffiUilos«11hicosdoJ>t.Cf1.laoLa,·trJ'll'OPtdoPc.
Ja1Robinson,c.c1<1ains)~.lltmdtmui!os,xmos.,
l<mC'llllfirmadoin1oir1ffltfl111oda.111pesqui,as11
,í!'~~i:.~~~:.~:~ad~
1
q~~~
mal1uui1(110Xia~diíicilpuulffll.Rern<1emoso
lritor10C1111dod11allwlodoP,.La,c,l""'\op.ci1.J
Bibli<>sraÍ'a
- e.. JOHN HELLEk. ··o Siidário dt Turim"". J. o
Ediu,ra.R-,d<Jm<ifo,2'<diçio.l986.
- STE\'ENSON E HABERMA.5. "A •<r<Wi<
'°"''
o S1uUno''.EdiçõnP1ulmu.SioP1ulo.l9SJ
-lANWILSON.''OSL~10Sudirio"".Ed.Mclhora.1DCJ1lm.SioPaulo. l979.
-"'Procedinpof1ll<l!ll1U.S.coníc,=ofr<st11<b o,, ,li< Slvoud ofTurim··. Hol~ Sluoud Guild
l9"""".)rdpruu,t11.\".,.York.19""9.
Suai,,··. Edi· 1 -~~ ~~:_1._0S:.·n :!
-t.A~18ERTOSCHIATTI. "L<Sailll
- J. L. CARRE.~.
!oion>.N.,. Yorl, 1980
-P.BARHT,"Apai\Aod<Crislo5qun<loocinu 11ilo"".Ed.L0)1>l1.SioP1ulo.1976
Santa Roma
B,uiliudeSlo lolode L,lrlo, Rom~ ROMA - O peregrino que chega a Roma naSemanaSanta,1aheznãoconsigarecons1ituiraVida,Paixãoe ,\1onedcNossoSenhor comamcsmarea!ldadcdequempercorre,na TerraSama,ospróprioslugaresqueossagradospésdoSat-,adorpcrcorreramemsua,ida monal. ~las esta Roma Eterna, centro e íonte do catolicismo, e que estc,·e até J870sob ocuidadopatemaldosPapas,reúnevestigios, lugaressagradoserclíquiasinsigncsque.cm esplendorososlugarcsapalaciados,con1•idam nesscsdiMo\lajameàoraçiocomgrandcforçae,ocali"a. Comra.zãoalinguaportuguesacons.en·ou apalana,omoria(derivadadonomede.tacidade),comosinõnimodepcregrinaçãoporantonomãsia. Romeiros eram todos os peregrinos que se dirigiam a Roma, ou a Santiago de Compostela, ou aos Lugares Santos. Pois o arquetipodecidadeparas.ervisitadaem pcregrinaçãoeraahinóricacapitaldolácio,da qualfoiBispoSãoPedro,aPedrawbreaqual Je.us Cristo edificou sua Igreja
São João de Latrão NaQuínta-FeiraSanta,tentandosobrepormeàagitação,aocorre-correeaodesdémpelo sagrado,nestaltá!ianeopaganizada,naqual já não são feriados os dias da Paixão, apro.ximei-medeSãoJoãodelatrão, lugar de,·isitaobriga1ória.para1odoobomcatólico,nessada1adainstituiçãodaSagradaEucaristia. Éa catedral de Roma,eporcons.equencia.comodizumtitulodes.eufromispicio. a Moltrtl Capul Ecc/1'$iarum (Mãe e Cabeça de todas as igrejas).0 Bispo que ai tem suaCátedraéopróprioPapa. fatiléramosmuitu,·ezesnaquelabasílica. mas agora não quisemos nos deitr em apreciar sua belcza arquitetõnica, s.eu batistério C'élebre, sua grandeza. Atraia-nos o Altar do Santíssim0Sacramemo.Estáali,para~r1enerada. a própria tábua da mesa da Ultima Ceia,wbreaqualNossoSenhortomouopão "cmsuassamasevenerheismãos''epronunciouaspalavrasdaCons.agração. Sobre essa
McsabtnditainstituiuoSacramentodaEucaristia. seu próprio Corpo, Sangue. Alma e Di,·indade.PrccisamentenaQuima-FeiraSan1a.Jumoa1al~IC$8la1·ou05pésdosApósto· los. Com es(lmal amor e ,·ontade de com·enélo, la1·ou os pés do Apóstolo traidor. Junto a mesma Mesa, o Apóstolo amado, São João -aquem~1ádedicadae.1aigrcja-ou,iu 8lipalpitaçõe5,oumelhordizendoacelestial harmoniadoSagradoCoração.Quamospensamenrns,quantaspágina.ssagradasde.amos Padres e Doutore,; na.sccram a propósito desta Mesa! Apoucospassos,nobl:füsimoclaustroin· teriordabasilica,transportadadaTerraSanta,estáaronmuçàodepedradopoçojunto aoqualasamaritanaenrontrouNossoSenhor. Vinhabuscarágua.:--osso&nhorFalou-lhede Apoucospassos,nobclis1imoclaumoin· teriordabasílica, transportada da TerraSanta, cstáaconmuçào de pedrado poçojunto aoqualasamari1anacncomrouNo.soSenhor Vinhabuscarágua.Nosso&nhorfalou-lhede uma água que Ele daria a beber edepois da qualelanàotcrianovamentesede.Nestaspalavras à samaritana reconhece-se, de modo prcfigura1i1·0, novamente a Eucaristia.
drculonamadeiradeixa1·crnomármorcos locais marcados pelo Sangue infinitamente precioso do Justo Osfifü,dejoclhos,asobemrezando,ou meditando a Paixão. Do alto dessa ($("ada, Pilatos apresentou Jesus ao populacho judeu que pediu Sua Crucifixão. Hojcemdia,aEscada SantanoslevaàSonctoSoncrorum. Assim se chamaaamigacape!a panicular dos RomanosPontífices,queesta1·arepletade insigncs relíquias. Aindaconsena-sealiumquadrodeNosso Senhor chamado o "Cris10Aquiropi1a"'. Aquiropitaquerdizeremgrego"nãopintado par mão"'. Com efeito, narra a tradição que,iniciadoparSãolucas,oquadrofoitcrminado por um Anjo. Na pane superior da Sancta Sanctorum. uma inscrição em latim diz: "Não há um lugar mais santo em todo oorbc"'.Alireza\·amosprimeirossucessores de São Pedro. Dcixamosa1résaScoloSan10, a praça de São João de Latrãoetomamosaampla Via
Scala Santa e Santa Praxedes Na&xta-FciraSama.dirigi-meaumapequcnaigrejaqueficaapoucosmetrosdeSão Joàodelatrào:aSca/oSanro.Éae~adade mármore que fõra do prctório de Pilatos. trazida dc Jerusalém a Roma por Santa Helena, mãedoimperadorConstamino,noano329. Nosso&nhorsubiuedesccue.se.28degraus ,ârias1·eiesnodiadesuainfamecondcnação. Quem a sobe de-.·otamente na, sotas-fciras da Quaresma, e na Sexta-Feira Santa, alcança urr,aindulgênriaplcnária.Ospa1amareses1ão protegidosdodesgasteporumacobcrturade madeirade··noga!".Noentanto,pclasfaces \"trticaisdosdegrauspodc-s.etocarnomãrmore. Em vários pomos, um cristal colocado em CATOLICISMO ABRIL 1988 - 7
Mcrulana,quchojcuncaBas1licalateranel\5t' àoutraBasl1ica:Santai\1ariaMaggiore.Auns ccmmc1rosadiantcdesta,dcti•·cmo-nosantc apequenaportadeumaamiquiuimaigrcja qucsóscperccbequandoscestámuitopróximo. Ê SantaPraxedes. Emramospara,·cncrar ouuaprccíoiarcliquiadaPaixão. Reliquiatal.qucquascnão nosatrairamos magnificos mosakospakocristãos queadornam estaig reja. Éa Coluna daFlagelação. O Cardeal Colonna. protctor destetemplo,emhonraao signiíiçadodeseu nome,nãoencomroumelhorreliquiacomque o adornar. TrouxeaSantaColunanoregressodascxtacruzada,eml223.RerordamosoomoJesusfoiatadoaclacflagcladopelossicários de Pilatos. Seu mármore com n-ias 1crdes de1·e 1er sido cobeno pclo Sanguc do Rcdentor. Doisobjctosarquitetônkosdopaláciode Pilatos, duasreliquias,duasigrejas. A Scala SantaeSan1a Praxedesabrigamcstesdoisobje10s, umacscadac umacoluna,qucapicdadedosíiéisdurante séculostem 1·encradoem Roma
A verdadeira Cruz Dei.umos Santa Praxedes e ,·ohamos em direção à Scala Santa, de onde partíramos. A Colun,1 d,1 ll,1gela~.io - B,1siliu dt S.1n\,1 unstreten10s metrosenoontra-sea Basílieadc dts, Rom.1.
Desinformação ''EU
NÃO PODIA sequer imaginar qut fosw tanta o miStria, ranto o rnrmtnlo, tan/o a fúria e 1an10 o dl'Sl'Spero do po,·o nicaragu1m~. Aprf'ndi muito sobre no.uas meios de informação, qut constituem a cai.lo de ressonância da desl,ifarmaçâo''. Estacontundenteapreciaçãosobreoseftitosdosandinismo naNicaráguacaccrcadacumplicidadedOi meiosdccomunicaçãoocidentaisromtalsituação,íoifeitaporMartinKrielc,estudiosoakmãoquedurantetrêsscmanasperoorreuaquekpais. Scguemalgumexccrtosdcscuimportantelil'ro(•J.
''Em Mondgua deixamos as malas no quarto do hotel e saimos para almoçar. Quando ,·oiramos elas ~ta>YJm abertas. Ha•·iom desaparecido todos os lfrros (. ,.}. Agua corrente 11âo i sempre que hd;fa/ta também ,·idro; uma a/a da porta de entrada do holtl está rei·estida de madtrro", "A gasolina esrd racionada. Al µro1tlt1ras dos estabelecimenros comerciois esuJo ,"(l;ias". "A agricultura está fracos.sa.ndo (... }. É a /ti da Reforma Agrdria (... }. É este precisamtntt um dos motil·os principais da resistência camponesa contra o reg1mt 5andinis1a (... }. A si· 1uaç60 do stlor indus1rial não I melhor(,,,}. Em Manágua surgiram novos bairros de mislria". "Os tribunais populares estilo deslinados a promulgar sentenças contra peJ.SOOl sabre as quais paire a suspeita de serem contra-revolucionárias'', "Asituaçãoeronômicllobrigouaftrharmuilasesco/as(... ). A 1ranth maioria dos mldicos abondonou o pais, dtctpcionados,xlaorien1açãoso1·ié1ic11. O gowmoestá 1en1ando implanrar o modelo cubano dt capaciroçâo mMica artltrada. D nírtl dt 8 - CATOLICISMO ABRIL 1988
Pr11t-
Santa Cruz de Jeruialém. Foi residência de Santa Helena.Com1amino,comamortedc sua mãe e em sua memória, transformou-a em igreja,aqual,oomdi1·ersasmodiíicaçõesa1ravé<;dos,O:culos,chegouaté nós. Conserva a reliquia maisprecioiaqueamãedoimperador trouxera da Terra Santa: a Verdadeira Cruz. Ou melhor, os maiores fragmentos que seçonserl'a mda Cruzporelaençontradamilagrosamcntc em Jerusalém . A mesma Cruz sobre a qual Nosso Senhor ofereçeu sua l'ida pornósenos redimiu . JuntoaorelicáriocontcndoMpedaçosdoinsigncmadeiro,outras relíquias da Paixão: a falange de São Tomé Apóstolo, a mesma que tocou as Chagas de Nosso Senhor; alguns espinhos da Sagrada Coroa,umcra,·odacrucifixão. Recordemos M ,·ersosda Liturgia deste dia: "'Dulr:t' lignum, du/c,s c/a,·os ... " (Doce lenho, d01;es cral'M). "Es1t I o madeiro da Cro:,1obreele,s1e1·tsusptnsoasal>-açâodo mundo". Ali está também a madeira com a inscrição em hebreu, grego e latim : Jesus Nazareno.Reidos Judeus.Acscri tajãquaseapagada ~los 1éculoscausaemoção . AstrêsdatardedaSexta-Fe1raSanta,rezamosunidosa1odososcat61icoi;domundo. que em diferemes fusos horários recordam nestediaamortedenMsoSahador. Juani\figut/Montes Nosso correspondente
conhtrimtntO destes semi-mldiros é péuimo. HO deficiêncig aguda dt mtdicamentm e eq11ipamentos médicos", "O poder dos Comitês de Defesa Salldinisra (CDS) >'ai além do que era arnmulado pelos delatores da épo,.-a do na:lsmo g/emâo, Os CDS obrigam os homens a d1:trtm o Qllt 111}0 pensam, ajiliane a associações que detestam, a grilar \logans dos quais discordam. Obrigam-nos _1umblm a renunciar à educação de seus filhos no espírito da religião". "Quantoàstltiçõts, oambie111equt.seperrtbtémw1oparerido ao da Polónia. São escancaradamentt froudultn1as". "\'tJohóprottÇiloltgalcontrothtenÇÓf'S, 10,ruras(... }. .\'os Ultimas anoJ 05 sandi11istas matargm uns /5 mil índios miski1os. Omros 30 mil esrâo em campos de conr:t'nrrorão e uns J mil nas priJM. Sa aldeia miskita dt Jfororón, mulheres foram 1·ioltn1adas diante dt seus maridos, comtteu-:,e o sacri/C· gio de rransformar a igreja em doacu. Nos muros ex/triores pintaram: 'Vosso Dtusjá o matamos'. Foram carradas as mãos e as orelhas t arrancados os olhos a 32 homens. Dtpoi.~foram extcuiados. Queimaram casas, cas/raram homens, corraramlhes línguas t bocas. Corraram os Sf'iOS das mulhtm. E ludo i.s.softito em presença de familiares, filhos t/C. Conoram e lingua dt um homem to enforcaram na igreja. Abriram o 1·rn1re dt uma mulher gr01·ida . .\uma faixa dt/60 kms ao longo do rio C(J(Q arrasaram tudo: plant(IÇQn, gados, tudo". E o Sr. Kriek,referiu-seàgrandedesinforma~àoqueae-;querda promo1enaEuropa!o0bre a ~icarágua, aduz: ".\'oBrasilcreioqueadesinformaçâosobrea.\icarágua f'quast tilo gra1·e qua1110 a que 1e o~n.·a 11a Europa Ocidental (... ). O Bispo Ca$tlldd/iga 1·oou para .\fanligua a fim de romparrilharo jejum th D'Escoto. O Cardeal Antt dec/arou-s,, 'plenamenlt so/iddfio', os bispos Fragow e Pires re5po/daram as dttlaraçrksftitas por Arns e CasaldO/iga". (')"1'.:arq,;a-COl&lÓllhnido<k~".HaKIIKothlef\n\aa,Mliru (A~ha), 19416, 186 ~ - Tri.dtuido pa,a o wr~lwlo. !lo OIÍJI~ aJ,..
mlo'"l>ti8lu1cndrHn,Ammt..".porbner\da{q.,.,.Ed,çAoptOfflO\!da priol1111i1111flnh11n1111ioiLaltSolidari!.MKoc,rod-Adtnalia-';!1f1"11,1.Embol'a
..,..-pr....o-
publicada 1,í ,;nQ.<l,ck,it-, 1 obr1àpam11 alprnudffl~ .... llllllCl(lllrlllCJea:lll,el' rtP,od>lridutm ''Caiob,:,<m0"", pot , a n . p r ~ triaédltalaoBu,sil
Nem esquerda, nem direita , mas um "centro " sem expressão
TAMBÉM NA FRANÇA, ELEIÇÃO-SEM-IDÉIAS '' UM
PAIS que fosse mo1•ido m1Jiro 11101s por intuições do que por 11111 pensomeri/0 f}Qlilico /nado o suo inreiru dimensão pela obsermçtiodilígen1ecomope/0011álisesere-
naepenetronreda reolidade,eoindJpe/ocogiração dowrindrio séria, niia poderia chamorst um pais-de-idéias. A sereledemoc_rà1ico, can.s1iruiria uma democraria-sem -idéuu··.
Tal~ a incisi,·a afirmação que. em sua mais re<:enteobra,Projf'IOdtConslituiçtioangus-
lia o Pais {""Catolidsmo··. Edição fatra, ou-
tubro de 1987, 2~ tiragem, p. 20). faz o eminente pensador católico. PlinioCorrfadeOiiveira.Nela.oaurnranatis.aacri,eporquepas.saaAsscmbléiaNacionalCons1i1uinte.care:1te derepresentati\"idadedaNacãobrasileir_a.Por efei1odcumapropagandacleitoralsem1d6as. Deía10.arelaçãoen1reoclei10rcocandidatoporcks11fragadoé,emessfocia.adc umaproc11ração.Ocki10roonfereaocandidatoummandato,oomba.senoprogramaquc estede\"eexporaoeleitorado. Programa que se~upõe lido pre1·iamentcpelo_elei!or,queo ra11ficaaodarseu,·otoao,and1datoemquestão.Uma1·czcleilo.odepuiado(ouqualquer ou1rode1entordecargopolitkonumregimc rcprcstncati,·o) é assim um procurador ou manda1âriodockitor. l::ocxccu{orda1·onladcdcste. Ora,aquasemtalau~nciadeidéiasnas ekiçõesbrasileirasde 1986 fez-se sentir pelo "grande"'argumcntocmfavordoscandida· 1os:namaioriadoscartazes,suasfo10grafias, impressasatéemcores,apresencandoasexpressõesfisionômicascasindumen1áriasquc julgammmaisprópriasalhcsatrair"otos. Alguém poderia objetar que cal ocorreu. dc\"idoacircunstânciasespcciais.própriasa um pais no,·o, cm dcsen1·01'imento, oomo o Brasil. lstonãosuccdcriaempaisesoomum maislongopassadodemoc:rático.cuja,ins1ituiçõesestãoconsolidadas, eondeas iMias deixaram sua marca inde!él'el nos aconteci· mentos.Porcxcmplo,afrança.Passadosos mremotoscausadospelaRe,oluçãoFrancesaesuassequelas.qucsefizcramsemirno<lccoirerdetodoo~u!opassado,pro\"ocando convulsõcsmaioresoumenores,atéoad'"enlOdaTerceira República.em 1870.comaqual pa.rcciam-seconsolidadoademoc:raciana França,asuccssâodosfa1os1enderiaain<li· carumaperfeiçoamcmodesscsistemapolitico.Acrescente-sequenaFrançaaleituraconstituiumhàbito generatizadoemtodasascamadasda população, e pareceria qucanificios tipicosde paisessubdcscn,·olvidos para atrair o eleitorado não impressionariam o público. Nãoê, porém, oquecstáocorrendona atualcampanhaclcimralparaaprcsidfociada Repúbli ca francesa. Os candidato\ até o momento são: Jacques Chirac,ditodc di reita,atualPrimeiro-ministro dogo,·cmo(o Presidenteeosoda!ista François Minerrand); Raymond Bam, que tambémseapresentacomodircitisca:e Jean-;',1arie
Mi11tuind:1uspen~enct11ou-se illdem•rço ...
aimeligeílciacasidéiascstãodiminuida.s,tan• toaesquerdacomoadireitanãoscmostram muito segurasarespeitodoquedesejam . E preferemumprogramaqueelasn:l.odefinem bem. masquesãopróximosentresi Assim.nãocausacstranhezaofatodeque "os programas de esquerdo e de d1rtita siio surprttndentemente f){Jret:idos" ("O Globo"", 7-2-88). Nem "qurentreugestàosoâohsta modelo Fobius e do direito. as difertnços são mfnimas"t··o Estado de S. Paulo'', 14-2-88) Eespantamuitomenos aafirmai;:l.odea.ue"a aliança Ocidentol soir-u -á bem com qualquer 11111deles''('·Ne"s"eek"'. 15-2-88), ,\ las essa scmdhani;a.ao,omráriodeconduzirauma politicacl3ra,def.nida.segura.oonduziráain. certezas, tropeços e inseguranças. A prosse· guircm a55im as coisas, nada impedirá. em prazo maior ou menor. oad\"Cntodocaos.
Obstáculo à expansão socialista
Le Pen. do Front Nacional, considerado de e~trema-direita. A~uarda·se para qualquer "Em 198!, [Minerrand) q11a11do oss111niu momcn1ooanúnciodacandidaturadeMit1wand,oqualéapomadopormuitaspesqui- o poder. /011ço11.se o 11mo oriio generosa e dr· liralllef){Jracorrigirasdesigualdadessociois. sasdeopiniãocomo o pro,·á\"el ,·encedor. Rf'Sultado: tm menos de dois onfil, o Fronçu sociufü1ues101·oexongr1e. A ideologia ··Oonodel9i/Jéumuno-chol"e. taana fora de moda em que o soc10lismo passo de umu expressão 're1•0/ucio11drio' pura sua expressão "A cumf){Jnhaf){Jra os eleições presiden- ·social-democriua"'(id .. ib .). Ou seja. com ciais francesas não 1em ( 0t11eúdo ideológico ofracassodapolíticacconômicasoc:ia\ista,c definido, pois a ideologia estdforu de moda'" aconsequenteperdadapopularidade,acs("O Globo'". i-1·88).Sca1deologiaes1áfora querdaprocuraaproximar-sedadircica Fn-sencccss.áriolcmbraraquiopapelde· demoda.aimeligência.porassimdizer.dei ,oudcrtgerohomem. ''&1oeleirtiostní11'11· cisi1oquc1e,cparaforarobalãosocialista, cido /e,·umfo em ronlu u~ pt/iW0S t'!II ,·e~ dos en1ãocmexpansão, a extraordinária análise feita ptlo Prof. Plínio Corr~a de Oli1·eira em 1emas"r·Ne"s"eek"". 15-2-88). E propria memeoqueo l'rof. Plini0Corrêade0li1ei ~cur<;tudo ''Osocialismor,u1011ts1iondrivfaraclassifica.noli"roacimadtado.deeleicão ce ao comunismo: barreira 011 cobeça-de·p-Ontr?'',denunciandoamanobrapara sem-id~ias . Para ··subs1ituirodebu1ea11êmi· codeidéios,osco11didu1osresvfreruminres· implantai;ãonaFrancade111inerrand.edela tir no exploração da própria aportncia, com paraomundo,daautogc11ãosocialis1a. Em aesperunçodequeoDJ{JfiflJ•·ls110/1enhamais l55publicaçõesem69paises.33Jmilhõcsde excmplarcspublicadospuscramem,equecs· ta manobra sociali~ta mundial. "A d,reito seguro mesmo percurso. A direilo franceso, xenófobu. racistuenostdlgica "Antigamente ha,·ia o ~ii1'i10 ~ o esquer- (e/apus: o coso Dreyfuss. o ma11rrossismo. o da, que pur«iam duas ma11/has mm11gas. Em tal esquemo, o /mo de M111errund 1mprenio· Chi11c:nol'acoabitaçâo! narmoisdoqueBarreo11q11eChirocnãote· rianenh11111efeito.Essenàoimoisorosohoje''('"Ol:stadodeS. Paulo'".14-2,88).1::de se notar o "nãoémois·· . É um passado que. segundoinsin11aoarticuhs1a.não1oltará mais, que morreu. Qual é csle pas~ado~ Ague· lc cm que regia a intcligblcia. ''A Fronço, agora, quer ser g01-ernodo mais ou menos pelo cemro. Nessesemido, 11 'coobi1oçfio' [cntre Miuerrand,presidemesocia!istaeChiras:. direitis1a]subs1i111i11oshabi111a/sgol"emos1110110/{tiros, sucessiro111e111e de direi/o 011 de esquerdo" (id .. ib.). Em ou1ras pala1ns: como
Discernindo, distinguindo, classifirando...
Inimizade que é o eixo da História Rodose nfoidéiu. legend~do'1heEconomist"; "l e Pen ~h~i ~s m~ssu" ...
ptwinismo, ocolaborofl}o tlC.), desaparettu. Os~ res(duos p()dtm strtnrontrados no lt Ptn, aFrenteNational. "Assinale-st ainda um tltmemofawmfrel amaasce115ãoda 'ctnrra': aru(na(. .. J do Partido Comunista frands" Estado de
r·o
S.Paulo" . 14-2-88).Notemotcrmocentrocn• treaspas.Nãosãoosqucpensamcomooccntro,massimosquctitubeiamnocentropor· quenãosabemparaondc andar "O que o Punido Socialis1a perdeu foi o
emusiasma. E stdurontt os tinco anos de JJ(r der (o1iooscensàadeChirac, em 1986), ele nãostdeteriorou,emcantropartidosetram;farmau. Seudiseu rsoptrdeu aênfose, agenerasidade. OsgrandtSSóllhossacia/istosde Justiça, lgua/dadetfraurnidadttsriiamori·
bundos"(''OEstadodeS.Paulo'' . !O-l-88) Pos1oqucc5tãomo1ibundos, tenta-1erc· vitalizaross.onh.oss.obnova5forma1: "Osso· cialistosreso/1·era111tiroraroupanesteim·tr· no na França, em carto;es de propaganda JJ(r IÍ/ira, tenda como mote o rt1·alução francesa: 'liberdade, Igualdade, Fra1ernidode'. A 'igualdade querido' i representado por 1rês crionçosnuos:bruncu,negroeosiárico,sen· radas num banca" ("Jornal do Brasil",
20-12-87) . Estcéoprogramadossocialims! Éodescobrir-se,eodesnudar-se!Foiaisto a que chegou a trilogia da Rc1·olução Francesa!
Decisivo o voto católico? Nestcmêsdeabrildar-se-áoprimeiroturnodas eleiçõespmidcnciai~ francesas, e no diaoilodemaio,oscgundo1urno.Qucmsairá,·enccdor?Pe$quisadoin11immrranCCSSO-
FRESparao jornalca1ólicoprogre-;sista ''La Croi~·-, entre 2.000 ca1ólicos, "mostro que
Jl"'• dos rutólicos ,-01am em Miuerrond; z5 r, em Chirac (RPR - direi/o}. ]l f:', em Raymond Barre (UDF - direira/ e 10'- em JeanMarie le Pen (FN- t.nrtma direita)'' ('"Fo-
lha de S. Paulo", l ~-3-88). Quer dizer, entre oscacólicos.parecccertaa1itóriade1l1iuerrandnoprimciro1urnocinccrtanosegundo Mcsrno~,cncerosocialismo,istodernodo algumindicará1·ilóriadacsquerda,rnassim amanuicnçãodo cscadoacualdcindcfinição ideológica,ou.maisprecisameme,dcdefiniçãofisiológica R. Mansur Gufrios
10 - CA TOLIC ISMO AB RI L 1988
''f
NIM ICI TIAS ponam'" (Porei inimizades). Que grande e s11perior mistério encerram essas palavras! Quando se tem presell/e q11t é o próprio Deus quem q11er IQ/ inimi:.ode, fico-se pensati1•0. Tudo o que Ele fa:. é perfeito, e portanto 1ambém essa in11mwde pO"Sta por Deus é per/eira. A Sagrada Escritura aceno para ocarárer perf)ewo dessa inimi;ode entre o demónio e Nossa Senhora: "Porei inimi~ades enrre ti e a mulher, emre a ruo po.steridodeeoposteridadedEla. Ela/e pisorá a cabeça, e tu armarás traições ao seu calcanhar" (Gen. 3, 15). Nessas afirmaçéks o Criar/ar parece ler condensodo proft1ia11nente toda a f/ist6rio do humanidade, desde o momento 1errfrel em qut o primeiro casal foi expulso do Para(so ttrres1re, até aq11ele Q/llro momento niio menos lerrfre/ em que se dará o Ju(zo Final. A História dos home11s, l'ista tm suo profundidade última, i a hist6ria de uma inimizade. Todo a complexo tramo dos acomecimento.s, tecida de ambições, de interesses, de gozos, de dores e 10mbém dt sacrif(ciose dedicaçôes, temcomoeixoessa inimiwde/undamemal, essa luto irre111011/\'el. Sobre elo comenta o gronde doutor marial do século XVIII, São Luiz Grignion dt Montforr: "Uma única inimizade Deus promoveu e estabeleceu, inimizade irreconciliái·el. que não s6 há de durar mos au· mentor a/é o fim (... ). Deus não pôs so· meme inimí:.ade, mas inimizades, e não somente en1re Maria e o demónio mas também entre a posteridade da Sam(ss/ma Virgem e o pos/eridodedo demónio. Quer dizer, Deus estabeleceu inimizodts, amipatias e ódios secretos entre os i·erdadeirosfi/ho.s e servos do Samfssimo Virgem e osfl/host escra1·os do demônio. Não há entre eles a menor sombra de amor" ("Trotado do Verdadeiro Devoçdo à Sunt{SSima Virgem", Vozes, Petrópolis, 1983, 12~ edição, p. 54).
Sobre tal verdade, o pai da mentira constontememe procura lançar i·éus, escondê-la. Se elo ficar patente aos olhos dos homens, ele perderá muitos seguidores. Suo lática cans1an1e é a de el'itar a luta clara, em campo aberto e de viseira erguido. Suos armas são as do en-
gano e da fraude, em uma palavra, as da traição. Com elas, como por meio de uma rtde, elt arrasta os homens para us hostes infernais. Da( a importância para o poder dos lrl'\"OS em soprar traiÇ()('iramente que todos são bons e dei·em unir-u: não há maus, há equivocados, não há moHcia deliberada, há apenas fraqueza. Todo o mundo moderno foi sendo construido sobre essa mentira. Mos de modo especial, o partir da Conftréncia de Yalta, em 1945, reoli~adopoucoonres do término da ugunda Guerra Mundia/, difundiu-se um verdodtirofunesi de pa:. mesmo oo preço da honro e da 1-erganha; de reconciliação por cima das oposições mais necessdrias; dt com·ergénciuforçosa enlre todas us tendências ainda as mais díspares. O que, wdo, tem fal'oreddo assustadoramente 11 obra ne-[onda do poder das trevas, pois o bem se vi confundido com o mal. De tal modo que parecemos estar vfrtndo naquela infame sociedade descrita com horror pelo Pro/era Sofonias em qut os homens "di:em nos seus corações: o Senhor nõofoz bem nem mal'' (Sof. 1, 12}. A memalidade dos vtrdodtiros fllhos do Virgtm, porém, é oposta: afirmar a verdade e rejei1ar o trro, louvor o bem e condenar o mal, admirar o belo e exe<:rar o hediondo. ··Seja o vo.s.sa falar: sim, sim, não, não" (Mt. 5, 37). Mas, u a ínimi:.ade e a luta en1re o bem e o mal são o eixo da Histôria, não é menos verdade que a l'itória final será da Imaculada. Ela pessoalme11te já ven,·eu, e seus filhos, unidos a Elo, igualmenre 1•enctriio. Esta convicção, em termos poéticos e incisivos, nô-lo inculco o nossa querido Apóstolo do Brasil, o Bem-a1·en1urado José de Anchieta, em seu famoso poema à Virgem, tscrÍlo nas praias de /peroig: "Inimizade eterna e lrtmtndo batalha I contra ti (demónio), contra os teus há de tra~·ar sem folho, ( ... ) I Mas pisondo-tt aos pés, não é Ela roçada I pelo /tu bafo mou, nem pelo vi/picada. I Com o pé vitorioso o cerviz te comprime I esmaga-te a ro!Mça, e ao /ronco to suprime". (Canto 1, v. 103-111; Edições Loyola, São Paulo, 1980, tradução do Pe. Armando Cardoso SI). C. A.
A REALIDADE, concisamente: * MISSACO:\l dançuaíriranu. - Em declarações a .. O Sio Paulo"(llal7-3-88).6rgàoofi cialdaArquidiocesepaulopolita na, D. José Maria Pires, Arccbispo de João Pnwa - conh«ido romoD. Pelt,equea1orarnol,·eu denominar-~ D. Zumbi -
hou,·eporNmante<:ipa.rseusp!anos com "istas à Campanha da
Fra1crnidadede1Mano,cujolema-"Ou,iodamordes1epow" - ~refereàracancsra.Pretcnde "africani,:ar" ascelebraÇOO lilUrgicu
Conforme o Antistilc, "<1s
pessousalndase11s.sus1amq11ando,·kmumo1c:erimôniaenrique-
cidaromgestosdac-ulturaufrirona",poisescásurgindoumno,·o tipo de liturgia "com dança$
(... /,vestnromro,es,·is1osasno esti/oefrlcano,que1emumasimbologiumuitog,ande".
Comefeiw, urndosrnultadosmais,·ishcisdasde,·as1aç~ ··progressistas", operadas em meio, ca16licos. éa difusão nas igrejasdetaismanifes1açõesn.-opagàsere"oludonárias,qucdcs,a<:ralinmcconspurcamosSa.l!radoslugarõ.ccon,;1i1ucmum anti-apastolado.1an10cmrelaclo aosbrancosquantoaos ncaros S~rá a de1i,a oficialização de.1ta""no"aliturgia""qucplcitcia D. José Maria Pires?
* ·· •"ARRAPOS de pa!N'I"". - Hi três ano~, (m acordo firmado com a Grã-Bretanha sobre asituaçãofuturadcHonaKonl!. dccujodominioalnglatcna~i1ara abrir màocm 1997. Pequim sccompromcteuamantcraau tonomia admínistra1iva da ilha pelo tempo minimo de $O anos, sob regime capitalista Talperspccti,atranquili1..adora paraosotimis1as in,eterado, durou pouco. Aos acomodados burguc.csdcsemprc.cujainva riá,·elrnndutacmfaccdocomu ni.1mot··ce<1crparanãopcrder .. -eassim,ào.s,,mprecedcndo -.acabadc 1ercn,iadoum""ultima1um .. :o.1is1emapolí1icode Ho ngKongtcrádealinhar-s.:aos planos da China vermelha b<:m amesdada1apre,istaparaacn trcga.J::oqucanunciouorcccn te""livrobranco""doprópriogo,ernoinsular.quesublinhoudc:-sde logo a nccc:-ssidade de Hong Kongenquadrar.se""nas/tisólisicasclrintsas'".istoé.naaccitaçãodocomunismo Eisaimaii;umaconíirmacão dcque.paraapolíticacomunista , os 1ra1ados não pa.<Sam de '"farrapos de papel""
• O UESCO"llll::Cl!>IF.'.\TO dam1isck,mtn1aror1 01n fia cntretstudamc:-sé no16rio. Assim, emuamcs vcstibulares.grafam. sem pejo. ··.t1mcruo··, ·• çals"", ·•aparcnça'". '"dcichamos'". ··disvan1agcm·'. ··preucupar"". ""pirula'º ... ou ""brazir".
OProf.OzanirRoberti;,.1artins.quelccionacmvárifücolégiosnoRiodcJaneiro.dcdarou "'Os es1udanres niki /N,n ou lêem pouro t .pOrÍ5SD,RUÍOtn·$l',WIO somduspa/o,·rasnulroradere· dig/rem. Além (ljsso Irá um completo drscon lrecim1m10 das nor-
mas grama1icais .. ("Jornal do Brasil"'. 8-ll -87). Muitosjo,·ens. quando tentam manifescaratgodcpróprio. m051ram-""incapazc:-sdeexprimir a1éoonccítos1Jásicos.porthesfal1ar precisamente o ,ocabulário adequado à c., prcssào do IN'nsamento. Com a prcl!ui,;a mtmal e.xacerl)ada pela ""videonrnnia "' e o ·· pcrmissivismo"' cre~ente nas cscola •. ,ai.dcstcmodo.oime!ec1ohumano.1endorckgadoao omadsmo. como uma velheira deoutra,crasl
• ACORDO COM Gorb~ ht• cnffllQUN:t l\A TO. - O ü ntro pal'll ~:.iudos Estr:Uél{lcO> r lnternodonai.l deu a lum t t m Washinglnn um relu lório . ad,wti ndo 4ue a cou:io poli1k:.1 da Aliança do Atlíinlko l\ortt (NA TO) consHluirá um grande problema pu11 Oi fumros l' resldtnln nurtt-amukanos. l n1i1ul1du " Ol)Çms dr ~ unmça :0,:aclunal para o pró,imo l'residrn1r'". o r•l odo aíirma qur mui1os turoprus n tiio qut>liunando acrt dibi1id:.tdrdos comproml s,o, as,umidos porWashing1on parnodefesa do\iclhu Cont intn1e.comoconStquên cia do ; r,·rnlt trlllado usi nadu por Ruga n e Gorbache~ ,·isando a t llminaçíio do~ misscis dr aln nrt mklio da Europa. Tal J)l'rsl)K"li~a - nada auspidosll pano Mundo Li,re torna -stal nd a mtis so m1Jrl1 qua ndo ,c lc •·a t m conta odes• prn tí11:iointtrnacionalcrc..« ntt daCas.a Kranca,aosuper,·1loriza r confro ntoscom di1 adore,ccntro- america no>com oOrlri,:a t No rltjl.a. cm dc1rim tnto de sua opo•iç lo ao comunismo w ,iético. ,·rrd adciracauStldlllntranquilidadtmondial.
* TRAOIÇÃO r ·· modernidt• de ... - Anplosàodcextra,a&ãncia e desatino con~tituida pclu manifesta<;õcs cstudantis dc maio de 1968 naSorbonne1e,·c comoumdescusefci1osasuprtssão quase completa do uso de uniforme,e1colares.substituidos porumaindument:iriacaótica e frequentemente imoral. Agora. porém. nos Estados Unidos ~ pais•imboloda""modernidadc""-.osuniformescs-
oolarescstãode,·oltaaoscolf· gios.Estudosrec-.:n tes.realizad os porcspccialista.1,concluiramque os uniformts. além do alcance prátioocvidcntc.5.àomaistconõmicru,c,i1am,·aidadesedispu111.1emrrmaçaschumilhaçôe$aos pobres.fazembemaocsplrito,à estética e à ordem geral doi Htudos. fmaisuma"modcrnidadc"" de ontem que cai em ra,or da tradição
Cudul Sin; etpli uçôes luõnicu i rtsPfi1u d.1. ijudi lin.1.nceira concedid.1. .1.01 guerrilheiros comunistu • IGREJA AJLDA guerrilha. - Durame anos a fio. o No,o Exército do Po,·o (N PA) , facção i1 Uerrilheira vinculada ao Partido Comunista filipino . recebia milhões de dólares por ano da Igreja Católica naquele pai~. para a compra de armamemos Adamorosarc,·claçãopartiudafomein suspcitapor c~çelfocia ,qual .1eja,opróprio l' rimai, CardealSin, Arcebispo de Manilha. Causa pasmo. toda,ia, o teor desse dcp0imcnto: longe de pronigar cm termos incisivo, e daros o cs.candaloso tráfico, c de iniciar cficaz e proma in,cs1igaçào a rtspeito. para a aplicaçào de indispcns:hcis e .1e,cras sançOO canônicas aos fautores e cúmplices dcsst incon~bhct delito. o Cardeal Primaz limitou-se tào-\omcn te a informar ter sido dissohido o Secretariado de Ai;;'.io Social .quefinancia"aosguerrilheiros.t!cnhuma satisfaçãoàopiniàopúbhca católicaarespcíto das causas que conduziram a tàoab<:rranteconluio .. Laconismo e ligeireza. cm matfria dessa gra,idade - eis ai um pronunciamento eclesiástico qucdc:-sconcertaeimranquiliui! ·
CATOLICISMO ABRIL 1988 -
11
Aulas da neo-história: instrumento da luta de classes E r.1
CO LABORAÇÃO anterior ("·Rc,·olução no ensino de
primeiro grau - Uma ,·i&ao marxista da H ist ória" , "Catolici>mo", fevereiro de 1988), ficou
dcmonmado qu e a "Prop0sia CurricularparaoEnsinode His-
tória- l~arau",das«retaria de Educação do fatado de São
Paulo.aprcscmaum avislomarxistada História Comoprncntca11igo,podcr-
sc-llconstatarcomocla instiga cmrcosalunos(criançasdc~c aquacoruanos) a lutadeclas=. fa·idcntemente, nãopretrndcmos fa2.erumestudometódioo da ''Prop011a'',nern aprcscmaruma
rcfu1açãocabaldc1odososseus err0$.Bcporcmosaixnasaargumcn1açãoque nos p,areceu sufic1cn1cparaprovarqu e1a1serros muitas vezes são inspirados na doutrin a comuni sta e. às vezes, atécopiadosdcla:opondo-sc,cm oonsequenciaàdoutrinacatólica. oupclomenosaobomlensoeà reta razio.
Trabalho: tema superva lorizado Staundoa" Propos1a",traba/ho éotcma ba.1c.aoqualtudo de,·eser rclacionad o:crenças, valores. tradições,modosdcpcns.ar, semir eaair(l). Eotraha lho t entcndido adusi,·ameme comolendomanual,ooníormea doutrinamanista.qucrelega a segundo plano o traba lho intelect ual. Con,·ém lembrar aspec1os bllsioos da doutrina oomunista w-breo1rabathoc0itrabalhadores (manuais),e,maidosdeoonhccidoautor soviético· - ''Os verdadeiroscriadores da história são os massas populures, ru 1rabalhadom" (2). - "No trobalho ~ formam as rrlaç(Ns «onómicas de produção dos homem, com base nas quuissurgemowrasligaçôesJJQliricos.)uridicas, l ticas"(3) ''A produrào das m,las de .1ubsls1inciamateriaise imtdiatos e, des1e moda, cada irou dttermirrada de deserrvo/,•imerrto «orr6mico de um pol'O ou de uma épocacorr:1tiruem11b11st.11partir daqual s1 de:1em·ofrtm11Jimtituiçõ,s 1.11arais, asopiniót.1juri~ dicas. a arte e mnmo as corr1:1pçlln rtlig/os11J dos hom tn.1, e par mtiadaqua/tlas de,·em1erexp/icadas"í4)(destaquesnos ms). Essas teses da doutrina marxina. de cu nho materialista que suf)CT\'alorizamotrabalhoc o delenvotvimento econômico opõem-leàrealidadehistórica
Nàoéotrabalho,nemsàoos mod0ideproduçàoquedcterminamocur,odo!iacontecimen1os his16rico,. Nes1esentido.éoportuno lembrar a afirmação do Prof. PlinioCorrbde Oli,·eirn de que --,·trdadeiramentt dettrmlnantnna llistór/a.idoasconricriHs - ainda que expressas, por 1•ezes, em 1ermosde rregaçtlode qua/querconv /q'tlo- religiasas t/11016/icas. "Asdau1rinasfl/OWf«:astrefigiosasimpuUiorramoaron1ecer lrumam:,, nãomipropo,rãodotspaçoqutQcupamnoslirros,mas rramtdidaemqu t ,·frtm1111alma das po,·os" (5) (destaques n0SSOi). Comodis~mos, a ""Proposta" íaitábularasadaexistfocia dolraba!hointele(tual , eorienta todo ocstu dodaHistóriacmfunçào do tema 1rabalho. Ora, !;ào c:,,:atamenteessasasdiretrizesseguidaspelooomunl.mo,narcforma do ensino introduzida na Rússia· "A rus1ruturaçãudosi:11ema ucola, . promo vida 11111a/men1e em"º"ª pais- escre"e Afanassiev, atual diretor do " Pra,·da" -con1rlbui111mbim paraaliqufdaçtla das difertnfllS l'fStnciais tn1reotrabolhof(sieo e o1raballroin1e/ectua/. Oobjt1kod,-na rtts1ruturoçãa ,11gar omais e.s· 1reilamenreoesrudocomo1raballroprodu1fro, oque mt>lhora c-ansideral't/me111t a eduroçtlo das)o1·ensgera~"(6)(desta• quesnosros).Nalinguasemmarxista, "melhoraraeducaçãodos jo"ens"significatransíormá-los emaaemcsoomunistas.
11 - CATOL!CISMO ABRIL 1911!1
-·--· -·-···
1Ô curiosoobscr,·arqueain 1emonacomuni>ta de 1935,rcsponsãvelportamosusaninatos àtraição,scjadesignada eufcm isticarnent e por " movimento de 1935".
Significado de '' dominação e resi stência "
Hegel, qu,1drode Schlesinge r. Sua teoria- na qual se inspirou Mari-opõe-seapri ncípios lôlJicosfundunen l,1is, negandoa.sim o p,óprio peni.lmen\o.
Intentona comunista: " Movimento de 1935" ... Otrabalho(manual,bementendido)éum lemaque obce(a os redamrcsda"Proposta".Eisalaumassu11cs1õcsapresen1adaspor eles. para lerem "vi,·cnciadas" por aluno!idai;extaàoita,·aséries(criançasdedozeaquatorzc anos) "Poderia !fff escolhida uma monifes1açtlaemque.1eevidenciassemlu1aspormelhortS(Ondiçr'Jes de trabalha./ ... ) O mo,•imerr10 euo/hida em salrz dea11/a poderá.serobje1adepesquisa, trr· ,·ofrendoenlrt1·is1ascompessoa5 queo,·i1?nciaram,análiMdt(... ) panfle1os,erc"(1). Quanto ao "momerrtorompree,,dido emre J928e 1937:do e.1magamema do movimento operário ao sindicu/ismo o/iciu/'', na HistóriadoBrasil,pode-i;e "1rabalharcomos!ffgui111es1ópiCQ5: -osconjl11osnoin1erlordo ma1•imento operárw: 11narq11i:11as, anarea-sindicu/i:ita:i. (·omun/s1as; -aA/iançuNaciona/Libtr1adoro:ideário,mobilizuçãop<r pular,, o ,no,·imemo de /935" (8).
,rn::.;=-:-,;... ...-.'T-.-"' .....,....:'··-- ' A " Proposta Curricular para o En sino de História" insllume ntali uascriança!ipaiaa revo lu çJo social, aorecome ndarque ,1nalisempanlletoscomoeste,dislri· buido pela CUT em 1986
Recomendar que alunos de dozeanosanaliscmnassalasde aula paníletoJ dimibuidos em manifcstaçõeso~rárias,paníle• 1osestes11eralmen1ecsquerdistas, cque"trabathem"comoideàrio de um mo,·imemo comunista, comofoi aAliançaNacional Libertadora, obedecendoaos prcssupostosouàideoloriada "Pro, posta", si&nificainstrumenta!iar as crianças para a re,·oluçilo soci al
Alutadcclasses.quefazpar· tedaprópriacssênciadadoutri na comunista,constituiporusim dizero cerneda ··Proposta''que estamos analisa ndo . Vejamosoqucdiztla,em:,cu anexo l: "Nas últimas dkadas. 1tn1aH' pensar a hi.11ória ( ... ) 11dotandO•St uma ctmrtpçllo de histórloqr1e /e,'tt>mcon111toda11 t xperilnda humana. "Pensarahis1óriacomo1oda experilrrda humana, tnltndida umprtcomo experiinda de cla.1u. qut ldt luta (... ).1/gnifiroconsidtrar( ... )q11e 11 hislóriarealé camtru(da por home,as reais, v/1·endo re/açõ,.1 de dominur;õo e subordmQftlo em 1odasasd1mensóes dosccwl, daí resultando~ ce55osdt dominação errsis1ência"(9) (destaques nossos) " 0/rlstor/ador,quani/o u tá 1rabalhandodettrmiruuloobjrw, oquets11J1ra:111doá1ona, conscien1emen1eountio, i apr6pria /u1adtclasse.1domomtn1oqut !!$Ui 1ra1anda e do $til pr6pria mome1110" (10) (deuaques nossos) Aolonaodctodaa''P1opas1a", recomenda-se o "exercfâo dt domirr~ÕO t rt5isli rrcia", que nàopassadeumanovamancira dc1cdesignara luta declasses. 1'lasnã06e trataapcnasdal uta emrcuma classesuperior(dominanlc)cumaclas~inferior(quc resiste). Narea!idade, ··a txercic/odo dominaçãotd11rrsisti rrda sr disstmina portoda a ei;tru1urow dal, ilntren1tás/u1asco1idianamrnte 1r11,·adas, adquirindo exprtS.1õo emprá1icasees1ro1tgias simuhaneamt>ntt> prt!ffntt:1 rr11 m11/tip/irid11de das experifrrcia.1 historicumeme\'i>'enciad~s"( ll) (destaques nossos). Assim, t a própriadou1rinamarxbtadomateriafamo dialétioo que es1:i.cm
Materialis mo dialético materialismo histórico O filó,oío ·alemão Hegel (1770-183])propugnouoidealis-
domacerialismo hiuórico. Para clc.a His1órianlot· ·umamon-
1oadocaó1ieodefa1ossemligardoen1rtsi", musim "umprol'tSSO(... )queserl'<lli;adeacordorom leisdiallticas"(l3). Reproduzimos.a!>Cg11ir,algum15asscrç6tsdeAfan~ie,·,q11c sãom11icoilus1rati\"asacsscrcspeito: "Osaspec1osron1radi16-
KarlMu1, fundoldo1docomunismoditoci t nt if ico, inwllou a luta dt cla utJ, que faz parte da própria tuê nci a dew adoutrina
mo absolu10, cambtmchamado panloaismo,quenegaa dis1inção essencialem reOeu1comu ndo , e a noç ão de um se r n anscendcn te. Hcgel\"ai bu$Carcm ou irofilósofoalemAo.Fichtc.clememo1 paraformarasuadounin a dialética,quesupõ,;:trêsctapas:accse,aamicesccasimcse:
"UmrontYitose1ransforma no:;euopos10, masasoposiÇÕl'S :;e rtsot.-em, por suar.-;:, num planomaisele,·ado, que.ta sua sl111-.0no1·oroncei1ose1orna.p()rsua 1·e:, tese.provoca a antfte:;e, dt no,·osuperada, assim ro111lm,andooprocessoa1é0Espfrllogerar desi todo o mundo dosobjetos"\12 ) Marxncga'"aaexistênciado espiricoe só admiti a a matéria . Aplicandoadialéticade Hegelao planomatcria!,elaborouadoulrinadomaterialismodialél:ico. E fazendoomtsmoem relação à Hiscória,Marxcriouadomrina
riosexis1emem1odwosabjetos cfenômenos(.. .)sOoinerenre,;ao proces.sodeconher:imento(... ). A nawreiac-omraditóriadosobje tos e fenômenos da mundo possui um cordtergera/, unfrersal. Niiolrd nomundoobjc1oou fen6meno que não se d,.1tn .-ofra por meio de eoniradiç6n. Os ron1ráriosndosócxduem,mas pressupóem necessariamente um aoou1ro. Elt$cotxis1emcmum sóobjetooufenômtno.enãose pode contY~r um :;em o ou/ro (. .. ).
··o ,ardrerconrraditóriodos cnn1rdrios, q11eseexc/11emum ao ouiro. proi·ocantte.uariamentea luta tntrtelts( ... ). A comradiçúo,11/11111doscon1rdrio:;,cons1i1ui a fome fundomtmal da desem·ofrimento da mo/Iria e da ronsciência. ·Odtsem·ofrlmento -tSC"rl!,·tulénin-la"/uta" doscon1rdrios'. Assim ele acen1uou.romparrkular,·igor,quea luralabsoluta.comolabso/1110 odtsem·olt-imtnto,omo,·imen10·'(1J).
Porc~strcchrupode-se,erificarqueoódioca,·iol~ncia ~ 1ãonopróprioil.magodadoucrinacomuni51a.Dcoucro lado ,todocomu ni5taérelat i,·ista cabominaosdogmas. Emrccanco, scu chcfcdefila.Unin,admice ··com particular'"igor"uma··--crdadc" dogmática:"alutatabsoluta"! AdiattcicadcHcgclc,consequentemencc.omaccrialismodialético de Marx opêm-!>C a dois
A doutrina tradicional da Igreja defende a harmonia entre as classes sociais O PAPA LEÃO XI II, cm sua famosa Enciclica ·'Rcrum Novarum", de 15 de maio de 1891, a respei10 da condição dos operários, ensina:
''Oerrocopitalnaquestãopreynteicrerqueasduas classes sdo inimigas na1as umas das outras, como se a nature--JJ m-esse armado os r,ros e os pobres para se combaterem mu1uamen1e num duelo obstinado. Isto i uma aberração 1af, que i necessário colocar a verdade numa doutrina contrariamente opos10, poiS as51m como no corpo humano os diversos membros se ajustam entre si e determinam essas refações harmoniosas a q11e se chama adequadamente simetria, da ml!Smaforma a na1uret0 exige q11e na sociedade as classes se integrem 11mas às outras t por sua colaboração mútua realium um justo eq11iffbrio. Cada 11ma delas tem imperiosa necessidade da 011tra: o capifal ndo existe sem o trabalho, nem o frabalho sem o capital. Sua harmonia produ: a beln.,a e a ordem; ao contrdrio, dum conflito perpi1110 só podem resuhar conjus4oelu1asse/vagens"(Actcs de Leon XIII, Bonnc Presse, Paris, ~oi. III, p. 32).
principioslógkosfunóamcncais : odtindcntidadecodccontradição.osquaispodem!>Crcxpressosdas~1uin1esformas: - prindplo ckldcntidadt:"o quef,f",ouainda:"oscrtidênticoasimesmo··: - prindpi o dtcont radiçi o: "umacoisanãopode. aomesmo tempoedomesmopomodcvisca,serenão!>Cr'·. Essesprindpios . juntam cntc como princ(p!odcraz/1.osufiçientc . dcnominam-!>C pri meiros prindplosporquc"rilocomooJpon-
rosdepartida. osreguladares, os es1imu/a11tesdaa1/l-ldadc"racio nal.São "indemos1rd,-eisporque (... Je,·idc11lt$emsimesmos(... ). Todos os que tlm uso da fll;ão (.. ,) os aplicam. os admitem, e s4o obrigados a fa~er-se ,·iolénda para du,·idar delt$"(1 ~). "É impossfre/ pen:sar sem utili;d-/os, ronJcien1emen1e ou não( ... ) Ncgd-losinegaropensamemo. eviold-losinilopensar"(l 6). Vemos assim que, negando aq uel csprincipios, Hegele Marx negam o próprio ~nsamen to
Ora.opcnsamento··tnohomem a a1fridade vital por v:celéncia ( ... ). É ele principalmente quem lhe permite reah:orseufim de ammalracional"(l1). Negaropcnsamen105ignifo:a qucrcrextinguiroelementoracio-naldollomem. etransformã-lo em mero animal. Écxarnmcnte essaametadose(u!arprocesso rcvo!ucionáriodecarâteriguali tário, do qual o comuni1mo é umadu imponantcs for,as nos di as que correm.
A Igreja condena a luta de classes São inúmeros os catospontificios quc pregam a harmonia rntreascla55tssociais,ccondenam tuacivamcnte a doutrina marxistadalucadeclas!>Cs.Atitulodcmeraexcmplificaçio, rc produzimos cm quadro à pane umdostcxtosmaisconhecidose significat ivos da Encíclica " Rcrum Novarum "de Leão XIII,no qu al o Pom!fice ressaltaaharmo niaquede,·creinarentrc as clas ~sociais,en1reocapital co 1ra balho. Essa harmonia prod uz a bcleu e a ordem na sociedade cil"il. Os alunos das escolas esta duaisdeSãoPauloconem,pois, gravíuimoriscodcsctrandormarcm em comunistu com a aprovação dessa "Proposta". Masamesquecla~jaapro,·ada oficialmcn:e.m11itos!ivros didáti1:osjáestàoutiliza ndose11 linguajar escguindosuaidcologia! Assim, tncce1Sárioq ucpais, pro fessores . a5sociaçõts particular" ded icad asaoensino~ unam el utcmcomtodos01mcios quc asleis!hesfacuhem,para impedirtalcalam(dade. N~tahoradramlitic.a,quem ~O".)itircscdeixarlevarpclocomod1smomerccer,acens11rafeita pelo Papa Pio X I:
os50::;,;-~ D~ pffJ.11EIRA JJl"TENTO~A
.
C0,11l'~ISTA
Capitão doeuhd to /olo RibciroPinh eiro, a! ingido mortalmen!e po r uma ba la na ca beça , qu andoseap ro1imavado quar · teldo ]! Rtg im entode lnfa ntarit, ooRio de Jan.eiro, ondeocorrcuumawblenç.ioótmi lilares comunislas. du rante a lntentona de 1935
"Se~mjulgamossuplrfluo clramaraa1enrdodosfi/lroso~dien1es da Igreja para a lmpiedadr e iniquidade do comunismo, wn rudo ndolsemdorprof"nda que ,·emas aapa1/ad0J que parecemdtsprt :arperlgos 1iioiminentes, eeom dtsltúo pasmaso dri,:am prapa1ar por toda parte doutrinas qut pardaasoe/edadt a ft rra tfo1o ·· (t8) (dcscaques nosro,).
Pa ulo Fra ncisco Marto<s
,_ c11··1'ropos,1Cwnci.,1Mpua<>E.,...nod<
Hi11ória-1• .,,~··.1mpr<M•Of,tia1d,o :=~~~; t!ESP. l: «lit,,lo pr•limi•
(?)Afuia,,;,...v. o .• ··rn,»on.o Mor,.;,. t•-CQmpmj10Populat",Edít<>1ial\"i tór i,Ltda .• Riod<J.onelro , 196l.p.20!l (J) Idem. p. 101 (~l M•a • E"l<h, ··Obru EléG!hidu·· ,·oC.ll.p. lll.oP11d'·fHooof\aMar,j11• i,,Compl:tldi<>POçUl•r··.Afan.u>kv.p (')C<lffhd<OO>Wa.Plil\io.""IW...,,oo. ~.....,.,,,. • cf\uifthoo
CllrUI>
<Inter~"".
ii~..!.!.."-~~},-~. . n,··Pt<>poo,a·•.p.27. (l)ld,m.pp.llol9 (9Jldtm.p.ll. (IO)l<lffll.p.ll . UIJl<lffll,p.6
OZ!Hirrhobersa.Jo1wu1ts.··1tiJlórioda Filo<ofoa M(>IXl"no··,E.di1or.0Her<ln.Sio Paulo.1967.2!«1i,lo.1rlduçlod<AI•·
~:.;\d.:.'r!;.~:~: ~.F:wr.. Mor.Uota.. :·
'"'
(1 4) ldom. pp, IOl< 109. (1')Collin.Enriq ... ··Manwold<Filooo-
r,,.romi111··.Lw1Gill.Edl10<,Bar<do-
11,1.,l~,l ' <dklo.'°""' l ,pp. lllel!!. (l6)lo!Ml,lttJis.""C.r10.S.Filooofoo"'. ~tario Ap Edi,ora. l! <dkt.o. 1961, p (17)Colijn.·'Manwol ... ••, p. Jll.
(]l}PloXC.·'Qlaod,lltt,imo Anno··.voza.19'1.l ! edki<>. p. 'I
CATOLIClS,\ 10 ABRIL 1988 - 13
Freud, crítico fracassado do Antigo e Movo Testamento N osúLTIMOSANOSdc sua1•ida.escrcveufrcudtrêscnsaios, rcunidossobo1itulogera! ''Moisésc0Mono1eismo''(J). Em taiscnsaios,derestoquasedesconheddosdo público,ercpetindoidéiasjáexpostasemou· trost rabalhos.eus,Freudmanifestamemeintemadiminara rcligião, csobretudoa Rel igião católica. Seu objetivo final !substituir areligiãopelapsicanàlise.Paratanto,nãohesitaematropelara HistóriaSagrada,aCiêndaeaExegesebíblica,conformandoarbitrariamente a narração da Escritura a uma absurda,ridículacapriorlsticaimerpretaçãopsicana!ítica. O que não pode, de modo algum, seracciloporumcató!ico.l:oqucpretendemosmostrarnoprescnteartigo. Ante1,porém,depassarmosàcríticadessescnsaios,parecc-noscon,·enienterecordar algunsensinamentosda[grejaacercados!ivrosdaSa1radaEscrituramanipuladospor Freud na referida psicanálise. Poisqueessn cnsinamentosnossen•irãodebaliza. Emsubs11ncia,1ra1a-sed0 Penta1cuco.isio
:~~!t~-nRe i~t~~)~~;;5J~:i~'.t~~: Levítico, Nlimeros e Dcuceronõmio. E, bem
wim,dosSamosEvangelhos. Os livros do Pentateuco narram a longa história religiosa de Israel e de seus amepassados,dcsdeacriaçãodomundoedoprimeirohomematéaentradadoshebreusnaTerra da Promissiio,passandopelasvicissi1udcsda idadeJacobescusfilhospa.raoEgi10,doêxododesuadcscendênciadessepaissobaégide de Moisés, darcccpc;ãodos1'1andamentose daconstituiçãoda teocraciahebréianoSinai. Aolongodessanarraç!lo,queéencantadora . vão desfilandoelementospropriameme históricos, k gislati1·os, teológicos e do~máticos De1xandodcladoasperspec1ivash!Slóncase kgisla_tivas, fix~mo-nos nas perspectivas 1eológ1co-~ogmá11cas, posto que ião de akance ,·erdade1ramente transcendental. Com efeito, estas são amplíssimas, e tocam mesmo "nosfundamen1osdo religião cristã", conforme declaração da Comisiiio Bíblica de 30 de junho de l909(Dczn-Umb. 2123). Sem pretender esgotar o tema, eis algumas dessas1·erdadesfundamen1aisdenossaFécatólicacon1idasnoPentateuco,ecujanegação formalporpanedeumcatólicoconstituiheresia:aexistfociadeumsóDeus(mono1eismo); a criação por Ele do Céu e da Terra; a peculiar criação do homem; a formação da primeira mulher (El-a), do primeiro homem (Adào)(2);aunidadedogênerohumano:a Providénciadivina: a felicidade original dos nos.sosprimcirospaisnoParaisotcrrcsue,no e11adodejus1iça,intcgridadeeimortalidade: o mandamento imposto por Deus ao homem parapro1·arsuaobtdiência:a1ransgressão, 14 - CATOLICISMO ABRIL 1988
porpersuasâododiabo,soba formade.serpente,do~andament?divino;ponamo,opecadoorigmal_;ajusuçad1v_ma:_aperdapor nossosprimcirospaisdopnm1tl\'oes1adode inocência;aexpulsàodoParaiso;apromessa doRedcnw:futuro;ademrdemdoprimeiro pecado,abrmdoasv1asdoegoísmo,dain1·eja, dacobiça,daluxúria,cponantoda1ingança,doho~icídio,dap?l\gamia;acorrupçãodahumamdade;od1luv1o;aaliançacom Noé. e, depois, com os Patriarcas Abraão, lsaaceJaoob,nosquaisseriamabeni;oadas todasasgentes;cnfim,osMandamentosda Lei de Deus, fundamento da Moral: o culto (religião) ao Deus verdadeiro (cfr. Resposta da Comissão Biblicade 30-6-1909, Denz. 2123 e "Bíblia Comentada" 1 por Alberto Calunga OP e Ma'l[imi!iano Garcia Cordero OP, Biblioteca de Autores Cristianos, Madrid, 1960, vol. l,pp. 5e29). Haveriamuitasoutras1·erdadesdeféae~1raird0Pentateuco.Porêm,es1asbas1amparaonossoconfromoeom Freud. Desde que acrncentemos.scgundoosSantosEvangelhos, que a promessa do Redentor se realizou em No™> Senhor Jesus Crisw, Filho de Deus e da Virgem Maria, o qual morreu numa Cruz paranosredimir,ressuscitouaotcrccirodia, e subiu aos Céus. ondeestâedeondc há de ,·irjulgarosvivoseosmonos.
AhiJtoricid1dedoPenl1lcucoi-pn!eit1mcn1c comproud,1,1p11ti,d1hi1hiri1dcAbr.1.iocdos P1tri1te1s,1qu1lregistr,1,1cen1como1en1ed1 p,ov1impost1porOeus1Abr1•0, determin1ndo queesteimolu1tofilhols.i1c.Nioobst1nte,em "Moisé1eoMon01eísmo"freuddefende,de modogr1.1uito,1 te1e deque11figurudeAbra.io, h uce )acósâolendá rias,tendo1idocri ad aspar1fuercre r queop01·ohebreuse mprete,·t l11·~ po,Oeu,.
Autoria e Historicidade: do Pentateuco à luz da Ciência bíblica Contudo,antcsdecstabd=rnos=confronto, imporia acres«mar uma palavra quan10àau1enticidadcmosaicad0Pentateuco.Valcdiler:~l~cxistiu? Moisés éounão o autor do Pemateuco? Aqucstãojáfezcorrermuitatimae,ao abordâ-la, queremos "'adiomarqut, dtsi, o probltma da auiemicidade do au1or humano da Sagrada Estri1ura nõoafua o probltma da inspiraçõo, e, por ro~guinle, as ,·trdadn dt /1. Do ponto dt 1·is1a dogmático, basta sobe, qut um /frro es1á inspirado por Dtus paro u1ili:ar stus tnsinamen1os religiruos como infalfrtis. A qutsrõo da origtm hum,ma de um li-
l S, gundoofundadorda psiu n.íli se,.ireligi.io' um•ilui..'io, eaqueles que .i1ceitamsãoignorantue padec emdc dt bi1 idadt ment;il
1·ro da Blblio hd de resofrer-~ por razões de r:ri1kohis16ricoeli1eráriaesobesteaspecto fo~emos nossa a afirmação do grande teó/o. go M1dr:hior Cano: ·~, um fil"ro desre ou daquele escrilor não respei1a fl /i ca1ólica, contan1oque secreíaq11ea/lu/or taEsp(ritoSan1o "' ("Bíblia Comentada", p. 5). Eoquedizacriticahisróricaeliteráriaa respeito da autcntitidade mosaica do Ptntatwco1 Eladizo~uinte,deacordocomaPon-
tificiaComissãoBíblica,dmetode27-6-1906 (Dc:nz. - 1997-2000):oPemateucotcm ··po,
auto, a MoiJls ". Oque,sempreconformea mcsmaComis!>ào, nãoexcluiahip61e~deque
ektenha encomendadoessaobra,ço ncebida sobo iníl uxodainspiraçãodivina,aoutroou amuitosparascrC'SCrita,masdemaneiraa cxprcssaremficlmcntcscuscntir,cnãoc;crc1·crem nada contra sua ,omade nem omiti= nada. Niloficacxcluídai1ualmcntcahipó1csedeMoisés,pà'rafazcrrnaobra,tcrempregadofontes.Nemquc,rcssah·adoojuízoda [grejaesalvandosubstancialmcmeaautenticidadcmosaicaeaintegridadcdoPentaceuco,setenhamint rod uzidonodecursodosséculosalgumasmodificações,comoacréscimos depoisdamonedeMoiiés,postosporumautorinspirado. Em 1948, a mesma Comissão Bíblica, em canaoficialaoCardealSuhard,pcrmitiuque seprosseguiMemosestudosacercadcssccrescimen10progressh·o daslcismosaicas. segura de que "esuoes1udors1abeltctràa grandt parftt aprofundainfluênc/adt Moisbcomo autortcamolegislador" (Denz. 2302) Poroutras palavras, Moiiésexistiu,éum sóe,nominimo,substancialmcnteoautor do Pcmateuco. Jssoquamoàautoria.Notocantcàhistoricidadedo Pentateuco,apanirdahistóriade AbraãoedosPacriarcasnãocxisteproblema. '"Encontramo-nos numa wna perfeÍlamente contral,fre/ da ponta de 1·i.s1a da ,wdade histórica. Os imensas l'atias da pré-história desaparecem, e as relatos da 1·ida pa1riarcal encontra111.lt'uecopara/elae111insriruiçrksecos1umes ambientais que tém sido registrados pelas modernos descobrimentos arqueológicas"
{"BibliaComentada", p. 37). O que vale, a fa,1iari sobre os Santos Evangelhos. Oproblcmaserestrin~.pois,aosonl.('primeiroscaphutosdoGfnesis.Eaes1epropósitocscm·cuareíeridaComissãoBiblica,no último documento acima dtado: ''Declarar a prioriqueseus[doson2cprimciroscapí1ulos doGênesis]re/otosnàocontêmhistórian05enrida moderna da pala1'ra, dei.xar/afacilmente entendtrquenâaarontêmtmnenhumsentido, quando n12 rtalidadt contam num12 linguagtm simples , figurada, adaptadris às inttli· ginc/as dt uma huma,,fdadt menos culta, as rtr.d12dts fundamentais qur st prusupiwm para a sa/1-açao r, ao mesma tempo, a d,scrição popular das origens do gintro humano e do porne/eito". Em outros termos, nestescapítulosháumahistorir:idodr. Historicidadcsui generi.s,semdúvida.Mas,ncmporissomcnosbaseadanarealidadeobjetivaena,·erda· dehistórica.Porondelaboraemerroaqucle quesustentaqueessasnarraçõtsnãotratam defatosrealmentesuccdidos,masfábulastomadasdemitologiasecosmogoniasdospovosantigos,cacomodadaspcloautorsagradoàdou1rinamonoteista,uma1·czexpurgadasdetodoerrodopoliteismo.loboroemerro,igualmente,quem afirmaquesãoakgoriasesimbolos,destituídosdefundamcmode realidadeobjetiva,sobaaparênciadchistó· ria, propostos para inculcar as ~erdades rcligiosasou füosóficas. Enfim, laboraou1rossim em trroqucmdrucl" que se traia de lendas, aindaqueparaedificaçãodasalmas(cf.Dcnz. 2122). Essessãoalgumdosensinamentosdalg.rejasobreo Pentateuco eos Evangelhos. Passemos agora para Freud.
riasuctdidooomahwnanidade:elasofrcuum traumaemseusprimórdios,eeste,rccakado parao"inconscien1eco/e1i1·0'',deuorigema uma neurose. Essaneuroseéareligião. ParaFre~darclig(ãoéumailusào,eaqueles~ueaace:ttamsâo1gnoran1esepadecemde dcb11idadememal.Noentan10,oqueelecon1idcrarnmo sendo a Verdade-noquediz respcitoàhistóriaprimitivadahumanidade eàreligião,tantomosaicaquantocristã-é umconjumodeC$tapafúrdios.l::oque,·cremosnosilcnsscguintes.
Versão freudiana dos primeiros tempos da humanidade
''.E_m épocas prime1·as, o homem primiti,·a ,·11·1a tm pequenas hardas, cadaqua/sab o domínio dt um mCKha poderosc (... ). A ·.;5. tório é contada sob/arma tnormemtntt rondell50da, coma u rfre:sstacontecida numa só or:asi4a,oopassaque,defata,elaabrarrgemi/hares dt urras e se repetiu incontál"tis 1·e~es dur12nte e:sse longo período. O macho forte era senhor e pai de /ada horda, e irres1rita em seu poder, que exercia rom ~ioltncia. Todas as fêmeas eram prapritdode sua. A sar1tdosjithos era dura: sedtsptr/(l\"am ociúmedo pai, eram mor1os, cas/radosautxpulros. StuúnicoreC"Ursoerareunirem·.lt'tmpequenascomunidades, arranjarem esposas para si atraYil da quando um ou outra deles podia ter êxito nisso, t/evarem-se a uma posiçda semelhante à do pai, na horda prime1·a" (op. cit ., pp.100-10!). Porém, num detcnninado momento, algo de novo aconteceu: os filhos revoltaram-se A religião contra o pai, mataram-no e devoraram-no. seria uma neurose Freud atribui aos homens primlti1·os as mesmasatitu~esemocionaisquca psicanáli· Parademonstrarsuaafirmaçãodequca sedizdcscobnrnosfilhosemreladoaospais na época atual; isto é, eles odiaram e temereligião éumaneurose,FreudscpropõeaP5i ram o pai, mas também o honraram como mocanali5arnãoumindividuo,masoconjunto delo c dcsejaram ocupar o seu lugar (op. ci1., dos homem, pois - para ele - a religião é p.101). uma neurose da humanidade. Oassassinatodopaiprimevofoi,segunAosolhosdofundadordapsicanálisc,to- doFrcud,oiwdadtiropm,dooriglna/(!).Esdareligião, esobretudoarelijiãocafolica,rc· S(fatoficougravadonomaisfundodamenprescntaumestadoinfantildahumanidade, te humana e, por via da "herança arcaica" umafixaçãoncurOl:icanumaetapadesuac'"olu~ão psíquica que dc1·e a todo custo ser superada. Aneurosc,explicaFreud,surgenoindividuoporqueeler.ofretraumasnasprimcirasfa- t":!2'!""1r~"" sesdasuavida,osquaissãorecalcadospara oinconsciente.Ora,ensinaelc,omesmo te·
'ªI?'º· ~.
Segundo1 mitolog iaheudi1 na,0Moi~1queo1P•r, Freud, o Moi,és que di~idiu .u .igu1s do Ma r tentoudi1nte do1judeus,nodese,to,1serpente Vt rmelhotdirigíu il!ilid1do1htbreu1d0 Egito de me11l I fim de cur.i-los u1 um puto, m1di1ni tr1umtgipcio,q11efoiuu1sin1do po1cstcs l1, inteir1mtntedi!uentedoMoi~1,3ipcio
(,\TOtlCIS\1O ,\BRIL 1988 - 15
(op.cit.,p.ll9),"oshomens,mnpresoubt· ram que um dia possu(ram um pai prime1·0 e oassassinaram"(op.cit.,p. !22)
Fundamentos da interpretação freudiana da História
Os primórdios da moralidade e da justiça: o contrato social Apósoparricídio,osirmãosentraramcm lma, pois cada um queria substituir o pai. Compr~ndendooperigocainutilidadedes.saluta,estabclcctramumacordo,doqualnas-ccramosprimórdiosdam(!ralidadttdajus1iça.Cadaindhiduorenunciouaoidealdeadqui_riraposiçãodopaicdepossu!rarnãec as irmãi._Como deeorrê_n~ia do oci!'1c surgiramaspnmcirasleissoc1a1sconcrcuzadasno tabudoincestoenauogamia(asmulhercs deveriamscrprocuradasforadoclãfamiliar).
O nascimento da Religião O mesmo crime ôeu também origem à Religião. Com efeito, segundo a teoria frcudiana daa mb1val!ncia,osfilhostinharncmrclaçãoaopaisentimmtoscontraditórios:aomesmo tempo que o amal'am . o odiavam e tt· miam. Assim,dcpoisdoassassinat0cdc"o· ran:ientoritualdopai,osscntimentosdeódio cvmgançasadados foram substituídos pelo arrepcndimcn!O e pelo remorso. Resolveram emãoeswlherumanimalqueornbstitu!sse (totem) Em relação ao totem a ambi,·ali!ncia amoródio foi mantida, pois. ao mesmo tempo quc cker,a_encarado "comoonctStroldesongue etSpmtoprotetordod4"{p. !02),qucdc,,ia snadoradotprotegido,elecraperiodicamen• te morto c de,·orado em comum pelos membros da 1ribo. Jno sc da,·a num grande fcs1ival,queeraumacclebraçãoda1•ilóriadosfilhossobreopai. Assim nasceu o 101~mismo que, com a sua adoraçã?deumsubsrnutopatern(!,S~aambivalênoa e os SC\15_ rituais, ''foi o pnmtrraformo em que o relig160 se moniftS1011 na hiJIÓ· riahumana"(p. !02). O abandono do totcmismo 1e1·e inicio quandoos iótemcomcçararnaser humani-
Moi sts - FraAngelico(séc. XV)- Detalhe do ahesco'"A lran1liguraç.io", Mu1eude Sl o Marcos. Florenp . - Oeacordocom• Pont if ic i•Co· mi ssio Biblica,o Pentateucotem "porautorM oi· sé!", qu ef uma sópernu, ao contr.i rio da lese frt udi•n• de que teriam c, is!ido dois Mo isés
zados.surgindocmãoosprimeirosdeuscshumanosou meio humanizados O período do totemismocoincidiu com umafasedematriarcado,noqualboaparte dopoderdopai~uparaasmulhercs.Num decerminadomomento,ocorreuumagrande rc•,olução50dal: 1·oltou-.seâordempa1riarcale. segundo a mitologia freudiana. nessa épocasurgiramtambêmasdeusas-mães.~las dee,·oluçãoem_evotuç.àochegou-scaopasso ~gu1me.quefo1omaisimportant_e:oaparec1memo do monotefamo na Históna. ou seja, '.'o rewrno de um deus-pai único, dedominio 1/imitado"(op. cit .. p. 103). Afirmarquees~construçãoesdrúxulada his16riahumanai:puramcnteimagináriaé.scgund0Freud,subestimar"gra1·ememeanque;aeo1·a/orprobatóriodomaterialnelacon• rido"(!) (op. cit., p. 103)
Ofundadordapsicanálisebaseiasuateoriahistórica: 1) Nas hipóteses de Robcn50n Smith 50· breasteoriasdoclãframnot0têmico.Ora. 1ais_hipó1eses,jéno1cmJ>?defreud.csta,·am reje1tadasdemodounâmmepeloscicntistas. 2)1\'a,·idamentaldascrianças.que"proporciono inesperada abundúncia de ma1erial parapreencheras/acunasemno~oconhecimemo dos temf)()S primi1il-os" (op. ci1.. p. 10-i).Estaafirrnai;ãoégratuita.Éouuoapriori. Edcresto,rcpeteemparteeascumodo a>elha,crradaesurradateoriadasidéiasinatas. bemcomoes1aou1ra: "aontogêneserepeteojiloginese". 3)Naslendaspopularcsenoscomos defada,poises1assão1·ekulodc "numerosas rei{ quios da era prime1·a esquecida" (op. cit.. ibidem). 4)Emnnnlogiasencontradasporele navidadospovos. Por exemplo. na Sagrada Co· munhão.SegundoFreud,esta repeteosen!i· doeoconteúdodaantigarefeição totêmica. No fundo, a Santa Missa, d~ acordo com a interprctaçãofreud1ana.nãoearenovaçàodo SacrifidodoCall'ário, massimareno,·ação doassassinatodoimagináriopaiprime"º· Parabemen1endermosaestruturadain1erpre1açãofrcudianada Biblia,énecescirio conhecerr:ios tam~m o q~c é a "her~nça arcaica" acima refenda. pois da consutui um dospila,esdasuaexegese. Para Freud. um acontecimento, quando foi sufidentememe imp0rtante, ou quando foi repctidocombastan1cfrequência.ouambas ascoisas,ingressana "htronçaarcuico''.Herançaarcaica,porquê1Porquco,·clhotraço dememóriaassim_adquiridopode,·oltarâ10na,porumarcpe11çãorealertttmedoacon· 1ecimento. faemplo? A his1ória de t-.loi.sés, respondeFreud!Motsésfoiumd~sescasos. que repetiu a história primi1i'"a! Porquanto, tal como o "pai prime1·0, ele foi assassinado pe/os.seus".Entmanto.conformeaHiscória Sagrada. ~loisés não foi assassinado, mas morreudemortcna1uralcomaavançada ida dedeccn1oevinteanos(Dcu1. 34. 5). É bas~ado nessa ··riqu~za" e nes;,;e ··valor probatóno" que Freud afirma. enfim: "1\'ada existe de imeiromenie fabricado em nosso construçdo, nodo que 11ào possa apoiar-se em sólidosfunda111en1os" (op. cit. . ibidem) Parece-noso~nunoperguntarae,sepro-pósito:oqucs1gntfica"sólidos'"eoques1gnifica '"fundamentos" na linguagem freudiana! Vejamosagoracomofreudp,icanalisaa Bíblia para fazê-la caber dentro de seu esquema.
A Biblia segundo o fundador da psicanálise Parabemscconsiderara cstranhac.\CgeseaqueFreudsujeitaaBiblia.éprccisonào esquccerqueeleafcznosúl!imosanosdesua
Sigmundo Freud t ilguns de 5é11s col;ibor.idores m•í1pr6,imo1,tm\'ieni: R;in k,..\b r.ih;im, Eitin-
gon, lon.e1, Freud, Fe,enczi.S.ich1 16 - CATOLICISMO ABR IL 1988
1·ida.Elanãoé,pois,umdes1·ariodasuaju1·en1ude.comopoderia pareccr. freudnãoint erpretapropriamemea Bíblia:elcarefaz,paraadaptá-laaumabsurdo esquema pre-concebido, s.crn qualquer bas.c histórica. Ao escrever sobre Moisés, elesornentepoderia recorreraduasfo mes: a narração bíblica e as tradições judaicas. Tanto umacomoaoutranãolhedãoarnenorbase para enunciar as condusõesqueapresema. Suasdistorçõe,; dott'.~tosagrado.são tais. que ele mesmo confrssa desinibidamente: "Dou. me muilo bem conto de que, oo lidor tão outocrôtico eorbitroriomtrllecom o trodiçõo bfbli~o - tra~endo-a paro confirm~r minhas opmiões quando ela me stfl'e, e re1eitando-a sem hesiraçâo quando me contradiz - estou expo~10-mea11mosérioc_rf1icamerodológica e deb1/11ondo o força conl'incemedos meus argumentos. Mas essa to único moneira pelo qual se pode 1ra1ar um mareriof que se sobe dejinidamenle que sua fidedignidade foi gral"emente prejudicada pela influincia deforman1e de in1ui1os 1endenciosos" (op. ci1., p. 4l). Seu trabalho sobre ~1oisés, confessa ele. con>tituiumaaplicaçãodapsicanálise. Suademonstração - reconhece - impressionará apenasumaminoriadeleitoresfamiliarizada comaanálisepsicoanaliticae.ponamo.capacitadaparaapreciarsua1idesoobenas.Aessaminoriaekesperaqueademonstraçãopareçasignificativa(op.cit.,p.22).Ouseja,ele não se impona que outros não a aceitem. Os iniciadosaaceitarào,apesardeelanãoenoontrar nenhum fundamento na realidade histórica Freudcomeçasuaexegesefazendoumalamemação: elesabf!que1·aiprh·ar opovojudaioodomaiorde seusfilhos.mas,pormais que isto o entristeça, não pode "pórde/odo a 1·erdode"(op. dt., p. 19). Confessando claramente p<muir como fomedeinformaçãoapenasaBibliaeastradiçõesjudaicas, Freud lança-senasua interprctação"psicanalitica''.
Moisés na Mitologia Freudiana Moisésnão.erajudeu.masiimegípcio.5:tu nomenãos1gmfica. conformeensinaa Bibha, "safro das águas". mas "mrmça", sendo uma palal'radeorigem egipcia , Ora . -conclui o afoitoeugeta- seonorneera egipcio,tambémomeninooera. Estranhafreudqucnenhum historiadortenhaantes!iradotalcondusão(!). TodaahistóriadaprimeirainFânciadeMoisésfoipresumivelmemeim·emada. paraserencaixadaàsclâssicas!endasquecaraeterizam os lleróis. Ele foiprova1·elmen1e umaristocrataegípcio.cujahi>tória1·erdadeirafoidistorcidaparatransformá·lonumjudeu.Esseéoresultadodaexegesefreudiana sobrea infânciadeMoisés.
Adorador de Aten
S.io P•ulo - Mo~ico, hsi1io dt 5.io P• ulo Fou dosM uro1, Rom;, - S.io P•ulo, dt •cordo com a"t1t&tst"f1eudi,uw,foio,·trdadeirofund•dor doCri1ti•nilfflD, qutstse riiud•• luaç.iodt"u m agitadorpolitico-religioso", chamadolts~sCri110
1·ersalismo e monoteísmo. Com deito, Amen~fis ]Vcri?u uma religião contrária à11rad1çõesegípc1as. comumdeu1iúnico{Aten).e resoll·euimpô-Jaa5eupo1·0.Mudou5eunome,passandoachamar-seAkhena1en.Suareligião era um monoteísmo estrito, "a primeira remalil-a d= r.;pêrie (3) ati onde sabemos, na lris1ória do mundo, !! jrmtameme com a crençan11mdeusúniconasce11inev11arelmen1eain10/eráncio"(op. ci1., p. 34) Comaderrocadado lm périodeAkhena1en, a no1a religião. deperseguidora passou aperseguida. Moisésdirigiu-seentãoàstribos s.cmitasquehabita,·amoterritórioegipcioda êpoca.com·encendo-a!i a s.cguirem-no. Deuserealmen1eumê.~odo,assegura Freud, porémnãoorelatadona Bíblia. Foi uma retira· dapacifica(asituaçãocaó1icadolmpériofa cilitou a~a_ida), semp-erseguiçil:o, sem a luta entre~lo1seseofarao,semomilagredaabf!r1urado MarVermelho eposterior afogamento do c.~trcito egípcio perseguidor. fases episódios narrados no Ê.~odocons1itucm inter· polaçõesfamasiosas. a lirmagra1ui1amemea exegese freudiana. Moisésnâofoiapenasochefequedirigiu a;aidadoshebreusdo Egito.rnastambémo reformador_religiosoque1emouimporaosjudeusarehg1ãodeAkhenaten.Moisésera.seg~ndoFreud.arbitrário.Etendoimpostouma \eiduraaopol'o, este rel'oltou-see.poroca· siãodare1·olta. assassinou-o(4). Em Cades. ochefedopo,·ohebreujánãoémaiso;'>loisésquecomandouohodo,rna1ioutro:-.loisés,pro\"a1·elmenteorigináriodt°Madian.que apresemouaosjudeus um no1·odeus: Ja,·é. Esteera.segundoEdmundMeir-historiadorda;prekrêndasdc Frcud-··umdemô niosinis1ro,sedenrodesa11g11e,quel"(,g1,eal'(, pelanoiteeni1araa/11zdodia"(op.cil .. p 49).
OMoisésadoradordeJa1é-rnminua Freud-.pastormadianita,queergueunodesenouma.erpentedemetalcomodeusdacu Ponanto,!\loisésnãofo1.segundoopai ra,éimeirameme diFeren1edo\fois~ egipdapsicanálise,umhomempro1idencial.esco- do,aristocra1a. totalmemecontr:irioàmagia lhidoporDeuspararealizarumagrandemis- (SJ. são, mas sim um egípcio, pro1a1·e!mente um ari;tocrata, que l'Íl'eU nos tempos do faraó Abraão, Isaac e Jacó Amenofis IV . do qual foi adepto. O Egito era nes;a época um~ grand~ potênciaimperialista. EsseimperialismorelleriuFoiessesegundo!\loisésquele1ouopol'o senareligiào.comascaracteristicasdeuni, judeuâPalestina.Nocaminho,ossemirasqne
ha1·iam.saídod0Egitojuntaram-seaou1ras 1ribosaparen1adas,que1iviamnessas1erras hálona:otempo.Foidessauniãoquesurgiu opol"odelsrael. Uniào frágil,queiriadetermmarofuturocisrna: Judá seráoreinodos quesairamdoEgito, e Israel constituir-se-á com ouiro; semitas arrebanhados pelo caminho. Auniãoestabeleceu-semedianteumpactoemquecadapartecedeuumpouco.Osque saíramdo Egitc-accitaram Ja"é;emtroca.os outrosaceitaramacircuncisão.Aindarnmo pamdoacordo.orespons:h·elpclaliberraçâopassa\·aaserJa"i';emtroca,aíigurado Moisésegipciofundir·se-iacomadoMoisés rr,adianita.Parafaiercrerqueopol'ohebreu semprete,·eJa,éporDeus,foramintroduzi dasaslendasdeAbraão, lsaaceJacó(op.ci!., p.60).,\introdução-:lacircunci1iãoparaselaropactoemreDeuse Abraãotambérnnão passadem~raim·enção. segundoainterpre 1açãofreud1ana. ~o Moiséshistóricocorrespondesse_ao Mo1s6da fantasia freudiana, todooAnngo Testamento repousaria sobre bases falsas e. por consequência. também o NOl'O, que é a conunuaçãodo primmoearealizaçãodas promessasnelecontidas.Oobjeti1·ode freud estaria assim alcançado. Porém.os seus ata ques não se limitam ao Antia:o Testamento. Sua fúria demuidora l"Oha-s.c diretamente contra Nosso Senhor Jesus Cristo e a Igreja Católica.
A psicanálise do cristianismo Re.sumindo,parafreudnãohou1·enenhumare·•elacãodi,foaaoshomensacercadaorigcm deles. pois Deus nem sequer exiSte. O que ocorreufoioassassinatodopaiprime10 0\'erdadeiropecadooriginal-quefoi se transrnitindoatravésdasgerações.Aidéiado paiprime1·oes1a"areprimidanoinconsciente dahumanidadccretornouporocasiãodoas sassina1odeMoisés.Ocrimcdeuorigemnão só a .entimentos de remorso, mas também à esperançadequeograndecondu1orressusd1asseecondulisse opovoparaoreinodaftlicidade. E.iarnm a..simcriadasa1i condições psicolóaicasparaacrençanum Messias. Essascondiçõesdesabrocharamdemodopkno quando.nurndeterminadomomentohis1órico. um cresce nte sentimento de culpa apoderou-se dopol'o judeu.Nessaocasião scgundoaexegesepsicanaliticafreudiana1urgiUOl'erdadeirofundadordocris1ianismo: Paulo de Tarso. Comefeito.s.cmprede acordocomfreud, Paulo de Tarso. S<"n"indo-s.c da atuação de "umagiradorpolfricoreligioso"(op.eit .. p. 106). chamado Jesus Cristo, eapro1eitando ocomple.,odeculpaquedomina1·aamuhidão, criou o mito de um Filho de Deus que nasccra.tomara sobrcseusombro;aculpade 1odosos homens e, perm itindoqueoma1assem.e.\piaranolugardetodaahumanidade, culpadapelamortedopaiprimevo.Eeranecess.ãrioserum filho.poistrata1·a-sederesga1aramor1edopai. Porém.sees1efilhoera oCri>todos El"ange!hos. isso não se sabe. Efetivamente.noquctangeaCristo,prossegue Freud: "Tratara-se de 11111 homem o quem 11111 pequeno número de adep1os na Judéia encurura como sendo o Fi/ho de Deus e o .\1esias an11nciudo, e a quem, igua/111en1e, uma fJIJf/f da história da infância ini·emada ptJra Moisés foi posteriormeme transferido. CA TOLtCIS\10 A BRI L 1988 -
li
idéiadeumredemor". Outrofatordesuces· soíoiofatodeterocristianismoabandonadoocaráterexclusivistadojudaismoeoseu sinal ,·isivel (a circuncis!o). Pôde e!a assim dirigir-seatodososhomens.
Apreciação de Freud sobre a nova Religião Massobcertosaspectos,afirma Freud,a novareliiiãosignificouumaregressãocultural,poisela''nãomanrn'tool1onfrtld11men1taqueojudaísmoha1·iasta/çado.Nãoe,a mais estritamente monoteísta (6). Ademais, restabt/er:euagrandedeusa-mãe(7).lmroduüu mui/as das figuras dfrinas do politeísmo, ligeiramente 1·elodos, embora em posições serundárias (8). Acima de tudo, não excluiu o ingresso de eltmemos mágicos e místicos, que de1'eriammos1ror·stcomoumoinibiçãogra1·e sobre o destnl'0frimemo intelectual dos doismi/ur,osseguimes"(op. cit., p. 108).
Objetivo de Freud: destruir os fundamentos da Igreja Católica
masdt quem, na ~·erdodt, pouco mais conhecemos, com cerre;o, do que de ,Woisés: st tlt foi rt0lmen1t o grondt mtslrt rtlrawdo pelos fa·ongelhos, ou st, omes, não foram o foio t os cimm.Jtlincios dt suo mortt qut foram dtcisfros poro o imponlinclo que suo figuro adquiríu. O próprio Paulo, que st 10,nou após10/o,nãooconhec-tra"(op.cit.,p.l09). Aliás,continuaa "imogi11oçãocriadora" defreud: "/;ptausf1~ conjtcturarqut o rtm= ptla o.uassinato dt Moish fornec-tu es1ímula pa, ra o fomosioso desejo do Messias, que de1•e. ria rerornar e conduúr stu pol'O à rtdenção e oa prometido domínio mundial. Se Moisés foi o primeiro Messias, Cristo tornou-se se11 substiruw e suct.s.ror. De sorte que Paulo pô. de exclamar para OJ povos, com certajustifi·
cuçãohislóricu:'O/hai!OMessiasrealmeme veio:elefoiassossinadoperan1e1-o.ssoso/hos!' Além disso, também, existt um fragmento de 1·erdadt histôrica na remmeição de Cristo, poisek foi oMoisis reuurncto t, por múdtS· te, o pai primem retornado da horda primltl· 1·a, tramfiguradot, remo o filho, colocado 110 lugar do pai"(op. cit., p. 110). Esta1·aassime;,:orcizada,alil·iadaahumanidadedeseuduplocomplexo:decutpaede inferioridade. Paulo,nodizerdefreud, "rondu:juojudaismoàfreme, mas1mnbimodes1roiu". Co,. moas suas inovações haviam sido rejeitadas nMcirculITTjudaicos,Pauloresol1eu1ingar, sefundandvocristianismo.Anovareligião dc1·euseusucessoaofatode"exorriwrostn· limemo de culpa da humanidade, a1ra1·is do
(1)",1101sé:lo om01101tfsmo ''-Esbo,;odfP1kantli!.t<
(4)Froudap,..,nta<"'-''"slodamomdc.llo,"1,ba, 1eadom1 Ernes1S..llin,quot<riadc,cob<rto110prof<1a Wiaslinai,io,qui,·o,c,,.don•asw,ina10.0u1rosprolo· m1er'iiriamcamb&nd<b.a>t"f)l<a1alafirma,k>.0,.1i, s.1Qoslinai1io,qui,·0001,Frcudnioosapon1a.E llioo fuporquo,puraesimpksm<n1<,dnnio<xi"cm (S)Qualquorpo!SO,ldobw.fi,lmdo a hlilóriad<.\lois.t:I, podl,<rií>earquoo,1oistsdof..,odotomnmoqu<<r· 111t11,porord<md<Deu,,1...,p<n1<d<bron«nodntr· 10.E11uupt1urnlooraum"dou,daoura".F<:o'oolo<>·
ouuosu1b.alhol,Eddo$11ndarllr11ilcir•liasObra1 N· oolÓJÍcascompl<1lld<Si1mundhcud,\'ol.XXlll(l97') -T,1dL>Ç;10<1<JoséOcsi,ioO<Aaul:LrAM<u,lmqoEdi toraltda.,R,oO<JaMiro,191S. (2)Q,.iancoto))Qli1miwo,l11ot,quan1o~orilfflld<l,o. =-•1m1.q11<Noo~mamd<Adio. PioXll
,.a
estabd«e11 H11mani GtntnJ "Qi,amooopo/ip,,W>IO,(... Jos/Wl!MQp<Xl,mabfa.
l'lf"""'<ipÍllólo(IIJ(lf/WIOffltllSÚllllllqwdtpoadtAdao aútinmnn,•rtmt~*-sQWM(/ln'tTV_, Mlffll,porrit1<NfffilfllON1111nl.domnmoAd-'o.~ 1t""ordtrodososltotM,u.oorttt16oqwAd6o..--. IOHl""'l./~ntodtm~11os~i1orn. °"1, /ld(!str#dt 111odooiz11mromoat11Jefinnar6nstPOJl'l"'CTlllfll,,ir romoqwafon1tsdisrt'Vrilcdotosa1osdo.\la1wb,o
~'::r..:::i;::;;,:::~-°"!i:'SJ::. ,,,..n1,porAdolotqw,1mrummdaatod01po,lt"'fll,,, llllffl'1ltt<l'<:OdtlMmromop,6p,i(l(ef,RQffl.j,l]./9; C0n<. Trrdm .. Sffl. V, nln. /4J"(PioXII, Enc. Hwmani Gtnnu. \'ou:s. P<1rópolls. 1961. 4' td,. ~- ?l). (l)Aofuercalafirmaçlo,Fr<lld.comuina!,tlll-«timónia d<e,;,ai,1ar,ronlidtt1rner1n1tn1<l<ndiri.11<>"'m.i•<I<
AMalo, 1- 1 Jacó < 60s ,rand<s J)mQlllltfll bo'blkos
q11<0<pr=dttam
18 - CATOLICISMO ABR\l 1988
dacomosillalparaquetodososquoollws<mparadaío· ttiS<m""radosdaschapsq1><porca"iJOr=biam
(6)fr,ud,;oo<>ion.0Crisliani!.moumardiJ:ilonio<>1ri!lmrnl<IIIOOOlrill1,de>ido1w:na<:01Dp,m1<iodillorcl· dadoDopnadaS.a,uÍfflma.Trindad< (l)M1i,uma,·o,, f reuddislorain1<mun<nl<ldoo1Iina atól)ea, 1fi~ndo,,-a1nisaoblasfm-a1oriamrn:oqu,
oCri,iiani>o>o,..,abdcttu:a&!:IJld<d<,ua,mk
Nom.S<nhora,n,.,·udad<.\U.:do\'orboooarnado,
t1ohr.t-pnrnadoCriador,sq:undo1dow.rinaca1óla. (8)Froudaindaconspura1doutnn.lcuólicaoal>r•<><<ar1·
COlitOrotiod<duliaao1firmarq1><0Cri,iianilfflO"m· r,orh,U,,mui1asdasf,,,.rasdi,""11idopolil,umQ".Ofu11dadordapsianili1<nlo1<druaou1balho d<mn,ull1r <:11<ncial rnumi, <Dtr< aq11<I< ""lto• o~ullo
~.d:~~
AhistoricidadeeaautenticidadedoAmigo e Novo Testamemo, sobejamente demons· tradas,sãorejeitadas,demodogratuito.por umaimpos1açãoaprioristica. A afirmação de que Cristo não é senão Moiskressurrccto(comocs1eseindemifka,·acomopaiprime1·oressusci1ado),oomiste numa fábula que obje1ivameme desfigura MoiSCS,massobre1udoimcs1eoontraasgrandes1erdadesdaReliJiãoCatólica:auniãohiposiática,aunidadedaesstnciadivinaeda TrindadedePcssoas;aencarnação,Paixàoe Morted0Verbodi1•ino;aredençãodogênerohumano;aressurreiçãoeascençãod0Sal1·ador,rompro,,andosuadi\'indade. Antes de Freud. muitos ímpios procuravamnq:aressagrandiosarealidade.Masédificilequipararoesforçoanti-religimodelesà sanharadicaleb!ásfemadoinventordapsicanálise, noseuintuitodedestruira Re\·elação comida no Antigo e No1·0 Testamentos, eporoonsequência,aniquilara ReligiãoCa· tólica.aúnica1·erdadeira. t:d..-aldo ~fa rques
@j;At.oLICISMO l>lrttor,P1uk>Co,rtoo.11<;cofi!""
:,=-:·=;:!"~!"1I::;~ru-Rcpo, ~,lluaM1r1nF,_.;1<0.66,-0l:26Sà<>P-.SP,1tuadmGoir.-.197,.28JOO
-C'on,poo,llJ C,t,fado, Rua \\an,. ~'""'~""'· 66!! - Olll6Sà<> P - . SP - Tdct(lll}m.17'1(Iamatl.1') !dirtr:1. a pa,1i, 0. a,q.;..,. ÍOf• -por''Càoloct,mo"j-<tS'AIJ,j.
,·oi-~,
~"'.\~E.«a -llua\la,<inq1><,96-
Sl<>l'llu
1--:Anp,,..Plll'G,tAnnGráfi<as Uda - ll"° J1<IOI<, SAo Paulo. ·C•oha.mo .. t.,,.. pu,bli<adoo m<mal da Em,...... Padf< 8d<blo, <lt l'oftu,, \.1da P1u...i.,..,,<1<~<1taMi...,.1t,tD«ft, "'10__,.tllllbffllO-<(OmKÍCD,Aoor ~rclor:n1a......,<1.-.e•<nda1,wu
611 - 011)0 -
SP
:s.~:-~~·~.,:.,~~~..,;,nf,-.. ~~' °~--·. . ~
n<afd$<nal, ...11tt-
TFPsemacão ,. comemorando o bicentenário da colonização britânica na Austrália SIDNEY, Austrália - Com a presença de membros da família real britânica.rca[izaram-scnumcrososespttáculos, no iniciodoano,paraoomemorarobiccntcnáriodachcgadados primciros colonizadores procedentes do Reino Unido à Austrália.
·
Associando-scaessasfestividades,jo\'tnsaustralianos,amigosdoBureau Tradiçào,FarníliacPropricdadeparaaAusmiIiacolocaramurnaooroadefloresjuntoaomonumcntoaoCapitãoCook,na,·cgadorpioneiroinglêsqueaportounaAustrália em 1770.
MAIS DE DUZENTAS e quarema cidades de dezoito Estados brasiltiros foram perrorridas, nos últimos três~, pdas cara\'ana.s de sócio~ e cooperadores da TFP, que divulgam a ediçãoespecialde''Catolicismo",oontendoaobra do Prof. Plínio Com~a de Oli\'cira, "Projeto de Constituição angustia o Pais". Superando em muitoospadrõcseclitoriaisparapublicação do género, já sees.coaram60milexemplaresdessc estudo. Na foto, os propagandistas da TFP quando visitavam a histórica cidade de Slo João dei Rei.
Setor operário desenvolve artesanato A SEDE DO SETOR Operário da TFP, situada no bairo dolpiranga,nacapitalpaulista,dispõedeumate!iê,noqual osjovenspodemdesenvolversuasaptidões,confeccionandocscudosdecorativoseoutrosobjetosartísticos. "Noi;soproblema aqui éafaltadeespaço" -declara EduardoZacariasdePaula.responsávelpelasede. "Esta casa jácstásetornandopcqucnaparaonúmerodefrequentadorcs, especialmenteduranteasprogramaçõcsdcfimdesemana,quandopromo\·emospalcstrasdcformaçãocultural".
CATOLICISMO ABRIL 1988 - 19
O carvao
que se transformou num espelho do sol... ÀSSIA! COMO um orador multiplica os vocábulos num discurso, para poder expor suas idéias, assim Deus multiplicou os seres, criandoos desiguais, para dessa forma espelhar no finito Suas perfeições infinitas. Nos três reinos que, abaixo dos seres espirituais, compõem a natureza criada por Deus mineral, vegetal e animal- encontramos reflexos mag11(ficos da Beleza e ,la Bondade incriadas. Quem 111111ca admirou o brilho matízado
de um diamante, a pureza cândida de 11m lírio ou a inocência <le uma pomba? Embora os minerais, de si, constituam a escala inferior da criação, entre eles muitos fas cinam por sua beleza: são os chamados ..preciosos" ou "11obres". Sobretudo quando trabalbados pelo engenho bumano, podem transformarse em 11erdadeiras obras de arte
Nosso clichê mostra 11111 conjunto de esmeraldas e diamantes, formando um colar, 11m par de brincos e um bro<:he, todos montados em 011ro de 18 quilates. O verde vigoroso das esmeraldas, realçado pelo fmulo rubro do qu(l(/ro, combina magnificamente com o brilho fascinante dos diamantes . A orquü/ia e o ramo de pinheiro, compondo o quadro, representam o ósculo de dois reinos, o vegetal e o mineral, que se encontram. O jogo e a exuberância ,las t·ores conferem ao conjunto uma nota de elevaçâo e feeria
~<
Por seu brilho quase bípnótico, proveniente das elevadas qualidades di• conter e refletira luz, que lhe são próprias, pela pureza e raridade que o caracterizam, o diamante é a mais estimada dentre as petlras preciosas Seu nome provém da palavra grega "adamas", "o inq11ebra11tá11e/", De/ato, o diaman te é o mineral mais duro que se co11bet·e.
Fon11ado em consequência da alta pressâo e tia ele11ada temperatura existentes em certas rocbas, o diamante, na sua composiçâo química, é carbono puro crístalizatlo. Pode-se dizer alegoricamente que o brilhante - ou seja, o diamante lapitlado - é um can,tio que, nas trei1as e sob a pressão dos sofrimentos mais atrozes, tanto ,ulmirou a luz que se transformou num admirá1 ,el espelho do sol ... Alg1111s diamantes ficaram famosos na História. Dentre eles,jigura o ''estrela do sul" ', de 125 quilates, encontrado 1io Bmsil em 1853. En tretanto, a gema mais célebre pertence à coroa inglesa. Trata -.çe do mundialmente conhecido "Kob-i-noor", expressiio i11diana ·que significa "111011/anha de luz"' Após /011ga e turb11le11ta bist6ria, o " Koh -inoor"foi doado, em 1850. à Inglaterra. Atualmente, a belíssima pedra encontra-se na co,va da rai11hu-miie, de o,ule, por sua pureza cristalina e devido a seu brilho de fogo , e11canta os que, admirados, a contemplam Famoso também e ··le Rége11t · (O Regente), de 136 quilates, adquirido pelo Regeme de Fran ça d11nm1,, a 111i11oridade de ruis XV, e considerado por muitos o mais belo e mais puro dos dia111m1tes da Europa
Se Deus dotou de tanto esple11doraté a mais elementar das 0·1'aturas, que é o mineral qufmdo adequadamente lrahalhculo pelo homem, imagine o leitor a beleza de u11w alma h11111a11a quando ela se deixa trabalhar pela graça ,h, Deus; e sobretudo a 111agf/lficê11cia e a grandeza dAquele que é o Criador de todas as coisas'
7,
Ato1ic MO N? 449 - Maio de 1988 -
Ano XXXVIII
No Brasil: definha a prosperidade agrícola e tem início a era das favelas rurais
Reforma Agrária - Reforma urbana Reforma Empresarial o Brasil em jogo Mensagem da TFP aos srs. constituintes e ao público em geral Plinio Corréa de Oliveira IMAGINE
UM
BRASIL
subitamente
modificado: 1. Fazendeiros grandes transformados em médios, muitos dos médios transformados em pequenos, tudo caminhando para uma estrutura rural só de trabalhadores manuais, cultivando terras emprestadas pelo Estado; 2. Os imóveis urbanos transfo rmados em cortiços, sob pretexto de falta de habitação. E os aluguéis congelados em pleno processo inflacionário; 3. As empresas industriais e comerciais dirigidas pelos patrões, com participação dos operários na propriedade, na direção e nos lucros delas ,ou, por outra, essas empresas dirigidas pelos operários, com participação dos patrões na direção, nos lucros e na propriedade. Que diz o Sr. da perspectiva destas três reformasl Por certo lhe vem ao espírito uma exd;1mação: esse seria um Brasil a dois passos do comunismo. Pois foi com a aprovação do Cap. 1 do Titulo VII do Projeto'de·Constituição sobre a ordem econômica e financeira que ó Brasil começou a submergir nesse sinistro atoleiro. E enquanto isso se fazia, muito grande parfé dos proprietários agrícolas, urbanos ou empresariais, invadidos por uma desconcertante narcose, dormiam. Mas a TFP vigiava. E publicou na "folha de S. Paulo", em vésperaS de iniciar-se o debate sobre essas reformas, um impressionante comunicado do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira intifúlado "Ao término de décadas de luta, cordial alerta da TFP ao Centrão", Além disso, no dia 28 de abril, o Escritório da TFP em Brasília distribuiu aos Srs. Constituintes um importante estudo de 21 páginas fazendo um cotejo entre os projetos de Constituição da Comissão de Sistematização e do Centrão, ao mesmo tempo que analisa a política deste último, inexpli- · cavelmente concessiva à esquerda. Tal estudo, intitulado "Reforma Agrái'ia - Reforma Urbana Reforma Empresarial: o Brasil em jogo", também da autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, apresentaremos a nóssos leitores.
I TFP: um alerta para que a Constituinte não aceite o abraço "amigo" do urso vermelho A PROX IMA-SE PARA a Assembléia Nacional Constituinte, como para o Brasil inteiro, o momento augusto de gravíssimas opções. Destasdependemaprosperidadeeoprogressodo País,e, mais doqueisso,suapersevera nçanosrumosa!xnçoadosdadvilizaçào cristã. Defato,com a votação do art. 6? , § 39, de fi niu a Constituinte ostermosemqueenten deapropriedadeprivada.Efixouonortese gundooqual pretende proceder na votação do Título VII, sobre a ordemeconômkaefinanceira. Ora,sucedequesobreessamatériajácomêminestimáveisensinamentos o Antigo e o Novo Testamento. Sobre ela têm versado Doutores, Pontifices e moralistas ao longo dos vinte séculos de existência da Igrej a. E todos têm sido unânimes em afirmar que a propriedade J)rivada se baseia em prindpios imutáveis da ordem natural estabelecida por Deus e corroborada pela Revelação. Assim, tais princípios constituem fundamentos da dvi!iiação cristã. E esta cessa ipso facto d·e-existirquandoaordemsocial ceçonômicadeixadesebasearneles Ouseja,quandosuprimeapropriedadeprivada, umpovose expatriadoâmbitoabençoadodacivilizaçãocristã.Eomesmolltesucederáse,proclamandoemboraoprincipiodapropriedadcprivada emt ermosaltissonantes.sualegislaçãoconstitucionalouo rdinária detalmaneiracltegaarestringi-lo eaminguá·lo,queolançanasvias de umdepereci memoirreversível. Asupressãodrásticadoinstitutodapropnedadeprivada - como da livre iniciativa e da família, qu e constituem com ela uma nilogia indissociável - foi a meta clássica do movim ento comunista in ternacional, desde seus primórdios com Marx até meados dos anos 50.Mas,deentâoparacá, ooomunismo,sensívelaofaiodequenâo conseguiraconquistarparasi,pelacensuraomnimoda,pelapropagandaensurdecedora e arepressãopolidalescabrutal,oconsensodos povos, mudou ele de tática. De proclamador estentórico de suas máximas, transformou- se em difusor velado e ardiloso das mesmas. De polemistafogosoeexacerbado,verdadeirobulldozeraplicadocontraacidadeladacivilizaçãocristã,passouafazer-sedcopositordiaJogante e macio. Em uma palavra, a mesma mão que outrora carregava as bombas de dinamite com que intentava pôr abaixo apropri edadeprivada,a!ivreiniciativaemaximamenteafamilia, dcixoude ladoessasbombas e seestendeuaoscatólicos,oomoe~pressàodeque intentava inaugurar com eles a famosa ''política da mão estendida": a mesma poHtica que o urso oferece instintivamente ao ltomem quando llteabrevelhacamemeosbraços.
No momento de históricas e gravíssimas opções, apelo para 2 - CATOLICISMO MAIO 1988
Assim, a Sotitdadt Brasiltirs dt Odeu d1 Tradição, Família t Propritdadt - TFP, a 9ual, desde sua fundação em 1960., \ 'tm apontando até hojc na famíha, na propricdade privada e na lMe iniciati\'.aprincipiosnaturaisinalterâvcisqueconstitucmofundamentoda c1vilizaçãowigcntc,seimJl0$toucomamaioratcnçãonaobservação cristãepatrióticadoquesobrccssasma1êriasdeba1esseaAsscmbléia eleita pelo Pais, para dotá-lo de nova Constituição. Estandonaindokdoregimcdemocráticovigentequcossrs. !eg!sladorcssemantenhamcontinuamenteatcnto~àsaspiraçõcsereiv1ndicaçõcscmanadas detodosossetoresdaopmiãopública,a TFP em~reendc~, ao longo dos trabal hos da Constituinte, múltiplas inictat1vas demnadas a fazer conhei:er seu pensamento sobre o texto oonstitudonal em gestação, primeiramente nas subcomissões e comissões temáti.cas, ea seguir na Comissão de Sistematização. !nnta anos, pois, de luta indômita contra a Reforma Agrária sociahsca e confiscatória. N35 múltiplu obras que constituem marcos desta luta, foram numerosos os prognósticos feitos em escritos emanados da TFP, de que essa Rdorrna acarretaria consigo - corno que t~azendo-as pela mão. - a Reforma Urbana e a Reforma Emprcsanal e, em consequência, a total sodalização do Brasil. O que, de passagem, lmpor1a notar. Estelongopréliodetrêsdécadastevesuacontinuidadcafirmada defevereirodc1987atéabrildcl98i,navigilânciapatrióticaininterrupta,voltadaemespiritodecolaborai;ãoparaostrabalhos dacolenda Assembléia Nacional Constituinte. Ao longo destes quinze meses, em vár.ias. oportunidades a TFP se dirigiu, em carátcr oficial, aos Srs. Consmumtes, bem como ao püblico (cfr. Elenco das atfridadf!S da TFP em l'/sta da atual Constiluinte, cm apêndice). E nesta fase conclusivaefinal,ernqueestesseachamnaahernati\·aderei:usar oudeaccitara"mãoestendida"quethesofereceourso\ermctho, rnedianteastutaedis.sirnuladainfiltrai;ãodc\·iriosprindpiosdornarxismo no texto constimdonal em elaboração, mais uma ,·ez a TFP se,oltaparaosSrs.oomponentesdamagnaAssembléia.emespirito decooperaçãorespcitosaecordial,oomo fitodeosalenaraqucnão esmi1em a mão insidiosa que a55irn se lhes estende. E que rejeitem oabraço"amigo"cornoqualosconvidaàconfratemizaçãoourso vermelho.
II Conforme vote a Constituinte, curta caminhada nos ficará separando da efetivação do regime comunista
E~,
VÁRIOS DISPOSITIVOS presentemfntC submecidos ao ,·010 dos Sn. D<:putadoseSenadores,ouprestesaenuarem 101ação, se afirmam princípios e se traçam preceitos que importam cm lançar oPaisemreformasquc,semteremaradicalidadeabsolutadastransformaçõesvisadaspelocornunismoinlernacionalmaisoumenosaté ~eadosdadéc~dade 50, colocam.3 propriedade individual, a livre iniciativa, a Saude pública e o Ensmo - e com eles a familia - no sinimotobogãquenosconduzaoregirnecomunis1a ~ealmen1e,cmalgunsdcseusdispositivos,ostex1osernvotação iniciam a passos largos - nas Reformas Agrária e Urbana - a curta caminhadaqueaindanosseparadocomunismo,edei.,amabertaa ponaparaquecoopercm nessesentidoasleisordináriasconsccu1i\ '1S li Constituição. Emoutrospontos,ru;projetoseemendasesqucrdiscasmaisselimitam a afirmar princípios jurídicos que preparam a futura imerpre1ação da Consti1uição e a elaboração de no1as leis num semido prócomunista. 1:. o que ocorre com as Reformas da empresa industria! ou comercial (cfr. Projeto de Constituição angustia o Pais, pp.158 al62). Por fim, nos atinentes/Is Reformas da Educação e da Saúde, encontra-sepromiscuarncntedetudo:dispositi\'Osdrásticos,claros ouvelados,ouaindameramentepreparatóriosdainstalaçãodoregimecomunista
Aprirnti1aumpuiha públiuempreendidaptl1 TFPcontr•• RfformaAgr.iri1soci•list•cconfiscatóriaconliJtiunurnabai10-aninadodirigido aoCongrtssoNacional, conlendo 27milassinatu,as dt agricultores t ptcuuist.u em apoio ,i5 tne, do li~ro "Reforma Agr.iria, QuestlodtComciência"
A iniciativa maisrectnlt empreendida pela TFP contra a triplice Reformadecarátersocialistaeconfisc•tório - aAgrária, aUrbana I' a Emprts.rial - teve início tm 29 de outubm p.p., quando foilançadaa urnpanha públicadevenda,tmnivelnacional, da obrado Prof.PlinioCorrhdeOlivei1a"Projetode ConS1ituiçJo angustiaohis"
III O Centrão na alternativa: reagir para vencer ou ceder para não perder C oMO TANTAS OUT RAS entidades alarmadas com o perigo a que esse cinturão de reformas expõe o Brasil, a TFP acolheu com sirnpatiaeesperançaaformaçãod0Cemrão(dr.O"Ctn1rão"abrl' uma réstia de luz no quadro da 11ngús1ia nacional, encarte introduzido corno No1a ao Uiwr na 2~ tiragem de Proje10 dt Cons1ituiçõo angus1ia0Pais).Mandaaverdadequesediganãoestarelccorrespondendo, senãoerncxiguapane,aessasesperani;as. É o que indica adiferença-muitomcnosmarcamedoque foradeseesperarde inicio-entreaspropasiçõc:sdckeasdacsquerda . Taldecorre,presumi\Clmente,datáticabcm-arnadaportodosos espiri!os propensos às acomodações, aos arranjos e às concessões c.\Cessivas, e temerosas detodoequalquerrisco.Essatá1icaécondensadanatristefórmula "ceder para não perder". À vista disso, é razoá1·el esperar ainda no Centrão? A questão tem sido debatida menos na mi dia que nos diversos am bientesdavidaquotidianaepri\'ada, lares,c/u/Js,locais detrabalho ou de lazer. Nãoéesteomomemode darrespostaatal pergunta,
a rejeição da política suicida do "ceder para não perder" CATOUCls,,o MAIO 1988 - 3
a.Ocolejoentreos / dilPOsilivos doproietoda ComissiodeSistema· Em 3 de duembro Ultimo, p,ulamentues do Cenhão comemoram uma vitória: a alte raçJo do iegime nto da Constituinte. Uma réstia deluzpa reda surgi1ooqudroda.1 ngústianacional masprincipalmentedeaprove!laressessupremosimtantesparaconvidar oCentrãoanãosemanternumapoliticaconcessh·aetimorata, queo prive-eàclassedosproprietárioscomoadostrabalhadoresrurai s-dasvantagensedasglóriasquecomumacondutafirm e e vitoriosa obteria. Tal condutavaleriaaosSrs. Deputados e Sena· dorcso agradccimentoperenedosbrasikiros Obviamente,todaconfrontaçãotrairiscos. Masquem enfrenta umasituaçãocriticacomânimodetalmaneirasecuritá.rioque não encaracomo\·iá.\·eissenãoassoluçõesinteiramentesemrisco,este já.entranalutaresignadoàsmaisonerosasconccssõcs.Oqueoopositorfacilmentepcrccbe,sentindo-seemconseqüênciaestimuladopara as mais extremadas exiaêndas. Não é este o caminho da vitória. Pois não hã vitórias sem riscos. Adotarporprincipioatáticadaresignaçãocomomalmenor,ainda que ei;te st"ja imenso, é capitular. t renunciar à vitória, como tam· bêmàglória. Com efeito, seaundo disse Corneille, "à vaincre sans péri/, ori triomphe sans gloirt" (lt Cid, II, 2). - Quem \·encc st"m riscos alcança um triunfo sem glória Augu randoquecstasconsideraçõcsprodui.amnassimpáticasfi!eirasdoCentrãooefeitodesejável, rcsta, napane lVdopresentc cstudo,confrontarentresiosdispositivosdoProjetoelaboradopela Comissão de Sistematização (Cabral 3) e as emendas coletivas propostas pe!oCentrão.
IV As emendas propostas pelo Centrão pouco se afastam do texto da Comissão de Sistematização. E com isto deixam gravemente vulnerados os princípios da propriedade privada e da livre iniciativa
Ü
OBJETO DO PRESENTE comentá.rio consiste em esclare· cerosSrs.Constituintes,cujoesp!ritoestAnatura!mentelotadopor preocupaçõesdetodaordem,arespeitodoquesejaopontode\·ista daTFPnotocanteaoiravede\·erqueaelesoraincumbc,deoptar entreaspropos1asreformis1ase:<propria1órias(melhorsediriaconfisca1ória.s)deíndoleagrária,urbanaeempresarial(comercialouin · dustrial), atualmente em foco na As.scmb~ia Constituinte. Pois, em vinude do regimento desta Ultima, é só o que lhes resta faier no momemo. Consideradaamatêriadeumpontode\'Ístamaisvasto,presta-M" elaamui1osoutroscomentários. Destes, os que caberia ili TFP fazer já foram formulados no livro Proje10 dt Consti111iç60 ang11Stia o Pafs (Plinio Corrêa de Oli\·eira. "Catolicismo",ediçãoespedal,outubrodel987,2\0pp.) .. Nostópicospeninentesdopresemeestudo,serãoindicadasaspá.gr.nasdesscliHoemqueamatéria1•em versada. 4 - CATOLICISMO MAIO 1988
tiuç.io deoominado Cabral 3 e as e me nd u do Centr.io torna ma· nilf'iloqua nl oestasúltimasestãoinspi ra da,rni mà~imado"ceder paran.ioperder", recusa ndo o" resi sti,para vencer''. Comp1ttndese, poi§. as de rrolou que o Cenlr.io tem sofrido nas votações da Constituintf', COmo a do dia 9 de fevereiro último. Na foto, i f'iQUe!da, mt"mbrosdessegrupointerputid.irioretiu,m-sedoplen.irioenquantoconslituintetesquerdistascomemoramsua vitó1ia.
Capitulo 1 Dos princípios ge rais, da intervenção do Estado, do reg ime de propriedade do subso lo e da atividade econõmic;i CENTRÁO
SISTEMA TIZAÇÀO Art.199. A ordem ttonôml• ca , íund1d1 n1 •·11lorluçi o do
trabalho hum1noe n1 ll,·reinkl11ti.-a. tem por fim usesurar • to• dosnistfndadlgna,coníonneos ditamcs dajustiç1 wd1l tosse1uinlcs prin~ipios; l- sobtranl1 nacion1I; ll •p ropritdadeprlv11d11: Ili fanç l o social da propriedade; IV -1in.,ro11eof'Tfnd1; V -defesa do consumidor: Vl -dtfesadomeioambitntt: Vll -reduçiodasdtsl1tuald1dnregion1lstsocl115; VIII- pleno empftlO; IX. trat1mtn10 ra,·oreddo paraasemprfSllSn1Cional$ dtpt· quenoportt. P1ri1rafoúnko.t 1sse1urado a qualquer pesso1outtddo dt todH as11Md11dt1tconôml· cu.ind,pend t n1 t men ttdtau to• rizaçio d,órgl ospúblkm,uh· o noscasos pre,·lstosemlel.
Art.199. Aordemtconõmi ca,íundadanalivreiniciativae navalorizaçàodotrabalhohuma no, tcmporfimasst,gurara todosexistmciadigna, conformeos ditamndajustiçasocial,observadososseguimnprincipios: [,soberania nacional; [[,propritdadeprivada: III função social da propriedade; tV - livreeoncorrfocia; V. defesa do consumidor; Vl-defcsadomeioambitntc; Vll-rtduçiodasdnigualda. desrtgionaisesociais; VIII - busca da pleno emprego; IX· tratamento fa-·orecido para as empresas brasilcírai; de pequeno porte. Parágrafoúnico.Àiniciotivo pri,·ada com~rl', prl'jerencial• ml'nte,organitDrl'dl'sl'nvo/vera
arividadet!COnómica.Easscgura do a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, indtpendentemcntedeautoriz.a çãodeóra;ãospúblicos,sal,·onos casos previstos em lei.
COMENTÁRIO "Buscado pleno emprego''; nestapequenamodificaçãodoincisoVlll,pleiteadapeloCentrão,seafirmacomodeverefetivodo Estado, envidar os esforços conducentes a obter o pleno emprego. Aa!teraçáosuavizaalgumtantoainterpretação-absurda,na rea!idade-dotextodaSistematização,segundoaqualoEstadost, riaobrigadoaproporcionarplenoempregoatodos,pormaisárduo eonerosoparaobemcomumqueistofossc.
Oacrbcimonoparã.arafoUnicodoan.199,propostopeloCen· trão,restringeconsideravelmemeocarátermarcadamenteestatista doProjetodaComissãodeSistematização,poisreconheeeàlivreiniciativaumapanidpaçãorectrixnadireçãodaeconomianaciona!considerada enquanto um todo. E, ao mesmo tempo, o Centrão cuida de reconhecer ao Estado umaparticipaçáonãoprepondcrantenamesmamatéria.
SISTEMATIZAÇÃO
CENTRÁO
Art.202, § 4!A lelre priml rí afo rmação dt monopólios, oli· gol'OliO!l.rart,!ise toda tquMlq1.1tt formadtabusodopodertconômkoqu tien hapor llmd oml n.r o m-,rcado , t lim ln•r a lhn co ncolnnda ou 11umen1ararl,;1raf'ia.
Art.202,§3~Alcircprímirá aformaçãodemonopólios,oliaopólios,canfoetodaequalqucr formadeabusodopodcrcconômicoquetenhapor fimdominar o mercado e eliminar a livre concorrtncia.
mente o lucro. COMENTÁRIO O proj~o da Sistematização pareee considerar inirinscca e gra\·emente nocivas à eeonomia as formas de agrupamento de capitais que enumera. Em concreto, t!m sido muitos os casos em que esses agrupamen tos se têm prestado a abusos eeonõmicos e financciros ahamente noci\'Os, tantoaointeressepúblicoquantoaosintcressesparticulares. Dessefatodeeorrequeoassuntomereccscrdi5ciplinadoporlei. Em se tratando de matêria de tal importãnda, parece in1füpcnsável que a Consti1uição corte explkitamente o passo a quaisqucr combinaçõcscapazesdedefraudarodispostonopresenteartigo. DeondeseriapreferivelqueaemendadoCemrãofosseformuladanossegumtestermos: - ''A lei reprimirá a formação de monopólios, oligopólios e car téis,quersejamconstituidosporentidadesestataisouparaestatais, quer por entidades privadas, quer ainda por umas e outras".
Aupressão"oumtnlororbi1roriomenteo/ucro",presenteno1ex10 da Comissão de Sistematização, presta-se, nap râtica, a interpreta-
ções que podem chegar a afetar a própria lincinidativa. A TFP propõe a supressão dessas palavras, com fundamento nos seguintesmo1i,·os: \?)Sãoinúteis,uma1·ezqueaparteanteriorjâcontémaproibição visada. Isto é, o "aumenlo arbilrtirio do lucro"é comumcnte fruto de monopólios ou oligopólios. 2?) As palavras "aumentar orbi1roriamen1e o lucro" conferem ao Poder Público uma capacidade de intm·ençio praticamente ilimita· danoterrcnocconômiooefinancciro.Poisbastaráquequalquficombinação eeonômica "aumenle orbÍ/rariamtnlt o lucro" das panes, paraqueoPoderPUblicopossaconsiderar-sein,·estidoempodere:; constitucionais para immir. O que, além de fa1·oreeer temerariamente a socialização do Pais, cria uma insegurança geral no~ negócios. 3~)Tantomaiséisto,·erdadeiroquantoapala1·ra "arbilrariamenll'"carccede1odaaquela clareza indispcnsâvtltm matérias de1a! imponãncia. Com efeito, ~undo a linguagem corrente, "arbitrariameme" pode ter dois significados distintos: -demodoartificial,forçado,leonino,porquevantajosoexdusi,·amentcparaum lado: -Porexclusivainiciativaprópria,scmatenderaa!gumcritério fixadoporlei,ouporrepartiçãopliblicacredenciadaparata!. Ora,nestasegundaacepção,desaparecealivre iniciativa,eadireçãoda economiapassaparaasmãosdo Poder Público. O Centrão faz portanto bem em pedir a eliminaçào dessa expre5.5ão.
SISTEMATIZAÇÃO
Ct: NTRÁO
An. 205. As juidas. minu t dt maisrecursos mlnt111istos po1tociais dt ene,-gla hld ríulka cons1i1utmpropriedadt dlstln11 dadosolo.pantftitodtuploraçioouap ro.-elt1 mtntoindustriai. e pertencem à Unido.
Arl.205.Asjazidas,minase dt1T1aisrccursosmineraiseospo1enciais de cnergia hidráulica constimem propriedade distinta dadosoto,paraeftitodeexploraçãoouapro\·eitamento.
CO~IENT ÁR IO J:iaConstituiçãode\934tinhadisposiçãoalg~mtantoanál<?ga E na mesma linha ,·ieram se afirmando as Constituições sucessiv~ eacorrespondentelegislaçãoordi~ária.Entre:ian10,segundoodirt11onatural,apropriedadedosolo1mplicaobv1amentenadosubsolo.
A proposta do Centrão remedeia, pelo menos em pane, o incon\·tniente da proposta da Sistematizaç.ão, pois reproduz o texto dcsta última,suprimindoemboraaspalavrasfinais: "eperrenr:emdUnião".
Capítulo li Da politica urbana SISTEMA TIZAÇÀO
CENTRÁO
Art.2 14.Apropriedadturba· na namprt 5ua funçio &Od1J qu andoaltndtbt:djfnda5fund11mcn1als dtordu1çto d1dd1dt,txp~tm pl1ao urb1ni5tliro.1pro,·1dopor ltimunicipal. obrig11ório p1n os munlciplos irom mals d, clnqüenla mil tlabi11n1n.
An. 212. A p0lí1icadedncnvohimcnto urbaoo uccutada pelopodtrmunidpal,oonformcdire1riusgcrai$fixadascmltioomplementar, tem por objetim ordenar o pleno dtsen\·nlvimento d1sfunçõcssociaisdacidadcc pramir o bt,m-es1ar de seus habitantn. Pari.a;raío l~Oplanndirelor, aprovadoptla CAmara Municipal,obrigatórioparacidadesacimadecinqíientamilhabitantes, toinslrumentobisicod apolitica de desenvolvi mento e de expansão urbana.( ... ) Parágrafo3? A propriedade urbanacumpresuafunçãosocial quandoatendcasexigfociasfundamentaisdeordcnaçãodacidadeexpressanoplanodiretor.
CO MENTÁR IO ASistcmatizaçãoconfere,portamo,aosinoontâveisMunicipios brasileiroscompopulaçãosupcriora50milhabitantes,umalibcrdadcilimitadanoestender,aseubc1-prazer,asaplicaçõcsdoprincípio, aliásindiscu1ível,dafunç.ãosocialdapropriedade. Ora.succdeque,sobrevàriosaspwosteóricos,teórico-prâticos cprâtico1odoprincipiodafunçãosocialcampeiamaindagra,·esdesacordos, aié mesmo entre os mais entendidos. De onde decorre que, wbmudo cm se tratando de municípios de importância menos do quemêdiaoumédia,desprovidosdetécnicosenfronhadosnascomplaidadesdasubtiltemática,apropriedadepri,•adaficasujeitaainterpretaçôcscaprichosasdoquesejaa,·erdadeiraamplitudedoprincipiodafunç.ãosocial.Oquevaledize:rqueodireitodepropriedadc ficarâexpostoemmuitoscasosarestriçõesarbitráriasefeitasa"olhõmetro", influcnci1heis facilmente por querelas individuais ou partidárias. Tantomaisis1oédetemer,quantoapropostadaSistema1izaçào seomitedeincluiramcnçãodequalquerprincipiocapazdccoibir osgra1·eseantipáticosabusosaquealiberdademunkipal,conferida por ele,podedarlugar. As mesmas disposições são acolhidas na emenda do Ccnuào an. 212, caput e parágrafos 1~ e 3~.
Tanto o projeto d,1 Comiss.io de Sistemaliu.çfo qu,1 nl o u emendas do Centrlio estabelecem que ,1s juid.1s, minu e dem.1is reco,sosmint 1.1is... ...eospo t, nci.1isdeenergiahidri ulic,1 consliluemprop1iedadedistinta d.1 dosolopa1ad ei todeuploraçlioou ,1p roveil.1mento CATOLICISMO MAIO 1988 - 'i
SISTEMATIZAÇÃO
CENTRÃO
Art.214.§t! Apopulaçiodn mun kíplo.•tra,·ffda manlftila• çio dr, prlo menos, cinco por cento dr sru tltitorado, podui ter1l nlcl11ti >'•dt projt1osde ltl deinte~esptdfkod•cidade oudtbairrot.
Art.2ll,Parágrafo2~Apopulaçiodomunicípio,atra,·ésda manife:s111çiode,pclomenos,cinco por cento de seu eleitorado. podtrãttrainiciatí\'adeprojetosdeleideintercssecspccífico dacidadeoudebairros,nafor. ma do artigo 31, VI.
COMENTÁRIO
Tantonestedispositi,,.opropostopeloCentrão,quantonocorrespondente an. 214, § I! do projeto da Sistematização, omite-se uma indispen.sâ,,.elaar•ntiadeautenticidadedaíraçiodeeleitorado,autoradoe,,.enmalprojetodelei. ~queopronunciamentodoseleitorcs seja necessariamente feito por escrito, com menção do nome, endereço e profissão de cada qual. Afaltaressagarantia,qualquergrupotumultuliriode"piqueteiros'',facilmentereunidosadrede,podedarailusãodeconuituir5'7t docorpo eleiloral,assimavaliadopelosolhosdealgumaautoridadc complacente. SISTEMATIZAÇÃO
CENTRÁO
Art. 214,§2~ A s desa propria• ç\M:!idtlmó>'tls urbanosstrio p1· &11Spre'111mente,emdlnhtlro,fa• cultado ao Podt rPúbllco muni• dpal, mtdlante lti tsprdflu p1, niimittrTitori11lincluldatm planou rb1nístico1 pro,..dopeloPo-dnl.e&lslatlvo,Walr,nosttnnos d1 lt i,doprop1"'ti rlodosolou rbaoooioedifk1do, nloutllb•· do ousubu1il/wdoquepromova stu adequado aproveitamento, sobpena,suceui,,.amentt,deparcelamentooucdificaçiocompul· sórios,estabeltcimen1odeímpos1oprovcssivonotempoedesa· propriaç!o com paaamemo me, diametilulosdadívidapública, deemiuAopre,iamemcaprovadapeloSenadofederal,comprazoderesptcdeatédtzanos,em parcelasanuai1,igua.i1esucessivas,asse1uradosovalorrealda indeniz.açaoeosjuroslcaals.
Art. 212, Parágrafo4~ As desapropriaçõesde imó\'eis urbanos ser!lofeitascomprévia ejus1aindeniza<,ãoemdinheiro. Parágrafo S? É facultado ao Poder Público municipal, mediantcleiespecifica,paraãreainclu!danop!anodiretor,cxigir, nostermosdalcifederal,doproprictiriodo$0lourbanonãoedificadoounãoutillz.ado,gue promova seu adequado aprovcitamcnto,sobpcna,succssivarncn· te,deparcclammtooucdificação compu!sórios,imposloprogre5Si· vo no tempo e desapropriação com pagamento mediante títulos dadividapública,decmissãoprevi1menteaprovadapcl0Senado Fedtral,comprazoderesgate de atédezanos,tmparcelasanuais, i1uaisesuce55i,,.as.asseguradoso valorrealdaindeniz.açàoeosjuroslegais.
COMENTÁ RIO A proposta do Ccmrão elimina a referência a imóveis "subwiliu1dos". Nadamaisjustoerazoávcl. Poisoscritériosdesubutiliza. ção pc,dem variar ao infinito, segundooscaprichosdolegislador, prestando-sea.simdeinstrumentoainjustiçaseavendetasindividuais,ouentãodecldseconõmicosoupolitico.partidários,bemco·
hnto o projeto da Comiuio de Sislem;,tiuç.io quanto as emendas do Cenlr.io mostra m•se consideravelmentc mais circunspectos naof t nsivacontraa em preu. privada, eapropriedadeprivadaurbana, doquequ;,ntoiprop1iedadt1ural
O projeto da Comiss.lio de Sistemalizaç.lo estabelece qu e a funç.lo
soci11ldapropried.idedate111tcumprida,entreoulros1e,quisilos, quando aq uela t ~,adonalmtnteH ap,ovei tad,; e n emendas do Centr.lo , tratando da mesma matêria, entre outros disposilivos, estatuem que a refcrid 11 funç.io t cump1ida, u$0 a p,opricdade seja "adequadamenle"aprovei tada.Ent relanto,osdois qualificativosde a proveitamento.eeguivalem. PoisnJopodehave rumaadeguaçioirracional, nem um a racionalidad e inadequada moareivindicaçõesdemagógicasdosbemconhecidos atiçadoresda lu1adeclasses. Tantomaisque,emcircunstânciaspsico-políticasou s6ci?-econõmicasparticularn:enietensas-eelaspululamnoBrasil hod1erno -aleg1slaçãoord1náriafadlmentcsetorna
"mobilequalpiumaali·emo". E, ainda segundo o Ri&oleno,
"mullad'accentotdipensitr"'. Esta modificação proposta pelo Centrão é absolutamente n=ária.
O an. 21 4, § 2!, da Sistematização, e o correspondente an. 212. § S! do Centrão, dispõem o mesmo no tocante à cascata de suces.sivas penalidadcs quc fazem cho,·er sobre o proprietário urbano omissono atendimento da legislação normati,·a do desenvolvimento urbano. Doqueacabadcservisto,seconcluiqueaSisrematizaçãoeprincipalmente o Centrão se mostram considcra,·dmenre mais circunspc,:· tosnaoíensivacontraaempresaprivada,eapropriedadeprivada urbana,doquequantoàpropriedaderural. A fim de calçar esta afirmação bastaria atentar para o sistema de puniçõesgradati,·o,sóaofimdoqualseapticaadcsapropriaçãourbana, com o pilão esmagador da Reforma Agrária que despenca inopinadameme sobre o proprietário rural visado pela lci. Entre o sistema da cascata e o sistema do pilão, é bem mai!! cruel osegundo. Mas uma pergunta permanece dcpt. Nos conciliábulo1i ultrareservados em que se v!m forjando os acordos SistcmatizaçãoCentrão, ébemcertoquees1eUhimonãopoderiateropostoobs1áculo eficaz,queràcascata, queraopilão? lncógnitasobreaquala mídia, habitualmente tão bisbilhoteira, se tem mostrado mais bem discreta. Porque?Outroenisma. TalvezsóaHistóriadesvendedefu1urocssasincógnitas.E1alvez nem ela ... Capitulo Ili Da política agríco la e fundiâri a reforma agrária
e da
SISTEMA TIZAÇÁO
CEl'l,'TRÀO
Art.113. Ao direlto6t pro-pritdade da tem corresponde um1funçi.0 11od1I. P11i 1nfo único. A funçlo sodal feumprid1qu1odo,s/mu/1uneamen1e,apropriedade: 1 t racionalmente apro,·eitada: 11-conservaosrecursosnatu ra is e preserva o meio ambi ente;
Art.216.tgoran1idoodirei10 de propri«Jade de imôvel rural, nqQ IISO corresponde o uma Junr4Dsocial. Parágrafo único. A função S1Xial é cumprida quando, nos 1ermosdalei, a propriedade: 1 i adequudumente apro,·eitada; li · i explorada de modo a prcstrvar o meio ambiente;
lll-obser.·aasdi~posiçõesle-1 lll- oproprittdrioobscrvaas gaisquere1ulamasrelaçõesde dispo$i,;ôesaeraisqu.ma.ulamas trabalho; relaçôesdecrabalho; [V-favoreccobem~tardos JV-11txploraçdofa,·orccco propriet'1ios e dos crabalhadores. bem~tar do propnet.iino e dos trabalhadores. COMENTÁRIO OCentrãoacolheporinteirootextodoart. 21SdaSistcmatiza ção,ressalvadaapenasumapequenamodiíicação:ondeaSistematização diz "ao direi/O de propriedade do terra corresponde uma funçõo soeio/", o projeto do Centrào (art. 2l6)diz: "igarantidoodireita de propriedade de imóvel rural, cujo uso corresponde a umafunçdo soeia/". Aaíirmaçãododircitodepropriedadeestáimplícitanote~toda Sis1ema1ização.Ela!enunciadasobformadegaran1ia,notcxtodo Centrão. Desse ponto de visca, ambos os textos~ equivalem, para efeitos práticos. Mas o 1uco do Centrão C Jigriramente mais aíirmatil·o. O pari.grafo único do an. 21 8 da Siscematização ~ corretamence relificadopcloparágrafoúnicodoan.2J6daemendadoCentrão. Mas,comoscvêpclaconfrontaçãodaspalavrasescritasemitálico cm um e outro projeto, as retifkações do Centrão têm apenas akancc gramatica!. Por exemplo, onde a Sistematização diz "rociono/mente'', o Centrão diz "adequadamente". Uma coisa eq uivale à outra. Pois não pode ha,·er uma adequação irracional, nem uma racionalidade inadequada. Ademais,lmuitodificildeíiniremlriordináriaalgoqueéindefiní1·elnaprii.1ica,especialmenteemcasosconcretos.Nestenível,inter.•em não só fatores claramente objetivos, como fatores pe550ais, que in0uem na determinação do que seja uma "propriedade racio-nalmtnte (ou odtquadamtnlt) txp/oroda". Assim, por exemplo, fatores como atitude ante o risco, aces.so a informações, disponibilidade de capital, capacidade empresarial, variam de caso para caso. E, desiaforma,oconceitodeexploraçãoracionalouadequadavaria emconseqUência. SISTEMA TIZAÇÁO
0:NTRÀO
An. 21~. Comptlt à União dtsaproprlarportnm·esscsocial p•rt fins dtrtforma a11:riiriao imó,·clquenio~tejacumprindo 1su1runçlosocial, tmdreas prioritdrias, Fixadas cm decreto do Podtr E.m:iitivo, mediante indcni.zacfio em tftulos da divida agrúia,comet,usuladcpreser· vaçfiodo1·a/orrca/,re51atá,·tis noprazodeatévintcanos,apartitdo~gundoanodesuaemissão,ecujau1ilizaçãoscrá definidaem lei.
Arc. 217. Compete à União desapropriar por intcresscwcial para finsdereformaagráriao imó•·elquenãoescejacumprindo asuafunçlo$0cial,mediameprt,·iaindcnizaçllopelojustow,/or, cmtítulosdadívidaagrtria,com cláusutadcpresm·açãodov11/or rco/,resaauiveisnopruodeatê vimeanos,apartirdoscgundo anodesuaemissllo,ecujautiliução~r,definidacmlei.
COMF.NTÁRIO Nesses ani&os, a matéria ,·ersada é a mesma. Ela inclui a questão candentedaindenizaçãoaserpagapcloEstadoexpropriante,oque é de capital imponãncia em toda a cemãtica agro-reformista As di•ersidades que ocorrem cm um e omro 1ex10 não são de vulto. A tal resprito cabc now que 1an10 a Sistematização quanto o Ceotrãofa!amdamanutençãodopreçocfetivodoimóvelexpropriado. E com isto emendem, evidentemente, a defesa do proprietário fulminado pela Reforma Agrária, contra o processo inflacionário que assola o país. A Sistematização fala de "prtservaçõodo ,·olorrea/". Por sua vez o Ccntrão fala de ''justo ,·a/or" ede "valorrt al". Essasdiversasexpressõesseequivalemevidememente. Oalcancedessaspalavrasacautelatóriasdosminguadosdireitos queres1amaoproprictário, nàopodemiludi-!o. Poisopúbliçobrasileiroestáfartodaalquimiadascorreçõtsantiinílacionáriasoonstamesattaquidedh·ersosdispositivoslegaisreferentesaoutroste· mas. Essa alquimia resulta habitualmente em que a retificação dos prewsavilcadospclainílaçãonãocorrcspondecomobjetividadeintrira ao único preço efetivamente justo ou real, que éo preço de mercado.
SISTEMA TIZA ÇÀO
CENTRÀO
Art.119,§l!Asbtafelrnriss úteis e n=ôritzs51rnlo lndtnW.-
das cm dinheiro.( ...) §J!O •·1lordaindeniuçilo d11t<'fflltdasbtnfrltoriuscnldttermin1do conforme dispuser• lei.
An. 217, Pari.grafo!! As benfeitorias serto indenizadas em dinhtiro.
COMENTÁRIO Quantoaoart. n! 219, § 1~ da Sistematização, edocorrespondenteart. n~ 211, § l~ do Centrão, cumpre ponderar que um e outro deixamsemreferfoda, eportantosuspcnsonovácuo,ol'erdadeiro atcancedapromessadeindenizaçãodasbcníritorias. A Sistematização fala em btnfritorias "úteis" ou "n«l'1Sdri.u". Pergunta-se então: como qualificar as benfritoriu existentes em umaexploraçiopttUâria,àqualodirigismodoEscadoexpropriame quciradarutilizaçãoexclusivamenteagricola, ou vice-versa: segun-
Segundoo§1 ~doart.219doprojetodaComissãodeSistematiuçio,se,ão indenizadasem dinheirosomenteasbenfeiloriasúteis enecuú,rias. Mas, pode+se perguntar:serãoconsideradas"úleise neeusi rias"as benfeitnriasuistenlesemuma u plo1açãopecuária,.liqu;ll odi1igismod0Estadoelpropriantequeiraduutilizaçio uclusivamenle agrícola, ou ~ice-veru.?
doo,·alorquecustaramaoproprietárioessasbenfeitorias,retificado de acordo com algum índice de correção monetária1 ou segundo a necessidadeouutilidadedessasbcnfritoriaspara fimagricola1 Oalc.ancepráticodessasduasperguntassaltaaosolhos.Pois,conformearespostaquesclhesdê, opreço pagopclasbenfeitoriasao proprietáriooscilaentreoponderávelconulo. QuantoàemendadoCentrão,omiteareferênciaàsbenfeitorias "úreis"ou "necessdrios". Pcloquea indenizaçãoabrange,emigualdadedecondições,todasasbenfeitorias,inclusiveasdesprovidasde utilidade ou de necessidade. Dir-se-iaemão que a emenda d0Centrão,por~rmaisabarcativanessama1éria,pro1e1emelhorosdirritos do proprietário. Mas nesse entendimento há uma ilusão. Pois a ques1ãodefundocontinuaintactanotextod0Centrio.Comcfrito, afüaçãodopreçopagopclasbeníritoriasne«ssariamenteterãdc serfixadonnfunçãodevárioscritérios,umdosquaishádeserforçosamentesuautilidadcouneceMidade.Ora, reapare«aquiapcrguma formulada em função do tCJ:to da Sistematização: como avaliar a "u1i/idade" ou "nects.Sidode" de uma benfritoria? Paraobviaresseproblcma,oCentrãode,·criaterincluídoexpressamemeemsuaemendaqucocritério para fixaçãodesscvaloréo preço de mercado. SISTEMATIZAÇÃO
CENTRÃO
O Projeto da Co misslo de Sistemattzaçlo nl o 1cm com,spo11.dtn1, ao ar,. 217, § J~. do üntnlo.
Art.217,ParágrafoJ?Adcsapropriaçãoaqucsereferecscc anigoscr:ipreccdidadcproetisoadminis1rati,·o, fundamemado emvis1oriadoimóvelrural,pramidaapanicipaçlodoproprietáriooudc~ureprescntamc. CATOllCISMO MAIO 1988 - 7
COMENTÁRIO
Com este dispositivo, visa o Centrão amortecer, pelo menos cm alguma medida, o que há de drástico no ar1. 220, § 1~, da Sistematização (corresponden1e ao art. 218. parágrafo único, da emenda do Centrão), do qual adiante se tratará. O Projeto final da Comissão de Sistematização eliminou o art. 211 do Substitutivo Cabral 2, que a emenda do Centrão rmuscita no art. 217, § 3~. Narealidade,oconteúdodoparágrafoaquicomentadoésemqua!querakanceprático.Sobreele,olivroProjetodeConsri1uiçiioangus1iao Palscontém o seguinte comentário (p.150): "Oart. li 1 [do Cabral 2) pelo menososseguraapr-nçado proprie1ôrio, ou a de representante por ele indirodo, por ocasião da 1•isroria do imó1•e/ pelo órgão /undiôrio naâonal. "Como ide prerer, seriJa freqüenles os desacordas entre os represen1an1es dtsM órgão, e o do proprietôrio. Nesse caso, qual areflexo de tal desacorda sobre o curso da desapropriaçiJo? "OartigonadaestatuiaesserespeÍlo,quandoseriaindispensável que o fiz~. E, no silincia do artigo, o grande prejudicado i o proprierdrio". SISTEMA TIZAÇÁO
CENTRÃO
Art. 220, §\~Cabei\ lel complemcnlar u tabeltter procedlmtnto contradllclrlo especlal, de rito Jumério,puaoprocessoJ u· dici1ldede11proprlaçio.
Art. 218, Parágrafo único Cabeàleicomplememar estab,c!ecerprocedimemocomraditório especial,deritosumário, para o processo judicia\ de desapropriação.
No Chile deAllende (fo to ), a propriedade média do dia anterior passavaaserconsiderada grandee sujeita,portanto,aserretalha• da . O projeto da Comisd,o de Sistemalinçlio bem como as emen· dasdoCenllioconsideraminsi.uceptivei,dedesapropriaçJopara fins de Reforma Agi.iria os pequenos e médios imóveis rurais, deii• nidos em lei ordin;\ria. Ora, com todo o cariiter de Yolubilidade próprio a ei,e lipo de legislaçio, pode,i ocorrer no Brasil o que suce· deu durante o regime socialista de Salvador Allende.
COMENTÁRIO
Além de restringir, minguar e podar de várias formas os direitos doproprietário,esteparágrafoaindaoprivadasgarantiasdcobter umjulgamcn1ointciramen1eobjetivoejusto,queéinCTCnteaospro-ccuos de rito não sumário. E expõe o proprietlirio à5 simplifü;açõcs e aos atropelos que o rito sumário nem sempre consegue evitar. Jdênticodispositi\"Osecncontranaprol)(XtadoCentrào(art.218, parágrafo único), dando ensejo a idên1icocomemário.
SISTEMATIZAÇÃO
CE.NTRÃO
Art. 220, D l~ Sio insus«-11· ,·rlsdtdtsaproprlaçloparaflns de rtforma agrtlriaospequuos emf.dlos1m•h·tlsrural!1,definid0$ t mleJ,desdtQutstuspropritlÍrio!lnlo possuam outro Imóvel ru ral.
Art. 217.§ 5~Sãoinsuscept/veisdedesapropriaçãopara fin5 derdormaagrãria,n0$tenn0$da lei: J.Qspequcnosemtdiosirnóvei1rurai,,d....tequeseuproprie11irionãop0ssuaoutro. 11-Apropriedadeprodutiva.
COMENTÁRIO
Naaparência,oprcsenteartigoconstituiriagarantiaconstitucionalprcciosaparaospequenosemédiosproprietários.Narealidadc, porém,essagarantiaéellistica,eportantoprecária. Comefeito,qualaáreadeumapropriedadeconsideradapeque· na7emédia1 AseradotadapelaConstituinteestapropostadaSistematiz.ação, olimitedet.aispropriedadesseriadefinidopor\ciordinária..Ora,com todoocaráterdevolubilidadeintrinsecoâleiordinária,cmmatérias efer..-escentescomoesta,umapropriedadehojeoonsideradapequcna ou média, amanhã poder6 ser considerada grande. Cumpre lembrar a esse propósito o ocorrido no Chile, quando da aplicação da Reforma Agrária pelo governo marxista de Sal,·ador Allende (1970.1973). Numa primeira rase, esm·am sujeitas à expropriação apenas as propriedades superiores a 80 hectares. E,desdco início,aleiordidriaproibiuàiniciativaparticularoparcelamento dasterrasnessascondições.Acionadaa"guilhotina"agro-reformista, estava1udopronto,numasegundafase,pouooantesdaquedadeAllende, para reduzir aquela área mlixima a 40 hectares. De maneira que, para deito ck aplicação da Reforma Agrária, a propriedade mé· diadodiaantcriorpassavaaserconsideradagrandeesujeita,portanto,aserretalhada. 8 - CATOLICISMO MAIO 1988
O dispositivo adotado pela Sistematização, e aceito pelo Centrão. nãoconstituinenhumagarantiasériapara0$pequenosemédiosproprietários,hojeconsideradoscomotais.
Com o inciso li. o Centrão visa atenuar as demasias dos dispo5i· th·os expropriatóri0$ da Sistematização. A esse propósito, como aliá.o; a oufros também, cabe repetir a pergunta feita no comentário ao art. 212 proposto pelo Centrão. Ou seja, com mais coesão, mais garra emelhorcstratégia,nãopoderiaesteterpropostoefeito\·cnccrdisposi1ivoscomrá.riosaosdaSistematiz.ação? De qualquer forma, é mais cabh·el o que propõe o Centrão no art. 217, § S~, inciso li, do que o proposto pelo art. 220, § 2!, da Sistematiza.ção.Comtfcito,ocritériodotamanho,supervaloriza.do pelaSistematiza.ção,érecusadoln101umpeloCentrão.Estepropõr um critério maisplaush·el, que é oda produtividade. Sãodcsapropriá'"eisasterrasniloprodutivas.Eficamisentasdedcsapropriaçào as produtivas. Entretanto, também este critério merece objeções. A punição de toda5equaisquerterrasimprodutivasfoifundamentadamentequali· ficada de injusta em Pro}eto de Constituirão angustia o País (p. 149). Oqucéumaterraprodutiva? Porexemplo,uma1erraqueestá momentaneamentesemproduçãoparacfeitoderep0usoagricolaé improdutiva? Uma terra arada para fim de semeadura, porém não plantadaemrazãodairregularidadedaschuvas,éimprodutiva? Constituisignificativoexemplodosabusosaqueestâsujcitaaintelccção do que seja terra produtiva o Decreto n~ 95.715, de 10 de íe\'ercirode 1988,queregulamentao Decreto-lei n~ 2363,de21 de outubro de 1987. Nele(art.6!, ~2!)seestabclccequeatcrramcra· mente arada, bem como a terra cultivada em regime de arrendamen· toou parceria, não devem ser consideradas ''áreasemproduçào''para deito de Reforma Agrária. A propósito, cumpre acemuar o caráter meramente ideológico edcstituídodequalquersentidoprático-dessacxtru·agantedisposição.Seumafuenda,todaeladadaemmeaçõcsparacultivo,produzabsolutamentetudoquantodelasepodedcsejar,êincomprcensi..-el qual o interesse que o bem comum aufere em declarar que essa dreaemproduçiJonãoé ... "áreaemproduçiJo". Odisposi1i..-osecxp!ica,entretanto,demodointeiro,seconsideradoemfunçãodoprincipiodequesóotrabalho,enãoocapital, d6direitoaofrutodatma.
SISTEMATIZAÇÃO
CENTRÃO
An.221.Alllt aaçlooucoa~ o . • qnlquutitulo.dt ltrras pliblicas tom ,rn superiM • qulnhtotos bectlmi1 um1s6prst0• ffsln ouj urfdlcs. -.l nd• qut porinltrpoJIIPfl-W•, dtpeodtri dt prfvl• • prov•çio do CoolrtSSO N1don1I. § l!Eli:«tuam-sedodispos10 no .. uput" deslt ar1igo iu; toopera1lvas dt produçioorfgla,r1as do proctsso dt rtforma 111rirl1. fl! Adestlnaçio dQ lel'Tlli públlt1Stdtvoh11asst,...comp111iblllzad1 tom o pl1ao a1cioaal dtrtfoc-m1•11"'rl1.
An.219.AalienaçAoouconccsslo,aqualqutrtitulo,dttcrras pliblitascom ,,e1supc:iora cinco mil htt1art:S a uma M) pessoa füita ou jurfdln, ainda que por interposta pessoa, depc:nderádeprfviaaprovaçãodoSenadoFederal. Parágrafo 1~ E:ittttuam-11e do :s~!~~:;·~~P:~~c:~:~:~~~; finsdereformaa1rtma, ou para ooopc:ra1ivasa1rkolas. Partsrafo 2! A destinação da.sterr11.5pliblicascdevoluwse. rlicompatibiliudacomoplano nacion.i de reforma agrtri.a.
~
COMENTÁRIO O dispositi\'O da Simmatizar;ao tem por efeito dificultar considerávcl númcro dc alienaçOO de terras dcvolutas, a partku!ares, desde quenãoconstituamcoopcrativasagricolas.Ouscja,odispositivosc opõe, de algum modo, mais eficaz.mente ao aparecimento de novas propriedades privadas individuais. Dadaaevidcntesupcrioridadedaspropricdadcsprivadas, indusivedasindividuais, comofatordeprodução, eo fracasso quevai nascendo da aplicação da Reforma Agrária cm dil·ersos pontos do território nacional (cfr., por exemplo, o anigo Para os propr~ttirios,
flogrontt i,rjustiro; poro o 1rabo/hodor rurol,fovtlizaçàot mis&io A Reformo Agrdria no Ponto/ Pouli.sto - Rtlato, dOC11men1os, depoimtntos, publicado cm "Catolicismo", n! 447, março de I9S8), esse dispositivo não conduz ao bem comum, mas teflttt apenas a inspiração ideológica caractcristita da prop<>Sta agro-reformista da Sistematização. ApropostadoCentrão,enunciadanoart. 219, procura alargar oslimitcspedidospclaSistematização,passandoparaS.{XX)hectarcs oumais,aáreacujaalienaçãoficadepcndendodeaprovaçãodoSe· nado. Ainda assim, este mesmo limhe é inexplicável para o Pais, cujo int cressc pcde o urgcnte cultivo das áreas devolutas, as quais, cm mãos do Estado, não tem feito senão ... vegetar. SISTEMATIZAÇÃO
CENTRÃO
An. 222. Os btndkiArfos da dislribulçtolk lmó,·flt ruraispda rtfonn11gririlllffl'btrio tl1ulos dtdomínlooudtconcasiode UIIO, inqodhei1 pelo pn.zo de du1nos.
An. 220. 05 bcneficitrim da distribuiclolklmó"eisruraispcla reforma avtma rcccbcril> títulos dcdomíniooudeconeess!ode uso,ineaociA,·cispelopruode dt:tanos.
COMENTÁRIO Esteinfelizdispositivo,idênticonaspropostasdaSistcmatização (art.222)cdoCentrão(art.220),foilargamentetratadonoexcclen1c estudo do sr. Atilio Guilherme Faoro, Reformo Agrdrio: "terra
O,1rtigo221 doprojetod;iComi™odeSistem.1tiz,çJoseopõ,, de ,1lg ummodo,,10,1p,1 rtcimtntodtnovnpropritdadts priv.1das individuais.Emvirtudedofruusoquevainuce ndod,1aplic,1ç.io d.iRelorm;iAgt.iri,1tmdiversospontos do terrltórion,1cion,1l,serão ine~itávei1 ,1 i.lveliuç.io t .1 miU'ri.1 dostr.1b,1 lhdores rur.1is em creu:enlt número de a1~ntamento1, como o d.1 Cltb.1 XV de Novembro (loto de dm.1). no Pont.11 do P.lrHip.1nem;i (SP), ou do Auenl;imento no quilômetro 99 d,1 Rodovi,1 C.11ttllo Br.1nco, e m Po,t0Ftliz(SP)(fotodeb.1ilo).
SISTEMATIZAÇÃO
CENTRÃO
Art.222,l'arigrafoUnico.O tílulodedominlotaeo nettdo de uw11erio eo nfetldos ao bomemou im ulh tr,ou 1ambos, lndt(Mnd ente mente do estado cMI.
An. 220, Parliarafo Unico. O titulodedomíniocaconeenão deuso11eràoconfcrido1aohomemouàmulher,ouaambo$, independentemente do estado d · vi!,nostermosccondiçõesp rcvistosem lei.
prome1/da", /ove/o rural 01J "ko/khous"? - Mistüio q1Je o TFP dmendo(cfr.pp.39a57).
Segundo o proj,to d,1 Comisslo d, Sist,m,11iuçlio t ,15 ,me ndn do CentrJo, os usent.1do1 (como ttfts do municipio de J,1gu.1r~ES, que .1p(lsqu.1se ll huK11 n.ioconsegu tmproduzir ~q utr p,1r,1su,1 subJistênci.1)n.topoderlio ntgociuostitulos dt dominio oudeconctssliodtusoque receberem, pelop1nodtl0.1nos
COMD/TÁRJO Odisp<>Siti\·oda Sistematização sccncontraipsi.s 1,erbisna propostadoCcntrão. No projeto anterior, denominado Cabral 1, figura\'& dispositivo ainda mais ca1cgórico: "Art. 214 (... ) Pordgrofo único - O t1'tulo de domínio será conferido ao homem t d m1Jlhcr ou co mpanbtin.". Acerca deste mesmo di~positivo, o livro Projeto de Consti1uirõo ongus1io o Pois contém (pp. 134-IJ~)indsivocomcntário i11spirado na Moral católica. _ Otextooracomentadoscrcssentcdccvidenteambigüidade. Aprimciravista,elcparcccdcclararindiferentcqueobcncfidá· riosejasohciro,casadoouviúvo,poisesmsão05trêscstados civisreconltecidospc!alci.MasoartigopropostopelaSistematiz.açãocpeloCentrãotcráporincvitá\·clcfcito-dadoomau co~umcmodcrnoquescvaigcneralizando-queosfuncionáriosintumbidosdeconfcriros1itulosdeusooudedominioos concedam tambêm, e indiferentemente, a casais irregularmente consiituidos. E, enfün, até a duplas de homossexuais.
CATOUCJSMO MAIO 1988 - 9
Elenco das atividades da TFP em vista d_a atual constituinte 1.1! dtfe,·ereiro dt 1987. -A TFPmanrimbemalloseu estandarte arw-agro.reformis1a; comunicado da entidade publicado na •·folha de S. Paulo" li. 16 dt ftYtttiro de 1917. - Pn-gunta do Pror Plínio Corrêa de Ofü·eira ao sr. Jair Meneghelli, preliidente da CUT, no programa Roda Viva da TV Cultura, de São Paulo, sobre a Reforma Urbana e o!Ocialismoautogestionário. Ili . Abril de 1917. - EntrcviMa do Prof. Plinio Corrêa de Olivciraparaarc,.·ista "AGranja",de PonoAlegre,sobrea Reforma Agrária.
IV. Malodt 1987.-A c/a:sseroralna "Dan(adaMor1e"
agro-rejormirta, artigo em "Catolicismo" conclamando os proprietários rurai§ à vigilânda, na questão da Reforma Agrária.
V. 6 de junll o ff 1937. - 0/01•0, oHrio e a bomba, artigo doProf.PlinioCorrêadeOli\'eirana"FolhadeS.Paulo"sobrea indisso!ubilidadedov!nculo matrimon\al.
Vl.JO dc jun ho/l! dc julbo de l987.-Oronselho:ofa,o1 e a maruja. anigo do Prof. Plínio Corrêa de Oli\·eira na
"Folha de S. Paulo" sugerindo a criação de um Conselho de Estado, an.ilogoaoinslituidopdaConstituiçãodc 18.24. VII. !Ode julho de 1987. - Canaabenada TFPalertando ossrs.ConstituintessobrtatsrarizaçãodaMtdicina,dcautoria da Comissão Médka da TFP, publicada nesse dia na "Folha de S. Paulo", e cm seguida em mais 11 jornais ou revistas de9E.stadosda Federação. Vlll. 27 de 11osto de 1987. - Lançamento do livro Rtformo Agrdria: "te"a promttida", faW!la ,uf(lf ou "kolkhous"? - Misririo que a TFP desvtnda, de autoria do sócio da entida-
de e bacharel em Direito, sr. Atilio Guilherme Faoro, mostrando que a Reforma Agrária prejudica mais aos trabalhadores do queosprópriosíazendeiros.Aaltaqualidadedotrabalhofoi objt10 de elogiosa carta do Prof. Sílvio Rodrigues, Catedrático de Direito Civil da Faculdade do Largo São Franeiscodc São Paulo. Um exemplar da obra foi entregue a cada um dos Srs. Constituintes. Em 40 dias de divulgação do livro em campanhas püblicas realizadas em 173 cidades de !3 Estados, csgotou-scal!ediçãode5milexemplarcseiniciou-seavcnda da 2~ edição de igual tiragem. Durante a campanha, foram distribuídos 160 mil exemplares do folht10 O drama do Jura Sem Tura,quepõcaoalca11~dogra11dcpüblicoas1esescsscnciais daobra. IX. 5 de oulubrodc l!»87. - PcrguntadoProf.PlinioCorrêadeO1ivcira ao dcputadoJostGcnoíno(PT-SP), no programa Roda Viva da TV Cultura, de São Paulo, sobre a reação das esquerdas face a um eventual m·6 do agro-reformismo naConstituin1e.
Pais,eabordaragoraapenasosassuntosrelativosàorganiza• çtopolitica,sobreosquaisscpodefacilmcntcchcgaraumacordo ger~ da Nação. A obra foi oferecida a todos os Srs. Constituintes com uma cana do autor. Em qua!ro meses de campa, nha,escoaram-sequascinteiramcnteos73milcxemplarcsdas três edii;ões confeccionadas. Os sócios e cooperadores da TFP percorrcrammaisde2-40cidadcsdc IS Unidades da Federa• ção, vendendo o livro diretamente ao püblico. Ressalte-se a média·rcrordedcl0Slexemplarcsduranteosdezenovc diasde difusão intensiva da obra na Grande São Paulo. XI. 23 de no~cmbro de 1!»87. - Pergunta do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ao deputado Bernardo Cabral (PMDB-AM), relator da Comis.são dxe Sistematização, no programa Roda Viva da TV Cultura, de São Pau!o, sobre o risro de divis.ão cntrc osbrasileirosqueprovocariaaevcntualapro\·açãodasrefor• masdecunhosocializantcpetaConstituinte. XII. 23 de no,·cmbro de 11187. - Rtg1mt rtprestn{(ltfvo t ignorânciac-rónica,artigodoProf. PlinioCorrêadeOliveira na"Folhadc S.Paulo'' sobrcoscfcitosnegativos,nostraba· lhosdaConstituinte,dafaltadedeba1cs substandosos e de al· tonívcl,queseobsen-anaopiniãopüb!kabrasileira. XIII. 30 de no,·embro de 1987, - Enigma, fuxico t pingapinga , continuação do anigo anterior, na "FolhadeS. Pau, lo",emqucoautorfaznotar,atitulodeexcmplo,afa!tade reaçãodasassociaçõcsdcclasseedamidiaemgcralfaceao livro Rtfo,ma Agrdria: "ttrra prometida", favtla rural ou "ko/kho'zes''? • Mistério que a TFPdesverido, cntmanto próprio a renovar inteiramente a contro\bsia agro-reformista. XIV . 21 de deumbro de 1!»87. - Extremismo igualitd!Ío no t11Sino de História, artigo do Prof. Plinio Corréa de Oliveira na "Folha de S. Paulo'" sobre a revolução no emino des.sa matéria instituída pelo Projeto da Comissão de Sistematização. XV. Dtumbn:i de 1917. - 0 "Ct11trõo"abreuma rb1ia dt lu; no quadro da angústia nacional, encarte introduzido como Nota ao Leitor na 2~ tiragem do livro Projtto dt Co11Sti1uição angus1io O Pafs. A nota alcna para a ncccssidade da vigilância face às esquerdas, acostumadas a vencer, enquanto grandepartedeseusopositorcstraiconsigoohábitodescr vencido. XV I. M1rçodt 1913. - O "Ctntrão", datuforiaadtrro1a, número especial do boletim "Informando, Comentando, Agindo", editado pela TFP, com uma am!Jise pormenorizada dadccepdonanteatuaçãodo "Ccntrão'" na Constituinte, ao scdeixarenvolveredcrrotarpelaesquerdaminoritária. XV II. Março de 1911. -A TFP distribui aos Srs. Consti· tui11tes o artigo Para os prop,ittârios, flagrantt injustiça; para o 1robalhador rural,fave/izaçãot miséria -A Reforma Agrd· ria no Pontal Paulista - Relato, documtritos, depoimentos,
X. 29 de ou1 ubro de 1987. - No livro Projeto de Constituíçõo angustia o Pais ("Catolidsmo" , edição especial, outu-
publicado cm "Catolicismo" (n~ 447, março de 1988).
brodel987,du115tiragens;Edi1oraVcraCruz,São Paulo,novcmbro de 1987, 210 pp.), o Prof. Plínio Corrh de Ofü·eira fa;: uma ampla análise do proc:e:sso de elaboração da atual Constituinte e conclui com uma proposta conciliatória: deixar para daqui a três anos os temas polêmicos que podem dilacerar o
XVIII. l ide abril de 1988.-0sque esperamsóserromidos nojim, anigo na "Folha de S. Pauto" sobre o relati\·ismo
10 - CATOLICISMO MAIO 1988
qucaíetaaopiniãopüblica,equesetraduzpclafaltadeprinclpiosedcrumos,obscMvcisnaco11fusAodostrabalhosda atual Constituinte.
Os que esperam só ser comidos no fim Plínio Corrêa de Oliveira
EM MEU RECENTE livro "Projeto de Constituição angustia o Pais" (Ediwra Vera Cruz, São Paulo, 1987, 209pp.), evidenciei ocarám profundamcntea-
ideológicocatéa-programáticodequaseiodasascandidarnrasquedisputaramaspreferêriciasdoeleitorado,no
pleito de 15 de novembro de 1986. Esse caráter privou nossa Constituime de rumos definidos, sejam estes doutrinários ou práticos. E, ipso facto, tirou-lhe a possibilidade de dotar o Pais, de uma Carta Magna coerente, dara, sucinta, que solucione com eficácia os problemas nacionais. Ê que uma Constituinte privada de princípios e
de rumos não pode senão tatear na sinistra sara banda dos problemasmorais,culturais,politicos,sociaiseeconômicos que nos ameaçam em meio à fuliginosa penumbra do ambiente nacional contemporâneo. Uma Assemblêia como esta, eleita sob a ação de prefertncias pessoais motivadas, em impressionante número de casos, pela mera fisionomia do candidato estampada em \'istoso canaz (ou en1ão pelas capacidades lúdicas de cenos candidatos como ii.tores, dançarinos, ou sei lá o que mais), não pode deixar de caminhar como um catacego, sobre o terreno res\'aladio dos problemas mal impostados, debatidos às carreiras, e mal resolvidos. A diversos constituintes não faliam cultura, experiência e atê dcsassombro. /'. las do que lhes vale isto se constituem minoria em meio a colegas, não raro simpáticos e bem intencionados, se estes últimos ignoram tudo o que só a prática policica pode dar? Disse Nosso Senhor Jesus Cristo: "Se um cego guia outro cego, ambos caem na coi·a" (Mt. 15, 14). Dai resultam, cm grande parte, as incertezas em que o Brasil se encontra. Aliás,ncstaconfu.sãonãoseencontra apenas a Constituinte, mas toda a nação. Para considerar só os problemas econômicos e financeiros, êtlagrante-nes1ama1éria-aausênciadedadosvigorosamente documentados, cristalinameme analisados, e sem os quais o "homem da rua" desta democracia cambaleante não pode sequer saber o que quer ou não quer. De onde as noticias nos jornais, sobre as alternativas sucesivamente propostas para a solução dcssses problemas, darem ao "homem da rua" - a mim, por exemplo, que em matérias tconômico-financeiras me tenho na conta de 1al - a impressão de que os debates ou os cambalachos efetuados nos altos bastidores de nossa vida ptiblicasão meras ses.sões de prestidigitação. Em outros termos, quando a experiência desgasta \'árias sugestões apregoadas como "milagrosas", hâ uma tensão geral. E desta tensão emergem então um, dois, ou três "gênios", com novas soluções tão mirabolames ou inverossímeis quanto seria tirar um coelho de dentro de uma cartola, ou um ovo de dentro de uma lapiseira. t, por exemplo, o que ocorre com as estatais. Surge, de quando em vez, a 1•ersãodcqueogovcrnoescâestudando medidas a respeito da matéria, enunciadas de modo vago, e cuja aplicação é prometida para uma data não
menos vaga. Em ~guida, um escândalo ou uma cri~ sobre algum tema muito diverso, irrompe no palco da publicidade como surpresa estrondejante. Ato cominuo, todos sc csqucrem das estatais, c escas vão vegetando por mais algum tempo. E isto muito embora seja certo que quase todo mundo lhes deseja a privatização. E todos es. pcram, entre aílitos e modorremos, que algum prestidigitador resolva o caso. Tudo isto posto - é fádl ver - o mal não está só no Brasil. Resulta ele de uma tendência avassaladora e rombudamentere!ativistaqueafctaaopiniãopúblicade todo o Ocidente. Comefeito,aperspectivadenovaconflagraçàomun· dialtornou-scaindamaissinistradoqueasanteriores, em razão dos nâgicos progressos que tem feito a arte de matar. Teve isto sobre os homens um efeito catastrófico. Em lugar de ver no debate de idéias um destro e arejado torneio de erudição e de cultura, no qual as partes contendem para encontrar a \'erdade, o debate cultural ou técnico passou a ser lido, em nossos dias, como fagulha perigosa, da qual podem surgir controvérsias apaixonadas. E destas, por sua vez, podem nascer, possi\·elmente, confrontações internacionais que resultem na cernida guerra. Tomado de pânico, o pacifista contemporâneo incondicional apostrofa ecumenicamente os polemistas: ''Nào vos recordais das intransigências de Hitkr, de Mussolini, de Stalin?" Nesta visualização, toda comrovérsia deve ser abafada. E quando alguém redargue ao pacifisia : "E você não se lembra de homens ainda mais culpados pelas guerras, pois foram símbolos da capitulação e do fracasso , como Chambcrlain e Da!adier?'', o pacifista muda de assunto. Porémvê-seque,nofundo,essadupladofracasso corresponde ao seu ideal. E que, nem de longe, lhe ocorre a lembrança de homens como Churchill e De Gaulle, que souberam ser polemistas vigorosos mas sem fanatismo. A fórmula mágica do "neo-chamberlainismo" ou do ''neo-daladierismo" contemporâneo éo relativismo. Para ele, tajas as verdades e todos os erros são relativos. Toda afirmação categórica não é senão respingo de algum fanatismo. A verdade está sempre e unicamente no meio lermo. Isto é, numa acomodação entre todas as opiniões, por mais diversas que sejam, e por mais contraditórias que se apresentem. Quando as certezas morrem, a athidade intelecth'a perde sua meta natural. E a modorra se apodera da opinião pública. A modorra dos pacifistas a todo preço, que Churchill assim definia: "Apa~iguador é aquele q11e ali-
menta um crocodilo, esperando que este o coma por último". Voltemos à Constituinte. Não é esta a psicologia que explica o desmoronamento de nosso tão concessivo Centrão?
CATOLICISMO MAIO 1988 - 11
Discernindo, distinguindo, classificando .. .
Deformidades em desfile D ESDE QUE os psicanalistu substituiram os confessores na direção das consciências - e muitos sacerdotes passaram autitizarsuasatribuiçõescomoscfosscm psicanalistas - o rumo que vem sendo tomado pelas almas, cem conseqüência pela sociedade,Cassustador. tan~~;:x~s. ~n!t~:tl~~'r!°l:~~~!~ne°mqii~
: ~2:1~::;.rt~;:t~
filhas, hoje, em número tresct"nte, abusam ddas, mnmo quando são menores, e já se fala cm suprimir definitivamente o inccslO doroldoscrimes. É claro que com i»o mdo, e ainda muito mais que, por brevidade, omitimos, mas queoleitorconhecc,oslaresficamdesfei· tos e afami!iamoribunda.Ecomafami~~o!.própria sociedade se desagrega. Ê o 1
:~:~sd!::~~;:l: tica dos Mandamentos da Lei de Deus até o uso de roupas. Soltem-se, liberem-se,
des:u~a~s: ;/h~~e~~· e ~ur;e~~~~s~;e~ sentado como sinal de libertação de preconceitosedepressões cul1Urais , na realidadc
to::~~o~º,:i tos no pasto, tal é a solução única para todososproblcmasps!quicosepsicológicos Aconseqüênciaincvitá1·el dessaoricn-' taçâoéquctudoaquiloqueontcm, com razão, era tido como pecado na ordem sobrcnacural e, na ordem natural, menstruosoe repugnante, vai-se tornando ''normal". Assim, o amor liHe já se pode dizer virtualmente instituído nos costumes. E, na lógicadapsicanálisefrrudiana,scoinstinto pcdc .... porqucnão1Ahomosscxualidadc rnrnou-sc epidêmica como uma peste. E osprópriospais,outroraprotetoresnatose incondicionaisda cascidadedesuas
te_ como um desfile de defonnidades. De fato,ocorpohumano,enãosóaalma,é portadordosefcicosdopccadooriginal,inc!usi1·cnoquedizrespeitoàfciura,maus odores etc. Então, muico daquilo que um trajar decente mantinha rccatadamcnte ocultooupelomenosdissimulado-omoplatas s.ilicmcs, corcundas, peles manchadas, cicatrizes repugnantes, protuberâncias di\·ersas,magreza5extremasouaorduras exagcradas,vcrrugas,pcrnasarqucadastudo isso Cmostrado com "nacuralidade", comocorujasqueinusitadammtereso\veramsairàluzdosol.
::~~~~:e ~:~~.p~~.:
~:1:r5~01:~~~~d~~~:, ~i ::~i~;r:::.
Em Turim, congresso sobre o demônio
T
URlM, famosa no mundo inteiro, antiga capital do reino da Sardenha - e depois do reino da Itália, antes da anexação de Roma - tem hoje a glória de abrigar o Santo Sudário. Foi ainda nessa cidade que São João Bosco desenvolveu seu apostolado. Precisamente cm Turim, tão simbólica os
P.ª~ª ~ª'?·
Os promotores do sinistro encontro não são umbandiuas ou feiticeiros, mas sim ... professores universitários, industriais e banqueiros. O congresso será efetuado no Palácio Real, rccCmrestaurado pelo riqulssimo Giovanni Agnclli, proprietário da Fiat, conhecido por suas atitudes pró-comunistas. Quem lançou a id~ia íoi Maria Teresa Gani, diretora da empresa La Giostra, a de maior prestígio cm mercadmccnia na cidade, e que declarou: Esse oongre5SO "niio
/contra o diabo, mas sim para analisar o problemafundamtnlal da dinâmica do bem e do mal. A mim niio inteff!SSQ apenas o conceito(... ) aterrorizador do diabo, mas
12 - CATOLICISMO MAIO 1988
Nãoháculpa,éclaro,empossuirum defei1ofisicoouemnão1crbelcza,masé umsinaldedesvarioostmti-losdesncccs· sariamemc.Atéasincviti\'eisdevascações fisicasprodul.idaspelaidadcavançadasâo cscancaradamente e~postas aos olhos curiososdostranseuntes, tirandoassimàvelhiccaquclarespeitabilidadcqucafazvcncrh'cl,eatirando-adirc!amentenoridiculocomoaumpalhaçonopicadeiro Sobre esse tema. umareílexãoseim· põe,Quandooshomcnssccncregamasuas paixões - seja embora a pretexto de liberar-sederccalques- nccessariamentc perdema1éomaisclementarbomsensoe tendemrapidamenteparaogrotescocoridiculo.Poisécenoqucohomem,dccuja excelsadignidadenosfalaoApóstoloSão Paulo - "Tu (ó Dtus), o[iusrepor um pouco de tempo i,iferior aos anjos, ruo cr>roastt de glória e de honra e o cottStiluistt
sobreasobrasdetuasmàos''(Heb. 2,8) -facilmcntescdcgrada.Ecomoacorrupção do ótimo é péssima, o homem - animal racional - no cxtrcmo dc sua dcgradaçãopodcdesccraumni\·clinferiorao dos animais brutos. C. A.
também o aspecto positivo e criador do 'daimon 'g,ego''. Ela foi apelidada "a mãe do diabo". Um dos organizadores do congresso, catedrático de matemática e comunista, Alberto Conte, afirmou: "Des-
de a anliguidadt, o molemállca es1e11e sempre em conexão com um certo esoterismo e com certa magia". E acres:centou que o próprio Newton dedicou mais tempo àalquimiaeàcabaladoqueà matemática. Enquanto isso, o Cardeal Ballestrcro, arcebispo de Turim, denunciou que tem havido roubos de Hóstias consagradas para serem utilizadas cm ritos satânicos. E as cstatisticas demonstram que. cm Turim, celeb ra-se pelo menos uma missa negra por dia, tendo crescido o-mimcro de possessos do demônio, a ponto de o Cardeal ter sido obrigado a ampliar o número de exorcistas. Constituiráissotudoumatcnlativadcrcvidccomra a memória de D. Bosco e seu admirável apostolado, bem como à presença do Santo Sudário na cidade? Qual a rea1ivldadc dos católicos cm face de tais abominações? A noticia de "E[ País" não fornece dados a esse rcspciw. Diz apenas que, para o pad!l' dominicano Rcginaldo Frascisci, "do demónio quanto menos se fale melhor". Enquamo o padre jesui1a Eugenio Costa, especialmente encarregado pela Cúria de acompanhar o congresso diabólico, diz estar preocupado com a possibilidade de "aca-
bar sendo um congresso s6 académico e frio". Francamente, de sacerdot es tinha-se o direito de esperar outras reações! Paulo Fnndsco Manos
A REALIDADE, concisamente: • MF.RF.CF. A PtAU SO, por suaoporwnidadccdcstcmor,a
mar4o,slmbollzaadefiniçdoda etnlanaclonal.!rmonadosnogri10degul'rrarontrao·ba1al'oherilicoelm·asor', ostrh grupos majorlrdrios do p0pu/aç4o roloniali:Jregoram à ,•irória indi.scur,: ,-e/doMomedtGuararapes"'.
iniciaii,ado,creadorcarioca WibonLeitePam11,que"uu/Ori:aar«usa,porfX1r/edospro-
fus,onuis da dm, mldica, do prálic:a de abw1amen10 em hi»pÉlaÍS
daPreftiru,a··.oprojctodcki. discutidocmsessàoordináriaa9
• EUTANÁSIA par3 ,-i1imas daA IDS.-Con,·idadoaprnidirosfuneraisdom1lsicofranciscoMário(irmãodocartunista Henfil) e do psicanali!ta Hélio Pdlegrino,umdosexpoente$máxim0i do pro1rcssismo " católico" no Brasil, Frei Leonardo Boff aproveitou a ocasião para defenderopretensodireitoque teriamosportadoresdcAIDSà eutanásia.Fazendo tá.bula rasa das condenações do magistério eclesiásticoaessamal-vdadaformadesuicidio, Frei Boffoonscguíuencontraremsuateologiarc,·olucion:iriaumainusitadajustificativaparaialaio: ··sõDeuse a própria pessoa podem pór fim fJ vida ... "
demarço,foiapro...adonodiase&Uimc.porlO,·otoscontra6.Já amtriormente,quandofoik&:alizadaapráticadoabono,emdelcrminadoscasos, nos hospitais municipais, o ilumc vereador mostrou-se o único oposi tor da medida.
Desta feita, sua intervenção, coroadadcbito,impediuquca umcrimcse§quisseoutro:qual seja. instaurarn0Paisvcrdadcirapcrse1uiçãorcli&iosa-aquc ficariamsuj~tosmuitosm<'dicm, •·cndo-secompdidosapraticaro abono, mesmo comrariando brutalmente a própria consci~ncia
moralescusdeverndecatólioos. • "A THAMA TEHHORJS. TA lmtrmu/onul tem um cemro quees1demMoscououemseus arredOrl's", denuncia o jornal "ABC" de Madri, com bascem informaçõescolhidaspelos.erviçosamitcrroristasdaComunidadcEuroptia.~gundoumesmu fon1es,osdi,ersO!igrupostcrrori.11as que operam na Europa mantem ooncxOO emrc si e. cm suamaioria,stofinanciado!ipor resimnoomunistas.
• \'OTO EX PR ESS l\'O. Demrodepoucomenosdeuma década. Hon1Kong,enclavebri tâniconotitoraldaChinacomunista,passar:!.aodominiovermelho. Nãoacrediiamlonaspreien $!IS "abertura;'" e "reformas" executadas no mundo de além ··cortinadebambu'',oshabitan tcsdaquelacidadccmigramcada ,ezmaisparaos&tadosUnidos, CanadicAustrália. No dizer de umjornaldaregiãu,oshabi1an1ndcHongKon1,apropósitoda fu1uramudançaderegime,estão ,·otandooomscus!)k ... • OPÇÃO PREHREN· CIAL. .. pela guuri lha. - No afã dccelebraro,·igésimoscgundo aniversirioda morte de Camilo Torres.otristcmentccélcbrcpadre&1.1errilheirocolombiano,duas publicaçõescatólicas - ojornal "O São Paulo" (26-2 a 3-3-88), ór&ão da Arquidiocese de São Paulo,earevista "Ave~faria" (janeirodc88),<:ditadatambém emSãoPaulopclaCongregação dosMission!riosClaretianos-
ACidadeUernavaiaospoucosdespovoando-stdecalólicos praticantes • ROMA /lóEOPAGÃ. - Pesquisa recente, encomendada pela Arquidiocese de Roma e publicada pelo di!rio "La Stampa" de Turim, evidencia aos olhos do mundo o grau de descris1ianizacãoaquechegou aCidade E1ema: somente 25~ dos romanos declaram-se católicos pratican1es. Ainda conforme a 1)e5(1Uisa,odeplor;helquadrorctratabema$ituaçãorcinante tmtodoopaís. Agritantcamoralidadccindifcrcntismoreligiosodosi1alianos manifestam-se, por exemplo, no crescente nUmcro dcca$llmentos realizados apenas no civil, bem tomo no alio !ndicc de abortos legais, em ascensão na Itália. Aan1igaRomapagãoon,·crteu-sc,dandolugarà Rom.acris1ã. Agora dá-se um fenômeno inverso, de perversào, caminhando-separa uma Romaneopagã.
hou,·eramporbemdesigná-looomo "mdrtir I' prOjl'la da lgrl'ja QUl'tslô n11Sctndo". ~m rebuços oucireunlóquios,estaUltimapublicaçào chega a afirmar que o Sacerdote foi ··um pnn,rsor (... ) na fronttir/1 da Igreja com o mundo(•• ); an/ts de em·ofrer-se nagUl'"ilha(...)roluborouinrlusive l'm programus oficiais de educaçrJo, tY>Opl'rativi.smo I' de RejormaAgrdria". vindoa descobrir,logodepois,que "'somen/emedianll'Qfl'VOluçãoerapossfrelreali;.aresseamoruo próximo ... quedevecaractcrizaromi nistériosacerdotal. Na opinião de "O São Paulo''.CamiloTorres.aracasatal ..descobena".a~a.sscantecip0u aos ideais da Confer€ncia Episcopal Lacino-Amcricana,
rcalizadaemMedellin(l968),i,. to é. à "oJ)f40 radicul pelos p0brn". • HOMENAGt:M a }"rlipe Camari.o. - Tendo a 7~ Brigada de Infantaria Motorizada. scdiadaem Natal, no Rio Grande doNortt, rectbidoadenominaçãodeFelipeCamarão.0110,·ernador daquele E.!!ado, Geraldo deMelo,enviouaooomandame dareferidabri&adamcnsagcm,da qualpareceu-nosoportunodcstacarosesuime1recho: '"A insurrl'içõona1ivis1uromraodomfnio holandist um dos priml'irosa1..s1ados dt form(lfdo du 11acio11alidade brasileira. Este mo1·imenw. lidtradoptlocomtrdanll'Andri Vidaldl'Nl'grtlros,dl'u5Ctndê11da p0r111gutsa, pt/O negro He11riqut Diast ptlo l11dio Fl'lipe Ca-
• CASTIOAOE. REMtDIO paraAIOS. - 0 Dr.e. E. Ncwbury,renomadomédicosul-africanoe~rctériodaSaúdedeJohannesburg, condenouo1; médicosqueaconsclhamousodeprescrvativospara~evitaraAJ DS. Segundo o Dr. Newbu!")·.amaioriadosmédicos,inílucnciadospelopermi"i,•ismodeno1.sarociedadc.perderamaoorajemdcdi zcr.screm asre!acõcscxcra-matrimoniais moral e medicamente prejudiciais à $!!lide, e que portantoomelhormeiodecombate àAIDSéapr!ticadavirain dade eafidelidadeconju&al.
• "A SOLUÇÃ O t inl"odir rnra.r ..,afirmouLeônidasTelles, diretor nacional da Central Única dos Trabalhadores (Cu n , à guisadeconclus.iodoS-:miml.rio RegionaldeReformaAgrária.lc,adoacabode 17a22demarço Ultimo, no ~minirio Dioc,sano deChapecó,cidadedaqualéBispo D. José Gomes. Participaramdoencontro realizado simultaneamente em Goiãnia e Olinda - líderes agro-reformis1ascubanos.nicaragüenscs,pcruanosechilcnosque se propuseram estudar ··p0ronde passa a quts1do agrár/a no Brasil'". Desta forma, a&itadoresinternacionais - especialmentcrotuladosdt"tsp«ia/is/asl'mqul'S 1ôesagrôrias"-,·!m-nos1ransmitir kno,...how ~ oonn1hão so6al, mattfia cm que s.io peritos em seus respectivos países ...
CATOLICISMO MAIO 1938 - 1l
Segundo importantes autoridades e clesiásticas, a parte da Men sagem de Fátima a ser revelada nada contém de novo. Entretanto, não é ela divulgada.
Que razões obstam a publicação do 3? Segredo de Fátima? Antonio Augusto Borelli Machado especial para "Catolicismo"
D uAS PERGUNTAS.se podem fazer a rcipeito do 3~ Segredo de Fátima: a) qual é oseucomeúdopro1á1·cl:b)porqucnãoi rr>·clado. SobrtaprimciraqUõtàojisechegouaum
con.sensoquasegeralemreosespecialiscas. Com raras exceções, admitem eles como al!amente pro1·á\'el que o 3~ Sq:redo diga respeitoaumacri.sedafée,portanto,àaiualcrise
t,.A~ -
..
.. -
~'
~-' . .
na Igreja (cfr. "Catolicismo", n~ 44), novem-
bro de 1987). Oestudoda.segundaquestão,quetanto imrigaaopiniãopública, nãoémenosinteressantequeaprimeirae,sobrcela,\'áriossão osdadosconhecidos,quelançammuitaluzsobreoconjumodaMensagemdeFátima.
Certamente.serádoagradodosleitoresque "Catolicismo"consagreaoasrnnto-comtodootactoeprudênciaqueotemarequermaisurnartigo,nestemêsdemaiocmquese comemorao7l?ani\'enáriodamaisimpor• tanteapariçãomarialdesteséculo
..,
O ilirterório do documento até Roma Ao remeter o texto do 3~ Segredo ao Bispo de leiria, em 17 dejunho de 1944, a lrmã Lúcia fez saber ao Prelado que ele podia lêlo.Are••elaçãoaomundo,entretanto, nãode"triafuer,seantesdel960. D. Jo!ré Al\·es Correia da Silva, o primeiro Bispo de Leiria. tem ou confiar desde Jogo om1·elopecomendoo$egredoaoCardeaJCerejeira. Patriarca de Lisboa, ou mesmo remetê-lo para Roma. mas ficou determina· do que ele permanecesse na Cúria de Leiria. E assim se fez. No dia 8dedezembrodc 1945,0.Josécolocouoen,elopcda irrnãlúciaemoutroen1·elopcmaior,lacrou-o,eodepositou na caixa-fomda Cúria. 14 - CATOLICISMO MAIO 1968
Quando a lrm.i Lúcia esrn.•veu o 3~ Sesredo,e m jancirode1'J"4, era Religio5a Dorottia (foto de 1944 ou 1945}
dia8defevereirode\960,queeraprová1·el queo3?ScgredodeFátimanuneachegasse a ser tornado público. Paraquemconheccafinuradadiplomacia1'11icana,ficapa1enteadistânciaqueaSanta$tquistomaremrelaçãoaocandenteassun10.0queéumsintomapalpâ,elderazões mui1osériuquealeva1·amaprocederdessa maneira. Dcen1ãoparaci, muito seiem falado e escritosobreo3~5eiredodeFá1ima,quecontinuazelosamemea;uardadopclasau1oridades 1•aucanas. Essesilêncioinabalál'el não podia deixar demscitarapcrgunta:quaisasrazõesquek1·aramaSantaSéafrustrardessemodoacuriosidadedopúblico1Nãopodcriamdeixarde ser, certamente, muito ponderáveis esses ffiô!Íl'OS! Emsuaspcrquiriçõcs,oscsiudiososdcFá!imaacabaramconscguindolevancardealgumaformao1·éuqucpairasobreoassunto. Do ricomatcrialdisponível,oferecer-se-áemseguidaaoleitorapenasoquehádemaiscogentecsignificaiivo
A Scmta Sé teria ra:=ões muito graves para não revelar o Segredo
Reprtstnlouumacontecimento,naHistóSomentedozeanosdepois,aSagradaCongregaçãodoSantoOficiorequisitouodocu- riadalgrejadosúhimosanos,osurgimenio mento,noquefoiprontamenteatendida.As- do lil"fo Ropporlo su/fo fede, que o eminente sim,oenl'elopccomoSc:gredodeuentrada Cardeal Joseph Ratzinger,atual Prefeito da no Vatkanonodia \6deabril de 1957. Aespcradar~claçãodoSegredoentretantonãosedeuem 1960.Asautoridadesvati• •Nas1ranscriçõesfeitas~tcanicanasfizeramsaber,amrn:sdorepresentante go-paraasquaisseutiliwuoitálico daUnited Press Internacional. que passou a -sãodoautorosdtstaque5emntgrinotícia à Agi'ncia Nacional de lnfonnação de 1oi1álko. Portugal,aqual,porsual'ez. a divulgou no
CongregaçãoparaaDoutrinadaH,lançou pelas Ediç!XS Paulinas de Milão, em 1985. Trata-se, na\·erdade, dcum longoçolóquio do Cardeal com o jornalista Vinorio Mmori, que este último transformou em li'"ro. Em quepesemwdasasimprccisõcsdeexpressão queumtrabalhodessana1urezacomport a. o livrotemsidogeralmemerecebidocomo reprmntati1·odopensamentoauttflticod0Cardeal.Consagradotodoclcàatualcriscdafé nalgrcja,nclcétambémabordadaaquestão do3! Segredo de Fátima:
Pergu/1/()a-lhe: "Carda# Ra1;inger, o Sr. leu o assim chamado 'reretiro ~gredo de Fâtimo'(... )?'' A resposra é imediata, se-co: "Sim , eu o li". ''Cirrulom pelo mundo - continuo - versôesjomois desmemidos que descm•em o r:on1eUdo dme 'segredo' como inquie1an1e, Of}{)ar:oli'p1ir:o, onunciodor de 1errfreiS $0/rimen1m. (... )Porque nunca~ dttidiu lórnâ-fo públir:o, in,;lusil-eporoevirorsuposiçôes remerlirias?" "Seotéogoronãoseromouestodecisiio - responde - não é porque os Papos queiram esconder alguma coisa deterrfrel". Porra111a,insis10, ''alg11moroisade1em·~·el"hânomanuscri10 do Irmã lúcio?
..
reloçãoe,inclusfre,pelosoporiçõesmorionos opro1'0duspelofgreja,noseuron1eúdoronhecido, que nõojo;em senão rtronfirmar o urgêncio do peni1ência, do ron1"t'rsàO, do perdiio. dojejum.P11blicoro'1erceirosegredo'signijlcoria ainda expor-se 110 perigo de urili:oçiies seruodonalis1asdocon1eúda"(op. cit., pp l\0- ! \l), Éumacoisaquc,àprimciravista, não se comprecndcbem:o3!Segrcdo "nl2oor:rtsr:entanodo"dc OO\"Oao jás.abido,c, en1re1amo,teme-sequeeledêocasiiloa "utili:oÇM.unsm:lono/istos"deseucomeúdo.Opensamentoscnsatoparccerias.erocontrário:sc nãohánadadenovo,publique-seotextoe acabar-se-áosensacionalismol Nãofaltouquemdcblamasseconnaessa aparemecontradição.Narcalidadc,épreciso queoobservadorseponhanacla1·edalingua· gem diplomálica - éssa obra-prima da d\"ilização cri1ã - para compreender quc, sob os 1·fosdiáfanosdcssalinguagem,oegregi0Car· dcalqucrsignificarqueaSantaSctcmrazõc:s supcrioresqueaimpedemdesatisfazeralegitimacuriosidadedopúblico Ademais,éprópriodaboalinguagemdiplomáticamanter-senosc:5tritoslimitcsdaverdade.Daísepodededuzirque,efeti,·amente, o3!Segrcdonãocontémnada.denovo,mas oapreseniarádeformatalqucnãodei\aráde causarsensação.Seasconjecturasqueosfatimólogostêm feitosobrcocontcúdodo 3~ Segredosãoverdadeiras,éprova\'clmentebcm \ssoquesedará.Nãofahariam,ponanto,razõcsparaaex1raordináriacau1cladaSantaSé.
Adclicadezadotcmainduzaciiaraqui umapersonalida.debastantequalifii:adanoccnáriodc Fátima, o Pe. lu is Kondor SVD. Como Vkc-Posmlador dali Causas de Beatificação de Francisco e Jacinta, secre1ário do atual Bispo de Leiria-Fátima, D. Alberto Cosme do Amaral, e intfrpmc deste nas viagens por ele feitasàAlemanhaeàÁustria.porocasiãode congr(SSOSmariais,oPc.Kondorfa!acomconhccimentodecausaaoafirmarquc "a Popa
ttm ra;óes slrias poro n!lo publicar o Segredo'' (cfr. ''1-.lensagem de Fáiima'', Samcirx, Seia, Portugal, n~ 161, fe,erciro de 1985, p. D. Jost Al ve1iCorreiada Sil va, primeiroBispo de leiria,apedidod e qu e ma lrmã Lúcia esc re,·e u o Segredo
"Ainda que houresse - replico, ei.·itondo dt lançar-se mui/O além - pois bem, isw niio jorio senão r:onfirmor o porte jli r:onhtcida do mt11Sagem de Fâtima. peste /ugar_se_lançou umsinalse1·era,q11e1·a1con1raoo11mismolevionareina111e, umape/oàseriedodedavida edohis1ória,umaad1w1énciosobreasperigos que pairam ameaçodoromenie sobre o humanidade. É o que Jesus mesmo lembro muitofreqüen1emen1e, niio temendodiur: 'Se não 1·osr:on1·erteis, perecereis todm' (lc. 13,3). A com-trsiio - e Fátima o recordo de cheio i uma exigência perene do vida cris1ã. Dneriomos jâ sobê-fo por IUd0 quanto estâ no Escrituro" Portanto, nada de publiroçdo, ao menos porenq11an10? ''OSomoPadreochaqueni2oocrescentarlonadoooqueumcrisliiodei."tsaberpelaRe-
IJ.
Por que em 1960 poderia ser revelado o Segredo? A história da Mensagem de Fátima é cheia desurprcsasedeindicaçõcsprcciosas,formuladasdcmododesprctcnsio50,quesópouco apoucoosperitosvãodcs1cndando. Umadcssaséaprefixaçãodadatade 1960 paraaaberturadoSegredo.Qualarazãodcs· sadata1 O Cônego C. Banhas. grande di1·ulgador das Aparições de Fátima na França, interrogou a Irmã Lúdaarespei!o,eobtevcarcspostaincisi,·a: "PorqueNossaSenhoroassim
Caw das lrm.is Doro téiu, em Tuy (Espanha], onde a lrml llida escre,eu o l ~ Segredo dente, no Carmelo de Coimbra: "A mensagem 11/}o de~ia seratwr1a antes de 1960. Per• gumeiolúcia: ·Parqutestudota'.'' Elo me respondeu: ·Por t/1/Íio ficará mais dora', O que me/o:. pensar que o mensogtm era tk lom pro/itlco, porque precisomenle as profecias, r:omoserénaSogrodaEscriwro.es1ãor1eobertosdeum1·iudemistirio.Elasnãosãogerulmente expressos em linguagem manifes10, cloro, rompreen.sfrel paro iodo mundo; os exegetas dedicam-se ainda hoje em dia o interpreraros prof«ios do Amigo Tes1amemo. E que diur, por exemplo, das prajecias,;omidos no Apocalipse? 'Em /96(} - disu-mt elo - o mensogtmsetornorâmoiscfora"'("LaDocumemation Catholique", Paris, n! 1490, 19-3--67, p.542). A declaração do Cardeal Ottaviani contém informaçõcsvaliosas1iobreocontcúdodo3~ Segredo,tantomaisquantopartemdeuma personalidadeeminemedaSantaSéquete1·e agraçadeleroscutexto. O 3~ Segredo de Fátima, portanto, é de tomprof~icoe,comoasprofccias,cstárecobertode um ,·i!u de mistério. Ademais, a partirdel960scwmariamaisclaro ... Oqueacontcceu,na!grejaounomundo, noinfciodadécadade60,quepodcriatornar
___ ___ ____
............_, .... ..,,...... ...... ,,,, .. . . . . . . . . . . ~................... l
.,
o quer" (Fatima, merwil/t du XXe. siécle, Fatima-Éditions, Toulouse. 1952, p. 83). AoCardea!Ottaviani, a Irmã Lúcia deu uma resposta mais especifica. Em maio de 1955,oPrefeiwdaSagradaCongregaçãodo SantoOfidoeste"eemPortugal.OPurpuradonarraacntre\/Ístaquetneentãocoma\'i-
O co fre nosaposentos dePioX ll,o nd ese enco ntrnaoSeg redo em maiode1'3S7(ioto publiud• n. ievista fr~ ncew ''Puis,Matc h" dt18-10-S8) CATOLICISMO MAIO 1938 - 15
gulm reriu tsperudo depois do Conr11io. Pe11Sll1·u·se num florescimento, numa expansão serena dos conceitos amadurecidos na grande assembléia conciliar. Hd ainda õle a.sper10 na lgfl'ja, odofloresâme1110. ,lfas pos10 que""bonume.,integrac-ousa,malumtxquorumque deferiu'', fira-se u atenção mais esperialmente sobreo asper1odoloroso. A lgrejo lgolpeada1ambtmpe/osquede/ofazempar·
maisdaroumpontodaMensagemde Fá!ima,c,·identemen1erdacionadocomosintcresscsdaRcligião?
No início da década de 60, a crise na Igreja se tomou evidente para todo o
te(AlocuçãoaosalunosdoSeminárioLombardo,em 7 de dezembro de 1968. fllsegnamentidi Paolo VI, Tipografia Poliglotta Va
mundo A maioria dos peri1os em Fáüma, como se,iu,éconcordeemafirmarqueoJ~Segrcdotrata da crise na lgreja. TemandorelacionaroScgrcdodeFálima comoquesepaswunomundonoinicioda detadadt60,éimpossi1dnãopensarn0Con, cfüo Vaticano li, com o qual 1cioa furo a aiualçrisenalgreja.fateéumfatohistôrico qucindcpendedcqualqueral'aliação-fa10rá1eloucomr:iria-quesefaça.dopomo devistadogmálico,moral,pastora!oucanônko,cmesmopolilico.doméritointrínseco do Concilio. Comefeito,énotórioqueoCondliodescncadcouuma1urbu!fnciademrodalgreja, cujosprimcirosimpctosruespiri1osmaisa1ilados1·inhampercebendohádéradas,masquc opúblicosóentãopassouanotar. A propósitodas resoluçõesroncitiares, sedesataram impul!,0$ até esse momento represados, seauindo-seumrelaxamentogcraldadisciplina,dereligio!.()$eseculares,dceclesiás1iros e leigos, como nunca se vira. A Liturgia anarquizou-se.a1idaparoquialalterou-seprofundamente.Dcforçaopostaaocomunismo, numerosasorganizaçôescatólicaspassarama fazerfrentecomumcomo,adeptosdo marxismo, propugnando os mesmosobjeti,os. Enfim,nãoéocasodedescreveraquios múltiplosaspec1osdaçrisedalgrcja,ma,apenasderegimarquee!esforamsetornandocada1czmaispatemesàmedidaquesedesenrola,·amassessõesd0Concilio,eprincipalmcntedepoisqueelefoipromulgado. Nãocabeigu.almenteanalisarseesteseram fruto>necessáriosdaformacomofoicondu· zidoeaplicadooConcilio,ou.eascoisaspoderiamtercorridodeoutramaneira.Cumpre apenasregistrarofatohistórico,emvi!lade relacioná-locomoSegredode Fátima. Ea pergunta então se impõe: -Tudoistonãopoderiaestarcnunciado no3? Segredo?- Pode-seconjecturarque sim.Aindicacãoda !rmãLUciadequecstc .etornariamaisdaroapartirde 1960, fala fortemente nesse sentido.
Alguém poderiaobjetarque,apriori,tal suposiçãoéinjuriosaaoConcílio,eimporta numaavaliaçãoextremamentenegati1·adescus frutos,quiçámesmonumarejeiçãodc.eusdocumemosedecretos. Sememrarna 1·exatuquaes1iodese1odo oConcilioVaticanollêimerpretã,·elounão deacordocomaTradiçãoda Igreja, e, por1anto.sepcdeounãoserrejei1adoporumcaH, - CATOLICISMO MAIO 1988
ticana, ,·ol. V[, p. !188). Ohistoriador"deFátimafica,pois,perfei1amenteàvon1adeparaes1abeleceracorrela ção entre o 3~ Segredo, a crise na Igreja e o Conolio Vaticano 11, sem entrar. de forma alguma, naa1·aliaçãodo méritod0Concllioenquanto tal. O Cudnl Alfredo Otta~iani quando esleve cm Filtim,;i, rt0 dia 13 de maio de19SS. No did17elevisitouoC.umelodeSantaTeresa, em Coimbra, e con1·ersou com a lr mJ Lúcia
1ólicofielàlgreja-ques1ãocomro,ertida nosprópriosmeios1radicionalis1as-impor1aconsideraraquiqueomesmoPontífictPauloVJ,quepromulgouoConcilioedeleespera,a osmelhores frutos, em sueessi1os pronunciamemos ~ mostrou dectpcionado e mesmo amargurado. Suas palavras são de uma eloqufnciainsofismá,el(comooPontifictfalavadeimpro1·iso,aPoliglonaVa!icanaapre>cmaumresumodaAlotução,citandoentre aspasap,:nasaspalavrasiextuais)
4
grattde ra;;;ào:
u revela ção do Segredo
alenlario 011 tradicio11ali111.a11 e prejudicaria g ravemente os progressistas Fica,emreianto,depéapergumainicial: porqucnãoêmelado0Seartdo?Seektra1adacrisenalgreja,ees1aepacemeaosolhos de1odos,qualoincon1·erncn1eemdi111lgá-lo? Omaiorpcri1onosassuntosdeFátima,Pe. JoaquinMariaA!onsoO,IF,dedicouaotema1·ãrioses1Udos.Eacabouscndoa1raidoa darrespostaaestapergunta.Seupensamentoarespeitofoisefixando,àmedidaemque eleprogrediaemsuaspesquisas.
Nolil'rolal"erdudsobree/secretodeFdReferindo-se à si1u11çdo da Igreja de hoje, o Santo Padre afirma 1erasensaçdodeque tima, publicadoem 1976,elepondera: "Ebt'mf)()S5irelque [o J~ Segredo] não ''f)()r alguma fissura tenha entrado a fumaça de Sa1aná1 no templo de Deus". Hd a dú1·i- ja!e apenas de uma 1·erdadeira 'crist> da fé' na da, u lncer1r..a, a problemátic-o, u inquie1oção, Igreja(... ), mas que, como o fa;, por exemplo, osegmlode la Sofeue, 1enha rt/erttltias ainsatisfQfdO, oconfron/o. (... ) Também na Igreja reina estees/ado de in- maisconcretasàs/u1asintestinasentreostacertetll. Atredi1ara-u que, depois do Conâlio, riria um diu ensolarudo para u História daltrtju. Veio,pe/or:ontrârio,umdiarheio dtnunns,dt1tmpes1ade,dtesc11ridiio,dti11dagafiio, deince,1e:a. (...; Como acon1eceu is10? O Papa col1fia aos presen1esumpensamen1oseu:odeq11e1e11ha hal'ido a imer-.-enção de um poder ad1-erso. O stunomeédia/x;, e1remisteriososeraque também ulude São Pedro em sua Epistola [que oPomífkccomentanaA!otução]. Tantas\l'· us. por outro lado, retorna no E-.-ungtlha, nos própriosfábiosdeCris10,amençãoaestemi• migo dos homem. "Cremos - obser-.-a o Son10 Padre - que alguma coisa de prelernatu• rol 1·eio ao mundo justamente poro perturbar, poro 5,ifocar os frutos do Conc,1io Eruminico, e poru impedir que a Igreja prorrompeS5e num hino de ull'gria por ter readquirido a p/enilude daronsriénria de si'' (Alocução Resis1i1efortesinfide,de29dejunhodel972,/n-
segnamentidi Paolo VI, Tipografia Poliglotta Vaticana. 1·0I. X, pp. 709-710). Já ameriormente, o mesmo Pontífict manifestara análoga perple~idade:
A Igreja a1ra1·essa hoje um momento de inquietude.A/gunspraticamaauuxrít,ea,d/rse-ia ali a au/odemoliçào. t como uma perturbafiio imerior, aguda e tomplua, que nin-
O Pe. Jo.aqui n Muía Alonso, cordim.ariano ti,pinhol, foi enc,m,gado pelo ~gundo Ri~ po dt> L,iria, O. Jo.io Pelt'ir.a Vt>n•ncio, de pL.1blicar umacdiç1ocriticadosdocumentos lfliti1·os a f.itim•
1ólicos;ósdeflciênc1asdesactrda1esere/igiosos:1a/l'ttStinsinuema1tasdeflciênciasda alra lfierarq11iadalgreja. (... } ··Uma fenomenologia tlememar dos aronfttimemos internos da Igreja pduonci/lar demonsrra um estado lastimtfrtl. bem apontado pelo Papa Paulo n. (... }em que a Igreja se encontra sem aletria, um /irmeUI. um apoiorsemforrainterlorparaagirdiantedt um mundo ini-asor que pretende redu:í-fa a umainstituiçiíosecu/ar. (... ) "Umaronclusiíoparecectr1a:oconteúdo da parte intdita não St refere a no1·os ca1ac/ismos pQ[i1ico--beficos. mas a acon1ttfmen1os de indole relitiosa lntra--«fesial. ainda mui10 mais gra1·ts em si mesmos"" (op. cit., Ccn1ro Mariano, ~ladrid. pp. 72 a 75). Comos-e1ê. o Pe. Alonsoes1abe!ectamesma correlação enm o 3? Segredo. a cris.c da lgrejae05acontecimentosinternosna lgreja pósconciliar.E.ademais.aduz,emapaiode suasconsideraçõcs.omesmopronunciamentode Paulo VI queacabades.crci1ado. Seu ptnsamentosevoha.em particular,paraas ··1111asin1es1inasen1reosca11Jfi(os··. outrofa10,aliás.queestáaoakancedavistadequalquerfiel DessemodoéqueoPe. Alonso fo!conduiidoaformular,algumass.cmanasantesde sua morte, ocorrida em 12dedezembrode 1981.ae\plicaçãomaiscabaldasraiõesque to!hemàSamaSéadilulgaçãodoSegredo: ""Ocon1eúdodo1exroinidi1odo~retio não poderia ser emendido - como dizia Lúcia ao Cardeal 01101·iani - Stnào por ,·oito do ano de 1960. ls1ot. quando na Igreja se manifestam asfonts tensões que ha,·triam dt pr«ipitar a rom·ocação do Conct1io: que nele se maniftS1arlamfortemente. e teriam repe~unões /remtndas na ,·ida da igrejadt nosso dias. Uma rei·elação exttmporlinta da texto somentt reria produ:.ldo uma exasperaçõo maiortntreOJduastendinciOJqutrontinuam di/aurandoalgrtja:umtradicionali1moqu1 st crtrla assistido pelas profecias de Fárimfl, e umprogrrnismoquerlamariatomraasaf)Qriçôts de Fátima. 11."i quais. de uma maneira tão tscandalosa.paredami-irfl/rearosfJ1·anfOS da Igreja Contiliflr.. . O Puf)Q Puu/o Y/ ju/go11 oport11no t pr11den1t dilotar a re1·tlação do texto para melhores tempos, (... ) E OS Pon1ifices seguin1es oindo não considerarom chegado o momento de levantar O i·tu do mistério.numasi111aç~oda/grejaque aindanãusuperou o impacto tremendo dt 1·inttanos de pós~onr11io, nos quais a crise apoderou-se de
l!nganar•s-e-iamuitoqucmpensassequeessasinjuni;õessãodepoucamonta. Para quem du,idasse.bastarialembrarorecemc,3$0,de repercussãointcrnacional,emqueaCongregaçãopara a Doucrinada Fé convocou Frei LeonardoBoffparaexplicaçõesarespeitode um de seus li•-ros. Dois Cardeais brasileiros e o Presiden1e da CNBB se deslocaram para Roma. a fim de dar todo apoio a Frei Boff. Elesfizeramsemêxitogestõesnosentidode estar presentes à audiência. Porém lhes foi concedidoqueosdoisCardeaisenirassemao têrminodesta,parapanicipardaredaçãodo comunicado final.
Os três videntes - Jacinta. Lú cia e Franeis-
co ~ numa foto tirada por ocasião das aparições
acreditavamtcradquiridoparasemprecom o Concilio. Em outras palavras. o 3? Segredocon!eriaumadesapro,·açãodetodososdesmandos ocorridos na era pós-conciliar. Para os tradicionalistas, entretanto. os deitosdarevelaçãodoSegredopoderiams.cr aindamais:;.alutares. Como se sabe, osgrupasouorganismostradicionalistass-eapresentam profundamenledivididosemrcsi. Are• velaçãodoSegredopoderiaapantarparaeles umadiretrizUnicadepensamencoedeação. emtornodaqualseaglucinarem.Jssoreprcsentariaapossibilidadedeseconcretizar,por fim, a tão almejada Uni(Jn Sacrie- preconizada pelos melhores dentrc eles - na luta ptlaextirpaçãodahercsiaprogressistadeden· trodalgreja. Estas ptrspecii~as oão podem ser, evidentemenie, do agrado dos progressistas. E assim secomprecndequeelescxerçamtodaespécic dcinjunções,jumoaoVaticano, para que o Segredo não seja revelado.
No livro '" Rapporto sul la fede" (1985), o Cardeal Joseph Ratzinger abo,da a atual crise da Igreja e responde a uma pergunta sobre 0 Segredo de Fátima _..::.,..;..;...,;.;. . .,...,---r_
;..L.:..,:.,L..,;~,.i.....:..-.
10d~A°:11:~:::i:::n~~/4~/~~~1ribuir para que . . essaparte[doSegredoJStjadadaaconhectr suá um intemo stfio de res1abtle<er a paz in· ternado/greja,sobrtaqualtlefala"(Denut1-0 ti secreto de Fd11ma. "Ephemerides Mariologicae··. Madrid, 1982. \"OI. XXXII. fase. 1,p.93) Tratando-scdeumSacerdotequetimbra cm não ser chamado de tradicionalista. bem como 1ambt!m não de progressisca. como. aliás,sedeprecndedescuprópriomodode expressar-se,aponderaçãoadquireovalorde umdep0imcn1oinsuspeito. Ponan10.oJ?Segredodc Fá1imaéde1al índolequeosscguidoresdatradiçãosecreriam apro1·adosemsuaorientação.eosprogrrnistasgravementeprejudicados.\'endoestesUItim05esvair-sedesuasmã05ostrunfosque
EquandoaCongregaçãoparaaDoutrina da FC,insatisfeitacomaseJiplicaçõesde Frei Boff, resoh·eu aplicar-lheasuavissimapena deumanode"si!Cncioreverencial", 17 ArcebisposcBisposselc\'amaram,noBrasil,manifestando publicamente sua "mconjormida de"comadecisãodaSantaSé.Apalanarismo roçou pelos lábios de muitos observadores ... Como não recear que a revelação do Se· gredodeFátima.tãoprejudicialaosprogres sistas. Je1•antassc,entrees1esúltimos,umaon· da de oposição de conseqü Cncias imprcvisil"eis? htoexplicaria tambémporqueaSantaSé prcfereenfremaroburburinhouniversal.que reclama. nem sempre muito respeitosamente, adil"ulgaçãodoScgredo.aarcarcomasconseq(iénciasdodesconcertoqucessamesmare,e!açãoprolocarianashostesprogressistas. com clemcn1os colocados até cm altas posições demroda[greja. Consistiriam tal,cz ni™J as "rozôessérias"-muitosê-riasna,·erdade-cominuamentealegadasparajustificaraextrcmacautela com que a Santa Sé tem procedido na matéria.
Para o ca tólico fiel , devoto de Fótinia, o <JUe fazer? Atéaqui foramaduzidasoonsideraçõeshumanas.Maséclaroqueocatólioofíeltemsuas vistasvoltadasprincipalmenteparaoCéu NossoSenhorJesusCristo@O\'ernaa lgreja.seuCorpoMístico.NossaSenhoraprometeuemFátimaquc.porfim. oseu!maculado Coração triunfaria. Otecidodasaçõeshumanas - semdUvida!hres-s-edispõc.emretanto,deacordo comosdesigniosdaProvidência. Quando chegar o momento marçado pt!a Providência,oScgredodeFátimaserá pois rc1·e!ado. Ness.c momento, podemos imaginar Jacinta acompanhando do Céu o dcsenrotar de 10dosestesacontecimentos.Ela,então.animaria Lllcta. lembrando-lhetal\eiaspalavras comqucsedespediudela.nestaterra:"Jâmt falta pouco para ir poro o Ciu. Tu j1COs aí para di:eres que Deus qutr tlWbelecer no mundo a de,·Qfdo ao Imaculado Coração de Maria. Quando for para di;eres isto, não 1e escondas ... " Nossa Senhora. contemplando a cena e lançandoparaJacintaumolhardeprofundo amor. daria ordem aos Anjos para que se cumpriss-e al'ontadedEla. CATOllCISMO MAIO 1988 - 17
TFPsemacão . Manifesto analisa declarações de Cardeal SANTIAGO - Em sermões, conferências e entrevistas à imprensa, por ocasião de sua recente visita à Espanha, o Arcebispo emérito desta capital. Cardeal Silva Hemiqu ez, \'0hou a
proporaadoçãodereformassocialis1aselgua!itáriaspara0Chile,aomcsmo tempo que formulou apreciações sobre sua acuai conjuntura política. EmboratenhadeixadooArcebispado por motivo de idade, o Cardeal Silva Henriquez - que na época de Allendc favorecc,u o govemo mari,;;ista - es-
tá sendo indicado como candidato à presidência da República pelo Partido
Comunista chileno e ounos grupos de esquerda. Suas declaracões foram reproduzi-
das
110
Chile, e ocasionaram um arn-
plo dcbate, no qual ocupou destncado
papel a Sociedade Chilena de Defesa da Tradição. Família e Propriedade. A TFP andina fez minuciosa análise das declarações do Prelado. Sob o título "Reabrindo as chagas de 11m
passado trágico, que futuro pretende o Cardeal Si/1-a Henriquez para o Chile? - Considerações sobre devaneios sócio-igualitários", o documento ocupou duas páginas, em seção livre. dõ jornal "E! Mercurio", desta capital, cm 20demarço último. AsalírmacõesdoCardeal,deaberta simpatia para com o socialismo, são transcritas no manifesto da TFP e seguidas de numerosas ci1acões em sentidocomrário,extraídasdtdocumen-
tos dos Papas, tm e~pedal de Pio IX. Sào Pio X. Pio XI e João Paulo li. Pondera a TFP chilena que ··o mo-
"Voltam os ideais que nunca morreram ..." cantam os jovem nu cidades argen1in,u
Estandartes e trompetes, do mar às cordilheiras BUENOS AIRES- Partindo desta capiial. uma cara~ana de sócio~ e cooperadores da TFP argentina percorreu cerca de trinta cidades, em sua maioria situada<; ao norte do país, divulgando a obra "Simples relato das Aparições de Fátima", de autoria de Antonio Augusto Borclli Machado. Da cara,ana fez parte também uma fanfarra, a qual constitui excelente recurso propagandístico das campanhas públicas, aumentando ainda mais o impacto dos slogans, dos estandartes e das conhecidas capa> rubras. Entre as cidade, visitadas cabe desrncar Mina Aguilar, imp0rtante centro de mineração de chumbo, situada nas encostas da cordilheira dos Andes, a 4.500 metros de altitude. A simpática acolhida do público refletiu-se no cxprCSSÍ\O to!al de 4 mil c.~etn· piares \endidos. nos comentários favorá,cis da~ pessoas na rua, bem como na colaboração prestada aos caravanistas em matéria de refoir;ões e alojamento.
18 - CATOLICISMO MAIO 1988
delo de organi;:;uçiío paru o Chile. naçdo soberana e mudçumente cutúficu (... ), de1·e eswr inspirado nos moldes da Civilizaçiío Cristli, no Do111rina Social Católica e em nossas próprias 1rudiçóes". Ao concluir seu manife~to. a entidade refere-se à enigmática atirnde conciliatóriadoEpiscopadoan1easdeclaraçôesescandalo5asdoCardealSil1a Henriquez. É significati,o o apelo de ~lons. Fre~no, alllal Arccbi~po de Santiago, o qual, parecendo alheio à gravidade do perigo. apelou para que "niío:,ejufgueestasdeclarações, sobre111do se isso co11tribui para incremen10r dil"isões e polari~oções". ''QueaSandssima VirgemdoCurmo, Rainha e Padroeira do Chile, abra osolhosdeseusjilhoseos/aça 1·igiur eorarpuraqueniiocaiam11ovamente nu tentaçiio de deixar-se desflzar pefu rampa e.scorregadia do reformismo igualit<irio e pró-romunis1u", l: a sú plica com que a TFP chilena conclui seu manifesto.
Protesto contra peça blásfema BOGOTÁ -A TFPcolombianaprotestoucontraaapresentacão da ímpia peça ..Telcdcum", encenada por um grupo de artistas brasileiros que desembarcaram no acropono desta capim! trajados como se fossem religiosos católicos. A obra consiste numa burla ignóbil do Samo Sacrificio da Missa, apresemando uma freira concelebrameque faz umaespêciedesanduiche com duas hóstias grandes, sobre as quais derrama catchup, insinuando ser este o preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus
C o o ~ da TFPemtrljede gala transportam o andor coma lmagemdeNoasa SenhonlA~kla, que lolentronlzadll
Crisio.
O comunicado da TFP, estampado na edição de 26 dc março úlrimo do diário "El Tiempo", de Bogotá, ressalta: ''f>e,gunramos,
bogorano católico. como você considero ser isto IOmado na cone celeste? Não teme que ao se debochar do San/O Sacrificio da Missa, para regozijoeafegriadealguns, 1•enha .o diminuir a ejusào das misericórdias de Deus sobre voei e sua fo,m~ lia? E que inc/usfrejiquemos expos• wsomaiscasrigosainda?Poressa razão, os membros da TFP co{Om· biano o/ereum desde o dia em que começou o /estil'af aré seu e11cerrame1110, ora,;óes especiuis e uws de reparação ao Sam(ssimo Sacramen10. pelas mãos de Nossa Senhora. Bogotono: ussode-se a este desagravo, ao menos com uma bre1·e oração imerior". Em São Paulo, o direwr de im· prensa da TFP, Paulo Corrêa de Brito Filho, desmentiu noticias publicadas na imprensa brasileira de que membros da TFP colombiana teriamtcntadoinvadiroteatroondetevelugararepresentaçãodapcçablásfcma
~ATOUCISMO l)lr,l0<:PauloC0<thdtlltl10Filbt)
~,-:,,.a:-=::•~~lr;;:h•>hi- R<&>.. liM"l"'°:Rua\lanimF,11><ót..o.66!-01226Si<>Paulo.SP I Rua<k>o O,,,,Kazcs. 197-21100 -Campo,.RJ G<tf""'a: Rua Manim íratw:1,co.66S -01226 SloPaulo,SP-T.. ·(()J1)?21.87Sl(fl1110l l3') re1-f'01ili,o: (di,.,1.apani,d<ar'l";,o,fo,. -po,··C•<:>b<ion>o""l&andtif101«S/AC..il~S</.<l"on - R... Mamr,q11<. !lt,- Slo/'au l•Pfb'M: Aflp,m Pollffl• AnnGrar,. .. Lula - Rua Ja,ob, 681 - 0lU0 - Slo Paulo. SP '"C.,olóciomo""fumapt,1bl1ndo.,.nsalda~m p, ... Pad,<lkl<h,o,dtPon1nl<da Po,amllda,-.çadtond<feçodta.,.....,,,.t...,,....
~~~~-~,=:=:.-~
~ ~ ~ ~ ~ i ~1::~~an,mr,.,,.,..
b~t~nl<rBK>OJIIII S,o,.,,,.,.dS..<11 Numbc,- -
110vflmltflteemseu
on<ó<k>.
SIGNIFICATIVO A TO DE pESAGRAVO a Nossa Senhora Aparecida teve lugar a 1? de Maio, na rua Sábado D' Aogelo, diante da Casa de Estudos que a TFP mantém nobairrode ltaquera,quando foicntroniiadanovamenteemseuoratórioaimagem da Padroeira do Brasil. Compareceu àquela cerimônia cxprcs.sivo nümero de pessoas, queocuparamascalçadaseaviapUblicadefronteaopor1ãodamcncionadaResidência de Estudos . Ooratório.localizadojumoaesseportão,évol!adopararuaemuitoconheeido pelos moradores do bairro. Em fevereiro Ultimo, um violento apedrejamento, efetuado dcmadrugada,danificouovidrodeproteçãodooratório. Após o discurso de saudação e desagravo à Mãe de Deus, a cargo de um cooperador da entidade, foi rezado o Terço, entremeado com estrofes do hino a Nossa Senhora Aparecida "Viva Mãe de Deus e nossa". O aio foi encerrado com queima de fogos de anificio, seguindo--se uma palcstra no auditório da Sede, quc t~·c suas dcpendências franqucadatamb.!màvisitaçãodopüblico.
Sacerdotes espanhóis apoiam documento contra Reforma Agrária MADRI - A Sociedade Espanhola de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, TFP-Covadonga, que publicou recentemente a obra
"As Reformos Agrários de Andalrizia, Ex/remadura e Aragão - Passo piorieiro do PSOE rumo ao co-
munismo", apelou ao governo da província dt Aragão. solicita ndo que seja derrogada a Lei do Banco deTerras,aqualprevêarealização alideumareformaagráriafrancamentesocialista. A mensagem da entidade contou também com 240 assinaturas de apoio, prestado por sacerdotes da região,efoicntregueno Paláciode Alfajeria por uma comissão, da qual fizeram parte o Revmo. Pe. Antonio Maria do Espírito Santo e diretores de TFP-Covadonga. Naocasião,jovenspropagandistas de TFP-Covadonga realizaram nasviaspUblicasimensadisnibuição de folhetos sobre o tema.
Teatro ao ar livre OS JOVENS cooperadores que frequentam a sede da TFP no bairro da Saúde, em São Paulo, realizam com freqilêneia peças teatrais e jogos com significado histórico, em suas programações de formação e entretenimento. Durante os feriados da última Semana Santa, na sede campestre da TFP em Amparo (S P), além dos exercícios da Via Sacra, foi apresentado por participantes dessa progra mação um torneió entre cavaleiros cristãos e mouros, rt· vivendo a epopéia da Reconquista espanhola.
CATOLICISMO M AIO 1988 -
19
Veneza: o conúbio com o mar
S
tCULO V. Os vinetos, então habitantes do vale do rio P6, viram-se obrigados a fugir para rtgiões inóspitas próximas ao mar a fim de escapar àsanhadestruidoradoshunos, que ca-
pitaneados por Átila haviam invadido
~,::rt:s ~::::i~, 5;s,n!~t~ :S8/:t~ baros não ousawm penetrar. Livresdafúrialiuna, osvênetosdepararam, entretanto, comoutrosi,limigos: a violência das ondas marítimas, as ilhotas inS11l11bres eos lodaçais ina-
De uma dessas vitórias surgiu a mais célebre festividade comemorada na entiío "Streníssima República".
lia~, ::J::d~ i=~::&~~ xa na batalha naval de Parenzo, em 1173, recebeudoPapaAlexandre111um anel como agradecimento por tê-lo sal· oo dn daquele imperruior alemão. Daí em diante, o anel simboliznria o domí11io dl' Vent"ZJ1 sobre o Adriático, e es-
tirania
~{a:J~,~~?~fs~/:/,:~:m'1=t~~
bitdvés. Parasobreviver,foinemsário_ disputar ao ma~ o pouco de terra exrste11te,erg11erd1ques,cavarcanais edrenarosoloparatomá-lofimie
ria comemorado anualmente na festa da Assunçiío, a 15 de agosto. Paratalsolenidndeconstmiu-seem
Impelidosporadmirávelte,iacida-
adomadodeouroepúrpura. Cento e sess~ta remadores impulsio,iavam a feénca embarcaçào que trazia a bordo o
de, os imigrantes vi11dos do vale do rio Pó, ao longo dos skulos, lança mm pontes sobre os canais, constru(ram casas suntuosas, paláciosmajestososeigrejasmagníficas. Floresceu,comoumlírio de dentro do lodo, uma estupenda ddade: Vem•:za.
~;ª/!tit:c~min~~;:~~/Z:d;~~ ::~
~:tri:;caR~f~?.m /::a~;;se;h: embaixadores. Acompanhandv o " Bucentauro",
leva11tava-seela11çavaàságuasoanel que m:ebia rins miíos do Patriaml. E ao som de trombetas e tambores exclamava em latim: "Nós te desposamos, ó mar, em sinal de domínio efetivo e perpétuo". A embarcação virava de bordo, capilaneandoocortejodevolta, mmo d Basílica de São Marcos, ande, junto aos restos martais do Evangelista, er_icerraoo-seamagnífiaicerimônia, que amda no século passado era realiznda pelosuenez'.anos. __ ti.i.,.
~ NoquadrodocélebreCanaletto,pintor veneziano do stculo XVITI, podemos apreciar o magnífico colorido qu~ se expande pelo Grande Ca11al, nas imediações do pouto de onde partirá o "Bucentauro", vendo-se ao fundo o Palácio Ducal e a Torre da Ascensão. Uma atmosfera cristalina, um ar de pompa 11
::s~
:::~t;~;:~~ ~raª~~ad~; dades comercims e m,1,tares do mar, sobretudo as artísticas e simbólicas,
;:::m~d~1:df;::;:,~s:;:,l'rarc;!iiWs mu!~~!~ªse': ;:::~~ e gôndolas saia do_ Palácio Ducal e de- ~u;~:';~~~ 'd~~::!'f::::,::::l:z'.rai Veneza, rodeadn pelas ondas, uma cidadecomoqueflutuante,continuaa !1~:~:, ti~:d:;ui~1t'/f:!º'8u:;'. :,a;:~~~-!sfe,bs:'J!m~: de guerra ancorados. O povo rtjubi/ava· deslumbrarvisitantesdomundointeiro. Noseumultissecularconúbiocom ~ : : ::':!'f:=t'::ci:~IQ/:°q~/:'o se n~:ac!:ªufr~;:: ~ 1ff:'1:t omar,ptm1aneceelaumacidadelenmar a altiva cidade não se deixava in• do, estava-se em alto mar. O "Bucen- dária, carregada de glória, a rai11ha do vi::~'seS:~ mou magny:::,mente contra as aduer·
timidar por nenhum poder da terra.
tauro" entiío imobiliznva-se. ODoge
Adriático!
1 - A Reforma Agrária socialista e confiscatória, uma guerra perdida pelos proprietários, pelos trabalhadores do campo, pela agricultura nacional. .. e pelo Brasil Plínio Corrêa i[e O iveira Presidente do Consel o acional da Sociedade Brasileira de Defesa da •• }. .. Tradição, Família e Proprie~ade '"'
destinos do Brasil, um sem núm ero de proprietáriosruraisficarásujeito.dcum momento para outro, a uma desapropriação confücatória mal velada, quco fará rolar da situação brilhante, ou simplesBREVE sedará, na Assembléia mente confortável e digna, alcançada a Constituinte,odebateemscgundoturno, custo de seu próprio trabalho árduo e hodamatériareferenteàReformaAgrária, nesto, ou pelo de seus maiores, para um votada em primeiro turno há nove dias. estado de apagada mediania, na melhor Há pouca elasticidade, no Regimen- d35 hipóteses. E de aperto econômico. to daquela Casa, paraalteraçãodegran- bem como de afrolllosa decadfocia sodemomanosdispositivosdesastrososque cial. na maior parte dos casos. foram aprovados em primeiro turno. DesOs que não forem atingidos por essa ta forma, é menos pro,•â,·el que algo de ampla degola continuarão, é verdade, na au1enticameme importante seja alterado sua situação atual. M35 com a espada de no texto já assente. Dâmocles suspensa sobre a cabeça. Ai deAssim, parece vinualmeme encerra- les se externarem alguma opinião oposta do, na Constituinte, o debate sobre a ma- aosatosgovernamentais.Aidelesse,na téria. E, em conseq0ência do dispos10 a defesa de um direito, recorrerem ao Porespeito da Reforma Agrária pela Carta der Judiciário contra qualquer medida do Magna que cm breve passará a reger os Poder Público. Ai deles, quiçá, se sim-
1. Espada suspensa sobre • cabeça do agricultor
EM
2 - CATOLICISMO JUNHO 1988
plesmcntcrecusarcmumcomributo"voluntário" para os cofres do partido governamental, ou se se negarem a compareccr a banquetcs e homcnagcns a personatidades altamente colocadas nos escalões da polílica, da administração pública, e n0tadamente do Mirad. Ai deles ainda, se incorrerem inadvertidamente na antipatia de qualquer potentado do macr0-('apilalismo publicitário. pois neste caso estarão expostos a sofrer uma campanha quc os qualifiquc arbitrariamcmc de latifundiários, dcpanões injustos, de malfcitorcsconcraafunçãosocialdapropriedadc. Pois, a partir disto, qualquer inadvcnênda que cometam nesse sentido poderá ocasionar que sobre eles despenque o gládio fatal.
2. A nova Constituição divide em duas classes os brasileiros O temor passará a ser assim o condicionamento necessário de tudo quanto façam ou deixem de fazer. As liberdades queexistempara1odososcidadãos,me5mo os mais desvalidos. deixarão de existir para eles. Seaundo a nova Conscituição, o Brasil passará a ter assim. inconcrf'IO. duas categorias de cidadãos. Os não sujci1os âs desapropriaçõesconfisca1óri35formarão a primeira classe, e se benefkiarão de todas as liberdades. Os sujeitos a tais desapropriações formarão a segunda da.ssc, e viverão sob o perpétuo jugo do cerror.
3. M.is já não os dividia assim o Estatuto d.i Terra? E,defato, nãop()dcrãofazcrusodos direitosquealcircconhccccm1esc "em1ese'', muitasvezcs,1emsignificaçãoidênticaa"nomundodalua" - a todos os brasileiros, sem exceção. Mas,diráalguém,jánãocramaisou menos esta a situação, na anterior vigên cia do Estatuto da Terra? "Em tese"', sim. Mas, durante o regime militar, essasdesapropriaçõesforambastantecscassas,cselhesdcusorrateiramcntetãopoucapublicidade,quenãochegaramaoconhecimemo da imensa maioria dos proprietários rurais, Ademais, a Constituição f~eral até aqui em vigor continha dispositivos que muitas desapropriações fcit35 com ba5c no Estatuto da Terra 1ra11sgrediam. E, 35sim, a jurisprudência sabiamente firma da permitia coibir vários abusos confiscatórios. Com a nova Constituição, estes abusos ficarão desenfreados. Os proprietários rurais vi\·eram, portamo, att o momcnco, tão seguros psicologicamente, quanto ames do malfadado Estatuto da Terra.
4. Sob o b•fejo do fil•ntropismo d• •butur• e d• Non Repúblic.a ... r«rudesce • w.nh• •gro-rtformist• E havia mais. Em tese, podia-se augurar que a Nova Repllblica. tão tendente a prodigalizar toda espêcic de liberdades e favores aos que estavam fora da lei por motivos politicos e a criar em torno deles uma atmosfera de segura e despreocupada normalidade. estendesse seu filantropismo aos fazendeiros sujeitos ao pânico agro-confiseatório, cidadãos honrados, sustentáculos da trave-mestra da economia nacional, isto é, da agricultura. Mas o filantropismo do regime da abertura e da Repllblica Nova mostrou ter mão, e não contra-mão. Os benefícios escoara m todos para a esquerda . Para a classeexecradacpcrseguidapclasesquerdas, ao contrário, confluiram a difamação infundada e sistemática. a violência das invasões condenadas entretamo pelo
que imaginar se possa. Do que deu robusta garantia com um decreto que ficou para todo o sem pre esçrilo na História do Brasil. Ou seja, o dec reto de 2 de julho de 1985, que declarou desapropriá\'el para efeitos de reforma agrária o próspero e ílorescC'nte Municipio de Londrina. Se as terras de Lon drina estavam expostasatàobrutalagressàoagro-confiscatória,quemno Brasilcseapariaàsanha do Mirad? O brasileiro é bonacheirão e de bom gradoseridascoisas . Ma , riso sabe ter por vezes reflexos de irori , a que na-
Nele, a Reforma Agrária passa de simples disposili,·o de lei ordinária, revogá,·el facilmente porqualquer legislatura ordinária, para texto constitucional que só uma reforma da Magna Cana, complicada e difícil de ser levada a cabo, poderá abolir. Em outros termos, "em tese" a Reforma Agrária continuará te\'ogá\'el. Ou seja,elacontinuarátalnomundodalua.
Uma gargalhada nacional acolheu a lruculentaousadiaexproprlatóriadoGovemo, que chegouadeclarardesapropriãvelparaetei· Em conseqüência, passa a ler agora totos de Reforma Agrária o florescente muni· das as condições excogitáveis para se ciplodelondrina, noqualselnclulsuapnls· manter in oeternum no Brasil. pera cidade que vemos na loto
6. Possíveis objeções
da resiste. Uma imensa gargalhada nacional acolheu a trucuknta ousadia desapropriatória . As garras ~gro-.reformistas se Nelson Ribeiro, pessoa grat/ssima à CNBB encolheram.E Lond rm af1couasalvode eanimadoporaçodadasanhaconllscatõrla, desapropriações, como oMirad ficou a assumiu oMIRADcom propõsltosdeacele· salvo do Sr. Nelson Ribeiro, Por fim demissionário. raro agto·telormlsmo Código Penal (art. 161, parágrafo! ?, inciso li). e o confisco agro-reformista adredetiradodasombradiscretada era miliiar,paraoelevaràcategoriadeadornodaadminisuaçãopública. E para o ir executandocmpassocada,·ez maisacelerado.Ademais.paraquenenhumadúvidapairasse quantoàautenticidadedos propósitos aceleratórios do agro-reformismo ,•itorioso, foi criado o ~·linistério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário, confiado às maõs de uma pessoa gratíssima da CNBB, o Sr. Nelson Ribeiro. Este Ultimo era animado. por sua vez, pela sanha confiscatória mais açodada
5. A s.inh.i •gro-reformista vitorios.i na Constituinte - • Reform• Agrã ria se torn• irrevoghel Masasanha,quando seencolhe,nào murcha necessariamente. Pelo contrário. ela salta por vezes de seus esconderijos, com ímpc10 redobrado. É o que acaba de acontecer com a vitória, na Constituinte. do texm agro-reformista preparado pelo relator Cabral , e que reproduz basicamente o Projeto da Comissão de Sistematização, tido un animemente como esquerdista.
em fnor da nova Constituição confisutóri• - a TFP, por su• vez, treplica Aolerestasassenivas.éplausí\'elque muitoleitoragro-reformistaseponhaa rugir: "No panorama sócio-político nacional. só mesmo alguém da TFP poderia ter a ousadia, o desplante, melhorfõradizerodescaramentodcconstruirepubticar toda essa argumentação. sem fazer referência,umasóveiquefosse,aofa10
lfOI$& C.,. ANGUO IIANl:>AUO
0l"rol.l'll•kl tont,NOllftlratsaudadCI ,-,uc1n, coo,1111tom1 c1f1H11111dtftln lll TFP 1po1~do!Mlblltt,111....._doCM,
111capill,l 1111111st11.1111 2d1 11Ds1elll 1!115, d• ·
ranr, ~
111
da ClfflllillN IIÍl*I • -
u ob11 ,N nc,...,.. ~
11 clffl I Sf.
Carln Plllldodll Clffl!IO " ,\lltttnnl,\gmil
-1111su1 c1111f11nt6rll- o\pr11,r111dadlprl· udl 1 , llnt ltlt lllln , ne telh 1tr<»rtlofnllsta",
CATOLICISMO JUN HO 1988 - 3
~,?~,---
-
--.,
-#
-
{f' ~
hte documento foi p11blcltdo em seçio 11.-,. da "Folh1 de S. Pa1>lo" , ,,..11tdlç6esde22-S.Ble2S.5-88
dequcessasdesapropriaçõcssão\evadas a cabo em benefício dos trabalhadores
manuais, os quais - e as invasões bem o demonstraram - vivem à mingua em nosso Pais. A opção preferencial pelos pobres, tão insistentemente propugnada por João Paulo 11, só pode ter como conseqüê ncia a imolação da sit uação econômica dos ricos". Ninguémignora sc r esteograndcargumento agro-reformista . O que muita gente continua a ignorar obstinadamente, por mais que se publique, é a argumentação contrária, le vantada pela TFP ao longo dos trinta anos de seu batalhar ordeiro, pacífico, mas valcntc c inqucbrantávc].comraotríplicereformismo agrário, urbano e empresarial. Ou seja que:
7. As hordas de invasores não foram constituidas de trabalha.dores autênticos a) É falso, ou pelo menos absolutamentediscuti11el, queas hordas incon1idasde"trabalhadoresagrícolassubnmridos" tenham sido constituídas portrabalhadorcs autênticos , au1 cnticam c: nt c: subn utridos A caudalosa propaganda agro-reformista, nàosóiludiu opúblicodandolhea impressão de que as hordas de invasores eram cons1i1uídas por compactos -contingcntesdc1rabalhadoresruraisau1fnticos, como o iludiu também fazendo crer que a aglutinação dos componentes dessas hordas se fêz de modo inteiramente espontâneo. Na realidade, a imensa maioria dos traba!hadorc:srurais-talvc:zmc:lhorse dissesseaquaset01alidadedeles - se mostrou glacialmente: indiferent e: ao mo11imento das in11asõc:s. A prova disto c:stá c:mquc:,sc:ostrabalhadoresruraisautênticosestivessc:m fervcndodedescontemamentoem razãod csuas péssimascondiçõesdccxistência,aoseaproximarc:mas hordasdeinvasores,eles naturalmentese confraternizariam com estas, lhes abri-
4 - CATOllCISMO JUNHO 1988
riam as port eiras da propriedade: , e co m clescondividiriamastc:rrasaté aqu i pertenccntcs exdusivament e aos proprietáriosindividuais.E,bc:men1endido,apropagandaagro-rc:formistaseteriarejubilado cm nmiciar o fato. Ora, compulsem-se os jornais do tempo: onde figuram not ícias tais? O autor do presente docum ento, coadjuvado por diligcntceoperosaequipedcpesquisadores,ncnhuma encomrou,pcrcorrendodurante quatro anos cerça de 60 jornais. O qucprovaàsacic:dadc:que,scalgoassim foi noticiado, trata-se de fato rarissimo e,·erdadciramentecxcceional. QuantoàesJX)maneidadedaaglutinação dos comJX)nentes das hordas invasoras de terras, pairam as maiores dúvidas sobre ela. Seria indispensável que os poderes competentes fizessem cs1udospormenorizados e de poder conclusivo incontestá,·el sob re a natureza e a composiçào dessas hordas, para que se pudesse: formarjuízoexatosobreoquesignificamessas invasões, como expressão das condições de vida autênt icas, e das verdadeiras disposições de ânimo dos que as compõem (cfr. Plinio Correa de Oliveira, No Brasil: o Reformo A grtiria leva a miséria ao campo eà cidade, Edi1ora Vera Cruz, São Paulo, 1986, pp . 2<i a 27). Antes de: c:>tar de posse desses dados, todaconclusãosobreasin11asõcs - c:m si mesmas e enquanto sintomas de: descontentamento popular - é vazia de sentido.
8. Um argumento agro-reformista desmentido pela re.rilidade: as divisões de propriedades aarretariam melhores condições de vida para os trabalhadores
ipso /oc10 a melhoria de condições de vida para os tra bal hadores . Nem que aumente a produção. No que leva então, adivisãodoager c:mpequenaspropriedades,aexercersua tão dceantada função social? Pelo co ntrário, já foi provado de modo irrefutável e irrcfutado que a implantação da Reforma A&rária só tem por efeito a fa\·elização do campo, e o lançamento dos tra balhadorcs manu ais a uma miséria autfnticaeevideme. JánoBrasildenossosdias nãofaltam exemplos indiscutíveis disto, co mo é ocaso da introdução da Reforma A&rária em florescentes propriedades agrícolas do Pontal do Paranapanema. Trata-se, no caso, não de assentamentos quaisquer, mas de assentamentos nos quais o Gowrno do Estado de São Paulo investiu recursos volumosos, com larguí ssima propaganda etc. Leia-se, a este próposi to , a reportage m fartamente apoiada em fotografias e depoimentos dos "beneficiários" da referida reforma, publicada no mensário de cultura ··catolicismo" (n~ 447, março de 1988). Esse result ado, previu-o com argumentação férrea o magnifico livro do advogado e sócio da TFP , Atílio Guilherme Faoro. Rcfurma A grário: ''terra prometido", Ja.-f'lo rural ou "kolkhozes"? - Mis1ério que a TFP des1•endo (Editora Vera Cruz, São Paulo, 1987, I 98 pp.), oferecido como brinde aos Srs. Cons1ituimes. O livro contou com uma carta de lou,•or, no que se refere ao campo jurídico, do Prof. Sílvio Rodri gues, Catedràtko da Faculdade: de Direito da Universidade de São Paulo. Essa mesma obra foilargamcntedifundidapela scaravanas da TFP cm 173 cidades de 13 Estados.
.=e lnvasores oc upamagleba Santalda li na, em
lpelomenos !~~=-~=z~~!lnleiramentedlscuUvel, ~·~~:~~;::!~a~f~~t fa~!:queas ,s::
lnvasõestenhamsldofeilasportrabalhadob) Absolutament e por ningu ém foi provado, nos arraiais aaro-rcformistas , resautêntlcos. que a divisão das propriedades produza
- apesar da comprovada penalização sofrida pelo setor agrário desde a década de 40, fez do Brasil o maior produtor mun• dia! de café, laranja, bananacaçúcar,c o segundo maior produtor de milho, cacau, feijão e soja (cfr. FAO, Production e) Uma 1ecla sobre a qual sempre ba· Yttirbook 1984, Roma, !98S, vai. 38, pp. te a argumentação da TFP (cfr. Plínio 116, 136, 142, 184, 190,196,201,203, Corrla de Oliveira cm colaboração com 206). Ressalte-se ainda que, no ano de 1987, D. Geraldo de Proença Sigaud, Arcebispo de Diamantina, D. Antonio de Cas- a agricultura ob1evc a maior produção de tro Mayer, Bispo de Campos e e«inomis- grãos de sua história. Tal -rodução su• ta Luiz Mendonça de Freitas, Reforma pcrouacapacidadcdetransi,. 1eearmaAgrária - Quest4o de Conscilncia, Edi- zcnamcnto do País, provc. dndo perdas tora VeraCruz,São Paulo, 1960, pp. 213 de 200,,o a 250/'o em algurr:::, áreas. Este a 217; Plínio Corri!a de Oliveira - Car- ano tam bém, segundo estimativas ofilos Patrício dei Campo, S011 catôlico: ciais, o Brasil deve obter novamente uma posso ser contra a Reforma Agrária?, das maiores colheitas de si...1 história. Diantcdetãobrilhantcdcsempcnho, Editora Vera Cruz, São Paulo, 1981, pp 271 a334; PlinioCorrêadcOliveira- como falar de terras improdutivas'? CoCarlos Patrício del Campo, A proprieda- mo ameaçar de confisco propriedades de pril'ada e a livre inidatil'a, no tufão parcialmente exploradas, quando, se toagro-reformisra, Editora Vera Cru:t, São das o fossem inteiramente, correr-se-ia o Paulo, 1985,pp. !15a !64;Carlos Patri- grave risco de perda da produção? A extraordinária pujança da agriculdo dcl Campo, Is Bra:.,if Sfiding Toward rhe Extreme Le/t?- Notes on the Land tura nos últimos dois anos tem evitado Reform Program in South America's um agravamento da recessão e contribuí- J6em1986,emseullvro"NoBrasll:aRedo significativamente para que até agora larges1 und Most Popufous Country, The lormaAgrárlalevaamls6rlaaocampoeà Amcrkan Society for thc Deíense or Tra- não se tenha produzido a explosão de um cldade", 0Prol. PllnloCorrhdeOIIY!lral1dition, Family and Propeny, New York, processo hiperinílacionário incontrolá"el. vant1vaasmalss6rlasdilvldassobreaauÉ realmente paradoxo difícil de c.~pli1986, pp. 37 a 103)consistc cm que, de tenUcldadedahordalnvnorasdetern.Os modo geral, a agropeeuária muito tem car a vcrdadeira pcrseguição montada na comribuído para o desenvolvimento so- Constituinte contra u ma agropecuária agro-relormistuprudantemantepreferiram cial e econômico de nosso País. Princi- que tais benefícios tem proi,orcionado ao nloelutidaraquestão. pal fonte de recursos para o desenvolvi- País. Eanàosecortaropassoaestapcrscmento indusuia\, ela tem aerado mais de Configura-se assim um modelo de 50~dasdivisascxtcrnas,indispensáveis iUiÇão, a exemplo do que ocorreu cm Cupara o cresdmcmo da Nação. Acresceme- ba, na Nicarágua e no Chile de Allende. cooperativismo integral e cs1atalizado, sc ainda que, ao longo de décadas, sua o desmantelamento de nossa agricultura muito semelhante ao adotado em regimes produzirá fome e miséria, trazendo assim comunistas, nos quais o Estado t proprieprodução tem aumentado cm proporção maior do que a da população. Este cxcc- atristeconfirmaçãopelosfatosdosprog- tário da terra, e os lavradores são apenas usufrutuários incorporados ao processo knte desempenho, conseguido - notc-se nósticos aqui apresentados. produtivo cooperativizado, estatizado e coletivizado. 10. Uma ilusão: É oqucse verifica nas comunas chia poética contextura nesas, nas agrovilas polonesas, nas granjas dei pueb/o cubanas e nas fazendas code propriedades rurais letivas russas, os famosos kolkhozes!
9. A agricultura brisileiri vem desempenhando adequadamente o seu papel
com dimensões familiares
Grupo de "SemTsrra", dizendo-se provenlenle da região de Campinas, dlrlge,se ao PaláciodosBandeirantes,emSàoPaulo, paraapresentarreivindlcaçiiesaoGovernojlau· lista. Nioloramleltos estudossuliclentesS11breana1ureza eacomposlçlo desse e de ou1ros11ruposdoglnero .
d)Porlim,oagro- reformismocriano espírito do público a ilusão de que vai ocupar todo o ager brasileiro com uma cstruturadepequcnaspropriedadesfamiliarcs. Narealidadc,otextoaprovadopcla Assembléia Nacional Constituinte conformcoautorjáteveoportunidadcdc observar no livro Proje/0 de Cons1iwiçdo angustia o Pais ("Ca1olicismo". edição especial, outubro de 1987, pp. 152-153) -colocaos"bcneficiários"dadistribuição de imóveis rurais pela Reforma Agrária imciramente nas mãos do Estado. Com efeito: 1!) a exploração da terra serákitanecessariamcnlcrobatuteladc cooperativas dirigidas pelo Estado; 2!) a linha de conduta dos executores da Reforma Agrária consiste em não dividir a 1erracrnparcclas,mascrnamanterindivisa,dernanciraacons1imirumafazenda colc1iva.
11 . Só se compreenderia que fossem atingidos os imóveis particulares depois de esgotado o imenso latifúndio estat~I e) De mais, o propósito inabalável de não insli1uir no Brasil a p(>ttica contextura de propriedades rurais com dimensões familiares ressaha dc outro argumento que o despotismo agro-reformista também passa sob sil~ncio, apesar de constantemente lembrado pela TFP (cfr. obras já citadas, especialmente Projeto de Constitui,;4o angustia o Pars, pp. 151-152). A estrutura fundiária brasileira se compõe de duas parecias dis1imas. Uma primciraparcclatconstituidapclastcrras correntemente chamadas "devolu-
CATOLICISMO JUNHO 1988 - 5
-~,
Só depois de intei!'llmente fti la essa distribuiçio é que , em caso de co mpro• vadan ecessidade,secomprttnd eria que a Reío nna Agrá ria atingisse imó,·eis par• ticulares. a co meçar pelos inapron itados.
12. Outra ilusão:
a Reform.a Agriria só atingiri as grandes propriedades
proclama entretanto como principio básico da nova Constituição. Seja dito de passagem que a TFP, se bem que apontada freqüentemente pelos seus detratores como "medievalizante", épropensaàcontrovérsiaafávelecortês. Elanãodesdenhadereplit:aroutreplicar a nenhum dos argumentm que se lhe opõem. E o faz de boa vontade, largamente, como quem deseja persuadir, unir, somar esforços. Tais são sempre nossas réplicas. As tréplicas ... não existem! Oadjetivo"medievalizante"dcsigna, na pena desses opositores, um pendor para admirar uma ordem de coisas que teria sido a sintese de todos os males capazesdedeformarumasociedade:ignorância boçal, crueldade selvagem, despotismo total. opressão omnimoda dos desva -
tas'', pcnen~ntes à União, às quais.se: de\'eriam acrescentar as terras cadastradas f) A TFP menciona ainda uma objede propriedade do Go\'erno federal, bem ção que facilmente poderia ocorrer aos como dos governos estaduais e munici- seus opositores. É que, pelo menos, a Repais. Essas terras, consideradas cm seu forma Agrária, como ficará estabelecida conjunto, constituem o maior latifúndio nafuturaConstituição,sccingiráàsgran-inaproveitado-doMundoLivrc. des propriedades, mas poupará as méd ias Outra pa rcela é constituída por pro- e pequenas. priedades privadas, grandes, médias ou Tal argumento pode impressionar pequenas. muitos fazendeiros, pois estes são gente Bem ente ndido, as terras pertencentes sensata,quedificilmentcatinarácomas à União, aos Estados ou aos Municípios, armadilhas doutrinárias e práticas oculsãonaturalmentedestinadasàocupação tas nesse dispositivo. progressiva da população brasileira. FragCom efeito, qual a área de uma promcntaressasterras, paraas irdistribuin- priedade considerada pequena? e média? doemlotesapessoasffsicasoujuridicas Olimitedctaispropriedadesscrádefiniidôneas, em nada é lesivo do instituto da do por lei ordinária. Ora, com todo ocapropriedadepri\'ada.Muitopelocontnt- ráter de volubilidade intrínseco à lei orrio, fa,·ore«-o. dinária,emmatériasefervescentescomo Tal distribuiçãodcveatéserapoiada esta, uma propriedade hoje considerada e promovida pelo Poder PUblico, a quem pequena ou média, amanhã poderá ser F -,~incumbe primordialmente a tutela do bem considerada grande. comum.PoisosbrasileiroscaremeslápoCumpre lembrar a esse propósito o demencontrarterrasemquetrabalhem, ocorrido no Chile, quando da aplicação edasquaissubsistam;eessasterras,por da Reforma Agrária pelo governo marora improdu1ivas, passam a ser aprovei- xista de Salvador Alknde (1970-1973). tadas para o aumento da produção do Numa primeira fase, estavam sujeitas à País expropriaçãoapenasaspropricdadessuperiores a 80 hectares. E, desde o inicio, a lei ordinária proibiu à iniciativa particular o parcelamento das terras nessas
REFORl«A AGRÁRlk
~~~i!;::;mCt~i~;s~~!at:d~t~~~~~'.nna~: ma segunda fase, pouco antes da queda deAllende, parared uziraquclaáreamáximaa40hectares. Demaneiraque,para efeito de aplicação da Reforma Agrária, a propriedade média do dia anterior passavaaserconsideradagrandeesujeita, portanto, a ser retalhada. O dispositivo aprovado pela Assembléia Nacional Constituime não constitui nenhu ma garantia séria para os pequenos emédios proprietários.hojeconsiderados como tais.
No assentamento da Gleba XV de Novembro, doPontal doParanapanema, oGoverno!Jaulislainvesl lu recursos volumosos e utlllzou lar;uissimapropaoanda. Oresultadolol mais umavezolracasso , como lluslraestapobre tamllla " assentada", que certamente creu naspromessasagro·reformlstas.
6 - CATOLICISMO JUNHO 1988
A réplica do agro-reformismo a toda essa argumentação foi a mesma que manteve nas décadas anteriores, isto é, a da prepotênciacontrafci1a.Consistiu elaem silenciaranteessasobjeções,eimporaalmejada reforma "quia nominor leo": por que sou o leão, diria uma tradução livre (fedro, Fábulas, I, 5). Assim se entend e em nosso País a democratização que a maioria parlamentar
TFP ~
·---
i -- - --,U~llilo'-il Alavellzaçãodocampo, comoeleito daReformaAgrária, loldenuncladaeamplamentedocumentadanollvrodo sõciodaTFPe advogadoAtilloGullhermefaoro,oterecido como brinde aos Constituintes. Não podem eles alegar que Ignoravam o catastrõlico lato. lidos,organizaçãodavidaparaafruiçào dos magnatas da ordem espiritual e temporal. Com isto. os mesmos opositores se mostram desinformados da erudita e penetraflte produção historiográfica \'inda alumesobrealdadeMédianestesúltimos SO anos. E a TFP lhes sugere que se atualizem a tal respeito. lendo por exemplo o livro tão substancioso, erudito e conciso de Régine Pernoud, Lumiefe du Moyen Age (Hachene-Pluriez, Paris, 1982). Ou ainda, da mesma autora, outra obra, talvez maiselucidativa, Pouren finir O\'ll !e Moyen A ge {Seuil. Paris, 1979).
13. "O bem que o Estado faz é mal feito; e o mal que ele faz é bem feito" Tudo isso assente, fica bem provado que os dispositil·os da nova Constituição, concernemesà Reforma Agrária, sujeitam incontáveis proprietários a uma cruel derrocada econômica e social. na qual nãoháamenor,·antagemparaostrabalhadoresmanuais,enem paraaagricultura considerada como um todo. Esta passaráa scrregidapelomaisinepto,pelo mais despótico e pelo mais catastrófico dos macro-proprietários imaginável. Isto é, pelo Poder Público, cuja incapacidade dáprovasdesicm nosso Pais com a experiênciatragicamcntcmalogradadas chamadas empresas ''estaiais''. 0 pot::ii~ncf~~ a e;1~ª/~~1fd~~!rg:a~f1~: 1 raoprincipio cspirituoso,scbemquealgum tanto carente de matizes: "o bem que o Estado faz é mal feito;eomal que ele faz é bem feito". Dado que, em considmh·el medida, assim ~ de,·e pensar acerca de Ioda a lmensaex1ensão dos prejuíios palrimoniaise sociais11queíicanlioupos1os, por força da nova Conslituiçio, Inúmeros agrkullo res, e com eles o conj unlo da agric ul1u1111 nacional,l forçoso rtto nhecerque paraeles,comoparaos11111balhadol"l'5manuais e paT11.oP11ís, lodos05prejudicados com os ar1igos da ÍUIU 1'111 Constituição, perde1111mu ma1ucrra. Emfunçiodisto,as pequen11s melho1115 obtidas pelo Centrio e pela UDR na redação do ar1. 2l9 cons1l1uem apenas concessõcs benlgnasdove ncedorao,·encido. E nunca uma vi1órla.
14. A guerra perdida -
a vitória que não existiu Assim, a TFP afirma lhe ser impossível compreender como a nota dominante dasmanchetesdcmuitosjornaisdamaior repercussão no Pa!s so bre a aprovação dos dispositivos constitucionais concernentes à Reforma Agrária hajam deitado inusitada ênfase em que o Cemrão e a UDR alcançaram ipso fac ta uma estrepitosa vitória sobre as esquerdas, e, mais, hajam tomado sobre si noticiar os aspectos uiunfalistas das celebrações de "vitória", inserindo a respeito pormenores acerca dos quais um leitor dotado de espíri10 analitico teria mui1as ressalvas a fazer. Vi1ória? Pode-se vencer de dois modos: uma coisa é vencer uma guerra, outra ooisa é ,·encer uma batalha, dentro da guerra. Quem venceu? o Brasil? a classe dos proprietários rurais? a classe dos traba-
Ré11ine Pemoud, emseusubstanciosoeeru· dito livro " Lumiére du Moyen Age", des· montacombaseemsãlldadocumentaçãaas falsidades que se veiculam sobre a Idade seus parlamentares? lncluslveosdamiMédia núsculabancadacomunista?Ofatoéque os depu1ados esquerdistas não deixaram de retribuir ao Sr. Caiado a "polires.se". sas manchetes, teria consistido em que Pois toda a propaganda que se vem venceram o Ccntrão, a UDR e, no ápice desenvolvendo em torno deste (de análodesta, o Sr. Rona ldo Caiado. ga propaganda só se beneficiaram , até aqui, em nosso Pais, Getúlio Vargas, D. Este úhimo teve até sua candidatura à Presidência da Repúbl ica lançada pelo Helder Câmara e Tancredo Neves) visa presidente regional da UD R paraibana, interpretarorecenterevéscomo apro va qu e exdamou: " Um , dois, três, quatro, dcquc,paraosderrocadospropri etários, cinco, mil, queremos o Caiado presiden- afórmulasalvadoraconsistiriaemsereu/e do Brasil" (" Folha de S. Paulo'', nirem em torno do Sr. R. Caiado, 11-5-88). levando-o à Presidência da República. O chefe nacional da UDR desperdiçou Ora, poucos depoimentos poderiam aqui mais uma oponunidade de demons- servir tão bem ao Sr. Caiado, nestaemer~ trar seus dotes oratórios. E, cm vez de dis- gência,doqueosdosprópriosesquerdiscursar, cantou, acompanhado por um tas, que o proclamassem seu contendor grupo defogososseguidores,umasestro- máximo, eficiente e vitorioso . E da esfescujo nexo com as circuns1ãncias não querda lhe vieram, de fato, através da im~ se percebe bem: "Quem parte le,,a sau- prensa, depoimentos nessa linha, hostis dades de alguém, que fica chorando de na aparência, mas vantajosos e lisonjei~ dor" ("Folha de S. Paulo", 1 J-5-SS), rosna realidade. Assim, por exemplo, o Saudades da Constituinte? Não é mui- deputado Jo~ Genoino (PT) declarou to crh-el, pois que os próprios parlamen- que ,·otou pelo congelamento dos juros tares dela fogem quanto passivei, apro- bancários "para se }'ingar da UDR nas veitando todas as ocasiões para visitar costas dos banqueiros''('' Jornal da Tarseus torrões natais. dos quais, isto sim, de", São Paulo, 13-5-88). E D. Angélico têm legitimas saudades . Ou então, para Sândato Bernardino, Bispo Auxi liar da uma rápida excursão ao deslumbrame zo na leste em São Paulo, por sua \"eZ, deRio de Janeiro. clarou que a votação da Refprma Agrá~qualquermodo,essassaudadcsbe- ria na Constiluime (em que, segundo o neficiariam indiscriminadamente todos os jornal quedá a noticia, ".sairamvitorio-
CATOLICISMO JUNHO 1988 - 7
sos as posições da UDR'') não o surpreendeu: "Isso apenas/ai. pane do elenco de traições da Nova República para com o povo, que cada vei. se sen1e mais desencantado, enganado, espantado"(" Joroal do Brasil", 18-5-88).
Se não se pode pretender que o Sr. Caiado tenha vencido a guerra que foi perdida, terá ele pelo menos vencido, na guerra perdida, a Ultima batalha, isto é, a batalha diplomátka de concha\·os e acordos para obter um tratado de paz um pouco menos inexorável? É o que melhor se apura analisando o próprio te:i1to do art.2 19,rcsultantedosdescmcndimcntos e entendimentos entre o Cemrão e a UDR, de um lado, e as esquerdas do outro. Talseanalisaránasegundapartedo presente comunicado, a ser publicada amanhã ncs1e jornal. Se o Centrão, a UDR e o Sr. Caiado foram vencedores ou vencidos importa menos, neste documento, do que fazer o possível para que os proprietários rurais não se dei:i1em iludir sobre sua própria situação, imaginando que constituiu para eles uma vitória, o qucfoinarcalidadeaúltimabatalhada guerra perdida.
No tratado de paz entre vencedores e vencidos, as minguadas vitórias destes últimos
li
1S. P.ua os espoliados, uma saida ainda permanece - a réstia de luz ;ao fi m do escu ro tll nel Com eíeito, toda ilusão a esse respeito só retardará a grande aglutinação de forças que os homens da lavoura, agricultores ou pecuaristas, proprietários ou trabalhadores manuais devem operardesde logo para conter. namedidadopossivel, o mal que já está feito. E fazê-lo retroagir. Em outros termos, e ainda que isto pareça utópico, se os grandes derrotados de hoje agi rem com clarividênda e fibra, poderão levar a opinião pública, reta e amplamenteinformada,aobterquealegislação ordinária, a ser pro:i1imamente elaborada em matéria agro-reformista. seja o mais possível prudenle e circunspecta. Mals11.inda.Ma 1111gédia dccadaíaundciro derrocado e de cada famíli a ag ro-traba lhadoraenfa,·elada forl rva da aoconhecimento detodooPais, podr-sc es perarquedal seorigineumaindignaçii.o gcral. lndignaçàoestaqu ecrcscerádc ponto se fore m comunicados a iodo o Pais os prejuiws que a Reforma Ai:r1iria for aca rre1ando para ioda a economia nacional. E, assim, niio será ulópko imaginar que, porflm ,os legisladoressintamanecnsldadc dere,·ogara próp ri a Reform a Agriria.
8 - CATOLICISMO JUNHO 1988
1. "Justa indeniução": em;u;anhado de dispositivos confusos que nada. garilntem ao propriet;irio Texlo aprovado Art. 21 8. Compete à União desapropriar por interesse ~cial. pa· ra finsdereform aagrána, o imó· vclru ralque não esteja cumprindo a sua função social, mediame prévia eju.sra indenização em 1f1ulos da dfrida agrária, com cláuwla de preStrl'ação do mlor real, resgatáveis no prazo de até vime anos, a pari ir do segundo ano de sua ~missão. e cujautilizaçâoserádefimdaemlei.
Comentário ''Justa indcnhação'' à primeira vista
parecescrsóaquelaquecorrcspondec."1:atameme ao valor \•enal da propriedade, ou seja, opreçoqueelaalcançanomercado livre. ''Em rÍlulos da dfrida agrária'': tomase claro que o,•alor venal deve ser pago, não em dinheiro, mas em titulos da divida agrária. Tais titulostêm, na realidade, dois"valores". Uméovalornomi nal,quetrazem impresso.Outroéova· lor real que lhes é at ribuído no mercado detitulos. Esse segundo valorécronicamcnte muito inferior ao primeiro. Atualmente, os titulos da divida agrária estão sendo vendidos a 4007, de seu valor nominal. Então, pergunta-sc:avigoraroprincipioda ·:;ustaindeni:ação",seráneccs-
sário dar uma quantia em títulos da dívida agrária que proporcione ao proprie1ário agroconfiscado vender imediatamentetaistítulosnomercadooompetente,ob1cndo em dinheiro o valor exato do imó\'CI que lhe é retirado? Ou é o proprietário obrigado a aceitar os títulos pelo seu
Ao longo das décadas, a produ~ão agrícola vem aumentando em proporção maior do que a da população
& MIL~
valor nominal? Neste último caso, eviden-
1emente soa à mancira de irrisão falar em ''justai11denir.ação".Poisacompensação
obtidapeloproprie1árioserámuitoinferior ao preço do imóvel que lhe é
,
'º"~::::.~;.•,. '""'•"''''º '"' ..... -
~:::~~f~~/~~o\~f;~~;p~i;~~~i~e:~~: '•/.. fiscado é igual ao valor meramente nominaldostitulos que recebe. A não ser assim,aReformaAgráriasetornariaim~s~i;·e~~::s
~/:~~:ci~~ (~~ setd~!~~ 0
lembrar) pelo Estado por qualquer imóvel seria tão alto, que a soma das desapropriaçõcsplanejadaspclogovernotornaria irrealizável a Reforma Agrária. Assim parecem entendê-lo os protagonistas da Reforma Agrária, que aprovaram o pr~nte dispositivo sem maior oposição. Emretanto,éprecisonotar,emsentido oposto ao que acaba de ser ponderado, que o presentc anigo se refcre exprcssarnente à "cf4usula de prtstr1·açàa do 1·afor rtaf' ' dostítulosdadívidaagrária. Ou seja, ao longo dos vinte anos em que esscstítulossãoresgatáveis,éprecisoque eles não se desvalorizem. Ou seja, ainda, que não desçam a um preço menor que o preço de mercado, do imóvel confisçado. Para o fazendeiro, em que dará es1e emaranhado de textos que afirmam, que logo cm seguida põem cm dúvida, que garantem o instituto da propriedade privada, e pouco depois o negam? Asimplesexistênciadesseemaranhado dá azo a que um governo agro-reformista empreenda a aplicação desses dispositivos constitucionais no seu sentido mais audacioso. Certo número de pro-
Aagrlcullurabrasilelralemgeradomalsde 50'!. das dlvlsasnternas. Agora solreela o a~oile da Reforma Agràrla.
~
l,
,•
·
. '-1.
~- '
,."
·-r ,
'
,·f ;,• ~.- ~. ) , 'A 1 l f
.. ·
t
l f
'•,
1 ;:,._ •
-
<-;;.~,~.. _, .:-,;,;:,_,,.- •.",
-1
' -1-
1 l(t ...;,,..,,. :, /, : ~~
"
\ ' 1-,
prietários recorrerá então ao Poder Judiciário, com o que terá início um processo oom aspectos e contra-aspcctos inlermináveis, julgados, ora de um, ora de ouIro modo, _pelas instâncias judiciárias iniciais e intermediárias, e indo ter finalmente no Supremo Tribunal Federal. Nessa instância última, será natural que o mesmo emaranhado de dispositivos suscitedivergênciascntreCâmaraeCãmara, como entre Ministros da mesma Câmara. E, para que o Judiciário fixe afinal umajurisprudência,seráentãonecessário esperar vários anos. D urante todo este tempo, quantos gastos com advogados, compareceresdejurisconsultosilustres, com custos judiciários e com viagens terá desembolsado o desditoso fazendeiro desapropriado! E isto quando sua siluaçãoeconômkaefinanceirajáestaráabaladaafundoeseucréditobancáriodiminuído pelo simples fato do decreto desr~~~;t~t~~~ue, para grande maioria dos fazendeiros, o engajamento em tal processo se depare certamente dispendioso e duvidosamente vitorioso. De onde preferirem simplesmente sujeitar-se à tirania reformista governamental. E não há nesla previsão conjectura], tão-só um castelo de canas pessimista. Coisa análoga já ocorre com as desapropriações em curso. O Estado arbitra como valor juslo (interpretando assim a lei em vigor) o valor declarado pelo proprietário para efeito de pagamento do ITR (Imposto Territorial Rural), sensivelmente inferior ao valor de mercado. O que tem dado margem a longos e custosos processos judiciais. O Estado deposita o valorfiscal,eajurisprudênciaexigeque, ao fim do processo, ele acabe por pagar
pelo imóvel expropriado o valor do mercado. Note-se que as obscuridades da Constituição não podem ser resolvidas por leis ordinárias. Mas só pelo Judiciário. De sorte que não hé outro caminho para obter alguma clareia nesta ma1éria. Se aindasepodecheaara1alclarezanaobscuridade deste anigo.
2. "BenfeitoriH úteis e necessiriu": noções simples e de bom senso corrente, que • nova Constituição relegi de fato io ubitrio do Estido l ed o ii proviido Art. 218, § J~ As benfeit orias úuls e necns6rlas serão indenizadas em dinheiro.
ComenU rio Parece dever-se entender também, além da indenização em dinheiro, que as benfeitorias úteisenecessáriasserãopagas à vis1a. Para o leitor pouco versado em assuntos jurídicos, nada mais claro: O que é "útil"?-Oqueapr~ntaeíetivautilidade, responderá ele com simplicidade. E o que é "n«~ss4rio ''? - O que atende reais necessidades. Ao menos quanto às benfeitorias, o agricultor pouco experiente imaginará que está bem garantido.
CATOLICISMO JUNHO 1988 - 9
Como se engana, emreiamo! Pois Comentário compete à lei ordinária definir o que é ''úti/" e "necessário''. E, nocumprimenOs prazos processuais longos favoredesse encargo, o legislador ordinário cem quem tem que se defender. Pelo conserá inevitavelmeme influenciado por trário, os prazos processuais curtos favosuastendênciasideológkas.Seforesquer- rccemaos' 'atacantes". Nestas condições, disla,atribui rá umsemidomaisrestriti- o "procedimenrtJ (..• ) especial de rito suvoaambosessesadjetivos. Se,pclocon- mário" aqui proposto, atabalhoa e pretrário, for um protetor do direito natu- judicaadefesadodi reitodoproprietário. ra ldapropriedade,dar-lhe-áumsentido mais amplo. E, ademais, a lei ordinária 4, Pequenas e médias pode sermodificadaaqualquermomenDesde 1960 aTFPvem mostrando, através to pelos legisladores. De sorte que Cãma- propriedades: outros demúltiplaspublicações,queaatualestru· ras succssivamente mais esquerdistas po- conceitos de simples bom turaagráriamuitolemcontribuidoparaode· derãoirrestringindooconceito de útil e senso relegados para o senvolvlmentosoclaleeconômicodenosso de necessário, quase ao in finito. E, pelo Pais,sendoela, lnclusive,a principalfonte contrário, Câmaras mais imbuídas do di- arbítrio do legislador de recursos para o desenvolvimento reito de propriedade poderão ir industrial ampliando-o. luto aprovado Daqui por diante, tudo dependerá, W AG~ fR,0,,Gf /" '!STAOO' " portanto, de um lado da boa organização Art.218,§4?0orçamentofil,__Jalf , : J!!!!!!'!!!:" e do instinto de conservação que lograxa ráanualmenteovolumetotalde rem ter os proprietários; e, de outro latitulosdadívidaagrária,assimcodo, da firme articulação e da maior ou mo o montante de recursos para menorsanhaagro-reformistadoselemenatender ao programa de reforma tos deesquerda. agrária no exercício. §5~ Sãoisentasdeimpostos fePois é daaçãoquecemroeesquerda derais, estaduais e municipais as exercerem sobre o Legislativo, que ficaoperaçõesdetransferênciadeimórádependenteaorientaçãodoslegisladoveisdesapropriadospara fins de rercs ordinários forma agrária. Ademais, cumpre observar quem; Artigo 219. São insusceptíveis própriosconceitosdeúlil edenecessário de desapropriação para fins de resão relativos, e portanto sujeitos a conforma agrária: fusões insolúveis I - a pequena e média proprieAssim, uma benfeitoria é mais útil ou dade rural, assim definida em lei, menos, ma is necessá ria ou menos, em desde que o seu proprietário não funçãodascaracterist icasda cxploração possua outra; realizada na fazenda. Paraoproprietárioexpropriado,que exploravaafazendadedeterminadomodo, as benfeitoriaseram necessá rias ou Comentário simplesmente úteis. Para o assentamento que ali será instalado, é provável que As palavras "pequena" e "média" nàosejamú1cisnemnecessárias. lstopor- têm um sentido normal, segundo o bom queascarac1erísticasdaexploraçãoterão senso e a linguagem corrente. Muito de mudado. Por exemplo, poderá passar de propósito, o presente dispositivo não se pecuária para agrícola; ou de agrícola contenta com este sentido, mas atribui ao com determinados tipos de lavoura, pa· legisladoramissãodedefiniroquescjam "média" e "pequena". ra outro tipo de exploração ag rícola. Em outros termos, o dispositivo em Qualseráoconceitodcútilounecessário qu e prevalecerá : o do proprietário apreço dá ao legislador o direito de ir vaouodoassemamento?Outramatériapa- riando, conforme as leis ordinárias que sesucederem,osignificadodesses tcrmos. ra controvérsias judiciárias infindas. Desone quesucessi vasCâmarasesquer3. Processo de rito sumário distaspodemconsiderarcadavezmenor o limite da propriedade média e até o da prejudica a fundo a propriedade pequena. defesa do proprietário Este procedimento arbitrário também é implicitamente facultado ao legislador Texto aprovado ordinário no que diz respeito à grande propriedade. Pois grande será toda proArt. 21 8, § 2~ O decreto que depriedade ... que não for média nem pequeclarar o imóvel como de interesse na. E, se o limite das propriedades mésocial,parafinsdereformaagrária, dias e pc:quenas for rebaixado, cvidcnteautoriza a União a propor a ação de meme também muitas propriedades agodesapropriação. ra consideradas médias , passarão a ser §J~ Cabealeicomplementaresqualificadasdegrandes. E algumascontabelccer procedimento contraditósideradaspequenas,serãoqualificadasde rio especial, de rito sumário , para médias. o processo judicial de Tudo será, pois, dependente de um ardesapropriação. bítrio que se moverá, em última análise,
W
10 - CATOLICJSMO JUNHO 1988
segundo os pendores ideológicos ou outros, dos legisladores. Nadamaisílutuante,nadamaisindedso para os proprietários.
5. Propriedade produtiva: conceito simples e fundamental entregue à manipulação legislativa arbitrária do Estado Texto apro vado Art. 2 19, li - a propriedade produtiva. Parágrafo único. A /ei garanti· rá tra1amento especial à propriedade produtfra e fixará normas para o cumprimenro do$ requisitos rela• 1il'osa sua/unção soda/. Coment.irio " A lei": que lei? Obviamente a lei ordinária. A ela caberá, segundo a nova Consti· tuição, garantir "'lraramento especial à propriedade produth'a., etc. Noqueconsisteesse"tratamentoespeda/''? O co nceito é dos mais vagos. e serádefinidopclakiordinária. Ou seja, será mutável, de acordo com os desígnios doslegisladoresquesuccssivamenteteremos. ~lais uma vez, para os proprietá· rios, insegurança, imranqüilidade,caos. Se essa é a missão da lei ordinária, entendc-sequeaelatambémcompetede· finir no que consiste uma "propriedade produrfra''. ou seja, que requisitos deve ter uma propriedade para ser considerada '"produtii'a". O Ministério da Reforma e do Dese nvolvimento Agrário (Mirad), por exemplo, atribui - alegando estar baseado cm Iei-os maisdiversossignificadosàpalavra "produtiva" . l.Tcrrasemarrendamemoouparceria não são consideradas por ele produtivas. 2. Desde a promulgação do Esiatuto daTcrra,oconceitode propriedade produtiva (''empresa rural") foi mudand o em succssivas alteraçõcsdalei. De inicio, era considerada "empresarural"nãoexpropriá\'d, aquclaqueexplorassemaisde S0r.1 desuaárcaaproveitável. Posteriorment e esse índice aumentou para 70r.o, e agora está em 80~,.
6. O arbítrio estata l
definirá no que consiste função social da propriedade
a
··E ru:arrí normas para o rumprimrnto dosrrquisitos relatit·os a sua/unção social".
A "função social" do direito de propriedade ,·em sendo principalmente propugnada, em nossos dias, pelo Supremo Magistério da Igreja. Não constiiui ela uma novidade, no firmamenw da Doutrina Católica. Pois nestes ou em outros termos, está da preseme. explícita ou implicitamente, em numerosos pronunciamentos e cm incontáveis atiiudcs da Igreja de todos os séculos. Isso não obstante, o tema da "função social da propriedade" começou a ser maisespecialmeme focali tado por Pio XI (Encíclica Quodrogesimo Anno), embora ainda sem usar a expressão . E tanto bastou paraqueoseorifeus da esquerda católica dela fizessem tema predileto da cartilhadesuasagitadas e biliosas rcivindicaçõcs. Com isto deram-lhe muitas vezes intcrpretações a urTl tempo confusas e exageradas. Tal conferiu caráter apaixonado e polêmico a assun to nobre e de!icado, cujos contornos, ainda hoje imprecisos, normalmcntcdcveriamirsendoesclarecidos nodebateautorizadoparaoqualcom·crgissem teólogos. moralistas, sociólogos, economistas e especialistas em assuntos pastorais. bem como em obras de apostolado. Abalbúrdiacriadadessaformapcta esquerdaca1óliea,•ematrasandoconsidera,·elmentc a elucidação do importante tema. E a própria Santa Sé, tão empenhada cm elucidá-to, tem mostrado, a tal respeito, uma eircunspecção imposta, a nosso \'er, pela atmosfera de confusão e de agitação que cerca o assumo . Enquanto, com essa prudência, mas tambtmcomcssestropeços.algrcja,·em preparando cautelosamente uma cabal definição do que seja "função social da propriedade", essa expressão foi setornandos/ogonelcitoral. E,comota!, passouaestarexposta aosmaisdesencontrados vendavais. na arena política. Aessacireunstà nda se dcvc,pelomenos emparte,ofatodeque a "funçãosodaldapropriedade"scjamendonadaváriasvezesnanovaConstituição,comose contivesse um lastro doutrinário já inteiramente definido. Ora, nem sequer entre os especialistas acatólicos ou anticatólicos que tratam do assumo "função social". sem aceitar em suas reflexões qualquer conotação religiosa, se observa até o momento um consenso geral sobre a matéria. Nadadissoparecetersidotomadona devidalinhadecontapelosConstituintes de 1987-1988, os quais jogam com a "função social", explicita ou implicitamente, como se fõra moeda corrente, de valor já inteiramente mensurado. Com isso, introduzem eles no,·o elemento de confusão no País. Jáseviuqueo legisladorrcscrvouparasidefiniroqueépropriedadeproduti-
CATOllCISMO JUNHO 1988 - 11
~
va. Aqu i elevai maislonge,ereservapara si o direito de definir no que consiste a funçào social a qu e está sujeita toda propriedade,equaisasnormasapamarem o exercício dessa função . Aditadura estatalsobreaagricultura vai se afirmando, assim, cada vez mais ampla. E o Estado, cada vez mais absorvente. Vaiaparecendonohorizonte a fi. gura de um Estado que dirige com mão deferrotodasasatividadesdeumainfinidade de corpúsculos agrícolas pseudo-autônomos. Ou seja, o Estado será, na realidade, o grande proprietário, segundo os princípios do capitalismo de Estado inerente aos regimes marxistas. Maisumavez,paraoinfelizproprietário,tudoéaquiindefinição,arbitrioestatal e enigma.
7. Em tudo o proprietário fará o que o Estado quiser, quando quiser, como quiser
Texto aprovado An.220.A funçãosocial é cumprida quando a propriedade rural at ende,sim ultaneamente,segundo critériose grausdeexigências estabelecidos em lei , os seguintes requis itos: I - aproveiramento racional e adequado ;
12 - CATOLICISMO JU NHO 1988
Osagricultoreseostrabalhadoresrurais(comoestesque, nacldadedeSerrila - PE, ouvematentosumapalastrapromovidape8 1 1 ~ai:PJ'J~:s~~.~~~emc:~ gr!~~ ~~~o~::i:~ naConsliluinte
!~
Comentário Compete ao Estado defini r no que consiste tal " apro1•eitamento racional e adequado". Ou seja, o Poder Público determina o que deve ser plantado, quando, segundo que técnicas, e onde; como prover à conservação ou recomposição da fertilidade das terras etc. O Estado é o diretor, o senhor. Ele tem os poderes inerentes ao dono. O que é o proprietário? É apenas um funcionário do fatado para fazer o que o Estado quiser, quando este quiser, e como quiser. Em outros termos, é mais um vez o agrocapitalismo de Estado,decaráterclaramentemarxista, qu e aqui se define .
8. Como no regime marxista, atribuições características do proprietário passam para o Estado-proprietário
Essa atribuição é característica do proprietário privado. No regime marxista, ela passa naturalmente Estado-proprietário. " Preserm çâo do meio am bieme". Numapropriedadequetenhaterrasincultas, precisamente para a preservação do meio ambiente, e por imposição do IBDF, ao proprietário nestas condições o Estado pode apertar com os dentes de uma tenaz. De um lado, o IBDF obriga a manter certas terras incultas, para a preservação do meio ambiente. De outro lado, o Estado as confisca porque essas terras não são cultivadas. O que fará o infeliz proprietário, seja ele grande, médio ou pequeno? Só poderá recorrer ao Judiciário, num processo longo, dispendioso e cheiodeincertezas. Oqueequiva!eadizerque, namaior parte doscasos , preferirá não se defender. Atirania estatalafloraaquimais uma
9. A perda de uma simples ação trabalhista permitirá ao Estado dardejar sobre o proprietário um decreto expropriatório Texto aprovado Art. 220, III - observância das disposições que regulam as reUlções do trabalho; Comentário Nos termos deste dispositivo, bastará queumproprietáriopercaumaaçãotrabalhista, para que o Poder Público alegue violar ele "disposições que regulam asreUlçõesde trabalho": de onde se lhe pode dardejar um decreto de expropriação confiscatório.
1o, O Estado é que determina a quota de bem-estar de proprietários e trabalhadores
Texto aprovado
Tedoaprovado
Art. 220, II - utilização adequada dos recursos naturais disponfveis e presen>açâo do m eio am biente;
Art. 220, IV - Exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
Comentário Comentário Ao Estado cabe determinar quais são os "recursos naturais disponfreis", ou seja, dos quais é possível e rentável dispor.
OsemidoditatorialdoEstadoaparece aqui de modo ainda mais saliente. Pois ao Estado caberá definir no que consiste "o bem-estar dos proprietários.", tanto
quanto ·•o ~m-ntar dos trabalhadOrt's'". Ou seja , tomo a quota de remuneração atribuídaacstcsouàqueleséreguladapelo Es1ado, ele é que determina quais as oondiçõcs mínimas do bem-estar a que podem pretender os proprietários. E os trabalhadores. Ou seja, o Es1ado pode reservar para si, a título de impostos ou qualqul;'r outro, a parte do leão. E graduar à sua vontade o tamanho das migalhas que deixará respectivamente para os proprietários e para os u abalhadores.
medeassessoresqueoEstadode\·eráouvir,eonsdentedanc-nhumavaliada sua participação, provavc-\men te se desinteressarão dela. E o Estado agirá eom os braços livres, que é o que continuamente lhe visa propordonaT a Constirnição nova. " Lei·a11do em tonta ": quem levará em eonta? Essencialmente, quem fizer a lei ord inária. E, portanto, é o próprio Poder Público que levará em conta, segundo os moldes e os critérios que emenda.
11 . Na formulação da política agrícola , a participação dos setores privados se reduzirá a função meramente consultiva
12. Pouco ou nada escapa à tirania estat.111
Te, 10 ap rovado Art. 22 1. Apolltlcaagrfcola serd planejada e executada 11a forma da lei, com a participação e/etil-a dos setores de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, de comercialização, de armazenamento e de transportes, le mndo em conta , espeda!men1e: Comenl;irio
··coma particfpaçdo efetfra ": no que consiste essa participação? No exerddo de uma função merameme consultiva, pois toda decisão cabe exclusivameme aos que fazem as leis. Ou seja, "a polftica agrícola serd planejada e executada na forma da lei". Mais um vc-i, esse enxa-
Tedo aprov.1do Art.221,1-lnstrumcntoscrediticios e fiscais; 11 - Preços compatíveis com os t ustos de produção e garantia de tOmcrcializaçào; Comentário Note-se bem: até a fixação dos preços ficará a cargo do Estado.
Pio XI começou a focalizar mais especialmenlea' 'lunçiosoclaldaproprledade'',na Enclcllca " Ouadraoesimo Anno" . embora alndasemusaraupressão
Tedo aprovado Art. 222. A destinação de terras públicas edevolutasserácomparibili:Ilda com a politica agrkola e com o plano nacional de reforma agrária.
Tedo aprovado
Comenlá1io
An.221, 111-incemivoàpesquisa e à tecnologia; IV-assistênciatécnicaeeJttensão rural; V-seguroagrioola; VI - cooperativismo; VII - eletrificação rural e irrigação; VIII - habitação para o trabalhador rural. § 1? Incluem-se no pia11ejame11tn agrícola previsto ncste artigo, as atividades agroindustriais, agropecuárias, pesqueira e ílorestais.
Evidentemente também essa amplíssima "compaliblli:açõo" ficará nas mãos do E.n ado, como nas mãos deste já estão o PNRA e a politica agrkola ...
Comentário Ou seja , pouco ou nada do que se pode fazer no campo escapa à tirania estatal. O ''planejamento agr{co/a''aquí aludido evidentemente será feito pelo Poder Público ...
Telto .1p1ovado Art. 222, § I? A alie-nação ou concessão,aqualquertítulo,deterras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares a uma só pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional. Comenlá1io Mais uma modalidade de interferência esiatal.
Telto aprovado Art . 221 , §2? Serâocompatibilizadas as ações de política agrírnla t reforma agrária. Co mentário "Campatibili:.ada·· por quem? Obviamente pelo Estado. E como as •·ações Detlaraçõesc:omoadeO. An;élico Sinda- de ... reforma agrária •• estão sob a direlo Bernardino, que fazem acredllar - em- ção dele, tendem a dobrar-se a essas as bora criticando-a- numavllórlada UDR, "ações de política agricota··. O Estado, sempre o Estado a dominar. acabam favorecendo essa entidade
Texto ,1p1ov.1do Art. 222, § 2? Excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as alienaçõcsouconcessõesdeterras públicas para fins de reforma agrária. Coment.irio Obviameme.Poistaljáestánadependência do Executivo.
CATOLI CISMO JUNHO 1988 - 13
Comentário Mais atribu ições para o Estado.
15. Usucapião-relâmpago, sempre em detrimento do proprietário Texto aprovad o
13. No fim de tudo, os "beneficiãrios" da Reforma Agrãria não receberão o títu lo de propriedade, mas uma simples concessão de uso Tedo ap rovado Art. 223. Os Mneficiários da
distribuiçãodeimó\eisruraispcla rdormaagráriareceberãotítulosde domínio ou de concessão de uso, inegociáveispeloprazodedezanos.
Oparilgrafoúnlcodoarllgo223dotexto aprovadoequlparaveladamenteocasamento ao concublnato, para elellodeRelormaAgrãria. Oque lira todaa precedênciado matrim6nio católico, sempre monogãmlco e lndissolilvel -doqual a SagradaFamilia (foto)6 omodeloperfello -sobreasuniões Ilegítimas.
Art. 225. O trabalhador ou a trabalhadora não proprietário de imóvel rural ou urbano, que possua como seu, por cinco anos ininterrup1os, sem oposição, área de terra não superior a cinqüenta hectares, tornando-aprodutivaporseutrabalho, ou de sua familia, tendo nela sua moradia, adquirir-l he-á a propriedade.
Co mentá ri o Segundo ficou excelentemente demonstrado no livro Reforma Agrária: ··,erra prome1ida", Jai•ela rural ou ''kofkhozes"?- Mistério que o TFP des~·enda, do ad\"ogado e sócio da TFP, sr. Atílio Guilherme Faoro, toda a tmdfncia da Reforma Agrária brasilcira consiste em tornar raras e como que inexistentes asconcessõesdetítu!odepropriedadeaos "Mneficiários" da Reforma Agrária. E fazeraestesmerasconcessõesdeuso. De sorte que a propriedade da terra tocará, toda ela, ao Es1ado. E. assim mesmo, o uso concedido aos "Mnefidários" será temporário. Em que condições essa concessão de uso poderá ser cassada? Evidentemente, taltambémdependeráda lei.Ou seja, do Estado! Como sistema de pressão eleitoral, nada melhor. Se a maioria dos "benefitiários '" de cena zona não derem vitória aos candidatos governistas, poderão ser cassados ao cabo de 10 anos. O que é feito.então, da liberdade de voto dos brasileiros que 1rabalham no campo? ou dos proprietários que trabalham no campo? Está dest ruída pelo pre• sente dispositivo. Poder-se-á objetar, é verdade, que o \"0t0 é secreto. E que, portanto, o Poder Público não saberá em quem \"Ol0u cada eleitor.Masbastaráqueelesaibaqueem determinada:i:ona a maioria é contrária aos seus candidatos, para que fulmine com sua cólera, por meio da cassação da concessão de uso, os concessionários localizados em terras aonde ta l "desobedifocia" se tenha verificado.
14 - CATOLICISMO JUNHO 1988
14. Circunlóquios para favorecer o "amor livre", caracteristico das legislações comunistas Texto a.provado Art.223,Parágrafoúnico.Otitu lo de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, indepemementedoestadocivíl, nostermose condições previstos em lei.
SãoBernardodeClaraval(1 .091-1 .153)lmagemdaAbadiadeSolesmes(França). O "DoctorMelifluus"comp6saadmlrtivelsilplica à Mãe de Deus, que llcou conhecida Tantoscircunlóquiosnãoservemse- como o " Lembrai-Vos" . não para dizer veladamente que o casamento ê equiparado ao concubinato, para efeito de Reforma Agrária. O que ê inteiramente coerente com a legalização do Comentário "amorlivre"'eaaboliçãoda propriedade privada, caracteríslicadas legislações Bem entendido, esta forma sumaríscomunistas. sima de usucapião só se dará nas terras ,.do Estado, na medida em que este último consinta em tal, por sua negligfncia. Texto aprov,1do Pois, em principio pelo menos, o Estado de\·e estar inteiramente aparelhado para Art.2 24.Aleireaularáeliminotar e fazer cessar ocupações dessa tará a aquisição ou o arrendame nnatureza. to de propriedade rural por_pcssoas Assim, este artigo é, todo ele. voltafisicasouj uridicasest rangeirasefido contra os proprietários particulares. E xaráos casos que dependerão dc auestabeleceuma:espéciedeusucapiãorctorização do Co ngresso Nacional. lãmpago, em favor de astutos ocupantes, e em detrimento do proprietário. Comentário
16. T.i(H() melhoriu alcançadas pelo vencido, no tratado de capitulação e paz Ao cabo desta análise, íicará o leitor comamclancólica ccrtczadc que a 'ºvitóriadaclasserural'º,tãogalhardamcn· te comemorada cm seguida à votação combinada entre o Ccntrão e a U DR de um lado, e as esquerdas do outro, foi inconsistente para ela. Poisas próprias palavras " propriedade produtfra'' que certa propaganda lhe aprescntara como es· cudo inquebrantável dos proprietários diliaentcs e capaies, é sujeita a interpretações e contro\·érsias sem rim. lstoscmconsideraraindaoutrosdispositivos a figurarem na nova Constituição, cntretanto aceitos pelo Ccntrão e pela UDR, os quais limitam, corroem e minam a propriedade agrícola. Fica, pois, confirmada a tese da TFP de que as "conquistas" assim obtidas em fa\"Or da classe rural de nenhum modo podem ser vistas como vitória numa gucrra, ou simplcsmcnte a vitória dc uma batalha, dcmrodagucrra. Mas tão-só como algumas tantas melhorias alcançadas pelovcncido ,nahoradotraiadodecapitulação e paz.
17. "Guerril n.u estrelas" Estaéaverdadescm\·éusncmmaquiaaem que a TFP se julga obrigada a anunciaraoPais,cmumcsforçoingente todovoltado,dcformaintciramemcdesinteressada, para a defesa da Pátria e da civilização cristã, contra a penetração crescente da influência comunista. Neste fim de século e de milênio, nestes dias de confusão e de crise, em que \·e· mos estenorar e caminhar para a morte todo um mundo entregue ã falta de Fé e àdegcncrcscênciamoralscmpreccdcmcs na História, constitui árduo e arriscado dever a proclamação da verdade, só da verdade,cdctodaaverdade,abrangidas na noção genérica de verdade também aqueles conceitos simples e elementares que não eram outrora mero patrimônio espiritual dos doutos, mas que constituíam a riqueza de alma até dos pobres e dos simples, a quem o Salvador votava dileção especial. Conccitosque,elcstambém, nãorarasvezesscobscureceramemnossosdias, não só no espírito simples dos pequenos, como no das elites. Ou melhor, no arrcmcdodeclitesqucexistenestemundo, no qualoquerestadcelitesvcrdadcirasestá morto,ouagonizaemudecidocrelcgado a um canto pela propaganda. Falar por que, então? Bradar por que? Expor-se por que, a tantos ódios e a tantas vinganças que se erguerão provavelmcnt~em seguidaaestapublicação, com o sinistro açoite das calúnias, dos
taaguardam ,resignadoseesperançosos, osdiasemqueparacadaqualseabrirão as ponas do Céu. E a Igreja gloriosa, que nosfastosenassacraisalegriasdesuafelicidadesem fim vê Deus face a face, e com clamor incessante implora a vitória da Igreja militante. Estas são as estrelas que constituem o firmamento de alma do verdadeiro ca1ólico. Amcracriaturaquenoápicedelc se encontra, "pulchra ut /una, e/ectaur so/"("formosacomoalua, brilhante como o sol" - Cant. 6,9), é Maria Santissima, a quem São L. M. Grignion de Montfon qualificou de o "Paraíso de Deus". Quandotudoparecepcrdidona Tcrra, ou quase tanto, para o católico nada ainda está perdido. Pois o caos humano nãochegaatées.sas "cstrelas".Eocatólicosabequeclecontinuanas"estrelas" asuaguerraquando,doseiodasanglls!ias 1errenas brada para aquela que é a "EstreladoMar",a"EstrelaMatutina". E a Ela pede ajuda em favor da Cristandade oprimida. Ostermosdcsuasllplicasãotãosimples, tão persuasivos, tão es1imulantes que valem por um antecipado cântico de vitória.Nasceueladoslãbiosdulcis.simos Virgem da Visitação- Fael'ladaoeste, c3- do grande doutor, a um 1empo guerreiro tedraldeRelms{1.212·1 .300), França. Esta e melifluo ("Doctor Melijluus''), São obra-primada escultura gótica, surgida no Bernardo de Claraval, do século XU· séculoposterioraodeSãoBernardo, expri"Lembrai-Vos, ó piíssima Vlraem me bem a bondade malerna da " piíssima Maria, que nuncaseouviudizerquealVirgem Maria". 11umdaquclcs quetêmrecorridoàvossa proleçio , implorado a vossa 11sslstência e reclamado o ,·ossos~orro, fosse por Vós desamparado. Animado eu, pois, sarcasmos e dos estrondos publicitários de com iicual confilmça,a \'(}'j,óVirgem t'n· estilo? ltt lodassingular,comoaMãettcorro, Nossa época conhece, surpresa, a ex- de Vós me •·alho, e, gemendo so b o peso pressão "guerra nas estrelas", que em ou- dt" meus pecados, me proslro a vossos tros tempos pareceria incompreensivtl. pis. Não despttuisas minh as súplicas, Em sentido todo figurativo, o presente óMiedoFllho deDeus humanado, mas !anceda TFP é,aseu modo, um lance de dignai-Vos deas onirpropíclaede me "guerra nas estrelas". alca nçar o que Vos rogo. Amém". Mui10 para o alto deste pobre mundo, que rola para o abismo, paira um passado carregado de tradições e de valores Então,daquipordiante,serásó"nas cri~tãos, que jamais se conseguirá apa~r. Pa1taumaHistóriacarregadadetragéd1as estrelas" a ação da TFP? ededcsditas,naqualinclusivcnãofalJamais. Se imploramos o auxilio da tam os crimes. Mas pairam também as re- Santíssima Virgem, é para que Ela nos cordações de heroísmo sacral e épico, da ajudenaaçãoadesenvolvcrncstaTcrra. ascensão moral e cultural sublimes, de Ação "pão, pão; queijo, queijo", com os socrguimento simultâneo de todos os ele- olhos posios, mais do que nunca, na reamentos do corpo social, do esplendor da lidade terrena. Enaobservãnciaexatada ins1i1uiçãoda família, de santas e castas norma bem conhecida, segundo a qual alcgriasedeabençoadastranqOilidades cumpre confiar cm Deus como se tudo deque foram a glória e o tesouro da civili- pendesse d Ele e não de nós. E agir como zação cristã. Paira, por fim, e muito prin- se tudo dependesse de nós, e não dEle. cipalmentc, no que tem de divino, de perene e de reluzentes esplendores espiriSão Paulo, 19 de maio de 1988 t~ais, a San_ta lgr~ja militante, irmã quePlinio Corrêa de Oliveira rida da lgreJa penitente. Os membros desPresidente do Conselho Nacional
CATOLICISMO JUNHO 1988 - 15
A REALIDADE, concisamente: • MI SSA tm lurtiros. - O altar passaaserumatoalhabran ca e;sten dida sobre a terra. Ao
somdepanddros. chocalhos e atabaques, entoam-se cânticos evocando Zumbi dos Palmares. Na oferenda. milho.água e ílores-prcsi:ntescomunsaosoriW,"di,·indades''pagãs - substirucmoplocovinho,enquantose sucedem frenéticas dançai ricuaisafricanas. Estapstudo-liturgia - o!)fla dacmtcrrci rosdeumbandap0r eclesilhticos"católicos progressistas''-jáse difundeporl6Esradosbraslleiros. FreiRaimundoSantos,a.rn,ssornacionaldosagentesdepas1oralnegros,franciKanoda ParóquiadcSão J oãoBatista,em SãoJolodoMeriti(BaixadaAuminense),pltiteiaumpassoalohn: quertntroniurnasigrcjru;ima genJquerepresenremosincretismoen1res.amoseorixb. E va1icina,romsurprendentesegur.mça: "Btt I o desafio rxm.J o futuro''. Aiéonde nos conduzirá esse processo de autodemolição da Igreja?
por verem nisso um abuso da in formática. Tal medida, sem dúvida. parece ajustar-se melhor aos padrõesdasociedadetotalitáriafigurada por Orwcll do que ao "omericon .,,,-ayoflife". "CHI NAalndaper.if:11:ue ni 161kos. - Ou- Bispo de Changai, [pa1ius Gong Pinmei, presoem 19S3apósorompimcntode relaçôesdiplomáticasemreaChínaeoVaticano,somcntccml98S r«ebculibcrdadecondicional.E agora.cumpridacstaúhimafasc dapena.11umararacntrevista, declarouque11ãohámotivoparacomemoração, pois "exisltm 01mosra1óliCOJqueron1inuam prncs". Comosevl,apesardobombardeiodeno1lciasnamldia do Ocidenttexaha11doumasuposta "abertura"' chine~. existe pelo menosparcetadaqucla50Ciedade queaindanãoviuascorcsda tal libcrdade:adosca1ó!icosrealmcn1efiéisisua Igreja. • PC CHJ Nf.S: coma m formlgn! - O "Diário do Povo" , órgão oficial do Partid0Comu nis1achin~.dcuumcons.eltminé-
• MÃES ... ai nd a? Dissemina-se, com uma celeridade cspan10sa, 1 f«undação anificialnos Estados Unidos. Atai ponto.que-scgundomédicose ad\"ogados-opróprioconcci10 dematernidade(atéaquiunÍ\"Oco).-emsofrendouma acentuada ehorripilantctraruforma<;ão.Assim.nojargloquotidia11odehospitaisetribunais,jáapar«emcomumeniealusõesàmãe/egal, genl1icaouges1unte. Masocaráter macabroda si· tuaçãonãosedetémaí. Discute· se.inc!usive,seacriança-atin&idosos l7anos - adquircou niloodircilodcsabcrquaissão seus pais biológicos ... Enquanto a Justiça alemã. poruemplo,pronunciou-seafa,·ordessedirei1oquca»istcaos adolescentes, 1 Suprema Cone. nos Estados UnidOi, ainda não tem posição firmada a respeito! • .. ESA D ELO ol"o'·elliano. "Agora osoverno estànosst· guindo do berço O sepultura'", protestouTimWilbum.lidcrsindicat do Texas, recusando-se a accicaromimerodeidentificaçào parasuafllhadcseteanos. Co111raoregis1rocmcompu1adorcsoficiaisdecadacriança, apar1irdoscincoanosMidadc, i11surgem-se assim norte americ.a11os de \"árias latitudes, 16 - CATOLICISMO JUNHO 1988
ditoaopovo:reforcemsu a.,dic 1asalimcmarescomendoformi· gas ... "Emboraasformiga$$e-jtJ.m pequena$, não podemo$ desprr...d-las". dizo,iornal,acres-cemando que estes insetos são abundantesnopa!s. A nocicia procura dar ares cientificosaoa.»unto:asmulheresemfasedeamamentaçãoque comeremumensopadodeformigascomfeijãoreforçarãoa!actação;caldodevinhocomformi11as, um bom tô11ico antireumático ... Segundo o artigo, cxiucm 20organiiaçõcscientificasnopa/spcsquisandooscomponemesnutriti,·osda1formigas lmaginemoquediriam(melhor:comourrariam!)asesquerdas-espccialmen1efarfalhames emnossaPátria-scesscescandalosocons.elho foss.edadopor algumgovernodepaiscapitalis1a! Provindo a noticiada China ,~,,.elha,porém,oscsqucrdist.u dela não tomamconh«imento, prderindocominuarateccrloas aumasuspeita'"sino-abcrtura"' para o Ocidente ... • INU1 Gf.NC IA que oprime ld rados. -Sendoa linguagcm expressão do ptnume nt o,
Almlrantt 1trmhlc1111rt1 lideres °'ldtn1'1s: • •Ktwrlcl pauw • d1tn1
d.a E1111p11mhl1$1(1d.aupacld1dtbtliun1w.,mlou9unda1,o!ltlC1
IM Gtr!Mellev! 111 flito. Aeagu um o .irt11ntt IIIIU.
• OF.SCON FI E.M de Gorb achrv! - Ourante conferência pro11unciadaparaofitiaisdaAeronáu1ica,o l11spetorGcraldas Forças Armadas da Alemanha Federal. Almirante Wellershofr. advtrtiu: "lt n«CSQrio pau/ar n l.WQS n/o,ros dt def~a (da Europa) emfunç{Ja da CtJ.piKidade militar= e de seU$ a/iudos", c não seaundo "osnovospensomentospollticos"propagados por Gorbachcv. A 11otícia é do "Frankfurttr Al!gemeine Zeitun g". Comaclarezaeprecisâoquetão bcmcaractcrizamosteutõnicos,Almirame alcmãoace 111uouque Moscounãorcstringir,s.eusplanoscstratégico-mililarcsemvirtudcdocontrokdc armamentos, mas procurará até "se possfrel amplid-lt»"', pois "ofor/al«imen10 da potência militar rom·tncionul du Rússia e o aumen10 de sua capacidade de in,·tUilo s4o q/'UIS com "- doutrina militar soviltica".
empobrecendo-se aquela, necessariamenteacapacidadedereíletírvai-sea1rofiando.Sianificat i,·o,pois.nes1es.e111idoéodepoimentodaprofessoradeFilologia eLínauaPortugucsa,daUni,·ersidadc de São Paulo, Marleine Paula,es1ampadonumma1utino paulis1a: "/; impon/\'c/ negur a d«adéncia e o dnpnstfgio da Lfnguu Por1uguesanasduaslil!ima$d/codus. em iodas os nlvcis s0<:io«oniJmico$. Ase/asses inc-u/1as ussimseman1/veram,e,en1reos falaniesquepuderam reracesso iiesco/u,observo11-se1ensivtl t JXIWIU/inareyressão.A /(11g11aora/ da juventude 1ornou--secodo ve~ muispot,ree,âro,IIS(ri1upclug1: ritJ..quuserqrtdiuao nuígiodas Ungurumonossildbic:vs.NaeKrita, incopacidade de ur1icu/ardoi.s penwmtn/0$. "A mesma indigência oprime amaioriadosletradQSquepre1e11stJ.men1ero11s1iwema 'clOSMcul1u'des1eJX1is:pro/essortSquenru uulu$eS1rop/amo,wndculo,bu rocrrmisquec/audlcom nusfórmulas mai$Simple$ de reduçõo oficial,advogadosquemalsabem redigirumape1/ç{Jo,}orntJ.lis1ase outrQSromunlcadoresparro$dt r«ur$OJ", • ACO Kl>O ,·1n11Joso! - É sabido que a Rússia '"!'·e nadepcndCnciadosalimcmosqurreccbcdepa(sesc.apitaliscas,sobre!udodosEstadosUnidos.Emretamo.essamcsma Rússias.edispõcaempres1ar 25-0 milhões de dólares ao Go,·crno de Pernam buco para que Mi&uel Arracs possa construir a Ferrovia Transnordestina! Os soviéticos formulam uma exigência: parte do empri's1imo chegaráaoBrasilsobaformadc máquinascequipamentosfcrroviáriosproduzidospelaRússla.E o pagamemo de,·erá s.er feito em g~ncrosalimenticios.comoaçúc:ar e óleo de soja. bem como produtos i11dus1rializados brasilciros Ora. ninguém ig11ora - o próprio Gorbachcv não mais ocul1a-queosprodutosfabricad0ipel0ipaisescomunistass.ão dcpéssimaqualidadc.Osimprcstávcistrcnshúngaros,porcxemp!o,Qucforameompradospclo Brasil, anosatrás,ficaramfamosos ... Demodoqucosalimentos br.uilciros,aoquctudoindica, scrãotrocadospormáquinasobsoletas, enquanto a Rússia apro,·eita-se. como sempre. de tais rclacionamcmoscomerciais paraC!tpandirs.eustentàculos ideológicos ...
É Deus, realmente, autor das Sagradas Escrituras? não houve alui rindadoctu. nem foiouvidaavoidcCristointr'"PandoSaulopcrscguidor: pclorontrãrio,tudoseresumiuem "reflexões" que Paulo fez! E a cegueira com que, conforme narram os Atos dos Apóstolos, not cap.9,8e22, ll,naocasiãoDeus fcriua Paulo.-ficatransformadaemmcracegueir1in1er/or,em durezadecoraçãodeSaulo ... to que o leitor consia1ará, examinando os referidos quadrinhos, que reproduz.imos nessa mesma página.
T EMOS ANALISADO, ffll aniaospublicados ncstcmensArio
(l),alsunsdosgra,·eserrosque a ~m dizer se muhiplicam na obraca1cquélicaproaressina,ern onze volumes, do lrmlo Nery FSCe Lia D'Avila JannoniSF. Mosmi.ramoscomo.renovan-
do,·elhoerromodemista,condenadojájM,lol'apaSãoPioX,os referidosautoresdestroçamacredibilidadcna ,·trac/dodthlstórlcadosEvanielhos.-Veracidadeesta-imponaaliésmuitofrisar-defundamentalimportAn-
cianaApologélicacatólica. Acrescentemos outro dado a respeito.
Os 73 livros da Bíblia : uma questão de ··seleção ·· ..
OApóstoloSãoJoàoafirma scremreuistobfe1ivl',l$&Scoisas porclcnarradascmscuEvangelho: "E.stt-cscreveoEvangelista.falandodesipróprio - 1 o discípulo que d4 ttsttmunho dtstiH COÚIIS ,t foi quem <U UCrt• ,-.u;(... ) H 4p0rlmmufriuoutras
cois<ls que Jtsus
Jt:"
(Jo. 21.
24-25).-Mas1hcrcsiamode1nis1a-queSJ0PioXqualificou de"sfn1~de1odasashertsios·· (2)-atacoucompanicularempcnhoa,·cracidadehistóricado EvangelhodcSãoJo!o:eisto. porqucclcrcalçademodoe$pc· ,:ialadi,;ndadedeNo$.$0Scnllor Jesus Cristo. Assim. afirmavam os modernÍStllS que "as n(,rr{J(M deS4oJ()(Jon4osJJoproprlmntn· tt histdria.s4oumacomempfaçdomísticadoE>·orrgelho;osdiscur:ros[deCrisio]ronridruemseu E>·arrgelhos4omeditaç6esteoldgi1Xl!!sobreo mistiriodawl\'açào. dcstirui'das de verdade histdrica" (3 ). Essecrrofoicondenadopor SãoPioX,norh:creto"Lamentabili" (4). -Não obstante tal condenaçãopontiffda,o Irmão Nerye Lia Jannoui ensinam às crianças: ··SÃO JOÃO, o Evangtlista, rrdoquisbasear-s,t rrosautores amuiores [os trkoutros Evangelistas] etnr4oescreveu coiJas nov.u. m ,u jd mi forma dt t'tfluiJoemnt/1Qf4osobreJnus" {volume·'AssumimosnossaHistóriadeSalvaçãoemJesusCristo ... Ed. Paulinas, São Paulo, 1984,9!ed .• p.ll-negrilos nossos).
Uma " conversão de São Paulo" negàdora da narração bíblica Apresentemos um Ultimo ucmplo nHK sentido. - Novo-
hw 11.1 rr.1ç.io em quidrinhos da converüo de Slio P1 ulo, di ui~ quesc do Irmão Nery, Li1 J1 nnotti , , , cu u o ff l110 bibl ico do rei~ rido,pilOdio
lumc ' 'ScguimosJesusCristoem suaComunidade'',o lrmão Nery eLiaJannoninea:am-implíci1ama1incquivocamcmc-aYera-:idadch.is16ricadanarraçãobiblicasobrcaconvcrsãodeSão Paulo.fcitapclosAtosdosApóstolosnocap.9.1·18,bcmcomo noscap,22,6-16e26.l2·20. (Nãoentraremosaquiemto· dosospormenoresdaquestào, paranãoalongardemasiadamcn· teestcanigo, As.sim, não trata· remos das rontrt1diç6es entre o que o Irmão Nery e Lia Jannoui afirmam numa pjgina eo que ele$escrevemnoutra.nafü;ãorclati\'aàconversãodcSãoPaulo: pois i' conhecemos. por nossos anigos antenore:s. e:sta notaca· racteríscica de sua obra catequCtica ... ). A Sa,rada Escritura narra quePaulo.cmãoftrozpcrs,cguidordaJa:reja,aproxima,a-se dc Damasco,ondeiaparaprendcr
os cristãos da cidade. "De repente -prossegueanarração-umo luz vindu do ciuo envolvtu de claridude. Caindo por terra, [Paulo]ouviuumav0lque/hedi· Ziu: ·Sau/o, Saulo. por que me pcrstgues?' Ptrguntou ele: 'Quem istu, &nhor?' Eatt: 'Eu sou Jaus, a quem persegues, (. .. )'.0,.companheirosde,·iagtm [dePaulo]( ... )[cst1v1m]mudru de espanto; elts ouviam bem a vo.:,mast1ninguémvlam"(Atos
9,3-7).
- O Irmão Nery e Lia Jannoni poro!m escr~"t!Tl: "Sauloarrofliou soldados e partiu [para Damasco]. No caminho Paulo damalouttn-eumare,.'elaçãode Jesus'· (op. cit.. Ed. Paulinas. 1987. 13~ ed., p. 80- negrito no»o). Enahistóriacmquadri• nhosqucilustraotel<IO•bascdes• ,salição(op.cit .• p.79),acriançaaprendcquc-muitoaocon• l ráriodoque narra a Bíblia -
ABíbtiaCfonnadapc:lacolcçãode73 livros: 46delcsforam escritos.aolongodcsé<.:ulos,an tts de Nosso Senhor Je$us Cris10. E 27 foram escritos 10 longo doprimciroskulodaeracristã. -Masporqueesteslivros,c sóestn. penencemaocànon. à relaçãodoslinosqueronsli!ucm aBíblial OensinoqueolrmãoNerye Lia Jannotti ministram.conduz àseguinteresposta:porumamera questão de ~Ira. da pane da lgreja.Dizcmcles: ''Os46/ivros do Antigo Testamenro. mais os 17doNovo Tntamerrto,formam o CÂNON, isto é, a lis111, o ca1dl010 aprovado pt>la Igreja Caróliro, dtsdeoromerr,doCri.stiani.smo t confirmado oficit1lmen1e pelo Conc11io de Tremo "em JJ4Ja JJ6J. (... )Emreosmui1tsslmos1e.r1osescri1ospt>losjudeusa"1esde Cristoept>losCri.stdo$01ioano/OOd.C.,o lgrejo CarólirostltclonouJJ"(,·olume "Assumimos nossa História de Salvação em Jesus Cristo", pp. 32c3,-nea:riionosso). -Ora.seacanonicidadedos li,·ros biblicos se re5umc numa ques1ãodese/er40,e111ãotamo poderiam1ersidoadmi1idosmai~ algunslivroscomosagrados,como também alguns dos que formam pane da Bíblia poderiam perfeitamente ter sido dela ucluidos! ... Na realidade. a Santa Igreja nlotemenilo 1inhapoder para sel«ionaroslivrosdaBíblia.EslCS foram inspirados por Deus, quedeles~0Amor.A lgrcjatomo1alosre«beudo ensinamen· todeNossoScnhorJesusCristo edosApóstolos;eporissosem·
CATOLICISMO JUNHO 1988 - 17
prcosrcverencioucomoaPo/ovrode~es<:rita. ~oque,romoutoridadtinfollw/, ensina o l Concílio do Vaticano: 01 "'livnndoAnligaedo No\/0 Ttstomtnto, inrtir0$tC'Om todas as suas prmes ( ... ) dt~tm strQf:titosromosagrodosta,n6nkos(... )porqut, tscritossoba lrupll'tlflodoE.spfritoSan to, 1lm a Dtw parautar, tcamotals f oram canflados à muma lgrtja" (j),
A Bíblia: texto sagrado que tem por autor o próprio Deus Oensinamentodalgrejaque acabamosdever,noscolocaante uma ação especialíMima de Deus,queEko,ercc,uadusivameme1-0breosesni1oressagradoseparaacamposiçãodoslivrosque constituiriam a Bíblia. Dai resulta que: a) DeusNossoSenhoré,em todaaforçadacxpressão,oAutorda Biblia. Estaé,pois,,·erdadeiramente, a Palavra de Deus. b) Deus porml não compôs diretameme-comoopoderia ter Feitoporala:umaaçãomilagrosa- os1u1os bíblioos. Ele quisseservir,paraaredaçãodos livrossagrados,dehomens,por Eleesi:olhidas.-Esses e.crimres, embora inspirados divinameme, não Foram por~m reduzidos por Deusàcondiçãodemero1 rob6s: pelo contrário. na composição dos livros santos, cmprcgaramelessua.síaculdades, scuesíorço,suaspecu!iarescapacidades,scuo:stilodcesaeveretc. Pelo que slo autoro dl!:UQ livros, vtrdadriramtntc:ma.sautoresstnanddriost/nstnJmenl'1is. c) Com efrito, de 1al moda Deus agiu ntftseatravésdefn, queosautoressagradosacreveramtudoaquilo,esóaquilo.que Deus lhes ordenava que fosse ewito. - O Papa Leão Xlll, na endclica ''Providentissimus Deus", nosensinaemqueconsistíuainspiraçãodivina:emum"impu/so :wb"naturol provintJo do E.sp{ri-
10Sa111otqutur:i1ouelevouos gutorasagrodosaescrtvtreos aS$i$tiudurontearrdar,Jo,dtfarma tal que concebiam exaramenfe, e11tprop1mham rtferirFielmentt,euprimiamromvtracidade il1,{alfvtl, ludo quanto Dtus lhesorde11ovaescreves.semesomtntt aquilo qut Elt mgndava ~ outro modo, aliás, Dtus mfo 11tria a gutarde toda a Sograda E.scritura"(6). d)Edalse51:gue,porfim,quc a Bíblia, em seu conjunto e em cadaumadesuaspartes,11ozada perfeita intrr8ncia: ou sej a, da plena imunidade de erro, em qualquetttrreno.-Peloqueos Papas eondenaram a doutrina queadmil(1possibilidadedeerroshistóriros01.1cientffico<naBibiia, "apartirdofaUO to de que o inspiraç~ ..uvma abr1mgt ur:lusiwmente aqui/a que/acabfltaOScoS/Umf!S" (Leio XIJI, enc. "Providentissimus Deus" - apud Hervé, " Manua\e Theologiae D011maticae", vol.l,p.608)
Uma Bíb lia. da qual Deus não seria o autor .. Outro,porém,~oem.inodo Irmão Nery e Lia Jannoni. & amine o leitor o seguime texto dos doisautorespro1ressistas(1euo aliásconíuso, cem que figuram sucenivamentedoisconccitosnãoharmõnlcosemresi-deinspiraçãodivina):osacritoressa1rados do Antigo Test amento adotavam "um critlrio impor1an1e; A HISTÓRIA DO POVO SEMITA t 1udo o mais ERA ESCRITO COMO UMA HISTÓRIA DO POVO EM SUA RELAÇÃO DE AMIZADE OU NÃO AMIZADE CQ,\f DEUS. &a um modo upon16neo dt escrt>·tr. N6s thamamos i.uo de 'lnspiroçdoDfr/na"f~,dt""'· 11tiralndirtta,imperr:ep1(11d,rondu:la ostseritorf'S para ngrrorem asrolsosdt1a/modoque, atravbdtlas, tle sere,·elavae re>·t/gva oqut tltdestja,·a dos homens}" (volume "Assumimos nossa Hi5tóriadeSal~açãoemJc-
~AtoLICISMO Olmor. h<1lo C.,,r~ dt Bti10 F~llo ~~;'"'• , _ . . ...,, Tllao T>hhHlli -
sus Cris10", p. 22 - neillto nono). E mais adiante, o Irmão Nery eU1Jannot1iiden1if,com,oupelosmenosequiporom1 açãodi•·inasobreosncritoressagrados ao mero auxílio da graç.i que qualquer fiel recebe ao ler a Bíblia: "~us. dtmodoinvisfve/, mas101olmtn1tprest!nleea1Uon1e, romunico-5eeromunicgsua mensagem otro,·b dos lutos que
-d(,'t:,;:•:,sn~~';::~~"j}tS:,°Í,":!_
~!t;//Je~;,':;:,:e::::;e/::,;
nesta /utwtenrontrorl>euse suomeflSQttm"(id.,p.33 - ne1ritonos1-0). -Mas,seais1-0sereduziua açãodeDeusnaoompmiçãodos livros saçados. então Ele não foi, narealidade,oAutordaBíblia Enemesta,notodoeemcada ~;~a1~;5~!~~~l~~~ii:n~ifiar~
E pensarqueéumatalconccpção minimalista, relativista, incompatível com a Doutrina Católic;i, que sobfe a Sagtada Es,;rirura passaram a ter, ao men~cm KU 5ubconsciente, milhares de criançu modeladas por essa tatcquese ... An1 onio Dumas Louro (!J Ani 1oo '' Cu«aunt
pr...,...,;.,., um
~~.!7"(~·~:·,~mJ!~~m~~ ~~:-
:Ei.;'Ef::~= (l)SloPioX,mc>di<a"Pur:'114i",dtl
:..,':"'~~~Ed_e,.,:= m,19S9,Jitd.,p.•J. (J)Cf, . Do<m.o .. Lar•••uobíli",coleçl.o ··~ooJ>onciflóoo",Ed.lious,
i,~/'ib~.. p. 63 ·
(l)Colfdo"Oocum<1110>"°"1illrioo''. Ed.lio,.n.19J9,2'td .. p. S -....,;,o
-~::~'.~1·~= ~:,
Uma alntomática carta Uma família de cirn;o ~ em uma cidade da República Deinocrática Akm1 (RDA) aprcsc:ntol.l • autori• dade compc1cn1c um pedido de cmigraçio. A simples aprcscnt~1o deisa sof1eitaç.ão foi com.jdcrada lffll ato de oposiçlo ao regime (comunista) e a família flallOU a 1,of1er inwnanas sanções das autoridades. Em pungente carta dirigida a amigos da Alemanha Oddmtal, a mãe de família narra o episódio .. A edição de 4 de março p.p do "Frankfurtcr Allgememc Zcitung" Ual a intea;ra da miuiva. Reprodu.i:imos aqui apcnu algumu passagens, \uficicntes como sintoma de que a propalada "glasno\t" não melhorou iu condições de vida em países comUDista.,;. "Hoje chegou o pacote que voci nos mundou. Ele dnfHrlOu trandt alegria. Voei sabe que t«idos de qualquer npki, são muito caros aqui, e a111n dt t:oda compra I pndso pvuar muito, quer elos, trote 1k m,ku ou dt u,n f}ll/o~·er (... ) Para n0$JQS crrunças iru Nt:Otc/01 tomlHm um ol(11io mDfaf. Mn1 marido solicitou permissão para tentar o vida em outro po1:s, em ra::iio dt nonas d1/kuldadtJ mottriais. Por isso p,rdi meu tmpre,o t hli meses_estouvm sa/lirio. ( ... ) Nrusofilho ma1J v,lhafoi tam!Hm levada a deixar o tmprcgo , .. . fl()SSO filho menor /o, txpufso do colégio. O diretor nos ('homou t nos comunicou que o partir do dia segui111t tle 11'20 mais po· der,o e111rar na escola. ,"','tnhuma razdo nos foi duda para a expuls4o. ( ... ) ~ nQs nõo tivlssemoI ,,:onom,todo, certomtnlt euaríam0$ agora possond~ /o~" A miss1~1s1a acrescenta que sua ,nua,;:io se tornou mau dclu;ada em ,az10 de rccen1cs manifes11Ç'Õcs ju\·en11 em Berlim oriental, que m·eram como conseq"u~nC'la ''-.,a1'jame,,10 de residências, um IMT'iwi reforço dos t:Ontro/es polkiais e aume•to dt olJJtn"adora (poliClais) ~estldos dtt:ivil"
Rtsiouado no OIIT-SP >Ob o n•
. ... ~ ..: Ruo Mutim Francixo, 66} -0122(1- $1,) Pa<1lo, SP / Rua <lo>Goi191-lllOO - Carnpoo,Rl G.,fado: Jr.~• Mor!im Francixo, 66S - 012!6 - S,,o Paulo, SP - Ttl: (011) lll.'1l!Ua,nal2J}) Foo-~:1di,t11, apu,ir<le0tQul,·oofor!l<ddospor"C&ioli<iuno")Bor1dcir&nt<1 SIA Grtí,u e E4iior o - Ruo Molrlr,qut. !l6 - Slo Pouko, SP Par,eio • Ane> Grif,ca, Ltda - R~• Ja1·oh. 6,81 - 01 IJO
10<0US,
'.'.:'~~t'.'rpm
;:.~-··,!....,.pul>lkai;l.om,nWdaEmP<,..po<l,ollelr:hiorll<Ponte>
Noll d1 R1daçill
Por um• talllli lk~Ju, no emmo nlimero te "t.lollcluna", no-.tlto"Olltrai6e1obltam 1 publl~dal!Sqrtdcld1Hllma7" ,6pt-
Patomltdançodt~deu,i....,,,.f-.!r,o-·-,aml>Nno en""--itO-A~,doliY000>>ÍIIÁIUrat•endo"'-ul'"podc..,.
:s.,•~._ll~=:~=:.:-o%i:mSio Paulo.SP 18 - CATOLICISMO JUNHO 198a
l Ílll1 6,R6o.ai•lmprtUGtlubtltuloH1ui.. tt: .. O Pontífice qN p,....•l1ou I C-li. 11ncrne I flhl llbl6rio Hl fflllfflOl ll111101".
TFPsemação Alerta da TFP a líderes de bancada
PMOB. Senador Mário Covas,
dacriança,doadolesctnte cdo idoso". Eisaint~radamcnsagcm: ''Tendoem1·is1ooimintncia do 1·01oção, em plendrio do As-
doPFL,DeputadoJosélourcnco. do PDS. Deputado Amaral Neto, do PTB, Depu1ado Gasconc Righi, do PL, Otputado ÁlvaroVal\ccdoPDC.DeputadoSi·
sembléio Cons1ituin1e, do Cap{tulo VlldofuturoConslituição - 'Da fami1io, da criança, do adolescen/t'tdo idoso', peço o V.Excia. eàbancadosabsuoes-
quciraCampos,tclegramaad1w-
c/arecidohderonço,paroquevo1em con1rariomen1e aos 1·6rios
SÃO PAULO- O Pror. Pli-
nioCorrêadeOfü·eira, Presidence do Conselho Nacional da TFP, en,iouaoslideresdebancadado
' \ ~~is~a~;::~~t~:;s JilPJ:t';~: raConsti1uição-"Dafamília,
dispositil'os nele comidos, os quais mamém e facilitam ainda
maisodisso/uçãodo1·fnculoconjugal. Notadamentt p,ço que dttm 1·01orontrárioaqua/qul'r disposi1fro ll'nden/e a introdutir oroncubi11a1al'mno=legis/arllo, romostp11dtSSl'eleronsti1uirumes1adacfrilregu!ar. Solici1oainda1·01ocontrária àsinarações1endentesamu1ifar a au1oridad1'do pai sobrl'afam1: lia, btmromodopai t damâestr breosfilhos. Procedendo no sentido dos pedidos aqui enumeradas, 1eráo V.Excia. e as ilus1res camponen1tsda bancada q11e V.Excia. lidera, adquirido1f111/osaareconherimemo l'OO apoiadequamos no Brasilamamacivi/izaçâocris1ã"
TFP elege nova diretoria REALIZOU-SE re«ntemente a 40a. Assembléia C~ral extraordinária daSociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. na qual foram eleitos os membros da mesa do Conselho Nacional e os da Diretoria Administrativa e Financeira Nacional, quede,eràoe~ercerseu múnusnobifoio 1988-1990. A mesa do CN ficou assim rons1ituida: Presidem e o Prof PlinioCorrêadeOli\'eira(1i1alicio).eSecrettiriooProf. Paulo Corrêa de Brito Filho. O cargo de Vice-Presidente l)('tma11eee ,·ago, como homenagem à memória do último titular, Prof. Fernando Furquim de Almeida, falecido em 1981. O Conselho Nacionaléformadoporllmembrosnalos,quesãosóciosque assinaram aa1adefundacãodaemidade,em 1960. A DAFN firou compos1a da seguinte maneira: Superintendente o Sr. Plínio Vidigal Xavier da Silveira. ViceSuperimendenteosSrs.EduardodeBarrosBroieroeJoséCarlosCastilhodeAndrade,eVogaisosSrs.AdolphoLindcnberg e J(m' Gon1.aga de Arruda
TFP combate estatização
da medicina UM ESTUDO elaborado pela Comis.são de Estudos Médicos daTFPsobrcosris.cosdasocializaçtiodamedicinabrasileirafoi distribuído aos Constituintes.cm Bra,11ia,nodia 17dcmaio,ancesda,01açãodotcma,l)('l0Dr. AmonioCãndidodclaraOuca, mrmbrodaditaromissãocprindpal redator do escudo. Otrabalhodemonmaserem contrário,àleiNaturalcàdou-
trinasocialdalgrejaosprincipios dcqucasaúdeéumde,,.crdoEstadocqucoacessoàsaçõeseser\ÍÇOS de saúde dc,·e >Cr igualitário. OdocumcntodaTFPnitica 1ambém o "Sistema Único de Saúdc",aarbitrárial)('rseguição mo\'idaroncraainiciati1·apanicularnaArcamMicacaxenofobiaemfacedocapicalcstrangei ro. Por fim, oferece subsídios.
Correspondentes em simpósio Correspondcn1es e simpatiamcs da TFP, cm sua maioria residentes11aGrande5aoPaulo,paniciparamdesimpósiona .sedcruralqucaen1idadepossuinomunicipiodeAml)aro{SP). Aspalestrasesti\eramacargodosprofessoresJW.\laninie Arnóbio José Gla,am. abordando a cri~ do mu11do moderno, a trãgicaerosâodos~alorcsdaci~ilizaçãocristã, bem romoa continuaecoerentelinhadel)('nsamcntocaçãodoPror. Plínio Corr~a de Oli1eira em defesa desses \'alores, ao longo de seis décadas. ~ Além das palescras, entremeadas com circulos de ~tudo, o pcograma i11cluiu também a reza do Terço e da Via Sacra. bem como ati,,idades mais discensh·as como o foi um jantar medie,,.al. Na foto, umdosgruposdecstudo.
CATOLICISMO JUNHO 1988 - 19
Gu• rr•l,01, dn fll1ndo pelH ru as d• ProYin1, i.m br1m n C, u•• das e n Orden 1 Militare1
P ROVINS I 11m11 11nlig11 t tnc11nt11dor.z cid!ldt d.z Ch.zmpagnt. n11 FranflZ, ric11 por u11 patrimônio hútõrico t c11/J11nú, da q11al u 11famtm st11s habit;mJes. Dentro dlH m11mlfus q11t "rodeíiJm, tlKKllf,W cl,faiu do medie110, o dia•ll•dia transeorrt rotineiro dur.inte o 11no. com toda, 111 '"ofonüs, rirmo, t sem-1abort1 d.z vid11 mo· derna. Sem-sabores dt q11t nilo uup11m, por ctrlo, nem seq11er 111 cidades meditP.zú! C11bt r.1 Proi•tfU uma g/6ria nJo pequena: ia cith.k berço d.z rllinh11 dn floru. Trnida1111 umenus de Jeru1aiém pe los cT11uda1 no sl&ulo X I, a ro111 1il,e11rt t origimin4 composta somente dt cinco pitz/111 - foi alipla,11ada w m êxito t difun dida pouen'ormenlt para todo o Ociden te em m odalidadu sem fim Uma ,e:i: por ano, num períod o d e lréJ d1i11, Provim en· tra hiJr6ni1 a dentro ,epivendo com pompas e circumtiin cias a Idade ilfidia, a ''d oce p rimavera da Fi' '. Todo1, 1/m , absolutamente todos se111 habitantes se engalanam rnmo naqutlu tempo, idos. desde o alcaide e o conulho muniàpal ali o mais modesto operário; os notii11eis e 01 simplu, 01 profislionaú, 01 comerâantts, 111 don111-dt-casa, 01 m en inos e os 11tlho1, Jodos se ,e11tm como na ipcxa m ediei·al. 01 /rajes comptltm un qualidade e beleza e11abeluendost 11mól 1aud411el em11/afi10. A confecçilo da1 roupa, i feita pelas próprias fo1mf/i.n da /°'a/idade. Há dufiles de guerreiros e de mM11(0S,' hJ danças e jogo, bem (Omo di,enos e1pe1ác11l01 encen;1do1 por jograiJ. 11011adores e homem de caça. Come-se e bebe·se com generosi!Úde. A cid.zde i /j. uralmente in1111di!Ú por visilanus q11t vim p11rtiúpar das emoçf>ts do paJsado reencontr.zdo. Em s11ma, nert.z ftst.z rt · gional. a alm11 to corpo se tdiji&11m anlt a feliz JinltJe de hist6n'.i. Jradiçilo, graça e vida.
540 nu merosaJ as nd11des européia, q11e realiwm ilto1 e fu/111 umelhllntes. E esse tipo de mamfertaçõe1 con heçe
em nossos di':11 um floresâmento nori11el. aniilogo r.10 daJ rom da cidade da CMmp11gne. D.z festa de Provin1 desprende.se um pe_rf11me igual ou 1 :; ~;/;:0°/:::,r::;a~lc°;:;,,;::i:l~!;ª,,;~e:::r:nrico, de algo que tem, portanto, r.1 nptr.znça do pof1!Ír,
1,.,
sua pátrianaságuas lamacentas deumacorru pçãogcncralizadaede umadesagregaf!~i~:st~!ªi:i:~:s~~ ~i::!~;i,ais. Corrupção e desagregação ameaçam ser as notas
~ ,;. .~~-,
1
rl ·
•
DofuturodaEspanha.écerto.Porém,nãoapen,as daquclanaçãoibérica.Oli• ~ll ;,_· vro dl'nunda uma forma no va de re,·olução, tranquil a, mas de efeitos profundos, • ~ .._ (: feita especialmente para os países do Ocidente, e qu e se transformou na espera nça _ .- -.-i · , -,.\ . do,,,.·olodoaádosdomoodoio<eim,apóso,rncesshos frmss.os deo."'."' ""'"'· , ~ , \,< · ..,_ • vas. Uma forma de revolução já em curso no Brasil e que tenderá, se os aconteci~ ~ , .,__ 1 1 mentos não tomarem rumo diwrso, a infeccionar inteiramente r.osso País. , As provas que aduz são de esmaga r. " Espatia, anestesiada sm perc1b1rlo, amordazada sin saberlo, extraviada sin quererlo - La obra dei PSOE" é um li,·ro sólido e logicamente arg umentado , apoiando-se ademais em abundanllssima documentação: 400 livros consultados, dos qu ais 180 citados, 1250 recor tes de jornais, revislas e boletins especiali zados, Examinemos a seg uir alguns dos principais asp~clos dessa obra que será hislóric a _ • ..... naquelanação irmãeéprovável queiníluencieafundoos acontecimentosc uropeu s e mesmo mundiais. Objetivo socialo-comunista: exti rpa , a in, fl uência da Igr eja na Espanha. - Um grup o de milicianos fuzila a imagem do Sag,ado Coração de lesus no Ce1ro de los Angeles (Madr i), em28dejulhode 1936.
l IJ
Espanha, anestesia , operada, extraviada: denúncia-bomba sacode Madri I - A anestesia da opinião pública espanhola
'{
l/ -
'
r
A COM ISSÃO de estudo s da Sociedade Espanho la de Defesa da Tradição , Família e Proprfrdade (TFP-Covadonga), dirigida com brilho por dois dos diretores daentidade,osSr5.fernand oGo nza loF.l iwndoe J oséFrancisco Hcrnández,aca ba de lan ça r um li vro-denúnci a, destin ad o a ser urn a hu e uma tábua de sah·açâu para ossetores dopúblicoes panholquetemem f undadamcn teasubmcrsãode finith·a de
1
.
' .
-. Um sopro de conversão séria percorreu os ca mpos de batalha. - OTercioderequetés "Montejurra"sa ideleruel, de11oisdeconquistada, em24-2-1938.Nopeito, aimagem do SagradoCoraç.iode Jesuscoma inscrição: "Venha a nós o Vosso Reino". 2 -
CATOLICISMO JULHO 1988
b - Amortedoprincípiodecontradição
Tudosepassavacomose naEspanhaestivessemorrendooprincipiodecomradição.Digamos uma palavra sobre ele. a - 1936-1939: um St111roMronHr.:ioque SantoTomásensinaqucoprimeiroesunã ofoiaté seutermo lógico prcmoprincípiodopensamentoéoprincípio decontradiçâo.Emsuasimplicidadesepode A Espanha de 1936,emborajámuitode- expressá-lo assim: "Um mesmo ser não pode tcrioradapcloespiritomoderno, rcagiucon- ser e não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo traaagrcssãocomunistacomosrecu rsosde ponro de vista". Tendo por base as evidências umanaçãobatalhadoraecatólica. primeiras vinculadas a este princípio, ohoPorém,logoapósaGuerraCivil,um fe- rnem,raciocinandoretamente,emborapor\'Cnômcnopsicológicomuitoexplicávelfoisege- zesdcmanciraimplícita,constróiparasium neralizando. Ostrêsanosdemor!icinioscdes- cdificioimensoearticuladode,·erdades. A truiçôescriaramumvagomasimcnsodesejo vontade bem orientada adere firmemente a deordemetranqüilidade.Nuncamaissede- elas veriarepetirauagédiaquefindara. Uma pessoa integra é sensível à menor Eraprecisamcnteahoraderedobraravi- ameaçaacstaconstelaçãode verdadesqueela gilância espiritualparaimpedirqueonatural amousobaluzcristalinaeretamentcdiscridesejoderepouso,apósumperiododesofri- minadoradoprincípiodecontradição, mentoelutanàodegenerassenodesequilibrio Apcssoa emquem,porcausadadecadêndos anseios utópicos<!eum mundoirênico, ciadoarnoràvirtude,sevaicmbotandoor.ensemdesavenças,nemdi!acerações.lnfelizmen- sodaverdade, dobemedobelo,sótemsente,anotapredominantenãofoi esta. Ia nas- sibilidadeparaperceberasagressõesrombucer uma Espanha diferente. das,óbvias e imediatas. Osoprodeconversãonãochegouaoseu Repe!imos, 1udona Espanhasepassacotermológico.Aestabilidadegerouomaras- moseoprincipiodecomradição, basedavimo;estecomeçou a apresentar sintomas de dadepcnsamentoedaaçãosaudáveís,houpodridão. vessepcrdidoseuvigor.Afetadaaraizdascer-
tczas,ésurpreendcntequeocspanholresvale paraumrelati,ismoprtiticoouteórico?Edci:,,:ando de ,·er com clareza e ju\pr com dccis.ão, caia num estado de profunda apatia em relaçãoaosproblemasa:crais,quenãoafctam diretamenteseuinteresscimediato?Maisainda, comece a manifestar simpatia pelo mais radicaldosecumenismos?(l) Não Co caminho pelo qual vão também laraossct0resdopUblicobrasilciro?
li-O mormaço ecumenlsta mo ~e~i~~~tã:~;e~:ti::~;;~!~·~e~:~t festa sobretudo nas tentativasdecriar um clima de emendimento irenistaentre 0Catolicismoe0Maome1anismo. Na politica. - Porém, íoi no campo politico onde mais medrou o csplrito ecumenista. Osprincipais!ídercsp01iticosdaEspanhaado1aramumestiloquecontras1avivamente com aanteriorehabitualcondutadeseuscongêneresdopassado,fcitadeclarez.adoutrinária enitidezdeposiçõcs.Osp01!ticosemel"idência na Espanha atual parecem fazer pane de uma mesma igrejinha: tratam-se familiarmcnte, frcqüentam-sc, C\"Ítam discussõcs acaloradasescpreocupam,sobretudo,namanutenção do clima "reconciliado", distendido e otimista. Infl uin do no homem comum. - É compreensível que o homem comum observando asatitudesdominanteseprcstigiadasnocc-miriodavidapUblica,tendaaconformarscu comportamentocome!as,paraniopareccr anacrônico. De mais a mais, a o~5io de grandepartedapopulaçãocomscuinteres5t imcdiato,fá-ladesinteressar-sedosarandcstcmasdareligião,dafilosofiaoudavidapUblica, nos quais se manifestam mais ponmdamente as discrepâncias que o ecumenismn pretende clestruir. Tais setores do_ público ~e- deixamnormalmemetocarpc._lam1ragcmali. aante deumaépocadepazcun1ão,aeradafraternidade, em que se fundiriam as religiões, os sistcmaspolitico5,osa:o,·emoseatéospo\"0$.
brcs ou ricos. A este conjunto pertencem, alem de minoritários selorcs operlirios que ainda vivem cm revolta contra a atual ordem de coisas, os chamados "mo,·imentos sociais" ou, desdeoutrapcrspectiva,o"novoproletariado", que Coagente revolucionário mais imponante desta neo-revo!ução. Homossexuais, feministas, ecologistas, minorias étnicas e outros grupos, como pacifistas, associações de dircitos humanos, em potencial revolta contra ccnos aspcctos da presente ordem de coisas e que podcm sc rebclar contra ela, sob a ação de circunstâncias apropriadas. Trata-se emão de dar uma consciência rcivindicati1·a a
pregados. Na autoges1ão, os emprcgados as· sociados 1ransformam-scem donos e dirigem a empresa por meio de conselhos opcrtirios. ~ a democratização econômica em seu termo _lógico. Gradualismo consensual. - O PSOE está procurando realizar seu programa sem traumatizar o público, para evitar uma reação antisocialista enérgica. Avançarti rumo ao extremismo de sais objetivos, t!o-só na medida em que antes tenha podido ir modificando de mancirarC\.·otuciomiriaoconscnsosocial.Felipc González aíirma n=itar de 25 anos para realizar o programa do PSOE.
----
' ·f'. ,·'l}.-t. ', \}
-
..
'
.
,'
estes setores "oprimidos'', exacerbá-los, coordená-los e lançá-los à contestação. O PSOE os apóia, estimula, radicaliz.a e procurasersuaexpres5iopolí_tica.. Rtvoluçiof.eitaemcl1m~ohm(Staeftsli· vo. - Asrevoluçõcsantenoresunhamum semblante p<n<CU<ório, ~,,~<o. Arevoluçãosocialistahoje, entreianto,não
."'•ro,
um partido soclaÚsta te/ativista, ecumenlzado, "moderno": o PSOE
l ....
··:.·.··..·.. ' .
:• " ' ' - ~--,.._\....- , ~!'.. ; t,tllJt:. ..,,,, ·"'.,oco~,IJ· !l.. \ J.,.;..,-
,
;'12--tt. ,
_ ·--. . • .
,.~1:. 5
l IBERA(\ _
Ora,amandraburgucsadeaozara\"ida e fundamentalmente fesicira. A nco-revolução 1 ~j~~:·~1\~~;:ei:;~t~'. r~:r;~j~f~;rf~'. ! dadc da vida, feito de festança e pãndega.
DE C S
-
05
:
Foi neste clima artificial, fcito de narcose relativista e de otimismo irênico que o PSOE "renovado"medroueconscauiuempoucos anosalcançaropoderhegemõnico.Suaamal direção,tendoàfrenteFelipcGonzálcz,ganhou os postos de comando em 1974 e impri~~ inteiramente no,·o ao socialis-
,rat~:'i1:';~~:!;~~~;·~~~:: '~ rcvoluçãoodia-a-diadaspcssoas,isto C,suas relações pessoais, gostos, ambientes, a1i1udcs. A -evoluçio no dia-.1;-di.o: pel.o "libert.oA rt,·oh1çio cul tural. - Como o próprio ç.io" homouuu.ol nomeindica,aênfasedaaçãorevolucionária épostasobretudonosaspcctos"culturais"da vida, mais propriamenle, na mudança das mentalidades e não, de forma preponderan- IV - A pslco-clrurgla te, ~~;J%::~!::=u:;Íado, mas subs- do PSOE
Vejamos algumas caracteristicas do socia!ismo espanhol. O proletariado passa I segundo plano, como agente da re,·ol uçio. - O socialismo "renovado"", constatando um generalizado desinmesse do operariado, quer hoje sobretudo congregarqualquerextratosocialousetorde opiniãoqueaprcscntepotencialidadesrC\·olucionárias,nãoimpor1ascconstituídop0rpo-
ütuído pm "dt,mocnlizaçllo ttonõmica". O PSOE, sem renegar seu obje1ivo cole1ivista,aprescntou-ocomnovosadereços.Ooo-letivismo está sendo hoje exibido com as 1·est~ da democratização econômica. O Estado imcia um pr=sso de crescente cogestão que dcscmbocanaautogestão.Nacogcstão,_oomo sesabe,adireçãoe, por ,·ezes,apropnedade Ccompartithadaentrcoantigodono e osem-
~';a~~:t
1
f;.:"'.C\·úC \r,""- _.,~.: -~ i:íiimk>:: o ,,;~I "'t~d~ -• '
~~~:~~nidajáévisracomoumpa.swncs- ~~.j:~~~~~i:m . º!=~~~l:~rguescs ..poissc.
Ili - Neste clima surge
~.
, _ t' .
\
A capa do livro de TFP-Covadonga, re· produzidacomadaptaçõesnacapadestacdição, represcntaumpacieme-opovocspanhol-operadonacabcça.Oquesignificaa imagem? lndica,estilizadamente,duasformasdeintCf\'enção:umacirurgiafacial paramudara fisionomiapolitica,socialeeconômicadaEsCATOLICISMO JULHO 1968 - J
~L
.
panha(são as reformas estruturais) e uma psico-cirurgiadestinadaaextirparumamentalidadee substi1ui-laporoutra,perdiame1rum oposta. Oprimeirotipodecirurgiamudainstituciona!menteoEstadoearociedade:sãoasreformasagrária,urbanaeempres.arial,modi ficaçõesnoinstitutodafamília,refonnulações atentatóriasàautonomiadoJudiciárioetc.Sobreestasnãonosestenderemosaquiporbrevidade, embora estejam largamente analisadas naobraemquestão.Obrasilciroasconhece b<m. Restaexplicarosegundotipodeinterven• ção,apsico-cirurgia,queconstituiumrequinte das técnicas de guerra psicológica revolucionária. Esquematicamente, o processo é o seguinte: a-Exacerbar,pelosmaisdiversosrecursos, oprocessodedistanciamentodaEspanha deseupassadocatólicoetradicional.Estesrccursoscomportamtantooestilootimistaedespreocupado de numerosos homens públicos
prestigiadospelosgrandesmeiosdedifusão, como o uso da televisão oficial(TVE)eoutrosmeiosinformativosparadifundirairnoralidade,avulgaridade,oateísmoeablasfê-mia;vãodesdcoapoiooficialàcomra-cultura ''libertadora''atéumaeducaçãorelativistae permissivista;desdedenegrirosheróiseasg!óriasda Históriaespanholaaté a exacerbação artificialdoindependentismodeccrtasregiõcs. b - O espanhol comum, cujo senso critico está embotado pela apatia dominame, acha normaletendeaaccitararupturadesuapátriacomseupassadocristãoeaconseqüente marchadescristianizadora-qualificadade mera"modernização"-,vendo-acomofrutodeumconsensoespontâneo e amplamente majoritário e não de um programa. Programa que rejeitaria se não estivesse narcotizado e sujeito a uma estudada manipulação psicológica. c-Esteprocessopermiteaosocialismo empreender reformas legais revolucionárias que,comotempo,passamaserconsideradas fatosnormaisdavidaquotidiana.l:oquees· táacontecendo,porcxemplo,comareforma daeducação,decaráterigualitárioeautogestionário (LODE), o aborto, a legalização das associaçõcsdehomos..sexuaisetc. d-Comooprocessoégraduale evita, sejaasaparênciasdeumaaçãoconcatenada, sejaexecutarintervençõesdrá.sticas,odesmoronamentodasinstituiçõestradicionaiseadesagregaçãosocialsedâonumestilo e numritmoquenãoprovocamodespenardaopinião pública adormecida. Em princípio, poderia durarindefinidamente atéamaiscompletadas destruições. Em suma, esta estudada "psicCKirurgia" ocasionará,senãoforinterrompida,ogenocidioespiri1ualdaautênticanaçãoespanhola. Seu desenrolar vemsendopossivelnaEspanhaporcausade umgrandefatoprévio:ao longo de décadas, foipossivelmudarotemperamento de um r,ovo, adormecê-lo e tornálo susceptivel de assimilar a propaganda dosocialismo"renovado".
O Episcopado espanhol percebeu, logo apósaguerracivi!de\936--1939,osoprode conversãoséria-aoqualjánosreferimosequepoderialevaraumarestauraçãointeira davidacatólicanaEspanha,noscostumese nasinstituiçõcs.PioXIl,eml939,falandosobre avitóriacontraosocialCKomunismomanifestavaaesperançade que "Deusemsuamisericórdia se dignará conduzir a Espanha pe-
lo caminho seguro de sua grandeza católica e tradicional", instando ainda os governantes a "organi:ara vida da Nação em perfei1aconsonãncia com sua nobi/[ssima his1oría de Fé, piedade ecivi/ii;açâo católicas" (2). lnfelizmente,esteprogramanãofoi!evadoadiame. b-Aesquerdainidasua''restauração". Umoutroprograma,designooposto,começouasercolocadoem prática. Jánadécadade40,aesquerdainiciousua " restauração" ,infiltrando-seemorganimções do apostolado leigo, sobretudo nas da Ação Católica,ondegruposdesacerdotes,csmdantes e operárioscomeçavamadefenderdiscretamentcumapoliticasocializ.antenoterr eno sócio--econômico.Comotempo,estainfi!tração se acentuou. c - Umparintesesef«ha,abre-seatpoCllda"reconciliaçiio". NadécadadeS0,opúblicoentendeuque arestauraçãocatólicanâoserealizaria. Pas· sou a existir uma resignação muito ampla, embora inconfessada, a atravessar muitos anos de decadência lema. OCardea!EnriqueTarancón,naoca.siãoaindabispode Solsona,assimdescreveuestc estadode espírito: "Vai de·
caindo cada vez mais o n[ve/ moral de nossos cosrumes (... ) O ambiente de ena.ada e de reo· çàonàoseadaptoubemaonossopovo". E concluía: "Houve um parêntese que parecia lisonjeante. Pareceu por um momento que se havia produzido umo reação real e verdadeira. (... ) O parénlese está fechado" (3).
Maistarde,ochamado"espiritodoCondlio" c aatuaçãodoNúncioMons.Dadag]io naindicaçãode novosBisposprowcaramuma rotaçãoprofundanoEpiscopadoquenaAssembléiaConjuntadeBisposeSacerdotesde V - Objetivo da 1971,abandonouoidea!darestauraçãodaorrevolução socialista: demtemporalcatólica,epassouatercomo objetivoprioritárioa''reç0nciliação'' emre as criar um "homem novo" duas Espanhas Posteriormcnte,repetidasdeclaraçõesde Adifusãodorelativismo,assimcomoage- altasfigurasdoEpiscopadodiziamserlicito neralização da imoralidade e da vida "lúdi- aos católicos aceitarem o programa sócioca" criam um tipo humano sem certezas, ini- econõmicodosocialismo.Próximoàseleições migo da disciplina e do esforço, caprichoso e de 1982, Mons. Tarancón, Cardeal-Arcebispo instintivo.O"homemnovo"darevoluçãoso- de Madri e Presidente da Conferência Episcialistaviveráumaexistênciaprimitiva,mais copal, fe2dedaraçõesquesoaram comoum oumenosàmaneiradoprimarismoindígena, programaeumasíntcsedanovaorientaçâo: hojetàonamoda.Semcertezas,semcaráter, "Se o PSOE chegar ao poder, não acontecenãoteráforçasparaumpensamentoautôno- rá nada na !greja espanhola'', pois "comgomo e próprio.Viverádaconsonânciacomum vemosmenoscatólicos,algrejaviveme/hor". senur,umpensareumquererintensamente E aduziu: ''A Igreja espanhola era, depois do
VI - Autoridades
Concr1ioenosúltimosanosdoregimeanterior, deesquerda"(4).
d - Em que consiste a migração episcopal? O livro da Comissão de !:,studos de TFPCovadonga, após analisar este distanciamenespiritual da Espanha toprogressivodepartedoEpiscopadodesuas posiçõestradicionais,reverentementepedeum a - O Episcopado chamado a vMficar e esclarecimentoarespeitodoquequalificauma Uma nação que mo,re: a Espanha tradicio- orientar o sopro de con~ersão: uma esperan- migraçâodefundodoutrinário.Pergumano queconsiste,se 1emumpontoterminal,qual nal. Na foto, lo lguedo ca talão. ça frustrada.
eclesiásticas diante do genocídio
4 ~ CATOLICISMO JULHO 1988
é;o:....e,pclocontrário,éumamigraçãoC11joslimites finais ainda não foram traçados.
VII - As arquibancadas
e•tão vazias; possibilidades de uma
re•,;ão salvador• A monumental obra termina demonstrando, com base em documentos dos próprios socialistas, a falta de apoio popular do PSOE eatémesmoo rarefcitoentusiasmodc$CUsCScassosmilitantes. Portanto,apesar dahegemon iaelei toraldequegoza,arevoluçãosocialistana&panhaéumarevoluçãodepaucosadeptos,assinidaapaticamenteporuma maioriaquesemanifestariareticente,sech.amada a opinar, mas que, infelitmentc, num climadeircnismoanestesiame,sevaidcixando arrastar para o abismo. Conclui concitando os espanhóis a que, desdecadasctor deopiniào,eemtodososambientes,opincm,discutam,intervenham.Sco PSOEquera manutenção daapatia.éporquc adiscussãooprejudka.Oinídodasolução époissairdaapatia.Orevigoramentodoprincípiodecomradiçãonaalmaespanhotadará forçasànaçãoparaque,deondcestá,comeeejáapercorrcrocaminhotrilhadopclo filho pródigo. Pfrkln Ca panema
----(l)Uliliumo.aqu.i1pala,ue<1.1111(?liffllonlo110ieu..,, tldoorlalrlllte.c..ie,uoQ""desiJlll.o"""imtnlockstina· cloatramdo:>'Olla10úftirorrl,anl,od,:Crino-1t11tia Caótia-t•obcdiãlcia inteira ao único PU1or-o P• pa-111iafdilflltlltaviadosptlafAIOeui,-asdilaoetaçõe< QUt10fr~1Jpoj1.l.Jtiliumo.la110WPUdoque,·cm10manclon1h~con<1110.cmq1><sipiío:aummovimrnro,d11i•islado:uniloemqualqutramp0-rc!iJio10,p0!hioot1c.
Mons. Diu Merchin, Presid ente da Confe· rê ncia Episcopal, efelipeConu ln, p1ime irominislro so cialida:pela "reco nci liação" e fimdosa n;l te mas mútuos.
(2)Di,a:qr~,nll.l.p.S2. ())Apu,c[Pe.F.,.,...Urbinaoow,Ol,l~JSoó(.. ~l._.,Espa/ta.l9l9/ 197S.POpUlar.M1dri,l977,pp. (4)""Va'",2H·l981
Dücerrundo. di.8~do classificando
O Paraíso prometido ~
;,em-vn ,. Aelong,,~.m
dlldlÇ.k g
•
Mqut•~ •
'!f/d
'!e
~I 'Y
a.1
1t
qo.r.tndo<itto:::' e m :iidactc,, t:ih 1,11r edfcind.p uavll' en:o '"' ..rJ, K' u ~ - P Jp,c,1,nv,.,,ctna,:: Ndin*'fíid.l. ~.w.11"'*1.1Ardr IH """1.'>ffl~ •f11;:,, Pr: ..,____,. N 'llpl""C:
~s."'
,..,...t:'"idr,__
-'p;;.;;..imcàe mr,.,,.. ~thli,.-.au,("l"ti
(
:>mfl1dti"-"' -n .,,..., f:11.Jeo.;raR.-.iu.,.-i,r,r
Crra-lln-ia.;!w lia,,J.S.Lr. :a i11t r ~ l."bqaftlNilO nal l xi,;~•~• bcr"I ar :a ~,_r,_ r i ~ epodemc roan.,ar-iur1 fnu1a11ng, um~ "'3 coa, lfl •lma,-xó, LK1:p1cle que 1 :ifnpod11 r ~1 t rttai, .m(H 1
ª"''''"",,
O
~1
Paai,o
A,ar !-11:0I
..
-
na,,
r
li"
.181
M~-teL
.anftlrtau
•
li na.
,.,,
;a;
'Cm·-t
11M;a,10......-aa\i,c.U,cn ;unpt.;tp,IMU
a21 ,o,
"l"\~IM.I
!lfa.t~ :l.
,~
a
.ta.r
llll'
L
Je!
:na.,_
11ao ,in1 ia ,e, -'!11\~·d 1un H .•p, ~•m ~ · r i : : . <'l:.c 1/aue nprirallõio iida quca iõnciadco!.,1r1ur,11,iA11t1ireZlL,r f,
1~
canpu,.q uta
1. 1111v1>ff~' 'o'io,u ai traon'!Oi <:onK l cc 1'<1j1lil QU \'nn ae ,r1rl.ando '"'"' amentr ~nodasl r .,- sta. ~ur ~I"' a ,mio -
CATOLICISMO JULHO 1988 - 5
A REALIDADE, concisamente:
Doissoldadossoviéticosdescans.tmjuntoaseu Ianque ato• l.ido nas neves do Afeganistão: im agem simból ica de um exército innsor desmorali zado •Afe2an istão:retlrada estra1égica. -bércitodesmora!izado,soldadosdrogadm,desertorer.quepassavamparaolado da guerrilha, e os comboios que se transformaram em ah·os fáOOs para os guerrilheiros anticomunistas ... No final, nem mes mooshelicópterosdeoombatesovié1icospudcramcontinuar incólumes por causa dos mísseis terra-ar "Stinger" none-
americanosnasmàoshábcisdosheróicosoombatentesafegàos. Aguerratransformou -scnumpesadeloparaossoviéticos. Não eramaispossivelcontinuarnopaisqueinvadiramháoitoanos Mas - ressaltam os ~pecialistas ocidentais - a Rússia au-
fcrirá grandes vantagens politicas desse apareme recuo, pois GorbachevsairáprestigiadoaosolhosdoOcidcntc,t>cmcomo suafalaciosa"percstroika" , játãocxalçadapclomacrocapitalismopublicitário. Ademais,aobradedestruiçãoperpctradapelosrussosno desditosopaisdcixaráseqücla.sscmfim,dequcnsvcrmelhns saberaoaproveilar-sc:anaçãofoisovictizada,sobrctudonos camposdaeducaçãoeprodução - issosemconmros"conselheiros"queláficaram. De qualquer modo, enquanto os norte-americanos, incompr~nsivclmcntc, começaram a perder a guerra do Viemã por causadacampanhapublicitáriaadvcrsa.noAfcganistàoosrussos sout>cram transformar sua derrota numa vitória da propaganda! *Missu afro-brasildnis.Durantecelebraçào litúrgica,em qu e nãofaharamataquesaoPadreManocldaNóbregaeàlgrejacomoumtodoporhavercontribuido "como a grande opressora e aliada do poder para manter os negros como escravos" segundooofidante,D.JoséMariaPires , ArcebispodeJoão Pessoa - ouviram-se atabaqucs, pandciros,tamborinsesanfonas , executando músicas africanas. Flores, comida e pipoca foramapresentadascomoofercn daspelocelebrante,querezoua Missadescalço.AcenatranscorreunaigrejaNossaScnhoraTeresa de Jesus, na Vila Cruzeiro, ern PortoAlegre,comopartedas comemorações pelo centenário da abolição da escravatura Tambtm na matriz velha de SãoCaet ano(SP ),Jocalizadano
6 - CATOLICISMO JULHO 1988
bairroFundação,dançae música africanas foram apresentadas dentrodaigreja,duranteMissa alusiva à mesma darn, estando presentes o Bispo da Diocese de Santo André, D. Cláudio Hummcs, eo próprio CardealArns, quecantouedançoujumocom todos Cerimônias do gênero multiplicam-se pelo Pais. • Heróico protesrn. "Quando filhos da Igreja prestam publicamenre homenagem ainda que apenas formal- ao inimigo de Deus e perseguidor da igreja - ocomunismo-, roubamdapregaçiioeclesiásticaumo parte essencial do liberdade advinda com a vilóriaabsolurade Cristo, re/Jaixandoassimalgrejaaonfrelde uma organização
humanitária,quesópregaasalvaçiío1errena. "Porisso,estouobrigado,em siíconsciêncio,adartestemunho da liberdade da Igreja, de um mo-do que fl primeira vista parece insensato, pois saio do Seminário paraumasituaçiíodeinseguronça. Niio quero ter nada de comum comalouvaminhançaaes/aserpenle(comuniMa) ... Deusconhece o meu profundo desejo de ser umSac:erdotefntegro,masminha ,·ocaçiíoniioestdligadaaoSeminário de Liromerice ... Niío temam ser expulsos do Seminário Rezem . .. Façam penitência .. " Anton Stajner, estudante de Teologia,aoproferiresse al!aneirobradodefé - transmitidopclaRádioVatícanaereproduzido pelo "Frankfurter Allgcmeine Zeitung"'-manifestoutodasua indignaçãocontraaatitudesubservientedoSemináriocatólicode Litomerice,naTchecos!ováquia, quesecurvoufaceàexigêndagovernamemaldequealiserealizassc,emjaneiroúltimo,umafesta comemorativa do quadragésimo aniversário da rcvoluçàocomu nistanopais,impondo-ademais - aparticipaçàodosalunos na lúgubre celebração. Pormeiodessesoleneecategóricoprotesto,ointrépidojovemconclamouseuscolega.sseminaristasaimitaremscucxemplodezeloebravura,rccusando O\'ilconúbioentreafécatóli<:a
• "A luradeclasses esránas ruas, reflexodamisérioedade sesperançadelaresultanre. Que ninguém se surpreenda c:aso o operariado comece a exercer de Jormoorganizadaolegúimodireitodereaçãoarmadaàviolênciadaselites"("DiáriodoSul". Porto Alegre. 22-4 -88). Declaraçõesincendiárias,comoaqueformulaaquiFreiBoff, não interpretam os sentimentos maisprofundosdenossopo\'O, mesmo das classes mais modestas. Provadissoéqueaelai;costuma sesuir·se um eloqüente silêncio - mi5todedcsagradoedCsimcresse - porpartedobrasileiro,cujaindoleordeira,pacificaeinteligentesemos1rainfensa atais pregações.
*Opçãopelo comunismo. Vào-sclonginquosos!emposcm quea esquerda''ca16lica"intentavacamuflarseusdesigniosúltimos, valendo-se de rebuços e
circunlóquios.Jánãoémaisassim.Seusexpoentesmáximosousamjárevelardcspudoradamenteoqueatéhápoucomaldeixavamcntrever.AagênciarDl(lnformazioni Domenicanelnterna zionali),embrevenoticiacolhidapelaconhecidarevista"Tren 1aGiorni",dá-nosdissoamostra incomparável Oinfelizpovopolonês,que gcmesobotacãodotiteremos covitaJeruzclsl.i,foibrindado, hápouco,comavisitadewnilustre panegirista do regime: Frei Betto. Este. numainusitadamanife~taçào durante programa infonnativodaTVlocal , hou\"epor t>cm declarar: "A vontade de Deus se realiza através de todos os sistemas polfticos, mos o melhor para tronsmilir a mensagem doEvangelhoéocomunisra". Mais desconccrtante,porém, do que a declaração acima, é coustataraimpunidadequese lhe *Confissiíoraradefrausso. - O manife5to descompasso em queseencontramosarautosdo "progressismo"emrelaçãoaos anseiospopularcs.vczououtraé reconhecido nos próprios arraiais daesquerda,atitulode"desabafo "" .Nãoéfrcqiiente,porém,ouvirmos pronunciamentos como este, do Bispo Auxiliar de São Paulo, atuando na Zona Leste, D.AngélicoSândalo&rnardino Usando de uma franqueza e objetividade - aomenosnestc caso-digna.sdeapreço,ofogosoPreladoexprímiucom ,·ivac1dadeseudescncantocom oin~ucesso do trabalho de "conscicntizaç:'lo"qu eelc própriorealiza junto às camadas populares: "Nuncoassistiaumaapa1ia1iio grande como agora(... ). Como explicarquediantedeumasituaçiiode1an1anecessidadeede1an/O sofrimen/o ele (o povo) náo parta para açiiesdescommladas (.. .). O que foi que fiumos com essepovo?Qualfoio nossoerro?"Eacrcscentaqucopróprio movimento dos Sem-Terra - freqüentemente apresentado pela grandeimprcnsacomoumaforça temível - só sobrevive cm funçãodoClero"progressista": "Hoje-confessa D. Angélico -sea lgrejasai,omovimento acaba" ("Jornal do Brasil", 18-S-88) Poucai;vezesseviu, emanada defonteeclesiástica,declaraç:'lo tãoprenhederealidadecvio;ão concreta das coisas!
Santa Margarida Maria Alacoque
A confidente do Sagraâo Coração SA NTA
MARGARIDA
diaar comida e remédio para a doente A luta contra obstáculos opostosàsapcltnciasqueagraçalhepunhanaalmaéumacaractcristica da ,~da da Santa. O scguimeepisódiobcmoilustra: dcscja,-aacuradamleporra:zõcs de amor filial. bem como para poder cumprir sua promessa de fazcr·screligiosa.Estandoumdia naigreja.orounessaintcnçãoa No!ósoSenh.or.crccebcuaccrte zadcqucseriaatendida. Devol· taàcasa.aoinvésdeencomrar 1màemelhorada,dcu-sccon1adc queumaenonnechagalla,·iasurgido no rosto da paciente. Ela, contiame,cuidoudachaga"~m
MariaAlacoque,destinadapela Providênciaparaseramcnsagciradade,.oçãoaoSagradoCoracãodeJesus,ocupa,·a-~umdia dos~·içosmaishumildndo
con,·emoe, enquamoosfazia. pmsava cm Nosso Senhor presci-
te no Santíssimo Sacramen10, dcsejandoardcmementerecebê-10. Aparecc-lhccmãooDivinoMestrc: ''Minha/ilha, os desejos de
1euror11,;ãomesãor<'Joosrudd,-eis que,seeuniiohau,·~ins1im1: do meu dfrino Sacramenro dl' amor,euoimtituiriup<>ramor(H
ti". A,·idadcumaalmatàodiletanãopodiaficarcomoumalut 1-0boalqueire,eporisso.poror-
outroungüentoqueodadivina Providência"(p, 14). Pouco de· poisa chaga desapareceu
demdeNo»o~nhoreporo~-
diênciaàsuasuperiora,cscre,eu ela sua própria vida, da qual c~traimos os dadosdo prcscnte arligo( º ). AlgunsdetalhnqueaSama omite,ouposterioresàrt'daclo de sua autobiografia, são fornccidos porcontemporâ.ncosseuse Vffl1 citados na mesma edição q~ estamos citando. Apresemamosaseguiranossosleitoresalgunsaspcç1ossalicntesdavidadaqudaquefoieKolhidapor lkusparaserdcpositãriadugrandesre\"daçõcsa1i~n1csàde..0çãoa0Sagrad0Coracio de Jcsus, bcm como sua difusora
Margarida Maria veio ao mundoa22dejulhode 1647,e trhdiasdepoisrccebiaobatismo naia.rejadeumapequenacidadc fram:eu. Conta da que, sendo ainda muito pequena, ba!itariaalguém Jhcdizcrquetalou1alou1racoisaofcndiliaI>eus,paraclacom• preenderquenãodeviascrfcim Dosqua1roaosse1eanosfoi cducadanocastelodesuamadrinha, onde re.:ebcu as primeiras noçõe$ de catecismo e os bons exemplos que firmaram em sua alma o há.bito da oração e o amor ao sacrifício. Nestaépoca,comaela, ""eu
me sentia roruinuamerue le1"t1da a diter tslas palavras: ·ó ml'u Deus, eu,·osro=grominhapurewevosfaçovo1odeperpé11u.1 rostidade"(p . 7). Comamortedopai.ela,·oltaaolarparaauxiliaracducação de seus irmãos. Emsca;uidap,as-
Novos obstáculos Sua promessa devia encontrar ainda outros obsulculos. Conta
ela, ..Odemónioserviu-sedaternuraedaami~adequeeutinha por minha màe, fa~tndo-me ver !itm ce!ISOras lágrimas que tia derramuva, e que se eu viesu a 1ornar-me re/igiosa.seriaacauwdeel1'morrerdeqfliçdo,eque turt:SpOnderiaaDeus,porqueela precisavadtmeuscuidadoseserlm,1ge m do S.1gr.1do Cor.1ç.io d!' Ju u1 - Builic.1 do Vo to N,1cio11,1I - Quito. O heró ico pr esident e do Equ.1dor. G.1briel G.1,ci,1 Moreno - modelo de chefe de ht.1do c.1tólico - coou.grou esse p.1is ao Sagrado Cor,1ç.io de Jesus, represent.1do pe lo histórico qu.1dro acima, em 8de outubro de 1873.
sadoisanoscomoa!unanoconnimo das clari5.sas e faz ali sua primeira Comunhão. Vendo o bom exemplo das relia:iosas, à!i quai!i "olharia1odascomown1as"', nascecmsuaalmaan1cação rdigiosa
Proteção tle Nossa Senhora Uma repentina e dolorosa doc,nçaaobripa,·olcarparaca11B,ondepassaquatroanosscm poder andar. Todos os remédios foramvãos,eomalparcciaincurável. Conta ela: "A Santfssi-
mu Virgem leve sempre um grande des,·elo por mim, era meu re, cur5oem1odasasminhasnecessidades e a Ela eu me dirigia nos
grandes perigos. Eu não ousava dir,gir-mea5"UdfrinoFilho, mas sempreaE/a''(.p. 7). Faz então a NossaScnhoraapromC558 de tornar-scrclia:iosascElaacuras• se. A cura veio a seguir. Recobradaa11Búde,nova.slu1asaesperavam.Amãee111rcgaraadireçãodapropricdadeaparentesquc.cstr;mhamemc.redu.,iram Margarida eos irmãos à condiçãodecriados.Margarida. especialmente. foi at,·odc uma cruelpn-seauição,objetodemofapclasuapicdadccvinudc.lmpedidaformalmentedeirvisitar o$antÍ55imoSacramentonaigrcja, retira,·a-sc para algum lugar solitãriodacasa.eláassuaslligrimas juntavam-se às orações Estasituaçãochegouaocúmulo dc,quandosuamãead~ugra.,,cmcme,scrdaobrigadaamen-
viços... "(p. 17).
Al~mdC558 açãopreternatural,algunsparcntcsproc:uravam dissuadi-ladeabraçara,·idarcligiosa.Contaela: "Tudo isso me
fa<ia sofrl'r um mar/frio(. .. ). Comecei a ver o mundo e a rompraur-mecomele.procurandodfrerrir-menoquefossepos sfve/"(p.17).Elascrefercàsfrivolidadcsqucp,ar~tercometido. como seus "grandescr,mes". ScusronfesM>rn-umdeles,o Sem-aventurado Clãudio de la Colombihe - aiestaram porém queclaguardouscmpreainocin ciaba!ismal.enuncacomc1euum pecadomortalcmtodaavida . Atinalosparen1esconcordaramcomqucelasctornasscreli. giosa,dõdcqucnoconventodas ursulinas. onde uma prima sua erafrcira.Ela.cntrctanto,ouvia uma voz interior: "Eu mJo a qutro lá. masnasvisilandmas". Pressionavam-nade todos os modos, ao que ela respondia: ''Euqueroiràsvisitandinas, em um convento ~m longt. onde nâ0ll'nhanempartntesnemconhe<:idas, porque não quero ser
CATOLICISMO JULHO 1988 - 7
nada; Eu "inarei apesar de mew inimigos e de toc/05 os que a isso quelromseopor"(p. 139). ApósamortedeSan1aMar• garidaMaria,aSamaSéimiituiu cm 176Sacelebraçãooficia!da festa do Sagrado Coração. para todosospaiscseigrejasqucpediucm. O grande Papa Pio IX a estendeu à Igreja uni,·ersa.l cm 1856.
Morte e glorificação da Santa
OconventodeP.lr,1.y-le-Monial, ondeNO!;wSenhorfu.liSanta MargaridaMariaasgrandios.u revelações.obre Seu Sagrado Co,,1.çfo, tornou-Je objeto de continu as~ regrinaçõts
religiosa senão por omor de Deus"(p. 29). Afinal,aos24anos-depois dedezanosdelutas-MaraaridaMariaentranocon,·entodas visitandína.,deParay-le-Monial
A quem obedecer? Comonoviça,passouelapor uma prova paradoxal.permitida por Nosso Senhor. Em várias aparições,oDivinoMestrepedialhequefizcsscpenit!nciasecer1osatO'ldepiedade.Le--·adapelo ardor,Margaridaqueriapraticáluemtalnúmeroqueultrapassavaem muito o prescrito pela Regra. Por de>·er de obediência deviapedirli~nçaàMe11rade noviças,daqualdizaSamaque "a olhava, eàminhoSuperiora também, romo meu Jesus Cris10 nolerra"(J).34).Qualnãoésua 1urpresaquandoaMestradenoviçasnega-lheau1orizaçãopara fneroquenãoestivessenaRe1111,ouquenãolheíom:permitido pela obedi~ncia! Váriasdascoisasquelheforamru:gadashaviamsidopedidas cxpressamenteporNO$SOSenhor Aquememãoobcdeccr? Estava nessa perplexidade, quandooDivinoMestrelheaparcei:cdiz: "Euajustareiminhas graÇOsaoespfrilode1uaregra,ii von1ade d1! teus supuiora e à tua fraqur.J1,desorteque1enhaspor suspei101udoqueefastedaexa1oprá1icadaregra,aquo!Euqueroquetuprefiraso1odooresto. Mais ainda, Eu es/0u romemede queprefirasavun/Udtdeteussuperiaresàminha, ainda quando e/esprolbom dafauro que Eu teordenar"(J). 40).
Deusprtparavaassimaalma tsc0lhidapararcvelaradevoçào ao Sagrado Coração.
As revelações do Sagrado Coração AsrcvclaçõesdoSagradoCoraçãodcJesusjáforamobje10de outroar1igo, publicado em nossaediçãodcjunhode 1986, no. 426. com base nos escrilos da Santa,talaimcnsidaded~miscricórdiadcDeusparaahumanidadepecadora. Aqui lembramos em rápidos traçosoesscncialeopapc,ldc Santa Margarida Maria. Emtra<;ocasiõessucessivas, o Divino Redentor apareceu -lhe como Sagrado Coração à mos• na, fcz-lhe\"erodesejo ardente quetinhadesalvarospecadorts. cpediuainsti1Uiçãodeumafes· talitürgiçaparahonrá-10,bcm como a comunhão reparadora das primeiras sextas-reiras do mês. Para disso dar conhecimento ao mundo, designou claramente a Santa. afirmandoquescuS.agrado Coração, "mfo podendo mais ronrer em si as chamos de Yu ordenre amor. i preciso que asdistribuapormeiodelÍ"lP56).
Talmissãon!ioseíaria. entrt· tanto, sem novas lulas e sofrimentos. Der,ob de inúmeras incompm:n!iÕCS - chc-gou a ser tida par possessa! - e novas pro\"asdc obedifocia,adc\"oçãoaoSagradoCoraçãocoimçaaespalhar-soe. Primeiro nos conventos de sua congrcgacAoreligiosa,eascguir em alaumas igrejas e dioceses francesas. Osjansenis1as- ··progressistas.,daépoca-atacaramviolentamemcocultoaoSagradoCora~'âo, Nosso Senhor, porém, ha,·ia predito à Santa: ''Niiore.."eiff
8 - CATOLICISMO )UlHO 1988
Apósserfamrecid a comincontávcisgraça.,esofrimmtosreparadores,SamaMarsaridaMaria entreaou a alma ao Criador em 1690, no momento em que rccebia a E.llrema-Unção. E.lpirou nosbraçosdeduasnoviças,quc anotaram cuidadosa.mente suas palavru. Dizem os contcmpor!ncos: "Ouvia-se por todo ronven1a e por ioda cidade: a Sama morreu! A Qjluincia do povo foi 1ão grande aos seus funerais, que os podres que o u/ebra•·amforam vár,os vezes in1urompidospelo n,í, da dos que pediam que lhes 10cosse os rosários em seu rorpo ( ... ). Imitando a de•·oç-ão da po,
vo, cada um destes sacerdotes quislevarumo"l(quiadamorta: eles chegaram a ronar pedaros de seu hdbitoedeseu ,•éu" (p.164) O consento de Paray-lc ~1onia1 tornou-se objeto de contlnuas peregrinnçõcs, aíirmando umasuperioradeuacasareligiosaem\769: ""Oret:ursollsuain1crr:ess,ioimuilo/reqüen1eeaumen1ao1,t1/xllhodenoss,ulrmãs poneiras,tan1oporatocarteeidos em suas "/{quitlS, quanto poro distribuir pequenos fragmemos rompos1os de resíduos de seu túmulo, que se r«0/herom r;uidadosamente quando se retirou seu precioso rorpa. O res/anle de suasreNquiasntloseriasuficien1eporaronten1arodf1·ortlodo públiro"(p. 168). Eml824, éimroduzidaacausadebcalificacão.aqualscrealizaem 1864. No pontificado de Sào PioX,acausadeçanonização 1oma novo impulso. Em 1920, n...nto XV, cm meio aos cs pkndorts da Basílica vaticana, inscreveMargaddaMarianoca1álogodosSant05, 1.Ucio Mrndts
---, lvro didático combate I CniZ
.
.
1 1N llllll'W
"'"'"'·O&')on...-,n.-•Qlli.,,.,..trll
.....
btHIWllO, W-Mll<ttflll!J~C .-S.: •Wka I VI01azaa
..., .. ..._Íllllilll,........__
"Estamos a caminho de um mundo novo, o mundo do comunismo" (Gorbachev)
Rea9an em Moscou: caem as úlêlimas barreliras M UDANÇA dt ontotaçlo idtillosica - Na viagem de cinco dias à Rtluia, iniciada
,____
em 29 de maio Ultimo, o Presidente Ronald Rcagan não concluiu nenhum acordo. Nesta
munistadaURSS".Nolonguíssimotenonada há que justifique o menor otimismo oom
relação às reformas de Gorbachcv. Pelo contrlirio. O que visa Gorbachev ea consolida-
ção do comunismo: "O CC do PCUS considtro necessário rtalçar qut os debates só~ dtm s;ereortStrutivosdtsdt qw uasscitrm nru /dtais socialistas t sln'tlm aos inttrmndoso-
quarta reunião de cúpula com o líder comunista Mikhail Gorbachev - recorde não igua-
lado Por nenhum outro chefe de Estado noncamericano com os vermelhos - o verdadeiro showmccnado em Moscou apresentou um c:a-
ela/ismo" {"Folha de S. Paulo, 28-5-88). Ou
rátcr simbólico, e por isso mesmo muito mais
seja, debates que não sirvam a tais metas não
efetivo, ao quebrar padrões anticomunistas. Scntindoaimportânciadocncontro,arevista norte-americana Newsweek assim oomentou o evento: "A vi.rira do presidente ao pais que eleclasslf,cou como 'império·do mal' marca o fim de uma od~ia intelectual, uma mudançadeorúnlaçào ideo/dgico que i tdo mar• conre, no seu modo prdprio, quanto operegrinaçõo de Riclrord Nixon à China. O signiflCOdodestareunidodeciipu/oiaprdprio,msença de Rtagan na Rússio. "Háapenascincoanosa/rásReaganclassificou os soviilicos como o 'foro do mal no mundo moderno'. Agora ele di: que Oorbacheti i um-amigo, e que está persuadido rhqut o /(der soviitico não busca a dominaçdo mun-
serão tolerados. Édificilcrerqueasr.essores deReagandcsoonh~essemoc_ontcúdodesse temário, e nllo uvessem informado o presidente ... A Rússia nio ser, uma sociedade abertl - "Às vésperas de seu encontro com o !(der sovlitico, Reaga~ fe: um ªf!t!º para que '! União Soviirico liberte os prisioneiros polít1cos, libere a emigraçdo e seja 1ol~N1.nte com todas as rtligiôes. A declaração 1m1o_u profundamenteoKremlineamídiasoviit1talançou um ataque maciço contra Rtagan, afi~mando que existem / 1 mil prisioneiros poliíicos nos EUA"(" Jornal do Br&5il", 28-5-88). De que adianta falar em direitos humanos individuais, uma ,·ez que o comunismo de si
diat~t~·:e;r:;=:~:!~~~. ~penhado por Reagan, íonaleccuosorridenteeastuto
Gorbachev junto à opinião pública mundial. Compreendendo bem o alcance que a visita tem para os planos comunistaS, inclusive a longo prai.o, Gorbachcv comentou: "Os historiadores que um dia vão descrever cuvalioro que e:rtd sendo /tito agora provovc/mentt ainda niJo nasctram" ("Veja", S. Paulo,8-6-88, p.50). . Realmente, o_si&nificado simbólico deste encontro é mais ,mpo~ante d_o que as eventuais vantagens matenais obndas. ConSt>l~os i sombra de Lenin - Reagan, d~rante a visita, falando sob um bu.510 d_e Lemn a cerca de mil estudantes da Universidade d_e Moscou, "exoriou-os a não terem medo da hberdade e /c~·ar as reformas da 'perestroika' até suas últimas conseqüências" ("Diário do Sul", Porto Alea:re, l ~-6-88) Parece que o primeiro mandatário norteamericano não está bem ao_par das reformas que estão ocorrendo na Rüssia. Um grande número de analistas em todo o mundo, e até o próprio Gorbache,·, tê'!l apontado que as tão propaladas reformas visam à manutenção e consolidação do comunismo, e não à introduç.ão da liberdade. Nessc seotido, al&utm insui;peito, Richard Nixon, fautor da aproximação dos Estados Unidos com a China comunista, em 1972, cita Gorbachev, por ocasião do septuagésimo ani,-ers.ãrio da m'Olução russa, a propósito das reformas qut o secretá.rio-geral do PC Soviético vem promovendo: "Em 1911, rompemos com o ~/Iro mundo, rejeitando-o de uma vc: po, todas. Estamos o caminho dt u.m mundo noi-o, o mundo do eomu.nismo. Nunca vamos abandonar essa e:rtrada'' (Richard Nixon, in "0 Estado de S. Paulo", 7-5-88). E a propó-
,Palavru aos estud;i.ntes, J sombra de Lenine
sito da politica uterior, NU:on ressalta: "Os soviiricos, ne:rra gu.trra, não ífSO_m txtrr:itos ntm armas nucleare:r. Suas principais armas, na luta com o Ocidente, são a p,:opaganda, a diplomacia, as neg_ociaç&s, a a1uda e:cterna, as manobras polí11cas, a subversão, os oçda dl$simu./adas e a guerra por rabeia. "Dtsdt que Gorbaclrev ~/regou ao pQder, lrd trésano~, não houve sinais de que a União Sovié(ica 11vesse alterado suas _m~ras internacionais. A po/í11ca exrema sov1é11ca vem sendo ma~ hábil e sutil ~o que nunca. ~as _vem sendo igua/men/e mais agressiva" (1d., 1~.). As bar~il"ILS e Rea1ian - O 1onus da v1sita do chefe do Executivo norte-americano foi de chancelar perante o mundo a política desenvolvida por Gorbachev. Segundo Reagan, é ''bastante possível que e:r1ejam começando a ser derrubadas as barre1ras_da era de pósguerra e que o Mundo 'esteJa en1rando cm uma novo era da História"' (''0 Globo'', 4-6-88). Que barreiras são essas, senão as da própria cortina de ferro, levantadas pelo comunismo? Acima des53 barreira material estão as barreiras do horror face a um regime intrinsecamente mau. Sem que em nada a RUssia tenha mudado, o presidente norteamericano vai, ele próprio, demolindo nllo só a barreira material, mas sobretudo as salutares barreiras de horror. Pouco antes da reunião de cúpula foi dado a lume na Rüssia o temário maçudo, e em nada auspicioso, da próxima reunião cxtraordinâria do "Comité Central do Partido Co-
:!~~ei~~~
~~ªC~e:i:~:t~!!t:t~~ quãolongeestlloossoviétkosdeconcederlibefdadcs. O próprio lider russo reclamou, de acordo com noticias de imprensa diária: "Gorbac/rev voltou a criticar a insis1lncia de Reogan cm alfinetar o pron1udnoso~ié11roem dt rcuos /ru.manos O mais 1mportan1e, porim foi o recado dcqut esse tipo de /adainlrafunclona como uma mão ptSada. Não contribui para os esforços de Gorbaclrcv pa'!1 reformar o sis1cma e abre o flanco para os inimigos da 'g/asnost"' ("Folha de S. Paulo", 5-6-88). Em outras palavru: não critique_m Gorbachev, não importa o que.ele faç.a, pms isto seria fortalcccr seus "inimigos" internos. Assim, líc_a aberto o campo para perseguições, sem pena:o de criticas ... Ainda a propósito das reforro~ rus.sas importa saber que: "A União Soviéllca não_ es/d u tra~ormando numa democracia oc1den10/(... ) Socialmente a União Sovlitica niio está u trlllU/Ormando numa ~o_ciedade aberta. A /ibtrdadtdtfi ecu/10 religioso no paÍ! não foi ,e,stabtlecida - ou. meU,f!r, niio foi cr,ada'' (Se-.\erin Bialer, in "Veia", São Paulo, 8-6-88, p.58). O.uscwiti t o JOrriso - Pouco antes de Reagan chepr a Moscou, o Congresso nomamericano e o governo da Rússia ratificaram o acordo de limitação de armu assinado pelos dois lideres no mês de dezembro passado, em Washington. Mas, para que armas, se politicamenteaquelequede,.·eriadcfcnderoOcidente chega a declarar que "o üder soviitico n4o busco a dominoçdo munditJI''? Oa\15C\\iU dizia que para se ganhar uma guerra, basta tirar do advers.ário a vontade de lutar. NIio é bem isto que o sorriso de Gorb.achev está obfendo? R, Manw.r Gutrios CATOLICISMO JULHO 1988 - 9
Aes1abi!idadedO'lgoldensix1ie$(osdouradosanos60)par«iaumaconquistadefinitil'a do homem moderno. Utilitário, bem instalado na vida, gozando de boa uúde. bem 1·estido,abominandoprcocup.ai;õcsde1odaordcm.ohomcmocidentalsedistanciavaprogressivamentedos1a!oresespiri1uais,nãose ocupavaseriamentedcpoliticacmuitomenos de idéias. Com esseesiadodccspirito, geradordeceguciradealma,nãopodcriackperccbcrumnol'oabaloque,emmeioàsociedadeq ue idolatrava. ia-Stentumecendo,prcnunciando no1as convulsões. Mas convulsões eram fantasmas que ele não queria 1·er. Os goldm six1ies BSStnta1·am-sc sobre uma concepçãoatéiadavida.qucprctendiaes1rn!UfarasocicdadeStmtomarcmconsideração O'l1·alorcscspiri1uaisnemO'ldircitosdeDeus. Aquelcsanoseaordemfictíciaqucosregia eramfrutO'ldecon1ul~antrrioresqueha1iam negado os mais sagradO'l direitos de Deus eda lgreja,equc foram depois impelindo a sociedadeparaumes1adodecoisasquerejei1a1'a1aloresb:isicosdaCi1ilizaçãoCristã. A Re1oluçloprmestantceo Humani~morcnascnnistaeramcausashistóricastãolonginquas, que delas os homens não tinham mais memória; a Re,olucão Francesa, mais próxima e mais prcseme, o homem ocidental a tinha como incorporada à sodedade e à mentalidade dospo1osdo0cidcnte,e1udocaminha\'apor fimp.araumaacomodacãocomacrescerneinfiltraçãodocomunismoedoigua!itarismora10 - CATOLICISMO JUtHO 1988
reme ou prazenteiramente em si os germes ati,os de um passado de moitas? Tab são as contradiçõe. da burguesia sem principias! Nadécadade60ainstítuiçãodafamilia. aescola,oslocaisdctrabalhoclazcrforam progressivamcntcp,enetrador;pe\oigualitarismoemmarchac pelavulgaridaMquesces1abelece nospaisesondetriunfou a Revolução Comunista. Os ambientes se tornaram cada \'ezmcnoscerimoniososatéoquasedesaparecimentodoreladonamcntorespeitosoque existiaentrep.aisefilhos,mestresealunos,patrõeseempregado5. Não encon1rando mais, nem nas famílias nemnasescolas.oambientesériodeoutrora -da-:orrcme,emúltimaanálisc,dcurna\'isàodecaráter,;acralemesmoreligiosodasrelaçõesexistentesnasociedadetcmporal-a ju,entudcdaquelesanO'l,impul,ionadapclo soprorernlucionário. cncomrounasagitaçõcs daSorbonneaexpr~odcseuansciodcrornpercomumasociedadc,aziacsó101!adar,.araobem-estarmatrrial,quecon1es1a1a. GilksLipo,ctsky. profes.ordefil=fiaemGrenob!c.maio/68.depõcnestescntido. "Omo-\'/memo 11âo uprese111ou nenhum progrumu de sociedudeefe1i1·u,suuoriginulidudefoidecon1eswr iudo, e de nada propor, dechumurà re1·0/w sem re, em 1-/sta o porvir, de w insurgir
Nove milhões de trabalhadores, como os des-
ta passuta, deram seu ap0io aos esludantes revoltosos de maiode6a
comro todo o orgon1::Jlf00 em pro1·ei10 da erpon1oneidade e da exprrssâo direta das massas. Espfrito utópico que w exerceu comru u dominação capilo/isto e burocrático, mas em 110t11edow11ho,da1ido.dopro:er"("·Changerla 1ie'ou l'irrup1ion de l'indi,·idualir;me transpolitique", in "Pou,oirs" - Re,·uc FrancaiStd'ÉtudesCons1itu1ionncllcset Pohliques. n. 39, 1986. Pari>). Tachando-oder01ineiroep.-agmãtico,e.lces~l'amffiteindustrialeconsumis1a,ajul'en!UdedaSorbonnequisjogarporterraomun-
do idolatrado por seus maiores. Nessa contestação tomou o desvario como pauta de suas ações e a desrazão foi a expressAo do impulso que desejaram enaltecer. EdgarMorin,acatado !oOCiólogo francts. escudioso dos acontecimcntos de maio/68 desde que eles se deram,
cs-:rne em seu artigo "Mai-68: comp/exité e1 ambigilité". na citada "Pouvoirs": "é o fim do mito e,ifóriro de uma sociedade industrial. rocional.queresofreosproblemassolurioná1·eiS da humanidade. (... ) Existe a wnsaçãodifusa de que qualquer coisa es1á minada"'.
FRENESI, CAOS A loucura tomou coma de Paris. Um .so-nho nihi1ista conr;ub51andou-se em írenesie caos. A agitação começou espargindo um mau.odor de desregramemo moral. Um cãncer se abriu na Uni1·ersidade de Nanterre aSorbonneVlll-a IS de março de 1968. quandoesmdamesin1·adiramodormi1óriorese11·adoparamocas.protestandocontraaseparaçàodosscxos.Cresceu,desdobrou-scem espasmosatéosdiasdcmaio,findososquais, osconsiderá,eisestragosmateriais-3021·ciculosdestruídos, l0milmctrosquadradosde calçadasdespavimentadas,63semáforosdcstruidos,500placasdesinatizaçãoinutilizadas. 6comissariadossaqucados. J30árvoresderrubadas.l9l2polidaisfcridos,umcsfaqueadocmortoçdoismilhões equinhemos mi! francos, da época, de prejuízo (' "Paris Match".5-5-78),-poucoreprescmamdiante dasscqüelasmoraisepsicoló&icas.Umnol'O mododeserlancado,daFrançaparaomundo,inidauma no1·aera. O palooda Re1oluçãodaSorbonnc, que no prescnte mês comemora seu vig~imo ani,·crsàrio. foiprincipalmenteofamosoQuartierLa1in, bairro onde não "passa1·adiaou noi1e Sl'm 1·igorosasarruaças, transmitidas dire1amen1e por radialistas, man1endoa1ema as circun1·izjnhanrostmilhõesdeou1·intes. As chamas das 1·/aturas incendiadas i/umina1·am a linha sombria e r(gida dt policiai$ nm·osos, I' a outra, flu1uan1e e !il'lllprt rtm1c,ada, dos mani/es1an1es. Mas para afim do borulho, do fu,or e das explosões dt bombas de gás lacri, mogêneo, (. .. ) noYo slogan surgt:dia/oguemos! Dialoga-se, noitt e dia, a ptrder de vis111, sobre jilosojias, na calçada. nasbarricadas,nosescritórios,nasfdbriras[novcmilhõcs de craba!hadores e empregados entram cm grc,e apoiando os t>Studantcs], entrepaliciaise tstuda111ts tmre estes e prafessores. Tudo I
1emu: Marx, osenwda História, Dtus Padrt, o padrão ouro, e um desconhecido que 1ados CÍ/am, sem 5a!Jn bem de quem !il' 1ra1a, Marcust. Filósofo a/emiio dos mais obscuros, transformado em ianque. Profetas palhaços anunciam temf)()s novos e o fim do "métro-boulot-{lodo''' (metrô-trabalho-cama. id.ib.). 1'1aio/68nàofoiapenasmaisumarcl'olta csmdantil. contestando diretrizes uni1ersitârias. Scriamaisprópriodassificâ-la oomopontodcconvcrgênciadc cendênciasdcsagrcgadora.s prcsemcs cm formas de comportamen!o antcriorcs. tais como as dos beatn/ks, geraçãodororkn'rol/. cosbeatles. no campo da música; bem como dos mol'imentos guerrilheiros, no campo político. Tais tendências rc-ccbcramumvigorosoimpulso,cranspondo os··gue1os''contesta1âriosparaatingirasocicdadecomo um todo. Essaprimeiracrupçãocevelugar comas agitaçõesdemaio.nasquaismuitomaisdo que slogans - "Nem Deus nl'm senhor", "Se Dtus exislisw, era preciso suprimi-lo", "l proibido proibir", "Sejamos realistas, exijamos o imposs/\"e/", "A imaginaçõo Jomou con1adopode,"-a1·crdadeiraorgiaque10moucontadaSorbonnc,foiomodelodono10 modo de ser: "Liberar os sentidos da rompulsào (...J li/Nrar a imuginaçõo das cadeias dara::õofunciono/"(Herbertl\larcuse,in"l.stoé"", 10-5-iS). Libcradaaimaginaçiio,a"loucadacasa"". le,·aelaano,·ocsti!odeagitação,desempenhadopeloúltimoredutodrn;re101tososde maioascrcnderem : os"ko1orrgueses".Unidos em torno de Lucien Coudrier. pretenso agitadordaÁfrica-daionome-con5tituiuobraçoarmado do mo1·imento(cfr.Génération - Les Anné:s de Rêve, por Hcrvé Hamon e Patrick Rotman. &uil, Paris, 1987)
Dianteóocaosgeneralizarl", aburgucsia malidadeurbana.oi;postosdegasolinavo,assustadascari::••lr.: e1ezamarchadcum taram a funcionar.. Os burgueses. milhão de pessoas pela Av. Champs-Elysécs. recompondo-se: do susto, novamente tom.a1-arn Masscusunonãotel'cproporçàocomodcli- scusautomó,eis,eoomsuasfamiliassediririodasmanifcstaçõesestudantiscoperârias giamparacasasdecampo e reinicia,·amospicdaqueles dias caóticos. Foimo1·idapelome- nics. Quatro semanas mais tarde. 60r, dos dodequcare1oluçãodaSorbonncacarrctassc franceses referendaram DcGau!k. Naaparênaperdadeseumododescrimpre1iden1eede cia. a França sensata rn;u5ara o pcsadelo .. Mas em profundidadecon1inua1·aa desseuaoomodadoescilodccxis1encia.le1ando a!oOCiedadcatéaanarquia. Rcalizadaamar- razão. Os manifestames que reprcsema,·am o escha e cesudasasagitaçõcs de rua. a ordem aparcntcmentcscrestabeleçeunafrança.Os 1abliS"hme,11 cram ,·azios de principios, c proesrudantesscrenaram.desaparcccramas!utas tes1a,-amapenasconcraoshâbitosquesemocomasforçasdaordem,ocomérciorcabriu difica1·amdeprcssademais.Quandoumgruasportascsobretudo,comosimbolodanor- pohumano.umaclasscsocial.outodoumpo-
PraçaSaint-Michel,23 demaiode68:oscontingen\et policiais estnam desp,ep;arados parae nflcntarno\'Oestilodeconteslaçãoe ,e~olta
1·oes1ão1uiosdeprincipios, desnãoopõem nenhuma barreira eficaz à Re1olução. Em conscqliência. o ts1ab/ishmen11·enccdor não te1·e inteleç1uai5, não1e1cartistas, ncmpoetas,nembardos.nemsimbolos.nãotewpolhicosemuitomcnoste1·elidcrrcligiosoque in1erprc1a.sseodcs1arioagressoresuascauus, e propuscssc um 1erdadeiro "/,.,·er d'idées''qucpronigasseadesrazão. Eknão soube nem mesmo arrancar com donaire a bandeiranegradaanarquiaiçadapclossorbonianosnaagulhagóticadaCatedraldeNotre Dame. Muito menos soube. nem quis, subs1ituí-lapclocstandanedafé.únkoapo dertremularcmtãosublimclugar. Qualarazãodisso?Éporqucdcfatoaso cic-ladcc.tavaprcparadaparaumduplomovimento:umpr01cs10"azioeumaaceilação muda. Nada tinham a transmiliraseusdescendemes, andoserainércia,amediocridadc,oespiritodefruiçào.Emconscqüênciaos filhos dosqueparticiparamdaquelamarcha, til"eramscuespiritotrabalhadopclos,·emos daRcl'oluçãodaSorbonne.Eosquemarcharam oomra ela, assbtiram sem despraz.cr a seus netos serem "sorbonianOi" integrais.
Oquearevo]uçãoda Sorbonne1c1e de maiscaractcristioofoi ae~plosãodadcsrazão como um falo consumado. Em algumas de suas"mâximas"cscritasnosmurosdasuni· ,·midades. essae~plosãoficainteiramt'llteclaCATOLICISMO JULHO 1938 - 11
plicidadeobsoluto (paro empregar sd ~ qualificativo) do rrato triboi" (" RC\"0lução e Contra-Rcvolução",Diárioda5Lcis,SãoPau1o, 2~ cd., 1982, p. 72).
1'!
Protagonis1asda Rc,·oluçãodaSorbonne afirmam, hoje, que o movimento se c,·anes~. diluin~ na sociedade burguesa. O próprio Cohn-Bendit - na época o lidcr rcvolucionáriolllilliprestigiadopelamídiaburgucY. - uprimc esta opinião cm seu recc"rue Ji.
A burguc5ia apre»ou.sc cm retomar sua "oormalidadc" semencarar se riamente os acontecimento5
vro, Nós que temos tomo amado, a Revolução ..• Faha de visão cm profundidade, ou ten-
tativadcassimnegar-paraevitarnovossusa difusão sikncioY. dos ideais de maio/68atéomaisfundodasmcntalidades? Domesmomodopareccpen53J"oescritorfrancês, Alain Tourainc, professor na Uni,·ersidadc,ffllNanterre,durantcaRevoluçãodaSorbonnc: "o movimento de Maio nõo terá um omanhõ, mas um pon,ir'' (A. Tourainc, "Lc CommunisrM Utopiquc", Scuil, Paris, 1972). Em artigo para a "Folha de S. Paulo'' de 24- 10.81,o Prof. PlinioConiadcOli\·cira, comcntandooscfeitosda RC\·oluç:ãodaSorbonnc,afirma: "ocldssicocogumelodasexplosõts a1ômiais, ao mesmo ttmpo que sedesfaz, dilato suas irrodiarões por toda atmosfera". tos -
Colm-Bendit,o princip• llíderd• Revoluçl o de m•io de 68,vinteanos depois: "Continuo ~mpre co nteslat.irio. Vivo em comunidade - atualmente com seis adultos e três crianças".
ra: "Se ~us existrue, serio preciso suprimi/o", "tproibidoproibir". Naqueles dias de desvario,pareciaqucahumanidader;aminharia nccessariamcnic, daquele ponto em diantc, sob o dominio da desrazão ostcnsiva. Elaintroduziuviolentamentenacenaum tipohumanocujoaparecimcnto,segundoa marcha gradual da Revolução 11osanosdo pós-Guma,lcvariaaindadécadasparaapam:c-r. Se polilicamtntt a revolução de maio/68 fracassou,poisnãoconseguiuopoder,nem aboliuoEstado,umestandartcíoilcvantado e um grito foi dado que impressionaram o mundoeacarretaramefeitosdesastrosos.Ela foilargamenteacei1anocampopsicológico, moral,socialecuhura!.Adcmais,anotaíran=a - sempre aprazhel e potcncialmcnieexpansiva - que a caracterizou, tornou-a atracntcaosolhosdomundointciro. Estava lançado no,·otipohumano: sem princípios, desgrenhado c ~ológko, já ,·o!tado par~ o tribalismo. Tribalismo? Sim. Analisando em seu profundo estudo "Rtl4Jluçõo e Con1roRevolução",aetapamaisrecen1cda"Revolução,oinsignepensadorcatólico,Prof.Plinio Corri!adeOlivcira,dcscrC\'cac\'cntµalmarchadoprocessorevolucionáriorumo11umes1ágiotribal,quc,anossovcr,scriaumdcsdobramentodacxplosãosorboniana:"Arre:sttn1eojeri~aa1udoquantOérociocinado, es1ru1urodo e melodizado só pode conduúr, em seus Ultimas paroxismos, à perpé1ua e fantasiosa i•agabundagem da vida dos sefras, afrernada, lombim tia, com o de:sempenho i11Stintfro t quase mecânico de ofgumos atividades absolutamtn1eindispe11S1freisõ vida.(... ) "Assim, a derrocada dos 1rodições indumentárias do Ocidente, corroídos cada vet mais pelo nudismo, ttndt ob1·iamtnlt para o opollcimen10 ou co11Solidar60 de hábitos nos quaisse1olcrará,quondomuito,arin1urade prnosde owdt rerios tribos, oflenrado, ondt o frio o exija, com cobtrturos mais ou menos .tmontiradosusodospeloslop(Jes. ''O dffilportrimen10 rápido dosjórmulos dt rorttsia sd podt ter como ponto final a sim· 12 - CATOLICISMO JULHO 1988
DETERIORAÇÃO FINAL lxfatoa RC\"oluçãodaSorbonncmarcou pr.ofundamcnteocomportamentosocial nos anos posteriores. E nesse sentido cla IC\'C c continua a ter seu porvir. A contestação tornou-sc moda,a autoridadccmtodosossctores da sociedade debilitou-sc, os costumes abandonaramrapidamcntcestilosquedcalgum modo ainda os mantinham dent ro da Lei de lxuscdaconveniênciadotratosocial,deuscodesvariodasconcepçõesanisticas,oque, tudooonduziua "umfeitiodtespíritoquese roroc/eriw pela espolllaneidode dos rtof&s primàrios,semocor11roledointeligincianem a porticipoçiio eft1ivo da vontade; pelo predomínio da fantasia e dJll 'vivlncios' sobre a análise metódica do rralidade... " (Plinío Corrb. de Olheira, ''Revolução e ContraRcmtução", p. 31). Emscucitadolivro"Nousf'avons/antai• mée,larivo/U1ion", DanyCohn-Bcndit,afirma: "oolongo~onosaju1~ntudttonrouse motora de uma m,oluçào dos costumes, das memalidadts e dos re-laçõesemre indivíduos". Foisoboimpulsode55aforçamotoraquc nosanosposteriorC"ieclodiram,emgrandc quantidadceportodolado,comitêsdeação estudantiseuni1·ersitârios,comitêsdesolda-
dos,comitêsdeapoioàslmasopcrárias,cam~ poncsas,anti-impcrialistas;movimentos delibcnaçãodasmu!hcres,doshomosscxuais, movimcntosccologistasccxaccrbadamente nacionalistas{cfr. Gillcs li povetsky, " Changer la vicoul'i rruptionde l'individualisme transpolitique", in Pou1·oirs, n. 39, p. 95, 1986, Paris). Asutil"radioatil"idade"queseexpandiu a panir da explosão da Sorbonne cm maio/68 foiacausadaaceleradadcterioraçãorc!igiosa,cuhuralcmoralquehojeatingegrausparo~isticos. lx tal modo a quase totalidade d05 va!oresqucdefiniramaCil"i1izaçãoCristãforamlançadosàbeiradaextinção,ncstesúl1imos 20 anos, que as pouibilidades humanas deumrctornoaoantigoesplendorespiritual eaoonseqiicnteccssaçàodosaluaishorrores são ínfimas, quase a ponto de não se poder 10má-lascmconsidcração. E os olhos dos que ,·erdadeinunente amam aquclesesplendoressevolwn,súplices,Àqu~ la que cm Fâtima os confortou, prometendo: "Por fim o meu !maculado Corarão lriunjará"! PauloHenriqueChnes
L"Jovos 'llósofos_·_·11<1 __ F_ra_n_ça_ _ _ _ _ _ _ _ __
Denúncia estéril e complacente do ocaso da razão ~rF1tTO, C,t.O,S,. CUSfl'SÃO, _ _ . . dl: . . . . . , . , . ~ ........ ,........... • ...,.. MblllNIL .... IIUl~llll---,a1----f1
fN!'I' ........................ ,...... _... . .
..,,,.., .......... _... .. ~ , f f l • --.,.,....,,-dolJUfft'tlMll&a.d,aaNn,ma•Mb
.... lntNll ......
,l'ftttS. ,. Nlntdlult, . . . .
. . . . . . . . . .U"4--. 111iv.-. ..,U,r..tM..
OahftliM!i~~oamtTOlfo4etmsrso
... , - ' - _ , ~ .. ,\--•lto,--111<
·!Jaht~,.••t1attt> ...
111t.Hts
~ • ..., .... , , , ................ ff'aBlâ pMMe.,.,,.,.~llk1d:M,,-.lllnm1.iirub~-.dl.:i •
ff'lllllil.MW1>11a4al~~----••p,, .. . . . . . . . . . ~f,nau~lli'kllqll'.IS . . ftY ·
_., ••1'•JMu -
am. ~
~--nNIIQ i1
_..,_
_ru-
U..-ftftQml!Jlln mak!Jlqm?il9M-.
o.-ámra-~!tokffl••..-k ~·lf~'
PARIS - Hoje bat ium -scde cu//uraisatividadesnasquaiso pensamemoeareílexãonãoii'm nenhum papel. Vê -.1e isto, por e~emplo, na arte moderna. Uma latadelixo,umapilhadejornai!>
selhos em de1ordem: eis uma obradearrequepodefigurarem
qualquercxposiçào,·anguardeira, comoaBiena!deSãol'au!u. Gestos elementares, atitudes primiti,·as, rcílerns instinti,·os descomrolados,sãoconsidcrados expresõesculturais. Osantrop6 logosesociólogosvãobuscá-las nasprofundidadesdasselvas,ou nossubmundosdocrimc,dadrogaoudamúsicarock. Por isso, fa!a-sedeculwrorock,culturo triboi, ou cultura punk, Seta\ éacullUra, muilüsse perguntarão:paraquecuhivaros valoresdo.-spirito?Nãoémelhor dejxar-selevarpcloimpulso irnediato,pelamoda , semnenhuma refkdo? Essasinterrogações,oriundas , aliás,demenlalidadesva1iasde bomsenso,sóencontrarnrespostastranqüilasecertasnadoutrinacatólica.Masparaquemdela seafas1ou,ees1áirnersonocontextodecrisedacivilizaçãourbana indmtrial,clasvêmcarregadas de,·eneno, A tais interrogações en1re-garam,r,edoisjovcnsintclcr!Uais franceses, Alain FinkidkrauteBemard,Henrylévy,emli,·rosrcccntes,Finkiclkrautdc1,
crcveuemseulivro"Aderrotado pensamento"\"lodéfoitedelo pe,as/!f!",Gallimard,Paris,1986), oqueekconsideraotriunfodo
~-~::·J:1~\~i!1~!~~: ~,?i!o~
gedesintellec/lle/s",Grasse1,Paris, 1987),acabounegandoapossibilidadedeohomcmconh«cr qualquer ,·erdadeabsoluta,como também defendendo a instalação habitual dacomradiçãonoprópriopensamento,istoé,oabsurdo mental Ambos,aoin\'ésdefazcruma análisesériadarealidade áluida Fécdobomr.enso,rentaram,por outrasvias,umaexpliçaçàopara oatualdesçréditodosintclectuais francescs,edopapeldopensamentonaprópriavidacotidiana de cada ind ivíduo E naufragaram,
Finkielkraut: na origem, a revolta contra altar e trono Oliwodc Finkidkraut recebeuboaacolhidanam(dia.Ojo,·emautorjulgoucncontrararaiz dofenõmrnodonão-pensamcnto narevoltacontraaautoridade queanimouaRe,·oluçàoFrancesa,oliberali1mocosocialismo Apropósitodaigualdadere,·oluc;onária prodamada em 1789,
obscrvaFinkielkraut: "A divisão emclossesfoiob-0/ido: nâohovio mais nobres, nem sacerdo/es, nemjulzes, nem plebeus, nem camponeses" (op, cit. , p, 20) "Ubertadosdeseusliomesede seus ascendentes, os indiv,íiuru eram também libertodru do outoridade rronscendente que oté enriioreinavasobreele.ç. NemDeus nempoi;elesniiodependiommois do Céu nem do heredi1oriedude" (Op,ci!.,p,21), Com efeito, a filosofiaanticris!àdaRevoluçàoFrancesaprometia ao homem a autonomia plena,baseadanahiperprofiada raião, Cada qual , assistido por suasforça~somente,semcritérios !ranscendentesdebemernal,verdade e erro , instruído por uma falsa!iberdadedeimprensa,seria suficientcparagovcrnar-seasi mesmo.Entrctanlo,Finkiclkraut nilo apresenta uma crit ica séria desta filosofia , limitando-se a constatar seu efeito dissolvente, E passa adiante Oau torcontinuasuaanálisc, observandoque,deacordocom amesrnaposiçilonegadoradetodaautoridadesuperior,oestruturalismocolocou, em nosso século, no banco dos réus , a própria ral.ão como iambo!'m a civilizaçào , Des!e modo, Lévy-Strauss acusouohomemocidentaldeimporaosoutrospovossuacuhura ecivilizaçào,seumododepensar racional,cdecoarctar-lhesaliberdadcdescrcmcomobementendessem.E,porestavia,scgun doFinkic!krautoscl,·ascm,o bárbaroeoprimitivopassarama servítimasdoshomcnsmoisne-. /as1os:osdctentoresdaracionalidade. O jo\'em escritor não apro,·a essa última conclusão, mastambémniloarcpro,·acabal, men!e.Elearegistra, desanima do,comomaisumaqucdamoral do Ocidente,
Nofim, o desfazlmento, a anarquia e o obscurecimento da razão Finkielhautconclui:oresul· tadodcsseprocessohistórico é queo<·ivilizadocobàrbarosào
v1stoscomomerosrepresentant.-s decu/1uru$0pcionais,Eque,em consCQüência, todos os estilos, verdadeiros ou nilo, são me5clados nas formas mais dispares e contraditórias,sendotaismesclas oferecidasaopúblico,atravésda m,íiiaedeespetáculos,comoalternativasprazemeirasdeumasociedademulticultural,polimórfica,relativista,pós-modema,Seriaumaposiçãosemelhanteàde umvisirnntcdaDisneylândia,que passa5sedeumcastelomedieval
Alain Fin1ie lbau l
auma,lhadepiratas,oude urna cidade futurista a uma caverna pré-hiscórica,aocaprichodcsua imaginação Finkielkrautregistrasagazmemeumacontradiçãodessasociedadeplurahsta:sealguémreagecontratalespéciede«umenismo cultural. procurandodcfcnderumahicrarquiadevalorese denunciaroernbrut«imen!Odo .-spirito,éclassitícadodepuritano,despótico,defreiaramarcha dahumanidaderumoàautonomia,de~rumaesp.!ciederacistacultural,umdiscrirninadorque rcsis1e à mestiçagem cultural, E
CATOLICISMO JULHO 1988 -
13
a~im,obstr,aoau1orfranc!s,a dos intelectuais em foco,jánão ,erdadeiracullura-aqualelc sepodeesperarumasaídapara nãodefine-torna-stob$1áculo tal situação aoccumenismoculmral,stndoo pensammtoreduzidoauma"opLévy e o modelo ção" ião vtiida quamo o de homem sem rod.'n'roll: "Parat'ntrareft'tframt'ntt'nanadaauronomia,i-nos verdade absoluta n~r/Qrransjormart'mopfCÍt'S todasasobrl1açótsdatrauu10Por sua ,ez, Bernard-Henry ri11iriu"(0p.ci1., p.141,dotaque Li-,·yrcccbcuacolhidaaindamais do autor). fa,·or.h-elnaimprensa,fatoquc Eassimédescri1aal/btrdadt dessa era da autonomia: "v;,.,. mosahoradosfeelings:ntJohô mais nem verdudt nem memiru, nl.'m ntl.'reótipo nem 1m·enr1Jo. Mm /Jtleza nem jt'iuru. St'nlJo umu palht'ta ief,n/1a dt pra:,eres (. .. ) 'Deixem-mt fu~tr dt mim o quequtro':nt'nhumaautoridadt' rrunsr;endt'ntt, históricoousimplesmemt mujoriróriu pode dl.'sviar as pft'jerlncias do su)t'ito pds-moduno ou ft'ger seus compartamtntas. M,mldo de mn ttleromanda diante da l'ida como diantt'desuatelevislJo, elecomJJOf'as,,upragrama,c:,maespf, ritoserena,semdtixar-sejdintimidarpt'lashierarqu1astradicionaG.Livrt-nOSt'ntidot'mqut' Nie1scht di~ que nlJo t'nrubesct'r dt'si,tamarcadali/Jtrdadert'Dli:,ada - tlt podt larrur ruda t' abandonar-:w com de/feias ao imediata de suas paix&s rltmtnrares" (Op, cit., pp. 142-)43). Ainda,~undofinkielkraut,paraosobsen•adores mais lúcidos Bemud-Henritêvy cs1atafaseúl!imadademocracia, ironicamente balizada de ··eraroleidoscóplcadosu()t'rmrrrodatdoSt'l/•St'rvict"(op.cit., p. lSI). odc-,"Ouàcategoriade .. no,·oguAseguiro autorde "Aderru"daimelcctualidadefrancesa. rota do pensamento" assim qucsEm seu lino citado, Lhy rt'JX'tC tiona tal hbtrdade: "A 11/Jtrdade conceitos de Finkiclkraut. Mas iimpo$${Vt'IPQraoignorantt(... ) propõe como "solução" que o permn·amruflldsojosdasluzes'" homem renuncie à idéia de que (op. cit., p. lS3). Mas, reualta podeconh.eccrumaverdadeabFinkiclkraut,ainteligônciah.umasoluta,equesc:oontentesóoom naquevemsendoplasmada,já uma verdade relativa, ou uma desde a escola, por computadopsc:udo-verdadequeelcassimderes.nãoestánaordemdopensafine: "aberta,informu/live/,pro,.. menlo, 5eniio (la manipulação: ~ curada it1def,nidame111e, de/ini1/então. onde fica a liberdade? Por. ,·amenteinacabada,elasniapre· fim.oomaculturarock, ''tounicisamenteocontrárioda ,·erda1·er.rndopt't1Samentodiscursil'o, des11bstancialdeoutrora''(op. elt'próprlo,qut isr1bs1/1uldopt'cit., p. 118). la das •·ibraÇÕt'S e da dança''(op. O perfil moral do homem que cit., p. 162) nilocrêcmncnhuma,·erdadeabFinkielkraul cnctrra bruscasoluta - segundo Lhy - será o menteseulivro,entreresignado doinseguro,incerto,queaderea e d=pcrado: "A barbárie, pois, iudo a meias, que jamais dcspoacabou por apoderar-seda cu/rusa uma causa. hesitante, de pen· ra", e o homem de pensamento samtmo Mbil, cm cujo espírito cede 1errtno, docemt111e, ao zumprtdominarão o cquí,·oco e a ambí (op. ci1., p. l6S). Des1a maneibi&ü.idadegeneraliuda.Serápe,ra. fica no leitor a sensação de simista, pois se terá convencido qutoautoreonstatouesseíenõ- ·dequcnãohásoluçãoverdadcimcno mórbido, com lampejos de ra pos.si,·el, de que tudo dá na inteligência e ,nacidadt. Mas, ao mesma; mas, ao mesmo 1emp0, mesmo 1emp0, fica tamb.fm a imserá alcve sem razão. Nem sociapres!Jo de que até dos mais lúcilista,nemconstr.,.ador;nemisto,
14 - CATOLICISMO JULHO 1988
nem aquilo. Em su,na, um homemquesedestróiasi mesmo, pensando absurdamtn1e: "Ptnsa,comraudirtitu ... /Jt'IISarron1raaesquerda... Pensarcon1raa vulgata ... pensar con1ra a anti-,·ul11u1u ... pensar contra a purtt'dt'ntiopensamen1oq1lt'cris• tuli~ num pt'nsamemo ... Pensar conlruapiorpt'dra, queic,pedra dt' was próprias /dilas ... " (op.cil.,pp. 136-137).
f,c-ia/' cujo simples nome, quulfabulasa quimera, sempre me tem f"ila sonhar" (op. cit., pp. 148-149) Oquehádesen!ilto.ouao menosdemaispróximoaohumano, nestes deliriosde Li-,-y? Ele mesmo aprescnca uma resposta: "~m dú1·/da. em ,·ou chocar. Museunàoamoo'genero'hu· mano.Eumeburlodt'suasafrar1Jo"(op.cit., p. l34),
Arautos da utopia de um mundo sem Deus nem Lei
O absurdo e a revolta contra a própria realidade Lévyre,·olta-,s.e,porfim,contraaprópriarealidade, adoraa civilizaçãodaimaaempelaimagem. e sonha com um desfaz\. mento nihilistade tudo quanto exi11e: "NdomaisOft'CI!, não. Nào muls coisas. Nilo mais matéria. Nadu sendo rtflexos. Refie, xas de reflexru. Simulucrru ou semblunlt'S. (, .. ) um romancista ronstrui11umuf,cçllo,n1Jo11Jofic1ic/aqua1110PQrtce,combasena idt/udt'umplane1aquesees1101a,:wdi.ssolw,t',ji11a/men1e,desapc,re<:t'rom os úllimosfl'lais hert;lanas.f... JA ldtia,amim. me apra~. Amo abandonar a lastro que t'la sul)M tm nOSSll1 •·elhasC"ft'tlf(lSnas','fflJade.seternas da na/Uft'ZQ humunu'. Amo-a, comaamoa1randeloucuratelemdtica. infarmd1ica, ci/Jtrntrlca con1emp0riinea. (... ) E depois. a ,·t'rtigt'mda1u'lnttllt1lnciaartl•
A Revolucão Francesa, que endeuzouaruão,difundiuuma falsa concepção de homem, segundo a qual e~te seria dotado de umaraiãoinfalivcledeuma,·onradc poderosa. Concepção que abma!adopecadoo1iginal,da n0çãodebcmedema!edovalordaRedcncãodcNossoScnhor JesusCristo.Eraoracionalismo escucorolário.omccanicismo, isto é, a idéia de que a ~ida pode serorganiudaoomoumamáquinaperfcita.Surgiucntãoautopiare,·olucion.iriadeumhomem rcdimidopelaciênciaepelatknica, ,·i,endo numa República Uni,·ersal sem fronteiras. onde oo,wi,·eriam todas as religiões, ra ças,cultura.seci,iliz.açõn,sobo go,erno da psicologia e da propaganda. Ma$,àmedidaqueCS5-ilutopiafoimodclandoavidamoderna.suasfalhascomcçaramasur1ir.Elaviolentavaanaturezahumana,eaidolatriadamáquina 1endiaascrarummundop0,·oadop0rmonstros.Apartirdai,algunscomeçaramadefenderodesequilibrio op0sto: o retorno á barbáriceaotribalismo,amorte dopenJ.11mcn1ocaa1inçlodetodaordem,emnomcdoparoxis moda!iberdade,daigualdadee da fraternidade Assim,duzeniosanosdepois daRcvoluçãoFranccsa,r.cusderradciroi desc:nvohimentos dei xamdeladopretensossistemasíi losóíioos,ee.~ibemseufundamora!: nem Deus, nem pais de nenhuma espécie; nem Igreja.nem Mandamentos; ntm razão, nem principios.Esim,oprazerd=freado, no dcsconh.ccimemode 1odaau1oridade.Emsuma,oor1ulhoeasensualidade,1iranosdc um mundo utópico totalmente op0stoàpazdeCris10norcino deCristo.Mundoutópicocs,,;c, do qual FinkielkrautcLévyquerendoou não- füeram-se arautos. C1io X1,iu daSi l.-ei111 nonocorrc-spondente
NOVA "mal'tt rost""! - Maio e junho reservaramnãopequenassurp~nopa~or.ama político ír~ncês. A reeleição do. soc1~lma François M1ncrrand a oito dc maio úl11mo, com S4.91 '7t dos votos, sobre o e,:. primeiroministroJacquesChirac, reprcsentantedocentro-dircitaoqualobteve46,09'71, (Cfr. "0 Globo'', 9-5-88), pareceria indicar umarctomadadaas~nsãoda''marécrosc", quccmmaiodcl98J teriadadoaossodafütasavitória. Em 1981,aprovcitandoavitória,MitterranddissolvcuaAsscmbléialegislativacconvocounovasclcições,nasquaisossocialistas obtiveram maioria, pouibi!itando às esqucrdasaplicar aseu talanteo programadc rcformasees1atizaçãodaeçonomia. Em questão demesespassaramparaasmãosávidasdc "MonsicurlcPrésident"grandesbanco,cempresa5.Masissoeraapenasocomeço.Munidodeum\'lltiuimoprogramadeação,oPartidoSocialistaFrancêsvisa\·amuitomaisdo que a simples aplicaçãodeteoriaseconõmicas. As metas descritas no "Projet Socialis-tc", oprogramadopartido.atingiamohomem como um todo. E o objeti\o principal: aaplicaçãodaau1oges1ãona França,edclá para o mundo. Em 9dcdczembrode 1981, \·eioa lume adenúncia-cha\·cdatrama sociali!ta:''OSo-cialismoAutogestionárioemfacedocomunismo: barreira ou cabeça-de-ponte?" da lavra do eminente pensador católico Prof. Plínio Corrêa de Olh·cira. Trinta e trCs milhões de cxemplar~s ~m jornais e re,·istas de 148 ~a!· scs,consntumdoamaiorcampanhapubhci1áriamundialdogênero. Paulatinamenteco• meça a murchara •·rosa"socialista. Mai oria ne~ ~d~ - Em !986, por ocasião dascleiçõcslcgislativas,ossocialistassãoderrotados,forçandoMitterrandacscolherum primeiro·ministro da oposição, M. Jacques Chirac.lniciou-seochamadogo\·crnodecoabitação,oqualseencerrouemmaioúltimo. ~ panir dai, e mesmo um .pouco antes, o presidente francês mudou de 1maaem. Deixou de apresentar-se como um homem que tem um ferrenhoprogramasocialistaau1oaesiionário acxct"utar(Mi11 errarid'.; .passouaserpra1icamcntc um cenmsta a-ideológico, uma esptcic dc ,o\Õ 0u titio-fazia-scchamarde "ton-ton"pelapropaganda-~nachãoc amigo de todos {Miuerrand li). As eleições desir ano. quem concorreu foi o Miuenand li. 8 sem:Íéi~~~O:r~i:t~~\~! uma maioria absoluta (ou seja, pelo menos 289 cadeiraspara5771ugares), quelhepermitisse governar, senão com folga, ao menos sem grandescntra\·es. Essa maioria lhe foi negada. Em junho passado,ossocialistasobtiveramapcnas276 cadeiras, enquamo que a URC, a União da
d1~~~e~;~
Congregação do Centro (unindoospanidos _,. __ ,w.r~~ RPR e UDF) conseguiu 27 1. O Panido Comunista. 27ca f rente Nacional, ditadcextrcma dircita, 1. CutudeusointcrnodohrtidoSoci•liila SeMitterrandllobteveboavotaçãopara f 1•ncês:pu•osseusMitterr•nd•prHentapresidcnte,porqucossocialistasnãoconseseco moherdeirod•hvoluçioF,ances.ide guiram a maioria kgislativa1 Na realidade, Mitterrand, além da nova 1789, da revolta oper.íria de L~on em 1831, imagcmqucadotou,foifavorecidopclacisão daComunadeParise m1871ed•rcvoluçáo daoposiç:io,maisdoquepelaforçadases- da Sorbonneem1968. querdas.Dcacordocom JérômeJaffré,dirctordeE!itudosPoliticosdoSOFRES(lnstitutodePesquisas),cm8demaioúltimoocanQuefuturoesperaaFranç.a?Asesqucrdas, dida1osocialistacontoucomquase2milhões emboramajoritárias{socialistasccomunistas dcvotosconscrvadores,transferidosp.araelc somam303cadeiras),não~!óenlemsuíicicnemcercadequinzedias - cntrcoprimeiro temcntc fones para impor ao pais nova polie segundo turno - "btneficiando-Mcom sua tica es1a1izante. imagem pessoal li' dos efeitos da dii·isào da diDeacordocomJaffrt,quccscreviaantcs reita em três polos disrintos" (''Lc Monde", da eleição de junho, "o encnailhado para os dirigentes rocialistas i ropitol. ~forem vito4-6-88). Efeitosm«iniros-Paraaseleiçõcslc- riosos, istosedli'Vli'rd graças ao escrutínio magislativas.omesmoJaffréentãoadvertiaquc joritário, quelhesassqurardovitóriaporcilt· ossocialistasscbcncficiariam "dosejti1osmc- co anos. Mos sozinhos no poder, º"iscam-se
cânirosdoli'$VlllÍniomajoritárioemdoistur-
o ser, em poucos mrsn, sewramemeju/gados
nos" (id., ib.). Ou seja, no sistema propor- pelo opiniõo pliblit:a, quer pelo desloromento cional. adotado cm 1986. favoreçiam-sc par- ideológico do país paro o direita, quer pelo tidos. mesmo pequenos.e não candidatos. dtseonltntamtn/0 dos fron~ de l'erem o Gro»omodo,seumpartidoob1iYesse tsr, poder monopolil.ado por um Unico partido. dcvotos,tcrial5r,•das577cadeira.s.Talsis- Quaisquer que forem os ~ullodos de j e 11 1cmafoi,entrctanto,substituidonogoverno dt junho, o obtrtura polír,t:a será para ossodoprimeiro-ministroChirac.poroutroquefa- cia/is1os um imperativo caregórico"(id., ib.). ,·orc«oscandidatosmais ,·otados cnão os Cotsio da oposlçio - Os fatos confirmapanidos. Como conseqüência, a freme Na- ram o aceno da análise acima citada. "O secional, panido novo, com candidatos muitas gundo turno das e/eiçóes ltgis!ativas criou no ~czes sem raízes nas respectivas regiões, foi se- Fronça uma situaçdo po/ítiro méd_iw. Os parriamente prejudicado. Só candidatos solida- tidos de direita perderam a moiona, mos nem menteradicadosnasrespcctivasregiõcscon- porissoossocia/istasob1iveromocomroleda Assembléia. Do ponto de v1s1a polü1co, os seguiram eleger-se.
========~~
Q';~]'t;:~~ (M itt, n•nd, n•TV,conwid• ndooseleitorcs p• r• vo l•fl:'mnele). -"Port;i;nto,cont•reicomosSrs.110próximodomingo!" - "O quehaver.ínodomingo?" (charg, do " LeMonde",4-6--88).
perspectivossàodeinstabilidadeelimitom-se aoliançasprovisóriasta111ocomosctmriJtos quanto com o Pari ido Comunista, de acordo com o teor dos projetos de /ti. Os eleitores não quiJerom dar um cheque em bronco ao Partido Socialista, nem optor por uma maioria 'nltida mos nào excessiva' que o presidentt solici/Ou para governar. Diante do recado dos elti1ores, paro os quais o país deve ser goi·ernado não por um s6 partido, mos pelo consenso entreesQuerdaedirtita,oprcsidenteserríobrigadoaattnderãsexigêncúudosvotontesetfetivarstuprojttode abtrtura"(AnyBourricr, in "0 Globo"", 14-6-88). É intcrcs.santt resultar que tanto o ~CF quanto o atual primeiro-ministro SOCtalista Michcl Rocard descartaramauni!lodasesqucrdas. De fato, ficariamuitomalparaoMittcrrand[[rcapa· re«rabraçadoaoscomunistas. Tudo dependerá da solidei da aliança centro-direita,aqualpodcráobriprcfetiva menteMincrrandapromO\'ereoisaabcnura. Entretanto,qucrcráoccntro--dircitascguirtal política? Só o tempo dirá. Adalberto }"trrti rv. da Cunha
CATOLICISMO IULHO 1988 - 15
Falece antigo diretor de "Catolicismo" inicialmente no Departamento Jurídico dt Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC). Posteriormemc,dcsenvolveusuasatividadesjuridica.,;noDepartamentodePatrimônio da empresa Light. A])(M a nacionalização desta, continuou a desempenhar o mesmo lipo de funções na Eletropaulo. Quando aluno do Colégio São Bento, ingrcs.sounaJuve111udeEstudantl1Ca1óliDr. Jo~ Carlos C.u tilho de And rade ca(JEC),destaca11do-scdesdelogocomo umdescuslídcrcs. Foidirctordase,::retariadaJuntaArFALECEU no dia 24 de junho último, quidioccsana daAçào Católica, quando cm SãoPaulo,oa01igodiretor de"Cato- aindaestudanteuniversitârio. licismo",vice-supcrinteodenteda DiretoEmscguida, passouatrabalharnoscriaAdministrativa c FinanceiraNacional manário"Legí<.mârio",entãoórgãoofícioda Socicdadc BrasilciradeDefesadaTra- soda Arquidiocese de São Paulo, onde dição, Família e Propriedade - TFP, Dr. excr.:cu por vários anos oeargodesccrcJosé Carlos Castilho de Andrade. tário de redaçào. O extinto, de tradicional família pau. Desde afundaçãode "Catolicismo", lista,nasceunaquelacidadeem 1925,tcn- cm 1951,oDr. JoséCarlosCastilhodeAndofeitoocursosccundárionoColtgioSão dradecxcrceu, na prática-c comassinaBento e se íormaOO na Faculdade de Di- ladacompetência-,ocargodediretorde reitodaUniHrsidadedeSàoPaulo,onde nossapublicação,emboraseunometcnha colou grau cm 1948. figurado, n= qual idade, no expediente Oedicou-sc, logoapósa íormatura,à delasomentc nosanosdcl974e l973.A advocacia,cmcujocxercicio,atêsuamor- atualdireçàoecorp0rcda1orialde''Catote,demonstrourelevantesqualidades.Co- licismo" rendem aqui um preito à memó· moadvogado,caracterizou-sesobretudo riadaquelequefoi,desdeosprimórdios pclararalucidez eprecisãodescusservi- deste mensário atê o momemo em que a,;. ÇOSjuridicos, tendo exercidoaprofiss!o sumiu imponante encargo na estrutura ad-
"'º rhinof
e
,1
A NOTÍCIA de que Frei Hermínio Zaminhani, de Barrinha (SP)- cidade próxima a Ribeirão Preto - , promove suas reuniõcsaprescntando-sedechine!osebcr,nudascausoualgum espantoavâriaspcssoascqmasquais comentei o falO.Exp!ica· se queessae5tranhezaniiotenha sido maior,porqu e,oh triste· ta !, hoje em diaasaberraçõesjédeixaramdcserraras. De qualquer modo, para quem acredita em Deus, na sua Igreja, nos seus Mandamentos, tal tipo de notícia leva a lamentar que se tenha chegado até !é. Pois,comopode5crque religiososdêtm, porsuaindumcntãria,ouporsuasati1udcs,o mau exemplo destruidor dos boJLS cosrnmcs? Nada terão eles cnam · trado nadoutrinacristã, arcspcitodomal quehâemdesedificar o próximo e mcsmo cscanda!izá-101 Conta-sc,por exemplo,deSão Franciscode Assis queek percorreu. acompanhado de um disdpu!o, as ru as de uma cidade italiana. Terminadootrajeto,pcrguntou-lhcocompanheirochciodc curiosidade: Pai, c o sermão que deveríamo~pregar7Respondeu-1he 0Sa010,imperturbável: osermão estâfeito, nossa presença foi um verdadeiro sermão. Podemos imagi. nar,arespcitodessefato,obom exemplodadopc!os doisho, mens deDeus,revestidosdescus trajcs talarcs,demonstrando austcridade.Assim,a,·ida dos santosé repleia deliçõcscdificantcs.lnfelizme01e, tudoissovemscndopostodelado há um bom tempo. Oscgredopeloqualalgreja con.sesuiu,notranscurso dos s&ulos, com·ertcr até mesmo pessoas das mais empedernidas, 16 - CATOL1CISM O JULHO 1988
ministrativada ITP, acoluna·mestradc nossomensâriosoboa.,;pectojornalistico e de organização Foidiretorvice-supcrintcndemeda Diretoria Administrativa e Financeira Nacional da TFP, função na qual se desiarou por sua competência e dedicação. ODr.JoséCarJoscas1llhodeAndrademorreuconfortadoportodosossacramen1os da Igreja, tendo seu falecimento causadoen1fosócios,cooperadoresecorrcsponden1es da a.ssociação- cm cujo ambiente era muito estimado - profundo
-
O corpoaofalecidofoiveladonascde doConselhoNadonaldaTFP,donde partiuoimpr~ionantecortejofúnebrerumo aocemitériodaConsolação.Ocai>:.ãofoi carregado emtodootrajetoporsóciose cooperadores da associação, tendo sido acompanhado por centenas deles mvergan· docapas.Osestandartcsrubroseafanfar· ra da TfP causaram também profunda imprcssão no público que assistiu a pas.sagnn doféretro. Ao pé do túmulo íoramentoadosvârioscânticosacompanhadospc!afaníarra. E antes do sepultamento, em nome dos só-cios e cooperadores da entidade, usou da palavraoDr.PlinioVidigalXavierdaSilvcira,oqualcnaltcceu asqualidadesexímias do saudoso diretor da TFP.
enaçõesinteirasdebárbaros,cstcndendoaomundotodosua bcnfazejaação,cs1a,·a110fatodehnerhomcns degrandevirtude,,·oltadosparaaglória de Deuse a salvaçãodas almase nãoparaaquilo que nrn; fa·angelhosédenominado"o mundo". Esseshomensoonseguiamoi ni magi nével, aocontrârio de quantos em nosso1i dias que, buscando adaptar,se aoque chamam de progresso - é o " progressismo" em marcha afinalconcorremparaoneopaganismo doscostumes,provocandooafastame01oda Religião por pane de muitos. Edson Siqueira
~AfoLIClSM!O Olntoo-: J>aoloCorrfaO.Brno f "iilK>
~~
- ~
:To- 110 Tal:al".ulll-Res[ouildon1DRT.SPIObo n~
~ l o : Ruo Martim Fruc:ioco. 6M -0122~-Slo Paulo, SP / R""<loo Goó· l0<..u.197-2! 100- Camp0o.RJ Gtrhdo: Rua Monim Francioco. 6M - 01m - Slo Pa ulo. SP - Td : (011 ) m, 11, ,(,omalll!) Fo10<0111~: (dir<l1, 1panU"ó:: 1rqWw,,f~PO<'"C11<>li<ism<>")ean. <l<tron1n S/A Gdif,ca < Editora - Rui Mlirii>qut. 96 - S,lo Poulo , SI' ~=~~~FP Papéis < An<s G,,r.,., Lula- Rua Jovtk. 611 -0 11 JO ~
·'tom11*bliadomensatd&Emp,fflPadt•lltlcbiordcP0111..
P1r1111"""8ç.odc<tlde«ÇOdcusin&nltsfnocesúrio_ ' _,_btmoa,, dcteç,,1A1lto.Acor~ttlallV11-u,11_1,,,lslpodc,_Yiada àGerhâa: ba Martim F , _ , 6M - 01"6 - S,,, Pooolo, SP. 1SS., -l111~S<IDdardSeria!Nwlibcr-OJOJ4j(U
Saúde: um acordo inaceitável prenuncia ~ ruín::1 rf::1 morficina hr::1c:iloir A secção primeira do Capitulo li do Titulo VI!! do atual
ProjetodeConstituiçãofoidominada,desdeoinício,poruma for1e1endfnciasocialista.Jánoprimeiroanteprojc1odaSubcomissãodeSaúdeescavamprcsentes1odososelementospara umato1ales1a1izaçãodamcdicinano Brasil: 1) a prodamação do principio de que a wride t dew-r predominante - do &1ado, e não do indivíduo; 2)adefesadoprincipiodequetodososhomenstêmdirdto ao !U't'SSO igualitário a todas as ações eser,,.içosdesall.de;
3)abrimiçiloaof.5radodafunçãodecomrokeexacuçào dasaçõeseseri:içosdc.\aúde; 4) restrição da liberdade do exercício da mtdicina privada a~nas à pra1uçao d" snvir0,1 ao Estado, mtdiante r:omra10 de direito público:
~)acriaçãodcumagigantcscars1ru1ura(Sl!;cemaúnicodc Saúde),paraseocupardetodasasatr\buiçõesre!ativasas.aúdenoPafs; 6)odircitodoEstadodeintervirou mesmodisapropriar hospitais particulares. ls1oproduziu,noinicio,umafortereaçãon05meiosmédicos em todo o Brasil, que foi capi1aneada pelas aswciaçiks de hospitais,maisespecialmentepelaAssociaçloBrasileiradeHospitais {A.BH), pela Federação Bnuileira de Hospitais (FBH) e pelos Sindicatos dos Hospitais em cada Estado. A amacio da Comissão de Estudos Médicos da TFP tambim K fez notar neste panorama. Ela elaborou um primeiro parecer, tendo em vista o anteprojeto mcaminhado pela referida Subcomiss!o à Comiss!o compeiente, isto é, a da Ordem Social,eomtregounodia9dejunhode 1987aoDeputado Edme Ta'"ares, Presidente de$$& Comissão. A Comiuão de Ordem Social retirou de :;eu projeto a dáu· sulaquepermitiaadesapropriaçãodoshospitais,mil-loonservoutodososdemaisdispositivosestatizantespropostospela Subcomissão de Saúde. EnquamoaComis'lãodeSistema1iiação preparava o seu Projeto definitivo, a TFP lançou uma arande campanha pelos jornaisbrasileir05.Qmanifestodepáginainteirapublicadoem primeira mão pela "FolhadeS.Pauto",em l0dejulhodc 19&7, atenavaosConstituin1eseaNaçloparaosriscosdaes1a1izaçãodamedicinanoBrasil.Orcfcridomanifestofoipublicado pordozejomais,ernnoveEstad05daFederação.Poucasforam, encmanto, as modificações feitas pela Comilido de Sistematização. Resultou daí um projeto inaceithel para lodos os que desejam um Brasil livre das malhas do wc:ialismo e da estatização. Foi entlo com esperança que a TFP - assim como a opinilo pública, de modo geral - assistiu o sur11irnento do ''Centrão".queajlutinouoselementosda"maioriasilenciosa"na Assembléia Nacional Constituinte, desejosos de opor barreir15aocaoseàmarémontantedosocialismo,a1ravtsdapoli· mórfica Reforma: Agrária, Urbana, Empresarial, da Saúde e do Ensino. Comopassardrn;diasseverificou,entretanto,queo''Centrão" foi dciJ<ando de corresponder às C)[pectativas. A emmda cole1iva,poreleaprnentada,nãoeJ<puraou-oquamo$<:na neces.sârio-a1endCnciawc:iatizantedoProjetodaCornisW
de Sistematização. Tudoindicaqueoslídercsdo"Centrão", ao rediairem sua emmda coletiva, tiveram como meia cortar osradicalismosmaissociafüantes,conservandocontudoospon· toi fundamentais do Projeto da Comiuão de Sistematização. Estaconduta1eve«rtamcntecornoobje1ivoangariarvo1osd a esquerda moderada. Talcondu1ado "Centrão",aoqueparece, também norteou os acordos que pr~eram as votações do Plenário, em maio deste ano. O resultado foi a obtenção de uma '"vitória de Pirro'', por partedainiciativaprivada:umgrandefracassocomaparlncia de vitória. A$$im, o projeto de Constituição aprovado pelo Plenário, noqueserefereàSaúde,emboraadrnita,dc«nomodo.aexistência da Medicina Particular, proclama lodos os principias que, a pruo maior ou menor, acabarão por aniquili-la completamente. Taisprincipiossão:amáximadequeaSaúdcédever (unicarnente)doEstado;eametadcqueoEstadobrasileiro deve proporcionar atodososcidadãosatendimen10 médico igualitário, Ora, a aceitação des= princípios acabará fazendo com que a!eiordináriavãescrangulandoprogrcssivarnemcamedicina particular. Poroutrolado,decorredosacordosfeitospelo''Centrão" que o Poder Público, nlo '6 em C$Cala federal mas também noslmbitosestadualemunicipal,ficarácornocontroledasaúdeedadoençaernn0550País;controleestequeKráexCTcido conforme o Partido que estiver dominando. A.55.im, será muito dificils.econseauirumtratamentomédicomaísespecializado semaajudade"apadrinh.amemos",oqueconstituirjumagrave ameaça aos direitos individuais e ao livre uerdcio da medicina no Brasil. Ouiros aspecios soch1llzimtes do Projflo aprovado. l)Proibiçãodosinvestirnentosgovernarnentaisnaáreada medicinaprivada,oquetcrácornoconseqüfociaumadefasa· gemcntreonúmerodeleiloshospíta!aresdispon(veiscasncccssidadesdapopulaçãobrasileira. 2) Veda a qualquer capital estranaeiro faur investimemos naáreadasaúde.Talcomonosidosdel950,quandose1ornoucélebreosloaan''opetróleoénosso",parecequeosConstituintespretendern lançar,em 1988, uma nova bandeira "a doença e nossa"! 3) Proibição de qualquer forma de comercialização. na irea da Hemoterapia. Ora, há uma laraa aama de produtos derivados (albumina, globulina, soro para tipaaem dos 1rupos sangulneos)que$1oobtidoscomosalljue,atravésdeinúmeras empresill partitulares. Corno fazer taís uames e tratament05 semousodessesprodutos?Areferidaproibiçlovaiobripr aguemui1osbrasikirostenhamque~mudarparaoutrospaises,paraconseguiremtratamentodcsaúdenes1ese10r. A Comisslo de Estudos Médicos da TFP deseja que. no segundo 1urno da votação, alguns dispositivos poss.am ser corrigidos. E pretende mesmo mostrar aos Srs. Consiituintes a necessidade de ahC'Tlr ou re!Írar dispositivos estatízantes, jâ aprovadosnoprimeiroturno.
CATOLICISMO JULHO 1%8 - 17
~ Encontro Regional de
l :~ . . ,.;spondentes
Sim
-
7
2-tJ.,
----
Ailenção do público presente à conferên· eia ina ugural foi marcante PorfimumEncontro!-EstaCaexclamaçãoque,explicitadaporumououtro,pai-
ravacntretantonoarduranteoEncontroRegionaldcCorrespondenteseSirnpatizantesda TFP, realizado em São Paulo de 28 a 30 de maio último. E tal ansiedade dos panicipantes era inteiramente justificada. De fato, as di,·ers.a.s fases da Campanha TerradeSantaCruz-fcitaemdefesados valoresdaCivilizaçãoCristãameaçados-a qucaTFPveioKe!llrcgandooomdcnodonos
Silveira discorreu sobre "As mais recentes atuações das TFPs", o Dr. Carlos A!beno Soares Corrêa apresentava "As quatro revoluçõcs". O R("VmO. Pe. Ola1·0 Pires Trindade. com segurança doutrinária e clareza, alertou para os "Problemas da família contemporânea", tendo também respondido a di1·crsas questõcs que lhe foramproposias pelos presentes. Paraosqueparticipavampe[apri-
meiravczdeum Encontro houve ademais a projeçãodcumclucidativoaudiovisualsobre "A epopéia da TFP ... OEncontrofoiaindahonradocomaprescnça e o apoio do Revmo. Pe. Antonio Paula da Silva. Ospaisdeíamíliaprcsenteseaviaramaos oons1ituintes, cm Brasília, tele~, cujos cx~rtos principais publicamos em quadro à pane. Tantonasess!odeaberturaquantonade mccmunento hou1e apresentações da fanfarra da TFP, bem como e1·oluções coreográficas em homenagem à Virgem Santíssima, repre~ntada por uma bela imagem de Nos!óll Se· nhorade Fátimaquepresidiuostrabalhos. OEncontro estcvecolocadosobacspccial protcçãodeNossaSenhoradaConfiança.No final,foidistribuidoaospartidpantes.oomo lembrança, uma pequena reprodução da estampa de Ma1er Mta Fiduria Mta(Minha Mãe Minha Confiança)aqual se encontra naCa· pela do Seminário Romano, na Cidade Etcrna. Dita reprodução veio anexada a um supor1e de madeira, próprio a ser colocado, à maneiradeporta-rctrato,sobreummó1·cl,uma mesadetraba!ho por exemplo.
úhimosdoi1anos,há. algum tempovinhaimpossibilitandoarealizaçãodosconhecidose
benfazejos Encontros. Aindaagora,ocresccmenúmerodecorrespondemese:;impalizameseasdificuldades
evolucionária,
em obter locllU adniuados, não permitiram
que0Encon1rotive551:çar;itcrnacional,emesmo in1emacio11al oom a simpá1ica presença de amigosdcou1ras11açõcs,qucoostumamhonrar11ossasassembléiascomsuaprese,11ça.Destafrita,paniciparamoorrcspo11dentesesimpatiza11tesde parte da região cen1ro-sul do Pais, totalizando JSOpcssoas. MuitosnãoviamoProf. PlinioCorrêadc Olivcirahédoisanosoumai;,daiaefusão dcaplausosealegriaquandoeleadentrouo audit6rioparaaconfcrênciainaugural(cxcertosdclasãopublicadosàparte).Masnãofoi sóumentusiasmodemomento,poisdurante todaaoonferfncia,aqualabordouispcctos muitogra1·csdarealidadeoontemporânea,a atençãofoioominua e ointercssccrcsccnte. Atalpontoqueasperguntassusciradaspela palcstra.eencaminhadasporcscrito,/oram tãonumcrosasedctãoaltoní1d,queDr. Pliniodedicoupararcspo11dê-lasnãos6suacxposiçãododia29,oomotambémgrandepar. tedascssãodecncerramento. Aliás,scriedade,reflexão, oompeactração foramindubi1avelmentenotascarac1crísticas deste Encontro. O tema "Problemas e lutas nointeriordaSantalgreja.,foitratadopelo Dr. Antonio Augusto BoreHi Machado e pelo Prof. Antonio Dumas Louro, ficando a cario do Dr. MurilloMaranh.ãoGalliezcdo Prof. Amobio José Gla,•am falar sobre "A dccadênciamoralerdigiosanomundodehoje". Enquanto o Dr. Plínio Vidigal Xa1·icr da 18 - CATOLICISMO JULHO 1988
__J r.Al,t..Ktu::, sc1ec1onados d• m•&nífie11 qunia". Em meu livro "Projelo de Cormico nfcrenciacomqueo Prof.PlinioConiadc iuiçào ongusria o Pois" exponho o assunto Oli,·eiraiibriuostrabalhosdoEnconiro.Oti· pormenorizadamente.(. .. ) tulocossubtitulo11sàndarcdaçio: Depois de períodos de aflição, dedesordcm,chcgamos, nes!óllpartefinaldavmação COM TODO o afeto e com toda a sim· constitucional, a um absurdo desse tipo: a patiaqucvos!óllúdonainauguraçãodestenos- Constituintcpos.suium~ntroeumacsquerda; não tem uma direita( ... ). Fisicamente isso Encontro(...). AsituaçãopcnumbrosadoPais,situação so é um absurdo. O ~ntro sc dcfine: o que carrqadadetrevas,dcangüstias,deperple- está entre a esquerda e a direita. Nossa Consllidadcs,deinCt"rtezas,screflctcaindamaisna tituinte, cntrctanto, fuocionou da scguinte for. arnUiscdiretadosacontecimentosque sc cs· ma: não 1cm uma direita, porque imagina-se t.ãopassandonesscsültimosdias. A Consti· que não é popular estar à direita. Emão totuintecstávil·endo suas Ultimas sessões. As· dosaquelesqueformariamadireitascdedasim, demroem breve ocorrerá a ~01aç.ão fi. ramdecentroescmisturamcomoquecoroaldoprojetodeConstituiçãoquecstásen· rcsponderiaao~ntro. {... ) doelaborado,equcdcneahummodocorrespondeaoqueo Brasildescjava. DcmanriratalqueoPaisinteirosesente nasituaçàodesagradável,penosa,cheiade A família afliç.ãodequcmprecisacabcrnummoldcque golpeada de morte não é oscu. lssodigonàosóeu. Temsidodi· to por polílicos,jornalistas, intelectuais, hoOgolpcdemortenafamíliabrasileira,jã mensderesponsabilidadcatítulosdi1·ersosno tãocombalida,já1ãoabaladapela introduatual momenco nacional, os quais têm afirma- çãododi1·órcioháalgunsanos,foidcsferido do: •·&sa não é o Cons1iluifõo que o Brasil pcloCentrào. EmoutraspalaHas, alcgi$la-
É
çãodafamíliaes1abelccidapclaCons1ituin1e chcgaquase-cq11auéummodopruden. cial de me exprimir. por um pouco menos prudentequeeu fosse. eu diriaquechega inteiramente - até o amor livre. E 05 Srs. sabem que oamorlivreéaformadeorganização,oudc desorganizaçãoprópriaaocomunismonoque diz respeito às relações mire homem e mulher dopontodevistadamuhiptkaçãodaespécie humana.(... ) Antes de falar a respeito da abolição da propriedadepri\•ada, tenhoqueabordarotemadaaboliçãodaíamilia.Apropriediu:kexiste para a íamília,eafamíliaémaisimportamcqueapropricdade. (... ) Osmodcrnis1as,osprogressistas,osfa,·orávdsà!imitaçãodanatalidadecriaramaupressãoqueosSrs.cncomramnotcxtoconstitucional: ''parcrnidaderespons,frel".Estadá. acntcndcrquenãousarmétodoscontrai:epti,·osparalimitaranatalidadcéumairresponsabilidadc,pclofa1odcqucafamilianãopossuionccessárioparamantê-!as. E portanto é irresponsá,·clquemvaigerandocriançasnessascondiçõcs. Ademais, também constitui uma irresponsabilidade, segundo os defensores da limitaçãodanatalidade,ptrmitironascimcntode umacriança,quando,sejamradiografias,sejamoutrosmcios,atestamqueacnançavai nascer,porcxcmplo,aleijada.Nãosedevcria deixarnas«r.assim,umacriançafadadaàinkticídade. E, cm vista disso, já se mata a criançadeuma,·cz.Narealidade,nissoconsiste a pa1unidadc dita responsá1·el. Essa é uma paternidade pagã, é uma paternidade anticristã, que não confia na Providência Divina. Desde que o mundo é mundo, a1ê a inl'enção dcsses métodos eontraceptÍ\'Os.ahumanidademultiplicou-scabundantcmente. E ,-em gradualmente cobrindo a Terra, de acordo com o que Nosso Senhor mandou. E as coisas se pa"8m normalmente. Não sccomprccndequesejairresponsá\'el quem confia em Deus. De fato, é irresponsá,·el quem não conlía cm Deus. Quem, no momento em guedevcriamultiplicaracspéciehumana,injuria a Deus, pecacomrao Criador e corta o curso natural das coisas. Tal conceito pagãodepatcrnidaderesponsá1·closSrs. oencomram proclamado, jeitosamente, no art 263 , parágrafo6,doprojetodeConstituição. ( ... )
próprio Deus. A sociedadeci\'il,imbuidado espirltocatólico,rcluzcomo/umendeDeus, um pouco à maneirada Igreja. A igrejai:o solnoqualbrilhaaluzdeDeus.Asociedade ci\·il, modelada pelo espírito da Igreja, pela açãodatgreja,cstáparaa lgrejacomoalua cstáparaosol.( ... ) Por1amo,quandoasociedadecivilsecstrutura de acordo com os Mandamentos da lei de Deus, é muito mais fácil os homens amarem a Deus. E a salvação deles !Orna-se mui10 mais r,cil 1ambém, porque o próprin amor de Dcusse1orna mais fácil.( ... ) Scassimé,nãoromprecndoqucalguém possamepcrguntarqualoeontetldordigioso do problema da Reforma Agrária, uma l'CZ OP,of. Plinio Corrê.t de Oliveir;i•breostr•· quecstadcs1róiapropriedadepri"ada,corbalhos do Encontro roendoportantoaprópriasocicdade.Assim, aTFPnáoestariacumprindoseusde,,.ercsem relaçãoàciviliz.açãocris1ã,se,defato,nãodcFundamento religioso fendes1eacirradamenteaproprlcdadcpri"ada.( ... ) da posição
anti-agro-reformista Alguém poderia dizer: Por que razão a TFPscintere-isatãoa fundo para impedira Reforma Agrária?( ... ) E por que a entidade batalhatamoparaamanutençãodoinstituto da propriedade privada? A primeira resposta é que a TFP de\'e batalhar para que se cumpram na sociedade civil os Mandamentos da Lei de Deus. Ora, a propricdadeprivadaestágarantidapordois Mandamento-; da lei de Deus: "Niio /ur/11· rás"e"NtiorobiçaràsQSroisas/1/heiQS".Quer dizer, nãoélici1oi111·ejar opró:timo. Nãof sóilícitornubar,maséilicitoterpesarpelo fato de outros possuírem mais que nós. Mas podemos licitamente ter o projeto de, mcdian1e nosso trabalho hones10, ganharmos mais queosoutrns. lsso não é in,·eja. Ora,porqueDeusprnibiuque seroubassc? Por que Deus proibiu que se chegasse a in,·ejarosbens,asriquezasdosoutros?Proibiu porque Ele instituiuapropricdadcpril'ada. Eainnituiu paraordenarbcma socicdadeci"il, constituída ()Or Ek. (... ) Quandoasociedadedviléorganizadadc acordo com os Mandamentos di"inos, ela apresenta uma ordem magnifica. E concorre paraqueasprópriasalmasestejampostasnum estado virtuoso e ()Oriamo pare-:ido com o
Razão de nossa luta Noss0Senhorpromc1cuqueasportasdo infcrnonãopreval~criamconuaaverdadeiralgreja.SelutarmosparaqueEstaexistacom amaioramplitudceomaiorbrilhopossiwis, aindaquenastrevasdeuma1remcndapcrse guição,tcremoscombatidoparaquesccumpra cs.sa admirá1·el promnsa de Nosso Senhor. EdaremosglóriaaEle,àNossaSenhora,nos diasexatamen1emaiscri1icos( ...). Tal glória rdvindicamosparanós: aindaqueElcses1cjam abandonados, ainda que Eles sejam rccu.sadosportodos,quenossahunútdadc, nossa fidelidadem·crente, adora1h•acm rclação a nosso Redentor, e sumamente amorosa cm relação à Sua Mãe Santíssima, não faltem (palmas). Tcremosuabalhadocconcorridoparaque (nãovamosdizerqueaTFPrealizaissosorinha)ocrepüsculol'enhao mais1ardepossi1·et.Eparaqucanoiteenl'oh·aomundo1ambémnessascondições.Esobretudo,paraque, quandoeladesccr,nãoenl'oll·aomundninteiro.Ees1ejaprescntccm1·ários!ugares,em várias almas, uma chama de Fé, que ninguém extinguirá. Esse é nosso propósito. E tal seria ele, aindaquefõsscmososfiéisdosúltimos dias da Hinóriadomundo.
CATOLICISMO JULHO 1988 - 19
Alegria no risco e na proeza
Dt:SFHAI.DADO, tremula no topo do mastro o pavilhão com ,,s cores do Regimcmto, tendo por pedestal tlois fogosos Ctll)(llos e, como porta-estamlarti:s, tr~,ç cavaleiros. Exibindo ,lfgo da proeza de que é
cap,a,
ufano, um dos caf.'t1leiros, sem montaria, ergue-se d1: JJé sobre os ombros de seus com· panbeiros. segurando bem a/lo a haste da bandeira. A/1estff ,lo galope, o ousado JH4 latlino, seg11rocomoseestivl!SSe11osolo, acena efusivamente com a mâo direita. OIJ seus lábios parece brotar um brado de vitória ou ,tesa/lo. Uma altivez marcial transfigura os semblantes dos 1rês homens, que encontram alt:gria 110 risco e no heroísmo. Quem sâo estes cavaleiros?
dezoito anos, o cossaco /Jenrumecia q11i11ze a11os ini11terruptos em atividade. Seu unlfon11e compunha-se de Jaq11ett1 az11/ ou 1Jerde escura, a1/ça da mes11w cor, com 11111a listra branca 11erlical nos /tufos, bota.~ de cano afio, iwm esporas. e 11111 gorro de /Je/e cha11uulo '"papacba ·· Um sabre longo e afiado, cognomintulo ''shaschka ··, e 1111w carabina eram seu · ·ar111t1111<mlo ··. A cuvalaria cossaca se tlest"c"· 11t, por sua enorme forçu tle lmpaclo 110 alaque, geralmente realizado em linha aberta e apoiado por 011/rus h"O/HIS 11a retaguarda.
Embora tenham sido /mrdalmente t1niq11ilatlospela rer,o/ufiio co1mmista de 191 7, à qual opuseram te11az resislência, os bra1!111//11s do sà·u/o XIV, encontravam-se
na Rússia /Jop11lações 116111mles, ainda semibârbaras. Estas hordas tornaram -se emi11e11teme11te guerreiras devido ,1 JJro:rimitlade umeaçadora ·,tos ttírt,iros, povo que en· lâo punha,,,,, risco a integridade krrilorial do império russo. "/"ai circ1111slâ11citt agluli· 11ou esses nômades e 011/ros babftantes do imJJério, iis margens tios rios Don e Volga. para fazer fre11te ao inimigo comum, dando orig,mt a 1111w r,1ça dr: exímios awalei-
1-'i-rcorrendo em nmtfnuas cavalga/as as ime11st1s esle/Jes, os cosuico.~ vieram a formar a fina flor da cav,lfaria imperial. Sua JJr/ncipal missão consislia em garantir as Jronleiras, tarefa, aliás, 1,or eles empreen dida sempre com muita eficácia Suas incomparáveis habilitlades como cmJUleiro.~ provinham da organização so u"al que ado/aram. com tônica mililur, e d,1 longa i11str11çiio hípica a que estavam s11j11i10s. I11gressantlo 110 senJiço das anrws aos
vos cos.wco.ç da Rússia im/Jerial /Jl'rl>lmW· cem como recordação e como símbolo de ,1ua/l,lt1tles guerreiras nos fastos dt1 cavalarlt1111lfítar. Sua índole JJec uliar. enquanlo JJ0110ca1,afeiro. e11oca outros tem/JOS q1wrulo. 11a ldutle Métllt1 crislii, a cm1alaria era ruia s6 unuu decisiva nos combates. mas laml,ém 11111a e/emula i11Miflliçiio simulltme,mwnle rellgio.memililar. Hoje em dia. ·tlizimmlos pela sanha comunista , os cossacos que reMaram encontram-se isolados e perseguidos dentro ,to fmJJério soviélico, mantemlo, c011/11tlo, hem vii-o seu i11tlomú11el espírito de resistêncitl ,mlico1111mista. Cerla Jmr:te deles co11.wg11i11 emigrar e reside fora de seu país. Mas a lt-ge,ula cossaca e a lémbrançu do berois1110 desse /)0110 /Ji,nna11ece111 11i1)()s, como que a espera do momento da l'rovidênciu Divf· 1w em que o.ç cossacos ptxleriio ressurgir de suas cinzas /Htra novas glórias em defesu dt1 ci11iliz,1çti.o cristii
Pais capitulam sem luta ante a ação desagregadora EMARTIGOSameriores(!)abordamos algunsaspcctosdacriscqueassolaafamília
nuclear moderna. Etam~maimerferênciada esrolaedoEstadonorelacionamentonormal, hierárquicoeharmõnioo,qucde,·eha\'eren-
trepaisefilhos;mui1ocsptcialmeme,suain1romissão naau1oridadc paterna. Porém,aindamaisqueac5COlaouoEs-
tado,outrofatorinteríereprofundamemenas relaçõcsinternasdafamílianuclearmodcrna, prejudicando-asapontodcdifirultar, eatéimpe:dir,aimercom unicação,mesmo verbal,enmpaisefilhos.EstefatoréconstilUidopclosmeiosdeoomunicaçãodemassa,entreos quaisan1lta,oompreponderãnciaabsoluta,a
tele.,.is!o. Realmente, diante do 1·ideo 5e11tam-~ pais efilhos,emsilêncio,durantehoras,todosos
dias,son·endooomsofreguidão,outah·ezoom indifcrença, asmensagensatra,·ésdeletransmitidas. E assim ficam sem tempo e sem possibilidade de conversar entre si, celebrar sua uniãofamiliar,chegaraurnaoordosobresuas divergências.ouaumaconclusãosobrequalquerproblerna. Tornam-se incapazes mesmo deelaborarurnpensamento,urnaconsidera-
Ttleviso1Hivel\da,detodo1ostiposetam,1nhos.lojacomerdalouPanthfflndenovo1idolo1!
A TV dificulta, e até impede, a intercomunicação, mesmo verbal, entre pais e filhos çãoque transcenda oslimitesemeitosdaquiloque lhes éoferecidonatela. EaTVscapresentaoornoa\·erdadeiradéspotadafamilianuclearmoderna,tomandoo lugar dospaisedaesoola.l:elaquedetéma autoridade;queensina,educa,transmiteconhecimcntosevalores.Suainnui:nciaéabsolutaeabarcativa,tornando-sepaneimegrantedafamília.Équascsemprecolocadanasa· laprindpaldacasa,doapartamento,docasebre,oumesmodafavela,nolugardehonra,outrora reservadoaimagensequadrossacros.Scrnfalardeoutrosaparelh05 deTV,disscminadospelos"àriosapi)semos. EssasubserviênciaàTVdeterioraprofundamenteasrelaçõesnormaisquede..-eriahaf ,,eremrepaisefilhos,con\·enendo-seemfa1 tordosrnahatuantesparaarnanutençãoeo ] agravamentodacrisefarniliar.
J
sao,equesemanifi:stampordesequilibrionervoso,prejuizoaodesenvolvimentointelectual eàcapacidadederaciocinioeabstraçào. Nossaimençãoéabordarapenasumdos asp«tosdamultiformeaçãodeletfriadate!evi!.ão: sua interferência nooonri\•io normal quede\·ehueren1repaisefilhos,indispensá1·tiaobornrelacionamentodavidafamiliar. E,maisespecia!mente,aaçãodaTVirnpedindooexerdcio11ormaldaautoridadepaterna, principalmemenoqueserefereàfunçãoeducadoradospais. Talcomofizemosnoprimeirodosartigos citados,recorreremosaospronunciamcntosde especialis1asouestudiososdamatériaquca1es1amdcmodoooncludenteoeícitopernicioso da TV no próprio âmago do oonvi\io familiar.
quercri tériooujuizocrítico.Porissonàovamosnosdeieremoomentaraquiloquejáépor demais sabido. Ou seja, que a TV constitui um poderosofatordecorrupçãomoraldeadultosecriançai;,oomseugrandepoderdepenetraçãonoimeriordasprópriasfamilias,quc aceitam,5t"mopormaiorresistência,todaa mensagernlaica,naturalista,atéiaouobsccA televisão impõe na.quelhesétransmitida. Também não nN deteremos em analisar silêncio à família ... osefeitosnocivosdeordempi;iquica, obser,,adosespecialmemeemcrianças,provocados Sobreadificuldadedeoomunicaçãoentre pelaassistênciadiàriaeprolongadaàtelevi- paisefilhOicomoconscqiiêndadapresença
o aparelho de TV é colocado no lugar de honra, outrora reservado a imagens e quadros sacros
con~!~!ti~s~ob~~~~~~~~~l:;,t1eº~:&~ J moral ou psíquica, que a TV pode produzir J naquelesquedelaseserwmdemaneiraindis" criminada,exageradaedesprovidadequal- _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ __ 2 - CATOLICISMO AGOSTO 1988
da
TV t~,~~
~ i ; ;-
"A babá eletrônica, a malsinada TV medíocre, com seu poder de fascínio, seduz a fantasia infanto-iUven il" do telcvisor, seria interessantere«>rdaraspaJavrasdaeducadorafrancesa Marie-Françoisc Cõte-Jallade: "A/oml1iu nem sempre facilita a comuni(Qfio, Jnstalodosfrerut ao 1e/evisor, os pais m1o falam de suas atividades ou de wa p~ fissào. A fam,1ia como lugar dtsiléncio i uma realidade demasiado frtqüente" (2). Esscsilfocio,prejudidalaobom relacionamento familiar , também é denunciado e combatidopclo psiquiatracpsicólogocspanhol Carlos Cobo Medina: "Tendoatelevisdosubs1itu(doaromu11icarãoeodiálogonafamflio, torna-wnecessdria um esforço paro nronquistá-fos, para dtsSOCraliwr otelevis4o"(3).
... e tira dos pais
sua função educadora A longa permanência diante dos vídeos conduzaumasubstituiçãodainfluênciapatema pela ielrvisão. José Luiz Mani-Tusquets, dohlSlitutoSupcriordcAsscssorcsFamiliaresdaEspanha,indicacssaconscqíiCJlcia: "~ obsen:amos um pouco as mudanfa$ que ocorrem em nossas própriasfam11ias, percebemos que nossosfi/hosficam vdrias horas dianttda televisão, recebendomensagernque ndosão prtcisamen1eaq11elasdos pais. Assim, acriançapassamaistempoatentaàinfluénciaexteriorqueàpaterna,demaneiraqueestdcondicionando todosst'Uf pensamentos e 11>da SIIO personalidade, deforma ronst:iente ou inron.scienle,aumasiriedeemis.sõesquenào são prtcisumente as do tipo familiar" (4). Essel'erdadeiroatmtadocontraasrelações normaispais-fil hostambéméobservadopor CarmcnBellidoLópez: ''Em nossos tempos a comunicação emre as 1eraçôes sofreu um 1rande debilitamento, jd que ri maioria das mensagens rtcebidas pt·
com vistas ao ano 2000 Plinio corrêa de Oliveira SEM
QUALQUER oocil(lÇOO, r.,.,,..náo "WR "d P"r8W'la f onru,lada P"la 'ºF..U,,. d e S. P<1ulo " , q - d- j<, - f avoni•-d d .,.,.n.olU'O d e.,.,.,.,., ,h ,.udúm,,,... ,e.
..,b,,,-..,
/et,.:.&,.
Com efeiro. e/<1 11.SO •..,,.... »b.-. " ........,. lido,le d... rr<J#r , m<U OóOr't a nuda wtal, e 111Jofnx d i.Jrinçà-0 d,, H ro, n em J ,, i<la,u,, Ub,,ru.rde 'lualqu f!r cemuraanudeznarela úllo • .,..,/,,,,1,,,..,.,,,e <>l>ro• n4o só a uj. lHfd,:, d e uma ou al,gumat paMHU au.u,,,.... 1amblm de """' qutJntidooe imlefinida th
fl"#O(U II-IUU<lfdo. Tou,/,,.,,,.,., abolida. a <'CIUUt'1l, q..al abacuja uib<ç4o no 11' pl<daH H r WIQ.. da,a,, m.......,paracrianr,unamai.Jdeliroda i..odncia de A1C1 ""1,h? Hd maia. Deentrovoda d e qutJlq-r 6',ice na tele,,i&d,,, <> nudes ndo U.rdoria a p,u..,r do ~ftko para a -i,tf n.cia cotidi<ma. E i,/.o imporia™ na impl1111l<1ffJo da amoralu/Me noo ..,.rumn. linúlil - =u,rque wl f aw ~ Ulria, 11 u linfdo do matri,,,ó. nú., ea impla,i"'fdo do a mor /;.,,.,,, 8em•~ que. itu1t1lolWlemnume,...... :on,u d e i11flulncio ,1,. wciedode moderna, J<1o muiro, .n q"" trabálh<,m atÍL'<lmeniepa· raqu• nté 1a/e,;tr,.m<0 Hchegue. Eu,,comi11,.,..,,.parooabi.,....,n&,daradonouo lkulo, m,u d.n prim/mJú,1 d,:, romanlism.a, ,,., 1«,J,, XIX, para n4o remonwr ainda CQ.11Q./
por....,~=
mai.,alnb.
Qualquer co-«o - ainda(!'"" ....,;. pieniee limida- fe iu, d ;,,.,,...,tidade..., /empa,h.......,.lnH,O>M,...,arrelO,.conca · M1 ma iore1Mlempode _ , a w,.1,,. ta,.por 1uo•..,z, H dilt11oram H 111i•..,lme111e mni,11otempadenauo,paú,de,fedtanáo, a.o lo~ do l«uloXX, ""' m<>11ife otaçõe, de /ibero/iJmo moral "'""P"" m11i., e,rondaJo.. ..,., Â ""'""'1illncia f q- amui10. conlemporiineo,,,_ ap-oda••fromen1e p,,,,...,r q..e o ~ md,:,on«>lmillniopan,a~ .rimo,ejottlebrodaporumah ..manid...U afeiu, ..., n.ufumo. E H f rn,e o6 ("o6'"••• !) iua: l, <U .., pr_,. poor. A cart<> branca doda ao 11udi&mo I, mero ~IO d,:, perm...;vi.una morol alnoiulO. E, par....,w:o, a /e vai...,orreUJndoaimplonu,{d<,thot1trwfarm,udeimo,-ol/dadeqo, cou,,ma e"' lei, do Oddente vbn lTan.o• fonrtan<W em amor lii:re; do, onidoçõn th m,a......,w,~focili&ad,qno própri-Oforo " " ~ • em ""rro.paúaoomowEundo.U,,;J,o,.;doabono,~ ie permi1id,:,pe/olei e mv6,W1&uuto.mo-
demo.;daprópria""-ualúlade,~me11,epe,.,,,irid,,.emmuiUJ,de/e1. e de faw /0,-,,..doimpuneemq..,....f000.1 0, outro.1.
Ade ma i.,,t'<li ,,, Jelineonáo,aquiouacolá, arendfnciaocon&idernrcom''indu~" oinutlO. f;o P"n d o r ~ - t u d o Woea• C<ltnWIO~ie paraainlwn ~ do morol cnud, que pn,ceirua no D«dk,.. go,V -N4D ma/Q.l'Ús;Y1- N&>pemró,...,._ troa cutidade: lX - N i l o ~ ll m,..
lherdoprdximo. O.fa,o, co,ifirmam, aaim, "'pa/ocra, daücriruro, ''umabL.lmaalrniou/roobi,. ma"(P,. 41, 8) . E ioco..,od,, ...,re,cenlarque nada.podM ,e,,.ir d,, onuparnaque omundo coia ,,.,.,iJ,imo, u,,..,.....,daimorolidadeaindo
~ c o m a abntialidath poruemp«>. A e~ro.dodiaenoq- t tNá cilPICÍ<lccwui-
p. dncob,ir f omuu th abomi""f<!<, mor,:,l aindainuco,iUJd.... ..
~)'"~=~-~u:,;:::t:::,::-:;!~;~~
odr.PliniadeHrnpu,comHurociocinor fUTeom t nie conHqiiMle e coroc1eri.Jtico-
""'"'e r adi""1. '".
A euoleitorreplicodestkjá,É l>eml>O-
d,co,,. ...., ,up,,,..um>rueqran.ciote.."""'
...., ,.,n,,,.,.utremm.
An ~ t h m i n h o ~ te""'l)l"eme p a ~ lógico e ineo.~lá•..,/ - ""ordem,,... rural d,u co;,.,. - q-, • 0 8 ê11ero huma11<1 mio .., con ....,rt....., paro o im~l(ri4ode d<> n car.6/ka e oob,en ,ôn.ciauatado•M<UUlomenU>I, oo cMg<U""" ano 2000 '""'"" tro,... pan.do olimiard.uúltinuuth~ . '·Na ordem IIQ.fur,,/ d,u ......,. .., d ~. P0Uhá que 10m<>r,,..maiorcon1a .., pn ,,i. l<'in deN.,,... SenhorafeúM em /9l1 em Fdlima.,para umalu,manidade:que "4orelrocedeue nocominhodaperdi,;4<>: ;,A 8"fr· rn (d e 191 .. 1918) vai...,..bar, "'"' "" n4o thirarfm de efendt r a Dew, (... ) oomeronl
owro.pior.Quondo•ir<ks"""'noiie altuniá"" por """' liu dnconlie,cido, ..,bei que • ª<V"nde ..,.,,lqueDew ..... dddt,que.,..; punira.....ndoth,ew<rimea,po.- me&O do 81"'"", do fome e th ~ Í f & > d e"" S..nw l'odre.. (... ) Váriat 114Çtle• H nla Wquüada,; por fi"', o me" lmocuUldo CorarM tri.,njaroi '' (ifr. A. A. Bort lli MBClw· d-0, " A• apari~t e a mt~m de Fd1ima conforme o,m<111...criio. da r.....a Lúcia", Ed. Vera Cru:o, S4o Paul,,, 22 ed., 1987. pp. "'46).
"",Í<I
CATOLICISMO AGOSTO 1938 - J
" Desde que adquirimos uma televisã o, não exi ste mais vida de fa mília" los filhos não prornltm de Mitr pois, mas de sislimos quase - se as5im 5t pode diur - a ourros meÍQ$, como a ltfl!\·is4o, o rddio, os ro- uma abdicação sem luta das figuras pattmtU" /egas de roligio, os amigos, rujainfluinria, (8). Por sua vez, Manuel Manin Serrano, caqueríamos ou ndo, pode ser tanro tducotfra 1edrá1iro de Teoria da Comunicaç:;lo Social na quantodmducatÍ\'o"(S). Enainflu!nciadestducativadaTVésa- Uni1·ersidade Complutense de Madrid, aponlientadadcmodoirõnkocmordazpelopsi- ta a responsabi!idade das famílias, ncsta autodcmolição de sua função educadora, frente cólogo Jacob PinhciroGoldberg: "Stafam11ianãoformaeaescolandoin- à TV: "Um dos traços que c:aracteritam as/am1~ forma, a babd ele1r6nica, a ma/sinada TV me. dfocre, romseupoderdefascínio, seduz afan- lias dos universitários madrilenhos i o bom 1asia i,ifa1110-juvenil,for)ando umaficçdo bo- equipamemo e o abundante uso da televisão ba e mentirosa para sua vida pdlida, no esbu· e do rádio. É interessante comprovar que os lha homogentiz.anredodemocratismo de mas- universitários que vivem com a fam11ia são sa - o nivelamento por baixa - em que o lin- mais viciados na televisão do que ó conjunto guagem i um produto stcunddrio da pouco da população espanhola, ao passo que aquetalento e do nenhuma unsibilidade, levando lesque residem em 'coligias mayores'(9) dão pouca atenção a ela. (... ). Em muitos lares a àdespersona/izaçdo"(6). faml7ia se converteu em promotora do v(deo, ao qual se confia a pam mais substancial da Pais que abdicam transmissão da cultura e dos i·alores"(IO). de sua missão educadora Yortm,diantedestaverdadeirausurpação desuainfluênciaedesuaautoridade,ospais de nenhum modo reagem como deveriam. Pelo contrário, não só permitem como atê estimulam, ou mesmo o)>rigam os filhos a permancoer lonps lloras diante do vídeo, como afirma o já citado psiquiatra Carlos Cobo Medina: "Muitos pais, emioséosdasdassni,iferiores, tnct"am seus filhos em um aposento com o apartlho de televisão, porque i o maneira mais rápida ec6moda de manl~los tranqüilos; essa/alsa tranqiiilidadt, Quast cata1ônica, da criança pequena ante o televisor, i muito prejudicial do ponto de vista psicológicoe psicossomdtlco, parecendo-nos camo uma forma de pr/.v(cio em drogas" {7). Comovemos,étotalmenteinsensataeirresponsávelessaatitudedepaisegoistasque, paralivrar-sedealgunscuidadoseumpouco detrabalhoquedevemteraa;oracomseusfilhos,osinduzemaumhábitoquevaigerar grandes problemas no futuro. A!essandroCavalli,professordesociologianaUni,·ersidadedePa1·ia,Jt.tlia,alenaparaessaabdicaçãosemlutafeitapelospais,de suaautoridadeeinflu!ncia,anteasmcruagens vindasdecirculosextra-familiares,oomosão osmeiosdeoomunicaçãodemassa: "Hojta/am11ianuc/tor,consideradacomo o lugar prM/qiado dat:$/era privada, aparece cada vn mais cin:undada e invadida pelo público, não no sentido de uma rede de relações sociais signiftcativasque seentrelaçam na rede de rtlaç6es familiares, mas no sentido de UmD /one permeabilidade da esfera privada às mensagmdo 'público', vticuladaspelos mtios dtcomunk'açdo dt massa. Tais mensagens tUSlimem um peso dttisivo 1ambim no proce:ssodesocia/iz.açãoetUSlimemaf,sionomiadtpodtmobjttivostxttrnos,nocon/ron· to com os quais as figuras paternas partctm subjugadas e impotentes. Nesta situação as4 - CATOLICISMO AGOSTO 1986
"Desde que adquirimos uma televisão não existe mais vida de família"
Estcdcpoimcntopungentcbem retrata a devastação realizada pela TV nascomunkaçõcs familiares.
o papel da TV
na desintegração da família
norte-americana
Esttefei1odtlet&iodotelC'\isorsobreacaparidade de comunicação dos membros da família entre si, e sobre a vida familiar em geral,estádescritocomabundãnciadedetalhes e riqueza de exemplos na conhtcida obra de Marie Winn ''The Plug-in Drug". Embora já tenha sido ela objeto de comentário nesta rcvistaalgunsanosatrás(l2),1·emmuitoapropósito recordar algumas de suas passagens que se referem mais especialmente ao problema aqui tratado: "O mais Obvio preju{:.o para as relações /amilir.res i a eliminação das oportunidades para conversar e, talvez ainda mais importante, paraargumemar, poro expor as queixas entrepais e filhos, irmãos e irm~. Asfamflias /rtqüentemente se utiliuim da televisão para evitar a confromação de seus problemas, os quais não desaparecerão se forem ignorados, mas ficarão mais firmes e se tornarão mais di· /rctis de resolver à medida que o tempo passa. (... ) "Numerosaspesquisasconjirmamasuposiçãodequeatelevisãoínter/ertnasa1ividadts t nasrelaçôts/ami/iares. Umadtlasmostra qut 78ft dos que responderam indicam não haver ronversação durante o tempo em quesevêa1eltvisão,exct1oemperiodosesp«Íj°KXJS, romo a projeçoodtaminrifilcomer. ciais. O estudo declara: 'A atmosfera criada pela ttlr,·isãoem muitOSCa$1lSladeumatranqüila abso,r4o por parte dos membros dafam11ia prt:sen1es. A nalurtui da vida social da fam11ia durante um programa poderia serdescrita mais como "paralela" do que como interpessoal; e o aparelho, quando está ligado, partctdominara vida/amiliar'. Trinta e seis por cento dos que responderam em outra pesquisa indicaram que ver televisão era a única atividade familiar de que ponicipavam durante a semana.(... ) "Em seu e/t ito sobre as relações familiares, facilitando a retirada dos pais de seu pape/ at/l'o na educação dos/ilhos pora o sociedade, substiluíndo-se aos rituais familiares e aosacont«imentosespeciais,arelevisãoreprtsentou importante papel na desintegração da/am11ianorte-americana.
Ércalmentcco11dcnâvelaatitudedospais que, por comodismo egois1a, habituam seus filhos,desdealllalitcnraidade,àassistência prolongada e diária à TV. Também muito 110civa, c ademais incoercntc, adaquelcs que, em• boraproibindoosfilhosde\'crtelcvisão,fi• cam eles mesmos por longas horas diante do vídeo. Em ambos os casos a vida familiar fica gra\'emente oomprometida. A esse respeito é interessante o seguinte texto, publicado em uma revista norte-americana: "Quando os pais colocam as crianças desde a infiinciaemfrenteao vídeoparafatl-las 'matar o tempo', e se dispensam de vigiá-las, elas adquirem rapidamente uma /[pica mania: não podem mais separar-se do televisor. Permanecem lá como que grudadas, txalamen/e como seus pais.(... ) "Pais que profbem seus filhos de vtr televisão,(... ) enquanto eles, por sua vez, ficam - - - -- - - -horas e horas fascinados diante do vidro, não educam bem e comprometem irremediavelmente a pa~ familiar. "Eni uma ctna grande nação foi rea/iuido um inquirita entre vinte mil jo11tns para avaliar sua opinüio sobre a atitude dos pais com respeito à TV. A grandemaioriadosjoi-ens sofria da mesma paixão dos adultos pela televisão. Eis uma das respostas.· 'Desde que adquirimos uma teln·isão não existe mais viA TV apresenta uma da de famOia. Nosws pais não têm mais um visão distorcida da minuto sequer para nós. Tudo de11t ser feilo às pressas para não se perder coisa alguma do Igreja e dos costumes programa. As refeições de~·em ser engolidas cristãos rapidamente e niio tem0$ mais o dirtita de/a· ::.eramenorpergun1aano5:Sospais"'(l l). _ __ _ _ _ _ __
os filhos são entregues à influência e à "autoridade" dos programadores de televisão açãocscandalosacdemolidorada TV sobre a familia.
Me1moquando se portamdisplicentemente em relaçlio il TV, as crianças nl o fi u m imunes .i açl o corrosiva dela
A grande maioria dos pais abdica da missão que lhes foi confiada por Deus de educar os filhos "Tafrn. seja vtrdadt que este e111,eyar-se da popu/Qfdo dos Estados Unidos à experiência tdevisiva tsccmda um vácuo tspiritual, um modo dt vida 1·azio e tsliril, um d~rto de materialismo. Porém, i o papel dominante da televisão nafamma que a antsttsia para acti"" sua siruaçdo i,ifdiz. t a impede de lutar para me/horar sua ro11diç60, aperfeiçoar suar rr/açótserea1'tralgodariquer,aquee/aantts possu(u.(... ) "A medida que os /aços familiares setor-
nam maisfrarost mais vagos, que a vida dos filhos se torna mais separada da de seus pais, que a Junção educatfra dos pais i tomada pela televis4o e fN'la escola, a vida familiar se 1orna cada n•z menru sa1isfa1dria, 1anto para os {J(IÍSCOfflO{J(lraOJji/hos''(])),
Brasil: um alerta oficial sobre a TV No
Noãmbitonacional,adquiriucspecialrelevo comodenúndados males da televisão, ccomopropos1aparapre1·cni-losouatcnuálos, o Seminário Nacional sobre Programação de TV e Público Usuário, realizado cm Brasilia, cm dczcmbro de l981, e patrocinado pclo MinistêriodaJustiça. ~encomroforampublicadososAnais, onde se pode conSta1ar as condusõn a que chcgaramosonzcGruposdcDcbatcdorcs,quc paniciparam do mesmo. Entre as numerosas conclusões, todas apontando makficios da TV e sugerindo remedias, algumas se rcfcrrni mais especificamente à ação da TV sobre a família cosboru.costumcs,mostrandocomoelaexcrccumaaçãodeletêriasobrcasanidademental,pcrvcrtendooshábitossadiosdafamília edasocicdade.Alémdisso,oestudomostra aindaqueaTVaprcsentauma1·isãodistorci-
dadalgrcjaedosoostumescristãos,fazpropagandadohomossexualismocda[ibcninagcm, ê dCSNlucativa e pode vir a ser uma escola dc crime (14).
TV: questão de consciência para os pais
Aba!adaassimpor problemasintcrnos de 1 ;~:~~ ra,afamilianuclcarmoderna-restoainda 1·ivodaoutrorapujantefamíliapatriarcal vaitornandocvidente,aosolhosdetod0$,0S sinaisdcsuadesagregação,queseiraduzcm pormanifestaçõcsconcrctasdeordemsocia!. Estasconsistemcspccialmcntcnadiminuição donúmerodecasamentosedenascimentos; naelevaçãodonúmcrodcdivón;i0$Cdescparaçõcsrnigcral;noaumcntoprogressi,·odo númcrodcfamíliasmonoparcntaisedcuniõcs livres;naprálicagcneralizadadacon1raccpçãoedoabono;nohábito,c.adavezmaisdifundido,deamulhcrtrabalharforadolar. Taismudançasdecomportamentosocial, cmseuconjunto,1·êm acarretandotrilll5formaçõesnalcgislaçãodctodosospaiscsemquc aquclasse1·crificam,ouseja,erntodaacivilir.açãoocidcntala-cristã.Etaisalteraçõcsnas lcisnãosãoparacombaterosdcscalabrose protcgerafamília.Muitopclocontrário,as leisvãosendomodificadascomaintençàocxplicitadele&alizaracorrupçãodoscostumes, golpcandodcmoneoqueaindapoderiarestardcproteçãolegalaumafamiliauadicionalccristã. Essas manifestações da liquidação da família nuclcar,easalteraçõcslegislativasquc, dando-lhes respaldo, ainda mais as promovem,serãoobjetodeanáliseernoutraocasião MurilloGalliez
~:1:;e~:!:i~ ~i:~~~
:ê:a;r~:
Es1essãoapcnasalgunsdcpoimentos,cnueosnumerososquccxü1em,mostrandocomoaTVpcrturbaprofundamcnteainteroomunicação fácil, espontânea, harmoniosa e cheiaderespcitomútuo,qucdc1·eha,·erentrepaisefilhos. E subtraiaospaisaautori• dadequede1·emterpara cumpriradcquadamemesuafunçãodeeducadores,transmitindoaosfilhos aquelespri ncípiosevaloresque reccbcramdeseus maiore5. E o mais lamentável é ,·cnnos como a grande maioria dos pais abdica com indiferença, eatécomeuforia,dessaallissimamissãoque lhes foioonfiadaporDcus,qualsejaadecducarosfilhosscgundoosretosprincipiosdaLci divinaedalcinatural. Agindooomoverdadeirostraidoresdaquelesqucdeveriamoricn- NOTAS (L) "A crise rlllliliar na 5'Xi<dad< urb&na• indu,ni&I", tar,protcgereelevarnasviasdafé,darazão "C11olicisrno"no.OO,oui. 1916.<"Bco!a<Eudo&li,edosbonscostumes,taisgcnitores-porum ~nad<moliçlodoJ*rio pOO(l", r10. 431, maio l'll1 comodismocgoísta,mcrecedordetodarepro- (2)Marit-franç,lis<C&t-Jalladt, "Ik14•19mlm ~ UI vação-cmrcgamosfilhosàinfluênciaeà ~oS.dif,n,/J«/tkJtt",Colm:i<in"luiiehactdhombrt",ao.l.Ed.SalTm1t,Sam&nda, l98',p. "autoridadc"dosprogramadoresdctck'o'isão, os quais, como ê público e notório, parecem (J)CarlolCoboMfdi11a,··pmo11áq11l1nllDi111111ical", apostadosemoorromperain0Cfflciaeosprin- Sffliao Cinu1fK'O Rod>r. Madrid, 1913, p. l()j, (4).l<lKLulsMm~Tusqu<1s,"Rdaci6aFIIDililrPadra cipi0$cris1ãosnaquclas almas infantis. Assimagindo,quccontasde,·eraoprcstar <Hijol",lnstn111odta...:iuddHom\n,Ed.Karpm, Madrid,p.129. a Deus esses pais, que emrcgam as almas de U)Culllffllkllidol.opa,"l'roblmwlcamllComllDiseus filh0$à bocado leão, ou5eja, aopró- caciónPidr&HijosAdolnctnt<1",Ed.Narcea. Madrid, priodemõnio,quesesen·edaquelesprOjra- 191),p.4. . .ll,,.,,,,p,obkfflllllHOOl,in masoorruptoresquelhessãoapresentados? (')JaoobPinhnroGoldll<f1 ''0Eslldod<S.P1ulo",$-}-1911. E menor culpa não cabe ainda aos pais que {7)\'ttl>QII). se deixam influenciar. eles mesmos, por tais (S)~Ca,Vllli.L'o,rt°"°"'ildtitio..,,,;...aa,dalt,,/g'"ÍI/Ol,ln"L'ldolnct11t1-Plicolosi1,psic:hi1ni.a, programas, sem opora menor resistência à
"·
CATOLICISMO AGOSTO 1988 - 5
Barbárie materna as ~~~~;~~~:~ alguns recortes de jornais, deparei com -Tcndodado à luzabordodcumavião,a mãe, aochegar a.oaeroporto,jo.gou o bcbên uma latadelixo. Dois dias depo1s, acriançafo1 encomrada morta. - Um bcbê de quatro quil osfoiencontradonumocode
árvore queimada. - Uma mulher abandonou seu filhinho no chão de um banheiro, numa parada de beira de estrada. EssesfacosocorreramnosEstadosUnidos,onde,someote em 1987, mais de seiscentos recêm-nascidos foram atirados ao lixo, abandonados em c~alei:es ou lançados no mar ou em rios, por suas mães. E cssenumeroscrefercapcnasaoscasosregistrados pela polícia(cí. "0 Globo", J- 1-&8).
Em simbólico contraste com essas mães que odeiam os frutos de suas entranhas, uma cadela deu umaliçãodeçarinho comquedtvescr traiadarodacriança. Na Alemanha Ocidental um menino de quatro anos de idade foi abandonado pelos pais cm sua casa, perto da cidade de Dusseldorf.Avisadapor vizinhos,apolíciasedirigiu aolocal eencontrouacriança complctamentenua,compartilhandoum osso com uma cadela. Acasacstavainteiramcnteabandonada,ehaviacxcrcmentosportodapartc. O mcnino,queforacuidadopc\acadda latia, prestava muita atenção e dormia como se fosse filhot; de cachorro. Um pormenor despertou a atenção dos policiais: as mãos, os pés e o rosto do menino estavam muito limpos. ".A r:adda limpava-o com carinho; da o r:riou to protegeu", 1e~t~~::.~:Pt~:nºfi~l~a~t;:i~::~ Na clirnca onde foi internado, o memno dormia numa posição canina: a cabeça apoiada sobre os braços estendidos. Consta_tou-setam~m qu~eletautina(pessoaq uesedcsliga darea hdadecxtenor ecnaum mu ndo dentro de si), arti cula apenas uma palavra " Asta" - o nome da cadela- , e só aceita alimcmos frio!i, oomo fazem os cães {cf. "O Globo", 22-3-88). Outros fatos poderiam ser acrescentados, mas os narrados acima são mais do que suficientes para demonstrar que, no mundo ncopagão cm que vivemos, o amor matemo - inato até nos animais - está declinando rapidamcante. E sem amor materno, a imtirnição da família não pode subsistir. Aprincipalrazãodcssaabcrraçãocstánoviciodcsóscdcscjarfaicroqueégostoso.Parasecuidardcumfilhoéprccisotcres~i~todesacrificioeexeçutartrabalhosdcsagradávcis. Eissorcicita a pcssoacom amenta!idadevoltadaparaogozo. Ora,f~er apcnaso queagradaaossentidos, deixando dc ladoos pnndpios que nortciam arctaatividadeda inteligência e davon tade, caractcriza abarbáric. Paulo Francisco Manos
Avestruzes no Europa CADA VEZ MENOR é o numero dr alanlaocidmws que se lelllemamcaçadospclasforçudoPflCtOdrVanóvia,almÇI miliw dos países do bloco comu.nista na Europa Oriental, capitaneadapda Rússia. PaquisasdcopinilofdtaspdoMinisc6riodaDefesadaAle-manha Ocidental re-vdaram recentemente essa lendtncia à desprcocupaçlo, quc no entanto não tem eq,licaçio racional à vista dotdadosmaisrecaucssobffoarmamcn1omilitarexislente naqudespaises. Att qora, por exempkl, os ~ nlo só n1o desuulram nenhum dos seus mais de SOmil llDQuesde,uerra, mas estio aummtando o seu oúmcJo. Sob o sorridente governo de Gorbacbcv, tres mil tanques equipados com a mais moderna 1knicadeiumanualmmttnfábricurums. AOTAN. noentanio, mal obcffll mil tanques novos por ano. A varna,cm oriunda da alta qualidadt 1ccnolóeica da indUstria mifüar ocidental,quehipoucosanosaindacompmsavaa superioridade numtrica russa,jáestá supcrada. Os ex~citos de Gorbachev estão em condições, como nunca antes, de tomar de surpresa com armu convencionais qualquerpa!s daEuropaOcidentat. A opção para o Ociden te de ter que emprcpr armas nucleares para barrar um avanço de tr~~ ~munisw t cada vez maior. No en tanto, segundo o M,nmfflO da Defesa da Alemanha Ocidental, a maioria dos alemães recusa o emprego até ~ armas a1õmicas táticas, o que faz com que mesmo a cstrategia da defesa flexível da OTAN ntlo tenha apoio na maioria da população alemã. Altos oíiciais do estado-maior do o ~cito alemão atribuem ess.evoluçào -dcsastrosa paraadcfesaescsurança daA lcmanha - ao ixito da propagaoda empreendida pelo chefe do PC russo, Gorbachev. Ele renunciou aos seus foguetes de alcance médio, mas conseguiu um amoltcimento da vontade de dcfesa dosocidentais. Umaltoncgóciopolitico comque os comunistas scmpresonharam. Os cfcitos daglasnostde Gorbachev estão se delineandocatastróficos para o Ocidente, poisa introdução de novos sistemas de armamentos e a já urgente modernização de sistemas ultrapassados,diflCilmcntcscrio passivcisdcrealiz.aç:lo cmvista dc scu clevado Mto. Apesar des,cs fatos, os alemães ociden1ais, deleitados com o cintico dc paz e abcnurada scrcia vermclha doorietl tecs1ão m_ctendo a cabeça na areia, como o avestruz, para n~ ver o penso que se acerca. Uma ampla campanha denunciando as reais in tenções de (_iorbachev com sua política de reforma e a conseqüente n«cssidadc de uma inteligente po)i1ica de defesa, bem como sobre as desastrous consoqüências de uma comunistizaçlo da Europa, se toma ursen1cmentenecessária.
própn;
~AtOLICISMO todololia"',UPcmi<roScimtifico<di1orr.ROIDl.l!l9J. p.147. l'l "'Colqios M•yo-a·· slo, 111 E<paohl, midfficiude ftlud&nces llllivaJicirios. iw quais eles mconll""' UIDI roíorçopan 01acucSooq11<fl.<ffll
=~..=_um
(!0) M1nutl Manin Smano. úisut,a,ltu,Q <klolMnMI' sit4ri<J,s m/ldrilt~os. in "De Juvtntud" , no, 6, Minimrio deCu11ur1.Ed.NKion.al, Mlldrid,abril-jllllÍol!l82,p.56 (ll)"'~M1ryfaithfuJ".Po.,mLake.USA.te1..,..l
]!182,p.$0. (12) ~fr. O,,su,-oSolimco, "Cri,.n,,u, briqucdos e !devi· slo",in"Calolicismo"no.lll,maiol!l80. (IJ)Mlrie Winn. "Tbe PhlJ-inDrui". Baniam lloob. 7L ed .• ~ · York,pp.126-129. (14Jdr.Mlnilffl'iodaJUSIÍÇI-ComdboSupcriordeC..,. n111- Divido de Cmswade Oi>"fflÕt1 Nbliru. ''Sani· úrioNIÓCllla[JObreProcramaçàodeTVel'l1b[içoU""'rio-Alllls' .. 8rllilia. Dez. l9l!l.pp.U 1H.
6 - CATOLICISMO AGOSTO 1988
NocadaRcdaçlo Em""""úllimaediçlo,porummo1k-
nico,noani10''0Pvaísoprl"lme'lido"hou· 1 ~:i':,~!n~i~·,::
~:=-r:..~.~
: ';_';'~': ~t~:~~~s"~~~o~p:;:~ po,,-oseal0ciedadc<1111ual.Umexemplo esclarece o assumo.
''Coma.dcscobmascimtífiçasdosk\ilo
p~1sad~,e deS1equeorainglori1mente•10nwi.cr_iou-_.. omitomuiro1eneraliudodc que1ei!oc,aresolveria1odososproblem11
dahumanidade,conduzindo1umnovoP1,
=~~:,i:==~ei~'. dades•1mdidupctatccnicaeaozandode10:"d:~<IQ,nlohl•·mlrlll.Aop,o-
~--------...J
-.....:.F'm>k,Cor'ffde8ri,of"Jho : , = - ~ ~ " ! f 1 ~ ~ - R..... li~ : R""MlrtimFruc:iK0.66S-01226SloJ>aulo.SP / RoacSooO.acua. l97-2tlOO - Campos.RJ Gttnria: RuaMani111fruc:i0<0.66S-Olll6 SloPaulo.SP-Tel:(Oll)lll.f1$J(,-,al llJ) F010<-~: (dire1a.apanl1d<orqul•o, for. n«ido<por''Cu<>bci,mo"")8andriratl1e,5/AGnr:'s•/ditora - Rua Mairin,q11<. 96 - Slo Pa u lmp,...._ : Anpre,o P•i>n• • Ar<o, Or.l.lku Llda - Ruolt•aél.681-011)0-S,&oPaulo,SP •·ca,-...o··tumap,.,btlcl.çlor11<nsald.1Em· pr,..Podr<Bdchio<d<Poo, .. ud.o _ Panoiudançad<......,_t _ ._ WD.bémo<n<lnoço
&>Si""'"'"•
OIIÚ&<>- A a n ~ roluiva a - . • ...i..poc1c..,...,.-iod.,.~fnóo:llwt
MonimFr&nàooo.665-01226-5"'-.SP ~foi~LnccrnocionalS,&ndan:ts.rialN...,bcr-
R RERLIDRDE concisamente e \ ' lETNAM ITAS
frrqúfnciacada,·ezmaior,opúblkoinfantil,que écompelidoa verccnasdesadomasoquismoe violências sexuais, em concorridissimosespet:i.culosderinema. /\pós assistir rettntemente a um desses filmes, num cinema de Boston,ummcninodecincoanos crgueu-senomeiodaar.sistência eapunhalouumameninadedoi!; anos:eleacabarade presenciara mesmacenanoespetáculo"Adolescentedilacerador ... "
puum
fome. - Graruk pane dos 6J midc ,ieinamita.s estio "suba-
ltlÕes
/imtnlados t dunurrldos''. Essa informaç:ãonãofoiinvcmadapela "imp~nsa capitalista". mas transmitida por uma cmi5SOrl oficial do governo comunista. Dcntrcos ''subalimtntodost danutridos", existem 7 milhões ameaçados de morrer de fome, dosquai!;40'i',s!ot'fiança.s.Aescassez de alimemosatingiu tais proporções, queat~a ração para os soldados vem sendooor1ada Pelo menos J0milhabitantcsde
S;tigon (hoje denominada Ho Chi Minh), segundo Vu Tuat Viet, editordodi.trio"SaigonLibera-
1ion",dormenuruas. Dci.deque01EstadosUnidOli sedffll:aram cnxotardopalspe-
hutropuoomunisuu, a Rússia, em lugar de alimentos, estienviandooutrotipode "au:dlio": annasesoldados.A$butsdc~ N;rng (fflu.) e Cam Ran (na,·al) estio on1padas por forças soYittieas. • PUJAN ÇA •arkol•. Recentccsn1dodcumcspecialis1a em «anomia agr!cola, Prof. Fernando Homem de Melo, da USP,de:s"mdapcrspectiva.salentadorassobreosrumosda«onomia nacional. Conforme o rcferidotrabalho, nescefinaldemil!nio,arendadobrasileiromcsmodascamada.ssociaismais modestas-tenderAacrcsccr,le"ªndoàsubstituiçãodasrcfciç,õcs baseadasnofeijãocomarrozpor outras com alimentos mais nobrcs:carnes,peixes,ovos,verduras,queijosemassas. Comefeito,esteanotivemos um.asafradegrlosrecorde, superiora67milhõtsdetonelada.s, eau!oano2000o Brasilestar, produtindomaisdelOOmilhõcs detoncladasdealimcntosanua.is, aSMgurando assim o aba.scecimcnto interno e exportando os cxcedentn-confonneanüncio doMinistrodaAgrirultura.Por ora,j:i.produzimo195'i'1doque necessitamos. Como se,·!, quão longe da rcalidadelaboramosqueprctendem fazer a panilha compulsória dasterras,alcpndoquenossacstruturaagrAriafarcaicaegeradora de miséria! Se a Reforma A&r:l.riasocialistaeconfiscatória fôraplicada,alsimtemostudoa
Os Pildtes Willia m O' Brien, Jim Milllon e a u-freitil Victo riill Rut {da esquerd,1pui1,1direitil), n,11conceleb1i1çlodoprotesto "g.11y'' • MISSA ''gay". - Impedidos pela polícia de fazer manifestaçlo demro da Catedral de São Patrício, localizada no centro de No"a York, 50 "ca161íco1 gays"' cruzaram a 5a. A,·enida e, diante da Catedral, füeram 1C11protesto. Consi11iuele, nadamaisn,1damcnos,doquenacelebraçlodeumaMissa, oficiada pelos padres William O'Bricn, de Nova York, e James Mallon, de Filadélfia. A CJC-frcira Victoria Rue acolilou ospadrescdis1ribuiuacomunhãoaoshomosscxuais.Cercade 200 pe$SOi1S assistiram ao sacn1ego aio. Omasote"gay"realizouseuprotestonestelocalpelofaio de o Cardeal John O'Connor ter-se m;mifntado publicamente contraessaformanefas1adeperver5.ão. Nofinal,aex-frciraacabousendopresa ... por''desobedifnciarivil",poisa1ra"C5SOuafilriradeguardasquedelimicavam oespaçodamanifestação:elaquerialevaracomunhioaoucros "aays" maisdistantesdolocal.
• "GOLPE du lnslltuiçlles" . - Valeu-se desta expretSão o Departamento de Censo norteamericanoaocolherosre:sultados deumape5quisasobreasituação da familia no país. Conforme o levantamento, é tão ele"ada a proporçãodedÍ\'ÓrciosnosEstados Unidos, que a quarta parte dosmenoresvivesócomumdos pais. 'Quem somos?" Foi esta a indagaçãofonnuladapelasre"istas "Time" e '"Newsweek", peranteo quadro desolador ostentado pela in11ituição da familia non.e-americanane:stefinaldosesundomilefiio. • "Adn!HcMlt dilattndor" . -Aindüs1ria dcexploraçiosexualnosE$tadosUnidoscampeia infrene.Albndaavalanchepornogrifica"eiculadapelaTVercvistas, hi uma modalidade mais re,;:eme:"phonesa".ouseja,difuslo de mensagens libidinosas portekfone.SomcntenaCalifór-
nia,háquatrocentaslinhastelefônicas que divul1am essa nau~abundatoknicadcperversão,a qual também vai encontrando adeptosemnúmerocrescenteno Bra1il. Atodo esseelencosinistrode horrores,associa-se,assim,com
• C AXIAS: um falso herói? -lnsultosgratuitosàsmemórias daPrinccsalsabcledoDuquede Cu:ia.svêmsendoveiculadospelaesquerdacatólicanestecenten:i.riodaAboliçlo. AprópriacatcdraldeDuque deCaxias,ddadedaBaixadafluminense, foi utilizada rcccntemen1e - eom1autorizaçãodo Bispo local, D. Mauro Morellipara cclebrações para-füúrgicas queintcntaramdenegrirasduas grandcspersonatidadesdenoss.a História . Em declarações i imprensa, D.MauroMorellinãosepejou ao qualificar a guerra do Para&uai comoum "crime" cometido contra o povo daquele pais. Porseuturno,D.JoSl!Maria Pires,ArcebispodeJoãoPessoa, negouiPrincesalsabcloglorioso epíteto d~ J;tcdentora, e denominou a Lei Aurea dc "Lei Madrasta",apósassacarinjúrias eontraa lgrejaCatólicapelopapel quedesempenhou durante a "i&tnciad11,escravidlon0 Brasil. Comoeraprevüível,tai1 pronunciamentos demagógicos não encontraramaco!hidanoseiode nossa simpática população negra.
• ODE ao ICtTor. - O presidtnle do Pen,, Ala.a Garda, 1urprttndc11i.t11pal1eomundoao1flr1111rqueosterrori1t u dn "Sll11dero L1minoso" - movimrnco s urrrilbtlro que, com reqlli11 ln ff maeldadt, J• causou dez •U morltt, sob~111do ao meio rural - "mu«nn nosso rcsp,/to e miMt1 t1dmirtlfãO pcssolll". Em111aapol011ia dossuerrll htlro1,Gardlld«taro11al.nd1 qH0St!Mkro te• mililH ltl "atl1w111bnqodos"t q11t. "fflnwloso1 ou nia, osNndtrls/lu timo qu, nós(o panido APRA) niio1tmo1:fen·or".
Aate o iapscto nPpth ·o ca11,ado POf' 1u11:11 ckdanç6n, Gff. eia acllou adll or recuar um 11n10, allú de modo ridic,,lo: d is• que "squndo o dkfomfrlo, 'admlfflT' niio litnifka qutl!i/1· ct1rpositframmtt,m1Uslm:wrprttnd#r-ucomtl!1Ulflllroúa".
E>'ick11temcn1e, aln111tm levou a 5'rio e.sw rtt110 do PrtSidtote, e j:i. ho11ve quem lhe 1u1eri.sw ptdlr 11m1 ~nra de 90 diu.
CATOLICISMO AGOSTO 1988 - 7
Congresso do PC russo
Perestrolika: uma empada yazlia A
RESPEITO do Congresso extraordi- tafrancês,29-6--88). famitologiaaprescmanário do Partido Comunista soviétioo, reali- daaopúblico:osdefensoresdo"statusquo" sãoosdogmáticos,osstalinistas,os"conscr\"adorcs'' (1). Estes defendem seus "priviléscrvandoaoe,·emooprincipalnpaÇO,den- gios" de membros do Panido: allos Yilários, lojas.armazénscspeciais,casasdecampottc, trcosdcstinad0$hcdi1oriasdoex1erior. A esperança manifestamemc inculcada pe- emdetrimentodasocicdade.fnecesiáriorelos órgãos dc comunicação dc 1odo o mundo nundaraissotudo.ÉcontraesYi"muralha" craadcumaprofundatramformaçãonaRús- quesclevantamGorbachevcos"reformissia:ademocratização,alibcrdadedcopinião, tas", os"libcrais". ainocênciadocidadàoatéprovacmcontráAssoluçõcsquees1esapresentamtêmenrio(coisaqucnãoexiste por lá), etc. A reu- tretantoquesairdcdentrodacartolamágica niãoextraordináriavisariaaimplcmcntação dosocialismo,daqualGorbachevretirauma das reformas promovidas por Mikhail Gorba- vclharia,aautogcstão:"Nósdtrtmosg/l/'fl/1· chev, Stcrctário Gcral do PCUS, as tão pro- tira autoridadt i:ompftta, indtptndr,rtt dos pa.ladasgla.sno.n{1ransparência)cpere.s1roiko SOl"kta 11t1 dirtç4io t dattl1-oh·imm10 das suas (reestruturação). drtas"("Timc", 11-7-88). Um arremedo de Por~m, findo o Congresso, uma analise dttnocracia:eleiçõessecrttasparadivn-sosniatmtadono1iciáriodcmonsuaqucpoucaroisamudououmudarânaRU55ia.Após70anos 1!~:iei::~ -~~::t~~it:'.~. unipanidârio. decomunismo,elacontinuaaserumpaisdominadoporumatirânicaburocracia,presoa Limites-Gorbachev-entreos"conumalttar&iageneralizada,seminidativa,sem scrvadores", ruja expressão máxima é Jgor Ligachcv,ideólogodopartido,cBoris Yeltsin, futuro. o ardoroso defensor das "reformas",esua O socialismo em jogo - À medida que o primcira vitima - destaca-se como o grande progresso exclusivamente material do Ocidente zadocmfinsdcjunhociníciosdcjulho,aim-
prcnsaocidcrualfoicaudalosa,minuciosa,re-
t~ ~.~
Go rbu hev dirige a pal,vr,, no p, 1.ido dos co ngressos,aoscincomil delegadosque pa,ticiparam doX IXCo nRressodo Pu tidoComunisla russo
~::~:'r~c~f~f:;:~~~~~~~~~~i:::i:~;:~ ~-------------------,
caosolhosdosprópriosrw.sos,aabismática diferençadcriqucza,semprecresccnteenifa\"Ordas naçõcslivrc:s. Parasanartaisdiscrepãncias,eranecessárioqucosliderc:soomunistascncetasscmum caminho de rcfonnas, ao menos aparentes, para atrair o auxfüo maciço do capital ocidental. Nc:staótica, torna-scindispensáve!odesarmamcntopsicológicodoOcidente,paraque estesedisponhaacolaborar,emaisdoque isto,asacrificar-separacompensarasmazeJasdeumregimeantinatura!,quepretendelevar até o fim seus planos de dominação mundial. Assim, nun: as muitas manobras desnwol\[das pelo comunismo ao longo desses 70 anos,ag/asnos1capere;1roikatCT!lumalcancc excecional. Sem essa mudança, ressaltou Gor bachevn0Congresso,"os0<iafismo'mo,u. rd"'(''Timc", 11-7-88). Assim, oquees1áem joa;oéaprópriaexistênciado$0CÍafumo,cnio uma democratização da Rússia.
"Reforma" políCfca e econ6mfca em padr6es sociaUscas No discurso de abertura do Congresso, Gorbachev aponta o inimigo: "o prini:íp/o i:riador do sodalismo dtntíjii:o, humano, rt· n(lJ"(t na batalha contra o dogmatismo"' ("L'Humanitê",órgãodoPanidocomunis8 - CA10LICISMO ACOSTO 198a
"Catastrollra" na Rússia, ou no Ocldente1 O DISSIDENTE russo Alexandre Zinoviev, quc cstá dcsde l978 na Alenianha OcidcntalelecionaatualmentenaUnivcrsidadedeMunique,participoudcumsemináriointernacional-"Brasi15éculo21"realizado na Universidade de Campinas. ConsidcraelequcasrtfonnasdcGorbacbcvscrãouma"catastroika"(combinaçãoirônicacntrecatástrofeeperest,oika). Isto porque "as ,,formas são impostas dt
"A brigai por JunfÕU t cargos no mnmo apartfho" (id., ib.).
Tais declarações confirmam o que "CATOLICISMO" vem afirmando, em váriosartigos,sobreasreformasdeGorbachev. Procuram elas, como num passe de mágica, fau:r com que o regime comunista, que na realidade se encontra à beira docolapso,sc\·ejafa\·oreçidocfortalecido. cima pa,a baixo, numa política nto-Cootribuiparaumafalsa~isualização staJinia.1a" ("Folha de S. Paulo, 10-7-88). dessas refonnas o mau hãbito - para di"O objttfro dt uW rt/ormas t sobrttudo zer só isto - do Ocidente em acreditar nas eonquisrar a opinião púbffca mundial" mudançassuperficiais,cosm~icasdcum (ld.,ib.).Oautordetaisdeclarações,oon- socialismo com "face humana",quena \"émrcssaltar,éinnispeitoaofalardetaiJ verdade não modificaseusprindpio~. Peassuntos, pois é comunista. Segundo ele, loconmirio,comumpoucodcatençãoquc "osecretório-gerofdopartidocomunisla scacompanlteonoticiário,perccbe-seque, da Un/àoSoviética, nãoqu,rreorganiu,r quandosefa!adeprincipiosascrcmprca Yida no pa{s ou mudar o sisrema. 'Sua servados,esscssempresão,emültimaanáprtoi:upafào é modrmi::JU a indústria to lise,osdosocialismonasuaformamais ExhdJo t para isslJ tlt prttisa da ajuda das radical:adaautogc:stão. dtmoi:rai:ias ocidt111ais"' {id.,ib.). QuanComonãoseptrguntar,pois,scoquc to à tãodivutgada divisão cntre reformis- taisreformascausarãoniloscráa"catastaseCOn5UYadOrC$,Odilsidentcpondcra: troika"noOcidente? ~ - -- -- -- - - - - - - - - - - ~
moderador.Vejamos,pois.quaisoslimitesda fX'Mlroikonaopiniãodol!derrusso: "Tudo qut rtfo,ço o socialismo(...) dtl't str mcorojado t actito (...J. Não dtl:tortmos ninguim ircon1ruosocialismo"(Di.scurw deGorba -
Discernindo, distinguindo, classificando . ..
chcv à delegação francesa, cm 29-9-87, "apud""L'faencmentduJeudi",Paris,23 a29..f>.88),''N/nguim,tntrtnóJ,sttncontra fora do controlt. (... ) Isto dii mptito tambim à mídiu. A imprtnsu so1·iltica não I umu buriqut pri,·uda. (... ) Uma rt1·ls1a, uma tdl· tora, umjornal,nàosãoassunrosprfrados, mas a.uumo do Partido" {Discurso de Gor-
bachev aos ~resentantes das midias, 8- 1-88, id.,ib.).foidesneccssárioaosorridentclider russoindicaroqueaconte«ráaosquediscordarcm ... Reforma!-A respeitodaselcições, no sistema unipanidário, pluralista socialista, Gorbachcv aperta algumas cravclllu: "Todas asauwridadtscontinuaràOQSl'rtltitosf)l'lo punido comunista. Gorbachev anunciou que opartidonãotolerarddesajiosàsuaQutoridade. 'Algunscriemqutag/asnostpodeadmitirrudo,dartdt/lniçàodas/romtirasaoes1abeltcimt1110 de partidos dt oposição. O Comitl Centra/ acredita qut esses obusos Jademocratizaçãos4oi:on1ráriosàtQrt/odaptrtstroikati:ontradir.tmosin1trtmsdopovo'''
("Jorna!doBrasil",29-6-88).Pergunta:Quc reforma é essa? E se algo mudar na fachada, uma1·czqueacssénciacontinucamesma,qua! oobjetil·odetanto estardalhaço1 O noticiário amplo, como dissemos, não dáumarespos1aclaraaisso.Entrctantotlici1olel·amarumahipótese:dadaasituaçâocalamitosa da economia russa, e da sociedade comoumtodo,faz-scneccssário,parasah·ar ocomunismo,sacudiraíundoopais,aomesmo tempo que se toleram arremed0$ de propriedade pri1·ada e lilre iniciati\·a. Em doscs homeopáticas. Paratanto,éindispen~le]obtcrajudasfaraõnicasdoOcidente,eésócom umcontroleri&idoexercidoemtodoopaisquc scpodcapresentaralgumresuttadocosmético. DaiaênfascdeGorbachevem defender ossovietes,célulasquccontro!amdepertotodootccidosocial. Asdemaisreformasaprol'adasnocongresso,importamaoregimeso1·iético,namedida cm que detivamentc pcrmi1em maior com roledo partido sobre cada cidadão. Eleições secreta5parapresidentedoEstadosoviético,e demaiscargos,segundoum sistemade"pluralismo"socialis1aunipanidário,nãoaliviarãoospadecimentosdoinfelizpovorusso ... Em resumo, o Congres.so do PC russo cantou em prosa e verso as idéias de reforma, democraciactc.Masscmnadadelinirnemapresentarconteúdoparaesscsrótu!os. Elenosscrviuumacmpada\·azia. R. ~hnsu r Gufrios
(l) Um, dai manobras mais ,:orrm~ da R.,·oluçto
mundial COIUÍII< em IOlal' <;'OIII li paiaHII. AIIUII, "(Oftl,<f"lldorcl••.IIOOcid<'nl<.ltfWnOl(IV<t<&pt· pm • AW ulldii;õts, !,lo antitomUJUIIII c,ç. No mundo d<....,, coniaa d< fmo, "ron,.,....IIOOl'os", pt[o
a1111rlriD,>iooso;omuni1111í<1rmbos,q1Xnloqut-
rem u r,fonnu. Uru • ounos !,lo apreseruados i urcrd,o da opinilo pút,tica. Enqu.a1uo os "tibrrai1"" d< amboso,lados,1<>fnd<n!<S.lbm01panOfuuuo,ro-
T
000 POBRE é necessariameme um oprimido,portamouminfeliz?Oupodeele ser feliz cm suapobrcia,}Cm invejaras classcsmaisabastadas,nemdesejarsubir atéelasouquererderrubá-las? l:estcumprobkmainteressameemi.iitoatua!,suscitadopclacampanhasemtréguasquevcmscndolevadaacabopclaesquerdacatólica,nointuitodenosconl'encerquetodopobre épordefiniçãouminjustiçado(deondeclaconclui,contraditoriamente,qucscde.,-eacabarnãocomapobreza,mascomosricos,paratornartodo mundo pobre!). Écuriosovcrificarque,apesardoesforço,·erdadeiramenteinsanoqueessacsquerda vem.empreendendo - há muito tempoejogandonissooprcstigiodoclero -juntoar.amponesc5,opcrários,fa\·clados, subempregados ~e., para lançá-los numarc.,.oluçãowcial,oresultadoporcla obtidoatéagoratemsidofraquissimo(não falamos, Cl'identementc, do largo apoio que ela vem recebendo em meios da burguesia,dosveículosdccomunicaçãosocial, doslegisladorcseoutros,poisestaétoda uma outra questão). A quesedel'equc tantos pobres, tão prementemcntesolicitadosadarsuacolaboraçãonumalutaqueaparcntementesó osbcnefidará,entretantorecusem,demodoobstinado,engajar-senela?Cremosscremváriososfatorcsque,conjugados,lcvamaessarecusa;entreelesnãoestãoauscmesumcertobom5ensoeumrestode espiritocatólico.Masofatorqueaquiqueremossaliemar éoutro:grandenúmerode pobresscme-sé:felizemsuapobreza,não alel'atàoaotrágicoquantoaseusolhos aquerempintar,cvaivivendosua\·ida com um esforço razoá,·cl para melhorar de condição,massempcrderofõlegoporcau.sadisso,esobrctudonãol'endo razãopara odiar os que possuem mais. Assim, ao .sairdeumaigrcjaondeouviuumscrmão incendiâriosobrea"insuportá1·el"condi· çãodos"oprimidos"e"marginalizados", oindivíduoqucvi.,.enapobrezatemmuitomai$condiçõesdoqueoutrosparamc-
dirbemosexageroscdemasiasdoorador. Dádeombrosetocasual'ida. l:umaforma de sabcdoria, indubitavelmente.
Caiu-nos recentemente nas mãos um curiosissimo1extodofamosoescri1oralcmão Goethe (1749-1832), wbre o "lazzarone" de Nápoles, ilustrativo do que acabamosdedizer. Ei-lo: "VokkmanndizquehádetrintaaquarentamildesocupadosemNápoles,etoda gente o repete. "l:,·erdadequeniosedáumpa.ssosem cncontrarumhomemmal1·cstido,andrajoso mesmo, mas o íato de esse homem se cncontrarem1alestadonãopro1·aquec!e sejaumpreguiçosoouumvagabundo(o mito do "oprimido" ainda não entrara em 1·oga)( ...). "O que o Sr. Pauwdiznassuas 'PcsquisassobreosGregos'podeap!icar--seperfeitamemeaosnapolitanos.Segundoesse autor,nãofazemosumaidéiao:atadaexis1fnciadcsscshomens;porquescuprincipio deteromínimopossíl'c]dcnecessidadcs ésinsularmentefa1·orecidopcloclima.Nos paísesquentes,umhomemquenosparece extrcmamentemiserál'elencontrasemesforço,nãoapcnastudooqueénccess.ário àvida,masaindaomciodegozá-lademodoagradável.( ... ). ''Olaziaronenãotrocariasuasituação pc!adeuml'icc-rcidaNoruegaouumgovernadordaSibéria,ee!cnãoémaisindolentedoqueasoutrascamadasdopol'o, todasasquaistrabalhamnãosomenteparavil·ermasparagozaraviba.( ... )Elesc parececomascrianças,quc,quandoasincumbimos de um 1raba!ho qualquer, fazem quecssctrabalhodegcnereembrinquedo . O espírito dos homensdessadasseé,em geral,vi,·o,escugolpcdevistajusto,sua linguagemliguradaesuaalegriamordentc" (Goethe, "Mcmórias",Livraria José OlympioEditora, Rio-sao Paulo, 1947, II vol.,p.178). C. A.
moGorbacbe,·•Ruaan,por•.anpio,dlo-i<11mW por ,;ima do, muros< moo.1 (qu< omrc,1010 Ili<:>~bam), iio os homm111mpá11ro1, 1roJadOI. Aa-tdire
!ltSl.lfflanob<lqUffllqUÍlff ...
CATOLICISMO AGOSTO 1988 - 9
Cinco séculos depois, uma caravela dobra o cabo da Boa Esperança
B,1rlolomu1 Di;u; pintur,1 dt Diu S•nchts, tiiJltnltnoMuseud,1M" inh.a,em lisbo,1. Aofu ndo,,1u r,1 ve l.aSloCri stóvJo,1 nc:or,1-
d1noC.1bod,1 B0,1 hpeunç.a.
CIDADE DO CABO - Por inkiath·a da colõniaportuguesa,ecom(!apoiodasautoridadesgovernamcntaisdaAfrkadoSul,estáscndocomemoradooquintocentenárioda passagcmdacaravclaoomandadaporBarto-
lomeuDiaspelocabodaBoaEsperança,eque constituiuimportamemarconaepoptiamaritima lusa dos séculos XV e XVI. Os preparativos tiveram inicio há dois anos,quandofoiencomendadanoestakiro
Samuel e Filhos, de Vila do Conde, em Por-
Osoerguimentodo"Padrão",colunadepedracomcercadedois metrosdealtura,com asarmasdoReidePo,tugalencimadaspor uma Cruz
tugal, uma réplica da caravel~ utilizada em
1487 por Bartolomeu Dias. A mexistência de d=nhostknicosdasembarcaçõesdaquela épocaobrigouaequipedearquitet~navais,
sobadireçãodoAlmirante RogénodeOli,·eira, a realizar pesquisas em outras fontes, ind1JSivcnnpinturas,nasquaisasnausaparecem retratadasemsqundo plano. Com vinte e três metro$ de comprimento, porseisde\arguramúima,acara,·ela1cm condiçõesdctransportarcercadel30toncladas,incluindo-seas3710ncladasde\astro, constituídodeconcrctoechumbo. Com a bênção do Arcebispo de Braga, Dom Eurico Dias Nogueira, e com a presença dc autoridades portugucsas c sul-aíricanas, a embarcação foi lançada ao mar em Vila do Condc,emmeadosdoanopassado. Seusdezcssclstripulantes,entrcosquais militares,jornalistas,enaenheiroscestudan10 - CATOLICISMO AGOSTO 1968
Rt'plicadecaravelaB1qualButolomeuDias atravessou o Cabo du Tormentu, depois chamado da Boa Esperança
tes-portuguesesesut-africanos,etodosaficionados de u ·enturas no mar - realiZAJam 1es1es com a embarcação, antesdcre-çonstituíremopercursofeitoporBartolomcuDias. SoboromandodoCapitãoEmíliodeSouza,acara,·eladebtoulisboanoiníciodenovembro,a!cançandoasiguasterritoriaissulafricanasemmeadosdejaneiro,iniciandoem MosselBayavisitaadczcidadeslitorãneas da África do Sul. Nelas o público tem tido oportunidadcdeveromodelodenaucomque_ o mundo ocidental e cristão começou a expandir-separaaAmérkaeÂsia. Ttata-se,assim,deumaauladc História aovivo.Oconv!s,osalojamcntos,acabine docomandantedacaravela,esobretudoseus atuaistripulantescomtrajesantigos,pcrmitemaovisitantereconstituirumpoucodoambientecdol)erfilpsicológicodaquclesnavelªdoresdeoutrora. Acaravelatrouxctambémareprodução dcumpadrão-colunadepedra,comcerca dedoismetrosdeahura,encimadacomuma Cruz-comqucosnavcgadorcslusos-marcavam sua passagem pelos pontos que iam sendo percorridos pela primeira vez. A cara,·ela prosseguirá seu itinerário histórico? Pelomenosporenquanto,nadasedizsobreumaC\·cntualextensãodessainiciati\·aaoBrasil, onde, aliás, cm ISOOcste•oc Bartolomru Dias,quefezpartedacsquadradePtdroÂl,·aresClbral.Ar!plicadacara1·claseráguardada num amplo museu marítimo, em Mossei Bay, não muito distante da Cidade do Cabo. JulierncsManzi nosso correspondente
Nossa Senhora da Confiança Cm
ADE ETERNA, 25 de junho del697,umlarcat6licoseachavaem festa! VieraàluzcertameninaqueaDivinaProvidCndadcstinaraasernobre instrumento em Suas mãos para implantar na Igreja uma das mais belas invocaçõesàSantaMãc de~us:MadonnadellaFiduda(NossaSenhorada Confiança)(]).
Tratava-sedo nascimento daquela qucseriadepoisavenerávellrmãClara lsabcl Fomari, abadessa do mosteiro das clarissas de São Francisco, da cidade de Todi, na hália, morta em
Deu ela origem à devoção à Madonna delta Fiducia. A Madonna della Fiducia chegou àcapitaldaCristandadcacompanhada de um pergaminho que transcreve documento de próprio punho da serva de Deus, conservado nos arquivos da Sagrada Congregação para a Causa. dos Santos (~ntiga Cong~egaçãodos Ritos), que cmda da beauficação da religiosa. Aestampa,oSeminárioaconservou sempre cem o maior apreço. Nas
odor de santidade em 1744, e cujo processo de ~atificação está em curso. Aindajovem,Clarafez-screligiosa empreendendooorajosamente severa vida de pcnitCncia, suportando por vários anos provações sem nome, que purificaram sua alma e a prepararam pararecebcrinsignesgraçasdeordem mística. Numerosíssimas foram então suas visõcseb:tascs,eintensasua participação nas dores de Nosso Senhor Jesus Cristo, chegando mesmo a receber os sagrados estigmas de Sua Paixão Nutria ela uma de\'oção muito particular para com a Santiuima Virgem, representada por estampas sagradas, que a própria serva de Deus, por vezes, se comprazia em pintar. Algumas das esta mpas da Virgem, qt:eeram objetos de de\'oção da religiosa, ou no original ou em có~as, espalharam-sepormuitosl.ugares,especialmente por intermédio de seus confessores,osquaisdevam-nasaamigos e conhecidos. Estes se viam sempre soco1ridos em suas necessidades. Conservou Irmã Clara junto a si atéamoneumquadroo\'aladocontendoafiguramaternaldeNossaSenhora com o Divino Infante nos braços. A esse quadro, que permanece na cidadedeTodi,sãoatribuldasasgraçasmaisextraordináriasconce<lidasespecialmenteadoentesque,diantedcle, re<:orrem à intercessão de Nossa Senhora.
A !,later Mea Fiducia mea Uma cópia da mencionada pintura foi 1ransponada a Roma, e se venera hoje no Seminário Romano, junto à Basilica de São João de Latrão.
MadonnadellaFiduciól, vcne1i1. dan•c•pela do Seminiuio Roma no, em Roma
necessidadesmaisprementes,seusalunosrecorriamàmilagrosa efigie, sendo sempre atendidos . Digna de memória foi a total proteção concedida pela Madonna della Fiduciaaosseminaristascontraoflagelo da cólera asiática, que dizimou milhares de vidas em toda a Itália, no ano de 1837. Trima anos depois nova peste assolou o sul do pais, a1ingindo outra vez a Cidade dos Papas. Mas novamente o manto protetor da Madonna se fez presente, tornando os estudantesdaqueleestabclccimcntoimunes ao mal. Na primeira Gu erra Mundial, fo. ram mais uma vez atendidos os mais de cem seminaristas que a Ela recor-
reram com confiança redobrada. E, do campodebatalha,escreviamelescartas narrando as maravilhas operadas pela Madonna em seu favor.
A im porta nte promeua Entretanto,asmaioresgraçasdestinadasa todos os que tem cssadcvoçãoestãocontidasnapromessada VirgemSantíssimaàvenerável lrmãClaralsabel. Para conhecimento de nossos leitores, transcrevemos a seguir a 1radução do antigo pergaminho, contendo as consoladoras palavras da Santa Mãe de Deus à religiosa (2): "A divina Senhora dignou -se conceder-me que ioda alma, que com confiança se apre.sentarantee.sta estampa, experimentará uma verdadeirQ contrição dos seus pecados, com \'l'rdadeira dor earrependimen10, eobterd de seu divinfssimo Filho o perdão geral de todos os pecados. Ademais, esta minha divina Senhora, com amor de verdadeira M6e, se comprouve em assegurar-me que, a toda alma que contemplar esta sua imagem, concederá uma particular ternura e devoção para com Ela". Mater mea, Fiducia mea. Com essa jaculatória - explica um opüsculo editado pelo Seminário Romano - a Maria nada se pede, dEla tudoseespera. Éaexpressãomaisvivaeeficaz doabandonocompletoeconfiantcnas mãos de Nossa Senhora. Assim como São Tomé, Apóstolo, aos pés do Redentor ressurrecto, .exdamava com confiança "Meu Senhor e meu Deus!", assim também nós devotos da Virgem, aos pés da estampa mi raculosa, diremos sempre confiantes aquelasdocespalavrastantasvezesrepetidasnocoração: "Matermea,Fiducia mea" - minha Mãe, minha Confiança.
(])Dadosn1raSdosdoli~ro··La Madonru,del· la fiducia" - N01izic, IJorkhe inlomo alia lm mapne e alia Cappe1~··, do IKff~e Robmo Mui. Roma, 1948. T,poaraíia Editrioe Sallos-
tiana, piaua Gra,;ioti 6. (2) É clatoque, squndo<:OStomam KJ armilt-rkórdias ~ Nowo Smhora, talpromessaoJo
se1plicaapcna.sits1amp,10"-inal,mu110dasuropluqutdd&cirr:ulampdomW>do.ElY. tapi~0$1\rldiçloarespeito.
MADRI - A resta do Apónolo São Tiago (l) comcmora-se a 25 de julho. Tal data 1cmumsignificadoe5pecialnaEspanha,uma \'t2qucSão Tiago,ouSantiago,êscupadrodroc,alémdisso,seucorporcpousacmuma fabulosa urna de prata, na catcdra!dc Compostela. Situadaanorocsicda Peninsu1albêrica, SantiagodcCompostelaéumapcqucnacidadedarcgiãochamadaGa!iciacujasorigcmremontam ao com~ da Idade Média. Apesar damodcrniuçãoatual,conser,·asemcmbargo todo seu i.aboranccstrat AcidadcdcSantia&ocornou-seunil'ci;almcmeconhecidadesdcoséculoVlll, quandoseiniciaramaspercgrinaçõesesefundou aOrdcmdeseusca1·aleiros.NaquclesstculO'l dclutapararcconquistarotcrrcnopeninsu1araosmourosin\"asores,asmitagrosasapa riçõesdoApóstoloacal'alocàfrcmedashoste5 criitãs estenderam ainda mais ade\"oçào qucjásetributavaaoSantopelo fato de ter evangelizadoaquclesrcinos. Eemparleporisso,mais de BOOigrcjas foramconstru!dascmscu nome na Espanha. Amaioria delassobain1·ocaçãode"mata moros".NorestodaEu ropaexis1emoutrastantas, mascomonomede"pcregrino". E devemos nos lembrar também que cerca de cem cidade5 lcvam $CU nome na América espanhola. E isto se comprecndc facilmcnte, já que sua imagcmcrainfali,elsinaldetriunfo,nasbatahasaquedeuensejoacolonizaçãohispânica nocontinentcamcricano-chegandoo santoaapareceràfrcntedastropasespanholas,comooassinalamascrõnicasdoincaGarcilasodcla Vega.
O Apóstolo e a Espanha OApósioloSamiago,dq,oisckpregaruns dezoudozeanosnaEspanha,regrõSOucom scusdiscipu1osTeodorocAtanasioaJerusa1ém. Ali foi martirizado por ordem de Herodes Agripa, e suas preciosas relíquias foram trasladadaspor cstesd1scipulosàscostasgalcgas.Duramemaisdeoi10sk:ulospermane-
Ca minhar ... caminharéo destinodo 11eregrino. N• lolo,alravessando os camposde Castela,apoiado em seubordáo. lnteriordaCa tedra1de San1igo dtCompostela: vêem-se a nave central, o pretbitério e o allu-mor. Neste úllimo há uma imagem do Apóstolo com o bordão de peregrino. Seu corpo aí estil tt pullado, coberto de diamantes.
O caminho de Santiago 12 - CATOLICISMO AGOSTO 1966
possam COITl<'ntar os observadores atônitos. f ,·crdadequcháum reflorcscimentodaperegrinaçio, mas infelizmcme - como comcntava um sacerdote de um dos po\'oados docaminho-osperegrinosraramentevãocomo espiritodepicdadcdeoutrostempos.Eumesmo comproveiistoaodeslocar-meatéSantiagodc Compostela. Masnãotes1aa1õnicaquedescjofazer notar,.senãoacontrária,porque,apesardetudo,aindasubsiste. Entrecmocionadoesurprcendido,akancei,atravkdecaminbosempoeirados, auns pitorescos peregrinos. lam,·estidossegundo otrajetradicionaldaperegrinação:cbapéude abalarga,paraseprotegeremdosoledachuva;hábitomarron,compequenacapanaqual viam-se costuradas umas conchas (símbolo dos peregrinos);calçadonlsticoeumbordãoque scniadeapoiocdefcsacontraoscãesclobos. Rompendoomistêrioqueosenvoh'ia,cstabe!eci com el~ uma animada con,ersa. Eramdoisjo\·cnsuniversitáriosdeMadriquc aprO\'Ci1andoasfériassedirigiamaSan1iago para cumprir uma promessa. "Na ,·erdadc, foi ckqucm fezo1·010 - disse o mais velho, referindo-scascuamigo - euvcnhoparao acompanhar,scbemquescmprcseencontrcm motivosparaofereceras dificuldadcscsofrimentosdocaminho". - Como os recebem as pessoas1 - Quando nos \'CClll, alguns .se emocionam e dizem: "Esses sim são peregrinos de vcrdade''.Todo mundonoscumprimcntan01i caminhos,cquandocruzamosalgumaestrada,muit01icarrosparamcnãohánenhumque não se alegre em ver-nos. Nos povoados, sempre há alguém que nos convida para tomar ai· go,cdemodogeral,semprcquenosencon.
Situado nas proximidades do itinerário du peregrinações a Santiago,o mosteirodeSJo Domingos de Silos, ,econstruido por esse Santo,em1041, recebeu,ao longodaHistó1ia, umtnormeallu1odt caminhantes.Nelese conserva uma origin.1l e5,eultu1a do "CristodeEmaiis",vtslidodepereg,ino.
ccram quasc noolvidoosrestos doApóstolo. assimcomoosdescusdiscipulostambémali cntcrrados.Ascontinuas;uerrasca inva5ão dosblirbarosobrigaramoscristãosaocultar suasreliquias. NoséculolXocorreuum fato que1eriagrandcimportAncianahlstóriadaf.s.. panbaedaEuropa:adcscobcnado&pukro Apostólico.
A origem das peregrinações
O pitorescopovoadodc-"EIAcebo", próli· mo a Ponfeuada, pode constituir uma gota dealivioparaocaminhanttexa uslo
As circunstâncias da mara\·ilbosadesco· bcnaencontram.sedtscritasna "Concordia dcAn1eal1arcs"del077. NoanodegJ4,um personagens. Ali csti\·tram também o famoercmitaquevÍ\'Íapenoda igreja de São Fiz so pintor Van Erck,.os Reis Cató\ii:m, Felipe de Solo\'iO, na atual Compostela, observou li e D. João d' Áustna. Em pouco tempo. quaduranteváriasnoi1csunsresplendor~mistc- se diríamos instantaneamente, Compostela riososque se assemelhavama chuvas deestre· converteu-se cm foco polarizador do lassobreumpequcnomontepró1imo.Alien- cristianismo. con1raramocorpod0Apóstoloeosdeseus Nas ennurilhadas do caminho, nas poudiscípulos. sadas, na própria cidade de Santiago, dar-seA noticia correu por toda a Cristandade iaoencontrodosmaisdi1·ersospersonagens. comorastrodepól\·ora:ocorpodoApósto- Uns iriam como incógnitos, outros luzindo lo! Alfonso ll,rcide ldo,comunicouades- seusbrasõesparadarbomexemplo,osdemais cobmaaoPapaLeãollleaoimperadorCar- como penitentes arrependidos ou de,..otos los Magno. agradecidos. lmagineolei1orquãocmocioDcsdccntào,asperegrinaçõessuccderam- nantesscriamashis1órias contadasporperescconstantemcnteaolongodosséculos,ven- grinostãodispares! cendotodotipodedificuldad~emarcando comtraçofirmeeindel~·eloli\'rodaHis1ória. O Caminho de Santiago ~luitos foram os peregrinos ilustres que deixaramseuspassosmarcadosnocaminho no século XX (2) deSantiago.UmdosprimeirosperegrinosestrangcirosdequesetemnoticiaéoBispofran&em outras épocas o Caminho de Sancês Gotescalco. no ano de 950. Nom~ legen- tiago apresentava numerosos perigos, como dários como os de EI Cid Campeador, Fernãn por exemplo os bandidos, ou os mouros, González (primeiro Conde de Castela), São atualmentcnãodeixadetcroutros,equcm LuísReideFrança,Eduardo[dalnglatcrra, sabedemaior cnwrgadura.fqueovcrdadciSanta Isabel de Portugal, São Domingos de roperegrinode\'eenfrentaroneopaganismo Gusmão. 001151am nas crônicas peregrinas, em do mundo moclemo e lançar-se com ufania pemeio a um sem fim de outros renomadissimos los caminbos, sem rcspei1ohumanodoque
Por ~ezeso descanso é necenário. f esla art, tiquissimae vene,ávelcapel;i,naG•lícia,pode bem$Crum ponto adequado para isso. Notaroclupéu de aba larga e as conchas pregadu na pequena capa que cobre o hábito. CATOLICISMO AGOSTO 1988 - 13
tramos em dificuldades, temos sido socorridos. - Há quanto tempo estio andando1 -SaimosdeRoncesvales,jumoàfronteiradaFrança,há.detdias, e jâpcrcorremos um 270 kilômetros. Calculamos estar em Santiago dentro de uns quinze dias. -Querotinastguemduranteocaminho? - Bom. Lc\·antamo-oos antes do amanheoer para aprovcitar o frcscor das primciras horu do dia. Tomamos o café-da-manhã no primeiro lugar aberto que encontramos, e com asforça.srcstabclccidasdispomo-nosacnfrcntar os calores do caminho. Caminhar, sempre caminhar, é avidadoperegrino.Porvoltado meiodatarde,geralmente,terminamosopcrcursoprcscritodaqueledia. Então procuramos um lugar onde passar a noite. Lavamo-nos, curamosasferidasesaimosàprocuradealgumaigrcjaparacomungarmos,scnãotivermos comungado antes. - Até que ponto é prO\'eitosa uma peregrinação assim, e por que vão vestidos à modaantiga1 -Proveitosaelaoé sob todosospomos dcvista. Espiritualmentesobrttudo.Ocansaçoétremendo, aindamais sabcndoque faltamSOOkilômttros,e1endoospkcheiosde chagas.Mantersempreoãnimoelcvadoc,:igemui1oe5forço.Somosvistoscomopcnitentespclaspessoas,eissohumilha,nãohâdúvida,masaelescreio quefazbcm \'er alguns quesesubmetemàpcnit!ncia. Eportanto,o trajetcmsuafunção,alé-mde protegermuito durante o caminho.
A"composlelana" (folo)é-ocertifiudoque oubidodeS.ntiagodeComposlelaforneceao puegrinoque visitou osepukrodo Apóstolo. Al, mdoupcctohonorilico, proporcion.i tambi,m comida e u ma por tris dias p,u1 a rcposiç.lo du forçu.
umapousada,creramqueumde!es,omais jovem, era o príncipe herdeiro da Espanha, D. Felipe, pois realmente em alguns momentos tem um ar muito partddo. A Espanha de sem pre Com grande pesar - por que não dize-lo também - cansado de haver caminhado basOs peregrinos contaram-me um sem fim de tante cnquanto coo\·ersava com eles, despedipequenos fatos pitorescos. Por exemplo, cm medosdolsoomobradotradicionaldospe·
Pílulas e aborto dizimam população alemã A JOVEM REPÚBLICA Federal da Alemanha, constituída após a II Guerra Mundial, está ficando velha. Pela primeira vez nahistóriadaEuropa, uma nação registra um decréscimo paulatino de sua população em éJ)OCa de paz, com o risco de se transformar num país em que as pes.soas idosas constituem a maioria da população. Um estudo recém-publicado, do historiadoreconômico berlinense, Wo\fram Fischer, intitulado "Manual de história econômica e social da Europa", apresenta por primeira vez a demografia européia como leirmotiv de uma descrição histórica. Segundo o autor, nunca houve na história da Europa um período de estagnacào ou ret rocesso demográfico. A população medieval não dei,cou de crescer e se e,cpandir até o 5eeulo XIV, quando a "peste negra" pela primeira vez empreendeu uma cruel colheita de vidas nos paíSC5 europeus. A cuhura urbana e o comércio ficaram arruinados durante várias gerações. Sei:,.iiram-sease.'1:p\osões do fanatismo religioso (protestante). O retomo aumarelativanorma!idadepermitiuumaascençãode· mográfica, apesardasgucrras, catástrofes, fome e epidemias havidas. A guerra dos 30 anos desferiu nO\'Oe 1rágico golpe sobre a população: de cada três alemães, um mono. Cul-
14 -
CATOtlCISMO ACOSTO 1988
regrinos:''Ultreia!'',quequerdizer''Adiao1e! Maisalém!" Scntigrandeoomentamentoaoremcontrá· los,deusseisdiasdepois,àsponasdeSantiago. Estavam trambordantesdealegria. Não conseguiamcumprimentar atodososquese aproximavam. Ali me mostraram o diploma que05qualificacomoperegrinos,equeforamselandoaolongodocaminhonosm0$1ciroseprefci1uras. M01itraram-me também o diário que vinham redigindo, 3.ilÍm romoos mapas dos ca· m!nhospcrcorridos. O peregrino, ao chegar a Compostela, sente-scoomoseestiveraemsuacasa.Cumprimenta ali todo mundo, encontra-se com outros peregrinos que saudou pelo caminho, e cria um ambiente especial quedá a nota na cidade.Alémdisso,nafestadoApóstolo,é colocado em fuocionamento o imponente "Botafumero'' :1ra1a-scdcumgigan1escornn'bulo de mais de um metro ·de altura! Meuafonunadoencontrocomessesperegrinosfoi-medegrandeutilidade,poiscorro· boraaimprcssãoquetinhadonossopovoespanhol.Explioo-me.Umacoisaéa"Espanha oficial",socia!istaeamoral,quepretendedar aimpressãodequeosvaloreseternosninguém maisoscoruidera,eoutra é a"Espanhareal" quenosprovaqueapopulaçãotemumaade· sãosubjacente,masaiodaverdadcira,àstra· d!ções católicas da Espanha de sempre. Fclipe81randianin (l)Trat1-icdfSloTia,0Maior,irmlodeSloJoloE>ao· JdiAl,q~pmenciou 1traolfi111,-çiodeJtM1>0 MOftttTabof,tcomEJc ..1.,,·tdunn1tSuaqonianoHono
da:sQti\WIS.NiooonfundircomowoApóslolD,Slo'J'iall'Mmol',prin:l,odtNostoS<nhort1111ordt111111du Epi,1ot.ro111idu111Sq;racbE1trim1. (l)O.f11 .. oqui1Wrodo<tloautlmkof.
tura e capital, poder e orgulho das cidades alemãs entraram em agonia, da qual, de algum modo, nunca se refizeram . A revolução indust rial do 5eeulo XIX, com o rápido aumento da produção de bens de consumo, foi acompanhada por um grande aumento da população. As duas grandes guerras estancaram na Alemanha essa dinâmica e, pela primeira vez na história, o problema que se põe agora não é a e,cpansão demográfica, mas o retrocesso, o murchamento populacional. O exército alemão jâ foi atingido pelas conseqüências do fenômeno. A falta de recrutas para a formação de seus quadros poderâ trazer conseqüências graves·para a polilica interna eexternagermânica,atualmenteaindaimprcvisíveis.As escolas estão_ se ressentindo da falta de alunos, e os fa. bricantes de brinquedos estão voltando sua atenção para o entretenimento de adultos. As grandes empresas estão à procura de aprendize5, várias universidades de fundação recente estão à procura de estudantes e as companhias seguradoras de pensões à procura de pagadores ... Desde 1974, especialmente em conseqüência da propagação da amoralidade, e dos amargos frutos da revolução da Sorbonne de 1968, o número de habitantes na Alemanha vem diminuiodo ano após ano, sem cessar. Cálculos cstimativos prevêem para o ano de 2030 uma população de 42 milhões de habitantes, o que representa apenas 2/3 da população atual. Pilulas anticoncepçionais e aborto legalizado e pago pelo Es1ado são os grandes promotores dessa sorrateira catástrofe! BrnoHoíschult
Peregrinação (ou viagem-prêmio!) a Moscou HÁ
UM SENTIMENTO ronaturalàalmahumanaquele-
má.tjmo rcpn:scmamc soviético a quctlwramacessofoio ..Presi-
,,aollomcmaqucrcrvi!iitaroslugaresnosqua1s!.epassaramcpisódios especialmnnc marcantes relacionadoscomsuafé,ouon-
denu do ConH/ho para ;tnuntm ReligimrujuntoaoConselhodt Minisrros".Tratados.portanto, comovisitantesde seaundadasse. Portm,abneaadosapóstolos quesãodesuascrencas,ospere grinosn11oKabalaramcomisso cpublicaram,aorctornar,maté riruwbresuaviagem.altamcntc laudatórirudosocialismo,narevista"Vozes'',dePctrópolis,n! 6,no\"cmbro/ deicmbrodcl987, cdiçãocspccialmemededicadaà dita viagem Na pre!óenteedição, faremos algumasconsideraçõessobreoartigodefreiClodovis Boff, "Car tatrológkasobreaUniãoSo,·iética ·· ,quetoquemaisimporta, poraprcscntarorclatodavia &cm. Deiuremos para o próximo númeroaan:iliscsu<:intadosarcigosdc Frri Leonardo Boff c dc FrciBeuo
decsta~expandiucommaisvi-
11or. Qualéocató!ico,vcrdadei, ramcntekrvoroso,qucnãoaostariadescguiraspegadasdcJesus n1TcrraSan1a1ARomados Papas,quamasequan1asper~naçOesnãoa1raiuaolontodos séculos!
Oi irmãos Boff e Frl'i Betto não~ocxccçõcsacssarcara.A fêmarxistaqucosanima lc\"OUosapercgrinarcm-aoompanhadosdeumprotcstan1ccmais1r~ peswas - pela Rússia comunis-
ta. cm junho do ano pauado(l) Pcrcgrinaçào ba.11ante complicada Cisa, por ser fci,a cm campo minado. Apesar do urrcno bastantc difícil, os alcgrcs romcirosnadalinhamatemer.Sua atuaçloan1crior.1anton0Bruil quamocmoutrospaisesdoOci· dente,dava-lhcs,rcdcnciaisde sobral)llraprovarsuairresiritaft nos doamas de Marx, de modo qui: ho,wc att quem K perguntasK K não K tratou de uma via1cm-prêmio ... Avcrsãooficial,apr~ntada por Frei Clodovis, t que I via1rm Kftzaconvitt"daig~jaomr
doxa ruua, na proximidade do millniod0Cris1ianismonaquelas
Anormal Idade "normal" FrriClodovisencarrega-sedc ofcrei.:er-nosoro1rirocomen1ado da viagem. Esíorca•Kporparccer impa1cial: elo&ia e critica. Mu tudo segundo um crit~rio "moral" único e preconcebido,
ouscja,ébomoquereali2.1050ciatismoouconduzas11arcaliiação, mau o que afasta dosa meta. Assim, mostra-s.ecleconlrérioauma "exahafiioromlin1/ca
ouideoldgicadaU11iàoSovii1ica comosendoo'socialismoreali~odo'". Emoutrostcrmos,sc fos-
se o ··socia/ismoreallzado"me-
rcctria ser exaltada. E mais adian1eacrescema:.''Owria/ismo JO•·ittko es1dainda a camin,ro, tk\-eamdatornar--se oquei".Na rulidadc-ciswficadaroem váriostópicosdosanigosdonú mcroda .. Vo1.es'"aquianalis.ado -oparaondcFrciClodo,·ise seuscompanhciro1rumamidcologícamcmeéosocialismoau10scstionário, mctaúltimadocomunismo(2). Em KII artigo, cm fonna de carta, Frri Clodovis insinua a cxistênciadeumacenaliberdadc naRússia.masosdadosconcretOi5Aoapenasafloradossupcrfi cialmenle.Falaern "passciosprla,·idodeemlivrorias,mercados, fojas.e1c.",mascvi1adi~roque taiscstabelccimcntostinhamparavcnder.Andouporvárioscon-
Frei Clodovis Boll ruonhece q ue "nu filas, n11 mero5,1s pessoas aí estio como resignadas, a ~a nça ndo se m p1esw, fa lando baix o ou mesmo em sil, ndo"
Em sua"Carla teo lógicaso brta Uni.io Sov il'tka", Frei (lodovit Bofffa z umre latodaperegrin.1ç.lio dosMteólogosda libertaç.lio~ brasileiros nasplagas le ninidas
terras(988-/988}"". Curiosamtn·
tcpareceterhavidograndesofreguidãodoclcrodalgrejacismática russa, comumcnte chamada lgrcjaOrtodoxa-cujosdirigcn1es,comoKsabc,sãosubscrvien1esaocomunismomoscovi1aem querer abraçar KUS amigos brasileiros,poisnão1iverampacifociaparaespcrarada'tadomilenio, mru comentaram-K já com a "proximidode"deste.Ofatot quenasaprc·ciaçõesjornalísticu que publicaram na revista "Vozes''sobrcsua,·iagem,os"devo. tosromriros" nãofaumalusão aqualqucrcomcmoraçãoha,·ida apropósitodoalegadomilfolo, oqualparccenãompassadodc pretex1oparaarournée. Eles provavelmcme teriam prcfcridorccebcr umconvilcdi· rt'lamcntc de Gorbachcv ou de KU5 ministros, mas pelo que constadosrcla10squcfizcram,o
CATOLICISMO AGOSTO 1988 - 1S
Oss.acerdotescismátkosdal.O. vestem-secomumapompaque ag,adaao povo, ma s quedei~ou mal-à-vontade os "teólogos da libertação"
vemosesemináriosprovidosdc muitosseminariMas ... sóqueescavamemfériasenãopôdeestar com eles.Conhe.:euo "calçadão daruaArba/, amaisfreqüentadodeMoscou". O leitor, habituado aos padrões ocidentais, tendeairnaginarumaruadepe destresmovimentadíssima,cheia delojasabarrotadasdemercadoríasdiversasparavender edepúblicoqueascomprava.Masfrei Clodo,·isabst ~m-M>decomparar comoOcidente,emesrnodedizcrquc estabele.:imcntoshánessc"ca!çadão"equalo graude freqüência a eles. Não há pormenores. A Rússia,dizoreligiososervita, "é um pa,$ ,aormol". A igualdadeantinatura!coprcssiva que lá existe é elogiada por ele há uma ''grande homogeneidade socia/dopopuloçfia(. .. ) oiguoldadenoUniãa5o,·i,f/icochegade fa/aoa nlvelde visibilidodesocia/".Eacrescema: "lssoimpressiana1afrezporefeitodocan1ras tecomapo1·opobreromquenós 1robalhomosemnru.sapol$'".Dirs.c-iacmll.oqueascondiçõcsde,·idasàoboas.Masnãoparece,pois maisadianteoautordizque '"o rendamédio{N'rcopi1010/ve;_chegue à me rode dos poises capilolis1as ricos"' (note-se o "1alve1.'") <•vocfsnüoenconrrarãopor!do n{vel de vida dos 'saciedades ofluentes'( ... )Ascasas,acomido, as lojas, o 1r1mspor1e, enfim oscandiçóesgeroisdevidoopresemamumaspectonãodigoaus1eramascer10men1esóbrio,mo derado. O essencial não foi/O. aindoquesenotecerrafo//Ode acabamento e de capricho nos produ/ose nos serviços". Éa imagem, oquantopossívelmaquilada,deumasocicdade todaelareduzjdaapenasao "essenciã/",ao elementar. Esse é o paraíso comunista? Assim,afirmaFreiClodovis, "osnecessidodese/emen/oresou primários estão o{grossa modo sotisfeilos. Comido, cosa, roupa, olfobetizoçãoesoúdebásicasão caisosfundomento/mentegoron1idasa1odocidodiiosoviélico". Ha,·eriaaquiváriasobservaç<ksafazer. Aprimeira é quan16 -
toao "grosso moda", ou seja. ncmmesmoess.asneccssidades eslãoimeiramenteatendidas.Asegundarefere-se ao materialismo crasso subentendido na afirma çãodoreligiososervita.poisnão considcraen1reas "necessidades elememores"'asdeordemespiri tua!.comoodireitoàprá!icada verdadeirareligião.odireitoadesenvolverretamentesuaprópria personalidade etc. Por fim. é o caso de perguntar de qu e modo es1ãoa1endidasasnecessidades que ele enumera. Vejamos.
FIias e supérfluo Quanto ií comida, sabemos pelosprópriosjornaissovi<'lirns (3)queelaéescassaedernáqualidade. Tanlomaisque.reconhece FreiClodovis, "o agricultura niiaso1isfoza1odososnecessidodes. Dai o imporroçíia de cereais das EUA ". E. prossegue: '"Da{ especialmenteessacoisaquedá no visto de todo ;•isiton/ees/run geira: os filos. Essas se formam 1i10/ogochegaoprodu10emfof10e .< edesfozemquandoes1eesgorou". O "rãa logo"'exprirne bema,·eemênciacomqueésen tida acarenciadealimemo. Eo pior é que este não chega em quantidade suficiente para aten der a demanda, pois se esgota quandoafilaaindacontinua!Dizerqueafilasedesfazquandoa mercadoriaacaba,parece umes drnio dirigido ao pobre povo russo.Paraquecon linuarnela? O leitor já imaginou a decepção dainfelizrnulher.queapóspermanecernafilatalvezhoras,recebeanoticiadcqucoalimcnto queelaialevarparaseusfilhos terminouequcnãoscsabequando os víveres reapare.:erão? Só lhe resta voltar paracasatristonhae abatida. 1'fasissoparaoalegreecondescendenteservitanão1emimportância ... porqu e ~ habitual! "O f)Q\'O parece ler-se acostumada com isso. poisnüo notei nas filossinoisdeimpaciêncioauinsotisfoçaa". Trata-se para ele apenas de uma ''fo/ho",sóque estaparcceterproporçõcsgeol6gicas, pois "essa folho explico também a exislêncio lorvodo de 1odaumaeronomioporolelo(... ). Nós mesmas fomos abordados por gente que q11erio comprar nossosrelógiosouentaodólores
CATOLICISMO AGOSTO 1988
(davam 3 rublos por dólar. quando o câmbio oficial da,·o menos de um)'". Quanto à moradia. constitui elaumproblernagravenaRú,sia; é sabidoq uevária.sfamíliassão promiscuamenteempílhadasnuma mesma residência, às vezes comumsóbanheiro.FreiClodo~istratadotcmadcmodoambíguo eescorregadiocomoselhe fosse desagradável reconhecera realidade. Vejaolei torseconsegue entender: "As necessidades humonas1êmumcará1erhis1órico, de moda que quanto mais cresceoeranamio.maisudeu" vofrem também as necessidades. Um cosa cloro disso, na Uni[io So\'iélico.éoquestãodomorodio.Nãoqueporláhojofol'elos o,1cortiços,mosopopuluçãohoje é mais exigente. Elo procura quo/idode. Aquestaonãaémois onde morar, mos como morar dium-nos ·· N01e-5e o final da frase "di~em-nas". Eekacreditousem mais? Por que não pediu para ver?Ounãoquiscram lcvá-lo?Se elesebaseiaapenasnoqueouviu, comopodeafirmarque lánãoh:i favelasoucorticosequea"ques1ão niiaé mais 011demoror''? Masnàodeixadcsercurioso também o fato de que FreiClodovi,o;erefiraaoutrasnecessidadesquesemanifestariamnohomcmdcpoisde1er eleob1idoo necessário. e que iriam na linha daqualidade.Ouseja,aalmahumana aspirariaao mp<'r fluo. Já o ímpio e insuspeito Voltaire o constata,·aaoafirmar: ''Osupérfluo, e5Sacoisotilonecessário"" {4).0prindpio é muitoverdadeiro. mas, con,·cnhamos, muito poucosoeia!ista.Aoqueparcce, FreiClodovisaquicochi!ouc desviou-sedeseusfrrreo5trilhos marxistas.Mas,enfim,seaté"o bomHameroàsveuscochila''
'"
Noquedizrespeitoàcultura, FreiC!odo,·is~caU!o. Nessamatéria.comovimos, el e sóafirma existirparaopovoagarantiada alfabe!ização,ouseja,apredera ler e escrever. l\faisnada. Mas aconteceque"o>·isãomo1erialis1oemgeroléobrigotórionosescalas: torno-se especificamen/e oléiononfre/superior". A alfabetização, portanto. é um meio deinculcaromatcrialisrno.Mas islo,paraFrei Clodovis,iemsua explicaçào: ''É precisa que vocês enrendomológicointernodesua ideologia. Os homens do Partido, comefeito,estãocon,·encida$de queoposiçãoo1éiorepreuntoo nlvelma;sovonçododeconsciéncio"'. Ora,pergumamos,justificariaFreiClodoviscomigualboa vomadeaimposiçâoatodoum povodosideaisquefundamenta rama Cristandade med ieval por quemestivesse"com·encido"'de quedes constituem "onfrelmois avançado de consciência"? Também no que se refere ã saúde, FreiClodovisdeixaclaro que a garantia é para a "soüde básico"",istoé,se adoençaexige
umpoucomaisdecuidados,nào sedeveprocurarnopatrrnalismo (se a palavra exist isse, diríamos "padrastalismo"') estatal qualquer garantia.
"A polícia grita com o povo" Seo"compreensivoromeiro" coma muita coisa sem interesse, deoutrolado , "poupa-nos"des· criçõesdeque nósgostariamosde não termos sido "poupados" Dize!e: "Poupo-lhes a descrição detalhada do padrão de vida de umafomHio soviético médio''. É realmente uma pena para nós , mastal"poupança" é muitocômodaparaele,poiscomissoevirnaques1ãocrucial:oqueérealmente esse ne<:essárioque1odos têm?Oautorapresenta entretan toumexemplo. Um dos peregrinos perguntou ao guia que os acompanhava se possuía carro: "Corro? Nem sonhando com seu solário.Opreçoéollodemois(I0 ol5milrublos)". O guia ganha J50rublospormês. É açachapanteasituaçãoque FreiClodovisdeixamalemrever em seu escrito: "Oquedáaindo no vis10, tão logo se ande pelos ruosdeMoscou,éoospectosériodapo,·of.. .) nomerrô, proças.ruoscenlruis, ,·ê-seumamultidâa que cominho sisudo, de poucofolo.Nasfi{asnumerosos uspessoasúestâocamoqueresignodos,o>"onçondosempresso,
Na lilu.inia, osturistasbrasil ei· rosenconCraramigrejasqueainda func ionam. Ma,;frei Clodovi,;,emseurelato,nãofazreferênciaasacrilegasutilizaçõesde recintos de tem11los ca tó li cos, comoasnavesdaigiejadeSão MiguelemVilnius,capitallituana , l,an sformadasem loja para e, ibir artigossani tários
Nuigrt juda litu iniasubj uga· da, osttólogosda libtrtaçJ oertcontrarampoucosslnaisdumu• dançasintroduzidaspeloVa tiu• no ll,e aproveita ramparart la • cionar o Concílio com o socialismo. Na fo lo, aigrt ja dt Nos• s.iSenhor.idaMisericórdia,em Vilnius. f11/a11do baixo ou mesmo em sifincio". Mashámais.~povoauim oprenoaindaesiásujeitoàs in• ,·cc1ivaseaosgri1osfreqilen1es dos policiais. Frei Clodo,·is faz toda uma&ináscica verbal para narrar tal siiuação sem caus.ir muito m! impressão: "Niiofoi só uma >"f'~ que l'imos umfunâondrio público, p<>r exemplo um guurda,grilundocomolgutmem público. Nu ,·erdadt, os russos 1imlá.<uamu11eirude.<eremcor1~".0quediriaelesc,i~por aquíccnuscmelhan1es? Poria a bocanomundo,in,·ocandoosdirei10,humanos,enloseilémais oquê.NaRtlssia,não:tudoscreduzaumproblcmadccortesia O leitor ficará horrorizado comesscquadroproduzidopclo rca,ime comunista. Mas não se apressc,nouoromeirocmplagas so, iéticas,numa1ema1ivavãdc tapar osol comapcneira,dizquc opanoramadescritonãoéfruco doregime,poisopovorusso''/oi desde sempre um povo imro,·er1/do". Alguém quer a prova? Basta,prom:gueele.lerosclás· sicosrus.sosparascdarcomadisso:depois,oc!imalácfrio,houvemuitasgucrras ... FreiC\odo,·istemumalonaa ciradasobreamoralidadcdostrajcsedoscos1umcsnasruas.muitosuperioràlibertinagcmquc,·e. mos por aqui. Podemos admiti· lo-emboracomressah·as-tal éomardelamaem11ucvaiaíun· dandooOcidentc.ÉprC'cisonão cs.quccerapcnasqueocomunismo,enquan10contrárioaocasa· memomonoaàmicocindissohivcl,tinlrinsccamemc imoral,e qucasoluçãoparascrestabele• ccramoralidadcnloconsiste,de nenhummodo, emsctornarcomunista. mas sim cm vol1ar t, prjtica dos Ma ndamcntos da Lei de Deus. Mas ha,·eria ainda uma
pcrguntaafazer aoreligiososcr vita:oqucfazemos''tcólogosda libertação"' no Ocidcnce para combatera imoralidade reinante? Nàocstariaaíumucelemeenobrecampodcaçãopara clcs.em lugardeficarempromo,·endoinvasõcsdepropricdadcscdisscrninandoódios? Entreosfatorcsdcexistência que Frci Clodovis parece julgar não-essenciais. o famoso su~rfluoqueosrussosagoracstariarn dcscjando,col0<;a-scaliberdade: "Umuco/sop<>rlmugcntese11· riu; urto bloqueio no ptllS/1· moetllo ena pala,·ra daquela ge111e. Astxp/kaçócsquc dão não si!osemprcdaras. fa·ilamospo11· /oscriticos(. .. JNossaprópriarelur,locom os amigos soviéticos encarrtgfld0Sdc 11osacompanhar tinha algo de opaco. Por exem· plo:nuncufiro>"amuitoclf1rocomolrla;edarmf1isemde1a/he o ro1eirododiflsegui111e.Me.<moas modalidadesconcre1asdenossa parlida: dia, hora, companhia, escalas,e1C.,sóvieramaonosso conhtcime1110 110 aeroporto q11andoentdo11ose111regammas PQSS'1gens" Eaglusnos/1 ''Aglasnostreprese111a ainda maú uma vomade do que""'" realidade". Então é mesmo de opressão o regime atualmemc vigente? Não, diz o au1or, ércflexodopassadohiscórico!Acrcditequemquiscr.O própriopo,·o,acrcscenta,parcce u.1isíeitocomoregimc;a prova tqueprcstacultoàmúmia~L~ nin no mausolêu da Praça Vermelha ... É incrh-cl,masosale1rcs1N)loa0$n!ocs1i,·cramnaúniraigreja ra1ólic1 aberta em 1'1oscou. Foramimpcdidos?Nãoficaclaro.Oque Frci Clodo,iscoma ê que,nanoitedodia4deju!hn ''por ser /arde demais, foi cancelfldfl fl Visitu iJ igrejade S. Luiz".
Povo rejeita soclallsmo na 1.0 . O número de templos da "lgrcjaOrcodoxa"(I.O. )émuitograndenaRússía, ''mui1asdelflsforam lran.iformodasem museus ou roiSflssemelhan/es". Há mos1eirostambém cmuitas\'0Caçõcs.masamaiorpartc dcstasficafrustradaporqueéoGoverno que determina o número de ,·aaas. ''Vl!'r um padre ortodoxo"" rufliume.spe1tiruloruroqueu1rai m11i1osolhf1res·'.O Minis1rodo Cultodissenãosaberontlmero defiéisuistentcsporque"iproibido p<>r lei pedir ojicialmente a creflf/1dealguim". Ora,explica FreiClodovis, "úsoiparuntitar discriminllÇÕes". Equatropáginasadianteoreliaiosonosconta que o mesmo Ministro do CUito ''r«011htci!'U que txútem realmen/1!' ubusos em 1erm0.< de dís· criminQfdodospru1ica111es. Dii· .<equeperdemoemprego".Mas, O complacente observador não acrcd ítaqueche1uemaperdero cmprcao(tantosjáperderama,i-
da!),poisasovitcicaéumtip0de "«o11omiaqueguran1eopleno emprego ".Serásóingcnuidade7 Ospadresdal.O.conscrvam aindaseustrajespomposos.tão doaa,radodos fiéis, de maneira que,r«onhcceFrciOodovis,"fl sntlfldO, n6.Jpadresereli1i0.Jos catôlicos,fa:::.,ámosan1esafigura de gel'l/1!' do.sacrulizfldu. paru niiodi:.ermu11duna". Aiareja"sese111e1otfllmtn1e fi~,e no recinro dos ttmplos". Ponanco, não fora deles. E que persc1uiçõe:stprccisocnfrentar paraadentrarumtemplo... JA\·i· mos algo acima. Ademais, o Ministro do Culto informou a Frei Clodo,·isqueoscrentcsnlopodem "ocupar postos de di,erdo na sociedflde". Também é proibi(la qualciucr manifestação ou propasanda religiosa fora dos templos, bem comoaexill!ncia degruposdcjovcnsnasigrejas. Aconseqüênciaéquenasigrejas da 1.0. "agru11de 1'//lÍOriaera connirufdade velhinhas". Mas. diioindulaentevisitan te,nlo sem um cert o cinismo: "Nu União sovitlicfl os (cOni!':i pregam·. Frei Clodovis critica a 1.0. porque "se acomodou à hi.Jldria, se Qjusrou lJ novu.<ociedude"e não se insere "criatframemeno prousso host6riro socialú1u". Em outros termos, a 1.0. dei:icousc mumlficar c acci1a passi>'amenteosditamesdogo,·emocomunista.maseladc,·eriafazermais. É-nos lícito concluir: scaundo Frei Clodovis, a 1.0. de,·cria 1rabalhar acivamemc pclo comunismo como fazem aqui os da Teologia da Libertação. Algurudal.O .. apcrtadospclosviajamesbrasilcirosarcspcitodocrabalho emproldocomu• nismonaRúuia.acabaramconfcs!ilndo Que houve um movimentonessc scntido,noimcrior daquclaigrcjacismácica.mas''o mo vimentofracussoup<>rqueo povoml.'Smoa rrjtitou'', Ame cal rcsposta,eisarea,ãointerrogafüa de Frei Clodovis: "Tull'e: nosquisessemdarporufum recado?"Cremosquecleccmrazão aoacharciue é recado:nãoéfá• cilarrascaropo,·oparaocomunismo, mesmo quando se é sacerdote
Vaticano li , soclallsmo
vel ... ". É bastante sianificatíva essa li1açãoentreo Vaticano II eosocialismo,feicaporum"ccólogo dalibertai;ão". Dcqualquermodo, FrciClodovisdcclarasua ''ptrpltxidflde" eadescusamigoscomofato que "nao dó parfl negar; a religião respira mdhor nos rocii!'dudn t,i.rguesasque nas rocialú1tu". Curiosa a exprcs.s!o "não dá paru 11e1ar"; ,·ê-se por da quanto cstecorifeu1upiniQuimda TcologiadaLibenai;ão1os1ariadenesar,masaeYidfnciaétalquc ... "11ôodá". Porhn,elcnãoscdeixa abalarem sua fé marxista, e dáumJeitode dite,-quea<.:Ulpa nãoédore1imea1eumasdarcligiil.o: "A TL mJo podi!' deixur dt r«onh«erossinuishistóricosdo Reino deritro dosocifllismo real" (istoé,dentroda Rússiawviética]: pois "seja como for, asna fôessoclali.J1assóudmiliriio uma Jtqutfaçflju1de modo maispleno às grandes reivi11dicuçõts de justiça social". Portanlo é prccirn ter uma novafé,parascraceitoporlá. Qu em,hojeemdia.temcssanovaféquccompraiaOorbachev eascusscquaus? Estamoscer· tosquescFreiLeonardo, Frci Clodo,·iseFreiBenoviv=em Moscouelcss.ibcriamprcgar uma féqueagradasscaoslcninistas ateus,mui1omaisdoqueossubservicntcsfantochcsdal.O.:afé marxista pura e simples. E fica-nos a consfatacão amarp. Para os desditosos russos que lé vivem oprimidos por umr~imcatcu,brutaleinuma· no,cquctomaramconhccimcntodasalcgresandani;asdosdois BoffedeFreiBcnoporaque!as terras - etpossí,·clquetenhasi· doemcertonúmero,poisforam solicicadasaosreligiososencre>-istaspclaimprensacomuni!laquedcccpc;ãolhcstcráficadona alma? Que esperanças se terão evanescido? Podemos imaainar algunsdesscslnfelitesexclarnan do:-"Masentãoossacerdotcs no Ocid ence são assim! Permitem-ílles ser assim! Nós . quedelesesperávamos,ernmeio ànossaangustiosasituaçJl.o,um apoioeumest!mulo,ci-losque vêmaquiparacongramlar-scoom os nossos carrascos!" Or~6rio LopH
~-
tl)Em .... odiçiod,e ... nnbroúhimo{n" '-1!),"C"olkumo"_,.,,,oudtdaraçõe< ocasilD,p,J<
__ ....,._f<;ia,.. ...
e nova fé A''pcregrinação'"sccs1endeu a outras regiões óo enorme implrio soYiético. Na Lituãnia católica,atualmemcsubjugada,OStu• riscasbrasilrir0$mrontraramnas igrejasqueaindaFuncionampouc°'sinaisdasmudançasincrodul.idaspcloConctlioVaticano ll. "Nesst sentido, ptrguntaw um 1e6/ogodogrup0,seumalgrcja p<JdeentenderdcSIXÍ«Íadtsociuli.51flsemu111espaSSurpclo Vaticano 11, ou.<eja, sem.<l!'moder11izar. De falo parttt imposs(.
frri L<~ardo Bolt l imp,n, .. diária f~do_.od<>i11•dop<O«So.\lundolivJoo os pll,a oomulltllu. "Frri lloff, 1.0. • coa•tttf,lcil",to,~ulodo.,.iaom1lo
..,.,._shria ......
~-----·doa:,p,11,tiQdo,
(2)Par&lllfOÍ-odaltoruall....., ,..,.., ... :P\lnóoCO<Th dooOliwita."O
murliimo.Nm,ua.,.,a,btça-d,.pon«•"
("C&1olici1mo", ju.-f..-.ll!llll)
n~,
J1l / 4,
~.,::;~.~~~1olidsmo". n~ U9,
(4)"L<"'""""··-·D«nWt··· .... obn "I.< ),.loo,dolo··, <i<ado PJ< Jean Ori<lo1("Volunreoul& Ro)·auttdtl'Esptl1",Flall\rllarion.,l966.p.2-U)
(l)'·~i-u1dormit.a1flomo. 1\11"(t!onclo, "An Potliqu,••. JS~)
CATOtlC ISMO AGOSTO 1988 - 17
TFPs em ação Enqunto alguns cooperoldores ostenl am ab.iu,outros leva ntamoestandarte, e outros ain-
da ofeiece m ao público a extr1101din.iiriaobra,, fanfuraelecui a imponentes marchase hi· nos e m ilmpl,u praçu, como a
Po, bdoSoL
Com estandartes e fanfarra,
Campanha do livro-bomba na Espanha MADRl - A Puma dei Sol, umadasmaismovimentadaspra-
ças destacapital, íoipaloo.nas prímeiras JCmanasdej unho,de
uma grande campanha da TFPCovadonga, para lançamento de
seu tino.bomba, .. Espanha -
anestesiada sem o fNrctbtr, amordaçada stm a querer, tXtr/1• viadasemosaber" . O dcnsovolumc,oomS80pá-
&imu fartameme ilustradas, e 50brctudo muito bem documcntadas,susten11quc,sob ainílu!nciad0 Partid0Socialista()pcr,rio Espanhol -
atualmeme no
Podcr- anaçãoe11áscndosubmctidaaumprocessoanestesian-
te capazdedesfi1urá-lacompletameme(verrcsumodaextraordinãriaobranallltimaediçlode ''Catolicismo''), Antcsdeuiràsruas,Oii,nembr01daTFPespanholaforamàs Astllrias, região norte do pa!s, paraaíre:taraospésda histórica imagrmdeNos.saScnhoraquese venera na gruta de Covadonga, situadaentreasmontanhas,próllima ao mar. Foincsselocalque,noremo10anode 71 8, acuados pcla invasão muçulmana, Dom Pelayo e = 11uerrcir01, favorccidospor umaapariçiodcNouaScnhora,
iniciaramaresistenciaaos invasorcs, não aceitandoassugestões do ArccbispoD.Opas Estellltimo,,·erdadeiroprecursordosmodernosadeptosda posiçio"terccira-força",propunha um acordo cristão-muçulmano.
Sim, sim - nOo, ntlo Ostoqucsdcfanfarra,01cstandartcsaovento,aproclamaçãodesloga111,e1distribuiçãode umsubstanciosofolhetorcsumindoastescsdolivro ,comotêmsidoacolhid ospclopüblico?CarlosMoya,umd01participantes da campanha, responde: " Com simpal!aeaplausoca!orosode muitosecomrepuliadeoutros. Hios queditemsimeosquedizem não. A zona nebulosa eindeflnidad01indecisosexiste, mas ébemmcnordoquesepoderia supor, e tende a diminu ir gradativamente". Aamalcampanhasedcstnvol>'etambémpormeiodevisitasdeduplasdecoopcradorcsde TFP-Covadonga a escritóri01 e rcsidências,comoaindapcloen, viode folhet01atra~docorreio. Atítuloilustativo,eisalgumas dasrepcrcussões:
18 - CATOLICISMO AGOSTO 1968
Estanda rte!ie laiosao alto, no ce ntr o de Mad,i, anunciam a u mp anha para um ate nto público • Umadona-de-casa,antea campanha,numapraça,dectaraseenfaticamemefavor,ve! aosocialismo, mw;éprontamentein, terpcladapor outrasenhoraque afirmaaindamaisaho:"poiseu sou contránaevouapoiares!iCS jo,·ens!" • Na capela do famoso cemitério de Paracuellos de Jarama, duranteatradicionatMi!isapdO!i mlirtircsdaGuerraCivil,ocapc· ]lo discorTCU em tmn01 altamen-
\e elo,iosos, durante o sermão, sobreotivroquetlnhaemmãos. • NoccntrodeMadri,porsua ,·ei,umjovemirriiadodttlara: "Olha, a mim v~ não vão me convencer. Sou anarquista, e não vousequerfucr casodoqueme disserem". Depois,olhandopara a movimentação da campanha,
~:a~t~~ ;:ô~~~1ªl~~~j!:
dit,vel!"
•umscnhordirigiu-5eaum dos propagandist:u, desejando adquirirstistxemplares.poishav;a tomado conhecimento da obraatravésdeumamigo ... Enquantoisso,naponadeumbar. ou1rostnhor,btmve1Hido.dissc já oonheccr bem o sociafümo. Ao serindagadosobreomoti,·ode suaafirmaçao.declaralaconica· mente: "Sou depmado socialista''
Nova sede em Fortaleza A TFP acaba de mudar sua sede em Fortalcia para a Rua Tereza Criuina. Aoserdesocupadooimóvcldaantígasedc,situadoàrua Oli,·ioCâmara. 157, nobairroBcnfica,numcrososvizinhose simpa1izancesreuniram-sepelaültimave1.antcooratóriodc NossaSenhoradcfâtima,erguidopelaTFP,juntoaoponão de cn1rada, na década de 70. Naocuião,íoirez.adooTerÇOtentoadoohino''SalvcRe· gina", tendo tambtm feito us.o da palavra o Sr. Marcelino C~lho. um dos moradores do bairro. Na foto, a nova sede.
• Não muito distante, um motorista de tui ,:sta,;iona seu ,·ciculo. e desce para adquirir um exemplar.Outrotaxis1au1iliz.ao rádiodtintercomunicaçãopara transmi1iraseuscoltguumpoucodamüsicaexecutadapelafanfarra:paraissoscguraomicrofonejun10àjancla.
"Teologia da Libertação"
• "Jácrahoradequena Espanhas.aíssealguémparadizeris10",declaravat111allavozumjo,·em casal. Do interior de um bar, cc"oscnhorexclama.apósobservar por algum tempo a campanha: ''E$ímomcnal!" • Em face da fanfarra que passa, uma senhora brada: "El Cid!E\Cid1"N1omuitodis!an· te. um homtm dama: "0. Pela-
f~
:t~~~o~:·
yo. fapanha amêntica, voltada para o heroísmo dos 1cmposdacavalariaeda Reconquista, que ecoa em nosos dias, enoqual sereconhece algodo timbredagrandez.adeoutrora.
Nula foto apa rece tambê m um do s megafo nes de qu e se utiliu m os propagandi slas, para bra· dar os"s loga ns" e, plicativos da TFP·Covadonga. Com a màoes. querda, omesmo coo peradorda TFP·C ovado ngaoslt ntaco mga· lhardi a um nemplar do livro.
LONDRES- O bureau Tradição, Familia e Propriedade, dcs1aCapi1al,publicouoesrndo "Umaanáliseteol68icada'Teo· logiada Libertação' - Uma 'Teologia' sem Deus e uma ' Li benacâo' escravizante"" , dc autoria do Pe. Victorino Rodriguez y Rodriguez, des1acado1eólogodominicanoespanhol,ea1ual Prior doMosteirodeSamoOomingo, elRtal,deMadri. ATeolo&iadaLibenação,CU· jos desdobramtntos sócio· econômicosapre$Cntamenorme afinidadecoma1eoriamarxis1a dalutadeclasscs,temdesperta· doaatcnçlodcestudiososqucna lnglaterraaoompanham mais de peno os auuntos latinoamcricanos. Nessts ambientes, como tamMm entre os simpatizantes dos idcais da TF P, a obra doPe. VictorinoRodri&uezyRo-
·-·-., 1
-""""""·
Gmll.-•" f hfflolt"ud F..n,la,l•J "Ubtr1tio•"
, . , _ , . _ . , _ ..
dri8uezestátendomuitoboa acolhida, pela sólida refutação da refcridateologia,prenhedeinoonsistfnciac contradições.
A TFP e a sagração episcopal de Ecôoe A propósito da sagraçào episcopal realizada em Ecônc (Suiça), cm 30 dcj unho último, pelo Arct bispo Marcel Ltfrbvre, oServiçodc Imprensada TFP distri buiu, nessa ocasião, aseguintenotaaosórgãosde comunicação social: "A TFP é uma entidade voltada ao estudo e à ação acerca dos pro blemas sócio-
:~:i~:~i,!ei~~:f:rrj:~:: 1
tólica.Atensãocntreo ArccbispoMarctl Ltf!bvree aSantaSé versa,dc modo cspceial,sobre temas de !ndo!e tstritamcnte 1eológica ceanónica, como,por excmplo,seanomcaçâo deum Bispo porRomadeve precedt r necessariamcntt à sa&raçiodeste.Em assuntos dcssa naturez.a a TFP jamais tomou posição".
CATOLICISMO AGOSTO 1988 - 19
São Pedro arrependido Foi EM CESARÉJA de Filipe, çida-
de edific11da pd01 domin;idoru roma
nos, que Nouo Senhor u recolheu com uus Ap6stolos. pouco depois do 11dminivel milagre, que çonsirtiu na segu'!'lda mulriplic,zç4o dos pãn, junto ao mar da
Galiléia. - Quem dizem 01 homenr que i o Fúho do Homem? - foiaperg11nt11q11t
o Divino Mestre dirigi11 tl()J seus d1/ttos Ap6srolos. Dentre aJ ".irin respost.u, sobrtsulse. inspir,1@, i1 deS.JoPedro: "TuisQ Cnslo, F,/h(, de De111 Vivo!"
Sim4o Pedro confessava allÍm q111 o pr6pdo Verbo de Deus, o Criador do Univtrso, tinha-u encarnado e ali estal'll dia'l1te ddu na Pes1011 de Jn111 Crú-
to, o promttido Salvador de /mui e do m1111do. - Bem aventurado iJ Sim4o, filho dejo4o! disu-lheje:;ur. Porque n4ofoi a c.irne e o 1angue que lo reve/011. mas Me11 Pai que ur.i nos (ius. E e<1 d1go-1t q11e 111
is Pedro, e sobre esta pedra edi-
ij::,,:i ::;;:;f;/;~ee:!r::':íaf{~:: 16, 13-18). Q11eterrfrelwnlrt1Jte11presen1aes111
;~n:·:::::,;:u;:: 1i;~r:,:,;/:;:1ro~-
~f,ºv;~t~;;:: t::! to:he~i:fo~ lõ,C 1
11/no Salv~, q11e no mesmoed,jiclo e,rav,z se,rd-0 ,Rterrogari-0. Naq,ule momento o galo wntou ... Depo,s - conta o Evangelista S4o Ll,ç,zs (22, 61) - ''ro/t,znth-1e0Senhor,
°J};:t::::::'ít ;,:::r::J:dt:;;i!
Senhor: 'Antes que o galo canre. me neg11rJ1 tris vezn··· Para onde foi Pedro 011 o que fez, ninguém jamaiJ ficou 1abendo, poir d11r11n1t quarenta e otto horaJ ou mau de111part&e11 ele d11 hútón"a d,z Pllix4o Anos mais t,;rde, quando se 111am profundos sulcos em 111/lS fact1, dixla-u que hJVÍllm tiri-0 c1111.ulos pelas ltignmJs
que ele jamaiJ ceuou de ve,Jer por aque leinstante.
Salvador, &hia, 1636. O monge benediJ,11o Frú Ago111nho da P,úlade entrega-u devotame,rJe iJ ortz;4t;, 11() e1 tudo. eiJerculJura. O1 e1tud/0101e,rcon1r3mn111crô,ric111 do Mosteiro milito erc111111J referinu,1111 esse monge 11rtisJ11, que dedlrou-
;,:;:://:;r:: 'J::::Wt,L4()p~1/n"',:~:;~:
:e:,:,~rinist11S ho/11,rdeu1, algu,rs 11,ro1 Silo numeros/lS as 11n11gms e rel1Cário1 de barro coúdo de 11uton"a de Frei Ago1tinho. A mais txpres/11111 de/111 i, certamente, li que rtprt1tnt11 S4o Pedro arrependido, conhecida obra-pn'ma da esc11/turas11Crt1 braJÍltira. Perdido em II mermo, entre untado e ajoelhado, 111sttntando II Cllbef(I pensativa com o brtlfo que se 11po1a so-
~: °/:;f:/tf;~q::,~:t.s: t;:~:::;:
prof11ndú11mo arrtpe,rd/,ne,rto.
Roma. pro111111elmenu ano 64 da era cristiJ ... Neroen11iap11r11111prisôe1cen ten111 de crút4os, 1101;1111/J atn"bui a cu(
!: ~:;;;:r1o1:;:,ii. Wrfrel Í'1Cênd10 SIW Pedro, o pnmei,O Papa, o Ap6stolo que, dom/ludo por slncerizwmp11n-
f4o. chorou a suiz negt1f4o do MeJtre, foi
cond11Z1do ao eánere Mamerttno, e dai sai11 para Jtr mmftudo. Co,rsukr1111eh1e 111digno de mo"er na Crux do mesmo modo que o Filho de Deus, pediu 11uu111lgoxesq11eo,ruc1ficauemcom 11 ,abeça panz baixo, no que foi izlendlri-0. Por virtude de!Jtz nova Cruz que se levanta, Roma u torna a cuiade Santa, comenta Dom Prosptr Gulnzngtr, Ab.1de deSolesme1 (*).
PÚBLICA A TFP norte-americana lança um veemente apelo - uma carta-aberta à Universal Pictures sobre o filme A última tentação de Cristo. À Universal Piclurcs Senhores;
H ~:~-::~~':!~,h~~~: An:~~1:"d~n~~\!: d;l<;';i~:~:i:: A ALGUM TEMl'O ,·e,11 d«:ul ~ndo notidas w bre
que nós considera mos sacrilei;a. Isso gero11 con1ro,·t rsia enl re
amtrit1mos dr1odallna,;-ão,devidotantoao ro ntt údoqu1m1oàpromoçãodofilme. t'.m respo,;hi ao antecipado lançamt nlu deste filmt , a Sociedade Americau de lldesa da Tradiçiio, t·11milia t 1•..,.
priedadr(H'l')jul gaseu de•trapresentar11maanálisedrcerlnsasptcicosdacontro•érsia. Nioprocuni remosrernmiraqui ludoo4ntj:.lstfalou
a respei to do filme . Só l)l)drmoses11«u lar sobreo co11leúdo da sua,·ersãufinal, e b1s1a -nos 1ransrtt•rralgunsdosmuil"' relatoschocanl espublicadospelaimprensa.
1 - "t::s1eJesuséumrarpinlt iro. queíabricacru,es
nas quais outros judtus serão crucificados !)dos rom anos" (NnrYorllTim es,8-8-88); 2 - " Mais 1ardeeltíJ esus) se tronsfurmll num guru dt olhar S<'lvagem, à r.. nte de um bando de SfgUido..s maltro· pilhos, ma, apreemi,u t fundamenla lmentrcuníususobrea sua mensagem e li sua missão" (fime, l S-M.88);
Jesns Cristo li, indisc u1i,·rlmen1e, uma figun1 hislórica - continua ll argumenlo -, r portanlll n:lo tem direito • maior prol eçio contra a .. .elaçi o da verd ade histórka do que qualqutruutrapessoa. Mesmo sobopllnlodr ,·i,t aestrilallH'nlt strular, es la obj~ãopodtserrebatida.M11itosdostpisódios apresen1ados nolilmen:i.osiobO!;ta d"scm 11enhumlipodrfalos hi 11órirns. Nacarla-aMrto da IJni nrsal Pkluresao Sr. Bill Bri~ht, o dimor Martin & orsest t citado comll lendo a firmado clara. mentcquro se u íilmrC " umlrahalhudeficçio,tquréha· seadonum, n"vela , nãonosl:vangt lhos"(Nr,.· \ ' orkTimes, 20-1--33), Niio háabsolutamcnt e nrnhum, prn,·a dequrqual querdossupra· mtncionados latosso bre Nosso Senhor J esus ~·~~o ~ja h":ado cm d~cumeutaçio da Sua tpoca . ou que
c..mu se ,·<. não rs1amos em presença M fatos históricos, ,nas de fanlasiu históricas, M <::1ráttr mais ou menQS fie. líciu,qursupõcmNo,suSenhoría,rnducuisa,queSf riamdilamalóriasseat ribuidas a Ele. Imaginemos uma novela represe ntandll um Mrddo prtsidtnte amtrica nu nu abomin:i vel papel de 1rafiran1e de drogas, t queHl "his1ória dtu ma vida", haseada nes1atemou 1ru diíamaçõc,j ,fo,se publicada. Vamo,supor quc,confcss.damt n1 t , rs1ano,efanãofoSS1"baseadaeinnenhu m falohish\· rir", • qu• fossr si mple, mm!t o prudolo da imaginação. As leisa1ueriranascerlam enl t daria m base p,ra seiml'fflir a pu -
p</rmanect indilercn1c.rlcp"den iiorsl• r•·iobndo11lei. Mas •foloocódigomural quego,erm1opa1rio 1ismo . Imaginem Qllf um americano cometa assassinato t m algum remmo canto do muodu qur niio p1JSsua cód igo p</nal. r ondeoassassina lon;'ioconsti1 uanecessariamrn lrcrimr .Enlre· lanlo,a"rnltarocosl:,ladosU nidu, , se suaaçãoforeonh td· da, tlt serl1 1ratadoeom1odoo horror e des prezo quese lem em rrl açã o a qualquer assassin o. Portanto,• mural nãolisuhjeli>ll, tdevr ser tomada seriamenlt p,ela opinião púhlica . Naçõc,j que punem ap,na, atos ilt ~ais e dei>am de ceniurar c,s imorais rshio drslin,das a mergulharnucausenaruina.
AINDA HÁ UM PONTO a ser tratado. Preocupa-nos muilu o rtpfn lino,;ini,ncin pela Uni,·,r. Sll l PielU !l'cS de que A ü//ima /rnlaçifo de CriII/J serio l•nçadu seissemanasa ntei doprogramado. Tal p..ocupaçiio pro,·ém niio sóduque .. relata 11Ubrt oconteÍ1do.mu1ambémdové11 de mislfrioqucpan,crenrnl nrasua,us:l.ufinlll,rriandoa imp rr,;sliodrqurofi lme puderia seraindapior doq ueosrel"tusindica m. Tal mistirio rfdivamrnle imped e que " público ca lólieo norte-a merica no possa formar opiniãu r responder prunla· mrntc a uma Mfrunl•. SiluMçôc,, wmbíguas como essa romlJ'fm
Atuação da TFP Impacto na opinião pública
va York, e tambml m1 Wubin,1on, Den,·tt e los Allio:ks, tmdo 5ido dis1ribukl05, nessa oca$iJo, várÍ&!i do:zmude militara dt rothe1oscom o tn10 in1qral da eana-abma.
A campanU trve inicio is 10:30 hs da manhi, na ffl0'imemada Quinta A•·mida, noi:t"Jmo dt Manhanan, deslocando-se, em seguida, para a n.i.a H e a Sn11 A,·enida. Posteriormente, um con!ingente dos panieipames da campanha dirigiu-se para o únicorinemadaeidadtqueesta1-aprojnandoofilme,mquanwouiros membros da TFP~an~ram atuando nas Quinta e Se.na A1·emdas. O enctrrammto deu-se b 20:lO hs. Fo= dimibuídDS 32mlle:1empla1esdofolheto.Apcsar deau1oridadeseosprodu1oresdofilmelc1·an1amndificuldadescontraacampanha,osobstáculosforamcontornad05pela TFPnom,americana. Dadaaatualidadeegravidadedotemauatado. re!acionadodire1amemecomaPcssoa1acratissima deNossoSenhorJHusCristo,ecomaliberdadeda verdadeiraRelii:ião,acampanhadaTFPfoiobjetodenoticiári0$emtodoomundo.EmN01·aYork foramconcedidascercadetrintaentrcvist.uajor nais,rádioseemissorudeTVdosEstadosUnidos e do e.~terior. As.sim, uma \"CZ mais os norte americanos puderam nr em suas tele,·isõcs a TFP em açlo. TamWm nas sedes da TFP em !xn1er (Colora do).emlosA111ela(C•lifórnia)enoBurcaudas TFPs. em Washington. foram dadas ,·árias entre•i1111 a 6rslo1 de imprmsa. Grande número de 1etefonemu foram recdlidos nas se6es da eniidade naqudu trh primeira. cidades, bem romo no refrrido Bureau de Washington. Foimuitosalfm1eapresmçadaTFPnamanifes1"ãodepr01es1odi.antedorinemaqueuibi.ao filme blasfemo. Alguns dos manifesiames - enire osquaisnot11am..seJrUp05depro1estantesfunda mm1ali11u. cismiiicos onodo~os e atf muçulrna nos-e:1ibiamparaopüb!icoeórgãosdeimprcnsapresenmofolht1odaTFP.comoumsimbolo dopro1t110. logoquechegaramaolocaldaminifesiaçào. emfremeaocinema,ossócios,cooperadorcsecorrespondentesdaen1idadecomeçaramadis1ribuiros folhetos.inclu1il·eparaupessoa1quedeseja1·am assis1irofilme.Alauma1delu.queaguarda,·ampa' n comprar o inaresso. saíram da fila e foram embora Fa101ristemen1cdii:nodeno1afoiaau>Cncia qua1ecomp\etadeeclesiástk0$noatodepro1es10 Váriostranseuntesperguntavamporque sacerdotes e rcliaiosos não haviam comparecido à manifestação, . Ei1alguma1dasdecla1açõesm.iissignificativas porpartedepeuoasdopüblico: • Um sr. comen1ou: "Os srs. s.ão 01 primeiros afamalaodc5Uioconiraofilme. Sedeptndess, demim,entrarianocinemaecolocariafoso"', • Uma lrl. e.~damou: ··vock são uns heróis, Nin1ufflltemco1aaemderealizaroquevocêscs1Jofazcndo. Adiante!" • Outro1ran5e11nte: "'Ah! Eu,; es1e estandane em Toronto. Vods esta1·am pr01es1ando contra o abor10,1ao,.pro1es1amcon1nestefilme!""
Campanha em Nova York
Campanha em Los Angeles
NASEQOtNCIA da mart ntgra de blas(l..
miuq11C,·ãoa1inaidoaudiciae,;laniaespant0l-lS,
foie~bidanosEstado1Unidosare«n1eproduçlo
cinemuogriíicaintitul1da"Alihima1en1açãodC' Cri1to".Bascadaemno,·elaescrit1hámaisde,·inteano1 ,e quepro,·ocoupol!micasnaêpol:1,ofil-
me par= só agora cn eneomudo campo p,ara ser projetado,emfaetdeumaopiniJopUblicaarnrdida e apática
ASocicdadeNone-amerkanadeDefesadaTradição,Familiae Propriedade -TFPruaiuprontarn enteefezpublicarumaserena,lúeida eirreiorquínl cana-a\>Cru. dirigida ao dimor da empresa dnemaiovificaUni,·eri.a.lPictures, no conhecido diário"TheNewYorkTimes".Omanifes1ofoiestampadonasduascdiçõesdeuejoma!,anacional ealocal. Nodialldeagosto,osauri-rubrosnland,mes da TFP none-amtricana foram alçados numa brilban1e campanha pública efe1uada notemro de N'o-
Os eslan_dartes gmndes ~reludo a1usamm grande impacto no público nooowniuino, qriandofomma/çados nafrrnttdodntma qut/ançouapeUculablasfema
DepoisdetOlltOmadas5Ui.asdií1CUldadnque 1direciodoeincm1-noqualeraprojt1adoofilme - apresentou em relaçio à presença dos~ peradoresecorrespondentesdaTFPd1antedoed1-
2 - CATOllCISMO SETEMBRO 195a
fício,diversoseslandanesdaentidadcforamalçadru e trhfaixascxibidasaopúblico. Tal presença causougrande impactonospedestres e o,;upantes drucarrosquctransita,·am cm frente ao cinema. Reproduz.imosabaixoalgumasmanifestaÇOOdo público,quemere<:emmençào· • "Porque,·o,;êsnãotêm mais gente que os ajude?" e "Vocêsnàovíramoíilme.Vcjam-noeentão o julguem" e umca1alob,er,,·ou:"Vocêssâomui1odignos emsuamaneiradeproiesiar. Srumododevestir esuaaparênciasàomuico el,•.-ados.Fehcitações. Tc>domundoestápergunlandoquemsão,·och. Eestão<.fücndoque!ãoosúnicosqucprote.tamdemc>donobre" e Um homem grilou do int erior de um carro " lstoéumacruuida?" e Um,transeunte afirmou: "Conheço sua organiuçâo. Sou da Arábia Saudita. l.i a mcnsagern por ela publicada na Somália. Dê-me um destes folhetos". e Um jornalista exclamou: "Vocês querem não só «11ar a apresentação do ritme, mas tamb<'m 1ram de ,·olta algo muito pior: a lnqui 1içáo!" • Uma senhora, de aproximadamente 40anos, manifestou grande 1impatia pela TFP. Voltou depois de algum tempo com ,·ãrios refrigerantes: "Acheique,·ocêsde\'eriamestarcommuua,ede'' e Um,enhor,com«rcade)0anosdeidade, daÁfricadoSul,jàconheciaaTFP.D is.e ter1ido essaarazãodeterpermaneddonolocal,admírandoacampanha.
Estandartesecartazesdiantedocinema,em Los Angeles, causam impacto nospassanteseocupantesdoscarros
Campanha da TFP norte-americana repercute todo o orbe A MIDIA internacional - inclusi•·e duas grandes agências noticios.as, a UPI e a ANSA - difundiu e publicou o lan« da TFP do1 fücados Unidoscomliberalidadeinusitada.Salvohonrosa.ex«ÇÕes,osgrandesvei culosdccomunicaçãocostumamutiliur emrelaçãoàsTFPsumadensa "campanha de silêncio". Nilotendosidopo>1ivelmanterl:Ssaatitudenoepisódiodolançameniodofi!JMb!asíerno,queoontouoom acoDenuramaciçadITTmeiosdecc>municaçãosocialde todoomundo, aTFPentrouemnoticiáriosdcalguns 6rgãosdeimprensaumta01oacon1ragosto.Oleitorpoderáfacilmeme ,e dar conta, lendo a matéria que apre,emamosa,eguir-queenglc>baapenasasnotíciasmaissignifica th·a1 - como a iniciativa da TFP none--amtricananãofoidoagradode certos!<:toresda imprensa. Mastambém- é precisoque,e dlga - hou,·e órgâosquenmiciaram comobjeü,·idadedignadeencõmiITT asalutaramaçâodessaemidade.
•o
"LosAngdes Times'' - um dosdiáriosoorte-americanosdemaior tiragem - , em.1uaediçliode l3de agosto , registra: "RepreMn/antesda
"The New York
Jovenscooperadoresa/erlam opúblico_contra o filme, entoando slogans cadenciados com megafon/'5, na manife51açãodeprote5to em Nova York SociedodeAmericanapelal)efesada Tradifào,FamtliaePropriedade,de Pleasantville,NovaYork,distribu1: ramfolhetos no Century O'tyeem váriosouirosdnemas, mrl5/randoo rostodeNossoSenhorcomsangueescomndope/oSi>upescoçoeface. O folheio prodama,·a: 'no limiar de umablasfemiapública'".
niwuaa1e11çàoàa011,anizaçdo.Asociedade, com sucursais em dezesseis pafsesegruposi>mou1rascidadesdo JJ(Jis, i umaorganizaçiioáYicoque:segueüupiraçiiocatólica"
e O"Ro,;kyMountain News",de LO$ Angeles,emsuaedicãodel4de agos10 , comenta: "Durameacontro-
EmissorasdetelC\'isâodc todoo paisnoticiaramacampanha e apresencaramccnasdesca,emhoráriosdi,·ersos,nodiai2deago1toedias 1ubseqüentes
vérsiasobreofi/me 'Jevoussalue, Marie'umgrupochomadoSocieda· drAmtricanoparaaD<!fesadaTra dição,FamaliaePropriedodefoialivoemaçõtsàepro/es/os. 'A última ttmaçãodeCristo'novameme go/vo-
Grandesórgãosdaimprensailalianaocuparam-sedaatuai;.ãodaTFP em Nova Yor~
NAITÁUA
CATOLICISMO SEHM8RO 1988 - 3
Nosór1ãosde comunicação social do BRASIL
No11to de protesto, em lv_ot"'ll York, o F.lheto da TFP, ostentado por diversos mamfest11ntes, tornou-~ um s{mbo/o do ~dio ao filme "A última tent11ção de Cnsto" t O "Conierede la Sera", de Milão,naediçãodelldeaaosto,50b otítulo"Hosanado1críticosaScorcese (diretor do filme), mquan10,:on, tinuam os protestos violentos", noticia: "A movimtn1ar11mpouroa:1/. t111lfdoudnficaram11mat:Ynltnadt policiais, tnlrtosquaismuitOJsdo m11/Mm. tum1r11p0dtjovt11Sf)tf· 1t11a111nàorianr.afd0a1óli(Q'TT11dif,fo, Fam,1ú, t Propritdadt', a maioria dos quais tn/rtos /8t10 a/lOS, rom 11m(UfJ«IO/odO '(llSQt izrrfa', tqut:strt0/famMmodosurprttrulnJttdom1odomu/1idãopor sua auvnho indunwmlria: (Qf)(l Wf· mtlhotxpolit:sltr,/tduldllpo,umalf111nt1'li/n1trom/ormadt ltôo, .wbrto lllus4o lll;11l, dt tipo colqio ut• 1th parajoMU dt boc/am11Íll$. A OIJaniu,çlo-t1amblmdtNrtris· rrar-pr,blirouon1tm11mapd1ina inttira dtproltslo no'/',',.. York
nma"'. t "La Republi<:a", de Roma, tambémnodialldeagosio,sobod· tulo"Aquelefilmelsarnl~o.Cine, lllllsassediados-AAmfocadividi· da"',dásuasmlodacarnpanha:"~ lontt:stvltm1rtmularosa1andar1adogrvp0rtlitioso'A mt rlconAs· socialion',guiadoptlortvtrtndo Wilmdon.Osmili1an1ndas11aorga· nü:l>fÕo 1raum uma/alxavtrmtlha sobrroptilotma,çhamtmordtm, rombandtlrasrubrasto11ro,111b/n. doaawnidadt Manha11an ... Opú· blko.rhtiodta/aura,qutnaqutla horasraprfflllpara irromtr, um p011rotnttdiodoptlolnr6modo,u dtsvúztaC'IISIO:std/fnaolhd·los.(...J Uma mis1uro qut dtira ltvtmtntta fim do mundo". Ainda nesu mtSmo dia, "La Slampa", dr Turim, alude à matélia q11eaTFPnone-tmmWl&íezpubLiarno"TheNewYorkTimes".Eno dial4dea,osto,odiário"Awmire", de Roma, publica uma refcrmciala1\llÇlodaTFPem No-,-a York. NA ESPANHA Naxçlo"Reliplo",assinada porJO!tMariaCarrtsi:al,doconcei-
iuadoquotidiano"ABC"de Madri , lt-stnaediçãodc l3deagosto: .. ,A i11rima1en1Qf4<,IU'Cris1o'es1reouon1em nll$ prinâpais cidada nontamtricanlU,tmmtioàmaisviolema ron1rovtrsiaq11ea1ito11oeintman(l$ 11/timos ttmpos. Um aniincio de pà1ina inltiro nos jamais dessas cidada, postopt/aSocitdadtAmericanade {)fjaa da Tradição, Fam,1ia t Propritdadt, tnumuap0n1as moralmtnlt objttdvtis do fi/mt" t ·'Diiriol6",outroconh«ido órpo de imprensa madrilenho, na fdíçiodel.Sdca,osto,abordandoo temadofilmeblasfemo,fazumarefcrtnciaàcampanh1daTFPemNova Yo,k: "E, 1imul/alltQmtn/t, um rtdut.ido frupo ptrltnctntr Q ~ dadt Amtri(ana do Tradiçdo, Fam,~ /iatPropritdadtromtf(}uaocupar tstraltfÍCllmtnlttodasasrsquinardm quarttirot:sadjattnla,com ~istosruatandarta l'tTffltlhostamr..a". NA FRANÇA Em1uedilode l2deago,to,o diárioparilimse"LcFipro"fazalu110 li iniciativa da TFP none,americana. NA ARGENTINA e Ovcspcrtino"Clarin"deBuenosAires,dearandetiragcm,naedi çãodelldeagosto,i;obo1i1ulo " Ruido~estréiadofilmedeScorceseba:stadoemJesusCrislo'",publicama~ télia difundida .,.-La aaência ANSA quet0n1élnasquintcalus.ãoi1TFP: ''ParaptdirarttiradtJdofllmedorirn,irodedisrribuiç6oumaanoci0(4o
ro~ora,aSocitdlukAmerironade[)efaadaTradiç6t;>,Fam,1iae Propritdadt,romprouhojrumapàtinainttiradtpubliridadtno'111e Ntw York Time<'. 1rowfandoron1ro a'blasflmia'deScorstst.NosEs1adosUnidas-a/"lffllllaTFP - Mlm
qurprottpmmindfriduoscontrai/5
rahinias... Cmnos, rom maiornr..PO. flílt tambbri Nos.w Stnhor ksus OiJ. 1on1dpro1qidopor1ais/ris". OO"DiárioPopul.ar".daQpitalargentin.a,n.aediçiodc\3dc~os-
4 - CATOllCISMO SETEMBRO 1988
~ff:r~i;:,~~=n!:º1;,ºt;:
~J;::;et~ mondDrake,concedtentretrislaaumaredt de ttlroisãodos Estados Unidos
to,rcprodurindopartedeoutrodes· pacho da ag!nda ANSA, reaima:
"Um1rvp0denominado Soritdade Amtrkanaparaa{)fjtsada Tradição, Fam11ia t Prapritdadt publirow avisosdtpliginaimeira emvá/10$di4· rios,on1em,arwandoaUnivtnalde difamar Cristo". • Naediçlode l6deagosto, o quotidianoponenho"LtPrensa" publica n.a íntegra eua mesma maté· riadiMribuida~ANSA,naquaJfi. 11ura1fmeacimacitada. e Nodi1lldeaaoMo,1·â!l0$no1iciáriosderidiootdf\isiodcBueDOSAÍJCSallldmlàcampanhadaTf'P d<Hf5tadosUnidos.
NO URUGUAI • "Di,rio da Republica .. , de Mootevideu,cstampoueml'deqos. toasquinlerekrmciaàpublicaçlo ínseridano"TheNewYorkTimes": "Umzn,podtnominadoSoritdadt Amtricana da Tradiçdo, Famnta r Propritdadtpr,blicouaniinâ<>dtpô, ginainitira,hojt,tmvdrio.ldiários, acusando a Univtnal dt difamar Cristo". Amatériaéilustradaromíoto,na qualapareaceumasenhoraqueosten· t~ o folheto distribuído pela TFP NO CHILE e Odiário"E!Mercurio"deSantíato,tdiçãode24deaaoMo, numa crõnicaqueal:>ordaapolffilicasusci• Lada pelo filme blasfemo. publica o squiote: "A .s«rfoasadwnidtn.Wda TFP, Tradiçdo, Familia t Proprr«iadt, publicou wma inwçd<!, M pd1i· nainttiro,noºTMN,..YorkTimts', qut«>ntfm umau1tnS1101r1a aos a· túdiaJUnivtnal,aqualromtfll«>m um z,vndt 1f1ulo qu,dh: 'Blasjl, mUI!"' NA AUSTRÁLIA Noliciiriosdetelf\i$1oíllffllrtfer~ociu ao lance da TF'P
nonc-amerieana.
A iniciativa da TFP norte · americanaalcançounpressiYar,:pcr, cus.sloemd.i,·erwsjornaisbrasileiros de 1r1nde 1ira,em A TV Mancheleapmmtou no dia llde11osto,emhorárionobR,fil· meJObl"elQmpanhau,aJizadaem No,·aYork,noqualaparecemosestandanndaTFPo~f:azulllllreformciaàernidadr. ApresenllrnOS abaixo as principais rcpercu"6ndrimprcma: e A"FolhadeS.Paulo",deJJ de"l()Slo,emmatériam1iadaporr.cu rorrcsp0nden1eemNo,·afork, HélioBe!ik,r(l)foduzemfo1oap,igina do"NewYorkTimn .. ,e,apósnoticiarolan«daTFP,commta: "U1iliv,ndoumalinguagrmroncilia1ória, quetmnadakmbraartigosanttriormentt publicados ptla organi:ação nos EUA, a TFPptdtqueofllmestja rxibido, emprimtira irutânria, aos prindpais/iderartliriososdopafs, paraquttn11Josep0ssarriarumde/1altdtmocró1icodtm,i;on1e!Ído" t Ncss,emesmodia, na "folhada T11de"{SP), em matériainTitu!ada "Tentaçioédemais;,araacabeçada TFPamericana", figura uma alui.ão a essa entidade: "Astráoamtricana
daOIJiln~TFP(Tradiçíio,Fam,:
liat Propritdadt). qut~tkori&tm brasiltiro,publicouumamatirú/pa, f"/M/JÔfÍltilÍll/tÍl'l/ll(IJp,iNipaisjor-
nais no••awrq11urOJ dtnurri;ian(ÍQ Q fúmt". e AC01Tapondm1tdo "Jornal doBr1Sil"nosEs1adosUnidos,Deborahllnlinct,m,iouma1mil~e a escrtia do fümtem Nm·a York. publicada em l3 de a,0110 pelo matuti110earioca.Nelahaumareferênci.asobre I prestnÇ1 dc "~mintttranta quraSocitdadtAml'riranadtDt/esodoTradiçáo,Fam11iatPropritdadt{TFP)ro/ocownaportadodnema, rom atandartn t rartaus". t Tambtmnodiall,artigodes· tribuidoportodoomundopclaagên· eia UPJ,drautoriadcAurc!io Roja~. éreproduridoemLrêsdiáriosbrasi· leiros:"CorreioBrasiliense",''Tribunada lmprcn!-1",do Rio,t"OLi· beral". de Belém . Nessa matéria fi. guraalus.ãoicam;,anhareali:r.adaem lllovaYork e Enomesmodiaainda,"APro-,inciado Pará",dc&lém, publica matériaproc,:,,lmiedeLO§Angeles, quefatreferênciaàcarta -abenada TFPdiriJidaaosdiretorn;da Univer11J. • !l11$1rando matéria rm>etida pe. Jocorrnp0ndm1e MiltooCoelhoda Graça,deLondres. "OGlobo",dc IS de110510,embora....,, se referir ••1uaçiodaTFPemNovaYork,pu, blia.fotoemqucse,·ênitidammte o folhelodaffllidadc namiodcuma das manifestantes. e Rcfrrtnciasàilliciaii,ltdaTFP também.wmcontramnastdi,;õcsdr 16 de lJOSIO da "Gauu. Mcrcan1il" (SP)edc"ATarde"{Sah-ador),bem comonaedíçiodel7domesmomês da revista"Veja"(SPJ.
R IIERLIDRDE concisamente e CA RAS, TI HOS e nio ldj[as. Em recente c0nHnção partidária nos Estados Unidos, fotóarafos, càmerasdcTV e n,pórtcrei. deitaram toda a arcnção numa irn;ólida personagem: trata,·a·SC de uma mulher com uma cai~a na cabeça onde IC via estampado um burro (símbolo do Partido Demo..:ra1a) cu· josolhosscilumina,·am ... Outrocandidatonadaachoudcmais originaldoqueu!illrumbonécom forma<lefa1iadequeijo Entre nós, um homem tornou-se nacionalmente famo10 viatelevisão-pordispararde,tirosae,;monoinltriordaCã.mara de Vereadores de Quaraí (RS). em junho. Graças a essa cfêmcraedil,Ç\ltÍvelcelebridade,resolvcucandidatar-seàprc-
Feitura de Santanado Livramento! Vazioideoló1ico,e!,palhafatopublicitário,profundainau-
1emicidadedemocrática ...
• •·HEI BETTO assessora "perts lroi ka'", - Após sua "tournée"porplagasrussas ver,nestamesmaedição,oartigo''Glasnostprcocupafrade" Frci &tto foi galardoado com uma''honrar;a"insigne:a.sscssor doMinistériosoviétioodoCulto, oqual elaboraránovoprojetode lei sobre a Religião. favorecido pelo baícjo publicitário da "perestroika" Éincessantc,aliás,odesempenho propagandistico de Frei Betto em prol da convergência "católico-comunista", tão cara ao Crcmlin Somemencstcano,Alemanha Oriental,Cuba, Tchecoslováquia eRússia-proximamcnte seráa vez da China - r=beram cm seus territórios-cárceres a visita do irrequietoarautoda Teologia da Libertação. Significativamente, em nenhumdestespaisesele mmoua defcsadosoprimidosoontraos césaresvermelhos.Enàodeixou det.-cerloasaosditadoresmarxista.snoPoder. • "NÓS, SOCIALISTAS, so mos os herdeiros legítimos da heterodoxia espanhola,daquelas
yozesdosséculosXVeXVlque foram brutalmente silenciadas". Tal foi a insólita declaração do novo Ministro daJustiçaespanhol,EnriqucMugica,aodisoorrer sobre ccna.s dificuldades do govemosocialista,notocame a setoresdalgrejaque ocritkaram porcercearaliberdaderclígiosa no Pais. Ouscja,paraele,ainimizadcmútuaseráinevitá>-el,seoscatólicos,nointuitodeimpedirque os socialistas levem acabo sua obrademolidoradaféedacivili:,;açàocristã,adotarememrelaçãoaclcsanálogapo,içãoàque Santolnácio,SantaTcresaeFelipe lltomaramem facedasheresiasdesuaépoca. Das quais o líder socialista se confessa continuador. Finalmente, o ministro do PSOEreconhecenossetorescatólicos anti-socialistas os hcrdeiros autênticos dos santos da glorio<;a Contra-Reforma. • PENÚRIA e massacre na Birmânia, - Atê 1962, a Birmãnia ~ra umdospaisesmaisricos daAsia.Apósquasetrêsdécadas de socialismo, passou a ser um dosdexmaispobresdomundo.
Jáfoiomaiorprodutormundial dearroz,mashojenãotcmosuficientcncmpaiaoonsumointer• no.Osaláriomédiodeumoperário,equivalentea35dólarespor mês,nãotsuficienteparaalimen· tarumaúnicapessoa,apcna.soom arroz,portrintadias. Apósquatrodiasdemani festaçõcs populares, que causaram amorte,segundoversõcsautori zadas,del.500pessoas-poisa policiadisparoucontraosmanifestantes -, renunciou por fim ao cargo o ditador Sein Lwin. Nada indica.porém, que o Par 1id0Socialista - causadordafa lência nacional e da indignação popu!ar-váabdicarvoluntariamentedo Poder. • NOVOS "aris1ocn1tas " latifund_hir1os7 - Numa área que podena abngar cerca de 50 milhões de habitantes, já foram demarcadosmaisde 20milhõcsde hectares ... para 120 mil índios brasileiros. Enquanto nos EstadosUnidosháumamédiade 18 hectaresdcterraparacadaíndio, noBrasilcadasilvicolar=be420
r
~E~~!~t~: 1ul;~J:êi~~Ii ~n::::::::r~d~~i:::ti~
Nacional do índio), Romero Jud filho. Nooonjunto,asreservasin digenasperfazcm763.574quilômctros quadrados, território equivalente atodaaPeninsula Ibérica mais a Alemanha Ociden 1al;oucntãoàlnglatcrraeFran"ªÍuntas. Não obstante tais regalias, a a tenção dos silvícolas parece voltar-separaoutrospontos.As· sim,tribosisoladasquc vivcmno extremo noroeste do País, na fronteira com a Colômbia, ara bam de reivindicar uma antena parabólicaparapoderaoompanharasnovelas!
• RERJGIADOS _ . . _ eaa a11-. -A fuga mais 1rágica de viernamita.s - dentre as centenas de milhares já havidas - talvez tenha sido a '3ue se iniciou no dia 22 de maio passado. Nesse dia, 108 pessoas dei:,;aram o pais, num barco de 45 metros. impedidos de desembarcar na Tailândia e Indonésia - paisn que utilizam a força para evitar a apro:timação de refugiados - prosseguiram viagem . Três dias após, uma pane no motor os deixou à deriva. O barco cruzou oom pelo menos oito navios, mas 1odo!i se negaram a prestar-lhes socorro. Já sem água e comida, aos poucos foram perecendo. Alucinações e casos de loucura levaram grande número dos infelizes a se lançar ao mar, imaginando ver ao longt, qualquer embarcação. Â bordo, carne de cadáveres e atê de moribundos servia de alimento, ao mesmo tempo cm que muitos tomavam a própria urina. Tal pesadelo perdurou ait 28 de junho, dia em que foram resga1ados por pescadores filipinos . Depois de 37 dias em alio-mar, dos 108 miavam al)CTlas S2. Causa estranheza verificar que cm sua quase totalidade os órgão!i de imprensa tenham omi1ido a causa proíunda da tra,Mia: a perscguíçlo que o aovcrno pró-Moscou de Hanói move contra um povo que de$eja arden1emen1e a liber~. Por queesttsilhlciocúmplice?
que praticavam a monogamia e niioeramcanibais • DERRUBA NDO pw, udo• modelos indígenas. - Nostcmpos da colonização, habitava a capi1aniadeSãoVicen1e,bemcomo 1erras que se estendiam por maisdeduzentasléguassertãoa dentro e acima por Piratininga, atê Espírito Santo, certa tribo pouco mencionada em nossos compêndios escolares: os maramom,s. Distinguia-seessegruposilvicolaporparticularidadesnotá veis:não eramcanibaisepraticavam a monogamia. Afeiçoados aos portugues es denominavam-nosdeparentestrabalhavam aterra e nào furavamosbeiços,comoeraoomum entreo!ioutros .selvagens. O Bem-aventurado Anchieta converteu-os,repartiu-lhesterra.s, paraqueascultivassem,cdifiooulhesigrejascnacompanhiade!es coligiuumprcciosovocabulárjo Edilícanteexemplodeobservânciada Lei Natural entre po· vosprimitivos:estánosantípodas doquepleiteiacomoformaideal devidaparaosindigenas-eatê parahomenscivilizados-acor rent e missionária neotribalista hodierna.
CATOLICISMO SEHMSRO 1988 - 5
REFORMA AGRÁRIA, REFORMA AGRÁRIA, quantas injustiças se cometem em teu nome1
PROPRIETÁRIOS rurais do Pontalpaulista,prro,::upados com o ~rso da Reforma Agrária, tornarampúblkootrordodocumentoconcedido pelo Go,·erno do Estado de São Paulo aos assentados da Gleba XV de Novembro. no município de Teodoro Sampaio, no Pontal do Paranapanema (l). A Gleba XV de Novembrota rcalizar;.ãodc umprojctodcRcformaAgráriapatrocinadopeloExncutivopaulista,em IUeadcJj.l(l(lhcctarcsdesapropriadaem março de 1984. Àsccrcadc4()()famíliasasscmadas na Gleba, o Governo concedeu,cmno,·cmbrodcl98j, um "Termo de autorização de uw .. ,quccstabelccea namreia juridicadaposseeuso dasterras. E esse "Termo" quescráanaliHdoascguir.
Que é autorização de uso Auloriillf/Wouronassiíodt US-Otafaculdadedeu5arumterrcnopertenccn1ca0Estado,forma de relacionamento homcmterraquc,·emsendolargamente utilizada cm assentamentos de Reforma Agrária. A ou/ori~oçdo ou concessão dtusojáfoiobjetodeest udo em reçcntelivro,imitulado"Reformu Agrária: 'rtrra promtlidu', favela rurol ou 'kolkho:.es· MISlério que Q TFP desw>nda .. (2).
Nasl)ãainasJlla 57daqucla obra,olei1orenron1raaexplicaçiodeque a au1orizaçiooucon-
cess.ãodcusonãoscconfundc comoutrasformasdcutilizaçào de bens alheios previstas no CódigoCivil. misoomoodireito real dcuso(art.742),0u$ufruto(art 713), menos ainda a concessão adminimath·aetc. Noquesercfcre à namrez.a jurídica da conccsslo dc uso. o liHo aprescnta opinião de Eurico Aze,·cdo, de QUC!letrata "dtumano,·aforma do •'f'iho direito dt superficit. qut rormstiil na faculdade dt ron.rtruir ou plantar tm ttrnno alheio"()). Obenelkiãriodeumaauto rizaçãodcusonão é,nemcami· nhaparascrpropriet:lriodoimóvel.ComentandooDccreto-Lei 271/67.quecstabdeccutalfigurajur!dicaem nossa legislação, Jost Osório de Aze\'cdo Jún ior observa; "A.1Sim, por exemplo, ao in1-hdt doaroii vender um 1errt110,(... )muitomoisrom-ém ao poder públiro (... ) simplesmtnrt ronader o uso do imó1-ef, rtttndo porlm a prapritdadt do mesmo"(4). OuRja. um la\TadoraMen!a donosi5temadeautorizaçãode usoéumcon«$sionáriosuigtntrisde1errasdoPoderPúblioo. oornilfil(uldadtdttxplororattr-
~nlreost11cargosqut0Est11do mrpõtaosoSMnlados,sobpena dt rtt,ogaç,Jo daa11/ori::açâodt 11so, i:stdode co11~ nirira5f'Stmdasdt acrsso
6 - CATOLICISMO SETEMBRO 1988
raapenasnus(Ondiçõtstprilc.os es/alH/«idospt/Opropritlário.o &rodo. Embora não sc possa dizer queaauloriuçãodeusoscjauma si1uaçãojuridicacmsimcsma injustaouabsurda.aplicadaàReformaAgrAriaclapareccindicar a deliberação do Poder Público dcc\itarqucasscmadosemtais condições !lejam legítimos pro-prietários,oomcscriturapassada cmcartõrio,eusuíruindodofcixedcdireitosQueoCódigoCi,·il atribuiaoproprietlirio: "usar, gozar t dispor de wus btns, t dt rta,·#-losdo poder de quem Q1Jtr quti'l)us1ame111truj10.l.l"11a"(art 524).
Assim procedendo. o Estado entraemcon trad içãocomaqui loqucafirmaserseuobjc1i,·o na aplicação da Reforma Agrária: distribuiraterraàquelesqucnelatrabalham.Narcalidade,oEstado dc"propria. mas rtllm a propritdodt du ltrril, ...,.i,ando dislribui-la"dem<XTaticameme" comomencionacertapropaganda. Maisgra,·eainda:talprática inauguraumcspamosoprocesso de conun,rilf<fo de terras em
mào1 dt um E11ado-1up trla11fundlário e introduz no Bra sil o mode/QdeprQprledade ts/o· 1aldo solo parafinsdecxploraçãorural(indireta),nõlopre,·is10 nemadmitidonaamallegis!ação. A propriedade estatal dosolotadorndaecralmcntcempaises comunistas. Na Rússia. a Re,·oluçio de 1917, em ]Ode no ,·embrodaqueleano.atra.-êsde lcitransformou0Es1adosoviéticom,pr0prictárioúnicodetodas utcrru. NoBrasildehojequemsabcinadvcnidamcntc!segue-~~mclhantetrilha,emboraemproce.sopororaiscmoda violtndaquccaractcrizou a Reforma A11rAria na Rús1ia.
Na Gleba XV: uso " sem qualquer direito possessório ou dom inial " Éomomentodcindagarsca doutrinaacimauposta~enoontraaplicadano"Termodeautorizaçãodeuro"concedidoaosas-
sentados da Gleba XV, documm· toquc11Ccornpõcdcurnc11pute oitodáusulas,clcvaasas,inatu· rasdeumprocuradordoEstado, dosSccrctáriosdaAgricuhurae dosAs5unt05fundiários,doprópriobendiciãriocdeduas1es1c· munhas. Como anexos, urna plantaeummemorialdHCTiti\"o dalocafüaçãodolO!eprcparados pdo Departamento de Cadastra· mcnto e Projetos Sócio· Econômicos da CESP. Naabertura(,apw)do"Termo" lê-se: "O Esrado de Sdo P11u/o,pelosseusrrprexnt11nres adianteassinudos, AUTORIZA o usodell'rrasru/"1/isquel'Spttifi· C11110Senhor .... doravontedenaminodobenefiâdrio, mediomeos cldusulasecondiç-'eses1ubeleci· dus11seguirequl'$Õ0IIUÍ/QSSl'm quai.squerrestriçón".Emais adiante,nadiusulaierccira: "A prl'Sl'nll'outori~t1odeusogn,11111o nãoreconhttequ11/quer direito posstssórioou dominiaf, a q1,alquer 1(1u/o, ao beneficiário porque concedida por mero liberalidadee a /{/u/o pr«orissimo'" Oiextonãopoderia5Cfmais claronoscntidodeexduirdo acessoàpropriedadcdatcrra,o bencficiário.Aexclusãotrdorçada na cláusula scx1a que , ao prevera hipótescderevogaçãoda au1ori1.ação,nãodeixancnhuma chance para o beneficiário: "Em qualquer dos hipótesn previstas narltiusu/aan1erior(dcrcmgaçAo),11ti""r"'"er,erâsempreoo Estado". Os reprcscmantesd0 Govcrnopaulistasão1ãozclososdodircitodepropriedadcquando'IC trata do Es1ado. que ,·oltam à cara;a.nacl:l.usulaquana,letra ··c",afirmandoque "o/xneficidriosccompromereanàocedero uso por olil'nuç6o, c-essào, o!uguel.empréstimoouporqua!quer ou1ra formo no todo ou em par1e". estabdccendo quc a penalidadepara0!icasosdcin0bsenãnciataren,1acãodaprópriaau10,ização(cláusulaquinta).
À vistadaredaçãodascláusulascitadudeve,scdeduzirque obeneficiáriodeterrasnaGleba XV não 1cm qualquer acesso à propricdadedacerra,noprescntccnofuturo.ficandoexplicitamcnteproibidodccxcrcerasfaculdadesuribuidasaotitulardo direitodcpropriedadc(,·cnda.arrcndamentoctc.),sobpcnaderevogaçãoimediatadaautorização.
Uso concedido " por mera liberalidade e a titulo precaríssimo '' Merccecomcntárioaalirmaçlodequeaautorizaçãodeuso é conCNida "por mera libcrafidode e a 11iulo pr«orissimo" (cláusulaterceira). Nalinguagemjuridica, ··prccário"desi1na uma rela,;AoaFecadadecondiçOOdc inHabilidadeerevocabílidade.dc modoquenãosceonnimicomo algodefinidocestivcl,emfavor de quem recebe determinado beneficio. Aplicandoaoeasoconcrcto, 0Estadoficacomodirei1oderetiraraautorizaçãounlla1cralmen-
~:·. f
~":~e~~~1ªa~;h.'~:;/~~s~:
mente estipulado na cláusula quima,quepre,·!arevoaação"u qualqutrl<'mpo.qua11dooE.stadosoliâtarorn1i1uiçõodaárea edOSbcll$ueluincorporadosque Sf!mpre scfará por singela notifl caç4o". No mc,mo semido, a cláusula quinta: "Apresemeau10,izuçdo 1em pra~o /nde1ermina dooua1isuorrvogaçdo" OmododeprocedcrdoGo-vernopauliscadeixaqualqucrcomemadorperplexo.Deumlado, aealentaownhoutópicodeenrai~aroindividuona terra, concorrendoparaqueosassentados sedeixemmaravilharcomaspossibilidadesqucsclhcsoícrcce. De oucra pane,bloqut/11oacessoà propried11ded11terra. viciando a
p0ssccompreocupanccselcmcntos de instabilidade e res·ocabilidade Qualoresuhado?-Jnsegurani;aquamoaoprescnte,in'ICgU· rança quanco ao fucuro. Com a insegurança,retraçilonavomade dein1·estir,deprogredir,devencu,Mlbrc1udonosmaiseapazes edinâmicos.Empra2omaiorou menortasombradamoneque seproje1anoas11Cntamento,inuodu2ida pela mão do próprio Es1ado, autor doprojc10. Um exemplo. Um beneficiário podc querer construir uma ca 5aem11Culote. Umaaspiraci!lolc8Í!imadeprogrCMOparaelc,sua familia e mesmo para o descn1·ol,.,;mento da Gleba. Que pra.mias remclcparainvc,1ir?-Nenhuma.Sccons1ruir.passaráporbobo,poisestaráedificandoemterreno que não lhe pertence nem penenccrá.cdoqual "a qualquer ttmpo"'pode5CT retirado.
Omissão do Estado quanto à indenização de benfeitorias Aderindoao"TermodcAu torizaçãodcuso'',ousentadoda GlebaXVsujeitou·scàcondição
foão Bispo Alves, como outros
deoE.stado"so/icitorare.s1iluiçiiodaáreoedosbenJaelaincorporudru"(cláusulaquin1a). '"Dos bcns u elu incorporados" ... Afra11Cindic.aclaramentea intençãod0Estadoderc10-marinclusiveasbcnícitoriasporventurarealizadas pcloasscntado.Ecommuitahabilidadeempurraparaapcnumbraimportan· 1equcs1ão:uUsbcnfci1oriasscrão devidamenteindeniuidas? Claroeca1egóriroscmprc,que sctratadosdireitosdoEstado.o "Termo" é escandalosamente omisM1quando11Ctra1adosdircicosdobeneficiário.Semtalgaramiaafirmadaexpliciiamcmc,o asscmadoterádemo1·craclojudicialparafazcrvalcrseusdircitoscmcasoderestituiçãodolote. Medidadispendiosa, dificile compoucaspossibilidadesdchi10paraqucmpossu1 poucosrerursosounãocs1ejahabituadoàs lides judiciais Flqueregistrado,cntretanto, queaF11tadcgarantiasquan1oà indcnizacãodebenFcitoriassópode repercutir negativamente no ânimo dos beneficiários.Quanto maisclesinvestirem.maisestarão aumemandooriscodeperderem o que aplicaram . Depois de anos de trabalho. os assentados, olhandoasmãos.-aziasccalejadas, poderão conuatar com amarguraqueaúnicacoisaquc lhes restou é que ficaram mais ,·clhos ...
/anlosa%1'11/adosdaG/ebaXV,
Penosas obrigações para os assentados
detrêsanosdetni!,a/110, pouro ficando llpt'IIIIS mais
o··Termodcautori1.açãode ulO"t"generoso '" num pomo: osasscn1adosdcvem arcar com
~!~fo:es;:'~;;fse~.''b~:;
,:.erm;~!iu,
CATOLICISMO SETEMBRO 1988 - 7
uma shie de penosos encargos. ParMioxalmente,oEstado"rondiciona o ~nef,ô/JriOQO cumprimtn10 das dâusulas t condifõts tslipu/adas"(cl.áusulascgunda), mas cm ntnhum lugar se compromttc a forn«crapoiolécnico, crtditicioedeimplcmentosagrioolas, indispensávcisaosucesso desuaa!ividade.Oass.emado,dc modoinapelávcl,tcmobrigações acumprir.OEs1ado , entretanto, talvez por ser a parte maior, julsa-s.enodireitodeeximir-s.ede qualquerresp(ms.abilidadc,ônus ou encargo. Dois J>QOS e duas medidas ... Entre as obrigações do ;us.entado, estio oscncargos deooMCI"varases1radasdeacesso{cláusulaquarta,lt1ra"a")edeobcdccer normas de COflSCJVação do= to oontra erosões (idem, lttra "e"). Para isso são necessárias máquinas,queosassentadrunão t!m. ÉjustoqueoEstadocxija estascoisas,ignorandoqueosassentados nãoiem recursos para tanto? Outras obrigações impostas pelo Estado peçam pela mesma unilatcralidadc,comoaqueobrigaasq:uirasnormasté;:n.icasque favoreçamoaumcmogradativo daproduçio(idem, lctra ''g"). Per1un1a-s.e: ofstadogaramea elicáciadasnonnas16;nicas?GarantcqucetasSt1"ãoaoompanhadas de apoio noquesereferea crfditru,scmenLesselecionadas, adubos,armazenamemo,comercialiução ctc? Sc não garante, comopodecxigirqucscjamscguidassuas "normas1knicas", ccomoesperarqucelasfavoreçam o "Qumf'n/O gradQfÍVO da produçilo"'! O Estado determina também que o beneficiário mantenha no mlnim0St1cn1aporccntodaparLC lljricultur.ivel com tavouru de shler0$deprimeiraneces.sidadc (idcm,lelra"i").Aoormafaztábularasadasrazõcsdemercado que podem indicar como antieconõmicasta.islavouras,sobretudon11Jtcrrasarenosasquecompôemamaioriadoslo1esdaGleba XV. Como pOde o Estado estabelecer com tal rigídei essa obrigação? Vale lembrar que, para a inobscrvlncia,por partedobcncfici,rio,dcqualqucrd11Jobri1ações,apenalidadeestatuidaéa puraesimplesrev01açãodaau1orizaçlodeuso,comoconscqüente despejo do assentado da ,rea.
Situação penosa e injusta Concluindo e resumindo estas oonsideraçõcs,deve-s.edizcrque os assentados da Gleba XV de Novcmbroaderentesao"Termo dcautorizaçãodeuso"conctdido peloGovc,rno paulista: 1)dcíorm.ial1umasãopropriet*rios, mas simples conc:a.sionários dc uma porçlo de !crras de
domlniopUblico,istoé,tcrrasde
Na Refom1Q Agnfria da Gleba XV, a ff'rnl não é distn'buída "aosquene/atrabalham",co-mopromertronhtridoslogan. O Estado rttbn a propritdtidf', in-
:;:1~:tw~=~~ lo, adotado comunistas.
em
;om; regimf"s
propriedade do Estado, a título prec,rioccomcncargos: b)noqucdizrespei1oaoscncargos, as.sumiram eles várias obrl&açõcscomoEstado,mases1enioKObria;1adar-lhesap0io té<:nico,finllltt'Írocoulros; e) cm conscqütncia do amerior, sc frac.assarem por falta dc apoio,!Aocles0$1lnicosresponsAvcis,nada1cndoar,:,;lamardo Estado; d)Juapcrman~ncianaterraé caracterizada pela maiscomplc lRprecaritdade,podendooEscado relirà-los da Gleba quando queira,porqucquciracscm avisoprévio; c)nocasodercvogaçãoda au1oriuç.ãodeuw,apo55edolotescmprevoharáp.u-a0Es1ado, oqualnãoassumeaobrigaçãode indenizar benfeitorias pon,entura rcaliudas. Os fatores mencion.ida:s s.ão suficientes para tornar evidente qulopenosaeinju,taéasituaçãoda:slavradoresdaGlcbaXV; eumestudocomparativocertamenteconcluiriaqueatualmeme oempregadorural-permanentcoumesmobóía-fria - gozade maisdireitoJ,vanta1ensegarantias,scgundoalcgislaçãotrabalhinae social cm vigor. Situaçlodecepcionante,que iníelizmentenloé5<ldosglebciros do Pontal do Paranapancma A Reforma Agrária delineada no atual PNRA, cm ess!ncia, está sendo implantada nos mesmos
8 - CATOLICISMO SETEMBIW 1988
moldes.estabel~ndoiaualmente aprefcrtnciaparaaconcessãode uso,tmsubstituiçãoàoutorgade títulos de propriedade. v,rias pronunciamentos de responsá,·eispelaimplantaçãoda Reforma Agr,ria confirmam ral oricntacão. Por c"cmplo, o Sr. LuizSalgadoRibeiro,coordenador de Comunicação Social do MIRAO,arespeitodapossibilidadcdc a reforma agrária vira dartsu/1uradtf/nitfr a de lotes ruraiJa "simp/noolanosincxperif'ntcs", declarou: "Gostan"amos dtesc/Qr«trqutlssoniiorai °'º"", porqut - oo,rformc t!'i· ta/:Jc/«taPlanoNa<"ionaldt ReJorma Agrdria - o fIO•-tmo u1ili:ará a ooncasdo dt uso ooma si.sttmQdtQtt:Uod1f'rra,a1ique st defina a forma dejinifiva de suaapropriaç6o"(5).
maAgrária,quamasinjustiçassc comctrm cm teu nome", poderão repetirumdiatrabalhadorc:s-e 1ambémcx-propric1:irios - ruraiJ,dcsiludidoscinjustiçadrupclo movimento agro-reformista. Este, embora seja apresemado comofrutodeumaaspiraçãode "justicasocial",na,·crdade>"em serevclandooli1csodeumaera deinjustiça,desilusão,descsperançaemistriaqucinfelizmentc pareccestarbatendoàsponasde nosso Brasil. Ati/io Gui/hermt Faoro I Fotos William Cruz
"l/berdqde, li~rdade,quQntoscrimustcomf'lcmtmteuno-me" - exclamou a famosa Madame Roland, ao ser conduzida áa:uilhotina,nopcriododoTerror da Revolução Francci.a de 1789."ReformaAgrária, Refor-
~AtoLICISMO l)l,c1<,,:PouloC0trta0<8ri<ofilJ,o 1~;t·· a . . . -.., , T okoo Tal,,ahast,j _
R.. i,uado ... DRT-SP
ool,
º n•
66!l-0lll6 - SloPaulo,SP / Rua<losGoi·
São Pedro Armengol:
REROISMO NA CONFIANÇA
EM GUÁRDIA DELS PRATS, pequeno
1fürejo do Arcebisp:ido de Tarragoru, E.sp:inha, n:tSCCU, em 1238,PalroArmcngol.Per· cenci:l iasa dos barões de Roofon, desccn dcmes dos Condes de Urgcl, cuios .tncestrais lig21'11.m-sc de modo muico es1reico aos Condcs de Barcelona e Reis cle Arllgio e Clstela. Apcs;ir de seus p:,aiS 1erem grmdc cuid.ido cm sw educiçlo, Pe<lro rmregou-se, ru mocid.ide, a uma ,•ida de toul dcsregramcn10, em cominnhia de outros ;o,•cns dissolu-
1os quc o condu,jr2m pclo caminho l:argo dosvícioseciprichos. "Abyssus abyssum inv0e21" (Um abismo
maiou1roabismo),dizaEscri1ura.Assím, Pedro juntou-se a um bando de facínor.s
quc,pcrscguidosdaJustiç:i, levavmtius montinhas vida de bandoleiros. Logo
Ante o quadro dos acontecimentos contemporâneos, repleto de caos e de confusão dos espín'tos, decorrentes da decadência religiosa e moral apontada por Nossa Senhora em Fátima, a vida de São Pedro Annengol (*) é um exemplo de confiança. Deve ela animar a todos que, em meio à imensa crise do mundo moderno, necessitam recorrer, de modo especial, à mediação universal de Maria Sat.tíssima para se manterem inteiramente fiéis à verdadeira Fé. tornou-se o j0\'Cm Armcngol chefe cbquele bando. Por ousa do nuu procedimento do filho, seu pai, Amoldo Armengol de MoncaW. tr.ansferiu-sc par.i o Reino de V:i.ltnci.1, recém<0nquimdo 205 mouros pelo Rei D. Jayme. Tci·ec:ssclT!OfUrcaqueempre-endc:ruma viagem a Mompdlier, par:.1 tr.:nar com o Rei Wfr:mç:idegr:ivcsassumosdoimercssedc amhls as coroas. Par.i viajar sem perigo, incumbiu Amoldo de percorrer prc\'iamcntc iodo o c:iminho. a fim de desbar:.am os salceadores que na rcgião dos Pirint'us rouba1~mcmuitasvezesassassinavamos,újantes. Nazonamaisperigosadopercurso,viu se a comitiva do nobre espanhol ct'rc;id:i por salteadores, Arnoldo,comsuatropa. inves ciucontraeles,ferindoaunseprendendo aoutros Advenidodequcnumdeterminado pomo os malfci1orcs se defendiam com particular denodo. apeou-se do c;ivalo e, empunhando a espactl., animou os scus par.i quc atacassem com maior ardor, pois ali de,·eria esmo chefe dos bandoleiros. Arnoldo e seu filho, Pedro. for.imos primeiros a se defrontarem no combate corpo a corpo. Ao se re conhecerem, emris1ecer.1m-se por se haverem ferido mutuamente Banhado cm J~grimas, prostrou-se Pedro aos pés do pai, emr~ndo-lhe 11 espada, e com d.1. o co~o
Pt nitência das faltai Cheio de confuslo e vergonha. retirouse o j0\'Cm arrependido a um conn~mo cb Ordem (bs Mercês, rni cidade de B.lrcelorni. Comdesejoardentcdc:repar:irõ&SinjúriasfeitõlS l Deus, tomou l rcsolu~o de fa7,cr-se
CA,TOLICISMO SETEMBRO 1988 - 9
Fundos da tnnida ondt o Santo mtrrtdário passou os últimos anos dt sua vida, hojt abandonada
ç:io ontpoicntc d:i S:mtíssima \'irgem, de
quem er.i muitís.o;imo de,·oto monge naquell ordem rrligi=, fundada por São Pedro Nolasco p;1r.1. resgatar os c;nólkos 00 catil'Ciro muçulnuno. Pediu o Mbilo com canwtnst~nclasedeuprol"astlomncludt:ntes de sua l"OC'l~-;;:o, que: foi c:nt:io ali recebido pelo vencr:h-cl Guilherme dc lbs, fran· cbdcn:asctmentoesucessordosantoíun<bdor no go,,erno <b Ordem. As p:aixôcs am01in:u:un-sc rom vloltncia, ,·cndo-se reprimidas por Pedro Armcngol ru vi<b religiosa. Soube ele sujeiti-bs com !ln· ta pronticlio, por meio de rigorosas peni1Cncbs, monificaç1o dos scntil.k.>s e contínua or.i,;io, que antes mesmo de findar seu noviciado, conseguiu submetê-las ao domínio da vontade e<b r.izão Aos oito mos de professo, foi incumbido do importante encargo de tratar dimamentc da rcdenção dos ca1ivos. Dcscmpcnhou a fu~o nas províncias da Esp:anha que estavam ainda em poder dos samicenos, os reinos de Gr.inada e de Múrcia. No entanto, seu maior clcstjoer.i p:issarà Áfric:at mrnarsc c:atl,·o p:ir.i resg:ite de cristios. Por oasik> de uma expedição àquele contincmc, chegou a Bugia cm companhia de Frei Guilherme Florentino. Resgatar.im 119 otJ\'OS, sem que ocorresi;c qualquer incidente que os impedi'iSC de voltar :l pitria. Porém,antesdapanida,soubefreiArmcngol da priskl de 18 criançis, que floriam cxpoms a renegar a Fé, movidas pelos afagos ou ostigos dos birbaros maometanos. O tt· ligiOSO ofem:eu-se alegremente como refém, emtrocadaquantiacstipubdap:iraorcsgatedosinocentcsotivos.Serdochcg:i-o dinheiro no tempo marcado, sofreria ele duras pcnas. A Prol'ideocia divina havia dispos10 que nesta oc:asi~o o vaclo de Deus dcsK pro,'25 de sua especial confünç1. na medi210 - CATOLICISMO SETEMBRO 1988
Tocha acesa de confiança No nti,·ciro, Frci Armcngol rcaliz:i,"lt prodígios dc caridade cntrc os infiéis. con'"crtendo a muitos com a did.cia de sua pregação, confirmada com muitos procUgios Decorrido o 1cmpo prcscri10 p:ir.i a sol vênciada dh'id:i, e n~o 1endosido pago o
rcsgiuc, os infiéis colocaram-no cm pris;io. Negar.im-lhe até os alimentos nrces.sirios a seu sustento. M.ISOScnhor, por mciO<.k,;cu,; anjos, socorreu milagrosamcnte a 'ICU fidc· lís,,imoSt'.rs'Q. Cans;idos os mouros de aiormem:í-lo, conspir.ir.im comnsua 1·kb. Am'ilr:un-nodc blasfemar e dc maldizer a Maomé. e de ser um cspiioen'"iado pelos rcts crisilos, irritandn de.<,sc modo o juiz ~arrnccno que acom· pmhava o processo de Frei Pedro Condenou-o o mouro ~ morre pela forca Frei Armcngol rcwu e confiou cm Noss:i Se nhor:1.. Nio podia se dcftnder Estal'a nas miosdosinfiéis. f.rn um nadlt.cr.i um cisco Navercbdc.er.iuma1ochaaccsadeconfian ç:1.cm Nossa Scnhor.i! Exccutad:iainjus1ascmcnç:1.,es1a,"ltain da o corpo dosamo 1"ltclo su~pcnso oo P2 1íhulo, 'ICm quc ninguém <c aue,·csse a dcscê·lo. dcvido ~ proibiçào Imposta pelos mouro5,osquaisdescja,amqucocadhcr .'ICrvi=dcalimemo:lsa,·csdcrapina Transcorridosseisdias.chegouFrciGui lherme com o rcSgJ!C. Tendo sabido do su cedido. com muita dor c sentimento foi ,·er olastimosoe5pe!1culo,acomp:mhadodeal guns ntin::is. Ao aproximar-se do kul do suplício, consumu que do cadáver, após tanto tempo, n:io só rdo se desprendia mau cheiro, como se cxala.-a a1é uma fr.igrincia celestial. Par.i espanto do: 1odo5. Frei Armengol falou-lhcdc:5dca forca, manifcsundo-lhcquc a Santís.o;ima Virgem lhe havia consen"ltdo a 1'idltnaquclascircunstfacias.par:1.queperpcmamemesepublic:a.sscmSu.ismaravilh:15. Alguns pag:ios, assombrados com tio estupendo prodígio, convcrtcr.im-se :l Rdigiio c:1tólica
Colóquios com a Rainha dos anjos Barceloru, sabedora do ponentoso mil.J.· grc, cspcr.l\"lt com im~itncia o in1,ie10 ndrtir de Jesus Cristo. Na cidadc, recrber.im·no comi11dizÍl'elalegn:i,acomp:inhando-odesdcoportoatéseucon"ento,dltndogr:iÇ1.S ao Senhor por Suas mar.i1·i!has
Desejavamosreligiosossaberdabocadc Frei Pedro o sucedido, m3s nio o conseguiam por ff!ais rogos que fizessem. Mandoulhc, cntio, o superior que contasse a todos o ocorrido. NW resistindo à 1·oi dlt obedii'oci:I, ovar.iode Deus o feinestcstermos, "A Virgem Mari:I, Mie de Deus e nossa, pediu a seu Santíssimo Filho a conservação de mi nha vi<b; e tendo obtido cs1c fal'or, amesma soberana R:linha sustc,·c-mc com suas santíssimas m:J:os. p:ar.i que com o peso do corpon;iomcenforC':I.SSCacorda.emquccs tavasuspenso'".Aodiicressaspalavras, foramt:1.isoscfcitosdedoçur.iquesentiuseu coraçio, que ficou arrebatado cm admirávcl êxtase. Cooscn9u Frei Pedro Armengol, no pescoço sempre 1orcido, e na cor pilida da fi. sionomia, os sinais mais au iênticos do Relicários e uma qut contêm as cinzas de São ocorrido PNro Annengol t da lkm-aventurada 0/iRetirou-se ao convento de Nossa Senhow, cujos corpos, até tnliio incorruptos, /o- r.i dc los PmJos, onde sua vida foi uma sémm qutimados por milicúlnos comunistas rie contínua de heróiC25 virtudes e f=iiliaduranfta gW171l civil tsp1111hcla dt J936-39 res colóquios com a R:llnha dos anjos, a
no miséria! .. VELHEIRA", "FORA DE MODA" ... ultrtpassado'', "mtdit+
vcal","d«rtpi10" , et1ntuou1ras aprmõesainda,s.lorórnlosprsa· damente pejorati•·osromosquais ~ propaganda designa 1udo quanton.lopagueo1ribu1odt-.ido a ccnosoprodcmodernidade.
T1isr61ul05,concudo,slopou, padosaospai!nncra,üadospdo romunismo.Eapropagandasa~ cncontrarcxprcssõcsliricaseat~ idcalistaspar1descff,·er1si1uçio
d,:ru/naarcaica•i•idapore:staspo-
brcsnaçõcs,lan,:adas, elass1m,pe· loregimesocialii1a,àdecrtpitudec àmi§tri.i.
Leio,pore:i:ffllplo,numapropapndaturis1içawbreCuba,cs1am-
pada cm um ma1u1ino pau!Ísta: "Ha'/On11 wfho r:om S1USmonume111os dos quarro sku/os; os Vflhru
Todo mundo sabe.entretanto,
,·erdadeira ima1emnoe, mior . já aplicou um "pai,u-moleque" no 1urista. Consi1te ele m1 "modific,ro
quc"IISCIISIISstmpinrura,osprf. diospúblirosco,u1ruidrunos«u-
asp«toa1v11odosttiifídos,tor11a11dom11islN/asasfachadas"..
lof)(l$$l1do,intdramtntta/111nd(;lla-
confonneconfnuopróprioDire-
dos,as,wswni-t:so,ras",(2)compõcmocrniriodtprimcntedaaipita.ldaa-"PêroladuAntilh11". J,oncri1orOs••atdoFrança
ções, E111. Rem/M. (4).
rurros amtrironw da dkada dt 50, rof1Strw1doscomcorlnho" ... {I)
es1ropalavmpara1orn.uUricataJ
portâllcitl-Mnsm11ttrWis(1ic). Opaí$ipo/>,f,osfdl'J'OSslowlltos. mC11U1S11111jzm, "6ohdum11oftrf11 tãotrolllhdtbnuduoruumo, como ll(l:f p11(sa do mundo aipi111lis• 111". Mas"opovoniba11oisobrttudoalttrt(sic!)( ... )AsruasdtCII· bflsão trollqliilils. llãouisttm llltll· digas. Mmpo/,rw1"(3)(pasme, leitor!). Ébem,·erdadequeoreiimevi· gentenailha,paranãomoma11ua
f::~~~~::::::~ 'J:e~:f:
cidade(fotoA.C.F.)
tOl'doCemroTécnioode Habita-
SalasPerelló vemo admite o fracuso da pecui1ia em Cuba":"O10,·erno cubano admite1cri.senoSC1oredue11i,·o";
Jr.,ffllsuaobra" RKOl'dl('6esdc AmartmCbba'',fflCOIIIT&ffil~
situaçào: Em "Cllbfl 116oNdd mu11, im,
Em Havana, as constrnções estiio µiralizadas desde a impla11taçiiodocornunísmoem 1959. Ta/decad~nciapodeserobser-
"Admitemofm:assodaoole!hi.uNarea!idade,ouoca1si1uação «onõmicacubanaeste>·etãoruim No1nopassado,suaeconomiare-
çto em Cbba"" (7)etc., etc.
gi$1'rouumaquedadt3,S'-,oín-
çio de 70 mil JOldado5cubano5 tm
diceD1lUbai.1011adk:adade80.E nãoh;pratic:;l.,ntntepm;:!CC{ivasde
oo-cade20palsesafricanos(8).
~~:::;,:i..s.a._,dt
Eromojjestipordem.lisJurradorrspo!IJ,lbiliur"ascondiç6u
,.=. ,. ... \'_......,,_
Amequadrosedc>·tmsomar 0$ p.$1.0S
vutlOkl, com I manuten-
rmipcraçio (S). O próprio Fidel Castrodedarou,tmfiosde87,que "<ZS ('(1411$ nunca for11m 1/10 m11/"
dimdrit:as''dopalsportamanhacri• se,oollICon&rffiOdo PanidoCG-
Deondesertm possi>·eismanchelesdejomaiscomoas,cguínces:
muni.sta Cubano, Fidel Camo ,·erberou o ··nnwo ju,;o, fP\'O/ucitJ.11/Í/'W" (9) de muitos cubanos, os
'"Coruide!'á,"C'lfraca=dasafracu-
quais passam acora a •·pagar o
bana"';"Agra,-a-seasimaçiioda sa-
pa10"
,..
fraaçucueiraemCuba"; " O go-
quem tinha llntO afeto, que era impossível dcvOÇ1omaisrcvcrcmcou 1crnuramaisfilial. Lcmbrando-scscmprcdaquclcsdiascm que cstc1·c na Forca, comentava com os religi01-0s dcssc com·cnto, nas v.lrias vc1.cs cm que lhes f.lla'r.l cb glória: "Creiam-me, irm:los cirí.ssilll05,querunãojulgoha1·crvividodia algum, scnfo aqueles poucos, mu fellclssim05, cm que pendente dr um patíbulo, era tido por ddunto · ·. Acometido por gr:11·e enfermidade, 1e1·e conhecimento profttico cb pro;,cimicbde de sua morte e cntrrgou sc:u espírito nu m:~os do Crtidor no dia 27 de abril do ano de J30-i. D,gnou-sc o Senhor cbr pro1"2S da gJorifio~de scu sc:rvo com sete milagres, ucuras dc trbhomcnsequatromulhcrcs, ames mcsmoquesc:dessc:sc:puhur.iasc:u1·ener.ivel corpo. A 28 dc março de !686, o bem· avemur.ido Pap;i lnoctncio XI apro1•ou o culw póblico dosamo e, no século XVIII, Bento XIV inscreveu o nome ele sio Pedro Armengol no maniriológio romano
LuisCarlosAt;tvtdo
Recente peregrinação ao túmulo do santo Tendo a TF P cspanhob tomado conhecimento da vid:i. d= gr.inde s:;into e de sua filialconfünçaemMariaSantíssima.progr.i· mou no dia 3 de fe1•erciro de 1985. par.i ai· guns de seus sócios e COOJ)('r.idorcs, uma pcregrirutç:io a Gu.írdia del5 Pr.its, onde sc: encomr.im os restos de São Pedro Armcngol A pl'<JUl'na vila consc:11.1. .únd:i. muito do sc:u antigo passado medie1·aJ: ruas tortuosas e cscrciw, c:tlçamemocom pedras, constru• çõcs que lembr.im amigos pa.l.lcios ou residtncias nobres e uma simpitica igreja cm estilo rom;lnico. cuja nave principal remonta ao 1empo do s:;imo merccd:irio O corpo de Sio Pedro Armengol. bem comoodeumainsignecomerr;1ncasua,a &ata Oliva, cncomr.i,.un-se incorruptos act 1936. Dur.imc a guerra civil esp;inhola, mi-
"""'
ma,.~Joru1c1tS-.Cmnaa'",-
ll)A;,od''Ol'opmr"'.0,.-.,ll-S-11,lffl-
\t:~dtl.alAalnca,",Miaaí(lUA~ (JIC1r.·'OEu<lodtS.hao"'.!II-J-a ('lldm,l-2-1'1 f1JCfr.'"Düriodtt.a,........,_ •• , ~ d t ltl.....V;lol6-Ml;l&-11»7 IIJCl,.''OGlobo"'.tiodtJ-,;,,,,11,.11-17 ('1Cfr,''Ofau4odtS.P•..io·•,J.Hl
licianoscomunistaslnvadir.imesaquCllram a igreja, arrascandoosdoiS vcncr.lveiscorpos i praça póblica, queimando-os e rrduzindo-osacin:as.Algumascriançasre colher.im oquepuder.im dcssascin1..as. le vandocssc:sprccioS05restospar.isuasCllSas, ondr suas mies os guardar.im com rodo o cuid:i.do. Vencidos os comuni.stas, as prccioS:ls rclíquias for:1m clevolvidas ~ igreja. Esscs restos consc:n.i.m-sc: hoje juntos, num mcs mo rclidrio, sobre o altar principa.l da igreja. OMd:i.d:ts prlo progrC"SSismo que: se infiltrou e intoxicou tamos ambientes otóliros, cs.sas cin7.25 ali aguardam melhores dias, como ccs1rmunhas silendo!ias da samid:i.de da Igreja Católio r da cil'iliu~ cristi. S j. .\far1i11s /
Felipe
&mmdiarán /
Fotos TFP-COmdonga
(')Cfr.-\bbtltoh<hact,a.'·H\lloi~Unr,rndkdt rtg11se~110Hqut"".Tome?0,GaumcF<tralibr.r.1=, P:lrd.JMS.pp.0-43
CATOLICISMO SETEMBRO 1988 - 1T
INGENUOS,
FREI BOFF E RÚSSIA D IZER QUE a "teolOf;ia da
libmação"écomunista,aalguns podaiapareeerexajero.Esealguémda TFPacrcsttmassequc niosódaoé,mas,adrnu1is,quc o aspecto dela mais fa.scinante para Frci Leonardo Boff c seus corrdi1ionárirn;éc,.atamcnteoas-
OptlrqueKhabarovsk, na Rússia, sinistrr:rmentedominadopelajoiceeomartelo, senfumdos
"mestimávtisbmsdoRrirwqlU.' ossovittirossouberomptloso-
cialismoconstruir"?
pec1ooomunista, tal declaraçlo
GLASNOST PREOCUPA FRADE
poderia!cvar,ertosingênuosa rasgarsuasvestesemsinaldei:,ro-
ttsto,comoofaiiam osann1os farisws. Tendoemvistaevitaraesses
inglnuosadnp,z.aqueparadt'$ represemaria comprar novas rou-
pas em lugar das rasgadas, aprC$samo-nosemesclarecerquc
talafirmaçãonãoprocedcdcalguém da TFP . Éo próprio Frei Boffquemafaz: "Ofasc(nloque a TL enrcc lhe vem, tm grande pcrlt,peloseuludou16piro,muis
comunistadoqucsoâolisla,por um idtfll ainda mais radkal que
aqude do sociali.Jmo m1I (ou seja, do ~ia!ismoaplicado na
R\lSSiaesatéli!es), romoaformulou tuta ,·n Fidt:l Castro''. Os teólogosdalibertaçlo,prossegue
ele. representam "uma refigilJo revolucionária", pois "nlJo re. d1açam a priori o marxismo, pelo ronmírio, assumiram sig11if1Ct1tivas,:ateyoriasdele". Sossecadoassimnossoin1enuo,quede,·eaaoraestarproc_urandoumai111erpre1açlo'"bemgna"paraewt5escandalosasafirmaçOO de Frei Boff. advertimolo que há mais. Sabe e!e qual é o cristianismodocitadofrade?Não pense que é a reli1ião fun~ada porNossoSenhorJesusCrmo, C:Omst\1$meioswbrenaturaisparasalvarasatmas. Nada disso. Assim como o socialismo tem umaex~p0li1iea,social,a1! folclórica,devetertambemuma upressão religiosa. Etssa "expre:ssdoreligiwa"dosociafümo deveserocristianismo(ouemão outra religião). E antes que nono ingenuo amnccnovamenterasgarasvesces,eisoteinodeFreiBoff:asretigiões '"M-em admitir ofa1oa1i cenoponroir,-eversí1-e/d11exis1blda e consolidaçdo do socia/i.f. mo romo formarõo «o116micosoci1JI (... ) e por fim vtr em que medid/l /JS religi6es, tspecljlcamenteocris/i1Jnismo,ro/1Jboram para1Jrons1ruçõodosocialismo. Em out"1S pala~ras, como o socialismo enrontro sua exprt$$60
pol(tica,n:onômica,cullur/ll,foldórir:a, estltica, deve poder enron1rart1Jmblm sua expressiio re/ígí05D". Portanto, trata-se de procurar "que 1ipo hi.ftórkosocialde/1re1aladtquadoàsociN11Jde soâalisra" (destaque nosso). Note-scopressupnstodeq.ue parte f rei Boff: owc,ahsmoeo modelo perfeito que nào deve mudar;algrejaéqueprecisamudarparamelhor.servi-lo.Eofrade fraociscanoJ, tem para isso um"paoote"eclesiUticopronto qued-janosimpingir: "'uma ig,efadebas,r,ronstituidafunda menr1Jlmen/e por comunidades eclesiaisdebase,romdrculosb1: blicoseumaf)(JS/Ortllpopu/ar(... ) seriaomodelo/uncionalaosis1emasocia/is1a'', E vem então formalmeme oonfessadope!apenainsuspeic.a de Frei Boff que as CEBs consu1uem um tipo novo dc igreja que ,·isaprepararoscatólicospara aceitarem a "democracia popular .., ou seja, o comunismo: na América Latina "se está preparando já agora uma forma de ser/grejoadequadaiJsociedade/utura(.. .)bastada11umademocraciadecunhopopular"(I). Todas essas citaçõa ~o extraidasdoestudode Frei Lronardo Boff "O scria/i.fmo como de-
J:':~~:":,i~~~(:tt
~o
nov./det.-1987, Petrópolis), dedicadaà viagem dosdois i~mãos Boffede Frei BcnoàRúss,a(2). Trata-se na ,·erdadede umartigode ,·uljarpropagandacomunista, que em substãncia poderia tersidoescri1oantndegualquer viagem.
Envernizando mazelas Algumasdasmaielasinerente:s ao re1ime soviético até são apontadasnortfi:ridoanigo,mas Frei Boff procura apresentá-las
12 - CATOLICISMO SETEMBRO 1988
OS TRl:S RELIG IOSOS q~ viajaram à R1hsia parecem ter voltadopreocupadospelofato deocom unismo nloterporlá aaceitaçjoqueeltsquere-riam.FreiClodovis~jariaqueo clero cismático da igreja rulsa fOMeainda mais ai uante do que jll o tem favor do comunismo. Seu irmão, Frei Leonardo, aspira a que tam1*m o povo russo venha a trabalhar pelo socialismo marxista e nlo só a mllquina estatal como até agora tem
-·
~ti!:e!~-~
à~ª~::
rtn!~~ ;:ti;:~d::i~m~~~l~m:·r~ ta "Voz"" em que escreveram os dois irmãos Boff, também
ext~ ~ : ~~;:/:~=Í,lo, na Rlissia, "Q má qualidade dos produtos de consumo"; a ausência ~té de uma "re/Qfiva au10nomia frente iJ supertS/ru/i,,a" par pane dos "movimen/OS·f!C>pi,/Qres e si11dial1os' '; a "dependinc~nor1e-ameriat.na.na1m-
:;:;=,d;,~~;J:;;;:::;=:il':J:t::,•;·:~:::;;";:; .. "longasdiaHhsdeburocratismoalimen//lt1doi,m1Jestrulusocial na qi,a/ todas as deósóes vinham de cima par" baiw"; a "eronomia submel'Sil, ou seja, "«onomia plJralela iJ of,ôal {v,i.lvula de escape com elementos capitalistas, oonv~m acenwar) e cujo rtndimenro mio·cheg/l iJs mãos do Estado" Preocupa-oaindaofalodeque "oschavóesldtológkos11ão ,funcionaram''. Porbn,o fradcdominicanosaúdacomopanacfiaque5()\ucionarácodosessesmalts,a"glasnost"(abertura,transparbtcia)deGorbachev,csuairmãa"perestroika" (re-estruturaçio,revoluç.lo).Elasdeveril:oaplicara "1Ju1oges1ào,democrQtív,ç,io das decisdn etc.". Alkn disw, diz O religioso, faz pane da estratégia econõmica de Gorbaçhev ''ampliar a autonomia das empnsas atravls da autogestãofinance,ro e dopagamento de salários segundo aprodulividade". rtl
O h o m e m , ei s o proble m a ! Mas,óvermeroedor,aat,:zretsperançadcFreiBetto,·em carunchadapordnuro.Etesemostraapreensivo! Não, evidentemenie, com a autogcstão, pnis sendo esta a meta última do comunismo e sua e.xpres.slo mais radical {I), FreiBettosópodealegrar-seoomela.Suaprcocupaçãovaiparaout roponto, odo ''pagamentodesalôriossegundoaprodutividode": isto não fere o mito comunista? Não convirá, em nome daigualdade,oontinuarcondenandoooperáriomaisca-
Frti ~rdo Boff
Frti&llo
pazoumaisesforçadoaterumsa!árioigualaodomenoscapazoumaispreguiçoso? É verdade que devido a esse absurdo, e outros tais , o regimees1, fuendoi&U11 p,ortodosos lados. Portn:i, par. Frei Bel:· to, .ser posta em xeque a santa igualdade oomul\JSta é quase uma profanaçlo. GorbachC'\·, en1re1anto, foi muito incisivo, e Frei Betto o cita: "t porticwla..-nte imporlanteqJUt osafdrio reof demda trat,al/rado, esrejr1 es1reitamnite vitlClllado oom sua rontrihiÇlia individwal". O rdi&i<)so dominicano toma-se llqUÍ macambúzio. E se ddc
::~:r.:. :~=:e~ei:i~~:= !,~:'!~!~\~~
que Gorbllchev ... Eis seu comen1irio: "O desnivtlamento salarial MO provocard, 11 mldio pnno, o desniwlamen10 s;xial? (..•) Os trrttHllhildores de maior prcdi,1Mdadr e, portan1a de maiares$11ldriru, ndo JtJtntirãa coma i,ma cllUNsi,perloraas menos/al/Ofttidos?" Ou seja, no fundo F,ei Betto percebe bem que qualquer solução que se~ à a111al estqnação socialista só serA eficu se retomar a padrões conco«lcs com a natureza humana. Ma.s 10-mar medidas na.K direçào si&nifica afastar-se do comunismo -oqualéantinaturalpordefiniçào-eissooreligiosonio queranmhumpreço. "Cha.sst:lenati,re/, ilr?>'iendra1111g11lop "(Esconaçaio que é natural e ele voltar, a galope) diz um belo uioma francês. Tal é o que $0bmudo parece preocupar Frei Beno, a pOS· sibitid.ade-anosso\·erincxi51ente-deag/asnosrconduzir a uma ordem de coiru naiural ao homem (2). ou seja, à deslgualdade social e econõmica (desigualdade que, par_a ser natural, dever, ser justa e harmônica, obviamente). Daí sua melancólica constatação: "O fator humano i hofe o problema central do socialismo"! ~ fato, ni!IO lhe dam~s inteira razio. As elucubraçõn cerebrmu de Mar~ nlo se apllc:am ao homem tal qual Dew o criou. Poder-se-ia aplicar aro• bõs. O homem, eis o srande problem.a do socialismo. G. L. NOTAS (1) A respeito deste importante usunto ver: Plinio Corrb ~ Oliveira, ''O IOdai1llDOautogestionArio: em vi51a docomumsmo, barmr. ou cabeça-óe-poote?" io "Catolicismo" n~s 373/4, jan./fev.t982. (2) De fato a ghunost e a pereslrOWI de üorbachev em nada visam uma volta à oniem natural. COll$lituem antes uma immsa manob!"a que atin,e nlo só os países comunistas como princípalmentr os oc:idenlaii. ~essc:a11WiWmo•emaverem ''Catolici1mo": Luís Meneus de Carvalho, "O que cs1, por tr'5 das enpnous reformas da Rússia" (n! 436, abril/87) e "Glasn05t e Perestroika: novos disfarces de um sistema íracassado" (n~ 44S, janeiro/88); Nelson Ribeiro Fr•lli, "No ~qo da conver~nc1a, a questlo akmJ" (n! 443, nov./87); Cid Alen. eastro, "Autogesllo por cima do muro" (n! 444, dez./87); e R. Mansur Guérios, "Glamost e PereMroika: a lllnNÇjll" (n! 447, março/88},
jeitosamente, buscando sempre para elas uma uptícação bem envernizada. Porellemplo: t. - É conhecido o modo brutalpeloqualocomunismos,: implantounaRU$$ia,fazendomilhões de vítimas. 1=: da seguinte formaqueofradeserefercacsseimensomonicinio: "Dentrotk um quadrodeguerramundiale den1rodeumproctS$0rtvo/ucio-nliriocon1raoregimedasczores e de desman1agem do capitalismo rwsohai,vemllh6esdemortos". Note-se que "houve" é impcs!,(NII, Frei Boff não p_be quem matou! 2. -AtiberdadedeCllpres5ãoéumdostemasbásicosdacsqucrdacatólicacontraa.sditadurasnoOcidentc,sempreemnomcdosalegadosdirci1oshumanos.Porém,ondedcfa1oeualiberdadc é mais violentamente coarctadaé$0bosreaiJnescomunista.s,quernostétricos "campos derceducação"doViernã,Cambodgeetc.,quernastemfveis"cllnicas psiquiátricas" da Rússia. Ora,nosdizcandidamenteFrei Boff: "A liberdade de uprtssõo coflStlti,/i,econtinu11aeoflStituir i,mprob/eman4oplenalffl'nteresolvidoparaosocialismortal,j11soviiticooi,oi,1raqu11lquer". Quascsi:ficacompena, não dosperseauidos,masdo "s;xia/ismoreol",pornloterconseguido ainda resolver "plen11mente" essesi:uproblema! J.-Noücidente,os.ociatismomarxistaéapresentadop,:los "teólogai da libertação" como uma aspiração popular. De fato, todomundosabequenospalses ondedomina,elefoiimpostode cimaparabai~oporumacamorraqueseapoderoudogovcrno, equeporessamesmaformacontinuaadirigiropais.Eiscomoo frack apresenta brandammte a situação rw.sa: "lmpor111ques1ir.r nar o Jato de o Estado ser o Unico agenciadordo proeessasocia-/is1a(... ).Parqi,e,/i,nd11men1a/men1e, o Esuuio I populis111, qi,cr di:;er, Ja:; iudo par11 o povo, mas ndochegau aindaaserpopular, quer di:er, fa:;er IUdo atra1·b do povo e com o povo?".
A meta é bem clara A "1eolo1ia" de Frei Boff é toda elaadhor:preparadapara chegaràconcluslodequcosocialismo marxisia é o regime ideal. Assim,apósfazerumaanãliseditateolóaicada situaçãosovittica, o frade conclui: "Deuse:stá se comi,nicanda às pusoas, concretamente, dentro daquela /ormaç4osócir.reronómicaIDcialim.1,visi1u-/Unt1$mediaçõeshis1óricas, ideológlcasepolf1iras1(pirasda Uni/JaSovil/,'ca". Parteeledopressupostoquc "a na/urna (n1im11 de Deu.si comi,nhdo", para concluir quc "se i,masociedlldecolocaosorialno cen/rollOin.-hdoindividw/, tem nwis prusibilidlldn objetivos de signiflCOr a nslnria íntima de
Para Frei Boff, Deus "visita as ~nasmed!afõt:shistóricas
t~e!s '!,~:ia~=~'.
et ~ Krupsk4ya, companhtira del.enin,rtpn5t11tadaemMos-cou por esta 11cachapante cstá/Ull.
Deus". Assim, no s.ocialiimo idcal,"Deus-comunhãoencontra possibilidades m11is adequados de expressão de si mesmo". Acresceque"arevoluç/Josocialistadeou111/'Jrode 1917(... ) ndo i11/heiaa0Esp(rito(... )Esle Espíri1oquentdnomi,ndotodo, ntl taml!im soprando n11 Unido Soviltica". Nela,aoladode fenõmenosnegativosh, "osinestimáveisbe!ISdoReinoq..eossoviilicassoubtrompelo//lQrialivno CO!IStruir . Duvidariaindaonos$0"inllênuo" que Frei Boff, rna "tco-Jogiadalibertação",asCEBsquc ele apregoa visam arrastar-nos parauml'Omunismoaindamais radicaldoqucoexi stente na Rú!i!iia? G,egóriolopa jl)Nlofaprim,ira.-aqu,-101!1o derofa1am--~· t&r<japaravi>-erootio1.....,oomu.niu.
oqucfu-flardonisthc::iado,_ plu,oD<SK....,ido,U . . 19760111ispoo
::.~~\i~!':'~~~!!= canclal0lap<,paroçlotd,.PlinioConfa dooti>'Na."Al11•J•an10aEinladaóa
Ai,_,.Comufliaa",VoroCnaz,SloPmlo, !97~. Pl'.17 •. ).SobftO)lf,i,eldas Cl:llsn•••oa,çiodeutplanodeoomun; uçt.oóall'fj.l,•tr:PllnloCorrh<l<Oli· •tira,Ou11a,0An1or,k>SolirnoooLWZ strp)Solirnoo,"AsCE80,dasquai,muito .. fala,p<><>co .. oonho<c-ATFPu
~-"""'°ilo",VoraCnaz,SloPau(l)Um&rup>dofrriCloclo'<IIBoff,iftdwdo...,...,.....tdi(lodoººVoz,a'',< quc<ÜOtolriroclloiapmfeôlRilma
=-~=Ji.~~~~ 1o6ci""°",oot>Othlode·'Pnq:,lna,;lo
(.,.......,.,prmioll•M-".
CATOLICISMO SETEMBRO 1988 - 13
Nossa Senhora do
''GRANO RETOUR'' QUANDO A CRISE do mundo contemporâneo chega ao atual paroxismo, nossos olhos se voltam aflitos para Nossa Senhora, Auxi1io dos Cris-
tãos, a fim de que Ela ampare as almas fiéis nas temíveis provações a que são submetidas. Um exemplo do poder da graça divina e da admirável i11terccssâo da Virgem Santíssima, mesmo em face dos maiores desastres, é certamente o que ocorreu na França, há pouco mais de 40 anos, em meio às dilacerações da
ocupação nazista e os ho,:rores da Segunda Guerra Mundial. Foi nessa ~asião que surgiu um movimento de piedade, de verdadeira renovação espmtual, ocasionado pela peregrinação de imagens de Nossa Senhora de Boulogne, movimento esse a que o povo francês, desde o início, chamou espontânea
e apropriadamente de "Grand Retour", isto é, de Grande Retorno da França à dt'UOÇão marial.
--
r;.'?a11~ d~ !íe~'%:i: 1
~nse:~~d~rt~11;:::. ciadocarroqueatran5portounãoco11s/1tuiuob5/áculoparaqueas multidõesacorres,em a venerd-la 14 - CATOLICISMO SETEMBRO 1988
PARIS-Noanode 633,chegavaaoli1oraldeBoulogne-sur-1'kr,aonortedaFrança,umbarcosemtripulamesnemremosque, envolto em extraordinária claridade, trazia uma imagem da Virgem. em madeira esculpida, sentada e portando aos braços o Menino Jesus. Enquanto isso, numacapeladacida de, Nossa Senhora aparecia a um grupo de pessoasalireunido,informandoque,porsecretosdesigniosdeDeus,osanjoshaviamfeito aliaportarSuaimagernparaquefosscvencradanaquelacapela,deondeiriaespalharseus beneficiosportodaparte.Assimte,•eorigem um dos primeiros santuários marianos da Françaeumdosmaisímponamescentrosde peregrinação da Europa medieval. A ele acorreram reis e santos como Carlos Magno, São Luís IX, São Bernardo de ClaravaL SantaldadeLorena,condessadeBoulogne,foiumadesuasmaioresbcnfcitoras,cscu ftlh.o,Godofredode8ouillon,aoconquis1ar Jerusalém chefiando a primeira Cruzada, enviou-lheacoroadepratadourada e brilhantes,quenãoquisusarnolocalondeoReden!OrdoUniversoponaraaCoroadeespinhos. AsgraçasderramadaspelaVirgemnesse localforamtãoabundantes,quepareciamum milagre contínuo. Não espanta que, ante tal manifestaçãodopoderdAqudaquesozinha csmagoutodasasheresias,seusantuáriotambémsecornassealvo preferido do ódio dos heresiarcas Assim Henrique V[[[, doze anos apenas depoisdeláteridocomoperegrino,re!ornou como agressor, tomando aquela localidade, profanandoosantuárioelevandoseqüestradaaimagem milagrosa para a Inglaterra. QuandoHenriqueU,deFrança,conseguiu reconquis1arBoulogne-sur-Mercinooanosdepois, e obteradevoluçãodesuaPatrona, fo-
ramoshuguenotesquere!)<:tiramasmesmas profanações,chegandoaarrastaraimagem sagradapelasruasecharcosdacidade MasfoiaRe\'oluçãoFrancesaque,emnomedosprincípiosde"libcrdade,igualdadee fraternidade", externou maior ódio contra aquelelocalde''obsi;urantismo''.ACatedral foiarrasadaatéosalicerces,seutesouroseqüestrado, seusarquivosqueimados,eaimagem milagrosa atirada ao fogo. Não se sabe bem o que ocorreu. Embora oficialmente consteterelasidoconsumidapelaschamas, logoemseguidacomeçaramacircularrumoresdequcaquelaqueescaparailesadofuror dosinglesesehuguenotes,tambémselivrara doódiosatânicodosrevolucionáriosfranceses.Epermaneceuumapiatradíçãosegundo aqualaimagemreapareceriaalgumdia Aúnicarelíquiaquepermanecedamilagrosacfigieéumadcsuasmãos,qucumsoldadoarrancouparadardcpresenteaumatia sua,antesdeseratiradaaofogoaimagem. Esta relíquia é venerada ainda hoje em preciosoescrínio
Início da mais recente epopéia QuandoascarregadasnuvensdaStgunda GuerraMundial -primeirojustocastigodc Deus previsto em Fátima para um mundo que nãoquiserasecom·ener-cobriamjáaEuropa,eml938,rcatizou·sccmBoulogne-surMer um congresso marial. Ode participaram, alémdasautoridadeseclcsiásticas,inúmeros liderescatóliços,cmrcosquaisoprincipeXa vier de Bourbon Parma que, com o Gen. de Castelnau e quatrocentos represemames de chefesdefami!iacatólioos,fízeramaoonsagraçâodafrançaedeseuslaresaolmaculado Coração de Maria. Jáparaapreparaçàoespiritualdescusdiocesanos,o BispodeArrashavia imaginado umaformadeaposlolado,chamadadepoisa terumpapelprovidcncial:mandoufazcrem gessoquatrocópiasdaimagemdeNossaSe nhoradeBoulognepara,emcarreta;;,!)<:rcorreremascentenasdeparóquiasdosdepartamentes do Nord e do Pas-de-Calais. O efcico reafervorantcfoitalquenáosepodiamaispa rar.Eml939umadascópiasdesceuatéReims visi!ando,em.seupercurso,setenta e duasparóquias.Masagucrraeainvasãodopaispelosnazistascortaramopassoàimagemperegrina, que foi recolhida a um mosteiro de contemplativas. OestadodaFrança, emmeioàgucrrae àocupação,eracalamitoso. Entretanto,ou-
trocongressomarianoesta\·a marcado para lc Puy.ffl-Velay.cm 1942. Devido~cirmll5· tãncias. foi eksubsticuido por uma peregrinaçãodejm·01s.espccialmenteescoteiros,sob adireçãodealgunssacerdotes. Era outra oca· sião para NÓSsa Senhora de Boulogne se ma· niíestar.Conduzidaporalgunsdcstemidossacerdotes,caminhouemdireçãoàlinhademarcatóriadaocupaçãoalemã,qucatravessoudissimulada cm um caminhão de \erduras. Seus guardiães CS\a\'am cambém disfarçados, pois onazismo,comoseucongênerc.ocomunismo, nãoadmitia··supcrstições .. ! No dia 15 deagosto,aimagemdeNossaSenhorachegou a Le Puy-en-Velay. Comudonãopodia elaretornaraBoulog· ne.Dcsceucmdireçãoaosulatélourdes,ondefoi recebidaentusiasticamentc, paralogo depoissercs.quccida. Foiemãoquc,a8dedezembrode 1942, 101docomopomodercíerêndaopedidode consagraçãodaRússiaícitoporNossaSenhora em Fátima, Pio XII consagrou a humanidade imeira ao lmaculado Coração de ,\1aria Esseato,renovadopclosBisposfranceses,foi opomodepartidaparaasgraçaschamadas do"GrandRetour",ouseja,doGrandc Refornoaoespírito caosprincipios da igreja. A Virgem de Boulogne dtixou seu asilo em Massabielk para começar sua prodiosa pcregrinação pclo pais. que ha\·eria de durar cinco anos! Como uma só imagem não era suficiemc para a1cndera 1odosospedidos, as Autoridadescclesiásticasmandaram\'irasoutras trêscópias.Asquatroimagcns,acompanhadasporumgnipodemissionáriosqueiarnpre-
1::"J;·nc,::tªJ::::r~~:awn:r~c;;,;ca;; &mlogne
gando~atcndcndoconfissões,emquatrocor1ejos s1mul!ãneos, durame esscs dnco anos, percorreramccmoevin1emitquilõmetros, várias1ezesocomornodatcrra-1·i5itando dezesseis milparóquias,aproximadamentea metadedonúmerodeparóquiasda França.
Apóstola em meio às ruínas da guerra Humanamenleíalandoéincompreimsivel oêxitoquealcançaramcaispercgrinações.De umlado,aFrançaencon1rava·senumcs1ado deesgotamentofisicoe espiritual completo. Opaisjaziacxangüedivididocmdois,pcrmanecendoumadaspartessobocacãonazista. Milhõcsdeseusfilhosesta,·ammutrinchei· ru. Uma mul!idãodc familiaschora,·aseus monosed~parecid-05. Haviaescassc:zdcalimcntos. As igrejas esta\·am scmidescnas, muitas delas pri\'adas de seus pas1orcs. Poroutrolado,aparen1ememenadaha viacleextraordinárionessasimagens,nemna montagem em que vinham. Pelo contrário, cramsurpre<:ndentemcntcdesapontan1es.principa!mentetcndoemvistaobomgostofrancês; "a carreta que porto1·a a imogem era deselegante. A imagem era de gmo. Nada, em seu apararo ex1erno, foro ronrtbido de modo a atraira atençiio de milhóe:sde homens e mulhtrer. No entanto.foi o que aconteceu, Quando ela aparer:ia, nãoerajámaisumaestátuo quepaSJf11·0;1udosetinhatransjormodoem um instante na prodigiosa presenra da Mãe de Jesus Cristo" (pp. 43-44). No movimento que ~ esboçou em torno do Grand Rctour, msçreveram-se IOmilhõesdefranccses. Por isso, pôde-se afirmar que "oGrand Re1our foi um prodigiososemtodordefé ede tsptroll(Qnõosomentenoplanohumano,mas no espiritual. Suo passagem era 1·erdadeira111en1e um acomeci111en10" (p. 20). "Allim que o Grond Reto11r chego,·o o uma paróquia, 1roz/acO!ISigoummundoespiriwol: tSSt' oceano de preces, tSJfJ corrtnte irres1Sti\-tfdesocrificios, essoprofundidadede fé,essomarédeconsograções,esseafluxode conjmôtt,eSJfJ\'ogaderomunh6es"(p.SS). "O Grond Rerour foi um longo cominho de peni1lncio onde as ariludes do corpo- caminhados, broços em cmz, pis desca/ços, longashorosdeadoroçíionosilênciodosnoi1es - o/io1'am-se à atitude orante dos almas" (p. 134).
Etudoissotrnmomaisprodigiosoquantonãoforapremcditado. "Noinicioessoequipe marilllron1U1'0 apenas poucos homens. Não
hol'ia missionários pura re1·e-;.11mento. TumMm não ha,·io programa organizado nem i1i11erário previs10 com antecedêtu:io. Chegol'O· seoumlugareseprepara1·aoseguin1e.Nenh11111a propaganda por volantes, imprenso 011 cartous. Era uma imensa impro1'isaçílo" (p. 20). Pode.se dizer que eaminhavam ao sopro do Espírito Santo, porque "o possagem de Nosso Senhora do Grond Re1our era sempre um orontttimento sensacional. Fofo,·a·se dela por todo parle ... Que ondas mis1eriosos 1ransportal'am as notícias? Os Jornais eram ro rosentào(em plena guerra). Asrddioses/a· 1•om silenciadas. Tudo se possa1·0 de boca em boca"(p.l0S). Etudoissoemmeioaospcrigosdaguerra.Em J944ocortcjodeNossaSenhorace,·c
A rtlíquio de umo das mãos da primitiw imagem de Nossa Sfflhom de Boulogne é tmnsportadoempreciosoescrinio
qucatra,·essarclam!cstinamentcorioVilaine.emumpequenobarco.E,porocasiãodo a1aquedosaliados,asprocissõcseram.sobrevoadas por aviões. Jamais uma bomba trans,·iada põs em risco aqucles que se coníiavam à Mãe de Deus. Porocuiãoda!ibertaçãodopais,Nossa SenhoradoGrand Retourestavalá, fazendo com que tudo fosse considerado à luz da Eiernidade ...
O Grand Retour visto pelos contemporâneos "O Grand Rewur i o mo,•imento cspirimal mais i111porton1ede nosso 1empo", afir. ma o Bispo de Arras (p. 35). "t como uma cristondadequedesperto",acrescentaummissionário basco /p. 36). "É como uma 'Epifa· nia Marial'", continua o Bispo de Bayeux. E conclui: ''ARedençãoemmarcha.'Essalto/1·e~ a melhor, o mois exalll e a mais profunda definiçõo que possamos dor desse espantoso mo1•imento religioso a que nós chamamos de Grand Relour"(p. IO). Emocionado,oBispodeNicc,porsuavez, exclama: "O Grand Retour é uma cruzado conquistadoro"(p.65). EodeMomauban confirma: "Essa passagem de Nossa Senliora l ... oaron1tti111en1oreligiosoomaisex1roordinário e marcunte. As multidões foram as· sumidas, Impulsionadas, entusiasmadas. Os confessionários e as mesas de comunhão foram tomadas de assalto durante as ~ig11ias noturnas, tnquontoqueorecilaff}odosmistl· rios do Rosário retinhum nas igrejas multidões oran1es.Houl'econ,-ersôesespe1ocu/ares"(p. 36)
A graça do Grand Retour Vimos,pelasrepcrm~citadas,osefci1os dessa extraordinária graça chamada de Grand Retour. Vamos tentar defini-la. "lnespcrada'',''inacreditá1·el'',"miracu· losa'',''jamaisvis1a''sãoalgunsadjcti1·osque sccncontramnasnarraçõcsdaé:poca. Umadascaracterísticasmaisusinaladas dctalgraçacraadcremetcrapcssoaaotcmCATOLICISMO SETEMBRO 1988 - 15
lesmesmos:essea{Nloparaumoinocênciaprimeira"(p.4S). Com efeito, até mesmo em nossos dias tão enregelados pelo materialismo, quantos não terãoalgumavezsenlido,aosoprodagraça, saudadesdaquclestemposdainfânciaemque Outrooontemporãneoassimseexprime: amavamNossaSenhoraesescntiamporE!a "Essas a/mas, eu não sei por qual milagre, amadosnaatmosferaprimaverildavidaesreencontram uma simplicidade, umfrescorde piritual?DessaépocaemqueoscálculoshucriançadiantedeNossaSenhora"(p.106). manos,oslimitesdo egoismo,aobsessãope"Quando a Virgempassava,sentia-seane- losinteressesmateriais,adesfiguraçãodaalcessidade de purificação, de luz, de clarida- maportodasor1e de concupiscências,estavam de ... não se podia ficar com o seu pecado" longe? é mais um depoimento (p. l 10). "A Virgem - acrescenta ainda outro - por assim dizer, Epílogo em um instante, desobstruiu todas as avenidas da alma e desvendava todas as exigi!ncias de uma vida aurenticamentecris1ii. Era como Todoessecaudaldegraçasocasionadopeum relâmpago que brilhava. Era uma ela rida· lasperegrinaçõesdaimagemdeNossaSenhora de que iluminava em um insrante as íntimas de Boulogne parecia indicar o meio que a Proprofundidades da imeligl!ncia. Emão via-se o vidência queria utilizar para recristianizar a quejamaissetinhavisto,esecompreendiao Françaetalvez,pormeiodaFilhaPrimogêque jamais se havia compreendido" (p. 89). nitada Igreja, toda a Cristandade. É o que muitossemiam,comopodeseverpores1adeDaíumtransbordamentodealmaquese claraçàoda época: "EupensoqueseosBisexprimia pela prece abundante "que se fazia pos nos enviassem todos os anos uma Virgem facilmente louvor, admiração, adoração, açíio semelhante, antes de dez anos o povo da Fran de graças, alegria desinteressado pelo reencon- ça visitado por ela, ter-se-áconvertidooJl!tro com Deus por Maria, e, mesmo, finalmen- sus Cristo,porMaria"(p. 64). 1e, pelo 101ol obandono à Divino Providi!ncia" lnfelinnente,porém,talaspiraçãonãofoi (p.127). Enfim, esse Grand Retour "era tudo o que a1endida.Desconhccemosasra;,_õespe]asquais os homen.s portam confusomeme no fundo dl!- oderofrancêsdeentàonãodeua esse movipodesuainoçênciabatismalprimeiraedela ter saudades: "Eu me sinto com a alma de um menino de dez anos", afirmou um missionárioapós ter aoompanhado a imagem peregrina(p.85).
mentodasalmastodaaamp!itudeetodoo impulso que ele parecia estar destinado a receber. Setal,porém,nãoaconteceu,oelan estavadado.Umafórmulaindicada.Essainiciativafrancesa inspirariamuitasoutrasnomundo.Amaisfamosafoiadasperegrinaçõesde imagensde NossaSenhoradeFátima,quetanto sm:es.so alcançaram. Não haverá, aliás, uma relaçàoíntimaemreoG,andRetoureotriunfodolmaculadoCoraçàodeMaria,previsto em Fátima? ÉestagraçadoGrandRetourquesedeve desejarparaoBrasil e paraomundo,tãoso· fridosetãoprovados,dosdiasdehoje.NossoPaís especialmentenecessitadessereenconuocomsuaprópriavocaçãoprimeirade Nação nascida sob o signo da Cruz e chamada aser, comodefatooé,amaiornaçãocatólicadouniverso. CaioXavierdaSil.-eira Nosso correspondente
Mi,1 . F. Ujeuno,"Notre-Damo doBou logno",Pari,, U
brliri< Lttou,eyM Ant , 1925 L. O.,,in<au, O~ll, " Dans 1• Sill o.g< do .l a V~i• - U
~ :-~!~~~1,1;~~= ~;~~ ~. .~~~~~ªf t~ ~\,'; quo tirlfllos a,cita;õe,ontro as.,as, indicandoo n\lmero 1
da ptgina.Al~uma, ,o,.:,a dtdaroçào i: do próprio autor,qut aliisaoompanhOllaporej.rinaçàod< Notrc-Damc d.o!loolOi,M.
ACORDO DE MUNIQUE:
Trágico aniversário a ser lembrado ÃS \'ESPERAS da II Guerra Mundial, há exatamente meio século, Daladier e Chambcrlain, respec· tivamente chanceleres da França e Inglaterra, re;-miram-se_ em Muni([u.e com Adolf Hitler e Bemto Mussohm, assinando ao final do encontro um Acordo, no qual faziam concessões ao nazifascismo 1 bro~:,~;, ~;e1uih~mtr~=:~~; vangloriasse de haver "conquistado a p;;iz para nossa geração", de fato abriu-se caminho para a eclosão da Segunda Guerra Mundial. H_itler, com o apoi? de Mussol!ni, manifestara o propósito de invadir o território dos sudetos, região da Tchecoslováquia. Chamberlain e Da\adier sentiam-se obrigados, devido a uma velha aliança e para a segurança da Europa, a apoiar a Tchecoslováquia ameaçada. A guerra parecia iminente . Hitler prometeu, então, em Munique, desde que a França e a Inglaterra violassem a palavra dada à Tchecoslováquia e reconhecessem a anexação dos sudetos, não invadir as regiões "alemãs" da Polônia.
16 - CATOL!CISMO SETEMBRO 1988
A respeito desse fato histórico, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira teceu o penetrante comentário que reproduzimos abaixo (*): "Nesse lance, a diferença de estado de espírito dos dois blocos era evidente. Asfalangesnazifascitasestavam ébr:ias de patriotismo belicista, de eufona e de agressão. Para elas, o bem comum não consistia, como para in· glesesefrancesesdeentão, na tran· qüilidade, na fartura e na despreocupação da vida cotidiana 1 ra vez, um pacifismo tão cego e tão fanát.ico quanto cego e fanático era o belicismo d? ?Utro \a~o. E largos se-
/Ja~~~: ~r:~~~a~, ;~rª!~~
~~~ª1:
~~:e:sf:v~~~~~fu~~~c:n~: dos por esse pacifismo radical. .Ê próprio ao belicismo fanático delirar e agredir . .Ê próprio ao paci· fismo fanático fechar os olhos, ceder erecuar. Na Inglaterra, o velho Winston Churchill comentou a atitude de Cham~rlain com estas palavras: "Tínheis que escolher entre a vergo-
.
•
' a
.
Chamberlain, Daladier, Hitler e Mussolini, por ocasião do Acordo de Munique, em setembro de 1938. Devidoàsuaatitudeconcessiva, os chanceleres ingli!s e fmnci!s passa mm. à História como tristes exemplos de copitulacionistas
nha e a guerra; escolhestes a vergonha e tereis a guerra".
t:~~~t:,;~:~
ma~he;:~i:rai: come,;:ava ... " A História é a mestra da vida, dizia Cícero. O acordo de Munique evoca-nos duras lições, ao vermos fotos do recente encontro de Reagan otimista e sorridente com o astuto Gorbachev, neste preocupante 1988 ..
C. C. N. P . (" ) "Chuchill, o a vestro7, ea América do Sul''," FolhadeS.Paulo" , 31-1-71
ReYolu,ão sexual desemboca no comunismo ''A
MAJSPOSSANTE/orçaproplÚf(Jrada Rn'Oluçâots1àlULf1mdinoasdesordenadus", diz.
oProf. PlinioCorrêackOli\tiraernsuaobrafun. damerual"RcvoluçãoeComta-Rcvolução"(Editora "Diário da5 Leis", São Paulo, 2~ edição, 198'2, p.24). Hojecmdia,ocaráterquaseinteiramentc a-ideológiroqueaprcsentaocursodaHistória e:s1á proporcionandoumaratificaçãoquaseexpcrimentaldõsaafirmaçào.DiMe-iaqueasocieda!ksemo1·e em lll8Ma ao sabor de impulsos ekmi:ntam como a scruualidade. o egoi!mo, o mcdo e o ódio... Ame1alcsiadockcoiw,queimportâDC:iaiêm 1indaastcoria.lque,isamconduziroproccssoreIO]ucionário,1irias,·eiesSC'Clllar,rumoas11ame1a?Paremiasuficientedcixardcsliz.aremasroisa.s pela rampa da decadência, para que a Re1-·olução ,·imeaobterumtriunfoseguroedefinitivo.Não obstante,elaenfrentaaindaoposiçõcs,ouaome· nosrtsistêrxias,princ:ipalrnenteonikexisteumres10 de~timentorcligioso.Porisso,rontinuaneccswioqucdadirija, impulsione, eviteosdes\'ÍOS. Com1allinalidade.aR~·oluçãodiV11!posprincipiosteóricosquedr--ffllDOrtear aaçãodeseusagen. 1rsparaatiogiroobjnivoporel.a1isado.Mnaque é auim ostemada pelos mais radicais (atrcmis1as) paraa1uarcomopólodea11ação,exacerbandoas tendênciasdesordenadaspropulsorasdadecadênda moral: "A aplos1il> d&t:S tmemismos /e\'/m1a 11m es1and1mt, cria 11m ponto dt mirafao q11t fascina ptlo MJ pr6prio radiwlismo·or modmMJos, tpqraoquales1esstwloltntaftlfflttenqiminhan· do"(op.cit.,p.25). Acoincidbiciadamnaformul.adapela R"'oluçãocomopontodeacraçãodasctndmciasdesordenadudávisosdeespontaneidadeaocursodos acont~imentos.Na real idade,oquesedáé ama nipulai;iodastendênciasdesordenadasfeitapelaRevoluÇjo,pormeiodaaactrbaçãodelas. Taléopapddoscon11rucoresde1eoriasrtvolucionãrias.Elesprocuramformularmaisexplicicamence, para certo público, como é o mundo que espmm para amanhã. Suas formulações prnmdem setofrutodaau5CUltaçãodarealidaderoncrnae espontãnea,masdefatosãodeumtii:idoaprioris· mo teórico, ba~ado num objnivo revoludonário.
Urn ••••pie ne •raso RoscMarieMuraro,"sexólop",lidcrkminisra, aprestnla-se em nosso Pais como um.a ccórka, 011 pdo 1llffl05 como um.a dh'lllgadora de cais doutrinas. Transita nos ambientes do progros~mo "Cil· 16lico''.Sniperfildaotraçadoscguintemodo:"É pre,ciso conhecer minha form/lÇQo rri.sríi. Penenri dtsdtrriançaàJEC.Nadicadade50,ptrlenriao gnipo de D. Helder, e, como 111/, comecei um 1rab1Jlho, primeiro espiritual depois pol(1iro, junio rom JEC e JUC. !Npoisdif10, ro111«ti 11/aur 11mam·tico da maniplllação qut se,mtnttlf da lgreja (...J j(l'.,il1111.wbre age11u (...) Ttoriroftlffllt 1ambhn eu /UlosliYrosdtMQl/nier, Tei/Jiard,etr., trMgUft tambtm akr 11marríticode Marx em qut, ptki primtira vn, st diVa que a religiào era o Opio dopo1·0, taquilomepcreciafaur sen1ido(... }euts/a1·a, semquerer,nessacorren1errftic11da/grejaqut 1'tiod11rorige111àrro/Qgiada/ibtr1Qfíio.Distanriti· memuitoda /grejaformal(... } umarolsapo,a mim irtrta(... }arínieai11S1ituifdo(•.. }naq11a/1frits-
rtsríllimosvin1eanos,foiestapantpro:rt$$Í$l11da lgrtja... "{"Se:i:ualidalk, Libertação t Fé", Vozes, Pt11ópofa, 1985, pp. 31-32). Essa autora tem se especiali1.3do em discomr sob1e a sexualidade e suas 1elaçôes roma rtwlução social,iluzdasteoriasmarxistaefreudíana.Sua principal obra, "Sexualidadedamulhnbrasileira -CorpoeclassesocialnoBrasil" (Vom, Petrópo!~,198l,50lpp.),adotaateoriafreudo-marxisca dequeo"prindp/odopraur"(instintosexualque exigcsu.aplen.asa1isfaçio)treprimidopelaci\'Íliz.,çãotqueaestnm11acapitalis1a,baseadanarelaçio "/1urpisoprasor-optrdriooprimido",impõepadrõcsdesaualidadetde pwtranificiais, os quais "modelamocorpo",ouseja,produzem um tipo de homem e de mulher adaplados para produzir bens de consumo, mas n!o para viver plenamentease.1ualidade. Talsi1uaçàoestariaemviadesofreruma1raruformaçãor~·o]ucionãria.Essa1ransformaçãoédirigidapeladi.alêticamaaistadalucadectmcs.O resultadosertumnovo"rorpo",umanovasexuaLidade, urn oovorooccitodepraur. Vejamos de modo resumido alguns dos ronceitos..:ha1·edateoria. °ᇊ Cerpe
lle classe"
cspecialati:rejaCttóLica: "Cabtatsta/,rs1/111ição umatomodadt/:OIÚlfrimtJUoOO:Sprobltmasdoror. fKJ t /.UI st:r11alidadedentro de MJ dÍSCIIFSO doiitrindrio, jd q11t sua atir11de poJilica, flll lil1i111a dkada, tStá sendo C11da ve. maú em favor das lutas de libtrtQ(dopopular"(p.331).Dcveelacornprttn· derquenãoalcançaránenhumêxitosenãoiwsar antcs''ptlatransformaçãodaprópriatstnit11rapslquicadoS6h11mano... "(p. 331),casorontráriofracassarl.-prossegueMuraro-comonospaisessocialisas,queacabaramde$cmbocandonumallO\'a pirarnidalizaçãodasocicdade.
A neYa seJ1uaU11a•• "U111prob/e111anovoromeçaastrollXllrquandoprOC11ramosan11/úaraqutlasrlassestmq11ehá u111amaio1izualit.QfÍiOtnlremulhtrehomem:as riasstS111tdias111odernas.Éafta111btmque,nosríltimos tempos, afamfliaesráficando mais i,rsttivrl" (p.328), Essa classe média tem em comum com a classe operária,ofatodenãoscrproprin,ri•;Joi:onão es1áimeressadanodominio.Ecomaclasseburguesa,t!atemdecomumcstar"liberada"dasnormas morai1;portanto,pra1icaoabonoeocontroleda na1alidadeesedivorciafacilmente,desdeque"níio hajaamor"nocasal. Emsin1est, nessas classes: -amulhtrprocuralll1Ísopr&UJjuntocom oamor; -amulhnromcçaaenfreniaromarido(ela trabalha tnlodq:,endeeronomicamenttdele); -111rgtoconflito:ohomemcomcçaa"sexualizar"o111raspanrsdocorpo; -comorcsultadoamulhcrtrabalhaforadecasa eohomemrozinhaecuidadascrianças.
Hoje em dia, nasociedadecapitalistamodcladapelamoralburgucsa,famíliapatriarcal,consumiwonc.,éo"capo"burguêsqueimpõeseumoddo como classe dominante. O corpo do homem estácsmnuradoparatrabalhareproduzir,])5Íquicaefisicamc:me.Opraurse:rualestiestritamente lirnhadoàrtproduçãodaespkiedentrodafamília 011aoconsumodapomografia, romoprodutodrua mcsmacstruturadedominio. Ocorp0damulherburauesa,dcoutrol.ado,é deumasexualidadernaisdifusa. Porisso,nãoébom para produzir, masapeoasparaapoderar-seda • eerptl UHratle "pl1151•alia"dosiscemafCOnómicocapitalis1a. Niose1r11a-diiaautora-docorpodo,·eAsclasscscamponcsaeopedria''modelam-se'' segundoal'isãodomundoimpostapelosincercsscs rãocarioca,nemdororpoda"ginás1icayop"'ou "macrobi61ica" das burguesas. O corpo liberado da minoria opressora de1·erá É ~rec•se lleséru•r -Yiveraliberaçãodosfluxosdodesejoacada momento; a famma -acadainstanteescapardeliberadamemeda Afamíliaalía-seàeronomiaeàreLigiãopara lói:icadocapital; canalizarasapetências,"odcsejo",nalinhadaideo-nãoestar,-oltadoapcnasparasimesmo,mas logiadominan1e.tnaramilia,porsu.acsm11urapa- tambêm paraalutapelacransformaçãosocial. 1riarcal,piramidal,queseaprtndeaobakcer.a Ocorpoestaríliberado,qll8ndoaeroDOmiada 1ubmner-se.Enquantoes1.aestruluran!ofordes- h'bidodoshomcnsnãofortãodifercn1edaqaeeúsle 1rulda,nãoscrápossivelumarealnradicaçãodas nasmulheres,ouseja, éneccssáriouma"ero1izaclasses sociais. çáo" rnaiordocorp0dohomem. ''A nOSJo ver - diz Muraro - a luta dt clams naRússianíiofoi/tradaa1e1mocomplttamen1e porqutm10IIX'Oll,ne111napróticapoJftiw,nabtist 0tlt11ral/.UlsoritrkHkdtdassts:11s«itdatkpa1riaFDttodoo,isco, umaronclus!oseirnpõe. calpiramidalb.adaarra1isda/amflÍl.lq11tsorUllOJ Tendooshomcnsconsemidonarebeldiidasen acria11ÇVpar,1odasaslrieTOrquú,sesubmissõts" sualidadecontraaalmacspiritual,colocanm-sedes (p.21). nocaminhoopos1oaodesua,·ocação!Obrena1ural.Estan,poí1,nalógicadessedinamismom·oOucra ••rei•, ludonário,quearevoluçâosexualfreudiana,ain, eucre ser hu•ane daquandole1·adaàfrcnteporprogrcssistasditos católico:s,desernbocasse,nofimdocaminho,nareOc-,·emsettraruformadasasirutituiçõcsquesâo 1·0!11çãocornuniila. cstruturasdedominação.Entreelas,asrtligiõcs,em Migue/Be«arVartla CATOLICISMO SETEMBRO 1986 - 17
UM LEITOR de "Catolicismo'', perplexo ante um artigo nele publicado (edição de abril de 1988, n!' 448), resolveu aprofundar o assunto. Encontrou então a solução que procurava, inteiramente afim com o referido artigo. Publicamos abaixo sua significativa carta e a resposta de nosso colaborodor C. A.
SOU ASSINANTE dessa conceituada revista, cheia de ensinamentos e capaz de formar convicções nos seus leitores. Aúltimarevistadeabriltrazobeloartigo(chelodeinterrogaçõespara quem, como eu, não tem instrução suficienteparadesllndaroumelhor: "discernir, distinguir, classificar" o aparentedocerto);"lnimizadequeé o eixo da História". Liereliobeloartlgo, consul!eio índice remissivo da Bíblia, não achando, porém, a decifração da incógnita. Pensei comigo mesmo: como conciliar a inimizade entre as duas "descendências" se Cristo disse ~amai os vossos inimigos ... "? Um artigotãobonitoseriacabívelnoAntigo Testamento: não no Novo, acrescentava eu. Afinal. ache! a solução; na ltção de teologia de Tanqverey. que vai anexa,( ... ) o autor dá a regra geral do amor aos inimigos, nos devidos termos,elesabe"discernir,distinguir eclassificar",oquenem semprefa,:emos, em geral, por ignorância. Portanto, depois desse ~quebracabeça" de alguns dias inquietos, aclarou-se-me o espírito a respeito. Quero,pois,serdadescendênciade NossaSenhoranocombateâdescendência da serpente ou demônio. Agradeço-lhe a dádiva desse belo artigo, sou sempre Grato e obrigado. José Benedito Chiaradia
um interesse doutriniirio e religioso que, infelizmente, ooi se jazendo raro nos tristes dio.s que correm. O Jato de o artigo "Inimizade que é o eixo da História" ter-lhe tm· zido inicialmente "interrogações" e constituir mesmo, segundo sua pitoresca expressão, um "quebracabeças ", parece-me inteiramente compreensível. "Catolicismo" - e de um modo particular a coluna "Discernindo, distinguindo, classificando ... " - procura exercer o apostolado, que tantos hoje rejeimm, de lembrar oos leitores as verdades esquecidas, ou mesmo sabomdas. Entre tais verdades ocupa lugar de realce a inimizade criada por Deusentreosfllhosdo Virgem e os da serpente infernal, objeto de desenvolvimento no mencionado artigo. Ora, sendo esta uma verdade obstinadamente posta no sombra porque contraria os planos do processo revolucionário universal e avassalador, em nossos dias compreendo que ao Sr. ela possa ter causado. de início, certo estranheza. E lhe dou os parabéns por ter ido estudar seriomente o assunto para aprofundá-lo, podendo assim constatar por si mesmo que nossa colaboração exprime a autêntico doutrina católico a respeito do assunto. O trecho de Tanquereyqueo Sr. teve a gentileza de me enviar, é de Jato muito elucidativo. pois esse conceituado teólogo explica bem. em que casos devemos amar nossos inimigas, e em que outros (transcrevo do anexo de sua carta) "podemos de Jato, e devemos, com ódio de abominação. perseguir o que es· tií multo perto do diabo, segundo a pecado e afoita de justiça. Mesmo não é pecado abominar o próprio pecador(... ) e rogar-lhe mal afim de que se torne impotente".
Essa é a doutrina sempre sustenmda pela Igreja (mio pelo atual progressismo, é claro!). O próprio São Tomás. o "Doutor Comum", aflr· ma: "O Profeta (David) teve ódio aos iníquos enquanto iníquos, odiando sua iniquidade, que é o que neles hó de mal. É este o ódio perfeito do qual o mesmo Profeta diz (Ps. 138, 22): 'Odiei-os com ódio perfeito'. Pois pela mesma razão se deve odlor o que em alguém há de mal, e amar o que há de bom. Por
~n~~ ~:';r;adC:!~r1ía~º1f::!.e!~º[':;d 1).
P.S. Em anexo: a lição de Tanquerey
Comentando tal doutrina propugnada pelo Anjo das Escolas, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira escreveu dais magnificas artigos, es· tampados em ''Catolicismo": "Uma deformação romántica da caridade: o 'bom coração"' e "Se a caridade manda amar os pecadores", respectivamente em outubro e novembro de 1953 (n?s 34 e 35). Faço notar, ainda, um pontofun· damental. cuja elucidação é chave para a reta compreensão do tema. Se devemos, como é certa. amar os nossos inimigos por um preceito evangélico, devemos desde logo distinguir entre os que são nossos inimigos pessoais e os que são inimigos de Deus. Estes últimos, que constituem a raça da serpente, é que foram objeto de análise no artigo em questão. e não aqueles que se nos opõem por razões pessoais. Nessa perspectiva, a perfeição cris• tã consiste em fazermos dos inimi· gos de Deus - e só pelo jato de o serem - nossos únicos inimigos pessoais. Peço suas orações para que nossa revista possa cumprir inteiramente, na época de caos e impiedade em que vivemos. sua missão combativa contra o mal. como também pelos seus redatores. entre os quais ouso incluir-me in Jesu et Maria e. A.
SUA ESTIMADA carta de 26 de abril muito me alegrou, e não só pe· los elogios a "Catolicismo'' que ela oontém. Denota a missiva, ademais,
P. S. -Aproveito a oportunidade para enviar-lhe em anexo cópias xerox de algumas páginas do excelente "Tratada da Verdadeira Devoçào à Santíssima Virgem", em que São Luis Maria Grignion de Montfart trata do tema.
18 -
CATOLICISMO SETEMBRO 1988
TFPs em ação No parlamento e nas ruas
Apelo contra o aborto QUEBEC - Em cana dirigida a cada um dos deputados frderaís desta Naçlo, a Sodedadt: Canaden~ de Defesa da Tradiçáo, Fami1ia t: Propriedadefor-
mu/ou,1gorosoape/ocmpro/da rejdç.iiodoabono,cujaliberaçlo ~
proposta cm projeto do Ex« u-
rfro. Aos Bispos cmadenses foram enviadas cópias desse doc1imenta, 1'/lrios desses Prelados man/fr51aram apoio e simpatia em relação à ramada de posiçlo da TFP canadense
Em sua mensagem a entidade parafraseia a cilcbre frase de
Churchi/J - alusivaaosa1iada. rcs que defenderam Londres por ocasião da ff Guerra Mundial -
para ressaltar a histórica responsabilidade d= legisladores· '',xxk-sedizer q~ jamais no Canada tamas 11dashumanasestin•ram na dependência de rlio
poucaspesso:is". E indaga qual a forçajuridii:a que podem ftr os
outrosdirtirosconsrirucionais,st o mais <'l<'m<'nlar dos dir<"ilos o direiro ã ,,ida - j' não mais
coma com a prouçâo do Parlamento. Fundamentando sua posição dou1rinllria em dfrerros documentos poniificios em defesa dos nascituros,acartasalienratambéma{Xnadee.,comunhàoque recaia1.11omaticamemesobreo5 carólicosqueco/aboramnar<"a· lizaçllo de abortos. Talexcomunhâo, quejll figuravanoCódigo de Direiro Canônico de /9/7, é mantida no Código atual, em seus arrigos2J50e 1398 "Em matüía de aborto prosseg1.1eamen5a.!!em - nàoé possfrel uma alrernatfra moderada porque o aborto é o massacro" de inocentes. A /egis/açâoabor1isramaismoderadaseriaaquda quepermirisseapenasummassa cre moderado de inocerm•s. A única forma acei11fre/ de moderação é a refriçâo /Ola/. A TFP se semepoisnaobrigaçàoderolicitar a imerdipfo tólal em noss115 leís, de toda forma de aborto direto".
Toronio, Olawaeoutrasdez únponanranres cidades do Canadll inglés e frances foram percor· ridll5 por uma caravana dejo1-ens cooperadores da TFP, sendo distribuídos, em comato direto rom o público nas ruas, cerca de20 mil c,emplares da carta Embora o projeto do E.,ecutfro tenha sido derrrotado no
t!'~~:e:Ji';{:Jf.}:U;·i 1
1 ~~:~;
~-
;;f;:/:
da ca mpanha
em
poderá marcarodebatceleirora/ dos próximos meses. Nessa mesma oca,ião, foram rejritados {}I:loL rgislatfrodoisoutrosprojetosaborristas.
Com a proclamação de slogaus, além do rufar de tambores, de gailadefoleescocesaees/a11dar• tes da TFP tremulando ao vento, os jovens roope.radores da TFP canadenst rMli:aram ampia distrilwiçdo do documento nasprinâpais vias públicas Qriebec
'r-.•
·
de
ALl:M DE SEU CONTA TO permanente com o público, divulgando as obras da TFP nos mais dfrersos pon1os do Brasil, os jo,•rns componentes das qu111ro carava~ nas da emidade têm visitado asilos e hospi,ais a fim de lrvar aos in1ernos uma paJa,,,a de a/en10 espiritual. São distribuídas também rs1ampas religiosas e medalhas de Nossa Senhora das Graças. Na foto, internos do Asilo Sllo Vkemc de Paulo, na cidade de Santo Anastácio (SP), sendo confonados por jo,·ens da Caravana Nossa Senhora do Carmo. (ATOLICISMO SETEMBRO 1988 - 19
3 - "0 pon lo t,,stnda l do li .-ro e do fi lm ei •pre.se n1a r Jesus como um mero homem, qu e sr lnm,form" r m Mt,,sfas por um alo dr llCt iHção . Ele resis1e ao dtsi~nin dt lleus whrcasua,·ido,rfina lm,nleuact il a,co mo stndoodtirll Jerusalrmlll' rasercrucificod"" (USA Tuday,25-7-38); 4 - " .•. A úllím11 ltnl!lfio dr Cristo rr1nua um Jesus ptrpk~o t vacila n1 e, que sCI aceila m m rrlu lância o seu paprl deMmia, , mártir"(l'eople.8-8-38); 5 - "0 ~rupo Mon,/íty in Media (Moralidade na Mídia) eslá pal1icularoncnl e indi gnado com o enm, 111:l rio an~us. tiadode Jrs us: 'Sou um mentiroso, um hip0Cri1•. Ttn homedodtludo ... Lúdferesláden1rodt mím'"' (Time, 15-8-38); 6 - " ... es1e ~ u,n Jesus ptrturhodn JIO' dUVidase ,ujeiloa lndasas1tn 1açõts humanas - orgulho,cókra, lu.,i1ria, ânsia do poder, medo da mortc"(N,,.•,wrrk, 15-8..U); 1 -"QuandoJud u , rrprrsenlado porlfa r,·ey Kcil el, gril acon1 raclc(Jtsus)'Vocêi uma,·er~unh•! Vocffumconrt1,!'isto st lornaoensejopara11mdosestereólipossubnrsi,·os do film e.Jtsusco nvrnc,,Judasa lntí-ln, paraque possarrati,•r'°"'1rede~ão .. ,'"(Ne"·YorkTimts,S-8-88 ); 8 - "Numa ~ iiênda dr 3S minul os, du nt nle a crucifü~o. Crislo _., ima~in• percorrendo o ou lru caminho. Casast t ttm rrlaçôesstxuaiscom a prostilllli 1\-l oria Madalena" (reople.8-3-88); 'I - "Moi, 11rdr, depuis 'I"" Mad•l•n• morre, t le st ca.a com Maria, da dupla bí blica Maria • Maria, • pratiC11 adullfrio co m ~farto" O'ime, IS·8-38);
Abordando o ponto central Hastad111 nesl.,. rel ato, publicados, gusiariamos dt fa. ,., al~um11s obstr~açõts que. acreditamos, lanç• rão lo, sobre 04ueconsideramosopon!ocrnt r1 l. ls10 1i,sr,;e 1em "dirdlo de alribuir a Nussu S,,nhor Jrsu, Cristo açOO 4ue, st al ribuÍtl a, a 4u al4uer pessoa pri•llda, M ia o caráter de dibm•~âo. A lt ique proU•1telodososamcricanosrnn l1111difamaçãoniiu pro1q(eria 1,mhéma Nu,soS.nhur Jesu,Crislo! l'odtr-se-iaobjetu que1odos têm od irr i1odedi,ero q11 e qu eiram sobrrq ualqucrum. l'ortanlo,ucarátu loler:mledalci ammtll""náopro11'l(eNO'ISOlSenhorJts11sCrislone.lcl'll>O. •:m r,sposla a issu, fa,rmos nu1ar que ni,1rm leis. nus fütodus Unidos,que prottgtmu,; indi,iduosco n1ra comtn lários diíam atóriuso ude1raçôtes quepossam l• nçá-los noridiculo, tsd rnio, vergo nhatdtsgraça. ou que possa m diminuira sua resptilabilidade. E st lais lt is prolti:rm qualqurr "Joãoningntm" , nós cmnos t nHio com ainda maior raliiu. que elas dnem pro!t~er li Nosso Se nhor Jts11s CriMo. Algut mpodrriaobjemqursetrmodirei1udepubli· car falu,; hi,1óriros, mesmo seeles~o injmiososaus indivíduos.Suponhamos que um p,s,1uisadori n11Sprra damenl edts• cubrisst algum fato ind isculi .-elmentt co nfirma do, alrnmentt injurioso a César - ou mesmo a alguma 0111111 11trson•lid ad• mais reunte, tal como Na pulriio, Abraham Unrnln ou •'rlln klin Roost•tll . lla,criarntiiouminct:ánl dirdrndcpublicá- lu .
blic:.çiiodeumli~rodes1a na l11 reu. O prtS(HIC filme rnn lra Nos,u S,,nh urJtsusCri,lo f prrdsamtn ledtslana1 11rr1•.
Os limites da liberdade religiosa No.-amente,a lguémpoderiaobjei•rquealiberdadereli ~iosa conci'dell todoso dirt-itodedi,.eroqueq ueiram 1uhre religiiio.St md b,·ido,estefo prindpiudali bu dadcrrligiusa . Co nludu, rslrdin,ito n:lu ..aiau pon1odt1Jfrmi tiraalgu(>n1 at•carol din,ilos dt um ierceiro . Assim.sr Nosso Senhor li oobjelodoabmu,oscris1ãos 1arnbl:m~oa1ingidns.
Jes u s Cristo: o mais alto ideal de perfeição moral Al é •qu i a Tfl' 1meric1n• ahordo11 o as.i1m lo do po nto de •isca se..-ular, a •i1ul" de a'llu meniaçiio. A dMndade dr NnssoSen hnr J,susCris1o /: um lalo .,uficien lemenlt pro,·ado, • , porlonl o, não se pode • lribuir a Ele arões con lniri~s àsSua,na•urrta,di•ina e hu,nana. Sob rsle asprc10, Jesus Crisln oi o mais , 110 ideal de pcrír ição moral;qu•lqurr dr1raçiiodeslaperfriçãu mora l10macor:ilerdiía m• lóriu , poisrehaixatnegacomple1amen tea Sua única tt\l~ltnli1sima posiçâoe nquanlo l)eus-homr m. Nada há de injurioso em um humrm dccidir ca,ar-st. Mas in,inu:i-lo quanlo a Nosso S.nhoro dt lralU. Porque li Sua su blime ptrleiçiio nos•~"'l(UIII que t:le pro llco u a ,·ir111de d• ,·utidadc da m,neira mais absoluta, t sempre maut..-c o esrndu de caslidade perfriea , 1111t ~ in1 rinsicam,n1t suptri"r aol'Stadoma1rimoni al.
A moral ê objetiva fin, lmenle,u l~uf m poderiadi1.trq11eo próprio concci10 de difamaç/inf inteira mrnl e ,uhje1i,o, rnn,eqüenlemrn1e im·•lidandoosa'l: umento, acim, . S,,a»im fosst,!Ollas>1slti,rtlaeionadas comadií~ ma çiio seriam nulas e in ,:ilidas. A difamaçiiu run,i,lt rsse ncialmenl e em alribuir • oulrem a(iies imon1is capues de pri•:i-lo dortsptiloqucelerMrtC1'.Stoquel:moral fosS(Í 01 eiramenltsubjNi,·o, ningu!'m poderiarondenarninguém pm nenhu maação.poisoque,i moralpa ra umJIOdrniiouse r paraoulro. Além disso, ,.i,l em padrõe, mon1i,censmando ações qut o Estadonãoconsid era ilegaistmsimesm a,. Cu ns,qüen lr mr ntr, embora um filmt po,sa niio ,iolar a lti, islo nãosi~ niflca que elt niiowja imora l. Por , ~rmplo, algu1nas mentir~, são punid •• por lei, t nqua111noulrasniu osãu. Nào obstanle, 1udasasmtnlira,siio imol"lUI. h t mplifiqurmos rnmbém com o pa1riolismo. S,, um amtrieano em viage m pe lo ex terior oi 1es1emunha dr sérias m•niíes1açõ,s dt dcsprr,o ou ódio cun1ra nosso pai, , e conludo
a., mais elrmen lares f\1:nlS do "íairepb}" ', por<1uc se se é li• ,·repara aíirmara lgn, lem -se lombém que respeitarudirrl10 d, ,m irem de runlntpur um• opini:io O()OS la f(IUÍl'alrn le. A niiosera,sim,tsrnria 1olhidaa liberdadedenprts'liiocodi• rrirndosra1úlico,,rde lodos us amerieanos, deformarimedia1amen tt uma, opinião co meo11httim,n10dee11usa. Ve, men1 emen1eprolrslamo,e d, nunci•mos lâo1tn dendosa,alitudtstatôes.
Nunca Nosso Senhor sofreu tais acusacões ... Esla a,·"lia çâo nti:ali •·a do film e não é 1) l"t'$U llado de
um ulo rcli~iuso famlrirn. St ~s.1im íow, mui1os uul rni podcriom srr rolulado, de fan:\lir"', "Pe"'r de suas pn,içõts diíerir, m da ""~'" · A poiiçio da TH' nurt, -a merican não i nem isulada, ntm ""gerada, mas é cumparlilh ada p,or in ,·onl:h~is STAMO-NOS Al'ROXIMA NDO do 2.000º ani •·ers:irio do na sc imcn1o de Nosso Sen hor .lesus Cristo . Du ra n1 cc,s1•cno rITTcper iodo ,aS oa 11es• soa te m sidoohje1oniio súdos mai sfervorososead mirá,·eisatos dcadora(iio, mas lmnbt'm dcpéríido s ódios e J}erseguiçfK'S. Sea maiorpartconato talid adr doqu ese tlilSO· brc o fi1ITTc For ,-crdadc. os Srs. devem admitir que 111mca , desde que Nosso Se nho r parlin dc>la terra , Ele ter~ sofrid o ao mesmo tempo !ào in suUa11te acusações. l'orquanlo, o > meios para difundi -las infh,cncia nd o uITT imen so público, nu11ca foram maiores. Co nlcaisso núspro1cs1a moscomtodaa nossaalm a.
E
Condições para um a utêntico debate OSTARIAMOS dt ía,er u1n ptdido. Prrmi1amquc•T•"P eou1r"'"'1:•ní ,oç(iessemelhant~ ,·ejam a ,·ersão final do filme t publi11u cm s..aop ini ão puucos diasa n1es do lançamen loo íkial. lsiorriafáascondiçõnpara um autinticu drba te, um desacordo honesto • uma di,u~i'nda de opinião imparcial an•• o pi1blico , mcricano. t também para r,·i1ar uma blasíf mia pl,blk-a. Mn1imos qoeistoéominimoaqucos"h rig11 k al dade. Ca, .. o, Srs. conco rdem com o nosso pedido, esprnmos qut nos eunlactem logo qu ~ po,si,·cl.
G
SOCIEDAD E A~H: RICANA DE DU"K'SA DA l'IU DI ÇÀO, 1-' A MÍI.IA E PHOPHIEDAOt:
Nº454 - Outubrode1988 - AnoXXXVl!I
BRASIL
imensidade inabarcável pormenores que se repetem com encantadora fantasia
Meditando sobre
AS GRANDEZAS DO BRASIL Plínio Corrêa de Oliveira "Catolicismo" oferece hoje a seus leitores esta matéria inédita . Trata-se das penetrantes observações que, em reunião para sócios e cooperadores da TFP, o insigne pensador católico, Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, teceu sobre as magnificências da natureza brasileira, como expressões da autêntica vocação de nossa Pátria .
Ass im, na pr imei ra fo to, vemos pMle da Praia Ve rmelh a.e, ao fu ndo, a praia de (o, pacaba na; nasegund a,éae ntradadab aía qu e aparece; por fim,é a pra ia da Boa Via, ge m, em Nite rói, vendo,se ao fundo o Pao de Aç ucar
A
BAÍ A DA GU ANABARA,
no Rio de Janeiro, é, a justo titulo, considerada um dos mais belos panoramas marítimos do mundo . Muito se tem dito arespeiLO dela sob o ponto de vista da beleza natural. Entretanto , poder-se-ia analisá-la tambémsobou!roprisma : enquamosendoporexcdênciaopanorama resumitivo das incontáveis paisagens do Brasil. E, a esse titulo, encerrando em si uma síntese das belezas e da grandiosidade, 2 - CATOLICISMO OUTUBRO 1988
ora imponentes , ora delicadas, de nosso País, qu e oferecem cenário natural para que nele se reali zem os magníficos lances de sua vocação, Paraissoseriaprecisodesvenci\harmo-nos dos clichês revolucionários e anorgãnicos com que a propaganda tantas vezes apresenta o Rio de Janeiro. Esquecermo-nos por um momento de certos aspectos - infelizmente muito reais como a imoralídadegritante qu e seobservanaquclaspraias,alémdosarranhacéus, das pomes, dos elevados, enfim,
detudoaquiloque refleteoespiritocosmopolita moderno, existente tanto em Nova York, Tóquio,Johannesburg,quanto em qualquer outra mcgalópo!e do mundo, Mas que nada tem a ver com o panorama específico da famosa baia da Guanabara. Despoluída ass im a mente, estaremos aptos para analisá-la e entender oque elarefletedagrandezadoBrasil. Grandeza, sim, essa é a palavra, Percebida pela mente humana através da notícia que os olhos lhe comunicam, tal grandeza vai muito al ém da simples
elegifima beleza que agrada superficialmente o sentido da vista. Não se trata, pois, apenas de ver o azul do mar, o a\·olumado das ondas ou o oriainal contorno da baia.!! ir além.
REPETIÇÃO E MJSTÉRIO Percorrendo os vários pontos do panorama do Rio de Janeiro, no1a-se qucaformadosváriosacidentcsgcográficos se repete algum tanto. De manciraqucnãosepodcdizcrqueo observaO Cristo Redentor ab,e l.l1gamente 5eu1; braços,~oltadopuaabaia,queéopanor,1ma resumitivo do Brasil
As u.l,11,;itu do lgu,1çu: ol g,,1ndei. de uma quedadáguaaisemanifest,1magniiicamenle. de outras que há pouco vimos com semelhante contorno. Dcoutrolado,vê-sclogoqucaquek estupendo conjunto não tem uma ordem geométrica, como a dos jardins de Versalhes. Em outros termos, as ilhas da bala não estão colocadas numa ordem rígida, umas em relação às outras. Tudoémuitofantasioso,gracioso, inteiramente tropical, formando dentro do panorama geral pequenos panoramas parciais. De modo que, às vezes, poderia passar pela imaginação do observador rcconar à tesoura uma ou outra de tais paisagens, para considerá-la cm separado, e dizer: aqui há um panorama, lâ outro. Mas, de fato, isso não ocorre. A baía t algo de tão abarcativo, que se constitui da soma de todos esses panoramas. Qual a impressão causada por tão Nona cap,1: A b,1i,1 da Gu.1n,1b,1r.1, vendose,1e nseadadoBot,1fogoeoPlodeAçuur. imenso conjunto? Um dekitâvel desnorteamento. Algo tão grande, que de tal Foto de RubensUchida. Oulln focos: Ângelo hnduzo, Rubens maneira se repete - masque de fato, não se reproduz de modo estrito - sem Uchid.1, lidio Parente, Arquivo TFP.
dor passe propriamente de novidade cm novidade. ~ maravilha em maravilha, sim: de novidade em novidade, não. Há ali e acolá mais de um pequeno "Pão de Açúcar", que se repete à maneira de um eco do imenso Pão de Açúcar, do Pão de Açúcar por excelência. Há várias enseadas semelhan1es à do Flamengo. Há diversas pequenas "Copacabanas", quc rcpetem a ctlebra praia. Encontramos ilhas, na baia, que constituem surpresas. Mas ainda a[, tais surpresas se renovam aos olhos do observador mais atento. E no contorno de várias dessas ilhas, lembramo-nos
despertar sequer a menor sensação de monotonia, e, pelo contrârio, fazendo evolar de si uma sutil harmonia. Uma vastidão que, em suas próprias repeti· çõcs, renova com nola própria o encantamento de cada uma das notas dominantes. E surge a sensação de uma imensidade inabarcável, que enneiamo pode ser conhecida por inteiro em muilos dos pormenores que a repetem com encantadora fantasia. É um espaço ocupado por um como eco visual que se reitera a si mesmo de todo lado, sob vê.rias formas, sem nunca ser monótono, e raras vezes produzindo uma surpresa completa. Ficamos sem compreender nossa própria posição dentro de tão rico panorama. O observador não ocupa senão um ponto dentro disso. Sente-se atraido de todos os lados sem saber para onde voar, nem onde pousar, porque tudo o atrai. Hâ, entretanto, uma ordem por detrás detudo-aqual, um dia precisa serentendida-causadoradessaespécie deestonteamcnto,quenosfazexclamar: que perfeição! Os espaços brasileiros, que a baía da Guanabara a seu modo sinteiiza, têm cssetamanho;aalmabrasileiraaprcsenta um "tamanho" anâlogo! É um país que ali se espelha. É o panorama de umanaçãodestinadaaumfuturoimenso, mas ainda não explicitado, e, no presente, ainda cheio de incógnitas. Incógnitas anaentcs, cujo esclarccimemo exigeoesforçoda inteligência e da sensibilidade, asquaisespreitamsuaexplicitação. Uma vez explicitadas, decifrar-seão a baía como também o próprio País. Mas, desde jâ, isso chama o Brasil para uma vocação de grandeza, sem a qual a Nação não realizará inteiramente sua missão, nos planos da Providência. !!-lhe dito: projete tua figura espiritual cm toda a extensão do teu mapa. Por isso, o Rio de Janeiro, do ponto de vista de seu panorama, pode ser qualificado como uma sintese do Brasil. E o coração do Brasil que ali continua C~ TOLICISMO OUTUBRO 1988 -
3
apalpitar,apcsardeacapi1alofidalmente ter sido transferida para Brasllia. Há ali uma misteriosa síntese do País, um convite para um futuro carregado de misicriosaspromessas. Quantoseriainteressantcpercorrer, com um pequeno barco, os vários pontos da baía da Guanabara, à procura do Brasil. ..
O BRASIL DO MAR Taisaspcctosdegrandezaedemis1ério não se encontram apenas na baia da Guanabara. Realizam-se nesta com uma beleza única, poi1 ela é a pedra preciosa incrustrada num como que anel - o litoral brasileiro. Mas há qualquer coisa em nosso litoral, por onde as formosuras da Guanabara como que se multiplicam e se desdobram em nossa faixa litorAnea. OBrasildomarapresematr«hos detan1abeleza,quecadaqualseriasuficienteparadarrealccou,conformeocaso, 1ornar ct!lebre o panorama marlti· mo de uma nação. Se um pais contivessc apcnu um desses ápices de bcleza marinha, este seria naturalmente o maior ponto de atração de sua orla marítima. Assim, por e,i;emplo, Salvador (BA), Cabo Frio (RJ) ou Fortaleza (CE), ou mesmo Ilha Bela e São Sebastião no litoral paulista. Tudo isso sem falar na e,i;tensa fai,i;a litorânea catarinense, 10· da ela esplendorosa. Esse conjunto maravilhoso de tal maneira deslumbra o observador, que a seguinic pergunta aflora a seu espírito: para que um tal cscachoar de beleU5? Que história ainda deverá se desenrolar tendo por cenário tais panoramas? Eles constituem fundo de quadro para que 1ipos de homens se entregarem a que cogitações e se11uirem que vias? E quais os feitos que devem
Do Arroio Chui até o Cabo Orange, a fai• ulitorineaédeslumbrante
ali se realizar? Para alcançarem que alto grau de glória? Sente-sequecadaumadessaspaisagens é pomo alto para as cogitações de mentes humanas do1adas do maior luzimento. A baia de Todos os Santos, e nela a ilha de haparica, resplandecente ao por-do-sol têm no Nordeste uma preeminência de beleza análoga à que toca à baia da Guanabara, no conjunto do litoral brasileiro. Na baia de Todos os Santoscomoquesecondensaese reflete por inteiro a formosura de todas as praias e enseadas nordestinas. E pode-se dizer que, na região norte maranhense e paraense, já surge outro Brasil, comsuabelezaespec:ificaque reluz tão nobremente cm São Luls e assume aspectos empo!gantes e inconfundíveis no estuário amazônico. Tal é em .seu imenso conjunto o Brasil da faixa lilorãnea, considerado desde o Arroio Chuí, fronteiriço do Uruguai, e que desemboca no oceano, até as águas do Oiapoque tão mais longe,
O Braii1 do marap,esenta trechos de tanta beleza queuriamsuficientesparator• nar célebre o pano1ama marítimo de uma nação.Nafoto,omueaterraseoscul•m-
que também se despejam no mar, banhando o Cabo Orange, ponto extremo de nosso litoral none.
OUTROS BRASIS Mas há ainda tantos outros Brasis: o Brasil das matas. o Brasil i.~s rios, o Brasil das montanhas, o Brasil dos campos, para enumerar alguns deles. OBrasildasmatasjãétãoconhcddo e suas belezas tão proclamadas, que dcsn«essário é evocá-las aqui. O Brasil dos rios é, por sua vez, tão grande, que um homem poderia passar a vida inteira a estudá-lo e admirálo do ponto de vista estético e metafisico, com base na realidade geogrãfica. O mistério do encontro das. águas de ·no
Negro com as do Solimões-Amazonas, por exemplo, é 10do um capitulo à parte. Poderíamos falar no Brasil das montanhas ou das serranias. Há serras heróicas,épicas,háserraniasarredondadas, em quecada!hontanhapareceuma irmã apoiando-se suavemente em outra. A cadeia montanhosa em !Orno do Rio de Janeiro - a Serra dos Órgãos - por exemplo, é desse último tipo. Quando se viaja de avia.o de Belo Horizonte para Diamantina, sobrevoaseasserraniasdeMinasGerais.E!assào como que feitas de metal, com vegetação suficiente apenas para o minério nâosemostraremformapordemaisindiscreta.Sàoumainfinidadedemomes - asallerosas - queserepetemnum jogo de analogias semelhantes ao da baía da Guanabara, no plano marítimo. Montanhas que se multiplicam, não se Pequenasquedasdáguasurgeminesperada· percebendo bem até onde se desdobram menteemmeioàsmatas e que, mais uma vez, sugerem a idéia deumdestinoimenso.Háaliumagrandeza, cujosentidoaindaestápor ser explicitado. Há também o Brasil dos campos. Constituem-no vastidões sem fim, que apresentam, entre outros, um aspecto digno de nota: há, como que em cada uma delas, auroras, pores-de-sol e luares - marcados por zonas e belezas cspecificas - quase a dcmarcarcm a difcrençadasregiões. Segundo recordações que guardo deumaestadia,emminhainfãncia, na região de Araxá, há nela magníficos ocasos, que se diriam secos, incandescentes e avermelhados. E o solo daquela zona parece completar hannonicameante esse quadro, com apreciável quantidade de pedras de malacacheta a servirem de calçamento colorido e variegado. As vastidões que lá se descortinam evocam como que batalhas épicas, ações heróicas, glórias e grandezas não de um passado que jamais existiu, mas de um futuro que aguarda os homens, com a promessa de dias de grandeza, os quais a seu tempo surgirão. Pelo Brasil afora, tudo isso é ao OBrasildosrioslreqüentemente"'entrelaçacomoBrasildasmatas,formandopano- mesmo tempo delicado e epicamente ramascheiosdemisté,io misterioso.
GRANDEZAS A SEREM COMPAGINADAS As várias grandezas do Brasil, à primeiravista,parecemnãosecompaginar umas com as outras. Tem-se a impressão de nossa Pátria ser como um livro escrito à mão num papel magnífico ou cm fino pergaminho, ao qual falta ainda a encadernação. Mais ainda. Fazendo o levantamento dos vários aspectos do esplendor do Pais, é-se levado a exclamar: tamanha grandezatornaoBrasil-dir-se-iaquase não "encadernável"! De outro lado, porém, essa magnificé:ncia está à espera de uma encadernação. Há em nossa Nação vastidões, cm geral insuficientemente emolduradas; mas, uma vez cuidadas, com espírito deautcnticidaderegionalcnacionaloposto a mimetismos e artificialismos, podem produzir algo de uma sadia originalidade, com aspectos ainda insuspeitados. Todo esse conjunto de fatores apresenta um colorido, uma carga de expressão riquíssima. Porque o mistério brasileiro é um enigma que sorri e envolve. Nc!cnãosevislumbranenhumacarranca. Esse mistério parecedlzcr o seguinte: "Filho, não me envidencio já, mas entende que, do fundo das minhas brumas, podes aguardar uma caricia, uma promessa. O Brasildehojeviráasercomo um grandioso palácio, cujo esplendor não te intimidará. Ele será o fruto de tua própria grandeza. E por sua vez, eleteengrandeceráaindamais". Aconsideraçãoamorosadessarealidadeconstituiamaisaltafacetadopatriotismo, porque é concebida pelo amor de Deus. É procurar a voz do Criador em meio ás maravilhas dos seres criados. Quando essa voz for ouvida, terá sido encontrado o sentido mais profun~ do da palavra Brasil. Ames disso, não. Qual é esse Brasil que nos espera dentro dos possíveis cm Deus? A proteção materna de Nossa Senhora nô-lo manifestará no momento adequado! CATOLICISMO OUTUBRO 1988 - 5
R RERLIDRDE concisamente e RUSSOS LEVAM tnou ros d o Afe211.nislão . - Dian tc da inquebrantâvel resistência da gucrrilha anticomunista afegà,queporquasedezanoscombatcascropasinvasorasrussas,aGorbachcvnãosobrououtraalternativastnãoaderetirargradativamcntescusso!dadosdopais. Mas aproveitou a ocasiãoparaCQlhcrdividcndospoliticos,atribuindoaretiradaà"glasnon",oupolíticadcabenura,quccstariamudandoafacccarrancudadocomunismo. Aoqucparccc,porém,nàosódividcndospolíticosGorbachcvtiradoAfeganistão.Scgundoocorrcspondcntcdojornal francês "Lc Monde" cm Cabul, Laurcnt Zcchini, parte importante do fabuloso tesouro de Tclctapa - ou "Tilya Tape" -descobertonaúltimadécada,seguirácomasforçasdeocupação. O "Ouro de Tdetapa", do qual fazem parte 21 mil objetos de ouro, muitos deles ornamentados com turquesas, é devaloranisticoehistórico,alémdeeconômico,inestimável.
e SE:XOMANlA na escola. - Um manual comendo conselhosparaqueosjovenssaibam teraomáximo, nodia-a-dia,toda sorte de prazeres sexuais, começa a ser distribuldo nas escolasaustriacasduranteestemi:s. Vazado numa concepção freudiana-ouseja,inteiramenteamoral-olivrcto,divulgado pelo _Min(sté;io da Educaç~o daAustna (dirigido por um socialista) constitui um autêntico incitamentoàpráticade atoslibidinososnaadolescéncia. Ohomossexualismo,amasturbaçãoeoutrasperversõesmoraissãoaconselhadosaosalunoscomomeios de"diversão"para"liberaras tensões". Acaicilhaéacompanhada de um audiovisual, com vistasa atrairaatençãodascriançasque têmpreguiçadeler'.Nenhumrequinte de abjeção moral parece ter sido esquecido. Pais católicos indignaramsccom apublicação. Até omomento,contudo,nãoconstaque ogovernoaustrlacotenharecuadodeseuintento.
e VITRINE PARA o Oddtntt. - Narelaçãoentreovolumedebensproduridos eoconsumo médio por habitante, a Rússiaocupaumaposii;aovergonhosn para quem quer passar por grande potência. Situa-se elaentre o quinquagésimo e sexagésimolugarmundiais. lstoaindaé agravadopelofatode que,sendoooperáriorussopessimamente remunerado, o percentual de incidênciadosalárionocusto decadanovoprodutoébaixíssi moemrelaçãoà5e.:onomiasocidentais. Aofazeressassignificativasre,·tlaçõesnojornal"Noticias de. Moscou", o insuspeito 6 -
economistasoviéticoZaitchenko acaboupondoanuccrtarealidadeparaaqual muitos,noOcidente, se obstinam em fechar os olhos. O cidadão comum mHO, acostumadoaumaescassezcrônicadeanigosdeprim eiranecessidade,nãovêmelhorarsuatrisle situação com a "glasnost", pois se a Rússia agora importa em quantidade bens do Ocidente, estes não são accsslveis à populaça.o, a qual não pode comprar tais artigos com seus rublos -que nada valem. Pizzarias e "hamburaueres" americanos, "sushis" japoneses, cartões de crédito e livros ocidentais,tudoissoficarálimitadoaoqueossoviélicoschamam de"valyuta",isto é,àmoeda estrangeira,sópossuidapelosvisitantesocidentais. Irritados com o fato, os rus.sosdenominamessemercado ilusódio de "olhe mas nào toque", poisnão passade vitrine para o Ocidente acreditar qu e o mundonoLeste nãoétãodiversodonosso. Entretanto-refere"The New York Times" - os moscovitas agora sofrem ainda mais. Antes-comentaopovo-pelosmenosacuriosidadenaoera aguçada.Agora,tudooqueresta é frustrai;aoporver e naop(I der comprar.
e PE:RMISS IVISMO: modism o ultra passa do. - Segundo cooceituadogrupodeintelectuais ingksrs,congregadosna"Social Affairs Unit - SAU" (Unidade deAssuntmSociais),umdoscentros de estudo mais influentes sob o GabineteTatcher, asítuaçãode''desespero'' emquese encontrammuitosjovenscontemporâneospodeserdiretamenteatri-
C~ TOl/C/SMO OUTUBRO 1988
buidaàideologiado permissivismo - concepção predominante nasdécadasdesessen taesetenta. No livro "Full Circle",recém-lançado em Londres - e que já vai suscitando acirrada polêmica - Digby Anderson (diretor da SAU) e outros autores sustentam que devem ser aplicados ao campoeducacionalosmesmosprinclpiosquenorteiamacontra-revoluçào,atualmenteemcursonas áreas politica e econômica. O professor da Universidade de Ulster, Richar Lynn, um dos co-autores, propôs-se a demolir o mito do "bom selvagem" - visão romântica derivada de Rousseau - pelaqual todas ascriançassãoboas easociedadeéqueascorrompe.Aocontrário-bem acentuaLynn - ascriançaspossueminclinaçõcs llud indoavigilãnciacomunista,poloneselvagens,sendoindis- sesconseguem chegaraoMundo livre pensávelcoibir-lhesos instintos para que obedeçam à lei e ao~ bons costume,;. Mereceregistroqueeminen- lonêsforagidoimediatoasilona tes pedagogos da avançadlssima Alemanha Ocidental. Grã-Bretanha,sobumaperspcctiNIio causa assombro que vameramentenatural - inspira- tamaspessoas-em particular danalógicaenobom-sensoele- jovens - queiram evadir-se de mentares -, formulem análises um pais...::árcere. Para atenuar o como estas,concordescomocn significado profundo dessa fuga sinotradicionaldalgreja,oqual em massa, tem sidoelaapelidasalientaanecessidadedecoibir dapejorativamentepelaimprcnos impulsos da criança, srqúela sa ocidental de emigromania. terríveldope<:adooriginal Surprecnde,porém,queoórgao do PC polonês, "Tribue EM IGROMAN IA ... pa- oficial na Ludu'', tenha est ampado rera a liberdade. - Segundo esta tisticasoficiaisdogovernocomu· centemente, em suas páginas, um "lnfonne sobre a emigração", nista polonês, mais de 500 mil pessoasdeixaramaquclepaisen- redigidopelosecretárioparaquestrei983e 1984,umterçodefini- tõcs sociais, do Cardeal-Primaz de Varsóvia J. Glemp, para detivamente.Nosprimcirossctc mc-sesdesteano,onúmerojásupe- sestimular o surto emigratório. roua marcados 600 mil. Como Aivemafirmadoqueosinfelizcs polonesesnãosedevemdeslumoditadorJaruzelskirestringeao má.>.imoosvistosdeemigraçào, brarcomos"mitos"doOcidenmuitos conseguem sair da Polô- te,ondeévalorizadomaiso"tcr" nia como turistas - valendo-se do que o "ser". Na opinião do de mil estratagemas - e não eclesiástico,oamoràcomunidamais retornam .. . Assim, na alta denacionaldeveprimarsobreo Si!ésia,poralgumascentenasde egoismo(sic!), Pouco falta - é bem de dólarespode-seobteracarteira deidentidadedeumprctensoavô ver-paraqueoclérigoafirme alemào-oqueasseguraaopo- serumcrimeaspiraràliberdade!
Visão autê ntica da sociedade medieval:
Riqueza de costumes, hierarquia social aberta E
M SEU COMUN ICADO sobre a malfadada vitória
da Reforma Agrária na
Cons1ituime,publicadonaedição
de junllo de "Catolicismo", o Prof. Plinio Corrfa de Oliveira - referindo-se à idéia propal a· da por certa mídia esquerdista, e largamente a«ita pela il udida e desinformada opinião pública -escreve; AldadeMédiaéconsideradaeomo "uma ordem de coisas que- tffl• sido a sim= de todos os males capazes de ddormar uma sod~adc: i,norincía boçal,
crue/dack sefragcm, dcsporim,o
roral,
opr~o omnimoda dos
dcs,·alidos,or,aniuç.ioda.vida Jnlrl a fruiçlodosmagnatas da
ordem tspiritualetcmporal. Com ÍJIO,(esJaspcssoa.s)semos/ram
dcsinformad11sdaerudiraepcne-
m1me
produçllo historiográfica
vinda a lume sobre a Idade Média nes1ts llliimos $O anos. E a TFP lhts su1ere que se atualizem a tal rtspeÍ/o, ltndo por txtmplo
o/ivro1losubnancioso, trudilo t conciso de Régjnc Pcrnoud, 'LumimduMoymAgc'(Hm:hcrlti·Plurkz, Paris, /982).011ain da, da mesm1 au/ora, Olllra obra, rafrtz mais tlucidariva, 'Pour cn finir
a•·cç
/e Moycn Age'
(&uil,Paris, 1979)". Fazendo«oaessa sugestãodoPresidentedoCNda TFP , e procurando torná-la ainda mais a1raente, "Catolicismo" aprescmahojeaseusleitoresbaseando-senasduasobrasacima mencionadas- uma rápida visloda:srondiçõesrcaisdc,idadocamponisnaldadcMédia. Nlo podendo, num simples artigo, apresentar todos os dados coletadossobrcmilanosdcHistória,remetemososleitoresinteressados às obras de Ro!-&ine Pernoud.
O costume, uma lei que se adapta a cada um A primeira coisa que salta aosolhosdequemestudaasocicdade medievaléaenonnedi,·crsidadedtsituaçõestanioda.spessoasquamodosbens. lnjustiça, el!ploraçJo pemará talvez o lcitor habituado ao ramerrão ultra-
pau.adodosmanuaisdeHistória; nto,pelocontràrio,sabcdoria dcumasociedadeprofundamcnteorglnica,ousejadeumasocie dadequevivecomoumorganismo,ondecadacélulatemseulugareseupapelpróprios,diferentcsdosd osou1rucél11las,porém cm harmonia com elas. Oprindpiofrio,rigidoeimpessoaldcumasóleimassificantcparatodosnãouistiaentão. Excetuadasasoorma:sgeraisque decorremdaFtoudanatureza humana, 111do o mais dependia dosu10S,doscos1umesquciam mudando, adaptando-se às re-giões,àspessoas,àsépocas.Nada de mais natural. Assim, o COS· tume que regia um desbravador audaciosoinsralando-senumaterravirgem,cobertadematas, por onde andam feras, não era o mesmo para quem trabalhava uma terra com pleno rendimento; este último era sujeito, por exemplo, ao imposto anual co outronlo. NaldadeMédia,opróprio rcaimc da propriedade sofria muitasvariaçõcs:quasesempre, diversas pcs.so&$ possuíam direi-
Asfeirutr•m 05grandes cen, tr05com"cia isd• ld•dtMédia. Viiriu dtlu originamn•se dt celeb, açõts rtligious, como a dtSai nl Denis, na foto, abcn, çoadapelo Bispo.
tosdiíerentcssobrcamcsmapropriedadc. Havia também algo que~ totalmente impo$Sivd dcmoontrar hoje nn dia, ou seja, um ~m possuldo cm "francapropriedade", livrc dc qualquer tipodeta.uouimposto.Es.sctipode''franca-propriedadc''cxistiu até a Revolução Francesa, quedeclarando"livres"todas as1crras,tudosubmeteuaooontrolcd0Estadocaoju1odoimposto, situação csnque permanece att hojc. Desse modo, nlosónoclcro e na nobreza, mas de alto a bai.lodaescal.:asoc\al,cadaaarupamentohumano,ehvetescadaindivlduo,erarcgidoporuma leiprópria,adaptadaacle,àsua condição,àsuaregião,eàssuas n«cssidadcs, oqueconstituia uma proteçlo que desconhccemo!i hoje. Essa lei própria era também çhamada lei privada, "privi-lcge"; portanto, sem nenhumaironia,esemcairemçontradição, podemos afirmar que naldadeMédiatodoscramprivi-
Na gutrr•, aobrigaç.lo d.1 luta er.ado1nob1 u.Osservo1e1lanmdeladispt nudo1.
C.~ TOUCISMO OUTUBRO 1988 - 7
legiado,. Mesmo os criminOSO$ eram privile1iados. pois deviam serjul1adosscgundoocostume de 5ua regi.lo de origem, enlo doluaarondecstavamscndojulgados. Profundo5Cllsodejus1içaquecontrastacomnossaépoca. Mui1osignifica1i,·o-para medirmos a força do COllU• me,csuaimportilnciaparaobem estardopovinhomiúdo- éo exemplodaaklciadcCoonozouh(l) Desde os tempos mais remo1os,oshabitan1esdcs,apcquenaaldeiadosuldaFrançatinham odireilodccxplorar a lcnhada norcs1avizinha,aqualpcncncia ànobrefamiliadoslaRochcfoucau/d.Ousoracionaldcssalenha assegura,·aaprosperidadedasimpàticaaldeia.poisalémdeforneccr-lhe o lume. permitia 1rabalhosdccarpintaria.Assimfoiduranie skutos, até a Revolução Francesa,queabolindotodo1os privilégios, aboliu esse tamb,ém. Porém, os habitamcsdc Counozouls, sem se importarem com a Rcvolução,continuaramexercendo seu direito de uso, mesmo na auslncia dos La Roehdoucau/d, obrigados a fugir. Uma vezpanadaaborrucal'C\"olucion:liria, os tegltimos proprittários ,·oharambsuasterras,emamendoa bencvolincia própria à era pré-rc~olucionária,rC'COnheccram aosalde:lcsseudireitodccominuarauploracãodaflorcsta.lsso durou até o início do Keulo XX. quando então um indu strial de nome Jodot comprou a propriedade dos LaRochefoucau/d. Quisonovodono;mpectirou,o daqui!oqueera.segundoalei
A triatio de •nim• isdomrstitos, • feitu1• do plo slo •lguns dosupettosd•g••ndevuied•dcdetr,1b•lhosquedav1m•os ,t rvos d•gl ebaverdadei,,1felicidadedesilu.çJo
8 -
moderna,asuapropricdade.Os habitamcsdeCouno.wu/sn:lopodcriammaistirarlenhadatlorestacomoo,·inhamfazendoháséculos.Uniram-seelcsem:loeC'o·iaramumscureprescntanteacstudardirei1onafaculdadedeToulousc, para formar-!óC advogado e assim melhordcfendero,ime resses da aldeia. Levaram o ~a }~/ ~~:,iia~oes1~º;;:g;i~:;~;ifsf~ scculardequcgoza,·amprevale· cessesobrcaleihodierna Ainda hoje os habitantes dcs,aaldeiaexercemsobreatloresia os mesmo, direitos que seus lonilnquosantepassados. f umaso1adcldadeMédiaemplenoKCulo XX.
l
O servo da gleba Nunca será suficientemente lembrado que a Idade Média abo\iuoomp!e!amenteacscr.nidAo. AccitaporinteironaAnti güidade,elades.aparcccuapartir domomcntocmqucaSamalgrejaCat61icacomeçouadirigircom ,ua intluência ben~fica os dcsl i· nosdospo,·os.Scràsomemecom o Renascimento. no século XVI -oqualdccrctouscraldade Médiaumaépocadetrevasede atraso, e a Ami&üidade clissica omodeloase1uir-quereapare· ceràal'$Cravidão.aqualdurou até o skulo passado. Pergumasc emto: onde as trevas e onde oairaso? Na Idade Média.um grande númcrodccamponesescrnm homenslivrcs,pcquenosproprie iirios,arrendatáriosoucolonos. Ou1ros,nas,pocasdeinseguran. ça,dasinvasõesedasguerras.ti· nhamidobuscarrefúgioeprote çto junto a um senhor feudal, jun1oàqueleque linha pode· ,a radefcnd!-los.Emtroca.e!c, _ vamumapartede5eustrabalhos
derno.oh1ado1odo-poderoso. cnãopode1ran,mitirolo1eparaseusfilhos(2). 1'·1a,,hi\aindaoutras,aruagens imporiames cm ser""".º da gleba. Vejamm. O se"o não1em qualquer tipo <le re,pon,abilidadc ci,il. ou seja, ,e algum l"a,·alo ou alJumboifereala uémoucau<,aalgumes1rago . o re<ponsà,·cllegal éosenhorfeudalquede,erire· parar o mal fei10. O se"·o não tem também nenhuma obrigação mi!ilar:aauc-rrapodevir.asbatalhas es1ruairem, ele cominua Esses foram os servos da tranqüilo com sua família a !O· gleba, cuja condição servil. cm car seu trabalho, mesmo se seu partercmini~nciadaextintaes- campoouscupas1oes1ejamvizi cravidãoantiga.defa1opouco1i- nhosdocampodcbatalha Tais '"anlagens, o pequenhadeoornurncorncla.Comotodos. eles também 1i,·crarn seus no proprie11l.rio rural medieval privilégiosesuasobrigaçõcs.Fun- jànãoas1inha.podiasercomo damcmalmenledífcremedoescra- cado para a guerra. e se algum ,·o,consideradocomomcroobjc- Cilragofossecausadoàssua,plan10,osen·o, uma ,·ezpagooque tações, não possuía um seohor de,caseusmhor'.podeacumu- aqucmrccorrerparaobterrcpalarbcns,epossuir,porexemplo, rações. f ,·crdadequeO'i 5enO'i umacasanacidade,·izinha.Scus oão1inhamdirei1oaseça53rfo-filhos herdam dele. Escnaopo-- radoslimitesdodominioscnhorial. Ena medida - uma 1entatidcabandonarseulugardetraba lho,amenosque5ejaparafazer va dos 5enhorcs feudais de cvitar umaperegrinação,tampoucopo- apartidadosscrvosdcsuastcrdc ser cxpulso pclo senhor feu- ras-semprecombatidapelalgre· dai: ou seja, em 1ermosmoder- ja.foiabolidadesdel154porin· n01, ele tem garantiadcemprc - 1ervençaod0Papa Adriano IV go. S6es5esdoispontosasseguram amplamente a superiorida- A história de de da condiç~o de servo da glc- Constllnt Leroux ba na Idade Média sobre acondiçlodt ... ccrtotipodeas.semaA vida dos ser,os da gle dobrasileiroemno=dias! Com efei10, 1al =ntado banaldadeMédiathojeperfeipodescrupulsodaterraaqual- 1amen1cconh«idaa1ravésdosdoquer mamemo pelo senhor mo- cumemosquechegaramatfnós.
CATOLICISMO OUTUBRO 1988
Se<~oid• gleb• ar,mdo e scmeando um umpo. Fortes e bem disposlos, sua sih1açJo er., muito superior.ide um "•ssentado", segundoa ReformaAgr.iriabrasileira.
llm1randoenefato,podcserlembradoouabalhodotrudit0Jac quesílrous1,11rd.citadoporRéginePernoud(l),oqual.peloestudominuciosodos'"cartulàrios" - ou <eja. dos regimos onde eramtranscri1ososdi,ersosatos de ,endas, compras e doações, especialmente do cartulário do mosteiro de Ronceray-conseguerecons1i1uiravidadeumser vo,comooshouvemilhares,chamado Constam Leroux, servo dosenhordcChanroccaux. Esse Constan1 foi encarregado pelas religiosasdailuardadadispensa e das vinhas do mosteiro. Após umccno1empo.asrcligiosasconfiam-lhe umacas.a. com um forno para fazer piro e outras ~inhas. llli quais tinham sido em.io legadasaomosteiroporuma,iú,a.Maistardeumpouco.s.ãoalgumasterrasarheisepa.s1osque lhcs.ãoen1regues.Detodoscsscs bens,mc1adedaproduçãofica1·a com ele e outra metade com o mosteiro. Nao contente com !óCUquinhão.umbelodialeroux entabuloune1ociaçõescomasreligiosasecstabeleceuumcon1raco com elas pelo qual passou a dever apenas um preço fixo. o quelheera,·antajoso. Sa1isfello,Cons1amLcroux ntoopermaneccupormuitotem· po.Sabendoqueasreligiosasacabavamdere<:eberemdoaçãoou-
ira vinha, maiordoqueasduas outraselivredetuas.aqualjuscamen" era vizinha das terras querulth·a.conseguiudasfreiras que lhe fOSKconfiada a dita ,·i· nha, a ticulo vitallcio desta ,·ez ~!ais tarde enfim, sao mais dois pastosqueobte-.·edasrcligiosas Nlo tendo filhos, Lerouxcoiwidou seu sobrinho Gautíeresua sobrinha Yseult a residirem com cle.Aofimdavida,pcdiuquc todasasicrrasquecultivavafossem transmi1idasemherançaaseu"'1brinho. com as mesmas ,·antagens de que desfruna,·a, o que lhe foi concedido Para terminar. sua esposa Gosbersc in,rcssou como freira no convento e leroux tornou-se mongenaabadiadeSaintAubin! Eisaioparadiamados.ervodagleba:camponhespertoe trabalhador. sabe melhorar suas condiçõesdevida,ruidardescus bens e de sua familia e, após umavidaquepoderiaparccerexcl usivamentevoltadaparaascoisas materiais, abandona tudo e voltaseusolhosparaoCéu!
A cons ta11te a sce,rsào s ocial Asocicdademcdieval,profundamentc hierarquizada, nlo era cm nada uma coletividade de castas inacessíveis. Os casos
Pris1o de um c,imino"'1(minia· tu, , doséc.X IJ J. El c de ver.iser julsado seg undo o cm;tumede wa regi1o de o rige m, o q ue comli luiu mprivilégio.
deascensaonaescalarocialsão constanttt. Citaremos aqui dois casos cmre mil, que mostram quantoffalsaaidéiadequeos ahoscargos.tantonaeliferatemporalquantoespiritual.eramcxdusivamtanl&l'rcstrvadosaos ''orgulhosos" fi lhos da nobreza. Naprimeiramctadcdosé· culo XIl, nasce nos arredOrcs deParis,deumasimplesfamilia de servos da gleba. um homem cujonomeficoufamosonaHis· t6riadaFrança: Suger. Bem cedo, seu pai manda-o estudar na escola mantida pelos monges da vizinha abadia de S..im Dcni$. U,Suaer"tudaladoaladocom opr6priofilliodorei,ofuturo LuisVl(4)!Rcunidos.sobaféru ladomonge-professor,oprinci· peeocamponk,semqucumse jarebaixadonemcnaltccidoooutro,masoonscrvandocadaqual seudevidolugar.Dcsejosode tornar·semongc,ojovemSugcr entra para o convento de Saint Denis, do qual se tornará posteriormente Abade. Sobsuadireçllo,éconmuídaabasllicadoconvemoemhonradosantomártir, na qual pela primciravcznahist6riaêusado o sistema acnial do cruzamento emoa.iva,qucdeuorigemaoes1ilog61icoeimpulsionouaconstruçlodascatedraisemtoda Eu ropa. Aindawbsua inspiracllo diretasaofabricadososfamosos vitraiscujascore•fabulosasconstituemumm!stérioparaaciência moderna.OpróprioSuaerexplicaque,paraobtero;uul,oordominantedovitral,oazulinoom-
par:hcl,oazulcmtttadopuro, ele mandava esmasar ... safiras! Em vàotentou-sereproduzi-lo ... Amigolntimodorei, éSugerquemescolheabandeiramilitardosreisdeFranca,acélebre "oríflammedeS..ín! Dcnis"cujonome"chamadeouro" sere· fereàscoresqucelapossui:,·er · melhoedourado. Em\148,orciLuisVll,levando a oriflamme, pute para acruzada.Sugeréentàonomeadorcgentcdoreino!Ondcode!iprezo.aexploraçlo.oesquccimemo da classe humilde? Enfim, devoltadacruzada,satisfeitíssimocomaadministraçãodomonge,oreihonra·ooomosolenetitulode"paidapátria"(5) Monae.abade,construtor deca1edral.ino,·adordetécnicas arquiteturais, anista genial, chefe p0lítico. resente de França e "pai"desuai»,tria,ei;scfoiSuger, um liomcm do povo. um simplcs filho de $Ctvos da gleba
SugH(wilT• l dcSai n Dcni s,séc. Xll).filho de1e1vos dag leba, lo rnou·se .1 b.1de de Saint De-nis, ino vador de técni cuarq uitelurais, ut ist.11eni1l,chego u ase, regente de Fr• nça
devistaespiritual,ecomarande singificado hi11órico. deu-se sob scupon1ificadoaimpon1nteoon,·ersao de Estevlo, chefe dos M3&Yars,paraqucmSilvcs1rell mandoufazereenviouum1coroadeouroeconcedeu-lheotituloderei.Maisiardefoicanoni;ea do, e hoje o veneramos oomo SantoEstcvto,reidaHunaria(6). Silvesm II, Vi1àrio de Nos"° Senhor Jesus Criuo numaépocaemqueosuprcmopo· der espiritual era também rcconhccidocomoosupremojuizentre os Reis, provinha, oomo o abadeSuger,deumafamiliafrancesa de humilde condição. Seu nome era Gerbeno. tendo sido mongeemAurillac. lk11of1 lkmelmans
-·
(l)Cfr. lép,thr-,,1, "Hiw>ire<ltla
Aoapro~imar-seofimdo segundo milenio, tal,·ezo leitor se terá perguntado quem era o Papaquedirigiaalgrcjano ano 1000. Tratava-sedeSuaSantida· de Silvestre li, elei to em 999e qucDtuschamariaaSiem 1003 Muito dado à matemàtica, que Clitudaradcsdejovem.seupontificadofoimarcado,doladotemp0r1l, pela introduçiodefinitiva dosalsarismosarábicosemsubstituiçãoaos romai;ios. Do ponto
bour,coi!Ó<mF,M<c",ed.Souil.Paris,
1~.,.11.w.,u.,n.
(l)Crr."Co,olíciuno",n' .,.7,março <l<l9H,p.l0.
=:~ ~,;.,;': :.=
(J)l&C\l"<>Brou1wd,"Ll,itcnAnjou ~u IX•" Xlll slkl<"", U Moy,n ,-.,,.
~-~
~~~~:
Sloct,P.,io,l~l.111>.l'~ISO;eín"Pour
;."~~;~~ it
MO)'Oft ....... ,
ed.
S<uil,
(~!Uain<l'<nloud,"Pour11111nir ...",p.lJ. !'lltai,..l'tt-..cl,"Utoutokfrllll<>< Médikal",pp.\1<1,9',IOS. (6),\iOCllaoSaba,"Slorild<H•Cbiao", V'ID<lD<T,_or,eo.Editric<Torinemo, Torino, 19".•ol.ll.pp.2-'l· l-M.
ü\ TOUCISMO OUTUBRO 1988
~
9
Discernindo. d islingu,ndo, clossif1condo ..
AÇÃO PSICOLÓGICA DISCRETA Leis, 2• cdiçlo, Sio Paulo, 1982,p.27). Exemplo c:ir-:i.c1erís1ico dess~aç:lo''discreta" dcconsp!r:idorcs nos t': fomccido pe· lo hi$toriador fr:mc~ l'r-:i.nçois Bluche em ,5eu lino "A vid.l quotidiana no 1empo ele Luiz XVI " (Machene, Paris, 1980).
U
Como é gcr.ilmcntc admi1ldo,0Jnícioefc1ivo da Rcvoluçio Francesa - a qua l prosseguiu depois com a der -
M DOS M!TOS que a
Rcvo!uçlounivc~1cm sido m:us ciosa cm espalhar e manter é o de que 1 ~ ;;~ gl,oso, politico, social, ccon6mico ou dru costumes - 5C fazem csp0ntincamcmc, por incootenfrel~popubr Ora, afirnu o Prof. PU· nto Corrh de Oli\'eira: .. Produúr um processo 1io cocrcn· 1c, tio contínuo, como o da Revolu~o. atra,·~ <'.b..s mil ,,;. ci55i1udcs de stculos inteiros, cheios de imprevistos de toda ordem, nos parece impo!óSÍ· vel sem 1 açio de gerações su· ccMlvas de C0115piradores de
~~~a;:m '~;~.:i~
l
~~a~~c. d~s ~~~ºj~~:· e~~:
'Nesta Idade de ouro do sufr:lglo unh·crsal. o povo
parcccd,spcn~rcons.:lhosJYJ· r:.1ob1cruma!ciclcitor.d,cpar:.1
orientar a escolha dos can·
didfü)S do Terceiro Estado:
e, no entanto. es1c c:,;ército (que é o povo) sem oficiais, manobr-,com um;i unid:idcesp;1mOS<1. De uma ponta à outr.a do Reino , pe:ssoas que rdo scconhcccm,qucn1operccna:m a nenhum p;trtido(estei; nio cxis1cm aind:I) pt"dcm ca-
da um por sua vez a duplica ç1o dos membros do Tercei ro f,51ado nos Estados Gerais
\~m ;~"~~ii ~cº~Pf~~~:'o). Após o envio, em março, de
v~o, por Luis XVI, em 1788, dru Estados Gerais, ;,s- quei:,:as 110 SC"melh:mte:s que SC"mbléia que originariamente se creria rcdigicb.~ mm h:ue sedcstinavaatraurdeassun- num mesmo modelo pdo tru econômicru e fm:mcciros mc=op:mflwrio,1cxlnl'r:i.n· e que depois se transformou ça teme 0$ bandidos cm mcana dir~o ,·lsí•cl da Re,'Olu- dO!I de julho e no fim domes ~o. Fazbm p1r1edos Estados j~nadamaisteme.D;iiemdi.;m Ger:;us deputados d:i.s trCS or· te ela p1ss.a a ser protegida pc dc,u do Reino: Clero, Nobre- 1 11 Guarda N1clonal. Esta úl!i· u e Terceiro Estado (es1e ti - ma brotou da terra em cinco nha seus deputados eleitos pc· dias e obcd<:c!~ j ,n!J,·ra de lo povo em cad:I Província). ordem dos clubes( ... ). A har FrançoisBluchenosmoo- monia pré,csrabclecida que
~;;~~~~~~~~i(_\u: f:~ ~~ ~~~t~~i;~ p;~:,:;;:,,C~ ~el:~~t;~~ a~ ~~~t~i~:i~~~ 5
propulsons da Remlu~o 1~m sido maniputach5 att': aqui por agemcs ~jpdssimos, que de· bs se tlm ,5ervido como meios para rcaliur o processo rC\·olucion:lrio"' ("Re,·oluç:lo e Comra·Revolu~o", Di:íriodas
que inclui a elei~o dos dcpu· taclo!I do Terceiro F-5tado e o runclonamcmo dos Estados Gcr:.iis - um3 ~ocon5pir:i.fôria discrc1a condul.ia os xontccimcmospormc,odem:mo-bras psicol¾ic:i.s
SANTO AFONSO E O VOTO DE NUNCA PERDER TEMPO
familia
SANTO AFONSO Maria de Liaório nas«u de nobre na. poli1ana. Seus pais, para..Jva.11uardar•lhe1 inodncia, nJ.oquisc:ram que 1ua «tucaçlo se: desse: nos colftiOI p6blicos. Trouxeram então pa. n, OI mestra mlis fam~. Sua dedicaçlo • conS!lncia no tstudo íoi coroedl do mlÍ!I brillw11e iUCQIO. AOldCZC$$CÍlanol, OIISO\I 1prcsmw-w diantedoCon· sc:lho dl Univenidadc de Nipolcs, pari faur o CX&me de douaondo. Os uaminadorcs, auombnidoi pdl sabedoria de iuas raposlu, precislode 1uas rfplicucconhccimentoprof11ndodasm11éri.uariui· das,outorpran,,!he, porunanimidldc, 01lullodcdoutoremdirci10
,;anõnlcoecivil.
Afonio pa,,iou a""~ com b.iao I prori1slo de ad,·opdo. Seupaipreparh1-lheumpnn<1pcsc0,;aurnen10,qu1ndoelcresol,·cu lb-lndonar OI tribunai1 e entrcpr·K inteiramente a lk,15, OrdenadoNOcerdote,íundou1ConveptlodosPadre1doSan· o, redentoristas - e foi eleito Bi1po de Santa Águe·
:/!'~':' ~:'.º' -
~::= ~l':,!':~ ~f.,"j: ~':;~';°c:'t.::f~ :.::.rtver lO 8.:f:'io~~~~l·;:;.~:~.:i~fi:: Oedicou-1e,duran1etrczcanos,ircform1dodffoedo1cos111.
"'"I nu-
de L~nrfor,~.q~~~o dul:ido$p&ra61lin,uas. Do mwnal • das tradllÇÕCS foram pu.b]içJ,das 17.tll edições, att o ano doe 1940, dia.a dl publicaçto do livro do Pe. Bayoo.
10 - CATOLICISMO OUTUBRO 1988
1
m:isccmenasdc discrctru che· fes de orquestra Em Oijon, os qu,· dirigem a encenaç.lo qu;isc n:1o chcg;;,m a ,,;me(... ) "'Tals cuidados, tal 1:íli· ca, 1ais esforços t:1o pcrscve· ramcs quanto discretos esca·
pam ~ multidão e mesmo :Is pessoasnod,·e,slndcpcnden tes( ) 1-:mc:Jdactap:Jtbprc par:ição dos 1-:stados Ger~is u comitt regional ou local diri ge com t!lm~ arte quanto dis cn-çjo 1 manobra inl'isfrd 1":n=mblt':ias,·tcm-.5e,de modo quase monótono, de um lado os conspir~dores, na maior pane burgueoes. com 5eusparcmcscamigns:deou tro lado um J)úblico do povo miúdo,jJSC('rcramcmctr:1hal/J:Jdo,c,crnprcf;icildcscdu-
zir pel~ lógica simplista das idt':i;ure\'oh,cion:lrias( ... ).At<" que sejam elcltososdepula dos d:.is pr<Wind.1,\ n:lo cm proporç-lo da gcogr:ifia, da dcmogr~fia ou da «-<momia, ma.s de modo a que os clubes urbanos t"·esscm urrt:1. maioria na íutur:.1 maiona comlnua a descnvol,·er·sc a ex1r:iordin;lria aç:lo ps,cológi c:1condu1.id:lporC55Cpllnha· do dt, ad\'Ui_CldOS
15/UCÍOSOS
Logo que wdo o tr-:i.balho fi. couconclufdo, rcgiiupor re gi1o,osparticularismoslocais ccder1mpassoaumnovocen· tralismo - mais rígido que o governo real de Lui~ XIV e que t pudicamente b:ni.t.1 do de 'concepçio n;,cional' ou ·patriotismo'" (pp. 41 ~,"íl, destaques nosso:») Vto lcitoralgumaapli c:1ç:lopar:.100SSOl!idias' CA
Sant0Afon1oexi1iaquea1ediçôcsdesuasobrufouernesrne, nadas,impecàvei1tl>ela.,empapeldcqualidade. Pois, '"obompapeJ - «e-revia csplendo, ; impreWo e convida I ubon-1r o que diz o 1u1or. Qu1ndo o papd é ruim, os ripo1 r,a=m ruins e ut o qwdizocscri10,panceme11mrazoável". Tam~ descuidava d0$ rccursot dl p,iblicidade, com pltno a.:eno psicol61ico. Utiliwu volantes de 111bscriçlo para as obru de arand• pone, como a Moral, anúnCÍO$ m1 jornais < prOIPfC!OS. Corn rr"'!iimcia, m1...,. li"fm fez publicar a liwl das º'Obrai do mamoAuaor". Altm de5"' prortcuo tt1balho imeleclual, Samo Afonso, QIJ< r,. ar.1ovotodenuncapcrdcrtempo,dedkou·ocdut1ntccrint11nn1ao apostoladojun1oispopul.açl,,c$mais1Nndonad&I, Como Deus prova aquela a quem ama, Santo Afonso pa.s,011 porindizlvcisiofrimentos. Fonesdorcsdeo;abcçaed,;,oisdccolun1 fiur1m,;urvarpronunci1damente'"ucorpo. Ficousurdocqu1sc:e<10 En1reranco.01sofriment01morai1foramm1i1terrivei1. Tinha 8Sanosquando,dcvidoacalúni11deseu1 filho1espirituai,,queenredaramopróprioPapa,seviu<xpulsodaCon1rtpção que,lem<1mofundara. Sorr,u tam~m 11~ o rim da vidl acerbai temacões comr, a pu· reu. "Tenho 88 anos - dizia um dia entre ltarimas - t o fo,o da minh1juvenrudeai11dan1o .. ex1foguiu''. Com a Idade de 90 lnOI • 10 meses, tendo <ntr< u mlos uma Ím&Jffll dl Santlssima Vir1em, o:pirou doC<mcnte, em 1• de ~ o de 171J7, quando repicanm o, $inos na hor1 do A/lli'lus. Seus fu.ntrail for1m a.companhadoi de numcrosos milajrcs. PHloFnincúroM11rtos
d'
N
~SCID. O na ou.rrora tranqüi la e reli-
giosa 8<',lo Honzom e, Frei BenoentrouamdacriançaparaaA\'âOCatólica. Ecomoacontcccuàmaioriadosjo,·ens que aderiu a esse movimento , foi ele sendo levadocada,·ezmaisparaaesquerda,acabando,paraefcitosconcrctos,praticamente comumsta. Em 1969, já como noviço da Ordem
Dominicana, Frei Bettocom outros irmãos dehábito(e:xpressàoqu e hojeix, rdeu seu sen tido ... ) ,tambémoriundosdaAçàoCatólica,
foramprcsosporenvo!vimentona guerri!ha comunista de Carlos Marighela. Depois de passaralgunsanosnaprisao, Frei Betto (que nãoqui s se ordenarsaccrdote) foitraba· lhardiscretameme comomovimentodasComunidadesEclesiaisde Ba-
Bispos, entre os quai s D. Luciano Mendes de Almeida . Nela, lê-se o seguinte curriculum viraede Frei Beuo: "Arua/meme assessora CEBs no Brasil e na Nicrmlgua, a Pasioral Operária de São Bernardo do Campo e a.r ll• la;iús lgnja-&tada em Cuba" (CNBB/ CIMl/ Carlos R. Brandao e outros, /ncu/iuraçaoeLibertaçao, Ed. Paulinas, 1986, p. 229). Se a atividade do frade esquerdista é toda ela em favor do comunismo, emespecialode!inhacubana,suaspalescrasnãofazem exceção. Na referida "semana teológi ca",FreiBenorepete 05conhecidosataqucs marxistasàSantalgreja e jáprocurapreparar os Bispos e religiosos presentes, para viverem sob um regime comunista. Afirmou na ocasião que "na América
sc-quevinhasubstituir
os movimentos de Ação Católica-,nacidadede Vitória-ES Já pelos fins dos anos70,quandoachamadaTeolog.iadaLibcrcação (queéumapretensajusti ficaçãoteológicadocomunismo)começouaganhar notoriedade, Frei Betto, traruferindo-separaacidadede SãoPaulo,tornouseumdoscorifeusdessa corrente político-religiosa. Ao lado de Frei LeonardoBoff,elepassouar~berumapublicidadedapartedosmeiosde comunicaçãodemassa,queantessóerareservadaàgrandevedete daesquerdacatólica dos anos !950-1960: Dom Helder Câmara, o Arcebispo Vermelho. Mas,oaumentode notoriedadedosingularreligiosolheveiosobretudode sua estranha ligação com o tirano comunista de Cuba. O livro de propaganda que escreveu sobreFidelCastro,graça.sàorquestraçãocomunista que se fez em torno dele, projetou o nome do frade pró-comunista no cenário internacional. Hoje emdiafreiBetto,alémdeparticiparde"encontrosteológicos"promovidos pela CN BB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - ou de encontros nacionais das CEBs, viaja continuamente para Cuba e para a Nicarágua como "assessor" desses governoscomunistas.Enoanopassado,juntamente com Frei Leonardo e Frei Clodovis Boff,fezàRússia,aconvitedaigrejacismática russa, uma viagem sui generis, a qual foicomentadanasediçôesdeagosto esetembrodenossarevista. No mês passado, o governo soviético convidou Frei Bettoaassessorá-lonapoliticareligiosarussa,nalinhada "perestroika" -gestoquerepresenta,certamente,deferên ciaeconfiançaúnicasemrelaçãoaumreligioso esuangeiro ..
seguir sobreviver demre desse tipo de modelo sociolepolfticoqueestásurgindo nocomineme", escreve ele (p. 196).
Utura~•, tnbaHsmo e TFP Mas,paraque essa"novalgreja"possasurgir,tprecisoque se crie umanovalimrgiae uma nova espiritualidade, mais de acordocomasdoutrinasmar~istas e jám~io tribalistas da Teologia da Libertação. Diz Frei Bettoque "a Teologia daLibertaçaonllo chegará ao .seu objetivo de criar um novo modelo evangélico de Igreja se não seapropríarda/iturgiaedaespiritualidade" (p . 194).Ecomoserácstanovaliturgiaeespiritualidade?Ofrade 1ubversivo,depoisdecrilicar como"européia"aliturgiacatólica,elogiaocandomblé "onde wdaacomunidadeéprotagonista'', "rodososelementosdavida sAoenglobadosnalirurgía:a. música, a comida, a roupa, as cores, a dan ça"(p. 194). Para exemplificar, narra o dominkano que no Sínodo havido em Ro~ ma, em 1971, um Bispo africano negro convidou os demaisBisposparaassistiremaumfilme coloriclode umaMissarealizada emsuaDiocese.Escreve FreiBetto:"Num rroncodeárvore esravamas espécies cucarís1icas, e os negros em vol!a, de tanga, o corpo pintado, barucando, e as negras, também de tanga, rom os seios à mostra, de corpo pintado, dançando. Ai - prossegue ele algunsBisposficaramindignados,se levanraram, protestaram: 'Nilo é a liturgia da lgrcja, isso ai é uma blasfêmia'. Enrão o africano disse tranqüi/ameme: 'Pode não ser a de Roma, mas da fgrcja é, porque, se n<\s alricanos tivksemos evange/izado a EurOJ]ll, os senhores estariam todos de tanga dançando em vo/radoa1rar"(pp. 194-195). Evangelizar apanir de cultos pagãos? Então evangel iurnãosignificamaispregar oEvangelhodeNossoSenhor?Adcmais,comopoderiampovosimersosaindanabarbárie {co'!lo eram, em geral, no século XVI, os daAfrica) impor-se à cultura européia? ~!~ª~r:!~. questões que Frei Betto prefere
Cuba, Teolo91ia da Lliberéa,ão e dan,as érllbalis
1ncu1tura9i10••• marz•sta Temos em mãos uma publicação que transcreve asconferf nciaspronunciadasem uma "Semana de Estudos Teológicos" promovida pela CNBB e o CIMI (Conselho lndigenista Missionário), presem esinúmeros
Latina nao há possibilidade de se fazer um trabalho sü io de evangefüação sem se conhecer o marxiJmo" {p. 197). "Evangelizar", evident emente ai1emosentidodesubverter, levaroscatólicosparaaesquerda,paraosocialismo. E FreiBetto é fiela es5Cmarxismo,aoacusara Igreja de ter agido como "cúmplice do domesticação 011 mesmo do genocfdio dos 1íidios", como instrumento da "opressão"do Estadoburguêsemrelaçàoao,pobresetc.{p. 187 - destaquesnossos). Então, segundo o dominicano prócomunisca,algrejanão teriasidosenãouma espé<:ie de "mediadora" entre o "Estado opressor"eos"pobresoprimidos". Elateriaservidoparaqueessespobres nãoserevol1assem contra o Estado. Entretanto,cominuacle,como_novotipo de &tadoque estásurg.indonoContineme{os regimescomunistasdeCuba e Nicarágua)essa"mediação"não é maisnecessáriaealgreja perderia sua razão de ser. "Devemos peruar - escreveele -oquesuáalgrejanofuturo destecontineme.Nãonosenganemosachondo que a Igreja está de tal formo enraizada na AmlricaLatinaq11enão vaidesaparect'r"(p. 193). Ficapostaaameaça:oualgrejasetransforma,adaptando-seaonovoEstadocomunista,ou é destruídapor es te.É evidenteque paraofrademarxistanãotemsentidoapromessa de Nosso Senhor da imortalidade da Igreja. Paranãodesaparecer,alg.rejadeve tomar ascaracteristicasda"l greja"novaque aTeologia da Libcrtação está tentando criar por meio das CEBs: "Só uma Igreja vinculada com o proje10 popular( ... ) que es"i sendo gestodo noscomunidadesde base, é que voi con-
Essa "liturgia" tribal e fetichista ir mã de uma teologia mar~i sta caracteriza bem o fim último da Teologia da Libertação, de um mundo ao mesmo tempo comunista e tribalizado de que trata o Prof. PlinioCom:a de Oliveira em seu brado de alerta lançado eml977(portantohájáonzeano,!): Tribalismo indígena, idealcomuno-missionáriopara o Brasil do sliculo XXI (Ed. Vera Crui, São Paulo, 1977). Face a todo o exposto, compreendese que, nesse mesmo artigo, Frei Bettoa1aque a TFP, mais especificamente as "versões que a TFPremdora1olicismo"(p. l97). Essas"versões"nãosiloseniloafidelidade àdoutrinacatólicasanta e imutável,talcomo a proclamaram Santos e Doutores, Papas e Concfüos. LuisSérgioSoJimeo
CA TOL/CISMO OUTUBRO 1988 -
11
Frutos admiráveis de um governo verdadeiramente católico NuMESTADOemquctodos-desdcomalsaltogo~nantcatéomaishumildcdossüdicos-praticassemosDezMandamcntos, tambtm do ponto de visiamatnialseriarnadmir:lveis osfrutos. ÉoquccnsinouSantoAgostinho,numa~lcbrecanacitada por Lclo Xlll nacncíclica/mmo,10/e Dei. A falsa sabedoria dosqueviamnalgrcjaumobstáculoparaoprogrcssotemporal foicondcnadapcloSantoBíspo
dcHiponanosK1uintcstermos: "Os que dizem que o doutri-
no dt Crisro I nmtrdria ao Mm
do Estado dhm-nos um exlrci10
de roldados 1ais roma os foi a doutrina de Oisto, dhm-nos 1ais 1o~modomdepro,·11lcias, tais maridos, taisl!:Sposas, toispaú, taisfilhos, taisml!:Strn, 1aisKr~,1oisreis,taisju{us,1oisrontrtbuUltl!:S, en.fim, eagentesdofu-
co tois como os quer
II
doutrina
cristd! E erudo ousem ainda di~er que ela I canmiria ao Estado! Mu/10<10:to~, poitm, não hesitem emrorifessorquet'laéumagran-
~:aS:J;ªf;;!~/?~[:,pi~t.~;;~ al.5-adMarcellinum,cap.lt, n~ 1').
Esst ensinamento de Santo Aaomnho nada mais f do que um desdobramentodopr«:ei1oe-·an1tlico"BUSC11iemprimeirolugar 0ReinodeDellSeasuajus1iça.
e todas essas coisas vos serão da-
dQS ,eg~eÍ~ts;~;~J';'·c~·n:~~'. mar suas atitudes com os Do&mas eaMoraldaSantalgrcjaestáreservada,pelaprópriaordemnaturalducoisa.s,adosedefe!ici-
~rç~~ cf!11R~~:e~~ Ev:, :~i1~d~; 0
0
nestevaledeligrimu. Foramestasasreílexõesque mevieramaoesplritoaoler,numa velha antolo&ia caMclhana (º), notjvelpeçaoruóriadopresidenteequuorianoGabrielGarcia Moreno, auauinado por ódio à FC em 1875.Assumindoapresid!ncia do Equador. em 1869, procurouelerealizaremseupaís um perfeito Es1adoca16lico. Os excelentesfrutosdetàonobre apostoladosãoevidentes,como poderio nonos leitores ajuizar pelotcxtoapresentadoaseguir. TTata-5edetxtratosdodiscurso quepronunciou,diantedoCon, gresso do Equador, cm 10 de aaostode\873,prestandocontas dedois&n0$deadministraçào.O 1«toíalaporsi,edispensacoment,rios.Apeoasa1&unssub1ftul0$$looportunos. _______ 11 -
G.i.brielG.i.1ci.l M01eno,po,du•sve,. u, P,tsidentedo[qu•dor,~ n.doein 1175porôdioàU,ftor.5idtr,do,,justotilulo,tomo~ lodtchtft dtE1t1cloutólioo
"HONORÁVEIS Srs. Senadores e Deputados. "Aoprestar-voscontasdoestado nore5«nteda Repúblicae dasreformasquereputonca:s~rias para a continuaçãode sua prosperidade, permiti-me que an1es de tudo 1presen1e a Deus, ern oomedamesmaRcpUblica,ohumildepreitodeminhaprofuoda 1ra1idão: pois uma ve;,; que é d'ElequedimanamtodOSosbens dequeeladisfruta,éaEle,eunicam~nte a Ele, que se devem a 1randãoe aglóna.
Liberdada para tudo a para todos, menoa para o mal e para oa malfeitores "GraçasaSuapaternalproteçlo,rein1n0Equandoraqucla
CATOLICISMO OUTUBRO 1988
pazquercsultadasaiisfaçãneda tranqüilidade dos ânimos, e da ordem fundada na liberdadeirrestritaparatudoeparatodos, menosparaomaleparaosmalfeiiores. Por isso, nos dois anos dequevosprestocontas,oGovernonlo fe;,;usode sua faculdadedededararoestadodesí tio,anlO$CTIIOSpoucmdiasque durouolevantedeumaparcela daraçaind!genacontraosbrancosnaprovinciadeChimborazo emfinsdel87l,movimentoque. sendoprodutidopclaembriaguê:s epclavinaançaestendomanchadoporváriosatosdesclvagemferocidade,foifaci!mentccontido pclaforçaarmada.foicastigado severamente pela justiça em alguns dos mais culpados, e foi completamenteapaziauadoec~tintopeloperdàoconccdidoaos demaisdelinquemes. .. Comosou1rospovos, nosS1Srelaçõescontinuamnomesmo estadoqueantes,5emquenada tcnhavindopenurbaraboaharmoniaq~,pormriodolcalcum· primentodenos.sosdocres,procuramosconservarcom1odasas nações.
Supressão da impostos "Nossas rendas se duplicaram
:~"da':J'i!~;t1~~:sni~'. pos1os, como os onerososdireilOS ponujrios. Enquanto em 1868,anoqueprecedeuanossa reorganiuçlocomoE.stado,·er-
dadeiramemecató!ico,asemradas produziram a soma de l.4Sl.71lpesos( ... )ernl872ascendcrama2.909,348. (... ). "Auim,5ememprcgarcapitais estrangeiros, sem comprometer o f~luro da República com emprtsumos ruinosos, sem deixar depagarromes1ri1apontualidadeossoldos,aspcnsõeseosforos,a1imaçlovamajosad0Tesouro nos permitiu, no último bifoio,amortizarl.6l2milpesos dadividaimernaflutuameeinscrita, incluindo nesta roma SOS mil pnos de capitais de aforamentoredimidos,deacordocom a Concordata, pela dtcima pane de seu ,·alor nominal, pagar 227,000pesosdadívidae~terna, in,·ener442,000pesosnainnruçãopUblicae na benefidncia, e gastar 1.208,000pesosnac<:msuuçlo de escradas e em obras públicas. "Lon1e,pois,depedir-,·osa criaçãodenovosimpostosouo aumento dos anti&os, rogo-,·os suprimais aquele que tinha por objeti-:oa,indenizaçãodosproprictánosdeescravos.quandoestesforamalforriados.( ... ).
No ensino e nas obras públic as, franco progresso ''OMinistrodalmtruçàopúblieavosfaráumacxposiçãominuciosa.de todos os progresSQS consi:1u1dosnestebii!nio.Napn· méria,on\lmerodea!unossubiu cercade60li'1;cresceram,deacordocomalei.os\'encimemosdos professoresnasescolascujaorgan1zaçãoésatisfatória.( ... )maso jéfeitofmuitopoucocomparadocomoqueaindadeveserfeito. A instrução secundária. tão supcrficialein\l1iloutrora,seunifor.mirou~loprogramaobri1atónodeensmoeexamcs;easuperior, na faeuldadedeciblcias enaescol1polittcnica,secomplc· toucomoreforÇodossábiose ilustrcsprofessoresçujavindacu _.osanuncieiemvossareuniãoanterior. (... ), "Não poderia entrar na enumeração compleia de todas as obraspúb!icascontinuadas.iniciadasouconcluldasnes1esdois anos.scmsairdoslimitesdesta Mensagem, que se destina a~os apresentaroquadroficlesucio10 de nossa páitia. O Ministro competentevosprestarécontas pormenorizadas de tudo quanto temos feito nessa ilrea. Nossa obraprincipal,1estr1dad0Sul, ooncluida até Sibambe no ano pllS&do,1emmaisde260lum.de
extensão,101.sólida.spontesde al\·enariaecercade400aquedu 10,<lom~smo tipo; e, para unilaàspraiasdeGuayaquil,<les<le princípios desce ano se vem trabalh.andonumaestradadeferro deSibambea1fJ\\ilagro,seguindoemgeralamargemdireita<lo rio Chanchán (. .. ).
Aumento dos salários e reforço do exército "Considerodejusliçaquese aumenteadotaçàodaqucles empregosmbalternosqueestãomal remunerados, e recomendo-vos portantoaadoçãodoprojetoreformatóriodalcidossoldos,modificadaem panepelalegislacurade 1871. (... ). "Pequeno como con"ém à República,masl eal,valcme e dis-
ciplinadocomosuasegurançao exige, é nossoex ércitodignode ,·osso apreço e r~<.eonhecimemo. Continuamos adquirindo a cada anoasarmasdeprecisllodeque necessilamosparaarmareexercitaraguardanacional; ejáéin· dispcnsávcltrocarnoss.aanligac poucoeficiente artilhariacost eira,paraoque,·o,;dignarei,;aprovarasverbassulicicntes.( ... )
Um católico autêntico atrai o ódio, as calúnias e os insultos dos inimigos da Fé "Denadano1serviriamnossosrápidosprogressosseaRepúblicanlloavançassediaadiana moralidade.àmedidaqueoscostumessevllorcformando( ... ).
"Jáquctem01avcnturade sermoscacólicos,sejamo-loaberta e logicamente, sejamo-lo em nossa vida privada e em nossa existênciapolí1ica, e conlirmcmos a,·eracidadedenossossentimentosedenossas palavrascomo tes!emunho público de nossas obras(... ). "Em qualquer tempo, essa deve ser a conduta de um pOvo católico.Masagora,agoraquea blastêmia dos apóstatas chega a negaradivindadedeJesus,nossoDeuseSenhor;agoraquetudoseliga,quetudoconspira,que tudo se volta concra Deus e seu Ungido,saindodofundodasociedadetranstornadaumatorrencedemaldadeedefurorcontra aigreja e concraaprópriasociedade,comonastremendascomoçõesdaterrasurgemdeprofundidadesdesconhecidas formidáveisriosde!amapútrída; - agoraessacondutaconseqüente,resolutaeanimosa é paranósdu-
plamemeobrigatória,poi1ainação no combate é traição ou é covardia. "Procedamos,p0is,comocatólicossinceros,cominvariávelfidelidade,firmandonossasesperanças não em nossasinsigníficantesforças,masnaonipotente proteção do Altíssimo. Efeliw, milvezesfelizes,secomorecompensa conseguimos que o Céu continueprodigandosuasbênçllossobrenoss.acarapátria:e mais feliz ainda eu, se mereço ademaisoódio,ascalúniaseos insultos dos inimigos de nosso DeusedenossaFé. -Quito, 10 de agosto de 1873,GabrielGarciaMoreno"(EscritosyDircurSOS, t. II, 291-302). A. de Andrade Monteiro (')Modriosó, UteraturaCwellano,_n prOS,O.y•<rso-<,oocidospordP.V1cent<~stiSJ,Eug<r1ioSubirana, •i ,d .. Barcelona, I\IIZ,pp. -407~10
A guerra é uma arte simples e toda feita de execução Cel. Cav. Carlos Antonio Esp(rito Hofmeister Poli transcrito de "Letras em Marcha"
A FRASE QU E tomei por titulo
<leste artigo é um principio de guerra napoli:onico. Baseando-se nesse principio, um sttuloapóstcrsidoclecnunciadopela primeira vez, o Marechal Foch conduziu as opcrações militares da l Guerra 1\.-lundial, segundo testemunho do Chek tle seu Estado-Maior, Gen Weigand Serácalprincípioaplicávelà!ll Gu erra Mundial? Como será a lll Guerra Mundial? Uns opinam que será nuclear, outrosektrônica; quase ninguém admitequeserámeramenteconvencional J\.-luicos afirmam que nela os fatores psicológicos assumirão grande importância, que não terá fronteiras, que a ideologia impregnará todos os contendores e a cada um deles inteiramente: doscomandantcsaomcnosgraduados combatentes. E nào poucos alertam para o fato de que ela já está em pleno desenvolvimento! Para aprcciarsc, numa guerra assimcomplexa,aartedcconduzi-laseráainda"simplesetoda-fcitadcexccuçào", permito-me contar um episódio <lo qual participei e que julgo lan çar luz sobre o assunto. Era cu ainda Capitão quando, em umamanhàdejancirodel969,resolvi ir à residência do Professor Plínio Corrêa de Oliveira. Láchegando,cncontrei-olendoos jornai~ do dia. com sua habitual serenidade, tendoaindadiamcdesirestos dé-sculanchematinaL Evitei qualquer
ruídoparanàorevelarminhaprcscnçapoisintuiquealcituralhcsugeria algo de importante. Em determinado momento, porém, Dr. Plínio desviou os olhos do jornal e, respondendo a meu cumprimento, emendou: ''Meu caro, você tem algum tempinho? ... Há no esçritório papel e lápis, gostaria de lhe di tar algo". Passou-se então algum temp0. Teriam si<lo 20, 30, 50 minutos ou uma hora? Minha memória já não o regis tra. Eu estava absorto no suceder 1ranqüilo e cadenciado de frascs quc, fluin<locom facilidade,encherama!gumas páginas com meus garranchos, até o ponto-final. "Agora o título", disse-me Dr. Plínio. Alguns segundos de reflexão ... "O Arcebispo Vermelho abre as portas tla América e tlo rnundo para ocomunismo". E acrescentou: "Por fa. vor, mande isso para a datilografia providenciarapublicaçâo". - Quer que eu releia para o Sr. corrigir? perguntei-lhe. enquanto juntava as folhas. "Não prcdsa, a coisa está feita", foi a resposta incontinenti, dada com um imponderável de amabilidade e determinação Publicado em lo. de fevereiro de 1969, como Seção Livre. o manifc5to de Dr. Plinio difundiu -se por todo o Brasil e também no Exterior. O rótulo de Arcebisp0 Vermelho pegou. Desde então, D. Hélder Câmara carregou, comosefosscumlctreiro,oepítetojá inseparável de sua pessoa e teve seus passos embargados . Com isso, toda a esquerda católica ficava desmascarada
pe\adenúnciacerta , oportona,feita com distinçãoeche\aderespeitopara comalgreja.Pusera-seanuqueoPais estava sendo iludido, por meio de uma manobra psicológica, e conduzido para onde não queria ir; que a subversão comunista insuumentalizava a larga margemdeprestigioainda!igadoàestruturaeclcsiástica,parafazerprogredir seus planos de expansâo. Esclarecidos por esse brado, muitos brasileiros passaram a dar-se conta da ação velada de todo um setor católico no qual antes confiavam. Era mais um lance no campo da luta psicológica do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira a desmascarar a infiltração marxista na Igreja. E, como vimos pela descríção,umlancesimples,todofeito de execuçào. Assim , parece claro que o principio que impre-gnaraaatividadeguerrciradoMarechalFochconservatoda atualidadc,poisclefoianalisadoàluz de um exemplo situado no campo psicológico, onde a Guerra Moderna segundo afirmam grandes estrategistas -encontraseuelementodecísivo. Mas,paraconcluir,cumpresalientarquesimplcsnàoésinônimodcfácil. Pelocontrário,paracxccutarcom êxitoo"símplcs", é necessário talento, exper iência, reflexão, energia e muitadedicação.Semaaplicaçãodessasqualidades. o p0nto-chavcontletlevc incídir a "execução" nãochegasequeraserpcrcebido . E, em se tratando de Operações Psicológicas, faz-se pape!detolo, eseélcvadoparaontle nãoscdeseja.Ouaindapior,passa-se a querer a autodestruição.
CATOLICISMO OUTUBRO 1988 -
13
A bela e grandiosa "Plaza de Armas", em Lima, das mais brilhantes jóias da arquitetura sul-americana, mostra-se insuficiente para conter a multidao que participa da prociss~o
A procissão do Senhor dos Milagres, há trezentos anos, comove Lima, "ciudad de los R eyes" UE IMPRESSIONANTE!", exclamava surpreso um amigo ao contemp!ar umas fotografias da c procissão do Senhor dos Milagres, em Lima, capital do Peru, procissão que no mês de outubro do ano passado cumpriu precisamente 300 anos. Na verdade, não tivesse visto eu mesmo este evenco - segundo a expressão de Vieira, com estes olhos que a terra há-de-comer - por certo também me teria surpreendido ao presenciar, em meio ao laicismo contemporâneo, ao relativismo que a tudo impregna, uma tal multi~ãã: u::n~~e~~~~e:!tt~~~.~ ~ ti~
Q
;;i
ao gosto dos teólogos da libertação masdeumaféviva,capazdegerarmanifestações públicas, como esta procissão, enraizadas na História e embebidas de tradição. Demonstração de fé tão pujante, que os poderes eclesiásticos e civis ainda hoje se v&:m levados a cercáladc suas pompas e homenagens. São centenas de milhares - falase de um milhão - de fiéis que fervorosamerite acompanham o andor conduzindo uma pintura de Nosso Senhor que data de há mais de 350 anos. Não é exagero afirmar tratar-se de uma das procissões que congrega maior multidão, atualmente, no mundo. O Senhor dos Milagres em seu percurso cadenciado pelas ruas da chamada "CidadedosReis",asenhorial cidade de Lima, onde tinha sua sede o ViceReino do Peru, terra de santos e de heróis valorosos, recebe ásua passagema homenagem dos fiéis devotos. Pessoas 14 -
CA TOUCISMO OUTUBRO 1988
e instituições o adornam com magnificos arranjos florais. Na bela e grandiosa "Plaza de Armas", uma das jóias mais brilhantes da arquitetura sul-americana, recebe Ele as honras do Arcebispo, do Prefeito da cidade, e do próprio Presidente da República, que costuma carregar o andor desde o Palácio do Governo até o Paço Municipal, distante meio quarteirão .
Também imagens de Nos~ Senhora s.io levad;u nma e~lêndida ~anifestaçao ~
Os milagres obtidos pelos que pedem o auxilio do Céu, rezando diame damilagrosafigura,ourepetindosuainvocação, são tão portentosos e incontáveis, que espontaneamente o fervor popular atribuiu a esta representação de NossoSenhorCrucificadootitulode''Senhordos Milagres". "Senhor dos Milagres" de Lima, cujahistória, sucintamcnterelatareiaseguir.
Uma pintura que se defende da destruição Foi a meados do século XVII que as mãos anônimas de um escravo negro pintaram, sobre uma parede do então bairro de Pachacamil!a, de propriedade da ilustre família dos Manrique de La· ra, uma imagem de Jesus Crucificado, com a Santíssima Virgem, São João e SantaMariaMadalenaaospésdaCruz. A 13 de novembro de 1655, um terrível terremoto abateu-se sobre Lima; construções antigas e novas desmoronaram, e as paredes ao cair soterraram muita gente. E, enquanto_ o Venerável Francisco de Castillo, da Companhia de Jesus, instava ao arrependimento e a cidade chorava seus mortos, a população comentava admirada o fato de que, pormisteriosaprote1;ão,aimagemsagrada do Cristo de Pachacamilla permane· cera incólume, quando ao seu redor tudo não era senão escombros, desolação e miséria. Pouco a pouco a imagem foi atraindo devotos, a ponto de o Arcebispado,
temendo que a devoçao se transformasse cm profanação de Nosso Senhor, tomou a insó\i1a decisão de ordenar sua destruição. Contudo, ao aproximaremse as autoridades para borrar a pimura, o braço do pintor que devia cumprir o encargo, cobrindo-a com tinta, ficou paralizado, sendo-lhe impossível cumprir a tremenda tarefa. C~tico, o Promotor Fiscal contratou um segundo e logo um terceiro para executar o trabalho, e qual não foi sua surpresa quando, um após outro, ficavam impossibilitados aotentaremapagarassagradasfiguras. Subitamente, apesar de serem cerca de cincohorasdatarde,obscureceu-seolugar e anoiteceu, somente sobre a zona de Pachacamilla, sobrevindo uma violenta chuva. Manifestação óbvia do desejo da Providênciadeque seconservasseapintura e não se atentasse contra sua integridade. Assim o entenderam o ViceRei e as autoridades eclesiãsticas, revogando a ordem e estabelecendo que no lugar se prestasse culto e veneração ao milagroso quadro pintado na parede. O próprio Vice-Rei, o Conde de Lemos, e sua esposa Dona Ana de Borja y Aragón, foramhomenagcaraimaacm, empenhando-se decididamcmc na construção da primeira capela ao redor do muro cm que se encontrava a pintura, celebrando-se a primeira Missa no dia\4desetembrodel671,fcstadaexaltaçãoda Sanra Cru.t. Transcorridos poucos dias, o Arcebispo designou um primeiro guardião e encarregado da capela, com o título de Mordomo-mor, cuja nomeação ratificou aau1oridadecivil,assegurando-scdeste modo a continuidade do culto.
nitênciaedoarrependimento, que o mês deoulubro ficou designado no pais como o "mês roxo". Saiu a primeira procissão a 20 de outubro de 1687,por iniciativa do mesmo Sebastião de Antunafio, levando em í!,n· dor uma reprodução cm tecido da milagrosa pintura, após um violento terremoto que poucas horas antes sacudira Lima e aszooascircunvizinhas. Desde então, todos os anos, entre as névoas de incenso,oscânticospiedososcasorat;õesfcrvorosas,aveneradacfigicsukaasruasao compasso pausado dasbandasmilirares ecivis;tape1csdeílorcsseestendemaseu passo e verdadeiras chuvas de pétalas caem do alto.Alguns invocamremMioparascusmalcs,ouuos pedem pelos seus próximos, ouuos ainda pelacidade,suplicam apro1:cçãodivinacon1raosterrcmo1osquc possam ocorrer du· O ponto central da procissao li! uma reproduç.lo cm tecido ramc a mudança de d• mil•gros•pintur•doSenhordotMil•gres.O•ndorilev•· estação: outros, por doilotomb,ospelosconfr•desda secular lrmandildedoSe· fim,imploramabraOrigem das procissões nl.ordosMililgres,revtslidosdeseuhábitoro10. sadamente a ajuda da Providência ante Foi graças ao desvelo e generosidaasdesgraçasqucaçoide do quano Mordomo-mor, Sebastian tam o mundo. de Antunafio y Rivas, o qual gastou to- tuada - o Mosteiro das Madres Nazare-Neste mês de oumbro, os limenhos dos seus recursos na aquisição da cape- nas Carmelitas Descalças. Sua fundadola e terras adjacentes, que se põdcesta- ra, Soror Antonia Lúcia do Espiri10 San- ves1tm novamente o traje roxo, e o Scnhor dos Milagrcs, rcprescntado cm tecito, ao estabelecer as regras que haveriam beleccr-medianteadoaçãoporelecfcde reger o Instituto, dispôs que o hábi- do, sairá às ruas de Lima para ser veneto fosse de cor roxa - a cor com que rado, aclamado, homenageado por imcna Jgrcjarcvcstc seus filhos e seus simbo- sas multidõcs. É com vcrdadeiras saudalos em sinal de penitência - um cordão dcs que recordo as ocasiões em que tobranco como cinto, uma corda ao pesco- mei parte neste evento. Nostristesdiasatuaiscmqueasaço como sinal de mortificação, e uma coroa de espinhos sobre o ,·~u. cm deter- cratlssima Pessoa de Nosso Senhor JeJ. . . - . ~ d : TataoTahllubi - Reminadas ocasiões. Tudo, evidentemente, sus Cristo, Deus verdadeiro e verdadeiJi•1roda 11a DRT,SP oobo ft ' IJ.<71 relacionado com a Paixão de Cristo, re- ro Homem, é violentamente ultrajada, presentado no local pela milaçosa imagem. até cm filmes blasfemos de divulgação O mesmo Amunailo adotou por in- mundial, como o chamado "A última s!gnia um hábito secular muito semclhan· tentaçãodcCristo",deMartinScorsete àquele usado pelas mencionadas reli- se(videarcspeitoaúltimatdiçãode''Cagiosas. E até hoje lodos os confrades tolicismo"), parccc-me imprescindível que compõem a Irmandade do Senhor quedirijamosnossosolharesàsuaDividos Milagres se rcves1em de seus hâbiros na Pessoa, e depositemos nas mãos auroxos para carregar os pesados e esplen- gustas de Maria Santissima, a infalivcl dorosos andores peruanos de ouro e pra- e materna medianeira entre Deus e os hota, nos dias de procissão; sendo imita- mens, aofcrendadcnossareparaçãoindos em seus trajes por incontáveis fiéis, conforme e de nossa prece abrasada: Sehomens, mulheres e crianças. De tal mo- nhor dos Milagrcs, tcndc picdadc de nóst do este piedoso costume é generalizado, demonstrando um tão grande devotaTexto: Ramón .teón mento do povo peruano à prática da peFotos: Fernando Monuro
.~:-!'::~~~~MO
C1' TOLICISMO OUTUBRO 1988 -
15
Que pensar desta fisionomia?
A
TENTE, caro leitor, par11. a foro que ilus/racstcartigo.Nllotvudadtquc,
cemperamcntslmentc, m,m pnme,ro impulso da pode causar certa. estranheza,
att dffi!Srado?
Realmente, pode-st afirmar sem muiui dificuldade que se rrara de um homem com traços fisionOmk:os pauoo atraentes. Sua face nlo leva m1 nada I marca da cstttica: o fonna.10 do rosto f mu/ro comum, se
Mm que as sobrancelhas, espessas e desele1antes, indiquem fone personalidade. Os olhosdao a impress/fode um tantoe5triÍbi-
cos. O i;anwdo c prow~rlnte nariz parl!Ct! rcsu/1ar de uma exp/05lo facial. A boca nllo
tem traçado defi1"do, e os /Abiw do salientes danais. Altm ck tudo ÍSS(), possui o que os fr,na:$C$ c:hamam, com apiriw, de "double mentoo" (dois queixos), is10 t, uma norAve/ papada. Enfim, rem wdo o que pode c-1111sar, 1 um observador superficial, antipatia
.iprimcira vis1a Noen111n10,pasmc,lei1or:trata -scde um•fotoam f ntiaidcSanroAntonioMari• C/uet (1807-1870), extr•ordimlrio pregador popular, Arcebispo de Samiago de Cuba, fundador da Coll6rc,•ç•o dos Missiomlrios Filh0$ do Imaculado Coraç•o de Afaria, oonfessor da Rainha da Espanha /sa~lll,auforde várioslivros copllscu/05 de piedade, e um dos baluanes da onodoxia no Condlio Vaticano l. Um grande sanro, ponanto; car7Clflizadocom1odosost«Juisiroskpi<;parn 141.•.
Arte que d eforma a realidade Se a primeira reação temperamental quetivemos,an1esuafo10,nlono,oondutiaàidéiadasan1idadedoperwnagem, podemosconcluirquetemossobreasantidade umanoçloincompletaoutalvezdcfcituosa, que é preciso analisar. Essa noção foi plasmada, na maioria do nós, porumadefonnaçlo produridapelachamada "anesulpiclana", que modelou amaiorpartedasimqensdesantosqueconhecemos(nãofalamosaqui,evidentemente, daartemodema,polsestajàchegaadegradarcompletamen1eas fbionnmia.s). Segundnessa"C$COla"ditasulpicianaossamosnosaparecemhabitualmenterosadinhos,cnma físionomiatotalmentedespreocupadadequem aaibou de levantar da sesia,olhardebonomia,semprevençõescontraomalnemoontraospecadoresempedernidos,nemoootranada. Pelocontririo,com muitadisposiçJioparaatenderindiscriminadamentetodosaquelesqueestãoreundoa seus pb, ~m o que pedirem, como a dizer: "Sedependerdemimeuconcedoqualq\ter coisa (mesmo que nlo seja lá muito boa),porquetudosefazpormeiodeconcessOes,tudosefazpormeiodesorrisos. Não é preciso se converterem nem emendarem devida.Não é precisorenunciaremadeterminadoshábitospecaminosos,accrtl.'iligaçõesilicitl.'i.Nloéprecisonada,ba.stasorrir.
16 -
CATOUCISMO OUTUBRO 1988
Sorriam para mim que eu, numa cumplicidadeamistosa,sorrioparavlXtsetudosearranja". Nessa concepçlo, fonemente marcadapelosentimentalismoenlopelaidéiado dever, o drama da vida espiritual não está preseme,o''valedelágrimas"nãotemrealidade, a luta, a cruz eosofrimentonão5-ão ônus que todos recebemos como panilha. Nlo. O "toma ma auz e seeue-Me" é apenas uma bela figura de retórica sem maiores conseqU!ncias... Como a realidade é diferente! Como emilongedasaparências"sulpidanas"! Consideremo$ com atenção a fisionomiadeSantoAntonioMariaClaret parapenctrarmosmaisafundonaideiadesantidade. Eitpurgadanossasensibilidadedasvibratilidadnromânrico-"sulpicianas".aimpressãoqueseteméadeseestarnapresença de um homem cheio de dianidade. com extraordinário senso de luta. A tinha geral de sua fisionomia demonstra uma firmeza iodomAvel e seus olhos manifestam uma determinação de vontade inquebrantAvel. Ao mc,motemposeperccbe,apardetantafirmeza, uma bondade e uma doçura incontestáveis, confirmadas pelos fatos dc,uavida. Mas. no fundo dessa doçura, no fundo desse olhar, há a determinaçlo de quem está rewlvido a iratéomanírio: "Se for preciso faur, faço". Não tem hesitações. Entregou tudodeantemão,ecaminhadisp0s1oacnfrentarqualquerobstáculoqueaparecer. E, realmente, durante seu longo labor miMionário,porcausadesse"sim,sim;não. nlo",San10Amoni0Mari1Claret foi vitima de inúmeros atentados, um dos quais, por envenenamento, lhe causou problemas deestõmagoatéofimdavida;eumpunhal assassinolhera.sgouafacea1é osossos.Na· dadissoft-lorecuar. OutrotraÇOsa)ienteaindaemseuolhar éumaprofunda!impidei,frutodeuma1ranqüilidade de cooscitncia sublime. Como é verdadeiroaquioadágiopopular: "O melhor travessei ro é uma consciéncia tranqúi11"! Tem-se aimpresslodeque seusolhos sãocomoumserenola,ode.i1uascristalinasa1ravé dasquaissevtof1,mdodesuaalma. A nota dedctnminaçlo, por outro lado. é dada mesmo pelo na.ri? protuberante quepareceafínnar: "Eu vou avante na linha dodeverdequalquerjeito,enlotenhomedodasconseqüências". E a boca acrescenta: "Oquedissc,mantenho". Pode-se afirmar que é a fisionomia deumhomemmovidoporaltosensododever,inspiradona.smaiselevadl.'iconcepçôes religiosasemctafisiaudouni.-erso.Eitãprofundamen1epersuadidodequeaposiçãocatólicadaatmaéaúnicacorreta, poisareli&íãoque professaepregaéa ünica religilo verdadeira. Ele é, portanto, um ministro de Deus que ensina a doutrina imutAvel eeternadaSantalgrejaCatólica,ApostólicaeRomana. Dai a atitude de quem crl nisso firmemente, atéofundodaalma. E, p0rque<:r! sempossibilidadededüvida,es1Adispostoa qualquercoisaparapregar,defendereman-
teressacrença,"aDiosorandoyconelmazodando",comocostumavadizer Suafisionomia,enfim,éadeumapóstolo. Transborda daquela vida imerior que, scgundo o famoso livro de D. Chautard, ~ a alma de todo apostolado. Por isso, para elenãohAbarreira.1humanasquepossamimpedir O ser,iço de Deus. Quando estas suraemepareceminsuperàveis.··adtelevaviocculosmeus,quihahitasincaelis"-aVós levantei meus olhos, 6 Vós que habitais no Céu;osobstáculoscaem,asbarreirasdcsaparKem, ele segue adiante. Sua vida está pai milhadadefatosextraordinâriosnessesentido.
Fazem falta santos assim foi1randeafecundidadedeseuapos1oladocomomissionáriopopularconvertendo multidões: como fundador de Congregaçlo reliaiosa; como Arcebispo de Cuba (na primeiramissãoquepregounaamiga''PéroladasAnti!has", os frutosforam tio abundantesquepas.souseishorl.'lseguidasdistribuindo a Sagrada Comunhão): como confcssor da rainh.a; e como artificc da reno,·açJio do episcopado espanhol, encarrepdo que eradasindicaçõesdenovosbispos. H-lo comtantodi!ieernimentoque,desseepi!ieopado se pôde afirmar no Concílio Vaticano I, que formava "a guarda pessoal do Papa'" Enfím, neue mesmo Conc!Jio, sendo tio scnsivel A purez.a da ortodoxia, teveumderrameaoouvirindignadoasteseshcterodoxas dosbisposcomráriosàinfalibilidadepontiflcia.Queindignaçãonãoteriaeleanteanova"teoloaia"deccrtosbispose"teólogos" da libertação? Os santos nos são apresentados pela Igreja como modelos. Não s6 devemos admirar suas virtudes, mas praticá-las na medida denossasp0ssibilidadesesegundonoswestado. Sobretudo devemos querer que haja muitl.'ialmassamasa.ssim,porquetsobrctudo de almas como a de Santo Antonio Maria Claret que necessit• nossa época.
TFPs em ação uestacados líderes do movimento conservador norte-americano
visitam a TFP PORlNIClATIVAd•Tl'P bnslltln1 t do '"TFP W•stilogion Burnu''. lonlizado n1 capital
.11ortt•amHicana, nfi>·tram em Slo Paulo visitando a T•'P quatro dtH1cado1 lfdtres do movi-
mt n1o co nsto ador dos Es:ados Unidos, nos dias 29. 30 e 31 dt I KOIIUÚltlmo.
Os Srs. Paul Weyrk b, Mor1on Black,.tll, Henry Walther e Wltllam Klln1, 1endoco-
nbtddou prindp1issedes,los11laç6ts,st.-.1çose departamentos da Tt'P, roramttttbidostm di•·trus ~ ~o Prof. Plínio Conta dt Ollvtin, Pnsidtcntt do ConstlhoNacloaaldatcntidade , dunotea, quai,.., frzuma 111,JlM duptnl)fttivas, preocu-
paçi'lneespera nçudo movimenIOCODMrvdornoBrasil,nosEs-
tadosUnld0lttmlOdoomundo. En ~ rl"llndo a estdia, o, Hu stm visllantn pronunciaram Htlan«don1s pales1ru no1udi16tlodo Mof1rreJ Shtnton Ho.
lrl, pan aproxJmadamence mil l)e$$0&s-$6clos,rooPfradores, corrnp011dHt"5 e 1impati.t11n tes d1 TfP- tobre o lema: "Os Es. tadosUnldos11omommtopresen1e, •b101Pflo mo•i men1ocon.wr.-ador". Ao1prese111ar osco nfel"focistas, o Prof. PlinioCorrfa de OllvelradlrlMluaopúblko:al2u• mas paluras, dasqu.isdestaat· mo1osseguintts 16picos: "Este~ um dia de grande júbiloparaaTFP.( ... )Apresc,n. taa ponibilidadeque temos de e,cprimir nossasimpaliae nossa admiraçl,o por irmãos de ideal benemhitos( ... ). "Umespíritosuperflcialpoderia por•5e0 problema: dada a e,cm1ordinâriasolidezdosEsta· dos Unidos. do ponto de vista eçonõmioo,quequerdiur"con· seTVat"nessc,pais7Dàaimpresslo de que con5l'rvantismo nos Estados Unidos não tem razão deser,aomen05dopontodevis· tainternadonal.Dopontodevista interno podcr·K·Ía alegar que 05 Estados Unidos não têm um movimento comunista definido, quenlo$AOsaeudidosporgrandesconvulsõessociais,quevi,·em nacondiçlode Estado de maior prosperidade do mundo. E, por. tanto, que o consc,rvantlsmo ali
Da esquerda para a direita: Sr. He nry Walther, S,. Paul Weyrich, Prof. Plinio Corrb de Oli~ira, Sr.MortonBlackwe ll eSr.WilliamlCling
também não tem razão de sc,r. Mascomoseriafrfvolaeinfundada uma objeção desta natureza! A HiJCória dos grandes Estados obedeceaumaconstanteinclutável: povos nascem, 05 poderes nascem,firmam-secomesforÇOs queaHistóriacclebra,conservam5"COmmaioroumenorduração, cdepob,entramemdecllnio. E. porfim.tudocaidentrodapoeirada História. E auim, a poeira àurea da Hi51ória está cheia derestosdetantospoderesque stforamsucedendo.Sedeumladoparecerlaqueeonservaréinútil.porquetaispoderts5l'dtsfaum,deoutroladodir -sc,-iatambémqucémuitoútil. Esobretudooé,seseconsideraranaturez.adoe5forÇOcon5l'rvadordru Estados quando chegam ao seu auae. Um Estado tem mais facilidade em· se conservar no sc,u perlodo asttncional do que quandochqaao5euipice.NoseuperlodolS(fflSional,ekétrabalhadoporener&iasqueolevantam, que ttm élan, que ttm desejos de faur, destjos de conmuir.
Dir-5l'•ia que povos, sonolentos háséeulos,levantam-sc,centram dentro da Hiuória e afirmam, de repente, o 5l'U poder. Sobem e projetam-se como Estados de primeiraordemnocenáriointernacional.Mas,dcpoisdcumlongodestjodcaçloedeluta,os Estadosslosujeitosàstcntações eisdelfciasdorepouso.Eéexatamenteoomeuatentaçãoque adC011dlnei1dosB1adoscomeça.Adespreocupaçl,o,a fruição de uma ordem detoi51$ que parecc nlo apresentar maiórn problemas,ogozodoprnti&iointernacional,tudoissoslofatornque kvamàdistcnslo.Apreauiçaleva ao horror do esforÇO, leva aohorrordoperiao,levaàdecad~ncia. Eaocabodealaumtempo, temos um povo que - sc,ndobrilhante,hàduasoutrkgerações - vai caminhando para osc,uoeaso.Bsepovoquctevc quemolevantust,nlotevcquem o eonservlUC. ConseTVarnagrandeza,fattr oom que n1a 1inda 1enha mais ascensão pela accntuaçao
d1.11randeusespiritualeintelec-· tual, da prCKnça continua dru 1randnideais,es5eiotrabalho difkilquecabeiquelesa quem aProvidendaincumbedeconsc,rvarosarandcs lm~rios. Hà diferentes modos de conceberagrandeza.Seconsiderarm05 uma àrvore, ela vive de recuperar,atodomomcnto,aquilo que ela perde. Enquanto ela crcsce,vai1irandodosolooselememospar1crescer1indamais. E quando ela para de crescer, vaitirandodosolooselcmentos paraasuaduraçl,o,demaneira queelaconstituiumatorreve11etal,porusimdizcr,dearandealtura e iianificação. Eu me Jembroaquidassequóiasnorte-americanas,àrvoresimpressionantes por5uaalturaeporseudiãmetro. Tirandodosolo,lonaamentc,todooneeessàrioparaviver, edepois,pararesistiraosfatoresde de&radaçlo.cluconstituemum belosímbolodaquiloqueéaverdadeiraconservaçlo. Ora,éesseotrabalhoque o movimento con5ervador faz.
C~ TOUCISMO OUTUBRO 1988 -
17
iamo nos Estados Unidos como nomundo,aTFPéumadaspoucasorganizaeõcsconfi,heisverdadeiramcntecoerentcscomaqual podemos nos associar. E qradeccmos a Deus pela cxis1!ncia dos Sn.,ecsperamosqueosSn.prossigam esta grande luta. E nós cominuaremosa colaborar com osSn.cmn0$50pais.
Sr. Morton Blackwell
Um •udilório de •proiim•d• ment e mil pHSOU ouviu com interesseu eiposiçõH dos conlerendst•s
Ele,natormentacontemporlnea, que varre todos os Estados, está. voltadocontinuamenteparaafirmaraarandezamoral,espiritual dos Estados Unidos. E por esse mcio,propiciarforça especialiambémàgrandezapol!ticacmilitar, quefatcomque essepa!ssejahojeomalorbaluartc·-naordcm temporal-detodooO<:identc contra o comunismo''. O Prof. Pllnlo Corria de Olh·ctra passou 1palura,astguir,a0Sr. Pau l Wcyrkh, c, dcpois,pclaorlkm,aosdcrn•lso111dom.A prcstntamos,dasqua1ro substanciosasc1'poslça..s.uttrtos slgnlrlaulvos:
Sr. Pilul Weyrlch "Devo dizer que estou extremamente honrado por estar aqui. Hi um ass1,m10 que creio qucosSrs.nloouvemfalarmuito neste pais. É a imponlncia do Congresso norte-americano. Quando a maior parte das pc$· soa5pcnsanosEs1adosUnidos, lcmbra-scdapresidtncia.Teoricameme nom1 so,·crno é dividido cmtrbpodercsi&uais:ol.e&islativo, o Executivo e o Judiciàrio. Nosúl timosanos,emnouopals, tan100Judiciàriocomo0Le1islativotenderamadiminuiropoder do Executivo a pomo de o Presidente tornar-se muito mais íracoemuitomenoscíetivocomochcfedoE.x«utivo.Amalor partedomundontocntcndcissodcvidoàimagcmqucfoicriadadequeapresid!nciaaindaé bastante forte. Hou,·c proarcsso quanto ao Judiciário. Uma das bo.ascoisasqueoPre:sidcnteRea1an fcz foi indicar Julzes Fcdcraisconservadom,quee:sttose limitandoaintcrpretaraConstituiçlocm vczdccriarmaisleis. "MasnocasodoConaresso, não tivemos tal retorno ao equilibrio,eestehoje!mai.spoderoso do que nunca. É, de certo modo,sernclhantebAssembléiu rcvolu,:ion,rias do tempo da Revoluçlo Francesa. E temos, cm matéria de polltica externa, S3SpcqucnosminimosdoE.xtcrior,oquctodoomundosabe não poder funcionar! 18 -
··o Consrcsso aprovou. desdeo1 tempos do processo de Watergate,cmmeadosdosanos 70,pcrtodelSOlcisrestringindo o poder do presidente em matéria dc politica cxtcma. "Eu bem ,·ejo que essas afirmações são muito radicais, e atacadocomoeusou,pcnsoque aquclcsqucmecc.mhecemsabem quenàosoudadoaexagerartal tipo de afirmação "Nós,domovimentooonservador, estamos preocupados cm elcacr um tipo diferente de Congresso. A maior pane dos conservadores, comudo, estão muico mais prcocupad05 com a presidência da República. Ademais, vai ficandoeadavezmais diflcil elcaer um no,·o Congrcsso. Nas últimas eleições, 98,S~, dosmcmbrosdaCasadosRcpre.scntantesforam,comeíeito,reeleitos, porque eles conseguiram modos de se beneficiarem dos mandatos para prolongá-los ... "AatualCasadosRepresentantcsdctémopoderreal.Se ti\·tu<"queneaociarapresidência cdi-!aaotcrrívcl!iberalMichael Dukakis(nosEstadosUnidos,li· beral cm política equivale a esquerdista) cm trocado controle doSenado e daCasados Repre· sentantcs,euaconccderiaaDukakis;epassaríamosacontrolar opaismediantcoCongressodos Estados Unidos "Portanto,quandoosSrs virem quem vencer as eleições prcsidcnciaisdcnovembropróxi· mo, será insuficiente descansar e dizer: 'Bem, um republicano vcnccuopleito,eagoranãoéne· ce:ss.i.rio preocuparmo-nos com apoliticadcdefcsaea·polilica exterior',porqucopropulsorda defesa eda polilicaexterior não éoprcsidcnte,masoCongre:sso. E o Conaresso coma com muitos simpatizantes do comunismo. "Pcnnitam,me dizer. paro concluir, que cons.idcro um grandeprivilégioes1araqui.As conversações que manlive com ovossolídcrforamdasmaisextraordinàrias de toda minha vida política. E agradecemo-lhes porestaremaqui,porqueosSrs. noshonramsobremodocomsua presença. Em nossas batalhas,
CATOLICISMO OUTUBRO 1988
"Associo-me ao Sr. Paul Weyrichaocxpressarnossoproíundo aprl."ÇO pela presença dos Srs. aqui. e panicularmentepe!asextraordináriasoponunidades queti,·emos,n~quatro,durante a nossa estadia. de termos mantido trts conversações com o Dr. PlinioCorrêa de Oliveira. Tiveoprazerde,seteanos atràs, ter estado aqui com minha mu lhcr.deterconvcrsadocomele, tendokvadoparacasarclatórios desses contatos para meus amigos. E eles agora me comunica·
"Por fim, chegando ou nãoosrepublicanosàCasaBranca, em 1988, 1odos concordam queha1·eriaumcr~imentomuitosubs1ancialdasbasesconservadoras nos Estados Unidos, em 1989.Se MichaelDukakisfordcito,quasecodososconservadores emnosso(N-ísc1odasa.sorganillÇÔCS conservadoras imc-diaiamcmcsentiriarnquenossasobrevi,·ência~1àemjogo.Sobrcvi,ênciadenossasorganiuçôcs,sobrcvi,·ênciadanaç.lo,sobrevivên· eia do Ocidente, tudoes!arãem joio, Entretanto, em termos de númerosemcmbros,seremoscapaze:sdelevamarmaisr«ursos, recrutar maii pessoas. De outro !ado, se o vice-presidente Bush forelci!oprWdente,nósigualmeme cresceremos. Tah·ez não com a mesma velocidade, mas crcsceremostambo:m,porqueRonald Reagan para muita gem e pcrsonificouosvalorcscon1ervadoresnosEsiado1iUnidos.Quando algum ponto em nossa admin istração ~~sc~:~\t;;tifo~\ muitodificilalguém criticaroprcsidenteousuaadmini5traç.lo,porquetoclos têmanoç.lodeque comReagannaCar.aBrancatudocor· ria bem no pais.
"Poromrolado, o movimento conservadortrabalhouafavordcRonaldRcagancomra Gco~ Bush somcnte oito anos a1ris. Embora a maioria tenhaaceitoareccnPaul Wcyrich (à C$Querda~ "Afudou a dar 1cindicaçtodcBush, ele.contudo, não aoconserv,1do, ismoumanovarcspcitabilid•· ocupanOicorações de a ní~cl de governo, formando co•liiõct dos conservadores com outros grupos, e nao tentando destrui· debaseaquelclulos".É prcsidenlcda~F,ctCong,cssfoundation". garqueRonaldRéaganprecnchcu. Em vista disso.na medi· ram: "Tudooquevoc!afirmou da cm que a futura administra era verdade. Não podiamo1 ima- ção Bush - e cu espero que ginar isso, quando vocé nos dis- Bushsejaclcito-derumpas se. mas vendo.o e ouvindo-o, soàesqucrda,ounàofizeralgo agora acreditamos até que pon- que deveria fazer. seria muito mais- fácil para nós provocar to o Dr. Plinio e um homem exuma reação nas bases, porque traordinário "i! p.ara mim uma honra aspes$01s.devidoaessefundo histórico,oentenderiam. - como ele mesmo afirmou "Concluirei recordando seropresidcntcdo'ln1crna1íonalPolicyForum',etcnhoopra- que construimos nosso movimenzcrdetertantoDr. Pl iniocomo to com sue=, se o comparaDr. Adolpho Lindenbcr1 como moscomaatuaçãodaquelaspcsmembros do 'Bo.ard of Go,·er- soas que nos precederam. em non' de nossa cnlidadc, que con- nosso pais - a·,·elha direita. ta com membros em deZCSSCle Aprendemos que hà para nós umaobrigaç.lomoraldcõtudar países". como,·enccrempolitica". Apó5uma•dliKdaa1u•fiornaili~ntfdospar1ldos Republieano e Democ:1111a, o Sr. Sr. Henry Walther '' Prctcndo falarsobreadcBlackweU fn H scauinltt o~,.,çõn a propótitlo da H11\"IO fcsados EstadOiUnidos,aposiprf'·isi,·eld as base:sdosmo•imen- çlodesegurançadoOcidente,c, 101conservadores,dian1edore- particularmente, a respeito do sultadodaspróximaseldçõttpn- plano' lniciativadeD<:fcsaEstratégica' bem como do movimen· sidenclais nortc-a mtric1n11:
10 gradati\'O para o controle de armas. .. Em Lodos os lugares pe· losquaistemos\'iajadoemcon junto,naGrkia.naGuatcmala, no Chile e na Argentina, todo,; com quem tratamos re,·dam como e5!11 diflcil a situaçao em cadaumdescspaiscs. Há falta de liderança no senti do conservador
e\'icuopoliticonoambicn teparlamentar das referidas nações. EosSrs.,hojc ànoite,j.lcoosta taram que a situação nos Es1adosUnidos1ambém nâoé fácil. "Mas, temos confiança no futuro. Umadasoportunidad~maior~qucnossanaçâod esfrutaemmatériadedefesaé a'lniciati>·a de Defesa Estratégica".
CURRICULUM VITAE DOS CONFERENCISTAS
MortonB1acbtll {àdireit.i): p1esidenledo "LuderJhip lnslilult" e do " lnttrn.ition.il Policy Forum"
hulW~Jricb
Um dos criadora do co,rcrito de "Nova Dirrito", j consi-
~~g; CZ:Of:/ú~irl:!"!u~'J:;t;,~~l~~:/:a°;::r::~1C::,":;':S:
tiogluimo "F,mdor(Jo Heritage". q11e tafl/o l,r/111lflâo11 os rumru do gowmo Reagon, ele j hôje presidenre da ''Frtt Congress Fo11nda1ion". É tam/Jlm "Natiônal Choirman" das "Coa/itions for Amerlro", q11e re11nem ma_is de ct:ntô e de: ôrganizoç~s pro liv,e tmprtSa e propriedade privada, pro-fam/1/a {anti-abono, an tl-pornôgrefia ttc.) t pro--defesa (do interridodt do /erritório nor/C-flmtrironô). Reunjdas regularmen1e t m dfrerus coalitóa. essas orgoniiaç<)ts estabel«em ~t forma mttódiro uma estraregio le1islarfra comum, que i depois lel'ado o cabo pelôs senadores e deputados que s~utm o mesma oritntar,Jo. Wtyrich se reune semanolmtfltt com deun,u de senadora e deputados JK(ra debater ass11n1os de inrtrtsst comum, O &nodo, Robert Do/e, //der do Ponido Republicono nô Senado. efir· môuqut "Weyrichioronsen:ador-,;ha,'tem Was.Jtinflônporo faur lrobalharem juntos os dl>'MSOS 1rupos, a fim dt reali;:or no.sJ<11me1,u", Paul Wey·rich se reunt tam/Jlm, com freqülncío, com o Presidenlt Ronald RNg11n. ao q11al exp()t ru de,ujos e os perp/exldades do movimento consefl'ador. No dia 1' de j11nho último, o Sr, James Burnlty, ministro dos Transportes dos Esrados Unidos, declarou, em co,iferforia pública, nacapilaldescufJll/s.· " Cômoumdos maispreem inenres ati>'istas conser,·adores de Washtn11on. Paul Weyrich Qjudou a dar ao ranser;·adorismo uma nô>'a respeltabllldade t uma ampla aplleaÇt1ô programó1ico e politico, o nfrtl de go,•erno. E/e obtt>'t esses resu//ados formando coa/izóa com outros 1n,pos, e nt101tntandodes1n,/-los"
Morton Blad,,.·ell Veterano otfristo politico, o Sr. ,\lo,ton Blacli,.'t/1 foi rect:nlemtnle t1/,i10 membro do Comiti ,\"acional dô Partido republiamo, como ft!prtstmame do F.s1ado de Virifnia. De 1981 a 19!4, o Sr. Blockow:ll foi Assislentt Esp«io/ do Presidenlt Reoian, enrorregadô dru contatos da Cas,i Branca rom as organi;:oç(Jes conser;·ador,u. ,u assoclllç(Jes de •·eteranos de iuerra, bem como os divt1'$0S grupos religiosos. Tambim atuou como encarregado da "Forra-Tortfa da Casa Branca pora a Amlrica Cenlral 1 1 lmtltu~ e~;id!~~ct;:,~~ /fe;~~~n;~:,~,i~;;e;,,t:vz~ /ude ronsenadora, nos Estados Unidos. l /amblm presiden1e dô "lmernr,1/onalPolicy Fon,m'', organizaçtloqueroordenaos conta/os dru11/derts conser>'Odorts omtrironos com seus homólo· gosnosdtmaispafses.
·~ª~":1~~:~r
Htnr,• W•HhH Um dos mais txperitfllts ..insid"1 .. de W,uhingtôn, ô Sr. Henry Waltherjpresidentedo ''Uni1tdS1a1tsDeftn1eComitte", or,ani;:o(do pri,·adt1 que coma com mllham de mtmbros, euja fina/Idade J trabalhar pt'lo fortolt!f:imemo do sis1t1ma defensivo dos Estados U,ridos e do aliança ocidentt1/, O Sr. Wa/1her i um dos campe6es do /uia pelo "Stratqic Deft1nst lniriati>'t" (SD/),
i:,"':,i;/::t:::: z•:: ;i1~%':
fedJ:t:'::~;;a1.Ut/ ,·is,, dotar O Sr. Wa/ther rec:en1emen1e 01uou como um dw direwres da compunha presidencial do Sr. Pai Robertson, nas prtvias du Pur1id0Republicano
WiUlamKtinx Jornalis1ade /orgaebrilhanle l,ajt/ória, o Sr. William Klint desempt'nho hoje afunÇtJode tncarft!gado dôStn·içode Jmprenw da Fundaç(Jo presidido pelo Sr. Paul ll'ryrkh, i, 'Trtt Con1ressFô11t1dotion'" Dirige tambrm o "Ctntm de Política Ex1t1rior", p,estigio;JQ tfltidade dt!dicada ao esclar«;imemo do público americono brtassuntosdtpolüinlintun~mnol.
=
Nos últimos quarenta anos, pe· lo mtnos, não dependemos de modoprcponderantcdaquantídad e de armamentos, cm relação aos soviéticos.masdct«:nologia supe rior. E, o plano ' lniciath·a de Defesa Estratégica' Cônstitu i umae:uensãol61icade,sarnperioridade. "Permitam-me agora dar asmàsnotlcias. ''AadministraçãoReagan, prindpalmemedc,;idoàsuafaltade,·ontadedecnfrentaioCongrc.$.SO, tem aplicado uma ,·erba rno,frtlempcsquisas,masnão temqueridodescm·ol,·eremna daa'lniciativadcDefesa Estraté· gica '. "Ademais.em l'irtudedas negociações empreendidas pelo Conaresso,l'aidcmorarainstalação dcssc plano. como tamMm porque a atual administração criou no po,·o norte-americano aidéiadcquc.dcal1umamancira, podemos mamcrum acordo comoS$0\'iéticos.quenosprotegeràsuficientemente. '"Omaiorperi&odorcccnteTratadodc Washil\itOn sobre a limitaçãodasarmasnudeart5 nãot51.ànoplanotknico.Existccertonúmcroderazõcstécnicasque provam ser este tratado um desastre. Podcrlamos pana r al11umashorasfalandosobrepe· r igo1õ técnicos. Mas, o mai,; importantcnloéesscproblema.porém o psicológico. Pois, o que tcm,;ucedidoéqucos1,0viéticos, quando aüinam um acordo. sabcmqucesilofaicndoumjogo, porquanto continuam tn1preen dendosuaaa;ress.lop,lomundo intciro.As.iim,continuamabarrotandoaNicariguacomdinheiro Aaora mcsmoc!escstão ,·iolandoo acordodtrttirada noAfe ganistão.Osrussoscominuama promo,·crumarevoluçâol';olentanoSu!daAfrica. ls$ôeles fa zemporqucnãopr«:isamterne nhuma preocupaçlocom aopi nii'.lopública.Emrctanto,nrn;EstadosUnidos,bastaalguémsereferira051,0\'iéticos, para que o po,·oamencanosc pergunte por que11astar 10 bilhõesded6lare5 paraobitrscgurança, quando sepodeassinarumaíolhadcpa-
pel,.sc,ndoa timamuitomaisbarata. Oaírcsulta qucapercepçâo daameaça$ôl'itlicacacompreen· sâodoperigocomunistasão mui· todébcis. "E, em decorrfociadisso. 1emossofrido\'crdadeirasperdas quantoàcapacidadercaldegastar verbas de nosso orçamento dedefcsa,nCSSC$Ílltimostrêsano.. "De"emo5 rtzar para que nlo.Kja1ardedemais.cquenos empenhemos cm fazer tudo o queforpoüi>·clp;iraque.sc,verifiqueumamudançadesituação. E que consigamos dt5pertar a compreensão a respeito do perigo soviético, e possamos forçar o Conarcsso, de futuro, a assu mir suasrespomabílidades""
Sr. Wllllam Kllng "Para mim constitui verdadciro pruer es1ar aqui hoje à noite. Aprendi nestt5v.àriosdias emqut1esti\'Cn0Brasi1queautên· tioo1ts0uroé0Dr. Plinio!Que tts0uroparaomundo. "Amanhl Yiajamos para oChile.ChegamosaoBrasilprocedenit5 da Argentina, um pai,; que e,;tà suportando uma infla çâoterri.,el,umpaisquctemhipotccado seu.futuro. qutcorre sério perigo, Ao noroeste. ,;itua· sco Peru.onde um gol'trnoesquerdistaenfrentadoistiposdiferentes de comunistas: um. marxis1a -leninis1a,eoutro,maoista. E onde os con.sc,n·adores nem participam do debate nacional. Aonone,estàlocalizadaa Nicarãsua. cujahis16riaéterri,·el. "ECuba-umaplatafor. madeagrcssãovolladaparano,;sohemisfério.Enquamoaditaduraatéiadt5sailhaexistir,nosso hemisfériocorreperiao. " Rogo para que os Srs sccomuniquemcomstuscompatrio1as e com pessoas de pensa· mcmo afim, cm outros palscs da América Latina, paradcs.en,·olver esforços dc cooperação nestehcmisfério.Epe:ço·lhesque trabalhem conjuntamente para promo,·eros,·alorestradicionais. os,·alores familiares. que1odos nós amamos de todo o coração··.
CA TOUC/SMO OUTUBRO 1988 -
19
Encanto e beleza . . . em qualquer circunstância
....
PRIMEIRA VISTA, duas
A ::~se;,,e:;7~
a montículos esbranquiçados, defom1a incerta e variada, tJisse-
mínados num hori-
zon te sem limites. A luminosidade da a t-
mosfera apresenta um matiz levemente azulado, talvez por efeito da baixíssima tempera tu ra ambiente. D i r-se-ia que o ares-
td prestes a se congelar.
Um o/bar mais
atento, entretanto, revela a silhueta de outras aves que se encontram deitadas no ge-
A distância a ser transposta varia de seis a oito mil quilô· metros. Tal p ériplo exige uma "discipfi. na " especial: voar1do em formação cerrada, eles constituem farpas gigantescas, que além da grande beleza, têm assim menos dificuldade em vencer a resisténcia doar. Cadaa vesebeneficia da companheira que lhe precede nafom1açâo. Na ponta da farpa , o "t:he· fe" supo rta a fadiga máxima do vôo, que dura em média dezoito horas por dia, à velocidade de oitenta quilômetros bordrios.
lo, numa posiçiío d e
imobilidade quase sepulcral. D e cá e de
acolá, notam -se pontos negros contrastantes com o encanecido da vastidão, onde neve e p lumagem se confundem. São olhos arregalados a nos garantir que as aves estão vivas. Que aves poderiam resistír a clima lâo rigoroso? N ã o se imaginaria, mas sâo cisnes. Cisnes ... selvagens/ Selllagensporque, indomesticáveis, habitam as planícies geladas da Sibéria, a leste do rio Ob. Pa ra isto, foram dotados pela Pro vidlJncia de recu rsos especiais que lhes garantem a sobrevivência na luta contra duríssimos fatores adversos.
Quando, no inverno, a temperatura desce a cinqüenta graus abaixo de zero, congelando por completo lagos e rios, eles precisam migar para regiões de clima mais ameno, na Ch ina, na Co réia ou no Japão.
Com sua esplêndida plumagem nívea e sua elegância sem par, o cisne nos/ata de graça efalltasia. En tretanto, ele também é exemplo magnífico de tenacidade, na medida em que enfrenta condições extremamente adversas como aquelas da Sibéria Ocidental Sua beleza se d estaca em meio âs intempéries e se impõe onde quer que se encontre. Flutuando no lago, este lhe serve de espelho; coberto pela neve, a alvura imaculada de suas penas encontra nela um elemento adequado para lhe disputar Jonnos11ra e encanto! Tal é a riquez a da obra do Criador, na qual Ele traçou Sua imagem Os ecos profundos e magníficos do Deu s Infinito que se ouvem na crfaçâo, ressoando em nossas almas, nos preparam para o dia em que, segundo Santo Agostinho, "<lescansando contemplaremos, contemplando amaremos e amando lou varemos" (De Civ. Dei, /. XX/l, e. 30, n 5)
, ·, AfOIJCHSMO Nº 455 - Novembro
de 1988 - Ano XX)(VIII
Estado aprova e estimula
O DESMORONAMENTO As autoridades civis dos diversos países foram introduzindo modificações na legislação, de modo a adaptá-la aos hábitos e costumes, contrários aos Mandamentos da Lei de Deus lham fora do lar. E, pior que tudo, o aumento alarmante da prática homicida do aborto. O desmoronamento da familia é um aspec10,edosmaiscontundentes,daquetacriseuniversal. una, total, dominante e processiva, por que passa o homem ocidental e cristão, isto é, o europeu e seus descendentcs(2).
Uma nova mentalidade
Oulro1aospaiselerciamumaverdadeiraauloridade - hoje,emviasdeedinçâo - str breosfilhos:asadmoestaçõeseramiecebi· dascom ,espeitoeautamento.O quadro "Repreensãopaterna"(1654), dopintorfla. mengo Gerard Ter Borch, mostra com suti-
leza uma advertência paterna.
=,
i::j
Ü oLPEADA do exterior pela escola, pcloEstadocpelatelevisãoeminada em seu próprio interior por desajustes e desavenças de ioda espécie - que chegam até a violência, ao abandono e a morte
] ~: ~!~~i:s:~~!~;d~d~~b~~~a~a~~~:~
1 ;i~~r:;d:~,~~:~::nt:S;~,a~ec~::;:~: trializada, torna-seincapazdesobrcvivn
~
.:§
:~~i S::q~;,:::~~e~:ae~~~~:-~:i~~n;
~s~;fpªit~~~~. :m~s::~~i~~~r;;;r~~~~:~~ 11
5 ~1!~;~~ J
i~r~t:~~z:;1':;i~~e~f(~t cxpu1 zidaTeªl!~:~!i,\~f~ :r~~::n~~~ºc:~~: dolugara"famílias"ondejánãocxiste 2 - CATOLICISMO NOVEMBRO 1988
Tais manife,;tações da desagregação familiar se a~ntuaram especialmente nos últimos 20-25 anos. Os estudiosos dos fenômenos sociais são concordes em afirmar que essa transformação se deveu principalmente à existfocia de um fator psicológico que, em boa medida. precedeu e motivou os fenômenos de ordem social. Foi uma profunda mudança de mentalidade, fruwdeuma\ongapreparaçào, que levou as DC$SOas a se comportarem O habalhoda mulhe1 ioradolar - e1ecu- de modo diferente, quase repentinamentandoatêmi>smota1efaspesadas,incompa- te. e sem umaexplicaçãoapareme, ea tiveiscomadelicadezafeminina - êuma aceitarem com satisfação ou com passium conjunto de idéias,dou1rinas dascaumdadesagregaçâodafamilianu- evidade leis em apoio ao seu novo modo de clear moderna proceder. Essanovamentalidade,especialmentenasgeraçõesmaisjovens, se caracteriza por dois aspectos principais: desprezo mais o casal es1ávcl, unido pelos laÇOs do pela instituição do casamento e pouco dematrimônio monogâmico e indisso\ú,·el. sejo de ler filhos. Em outras palavras, faEssas "famílias" vão obtendo uma acei- zer do relacionamento se.~ual uma fonte tação cada vez maior. adquirindo foros exclusivadeprazerpessoal,relegandosua de cidadania não só peranteaslcisdoEs- finalidade procriativa, quando muito a tado, comodiamc daopiniãopúblicaem um plano inteiramente secundário. geral. Quanto às gerações dos pais, também Entre.asmanifcstaçõesdecarát crso- foramatingidasporessatransformação cial desse processo de destruição da fa- de mentalidade. embora suas manifestamília moderna estão as seguintes: dimi- ções não sejam inteiramente idênticas â.s nuição acenmada do número de nasci- observadasnasgeraçõesmaisjovens. De mentos e de casamentos; aumento do nú- fato. me,;mo sem assumir, na maioria das mero de divórcios e de separações em ge- vezes, o mesmo comportamento dos fi. ral; grande aumento do número de uniOO lhos, os pais encaram com naturalidade liv rese,emconseqilência,defilhosilcgi- e "compreensão" a conduta dos jovens. 1imos; aumento muito acentuado, tam- Não os educam, não os criticam, não os bém, do número de familias monoparen- repreendem, e mesmo quando estão em tais (em que só o pai,ousóamãe, vive certo desacordo com eles acabam por cecom os filhos) e de mulheres que traba- der, para e-.•itar um rompimento que que-
, DA
FAMILIA Aindanoséculo pass.ido,asuavidade david;i familiar era obseMda comfreqüênci;i em luesde todos os niveissociais, comoo represent;ido no quadro "A fami lia Begas" (1821iNele,opinloralemão Karl Begas retratou ;iamenidadedoconvivtOexistenteem seu próprio lar.
Uma sociedade " compreensiva", que já aceita com complacência o adultério, o concubinato, a progressiva liberalização nos trajes e na conduta geral rcm a todo custo impedir. E quando fi. lhos e filhas deixam o lar para viverem união livre, em coabitação sem casamento com outros jovens, mesmo sem condições financeiras para isso, são os pais que os ajudam nessa situaçãç, e os acolhem novamente quando resolvem voltar, sem arrependimentoalgum,mas1alvezjásatisfci1os ou decepcionados com a "cxpcriencia". Sãopaisquenãotemmaisargumentos nem força moral para resis1ir às investidas dos filhos, porque eles pró-
praias, o semi nudismo nas ruas e nos mais diversos ambientes, e a mais completa e difundidaliberdadesexual,tudosejaacolhido com naturalidade, como se fosse progresso e evolução social. Essatransformaçãodementalidadce de comportamento; a divulgação de novas idéias sobre moral, sexualidade, casamento e familia; e a mudança subseqüente das lcis para seadap1arem aos novos costumes e para lhes dar apoio, tudo isso constitui o resultado de uma ação reprios já não vivem de acordo com princí- volucionária bem planejada e executada. pios; vivem somente de hábitos mentais Configura-se assim de modo claro, no adquiridos no passado, para os quais campo dos costumes, uma revolução nas mui1as vezes não procuram explicação e tendências, uma revolução nas idéias e dos quais freqüentemente desejam uma revoluçào nas instituições (3). libenar-se. Esse desejo de liber1ação em relação A legalização aos hábitos tradicionais, em matéria de costumes, encontra um estímulo ines1imá- da imoralidad e vd numa sociedade "compreensiva". que Realmeme, observando a atitude dos já aceita com complacfncia o adultério, o concubinato, os sucessivos "casamen- governos dos diversos países onde tal mutos'' e, muitoespe<:ialmente, a progressi- dança de comportamento se verificou va liberalização nos trajes e na conduta ou seja, em praticamente todo o Ocidengeral. De tal modo que o nudismo nas te ex-cristão - constatamos que a legis-
lação dessas nações, longe de procurar combater o mencionado avanço da imoralidade pública e privada, foi sendo adaptada a novas práticas. Então, a pretexto de que as leis não poderiam ser anacrônicas em retaçào aos há bilos e costumes da população, não poderiam ser leis existen1es apenas no papel sem serem obedecidas, as autoridades civis dos diversos palses foram in1rodutindo modificações na legislação, de mo· do a adaptá-la aos novos hábi1os e costumes, contrários aos Mandamentos da Lei de Deus. Se os casais já não $ão fiéis à indissolubilidade do vínculo. o divórcio é facilitado ao e;\'.tremo pela lei. Se as uniões livres vão se tomando cada vez mais freqüentes, o concubinato passa a ter iguais direitos aos do casamento frente à Previdência Social. Se os filhos ilegitimos vão ficando tão numerosos quanto os legítimos, o Estado concede iguais direitos a ambos. Se os pais abdicam de seu direito e de seu dever de formar e educar os filhos, o Estado lhes tira o pátrio poder e o transfere a instituições sob sua orientação. Seasmu!heressedixemoprimidasno lar pela autoridade dos maridos, o Estadolhesconcedeiguaisdireitosnadireção dafamilia,quepassaasermenoshierárquica e maisiguali!ária. Se elas vão trabalhar fora do lar, o Estado procura faci litar-lhes esta nova situação, impondo aos empregadores sua equiparação salarial, além de licenças especiais para maternidade,crechesetc.;ouseJa,contribuindo para sua ausência do lar. Scousodemétodoscontraccptivosde qualquerespéçiesevaiaeneralizandoentre mulheres e homens, o Estado não só permiie sua fabricação e propaganda, como ainda promove a difusão desses métodos por meio de seus serviços de saúde. Se o número de abortos clandestinos se torna alarmante, o Estado despenaliu essa prá1ica homicida e passa a oferecer às mulheres que desejam matar os própriosfilhosemsuasentranhas,arealização de abortos gratuitos e com toda a ''segurança", cm hospitais e postos de CATOLICISMO NOVEMBRO 1988 - 3
"Essas tendências desordenadas se desenvolvem como os pruridos e os vícios, isto é, à medida mesmo que se satisfazem, crescem em intensidade "
Afamílianuclearde nossosdiasnàocon~ gue evita, o processo de sua própria desag regação [inegávelque,emséculos;interiores,avid.11 fa miliar gouvil de solidez e enunlo. hemplodissopode-seobserv.u, altnaintimidade de um modesto lilr de camponeses comoodoquadro"lnterior rústico"(17771 do renomado pintor hancês Fragonard. saúde, além de reembolsar os que são rea-
niais (IJ.Jufho-1965); lei sobre o adoçào lizados em clínicas paniculares. (l f.Julho-1966); Lei sobre a autoridade Se o nudismo e o scminudismo estão paterno (4-Junho-1970); lei sobre o filiase difundindo cada vez mais, o Estado ção (J-Joneiro-1972); lei sobre o divórpermite a prática do nudismo total em nú- cio (JO-J11lha-I97.5). (. .. ) mero crescente de locais e vai adotando "Todas essas mudanças seguiram e permitindo as modas seminudistas nos uma mesmo evoluçilo, ou seja. elas levaambientes profissionais e nos logradou- ram ao abandono de certos princfpios e ros públicos. à consagração de outros: lmportarealçaraindaquetod1Ucssas - foram abandonados ou debilitados altcraçõeslcgaissãofei1asexplicitamen- os prindpios do respeito à hierarquia pate no sentido de promover a liberdade e triarcal. à instituição, à/orço da legit1miaigualdade,emdetrimentodaautorida· dade em matéria de filiação e sucessiio. de e da hierarquia. ( ... ) Como e;(emplo significativo des.sa ati· - foram promovidos os principias da tudedoEscadoemfaceda revoluçãonos liberdade pessoal; do respeito ao interescostumes, é oportuno lembrar a posição se particular de cada um dos membros do assumida pdo Estado, na França, muito casal enquanto individuo; da igualdade bem descrita pelo Conselho Econômico enfre os membros do casal durante ocae So<:ial daquele país. Com as devidas samento (... ); da eqüidade entre filhos naadaptações,adescriçãotambémévâlida turais, adotivos e legftimos. (... ) "Porém (... )este 'aggiornamento' lipara mostrar a atitude de governos de outras nações dia111e do fato consum,do da beral que desejava alcançar os costumes, foi ignorado e ullrapassado por eles. Esrevolução nos costumes: "Na França, a Revolução, e depois o te casamento iguulitório (... ) foi despreCódigo Civil, deram uma existênciajur,: ;;ado por uma f ração importante das gedica precisa, fora de qualquer sacramen- raçôesjovens, que preferiu optar em masto religioso, ao casamento. Este se tornou sa pela união livre. (. .. )O divórcio facilio fundamento institucional e moral dafa- tado não conseguiu persuadi-los a conm11ia e da sociedade civil. Entrelanto, a trair laços legais" (4). É in1ercssante notar como o próprio partir de 1965, mais ou menos, os cos1umes mudaram apesar das leis. Os juris- Estado francês confessa ser o dinamismo tas e o legislador julgaram então que as da re~·o!ução nos costumes maior e mais leis que ignorassem os costumes se con· rápido do que o da revolução nas leis e denariam a perder seu sentido e a tornar- nas instituições. O que vem a confirmar, se anacrónicas. Assim, em poucos anos, umavezmais,serarevolução tendencial eles reformaram prof11ndamen1e o direi- o grande molOr da Revolução universal, /O civil referente ao casamemo e(/ famitalcomofoiconstatadoedenunciado,pelia (como ocorreu em outros países oci- laprimeiravei.na História,naconsagrademois): lei sobre os regimes matrimo- da obra do Prof. Plínio Corrêa de Olivei4 - CATOllCISMO NOVEMBRO 1988
ra, "Revolução e Contra-Revolução", jâ mencionada an1eriormente neste artigo: ''Essa Revolução é um processo feito de etapas, e tem sua origem última em determinadas tendências desordenadas que lhe servem de alma e de/orça propulsora mais(ntima. (... ) "A mui.s possante/orça propulsora du Revolução está nas tendências desordenadas. (.. .) Essas tendências desordenadas u deunvolvem como os pruridos e os vícios, isto é, à medida mesmo que se suJ,efa..em. crescem em intensidade. As 1endlncias produzem crises morais, doutrinas erróneas, e depois re~·oluçôes. Umas e outras, por suu vez, exacerbam as tendências. Estas últimas levam em seguida, e por um movimento antifogo, u novas cri.ses, novos erros, no~·as revoluções. É o que explica que nos encontremos hoje em 1al paroxismo da impiedade e da imoralidade, bem como em tal abismo de desordens e discórdias" {S). MurilloGalliez Nmu (l)Crr. MurilloGalliez_. ··A criw familiar na sode dade urti.-1111 e indosma! ·. "Ca!olki,mo". ootobro/L986. n! 430; '"E>eola e Es1ado aliados na dcmoliç•o do pátrio pOder"'., ··c1101icismo··. maic:,/19S7.n! 4J7;"Pais,;api1olamwm!u1aan1e aaçio>desqrq;adoradaTV"º ... Catolimmo'',..,._ 10/ 1918, n~ ,n. (2) Cfr. P!inio Corrh de Oheirt, '" R....-oluçlo e Con1rt-R....-oluçio"',Diáriodasl.eisLtda.,SãoPaulo, 2! ediçlo. 1982, pp. 17-18).
mgr,i~ri•t:,~~;,,~~t~~ ~
~ial, ,''Le Stamc Matrimonial e1 oesconstquence,jurid1ques. fiscale, n sociales"",ºJourna.lOfflcieldtlaR4'ubliqueFrançaiw"'.Pari1.ll / janvier/l984,p.6.
(5)P!inioCorrbdeOLi,'eira.op.ci1.,pp.2l-24.
R RERLIDRDE concisamente e PUG ILATO .. . Tapas, soeos e p0ma~s. cm mcio à troca dcinsultossoczes,assinalaramo 1trminodosegundodebaceemre oscincocandidatosà Prekitura de Recife, promovido pela n'
N!lo c1pant a o "diktat" do novoCésarvennelho. Desoonccrta, istosim,queutubasdapublicidadcocidcntalcontinuema aclamaroraquhico"florescimento"daimprcnulivrenaRússia.
JornaldoComércio.Cincogwtr-
nit;&s da rádio-patrulha foram mobilizadas para conter os ãnimos ... Escova de du tH ... "Mamenhaseunomenaboçadoelcitor"
-r«omendaumanúncioveiculado nos principais jornais de Brasilia.Objetivo:vendcrescovas dedentescomnomesdecandida10sàseleiçoksmunicipais;segueseutensarelaçãodeprodutos quepodemser distribuidoscomo brinde1par1arrebanharvotos dosindrcisos. Mislifiu~o... Em CUritiba,
o diretório local do PC do B anuntiouquepretendto:ncomrarsecom0Arcebisp0D.Pcdro f cdahoparapropor-lhea constru-
çãodecapelas-principalrcivin-
dicacãodoeleicoradocomunista (!)curitibano. Vu Lo! ... NoLargodafigucira,cmSãoCactanodoSul(SP). o PT pretendia, semanas atrás, organizar um comício. Armou barraquinhasparaoferecerquinquilhariasaosou,·ime5, masestesnioatenderamaochamado. Lula. o orador, increpou 05 auscntesem termosfo:rinos. Bradou em vio ...
e VERSO DA medal ha - Se osfio!is50Ubessnn,meabandonariam ... Ni111uém ~aqucaautodenominada lgrcja "Católica" Patriótica Chinesa t mero Fantoche nas mãos do regime de Pequim. Nestesentido,importaconhecero insuspeito dcpoimcnto de D. Jin Luxian, Bisp0(ikgítimo)dcShangai,em recentes declaraçõe$irevista"TrentaGíorni": "Quero continuar nessa Igreja. Se cu me tornasse um membro do Partido Comunista perdcriatodoomeupas$1do.(... ) Um Bispo que aderiile oficialmemeaocomunismoscriainútil hoje,porqueseoslin$$0U~ disso abandonariam QSC Bispo. Alguns Bispos chineses se casaramefor•mabandonadospelos fiéis. Repito:ocomunismoésu ficientemcnteinteligemcparasabcr que um Bispo comunista t inúti l. OPartidoquerBispos( ... ) que aceitem colaborar".
Vai aqui c~pressoco m invulaar clareza o provcito qu e ocomunismoaufcreda"politicade colaboração'', promovida por eclcsiâsticosnomundointeiro.
e REVERSO- Liçjo aos comunistas: Hicomunistas pouco atilados que temem o "contigio"comnão-ateusncssa colaboração. A estes Frei Bc1to advenc:"colocaroate!smo'"comunistacomoadversruiodasComunidadcsEclesiaisde Baseeda Teologia da Li bertação "é, no mínimo. fai:erojogodoinim igo" (ocapitalismo),poisambos"se somam" na "construção do socialismo'", Essa"fratcrnaldiretriz"do astutorcli&iosofoipublicadano órgão oficial do PCB, "Voz da Unidadc",ctranscritapelobolc1im "Espalha Facos" {agos10/ 88),órglodoCentrodc Pas1oralde Comunicação de Santo André.
e CANIBALISMO em marcha1 - "Seria maravithososeum can ibal também pudesse sentar-
Exemploscolhidosaesmona imprensa diéria7 Nào, apenas manifcstaçõescloqiientesdecomo o chamado principio da rcprescntatMdadc dcmocrática se acha combalido entre nós
e •• p•:RESTROIKA"": card'4>1olndi8f:SIO-"Scjamcuidadosos,maispre<:isose,acimade 1udo,apóiemoquees1oufazcndo"', exigiu Gorbachev em reunilocomeditorcssovitticos.Scgundoodirigenterusso,alibcrdadedeimprcnsaj.ifoilongedcmaiJ nopaís{sic!). Mostrou-se muitoirritadocomadivulgação dcumapesquisarevelandoofracoapoiopopularàs"soi-disant"' reformas - conhecidas como "gla1mos1' · e "perestroika " cmprcendidasporscugo,·erno. Vita!y Korofo:h, da revista ''Ogonyok",comparaessacscassahberdadeeditorial àsituação das mcr~arias estatais, "onde nãoscencon1raumasalsichapas5'veloufrangosfrcscos,muap,:naslatariasecabeçasdepcixede aspectohorroro1,0".
Slltur•do de b1rulidide, o homem mode,110 upi1• 10 111,u1wilho$0 • ANACRON ISMO criativo - Na Catalunha. após longa pesquisa sobre as preferências do público, um cmprC$ário decidiu erguer um edifício com mais de sete mil e quinhentos mctros quadr_adros, con1endo um castelo, _arquibancadas para quase duas 11111 pessoas. bem como uma pista para tornci05 eqiicstrcs. justas c represcntaçõcs teatrais. tendo como inspiração a Idade Mtdia. Cavaleiros e damas vestem-se com os trajes característicos. Damesmaforma'iâoajacudososcavalos.Pratos !!picos daquele periodo histórico são servidos aos turistas - cm número superior a mil e quinhentos por jantar. Tais cspctáculos jé foram presenciados por mais de um milhão de pessoas. Saturadodafebricitaçãoneurotiuntegencra!izada,ohomem moderno sente nostalgia dos esplendores épicos medievais. E nio $6 em paíscs da vclha Europa como Espanha e lnglaterra, mas também em tcnas do Novo Mundo, como Canadi e Estados Unidos - considerados comumentc paradigmas da modernidade!
secmumrestaurantc parasaborcar,semcomplcxos,seus pratos prefo:ridos.{... ) Falcicommuitos advogados.e1-0bessepon1ode vista(legal)meuprojeto-abrir umrtstaurantecompratosibasedecarnehumana-nàoapresenta problemas"; aliâs, "para demonstraratodosquenãohá nadaatemer,sostariadeabrir meu restaurante cm frente ao Parlamento''. O autor desse comentário, Rick.Gibson-canadensede3 6 anos,residen1eemlondres-resol,·eudcsd<:l0&oprovarquesuas aspirações são menos platônicas doqueàprimeiravistasepode· ria supor: entrou num "pub" (bartipicobritãnico), pôsas ami1dalas,doadasporumami10,1-0breumpratoe,depoisdc salpid-las com algumas gm;u de limão,comcu-asdcumasóvez. Re,·clou,ainda,queemsuacasa hápotcsdeamígdalasconservadascmvinagrc. Proje1.omacabrodeumpsicopataemdeUrio?Merocx1ravasamcntodeumimpulsotorpe,indignodcfixarnossaatenção?Ou -pelocontrário-sintomarepulsivo do ritmo galopante em guesedccompõenoHasociedadeocidental,ex-cristâ1
e FA MiUA: 1olpe de mlseritórdia. - A Constituinte, no Brasil.acabadeequipararoconcubinatoaocas.amemo NaSukia,ondcji~igoratal dispositivolcgal.vinteporcento dosca.sa.issequcrcontraemmatrimõnio.NafaíJtacntre,inteetrintaanos,onúmcroasccndeacinQiientapor~nto! "Temos1antoscasaisvivendo emconcubina10,quetproblcmá1icodefiniroqueentcndemospor família",observaumsuecoligado ao Departamento de Estatística ... Com efeito, metade dos recém-nascidosnaSutciaelslãndiasiofilhosdcmies-soltciras. Na Dinamarca, ototaltapenas ligeiramentcinfcrior:quarentae cinco por cento. Décadas de permissivismo e revoluçãoscxualconduziramaisso. Comenta "Ncwswcck.'": "As mulheres estão abandonando o casamento, mas não deixam de ter filhos. A maior parte prefere tê-los num relacionamento está· vcl, oquesignificaocasamento defato".Ouscja,oamorlivre, tendocomoumadcsuasvariantcsoconcubinato. NoBrasil,a.smcdidasrecémaprovadaspelosconstituintessio demoldeaprodurirosmesmos dcsasuososefcitos.
CATOLICISMO NOVEMBRO 1988 - 5
A mesa que presidiu a Ultima sessão. Da esque,da para a direita: Robe,to Macedo (di· retorda hculdadedeEconomiadaUSP1Alberto Goldman (Secretário de Coordenação dogove1noQué1ci•J, umjomalisla,Anatoly Butenko (russo1 0ctaviolanni(pe~uisador da USP)e JacobGorender(do PCB).
Cipko acentuou que o igualitarismo muito arraigado na Rússia, fruto de uma tradiçãoesquerdistaromântica,obstaculiza o desenvolvimento da economia. A
mentalidade igualitáriaéculpadosintelectuaiscomunistas, queaolongodedécadas criaram ódio ao modo de ser ; pequeno-burguês, a uma concepção mais espiritualistadavida,bemcomoàpsicologia consumista. Foram esquecidos, disse, problemas humanoscomoapreguiça,amediocridade etc., por demagogos que apresentavam um ideal sem fundamen to na realidade .
~~~:~~:r:s~:: ~~:i::~i~
Seminário da perestroika no Brasil
Fracasso do comunismo e artifício "salvador" O CEBRA DE (Centro Brasil Óemocrático), presidido pelo arquiteto comunista Oscar Niemeyer, associado às Universidades de Bras11ia,
Rio de Janeiro e São Paulo, promoveu um seminário - realizado nessas três capitais, de 3 a 7 de outubro - sobre a Peresrroika. Em confe· rências proferidas na sala do Conselho Universitário da USP, segundo pude observar, o público oscilou em torno de cem pessoas. Foram trazidos da Rússia, Estónia, Hungria e Polónia, comunistas de alto escalão, ligados ao PC soviético e ao governo, para nos explicar
o que são a glosnosr e a peresrroika. Seis sessões se desenrolaram - cada uma de trls horas ou mais - com a presença, na mesa, de d,:batedores brasileiros com cargos no flamarati, em Universidades, na F!ESP, além de membros do PC brasileiro, a/los empresários, jornalistas, sindicalistas, etc.
Claros ao descrever os fracassos Os conferencistas foram muito categóricos em denunciar as manias soviéticas e propugnar para o im~rio comunista - ao menos mediante palavras - reformas econõmicas, polí1icas, sociais e culturais tão vastas que surpreenderam muitos dos presentes. Scrgei Mikoian, da Ar;ademia de Ciências da Rússia,chegouadizer: "temos que fazer uma revolução''. Enquan6 - CATOLICISMO NOVEMBRO 1988
toTiitMade, pri ncipalasscssoreconômicodogovernotítercda Estônia preconizou o fim do monopólio estatal no campo do comércio exterior soviético. A baixa qualidade de nossos produtos, disse, não corresponde às exigências do comércio. Há atraso de uns dez anos no que se refere à computação e no sistema de fotocópia. AlcxandreCipko,dolnstitutodeEconomia do Sistema Socialista Mundial, confessou estarem à busca de mecanismos capitalistas,amcsrejeitados"numorroubo de entusiasmo esquerdis1a". Com isso, disse, pagamos caro: "nosso nfrel de vida é inferior ao da Europa".
~ ::1~~'~;,d: precisoumamudançaradicalnaquestão doigua!itarismo. Segundo ele, na Polônia, nos últimos anos, nada se faz de importância sem antes consultar a Igreja para chegar a uma posição comum. Já Andras Nagi, do Instituto de Economia da Academia de Citncias da Hungria, reconheceu que o socialismo setornou menos humano do que o capitalismo. O sisltma socialista herdado de S1alin mostrou-se ineficiente nos seus resultados. Os monopólios estatais de açougues, padarias etc., são incapazes de satisfazer o consumidor. Rei vindicou uma sociedade livre, democrática, eficiente, comampla aberiura econômica - inclusive para o sistema acionário - e quebra do monopólio estatal da propriedade lnquiridosobreosriscos,paraaRússia, deláseimroduzirumcapitalismosclvagem, Nagi argumentou que tal perigo não existe. Mesmo assim, mais tarde, podem-se produzir mecanismos de defesa. Dissequeas reformasatéagoraempreendidas fracassaram devido ao caráter antidemocrático da lidcranr;asoviética, que não confiava nos escalões intermediários nem no povo. Só have rá democratização do capital se a houver antes no Estado. A hegemonia do PC foi um erro. Wlodzmiers Brus, polonês, professor naUniversidadedeOxfordeespecialista emplanificaçãosocialista,afirmouqueas reformas na Jugoslávia foram "um desastre". A polonesa e a húngara, 1ambém, "nõo esrõo indo muito bem". lslo devi do à concepção socialis1a do plano como regulador da sociedade. Defendeu umefe1ivopluripartidarismo. Segundo ele, a Polônia é, devido à hegemonia do PC, um modelo de decomposl\'fo de um país. O PC é rejeitado por toda a população. Anatoly Butenko, cientista-chefe do Instituto de Economia do Sistema Socialista Mundial, não se mostrou tão aberto ao pluripartidarismo como seus colegas
Na imprensa
Confirmação do fracasso e artifício Ü NOTICIÁRIO da imprensa foi generoso na cobertura do seminário sobre a perestroika. Páginas iniciras, reportagens, entrevis1as, artigos veicularam as principais teses apresentadas pelos emissários de Moscou. Eis algumas dessas 1cses que 1ratam de: • Mazelas - Anatoli Butenko, disse que "1 f1lta de gêneros 11imentidos continua send o um do s maiores problem as", e que os "inimigos da perestroiko 'pretendcm afogá-Ja em conversas"'("Jornal do Brasil", 3-10-88). Tiit Made: o "modelo de Marx fracassou" ("Jorn al da Tarde", 4-10-88). • Sustenh1çio ~onõ mica - \Vladimir Ka baid1.e, diretor do complexo ind ustrialdelvanova: " nós queremos pôr o upitt lismo a nossoservi çona árueconõmica.Seeles li verem van- sem rejeitá-lo em principio - mas manifcstou•se favorável à liberdade de pensamento e de debates dentro do PC. Cri1icou remanejamentos populacionais forçados na Rússia.
Pertinazes no comunismo Diante de tal decomposição social e econômica descrita pelos próprios interessados, o leitor deverá estar concluindo a única coisa razoável no caso: se o defun-
Doisaspectosdamesa quepresidiuasenão dodia 3deoutubro, à tarde. Na foto daes· querdavemos oConselheiro Ca rlos Antonio daRochaParanhos (do ltamaraty), TiitMade (estoniano)e Sergei Mi~oyan (russo). Na dadireita, Youritalin (daembaiuda soviética noBrasil)e JohanPeterKristiansen {da "(ia. Cacique de C.dé Solúvel~
tagt' ns écom ele:s"("FolhadeS. Paulo, S-10-88). Tiil f\fade: "c.pitafütas, \·enham para a URSS " ("Jornal da Tarde", 4- 10-88). • Pluripartidarismo - Alexander Cip ko:"Opluralismo. segundo ele,, • tonvi,·ência das organizaçõn da SO· dedade d vll com o partido único" (''FSP '', 7-10-88). Butenko propugna um "«ntnlismo democr"litico": "Ncnhuma proposta poderia se r apro,·ada se m que duascorrente5 fosse m ouvidas (, .. )Poderemos disi:utirdentrodo partidoúnico" ("O Estadode S. Paulo", 5-1 0-88). • Igualitarismo - Para luri Lcwada , Vice-Diretor do Instituto de Opinião Pública de Moscou, outro "fator deestagn ação das re fo rmaséo lgualltarismo. Na mentalidade dos soviéti• cos está enraizada a idéia de que a
to já cheira mal, enterrem-no, e passem a levar a vida dos vivos. Mas não são esses os propósitos da cúpula soviética. De fato, a amplidão das reformas propugna• das - ao menos em palavras - não os lcvaaqucrcrjogarnolixoumrcgimeque está caindo de podre. A lógica parece não ter aqui nenhum valo r. Todos os confe• rcncistasiruistiram emnãoabandonaro regime comunista. A última sessão iniciou-se com Butenko brandindo indignado um jornal brasileiro, que se referira à perestroika como consistindo num abandono, ao menos parcial, das idéias socialistas. É uma falsificação, dizia ele. Mikoian afi rmou estar errado quem pensarque a perestroikaéumdesviodo comunismo. O húngaro Nagi, por sua vez,declarouqueset r atadeum a modificação dentro do socialismo. Victor VolSki, diretor do Instituto da América Latina, da Academi a de Ciências da URSS, disseclaramente queaperestroikanãorepclea lutadcclasses. Equcametada no-
igualdadeémelhor doqueainiciativa , a diferenciação e a criatividade, que formam pessoas (sic) diferentes. O i1ualitarismosóexis1enaimaginação'' ("O Globo", 9-10-88). Para Cipko "A perestroikacaminhamaislentamente do que se esperava, prind pa.lmente por causada men1alldadci1ualiti ria cnraizada na consciência do p0vo". Essa mentalidade conduz a que ''muitas familias de camp0neses chegam a destruir o equipamento agrícola daquelas queoptarampelosistemade au1ogcs1l o ("OESP", 6- 10-88). * Ameaça ve lada - Wladimir Kabaidze: " A11:on i ho n de cooperação e nil o de confron1açilo" {"OESP", 5-10-88). Em outros termos - assinalamos de passa11:em - , a confrontação fica rá para outra ocasião ... Por sua vez, Victor Volski afirmou: "Sem paz e sem vida não pode haver revolução" ("OES P", 8- 10-88) E "sustentou qu e alutadcclasscsvaico nti nu ar ,masa pazentreasp01ênciaseaconvivência pacifica, apesar das ideologias, tran scendeaesseconflito''(idem, ibidem).
va política não é menos socialismo e sim:
"mais socialismo e mais democracia". Butenko sobretudo insistiu cm que se trata de vol1ar ao mao:ismo-teninista, deturpado por Stalin. Seu anseio é pensar sob reaatualrealidadecomo Leninepcnsaria se vivo estivessc.
Obscuros quanto aos objetivos da perestroika Senos falam de abertura , e querem permanecer comunistas, a pergunta que afloranaturalmenteé: paraondeconduz a perestroika ? O ponto parece ser delicado, pois, habitualmente tão prolixos, aqui eles se mostram reservados, circunspectos, omissos, no total obscuros. Cipko, por exemplo, levantou uma questão chave: qual o socialismo que que-
0.TOUCISMO NOVEMBRO 1988 - 7
remos?Pareceriaesfaraiaindicaçãoda meta. Só que, para responde-la, fez um longo levantamento das muitas definições p0ssíveisdesocialismo,paraconcluirque não se tratava de seguir rigorosamente nenhuma delas, nem mesmo rejeitá-las. Estamos à procura de algo na linha de uma sociedade mais saudável, racionalmente organizada, com maior eficiencia, disse ele. Ora, IUdo isso é tão vago que mais se parece com jogar areia nos olhos dos assistemes do que com a explicação de algo. A situação, concluía, é mais complexa do que parece. Na verdade- acrescentamos nós - ela poderia ser extremamente simplificada. Era só resolverem-se a enterrar o defunto. Por que não o fazem? O que há por detrás disso? Algunsindicios, entretanto, apareceramesparsosduranteasconferincias,que permitem formar uma hipótese fundada sobre os verd adeiros rum os da pcrcstroika. OpróprioCipkoforneceuma pista. Diz ele que os comunistas buscam um "compromisso hisrórico". A expressão foi muito usada na Itália, no tempo em que o PC akançou por lá alguma projcção . Jndicava uma espécie de <'o n,·ergênd a econômica, política, socia!eatéfilosófü:a entre o comunismo e o capitalismo. Nessapcrspcctiva,apcrestroika-visaria a um envolvimento tambtm do mundo livre, em busca de um ponto de encontroentreamisériacomunis1aeariquezacapi1alista, entreaopressãoeali· bcrdade, entre o coletivismo e aproprie• dade privada, tudo sob o bafejo de um relati vismo de princípios em que as noções de verdade e erro, de bem e mal seriam abolidas. O húngaro Nagi parece abonar essa hipótese ao apontar para uma "tendência à globalizaçõo da economia mundial". Salientando que regionalizações, tipo pan-Europa, são uma preparação para isso. Esse mundo novo, que a pcrcstroika teria em vista, não comportaria mais a propriedade estatal (ao menos com o monopólio absoluto que há atualmente 11a Rú ssia esatélitcs)nemapropriedadeprivadai ndividual. Osti!Ularesda propriedade seriam pequenos aarupamentos humanos: empresas, kolkhozcsetc. Seria a auloguti o (º) que é o fim último para o qual tende o marxismo. Cipkocitaumaexperiênciafeitacom kolkhozcsnão-estatais, autogestionários, cujo lucro não é do Estado nem dos indi· viduos. É dos membros do kolkhoz, cm conjumo. Nagiacrescentaquetalsistemaintroduziria a au1onomia e a concorrência de mercado, pois. cYitanto a propriedade estatal, daria ao comunismo incentivo para o trabalho e produção. O polonês Brus, por sua vez, é bem claro ao dizer: conseguiremos isso (a eficácia) de modo cole1ivls1a e não individualista. Volski fala de "propriedade social", naqualaspcssoasdcveriam ter presente qucédelasoquepcnenceaocoletivo. ''A consciência de que nOo é meu, nOo dd in8 - CATOtlCISMO NOVEMBRO 1988
Vantagens imediatas
Anatoly Butenlm (cientista-chefe do instilu· to de Economia do Sistema Socialista Mundial) t:em ivo paru trabaihar", disse ele, pois "na psit:ologia humana persiste o senti· mento de propriedade" . Como se vê, Volski tem bem claro que é conlra a pró· pria natureza hu mana que o comunismo se debate. Mas é pertinaz em rejeitar a propriedade individual dos meios de produção . Bute11ko acrescentou: temos que de· volver a propriedade e o poder do Estado aos trabalhadores. O sovit' te é que deve ter a plenitude do poder, e não o PC. Trata-se, pois, de Um socialismo econômico (propriedade) e politico (poder) que eles visam com a autogcs1ão. Ademais, e aqui tocamos num outro ponto obscuro, ê também um socialismo cultural, uma 11ova rt"volução <' nltural. De fato, Bmenko diz que a pcrcs1roika deve ser também "um processosóciot:ultural", para "preent:her o socialismo de um conteúdo humanfstiro e nOo burocráJiro" Esse aspec10, dito cultural, para onde se encaminha? Eles se referiram, de passagem, à N'O· logia na Rússia. Cipko citou projetos ecológicos em defesa da natureza. Tiit Ma· de se apresentou como "principal dirigenlf do Movimento Ecológico" da Estônia. Ora, é sab ido qu e o movimento ecológico está ligado a uma concepçãoantiindustrial e até mesmo anti-civilizadora dasociedadehumana.Algunsmaisextremadoschegam aligar-scàcorrenteindigenista,queprocuraapresentaravidanas selvas como o ideal para a humanidade. Autogestão, pequenas cooperativas oukolkhozesenãograndesindústrias,i·ida simples, no campo, ecológica, quase tribal, - estaria ai a meta última da pe· rcs1roika? É uma hipótese, mas não seria de admirar que ela fosse real. Os iri• dicios não são suficientes para uma certeza, mas falam nessa direção. Ademais, 1alcomunismoseriaaindamaisradicalc totalmente anti-cristão. Aliás, sobre os planos da Revolução mundial para degradar a humanidade até esse ponto sugeri• mos a leitura da 3~ parte do magistríU ensaio "Revolução e Co11tra-Revolução .. , de autoria do Prof. Plínio Corr~a de Oliveira (Ed. "Diário das Leis Ltda", São Paulo, 1982, 2~ edição).
Que efeitos prá1icos procuram, de momento, os promotores da perestroika, ao realizarem seminários como esse, muito ventilados pela imprensa? a)Nocampo inlern o O primeiro efeito prático é evidente: sus1en1açloeconõmicaocidcntalàs"reformas", aliviando, por esta forma, o descontentamentodasbases,aquems/ogans não convencem, nem muros retém. Nagi declarou que a população sovié1ica desconfia da perestroika. E Cipko acrescc11touqucesteéum problema sério, pois a reforma não pode vir só de cima. A economia, diz ele, não está ajudando. Só após resolvermos os problemas econômicos, poderemos 110s voltar para asárcascultu raisc dobem-estarsocial. E ace11tuou que o PC tem co11sciência de que chegou a hora decisiva para o socia!ismo mu11dial. Se a perestroika não der certo, ficaremos - e ele cita aqui Gorbachev "à beira da estrada da História". Segundo Butenko, o povo não sentiu aindaosresultadospráticosdapcrestroika, e continua tendo dificuldade cm encontrar carne, leite e derivados, açúcar etc., o que provoca descontentamento. Sem resultados co11cretos a posição de Gorbachev se debilitaria perante o povo. Fenõme110 de cúpula, nisso está uma das principais debilidades da peresnoika, disse ele. Trata-se, portanto, de um movimento para salvar o comunismo, o qual como um fruto podre está para cair. A glas11os1 e a pcrestroilca são ·os imili para atrair dinheiro em quantidade do Ociden1c, a fim de salvar aquele regime desumano e anticristão. b)No campo lnternadonal O movimento rosáceo da glasnos1 e da peres1roika é - talvez principalmente umamanobrapsicológicaquevisaaconquistadaopiniãopúbticaocidental,esua adesão ao socialismo autogestionário, de i11dole ecológico-tribalista.
'----------..J
Rússia
Ajustando as tenazes DuRANTE VIAG EM à Si~ria, em $Ctcmbro último, o Sr. Mikhail Gor- · bachev, s«rd ério do Comitl Cenual do Partido Comunista da Rússia, constatou um aumento de insalis íação pcpular com a crõnica falta de alimentos, moradias, ro upas, educação e a.ssistlncia mb:l ica. Isto - squndo sua concepção - seria devido à lentidão na aplicação da glasnMt (transparência) e da perestroika (reestruturação), as tenazes de sua pclitica, com as quais pretende sanar- nada men os do que 70 anos de c rescente estagnação da sociedade russa. De volta ao C remlin, o Sr. Gorbachev parece ter sentido uma súbita e imperiosa necessidade de remover o bs1áculos existentes na máquina governam ental à aptkaçio de suas te nazes, ou seja, os privilegiados burocratas que, numa sociedade inteirament e planifi cada, comandam, em última análise, at é a fabricação de um mero cordão de sapatos. Aparent ement e preocupado em reme· diar as mazelas do país, resol veu ele alterar os quadros governamentais, procu• rando livrar-se dos qu e não concordam com as tais reformas. Para tanto, foram convocadas reuniões extraordinárias (visando impedir eventual articulação dos opositores) do Comitl Central do Panido Comunista e do Soviete Supremo (parlamento) da assim chamada União Soviética. Nessas reun iões foram decididas, por unanimidade e cm sessões-relâmpago, alterações no quadro dirigente do pani_do e do pais. Foram afastados Andrei Gromiko, ex-presidente e Vic1or Chebnko v, ex-chefe de polída da KGB; transferidos aJ. guns opositores, (entre os quais, Yegor Ligachev, ex-número dois do panido); e nomeados ou promovidos aliad os do agora também presidente (ames apenas Secre1ário Geral do PC) Sr. Gorbachev . Tais reformas se es1c nderão aos quadros dirigent es das quinle repúblicas que constituem o atual império russo. De acordo co m especialistas, essas reformas são cosméticas. Stephen Cohen, crcmlinólogo da U ni vers idade de Princeton, afirma que ' 'Gorbachev não obteve nen hum 'acúmulo de poder decisivo ou mesmo majoritário' . Outro ana fü1a , Robert Legvold , do Institu to Harriman de Columbia, adm itiu que ' não se trata de uma limpelll completa"' ("News week". 10-10-1988). Removidos nas CU pulas os o bstáculos, ainda que superficialmente, o Sr. Gorbachev tentará aplicar as suas "preciosas" temues da gfasnost e perestroika no povo, procura nd o " sensibililá-lo" a e n1rar nas vias redentoras do "paraíso" comunista. " Liberdade" de crítica, "libetdade" de escolha do que produ· rir, relativamente independente das metas dos burocratas. Trabalhar muito mais em troca de eventual ' 'lucro " .. Mas ninguém poderá ser jamais proprietário dos bens de produção. O eomumsmo cont inuará. É o que eles afirmam. Ncue sentido, Volsky foi incisivo: "A t para o mundo todo". Ouseja,seria planofnerumgrande pi rão, no qua! se misturariam todos os povos e Ideologias, quebrando-se todas as resist~ndas,edeleresultariaoindiv!duo despersonaliz.ado,amor fo, abúlico,sósabendoviverem coletividade,enfimcidadão do mu ndo socialiiado.
perestroika
A ameaça velada Se o comunismo causou a miséria, mas seus dirigentes não o abandona m ; e a perestroika é o expediente que eles encontraram para sair do atoleiro, dependendo ela de financiamento capitalista, eoloca-se a questão: caso a o plniio pú· blieaocidentalnãoaceitedesempenharcsse papel, o que farão oseomunistas? Fala mos em opinião pú blica, pois os di rigentes ocidentais parecem , de modo geral, já mais ou menos comprometidos com a manobra. Não seria fáci l aos dirigentes soviéticos responder de frente a essa espin hosa pcrgunta.Melhoré insinu1r,diurnasentrelinhas. Pa ra quem sabe entender, a ameaça - velada - é: se o Ocidente se
negar a dançar segundo a música da perestroika, lançaremos o mundo na guerra total. Brus deixou claro q ue os soviéticos nãoco nseguem malsma nter a corri da 1rmamentis1a. A renda soviética, diz ele, eq ui vale a 40t,:'o da dos Estados Unid os. Para manter o equilíbrio de armas é preciso gascar q uase toda a renda nisso. E para um país e m ba ncarrota ... Volsk y, por seu lado , diz q ue a corrida armament ista levo u a uma si tuação de risco im inente para o mundo. Basta dizer, acrescenta, que se um radar falhar e confu nd ir um bando de pássaros com foguetes atômicos, pode produlir-se uma respostaautomáticaea guern nuc\earestará desencadeada . O s confrontos regionais, como os da Nica rágua e do Afeganistão, também podem levar ao confronto geral. Aperestroika, provocando a dislt"nsio polít ica , traz mútua confiança, e o des a rm a m e nto se processa normalmente. Fica subcn1endido , se não se apoiar a perestroika, é para a g uerra que vamos. Além disso, os exposi tores levantaram o espantalho da oposição à perestroika no interior da Rússia. Se ela tomar o poder, com inuaráaconfronlaçio, e aguerrase tornará provável,ta!vezinevitável. Logo,
ficavai nsinuado:omeiodeevitaraguerra é o Ocidente apoiar a perest roi ka contra os "duros". Ci pko bateu nessa tecla, fala ndo não só da oposição dos velhos di rigentes, mas também de "novasformasdeoposiçdo" à perestroika que podem se cristaliz.ar na Rússia, com "conseqüências dificeis de
prever". Volsky: "nossos nlifitans também não querem destruir os armamentos " . Buti:nko: "Não há garantia de irreversibifidade" na perestroika. Comosevê,tratar-se-ia deumachanlagem, a nivet mundial: ou vocês nos apóiam, o u serão destruídos. Chamagem à qual um mundo sem fi e sem princípios, como o nosso, torna-se facilmente sensível. Ora, quem garante que o famoso po· deriomilitarrussonãoéum tigrc de papel? Um pais em condições eco nôm icas tãoprecárias,enoqual ferveu mdescontentamento interno tão pro fundo , terá condições de enfre nta r um Ocident e poderoso? É pouco provável. Po r medo de uma tenebrosa mlnaem, nos atiraremos nos braços m uito reais da hi d ra verme lha? Mas, só para argumentar, admitamos que não seja mi ragem, e que a poss ibilidade dos russos destruírem o Ocidente se· jareal.Entãoarespostaàchantagemvelada da percs1 roika só pode ser a do P rof. Plínio Corrêa de Oliveira: "As guerras
têm como principal cousa os pecados das naf()es. Se, para evitar a hecatombe nuclear, as nações do Ocidente cometessem o pecado enorme de aceirar o comunismo, atrairiam sobre si os efeitos da cólera divino. Em Fdtima, Nossa Senhora disse que a ora(4o, a penitência e a emenda do vida t que afastam as guerras. Que Ela nos dê a corogem de exclamar, dionte do comunismo: 'non possumus'''(''Acordo com o regime comu nista para a Igreja, esperança o u autodemolição?", Ed . Vera Cru?, 1974, 10! edição, p . 123). Porfim,dessasuspeitapaidaperestroika,oscomunistasesperamauferiroutros lucros. Volsky afirmou q ue sem paz não have rá possibilidade de expandir arevolução, pois a ausência de confrontação faci lita as mudanças revolucio nárias. Alémdomais,prosscguiu , seacabarem asdiscriminaçõeseconõ micas , C u banào precisará tanto de nossa ajuda(ou seja, semdeixardesercomunista,passaráasugar o Ocidente). E referindo-se ao Brasil, em tom de gracejo, disse que até agora os comunistas não estiveram muito interessados em revoludonar nossa extensa Pátria, pois eles não 1eriam meios de sustentá-la. Quer diur, em bom português, se se filer atalpaldaperestroi ka,comap ropalada "economia global", então eles poderão ''inreressor-se"em abocanhar-nos, pois, nesse caso, não seremos um peso no seu orçamento ...
Texto de R. Mansur Gutrios Fotos de Bruno Santorelfi ( •J Sol,n<1<111ro,at6oromofim vis<ldopdo C'O-
mwnlmw. wr:PtinioCo,-,t,o.dtOli,·~n,, "Ow.itl lumo<1111o,,a11ondrio: tmvist<1dOC'Om11nismo.b<lrmrt1ou«1btft,-dt-pontr?".i,r"C<1tolict<mo",11.•s
J7J /'1,j<111.l/no.dt/981,
CATOLICISMO NOVEMBRO 1988 - 9
Campanha ... da fraternidade? A
·'CAMPANHA da Frattrnidadc (CF)" lançada pela CNBB neste ano \·crsou sobreasituaçãodosnegrosno Bra.1il,sobo slogan"Ou\·ioclamordes1epovo".Emtorno dtla foram publicados numo:rows folhetos, "ViaSacras"etc.,quenosdãoo "tom"da campanha. Te\'C ela algumas características bastante singulares , Primeiramente, foi de chamar a atenção aminguadapartidpaçãodapopulaçãonegra nocvento.Emboraacampanhatimbrasscem proclamar que se tratava de uma luta para emandpação, cm nosw Pais, da raça negra, supos1amcn1evitimadeumracismoinsupor1ável,obomsensodm11osS05carosesimpáticosnegrosnãosedeixouabalarncmembalar.Ficaaquioprcitodtnossaadrniraçãopela atitude deles. Demodoqucacampanha foi fundamentalmente eclesial, impulsionada pelos brancos c aegros ligados às CEBs, c a outrosorganismosq uc,qual polvodocntio,o progrcssismovaigerandonointeriordalgre· jaoubafejandoaoredordEla. Poroutrolado,apopulação11egraque11ão participa dos priadpios e se11timentos da CNBB foi durameate iavt(tivada aa campa· nha, pore.,emplo por D. José Maria Pires, Ar· cebispodcJoào Pessoa,qucdiz: "ONegro passou a não querer mais sua identidade. Fi· cou com 1wgonha de ser Negro e procurou esconder ou disfarçar sua negritude. Negro/alou mal de Negro. Negro denunciou, CQfOU e prtndeuNegro.Negroseco/ocouaserviçade brancocon1raNegro"(l). Estaúhimafrasc - note-scque"branoo" \'Cm com inicial minúscula e "Negro" com maiúscula - já nos fornece elementos para mostrar a índole fundamen tal com que se apresentouacampanhaditada" Fraternida· dc":claralucadcraças(2)comoelementoda grandelutadedasSC'iglobalqueacsqucrda católica vem promoveado. Um dos folhetos publicadosapropósi1odacampanhaafirma sem mais que "quase tudo de rvim qut acon. 1tctunesta1erra/oiobrancoqutpro1·orou, tnquantoonegroquasesempretentousa/1-ar osgrandes1·a/oreshumanos"(3).
lnsc:rumenc:aHzar os nearos
Uma fraêernlidade ca transformação da es1r111ura social vigente noBrosil"{S). Trata-se,portanto,dcumpla· noderevoluçãosocial.emfunçãodaquala situaçãodonegroé i11strume11taliuda.Coc, rente com essa orientação da CNBB, uma das cartilhasafirmaquconcgro ''nunca sairá da misiria, a nãoser_depoisde um tsforçogigan. 1esrodoqualsur1aumare1·oluçdo";Cimporta111e "um dia os negros darem uma mexida nascoisas"(6). Strnpre11amesmalinhadare1·oluçãogloba!,apro\'CÍla-se,porexemplo,uma"ViaSacra"(7) -cmquesecomparaa Paixãode Jesus à vida do negro - para noticiar, na 3! estação (Jesus cai pela 1! vez), que ''l·ai hal'er um seminário sobre Abolição da Escravo, ruraeRejormoAgrária";e aindaacrcscea· tar: ''Estamos lutam/o por reforma agrária e reforma urbana". Na S! estação (o Cirineu ajudaacarregaraCnu),invoca-se"osfndios, primeiros donos dfil rerras do Brasil". Na 6! estação(aVerônicaenxugaorostodcJesus), raia.se dos "romponesessem terra. enganados e explorados", dos "0f}l'nirios ma/. remunerados", dos "subempregadost~mpregados", dos "marginalitados"e1c. Como sc1·êéumatentativadeoonstituir,apre1exto de negritude, umagrandefrenteúaicapara propulsioaararevoluçãosocial. Nela estariam inc!uldos iambém os crimiaosos: "Precisamos ter menos medo dos criminosos e mais cora. gem para promover os marginali;;ados", C o qucselêna9!estação(Jesuscaipcla3!veZ). A própriablasfêmiaéintroduzidapara,por mciode!a,acrescentaraesiafrentcúnicao baixo mundo da prostituicão: "Seu nome I J~ sus Cristo e é difamado e 1·i1·e nos imundos meretrfcios" (I0!cstação:Jcsusédcspidode suas1·estC'i).
Nou, (l)''Aed<ntidadcdon<1ro··,1n11o em··Vid1Pa11oral"". <diçõcsPaulinas.n ' 139,março/ abril-1988,p.4 (l)No11ndoa<:<i>1lnci1 dcrkismo,O.Eu1trlioS,1.II"', ~m~~'~rspo<lo Riod<Jlll<iro.di1wlidatimu~dos (l) '"Comi!sio OOi! Rd,(X)l,01. Sfmmarisiu • Pad,.,, ~ J10<doE.llldodoRlod<Jlrl<iro".,;aMilha"Ou,iocla
"""dnl<PD'"ONqfo"._\'ous,PflrÓJ,Olil.191'!.p.J! {4)Cfr.FraDÇmBluch<,"La•1<q11011iditMt1u1cmP11dc LouisX\T\Hadr"'-1<.PariJ, 1980,p.417. l')"R<pl<>Epi,a,J,atd<SarnoAmaro".o;.-iillla"Ou,i
odamorde$10!)0\·o"".l!l88.p.!.
(6) "Com;..J.o ..... fl~ .• pp. 27 < )O. (7)""\'iaSacr1-Afm<rnldad<oo"'S'o'",CNBBNa· ciona.l, Bras,.lia.1!188
Cluerem descrlisêlianli.zar os ne9ros
Aliás,nãoCaprimeirawzna Históriaque seprocurainstrumcntalizarosnegrosparafins revolucionários.JáaosiwloXVlll ,na Fran· ça,entrcasassociaçõcscriada5paraimpulsionar a RC\·olução Fran=, ha\·ia u1i1a dos "Amigo5dosNegros",fundadaporBrisso1, em 1788. Dela fizeram paneoonht(idos re,..olucionárioscomoo Pe. Sieyés, Hérault deSé· chelles, o Pe. Grégoire e Mirabeau. As rel\"in· dicaçõesdesiaassociaçãoiammui1oalémdo fimparaoqualforainstituida-supressâo CAUSAM PASMO - para dim só isdacscravidãona1colônias-e1•iiavamdcfa. so! - as in.,cctivas fcitascontra a Santa lgretoa modificaçãodoregime politicofrancês ja Católica Apostólica Romana por Bispos, (4). padres,religiososparticipantesdaCampanha Hoje em dia, a intenção de "trabalhar" da Fraternidade, os mesmos que não rega· asiluaçãodosnegrosno Brasilparaiaseri•los tciamelogiosàsprá!ic.asreligiosasdeindolc nalutadcclasscs\·emcxpressamentcafirma• pagãprovcnientesdaAfrica.Oquepensarão dano"texto-basc"daCampanhadaFrater- da CNBB, e de seu protoplasma eclesial, tannidadc, segundo informa D. Antonio Gaspar, tos c ta11tll"i negros quc, tcndo aba11donado cm BispodaRegiãoEpiscopaldeSantoAmaro: boahoraoscrrosreligiososqucproíC'iill\"am, "O tema da CF de1·e ser trabalhado como ei- elesouscusancestrais,sinccramcntcscconxo gerador e motil'ador da luta f}l'la~·ongili- 1·er1eramâfécatólica? 10 - CATOLIC!SMO NOVEMBRO 1988
Neste desenho, que iluslril il Vii! SilCra da CN88, onegroéapresentadocomoesruvo dos capitalistas...
ASantalgrcjanãoémaisaprcscntadapela CF como a Religião verdadeira, fundada por Nos,oScnhorJcsusCristoàcustadcSeupre· ciosissimosangue.paranElacongregareial· varhomememulheresde1odasa1raçasepo· vos.Massirncomoarcligiãodosbrancos,a religiãodaclassedominance,cElamesmaum instrumentodcdominação.Assim,acom·er· sãodosnegrosfoiummal.Elesdc\·eriamter rominuadoaseguirasprá1icaspagãsc5;11pcr$ticiosasquelhcsha,·iamcnsinadonaAfrica. Maisaiada,oamoreozelopelosnegros,quc
nada fraêerna de\·er,depcrmanecernaspráticaspaiãsaíricanas.Ora,nàoexisteumdireitoaabraçaro crronemanelepcrmanecer.eosnegrosque se ronHneram ao catolicismo deram um bom exemploquede,·eriaseraaltadoenãocombatido.Ademais,afécristã,·emaquire!egadaaoníveldacrençaemqualquercandomblé ou macumba. É ainda cristão quem pcnia assim? Na "Via Sacra" da Região EpiKOpal de SantoAmaro,transcreve-seoelogiofeitop,elo "texto-base" daCF à religião pagã vinda da África: ''Oculroajro lexuberanle,alegre, dinâmico, com danças, gestos, muitos insrrumen1os musicaís e personagens enfei1ados. A presençadosagrad0Yaijun/aaacorpo,ptrmanen1eme111e, a1ravés de imagens e sfmbotos" (2).
Os brancos sio ...e neste oulro, como vitima indefm dos OS llnllmllaos poderosos ADioccsedeSantoAndré-cujoBispo, \t\·ou tantos sacerdotes e missionários a empenharem-se - aliil.s, com grande íruio nacon.-<nàodclcs,sàoagoratidospclosda CF como uma imposição, uma perstg11içãodesencadcada contra a rcligião africana ... Vejamos exemplos. ''A das.se dominontt, sabtndo da força e da imporrõncia da re/igiõo no ~·ida de um povo, resail'eu perxguir o maneira de se comunico, com Deus da poi•a nrgro. Eles diziam que'1úniwmoneiracer1ade~romunicarrom Deuseroadtles(... )Jesusnõoforçouaningulmporaas.sumirafiqueE!eapresental'a" {!).
O texto estabelece manhosamente uma confusãocntre"forçar"alguémaassumira fé aprcscntadaporJesuscofatodessaféser 1·erdadcira.Ecornonãosepodeforçaruma pcssoaaficarcatólica(coisaqucninguémdiscute)eleinsinuaumdireito,queéquascum
D. Claudio Hummes, é reconhecidameme progressisla - resoh·eu defender nada mais nadamenosdoquea·'tradição"(!>()doscuhos africanos,éclaro): "Onl'groembuscadesua iden1idruleedesuasraíu:s,neressi1avo/1arao seu ptm(ldo na África(...) Muitos chefes de religiões tradicionais da A/rica (... ) 1ransmi1iam ora/menre oos seus compunheiras os fundamentos de suas crenças e ritos, celebrando, na clandestinidade, ossacrij{cioseosculfOS trozidosdaÁfrico"(J). Segundoamesmacartilhadiocesana, "na Âfricaniiohariase/l·agens, masgrandnreinos, grandescM/izaçôes, grandeshomens". Afirmaçãofeitanoar,quenega, sem aduzir umaúnicaprova,toda!lasfonteshistóricasa respcirndoassustadorgraudedccadênciaa que haviam chegado os povosafrkanos. De acordocomcssaconccpção-irmãgêmeada gueoCIMlpropagasobreosindios-tais "maravilhas" africanas foram "desm1fdas
Oirar& da guerra, do engano, de corrupção par purte dos colonitadores" (4). Os brancos, eis os inimigos! E a essa campanha sc chama... "da Fraternidade''. A orquestraçãodaCFi!pcrfeita,seguindosempre amesmaba1u1a.Noutrofolhetoscdizque05 negros "1·11-iam muilo bem nas suas 1erras na Á/rica"(5).0ra,issoi!muitobonitodedi· zer,maspcrfeitamenttfabricadoparausoda campanha.Qualquerli\·rodc História,rom um minimo de seriedade, drsrre1·e: as cons1ames1uerrasemrc tribos negras naÁfrica de emio,ofatocomumccorrentedaescra1·izaçãodosnegrospelosnegros,ascondiçõesde \'ida sub-humana em que viviam, as práticas ami-naturaisaquescemregavametc. D. José Maria Pires, par sua vez,rritica "oimposiçãodeumanoYOreligião(aonegco). NiJotraoEYOngelhoque~lheapresema,·a" (6).ParaoArcebispodeJoão Pessoa ,acon\'ersãoàlgrejaCatólica(otermo·'imposição" queeleusaéevidemementeabusivo)nãosignificava uma conversão ao Evangelho. Para elea Religião Católica parece.ser apenasuma expressãocuhuraldosbrancoseuropeus,uma espi!ciedefolcloreperíeitameme dis pcnsáwl paraoutrasraças!Nadahámaiscomrárioao ensinamento ronstame dos Papas, Santos e Doutores do que esse pensamento. Aliás, em matéria de E,·angelhoede Sagrada Escritura, O. Pires logo em seguida tem umescorregão. lndigna-scelecomofatode quenoslinosreligiosososanjossóscjamimaginadoscomobrancos,equeparadesignaro estadodesraçadeumaalmascfalecm "brancura da a/ma". Eelea1ribuiissoa1endências racis1as! Ora, os Evangelistas, ao falarem do anjo queaparcceunoSantoSepulcroporocasião daRessurrriçãodeJesus,descr~·em-no=elhanteaumrelãmpago,·estidodebranco.No SalmoSOscpede: "Lo1·ar-me-áse1ornar-metimaisbrancoqueane1·t". No Apocalipse, Deusassimsereftteà:salmasdosjustos:"/rdo comigo (ao Clu) 1·es1idas de branco, porque são dignas disso. Aque/eque1•encerserdassimrtves1idode,·tstidurasbrancas"(3,4-5). ESãoJoão,nomesmolivroSagrado,relata &\'is.ãoquete,,.edoCi!ucomossantos "reves1idosde1'1!stidurasbrancas"(1,9). NovamentenoEvangelho,porocasiãodaTransfi guração,estliditoqueavestedeJesustornouse "brancaeresplandecente"( Luc. 9, 29). OEspíritoSantomiaracista! Naverdade,quempar=pagartributoao preconceitocontraacorpretaéacanilhada RegiãoEpiscopaldeSantoAmaro(cujoBis poi!D.AntonioGaspar),aopergumar.senão "lpossfre/chamarmesirmâosnegro.s(raçaj, tniiopretos(qutlcor)"(1).
"'"
{l)"Comwio... "<1<.. p. J7. (ll"R<p0 ... "<1<.,p. l J "Diotts. d<Sanio Mdtt", Clrlilhl "Ou,iodamor dnl<pcno", 19U,p. lJ (4/ldtm.p.7 U)"Coml!Sào .. ,"<1< .. p.lJ (6)"Aidndicladt .. "<1<.,p.l (7)"kf&iio ... "<l<.,p.J). -..
m
NofolhetodiDiocesedeSintoAndré,esta ilustraçãoquerrepresenlar "onegrodespojadodesuacultura". Sioispr.itiuspagãs africanis que se quer substituir ao Cristianismo. CATOLICISMO NOVFMBRO 1983 - 11
Campanha .. . da fraternidade?
Pro,e,ão psico-ideoló9ica elei;apresemadrn;:5litemacomunitário,parlilha de btns, igualdade social, fraternidade
ideal,possccolctivadaterra;tudofuncionando num sistema liVTt, um !anto uibal, na Oo-
resta, sem ter propriamente goHmantes, mas simlíderescarismâtioos,espé,::iedeprofe1as. É de causar inveja a Marx em seus mais fre-
néticos delírios ... Ousrja,l)Squilombos(versàocsqucrdacatólka)seriam aaplicaçãoconcretadas mais cálidasilusõesdascsguerdas.Oquetemino derealidadehistórica'?Excetooaspcctotribal,nada.Éumasimplesprojeção,outransferênciafácildeilusõc:s,paraoséculoXVII,
dadoqueelasfracassarninelutavclmentcquando impostas no século XX ... Osquilombos(referimo-nossobretudoao
dcPalmares,oúnico que teve maiorconsistência)não foramoutracoisasenàoareedição,cmtcrrasbr~ileiras,decostumesbárbarostrazidosdaAfrica.
cemuitacoisaarcspeitodoassunto.Abaixo transcre1·emosataunsdadoselucidativos: •Sobrttigualdadt: "NosPalmartslwvia um roverno an1ra/ despótico, ttme/hanteQ()$da Áfrka na ocasião" (p. 4). "O chtfe dt cada mocambo encarnava a suprema autoridade local(... ) As d«i.wes mais importantes cabiam ao rei Gania-Zumba, diante dt quem todos os quilombo/as tt ajoellwvam, batendo palmas, dt cabeça curvada, num gesto de vassalagtm"(p. 21). •Sobrta li be rda de: "Oses,ravosraptadosoutrazidosàforçadasvilasvi;;inhascontirmaram tscravos"(pp. 26-27). Raptavam tambtm "ntgrasemo/eques"(p. l)eainda "algumasmulhertsbrancas"(p.29).0sne-
iTOSescraviudosnoquilombopodiamadquiriraliberdade?Aalforriasedava,quandolevavam ''para os mocambos dos Palmares algum negro cativo". *Sobrtafralcrnidadc:Algunsnegrosnão aa;Qentavamatiraniaefugiam:"Sea/gumescravo fugia dos Palmares, eram enviados ne--
"Hls16rla gros no seu tncalro t, ttropturado, eratxe-A"históriaoficial'',segundodesenho publi- tem o 11u• tUaer cutado !)tia ttvera justiça do quilombo (... ) entretlesreinai·aoremor"(p.21). cado pela Regiáo Episcopal de SantoAmaro OhistoriadorEdiso11Carnciro,emseuli*Sobrtt moral:Aesquerdacatólicacon(SPiesmagariaonegro vro "O Quilombo dos Palmares" (4) csclare- dena-eaquicomrazão-ofatodeosneN A ÉPOCA da escravidão, quando alguns negros fugiam e passavam a vi1·cr em aJ. deamento,estecraconhecido pe:lo nome de quilombo.Oúnicoquilombodeimportãncia que hou1·e foi ode Palmares, no Estado de Alaa;oas,liderado,emsuaía.sefinal,pe:lonegroZumbi. Hojeemdiaaesquerda católica mitifica oquantopodcaexistênciadcquilombos,ede Zumbi,porctaaprescntadoscomosímbolos dalutadosnea;roscontraosbrancos. Assiméque,paraofolhttodaDioccscdc SantoAndré,osquilombossão "lugar social da vida na parrilha e najusriça'' (\). Na mesma linha, diz outro folheto: "Os quilombos
A Princesa Isabel
A FERRADOS QUE mão à teoria da luta de c!asses, os oomponentes da esquerda católicasócompreendemaaquisiçãodeumbcneficio,porumaclasscinferior,seelaoarrancardasupcrior.Aidi!iadequcumsuperior possa conceder algo a um inferior por bondadc,pormcralibcralidadcoumesmopor umato dejustiçaoonstntidoéinsuponávelpara alguém imbuído do ódio de classes eram um sisrema comunitdrio de rida na jlo- marxista. resla (.. ,) Af st /ai;ia a txf)lriência da fraterAssim,tudoquanton0Brasilfoifci1openidadertrdadtira.Eraolugarondeosnegras Jalgrcja,ptlosscnhorcsdcescravosoupelas tt seniiam iguais de verdade"; o quilombo dos AutoridadesparasuavizaroregimedcescraPalmares estava voltado ''paragarantirapos- vidãoedepoisparaalibtrtaçãodosncgros, tt co/e1i1•a da propriedade" (2). évistocomdespeitoepoucocasope:laesquerD.Pireschegaaopontodefaz.eraseguin- dacatólica.Atalpontoqueasituaçãoatual tccomparaçãocxtravagantc: "NoEgito,/oi do negro é apresentada, por essa corrente, Moisés o profeta do Senhor. Entre nós foi quasecomoseelcaindafossecscral'o.Dizcm: Zumbi dos Palmares" (3).
Oquedcfato.sedicomamitificaçãodos quilomboséumruriosofenllmenodeprojeçãopsico-ideológicadeilusões. Expliquemonos.Comoépúblicoeootório,aesquerdacatólicatcm,arcspeitodasociedadecomunis1a,a.smaiorcsilusõcs.Tãofortcssãoelas,que nem mesmo as confissões de fracasso, espe:cialmcnte da produção econllmica na Rússia, que vêm sendo fritas por Gorbachev e pela imprensa sovictica, corueguem abatá-las. Assim sendo,ao"mitificar"umgrupohumano,a esqucrdacatólicaimediadamenttlhcconfcrc características comunistas. Noteoleitor,nas citadasdcscriçõcsdosquilombos,comosão 12 - CATOLICISMO NOVEMBRO 1988
''Aonegraes1dwnrgandoodireitodtriver, de panicipar e de morar" (1).
D. Jose Maria Pires atribui a interesses econõrnicosdospoderososassucessivaslris queforamlibertandooscscra\·OS.Atéchegar a exclamar com escárneo: "E 1·iva a Prinetsa Isabel, a Rtdtntora"(2). OfolhttodaDiocc:scdeSantoAndré,por suavez,diiqucau:iÁurcafoi "ummeiousodo !)tios donos do poder para tt libtnarem de rompromissos que linham pararom os ne-gl"O$". Pois, na época, como cc,nstqüencia da.s anteriorcs.lcisanti-escravagistas, "af)tnas .S,6,,., dos negras continuavam sendo esçraros"edavamaislucroassalariarimigrantes
Amemórii da Princtw Isabel vtm sendo ilvo de itiques por p;ute di esquerdi utóliu.Nafoto,iP1incew,commuiti dignidide, lemiocoloseu neto, D.Pedro Hen1ique deOrleinst Briginçi. (J).Amcsmaposiçãotveiruladaporumoutrofolhtto,oqualclassificaaPrincesalsabel entre "osfolsoslleróis",juntocomoDuque de Caxias e Rui Barbosa (4). Pera;unta-se:seriapreferívelcntãoqueesscsnegroscontinuassemcscravos?É_daroqu_e não~esseope:nsamentodcssescrit1cosapa1xonadosda LeiÁurea.Oqueel~dcscjariam,
para o passado gros trazidos para o Brasil serem ~rados de que/a conquista, porque dando asso/tos re~ suasfamílias.Maselase:esqueoedcqucatxis. tidm vtte.t, em vdriaspanes (os quilombolas) tênciadcíamíliacntrcclcseramuitorelativa. tll de.ttroem, roubando Judo, /eliC/ndo as mu• 85Ccstadodccoisasrmas«unoquilombo. lhnes e fúhas donulas e matando-lhes as pais As:;im, "no casamento, ospolmarinosstg11i1Jm tmaridas"(p. 38). "A 1ronteira'dasPa/mao simplts lei da naturtza. 'O ttu aptlilt ~ a miluminaw-seromoincindiodasca,un,iais, ngra de sua e/eir6o - di;;la um documento r:imais de gado e plamaflJes dos brancos ou da /poca - cada um ttm as mulheres que ensongüemava-secomosesra,amuçasentre quer'. O rti Ganga-Zumbo da~·a o txtmplo, pa/marinos e senhores de /erras. Daí as ·en• artndendo a trh mulheres, duas negras e uma 1,adas', as sucessivas expedições pela des1rui• çàodo Quilombo"(p. 2). muluta"(p.21). ºOli1arquiat nio partllha dtbens: "So• Co mo Zumbi subiu ao poder: Já vimos bre a atividade produtiva material dos negros que Zumbi não era propriamente umprofe• con.stiluiu-se uma oligarquia - um grupo de la, como o imagina D. Pires, mas pelo conchefes mais ou menos despóticos (... ) - en- mlrio um chefe de bando militar, sobrinho do cabeçada pelo rei Gongo-Zumba e, mais tar- rei,eademais-óhorror!-liderdeoligarde, pelo general de armas Zumbi, chefe de mo- quiaeconõmica. Comotomoueleolugardo cambo, sobrinha do rei"(p. 2). rei,scutio,nadireçãodoqui!ombo?Umasº Porqueo quHombo foi dtstruldo: "Ogo- sassinatopreccdeuaposse: "Em/678,osnever,rador(dacapitaniadcPcrnambuco)So10 gros mataram o rei Ganga-Zumba, Maiortransmitia(aoRcidcPonugal)ascon- enwnenanda.o, e Zumbi assumiu o gowrno 1/nuas queixas que r«tbia dos moradores, pois e o romondo.em<hefe do Quilombo" (p. 35). os 11egros desciam de seus mocambos poro ma. ta,osbrancos,saquea,-/hesascasas,leva,. (ll"DioetK ... "Ol<.,p.l!. lhesosescravos"(p.)8).Ummoradordare- ( l ) " ~ ... "Ol<.,p.H. gilodrixouescri10:"N6oest6osegurasasv/. (J)"Aidmtidadc .. :'ot<.. p.S. das, as honras t /atendas dos moradores da- (4) Edilora Civili,açlo 11:asilrira, l~ ediçto, 1966.
Até fatos referentesaoencontro da imagem deNosY Senho,aAp;irecida fo,amdeturpa. dos duranle a C.F. Na fo lo, a imagem sem o manto.
gem deixou de Str propriedade de umafam(. liaepassaapertenceratodos", Nãohárazãoalgumaparasui,orquees1ivessemameaçadosdea!gumcastigocasonão pcscassemosuflciente,sendoetesh.omenslivres. E menos ainda hárazãoparaincerpretaraaparição numconte:<1odelutadeclasses,deoprimidoseopreuores. Sobreacorcomqueaimagemapareccu, diz o Pe. Brus1olini: "Estoimagem, como/oi compro1·ado po, peritos, t,azia (anteriormente)pin1odo noseu barro cla,o, um mon10 '1lul escuroforradodtvermtlhogronado,coresofidais das iamgtns de Nossa Senhora da Con~içao". Umdosperitos,oSr. PedrodeOli\•eira R. Neto, atestou.em 1967,queairna· gem "idtbarrocinzaclaro,comose~·icloramenreem recente qfoladura no cabtlo". E, explica o Pe. Brustolini, "o barro paulista, depois dt coúdo, se tomo cinza claro, às v,z,s 1QS(ldO (... ). Pelo faro, porl!m, de ficar muianos submersa no lodo das dguas e, f)OS· ~~~: ::i!ºait~~: :?m::~ãa~!;=~,~~~: tos ltriormenlt, exposta ao lume e à fumaça dos Em seu livro sério e do,:;umentado, de 300 randeeirosevelas,quandooindaseencontrava páginas, "A Senhora da Conceição Apareci- em orordrio panicula, dos pesçadores e no da'' (6), especialmente dedicado à "histdT/a o,atdrio de ltoguaçu, a imagem de Nosso Senhora Aparecida adqui,iu a ror que hojecon1[;?~7~s~i1f:fc~s:°:o':~~~~~;~~ç~ serva:castanhobfilhanlt"(pp.14-15).Omais preciosas e precisas. antigodocumen101-0breaapariçàodatade PorocasiãodapassagemdoCondedeAs- IUO-écitadonolivro-edizqueaimasumar,governadordaCapitaniadeSãoPau- gem é "moldada em a,gila de co, azulada" lo,pelaviladeGuaratinguctá,oScnadoda (p.39). Cãmaraconvo,:;ouospcscadoresdolugarpaDenossaparte,queremosdeixarclaroque raquepescassemparaoCondeesuacomiti- scaimagemtivesseaparecidonegra,scriainva.Dentreosqueassumiramoencargoesta- teiramentenatural.Pois,NossaScnh.ora,oovam os 1rês que encontraram a imagem moMãedetodososhomensqueé,compraz. "homens simples e dedicados ao 1,abalho", secmserrepresentadadeacordocomascadiz o Pe. Bnmolini. Os ub pescadores não racteristicasdasváriasraças.Mas,concretaeram escravos negros. mas sim chefes de fa- mente,nocasodeNossaStnharaAparecida, milia e pequenos proprietários. João Al\'es, o ofatohistóricoéonarradopel0 Pe.Brustoque "pescou" a imagem, aparece nos livros lini.E,nah.oraemqueasub~·ersãoedesiás1ida paróquia como testemunha de um casa- caprocuranegararealidadedosfatos,conmento, função que não era a de um escra,·o. vffll afirmá-los como eles são. O pároco local "conhecia asfam11Ul$ dos pe:5· Gugd,iolopes radores".Omais,·clhodentredes,FilipePedroso "conservou a imagem tm sua caso po, (l)''Dio<cse ... "c,ç.,p.l6, espaço de cerca de 15 anos. Mudou-se depois (l)"Aidcfflidade... "otç.,p.6. para ltaguaçu, ent,egando-a a seu/ilho Ala· ~~~.p~Í7. násio", o qual "const,di um pequeno OfQ/Ó- (!)"R<lilo .. ,"e1<.,p.Jl rio". Quando começaram os milagres "a ima· (6) Editora Sant\lfflO, Apar«ida (SP), 4~ «liçio, 1984
...
e Nossa Senhora Aparecida ~i~Ía!~~o~~1 !~v:SJ:c~:ã~m=t~~~i ~~~ · rea, e seu despeito em relação à Princcs.a Isabel. 5
Detur1ta,10 de fatos Nota-senessaCampanhada Fraternidade umtaldescjodemostraronearocomooprimido-para,evidentemente,1entaraliciá-lo paraalutadeclasses-quecomamaiorsemcerimõniaseinventamsituaçõeshistóricas. Tal~. como vimos, o modo como são aprescntados os quilombos, tal l tambcm a narraçãodaapariçãodaimagemdaPadroeirado Brasil,fei1anacartilhada RegiãoEpi~pal de Sanrn Amaro: Nossa Senhora Apareada e "ntmoMiitqueaJ)(l1ettuaosNegrosnorio Pa,aibo e os ajudou a sai, de apuros, quando pescavam para o Condtde Assuma,. Ela multiplicou os peixes, r:ertamenteporalil'raros pescadores de algum castigo, e apa,mu negra, para identif,car-se com osoprimidos" (5). Deondeterãotiradoosautoresdamencionadacartilha,quefoiaescra\'osnegros(os negros eram escr&\'OS na época) que Nossa Scnhora apareceu? Tambtm não é \·erdade que ospcscadoresesti\'essemameaçadosdequa].
f:
,m::~·.·.·.
CIITOLICISMO NOVEMBRO 1988 - 13
SANTIAGO - Nas diversas nai;õeslatino-americanas,aseiva daReligiãocatólicaeastradii;ões luso-hispânicas têm dado ocasião ainúmerosaromecimentoshistóricosmarcadospdosobrcna1ural, a \idas cxnnplares de santos e mártires, ao aparecimento de imagensmi!agrosasesantuários emh.onrada Sant!ssima Virgem. lnfelWilentc, porém, h.ágrande ignorãnciaaesserespeito,inclusivenospaísesbeneficiados. E, nestesentido,oCh.ilenão éumauceçãoàregra.Oviajantcqucch.egaaestepals,tãorico emaspeçtos,poderátcrsuaatenção voltada para a regíão sul, comseuslagoscpicosnevados, que recordam paisagens europtias, eiuafoneimigraçãoalemã.Outahezparaovalecentral, ch.amadoporalgunsde"aAndaluzia da America", com seus camponeses(ch.amadosh.uasos), suasfazendas{fondos)comtdificaçõescoloniaisbemcaractcristicas,eseutipoh.umanoch.eiodc vivacidade. Certamente, porém, ouvirá fa!armenosdonortcch.ilcno,um tantonegligendadopelascintilações nnn sempre benfazejas do progresso,equelcvaumavida sofridaaolongodequasedoismil quilõmetro:spraticamrnteirúnterruptosdedesertos.Emsuasmontanhas,entretanto,encontramos nAosóricasminasdeouro,prataecobre,mastambémoqucé melhor,numerosossantuáriosem honra de Nossa Senhora. Aportaobrigatóriadessare&iãoéaantigacsenhorialcidade de São Banolomeu de la Serena, comsuasnumcrosasigrejas,conventoseWificios públicos, restauradosdeaoordocomosesti!osoriginários. NosoontrafonesdacordilheiradosAndes,amaisdemiletrezentosmctrosdeahitude,casetentaquilõmetrosdclaSerena, encontra-se o santuário da VirgemdeAndacollo,centrodadc\'oção mariana mais antiga do Chile, e uma das primeiras da América espanhola.
Andacollo : 11 um dos rios de ouro que h, n o mundo" Depois de percorrer caminhos poeirentos,que sobemoseKarpadosmontesdapré-cordilheira comoum"longocoracolirregu-
Amilagrosa Virgem de Andacollo, de um metro de altu,a, talhadaemcedro,cormoren;i,olhos observadoresquelhed.ioum;i ca,acterísliCilnota deseriedade
Antigamente, Andacolloconh.eceuperiodosdefertilidadcdo soloeregularidadenaschuvas. Mascomocorrerdotempo,pa&outributoàsccaque,lentaportrn inc:'loravelmente, tende a estender-scrumoaosul.A.sãrvoress«aram; asvenemesque comamascrõnicas-corriam pelasfalhasjumoaopovoado,já não se ~·êtm mais. E somente ficou a água carregada de salitre de alguns poços. Occrtoéque,nãofoüearrúlagrosa imagem de No"8 Senhora, Andacollo tal1·cz seria hoje uma aldeia abandonada, como as que scencontramcomcena frcqüCndaaosecruzaraaridezdo deserto.
Hi11tórico da milagrosa imagem
ANDACOLLO, santuário • mariano nos Andes chilenos lor ou umo serpente dt cor plúmf>ta" - conforme descreve um antigo cronista do povoado cbega-scaAndacollo,derojacntrada divisam-se as torres da5 duasgrandes igrejasqueladeiam apraça. As origens do povoado perdem-scnaHistória.Aindana fascdaconquistaespanhola,o cronistaPedroMariilodeLobe-
14 - CATOLICISMO NOVEMBRO 1988
ra,referindo-seàsjazidasaurife, rasdo lugar, afirmava: "Exisrt 1011/(}ourofinoromonasmois famosas minas do mundo, IÕO ai• to emquilatnqutpassadelti". E o capitão geral do Reino do Chile, D. Garcia Ramón, em 12 deabrildel607,cscreviaaosoberano espanhol : "O monte de Andorollo tum dos rios de ouro quehdno mundo".
Emumanoitcdc1549,oshabitanleidaincipientecidadede SãoBarto!omeudeLaSerena sofreramiiolentoataquedealguns gruposindigcnasdaregião.Acidadcardeuportodososlados,e ospoucostavalosexistentesforamutilizadosparaescaparàfúriadosindios.Umgrupodeespanhóis fugiu rumo às montanhasdooriente,lcvandoconsigo a pequena imagem da Virgem do Rosário, até então \'Cnerada na igreja de La Serena. Chegando próximoaAndaoollo,prefcriram ocultaraimagememunsmatagais próximos ao cemitério, na quebrada chamada "EI Culebrón". e seguiram seu caminho, perdendo-se nas montanhas da cordilheira. Trintaanosmaistarde,umíndio ali descobriu a imagem de NossaScnhora.OhistoriadorRamírezassimeontaofato: "Poro orroncorosralz.esdeo/gu/15orbustos, tfrerom quertmo1·ero 1erro.Nl!Stooperoçàoseocupo1·a um dos Íl1dios quando, oo dl!Sjozer.se um grande 1orrõo, oporeceumeioocu/1oumoptquenoestá1uodemodeiro,1oscomente lovrudo, de tez moreno, porém derosrogror:ioso ... "
Toda talhada em cedro, a imagem,deummetrodeal!ura, possuitúnicaemanto.Asfeições sãodelicadas.Orosto,pequeno, éovaladoedecormorena; os olhosgrandes,expressivos e observadores,dão-lheumanotade seriedade, suavizada,noslábios, · por leve sorriso. O índio qu e efetuou a feliz descobertapertenciaprovidencialmente aumadasprincipaisfamiliasdaregiào,oque comribuiu paraaexpansão, emreosdcmais habitantes,desentimentosde respeito para com a imagem da Virgem. Apanirdoinesperadoachado, a de,·oção a Nossa Senhora
que,emtornodessadata,sobem cadaanoamencionadamomanhamaisdecentoecinqüentamil pessoasparapagarsuaspromessas, dando graças à Virgem de Andacollo.
Tradição secular das danças religiosas Umanotapeculiarecaracteristicadessafestareligiosaconsiste emdançasoubailesfolclóricos (merasevoluçõesdeseuspanici pantes)diamcdaimagemdaVir-
Levada·solenementeemprocissão, a Virgem de Andacollo é acompanhadapornumerosasirmandades,com suas bandeiras tradicionais Osdoislemplosque,alternadamente, abrigam a imagem. Edificada inteiramente em madeira, noséculopassado,oslentando toriesdecinqiientametrosdealtura,ergue-senapraçadeAndacollo (~ direita), a nova igreja.
doRosáriodeAndacollo,alcntadapornumerosasgraças e favores - muitissimosdelesdecarátermilagroso-reccbidospe!os fiéi.s,estendeu-serapidameme.Os de,·otosvêmdasregiõesdonortedaBolivia, e tambémdaArgemina, especialmente das pro vínciasdeSan Juan e La Rioja Sàodoisostemplosquc, na atualidade,sealternamparaabrigar a Virgem de Andacollo. O primeirodeles,conhecidocomo "iglesiachica",datadel772,e é olocalhabitualdepermanênciadaimagem.Oounositua-se cmfrcnteàpraça,fazendoãnguJocomovelhotemplo. Ergu euse a!i, emfinsdoséculopassado, anovaigreja,desetentametros deoomprimemo e trintadclargura,comtorresdccinqüentametrosdcaltura.Étodafeitademadeira,sustentadapor enormesvigasdepinho"oregón". A festa principal celebra-seno dia 26 de dezembro. Calcula-se
gem.Conformeoshistoriadores, Andacolloéoprimeirolugarda América espanhola onde se ma nifestaram danças religiosas, estendendo-sedai a todas ascomemorações marianas do none dopaís: em La Tirana,Sotaqui, La Candelária, LaVirgendelas Peilas(nãodistantcdafronteira doPeru e daBolivia)etc. Merecemençãopanicu!aroqu e ocorre nas chamadas "Diabladas" umgrupoespecialdeparticipantesdessasdançasreligiosasavança,nomeiodamul!idão, envergandotrajesemáscarasrepresentando demônios. De repente, a imagemdaVirgeminterceptadecididamenteseuspassos, conduzida por várias irmandades lntala-seopãnioona"diablada", cujospanicipamesemprccndem vergonhosa fuga. AAndacolloacorremos"chinos'" -termodeorigem aborígenequcsignifica"servidor"agrupadosemmaisdednqüenta
organizaçõesde danças,queen chemasruascomosomdesuas flautas,tambores,apitos e opitorescode seustrajes de cores chamativas. As irmandades sào compostasemgeralportrintain· tegrantes,emboraexistamgrupos que se aproximam da centena. Todos esesbai!esdecaráterreligiosotêmumchefegeral,o "cacique",cargoque é hereditário. Desdeoséculopassado,achefia geralpertence im·ariavelmentc à mesma família. Etamoochde geral, como os chefes de cada uma das innandades, presidem os atossolenesdafestajuntocomo Arcebispo de La Serena. Ogrupodedançasmaisantigo-"LosChinosdeBarrera" -datadel584,eatéhoje oontinuaindotodososanosaoSantuário.Noiníciode cadabaile,algunsmembrosdairmandadedirigemaNossaSenhorapequenos discursos ou pregações filiais, mui1osdeleschciosdecandura.
ComobondosaMãe,a!greja vemorientandoháséculosessas manifestações populares de pie· dade mariana, procurando purificá-lasdevestigíosdeinfluência pagã. Ela acolhe as irmandades em diversas paróquias, ondeestaspodemcnsaiardurante meses suas músicas e bailes, bemcomoprepararasvestimentastípicas Oviajante,dcixandoosantuário para prosseguir mais ao norte -atraidopelobomodor de outros santuários marianos queenfrentamasaridezesdodescrto-conservavivaarecordação desta imagem de finas feições, rosto sereno e penetrantes olhos maternais. Etambémdeste lugartãoáridodopontode vi5tamaterial,onde,porém,Nossa Senhoraconcedeuinúmerasgraçasque,apanirdamontanha,se estendemcomomantopromor por todo o norte do Chile. GonzatoGuimaràes
CATOLICISMO NOVEMBRO 1988 -
15
A
'ºPROPOSTA curricular para o ensino de História - 1~ grau'',daSecretariadeEducação doEs1adodcSàoPaulo-$0brc aqualjáteccmoscm ''Ca1olicismo" viirioscomenrários(l)afirmaquenãopretcndeapresen1arumpro1ramadcíinidodccs1udo. Entre1an1osu1cre claque scjamdebaridasnassalasdeaulaque:mXsdelicadasparacriançasdescrcaquatorzeanos,tais comoReformaAgrária,asscn1amcn1os,especulaçãotmobitiária, invasõesdeterru.
Reforma Agrária Assentamentos Paraqueosalunospercebam "avivlnciadeproblemascomuns aos po,·os do chamado Terceiro Mundo ', recomcndaa"Prop0s1a" que se abordem nas aulas "problemascolocadospelastensóefentreosdfrersosproje1ospolílicosdtreformoagrdrla(,,,)assentamentosdecolonos, indfgenas,pOSStiros(... ), hodoru.rol; 1ensões relacionadas com a posseda terra, com a exploraçdoldesapropriaçdo da trabalhador rural (griltiro:,: posseiro, ga10 x bóia-fria)"(2). Parascremobjefh·os,osprofcs.sores dcs·criam mostrar aos alunos que, de modo geral, os projeio~dc RcformaA&r4riaa1é aquiapresentadossio!IOcialistas eoonít5<:a1órios,a1cn1andop0r1antooontraodirei1odepropricdade:queosas.wnradossiomerosconcessioniriosde rcrrasdo PodcrPUblico,atíruloprecário. e com encargos. Eque,auim,a Reforma A&rária, transformando otcrriróriobrasileironumaimcnsaredcdca.sscnramcnros,prcju, dicamai5ostrabalhadoresdoquc osprópriosfaicndciros. Mas_scosprofcssorcssc1ui• rcmaor1cn1açãoda''Proposta'' (oudccertoslivrosdidiiticos,hojcfrcqüenres,inspiradosnomarxismo)nãoaprcscmarãocvidcn1emen1cessavisãoobjctiva.Pclo contrârio.irãopapagucaro11jarg&,scsquerdisras. Falando em "txploraç4oldtsaproprlacdodo1rabalhadorn,, ral (griltiro x posseiro, garo x bóia-fria)", a "Proposta" insinua que todos os fazendeiros oprimemscusemprcaados,pois os exploram e os desapropriam (istoé,osroubam).Maisainda, claprocuraoonfundirfazcndciro com1rileiro.ouseja,opropric1áriolrgi1imocomaquelequcse apossadercrrasalhcias,mcdian• tefalsasC$Cri1urasdepropricdadc. O mcnmo. filho de fazcndeiro, que sc dciur influenciar por essasaulas,setransformarânum ad,·enârioodientodopai! Essatendênciaàlutadedasscs não poupa também os "garos", intcrmcdiirios que reuncm oschamados"bóias-frias"para irabalharcmnufazendaspróximas,cmépocadecolheira. 0
Revolução no ensino de 1~ grau
Também as crianças são vítimas da comunistização Justificaçôo das invasões de ferras De inicio a fim, o polpudo texto da "Proposta" refere-se à "dominardo e resistência", 1ermosqueref1e1emnãoapcnasalutadeclasses,masoprópriomecanismomarxistadomaterialismo dUlltlioo, uma das molas mestras da tcoria comuni5ta. Para que k percebam as '7orma.s dl' dominardo " resistência aosavanço.sdompi1a/ismonoséculaXX",a"Propo5ta"sugcre as seguintes "l'X{Jl'riênciaswcialmt llftvividas: - probll'masdtocupoç(lo do sola urbano (... )l'SpttUfaçâo /mob//idrial'l'lli-açdodl'alugulis, o:pa,u,Jodefowlaserortlços, como 1amblm ~ o amn-isdl' movimentos de innuiio de terras" (3).
Nocontexto,todoesse palaneadofazcntenderqueospropricráriosurbanos-aomenos muitosdclcs-5ãoosculpados pela "txpans4odefavelosecorliças ",poi1prnmovem "eSJJ«U· /açda imabiliória e elevaçdo de aluguéis".Assim,asinvasõcsdc rcrrcnos(eporquenãodecasas?) deixamdcscrcrimcspun(veispcloCódlgo Penal, para sctornarcm reaçõcs lcaftima.s dos "sem tem" contra os propricririos. Quanto ao cumprimento dos Mandamentos da Lei de Deus, <lis$0 nem se cogita.
"Construçôo de uma nova sociedade" No documento "Subsidios para o Planejamento 1987", também da Secretaria de Educação doEstadodeSãoPaulo-que
Livro didático prega
Reforma Agrária A REVOLUÇÃO pedagógica que esi:i sendo levada a cabo
pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, como manchadeauitejávaiatingindooslivrosdidáticos ... A''His· tóriado Brasil",deNclson Pilcni, não esconde sua simpatia paracomprogress1stasecomums1as.FazrcferCnciaselo1iosas à Teologia da Libcrtação eàscomunidadeseclesiaisdcbllsc. Pua "comprovar" suas teses, uanscreve textos da CPT (CO· mi~o Pastoral da Terra), de Frei Berto, de Luis Carlos Prestes e quejandos. A propósito da Reforma Agrária, diz: "A wlurdo para o probfemr, (do campo) ur,'a a distribui· çâodl'terrasoasC(lmf]Oneusque111'fasqutiramtrabalhar.(.•.) Trato-si' dl'faur uma ,·erdad'!ira reforma ~gróri11 - r,lro que C'Onlraria os intUl'-SSa do latifúndio, tradu:wnaf ou "modvno" (tnormes ánas l'nlrl'gues a grandl'S tm/JrtSilS), mas que es111rd l'ntreosobje1ivos priori1áriosd1'qualquer1o•'l'rnoque qul'ira collfribuir dtf,110 para a cons,ruruo de uma socil'dadl' Vl'l"datkiraml'ntl'dl'mocrritica no Brosif"(op. cit., Editora Ática, São Paulo, 1986, p. 217). Note-se que para esse autor, a "vudadl'iro reforma a,rdrio" é fciia oontra o latifündio c as grandes empresas. Ele pareceesquecer-scdcque,dclonge,omaiorlatifundiirio,noBrasil, é o Poder Püblico ...
16 - O,TOllCISMO NOVEMBRO 1988
1raçaasnormasgcraispara 1odas as propostas curriculares critica-scasesco!asquenãoasseguram "a pral'minência da edu ca(bo escolar romo ins/n,mento de transformaç/Jo social" (4). c afirml·Kquenanovaproposta curricular deve caber a "utopia daconstroç4odl'umano"asociedade"(S). Comoscriessa "novasociedadc",osautoresdarcformapedagógica não o dizem claramente. Analisando-se globalmente a ''Propos11··,veriíica-5equecla: -orientatodooestudode História em função do tema trabalho, não faundo sequcr refer!nciaàdistinçãocntretrabalho in1eltt1ualemanual: -prcgaalutadeclasses,de raças e, mais ainda, o próprio matcrialismodialtlico; -critiC10C11pi!alismo,apropricdadcpri~ada,evêoomsimpa1iaoi1ualitarismobcmoomo umtipodepropricdadeooletiva queatribuiàsocio:dadctribal Ora.dcsscsdado5nãoédificil deduzir que a mencionada ''novasociedade''émuito.semelhanrcà instaurada pelo regime_ comunista.Ofatodea"Proposta"afirmarque "ndopanedenl'nhuma idéia pfé..conabida sobrl' o tipo de transformação futura quesedeseja"(6),nãoimpcde, cmretanto,querodososindícios queelaaprcsentaoonoorrampara formaraidéiadeumasocicdadesocia!ista. rorqueospaisdealunospermaneccmcmsilfncio,faccaesu. cramaparaaoomunistiuçãodc seusíilhos1Nãoscdcramconta dcla1 Um protesto ordeiro, pacifioo,demrod.alei, mas categórico aindapodcrâb.unirnsaimens.i revolução. Paulo Francisco Mortos
~-
oi,.,,
(l)"C11olitislllo".ju,c,ro,f..... =~~ lllll,,ap,a;........,....... ~.446 (l)'·l'f<,poM•Clorri<warpa,;aoEMinod< w;.,,!ria - l"p au", lmp,..,..Of'><ialdo C.><k>S-"--1~11:sr,1:ed.p,dimillat, 1916,ppll-?-I (J)l<l<m,pp.26-27 (~)''SubsldloilP*l'!O-i-t>m<01!117", IMESP, !911,p.7 m1.i.m.p., (6)"Pr°"""'a .. ,",p.4
FILIPINAS,
UM ARQUIPELAGO Ã SOMBRA DA CRUZ C~!~a ~1ei:·d~~t":ii;~ nial, situada mais ou menos
no centro geográfico do vas-
tissimo arquipélago de sete mil ilhas chamado Filipinas, o visitante brasileiro encontra vãrios fat0rcs para uma fâcil ambientação.
Primeiro, por ser este um pais de população majoritariamente católica. Suas históricas igrejas e conventos, e sobretudo o calor religioso e a cordialidade das pessoas, deixam-noscomagratascnsação de estarmos cm família. TamWm o mar, e a vege1ação equa1orial marcada pelos coqueiros, têm algo em comum com o nordeste brasilciro. E, fato curioso, inclusiveoidiomanativo"tagalog" apresenta numerosos traços de origem latina, devido à presença espanhola nas ilhas ao longo de !rês séculos. ~ M( J Sinlo Nil\o~, vtntmlo no Sinl u.i rio 111cior'llll clt Ctlxo, é o caso, por exemplo, da ex• le-stei•do invilmtn\t no ltrctiro domi n10 de jllntiro pressão "kamestá", que po· deseracrescentadaàssaudaçõesequesignilíca "como está". zes na alma popular. Resta saber até que ponto resistirão os filipinos às investidas mais recentes do expansionismo coN ~aMbe~Cn~~~n~:O munista, bastante virulentas, que procuva-se uma notá,·el rel!quia relacionada ra obter o apoio e a simpatia dos católicom a feliz chegada do Cris1ianismo, cos para depois sufocá-los inteiramente. háquatroséculos:aprópriaCruzplantal:particularmemenotá\'e]aparticida por Fernão de Magalhães, quando pação popular nas festas cm honra do aqui sua esquadra aponou, na viagem Menino Jesus, "El Santo Ni~o", cuja de circu navegação do Globo. Revestida imaaem se venera na Basílica nacional por lâminas de madeira que formam de Cebu, junto ao convento agostiniauma Cruz com linhas retilineas, a primi- no. Esta imagem foi oferecida por Fertiva Cruz vem sendo a.ssim vencrada pe- não de Magalhães à Rainha Joana, e a tas geraçoo ao longo dos stculos. Na partir de então tornou-se um foco de abóboda da capela estão rtprescntada.s piedade para filipinos. A procissão que cenas da chegada daquele navegador, é feita em Sua honra, no terceiro dominbem como do batismo da Rainha da go de janeiro, atrai peregrinos de todas ilha, que recebeu o nome de Joana. as ilhas, muitos dos quais sobem de joeNo século passado, o movimento 5 g~~ç!:~i~~ªs ~~;: deindependênciadessaantigacolônia es· panhola, ao lado de aspectos sadios, con- tecedem essa procissão, grupos folclóritou tam~m com a ativa participação cos desfilam pelas ruas, numa saudável de forças contrárias â Igreja e sua ação manifestação de alegria popular. civilizadora. Os jesuítas e os agostinianos rccoletos chegaram a ser expulsos ~anu:~i:ii;~vi~~=n::: dopaís,com vistasaseneutralizardiretamente o ensino e a ação dos missioná· os países ocidentais são marcados pelo rios. Além disso, houve tam~m a tenta- !aicismo,ouseja,atcmdenciaderestrintiva cismática de formação de uma igre- gir a prãtica religios.a à vida individual ja"nãocolonialista",nativaedesmem- ouaorecintofechadodasigrejas.Segunbrada de Roma. do essa concepção, a vida social deve Apesa r desses obstáculos e perse- ser o mais possí\'el alheia aos ensinamenguicões, a Fé conservou profundas raí- tos da Igreja, evitando-se também os
â~~~~:~/~~~~~:
~~~ o~\~~~r:a~s
~~:ª!~:
costumes deles decorrentes. Tal não acontece aqui nas Filipinas, onde Igreja e sociedade temporal se conjuaam para dar sentido a uma forma de vida, na qual a religiosidade é importante componente. Umsalutarexemplodeanti-laicismo podemos com agrado encontrar neste pais, a respeito do Angclus, prece tão característica da piedade católica. Essa oração, marcada pelo tradicional toque de sinos das igrejas especialmente ao meiodiaeàsseishorasdatarde, remonta ao século Xlll e veio a ser especialmente recomendada pelo Papa Calixto 111, em 1456, a wda a Cristandade. Com essa oração, quis o Pontífice que se implorasse a Nossa Senhora sua especial proteção contra a ameaça otomana que então rondava a Europa. Aqui nas Filipinas, não somente nos ambientes religiosos e doméstkos, mas também nos locais públicos, o momentodo Angelus édevidamente marcado. Num amplo e moderno magaúne, J)Or exemplo, através do serviço interno dealtofalantes, ouve-se um vigoroso toque de gongo à maneira oriental. Logo em seauida, tam~m pelos altofalantes, ouvem-se as orações do An&elus, que são CO'T\ naturalidade respondidas pelos presentes. Tal sistema, conforme pude verificar, mantém-se também nos navios quetransp0nampassagcirosentreasilhas. Neste confuso e dramático crepúsculo do século XX, os numerosos ves1igios da civilização cristã dc outrora, que entre os filipinos encontramos, não são para nós apenas objeto de uma consideração nostálgica. Esses vcstigios constituem, pelo contrário, mechas que ainda fumegam, plenas de esperanças e Po· tencialidades para o futuro. Cícero Sobreiro de Souza
A Sinl1 Cruz que se enco ntu ni 5i nge l• uptl• ci, cu1 u de Cebu foi plinlidi pelo n•vegidor FernJo de Magalh Jes.
~
P~;1 ~:i:
CATOLICISMO NOVEMBRO 1988 - 17
_~s,:,.~,mp•_:<1
Sra.SoniaJosédaSilvaCasemiro, Barra Mansa (RJ): "Eu gostaria muito que vocês me mandassem o nome do livro que fala sobre Santa Francisca Romana e a Editora também. Por favor Sr. Gerente. Eu adorei a reportagem de vocês. Por favor me mandem o nome desse livro". Sn. Maria de Lourdes Moreira Lourenço, Souza (PR): "Peço a nosso bom Deus e a Virgem Maria que os protejam e lhes concedam muita coragem para continuarem lutando com garra e precisão contra os !aços do maligno e fazendo com que o Coração da Virgem de Fátima brevemente J)Ossa triunfar e aglóriad'Ela neste mundo reinar ... "
nha (MG) "Eu gostei muito (da rev1s1a), v1 mu11a co1sa interessante,como disse em cerna Vim a ficar mais cuno soem conhecer o CATOLICISMO a TFP. Jun1ocoma revista havia um cupom, o qual, se fosse preenchido, a pcssoagarantiriaumexemplargratuitO de CATOLICISMO. Como a revista não era minha, não pude pegar o cupom. Porisso,estouescrevendoestapara pedir que me mandem esse exemplar gratuito de CATOLICISMO, a fim de conhecer melhor esse emissário de cultura e atualidade".
Sr.Joio Batista de ,\. Prado 1-' er· raz Costa, Jau (SP): "Venho por meio desta acusar o recebimento das fotocópias do estudo sobre a Renovação Carismática, publicado em "Catolicismo" e agradecer-lhe a gentileza da remessa. Devo dizer-lhe que esse trabalho estampado em CATOLICISMO, objeto Sr. Rene Del1tado ReytS, l1abuna deatentaleimrademinhaparte, será de grande ulilidadc e beneficio para o (B,\J: "Aproveito a oponunidade para parabenizá-los pelaexcelenterepor- apostolado que procuro desenvolver''. tagem que fizeram sobre nossa sofriSr. Jorge Rangel Gomes. Brasília da pátria Nicarágua, escravizada pela ditadura iconoclastadossandinistas e (DF): "'Sou leitor assíduo. No n':' 445, da qual almejamos tanto de nos ver um dejaneirode88,emrcoutrosartigos, foi publicado assunto abordando a dia livres". 'MedalhaMi\agrosa'eavidadc·CaSr. Anlonio Auguslo da Silva Cos- thérine Labouré'. Tendoemvistaaprofundamcntoe ta. 1-·onalexa (CE): "CATOLICISMO éumarevistaintrépida,quese proje- enriquecimento de estudo nessa área, ta por seu caráter católico tradicional, solicito,dentrodopossivel.aremcssa moralmente conservador, apostólico. do n':' 359, de novembro de 80, bem coOquemaismeimpressionanelasão mo sejainformadoondeencontrare ostemasdepiedadeeosartigosdoDr. comoconseguirouconsultarabiblio. Plinio;continuemassim, trabalhando grafia citada no n':' 445,dejancirode com seriedade". 88".
Desagrega-se o Estado belga? RECENTE REFORMA constilucional na Belgica parece adaptar-se a um plano de desmembramento dos Estados euro~ em re-giões. Na Espanha, por exemplo, é intensa a propaganda que visa uma crescente autono-
mia das províncias, so.brt1udo na Ca1alunha e nas Vascongadas. O esfarelamento de Estados fortes como a França, a Alemanha, a Espanha, facilitaria enormemente a absorção das micro-regiões que deles se desprendessem por um só macro-organismo poUtico pan-curopeu, velho sonho de comunis1as e socialistas de todos os naipes. Depois de mais de ISO anos como país marcadamente unitário, e há décadas varrido pelo cosmopolitismo, umarepen1inafebricitaçãoregiona\decaráterfederalis-
18 - CAT0Llt:1SMO NOVEMBRO 1986
Sr.AntonloVtlga,RibelrioPrtlo (SP): "Reuni antigos números do jornal CATOLICISMO colecionados por mim desde o ano de 1970 bem como os recentes números na sua forma de revistaeencaminhei-osaumencader. nador com a finalidade de prcservá.Jos da destruição. Com um prazer de CS· pírito difícil de traduzir aqui, coloco os volumes sobre a mesa e no silencio da madrugada, lentamente, vou folheando página por página, mergu. lhando fundo na sua história. CATOLICISMO já tem um passado glorioso. Releioesscpassadodelutas. Vejo prestadas homenagens àqueles que parfiram deste desterro kvando com eles o imenso tesouro do bom combate. Nas secções 'Calicem Domini Biberunt' e em 'Nova ct Vetcra' , extraordinários ensinamentos da ação Contra-Revolucionária são histórica e didaticamente enriquecidos. Os quadros 'Verdades Esquecidas' são lembretes inestimáveis que reforçam a nossa f~naSanta Igreja Católica, principalmente quando são escritos por homens como São Bernardo. Revejo os artigos contra o novo catecismo frances e a gradual marxistização da Tto· logia, ambos de 1974, demonstrando aia forçada Verdade. Quando ela se mostra por inteira, derruba com grandes estragos os ídolos de Baal. Os artigos transcritos da 'Folha de S. Paulo' de au1oria do Prof. Plínio Corrêa de Olh·eira não podem ser lidos uma únicavez.Asuariquezadeargumentos é de tal porte que não apenas nos eneantamasdeixa-nossurpresoscom oseuestiloleveassociadoàcapacida· de de dizer as coisas complicadas de maneira simples de modo tal que um leitor de cultura mediana é capaz de usufruirdelescomamesmasatisfação de um intelectual.( ... ) Fica o meu desejo que mais e mais pessoas se interessem cm assinar CATOLICISMO. Que a revista cresça cada vez mais e continue iluminando com seu forte farol a todos nós navegantes nesta terra de desterro".
1a provocou na Bélgica a mutação na Carta Magna, que dividiu o Estado em trh entidades: a capital Bruxelas, uma parte ílamenaa (a Flandres) e outra de língua francesa (a Valõnia). O govemo central ficará responsável pelas relações exteriore-s, defesa e moeda. As demais atribuições passam para a compe1ência regional. Embora muitas personalidades belgas tenham se apressado em negar qualquer intui10 separa1is1a, comparando a nova situação à da Suíça ou Alemanha, onde o federalismo não coloca em risco a unidade do Estado, há sttores políticos que temem o desmembramento, porque - observamos nós - a ques1ão na Bélgica foi intoxicada anificialmente por rancores e desconfianças mútuas. Nes1e ca.ro, o pais se desinieararia em duas emidades autônomas, Flandres e Vatõnia. Bru~elas ficaria de fora; não é ela já a capital da Comunidade Européia? Péricle.s Copanemo
TFPs em ação Mais protestos contra filme blasfemo SAN SE BAST IA N, Espan ha - O filme blasfemo '' A últi ma tem ação de Cris-
to", cujo [ançamen!O nos Estados Uni-
dos motivou vigoroso pr0te5t0 da TFP nane-americana cm agosto último, foi incluido à Ul!ima hora e com grande alarde p .. blicitãrio, no Festival lmernacionalde Cinema realizado nesta cidade.
O canl.ter difamatório do filme, que apresemaNossoSenhorJesusCristocomo devasso, envolvido com prostituição
einseguroquantoàsua própria missão, nãopodedcixardc receber doscatólicos a mais viva repulsa. Entretamo, \Villen
Dafoc, um dos protagonistas do filme, emcntrcvistasconcedidasduranteoFestival, objetivando responder às criticas, empenhou-se em minimalizar o teor das blasfêmias. Alegou de que o enredo não se baseia nos Evangelhos; t uma "obra
eles jamais tive ra m. Esta difamação quanto à memória dos mortos - os quais também têm direitos - comprometeria o próprio renome internacional da Espanha, sendo par isso comprcensivel que a grande maioria do público espanhol solicitasse às autoridades governamentais a suspensão de sua projeção.
não ser caluniada, ai11da mais de um modo riio atroz. "Quererão nossas autoridades, em cujos mãos esrd o poder de impedir o divulgação desse filme, assumir uma tão rerr(1·el negação. opondo-se assim ao sentir nacional? "Fazemos vo1os, conclui o documento, que a Espanha carólica possa col1$ta1ur - em virtude de uma feliz deciSiio das autoridades constitufdas - que o divórcio en1re as convicções de 11ossos gorernantes e as do povo espanhol ainda não chegou a proporçôes riio extremas".
"Com a figura de Nosso Senhor Jesus Cristo - prossegue o comunicado da o filme de Scorcese faz algo de andfogo, só que de um modo incomparavelme11te mais grave. No Divi110 Salvador, na dualidade de naturews humana O pronunciamento da TFP, que foi e divina, existe uma unidade de Pessoa. E esta Pessoa - nós o sabemos pela Re- tambémdistrlbuidosobformadesepavelação - ressuscitou gloriosamenre den- rata em portas de igrejas, contou com manifestações de apoio de personalidades lotre os mortos ao terceiro dia, e estd sentada â direita de Deus Pai até que 1•enha cais, sendo 1ambém comentado cm notia julgar os 1·f1·os e os mortos. E tem o di- ciários de órgãos da grande imprensa esreito de ser re,·erenciado pelos homens e panhola e de rádios. TFP -
deflcçàa, que procura tornar Cristo mais acess/\'ef ao núblico". Para ele, ainda, tratar-se-ia de uma obra "reverente e - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ~ cristã".
Enquamo isso, a Sociedade Espanhola de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade, TFP-Covadonga, entrou de cheio no debate, publicando nas páginas do "Diário Vasco", de San Sebastian, um comunicado sob o título ''A propósito do filme de Scorcese - Não cremos que a Espanhaca1ólicatenhacaídotãohaixo". O documento ressalta a repulsa que mereceria o filme se apresentasse os Reis Católicos com perfis de depravados, que
Agro-reformista é interpelado
SANTIAGO -AJ)M uma ausência de quinzeanos,regressouaoChileoSr.Jacques Chonchol, promotor da reforma agrária socialista c oonfücatória durantc os i:o1·crnosdcEduardoFreicSalvadorAllendc.cdaqualrcsuho11desastrosaquedada produçãoagropro.1ária. Em macéria publicada no jornal "El Merclirio". a Sociedade Chilena de Dtfe-
sadaTradição.FamiliaePropricdadesolícitouacsseagroreformista,oqualco!aborou também na reforma agrária cubana, quee~tissesuaopiniãoarespeitodapromissorasituaçãodaatualproduçãoagricolachilena,sobrcaqualnãopcsamoscn1ra1·esdaburocraciaestatalsociatista. Atéomomcnto,arespostadeJacques Chonchol foi o silêncio.
Nova Constituição carece de autenticidade EM DECLARAÇÕES à imprensa, publicadas por ocasião da promulgação da nova Carta ~fagna brasileira. o Prof. Plínio Corrêa de Oli\"eira afirmou: "'O Brasil dú
Jovens em acampamento JOVENS COOPERADO RES e simpatizantes da TFP , que freqüentam a s~c da entidade no bairro da Saúde, na capital paulista, realizaram acampamento em Salesópolis (S P). ocasião em que escalaram um dos morros da região, em cujo cimo ergue-se um grande cruzeiro. Ali reiaram o terço e entoaram a Salve Regina. Na foto, aspecto do acampamento.
grande passo rumo à socialização integral. E 11otadamenre no que conCf'rneàdesagregaçíioda/an111ia e ao mi11guamen10 da propriedade individual. Fruto amargo de um 'consenso'afcançadoentreosconstituintes, mas de nenhum modo en1re as múltiplas correntes de opinião exis1entesno Pai$".
CATOLICISMO NOVEMBRO 1988 - 19
A respello da preservaçtlo da cf dade, formou-se, não se sabe bem com base em que aco/1/eclmentos históricos, uma encantadora legenda.
~ htntfatda
zahm uma tfüaoe ••• NA CÉLEBRE "estrada român-
tica'· que parte da Baotera, no sul da Alemanha, em direção à Würz
burg, encontram-se inlÍmeras cidades 1101(/i•eis por seu passado e por suas tradiç6es. Entre elas situa-se, cercada ,te altas muralhas e imponentes torres, a pequena Dinke/bühl A âdm!I.'- que primitivamente era uma praça forte - remonta à Idade Média. Nessa época, da " do-
ce primavera da Fé", o aroma de
virtudes espalhadas por conventos piedosos atraía peregrinos de todas as partes da Europa . Muitos deles, desejosos de vfrer sob o i11fl11xo espiritual da vida contemplativa, estabeleceram residência nas cerca-
nias destes/ocos de oraçâo. Dinkelsbiihl desenvolveu-se ,1 partir da
construção ,te 11111 mosteiro, em terras cedidas por um generoso camponês. No século XIV, elafot ele1,ada à condição de ''cidade livre'', passai/do então a ser go11emada por um burgomestre e por um Conselho Municipal compoMo de doze membros do patriciado local, doze representantes das diversas corporaç6es de o/feio e trinta e seis depurados efeitos pelo povo Em conseqüência da Guerra dos Trinta Anos, 110 século XVII, Dinkelsbiihl atravessou 11111 período turbulento, tendo sido por diversas 11ezes ,lfsp11tmla pelos exércitos ca/6ficos e protestmues em luta. Em
março de 16]2, o coronel luterano Klaus Dietrich vo n Sperreuth foi designado pelo rei Gustavo Adolfo li, da Suécia, para tomar de assalto a estratégica localidade, que só linha como proteção suas muralhas e a/gtms soldfldos Embora contando apenas com uma guaniiçtlo, a bem ,uzer simbólica, o 811rgomes1re resol/Jeu fechar as portas ao adversário e ganlmr tempo através de habilidosas negociações que du raram todo um mês Por fim, Dinkelsbiihl tel!e de capitular para não ser bombardeada.
A população observa silenciosa os invasores: o passo cadenciado dos infantes e o trote da cavalaria À tes/a de um regtmenlo, Sperreuth penetra na cidade atra vés do portão Wómitz ( \Vómitztor). Coberto por vistoso chapéu de couro, com plumas e de abas largas, revestido de imponente ct1pa creme ornamentada com fino rendado branco, o coronel enwrga um tfpico uniforme militar de oficial do século XVI/. A faixa que lhe cruza o peito, com as cores da Suécia, simbolizt1 sua autoridade. De s1íbito, o cortejo triunfal dos novos senhores de Dinkelsbühl para. Alguém impede a passagem do poderoso comandante sueco. Quem uuso11 fazê-lo? Um grupo de crianÇtlS, conduzidas por uma jovem, a "Kinderlore " (pe,,uena Leonor). .. O que pretendem elas.' C/emb1cia.1 Poupem nossa cidade, respeitem nossos pais.' A força bruta, que esperava esmagar qualquer reação annatla, depara com a fragilidade de algumas crianças escudadas na candura de suas almas inocentes Por vezes, até espfr/1os endurecidos consenwm restos de nobreza de caráter. Tocado numa fibra sensfvel tle seu coração empe,lemitlo, pelt1 candura primaverf/ tlaquelt1s menint1s, o proteS1a11te Sperreu1b concedeu anisrfa à cidade e poupou Dinkelsbü/Jl da destruição Esse ilustrativo episódio histórico-legendário é representado anualmente em exuberante festa popular: a ''Kinderzeche' ' (comidatlas crianças) Em }11/ho, a cidade recua até o séc11/o XVI/. Homens, mufberes e crianças vestem-se com trajes daquela época. Canta-se, come-se e bebe-se. A alegria é contagiante. Além do enrnntro de Sperreuth com a " Kinderlore ", que figura na primeirufoto, realízam -se tt1mbé111 dfsp11las tfpicas da era dos mosqueteiros. Nossa segunda foto apresen ta dois espadac/Jins, representando grupos rfoafs. a lutar de pé sobre panóplias de espadas sustentadas pelos braços possantes de seus companheiros Emergindo do mundo da legen da, voltemos à realidade, crmservm1do, porém, 110 espírito, o encanto pela inocência infantil, outrora tão florescente, cujo fulgor pode mover por instantes - ou quiçá mes mo duradouram ente - até cora· ç6es dos mais endurecidos ...
f\
PLINIO CORREA DE OLIVEIRA eos "modelos" NOSSOS LEITORES bem o sabem, "Catolicismo" l um órgão indissoluvelmente vinculado à ptSStJa, ao nome
e à obra do Prof. Plinio Ú1rrêa de Oliveira, o qual, no dia 13 do corrente m2s, completa seu 80.º aniversário. Ao longo de 37 anos de ininterrupta publicaç.Io, "Catolicismo" não procurou senào realizar o programa delineado pelo insigne aniversariante no artigo "A Cruzada do Slculo XX", que estampamos no primeiro número de nosso mensário, em janeiro de 1951. Um desdobramento muito mais amplo des~ programa ocupou nosso número 100, em abril de 1959, sob o título "Revolução e Contra-Revolução", posterionnente acrescido de nova e luminosa parte (nº 313, janeiro de 1977). Era ainda à pena do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira que "Catolicismo" deveu essa obra-prima de /ucídez, proftmdidade e concisão, a qual logo se transformou no Ih.iro de cabtctira dos sócios, cooperadores e correspondentes tUls úx
IA
1 k_ \ · ,
·.j 1 1Í
~
:• :, .,
N,1 dfud,1 de 10, o n.ui1mo foi mui lo prHligi,1-
do no Ocidentt. Em l'Jll, Hindenbu11 (foto~ tntlo PrnidenltdoRtich, nomtou Hilltrch,1,nce, lu d.a Alemanhil. O "bgioni ri o", contrui,1me11tt .i mod.1e mcur50,comb,1tia onazismo.
No11aCapa OProl.PlinioCorrhdeOlivtir,1di,1ntedoquadrode Now Senhor1 do BomConselhodeGenuuno (lt.íli.11 t m 23 de setembro último
2 - CATOLICISMO DEZEMBRO 1983
TFPs e de mtitUldes afins, hoje já disseminados pelos cinco contintntes do Mundo. Assim sendo, é para nós particularmente grato prestar, nesta edição, merecida homenagem àquele que sempre foi não só o inspirador e o pn'ncipal dos colaboradores de "Catolicismo", mas a própria alma de nossa revista. Ad muitos! - diziam os romanos. Que muitos f' muitos anos de vitUl sempre fecuntUl lhe conceda a Santíssima Virgtm, para continuar a bem empregá-los f'm prol de sua SQCrossanta Causa. Tanto mais que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira chega aos seus oitenta anos, com uma disposição física, uma vitalidade de pensamento e uma excelêncin de predicados morais, que faum prever felizmente um /o,igo e sempre mais brilhante itinerário. Outro aniversário de ainda muito grande significado para todos nós que nos orgulhamos de ser - a exemplo do
de esperanças. Ele1·am-se gradualmen1e como o sol,acimada linhadohorizontc,catingem o zênitc da força e da irradiação. Depois entram em d~línio, o maisdas,·ezesde mancira ins)ória. Logoaseguir, geralmcntedeondcnãosees pera\'a, surge no1·0 moddo, c dcscrc1·c um périplo Tod0!0!olhosse1·01tamesperançad0! \'~ª'.?~ar r,o 1?nto é arml,ifJo rk fo//Jas mOf- par~ido. para suu figuras-símbolo, enquan10 se desviam 111", diJse õpirituosammle algutm. Ma1 nem do modt/o da \"éspera, quuc como um menino por ioo o número das põMllS que dcstjam "tslar aÍ&Sllumbrinquedodcqucj.isecansou. O no,·o moddomancém-se 1eratmcntc um ano, i:n;:;~~:· asei~~~~~ici:~id~: : ~b=~~! 2 1 modismO! aumentou. É que o homem de hoje ,·ai :s~! t :ir~~~-~~·:l~!~:~:~~1:d~~~~r~ abandonandooháb itoderefl etir e,segundoacons.agrada e:o: pressão de?au\oVl,\'Í\'ea ' 'ci0JizaçAo tc~!/a~:~i!udc, ccde lugar a outro ... e a,sim /UI imagem"(ExonaçãoApostólica Evangdü NunUma1·ari,1ntedesseõtra1agema daguerrapsi1i,ndidc 8-l2-7S. Document0! Pontifici0! n0188, cológica re1·0Jucionáriaéconsthuldapel0!modtVozts, Petrópolis, l984,6'ed.,p.l0).As.simsen- kxquc não ]e>,·antam propriamente õperança.1, do, onümerode "fo/haJmonas"proLiferoupro- mas exploram o prescigio da força. Tais modelos, dijÍosamente, sendo incakulá,·e] o nümcro da<iue- ahemando-secomO!prectdcntesousobrepondótes quentão sempre à. procura de imagens novas se a eles, fazem com que u massas fiquem sob o edebrilhO!efémerO! innuxoorado medo,oradasimpatia.masgeral_O qu cse diz aqui dasmoduvale naacepção mcntesoba açaosimultãneadeambos(cfr.Plinio mais ampla do termo, ou seJa, 1oma-se em cons1- Corrêa de OliYcira, Bald~açAo id«>lógira inadrrrderação dc que há modas para tudo, incl usiYe p3- tida e dWogo, Ed. VeraCruz,São Paulo, 1966, ra as id~iao:idéias filo.sóficas, idéias po!iticas, po- Cap. 1,9). siçO« litrnlrias eatê mõmo científicas. As vantagem carreadas pelo l,1nçamemo dO! O ágil mrrtering re>,·olucionárionãopoderia modr/OJ são muitas. A maior delas, en1retan10, C dcixardclC\·aremcontatalcircunStinciacdeadap- ctrtamentcadeateouar,dffiiai,quandonãoetitai,se às cuacteristicas especificas de now. êpo- minar.asrcaçõesdecarátercon1ra-re·,0Jucionário. ca. Foi o qQe Cle fcz, servindo-se da i_magem co- no sutil e bem executado icm sido o manobrar mo clemmto prmnine ntcdc seu prosehfümo indi- da dramaturgia m·olucionàriaque, como se dis1·idual c cole1i1·0. Fez mais do quc isto: paswu a se acima, nu merosos ~o os que se têm deixado emutilim largamente a drama1U_rgia políti~aem ní- bair por ela. Tal, emrctanto, por pro1 eção da Pro1·el internacional, como manc1ra deatrair aaten- 1·idfncia, não tem 1ucedido com o Prof. Plinio ção,entreter e/ou arrastarasmassas. Corrêa de Oheira. É inm ~ntc rememorar rapiOsrecursosparatal~onumer=,ealguns damente aqui qual foi or,·oluir dos mt:Kk/osna 1·ffl1 sendo cmprqad05 desde que o mundo é mun- hi11ória1cetn1c,cqualaa1itudedeprt"-·isãoou do. Mas é imcrcssamc considerar cm panicutar dcdiagnóticoprcooce(3)quc,fm10!mesmos, umdclrs,qucYêmsendolatgamentcutiliI.ado!iO- 1omou,desdeoiníciodesua1·idapública.M(,(I brttudodesdea lI Gueru Mundial. anO!,o Prof. PlinioCorrêadeOlil'ciia. O promw, na realidade, C1implõ. Consiste ele em levantar modelos, ora de socialismo, ora 1. O N'AZI-FACISMO dccomunlsmo,oradeoutra1emu1uras rcvolucionárias,01 quaisgo=do fascinioda novidade _c C.lplorem as debihdad es dectrtossetores da op1· O nui-íacismo foi ccnamenic um modrlo, deniao pi.ib!ica mundial, cm um momento dado. pois copiado, com mai01 ou menor fidelidade, Tais modrlos surgem como auroras carrqadas cmdríospaisesdomundo. MODA... QUEMnuncaabriuumfigurino antigo enãosesurprecndeucomoencantode geraçOO passadas portal ou tal 1·estime.ma que ~oje pa rece i. nexprm i1·a ou ridicuJa1 E naorefleuu em seguida:seráqueo mesmo nãon1acomro:rcom aqu1loquehoje "rstá no
;a~:~
que adramatur~a revolucionária vem lançando aniversariante - cruzados do século XX e soldados da Con-
tra0Revoluçào, acaba de completar o Prof. Plínio Corria de Oliveira: sessenta anos de militância católica. Com efeito, foi no Congresso da Mocidade Católica, realizado em São Paulo de 9 a 16 de setembro de 1928, que o futuro fundador da TFP, então jovem universitário, tomou o primeiro contato com o movimento mariano, nos primórdios da expansão deste. Nele encontraria ambiente recepti-
vo para as idéias e os ideais que desde menino vinham se
Aborda ele apenas um aspecto da personalidade rica em facetas do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira: o homem que ao longo de 60 anos de trajetória retilínea e desassom brada soube prever, desmascarar e recusar os sucessivos modelos políticos, direta ou subrepticiamente perniciosos, que foram sendo apresentados ao grande público. Sempre fiel ao programa de vi!Úl católico e contra-revolucionário que fixou para si mesmo ainda na infância, e que haveria de exprimir mais tarde nos seguintes temios:
fonnando em seu espírito. Ali tinha inícW a nobre gesta de sua vida pública, cujos lances, em suas linhas muito gerais, siio bem conhecidos de nossos leitores .
"Quando ainda muito jovem "considerei enle:vadoas rnínas IÚl Cristandade. "Aelasmtregueiomeu coraçào. "Voltei as costas ao meu futuro, } fiz daquele_ pas~do carregado de bênçãos omeuPorvir... (2) .
Para comemorar esse duplo aniversário, "Catolicismo" apresenta hoje, em primeira mâo e com ligeiras adaptações, um capítulo do livro da TFP, "Um homem, uma obra, uma gesta", edições "Brasil de amanhã" (1), o qmll será brevemente lançado. A atitude ami-nazi.fadsta de ?Linio Correa dtOLivciratde scuscompanheirosdr lu1aébc:m conbec:idadoskitoresmai1antigosdenossarcvista. Paraosefeitosdapre,entatemáticaéinteres· same recordar, emretamo, que geralmente até mesmoosque1eopunhamaonazismooconsidera,·amad,·ersárioaucé'nticodooomunismo. Por isso, não foi sem surpresa que muitos leram no "Legionário", no dia lº de janeiro de 1939, as seguintes pala,-ras de Plinio Corrêa de Oli,·cira: "Ef~riramrnte, enquanto todos os campos se ddin(m, um mo,·imento cada 1·ez mais nítido se pr=sa. É o da fusJo doutrinária do nazismo com o comunismo. A nosso 1·er, 1939 aS5istíni à consumaçjodr!SsafustJo"(vertambém''Legioná· rio",28-8-38;12-2-39;14+39;14-l-40;16-6-40}. Apenai oito meses depois de escritas essas linhas,vinhamosacomccimemosdar razãoaojo,·emliderca16lico,pois emagos10de l9]9aAle· manha e aRlissiaassinaramopacrodenàoagre,. sãoconhccidooomo Ribbc:mrop-Molotov, bc:m CO· mo protocolos steretos sobre a determinação da esfera de influCilciaalcmáeda 1oviéiicanaEuropado Les1e. As,ínado o pacto às vésperas de cs10urar a Guerra, PLinio Corrfa de Oliveira ll51im o oomenta (17-9·39)· "Foiumainabí/idadesobmepontodevista [ododesmascaramemodonazismo] o pacto teu· to-russo. L pos.,ív1/ q111 denrro m, bm·r, H1i/,r 1 Stolinbrinqu1mnor1111111111de inimifOS, 'pour éput,rles/Jo11rgrois'edespistgropú/J/ico ''. Insistiu em 8-/l-4/J: "O 'legionário' já !em gfirmodo111ierudomen1equeo m=r{l{fg ngz1'..10viético pode de um momen!o puru 011/fo recome.rur e que, ltoje 011 gmpn/uf, blm pode .flr q11e Moscou e Berlim reencetem u romédiudeseu rec1: pnxo gn/ugonirmo rom o quul 1õo sensíreis vgnto· gens uujerirum ltti já u/gum tempo 01rti.f". Dizia, por fim, em 18 de maio de 1941: "Como lodos i'éem, a cofa/xJroçdo germunO·nlSSO e..rtú atingindo SIII ouge, pelu 11/rervençáo ur/f'u do Kikfiu uo ludo do Alemunho, nu pofiticu usiúticu. O 'legionário'jó pll!l'iu longamente 111do q11unto e:s/á .1e possondo. E, ew1umenle ogoru, quundo parece ter c/Jegudo o SIII zênite esta rolo/Joruçáo, pem11iimo-no.r udiunlur mui.r umo coiro o
nosso.sleirores,coisoquecer1umen1elhe..rcousuró surpreso: no pi em que es/ilo l!J/us relor*s, 101110 é passivei que durem /ongumenre, quPnro que de repenle o Afemunhu ugriduu Kú.tsio. E ludo i.f. to sem que deixe de ser perfeilumenle real o sfm. No.11 nraN'Omunirru. '(Juiv/l"ru, rerru'". Um més depois, o Alemunhu iniciava sua ofensiva comra a Rússia (U.(j.4/). Os prepararfrosforamfeitosdemrodosigilomuisabso/uto, como oa1e:s1ou,entreou1ros,ogenera/GuderianemNuremberg (çfr. Raynard Canitr, Commem Hilfer o perdu lo OUtot!le de Moscou, in "Hisrarama", 11°246, moio/72,p.58).
NopcriodoamerioràilltimaGuerraMundial (l939-194S), o comunismo 1e apresema,·a como agres,ivo, e dispostoaconqui11aropodernosdi,·ersospaíse,,ouporrevoluções,ouporguerras externas. 01 PC. locais, fifüa Moscou, no pri mcirocasopreparariam e exccu1ariamogolpcde mão. No segundo, atuariam como quiotas..:olunas. Tal procedimemo na111ralmemc provocava umareaçãodc desconfiançageneralizadanoOci· den!e. Eml943,entrecamo,Stalindis10lveualll lnternacional - oórgãodecoordenaçãodosPCs domundointeiro - e acmoucomapos.sibiLidadededemocratizaçãoda Rússia,produzindoctr· ladistensãoemtodoomundolivre "O comunismo era uma hemia declarada comentou o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira -. Aomenossobestepontodtl'istanJo eratJono-
;:;;:n;:::ti ,i:u~:::!~a~'í::~
~~;~ :i~0
0
, O fascismo, n.a 11.ilii, apresentm-se como um
f~.t:31* em dia: 'n;Jo exis10'" {"Legionário", ;:~!1!:ti~~t~;~dd/~~ci:!'i ~ ~:~t:2.ii
Na ~esma ocasião, 0 ilustre catedrático paulis- n,1 ~pou,. 11:°r Plmio Corrê~ de ~liveiri. N,1 f?" ta teceu duas considerações cujo acerto os acontt · to, Mussohm num de seus mu1tosd11cuoostutr,m. cimemosposterioreshaveriamdeconfirmar. Fora elas: I ') "Monoemaparfocíaopróprioexpansionismo comunisra, a opiní;Jo mundial aceitaria com muito menor rdwincia uma dila111çiio territorial d11Rússí11n11Europa"("legionário",30.5-43). E foi realmente o que acomcceu. A dissolução CATOLICISMO DEZEMBRO 1988 - l
Stttmbrodc1933.Ctlllmbt1li1in, D1lidi", Hitltr t Mu1501ini n.1 conltrtncil dtMuniqut,1imbolo do upituliiciOnismo do Ocidente tm bct do n.izi,fuismo. Plínio Corrh dt Oli•tir1 dtnundou u conseqiiêncin dtu1trou1 qut d1l se ori· ginu1m.
Oplctocomuno·n.ui1l1 fori p1t•i1to com b.11t,nltlnltctófncii po1 PlinioCorri!1 dtOli~i1.1qut, tmuti1odt11H·1'41 , prtviut1mbém o rompimento do mesmo: "No pé t m qut estlo u1tl1ç6tt, t po11ivtlqutdt rtpenttil Alt m1nhl lgrida I RUni.1". Um mês dtpoi1, u lrop<u dtHitlerinndiam1Rússi1(foto).
Com l mor1t dt S1.1lin, tm 19$3, lt~ inicio 1 rr1dochlmido"dt1tlo"na11tl1çõeslestt-Oeslt, 1qu1lloi1tctbid1peloOcidtnlt - dilsetnUo PlinioCorrt1 dtOlivtir1 - com est1dodt Hpirito.1bob1do. 4 - O,TOLICISMO OEZEMBRO 1988
da III Internacional produziu no Ocidente uma prodigioubainna,igilânda,ecriouclimapropicioparaasominosasoonccssõesfeitasaoscomu• niswnaConferêociadcTeerã(no•/dez/43),01$ com·cru~ de Mo!iCOu (outubro de 1944) e na ConfertneiadcYalta(íeo.·creirode 194S),deque resuhouaincorporaçãodaEuropaorirntalaoregime§O,iéticO. 2') "O 'ramarada Stalin' jJ insinuou m1 w.1 aruiAgblda'Rrotas'[acan.arontinhaesclarecimtotos a propósito da diootução da Ili lnttrna· cional]q~dq,ositaasmaioresespmnças/lOf,,andesmo1lmrntosidro/ógkosdrsr111idoitvi/irArio r nirdador quc cm rodos os paísc:s lliados k111amrnre se orgllllium. E, rom úto, m051rou clara· mtllfr qur a Rúsda e;pera illfrmificar seu mo,j. mrnroronfusionim,criandooo,·ase1-2Stas'fren11:1 popllW'1:1' no mundoimtiro. Simpl1$111tnte, paramdboriludir,ján.iosrlimir11aocu/1arocarít(fbo/c~vimdestas ·t~ntes':1-aimaislo/lle, Oculta a c.tisrênci11 da Ili /nt(fnadonal. Eiludr assimosincaut05, cujo mim(fo~infinitose,undodizaEscriwra: 'swftorominfinitusestnumerus"'("Legionllrio", l3-M3). Defato,dioolvidaa llllmemacional,ospartidoscomunistasoficialmentejánâomaisseviam obrigadosaconfessaraobediênciaaumpoderestunho. Ficava abeno o caminho para Que cada um deles aparenta,sejogar seu própriojoJo et oq11emuitas1·ezes fiz.eram,econtinuarãofazendo. Em outros ttrmos, ampliou·se assim rnormemen1e a capacidade de rnanobra do comunismo. A dissolução da III lmemaciona! consti1uia. pois,motivoparaprcocupaç!oenioparadisten· Mo. Funestas conseqiiênciasha1·eriam de advir drueatodeSta!in. FoioquePlinioCorrêade Oli1·eirasoube\·tr,eexprimirrom clarczadesdc a primeira hora
Embm·e,asprópria.lconquistasdaRiis.siaa ]C\'lJÍamalançarmãodeno,·osrecursosnotme· nodaguerrapsicológicarc,·olucionária.Poisdian· teda fabulosaexpansãodopodtrcomunistadecorrente das conmsões diplomática5 obtidas em Tttrã,MosroueYalta,umaondadercaçãoao1i• comunista sllfgiu no mundo ocidental. Apareceu nos anos seguintes ao fim da guerra o macartismo, que constituiu dÍMda sintoma expressi1·0 da exi~tência de uma reação, não apenas norte-americana, mundial, contra o marxiimO Ncssemesmocomcx10,éimpossiveldtixardc observar de passagem que MaCanh y lançou um novoestilodepropagandaanticomuniMa. No1andoquc as razõcs filamrópicas para ser con1ra o marxismo eram as que mais tocavam o pitblico, ek insistiuemtaisrazõesatéoúltimoponto,dan• do um realce menor às razões doutrinàrias. Em conseqiiência,o anticomunismoqueatérntãoforaummovimentosobretudoideológicoeracional, passaatttcaráternotadamrnteinstintivoesenti• mental. Quando surgiu uma aparente atenuação docuohopolicialescodocomunismo,areaçàoantioomunista propcndeu para a eo.·anesctnça, porqueasrazõesdoutrinâriasparaaoposição,bidra vermelha tinham sido esquecidas. Emconseqiiêocia,ocomunismointC'fDICional foi lcl·ado a mudar seu fac*s mais uma ,·ez. Ele o fei, ouentando aparatQ5.as ifü·im internas, quecausa1·amaimprcssaodcqueseuaspcc1omonofüicoesm.ased1:1fazcnocm~,eenchiam dcesperançasagrandernuhidJ.odosiniénuos. Assim,cm 11148/ 49, Tito rompe com MOSOOII e=inatratadmcomerciaiicomospaisesdoOcidcnte.Eml952pnsaareccberajudafinanccira emi!itardosEstadosUnidos. Emjaneirodessemesmoano, afinnaoProf. Plinio Correa de Oli,·eira: '·t. evidenre que muitos demtn/Os anticomunistas estio wmando I strio
=
=
es11dMslo,e1cti11ndosofregamen1racolaboraçlodoslideresmmrlhosqurabriramumdsma em fflaçlo a MoSCOlJ. Que n1lerá , sínceridadr desre cisma? Qut ,·a/mi a sinctridildt desta no,·a rolaboraçio? Aceitar no AmaIO da reslffMda anticomunista 1:111:1 noros aliados o qur ~. se:nlo abrir as mura/Jw, 11,o de muito parecido com ocaralodeTróiatau!llffl/araconfüs.to?"("Catolicismo",janeirodel9S2). Depois do "cisma" titoista, ,·eioo de Mao Tsé-tuni. Em l9S8, squndoo DOliciiriO, Moscou e Pequim tiveram m primem» estrcmccimentm em suas relações. Nos anos squintes, ua,·ou~ eníitica polêmica entre os dois maiores paises ,·ennclhos,apropósitodastesesdoXXICongrcssodo PC so1·iéticoeda coexiRtndapadflQ.de Kruchev. Aruidosaqunelafoi-sedesrn1·ol1·rndoa1êchegar, em 1962,lrupiuraaberta. Nu páginas de "Catolicismo", escrevia o Prof. ?LinioCootadeOLi1·tira, em janeiro de 1960: "A.ssímsc1-aiace111uindo1bicdali1domundo comunisra: uma çabtça es1J em Mr>SCou e ourra tm P~uim. "Eess.ascabeçast~m fisionomia e linguagem diwu. Uma [Rússia] olha gentil, sorri, e começa a par«tr frara. A ourra [China] çamga o olho, ameaça, t ,-ai-se tornando sempre ma.is fout. (.. .) "A RciS5ia /tnderá a anes1esiar e dividir o Ocídtlllt, tnquanto a China irá tomando paulatimmente ares de flagelo mundial. Paremí n,:,,:es-s.:írio arritar o amplexo russo, 11 a/iança do Cremlin, para futr facr 10 monstro chink. N= amplrxo com a /epra, esta nos conta,iarli. Tmmosp.1.racomonoroa/iadotodasasfraqutw,ascondts«ndêndas, as improdfndas qut tifflllOS p.1.ra com Tito. E assim I hidra comunista irá progredindo. {... ) "A.China,diziamos,1-.iltn1amen1ecomrçan· do1in1ímidart1imobilizarospo/trôesdo0cidtnte. A Rússia, cadaitlmais,,grada, ilude e 11raios1o/os. Unsroutros,pol1rôest1o/os, 1rndem a r«uar, 1nnsigir, COIKi1iar a todo ÇUJ10. E, frincamtlllt,quandoa/gutm1emdt.1C11lado10dosos tolos e todos ospoltróes, pode jactar·Jt dediSJ)Ofdeum1espltndidam11ioria"("Catolicismo",janeirode 1960).
Entrementessedesen1·ol1eochamado "degelo" promovido por Krochev(19S3), arompanhado das aparatosas "desestaliniuçõcs" (l9SS r 1960). Nesse "degelo", talveioprincipalacólito deKruchev lCDhasido op0lon~Gomulka, cuja estrela começa a atin5ir o ib!itc por ocasiao da "prima1·trapolonesa"deoutubrodel9S6. Sobreo11sunto,escre1·e0Prof. ?linioCorrêa de01il'eira: "A 'bobeira'-n.loháourrotermo -comquermcertoscfrcu/osdoOcidelllt~tlo acolhendoossom'sosdeKruchtve Bu/ganin rtsu/11domesmoesradodeespírito. Noma.iJfondo d, lima dos srnh<>r1:1 do Cmn/in o sol do sorriso htnçou os primtir05 rai05 de uma 1urora, que já ninguim coruquirá dertt. É preciso concordar com des em tudo, at:riuu tudo, ,m tl1'I rudo. Com IIOSSll boa 1ooradt, adoçá-los= a.inda mais. E dentro dt algum rm1po a Rú.ui.1 /(fá sido 1'tllcida, n.10 rom 1iros de anh.lo, mas a doctSja105deg/ittnnaden~sotTHO:l'"("Caiolirismo",ju!hodel9S6).
Quase ao mffl!lo tempo, Fidd CUtro as.sumiu o poder em Cuba (19S9). Ele descm a Sierra Maestra rom um.a medalha de Nossa Senhora ao pescoço. Não se declarou comunisa nos dois primeiros anosedcsJ)Cflouilusõescmtodoomundoline. ApcnasbcmposteriormtnteotiranodeCubarcronheccuocarátttmarxistadoregimequepresidia
Emjanrirodel960,entrctanto,oProf.Plinio Corrêi de O11\"rira jt denu1iciua o cari1t1 comunista dor~ de Ha--ana. Dizia ele: "Pararespond~ se o primei~ministro rob,rno t ou nfo umagenresorit'rico,oqueimporra,poís,ésa.~ sem11 açloact/era II evo/uçlopara ocomun1smo. Nestesentido, podc--sediurque11respos111 afirmatfra se impô( com uma clareza so/ar"("Catolicismo", janeiro de !960), Aliás, no próprio ano da tomada do poder por_Castro, "CatoliClllJlo·· publicara dois anigos de autoria do cooperador da TFP Sérpo Antonio Bromo Lde-·~c, dcm1~ o reJ!me camiM.a como "1 mais séria mfilu·açlo do comunismo fflltCTTISlivresdaAmt'rka". [ntiiulavam-secles Comostlançounomercadointernaciona/o'produto' Fide/ Cimro (ago110 de l9S9) e Como Fidd Cauto fraudrou os caró/iros cubanos(sctffl!bro dei9S9).
mo. lmpm5ÍOnadas~qut"orotrtunaCbm,slo1·"1uil t cm ourros lugares, 1cmem tl.ts que o PC, uma 1·cz no poda, insuurc wna ditadura e .uerpulscdotoi-rrno. "Nest.ucondiçócs,ouoromunísmofiog,mudardefacttmenralidade,aprescntando-sto'lchile-na, epropondoàsC1qut1dasuma vastaroligaç!o par~fuera'rem/uç.ton11/i~rdadc',ouco111inuarAestacionlrio"("FoihadcS.Paulo",2!·11 -71).
At,umlcmpodcpoU,cntrctamo,ocufOCOlllu· aismocsbarranumcscolho,narealidadecmbcrn paradont escolho: uma vitória do marxi1mo! Com efeito, cm l974se dá, cmPortuaal,achamada "Remluçlo dor Cral"o.r",, o paisenua numpcríododcarandcscoowlsõe5, emqueaameaçal"er· melhasefazprescntedcmodocrucial.Oscomunistasscaprcsentamdcmaneirac.arrancudacviolena. Em março de 1975, o Prof. PlinioCorrêadc OLi1·cirafazdos acontccimcntos ascguin1eanálise: ''OrApidocurso dos1rontedmen1oscm Ponuga/ moura ao mundo, no PC luso, , mesma imagem nega1ii'a que iodo, os PCs ostentaram há ccrca de vinte anC11" 11mis. (.. .) "É rompr~nshe/ o mal-õtar '8usado aos PCscuropcuseamcric/llM)5poressequ11dro.(...) "- A mudança de fisionomia moral dos Pw nesresú/tUll0$aoo:Jn,to1eriaJidoaptnasumjo1opariobterpa.n:rirosooctnuoenocm1r~q"'rd.t~ Nesse caw, m roml/OÍstar teriam desde jAop/anode,ronquistadoopodcrnos1iriospaí1o:"S da Europa e do mundo, fuermsarojogo du/çuroso e imolar imp/aca,·e/mente 05 inoetntesúteís? "Paraevi1aroscfrirosruin0505fkssarpcrgunras, ocomunismointermici-Ooa/tcmsd um caminho: "ITOffl1,r-rm Pomtrilfporq f1kr1n(Wf11itóritl NJ Eul"Opll. E.w n"Míllf11 l'tll'tXtSSIJ tflC/teriq dtlnimotll"VIO(rt/Je5-IÍrtirdowllwctm1Últ'tlrt" ("Fo/MlkS.l¾ulo",30-3-JJ). Como t do ronhl'ômm10 ~ai, o romuni.lmo poucodepoisromrçaarttroctdertmPonugal;tsttfa1odáraz4oàpre1·is4odoPrtsidenttdoConse/ho Nacional da TFP sobre os rumos do marxis· monanobrtpdtritJ/usa.
Em 1970 sobe ao poder no Chile o marxisra S.a!l-adorAllcndc,inaugurandoomodclod~ign.adocomo "viachi/en11paraosod1/ismo''.ÉdoconhecimcntogcralqueolivroprcíaciadopcloProf. PlinioCorrêadeOLi,·cira. Frei, oKcrtnskychi/e no, de Fabio Vidigal Xa,icr da Sih·cira, diretor daTFPbmilcira,falccidocm 1971, previra em 1967queogo1·crnodcmocra1a<TUtãodcEduardoFrei1bririaocaminhop1raocomunUmono paisandino. Ao mesmo 1c:mpo,. 1 propapnda comuni~ ju!gouqucpodcnaaspuaramct.asmaisambJCJosa.i, etcntouumamanobradegrandcportc, 1cndocomoobjctoaEuropaocidental. Para compreenderoquesepassou, é preciso l~ar em conta que em a_lguns palJ.CS, como a ltáha e a França, os rcspcc111·os PCs soza1·am dc oão pequena força eleitoral. Talforçapodcriatornarse ainda muito maior, st por meio de uma h!bil e-·oluçlopudesscmele1incorporarsctore1doccn1ro,tadorrneccraindamaisareaçtoamicomunista. Foiusim q~e,cm 1911, Berl1~crpropôsci:n reunião do Pamdo Comunista Italiano - o mais importante do Ocidente - o distancian:ento.em relaçãoaMoscou ePcquim,eumaccrtahbcrahzaçãopoliticaeeconõmicanoproiramadoPCI.Esta1·alanç1,dooas1imchamado"curocomuni1mo". Plínio Corrh de Oliveira pergunta naquela oc.asilo: "Essa. hmsia sera au1bi1iclJ Ou constitui mcMai5 alg111u anos tralfStt/rrtm. A parrir de J979fXlSSD11oeu{JIJrfllgar11aribollaoassimcltara minobrar "Normalmentc,11pror,osta'htmica'cexplosi- mado modt/a!Omi1fli5ra, da Nkordgua. 5:'árias ra\deBcrlinger]d,1-crútersido1co/hidacomin- TFP'S pubJiroram sobre o ttmo estudo tspeoal indiznaçAoporrodosospr_esmtes. Eladevcriarer titu/ado "Noite Sandinista", denu11ci11ndo a estraaba/adoasb.iscsdopamdoecausadoprotcstos nha simbiose do progrtsSilmo ca16/ico (Om tsSa em roda a Itália. Pequim e MoK-Ou ikvcri.am ter forma de comunismo, proc/ive a fomemar II guer'excomungado' o 'herc,t'. E 05 div,rsos Púcu~ ri/ha tm tod11 a Américo Latina. ptW, por sua 1·cz, cfe>·criillll ter ckdirado ik púEm J98f>.8I, 111/ngtseu cümax1111 Polõnúz o sindicolismodaor:anizoplo"SolidaritdlMk",/ilhradapt/atktrlcisr11LechWaltsa.Es1trlltimolrconta própria,~ prMo acordo rom ninguim. 1-antatSpcff111çaremtodoomundofivrt,1eruiom··ora,muitoaocomrArio,osjomaírn.tonos sumido, depois, uma atitude abtrtamente coJabo-11 racionista tm rtlaçdo às auroridodts romunistas. 5~r:,:/~ 8Ja O Prof. Plínio Corréa de Oliwiro denunciou l"emo,parlidoougrupocomunista. o manobra (4). Afim dis$o, um cooperador da "Lo10,pam-cque1odo_sesi1v.amrollctftado.r TFP brasiltira, a 5ll'liço do BIIIMI {JIJra o rtprtikanremlocomoquelkr/in,tri.tdiztt.Asuges- stntaçdo diu TFP! rom stdt tm Roma, inte~lou 1lodtsteindir:a,pois, umrutooqucocomunif- pt5SOOlmtnltolidersindiwli5ta.Mai5r«r11tem1'n· mointtroacionaldesejarcalmffltC•trscguido~ 1t,aimprrma1emnoticúidoou1r11u;umctrro losPCsda Europa.lfrre. ro,ifrontotntrtWaksf1eoromno.
C,utro e l(nis.cht~ se 1b,1ç1m. A qu,lid,dt dt 1gtnle,o~iéticodop,imtirofoidt,delosoditcernidipo, PlinioCorrhdtOlivti11.
Ao l1nç.1r i ffl.llnobri iputnlemtnle htrétiu do turocomunismo, Btrtinguer ~ ~trdidt HI•· n prtvi,mente concerl.ido com os dirigentes do comuni1mo internuio~I, 1/írmou ~ ou$l.lo PlínioCorrbdeOlí~eí11
~1/u~=~1;'C~:,r:'!na::}:,;
~'!::O:d:
~~tf/:a/qu~~:
"- Qu, /uçraria, com t_lo sinuosa ~ra,
,ausa.doromunismoJ-ob~3malgumkitOf. (.. .) PERESTROIKA "Na Europa ocidental nenhum PC j.trnais ob1e1·e uma autênti(ll maioria elei1oral. Para eles, o Em 198S sobe ao poder na Rússia Mikhai! úniromododega/garopoderéumacoligaçlo. "Or11,acontectqu,,naEuropa/ivr,,asC1qur:r- Gorbachcl",inieiandoalgumttmpodcpoilacha· das nlo romuni51as se 1hn mostr.tdo sempre rclu- madapcrcstroita,comaaparcoteatcnuaçãodatii,01cs cm acriuu uma coJipçlo com o rocmmis- raniapolicialcscaque5Clllprecaractcrizouocomu-
Odit.1dornícu,gütnseOrteg1,ttndo I su1 Hqu"d,frti8etto,dur.1.nte.i"NoileS.1ndiníst1", 1ulind, ni PUC, tm S1o P,ulo: tstr,n~ Ji mhiose do p1ogrtsSi1mo c1tólko com o comunismo guerrilheiro C,,TOLICISMO DEZEMBRO 1988 - S
nismo,bemcomocertamitigaçãodocarãtcrct11· tralistad.aeconomiasoviétka.Aomesmo1ernpo, as relações com os Estados Unidos se distendem um tanto. Uma grande ofensi,·a publicitária no Ocidenteacompanhaprescncementeodesenrolar dtsstproccsso. OtlJáterenganosod.apr,esuoibvemseodo denunciadoseguidamrntepQJ"Camlicismo"(cfr. n•1436,abrildel987;437,maiodcl987;442,ou1ubro de: 1987; 443, no,·ernbro de 1!187; 447, março dc 1988; 452, agooode 1988, erc).
Oltv1nltt1lud.antildtm1iodtl%8, 111.Sorbonnt, ur1duizo11~ ptl.i t1p0nt1ntid1dt d.ai rei· çõnp1im.iri1t,otltnt1ndoódio1qu1lqutrfrtio equ1lq11e,1ti
Mitttrrandfoiobrigildoi1mudilrw1illlilgtmjunlo10 público:dtft11tnbo dtftnt0rdotoci1lismo 1uto1tttion,irio, pusou il ilprtstnlilr~ como um c,nlri1t1 bon1chlo
li. UM MODELO À PARTE: REYOLUÇÃO DA SORBONNE, DE 1968 Em maio de 1968es1ouraern Parisol"'·ante esiud.antil. Erguem-se barricadas, coloca-se cm quescãoasociedadccontemporineacomoumtodo. O movimento se in~pira cm boa parte no anar· quismo e no marxismo. Seu lema: "É proibido proibir". Muitose!eme¾:ritoarespci1cdestarc-·olução. Sem dúvida, o teno abaixe, com data de 1959, deautoriadePlinioCorrêadeO!iveira,fomc-.::ein, teressantc:ssubsidiosp,araainterprctaçãodoquc sucedeu: ''Oproeessorevolucionárionasalmas(... )produzíu nas gera~ mais recentes, e esp«ialmcnu nruado/escrntesawaisquc5ehipnorizamcomo 'roctandroll',umftitiodcespirí1oquc5ecanrc1criza pda esponuntiáadc das 1eaçôei prinwias, semorontrolcdainrdigincianrniapanici,nçlo eferfradarontadc:pe/or,redomíniodafantasia edas'vMncin'sobr<"aanAli5emct6dicadar~li· dack: fruto, wdo, mi luga mrdida, de uma ptda· goiiaqucrcduzaq1Wt'nadaopapdda!6pac da1·crdadciral01tlUÇloda1·oouck.(...J. "A efen·esdnda d.u paixlks dcvqradas, 5C despem ck Wll /ado o ódio a qUJ/quer l!cio e qua/, qU(f"/d,dcoutroladopro11xa.oódioron1nrqua/qucr desigualdade. Tal cfervesdnria condlll assim iCODaJ')Ç;lourópicado'anarquismo'matliSla,~ g11I1doaqual1U1.L11humanidarkm)luída,tfrcndo numa somdack sem das5CS nem ,01"('1/IO, poderia ,ozardaordcmprrfducdamaisintrira/ibmhde,semqucdesta5eorigínmcqua/qucrdesigualdack. Como 5C l"ê, o ide41 simulra1m1mcn1c mais liberal e mais igualitário que 5C po55a imaginar" (Rcvoluç.ão e Contra-Rcmluçlo, Ed. Diário das Lcis,SãoPaulo,2'ed .,l982,p.33).
IV. NOS MEIOS NÃO DECLARADAML'iTE COMUNISTAS, OU Art SUPOSTAMENTE ANTICOI\IUNlSTAS
Nu1111sdtMad1itde tod.a1Esp1nh.i,tócios ecooptudo,t1dtTFl'.Cowadong1ruliumbri· lhilntt u mp1nh1 dt t1dilrtdmtnto I rtsptilo d1"rooluçãoculturi1rlend.a1c,boptlo50di1· li!mo "moderniudor'' dt Ftlipt Gonu1n
6 - CATOLICISMO DEZEMBRO 1968
Evidentemente, não é apenas o comunismo quemanobrae!aoça modelos. Na realidade, tod.aacsquerd.ao fazperiodicamente,dcsdeossi· nu0505 dnnroata._:ristãOI até os socialistas mar· xistóidc:s ou mmistas declarados. Quando o comunismo, ,;om wz dulçurosa, bate à pona do mundolh1c,épreciso,deotrodojoeoda!iesquerda!i, que alguém do lado de denuoabni. A!. forças de esqucrda acim, aludidas re:ser,amparasi esscfunestopapd. Bom exemplo deste: liPo de medeios foi o socialismo au~iooário, que Minmand tentou lançar em 1981. A respeito de uJ empreitada, as cotão 13 ITP~ publicaram nos principais jornais doscincocontinentesacélebreMCD5,1Jerndeaucoria de Plínio Corrêa de: Oliveira. Foi ela emmpa· d.acm!SSjomaisourlC''Utasde69paise!i,ccdodiu como uma bomba. A partir de eolio, o modelo autogestionãrio comcçou a ser olh.ado com dcsconfiança. Na França, em coocrc-to, sua ap!icaçlo
simplesmente estancou. E o próprio Miuerrand, paramanter.seeconcorreràelciçãoposterior,foi obripdoamudarsuaimagernjuntoao público. Dcferrmhodefensordo50cialismoautogestiooário(Minerrand 1), pa!SOU aaprescntar-secomo umctntristabonachãoedesprtoe11pado,fazcndo5echamarde"tonton"(ti1io).EraoMit1errandll. Em nossos dias, manobra semelhante está em f1sedeexccuçãonaEspanba.Trata-sedorocia/ismo"modcrnizador''dcfelipeC.Onzalez,quecolocasuafflfasena"r"'·oluçãocultural",contrao qual ITP-Covi1d011ga realua brilhante campanha deescwccimen10.
Nos meios cat~liros, infdinncnte também há muitos elementos - e freqiiC!lterncntc bastante iraduados - QUC abrem as portas paa os lobos compeledeovelha,ouaplaudernaquemsepresta1essatarefa. O "proaressismo católico" é um modelo1 A "Teologia da Libenação" é ouuo moddo'! Ou constituemestruturasdoutrinárias,porsuavezge. radorasdemodc/os?Asopiniõcsarcspeitodesse problemadeterminologiatalvezpossamdivergir. Num ou noutro caso, nào dei~am de ser tragka· mme1·erdadeirasasseguintespalavras: "O prosrcssismo, instalado qaa,c Jl()r wda partt, ,11iccomtrtcndotmltnhalarilmcntein. rnidilre/pt/ocomunismoaflorestaouuora ,·crdtjantcda/grtjaCa16/ka ... Oalcanccdes511tran5. lorm~o é ia/ qut nJo hes.i1amos em afumar que ornitro,opomomaisstnsírrlcmais1·mlackin1mentcckdsfro da lula entre I RmJ/uçlo e a Con· 1nr-RC1·o/uçAo, 5C rkslocou da somdack temporal pll11espirinul,tpill50Ulser1S.an1a/grcja, naqua/dcum/ado,prosrtssúm,criproromunis· tas e pt6-comunislas, ede outro lado, antiproçessistas eantiromunistas se ronfrontam"(Plinio Corrêa de 0Li1·cir1, R~·o/uçJo e CólJtra·R~uluçAo, Diàriodas Leis, 5aoPaulo, 2' ed., 1982,p. 68). Ninguémpodedeixardereconhc-.::erao Prof. PlinioCorrtadeOli•·eira,autordaslinhasacima, o mérito de, noãmbito brasileiro, ierdisctmido desdeosprimcirossintomasomalqueaswlahojeaSantal1reja.Poisumadescriçãobas1amedetalh.adadetaissin1omasestilconsignadaemseuli1TOEmdefesadaAçloCa16/ica,prefaciadopelo ArccbisJ)O D. Bento Aloisi Masella, então Núncio Apostólico junto ao Gol'erno brasileiro, e mais tarde Cardeal - e publicado em 1943. Aproximações bastante 1ignificativas poderiam ser feitas entreoconteúdodessellvroeodoctlebre Rappor1os~l/aFcdt(EdiçõesPaulinas,Milão, 198S),do Secreràrio da Congregação para a Doutrina d.a Fé, Cardeal Joseph Ratzinger. Entretanto, mais dequatrodécad.asseparamapubLicaçãodasduas obras, o que mostra como foirealmentepreroct odiagnds1icodoca1cdráticopaulista. Mas tste nsunto ""'ªria mui10 longt...
"""
(L) Anprm l'a;,&t Ana Grifx:as LI~., Rua Jmés,
611,te1.211Mm.
(2)'"MáoSblodtEpopnlAnúi:omU!IÍ5ll",Editora
VenCruz,SloP1ulo,l980.
(l) "DilpJl!it-o preeocc": apreukl medica que significa o ~ o ou dttmninaç:lo dt uma do(nça pe-
l0$pnmrirostmaistfnllf$WUoawdtla. (4)Cfr.lfÚIOlpublicadolna"FuhadtS._Paulo":"A
ilua,ofogot1flof"(ll·2-8l);"'Qw,drosmos.Eswn pidos" (!J.l.ll); "Plrt ondt" (S-4-81); "Mole$ t molei" (ll+Sl)
Suicida-se o fator "F". O que será do Brasil? Plinio Corrêa de Oliveira m qualquer grupo humano cujos membros con,ivcm assiduarncnte entre si, commt~-sc de modo intimo e informal os acontecimentos cotidianos, do que resulta com freqiiêocia a formação de neologismos. Estes tomam mais concisa emaissaborosaae,;press.todecenosoonceitrniespedficos,ou a definição de dcmminadas situações típicas. E, quando são numerosos, constituem o como que "jargon" do grupo que os engcndra. Tal se dá na TFP. Assim, um neologismo que vem à tona entre nós, quando se tornam mais aceleradas as pulsações da politica nacional, é o ''fator F''. Aexprcssllodesignaumaconstantedenossavidapúbli,;a (como também de nossa vida privada ... ) por efeito da qual, no próprio auge das crises mais ameaçadoras, e quando tudo ameaça desfazer-se cm uma barafunda acral, o próprio remexe-mexe da barafunda começa a ser acionado por um i:eno fator impercepti\'el e subtil do temperamento nacional, de tal modo que as coisas, ao invts de desfecharem na cxplos!o, vão amonecendo lcntamenie os mutuos entrechoques, e os ãnimos se aplacam. E, ao termo da barafunda, verifica-se com surpresa que as coisas ficaram "como dantesnoquanel d'Abrantes". Ou, se não ficaram exatamente "como dantes", pelo menos a situação nova, resultante da barafunda - se considerada em profundidade - é mui10 mais parecida com a anterior do que se poderia imaginar. Em função do atual dimu de agitação socio-politica, não vale a pena mencionar, a dtulo ilustrativo, c:i:emplos muito reccntes. Mas, ainda que se considerem fastos anti,:os, tais exemplos pululam. A Independência separou-nos de Portugal, mas deixounosotrono,adinastia,eoregimedeunião(à Pombal)entrca Igreja e o Estado, a robusta unidade nacional, bem como a servidão do elemento negro. Tudo isto só \'eiO a i;air por volta de sete décadas depois. Quanto à unidade nacional, permanece intacta. Na grande mudança de 1822, quanta coisa FICOU, pois. Dos escombros do regime imperial nasce a República. Muita gente supôs que a Monarquia estava mona para todo o sempre. Contudo, por assim diw nas 1·tsperas do centenário da República, a Connituinte se recorda de que o regime republicano ainda não tem outro apoio para sua "!ecitimidade democràtica" senão a cspada do Marechal Deodoro. A incongruência berrante de55a situação chamou a atenção dos Constituintes de 1988. E, para embasarem o regime vigente em alicerces mais lóiicos e csulveis, convocaram um plebiscito para 1993, no qual o povo possa optar tranqüilamente - pela primeiravcz-cntreamonarquiaconstitucionalearepública. Como, da obra da Constituinte de 88, quase só me sinto de acordo com a convocação do plebiscito, aproveito a ocasião para externar aqui meu aplauso caloroso ao que a Magna Assembléia deliberou a esse propósito. Epassoaofator"f",do"jargon"tefepista.Maléconvocadooplcbiscito,que,aocabodei:emanosdauansformaçãorepublicana, emerge do fundo da realidade nacional um pulular depcqucnosgruposou movimentosmon.árquicos, algururepresentando \'ellw fidelidades heróicas, outros jo\·ens a.1piraçõcs monárquicas, a confluírem uru e outros para a legitimidade imperia!, isto t, os Príncipes D. Luiz e O. Bcnrand. Em última se, no subsolo da politica brasileira, uma coisa FICARA, continuara, sobrevi\·cra, arrochada, portm não mona. E ela agora se vai reergucndo: to pendor monàrquico de tantos de nossos compatriotas.
E
análi- 1
Ademais, quantos valores bisicos do resimc monirquico sobm-iveram na Rcpllblica Velha: a estrutura senhoril da propricdade rural, o poderio eleitoral dos "coronêis" do campo, tantas vezes filhos e continuadores dos barões do Império, e assim por diante. fatc pcndor a FICAR não se pode confundir com um conscrvantismo ideológico, pois é essencialmente temperamental. Ora, por uma curiosa, por uma trágica contradição da História, pretisamentc este fator "F" foi, ao meu ver, uma das causas mais profundas da situação cm que nos deixou a Constituintcde88.lstoé,umBrasil desfiguradoporumatransformaçllosocialistaespantosa,profundaequasegcral. Do fator "F", ou de algo análogo, quase nllo se fala hoje, nos comentários politicos. Mas foi precisamente ele que levou, de modo subconsciente, a 1rande maioria dos componentes das classes ás quais cabe a missão natural de preservar o regime da livre iniciativa e da propriedade privada - industriais, comerciantes, agri!;llltores, proprietários de imóveis urbanos, titulares de cargos públicos ou privados altamente remunerados - às inérciasprofundas,àsimprcvidfociascegas,aosvotosdadosàsapalpadelas nas eleições para a Constituinte. E, depois, às esperanças fátuas, às previsões de um otimismo infantil, as quais prognosticavam vitórias que não viriam. Tudo para desfecharem cambalachos de bastidores, os quais privaram as ditas classes conservadoras, de qualquer eflcihlcia stria na Constituinte. Por fim, contaram elas quase como ía1·ores, e até como bi1os, entregas de terreno, de alcance insondivel. Pensei cm tudo isso, lendo llOS jornais que a nova PrefC,. ta de São Paulo,sobrC\'oandodehclicópteroacapitaldenosso Estado, julgou de bom alvitre enviar uma mensasem à Federação das Indústrias, cujo vistoso prédio ela divisava no momento. O texto de»a comunicação tinha um significado intencional amável e pacificante. Ei-lo: "Garanto que podem ficar tranqüilos. Não vamos revolucionar a administração municipal. Não estamos propondo uma solução socialista para a cidade. Queremos governar com competência e transpar!ncia, e isso interessa ao empresariado" ("Jornal da Tarde", 18-11-88). Mas essa mensagem tinha também um sq:undo sentido óbvio, com o qual a missivista não atinou: "Não tenham medo de mim, porque tenho a intenção de ser-lhes boazinha". O que leva o leitor a pensar: "No dia em que ela se zangue, ai da Ficsp''. Qual o Prefeito da Monarquia ou da República que imaginaria ter cabimento uma tal mensagem dirigida à maior potfocia econômica do Pais? Não pense o leitor que eu vi deduzir dai que Da, Erundina fez um disparate. Elaapenasdcixouttanspareccrumavcr<Ja· de. É que na presente República, nova em folha, a iniciativa privada é pouco mais do que um camundongo nas mãos do Estado. Eistoporqueosproprietiriosdeempresasoudeimóveis rurais ou urba.nos, adormecidos pelo fator "F'', deixaram. que ucoisasdescambassemparaumasitu.açãoemque"FICOU"nada,oupoucomaisdoqucnada. ln\·oluntariamente, o fator "f" se suicidou. No que dari este Brasil em que nada mais tem possibilida· dcs strias de FICAR? Nada, não! Fica. o Brasil! E ê na esperança de que este não se deixe contagiar indefinidamente pelo efeito letal desse suicidiodofator"F",queaquiconsicnoestureflcxõcs.
CATOLICISMO DEZEMBRO 1988 - 7
"Flashes" de uma existência - Lances do "bor
combate" do Paladino da Contra-Revolução
Oradoren,afmnri,u,aploudullui· Ptwaf.oma U OlittirafoUN
111o,
em in.lUMra, NUM, e romel!IOlll·
r,x, cat6üc.... No fow o; e,qurdo, flll NIMMJ WU..e ,00 li prnidlMia do em<i<I Bi,po OU S..nt.u, D. ldlll<I JOUSoom.f'iv./oloàdireila,di,t~àmulridiioqiHHIIIIOfflf-
raM no~"~ do.tnko111abc11í,
ik,-
IMaproçci/W8'uld.!Ull9aU1,wa-
f<!doComio,IIOH'.....OWÚMIU
6UwundiroM 1942, doIYW/1fl'UIO ~ i\'a.:ioul. l'l!afu. dot11tSoioPtwla.
O.TOUCISMO DEZEMBRO 1988 - 9
Ouu.udao,u1«iodaTfP,,.,.SãoP"""',O#UU.eN"'ra•~-d.ef'l'-&nloradaeo..ttif,1,o,rúi,,,.,,l.o,U~IIOHlqNÍffllUllúiod.,,laüJlfadlll-
ria (7 U 1eU111bro d.e 1972). Do t,qurdG para a dirtiili: o PrúiciJlf D. PHro Hwiq~ d.e 8,... OI PriMÍJlfl D. LIii, - «1uol Cltrf• dt, C111<1 lmprriol da Brmil - , D. B,,-. 1r1111d, Mm o Prof. PWIUI Corr~a IU O!i.._;,.., P,uúknlt da C.0-Uu>Nod,,,,,./ da TFP. O, 1,h Pri,,. dpn MO dnt:tllM:111a /UI lmP"rrulor D. PHIO I.
l""I"' (já falttida) • .... filho,
Orln,..,
~""'°
10 - CATOLICISMO DEZEMBRO 1988
._._.a,::__,,,,...
"Flashes" de uma existência - Lances do "bom combate" do Paladino da Contra-Revolução
,Ve,a que p,e,idiu CI fflJ,W conoocaâa ~la TFP, tm que tU,totodm membrm dt., MOTiffle,t/() Ct,11#n:ador n<ll"le-amerieano pronundorom ,:o,iftrin• eia, para numtroui iwilllndo, 110 ouditórw do ,tfo/orrej Shua/1.on lime~ na upilal pa11JUl11, em ffltmbro úlrimo. Da uqutrdo p11ro o dinüa, S,, fftnry Wall-"r, Sr. Pul Weyrid,, Prof. P/inú, Como de Olill'irv, Sr. ,vo,1,..,, Buidn,.U e Sr. WJliam KI~.
; :~> ' Ja'.,
~ - ~ ~\'
'
12 - CATOtlCISMO DEZEMBRO 1988
Sttu indoorito
....,,.,,,,,Prof'
Plinio Gima ú 0/i~Vfl ab"'í'! 11
UftllltmdoApó,to-
loSóoTIGfo."° caud,-alúSrwiatU c-,,..,Lz,
P1rrotn11do
na
,,..,..1e SoiúG Ttll'~
'º E.,panJ,,,
a,
nmallw ..udi.ffl,i, da nda,u tU Árlhi ([1f1cutl111J, H,ro do ""
......,,.1,n, álânw
cad0Jrigina/dtsdcoprimeiroinst,ntcde1et11Cf. E, .usim, ntla 111-
doer1harmoniaprofund1,pcrfcira, impertur/n,-d, Oinrc/ec-tojamaiser_poslOlffl"O, dCJfldodeum c~t.endimenlo, 111111 dareu, uma agilidade
A Imaculada Conceição: outrora cultuada, hoje tão esquecida OO!ASOOrorrente,aSan11 lveja comemora a 50leoe festa da lmacut.daConcàçãodeNossaSenhora.
N
Rtunindoreílexõesparante
aniJoffll"Catolicismo"arnpeito, vierarn-mellmemóriaasolenidade, a alegria, eavmeraçãoparacom Aquela que foi conctbida $em o I* cadooriJinal,quectrcavamessadatal,loriou.,ern todooor~ca16lico-amcsdasconvulsõesprogressistu, que mar<:am este tenebroso fimdos<!culoXX Por um movimento instintivo de ,omparaçlo, minhu cogita-
çõe$i.edeslocaramdarecordaçlodaqueln felizes tempo$, para aantlii.edocom;,onameniodosmeioseatólicosdenos.sosdias,emrelaçãoi l~lada.Quan11frieza,quan11indifcrmç11om1ramoluprdoantiBº fervor, em tantos e tantos ambientes ... Pior,mil>'eznpiorainda:as-
sistc-schojeaummuluforme,e$mlpre CfflCfflle, nforço de dffllO]içlo da ,·mtTaçto para com a Santissima~fkdrDnis. Dtmoliçtodade-·0Çto1Nos-
u.Smbor1. promo,id1 por pessoas (b ,~ues in, ntidu da autoridade
cdnihtia.),oriamuções,publicaçoo,qucxuf1namdee116lic.u!E porminhamemóri&desítlaramía1os emai1fa1os,quecancteriumprocedimentosdivrnosmasquexcomplemaitam,dessa.apoca.Jiptkademolição ·Lcmbrci•rne,entlo,dct«tos earavur.unaxKntido,queeu vira na obra catequé![ca_ do lrml~ Ncry FSC, e Lia D'Av,!a bnnotu SF-obraquegozadeapro,ação cdniá11ic;i, é publicada por uma editoracató!ka,asEdições Paulinas, e temlargadifu$.lonoBrasil Considereolcitor,porexcrnplo,a1ravuraquercproduzimo1nata pq.ina. É_dovolumc ''.OtscobrirnosJesusCnstocmnossamfincia", dareferidapublicaçtocaicquélica(E· diçôel Pauliiw, São Paulo. 1985, p.40).-Afiau11,q,ues1Aàesquerda representa ... Nom Senhoraq111ndo adolescai1e! Afi111radadircita, Sua IUJUill mk, San11 Ana. 0 Irmão Ncry e Lia Jan1101ti acrevcm queMariaeraentlouma "mocinha, ia1~ig~me"(p.40):queela1Wm11 ··nwnafamlli.lbac:-lll.l"(p.31),efõra '"11mamrninamui10/ttal"... (p. 35).-ComoolcitornotarAjiao primciroolhar.ncssalamenthelreprtsffltaÇlo "Maria" é uma mocinha, apmascmd1hida,eltuala 1anwou1ras;s11,1pos\ur1e$ell~ to slo comuM: ou ma11 exatamente, slovulpres.-Apraençado50brcnatural, que caracteriu,·a num if"IIU incxco1ithel a Eleita dndc 10-
~st!~~i?t~S:i ~ vf~~~!~ 1
inuprim/ffl,ilunúmdopda!,rap5
mlis alias, tinha um ronbmincnro admin·-ddascoiJaJdoCluedarer ri.A 1•0111-1de, dócifem111doaoforc-lec-to,au1,ainteirvntnrerohadaparao~.e,o•"fflll>'.ap/cnamrote
:mT!:~?'':o.!,':1~'i: llto(01$p/fflameruejusroecoo/ormeirazJo". Con•idamosokitorarefletir 50brco texto acima citado. Sugerimosquecompareessa.harmonia_profundadalinw.tlada,comasmilbc-sitações, fraque_us, inc!inaçõel p.a· rapecadosevioosde1oda1ordem, qucxntimosemllÔS,cconstatiUIIOS nosoutros.-Sobopesodosefeitosdopecadooriginal,ograndeSão Pauloacmia: "Vejonosmrosmc,.m broJou1r1/ti,quct;top{'Jeàlcido
que exoolc a de todos os Anjos e San1os:11ublimidadeinclusivedc suasqualidadesnaturais,pelofato dexrElaalmarulada-tudoisso foi complnamaite extirpado desta '"Maria"! Pobrescrianças,entreguesa uma tal catequese... Lumlnowconslderações sobr11lm1cul1d1Conceição Enquanlo assim por minha memOriadesfilavam1an1ose tantos fatM confrangedores. vieram-me à recordação-numfrontalcontras te - coiuiderações a respeito da lmaruladaConcciçãodcNo~Senho,1,edapromulg1çãodcsscdogma pelo ~apa Pio IX, que eu lera com adm1Tli;ão e entusiasmo, h.i muitos anos, cm "Ca101icismo". Fi1uravam elas cm dois migos do Prof.PlinioCorrb.dcOU.'rira:"A santainiransia!ncia,umaspeaoda [rnaçuladaConccii;ão"c"Primciro m1rcodormurpmcn1ocon1ra-revolocionirio" (n º 45, de st1cmbro de l9S4,enº 86,de.rr-.-ertirodel9S8). Nesses dois estudos. a alma profund.a e vibramememe marial do ··Cnwdo do S«u/o XX" {º) proclamavaas&]óriasdaConcciçào lmaculadadeMaria,caprcscnta,·a, desx insÍJtlC pri,ilép) da Vir1cm e desu1definiçlocomodoim,a,upec· tosíundamaitaisparaavidacspiritual dos católicos de nossa C])OCi, bem como para o triunfo da Santa larejacontraaRcvoluçãoigualilária queas$01aoorbe. Pcnseicntlocmquenadapo deria eufazerde mclhorparahomcnagearal mai:uladaConceiçao,oferecerreparaçãoàhonradaMâc dc Deusportantasoícns.isquclhesão feitas,econtribuirparao incrementodadr-.·oçlodosleitorcsdc"Catolicismo"paracomEla,doquees1udar1quiosprincipaisaspeaos1ratadosnaquelesanigos. Limito-meboje ao primtiro dela. Oponunamcn1c 1ratarei do ou1ro. -"átudar":êbcmesxo 1ermo.POÍ$1profuodidadeeaatualidadedasconsideraçõanclcsexp05-
1.u. nlo compOrU.m uma lcituta superficial das mesmas. E lilim agindo, a.o mesmo
Acima., primeira imagem de Nosu StnhoradaConceiç.lo vtfltri dl no8rui1. Encon1r•·H noalt.,·mor d.. ig,ejadeNosuStnho rad .. Ccmçeiçlio d• P,.;.., tm S1lw1dor (BA ~ E um, bel .. e majes!ou eK .. lt .. ra b, rroudo RculoXVII
Aretaorden1çãodo espíritonividadepledlde
:acrcr!1'}:;~~o~~eu:i!r~~or::c:~ membros. /nfclii dt mim! Quem mclivrarildtstcwrpodtmorrcJ" (Rom. i,23-24). Aplicandonossoraciocinioa tais realidades, compreeuderemos bcmoalcancedo!ouvoràhnaculada que em stauida o Prof. Plinio faz; "'/magint-xlllllavon11de11a111ralmcn1r1loperftl1a, umaxn&1bi/i-
OProf.PlinioCorrb.deOllveina fixa um principio preliminar. A Imaculada Concciçlo, acm·e ele, étmLadeumabelnachriadcpoc· sia. MI.! por i= mamo, bl o ris-
co de um tmiperamcnto como o brasileiro "ri,;ar.só111poesia.Ora, 10da a emoplo - mJ piedade 111ais do que em qualquer outro c.tmpo -5citlqírimaesa/uur11.1medidaemqll(1efl/Jlda111,·mt1de,e rem a ,-erdade por medida. De ral mandn ql/( da alo 1ej1 fflJ no:ss, scn1ibilidadcscnJ01vibraçlohar1116r!ia,proporrionada,rottfnlC, divmladequen01S0Íntclec-tocon1emplou". - Jamaissertsuficienteencam:er esse principio, prczado leiior. Poi1eleevitatanto1friaej1nxnis• ta vi§ãodc uma piedade«clusivamen1ereduzidaao11cioc:lnio,quanto as hipenrofias de uma piedade Knlimental. O insi1ne pensador católito oaplicaráaolon1odexues1udo "Puccc.pois,opoi:runof, urwbre
almacu/adaConcdçloumamedi11ç.l'oxmq~qun-prctcD$.lolitcrlril, e unkammte voltada para a ap/icaç,lo da inrdighld• i vn-dadeconridaood0j101". " Nelawdoer-a harmoniaperleita... M
tcmpocumeusocio - dctodaaal-
''Em.-irtudedopeacloorigi•
ma - U bomena•ens que nnte mês sloprestadasaognndc pensador e Hderca16lico,pelaJllil-ilgemdc$e\l 80"ani,·mí.rioede60anosdcmili1incia eatOlica; aniverwio1; memori•·cis de uma vida toda ela co.o_sagradai causada lgrejaedaci,1lluç!o cri11t; ~da que é um.a rpopéia mag· nifica,mscritacmlctrasdeouronai; oliJinas da História e no Li,·ro da Vida.
nal-prossqueoProf.PlinioCOI'· râ de Ohcira -, a intd;,tnda humana 1e toroou sujd11 • trr11, 1 vontade aposr, a desfalecimtnios,, Kn$lbilidade r,coupres, du plilóa_ ~radu, o corpo poriwimdJzcrfoipossoemll>'0/-
M•ri• tm con•u» com sua mJe, HJundo um e1teciimo progrenisr... A trivl, lid, de, e mesmo, vulg•· ridadt,m.,nm ........... 1od;1, inclusive I figu11 qu t ,tprtsent, .. Sant!nlm.. Viraem: dtmoliçlio d, vener,çio da, crianças p.u,1. com a lm,culad..... d1/knaruralmen1e1h>irrepreemivd, esta e1qudacnriqu«idasr5upcr-.cn"'lu«td;udr,raçasinefilv_ei5,perft1timmammrerorrt1pondidu a todo o mommio, e 1e pode rer uma
idiia doquuruSan1fssim1 VJJICm Ouames1epodecomprmJderpor qll(molfroMm stqw,r1eiapaz deformarumaidiudoquc:aSanr~ sima Vir~mtr1". -Prossquirffllosaanifu.e emotmaoea.silo. AnronioDumasUluro
r,rou
11C0111/ll 1 "1nl.
"Or>1,pe/oprfriligiode1111 COl1(%ÍÇlofmaculada,Now,Stnhorafoipraervidadam/lflcb•dopt-
CATOLICISMO DEZEMBRO 1988 - 13
N
,tQUELA 11h{Wrt1 de Natal, Matbivte, sem despir.
a roupa enegrtelda de flmpa-cbamtnés, ding1ase ao pa/d,:io de Pleuts-/llorambert. Tinham-no cbamadoa/1 porucasobauia trisanru, para lím par unuJ cbamfnl, certa nolre ih Natal em qu,i o conde dlspunba na lartlra uma enorme piràmide d4' brinquedos e suló#lmus para fazer surpresa a seu filho Tiago,
quando acordas# na manbd segulme. ,Vatblote era
da
idade do filho do conde. E o conde, ao surpreendff o o/bar mto de ln vtju m,,s dtadmfra(dO que o pequeno lim· pa-cbamfnh lanç,wa dquela$ maravilhas, e seduzido ao
mesmo rempo pelo ar Inteligente e bonesto do pequeno, ron~ra alguns mome11ros com ele, dera-lhe uma m!H!da de ouro, ,r mundaru-0 parou copa, onde lhe serviram
umlXlmJantur. A kmbnm(a enternecida daqueI;a festa inesperada levaua ali lod0$ os anos na mesma dara o flmpa-cbaml-
nh, que rttebla sempre o seu luls de broas e a !Ma ropa quente, para os quais o atraía, manda a t'erdade que se diga, ndo s6 o reconbeclmemo, mas também a gulodice eolntereue Ora, naquela noite, que era u no Ire de 24 de dezembro de 1793, o peq11e110/lcou mrpreendldo ao encontrar o paldclo fecbado. Nas june/as não brilbavu uma luz; deixou cair por vdrias t·ezes a aldra,·a da portu sem ob· terresposta;elajádeslstlrevlrurascostus, muito desiludido, quando, na extremldml, dr• nm, avistou nu escllridãojá detuaruvultosdellmbomem e de llm rupazinbo que l i encumlnbat•am a largospassospamopa/tf. cio. Matbiotereconbeceu Tiago de Morambert e co,nuparaele. -Ab!lstu,Matblo, te... Coit(Ulo,vlelle/... An· da, i-em deprena, I mi· fbortntrannN , E mal entraram etn casa, Tiago rompeu a soluçar. - lld oito dias disse - que meu pai foi preso:ocomitlrevoluclondrio desta dnu deriun· clou-O;t'dojulgd·loanres do fim do a rio ... AI, Ma· tbiotef O me" pai estd perdido!. -Ndouafllja, ,e. >1bor Tiago - disse o pequeno llmpa-cbaminls, desolado com o que acu• bm,u ,te ouvir. - Esses mat,-aaosndopodemma. tar assim o senbor co11· de, q11ellt1obom, Moca· rldoso... - Engunus·te! Foi Isso que o perdeu. - Tenba coragem e deixe o caso comigo -Contlgo!Quepodes 111 fazer! ... Qualquer tentatfoa de o ajudar W serviria para apressar a e.recu(<lo. E Tiago recomeçou acborar. Matbioteco11SOlou-0 o melbor que p(Jde. Ordoisrapaznesti,~m j11ntoscercadeumabora. Quando o llmpacbaml>1ts saiu dopal4clo anollecera de todo. O ga~ roto dlrigtu·Je, em passo
rápido e quau al.,gre, para o cemro de Paris. o conde de J'leuls ..\ forambert fora encerrado na prisão da Abadia (2). Naquela 1101ft, o ,eu pensamento fugia para o lar onde se sabia tdo amado: via o 1111 pl'queno Tiago ta,-aao em ldgrimus, sozinbo no paldcfo de· serro, p,dindi) por ele a Dtu1. E lembrat'a-11 das noitl's de Natal passatku, qua,1do o ,wqueno, antes de adonne· cer, ta por os wpattnbos nu cbamlnl, esperandi) a visi ta do Menino/ena - que n11ncajaltm."a. Que J)l'nsarla Tiago na manM wsufnre, quando, ao acordar, ,,fss, que o Menino jesus II esquecera dele! E, d idéia daquela d«ePfdO lnevftdt~I, ocontUdeMoram· bert fixava os olbos cbelos de ldgrimas na cbaminé wm lume, como~·ldo d lembrança deuus noites felizes, quando entra1Ja pi ante pi no q11arto do fllbo adonnecido, e dispunha na cbaminl os brlnqued0$ enjeltad0$ de laçaro· 1es, os altlt'OS soldados de pau na caixa de pinbo l>run co, a.1 laranjas de oiro, as /raras cristalizadas - todo es· si' puraíw de coitas l>oas que o me111110, ao acordar, /este· Jtwa com palmas e griros de alegria. O conde foi !>rasca mente arra11cado dos ,eus melanc6llcos pe11same111os por um rufdo estridente ,rn cbamlné.· umn cbrwn abundante de cafiça e fuligem crepitou 11a pedra da /urelra, segui· da quase logo de um vo/11moso embru/bo multo bem amarrado, que caiu pesadamente e ro/011 ati ao melo da cela. Espmnado comi, caso es· trw1bo, ocondele,•unta ra-se,eosseusolboslam dll cbumhlé ao misterioso embrulbo, qllando 1Jiu de repente dois pés que btdolça,·um por cima da lareira; num Instante esses pés locaram"º cbdo, uma forma n#gra agacbou,se chaminé t, com esforro, saltou pa ra o melo do quarto, diG. Lenotre ( 1) zendo: - 1\ 'douassusre, unbor condf!! SOu eu, o Matblote. Era Matbiole, com efeito. De pi diante do prtso, comacaraearoupa negrasdefuligem, sorria, mNtru,rdo os dentn brancos: os olbos, na face de brt11, pareciam claroselu:riamcomoestre/us. - Matblote?... disse o "obre tenlar1do lembrar·SI'. - Eu I que não meesq11ecidose'1borco11de,.. Venbo /d da sua cu sa. O senbor Tiago está bom. Alegre ndoestd,jd se sabe... Mas depois falamos dele com mais t'U· gur, Agora venho buscd· /o as/, senborconde. -Vem buscar-me! - Sim, "do fX>4e· mos perder tetnpo. Fale bul.m. Ttnbo aqui tudo o que I preciso. Primei· ro, rouJXU para si! E o pequeno limpa· cbuml.,h./ebrilmente, d#satai.•a oetnbrulbodefar· mpos que atirara pela cbam/,rl. - Ar-ranjef-os etn casa do parrdo. Agora, estd aq11i este rolo de luf. 111, 11s de ouro que me deu o sr. Tiago. Sdo dois mil
Mathiote (conto natalino)
'
Nlo aS11Jsle, ~nhor crn,rle! Sou oMa~iole.
14 - C..-.TOLICISMO DEZEMBRO 1988
"ª
na pousada sobre a mesa. O conde, guiado pelo }Ot'#rll, ficou na eJCuridâo, onde o sei' ,:ui/o negro desapar«ia por completo, enqua.,to Ma/biore, com desembaraço, ia bater no ddro e acordar o carcrrelro: - Quero sair, âdadiJof O carr:vrelro abriu QJ' ofbos, dirigiu a luz tia lanter-
na para donde t'lnba a t'OZ, l'lu apenas a criança carngada de cordm, de ganchos, de t'aSCulbos - ac~rlos do seu oftdo - e, trunqiifll:wdo, puxou o cordiio da porra. A porta abrlu·H, o conde nguelrou-se no eicuro mi ao limiar; mas a custo contei~ um mot'lmento de recuo, ao ~ a umtfnela que se t'Oltura 0 1111/ndo o ru(do do frcbo. Matbiote, porém, ffnb<i pntvlsto tudo.
Queriaentr11arao~noorolicial~lam-01rladeouro, que encontrei li em cima, numi w~ mia.
- Desculpe, snibor militar - disse logo que a porta voltou a /«bar-se nas costas deles. - Pode indicarme onde estd o chefe do posto? - O cbefe do posto! Que queres 111 do cbe/e do posto! Que andas u fazer por aqui! E quem i esse bomem que vai sair? Aqui nlnguim passa! - Queria enrrtgar ao senbor oficial esra moe,4, de ouro que e'1COnlrel /d em cima numa sala 1,azia, ao i-arrer as c/'1zas da cbamfnl. Está aq11f. Ndo sei o que lbebei-defazer. E o rapuzl'1bo mostrou ao guarda o fuis nooo, que brilham 110 esrnro ,,a ponta dos dedos negros. o ··sans-culotte" - Malblote /lronjeara-o ao cbamar-lbe '"mil/lar·· - examinou " moeda e meteu-a no bolso. O fufs, m1quelt1 lpoc,,, valia duzemos fnmcos em papel-nweda. E, Jd bumanlzudo, resmungou: - Está bem, deixa ficar que eu entrego uo chefe. 1•,;tlo i·afe u penu ncordd·IO por ttlo pouco. - Obrigado, cldattAo. - Não bá de qul, limpa-cbaminh. E M<11blote, numa COrT/da, apa11bou o conde de Aloramberl, quf! dura,,te este dldlogo se adiantara e camlnbai·a Jd a largos passos /)fila Rua de f)ucf.
fra.,CQS, diz ele. POtlem sen,fr, mas temos de os esconder. Daqui a um quarto de bora estamos na rua. Ma/biore dlrlgl11-se à porta dn ,:e/a e exnminou nf"" cbaduru. Tirou da algibeira uma cbai~ de parafU$0$e comerou a temar wltar a enonne cbapa. Trabalhai-a com preâuJo e bt1bllldade. O prisioneiro olba,.-a para o que ele fazia, estupefato. btai·a numa dessas sir11ações em que a alma, amole<:lda e desencorajada, se rende ante<:lpadame,ue, sem luta. A 1•m gesro Imperativo de Matbiore, obcdtceu quase lnse,istwlmente, despiu a sobrecasaca e, par cima dtu ol/lrtu roupas, começo,• a enfiar ascalçasem/r,n,cltlasde ~ fuligemeocusacoenseba~ :"-~
O t-ulente Jot-em tfnba o seu plano. Nrlo lgnorat-a que ~ im/)O"h-el esconder o conde em Paris: 0$ bUMas domlcllldrlas lnulllizat'am qualquer rentatlt-a de despistar a Pofícla, Por isso, Malbiote re.,.,l~-era sair da França e ir pa ra a Sab6fa. Ali, ao menos, conbeclo uma casa, a dos pais, onde o seu nobre prote&ldo poderia 11/t'l.'r s.em perigo ali passar a tormen ta rewluclondrla. Em dezdlaspoderiamcbegar àfro,itelra,edolssaboianos de rtgresso à terTa, no seu traje regiona/ de :~~ r.. 1/mpa-cbamints, tinbom tms;,,a/, tlrouaperuca, nif'. ~--~· grandes probabllfdades tle fllzer toda a viagem !~/.,~,c~":,;~~:I u~ ~ .~f.~ j ~ ·· ~ ' • sem despertar suspeitas e o rosto. Assim disfarça,,,--1'...---(-,.';.} :-:: "'_: '--{\/~_· Doze dias depois ,lo. r,10 a rigor que Pllrfl· ,.,.. - _ , de$alrem de Paris, osfuela umauréntlco llmpagltlV-Os cbegoram flnul me,ite à Ultima oltleia À francesa. Matblore, fresco, bem disposto e cbeio 1 :~ ~ de ullki; o co11de, estafa1 do, a coxear, mal poden11almente 10/ta. O peque• do arTastar-se Jd. Depois de uma noite inteira de camiaproi-ou com um au110 de cabera a transfonnação nho, tinham feito a/to numa estalagem e esta,·am a codo aristocrata e, depois, aproximando-se dele, disse em mer p,lo com manteiga, quando o estalajadeiro, diriginoozbalxa: do-se a Malbiole e designando o conde. perguntou.- O senhor desce a escada atrds de mim. Q11ando eu me aproximar da sentinela, siga o seu caminho s.em - lo reu pa1• - N,lo senhor, i o lrmrlo do meu patrrlo. parar; sala naturalmente para a rua e t'Olte ,:1 esquerda s.em besllaçào . .Estamos entendidos? -.EstddoenteJ - Caiu de um telbado e aleijou-se. Vou acompaO conde respondeu-lbe com um aperto de mão. Matbfote abriu a porta e lançou um o/bar para o corndor. nbd-lo à terra. Sem predplfaçiJo, deu /Hl,Slagem ao prisioneiro, saiu com -Tens passaporte? elf! e fechou a porta atrds de si; e ambos afundaram pe- Tenho ... o qu#? - ,Ytlo podem ptusar a fronteira se não tbn paplis. lo corredor e desceram a escuda. No átrio da prisão, o A. fronteira esld guardada pei-Os patriotas. A.l11da ontem carcereiro, que entrara de servlw hol'ia menos de uma prenderam dois emigrados disfarçados de negocluntei hora. donnla num cublculo eni·ldraçado, aquecido por de queijo. um Jogar-tiro de baMV e mal Iluminado por uma lanter-
i~:n';;'7ffe':1:~t:~1:-.
!:'~ºo';
{;~~:1:~/f!J!iJo Pf; ::;:,! J:::!"a'":;ª ,
,!J;;'. \lj};> . 1t.
-.-'!JI
!rente deles,aestrada descia àdireili, ate àbeira de um ,io que atravessm, passando sobre umi ponte.
"º
CATOLICISMO DEZEMBRO 1988 - 15
ra esses dois, que/d transgrediram a ordem! Eb, pequeno! Mulb/ote fingiu que nào oul"ia,- sempre ert1m mais atgunspussmganb<Js. - ParaJ ou patifório? Matbiote virou-se e, com ar s11rpreendldo, i-offou ao J)O$to, enquanto o ronde. cbamm1do a JI todas aJ forças, t1pressai-a o passo em dfreçdo à fronteira - Que foi cidadão> - pergu11tou o rapazfnbo com arl11oce111e. - Ot11upasst1porte?... E o outroquet'al acold lmrlfo! - Vo.1/ferldo - Ele que pare, se11do disparamos! - Ob, cldud1Jo, nào faça Isso ... O meu passaporte Jd /bo dou, I s6 um lmtante E, seguindo ~lo canto do olbo o ronde de Morambert, que estai•a Já a JIOucos metros da JIOnle, Matblote enterrai'll as mdos em todos os bolsos, vlrat'U a boina do ai:euo, desJlejm-u o saro. Aquefa manobra mio enga11ou o oficial q"e, percebendo o embuste, chamou os uus bomens com uma praga formidát'el, - Façam fogo! Não t-lem que I um ""cl•dn·ant" ' que 1101 JHlssa as paibetas.' Abatam-me es.se bomem! Fogo! Fogo! Todas as espingardas se abaixaram ao mesmo tempo. Matblole, 111,m salto, atirou-se para u frente dos cu· nos engalllbados. Os soldados hesitaram em friz/lar d quelma·roupa aquela crlançu desarmada. - Fogo/ - repetia o oficlul. - Façam fogo, sendo escapm11-11os! Mas nesse lmtame Matbiote, agarrm1do ili maoscbelas nas moedas de ouro que lhe encblam os bolsos, a/Irou-as roma co,ifeitos df' batizado aos pls dOJ sofdadOJ prestes a disparar. E/oi uma confusAo indescr-ftf,'el: d i-lsta daquele ouroque rolat•a Jlela estrada, OJ soldadOJ pertleram a cabe· ça, lurg11ram as espi11gardas, prer:lplwmm·U para oapanbar, empurrm1do-u, atirando-se ao cbdo, disputando a soco o dtSJIO}O fnespemdo. ,lfolb/o/e mio se dele,·e a cm,templar 11q11e/11 q11adro lplco. Num salto, fora juntar-se ao conde, do outro lado da ponte, fora da França. E enquamo os soldados l11tm1am afoda. dlspmamlo u últimu mo~ll,1, (4 crfonça a/irou ,1 bo/1111 ao ar e gritou seu dialeto sabolano· - "Et·h-a lafibertd!"" E correu para o se11 companheiro q11e, esgotado, cbora'1do deu/tgr/a, de cansaço e de gratid1lo, caím abraçado ao JIOSfe trirotor da Sabdlu
""º'
Pirasounio,pitifório! Malblole l'mpalide<:eu sob a camada de fuligem que f~ cobria as faces: nào tinba prr1·isto aquf'lf' desfe--
cbo. Mas co11tevr-s,, e respondeu com naturalldfade: -
Só
depressa. -
sei que gosta1·a multo ae passar para chegar E acresuntóu em /Om de c,:mfidet1cia: - O
t'l!lbole Jd i·ai de rastos.. - Para passar, só com /)#péls -
tun,011 o homem
Efoiasea trabalho. Uma hora depois, os fugffh'OS , sentados no trunco de uma dri'Ore U beira do cmninbo, tlm•am tratos à ima -
glnaçdo tentando em 1•do acl,ar maneira de franquear o 1íltlmo obstáculo que os sef>tlrtll'fl da wll·açilo. À fren1e tleles, ti estrada descia 11 ,lfrelro, ali d tx!lra de um rio que atnwessa1•a passando sobrt uma pome: do lado de ld da po,,te era o estrangeiro: estal•am a me,,os de qui-
n1H11tos merros da fronteir'u; a1·fstui·am mi o /)(¼te que a 1,1dlcai·a. pintado com as com da Sab61a. Mas, alguns met.-Q$ para cá do ribeiro, ,·fam, tfümle do posto da ai /11111/rgu. uma dezena de patriotas Ofm armados e encarngados de guardar a passagem. - Ainda temos umu saída. se11bor conde. Vamos por aí fom com todt1 a calma, m i ao lugur onde os soldmlOS estdo de guarda. Se efes nos pedirem os papéis, o unbor con/fnua a ª"dar o mais depreua que puder, enqua1110 eu me ponho" desa/x,l0l1r o casaco, muito drn·agar, e a fingir que procuro o passaporte em todus as algl beiras: e ussfm o nmlwr sempre ga'1ba uns metros. Minutos depois os fugilh-os cbegavam diante do posto. Os soldadOJ, sem descon fiança perante o traje caracterisliCO dos dois t•fajanltl, deixaram-nos pauar.romunsdfcbotes , risinhos Mas, mal tinham dado alguns passos pura a ponte, o oficial, com umu sribltrt uupeita, cbamouosseusbo-mens: -Eb. ld!Ra· pazes/ Ofbem pa-
"º
I
-=-1' _;_,,,.
: : ; { , J'? ~· "--
j 11~1 daque~ ouio que rob,1 p1l1 !ltridi,os soldados p1rderam I e.~•.
16 - CIITOUCISMO DEZEMBRO 1988
Nova Conséiéui,ão éende a eséran9ular meclliclina par•licular UROU POUCO• euíoria dos que viram nos arordos celebrados pelo Cen1rlo, um1 ,itóri1 da medicin.a privada na Connin1ime. Nlo é mais ntttts!ria nenhu-
D
ma forma de perspicàcia para ver que estamos nl,U[ldespenhadcirocujofundoé,evidentcmentc,aestatizaç.lo.
Go-.erno do Slo Paulo desapropria tr6s hospHals NaConstituinte,osprimcirosanlcprojetos da Comisslode Saüde - dominada por
fortcrontingentesodalis1a-davamao Poder Públicoafaculdadenãosódeintervirnoshospilais particulares, mas tambtm desapropriãloseexpropriá-los. Areaçil.odascntidadesmtdicasfoiripi-
da e intensa. e depois de múl!iplas 11estõe's o draconiano dispositivo acabou caindo. Fal1ou,emre1amo,ar11úciaa0$ddensoresdamcdicinapar1icularparaperce~rquca ll'esma pretendo estava nçamoieada em ,·irios outros artilos da Constimiçto. O ,:1,:ino desc.jo de ronciLiaçlo, mesmo quandodesarruoada,cacrõnicaingenuidade dosrorutituintcsronKn·1dores,qucntosederamcon11doperiso,acabou~·andoàaprovaç10,na,·ot1çtofinal,deprincipiosque1bririam. nofuturo,asromponasdasocialização lotai. ~orridosapenastrbllle$C$de5uapromulpçto, 1Cons1itu1çtojíoferece aos olhos dosbrasileirosuma1rtgicaconfirmaçtodasad.-mfociasrciterad.amente fcitaspelaComisslo deEnudosMédicosda TFP,aolongodasvlriasdiscussõesrcalizadasnoConiressoNacional. O Governador de Slo Paulo, Orestes Quércia, resolveu dar a arrancada: instituiu, em "paco1c" imico, um Plano de Saúde. que vii.a.implantar. nada mais nada menos do que o si11ema cubano de atendimcnio médico, no principatEstadodafcderacaobrasileira E paracompletarene pr«x:upantequadro, sobrcvcio a desapropriaçllode 1rês grandcshospitaisdaperifcriadcSãoPaulo: H05pitaldaZonaSul(San10Amaro),HospilalcMatemidadeGuaianases,naZonaLestedacidade, e Hospital Castelo Branco, em Oi.asco.
como as fazendas, llospHafs ºfmprodutfYos" sortam tam•ém desaproprfáYofs Oaraumen1ousadoparaadc$apropriaçãodcsse:Shospitaisaprcscnta1simploried1de deumsoÍISma: J)A saúdetdirci1odetodos. 2) Ora, - continua o "disoorw" socialista ostrbhosl)itaisestavamíechados.l)Porisso, perderam sua lq.itimidadaec seu dirci1odecxistir (especialmen1e tcndo tm vis1a que as regiões ondesesituamaprcscntamlndicesdelci105hospi1alares iníerioresaos padrôti recomcndad05 pelaOrpniuçtoMundialdeSaudeJ.tovcJhojargãoestallumc,j,aplicadonadesapro-
priaçãodeíazcndas,ouscja,obt-mimproduli,·o perde,ua legitimidadesocial, tomando-se prcsafkilda,·oracidadecsta1izaote. Agora, nãotenhamosdilvida, oproctS• so rC"olueionirio, como bem o dcscre\'eo Prof. Plínio Corria de Oheira em seu cn5lio "Revolução e Contra-Revolução", caminha de requinte em requinte. Negada a màxima sociolósica deque"abususnontolli1usum"(oabusonão invalidaouso),embrcveaparccerãoara;umcnlOSparadesapropriarhospitaisernfrancaatividade,correlatamenteaoqueacontcceràtambtm naa11:riculturabra.1ikira. Quantoaoshospilaís, nãofal!arãopreccitosconstitucionaisparajus1iíicarsuadesapropriaçllo Alguns dentre outros: a)Odircitodctodososcidadã.osdcterem atendimentomklico igualitário{cfr. an. 196). Os hospitais paniculares, ao proporcionarem a1endimentossegundoaspossesdecadapacicnte,cstariamassimviolandoumpreccitoconstitucional; b)Capitaisestrangeirosnã.opodempanicipardamedicinabrasileira(dr.art.199,130); e) Aljum íteru de noua Constituiçl,o (am. l99,§1º;199,§2º;eoutros)pareccm p,anirdopressupostodc qucolucrocmmattria mklica é ilegitimo, criaudo assim ntOpi• nião pública um clima p:sicolóp:o fa~orhel i desapropriação. E!.ses mesm05 ara;umcntos ~enófobos e igualit,rios, que jã serviram para inviabili.ur 1exiitênciadebaocosde5lni"enoprópriotex10 constitucional (cfr. an. 199, ~4°), servirlo também para nonear urna lecislaçlo complcmentar, ou mcsmo uma açllo pràlica do Poder Público, perseemóriada medidnapanicular.
Um pouco de llllstt6rlla É,porou1rolado,lamentávclno1arosilCncio guardado pelo Poder Público &Obre as causasquelevaramostrê1hospitaisde5lpropriadosaencerraremsuasatividadaes,jàhãalguns O fa!Oénotórioeconstitui um íenõmenonacional. Dificilénãover nele urna sinistra cstratt,ia. Comosesabt-, cercade901/1 doshospitaíspanicularcsbra.1ikírosconsegucmsobreviver, graçu, em parte, a Kn"iços prestad05, emrepmede"prolabore",aolnstitutodePrtvidfociaNacional. Esseintcreãmbiodescrviçosveioseaccntuando ao longo dos últimos quinze: anos, e foibenéficotantoparaoshospitaiscomopar1 o INAMPS, bem como para a populaçl,o em geral. Para os hospítai~ pequenos constitui uma entrada básica e com poucas ,·ariações uzonais, o que garantiu, ao loogo dcsses anos, uma cena estabilidade, até um certo i11Ctnti• voparaampliaçãodosserviços. Para o INAMPS, o sistema foi muito útil, pois lhe permitiu dar,duranteanos, um atendimemonãomuitoprecàrioaumapopula, çlocresccnte,sem neccssidadedein,·estimen-
tosnaconstruçloeapanlhamentodehospitai,. Estudos cstat!stioos bem confi.:1.\-cis m05tram, por outro lado, que o attndimemo médico do INAMPS, quando prestado por intcrmédio dcsse:S hospi1ais paniculares, apresen1a um custo operacional cerca de oito vezes menor doqucoprestadoatravbdchospitaispróprios. U&Ou assim o INAMPS, durante vári05 anos, deumsistem1deatendimentodebaíxocusto, umavezqucaclonavamccanismosadministrativos de empreendimentos privados, e ponantoexecutadoscomnlvtisdeefici!nciacdesempenhopróprios11udoquetparticular. Orcsultadofoiquemaisdt601/1doatendimen10 mldlco do INAMPS ainda é feito, até hoje, atravéJdehospi1aispaniculares. Sobrctudoaanhoucomtalsinemaapopulação,umavezquepermitiu, ao Brasil, um creJdmentoderccursoshospitalaresproporcional aoaumentopopul1cional, o que teria sido imposslvel, se a referida tarda ficusc restrita exclusivamente ao Poder Público.
..,,...
Norte lenta, ...r
En1to:tan10,acrcsccn1ediíuslodasidéias romuno-s.ani11risras, e, sobretudo, a ascensão declemcnt05radicalmen1eesq11erdi1tasaospos1os-ch1,·e da administração pública de 5lúde, vieram alterar profundamente esse quadro, nos ilhimostrh1qua1ro11105. Iniciou-se uma sisicmática perseguição àmedicinapanirular,tendoemvistainviabili zarsuasobrcvi,·fncia,criandoas.simcondições paraumainexorhelestatízaçãoda5,1úde. AJ taxu JlliU pela Previdência Social aosh05pitaispaniculaaresíoramsendoprogres1ivamen1eredutidasemrelaçãoaosíndicer.iníladonários. (0 INAMPS, hoje, paga por uma consulta médica o preço inferior a um corte decabclo;cporumadiàriahospi1alar,opreçoinferioraoquescgastaemumaúnicareíciçlotomadaem restaurante popular). Além da baixluima remuneração concedida, o INAMPS começou a atrasar desmesuradamencc seus paaamentos a05 hospitais. De um atrasomkliodequarentadiu, freqüente n05an0586/ 87,estamoshoje, coma criação doSUD (Serviço Unificado e Descentralizado de Saúde), acinsindoatrasos médi05dedois a tr~mcses. A situaçãodtarande númerodehospitais brasllcirosé pré-falimcntar. Só na capital paulist1,ccrcadedczdelesjiforamdcsativad05_ O espirito socializante cu, 11nh1ndo na ldac na volta. Primeiro, porqueolopaga oqucdeve;c,SCjundo, porque cria condições paraalimentu-sedesuasprópriasvitimas. Muosaldodoprocessodecomunistizaçlo da medicina nlo é apenas es1e. Hã também ocaosquesevaiprodutindonosistemadeatendimento médico e que prepara a rubanizaçlo da medicina no Bruil. Mas este é tema para outroartiso.
AnronioCAndidodeWaDuca
CATOLICISMO DEZEMBRO 1988 - 17
TFPs em ação Em face da atual investida consensual SANTIAGO - A TFP chilena fez publicar nos principais jornais do pais um esclarecedor manifesto a respei10 do modo como vem sendo interpretada por muitos a democratização do Chile. Ou seja, as decisões deveriam ser toma~ das, de agora em diante, de modo consensual. Diz o manifesto: "Alguns concebem este consenso comosendoumrazoávelcnecessãrioen1endimento entre as diversas correntes políticas, exigido pelas circunstãndas de momento e destinado a aquietar cxaessos de paixão''. Mas outros ''entendem por consenso um 'ecumenismo' polltico radical, que tende a fazer desaparccerdcfinitivamenteasdifcrençasdcopinião, ao menos no campo du doutrinas. Para estes, a base da vida pública estaria constitulda por uma es~ie de vazio de pensamento .... De fato, um consenso a partir do principio ideológico da primazia da praxis, do desprezo quando não da negação das doutrinas. Ou seja, um consenso materialista em torno do marxismo". Portm. os mais perigosos, prossegue o documento da TFP, são os que jogam com uma linguagem ambiaua, "que sem 1omar uma posição muito definida sobre o consenso.empregam, entretanto, uma linguagem cujo sentido mais provãvel t o do 'ecumenismo' político radical". Estes atraem osingfnuos. Como exemplo de linguagem amblgua, a TFP transcreve declarações do Comitl Permanente do Episcopado Chileno, as quais deixam "aberto o caminho para que os setores de doutrinas marxistas, que constituem aparte mais dinâmica da oposição, tam~m participem do diálogo consensual". Os Bispos, ao não estabelecer critérios morais para abuscadaverdade,nemadvertircontra
Campanha em Madri MADRI - O manifesto intitulado "Não cremos que a Espanha católica tenha caído tão baixo", publicado na imprensa de San Scbastian, quando nessa cidade era lançado o filme "A última tentação de Cristo" (ver nossa última edição), repercutiu amplamente no pais, sendo o referido documento noticiado igualmente através de agfncias internacionais. Também cm Madri membros de TFP-Covadonga salram às ruas, convidando o pllbtico a manifestar sua repulsa ante a avalanche de blasfémias que se observa cm sucessivas peças ieatrais e filmes. Uma das faixas utilizadas na campanha dizia: "'Espanhol! Até quando tua indignação tolerar! tanta infâmia'? Até quando dormiras'? Não vês o divino Mestre que padece'? Não percebes que tua inércia o ofende tah·ez mais do que as blasflmias que toleras'?"
os erros, silenciam aspcc1os fundamcntaisdesuamissão,''permitindoqueolobo vermelho penetre em meio às ovelhas" e ajudam a criar "a ditadura psicológica daqueles que se erigem como intérpretes do consenso". Omanifesto!embraaindaque,para alcançar a vitória da Religião católica, "Nosso Senhor Jesus Cristo não recomendou a seus Apóstolos que buscas-
Universitários debatem sobre Reforma Agrária LONDRINA - A convite de universi1ãrios da Faculdade de Comunicação Social da Universidade de Londrina (PR) o advogado Gregório Vivanco Lopes representou a TFP em debate sobre política rural, promovido naquele estabelecimento, em 8 de novembro, e que contou também com a presença de representantes da CUT, UDR, Pastoral da Terra e movimento dos "semterra". Sustentando a legitimidade do direito de propriedade, em consonância com a doutrina tradicional da Igreja, o expositor da TFP salicn1ou o fracasso dos assentamentos já efetuados no Brasil, os quais vão transformando nosso campo numa favela rural, com prejuízo não apenas para os fazendeiros, mas tambêm para os próprios trabalhadores rurais.
18 - CATOLICISMO DEZEMBRO 1988
sem o consenso com as outras religiões, masocontrãrio". 1: marcante a comparação - feita pelo documento - entre a "democracia consensualizada quc sc nos qucr impor" e a atual "democracia anestesiada" da Espanha, a qual, em nome do consenso, "promoveu a contracepção, despenalizou o aborto, instaurou o divórcio, 'legalizou' a união homossexual e favoreceu uma onda de blasfêmias". E denuncia: "Uma democracia que se estabelece sobre a base de um conchavo ideológico, não é um sistema polltico: é uma negociata. E com essa negociata nada de digno se pôde construir" A TFP levanta sua voz e "o faz com valentia e convicção para declarar publkamentequcacntidadcemranesta nova fase da vida do País com um propósito totalmente divcrw daquele dos panidãrios da democracia consensual. E propõe uma democracia raciocinada .... A verdade não tem medo de apontar os erros dos outros".
ASWAPO em quadrinhos Em 1984 a T FP norte-americana
publicou o livro "Toda a verdade sobre a SWAPO". Nessa obra se demonstra que a organização guerrilheira conhecida pela referida sigla, e que opera na Namíbia (áre_a territorial situada entre Angola e Afnca do Sul), visa implantar no mencionado território uma "sociedadc scm classes" de modclo soviético, im-
Filme blasfemo
posta mediante práticas de terror, que combinam os métodos da G estapo ou
da KGB ,;omunista com a selvageria pagã africana. O estudo, baseadoemdocumemos da própria SWAPO, foi também publicado em vários países, alcançando at é agora sete edições em inglês, afrikaans , alemão e italiano, num total de 59.000 excmplarcs. Novas edições encontram-se no prelo. Rece ntement e, os "Jovens Sul-Afrkanos por uma Civilização Cristã" -TFP, entidade coirmã das TFPs, publicou um resumo em quadrinhos do referido estudo a fim de ser distribuído entre a população residente na faixa de 1.500 Kms ., que separa a Namíbia de Angola e Zâmbia, países marxistas onde a SW APO mantém suas bases terroristas. A revista foi editada em afrikaans eing!ês,asduaslínguasprincipaisdopais. A campanha iniciada em 6de novembro, na cidadae de Katima Mulilo (fronteira com a Zâmbia), e estendida depois às demais povoações da área, vem seassinalandopelasimpatiaque apopulação desta ex-colõnia alcmã tem manifestadoem relaçãoàiniciativadaentidade sul-africana coirmã das TFPs.
@AfOLICISMO Sotnoll'10 R«po o.,; ,·, 1: T• k•oT, k, h,,hi - h gi51, ,dona DRT -SPsob on' ll•J! R,d oçlo: Rua Martim Fronchco. 665 - Olll6 - ~oPt ulo.S P / Rua do,Gon, cuo,. 197 -
i!~:,i,/;:;'1":,~~;~ Frand«o . 665 -
01 226 - SJo Paulo. SP - T<l: (011 )221 .8755(rlU!lall35) Fn10<0mposlçt-0 : (dir,to. • puti, d, orquho• fo,. n« ido, po• ••(.,ollclsmo"") Bond,iron,.. SIA ~; ::;_• ;.r.,rnoro - Ruo Molrinqu, . 96 - Sõo 5 l mpm,ão: Arcp, m P•r,éó• <ArtesGr.í í,ca< Ltdo - KuoJa,·aé>, 681 - 0I IJ(l - ~ oPaulo, SP ""Caloli<i; ..,o" "óum a publica1lo mrn, aldaEm ~m• ~•d•< dll,lchio; J, l'o~l~ Ltda._ Pua mu_ 1
~~{~~~~;~;:~[~i~~,:~!t~
Conchavos eleitorelros deram
v i tória ao PT LOGO APÓS as apurações do pleito eleitoral de 15 de novembro, o Prof. Plínio Corréa de Oliveira prestou a seguinte declaração à imprensa: "A vitória dos candidatos do PT como dos de outras chapas populistas, dificilmente se explica . Pois a surpresa geral produzida por ta! vitória em todo o País está a indicar de modo claro que o 'feeling' de inúmeros brasileiros não sentiaemnossapopu]ação,antesdas cleições municipais, apresença deumatendi:ncia populista-esquerdista de tal maneira difundida. Ter-se-iam enganado a esse respeito os numerosos observadores, experientesedestros,que comavamcomum resultado diverso? Não é provável. .. Tudo faz ~nsar, portanto, que tal vitória sedevc principalmen1e aconchavoseleitoreiros fritos para favorecer drasticament e a radicali zação de nossa política rumo à esquerda. Terão os autores desse conchavo pensado na viabilidade de seu lance? Asmentalidadesiamseamolecendona marmelada ideológico-política que precedeu às eleições. E o Brasil caminhava - com poucas resistências altaneiras e válidas - para a esquerda camuflada no relativismo. Radicalizar é para esta o mesmo que rasgar a camuflagem . E reacender a luta ideológica. Terão pensado nisso os propulsores do esquerdismo?
o LANÇAMENTO do filme "A última tentação de Cristo" foi amplamente noticiado, em caráter promocional, pelos órgãos de imprensa, vários dos quais solicitaram pronunciamento da TFP a respeito do assunto . Ao jornal "Zero Hora", de Porto Alegre, o Prof. Paulo Corréa de Brito Filho, Diretor de Imprensa da TFP, forneceu a seguinte nota: "Da mair parte da 'mass midia', a película tem recebido favorecimento, ora expressoecaloroso,oraapenastãcito, mas nem por isso desprovido de boa eficáciaqueconsistenosimplcsnoticiário muito ostensivo. "De outra parte, é a consciência católica qu e investe, unânime, contra o filme, reação que alcança o volume de umdamoruniversal. A esseclamorassociou-se, em nosso Pais, considerável número de Prclados, alguns deles altamente graduados na Hierarquia Eclesiástica. "Taldamoré,antesdetudo,aexpressãodadoredaindignaçãodoscatólicos, vendo como objeto de insultos de toda a ordem o Divino Redentor. Ao mesmo clamor se junta, com toda a alma, a TFP . " Mas é preciso acrescentar que, se se tratasse só de injúria, jâ se justificariam todos os protestos que têm havido. Contudo, a TFP tem que ponderar ocaráterparticularmenteinaceilávcldessas injúrias, pcla circunstãncia de que elessebaseiamemtodaumasériedefatos alegados sem a menor base histórica. E, portanto, ainda mais severamencereprovâveispor uma consciência formada retamente".
CATOLICISMO DEZEMBRO 1988 -
19
O p rimeiro p resépio
da História
O
BELO
costu-
a que m , quando a Ele se referi:,. , ch:imav:i, impulsionado por seu terno amor, o Me· nino de Belém .
me de armar o presépio pa ra rememorar o nascimento do Menino Jesus nos foi legado por São Francis-
co de Assis, conforme narra São Boavcn-
" T rês anos antes de sua morte, cncontr:mdo-sc o Sa n to em Grecio, movido por Sull ardente d evo ção e para excitá-la nos outros, quis celebrar 2 festa da Na t ividade do Menino Je-
sus com toda a pompa e majestade possíveis. Mas, para que
~:l:~uc~;a ~~s~:s:e :~~
p~4:,,::::s:.v:::~~::::n:rdc:!~í/tf.'l::.:111·
dícub. novidade, pediu e obteve do Sumo Pontífice licença para celebrá-la Em seguida, Francisco fez preparar um presépio; mandou trazer g rande quantidade de feno, juntameme com um asno e um boi, disp ondo tudo ordenadamente; reun iram-se os religiosos, c h amados de diversos lugares: concorreram pessoas do povo, ressoaram vozes de júbilo por todas as partes. E o grande número de luzes e resplandecentes rochas, bem como os dlmicos sonoros que brotavam dos peitos simples e piedosos converteram aquela noite num dia claro, esplêndido e festivo . Francisco estava diante do rústico presépio, extático pela piedade, banhado cm doces lágrimas e cheio de gozo celestial Iniciou-se , entào , a missa so lene, na qual Francisco, que oficlava como diácollo, cantou o Evangelho. Pregou depois ao povo e lhes fa lou d o nascimento do Rei pobre,
Havia entre os assistemes deste ato um soldado muito piedoso e ver:iz que, movido pdo amor a Crisco, renunciou à milíci:i. secul:i.r e se uniu estreitamente ao servo de Deus. Cham:i.v:i.-sc João de Grecio, e assegurou de um modo formal ter visto no presépio, reclinado e dormin· do, um Menino extremamente belo , o qual o bem-avemurado Frnncisco tomou em seus braços, como ~e docememe o quisesse dcsperiar do sono .
Que tal visào do piedoso soldado é inteiramente certa o afirma não só a santidade de quem a teve, mas também sua veracidade; e a evid enciam os m ilagres que depois se re:ilizaram. Pois o exemplo de Francisco, mes mo humanamente considerado, tem poder para excitar a fé de Cristo nos corações mais frios. E aquele feno do presépio, cuidadosamente conser vado pelo povo, foi um cfic2z re médio pan curar milagrosamcn· te os animais doentes, e antídot0 contra muitas outras espécies de peste. E assi m , glorificou o Senhor seu servo com todas estas maravil has e demonstrou a efidcia de suas orações com prodígios 1ào cvidcntes"" (" Legenda de São Francisco ó e Assis" , in "Escriros Completos de San Francisco de Asis y Biografias de su epoca". BAC , 1945 , pp.
597-598).
A REALIDADE, • AUS~NCIA de debate verdadeiro, criação
de leis sem consulta ao povo e maior concentração de poderes na cúpula do Partido Comunista. Eis algu-
mas das principais queixas formuladas contra Gorbachev pelos próprios políticos que o seguem. Em recente reunião da Tribuna de Moscou, o
pro íessor Anatoli Butenko foi enfático: "A grande maioria da população não integra o Partido e não tomou parte nisto tudo (projetos reformistas em curso). O Partido decidiu sozinho, embora fale de democratização. Que espécie de gtasnost ê esta?" Perguntas fundamentais e inevitáveis que o Oci-
dente aparvalhado se exime de fazer . Por quê!
• O "B ICHO-PAPÃO" era outrora um meio seguro de conduzir bebês e crianças renitentcsàobediClleia. E o fascinio do mundo das "fadas-madrinhas" com seus prodígios maravilhava e encantava os pequenos corações. Hoje, mdo se inverteu: o hediondo, veiculado pelos modernos desenhos a ni mados das TVs, dest rona o maravilhoso. Um novo ''bicho-papl\o'' agora fascina os petizes: os Estados Unidos foram invadidos po r 10,6 milhões de "amáveis" extraterrestres. Este é o número de video-cassctcs de ET o Extru/erres/re, vendidos desde O seu lançamento, informa a revi st a " Time", desbancando ª Cinderella, ~~0c:ª~e°~2;r;/º~:u::~c~ analistas, 0 "visitante de olhostrisles"em breve entrará cm 251/, dos 50 milhões
um filho produz represálias econômicas. Membros do Governo e do PC part icipam desse comércio. O '' Jornal das Mulheres" ac usou camponeses na provincia de Anhui de gerarem bebês para vendê-los a casais sem filhos, pois rendem mais do que a agricult ura: bchcs masculinos valem quatro vezes mais do que porco gordo. Os in felizes bebês dosc)(O femin ino são ... eliminados! •SUl'E:RCOLIIEITAS "calamitosas" - "mazelas"
concisamente
do Ocidente - levam palses europeus a pagarem camponeses para n:to produzir. Na Inglaterra, o governo co ncede 50 mil dólares anuais
a quem deixe de cultivar a terra durante cinco anos, em cujo periodo se espera consumir os atuais estoques de alimentos. Na França, o governo premeia o proprietário com cerca de 340 dólares por hectare não plantado, até o máximo de um terço da propriedade. Enq11an1oisso , estimativas do governo norte-amcricano indicam que, entrcjulho de 87 e junho de 88, a Rússia comprou 32 milhões de toneladas de cereais. O utrora a Rússiaczarisrnexportava 1ais produtos ... Abundãncia capitalista, miSCria socialis1a ... • "NEM NOS municípius mais pobres do Brasil o povo é tão mal atendido, dispondo apenas de armazéns precários,tendoqueenfrenrnr filas para fazer compras", afirma o empresário Artur Sendas (pro prietário da rede de supermercados Sendas, uma das maiores do Brasil) ao retornar da Rússia. Não espanta, porém: um economista soviécico re-
conhece estar a Rússia entre o 50° e o 60º lugar e111 termos de qualidade de vida! Aliás, na recente edispcndiosaviagcmdoprcsidcnte Sarney a Moscou, membros de seu numeroso sé<111ito, instalados no "luxuoso" hotel Rússia - que possui 3600 apartamentos! - tivcram lá singular surprcsa: ausência de sabonetes, além de serem as toalhas duras e imprestáveis. • DE:SRAZÃO 1.oocrálica - Baseando-se na Lei de Proteção aos Animais, foi instituída cm Barcelona aprimeira''dclcgacia''européiaparadcfendcros''direitos'' dos bichos. Agentes do governo socialista e policiais estão encarregados de apurar denúncias e inicia r a ação penal. Planeja-se ainda criar centros de acolhida aos animais domésticos abandonados. Imposições arbitrárias dcss.anacurezavão-setornando freqüentes cm sociedades democráticas. Porém, o ridiculo c o disparatado increntes a tais iniciativas policialescas não provocam reações àaltura. Que espécie de torpor moral atrofia as consciências?
• "O CAOS NO SISTEMA penitenciário brasileiro com a liberta-
çao de praticamente todos os presos ", mesmo os condenados a altas penas , seria a conseqüência da aplicação imediata do mandado de injunção - que obriga as autoridadesª cumprirem direitos constitucionais . Tal foi o comentário feito pelo julz gaúcho João Andradesde Carvalho, na abertura dos trabalhos do 8º Congresso dos Tribunais de Alçada de todo o Pais.
a~~~~~~
~~!ª::!~c:~:c':~ por meio tro s~~~::~n~~n~::rr:~~efao::::o:et~e~~~~~i~=r~ii iiej;i\~~I~ ~ - - - - - - - - -+ ~-0<>-Aã0-terem..co.ndições..nem..dados..s.u1icientes para se11 exam" Segundo um órgão da imprensa carioca, somente na Vara de • A VENIJA DE bebês Execuções Penais do Alo acumulam-se 500 mil processos, com apegeneralizou-st' na China conas um juiz para examiná-los ... munista. Lá, ter mais de 2 - CA'.l'OLJCISMO J ANElllO 1.989
Discern indo, distinguindo, c lassificando ..
SUMÁRIO COMENTÁRIO O pacifismo 1e m-se moslrado mais
Nazistas - Pacifistas - Comunistas
danosodo11ueona:r,i$1110 .......... ,1.3
T~~nAq~~é~~~~~!~
INTERNACIONAL 30 anoi; ele castris mo aprese ntam res111ladosca1aatróficos ......... p.4 HOMENAGEM Plinio Corrêa ,!e Oliveira co m11l eto1180anos .......................... 11,8
PHOGRESSISMO Pe. G111ierre:i: defende teo logia de fundomarxisla ................... ,1. 17
~\~~::~)~.'~~:~
1 ,~ -~~~ '. .~-~.
~~~~-ª,t;s
TFP Encont ro 11lcança êxito marcante .•..•..••.••.•.••.•..•.•.••.••••••. . •.•• J),
20
ENTnEVISTA Plínio Corrêa ele O li veira fula
&o-
bre,li,·ersoiitemascandentes .. .... p.22
PASSADO CIUATIVO Uomberg rev ive ~nas tra1liçüea no AnoNo,·o ............... ... ......... p.24 NITTA llA IIRllAÇÂO: A l'"nir ,k.,e mlmero ""C.1olicion10" 1• •cr241"gi11... <:<>m íocn,01u 2 1 cm~ 211 cm. CAPA, fu1o,l~ A,.g,k, ll o,.,lano
(!Iuto!icismo
da fatuidade britânica e da fraqu eza que, iada, hoJe em dia, a embora livredemâsinSegunda Guerra Muntençõcs, não o era de dial padece geralmenculpa,eque desempete de superficialidade. nhou parte integrante Suas causas mais prono desencadear de horfundas freqüentemen rores e misérias sobre 1e são postas na somo mundo" (pp. 86-87). bra. "O paci fi s mo dos partidos TrabalhisQue os nazistas foram grandes fautota e Liberal não foi res desse cataclisma, afetado pelos graves quem o duvida? Mas, aco ntecimentos q ue foram só eles? Em macercaram a retirada gistral artigo - "Os alcmãda LigadasNaque esperam só ser colf'i,.,wn Churrhil/ ,len,mcio" com çõcs. Amboscontinuamidos no fim" - puvam a exigir, em norlnrit'i,Ji,.,,ú,apoll1ic11suicid11,t... blicado na "Folha de me da Paz, o desarmapocifmo, i k - l<'mpo - disno, S. Paulo",em 11-4-88, mento britânico e toprttHl'MWt< doo /1t1dfi"a• a q,,alo Prof. Plínio Corrêa dos aqueles que contra qutrprtf<>dtnOS1N,li,., .. de Oliveira afirma haissoseopusesscmerarn ver "homens ainda imediatamente chamamai s culpados pela dos de fomentadores guerra, pois foram símbolos da capitu- de guerra ou de alarmistas" (p. 109). lação e do fracasso, como Chamber"No decorrer de seu discurso, o lain e Daladier" . lider liberal, sir Herbert Samuel, disse: De foto, de mãos dadas com os 'Qual o motivo de tanta prevenção connazistas, os grandes responsáveis pela tra a Alemanha?' ( ... ) Se a Gr11-11retaSegunda Guerra Mundial foram os pa- nha e a França tivcssem cada uma mancifistas da época. A afirmação pode pa- 1ido equilíbrio qua ntita1ivo com a Alerecer surpreendente, mas nem por is- manha, seriam obviamente duas vezes so é ela menos verdadeira. Trazemos mais fortes do que ela e a carreira de aqui um testemunho histórico de pri- violê ncias seguida por Hitler teria simeira importância. Trata-se do gran- do cortada pela raiz, sem a perda de de estadista Winston Churchill, primci- uma só vida. Mais tarde seria impossíro ministro britânico que resis1iu a Hi- vel( ... ) os líderes dos Partidos Socialistler, sendo um dos principais artífices ta e Liberal esrnvam , isto sim.compleda vitória dos aliados. Seguem excer- tamente errados e mal orientados, sentos de seu livro " A Segunda Guerra do responsâveis portanto, diante da Mundial". 1 volume, Cia. Editora Na- História, pelos acontecimentos pos1criocional, São Paulo, 1948. rcs" (p. 11.l). " Tivéssemos agido nessa época co111 prudfocia razoâvel e energia, talvez ainda hoje estivéssemos goza ndo de uma paz sem mâcula" (p. 116). "DEVEMOS considerar como profundamente culpâvcl diante da História a conduta não apenas do Governo britânico dccoalizão nacional, principalmenteconscrvador, mas, também, Hoje o nazismo é um fantasma a dos partidos Social-Trabalhista e Li- do passado. Seu papel, na esfera interbcral, nessa hora critica (o pré·gucrra). nacional, foi assumido"pelo comunisO prazer das banalidades aveludadas, mo . Os pacifistas atuais, porém, ai esa recusa a en frentar fatos desagradá- tão, a pregar para o Ocidente todo tiveis, o desejo de popularidade e de su- po de capitulações e desarmamento. cesso eleitoral, independente dos inte· Comunistas e pacifistas agora resses vitais da nação ( ... ), o forte e como nazistas e pacifistas antes - nos violento pacifismo que então domina- levarão ao cataclisma1 Ou então A verva o Partido Social-Trabalhista, a e11.- go nha da capitulação sem luta e da cs-
-"'.,';"""-"""''""',._,~'""-'-"-t+;;,tr:~Í:i-~ ~~~t~1i~~~=o-"·,,-"7"-;d~ã-o_,o~"'-'"=';= d,=?~------,::-:--dos esses fatores constituem retrato
C. A. CATOlJ C ISMO JANEIHO 1989 - 3
''CATOLICISMO" não poderia deixar transcorrer o 30º aniversário da Revolução cubana sem um comentário adequado, que equivale a uma denúncia. Fiel a sua invariável característica de órgão difusor das verdades esquecidas e das notícias silenciadas, nossa revista apresenta a seguir objetiva e documentada análise da catastrófica situação econômica da antiga "Pérola das Antilhas". Esse penetrante e revelador estudo cita a " profecia" delirante de "Che" Guevara sobre o fu turo da ilha-prisão . E soa como um clamor de indignação diante do drama que sofre o povo cubano , em meio a uma vasta manobra propagandística, levada a cabo por certos setores da mfdia tendentes a ocultar essa trágica realidade. Externamos aqui nossos agradecimentos à Comissão de Estudos Cubanos da TFP norte-americana que nos proporcionou a oportuna colaboração.
309 aniversário
da Revolução Cubana Imolação de um povo para propagar o comunismo no Ocidente OVA YORK - Há exatamente trinta anos, começavaadesenvolve_r-sc, no seio da América Latma, um processo político , econômico e até religioso que, com o correr dos anos. iriaalcançandotrágicaseinusitadas conseqüências . Na ocasião, poucos as souberam prever.
N
Na outrora "Pérola das Antilhas", estratégica ilha banhada pelas cálidas águas do mar do Caribe, e a partir da qual caravelas da catolicíssill\a Espanha levaram a povos ignotos dastrêsAméricassementesdcumacivilização marcada pelo signo da Cruz - quatro séculos e m~io mais tarde começava um processo mvcrso.
No, /!rÍmeiro• ,lia, de 1959, fidd Ca.iro, Cnmifo Cie1ifue15m t um l"'nha,W ,h giu,rrilheiroo dea«rum da "Sium M,..,,1ra" em nli adeCubaellavana.A n na re«ler$Í<U,e•· 1udadaronwJ1araumfilme... l'araque essade,ridaLilorio,ali•'<!nt,ido1,o,sivel,foramd,:,,isí,.,.,. algum O/JOÍ<n enismári,:ru vindo, do, f:muU" Unido,, c,mw o deflerber1/ •. Ma1heus(nbaU-O), jomafü1ade"1'1u!New l Mk 1lme, ".
4 - CATOLICISMO JANEIHO 1989
Nos primeiros dias de 1959, Fidcl Castro, Camilo Cienfuegos, "Che" Guevara e um reduzido grupo de guerrilheiros desciam da Sicrra Maestra em direção a Sant iago de Cuba e l·lavaa..-Er.an1-clC$-a-pi:ópcia-ncgaçãi:Ld.n_ missionário e do conquistador espanhol. Traziam em seu seio gérmens daquilo queconstituia a antítese da civilização cristã.
Profecia fracassada Apoios, e até cum plicidades, não lhes faltaram. A mldia internacional lhes foi generosa. O Departamento de
Estado nane-americano pareceu nada ver, apesar dos sintomas inequívocos enviados por seu reprcsemante. Inesperadas, decisivas palavras e gestos de ai-
tos eclesiásticos fizeram-se presentes cm momentos em que a orquestra\:110
parecia cambalear como um frágil castelo de canas. Setores da alia burguesia, intelec1uais e etcmemos de peso no laicato católico ta"mpouco lhes pouparam simpatias e respaldos. Enfim, uma eno rme e equívoca constelação
de apoios, mais ou menos expllcitos, mais ou menos velados, duráveis uns, efêmeros outros, por detrás dos quais se ia configurando a dura realidade: pela primeira vez, o império soviético conseguia conquistar nas Américas uma cabeça-de-ponte. E como a utilizaria ... Em agosto de 1961, quando a Revolução dava os primeiros passos com sua verdadeira fisionomia, os meios de comunicação ocidentais concederam ampla ressonãnciaàspalavrasde''Che'' G uevara em Punia dei Este, ante o Conselho lnteramericano Econômico e Social da OEA. Palavras nas quais, a muitos iníluenciados pelo magnetismo da revolução nascente, quiseram vislumb rar um timbre profético: "Que metas planeja Cuba para 1980? Uma renda per capita por volla de 3.()()() dólares, superior à dos Estados Unidos. E se os srs. não me crêem, d6-me no mesmo; aqui estamos, senhores, prontos para compelir (. . .). Responsavelmente anunciamos uma taxa anual de crescimento de uns 10%" (l}. A partir desta data, até hoje, constituiu-se uma longa lista de tenlativas e modelos alternativos de desenvolvimento que se foram sucedendo - 10dos dentro dos esquemas marxistas correndo em vão atrás do cumprimento das promessas demagógicas do guerrilheiro argentino, então radicado cm Cuba.
Zig-zag em meio ao desastre Ao fazer uma sumária análise da realidade cubana depois de 30 anos de Revolução, chama a atenção a enormidade de autores conceituados e de est udos ~rios q ue mostram insofismavelmeme a prostração não só moral, mas também econômica, em que jaza ilha-prisão. Estaconstataçãonãodeveriasurpreender, se se toma em consideração o malogro generalizado das economias de países socialistas. Mas a propaganda foi generosa com a Revolução cubana. A ponto de, contrastando notoriamente com a opinião de especialistas, conseguir insinuar na cabeça do homem médio a idéia implícita de que, em Cuba, ao menos as chamadas ''necessidades básicas" de toda a população teriam sido atendidas. Conceirn de "necessidades" tão habilmente introduzido dentro do pensamento coletivo ocidental, que a poucos ocorre perguntar em que consistem elas precisamente , que requisitos preenchem, com que padrões científicos são medidas. Segundo o internacionalmente conceituado economista cubano-americano Carmelo Mesa-Lago, a respeito
de Cu ba, podem-se distinguir, no plano econômico, vérias etapas claramente caracterizadas (2). Entre 1962 e 196S, ainda nos primeiros passos da revolução, breve e fracassada tentativa de aplicar o modelo soviético clássico. A partir dai, alé 1970, é a vez de uma heterogênea mescla do "grande passo à frente" de Mao, com certos palpices econômicos de "Chc". adaptados ao capricho de Fidcl. Neste periodo, os lí-
(.'/,e C11a'<U"n, em 1961,fe~uma ''proftcia" mirnbalnau:C..00. ~m IWW.aka"f'Jrio11111n n,ndo~r"°pi/ll <hapro:rin11Jdnmtn!e J.OOOMlare,, f'Jperi,.>r<I do,l~Uni<W. ..
deres da Revolução - ainda ofuscados pelo prestigio internacional que os meios de comunicação lhes haviam concedido - chegaram a alardear q ue estavam "construindo simultaneamente o comunismo e o socialismo numa etapa superior inclusive à da URSS". Parcelas de uso familiar, dentro das granjas estatais, foram abolidas, e os pequenos agricultores - últimos remanescentes da atividade privada no país - foram obrigados a vender seus produtos ao Estado a baixíssimo preço ao serem proibidas as "feiras livres". O Estado absorveu compulsoria-
CATO LI CISMO JANElltO 1989 - 5
ente os pequenos anesãos e os vendedO· res ambulantes, e suprimiu os poucos incentivos materiais que permaneciam na economia, como os "bonus de pro· duÇ(lo". At~ os "direitos de autor" fo. ram suprimidos! (3) Como era previs[vel, a ex periên· eia teve resultados desastrosos, e a partir dos anos 70, se ''retoma o mais prag. m6tico (sic) modelo ortodoxo so11iéti· co " (4) denominado pomposamen1e "Sislema de DireçDo e Planijicaç4o Econômica" (5). O governo comunista permitiu, nesta nova etapa, a instalação de fei• ras nas quais os pequenos agricultores podiam comercializar seus produtos, sendo-lhes concedido o incentivo de melhores preços. Mas após alguns anos, foram pressionados no sentido de se integrarem às cooperativas esta· tais. Em 1967, havia 233.679 pequenos agricultores privados. Em fins de 1979, seu número estava reduzido a 160.125 (6).
A panir de então, aílora trans· bordante o descontentamento dos cuba· nos com o regime comunista, dramaticamente exteriorizado pelo pedido de asilo de 10.000 cidadãos à embaixada do Peru. O governo comunista, dando-se conta de que esse fenômeno po. dcria ter ramificações sub1errãneas in.
Q,.,_,,.,.,,,,.,i,.;,,,1e.,... N"°"-si,ülacopar dailh.a,muil(>larrú,,...,.
,io,wu,O,h,..f;n1ru,1fu&i!wos,-,k mi/ha. rnimun~,~ wru~oncidw • ...,,.,.,... m~m,,N,wflCÍado,~o
ll.,,,,.
6 - CATOLICISMO JANEIRO 1989
suspeitadas, facilita o chamado êxodo de Marie!, por meio do qual 125.000 ilhéus puderam chegar à liberdade em barcos de todos os tamanhos vindos de Miami. Na verdade, outras dezenas, e talvez centenas de milhares de cubanos desejavam empreender também o cami. nho do exllio. Segundo font es citadas pelo "New York Times" (S.2·87), na ocasião se estimava que mais 500.000 ilhéus estavam dispostos a abandona r Cuba. Nessa encruzilhada, talvez uma das mais delicadas da his16ria da Revolução, Fidel Castro lança mão nova· mente da produtividade potencial dos pequenos agricultores que ainda resta. vam, paratentarremedia ruma cares· tia de décadas, simbolizada pelos triste· mente célebres "cartões de racionamento". O retrocesso 1âtico é claro. Peque. nas faci lidades são outorgadas pelo re. gime ao "setor mais produli110 do economia ' ' cubana - como o qualificaram diversos especialistas (7) - ante a urgente necessidade de alimentos. Seis anos mais tarde, em maio de 1986, Fidel anuncia a abolição do "mercado fillre camponês" - que ape. sar de seuscstreitos limites era em to· do caso um símbolo de eficiência diante do poder estatal - ao mesmo tem· po que ataca "os elementos neocopitolislos e neoburgueses" infiltrados na Revolução, reimpondo o mais estrito controle do Estado (8). À deterio ração econômica intrin. seca a qua lquer regime comunista, no caso de Cuba se deve somar como agravante o "1.ig1.oguea111e e confuso cu,. so dos planos go11ernamenlais cuba· nos" - 1a l como se acaba de mostra r - banhados por uma nota de "diversi· dude" e até "grandiosidade " , como ironicamente comenta o Dr. Anto nio
Jo rge, professor de Politica Econômica da florida lnternational Uni versity e especialista em desenvolvimento eco. nômico latino.americano (9).
confissões de castro A panir de 1980, tornou-se impossfvel até para Fidel Casiro manter a retórica triunfalista, que procurava esconder o estado crítico da economia cubana. Falando em 1980, ante a As· sembléia Nacio nal do Povo, Fidel Cas· tro afirmou que Cuba "eslá nadando num mar de dificuldades. Eslamos nes· le mor há lempo. às vezes mais 10,men· loso, às 11etes mais calmo. mas a COS· la eslá longe ... Continuaremos nave. gando a/ravés de um mar de dijiculda. des "(IO). Em fevereiro de 1986, falando no leatro Carlos Marx, d iante de 1.700 delegados ao Terceiro Congresso do Partido Comunista , o ditador cubano reconheceu que ''os coisas nunca es1i11eram Ulo mal" em matéria econômica. Em agosto de 1987, semelhante constatação prové m desta vez da pena de uma autorizada fonle soviética: Vla· dislav Chirkov, especialista em assun· tos internacionais da revista "Novoye Vremya" de Moscou (11 ). Eml 988,aagênciaRcutcrs difun. de um relatório confidencial do gover. no cubano - destinado aos bancos ocidentais credores - onde se reconhece que du ran te 1987 deu-se o "pior resullado alcançado pelo pafs desde o inicio da década", com uma queda da produção em 3,5'!.. Mais rece ntemente, em discurso durante as comemorações do 35º ani. versário do ataque ao quartel Monca· da, o ditador cuba no fez todos os esforços retóricos para impulsionar o que denominou uma "cruzada" (sic) para levantar o pais da prostração eco. nômica. O periódico "Granma". por. ta-voz do PCC, chegou a admitir inclu· sive que as dificuldades econômicas CS· tão causando "ma11ijes1açôes de irrita· çdo" na população. A solução propos. ta por Castro é ··1,aba/har mais ", ai. go que para a escravizada população cubana soa quase como um escârnio. Oregimequisj ust ificarem ccrtas ocasiões o atraso cm que se encontra a ilha como sendo devido ao embargo feito pelos Estados Unidos, e às neces· sidades de defesa. Mesa. Lago observa que estas circunstâncias "foram comnsados fa generosa ajuda so11iética, que supero, tanta em magnitude quanto em flexibilidade, o lo/ai da aju. da norte-americana ao conjunto dos pa· Ises latino-americanos durante os gene
rosos unos da Aliança pura o Progresso" ( 12). E, por outro lado, o economista cubano no exHio, Alllonio Jorge, em seu estudo acima mencionado, acentua que a Revolução castrista frustrou as excelentes expectativru; de desenvolvimento econômico em fi ns da década de SO, produzindo-se com isso um "enorme custo social" . E acrescenta esse autor: "Só assim será
/\',,,,,.arn6nto,-a~
~-6,,l<fudilado.-cuh<,foram 1tif,CK,./n 1"'"" i,n1>Mir (Mm parojwtific,,r... )
"°
.. Tnlt>n•jo....,..,,,ada,,a. ~~do..-.
wn~ltuquaú nãafoô mad pcwíwlllimpr""""'"""'inuar a~-loromawitlltkr
~.4olooo.ft,fo~ cmlf!d.o f'i<kl.
possível aquilatara magnitu-
de do preço pago por esta experilncia frustrada"( !)).
Considerando o trágico e desolador panorama sócio-econômico cubano, facilmente ressaltará para o leitor a idéia de "fracasso". Confessamos que, embora o conceito seja mais do que justificado ao ser aplicado à realidade da ilha-prisão, relutamos em utilizá-lo sem mais. De fato, cem sido 1al o papel de Cuba como instrumento do comunismo internacional nestes 30 anos, que aos revolucionários pouco lhes importa esse juízo, tendo em vista os resultados a lcançados em matéria de expansão comunista nos quatro continentes.
Seria pouco dizer que Cuba jaz hoje numa incon1es1ávet prostração econômica, e que seu estado é o de urna avançada desagregação social. Assim como os antigos pagãos imo lavam vítimas humanas a seus idolos, assim nos vem hoje à men1e a imagem de um povo que, em seu conjunto, foi entregue
for growth"," l»t,communism", pp. 161 e u .;arespeito, podemKroonsuttados "Cu bam thc70s: pragmafrsm and insti tutionaliution",1971,2' cdiçto, UniY.Of N~M CJCico Prcs,;c"lbcCOJ110D1YOf10ciatistCuba:at,..odecadc1pprai:Jal", Uni v. ofNc,.. Mc.,cico Prcu, 1981, do mcsmoau1or,C(lmdcsmvolvimcntomail profundoiObre a ma1éria. (l)Mcsa-Lago,0p.ci1.,p. l61. (4) Mn.a.- Lago,op.cit.,p. 161. (5) "ldeolou planning, cffi. cimcyandgro,..th: chanae .. ilhout dcvdopment", Anlonio Jorge, "Cuban Communiim", p. 311 . (6)Mcsa·Lago,op.cit.,p.162. (7)'ºTheWashingtonTimes", 16-1-87. , (i) "Le Courrin de la Libcrt~", j11lho-qosto de 1936, Munich, ediçto an Hng111 fran«Sa . (9)AntonioJorsc:,op.cit.,p. 290. (I0)"Cubanc.,codus- 1980:thc C(lntcu",Bo.rry Sklar, "The political economy of thc Wn!em Hanispherc", U. S. Governmcnl Printing Offi -
Ôii'~''.~1t~~~~:·2~~ka1. (12)Me1a-La,o,op.ci t. ,p. l8I. (I J) An lomo Jorge, op. cl1..
p.
310.
Ronda do Pecado Mortal
A lição do vitral
NO SÉCULO XVIII, a outrora catolicíssima Espanha erigiu uma Confraria denominada ÜRonda do Pecado Mortal", que visava uma forma quintessenciada, e hoje esquecida, de caridade: alertar os pecadores sobre o 1errlvel estado em que se encontravam. Seus componentes percorriam as escuras ruas das cidades adormecidas, com pequenas lanternas na mllo, fazendo soar uma sineta de tom plangente e cantando salm6dias. De quando em quando, paravam e bradavam uma advertência: "Essa culpa que con,etes - olha atento e considera - poder;\ ser a últlnu1 de tua vida". Mais especialmente se detinham os ÜHermanos dei Pecado Mortal" diante das casas em que se jogava e se divertia. E nas proximidades dos a ntros do pecado, junto ao covil de delinqüentes, clamavam: ÜAlma que estãs em pecado, se esla noite morresses. pensa para onde irias". E conlinuavam seu lúgubre cortejo ... Quanto teriam que bradar, hoje em dia, esses lrmllos diante de tantas casas de espetáculo. em que a mais 1orpe imoralidade é ostentada desinibidamente; ante as modas indet.:orosas; em face de programas de rlidlo e de teleuisSo Junto aos hos ltals onde nlo raro crialuras inocentes slo assassinadas mediante o aborto!
NA CATEDRAL de Lübc:d<. cldadc portuirtll da Alemanha OCldental, hl um rirnl com esta slgnlflcarlw lnscrlçlo,
Tu ME CHAMAS
Me1tre e nio Me obcdcca, Luz e nlo Me vh,
Caminho e nlo Me segues, Vida e nlo Me desejas, 5'bio e Dio Me cscuw, Amtvd e nlo Me amu, Rk:o e Rio Me Invoca, Etcmo e nlo Me bascn,
JIIIM e cm Mim nlo contias, Nobre e nlo Me serves,
SeaborenloMcado-
sc Bu te condcnlr, nlo Me culpes!
CATOLICISMO JANEIHO 1989 - 7
PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA O l'rof. l'linio Cor..en d" Oliveira diriflll
J>a/ao,r,u
dfl "l!rtuledmento
a-,ki,,..,"""l""r<UU>U,,UUTl-1',eO#l..,Wl{'<~•ef.,.._ "" fim do /iumenà§em que lhlll foi. ""'"ªd" na Ca,n de Ponu11al
80 anos de existência 60 anos de militância católica
EM
NOSSA ÚLTIMA ed;ção, ded;camos mm àquele cuja v;da consi;rn; uma trnjctõ,;a ,et;a capa e onze páginas em homenagem àquele que llnca e desassombrada na defesa dos mais sacrospode ser considerado a própria alma de nossa re- santos ideais. vista, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. As priEm 11 de dezembro último, realizou-se um meiras cinco páginas foram reservadas à rcprodu- concerto da fanfarra dos Santos Anjos e do coro ção, com pequenas adaptações, de um capitulo São Gregório Magno, na igreja de Nossa Scnhodo livro da TFP, que se encontra no prelo, "Um ra Auxiliadora, na capital paulista. Eram homenahomem, uma obra, uma gesta". Tal capít ulo res- geados nesse ato, o grande São João Bosco, cujo salta um aspecto da personalidade do Prof. Plinio centenário transcorreu em 1988, e que conta com Corrêa de Oliveira: o homem que ao longo de ses- numerosos devotos nas fileiras da TFP, e o Prof. senta anos de militância católica soube prever, desPlinio Corrêa de Oliveira, pelo transcurso de seu mascarar e recusar os sucessivos modelos politicos, 80º aniversário. direta ou indiretamente perniciosos, que foram scnA regência do conjunto de metais e do coro do apresentados ao grande público. esteve a cargo do diretor da TFP, Sr. Caio VidiAs cinco páginas segu intes reproduzem, cm gal Xavier da Silveira. O Sr. Phillip Calder, sócio ordem cronológica, trinta fótos do insigne aniver- da TFP norte-americana, encarregou-se da exccusariante, que constituem, como o titulo da matéria ção do órgão. bem o diz, "' ílashes' de uma existência - lances Sócios e cooperadores da TFP brasileira e do 'bom combate' do Paladino da Contra-Rcvolu- de entidades coirmãs e afins existentes em todo o - - ---<="~ - - - - - - - - - - - -JUuodo...hem..co.IDo fiéis da paróquia de Nossa SeNa presente edição é para nós imensamente nhora Auxiliadora lotaram o espaçoso recinto da grato noticiar várias das homenagens que se presta- igreja.
À effjuUdfl, encerromfo fl dcfo de hmnenoge,u, 16ci'ou" coaper,.dare• da Tl-"P, em ,r,._;e. 1I. gfJfo, e<>n• d11sem a imn,-em de Noun !knlwm d,, 1-'álima, na Hde ""1.e1lo S11m, em 14 de Msembro (Jltimo, e11• q11QnM "núi1icm /0,-0I de tinificW ilumi11Qm o e,!u. Acima, numero10 público lolou o recinlo da ~ja <Ul Nm,,. S.nhorQ Auxilladoro. No allo, a direi1a, o• c,,mponcnte1 dn fall[t1"0. doa S,o,IOI A,VO, e do e<>ro Seio Cre1tór'W /lla/f'W, en<'l!rflª"do /rafe• de ,-ala, ....-ecularam peç,u M dm compo,/10,..,, de mli,icn coral e in1lmmentt1/. À direita, srande nlimeM de $á<:i,u e c,,01,erodore• d,u dil>fll'l'IU TFI'• e enfidmle1 ef,M c..mpo.receu "" nadilórfo ,la Ca.m ,h l'Qrf~al e npfo .. diu com en1wi,umo u audio~üual que o.pre1en/1>u a1pec1<11 1alien1e1 dn .,;do. da i111l,-n f< 1>e111odarco1ólioo.
""'"°"'ª"
O programa, que se iniciou com o majestoso "Exultei", de compositor anônimo do século XI II , executado pela fanfarra e pelo órgão, incluiu peças consagradas de mllsica coral, tanto gregoriana quanto polifônica, como também composições orquestrais e para órgão. Merecem menção, entre os famosos compositores que figuravam no programa, Tomás Luiz de Victoria, compositor espanhol do século XV l, Heinrich Schütz, mllsico alemão do mesmo século, Henry Purcell, compositor inglês do século XVII, Jean-Baptiste Lully, compositor italiano da corte de Luís XIV, além de Arcangelo Corelli, italiano, e Marc Antoine Charpemier, francês, ambos do século XVII. O concerto encerrou-se com a Marcha Pontificia, cuja música é de autoria do compositor francês do século XIX, Charles Gounod. A primorosa execução da fanfarra, do órgão e do Coral São Gregório Magno produziu profunda e grata impressão na numerosa assistência. No dia 12 de dezembro, foi projetado um audio-visuat, que focalizou aspectos da vida do insig-
ne pensador católico, ressaltando os principais lances dos sessenta anos de sua militância católica. Sócios e cooperadores das várias TFPs e entidades afins, que lotaram o vasto salão da Casa de Portugal, acompanharam com calorosos aplausos os episódios de toda uma vida votada à defesa da Igreja e da civilização cristã. No dia 13, data em que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira completou oitenla anos, foi celebrado o Santo Sacrifício da Missa, em ação de graças. O ato contou com a presença de grande número de sócios e cooperadores da TFP brasileira, como também de TFPs e entidades afins de diversos palses. No dia seguinte, ainda no ciclo de homenagens, realizou-se magnífica cerimônia na Sede Praesto Sum da TFP. Nessa ocasião, sócios e cooperadores da entidade, envergando seus trajes de gala, fizeram uma variada apresenlação de cânticos e marchas, acompanhados pela fanfarra. Uma profusão de fogos de artifício, que iluminaram o céu com seus artlsticos desenhos coloridos, coroou a cerimônia.
CATOLICISMO JANEIRO 1989 - 9
A prova do Carlxmo 14 teria demo,1strado qite o Sitdário de Titrim não é autêntico? t ao menos o que se esforça por faz.er crer a mídia anticat61ica. Nosso correspot1den te em Roma, situado no país-chave da polêmica que ora se desenvolve em âmbito internacional, e dispondo da melhor e mais atualizada documentação, mostra que a referida prova não s6 é francamente objetável, mas tem sido muito objetada por renomados cientistas, especializados no assunto. Sua colaboração está dividida em três artigos, que focalá.am os aspectos fundamentais dessa temática, a qual tem produzido vivas reações não s6 em ambientes cat6/icos, mas também na opinião pública em geral.
o SANTO SUDÁRIO DE TURIM hi,m \fi,:ue/ \/,,11te1
,,,..,,,,,.,,,,,.,,,,,,,.t,,,ue
Uma campanha de imprensa de origem anticatólica OM A - Quando no mês de abril do ano passado, com autorização do Cus1ódio Pontificio do Santo Sudário de Turim, Cardeal Anastasio Balestrero, 01 reco a o e um dos bordos do sagrado linho um fragmento de poucos centíme1ros quadrados
R
uma habilidosa falsificação efetuada na Idade Media. Tal noticiário chocava-secomo uma onda dessacralizante contra a amiga 1radição, transmitida pela Fé de gerações, que sustenta, pelo contrário, tratar-se o lençol de Turim do próprio Sudário que envolveu o corpo do Divino Redentor na sepultura, de acordo com a narração evangélica. Esta crença viuse reforçada nos últimos anos por numerosas provas científicas, ori undas dos mais variados ramos da ciência e obtidas com sofisticados instrumentos contemporâneos, que se pronunciaram, cm coro, pela completa verossimilhança dela à luz de numerosos dados científicos . Sem considerar o fato , altamente expressivo, de que a Igreja elevou oficialmente o Sudário de Turim às próprias glórias da liturgia, celebrando desde o século XVI uma específica MissadoSamoSudário, além das várias demonstrações de amor e veneração que, por séculos, prodigalizaram-lhe pontífices, santos e o povo católico em geral.
para ser submetido à prova do Carbono 14 - quer dizer, · ao método mais autorizado que a ciência tenha até o momento descoberto para averiguar a antigüidade de o -jclosliislõ71c s n orgânica - não se podia imaginar que este acontecimcntodessc lugara umaace-
sa polêmica, que teve como conseqüência colocar novamente em realce as características extraordinárias dessa relíquia. Efetivamente, uma sucessãodenotlciastendenciosarnente publicadas em todo o mundo durante os meses de agosto e setembro, afirmavam unanimemente que os resultados ob1idos pelos laboratórios encarregados do exame do Carbono itt.mn:onctuirque o linho era de manufatura medieval e, portanto, a imagem es1ampada neste seria
Um comunicado perplexitante Nocontextoacimareferidodeorqucstraçãopublicitária, o Custódio da "Sindone" - chamada assim pelos Evangelhos - , diante de numerosos jornalistas de todo o mundo, a 23 de outubro Ultimo, leu um comunicado oficial sobre o resultado da prova que, segundo a eloqüente expressão do sacerdote jesuíta Salvatore Lentini no "Corriere della Sera", "explode como uma bomb,r'-( I .
O comunicado do Cardeal Ballestreroafirma, resumidamentc, que os laborató-
rios encarregados da "dataçtlo" do Sudário com a prova do radiocarbono transmitiram-lhe ''jinalmente"seus resultados, estabelecendo "com 9H', de probabilida· de" a antigüidade do lençol ent re os anos 1260 e 1390 d.C. Em seguida, o Cardeal Ballestreroafirmaquea lgrcja reitera seu "respeito e i·e-
neraçdo a este venerando ícone de Cristo"; declara que a prova do radiocarbono
não resolve o enigma aberto sobre o modo pelo qual se formou a Imagem no linho e lamema-se de que as notícias antecipadas nos periódicos insinuavam que a Igreja, por medo da ciência, estava escondendo os resultados. Nousodoadvérbio "finalmente" e cm sua queixa pelas "notfciasqueforamantecipadas na imprensa" contém-se, insinuada mas clara, uma acusação do Cardeal Ballestrero aos responsáveis pela investigação cientifica - o Dr. Michael Titc do ''British Museum" que devia coordená-la e/ou os laboratórios que nela tomaram parte (2) - de terem rompido o compromisso assumido de revelar somente ao Custódio os resultados finais. Não foram poucos os comentaristas do comunicado de imprensa oficial que viram no mesmo um esforço da parte da Igreja para por dique a uma verdadeira campanha de imprensa de contornos anticatólicos. Porém, qualquer que tenha sido a intenção subjacente,aodaràluzosrcsultados por meio de um comunicado oficial, este não conscguiu amainar a rcferida campanha de imprensa. Pelo contrá rio, inúmeros artigos surgidos nos maiores diários italianos depois do comunica-----do- mostrav:am...Llgrej mo uma mestra de esplrito
anticientifico, cúmplice de toda sorte de "técnicas" de engodo popular colocadas em funcionamento nos séculos passados, particularmente na Idade Média, e que ficavam definitivamente denunciadas com o exame do Santo Sudário no radiocarbono. Fizeram-se ouvir vozes que - fazendo caso omisso das anteriores provas realizadas com a Santa Sindone - pediam, cm nome da coerência, submeter a análises cicntíficas 1odasasgrandesrel!quias da Cristandade (3). Houve até quem , numa desabrida demonstração de jacobinismo, chegasse a convidar a Igreja a esconder todos os seus "esque/etog no armário" (4).
Sindonólogos reagem Maspassadasas diatribes demagógicas e arrogantes, elas sim verdadeiramente anticientíficas, da "intelligentsia" anticatólica que atua sob proteção das pági-
nas de certa grande imprensa, fazem-se ouvir agora os pareceres de numerosos ''sindonólogos", religiosos e leigos, que dedicaram anos de suasvidasàanálise doSudário de Turim . E que de modo quase unânime manifestam seu desencanto, ou pelo modo como foi conduzida a prova do radiocarbono, ou pela falta de garantias que apresenta dito método aplicado ao caso especiíico do Samo Sudário, ou ainda por toda a manipulação que caracterizou a informação em torno da prova. Tombem com um tom de amargura e decepção os estudiosos da Síndone receberam o comunicado oficial de 23 de outubro. Os dados resultantes de tantas outras provas científicas realizadas com o Santo Sudário, e que falavamafavordesuaauten. ticidade, não 1iveram o privilégio de serem divulgados ao som das caixas de ressonância de alcance mundial, como ocorreu desta vez.
E o que dize r da quali· ficaçãode "fcone' '{represcntação em superfície plana da figura de Cristo, da Vir· gem Santíssima ou de um santo) atribuida ao Sudário de Turim no comunicado? Para o Dr. Luigi Malatrucco, radiologista romano e responsável cientííico do gru. pode coordenação ''Pro Síndone", taJ asserção encobriria uma incoerência. Com efeito, afirma Malatrucco, todas as provas cientííicas realizadas dcsdc !978com aSíndone revelam que o lençol não poderia ter sido pinta· do e que a Imagem foi pmduzida pelo cadáver de um homem horrivelmente tortu· rado e submetido a morte violenta. Como é possível então admitir, pergunta ele, o resultado do Carbono 14, e chamar o Sudário de " verlerando fcone", se para proceder a sua elaboração na Idade Média alguém teria de previamente atormentar e crucificar o homem que está impresso ali? (5) Tampouco faltaram pronunciamentos de censura porpartedcvozes alheias ao estrito campo da ciência, mas de algum modo autorizadas, como a de Vittorio Mcssori, cujo livro-entrevista com o Cardeal Ratzinger, sobre a situação da Igreja ''pós-conciliar'',adquiriucclebridade mundial. Messori, em sua coluna semanal, na primeira página do diário ''Avvenire''- depropriedade da Conferência Episcopal italiana-dizquenãoparticipa da opinião do Cardeal Ballestrero de que "o vere-
dicto nllo terá conseqüências SecontloPia, oad006adoqr,e, /Ol<JKraf..,.dooSt,.,.10S...Urioe• 1898.~110 ~~a1lro/""'-~-, ,,.,lo prilfleira
Hi, • ~ ' " '
- ,;:;!!"::s.~.,,-o,-_---,--o_~~-CATOLICISMO JA NEIRO 1989 - 1.1
pastorais" e que não consegue entender o tom "desmitificante" das explicações dadas à imprensa pelo Purpurado. (1) Padre Salvatore Lentini SJ.
"Questascienzapusbagliare:laSin· done C vera", '"Corricrc dclla Sera",20-11-88. (2)0slaboratóriosC11carregados de efetuar a prova foram os das UnivcrsidadesdeOdordcTucson (Caliíórnia)eodo Po!it&nioo, de Zurich ())Cfr. poru. "La Repubblica", 15-10-88. Titulo: "Eis aqui as mil
rellquiasnamiradaCiência".Subtltulo: "A prova do radiocarbono ameaça a Itália dos milagres: desde o sangue de São Gennaro à Cruz de Jesus". Tum Mm: "Que faremos oom as outras relíquias?'', "UStampa", 17-10-88 (4)AlfonsodiNola."VivalaChiesache si libera di un pc:ro inutili lc reliquie", "CorrieredellaSera", 17-10-88. (5) "Rabbia. Dubbi e Delusione", in "30 Giorni", n• 11, Nov. 88.
AfirmaçiloigualàdoDr.Malatrucco ~ado Prof. P. Baima Bollone, diretor do Centro Internacional de Sindonologia, "La Stampa Sera", 17-10-88.
zionale di Sindonologia", completado por informações da Professora Maria Grazia Siliato,presidenteda "Associação de Arqueologia e Antigüidade Clássica e Pa\eocristã", que é também sindonóloga de fama internacional (2),
1) As características do 1ecido são semelhantes àsdetelasachadasnoüriente Médio que remontam a dois mil anos atrás. Tecidos
o defunto com um só lençol preso à cabeça.
3)
A imagem "sindônica" é um negativo, como hoje todos sabem. Mas esta técnica foi descoberta somente no século XIX. Além disso, a imagem impressa no Sudário não é um negativo comum, pois mediante a elabo· ração eletrônica pode-se obter dela uma figura tridimcnsional. O que não sucede com as fotografias comuns.
Os resultados científicos anteriores ESDE QUE cm 1898 diversasunivcrsidadcsclaboo advogado Secon- ratórios, entre os quais o do Pia fotografou da Nasa) e o "Centro Interpela primeira vez o Sudário nazionale di Sindonologia" deTurim,descobrindonone" de Turim. gativo de suas fotos a Imagem "positiva" do chamado "Homem da Síndone", o Santo Sudário foi objeto de contínuas investigações, despertando uma imensa curiosidade cm diversas gerações de cientistas.
D
Mas foi a partir de 1969, e mais especificamente de 1978, que a Síndonc foi examinada e submetida a rigorosas provas por equipes de investigadores de diversas disciplinas que, munidos dos mais sofisticados aparelhos, chegaram a conclusões bastante harmônicas entre si, e harmônicas igualmente com o relato dos Evangclhos sobre a Paixão e Mortc de Jesus Cristo. Estas experiências e seus resultados
~
,.bt,.,,
único que, isoladamente, entra em contradição com um caudal de conclusões interdisciplinárias, resultantes de esforços ingentes de investiga-
~;~d~ai~~~~m~n~~~~c~~ ção. Para tal resumo, sigarios em revistas e livros espe- mos o elenco dos resultados cializados, e tendo sido leva- básicos, perfeitamente com-dos-a~bo-primor.dialmen,te-\-=l""-''""-DL>.hoks+ pelo "Shroud of Turin Research Project" (um grupo de cientistas americanos de
Coma poderia 11111 fal,ifu;Bdor medie,,., / uma iM~em "m 11e,;111i~" ..,1,re ""' tipo de li,,Ju, ,k.c,,nlu,ddu enlãu nà Europ<J? Tttido cuj<, lralll<J apnrc111a, atkm<J<f, comp~xidade d,, deunlw, (wm p<mra em forma tk e,pin/i<J de peixe, em ~ig-•<J6), o, quaio ~mon fam apro.,:i,n<Jda,
....,,.,., .. 13oa.C.?
com semelhante trama não ~~n~n~i;;r:gi 1~u-
4)
A Imagem, cxposta à análise de microscópios eletrônicos, revela que não - ~,~ - - - -4uma.pintura,.p o ~ Há correspondên- sui cor, como também o eia entre o Santo Sudário e mais mínimo traço de pinceo uso hebraico de envolver lada.
!~~fc':~
5)
É impossível obter uma impressão semelhante à existente no SuJârio, com matrizes de metal quente ou com qualquer outro artifício.
6)
sistentcs cm obter mostras de pólen aplicando pedaços defitaadesivaàSlndone, revelaram depois de ci nco anos de análise que os pólcns pres<'ntes no linho pertencem, em 750Jo, a 49 espécies de plantas que só existem na região da Palestina; provindo os restantes pólens de plantas das regiões por onde, segundo a tradição, o Sudârio esteve (Turquia, Grécia, França, Piemonte).
A preser.ça de dois objetos pequenos e redondos aplicados sobre as pálpebras do "Homem da Sindone" - impossíveis de serem percebidos a olho nu - foram identificados com amplificaAs feridas dos dores eletrônicos ispeciais. Trata-se, na da direita, de cravos não estão nas palmas uma moeda de Pôncio Pila- das mãos, como é representatos, cunhada entre os anos do Jesus Cristo crucificado 29-32 de nossa era, e na da pela iconografia medieval, esquerda, de uma moeda de mas na região próxima ao Tibério, cunhada somente pulso, em lugar onde é possível garantir uma sólida susno ano 29d.C. pensão do corpo. As contu7)osescritosidcntifi- sõesda ílagelaçãocorresponcados em várias partes do Su- dcm perfeitamente às que dário, em caracteres unciales um "ílagrum" romano promaiúsculos, correspondem vocaria. a um tipo de escritura só emO corpo envolvipregada no primeiro século. do no sudÍrio não foi rc1ira8)Aprcsençadcsan- do dele por nenhum meio huguc humano de tipo AB, in- mano, e tampouco foi enconcomum entre os europeus trado pelos cientistas da Naocidentais (apenas 307,), é bastante freqüente no Orien-
11 )
12)
ne estarem unanimemente de acordo sobre a excepcionalidade do caráter tridimensional que se pode obter submetendo a imagem impressa no Sudário a um analisador eletrônico de imagens denominado VP-8, existe entretanto a este respeito um problema ainda não resolvido. Não toca ele em nada o essencial do relato his16rico a respeito da autenticidade da Sindone, mas versa sobre o maior mistério que esta ainda encobre para a ciência, ou seja, sobre como pôde formar-se a Imagem no linho. Justamente, com base na tridimensionalidade, alguns conceituados investigadores sustentam a tese de quesóumafortíssimaradiação luminosa pode deixar tal impressão, o que bem poderia harmonizar-se com a luz emitida por Nosso Senhor no momento de Sua Ressurreição. Ouiros, pelo contrário, afirmam que a Sindone testemunha a Paixão de Cristo até o umbral de Sua Ressurreição. Quer di-
te.
9)Graçasàs rccentementc descobertas leis da hemodinâmica, ou seja, da circulação do sangue, foram idcntificadasmanchasdesangue de origem venoso e outras de origem arterial, confirmando as feridas que o "Homem da Síndonc" recebeu pela colocação de uma coroa de espinhos e pela íla- sa qualquer sinal de corpo gelação. Do mesmo modo em decomposição, apesar foi também identificada - dos patólogos afirmarem trapela presença de soro de san- tar-se de um cadáver. gue cadavérico- a ferida iníligida no tórax por um objeto contundente. O bom senso
•
M~tfoc,"'lwda porPonr.WPiJal,~en• 1u29i,32d..C.,r.11ja ,...,tta/Wfklttf'148 nooll,od.o"H_i,,..@Sú,d,,,.,i,". O Prof. F,.,.n, L. Fila,,d.ol/niffmdadel,oyola de C/,k~u.j11',aq11~ por ral
proa,..,.., po,k de1erminar a
d,(l,1aduS..d.ório.
zer, para estes Ultimos, a Imagem formou-se pela inte~:çsã~1! e ~aº~i~~;,g~~n:~:
a 36 horas. Isso viria explicar a Imagem universalmente conhecida de uma figura majestosissima,sereníssima, mas em estado de "rigor mortis". Deixando de lado esse interessant[ssimo assunto e considerando com toda objetividade os dados pacificamente reconhecidos sobre a Síndone, pode-se perguntr:: como seri .. possível a um fal~ificador medieval, alheio aos modernos conheciméntos sobre a circulação do sangue, sobre o pólen, sobre a numismástica e a paleografia do !empo de Nosso Senhor, imprimir uma imagem em negativo sobre um tipo de linho desconhecido então na Europa? É crível. ao mais elementar bom senso, a falsificaç11o de uma imagem que só seria vista em sua inteíra realidade vários séculos depois, com o advento da fotografia? Além disso, o que dizer da perfeição anatômica do " Homem do Sudário", totalmente fora do contexto da arte medieval? Basta comparar dita perfeição anatômica com um certo primitivismo da pintura - se bem que excelsa- de Giono, talvez o mais completo dos artistas que viveram nesse período, no qual a recente prova do Carbono 14 localiza o linho da Sindone (3). (l)Um suMlanciosoartigoarcspdto, de autoria de Bmoi1 Bemdman s, íoipublicadocm"Catolici1mo··, n° 448.deabrildc 1988,sob otltulo"OSamoSud!triodeTurim - tcs1cmunllodaPaixlo,Mor1ec RcssurrriçlodeNossoScnllor". (2) Picrluiai Baima Bolk>M. "Un
~:,~~;;;_s;;:;~·~!:~/::
1 ::•:;:: to, "Per quwi mO(ivi
la
questione:
~~;~ºlr~~:i~~:;~;,~-~~~i~:
- - iw~o~,~~~,"~doo~,ru~,--~·~·w~·~~~----~d.~,oc~:~:~~i~:~,"~~~.~~:~~~·:~i¼~~i~~~.,~.=="=-=m~~~tg~: F:!f~~:~~is, :~~
tas qu~ã~~i~:~~:o:~:;~~:
:od~~~:t~~~os~~::;
~:r:~i~:c.•;=~~:
CATULICISMO JANEIRO 1989 - 13
.4,.,..1.,, do
""°'"""' doS..d4tio" '°"""'"m,.,.,..,d.., ""'mun/i.,co, ,,.,,.Jlr"6°'1U 20112S._.,,,,
IUU'ando,,u,.r«-1 """'probr,16rio,.
RodW6rafwi d.tido l11, .........
""'ª a~eiltlndo ,,.,,t;1,
1imbo/ka,n1111,
"""'ah.do 0Jltt60q..e
.,........
lrantfizo.J.,,..,, c'"'6odomdo, w.ma1a /UI
,..,s,,,u,;,,.
NALISEMOS agora aparte mais substancial da polêmica destes dias em torno ao Santo Sudário. A prova do Carbono 14 nele realizada, vem sendo categoricamente contestada em todos os meios cientlficos onde há estudio,os do Saoto Sudádo d, Turim, por ter sido ela efetua-
A
O Santo Sudário de Turim
O Carbono 14 não é um 't do ' l
:d~~~~ºe~~i~:~ ~:t;~~ inventor desse método (1947),
0
o prof.W.FrankLibby, ha-
___m_ e_ O___C_O_R --L_a_ V_e______i-;.;vi~~~~~~~~~el
no caso do Sudário
ne de Turim, por considerar
que o Carbono 14 não daria uma resposta segura no caso (!).
Prova de validade objetável Mesmo supondo que essa t&nica tenha conhecido progressos desde então, os cientistas sindonólogos consideram que seria neccssário fazer previamente uma sfrie de outras provas, perfeitamenteaveriguadas, comtecios·de-diversas-épocas1 e-sub----metidos posteriormente a mu-
-
dançasambientaiseàabsor- qüência deste, hajam nova. va de seriedade e objetivida- que alguns investigadores ção de materiais estranhos, mente alterado o quadro de de cientííica o terem permiti- atribuem à prova do Carbo· anãlogas às sofridas pelo presença de carbonos no San- do que - contra os acordos no 14, independente de qualassumidos- fi ltrassem notí- quer aplicação. Apenas coSan10 Sudário, com o fim to Sudário. de verificar como se comporOs sindonólogos fa. cias à imprensa antes da en- mo exemplo, citemos o Protaria o método ante tais ex- zem-se hoje as mesmas per- trega dos resultados ao Cus- fessor Don Giulio Pace, desguntas: foram os cientistas tódio Pontifício? Ou o não tacado sacerdote e homem periências. Com efeito, para que encarregados da prova com se ter consent ido que a lgre- dcciênciasdaOrdcmSalcsiaa provado Carbono 14 dê re- o Carbono 14 informados jamandasseseurcpresentan- na. Afirma ele que a teoria sobre a qual está construída sultados confiáveis, segun- de todas essas vicissitudes, te aos exames? (2) A estas perguntas.cu- a prova do Carbono 14 condo os especialistas, é necessá- historicamente documentario realizá-la em um mate- das? É seguro que a parte jas respostas parecem obvia· tém diversos pressupostos inrial assép1ico, livre de ele- do lençol entregue aos labo- mente negativas, seguiu-se demonstráveis cientificamcnmentos que tenham podido ratórios não estava constituí- a conclusão categórica feita te, o que explicaria certos impregná-lo de resíduos de da por alguns fios pertencen- por muitos dentre os sindo- clamorosos erros resultantes carvão. Tui pode ser o caso tes aos habilissimos remen- nólogos mais importantes: da prova. Entre outros erros de múmias egípcias que se dos feitos na relíq uia pelas a prova do Carbono 14 efe- documentados cm seu estudo (3), Don Giulio Pacc, cituada no Sudário de Turim conservaram intocadas nos monjas clarissas de Chamlugares funerários originais até o momento de seu descobrimento, ou então de objetos encontrados sob a terra, ou em grutas. A Santa Síndone, pelo contrário,foicxpostaàveneraçãopúblicanumerosasvezes,recebeu fumo de cirios ede incenso (o que certamente a impregnou de carvão), foi beijada c tocada com as mãos (outra fonte de carvão, pois ele se encontra presente em matérias orgânicas como o suor), cm 1503 foi imersa cm azeite ferven te por iniciativa de alguns ChamWry, 1532. O Santa S..ddrio, então a( cwladiadu, M,freu a(Jamm queimadunu, em co,,uqülnc/.11 d,i ""' indnJW. bispos que quiseram ,hin'luucltuiua.oore•end(Jrun, rom co,~ Tt....,iidnf.,.,túueremt ,,,,.,, wuomiMdm-dia111ea,,,.,_ ,J,,C..rlxmo 14? comprovar se a impressão era indelével (uma razão a mais de impregnação). Anos bcry, após o incêndio no sé- édeumavalidadecientífica ta ndo a revista "Science" mais tarde, em 1532, um in- culo XVI? Por que não fo- altamente objetável. (n" 22, 1984), refere-se ao cêndio na cidade de Cham- ram dados aos executores exame do Carbono 14 feito bery - onde o Sudário era do exame diversos tecidos na carapaça de caracóis ainProva de valor conservado pela dinastia dos de diversas épocas, sem dida vivos. A experiência conSaboia, antes de seu uasla- zcr qual deles correspondia limitado cluiu ... que se tratava de caracóis mortos há 26.000 anos! do a Turim - derreteu seu ao Sudário de Turim, de marelieario-de--praur.-P -neira-que-os-analista,s-i,,<i<,--j-- lPara-não-nos-estende f.inalmcnle,-qucr--0-Di : . . que a água utilizada para sem tirar suas conclusões mos por demais, deixamos Michael Tite, do "British apagar o incêndio e o fumo do modo mais objetivo pos- deliberadamente de meneio- Museum", encarregado de que se produziu em conse- sível? Eéporacasoumapro- nar as limitações intrínsecas coordenar as provas, quer
o Dr. Roberto Hedgcs, diretordo laboratório da Universidade de Oxford (um dos laboratórios que as efetuaram), declararam unanimemente à imprensa que, na hipótese de a Slndone ter recebido uma descarga de neutrons, isso teria produzido uma quantidade suficiente de Carbono 14 para invalidar completamente a "datação" obtida (4). Ora, declaram autorizadas vozes de estudiosos da
no momento da Ressurreição de Nosso Senhor. O que, por sua vez, corresponde perfeitamente à Fé que, desde tempos imemoriais, gerações de católicos depositaram no
I sagrado linho, considerado o verdadeiro Sudário de Jesus. Como explicar, então, otriunfalismodegrandeparte da imprensa mundial ao anunciar a clamorosa "falsi-
ficação" eomonumemal engano aos quais se teria prestado a Igreja?
Mas deixemos de lado a ciência e a imprensa para contemplar por um momento a maravilhosa figura estampada na Sindone. Quem, vendo essa grandeza transida de sofrimentos, essa dignidade insondável no vórtice da humilhação, essa majestade tal que - na própria derrota da morte - se mostra qual Juiz vitorioso, poderá duvidar que o Varilo das Dores firmou com a Onipotência de Sua Divindade, Ele mesmo, Seu auto-retrato, impresso no Sanio Sudário de Turim até o fim dos tempos, para fortiíicar a Fé dos homens em Sua Pabtão, Morte e Ressurreição?
(l)P. SalvatoreLen1iniSJ,art.dt. (2)"AVVfflin: ... 19-9-88.0asses.sor científico do Cardeal Rallcsirero, Prok1sorLuigiG011ella, referiu-K ao oomporlamento incorreto do1 tiemi>lll encarregados de efe1uar a prova do Carbono 14, chegando a sustent ar que "tr<1torom0Corrfe. oi rom<1 ndo ousariam fatNo com o dilltor de um mus-t,u de provlncia", enue ou1ras roisas nao respeirnndoare!tl:rvacombinadacomcle, cdesronfiandodc1uapalavraa ponto de exigirem a presença de umobservadornomomeniodc~ oortaropedaçodaS!n<.loncquese ria submc1ido a exanic. Em romrapanida, nlo ronw.miram em que, duranteaprova,cs1ives'ICpf<:Knte ul11umrcprcsen1an1cda Igreja, (3) "Sindonc e Cl4", Prof. Don Giuliol'ace, Torino. 1988. (4) PemJcnninp,"Sindo~:Carboi,o crudcle", "30 Giorni", nº li, Nov. 1988.
""'
CWOdapelo&piriloPtuácliu,, aclO!«!fiowu,lriu«u/ordol1"Í" auS..nwSud,iriul,n'Ol,.,, ""'""i/"llarlÚl,nuilwm°""' eua ...lll>l!HrafÂO,
,b,int,<IS..,radi,S{ndone
/uid,,dkadti,cm Turim,
"""'t,,Undid.t. C1tpela, 114 qwa/ OI .._ ., _ _ ..,iJa/ {1/wl
d<!duJMa/oce.
16 - CATOLICISMO JANEIRO 1989
Esquerda católica prestigia suas vedetes A
esquerda católica rea/i:wu em outubro, na igreja de S. Domingos, em São Paulo, um chamado "Encontro de Teologia". Na verdade, tratou-se de reuniões promocionais, sobretudo do Pe. Gustavo Gutierrez (no dia 25), a propósito de seus 60 anos, e de D. Pedro Casaldáliga (no dia 26), para desagravá-lo do "pito" recebido
do Vaticano. O Bispo de S. Félix do Araguaia aproveitou ainda sua estadia na capital paulista para apresentar-se na TV Cultura, e receber homenagem na Câmara Municipal . Sobre o que disseram os dois corifeus do esquerdismo dito católico, ver os artigos que seguem. s PROPUGNADORES da Teologia da Libertação costumanÍ fazer muita demagogia em torno do pobre e da pobreza, apresentando considerações confusas e enigmáticas a esse respeito. Foi o que fez, por exemplo, o Pe. Gustavo Gutierrez, em palestra que pronunciou no dia 25 de outubro último, na igreja paulistana de São Domingos. Tratando de Mcdellin - a reunião do episcopado latino-americano realizada nessa cidade da Colômbia eml968-dissequetalreuniãoprocurou realizar a "intuição" do papa João XXIII "de anúncio do Reino em um mundo marcado por uma pobreza inumana, cruel". Medellin, segundo ele, considera que "conslruir uma Igreja dos Pobres (como dizia Jo{lo XXII/, porque a expressao é dele), de todos, mas malç especia/meme dos pobres é uma maneira de afirmar uma identidade eclesial". E acrescentou : "A pobreza, em úllima instância, significa a morte, morte física, morte c:11lt11ral"(*).
O
Por trás da demagogia da Teologia da Libertação sobre a pobreza O público q11e compallu11 â igrf'ja de S. IJ,,minffru, jl<lM anUtir o "Enc,mtro de Te,.fogia", da e,querda NUÍlica, em ou/ubr<J ú/li.,.,., l'êem-oe - 11/ilizBnd<Ne a lermo de D. Ca,a/dó/iga - num.,rom.o" ,.,.• ·" ..
Para se compreender o sentido dessa insis1ência cm relação à pobreza, cm nosso continente, é preciso lembrar eolo ia da Liberta ão coma o
em última anãlisc, o lucro - o dono investe contra a propriedada propriedade exploraria necessaria- de privada - que no entanmente o trabalhador, roubando-lhe to foi considerada por Pio uma parte do salário devido, que se XII e João XXIII como a transforma no capital. Em decorrência garaniia das liberdades indido que, afirma Marx, a riqueza de uns viduais - parece ter um fun(dos proprietários) se constrói às cus- do religioso. Oir-se-ia que tas da opressão de outros (os trabalha- ele vê, como os marxistas, dores). Com isso, o sistema da proprie- na propriedade privada a dade privada dos bens de produção causa de todos os males. acarreta necessariamente a injustiça, é Uma espécie de pecado oriinjusto estruturalmente. ginal não redimido por Nos· A única solução para acabar com so Senhor, e do qual a hua opressão do pobre, sempre segundo ma nidade precisa ser libertaMarx, é acabar com o regime que da· da . ria nascimento à pobreza, ou seja, oreEm seu livro, ao afirgime da propriedade privada, o capita- ma r que "o pecado exige lismo. Em seu lugar apareceria uma so- uma fibertaçllo radica{, mas ciedade sem propriedade individual esta inclui necessariamente (dos meios de produção) e sem classes. uma libertaç,7o polftica" {p. Seria o socialismo e, na sua etapa fi. IS)), o Pe. Gmierrezcomenta em nota de rodapé: "Sem na!, o comunismo. Em seu livro 'Teologia da liberta- fhe superestimar o alcance, ç,70, de 1971, que lhe deu fama, o Pe. é interessanle recordar a Gutierrez deixa bem clara sua identifi- comparaçllo feila por Marx caç!o com o pensamento de Marx, a entre pecado e propriedade respeito da pobreza. Escreve ele: "Os privada dos meiosdeproduúltimos anos na América latina carac- çtlo: devido a esta é que o O Pi. '""'"'º G11tffn-es, 11ral,,m,11 1ulo e-o o "poi" da terizaram-se pela descoberta real e exi- /rabafhadoré separado, afie- tiolofia da 1ib,,r111ff1a, fala1tdo dura1tle o ,;,:,.c,,,.tra" gente do outro: do pobre, da classe ex- nado do fruto de seu trabaplorada". E prossegue: "Essa desco- lho. 'Este acúmulo primitiberta, porém, só se d6 na luta revolu- vo - escreve Marx - desempenha na xistas. Mas se não se 1êm presente escion6ria que questiona desde a raiz a economia pofftica mais ou menos o se fundo de quadro da teoria marxisordem social e postula a neassidade mesmo papel que o pecado original ta, fica-se sem entender a que condude um poder popular e a construç,7o na teologia. Adao mordeu a maç4 e zem essas !iradas obscuras e demagógide uma sociedade igua/it6ria e livre" eis que o pecado fez sua entrada no cas a respeito dos pobres e da pobre(Vozes, Petrópolis, p. 2SI). Como se- mundo' - Das Kapital, /, Berlim, za na América Latina. Elas não s!lo rá essa nova sociedade? 1969, 741". fruto de um amor ao pobre, decorrenAcrescenta o Pe. Gutierrez que A lgrejaenquanto1al deveentrar te da caridade crist!I, mas da aceitação ela será "um a sociedade em que seja nessa luta contra a propriedade, contra do messianismo marxista. Não visam eliminada a propriedade privada dos as classes sociais. Diz o Pe. Gutierrez: a melhoria efetiva das classes mais pomeios de produç4o .... que gera a divi- ''Quando a Igreja rejeita a luta de clas- bres, mas sim a implantação do sociasao da sociedade em classes e a explora- ses est6 procedendo objetivamente co- lismo. ç4o de uma classe pela outra''(id., ib.). mo uma peça do sistema Imperante" Luiz Sérgio Solimeo Não se poderia ser mais ortodoxa- (p. 229). mente marxis1a ... O Pe. Gutierrez não íoi assim tão Mais à frente ele é ainda mais cla- claro na conferência da igreja São Do(•) Esta citação foi c,uraída de fi. ro: "Só a eliminaç4o de uma socieda- mingos; aliás, nem sempre os "teólo- ta magnética, cm nosso poder, que conde dividida em classes .... só a elimina- gos" da libertação são suficientemen· tém a gravação da conferência do Pe. ç4o da apropriaç4o privada da rlque- te expl!citos ao expor suas idéias mar· Gu1ierrez . .z:a criada pelo trabalho humano, pode dar-nos as bases de uma sociedade mais justa". E vem a conclusão: "Por isso é que a elaboraç,7o do projeto histórico de uma nova sociedade toma, cada vez mais, na América latina, o rumo do socialismo" (op. cit., p. 26)). CASALDÁ LIGA, a propósi- ja dos padres dominicanos, num "Ento de um "pito" - a expressão contro de 'Ieologia". Ao Encontro eslié dele - que teria recebido do veram presentes também outras "estreUm pecado original Vaticano, esteve em São Paulo para las" da 1eologia da Libertação, como não redimido serdesagravadopetaesquerdacatólica. o Pe. Gustavo Gutierrez, peruano(•). - - - - - - - - - - - -+-----ae.rttetpou-do-pr-ograma---!-!Roda+---'J-JOcda<l,o...dc..S-Eé.lix..do....Ara:...__ O misticismo com que esse cha- Viva" da TV Cultura, em 24 de outu- guaia foi muito cauteloso, procuranmado "pai" da lcologia da Libertação bro, e dois dias depois falava na igre- do evitar um choque frontal com a San-
Um Bispo com vergonha de ser cristão
D
18 - CATOLICISMO JANEIRO 1989
veis. Queixou-se att de q ue, por ocasião deste "pito", teve de dar, em S. Félix do Araguaia, explicações cuidadosas.
Novos "eclesiais" Na igreja de São Domingos, D. Casaldáliga parecia sentir-se em casa, contando com a solidariedade do público (aproximadamente 1.500 pessoas), no qual figuravam cerca de duasdezenasdc Bispos. Estes, att o dia anterior, participaram de um curso de "reciclagem", num Encontro em Embu, na Grande São Paulo. Extravazou sua ternura pela "querida Nicarágua" e aproveitou paracricicaracolonizaçiloibl!ricanaAmtrica Latina: "500 anos decaravelas, dedesenganos e de invastlo, de boa nova e de má notiD. C...IJ,ili,1'41 ~,1;., q"" nd o "' ,.,,_,.,,.,_,., «- ..,., af,n,u,eia .... roubando a terr,o: "•l"""' """"' "''"ona, ""'a Ulf• ...,,.,.,......,.,.. ..,, rri,ldo''. ra, matando o povo". É sua surrada tese de que os colonizadores foram invasores-ori1!1 st, salientando mesmo que João ginada de seu horror á civilização crisPaulo li e ele estavam de acordo em ta, da qual ainda existiam, em 1500, largas e importantes parcelas na Europa. muita coisa. Mas sua ira não se dirigiu apenas Pouco apoio nas bases contra o efeito que t a civilização cris• tã, atingiu também a causa, a Santa Igreja. Analisando a Histó ria da lgreDe outro lado, portm, mostrou- ja destes SOO anos, observou ele: "A se bastante sensível às manifestações gente sente remorso, uma certa vergode solidariedade recebidas. Agradeceu nha - vocês nllo se espantem - de à TV a oportunidade que lhe dava de ser cristfJo". fazer propaganda de suas idéias, e na claro que, tratando-se de D. igreja de São Domingos, onde, grosso Casaldáliga, ninguém se espanta com modo, se reuniu o que a esquerda cató- essa afirmação. O que espanta t outra lica tem de mais represemativo no Bra- coisa: que um Bispo com tais concepsil, afirmou: "Eslou sentindo a tenta- ções so bre a Igreja continue impuneç(Jo de provocar de vez em quando mente a reger uma diocese. um pilo para sen1ir esse calor, esse caDentro desse quadro não surprerinh o, essa solidariedade". Pois, se ende que ele tenha manifes1ado abertanão fosse esse apoio que recebe na Ar- mente sua aspiração por uma "nova quidioccsc de São Paulo, confessou ele, Igreja", composta de "novoseciesiais",
e
---ã~,c'i~'ii~:~="',;"'r.~ea",:;""","'ç;r.~i"'~oa'i~éi~~er"''~cc!,êiui"',o.;;'ºci,:;'~. h-.i,,ne,~ ~o~s:eºm~~:. ~ ~~~l~~~:r~: si!. Ao que parece, em sua diocese, as dificuldades que encontra para impingir seu esquerdismo são bem considerá-
tes, dessa "nova Igreja". Suas referêndas a cal "Igreja" são muito vagas. Só fica claro que se trata de uma "/-
greja latino-americana", isto t, "Católica Apostólica Romana latino-americana, para os católicos. e para os outros Católica Apostólica l atino-americana, seja para os Metodistas, luteranos, o que for". Portanto, ao q ue parece, t secundário para essa "nova Igreja" - na qual os católicos emram mistu rados com protestantes e outros - ser Romana, estar ligada ao Papa. O importante é ser la tino.americana. Mas, por que latino-americana e nãoapenassulamerieana ou então englobando as três Amtricas, também não se sabe. uma " Igreja" com limites a rbitrariamente defi nidos por D. Casaldáliga, e por outros progressistas do gênero dele.
e
Teologia das comadres O Bispo de S. Ftlix escorregou ainda a seguinte afirmação curiosa: "Se a Igreja da libertaçfJo, as nossas CEBs, perdesse as comadres, do campo ou da cidade, perderia pelo menos 70 a 80 por cento". Indagado a respl!i· to do assunto, esclareceu que "comadres" são as lavadeiras, as !ndias, as operárias etc., ou seja, o contingente feminino da "esquerda católica". A julgar por tal afirmação insus· peita, parece que o número - ou talvez a influência - de homens leigos que a 'Teologia da Libertação consegue arrastar t bem pequeno, pois os sacerdo1es 1ambtm devem estar incluidos nesse máximo de 20 ou 30% restantes. De modo que ela mais bem poderia ser denom inada uma ... Toologia das comadres! Em resumo, uma vez mais ficou patente que a essas reuniões de auto.aquecimento da "esquerda católica" em to rno de suas vedetes - que, como as do cinema, 1ambém perdem sua atualidade, pois basta lembrar d. Heider - comparece um número de ardili pouco expressivo, se comparado à massa da pOJ)ulação. É que a principal força dO esquerdismo não lhe vem de seu contingente, mas sim da promação que_ recebe nos mei?i de comunicaçã? social, e das cumphcidades de todo tipo com que conta em ambientes que aparentemente lhe são adversos. Gregório Lopes (•) As citações de D. Casaldáliga que apr ent~rnmtgtr'foram·eolh~ das de gravação efetuada no local da conferência, mediante ficas magntticas, as quais conservamos em nosso poder. CATOLICISMO JANEIRO 1989 - 19
TFPs em ação
Encontro de Correspondentes e Simpatizantes da TFP OS DIAS 3 a 5 de dezembro último, a TFP realizou, em São Paulo, mais um dos Encontros regionais. Desta vez para os Correspondentes e Simpatizantes do norte fluminense e de Brasília, num total de 401 participantes. O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, muito aplaudido, abriu os trabalhos, dando a nota tônica do Encontro, ou seja, como devem agir os correspondentes e simpatizantes da TFP em meio ao mundo convulsionado como o nosso. Sua exposição do dia 4, como lambem
N
a sessão de encerramento, Dr. Plínio as consagrou a responder as numerosas perguntas do auditório, o qual se mostrou continuamente interessado e atento. Os cooperadores da TFP, vestidos com trajes de gala, que introduziram em cortejo, no auditório, a imagem de Nossa Senhora de Fátima, realizaram também algumas evoluções coreográficas de grande beleza. O Revmo. Pe. Olavo Pires Trindade dissertou sobre "Formação para a Castidade". Prestigiaram ain-
cida figura dos contos infantis franceses. Essa boneca fazia parte de uma coleção, exposta durante o Encontro, de bonecas representando tipos característicos de diversos países, as quais vêm sendo confeccionadas por participantes do setor feminino dos Correspondentes e Simpatizantes da TFP. Temas de outras exposições: "Problemas e lutas no interior da Santa Igreja", pelo Dr. Antonio Augusto Borelli Machado; "Revolução e Contra-Revolução", pelo Dr. Carlos Alberto Soares Corrêa; "O progressismo", pelo Prof. Antonio Dumas Louro; e "As mais recentes atuações das TFPs", pelo Dr. Gregório Vivanco Lopes. A seguir, publicamos excertos da substanciosa conferência inaugural, pronunciada pelo Prof. Plínio Cor rêa de Oliveira, a qual foi interrompida com freqüência por calorosos aplausos da assistência.
Averdadeira origem da ,.. crise brasileira
E
com muita alegria que eu declaro inaugurados estes dias de Encontro, depois de tantos acontecimentos ocorridos em nosso Pais, e depois de uma viagem memorável para mim - uma peregrinação por ilustres e grandes santuários do Exterior. E agora, afinal, encontro-me no meio de vós.
Brasil: o crise de uma vocoçõo Seu iloi11ou,11rtdd0Enron1ro(doe,qwercloporoodirei10), Plinio Yiái,ol Xocier do SilMiN, Pe. OloM Pire, 1'rilldade, Prof. Plinio Coma d• Olitteira, P• . Gembio Gob0010 e Pe. [hwi Fronce,clli11i.
Nossa Pátria passa por uma grande crise, uma crise carragada de incógnitas, de pontos nebulosos, que da o Encontro com sua presença os Revmos. Pes. Ger- não se sabe como serão resolvidos pelos homens e por Deus. vasio Gobato e David Franceschini. Aspectos, acompanhados de slides, da recente peO Brasil, como tudo o que Deus criou, vive para regrinação efetuada pelo Prof. Plínio Corrêa de Olivei- ser católico, e sua primeira finalidade é servir a Deus. ra a santuários e lugares insignes da Europa, foram Se ele tivesse que deixar de ser católico, acabaria por apresentados pelo Dr. João C\á Dias. desaparecer. Teria sido como uma grande nebulosa que Foi ainda sorteada, entre as senhoras e senhoritas passou luminosamente pela História, uma grande esperesentes;-uma-b-oneca-representamlo-Becassine;-conhe:---t"ança-que-tran!itou--r,e:la-H-istória;-mais-ou-·==oo----t--
20 - CATOLICISMO JANEIRO 1989
mo um facho de luz de fogo fátuo e incerto, e voltaria dade cm consentir nas práticas contrárias à natureza etc., vão se espalhando, sem nenhuma resistência ponàs incógnitas da História, desapareceria. Ora, se nós prestarmos atenção nos acontecimenderável da parte dos meios progressistas, que, antes petos que estão se desenrolando aqui, e nos quais a mfdia lo contrârio, às vezes lhes dão apoio. Dizendo mesmo - jornais, râdio, televisão, revistas etc. - deita uma aos fiéis que podem à vontade, depois de casados e diatenção a meu ver exagerada, damo-nos conta de que vo rciados, casarem.se de novo. O que, evidentemente, estamos numa crise econômica muito grave, numa crié contrário à Lei de Deus: a indissolubilidade do víncuse política que eu não chamaria <le muito grave, mas lo conj ugal proíbe o divórcio. apenas de grave, e numa crise rcligioso-pol!tica, religioNesta crise, precisamos tomar cm consideração so-social, social-econõm:ca que, esta sim, reputo a crique o eixo de toda a vida de um pais é a moral, e que se mais grave de nossa História . onde a moral católica não é pra!icada, o pais, mais ceA História do Brasi l jã é uma história antiga. Is- do ou mais tarde, soçobra. Ora, o que vemos é que a so de se dizer que o Brasil é um País jovem ... Tudo acamoral católica não é ensinada; mais ainda, se favorece ba no mundo. A juventudt dos homens acaba, e, assim, a transgressão desta mo ral em nome de não sei que retambém a dos países. Uma nação que estâ caminhannovação religiosa (que é tudo menos uma renovação, do para quinhentos anos de existência, não pode apree é tudo menos uma ação religiosa). Então podemos sentar-se como uma criancinha. Jâ tem cinco séculos ter idéia de como a consistência moral do povo brasileide existência! Cinco séculos de responsabilidades! Cinro está ameaçada. Tonto mais que sintomas desses poco séculos de prática dem ser percebidos da Fé católica! Comde norte a sul do Papreende-se bem que ís,dolitoralatéasreesse Pais tenha pesagiõcsmaisimcriores. das responsabilidades Ora, sobre esse nas costas. O nosso mesmo povo, que esBrasil as têm, nós entá minado por dentro quanto brasileiros as no que tem de mais temos também. Essas fundo (quer dizer, responsabilidades se na sua formação relivoltam sobretudo pagiosa e na sua próra isto: até que ponpria alma), por tais to, na situação atual fatores de decadência brasileira,cstâameaededesagregação,inçado o direito de cidc também um ouDeus de que Sua Relitro fator péssimo que giãosejapregadaeen- O público prettnle """"'IH'"h"" 01en111me111e II upwifê11 dn l'mf. Plinin e.,,,.,.,,., é a propaganda contísinada, seja apoiada, tfe O/iuiro, i11terr<1,.,pe11do·O .,,1:,;.., "º" e""' raloro,.,, aplauo, nua da imoralidade e que os católicos tefeita pela mídia. Não nham a liberdade de praticá-la, porque é a Lei dEle, a se abre um jornal, não se liga uma televisão, não se foRevelação feita por Ele? lheia uma revista, não se ouve falar de uma fita de cincA pergunta em resumo é: até que ponto estamos ma, onde de um modo ou de outro a moral não seja caminhando para urna situação ideal, e até que pomo bombardeada ... Eu já nem falo cm filmes como esse estamos nos distanciando desse ideal? do Scorsese, ou o "Je Vous salue, Marie", de Godard. .. Todo o mundo conhece a torrente de blasfêmias que se vem espalhando metodicamente no mundo inteiro contra Nosso Senhor, Nossa Senhora, os santos e os anA corrosão progressista jos, atuando de fora para dentro da Igreja. Ao mesmo tempo que, de dentro para fora, esta corrosão se Se nós analisarmos um pouco mais de perto essas verifica de um modo dramático. incógnitas, veremos desde logo o seguinte: no âmago desses problemas se encontra uma crise religiosa. Esta vai se tornando cada vez mais evidente. Os senhores conhecem perfeitamente o que é o progressismo. Conhecem os erros, os desatinos, as concessões morais inadmissíveis que o progressismo vai faendo a toda à hora à modernidade aos costumes depravados, aos costumes sensuais. E de que maneira os trajes imorais, a promiscuidade entre os sexos, a facili-
Ante esse quadro, não hâ dllvida nenhuma a respeito do seguinte: quando a Religião sofre uma crise dessa natureza, as ordens politica, social e econômica entram cm decadência. Não se pode pensar na possibilidadc de qualquer outra situação, nem e qua quer outro curso de acontecimentos que não esse.
CATOLICISMO JANEIRO 1989 - 2 1
TFPs em ação
A
TV GAZETA levou ao ar, no dia 14 de dezembro último, às 21:30
hs. um.a ent.re. v.ista do Pro. f. Plínio
Corrêa de Oliveira ao programa TV M1x, d1ng1do pelo Jornalista
Sérgio Groisman. Em vista do interesse que a entrevista causou, e atendendo à solicitação de telespectadores, a TV Gazeta a reapresentou no dia 29 de dezembro, no mesmo programa.
Começa por aí que eu nego ao socialismo o epíte· to, o qualificativo de justo. Ele é o excesso, o exagero da reivindicação o perá ria, é a invasão, a luta de classes etc. Isso não foi o que a massa eleito ral , dentro do próprio conjunto eleitoral que vo tou a favor do PT, queria. De maneira que cu acho que o resulta do numéri -
co, do ponto de vista da posição ideológica dos eleitores, não é alarmante. Resta saber o que os detentores do voto popular fa rão do mandato que ago ra lhes foi fei to.
A ideologia socialista não será sufragada pelo povo brasileiro P - A partir de agora, na vef(fude, o temu dos po/iti·
Plínio: voto no PT não representou aprovação da ideologia socialista Eleitorado d o PT: menos ideológico do que se quer imaginar PERGUNTA - Bem, a partir de agora o TV Mix CO· meça a conversar com o Prof. Plinio Corréa de Oliveira, que i Presidente do Conselho Na<:ionaf da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradiç4o, Famflia e Propriedade - a TFP. Dr. Plinio, qual i a op/ni4o do Sr. frente à 'llitória do PT nas últimas eleiç(Jes aqui em S4o Paulo?
RESPOSTA - É preciso distinguir bem ent re vitória e vitória. Evidentemente foi o PT uma corrente votadissima. Mas qual foi a maio ria que o PT obteve? A prefeita Erundi na, por exemplo, teve o partido majoritário de seu lado, pori:m não obteve a maioria do eleitorado. Do eleitorado somado, ela não teve sequer a metade, teve consideravelmente menos do que a metade. De ma neira que o bito dela se deveu mais à divisão dos que não estão de aco rdo com ela, do que propriamente à vitória dela. Isto, de um lado. De outro lado, esse eleitorado o que i:'? Um eleitorado tão ideológico quanto se "quer imaginar'? Pelo contrário, nosso eleitorado de modo geral não i: ideológico. Que houve um vivo movime nto de simpatia pelo Lula e por certos partidários dele, pela idéia genérica de que é um partido muito propicio às reivindicações j ustas da classe operãria, não tem dú vida nenhuma. Mas dai a querer dizer que o eleitorado do - ->----,=-cologicamemnociatist .
22 - CATOLICISMO JANEIHO 1989
cru, dos pensadores, está muito WJ/tado uqui para S4o !'ou/o, em relar,Jo a essa vi/ária do Partido dos Trabo/hadores. Eu gosloria de saber, Dr. Plinio, se o Sr. ucredila que txiste u possibilidude de o Brasil se tornur soc:ialisla, atravils da via eleitoral. R - Socialista, no sentido ideológico da palavra, eu acho que é remota a possibilidade de que haja uma maioria socialista no Brasil. No sentido de que uma maioria possa vir a votar no socialismo, iludida pelo que a palavra socialismo tem de viscoso, de amb!guo, de escorregadio, isso eu acho que pode acon tecer . Tan to mais que o socialismo te m a seu favo r o apoio de certa esquerda católica, que constitui um contributo eleitoral não especificamente socialista, mas que pode iníluir ponderavclmente. Então, i: poss[vel que o socialismo ven ha a tomar conta do poder, por via eleitoral. Mas são os socialistas que tomarão. Não será a ideologia socialista que será suíragada pelo povo brasileiro.
Protesto da TFP contra film e blasfemo P - Dr. P/inio, existe a possibilidade de o filme " A Ultima 1entaç60 de Cristo" vollar a se exibir aqui em S4o Paulo, a p(lrtir de jarieiro, quando a nova Prefeita será empossada. Ent(Io, eu queria saber, primeiro, qual a opirii(Io
·u-~lo-de5!Je-fi/-- - - - - -l--
R - A opi nitlo a respeito desse filme jã foi externada cm comunicado da TFP que manifesta a posição da entidade, e portanto minha também, uma vez que sou Presidente do Conselho Nacional da entidade. É um fi lme gravemen te blasfemo, gravemente atentatório, portanto, contra o decoro e o pundonor da consciência cris1ã, e por isso mesmo, a meu ve r, não deveria ser exibido. Se ele for exibido, certamente a TFP protestarã. Mas protestarã nos termos legais, comedidos e enérgicos q ue lhe são habituais. P - Mas o Sr. poderia l'Specíficar esses termos legais, propostas práticos que a TFP poderia usar contra a exibiç1'o desse filme?
R - A TFP não faria o utra coisa senão dize r o que ele é, e com isso dirigir um convite aos leitores a não comparecerem à citibição do filme. Isso pode parecer de um resultado platônico. Mas, por exemplo, a TFP norte.americana, em Nova York , lançou um manifesto de página inteira do "New York Times", que como o Sr. deve saber é um dos jornais de maior circulação nos Estados Unidos. No primeiro dia houve uma audiência fraca ao filme. Ao cabo de poucos dias, o íilmc desapareceu do cartaz. Não quero dizer que foi só por causa do manifesto da TFP - que recebeu numerosos testemunhos de solidariedade - mas este pesou fun damente na opinião norte·americana. Estou certo de que a TFP brasileira também inílucnciará, em termos de alcançar ponderável repercussão na opinião brasileira .
Teologia da Libertação: vários matizes que arrastam para posições cada vez mais radicais
R - A Teologia da Li bertação é uma corrente ideo lógica que se compõe de vários filões, corno acontece quase sempre com as correntes fortemente revolucionárias, Fortemente tendentes ao estabelecimento da igualdade completa entre os homens. Quer dize r, eles têm uma vanguarda que reivindica tudo quanto hã de mais extremo nessa matéria. Depois eles têm uma retaguarda doutrinária de matizes sucessivos, dos quais cada um é menos ca1egórico do que outro. Não que seja mais moderado, mas é menos claro. De modo que, no extremo oposto do matiz mais categórico, a dosagem revo lucionária é tão insensivel que não se sabe bem o que é. Avança primeiro, na opinião pública o elemento aparentemente mais moderado, mais confuso, e com alg umas idéias assim vagas, pelas quais certa parte do pllblico tem alguma simpatia. E depois, por um processo de destilação, os elememos confiscados por essa corrente con fusa, aparentemente moderada, vão sendo passados sucessivamente para posições mais radicais, até dar - na-radicah:lc-tod. Vista na sua corrente mais radical, aquela que especificamente foi objeto de censura da Santa Sé, vista
nessa corrente, a 1eologia da Libertação se reduz ao seguinte: Se trata de pessoas que quere m estabelecer uma reforma no sentido de implantar a igualdade completa entre todos os homens. Abolição de todas as classes sociais, e um regime total mente, e uto picamen1e, igualitário. Essas pessoas apresentam Nosso Senhor Jesus C risto como te ndo sido, não o Homem-Deus - e o HomemDeus dotado de bondade e sabedoria infinitas, que o Evangelho nos descreve - mas figuram Nosso Senhor Jesus C risto como tendo sido um revolucionã rio, um desordeiro, um mazorqueiro, do tempo cm que ele viveu. Mazorqueiro e desordeiro contra a dominação romana, que a leologia da Libertação apresenta como aliada das elites judaicas, para opressão do povo. Uma acusação mais ou menos parecida com a que a 'teologia da Libertação faz ao sistema sul-americano. Assim se sustenta, na Teologia da Libertação, que não tem autenticidade a hierarquia social na América do Sul, e que esta se apóia no capitalismo internacional, dominado pelos norte-americanos . Para justificar uma aparência de apoio à posição deles, de uma revolução na América do Sul, eles montam este mi to, deformando gravemente a realidade. A partir dessa deformação, a lco[ogia da Libertação procura então arrastar a opinião católica, na América do Sul . Como essa figura de Nosso Senhor Jesus Cristo, que a 1eologia da Libertação apresenta, é mui to ílagrantementc contrãria ao que a doutrina católica ensina re ligião seguida pela grande maioria dos brasi leiros essa gente afirma ora uma parte disso, outros afirmam tudo, outros não afirmam nada disso, mas também não afirmam o contrário disso. Então essa máquina de sucção para a extrema-esquerda funciona de modo a levar todo mundo para os erros censurados peta Santa Sé.
A Reforma Agrária empobrece não só o fazendeiro, como o trabalhador rural P - Agoro, eu gostario que 11ós co11versássemos um po11co sobrt a q111'Sl6o da Reforma Agrária. Dr. Plínio, o Sr. tem esptru11rudequea Reforma Agr6rio, oprovoda ptlu Conslituilllt t color:udo no lexlo du novo Consliluiçdo, efa stja revogada, aqui no Brasil'!
R - A sua pergu nta tem para mim, como brasileiro, um sabor amargo. Porq ue ela equivale, na minha ót ica, a perguntar se cu tenho esperança de que o Brasil sobreviva à Reforma Agrària. A Reforma Agrária - segundo temos tratado em vários livros, publicações etc .. sobre o assunto, durante vi nte anos - a Reforma Agrãria não faz outra coisa senão assolar a vida do campo, e empobrecer não só o empregador , mas o empregado, o fazendeiro e o trabalhador. Ela é nociva igualmente a ambas as classes sociais. E a eitperiência mostra - o nosso mensário " Catolicismo" já publ icou ellpressivas reportagens de propriedades agrãrias, por exemplo no Pontal do Paranapanema, em que mal a Reforma Agrária se instalou, já a miséria imperou, o favelamento entrou, a deso lação entrou. Se a R.A. se a plicar inteira no Brasil , o Brasil n o so5reviverâ-:--Eiit~l'1ro-etresp:ern710- Brasir,t,u espero que em determinado momento, o bom senso do País imponha uma revogaçllo da Reforma Agrária.
CATOLICISMO JANEIRO 1989 - 23
D
rio um ponto de irradiação do Cristümismo para os reinos viz inhos do Leste. Foi a partir de Bamberg que, mais tarde, a Pomerdnia e os eslavos do Main se converteram ao Catolicismo. O ardor apostólico dos santos ftuuladoresda cidadc/icou magnificamente representado em célebre pintura do século XV que nos mostra Santo Henrique e Santa Ctmegund,, sustentando uma minialllra da Catedral de /Jam berg.
ESLUMBRANTES esguichos de luz dese-
nham 110 céu linbllS arqueadas, for-
mando uma fantástica cbuva incande~·cente. Realçada /}ela luminosida-
de fugaz dessa edênlca piro1ec11ia, eleva-se majestosc, a multissecular catedral imperial. Os sinos de suas imponenles torres tocam festi vos. Nem o frio, nem a meltmcolia da noite de in -
1JCrt10 conseguem arrefecer li alegria que reina na cidade. Bamberg comemora o Ano Novo.
Seus babitantes têm
razões de sobra para tal celebraçiio. H erdei -
ros ,te um passado glorioso, que em vários <lS/JCCtos cor,li1111a presente, eles podem com júbilo celebrar, a cada no-
"º ano, a ação da ProtddiJncia nesta cidade,
mais do que milenar.
E
CASA I. imperial mio teve descendentes. t:n t retanto , graças â heroicidade de suas 11irllldes e â ação ci/Jifízadora patrocinadll por aqueles sobera,ws, sua memória gravou-se indele11elmente 110s corações dos habitantes da cidatlc. Repousando ,w cripta da Catedral, 011de agtwrdam a ressurreiçã o, as cinz as daqueles sanlos estão expost,,s à constante veneração dos fiéis. Muitos destes obtêm por sua intercessão auxílio sobrenatural para os momentos de provaçiio. Outros atribuem â especial proteçào de Santo 1-/enrfque a incolumidade de /Jamberg, durante as guerras mundiais. De Jato, foi uma das poucas cidades alemãs que a travessaram quase ilesas os terríveis bombardeios da Segtmda Guerra. Uma após out ra as gerações se sucedem, e a cada novo ano Bamberg celebra com entusiasmo, simboliz ado pela beleza, pelo calor e pela explosiio de ce11 te11as de fogos de artifício, seu opulento legado histórico. Mantendo as tradições do passado, a cidade consen,011-se provinciana, onde o ar é puro, as águas límpidas e a população pode desfrutar, tranqiiffa, a beleza eslálica de incontáveis obras de arte.
J\no ~ouo mr ~amherg milmar
,1 / 002, Santo llenrique li foi
efeilo rei da Alem,mba. Doz e anos de· pois, em I O14, recebeu em Roma de /Jento VI// a coroa imperial. Por raz ões de estratégia militar, o mo,wrca esc:olhe11 /Jamberg, pr6xima da fronteira oriental, como capital do Sacro lm/Jério Romano-Alemão, elevando repentinamente aquele pequeno e desconbecido lugarejo da Franc6nia oriental à condição ,le principal centro político da Europa. Sob o impulso de Sanlo Henrique e de Santa Ctmegtmda, sua esposa, Bamberg tornou-se também um importante foco religioso, cultural e civiliz ador. Co,i/inuador da obra de Carlos Magno, herdeiro dos títulos de " Protetor da Igreja" e de ''Servus Apostolorum " (Servo dos /1/Jóstolos), Sar1to l-lenrique não mediu esforços para difun dir o Evangelbo. Favoreceu a 1Jinda de padres nisslonários ue izeram da ca JIUJI do im Jé-
O
~~E~
~:!'irfc!ã~ idr;;'d~ C~n~::>d~'?,~~~r!:s::,-à :!~~aªdei ra opcração lxlica descncackada para salvar três mlleias presas no gelo do Alasca. O maior avião militar americano (GalaxyC5)foi enviadoaoloca!,transportandohomense equipamentos, bem como um barco quebra-gelo gigante, scmcontardoispotentes hc!icóptcrosSkycranc.quc so brevoaramaregiãodiasafio. Milhõcs dedólaresesvairam-sc dessa forma. com oapoiodiretodoGO\'emo norte-americano.
De p e ndência sexual mórbida
R ússia: fome
continua "É humillrmue d e ainda
o fato
n.1o
podermos ,ws alimentar por nós mesmos. prccis;,.ndo comprar 110 E :1/crior até o pJo, assim como azcirc, carne, fruras e vcgernis. O sistema de raciom1me1110 que 1,·mos cm muilils r egiões é uma vergo nha '', l."O·
me/1/0U O ÍIISUSpeifo pocl.1 russo Yel'/ ushe11ko, 1111111 c11s.1io recém publicado.
Segundo rccemcs bolc-
fillS public,1c/os pelo Govern o russo, ,1 ,·sc.1_çse2 de alimemos é /:lo ,1guda. que a c:1rne ~ t•11co111ra racionad.1 em 26 regiões, 11 111.1/lfeig.1 cm 32 e o aç1k.1r t·m 53. N:1 cidade de lkrez11i ki, uos Urais, a fa/Wde,·amcél,1· manha qe os lwbi1ames .~omente podem comprar entre 100 e 400 grnmas de salsiehtlo por més. Recemememe, 1111111 dos
principais supermercados de Moscou, eonlwddo como Tag.wsky G11stro110111,•,
;;;~~t1 C,:';~~:;;~
1 ;;~;:;:~
1~-1
: :~~-r~c;,;,1~º::e ,: : . : :
r~:::
~i~ig:.1';:~~~r~,~I;~~~ mcr
.1 -
IJ11n inle rm1ferê11da so hrc t1 ab11s11 11:,s dro,:115 e
"'0 sentimentalismo zoófilo ul1rapassa a fronteira entre o homem e o animal"' , observa o sociólogo francês raul Yonnet, aocomcntaro salvamentodasbakias,acresccn1ando: "omaisgraveé qucaescala devaloresestácomplctamcntc alterada. Um animal acaba valendo mais do que um homem, tanto sob o prisma afetivo qu anto financeiro. rara tentar salvar a menina Omayra. soterrada sob os escombros da catástrofe de Armero, na Colômbia . não se pcnwu emgastartantodinheirocomonocasodastrêsbaleias".
1lo 1ífr oo/ r m A fil111111 . 1111s f.:s/a1l os U n itfos·, 1'11/rk k CSlrnts, eonsulto r d :t Uni d:t tlr tl t IR'prndf neia &:rnal d o Ce11tro de S:ui1l t• Golden Valll•y (Mi1mest1III), m l n-rti11 q11t• 11.~ se1wm :wi11rt1.~ 1l,•1·em re,-clll.•r lr11lamN1f11 11mí11Jgt1 tw d os 11/ro6 /a1ras anú nimo s. l'rsquisadorts do Centro de Sa úde pudrnim a,·al iar 115 lipos dr 1·0111p11r/11 111rn • tos· 1l ocn/ir,s em 1l frrrs11s per l't'rlillos St'.\ 'IWÍS, pr1n·v e1111 -
'};,; :";e~i ;?.:~ J~~~ 1
11
11~; ::;;::~-
Nii11 só nt1s Est11do;; U n idos ma nifestar,JCS ,Ir obst,S· s:io ~ .n rnl vii,1-st• ltJ rnu ndo fre11iír11/e.~. rrm f111fa.~us id11 d1'!.. Assim , rl"l:wlrio div11/g.a· 1l 0 pelo l nslif11to de Es111,tos l'vlifi ros, Enmômicvs r Sor i11is da 111' /ia, s111it•11111 s,er
"<'11du 1·ez 11111ior a pa r1icip11çiio d,• prol ugo 11 ist11'i i11fu nti s·, 1l1• seis a oi/o 111111s em fais
11111s l1í br i ros, 11s q uais s.io d r o~11d t1.~ " para a l"C'ali;,:aç.io dr filmes eom c-rmo· 1/r s11dt111111s·m111is·11w e hrsti11 lid:ule. O romàrfo p ornog r li fi,·o t II s e.tom :111fa t'rll p ropo r ("IH'"S 11v11ss:i fa d or-.1s seriit1 o esti,:11111 d o Oâdr 111r 11es1r fi111'11le milh1io?
Cava/gata de aberrações Codoe.rperiê11c1"aco111m1osprrdsa1erapro1·flç{]opré1·/(1 de uma comissPo es1x'cü1/.' Assli11 0t:orre 1w IVol/ers life Scinwt.-s IJ11ikli11g,
(/(I U11frersk/odr de Te1111esst'f',11osEs1odosU11klos.ro11siderado 11111 li1s/il1110 modelo. Porém, seu robalo esnr-
po (/(I jaula, da pwd(' se11s
Escravidão e miséria-
"'dirl'lios ·: tcorudu ,-0111 m101,fr(ts, 1·e11e11os q11/111kos, ele.. T{lf11bé111, sc/ordes1i110dt1 rom o 11limell/o âs cobras, 11(10 mt1is go~a dt, pn,1(:(rlo (ISSeg11rudu pelo COI/li/é de
é11"ca tllli1t10/. Gro1V'Scie111istasprotef/(/m111, emt!o, co111m ess{I d,~
i-ersk/ark de 1r111a11u,1110 que
os mti11ltos reubt!m, pois só s{]o "sujei/os ,k dirnios" os roedores que 11{]0 es,vpom
d" ;"a11l(I, 11e111 Silo d"tlos tis cobras.' Ffl("(IIIIOS cessar tal dist-rÍIIIIÍUl("âO/...
1;• 11111 rldm/1• li1/én11i110 110 qual se "cu11111lo111 disparates dl'sse 11/10. Co111rot/1~ ("tk:fgnHes,vs, /r111odo111e1110/idotk 111odema, 110 que dfl tem de mais esl11l1oe irral"io11a/. ..
N 11m11sso11wl11cu11111111 ,1cfl'(111-
~~:i:,::i';, ':,,!;:'~~~~:'"::t~;!'::~:~~1:';o~;::;':!;, '?i;:,:,':;,~~;,;',:!'~'!:'~~,1:;,: ,<;/;;;;:,·;,'~ ;;:;:;:;~~c11~~:;~:r ~:;; :, ~!:: ':.:;,!::::~ :::•:;;'~!~:,::>~.f,t;:t~~<:::1~-,if~~::::, ;1~,:,~~::~:i /fc'.::
t;;:,~;:
!:,:ze:::;,f,t~'.-~·;,;;i;:;~
1 1 /Jrc~:.: :0 ;::;~;}~;.,~ ,;1,::~~:~, :: ~~::i:';:r ~: .,~:i~: de duzemas /KSSoas faziam tio" c,ul11 Cll.WI I ler m llls , Jc tlo isfilbo..ç cfl:n11ulo arbllr11ri11mc11 /c 11 11111(ifa para com pmr salsichões de 111í11i11111 tlc 1!111 /e e q1111/ro 111ws /xu-11 ser p11i ,, dt• 1•/1,tr e dois /Jlll"ll de tom JXl/ido, cebolas, maser 11uie. çtls ou l.iranjas. /g 1u1fmc 11tu. ,h 1•ollt1.~ co m o d esu111J1r ego - outro J1t1glllo 11tu:lo11(1/ -. Como se vi!,•• ltfopropao Go11er110 rcsot, ,e11 ft1 zcr esco11 r esse ··e.1:,·mlu 11te·· b11m 111m tfo 11mafor11<fif''pemll'lJ/l.'"lr''?tlffi<e>.F-i-t-nmw " ' "' ''rr,t tmllr.<rll n sf<'rt11tlo,::" m-/]01tt'ser p11ra-trr1 bt1lh 11 Pem-e m - t'1""'' · d1e1• em 11.1,fa alterou a rotiruss11s, mul,1 U1111hêm há fa l/ 11 c,·611icr1 d e 1•í 1•,:1·,:s. Eis , ,eJad11 for11.1 diária do infeliz russo: fi. 11u1 co11tc m porrl11c11 tlc com é r cio csc,·m•o ... Ames das 9 horns, cerc.1
11111t1
fa, escassczcfomc ...
2 - CATOLICISMO FEVEl!l•:rn o l')U')
SUMÁRIO COMENTÁRIO Quando o debate 11arlamentar não se base ia em ideias, dele se desintere&Sa a população. O caso do Bruil ..
.............................•).3
RELIGIÃO
Discernindo, distinguindo, classificando ..
"Que hei de fazer se os esqueço?"
MadreMarianade JesusTorres,confidentede Nossa Senhora.previu, no século XVI, a corrup<;ão de costumes e a quase eX"tinção da F~ no s«u lo XX ...................................... p.4
NACIONAL A propalada uceiuão da11 esqu erdas
uoBcaail é umafantasmagoda mediante a qual se deseja leva r os burgueses aopânico,ea.ssimbeneíiciara11esquer-
das ...
............ p.8
AIDS E PltEVENÇÃO fü homQ8$exuais, nos Estados Un idos, parecem empe nhad03 na difu s~o da AIDS. Manifestam-se contra a utilin-
çãode medidaspreve ntivascomoteslusanguíneose usod eroupasprol etoraaporenformeiros. Prelexto: d~riminação...
. .................. p.13
BllASII. PÓS-CONSTITIJINTE Q çaos vai se introduzindono ale ndi-
mentomédico,ocW! ÍOnandojáomiSBão desocorr0i eaté mortes ............. p.l7
HI.5TÓRIA De z séculos de História foram rotula . dOi, pordesprezo,como sendoapen a~ uma " ldadeMédia"enlreaAntigui,ladeeos Tem po,i Modernw. Estudosrece11tes,entretanto,têm ressal1ado11ue uaCris1andade lllcdi eva lvigorouaor-
demporexcelência ..................... p.\9
Catolicismo l);r>t10.:Paulo Corr~atleDt i10Filho Jor .. Hsto Rtsj1<>11~v<1 : To kao ·rakaha,hi llegimodonaDRT-Sl'><>bon ' IJ478 R«la(l o: RuaMartimFran<isco.66,-01226 - SloPaulo,SP/RuadosGoita<a<es, 197 - 2811)0 - Çampos.llJ. C,rfnc:io:RuaMar1imFr•ncisco.66S-01226 - Sào Paulo. SP - T,1: (Oll) 221.87:IS (••· mall)S) •·010<ompo,lçio: !direta. a r,ar1 irdc arqui•os fonl<:éido.s por ·-cawlici,mo"I Kande iront.S ~1,~'it ~f/s~,dilOfa - Rua Mairinque. 96 lmp<e>Sio: Arlpr<SS Papéis e Ano, Gfificas
l~.d $i,-RuaJavaé,,681 - 011)0 - S:lol'au • ··Calolici,mo··tu,na]'>Ublicaçàomensaldallm · pre:saP•droll<kh iot<lol'<>nle,Ltda . l'aramu • dan,;ade,ndoreço·n« s:ár'omcnc·o11•rcom bénio,ndcreçoant iio.Acorr«pOndênci• rcla
~-~~~~i;~l: ~: : : ,: :
Ü i~:n~~~ ! ~~~~ ~:~~~1~~ia~st~:
tão a inércia de seus representantes nos senados e nas câmaras?
P ~~~~s~~:s;;~~:~!~1:n~e~:~/~: cos é monumental. A tal ponto que os cidadãos precisam ser obrigados por lei a votar. A que se deve tão grande desinteresse?
,:;,~~~~efaª~~ªr1~rn~i;t~~, homens de grande envergadura moral e intelectual. Entre eles merece rea lce Juan Donoso Cortés, Marquês de Valdegamas, parlamentar espanhol , embaixador, homem de pensamento e ação.
mos elegendo alguém: um const ituinte, um deputado estadual, um prefeito, um vereador, um Presidente, o que seja.
A;;;:e~!To~
a! c~á~i~.a~:~l~~:;~~ rais . O que vemos? Nos cartazes, apenas as caras . Nos pronunciamentos, acusações mútuas entre os candidatos, xingatórios, extravagâncias, aberrações. Tudo acontecendo dentro de um vazio de idéias, de pensamentos e de programas, que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira qualificou com precisão de "democracia-sem-idéias"(\) .
c~~i~~~.
~:~t~~o~~
:~:~:;:s~'o tece? Folheie-se um Diário Oficial (municipal, estadual ou federal, ao gosto do freguês) e acumular-se-ao diante de nós proposições ridículas, discurseiras sem interesse, palavreado sem nexo,misturados de vez em quando com espetáculos de gênero circense ou agressões mais próprias a um ringue de boxeadores do que a uma assembléia de representantes do povo. Tudo se movendo no mesmo vazio de idéias e de pensamentos. o ~á~i~~~~:ª~:!~t~~z~~t;:rd~a~ti~: nal voar com as asas do espírito, e à nação tomar rumos de grande envergadura? Onde as razões profundas, capazes de convencer? Ou as rnedidas enérgicas que cortam os males em suas raízes? Onde a eloqüência, onde o debate nobre de idéias? Nada. absolutamente nada.
:~;t~;
Ü
0
M ~!:~bi: ;~:; ~de~-:e~~sml~:i~ª~!: dia. As idéias ainda não haviam sido enxotadas das disputas. Um exemplo característico foi a carta que escreveu ao periódico "Heraldo", retificando com cortesia e firmeza posições doutrinárias errôneas que lhe haviam sido atribuídas por órgãos da imprensa. P ~o~~~,i~t::~e~:c:;,,~~~. aEd~::~ o MarquêsdeValdegamasnãosetratava apenas de refutar ataques doutrinários. 91e fora vitima também de ultrajes pessoais. Sobre estes, entretanto, Donoso Cortés preferia nao se pro nu nciar, e termina sua carta ao diretor do "Heraldo" dizendo :
N
:º~ ~~:!~
hr:1;~;s~~:i~~~~~~ há senão falta de memória: q ue hei de fazer se os esqueço?" (2). c ~~:.~:~1~i':~1~:v:~:-:n1~\~!~í:~~~ deza de alma, temperada por uma leve ponta de ironia, com o tipo de polêmica a que estamos habituados, em que o ultraje é a própria substância do debate! C. A. '"ProjetodeCQnS· ··cuwliâsmo··.
CATO U CISJ\1O FEVEHEIHO 1989 - 3
M
/llnrl.re Mnri<>nn tu! Jeuu Torre,, ,.l,orl.,,ua do /ll<Hleiro ,1,. C.,n«i~, "'" Q,.;,,.
Há três séculos, no Equador
Mística confidente da Virgem Santíssima, prevm
.
ADEIRA para esculpir a ima-
gem de uma San-
la éo tí1ulode recente biogra fia de Madre Mariana de Jesus Torres y Berríochoa (1563 - 1635), uma das sete fundadoras do Mosteiro da Imaculada Conceição, em Quito, no Equador (Foundation for a Christian Civilization, lnc, Bcdford, New York, 1987). Seu autor é Mons. Dr. Luis E. Cadena y Almeida, diretor do Arquivo Arquiepiscopal da Cúria daquela cidade, doutor cm Filosofia, História e Letras, e encarregado diocesano da causa de beatificação dessa notável religiosa. O mosteiro acima referido pcnence à Ordem religiosa feminina da Imaculada Conceição, fundada no ano de 1.484 por Santa Beatriz da Silva, em Galiana, na Espanha. As concepcionistas consti1uem um ramo da grande família franciscana, cujo pai espiritual é o "Poverello" de Assis. Alguns dados sobre o quinto centenário da aprovação pontifícia dessa Ordem e seu estabelecimen10 no Brasil apresentamos em quadro a parte, nesta edição. O especial alcance dessa publicação está não somente nas qualidades do autor e de sua biografada, mas especialmente na transcendência de que se revestiu a missão de Madre Mariana de Jesus, que atingiu os séculos posteriores, até o nosso, comoveremos .
Contacto com o sobrenatural Mariana Francisca nasceu na Viscaia, na Espa-
4 - CATOLICISMO FEVEIIElllO 1989
nha. Já ao fazer sua Primeira Comunhão, aos nove anos de idade, recebeu a comunicação de inefáveis mistérios da Sagrada Eucaristia. Pouco depois - não completara ainda os treze - tomando conhecimento da missão que recebera sua tia, Mad re Maria de Jesus Taboada, de partir para o Equador e funda r o "Monasterio Real de la Li mpia Concepción" (Real Mosteiro da Imaculada Conceição), pediu para acompanhá-la na qualidade de postulante. Durante a viagem, o demônio apareceu-lhe sob forma de horrível cetáceo que ameaçava fazer soçobrar a frági l embarcação para terror de todos, inclusive dos experimentados marinheiros. No momento cm que pronunciava seus vo1os perpétuos, aos dezesseis anos de idade, Nosso Senhor apareceu-lhe para os desposórios místicos, acompanhado de Nossa Senhora e de São José, '-iue serviram de padrinhos. Como presente de bodas, o Olvino Esposo lhe ofereceu o Seu mais precioso dom: Sua Cruz. "Minha esposa, quero que sigas a via da imolação. Tua vida será um contínuo martírio". E deulhe a conhecer as tribulações, perseguições e tentações que deveria padecer, sendo isenta apenas das tentações contra a virtude angélica. A vida de Mariana de Jesus passou a ser um contacto permanente com o prcter e o sobrenatural. Furiosos com sua virtude e não podendo tocar-lhe a alma, os espíritos inferna1s vmgavam-se com moleques malcriados, mas impotentes, fazendo-a
cair nas escadas do mosteiro, banhando-a com a comida dos pratos no refeitório, borrando-lhe as letras dos livros que lia, etc. Em contrapartida, Mariana tinha um convívio íntimo com seu anjo da guarda. No ofício de sacristã, ela o encarregava de zelar para que-a lamparina do Santíssimo não se apagasse, e de avisá-la caso isso se desse. Uma noite em que seu fiel guardião a acordou, Mariana com ousadia bem espanhola lhe respondeu: ''Por que, cm vez de me despertardes, não acendestes vós mesmo a lamparina com um dos fulgores de vossas asas"? O Senhor prezava tanto esia alma, que Ele próprio se dignou ensinar-lhe o método de oração e os pontos a considerar para atingir a santidade, indicando-lhe até como os devia distribuir pelos dias da semana.
Previsões para o século XX Também a Mãe de Deus lhe aparecia continuamente; revelou-lhe a invocação do Bom Sucesso, pela qual queria ser venerada, concedendo inúmeras graças a quem assim o fizesse: "Eu sou poderosa para aplacar a Justiça Divina e alcançar piedade e perdão para toda aima que a mim recorrer com coração contrito, porque sou a Mãe de Miseri-
córdia e em mim não há senão bondade e amor". Recomendou-lhe que mandasse esculpir uma imagem sua, em tamanho natural: "Minha altura tu mesma poderás medir com o seráfico cordão que trazes à cimura". Essa imagem, encomendada a um virtuoso escultor local, "foi terminada pelos anjos", segundo certifica Madre Mariana em seu testamento. Sob essa invocação, Maria Santíssima apareceu-lhe inúmeras vezes, abrindo-lhe as cortinas do futuro e dando-lhe a conhecer fatos que haveriam de ocorrer dois ou três séculos depois, como o aparecimento de Garcia Moreno, na Presidência da República do Equador e a consagração que fez do país ao Sagrado Coração de Jesus, bem como seu posterior martírio; mostrou-lhe também o imortal Pontífice Pio IX, cercado pelos inimi os no aucano, proc amando o dogma da Imaculada Conceição. E, quase
um século mais tarde, Pio XII proclamar o da Assunção de Nossa Senhora aos Céus. A Senhora do Horn Sucesso fez-lhe ver também as crises e as desolações que a Igreja sofreria no século XIX e principalmente no XX, quando haveria muito desrespeito ao Santíssimo Sacramento pela conaturalidade que se teria com o pecado, pois nada mais seria considerado como tal. Por isso far-se-ia caso omisso também do Sacramento da Penitência; mesmo os sacerdotes o olhariam com indiferença ou n.cm sequer o administraOu, se o fizessem, "o fariam com ar tão dcspec-
tivo que bastaria para dele afastar os fiéis". Por isso, insistiu a Santíssima Virgem: "trabalhem para propagar meu culto sob a consoladora invocação do Bom Sucesso, a qual, na quase total corrupção do século XX, será um sustentáculo e salvaguarda da Fé". A própria devoção a Madre Mariana também deveria ser incrementada, pois "tua vida, que é inseparável desta terna e consoladora invocação, no século XX fará prodígios tanto no espiritual quanto no temporal; porque a vontade de Deus é deixar esta invocação e tua vida para esse secu o cm que a corrupção dos costumes será quase geral e a luz
CATOLICISMO FEVEREIHO 1989 - 5
l'ore,tn11aleriadoclm11/ro do /lfoJleir,,, da épaca d,,
,,.,..,.,,..,,..,çiio, no-',:11fo Xl'I, lrniuilouMa,lreM"ri""''
da Fé primeira cs1ará quase ex1inta". Sobre nossos dias, fa-
~~~~~~e:~n~::~:v~~~~ do de impureza reinará naquela época, à maneira de um mar imundo correrá pelas ruas, praças e locais públicos com uma liberdade assombrosa, de maneira que quase não haverá no mundo almas virgens". Basta considerarmos o nível de imoralidade das modas de hoje, as cenas mais despudoradamente ousadas que aparecem nos jornais, televisões e nas ruas, o aborto, amor livre, campanha homossexual, educação sexual até para crianças de
Quinhentos anos em honra de Maria Imaculada
pré-escola, e outras mons1ruosidades ainda, para aqu ilatar até que pon10 se realizaram as previsões da Santíssima Virgem.
Em vida, os tonnentos do inferno Um dos maiores tormentos que Madre Mariana de Jesus teve de sofrer cm vida para expiar por
esses pecados, foi ocasionado por um grupo de freiras, naturais de Quito, lideradas por urna que tinha aberto a alma ao demônio, ''o qual lhe comunicara seu espírito de rebeldia, blasfêmia, ódio e desespero''. Semeando a discórdia entre as freiras nalivas contra as fundadoras espanholas, e sobretudo contra a Priora, Ma-
de Deus. As Concepcionistas constituem um ramo da árvore seráfica de São Francisco de Assis. Foram os franciscanos os grandes defensores da eonceição imaculada de Maria, e a eles encomendou o Papa o cuidado e direção espiritual da obra nascente.
Atuais comemorações
H~n~::~~,5!~~~,e~ ::~a
1 ;~~ aprovou a fundação da Ordem da Imaculada Conceição, em resposta à solicitação feita pela Rainha Isabel, a Católica, da Espanha, em nome de sua prima portuguesa, Da. Beatriz da Silva Meneses.
A fundadora
Nasceu Sama Beatriz da Silva em Ceuta. for1alez.a recém-conquistada pelos portugueses aos mouros do norte da África, em 1424. De 1447 a 1453, viveu na corte, sendo dama de honra da Infama Da. ------,e-.-bel, acompanhaudo-a a Castda Po r ocasião do casamento da lnfan-
6 - CATOLICISMO FEVEREIRO 1989
1a com o Rei Juan 11. A partir de 1453, retirou-se ao Mosteiro de São Domingos, em Toledo, o nde, sem professar como religiosa, permaneceu em es1ado de recolhimento durante 30 a nos.
Para celebrar dcvidamen1e esse quinto centenário, a Ordem religiosa feminina da Imac ulada Conceição realizará um Congresso Internacional. O lugar escolhido para esse evento
Em 1484, a Rainha Isabel, a Cató- ~~i ;t:ii:e~:aL~i· ~ise:~;:~~~n~ lica, que a visitava com freqüência, principais conventos da Ordem, funconcedeu-lhe os a migos Pah'icios de dado por Da. Leonor de Quiil.ones, Galiana para que realizasse sua voca- pertencente a uma das famílias de ção de fundar uma nova comunida- maior iml)Ortância entre a nobreza esde religiosa dedicada a honrar a lma- panhola. Realizar-se-á durant e os cu\ada Conceição da Mãe de Deus. dias 10, li e 12 de maio de 1989. Em 1498, o Papa Inocêncio VII I As palesnas que se pronunciarão aprovou a Ordem. Em 17 de agosto nessas datas fo ram divididas em quade 1491, a fundadora Da. Beatriz da tro seções: 1) A época de Santa BeaSi\va Meneses fez seus votos solenes, triz. A História hispano-portuguesa reeebell e RB a hâb+w--da-Con~re,çiç><ão>-<d<0.o.s,séc~11uc louXuYc;..·42)_aA...cex,~p"'ªº°"""'ºc.PdJLo!.lP<<c-_ e veio a falecer entrando na glória dem; 3) A cultura em torno dos con-
Numa copel.t. inlN'W~ (W Mwteiro, c,nueroam-oe incorrnpw• o, corp,-.d<!,1IUllr,,daaMadre1 H11ulaaorru, e,ureek11, <>da M,ulreMaria,w
dre Mariana, estas rebeldes conseguiram que ela fosse destituída do cargo, e colocada por três vezes na prisão do convento. Teve até que comparecer ao refeitório para receber disciplina pública e depois a comida no chão. Quando, enfim, por intervenções externas, a verdade foi restabelecida e a Hder rebelde presa no cãrcere do mosteiro, Madre Mariana de Jesus, temen-
do a eterna condenação daquela, iniciou uma luta contra o Céu para obter sua conversão. E tanto insistiu que Nosso Senhor assegurou que a salvaria, contanto que Madre Mariana se dispusesse a sofrer em seu lugar, ainda em vida, os tormentos que a primeira merecera no inferno. Durante cinco anos a heróica superiora padeceu todas as penas dos condenados, ex-
ceto o dano, que inclui o Vosso aparente olvido ódio a Deus. Via constanMe afastarão de Vós, temente os demônios, senque sois meu amor". tia os horríveis odores daNossa Senhora lhe requele antro, ouvia as blas- velara também que seu nofêmias e uivos dos conde- me permaneceria oculto nados, sua carne era quei- até que, no século XX, semada pelo fogo eterno .. ria devidamente conheciE o pior foi a privação do para estímulo das alde toda consolação celes- mas fiéis e da Igreja. E a te, pois prevenira-lhe o Se- própria Venerável, em seu nhor que, caso aceitasse testamento, prediz ~ua caessa pena, Ele não mais nonização nestes termos a olharia sensivelmente du- singelos: "Sabei, filhas rante toda a duração da queridas, que o Senhor mesma. quer glorificar vossa MaEm meio a esses terrí- dre elevando-a à glória veis sofrimentos, Madre dos altares". E é o nosso século, Mariana ainda cantava, com acento terno e profun- conturbado e provado a do que lembra o de sua um grau inimaginãvel que, conterrânea e contemporâ- segundo essa predição, tenea.anta Teresa de Jesus: rá a glória de ver a canonização dessa alma tão elei"Ó fogo de caridade, ta de Deus. Esperemos Deus escondido! que isso se realize o quanAbrasa-se minha alma em Vosso divino ardor. to antes. Nem minhas dores, nem Afonso de Souza
ventos concepdonistas e a Imaculada Conceição; 4) Problemática religiosa relacionada com a Ordem. Dentro da segunda seção, coincidindo com a fundação da Ordem nas vésperas do descobrimento da América, e sendo monjas concepcionistas asprimcirasreligiosasaatravessarcm o Oceano para fundar mosteiros no Novo Mundo - cidade do México, Lima e Quito - , caberá alguma referência ao papel da Madre Mariana de Jesus Torres. O mesmo deverá acontecer na quarta seção, no decorrer da qual dar-se-á a conhecer o estado em que se encontra o processo diocesano de beatificação dessa religiosa, pelo encarregado do mesmo, Mons. Dr. Luis E. Cadena y Almeida.
ção, em Macaúbas (MG); 3) Nossa Senhora da Conceição da Lapa, em Salvador; 4) lmaculada Conceição da Luz, em São Paulo; 5)1maculada Conceição e de Sama Clara, em Sorocaba (SP); 6) Nossa Senhora das Mercês, em Jtu (SP);7)Jmaculada Conceição, emGuaratinguetá (SP); 8) Ima-
No Brasil
~~~ª~:
Desde 1678, a Ordem fundada por Santa Beatriz, canonizada em 3 de outubro de 1976, marca sua presença no Brasil, onde, na atualidade, existem 17 Mosteiros: 1) Nossa Senhora
Milagrosa, em Uberaba (MG); 9) Imaculada Conceição, em Piracicaba (SP); 10) São José, em São João dei Rei (MO); 11) Imaculada Conceição, cm Thubaté (SP); 12) Nossa Se-
neiro; 2) Nossa Senho;a da Concei-
ratinga (MG); 13) Santa Beatriz da
~;dna~~i~
Convento da Imaculada C<>nceiçifo da l.u~, em São Paulo
Imaculada Conceição, em Araguari (MO); 14)PortaCocli,cm PontaGros· sa (PR); 15) Imaculada Conceição, em Bauru (SP); 16) Imaculada Con<.: 1ç , em oracza; macua a Conceição, em Bragança Paulista (SP).
CATOLICISMO FEVEBEUlO 1989 - 7
dos PCs com o partido majoritã rio não chegando a constituir senão uma minoria insignificante no marcmagno dc559dcputados e senadores que integravam a Ma gna Assembléia. Três outros candidatos do PC do B, eleitos, só obtiveram êxito escondendo sua qualidade de comunistas atrâs da sigla de determinado partido político. Em conseqüência , a eleição destes deputados comunistas nao pode ser to-
rnada a sério, como prova de popularidade. 13cm ao contrário, é prova da impopularidade do comuni smo. As apre-
ensões ante um eventual êxi10 dos PCs se desfazem, pois, como uma bolha de sabão. Mas, graças à imensa fermen tação publicitAria acerca da miséria do povo, em uma próxima eleição, o comunismo teria probabilidades de êxito espa n-
Plínio Corrêa de Oliveira
Ascensão das esquerdas:
n,era 1
Há quare nta dias que não envio minha colaboração para a Folha de S. Paulo. Isso cm virtude de
um sentimento muito raro cm mim: a
hcsicaçao. Não sou brusco cm tomar deliberações. Pelo comrário, ponderoas detidamente, ames de optar por umadasaltemativascmdebmc. Porém, antes de redigir o presente artigo, realmente hesitei. Mas, afinal, pronunciomc, já agora persuadido de que o devo fazer. O tema de minha rcílcxão era o atual quadro político - o pesadelo político, seria preferível dizer - cm que se encontra o Pais. Minha impressão a ial respeito é estranha. Ei-la. Pura e simplcsmcnle parece-me que um conju nto de circunstâncias vem criando, no ambicmc político nacional, um perigo irreal, todo feito de coincidências estranhas e intcrprernçõcs fantasmagóricas dos fatos. Mas um perigo que tem todas as possibilidades de constituir fator de êxito para os que o saibam ma nejar. Pois, cm situações leraseor'r"Gasco110 •uacn encontra o País, as fantasmagorias podem impressionar mais do que a realidade. E tudo isto é altamente descstaU - CATOLICISMO FEVF:HEIIW 1989
bili1.ador do que ainda há de firme em nossasituaçàosócio-poli!ica esóciocconômica. Em outros termos, há muito vêm sendo desenvolvidos vigorosos esforços publicitários no sentido de criar no Pais a ilu.sllo de que a massa da população é vitima de cruel peuúria. Tal pcnUria causaria, nos campos corno nascidades,sintomasgeneralizadoseinquietanlcs de revolta. Por suava, essa revolta estaria sendo "faturada" cmcxclusivoprovcitodascsqucrdas, notadamente o PT, as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e os PCs. Oe toda ~ta situaçllo, os grandes beneficiàrios seriam estes últimos, ou seja, o Partido Comunista Brasileiro e o Partido Comunista do Brasil. Pois qualquer rcvollaquecrcscecm efervescência, "ipso facto" se radicaliza. E tende para os mais exacerbados extremos. Assim, a duração do atual descalabro econômico seria fator decisivo para o cngrossamemo das fileiras comunistas, ainda M pouco tão magras. . tuintc, sóscisdeputadosostcnsivarnentccomunistasconseguiram fazer-se eleger - e, assim t11csmo, em coligações
""'.
toso - fazem crer os profetas da desestabilização e do caos. Asrcccntesclciçõcsmu nicipais - notadamemc a de S1lo Paulo - deveriam ser, segundo o vozerio publicitário desses profetas, uma coníirmaç1lo tonitroantc do progresso das esquerdas. Tanto mais quanto a inílação se vem acentuando dcscabcladarncme. E, quanto a mim, tenho dúvidas sobre a eficácia do novo pacote nesta matéria. Toda essa visão de nosso passado reccn1c e de nosso futuro próximo é de molde a projetar conseqüências profundas sobre o prélio de novembro deste ano, cm que será eleito o novo Presidente da República. Com efeito, nada faz esperar uma melhoria da sit uação econômica do Pais. E. cm vista de tal, por piores que sejam nossas condições econômicas, ése 1cn1ado a considerar um mal menor vagamenteaccitá,•el,qucclaaindacontinue tal e qual. Mas, mesmo assim, a
2
"
'
ria a revolta. E a conscqílente marcha das esquerdas para o comunismo. Desse modo se tornaria inviável, cm qual-
mera fantasmagoria
quer caso, a vitória de um candidato que não fosse esquerdista. Em conseqüência, há quem sussurre com insistência, nos meios burgueses, que, para estes, a agilidade política suprema consistiria tão-somente em escolher, dentre os candida1os esquerdistas, o que fosse menos radical. E, dado que a mass-midia vem apresentando como candidatos esquerdistas viáveis unicamente os da triade Lulallri;,;ola-Covas, só restaria para a burguesia apoiar, dcntrcestcs,o menos esquerdista. Charada difícil, em verdade, e sobretudo pouco prazenteira. Pois, em qualquer hipótese, a burguesia (não a qualifico de "centro" e ain-
mensões da crise econômica . Pois sobre a matéria, meus conhecimentos não vão além dos de qualquer ''homem da rua". Com o bom senso - que ao mesmo tempo é a característica do ''homem da rua" easupremadcfcsadclc contraoscxagcrosdamass-mídia - limito-mearegistraraimpressãodeque algo de contraditório existe nestas pinturas surrealistas da miséria nacional. Não compreendo, por exemplo, como o Brasil de 1987, embora já então nos esteriores de sua pobreza crescente, foi promovido do oitavo para o sétimo lugar, na lista dos países de economia ascendente, segundo noticiou a imprensa(cfr. FolhadeS. Pau!o,23-12-88)
Igualmente não compreendo como tal pobreza consegue coexistir com os êxodos populacionais maciços que lotam incontável número de aviões, de automóveis, de ônibus, de trens, quando se sucedem dois ou três feriados, e os brasileiros, mesmo tidos como dos mais pobres, rumam jubilosos para as praias, as momanhas ou outros locais do interior. O mínimo dos mínimos que se me afigura, ante a contradição de tudo quanto se apalpa, se vê e se cheira, a todo momento, acerca da inflação, não se ajusta ao quadro festivo dos êxodos de que acabo de falar. Parece haver qualquercoisadeobviamentedcforma-
fantas111agoria da menos de ''direita'', uma vez que a maior parte dela não tem ideologia, e quase toda ela se vai deixando dominar pelo oportunismo do pânico) acabará formando cn1 um dos três grupos eleitorais de esquerda. E quem vcnceni . será por força a esquerda. No entanto . só uma coisa verdadeiramente importa ao Brasil: tomar conhecimento de que as esquerdas cornunistas o vão tragando. Saber, à vista disto, qual o esquerdis1a da triade que esta estranha conglomeração do pânico burguês e doesquerdismo incumbirá, através do vcrcdictum das urnas, de executar a degola do regime sócio-econômico vigente, importa infinitamente menos.
A/Jelllf da muciç" 1m•1mg<11ula, em comício, políticiu, ,lo.,,.artidm com,millai, "mímero ,/e""'"' "'mdidutos •1ue comegue •e tlcger 110 llrasil é i1uignifica11le
Ora, esse pânico burguês, tão indispensável para o triunfo das ~squcrdas, meparcceclaramente1nduzido por um desses hábeis jogos de miragenspublicitáriascmqueas esquerdas foram sempre mestras. E face ás qllais o centro vem ~e~do cego.;. Co-
3
Acabo de descrever este jogo de miragens. Fi-lo para melhor o denunciar. Nesta faina, nada direi das exatas di· CATOUCISJ\10 F'EVEllEIHO 1989 - 9
mera fantasmagoria
do nas descrições da pobreza que, na mídia ou nas conversações, se ouve. Nossa realidade é mais complexa e ma-
cizada do que a mostram essas descrições. Mas esses matizes e essas complexidades parecem obstinada e sistematicamente relegados ao silêncio. Ora, amputar de seus matizes esse quadro é negar tacitamente a verdade: "laveritéestdansles nuances". A verdade estâ nos matizes, dizem acertadamente os franceses.
querdas que agora se desenvolve à vista de todo o Brasil 5ão os dados concretos que, sobre a matéria, cabe mencionar e analisar.
1
A partir do ano de 1986, a TFP iníligiurotundodesmentidoàbalela esquerdista ativa e até então vitoriosamente posta cm circulação em todo território de nosso pais-continente, de que hordas de trabalhadores rurais esfaimados percorriam o nosso interior, acompanhados dos respectivos familiares, à procura de t rabal ho e pão. Não o obtendo, elas invadiam pura e simplesmente os imóveis rurais que encontravam mais "de jeito", e ali se instalavam em porções de terra não cultivadas,a fimdct irarem do chão dcsaproveilado, o indispcnsâvel para sua subsistência. Bem entendido, aofozendeironadalhc pagavamoscsbulhada.. res, sob a alegação do principio (aliâs muito justo.mas erradamente aplicado ao caso), de que o homem operoso mas carente
;tr:f~:~r::u~:t:,!;;~,ad; ~·::ü,,!7,:~;;,,:d:.~;:::: ,w lhadore ,
rnrai1
radict1do1
E, no caso concreto, esta degola sistcmática dos matizes, aqucm bcncficia? Às esquerdas. Pois exagera a gravidade da situação, e leva ao pânico a porção não esquerdista da populaç.'.lo, bem como à revolta a porção esquerdista. Com o que só a esquerda lucra. Em Ul-
tima análise, a extrema-esquerda ...
A'"'º
.
que o expressivo conjunto de conjecturas alinhadas acima sobre a fantasmagoria em favor das es· 10 - CATOLICISMO f'EVEUEIRO 1989
;g:;
i;a~il~:~~º~:ª (sem pagamento) o pão onde o encontre: poisodireito deleà vida prevalece sobre o direito do proprietârio sobre seu pão. Mas seriam mesmo carentes de pão os componentes dessas hordas, que a policia como que jamais reprimia, e que vig:1.rios e até certos bispos insuflavam com veemCncia? Ou esses pretensos pobres eram desordeiros, contratados, conduzidos e mantidos na perambulação vagabunda e agressiva acravés das estradas, insuflados e liderados, na hora da ocupação, por agentes desc nhecidos? A observação alenta do noticiArio condu ziu- nos, aos da TFP. à firme convicção de que esta última hipótese, se
imóuel inmulitlu.
serenamenteanalisada.eontinhaaverdade. Urna razão nos levou a tal. Se essas hordas fossem de autênticos agricultores sem pão, constituíam sintoma agudo de um estado de miséria e revolta que, em grau maior o u menor. existiria ent:lo nas lavouras de todo o País. E, se assim fosse, a irrupção das dicas hordas, nas fazendas que ocupava m, contaria desde logo com a solidariedade dos trabalhadores rurais radicados no imóvel invadido. Uns e outros se rnancomunariam para dividir entre si a fazenda invadida, e enxotar da fazenda o proprietário mau pagador e desalmado. Ora,dasincontâveisnoticiasquelernos na imprensa das macro-cidades, como na dos centros populacionais médios o u pequenos, não enconl ramos qualquer alusão a ocorrências assim. Em nenhum lugar os trabalhadores de urna fazenda se revoltavam contra os donos destas. E vinham sempre de fo. raos "famintos" das hordas invasoras, extrínsecos à relação patrão-trabalhador, como esta existia pacificarnente no loca! invadido. Importava, pois, atalhar essas espoliações generalizadas, para evirnr que uma reforma agrâria "de facto", baseada no mito de uma miséria negra que não exist ia, viesscatomarcon1a ilegalmente do Brasil. Para este efeito - desajudada de apoio policial a grande maioria dos proprietários rurais - competia aos própriosfazcndeiros resistiràbala contra a invasão dos inautênticos ''miserAveis". Para certificá-los inteiramente desse direito, a TFP teve cm mãos os pareceres valiosos de dois grandes jurisconsu11os brasileiros, o Prof. Sílvio Rodrigues e o Prof. Orlando Gomes, respectivamente eatedrãticos das Faculdades de Direito das Universidades de São Paulo e da Bahia. Ambos esses pareceres demonstravam insofismavclmentc tal direito, com a erudição e a força de argumentação dos respectivos autores. A TFP se incumbiu, então, de divulgar esses pareceres por to o o tern1ório nacional. O que foi feito em uma heróica revoada de sócios e cooperado-
mera fantasmagoria
res, e o apoio dos correspondentes que temos em centenas de localidades. O resultado? Parou a revolta, emudeceu o vozerio dos "famintos", as
hordas sumiram do mapa. E nas fazen-
Examinemos os dados oficiais sobre a eleição: a) Da. Erundina foi a candidata mais votada por ter alcançado 1.534. 547 votos; b) o número de eleitores inscritos era de 5.528.404; c) logo, a nova Prefeita foi eleita por pouco mais de um quarto (27,76%) dos eleitores; d) os outros três quartos (dcs· contadas as abstenções, votos cm branco ou nulos) se dividiram por outras legendas, de expressão ideológica mais definida ou menos, mas cuja votação certamente não representava colorido ideológico tão carregado quanto o da Prefeita Erundina; e) ademais, todos sabemos que, no Brasil, o peso eleitoral das posições ideológicas deixou de ter significação a partir do momento
passaramaser,emgrandcnúmcrodc casos, os únicos argumentos com que se recomendam aos respectivos eleitores.
A indiferença ideo!ogica do próprio Movimento dos Sem-lena, reconheceu-a amarguradamente o bispo D. Angélico Sândalo Bernardino, da Zona a reinar a paz. Leste de São Paulo, em pregação repro· duzida pelo "Jornal do Brasil" (18-5-88): Com exceção de um local ou outro, "Nunca assisti a uma apatiaâopovo em que algo da antiga zoeira parece tão grande como agora. (. .. ) Eu semter renascido, o Brasil agrícola está tranpre fui contra a hegemonia dos hoqüilo. mens de Igreja nos movimentos populaTratava-se de um quadro artificial res, que devem ser dirigidos por suas e dramático a mais, sobre a situação próprias lideranças, respeitando a pludos trabalhadores do campo, todo feiralidade. Mas, hoje, se a Igreja sai, o to para apresentar como justa uma removimento acaba". forma que a realidade dos fatos qualiNãocrcio,ninguém ficavacomoclaramende bom senso pode te injusta. crer que, na massa popular em que a pregaO mesmo se deu ção de um bispo de agora recenteinegáveis dotes demamente, com as gógicos produziu tão eleições municipais. escasso resultado, a Não disponho de tempregaçao ideológica po para analisar os redosagentesdeLulatesultados de todos os nha conseguido resulpleitos realizados nos tado melhor. 4307 municípios da FeQual,então,over· deração brasileira. dadeirosignificadoidcConsidere-se simológicodavitóriaelciplesmente a mais ritorai do PT e de Da. bombante destas eleições, isto é, as desta Erundina? Para dizer pouco, tal resultado é nossa São Paulo, a cidade mais populosa perfeitamente ambi · guo. do Pais, na qual a eleição de uma Prefeita Mas o mito posto carregadamentc petisem circulação foi outa produziu em todo tro; o de um triunfo A TFP divulgou por l<1do o lerriiório naô.,nal "~ pareceres dm da esquerda, sintomáo Brasil o ribombo jurisconsultos Prof. Sifoio Rodrig11es e Pwf. Orlando Gnmes ticoparaoBrasilinteide um triunfo eleitoro. E lá vai este mito ral das esquerdas . Triunfo, este, no qual incontáveis bra- em que a Constituição republicana de modelando perigosamente o resultado sileiros se puseram a ver o primeiro 1891 proibiu expressamente a formação das eleições presidenciais de novembro passo de uma ascensão incontenível de correntes ou partidos monárquicos, deste ano. das massas populares indigentes, suga- e as formações partidárias republicadas, por meio da espiral ideológica do nas, na época ideologicamente homogêÊ csiranho que tudo isto assim petismo, para as plagas ideológicas de neas, passaram ase dividir apenas seseja, paraúnicaeexclusivavantaperdição do comunismo. Foi a toda es- gundo os critérios pessoais do coronegem do petismo e das esquerdas ta "miseenscéne" que Da. Erundina, lismo e do cabresto então vigentes. em geral. Mas pergunto aos leitores até há pou?o figura de_ ~lgum relevo se n~? é exatamente assim que as ~oidas, em cuja muito grande maioria os trabalhadores viviam satisfeitos, em concórdia com os fazendeiros, voltou
2
3
em certos ambientes do PT, passou a ter, de um momento para outro, celebridade nacional.
simpatia pessoal se tornou um vício político nacional, a tal ponto que, em nossos dias, as fo10s dos candidatos
de se passar cada vez mais acentuadamente, caso novas vozes não façam eco â minha, através da mass-midia. CATOLICISMO FEVEREIRO 1989 - lJ
Yliolênclia 1:rlibal9 nos es1:ádlios europeus - '' A
POLICIA não sabe como controlar-nos, e faremosoomqueosholandeses paguem caro", advertiu pouco antes do conflito que teve lugar em Dusseldorf (Alemanha Ocidcntal)ochefedatorcidadaequipcingle-
sa de futebol "Chelsca", Paul Scarou. Ele é especialistaemataquesdiretos,tendosidotreze vezd condenado à prisão por agressões e ferimentos. - ''São umas verdadeiras feras selvagens", declarou, por sua parte, a dona do únicobaringl~daquelacidade,qucostorcedorcs britãnioos transformaram em seu quartel general. De fato, naquele dia de jogo do Campeonato da Europa, o confronto entre cinco mil policiaisalemãeseatorcidainglesa transfor-
Muilm jovetu lorcedore, in,lese,, no fim de ,emana, deKrndam-u wmo fera,, praticando atm de riolincia tribal
mou-se numa batalha em regra, com cenas de guerrilha urbana. Resultado: mais de cem torcedores pre-
sos e danos materiais de aproximadamente um milhão de dólares. A arruaça, porém, não causou muita surpresa. A selvageria com que se enfrentam as torcidas dos clubes de futebol nos estádios europeus tem-se tornado habitual, chegando muitas vezes a extremos de violência tribal. Assim, por exemplo, os torcedores do "Birmingham United", da Grã Bretanha, conhecidos como "Zulu Warriors" (Guerreiros Zulus) pintam o rosto como se fossem à guerra para intimidar seus adversãrios. Alcançaram uma reputação de ferocidade, após asdesordensnofinalde l986contrao"Leeds",dasquaisresultou a morte de um espectador. Os "zulus" ainda têm o perverso costume de fotografar os rostos cntumecidos de suas vitimas ... para seus "arquivos", segundo eles. Outra torcida tristemente dlcbre - a chamada " Inter Citty Jibbcrs" - financia seus deslocamentos mediante o roubo, tendo o hãbito de deixar um cartão de visita no bolso de cada torcedor adversãrioque tem assassinado. As brigas ferozes entre torcidas européias ocuparam as manchetes dos jornais de todo o mundo, por ocasião do massacre ocorrido no estádio belga de Heyset, na final da Copa da Europa, em 1985. A briga degenerou cm batalha campal entreostorcedoresdo"Juventus"da ltãlia eado "Liverpool" dalnglaterra,edeixouumsaldodetrintacnovcmortos egrandenúmerodeferidos. Uma das notas mais alarmantes dcs.sa violência é o fato de seus protagonistas serem, em grande número de casos, jovens aparentemente normais. Eles provêm da classe média e não estão afetados por crises familiares ou profissionais fora do comum. Durante a semana, trabalham como empregados de escritôrio ou freqüen1am escolas técnicas. Sua aparên-
Porém, no fim de .semana, degradam-se como feras, entregando-se a tudo quanto possa estimular o fanatismo e a violência tribal. As autoridades sentem-se impotentes ante um mal que parece muito profundo: o de uma classe média - habitualmente fator de estabilidade - que segrega nova forma de delinqüência. Que pai ou mãe de familia de um lar normal não fi. caria apavorado, vendo que um de seus filhos foi atingido porumaespéciedeesquizofrenia,queotransformanumcriminoso nos fins de semana? Ou quem não ficaria perplexo, tomando conhecimento das cenas de barbárie e sadismo, suce• didas nos estádios desportivos atuais, e que fazem lembrar osespetáculosdegradantesdoscircospagãosdaAntigüidade? O abandono progressivo dos costumes cristãos e o frenético corre-corre da vida moderna, que se observam cm todos os ambiemes, até na própria vida familiar, vêm favorecendo uma gradual migração psicológica. Com efeito, na medida em que as pcMOaS rejeitam a ascese e a piedade católicas, as tendências da alma humana desregradas em virt ude do pecado original vão se cxarccbando à procura dos prazeres ilegitimos. O permissivismo crescente da sociedade hodierna os oferece a nossos contemporâneos em doses cada vez mais cnlouquecedoras, rumo a uma cxplosllo contra qualquer forma de Bem, de Verdade, de Belo. Nessaperspec1iva,aviolênciatribalnosespe1áculosesportivosé mais uma manifcstação do neopaganismo, que rcnegou, na prática, a Cru ide Nosso Senhor Jesus Cristo e oexemplo augusto do equilibrio de virtudcs de Sua Santissima Mãe. SanriagoFemandez
"'!"':-'=~----":-"-~4---------~~
geral curtos, paletó, mocassinos, cartão de crédilo no bolso.
12 - CATOLICISMO FEVERElllO 1989
Paulo';, 30-11-87.
AIDS:
-----.--r,
Omt1e11ro i,e.-de, seiundo uma dai ,,mi,propulada, hipl)leu,
t:ientlfieu, uria o lrommiuor orifinário da ,41DS
arma política para o movimento homossexual A
TÉ HÁ POUCO não havia vício que fosse considerado mais infamante do que o chamado pelo Catecismo de "peca-
do sensual conJra a natureza". Eram, ele e as pessoas que o praticavam, estigmatizados pela sociedade e tidos como pertencentes ao
de Deus e exigir um castigo exemplar para escarmento dos demais" (cfr. Pe. Royo Marin OP, "Teologia Moral para Seglarcs", BAC, Madrid, 1964, 3 1 ed., pp. 214-215). lnfelizmeme, com a sucessiva queda das barreiras de horror que se levantavam contra toda sorte
submundo da Humanidade. Não
se fazia disso objeto de conversa, seguindo o conselho do apóstolo: "Tais coisas nem se nomeiem entre vós" (Ef. 5, 3). A Igreja sempre foi compassiva e procurou ajudar aqueles que, vítimas dessa má propensão, buscavam entretanto na oração, nos Sacramentos e na ascese pessoal uma vitória sobre sua tendência antinatural. Mas tal atitude em nada se confundia com fraqueza e menos ainda conivência, em relação àqueles que deliberadamente se entregavam às práticas infames. A razão profunda para a total rejeição desse aberrante vicio reside no próprio senso comum, confirmado pela doutrina da Igreja: esse tipo de pecado pertence aos que "bradam aos Céus e clamam a Deus por vingança", porque "envolvem uma especial ma/feia e abomin6vel repugnância contra a ordem
~ffiFõ11fílfffli':"'"Ptmmrvao-gr:F-~ã;:;;ã'ii':F.i,,..-- ~ vemenle "contra o bem social", pelo que "parecem provocar a ira CATOLICISMO FEVEREIRO 1989 - 13
de imoralidades, não é de admirar que até um pecado que brada aos Céus comece a ser considerado com olhar mais "compreensivo'', e ''sem preconceitos" .. . até cm ambientes religiosos. Assim, "Catolicismo" se vê na obrigação de tratar aqui dessa matéria - e o faz a propósito de uma brochura publicada recentemente nos Estados Unidos, "Gay, AIDS e Você" - , a fim de manter seus leitores a par da crescente investida do movimento homossexual. O livro (The Devin Adai r Company, Old Greenwich, Connecticut, 1987) tem por um dos autores o ilustre-e combativo sacerdote- cubano Revmo. Pe. Enrique T . Rueda, expreso político de Fidel Castro, especialista em questões de América Latina em geral, e Central em particular, "Master of Arts" em Ciência Política pela Un iversidade de Fordham, Estados Unidos . Tem ele outro livro publicado sobre a matéria. Fundador, dirige o Centro Católico da Fundação de Pesquisas e Estudos do Congresso Livre, em Washington. O co-autor, Dr . Michael Schwartz, é diretor da Política Familiar e da Criança, na mesma Fundação, sendo autor de mais de três livros e de centenas de artigos.
"A AIDS é
a nossa força"
mossexual, 'A IDS é a nossa força',
não mais parece absurdo. A A IDS é a fonte para a bem definida agenda dos homossexuais enquanto forçando o resto da sociedade a aquiescer com ela" (p. 8).
"Terrorismo de sa ngue" Habitualmente a transmissão da AIDS se dá através do contato sexual, do uso coletivo, para drogas, de agulhas contaminadas - os drogados são freqüentadores habituais dos antros homossexuais - e da transfusão de sangue contaminado pelo virus. Por isso, recentemente, "o Presi-
Bxa,;,e de crianç11 portadora da AJDS
den1e Reagan sugeriu, em palestra para a FundaçrJo de Pesquisas sobre a AIDS, a instituição de um leste rotineiro de sangue para certas ca1egorias de pessoas. O movimento homossexual protestou vigorosamente" (p. 7) e a medida não foi apro-
Segundo os autores, o movimento homossexual "é muito mais for-
vada. Apesar de "75% dos atingidos
te, mais amplamente espalhado e habilmente estruturado do que a maioria dos americanos julga. Ele penetrou em nossa Mídia, nas nossas escolas, mesmo nas principais igrejas. Em todo os Estados Unidos nossos filhos têm sido sujeitos à propaganda homossexual numa intensidade que seria impensável há alguns anos" (p. VI II). Para esse movimento, "a AIDS se tornou uma fonte de fortalecimento ideológico: .. .. criou um senso de solidariedade, uma identidade especial e a justificativa para reivindicar o status de vitima e obter simpatia ..... Entendido nesse sen11 o, o s ogan que gan ou proeminência nas demonstraçóes do 'Orgulho Gay' e dentro da subcultura ho-
pela AIDS serem homossexuais",
14 - CATOLICISMO FEVEREIRO 1989
como argumentam os autores da referida obra, seus movimentos representativos tomam atitudes de "opo-
sição aos testes de sangue e outras medidas públicas de saúde, insistência em manter desconhecidas importantes informaçóes sobre a AIDS, e o pedido de que os portadores do mal possam circular livremente na sociedade". Essa atimde "quase suicida" parece indicar que esses líderes "não têm olhado para a AIDS primordialmente como para uma catástrofe no campo da saúde, mas -como uma o ortunidade ara levar avante sua agenda política" (p. 7), náo se importando com os riscos que eles mesmos correm e fazem inocen-
tes correr. Isso fez com que a A IDS se tornasse ''a primeira epidemia politicameme protegida na História" (p. 8).
"Quando a AIDS começou a aparecerentreos hemofílicos", prosseguem os autores, "a FundaçrJo Nacional de Hemofilia urgiu para que os homossexuais f assem proibidos de doar sangue. A proposia foi acremente denunciada pela Força Tarefa Nacional Gay como 'perigosa e divisora'" e "uma solução política para um problema médico".
Em decorrência dessa campanha, o movimento homossexual obteve mais essa vitória. Conseqüência: até o ano passado, "cerca de três quartos dos hemofílicos estavam infectados [de AIDS] na América" (p. 5). Nessa ocasião, o ativista gay Robert Schwab, que morreu depois de AIDS, declarou: "Qualuer a Do re uerida ara chamar a atenção nacional é válida. Se isso incluir o terrorismo de sangue, seja feito'' (p. 17, destaque nosso) .
guém está afetado" (p. 22). E isso Até lá vai a discriminação anti-disquando se sabe que "há casos regis- criminatória ... trados de pessoas portadoras de Entretanto, "o maior triunfo AIDS que, conscientemenre, passam cio movimento homossexual é a inA pretex10 de sofrerem ''discri- a infecçdo para de1,enas, às vezes filrraçdo das idéias homossexuais minação", em virtude da aprova- centenas de ourras, preferindo 10- nos cursos de educação sexual mição de algumas leis ou atos visan- mar essa atitude a ler que alterar nistrados nas escolas públicas da do circunscrever a epidemia da suas práticas sexuais" (p. 26). América. Centenas de milhares de Compreende-se que. uma vez estudantes americanos estOo agora AIDS, os homossexuais têm obtido da parte de muitas autoridades, que a AIOS não tem cura e que recebendo instruçOes de/alhadas medidas in1eiramcn1e discrimi nat ó- os homossexuais não querem to- de como praticar 'seguramente' os rias contra a população normal. É mar as medidas preventivas, as Com- atos homossexuais" (pp. 16-17). o caso, por exemplo, dos que traba- panhias Seguradoras passassem a lham no campo da saúde. Uma vez exigir testes de sangue dos interessaque o virus da AI OS pode ser tran s- dos cm seguro de vida. Isso provomitido acidentalmente, isto exigiria cou um clamor geral contra elas coAo lermos todas estas abominaçproteção especial para aqueles in- mo "discriminatórias" e "homofo- ões e lembrando-nos que elas são cumbidos de tratar dos pacientes in- bílicas'', o que levou algu mas juris- apenas um ápice de muitas outras fectados. "No entanque dilaceram o que to, há casos nos resta de civilização quais enfermeiras, cristã nos dias de ho1rabalhadores na je - como a onda limpe1,a e ourrosfuncrescente de adultécionários niio esperios, de incestos, a ciali7.ados, 1100 têm matança oficializamesmo a permissOo da de inocentes atrade saber se o pacienvés do aborto, a legate, do qual estão cuilização do divórcio, dando, é portador as experiências préda infecçOo da matrimoniais e tanA IDS". E, "em ~·átas outras prâ1icas rias instiluiçOes, eles pecaminosas, para tl!m sido proibidos ficar só no campo mesmo de usar pemoral - vêm-nos à ças protetoras (comente as palavras mo máscaras e luvas do exorcismo que de borracha), quanLeão XIII compôs, do cuidam de contasegundo consta, após minados pela AI OS, ter recebido uma reos quais são colocavelação de que o dedos em enfermarias mônio obtivera perA All)S lt m dado origem a diferente, tiJHM ,le manif,11arno política. com outros pacienmissão para agir Na foto, jor.e111 africa nos. em N"ru lhlhi (lmlia), tes ndo afetados, i11mais intensamente pr,>leUam wnlra a obri§atoriedmh! dm 1e1U!1 anti-All>S. c/11sive crianças" (p. sobre a Terra. Man20). dou o Pontífice Esse é um absurdo somente pos- diçõcs, como a do Estado do Wis- acrescentá-las à Liturgia: "O dragbo maldito transvasou, como rio d~r~;~i::ç:in~~am~ e~:f,êrit~ª im1111díssimo, o veneno de sua ini"discriminação" um viciado empe- lumbia, onde está Capital Federal, qúidade em homens depravados dernido, culpado pelos seus próprios foi aprovada uma lei anti-teste. de menle e corruptos de coraçtlo; indesmandos, arrisca-se a vida de de- Em conseqüência, 40 das 50 maio- cutiu-lhes o espírito de mentira, imzenas de inocentes, inclusive crian- rcs Segu radoras americanas dcixa- piedade, blasfêmia, e seu hálito ças. O que é, então, verdadeiramen- ram de operar na área, e as 10 res- mortífero de luxúria, de lodos os te "discriminação"? - pergunta- lantes elevaram consideravelmente vícios e iniqüidades" (cfr. Rituale mos. Mas, há mais ... Ainda sob O as taxas de seguro. Assim, "para Romanum, Romae-Touranaci, lypis pretexto de que "os testes [de san- proteger os por/adores de AIDS Societatis S. Joannis Evangelistae, gue] resuftarOo em perseguiçOo pa- contra a 'discriminação', osresiden- Discléc , Lefebvre & Soe., 1903, p. ra os afetados", os homossex uais tes do Distrito de Columbia agora 229). obtiveram que, na Califórnia , ''jos- terão que pagar mais pelo seguro Não tornam, tais expressões, ~---..,.= ap"'ro"',~ad"'a• ,i.mM••" 'l"'e,•pw.m"lb"'ln~a;~r+-,e,,~ s m ~ ~ , · ai:.-com-preensi~ntes-aspeG------médico de informar qualquer pes- vadas, têm menores possibilidades tos do mundo atual? soa, mesmo o cônjuge, de que ai- de escolha de seguradoras" (p. 25). Mario A. Costa
Discriminação anti-a nti-homossexua l
~v~lo~s~~ ~~~a
~~s~~~~·T~~~~i!\~
d~c~~~
CATO LI CISMO FE\IEIIElflO 1989 -
15
Tragédia na Armênia revela:
RÚSSIA, país do terceiro-mundo A
CATÁSTROFE que se abateu Nunca havia imagisobrc a Armênia vai, pouco a nado que uma poq,1:'.mt:~lh'lfITTtõ7mõ•iviédo. O normal é que cada vez menos tivesse tanta escasse noticie sobre as desventuras e are- sez"' ("FolhadcS. construção - máxime em se tratando Paulo", !5-!2-88). de pais comunista - e que reapareça A desumanidaem publicações, no final da década, co- de burocrática somo uma das grandes tragédias dos cialista não tem liA pés~im11 111111füfode dM co11s1rnç<ie• anos 80, junto com Armcro e a cida- mites: "Grupos de foi re.,p,m,úue/ 11elo grm1de tt!Ímero 1/e i,(/im11s de do México. resgate mostravam Porém, dadas as circunslãncias pc- uma total indignação porque foram im- uma remessa de pão para os moradoculiarcsdcssatragédia,rcvcladoratam- pedidos de trabalhar por causa do to- res famintos de uma aldeia semi-destruíbém ela de mais urna e pior tragédia que de recolher que vigora em 16 re- da, alegando que lá não havia nenhu- o domínio comunista e sua seqüela giões da Armênia. ma autoridade que pudesse assinar o insondável de mazelas - é oportuno "Um especialista em escavações recibo - todas csravam mortas" ("Velançarmos um olhar compadecido pa- da Alemanha Ocidental contou que te- ja", 21-12-88). ra o cenário de dor que atingiu várias ve que parar seu trabalho no mesmo cidadcsdaArmênia,cntreelasSpitak, momento cm que ouvia gritos de socorUma firma dos Estados Unidos "enLcninakan, Kirovakan, as mais atingi- ro vindos de geme soterrada pelos es- viou um laboratório médico, inclusive das. combros. Soldados armados de metra- 20 aparelhos de diálise. Quatro dias lhadoras lhe disseram que era 'hora se passaram antes que os vistos de ende recolher'" ("Folha de S. Paulo", tradachcgassem'' (''Time'', 26-12-88). 16-12-88). "Um médico britânico que particiOutroepisódioestarrccedorfoinar'"Nosso país é cão atrasado que pou dos socorros fez uma declaração rado pelo primeiro-ministro Rijkov, nao conseguimos sequer receber ajuda emocionada à TV BBC: 'Na ArmCnia que acompanhou os trabalhos de socor- adequadamente' - o dcsafabo Foi pronão havia sequer aiaduras ou álcool. ro: "Um burocrata recusou-se a enviar ferido por um funcionário que completava três noites sem dormir'' ("Veja", 21-12-88). O., 111,ld11dos de Gurbacliev ig,rornr,,m os grilm ,fo~ .m/,,,-,-,ul,,s; primeirorepr1sernm a e•frilua de l,enine. '''A União Soviética é o Congo com a bomba atõmica': esra frase, atribuida a Pierre Courtade, durante anos correspondente de "L'Humanité' em Moscou, nos vem irresistivelmente ao pensamento face às noticias sobre a incúria , a fraude administrativa, a desorganização, a ausência de meios presen1c nas operações de socorro. As equipes de salvamento estão confusas. Aterradas pela amplidão do desastre . mas também, sobretudo estupidificadas pela ausência !Otal de coordenação das op~rações de salvamento. Falt~m os
ttmmmrni,ii,,.---!;
tcs, tra!Ores. Faltam também holofotes, tendas, alimentação. A cada passo a in-
Aplicação de competência é flagra nte, assustadora" ("Le Point", Paris, 19-12-88). '"Em lugar de serem operados no local em hospitais de campanha, os feridos eram impropriamente transpo n ados, dura nte horas, em ambulâncias improvisadas. Sem fala r na incomp,::tência de certos médicos russos enviados por Moscou: Vimos pessoas serem dialisadas quando bastaria para expelir liquidos, que os reidra1asseml' se indignam os Drs. Vincent Barrois e Patrice Kasparian. · "A desordem é omnipresente. Caixas contendo a etiqueta ·medicamcntos-urgentes'ficamesquecidasnumcanto do aeroporto do Ercvan, enquanto que cm Leninakan os feridos procuram a esmo uma caixa de remMios aparecida por lá, e sem que ningul!rn os viesse ajudar a Traduzir as bulas. Freqüentemente o comportamen10 dos oficiais e militares soviéticos beira à provocação" ("L'Express", 23-12-88). "O cúmulo foi aiingido cm Spitak, cidadedestruidaemccrcade90º/•,quando soldados de Gorbatchev julgaram mais urgente, imediatamente depois do tremor de terra, recolocar no pedesta l a estátua de Lenine, e até restaurála improvisadamcncc, do que voar cm socorro dos armênios soterrados a alguns metros dali. .. " ("L'Express", 23- 12-88). '''É assustador! confidencia um soldado francês. A nrnior parte dos imóveis eram construiü~~s com pedras vulcànicas empilhadas como um vulgar joso de cubos. Nem concreto armado, nem cimento. Tudo então se precipitou de uma só vez sobre as pessoas, sem bolsões de salvamen10, como é normalmente o caso cm terremotos'. Na pra<;a Leni ne, cm Leninakan, os austeros prédios oficiais são quase os único~ que restam de pé. 'Não espanta! cxcla-
EMOS analisado os destinos da Medieina no Brasil pós-constituinte. Em artigo anterior(•). mostramos que as emendas do Centrão não expurgaram adequadamente a tendência socializante cm nossa Carta Magna. Em apenas três meses de sua vigência, só cm São Paulo três hospitais foram
Um risco pouco temido pelos "comunosanitaristas"
e~t: ~:!~':a~~ ~~ti;~:~t~i~i~ie~~
1r~:propriados (agora qua-
r:::rse~/~seci~!~\~~~ã 0Es~:
:ª
~~~~~'r·~,e~~d~~~~~~:~~~
~:~~~~~~e_s
1
no mercado
:~J~~~~~~
me~;:: ;:;: :\~1 , das penas e das lágrimas, são de105 monstradores sensíveis, com revelações extraordinárias doestado de uma socicdade. Face ao tremor de terra armeniano, a União Soviética, segunda potêneia mundial, revela-se o que ela é: um
CAOS NO ATENDIMENTO MÉDICO NO BRASIL T
Mostramos também que
Estccaosparccecntrctanto não ser temido pelos administradores soc ialistas, que conduzem os destinos da sal1dc neste Pais. Tudo indica que a anarquia vai pre-
medicina brasileira.
~e~~ê~~~; ~~:t~~:~~e~~~; !~ men~~~l~~~~:f~~~~~- ~~r:~:
trangulando a medicina particular a ponto de torná-la economicamente inviável: o que vai gerando um grande "deficit" de leitos hospitalares no País (cm relação ao
lciro aceitaria os padrões comunistas aplicados na medicina: seja os padrões soviéticos (da consulta médica realizada por técnicos de nível puramente secundário), seja
do assim de uma situação verdadeiramente caótica.
seja os métodos cubanos, do médico de quarteirão.
1 05 -~,~11~:;;;;,-'j~ºi;;,i<j:r;,;: w:~;c. ~~l~ii~~if./i~•l7•t\;'íLf'E'ii'1if"1'---.- - - - -+-'"-mEl'",.'mºdo,a""Ttpouipc:1"mªç;,,';º.l·;,,ITTF+;;; :r~~ê~~~:cs:J~fç~~.~: R. Munsur Guérios
CATOLICISMO FEVEIU:lllO 1989 - 17
Entretanto, a criação de sa" linha do "apadrinha- apresentam suas portas feum estágio caótico, no qual dor", irá por água abaixo chadas (ou pelo menos apese patenteie a falência total na medicina brasileira. É nas entreabertas) para os da medicina brasileira, pode- um outro elemento da anar- mais necessitados. ria ser um ingrediente "bené- quia que se aproxima. b) O segurado do INPS fico", e talvez mesmo indistambém perde, porque apepensável, para plantar a se- Omissõo de sar de pagar uma pesada ta:f;~en!c s::ii:11~i~~ t~~ gosto dos que por ela trabalharam, tanto nos bastidores como na própria ribalta de nossa Constituinte. Não é difícil prever as várias etapas desse caos. As peças do xadrez estão colocadas, já começaram a se movimentar. Estão ai-pm·a 10-dos os que quiserem ver.
socorro: fato cada ~ª;;~~e t~:t~!~~:~s d~:~~~ vez mais freqüente digentes. Outro elemento de degradação do atendimento médico no Brasil neoconstitucional é o problema dos contratos de prestação de serviço. Em sua obstinada pe_E_~ guiÇão contra a mêdicma particular, o Poder Público da Nova República, tanto
c) A Lei Orgânica dos Municípios Brasileiros, que garantia a todo cidadão atendimento médico de urgência (cirúrgico e clinico) gratuito, ainda não foi revogada. Mas está sendo desrespeitada por todos os hospitais municipais, Santas Casas e hospitais-escolas, porque. ganan-
~~i~p~ª-
A " politicalizaçõo" f~~:;~dd~s â~ª;~~~s (':1~ ;;~~e~çãn~gadn~ da saúde como atualmente através da do a atender os desempregaQuase todo o orçamento de assistência médica do INAMPS, atualmente superior a 3 trilhões de cruzados anuais, está sendo entregue aos prefeitos, pela criação do famigerado Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS). As notícias dos jornais nos dão conta de três fenômenos: 1. A distribuição das verbas aos prefeitos, feita através das Secretarias de Salldedos Estados, tem habitualmente premiado os prefeitos "afinados" com os governadores e penalizado os oposicionistas; 2. Ninguém põe a mão no fogo para atestar, que tanto uns quanto outros, realmente aplicam toda a verba recebida na promoção da saúde dos cidadãos sob sua "jurisdição"; 3. A politicalizaçãodaassistência médica já é um fato; cada vez mais, o "apadrinhamento" do Poder municipal torna-se condição importante para obtenção de qualquer tratamento especializado. Não é preciso ir muito longe para perceber que tudo o que não está na "dito-
própria Constituição, estabelecequeoscontratosdeprestaçãodeserviçoao !NAMPS deverão ser, de preferência, com instituições pllblicas de salldc (especialmente Santas Casas). Ora, à guisa de perseguir entidades de fi ns lucrativos, nossos dirigentes es1ão oferecendo ao Pais um péssimo negócio, uma vez que prejudicial a todos os segmentos da sociedade brasileira. Só mesmo um obscurantismo, do tipo "komeinista", poderia excogitar uma solução tão errada para nossos problemas: a) A classe dos indigentes perde com isso, porque as Santas Casas, antes abrigo caridoso para todos que delas necessitavam, agora
18 - CATOLICISMO FEVEllElllO 1989
dos, estrangeiros, etc. não vinculados ao INAMPS. Muitos casos de morte por omissão de socorros já começam a ser registrados cm nosso País. d) Perdem, evidentemen· te, também os hospitais particulares, uma vez que ficam excluídos de contratos que garantiam parte de seus rendimentos . e) Perde o País de maneira geral, uma vez que não háes1imulo para construção de novos hospitais e aumento de nosso potencial de atendimento na proporção do aumento de nossa população.
Os três ingredientes do caos Resumindo, encontramos então três fatores de caos e de degradação do atendimento médico no Brasil: !. A asfixia e desmontagem da rede privada de atendimento; 2. A politicalização do atendimento, a institucionalização do apadrinhamento e os desvios dos recursos desaUde para outros setores; 3. A abstenção do Poder Público(emaisespccialmente do Município) no fornecimento da medicina gratuita à população carente, e nas urgências cirllrgicas e clinicas da população em geral. Não há sinais de que essasituaçãoestcjaatemorizando a "inteligcntzia" comuno-sanitarista brasileira. Parece, pelo contrário, que ela conta com o caos, como forma de preparação do passo seguinte. Tal passo, parece ser a introdução do sistema cubano de atendimento no Brasil. Trataremos dele oportunamente. Antonio Lora Duco (º) "No~a Constimicão tende a es-
trangularmcdicinaparticular", "Ca. 1olícismo",N·4S6,dCtt111bro/l9l!.8.
A revanche da Idade Média
rer desses dez séculos houve pe· ríodos muito diferenciados: "o período franco .... designando 300 anos que vão da queda do Império Romano, em 460 .... até o ad1 vento da linhagem carolíngea, em meados do século VIII .. . . . O período imperial, que viu realizar-se a unidade da Europa, corresponde a cerca de 200 anos . .. . Da metade do século X até o fim do século XIII é a Idade Feudal . . . . . Por fim .... dois séculos em que se dá um período de transição entre o feudalismo e a monarquia (absoluta)." (p. 137).
SEGUNDO uma deturpada visão
~= ~~~~~:~ :~f
Quando até os rótulos se enobrecem ...
cos: "nossos programas escolares só deram lugar, até o presente, à literatura clássica, a que começou no século XVI ..... Mil anos sem produção poética ou literária digna desse nome, é concebível?" (pp. 4112). Tendo, porém, o brilho das artes, a pujança das instituições medievais ultrapassado essa barreira de silêncio, foi organizada contra a Idade Média a mais fantástica campanha de difamação de que se tem notícia, uma verdadeira legenda negra: época de epidemias e de peste, de fome e de massacres, na qual os senhores feudais "se guerreavam durante todo o tempo, e com seus cavalos passavam pelas terras dos camponeses destruindo tudo" (pp. 819); "para os historiadores do século XIX feuda lismo significava anarquia" (p. 57). Exemplo característico dessa campanha foi o desprezo com que se procurou cobrir a magnífica arquitetura medieval, feita de ogivas sublimes como mãos postas em oração e de estupendo contraste entre a pedra austera e o vitral
contra seus detratores Mas esses dez séculos foram
de cores esplendorosas. A magni1
::~?1
:ir~ª~~e~ d~=s~ tpãr~l:ç~~ºtn!1e~::t~:::~t~:ae,li!e ~~:~~~it~~~::n::;~~:~~;~a famosa historiadora contemporâ- rária (tenham-se e~ vista,' po; construção ogival é feita de munea Régine Pcrnoud (1) - "teria exemplo, a Suma Teológica e a ros transparentes", e sua elevação havido duas épocas de luzes: An- "Chanson de Roland"), de verda- e a multiplicidade de seus aspectigüidade e Renascença - os tem- deiro aperfeiçoamento social (é O tos criam um ambiente tal que "o pos clássicos. E e ntre as duas, fim da escravidão, que só retorna- silêncio de pedra das catedrais é uma 'idade média', período inter- ria nos tempos modernos, e a edi- um discurso sem fim" (2). mediário, bloco uniforme, 'sécu- ficação de uma sociedade com baSem falar dos tão originais arlos grosseiros', 'tempos obscu- senosvínculospessoalefamiliar), cos-botantes, que do lado de foros'." (p. 17). de pujança econômica, etc., que ra dos muros sustentam graciosaAssim, "Idade Média" é a de- o véu de desprezo com que se mente as ogivas. Deles, disse o s ignação que foi dada, por despre- procurou ocultá-los sob a designa- mesmo autor: "A uma pressão zo, a nada mais nada menos do ção"ldadeMédia"nãosurtiuefei- oblíqua\dasogivascontra aspareque dez séculos de História, cuja to. Nem tampouco o silêncio que des] era necessário opor uma reúnica importância teria sido a de sobre eles se procurou fazer de sistência oblíqua; a genialidade servir de hífen entre a Antigüida- modo sistemático, por exemplo não foi tanto de conceber o arcode pagã e os tempos modernos. nas escolas, falando-se o mínimo botante ... mas sim de concebê-lo a,-efifma---<:om-razão--P---er'--J-po<"',.Lia.l<!ad,eMédi..c=,Jcgana.-J.-"<01!]m!!fO'-!U1!]mlja!frcÇlloê'."~,- - - - - ~ noud, isso é uma insensatez. A co- do a poucas páginas o ensino soPois bem, esse inigualável estimeçar pelo fato de que no decor- bre esse período nos livros didáti- lo, que produziu monumentos CATOLICISMO FEVEREIRO 1939 - 19
prodigiosos como a Catedral de que rotulava, que falar em " IdaNotre Dame de Paris e a Catedral de Média" - ou usar o adjetivo de Colônia, ou verdadeiras jóias "medieval" - é acender entusiasarquiteturais como a "Saiote Cha- mos ou ódios, a ninguém deixa inpelle", foi, por desprezo, qualifi- diferente. Magnífica revanche! cado de "arte gótica", ou seja, arte dos godos, dos bárbaros. A ar- Razão profunda te ogival, porém, se vingou, e o da legenda negra rótulo de desprezo aplicado a sua realidade sublime, não só não conseguiu denegri-la, como ficou ele Das considerações até aqui feipróprio enobrecido. De tal modo tas, uma pergunta normalmente que, ao fa lar hoje em arte gótica, aflora ao espírito. Por que, contra poucos se recordarão da origem a Idade Média, uma tal campanha desgrenhada do epíteto, penetra- se desencadeou? Por que se amaldo que está ele pelas luzes dos vi- gamou, sob um rótulo inexpressitrais e pela beleza ogival das ner- vo,...para denegri-los, períodos suvuras de pedra. cessivos muito diferentes entre si, Aliás, pouco mais ou menos perfazendo mil anos de História? foi o que se deu também com a designação ''Idade Média''. Quem se dá conta, hoje em dia, do vazio originário da expressão? Esta ficou de tal modo sublimada pela força de personalidade do período
20 - CAl'OUC ISMO FEVEREIRO 1989
A resposta é simples. ~ porque esses mil anos corresponderam à formação e apogeu da civilização cristã. Mesmo os séculos XIV e XV, que já se podem considerar como sendo de decadência
da Idade Média e de preparação dos tempos modernos, encontravam-se ainda prenhes de instituições e costumes cristãos. Explicamo-nos. Nosso Senhor, ao fundar a Santa Igreja Católica, não fundou ao mesmo tempo uma sociedade temporal católica. Mas deu à Igreja, em semente, toda a capacidade para inspirar e modelar uma civilização. A Igreja, a partir dos Apóstolos, cresceu nas catacumbas até que, e m 313, viu reconhecido por Constantino seu direito de agir e expandir-se à luz do sol. Mas era sempre a Igreja - sociedade espiritual - a qual teve de conviver com a forma pré-existente de sociedade temporal antiga (romana), sem poder ainda modelá-la segundo o espírito e os princípios católicos. As vagas sucessivas de bárbaros que varreram o império, tornaram impossível o funcionamento
da "urbs" romana. A única instituição que se manteve de pé, altaneira e pujante, em meio aos escombros do mundo antigo que de todo lado se acumulavam, foi a Igreja. Tomou-se Ela, então, a alma da nova sociedade temporal que começou a formar-se. Ou seja, o incipiente corpo social, gerado nas difíceis circunstâncias da época, foi desde o inicio embebido de catolicidade e orientado pe· lo influxo benéfico e a mão firme da Santa Igreja. Nasceu assim a Crista ndade medieval, verdadeira proje(ão temporal da Igreja Católica. . Não queremos com isso afirmar, é óbvio, que tudo na Idade Média foi perfeito, nem mesmo negar que crimes e horrores se tenham cometido nesse período (em mil anos houve bastante tempo para tudo isso). O
que afirmamos, com o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, é outra coisa: "A Cristandade Medieval não foi uma ordem qualquer, possível como seriam possíveis muitas o utras ordens. Foi a realização, nas circunstâncias inerentes aos tempos e aos lugares, da única ordem verdadeira entre os homens, ou seja, a civilização cristã .... a disposição dos homens e das coisas segundo a doutrina da Igreja." (3). Daí o ter-se procurado desprezar a Idade Média, fazê- la esquecer, caluniá-la.
(1) "Pour en finir avec lc Moycn Age", éditions du Seuil, Paris, 1977. Todas aseilações de Régine Pemoud, nesle artigo, são da mesma obra. Ao leitor desejoso de aprofundar seu co11hecimento sobre a Idade Média recomendamos ainda, da mesmaautora,"BeautéduMoycnAge", e "Lumiêre du Moyen Age".
AldadeMbl.io,Nm11 lpoc11de 1re"'"tComo poderia l!ia enliío ll!r werudo efll! INniro tW p,,n.oamenla leulógica "'Jilo,ófiM qNeffH Seia Tam<U dl! Aquino? O qua• dra de lurbarán a npre,eala elUUlando Pap(U, BUpm e J.,,.,1un,
François Cali, 110 álbum " L'Ordre Ogivale", edi(ões Arthaud, Paris, 1963. (3) "Revolução e Contra•Revoluç..O", 2a edição, Diário das Leis, 1982, p. 28.
(2)
Uma segunda criação Soore a Idade Média • época admirável em seu conjunto, complexa, com muitas luzes e também sombras - dificilmente se encontrará uma descrição tão penetrante e sintética quanto a do pensador católico tradicionalista espa nhol do século passado, Danoso Cortés. Reproduzimo-la abaixo: "Na Idade Média há muitas coisas: há, por uma parte, assolamento de cidades, queda de impérios, luta de raças, confusão de povos, violências, gemidos; há COrrufH;ãO, há barbárie, há instituições caídas e instituições bosquejadas; os homens vão aonde vão os povos; os povos, aonde outro quer e eles não sabem; e há luz que basta para ver que todas as coisas estão fo ra de seu lugar e não há lugar para coisa nenhuma: a Europa é o caos. "Mas além do caos há outra coisa: há a Esposa Imaculada do Senhor, e há um grande acontecimen-
1
no da Divina Majestade e da divina grandeza do que operar ali, onde homens e povos e raças, tudo se agita confusamente, e ninguém realiza nada. ( ... ) "Depois de haver amansado amorosamente aque. las grandes iras e serenado com seu simples olhar aquelas furiosas tempestades, viu-se a Igreja tirar um monumento de uma ;'Ufna; uma instituição de um costume; um princípio de um fa to; uma lei de uma experiência; e, para dizer tudo de uma vez, o ordenado do exótico; o harmônico do confuso (... ) Tudo foi, tudo viveu, quando o mundo prestou ouvidos atentos a suas amorosas palavras e começou a olhar fixamente para sua resplandecente beleza. "Não, os homens não tinham visto uma coisa semelhante, porque não tinham assistido à primeira criação( ... ). Dir-se-ia que, arrependido Deus de não ter feito o homem testemu nha da primeira, permitiu
:e:;1!~!~,
~~o~uo;1rav~:t~J! ~:Jj:~t~~d~á n~ri;~a~:s~J;iac:; ª(~S:o~ªé:~tft~-Áuti~i~~;:: pa~broso-a-não--ser-em-cr~ào,--e-nad~..e...os-erros modernos'' fdit não a Igreja me parece adorável (... ) Nada mais dig- 1960, pp. 62/3).
~a~~~: lis
CATOLICISMO FEVEREIHO 1989 - 21
Um testemunho franco e leal FRANCAMENTE não compreendo toda essa agitação que se levanta em torno da Reforma Agrária. Muitas vezes, pergunto a mim mesmo: será ela necessária? Pois não é verdade que os brasileiros já vêm expandindo nossa fronteira agrícola há décadas, galgan-
do serras, desbravancto· flores1as-;-atravessando rios, transpondo pântanos e tirando da terra mediante o plantio, a criação e a mineração os recursos de que vivem hoje 140 milhões de pessoas? Exemplifico com o que aconteceu em minha região, o norte do Paraná. Na década de 50, minha família trabalhava numa fazenda de café cm Apucarana. As geadas castigavam muitas vezes nossa lavoura dissipando as melhores esperanças. Mas continuávamos a trabalhar com afinco.
Após anos de labuta, conseguimos economizar o suficiente para comprar uma propriedade no interior do Estado, na região chamada Norte Novo do Paraná. Depois de muito procurar, cm 1953, adquirimos oito alqueires da Companhia- Melhoramentos Norte do Paraná - na localidade de Japurá. Não havia nenhumacasaconstruida,apenasárca reservada para uma possível cidade. Em cima de um caminhão, colocamos tudo o que possuíamos: móveis, instrumentos de trabalho, mudas para plantar, toda a familia e até um pobre pássaro, que só morreu quase vinte anos depois. Foram quinze horas de viagem para percorrer 200 quilômetros de estrada, que mais parecia uma picada na selva.
Estatais: fardo pesado A SECRETARIA DE CONTROLE das Empresas Estatais constatou que, no exercício financeiro de 1989, as despesas gerarão um déficit correspondente a 2,29 por cento do Produto Interno Bruto, portanto mais do que o déficit púb!íco global projetado pelo Governo, o qual é de 2 por cento do Produto Interno Bruto. Já cm 1987 o lucro das quinhentas maiores empresas privadas nacionais, somado, não seria capaz de pagar o déficit acumulado pelas cinqüenta maiores estatais naquele ano.
O ônus do desperdício Comprovam-se denúncias sobre irregularidades havidas no biênio 1986 -1987, concernentes à compra de gêneros alimentícios no Exterior, bem como à comercialização interna dos produtos cm condições desvantajosas para o Brasil - seja pela má qualidade do produto, seja pela inutilidade da compra. Tui se deu, em larga medida, com a importação de leite, milho, carne, arroz e pescado. Para mencionar tão-somente o arroz, o Brasil adquiriu quinhentas mil toneladas do produto acima de suas necessidades, o que redundou numa "queima de divisas de cem milhões de dólares", conforme relatório divulgado a respeito pela imprensa.
Descarregamos a mudança, o caminhoneiro despediu-se e partiu. Nós ficamos! Onde? Em sítio vizinho ao nosso, num galpão emprestado, que fechamos com lonas nas laterais, e onde colocamos os mantimentos e as camas. O fogão: duas pilhas de tijolos ao relento! Água? De uma nascente aquinhentos metros dali. .. No dia seguinte, fomos logo cedo ver nossa propriedade. Um amontoado de paus negros, recentemente derrubados e que a queimada havia apenas chamuscado,deixandoumacoivaraintransponível. Terra roxa e, portanto, c:itcclente. Mas era preciso muita coragem, saúde e força de vontade para dominá-la. Mas agradecemos ao bom Deus, pois era o que Ele nos havia dado. Com pouco dinheiro, tão pouco que não podiamas comprar sequer arroz, nossa comida, essencialmente, era a polenta de milho. Hospital e farmácia? Só em Cianortc, a vinte quilômetros de distãncia a serem percorridos em estradas intransitáveis na época de chuvas. E se na viagem alguém fosse picado por cobra - e na região havia muitacascavcl-cramortecerta. Só ao fim de cinco anos obtivemos uma pequena colheita de café. Já havíamos construido uma casa e perfurado um poço com água potável. Outras famílias foram chegando, e, com o passar dos anos, depois de muito esforço, paciência e privações, a região tornouse uma área cm franco progresso. E pode-se dizer que hoje não há um palmo de terra inaprovcitada. Sim, mas isso dependeu de muito trabalho, no qual todos nós tivemos que dar sangue, suor e, muitas vezes, lágrimas. Tínhamos, é verdade, um incentivo: a terra nos pertencia. Não éramos como esses pobres "assentados" da Reforma Agrária, a quem o Estado nega a propriedade, que reserva para si. Sirva a experiência acima narrada de lição aos demagogos da Reforma Agrária. Não será mediante promessas vazias, jogando brasileiros contra brasileiros, produzindotcnsõescstérciscncrc irmãos que haveremos de aproveitar as vastidões ainda inexploradas de nosso território. O que precisamos é seguir o exemplo de nossos maiores que - sem as comodidades oferecidas hoje pelo progresso - construiram as bases da riqueza do Brasil que aí está. Com esse espírito trabalhador, cmprc-
. A. B. A.
22 - CATOLICISMO FEVEH.ElltO 1989
"'º"'
ccram. Saibamos expandir - e não destruir - a obra que eles começaram! Daniel Sincos
TFPs em ação Contra a guerrilha, a favor da Colômbia BOGOTÁ - Em cdir;aocspecialdoboltt im " TFP informa", a Sociedade Colombiana de Defesa da Tradição, Familia e Prop riedade acaba de dar a pitblico uma pcnetramc anàlisc do panorama nacional, marcadopelacrescemeinvestidadagm:rri-
~~~ 1 1~~~1 it:~ ec:l~~~ua~~~l~i~ãirfi!~ abusos praticados pelos guerrilhei ros uma ínfima e anônima mi noria - se fossem praticadosporumúnico tirano,cst~"seria mais tristemente ramoso do que Hitler ou Stalin,edespertariatantaoumaisindignaç!io".
O estudo da TFP visa alertar a nação ante a nova onda de pacifismo obsessivo. inidadosobogovemodoc:,,:-presidcnteBclisariolk1ancurt,equerttonhectàgucrrilhacredcnciaisparacnrnbularcorwcrsações e cstabclcrcr acordos . Apesar da rcjciçao do povo colombiano a essa política - lk-
Conferência e campanha lançam livro em Zaragoça MADRl - Prosseguindo cm nível nacional adivulgação dolivro ''Espanha ancstesiadascmpcrccbé-lo, amordaçada sem querê-lo, e:oraviada sem sabê-lo",
tancurtsoírcuíragorosa derrota eleitoral em 1986 os pacifistas estão voltan· doàcarga, echcgammcsmo arcsponsabili ui r osque resistemàguerrilhapelosnovos massacres que esta ve· nhaaefetuar. .. Nessesentido,ésintomi1ica a declaração, publicadana imprensa,dc urn destacado íu ncion:lrio do Governo, a quem CO!"pet_iria defender a ordem Jurídica: " não h:lcódigoq ue val ha mais do que a vida de um homem. Nadadoquefavorcp a Pátria podeserimoral ou inconstirncional. "Dialogar com quc_m nãoco nccbc uma moral d1stinradesuasprópriasconveU, jm,e,u ,/11 ·rn• .,.,l,,mbi"'rn /era111um , .,,u e,1mufo rniências - pondera a TFI' 1e1 "'" m11i1 di ru1<n JH"m,1 ,1,, /H1i1 - implica em submeter-se voluntariamen1easeuscnganos, ficar na dcpcndência g11crrilhciros,q11ccstão nailcgalidadc, pasdcscusabusos,atécair sobse11ncfasto do- sandoasercvcstirdc urnaaparência dclcmínio." Mais ai nda, indivíduos oomo os galidadc, aumentam incvitavdmc11te sua própria força. O C!ilUdo da TFP colombiana assinala 1ambémsurpresaedcsconccrtoanteaatua~-ão de algu ns Pre lados que, a tí1u!o pcs.mal ou não, têm dado seu aval à guerrilha. Numa época cm que tanto se íala de poluíção ambicn1al. uma autêntica tempestade artificial de absurdo~. como a que sofre atualmente a Colümhia, cons!ilui fator de poluição das mentes. um lance tí pico de guerra psioológicare\·olt1ciornlria._capaz de a1urdir sua população e pul\·enzar o queresrndtordemjurídicaemoral. Evocando com vencraçllo palavras do Hcato Dom Frei Ezequiel Moreno Diaz, lfopo da diocese colombiana de Pasto,
~:e~,:::::~ :.:i:;: ~::::/;;::~,;'.:;,.~~:;,~,~: : ,t~::tlrnl
i~~t~~n~\~1l~1~sg,:'ã~~ Espanhol para dcsligurnr p<>r completo a alma ca1ólica da Espanha, TFP-Covadonga realizou nas ruas de Zarago,;a imc11sa campanha, com a participação de sua fanfanadcj01·enscoopcradores. A campanha foi aberta com uma c':mfcrência do Cõucgo Eduardo 'lbrra de ~ ra na, rcafaada no C?légio La Salle. L>1scorrcu ~!e ~obre o processo - desc~volv1do com a rC!iponsab1hdadc de numerosos edes1as11cos - que preparou a Espanha para a amai anestesia inoculada pelo l'SOE. A impl~o da Ação Católica Espa11hola e dos órgãos de comunicação social da Igreja, íoi apontada pelo Sacerdo!e como c~cmplo desse processo. Como os judeus que pedirm!1 a Samuel um rei, para não serem difcre111cs dos demais povos, a Esr anh;i de hoJ~ ~ 1cn1,1da a dcsfi gurar-sec a csqueccr scu passado. crn busca dos aplausosdos v1Z1nhos c dc scr comotodososoutros. Em r:lpida repre$Cntaçào teatral, jovens da T_FP evocaram a i11vasão dos soldados de Napoleão Uonapar1c na Espanha, que discutem e reconhecem sua derrota 111.:--.-r.:w;1ci\Ç~ago1=J~logia.J:om__a_suspc11li
r rojc1oagro-rcformistado l'SOEncssarcgi!lo. rcjcitadopclosagricuhorcsctarnbém denunciado cm livro por TFP-Covadonga.
~~ ~~~if~~~~°i1fpv~~:~:~ ;~~
:;:~~ asoluçãoparaosmales11osquaissedcba1eo Paist-onsistccm seguirooonscl ho do Divino Redentor: " íl uscaio Reino de Deus csuajustiçaetodasascoisasvosser:lodadas por acr&imo" (Mt. 6. .3.3). Ou seja, procurar a pcríeira adequação das leis colombianas oom o que prcscrt\'C a Lei de [)cus.cqucoEstadocxnçaumcsforçosério, in!c nsoccont ín110 p;mt fazcr valercs• saslcis. A campanha da TFP difundia, ao mes• motempo,umcatcgóricoC!itudo-dcnllncia sobrcumproje1omarxistadcreformaurba- 1a,-110.\:0-fat.0r..de..<lcmoliç.ão.do..país._Q__cs.:....___ 1udoprc1·êqucoprojctoscriaaprovado sem que se ouvisse a na~ão, o que de falo acaba de ocorrer. CATOLICISMO f' EVEBEIIIO 1989 - 2:J
aspectos wracterísticos do rot:0có francês, em voga na éJmca de Luis XV. Desenhada J1elo arquitelo Nicodignitários, oficiais e infantes en- las Pineau, e executada por granvergando vistosos uniformes, tles- des arfístas, a ''Carruagem DouraJilavam em solenes cortejos. Co- da" serviu pela primeira vez como preciosas 1Jitrines de cristal, mo veículo oficial, em 1737, quanrevestidas em seu interior de velu- do o príncipe de Uechtenstein foi dos, conduzidas por criados tra- nomeado embaixador tle Viena jando magnificas librés e puxa- em l'aris. das /wrwrcéis ricamente aja-
tal qual de.'ifilou há mais de duO minucioso protocolo tia corzentos anos. Sua beleza singular te tle Versalhes c/assifimva os vápode ser apreciada na foto desta rios tipos de carruagens de acorpágina, onde aparece no jardim do com a finalidade e com a catedo castelo imperial de Schónbrmm, goria de seus proprietários. Assim, tendo ao ftmtlo a fonte de Netu - por exemplo, a ··carrossedu Roi'' no e a "Glorietle ", o esplêndido (Carruagem do Rei) só podia ser e gracioso arco-do-triunfo da mo- utilizada pelo monarca e por narquia austríaca. seus parentes mais próximos, ou, Trata -se da " Carruagem Dou- excepcionalmente, por alguma rada" do príncipe Joseph Wenzel pessoa a quem o rei queria honvm1 Liechtenstein (1696-1772), rar. A "Carrosse du Cor/JS du primorosamente conseniatla no Roi'' (Carruagem tio Corpo do Wagenburg (museu das carrua- Rei), mesmo vazia, represemava gens) de Viena. A prof~sii.o de or- o trínci/Je reinante ~as so~enitla-
cre" (Carruagem de Sagração) foi construída exclusivamente para a entrada solene do cortejo tle L"Oroação dos soberanos franceses em Reims. A "Carruagem Dourada" ocupava a classe de "Carrossede l'Ambassadeur'' (Carruagem do Embaixador). Ao narrar a entrada pública do embaixador, em 1738, pelas alamedas de Versalbes, para ser apresentado ao rei e à rainha, um jornal da época, "Mercure de r·rance", assim tlescreve a "Carruagem Dourada'': "A quarta carruagem, uma berlimla dourada, era forrada de veludo carmesim, enriquecido com bordados a ouro. O teto estava decorado com bronze doura do, e a traçiío feita por oito cavalos t/inama rqu eses, crinas e penachos em carmesim e ouro.os arreios eram de marroquim 11ermelho, com aplicações de bronze dourado" Símbolo de uma sociedade que já nii.o existe, mas cujo esplendor ainda permanece em incontáveis obras de arte, a "Carruagem Dourada'' bem demonstra n alto grau de cultura e civilização do ''Arlligo Regime'', anterior à. Revolução francesa. /Jir-se-iafeitaparapríncipes encantatlos tias bistórias infantis. Na realidade, fruto magnífico de nobres instiluições dopassado, que, entre outras qualidades, sa~iam tr~nsfom,ar um sim-
fino entalbe de madeira revelam
crínio precioso de ouro e cristal.
N
;,t
EUROPA
do século
XVIII, eram freqüentes as
cerimônias nas quais representantes da nobreza, altos
ezados, as carruagens de lu-
xo desempe nhavam entào um jJaf1el fun-
tl ame n tal úteis como veículos
A carruagem dourada
de
tran spor/e, eram ademais tlistillfas e be-
las como uma jóia.
Das cente-
nas de carruagens que participaram da queklsmagnas solenidades, celebradas nas
principais cortes européias, uma sobrevi-
veu ao desgaste do tempo e à sanha das revoluções, con -
servada hoje
lhe conferiam. A ."Carrossedu Sa-
Imagem exprime auge da agonia santa
focl1111fodn iKrf'j,,,la Ord<?m Terceiro de 5ã., l'ram~iuo, Sãu)ui fo ,lel Rci(MG)
mo mal-estar - 'mais dolorido que a própria dor e mais intenso que a trisleza'), e esculpiu na madeira o mal-estar que tan10 o impressionara e comovera'
OMEMORA-SE neste mês a Semana Santa. Vai adiantado o proces_so de a utodemolição da lgre· ja ao qual se referm Paulo VI. É ele como um prolongamento da Pahtão de Nosso Senhor. em Seu Corpo Místico, a Santa Igreja
C
Nossa ca pa e esta página apresentam , nessa linha de ~nsamenlo, à consideração e veneração dosleilores, algu masarlÍSlieasfotosdeumadasmais belas escul1 uras, infelizmen te pouco con heci -
das, da arte sacra brasileira: o Crucifixo que se enconlra no ailar-mor d a igreja da Ordem Terceira de São Francisco, e m São João del Rei (MG) Já em nossa edição de abril de 1984 (nº 400), publicam os ai·
gumas reflexões wbre o clímax de solrimen los que a menciOna-
-
2 -
da obra-prima expressa com tanta propriedade e arte. E cabe aqui reproduzir a conclusão daquelas reflexões: "É-se levado a crer que o presumível anjo que u~>iu---esta- imagem-viu Salvador nesse estado {de supre-
CATOLlC l tôMO MA RÇO 1989
Consta que o referido crucifixo foi esculpid o milagrosamente Aproximadamente no ano de 1784. a Mesa Adminis1rativa da Venerável Ordem Terceira de São Francisco . de São João de i Rei, tencionava adquirir uma image m do Senhor do Mo nte Alveme , que deveria ser colocada no alla r-mor de sua igre)a. Não havia então. na Capitania de Minas Gerais, artistas que pudessem esculpi r um a imagem desse tipo, com a perfeição desejada. Surgiu . porém. certo dia um homem de es1atura regul11r, que contava il proximada mente 35 anos de idade, com trajes de peregrino, que se apresentou à mencionada Mesa Admlnlstral!va, propondo-se a lazer a menciOnada escultura. Aquela, sob certas condições. contra1ou a confecção da imagem. adiantando ao artista o ma te · rial necessário. Tendo-se encerrado o escul1or numa casa, que fica junto da igreja. , ninguém o viu trabalhar. uma vez que a oficina eslava situada no interior da residência Passaram-se os meses ... e a habitação do peregrino jamais seabria. Por fim. procurara m-no. batendo na porta da casa. Silêncio profundo! Arrombada esta , grande surpresa: na primeira sala, estendido sobre uma mesa de carpinteiro, via-se uma imagem de belíssimas proporções e ex1raordinária piedade . Era a imagem do Senhor Bom J esus do Mon1e Alverne. que a Mesa Administrativa tanto almejava! (dr . Severiano Nunes C. de Resende. in "O Arauto de Minas", 10 de agosto de 1877, apud Luís de Melo Alvarenga, " Igrejas de São J oão êleHwi"'";"""Eaitora Vozes, 1 PP- 43-44) .
Discernindo, distinguindo, classificando ..
SUMÁRIO ENTREVISTA O cien1i,1.a Wallrr Gonulez rala a ••Catolici&mo" w hre •u• HU"pr~ H ante os re8uhado11 a que eh... gou a prova do Carbono 14 aplieada a um fragmento do S111110 Sudário. Tala rf'•uhados J"ien, urn problrma airiu uio JNln a Fé, ma8 para a ciilnda ......... p. 4
"Gloria in Excelsis" de um grande Cardeal
PROGRESSISMO A Teologia da Libertaçio vai lançando metá•ta,c, pelo mundo. No• E11tado8 Unido, deu ori(l'em i "te ologia chicana" 11ue \·isa in-
"'•i-
1u:o:icar o, latino-111111:• ric11110• dente& nac1ude p 1d11 ••••••••••• p. 8
FA\flLIA No, último, 25 anua a ramilla vem 8ofrrndo um rápido proce1de d e~ap;rej(açio. Frulo de uma r evolm;i o 11'.'ndcncial quf' se utiliu da ··mldia". do8 tra~a. d a preuio ,odal, do laii· ian10 e de uma idé ia romanli7,ada ele
"°
............................. ,1. 10
MILAGRES Em Lourcle,, No,.,. Senhora eon. tinua opera1ulo e11ra11 e mila,ire,. Fato,, e.ia1l.iiue qu e o público nio conhece ................... p. 14
MEDICINA Tendo de panar pdo m,l'dico de '-luerteirio. o paciente ver-,.,-., con,lrangido a um tratamento prln1itiv;.1a e tlrinico, além do JN1lrulhan1ento ideolótiico. t o que a medicina de tipo cobano promele para u Urae il. .....• p. 2 1
~ATOLIC[SMO Ul,.,.,o,: Paulo Cor,~• de llri10 Filho
J""•olh'"
R"fH'o..i,.t: Takoo Takah.. hi -
l'oro,.,..,poslfllo:(dirna , ar,artirdt o,quivo<
íomn:ido,por"C11olid'"1u")Ba n<ltirant<S/A Orif,ça < Edi1ora - Ruo Moirinquc, 96 - S,,o Pauló,SP. 1 . , , _ , Atlprtu - l ndú<tcia Orifi<•• Cdi ~~~;.;::.~.· J1"9h, 631/689- 011JO
··c..olld•••·· tumapublka,;t,o,.......ldaLm praaPachellc:l<Mor<l<PontnLcda.l'aramu• dança<1,:.-,,dtre,;o~nn:n'1riommoionar1am• b.!moell<lcrcçoan1l,o.Ac<me<pondtndar<II·
t'>01a·na1urae•cnd• 1._,1.. po<lc .. r•n•· •·
da l,O,,,,i!ncia: Mua M1t1im rran<isoo,66! -
;;1i?ts:.:~:;::·:~::
e
AVALHEIR ESCOe nobre, piedoso e sacra!, assim nos aparece o Cardeal Merry dei Vai, Secretário de Estado do Papa São Pio X, figura a um tempo hierática e bondosa, batalhador emérito nas lides da Santa Igreja. Portador de um conjunto de qualidades humanas que caracterizam o autfotico fidalgo, e de predicados sobrenaturais que chegam até o heroísmo, atuou ele como diplomata, como conselheiro e como braço combativo do grande Po ntífice. Não sendo chamado por vocação divina a abandonar a vida na SOCiedade 1emporal e refugiar-se: entre as paredes sagradas de um convento, como tantos outros meritoriamcnte o fizeram ao longo da História, o Cardeal viuse colocado por Deus em pleno século, como um soldado cm meio ao campo de batalha. E soldado ele o foi inteiramente, maisainda,Gcneral! A consideração, sob a luz de Deus, dos vais-e-vens increntes à vida neste mundo, robustecia seu amor ao Criador; "A vida exterior, dizia ele, deve alimentar a vida interior; as coisas e as circunstflncias exteriores devem servir, não para dissipar, mas para fazer crescer a união de alma com Deus e ser ocasiões de virtude e não de depcre· imento'' R. P . Dai-Gal "Le Cardinal Merry dei Vai", Nouvellcs itions Latines, Paris, 1955, p. 101). Fiel a esse principio, o Cardeal dctinha·se fre•
qüentes vezes na contemplação das maravilhas da natureza. Da natureza sim, pois este esplêndido soldado de Cristo, muito ao contrário das deformações próprias a uma certa visão ecológica - que ao divinizar a natureza ou CO· mo quê, a apequena e se: apequena tinha as vistas bastante largas parasaber discernir na imagem, o Supremo Modelo: na beleza finita, mas gra ndiosa, o rcílexo da Beleza infinita: no esplendor do criado, a magnificência do Criador. Dele nos conta seu biógrafo: "Os esplendores da naturezaoen· cantavam,rnntomaisquesuaféardcn· te ai via a obra do Criador .... "Em Subiaco, no Monte Cassino, nos vales da Umbria, em face das colinas da Sabina, das ílorcstas dos Alpes, dos picos alteados no azul do céu, ao aspcc!Os das neves eternas, ele passava horas de êxtase na contemplação das grandezas de Deus. "Nos Ultimos anos de sua vida, a partir de 1924, ele tinha o hábito de gozar um cur10 repouso, no verão, na pequena aldeia de Arabba, ao pé dos rnontcsdo lomitas. "Na manhã de 20 de agosto de 1926, aniversário da morte de Pio X, ele havía subido ao cimo do monte BOC. A mais de 1rês mil metros de alt itude, so bre uma vasta esplanada, elevava-sc imponente e massivo um imenso rochedo inundado de sol. Ante tal espc· téculo, o Cardeal tirou o chapéu, e com sua voz bela e sonora, entoou o 'Gloria in Excclsis Dco' para glorificar o Criador. enq uanto o eco conduzia ao longe os acentos de seu entusiasmo" (idcm, pp. 79-80). ô Cardeal Merry dei Vai, quantas saudades v s c1xastcsna greJa , cn re asa lmasfiéisâvidasde maravilhas! C.A. CATOLIC ISM O MARÇO l9H9 - 3
Em
entrevista exclusiva concedida a "01tolicismo", o cientista Walter Gonzalez externou sua surpresa ante os resultados do teste realizado em fragmentos do Santo Sudário de Turim, com base no Carbono 14. Nascido 110 Pem, mas radicado há mais de 20 anos no Brasil, o Dr. Walter Demétrio Gonzalez Alarcón exerce suas atividades no Instituto de Pesquisas Espaciais - INPE, em São José dos Ü1mpos (SP) . É o único cientista do Brasil membro da Associação Internacional de Cientistas e Estudiosos para o Sudário de Turim - ASSIST. Especialista cm radiação solar, o Dr. Walter Gon.zalez levanta sérias dúvidas sobre as conclusões a que chegou a prova do C-14, segundo as qrmis o sagrado lc11çol seria originário da Idade Média e não da época de Nosw Senhor. Para o pesquisador - que desenvolveu estudos 110 Ulboratório de Propulsão a Jato da NASA e doutorou-se em Berkeley (EUA) - várias sào as hipóteses q1w conduzem à negação da validade do t1.,'steco1110 C-14.
tenticidadcdeumafotografia de meu pai, não modifica meu relacionamento com ele". Mas é para a ciência que essa datação levanta problemas: "O pomo chave é que, antes do teste do C-14 , houve a respeito doSudáriotantasexperiCncias, tantos estudos, em tão diversas áreas da ciência - mcdicina, rnmputação, física, química etc . - e to<los tão coerentes entre si, de forma uníssona. já se conhece tanto do Sudário, que os resultados do C- 14 deveriam também ser coerentes com o que já se conhece. E não são. Então, temos de suspeitar da validadae desse teste". Informou que a ASSIST e outras associações dccícntistasamcricanoscstudiosos do Sudário estão propondo ao Cardeal Baltcstrcro, Arcebispo de Turim c Guardiãoda rcliquia, e pensam propor ao próprio Vaticano, "que se façam novos testes, inclusive com base no C-14, pararefutaroquefoi feito". E acrcsccmou: "Foi tão A Sagrodn Face fMlnmpnda na San/o Smlárfo grande a surpresa, que começamos a pensar cm possíveis explicações naturais OI EM SUA residência no Jardim que poderiam ter alterado o próprio Esplanada, um bairro sossegado C-14 do pano para ter dado essa data da cidade de São José dos Cam- (séc. X IV). Eu mesmo comecei a penpos, no Vale do Paraíba, cm São Pau- sar cm três hipóteses". lo, que o Dr. Walter Gonzalez nos reE o Dr . Gonzalez passou a dissercebeu, numa sala decorada com moti- tar sobre as três hipóteses, com base vos incas. Com seu consentimento, a cmsuacspccíalídadc. entrevista foi toda ela gravada. 1" Hipótese: desvirtuamcnlodo1estc Um problema pela maior quantidade para a ciência deC- 14,naalmosfcra, no séc, XIV, e menor no séc. 1 "Foi uma grande surpresa para todo mundo", disse-nos o Dr. Gonzalez, Especialista no estudo da variação referindo-se ao fato de a datação do da atividade solar ao longo dos séculos, Sudári o pelo C.14 não ter recaído no o Dr. Gonzalez explica: "Sabe-se docuséculo I e sim no século XIV, o que le- men!adamente que a atividade solar sovaria àconclusilo de que o linho anali- fre variações a cada 300 ou 500 anos, sado não é o mesmo que envolveu o passando por máximos e mínimos. corpo de Cr,isto na sepullura Quamo mais ativo está o sol, há meSalientou ele. que tal resultado, nos C-14 na atmosfera; é uma anti-cor-
Cientista F põe em dúvida teste do Carbono 14 aplicado ao Sudário
problemas para a Fé, como de modo scnsacionalprocuroufa2ercrcrccrtaímPrCnsa. ''Pois - argumentou - , a inau-
4 - CATOLIC ISMO MARÇO 1989
"O C- 14 na atmosfera forma -se por causa dos raios cósmicos, vindos dasgaláxias,dascstrclasetc.,qucatin-
gcm a atmosfera. Dâ-se ai a colisão dos nêutrons com o nitrogênio do ar, e como resultado produz-se o C-14. O fluxo, a quantidade de raios cósmicos que atinge a atmosfera fica modulada pela atividade solar. O sol, quando está muito ativo, emite partículas e campus cm maior abundãncia, que formam uma barreira, uma blindagem que dificulta a entrada dos raiO! cósmicos. Port anto, produz-se menos C-14. "No século XIV, houve um mínimo de atividade solar, produzindo até pequenas glaciações pelo esfriamento da Torra. De onde, uma alta produção de C -14. Já no século 1, quando Cristo viveu, estávamos passando por um máximo de atividade solar, então com pouca produção de C- 14. "Assim, nos séculos XIV c XV, quando provavelmente se deram as maiores contaminações do Sudário, pela sua exposição ao público etc., havia grande quantidade de C-14 na atmosfe"Poder-se-ia dizer que na época da conjecçrio do linho havia pouco C-14 na atmosfera. E na época da maior contaminaçllo do linho havia muito. Os agentes contaminantes tinham talvez mais abundftncia deC-14 do que o próprio linho em si. "Quando se faz o teste, se não se limpa bem - e eu acho dincil limpar IOO'lo, pois as fibras ficam muito impregnadas pelo C- 14 dos pólens ede todos os agentes contaminantes - isto pode influir. Deve ter ficado um resíduo, após a tentativa de limpeza feita pelos laboratórios. Portanto, bastante C-14 adicional (sobretudo dos citados séculos)contaminou o C-14 inicial. Como resultado, há uma variação na datação". 2" Hipótese: o fenômeno qu e formou a Imagem pode ter alteraduaquantidadedeC.14 originária do linho "Analisemos agora a formação da Imagem. Os 600 cientis1as americanos e europeus que estudaram o Sudário, com todos os elementos avançados de que dispomos agora, n!lo conseguem c~plicar como se formou a Imagem. Ent!lo, se realmente a Imagem se formou por um fenômeno sobrenatural, não há porque não pensar que esse próprio fenômeno possa ter alterado a composição do pano e a própria quantidac e - ongma. ''Todos os dados parecem estar de acordo com o fato de que a Imagem
teria sido formada por uma rad iação intensa cm um intervalo de tempo curto, pois a Imagem parece algo queima· do. Estudos de reflectância, de infravermelho e outros, mostram que as fibras onde está a Imagem parecem ter sido queimadas para produzir a figura, e queimadas 1alvez por uma radiaç!lo intensa. Os cientistas da NASA acham que houve uma radiação intensa num intervalo de 1empo muiio curto, como se fosse uma radiação do tipo da fusão nuclear. "Ora, radiações imensas como as de uma explosão nuclear ou de uma fu. sflo termonuclear são muito ricas em nêutronsencrgêticos, os quais queimam um objeto com a maior facilidade e ao mesmo tempo produzem C-14 extra, em adição ao proveniente dos raios cósmicos. "Então, o próprio fenômeno que produziu a Imagem, pode ter produzido C- 14 adicional, que ficou impregnado no linho, alêm do próprio C-14 da atmosfera. Isso 1ambtm influiria naverificação da datação. "Mesmo o Prof. John P. Jackson, físico da Força Aêrea norte-americana, um dos pioneiros da sindonologia,
em artigo publicado na revista Shroud Spectrum, acha que a própria formação da Imagem - que, ao menos pelo que se conhece até agora, ocorreu por um fenômeno fora das leis da natureza, que não se entende pela flsica atual - pode ter alterado a composição do linho e, portanto, como subprodu10. alterado também a composição de C-14. De modo que, aplicar uma técnica de C- 14 s1«11dard, clássica, que se aplica aos objetos naturais, a um objeto com caractcristicas desse tipo, não tem muito sent ido. O resultado pode sair completamente modifica· do". 3 1 Hipótese: a quanlld:tdc de C-14
poderia ler sido alterada na própria planta que deuorigemaolinho,pur fenômenos ocasionais
"O linho é feito de uma celulose vegetal, uma planta que deve ter vivi• do uns 30, 40 ou 50 anos antes da confecção do linho. A planta absorveu o C-14 da atmosfera, como todas as plantas fa1.cm, eesscC. J4 ficou impregnado na planta e na celulose da qual Em md11bro de 1978, di1V!r1m rien/U/a, ua/i.;arom "!ornw saiu o pano. Então uamt do Sanlo Sudário, dumnft fárim dias, no Palácio da pode-se questionar Rtniuttnf(I, t m Turim se a quantidade de C-14 que a planta absorveu era normal naquela época ou não. Podia acontecer que nesse intervalo de cempo emqueviveuaplanta,aprópriaq uan tidadedeC-14naa1mosferafosseanormal. ''Por que? Porque há fenômenos naturais que podem alterar a produção deC-14naatmosfera. Primeiramente, indo às origens do C-14, pode-se perguntar: será que os raios cósmicos dos quais já fala· mos na primeira hipótese - são cons-
CATOLIC ISMO MARÇO 1989 -
5
"Calulicismu": Dr. Gonzakz, isso que o Sr. nos diz faria pesar uma hipoteca não só sobre o teste com o Sudário, mas sobre todos os testes feitos com base no C-14? Dr. Go nzah.-z: "Esse é um ponto interessante. O teste do C-14 em geral é válido. Mas para alguns intervalos de tempo - durante 50 ou 100 anos - talvez não vale, pois nesse período pode ficar completamente alterada a validade do C-14. Isso ainda precisa ser estudado. '' Por exemplo, pegam-se várias múmias de antes de Cristo, dos anos 4000, 3500, 3000 e quase sempre vai dando um bom resultado. E de repente, pega-se uma mú mia do ano 3200 e não dá bom resultado. O que acomeceu? Não se sabe. Talvez houve algum fenômeno do tipo dos mencionados, que invalida o teste. " Há casos de falhas grandes como resultado da aplicação do C-14. Um fato concreto, narrado pela revista Shroud Spectrum. ~pl.icada a técni-
gem não pode ter sido formada por contato - cssa é uma hipótesedcscartadancm por difusão de suores no linho, pois estes teriam penetrado mais no linho, e a lmagcmestámcramente na superfície dopano. "Então , a admitir que no sécu lo XIV, apósteremcrucificado alguém para simular a crucifixão de Cristo, deuA11t fri,la1lefüla r(ridefo1m)modula ofl,aoderoio~có.Jmi· se o milagre da forco, que, ao atingirem a almmfero, prod,.=em,. Carbmw 14 mação da Imagem, é mais fácil admitir que a Imagem é do século 1, e que o C- 14 foi alterado pemais manuseadas. "Um dos sete laboratórios inicial- las razões já vistas, ou outras" . men1e escolhidos para analisar o Sudário - depois foram reduzidos a três O teste não abrangeu - falhou quase por mil anos na datao Sudário como um todo ção de uma amostra que lhe fora enviada para treino, pelo Museu Britânico, e da qual o Museu conhecia a data exa"Por que - pergunta o Dr. Gonta". zalez - nesse teste se tomou apenas "Cato licismo": Soubemos que o uma pontinha do pano? NormalmenSr. alertou o Museu Britânico - encar· te não se faz assim. Quando se proceregado de coordenar os testes com o de à datação, pegam-se amostras de diC-14 feitos pelos laboratórios - sobre ferentes lugares de um pano. Pois se as dúvidas que o Sr. levanta, cm fun- se toma apenas de uma pontinha, não ção de sua especialidade. O Sr. obte- se pode falar do pano como um todo, ve resposta? e não se pode dize r que o pano pertenDr. Go nzalez: ''De fato enviei te- ce ao século XIV. lex comunicando esses aspectos. Até "Pode ser que essa pontinha pero momento não obtive resposta. Talvez tença. O pano passou por tantas vicises1cjam ainda mui!O ocupados". situdes, houve remendos, incêndios ... Quem sabe pegaram um pedaço de um remendo feito no século XIV. Por Uma crucifixão no que não fizeram um estudo mais orgaséculo XIV nizado, tomando várias amostras?" "Catolicismo": O Sr. teria algo a Retomando o artigo do Prof. John diier sobre o segredo que cercou os tesP. Jackson, o Dr. Gonzalez nos disse: tes feitos? "O Sudário constitui uma prova pratiDr. Go nulez: "Presta-se a problecamente inegável de que um pano co- mas de confiabilidadc. Foram entrebriu um homem crucificado, com to- gues testes às cegas, sem se saber exatados os detalhes das marcas, manchas, mente o que é, se pertencem ou não ferimentos etc., que se conhecem pelos ao Sudário. Será, por exemplo, que foEvangelhos e pelos estudos históricos. ram mesmo entregues amostras do Su"De modo que, se o Sudário per- dário ou houve manipulações? Não é tcncessc aos sécu los Xlll ou XIV, deve· uma coisa muito con fiável em si. O temria ser um pano com que cobriram al- po dará resposta". guém que crucificaram naquela época, "Catofü:ismo": O Sr. admite a hisimulando todos os detalhes ocorridos pótese de ter havido fraude? Ur.Gonzalcz: Nunca pensei nisso. com Cristo, todos os ferimentos, inÉ a última coisa que se pensaria. E se cluindo o ferimento do lado.
obtida foi de 800 a mil anos mais antiga do que a das bandagens que a envolviam, porque estas tinham sido
sultaria seria um pano com manchas de sangue dos ferimentos. Mas não explicaria a Imagem cm si. Pois a [ma-
muito intensa. Há eventos grandes que afetam consideravelmente a qua ntidade de raios cósmicos. Por exemplo, uma explosão de super-nova - são estrelas que chegam ao período final da evolução estelar e ai explodem - como aconteceu recentemente. Essas explosões estão acontecendo a cada 200 ou 300 anos. São a principal fonte de raios cósmicos. Elas ejetam no espaço grande quantidade de raios cósmicos. Pode ter havido uma explosão de super-nova (terá isso relação com a estrela de Belém?) que incroduziu grande abundância de raios cósmicos, e a planta que estava vivendo naquela época , absorveu C-14em quantidade anormal. E daí saiu o linho. É só um exemplo de variação de raios cósmicos devida a fenômenos astronômicos. "Outro exemplo. Além das variações da atividade solar de que falamos - e que se dão a cada 300 ou 500 anos - há erupções solares intensas . Há algumas que introduzem raios cósmicos na atmosfera. "Assim, fenômenos astronômicos e astrofísicos podem ter alterado a quantidade de raios cósmicos, e como subproduto a quantidade de C-1 4".
Uma hipoteca pesa sobre todos os testes com C-14?
6 - CATOLICISMO MARÇO 1989
po. Novos testes serão feitos. Gregório LofX's IR. Mansur Guérios
Ortega insulta Cardeal
"Psiquiatria", velha especlalldade russa "Em 50anos, até os dias de hoje, nada mudou na Rússia com relação ao uso que o Governo faz da medicina, particularmente da psiquiatria, como instrumento de repressão. Hoje a situação permanece exarnmcnte como antes", afirmou o psiquiatra russo, hoje exilado naSuiça, Anatoly lvanovich Koryagin, ao receber, no Vaticano, o Prêmio " Human ização da Medicina", concedido pelo Instituto Biotécnioo da Universidade de Georgetown.
"Processo de trevas, lodo e sangue ... " Com eslas µafavras, o movimen/o dos "Cubanos Des1errados'' inicia sua mensagem dirigida aos que gemem sob os grilht>es de Fidel, e aos que vivem no exf/io, lrinta anos após a i11sta11raçOo do comunismo nllquele pais. O mani/eslo, estampado pelo "'Diário de Las Americas", de Miami (EUA), sa/iema que "a RevoluçOo nasce11 frágil como 11111 castefo de carias, mas viu-se favorecida por i11decist>es, umbigüidades, apalias e apoios ines-
Padres guerrilheiros Trfs sactrdotes t5lnmgeiros pertencem i túp ula da aucrrilhacolomblan11do"Exfrcitode Liberltt\'.àO Nacional" (ELN). Síio os padres A. Rivera(argenlino).AtfredodelafuenteeManuelPerez(espanhóis), que operam nas mo ntim has de Perija, frontcirn com a Venezuela. O au lo r da denilncia, ManuelRe)·es.foic11pluradopelo Exército colombia no. Este fato e t11n1os oulros semel hantes pelo mundo afora, configuram a existência - se não dedireilo, ao menos na realidade - de uma ___inLc.r.oacinJlaldttic
O Cardeal Miguel Obando y Bravo, Arcebispo de Manágua, condenou a intervenção da Rússia na Nicarágua. Isso foi o suficiente para que o presidente (de/alo ditador!) Daniel Ortega o chamasse de "anticristão" e "fariseu". O líder sandinista - muito admirado por D. Casaldáliga e outros corijeus da Teolo-
pef(Jdos de setores in/fue111es - dentro e fora du ilha da imprensa, líderes polflicos e i11c/usive figuras eclesiásticas".
Velha rias ··progressistas·· O Hem-aventurado Padre Anehie111, em caria 110 Superi or da Companhia de J esus,
tos do "rock" constituem uma "religião" para adolescentes perturbados, segundo o psiquiatra de Atlanta (EUA), Paul King, que acaba de publicar o livro "Sex, Drugs and Rock'n Roll",
Ruck: "nil~iõo" JHlfU t11lole,"enle, pe1111róodm
uReligião" dos adolescentes
Diretor do Serviço para Adolescentes do Hospital "Charter Lakeside", no Tennesse, o psiquiat ra - que há 12 anos trata de jovens toxicômanos ou drogados - alerta: o "heavy metal" (rock pesado) é uma teologia de caos, vio-
Ortf'6a,eenfureceu.,omademínda 1/e umfatu nolórfo ...
gia da Libenação - acrescentou: "Se Cristo achasse Obando do templo, o expulsaria a chicotadas".
Padre Diogo Lainf!l, dfftreve os t:oslumes dos cah·lnislas íranceses, que invadiram o Rio, no século XVI: "A vida dos írancesesqueesll'io nesle Rio éjá não somente hoje apa rl ada da Igreja, mas1ambémíei1aselv11gcm. Vivem conforme os indios, comendo, bebendo, b11ilandoec1m1andocomeles, pintando-secoms uas lin1asp re1asevermtlhas, adornandose com as penas dos pássaros, anda ndo nus, is vezes só com calções,, rinalmente malandoeo ntrários,segnnduuritodosmesmosindios, r rom11ndo nomes novos como eles, de ma nei111 qu e nio lhes fa lta mais qu e comer carne hum11n11, qu e no mais sua vida é corruplissima, e com islo e com lhes dar 10do gfne rodearm as,incitando-os sempre que nos façam goerr11 e aj udando-os nela, rsãoalndaptssimos .. (Cllrtas - Correspondê-ncia Aliva e Passiva - Pe. Joseph de Anchicla SJ - Edições Loyola, São Paulo, p. 222). Em ipocas diversas bem se vê - heresias conduzem os homens ao 1rlb11lis~h::11::;;~o ~,::::i:i:~: q;'.!:
' pr·-rr,=,... '""",m=o-a,sc."'.,,=.+1."'x"'x"'.~-~
num ritmo tonitroanie. CATOLIC I SMO FEVEREIRO 1989 -
7
Teologia da Libertação infesta Estados Unidos
E
O Pe, Yirtília J;liwmlo, queuM 1987
/"i pre1idr,11r do ,IUCC, i)/H,J/ll nlrrm1 hrridv
"'" "'"imdr. leufo!ifl d11 libertação. Ele pnrticipou dnfnm11Jt1 ''Nt>ileSumlinUla" (Jo1on111iur),reafü11d11 nV/1'.fJ/Nlda
1k Sàv
/>LJt;
J•,.,.1,,, f'm
1980.
NCRAVADA no centro do Estado do Te·
xas. ao sul dos Estados
Unidos, encontra-se a cidade de San Antonio.
De origem espanhola, como seu nome o indica, San Antonio é famosa
por sua velha catedral de San Fernando - a mais antiga basilica da América do Norte • suas rllsticas igrejinhas de antigas missões franciscanas e
seus austeros palácios cm estilo espanhol colonial. A partir de 1970, en-
(método Paulo Freire), tát icas políticas, eic. Oferece também treinamento prático de engajamento polírazão bem diversa: a cidade se converteu no princitico . pal foco de irradiação da teologia da libertação nos EUA. Nela tem sede o chamado Centro Cultural MeSão professores no MACC con hecidas figuras xicano-Americano {MACC na sua sigla americana), da teologia da libertação, como o Pc. Gustavo Gutieruma curiosa ''universidade'' onde são treinados agenrez, J on Sobrino, o espanhol Casiano Floristán, e outes pastorais das CEBs e ativistas populares, leigos tros. Nele também lecionam alguns brasileiros, co"comprometidos" fazem cursos sobre teologia da limo Frei Leonardo Uoff e o Pe. José Marins, o qual bertação, e padres e freiras vindos de todo o 1erritó- junto com sua i'nseparável "equipe" composta rio nacional vão assimilar as doutrinas -e táticas da por duas jovens freiras que o acompanham continua"igreja popular" latino-americana. Para os alunos mente - dá aulas sobre comunidades de base. Outro norte-americanos, o MACC inclusive promove viaassíduo professor no MACC é o Pc. Joseph Comblin, gens ao México e à América Central, locais cm que belga expulso do Brasil por sua pregação subversiva. eles passam a viver, compartilhando as atividades das CEBs. Te ologia chlcono O MACC funciona num prédio perlenceme à Arquidiocese de San Anionio, que seus dirigentes chamam pomposam,.ut.c..de.......mpu~,-"'·a--J--~wdlóia-<lc..L.nd:u:..o..MACC-i~i-mm-de para mais de cem internos, e salas de aula para durante a reunião plenária da Conferência Episcopal quase duzentas pessoas, o MACC oferece cursos soLatino-Americana, CELAM, realizada em 1%8, em bre teologia da libertação, CEBs, conscientização Medellín, Colombia. A ela compareceu toda a "clitretanto, San Anconio vem se destacando por outra
8-
CATOLI CISMO MARÇO 1989
que" de teólogos da esquerda católica • alguns como "peritos", outros como simples particu lares • que nessa época estavam elaborando os fundamentos do que dois anos mais tarde seria batizado como "teologia da libertação". Enquanto os Bispos se reuniam na magna assembléia, representantes dessa "clique" realizaram uma espécie de congresso paralelo, no qual foram traçados planos para a elaboração e disseminação de suas errôneas doutrinas cm toda a América Latina.
tro foi, de modo geral, como introduzir a teologia da li bertação nos EUA . Entre as várias idéias sugeridas, esteve a de fundar o MACC. O MACC abriu suas portas cm junho de 1972, com uma verba da Con ferência Episcopal do Texas, e as bênçãos de Dom Francis Furey, sucessor de Dom Luccy, que havia morrido nesse ínterim. Nos seus esiatutos lemos que o MACC procura "ajudar os chicanos a descobri r e implememar programas efetivos de libertação". Além dos cursos oferecidos pelo MACC, que vão Fazia parte da "clique" um jovem sacerdote medesde cursos intensivos de duas semanas até longos xicano-norte-americano (chicana, .segundo o termo cursos de quase um ano, o Centro possui equipes iti· usado nos EUA), o Pe. Virgilio Elizondo, o qual ncrantes, que viajam por todo o terrilório nacional participou da conferência do CELAM como secretário do Arcebispo de San Antonio, Dom Robert Luproporcionando ''sessões de treinamento de líderes'', cey. Num dos conciliá.bulos desse grupinho, o Pe. isto é, cursos de formação para militantes de CEBs. Elizondo foi abordado O MACC tem assim conpor um teólogo francês, seguido estabelecer ao lono Pc. Jacques Audinct, go dos anos uma vasta redo lnsti tut Catholiq ue de de comunidades de bade Paris. Este lhe fez se, sobretudo no sudoesuma estranha sugestão: te do país. O Pc. José por que não elaborava Marins é assíduo a estes ele, Pc. Elizondo, uma tecursos, e é considerado ologia da libertação paum dos principais promora os EUA? Os "oprimi tores das CEBs nos EUA. dos" alí estavam: seriam O Pc. Virgílio Elizondo, os chica nos, muito numeaté 1987 presidente do rosos sobretudo no sul MACC, é íigura conhecidos EUA, nos estados da nos meios da teologia de lexas, Arizona, Novo da libertação. Esteve preMéxico e Califórnia. Os sente em São Paulo du"opressores" também esrante o Encontro Ecumêtavam ali: os capilalistas nico da Associação de norte-americanos. Quanto aos fundamentos douO Ca~al J oupl, Rn11 ardi11 , Arcrbisl"" de Chi~o, n-lebrn" Teólogos do lercciro MunMiua de cvmemoroçào d11 15º anir4lndrio dt1 MACC do, durante O qual foi retrinários, seria só copiar alizada a "Noite Sandinisde seus confrades latinota''. (ver ''Catolicismo'', americanos. Assim nasceu a chamada "teologia chicana" ou nºs 355-356, de julho-agosto de 1980). "teologia da mestiçagem", uma teologia da libertaEm junho do ano passado, o MACC celebrou ção que procura revoltar os chicanas dos EUA, e seus 15 anos de existência. Desde 1972, mais de doorientá-los numa luta "libertadora" contra a "opresze mil alunos 1êm assistido a suas aulas, incluindo ses:lo" capitalista norte-americana. te Bispos . Indubitavelmente, o MACC é hoje em dia a principal porta de ent rada da teologia da libertação O MACC atua, bem apoiado nos EUA, e parte da culpa recai sobre religiosos brasileiros. ]avier Jturbide Mas a teologia da libertação precisa de ativistas que a popularizem, precisa de agentes pas1orais que a ensinem nas CEBs. Era preciso fundar um instituto de treinamento. Em 1971 realizou-se cm Los Angeles, na Califórnia, o primeiro Encontro Nacional de PADRES ("Padres Asociados para Derechos Religiosos, EducatiO FOTOUTO 00 vos y Sociales"), uma associação de sacerdotes chicanos partidários da teologia da libertação. Dela faliam PRESENTE PARA O FUTURO arte o Pe. Elizondo e o Pc. Patrício Flores, atualmente Dom Patric10 Fores, Arcc 1spo e an ntonio. Participou também da reunião Dom Juan Arzube, Bispo auxiliar de Los Angeles. O tema do Encon-
~
CATOLICISMO MARÇO 1989 -
9
uma Revolução tendencial nos costumes enas mentalidades vai corroendo ocasamento eafamília
A fuga paro o Egito (Betllo Angélico, i\fo&e11 d,, .S,ia lllarcm, 1-'/ore,.ça). A Sagrmla Famílitl é o mude/o p,,r l'xcelênda tfo familia ,;risl,1. l-:.11, rcm semi,, mimufo - ,.,. brofudo mu M1ima1 déc,11/as - p,,r r,ma 1m•f1u11fo ll,n.,l,,çriu lpm/e,,ci,11.
Em artigo anterior (cfr. Catolicismo, nº 455, 110v 1988), vimos como a radical transformação nos costumes sociais, que vem se processando há algum tempo, se acentuou muito nos últimos 25 anos, aparentemente sem maior explicação, indicando assim uma profunda e mais rápida desagregação da instituição familiar. Essa transformação acelerada foi decorrência, principalmente, de uma mudança de 111e11talidade que atingiu, em grau maior ou menor, os mais diversos setores da sociedade, sempre no sentido de um crescente permissivis1110 111oral, incompatível com a doutrina tradicional da Igreja. Vimos também como o Estado, nos países onde tal 111uda11ça se verificou, em vez de cumprir sua missão de preservar os bons cos/11111es, foi adaptando sua legislação às novas maneiras de viver, sob a alegação de que as leis vigentes se tinham tomado anacrônicas. Assim, a imoralidade e a corrupção foram adq11iri11do foros de cidadania. Porém, o objeto central de nossas considerações naquele artigo era o fato de que a referida mudança dos costumes não constituiu, de modo algum, uma evolução natural da mentalidade dos homens e das sociedades. Ela foi, isto sim, o fruto longamente preparado por uma Revolução nas tendências, tal como a explicitou, de"modo original e admirável, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em sua obra "Revo/11çâo e Co11tra-Revol11çâo'': ''as tendências desordenadas(. . .) começam por modificaras mentalidades, os modos de ser, as expressões artísticas e os costumes." (2ª edição, · iodas Leis, 1982, p.23J.
É sobre essa Revolução tendencial que desejamos apresentar algo
mais lO - CATOLICISMO MARÇO 1989
110
presente artigo.
o casamento e a família Os meios de comunicação social e os traJes: Instrumentos da Revolução tendencial
A
REVOLUÇÃO nas tendências é mais profunda e ma is
possante que a Revol ução nas idéias ou nas instituições, pois visa primordialmente a transformação das mentalidades. No campo da moral e dos costumes, ela vem sendo realizada há algumas décadas, princip;ilme nte através dos meios de comunicação social. Cinema, teatro, imprensa, rá-
É preciso que se forme
uma caixa de ressonância para comentar aquilo que foi recebido através dos meios de comunicação dio e televisão, há longo tempo vêm bombarde.indo a sociedade com filmes, pe<as teatrais, livros e publicações d iversas, espetáculos e programas de rádio e TV, radio novelas e telenovelas. Tudo isso veio incutindo rn, mente de leitores, ouvintes e espectadores uma at itude inicial de
"compreensão", depois de aceitação passiva, e, por fim, de apoio declara-
i:~
~~;;::s°t~,~:r::!:~~se:v:i~~ cionárias nos costumes.
Rea lmen te, há 40 ou 50 anos atrás muitos filmes já apresentavam o divórcio com naturalidade, fazendo dele ve rdadei ra propaganda. Depois, essa mesma naturalidade foi adotada em relação ao adu ltério, ao concubina to, ao amor livre e tudo o mais. T.1mbémorádioe, muito especialmente a televisão levaram ao inte rio r dos lares, por meio de suas raaionove as e te lenovelas, a convivência com todas essas formas de desregramento.
/\O mesmo te mpo, a imoralidade fo i sendo muito d ifu ndida atr<1vés de jorna is, rev istas e até por obras lite rárias ampla mente d ivulgadas pelas livrarias e elogiadas pela imprensa. Mas, para os fa uto res da Revolução, a me ra aceitação passiva dessas imoralidades pelo público não era sufici ente . Tornava-se necessário mudar nas pessoas toda sua maneira de ser. E para isso era imprescindível uma radical transformação nos trajes. Daí a grande d ivulgação, e até uma ve rdadeira imposição de novas maneiras de tra jar, quer já diretamente imorais, q uer tendentes a isso pela sensação de li berdade q ue sugeriam em relação à antiga moda, baseada ainda numa certa rigidez de princípios e de costu mes. Os trajes indece ntes, o semi- nudismo e a té o nudismo, vistos principalme nte no cinema, nas rev istas e na televisão, foram condicionando uma mentalidade concessiva e acolhedora a seu respeito. É perfeitamente desnecessá rio comprova r, com exemplos e citações, o fat o por demais evidente de que a d ifusão dessa no va ma neira de pe nsar e de viver fo i feita através de cinema, tea tro, rádio, imprensa, televisão, etc. Todos o sabem e sentem em si mesmos seus efeitos. Porém o trabalho de transformar as mentalidades nílo se limita aos meios de comunicação social. 1:. preciso que se forme uma caixa de ressonância nos círculos familiares, profissionais, escolares, etc., para comentar com p<ilavras de satisfação e apoio, aq uilo que foi vis to, ouvido e lido nas telas, no palco, no vídeo, no rádio ou nas publicações. Constitui-se assim uma verdadei ra pressão social para que os poucos recalcitrantes em aceitar o que é d ivulgado por aqueles meios, por receio de parecerem d ife re ntes dos o utros, acabe m cedendo aos novos hábitos e à nova mentalidade.
Acabar com o sentimento religioso da população A tuao isso, porem, pessoas t,em formadas, com forte espírito religioso e guiadas por sólidas convicções,
poderiam ainda res istir. Tornava-se então necessário laicizar, tanto quanto possível, toda a ordem temporal, extirpando o sentimen to re ligioso da população, procurando fazer com que nela se evanescessem os princípios e as convicções q ue as o rientavam em sua cond uta no campo moral. Tal evanecimento acabaria por tornar essa conduta inexplicável. pelo menos em muitos de seus aspectos, diante dos novos hábitos e costumes. Realmente, as pesquisas são praticamente unân imes e m constatar que, quanto maior a crença e a prática religiosa, ta nto maior a resistência a tais transformações nos costumes. Onde há mais religião, há mais resistência ao d ivórcio, às uniões livres, ao aborto. Ao comentar a crise da família con-
Entre os fatores que determinaram a crise da família, muito influiu a primazia concedida ao amor na visão global do matrimônio temporànea, especialmente na Itália, a conhecida revista ''La Civilta Cattolica", dos padres jesuítas, salienta, cm editorial, a prevalência dos fatores religiosos e culturais sobre ossociais e econômicos na origem dessa crise: "Se nos interrogarmos sobre as causas da crise da familia italiana, um dado apa rece logo como evidente: a escassa importância do fator econôm ico. De fato, a crise da família se iniciou nos anos do 'milagre' cconõn1ico e se acelerou em um período de bem-estar crescente jamais conhecido anteriormente em nosso país. ( ... ) "Os fatores determinan tes da crise da família italiana foram e continuam sendo de o rdem cultural e ideológica. Produziu-se nos últimos vm e anos uma ra ... 1._a ran , no modo de conceber o matrimônio e no modo de colocar-se diante da viC:ATOI.ICISMO MARÇO 1989 -
11
o casamento e a família o u elevado, muitas ve· zes estudantes universi· t.irios ou professores de graus diversos. Eles formariam os casais representativos de uma "avant-garde'' sociológica da população, constituindo o mais poderoso fator de " novos modelos" sociais a serem imi tados pelos outros. A esse respeito é bem da; fo i modificada a maneira de ver significativo o que vem o lugar da mulher na família e na soocorrendo na França. ciedade, bem como a relação conjuA socióloga Evelyne gal entre homem e mulher; também Sullerot, a pedido do foi profundamente modificada a posiConselho Econômico e ção com respeito à fecundidade. EsSocial, elaborou um amsas mudanças de mentalidade, não plo e bem documentame nsuráveis quantitativamente nem do relatório sobre a si· de fácil percepção, mais que qualtuação do estatuto ma· quer outro fator incidiram sobre a critrimonial naquele país, se da família.( .. ) e suas consequências ju· "Em particular, deve-se ter presenrídicas, fiscais e sociais. Ao comentar o proble· te o fenômeno da laiciznç3o, que agiu sobre a crise da família em dupla direma das un iões livres, ção. Primeiramente laicizando o mamães solteiras e filhos naturais, a autora salientrimônio, visto agora não mais como uma realidade sacral e religiosa, mas ta que esses fotos ocor· meramente profana e civil .( ... ) E tamrcm agor.i, com preva· bém acarretando um distanciamento CaM~ joren, de nírel ,óefo-eronômif'tJ mMin vu r le r11- lência, em setores da SOda maioria dos italianos em relação do - mmlf'lo1 de 11m11 •'arnn l gar-dr •• ,lu po1111l11 fà<> ciedadc diferentes daàs normas éticas propostas pela Igrequeles de 20 anos atrás, ja acerca do matrimônio e da família, e que isso pode repercucomo ficou demonstrado no 'refcren· Com isso a família implodiu, e o tal tir no comportamento futuro de to· dum' sobre o divórcio e naquele so- "amor" se revelou como não sendo do o corpo social: senão uma quimera. bre o aborto. "Até h,i pouco ( ... ) os n.iscimcn· ''Entre os fatores culturais que de· tos fora do casamento envolviam joterminaram a crise da família muito o papel propulsor vens de menos de 20 anos (24% cm influiu a primazia concedida à felici· das elites 1968) e mulheres de mais de 35 anos dade dos côniuges e ao amor na vi· (12% cm 1968). Atualmente s.io musão global do matrimônio e da famf- na Revolução lheres jovens com a idade normal palia" (1). ra casar-se que representam, de lonÉ interessante salientar como o Essas mudanças de mentalidnde ge, o grupo mais numeroso das miies editorial se refere também Anova con- e de comportamento não atingir.im não casadas (37,5% cm 1980, de 20 a ccpção sobre casamento e família, co- n sociedade de modo uniforme e ho- 24 anos), enquanto a proporçiio das mo um dos fatores da crise familiar. mogênco; afetaram desigualmente menores de 20 anos caiu a 16% e a De fato, a família trad icional tinha asdiversasidadesccondiçôessociais. daquelas com mais de 35 anos a 6%. por fundam ento primeiro a procria- Para que elas tivessem um efeito ( ... )Trata-sede uma conduta nova e ção e educaç.lo dos filhos. Este funda- mais profundo e duradouro, tornan- voluntária dos casais jovens, e não mento foi sendo corroído - entre os do-se estáveis e irreversíveis, apontan- mais de um fenômeno marginal que católicos, sobretudo de uns vinte do o caminho para a sociedade do fu- afetava adolescentes e mulheres de anos a esta parte - em favor de uma turo, era nccessário que atingissem mais idade, abandonadas grávidas peidéia romantizada de amor entre os especialmente uma determinada ca- lo pai da criança, sobretudo em cer· tegor:as sódo-pw(issio11nis e _ _çc/lôcnjoj,,.11g,cess.Aó«co>nosseeqiqiiêiin<nc"'ia.úfo>i<igjU11<-cpp,,.\--f=.,_."'""I~'', ticas imorais como a contracepção, e os sexos, entre 20 e 35 anos, residin· em meios pouco favorccidos . A 'mãe até diretamente criminosas como o do nas gra ndes cidades, de nível edu· solteira' s ucedeu a 'mãe celibatária', aborto, passaram a ter livre curso. cacional e sócio-cconômioco médio menos reprovada e menos marginali-
As disposições sociais previram facilidades para a guarda das crianças pela "mãe celibatária"
12 -
CATOLICISMO MARÇO l'.1!:19
o casamento e a fam ília zada, a quem se reconhece coragem e dignidade, e para a qual as disposições sociais previram facilidades para a guarda das crianças, formação profissional e abonos, a fim de ajudá-la em sua difícil solidão. Agora, à 'mãe celi batária' sucede o casal não casado que voluntariamente tem um filho fora do casamento. ( ... ) Tratase já de uma conduta combinada de casais representativos de uma 'avantgarde' sociológica da população: jovens de 20 a 34 anos, residindo principalmente em Paris e nas grandes cidades, de nível educacional médio
o valor da família é tanto mais elogiado quanto mais se pertence a um meio popular ou elevado. As categorias profissionais de mestras e professoras tiveram o maior aumento na proporção das mães de filhos naturais entre 1968 e 1980 (enquanto a categoria sócio-profiss io nal das 'mães solteiras' dos anos 50 e 60 era sobretudo a das 'empregadas domésticas, trabalhadoras manuais e assalariadas agrícolas'). Em conseqüência, pode-se pensar que esta camada da população, que constitui o mais poderoso gerador de 'novos modelos', será seguida pelas outras, que a imitarão" (2) . Interessante também para indicar que setores d.i sociedade têm m.iis ou menos apreço pelos valores familiares e que implicações isto traz para o futuro, é o result.ido de um.i pesquisa realizada na Suiç.i, mostrando que il diferença de nível sócio-econômicopodecondicionardiferentesconcepções sobreoc.isamcntoe a f.im ília: "Nos meios populares {... ) se dá primazia a essa respeitabilidade q ue
u m meio popular. Pelo contrário, nos meios universitários de forte conteúdo cultural, sobretudo entre as mulheres, defende-se o direito ao desenvolvimento pessoal den t ro do casamento, o qual se torna uma instituição que se res peita enquanto nela se encontre interesse; não é mais uma instituição cujo respeito se impõe de modo absoluto".
Comprovamos assim que a Revolução tendencial atua continuamente no sentido de formar mentalidades e costumes cada vez mais afastados da tradição católica. E o faz, não por meio das cli1sses mais populares, que sempre se mostraram menos maleáveis à ação revolucionária, mas sim prevalentemente através de certas elites de ordem social, cultural ou econômica. Essas seriam então incumbidas muito mais pelo seu comportamento que por sua pregação - de mostrar hoje como deverá ser a mentalidade e o comportamento da sociedade de amanhã, em seu desprezo crescente pela instituição do casamento e da família. E arrastar atrás de si, pelo seu exemplo e poder de influência, os demais setores da sociedade. Fica assim confirmado, mais uma vez, o papel de suma importância desempenhado pelas elites no desenvolvimento do processo revolucionário, muito especialmente da Revolução tendencial. Pois a propulsão da Revolução vem das elites, e não de uma exigência das massas populares, como costuma apregoar a velha e desgastada demagogia revolucionária. Muri//o Ga/liez
R.Dr.MartinicoPrado,34! . J[igótoop<>lis (Servi,;odcentreçaparaaregião) E'.slacionamemo próprio com maoobrfaLa Reservas:825-2749 e 67-6596
LENTES DE TODOS OS TIPOS E ARMAÇÕES DAS MELHORES PROCEDf:NCIAS LARGO DO AROUCHE, 261 - f. 221 1137 SÃO PAULO
SP
ATUALIZAÇÃO IMOBILIÁRIA? ASSINE BOI BOLETlr,,\ DO DIREITO IMOBILIÁRIO
Leg i slaçõo
Juri sprudência
Documen,açi'io
Notici6rio
• Tudoqueas imobilió ri os. odmin istrodoros, construtoros.odvogodos.corretores.engenheiros.etc. pre< isam saber • O empresório pre< i!>O estar atuol i,ado. O BD l éoún icapublicoçi'iodoBrasilespec ioh·
zodo no óreo rmobi l,ório. l mala da qu• u m cu rao; , umoatualboçaocon atont• . • Consul!ona. Elancoded<Jdos. fndices
NOTAS fomiglia. uM ,ealtà da evangelizzare", Editorial, "La Civiltà Cattolica", No 3203, 4 -:C:n~~J:~e 2:;·~ial, "Le statut mat,imonial et ses conséquences juridiques, liscales et sociales", Journal Officiel de la Ré-
• Circuloçõode lOem 10dins
(!} "La
{i~:~:·
NÃO FIQUE PARADO NO TEMPO LIGUE JÁ E PEÇA INFORMAÇÕES
Telefone {011) 263-3155
:~:~~~~ilij~~mrnenrn to&n~u~m~arnfa~- ~~~bLliq~-'~''~·"~º'~ais~,,~,,~ris~.3~''~"º~-~=~~-P~-W~~-+fllmo.--io.llJA!filJ..JO,"-.llJ:,._---j- - + munitário, ( ... ) é tanto mais elogiado quanto me nos bens se possui, ou seja, quanto mais se pertence a
~s:su:'e~:~:~;f~~~:~
1
~:~'i:::o:n~:~: çaisepourlaSauvegardedel'Enfanceetdel'A· dolescence, Paris, nº l, Abril 1985
R.Bocaino,54 05931 - SÃO PAULO
SP
CATOLICISMO MARÇO 1989 -
13
"
OS CEGOS VEEM, OS MUDOS FALAM, OS SURDOS OUVEM ; Apequena Marie-Claire,,w, braço1de11,amãe. Cunllla recenlemenlede hucemia, o 0010 de11a criança ingle1a será e,tudado pelo lforeau Médico de Lourde1.
F
A "mídia", em geral tão pressurosa em divulgar notíciassobremanifestaçõesdedegencrescênciadasociedadecontemporâm>acseusvíciosoufaurpropaganda de espetáculos que vão constituindo uma onda crescente de blasfêmias, como é o caso do filme "A última tentação de Cristo", ignora, quando não oculta, Jatos dos mais espetaculares da vida da Igreja. Dentre eles, merecem destaque especial os milagres de Lourdes. Atestando tais fatos a presença do sobrenatural, além de constituírem uma confinnação da veracidade da Igreja Católica, não incidem sobre eles os holofotes da publicidade. Quando noticiados, o são, em geral, sem nenhum realce.
OI O QUE OCORREU. por
~~ b~b~o~~~~c~~;:~
:x;~1;~l~~ publicada no jornal londrino "Thc Univcrsc". de 25 de setembro último. A pequena Marie-Claire Wcson, aos dez meses de idade, padecia já de uma forma de leucemia mielóide cancerosa própria a adultos. Chances de viver, nenhuma. "Oqueaeonteccuénada menos que um milagre" - diz a mãe da criança. E prossegue: "Quando fomos ao banho e rezamos na Gruta da Aparição, tive uma tremenda sensação de temor. Lembro-me que todo o meu corpo tremia. '' No momento da benção dos doentes, o bispo de Lourdcs encaminhouse diretamente para nós no meio da multidão e benzeu-nos. Não sei o que o levou a vir até nós no meio de toda aquela gente. Não sou das pessoas
Fatos análogos estão descritos pelo Dr. Alphonsc Oliviéri, Presidente do Burcau Médico de Lourdcs de 1959 a 1971, no livro que, juntamente com Dom Bernard Billet. publicou a respeito das curas e milagres ocorridos no grande santuário mariano: "Há ainda milagres cm Lourdcs?" (*). A obra, ainda inédita no Brasil, desvenda todas as circunstâncias que cercam o reconhecimento de uma cura cm Lourdcs, apresentando também 21 dossicrs referentes aos milagres mais recentes.
O enigma dos números Os autores fazem. de início. uma distinção entre curas e milagres. As curas, e o caráter excepcional que muitas vezes as cercam. são atestadas pelos médicos. O milagre, em sua acepção
- -m.,,;,,,m'".,,",Í,.ͪ_ ,- "'_" _· _m_" _' _" _;º_' _"'_ º_ '_"'__,_.m. , . ~ i ~ ~ ~ ! ~ i d _ a A Sra. Wcson gostaria agora que se examinasse o caso e se proclamasse o milagre. 14 -
CATOLICISMO MARÇO 1989
camcnte sobrenatural. Assim, perguntado se viu milagres cm Lourdcs, respondeu o Dr. Oliviéri:
"O que posso dizer é que vi curas todos os anos". Realmente, numerosas curas foram registradas, desde as aparições da Santíssima Virgem a Santa Bcrnadcuc, em Lourdcs, cm fevereiro de 1858. O boletim "Anais de Nossa Senhora de Lourdes" publicou algumas delas. As curas registradas estão por volta de 6.000. A dcca!agcm cm relação aos milagres é muito grande. pois o número dos reconhecidos como tais pela Igreja é de apenas 64. E a diferença será ainda muito maior se compararmos esse número com o das curas que nem são registradas. Apesar de os estudos médicos sobre as curas de Lourdcs remontarem à época das aparições, com dossicrs preparados pela comissão de pesquisa e controle das mesmas, somente cm 1892 é que foi instalado pelo Dr. G. Boissarie, nas grandes arcadas do "Rosário", o Bureau de Constatação. Às vésperas o-cinqüentemtrio-dara~ ocasião de uma peregrinação do Dr. Boissarie a Roma. cm 1905, São Pio X exprimiu-lhe o desejo de que as cu-
ras fossem submetidas "a um processo regular, a fim de que o estudo científico e re ligioso seja feito nas dioceses interessadas" . O número de 33 milagres durante o período cm que ele esteve à testa do Bureau (faleceu em 1917), constituiu a base dos 64 reconhecidos pela Igreja. Não deixam de causar cer!a estranheza os seguintes dados apresentados pelo Dr. OliviCri cm sua obra: - de 1858 a 1914 foram constatadas4.445 curas, registradas nesse período pelo Pe. Bcrtrin; - de 1914 a 1946, apenas 170. E o mais singular é que os três presidentes sucessivos do Burcau de Consta1açll.o, Dr. Lc Bec (1917), Dr. Manchand (1918-1925) e Dr. Valtet (1925-1946), nlloapresentaramnehumadessascuras ao julgamento da Igreja! E posteriormente a Igreja veio a reconhecer como milagres 7 dessas curas constantes nos dossicrs; - de 1947 a 1978, l.100 curas com aberturasdedossiersforamregistradas. "Y a-t -il encore des miraclcs à Lourdes?" é uma obra baseada nos dossiers desse período. A autoridade eclesiástica proclamou o caráter miraculoso de 17dcssascuras . Antes de São Pio X, a Igreja rcconhecera 7 milagres; durantco pontificado daquele Santo, 33; e por fim, 24, perfazendo o total de 64. -
dando origem ao Bureau Médico de Lourdes. Em 1954, o Bureau sofre nova mudança com a criação do Comité Médico Internacional de Lourdes. Este último é composto por médicos de diferentes nacionalidades, nomeados pelo Bispo de Turbes e Lourdes. São, em geral , especialistasemmatériasbemdiferentcs entre si, como a neurologia, a psiquiatria, a oftalmologia, a otorrinolaringologia, a endocrinologia etc. É uma espécie de "Corte de Apelação", que analisa o dossier complctÓ dos casos mais marcantes dentre os submetidos ao Bureau Médico de Lourdcs. ''Um primeiro e único exame é insuficiente" - afirma o Dr. Oliviéri. "É necessário rever a pessoa curada no ano seguinte, ou mesmo nos anos seguintes, para fazer a prova do tempo, eadquiriracertezadeumacuradefinitiva". Uma cura não é transmitida ao Comitê Médico Internacional se não for reconhecida como medicamente inexplicável por pelo menos 3/4 dos médicos presentes ao exame do doente curado. Jamais apalavra "milagre"épronunciada antes da decisão do Bispo da Diocese do beneficiado. O exame é, portanto, médico e religioso. A comissão canônica formula suas conclusões, e a decisão final pertence ao Bispo diocesano. Mesmo ai, segundo o do Dr. Oliviéri e Dom Bil-
~O~B=u=r=••=u~M=éd~i~co=d•~L~o~u~rd~e~s~l~t~:1·::~~se~e-~~~~t-~:i~::een= teto do milagre pelo Bispo diocesano'' ... Em 1947, o Bureau de Constatação Ou então, promulga ele uma ordenadas curas de Lourdes é reorga ni zado, ção na qual, após ter invocado o Espí-
rito Santo, e sob reserva da aprovaçao daSantaSé,declara "milagrosa" acura e admite que foi obtida em Lourdes por intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus. Com base nos dossiers de curas de Lou rdcs, vejamos os relatos de dois dos milagres apresentados pelos autores em sua obra.
Um dos mais belos milagres Os fatos e a documentação de um impréssionante prodígio, ocorrido com Marie-Louise Bigot, conservados nos arquivos do Bureau Médico, fazem dele, segundo a expressão do Dr. Debroise, "um dos mais belos e mais autêmicos milagres de Lourdes". ''Marie8igot.nascidaa7dedezem-
-·
de Rennes), teve uma infância doentia. De inicio, foiatingidaporumasepticernia (infecção no sangue), que causou CATOLIC ISMO MARÇO 1989 -
15
manifcstaçõcsinfcceiosascutâneas.(. .. ) Em 1950, as enfermidades de Marie Bigot tomam uma aparência mais caracterizada. Depois de algum tempo, tinha sido obrigada a usar óculos por causa da fraqueza de sua vista. Nessa época, aaeuidadevisual comccaadeclinarseriamente, ao mesmo tempo que aparecem vertigens e dores de cabeça". Em 1951, ''um tratamento por antibiótico (penicilina a cada três horas) é instituído. Dois práticos, o Dr. Sevegrand ( ... ), eo Dr. Menguycuidam dela nessa época . '' Apesar desse tratamento, seu estado se agrava consideravelmente e, a 13 de abril, um estado semi-comatoso, com febre muito alta e distúrbios de deglutição, obriga a uma presença junto à doente em todos os instantes''. Nesseperiodo,aenfermaéhospiializada, sofrendo inclusive uma operação intraeraniana, realizada pelo Dr. Ferey a 29 de abril daquele ano, o qual diagnostica haver inflamação de uma das meninges. Em setembro, o Dr. Sevegrand eonslala em Marie Bigot uma hemiplegia direita e uma surdez também do lado direito. Sua visão no olho direito está reduzida a 1/20, e no esquerdo a 2/20, com fundo de olho normal. Em meados de 1952, a cegueira torna-se completa no olho direito, e a visão no esquerdo é inferior a l/10. A surdez é compleia. O médico julga seu estado desesperador. No fim deste ano, seu pé direito paralisado toma a posição característica do "varus équin" (pé voltado para dentro). A caminhar, só o fará com dificuldade.
Peregrinações a Lourdes Consta no dossier do Bureau Médico que "Marie Bigot vem pela primeira vez a Lourdes em outubro de 1952, com a Peregrinação do Rosário. Seu certificado, feito pelo Dr. Menguy a 3 de outubro de 1952,'trazia os seguintes dizeres: 'Cegueira e surdez completas desde meados de julho de 1952. Scmipara!isiadireita. Nenhuma modificação se produziu e111 seu estado'". Faz nova peregrinação a Lourdes em outubro do ano seguinte. "Durante essa segunda estadia em Lourdes, Marie Bigot constata o desaparecimento da semiparalisia direita,
A jovem volta a Lourdes, pela ter- eia a bilateralização (ou seja, paralisia ceira vez, com a Peregrinação do Ro- total), e com graves lesões oculares sário de 1954. por causa de insuficiência circulatória "A 8 de outubro, Marie Bigot recu- cerebral. Reduzido à invalidez complcpera subitamente uma audição integral !a, seu estado era desesperador. Na mano fim da Procissão do Santíssimo Sa- nhã de 1° de maio sentiu-se de repente cramento.( ... ) curado, pouco depois de ter recebido ''No sábado pela manhã, 9dc outu- a Unção dos Enfermos, na Basílica bro, no Bureau Médico, o Dr. Gou- São Pio X de Lourdes ... Se, à primeira vista, as declarações bert, O.R.L., de AlCs (Gard), procede a um exame detalhado cujo resultado oficiais de milagres não são tão freqüen· pode ser assim resumido: 'Desapareci- tes como se poderia imaginar, é inegámento de todos os distúrbios vertigino- vel que as curas são numerosas. E ninsos; retorno de uma audição normal para voz alta e para voz sussurada'. ''ODr.Dardenneconstataumfundo de olho normal. ''A PeregrinaçãodoRosárioacaba e Marie Bigot volta uma última vez às piscinas. "Ela retorna com uma dor de cabeça muito forte'. São suas próprias declarações. Nesse momento, sentia de tal modo dores de olhos edccabcçaquedisse à enfermeira: O primeiro 811reau de Constataçâ" 1la1 curas 1le Lourdea 'Não chegarei certamente viva a Saint-Maio!"' Durante a viagem de volta, recupe- guém volta de Lourdes sem receber alra instantaneamente a visão. O Dr. De- guma graça. Mas convém lembrar que broise atende-a em seu vagão e consta- são poucos os que atendem aos pedita o retorno completo da acuidade visual. dos de penitêneiae oração de Nossa SeO Comitê Médico Internacional che- nhora de Lourdes, repetidos depois gou à seguinte conclusão: ;,A cura sú- cm Fátima. bita da surdez, depois da cegueira, que Aos céticos, o livro descreve um tinha sua origem há mais de dois anos, episódio ocorrido com Santa Bcrnadetnão parece poder explicar-se natural- te Soubirous; mente". "Um dia, no Asilo de Lourdes, A 15 de agosto de 1956, o Cardeal Roques, Arcebispo de Rennes, procla- por volta de 1860, um dos visitantes pema "que essa cura é miraculosa e de- diu a Bernadette que lhc fizesse um reve ser atribuída a uma inTervenção es- lato das aparições e manifestou cm sepecial de Deus, pela intercessão de guida sua incredulidade a esse respeito. ·Bernadette contentou-se em lhe resNossa Senhora de Lourdes". ponder: 'Fui designada para lhe narrar os fatos. Não fui incumbida de fazêO mais recente lo crer neles ... "
milagre A li de junho de 1978, a autoridade eclesiástica reconheceu como milagreacuradoSr.~crgePerrcn. Naida-
S. J. Martins Alphonse Olisit ri e Dom Bernard Billet, "Y a+ilencore desmiradesàLourdcs?21 dOi$ÍO 'f
(º)
~c~s9~is~i~:i~se~~:!~':r:~cca"'m~.""MHasttt,e+,"',"ceg~,;"'"'~çã""o"d,.f<,.-"'~dbü,ce"""sc"'(L";o"'od,-,'A~,,.._+!"':;~"'-~ic~~;~;'.=)'!'~~17'1!!;1".(ç~ru~"",P~~.-'1~d"-',\"':,"'~1:'";:~'.'~½'dl:"";;'",'.- -
cegueira e a surdez continuam inaltcradas". 16 -
CATOLICISMO MARÇO 1989
gcrs - França). Sofria há 17 meses de uma hcmiplegia direita, com tendên,
do pelo Dr. Th. Mangiapan, suçcs,or do Dr Oli•i~ri no Buroau Médico de Lourde5).
"O dinMirnpodesera
ctl#<I ~
1nquérito e autópsia ordenados pela jus1iça visam determinar as causas da morte, talvez cm conse· qüência de suicldio ou abuso de remédios para emagrecer
lod<U IU
roiuu, ma,nãoa«~; /rru •,wto D/i....,nfa, mas n,foor,~titt; o mit.lico, mDs não a saud,;r,/~s,ma1nãoamig0,1;strvi</o..,,,, m,u não o dwolamenlo; momcilos dt alttria,...,....,...,.,pa.zd,o/...,,,n,ma frlicidadr" ( llrn"·1; Jbs,>1, " A,int dt
Vuo", n º 2I04, 25-11-88).
"TRISTEZA DOURADA" por Pierre Georges
CRISTINA ONASSIS:
Criuin11 Onnuii t n lot rd~ira. A1inr, ...:,for~•-u • nio rot1 i ~~uc ..,, ftli&! ..
A frustração de uma ilusão ,
E
"dogma" para o homem moderno, laico e pragmático, que dinheiro e felicidade andam juntos. A felicidade consistiria em possuir muito di nheiro, para obter tudo o que se deseja, satisfazendo, assim, todos os caprichos. A riqueza estável, com luxo e fama, permitiria à pessoa ser querida, homenageada por todos, alcançando a felicidade almejada. E não é só isto. A riqueza suavizaria até o infortúnio: é melhor ser doente com dinheiro do que pobre e enfermo. O ideal da vida, portanto, é ter dinheiro. Muitos, ao abrirem seus olhos para o mundo, vêem com deslumbramen10 o brilho, a movimentação da "jc1 society" inter- naciooal.....61a-&e-ria-&-c pêndio das pessoas realizadas na vida. das bem sucedidas e felizes. Mas co-
mo nem todos podem real izar sonhos de primeira magnitude, a grande maioria dos individuas procuram imitar, em escala menor, os passos supostamente ditosos de seus modelos . Embora seja evidente a miséria moral e infelicidade radical dos que põem nos bens materiais suas esperanças, o obnubilamento- provocado pela miragem da felicidade completa nesta vida - é tal que, dificilmente, as pessoas renunciariam ao seu sonho dourado: ter muitodinhei+ ro para serem muito fcli-
Uma "pobre jovem rica"
teles Onassis, realizou o sonho de milhões. Mimada desde o berço, viu seus caprichos atendidos além do imaginável. Ela teve tudo. Mas, na realidade, o que essa promessa de felicidade lhe proporcionou? Qual a consistência desse sonho para alcançar a tão almejada felicidade? Um jornalista francês analisou, no "Le Monde", com espirita e de modo conciso a trajetória dessa "pobre moça rica" no mundo. Apresentamos aos leitores alguns excer. tos com breves comentários. A MORTE DE CRISTINA ONASSIS
-''Viveu co m muita riq ueza e morreu muito jovem: cruel cpi1áfio . A vida e mo rte de Chrislina Onassisfoi, pois, um a tragédia grega conlemporânea q ue, no a uge dos seus excessos, servirá para fortal«er o bo m senso comu m. Pobre j ovem rica !" Pobre jovem rica . Pareceria aos olhos de muitos uma contradição. Quando se considera os que põem a fe licidade no dinheiro poder-se-ia dizer: pobre gente rica, que tudo faz para ser feliz, imagina-se feliz, esforça-se pa· ra se imaginar feliz, para convencer-se de que é feliz, e não consegue ser fe. liz! A felicidade. por assim dizer, foge- lhes como a água por entre os dedos.
Ca prichos e carência "Cristina Onassis tinha tudo para ser infeliz na sua insaciável e in atingível busca da relicidade. Uma vida cheia de excessos. Excesso de infelicidade, excesso de casamentos, excesso de divórcios, excesso de quilos, excesso de caprichos ra pidamente satisíeilos, para, no íinal das con tas, ler uma solidão po r de1mtis ext remada". A observação muito
Os holofotes da mídia Herdeira do célebre intcrnacional focalizaram Aristóteles Onassis, Cristirecentemente a tragédia na Onassis, 37 anos, morque encerrou os dias de reu dia 19 de novembro ""''"dM..-,,pe,es"sº"'ªs,-,,ri<inn,t>Olo,-renr-umc.nmr<.rie<ra,d-ch--,,.,,""'""'="~""'''. ---t da "jet society". Cris1i- 40 km. de Buenos Aires, felicidade : insaciáveleinana Onassis, filha do já fa- pertencente a amigos, on- tinglvel. Busca sôfrega lecidomi lhardárioAristó- de passava uma estadia. dealgo quecontentasseinCATOLI CISMO MARÇO 1989 -
17
~
teiramcnte, e a radical in capacidade para encontra r o que se quer.
Excesso de caprichos rapidamente satisfeitos. Eis a grande ilusão : re· alizar iodas as fanta sias, todos os caprichos . Teve por demais dinheiro, materializar suas fantasias tão completamente que isso pode estar na ra iz de sua premat ura morte. " Dela, da pequena 'Chryso Mou', 'minha dourada', como a chamava seu pai Aristóteles Onassis, se poderia dizer que nasceu com uma colher de ouro na boca. ' 0 gregozinho de Esmirna' , esse pai com um destino cforluna fabulosa, fez tudo para que à querida criança nada falt i.ssc. E isto já era um excesso: aarle de nada faltar" . Onde nada foliava, havia uma carência fundamental. Para haver equilíbrio, era necessário que algo falt asse. A a rte de nada fa lt ar é outro excesso. ''Bonecas veslidas por Dior, a dança das educadoras, governan1as e preceptoras. caprichos satisícitos anles de serem expressos''. O pai vivia à espreita para saber que capricho ia nascer na ment e de sua filha , e antes mesmo que ela o fo rmulasse, via-o satisfeito. Ê o sonho dourado de muitos! "Um pai, ainda que onipolenle, ainda que su· per-milhardário, pode comprartudoctudoimpe. dir. menos a felicidade e
fo rt únio, de que lhe adianta o dinheiro? De nada! Fica a nu o blefe de que riqueza e felicidade são rcversivcis. Quando falta a Fé .. " Desde cedo, a iníelicidade eslará onipresente: o divórcio dos pais, a morte de sua mãe, Tina. Ainda a morte de seu irmão Alexandre, vilima de acidente aéreo. Sempre a morte, e o perfume de iníelicidade que se evola de seu pai, com seus amo-
"Crislina Onassiscres"Esta felicidade , no· ceu. lslo é, tornou-se 'her· va, poderia bastar. Crisli· deíra' potencial e uma das na Onassis é, em 1988, locomotivas da "jel so- imensamenle rica - SOO clety''. O que se deve fa. milhões de dólares. O im· zer - quando se é ludo is- pério gerido pur parenles, lo e isto não basta - pa- pelo clã, sobreviveu à rase satisfazer?" morte do fundador, e ao A pergunta é muit o progressivo desinteresse bem fe ita . Se se tem tu- da herdeira pelos negó· do e isto não basta, o que cios". fa zer? É que nada proporNo fim, nada lhe inteciona felicidade a alguém ressava. Nem mesmo a desprovido de ideal e sem conservação do dinheiro. convicções. Pode ter tu"Cristina Onassis cm do , mas não tem ideal. 1988passasuavidaviajanNão tem ideal ? do com sua filha numa csNa verdade falta- pécic de fren tsi de férias lhe o princi pal: a perpétuas, de sol, praia, Fé. E Fé católica se- numa busc11 egoísta da reria mente professa- licidade. da. " Foi lá, num 'country' 'Casa-se e come- club'argentino,queodesse. Toma-se mari- lino ou o desespero a dos, adquire-se qui- aguardava•• . los. Passa-se o lemA expressão frenesi po abandonando de férias pcrpéluas é muiuns e perdendo ou- to significativa. Pois o fre.. ' .,-:.· . ''9 tros. Toda a vida nesi é uma infelicidade. adulta de Crislina Ele se opõe à calma distcn. , •. k On11ssis será assim dida, conatural à fclicida, J.,t( ritmada: quatro de. maridos rejeilados Essa foi a vida de al e cem regimes reco- guém que realizou o somcçados. nho de milhões . Teve 111 " Ela se casa cm do ao nascer. No que se 1971 com um agcn- resume a vida de quem Á "p '- · m, n ' fl ' "r"m nf .,'/"n, te imobiliário de " nasceu com uma colh er ,.,.. ,, ,,,.,"',. " . , ,, ·,, -., Los Angeles, Jo- de ouro na boca"? Na inseph Bolker. A quietação, agit ação e fr eunião durará ape. nesi extremado. O fastigio nas nove meses. de prazeres cm que a pcsrcs sucessivos, seus casa"Casa-se de novo cm soa se encontra a leva a mentas enlutados com as 1975, com Alexandre An· um estado de vertigem, que foram suas madrastas dreadis, riltuíssimo herdei- de mal -es1ar. Ela quer sucessivas. a Callas e Jac- ro J;:rego. SeJ;:undo divór- mais, apet ece O que não kie Kennedy" . cio . pode ou não deve apctc0 di vórcio indica uma " Casa-se sempre. Em ccr. E no entanto, ela já infelicidade. As pcssoas ca- 1978 com um cidadão so- não 1cm mais idéia do que sa rn-sc com a esperança viélico. Serguci tümsov. deve querer, porque pode serem fel izes. Con sta- ·1e rcciro divórcio. de querer tudo . E isto não tam seu engano : separam" Por fim, cm 1984, ca- a satisfaz, levando-a talse. Os sucessivos ''casa- sa-sc com um amigo de in- vez a cometer o suicídio . mentos" e ou tras ca ntas fiincia,ThícrryRoussel,inO fim dessa biografia ~ paraç~s - no envclhc- duslrial, e a união,quedu- - tal vez cobiçada por mi -
.
~
4
1i .
l l
.
11
1
o~, ".'am"-'·,~~:=,-:: ,,-:: ,,.-::,:ni::;rn :; ::; ~ H~ol';:' ly"'wo:'o":;dWLI - :r.<:Jl"W"";'la.W">t'•+'! dá\-Jm"',~"';'~~9'°'8;7 "-"_-º'd~"''".°r:n~c:~",-l<~-J-!!~h!Q "°[ ~r~c.: ,;;=, ~~:,,:, r1~!!'~l~!!':!,c~"''~"':~~ :.ç:'1~'~ - - gem; se não compra fc lici- na verdade, repetidas fr us- Crislina Onassis ter um be- de policia , na morgue. dadc e nem impede o in- !rações. bl'.l: uma filha, Atina . Ada lbeno l'cmiradaCo~la 18 - C ATOLICI SMO t<. IARÇO 1989
Coruiderada, ali há pouco como frnw de uma únf16inaç,io al»taran1i,1a, a, /m,xa, pauaram mai, recenUmen,h! a inlerell/Jr um públiro qiu!ron,omeem11oan1idadeliferafuraare,pei1t,dela,
nio de Jesus 1en1ou forçar sua enteada Cristiane Vieira da Si!va, de <1uaior1.c :mos, a comer a cabeça de um g:110, por estar convencido que a menina tinha o corpo Nt111e anoitecer da ciriliiação cristã, não eljHU1t11 possuído por llxu, enque 111 in/ern'"' m1mifem //flM a 1erm ,a,1.,, fipa de 1lt1m6nio1. Na /010, Belfe6or, demónio da impuretidade que simboliza :in entre m, A.monila.f, ptlflO citado no A.nl~o Te110odemõnio na Umbanm r.nl11 da" . • A antropóloga Yvonnc Maggic. professora da Ul'RJ di:r. a mesma fon1e - defenderá tese de douior:i.dosobre feitiço e magia. Em1uanS l'OLICS da propaganda vem to cm Hudapest , na Hungri;i., vime e ~oprando com insistência cm nove especialistas rcunir:im-se n:i f;n•or de pr:iticas ocult istas, Universidade de Eotvos l.orJ.nd, :l rmi1-tic:t~.astrológicas.catédirt:tamen- m;i.is impor1ame do p:aís, p:ara debate ~:11:lnicas. Também filosofias e ati- ter as perspectivas da fcitlçari:t. O as,·ld:1des ditas supranatur:ais ou revela- sumo J:i atinge as Universidades... lloras de poderes ocultos do espírito • Uvros sobre bruxarl:a são editant:io cm vog:t. Simpó~io~ a rt."Spcito dos com grande propig:inda, como são pror110,•idos atC: por órgãos oficias. '· A C:iminho da Fogueira"' de WaltenA que corresponde es:;:1 o nda l0- sir Dutra, e "A caça is bruxas na Euda? Qu:mdo o sol se pOC, é 2 hora rop:t moderna'". de Yvo Korytow~ki dos morcegos l·das eoruj;i.s ~e mostra- Só no ano de 1988. no 8r2Sil , publicarcm . A~~im, nl~tc anoitecer da clvili- ram-sc cerca de c inquenta 1ítulos za~·ão eri~l:i - cm que :1 própria lgrc- mais de <111atro por mês, cm média j:1 Cat6llc.1 ~l- encontr:t invadida por - ligados à "História d;1s Mcntalid:1doutrin;1s e pr:hiea~ mabãs - não es- dcs" nome <1ue vem sendo dado a pupant:1 que o~ infernos vão abrindo blica~·õcs desse tipo). E o número desua boc:1, e ,·nmitandop;1r,1 a terr:i. to- ver.i dobrar no presente ano, de :acordo tipo de demônios ou de parente.."!! do com a programação d:ts principais mais ou menos próximos deles. editor:as do Rio e São P:tulo. Se1-tuc um:t pl'ljuena :1mos1r;1.gem • O '"Primeiro Scmin;'lrlo Nacio-
lo''JornaldaTardc'',dc 13desetembro passado. • "A corrente da alga. que traz energias e Slltisfaz pedidos" tomou conta da cidade do Rio dcJ:mciro, informa o "Jornal do Brasil", de 13 de setembro. "É a versão mais moderninha e 1.en das antigas correntes de oração". • Ainda no Rio, "um ch:i, conhecido como S:mto Daime, fci10 de mislura de um cipó, o jagube, e de uma folha conhecida como rainha", :i.trai a classe rica no elegante b:tirro de Sio Conrado, diz "Veja", de 3 1 de agosto. "Economistas, psicólogos, artistas e outros profissionais liberais entoam dnticos religiosos, d;mç:un e rezam" e depois "encostam nos barrancos ou procuram os h:anhciros p:irJ. intermln:iveis sessões de võmitos" produzidos pelo ch:i. • F.s1:ific:mdocomumcomputadofl"S serem programados para ler a sorte, fazer previsões etc. São chamados "p:ais-de-samo eaktrõnicos". • "O Interesse pelo esmcrismo, que fa:r. com c1uc algumas livrarias dediqucm 1/3 de seu espaço par:i. da r conta da proliferação de livros sobre ocultismo, as1rologia, 1ri:ingulo d:r.s Bermudas e assim por diante, tem sido atribuído ao efeito que o progresso científico teve sobre :1 nossa percepção do mundo real, tornando-o, a no~sos olhos, cxcessivamen1c prosaieo" ("O Globo", 16-8). Quem diri;i. c111e a ciênci;i., ou1ror.1 di\•ini1.ada comocontr:iria às ··supcrstiçõc.."S' ' vciculad;i.s pcl;i. Santa Igreja , acabaria -----tftrT:t'fttl-m:ttcri:tt-qt!C"TCCO!h,=~-hnITT,obTC-K:11111:t I fatiti,lflo-V,:CR<«Fm>n11m<nmmSITTü,nffiffi,CÍl<Jeg,m-,W------j • O "Jorn:1 1 do Brasil" (RJ). -de c:i.rna\·ão dos Po\'os), a ser reali:r.ado perstições (e aqui sem aspas)! 22 de ou111hrn último. noiicia que, no auditório das Faculd:1dcs Integra• ··o L'.' Encontro Esotérico da Zoem Niterói. "o artcs:io Marco Amo- das lbirapuera". vem anunciado pe- na Nor1e (RJ), organizado pela Tribo
O
CATOLIC ISMO MARÇO 1989 - 19
Cósmica, deme,,strará os mistérios da c:1bal:1, tarô, astrologia, quiromanda, numerologia. xamanismo e yog;1 ( ... ) São palestras e shows do.: dan~·a afro e cigana, bancas de atendimento e consulta" ("Jorn:tl do Brasil" , 13-8)
• A mesm;1 fonte anunda o ·· Primeiro Congresso Internacional de Ufologia '', no Rio de Janeiro, a serrealizado nad;1 menos do que no Othon Palace l-lotcl . Querem saber - acrescenta "O Globo'" de S de setembro - o (JUC os discos voadores vê m fa zer na "]Crra. • Um tratamento para a cura da AIDS por meio de '' terapia ho lístka'", que inclui ·· passes espirituais'". massagens, danças etc., vem propagado pela revista ··corpo a Corpo" de sewmhro último. Enquanto o "Jornal da "[3.rde"', de 29 do mesmo mês. cm report;igem de p:'lgin:1 inteira, fala da c ura da AIDS através da "macrobiótica e01nras práticas ahernativ:1s'" • ··os ;mtigos od,ulos, astrologi;1. urô e l-Ching são reabilitados :w lado do taí-chi , ioga e massagens. num mercado al termuivo q ue c resce a cada dia n:t cidade"" ("O Estado de São Paulo"' , 8-9). · ··cand idatos :1pclam p:tr:t o sobrenatural"', é o títu lo de v,ts ta report:tgcm publicada no ··Est:ido de S Paulo'" d, 1? de setembro passado,
na qual se mostra que todos os candid:ttoa à Prefeitura de São Paulo, ou seus cabos e leitorais. apelam para pdticas religiosas pouco ormdoxas: banhos rituais, despachos, etc. • A desastrosa sit ua~·ão cconô mita a que foi levado o País, tem sido tema predileto para as previsôcs de ad,,inhos, tarologistas, videntes, astr6logos. e outros. • O caos das cidades modernas. o ntrvosismo , o stress. são campo J>refcrcncial para filosofias dit:1s orientais <JUe atuam através de meditações, gi n:'lsticas e m:1ssagcns, por exemplo • Atlct:ls sov iéticos est:1o sendo submetidos :l técnicas psicol6gicas e a um processo cspeci:tl ":u r:1vés d;t clc1romincscência de Kirlian. o cs tu· do da ;rnra humana' ", para terem melhor rendimento nas compct içôes (" Est . de S. l'au!o". de 29-9). • Todos nós "somos co-criadores do mundo " , afirma a professora Zulma Rc yo, diretora do "Cent ro p;ira Al<Juimia hlltrior" de Nova York, :i (Ju;1l se aprtscnta como ··para-normal '·. É a fuligem satânica. que se vai apresentando como op~·ão p:ira uma sociedade que expulsou de s i a gr;1ça de Dt us
VISOTIC
LI Al1
dll!J
H. SILVEIRA T URISMO Passagens nacionais e internacionais PARA TODO O BRASIL E EXTE RIO R H Silveira Turismo Ltda e 2S7·4124 Telex: 11 ·32776-HSTU·BR
Telefone: (011)2S9-0964
e~~(O"s
FOTOLITO S/C LTOA.
REPRODUÇÕES EM LASER FOTOLITO A TAACO• OEGRAOEE• BENOAYS AllTOTlPIAS • COPIAS FOTOGRÁFICAS•
Na Alemanha, aumenta a legião dos viciados Na Alemanha Ocidental, há 100 mil viciados em drogas, e só no ano passado 6(X) pessoas morreram vitimadas por entorpecentes. Essas são estimativas oficiais; os números reais devem ser bem superiores Mas outro vício está enfraquecendo moralmente uma nação tão pujante economicamente como a Alemanha: há 200 mil jovens alcoólatras, e desse total um terço são meninas ou moças De que vale a riqueza material, quando um país se precipita na miséria moral?
PROVA OE CORES
TABELA ESPECIAL P/EDITORES AV. DIÓGENES RIBEIRO DE llMA. 2850 TEL., 260-57,U
ALTO OE PINHEIROS
SR EMPRESÁRIO SEU QUADRO DE VENDAS ESTÁ BEM TREINADO? SUA ESTRUTURA COMERCIAL ESTÁ ATUALIZADA? NOSSOSCONSULTORESEDOCENTESESTÃO
~~'fs~~~
:lt1/~MiR~ir.
Tensão e TV
• • • •
Naquela nação do Ocidente, unia em cada oito crianças menores de doze anos é "tranqüilizada" por meio de psicofármacos. Cons iderando ser a televisão responsável pelos problemas neuropsíquicos de seus filhos, trinta pais de Dürcn (na Renânia) resolveram promover jogos e conversas com as crianças, de ixando de lado o vídeo. "Foi um lon o caminho - declarou um deles - mas valeu a pen.i. Todas as crianças 01e são con1p elamente normais A. B. A.
MGl~:;;1;~t~hTA
20 -
CATOLIC ISMO MARÇO 1989
REESTRUTURAÇÃO OE DEPARTAMENTOS IMPLANTAÇÃODETELEMARKETING AVAL IAÇÃODECANAISOEDISTRIBlJIÇÃO TREINAMENTO GERENCIAL E OPERACIONAL DEVENDAS • ORGANIZAÇÃO OE SISTEMAS E POLfllCAS OE ATUAÇÃO NO MERCADO ENTRE EM CONTATO PARA RECEBER NOSSO
TrC\lnamC\nto " Auusorla ComC\rclal RUAPAMPLONA 700-CJ.44-CEP01405 TELS. 251-2870 - :r.il-2769 - S.PAULO - SP
Para muitos leitores, 11ossa descrição dos cami11lios melhor diríamos descami11hos - da medici11a brasileira (cfr. "Catolicismo", 11 ºs 456, dezembro de 1988 e 458, fevereiro de 1989), poderia parecer i11verossímel. Como podem os administradores da saúde neste País presenciar impassíveis o "desmorona111e11to" de nosso sistema assistencial (baseado vimos,em nagra11de iniciativa ainda parte, como particular)? Neste artigo mostraremos que tal fato não é temido nem indesejado pela corrente co11111no-sa11itarista brasileira.
CU A ~
1-:mC11 ba, 11/emlirn l'nlo
depmblenuu bunni,, 11ue 11/ingem 1rnnde1mMM1 da população
Um modelo para amedicina brasileira?
S
EGUNDO os teóricos do siste· ma socialista, a medicina atual, tanto no Brasil como nos demais palses capitalistas, é ao mesmo tempo individualista e eli· tista . Ê individualista por· que se preocupa com a cu· ra de cada paciente indivi· dualmente. Para eles a medicina deveria concentrar todos os seus esforços cm manter a saüde da cO· letividade como um todo, mesmo que isto implicas· se em deixar morrer, mais precocemente, algum paciente idoso, que seria sacrificado cm benef1cio da _
seu benefício a um grupo pequeno de pessoas.
Em substituição à atual linha de atendimento médico no Brasil, os teóricos da corrente comuna-sanitarista
intentam criar um sistema baseado na prevenção e atendimento de problemas banais.
.!m'1.ll'.J.llilll<,__ _ _-+-_,,~m;-nà
Ê elitista no sentido de que sua atual sofisticação acaba restringindo o
nhum escrllpulo, a tais teó· ricos, ver "quebrada" no Brasil a atual linha de
atendimento. Em substi· tuição a esse edifício de· molido, eles intentam criar um sistema baseado espc· cialmente na prevenção e no atendimento de proble· mas banais (res friados, diarréia, verminoses etc.) que atingem grandes mas· sas da popul ação. Um im· portante passo para isto será dado cm São Paulo, com a implantação do médico de familia ou "médi· co de quarteirão", nos moldes do que existe atual· mente em Cuba. Não se fala cm constru· ção de hospi1ais, mas apenas cm multiplicação de postos de saüde para os quais se dest inarão pesa-
Paralelamente, estão sendo alugadas numerosas casas na periferia de São Paulo para funcionarem ao mesmo tempo como re· sidências e consultórios de médicos generalistas . A propaganda de im· prensa é grande, e parado· xalmente, a velha inst ituição do médico de famí lia começa a ser elogiada com evidentes segundas in. tenções - pelos progressistas mais rubicundos.
Ralzes históricas do comuno-sanllarismo Talvez, a primeira ten· tativa de aplicação dos principias do colet ivismo
___ :ntrctr·u,;-timm"""nrt-.,-.:rttl!-moot,-~ - i
através do Banco de Desenvolvimento Nacional e Social (BNDES).
cina tenha surgido em 187 1 com a implantação da Comuna de Paris.
CATOLIC ISMO MARÇO 1989 -
21
Naqueles tristes e delirantes dias chegou-se a estabelecer toda uma legislação de "proteção da saúde" muito semelhante ao que propõem hoje os comuno-sanitaristas. Posteriormente, entretanto, essas descabeladas idéias foram esquecidas, tendo reaparecido com ares de modernidade por volta da década de 60. Dois congressos importantes, ambos patrocinados por governos comunistas, marcaram o reaparecimento do movimento comuna-sanitarista: 1. O Congresso de Alma-Ata, na Rússia, em 1975; 2. O Congresso de Atenção Primária à Saúde, em Cuba, cm 1982. De lá para cá, a movimentação de bastidores tem sido intensa. Uma ''inteligentsia'' esquerdista encarapitada na Organização Mundial de Saúde tem feito planos nacionais para vários países subdesenvolvidos, planos esses que têm encontrado sempre o nababesco apoio do Banco Mundial. A América Latina especialmente Venezuela, Colômbia e Uruguai - p~-
três países. Os elogios e os argumentos apresentados em prol do sistema cubano chegam a dar a impressão de provirem de uma fonte única. E agora parece ter soado a hora do Brasil. Tudo é feito como numa peça de teatro. Exatamente igual ao que aconteceu na Venezuela, na Colômbia e no Uruguai: críticas à "ganância" dos hospitais particulares; notícias da falência do atual sistema de atendimento; cntrevisia de um técnico dopaís em visita a Cuba; notícias sobre feitos "deslumbrantes" da medicina cubana. Nada disso está faltando também no Brasil, nem mesmo a possibilidade de uma salvadora intervenção da medicina cubana em nossa nação. Quase ninguém mais fala hoje sobre a vacina cubana contra a meningite. Contudo, não fosse a criteriosa intervenção do então Ministro da Saúde, Borges Lagoa, que proibiu o uso da referida vacina antes da comprovação de sua eficácia, estaria o natural arrefecimento da doença (por motivos sazonais) correndo como crédito de um "milagre" realizado no Brasil pela medicina cubana ... O tiro, ao que parece, saiu pela culatra, pois a meningite desapareceu antes da aplicação da vacina. Mas não fez enrubeccr os arautos do "milagre" cubano. Os elogios continuam a se repetir cm nossos órgãos de comunicação como um realejo interminável.
ro assalto. Chama-nos a atenção a identidade de fatos que se desenrolam nos
do presente artigo descrever toda a verdade sobre a medicina cubana.
Planos esquerdistas da Organização Mundial de Saúde têm encontrado sempre apoio do Banco Mundial
22 -
CATOLICISMO MARÇO 1989
Contudo, qualquer cidadão de média informação sabe que o número de médicos é grande cm Cuba porque ja o era ao tempo de Batista, e porque Pidcl Castro viu na medicina uma forma de patrulhamento da sociedade. O médico de quarteirão é sempre um membro do Comitê de Defesa da Revolução, e sua atividade médica é, antes de tudo, uma forma de pressão da ditadura castrista sobre uma população cada vez mais indefesa. O índice de mor1alidade infantil é baixo porque o índice de natalidade é baixíssimo. A população
Fidel Castro
viu na medicina uma forma de patrulhamento da sociedade
do país está diminuindo cm vez de aumentar. Os recursosassistenciais,pois, embora parcos, sobram.
Três aspectos escamoteados pela mídia cubanizante Ao imitar Cuba, o ·erasil vai mergulhar nas mesmas mazelas que atingem a medicina da antiga ''Pérola das Antilhas". Essas mazelas estão sendo cuidadosamente ocultadas pela propaganda comuno-sanitarista:
a) uma medicina primitivista
Tal como acontece em Cuba, aqui também serão criadas circunscrições. O cliente não terá acesso direto ao tratamento especializado, e nem mesmo, provavelmente, terá direito a procurar outro médico, que não seja o de seu "quarteirão" Isto, além de quebrar o principio da livre escolha, acabará representando um cerceamento na procura do tratamento especializado, transformando a medicina ao mesmo tempo em primitivista e tirânica. Hojcem dia, um brasileiro que sinta uma dor prccordial, pode, mesmo gratuitamente, esclarecer sua dúvida dirigindo~se diretamente a um Centro de Cardiologia . Amanhã, com a implantação do mêdico de quarteirão, seu acesso estará condicionado a uma triagem prévia. Ele deverá entrar numa fila ao lado de uma gestante, de um doente suspeito de tuberculose, de um paciente psiquiátrico e de uma criança com gastroenterite. Ele deparará um médico atendente generalista que terá a obrigação de entender de tudo (e que portanto, na realidade, não entenderá nada proficientemente). Assim, paradoxalmente, embora proclamando a máxima de "saúde para todos", o sistema cubano acaba cerceando o acesso dos pacientes aos serviços realmente capazes de curá-los. b) tirânica
No contexto de nossa Constituição, "a saúde é dever do Estado''. Ora, todo dever pressupõe, de
modo correlato, um direito. Assim, esta hipertrofia do "dever" do Estado trará inexoravelmente uma hipertrofia do "direito" do Estado de cuidar da saúde dos indivíduos. Nada impedirá, portanto, que o médico do quarteirão se transforme numa espécie de ditadorzinho regional a impor hábitos, padrões sanitários etc., de acordo com as metas governamentais. Quando se pensa que a prática da medicina envolve freqüentemente pro-
O sistema cubano acaba cerceando o acesso dos pacientes aos serviços realmente capazes de curá-los
blemas de consciência relacionados com a moral familiar, maneira de educar os filhos, limi tação da natalidade, problemas psicológicos etc., realmente se fica muito temeroso quanto à formação da reta consciência, num contexto de atuação do médico de quarteirão. e)
patrulhadora
Por fim, é de se temer que ou no País inteiro, ou em determinadas regiões ou cidades, o médico de quarteirão se transforme num patrulhador
político e ideológico. Tal como acontece cm Cuba, onde a condição essencial para o exercício desta função - conforme confessam os próprios entusiastas de medicina castrista - é a filiação ao Comitê de Defesa da Revolução e a freqüência habitual aos cursos de reciclagem ideológica. Esta medicina ideologizada é o que se está querendo para o Brasil.
Uma prospecção do futuro Serâ aplicado inteiramente esse plano de cubanização da medicina no Brasil? Uma pessoa menos informada poderia pensar: " Isto vai depender de uma equação: ousadia dos executores - reação do público". Engana-se. O plano pode ser interrompido, mesmo por outro motivo. Pois, nos bastidores da administração da saúde, no Brasil, digladiam-se duas correntes: uma - semelhante ao modelo cubano - dá ênfase ao domínio (patrulhamento) do Estado sobre a população; e outra, dá realce à atuação de grupos populares organizados (isto é, sovietes), os quais devem sobreporse ao Estado. O atual Governo do Estado de São Paulo, com seus "médicos de quarteirão", caminha num sentido cubano, enquanto a Administração municipal paulistana, com seus "Conselhos Populares de Saúde", caminha cm direção aos sovietes. Mas o esmdo desta última nossibi]idade fica para um próximo artigo.
A "Perestrollka" de Stallln
M~~fr~i:a~':~al~f~~~a~º!~~ ~~~t~~~e:~s:!f~
implantando na Rússia. E todas as simpatias do Ocidente vão para o líder vermel~o, que estaria "liberalizando" a política soviética. Um pouco da conhecimento histórico recomendaria uma certa prudência em acreditar na sinceridade do chefe comunista. Terá ele mf.smo intenção de abrandar o férreo regime comunist ? E o fará com vistas a uma liberdade autêntica e p ogressiva, ou fará apenas Q necessário para garantir as simpatias do mundo não comunista? Estas perguntas vieram-m'e ao espírito ao ler o livro do diplomata francês Ar/hur Conte, sobre a con-
~~;n~~ri~ay~~f;n~~~
~~e~~!s~~~:
:~t~f!ta\:g~~~~ dial. Conta o autor que, com vistas a enganar a opinião pública do Ocidente, ~talin , a partir de 1942, 1943, passou a desenvolver uma política de "abertura", de "reforma": autorizou que os membros do Partido fossem religiosos praticantes, deu subv,enções à Igreja "Ortodoxa", abrandou a coletivização do campo etc. Como resultado dessa politica o ditador soviético auferiu os frutos mais completos: apoio dos crentes e, o mais importante, o apoio da Inglaterra e dos Estados Unidos. Este último país enviou à Rússia, como donativo, mais de quinhentos mil caminhões, locomotivas, vagões, toneladas.de alimentos etc. Mais do que tudo, na conferência de Yalta, Stalin foi tratado como uma pessoa confiável e que se precisa agradar com concessões para manter as boas disposições. Essa confiança ingênua - muito parecida com a cumplicidade - acarretou a comunistização de toda a Europa Oriental, como já ficou dito, a perda da China para os comunistas e o fortalecimento dos partidos comunistas do Ocidente. O presseguimento da política da Stalin na Rússia é conhecido de todos: ditadura feroz com campos de concentração e manicômios judiciários. Hoje em dia, os próprios comunistas russos criticam Stalin, para dar a entender que a ditadura não é inerente ao comunismo, mas foi obra pessoal de um desequilibrado. Com isso salva-se o comunismo e se dá a impressão de que se mudou. Criticar não custa nada ... Quem sabe se, no futuro, os líderes soviéticos não farão a mesma manobra, criticando os "erros" de Gorbachev e apresentando ao Ocidente alguma outra manobra de distensão mais chamejante ainda do que a de Stalin antes de Yalta e a da atual Perestroika? Se a História é a mestra da vida, como dizia Cíce~~' ela ~anda q~~ s~j!~~s descon~~d_?,.s em re(ação que apenas favorecem o bolchevismo.
Luis Sérgio So/imeo
Antonio Lara Duca CATOLICISMO MARÇO 1989 -
23
,
-
'
,j
~
TFPs em açao Livro-denúncia tem nova edição MADRI - Tendo se esgotado, em 45 dias de campanha, a primeira edição do livro-bomba "E,panha, anestesiada sem percebê-lo, amordaçada sem qucrC-lo, extraviada s~m sabê-lo", elaborado pela Sociedade Espanhola de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade, uma nova edição foi lançada em Madri, em janeiro último. Marcando o acontccime~to, foi pro-
movida uma sessão solene no auditório
do Colégio Dominicano, lendo feito uso da palavra o Cônego salvador Mu-
floz lglesias, da Catedral de Madri, bem como o conhecido teólogo Frei Victorino Rodriguez, dominicano. Com farto material ilustrativo, o médico Fernando Gonzalo Elizondo, diretor de TFP-Covadonga, apresentou ao pllblico presente os principais lances da presente campanha, em todo o país.
Uma repercussão sintomática, que vem confirmar o acerto das teses do livro, é a charge publicada pelo jornal "La Vanguardia", de Barcelona, na qual se mostra o distanciamento entre a Espanha oficial e a Espanha real.
Um vigoroso não à matança de inocentes WASH INGTON - Com a publicação do substancioso manifesto intitulado "Uma verdadeira matança de inocentes se faz diariamente cm todo o mundo", nas páginas do "Washingtona Post", além do maciço comparecimento de seus sócios, cooperadores e correspondentes na Marcha Anual pela Vida, realizada nesta capital, a Sociedade Norte-Americana de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade voltou a afirmar publicamente sua condenação à pràtica do aborto, com base na doutrina tradicional da Igreja.
O manifesto da TFP, que foi também distribuído amplamente ao longo da passeata, contém numerosas citações de ensinamentos dos Papas e denuncia a posição errônea de certos teóC IDADE DO CABO, África do Sul - Em conferência promovida na Uni- logos, os quais já vêm defendendo o versidade de Stcllcbosh, o cooperador da TFP brasileira, Sr. Juliernes Manzi, aborlo nos ambientes católicos ... Ninguém pode ser ao mesmo tempo um discorreu sobre a desagregação da família enquanto fator propicio ao avanço da investida comunista, bem como sobre a atuação das TFPs cm defesa dos va- verdadeiro católico e pró-abortista", sustentaaentidade.Alémdefazer trelores da civilização cristã e da harmonia social. mular seus gra ndes estandartes rubros Um dos recentes lances da TFP sul-africana é a edição, em inglês e afrikan- com leão rompante, a TFP norte-ameder, de uma revista em quadrinhos dirigida especialmente às comunidades ne- ricana marcou sua presença no desfile 5 - -f8r";ª~ºª'-:'Qlual..Lllenuw:ia""---'um=unmil; "'""'""""'""''"'-'-""'º'--"'"'º"'''"im~e,!!!"º'-+<oom.~ma fanfarra e um coniuoto de da Swapo. gaitas de fo le escocesas, composta por Na foto, junto ao mostruário de obras divulgadas pela TFP, um grupo de jovens cooperadores, que executaram representantes de uma das comunidades negras que compareceram ao evento. loques tradicionais. 'I
"''Llli'
24 - CATQLIC JSr•,1 0 MARÇO 1989
TFP contesta matéria de "O Estado de S. Paulo"
Estandartes tremulam em Lisboa LISBOA - Os cscandancs da TFP lusa, que juntamente com olcãorompantcostcntamahiscórica Cruz da Ordem de Cristo, tremularam intensamente nas ruas e praças desta Capital, durance acampanha dcdistribuiçào do manifesto contra a exibição dofilmeblasfcmo"Aúlcimatentação de Cristo", de Martin Scorce~c. Dando inicio à campanha, os jovens cooperadores da entidade rezaramnalgrejadaOrdcmTerccira do Carmo, junto ao túmulo do Bemavencurado Nun'Alvares Pereira, passando a percorrer. em seguida, os principais logradouros da cidade. Foram numerosas as mani festações de aplauso por pane de pessoas do público, pcrtcnccntesàsmaisvariadasclasses sociais. Fato cdificanlc ocorreu na porta de urna igreja, onde certa mulher que ali pedia esmolas, solicitou um exemplar do manifesto. Logo após tê-lo lido, voltou ela a chamar o propagandista para manifestar seu contentamento com a campanha e oferecer duas moedas que acabara de ganhar. "Agradecemos a oferta, mas não a aceitamos. Ficamos sensibilizados com essa manifestação degene_rosidade,.~ue nos _faz ler~brar
gelho'', comentou um dos organi zadores da campanha.
E
M SUA EDIÇÃO de 24 de fevereiro último, "O Estado de S. Paulo" publicou extensa notícia, com vistosa chamada na primeira pá· gina, sobre um incidente que teve lu· gar à saída da Missa das 19hs, na Catedral Mclquita Católica de Nossa Senhora do Paraíso, na capital píluliStíl, no diíl 18 dílqucle mês. N;i prim!;'ira parte da notícia, encimada pelo título "TFP briga na porta da igreja ", afirma-se sem fundamento na realidade, que membros da TFP "derílm início ao tumulto aindil durante a missil, hostilizilndo com pi!lilvrões os s in1p,1tiz,1ntes de Orlilndo Fedeli", egresso da TFP no ano de 1983 Convém esclarecer que o "combate" que "durou apenas um minuto" - utilizando-nos da própria terminologia empregada pelo matutino paulista - não se travou entre cooperadores da TFP e adeptos do sr. Fedeli. Mas a "pancadaria que envolveu uma dúzia de pessoas", como o "Estado" qual ifica o incidente, teve como protagonistas os referidos adep· tos e outros jovens, que não são coo· peradores da TFP. A segunda parte da matéria, que se intitula ''Dissidente aponta fanatismo'', contém declarações do sr. Fedeli, e que constituem o realejo das ílCU· sações por ele lançadas contra a TFP desde 1983. Tais diatribes já foram exaustivamente refutadas pela entidade, tendo "Catolicismo" ao longo destes anos estampado todas essas contestações. O Serviço de Imprensa da TFP, tendo cm vista esclarecer o público e retificar as folsidades contidas nessa mal~ria jomíllís_tiCil, envio~ caria
SR. DIRETOR A presente missiva concerne à espaçosa notícia publiCildíl hoje (24) por essa folha, com chamada de primeira página, sobre o incidente ocor· rido à saída de uma missa na Catedral Melquita Católica de Nossa Senhora do Paraíso, no domingo passado Tal fato, que il notícia qualifica de "combate", durou nada menos que ''um minuto'' e deixou como gra· ve conscqüênci.i "arranhões leves e gravatas desalinhadas''. O Serviço de Imprensa da TFP teria objeções a fa~er à narração de "O Estado", porém se dispensa de entrar em microscópicos pormenores sobre esse drama de um minuto. Pois sua atenção é voltada para outro fato, este sim, de certo interesse. Passo a expô·lo. O redator da notícia quis aproveitar-se da ocasião para dar nova publicidade às conhecidas acusações levantad as pelo egresso díl TFP, sr. Orlando Fedeli, a propósito de práticas religiosas supostamente condenadas pela doutrina da Igreja e pelo Direito Canônico, as quais se realizariam na TFP. E a esse propósito, projetar uma publicidade desfavorável sobre o Presidente do Conselho Nacional desta, proí. Plínio Corrêa de Oliveira. Ao mesmo tempo, a notícia incidiu, no que diz respeito ao nome da veneranda mãe deste, na mesma falta de tato de que "O Estado de S Paulo" deu mostras, em 1979. Falta de tato esta, sobre a qual não entro em pormenores, pozs que a mesma foi analisada pelo prof. Plínio Corrêa de Oliveira em carta enviada a esse miltutino através de Cartório de Re-
cada em s ua edição de 26 de fevereiro passado, à página 46. Transcrevemos abaixo o texto integral da missiva
pidamente comentada pelo próprio jornal no dia em que a publicou (22-8-79) CATOUC IS/\'10 MARÇO 19!19 -
25
TFPs em ação Espanta-me que "O Estado de 5. Paulo'', o qual freqüentemente se ufana da tradição jornalística impecável que lhe deixaram como legado seus antecessores, reedite na notícia de hoje o que de mais injusto havia nas acusações do sr. O. Fedeli à TFP, e se dispensa desinibidamente de noticiar com relevo igual o que a TFP publicou em sua defesa. Ora, esta última - tendo em vista a publicidade que órgãos de imprensa de São Paulo e Campos (RJ) quiseram dar então àquelas acusaç-ões procedeu a imparcial e pormenoriza-
do estudo das interpretações que o sr. Orlando Fedeli dava aos fatos por ele alegados. Tal estudo era baseado nos melhores autores de Teologia Moral e Direito Canônico, e concluíam pela inteira improcedência das referidas interpretações. Para maior gar.intia dos leitores, quis ainda a TFP submeter sua argumentação à apreciação de teólogos, canonistas e moralistas de reputação mundial. Todos deram
pareceres por escrito, que não deixavam a menor dúvida sobre o bom fundamento - em termos de doutrina católica - da defesa da TFP. E, cm seguida, deu esta entidade a lume duas obras contendo tanto os mencionados pareceres quanto a argumentação da TFP por eles aprovada. Após o lançamento dos referidos livros, e informado disso o públi· co brasileiro através de órgãos de imprensa de primeira grandeza, o sr. Orlando Fcdeli continuou a tocar orealejo de suas anteriores invectivas, na expectativa de que a TFP continuasse a polêmica. Esta entidade lhe respondeu então, em seção livre na "Folha de S. Paulo", em 28 de agosto de 1984, que, ou ele publicava uma réplica idônea às duas obras aludidas, ou a TFP dava por encerrada a polêmica, pois tinha mais o que fazer. E o sr. Orlando Fedeli acabou por secalar afinal. Calou-se, sim ... até que a vistosa publicidade de "O Estado" sobre o drama de um minuto, à sal-
da da Catedral Melqu ita Ca tólica, lhe fornecesse oportunidade de voltar à tona com as mesmlssimas acusações que teólogos, moralistas e canonistas de reno me mu ndial haviam julgado inconsistentes. E essa folha aproveitou assim a ocasião para dar nova publicidade às acusações do sr. Fedeli, fazendo este de conta que ignora as refutações da TFP. A tudo isto, a TFP s implesmente tem a declarar que, em sua Sede, à rua dr. Martinico Prado, 271, quaisquer interessados podem obter os livros cm ques tão, com os menciona· dos pareceres, bem como cópia de tudo quanto seus acusadores comunicaram pela imprensa e q ue ela exaustivamente refutou. E nada mais quer dizer. Nem precisa dizer.
A presente missiva, em termos aliás sucintos, trata tão-só dos aspectos essenciais do assunto. Sua extensão corresponde à da amplitude e realce com que o "Estado" noticiou a matéria. Confio, pois, na publicaçiio integral da presente. Paulo Corrêa de Brito Filho Diretor de Imprensa da TFP
CONSTRUTORA
ADOLPHO LINDENBERG S/A
INCORPORAÇÕES - PROJETOS E CONSTRUÇÕES RI IA GENERAL JARDIM 703
26 -
CATOLJCISll.'10 MARÇO 1989
6~ • 7~ ANDARES
FONE 256-0411
SÃO PAULO
SalasdejantareeMarcom umaincr ivelsensaçãode espaço. Lareira,bar,terraçoejanela bay-window com um toque de vanguarda. Acozinhaampla,com muita luz e totalmente ventilada,permite u ma a,daptaçãoparasalada maneira que você preferir (oprojetoeoacabamento sãope~naliza,dos). Nopisosuperiorvocêtem umavistasensacionalatravês da11randevidraçadoterraço. Emuito,muitomaisespaço. Sala fmimacomduassuítes, sendo a principal com walk·in~loset e um amp lo banheiro. Duas!)a ragenscomdepósito, jardins,salãode festas. Venhaparn l'Artisanesinta todo o conforto e espaço deumdup lexdiferentede tudoquevocêjáviu.
2 SUITES DUPLEX. Um duplex com 223m' de classe e conforto.
CONDIÇOES OE PAGAMENTO AMPLAMENTE FACILITADAS •6()0/o financiadosatéas chaves com sinal de NCz$ 5.060,00 (5? andar) • 40% financiados até 10 anos após chaves.
OBRAS EM ESTAGIO ADIANTADO. ENTREGA: JUNHO 00.
Rua Mateus Grou, 279- Pinheiros. Corretores no local. Tel.: 883-6584.
QUADRO DE AREAS 123m2 ÚTIL 52m2 GARAGEM 48m 2 COMUM 223m2 TOTAL
~~l~t[i~'ã~
'?Nj)_·__
eRADE __ sc_o_
OONSTklJTOKA r<l'RLTDA
;;_L~ca/ l<u,budo<l!mdo.~. IJ .!< hH,,:· .!.'i(l. 1144
CATOLICISMO MARÇO 1989 -
27
Jóias para a Páscoa
A
TRADIÇÃO uniu , ao longo dos séculos, a figura do ovo - artisticamente trabalhada - às alegrias d a Páscoa. O s famosos "ovos de Páscoa", ap rese n-
tados em belos papéis de prata e ouro, e quan-
tas vezes ornados com delicados laços, constituiam verdadeiro gáudio para os olhos e delícias para o paladar, recordando s im bolicamenlc aos home ns as inefáveis e doces alegrias da Ressurre ição do Salvador. E lá nos confins da Europa, na terra das este-
pes e dos gelos sem fim , a propósito deste mesmo s ingelo s ímbolo pascoalino, a Civilização o utras maravil has e laborava.
Em 1884, o Czar Alexand re Ili confiava pela primeira vez a Fabergé, célebre joalheiro da Rússia imperial, a confecção, para o ano segui nte, de um presente de Páscoa, que deveria ser oferecido à s ua espo,sa, a Czarina Maria Feodorovna . A partir de e ntão, a imaginação fecunda e artística de Pe ter Carl Fabergé - descendente de imigrantes franceses, e a quem Alexandre Ili no meou, cm reconhecimento de s ua competência e dos serviços prestados, " Joalheiro oficial da Corte" - concebeu a cada ano uma nova obra de ,irte em torno do símbolo da Páscoa . Se no plano da natureza cada o vo contém e m si uma nova vida, bem se poderia di;,. er que o de Fabergé trazia sempre uma s urpresa preciosa ... Retratos da família imperial, miniatu ras de palácios ou carrua ens re ló ios vões dclka dos " bouqués" de flores, nada escapo u ao talento de Fabergé, ora para ornar o exterior de seus ovos de Pásco-
a, ora para faze r s urgir, d e seu inte rior, ag radáveis e graciosas surpresas.
Nossa ilus tração reprodu z uma dessas criações do joalheiro fra ncorusso. Trata-se da jóia conhecida como "Flores da l' rimave ra", presente oferecido pelo C zar Alexand re Ili à imperat riz sua esposa . Um estojo em forma de ovo de Páscoa, de um esmalte ligeiramente facetado, vermelho cereja profundo, g uarnecido por enfeites de ouro, abre-se cm duas partes, uma das quais re matada e m seu bordo por um aro de del k ados diamantes. De seu interior, todo de o uro, s urge um mag nífico cesto, de platina crave jada de diamantes rosas, portando um "bouqué" de anêmonas s ilvestres. S uas pétalas de calcedô nia branca, com corolas de granadas, encrustadas c m ouro, e folhagem d e esmalte verde translúcido arre matam a bela jóia, cuja base de o uro lavrado assenta e m um pedes ta l de a labas tro, o rnado com fin o anel de brilhantes.
Dante, o fomoso poeta italiano, d izia que as obras de arte são netas do C riador. Exemplo magnífico dessa afirmação são as jó ias de Fabergé. Nelas, a fanta sia e a criat ividade humanas, voltadas para o mara vilhoso, levam a seu es ple ndo r os materiais preciosos criados por Deus, e por Ele bondosamente colocados ao serviço do home m, faze ndo nasce r essas obras primas e m gosto e e cg nc1a, de uma Civilização.
riu do Brasil, l'e'Z ou 011/r(l vim â lona dados que demonstram a pujança do eco11omi11 n11cio11al;11qua{ve111 fl'Sis1indomes111oàdesastrosopo//1icaecon6· mica do Guvu110, i"(J(/1/ l'l'Z muiscerceodora 1/a iniciu1i1•ae duproprieda,lewi1·11,tos. Graçasa1110(/ernustl'l'nicus
NUM CANO DE TUBULAÇÃO ... "A po breza é uma rea li da-
de, é a nossa tragédia nacional", afirmou o " Kornsomolska ya Pravda",órg.:lodajuvcntudeoomunista russa.
Nem mesmo órgãos e lideres do PCconsegurm maisocuhar apcnúriarei nan tcnopaís,oo-
moten1a1•am fazcra1éhá pouco. Alguns dcpoimc n1 os de 1><>pu larcs,es1ampadosnaimprcn-
sa soviética,são pordcmaiseloqüentes. Em ca rta enviada ao jornal .. lzvcs1ia", Y. Stak hosky, cletricista de Dniepropctrovsk, na Ucrânia, revela estar morando num cano de mbulaçào: " J:i
faztrêsa11osqt1eistoaqui é 111inhacasa. Ehámuitagcntccomigo",adverte.
CLAMOR NAC IONAL-1 0
Co11g rf'!iSO ndo Uf)fOVOU
apriva1iwçdod1Jse111presas t'$1U1ois improdu1ivus, além de criar
CLAMOR NACIONAL-2 Ao mesmo tempo, pululam, na imprcnsadiárin, not ícias de corru pç;lo<.'cmpr<.'guisrnonoSenado e na Câmara, em órgãos da administração pública, 011dcototaldcfuncion:!.riosascc11dca9milhõcs! ~ecrntcmc111e, no Rio - para citar um exemplo - mais de IOO mi l servidores da Prdeirura, mctadcdosquais não têm scrviço,_sus1cntara111 urna grcvedese1s mcses. Obalançodas perdasedanosnilofoifeito ...
INCITAMENTO Anles (/(' ser rolocodo na cudr>iru elétrica, Ted Bundy - od~·ogudo du Ffórida, que uss11ssi1w11 11wiI de um 11111/heres -, reve/011, eme111revi.1'luáte/evisiionorte-u111ericu1111. queoj/ogefo du 110rnogrufi1J o i11cilar11 ii1,ráticatloscri111es. Tui deduruçdo corrobora usconclus6esde11muro111isslio ojici11/doG01•emo11or1e-umcrica110, nomeada pelo ex-111i11is1ru da J11s1iça Edwi11 Mcest', a q1111/ estalN'kt:eu 11111a /igoçdo en1re pornogrufiurcrimr.
óbirn sem contu poro u demissllndosservidorl'$ p1Íblicosocio-
'"'·E111rl'lan10, 11em toda II urrecuduçdo do imposto de rendo dos fJf'ssoas físirns, em /987, foi sufiâr>nre pura !'ohrir o dtlflei1 de 1ois ,tmpresos. T4o-somente o folha de pugomento e os enrorgos sociais <le11111odenossusgrundeses1utuisfinunceirusati11ge111 6,lbilhlksdedólures-istoeq11frole _ ( J(LJ/U.e.n..frlÍS.k.l'e...de...pogu.r.
juros, em /988, o 1odosos8()() boncose~·1ra11geiros nossos credores. Z -
TAMBÉM NO BRASIL Recente pcsqt1isa associou a TVàprátkad<.'dclitosominosos. Conforme o cs111do. 90117, de toda a violência prese nciada cm1105.S0 PaísprovCmdosmcios dccomunicaç/losocial. No mesmo semido, uma an1ropóloga paulista, MariaCecilill.-Afllllo,-da-YSl'-.-assiSl-i11-à-i levisilo duran1c urna semana e arrolou mais de duas mil cenas violcntasnos horáriosa qucas
CAT OLIC I SMO J\ I\RlL 1989
BRASIL REAL Malgrado toda o weira 1mb!iâ1áriue,·011111110- "progr('SSis/a''r>m IOfl/0 duSIIJ)OS//1 mi:,-tl-
deirrigaçáo,111'11sefrntusfinus j6 podem ser pr0<h1zit/as pqra export11ção, cm l'e1ro/i,ra, ás margens do São Fflmâsco, on1k un1es só vicejow1 a cooti11go; muríJssiioco/hidus 11ao·arugaúcha: S011111 Hita do &ipucai, 1wsu/ de Minas, 1110111011 um JKJ/o de e/e1rô11ica e teleco1111111icu(OO uproreitondo u mdo-de-obro desempregu<lu nos grandes ct'111ros, comoSilo Pou!o. ls10, wm comur o êxito da m/111ra de /aro11jo 110 i111erior de Sllo l'uulo. IJ.,111 como 11s!avo11rus de soja, milho, arroz e lrigo em Mato Grosso do S111, Moto Grosso e Goiás... Neste 11110. por sinal. o Brasil está colhendo 111111/Jém suo primeirusafraroml!rcia/deu;.eitoi,as em ampla ('SWla, o por/ir r/('11111projetopio11eiro,•xec11111daem Mi11as Gernis.
FAVELAS RURAI S Ameaçadas pela fome e não tendo de onde 1irar o sus1cn10, alojadasnu111aá rcadc9.405hcw1rcsscm amin i111acstru tu rabásica,cxcctoumacstrada dcaccssocumasaladcaula improvisada 1w111 barracão de lo11a ... Eis como se encontr,un 350 famílias, asscn1adas desde novembro (1hirno, na gleba Monjolinho, cm Campo Grande (MS), adqui rida pela Uni;lo da Rede FcrroviMia Federal. Alguns colonos tiveram de ~eudcr seu pequeno gado: outros recorreram ;l caça e, passados quase cinco meses, alegam que já não há ncmcal3ngo. A grande maioria foi pr<.'s~io11:1da pelo sccrc1ário estadual de A~suntos Fundiários, Aparício 1-todrigucs. a abandonar de imediato s11as lavouras, cm outros asscn1amc111os, com a promessa de qucc111Monjo linhoadis1ribuiçãodctcrras(parc\'ladc25htttares)scriaimcdiata ... Trnnsferência "compulsória" de um asscntamcmo a outro de camponeses desamparados e iludidos - a is10 se destina a inglô· ria Reforma Agrária? Na foto, os assentados na antiga Fazenda Parolin, cr11 l1aiópolis(SC), não cscapam à rcgrn: vivcm cm condiçõcs rnui10 prccária>.
~AtOLICISMO SUMÁRIO GREVES
Interpretação: por ~ue fracassou a
t!d~! ~.~~:-~:.~~~.~~.'.~~~4
Assestando o foco nos pontos nevrálgicos
Reportagem: da_dos e fotos muit o expressivoscolhtdosnaGrandeSào
Paulo durant e os dois dias de greve ...... ........ .... ....................... 6
Confirmação: a imprensa confirma o fTacasso do movimento paredista em todo o Brasil ................... 12 COMEMORAÇÃO " Revolução e Contra-Revolução", a célebre obra que e:,rprime o pensamento fundamental do Prof. Plínio
Corrêa de Oliveira sobre a crise conte mporânea e suas soluções possíveis, foi escrila há 30 ;mos 14 INTERNACIONAL Motim na Venezuela levanta grav_es questões: dívida externa, estatais, ação comunis ta, injustiça em relação â TFP, anti-americanismo .. 17 COSTUM ES NACIONA IS
Oúltimo_carnavalteveaspectostribais muit o definidos, rorrobor,mdo previsão de 40 anos 19 RELI G IÃO A san ta intransigência, um aspecto da Imaculada Conceição ...... 22
A
S G REVES do último mês nos deixaram uma lição. Quaisquer q ue fossem suas razões aparentes ou os moti vos alegados para realizá-las, o que es1ava em jogo no fund o era a maior ou menor combusi ibilidade do trabalhador brasileiro para ser lançado numa revolução social. E o que ficou provado é que essa combustibilidade é incomparavelmente menor do que o desejariam as forças socialistas, de mati z católico ou ateu pouco importa. A greve ideal para elas esteve tão longe da rea lidade como o mundo da lua o está de nosso planeta. Foi preciso atacar os 1ransportes coletivos para evi1ar que as pessoas fossem crabalhar, e assim mesmo, apesar das dificuldades, do medo natural nessas ocasiões, a maior parte do Brasil não parou . A greve mostro u ser mais um fenôme no de cúpulas partidárias e sindicais do que uma aspiração popular. Os piquetes de baderneiros esquerdistas passavam pelas ruas tentando intimidar os que trabalhavam, mas deixando o vazio após si.
Até quando se poderã contar com esse "corpo mole" do traba lhador brasileiro ante as arengas de padres e lideres socialistas? Ê difícil di zer. Os tumultos ocorridos em Caracas, analisados nesta edição pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, parecem ter sido efetuados com intuito de ser um fato precursor de agitações análogas em outras capitais sul-americanas. Amanhã poderá ser a vez de Lima ou Bogotá, ou q uem sabe 13uenos Aires. E se não ho uver uma verdadeira mobilização psicológica e ideológica anticomunista no Brasil, chegará depois a vez do Ri o de Ja nei ro, de São Paulo ou outras cidades. A prazo curto, o "corpo mole" pode obviar uma revolução. Mas a prazo médio ...
MUNDO COMUN ISTA
~~l~~s!~i;; fr~~~~:~~~'a~!:'~~s;
embaindo a opinião pública no Ocidente ................................ 24 ARTE A bela iluminura
de Jean Fouquet ~!~~/fii;;-d:JtN~!~~dSc~~~~:ís~
os bem-aventurados no Céu - lembra cenas do Apocalipse ......... 28
'"CATOLICISMO" ~ uma p u ~ mmsal
:'!!.,~~~~:.:..Ponlnl.ida.
:..~T~~~•i'i.~
Tollha,hi -
R,p,ir•
"'-fh,R..,M111imFrancõsco.6M - Olll6-Slo Poukr.SP / RoaSd,d<Sr«mbro,20.l. -21 100 -
Nas últimas semanas, gan hou especial relevãncia a desconcertante e crescente convergência entre o mundo comunista e o Ocidente. Esta, para ter visos de auten ticidade, necessita de dois movimentos con nuentes.
Ao mundo comunista, imerso na opressão e na miséria, ca be mostrar sintomas de liberalização e tentativas de solucionar a crise econômica. Do Ocidente se espera que quebre algumas barreiras morais, acabe com o anticomunismo remancsccn1e e aumente seu igualiiarismo. Na Rússia, realizaram-se eleições para a nova Câmara de Deputados e pela primeira vez houve mais de um candidato por cadeira, tímido e ambíguo passo, vis10 emretamo como início de pluralismo político. A economia, apesar das promessas, não melhora; ela, de fato, não vive de planos, nem de declarações aparatosas ... "Catolicismo" oferece a seus leito res nesta edição el ucidativas informações de como anda a situação por aquelas plagas.
"""'"
(;criarlo,:••Man•F......... 6'd -OIZ26-5"'
P-,SP- Td: !Clll)IJ:j.7JO"l.
!:":'~=-~; : !..1:!:"~~ Ediwra- RoaMairioq•. 96 - SloPaulo.SP.
~~:,.t.':_16111~:'~~;'~':,:!!~ri.~
::= "".::o~~.!,~---·-m~ ....i.""""' 0
si..cora •
po<1<"'
01
nmar1a
1o Grrhria:
Ainda no quadro russo, um eni gma . Parece que o povo assiste na apatia, quando não desconfiado, ao show da glosnost e da perestroika; é a instabitidade das situações artificiais. Gorba!chcv terá tal vez um consolo. No Ocidente - objeto prioritário da presente ofensiva propagandista do C remlin - a imagem de um comunismo dis-
-----j---foi,,r,·.Õ: ;ã;_~,-µ,: ~:~~~7~~-161~:riMm~~~,,:,,·:..,,,;_:"',,,;:,,,."~._:..,,-~'--:-++cr"º""'""ºi~coº.,,",,,ª,..l~~l~i. r;:~~i~.~,,'-'°"_ "_'_''-'º-''-'-º -' '_'_'"_m _,_"_"_m _,m _,_"'_º_"'_'-__ ........
São lemas para o leiwr meditar. CATO LI CISMO AB RIL 1989 -
.1
A GREVE QUE NÃO FOI GERAL ''Tudo, imediatamente,
sempre e por toda parte"
Aplauso ao operariado brasileiro
r·Pt.;,ts«la!i;t,pour loFot.,..,dn•mlh8(r')
Plinio Corrêa de Oliveira
C
ONSIDERÁVEL PARTE de nos-
sos meios poHticos, intelectuais e
publicitários, bem como das cíapu-
las de nossoscirculos sociais é conduzida, naapreciaçãodarcalidadenacionalcontemporãnca, por um "dogma" revolucionário
velho de 200 anos . .É o "dogma" de que as camadas mais modestas da população são devoradas pela ganância ilimitada de bens materiais, de sone que sempre ruge ndas o desejo de ter mais. Ê o estado de espiritoqueo''Projet" socialista do Partido de Mitterrand descreveu sinteticamente com estas palavras: "Tudo, imediatamente, sempre e por toda parte". Assim, ante qualquer desigualdade, mhime tronômica, das se sentiriam motivadas para uma revolução social. O que se daria, a fortiori, se tal desigualdade se agravasse com um penoso estado de carência.
As classes humildes, um perigo
qucresultcemunidadeorganizada,faz,então, das massas, a força onipotente da política contemporânea.
A corrida para Daí decorreria que as classes mais humíldes têm uma tendência natural pcrma-
a esquerda
intelectuaisqueaspiremverseusartigose seus livros sofregamente lidos pelasmultidõcs,oseclesiásticosqucambicionemdesligar-se das tradiçõts compromete<loras com
~~!~ª:~~~~f~::°J;ª;~~~l~:Smd~:~: culos na caminhada de seu cnriquecímcnto devem aceitar como fato consumado
_ nent.e..a....se..ogaruzafc1n-.e-a-m.an1crc11l41m+- - - - - - - - ----;-<ue-o-mt1ttdo--pet"1wee--hoje---H11i!--m11/ti~ assalloaosscgmen1ossociaismaisfavorecidos. Essa tendência ("trabalhadores do mundo inteiro, uni-vos", Marx), uma vez
4 - CATOLICISMO AIHUL 198!.l
Nestaperspectiva,ospolíticosquequeiram galgar o poder, os publicitários que almcjcm alcançar a liderança das massas, os
dões famintas e revolladas. Ante elas, cabe a todos esses segmentos tão-só a estrategia de lisonjear as 1urbas onipo1cmes, esti-
A GREVE QUE NÃO FOI GERAL mulandoesscsimpulsosnosgananciosose rcbeldes,accnando-lhesalongopraw,com promessas mais ou menos indefinidas, ea
curto praw, com concessões ao mesmo 1empo tão grandes quanto nectssárias para aquietá-las,etãopequenasquantopossivel. É a tática do "ceder para não perder". Ou seja, de sobreviver o mais possível, ceder o menos possível. Mas, alerta! Nunca ctdertãopoucoqueamassapcrcebaotruqueeserevohe.
Daiacorridadetantos''bemsituados'' , rumo à esquerda. Quem ganhar acorrida terã melhorada sua situação para o dia de amanha .•• Se bem que ao mesmo tempo tenha dado mais um passo para a aniqu ilaçãodernaprópriaclassedepoisdeamanhã.
A aniquilação dos ubem situados": uma fofa/Idade A quem lhe aponte o desacerto ílagrantedessa conduta, tal "bem si tuado'' rcsponder:\ com uma pergunta: "Que rcmtdio?" Jáqueadcstruiçãodetodasasclassesbem situadas é uma fatalidade histórica, não há meios de impedi-la. O melhor proveito a ser tirado da atual situação não consiste em travar com a fatalidade his16rica uma batalha exaus1 iva, perigosa e inútil. Só o que resta é ir tornando cada vez maisagradávelavidaquotidiana,enquantoa hora fatal não chegar! Essa visão de conjunto, o "bem situado" não só a tem p0r exis1ente no Brasil, mas no Ocidente. Elacxplicaaosolhosdcle, especilicamcme o curso aloucado dos atuaisacontecimemosbrasileirosou hispano-americanos. O fatalismo determinista que a inspira caracteriza a mentalidade do homem sem fé, segundo o qual Deus jamais intervém para desviar misericordiosamente o curso da Históri a, dos precipicios para os quais a impele o desregramento humano.
ArJ61 1, /HIM<,gcm do 11i,Juf'lf', o /Hn,o, indife,·,-nte, ,,o/t1wa à& ati,·illod#'J normais o que é dos outros. O que ele deseja, isto si m, é trabalhar em ordem e em paz. E isso, oh glória!, cle o quer ainda mesmoquandoascircunstândasopõcm em estado de carência.
A greve,
um fiasco
" Catolicismo" no featro das operações N3o podendo "cobrir" essa asser1iva com um noticiário obtido em todo o território nacional, ''Catolicismo" organizou a co· bertura meticulosa de tudo quanto se passouemSãoPaulo.Coberturaessa, feita diretamente no teatro dos acontecimentos, quescdesenrolaramnomaiorcentroindustrialdo Brasil e até da América do Sul. Apresentartalcoberturaépara"Catolicismo" motivo para dois atos. Um de graças a Deus, outrodc ufano aplausoque, comoórgãodeimprensacatólica, "Catolicismo" dirige ao operariado nacional.
Demonstrou-o com exuberância o fiasco indisfarçável da greve geral com a qual a CUT e a CGT, ap0iadas no PT e na esquerda católica, vinham hã tempos aterrorizando o Pais. Greve que foi apresentada porseuspromo1orescomo1endoosseguintesobje1ivos; 1) Recuperaçãoimediatadasperdassalariais resultantes do "Plano Verão", emé a paz preendido pelo Governo Federal; 2) Reajuste salarial mensal de acordo coma inílaçao; Esta atitude obviamente não conduz J) Protesco co ntra a recessão, o desem- os que assim se entusiasmam com a atitu· Ademais, tal fatalismo se baseia cm pregoeadividaextcrna dedooperariadonacionalacruzarosbraum pressuposto radicalmeme falso. Em ouNão é possível imaginar no Brasi l atual ços ame as reais necessidades deste, pelo tros termos, a psicologia de nossas multi- uma greve que tenha contado com melhor único motivo de que ele ''nao constitui pedões não é a que os mencionados estratcgis- publicidade, melhores colaborações e mais rigo''. Pelo contrário, os que o aplaudem tas "bem situados" imaginavam. influentes cum plicidades. têm agora redobrada obrigação de o aju0 povo brasileiro - isto é, aqueles que Pois bem, deflagrada a greve tão cheia dar e de apoiar _suas rcivindicações_iustas. Mt tc111pos se dcsig11a,a co1110 10,i,,h<>"--r<",;,,,"""~~,.§~§'-,* ' i'llª"''"~líl.,i;ak>a~efl,.~rfil,ár" · • - • + ~----;>;'-''""'dcir.a"!""~ e hoje se designa como "povão" - cm sua sua grande maioria, a olhou com desdém, córdia social: "opusjustitiae pax" - o frumuito grande maioria não é constituído quando não com desconfiança, e até com to da jus1iça é a paz. rezava o lema do !'ade gananciosos, ele não quer avançar sobre antipatia,éoqueos fatos,ornaram patente. pa Pio XII.
A verdade sobre o
O fruto da Justiça
"perigo operário"
-
CAT OLICISMO ABRIL t9fll) -
5
-
A GREVE QUE NÃO FOI GERAL
G-
CATO LI C ISl'vlO ABK IL 19119
A GREVE QUE NÃO FOI GERAL
\
PRIMEIRO DIA
DA GREVE Durante a madrugada do dia 14, entre 4:30 e 8:10 hs, em Santo Andri, São Bernardo, São Caetano e Diadema (o conhecido ABCD, onde se localiza uma das maiores concentrações industriai~ da América Latina), podia-se constatar á normalidade própria desse horário. Ccrtaf grandes indústrias - numa colaboraç.ão inusitada comagreve-haviamconccd_idofériascolctivas a seus operários. O pohciamento era
ostensivo.
Dormindo em casa de parentes Amedidaqueavançavaaaurora,numerosostrabalhadoresdessascidadesdirigiamse calmamente a ptparaosrcspectivoslocaisdctrabalho. Por volta das 6:00 hs. , um comando ~ greve, atravts de poderos[ssimo sistema de som instalado cm caminhonete, incitava à greve os operários da lndústriaAutomcla/, cm Diadema. O ve[culo estava inteiramente isolado. Certo nilmero de curiosos, auaidos pelo som, permanecia a uma distãnciaprudencial de uns60 metros,em ruaadjaccnte.Narampadeacessoàíãbrica, uns 20 ou 30 operàrios encontravamse visivel~nte desintnessados da arenga. Mais pareciam aguardara hora de inidar os ra a os. ooman , nadaoonseguisse, afastou-se daquelelocal. Algumasempresascomseusônibusprópriosoualugados,transponavamoperários.
EmSãoCaetano,ocomérciofuncionou quase normalmente. Jácm São Bernardo, a maioria das lojas não abriu as portas. A l'o/ks.,.'attn funcionou na medida em que asoondiçõespcrmitiamachegadadosoperàrios. Confonnc um empregado, a maioria queria trabalhar, mas estava impedida pela falta de transporte. Haviaumpiqucteabordandoos funcionàrios, e sobretudo pressionando os motoristas da empresa a suspenderem o transportedefuncionários. Massemêxito. Na empresa Ornitx, houve grande comparecimento dos funcionàrios. Mais de umcaminhoutrêshoras,dacasaatéa íábrica, e outros dormiram em casa de parentes, nas proximidades, para não perderem o horário. Os bancos, grosso modo, funcionaram em todo o ABC. O metrôfuncionou normalmcnte,apesardoapelocxplícitodirigidopclopresidente da CUT, Jair Meneguelli, aos metroviários para que parassem. O número de piquctciros parece nllo tcr sido suficicnte para bloquearasestaçõesdcmctrõ. Os ônibus que ligam o populoso bairro dc ltaquera á estação mais próxima do metrõ começaram por funcionar normalmente. Às S;OOhsda manhã, a estação já seencontravacheiadepassageiros. Pouco depois, cacos de vidros passaram a ser vistos nos leitos das ruas, e no ponto final 3 õnibusserccolhiamcom os vidros trazciros quebrados, indicando que o apedrejamento começara. Formou-se ali uma aglomeração de motoris1as, aguardando ms ruç a garagem para a r 1 ou não os ônibus. Na Radial Leste-principalartériaque liga numerosos bairros operários ao centro
- o trânsito estava quase normal. Menos quanto aos ônibus. Poucos circulavam . Jààs4:00hsdamanhãhaviamuitagenteandandopelasruas,emdircçãoàsestaçõesdo metrô. Em Itaquna, o comb-cio esteve aberto. Somente as lojas Pernambucanas e um supermercado conservaram as portas semi-fechadas pela manhã. Os bancos também funcionaram. Na fábrica Sanyo, de aparelhos elctrodomés1icos,amaiorde ltaqucra,ocomparecimento dos mais de 1000 operários foi maciço.Afébricadispõedeõnibuspróprios. Thml*m na fábrica &tltr, de produtos quimicos, a prcsença foi quase maciça. Em sao Miguel Paulista, um piquete da CUT percorria loja por loja, no centro, fazendo semi-drculos em torno das lojas paraimpcdirqueaspcssoascntrassem ou saissem. Boa parte do comércio baixou as portas. Cresceu o policiamento ostensivo nas imediações. Havia umas 60 pessoas em torno dos 6 ou 7 piqueteiros. Às 16: IS, os piqueteiros se deslocaram para uma fábrica, a Nitroqufmica. Esta indústria ocupa umas I0ou 12 quadras. Os piqueteirosaguardavamasaldadosoperários,cercadc3000.Ofatodepararemeesperarem a saída dos trabalhadores provocoudesãnimo.Atal ponto,quefoinecessárioaorapazdomegafoneoonclamar:"Oh pessoal, não vamos perder o entusiasmo nllo.Nãovamosdeixarpararonegócio,vamoscontinuar". Constatava-seaprcsençadeagitadores queac mp n distância. Alguns destes levavam, ocultos dentro de jornais, pedaços de ferro. Eram pseudo-populares que não participavam CATO LIC ISMO ABRIL 1989 - 7
A policia eitampret<!nl~,
Folo lirai/11 de dentro ilo lta11co ltaú (Hua Roo Vi,ia)J Oi: piqueleiros preni0<111m Qsquelr1,/x,/lram.
maie,.~laoo inh.• n,ir
do movimemo, masque poderiam ''aderir'' a qualquer momento. Logo que os piqucteiros sairam do centro comercial de São Miguel, os comcrcian!es reabriram as por1as e retomaram o comércio. Ospiquetcirosadotavamosscguintemétodo: brados com música; deboche dos nt1o aderentes;emoaçãodacançãofrancesa''Alouette" com leira adaptada; quando isso ocorria.opúblicogos1ava,ria,ficavajunto. Vários piqueteiros faziam gracejos, e atraiam assim muito mais gente. Quando aparecia um mais radical, agitado, falandohorrores.istodeixavaopúblicoassustadoe reticente. Nos bancos, os gerentes mantinham as portas fechadas. Os piqueteiros gritavam: "Porque não deixam falar com nossos colegas? Os militares prenderam nossoscolegas''(eraumaalusãoaospoliciaisqueestavamjuntoá porta). Os empregados continuavam trabalhando. Para assustar os comerciantes, oaltofatante advertia: "Não chutem as portas, companheiros. não quebrem os vidros". De fato, ninguém estava fazendo isso. NafábricaN/troqulmica, por voltadas 17horas,caiuumachuvaforte,queprovocou a dispersao de umas 40 pessoas. ficando o número reduzido a 20. Estas desanimaram completamente, pararam de bradar palavras-de-ordem e passaram a irradiar, pelo alto-falante da Kombi, sambas. Era ridlcu lo. Mais tarde.ás l8:30hs,osoperáriossa- -íram~lHiltNt{~·aos- · teiros, os quais. frustrados sedistaciaram, passandoparaooutroladodarua. Era tão fracaamanifestação,quemuitosoperârios 8 -
CATOLICISMO ABRIL 1989
nãorelacionavamospiqueteiroscomagreve geral. Não sabiam quem eram, nem o que faziam. Vendo que nada conseguiam, ospiqueteiros entraram na Kombi, e após darem 3 voltas em frente da indústria adonandoo alto-falante, partiramantesmcsmodasaidadetodososoperários.
' 'Estão quebrando" NoCcn1rovclho(praçadaSéeadjacências). o pessoal da CUT - principalmente dosindicatodosbancários-haviamontadovários "comandosdeesclaredmento", eompostosdcaho-falan1espostosemearrinhosdemãocomosquaisperCOITiamasruas. Em frente ao Banco do Brasil, na Av. Slo João, os piquctciros procuravam evitar que os bancário~ emrassem, dizendo que a greve era muitoimportame. Isso ás 8 hs., quando os bancos não haviam sido abenos ainda. Diziam que a paralisação já era geral. Em frente ao banco ltaü, da rua Boa Vista, um comando impedia as pessoas de entrarem no prédio, inclusive fazendo chacotas. Quando os funcionários começaram a abrir as portas, piqucteiros passaram a rombardeles,sendofilmadospelatelevisão. Logo que a porta se abriu, os grevistas avançaram para ela, aos gritos e usando apitos, fazendoa laridoeexercendomui1a pressão. Os encarregados da segurança do banco procuraram então fechar a porta. Es-de-vidro;"O"trinco·foi·fOTÇlldu-e · dro quebrou-se. Gritos: "Estão quebrando!". Já havia alguns policiais na porta. mas foi chamado reforço. Chegou logo de-
pois uma trop.i. de choque, o que causou certo pânico nO seio do pessoal da CUT. Houve correril. tendo sido presos alguns elementos. ES1c piquete - composto de ccrcadetOO~ssoas-eraornaiorexistentcnocentro4acidadeecommaisâ nimo revolucionáriq. Todas as demais agências bancárias no centro abriram suas portas. Tumbém !lO centro comercial, um grupo fazia pr~ãoparaqueaslojas fechassem suas portasedeixassem defuncionar. Àchcgadadapo!lciaopiq ueteseretirava. A policia não enfrentava os piquetes. A menos q~e houvesse violência. Assim ocorreu em todo o centro. O procedimento mais comum era as lojas fecharem as portas, quando chegava o piquete, e reabrirem-nas após sua passagem. Tal situação se manteve por toda a manhll. No centro novo - entre o viaduto do Chá e a praça da República -havia um grupobemmenordepiqueteirosemaisdesanimados.Por vezes. sentavam-seem frente das lojas Mappin . com os alto falantes desligados . Elesfizcramumapasseataaomciodia, com um grupo de 100 pessoas e que não atraia mais ninguém. Deslocaram-se para a Pça. Antonio Prado e ali uma arenga foi dirigida ao público. O presidente do sindicato dos bancârios,Gilso n Carneiro.explicou comoestavaasituaçllo da greve. Mes mo sendo horadoalmaço.ninguémparouparaouvi-lo. ·tson71COnR1hoü qut OS p1queteiros fossem almoçar, pois haveria uma concen1ração de professores na Pça. da República.Segundoosindicalista,craprcciso"dar
A GREVE QUE NÃO FOI GERAL
O 6n ibu.1 ~ certndo pelos piqu,:tei~ da CIJI', ,:omo1ori.uapr*"ionado
umaforça"aosqueparticipa~deial reunião, sendo necessário, pois, que todos sedirigisscm paraaquelclocal.
Porém,napraçadaRcpública,nãoaparcceram os professores esperados pelos piqueteiros. Estes, então, colocaram-se na praça, fizeramaconclamação ... eseretira-
ram logo. Só depois de uns 40 minutos chegaram os professores - não mais que 10! Opresidentedosindicatodosjornalistaspassoupelolocal sugerindopiquetesdian-
tedosgrandesjomais,paraqueelessesolidarizassem com a greve. Ameaçaram fechar a TV Globo. Ficou nisso.
Logoquccomcçouachovcr acidadeficou limpa, não houve mais nada. Estava marcada para as 17 hsuma reu nião na quadra de esportes dos bancários, na rna Tabatinauera. Apareceram apenas 30pessoas. Nãohouvenllmeroparaareunião, a não ser por volta das 19 hs, quando então uma centena de pessoas se espalhou num audilório com 400 lugares! A reunião era acompanhada com desinteresse, parecendo ser um show apenaspa-
HN>ÇOJ cnuad0t, rol>eçtu baixru, olguiu cli~a"' a 5en/ar4e n.«s bana» da l'roça Ramo, de Azevedo: o piqu,:f,: em frente ao ,',fo/1/JÍn entra em d,:l<'inimo
Eisalgunslugaresemquetaismanifestaçõcs eram mais visíveis: por volta das 16 hs.,em fren tedaSecretariadaAgricuhura, na Pça. da República; às 18:00na pça. da Sé, onde a peroração era intercalada com músicas e danças sertanejas; por fim, em frente ao Mappi11, às 19:00 hs. Nesta exibição,ooradorestavacercadodetrêsindividuosportandotabuletascomdizeressobreagreve: "Nossa greve foi um êxito ... Paramos 70'ladosoperãrios... Amanhã conseguiremos ainda mais" - blasomwa o improvisado arauto. Nas adjacências, três rapa1.0tas, contrafeitos e confusos, estendiam aos pedestres o jornalzinho da CUT anunciando o "l::xitolotal". No viaduto do Chã, à noite, um comicio pouco freqüentado anunciava que no primeiro dia a greve fora ''quase total"! Dizia-.!C ainda que a greve fora preparada durante mais de um mês pela CGT, a qual percorrera "fãbrica por fãbrica".
''Vocês precisam
ra ~~;:~s:~ccostumam ir ao centro paacreditar'' ra fazercompras,visitas,ousimplesmente passear, não foram nos dias de greve para Em Santo Amaro, houve um clima de evitar problemas. Isso ocasionou sensivel normalidade pela manhã. Em frente a uma queda do ílu~o de pessoas. garagem de ônibus havia um magote de gre0 policiamento ostensivo parecia ser vise as para impedir a circulação dos ônibus. do agrado da população. No centro de Santo Amaro notava-se De modo geral, no centro, parecia ser muita insegurança por parte dos lojistas. um semi-íeriado. Os transeuntes estavam Eles abriam as portas só pela metade e obca lmos. servavam, temendo alguma invasão. Por ~ odomnorrolenta· erninterrompida- - Í!lll,-3€abaram~indo..de.u.ibathar..no.i: de quando em quando, por comiciozin hos malmcn1e e fecharam as portas. relâmpagos, que não impressionavam os Mas em pontos fora do centro de Sanci rcunstantes. to Amaro todas as lojas funcionavam nor-
malmente. Próximo i Praça 13 de Maio havia um caminhão enorme da CUT com virios lideres sindicais, quediscursavam voltados para a agência do Banco do Brasil. Passaram mais de uma hora e meia discursando, e convidando os íuncionirios a abandonaremobanco.Estcspermaneciam inteiramente indiferentes aos grevistas, o qucostornavaaindamaisfuriows. Paradaraimpressãodequeagrcveestava se impondo, diz.iam os piqueteiros: "Veio tal boato de que tal fibrica e tal banco não estão aderindo à greve, mas eles estão sim, estão aderindo, vocês precisam acreditar''. À hora do almoço o piquete dirigiu-se aosindicatodeindúmiasplis1icas. Estavam cansadissimos, frustrados. Um deles, lid er de um grupo que fazia agitação em frenteaumacmpresadeônibus, diziaquenãoaceitavaaradicalizaçãodentro do sindicato, porque isto afastava as pessoas. ''Nós começamos com esse radicalismo todo, e vão 6 ou 7 gatos pingados nas nossas reuniões! Isso é um absurdo. Nós temos que mudar nossa tática". Nas portas das garagens de? empresas de ônibus da Zona Sul a partir das 4:00 hsda manhã, aglomeravam-se alguns motoristas e cobradores sem saber o que íazer, próximos de alguns policiais e de dois ou três participantes do movimento grevista. Às 6 hs., vimos o primeiro ônibus na rua. A partir de então, aos poucos foram aparecendo mais ônibus e, às li hs.,elescircutavam cm quantidade. Desde as4 hs., nos toUICJJni.bus.,....h3via pessoas à espera dostransportescole1ivos. Na av. Cuped, uma empresa de ônibus, emcujaentradahaviaumpiquetc,encon-
CATOLIC ISMO Al~RIL 1989 -
9
A GREVE QUE NÃO FOI G ERAL
No quadra d e ~ do ,i,uliwW do, 001Kdrio,, CI ~1.1nião ,obrw: a ~-e 11/roiu pouca gente
trou uma saida jeitosa para o caso: abriu nos fundos da garagem umapassagemnumacercadcmadeira,atravfsdaqualcscoavamosõnibus.Sairamunstrêsouquatro
deles. De repente, houve uma cena-show: cer10 motorista manobrou determinado
ôni bus, tirando-o da garagem, enquanto um grevista gritava: "Companheiro, não arrisquesuavida,pelasruasestãomilhares de pessoas apoiando a greve geral, e elas vãoscenfu recercomvocê,companheiro'' ... O motorista, amedrontado, aderiu sob os aplausosdos6ou7grevistas ... Na agência do banco Bradtsco, em Santo Amaro, chegaram a entrar cerca de 30 pessoas com faixasegritandoparaosfuncionáriosaderirem ágreve. Na região de lnterlagos, cs1acionavam nasportasdasíábricaspiquetesmuitorcduzidos. Um ônibus da empresa " Bola Branca" foi depredado. Consta que a direção desscempresarecolheuosõnibusemseguida. Os motoristas da "Bola Branca" fura· rama greve. Às8 hs., da estação Paralso do metrô. saiam centenas de pessoas continuamente para os locais de trabalho, na região da Av. Paulista. Havia ali perto um peiqucte rorn 30 grevistas que usavam apilos irritantes e portavam 8 faixas com dizeres como: ''Estamosemgreve";''Grevegeral'', lmegrava o piquete um caminhão com sistema de som altíssimo, de cima do qual se dirigiam insultos contra os que passavam: " Parecem carneiros que vão para o matadouro! Se alguém lhes batea carteira, vo~ g en1'+-Agor-a+o-Sar1iey-quetá roubando o povo ... e todo mundo vai trabalhar, pensando em sua própria barriga sem se importar com os 80 milhões de IO -
CATOLIC I SMO ABRIL 1989
Em ""'1~em pel1JJ ru.u do ttn lro, a~ n$ pi111.1etein)O dirigwm ~ a ~IMHU p,,$UUUJ1 l'lll.1 jone/ns ,Em ,,rédw&, cone/amando-as a aderir !i IV-
brasileiros que morrem de fome, com as crianças do Brasil,dasquais metademorre antec:s de l ano ... "elc. Mas o cortejo dosqueiamtrabalhareranumeroso,indiferente. Hou ve uma passeata na Av. Paulista com 120 pessoas. Os grevis1as sairam da Pça. Osvaldo Cruz, dirigiram-se ao Conjunto Nacional e voltaram pela outra pista. Sentaram-senoasfahodaavenida.emírenteao Bancol3radescosituadonaquela praça. Depois decidiram seguir pela Av. Brigadeiro Luis Antonio ati o viaduto da rua 13 de maio. Dispersaram-se logo depois de as TVs os filmarem longamente. Havia, na Barra Funda, zona oeste, em garagem da CMTC, um piquete de 17 pessoas, estando o ambiente calmo. Os ônibus municipais não saiam. A Prefeita aderira à greve! Nasfábrkasreiriavaacalma e os operários trabalhavam. No Campus da USP (cidade universitária), os estudantes fizeram piquctes durante algum lempopara proibir a entrada. Quase tudo funcionou normalmente, nas Perdizes. A PUC (Universidade Católica) estava aberta, embora só um ou outro alunotenhacomparccidocomaespcrança de assistir aula. N0Pacaembu,a1éafeira-livrefuncionava normalmente em frente ao Estádio Municipal. Em toda a região circunvizinha {Av. São João, praça Marechal Deodoro). a normalidade era completa. Um operário do metrõ comentou: "Aqui não chegou nem noticia de greve". nrltapcci~ovtmcn de pessoas foi absolutamente normal. Por volta das 6:30 hs. da manhã, quando um grupodetranseuntes,quetrabalhaemSão
Paulo, ia embarcar no ônibus, passou um Volkswagen da CUT com alto-falante, ameaçando-os com represálias caso se dirigissem para seus em pregos. Amedrontado, aquele grupo cedeu. Fora islo, tudo funcionou normalmente, inclusive os ônibus urbanos. Alguns passantes foram entrevistados
~~i::: J:i;r;:::tde~Jfo~::'~~~~i~:~~
ciaisera um só:essaéumiigreve política, por isso o povo não a apoia.
SEGUNDO DIA DA GREVE No segundo dia de greve, diminuiu o número de piqueteiros, aumen tou o compared mcnto ao trabalho, como também o número de ôni bus em circula,;ão. No centro apareceu uma bandeira do PC do B e outra da CUT. Os ônibus esta vam lotados e o número das pessoas nas filas também era maior doquenoprimeirodia.Omcdodiminuiu. Oscarrosdeparticularesquesolidariamente transportavam outras p:ssoas, também aumentaram. Na garagem da Viação Bola Branca, em Santo Amaro, vários motorisias queriam furar a greve. A polícia protegia-os, mas os ônibus não salram porque os empresários ficaram com medo de depredações. Numa íâbrica dessa r(:gião, em frente à qual estavam estacionados dois carros com alto-falantes no volume máximo, toITT"1)J'lfflffâr10S - Cerca üe!OOO~ vamtrabalhando. AindaemSantoAmaro.ospiquelesficaram parados diante das garagensdcõni-
A GREVE QUE NÃO FOI GERAL STEAK HOUSE
bus. Motoristas chegaram a jogar ônibus em cima de piquetciros para abrir caminho.
Os Animos começaram a acirrar-se entre trabalhadoresepiqueteiros. Em lntcrlagos,nãohaviamaispiquctes. Algumas empresas de õnibus começaram a funcio nar a 100'11, outras parcialmente.
Na Viação São Luiz, motoristas e cobrado-
res fu raram a greve. Só havia um piqucteiro da ÇU T . Diante da Viação Bola Bran-
ca, havia 7 piqueteiros, o que não impediu os motoristas de furarem a greve. Em frente à Viação Jurema, havia muitos policiais, e 25piquetciros,osquaisnão conseguiram impedir que os motoristas fu. rassemagrevc.
No bairro da Lapa, na garagem da Viação Gato Preto, havia 4 piqueteiros, que nãopudcram im pedirosemprcgadosdetrabalhar,apesardeumônibustersidoatingido por pedras, ficando com seus vidros quebrados. Na Av. Paulista, um caminhão grande da CUT com um homem e uma mulher, percorria aquela anéria ora num sentido, oranoutro,massemconscguir atrai r atençãodo público. Na Rua Boa Vista, em frente ao Banco ltaú, permanecia uma Kombi com apenas um piqucteiro discu rsando, ai~ de dois rapazes que seguravam uma faixa. No Largo do Café, os piquetciros convidavam, cm vão, as pessoas para entrar nodesíile.
CONCLUSÃO Agrevedosdias 14e l5demarço,quc quis ser grande, teve apoios inesperados. Até indúst rias mais importantes, ao invés dcaceitaremodesafio.capitularampreviamentc,oonccdendoftriasooletivasaosseus empregados. O que constituiu um convite implicito a outras empresas para agirem de modo anãlogo. Foi um reforço à atitude da Prcfeita Erundina, a grandc prop ulsoradagreve. Assim, assistiu-se à cena de o macrocapital apoiar indiretamente a greve. De out ro lado, foi not.livel a atitude de alguns operários que, prevendo a falta de transportes, dormiram em casas de parentes, para não chegarem tarde ao trabalho. !:.digno de aplauso. Quandoumafirmacolocavaõnibuspróprios para o transporte de seus operários, o comparecimento destes foi praticamente maciço. Apenas uma [nfima minoria esta· va empenhada em faz.cr greve. Essa greve trouxe ainda algumas incóg~~'::;/d;i~\:i1~ d:i~t~~~id:~Q~:
gou ao marco desejado por seus orga nizadores. De outro lado, o mecanismo dos piquetciros era vasto e algum trabalho ele realizou. Em outros termos, não faltou quem procurasse sublevar a população. Ela não qu is se amotinar. A própria presença de piquetciros na cena ta prova dc quc fo i insuficien teaaçãopersuas ivaexercidapela propagandagrevista.Quandosequer pressionaralguémparaquenãotrabalhe,tal atit ude revela pouca convicção do próprio poder de persuasão. Ficoupatenteainda,queostrabalhadores estavam muito empenhados em ir trabalhar. Do contrário não iriam. Um serviço de piquetciros tão amplo, que ab rangia tantas regiõcs, revela que os dirigemes da greve receavam um fracasso. 1:. mais um sintoma da CJiistência de um operariado não revolucionário, mas que a mfdiaeacsquerda católica timbram em apresentar ao público como sendo revolucionário. lànto maisquehãnaaltaenamtdiaburguesia muita gente pronta a ceder ao menor pretexto. Parecehavernasclassesmaismodcstas um medo instin ti vo mas real de se verem derepentesobodominiodeumregimecomunista. De onde, tais classes julgarem que mais vale a pena apenarem o cinto doquecontribuirparaumadesordem,cujasconseqüênciaselas receiam. Os "slogans" e as faixas ~ram de um n!vet primário. Não se baseavam em nenh um raciocínio que acenasse com a alta do custo de vida etc. Consistiam em puro estufamentodeuma indignação que quase não existia. Entraremos agora num perlodo de greves? Uma greve a cada 4, 5, 6 meses? Seria uma forma de pressão para dar a entender àburgucsiaahaemédiaqueclasestãoperdidas. Nessa hipótese, a atual greve teria em vistai r trcinandooesquemadasparalisaçõcs do trabal ho . Mas dosando-as de maneira tal, quc ncnh uma grcvc levc o desa· grado até o excesso. E que, de outro lado, nãosejatimidademais. Hã um limite que agrevcnãodevcultrapassar, segundo certos parlmetros de opinião püblica. Qual t extamentctal limite? Porqucagrevcatual pareceu ficartãoaq utmdoesperado1 Ocertoéqucumagrandemãquinade articularagrevc nãoconseguiucfetuarscu objetivo:umaamplaparalisaçãodotrabalho.
1
VISOJI(
:d
ILUMINA SUA VISÃO Popel iedo eom
~~:!licone
rt,.=.., =••=.,=,=.,="'=,~=::::·.,,,.,.~.:""-:::'•:::ru~
~::s!r'{~~i~:;;'õ:ir;~~~a'.:-. me nte este lim ite? Não sabemos. Mas a im· lndúst,,o Gróf.:o e Ed,t"'º uoo pressão t de que a greve nem sequer che- Ruo Jo.-oés. 681/689 Tele!o"" 1011) 270-~521
R.Dt . Manmicol'rado.34l-Uig1<n6polit (Serv,çodemm:gapan,•regilo) Esuw:ionarnontoprópriocommanobri111
RtHrva.s: 825, 2749 e 67-65%
~
.......
ÓTICA AROUCH E LTDA'.
LENTES DE TOOOS OS TIPOS E ARMAÇÕES DAS MELHORES PROCEDeNCIAS
LARGO DO AROUC HE, 261 • F. 221 1737
SÃO f'AULOSf'
fOTOLllO SIC LmA.
AEPAOOUÇÕES EM LASER
FOTOUTOA TAAÇO•DEOMDff•ll!NOAVI AUTOTIPLIS • COPIAs FOTOOWICAI •
MOVA Dl COAES
TAIIEIA ESPECIAL P/EDITORES AV. OIÔOENfS •1 BEllO D! UMA. 2850
ALTO
o, PINHEIROS
m ., 260-574•
LIAl11e
H. SIL VE IR A TURI SM O
Passagens nacionais e internacionais ENV I O PA RA TO D O O BRASIL
E EXTERIOR H. Silveira Turismoltda. ---Telefone:-fOl·l H59-09M-ri57"4124--- - Telex: 11 -32776-HSTU-BR
CATOLICISMO ABRIL 1989 -
li
A GREVE QUE NÃO FOI GERAL
A
GREVE GERAL de 48
horas ,ontou, desta feita, com a ar1icul ação conjuntadas duas maiorescen1rais do Pais - CUT e CG T
-,aliadasa fcdcraçõeseconfcderações de trabal ho cm vários Estados, além do ostensivo
apoio de prefeituras cm poder do PT. Nessctrabal hode''co nscientização" ocupou papel relevante a CN BB, que, por meio de scusecmArio-geral,O.Antonio CelsodcQuciroz,oomoque''abcnçoou" a greve - segundo
o comentário de Meneguelli . Adernais, os Padres foram instruidos pela cntidadc para, durante os sermões dominicais, instarem os católicos a apoiar
Até
o movimerno (cfr. "O Estado deS. Paulo", 5-3-98). Ao Comando Geral da Greve, em Brasília, as perspectivas soovampromissoras. Dessa coordenação faziam pane, junto comas liderançassindicais,represcntantes do PT, PCB e da ComissãoPastoralOpcrãria(ór· gão da CN BB), (cfr. "Jornal doBrasil", 14·3-89).Cotigados. entraram cm liça para convenccrostrabalhadoresasuspcnderemasatividadesnosdias 14e ISdemarçoúhimo. Paraob1cr1ali nt cntofora m mobi lizados, sócrn São Paulo. cinco mil "piquctciros",desig- - +~"feR~kament&-( "comissõesdcesdarescimemo", emdfrersos pon,osdacidadc.
a imprensa
Cur~a Se a• •ea1I•da d e •
- - - - - - - -~
•
12 -
~ ~ ~ - -~
1
CATOL IC I SMO ABR I L 1989
Trnb,lho'"ãlogofolcmp,tto-
<lido em outras capicais. A CUT, adrmais, distribuiu mais
de IOOmilcartazesc lmilhão dcfolhctosco11voca1u.loàgrcvc,bcmcorno lOO rn ilsclosadesivos e 600.000 jornais. Muitos sindica1os.comoodosmc1alúrgicosdcSàoBernardo,pcrcorrcram os bairros com carros de somparadivulgarasmctas(cfr. "Voz da Unidade" . 10/ 16-3-89 e " Jornal da Tarde" . 11·3-89)
Apenas o funcionalismo... Ent retanto. setores ligados aomovimentosindical,cmSão Paulo. nao ocu lt aram que, se houves.setransporte,agrcvcfracassaria (cfr. "fo.. lha de S. Paulo", 14-3-89).Comefei10, "foi uma greve de ônibus"', anunc1ou,cmmanchete, um matutino paulista (cfr. "Jornal da Tarde", IS-3-89). A própria FIES P q uc articu lou um serviço de informações Jcsde cedo nasfãbricas-surprcendeu-sc com osaltosindicesde co m parcc1men10 dos trabalhadores ao serviço, o que na Capital var iou de 80 a 85¼ no primriro dia, elevando-scaos90ou 95'7, no scgundo. Até mesmo cm Campinas, e Sa ntos - duas cidades cujosprcfcicossãodo PT-o comparecimento ao trabalho nas indústrias foi muito grandc:naprimcira,50',',:nasegun .. da,normal(cfr. ''Diário do Comércio", JS.. 3..89). Para que se possaavaliarq uãoparcosforam osresul1adosob1idosc111Campinas. por exemplo, convém ter presente que a Preícitura cerrousuaspor1aseoakaidepc1istapassouoprimcirodiadagrevc ajudando a CUT e a CGT a arrcgimcntaradeptos (cfr.''Jo rnal da Tarde"', 15-3-89). E1n-SaflWS;-6e-modo-J)llftiett-lar - onde a prefeita pctisia Teimados Santos concedeu antecipação sal~ria! aoi fu11<:ioná-
~
A GREVE QUE NÃO FOI GERAL riospúblicosgrevistas-ospróprios sindicatos consideraram
radadasdiversasrcgiõesdo Pais, verificou-se entre os servi-
o movimento um fracasso. O dores públicos( ... ) [fudo isto) prcsidentedoSindicatodosMetalúrgicos de Santos, Arnaldo
Gonçalves, da CGT, lamentou, laconicamente: "A maior par-
te dos trabalhadores da região optou pela não-participação". Aprefeita,desolada,constatou: "Santos, que tradicionalmente
tem sido urna cidade comba1iva,destavczdeixouadesejar". Números do Comando de Greve do ABC demonmam que a categoria dos metalurgicos -2JOrniltrabalhadores-,tidacomoa mais mobilizada da rcgião,apresentouindicemcnor deadeslloqueadosmotoristas deônibusurbanoseadostrabalhadoresemindústriasquimicas. Com efeito, - assina la " 0 Globo" de 17-3-89 -. mesmo semaconivênciatâcitaouoincentivoexplicitorecebidodealgunsGovcmadoresc prefeitos,
játeriasidodecisivopara a repercu~odagreveaparticipaçãodosservidorespilblicosnos di\·ersos níveis: federal, estadualemunicipal( . .. ). Sãoreveladoresos nil meros fornec id os pela própria CUT, antes e depois da greve. Das S09 asscmbl6as realiudas pelo Pais afora e registradas pela CUT, formais ou não, em que se votou pela greve, 175 (ou seja, mais nrnrterço)"i'orann:l · respilblicos( ... ).Eassimfoidurantc a greve: o maior grau de adesão{SS,1), na média ponde-
porque, ao contrário do q ue ocorrenosetorprivado,ofuncionário público está abrigado nosestatutosquelhegarantem estabilidade" ("O Globo", 17-3-89). Apesar disso, os resultados foramtãoescassosjánoprimeiro dia, que o próprfo boletim ''Folha Bancária'', daCUT , publicou, na edição do di a 15: "A assembléia do Banco do Brasil, realizadaontemànoite,dccidiu suspender" o movimento, já que" nllohaviacondiçõcspara prosseg uir comagrcvehojc" .
... malgrado os piquetes Sendoassim,oqucmialcvado algumas empresas paniculares de ônibus à paralisaçao? Não seria difícil responder, tendo-se em vista a ação coercitiva dos piquetes que, cm vários Estados, "agiramcomoqu1seram.onde quiseram" ("O Globo", 16-3-89). Em São Paulo, o sindicato das empresas de transpo rtcu rbanoregistrou525 velculosdanifkados por "piquetciros", ou seja, q uase l0º/1detodaafrotadeônibus particulares da cidade.Como be m assina la um ó rgão da imprensa, "a cifra das depredações ê uma mostra eloqüente dograudecocrçãoedce~terioridadeq ue ca racte ri zouomovimcnt o" (" Fol hadeS. Paulo" , 17-=3-89), cujo "alto teor de anificial ismo nãoescapaãsensibilidadedost rabalhadores( ... ) levando o povo em gera l (a) uma reação forte mente marca dapelaindiferença,quandonão pelo-repúdio-<k,çlarado-(~ vistas)" ("O Globo", 11-3·89). Fazendoccoa taissentimentos, o Sindicato das Empresas
de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros divulgou comunicado à imprensa, sob o titulo: "Desculpe,SãoPaulo",onde consigna seu protesto: "As empresas particulares de ônibus nãoaderiramàpretendidagrevcgeral,masseviramforçadas amanter a maiorpartedesuas frotas nas garagens, por força da atuação de piquetes, atentadosaosseusvcículoseameaças físicas aos seus funcionãrios porumaminoriadca8itadores.
Os gn•1•is1as, incupores deporalisor a dasw trabalhadora com seus argumentos, optaram por interromper o transporte públicodestacapita!" (" FolhadcS. Paulo",16-3·89-grifonosso).
... e o apolo de Prefeitos e Governadores Entrc as formas de colaboração com a greve, avulta esta, rc!atada pela imprensa: "Dona Erundina autorizou a CMTC a pagarcomancecedênciadedois dias o vale de 3017, do salãrio quc habitualmente é dado 5Ó no dia 15aos28 mil funcionáriosdaempresa.Comodinhei, ro no bolso e a promessa da Prefeita de q ue ni nguém seria punido, motoristas e cobradoresdaCMTCdeixaramnagaragemos3200ônibusdaPrcfeiturnepassaramafazcr 'piquetes' parapara rosõnibusdascmpresas privadas"("Jornal do Brasil", 18-3-89). Na véspera da greve, a Prcfcita reccbcu, adcmais, um telex do secretário de segurança Pública colocando a Polícia Militar à disposição para assegurar a circulação dos ônibus. Não houve resposrn (cfr. "Jornal da Thrdc", 17-3-89). ..Semap.aralisaçãodosônibus municipais, o comparecimcnto de trabalhadores ãs cmpresas teria sido total'', dcclarou o diretor da Cooperação Sindical da FIES P, Robeno Delta Manna. O Ministro da Justiça, por seutumo,comcntouqucaparalisaçãosó tcvcêxi10 onde hou-
nãohcsitoucmchcfiar"piquetes" grevistas. ldêntica atitude tomou o de Vitória, Viclor Buaiz,quepertenceàmcsmatcgenda. Outras autoridades estaduais, a títulos diversos, favoreceram o movimento. Em Manaus e JoãoPcssoa- informaoMinistroda Justiça - a própria policia não se declarou contrãria à paralisação, sendo que em Vitória, ela foi recolhida dasruas,aopassosq ucem Cuibá - fato significativo a scu modo - . a greve foi suspensa mais cedo. por causa de um jogo de futebol(cfr. "O Globo" , 1~-3-89 e " Jornal do Bras il", 16-3·89).
Persuasão, a grande ausente Por todo o Brasil multiplicaram-se os atos de violência. Em Porto Alegre - segundo o relações púb licas da Brigada Militar, lenente Jkder -, os piqueteiros usaram "artefatos deguerrilhaurbana,comobodoqucs especiais com impacto de umabalaca!ibrc38"("0Estado de sao Paulo", 16-3-89). Tambrni a Prefeitura Municipal de Salvador, cm comu nicado à imprensa, relatou ter hav ido uma verdadeira ''operação de guerrilha" em garagensdcõnibusdacidade,impcdindootrãfego de veículos ("A 'Tarde", Salvador, 13-3-89). Entreasdetenasckpiqueteiros detidos peta Policia nos vãrios Estados, achavam-se o PadreJoreMahon,dcSantoAndré o Frade Romildo Delfina dos Reis, em São Paulo (cfr. "Jornal do Brasil", 16-3-89). "Não queremos que os 1rabalhadoresdeixemdctrabalhar por falta de 1ransportcs, mas por convieção" (,.Folha de S. Paulo", 13-3-89), proclama, surprcendcnteetachativo,oprcsidcntcdaCUT, parccendoconfessar, nas entrelinhas, a ruina da própria obra. Pois, precisamente persuasão foi o que não seviunestagrevc. lktumbante fiasco da esquerda patenteou•
11poio-oo-Poder-Wbliw,=-J--><=""°'""-''°"'~~
mo cm São Pauto, Rio e Porto Alegre. Nessa última capital, o Prefeito do PT, Olívio Outra,
laciosa quamo essa fracassada Greve Geral... Armando Braio Ara
CATOLICISMO ABR IL 1989 -
13
5 idiomas piares 94.700 exem 14
~
CAT OLIC ISMO ABRIL 1989
01 EM abril de 1959 que "Ca~
Y
tolicismo" teve a honra de dar a lume o hoje célebre ens~ io do P.rof. Plínio Corrêa de Oliveira, "Revoluçao e Contra-
Revoluçao"
De lá para cá a "RCR", como passou a ser conhecida, correu o mundo. De livro de cabeceira dos sócios e coo-
peradores da TFP brasileira, ela foi sen-
transcorridos e das perspectivas novas que se abriam a partir de então. Constatação que diz muito: RCR viu comprovados - ao longo de 20 anos de acontecimentos borrascosos, de embates terríveis ocorridos no próprio campo por ela abordado - a veracidade de seus princípios teóricos e práticos, a lucidez e objetividade de suas análises, o acerto de .suas previsões.
do editada, em forma de livro, em nume-
rosos países das três Américas e da luropa. Grande foi o seu contributo para o
debate de idé ias, a respeito das raízes
O que é a Revolução?
da crise contemporâ-
nea e dos modos de vencê-la. Aceitas en-
tusiasticamente por uns, negadas enfati-
Na introdução da sua obra, assim se exprime o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira:
camente por outros,
as teses de RCR tornaram-se um marco do pensamento contemporâneo. Mas o maior fru-
to até agora produ-
"Se todos os cató licos fôssemos o que devemos .ser, o Brasil .seria hoje uma das mais admiráv~i.s potências cató li cas nascidas ao longo dos vinte sécu los de vida da Igreja.
zido por RCR. foim, segu ndo depoimento do próprio Prof. "Por que, entao, estaPlínio Cor rêa de Olimos tão longe deste ideveira, o ter inspiraal? Quem poderia afirdo a formação de mar que a causa princi15 TFPs nos vários pal de nossa presente .sicont inentes . Entidatuaçao é o espirit ismo, des estas que levam o protestantismo, o ate ísPLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA à prática, em seus mo, ou o comunismo? respectivo s palses, Não. Ela é outra, impale de acordo com as pável, subt il, penetrante circunstâncias locais, os ensinamentos como .se fosse uma poderosa e temível contidos em RCR. Prova de fogo para radioatividade. Todas lhe sentem os efeiuma obra que visa estar voltada toda tos, ma s poucos .saberiam dizer-lhe o noela para a realidade! Prova da qual RCR me e a essência (... ) Co m que nome chatem se saído ex ími amente e com um brimá-la? Quais os meios por que ela age? lho sem igua l Qual o segredo de sua vitória? Como combatê-la com êxito? Inicialmente o livro estava composto de duas partes, versando respectiva"Este inimigo terrível tem um nome: mente .sobre a "Revolução" e a "Contraele .se c hama Revoluçao. Sua causa proRevolução". Em 1977, o auto r acrescenfunda é uma expio.são de orgulho e se ntou-lhe uma terceira parte (publicada sua lid ade que inspirou, na.o diríamos em "Catolicismo", janeiro de 1977), na um .sistema, mas toda uma cade ia de .s isqual ana li sa os praticamente 20 anos detemas ideológicos. Da larga aceitação corridos desde o lançamento da prim eidada a estes no mundo inteiro deeorre: ra edição. E constata "ni'lo haver modifiramas três grandes revoluções da Histócações a introduzir na obra", a não ser ria do Oc idente: a Pseudo-Reforma, a acrescentar a ela uma aná lise dos anos Revolução Francesa e o Comunismo" CATOLICISMO ABRIL 1989 -
15
tando dia a dia ma is, co m a terri ve l força de expa nsao dos gases. Para escâ nd alo de incontáve is alma s, o Corpo Místico de Cristo ent rou no sin ist ro processo Na terceira pa rte, o Prof. Pl ín io Cord e como que autod emo liçao". rêa de Oliveira apo nta o prin ci pal êxito Ai nda na tercei ra parte vem prev isdo comunis mo em nossos dias: to, pelo autor, o ca mi" D ent ro da persnhar da sociedade tempopec t iva de 'Revolurale d a pró pria esfera esçao e Contra-Revolup iritu al para o tribalisçao', o êxito dos êximo, incl usive em seu astos alca nçado pelo pecto psicol óg ico, qu e comu nismo pós-sta licomporta o eva nescimenni ano sorride nte foi to da razão. Tal prev isao o sil êncio enig mát i- qu e em nossos di as co, d esco ncerta nte va i se rea li za nd o a olhos e espa ntoso, apocavi stos - é sinteti zad a 1ipti ca mente tr ág iem pou cas palavras no co do Concílio Vat ilivro do in sign e pensacano 11 a res peito dor ca tó lico: d o comun is mo. "É pela aquisiçao des"Este Concí li o sas ' riqu ezas' (ful gu rase qui s pastora l e ções do mundo da transnao d ogmát ico. A lpsicolog ia ou d a para psica nce dogmát ico ele co logia) que o ho mem rea lmente nao o teco mpensa ria a atro fi a ve. Além dist o, sua da razao . omissao sobre o co- P,1dre$ conciU.ves, n.a pr.a ç,1 de SJ o Pedro, um.a cong reg ,1çJo ger,1/ "Da razAo, sim, outromunis mo pode fazê- .após do Concílio V,1/ic,1no li. lo passa r para a His- O si/Meio enigmJ/ico, desconcerl.ante e p.asnlOSO ra hipert ro fi ad a pelo livre exa me, pe lo ca rtes iatória como o Conci- do fex to con ci/i,1r no loc,1 nfe ,10 co munismo constituiu p.ar,1 este último, de ,1cordo com o .IU· nismo etc., d ivi nizad a pelio a-pas tora l (. ..) for de " RellQ/uçJ o e Contr.a·Re110luçJo", la Revo luçao Francesa, "Com tát icas ag- o "ê.. i to dos l _.ilos". ut ilizada até o mais f ra ngiomate das qu ais, co abuso em toda escoaliás, o mín imo que No c.apíl ula Ili, o ,1utor se refere ,10 la de pensamento com use pod e dize r é que moYimen/o es lrufur,1/ist,1 como precursor d,1 sao con testáve is no I V Reyo /uçJo - es/Jg io do processo reYolucio · nista, e agora, por fi m, nJrio que ilpresenf,1 c.ar.acleríslic,u trib,1is. p lano teórico e se Chelj,1, J ôl hum,1nid..de como um Ioda - n,1 li• atrof iada e tom ada esc rava a se rviço do tote mi svê m most rando rui- nh,1 do que prupóem defenso rf'S do /rib.afümo il .a /insir o esl Js io d e b.arbJrie de tribos indiKen.a s mo t ranspsico lógico e panosas na prát ica br,uileir,u , enfre as qu.ais fis uram os SuiJs, raps icológ ico ... '' (... ) se u sil ênc io soconhecidos como Beiço s de P.aur b re o co muni sm o de ixou aos lo bos tod a a liberd ad e. A ob ra desse Co ncíl io Fica aqui, pois, nosnao pode est ar in ssa homenage m, sin ge la c ri ta, enq uanto efet imas de t od a alm a, ao v am en te pas t o ral, Prof. Pl ínio Corrêa de nem na História, nem O liveira pelos 30 anos deno Livro d a Vida . corridos de sua mag is"É du ro dizê-lo. tra i obra. E ta m bé m nosMas a evidência dos so agradecimento pe lo fa tos aponta, neste bem enorme que ela vem sent ido, o Concil io Vatica no li com o real iza ndo no mu ndo inteiro, e pa rt ic uum a das maiores ca lam idades, se na.o la rmente em nosso País, nao podendo a maior, da Histór ia da Igreja {ver d epo iser olvidado ainda o benefício incompa------mento-histôrico-de·Pttulc-V+-em,-;2'99-66419Q;7Z;>2+-J.- -,,á,áwe+1 <>í!U~Q.l.l()luç.l0--e--Úlnwlc"'ad< -RC<ee>1.1avll!JUc 1-_ _ _ __ A pa rti r de le penetrou na Igreja, em proçao" tem proporcionado ao corpo red aporções im pensáve is, a ' fu maça de Satatorial de ''Catol icismo", que de la vive nás' (Paul o V l, 29-6-1972), que se va i d il ae nela consta ntemente se inspira. O maior êxit o do co muni smo
16 -
CATO LICISMO ABRIL 1989
Policiais patru/llam as ruas da capita/ venezuelana a fim de tornar efetivo o toque de recolher decrerado pelo ÇJOVerno
.,. , . .,- =,.--n
Órgôo de imprensa novo-iorquino registra ··corocas ferve. Washington dormi/o"
NÃO COMPREENDO ... Pl ínio Corrê a d e Olivei ra
Nestes últimos dias. advertiu em tom profético o "New York Times" que o drama caraquenho é um sinal de que a crise econômica, a qual - segundo o jornal GOVERNO do presi- estó a lavrar em vôrias nações dente Pérez jô mandou suspender deste continente, por motivo da di· o toque de recolher. dado em Cavida externa. ameaça abalar a esracas na orla das noites. Gesto tabilidode de Ioda a Ibero-América. prótico de inegóvel importôncla Multo expressivamente, o editosinlomôtica, que simbollza o reinírial do volumoso ôrgôo de imprencioda norma lidade nagrande casa nova-iorquino registra: "Carapltal. cas ferve. Washington dormita" . Assim. os torvas dias do motim E faz ver que as democracias lativôo afundando no passado. e jô no-americanas que iróo a e1eise torna mais fôcil a anôlise dos çôes este ano - premidas pelo múltiplos aspectos dele. peso da divida externa - podelslo. muito embora um fato conrôo escolher governos populistas. tinue de pé. que. existindo no os quais preguem o repúdio desmaiar porte das capitais ibero-asa mesmo divida. e o anliamedca_llml§O![!!ric;;sa,pnº'---== ' Ql!O---'ll=-4-'DW"c"°'Ç.ôa..ao..curso..qUS-\lô~... Aismo-i!slemôlliGo,- - - - - - 6s de Corocas, ne!as se pode re- gu indo os acontecimentos nos naUm artigo no mesmo jornal. pupetir o drama que ló começo o çôes ibero-americanos, P0f elas blicado na importante secçôo "A encerrar-se. despertados ô vida . semana em revisto", traz por lilu-
O
Desta forma. é plausível que ir· rompam motins em série. na América Latina. assim como se multipli· com em cadeia os furúnculos em um corpo minado pela furunculose. Onde quer que haja cidadestumor. a explosôo do pus pode sobrevir de um momento para o o uIro. o que vem prevendo largamente a midia brasileira, ao mesmo tempo que também o fazem. no Exterior. importantesórgôospublicitôrios em mais de um país. Na impossibilidade de os citar lodos. exemplifico sobretudo com a mídia da América do Norte, pais o nde se radicam os principais credores de nossa divida externo, e em Madrid que. conjuntamente com Lisboa, dó particulorissl-
e
e
_
CATOUCISMO ABRIL 1989 -
17
lo: "A crise da divida eKferna faz explodir a bomba de tempo lati· no-am8flcana". Eassim por diante. Por sua vez, a Imprensa madrl· lenha nôo flca atrás. No conheci· díssimo quotidiano ABC do dJa .4 do corrente, a primeira página é ocupada inteiramente com a fo· to de um Incêndio que um bombeiro tenta apagar. A foto está encimada pelo título: "A divida externa acende o vulcõo Ibero-americano". A matéria versa sobre o caso de Corocas e pondera que o mesmo pode repetir-se na Colômbia. em conseqüência do narcotráfico, no México, no Brasil e na Argentina, em razôo da divida eKferna, na Nicarágua, EI Salvador e no Panamá. por motivo das guerrilhas. Nôo é minha lntençõo comen· for aqui o efeito deletério da dívida eKferna sobre as condições gerais da Ibero-Américo. Mas me causa estranheza que no Brasil, como nas nações Irmos deste continente, e ainda na Espanha e nos Estados Unidos, as atenções se concentrem de tal maneira na di· vida externa que releguem a pia· no Insignificante, ou passem sob inteiro silêncio outras cousas ponderáveis do mal-estar econômico. causas essas cuja responsabilidade toca a nossos governos. A primeiro dessas causas, cuja ellmlnaçôo nossos credores nos Indicaram como um dos meios de escaparmos, pelo menos em parte, aos efeitos desastrosos da divida eKferna, e que consiste em todo uma política de saneo· manto de no~sa economia, nosso
Devido aos soques, os alimentos esçassearom em Corocas. Soldados do exército fiscalizam os pessoas que formam lilas poro comprar viveres 18 -
CATOLICISMO ABR IL 1989
governo se obstina inexpllcavel· mente em nôo aplicô-la. Assim, noo compreendo. absolutamente nôo compreendo, por que motivo o Brasil de há multo jó nõo restituiu O Iniciativa privada as empresas estatais cujo déficit vai devorando nossos recursos. Do mesma maneira, nôocompreendo como um clamor noclonal autenticamente suprapartldário nôo forçou a adoçôo dessa medida. De outro lado, nõo compreendo como a Imprensa mundial e a Ibero-americano nõo registram que. no coso do Venezuelo, houve obviamente uma ágil, vigorosa e solerte operaçôo comunista, sem a qual tudo leva a crer que o motim caraquenho nem de longe teria tido a gravidade que teve, ou sequer teria ocorrido. Alguns Indícios do caráter cons· plratárlo do motim: 1. A trágica sublevaçôo cara· quenha começou em todas as favelas de Corocas ao mesmo tempo. Ou seja, multo exatamente á meia-noite, todos os favelados desceram em massa para os bairros ricos ou medianos. Ora, tal nõo poderia dar-se sem uma possante e subterrônea organlzaçôo da força de impacto favelada, a articular o Imenso ofensivo. 2. A Identidade de métodos: ou seja, o ataque foi quase exclusivamente desfechado contra supermercados e "shopplngs", e foram deixadas de lodo vitimas multo mais polpudos, como joalherias e outras formas de comércio de luxo. Isto deixa ver uma disciplinado uniformidade de ação
do massa, entretanto posto em delfrlo. Uniformidade esta que. Iam· bém ela, sugere a Idéia de um possante ôrgôo diretivo que agu· çou a lndlgnaçôo popular. e as sistematizou em táticos de ataque multo definidos. Quais esses responsáveis? Evidentemente os ideólogos que lucram Com todo esse drama. E o clô. sempre a serviço deles. dos fomentadores slstemôllcos de paixões populares. 3. Ainda me causa estranheza que em Ioda ·essa midia nocional e lnternoclonal tenha sido omitida qualquer referência de peso ô dinômlca e nefasta coloboraçôo da chamada esquerdo catôlico. A falta de espaço me Impede de tratar ainda de outro aspecto do assunto. Se o glorioso estandarte tefeplsta nõo tivesse sido objeto de furibundas medidos, Injusta e arbitrariamente tomadas pelo governo Lusinchi, qual teria si· do o eleito da presença dele no ambiente venezuelano antes do motim. como durante ele? Também não compreendo porque, sobre Isso, se faz tão estranhôvel silêncio Registro tôo-só que de tudo is· so resulta o movimento geral de antipalio contra o América do Norte. com o qual só lucro Moscou, enquanto a adminlslraçoo Bush continua a dormir, em vez de correr e voar em defesa da coesão continental, por melo de uma político econômica autenticamente dístensora do crise na qual a Ibero-América vai afundando, por efeito da divida eKferna.
m
ANADAS, as flores que ornavam o salão carnavalesco caíram no
po;s delas 1ntercorre um lapso de tem po. que sobre tais loucuras podem reflet ir ido·
chão. Pelo chão. também. rolavam
riearnente os loucos Pensará algum leitor que. daqui por
algumas máscaras amarrotadas. Alguns botões de fanta.sia. desgarrados das .. vestes" que ornamentavam. Um salto de sapato que se descolara. e pouco mais além dois "tênis" que o uso
diante. nãofare1 outracOISa senão alinhar
algllfl$lugarescomun-;sobrealoucuracarn.avalesca. tão envelhecidos quanto o li)(o
carn.avalescodecadaquarta-feiradeanzas
momo (do qual se fala cada vez menos,
nesta época intolerante pa ra com os reis talvez fosse rnelhof dizer-se " o presidente momo", por várias razões, inclusive porque o número de momos não cessa de crescer entre os Presiden tes), analisado com o recuo histórico dos aoos. vai assumindo cada vez mais o aspecto de seguro previsor do futu ro: cada carnaval apa· rece como uma ''loucura' ' quando compa· rada com a normalidade da 'lida no ano em que é festejado. Mas, ao mesmo tem· po, é uma antevisão do que será a norma· hdade no ano em que esta última tenha caido ao nível do que há dez ou há vinte anos se tinha por carnaval e loucura Um amigo. lúcido e penetrante obser•
CARNAVAL DE HOJE
bruto e continuo do carnaval tornara pre· maturamente ve lhos. Garrafas. vazias umas. semivazias outras. Cacos de alguns copos. 1,xo das mais variadas espécies, cores e mal cheiros. Era esse o quadro apres.entado pelo salão onde. na véspera ainda, se "pulara" o carnaval orgíaco Qual éeste·salàolOndeselocal1zava? Qual o nível económico-social dos que nele haviam "pulado"? É um salào qualquer. situado num ponto qualquer das continentais vastidões do BraSII, onde haviam "pu· lado" carnavalescos de um nível social ou económico qualquer. que tanto poderia ter sido do maior luxo quanto da mais vulgar gafi eira. Porque tudo está tlOIT'IOge· neizado. reduzido ao mais baixo padrão que as circunstâncias hoJe em dia comportem. Em suma, tudo est.i nivelado sob o rolo comf)(essor do tnffexivel igualitarismo moderno Para simp lifi car, bastana mencionar o mais importante dos níveis que nes te artigo mantive em si~io até aqui: é o nivel moral, que a televisão vem reduzmdo gradualmente à ultima expressão. tanto nas favelas ou nos tugúnos. quanto nas casas e nos apartamentos do maior luxo ... res;alva feita às ··raras e honrosas exceções ' ' de estilo Se o carnaval terminou na quarta-fe1r~ de cinzas. d1a8defevereiro, pol'que so hoje. quando tudo que a ele se refere sau 1n1e,ramente da cnsta da atualidade, publico algumas reflexões 50bre o assuntcl Do salão-tipo acima descrito, todos o: entulfios Já foram varridos, e toda a v;rredura Jâ foi queimada. Acabou-se o qle alguns amda teimam em chamar de feera carnavalesca, a qual se transforma en pesadelo à medida que o carnaval vai ct-egando ao fim, Já não é. pois. hora de pmsar e de escrever sobre o carnaval. E é este o momento que escolho para trata- dele? Sim. Precisamente sim. Muito ~~~lê-um g,ande ato de loucura coletNa. E com ela s, passa o mesmo do que com as loucur.s 1nd1v1dua1s: é só quando cessam. e de-
há quase 50 anos já se podia prever PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA (especial para "Catolicismo"}
''Ei-los em pleno desabafo. rubK:tJlldosepletóricos menll'IÕeS de fodds as ,da(ks"
Engana-se. entretanto. o leitor. Dese. 10 pór em rea lce , neste artigo, preci$ame nte um aspecto lúcido e até "profético" n<? sentido amplo ~até o
vador das coisas de ontem como das de hoJe, me deu a ler, há dias , um recorte publicado no ano de 194"1 e referente ao
ex~:;.:'º,;':;;"'.':,;~;:..+::"c:'~-'i-c's,~!õãr,d,;;;'..;;~"c.;·~ii~~i'',2'~!c~ai,~-iit~ci'l'iõ::ii,:..ã,"'ãiial- -
te último tem qualquer COISa de sério. E até de terrivelmente séno. É seu aspecto de an tev~ão do futuro. Momo, ou o rei-
das idéias ditas modernas destru1a pnncipios. a!uia hábitos, deformava senlJmentos e desorientava as mentalidades, Ca-
CAT O LIC ISMO ABRIL 1989 -
19
da ano representava um degrau que se desaa na escala da moralidade. E, por IS· so, cada carnaval seguinte trazia consigo S111tomas mais característicos de decadên· da moral, Todos os 1nst1ntos, todos os atre· vimentos, todas as imprudéncias, todas asfaolidadesedesregramentos. cada vez mais acesos e mais mal contidos no cor· rer do ano. explodiam durante o carna· vai com 10tensidade ma!Of'. Os três dias de ca rnaval passaram a ser a vá lvula por onde passava a chama de um incêndio que crescia sob a aparente normalidade da vida cotidiana. O carnaval perdeu assim sua nota fam~iar. Ao lado do corso, OU· tras festas apareceram. Mais "decididas", mais " radKa1s" Por que lembra r tudo is· to?. Chegamos por fim a este reSl.l ltado antigamen te o carnaval era um desabafo Mas desabafo Sl.lpóe abafamento. A vida se transformou em um carnaval: o carna• vai perdeu sua razão de viver.( ... ) "Todo o mundo, nestes dias. foge pa· raas praias e para os campos. Para quê? Para descansar? Sim. Só para isto? Talvez não. Com efeito, chegados às praias, aos campos, o que fazem os excursionistas? Outrodesabafo.Desabafam-sedacrv1hza· ção. Despem tudo quanto podem despir. Falemos só dos homens: peitos peludos à mostra, braços felpudos cobertos ape· l'IM pelos poucos centimetros de uma manguinha lflfantil, camisão de tecido porosoe cores de hnger ie de crianças de se te, llSildo iodo ele indecen temen te de fora e às vezes de calça curta e meia curta. ei· los em pleno desabafo. rubicundos e plet6· rKos meninões de todas as idades - 20. 30. 50 anos - e de todas as profissões desde o banqueiro, o ,ndustrial ou oco merdante até o modesto funciooáno, pas• san.do pela classe intermed1ána dos douto· res e professores. Tudo se desabafa. tu do se despe. tudo toma roupas com cor te de tra1e proletário ou de mendigo (ma, com qve fazendas exorb1tantemen· te caras~. tudo toma ares de pov,léu. que· bram·se as últimas cenmômas. desfazem· se os Ult1mos recatos, dissolvem-se as úl· tias dignidades, e. terminados os dias de excursão. todo mundo vo lta para a vida de todos os dias um pouco mais inimigo da roupa, da linha. da cerimônia. do que fôra. É o fruto deste outro gênero de de· sabafo. Outrora. o carnaval era um desa· bafo da 1moral1dade. Agora. as excursões marítimasesilvestres serve mparadesaba· far as regras mais elementares do bom tom. Daqu a 30 anos. é prov.ivel que o desabafo COflSISt.1 em llSilr sô uma tanga. não limpar mais os ouvidos nem o nariz. nem as unhas , cuspir no chão , dançar samba descalço nos matos. Haverá tabas lu· xuosas, com diárias de 700 a 800 cruzei· ros. Cada pena de tanga cusurá IOO cru· zeiros. o que não será mal porque as tangas não terão muitas penas. Uma tanga m e cuia or1g1n 1 ser de penas de pássaro de vá.nos países. cus1arii alguns dez mil cruzeiros "Exagero. dJr·se·á. Há 30 anos. havia 20 -
C ATOLICISM O ABRI L- J9B 9
uns catões que pred,z1am em que charco haveríamos de parar. E havia também uns toleirões que respondiam 'exagero· . Os exageros não estavam nos profetas. mas nos acontecimentos que superaram as pro· fec1as".
Tudo isto foi previsto e publicado em 19-4'1. Há cerca de meio século, pois O pmal que publicou - ··o Legioná· era um simples semanário. pouco conhecido do grande público, se bem que gozando de gran de notoriedade nos am· pios, bem coordenados e poderosos meios cat61icos:"quantummutatusab1llo"(quão mudados de então para cá- V1rgiho, Ene1· da. Livro li. 274). O trecho transcrito era um tópico da seção "7 D,as em Revista". E seu autor era .. . eu . Eu , sim, que deste artigo me e$Cjuecera completamente. Assim é que cada carnaval, bem anali sado. isto é. quando passado 1nte1ramerite o veoto de loucura que nele soprou. se manifesta urna previsão de como será a decadência moral e global - pois as de· cadências morais contêm em germe todas as outras decadéncias - que ocorrerá nos anos vindouros. A tal ponto que a lou cura de ho,e seria senso comum. bom sen· so, normahdade de amanhã Recolhemos pois alguns traços do car· naval de 1989 " 'Marg1na1s do mundo inteiro. uni· vos·. Este poderia ter sido ogn to de guer· ra da Be1ja·Flor. na manhã de terça-feira. quan do o carnavalesco Joãozinho Tr inta trouxe para o Sambódromo o clima que antecedeu a Revolução Francesa há 200 anos .. (O Estado de São Paulo, 9-2·89). "Com o enredo 'Ratos e urubus larguem a minha fantasia', a escola de João zinho Tnnta trouxe para a pista hordas de mendigos. prostitutas. bêbados e lou cos. trouxe fantasias coloridas. carros fei tos de ferro·velho e restos de lixo. uma empolgação COQtag1ante dos passistas( ... ) Sem 1dé iasnàosevenceumcarnaval. (... ) Foi assim que o l,xo virou luxo na escola de Nil6polis, e bichos fe,os como ratos e urubus Vlraram ma,s uma pâg1na da hl'itÓ· ria do carnaval" 0ornal do Brasil. 8·2·89). "A cena final do desfile da Be11a-Flor ( ... ) Um tipo de deusa pagã saída do ma· to e dos morros. nua e crua . Descalça Sem plumas(... ). E aquela pagã abre os braços como o Cristo sobre a Guanaba ra. E lança be11os pra mult1dáo" (Folha de S. Paulo , a.2.89). "A Mocidade Independente de Padre M,guel levou para a Marquês de Sapucai (Rio de Janeiro) mulheres nuas com os corpos pintados por artistas plást,cos Mas a Umão da Ilha ousou mais: com o
· Em tempo: a nudez dos homens nos desfiles está subst1tu,ndo a das mulheres" (OGlobo. 7-2-89). .. A caracteristica do bloco (das Piranhas. R10 de Janeiro) é a irreverência e malícia dos seus componentes homens travest idos de mulher - que uti lizam rou· pas caricatas, perucas e muita maquilagem feminina .. (O Globo, 5-2-89). Em Santo André. no desfile da Bar.ela daBa,xar;a , "ostravest1s,comosgrossos láb ios pintados de ba ton , bei1aram ates· ta de todo homem calvo que aparecia pe· lo caminho" (Diário do Grande ABC, 5.2.89), "Apesar do nome. as 'Virgens· {de Oli nda, Pernambuco) não adm item a pre· senÇa de mulheres en tre os seus cordões Ao todo são 200 í,gurantes. formados por homens wlteoros, pais de fami1ia e atê avós. Eles desfilam vestidos de mulheres" Qornal da Tarde, 31· 1-89) "Serpentinas e confetes Jogados do primeiro andar. a orquestra do Bkx:o da Saudade tocando frevo no páttO ex terno enquanto no térreo a comunhão era dada a cerca de dois mil fiéis. Esta combina· ção de sacro e profano ocorreu ontem, durantem issacelebradana igre1adasFron· teiras, em Recife, em comemoração aos 80 anos de Dom Helder Càmara. Arcebispo Emérito de Ohnda e Recife{ ... ). Dom Helder, que chorou de emoção. misturouse aos integrantes do bloco carnavalesco logo que a orquestra tocou o frevo 'Valores do Passado'" CO Globo". 8·2-89). No dta em que tudo isto for normalidade e bom senw. em que abismos terá caido o mundo? E o carnaval destes dias. que ou tros horrores pressagia rá? Ou esta marcha para o ab,smo será cortada pelo cast igo pi-enunoado por Nos· saSenhoraem Fátima para a humanidade decadente: "Deus( ... ) vai pumr o mun· do de seus crimes, por meio da guerra da fome e de perseguicõesà lgre1a (... ) A Rüss1a (- -,) espalhará seus erros pelo mundo (... ); vârias nações serão aniquila· das"I E, em um mundo regenerado, have rà "novos céus e novas terras" Ou, enfim. se pode esperar uma sqll· ção 1ntermed1ána, com a hipótese de Qle um Clero estuante de fé e de amd oe Deus. austero e desapegado. preg\le io mundo a regeneracão moral quivit;rá 0 f~!tt~1~~!~ v11:e ria ~; forcoso é reconhecer que não é te 'iffi tido que os acontecimentos parecem COf'· rer.A1ulgarpelasaparênc1.iis.seNossa'ie· nhora de Fátima não 1nterV1er nos acon:edmentos do mund o. a caminhada par-, o futuro não parece 1nd,cada por esses .a· cerdotes exímios. mas por esses D. 1-el· der, revestido dos paramentos da M1sa que cele~rara. circundado pelos figuran'es
cultora (Fulana de Tal) ..de 36 anos. total mente nua, representando Afrodite, a dellSil do Amor" (0 Globo. 7·2·89).
braços levantados para exprimir sua ae· gre e eufôrica conson.íncia. enquanto ;e ouvia o frevo "Valores do Passado".
rio"
~~a~~f~
Discernindo, distinguindo, classificando ...
Consenso e Pilatos A pala11ra consenso comporta. co-
f
rompê-lo sem que pereçam as duas.( ... ) Por isso o que cré, ama, e o que ama. odeia ternac1011al da propaganda, como se fostudo o que se opõe a sua. fé e a seo se um talismã (1). Todos os prob lemas amor( ... )A tolerâ nciaelevadaa princip io e até todas as oposições que divid em os é a psicologia de Pilatos convertida em homens e as nações encontranam sua sotdeal( ... ) lução - quase mâgica no consenso: o "As nações transigentes. tolerantes. comunismo e o antKomunrsmo por e)(emsão as nacões débeis, que come<am ceplo. Vai-se produz,ndo ass,m. na soc,edadendo em seu espírito, em sua alma. que de temporal. o mesmo efe, to deletério é o que pnnc,palmen te as cons titui e as que uma certa utilização da palavra ecud istingue, e depois cont inuam cedendo menismo tem causado na esfera rehg10em seosd1re1tos e em seu território, casa. Ninguém mais deveria agir segundo da vez com menos energia. até que se pnndpios, nem guiar-se pelo bom senso. vão ext1nguH1do como uma lâmpada que Sena preciso abdicar da razão , como tamapaga seu Ultimo resp lendor sob re um sebém da Fé. e sair à procura de um conpu lcro( ... ) senso entre a verdade e o erro. o bem · Não afirmar. nem negar. nem d1Ni· l'ara Viizquei de Mello.afée aintra n- dar acerca das questões mais 1mportan· e o mal. o belo e o fe,o. A intransigência. eis o ,mm,go. 1:, sob nova capa. o relati- $igência caminhom KIII/H"e unida, tes para os homens e as sociedades. é devismo velho de guerra tantas vezes conclarar-se coberto de lepra mental. expedenado pela Igreja d indo para si mesmo ce rtifica do de inépNessa perspectiva . o ma is terríve l efeito da " Perestroicia( ... ). Es te homem neutro que se abstém de pensar. de ka" e da "Glasnost" sobre as mentalidades é sua ação psiquereredesenllr( ... )nãoépossivelencontrá-loemnenhucológica corrOSNa, que fu os anticomunistas aspirarem a ma lamude sem haver-lhe extirpado antes o exercício da raum consenso com os comunistas, sem qualquer sma! de con zão. po.-que de semelhante neutralidade só gozam os ,d,oversão destes. Tal s,tuação é a seu modo apoca líptica , pois tas e os postes" (2) a profecia de Nossa Senhora em Fátima , de que a Rússia es palhará seus erros peki mundo, vai -se assim realizando, não po.- meio de uma guerra espetacular. nem através de uma im~ão ditatorial. mas pela simples evanescerxa das resisPilatos, cita.do tão a propósito po.- Vázquez de Mel!a. não deseiava. de ,nic10, matar o Cordeiro de Deus. Mas, pa~;~;~s~nticomunistas. fruto da prnpaganda relat,v,sta do ra ev, tar choques e dissensões que lhe se riam desagradáveis A esse propósito, vale a procurouentrarnumconsenpena conSlderar o texto tão socomossacerdotesiudeus magnificamente anticonsenAssim. não ousando tomar sual que a seg1.11r transcreveo partido de Jesus cootra o mos. do pensador catóhco esde Caifaz. mandou flagelar a panhol do inkio do sé<:ulo, rnocéncia para coo tentar o JuanVázquez de Me lla. cr ime. Resultado: a política do consenso levou-o à de<re· tacão do de1ddlo. Até que abominações nos levaráelahojeemdia1 'Todas as ve rdades são CA o bje tivas e todos os erros são subjetivos. O erro não é senão uma sombf-a que l)f'OJe· tamos sobre as coisas, e a verdade não é senão uma luz que as co isas irradiam sob re nós. Como, pois. há de transigir a luz de fora com a sombra de dentro?( ... ) "'A fé e a intransigéncia caminham sempre unidas pelo ~ o com um vinculo tao estreito. que não se pode mo é óbvio, sentidos legit1mos e correntes. Entretanto. vem ela sen-
do lançada ultimamente no mer cado 1n·
CATOLIC ISMO ABR IL 1989 -
21
A Imaculada Conceição e a intransigência santa
E
não será difícil encontrar a resposta: resultam de um extremo debilitamento ou d11 perd11 completa do amor a Deus. Com efeito, qual o filho digno desse nome que, vendo a vida de sua mãe ameaçada por algum marginal, não se tra nsforma im ediat11mente num combatente, e se lança contra o malfeitor? O amor gera no filho a dedicação e a combatividade cm defesa da mãe. Analogamente, e com muito maior ra zão, o ve rdadeiro amor a Deus tem uma de suas expressões no ódio ao pecado, na luta contra este, na oposição enérgica aos que o promovem.
MSEUartigo"A s~nt~ inlransi-
genaa, um aspecto da Imaculada Conceição" (•), o Prof Plinio Corrêa d e Oliveira estuda, com a profundidade e a clareza q ue o caracterizam, um traço fundamental da alma verdadeirame nte católica: o amor à verdade e ao bem, enquanto em luta contra o erro e o mal. O u seja, e nquanto defendendo os direitos de Deus Nosso Senhor, da Santa Igreja, edasalmas,faceaosataques frontais ou insidiosos do demônio, do mundo e da carne.
Atual deterioração
da resistência ao mal
A Imac ula da, antítese do mundo de seus dias
Ora, poucas coisas urge tanto revigorar nas almas dos católicos de
nossos dias, quanto esta santaenergia, esta ca-
l~~=i:;";':!°v~~~ :°!:~:::"s!;";;:~::ei :-~:!~t::;;~~=:;eigv::.i: Com efeito, a maior pauage~ do (,1,,:. XY111), i~11irad11 t m
tragédia de nossa época, não está tanto na audácia, no furor, ou na astúcia dos inimigos externos e internos da Igreja e da Civilização Cristã. Ela reside, isto sim, na moleza dos bons ante as investidas do mal. Moleza, preguiça de reagir, que em incontáveis católicos de hoje já se transformou numa · · t as abomi na ões ue de todos os lados se multiplicam . E em muitos o utros se deteriorou ain-
22 - CATOLIC ISM O ABRIL 1989
Â/IOCQ.lipn.
da mais, tomando-os coniventes com elas .. Verdadeiro amor, verdadeiro ódio e combatividade Se nos r untarmos uai a causa profunda dessa mo eza e essa mdiferença - ou mesmo conivência -
Ora, "quanto maior é o amor à virtude, tanto maior é o ódio ao mal" - escreve o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, no artigo acima referido. Em conseqüência, "por amar a Deus sem medida, Nossa Senhora correspondentemente amou de todo o Coração tudo quanto e ra de Deus. E porque odiou sem medida o mal, odiou sem medida Satanás, suas pompas e suas o ras, o emomo, o mu ndo e a carne".
O mundo ... Como eril o mundo, quilndo nasceu, e aqui viveu, Aquclil que foi preservada do pt.--cado desde o primeiro instante de seu ser? O gr.inde pensador Ciltólico passa a analisar o panorilma histórico daquelil época, que pode ser resumido no seguinte quadro: o Império Roma· no estendera seu poder a todo o Ocidente, subjugando povos gentílicos que anteriormente haviam brilhado ;x:,r seu poderio militar, suil riqueza, sua civilização, e também os judeus, o povo eleito do Antigo Testamento. Quer esses povos pagãos, quer os ju• deus, quer seus senhores romanos, estavam dominados, emboril em graus diversos, pela devassidão moral. Uma depravação geral dos caracteres, uma corrupçdo de todas as virtudes, trilzendo como conseqüência a ruína da cu ltura e da civilização, mostravilm bem que a humanidade rola· va rumo a um imenso colapso. "A noite, a noite moral do obscurecimento de todas ,is verdades, de todas as virtudes, descera sobre o mundo inteiro, gentilidade e Sinagoga": cm suma, "era um fim de mundo ... ", cscrcvco Prof. PlinioCorrêa deOlivciril. Foi, assim, num cümulo de males, num "ambie nte oposto a todo o bem, qucnasceuamaissantadascriilturas, a Cheia de Graças, que todas as na· çõcs haveriam de chamilr bcm-aventudada". E, como Deus A dotar;i de uma ;ibundfincia insondável de "luzes naturais e sobrenaturais, Nossa Scnhor,1 conheceu por certo a infâ. mia do mundo em seus dias. E com isto amargamen te sofreu". Qual u relacionamento que resultou dessa violenta anlílesc, entre a santidade da Virgem e a maldade do mundo de enti'io? "Mariil Silntíssimil - responde o pensador católico - tinha em si abismos de amor ,l virtudc, e, portanto, sentia forçosilme n11.' cm si ilbismos de ódio ao mal. Ma· riil cril pois inimigil do mundo, do qual viveu illhciil, scgrcgildil, sc111 quillqucr misturil nem aliança, voltada unicamente pilril as l"Oisas de Deus". E de seu lildo, o mundo, cnchafurdildo no pt.><:ado, "parece não tcrromprccndidO"T1c11TT1madcrMar1a Pois não conSlil que tivesse tributa-
do admirilção proporcionilda il sua formosuril Cilstíssima, a sua graça nobilíssima, a seu tra to dulcíssimo, a sua caridade sempre exorável, acessível, mais abundante do que as águas do mar e mais suave do que o mel".
A Ima cu lada, os maus' radicais e os pecadores "de me io termo" "E - pergunta - como não haveria de ser assim? Que compreens.'io poderia haver entre Aquelil que eril toda do Céu, e aqueles que viviam só pilra a terra? Aquela c1ue eril toda fé>, purcza, humildade, nobreza, e ilqueles que eram todos idolatria, ceticismo, heresia, concupiscência, orgulho, vulgaridilde?". Como também, de outro lado, que compreensão poderia haver entre "Aqucl,1 que era a fé> levada por uma lógicil adamantina e inflexível a todilsilS suas conseqüências", e ;iqueles que, sem levar emboril o mal a to· da a sua radicillidilde, "renunciando a qualquer lógica, viviam voluntariamente num pântano de contradições'', cm que se mesclilvilm verdildcs e erros, costumes sildios e vícios de toda ordem? Com efeito - pondera o Pruf. Plinio Corrêil de Olivciril - o qualific,1tivo lmilculada dcsigníl "a integridíl· de absolu ta nil fé e na virtude. E portanto a intransigência absol uta, sistemática, irredutível, a aversão complctil" a toda espécie de heresia ou de vício.
"Q ue m fez mai s pe los impios, do que Maria?" Mas - poderia alguém objetar \ili i11tr,1nsigência n,'io se co,1 duna com o amor il0 próximo. Pois este amor
nos levil a c1ucrer a s.1lvação até pa· Til os piores criminosos, p,ua os maiores inimigos de Deus. A verdilde é predsil mcnte o contrário desta objeção. Aq uele que se opõe cncrgic,1mente à aç,\o dos maus, cm primeiro lug,1r defende as ;ilmas retas, que poderiam lraque1ilr sob a pressi'io dos ímpios. Mas, cm segun-
do lugar, com suil oposição intrilnsigente beneficia tilmbém os próprios propugnadores do mal. Pois, ao resistir a eles, quebril-lhes a cmpáfia, e o impulso nos ru--nos da perdição. E isto cria condições especialmente propícias paril quc a graça atue naquelas almas empedernidas. E, sobretudo, o católico santamente intransigente, ílO mes mo tempo re7.a pela conversão dos fautorcs do pecado. Precisamente, Nossa Senhora foi modelo insondavel mente perfeito deste modo de proceder. Com efeito - observa Plínio Corrêa de Oliveira - o afastamento da Virgem Puríssima em rdação ao mundo prevaricador, "ni'io significou um desin teresse pelo mundo. Quem fez mais pclos ímpios e pelos perndores do que Aq uela que, para os Sillvar, vol untariame nte consentiu na imolaçi'io crudelíssima de seu Filho infinitamente inocente e santo?"'
Intransigência frente ao mal : lição para nossos dias Nossa honra, nossa alegria e nossa glória é sermos devotos de Milria. Ter devoç.'io é admirilr, é amar, é procurar imitar. Urge pois que imitemos Nossa Sen horil, quer quanto il seu espírito de or;1ção, quer quanto à i11transigênci;1 dela face ao mal. É este último aspecto que põe em relevo o Professor Plínio Corrêil de Oliveiril, nas palavras finais de s uil vigorosa ilnálisc: ,. A devoç.'io a Maria Santíssima, 110 que de melhor pode consistir, do que cm Lhe pedirmos ni'io só o amor il Deus e o ódio ao demônio, mils aquela santa inteire;,.,'! no ilmor il0 bem e no ódio ao mal, cm uma palilvrJ, aquela santa i11tr11nsigência, que tanto refulge em sua Imaculada Conceição?" Antonio Oum,1s Louro
wssu...uti~-Jn1a<:ula.J.,....C;u.""'~~·outror;,01ltu.1d.1, hojet5,,c•s.1u,,dd,1""cm· •ca1olicism<>"", nº~56. dl'",.cmbm d" 1988
CAT OL ICISMO ABR Ii. 19H<J -
2.1
A
A revisla "Fonune" apresen1ou um balanço das reformas introduzidas por Gorbatchcv, em grande escala, a partir de janeiro de 1988. Essas reformas visariam sanar as falhas e remov er os obstáculos que impedem asindústriasrussasdccncherem as prateleiras, cronicamente vazias, das lojas, armazéns etc. Mais importante ainda, de superar as dificuldades encontradas para alimentar satisfatoriamcme o povo. A ''glasnost'', 1raduzida por transparência, abertura, permitiu que se apontassem, previamente, as mazelas do regime. A "perestroika", entendida como rccstruturaç11.o, consistiria basicameme no abandono da burocracia asfixiante, permitindo que o conjunto das indústrias consignadas na experiência estabelecessem suas meias, obedecendo às leis da livre co11corrência. Ê verdade que as demais estatais teriam prioridade 11as e11comendas e que as próprias empresas integrantes do novo sistema de autoflllanciamemo dependeriam de outras estatais para a obtenção de matérias primas. Mas, ainda assim, esperavase uma diminuição das encomendas estalais dos atuais 1000/o para 70 6/o. Os restantes 30% da produção seriam de livre escolha das empresas. Poderiam produzir o que quisessem para exportar ou vender para o consumo i11terno. * Crescimento - O que se obteve com tais experiências? Muito pouco, para não di zer nada. Em alguns casos, houve piora. A revista enumera alguns indicadores do comportamento da economia sovittica, mostrando, com a neza as cs1a11s11cas que, quanto ao crescimento, parece que haverã este ano au24 -
Pouca variedade de c.1rne cm,1rousucdcKicv
GLASNOST e PERESTROIKA: alguns resultados
ento inferior a 11/o. Nos anos 80-85 não houve crescimento. Em 85 Gorbatchev assumiu o governo, e logo começaram a soprar novos vemos. Segundo o noticiário fczcrer,aságuasestagnadas principiaramasemovcr.Entretanto, como diz John Tedstrom, um economista da Rãdio Libertyde Muniquc, ''nadaindicaqueGorbatchevtcnha sequer melhorado o resultado geral da produção soviética" ("Fortunc", J0-l-89). * Castos - As coisas não vão bem no tocante aos gastos do governo. Economistas da PlanEcon (de Washington, EUA) admitem que o déficit orçamentãrio estatal aumentou quatro vezcsdesdcque Gorbatchcv subiu ao poder, em 1985 . A inflação, tão nossaco11hccida, encontra-se franca mente na faixa dos dois digitos e crescendo até cm muitos preços o 1ciats.: ncc rio dizer que a existência de inflação numa economia
CATOLICISMO AHRlL 1989
cm que os preços stlo "congelados", é muito grave. Turistas ocidentais são procurados nas calçadas de cidades russas para comprar dólares americanos com ofertas até dez vezes maiores do que o dl.mbiooficial . Ou seja, diferença de cerca de 1000%. * Reformas induslriais - No inicio do ano passado, cerca dc 60"1o das indústrias foram obrigadas a adotarem o sistema de auto-financiamento. Assim ntlo receberiam mais dinheiro do planejamento central para produzirem: deveriam fabricaraquiloqucosoonsumidores desejassem. Mas, entre os consumidores está o próprio Estado com sua eoslU-
seq üência, prati came nte 100% das encomendas continuam sendo do próprio Estado ... Quase tudo permanece como antes: os burocratas determinam o que o público deve querer, o que as fábricas devem produzir e o que as lojas devem vender.
tado socialista tem de suprir igualmente a todos. Em con-
zação popular em rel:ição à falência material do sistema
Amargor e "aperto de cinto" Qual a atitude do público face às reformas? As "atitudes do consumidor" observa "Fortune" - são cada vez mais amargas e cinicas. "Uma das conscqüências cola1erais da 'glasnost'
soviétiooeossucessosdoücidente. Na realidade, a 'perestroika' não conseguiu melhorar o padrão de vida significativamente. Por isso, muitos cidadãos sentem-se relativamente mais pobres" (id.,ib.). Mas os males não cessam aí. ''Para conseguir apoio público, a fim de adotar as mudanças de preços que provocarão mais 'aperto de cinto', Gorbatchev redobrou seus esforços no sentido de apresenºtar resultados positivos ao consumidor. Sua maior preocupação é o desempenho da agropecuâria. 'Se pusermos anualmente 80 quilos de carne na mesa do consumidor', disse ele queixandose na reunião de novembro do Comitê Central, 'os outros problemas não seriam tão graves corno agora'. (80 quilos representam um au-
"Gorbatchevplanejagastar 120 bilhões de dólares na construção de indústria de processamento de alimentos até 1995.Gastarátarnbérn bilhões em novas estradas". É de se notar que a revista, especializada em economia, não levanta a questão elementar: de onde sairão esses bilhões? Algumas linhas mais abaixo, entretanto, o artigo menciona, de passagem,quealgunsdesses''bens serão comprados no Ocidente e pagos através dos créditos recentemente obtidos pelos soviéticos - cerca de 10 bilhões de dólares - de bancos europeus e japoneses". Fica claro quem financiará tais reformas: o Ocidente. A esse respeito, Judy Shelton, pesquisadora do instituto Hoover, de Stanford, California, pondera "que iria tan-
negativos
Em Lvov(Ucrânía), fila para comprar poucasmltatas
menco de 27% nos atuais níveis de consumo)" (id .,ib.). Convém notar que a média atualédcccrcade85grarnas de carne por refeição. "Gorba1chcv planeja fomentar o arrendamento com duração de até 50 anos - de pequenas glebas de terra das fazendas estatais a indivíduos e familias. Depois de vender uma parte de suas colheitas ao Estado a preços fixos, os fazendeiros podcrãodispordo resto" (id.,ib.). Hã ai um perigo. Digamos que numa primeira etapa o Estado se contente com 50% da produção, ou menos até. Quemgarantiráquejãnosegundo ano o governo não queira receber mais 10% ou -------20%-;-alegando-.:ompensa más colheitas cm outras regiões? CATOLIC ISMO ABRIL 1989 -
25
Escrevem os leitores
ploosdoiscasosancxos.AProfcssora lris dissc que sc: a direçãodcCA.TOLICISMOdcscjar, poder!! publicar o que QlliSCT das dtJas respostas( ... )· Primeira resposta (alun o do 1° a 110 do 2° grnu): " Co ncordocomaidéiabàsicaretra1ada no artigo que li: os pais de hoje estão acomodados em rdação à ação mal(:fica da telcvisão ( ... ) No entanto faço ressa lvas
fu;~~n~~:i=~ :~::a\ók M• notl da Co ncelçio P . Soa res , Ca metj (PA): Acabo de receber a edição de CATO LI C ISMO de dezembro último, e oom quealegria. Felicito-os por tão grandiosa matfria sobre Dr. Plínio Corrêa de Oliveira. Q ue Nossa Sen hora os recompensccquccsta sejaa primeíra deuma~rie. Anna Maria Corrfa de Me ndonça Coimbra, Sio Joi;t'; do
Rio Prcio (SI'): ... esta eficien-
às coisas de Delis e informado das organizações hllrnanas Qlle s.ão da vontad e de Deus, corno a TFP.
Ferna ndo Anto nio Sabino Co rdeiro, Recife (PE): Tomamos co nhecimento da revisrn CA TOLJCISMO ao folhearmos o n~ 454, de ouwbro de 1988. Achamos mui to interessa mes os temas nela contidos, a55im sendo, gostarlamos de fazer urnaa.ssi natura.
te e esclarecedora revi sta.
S1e plltrso n Hoh. B•l•o Gua ndu (•::Sl: Prof. PlinioCorrêa de Oliveira: Acabo de ler CATOLICISMO n? 456 e convenci-mcdcqucoilus1rcaniversarian tc I:, sem favor, um dos paladi nos do laica10 católico brasileiro,oornumaíolhat};prcssivade scrviçosp restadosàcausa de nosso Deus e de nossa Mãe,aSama lgreja.Congratulo-me oom V. Sa. e louvo o Pai pelo que V. Sa. (: diante dele. Ne~u Augusto 'l'adeu de Ganler Peplow, Curiliba (P R): ... seu 11obili55imo e corajo50 periódico, no meu emender, o único que se: ergue em defesa dosprinclpios daCiviliuiçãoCatólica. I.-.ttma Codho, Co nsc:lhriro bbkte (MG): Foi com inusi tada a legria que receb i a revista CATOLIC ISMO 110 do meu gos10.Estouadmira11doosart igos do Dr. Pl ínio Corrfa de Oliveira, que, qual João Batista da Bíblia, toarautodobcm e davcrdade.Quantoscapren de nessarevista! MarcosdaCosla Ra mos,Tuca no (DA); Venho por mciodcs·- -··abeni1.à-los =lo trabalho desenvolvido até então. Sou um leitor asslduo. Sou scminarista, procuromesmoantea.sdificu ldadcsde vida estar ligado
Josl ll aroldo Nasdmento, P,1111euru (CE): Sou casado com umaassinantedevossomensã· rio CATOLICISMO, por isso resolvemos escrever estas linhas eenviarestepcqueno li vrctosobre Natal. Es1ã sendo vend ido na.s igrejas depois da Missa. Os senhoreii que têm o dom quase div ino de analisar as coisa~. se quiseram para1eceralguma.s critkasaquies!á( ... ).Estou enviando Cd ... para que os Senhores nos enviam um ou doi s mi meros de CATOL IC ISMO de o utubro, n? 454, aquele que fala sobrea.s belezas do Brasil.
Nota da Redação: Recebemos o Jivreto, o qual scrã dentro em breve comentado por esta revista. Vlhil Nogueln - cooperador da 'l"FP, Brasílh1 (DF): A Profcssora lrisMcdei rosfez distribuição gi-atuita de XC!"OX artigo "Pais capitulam sem do luta ante a ação desagregadora da TV", publicado em CATOLJ C ISMO, n? 4~2. para seus alunos e alunas do 2~ grau. Ois• se para eles responderem 50zi. 11hos ou com a ajuda dos pais dandoasi m rcssõcs tamofavorllvcis ou contra a respe1!0 ao mencionado artigo. Vá.rios alunos responderam, alguns com aajtJdado:Spais,comopor exffll•
26 - CATO LI C ISMO AliRI L 1989
ca como u\bua de salvação da huma11idade. Ameii de sermos cató licos,esplritas. cvang(:licos, foz-se ncccssllrio sermos cristãos. Ao falar em Cri stianismo refi ro-me ã csshcia do ensino deJesus,scmascontradiçõesimpostas no correr dos s&:u los, sem magias ,rnitosee ncenações ( ... ) Co mque au1oridadescfa la em visão distorcida da Igreja? A deformação mi lenar que o Cristianismo sofreu, nos diz a História, que foi decorrência da'visãodi storcida'dalgrcja em relação a o Cristianismo( ... ). Voltando ao assu nto TV, se concordo com o fim em si, não querdizer queeuconcorde com os argument os-meio uti liwdos poreiisarevistacatólica". Segunda resposta (aluna do 1° ano do 2° grau, com ajtJda dopai): " ... tforçosorcconhecer quea par dos inúmeros bcnefícios trazidos pelo advcmo da TV, manifestam-se variados enocivosefeilos noãmagoda ~ lulamaterdasocicdadc,afamilia. Isto porque, infclizmcntcagrande maioriadospais tcm amortecidosscusj uizos (... ). E ainda,apardisto,eJtisteapres• sao desenfreada da sociedade consumista na qual vivemos que( ... ) não vacila em derruir valoresmoraiseespirituais,utili za ndo-se inescrupulosamcntc dastela.sdatelcvisaoparaexercer umaaçãodeleto!riaaosbons
costumes e sobre a sa nidade memaldaspcs.soas,fazendoparcccrnormatidadeoqueéanormal, vir1udc o que é vicio e amoroqucébestialidade. Tenho porianto a certeza de que e:s te arrigoéde umaimportància lmparc que seria dc mãxima rclevAncia sua difosão a ummaior númcrodepais,afím dcquescpossacontribuirmais efetivamente para a formação dcumaconseiênciacrlticaquantoao acatamento indiseriminao;to e submisso às mensagens, cmsuamaioriadistorcidas,velculadas pclatclcvisllo."
Nola da Redação: O autor da primeira resposta coloca-se numa posição a-ca tólica, e até anti-cató!ica ao acusar a lgreja dehavcrdetu rpadooCristianismo.Eaúnícabasequeapresenta para sua acusação é: "nos di z a História".Q ual éa "História" que lhe dá fundamento pararnlafirmação, qual o autor, ele não esclarece ... Mas o que importa na resposta t VCI" comoattumapessoacolocada emposiçãocont rãriaàdenossarevista,cntretantoconcorda cornatcscdoartigo emqucstão: "os pais estão acomodados cm relaçãoàaçãomaléfícadaTV". Oautordascgunda reiiposta , embora i;ej a de opinião de queaTVtrouxe"inúmerosbc· ncficios'',sevêcomoqucforçado pelos fatos a reconhecer "éforÇOSOreconhccer"-os mal es da TV, a abdicação da " gra nde maioria" dos pais e a pressãoda"sociedadcconsumista" (pior ainda ta preiisllo dasocicdadecomunisia)contra os valores morais e espirituais. Resta-nos dar os parab(:ns ã Professora ]ris Medeiros por suaali tudeapostólicacinteligente.
--=
- - -- - - - - - --
~ _•
- -- -
O FOTOLITO DO PRESENTE PARA O FUTURO
RU<l 91,godeiro Go"'õo Pei~oto, nº 482 - C,ty Lopo FO!le$:83HO57-260-9669· CEPO5078 ' - -- - - - - - - - - - - - - '
em ação ífl, ~TFPs --ltiM_ J Alerta cont ra e squ ema socia lista espan hol BUENOS AIRES - Denunciando a mais receote iowestidi da revol1.1Çio socialista em e1,u la murnfül, qlle cons.iste na impfanuçio gradual doest iloautogestionãrio emtodososaspectmdavidadeumpais,aSociedadeArgen-
tinade Def=idaTradiçâo, h mítiaePropricdade eu.i promovendo a divulgação de uma sintesedolivro"E$f!anha - anestesiadascm o perceber, ;imOf"daçadasemoquerer, CKtra-
viada s.em o saber", publ icada em Madri por
ticiada pelos ó.-gãos de impn:n$3. ora com im· parcial idade,oracommauhumor . "Em nosso pais - salienta aTF P argenti· na - os mais altos dirigentes do radicalkmo e do peronismo também têm mar,ile)udo emmuitnoclliõesaintenç.iodelev.iraca· bo uma revoluçiocultura1eautogestionária. "Arevoluçãoculturalcriaumaenuuzilhada sem alternativas. O u a sociedade argentina reage, ou aceita a condição de sitirna anenc· !.iada, amordaçadaeextnviada,ficandoilmer· cê das tCCnicas de p!Kocirurgia po~licll. É vi· talqueos argentiroosnão aceitemo tristep;l· pcl doinfe1it paciente desta subrepticiae U · sombrosarevol ução" .
TFP-Covadonga. E nio~ a síntese. mas o próprio livro -
que demonsu·1. com base em farta documentação. como essa revolução vem sendo posta em pdtica na Espanha - est.i :;endo colooda ao ilkarice dopüblico pela TFPargentin,1 A campan ha, que tem repercutido amplamente nn principais cidades do país e conta com a par1icipõ1çâo da fanfarra formada por jovens coopendores da entidade , vem i.endo no-
Mais um não calegórico a filme blasfemo Ofilmc"Jcvoussalue,Marie".cujaprojeçãohav iasidoantcriormcntcproibidapclasau1oridadesbr.i!.ilcir.is.comcçouh.ápoucoaser projetado num dos cinemas da capi1.il p;iulista Solicitado pcb imprensa a manifcsw·se sobre
o assunto. o Prof. Plínio Corréa de Oliveira voltouacxi)<"cssarorepúdiodaTFPacssapclicula nossegu intcs1ermos "O filme é indiscutivelmente blasfemo, e muito gravemente blasfemo. Em conseqõência, ele agride .i TFP nos próprios fundamentos dela. Poisnossaentidadebaseianosensinamcntos tradicionais do Supremo Maginério da Igreja toda a sua doutr inação e toda a sua atuaçiosócio-cconómica. "Ass.;m, entre cla e o filme h.á urm colisão p;1ten1e.completaeinsanável" . Quanto aevcntuaisj)<"otestosdc rua contra o filme, ponderou: ''Épossivclquetaismanifestaçõesocorram no~l.comojiaconteceuemoutrosp;ii· ses. Delas!Uopartitip.ará.porém.aTFP. Pois NstafUqui:cbp;1rticip.assep;1raquequalquer episódioinesperado.queentioocorrcsse.suscitasse explorações publici tárias ruidosas. rid icubs, cnquanto ta isnocivas para a pr ópria luta anti-Godard "De explorações. dessas tem o público p;1ulis1aexemplorecente" .
CONSTRUTORA
ADOLPHO LINDENBERG S/A
INCORPORAÇÕES - PROJETOS E CONSTRUÇÕES RUA GENERAL JARDIM 703
so • 7° ANnAASS
SONE 256-0411
SÃO..EAI.JL()__ ~
CATOLIC!Srvro ABRIL 19/J!) -
27
\
A indiferença em face d e tal cena é impossível!
U
MA PESSOA de nossa época que. na poélica imagem da Sagr<.1da Escrilura, tomasse "as as.."ls da aurora" (S1. 138, 9) e
voasse até o mais alto dos Céus. que reação leria se se visse de rcpen1c colocada a 11le uma cena como a que ilustra es1a página? Entusiasmo? Ódio'? Alraçâo? Repulsa'? Só uma coisa é ce rta : cl.1 não poderia permanecer in diferente. Pois há momentos na vida de um homem cm que ni'io lhe é dado ficar no meio lermo , Ou ele se alça aos pin6cu los do sublime ou ele afunda no pânta no da traição . Exemplo típico foi Pôncio Pilatos. An1c
o Jus10. nilo lhe foi dado ficar indiferente como era seu desejo: acabou por condcná-1O Assim , os espíritos hoje cada vez mais raros, penetra -
dos pelo senso católico, pelo amor de todas as hierarquias retas. pelo verdadeiro sentido da humildade cristã que consislc cm admirar de toda alma aquilo <1ue nos transcende e é digno de louvor. esses cairiam de joelhos. extasiados an te o esplendor desta cena. Em seu coração, se não com seus lábios, exclamariam : "Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos exércitos" e para sempre bem-aventurada a Mãe Santíssima de Deus. Outros haveria ~ e é de se temer que fossem muitos - habituados a refocilar-sc com gosto na impureza ou na vulgaridade. espíritos igualitários que odeiam toda superioridade. que não suportam o esplendor e a pompa das coisas santas. Tais esplritos sentir-se-iam heterogêneos cm relação i\ gra ndeza da cem1, odiá-la-iam. e contra ela se revoltariam . O primeiro a agir assim foi Lúcifer. Colocado. talvez. ante cena semelhante a es1a, preferiu os horrores e as baixezas do inferno a viver em melo a tanta magnificência. num quadro tão gra ndioso, no qual e le não ocupilva o centro .
A iluminura que aqui reproduzimos é do célebre livro de orações "Les Heures d'Étienne Chevalier", de Jean ·ou uet séc. XV A cena é esplendorosa. O que mais impressiona primeira vista são as cores: o azul profundo, o dourado
luminoso, e outras ainda. Alémdeumaluzbrilhanleesuavequeseesparge por todo o ambien1e a partir das Três Pessoas divinas. Fica-se maravilhildo! Éumarepresenlação magistral. Imaginada pelo autor, da contemplação da Santíssima Trindade. cheia de adoração, a c1ue se entregilm os anjos e santos do Cé u. e do louvor gaudioso que prestam a Nossa Senhora . O trono das Pessoas divinas. de trés lugares iguais, é todo de ouro resplandecente com dosséis góticos exímiamente trabalhados. Dois serafins esvoaçam e m ambos os lados do trono, enquanto dois o ulros, com forma s de leões alados, mantêm-se imóveis embaixo dos dcgrnus Nossa Senhoril tem seu trono coloc11do em posição kiteral, à direitil da Sanlíssima Trindade, com dossel rne· nos sunluoso e um degrau abaixo do trono divino. Sobre a cabeça ostenta a coroa que recebeu no Céu. Fou· quet nmresenta aqui a imensa dignidade a que Ela foi elevada, a onipotência suplicante de que foi investida e sua qualidade e)(celsa de Rainha do Céu e da Terra, tõo acima das demais criaturas. De modo que Ela nos pare· ce mais próxima da Trindade do que dos anjos e santos, assim como. ao olhar a lua, vemo-la mais junto dases· !relas do que de nós mesmos. Os anjos - como também os santos - <1ue circundam os dois tronos s.'io tantos que chegam até os bordos da iluminura, significando-se assim o número imenso deles. que se estende par3 illém do que a vista 1>0de akançar e o quadro conter . A diversidade das posições exprime os diferen tes mé· ritos, enquanto as ves1es mostram a presença de bispos. reis, religiOsos e religiosas. leigos. etc . Tudo islo faz lembrar as impressionantes revelações feitas ao Apóstolo virgem: "Ouvi uma como voz de muitas multidões no Céu. que diziam: Aleluia: a salvação. e a glória e o poder são devidos ilO nosso Deus ( ... ) E oulra vez disseram : Aleluia (. .. ) E ouvi umil como voz de grande multidão e como o ruído de muitas águas e como o estampido de grandes trovões, que diziam ( ... ) alegremo-nos e e)(ultemos e demos-Lhe glória" {Ap . 19, 1-7). "Apareceu no Céu um grande sinal: ~ma mu-
Af01LJCliSMO N'.' 46 1 - M11io ,le 1989 - Ano XXX I X
e/ernamentedividindoesubdMdindo a porção já explorada de seu território, mediante uma Reforma Agrária socialista e confiscatória - resolvalançarsecom coragem e inteligência à ocupação de seu imenso "hinter/and" amazônico. lsto não impedirá, éclaro, que se preservem espéâesanimaisei•egetaispr6priasàregü1o.
GUERRA NÃO DECLARADA DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS Os Estados Unidos mos· tram-sesurpreendentementegenerososquandofornecemdinheiro aos países comunistas. Estes podem obter créditos sem prérequisitos e para fins gerais, o que não se verifica conosco. Comefeito,enquantoexige muitas vezes, das nações amigas-ajustotítulo,valedizcr - quecontenhamseusgastos (principalmente das onerosas e inúteisestatais),oGovernonorte-americanodemonstradesconcetantecoridescendênciaem faceàsdesastrosasefalidaseconomiasdoblocosoviético,concedendo-lhessempremaisauxí!ios, em condições favoráveis . Agravante: não poucas vezes taisdébitosmalchegamascrsaldados! O comunismo serve-se de tais vantagens tão-somente para prolongar sua tirania sobre ospovossubjugados;eosEstadosUnidosapcrtamassimoslaços da opressão.
so pulmão''. Assim, ao contrá· rio do que intentam inculcar, com grande alarde publicitário, correntes ecológicas, o mundo não morrerá por falta de ar, caso o Brasil - ao invés de ficar
UM FAXINEIRO SENSATO ...
AMAZÔNIA NÃO É PULMÃO DO MUNDO
Em emrevista u "l 'Osserl'a· tore Romano'', o novo f}residen· te da conceiruadíssima Academia Pontifícia de Ciências, Prof Giovanni Banis/a MariniBeflollo, comentou o desma1ame1110 da~- grandes bacias flu viais do Congo e da Amazônia. Eis suas palavras: "Não está - em-jogo·(rt0"t'tlSO)·o-ronlrib1110 f)(lra a fixaçrlo do bióxido de carbono", ou seja, a liberaçrlo de oxigênio, pois "os mares represemam 90 por cen/o de n0.\'· 2 -
Entre 1965 e 1975, durante a guerra do Vietnã, morreram 13 americanos por dia; no Líba· no - pais flagelado por uma tuta crônica e interminável - , houve 22,2 mortes diárias, em média, de abril de 1988 a janeirode 1989.
No Rio de Janeiro, a contar apenas os primeiros dias de abril,houve 107 mortes,ouseja, mais de 17 por dia. Moços e velhos, pobres e ricos, bandidos e inocentes são dizimados a qualquer hora, nos locais mais diversos da cidade, mesmo nos de maior movimento. Também em Sao Paulo as estatísticas assustam: nos primeiros dias de abril, registra· ram-se42 homicídios misteriosos na cidade, além de inúmeras agressões vio lentas, a tiros epau!adas. "Opioréqueultimamente oscrimesnãotêmmotivo'',observa uma escrivã paulista da Divisão de Homicídios. Quem nãovêesgarçar-sedestaforma, otecidosocial,apontoderompcr toda sua contextura, fazendo-nos imergir numa nova barbárie?
NOSTALGIA DÃ LUCRO Com essas irreverentes mas suges!ivas palavras, a revis1a no rte-americana "Newsweek" procura descrever a intensidadc do sentimento popular húngaro e austríaco relativo ao passamento da legendária Imperatriz Zita. Aproveitando de modo meramente comercial e muitas vezes vulgar tais anseios, os técnicos cm publicidade julgaram fazer bom negócio apresentando à venda objetos evoca· tivos da dinastia Habsburg, como cartões-postais do lmpc-
~::â:
1
t~~~~ !~:n~\~~~~/~:\~ ~i~~~!:~ªJ/a~i~~;;~j;,1~~1~~~ É-l::1men1ável-o -tom- poueo-digno-prc.sente-em-algumar dessas rna11ifes1ações, próprias ao ambiente moderno. Mas não se pode deixar de constatar qu.into elas significam como recouhccimcnto da autêntica e robusta popularidade da tradição.
C ATOLIC I SM O MAIO 19H9
Para que serviria um monte de manteiga amassada deixado em uma das paredes da Academia de Artes de Dusse/dorf? Certamente foi o que se pergun/ou o fa xineiro do estabelecimento, antes de f}raticaro ato de e/ementar bom senso que con· sistiu em jogar ao fixo uma "obra de arte" do alemão Josef}h Benys, morto há três anos. O funcionário não {}ode· ria imaginar que aqueles 2,5 quilos da "melhor manteiga alemã" constilufam uma valiosa escullura e que, ao jogá-la fora, estava criando uma disf}UW judicial. Agora, o governo da Renânia do Norte- Westfàlia lerá de {Jogar a Johannes Stuettgen, discípulo e herdeiro de Benys, 111110 indenização de 40.000 marcos (USI 22.f)()()J comoressarcimentope/adestruirão da indecifrável obra de arte moderna. Levado às últimas co11Seqlli:llcias O princípio de que 1 'J:1Lfi:._ são emocional subjetiva, (flli'//1 poderá imf}e<Íir que se chegue a disparates do gê,wro?
-
,(.ffiJ AfOUCftSMO
\~
SUMÁRIO TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO Visão panorâmica da TL - um movi me nto intern acional articlllado:
Assestando o foco nos pontos nevrálgicos
histórico, apoios episcopais, ram ificações, relação com a subversão. Sua doutrina é uma perversão da mc nsagcmcristã, sendoapcnasapa-
rentesasdivisõcsinternasqucapresenta..
.4
TJ.l 'sEMAÇÃO Atuação da TFP uruguaia: fator prepo nd erante da vitória antiterrorista e anti-esquerdista no plebiscito de 16dC' abril último ..... . .. ...... 13 RELIGIÃO
São Fernando de Castela, a combatividade a serviço da Fé . ..... .. .. 15 EDUCAÇÃO
Proposta da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo aspi ra unir aos trabal hadores os loucos e os criminosos, nu ma frente única contra o capitalis mo .......... . .. .. ........ . . 17 Ml5TÓRIA
Para comemorar o bi«ntcnário da Revolução Francesa, uma nova historiografia evita o pon to ce nt ra l do acon tecimento: a divisão ideológica ...... ............................ ..... 18 INTERNACIONAL Os magníficos funerais da Impera-
triz Zita fazem rev iver aspiraÇÕeS
A
G LASNOSTe a pcrcs1roika gorbachcveanas continuam os grandes acontecimentos da poli1ica internacional. Nas últimas semanas a publicidade se diri giu sobretudo para a escolha de l. SOO dos 2.250 represcntan1es que const ituem o Congresso de Deputados do Povo. A estrela das eleições foi Boris Yeltsin, veterano dirigente comunista içado à condição de símbolo da democratização sovié1ica e grande advcrsàrio dos "imo bilistas". Elegeu-se deputado com uma surpreendente percentagem de 89,4% dos votos, fazendo surgir variadas especulações sobre os futuros rumos da po lítica soviética. Quanto ao povo, a si1uaçl'io parece ser diferente. Abalizadas informações fa. 1am de a patia gcnerali1.ada, alCm de um certo mau humor da população com a deterioração da jâ péssima situaçã-:> econômica. Sc1cnta a nos de perseguição, desagregadora dos grupos sociais naturais - sobretudo da família - e de ga rroteamcn to da normal expressão das idéias, teriam criado em largas fa i,,;as da população um tipo humano abúlico, bastante resignado ao micro-consumo e habituado a uma tosca vida de pensamento. Esia faixa, provavelmente majoritária, está-se mostrando até agora refratária aos est[mulos aber1uristas da nova politiea russa. Os setores "imobilis1as" temem, entretanto, que ela se possa mover, a partir de um certo mo mento, nu m rumo perigoso ao regime. A nova feição da Rússia, jâ discretamente anunciada por Gorbachev em alguns pronunciamentos, se n?io empolga o povo russo, tem condições de embair o Mundo Ocidental, bombardeado por maciça propaganda a favor do " new look" sovié:ico. E assim acelerar o processo de convergê ncia entre os dois mundos, feito sob a alegação de evitar a guerra e com o objetivo de, unindo-os, tornar mais igualitário o Ocidente e mais liberal (ou menos tirânico) o Oriente.
de glórias passadas . . .. .. .......... 24
Uma das questões nevrálgicas para o sucesso da convergência é a posição que tomará diante dos fato s o clero e o laicato católicos. Sem que haja de importantíssimos setores religiosos um claro favorecimento ou pelo menos a ncui;:;:. tralidade benevolente, estes objetivos fundamentais do movimento socialo-comu=T~;'!'.1;= TalW1lll Rqislnnista correm seríssimos riscos de fracasso. Percebe-se como é funda mental palWoçl,o: ... Martim r ,_..,,.,, 6'S- Ol22'- SI<> ra as forças revolucionárias o t rágico e dissolvente processo de con1cs1ação intra~~P~ R.. XI< <k XI~ 202 - l:1 1110 eclesia l, a tualmente cn1 curso. Nele, jogam papel destacado as correntes que se l:..fo<b:~ .. Mar1i.,F,H>cloto,66l - Olll6 - S.O articula m cm torno à Teologia da Libcrtaçlto. & .,~.,...,. 1,.,nm'' Catolicismo" apresenta nesta edição um amplo e revelador estudo a res pcito. O trabalho expõe as origens doutrinárias e históricas da TL, decorrência [6gica da radicalização dos erros liberais e modernislas, sua expansão e meta mo rPoro-a.aç:,<1<cader-oço1 - . . - ·- foses nos últimos 20 anos, e a fisionom ia que aprese nta hoje. No âmbito cclcsiâstico, a atuação da T L 1em uma constante: ati vo fat or de contestação e desagre· R111 Monioo t",ando«>.66l -Oll2'-S.O P,ulo.SP ac:'lo. No tcmnoral outra: "comnanheira de viaeem" solicita, e por vezes deci~"[':~::·:~=:::m,;_,-e_.--fT"'siv","',e._, s,=""";,"" 1m"',"' ,,."'ee'-'m"'p",'ê'isc-' ,""""' ,•"' 1ic"'o,"',"êdo"'"",o"',;"m"'eo', o-',"om " ',"' m'-' ·st-",."'-'""-='----"CATOUCISMO" é uma pubticaçto mfflW
:!;',~:,
:'::'~!"onlts Lida.
~~-=~:.:;J;\~~;;,i.~;~; ==~'=:"J.~;:,",~t.t!~"" ' ~~:611,~ ;'!";;,;:,;:
=~'.":"'.::."':::.".:,~
·:"'~
CAT O LIC ISMO MAIO 1989 - .'J
_,a•ts•@c·1-c·1emar1c-1w·1•
Arevolução em nome do Evangelho A
OPINIÃO pí1blica nacion1d assistiu - s urpresa e pan11lisada - a um súbito e inespen11do progmso cleiloral de cer1a es.i uerd a , nas eleições municipais de novembro. Progresso, dig a-st' de passai:cm, bem mais modeslo do que alarde-iam e querem fazer crer os meios de comunicação , de modo i:ernl, e que se dc11 eu mais à di11ísilo dos :id11erd rios do que ao pró prio desempcnho.(Cír. Pliniu Corria de Olivein11, " Ascençio das es11uudas: mera fanlasmago ria .. , Folha de S . Paulo, 16 e 19/ 1/ 89). Seja como for, niio deixa de SC'r verdade qu e a esquerda encarapilou-se em prefeíh1ras e rimaras municipais de 1rês capitais e mais algumas r idades ímportanles. O que so bre1udo chamou a a lençiio do pÍlblico , que se tra ia de uma esq uerda diferc11te. embon11 a maioria d as pessoas não saiba di7.er exalamenlt no qu ê. Na wrdade essa nova esquerda se professa man isl , SC' prodamu soâalis111, prega a Ili/a dr l'lu~·scs, <1uer a abolição da propritda d t pri'l'ada e não rejcila o emprego da vioJê11da. T udo eomo a n/ha esquerd a comunisla orlodoxa. Ni o obstante , lodos sentem. é uma esquerda difercnte. Seu discurso lem algo de"º"'º· tão dh·crso du retórica melálica e sem vida do velho e unêmico PC H. como
Teologia d a Li bertação (T L) completou há po uco 20 anos de existência. Com efeito, a ma ioria dos auto res considera que seu nascimento "oficial " ocorreu na 11 Assem bléia Geral do Episco pado Latino-Americano, reun ida cm Medcll in (Colô mbia), em agos to -setembro de 1968 . Q ua l o saldo d essas duas décadas d e a ti vidades? Um balanço sumá ri o 111 os1rará qu a is os avanços e recuos, triu nfos e derrotas, expansão e retrocesso dessa correme, de suas origens até nossos di as. A extensão do te ma não permi te a pro fundam entos, mas tão-só rá pidas pinceladas .
Movimento organizado
A TL é não ape nas uma dou tri na e um a corrente de pensamento, mas ta mbém um movimento a rtic ulado, -----ae caráter mtern acio na, reumn ricos e ati vistas que se propõem transfor ma r a Igreja e a sociedade no sentido igualitár io visado pelo comu nismo. 4 -
CAT O LI C ISMO MA IO 1989
lambém da de seu irmiiu sl·parado, o neurastênico l'C do H. E é justan1enle nesse algo 11ue es hi a cha ve do enigma t o ,·erdudeiro perigo. Para dizê-lo cm duas palavras. é a moti'l'açifo rrfigiusa que eonfere alguma audiência a essa novaes11ucrdajun10 11 selnres da populuçiio mujorilariamenle cutúlica du País, sempre refratária à preguçiio comunisla e:i.:11líei1a dos 11nliquados PCs. Em úllíma análise. a força preponden11nte, e a mais dini mica, a mais de se lemer, dessa"º"'ª esquerda IIOlilicopurtidária é a velha csq11crda catõ/ica, em sua roupa11.e111 111ualiz11da, a 'feoJogia da Libt•rl!lfíiO, com su:1 lr111,11 de clw,,11e, as Co munidades Eclesiais de Base - ci:m·.
Teologia da Ubcrlação .. . A exp ress ão não é eslranha. Quase todo mundo ou'l'iu falar del a. Mas quem sabe e...:ala mente o qu e é? De onde veio? Para onde vai? O 11uc qu er? O que faz? Ncsle a no a ·1·t a linge a maio ridad e - 21 :rnos - se se considerar, como o fazem muilos a utores, a reunião
BALANÇO de 20 ANOS Luis Sérg io Solimeo Esse movi mento teve como precursora 11111a corrente eu ropéia, globalmente conhecida po r Teologia C ritica , composta de várias vertclltcs do pensamento teo lógico pro testan te e católico, cm voga nos a nos 60: Teolngiu d11 Espernnça (M ol1man n, protesta nt e, alemão ), Teologia Política (Metz, católico, a lemão), Teologia da Morte de Deus (Ro bi nso n, proteslante, inglês), Teologia d11 Revolução (Co mblin, católico belga residente no Brasi l), e outras. No começo dos a nos setenta, os teólogos da li bertação convergiram para nr<..--r!st!lurpa r11.rsoci1di mo, surgid o no C hile durante o governo marxista de Salvador Allcnde . Seus p ri ncipais coordenadores foram os sa-
ccrdotes chilenos Gonzalo Arroyo SJ , Scrgio Torres, Pab lo Richard e Ronaldo Muiíoz. Ent re os p rinci pais ideó logos desse movimento d estacavam-se o s padres G ustavo G ut iérrez (peruano) e Mugo Assmann (brasileiro), apo ntados como " pais" da T L. Outras figuras d e proa eram o Bispo de Cuernavaca (México), D. Sérgio Mé-ndez Arceo, e o sacerdote salesiano Giulio Gi rardi (i taliano). Enco ntros cm nível in ternacional for am realizados cm Sa ntiago do Chile, El Escoria l (Espanha), Cidade do México, Dc1roit (Estados Uni-
~),iiuebetj€an~á,~.- - - - Na segund a metade dessa mesma década de setenta. por iniciativa do Pe. Sérgio Torres (ex ilado cm Nova
do episcopado lalino-americano em Medellin (Colôm bia), celebrada cm meitdosde 1968, como seu nascimenlo oficial. A ocasião é oportuna pan1 um balanço. ··Ca1olicismu ·· aprrscnta ncsla edi\·iio um relruspetlo da TL desde suas origc ns até nossos dias - " Balanço de 20 anos" -: seus avan,·os e rcc11os, vitórias e derro1as, apoios e reações; e prMura responder à pergunta 11ne II todos interessa: 1111al o seu ru1uro? P11ralelamenle,1ra\:aumesboçodc sua do111rin11igu11lihiria e revolucionária - "Negllçiio da 1-"é rris1ã" - estranho e conlnditório amálgama de elcmt•n/os biblieos rum o materialismo histórico e dialético do marxis1110. o 111ml tem por for\'.11 propulsora a /Ilia tlc clusse~·- Fieu a110nt11do 1a1nbén1 o papel insubs1i1uível dos moderados, esses elernos adoradores do meio-lermo e da ambigüidade. inimigos de Ioda reaçiio. 11ue não qucr,m de forma a lguma frear o carro 11ue desre a ladeira, mas Ião-só diminuir•lhe (como?) a vrlocidadc. E que sempre - a Hislória o tem demonslrado - acabam por ajuda r os avançados a atingiA matéria é da ma ior oportunidade para quem c1utr en1endcr o que se passa no País (e, 1!111 a lgu ma ml!dida, no mundo). níio só na esfera rdi~iosa. seuiio lambém na polílica. na social e alé na econômica. Pois em Ioda.~ elas está presen1e - em sua ven;iio moderada o u avançada - essa nova esquerda, difercnle no tom e n11 linguagem, mas ,a final é a mesma do comunismo russo, chinês uu· cubano. Hasta olhar para a Nicarág ua!
York após a queda do governo maneista de Allende), foi criada a Associação Ecumênica de lcólogos do Terceiro Mundo - ASETT. Essa associação agru pa representantes das três Américas, da Âsia e da África e tem pro movido reuniÕl!s internacionais de teólogos da libcr1ação ora na África ou na Ásia. ora nas Américas. Seu encomro mais im portan te foi o IV CongrõSO lntrrnarional 1-:C-umênicodeTeologia, realizado em 1980 t'm São Paulo. Por ocasião desse congresso realizou-se a famosa Noile Sandinisla no auditó rio da Pontifícia Universidade Católica, na qua l teólogos da libertação, bispos, sacerdotes.rcligiosas,agentcspastorais e integrantes de Comunidades Eclesiais de Base - CEBs comemoraram com guerrilheiros sandinistas a tomada do poder na Revolução na Nicarágua.
Respaldo episcopa l
1,;,lll'f! umn i,ingf'm " OH lrtl II ll,wa,111, Mo..,.,,., ou l'equi111, 1"r.?i 1/euo ninda r11ro11trn rempo /J(<ffl OS&<l$Wrllr /J()/i/icos de cJfj uer,fo. Nu foto, de 6c11/o1, com o vi<:e-11rrfci1<> de S,fo l'uulo. l.u/1 f."iluor• do Greenhn lgh.
de comunicação têm prodigalizado ao movimemo e às a tividades de seus próeeres. Mui1 0 mais importante. eo111 udo, para a grande propagação da leologia da Libertação por toda a parte. é o apoio que vem recebendo de numerosos bispos, por vezes de Con ferências Episcopais inteiras (como ocorre no Brasil, com exceções). Em nosso pais, a CN BB se a rvorou cm paladina dcs-
Expan soo da TL Nouaoopa Põe em foco a sessão de enn-rramenlO do 1:,.,-.ontro wbre 111()/ogia do f.i.
bertoçilo,1ramcorrid11nolli112411ejaMiro tíltinw, na igreja ife,Slw DomUlr , na bairro diu Perd~s (São Piwlo). IJí,euna o Canlen/ Am1. TomWm fizeram uw da /J(l/ovm lu/o, 1-'rei
&JJ e frei tktlO. f:nlre o 11ríb/ico /WIO•
oom-$1l 1,áll-0.! tcólog~ da /iberroçii.o tie IJllÚf!S hi,pan.o-american01. Na oca-
sião, fo i lançada of,riafmentea lhie '°'Teologia e Uberroção"' - conjunto
-
sa corrente cm face das medidas restr i· tivas do Vat icano, por si nal bem moderadas. Sem esse respaldo episcopal. as do utrinas da TL não se leriam infiltrado nas publicaçÕl!s católicas, nas aulas dos scmin:'Jriose un iversidades, nas pregações das paróquias, nas reuniões das Comunidades Eclesiais de Base, na atuação dos órgãos de pastoral.
làis encontros eomribuiram em muito para a considerável expansão df'lll'ro,sobreadoutrinaeaaluaçào quc....a...IL.cru1t1cCC1..LI1.cs.sas_~ ~uu.d.a...i:aláli.ca...uura das de existência. fãa do Hrmil e ,la Amérioo hi&pânica. Outro fator dessa difusno foi a am(Foto llro,w Sa ntarelli) pla cobertura publicitária que os meios
Conhecidas editoras católicas, como Vozes e Paulinas (B rasil), Orbis 80o ks (Estados Unidos). Sal Tttrae e Sludium (Espanha) , e muitas o ut ras, inclusive protestantes, têm contribuldo poderosame nte para a divulgação e popularização da T L. De maior alcance é a presença de teólogos da libcrtaç11o cm sem in:'Jrios e universidades católicas, uma vez q ue atinge n1 os futuros sacerdotes. Para mencionar tão-só algu ns nomes mais representativos, J,' rei Leonardo Boff leciona no Instituto Toológico Franciscano de Petrôpo11s; trel uocrnv s uorr,- ~ depois de ensinar durante anos na Universidade Católica do Rio. lcriona atualCATO I .IC I SMO MAIO 1989 -
5
(há quem fal e em 1.200) e inúmeros leigos, pres1a suporte logis1ico e de intendência para o Novo Exé rcito do Povo, brnçoarmado do Partido Comunista filipino, o q ual há anos cnsangücnta o arquipélago. Ca usaram es panto as declarações do Cardeal Sin, Arcebispo de Mani la, nos inícios de 1988, de que, d ura nte anos a fio, o Novo Exército do Povo recebera milhões de dólares por a no da Igreja Católica (através do Departamento de Ação Social, o rganismo do episcopado da<1uelc pais), para a compra de arma111cntos. Não é de est ranhar que, lambém ali, como na América Central , sacerdot es se tenham unido à guerrilha comunista e 1ombado cm meio à lurn armada. Tol o caso do Pe. $antiage ~.;,l as, :ilistado no Nóvo Exército do Povo cm 1976 e morto anos depois.
da e incentivadora da subversão comunista. Em paises da América Central, 1eólogos da libertação e mili!an1es das CEBs não se comcmaram com apenas apoiar a guerrilha comunista, vindo a par1icipar ativa mente da lu1a armada. E vários sacerdotes mo rreram a li de armas na mão, entre outros o Pe. Ga rcia Laviana ua Nicarágua, o Pe. Graneis Carne)' cm Ho nduras e o Pc. Rmilio Grande em E\ Salvado r. Na Colôm bia, o Pe. "Camilo" López juntou-se ao Exército Nacional de
O 11<:rwrrw /',•. Gu.< lut·o G.. 1ierre: é rnu , idc-
mdo o "1u1i " 1fo 'leologio ,fo Ubcrtm;iio. Ao lodo. o d,il,mo /'1,/,/0 Riclwrrl, ""' ,lo, fimdiuforeJ rim ··Cri.•flim /Horn o Sociufomo'', 1onwu-1e vt"dete deuu tculus iu .
mente na Faculdade de "Teologia da Arquidiocese de S!lo Paulo, o nde também dá au las l' rei Gilberlo Go rg11. · o Pe. JoséComblin lecio na no lnsit uto ícológico da Paraíba: o Pc. J.IJ. Lihílnio deu aulas na PUC do Rio de Janeiro por vários anos, ensinando agora no Instituto lcológico dos Jesuítas cm Belo Horizonte; e assi m por diante. Além de toda a ex pansão que obteve na América Latina - o continente católico por excelência - a T L penetrou nos Estados Unidos (principalmente emre os hispanos), na Ásia (Filipinas e Coréia do Sul) e na África do Sul. Convé m lembrar que a T L não é especificamente católica, mas " ecumê nica ", reunindo indistintamente católicos e pro1cstantcs na admiração pelo marxismo e na aç11o cm prol do comunismo . Da T L têm saido algumas varia ntes que utili7.am o mesmo método e participam da mesma luta peta implantação do socialismo: Teologia Chicana o u Teologia Mestiça (Esrndos Unidos); 1Colo-gia Feminisla (cujas origens também remontam a esse país, e que se es palho u J>Or quase todo o mu ndo, inclusive pelo Brasil); Teologia Negra (Estados Unidos e África do Sul); 'ICologia Minjung (Coréia do Sul). -
Co n sc ientizaçõo. invasões . saq u es
Libcnaç11o. comunis1a . Na real1lblk ele não se chama ··Camilo"". ma5 adotal prcnoml' l'm homenagem ao Pe. C;unilo Torres. mono cm 1966 n:1 guerrilha comun isla. Declara o Pe. 1.6pez: ··Cristo é o primeiro do~ rcvolurionários. E se a Bíblia e o fuzil es1tlo unidos na Colômbia. isso se ckvc ao exemplo do Pc. Ca milo ·1orrcs, que aa a luz para a Colômbia". Luís Loz,ida. co1mrnda111c de Pc. Lópcz, cnaltcrc o serviço prestado 1>0r esse sacerdote i1 guerri lha conwnista: "Graças 11 ele, os camponeses estão convencidos de q ue nós n;lo somos nem ateus ne m canibais, como acusam os reacionários". Nas longínquas Filipinas, único pais asiát ico de população compactamente ca1 ó lica (como se recorda essas ilhas foram colonizadas pelos espanhóis), os partidários da TL chegara m igualment e às ültimas conseqüências de sua doutrina. Em 1972 o Pc. Edicio de la Torre, da Congregação do Verbo Divi-
Se cm o ut ros países os sequazes da TL ainda não chegaram a1 é a guerrilha e a luta armada, ela te m sido, cn1retanto, a inspi radora de invasões de 1crras, saqucs,agit;u;ão1>0li1 icae social. Assim, no Brasil , a Teologia da Li bertação, através das C EBs e das '' Pas10rais" (C PT - Comissno Pastoral da Terra, C lMI - Conselho lndigenista Missio ná rio, Pastoral da Saúde, Corniss11o J us1iça e Paz, etc. ), tem scrvi-
lO U
+-.-..+e-S-,~~- - - - + - -
fb-8-6U0v-er-sêG- - - - +no;-fundou"1Jm.-rorgani:r.ação-dandestc-· na , os Crislãos para a Libertação Na-
Nestas duas décadas de atuação, a TL tem-se mostrado uma grande alia6 - CATOLICISMO MAIO 1989
cimrnl . Essa organi zação, formada por u1n número muilO grande de padres
frl'i C,.,,/oL·is /Wjf ,.,; o /1 ci,w de /)eus ,w resime oomu,.is1" du füiJJiH e no de Culx,
do de instrumento de conscienfri:!içiio, isto é, da tra nsfornrnçlloda mentalidade de pessoas simples. Por meio da atuação concreta em movimemos reivindicatórios, com motivação religiosa desviada pela doutrina igualitária da TL, boas donas de casa, camponeses e operários se têm transformado cm rcvoludonãrios eivados do espírito de luta de classes e de lcndências socialistas. Seos partidos de esquerda têm apresentado algum progresso eleitoral cm nosso país (o qual, de resto, é bem menor do que a imprensa e a TV propalam) tal se deve em larga medida à atuaçi'lo dos teólogos da libertação. Em algumas regiões as CEBs e as "pastorais" conscimcm a espinha dorsal dos partidos de esquerda. A agitação rural promovida pela CPT tem assumido formas que, cm muitos casos, ni'lo estão longe da luta armada. Basta lembrar as "operações pega-fazendeiro", realizadas por membros das CEBs da Prelazia do Acre e Purus. Nesses connitos de terras muito sa nguejà foi derramado.
populares, feroz ditadura, é apontada como sendo modelo e meta para onde devem tender os demais palses da América Latina.
O Reino d e D eus ... no comu ni s m o Os teólogos da libertação transformaram-se nos grandes pregoeiros dosocialismo, nos arautos do regime comunista, identificado por eles co111 o próprio Reino de Deus. As viagens que vários dentre eles - como Frei llelto, Frei Leona rdo Boff, Frei Clodovis Boff e O. Pedro
CRISTIANOS
Ni ca rágua : a TL no poder
A revoluçi'lo subversiva promovida pela TL jã conseguiu uma vitória significativa, que foi o !Tiunfo do sandinisrno na Nicarágua. f'oi ela, através das CEBs sobret udo, qoc arregimentou os militantes revolucionários, conscient izou-os e os lançou à luta armada. lnstalou-se ncsscinfclizpaís - que saiu de uma ditadura corrupta para um regime socialista - um governo clérigo-comunista ditatorial, do qual vá rios sacerdotes fazem parte (Pes. Fernando e Ernesto Cardenal, D'Escoto, Parralcs, etc .). Essa situação criou dific uldades entre a Santa Sé e os refe ridos sacerdotes, centre estes e o arcebispo de Managua, D. Miguel Obando. O cardeal nicaragücnsc - agora em certa oposição ao regime - havia saudado anteriormente o advento do socialismo sandinista cm Carta Pastoral assinada por todos os bispos do pais. A Nicarãgua se tornou a menina dos olhos da TL, atraindo o apoio e a solidariedade de todos os lt.'ó[ogos da libertação e dos progressistas do mundo inteiro (D. Pedro CasaldMiga chegou a ser repreendido pelo Vatica------1lll. por suas constantes viagens à uele país). A revolução nicaragücnsc estabelecendo, com seu cortejo de consdhos
Terço no /H?JroÇO, ftui.l em unm dm 111f"ioS e "coque1el11w/olQV"11aoulra,eiso"crislão reoo/uciomlrio" /ormmlo J>Clll 1'/,. Folhcro llicarngi1e11~ 1111ra a formuçtlu ,le CIWs.
Casaldâliga - têm empreendido à Ni· carágua, a Cuba, à Rússia e á China, são de natureza eminentemente propagandis1ica. No seu livro l'idcl e a Religião, f'rci Betto apresenta o tirano do Caribc como um grande chefe de Estado, dócil, pacifico e amante da religião. Frei Clodovis vai mais longe, apresentando Cuba e a Rússia como ensaios do Reino de Deus. Em sua Carla Tcolóica sobn! Cuba 1986, o religioso servita escreve: "Falando como t ogo, diria que embora a presença da Igreja seja fraca, a do Reino parece forte".
E também: "Frei Berto me confiou ter u n!tida impressão da presença do Reino naquela obra revolucionária (a Revolução cubana)". No regresso de sua viagem à Rússia cm 1987, o mesmo Frei Clodovis Boff assim se manifesto u: "A Teologia da Libertação não pode deixar de reconhecer os sinais históricos do Reino dent ro do socialismo real''. làmbém Frei Leonardo, seu irmi'lo e companheiro de viagem, viu "os inestimáveis bens do Reino que os soviéticos souberan1 pelo socialismo cons1ruir". O Pe. Ernesto Cardcnal, Ministro da Cultura da Nicarágua, é ainda mais cxpHcirn: ··Em um dos meus versos escrevi uma vez a seguinte linha: 'comunismo e reino de Deus na terra significam a mL-sma cols11' .... O Es1ado da 'sodcdade final com unista' .... ~rá, ela mesma, o 'Reino de Deus na Temi'''. Por isso se entende que os teólogos da libertação considerem como missão da Igreja a pregação do comunis1110. Foi o que declarou com todas as palavras o mesmo Pc. Cardcnal numa entrevista a Crisis, revista de Buenos Aires, em 1974: ··[A missão da Igreja] neste momento, na América Latina, é sobretudo pregar o comunismo". Taticamente o sacerdote-minisiro sandiríista considera que a tarefa mais imediata do clero li bcradonista consiste em acabar com o medo do comunismo: "O problema é acabar com o medo do comunismo - declarou ele cm 1979 ao repórter alemão Pe1er Klein - ser um elemento de muda nça e de refor ma, eajutl11rn11construçiiotlo s11cialismonaAméricaLatina,atéalcançar a paz e realizar a construção dosocialismo. Isto feito, partir para a conslruçii.o da sociedade (inal comunista , isto é, a fundação do 'reino do amor"'
O Vatican o e a TL Da parle do Vaticano, a primeira chamada de atenção quanto a desvios da TL foram os discursos pronunciados por João Paulo [ l cm Puebla (México), por ocasião da III Assembléia Geral do Episcopado Latino-Americano, cm 1979. O Pontífice impugnou certas "releituras" do Evangelho que vêem a salvação como uma obra apenas política. "Essa concepção de Cristo corno político, revolucionãrio, corno o subversivo de Nazaré, não se compagina com a catequese da Igreja", acrcscen ou. Em agosto de 1984 a Congregação para a Doutrina da Fé emitiu a lnstruCATOLICISMO MAIO 1989 - 7
-e;·11•®t·1-c·1!!~HrJt·e ·1• ção sobre alguns aspectos da Teologia da Liber1ação. Em um de seus tópicos a Instrução resumia: "Estamos, J)Ois, diante de um verdadeiro sistema, mesmo quando alguns hesitam cm seguir sua lógica até o fim. Como tal, este sistema é uma perversão da mensagem cristã, como esta foi confiada por Deus à Igreja. Essa mensagem se encontra, pois, posla em xeque, na sua globalidade, pelas 'teologias da libertação"' (IX, 1, grifos nossos). Dois anos mais iarde a mesma Congregação promulgou novo documento relativo à TL - Instrução sobre a liberdade crislã e a libertação. làl docu1nento trata dos aspectos mais gerais da libertação, mas lembra que a verdadeira libertação é a do pecado (Nº 23). A propósito da "opção preferencial pelos J)Obres", a Instrução accnnm que "tal opção não é exclusiva nem excludeme". Por essa razão, condena o uso do marxismo para expressar a referida opção: ''A Igreja não pode exprimi-la com a ajuda de categorias sociológicas e ideológicas redutoras, que fariam de ial preferência uma opção partidária e de natureza conílitiva" (Nº 68). Por essa mesma época a Congregação para a Doutrina da Fé apontou vários erros contidos em um dos livros de Frei Leonardo Boff, Igreja, Carisma e Poder, e impôs ao teólogo um ano de silêncio obsequioso.
TL e esquerda católica
Em que pese toda a cobertura publicitária e wdo o respaldo episcopal que recebe, a corrente ou movimento da leologia da Libertação não leria chegado á expansão e iníluência que alcani,:ou, se não se inserisse no contexto muito mais amplo da crise geral da Igreja pós-Vaticano li. Com efeito, a TL não é senão o aspecto extremado e ostensivo de um fenômeno mais geral na Igreja: a esquerda católica. Por essa designação entende-se um vasto conjunto de personalidades, de correntes de pensamento, de movimentos mais ou menos articulados, mais ou menos espontâneos que, dentro da Igreja, simpatizam com as posições de esquerda. As simpatias vão desde um socialismo quase róseo, até as concepções sociais e politico-econômicas mais radi- e a~uc .,eco11fu11dc111 tOilt ocou,nn· mo. A atuação impune desse magma indefinido cria um clima propicio para o 8 -
CATOLIC ISMO MAIO 1989
aparecimento e desenvo lvimento da TL, bem como dificulta sua condenação. Dois casos servirão para ilustrar o que acaba de ser afirmado. Em 1984, como ficou dito, a Congregação para a Doutrina da Fé decidiu !Omar medidas em relação a Frei Leonardo Boff, e o convocou a Roma para explicar-se. Depois de muito lcrgivcrsar, o religioso rebelde compareceu ao Vaticano, escoltado por dois cardeais brasileiros, Dom Paulo Evaristo Arns e Dom Aloisio Lorseheidcr. .. Quando Frei L. Boff foi condenado ao silêncio obsequioso deu-se um fato inaudito: dez Bispos brasileiros publicaram um documento de apoio ao teólogo da libertação e de pro1esto contra a medida da Santa Sé. Posteriormente, vários outros bispos saíram cm defesa de Frei Leonardo Boff. Entre esses bispos, alguns são tidos e havidos por moderados .. , Na mcst'na ocasião a referida Congregação romana dirigiu consulta aos bispos do Peru sobre a conveniência de tomar medidas análogas cm relação ao Pe. Gustavo Gutiérrcz. Os bispos peruanos se dividiram a respeito, o que levou a Santa Sé a não tomar nenhuma medida.
Qual o futuro da TL? Após a publicação pela Santa Sé das duas lnsln1ções, cabe perguntar qual o futuro da TL. Num primeiro momento parece ter havido certo recuo (estratégico?) por parte da alguns te'[ologos da libertação. Assim, o Pe. Gutiérrez tem-se mostrado mais cauto na defesa pública do marxismo e quanto ao emprego da força armada para a tomada do poder politico. Entretanto, essa postura mais circunspecta no campo da ação concreta não representa uma retificação de rumos no campo doutrinário. Ela não elimina o fundo intrinsecamente mau e revolucionário da TL. Por outro lado, outros representantes dessa corrente nem esse recuo tático fizeram. Ao contrário, intensificaram até sua pregação revolucionária e sua apologia do mundo comunista. Foi justamente após a publicação da primeira lnslruçiio da Congregação para a Doutrina da Fé, em 1984, que Frei Betto teve seus longos colóquios com o ditador cubano, dos quais resultou o propagandístico livro l<"idel e a Religião. E foi cn.ntc-silCTTcio-ubsequiosrr-qu
lhe foi imposta, que Frei Leonardo Boff foi à Rússia com seu irmao Frei Clodovis e o mesmo Frei Bctto. Viagem
ao termo da qual os três religiosos anunciaram que o Reino de Deus jã se encontra implantado ... no imenso Gulag soviético. E nesse mesmo período o frade dominicano foi visitar outros lugares onde germina a "semente do Reino": Checoslováquia, Polônia, China .. . Ainda é cedo para formular um prognóstico mais seguro sobre o futuro da TL. O certo é que a divisão (aparente ou real, pouco importa) que começa a se delinear nas "hostes da TL, longe de prejudicar sua expansão, cria condições mais propicias para ela, do mesmo modo que a existência de facções socialistas ditas moderadas preparam o campo para o comunismo. É fácil de entender: se a TL se radicaliza como um bloco compacto e homogêneo, certos elementos da esquerda católica - moderados por temperamento, formação ou interesse - vêemse obrigados a romper com ela. Mas, se ao lado de alas ou correntes radicais, existem outras mais moderadas, num amplo espectro do vermelho mais carregado ao rosa mais tênue, os setores da esquerdacatólicaavessosaos''extremismos" sentem-se à vontade para apoiar a ala ou corrente mais conforme com sua própria mentalidade, ou com seu próprio dinamismo. E a História das idéias tem demonstrado que as alas moderadas, por sua falta de impulso próprio, são sempre levadas de roldão pelas correntes mais radicais. Assim, embora com velocidades diferentes, todas as alas da TL tenderão a convergir para o mesmo termo final. Com isso quem ganha, naturalmente, é o comunismo. Por conseguinte, para combater eficazmente a TL não bastam medidas apenas contra suas alas mais "avançadas''. É preciso reprimir também as "moderadas". Mas de nada adiantarão as medidas adotadas com relação à TL enquanto se deixar o campo livre para a atuaçilo da esquerda católica, pois ela constitui o caldo de cultura que alimen~ ta o surgimento da TL e de seus seguidores e admiradores.
-
ARA ENTENDER a Teologia da Libertaçllo, a lguns pressupostos sllo neeessârios.
Teo log ia - N oçõo sumá ria Teologia é o estudo de Deus, considerado em Si mesmo e em Suas relações 00111 o homem e demais criaturas. Tal estudo se faz a partir dos dados da Revelaçllo. Isto é, das verdades ensinadas pelo próprio Deus aos homens, e que estão contidas nos livros da Sagrada Escritura e no depósito da Tradição. Atarefados11--ólogosoonsiste cm explicar o conteúdodcssasverdadcsctirardelas todos os desdobramentos doutrinários e conseqüências de ordem prática. Em última amilise, cm expor as verdades que se devem crer (feologia Dogmática) e os man<.la,ucntos quc sc dcvem praticar (fcologia Moral) para se salvar.
''Negação da Fé cristã" Gustavo Antonio Solimeo
Pape l da FIiosofi a Notrabalhodeinvcstigação e exposição das verdades da Fé e dos preceitos da Moral, os teólogos têm de recorre r a métodos, conceitos e terminologia empre.~tados à Filosofia. Ê evidente que o emprego, na elaboraçllo tcológica, de uma lílosofiafalsaconduzincvitavclmcntc ao erro doutrinário, àhcrcsia. Ao longo dos séculos os autorescristãosforamelabo-randouma filosofiaqucfosseinteiramenteapta para exprimir com exatidão as verdades da Fé. Dessa elaboração resultou a chamada Escolõ'l stica, s!ntese do pensamen!O dos folósofos antigos, dos Sam os Padres e dos Doutorcs, retiíicada, sistematizad--.r-iqueçida..pclo.-gêni de São Tomõ'ls de Aquino. Tal filosofia foi declarada pelo Magistério da lgrc-
mt1time111oprocurwr ,foTealogi<11foU~ r1<1çóo
ja como inteiramente confo rme com as verdades reveladas, e adotada a partir de Lc!lo XIII (Enclcliea Actcrni Patris, 1879), para a formação dos futuros sacerdo-
'"· M oderni smo e "Nova Teo log ia " Nos línsdoséculo passado e inicios deste surgiu uma vasta corrente de edesiàsticos (teólogos, exegetas, professores de semin õ'lrio e universidades) e de leigos militantes que se propunha conciliar a Igreja com o es pírito e os erros do mundo moderno. Dai lhe veio o nome de Modernismo. Essa corrente, abandonando a lílosofia iomisia, deu origem a um sistema fil osófico-teológico de fundo racionalista, evolucionista e imanentista. Contra tal sistema o Papa S."lo Pio X lançou uma sérir. dr. importantes doc umentos (Decreto Lamcmabili e Encíclica Pasccodi Dominici Grcgis, ambos de 1907 e Carta Apostólica Notre Charge Apos/o/iquc, 1910) e re· primiu seu fautores por meio de medidas enérgicas. Os mod,·rnis/as recolheram-se então à sombra da clandestinidade. No pontificado de Pio XII essa corrente ressurgi u sob nova forma, conhecida por "Nova Teologia". Esse Papa tomou uma série de medidas disciplinares e publicou vàrios docu111entos condenando as novas doutrinas: en cklicas Mystici Corporis Chris1i (1943), Mediato, Dei (1947) e Humani Generis (1950). Neste último documento Pio XII reprovava o abandono da filosofia tom ista por parte dos novos teólogos: "Enquanto desprezam esta filosofia,exalta1woutras( ... ) de modo que parecem querer insi nuar uetodasasfilosofias ou fcorias ( ... ) podem conciliar-sccornodogmacató lico". E advertia: "Mas
CATO LICISMO MAIO 1989
~
9
A foice e a Cnu, ufoiceeomarielo: em nome da religiãua 1'Lprega ocomu11i1mo
nenhum católico pode pôr I olicitar a mensagem cristã. cm dúvida quanto tudo isso E o que sem meias palavras é falso, especialmente quan- nem circunlóquios declarou do se trata de sistemas co- omaisrcpresentativoexpoenmooimanentismo,oidealis- te brasileiro da leologia da mo, o materialismo - ta n- Libertação, Frei Leonardo to histórico como dialélico Boff: "O que propomos não - , ou ainda o existencialis- é teologia dentro do marxismo quando professa o ateis- mo, mas marxismo (ma/criamo ou nega o valor do racio- /ismo hislórico) dentro da tecinio no campo da metafisi- ologia'' (''Jornal do Brasil'', ca" 6/4/80). Tui advertência, porém, A adoção de um sistema não foi suficiente. filosófico materialista e ateu na elaboração teo lógica conMarxismo duz necessariamente a uma Teologia atéia e materialista, na Teologia o que é um absurdo, uma Ao fim do Concílio Vati- contradição nos termos. cano li esses erros proscritos Por conseguinte, a 'Ieolopo r Pio XII renasceriam com gia da Libcrtação, na realidanovo dinamismo e passariam de, não constitui uma teoloa dominar o ambiente teoló- gia mas sim a negação de togico. da e qualquer teologia, de Desprezando a inequívo- qualquer "estudo de Deus". ca advertência do pranteado pontífice, os continuado- O homem no res da Nova Teologia foram lugar de Deus evoluindo gradualmente na adoção dos abcrrames sisteComo se chegou a tal mas modernos, culminando aberração? - corrnraccitação-punre--si >etcrabandoTRniafilos: pies do marxismo, por par- fiatomis1aeprogrcssivaaceite dos teólogos da libcr/iiçilo, 1ação das modernas concepcomo instrumento para ex- ções filosóficas de caráter na10 -
CATOLIC ISMO MAIO 1989
tura!ista,imanentistaecvolucionista, em cujo centro está o homem. O homem, e não Deus, passou a ser o objeto da indagação teológica. Sendo o homem o centro da nova "teologia", não é na Revelação que se devem buscar os dados para sua elaboração e sim no acontecer humano, na História. A História não é, entretanto,invcstigadanemintcrprctada pelos teólogos da libertação segundo os métodos e leis próprios dessa ciência, mas em conformidade com a ideologia marxista.
oprole1ariadoestariaprornovendo a sua auto-redenção, e, ao mesmo tempo, libertando o opressor de seu egoísmo, consubstanciado na propriedade privada. O homem só será inteiramente libertado - prossegue Marx - quando for abolida a propriedade privada, visto que, em última análise é dela que decorrem todas as desigualdades e estruturas de opressão.
luta de classes, motor da História
Por Sua Paixão e Morte na Cruz o Divino Salvador resgatou o gCOero humano da divida contraída para com a justiça divina pelo pecado original. Tui resgate (em latim redemptio = Redenção) cons1itui uma verdadeira libertação do homem, da tríplice escravidão do demônio, do pecado e da morte eter;r,-coTTTTodas-as-conseqü cias de ordem social, terrena. Ames de tudo, porém, a Redenção constitui uma li-
O marxismo concebe a História como um permanente conflito cntreduasclass,:s antagônica~eirreconciliáveis, os proprietários dos meios de produção e o proletariado. Segundo o autor de O Capital, o proletariado resulta e1rnr:nituai;:ttnle"Oprcss~ , é conseqüência da espoliação deumaclassepalaoutra. Lutando contra essa opressão
Da Redençõo sobrenatural à libertoçoo político
bertação sobrenatural, dom gratuito da misericórdia divina A qual o homem deve associar-se por suas boas obras. Adotando as categorias da ideologia marxista, a Teologia da Liber1ação subsli· tui o conceito de Rcdcm;ilo sobrenatural pelo de /ibcrlação política Com isso, o centro do mistério da Redenção passa a ser ocupado pelo homem e sua práxis (ação) libertadora. Em outros termos, a Teologia da Liber1açi'lo, como o marxismo, faz do homem o seu próprio redentor, ou an1es libertador
f relei111.-a '" """ marxi.1111 da Hibli11, lroneformanda os penonnsenJ JagJ"ada,em lídere1 reoolucioaárw.!
''Releitura'' dialética da Bíblia A partir desse enfoque, as Sagradas Escrituras são submetidas a uma " releitura" dialéticaetodaadoutrina católica reformulada Cristo é apresentado como o "subversivo de Nazaré", um líder popular que foi morto ao tentar sacudir o jugo dos dominadores romanos e dos chefes da Sinagoga. Moisés passa a ser o caudilho político que libertou seu povo da opressão do faraó e o conduziu à lerra Prometida. A Missa deixa de ter seu significado de renovação incruenta do mistério da Cruz,
" Reino'', identificado com o regime socialista.
ÜJ 1eó/ogoa da liber1C1«;0
para simbolizar a celebração das lutas do povo. E assim os demais Sacramentos e toda a Li1urgia. O pecado perde o seu carâ1er de ofensa pessoal a Deus, e adquire uma dimensilo social de cs1rmuras de oprc:ssilo. O mal não consistiria no desrespeito dos Mandamentos pelos homens e sim na existência de desigualdades políticas, sociais. econômicas e até religiosas, consubs1anciadas nas estruturas da sociedade e da própria Igreja.
Igreja popular Atribuído esse caráter messiânico ao povo. jfl n!l.o é do lado aberto do Salvador na Cruz que nasce a Igreja, mas do sofrimento e das lutas desse povo. A Igreja não é mais o Corpo Místico de Cristo; o instrumento por meio do qual Deus distribui Sua Graça; aassembléiadosfiéisreunidos para prestar cullo a Deus, à Santíssima Virgem e aos Santos; o lugar onde os fiéis recebem os Sacramentos e são instruídos na Fé A Igreja passaaseraorganização do povo para a luta li bertadora de Iodas as opressões. Os Bispos não são jâ os Pastores instituídos pelo Divino Pastor para ensinar, goSantidade e vernar e santificar Suas ovepróxls lhas, mas os lideres da luta revolucionórla revolucionâria. Demro dessa dinâmica Como conseqüência, é na luta revol ucionária que igualitâria, a lgreja-que-naso cristão an uncia e profeli- ee-de•povo opõe-se é "Igreja institucional", hierárquiza a mcnsagem evangélica Santo não é aquele que ca, sacra!, e se corporifica cumpre os Mandamentos e cm micro-organismos sem espratica asvirtudes,esimaque• truturas e de relações horileque se engaja na lutapolí- zontais, as Comunidades tica -ou na subversãoeaté Eclesiais de Base - CEBs na insurreição armada, no Desaparece a distinção entre Igreja docente e Igreja disterrorismo e na guerrilha para modi ficar as estruluras ccnie. E a distinção entre da sociedade e implantar o lgrejaCatólicaedemaisigre-
O bitpa segumW II TI.: em vez de /Kl3tor de almn•, lldcr //Olllico-1i1idiA:11/. (1), Mmm.> More/li Jafo
II
grevi.!uu e m uma igreja de Suo /'1rn/a),
C ,\TOLI C ISMO MAIO 1989 -
11
jas ou senas se cva ncscc, em favor do compromisso popular
"N egaçoo da fé da Igreja" São Pio X qualificou o Modernismo de "síntese de todas as he resias". Tal qualificativo be m caberia à cor rente neo -moder nista - a leologia da Libe r-
tação - a qual, " propõe uma intcrprc!ação inovadora do conteúd o da fé e da existência crist ã, interpretação que se afasta graveme nte da fé da Igreja; mais ain da, constitu i uma negação prática dessa fé" (S. Congregaçao para a D ou trina d a Fé, Instruçilo sobre ,1/guns aspectos da 1eo/ogi.1 da Libcnação, 6 de agos to de 1984, V I, 9).
UM DOS GRANDES PROBLEMAS para o comunismo , na América Latina, é a religiosidade do povo, católico naimensamaioria.Essare!igiosidadeeonstituiomaiorohstáeulo para a propagação do comunismo, uma vez que este sistema é totalmente in compatível com a doutrina católica A única maneira de contornar tal obstáculo consiste cm faz.erpassaromarxismosob a capa da religião Esseéograndeservi çoquealeologiadaLibertaçãovem presrnndoaooomunismointernacional Éo que reconhece, agradecida, Moscou. A importante revista comunista russa Problemas de Filosofia trouxe cm seu número de janeiro de 1985 artigo de V M. Pacika, imimlado "Dialética do desenvolvimento social e luta ideológica da 'Teologia da Libertação - Variante latino-americana radical". O artigo traz numerosas citações de teólogos da libertação, em especial do Pe. Gustavo Guticr rcz, provando o caráter marxista da TL Escreveo"camarada" Pacika: "Na luta ideológicaacir radaquesedcsenvo lvcnocontinentelatino-americanoaleologiadaLibertaçãoscinsurgecom criticasàideo!ogiaburgucsa"(leia-scnãocomuni sta) . Nessacritica,segundooautor, a TL inclui "o cristianismo tradicional", que qualifica de "sustentàculodo regimedcopressãoccxploração" A TL - prossegue a revista - "valoriwndo altamen1e a teoria marxisra, estimula o seu estudo e conlribui para a difusiiodomarxis moemlargoscí rculos dapopul açiio". O que o artigo não diz é que tais círculos são refratários à pregação marxista direta, e só se abrem a ela porque vem oontidano invó lu cro rcligioso. lnvólucro,aliás, transparen te, como cinicamente reconhece a revista moscovita: "A própria motivação religiosa às vezes fica só no invólucro verbal" .. Além de propugnar o marxismo, a TL presta outro gran de serviço ao comunismo, talvez o mais importante: combater o anticomunismo. É o que diz o articulista de Problemas de Filosofia: a difusão que a TL faz do marxismo enfraquece "os estereótipos antimarxistas e anticomunistas" e "contribui para a erradicação deles" Não se podia desejar mais de um exército aliado: além de defender as posições do cúmplice, combate as do adversã-
-1----,"~ ·o,~.. _A _TL~'-" _s"~"-"_s d_oi_s s~e,-viç~os~a~ o '~ºm ~'~º'~ sm~o-~..
CATOLICISMO MAIO 1989
11
~il·J·i·ltt·i·I º' "º"º' 'TO, COM<Rc,o
VIDROS TEMPERADOS, LAMINADOS E BOX
Rua do Bosque. 929/931 - Fone: PABX 826-6211 Sõo Paulo
AfOUCISMO SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA AO ASSINANTE
~--l-+-1--1-U''l-"1-)-82-5~ -,-,ft•
(TraduçllodiretadorussoporArnolfoJosefovich,doServi çodeTtadutores da TFP).
12 -
ARTIGOS DENTÁRIOS Atendemos todo o Brasil por reembolso postal
Pça Clóvls Bevilõqua, 351 - 3~ andar - Conj. 303 leis: (011) 35-2721; 32-5909; 37-0685 - CEP 01018 - Sõo Paulo
Moscou: TL a grande aliada do comunismo
_
~=
TFPs em ação
IJI Sob11U1ow.Jaixaufuo1lu 1.elaTH'urusuaiaauma im/X>rl11nle prnçn de Mon1~,i,!lu,JOCios11 roo,~rmlorei da entfrfode
,fü1ribuem 11e11 manifeswii po1mlaçãa. l\'11 /010 me,wr, sócio.ido e111i1lo.deconudem entrn>iitaaumacadeia de TVnOTte-amcricana
NO URUGUAI
Atuação brilhante da TFP NO BRASIL
Patrulhamento da imprensa
R EALIZOU-SE no Uruguai, no dia - t(rde--abrihilrimO;"-tlm- ple~to- q
manteve a chamada "Lei de Caducidade", mediante a qual se co ncedeu an istia aos militares. Dos eleitores, 52,57"• (vo-
10s amarelos) manifestaram-se a fa vor da man utenção da referida lei e 40, 1) 1/1 (votos verdes) pleitearam a revogação dela. Compar'ecernm às urnas 1.890.200 uruguaios (82 ~, do eleitorado) O tcma~ra de atualidade candente Fa vorecido por uma anistia ampla e irres trita concedida pelo Parlamento uru guaio cm 1985. o terrorismo tupamaro pretendia,casofosserevogadaaquclaki, submeter a julgamento os militares que atuaramnaresistênciaàssuasinvestidas, nasúhimasdét:adas O Parlamento posteriormente esten• deu a anistia também aos militares, me• diuntca chamada "Lei de Caducidade". A esquerda, porém, conseguiu reunir o número necessário de assina1uras para convocar o 1nendonado plebiscito Em manifesto lançado a 2 de março último e difundido amplamente em todo o país, no período que amecedeu 110 plcbiscitoaSociedadeUruguaiade Defesa da Tradição, Família e Propriedade defendeu a manutenção da ''Lei de Caducidade" como imperativo de justiça, dado que, em 1985, o Parlamento uruguaio aprovara ampla e "generosa" lei de anistia para os terroris1as tupamaros. O aspcc10 mais profundo da questão, e que foi re-Jlçado no documenlo da Tf,P fuguaia~nunci:l~gu· te forma 1) O povo estava de acordo com os terroristastupamaros,quede:sejavamas-
cender ao poder e transformar o Uruguai numa Cuba nllo insular, no sul do Continente? 2) Ou os uruguaiosaprovavamadcícsa que as Forças Annadas do país empreenderam, das instituiçõcsedacivilizaçao ocidenrnl, com Vl'Slígios de cristã, existente no Uruguai corno cm toda a América do Sul?
Vigorosa campanha de âmbito nacional Duas caravanas de sócios e coopera- , dores da TFP uru guaia efetuararn brilhante campanha pública nas principais cidadcs do it11crior - a qual depois tarnbém atingiu a capital do país - difundindo milhares de volantes contendo o texto do referido manifesto. Faixas com incisivos dizeres foram afixadas em logradouros públicos, enquanto sócios e cooperadores da entidade pro-clamavam slogans, entremeados por to-ques de trompete. Eis algu ns deles: - "Uruguaio, a TFP te pergunta : se· rá juSIO punir os que em pregaram a violência para le defender do comunis mo, c..absolvCLO!LQuc_a___u=""-'""'-"'------l-subjugaraele? Não cometas essa injustiça, confirma com o teu voto a ' Lei de Caducidade'!" CAT O LIC I SMO MA IO 1989 -
13
TFPs em ação - "Processar os militares depois de anistiar os tupamaros é uma injustiça. Fazê-lo quando a guerrilha renasce no Co ntinente, é suicídio". Através da difusão do manifesto e pelo próprio valor simbólico de sua presença e atuação na rua, alUação e presença que são sempre ideológicas, a TFP uruguaia ajudou a opinião pública a discernir o verdadeiro conteúdo ideológico da
pergunta plebiscitária.
Nessascondições,aquelaentidade,como foi reconhecido por todos os uru-
gua ios, constituiu um fator preponderante da vitória no pie biseito, o qual manteve a anist ia dos militares. A prova do realce obtido pela atuação da
vistas. Quotidianos de grande ti ragem de São Paulo e Rio chegaram ao ponto de estampar fotos de faixas afixadas nas ruas de Montcvidéu, cm algum as das quais figuravam, de modo bem visível, as letras TFP. Entretanto, as legendas dessas fo tos e o resta nte da matéria jornalística sileociavam inexpli cavelmente acampanhapromovidapelaentidade,cuja importânciac porteatraiam aateoção de grandes cadeias de rádio e TV, bem como de prestigiosos diários da AméricadoNortccdcvárias naçõcseuropéias ... Convém not ar que o tema TFP não
tit uiu dos fatores mais relevantes para a vitória de cuoho antiterrorista e anti-esquerd ista do plebiscito de 16de abr il "Alguém poderia imaginar o que teria sucedido ao Urugu ai sc os tupamaros triu n fado?" - indaga o docu-
~:~tim
''Tulvcz os cérebros do Terror tivessem experimentado aqui a sa nha genoc ida e triba l do Khm er Rouge cambodgeano, que transformou o infclil pais asiático num grande campo de concent ração. " Para livrar- no s desse terrorismo, militar_cs e policiais tivera m o dever de vigiar, repr imir e derro tara subvcrsãotupamaro-comunista, tiveram que assumir o poder e instaurar um regime de exceção, entregando em seguida o poder aos ''Sobre os prcsumíveis excessos repress1vos foi aprovada a Lei de Caducidade. làl atitud e tem numerosos
TFP do pais vizinho paprecedentes históricos. !en teia-se, com evidênDepois da 1[ Guerra eia solar, med iante o Mundial, por exemplo, empenho com que granos Aliados - aos quais dcs órgãos de comu nicadevemos o haver libertação social do Uruguai do todo o Ocidente da edosmaisvariadospaditadura brutal e anti lses solici taram aos diricrista do nazismo gen tes daquela associanão sofreram nenhum ção ent revistas e declaprocesso pelos excessos rações sobre o plcbiscique por certo cometeto, a respeito da at uaram.Ainda hoje,passação da TFP, por ocados mais de quarenta siãodaconsulta plcbisanos, quando as paicitária xõcs estão praticamenA campanha emprcte exumas e os princiendida pela entidade pa1sprotagonistasmorfoi noticiada por nove ~ tos, as potências Aliacanais de televisão, dez das não dão publicidadiários ou semanários C ,ivm1m'e &óc·o, e e , rmlore,' TJ·, urugua·fl J>en:orrernm o ·,ucr"' de à documentação ofie quarenta e dois rã- paí5 divulgando o mm,lfe•W ,/ti e,uidmle afmx,r du ' "Lei de Cm/ucid1Ule" eia] comprometedora dios uruguaios ( ... ) Foram concedidas entrevistas a cin- deixa de causar interesse a tais órgãos " ! louve um cnfrentamcnt o armado co cadeias de TV, duas cadeias de rád io, de im prensa. Tunto isso é verdade que entre duas forças opostas. Uma - asubtodas de porte, e cinco grandes diários uma rusga insignificante entre entusias- versão dos tupamaros - quis impor-nos do Exte ri or. Dentre esses órgãos desta- tas e detratores da TFP, à saída de uma asangucefogoum rcgimeintrinsccamencam-se a cadeia nort e-americana de TV , Missa na Catedral Mclquita, em São Pau- te perverso, o comunismo. A outra, cuma NBC, e os diários "Ncw York Times" lo, meses atrás, deu origem a noti ciário prindo o seu dever, a ela se opõs, assim e "Washi nglon Post" espalhafatoso em quotidianos de grande defe ndendo da tiran ia marxista o pais, Tudo isso não obstante, os ó rgãos tiragem dessa capital. Embora a rusga te- suas instituições e seus habitantes. Amde com un icação social brasileiros prima- nha durado tão-só urn minuto, segundo bas co meteram violência. Só que a subram tam bém desta vez pela omissão e reconheceu um dos referidos jornais, não versiva é, em si mesma c cm seus fins, inaparcntcdcsinteresseem noticiar essa atu a- tendo ela produzido outros inconvenien- trinsecamentc perversa. A outra é conde ção . Nenhum desses órgãos, com a exce- tes senão desarranjar algumas gravatas... nável em seus excessos, mas de si natu· ção de um quotidiano gaúcho, proc urou ral e elogiável. a TFP uruguaia para pedir qua lquer de· "Ante ta l situação, a pergunt a sobre claração. E, que saibamos, nenhum órQ ÍnCÍSiVO manifesto a derrogação da Lei de Caducidade secogão nacional, excetuado o mencionado loca assim: Poderemos os uruguaios exi-
diário sut-riograndense, cm s'="::..: '"=-"="=iá---'--'d"'a"----" T--"F--"P----" u-'-' ru,,.,,u,.,,a,,,ia,,___ ~'-''"'' "-' " ='"'"-'1iç"' 'º'-'d=º'-" "'=iti"' ,"c;c " cc ' "" po"" 1ic=iai"'·.c: " ' ''-· __ -----riõs,~fêi'ênciãã campan a pois e aver consenll o que se amst 1e da TFP uruguaia, embora grandes diáParece-nos oportuno destacar ainda se us inimigos, os sediciosos, contra os rios brasileiros tenham publicado sobre algunstópicosmaissignificativosdomcn- qua is eles nos defenderam? Eviden teme no tema extensas matérias e mesmo entre- cionado documento, queccrtamenle cons- te não". 14 -
CATOLIC ISMO MAIO 1989
O "invencível campeão deJesus Cristo' ',
Ca1mdoliuro da lrmã Maria ,lo
e rmowbrea , · ·
deSiit> Fermmdo deCmlela, editarlo/lela "Foundaiionfora
CivS/;::;~::: • •...;,./"-•_.;;; _
SAO FERNANDO DE CASTELA
e
OMEMORA-SE no dia 30 de maio a festa de um verdadeiro protótipo <lc rei e guerreiro, elevado à honra dos altares, e uma das maiores glórias da Espanha. Seu corpo, até hoje incorrupto, ve nera-se na majes· tosa catedral de Sevilha, obra-prima do gótico capanho! Nascido cm 1198, filho de Afonso I X, rei de Leão, e de Berengucla de Castela, irmã de Branca, rainha de Fran· ça e mãe de São Luís, Fernando Ili realizou intei ramente o pla no a el e n: vcla<lo por Nosso Se n hor Jesus Cristo, na no 'tc ' v"gT d ,. :nas 9uc ~ p·1ra !Or .. a · ·av 'c"ro
Na ocasião, Nosso Senhor lh1: <füS1::
"C: ro':rdct", paa•,• ·'a · r,1c·,, unnrcprcsc nr ção e p;,rábola maravilhosa, a lim de que os .séculos futuros possam con· m;' ·1 i,,u:: 1uc F 11, R · cr ··no e Senhor un·vcrs ' , movo contra os po<lcr d ·1s trevas, com o objct"vo de conquistar toda a terra para meu Pai".(") Logo após ter si<lo armado cava leiro, fez o seguinte juramento: "Eu, Fernando, rei <le Castela, juro a Deus TodoPoderoso que morre." se ne'ir"o para d ~ der Sua': . ta Lei e meu p;iís"(p. 68) São Fernando promoveu uma guerra sem quaricl c0111ra os mouros que dom·navam ,;. ,de p·,rtc'o tcrr -t'r'c· ,i·,nhol. Foi ele quem deu o impulso dcdsivo para a vitória completa da Rcccmquista, que se daria somente cm 1492 , quando Fernando de Aragão e Isabel dominaram Granada, co locando o pon to term inal numa gloriosa luta que se prolongara por mais de oitocentos anos
O FOTOLITO DO PRESENTE PARA O FUTURO
Al'mh gue, :ont , os, Tit· is, ~51 r•rnando preocupava-se com os ma lefícios produzidos pelos herege s Presidia tribunais dos quais faziam parte bispos e sábios, para_iulgar aqueles que falseavam a doutrina católica,colocando cm risco a Igreja e o Estado Algumas vezes, após o julgamento que culminava na condenação à morte d,; um réu, de mesmo . co m as próprias m -os , levava lenha ira ar ulle·ra cm que ·a pun"do o culp·1do. Ass·m, o samo monarca externava seu'· 1 preservar a Igreja e a sociedade temporal da ação dcletéria dis,cmi11ada pelas heresias Após ter conquistado Córdoba, qu<: estava cm poder dos "nfi'"s h·' 5~• os, s-o Fernando tran,r nou "l mc squ"ta cm catedral. Obr"g I os muçulmanm arreg·,rcm, até Santiago d e Campostéh1, os sinos que pertenciam a es sa cidade. 11oi urna rqmração ao qu e o sultão Al·Mansur fi n do· s 'cu!os a nt<:s, obr"gan<lo os ntó l"cos a'· a ·cm·hrc os ombros os mesmos sinos, de sde Santiago de Compos tela até a cidade de Córdoba Em Córdoba, São Fernando estabeleceu sua co rte e ali fez o voto de não voltar a Castda, enquanto não n :conquistassc todo., os territórios dominado s pelos mouros El<: pessoalmente dir igia as gu,:rras, levando sem pre no arção da sela de seu cavalo urna imagem da Virgem das Batalhas DurantcoccrcodeScvilha, qucdemorou<lczesscisrncscs, os muçulmanos l' :rama s~o ,., ido um 1<.:rço da cidade. O santo não aceitou a 1iroposta, e os infiéis lhe prome teram a metada de cidade. Recusando esta última oferta, disse: "As vi tórias prometidas por Deus não são me ias vitó rias"(p. 253). Numa revelação, Santo Isidoro de Sevi lha lhe prometera a tomada de Sevilha Preparnndo novas investidas co ntra os mouros , São Fcr1nn<lovc·o 'Vccerna"dadc dc53anos ,t· ssa mcsrn·1 c· d·ldc Em lm' JUC, :vcnrn, P·,,: :ontem1x A :os c hamavam-no de "nosso querido filho, o ilustre Rei de Castela, inve ncível carn 1>Cão de jesus Cristo"(p. 214) Em 1671, o Papa Clemente X o canonizou
Ruo Brigadeiro GovlOo Peixoto. n? 482 - City Lo po Fones: 83 1-1057 - 260-9669 - CEP 05078 - SOo Pau lo (SP)
CATOLIC ISMO MAIO 1989 -
15
AH! ADEMAGOGIA REVOLUCIONÁRIA ... AFIGURE-SE, leitor, a seguinte sit uação pungente Um sexagenário que, desde a infância, tem um dos rins inutilizados e, de repente, vê-se acometido de forte nefrite no único rim cm funcionamento. A moléstia agrava-se celeremente aca rretando acentuada urcmia, que sujeita o paciente a mais de urna hemodiálc~e. Os médicos consultados lhe dão apenas 60 dias de vida. Abatido e deprimido, o doe nte recorre à sua vasta parc111ela na es(X'rança de conseguir a doação do imprescindível rim de que dependia sua salvação. Aquela, entretanto, nilo lhe veio cm socorro, pois cada qual se acovardava diante da perspectiva da doação. O sexagenário, pcrrencentc a destacada familia de numerosos e prósperos fazendeiros do Pontal do Paranapancma, em São Paulo - pois esta
hist"6ria é real, leitor ... - dcfromando-se cada vez mais com a morre dirige-se à sua fazenda para tra!ilr da divis!lo das 1crras entre seus filhos. Ali chegando, tem uma forte crise, que redunda em desmaio. O fazen deiro ~ prontamente socorrido por um casal de colonos. Refeito, a esposa do lrabalhador rural indaga o por quê de tanto abatimento. Estabelt.-cesc, ent11o, o seguinte diálogo ent re pat r!lo e empregados: Pmr!lo: "Estou nos bordos de um buraco, diante da seguinte aherna1iva: ou alguém me puxa, ou cu caio nele. Estou condenado à morte e ninguém quis me ajudar". E o propriet:irio passa a narrar cm detalhes a história de sua moléstia Espos,1 do colono: "Sr. X. , pois saiba que o senhor 11110 vai morrer por causa de u111 rim. Vou doá-lo ao senhor", diz compadecida e em tom veemente. Pn1nlo: "N11o posso aceitar isso, sem o consentimento de seu marido". Co/0110: "Sr. X., se ela n!lo doar, doo cu, e se meus rins n11o servirem, meu filho de IS anos vai doar para o senhor. Se n11o, vou procurar entre meus parentes quem doe, mas o senhor 11110 vai morrer, sr. X!"
O escada clinico do doente !Ornava-se cada vez mais critico. Conseguido o rim da esposa do colono para o transplante, feitos os exames percincntcs, dos quais se constatou 99% de probabilidade de a operação ser coroada de êxito, o paciente 1em ainda forte crise sendo internado numa UTI em Presidente Prudente para nova hemodiálcse, com sérios riscos de urn desfecho fatal para sua vida Entretanto, efetua-se o transplante e j:i hã um :mo o fa1.cndciro seitagenãrio vem se reslabclccendo paulatinamente de sua enfermidade. Assim , o patrtio é resgatado das fauccs da morte devido à dedicaçtio de um empregado. Quanto todo esse episódio destoa de certa demagogia revolucionária cm ~'::;"~r~i~;t~in~:s~'.ª!c c~:ts:s~~~/~:;i:s~~;~~ir-se com as pala-
-
BLASFÊMIA EM JOÃO PESSOA
E ~cs~;a~~~i~~: ~~ i:r;~~~ 1
foi exposto um pa inel que, de modo imoral e blas femo, representa Nosso Senhor Jesus C risto. A fi gura. no estilo de "arte" moderna, mostra um ente crucificado, com órg11os genitais masculinos expostos, e ademais com seios. Esse atentado, ultrajante ao espírito católico e ao senso artístico, causou profundo mal-estar à população daquela cidade, tendo a Cíl mara Mu nicipal aprovado requerimento que solicitava ao Prefci10 de João Pessoa fosse retirado da praça o nefando poster. Que um "artista" moderno tenha desenhado tal figu ra não espanta. O que causa pasmo é a Prefeitura tê-la prestigiado , expondo-a cm lugar tão central, como é o parque Solon de Lucena (Lagoa). Mas o mais pcrplcxitante é que O Arcebispo de J oão Pessoa, de quem deveria provir O mais categórico protesto ante o insólito acontecimen1o e condenação dessa gravíssima blas fêmia, tenha indirctamente justificado o painel, dizcndo não ver nenhuma maldade no artista, o qual, segundo D. José Maria Pires, "retratou a sua visão de Cristo".
Apresentar Cristo de mavras de um famoso igualitário do século passado, que descreveu a organi· ncira andrógina, cumpre acrcszação das classes sociais de seu tempo como uma "cascata de desprezos" ccntar, é uma forma de gnoOu seja, cada superior desprezaria os inferiores. E cada inferior odiaria se, heresia diversas vezes conseu superior. dcnada pela Igreja, o que um -M.ir,6.:temagogir,-coi110-met1t~l-.- - - - - - - ---l+I--A<cebispo_clcxeria..sabcL___ _ Luiz Carlos Azevedo P _ F. M.
16 -
CAT OLICISMO MA JO 1989
~
ENTROdeseuobjeti-
vo de con.JUniscizar
osestudantes,a"Pro· posta Curricular para o Ensino de História 1° grau", da Secretaria de Educaç;lo do Estado de São Paulo, a respeito da qual já tecemos em "CATOLIC ISMO'' vários comentários (1), procurajustificaraviolência, o roubo, o assassinato, e até sugera que se modifique a própria noção de crime
Violência Eis o que afirma o Anexo I da Proposta a respeito da legitimidade da violência contratodaautoridade,rnesmo dentro da familia. "Se, numa situação de greve, o pesquisador tiver um único critério para conceituar a violência, vai colocar em pé de igualdade a violência do grevista com a da repressão, quando, na realidade, o critério deveria ser o da legitimidade da violência. A partir dai, torna-se possível perceber que cada uma dessas violCncias tem uma natureza diferente( ... ) Se o eriterio é de considerar a violcncia, toda vez que se prive alguém do seu papel desujeito,todaformadedo-
(
minação passa a ser violência , desde( ... ) o autoritarismo familiar, até a violCncia legal,inclusivedapolícia(2) Assim, quando se exerce autoridadepratica-sevio[Cncia, porque se ''priva alguém do seu papel de sujeito", E portanto pode-se resistir,
mina!idade e a violência urbanas", e que se discutam questões como "drogas( ... ), prostituição ( ... ), con fina mento dos 'loucos' nos hospícios( ... ), siscerna carcerário etc." (3) É uma tendência para a completa inversão da ordem:
''Aspráticasligadasàvadiagem, ao roubo e ao assassinato, comuns entre ostrabalhadores brasileiros pelo menos até o século XIX, foram concebidas antes como en<lcmias e degradação social do que como sendo portadoras de um papel impor-
No ensino de 1 ~ grau:
Apologia política do crime também pela violência. Éoigualitarismornaisradical e mais fanático para tentar justificara revoltacaracteristicada lutadeclasses.
Criminalidade "loucos" Citando "o crescimento urbano não acompanhado pela expansão e democratização dos serviços, pela participação popular", a Proposta pede que se estudem "problemas derivados da· exclusão socia.[, envolvendo a cri-
o cnmmoso passana a ser vitima, e a causadora dos crimes seria a sociedade (capitalista) que promove injus1amente a "exclusão social" A Proposta procura coligar todos os bandidos e tarados numa frente única com as forças trabalhadoras É estranho que a palavra "loucos" esteja entre aspas notex1ooficiaL Parece estar aqui insinuada a absurda teoria - ca<la vez mais <lifun<lida - de que os confinados nos hospícios não seriam loucos, mas sim portadores de mensagens iluminadas. Nós outros, talvez sim, seríamos os loucos.
Até o assassinato é justificado Em seu Anexo 3, diz a Proposta·
tame em termos de auco·organização desses segmentos contra todas as formas de opressão capitalista" (4) Trata-se, portanto, da apo logia pOlitica do crime! Ademais,essaquaseidentificação dos trab-alhadorcs com os ladrões e assassinos, além de injusta é tendenciosa
Repensar o Direito positivo Continua o Anexo 3 "A recuperação da dimensão internacional e multifacctária das lutas sociais no rnundo do trabalho e sua repercussão na formação de uma tradição de resisténcia do trabalhador brasileiro contra a opressão capitalista permitem repensar certas práticas sociais consideradas pelo direito positivo como cri-
CATOLICIS MO MA IO 1989 - 17
mes, mas que na verdade
constituíram-se em elementos reveladores de uma co nsciência política (ainda que muitas vezes fragmentária e ambígua) do trabalhador co ntra formas opressivas que lhe foram sendo hi srnricamcntc impostas." (5) Assim como os progressista s querem a "re-Jcitura" do Evangelho, os propugnadores do novo currículo de História desejam ''repensar'' o Direito positivo. O objetivo é o mesmo: adapcar a Religião e a História ao marxis-
Noçõo que se
evanesce Háalgu nsanosat rás,essa Propos ta Curricula r revolucionária provocaria indignação e os mais categóricos pro testos de pais, professores e associações civis e relígiosas relacionadas com o en-
mo.
Por que hoj e qua se nenhum protesto se leva nta? Thlvcz seja porque a noção da importância capital da educação de uma criança se está evancsccndo. Paulo Francisco Martos
Não deixa de ser curioso notar que os inimigos da tradi ção católica defendem entre1an to umasuposta "tradição de resistê ncia do trabalhado r" contra o capitalismo. Para eles, só o capitali smo é o pressor; quanto à esc ravização efet uada pelo comumsmo em tantos povos, ne nhuma m enção é feita.
NOTAS (l)''Catolicismo''n ºs.445, 446, 448e455,respectivamenledejanciro, fevere iro, abril enovembrode 1988 (2) "Proposta Curricular para o Ensino de História - 1° grau", lmprensaOíicialdoEstado S.A. - IM ES P, J • edição preliminar, 1986,p.3 1. (3)ldem,p.27. (4)e(5)ldem,p.37.
São l'aulo, /983. Agitadores roubam calçados de uma loja tlef'redada. Pouco depois estoriam invarli111lo supermercad03
g~ALCADos í ~->,.c___>J..._~i I
Escrevem os leitores AluisiuMareosdeAlmcida, Campos OU): É com muita satisfação que me d irijo a V.Sa parae11ternar-lhcagraticlãoe parabenizã-lopelom agnííicoa rtigo sobre o Santo Sudário de Turim, publicado no nº 457, dejancirode 1989.Éumverdadciro desagravo a Nosso Senhor Jesus Cristo. Nesta hora tão grave, em que "o sal não salga",istoé,cmqueaprópria Hierarquiaeclesiásticafoim in gidapcloserros modernos, em quca"fumaçadeSata náspene irou na Sa nta Igreja", CATOLI CISMO continua inabalável, comoinexpugnávcltorre,imbatível, defendcndo a cidadc do Bemcomaltaneriacsemtcmor. Luiz lto~rto Pereira, Siio Caclano do Sul (SP): É de hã muito que os leio e admiro es1a1radicionalrevista( ... )Enão faço ass inatura por obrigação, mas sim por prazer, pois gosto dos temas abordados e também adm iro muito o Sr. Dr. Plínio e a TFP Alel<andrc llainaski, Sanlo AnloniodaPlatina(l'R):Venho por meio desta pedir assinalU rasparaasseguintespessoas(seguem4nomeserespectivosen dereços, e a qua ntia de NCzS 72,00) .
Nota da Rcdaçiio: Estemissívista nos dá um el<emploconcreto de zelo apostólico. como estírnuloaoutrosleitores:4asDeniseMariadeMaUosLo· ves, Nali~idade (RJ): O n" 457, dejaneiro/89,entrcoutrostemas, trata de um especialmente caro à alma católica: o San to Sudário de Turim. Com riqueza de informações e uma
daSíndone( . .. ) foi muito feliz a abordagem do tema, numa hora em que o no ticiã rio naciona l e internaciona l não poupou csforços para tornarpúblicoo rcsu ltadodo testeaqucfoisubmetido o Sudário, através do Ca rbono 14 ( ... ). Artigos com essaforçadea rgumcntaçiio irrcfutável porpartedosdetratores - enobrecem esta revista que sempre foi a paladina das "verdades esquecidas" Marco Aurelio Trali, Pirnci• caba (SP): Tive oportunidade delerumexemplardcstarevista,emcinteresscípeloseuoonteúdo. Ficariaagradecidoderecebe rinfo rmaçõcssobrc a assinatura Henrique Fernandes F.nsa, S>ioLourenço(MG):Venhosen sibilizadoagradccerocnvioda revista CATO LI C ISMO, dando inicio à assinaturadadita revista,delciluratãoprofundae tão ap reciada.Es to u enviando o cheque{ ... )complcmcn1ando assim, para mais um ano Adeliat·ercs Saad, D mpos (RJ): Há uma dezena de anos que sou leitora de CATOLICISMO e mu ito me tenho cmpe11hado, em minha cidade, pe!adivulgaçlloda mesma, agora cm formaderevistabcmilustrada, comtemasvariados( ... )Nãovejooutramelhorrevistaemnosso país; tem tudo para uma familia cristã se deliciar na leitura, ajudando na boa formação dos jovens Noladp Redação; O empenho na divulgação da revista é o mclho r simornadequesegostadcla. Parabéns Cla rice Pinlo da Sil~a, São
a.ila-hi~ograwu,c.aruculi,J~-fildO~ · C,,,,,m~osWS~l'~,E~"~" ~ " -~ coloca o leitor numa clave em que ele pode vislumbrar as multiformes mavarilhas da Sagra-
18 -
CATOLIC ISMO MAIO 1989
vista me imcressa e gostaria de saber sobre o preço, como consegui-la ..
f
;se;~;;;, i~":~";;od:;;;; sinos Q
EIS HORAS da tarA nobre tran-
se reunisse ele para a cclebraçâo; concedei, nós Vô-
l_j de.
?e~~ii:i:1e: ::i:~: dão dos cam~s. Um ti~:~)~ c~;,ue::!a~g~~=: se o tilintar do Ange/us,
~os~~\~aa~~sp:~eac:~
cre-
--·-- ,._
santa Igreja, em atenção
:a:i?li~:d:u;iliª~:pr:;j~ Santo. E através do seu to-
amortecido pela distância J:: a voz cristalina e materia] da Igreja, que convida para a oração" (" Ambientes, Costumes, Civili-
que e do seu som, sejam os fiéis convidados para a santa Igreja e para a felicidade celeste. E <1 uando sua melodia soar aos ouvi-
1951). Assim inicia o Prof.
longe sejam repelidas todas as insídias do inimi-
:i~s~·~ t ~;~~~~ct~
i:~ dJ:&.,~~~ ~et!~ ;::~
~~i;iom~;~~t~aded~~~~
da obra-prima de M,llet, "O Angelus", que reproduzimos nesla página . Destacamos a poética afirmação de que o som dos sinos é a voz cristalina da Igreja. Poesia no melhor sentido do termo, pois decorre ela da explicitação, cheia de beleza, de uma verdade profunda. Antigamente, toda a vida católica, nos campos 1 ~ua ~;;c%d~':~1:':a ~:o~:,u:i:~t:;~:; rentes ocasiões que se apresentavam para os homens
r:~t:t: J':
~~s:~~~,!
:-a~~'::'e :;~~=ru~~;~ta~ r:~=~a~ ~~u: repica nobremente, como a apressar os fiéis; ele é festivo ao anunciar um batizado ou um casamento; é profundamente triste ao dobrar finados; é solene para a coroação de um Rei. O sino estava intensamente ligado ao pu lsar da vida da Igreja, e de tal modo, que se transformou num elemento integrante da tradição c.itólica. Seu som, grave e plangente ou cristalino e alegre, é também exordstico, pois empurra para longe os demônios dos ares e leva paz às almas atormentadas pelo inimigo dos homens. Por todas essas razões, a Igreja, em sua sabedoria, instituiu outrora uma bênção especial para os sinos, a qual se encontra no Ritual Romano. Dentre as orações, cheias de beleza e significado, que o sacerdote deve rezar por ocasião dessa bênção, salientamos a que segue.
" Deus, que pelo bem-aventurado Moisés, legislador e servo vosso, ordenastes se fizessem trombetas de prata, as quais, tocadas pelos sacerdotes no
;,~r!~i::J~
1
~efard;~:asc,~
~:~ª
so:, ªe~:~;
~1:n~:~ªJ~:t:~t:~;~::
s uavizada a fúria dos trovões, e pelo poder de vossa dextra sejam prostra~as por terra as potest·ades do ar; de modo que, ouvmdo este sino, estremeçam e fujam ante o santo estandarte da Cruz nele gravado ... "Aspcrgi, Senhor, este sino, com o orvalho do ~:i~~~~ ~~~t~rft~ {t;ej:oc~~:i~~ie:~:!u~~is~ tão, aterrorizada a milícia adversa, revigorado no Senhor o vosso povo por Ele convocado; e, como que
~~r~~;
1
: tt~!~ i;~:~:~r~C:a°:s"t~~l: s!~i~a um cordeirinho em holocausto ao Rei do eterno império, o rumor dos ventos repeliu a tu rba inimiga, assim também, enquanto o som deste sino percorrer as nuvens, as mãos dos anjos conservem o grêmio de vossa Igreja e as virtudes dos fiéis, e a protC(ão eterna lhes salve as almas e os corpos".
3
r:,;:r:
cret!'::íd~ t~dC:~;t;!bi;~t~ e~f~~~~~~ pelará o Episcopado por causa "do incessante ruído provocado pelo toque matinal de numerosos sinos de igrejas", na capital ('.'Diário de Pernambuco", 1-12-88). O autor da maténa, Waldimir Maia Leite, comenta: "é de estranhar que, com tantos outros sérios problemas ambientais, haja essa preocupação, em Lisboa, em relação aos sinos, aos sons musicais das igrejas. Pois os sinos não tocam. Eles falam. A linguagem da religiosidade". Portanto, não é só aos demônios dos ares que os sinos incomodam. É também ao S1.'Cretário de Estao o m 1cne,em o uga .. C. A.
CATOLIC ISMO MAIO 1989 -
19
REVOLUÇÃO FRANCESA:
ta mo le de concreto e vidro, quatro vezes o Arco do Triunfo de Napolc.'.lo, abriga rá a Fundação dos Direitos do Homem. Na direção les te de Paris, exata ment e no local onde se encomrava a Bas1ilha, Mittcrrand mandou edificar o Tea1ro da Ópera. "Esta ópera da Bastilha pretende ser 11m projeto de esq11erdu, mas na realidade é 11111 111on11me,110 fú nebre à Revoluçtlo' ', comentou o analista polí1ico Jean 13audrillard (2). Nas comemorações do bicentenMio.
Entre a Liberdade" eaGuilhotina, N 11
ADA FA LTARÁ no feslim CO• 111emorativo da Revolução Francesa, a qual neste ano celebra seu bicentenário. As empresas comerciais e o Governo socialista fra ncês oferecem de tudo; barretes frigios e "cocardes", ro upas em estilo revolucionârio ''sans-<:ulone'' ,calcndários rcpublicanos e att preserva tivos sexuais com motivos de 1789 ... Para auimar este festival, os socialistas gastara m nada menos do qu e 1,3 bilhão de dólares ( 1) na consirução de três obras, uma delas rea lmente faraônica: a "pirâmide de vidro", construida na entrada do muse u do Louvre. O Moloch arq uitetônico, verdadeiro aten1ado ao bom gosto francês, destoa
de modo aberrante do antigo palácio dos reis d a França e de seus belos jardins, cenário de acon tecimentos dra máticos d urante a Revolução. No topo da colina de La Défense, seg uindo a monumental perspectiva da aven ida Champs Etisêc, foi construi do outro pesadelo: um edifício de 72 andares em forma de cubo vazado. Esl'ian fandoaán...,..., da
liberdade, que Mo amarg0$frulw lraria1,u.ra a Franra e Q1111111,fo. l foje, o nn:i.!i,m i.!mo l, iJtóriw - cuja figura uponv.cial o! 1-N.lns,ois Furel(/olomeno.-) - pre1en<leJe111m,ru árvon, a~~ u, fn,tos!
a imagem e o espetáculo dominam sobre o significado ideológico do event o. O pllblico está sendo convidado a participa r co mo ator em peças teatrais chamadas ''exposiçôes lútlicus interativas''. Em julho próximo, haverá no Tea1ro da Ópera umaenccnação daqu edada Bastilha. Cada assiste nt e poder á tomar parte no "assalto" a um gra nde molde da controve rt ida p r isão e levar co mo bri nde, não as cabeças decapitadas de se us defensores, corno cm 1789, mas um propagand istico ladrilho tricolor com as insc rições "Liberdade, lgual<lade, Fralernidude''.
FrutQs amargos da "Arvore da liberdade" Nl'toobstanteoscsforços dos socialistas para tra nsformar o bicen tenário numa co memo ração a-ideológica, uma pergu nta assaz incômoda permanccc no espirito de incontáveis franceses: o que seestácelebrando?AR cvolução? Mas essa mesma Revolução derrubou a Bastilha e inventou a guilhotina! O poder que proclamo u os '' Di re itos do Cidad l'to" deu inicio ao Terror, período c 111 que-mililares-d&-homcn,.---mulh ercs c cria nças foram brutalmente massacrados. Após cer decretado a li-
20 - CATO LI CIS MO MAIO 1989
berdade h.,.iosa. ~ · :~volução desencadeou uma das mais terríveis perseguições à Igreja Católica, só comparável, talvez, com a dos tempos de Nero e Diocleciano. Embora o dístico do bicentenário apresente três pombinhas, slmbolo da paz, sabe-se que pelo menos 1,3 milhão de franceses pereceram nas guerras da Revolução e do Império t' ..
(3).
Um canal da televisão francesa levou ao ar um programa sobre o processo de Luis XV I. Depois da encenação
lha , mas uma enlutada missa de "requiem". A memória t rágica dos 117 mil vandeanos, martirizados com requintes de crueldade por sua fidelidade à Religião e ao Rei, clamaria à cons· ciência francesa em protesto cont ra uma operação de extermínio, o "genod dio franco-francês", decretado pela Convenção Nacional, em 1793 e q ue prosseguiu até 1795 (5). Para se contornar ta l objeção, sem propriamente respondê-la, crio u-se artificialmente uma "interpretação ('Onsen-
odrama do Bicentenário do julgamento, os 1elespec1adores pude- suai' ' da Revol ução. ''O Terror e avio- roso no Cardeal francês Paul Poupard, ram, como jurados, dar seu "veredic- lência nlJo fazem parte dela", afirmam Presidente do Pontificio Conselho pato" pelo telefone. Valeu a pena decapi- os idealizadores dessa nova hermenêu· ra a Cultura: "O bicentenário celebra tar aquele descendente de São Luís? tica. Esses crimes constituem um "des- 1789 e nOo 1793; celebra a liberdade e O resultado foi surpreendente: dos 116 vio", uma "traiçdo" aos prindpios nOo o "Terror, os Direi/os do Homem mil ouvintes que se manifestaram, 72,5% de liberdade e fraternidade. Entre a e nOo sua violaçdo. Um dos méritos votaram contra a mone do rei! magnifica "alvorada da democracia" do bicentenário é desmitificar a separaDesiludido, o jornalista Alain Duha- e a ditad ura sangrenta de Robespierre çDo maniqueísta, até agora predominanmel declarou: "As comemoraçôes do não hã ligação possível, dizem eles. te, entre revolucionários e contra-revobicentenário voo reCordar a todos que Tui im postação tem um partidário ardo- lucionários, entre inimigos e amigos em 1789 a França era uma grandà liberdade. Nilo se trata de celede NaçOo, a primeira potência brar uns contra os outros, mas O "sans-cu/olte", çam a bamlcira 1ricolor,f1gura 1/piw da Europa, o país farol, um cadi- 1/a lfovaluç/io ~·,,.,,ce,a. A empáfia que M /)(J(le 1fücernir uns com os outros" (6). Ou seja, nho cultural e intelectual ... O ,w pcrw1wgem é um preaúncio dos crimes da llevo/u. deve-se celebrar ecumenicamente que ela é hoje? Quanto mais ção, ;w co 11lnlria do que procuram fazer crer os 11000< uma Revolução por excelência brilhan1e for o aniversário de hislorimlore, ne11e bicen1enária. não-ecumênica ... 1789, mais ele alimentará as saudades ... "(4). François Furet, A ''árvore da liberdade' ', planlíder do consenso tada a 14 de julho, cm lugar dos beneficios prometidos, gero u fruUm dos primeiros historiadotos amargos impregnados do res a atacar a1ese de que a Revoodor de sangue da guilhot ina ... lução constituiu um movimen10 único foi o egresso do Partido CoEcumenismo munista francês, François Furei. nas celebrações Em seu livro sobre a Revolução, publicado em 1964, o ex-membro Do ponto de vista histórico, da "CélulaSaim-Just" contestou, os que são favoráveis à Revolunum ato então de "rebeldia", ção Francesa vêem levantar-se os pontifices marxistas da Sorboncontra ela, logo à primeira vista, nc que aceitam a "positividade" uma tremenda objeção; se a Revodo Turror, sem o qual a Revolulução é um bloco, isto é, um mo· ção não teria sido vitoriosa. vimento único que vai de 1789 a Furet dháde o período revo lu1815, com a queda de Napoleão, cionário em dois: o primeiro, de seria bem diflcil desembaraçar1789 a 1790, marca o advento se de seus "aspectos negativos". da "democracia". O segundo, a A lembrança das 600 mil vitimas que ele chama de "derrapagem 179 da Revolução", compreende o 0
~~l~~:~rv~
~ ~ .i<-t-
aquele que o atual Cardeal de Paris, Mons. Lustiger, celebrará no aniversário da queda da Basti-
=-c;....
~~hm,i:,-iric~mr(pel
qual, todo aquele que não procurava aparecer como revolucionário ardente, podia ipso facto ser CATO LI CISMO MA IO 1989 -
21
f:m 25deo/Jril 1/e 1792. ngui/holino f,,11,:Wnoupel11primeiro r,t>znn frrmçn .
ti /fflrlir,laíe/n 11/io lt'l!<! mais deva 11w
1/urn111e1()(/ao R1?110lução.A oorren/e revi..ionis111 f/lter ~-er ne~si,
C<1mifici,wm11f<1l-0 UlrÍrr.secaanJ
flrindfJÍOS rero/11ciomirios.
considerado suspeilo, conduzido a prisao efreqiien1emen1e mono) e aguilholina. "Pode-se negar q11e nessa imensa ecloslJo de liberalismo, q11e domina a França entre 1750 e 1850, o Terror nllo foi se11lJo um breve parêntese e uma con1ra-corre11te? Pretender q11e ele foi necessário para Jazer triunfar a Revofuçbo liberal é próprio a uma metaflsica finalista, nDo d História" (7). Com François Furet, ex-presidente da "Éco[c des Ha u1 es f.:rndes" e atual d iretor do Instituto Raymon Aron, nasceu a corrente do "revisionismo crilico e reinterpretaçDo da Revoluçlio Francesa".
uma h istoriografia sob medida Olvidada em seus primórdios pelas tubas da propaganda, a "escola revisionista" adq uiriu râpida notoriedade a partir de 1983, quando o socialismo de Mitterrand, aplicando a poHtica de coabitação com o centro, inaugurou a "era consensual". caracterizada pelo ''fim das puixôes pofítico-ideológicas'' (8). Os socialistas visavam com essa nova tâtica a eliminação dos fatores religiosos, políticos e culturais que pudessem criar conílitos de opiniílo ou antago nismos doutrinârios. No campo historiográfico eles realizaram, através do revisionismo crilico. uma espécie de "peresiroika" da Revolução FranceDesmitificando embora a legenda revolucionária fabricada pela historiografia marxista, osrevisionistasesvaziaram o contclldo ideológico da secular polêrnica cm torno da Revolução. Adap- - - rararrr-n:r,-assinr,+mentalidade-rlo-eu ropeu de 1989, que de nenhum modo deseja reavivar a lembrança de Austerlitz ou Waicrloo, batalhas onde tomba22 -
CATOLICISMO MAIO 1989
ram milhares de soldados franceses, ingleses e alemães. É com base nesse pretendido consenso hiscórico. nessa coexistência ecumênica e contradi1ória entre adeptos das idéias dC 1789 e rcfratârios a elas, que o governo socialista francês comemora o bicentenário da Kcvo lução. Nesse sentido, afirma o escritor revis ionisrn Guy Chaussimmd-Nogarct, em livro recentemente cdi1ado no Brasil: "É possfrel hoje festejar simultânea 011 s11cessivamerue o milenário dos Capelos - dinastia d qual pertencia Luís X VI e que govemou por séculos a Prança - e o bicentenário de 1789. . ... Um mesmo citlad0o pode punicipar de 11111a e de 011/ra comemoraçoo sem crise de consl'iência, podendo se reconhecer, sem ter que Jaz.er escollra, como legatário das duas herançi.1s'' (9). Não se trata, portanto, de contes· tar os princípios revo lucionários, mas apenas de "s11peror o crença romt1nlica nos efeitos purificadores do violbrcia" que outrora animou os líderes da Revolução: "O Terror nuclear é o conseqüêncio de uma retórico im•entada por homens de letras fracassados, como Robespierre e Saint -J11st" (10).
Fim da distinçã o
luz. Nunca, talvez, a oposiçílo de princípios separou 1ão 1>rofundamcn1e os homens quamo aquela que di vidiu cm doiscam1)0sirrcconciliávcisospartidários e os adversários de 1789. Por trás das preferências cn1rc Monarquia e Rcpllblica, duas mcmalidadcs, dois sistc· mas filosóficos se en1rechocava111 numa luta de vida ou de morte. Neste triste ocaso do século XX, o princípio de contradiçao parece banido da 111e111alidadc relativist a do homem contemporâneo. Embotada css.1 noção elementar e primeira, pode-se celebrar si multaneamemc o rei e aguilhotina que lhe decepou a cabeça ... "Oxalá foras frio 011 que111e; ma!;" porque és momo, e nem/rio nem q11ente, começar-te-ei a vomitar da minha boca" (Ap. 3, 15- 16). Condenação terríve l, expressa na Sagrada Escritura, contra todos a<1uclcs que procuram uma composição entre a verdade e o erro, o bem e o mal. Br:iulio de Arng;lo N~as (l)""OEJ1adodcS. Paulo",27-12·88. (2)"" 1'olhadc S.Paulo".26-2·89. (3)Cfr. ltênéSnlilloc, "Lc Coüc de la lto!volu· tionFrançaisc",Pe rrin,l'ari,. 1987. (4) .. 1.c l'oinl"".Pari.s,8·8·88. (S)Cfr. Rtynald s«hcr. "LcGtnocidcFra11rofrançaisc:la\lc1~Vcngé '',l'.U.F.,Paris,l986. (6)"l0Giorni'".jan/ 89 . f7)J..rançois Fu rct.'"LaRo!volu1ion l'rançaisc", Fayard,l'aris,1973. (8)"'08iadodeS.l'aulo'',17-l2·88 . (9) Guy Chaussi nand .Nogarct, "A Queda da &wilha'".JorgcZahar,Slol•aulo.1989. ~~~~ean , Paul Dollt, "' 1..e Magazine l. inb"ain:".
ILUMI NA SUA VISÃO
VISOTIC
entre verdade e erro Defender as idéias revolucionárias e ao mesmo tempo rejeitar suas consePa p e l sed o com qüências pr:hicas, como historicamenaplicaçõo d e silico ne , te se manifestaram, é uma contradição ílagrante. Violentar a natureza dos fa. esp ecial para tos para justificar tal paradoxo, enqualimp eza de le ntes drando-os nun1a inlerpretação ecumênica absurda, é transformar a his1oriografia numa atividade cultural dirigium Pfodulo do ARTPRESS -da-e-pré-concebida~ . - - - - -H 1m:rosrrto""GrófiCO·e·Editoroi: A Revolução Francesa foi um dos Ruo Jovoés. 6811689 _ 50o Paulo (SPJ principais movimentos ideológicos da lelefooe (011) 22Q.d522 História e só é compreensível a essa
Ca ri caturo publ icado em "Le Soleil" (22 -10-66). de Qoébec
mossexuais lutam para obstaculi7.ar - e já têm obtido res ultados ponderáveis qualquer discriminação contra os aidéticos, procurando impedir, por exemplo, que os enfermeiros que lidam com doentes infectados usem roupas protetoras especiais. E tentam cvi1ar, igualmen te, que sejarn realizadostestessa nguínoosempessoas pertencentes aos gru pos de risco da doença. O que vem tornando a A IDS a primeira epidemia politicamente protegida da História, aumentando assim ext rao rdinariamcnle sua disseminação e o risco de contágio dos s!los (cfr. "Catolicismo", nº 458. fevereiro de 1989). Outro grupo de pessoas q ue, para seu próprio bem e o da sociedade, tradicionalme nte vive confinado, de preferência cm grandes granjas agricolas, é o dos loucos. E unta das discriminações que con1ra eles norrna lme nteseexerceé a de que não podem vo tar. Nad a é ma is na1ura l. Po is o vo to, de si, exige pleno conhecimento de causa, lucidez para analisar os problemas da nação e saber o ptar pelas soluções adequadas, inscritas no programa deste ou daquele partido político. Como pedir isto a um pobre doente mental? Mas va i lo nge o horror irracional á discriminação, como também a supers1ição e o feitiço do igualitarismo. No Canadá "50 mil pessoas atingidas por doenças mentais (e sob curatela) poderão votar nas eleições, como resultado de uma decisão tomada pela Cor1e Federal de Justiça" ("Le Devoir", Québec, 18-10-88). À partir dessa incrível decisão, funcionários da just iça cleitorar passaram a percorrer os hospitais psiquiátricos para alistar os doent es. Tais funcionários ''não eram obrigados a julga r a ca pacidade de cada doente mental para exercer o voto" (idem, 15- 11 -88). Po rta nto, podiam alistar mesmo os loucos furiosos! Os pobres d oentes, porém, parecem ter most rado mais bom senso: "No Hospital Robcrt-Giffard, deQutbec, de ntre os 1.850 beneficiários da medida, só uns 370 se inscrevcran1 para votar" (idem, ibidem). Ou seja, só 20•1, dos loucos desse hospital resolveram inscrever-se. Menor ai nda foi a porcentage m dos votantes no Hospital Douglas, de Montréal (12 1/o ): "Cerca de 650 pacientes do Douglas têm o direito de votar. Ape nas 75 demo nstrara m desejo de exercer seu direito" (ide m, 22-11-88).
A DISCRIMINAÇÃO
e o feitiço do igualitarismo
0
DISCRIMINAÇÃO é um bem ou um mal? Depende. Se ela se ex.erce de modo injusto, tornase condenável. Mas se é exercida por motivos justos, entiio é louvável. O que são, de si, a s prisões, sentlo lugares o nde permanecem segregados aque les que l)Or seus atos delituosos se tornaram indignos do convívio social - e conforme o caso até perigosos para ele - ao menos temporariamente? A discriminação do criminoso, praticada cm todas as épocas. por todos os povos, embora de modos d ifere ntes, é o que há de mais necessá rio. f?. ainda con forme á razão a discri minação daqueles q ue, mes mo sem culpa própria, põem cm risco grave a saúde e a vida de seus semelhantes. Os leprosários medievais - quand o ainda não se conhecia a cura da lepra e antes deles a discriminação dos leprosos preceituada por Deus no Antigo Testamento (cfr. Lev. 13, 1-8), são exemplos muito marcantes. Os pobres infelizes que eram portadores d a lepra - doença terrível e contagiosa - deveriam retirar-se do eonviv io socia l e vive r entre si. É uma cruz bem pesada.mas necessária. A Santa Igreja, de pena dos leprosos, suscitava vocações admiráveis: pessoas havia, inteiramente sãs, que passavam a vive r nos leprosários só para tratar dos doentes, expo ndo-se vo luntariameme ao risco iminente do contágio. Porém , de o utro lado, a própria Igreja tinha um rito pelo qua l o lep roso era considerado como morto para a sociedade, e só podia viver segregado. Tal l)rocc<limento é bem caracteristico da Santa Igreja. Com uma d as mãos impunha a Cruz necessária às costas do en fermo, e com a outra encontrava os cirineus que o ajudassem a carregá.la. Enérgica, contudo mais materna ainda do que enérgica, multiplicando-se en1 manifestações de afeto no mesmo momento cm que exercia sua energia.
Co m
vistas ao futur o
De futuro, quando os presentes horrores tiverem cessado, e a harmonia da C ivilizaçao C ris1a - fruto do tri unfo do Imaculado Coração de Maria, predito por Nossa Senhora cm Fátima - voltar a brilhar com ful gor incomparável, tais absurd os deverão ser lembrados. Assim, as gerações que nos sucederem poderao conservar a idéia de quão fundo é o poço em que hoje caimos, e, em oonseqiiência, tomar as providências necessárias para não tornar a nele resvala r. Caso contrário, sempre haverá individuas de men t alidade 01imista e folgazã - ou cntilo ve lhacos per igosos disfarçados de otimistas - que cond uzirão o mu ndo A idéti cos e l oucos de novo a este ponto . Os fatos típicos do es pír ito revo lu- - - - - - - - - - - - - - - -1-e ciõIDWiO(scnsffiil e 1gualnãno) de nossa é poca ever o Hoje cm di a, uni verdadei ro feiti ço do igualitarismo leentão ser clcncados e proclamados, para evitar no vas va nta-se cega111enle contra quaisq uer discriminações, até ruínas. as mais necess.'1rias. Nos Estados Unidos. grupos de hoGregório Lopes
CAT OLICISMO MA IO 1989 -
23
GRANDEZA E NOSTALGIA NOS FUNERAIS DA IMPERATRIZ ZITA Nelson Ribeiro Fragelli - env iado especial -
[y]
IENA - QUEM ESTIVESSE próximo à pequena igreja dos capuchinhos, no centro de Viena, ao fim da tarde chuvos,1 e fria de 1° de abril, poderia ter julgado que os vit rais das imponentes igrejas da cidade tivessem subit,1mcntc se anima-
do, e suas figuras, representando cenas do passado imperial, tom:mdo vida, tivessem acorrido capuch inhos. Cercada de silenciosas figuras a imponente carruagem fúnebre, adornada de pesado luto e puxada por três parelhas de cilvalos negros, cm meio a longo cortejo, pára cm frente à Cíl pcla his tórica. Associações milicianas, conscrva11do antigas tradições, robustos camponeses do Tirol , de um olhar mm\ e leal, vestindo uniformes de o utros tempos, rctirílm d íl cílrruílgem o peSíldO esquife coberto de - - ;-----::;M-----,½:f-------- - i ·men,;,o...\lcludo...ucgro..J.c1laJJdO-o à pmta da Cíl pcla estranha mente fechada. Tudo permanece por alg um te mpo IJm,. °'"" ecoco1ir10: mcml,ri~• de ""'",.~....-;,.~;., u11i1:ersiráriu imóvel, s ile 11ciosame 11te estát ico. Ouve-se apenas, ao lo n c,1tôlim. nm,•rgruuforrujes rlrr,•111ic/wlc, ,,,,,,,1n,,,,,,,fo ,,ku/o ,\j 'fll ge, no a lto da imensa torre da Catedríll de Sa nto Estêvão ílOS
24 -
CATOLI C I SMO MA IO 1989
o repicar de seu grande sino - Pummcrin - que com seu timbre aveludado e grave sempre soara nos grandes momentos da monarquia aust ríaca. O Mestre de Cerimônia posta-se sole nemente à frente do esqu iíe, junto il port,1, e com ocastão prateado de seu bastdo a golpei,1 por três vezes. ''Quem dcscjaenlr.ir?'', pergunta, lti de dentro, o Superior dos capuchinhos. "Zita, Imperatriz da Ãustria, Rainha da Hungria, da Boêmia, Dalm,kia, Galícia, llíria,etc.", responde o Mestre de Cerimônias, declinando a longa lista de títulos da nobre desaparecida. "Não a conh~o", replica o capuchinho. O Mestre do Cerimonial insiste com três outras batidas. ''Quem deseja entrar?", repete o Superior. "Zita, Sua Majestade Imperial e Real", ouve-se do lado de fora. "Não a conhe(O", é a resposta que vem da capela, abafada pela porta ainda cerrada. O Mestre do Cerimonial pela terceira vez insiste, resoluto, batendo ainda três vezes. Ã mesma pergunta do religioso responde a voz súplicc do lado de fora: "Zita, pobre mortal e pecadora". Só então o velho monge ordena a abertura da secular porta de bronze de sua igreja: "Assim sendo, que entre", declara, solícito e paterno. O esquife põe-se cm 111ovimento, nos ombros dos milicianos, passando ao altar-mor entre duas alas de capuch inhos em hábito penitencial, entoando o "Mater Dolorosa". Têm início as orações e bênçãos, intercedendo a Santa Igreja por uma alma que se apresenta ao JuÍ7.o de Deus. Três majestades se encontra vam naquela pequena capela: a Imperatriz morta, revestida de grandezas históricas incontáveis; a majestade da Morte, sob cujo império todos se encontram, grandes e p(!quenos; e a Majes-tade--E>ivintt,----intcio--e-íim-de-todas-a,.+coisas, que tudo governa e tudo julga - os homens, as nações, os reinos e os impérios.
O coro dos Meninos Cantores de Viena entoa então a "Salve Regina" Um histórico canhão troa. A salva de 21 tiros ouve-se ao longe.
Assim chegavam ao fim as pompas fúnebres da esposa de Carlos de Habsburgo, último imperador austríaco, deposto por uma revolução em 1918, morto pobremente no exüio. A Imperatriz foleceu no convento onde passou os últimos anos de sua vida, na Suíça. Seu corpo era agora sepultado na cripta da capela dos Capuchinhos, onde repousam os restos mortais de membros da fa mília Habsburgo. L.-1 estão os túmulos de 12 imperndores e 16 imperatrizes. Os funeríliS emocionaram a Europa e tantas outras partes do mundo: 150 mil pessoas partici param, durante 4 dias, das cerimônias de despedida de Zita. Milhões as acompanharam pela televisão, em vários países. Acorreram desta vez a Viena mais jornalistas do que por ocasião da visita de João Paulo li. Cerca de mil componentes de 40 organizações de artilheiros, soldados imperiais, antigos batalhões de caçadores etc., cm uniformes históricos, participaram do último cortejo. Algumas delas com suas bandas. Quase todas portavam espadas e carabinas. Tão numeroso conjunto de regimentos históricos não se apresentara, nem
-----11- -- --
1-~---I- -
CATOLICISMO MAIO 1989 -
25
mesmoporocasiàodocnterrodeFrancisco José, cm 1916. O país, então cm gue rra, tinha que manter seus home ns sobretudo na frent e de batalha. A guarda-civil de Murau, na Es tíria, envergava seu uniforme, adotado cm 1820. A companhia de granadeiros de Friedburg, oeste austríaco, portava sua farda "bra nca como a neve" e capacetes de pdc de urso. Todos eles têm longa tradição de fid el idade aos Habsburgos. A guarda-civil dc Ricd tivera como madrin ha a lmperatriz Elisabcth - familiarmcntcconhecida pelo nome de Sissi - esposa de Francisco José. Ela mesma confi ara ao comandante de então a bandeira que tremulava naquela cerimônia. Os Ko1lerschlager, atiradores de escol do tempo das carabinas, tinham no chapéu negras plumas de corvos. Entretanto foi à antiga guarda pessoal do Imperador - os Trabanten - que coube a honr,1 de desfilar junto ao esquife, ao lado dos membros da familia imperial. A sua fidelidad e através dos séculos tornou-a tão estimada, que após a queda da monarquia, jamais foi abolida pela Re pública. Criada em 1286, na então cidade ducal de St. 'kit, foi a partir d e e ntão agregada â pessoa do Imperador. Tradicionais associações universitárias, em trajes
naram a Áustria, levando-a a um esple ndor e importância que desapareceram com a perda do trono. O carisma da "arqui-famíli a" consistiu antes de tudo na fideli dade à Santa lgreja, colocando a serviço dEla sua cspada e s ua influência cm momentos ápices da História. A batalha de Lcpanto e a cv.ingcl iwçào d.i América testemunham essa dedicação. Um traço luminoso ma rcou especialmente os Habsburgos: no século XVI, qua ndo a Igreja teve sua unidade te rri vclmente rasgada pelo golpe do lutcranismo, eles permane<:ern m fiéis a Roma, tr.insformando Viena no cent ro
Áustria, casa-te" . Foi assim que a aura dessa di nas tia envolveu- nos também a nós brasileiros, qua ndo uma arquiduquesa de Áustria, Dna. Leopoldina, tornou-se nossa Im peratriz.
A voz aveludad.i e grave do Pummerin contribuía para ace ntua r n.is fi sionomias, dentro e for.i do cortejo, a bru mosa inquietação de que o lmpério, que de algu m modo ti nha naq uela cerimônia um prolongamento, desaparccesse definitivamente com o fcchamento da sepu ltura de sua última Imperatriz. O lhos fixos na pequena igreja, cuja cripta abriga nobres sepulcros, todos pcrman(!Ciam cm reflexivo silêncio, disciplinados, resignados. Duas vezes a banda toca o hino imperial "Deus proteja o Imperador", de Joseph l-layd n. Nas duas vezes grande parte do público oacompanha,cantando. Nesse momento, desce o corpo à sepu ltura. Terminada a cerimônia, participantes e povo, pouco a pouco, se dispersam pelas roas do centro, sob fina chu va e a luminosidade difusa e ténue de um crepúsculo nublado. Rt..'COlhcm-se nos cafés, onde calmame nte refletiriam sobre a fastuosa tarde: o fabuloso cortejo que, em curto
i:n~!ºc !~~~s ~~~~:s~ Parlicipn do cortejo numero,o Clero, o religi-OJo q,umlo o 1ecula r ::j~:;;ó~:~:s~:~a~ p~c;~ precediam o clero, imediaeia ai nda percorrer os espftamente antes da imensa carruagem da Contra-Reforma Católica, na Euro- ritos. Atravessa ndo a capital aust ríafúnebre. Sempre ligadas aos ideais pa Central . O esple ndor de suas igre- ca, ele passou poraquclasexistências, d o Império, foram elas as mais dedi- jas atesta essa fide lidade. Fidel idade emarcoua históriadcste íimdeséculo. cadasguardas de honrada falecida lm- que lhes valeu, até o fim do Império, Dizem uns que naquela tarde o peratriz, durante os 4 dias em que a honra de serem odiados pelos ini- centro de Viena estava repleto de adseu corpo passou em Viena. migos da Igreja . "É preciso aniquilar miradores dos tempos im periais. IsNumerosas personalidades ede- os Habsburgos, monarquia papista", so é certo . Outros qu iseram ver nasiásticas compuseram o cortejo em pa- era o brado jacobino, em 1918, no mo- quele esplendor uma ameaça à Repúramentos sagrados de elevada pom- mento em que a derrubavam . blica. Também é certo que os que ali pa. Ordens militares e de cavalaria, Não faltou aos Habsburgos um estavam não pensava m na Repúbliaristocratas de alta linhagem, deram mis todecorage mempreendedora,se- ca, naqueles insta ntes em que uma ao público a idéia de um passado re- gura administração e s util diplomacia, dor f.izia reviver aspirações adormecid ivivo, até então conhecido apenas que tantas vezes consis ti u em bem es- das e reanimava o amor por glórias nos livros e mo numentos, nos so- colhidas uniões matrimoniais que passadas. Coraçõesdoloridosdcsligan hos de incontáveis austríacos ou lhes deram reinos, asseguraram-lhes va m-se transitoriamente - pelo espa-
'"ª'°
- ~:~~~c~ãé"';:~:;~•d ,,,a~m ~e~ m~ó,eiac,dec.e , ,e"""''=""'""'-"+"~~,c:""~e,;: i:,~!c..;';,.:,' o :.: 1;g:it;::; :; r:::;m._,r~~~I~: Em todos se refletia a gra vidade do momento. Sabiam que por mais de seis sécu los os Habsburgos gover26 - CATOLIC ISM O MAIO 1989
chcs Austria heirate!", di zia-se dos Habsburgos, d izia-se da Áustria. ''Que outros façam guerras; tu, feliz
;,~~~~ij~~;~;;=,~:~/;;;:---nunca deixara m de fasciná- los. Eles ali tomaram forma, ainda que momentancamente, e como que por e ncanto.
1
Tecnologia em alumínio
J
CAIXILHOS ESTILO MEDITERRÂNEO ARCO ABATIDO E COLONIAL
6:~tk:o"s
FOTOLITO S/C LTOA.
REPRODUÇÕES EM LASER FOTOLITO A TRAÇO• DEGRADEE• 8ENOAYS AUTO TI PIAS• CÓPIAS FOTOGRAF1CA$,
PROVA OE CORES
TABELA ESPECIAL P/EDITORES A V. D IÓGENES RIBEIRO OE LIMA. 2850 ALTO DE PINHEIROS TEL., 260- 57-44
LI •T*""" H. SILVEIRA TURISMO Passagens nacionais e internacionais
BARCELONA TELEFONES compramos -
v endemos
administramos - alu gamos
ENVIO PARA TODO O BRASIL
E EXTERIOR
trocamos e facilitamos todas as áreas fe /s: (01l )J2-9732 -37.(,769- S3o Paulo-S P
R. Dr. Ma ~ti ni co l'raJo.34! - Higi_cn611<>lis (Sc rv1ço dccntrcgaparaaTCg 1ão) Estac io namen toprópriocomma nobrista
Reservas: 825-2749e67-6596
~
ÓTICA AROUCHE LTOA. LENTES DE TODOS OS T IPOS E ARMAÇÕES DAS MELHORES PROCED€ NCIAS
ft. Silveira Turismo Ltda Tclcfone:(011)259-0'l84e257-4124
LARGO DO AROUCHE, 261 - F. 221 1737
Telex: 11-327711-HSTU-1\R
SÃO PAULOSP
CONSTRUTORA
ADOLPHO LINDENBERG S/A
INCORPORAÇÕES - PROJETOS E CONSTRUÇÕES
CATOLIC I SMO MAIO 19B9 -
27
ZITA INMl:MORlo\
Sua MajcstadcZi la lm1,.,ralri,.daÁustri.l, Rainh a da Hungria,1c.l'nrlCl"S,l(i{'llourbone 1'•"""· N.osódal'ffl l'i,anore,9de m,>,odcl892. 6.p,rouno5f.nhorem
Zi,en(Suí,;a).14deman;odt'1989
VIDA COM GRANDEZA
MORTE COM ESPLENDOR
DORES DE CABEÇA-1
DORES DE CABEÇA-2
AsdoresdecabeçadeGorbachev conti nuarão insolúveis, sedependeremdasfarmãciassoviéticas:nelasnãohãsequeraspirina. A absoluta carência dos medicamentosmaisrudimen taresea péssima qualidade nas manipulações de reméd ios são alguns dos pontos destacados pelo "Pravda", jornal oficial do PC russo. Não fosse a importaç,ão de medicamentos, os cuidadosmédicosestariaminteiramenteparalisados.
A falta de aspirina ainda n0ot!opior. Na Rússia, deacordo com o "folclore" socialista, aserviçomt!dicot!gratuito aqui se diria. "direito e dever do Estado", Em outras palavras, n0o funciona ... O alendimer/lo médico-hospitalar depende de suborno: o pagamento "porfora" t!necessárioemludo, desde o uso de termômeiro alt!acirurgia . .-_tinsubmiss(Jo_à regrapodetermmaremtragt!dta: duas m4es que n4o pagaram a
BANQUETE PARA CARENTES
Anualmentenomêsdefevereiro, desde 1545, realiza-se no salão de festas da Prefeitura de Bremen (Alemanha Ocidental) um banquete em benefício de pessoas que trabalhavam no mar, e que se tornaram carentes. Do tradicional banquete participam cerca de 280 se nhores,equeméconvidadosó pode participar uma vez na vida. O cardápio, bem como a seqü~ncia dos pratos, é invariãvel hã mais de quatro séculos: sopade galinhaàbremense,bacalhaucommolhodelagostim,repolho refogado com castanhas e li ngüiça,assadodevitelacom saladadeaipoeameixas,línguadoàri guense, queijos, frutas e café. Eis um simpãtico resqulcio detradiçao,emmcioàdemolição sistemãtica d e valores do - p essltdo,que--se-observa-no,dias pardacentos em que vivemos. Nafoto,obanquetedefevereiroúltimo. 2 -
CATOLICISMO JUNHO 1989
propina para as enfermeiras encarregadas dos bebês recém-nascidostiveramseusfilhosdevoradospor ra1azanas! Oulropaciente, parall!ico, ouviu de um enfermeiro: "Arranje-se;naosou obrigado a lhe dar comida na boca".Essesfatosassombrosos foram denunciados agora, no primeiro congresso médico da Rússia em mais de 60 anos...
Segundo o "Jornal do Brasi/" (6-3-89),oSecretáriodeRecursos Fundiários do extinto Mirad, Euler lázaro, informou que chega a /./00.()(){) o número de tftulos da divida agrária com prazos vencidos e n4o pagos. O mesmo matutino informa que o Governo Federal deve mais de 489 milhôesde cru.adas na~·os aos proprietários de lodo o Pafs que tiveram suas
GOVERNO NÃO PAGA
r;:,~':Ien1!::~ºff1Íl°:óof'fJ1l;
DESAPROPRIAÇÕES
NOVOS ARISTOCRATAS
Lenta, pesada, devoradora do erário público, má administradora: essas silo algumas coracterislicosdo máquinagovernomenlalbrasileira. Uma nova ''virtude"vem-sesomaraessas "qualidades": a de má pagadora. A mldionacionaldánoticia de que o Governo federal está emotrasonoresgatedoschamados TDAs (Tflulos da Divida Agrária). EssesTDAsslJotítu/osemitidos pelo Governo, que lhe permitem nao pagar ao faundeiro desapropriado, à visto e em dinheiro, ojustova/ordaterra. O pagamento t! feito em papéis, com reduüdo valor ,·omercial, sacados contra o futuro.
em circu/aç{Jo no Brasil.
Com a nova Const ituição, osindiossetransformaramna c!assedebrasileirosmaisprivilegiadaemmatériadepropriedade privada. Nessamatéria,oqueaConstituição tira dos fazendeiros, dã aos índios. Eo dã cm proporçõesmaioresdoqueastoleradaspara os fazendeiros. Não se pode com preender qual é a vantagem que o bem comum aufere com essa política de dois pesos e duas medi das, uma vez que os índios não s.llocapazesdedar umaprovcitamcnteidôncoàsextcnsasâreasquelhessãorcscrvadas.
~AtOLICESMO
Assestando o foco nos pontos nevrálgicos ~~~~~~:~1~w~i;᪠~; SUMÁRIO
NACIONAL
útil. Ou se preferirá a indefinição e a modorra? ................ 4 RELIGIÃO Lourdes vem sendo invadida pe·
la chamada ''renovaçãocarismática", com prejuízo para a devoção tradicional a Nossa Senhora .. .. ... 7 HISTÓRIA
O "Terror": componente necessário ou simples excesso da Revolução Francesa? ............. 10 ARTE A arquitetura tradicional tem melhor acolhida nos dias de ho-
je do que a moderna ......... 16 INTERNACIONAL
Colômbia: a guerrilha, o narcotráfico e a omissão governamental levam o país ao caos . . . 19 MUNDO COMUNISTA Uma visita à "Cortina de Ferro" que separa a Alemanha Oci-
A
VI ZINHA-SE a eleição presidencial no Brasil, e com ela aumenta a perplexidade da opinião pública. De um lado, a escassa representatividade das candidaturas não-socialistas l)Ode resultar numa surpresa desastrosa, como seria a vitória de um candidato definidamente de esquerda. De outro, constata-se um preocupante mutismo nos setores apolíticos, por onde corre a seiva autêntica da nação; quem sabe por não haverem ainda encontrado meios de se expressar, ou talvez por aturdimento ou apatia. Tal situação cria um impasse, tornado agudo pelo presente quadro nacional - greves, bombas, criminalidade solta, desemprego, ameaça de hiper-inílação. Da[ surge logicamente a perspectiva de um acordo dos partidos politicos para a constituição de um governo a ser qualificado de salvação nacional, cujo intuito declarado seria aplicar um programa saneador na economia e institucionalmente estabilizador. A chefia desta frente ampla, postas as atuais circunstâncias, poderia facilmente derivar para as mãos de um polltico fortemente esquerdista, mas que assumiria, provavelmente, por força de compromissos, um programa visto como moderado. A resignação do público conservador seria obtida pelo afastamento das ameaças de desordem ou até de conflagração. Obtida a paz social, reclamada pela população ordeira e trabalhadora, restaria contentar a esquerda . . A frente ampla aplicaria então - embora sem agitação - um programa marcadamente socialista, condição para os setores esquerdistas aceitarem juntarse ao governo. Ocorreria assim uma espécie de détente interna, análoga à preconizada pela pereslroika no campo internacional, naturalmente ovacionada por boa parte dos grandes meios de comunicação social. Seria a "fórmula brasileira", com a qual, não nos iludamos, o Pais resvalaria acentuadamente rumo ao socialismo integral. Condu zir-se-á a situação para tal desfecho? Quem viver, verá.
dental da Alemanha comunista ...... 22 NOSSA CAPA
Piquetedegrevistas,naaveniWISlo
Joio,
São Paulo(lotoBrunoSantarelli)
O que pensa "Catolicismo" sobre tal impasse? Neste número publicamos esclarecedora análise do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira sobre a situação naciona1 . O Presidente do Conselho Nacional da TFP, ante o desnoneamento do público, propõe saída "serena, pacifica e allamente desejável". Uma inter-articulação de setores sociais afins - não pollticos - para uma ação conjunta que ainda poderá evitar ao Brasil desenlaces funestos: seja a ascensão de um esquerdista notório, seja ainda um consenso de aparências 1ranqüilizadoras e núcleo demolidor. A prOJ)Osta é sensata, é viável, desde que se esteja disposlo a sacudir a atual modorra.
CATOLICISMO JUNHO 1989 - 3
Articulai-vos, brasileiros apolíticos, para intervir ativamente em nossa vida pública : esta é a única soluçao
1
1
Aviso da TFP aos indolentes PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA VINDAS DAS mais diversas latitudes do Pais, chegam-me frcqüenlemcntc repercussões sobre a ião querida (como por vezes tão odiada ... ) entidade a cujo CN presido, isto ~. a TFP. Com efeito, a TFP está continua-
1
mente em foco: ora em muitos meios de comunicação socia1, sôfregos de se referirem a ela para denegri-la ao minimo pretexto, ora na atenção do grande público, atralda por alguma ampla campanha ou publicação nossa. Desta perene atualidade do assunto TFP, diz bem um fato ainda recente. Em 1987, qua ndo os trabalhos da Constituinte atingiam o seu cllmax, a TFP lançou o livro "Projeto de Constituição angustia o Pais" (Editora Vera Cruz, 209 pp.), de minha aUloria. Em 19 dias, a venda pública da obra alcançou a mldia de 1083 exemplares diários. Não tenho noticia decscoamen-
to tão vertiginoso, na megalópotis paulopolitana, de obra dessa naturez.a. O público de nossa urbe se mostrava, assim, sedento de conhecer o pe nsamento da TFP sobre a futura Constituição. Quant o ao escoamento global desse livro, em nosso Pais, foi ele de 73 mil volumes, em três edições. Também no imbróglio poHtico de agora, quando outra grande incógnita se depara ante os olhos da Nação, o afã de conhecer a opinião da TFP se manifesta. Dos mais variados lados se nos pergunta, com cohfiança tocante, qual será, na próxima eleição presidencial, o candidato mais desejável. Ou, antes, qual o menos indesejável. Por vezes, a mesma pergunta se volta co ntra nós, com certo cunho de intimação: que candidato potável a TFP tem para propor? E, se não o tem, que solução ela encontra para tirar o Pais da perigosa mixórdia em que pa-
A sro,wk oompanha pública (Ú ttnd.o do "besi-llu" "Projeu,deWA$1ituiçdo ª1161'-'liaoPoú" detenniM110UCOOirn!nlO
detrüediçõe,,uceuivw da obra, qruiu lcançou aupreuivaiotal de73.QOO e:iempl.are,
rece ir soçobrando? A alvissareira Abertura de o ntem nos co nduziu á 1errivel Apertura de hoje. O que fazer agora?
Uma aná li se que continua atua l PARA RESPONDER, destaco desde logo alguns aspectos da presente situação. Em "Projeto de Co nstituição angustia o Pais", fiz notar (pp. 23 e 45) a profunda carência de representatividade nacional de nossos quadros politicos. Tal carência não fez senão patentear-se ainda mais ao longo dos anos de 1987 e 1988, marcados pelos debates constitucionais. Destes resultou esta triste Constituição, em que quase tudo causou angústia, pelo Brasil afora. Digo "quase", para excetuar uma ou outra medida que deixou satisfeita a grand e maioria da Nação. Exemplo disto foi a revogação da "clâusula pétrea", que desde a Constituição de 189 1 proibia absurdamente a campanha pró-monarquia, enquanto fra nqueava Ioda a li berdade para a propaganda co munista. Tal revogação seguiu-se a uma carta emocionante dirigida aos Srs. Constiwintes pelo Chefe da Casa Imperial Brasileira, o Prlncipe D. Luiz de Orleans e Bragança. Na mesma perspectiva, teve assinalada vitór ia a iniciativa do deputado Cunha Bueno em favor da convocação de um plebiscito que, no ano de 1993, darA ao Pais o ense• jo de optar pró ou contra a mo narquia, bem como o regime parlamen tarista. Em vista da próxima eleição presidencial, as três primei ras grandes candidaturas a surgir foram de políticos notó ria e a1é chocantemente esquerdis-
2
tas. lstoexplicaqueincontáveisbrasileiros estejam fazendo "grise mine" ou até"facciaferoce"diantedaperspectiva de os candidatos irem sendo escolhi· os Cfüi'elfderes pollticõ-paftil!â~ por equipes estritamente poHtico-partidârias. Tudo sob o bafejo da esquerda. 4 -
CAT O LIC ISMO JUNHO 1989
-
to de utopia importaria em renunciar a que, na voragem da mais terrível crise econômica, poli!ica, social e ideológica de nossa História, fosse possível achar uma saída.
O Prof Plinw C....rrffi deOliveiraapresenla awluçào verdadeira para oBrwilsa.ir daema/aoo ernque se enromra
Em face da modorra, oferecimento da TFP MAS - DIRÁ alguém - e se o roteiro traçado pela TFP não despertar a atividade dos que em tese com ele concordem, e suscitar a oposição dos que dele discordam, como se tirará dessa entalada o Brasil? Como já foi dito, recusamo-nos a encarar a hipótese. Mas, admitida ela tão-só "argumentandi gratia" - isto é, para o mero efeito de argumentar - como salvará a TFP este Brasil? A tal pergunta só cabe uma resposta. Caso a grande e querida população de um pais de 140 milhões de habitantes, imersa numa crise terrível e evidente, se mantivesse indolente e muda, invencivelmente disposta a nada fazer para salvar-se, quem neste mundo teria genialidade suficiente para salvar esta nação? Aos que não querem salvar-se, nem o próprio Deus salva, advertiu Santo Agostinho: "Qui creavit te sine te, non salvabit te sine te" (Quem te criou sem teu concurso, não te salvará se para isto não agires).
6
ESTA SITUAÇÃO vem de há muito. Já foi ela descrita no livro que a TFP lançou em 1987 (pp. 23 e 45). E igualmente lá está predito que, se dos setores apollticos do Pais, não surgirem lideranças extrapartidárias de escol, que escolham figuras também apoliticas para ocupar considerável número dos cargos de governança - dos quais a presidência da República é o ápice - não haverá para o Brasil qualquer solução (op. cit., pp. 23-25). Assim vem chegando o fatídico 15 de novembro, sem que o Brasil apolítico tenha aproveitado o tempo para se estruturar e entrar em liça, renovando e arejando a atmosfera rarefeita de nossa vidaclvica.
3
Soluções falsas A soluça.o verdadeira QUE SOLUÇÃO apresenta então a TFP? Que o Pais recorra às cúpulas das grandes associações de classe? - Tui proposta, a TFP não a fará. Pois, ao longo dos debates da Constituinte, as cúpulas profissionais que falaram, o fizeram quase sempre
4
;0o~~~~~:~~~u~n-a~5~e ta~: to já se ia extremando neste sentido. Ou, então, se assinalaram na prática
da ruinosa política do "ceder para não perder", isto é, do ceder muito, diante das esquerdas, para tentar não perder tudo ... E quando não agiram assim, foi porque se calaram completamente. A TFP só vê uma saída para a situação. É que todos os brasileiros cônscios da realidade dramática destes dias, se agrupem com urgência, inter-articulando elementos afins quanto às soluções que desejem dar a suas preocupações clvicas. E que, por sua vez, estes grupos se reúnam em amplas coliga~~~d:~e:°:!~g~~ic~~ r~:r:cme~;r!; que nessas fileiras sobressaiam naturalmente as pessoas mais ilustres por seus predicados intelectuais e morais, e por sua influência sobre os que caminham com elas pelos mesmos rumos. E que, por fim, emerjam de tais frentes amplas, robustas e equilibradas candidaturas, entre as quais nos seja dado escolher a melhor, em vez de votar ingloriamente pela " menos má".
5
DIRÃO ALGUNS que o remédio apontado pela TFP é muito bom, mas que o País caiu em uma modorra invenclvel. De sorte que tal solu-
DESVIO OS OLHOS deste panorama sombrio, para fazer aqui um oferecimento . Se a intermediação da TFP for útil em algo, para que se produza essa aglutinação de brasileiros apoliticos mas válidos, ela oferece aqui seus préstimos para tal. Se alguém nos objetar que não deseja usar nossos préstimos porque somos por demais categóricos em nossa linha de pensar e de agir, nós lhe responderemos; Neste caso, continua a dormir comodamente, ou atira-te aos braços dos que têm como ideal a indefinição, ecomo hábito invenclvel a modorra. E na hora da eleição opte pelo "menos mau". Isto feito, teu candidato, se vencedor, acabará por te entregar às mãos do comunismo. E então deixa-te devorar por ele. Porém não acuses a TFP de não haver oferecido a sua dileta Pátria uma salda serena, pacifica e altamente desejável. Tu te perdeste apesar disto? A culpa, ó indolente, só será tua ...
7
--ça~ãfirt~~:~~:~r~·~,;-m_ <a_to_,-+-:::.::.::.::.::.::.::.::.::.::.::.::.::~ - - - aceitar como utopia a única salda que vê para a situação. Pois qualificar is-
N<lla: Transcritoda "Fo!tladoS .Paulo", S->19.Aq>iJrtf• , otíluloeoswblltulossàodosla r<daçlo.
CATOLICISMO J U NHO 1989 - 5
Discernindo,
distingu indo, classificando ...
TRISTE ARQUÉTIPO Aquescdeveumataldesprevenção, uma confiança tão sem barreiras da parte de homens que carregam sobre os ombros as mais pesadas responsabilidades do momen to
atual, e que um dia serão severamenlC julgados pela História? Deixando de lado compromissos
inconfessáveis que eventualmente existam e futuramente venham arevelar-se, detenhamo-nos por ora a
analisar as mentalidades dos que assim agem. Há neles um entranhado horror à confrontação, seja esta poHtica, psicológica, econômica ou ar-
mada. O desejo da aproximação e
Roosevell, patrorw da per-e,troika
da reconciliação t neles tão delirante, vai tão além dos limites do razoável e do equilibrado, que os fazem esperar bons resultados de qualquer promessa, como no · deserto o homem sedento espera obter água da primeira miragem que o fasci na. Luta não, e de nenhum tipo. Acordo, custe o que custar: seja a preço de dinheiro, de interesses inalienáveis, da própria honra e mesmo da liberdade se for preciso. Ê preferível ver erradamente as coisas e as situações, a contrariar o plano preguiçoso de uma paz fácil e sem esforço. Desde a Conferência de Yalta, em 1945, os cargos de direção do mundo ocidental vêm sendo preenchidos, de modo geral, por pessoas com essa mentalidade. São elas mais fáceis de vergar ante qualquer pressão que se lhes faça, e de serem cegadas por qualquer luz de esperança com que se lhes acene. Falamos de Yalta. De fato, o Presidente dos Estados Unidos na
~a~~~~k~~r ~~~~~d~~o~il~
"Eu penso que se a ele (Stalin) der mos tudo quanto é possivel dar\he, sem pedir nada cm troca, noblesse oblige, ele não tentará anexar se-
ja o que for e aceitará trabalhar comigo para um universo de democracia e de paz" (in Arthur Conte, "Yalta ou a Partilha do Mundo", Biblioteca do Exército Editora, Rio,
1986). Entregar sem pedir nada. Doce ilusão,amargarealidadc.Stalinanexou em seguida toda a Europa orienta l e se torno u um feroz inimigo da democracia e da paz. "Espero que a intervenção russa na Europa não seja mui to rude". Espera por quê? Note-se: tal espera nça se manifesta na época do a mais cruel fase do co-
: .~l~~!:n";,~·
"Vou me entender melhor com Stalin do que com C hurchill. Este éum idealista. Stalin éum realista como cu ... Ele há de querer a Finlândia e os Estados Bálticos. Não setratadecontrariaressesdesejos". Rooseve lt confessa-se, pois, um homem sem ideal, pronto a ceder ante o comunista Stalin, com base no ... realismo! Êcslritamenteinimaginável. "Além disso, a população da Polô nia oriental deseja ser russa ... Falta saber se Stali n ficarà por aqui ... " Q uanto à Polônia, não é verdade. Por outro lado, ele concede, concede, concede, e ai nda fica na dúvida se Stalin não quererá mais! "Devemos contar com os magníficos êxitos econômicos da Rússia". Não havia razão alguma para comar com tais êxitos. Pelo contrário. Ê uma esperança no vãcuo.
M A IS ESPETACULAR do que o lançamento da primeira nave arquétiJJ:O do governante com essa espacial em direção à lua, foi o Jan- mentalidade. Tudo quanto ao comuçamento da perestroika em direção nismo se entregou de mão beijada Tal era a indolência e o otimisao Ocidente, pelos russos. Enquan- naquela Conferência, e tudo quan- mo com que Rooseveh via o comuto na fria e inóspita superficie de 10 de lá para cá se acrescentou a cs- nismo staliniano. Só um estado de nosso satélite não havia ni nguém pa- sa entrega, têm Roosevelt como pa- espirita assim poderia explicar tanra festejar a aproximação do módu- trono. Julgue o leitor, pelo texto ta entrega. Pois, afinal, a incompc\o lunar, do lado de cà da Cortina que abaixo transcrevemos, da atitu- tência, a ingenuidade, a negação de Ferro a perestroika foi recebida dedo então governante norte-ameri- do pecado o riginal e mesmo a estulcom gra nde calor e euforia pelos di- cano cm face da expansão russa tlcie têm seus limites. Ê a mentalidari ge ntes polilicos e financeiros oci- após a Segunda Guerra. Ê sempre de euforic amente emreguista q ue redentais, a ntes mesmo de a nova po- Roosevelt quem fala. Entremeamos almente explica o porquê de tan ta ~t~;m;;__::."":::ist:::•.:,•P-:::"=:"c:"':::"c,qe::"':::lqe:"'::.'---;;'º;;m;;;'";:'';;";;.º';;; · ;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;~-" ""'"='~ira~.- - - - -r,;r:-i
6 -
CATOLIC ISMO JUNHO 1989
H
~d:~: d;éi:~e~~º;~;;'~ Lourdes para rei.ar à Mãe de Deus, no local das Suas aparições a San1a Bcrnadettc Soubirous, em 1858. E, atendendo
ao pedido de Nossa Senhora, as mu llidõcs de fiéis lavam-se comaâguadagrutadasapariçõcs e at~ dela bebem. Tiveram lugarapartirdcentãomilharcs de cu ras e milagres, segundo o tcstcmunhodcincontliveisfifis. Dentre os inúmeros prodígios, foram rcgistrad1u 6.000 curas, sendo que, 2.500 delas foram qualificadaspelacifncia mtdicacomo''ccrtas,durtivcise incxplicâveis".e64foramrcconhecidasoficialmentcpcla lg.rcjacomomilagrcs,apóssevcr[ssimos exames(•). Comessasgraçascxlraordinárias a Providência Divina quismanifcstaraoshomcnsseu bcnq>lâci1oparacomadcvoção â Imaculada Conceição. Antcriormente às apatiçõcs, cm l 854, o Venerável Pio IX proclamara o dogma da lmaculadaConccição,inintcrruptamentcpleiteadodcsdca ldadcM«liapor Santos e insigncs teólogos da Igreja, e por Universidades. Tal dogma hâ muito jâ constituia um anscio gcral dos católicos. Sua proclamação foi acolhidacomjúbilopelalgrejauniversal.Efoiobjctodahostilidadcporpar1cdossctorcs libcTais e anticlericais do skulo XIX, e de minorias "católico-liberais", enquistadas na Igreja.
A "água mil agrosa" e as d ifa m ações a n ticle ri ca is Jâ desde o tempo das aparições, aâguada fonte de Lourdcsfoiqualificadacomo"âgua milagrosa", no mesmo sentido cm que numerosas imagens de NossoScnhor,dcNossaScnhoracdeSantos são consideradas "imagens milagrosas". Nessa mesma acepção, tam~m muitas rcllquias são chamadas "reHquiasmilagrosas". Assim, incontáveis brasilciros,cmsãconsciéncia, rcputam milagrosa a imagem de Nossa ScnhoraAparccida,cemprccndcm romarias a Seu santuário parasolicitaracuradcsuasdoenças, a solução de problemas delicados, a paz e o conforto - de-alm;rpara-suas-afli · rituais. Igualmente, 1ém-sc difundidoaosmilhõcspelomun-
Ges1os 11fuiooomúu qu11 cowam l!Jf}ki11. ,h pnin'ool "curümdlica.i" sen1eiam a confwão em Loorda.
LOURDES
Confusão e ameaça à piedade mariana doa''Meda lhaMilagrosa'',indicada por Nossa Senhora, cm SuasapariÇões, na Rucdu Bac, a Santa Catarina Labourt. Empregando expressões como"âguamilagrosa","imagem mi!agrosa''etc.,geraçõesegeraçõcs de fiéis, na simplicidade de sua ft, nllocntendiamoutra coisa senão o que a Santa Igreja ensina cm mattria de milagres. Faio atestado pelo empenho e entusiasmo com que os católicosadquiriaminumerâveis publicaçõcsdetodacsptcieensinando a s.ã doutrina sobre os milagrcs,epelapacificaeirrcstrita aceitação das boas pregações dos sacerdotes, especialmcntenossantuâriosondeestas scrca!izavam. N!lofal1aram,entrc1anto,encarniçados inimigos da fé, que aHftcavnnrnrtrd mosupcrtições, hist6riasmágicasoucharlatancscas,incscnipu-
losamcnte manipuladas po r umclcroâvidodearrancardinhciro do povo ignaro. Para osdetratoresanticlericais, imagens, rellquias ou medalhas milagrosas n!lo passavamdecxploraçôcsdacre11dice popular. A "água milagrosa" de Lourdcs entrava nessa classificação lmpia como uma âgua comum, talvez atéinfcctada, como, aliâs,cra considerada a água benta das igrejas. Porém, essas calúnias não conseguiram arrcíecera devoção do povo fiel, e as muhidões de peregrinos não cessaram de se rcvciar cm Lourdcs para lavar-se com a âgua da gruta e de la beber. como recomendou Nossa Senhora. E tam-
" Re n ovação car ism ática" Nas dtcadasqucsescguiram ao Concilio Vaticano li, surgiram tendências progressistas, quepassararnancgaraautell!icidade dos milagres e a importãncia da âgua de Lourdes, cm nomcdatcologiadcuma"lgrejanova", "aggiomata"', libcradadas"c-rençassupcradas",defe11didaspela''lgrejaConsta11tiniana",hierârquicaevoltada para o sobrenatural. A pregaçãoprogrcs.sistacausounãop<>uca confusão entre os fiéis, e, em medida ponderável, conttibuiu para a diminuição da devoção a Nossa Senhora de Lourdes, sem contudo conseguir extingui-la. Nos últimos anos, os
~mi.::~;~~~~/!c~...;;~do~:~m~fl~~i~~:~.:~:-:;;' ~,~r:;~~~.,,~~~:~ ~ "" ~~.~· -----1 San1issima, nãoconheccramin- do um fenômeno novo: grupos, tcrrupção. que declaram pertencer à "Rc-
CATOLICISMO JUNHO 1989 -
7
novaçãoCarismática",esoolheram Lourdes como um dos seus pontos preferidos de reunião. Lácomparecemerealizampráticasecerimônias,queelesreconhecem causar estra11heza aos fiéis,devotosdaVirgemSantíssima,deacordocomatradição da Igreja. A "Renovação Carismática" é um movimento integrado por um certo número de comunidades, que tendo seoriginadonasseitasprotestantespentecostalistas dos Estados Unidos, começou a propagar-se em ambientes católicos. Os grupos e comunidades ''carismáticas'' freqüentadores de Lourdes anunciam que, nas estranhas cerimônias de curas fisicaseespirituaisrealiiadas por eles, produiem-se "mila-
8 -
gres'',frutoda''fé''da''comunidade"edefatoresambientais indefinidos,quepairariamnolocal. Ocasodajovemenfermeira Suzy constitui um exemplo. Paralizada há dois anos por umapoliartritecrônica evolutiva, levantou-se da sua cadeira de rodas, subiu os dez degraus do altar e pôs-se a dançar em torno do mesmo, em meio ao estrépito das palmas dos carismáticos trazidos pela "Comunidade do Leão de Judá e do Cordeiro Imolado" ("La Croix", Paris, 6--8-87). De fato, tais comunidades da "Renovação Carismática" francesapossuemcertascaracteristicas, próprias a causar pcrplexidade aos católicos nãoiniciadosnessaspráticas. Numencontro de quarenta grupos da "Renovação Carismática'
CATOLICISMO JUNHO 1989
do-se um tempo de preparação edecastidadeantesdocasamentocristão". Ora,essapráticaé gravemente condenada pela moral católica, pois implica ela em expor-se voluntariamente a umaocasiãopróximaeconstantedepecadomortal. De sua parle, a mencionada "Comunidade do Leão de Judá e do Cordeiro Imolado" -cujos iniciadores provêm do protestantismo-admiteamescla de sexos e de estados devida em suas casas. "Irmãos", "irmãs" e casais compartem o tetoeoalimentonumambiente "gozoso" e "evangélico". A mesma comunidade - comotantosoutrosgruposda "RenovaçãoCarismática"-praticaumecumenismoousado,aceitando membros, sem deixar claro sob que condições, oriundos do protestantismo, do judaísmo, e trabalha por uma coníluência ecumênica da Igreja comsua"irmãmaior",aSinagoga, como seesta não tivesse renegado a si mesma, rejeitando o Divino Salvador. Tal "conrnnidade caris mática", segundo seus animadores, reali1.aritos praticados pela seita hebraica "Hassidim" e pelas igrejas doOriente,scmmanifestarprevenção alguma em relação a tais práticas. Também não se csclarecesea mencionadacomu-
nidadeseinspiranosritoscatólicosdoOriente,ounosdasigrejas cismáticas, causando assim uma impressão desnorteante, quefavoreceaconfosãoeocaos rcligioso. O fato de o movimento da "RenovaçãoCarismática"recusar-sea registraros "milagres" quedizocorrerem - eemcerlamedida,produzir - emsuas singularescerimôniasepcregrinaçôes, aumenta a confosão. Pois, se eles são autênticos, por que temer tal registroeaconseqüenteanâliscmédica?Oscarismáticos,contudo,procuramexp!icartalrecusaalegandoarígidczelentidãodoscontrolesexigidospela lgreja,antesdereconhecer o milagre. Mas, o bem dalgrejanãojustificatalatitude de necessária prudência? Ou seráqueoscarismáticosse julgamdispcnsados,aocontráriode todos os outros mortais, dessa cornpreensive! e materna vigilância da Igreja? Tem cham~do a atenção da imprensa o fato de Bisposesacerdotes-outroratãosilenciosos,quandonãorclicenteseobjetan1es em relação aos milagres - apoiarem prcsemementeosritosecerimôniasdecura de doenças e seus respectivos "milagres", organizados pela "Renovação Carismática", e até deles participarem. leriam
esses Prcladose&accrdOlesevoluldo em sua opinião a respeito dos milagres e das prâticas de dcvOçào que tradicionalmente ocorrem cm Lourdes? A Interrogação torna-se mais agudaaoscverificarquea "Renovação Carismãtica" relega a um segundo plano a igua de Lourdes eo uso que a Mllc de Deus aconselhou fazer dela. e isto sem explicar por quf. Fato que, para a massa de devotos de Lourdcs, parece uma atitude de desdém e até me!imo de ceticismo.
A,ópa, da !fllla,Olquai, acorn-m
preuurow, o, fiéU, poderM
,,.,.._
ttrduvfodw
pradaria. A 1Wlkiavem
ro=,u/o corulemação.
Perplexidade ante declarações de eclesiásticos Ncstecontcxto-emquerituaisestranhosàtradiçãocatólica semeiam confusão cm relaçãoàspràticasdaverdadeiradevoção à Imaculada Conceição -dcclaraçõcsdoBispodioccsanode Lourdcs, Mons. JcanSahuquct, e de altos rcsponsàveis riapróxima;cstuda-seapossibieclcsiásticos pelo Santuário, cau- !idade de não mais se celebrar saram perplexidade no seio dos missas na gruta. Além disso, simples fiéis. "A é.gua da fon- osrcsponsivcispelograndeSante de Lourdes, que os doentes tuârio francfs conclu[ram que usamparabeberoutomarba- aâguadagrutaesticontaminanhonaesperançadesecurarem, da ... não ía.t milagres", declarou o NIio é de estranhar, pois, Prelado na homilia da celebra- que muitos católicos franceses çllodol31ºaniversâriodasapa- se interroguem se as práticas rições ("Veja", São Pauto, de devoçllo recomendadas por 1-3-89). "Osimbolismodaâgua Nossa Senhora, em Lourdes, como sinal de purificação e de não ficarãoscriamenteprejudivida é freqüente na história das cadas com a adoção de tais mereligiões, freqüente nos misté· didas. rios pagãos(... ) Esta âgua não Com efeito, estava no dircié uma âgua mâgica: a expressão todosperegrinosedevotosdo 'âgua milagr0$8' é ambígua", mundointciroaguardarexpresacrescentou Moru. Sahuquct, sões de esti mulo à devoção a numaconferinciaaosdiretores Nossa Senhora de Lourdes e dasperegrinações,alldefcve- deconfirmaçãodasprãtieastrarei ro último (Suplemento do dicionais, bem como da doutri"Bulletin Rcligieux" da Dioce- na imperecivel da Igreja sobre se de làrbes e Lourdcs, de os milagres; palavras capazes 16-2·89). "Ela (a água) não é de dissipar as névoas da confuum talismã", completou o pa- são crescente. Todavia, o discurdrc Joseph Bordes, reitor do so de Mons. Sahuquet tratou Santuârio ("Lc Berry Républi- da âgua de Lourdcs como se cscain'', 22-3-89). tafossccmnossosdiasconside"Veja" teceu o seguinte co- rada prevalentemente segundo mentãrioarcspeitodasdcclara- eri t&-ios mãgicos. Ora, parece ções de Mons Sahuquet: ''0 bis- evidente que a generalidade dos p() da diocese local, dom Jean fiéis, de nenhum modo, intcrSahuquet fez mais mal ao cul• preta supersticiosameiite o efeito da Virgem do que um sécu- to da âgua nas cu ras miraculolo de pregaçlo protestante" sa.s. A massa dos fiéis sabe que (art. cit.). O desconcerto cres- é só Deus Quem efetua o milaceu com o anúncio, por partc ~boraãsvezcs · dos responsiíVcts pelo Santuârio, va da âgua como um meio pade uma série de medidas surpre• ra opcrâ-lo. E esta crença, proenden1es: as ãguas da gruta se- fundamente arraigada no povo rio desviadas para uma prada- mais simples e menos inslruido,
não pode ser posta cm dúvida, mesmo se consideramos suas com preenslvcis incorreções de 1inguagemque,porvezcs,destoamdaprccisãoda1crminologia teológica.
O meridiano ensinamento d e S:i.o Tomás de Aquino Como ensina o Doutor Angélico, o milagre propriamente dito não é produtidopela imagcmmilagrosa,pelarcllquiamiraculosa,nemmcsmopeloSanto em vida, mas sim por Deus, quescserveinstrumen1almente das imagens, rellquias ou do Santo em pessoa, para obrar Suasmaravithas.làntonasimagens quanto nas relíquias.e mesmo ainda no Santo, não hiumavirtudcprópriaei ntrlnseca,pelaqualseoperamosmilagres(cfr.SumaTcológica.JIll,q. l78,a. lcadl:1,q.ll?, a. 3 ad 1). E foi sempre nesse sentido que normalmente os católicos do o rbe in1eiro cn1enderamo valor da âgua de Lourdes, quando a denominavam, cheios de fé, simplesmente "â· gua milagrosa". E o mesmo se poderia dizer do modo pelo qual os católi cos se referem a · cn.u..rcllquias.milngmsas_ Embora tenham elas sido assim qualificadas pelos fiéis desde sempre, nem por isso foram estes advertidos de as estarem
transíormandoemobjetosmãgicosctalismlnicos.Eaindapoder-sc-iaperguntar:algrejase teria enganado durante quase doismilanosarespeitodocul10 prestado às imagens e o bjetos que são instrumentos de Dcuspara()pC!"arprodigios,alimcn!andoasuperstiçãoeacrendice de ralzes pagãs? Entllo, o que rcstariadocultocda litur• giacatólicos? Moos. Jean Sahuquet lembraasapariçõesda lmaculada Concciçãoearccomendaçllodfla de se fazcr uso da ãgua da gruta. Por~, dâ-lhe um novo significado meramente genérico - o de um slmbolo da Agua do Batismo - sem aludir às razõcs cspeclficas das prâticas de devoção em Lourdcs,eratificàla.s. O P relado menciona também o simbolismo da âgua entre os pagllos. Ncs1cs dias de oonfusão,osimples!cigo,não familiarizadocomatcologia,fica sem meios de compreender todooalcancedcssaspalavras. Eelassoamparaosouvidossimples mais propriamente como uma censura unilateral à de~oçllo que se tem a Nossa Sen hora mcdiantc a igua de Lourdes. E, em meio a toda essa ambigüidade e confusão, o movimento da "Renovação Carismática" traz para Lourdes novos ritoseprâticas,nosquaisNossa Senhora vai sendo posta de lado. Enquanto a "comunidade operadora de curas pela fé" toma realce, sendo exaltada por eclesiásticos. Não constituem tais atitudes uma ingratidão para com Nossa Senhora, no local preciso ondeElaquisderramarsuasgraçasmisericordiosasdeumaformainequlvocaccomumcsplendorsem igual no mundo? Esta éahoradapreceparaqueNosso Senhor Jesus Cristo inspire atodos.naSan!algreja,palavraseatitud csquedissipemcsse caos, por amor a Sua M!ie Santlssima,pelobemdaCristandade e da França, a primogfnita dentre as nações católicas. CaioXavierdaSilvdra nosso correspondente (•) "Catolicismo" tem publicado anigos sobre as aparições e .milagl"C5-0COrr~-Lou des. Entre os mais recentes, veja-se: nº 434, fevereiro/8?; nº 446, fevereiro/SS e nº 4~9. março/89.
CATOLIC ISMO JUNHO 19fl9 -
9
se em bandos aos presídios (alguns deles eram antigos conventos), que se encontravam abarrotados de "suspeitos". Poriando à cintura uma faixa tricolor, simbolizando a Revolução, representantes da Comuna improvisaram os "tribunais revolucionários", simulacros de tribunaisquevisavamcondenararbitrariamenteàmonemilharesdefranceses. Vejamos a descrição do Abade Sicard, mestredesurdo-mudosdeParis, testemunha ocular dos massacres na Abadia (antigo mosteiro beneditino deSaint-Germain-des-Prés, transformado em cárcere politico desde 1789): - "Matava-se debaixo da janela de minha cela. O griro desesperado das vítimas, o ruido dos sabres decapitando as cabeças, a fúria dos assassinos, rudo isso ressoava em meu coraç(Io. ( .•• ) A cabeça de Luis X/li é mmrrmla ao povo. A guilhotina funcionava sem ces.wr /)ara que a Revolução fone ur/iurr!e.
P
ARIS, 2 de setembro de 1792. Os sinos s.oaram alarme e os tambores repicaram em toda a cidade. Sob pena de morte, foi proibido o trânsito de pessoas não autorizadas pelas ruas, as fronteiras foram fechadas, os passaportes confiscados. Jacques Oanton, então Ministro da Justiça, deliberou nomear comissários para proceder à busca em residências, apreensão de armas e requisição de cavalos. Todos os que se haviam manifestado contra a Revolução, ou pareciam suspcitos por sua maneira de pensar, foram encarcerados. Por que se aterrorizava assim a capital da França? Depois do golpe que derrubara o Trono, a 10 de agosto daquele mesmo ano, a Comuna insurrecional de Paris, uma espécie de órgão administrativo municipal, passou a exercer férrea ditadura, tomando medidas de exceção, que constituíram a famigerada '"política de salvaçdo pública'', Aboletado no poder, encontravase na Comuna um punhado de homens saidos da escória: o presidente, Huguenin, antigo concussionário; Antoine Rossingnol, assassino; Louis Manuel cra falsário; e Jacques René Hébert, fiscal de teatro demitido por desfalque, conhecido como o "Homero da pornogra/ia" (1), AsdificuldadesdaguerraqueaFran-
"Após sumário condenaç{Jo, os réus eram atirados no meio do pátio e rrucidados pela populaça, que /renéti-
OTERROR: um homem sanguinário, Jean Paul Marat, "o amigo do povo", promoveuse o massacre dos elementos considerados "cúmplices dos estrangeiros": "Anles de desaparecerdes - dizia ele aos revolucionários - suprimi os vossos inimigos e acabai com as vossas vilimas. Cal sobre aqueles que têm carruagens, criados e vestidos de seda. Visitai as pris6es, assassinai os nobres, os padres e os ricos. Nada deixeis atrás de vós sen(Jo sangue e cadáveres!" (2)
Massacre premeditado A lista dos que deveriam ser massacrados foi elaborada, dando-se preferência aos padres refratários (que se negavam a jurar a cismática Constituição civil do clero), Com antecedência fo ram previstos os menores detalhes: carroças cobertasencontravam-sereservadaspara o transporte dos mortos; vinagre e escovas, distribuídos aos verdugos para limpeza do sangue de suas vítimas; uma grande vala comum foi aberta
ca gritava: - vivo a noçdo.l - Os canibais aplaudiam e até dançavam em torno dos corpos horrivelmente mutilados" (3),
vaso de sangue Ainda na madrugada de 4 de setembro prosseguiam os massacres na Abadia. Apresentou-se nessa ocasião à barra do "tribunal" o antigo governador do arsenal dos Inválidos, Virot de Sombreuil. Para confortá-lo moralmente, sua filha o tinha acompanhado ao cárcere e com ele se apresentou aos criminosos travestidos de "Juízes". Logo foi cOnlknado à morte. Após a sentença , a pona de acesso ao pátio da prisão foi aberta. A filha de Sombreuil viu aterrorizada cenrenas de corpos despedaçados e uma súeia embriagada brandindo chuços e sabres ensangúentados. Instintivamente, e!a adiantou-se e protegeu com seu cor· po o pai condenado à !remenda chacina, ao mesmo tempo que, chorando, pedia indulgência aos carrascos.
-----,,,,-,-nue<:"'1atrmarr.ra""/fà-/Ámn,rs11m1ar11;,01no "'1 r pm-1cornm-t=r.mmcllrnllmtctnflr - - - - r -"tfrrrd-el~ctmn1um~aw-Pªra os déspotas da Comuna decretarem o estado de sitio, ou seja, a "pátria em perigo". Por instigação de 10 - CATOLICISMO JUNHO 1989
Os assassinos estavam armados de fuzis, sabres, lanças e chuços. Como chacais sedentos de sangue, dirigiram-
gue que jorrava de uma cabeça dccapitada, "temperou-o"com pólvora e vinho e, oferecendo à pobre moça, dis-
-"iii§ell§d·iil·i·Elrf:W:·ii'iiSI Héi·lel34i· se: - "Se beberes o sangue dos aristocratas, terds salvo a vida de teu pai ... " Impulsionada pelo amor filial, ela bebeu o conteúdo repugnante do vaso em meio às gargalhadas dos "sans-culottes". Seu pai foi posto cm liberdade provisória ... para ser guilhminado no ano seguimct (4)
Mártires do Carmelo No convento dos religiosos carmelitas, encontrava-se detida pela Revolução a fina flor do clero francl:s. Subitamente, as portas foram arrombadas por uma malta de bandidos liderada por oito comissários, "les Jreres rouges de Danton" (os irmãos vermelhos de Danton). Concitados a renegar o catolicismo, prestando juramento à Constituição civil do clero, 185 bispos, padres e religiosos preferiram morrer a aderir à igrejacismâticacriada pela Revolução.
rosto, que a prostrou por terra. Seu corpo foi desnudado e mutilado do modo mais ignominioso. Um dos bandidos arrancou-lhe o coração e o comeu, numa bestial demonstração de ódio revolucionário. Sua cabeça decapitada foi colocada sobre uma mesa de taverna, onde se brindou sua morte, e em seguida fincada na ponta de uma lança e levada em desfile pela cidade até a prisão do 'lempto, para ali ser mostrada à rainha encarcerada (6).
tinados, afogados nos rios e exterminados em massa a tiros de canhão, ou ainda por outros meios. Essaespantosamatançafoiincrivelmente justificada por aqueles que a promoveram. Os [[deres revolucionários viam no lerror um meio eficaz para o triunfo da Revolução. Jâ no ''Contrato Social" (Livro IV, Cap. 8), Je-
"Não se faz revoluções com cná" ... Os massacres de setembro, que cm apenas quatro dias deixaram o saldo de 1300 mortos, foram o prelúdio do grande lerror que dominou a França entre 1792 e 1794. Durante esse periodo - verdadeira mancha de sangue na história da Civilização - dezenas de milhares de franceses foram guilho-
derrapagem da Revolução? Ao cabo de duas horas, os veneráveis sacerdotes foram chacinados com requintes de crueldade. Ainda hoje são visíveis nas paredes de mármore da igreja, onde ocorreu a ímpia carnificina, as marcas das lanças tintas do sangue daquelas vitimas inocentes. Canonizados porteriormcnte pela Igreja, seus nomes encontram-se inscritos, em letras de ouro, no mesmo lugar em que receberam a coroa do martirio (S).
Requinte de ódio
revolucionário
No cárcere de La Force, destinado exclusivamente às mulheres de mãvida, a Comuna houve por bem prender distintas damas da nobreza, como Maria 'lereza Luiza de Saboya Carignan, Princesa de Lamballe e camareira maior da corte. Diante do tribuna[ de sangue lâ organizado, a princesa foi intimada a "jurar ódio ao rei e d rainha". Como se negasse a semelhante felonia, dois guardas_a_.atu:aram...nO-m-Cio....da..cana\ha aglomerada à saída do presídio. !mediatamente, a confidente de Maria Antonicta recebeu um golpe de sabre no
No convento ,lo, carmelitas, bi,pw, padru e religw,o,fornm chacinado, por não iukrirem ó iu"e.ia 0011ui111áonal cismdfica. Agora, quer...e negar qllfl tais Jato, J~m parte do "ap(· riw" do Revolução.
CATOLICISMO JUNHO 1989 -
11
Bicentenãrio da Revoluçao Francesa
vai de 1789 a 1815, com a queda de Napoleão, é um fato constatado por partidários e adversários da Revolução. Com lucidez cínica e impassível, Georges Clemenceau posteriormenie Presidente do Conselho de Ministros, da França - assim se exprimiu .. \.· ·.. ·.· em discurso proferi. do na Câmara dos Deputados, em 29 de ja; " 1 neiro de 1891: "Senho•. 1 . res, queiramos ou nt'Jo, t~ ' .~ que isso nos agrade ou que nos espante, a Revofu.çllo é um bloco. E um bloco do qual nDo se pode fracionar nada, pois que Jean Paul Marat, (mor10 em jullu, de 179.1 p<>r Charloue Car- a verdade histórica doy), recomendaoo: "A"4U,inai 01 rwbre$, 01 paàre1 em ricw; nllo o permite!" (10). rulda deixeú alrá.i d e 00., ,enão sangue e cadáver-e,". O caráDo outro lado da ter premed~u.do do Terror foi denunciado pelo Abbé Barruel. barricada,oabbéBarruel relata em suas an-Jacques Rousseau, mestre espiritual "Memórias" o caráter premeditado dos cabecilhas de 1789, defendeu a le- do Terror: "Nessa Revoluçllo Francegitimidade da "Vontade Geral" elimi- sa, ludo, até os crimes mais espantonar os "apóstatas", "transviados" e sos, foi previsto, combinado, resolvi''irrecuperáveis" sociais. do e adrede preparado. Todo o mal A sombra de Maximi\lien Robespier- que ela fez/oi conseqüência necessária re, llder mãximo da Revolução no pe- de seus principias e de seu sistemajiloríodo 1792-4, aparece por detrás dessa sófico" (li). carnificina: "O Terror é a luta da liberdade contra seus inimigos"(?), dizia ele. Derrapagem Em discurso pronunciado antes da da Revolução? queda da monarquia, 0anton foi incisivo: "Ntlo se faz revoluçôes com chá! Precisaríamos chegar a 1989, quan· Os princfpios de justiço e humanidade do se comemora o bicentenário da Resoo bons em teoria e nos livros de filo- volução, para se negar a evidência dos sofia. Na prática, porém, s4o necessá- fatos, em nome de uma "nouvel/e hisrios outros meios poro agir, sendo pre- toire" (nova história). Nos alambiques ciso contar com bandidos e soldo" (8). do "revisionismo critico", liderado Collot d'Herbois, terrorista-regici- na França pelo ex-membro do Parti· da, que juntamente com Joseph Fou- do Comunista, François Furet, destilouché ficou tristemente célebre pelas blas- se uma interpretação consensual absur• fêmias que difundia e pelos fuzilamen- da da Revolução Francesa (ver a restos efetuados em Lyon, não podia ser peito artigo que publicamos na edição mais claro ao declarar na Convenção: de maio). Partindo do principio da bondade "O 2 de setembro é o grande artigo do credo de nosso liberdade (sic!). Sem inata da Revolução, essa escola de hisele, nao teria sido posslvel prosseguir toriadores se recusa a filiar o Terror a Revoluç4o. NDo haveria liberdade, ao que eles chamam "aquela aurora magnifica da democracia, representanem Convenç4o nocional..." (9). da pela Declaraç0o dos Direitos do HoClemenceau: mem"(l2). A Revolução é um bloco Distinguem, assim, duas revoluções: - - - - -~ - - - - --+,~ ibmite,p1fra""?lw,b?lft·rte-, A unidade ideológica e o dinamis- tra radical e detestável. De uma para mo do processo revolucionário, que outra teria havido uma "derrapagem",
~~~· '.· ~· ,,.-r;j;·""' .
12 -
CATOLICISMO JUNHO 1989
um "desvio da brilhante marcha mmo à liberdade". "Derrapagem" em 1792? Por que não em julho de 1789, quando arruaceiros contratados atacaram a Bastilha e, a convite de seu governador - cuja vida foi o preço de seu otimismo - nela entraram, massacraram a inexpressiva guarnição, soltaram meia d\lzia de presos e passaram para a história como os "heróis que derrubaram o simbolo do despotismo'"! Já naquela época a tática da "eliminaçllo ffsica" dos adversários da Revolução não foi aplicada? E a invasão de Versalhes, em outubro de 1789? Não foram ali barbaramente mortos os guardas suíços que defendiam o palácio, sem que ninguém se comovesse com o fato? E Luis XVI posto sob a infamante tutela dos "clubes" de Paris? E a prisão do rei em Varennes, em junho de 1791? A se seguir o critério da violência ou não-violência para separar a "boa" da "má" Revolução, como pretende a historiografia "consensual", é ocaso de perguntar se cada um desses acontecimenios, e muitos outros, também representou uma "derrapagem". Ora, na multiplicidade dessas hipotéticas "derrapagens'' há um denominador comum: a utilização da violência para se levar adiante o movimento revolucionário. }OC<fius Danton, MinMtro da }iuliço, mandaoo encarcerar as que julgava ,wipeitw por sua maneiro de pemar. Era o modo de aplicar 01 "0ireiro1 do llomem".
--03§ífl§íf·til·N·ElrRGl'i361·Hdi 1:1341· DePoiS da queda da Baslilha, a Re· volução engendrará o fenômeno a que muitos historiadores chamam de "ciclo infernal", que só terminará quando se tiver esgotado toda sua p()tencialida· de revolucionária. Como Saturno, a Revolução ir.é. devorando seus próprios filhos, numa corrida aloucada rumo à anarquia. Há quem aceite e há quem rejeite os prindpios de 1789. Mas quem os ap rova, se quiser ser coerente, também
XV l ,&rcclona, 1936,pp.546-7. (S)cfr. J . B. Wciu,op.cit.,pp. 544).1. (6)cfr.J.B.Wciss,op.cit.,pp.S~7 .
deve assumir sem reservas a herança sanguiná ria da Revolução: o 'Terror e a guilhotina! Bráulio de Aragtlo
(7) ''Dicfionaill de la Rbolution tf th /'Empiu", LarouQe, 1974, p. 270.
Notai (l)cfr.PierreGaxouc, "LaRll'0/111/onFranrulst", ArthtmcFayard, Paris, 1966,p. 200. (2)Picrre0axotc,op.cit.,p.200. (3) Buchez et Roux, "Hisfolll Parlamtnlalrt dt la Rll'Olufion Françr,ist", vol. XVIII, Paris, 1874.p.106. (4)cfr. J . B. Vo'ew, "Hist6riaUnillf!rsal",vol.
(8)PicrrcGaxouc,op.cit.. p. 234. (9) Mortirner-Tcrrumx, "lfisroirc dt la Term,r", Paris,190S,p.l92 (IO)Frb::l~ricBluche, "Septtmbrtl791:1011iquQ d'unmassacrc",Lafíont,Pari1, l986,pp.2Sl-2. (li) AbM Barrucl, "Mlmolrrs pour .ttn>ir 6 l'HistoiuduJacobinismr",LcPrat,Pari,,1940, p.7. ( 12)"0b1adodtS.Palllo", l7- 12-18.
Bicentenário
em=-~
questões PARIS - Conhecida na França p()rsuasbrilhantesevitoriosascampanhas de repúdio à onda pornográfica na TV e à exibição de filmes blasfe. mos, tais como "Je vous salue, Marie", de Jean Luc Godard, ou "A última lentaçtlo de Cristo", de Martin Scorccse, a associação "Avenir de lo Culture" lançou há pouco o folheio "O Bicentenário em questôes". Traia-se de pesquisa endereçada a cem mil universitários, "'convidando à rej1ex4o e ao debate sobre a Revo/u. ç4o Francesa". O ques1ionário, composto de 27 perguntas, expõe diversos pontos de vista sobre o "evento fundador da França moderno", levando em conta as recentes conuibuiçõcs da historiografia. Sobre cada fato ou tese, ele sugere três respostas difercn1es, caben· do ao destinatário a livre escolha de uma delas, ou mesmo a redação de umanovaresp()sta. Em linguagem clara e incisiva, bem ao gosto dos franceses, a "enquête" levanta delicados problemas- apro· vcitando a atualidade do tema - concercentes às comemorações do bicente~-rioe~~!r~r:~~sReexve~~~~: France-
"O bicentenário adotou em suas comemoroçtJes a alegria e o humor. Rir e sorrir, eis uma maneira de ceie-. brar os 200anosda Revofuçtlo... ''de· clarou Jean-NOCl Jeanneney, presidente do evento. -Oquevocêpensasobreessehumor preconizado para os festejos da Rev:lut~~ modo de impedir que a antipatia pela Revolução, bastante generalizada no público, se transforme em hostilidade declarada. b. O humor é uma maneira de se conseguiroconsensonecessárioà paz civil. e. O que há de rislvel na Revolu· ção? O ideal comum sobre o qual se funda a França moderna? Então a Re-volução é uma impQstura e não merece ser festejada! Pelo contrário, pre• tende-se escarnecer das vitimas da Re-volução? Deseja-se ainda profanar os túmulos e bailar nos cemitérios? Pobre francês que brinca com a Revolução ... Há certas circunstâncias onde o humor é indecente!" Outra questão indaga: "A terceira República festejou o centenário da Revoluçtlo e estabeleceu o 14 de julho como dato Nacional. N4o seria mais lógico comemorar a fundaçr1o
so significa muito mais do que o Repú· blica. b. Sim, mesmo que seja mais fácil obter-se um consenso em torno de 1789 (queda da Baslilho), do que a propósito de /792 (quedo do Ttono e instauraç4o do 'Terror), serio melhor festejar umafundaçtlo e nlJo uma des· lruiçtlo. e. Jamais se encontrará na RevoJu. ç(Joumadalacapaz.deunirosfranceses. Essas e outros questlJes, obordan· do aspectos diversos, como ''Ambien· tese Cultura", "Igreja e Revoluçtlo", ''A guerra dos simbolos" e1c., são tra. tadas no mordente "moiling" de "Avenir de la Culture". As respQstas serão um indicador fiel do pensamento da juventude fran· cesa sobre o terrivel acontecimento, que há 200 anos marcou tão profunda· meme,a ferro, fogoesangue,asinstituições e a mentalidade, não 5Ó da França, mas do mundo inteiro. Nota na parte supcnor da prmmra pq ma do folhct~ do Avem~ de l~ Cultu,e fiauram do~
T~~~
~~:S~~~~::~hl~:=-
1;9?']:::~~~:SJ~~u:a d:e;i!~iha~:_ a. Nilo, pois o Revoluçllo France- ça rcpuhlican.a e rcvolU<.i<.ln4,ria.
CATOLICISMO JUNHO 1989 -
13
No local do atentado
A ttde do Tf'P fi1X>üwmide11f'll.lda como upl0$lio da bomba 1erron$ta, em 20dejunho de 1969
surge um oratório e
OMPLET AM-SE neste mês vin-
te anos do atentado terrorista â sede da TFP, situada na rua Martim Francisco, 665, bairro de Santa Cecflia, em São Paulo. Na madrugada do dia 20 de junho de 1969, terroristas colocaram uma bomba de dinamite naquele loca), onde estava instalada a sede da Presidência do Conselho Nacional da S<,.. ciedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade. Atualmente funcionam no edifício o Serviço
pois contra a infiltração comunista na Igreja. Pois nenhum outro fato há que possa explicar tal ódio contra nossa entidade", respondeu o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em artigo publicado na "Folha de S. Paulo" (25-6-69). Se o objetivo dos leTrOristas foi o de intimidar a TFP, não obtiveram eles nenhum resultado, pois três dias após o atentado a entidade saia novamente às ruas em mais uma de suas memoráveis campanhas públicas.
de Imprensa da entidade, bem como a redação da revista "Catolicis-
mo" e da Agência Boa Imprensa ABIM.
O que valeu à TFP a honra daquela bomba? "A convicção, o denodo e a eficácia com que ela (a TFP) se afirmou
-
errrt961-=1963--con~fm'm1rA'gT: ria de Jango, com que ela se opôs em seguida ao divórcio, e clamou deH -
CATOLIC ISMO JUNHO 1989
Inauguração do oratório Uma imagenzinha de Nossa Se· nhora da Conceição, existente na sala contígua ao foco da explosão, foi seriamente danificada. A TFP a guardou carinhosamente e, durante as obras de restauração do prédio, construiu no local da explosão um peque-
da da sede que a TFP possuía na Rua Pará 50, até a da Rua Martim Francisco 665. Com seus estandartes e capas ru· bras, cantando hinos de louvor a Nossa Senhora, os sócios e coopera· dores da entidade, além de amigos, caminhavam com grande ufania, apesar da forte chuva que os colheu em meio ao percurso. Nossa Senhora quis, assim, que a TFP passasse por uma dupla prova: do fogo (a bomba) e da água (a chuva).
Cresce a devoção Uma devoção popular, simples e espontânea, começou logo a se mani· festar junto a esse oratório: eram moradores do bairro que vinham rezar ali, eram transeuntes que se detinham para uma ou duas Ave-Marias; em pouco tempo surgiram ofertas de flores e velas para a imagem. E Nossa
n~:~ ~~C:e~;r~~~~~fü.,.;t~~:,'~~: " 1-'Se",nh"', :.r,:..~""~;,d~~ai'~,.';;.iê;a,.,'~icç:,".,,,:,.,~vcu,;;°'"':,"· - ;~:t~:~:~f~ftr~e::~:= !~~~~°!e~~~t~~~ j!!~1
fe~:.deo:
~=
~i~=
pontos de São Paulo, que vêm até o oratório para rezar, fazer promessas, agradecer favores recebidos de Nossa Senhora. Flores chegaram de outras cidades, outros Estados, e até do Exterior.
Ao longo dos anos, o oratório foi recebendo dádivas de pessoas beneficiadas por graças da Santíssima Virgem: uma coroa de ouro, que cinge a fronte de Nossa Senhora, e dezenas de rosas prateadas, as quais vão sendo dispostas, em forma de árvore, de ambos os lados da imagem. Além desses, outros objetos preciosos foram doados ao oratório, como um resplendor de pérolas, brilhanEssa crescente devoção popular letes, anéis etc. Por muito tempo a TFP vou sócios e cooperadores da TFP os expôs no nicho aos pés da imagenocupados embora com estudos e atizinha, mas, devido à onda de assalvidades em prol da Sociedade - a sutos e roubos dos últimos anos, foram gerirem ao Prof. Plínio Corrêa de Olieles depositados num banco. veira de se revezarem durante as noiS freqüente e particularmente totes, a cada hora, rezando continuacante observar-se, durante a madrumente o Rosário junto à imagem que gada, pessoas que descem de seus auos terroristas danificaram. tomóveis, ou surgem a pé no meio da noite, e se aproximam do oratório. São jovens ou pessoas em idade madura que vêm pedir a Nossa Senhora um auxílio em situações difíceis. Às vezes ajoelham-se diante da imagem e rezam. Alguns soluçam, como um jovem melenudo que, de mãos postas e joelhos em terra, exclamava: "Nossa Senhora, acertai minha vida". Entretanto, o ódio também ronda. Comodamente protegidos pela velocidade de seus automóveis ou motocicletas, nas horas caladas da noite, alguns proferem, ao passar pelo oratório, os mais torpes palavrões e blasfêmias, e por vezes atiram ovos e outros objetos contra Em se•nifle.l:óriw colocado1 diretamente na calçada, (U)ú cooperaMre1 da Tf'P fru;em vigília, acompanha- OS vigiliários. dwde numeroso público, no qual 1e de11acam o Pe. ,foto11W de Paula e membroid-0 Co,11elha NacWnal da Tl-'P Há ainda os que, para indicar rancor e protesto, buzinam ou aceleram estrepitosamente O Presidente do Conselho NacioAntes da recitação de cada um seus veículos. Apóstolos sinistros nal da TFP aquiesceu e, no dia 1° dos terços do Rosário são lidas as in- da cacofonia, odeiam um oratório de maio de 1970, foi solenemente inau- tenções da vigília, reproduzidas na em que todas as harmonias se reugurada a vigília diária de orações, quarta'capa de "Catolicismo". Nelas nem. que se estende até hoje, das 18 horas se incluem os pedidos de todos aqueMas tudo isso passa, e só uma de um dia até às 8 horas da manhã les que, pessoalmente ou através de coisa fica: a firme vontade de Nossa seguinte. cartas ou telefonemas, indicam inten- Senhora de continuar dispensando, Ajoelhados em genuflexórios pos- ções a serem lembradas junto a Nos- no oratório, torrentes de graças para tos sobre a calçada, dando as costas sa Senhora da Conceição, Vítima dos todos aqueles que ali acorrem. ara a rua, enfrentando or vezes in- Terroristas. Há até um livro es ecial Quem dese'ar o auxflio de uma tenso no ou c uva, os v1g1 1 nos ão para reco er pe i os e orações. prece junto ao orat rio po er se iprova não só de piedade, mas tamAo fim de cada hora, os vigiliá- rigir ao local, escrever ou telefonar bém de coragem e ufania católicas. rios são substituídos por outros. para (011) 825-6427.
Vigília de Orações
A abertura da vigília é feita segundo um cerimonial singelo mas expressivo: as duas tochas são acesas e os vigiliários, revestidos com suas capas rubras, rezam o "Angelus" (ou, no Tempo Pascal, a "Regina Caeli"). Começa então a recitação contínua de Rosários, que se iniciam com o Credo e terminam com a Salve Rainha e a Ladainha de Nossa Senhora. Entre uma dezena e outra é intercalada a jaculatória que Nossa Senhora ensinou aos videntes de Fátima, para ser incluída no terço: "Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem". Ao fim de cada Terço, é rezado um "Lembrai-Vos", a tocante oração de São Bernardo.
CATOLICISMO JUNHO 1989 -
15
MilãSIIF1W~1C·
Por que o público prefere os estilos tradicionais na arquitetura? QuEM ACOMPANHA a
evolução da arquitetura nas revistas especializadas fica com a impressão de que os estilos tradicionais não têm direito de cidadania, são execrados, estão fora de moda. Quando, porém, se passeia pelos bairros residenciais, verifica-se que a maioria das casas são construídas em estilo colonial, rústico ou mediterrâneo. Para tentar deslindar essa contradição, a reportagem de ''Catolicismo'' entrevistou Adolpho Lindenberg, fundador e presidente da conhecida construtora CAL, e um dos principais responsáveis pela volta do estilo colonial ao nosso cenário urbanístico. 16 -
CATOLICISMO JUNHO 1989
CATOLICISMO- Dizem que a CAL alcançou sucesso pelo fato de dar bom acabamento a suas construções, ser honesta em suas contas e construir em estilos tradicionais. Esses fatores pesam igualmente ou há algum deles que prepondere? AL - O último fator, isto é, a preferência pelos estilos colonial e neoclássico é de longe o mais decisivo, pois empresas que constroem com capricho e são honestas existem às centenas. CATOLICISMO zões hã outras?
Além dessas ra-
colunas e paredes. Antigamente as casas, mesmo as mais pobres, se diferenciavam umas das outras. Nos dias de hoje os prédios de apartamentos impõem uma igualdade de plantas e de acabamentos a todas as moradias. Isso na verdade é uma violência, e no fundo a natureza humana se rebela contra esse cerceamento do espírito cria1ivo e individual das pessoas. A CAL procurou desde seus primórdios não só permitir que os condôminos fizessem alterações em suas unidades e escolhessem livremente os acabamemos, como até os estimula a tomar essas iniciativas. Isso resulta, é verdade, numa sobrecarga de serviços, mas os clientes se sentem aliviados, realizados, menos angustiados.
AL - Sim, a CAL foi pioneira no assim chamado "Acabamento Personalizado". A Arquitetura Funcional, à semelhança das demais artes modernas, CATOLICISMO - O senhor consideé essencialmente igualitária. E como to- ra, por conseguinte, o acabamento perdo movimento igualitário, visa nivelar sonalizado como uma reação ao nivelatudo e todos por baixo; para isso, tem men to e à standardização das moradias? a padronização, a uniformidade e a standardização como seus instrumemos pre- AL - Exatamente. O ideal seria que feridos Haia vista,-'!WLlLJio,un,caa,4-'""--'"''"°"'~c_líapanamentos 1ivesescolas de Gropius e de Le Corbusier se 15 plantas distintas e 15 memoriais é a Modulação, ou seja, a repetição de acabamento diferenciados. Ai os monótona das distâncias entre os vãos, moradores se sentiriam realmente bem
instalados e as do nas-de-casa se sentiriam realizadas por terem adaptado e decorado suas residências segundo seus gostos, preíerências e necessidades. CATOLICISMO - Mas não é só a CAL que fala em acabamento personalizado. A maioria dos anüncios apregoam esse sistema de construir ... AL- Ê verdade. Nós lançamos a idéia, mas hoje em dia, felizmente, boa parte das construtoras de apartamentos de alto padrão estão permitindo aos moradores modificações em suas unidades. E essa prática eu a considero um movimento tendencial contra-revolucionário de primeira importância. CATOLICISMO - Mas voltemos à problemática dos estilos tradicionais. Pelo que o senhor disse, os compradores de casas e apartamentos de luxo preferem o estilo tradicional. Por que então as construtoras não lançam só ediflcios em estilo mediterrâneo ou neoclâssico? AL - Primeiramente, façamos uma distinção. Não são apenas os compradores de apartamentos de luxo que preferem os estilos tradicionais, mas toda a população. A questão é que aqueles que têm maior poder aquisitivo podem impor suas preferências, ao passo que os mais pobres precisam conformar-se com o que lhes é oferecido. Quanto à relação entre o nümero de ediflcios tradicionais e os ediflcios sem estilo ou com linhas modernas é interessante constatar que, na dêcada de 70, o estilo mediterrãneo chegou a dominar o cenário paulista, e mais da metada dos ediflcios construídos nessa época obedeciam a tal estilo. Mesmo agora, o novo tipo de projetos com cantos cortados, assimetria acentuada, tijolos à vista, "bay-windows" etc., obedece mais a conceitos tradicionats do que à ditadura dos caixotes modulados de outrora ... CATOLICISMO - Mas o senhor acha mesmo que toda a população dá preferência aos estilos tradicionais? Não hã um exagero nessa afirmação?
AL - Vamos devagar com essa questão. Realmente não se pode dizer que todos são hostis aos estilos modernos. Uma boa parte deseja projetos sem estilo nenhum, apenas com conforto e economia, outros almejam soluções arrojadas, inovadoras, na linha da últi~ a . " A ques o que a paree a da população que preferiria morar em casas ou apartamentos de estilo, parce-
la esta que não é absolutamente pequena, era forçada, por assim dizer, a ad· quirir moradias standardizadas e de estilo funcional, pois não havia outras. Quando a CAL começou a construir casas em estilo colonial houve um desafogo, um alivio, uma sensação de libertação. E o resultado é que casas em estilo colonial, rústico, ou mediterrâneo se espalharam por toda a ci dade, e hoje em dia dois terços das construções de residências obedecem a esses estilos. CATOLICISMO - Como se explica o fato de as revistas de arquitetura abstraírem completamente dos projetos feitos de acordo com os estilos clâssicos1 AL - Realmente, os projetos clássicos são publicados apenas em revistas "não policiadas'', de divulgação, como a ''Casa e Jardim", "Casa Clâudia", "Casa Vogue'' ... Os órgãos especializados, como que obedecendo a uma batuta desconhecida, só se referem a projetos modernos ou ditos da última moda, como o "neoclassic". CATOLICISMO - O Sr. não poderia se estender um pouco mais sobre essa opÓsição entre os estilos funcionais, modernos e de acordo com a moda e os estilos tradicionais? AL - O Movimento Modernista, que se originou no começo do século XX, após a 1• Guerra Mundial, tem como objetivo o igualitarismo omnlmodo e, porisso mesmo, nivelar e standardizar todas as casas e todos os pr&lios. Eles poderiam eventualmente variar de di· mensões, mas todos deveriam ter a mesma aparência, o mesmo acabamento, a mesma categoria. Exemplo t!pico desse modo de pensar são os prédios residenciais de Brasllia. Além disso, o esplrito modernista cu ltua o insólito, a aberração, o extravagante, o contra-senso. Os estilos tradicionais, cm oposição diametral à essa filosofia, têm como meta a procura do belo, do harmônico, do proporcionado, do bom gosto. E tal procura ordenada dá origem adivesidades infinitas, e desigualdades harmônicas, e desse mundo complexo, pleno de valores e riquezas de esplrito, brota um verdadeiro hino de louvor a Deus ... CATOLICISMO - Mas não se pode negar que a tendência modernista triunfou em todo o Mundo ... AL - Infelizmente é verdade, mas no campo da arquitetura o Movimen-
to Modernista teve seus percalços. Como ensina o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, a Revolução não pode caminhar com rapidez exagerada, pois corre o risco de a opinião pública não acompanhá-la e até vir a criar movimentos de reação. fase sábio principio se aplica especificamente à evolução dos usos, costumes e estilos. A moda pode obrigar à maioria da população que pendure nas paredes quadros absurdos e pode exigir que as mulheres se vistam com andrajos. Mas quando quis impor de um dia para outro, que todos abandonassem suas casas aconchegantes para irem morar em blocos uniformes de concreto armado, houve então uma reação da opinião pública. Foi esse ''não'' ao absurdo, à brutalidade e ao mau gosto que predispôs os espíritos à volta aos estilos tradicionais. CATOLICISMO-Quais são as características do estilo moderno que mais atentam contra o bom senso? AL - Formato externo de caixotes que se encaixam ou se superpõem. Estruturas de concreto armado aparentes, que dão a impressão de obra inacabada ou de fàbricas, pés direitos baixíssimos, que acachapam as pessoas e as impedem de olhar para o alto; paredes de vidro que transformam os interioresemvitrinesouestufas,eliminando todo o aconchego e privacidade, e principalmente, em nome de uma pseudo-funcionalidade, a execração, a eliminação total, a excomunhão de tudo o que seja enfeite, adorno, embelezamento, decoração. Segundo os cori feus da Arte Moderna só o funcional é válido. CATOLICISMO - Mas não existe uma certa verdade quando se diz que uma casa, um apartamento, deve ser funcional? AL - Certamente, é evidente que sim, muito embora a funcionalidade não seja a qualidade mais importante. O sentir-se bem, o aconchego, a adequação da casa com a personalidade de seu morador e os valores estéticos são mais fundamentais. Mas a questão é que nada é tão pouco funcional como a arquitetura dita funcional. Parece um paradoxo mas não é. A arquitetura moderna execra tudo o que pode ser considerado supérfluo. Ora, se um ou outro detalhe decorativo pode ser considerado supérfluo, o conjunto deles certamente não o é. ·o~nJmm,ctonuptrnuorn!lo-é ~rfluo". Eis ai uma máxima muitíssimo verdadeira. CATOLIC ISMO JUNHO 1989- 17
mos a proveitando ao máximo o CATO LI C ISMO. Estou colocando o di nheiro para renovar aminhaassinaturadesuarcviS(a.
Joio 811ld oino dos Reis Irmio, lt11bun11 (RA): A revista CATOLICISMO nos traz análises de temas da atualidade numalinguagem ftr.cil c apetitosa. EurealmcntecstoumuitosatisfeitoemreccbeTna minha casa cstarevista{... )intcressa.aquem gosta de estar por dentro do passado, presente e fuiuro. Estou enviando NCzS ... referente ti oomplementaçllo da anuidade. Wllli11n Robfrto Pin heiro, Birigui (SP): Estive lendo uma das revistas CATO LI C ISMO, fevereiro/89,eacheiumapublicaçãobastantcintercssan1e;gostariacntãodcsaberalgumasinformaçõcs para a assinatura da mesma.· F.dmilson de L11~rd11 E:vangellsta, Pombal (PB): Precisamos todos nós, admiradores deste grande movimento espiritual da TFP, nos aproximarmosmais,procurandonaslcituras doutrinárias conhecermos melhor alguns temas po lêmicos como Moral, Aborto, Família, para podermos combater os adversários de uma sociedade maishumanadcmelhorqualidade.ComopodercireccberoscnsinamentosdonossoilustreDr. Plinio Corrêa de Oliveira? Devo salientar que apreciei muito o artigo sobre a Idade Média, lavrado pelo Sr. Grcgorio Lopes, explicando muitos pontos históricos de nossa civilização cristã. Nota da Redaçiu: Sobre o louvAvetdesejodereccberoscnsinamcntosdc Dr. Plinio, estamos respondendo ao missivista. Antonio de Arruda Le me, Slo Pa ul o (SP): A propósito dos excelentes artigos sobre o 1
veis por CATOLICISMO que, semprcjuiwda.1ediçõcsameriores,seapresentaemcadanovo número mais admirável. Ju1rn Lopa Rodrigues, Ca mpos (RJ): A cada número da revista CATOLICISMO que recebo, mais me convenço de que as portas do inferno não prevale«rãocontraalgrcjaCatólica Apostólica e Romana. A defesa da tradição, familia e propriedade, principios essenciaisàsobreviv!nciadeumacivi lizaçãocristã,cstàscmpreprcscntenasbemdistribuldaspâginas dessa revista. Citamos por exemplo, no número de janeiro/89,11magnificacxposiçllosobrcoSanto Sudllriodc Turim, cm oposição às prctcnSÕCs dos inimigosda lgrcjaemfazercrer &ejaaimagemalimisteriosamcntc estampada, falsificação da ldadcMMia. JostLuiz Viegas de 81rros, Jundiaí (SP): Verdadeirame nte absurdas as posturas de Sarney em Angola. Primeiro deposita flores na sepultura de Agostinho Neto, depois declara que aliberdadctardou,maschcgou. Notada Red11çlu: O missivist11 apresenta aindasugcstões dctcmasquegrutariadcvertratados cm CATOLICISMO, como, por exemplo, o cooperativismo. Agradecemos as sugestões, as quais levaremos nadevida consideração e atenderemos na medida das possibilidad~. Pe. Osvaldo Vc nluru:no SS88, Alto Anguaia (MT) {cm carta ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira): (... ) com as óbvias felicitações pelos artigos sobre o Santo Sudário de Tu rim e da
JoslMa ri11 deAq ulno, Sio Paulo (S P): Leio e aprecio essa revista jâ desde longo tempo;acompanho,pois,comsatisfaçllosemprecrcsccntc,atransrormação de sua aprcscntaçllo gràfica,amclborno1!nero{... ) ocsmcrodoatualsistemadepaginaçllo1ornaram-namaisprãticaca1raente, mantcndoentrctantoamesmaorientaçãoortodou; verdadeiro paladino da defesa intransigente da doutrinacatólica,da lgrcjaedacivi\izaçllocris1lcmseusvaloresbàsicos:tradiçllo,famlliacpropricdadc. Paramim,degrnndeatcancc têm sido os primorososartigossobrcacrisedafamlliaaprcsentados pelo Dr. Murillo Gallicz, além de tantos outros, sâbios, penetrantes c dc grandc atualidade.Gostaria de apresentar 'duas sugestões: a) a volta de''Ambicntes,CostumcscCivilizações"; b)algumas biografias como de Frei Galvão e Padre Belchior de Pontes. NotadaRedaçio:Abiografia do Pc. Belchior de Pontes foi publicada em nossa edição dcmarço/ 1968, nº207;deFrci Galvllo,umapcqucnabiografia ».iu no número 344, agosto/1979, além de outros dados biográficos cm março/1986, nº43J.Mas,parccc-nosoportuno aprescntar novos aspectos davidaadmiráveldesseúltimo religioso, fundador do Convento da Luz, na capital paulista, oquefaremrucmbreve.Quanto a "Ambientes, Costumes e Civilizações", a sugestão do missivistaserviu-nosdcocasilo
para renovarmos mais uma vez ao Prof. Plínio Corrêa de Olivciraopcdidodcqucretomccssa sua magntfica c insubstitulvcl seçllo. lnfclimicnte, porém, o excesso de ocupações nlo lhe permite fazê-lo de momento. Seos!eitoresrczaremncsscscntido, quemsabe ... Pc. JOK M11 ri 11 Nollueina, ll11mbaradi (PR): Venho por mciodcstapcdir-lhcmil dCM:ulpas por nno poder assinar a revista CATOLIC ISMO. Pois, chcgandonestaparóquia,cncontrci muitas outras assinaturas. Por estar chegando aqui, nno poderia desfazer estas assinaturas. É sempre a mesma his1ória, no fimdoanotamasassinaturaspara pagar, ea nossa sirnação financeira agora que cstà melhorando. Peço por favoresperar-me mais um pouco, para a assinacura da revista CATO. LICISMO. Assim que cu puder comunicarci.Querodesejaratodos vocês um feliz tempo Pascal,equcoDivinoEsplritoSantoosilumineparaquetenham mais brilhantismo,nes1acomunicação tão dinâmica que vods
'""·
União das F..scolas Superlore~ do Parii- UNESl'a, lllb li o-
teca ~nt ral, Belém (l'A): Vcri-
ficandoo nosso fichário, observamos o não reccbimcmodo número 460 da revista CA TOLICISMO, que essa Editora publica. Naccrtczadequerccebercmosembrevc,agradecemosantccipadamenle. P. S. - Seria possível uma cortesia por parte dessa &füora, o enYio dos números anteriores ao ano de 1986, para que possamoscomplctarnossacoleção7Somosvclhosassinantcsdessapublicaçllo. Contamos com vocês!
O FOTOLITO DO PRESENTE PARA O FUTURO
,..._ ~~g~~·6;ej!~~~:u,;;;',.,~'.--1-''"'""'"-"'="'"'""--·- - - -+1-2!"¼!~~~~!'""'~~!."-:?I~ Fones: 631-1057 - 260-9669- CEP 05078- SOo Poulo (SP) mo(,.,). Aproveito o ensejo para cumprimentar os rcsponsá-
18 -
J udi1hOaireWa ls.h,811kK!ifield (C•lifórnia-EUA): Esta-
CATOLIC ISMO JUNHO 1989
Por trás de uma "Cortina de Silêncio"
AColômbia vai afundando no caos Que o Brasil está sendo lançado no caos, todos o sentimos na pele. Mas o que geralmente não se sabe é que em maior ou menor grau, e adaptado às peculiaridades de cada país, toda a América l.Atina vem sendo trabalhada pelo mesmo processo caotizante. Caso característico é o da Colômbia. Num quadro de patente desrespeito às leis vigentes, a guerrilha, o narcotráfico e a omissão governamental transformaram a nação--irmã no mais sangrento palco de violência de toda a América do Sul. Essa trágica realidade não é suficientemente apresentada pela mídia. Como conseqüência, o público brasileiro está desinformado sobre a verdadeira situação de uma importante nação, vizinha de nosso País. A fim de proporcionar a seus leitores uma visão panorâmica e objetiva da situação colombiana, "Catolicismo" solicitou ao Sr. John Spann, enviado especial de nossa revista à Colômbia, que analisasse in loco e detidamente o atual processo de desagregação a que está submetido aquele país sul-americano. Apresentamos a seguir sua primeira colaboração. John Spann - Enviado especial -
Dois fenõmenos delltuosos amplamente tolerados A ofensiva guerrilheira e o narcotrãfico têm causado anualmente na Colômbia incontáveis crimes. Ê verdade. de um lado, que a gue rrilha atua em zonas escassamente povoadas, e de ouuo, os assassinatos devidos ao narcotrãfico correspondem em grande parte a vinganças entre rivais; portanto, a maior parte desse elevado número de assassinatos não afeta diretamente os habitantes comuns das grandes cidades. Entretanto, pela forma galopante com que progridem os mencionados fenômenos delituosos, é evidente que estes não tardarão a atingir de forma grave toda a população. Durante o ano de 1988, o número de soldados e policiais mortos pela guerrilha ultrapassou o milhar! E só no mês de janeiro do presente ano, o número de pessoas que tiveram morte violenta foi de 1400! Além disso. sempre que o submundo do crime se apodera de uma sociedade, começa corroendo ou dizimando os setores que geogrãfi-
Como &e engeudrou u tragédia alua/: acima,guerri/heimsda M/9 realizam os 1râmi1es parn gozar doani&tio,ar,ósaqualreiniciaram a violência. Ao lado, 0
f::::J:;~,:J:,~;:;1;:•,7,e::~
de guerrilheiro da rAH.0, grupo •1uefnlnrn
Jepozeuqurrnroia cadauezm11i&fot11;1ena
11r6tica,foriol/lm::ia.
ca ou suctatnrentettre-sa-o-nratrp;.,,,,,,.~ - - - - - - - - - -~ mos, depois do que sua ação vai-se expandindo para os demais. A intensidade do fenômeno guerrilheiro cresceu raCATOLICISMO JUN!-1O 1989 -
19
pidamente durante o governo do Presidente Belisario Betancur (1982-1986), por causa da inusitada e sistemática be· nevolência deste para com todos os grupos subversivos. Com o narcotráfico, ainda que não tenha havido declarações de tolerãncia, esta tem sido manifesta, a ponto de os principais envolvidos não serem sequer fo rmalmente acusados e muito menos julgados. Quandoocasíonalmen· te caíram nas mãos das au1oridade, estas logo lhes deram liberdade. E não poucas personalidades procuram tornar propicio o "diálogo" também com aqueles que traficam tóxicos ... Na realidade, isto significa que se prentende conceder-lhes mais ou menos tudo o que peçam, ou seja, a mais absoluta impunidade.
Tltubela•se ao combater o mal que se deixou crescer À medida que a situação se torna mais grave, as autoridades do atual governo anunciam planos destinados a corrigi-la. E aqui entra um terceiro fator que produz o caos: a improvisação e incongruência de várias dessas medidas, o que traz ao país a sensação de que o governo titubeia, e com isso SO· menteaeentuaacrise. Com efeito, cm 1987, o Presidente Barco, alàrmado com os assassinatos
de várias personalidades e pressionado tanto por seus correligionários quanto por seus opositores, anunciou de for. ma bombástica, como uma panacéia, a criação, por decreto presidencial, de um Tribunal Especial para investigar crimes particularmente graves. Entretanto, com tal medida, dava·se a impressão de que a maior parte dos assassinatos continuaria sem investigação eficaz e que o Executivo reservava-se o direito de abrir um caminho rápido tão só para a elucidação de alguns casos de seu interesse especial ... E com isso patenteava-se que, para quase todos os colombianos, não haveria verdadeira justiça. Por essa razão, a Corte Suprema declarou, pouco depois, que o mencionado decreto era inconstitucional, e assim a opinião colombiana foi levada a considerar, uma vez mais, que a criminalidade é um problema insolúvel. O mesmo ocorreria meses depois com dispositivos-chaves do recente Estatuto anti-terrorista ("EI Tiempo", 26-11-88), o que lhe tirou toda eficácia. E recentemente, o próprio Chefe de Estado anunciou, ainda com maior alarde, novos e singulares decretos para restabelecer a ordem pública ... deixando ver - como mostra o quadro desta página - graves incoerências em sua concepção. No entanto, a polêmica em torno dessas medidas deitou luz sobre aspectos bastante mais crlticos da justiça colombiana ...
Converg@ncia clérioo-guenilheira: Mon.,. Sema, BiJpo de Caq11elá, em lro&alioos crim guerri/heUW
20 - CATOLICISMO JUNHO 1989
O caos não s6 nas normas legals1 mas na aplicação destas Com efeito, logo no inicio do debate, ficou dito que, dos incontáveis crimes cometidos no pais, somente 30,. dão origem a um processo policial e judicial que termina em sentença; ou seja, 97•/o dos crimes permanecem absolutamenle impunes! Mais ainda, mostrou-se que uma das razões para que isso aconteça é que a dotação de pessoal para a Policia judicial - encarregada de numerosas diligências relativas aos processos - é ridiculamente insuficiente: para 2.000 juizcs existentes no pais e para 300.000 processos iniciados anualmcn· te, hã somente 200 agentes! ("El Ticm· po", 27-11-88). Já antes de tudo isso, o Tribunal de Ordem Pública havia produzido consternação na Colômbia ao formular uma sentença - contraditada e anula· da depois pela Corte Suprema - no sentido de que os atos da guerrilha não podiam ser qualificados de terrorismo, por serem deslinados a obter concessões políticas e não a causar pânico ("E[ Ticmpo", 13-8-88)! Como se uma coisa estivesse desvinculada da outra, precisamente na época em que o pânico terrorista é uma arma political Recentemente, por ocasião do seqüestro de um destacado politico - cujo resgate estava sendo negociado com seus raptores - o Ministro da Justiça (um dos principais guardiães, em tese, da lei colombiana), interrogado sobre se não seriam ilegais estas tratativas com a subversão, declarou sem evasivas: "Não há código que valha mais que a vida de um homem". Acrescentando cm seguida: "Nada do que favoreça a Pátria Pode ser imoral ou inconstitucional" (''EI Tiempo", 20-7-88). Portanto, falando como Ministro, deixou claro que colocava suas próprias idéias acima das leis e do que indica a Moral. Sendo assim, e unindo-se tais conceitos a numerosos outros elementos de juízo, como estranhar que ocaos e a ilegalidade vão tomando conta do país-irmão? Prestem.atenção os demais povos, pois os gérmcns que corroem as instituições colombianas certa· mente não se satisfarão com o que obtiveram até o presente. São gérmens que, quando não combatidos, tendem r s1 >SâCXpansáo... e não apareceram ainda os que queiram combatê-los e ao mesmo tempo disponham dos meios adequados para isso.
Para grandes males, grandes remédios ... e grandes frustrações
As PROFUNDAS e crônicas perturbações que a ordem pública sofreu na Colômbia levaram o Presidente Virgílio Barco a promulgar, em novembro último,
~= ARTIGOS DENTÁRIOS Atendemos todo o Brasll por reembolso postal
um decreto destinado a combatê-las energicamente, o que era mu ito desejável. Não obstante, logo depois - e sem que ninguém discutisse a necessidade de medidas drásticas - as propostas do Executivo despertavam polêmica. Por quê? Segundo o decreto governamental:
lei$:
Pço Clôvls Bevtlõquo, 351 - 3~ andor - ~ . 303 (OH) 35-2721; 32-5909: 37-0665- CEP01018 - Soo Paulo
• Os juízes passariam a ser protegidos pelo anonimato, para impedir as vinganças dos condenados e de seus cúmplices. lstO deixava ver que, se o Estado
é incapaz de resguardar a vida dos ju!zes, muito menos poderá proteger, como é seu dever, todos os colombianos. • Os juizes poderiam negociar com os acusados a redução de suas penas cm troca da delação de seus cúmplices, o que é incompatível com a ordem jurídica colombiana e inadequado à mentalidade latino-americana. Numerosos juristas vaticinaram que essa parle do decre10 presidencial lerá vida curta, pois será também declarada inconstitucional pela Corte Suprema. • Es1abelecia-sc pena de prisão perpêtua para os terro ristas, já que na lei colombiana não existe a pena de mo rte; mas, também neste caso, juristas destacados ponderaram que não é possível, com base em faculdades extraordinârias e provisórias, motivadas por situações de exceção, decreta r medidas cujo efeito será permanente. Por esta razão, ê de prever-se que a Corte Suprema declare inconstitucional e nula também essa parte das medidas propostas. • Declarava-se que, nos casos de assassinatos cometidos por integrantes de corpos armados ilegais, os fautores receberiam o dobro da pena que normalme nte lhes caberia; mas esta d isposição ê de eficácia duvidosa, uma vez que os mais aniigos, numerosos e sanguinários desses corpos armados ilegais são os grupos guerrilheiros, e contra eles os organismos oficiais em geral não têm promovido processos, com o que se lhes ortorgou uma quase absoluta impunidade. Daí a referida duplicação da pena equivale a nada, pois o dobro de zero ê z.cro! Assim , a opinião colombiana é induzida a habi1 ·r mo se o objetivo fosse acostumá-la a conviver com o caos.
VIDROS TEMPERADOS, LAMINADOS E BOX Rua do Bosque, 929/931 - Fone: PABX 82~211 Sôo Paulo
AfOUCISMO
SERVIÇO DE ASSISTENCIA AO ASSINANTE
ci_,;_º_'º_"'_"_"'_'·_'_º·_+-t-~·º 11) 825•7707
, ,'.. "'"'._"'_'°_m ~"m_"_''_'•_,;_'°_m _o_"_
CATOLICISMO JUNHO 1989 -
21
Oman:ocornuniuooom.omarre/.o eorompauo
BERLIM - "Esta é uma fronteira religiosa. Do lado de lá eram as ter· ras do Barao von und zu der Tann, amigo pessoal de Martinho Lutero, aqui as dependemes do Arcebispo de Würzburg. Hoje é a linha fronteiriça entre o mundo livre e o eomunis1a. Í! o que explica o seu zig-zag, já que ela retraça os limites entrecortados das pro· priedades de ambos senhores", as.sim se exprimia o .. Polizeiobermeister" (Chefe de policia) Klaus Kochen, que nos servia de guia. Estupefatos, dian· te de nós se apresentava o espetáculo tétrico da cortina de ferro, com suas torres de vigilância e suas altas cercas de negra chapa perfurada, enferrujada. Ao fundo, em plena Alemanha comunista, a pobre cidadezinha de Wie· senfeld , onde ninguém é dono de na· da. O pQvo escravo trabalha de sol a sol, mais precisamente" a partir de uma hora após o nascer do sol até uma hora antes do poente", informa uma camponesa. O que cm ccnàs épocas do ano na Europa significa traba· lhar das 6:00 ás 19:30 hs1 Aliás, trata-se de uma dupla corti· na de ferro. Com efeito, um terreno de umas poucas centenas de meuos - a "zona proibida" - separa ambas cêrcas. Quem ali trabalha, o faz ten· do a seu lado soldados que montam guarda " para prmegê-lo dos inimigos do lado ocidental" . (Essa é a hipocrisia oficial!).
"O que vou ficar fazendo sozinho do lado de cá?" ... - - - - - - - - - - - - - - - ---11e,no-Hofseht1lt nosso correspondente 22 -
CATOLIC ISMO JUNHO 1989
Pouco durou para que detrás da segunda cerca surgissem dois soldados (sempre dois!) que com binóculos nos observam . Mais um minuto e - então nós também com binóculos, que o policial ocidental nos emprestara - pudemos distinguir que apanhavam um telefone escondido num dos mou rões de concreto. Dentro em breve, numa curva da precária pavimentação que acompanha a primeira cerca, e que é utiliza. da pela patrulha de urgência, surgiu uma pequena moto, em estado lastimável, que percorreu lodo o curvilíneo e dantesco circuito, e dois outros soldados, com suas metralhadoras, pararam diante de nós. Trinta metros nos separavam! Trinta metros separam dois mundos! São os "Greso". Quem não ouviu falar dos tristemente famosos "Vopo" do muro de Berlim ("Volkspo. lizei", a Policia popular)? Aqui eles são os "Greso" ("Grenzsoldaten··, sol· dados da fontei ra). Um "se escondeu" atrás da moto e assestou em nossa dire• ção uma longa luneta, enquanto o ou· tro. com urna Possante tele-objet iva, tirou diversas fotos dos 20 membros da TFP francesa e do Bureau alemão das TFPs que eu acompan hava nessa im· pressionante visita, a convite da Guar· da de Fronteiras da Alemanha livre (''Bundesgrenzschutz''). Do lado ocidental, o campo estava lavrado até o limite do território! Na linha de divisa, em antigos marcos de pedra que delimitavam os reinos da Prússia e do Saxc, podia·se ainda ler as letras KP (Kônigreich Preussen) do lado oriental, e SW (Saxe·Weimar) do ocidental. "A linha que encima os marcos traça com exatidão os limites dos dois reinos", explicou-nos o guarda de fron1eiras. Hoje retraça ela "com exatidão" a divisão de dois mundos ... Começa ai o império da iniqüidade: trinta metros de terreno de segurança, ora arado, ora aba ndonado. oncte, por vezes, em esconderijos atrás de arbustos, se escondem soldados comu nistas; e, em seguida, é a tétrica cortina de ferro que se ergue. Nesse "terreno de segurança" , já portanto na Berlim Oriental, mas ainda próximos à linha frontei riça, , altos e repelentes marcos de cimento, a cada 500 ou 1.000 metros, listrados de preto, amarelo e vermelho, encimados pelo martelo comunista e o compasso maçônico, nao deixam dúvidas: "Deutsche Demokratischc Republik" (DDR, a Alemanha Oriental).
" Mais recentemente foram desativadas as minas e as ''Toclesautomaten'' (•);
1111311iitili·l·l-t Hllei·l·tâli§ii· Organizaçõo dos obstáculos na fronteira da Alemanha comunista
hoje não são mais as máquinas mas os homens que matam os fugitivos! A fro nteira ... se humaniza", dizia cm tom de ironia o policial.
Quatro em cada cem Não se trata mais de uma barreira de armadilhas automáticas, por certo, mas de homens autômatos! E quantas dezenas ou quantas centenas de mil hares de alemães do Leste aspiram transpor essa barreira! Quiçá milhões . Contudo ... uma lnfima parte dos que empreendem uma fuga atingirão o Ocidente! Porque as barreiras não são apenas as duas cêrcas vigiadas. Os cinco quilômetros que, do lado oriental, precedem a fronteira constituem com efeito "á· reacontrolada". Ninguém pode aí adentrar sem salvo conduto. E de cada 100 que se aventuram, apenas 20 conseguirão atingir a dupla barreira de altas cercas. A primeira é encimada por grande quantidade de fios que acionam alarmes: sonoros, luminosos, cães policiais os "Greso" eles mesmos; é todo um aparato que ao menor sinal se põe em marcha. Pobres 20 fugitivos que ai che-
gam: apenas 4 conseguirão a liberdade! Para os 96 outros é a aflição, a prisão, a morte ou ... a torturai Atingida a primeira cerca é preciso .sallá-la sem que se acionem os alarmes. "Não se pode fazer com uma escada?", perguntamos. "Certamente", respondeu nosso guia, "mas estas são controladas, registradas, para as possuir é preciso uma permissão especial, e são mantidas sob chave''. Pouca chance de sucesso! Há não muito tempo, ali a poucos metros de nós, explicounos ele, um jovem de 19 anos viveu sua aventura precisamente com uma escada. Ele a construíra às escondidas, com diversos pedaços de madeira , alta, muito alta, conseguindo na calada da noite .sallar a primeira cortina de ferro sem acionar os alarmes, e galgar a última com auxílio de ganchos de açougueiro. Chegado ao topo, sem apoio, afobado, lançou-se para o solo como pôde. Caiu com a face por terra. Todo ensangüentado, só lhe fa ltavam 30 metros Livres Nenhum p,o ·• eia!. Nenhum cão. Juntando as últimas forças, conseguiu arrastar-se até um pequeno vilarejo que toca a fron -
EXPLICAÇÃO DA GRAVURA
l. Mar001Íffllllririçood•Almlanlul01101wn,s. ta{r,mo-l'UJl>tlho-anwdo),dtl,IOm. ~.Fliu.deoontrole,delm••ld.l••pllinadlo, ~.Ot,stiruloduplo,<ka,çanittilka{2,«lrn),
6.1'-..,n 7.0bstkulo.,mplos,dccaramaitlic•(l.lOm). 8.f'OMOba!1ando1po.lUfCllld••riculoo(1uar• n,ecldo<kplacas<koonc,<10). 9.l'•indc<OB1rol<<k6m,dosttnMl1•<klot,orqUàlq.,..si11&l<k - . LO.Camuihocarrouhri. ll .lbnedo.;.ia,<kconcfflo. ll.lb<r<:·quadradado.;pa,deconae10. lla.lbffe<kcoctW'ldo,deooacmo(l,...,,,l. ll.Abfi&o<k-.,,IIÇAO,<kOOflCtt!O, 11.Posla<kUumli\açl,o. U.Moun)eslipdol:iredoteltfiWCaNblminca. l6.Cor1SIO<lrr<:diç1<kcksl)Oliciais. 17.Bar,ci:r1<:omdi,p0oi1i•otl)llr• sin1ioelicrico,c ac(r,iicos.Partodel1comob$1A<:uloduplo dcec<came1.1Jica,1uordadop0rclos 18 . Muro <k ronçr<10, ullliudo tamWm <omo
.
CATOLICISMO JUNHO 1989 -
2.'J
IIIIH::Mf-ifí•l•lêt·Ulfíl·H·Pi§ÊH tcira, ali a nossos pés. Estava salvo. Um dos 4 felizardos. 4 em cada 100! Aproximamo-nos, fôra ali, um l)Ouco mais acima. Do outro lado da cerca. precisamenie no local desta fuga, junto a um "bunkcr" de observação, estavam infatigáveis os dois "Greso" que há l)OUCO nos fotografavam, Via-se.os atarefados: 1elcfonavam, escondiamse, assestavam seus binóculos em nossa direção ... Foram-se só quando já nos afastávamos! E, no entanto ... são eles mesmos - os "Greso" - os que mais fogem para o Ocidente, embora estejam sempre a dois para que se entrevigicm!
A prlsOo mais cara da História Há um temi)() recente - quando a iml)Opularidadc dos caml)Os fronteiriços minados os obrigaram a arrancar essas terríveis ciladas mortifcras - o Policial que nos servia de guia teve de contactar em caráter oficial os soldados que trabalhavam na linha da fronteira para saber da hora em que as minas explodiriam. Contacto diílcil e delicado, pois os comunistas são proibidos, em principio, de manter qualquer comunicação. Num dado momento ele se encontrou frente a frente com um "Greso" isolado. A dois metros um do outro, sem obstáculos. E arriscou um diálogo súbito: "Quando esta cerca for derrubada você passa para o Ocidente? - "O que vou ficar fazendo sozinho do lado de cá?", resl)Ondeu quase sussurrando o soldado comunista ... Mas ... a cortina de ferro continua a existir. "lcm-se idéia de quanto custa todo esse aparato de repressão?'', perguntamos. "Cada quilômetro de cerca, e apenas a cerca, calcula-se cm l milhão de marcos!'', resl)Ondcu-nos o Policial, "e como são duas, são 2 milhões; o que, multiplicado Por 1.400 quilômetros - o comprimento da cortina de ferro alemã - atinge aproximadamente 3 bilhões de marcos"! A isso seria preciso acrcsceniar as incontáveis torres de vigia que salpicam toda a fronteira, os sistemas de alarme, os vclculos, minas, metralhadoras automâticas, pavimentações de alerta, serviço de iluminação, cães amestrados, trincheiras antiveículos que percorrem os l.400 quilômetros (apenas para os Q cm!...), um sem número de dispositi· vos, tudo indescritível. Ainda, deve-se somar o permanente patrulhamento 24 - CATOLIC ISMO JUNHO 1989
dos "Greso", não só na fronteira como ao longo de todos os S quilômetros que a precedem ... Esta é a situação de um país onde a penúria é de lei. Eis uma tirania que faz lembrar o regime nazista! "Acusam-nos de revanchistas e nazistas", continuou nosso guia, "mas mudamos de regime em 1945, são eles os continuadores do regime hitlerista". ''Até pior'', acrescentamos nós. ''Pior do que antes", concluiu ele.
Salmos pensativos. Indignados. As imagens voltavam umas após as outras às nossas mentes. Não conseguíamos
pensar nem falar de outra coisa. Nessa noite não foi fácil conciliar o sono. À indignação sucedia-se ou1ros sentimentos: o de que aquilo não pode durar, o de que é preciso resistir, o de que ... bem, Nossa Senhora de Fátima nos trazia o alento e a resl)Osta: "Por fim meu Imaculado Coração triunfarâ!". (•) "Tbdesautomaten" ("engenhos de morte"), mais conhecidos entre nós como as "metralhadoras automâ1icas", são espécies de granadas automáticas, altamente mortfferas, que estouram nos mourões das cercas ao menor toque humano ou de um animal.
Na China, povo ama tradições imperiais Por razões táticas, o governo comunista da China viu-se obrigado a permitir uma discreta recordação das tradições nacionais. E o povo está mostrando que não as odeia, antes sente nostalgia delas. Por exemplo, nestes últimos meses, quarenta anos após a implantação do comunismo na China, o filme "0 último Imperador" atrai multidões. Conta a história de Pu Yi, o menino monarca deposto em 1912. E junto aos muros da ''Cidade Proibida", turistas chineses alugam vestes semelhantes às usadas por este rei, para com elas revestir seus filhos e assim fotografá-los. Em Pequim, vive ainda Aisin Gioro Yunying, única irmã de Pu Yi, que nunca fala - mesmo para seus filhos - do passado imperial. "São memórias muito doloridas", comenta. Ela e seu marido, um nobre da Manchúria, foram "reeducados" pelos comunistas, perseguidos, presos e privados de muitos pertences que recordavam seu passado imperial. A princesa só pode falar a estrangeiros sob a vigilância de um funcionár io comunista. A mera rcsen a e uma anc1 sem nen um er, mas portadora de um grande passado, ainda incomoda.
TFPs em ação Contra o torpor, apelo ao heroísmo
piritos a impressão de que se inicia uma era de bem estar e prosperidade definitivos. Teriam ficado para trás os tempos em que o pais era o primo pobre da Europa, a qual lhe voltava as costas com desdém ... O documento do Cen-
LISBOA - Chamantro Cultural Reconquista do a atenção do público deseja que as vantagens português para que desda integração do país no perte do misterioso torMCE sejam aproveitadas por que o domina, e reapara corrigir os erros crôcenda a velha chama de nicos da polltica agrária Fé e hero[smo, grandeza confiscatória implantada do Portugal de outrora, anteriormente, e ao mesa Centro Cultural Reconmo tempo chama a atenquista elaborou substanção para o perigo de que cioso estudo, publicado as medidas exigidas por em seu boletim "TFP Luessa integração venham sa Informa". a desfigurar ainda mais Ao tratar do ver da deios vestígios do passado ro perfil da alma portucristão. guesa, o documento reE para demonstrar a monta às origens da nainconsistência de uma vicionalidade, às lutas consão cor-de-rosa do panotraos invasores muçulmarama luso, relaciona fa. nos e à expansão marítitos concretos de uma ten· ma que levou a Cruz de dência à autodemolição Cristo aos mais distantes nacional, semelhante à aupontos do Globo. Evoca todemolição da Igreja. com especial admiração Por exemplo: oBeatoNunoÁlvaresPe- A descolonização reira e a Rainha Santa consistiu na transferência Isabel, como figuras intedas colônias para a órbi· gras e abnegadas que ta soviética; as populamarcaram a História de lrrn11fem de Nona Senhora da Co,iceiç6-0, de Vila Viro,a, ções ficaram reduzidas Portugal nos momentos Padroeiro de Portugal às mais penosas condimais tristes e dolorosos. ções de miséria. Rejeitando a versão -A provinda de Made que os atuais problemas da na- sa aquele sinal que tinha sido até cau, a exemplo de Hong-Kong, seção se restringem apenas à econo- então a sua glória, a sua alegria e rá entregue à China, sem que ninmia e às finanças, o Centro Cultu· a sua honra: a Cruz de Nosso Se· guém tenha sido consultado a res· ral Reconquista aponta numerosos nhor Jesus Cristo. peito, nem em Portugal, nem em sintomas da grave crise social, moMacau. Onde estão os ardorosos rale religiosa que solapa o pais ho- Ilusão otimista defensores da democracia liberal e je em dia. Essa grave crise - saliendas consultas populares? ta - tem um nexo profundo com A estabilidade polltica de cunho - A aprovação da lei do abora descristianização propugnada pe- liberal, o afastamento do perigo to e a difusão de anticonceptivos los iluministas e revolucionários imediato de uma tomada de poder poderão reduzir a taxa de natalidafranceses de 1789, e trazida a Portu- pelos comunistas, eo recente ingres- de em Portugal, como já ocorre - gat"p-Or· Napoleão-e-seure~rciros:- -s-cnte· Pontrga:hrcrM~R1Rto-r:oiITT1umrl--.,mmciITlu ros ricos palses europeus, Pretendia ela apagar da fronte lu- Europeu despertaram em muitos es- com a sombria perspectiva de um CATOLIC ISMO JUNHO 1989 - 2S
TFPs em ação envelhecimento prema turo da nação. - Ação deletéria da imoralidade em geral e da televisão em particular, como veiculo de violência, pornografia e inqualificáveis ultra· jes à Religião Católica. - É muito sintomático o afastamento de grande número de católicos portugueses dos deveres religiosos. Nos últimos anos, o comércio esteve aberto nas grandes cidades por ocasião da Sexta-Feira Santa, e no Porto chegou-se a marcar uma partida de futebo l justamente para as três horas da tarde. Fo r ça j o v e m
Este é, infelizmente, o Portugal
dc hoje. Um pais onde a Fé se evanesce como um perfume que se evapora de seu recipiente aberto. Enquanto essa situação perdurar, Portugal caminhará certamente para a destruição de tudo o que ainda resta de Civilização Cristã. De sua parte, o Centro Cultural Reconquista, com o apoio de numerosos amigos e simpatizantes se propõe a prosseguir sua atuação junto à opinião pública, para defender as tradições lusas e os princípios básicos da Civilização Cristã. E conclui o documento: "Com os olhos postos na Virgem Mãe de Deus, que ao escolher a nossa Pátria para, de Fátima, falar ao mundo inteiro, manifestou por ela especialíssima predileção, consagramos aqui, com gratidão fil ial, nossos trabalhos, nossos esforços e nossa luta ideológica em prol de um Portugal sempre mais cristão e fie l a si mesmo. Estamos certos de que contribuiremos, assim, para que um dia não muito distante se cumpra inteiramente aquela Sua promessa
-
Prestígio inadmissível concedido ao
JJ
d !!G~~ ~ !enu~~ ~a~ e~O cente onda publicitária que procura apresentar Fidel Castro comovedete política, capaz de solucionar problemas decorrentes da guerrilha revolucionária edo narcotráfi co, incentivados a partir da própria Havana, a Sociedade Colombiana de
::f
Defesa da nadição, Família e Propriedade publicou substancioso manifesto, em página inteira do diário "EI Tiempo", desta capital. A TFP colombiana sustenta haver uma monstruosa inversão deva!ores no fato de transformar um ti-
rano, que completa três décadas de crimes contlnuos, em astro cota- na, dizendo-lhe ao final da entrevisdo na esfera internacional, fazen- ta: "O Sr. , Presidente Fidel, aindo vistas grossas para a miséria bru- da que não se dê conta, é também tal vig_ente em Cuba - que a colo- cristão, ao menos porque procede cana completa dependência soviéti- de uma familia católica e porque ca - bem como para o exílio fo rça- alimentou seu pensamento nas fondo de 10% de seus habitantes, e a tes de Marti e de Pepe de la Luz". existência de incontáveis presos poO mani festo denuncia ainda o llticos. verdadeiro "apartheid" ideológico No referido documento, a enti- a que vão sendo reduzidos os ant idadefflanifesta também viva surpre- comunistas. sa ante as declarações de destacaChamando a atenção do públidas figu ras do Episcopado católi- co colombiano para os graves risco, que passaram recentemente a cos da busca da paz através de uma elogiar o tirano. É ocaso, porexem- cordialidade relativista, conforme pio, do Presidente do Conselho advertência fo rmulada pelo Emmo. Episcopal Latino-Americano, Mons. Cardeal Ratzinger, o documento diDario Castrillón, que chegou a qua- rige uma súplica a Nossa Senhora li fiear a situação da Igreja em Cu- de Chiquinquirá, Padroeira da Coba de "muito esperançosa'', dan- lômbia, que milagrosamente restaudo como razão o fato de o gover- rou sua imagem para recompensar no castrista ter permitido a ativida- seus devotos. A ela a TFP implode de sacerdotes estrangeiros, cuja ra que realize agora o milagre muiorientação, porém, o Prelado não to maior de reconstituir em tantos menciona .. de seus filhos as verdadeiras convieAlém disso, o mesmo Prelado ções cristãs, de maneira que estes
---é:lã~oc.,e,;;h,,ei.a_,, dc,_,, es:-"pe"-,an~ça~e.;,;d=u,,,rn~:t-'~h~e~o~u!'ª-'êd~ec~ la~rn~,=~n~m="'::"'7-p;ossam_exigir_o.finulas...conlemJlO,--'Por fim o meu Imaculado Coração triunfará!"'. 26 - CATOLICISMO JUNHO 1989
causando desconcerto entre os fiéis - , que esteve com Fidel em Hava-
rizações ent rcguistas em relação aos ímpios.
ILUMINA SUA VISÃO
VISOTIC
~lls FO TO LI TO SIC LTOA.
REPRODUÇÕES EM LASER FOTOLITO A TAACO• DEGRADE E• BENDAYS AUTOTIPIAS • COPIAS FOTOGRÂflCAS • l'flOVA DE CORES
TABELA ESPECIAL P/EDITORES Papel seda com
aplicaçõo de silicone,
AV. OIÔGENES RIBE IRO OE UMA. 2850 AlTO OE PINH EI ROS TEt., 260 -5 74-'
especial para
limpeza de lentes Um produto d o ARTPRESS lr.dústrlo Grófic o e Editoro Lido Ruo Javoés. 68 11689 - Sõo Pa ulo (SP) Telefone (0 11) 220-4522
BARCELONA TELEFONES compramos - vendemos administramos - a luga mos t rocamos e fa c ilitam os
todas as áreas Teli. (011 )32-9732- 37.f>769 - Sao r aulo-5 P
LI+t•· H. SILVE IRA TURI S MO Passagens naciona is e inte rnaciona is
m
EN V I O PARA TO D O O BRAS IL E EXTE RIO R
ÓTICA A ROUCHE L T DA .
H. Si lveira Turi,mo ltda Telefone:(011)259-0WM e257-4l 24 Telex: 11-)2778-HSTU· IIII
LENTES DE TODOS OS TI POS E ARMAÇÕES DAS MEL HORES PROCEDtNCIAS LARGO 00 AROUCHE. 261 - F. 221 1737
SÃO PAULO SP
CONSTRUTORA
ADOLPHO LINDENBERG S/A
INCORPORAÇÕES - PROJETOS E CONSTRUÇÕES RUA GENERAL JARDIM, 703 - 6.0
•
7° ANDARES -
FONE 256-0411 -
SÃO PAULO
CATOLI C ISMO J UN HO 1989 -
27
Oratório de Nossa Senhora da Conceição Vítima dos Terroristas
ú
N ICO NO BRASIL e no mundo, em que pessoas ajoelhadas, em genuflexórios colocados diretame nte na calçada, re.r.am durante a noite inteira - das 18 horas de um dia ãs 8 horas da manhã seguinte - o oratório de Nossa Senhora da Conceição Vítima dos Terroristas está situado na Rua Martim Francisco 665, bairro de Santa Cecília, em São Paulo. Com devoção e altaneria, sócios, cooperadores e correspondentes da TFP ali rezam diariamente nas seguintes intenções: * Pela Igreja, para que Nossa Senhora a faça triunfar sobre o comunismo e o progressismo, e a leve ao mais alto apogeu; * Pela Cristandade, paril que Nossa Senhora lhe dê sabedoria e intrepidez na luta contra seus adversários ostensivos e velados; * Pelo Brasil, para que Nossa Senho ra o livre do progressismo e do comunis mo declarados ou velados, e o leve à realização de s ua providencial missão; "Para que Nossa Senhora proteja a TFP contra as investidas de seus adversários, e a torne sempre mais dedicada e eficiente na defesa da civilização cristã; * •m favor das ssoas visadas la uerra psicológica comunista, para que Nossa Senho-
ra lhes dê argúcia, fortaleza de ânimo e vitória; * Por nossos correspondentes, amigos e benfeitores, para que Nossa Senhora os recompense ao cêntuplo pelo apoio que dão à nossa Causa; * Pelos nossos adversários, para que Nossa Senhora lhes toque a alma e os converta; " Por todos os que sofrem na imensa urbe, para que Nossa Sen hora os console, ajude e santifique; " Por todos os que agonizam, para que Nossa Senhora lhes sorria na hora extrema; * Por todos os que perseveram na virtude, par;i que Nossa Senhora lhes dê constante progresso; • Por todos os que lutam, vacilando nesta noite entre a virtude e o pecado; * Por todos os que pecam, para que Nossa Senhora os preserve do desespero e os reconduza ao bem; * Pelas intenções de todos aqueles que se recomendaram às nossas orações. Tais vigílias de orações vêm sendo feitas ininterruptame nte desde 1° de maio de 1970. Até o dia 31 de maio deste ano, no oratório foram rezados, durante 97.510 horas, 390.040 ten;os do Rosá rio e 130.013 ladainhas lauretanas. Nas páginas 14 e 15, breve hist rico o o r a l ~ -
AfOILJCliSMO N? 463 - Julho de 1989 -
Ano XXXlX
Bicentenário da Revolução Francesa
Quatro revoluções desagregam omundo moderno
f" 2-REVOLUÇÃO FRANCESA Em 1517, o frade revolucionário /. Em 1789, explodiu a Revolução Martinho Lutero lançava um brado Francesa. Todos os revolucionários ao mundo contra a Igreja hierárquica ç $eram igualitários, mas com matizes, instituída por Nosso Senhor Jesus que se definiram no curso do processo Cristo. O poder de ensinar, desse evento histórico. Os de governar e de sant ificar conferido "feuillants", os girondinos, os ao Bispo de Roma e aos demais bispos jacobinos e depois os adeptos de em união com ele, foi negado, com Babeuf constituiram quatro gradações, pelas diversas tipos de revo lucionários, com seitas protestantes. radicalidade crescente.
~ 4- ; PÓ;AREVOLUÇÃODASORB~NNE~ Dando corpo às tendências do movimento "hippie" e congêneres, arrebentou, em 1968, a Revolução da Sorbonne. Sucedem-lhe os "punks", os verdes e a "nova onda" de artistas e literatos. O espír ito da Revolução = ~ ~~ ~ -.--F~r~ a n~cesa, cujo bicentenário se comemora
.J'
ne~~~-~n0~,b~~~en u~:~!;;~;;~e~e os / r dicalidade sem precedentes.
- isto I, legislar. Nem tampouco deba1er em lermos elevados, problemasde interessenacionaf.
SATANISMO NA CIDADE ETERNA Despachos em cemitérios, proíanações deigrejasemissas negras, entre outras práticas dos seguidores do diabo, já fa. zcmpartedosboletinsdcocorrênciadospostospoliciaisitalia-
POR TRÁS DA G LASNOST A SERVIDÃO Em Utrecht (Holanda), foi recentemente criada a "Fundação Paridade", cujo objetivo e luta r pelaobservância dos direitos humanos na Alemanha comun ista, informa o di ário alemão "Frankfurter Algemaine Zci rnng". A entidade pretende enviar à embaixada da República Dcmocràtica Alemã (comunista) uma pe1ição de quin 7,e famlliasquedesejamobter licença paraseus membros viverem jun1os. Eles foram separ.idos pdo muro que os vermel hos edificararncntreasduasAlcmanhas. Apóscercadequarentaviagens á Alema nha comunista, o fundadorde''Paridade''oon statou que lá existe " mu ito ódio e oposição por parte do povo'' ao regime policiatesco rei nante. Nessas visitas, ouviu lame ntações sobre a "grande misé ri a" do pais. Além de não poder viajarao Extcrior,osalemãcs-orienta iscstãoproibidosat éde"rcu• nir-sc livremente,comprarlegumes ou ler os jornais que desejem". Sentem-se ainda limitados em sua liberdade de culto: "Sem dúvida, pode-se assistir a uma Missa; masquem defa to sededi caà lgrejadcvecspe· rar represálias" - acrescenta odiilriogcrm ânico.
envolveu-se em dfrers-OS episódios que o desdouraram sobremaneira, favoreceu à toda brida o empreguismo de parentes, legislou quase s6 em cuusa p,6pria e até hoje nem aprovou seu Regimentofllterno. Em meio a isso ludo, os representantes da NaçiJo - impóvidos - elevam ainda mais seussalórios.J11stifica1ivasalegadas: certo purfamentar lembrou as contínuas viagens que necessita fazer; 011 /ro illwx:ou o atendimento a pedidos de efei1ores (órulos, assist€ncia médica etc.), e assim por diante, com vistasaasseguraremaobtençiio de novo mandato. Curiosamente, 1,arece que n(lo fhes ocorre exercer o mún11s para o qual foram eleitos
EM C AUSA PRÓ PRIA .. D11,ante os últimos vir1te meses - após a promu/gaçtJo da nova Carta - u Congresso 2 -
CAT O LI C I SM O - JULH O 1989
O "Diário Oficial " (f0-3-89) publica praticamente 7 póginas de decretos assinados pelo Presidente Sarney e pelo Ministro da Agricullura, /ris Resende, declarando ''de interesse social, pqra fins de reforma agrdria", nada menos do que sete im6veis rorais, numtotafde26.0fJ hectares desapropriados.
C OLONIZAR PARA MANTER SOBERANIA
O mais curioso é que, no mesmo número do "Diário Oficial", aparece uma exposição de moti vosd0Sccre1ário-Geral do Conselho de Segurança Nacional (atual Secretaria de Assesso ramento da Defesa Nacional), General Ruben s Bayma Dcnys, datada de 12-7-88 , em que este lamenta o "expressivo graude esva1jamcn1odemográfioo" da Amazônia ocidental. cujoscontigentcs humanos" resumem-seapequenasvilase poEXPROPRIAÇÕES, voadosmuitomal aparclhados", RITMO ACELERADO com "população inexpressiva e o êxodo rural crescente''. Apesar de ndo dispor de diCabe aqui uma pergunta : nheiro pqra pagar suas dividas empenhando fabulosas somas anligas em motlria de Refor- de dinheiro em desapropriações ma Agrdrio. nem por isso o Go- de terras particulares, nãoestaverno Federal detém sua cami- ráoGovernodispendendoinunhada expropriat6ria; pelo con- tilmenteverbasqueseriammais /rdrio, conlraidívidasnovas. bem ap licadas na colonizaçãv deseuimensolatifúndio amazõnico? Não estará dando oGovemo.assim, argumentos á rccenEmmdadeim~lheresnoperiote movimentação in-
Turim registra o maior número de adoradores do demônio - cerca de40 mi1-, disseminados por incontáveis seitas. Há roubo de Hóstias consagradas em diversos templos locais. Causa assomb ro a proliferação dessessi nis1rosrituais nopaissededaCristandade.Jávão longe os tempos em que grandes samoseinílamadospregadorcs dardejavamdospúlpitoscontra práticas satânicas ...
tfi!~!e:/,,';J·c::;~:';:;~~~:
~.nomu11do.arrifrasof11."Ulis
ternacional, co m fortercspaldodacsqucrdacatólica,qucpleiteia a intcrnacionali:ração da Amazôn ia, em nome dos direitos humanos? De pouco adian-
mo: li milh/Jes. Enlre/onlo. - co11forme Murroy Feshh/Jch, pesquis11· dor umerkono de probkmas so1·ié1icw - ll'WlndosM em coma os oborlosíltgais. osnúmeroscn:s«m
defesa da soberania do Brasi l sobre o terri tório amazônico, se para lá não for atraido o fluxo migra-
11,(Jes de nascimemos, em mtdia
partn mms ensamentc povoadas do Pais.
a 700 morrem, por c/Juso de rom-
pliwçr'Jes resull/Jnles do aborto.
Assim l naRússia. Nas clínicas (como a do foto), as mm s4o tro1adas como J]tfas 11umofdbrinltkmoo1ugmremsir~.
~i:E:°fE:Jf;::i;:~~::
~~r~:tn~;~~. ~~
7: JlE~º f:~~~!.=~i?~ --t-éé~;ci~:=d-'croº'bcc:,c"r~ç,a'::=:=1~:~ _
IJAtOl!.JCF.§MO SUMÁRIO HISTÓRIA Bicentenário da Revoluçào Francesa: - A RF é a segunda das quatro eta-
pas de um processo multissecular que corrói o Ocidente 4 - A publicação da verdade histórica desmitificou a RFem geral, ea tomada da Bastilha em particular ....... . ...... . .......... . .................. 6
RELIGIÃO Três bispos cubanos no exílio refutam carta do Cardeal Arns de apoio aFidclCastro ........................ 10 MUNDO COMUNISTA
Assestando o foco nos pontos nevrálgicos
N
UMA GRANDE NAÇÃO, a Alemanha Ocidental, produzem-se alarman-
tes sintomas de cessação da vontade de resistir ao comunismo, causados principalmente pela enganosa propaganda distensionista, soprada desde Moscou. A partir do momento em que os alemães cressem que o Cremlin renunciou a seu imperialismo doutrinário-militar, que razões teriam para deixar empilhar mísseis e bombas em seu território, corno julgam necessário os especialistas da NATO? Este clima distensionista ameaça debilitar a própria NATO, cujo apoio cessaria na opinião pública, quando esta acreditasse que a Rússia já não mais constitui ameaça militar. "Catolicismo" publica nesta edição elucidativa matéria a respeito.
Frei Betto faz apologia do regime comunista chinês, perseguidor dos autêntkoscatólicos 14 INTERNACIONAL
A propaganda da "perestroika" vai atingindo seus objetivos no Ocidente: divisão da NA TO 19 NACIONAL
No páreo para obter a Presidência da República, sucedem-se os favoritos: Caiado, Lula, Collor. A "mídia' faz propaganda consensual cm torno de um nome. . 25
O
DEBILITAMENTO da NATO traz naturalmente ao esplrito, por um
jogo de analogias históricas, o fim da Santa Aliança. Pois a NATO tem no século XX papel semelhante ao que teve a Santa Aliança no século XIX. As potências conservadoras de então, as três monarquias centrais - Áustria, Prússia e Rússia - coligaram-se para deter a expansão subversiva das idéias da Revolução Francesa, a revolução do momento. No século XX, importantes nações ocidentais aliaram-se para deter a expansão da revolução de hoje, o comunismo, aliás filho da Revolução Francesa. E assim como as forças revolucionárias trabalharam no passado obstinadamente para abater aqueles três obstáculos a sua hegemonia - e o conseguiram - não descansarão hoje enquanto não deitarem por terra os obstáculos atuais . A aproximação entre NATO e Santa Aliança, Revolução Comunista e Revolução Francesa ganha particular atualidade nes1e ano em que se celebra o bicentenário da Revolução Francesa. Na França, a efeméride desencadeou uma ava-
"CATOLICISMO"' é uma publicação mensal
1:,.:,~:,~'.:;;;.:1:,::,~onttl Ltda
::~':r".:".:';~'.~~; To'<aha,hi - RqiM ro Rtdoçk: Hua Martim Froncioro. óél - 01226 - Sk> P•ulo,S~/RuaSetcdcSetcrnt,ro.201 - UIOO Camf>OS.H) f.merio:R oa Mar\imFrancioro.665 - 01226 - Sk> Paulo.SP - Tel:(011) $25.7707 •· o t ~ : ( direta,•paitirdc>rquivosf<Jrn<ci. doopo:,r""Catoliciimo")B.,.dcirantcSIAGri.íg o Edi,or, - Rua.Moirinque,96 -Sk> Paulo.SP lmpr<sslo: " r!prw - lndóMrOIGri.í,c.o e lldi[ora Uda.- Rua.J.-atS.681/689-011.lO-S,l,,Poulo,SP.
Paramudança<leer.dmçoónectSSáriommcionvtarr>t>émotndoreçoontiio.A<0<re,pondinci1r<lali•11
.. ~natura, ,·,nda.-·ulsapo<le...-,n,iada IGtrm.:ia:
~:~:;r!"t~~·d:;;;,=.;~::---~~:
lS.SN - ln[Omation•I Standard S..ial Numbor OIOl.a50l
lanche de publicações e provocou debates; o resultado está sendo que, muitas teses históricas, antes padficas entre especialistas idôneos, mas pouco divulgadas, passaram ao conhecimento geral, desacreditando anteriores versões fantasiosas e laudatórias, geralmente impressas em manuais escolares. Desmitificada a Revolução Francesa em sua pátria de origem, como tem ocorrido, ela será questionada gradualmente em outros países, inclusive no Brasil, onde sua de\ctéria influência se faz sentir profundamente em instituições e modos de ser. "Catolicismo" se antecipa a um previsível debate e apresenta nesta edição esclarecedor artigo sobre esse episódio-chave da História. Registra também, com satisfação a perene atualidade do livro "Revolução e Contra-Revolução" do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, ensaio em que são analisadas as quatro etapas do orocesso revolucionário - do oual a Revolução Francesa é marco fundamental - que ameaça submergir o mundo na barbárie completa.
CATOLICISMO - JULHO 1989 - 3
-·!!3§:ii§:i·fd·i·l·fli§f?·0H3'i'l31-1119419
QUATRO REVOLUÇÕES DESAGREGAM Â ACONTECIMENTOS fugazes, repentinamcntc lançadOll à publicidadc obsessiva,paralogodcpoisafundarcm nodesinteresse.Quemtempaciênciapararecordarhojcoslanccs-naocas.iãoconsideradosscnsacionaisctemadcmanchctesduran1c meses - das suressões presidC11ciais de 1955, 1960ouatémesmodc 1985cm nosso Pais? Outros fatos, porém, por vezes distantes de nós pela barreira dos séculos, despertam interesse continuo por tertm ainda nos dias presentes uma infü1ênciadccisiva oos espiritos. 1:: o caso da Re\·olução Francesa, cujo segundoccntenãrioestãscndocelebradono corrente ano. Tal efeméride deu ocasião a um aceso debate na França, discussões nas TVs e rádios, publicações de vários gêneros, que vêm desmitificando a Revolução Francesa cm sua pátria de origem. Fato que, mais cedooumaistardc,acabarãrepcrcutindoentre nós, onde ainda dominam largamente a respeito,sobretudo emmanuaiscscolares,clichêsanacrônioos, fantasiosos, laudatórios e com escasso compromisso com a realidade histórica(Vcja tambl!m nesta edição o artigo "RevoluçãoFrancesa:rnito,realidade,desilusão").
H
Revolução Francesa, elo de um processo multissecular
Narevisãohistóricacmcursoélógicoque proxirnamenteganherdevopublicitárioaanãlisedascausaspróximaseremotasdaRevotução Francesa, assim como das seqüelas que deixou. Em outras palavras, a consideração do processo revolucionário que, desde fins da ldadcMédia,promovcademoliçãodacivi\ii.açãoocidcntal,da qual nasceu cnaqual estã inserido o Brasil. A Revolução
Hã no homem, como fruto do pecado original, uma tcndéncia, progressiva e insaciãvtl quando livre, a se revoltar contra toda norma. Daiapossibilidadedeseserdirigidopclos impulsosmaisdcsregrados e dcstruidores. A sujeiçãoordcnadadosimpulsosàrazãoiluminadapela Fé, aperfeiçoa a natureza humana e, como conseqiilncia, lança as bases para umprogressoauténticoccontínuo. i::ocaminhocivilizador. Pelocontrãrio, a renúncia à rcprtssao das manifestações desordenadas dos instintos e da fantasia,cmbruteceanatureza c lcva ã barbãric, situação que sctores do mundo moderno qualificam ele libertação cdesalienaão. Taisimpusos,a1mcnta osorapcoorgulho, ora pela sensualidade, levam o homem a rebelar-se contra a hierarquia legitima, a 4 -
CATOLIC ISMO - JULHO 1989
cl""""'
Soq,u, do d, """' t1bodia ct1l61,.<t1 por ct1m/)()11ttt• prota/a11I••, dumnt• " "Gunni dUl Cr,.mpont1t1" (1524-1525). Tal i,uurrt~ojoi provoctula dir<lom•11tl ~la n,vo/ufão i..iciadtl por l,ulero (Mi11iatura de um ,,..,,.,.,crilo d• Jocob Mura, Bibliolt:et1 do Caslelo de WürlkmMYJ, A/•,,..,nli<I).
nãosuportaraautoridade,acontestarosprincípioscasinstituiçõesquclhcimpedemodesbordamentodaspaixões. Exacerbadascdirigida.s,desdefinsdaldadcMédia,poríorças revolucionãrias surpreendCfltcmentc destras, estas duas paixões vêm alimentando uma contestação cada vez mais sôfrega de igualdade completa e liberdade sem freios. Carcomeram acivilizaçãocristã,nascidadapregaçãodo Evangelho, boa-nova cheia de doçura, paz e afeto, mas para cuja obtenção é necessârio caminhar pelas austeras vias da humildade, abnegaçãoccornbateàspaixõesdesregradas.
mais coerentemente lógicas com as l)CSSimas premissas adotadas pela generalidade delas, negaramatémesmoosacerdóciodcordemc estabdectram a igualdadccomplcca entre os crentes. Nelas, o pastor age como mero delegado da comunidade. No campo moral, a sensualidade libertada pela revolta protestante causouasupressãodocelibatoeclesiástico, acaboucomasordcnsreligiosas,gencralizou o divórcio. Este espírito contestatário, ansioso pela libertaçãototaldetodososcntravesaoorgulho c à sensualidade, não se deteria na esferareligiosa.
O Protestantismo A Revo l ução F ra n cesa
Historicamente, a primeiragrandcmanifes1açãodoprocessorevolucionãriofoi0Protcstantismo, que teve condições de medrar no solo antes preparado pela disseminação do espírito sensual e mundano do Humanismo e da Renascença. O Protestantismo contestava a ordem eclesiãstica. Negousuccssivamentea autoridade papal, aautoridadecpiscopalcatémesmoadossimplespárocos,cxtrcmos que ia alcançando segundo o pcrmitiam as resistênciasatãvicasdos povosa que infcctava.Na l_nglaterra,amiga dacontinuidanos e seitas.como bispos,masadmitiramsacerdoles.
os as
NostculoXVJjãhouvccertasseitasprotestantes - entreelasosanabatistas - quc procuraram impor um estado de coisas marcadamente comunista. Não tiveram êxito duradouro por causa dos ainda arraigados hãbitos derespeitoàautoridadccdeaceitaçãodaordem natural. Porém,umalentapropaganda, feitamuitonotadamentenossalõesdaaristocraciaenosambientcsda burguesia letrada, espalhava uma doutrina laicista, liberal eracionalista, contrãriaaoquedepreciativamente era denominado o obscurantismo da épo. cictopcdisrmrimperava-c---estevt-na--origemdeummovimentorcpublicanoigualitãrio. Con1ra os reis usaram-se argumentos
"'
OMUNDO CONTEMPORANEO semelhantesaosqueanteriormenteoprotestantismo havia brandido contra o Papa. As
razões alegadas contra a aristocracia tinham
reveladorasscmelhançascomospretextosanteriormentc utilizados contra os sacerdotes (os aristocratas da Igreja) pelos seguidores de Lutero, Calvino e outros do mesmo gênero. Assim como o protestantismo se dividiu emscitas,ospartidãriosdaRevoluçãoFrancesa sc dividiram em facções cuja gradação ia desdeos"feuitlants''-umaespttiedeanglicanos da contestação ao Ancien Régime quedescjavamapenasumaMonarquiaenfraquecida, até os seguidores de Babeuf, diretamcntecomunistas,passandopelosgirondinos, deindolerepublicanamoderantista,cosjacobinos, mais radicais, que chegaram a impor uma tirania sangrenta. A Revolução Francesa impressionou maisaimaginaçãodospo. vosdoquesuasuccssora,aRevoluçãoComunista. A Bastilha, a Dttlaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a decapitação de Luis XVI e de Maria Antonieta !ornaram-se símbolos universais de uma doutrina, de um tipohumanoedcummododcserqucinílucndaram gerações sucessivas desde o século XVIII expirame até nossos dias, miasma ao qualpoucossoubcramsubtrair-senoOcidente, mesmo no Brasil. A Revoluçi\o Comunista
Babeufe seus partidários foram derrota· dospelareaçãopopularsuscitadapelasconse,. qíiênciasdeumarcvoluçãoquemuitodosatcmorizados de então haviam estimulado em suasprimeirasfases.Scussuccssorcsiriamen· tretanto radicalizar a mesma obra nos séculos
XIX e XX. Histórica e doutrinariamente o igualitarismototaldeBabcufconstituiucompcmentc imponante na formaçãodosocialismoutópicodeiníciosdoséculoXIX,dedondeiriamcdrarosocialismochamadocientllico de Marx e Engels. O socialismo também scdividiuemvãriascorrentes. Umadclas,o marxismo-leninismo, !ornou cm 1917 o poder na Rússia. A última desigualdade, a de ordem econômica, seria atacada muito especialmente a partirdeMoscou,pelacxacerbaçãoda lutadccla1.SCSparachegarãrevoluçãosociaL Nas últimas décadas, o comunisrnocolocou ênfasc cspccial na utilização das t:l.ticas deguerrapsicológica,destinadasadesarticular,inibir,aternorizaredenegrirseusadversários reais, ao mesmo tempo que adormetem ouembaemasmaioriasdesinteressadas. Ulilizou para isso, inclusive, considcráveis paret· lasdosmeioscatólicos.Arcvoluçãocomunisla, ajudada por seus "companheiros de viagem",cspraiou-sepelomundointeiro,co11Stirnindo hoje, no momento cm que substitui ascarrancasdeStalinedeBrejnevpelosorriso rotundo de Gorbachev, o mais sinistro e tirânico império da História. A partir da explosi\o sorboniana de 1968
A Revoluçãocomunisrahaviacriticadoo libcralismoburguêsdecorrcmeda Revolução Francesa, do qual aliás esta se originara. De modoanâlogo,aexplosãolibcrtária,simbolizada sobretudo pela revol1a estudantil dc maio de 1968 na Sorbonne, querendo levar o comunismo até o seu extremo anárquico, te· vccomoumdeseusalvosrclcvantesaditadu-
Marx, c,msi1lcrado o fondador do clwrnado socialilrno•cicnrlf,co, • Lenin<, qut o adaptou t aplicou na R,lssio, estão na orig.,m da 1, ,uim etapa rtooliu:ionária, a rom,mista
raeoburocratismoqueasfixiavama Rússia. Dcsejavairalémdobolchcvismo,implantandojáaautogestãocrealizandolinalmentca utopiarevolucionáriaexpressanatrilogia"li· bcrdadc, igualdade, fraternidade". Emergiu IIClita convulsão anarquista, concomitantemente, uma das mais sinistras facttas do proccsso revolucionário em curso, soba forma de umarcvoluçãocuhuralepsico16gica.Enquanto a Revolução no século XVI proclamara pe!olivre-e;,;ameasobcraniadarazão frente àFée10MagistérioEclesi:l.stico,enoséculoXVlllaendeusaranolluminismo,noséculo XX combateria sua primazia. A denúncia dossuperiores,nomundoextcrnoaohomem - Deus, Papa, Reis, pais, professores e patrão -já estava feita. Faltavaainda denunciar, no interior do homem, a superioridade da raz.ão. A inteligência hoje é 1ida pelos rnaismodernosevanguardeirosrevolucionãrioscomo uma espécie de deusa impostora, reprCS.'iivadafantasiaedosinslintos,queé preciso rebaixar. Dai vem o "hippismo", o "punkismo", o ccologismo cm suas manifestações mais extremadas, as correntes artisticasdevanguardaeo ressurgimentodoanarquismocomraizfreudiana, todos negando à razãosua-naturalfunçãodiretivaepregando vidafantasiosaeinstintiva.Estarevolução, aquartagrandcexplosãodoprocessorevolucionário, difunde-se insidiosa epacilicamen· te pelo mundo inteiro. A politica de Gorbachcv e as recentes manifestações es1udantis chinesas,enquantofavorecendoaautogestão e denunciando o burocra1ismo enregelado doEstadocomunista,tudoopareceindicar, serão vistas no futuro como episódios seus. Scestarevoluçãodosinstintoschegaraseu extremo lógico, desaparecer:\ da Terra não apenasacivilizaçãocrista,masapróprianoçãodevidacivilizadacdecuhura,qucéum patrimônio comum da Humanidade. Nessa hipótese,ohomcmde<:airáatéchegaràvida das comunas tribais. O que diriam destcdcs• fechoasmultidõcsdeoportunistasquc, ao longodosúltimosséculos,corrcramatrásdas derradeirasrnodasrevolucion:irias,porquc julgavam ver nelas o futuro , que identificavamcomoprogressocamodcrnidade? A Divina ProvidCocia, por amor à Igreja eàsuaobra,pode,diretaouporintcrmédio dos homens, interromper esta demolição multissecular, pcrspcctiva aliás constante da luminosa e esperançadora Mensagem de Fátima. Porém.enquanto Deus não determinar, para castigodahumanidadc,avitóriadoBcm,até onde despencaremos? No bictnlcnàrio de urndosquatrogolpesfundamcntaisdaRevolu ão nósticaeigualitáriaqucdesagregao 1cnte,aquesto eveestarnoccnro e nossasrcflexôes. Pl:RICLES CAPANEMA CAT OLIC ISMO- J U LIIO 1989- 5
1111mHMiil§el·iii N·Flrlã!ê11'13·i·Nii·ini3¼i·
SOL RADIANTE da manhã de verão do d ia 14 de julho de 1789encontrou os parisienses cm febril agitação. Bandos armados de vagabundos, homens mal vestidos e de sinistra aparéncia há alguns dias perambulavam pela cidade ameaçando as casas onde burgueses medrosos se enclausuravam. Padarias e lojas comerciais haviam sido saqueadas e criminosos de diversas prisões soltos pela ralé que as invadiu. A extensão das desordens era grande, e o governo, julgando-se impotente para as reprimir, 1evc a fraqueza de conceder
O
a Assembléia Nacional reunida em Ycrsai!les - recentemente auto-proclamada "Constituinte", sem que para isso tivesse recebido qualquer mandato seria dissolvida pelo rei ; um regimento alemão estaria em ordem de batalha e outro havia começado a matança dos "'palriol(Js" no arrabalde Santo António; a capital da França seria logo bombardeada a partir da colina de Mon1martre ... O arsenal dos Inválidos, onde existia o mais Importante depósito de armas da cidade, foi invadido e dali a turba levou 28 mil fuzis e 24 canhões.
prisão de Estado, que na ocasião contava para sua defesa com apenas 82 soldados franceses e 32 suíços.
A "TOMADA" DA BASTILHA Em volta dessa fortaleza de altas torres e espessas muralhas comprimiamsc, vociferando, cerca de um milhar de indivíduos. Seu governador, Jordan de Launay, mandou cerrar as pontes levadiças que davam acesso ao interior da prisão. Prometeu a uma delegação do "povo", que amavelmente recebe-
--WUa-ani,;,0;·40cal.-- - - - -+ E " " " - - - - - - - ---Wa.Lrua_.=sa..n'°-.lÚlIÍICli!i"'-'<'-"""-Por toda Paris, grupos bem organizados de agitadores espalhavam os mais absurdos rumores. Dizia-se que 6 -
CATOJ.IC ISMO - JUI.HO 1989
Como se sabia que na Bas1ilha havia grande quantidade de munição, os desordeiros dirigiram-se àquela célebre
fosse atacado. Dois assaltantes, entretanto, conseguiram pcnctrarnocdificioe, a macha-
dadas, quebraram as correntes de uma da o marco divisor de urna pontes, sem que a guarnição se desse nova era histórica, o ''símao trabalho de atirar para impedi-los. bolo da vitória do povo soImbuído do "espírito filosófico e hu- bre a tirania". Noafãdefabricaro "mimanitário" do século XVI II, de Launay limitou-se a ameaçar os insurgen- to fundador da França motes que, devido à sua moleza, passaram derna", os revolucionários para a História como "heróis da liber- não vacilaram sequer diante do ridículo. Descobriram dade" (l). Em tropel,os assaltantes invadiram nas masmorras da prisão o pátio interno da Bastilha. Havia ali "instnimemos de tor/1/ra, como um corpete de ferro uma segunda ponte. Para dela se apoderar, a horda de invasores atirou so- destinado a prender wdas bre a guarnição. Foi então, pela pri- as articulaçóes do prisioneimeira v~, que os defensores da prisão ro, mantendo-o numa imoabriram fogo, pondo em debandada a bilidade eterna". Este "terrívcl aparclho" nào passacanalha. Um destacamento de guardas revol- va de uma armadura medietosos, trazendo do is canhões, vieram val que ornamentava um em auxílio dos atacantes. Dispararam aposento da Bastilha! Uma simples imprcssorepetidas vezes, mas as paredes da fortaleza, deummetrodelargura, resisti- radandestina, que fôraapreendida cm 1786, passou por ram ao impacto das balas Porseulado,osquinzecanhõesins- uma "máquina destrutiva, talados no alto das torres da Bastilha publicamen1e exposta, sem não deram um único tiro durante to- que pessoa alguma adivido o cerco. De Launay não queria tru- nhasse seu nome e o fim a cidar a multidão, reforçada agora por que se destinava" ... (5) Foi possível, pelo menos, milhares de curiosos (2). Depois de quatro horas de tiroteio libertar os prisioneiros poliescasso e mal organizado, deu-se um ~c:~~:iitmas do absolutis- miséria, 0 d,supero especialmmt, para o, pldHur: deooufato surpreendente, testemunhado peHá muitoelcsjá nãoexisda mor1"/ida,h precoa, multif,lícaram·1< M lo Tenente Louis Oeflue, do Regimento suíço de Salis-Samade, um dos so- tiam.Osassaltantesnãoencontraram na Bastilha senão breviventes do assalto à Bastilha: "M de Launay, sem avisar nem consultar quatro falsários, dois loucos e um de- se uma multidão de historiadores libeo Estado-Maior da Guarniç(Jo, fez ces- bochado, encarcerado a pedido da fa- rais, um tanto líricos, que verteram paraosmanuaisescolaressuaimaginasar o fogo e ordenou a capüulação. milia Fiquei atordoado ao ver qua1ro assaiAfirmou-se ainda que a Bastilha ção fértil, não só a propósito da toma/antes se aproximarem das pontes leva- de Santo Antônio fôra tomada pelo ''po- da da Bastilha, mas de toda a história da Revolução diças da fortaleza e Jazê-las baixar. vo". Jules Michelet, historiador que Quando lemos nesses manuais a hisEntão, a populaça invadiu a pris(Jo e no século passado inventou o "catecismo republicano das crianças", assim tória da Revolução, temos a impressão desarmou seus defensores" (3). Embora os revolucionários tivessem insuflou esse mito: "Uma idéia se le- de que, atingindo o seu cume, o gênio prometido ao Governador que "ne- vantou com o dia sobre Paris, e todos francês d.-u ao mundo as leis univernhum mal seria feilO àqueles que se viram a mesma luz. Uma luz nos espí- sais dcfinitiv.is, qual novo Moisés no rendessem", de Launay, que ingenua- ritos, e em cada coração uma voz: alto do Sinai. Estas leis, insurgindo-se mente fôra todo confiança e bondade, 'Vai, e tu tomarás a Bastilha!' Isto pa- contra a antiga ordem fundada sobre foi morto nas mais odiosas circunstân- recia impossível, insensato e estranho ... as desigualdades, e consolidada ao loncias. Os golpes de sabre da populaça Enlretanto, todos acredilaram e assim go dos séculos por uma espécie de patriarcado familiar. social e político, criafuriosa separaram pouco a pouco seus sefez.1 '' (6) Para mostrar quanto esse romantis- va um novo regime, que se dizia basemembros. Um cozinheiro, chamado Desnot, "que sabia preparar carne", mo literário se afasta da realidade, ado na "liberdade, igualdade e fratercortou-lhe a cabeça, espetou-a na pon- basta invocar o depoimento insuspei- nidade" Os homens que fi2cram a Revoluta de uma lança e, seguido de uma to de Jean Paul Marat, chefe revolumultidão de canibais, levou-a cm tro- cionário tristemente famoso por sua ção são descritos como gigantes . Giganradicalidade sangüinária: "A Bastilha, tes da palavra, da força de vontade e féu pelas ruas da cidade (4) mal defendida, foi tomada por alguns da vitória. Venceram obstáculos que soldados e por uma multidão de des- pareciam intransponíveis. Demoliram LEGENDA IDEALIZADA graçados, a maior parte dos quais numa só noite - 4 de agosto de 1789 - instituições seculares (a Nobreza e Acontecimento cm si mesmo medi o- eram alemães e provincianos. Os pari cre, a que a a ast1 a 01 m1t1 ica- sienses, e ernos µate as, oram ape- o ero renunciam a seus 1re1 os. 1da pela propaganda revolucionária, a nas por curiosidade" (7). Atrás do zeramtremerareligiãoduasvezesmiletal ponto que passou a ser considera- sulco deixado por Michelet, precipitou- nar - o Catolicismo - e venceram a
".º,'.7'/i,.,
CATOLICISMO - .JULHO 1989 -
7
-ªUd§nh§H·Hf l·[·lti#d·ll'li·[ 131·1:li¾i· Europa coligada contra eles. Com o general Bonaparte, o mundo curvouse diante da bandeira tricolor da Revolução, cint ilante como um ramo de louro sob o sol do triunfo ...
TRISTE REALIDADE Essa visM idealizada da Revolução não resiste, entretanto, 'a análise objetiva dos fatos e à critica da historiografia moderna, mesmo aquela favorável aos princípios de 1789. Comentando a profusão de obras e de documentos que vieram à luz por ocasião do bicentenário da Revolução, Georgcs Suffert, critico literário do Figaro-Magazine, foi incisivo: "Desse monrJo de obras, que ora puxa à direila ora à esquerda, sai contudo uma certeza: a Revoluçao que os alunos das escolas. dos liceus e das faculdades aprenderam durante um século é mais uma narraçlJo mitológica do que uma história"(S). Um balanço sumário da Revolução Francesa será suficiente para mostrar ao leitor a inconsistência da mitologia revolucionária.
A "FATURA" HUMANA
O século XVIII vinha se desenrolando cm muita paz para a França. Apenas se registrara um ou outro conflito fora das fronteiras. A guerra era, então, uma obrigação exclusiva de nobres e profissionais. Com a Revolução tudo mudou. O povo foi chamado às armas, para tomar parte nas honras e nos horrores do combate. Inaugurou-se a "promoçlJo democrática do holocausto" (9). Porcausadaguerraciviledasgucrras externas, morreram naqueles vinte
8 -
CATOLICISMO - JULHO 1989
e cinco anos de Revolução cerca de dois milhõesdc franceses, número equivalente ao dos mortos nas duas guerras mundiais! À falia de voluntários, a Convenção Nacional - primeiro governo da República - decre1ou a conscrição obrigatória, formando assim um exército de 1.200.000 homens. Para fugir ao alistamento, muitos se mutilavam. As deserções eram tantas que, durante o período napoleónico, havia brigadas especiais para caçar os refratários. Nosmassacresdesetembrode 1792 ( ver a respeito artigo que publicamos na edição de junho), só em Paris foram mortas 1300 pessoas em apenas quatro dias. Durante o Terror - junho de 1793 ajulhodc 1794 - aeliminaçãodos ''indescjávcis'' passouaobcdcccrritos ''lcgais": na Capital, a guilhotina funcionava oito horas por dia . decapitando 2639 pessoas naquele período. Em Nan· tes, o todo-poderoso comissário da Revolução, Jean-Baptiste Carrier, irritado com a lentidão da guilhotina, promoveu afogamentos cm massa da população. O pérfido convencional chegou a declarar: "Faremos da França um cemitério, enquamo nlJo a govemarmos à nossa maneira" (IO). A Revolução decretou o extermínio da população da Vendéia - região oeste da França que se levantou em defesa do Altar e do Trono - , numa operação militar conhecida como o "genocídio franco-francês". O General François Westerman, um dos comandantes das "colunas infernais" - responsáveis por tal operação - , prestou contas à Convenção nos seguintes termos: "Já nJo exisle a Vendéia! Foi aniquilada pelo nosso sabre livre, com suas mulheres e crianças. Não lenho nenhum
prisioneiro a reprovar-me. Exterminei 111do!"(ll). No meio dessa carnificina, não espanta que uma edição da Constituição do ano Il i da República ( outubro de 1794) tenha sido encadernada com pele humana! (12) ACHINCALHE ÀS LIBERDADES INDIVIDUAIS A famosa "Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão" é comumente apresentada como o código da liberdade, a base da moderna democraeia. Ao proclamar os ' tdireitos", oscons· tituintes de 1789 olvidaram, cntrctanto, os "deveres". Por outro lado, um problema se punha: quem velaria pela ap licação dos princípios contidos na· qucla declaração? A lei. E o que é a lei? A "e:'{pressão da vontade geral", isto é, a "maioria" simples de uma Assembléia de "representantes". Com base nessa dou trina, a Convenção Nacional, eleita por apenas !0% do corpo eleitoral após a carnificina de setembro de !792, fez-se "intérpre· te da Vontade Geral" , invocando o nome do "povo" em todos os atos de arbitrariedade. A Constituição do Diretório (julho de !795) foi "plebiscitada" por 208 mil votos, sendo que os eleitores eram sete milhões. Como se isso não bastasse, o regime invalidou pura e simplesmente a eleição daqueles que n:lo lhe agradavam. Em 1797, o general Bonaparte teve de vir em socorro da república, pois a população havia eleito para o Dirctó· rio um monarquista, François de Bar· thélcmy, que foi preso e deportado para a Guiana. A liberdade da Revolução não é a liberdade palpável, diversificada e pródiga do Antigo Regime. É a liberdade com "L" maiúsculo, principio abstrato e deusa fria, que não vacilará cm cstabclccernaFrançaumregimedeterror e violência: "A árvore da liberdade nJo saberia crescer se nlJo fosse regada com o sangue dos reis" (13). Controle policial e repressão encontram-se por toda a parte, e cada instante da vida revolucionária é uma caçada aos "suspeitos" . É necessário apresentar constantemente o pas~aporte interior e o certificado de civismo, fome· cido pela seção revo uc1on na e cada bairro. Portar a Cocarde tricolor tornou-se obrigatório cm 1793.
I' ,anlto''k or,os "s,upeito,''_-qut Ul/(;U/'1d,
upecialment,ap6sa supre,s"o ' , interrogatório,~ da difua dos ri"' -
ficavamjá aguar,lando um suplícioq,uu,urlo
A terrível "lei de 22 do prairial do ano li" (10 de junho de 1794), de autoria do convencional Georgcs Couthon, suprimiu o interrogatório dos acusados, proibiu a atuação do advogado de defesa e obrigou o juiz a se pronunciar ou pela pena de morte ou peta absolvição do réu. Foi principalmente com base nessa lei, que os famigerados "tribunais revolucionários'', em nome da ''liberdade", condenaram à morte milhares de franceses.
PERSEGUIÇÃO RELIGIOSA A Rcvolu',:ãoteveumcaráteragressivamente anticatólico. Seu espíritoigua litàrio não podia tolerar uma estrutura profundamente hierárquica e sacral como a da Igreja Católica. Era preciso criar uma Igreja subordinada ao Estado, laicizar os padres e 1ransformar os bispos em funcionários públicos. Já cm 1789, os próprios constituintes violaram o artigo 17 da ''Declaração dos Direitos do Homem" ao decretar a venda, sem indenização, dos bens eclesiásticos. No ano seguinte, a Revolução exigiria o juramento dos sacerdotes á Constutuição Civil do Clero, condenada como cismática pelo Papa Pio VI No afã de descristianizar a França, a Revolução deportou e assassinou grande parte do Clero, proibiu o culto cató1co, emo tu e trans ormou cm cava ariças igrejas seculares. A Sainte-Chapelle escapou à demolição porque os
revolucionários a transformaram em depósito de viveres Em Notre Dame de Paris, celebrouse a 10 de novembro de 1793 o "culto da liberdade e da Razão". Os sans-culolles destronaram a imagem de Nossa Senhora cem seu lugar uma megera de teatro foi cultuada como a "deusa liberdade". Cenas lúbricas e canções blasfemas profanaram o interior da venerável catedral. Uma das estrofes cantada, dizia "Sobre os altares de Maria Colocamos a liberdade, O messias de França é a Santa igualdade" (14)
do ''consenso'' e do ''revisionismo critico", François Furei, que com sua teseda "derrapagem" tenta desesperadamente separar a "boa" da "má" Revolução (ver nosso artigo de maio/89) declarou: "A Revo/uçJo ar:abou.l Agora a França pode pensar cada vez menos nl!sse passado como modelo incomparável" (15) E o que ficou de bom após a Revo• lução? O que ela não conseguiu destruir, isto é, o que não perverteu da tradição cristã!
HERANÇA LÚGUBRE
NOTAS (l)cfr . Franzfun<k - Br<n1ano.Os&grtdo, d11&,t1/ha L<lo.l'on o.19S6.p. 100 (2/cfr.Fran,Fun< k-BmHano.op.cit.p.102 (])dr. "L; Poinr"'. /,u l'rised;/a /JaSlill,.julhod< 1988. núnieroosp,dalhors,ero, (41dr . Vi<fr<Gaxou,,L11 Rfro/ulionf··roaç11"'1.A rt0ffilc
Depois de oito séculos de estabilidade monárquica, a França, em apenas vmte e cmco anos, passou por 0110 formas sucessivas de governo. Reviravoltas politicas, convulsões sociais, guerras, nas quais até um soldado virou imperador ... A Revolução transtornou profundamente a nação. Hoje, 200 anos após aqueles trágicos episódios, 720/o do público francês absolveu o rei e repudiou a morte da rainha. O canal de televisão que promoveu a pesquisa, prudente, não ousou por em julgamento Danton, Marat, Robespierre, ou qualquer outro chefe revolucionário ... os o vere 1c o avoravc aos soberanos mártires revela a desilusão da França com 1789. O próprio lider
6RÁULIO DE ARAGÃO
Fayard. Paris.1966. p.%
(j)cfr.Fran,Funck -Br<nlano.op.CiL.p.10\I (6) Jul<, Michd«. 1/istoiN' d;/~ Rho/Ulitm Fronç,,i.w. 1omel.Cercledull1bliophik.Pari,. 1%7.p, 19l (7)cfr. Fran,Funtk-llr<nlano.op.cit,p. 1()/l (8) GtorguSuffen. Pourenflnira,.,.-la Ré,olr,lit>n. Dotumcnt l"opro-Ma1~,Jne. l'ari1, (l.10.86,p.29 (9)cfr. Renést.Jillo,. Uroúld~luRho /"1;,,,. Fron fai,...Perrin.l'ari,.1987.p.l2 (IO) dr. Uic/ionnoin de la Rt,oJuriun ,i d, L "Empi re.Larnussc.Poti>.1%S.pp.68 (l\) cfr . Gen , l'ron;QisUh1<rmon.r,/01óriodCon>'tn-
plo, de:wmbrode/?9J. inR<ntSédill01.op.ci1 . p.24
(12) dr. J. B. \\~i». 1/is/ori<, Uni,.,r,ol.
Bort:elt>nO.
IPJ6, Vo/XV//1, p.J~2 Bar/>N' d< V1<u;:a<". Di,cu,s,:, nu Con ,•rn.ao. 10 M jonmo dr 1793, in (.li.;!iQnnair~ <l< la Rémlution., Je l"Einpir,,op.cit.,p.39 (/J)
CATOLI C ISM O - .JULHO 1989 -
9
Cubuf . ,buma ".
,./,,;·u·
1·1,',ram'/'· , ", aqt1nl;
,masa.,.11tr,ra,bi/'a.r,
1~m ,aaificado "mi/Ji,,,.,, d, l'Ílirm,." dtalrt:tJ1j,x,t111 do país
CUBA:
afinal posso falar Plínio Corrêa de Oliveira
AUSOU GER AL dcsconcerto cm nosso pais a carta que S.E. oCardcalArns, Arcebispo de São Paulo, enviou ao
~~:t~:1:;~~·
t;~!::n~:~~ versário da v1tóna da rcvolução comunista em Cuba Com efeito, não se compreende como a implantaçAo de um regime politico e sócio-econômico escancaradamente comunis1a, que se mantém até hoje sem nenhuma das ast utas maquilagens gorbachevianas, e que, portanto, está cm contradição frontal com a tradicional doutrina católica, possa ser saudada pelo principe da Igreja com as felicilaçãos e os elogios de que é pródiga a missivado Purpuradoao ''comandante'' E igualmente incompreensível é que S.E. haja apresentado a realidade dos
comoa liberdadereligiosa, a misêria popular e o caráter policialesco da já vet usta ditadura cubana. Entretanto, enquanto se erguia um concerto de protestos contra a referida carta , preferi calar-me. Pois a voz dos fatos é, em matérias como esta, de importância evidente. E esta voz, só a pessoas que visitaram de modo imparcial a llha-prcsidio, ou que1enham acesso próximo, vivo e coiití nuo com o que lá se passa, cabia levantá-la pelas tubas da grande publicidade. Ora, com desconcerto ainda maior para mim, até aqui não me haviam che-
pre bem informado e di nâmico TFP Washington Bureau, dirigido pelo meu querido Amigo Mario Navarro da Costa, autorizados e abundantes pronunciumentos de origem cubana, próprios a esclarecer o público brasileiro a(..-erca da tris1e realidade existente na Ilha abençoada que teve no século XIX por Pastor máximo o grande Santo Antonio Maria Clarct, e cuja formosura risonha nosso século celebrou durante décadas designando-a com a alcunha de "Pérola das Antilhas". Miami, a metrópole da península da Flórida, fica situada à distfincia de 125 km de Cuba, e é assim o ponto do território nor1e-americano mais próximo dessa ilha Por isso mesmo, tornou-se ela o ponto de atração de todos os infelizes cubanos que conseguiram escapar à vigilância castrista. E têm c!es sido tão numerosos que, com o tempo, trans-
!:ct;a~~i~~:~:si~:s°~~a~::~:a~~~ eu sai ba - as agências noticiosas internacionais Essa omissão dos maiores interessados na matéria, isto é, os próprios cubanos, me red uziu ao silêncio. Pois o que fazer cm beucílcio de irmãos na fé que ntlo se defendem a si próprios? Também cm relação a eles cu me reportava em espírito à frase de Santo Agostinho que, relativamente aos brasi/eiros indolentes, mencionei em recente artigo: " Qui creavit te sine 1e, non salvabit te sinete'', ou seja, Deus que te criou sem teu concu rso , não te salvarâ sem teu concurso ("Aviso aos indo-
~:~~~rnad: r:iaf:~e::a7;;!~:d: nhol e o inglês, e na qual bilingues s:lo até os letreiro~ dos ônibus. Como bilingues são os meios de com unicação social, pois utilizam uns o idioma inglês e outros o espanhol. Ent re esses últimos ressalta, por sua importânciajornalistica, o '' Diario lasAméricas". Pois foi nas páginas desse cotidiano, cm 11 de maio p.p., que deparamos com um documento de alta importânc1a . Trata-se de uma carta aberla dirigida ao Sr . Cardeal Ams por três Bispos cubanos residentes no cxilio, e como tais capacitados para falar com uma
~!~:~
___fat~n..w""'-'"""'"""'-""c.di>l'""''4la"""",,:':._':.:J"FEQ"oil!lh,u,d!,,~S.J:P:,.,""''º~"'ª82,-5-~891,...j_!;libe~,d,;,,!d~,*d'~"'c!º~'J/."'i!l''°~''..!'"""'~'"~ticC'1cO·:__ t es do que a opinião mundial 1cm por veridicas no tocante a pontos essenciais 10 -
CATO LI C ISMO -
J ULHO 1989
Mas, enfim, cessou meu doloroso desconcerto. Com efeito, recebi do sem-
mente católicos, residentes cm países comunistas, não gozam
Nessa carta, desenvolvem eles de modo respeitoso, mas também evangclicamcnte franco, toda uma argumentação própria a esclarecer o püblico sobre quanto dista da realidade dos fatos a descrição que o Purpurado brasileiro faz da liberdade religiosa e civil, bem como da situação econômica em que se acha o povo da Ilha. Trata-se de um documento que nenhum brasileiro pode ignorar. Por falta de espaço, deixo de publicar outro documento altamente elucidativo distribuído em folha avulsa â população de Miami. Ê ele assinado por mais de cem notabilidades cubanas no exílio, e comém uma comedida mas franca manifestação de desacordo em relação à carta enviada pelo Sr. Cardeal Arns ao "comandante". Ê este o texto da carta aberta dos três Bispos cubanos (a divisão cm subtitulos, bem como os grifos, são de minha responsabilidade):
1 - Por que eslll carta pllblici1.. - 'ºDirigimo-nos de público a V.E. por duas razões principais: primeiro porque o motivo que nos leva a escrever esta carta édc ordem pública, tendo sido veiculado na imprensa nacional e internacional; e segundo porque, 1e11do cscri10 a V. E.. primeiramenre em forma pril'adu, ntlo recebemos resposta, depois de haver esperado um prazo de tempo razoável. Nossas anteriores cartas a V.E. foram datadas de 16 de janeiro (Mons. Boi.a Masvida1) e 23 de fevereiro (Mons. Román e Mons. San,Pedro) do corrente ano.
2 - O "Sr. Caslro, dil ado r vih1Ucio de Cuba" por lrinta anos. - ··o objetivo da presente é sua mensagem de Natal .10 Sr. Castro, di1.1dor l'italicio de Cuba, por ocasillo do trigésimo aniversário de sua 1onwd,1 do poder.
Não vamos repet ir o que dissemos cm nossa correspondência privada, embora nos permitamos faicr um resumo dos principais pontos que abordamos
3 - Exilos " muilo rel:11ivos.. e "por demais onerosos". - "Dizíamos a V.E. que seria mui10 longo expor toda a situação do pais no que se refere à discriminação, falta de liberdade religiosa etc., e mostrávamos oearátcrdiscu/il'e/ d,1s conquistas e dos êxitos, porque se fazem, de um lado, com um cus/o ético e espirirua/ muito elevado, e, de outro lado, porque são mui10 re/alivos(cartade Mons. Boza Masvidal). 4- Diladu ra milita r cruel, represslva e policialesca. - "Também recordamos a V. E. que Cuba sofre, 11,1 30 anos, sob uma cruel e repressil'.1 ditadura miliwr, num es1ado polici,1/csco que l'iola ou suprime continua e ins1irucio1wlmc11te os direitos fu11dame11/11is da pcssou humana. E ent re outras provas
ponto por ponto iodas as as~rtivas de V.E. na mencionada mensagem, mas consideramos necessário apontar algumas das mais impressionantes. Afirma V.E que 'hoje em dia Cuba pode sentir-se orgulhosa de ser, em nosso continente tão empobrecido pela divida externa, um exemplo de justiça social'. Não queremos atribuir a V.E. o que não disse, mas lendo-st esta frase poder-se-ia pensar que Cuba não está, como o restante do continente, empobrecida pela divida externa. Estamos certos de que V.E. sabe que Cuba tem uma enorme dívida externa não só com os paises ocidentais, como também com os países comunistas: segundo os últimos dados disponíveis, esta divida ascende aproximadamente à cifra de 5,5 bilhões de dólares. 6-Mordomiasopulenlasparapcqueno grupo de privilegiados - o 110vo na miséria. - "Quanto A justiça social, da qual V.E. afirma ser Cuba um exemplo cm nosso continente, desejamos lembrar que enquar110 um mímcro bastantt· reduzido de alras autoridades do gOl'cmo desfrurtlm de rodas as comodidades da vida, o povo se vi! reduzido ao nível de sobH'l'il'êlici.1. Eminência, alguns de nós estivemos, cm
desta situação mencionamos as aventuras militares do castrismo que custaram milhões de dólares ao povo cubano e milharesdevitimasasuajuvcmude(carta de Mons. Román e Mons. San Pedro).
passado recente, em Cuba, não para discutir como cozinhar camarões e lagostas com o 'comandante' (ver 'Fidel e a Religião. Conversas com frei Bet-
5 - Conteslada a as.se rtiva du Cardeal Arns sobre a divida externa cuba- "Seria muito longo comenrnr
Jr,.m,.;, •• ,~,. "'8"'"" p,no,.,,/j,ladr da
dita· ,l11rac,.,1,i,t,. "~•J~M11d0Jx,â,n1,.,,,.,tepa· rapodcrromJ,rarm•ioq11ilod•C1mu "c"da , . . , . , , , . • ,s.-,,m·,.,
!
""º•
("<tmQ<>
rnl,111/ed"/>0/mla(iio
CATOl.lCISi\lO-JlJl.110 [()89- 11
to', pp. 28-29, 33-34), mas para conviver com nosso povo e compartilhar sua a ngústia e sua dor. 7 - Populaçiio redo7.ida à sujeiçiio 101al equi Y11len le à minoridadc. - "Estamos certos de que V.E. não deseja para seu q uerido Brasil uma sit uação na qual um número re<luzidissimo retenha irreversivelmente todo o poder político e econômico, dele a busando para seu pró prio proveito e para perpetuar-se no poder, enquanto a populaç4o cm geral é mantida numa si1uaç.'Io de sujciç4o total, equivalente a minoridade. Pergunte, por favo r, Sr. Cardeal, a seus amigos que visitam Cu ba e freq üentam as personalidadesdaditadura, se vira m alguma vez qualq uer um deles esperando pacientemente com um cartão de raciona me nto na mão para poder comprar meio quilo de carne a cada
de Deus' (Evangclii Nuntiandi, nºs 34 e 35). 9 - " Übr11 de a mo r" crislíio, da qua l um milhiio de cubanos fu giu es pavorida, - "De outro lado, afirmar que as estruturas vigentes em Cuba 'permitcm fazer da convivê ncia política uma obra de amor' é desconhecer totalmente a realidade cubana. Se fosse como diz V.E., por que se deve co11siderardc/i/uosotcntarcscapardcssa 'convivê11ci11 política' que se qualifica aqui como 'obra de amor'? Por q ue um país como Cuba, que quase não linha
Sr:s. Bispos cubanos. - "Cremos, Sr. Cardeal, que V.E. é vítima de sua bondade e bom coração . V.E. não conhece Cuba senão at ravés do testemu nho de outras pessoas de sua confia nça. Não nos cabe exprimir aqui uma opinião sobre a intenção dessas pessoas ou o conhecimento que elas possam ter da cs1ranheza em face do silêncio de V.E. a11te 11ossooferccimc11to fralerna/, como irmãos no Episcopado, de pôr .1 sua disposição outros aspectos da si/Ilação em Cuba, que pelo visto V.E. ignora.
nove dias ou duas camisas por ano, como o restante da popultiçllo.
8 - Uma liçiio de Pau lo VI. No, ,l/1,',"º' lrinll! '""" m'1il dr ""' ,ni/1,i,o d~ eu.b,rno1 afflndonou a ilha, " ,., no upaço "Diz em seguida d<1 "únco muu, <1m 1980, 125 mil f>usoos u l'111Çt1rom ,U COJ!'11 d,,. J,'/6rida (p,ar1i11do V.E. que ·a fé cris- da fflfa dr Marie/, como u vi 1U1jo10), """' ;xo,Jo inconlrolá«I!" tã descobre nas conquistas da revolução os sinais do rei- emigrantes, viu nos Ultimos 30 a nos no de Deus que se manifesta em nos- da ditadura castrista, um milh,fo de cisos corações e nas estruturas que per- dadifos abandonarem o p,1/s? Por que, milem fazer da convivência política no breve espaço de cinco meses, cm uma obra de amor'. Não sabemos por 1980, 125 mil pessoas se lançaram às q ue, ao ler estas frases, nos vêm à men- costas da Flórida, num êxodo incontrotc aquelas out ras de Pauto VI nas q uais lãvcl? Que deveríamos pensar, Sr. Carafi rma que 'a Igreja ... rcjcila a substi- dcal, se. em ci nco meses, 1 milhão e tuição do anúncio do reino pela procla- 100 mil brasileiros procurassem refugio mação das li berta ções humanas, e pro- no Chi le? clama ta mbém que sua contribuição para a libertação não seria completa 10 - Rejeitadas pelo Sr. Cardeal se descuidasse de a nunciar a salvação Ams informações oferecidas pelos três em Jesus Cristo. (Ela) ... não identi fica nunca a liber1ação hu mana com a salvação cm Jesus C risto, porque sa----be:--:--:--ue-nào-Httficiente-1n!tttur-tt~~=~,='!""ê-"'"""~,==+ libertação, criar o bem-estar e o desenvolvime nto pa ra que chegue o reino 12 - CATO LIC ISMO - JUUIO 1989
ti - A r1111a deliberdadc religiosa " diminol cm númerus a bsolutos" as "ocaçOessat<t rdotais e religios11s, e a "assis tê nc ia ili MiSSII dom inic11I". - "Um dc.'SSCSaSpeclOS que poderia preocupar a V.E. é a fa /t/1 de liberdade religiosa cm Cuba, a qunlafcta especialmemeoscatóJicos. Esta falta de
liberdade, cujos detal hes poderíamos oferecer a V. E. quando o desejasse, se reflete tragicamentcnasestatisticas religiosas; Cu-
"Enq..,,nlo um número 1.>a,1,mu ,wJ,uido de ai/tu ,..,,.,,i,1,ufr, do goot!mo dt1.frutam 1lo IQ· da•,., oomodidadt1 do. vitla, o />000 s• rodu::ido ,w n/vdda so/',rouivtncia''
™
ba é o único pais entre seus irmãos do Caribe, e provavelmente da América Latina em geral, que nos últimos 30 a nos viu diminuir em números absolutos a quantidade de católicos, sacerdotes, religiosos e seminaristas, bem como a assis1ência à Missa dominical.
12- Uma info rmação q ue nio corresponde aos falos. - "A recente polêmica suscitada por sua carta natalina é uma prova evidente do que estamos dizendo. V.E. pôde responder e fazer
1odasas declaraçõespúbticasqucacrcditou oportuno fazer, tanto cm sua pãtria como no Exterior. Que saibamos, os Bispos de Cuba, por seu lado, ma ntiveram seu cosmmeiro silêncio. A imprensa atribuiu a V.E. a afirmação de que a mensagem, q ue p retendia ser confidencial e privada, se tornou pública somente depois que o Sr. Arcebispo de Havana deu seu assentimento. Consta-nos o tes temunho d e pessoas inteiramente Fidedignas de que essa /lfirmaçA'o 11,'10 corresponde aos fatos. Eminência, não duvidamos de sua veracidade, mas pensamos que uma vez mais V.E. foi vítima de sua confi ança e credulidade, confiando em terceiros. 13 - To ma ndo po r base a exortação aposl61ica "Evangclii Nuntiandi". - '' A propósito desta liberdade religiosa nos atrevemos mais uma vez a citar a exortação apostólica Evangc/ii Nuntiandi: 'Desta justa libertação, vinculada à evangelização, que tenta implantarcstruturasquesalvaguardcmalibcrdadc humana, não se pode separar a necessidade de garantir todos os direitos fundamentais do homem , entre os quais a liberdade religiosa ocupa um posto de primeira importância' (Evangclii Nuntiandi, nº 39). 14 - l)cus afasle do Brasil a lriigica experiência cu ba na. - "Queremos
D. EJ,.,,rdo &u,. Masuidal, 8i1/>0 tm Lo, 'úqru.J
concluir reiterando a V.E. o desejo que exprimimos em nossa correspondência privada: 'Deus queira que seu país nunca tenha q ue passar pela trágica experiência pela qual n6s estamos atravessando'. "Senhor Cardeal, Paz e Bem. Mons. Eduardo Boza Masvidal, Bispo em LosTequcs; Mons. Aguscin Romfm, Bispo Auxítiar de Miami; Mons. Enrique San Pedro SJ, Bispo Auxiliar de Galveston-Houston''.
O FOTOLITO DO PRESENTE PARA O FUTURO Ruo 8rigodelro GovlOo Peixoto, nº 482 - City Lopo Fones: 831·1057 - 260-9069- CEP05078 - SOo Poolo{SP)
se,rv.jços SG gr.tticos ltda.
50 ANOS DE "KNOW-HOW" EM ACUE· CIMENTO DE ÁGUA. AQUECEDORES ELl:TRICOS, GÁS E ENERGIA SOLAR
~~~~:::·r::~:Ío~~t:~:a:~~~~ªj ~~;,:i~e~e~:!~:
~~~~E~~S~Js~7~~$ A;T?~ots~s;I~~:
1 0 -f- ,-: :u::-A-:'~o;:;::::::"'.o~:s":1c:~:~;,': •:';'1:';::';'-~-':::º~A:;::,:;;'ou":;:~;"º•"'::';,',~;::01::;n-; ,
j-.,~~~~~:~~·ft:°~;1!.~2-"tP3864
0
TELS.: 10111826·8766 - 67,5747 - SAARA FUNDA - SÃO PAULO
F. I01 li 257-1800, Ttlu (010125962 AOCU
As
MANffESTAÇÕEs p,ólibcrdade na China tomar:;im no último mês um tr:iglco realce com o revide s;mgrento levado :, cabo pelos "duros" do regime de Pequim. A "Praça da Paz Celestfal" tornou-se teatro de um m;;issacre Infcrn;d. A atu:dldade de tais ;1contecl-
n1cntos leva-nos l11cxoravcliucnte a uma pergunta de gr:mdt: alcance par:a o Br.isll. Em nossa pátria, é sabido que os cl1:unados ''teólogos da libertação'' são grandes propagandlst::,s do com unismo. Pois bem, a TL, quando defen-
de os regimes comunistas, é ela pr6-"duros" ou pr6-"pt:restroika"? Pelo artigo e rcspec1Jvos box de nosso colaborador Gregório
Lopes, que a seguir cstan1p:1111os, co11su1a-sc documcoradamen r e que as simpatias de Frei Berro um dos divulgadores mais cm evidência da TL - correm para o fado dos "duros". Ou pelo menos .:1ssim era quando escreveu seu recente rc:lato sobre sua viagem .l China, aqui analisado. Adem:lis, tudo leva a crer que ele: continue prd-"duros", pois, como se sabe, é gr:u1de :1111/go de Fldcl Castro, e o ditador cubae ,ç cot:. no mundo comunista o papel de "duro". Haja vista que ''o governo de Cuba allnlwu14 -
CATOLICI SMO - J U LHO 1989
Str
ª"U11t1'00
catifüco apw16licu "'""'"º icrimena China
se aos dirigentes chineses 112 aeusaçio de que os sangrentos distúrbios provocados pela Intervenção do Exército em Pequim foram obr:J de 'elementos contn,-rcvolucionários', O comu11lcado foi divulgado pela agencfa ofldal ''Prensa Latina .. e public:Jdo 110 'Granma' (órgão do PC cubano)" ("Foll1a de S. Paulo ", 6-6-89). Ora, esse,ç mesmos "duros" que Fldel apoia J:rnçaram contra seu próprio povo tanques de 30 to11cladas com canJ,õcs destinados ao combate em campo aberto, e mobillzar:.m a formld.1vel força Julang (Onda gig:mte), que preserva as tradlç,)es guerreiras dos lwme11s da Mo11g6lla, Manchúria e Sd1c11iang. Encurralados no centro e nos cantos da praça, millrares de jovens, crianças e velhos foram metralhados. Os corpos caiam Js dezenas. Os tanques pass.:1vam por cima das pessoas, as poças de sangue se ac11m11lavam. Eram mc:traJJ1ados att! os que levavam feridos para os l1ospllais ou os que ;apareciam nas j;anelas e curiosos. As estatísticas, ainda Imprecisas no momento cm uc:enc1:rr.uuos a edição, apootam entre 4 e I O mil morros. 1"V ch.ioesa mentiu descaradamen-
0drama da Igreja ~uma
te, noticiando que os mortos en,m dez, todos soldados. Como acidade foi em seguida tomada pelo c:xérdro e o abastecimento suspenso, Pequim ficou sem alimentos e as pessoas impossibilitadas de sair Js ruas, pois nos dias s11bseqiientes os soldados contlnuav:1111 atir;ando indiscriminadamente na populaç:io. Vejam pois os admiradores d:, Teologia da Liberta.ção, ;1 que conseqüências essa ..dureza'' conduz ...
Entre a perseguição e o colaboracionismo Frei lktto tem se mostrado um incansável propagandista do comunismo. Não só das idéias marxistas, mas dos regimes comunistas de hoje na Rússia, em Cuba, na Nicarágua e ultimamente na China. Assim, de 4 a 25 de outubro último esteve ele em visita àquele pais de raça amarela, acompanhando uma equipe de 17 turistas-propagandistas ligados à 1eologia da liber-
tação, entre os quais os eternos Freis Clodovis e Leonardo Boff. O relato das impressões pessoais de Frei Betto so re a viagem o u ex nmg---as citações deste artigo - intitula-se
Uma jollf!m maniftllant, i/H,rb<,mnu,nttagarmd,,por,oldados
"" /1~ da P= Cdalial, "" Pequim
Quem promoveu a viagem
A
CHINA em confusào "A Igreja na China", publicado pelo "Centro de Educação Popular do Instituto Sedes Sapicntiae - CEPIS'', documento Nº 2, novembro de 1988. Abai110, no artigo principal, analisamos a terr!vel perseguição contra a Igreja Católica na China, qucseentrevê pelo relato do religioso dominicano. Nos requadros apresentamos outros aspectos impor1an1es da viagem da equipe, e da situação daquele pais. A Igreja Católica Apostólica Romana, na China, vive nas catacumbas e perseguida. Mas há ou1ra igreja, cismática, separada de Roma- a tal ''Associação Patriótica Católica da China" - subserviente ao governo comunista e gozando do pleno apoio deste. Cada uma delas teria 3 milhões de seguidores, embora fontes da igreja "patriótica" digam que os da catacumba são apenas um milhão.
Não se sente irmão dos perseguidos A divisão entre os católicos na China, como é sabido, deu-se por ocasião da tomada do poder por Mao T sctung, em 1949,edaperseguiçãoreligiosa que se lhe seguiu . Tendo um bom número de católicos chineses permanecido, então, heroicamente fiéis a sua religião, embora na clandestinidade, o gove rno viu-se forçado, para tentar confundi-los e destrui-los, a favorecer a formação de uma "igreja católica", pró-comunista, desligada de Roma, a qual acorreram logo os católicos de esquerda· espécie de teólogos da libertação da época - e med rosos de todo tipo. Segundo Frei Betto. porém, a culpa da divisão recai sobre "o Vaticano, imbuidode um anticomunismo sectário. não foi capaz de compreender que a
VISITA de Frei Betto e seus companheiros á China constituiu um lance dentro de um vasto plano de aproximação com o comunismo, que vem sendo arquitetada por uma gigantesca máquina de guerra pslcol6glca atuante no Ocidente. A equipe foi devidamente adestrada para cumprir bem seu papel: "O rotei· ro foi cuidadosamente preparado pelo grupo canadense Am1t1• China • a Assoclaçáo Patriõtlca Cat611ca da China" (esta última, mais conhecida no Ocidente co, mo Igreja cat0llca da China, es.tá rompida com o Papado e é subserviente ao governo comunista). " Antes de viajar a Pequim prossegue o rellgloso dominicano - estivemos em Beloell, no Canadá, quando fomos Introduzidos á cultura, aos costumes e á hlstô· ria chinesas". Não lallou " o cola· boração do Pe. Ismael Zuloaga, SJ, que responde Junto ao Superior Geral dos )esuitas pela atenção mlsslonãrio ã Repúblico Popular do China". Ao chegar àquele pais, a diligente equipe não ficou solta, mos teve " como guias opadre canadense Mlchel Marcll, SJ, da Amltlé-Chine e Liu Bal-Nlan, da Associação Patrlõtlca". E há mais: " Também facilitaram a nossa comunicação as Irmãs mlsslo· nários do Imaculada Conceição, fleurette Lagace, de Montreal, e Lulza Tan, de Taiwan". tudo bem aparelhado - Frei Betto não diz quem custeou a viagem e tão especializada preparação - o comboio se deslocou ao longo de sete cidades chinesas, terminando por Hong,l(ong.
,r/lim,u dabrofa/ r,prrnãu dog,,<..,..,,od,inrs
CATO U C ISi\ 10 -JULHO 1989 -
15
revolução livraria o povo chinês de sé· culos de dinastias" . O Papa na época era Pio XII. O apoio do governo aos católicos colaboracionistas foi crescendo à medi· da que crescia a santa firmeza dos fié is a Roma, até que, em t9S7, formou-se oficialmente a Associação Patriótica Católica da China, que busca fazer as vezes de igreja católica. O pretexto dado por essa associação para seu rompimento com Roma foi o fa to de o Vaticano reconhecer o governo de Formosa (na época , símbolo da rcsis1ência chinesa ao comunismo). Durante a " revolução cultural" de Mao Tse-Tung "a catedral de Pequim virou usina elétrica, a igreja de Imaculada Conceição, oficina de carros", e assim por diante. Agora, informa Frei Betto, Pequim tem dado sinais de querer reatar relações- com o Vaticano. mas exige que este rompa com Formosa e não interfira nos assu ntos internos do pais (eufemismo para significar que será o governo comunista e não o Papa quem nomeará os Bispos c dirigirâ a igreja).
Nessa situação, " um número considerável de católicos chineses insiste na com unhão doutrinária e canônica com Roma". Note-se o ver bo empregado pelo religioso dominicano: insiste. Como se se tratasse de um mero problema de insistência e não de fé e de salvação das almas! P rossegue: "A queles que se tornaram reconhecidamente sujeitos a Roma encontram-se nas prisõcs". Constatação fria de um fato espantoso. Frei Bctto não se sente irmão
doscatólicospcrseguidospelocomunismo, mas sim aliado dos perseguidores. Fosse algum teólogo da li bcrtaçllo parar numa prisão de Pinochet ou mesmo de alguma das democracias sul-americanas, e toda a esquerda ulularia sem parar. Os bispos e padres colaboracionistas ocupam altos cargos no governo, são deputados etc.; possuem sete grandcs seminários regionais e dezenas de seminários menores, além de revistas
M anifutoçâo
deaimponuu ~m Ptq .. im.
Nmfi,i,momias, mrglÍ.rlia e duepçiio.
&gr,.11do Fni &tto,
porlm, a múiria teria sido ~lim inada ...
Porém ...
E
storçando,se embora por enaltecer o que viu na China, Frei Betto depara sempre com um po· rém. Etogla a governo por ter promovido, entre outras coisas, a reforma agrária e Ingressado no clube atômico (de repente, tratando-se de um pais comunista, Ingressar no clube atômico passa a ser uma benemerência!). Louva o fato dt que na China se "erradicou a corrupção", porém Informa-nos em seguida que "os próptos jornais do pais denunciam o aumento de casos de corrupção na máquina burocrática, do número de roubos e assaltos". A culpa, ele a atribui não ao regime, é claro, mas às reformas que estão sendo feitas ... O pafs "eliminou a miséria", diz Fttl Betto triunfante. Porém "automóveis são raros" e "os comi· nhões que trafegam por toda parte" são "velhos"; na população, "a maioria vive modesta a apertadamente" e "o problema da moradia continua crônico", O religioso tem sua expttcação para Isso: o socla· llsmo "não deve ser entendido como sinônimo de r!que?Q" e SUQ Just!ç::: comporte "::füpc;lção ao sacrlficlo". 16 -
CAT O LIC ISMO - JUL H O 1989
Ora, o espirllo de sacrifício que a Igreja sempre ensinou vem sendo quallflcado pelos teólogos da libertação · na esteira de Marx • como um ópio que deixaria o povo á mercê das classes prlvllegiadas, Mas quando se trata de vergar sob a pobreza soclalisla ai passa a ser bonito ler "disposição ao sacrlficlo". Mais ainda, o amor socialista seria "fruto de um profundo processo educativo". Curiosa afirmação. Atê agora nos haviam dito que o socialismo era uma reivindicação das massas oprimidas. Els que salta Inusitadamente da caixa a afirmação de que as massas precisam ser profundamente educadas (por melo da chibata?!) para ficarem soclallstas. O camaleão socialista vai deixando as cares da hipocrisia para ostentar as do cinismo. Para o governo chinês, diz frei Betto, ''o valor prio· ritárlo é a familia", porém "não se permite que um casal tenha mais do que um filho; todo parto termino com a ligação das trompas, independente da vontade do casal (...) a let do controle da natalidade é aceita pela Igreja da China". Ofrade faria melhor em dizer que o valor prioritário e a de~tn.!!çãa de familla e que a t!!!adur::: !de tipo nazista) abarca a própria vida intima do casal.
diversas. Rompidos eom Roma, fazem entretanto questão de estar ligados ao progressismo ocidental : "Na biblioteca (do principal seminãrio) obras de Rahner, Congar, Kung e Sehillrbeeekx". É, elogia Frei Oeno, uma " igreja aberta ao socialismo ( ... ) deseja fazer seu aggiornamento, assumir as decisões do Vaticano ti, atualizar-se litúrgica e teologicamente". Para isso é poderosamen1e assessorada pelo Ocidente: "Hacercade60jesuítas trabalhando na China como tradutores ou professores e outros religiosos estrangeiros". Os membros dessa igreja colaboracionista acusam os verdadeiros fiéis de ameaçarem a "unidade da Igreja na China", pois "celebram clandest inamente em casas de familia, mant êm scminarios ocultos". Os colaboracionis1as buscam perverter os católicos romanos: "Queremos que eles se juntem a nós"; e para isso, "nos seminários oficiais haveriaseminaristas quesep reparam para exercer o ministério junto aos fiéis clandestinos".
A pressa do frade Qual a posição de Roma, cm face dessa situação? Frei Betto aborda esse tema com cautela, mas procura ndo dar a entender que o Vaticano caminha aos poucos para um reconhecimento da igreja colaboracionista. Diz ele que "alguns bispos públicos (isto é, colaboracionistas) são aceitos por Roma". E acrescenta: "No xadrez diplomatico, recentemente o Vaticano deu um lance que assinala uma mudança de rota
em qualquer pais o capltallsmo le· va sempre vantagem 1...) Como ficam a solidariedade e o lntemaclonalisCHl~A também vai se adaptan• mo proletários se a China favorece do a perestrolka, para poder mulltnaclonals que exploram os poreceber mals abundantemente dl· vos do Terceiro Mundo?". nheiro do Ocidente e exportar com Frei Betto é, pois, um "duro". Em mais facllldade seu veneno ideoló· llnguagem mais agglornato dir-se-la glco. Assim, aquela mesma lenga- um fundamentalista do comunismo. lenga que se diz da Rússia, Frei Bet- Ao menos em teoria. Na prática é to a repete em relação à China: ln· diferente: ele vê bem para onde sotroduçào parclal da propriedade pram os ventos da revolução, e seu, privada, do lucro controlado, dosa- principies ortodoxos não são assim lório diferenciado etc. tão rtgldos como para resistir ao oporMas o religioso não ê um entusias- tunismo. Ei-lo então engajodo a seu ta da reforma. Teme que ela venha modo no barco das mudanças • es• a abalar o férreo marxismo clássico. sa grande manobra comunista de E a tal ponto teme, que os chineses nossos dias. e dando seu aval ''ire"tentaram amainar as Inquietações tlllcaçáo cubana, ó perestrolka sovl· de quem, como eu, desconfia que ética, á modernização chinesa". • "fundamentalismo" O cede ao oportunismo
A
na quesl!lo da China: fez Cardeal o bispo de Hong-Kong"'. Hong-Kong, como se sabe, é uma colônia briUlnica encravada em território chinês, e que por acordo entre os governos da Grã-Bre1anha e da China serã integrada ao domínio comunisia em 1997. Assim sendo, explica o frade dominicano, em 1997 teremos um Cardeal nomeado por Roma numa diocese da China comunista; isto "demonstra claramente que Roma pretende reforçar sua proximidade com a República Popular da China e com a igreja local". A julgar pelas informações dadas por Frei Betto, o Vaticano n:lo estaria
U}fa1
monttuJa por t'mpl"t'Sll odd,.mal 11D
cidade chint'MJ ik Sh,mun,
limítrofe de Hong Kong.
O capitalismo intt'riwakmal ll(Jrt'ssa-u em nmi!dUir
ajudallOQ-oas.sim (1
nl(Jnter-se no
pod,.,.
empenhado em apoiar e dar ânimo aos heróicos ca1ólicos que lhe são íiéis, mas sim em encont rar um modo de ''reatar com Pequim sem ferir profundamente· os católicos que sofreram longos anos de cárcere por fidelidade ao Papa". Que dados terá o religioso para por o problema nesses termos? Não sabemos. Quanto a ele, pessoalment e, acha que se deveria, sem mais, passar por cima desses fi éis: "O fato de católicos padecerem em prisões na China não deveria servir de mmivo para retardar o rca1amento". Ele tem pressa da união Rorna-Pequi1n, dado que o governo chinês "logrou implantar a justiça social preconizada pela Igreja" . Fica claro, pois, de passagem, o que Frei Bet10 entende por "justiça social preconizada pela Igreja": é pura e simplesmente o comunis mo, e logo o de tipo chinês! "A reintegração de Hong-Kong podera significar a reintegração canônica de toda a Igreja na China á comunhão da Igreja universal, dentro de novos critérios". O novo critério fundamental é que o Vaticano tera de ceder: "As exceções abertas por Roma, como o direito de bispo nomear bispo sem passar pela prévia aprovação o Papa, deverão inevitavelmente ser amCATOLIC ISMO - .JULHO 1989 -
17
pliadas no contexto dos países socialistas". Em outros termos, a Igreja deve adaptar-se ao comunismo e não este à Igreja, como o cavalo ao cavaleiro que o dirige. Tal é a união por de preconi zada. Ademais,afidelidadctãoduramente provada e tão heroicamente mantida, dos católicos resistentes, não é, para Frei Beno, um problema que engaje a fé e a caridade, mas simplesmente "um problema é1ico de alta razão humanitária". E o impasse se resolve pela expulsão (velada, é claro) desses católicos, concedendo "direito de emigração aos que desejarem viver sua fé junto a comunidades católicas estrangeiras". O que significa admitir que na China não deva haver liberdade para a prática tradicional da Religião católica. Dessa forma, segundo o plano esboçado por Frei 13etto, o próprio Vaticano - por meio de um acordo com o governo comunista chinês - vibraria o golpe de morte numa igreja riel; a qual nem o comunismo carrasco, nem o canto de sereia da igreja cismática colaboracionista conseguiram até agora dobrar.
Fantasma no horizonte Os teólogos da libertação vão pondo assim suas ga rras de fora. No Ocidente, é a pregação da liberdade, dos direitos humanos e o que mais seja, para os comunistas. Nos países comunistas, quem não aceitar o comunismo ... que se vã! E se o comunismo viesse a lograr - como é desejo deles - tomar o poder num número esmagador de nações, o que se faria dos não-comunistas? Não tenhamos ilusão. A mais negra perseguição contra os fiéi s emerge como um fantasma de horror e abominação no fundo do horizome "progressista". Chegaremos até lá? Nossa Senhora nos ajude a "evitar à civilização ocidental agonizante, o soçobro final para o qual esta se vai deixando rolar" (Plínio Corrêa de Oliveira, "O punho Leis", 1982, São Paulo). GREGÓRIO LOPES
18 -
CATOLICISMO - JULHO 1989
Se os Bispos tivessem ouvido São Pio X... SÃO PIO X, Alocução aos Bispos, 24- 12-1904: "Uma só recomendação vos faço, Veneráveis Irmãos: vigiai sobre vossos seminários e sobre os que aspiram ao sacerdócio. Vós o sabeis : sopra forte sobre o mundo um vento de independência mortal para as almas, e esta independência se introduziu também no samuário . Independência não só cm relação à autoridade, mas também em relação à doutrina. Daí resulta que alguns de nossos jovens clérigos, animados desce espírito de crítica sem freio que domina hoje, chegam a perder todo o respeito pela ciêrn.:ia derivada de nossos grandes mestres, dos Padres e dos Doutores da Igreja, intérpretes da doutrina revelada. Se por acaso tiverdes em vossos seminários um desses sábios do novo estilo, desembaraçai-vos dele bem depressa, e por nenhum preço lhe imponhais as mãos. Mesmo que seja apenas um, s vos arrcpcn r 1 pr , (in "La Critique du Libéralismc", nº 116, 1-8-1913, p, 545).
deLUrpada por Stalin. "O acordo [de YaltaJ cm si era realista e flexível: a Europa Oriental deveria fer 'eleições livres' e governos 'amigos' da Rússia. Stalin interpretou isso como uma completa subserviência. A interpretação de Gorbachev é inteiramente diferente. Ele sabe que o Ocidente não enviaria tropas para auxiliar os rebeldes do Leste, porque a Rússia é ainda umasupcr-potência.Gorbachev é mais generoso do que Breznev ou Stalin. Na sua ótica, a Finlândia é 'amiga' e a Suécia, 'aceitavelmente socialista'" Nos limites desse raciocínio fica insi nuado que se a Europa caminhar para a posição finlandesa ou sueca tornar-se-á aceitável para ocomunismo gorba~heviano.
RETIRADAdastm-
1
A
p~s russas.do Arcg~mstll.o, somada as
refor mas promovidasporM1kahilGorbachev,1eveumcíci1opsico-
J
l6gico sob re o Ocidente difí-
cil dc se aquila1ar. Ela efetivamente contribuiu para acentuar a impressão de que ,
com Go rbachcv. encerravase na Rússia, q uiçA definitiva mente, o perlodo de conquistas bélicas. A nova imagem de um comunismo "pacifico" e "generoso" em propostas de desarmamcnto, inclusivc unila-
teralmcnte, tem provocado dificuldades profundas no
cerne do sistema de defesa Ocidemal, a Organização do Tratado do Atlântico Norte, (NATO). Desmobilizada a opinião
Nova Ordem Política. O Tratado do Atlânti-
pública ociden tal, so b o bafe-
jo dos pacifistas, muitos crêem que basta fazer con-
cessões a Gorbachev para a fastar o perigo da guerra
Seria real esse quadro? Ou, pelo contrário, a estrategia russa conterá agora ciladas mais sutis do que ou1rora? Especialistas discutem a questão, procurando elucidar o enigma Nesse novo contexto, tanto George Bush qua nto Gorbachcv falam numa possivel reorganização do mapa poliro passo para Sc,i, uma nova Yaltico mop,u. o p,im,ita?
A deturpação stalinista. Henry Kissinger propôs, segundo "The Economist" vo tratado Leste-Oeste, pedoB-4-S9,q"'""""'"ºlo qual "os russos dariam mais liberdade à Europa O rienta l em troca da promessa ocidental de não criar problemas Seria para auma Rússia região". novanaYal-
Tanquuwlho1«ob1oldo1 1iforctirodos.
N_,,,,,.,b11i1""'"' ·
GORBACHEV MARCA o
COMPASSO
britânica -~dta,i=o,c=que ,= ov~ , a=oo=revista mo ' é=' um =,"'o=;cc , ,e--1--1
d, rntific,ção do p,imoirn,
co Norte, visa responder solidariamente a eventual ataque por parte de Moscou e pa!ses do Pacto de Varsóvia (versão comunista da Aliança Atlântica). Tal Aliança Ocidcnlal tintta todo o propósito numa Europa do pós- guerra, quando a Rússia, insaciável, acabara de abocanhar todo o Leste europeu. E ameaçava, se pudesse, domina r o resto. Nesta época em que o dirigente máximo comunista acenacomareti radauni lateral dedezmiltanques, redução de tropas acantonadas nos países do Pacto de Varsóvia e até a eliminação de quinhentas ogivas nucleares, pareceria inse nsatez, aos olhos do europeu e sobretudo do alemão ocidental, não responder com atitudes generosas a tal prova de boa vontade. Na realidade, comenta o comandante da NATO, Gcn.
0IHrôa~· da pouco significa: "Eles esCATOLIC ISMO JULHO - 1989 -
19
tão produôndo cerca de 3000 tanques novos por ano - muito melhores, diga-se de passagem - do que os que eles estão falando em retirar" ("Time" , 29-5-89) Por ocasião da reunião comemorativa dos 40 anos da fundação da NATO, em fins de maio pp., foi proposta pelos dezesseis países membros um desafio ao "bloco soviético a aceitar uma nova ordem política na Europa" ("O Globo" , 31-5-89). Finlandização. Como será essa nova ordem política, senão uma Europa sem barreiras, neutralizada, fin landizada, que cedo ou tarde se distanciará do único paísquepoderiaajudá-la eficazmente a manter-se independente, os Estados Unidos? De fmo, os estremeci mentos nas relações entre a Ale manha Ocidental, Estados Unidos e Inglaterra, só tendem a crescer. Em essência,
Inglaterra e Estados Unidos vêm insistindo junto à Alemanha na necessidade de modernizar o armamento da Aliança Atlântica. Alegam para isso duas razões principais: paralização do progresso em matéria de defesa militar e desconfiança quanto aos rumos de Gorbachcv. 0 chanceler alemão, Helmut Kohl, defende a tese de que ''se deve adotar uma decisão definitiva o mais tarde possivcl: só então, à luz dos resultados do desarmamento, deve-sc decidir que grau de modcrnidadc devem ter as novas armas. O ponto de vista de Bonn rcílcte a crcscente sensibilidade ante à rápida transformação das rela· ções Leste-Oeste, mas também a preocupação de que se reacenda o veementedebate sobre os euromisseis na campanha para as próximas cleições gerais alemãs" ("Tribuna Alemã", março 1989).
20 -
CATOLIC ISMO JULHO - 1989
Redução parcial. Além das armas convencionais, o Leste e o Oeste possuem três tipos de misseis nucleares os i111crcontincntais, os de médio e de cuno alcance. Os primeiros nào foram objeto de acordo recente. Os de alcance intermediário (de 500 a 5000 quilômetros) fo ram objeto de acordo, entre Reagan e Gorbachev, para desmantelamento. Os curtos, principalmente sediados na Alemanha Ocidental, prcocupam sobremaneira o povo alemão: cm eventual conflito, sobre ele é que cairia a réplica a estes artefatos. A superioridade numérica em armas convencionais e mesmo atômicas do Pacto dcVarsóvia,cracontrarrestada pelo poder dissuasório desses últimos misseis nucleares dos aliados Deverá haver uma redução dos misseis nucleares de curto alcance "logo que
Não disse Bilf.l O ,üsarmamento i pm valer!
seja combinada e entre em vigor uma redução das arma s convencionais'' ("O Globo", 31-5-89). Apesar disso, ''Kohl continuará insistindo para a adoção de umaposturamaisabertana questão do desarmamento, que seria fundamental para sua campanha de reeleição no ano que vem" (id., ib.). Quer dizer: a fricção entre membros da NATO continuará apesar da redução dos mísseis Por quê? Segundo noticia a revista madrilcnha "Época", corre no quartel general da NATO que "a guerra fria terminou e se começa a sentir que a NATO não tem inimigo" ("Época", Madrid, 6/ 12-3-89). Ou seja, teria perdido sua razão de existir Essa a grande vitória de Gorbachev : confundir seus inimigos, lançar a divisão entre seus adversários. ADAlBEl!TO FEl!l!Ell!A DA COSTA
NOVA POLÍTICA, VELHOS ERROS A
RÚSS IA conti nua fiel à tática ~econseguirsubstanciosos.au.xíhos dos países e da iniciativa privada ocidentais para sustentar sua débil economia, ao mesmo tempo que seus mentores insistem cm testar utopias. É preciso que o burguês ocidental, pragmático, otimista, por assim dizer embarque na nova política sovié1ica, a qual -
a seu ver -
parece afas-
tar, por si só, o fantasma que mais o apavora: a guerra atômica. No Ocidente, tende a se tornar cada vez mais freqüente a presença de personagens russos. Inte rcâmbios cultu-
rais, comerciais, científicos, propici;1m tais encontros. Um dos efeitos dessa nova política é a tendência a diminuir a rejeição natural do público a um regime que parece se penitenciar de suas máculas (endossando, tacitamente, as acusações que lhe eram feitas), sem oficialmenteabandonarascausasmais profundas de seus erros. Figura das mais categorizadas para influenciar no sentido dessa política é o economista russo Abel Aganbeg uian - natural da Armênia, chefe do Departamento de economia da Acadernia de CiCncias da Rússia, conselheiro informal de Mikhail Gorbachev, e tido como o idealizador da "pcrestroika" (reestruturação da economia soviét ica). Esteve ele longamente no Brasil fazendo palestras, dando entrevistas, rnrnandocontactocom indus1riais, banqueiros etc . Em conferência pronunciada na Universidade de São Paulo, cm maio último, apresentou Aganbeguian um balanço dos quatro anos de "perestroika". Parece-nos oportuno e elucidativo apresentar aqui alguns aspccrns dessa exposição, realizada diante de uma cen1ena de pessoas - univcrsitários e clementos da esquerda em geral. Com pseudo-candura afirma Aganbeguian que as reformas atuais representam "uma ruptura com o passado" stalinista e que elas são feitas para o ''bem estar do povo'' . Convém lembrar que, com igual pretexto empreendeu-se a derrubada do tzarismo e se im lantou o mais tirânico dos re gimes na Rússia, assim como em todos os países cm que se instalou o comunismo.
Constata ele que o atual nível de vida em seu país "não corresponde à posição da URSS no mundo" e que "o povo quer mais bens nas lojas". Mas lamcnrn: "sempre que os representantes do Governo propõem combater a escassez de produtos com o aumento dos preços, a populaçao acaba preferindo permanecer na escassez, mas com preços baixos" ("O Globo", 4-5-89). Tal fato, a ser verdadeiro , é realmente preocupante. Revelaria apatia, esmorecimento, falta de desejo de melhora por parte do povo russo. Isso poderia ser debitado à quebra psicológica gerada por mais de setenta anos de um regime antinatura!, ou então, a que o povo não crê cm nada mais que provenha das atuais autoridades, inclusive de Gorbachev. Ell). sua longa palestra de cerca de trêshoras,Aganbeguianapresentaainda os planos sempre "bem intencionados" do Governo para solucionar a crise do regime: "queremos aproveitar as riquezas do país; atrair os trabalhadores" etc. E enumera longa lista de mazelas - as mais negras, e pouco divulgadas pela "mídia" ocidental que os soviéticos pretendem sanar: ''Temos 50 milhões de ssoas sem casa; vivem com outros. ovens vivem em coletivos". Ressalta a intenção de permitirem as autoridades soviéticas a cons-
tituição de "joint-ventures" [firmas freqüenteme nte estrangeiras que se unem com as do país para determinado empreendimento visando um benefício], com vistas a at rair capital para a Rússia. O que soa aos ouvidos dos empresários ocidentais corno um canto de sereia . No campo da saúde, constata Aganbeguian que "no passado tínhamos expectativa de vida de 70 anos, igual à do Japão. Hoje, no Japão a média é de 77 anos e na Rússia baixou para 68 anos". Quanto à mortalidade infantil "cstamos cm SSº lugarl" E acrescenta de modo otimista: "no futuro esperamos aumentar novamente a expectativa devida". O balanço e os planos são tão vastos, que praticamente não há campo intocado pelas reformas. Mas, é preciso acentuar, reformas à socialista. Sendo elas fruto de planejamento estatal, a propriedade privada é totalmente proscrita, ou admitida de forma raquítica. Constitui exemplo disso o plano de arrendamento de terras, mencionado pelo conferencista. Na realidade, esse arremedo de iniciativa privada é muito limitado. Hà planos para arrendar terras aos kolkozcs, sovkozes (•), cooperativas, fami lias, etc. por períodos de cinco a cinqüenta anos. Como a Rússia não possui indústria que permita o armazcnamcmo de alimentos, Aganbeguian nos informa que o Governo soviético já obteve dois bilhões de marcos (um bilhão de dólares) da Alemanha Ocidental e Itália para esse efeito. Ê um bom início ... E certamente não ficará nisso. Dessa forma, o burguês concessivo do Ocidente imagina afastar o espectro da guerra, saciando a fome do urso russo. Esqueceele -seé quealgumavez o admitiu - que a verdadeira causa das guerras encontra-se nos pecados e iníqüidades cometidos por Estados que violam, de modo sistemático, os Mandamentos da Lei de Deus. Ao contrário do que imagina o burguês concessivo, ao ajudar o comunismo, ele apressa ocastigo qucassim pensavava afastar. R. MANSUR GUÉRIOS
CATOLJClSMO-JULIIO 1989 - 21
-
~= ARTIGOS DENTÁRIOS Atendemos todo o Brasil por reembolso postal
Waldir R11miro da Cosia, SalV11dor (RA): Aproveito a oportunidade para ex pressar minha opinião sobre CA TOLICISMO: considero um gu ia na vidadeumapessoaneste mundo corromp ido e agonizante. Vivo transportando a rcvisrn para onde quer que vá e nllo dei xo de divulgá-la. NotadaRrdaçio: A d ivu lgação de CATOLIC ISMO, ponavoz de nossos ideais comuns, é da maior importância. Fica aqui para os leitores o exe mplo desse missivista Carlos Wihelm M. Lins Rollm, Joi o PtSS0II (PB): Pela presen1e venho expressar-lhes a minhagrandesa1isfaçlloporestar inscrito entre os assinantes destaintrtpidaevalorosarevista que é CATO LICISMO. Mais do que satisfação é um dever d e justiça manifestar publicamente a minha opinião sobre essa magistral publicação. Os Srs.cer1amenteco11hecemapcça de teatro do famoso escritor francês E. Rostand que primou muito por e:,:p\orar rm suas obr as os aspectos épicos e brilhant cs da vida. Lendo o CATOL IC ISMO vem-me sempre à mcm ória a sua peça denominada o "Chant cclair". Com efcito, no mundo de hoje uma espécie de injeção anestésica íoi-lhe ministrada e toda a sua capacidade de reação desapareceu Acontecem as maiores aberrações, as maiores trag(!d ias, as maiores blasfêmias quer na sociedade temporal quer dentro das muralha ssagradas da Santa Igreja e tão bem mostradas na Seção do CATOLICISMO .. A Real idade concisamente" e apesar de tudo não se vê ne -
li
sua política da "Pcrestroika" e da "Glasnost", nllo despcrrn nenhumareaçlodaopinillopú-
PQa Clõvk Bevllôqua. 351 - 3? andar- ConJ. 303 36-2721; 32·5909; 37-0665 - CEP 01018 - SOo Paulo
leis; {OU)
:i:am~~ean~;~~~;:i:it:i;:: 1 ~ - - -- - - - -ral CATOLICISMO se ergue '""'° da ,o;«, da <ompos,a de tal qual o "Chantedair" da
'
peça de 11.ostand, fazendo soar avozclarae heróica,conclamando todos a se unirem em umaCruzadaemfavordalgreja e da Civil ização Cris1!1 em nossos dias. Dói di zê- lo, mas é bom que se diga para que o Supremo Ju iz não nos pe1;a contas dcnossosi!êncio nodiadonosso Juízo particu lar. No meio dessa dormidcira geral quão poucossãooselcmentosdalgreja Católica que se levantam em favor do bem ! Pior ainda Os que levan lam a voz sllo os que pretendem destruir todo o bem. E sobre isso nem precisaria me estender pois CATOLICISMOtcm se revelado um arauto na denúncia da tristemente célebre "autodemolição" da Igreja José t·ernando Hlbtiro dr BllrT0S, Sio Pa ulo (SP): somente ho_ic pude terminar a leitura do anigo do Dr. Plínio ("Mera íantasmagoria", in "Catolicismo", nº458). Considcrciacelente o nível do artigo. O Dr. Plínio analisa muito bem as "pscudosituaçôesdemiséria"queassolam nosso Pais. O fracasso da "grevegcral"Wveioconfirrnar,no meu entender, o artigo "Mera fantasmagoria".Quantoàsituação dos empregados rurais, mi nha aperiência na ãrca, pois sou dcscendenteetcnhomuitosprimoseirmãproprietãriosdc fazenda,foiperfeitamentereproduzida. Os empregados de fazenda levam "wn vidllo", se o Sr. me
VIDROS TEMPERADOS, LAMINADOS E BOX Rua do Bosque. 929/931 - Fone: PABX 826-6211 Sôo Paulo
AfOUCISMO
SERVIÇO DE ASSISTENCIA AO ASSINANTE
il--~O.tl.µ82,_ ..__._..___,,_---11---
ªº~'o,,"·~P<LlnnLf;,..,, º,._'12m""'°"'-.!J!l>.sla.Jl!""',,,· ·'",'-'c,!s. so a fome roue tão r.tnde de.
__,""" " "w'""''JJJinaw:ld!il.o.R,m,m,;i;!"._," r ú ia .u. d • de 191 7 geme sob o pero da bola comunista e hoje soba dcspótica bota de Gorbach ev com a
22 -
hã muito teriam eclodido rebeliões de porte. Enfim, a si tuação pollticadenosso l'aisédaspiores.
CATO LI C ISMO -JULH O 1989
- -- ~
'••••
·-~
Há um ano falecia o Dr. José Carlos Castilho de Andrade
Uma alma católica: ordem e decoro visores e criou toda uma escola de jornalismo católico que mais tarde o Prof. Paulo Corrêa de Brito Filho desenvolveria harmonicamente, até o ponto em que hoje se encontra nossa revista. · A preocupação de Dr. O Dr. Josi Carlos CaslÍ/hQ dt: A rrd-radt:, que "/iava a disti,.çào ,i mo· Castilho, à frente de "Catodt.$1ia, evitava de•• deixar JQ!ag-rafar. Asrim, a me/hQr.futo quo ,/ao licismo" - então editado so nmst:T1)(J no arquivo do "Catolicirnw" data ,ia ipoca em quo Q Qra· cm forma de jornal - foi tório do Nosra S, nhQra J,, Corrc.,irão vÓ/Íma ,lo, lerroris1a, eslava recionário graduado e modelar sempre a de que a publicadm -iflaugtlrado. ÂQ j,mdo, ván0s membros do C,msellw Nacfo,,a/ da CMTC e depois da Elctro- ção tivesse muita substância da TFI'. Efllre elu, o, saudMoJ /Jr. josi do Azeretlo S,m!os t Prof paulo. Empresas nas quais não só do ponto de 11ista /i'ernan,lo ,-·,,,q,,im de Almeida, q!le a morte já /evo!l. demonstrou ser obscrvanti3- domrinário, como também simo da hierarquia institucio- daobservaçãodiligenteeacuECORREU no últi- mais salientes e a dedicaçao nal, prestando a seus superio- rada da realidade. E isso semmo mês, dia 24, o mais completa: os princípios rcs toda forma de solidaric- pre ao lado de um requinte primeiro aniversário da ordem, e do decoro. Nis- dade e apoio, mas cxigindo- de ornato literário e jornalísdo falecimento do Dr. José so se inspirava, por exemplo, a, igualmente, de seus subor- tico. Seu trato pessoal tinha Carlos Castilho de Andrade, sua oposição ao progressis- dinados. O extinto foi tama tantos e tão altos títulos mo, o qual vem disseminan- bém modelar na alta qualida- todas as características de ligado a nossa revista ea to- do, infelizmente, nosambicn- de de seus serviços, como um gcntlcman, c ao mesmo da a atividade da TFP. Nes- tesqueconsegue influenciar, também na pontualidade tempo a força, a coerência e o domínio de si de um hose aniversário, foi celebrada a total falta de ordem e de em executá-los. a Santa Missa cm intenção decoro. Também como coroEssas mesmas qualidades mem de ordem. Em continuo contato com de sua alma, com o compare- lário desses dois princípios, ele as pôs a serviço de ''Catocimento maciço de sócios e provinha sua visão dos pro- licismo", nos longos anos o Prof.Plínio Corrêa de Olicooperadores da TFP, bem blcmas brasileiros, acresci- em que esteve à frente de veira, de quem foi discípulo como de familiares do saudo- da - corno projeção no cam- nosso mensário. E ainda co- desde os tempos cm que espo internacional - da solida- mo diretor vice-superinten- te dirigia o então jornal ofiso extinto. riedade do Brasil em relação dente da Diretoria Adminis- cioso da Arquidiocese de a Portugal. trativa e Financeira Nacio- Sào Paulo, o "Legionário", Outro ponto saliente da nal da TFP, órgão de dirc- Dr. Castilho encontrou em A ocasião é oportuna pa- mentalidade de Dr. Castilho çào jurídico-financeira da abundâncianaescoladcpenra que "Catolicismo" pres- foi seu desacordo e desagra- Sociedade Brasileira de Defe- samento e ação do fundador te mais uma merecida home- do simultâneos em relação a sa da Tradição, Familia e da TFP, tudo o que necessinagem àquele que foi seu dois tipos de regime político- Propriedade. Pertencia ain- tava para expandir sua pródiretor compctentee admira- social: o dcmocrático-re11olu- da, de modo saliente, ao pria personalidade, bem covclmcntc abnegado. cionário (demagógico, na accp- Conselho Nacional da entida- mo para fortificar sua fé e alimcntarsuavidadepiedaMuito se poderia escrc- çi'lo aristotélico-tomista) e o de. ver sobre a personalidade e totalitário comunista ou naziEm "Catolicismo", que dc . A Pro11idência o levou 11irtudcs do falecido diretor fascista. Regimes de um ou ele di_rigi!l de 1951 a 1975 _d_e___....'...ci.s,mo:'c.. ' --'"=+a'""''-"P<'-"ll"-""=-==-1-:a..prumouD...OLlal<>._L<l<"-1-'""-J>.Llllll!S-"<-J.<!ll<l<,_;,llQ.S._ de tudo, porém, foi ele um espírito como elementos de pois como diretor efetivo ter percorrido uma carreira católico, no qual doisprinci- desordem e de não decoro, - prestou Dr. Castilho assi- repleta de benemerências. P.V.X.S. pios inspiraram as virtudes porrazõesfáccisdescdcduzir. nalados serviços, formou reA ordem e o decoro iníluenciaram ainda a fundo o modo pelo qual ele considerava as tradições do passado, amando muito a hierarquia, tanto na Igreja quanto no Estado. E amando-a inclusive cm todos os terrenos onde ele exerceu sua influênciabenfazeja,porexempio, como advogado e fun-
D
C ATOLI C ISMO - JULHO 1989 -
23
_j
IUJMINA
SUAVls.lO
VISOTIC
cNOdctls FOTOLITO SIC LTOA.
REPRODUÇÕES EM LASER FOTOLITO ATRACO• DEGIIADEE • IENDAYI AUTOllPIAS • COPIAS FOTOOWICAS • PROVA OE CORES
Papel de seda com aplicaçoo de silicone, especial para limpeza de lenles Um poduto do ARTPRESS lndlls1rlo Gt'ôllco e Edi!aa Lido Ruo Jovoés, 6811689- SOo Paulo {SP) Te~lone {01 1) 220-4522
TABELA ESPECIAL P/EDITORES AV. OIÔGENES RIBEIRO OI! UMA, 2850 ALTO DE PINHEIROS 11:L., 260-5744
LI :&Tire H. SILVEIRA TURISMO
E.$L;>Cionarnentopr6prio co n,manobri'1a
Passagens nacionais e internacionais
BARCELONA TELEFONES compramos -
vendemos
administramos - alugamos trocamos e facilitamos todas as áreas Tel1 (0l1) l i.97l2 - l1-6169-iaoPaulD-SP
R. Dr . Maninico l'rad-O, J4 1 , Higic:nópoli1 (Serviço decn1rcaaparaa n: 1iio)
ENVIO PARA TODO O BRASIL E EXTERIOR H SilveiraTu,ismoltda Telefone,(011)2S9-0964e2S7-412<1 Telex, 11·32778-HSTU-BR
Reservas:825-2749e67-65'6
$
ÓTICA AROUCHE LTOA. LBNTl!S OE TODOS OS TIPOS EARMA.ÇôES DAS MELHORES PROCEDeNCJAS lAROO 00 AROUCHE, 261 • F. 221 17)7 SÃOPAULOSP
CONSTRUTORA
ADOLPHO LINDENBERG S/A
INCORPORAÇÕES - PROJETOS E CONSTRUÇÕES RUA GENERAL JARDIM, 703 - 6.' • 7' ANDARES - FONE 256-0411 - SÃO PAULO
2.f -
CATOLICI SMO JUNHO 1989
OQUE ATFP PENSA DO PRESENTE QUADRO ELEITORAU Numerosos assinanlts de nossa revista lfm solicitado uma pala.
vra de orientaçlo dela a respeito das próximas eleições presidenciais. Em vista disso, a direçio de ºCatolidsmo" pedia ao Pror. PU.llio Col'l'H de Otinin, Prtsldtnte do Colllflbo Nacional da TFP, que fizesM! declal'8Çita sobre esse lema. Apresentamos a seguir as clarivldentes e oportunas observaçõt,s do Insigne pensador calóllco. O tilulo e os subtUulos sio nossos.
eram Cristão. E ne nh um outro partido se mostra apetente de tê-lo cm seus quadros. O mi to, a aura de invencibilidade jovcm,jubilosacirrevcrsivelmente triunfantc que se havia constituído em torno dele, encontra-se dessa forma desfeita pelos fatos . O pap e l d a T F P
·a~
Sucessivamente ...
- ~ ,t,<", ,(',, -- - "-~<""'"' --~ Re t rocesso d e Caiado, o fim de um mito De ab ril a maio, houvcconsiderável retro-
no desestu famen to d esse mito A TFP está certa de que seus nu merosos alertas (sem réplica da parte do Sr. Caiado), a respeito da política suicida do "ceder para não perder" adotada pelo então presidente da UOR, contribuiu em larga medida para o desestufamento desse mito, que ia conduzi ndo a classe rural, talvez irreversivelmen te, e com ares de vitória, abismo abaixo.
cesso de alguns candidatos presidenciáveis. Ou1ras candidaturas, pelo cont rãrio, avançaram O retrocesso mais considerãvcl foi o do Sr. Ronaldo Caiado. Parece que, afinal, a classe dos fa-
zendeiros abriu os olhos e comprcen deu que o Sr. Ronaldo Caiado não ~ pessoa adequada, nem para rep resentá-la nos grandes foros do País, nem para representar a totalidade da nação na direção do Brasil e nos con!atos internacionais.
através dos contatos mantidos no pró- Lu la, o utra prio meio de onde se podia esperar ca n dida tura que lhe viesse maior apoio, isto é, o seria m ent e aba lada ruralista. Nessas condições, no presente moSr. Ronaldo Caiado foi, durante mcnto ele - que chegou a declara r bom tempo, um "favorito", um caroque bastaria se a presentar como candi- peão para o Grande Prêmio PresidênSegundo as pesquisas de opinião, dato à Presidência do Pais, que os par- eia da República, senão de toda a mio Sr. Caiado estâ colocado nos últi- tidos viriam correndo disputâ-Jo co- dia, pelo menos de grande parte dela. --mos-lugarcs:-E--as-dupla,-de-propagan- mo-ea ndidalo-----stHnconl ra-rcduzido.- , - Já-anteulcle.--ao..mesmo..t.empo_q distas da TFP, que percorrem o inte- a disputar palmo a palmo a aceitação ele e posteriormente, fo i do mesmo rior do Pais, confirmam tal ret rocesso, de sua candidatura no Partido Demo- modo "favorito" cavalo de corrida CATOLICISMO - JULHO 1989 - 25
nesse pâreo do primeiro prêmio presidencial, seu concorrente, Luís Jgnâcio Lula da Silva. Mas também Lula vem experimentando considerâvel retração, ainda que não tão grande quanto a do Sr. Ronaldo Caiado. Tui retração deveu-se principalmente ao desagrado da opinião pública diante das conseqüências da greve "geral" de março passado e do surto grevista posterior, evidentemente impulsionado pela CUT, tão ligada a ele e ao partido que dirige, o PT. Segundo a revista "Veja" (17-5-89), desde o início de tal surto, o nome de Lula vem caindo nas pesquisas. "Reconhecemos que a opinião pública estâ irritada com as greves", afirma o deputado Paulo Delgado (PT-MG), "mas não podemos frustrar o movimento sindical".
Tumbém contribuiu para o desprestígio de Lula o no1iciârio jornalistico a respeito da reação decepcionada e ao mesmo tempo irônica de muitos elementos dos altos meios financeiros norte-americanos, em relação à exposição que ele fez em Nova York, no Hotel Waldorf Astoria. "A grande maioria não gostou do que ouviu. Muitos riam nas horas mais sérias" ("O Estado de S. Paulo", 3-5-89). Em proporção menor, mas ponderável, pesaram contra a candidatura de Lula algumas atitudes da prefeita D" Erundina, como por exemplo o tombamento da residência Matarazzo, situada na Av. Paulista, para construir a chamada "Casa do Trabalhador", que repercutiu muito mal em amplos setores da opinião pública paulista. Esses e outros fatos alertaram muita gente que dormia por ai afora, embalada pela falsa segurança de que poderia conseguir os melhores resultados da política de concessões feitas em relação à esquerda ...
No ocaso dos "favoritos", surge uma candidatura nova: Collor
Nesse clima de ocaso de "favoritos". desponta uma figura que se apresenta ao público brasileiro como solução: Fernando Collor de Mello. Uma vez mais, grande parte da ml- dr.rtoma-ess:rfigunrmpresen mo se fosse outro campeão de corrida que entrou no páreo eleitoral. 26
~
CATOLICISMO - JULHO 1989
Campeão de corrida que, ao contrário de Lula, Covas ou Brizola - os quais, na medida em que vencessem, representariam uma capitulação acovardada da burguesia ante opções radicalmente esquerdistas - , implicitamente oferece às classes dirigentes, em seu "discorso", uma perspectiva menos sombria que a apresentada pelos três candidatos da esquerda.
çãoaos omros. Simomadessa ''consensualidade" é o fato de quase não haver mais polêmicas sérias e de conteúdo doutrinârioentreeles. Em conseqüência, quando um desses órgãos apoia certo nome ou candidato, é lançado sobre este uma tal carga publicitária, e tão unânime por parte dos demais órgãos, que acaba privando o público dos critérios de análise.
A "midia" cerca Fernando Collor com propaganda parecida à que favoreceu Caiado
TFP recomenda: atitude de análise, sem confianças cegas nem incondicionalismos festivos
Neto de Lindolfo Collor, politico gaúcho muito saliente na era getuliana, ligado por vínculos familiares mais ou menos desfeitos, como por vlnculos familiares atuais, ao grande capitalismo, ele próprio um capitalista de considerável fortuna, o nome de Fernando Collor desperta em certos setores brasileiros a esperança de que venha a representar uma solução centrista, com alguma tendência à direita, para a solução da situação caótica que submerge o País. Começa a cercá-lo uma aura parecida com a que outrora favorecia Caiado. E a mídia vai projetando dele a imagem d.e pessoa resplandescente de otimismo, de êxitos passados e de esperanças para o futuro. E que traz em si uma como que promessa "evidente" de vitória.
Não é nossa intenção, nes1es comentários, impugnar a atitude dos que consideram a presença de Collor, na lista dos mais cotados presidenciáveis, como representando certa distensão e certo alívio quanto à pressão das esquerdas.
Atitude "consensualista" da "mídia" priva o público dos critérios de análise
Collor parece ser um candidato preferível aos outros. Mas, da[ a depositar nele - como se fosse um candidato talismânico a confiança cega, presente em certas formas de entusiasmo sugeridas por elementos das comunicações sociais, isso se nos afigura excessivo. É necessário acompanhar com atenção o que ele diz, para ter idéia exata do voto que se vai dar.
Alguém dirâ: "Bom, mas afinal das contas, não há cm quem votar, senão ele". - Está bem, respondemos nós, mas é indispensâvel rechaçar o incondicionalismo utópico e festivo que certa mídia tem o vicio de criar cm torno de alguns candidatos. Esse mopismo otimista é que vai marcar a atmosfera do primeiro período de governo. E acaba beneficiando prematuramente um novo Presidente de República com uma carga de confiança que ele talvez mereça ... masque talvez não mereça.
Esses não são comentários anti-Collor. São comentários pró-Brasil. CoMas é preciso tomar cuidado. mentários que convidam á vigilância e Uma análise dessa série de nomes à atenção. que recentemente têm subido e desciEles não desviam votos de Collor. do ao sopro da publicidade (lembre- Apenas procuram atenuar fanatismos mos aqui, de passagem, um nome que que facilmente se podem tornar excesjá vai afundando nas sombras da histó- si vos. ria: o de Tancredo Neves) leva-nos à Talvez se pudesse dizer que não fal conclusão de que, nos últimos dez tariarn motivos para essa vigilância, nor,-os,neionfe--comunicaçãio-s<>ci·at-t=oonduta-passadmtuahfo 31. Cuido Brasil vêm usando e abusando de lor. Mas esta seria matéria extensa decerta atitude consensual, uns cm rela- mais para ser, por nós, aqui analisada.
TFPs em ação O denso livro de 600 paginas teve duas edições, totali zando 11 mil exemplares. A barreira de silêncio erguida na imprensa em torno de TFP-Covadonga fo i também rompida com a divulgação de 20 mil
exemplares de uma síntese dessa mesma obra, bem como de 500 mil cartas de propaganda dela.
Em Roma, a obra foi distribuída a personalidades pelo Ufizzio (Escritório) local das TFPs, enquanto reportagens cont endo seu resumo foram amplamente divulgadas pelas TFPs co-irmãs no Brasil, Argentina, Bolívia, Chile e Uruguai.
Estandartes tremulam nos Andes LIMA - Aproveitando a temporada de férias, jovens estudantes do Núcleo Peruano de Tradição, Família e Propriedade percorreram cerca de 20 cidades peruanas, da região sul, divulgando estampas da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima . A proclamação de slogans, com frases alternadas em castelhano e qucchua - idioma indígena usado por ponderável parcela da população - salientou especialmente a promessa feita pela Santissima Virgem em Fátima, de que "por rim o meu Imaculado Coração triunfará". Na foto, aspec10 da campanha . NOTÍC I AS BREVES
MEDELLIN, Colômbia - A TFP colombiana elaborou substancioso audiovisual no qual aponta a impressionante degradação moral e artística produz.ida pelos conjuntos de música rock da atualidade. Além de apresentações na sede da entidade, foi esse documentário projetado cm cerca de vinte estabelecimentos de ensino desta cidade. Ao longo de 90 minutos, a projeção mostra como os vários est ilos de música - sacra, clássica, folclórica etc. - podem expressar formas de ordenação de alma, enquanto o rock é essencialmente alucina---do-;--nnimalesco-e-até--sat-anist-a-;--eon forme já o manifestam abertamente alguns de seus cantores.
A iniciativa suscitou vivo interesse tanto entre professores quanto entre alunos, que assim se viram convidados a rejeitar completamente esse tipo de música, cuja nocividade até então não haviam percebido. A tentativa de um ou outro ''roqueiro'', de apresentar objeções durante as projeções caiu no mais completo vazio. MADR I - Ao fazer um balan. ço de sua mais recente iniciativa - que divulgou em escala nacional a obra "Espanha anestesiada sem percebê-lo, amordaçada sem querê· lo ... " - TFP-Covadonga registra eficiência-das-eampanhas--ideol gicas de rua, com esrnndartes, fanfar ra e proclamação de slogans .
CORRESPONDENTES ESTUDAM "REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO"
SESSENTA corrcspvndcntes da TFP, residentes em sua maioria na Grande São Paulo, nos municípios de Santo André, São Bernardo e São Caetano (ABC) participaram no Auditório São Miguel, em São Paulo, de um si mpósio de aprofundamento das teses da obra básica da TFP, " Revolução e ContraRcvolução", de autoria do Pro f. Plinio Corrêa de Oliveira. Publicada inicialmente nas páginas de "Catolicismo", cm l 959, o estudo analisa a crise do mundo moderno, resultante de sucessivas investidas contra a civilização cristã, a partir do Renascimento, do Protestantismo, da Revolução Francesa e do Comunismo, cu lminando cm nossos dias com a revolução "hippie". Jurandir Cavalcante, advogado que participou do encontro, comentava nestes termos a oport unidade da iniciativa: "Nós, que temos cole· çõcs de comentários ao Código Civil e outros códigos, sentimos a necessidade de uma coleção de comentários a uma obra tão densa como essa,--do-E>r--:-P.linio.--énquanto-t-al~ coleção não sai, reuniões como essa aj udam-nos muito". CATOLICI SMO JULH O 1989 -
27
"Da Rainha surgiu uma mártir, da boneca uma heroína ... ''
A
RAINHA Maria A_ntoniela foi, em
vida, objeto de acér-
rimo ódio por parte dos re-
vo/11cio11ários. Depois de sua execução na gui/110/ina, passmi a ser uma da s v{timas da Rcvolr1ção qw: mais
cmilrovérsia ca11sou entre
os historiadores. Reproduzimos a seguir alguns excertos do primei-
rodisc11rsvp1íblicopro111mciadonajuvenil "A cm/emia de Letras" da Cm1grt'gaçâo Marianark 51111/aCedlia, 11a capital pa11/ista, em 1928, pelo cnliio rsludanfe de Direi/o, Plúlio Corri?a de Oliveira · ''Reverendíssimo Monsenhor Diretor da Senhores ACíldêrnicos A simples enumeração dos títulos com que foi conhecida durílnte sua curta vida Maria Antonieta de Habsburg traz consigo a recordação da série de acontecimentos extr.iordinários e imprevistos que constituíram a trama da existénci.1 feminina mais interessante do século XVIII. Na sua primeira fase, a vida desta princesa decorreu feliz e brilhante como um sonh_o dourado, em que se reuniam, na mesma pessoa, toda a glória do poder, todo o brilho da fortuna e t do o encanto de uma radio-
sa juventude. Subitamente, porém, este longo encadeamento de venturas foi cortado por um tufão medonho, que provocou o naufrágio da monarquia, a profanação dos altares e a derrota de uma nobreza que, através dos séculos, vinha escrevendo com a própria espada as páginas mais brilhantes da história da França. Em pleno desabamento do edifício político e social da monarquia dos Bourbons, quando todos sentiam o solo ruir sob os pés, a alegre arquiduquesa d' Áustria, a jovial rainha de França, cujo porte elegante lembrava uma estatueta de Sêvres, e cujo riso tinha os encantos de uma felicidade sem nuvens, bebia, com dignidade, com sobranceria e com resignação cristã admiráveis, os goles amargos da imensa taça de fel com que resolvera glorificá-la a Divina Providência. Há certas almas que só são grandes quando sobre elas sopram as rajadas do infortúnio. Maria Antonieta, que foi fútil como princesa e imperdoavelmente leviana na sua vida de rainha, penmte o vagalhão de sangue e miséria que inundou a França, transformou-se de modo surpreendente. O historiador verifica, tomado de respeito, que da rainha surgiu uma m.írtir, da boneca uma heroína ... "
ro, os olhos cheios de lágrimas,gritavam: ' Isso é o comunismo?"' Em termos patéticos, um correspondente da imprensa brasileira cm Pequ im narrou esta cena do massacre perpetrado pe los comunis tas ch ineses na Praça da Paz Ce lest ial. Após a matança, no encalço de "suspeitos", os chefes marxista s est imulam agora a delaçãoemtrocaderecompen-
sassi nado pelo me nos 200doen tes nos últimos dois a nos. As vi ti mas - todas com ma isde75a nos - foramexterminadasporqueeram ··doentesexigentese trabal hosos", admitiram as assassinas. As mortes foram provocadas por doses excessivas de barbitúricos, ou por asfixia dos doentes com a introdução forçada de àgua nos pu lmões por via ora!. Segundo um inspetor de policia, aquelas enfermeiras ··transformaram as agulhas das seringas empunhais". Eis ai um sin10ma típ ico do espírito neopagão de nossa época. A cutanãsia é um crimc,a!émdeserpccadograve contra o 5º Mandamento da Lei de Deus: "Nilo malarãs" .
DESCALABROS 1
COSTUMES VITORIANOS TAL Ê A ÚLT IM A moda nos Estados Unidos. Crescem ver1icalmen te os chamad os "novos vitorianos" que se inspiram não apenas na decoração, mas até na cultura e no estilo de vida familiar da
1.500íirmascri;idaspan1atcnder essa faixa do púb li<.:o. O ccntro de seu interesse é vida farniliar, costumesdoméstieos, dccoraçào, educação infantil, conversa e boas maneiras. Na folO, a fami lia de Ro rmld Fkming loca mús ica na sa la de visitas de .~ua residência, cm csliloCambridgc.
~:~~~~.ic~~1~1!~ ~~~~~axÁ~hle; EMPILHADOS E ~:: ~~i~~~z: ~!;:.t~!rE!:~: MASSACRADOS
da vinte e quatro pontos de venda, dedicados ;i sua linha "ARRANCAM.OS para a de decoração do méslica de es- lalera l cum nosso carro, e o li lo vitor iano. H á revistas pres- tanque passou, desembcsiado. li giosas pa ra atender os '·no- Conseguimosescapardoesma vos vitoria nos". Entre elas a garnclllo, mas uma quan1ida - -,.ViCloriãii"Flomcs''"e""ã""''Vi~ ü cde populares n.\o leve a tori:,'", esta i, lt inrn com 750 mcs111;1 sone ... Eles alíravam m il assinantes. l·lá no paí.~ pedraseosmoradoresdobair'l -
CA'l"Ol.l CISMO -
AGOSTO 19WI
Empilhados cm casas (ou <.:ascbrcs?) co nstruída.~ habitualrnente ;io rl'<lor de uma pcquc napraça-ondete lefone. cozinha e até banheiro são comuns - os infelizes chineses não têm como evadir-se... Enquantoisso,Gorbachev con ti nua a sorrir, parecendo - ó suprema ironia! - tirar proveito da tragédia chinesa parasuapcrcstroika,aosolhos do Ocidente best ificado ...
ENFERMEIRAS QUE MATAM
ANTES DO PLANO Ve r!lo, um especialista calculou que os 17 bilhões de dólare s correspondentes à divida das siderúrgicas csrntais - cujo "déficit" o Governo prodigamcntecancelou - dariam pa ra construir 8.300.000 casas populares, de alvenaria, a l.300.000 cruzados de então cada uma. Assim, o incêndio dcgastosdosallosfornoscon sumiu as casas que poderiam abrigar qua se 35 mil hões de brasi leiros pobres. Tais usina s - que usufruem lodosos privilégios de produçao e importação - foram construidas com 10 por cento apenas de capital próprio (de que dispu nha o Governo) e 90 por een10 de capital tomado de cmprés1imo no Exterior. Quem é. po is. o verdadeiro rcspo nsãvel pela divida externa?
DESCALABROS li PARA a construção de uma das principais empresas do grupo siderúrgico Açomi nas, foram apl icados 800 mi lhões de dólares na compra de laminadores, que ficaram amontoadosaorclcntoduranlcecrca de o ito anos. Devido a esta ••brilli;nile" iniciativa, qua ndo " Açominas entrou
QUAT RO enfermeiras uma das qua is, pros1Ítuta ao1=1õspi rã l-dcTiiiiir,1irirdi'.i "eiffõf5N"3\':ttfTâ""m:m'inw.nrm mais concei1uados de Viena ·'déficit" de ... 3,874 bilhões {Áustria). confessaram tera s- de dólares!
(@AtOLfCfSMO SUMÁRIO RELIGIÃO A devoção a Nossa Senhora está intimamcnte ligad.i â temática "Revoluç.ioeContra-Rcvoluç:io", Tal devoção(,_ o penhor de vitória para o Reino de Maria, 4 NACIONA L O aumento de cri minalid ade no Bras il não s.e deve ii pobreza, mas a causas morais ....................... 10
HISTÓRIA DurantcaRcvoluçãoFrancesa,deu-
sc o trágico e glorioso martírio das carmelitasdcCompiêgne ....... 14
PSICO-POLfflCA No atual con texto político-social do 0.:identc, o centro(,_ um caminho que, por e tapas, conduz o homem con temporâneo à extrema esq ue rda ................................. 20 INTERNACIONAL
Órgão do Episcopado francês recolhedinheiro,especialmcntenaQuaresma, para apoiar a subversão pelo mundo afora. Mesmo em nossa Pátria. 22 NOSS'°' C'°'l'A Imagem P"'"'lV'"' de t"'-" S.,nho<• d~ Filhm.1 que ......teu l.lg,,,,_ mil~s n - = tr Hn Nov• Orle,onf, " - " ~ Uni-
doo, em 19'2 Afoto,deÃngeluMondazro,
Assestando o foco nos pontos nevrálgicos
O
MUNDO COMUN ISTA, de mo mento, apresenta duas faces . Uma sorri e seduz, a outra amedronta e repugna . A primeira é a russa. A segunda, a chinesa, tem um símile bem menor, porém próximo a nós, na tirania fidclis!n , paradoxalmenle de1eriorada e endu recida, mas ai ud a tão a gosto dos "teólogos da libcrtaçll.o" . Estã em curso, por parte da Rússia, uma autêntica e insidiosa operação de conquista, que aliãs jã contab ilizou importantes êxitos. Não é militar, nem cstã derramando sangue; suas armas são as da propaganda. Visa, não a ocupação dos territórios, como na guerra clãssica, mas o domínio das mentes . Parecias imensas do público ocidenta l, inclusive decisivos setores dirigentes, arraigados cm concepções anacrônicas a respeito do que é guerra, do que é polilica e do que é conquista, estão se deixando embair pela imagem desarmante de um comunismo sorridente, reformista e com anseios democrãticos. Nes te palco, cuj0 ator principal é Gorbachcv, também constituem papéis impor1antes a encenação cm torno do triunfo de "Solidariedade" na Polônia, o degelo húngaro, a anunciada derrubada da "Corti na de Ferro" e declarações como a de Ocheuo, líder do PC I, de que o comunismo, enquanto sistema de governo, fracassou. Derrubando nas psicologias as barreiras que ai nda se opõem ao avanço comunista, n1io haverã resistCncias de monta nas ordens econômica, política ou militar. contra ele. Caminharemos para a convergência dos regimes políticos, qual ificada por Gorbachev, no que se refere ao \'.elho Cont inente, de "o caminho do consenso em direção a urna casa euro péia com um ". Tal confluência serã uma eta pa nccessâria da planejada e apocallptica convergência dos sistemas econômicos, das doutrinas mais contrárias, e até mesmo das raças e das religiões. Entrariamos desta forma na etapa do comunismo integral, ateu, relat ivis1a, radicalmente libcrtãrio nos costumes e de um igualitarismo ext remo.
foi usada en, 19M, na ..,10 Sk> Miguel. em
..-ded•TFl',Ncaprlolpou lifl•
"CATOLICISMO'" é uma p<1blkaçio =~I
:;;r;:.1::::.:ic:.:,::,:•on1.. Uda.
~~r':s"r.:':.~-~~~Tol,llalll> - Rq,,1,.. l!Ma(io:R01M•n,,.Fi,nci1«1,665 - 0ll21i - Sio raukl,Sl'IR01S..<dtS..tml>ro.~ - l8 100 -
C
ONTRA ESSA investida a rdilosa, os meios meramente humanos são irrisórios. Para defender-se dela o homem sensato confia sobretudo nos recursos sobrenaturais. Tendo cm visrn isso, "Catolicismo" oferece a seus leitores nesta edição uma abarca1iva anãlise feita pelo Prof. Plinio CorrCa de Oliveira, mostrando o papel essencial que a devoção a Nossa Senhora desempenha para o triunfo da Igreja e a restauração da civilização cristã, o que necessariamente significa o esmagamento da Revolução e de seus ardis.
Corn!'0',111 Gmorio:R""""!''"Frue>K0,665 - 0lllii-Sio
~-.Sf' - ítl: ((IIIJW.11'11? 1·.t~:jdirt11,apa,1•dr•-fornrciclos r,c,, "C11olin11110") Baodti,•o SIA G.:ifo<ae ~:<lilora - ROi M..,,_, \16 - Sio P-, SP ,.,, _ - , Anprt>••- lndú~,;., G, l f,n , Editou
~!·;.!:!·. ;.~~~~-~;!!:. boao,ndn-,ço .,..,_..,~,"-"'"'
~-E:fE~f2!6~1~ lSSI'/
C
ATO LI C ISMO mostra também - e este aspecto se relaciona proximamente com a revolução no Brasil contemporâneo - que a onda de criminalidade crescente é alimentada mais pela decadência moral do que pela existência de bolsões de pobreza, dcsfa1.cndo assim um dos principais mitos de que se serve a esquerda para demolir os fundamentos da presente ordem sócio-econômica.
l'""'""'""'"I S.arwl.ud S.,11
OIOl-002
CATOUC[St- 10 -
AGOSTO J<J89 -
3
"
D~YO~AO MARIANA: fator decisivo no embate entre Revolu~ão eContra-Revolu~âo Plínio Corrêa de Oliveira
0l'Fr!{. ,.,,,,,.,
r rr·•o,•· ·,. r,·w
- -d....s;;..-1,..;,-.u.,r,,...c,;,:-, .......~1t..,uj, ,
PROFUNDO exisll'11tc ('11/re a devoçiio a Nossa "/{ern/11çiio (' Contra-Revoliiçiio" (a "RCR", como do Prof. Pli11iu Corrt'll de 0/iwira? admiráveis cm1si1frm,;i'ws, iuMitas no Brasil,q11e a das parte inte:;;rrmfe do Prólogo que o Prof. Pli11io 1mm fl niiçiio arsmtina da "RCR" (Buenos Aires, 1970). A co11l11rhada situação do m1111doe111 q11evivt•mos, provrnienlcda exacerbação dos erros npo/ucimuírios, toma especialmenle uportww ,:sta publicaçiio. Bem co1110 nos leva a evocar, l'm 11ossa capa, a i111nge111 de Nossa Sehora de Fátima, 11 rnja c,:/este 110s adverte prffisammtr con tra a /e11c/Jrosa face Revolução f/11 dias - o co1111mis1110 - e de modo especial contra 11m11 de s1111s molas prop11/soras, a sr11s1111/idade. Aú 111rs1110 te111po que aponta a devo,;ão II Seu l111arnlado Coração e ao Sa11/11 Rosário como rl'médio efirnz cm1tm PS males d11 lfrvolução. Ademais, a pre{)("11pação em tomar c/l!rú aos o/Jws dos /ri/ores o nexo entre a devoção II Nossa Scnlwra l' a temática "RCR" 11fio é só nossa. Do Sr. Edward forgc Amnlcs (Belo /-/orizm1tc-MG) recd,emos o seg1ii11te pedido, q11e Vt'/11 de CIICO!llru li //OSSO J1ropósito: "'COMO ASSINANTE rmligo, ll'11l10 o/!sen,ado que a revista pu/!lirn pelo mrnos 11m arli~o c111 cad11 edição sobre a dcmçfio a Nossa s,,11/10ra. De 011/ro lad11, u livro ·1~('vo/11çâo t' Omlra-l~evolr1ção', da Prof. Plit1io Corrêa t/c 0/ii•cira, é cilmfo frcqiimlcmente. J\ devoção a Nossa Sc11/10ra e II temática t/c 'lfrmlução e Cm_1lra-Rn,o/11çfio' parecem ler ffl"IP 11r.~·o, mas q_ur !làO clicgo a <'t'r rillra111cnli'. [ pPr 1ss11 que lhes /Jl'fO. cmn o oliJc/11,0 de 11ni'11/ar 111111/os /cilons q11c, creio, csl11rl10 com 11 11wsma impress.io, qul' 'Catolicismo' p11/Jliq11c
"""',v'',rn11,-r11!<1du,
,,,11,,,.,i.,
s,,ix,,1,,ri11
/'Ili
S,,i11t · l.<111rr111 -s11r-:,,;,,,,._,(Fmuf11)
4 -
CATOI.IC:l:-i ,\ 10 -
,\(;():-;T() l'IH'I
!1111 ,lr/J),:O 11m;11111111li itm u11trrmrntrrrrrlnçifrrrn~r\f~- lt'mfl~ ft1e -
/'llrécem fw1dnmen/11is JJ/1 lulíl dé 'Catolicismo' " Os su/1/i/11/vs siío da rL'daçào.
-
e
:~u.\:!:
~~s~;~s~i;nt~:o~:i~~s volução e Contra-Revolução".
Orgulho e impureza na origem da Re\'oluçao A Revolução ê apresentada nessa obra como um imenso processo de tendências, doutrinas, transformações políticas. sociais e econômicas, derivado em última análise - cu seria tentado a di zer , em ultimissima análise - de uma deterioração moral provocada pelos vlcios fundamentais: o orgulho e a impureza, que suscitam no homem um a incompa1ibilidade profunda com a Doutrina Católica. Com efeito, a Igreja Católica como Ela ê, a doutrina que ensina, o Universo que Deus criou e que podemos conhecer tão csplendidamen1e ai ravés de seus prismas, tudo isso e:,;cita no homem virtuoso, no homem puro e humilde, um profundo enlevo. Ele sente alegria ao considerar que a Igreja e o Universo s!l.o como são. Porém, se uma pessoa cede algo ao vicio do orgulho ou da impureza, começa a germinar nela urna incompatibilidade com vários aspectos da Igreja ou da ordem do Uni\'crso. Essa incompatibilidade pode originar-se, por exemplo, de uma antipatia com o caráter hierârquico da Igreja, desdobrarse em seguida e alcançar a hierarquia da sociedade temporal, para mais rnrde manifestar-se cm relação:\ ordem hierárquica da familia. E, assim, por vá.rias formas de igualirnrisrno, uma pessoa pode chegar a unia posição mctaílsica de condenação de toda e qualquer desigualdade, e do caráter hierárquico do Universo. Seria o efeito do orgulho no campo da metafísica. De modo análogo se podem delinear as eonscq\leneias da impureza no pensamento humano. O homem impuro, em regra geral, começa por tender ao liberalismo: irrirn-0 a existência de um prC'Ct'ito, de um freio, de u,na lei que circunscreva o desbordamento de seus sentidos. E, com isto, toda ascese lhe parece antipática. Dessa antipatia, naturalmente, vem uma aversão ao próprio principio de aurnridadc, e assim por dian!c. O anelo de um mundo anárquico - no sentido etimológico da palavra - sem leis nem poderes conslituidos, e no qual o próprio Estado não seja senão uma imensa cooperat-iv~-rei~ibei:a · mo gerado pela impureza. Tanto do orgulho, quanto do libera-
lismo, nasce o desejo de igualdade e liberdade totais, que é:, me,lo:la do comunisrno. A partir do orgulho e da impureza se vão fornrnndo os elemento~ constitutivos de uma concepção diametralmente oposta à obra de Deus. Essa concepção, em seu aspecto fina l, já não difere da católica só em um o u otro ponto. À medida que, ao longo das gerações esses vícios se vão aprofundando e tornando-se mais acentuados, vai-se cs1 ru1 urando toda uma concepção gnóstica e revolucionária do Universo. A individuação, que para a gnose ê o mal, é um principio de desigualdade. A hierarquia - qualqucrquesejaé íilha da individuação. O Universo - segundo os gnósticos - resgata-se daindividuaçãoedadcsigualdadcnum processo de destruição do "eu" que reintegra os indivíduos no grande Todo homogêneo. A rcali1.ação, entre os homens, da igualdade absoluta, e de seu corol.'irio, a liberdade completa numa ordem de coisas am'l rqu ica pode ser vista como uma e1apa preparatória dessa reabsorção total. Não é difícil perceber, nesta perspectiva, o nexo entre gnose e comunis-
A de\'OÇ!io a Nossa Senhora é essencial para a Conlra-Re\'oluç!io Assim, a doutrina da Revolução é a gnose, e suas causas últimas têm
suas raízes no orgulho e na sensualidade. Dado o caráter moral destas causas, rodo o problema da Revolução e da Contra- Revolução é, no fundo, e principalmente, um problema 111oral. O que se diz cm "Rcvoluçilo e Con1raRevolução" é que se não fosse pelo orgulho e pela sensualidade, a Revolução, como movimento organizado no mundo inteiro, não existiria, não seria possível. Ora, se no centro do problema da Rcvohição e da Comra·Rcvolução há uma quest:'io moral, há também e eminentemente urna qucs1ão religiosa, porque todas as questões morais são substancialmente religiosas. N:'io hà moral sem religião. Uma moral sem religião é o que de mais inconsistente se possa imaginar. Todo problema 111oral é, pois, fundamentalmente religioso. Sendo assim, a luta entre a Rcvoluçilo e a Cont ra-Revo lução é uma lula que, cm sua essfocia, é religiosa. Se é religiosa, se é uma crise moral que dá origem ao espirita da Revolução, ent:1o, essa crise só pode ser evitada, só pode ser remediada com o auxllio da graça. Ê um dogma da Igreja que os homens nilo podem, somente com os recursos naturais, cumprir duravelrncntc, e em sua integridade, os preceitos da Moral católica, sintetizados na Antiga e na Nova Lei. Para cumprir os Mandamen1os,énecessáriaa:xistência da graça. Por o ut ro lado, se o homem cai cm estado de pecado, acu111ulando-sc
Edif,rndt1 ,obff " r,a,st1 d11 Art1f11, " n,,ilizaçâo ro11/rmporá11ra alr,m(ou ufi('"" ff1ultmlo1 ulff/>ilo,w; ,,tu porim dt1'0ram o ltomrm
CATOI.ICIS/vlO -
AGOSTO l'IH'I -
5
ra é como alguém que tem uma corda atada ao pescoço e conserva apenas um fio de respiração. Quando não tem nenhuma devoção, se asfixia. lendo uma grande devoção, o pescoço fica completamentelivrccoarpenetraabundantementc no pulmão, podendo o homem viver normalmente. A esterilidade e até a nocividade de tudo quanto se faz contra a ação da graça, e a enorme fecundidade do que se fa1. com seu auxílio, determinam bem a posição de Nossa Senhora nesse combate entre a Revolução e a Conira-Rcvolução, pois a intensidade das graças recebidas pelos homens depende da maior ou menor devoção que a Ela tiverem. S5o /,,sis Maria Crig1"m d~ Mm,tfi,rt, aJH;,,,,. '' ,.~-.z ma · 1, pi,.,,., o 'mim", <'qual/mia rasgara "Tratudoda vt'rdadámdeVOf5o" "Nem Deus ,wm .'wrrlwr" - ''Ab<,ixo o Estildo ' /m,,;la"'ª"' M irrs11rr«M< de m11io ti• /968, picharrd" "' parcd,s d11 S,,rbomlf. O anelo d,'"" nnmd<> ª"árquíw i" J,onu, cxtreaw do lilH rali,nw ~rado p,:la imJmrntJ
nele as apetências pelo mal, a forliori não conseguirá levantar-se do estado em que caiu sem o socorro da graça. Provindo da graça toda preservação moral verdadeira ou toda regeneração moral autêmica, é fácil ver o papel de Nossa Senhora na luta entre a Revolução e a Contra-Revolução. A graça depende de Deus, mas Deus, por um ato livre de sua vontade, quis fazer depender de Nossa Senhora a distribuição das graças. MariaéaMedianeiraUnivcrsal, é o canal por onde passam todas as graças. Portanto, seu auxílio é indispensável para que não haja Revolução, ou para que esta seja vencida pela Contra-Revolução. Com efeito, quem pede a graça por intermédio dEla, a obtém. Quem tente consegui-la sem o auxilio de Maria, não a obterá. Se os homens, recebendo a graça, correspondem a ela, está implícito que a Revolução desaparecerá. Pelo contrário, se eles não corresponderem, é inevitável que a Revolução surja e triunfe. Portanto, a devOÇão a Nossa Senhora é condição sine qua non para que a Revolução seja esmagada, para que vença a Contra-Revolução. Insisto no que acabo de afirmar. SeumanaçãoforfielàsgraçasneccssáriaseatésuficientesquereccbedeNossa Senhora, e se se generaliza nela a pr t1ca os an amemos, rnev1tavc que a sociedade se estruture bem. Porque, com a graça, vem a sabedoria, e 6 -
CATOLICISMO -
do homem entrarão nos eixos. Isso se verifica, de certo modo, com a análise do estado cm que se encontra a civilização contemporânea. Construida sobre uma recusa da graça, alcançou alguns resultados estrepitosos. Estes, porém, devoram o homem. Na medida cm que tem por base o laicismo e viola, sob vários aspectos, a or· dcm natural ensinada pela Igreja, a ci· vilização atual é nociva ao homem. Sempre que a devoção a Nossa Senhora seja ardorosa, profunda, de rica substância teológica, é claro que a oração de quem pede será atendida. As graças choverão sobre a pessoa que reza a Ela devota e assiduamente. Se, pelo contrário, essa devoção for falsa ou tíbia, manchada por restrições de saborjanscnistaouprotestante, há grave risco de que a graça seja dada menos largamente, porque encontra por parte do homem nefastas rcsis1ências. O que se diz do homem pode dizerse, mula/is 11111/andis, da familia, de uma região, de um pais, ou de qual-
iu~~~::~~ 8;t~-s~u~~aen~.a economia da graça, Nossa Senhora é o pescoço do Corpo Místico, do qual Nosso Senhor Jesus Cristo é a Cabeça, porque tudo passa por Ela.
AGO STO 19H9
No"" S,tn/11,ro ,.wrtt ..-.-,-- . .,..,..,...., sua rfti/U0so/>r-.,ocur1odo, aconl<CÍ.,,rnlosl<l'T<'RO.-. Por w;us E/,. int,ruim dirtt<1mn,1,, como ofn ,.., /.,,p,mto, oss,gumrnio o aitóri,, ,; ""'"" ~ mlólicoco11tmosmuçtllnu,nos - Q,uulmd,Vianl;.,o, l'al/irio Or,cald, Vw~""
O concurso do espírito do mal Uma visão da Revolução e da Contra-Revolução não pode ficar apenas nestas considerações. A Revolução não éo fruto da exclusiva maldade humana. Esta última abre as portas ao demônio, pelo qual se deixa estimular, exacerbar e dirigir. É, pois, importante considerar, nesta matéria, a oposição entre Nossa Senhora e o demônio. O papel do demônio na eclosão e nos progressos da Revolução foi enorme. Como é lógico pensar, uma explosão de paixões desordenadas tão profunda e 1ão geral como a que originou a Revolução não te ria ocorrido sem uma ação preternatural. Além disso, seria difícil que o homem alcançasse os extremos de crueldade, de impiedade e de cinismo, aos quais a Revolução chegou várias vezes ao longo de sua história, sem o concurso do espírito do mal. Ora, esse fator de propulsão tão forte está imeiramente na dependência de Nossa Senhora. Basta que Ela fulmine um ato de seu império sobre o inferno, para que ele estremeça, se confunda, se encolha e desapareça da cena humana. Pelo contrário, basta que Ela, para castigo dos homens, deixe ao demônio um certo raio de ação, para que a ação deste progrida. Portanto, os enormes fatores da Revolução e da Contra-Revolução, que são respectivamente o demônio e a graça, dependem de seu império e seu domínio.
Efetiva Realeza de Maria der de Nossa Senhora nos aproxima da idéia da realeza de Maria.
É preciso não ver essa realc1.a como um titulo mcramcnle decorativo. Embora submissa em tudo à vontade de Deus, a realeza de Nossa Senhora importa num poder de governo pessoal muito autêntico. Tive ocasião de empregar certa vez, numa conferência, urna imagem que facilita a compreensão do papel de Nossa Senhora como Rainha. Imaginemos um diretor de colégio com alunos muito insubordinados. Ele os castiga com uma autoridade de ferro. Depois de os ter submetido á ordem. retira-se dizendo á sua mãe: "Sei que governareis este colégio de modo diferente do que estou fazendo agora. Vós tendes um coração materno. Tendo eu castigado esses alunos, quero agora que os governeis com doçura". Essa senhora vai dirigir o colégio como o diretor quer, porém com um método diverso daquele que usou o diretor. A atuação dela é distinta da dele: não obstante, ela faz inteiramente a vontade dele. Nenhuma comparação é exata. Entretanto, julgo que, sob certo aspecto, esta imagem nos ajuda a entender a questão. Análogo é o papel de Nossa Senora como Rainha do Universo. Nosso Senhor lhe deu um poder régio sobre toda a criação, cuja misericórdia, sem chcgaranenhumexagero,chegaentretanto a todos os extremos. Ele colocou-a como Rainha do Universo para governá-lo e, especialmente, para governar o pobre gênero humano decaido e pecador. E é von tade dEle que Ela faça o que Ele n:to quis fazer por si, mas por meio dEla, régio instrurncn10 de seu Amor. Há is um re ime verdadeiramente marial no gove rno do Universo. · assim se vê como é que Nossa Senhora,
embora sumamente unida a Deus e dependente dEle, exerce sua ação ao longo da História . NossaSenhoraéinfinitamcnteinferior a Deus - é evidente - porém, Deus quis dar a Ela esse papel por um ato de liberalidade. Ê Nossa Senhora quem, distribuindo ora mais larga· mente a graça, ora menos, freando ora mais, ora menos, a ação do demônio, exerce sua realeza sobre o curso dos acontecimentos terrenos. Nesse senti· do, depende dEla a duração da Revolução e a vitória da Contra-Revolução. Além disso, ás vezes Ela imcném diretamente nos acontecimentos humanos, como o fez, por exemplo, em Lcpanto. Quão numerosos são os fatos da História da Igreja cm que íicou clara sua intervenção direta no curso das coisas! Tudo isto nos foz ver de quantos modos é efetiva a realeza de Nossa Senhora. Quando a Igreja canta a seu respeito: "Tu só exterminaste as heresias no mundo inteiro'', diz que seu papel nesse extermínio foi de certo modo único. Isso equivale a dizer que Ela dirige a História, porque quem dirige o ex!crminio das heresias dirige o triunfo da ortodoxia, e dirigindo uma e outra coisa, dirige a História no que ela lem de mais medular. Haveria um trabalho de História interessante para fazer, o de demonstrar que o demônio começa a vencer quando consegue diminuir a devoção a Nossa Senhora. Isso se deu cm todas as épocas de decadência da Cristandade, em todas as vitórias da Revolução. Exemplo caracteristico é o da Europa antes da Revolução Francesa. A dcvoç:lo a Nossa Senhora nos países ca161icos foi prodigiosamente diminuida pe o Ja nsemsmo. e e por bSO q ficaram como uma ílorcsta combu~tiCATOLICISMO - AGOSTO 198(1 -
7
vel, onde uma simples chispa pôs fo. go cm tudo. Estas c outras considerações tiradas do ensinamento da Igreja abre m perspectivas para o Reino de Maria, isto é, uma era histórica de Fé e de vinudc que será inaugurada com uma vitória espetacular de Nossa Senhora sobre a Revolução. Nessa era, o demônio será expulso e voltara aos antros in fernais, e Nossa Senhora reinara sobre a humanidade por meio das inst ituições que para isso escolheu.
O Re ino d e M a ria e a uni ão de a lmas
que brilham em muitas revelações particulares, de que vira uma época na qual Nossa Senhora ve rdadeira mente triunfará. A realeza de Nossa Senhora, embora tenha uma soberanaefieáciacm toda a vida da Igreja e da sociedade temporal, realiz.a-sc cm primeiro lugar no interior das almas. Dai, do santuário interior de cada alma, é que ela se renete sobre a vida religiosa e civil dos povos, enquanto considerados como um todo. O Reino de Maria será, pois, uma época cm que a união das almas com Nossa Senhora alcançará uma intensidade sem preccdcmcs na História (exceção feita, é claro, de casos individuais).
vel. Ela abarca não só os deveres materiais do homem, como também até o mérito de suas boas obras e orações, sua vida, seu corpo e sua alma. Ela é sem limites, porque o escravo por definição nada lem de seu. Em troca dessa consagração, Nossa Senhora at ua no interior de seu escravo de modo maravilhoso, estabelecendo com ele uma união inefãvel. Os frutos dessa união serão vistos nos Apóstolos dos Últimos lempos, cujo perfil moral ele traça, a fogo, em sua famosa "Oração abrasada". Ele usa, para isso, uma linguagem de uma grandeza apocalíptica, na qual parece reviver todo o clamor de um São João Batista, todo o fogo de um São João Evangelista, todo o zelo de um São Paulo. Os varões portentosos que lutarão contra o demônio pelo Reino de Maria - conduzindo gloriosamente, até o fim dos tempos, a luta contra o demônio. o mundo e a carne - São Luís os descreve como magniíicos modelos que convidam desde já, à perfeita escravidão a Nossa Senhora, os que, nos tenebrosos dias de hoje, lutam nas fileiras da Contra- Revolução. Assim, com estas considerações sobre o papel de Nossa Senhora na luta da Revolução e da Contra-Revolução, e sobre o Reino de Maria, vistas segundo o "Tratado da Verdadeira Devoção". creio te r enunciado os principais pontos de contato entre a obra prima do grande santo e meu ensaio - tão apequenado pela comparação - sobre "Revolução e Contra-Revolução''.
Quanto a essa perspectiva do Reino de Maria, encontramos na obra de São Luís Maria Grignion de Mo ntfort Esc ravidao a Nossa Senho ra algumas alusões dignas de nota. Ele é e A pf)sto los sem dúvida um profeta que anu ncia d os Ultimos Te m pos essa vinda. Disso fala claramente: "Quando virá esse dilúvio de fogo do - Qual é a forma dessa união tm puro amor, que deveis atear em toda certo sentido suprema? - Não conheterra de um modo tão suave e tão vee- ço meio mais perfeito para enunciar e mente, que todas as nações, os turcos, realizar essa união do que a Sagrada os idólatras, e os próprios judeus hão Escravidão a Nossa Senhora, tal code arde r nele e converter-se?" ("Ora- mo é ensi nada por São Luís MariaGrigção Abrasada" de São Luís Maria Grig- nion de Montfort no "TI-atado da Vernio n de Montfort, "Oeuvres dadeira Devoção". Complétes", Editions du Seuil, Paris, Considerando que Nossa Senhora 1966, pág. 68 1). Esse dilúvio, que lava- é o caminho pelo qual Deus veio aos rá a Humanidade. inaugu rara o Rei- homens e estes vão a Deus, tendo preno do Espírito Santo, que ele identifi- sente-a realeza universal de Maria, nosca com o Reino de Maria. Nosso san- so santo recomenda que o devoto da to afirma que vai ser uma era de flores- Santíssima Virgem se consagre inteiracimento da Igreja como até então nun- mente a Ela como escravo. Essa consaca houve. Chega inclusive a afirmar gração é de uma radicalidade admiráque "o Ahissimo, com sua Santa Mãe, devem formar para si grandes sa11tos. que sobrepujarão cm santidade a maior parte dos outros santos, como os cedros do Liba110 se avantajam aos pequenos arbustos" ("Tratado da Verda· dcira Devoção à Santíssima Virgem" de São Luís Maria Grignion de MontEM SEU NÚM ERO 100, de abril de J9S9, "Catolicismo" se viu honrado por fort, "Ocuvres Complétcs", Editions estampar, pela primeira vez, o msaio " Revoluçlo e Contra-Revoluçlo" do Prof. du Seuil, Paris, 1966, págs. Sl2 e 513, Plínio Corrêa de Oliveira que posteriormente, m forma de livro, 5ffll publicado Nº 47.) Considerando os grandes sancm espanhol, francês, inglh, italiano e portu,u&. Em 1976. o autor acmcentou tos que a Igreja já produziu, ficamos uma nova parte ao livro pata tralar da revoluçio anarquista desencadeada a panir deslumbrados ante a envergadura desda Sorbonnc em maio de 1968. "Revolução e Contra-Revolução" descreve a crise ses que surgirão sob o bafejo de Nosmultissecular do Ocidente, aponta-lhe as causas, mosua suas últimas perspectivas, sa Senhora. mas indica também o caminho de salvação. O livro é o compendio buico para a Nada é mais razoável do quei mavasta fam ilia de almas que se congrega, cm dezenas de paises, em torno dos ideais ginar um crescimento enorme da santida Contra-Revolução. Convida o homem contcmporlneo a rejeitar todos os upecdadc numa era histórica cm que a atuatos da· revolução laidsta e igualitiria e a restaurar em su.u bases, ao mesmo temção dc Nossa Scnhora aumente também po perenes e atualizadas, a ordem espiritual e a ordtm 1emporal cristls. No mo-prodigiosamente. Podemos, pois, dizer mtnto cm que a Rc~olução FranttSa, embora velha de 200 anos, salta para a caque São Luís Maria Grignion de Montpa de revistas internacionais, o livro de Plínio Corrla de OliVflra, por causa da 1 0 1 1 ;,eac~;éid'::,c-','c;;;~éc.,;c'c~~coº;,-;,d;;;;,cé:i,,~;:,::':,,r-~,ér.u',;:--c;:':;;,:,--'H-~;~"'!sitm,.,id~"'~csc""''"inhd'c.'~:"s~º";"":~=C:s':i1~~1:~ ~~eªac:a~n~%'::t!~e:~ d~~~-=c:~:~~<1r:n~ to canonizado pela Igreja, dá peso, ausadiamente atualizados. toridade, consistência, às esperanças
Atualidade perene de "Revolução e Contra-Revolução"
--,,!~"',;°' 8 -
CATOLIC ISMO - AGOSTO 1989
Discernindo, distinguindo, classificando ...
OTELEFONE EOPÊNDULO
visitarafeiradeexposi-
çOOiem Filadélfia. Afebredeinvençõcsestavaentãoemscuauge. An tesedcpoisdessadata,omun-
doscembriagavaromassuccssivasdcscobertaseinvenções-cle, tricidade, lâmpada incandesceme,
rádio,pára-raio,fonógrafo,aviãoetc. , sem falar do campo da medicina que haviam se sucedido ao aerostato, à màquina a vapor e outros. A tknica prometia - e todos, salvo honrosas exceçõcs, ingcnuame111c acreditavam - o paraíso nesta terra, feito de comodidades e facilidades sem fim.
deeedordosmoiores, o pavor dos armamentossofisticados,aagitação eos1,essdascidades industrializadas,tudoistocriou um novo esiado deespirito,preocupado e desconfiado cm relação à técnica. Oparalsocicntifico revelou-se mais bem um purgatório, quiçà a caminho de um inferno. E o pêndulo oscilante das preferênciaspúb!icasjàsedcsloca rapidamente cm direção ao ponto oposrn do quadrante. Estado de espírito propicio à atuaçãodosnovosutopii;tas,pregadores de ccologismos, tribalismos e nalllrismos de toda csj)CCie. Muitos deles, sob pretexto de libcnar a humanidade dos pcmiciososefci10sdatécnica,écontra aprópriaciviliz.açãoqueinvestem.
Foi em meio a essa euforia generalizada, que o nosso saudoso imperador chcgouàítiradeFiladtlfiaeláseaproximoudopavilhãoondeumantigopro-
fcssordesurdos-mudosexibiaumaparelhosingular. Tomandonasmãosoobjeto que lhe era mostrado, e aproximando-o do ouvido, O. Pedro li teve a conh«ida exclamação: "Isso fala!". O professorcraGraham Bellcoaparclho, umprimciromodclodetclcfonc. De então a nossos dias, o telefone fczseucaminho(como,alüls,asdemais invenções),passandoporaJ)(rfciçoamcntos sucessivos. Chegamos assim a este finaldoséculoXXnumaugedeprogresso científico cm que, contra toda a expectativa de nossos ancestrais, a euforia da técnica mudou-se cm fobia. A poluiçãodosarcsedaságuas,o ruídoensur-
Oqucfaltouàciênciaparadesenvolver-sc de modo harmônico e católico, evitando assim a reversão do péndulo da História para o tribalismo? AJ)(rguntatah·ezcxigisseumaenciclopédiaparaseradcquadamenterespondida. Permita-se-nos aludir de passagem a um dos elementos apenas dessa complexa resposta. A ciência foi conduzida sob o signo do funcional. A dcspreocupaçãoemesmoahos1ilidadeemrelação ao adorno e ao embelezamento foram monumentais. O telefone, por exemplo, deveria ser prático. atendendo às necessidades (oucaprichos)dacomunicação. Telcfonesbclos,artisticos,ornam<.'"ntais,
para quê? No fundo, era a concepção matcrialistaquesetsgueirava.Tudopara um funcionamento material pcrfei10, nadaparaprecnchcranccessidadede beleza que tem a alma humana. Ornamento foi considcrado sinõnimode supéríluo. Assimchegamosaoshorriveis"orelhõcs" queenfeiama paisagern urbana de todo o Brasil. Altamente funcionais, slloentretamoabjetosquantoasuaaparência. Se um bicho fa lasseaofekfonc, sentir-sc-ia,quiçá,J)(rfei1amentcávon1ade num "orelhão". Mas o caminho paraovulgarnãoparouai. Em março deste ano reatirou-se cm Hano\·er(Al<.'"rnanha)uma"feiradatclecomunicação", onde foi apresentado o Uhimo"grito"damodcrnidade:otclefoncemformadctênisquev<.'"rnosnafo10. Levar um sapato ao rosto é repugnante. Ademais, cm meio às formas de calçadohojehabituais,otênissobressaise por sua especial vulgaridade: até há pouco só era admitido para a prática d<.'" esportes. No tênis, como aliás em qualquercalçado,nadamaisvildoque a sola, pelo seu con1ato direto com o chão, com os vermes, com a imundicic. Pois bem, é a sola de um tênis que a pessoa teráa impressão de estar esfregando no próprio rosto,eem especial em sua bocaeouvido,quandousaressc tipo de telefone. I':: possível que ele scjamuitopràtico.MaséeJ1travagantc, grotesco,vil,eoClipiritohumanoscntese 111al1ratadoao1erdcutilizar tal meio de comunicação. Por que não alidar o funcional ao belo? l'::maisumaquedarumoàtota!ausincia do que é ordenado, proporcionado, da bclc-za enfim. Ausência que teva ohomcmmoclcrnoasemir-seexpatriadoem meio ao "paraiso" técnico. E essa sensação de exilioparece es1arsendo orientada rumo à constiluição de uma sociedade ecológico-tribal. O tênis-telefone é ao mClimo tempo uma perfeição tknica e um passo que dcgradao<'"spíritohumano, apro.~imando-odaanti-culturacdaanti-civilização. C. A.
CAT OLICISMO - AGOSTO 1989 - 9
A ESCALADA A DA CRIMINALIDADE SITUAÇÃO de instabilidade, na qual nos-
so pais vai entrando
- há quem pretenda dizer afundando - ap resenta múltiplas facetas; polltica, econõmica, institucional, ideológi-
ca, moral etc. Tão ampla de aspectos ela se apresenta, que se é tendente a falar de uma instabilidade sistemática. Não há quadrante do panorama nacio nal em que não
se veja a confusão, de si altamente propicia à desestab ilização geral.
"Catolicismo" tem se ocupado, quando se apresenta a ocasião, ora de um, ora de outro ponto dessa crise, com atenção posta na sua
natural escala de valores, ou seja, salientando os aspectos de natureza ideológica e moral mais im portantes, e porisso, mais densos de co n· seqüências práticas.
A criminalidade allmenta-se dos defeitos morais Nesse sentido, cabe- nos hojeumapalavrasobreo teTornou-se lugar com um reíerir-se ao crescimento da criminalidade nos gra nd es centros urban os do Pais. A esse assunto os órgãos da m/dia não poupam espaço nem recursos técn icos. Obrasileiro vai assim sendo habi1uado a conviver com o espeetrodosassal!os, as!>aSSinatos, agressões contra a honra e violências do.: toda natureza. A imprensa diária vai aprcsentandoindicescrescentcs de delinqüEncia não só no Rio e em Slio Paulo, mas emouirascapitais,verdadeiramcntcalarmantes, aco mpanhados de pormenorizadas descrições de a lguns desses cn mes, nos qua1s se constatam ext remos de perversidade. 10 -
CATO l.l CISMO -
Estamos pois, sem dúvida, em presença de um dos aspectos mais c hocantes da crise moral e institucional em q ue vivemos. E nlio poucas vozes se levantam pa ra diagnosticar pretensas ca usas desse mal, não no campo moral, mas social. A fome, o desemprego, a pobreza e os desníveis sociais seri am os responsáveis pelo aumento assustador da criminalidade. Dentre tais vozes sobressaem , pelo radi calismo de suas conclusões e pela publicidade de que são objeto, as provenientes da esque rda "católica" e dos seto res dit os progressistas em geral. (Ali ás, registrese de passage m , quão raras sãoasdenúnciasáimoralidade desbragada dos costu mes como ca usa da crimina lidade, po r parte desses "zelosos" guardi ães do Evangelho). Ora, todo mundo sabe que os defeitos morais se alimentam uns dos out ros, e qu e os grandes crimes provêm, via de regra, de delitos menores, e estes de pequenas infrações e deslizes morais. As quedas espetaculares e repenti nas são raras, e mesmo essas seguem um processo semelha nte, a penas mais interno e sut il. A doutrina católica sempre ensinou tal verdade, aliás de fácil comprovação pela observaç:'lo comum d a vida, e ao alca nce de qualqu er 'pessoa. Entretanto, a instabilida. de sistemát ica de que se falava, e o caos geral do qual es ta se nutre, parecem ter o condão de desfigurar ou emaçar a asrea@a esmais evidentes, no espíri to de muitos de nossos contempo-
AGOSTO 1989
NO BRASIL Qual sua verdadeira causa? rftneos. De onde a possibilidade de se atribuir a angustiante criminalidade at ual âs causassociais acima referidas.
Fotos e estatísticos Impugnam teorias Quando num clima de confusa o dos espíritos o bom senso vacila, saúdam-se com alegria e alívio as info rmaçõescientifieas, a linguagem dos fatos e das estatísticas, que reavivam certas verda· des e desmontam art iculações mais ou menos demagógicas. Ê este entre ou1ros o mérito do trabalho do professo r Ed mundo Campos Coelho, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IPURJ), em meticuloso estudo sobre as cau-
sas da criminalidade, noticiado amp lamente pelo "Jornal do Brasil" no fim do ano passado. As pesquisas do sociólogo carioca, formado pela Unívcrsidade da Califórnia, cond uzem a eonclusões que desmascaram as teses comuno-progressistas de que o crime é conseqüência da desigua l distribui ção da renda, e portanto, da sociedade capitalista. Constata ele que há, isto sim, uma re lação direta cntreocrescimentodadclinqüê ncia e a impunidade ao crime. E que o periodo em que se registro u um grande aumento da criminalidade no Rio de Janeiro e São Paulo, coincid iu com a diminuição de detenções nesrn área. Quando o índice de criminalidade total no Rio subiu SOV/t
llo,11icldiunammln,gmfo. Obrasil,iroooi,r,.dohabituadoa«mvi,,.., rum u esputro do, ,usalto.i, auaui,,,,101 , violfocias d11 to,/a rspéri,. (>'!JJ'O.}O!<i.MO!/TI.'1110~'>,"Jü - AG>'ül. Hd.J)
em dez anos, o índice de detenções (presos em cada 100 mil habitantes ) diminuiu 27,4%. Em São Paulo a ta· xa de prisões efetuadas decresce u 9,2¾. O sociólogo pesquisou ainda a eventual relação entre o aum en1oda delinqüência e fatores sociais (pobreza, dese mprego etc.), tendo concluído que os dados disponíveis não permitem afir mar que es tas seJam as causas principais do au mento da criminalidade ("Jornal do Brasil", 22-1 1· 88). Uma pesquisa efetuada nas prisões de São Paulo levo u a resultados escla recedores: 54,9% dos condenados tinham c ur sado até a 4 •série ,c36'.'t atéa8 •scrie do primeiro grau. Só 3% dos detentos eram analfabetos. Constatou-se que o nível de instrução estava acima da mêdia da população do País e, em alguns casos, acima da do próprio Es1ado. "Até que surjam confirmações empíricas em cont râ· rio - afirma o sociólogo - se ria oportuno arquivar
as teorias segundo as quais a pobreza, o ana lfabctismó, desemprego e desniveis de renda ou as crises econômicas co nstituem fatores causais oudeterminantes dacri· minalidade" ("Jornal do Brasil", 22- 11 -88). Se a crise econômica, desemprego e pobreza são os principais fatores que leva m ao deli!O, como explicar que num periodo de acentuada recessão, en tre 1980 e 1983, a criminalidade violenta tenha diminuído no Rio? Ê o que pergun1a Edmundo Campos Coelho. Para ele não existe nenhuma comprovação consistente desse determinismo e, por conseguinte, ninguém enco ntra base para afirmar que políticas sociais, por si só, podem modificar o quadro ("Jornal do Brasil" , 15- ll -88). É assim mais um mito caro a todas as esquerdas, especialmente a "católica", queseevanescepela voz dos fatos. Preg uem os Manda· men!Os da Lei de Deus e a criminalidade entrará em recesso.
Na legislaçõo espanhola: aberrações genéticas O Parlamento espanhol, de maioria socialista, aprovou. e o Governo promulgou em nomnbro 61timo, a "Lei IObrc Tk· nicasdcRcproduçãoAHistida"queautorizaainseminaçloartificialda mulhersoltciraeinclusivclésbica,oquecontrtria fronlalmenteamotalcatólica. Piorainda,autorizaelpC'li&lciudeinscminlçlodeanimail com material hu mano e vice-vena. O Dr. MartiDU-Fornés. acad!mico dti Reais Academias de Medicina, de Zarqoça, comentou: "(A lei) Pombilitari que wn biólogo em aeu laboratório 1)()$51 fecundar uma chimpanú-Rmea com cspa:mas bummos. E seria tamban (pela lei) poatvcl a hipólese contriria: f«un· dar uma mulllcr com esperma de chimpanú". O fato t extrcmamcnle ,..ave. Ê a primeira vez, que Wbamos, que um Oom-no - e los<> da catól.ica Etpanha! - au10riza experimciu que conduz.em• rormaçao de 111111 ap6cie lllbhumana, intermcdiuia entre o homem e o animal. E que, C'Vfll• tualmente, se constituiria num alç.aplo, a maneia de um ralo de esgoto, por onde IC poderia prec:ipiw a natural bwnan1, com vistas a seu 10W desvinuunano e quiçi atinçlo. Não sabemos ltt que ponto a cifncil teri meios pan. cal• nhar rumo a ena abominaçlo. O q\lf lim sabemos 4 coMtituir vczo corrente do euruturalismo - trlÇOI do qual se observam em outras correntes de pensamento modernas - prcpr o deuparecimen10 do homem da facc da Terr1, por meio de sua imer• çào no reino merameote animal, e depois no reino miDCTal. Em matéria reli&iosa, por sua vez, al1umas aludo prosressiuno dito católico ji se encaminham IICS5a direçlo, ao propo, rem como ideal próximo para o homem a rida indl,rna na selva. E é para 16 que acenam também as facções mais ex1mnadas do ecologismo.
HENRIQUE GUIMARÃES
O EXEMPLO DA PÁT RIA-MÃE PORTUGAL íe7 hã pouco uma am pla reforma da constituição, da qual varreu a carga ideol611ica socialista que a impregnava, desde a ma lfadada " Revoluçllo dos Cravos", em 197S. "Portugal já nbo caminho (}'1ro o 'socíedode sem dosses', nem vive o 'transiç4o para o socioltsmo'. Agora é o país da 'soâedade livre, jussta e solidária' e da 'reali:aç4o da democracia eco116mica '. Nada de Reforma Agrário, chegudeestalllis"("O Estado deS. Paulo", 3-6-89). Quão diíerente é estt' som do emitido pela nova constituição brasileira, que representou um avanço terrivel cm direção à socialização do País. E é muito de se recear que ainda mais se poderá dizer ncsse sentido, quando forem votados os quase trezentos temas que devem constituir a legislaçllo ordinária. Q uando atê Gorbachcv se sente bem no palco das liberalizações - , se bem que até o momento nada de muito concreto se tenha operado na Rússia - por que a esquerda nos quer meter ncs1e atoleiro da misfria em que caíram todos os países que hoje gemem sob o peso dos regimes socialista e comunista? O exemplo de Portugal, nossa pát ria-mãe, não nos iz nada?
CATOLIC ISMO -
AGOSTO 1989 -
11
-
do eu era menina, lá na Paraíba era tão bonito! A igreja seenchiadegente para rezar, e quando chegava o mês de Maria, as irmandades todas se reuniam para recitar o terço e adoraroSantissimoSacramcnto. O padre falava de Nossa Senhora, depois saiam todos cm procissão louvando à Virgem Maria.A cidade inteira participava. SÁBADO à noite, está reunida A senhora precisaa Comunidade de Base da Vila Jericó ... vavercornoerabonico! A "gente" fi ... Irmã Gertrudes - uma agente pasto- cava tão alegre ... Hoje não há mais ral, ágil e gorducha- fala animada- nada disso: a "gente" fica com uma mente para uma roda de oito a dez pes- saudadedessasbelezas ... ccomumpesoas, que regularmente ali se reúnem, so no coração por não poder manifespois o padre Tenório diz que é peca- tar nossa devoção. Irmã, isso não seria do não panicipar. também uma opressão? ''As reuniões são sempre iguais, semA religiosa não consegue ocultar lipre a mesma conversa", desabafa um geiroembaraço, c um instantedesilênou outro quando longe dos ouvidos cio e expectativa é rompido pela voz do padre Tenório ou da irmã Gertru- nervosa e irrequieta da catequista: des. Esta última, entretanto, pareccndoalhciaaodesinteresse ge ral, estimula seus sonolentos ouvintes a darem ''tcstcmunhos"dc"injustiçassociais". - Américo, lembra-se da reílexão do 4° dia da novena do Natal? Quem são os oprimidos de nossa sociedade? (1) O interpelado titubeia. - Bem ... , o livrinho diz que ... que Jesus é o libertador dos oprimtdos ... (2) Gcraldina, uma jovem catequista, atalha: - Américo, diga que os oprimidos somos nós, os pobres, os marginalizados, os injustiçados, os ... - Eu também queria dar um testemunho - interrompe dona Maria das Neves, uma nordestina afável, operosa... mãe de nove filhos e que se orgulh1t·de-tê---lO!"ffiuettdo-bem-a-todos-ape sar de sua pobreza-; na verdade o que queria fazer é uma pergunta: quan-
É
1:2 -
CA l"Ol,IC:ISMO- ACOSTO 1989
- Maria das Neves, você é uma retrógrada; a Igreja avançou e essas velharias todas acabaram. Veja esse livrinho das Paulinas (2); diz que essas coisas eram um mecanismo com que as classes dominantes controlavam o povo oprimido. Pensar como você pensa é um retrocesso; você tem de ser moderna, avançada ... Dona Maria das Neves calou-se. Não entendera muito daquele "charabcá", mas pensou com seus botões: "Por que tenho eu que ser como eles dizem, e não como cu sou? Sinto-me oprimida com isso, mas não adianta falar. .. " A religiosa, visivelmente contrafeita com o rumo que tomava a reunião, cm vão procura serenar os ânimos: - Esta história de discussões, polêmicas, são coisas ultrapassadas. Ademais estamos no período do Natal que é a "festa da fraternidade entre os povos" (3). - De fato - interrompe Rafael, um advogado inteligente e ainda jovem - as coisas parecem ter mudado mesmo. Antigamente, o Natal era a festa do nascimento do Menino-Deus, que veio ao mundo para salvar. Era antes de tudo, ocasião para se dar glória a Deus no mais alto dos Céus, pois Ele vinha trat.er ao mundo a paz aos homens de boa vontade ... A essa altura a catequista não mais se contém e põe-se afalardcmodotorrcncial e agressivo: - Vocês estão vendo? Rafael tem o tipo de religião que este livrinho da coleção "Cadernos de Base" qualifica de mecanismo dcoprcssão(4). Você está "bitolado", Rafael;-esthneste=-----siado para as realidades sociais.
- Chii, já vem você com essas palavras dificcis, protestou a nordestina. - Uma vez que comecei a falar, não vou parar, retomou Rafael. Vou dizer tudo o que há muito tenho gua rdado sem poder externar. Irmã Gertrudes parecia paralizada, como que atingida por um raio. Nunca imaginou que uma reunião da comunidade resultassc cm tal cnercnca. Rafael conti nua: - Agora, cu gostaria de saber o que são esses avanços sociais de que vocês tanto falam! Tais avanços levam para onde? Caminham em direção a quê? - Ora Rafael, você é um "quadrado", "bitolado", quer explicação para tudo. Você nao tem caridade fraterna; tem o espírito do Concílio de Trcnto, coisa ultrapassada. Agora estamos
de Gera!dina. São unsradicais,faná1icos,intransigentcs ... São uns ... - Um momcnto Geraldina - intcrveio Rafael com cabeça que nte não se chega a nada. Realmente, eu rcccbiavisirn<lerapazes da TFP. Forammuitocorteses, serenos, e discutimos idéias durante várias horas. Eles me apresentaram uma impressionante docume ntação, explicaram tudo com muita clareza,
no ~mr:,r:i~o:~~~rV:t~~i'ma Geraldina - acode a religiosa - , avançamos para um mundo mais 'fraterno... onde haja mais igualdade, está compreendendo ... ? - Ê isso mesmo - completa a catequista - onde não haja mais ricos nem pobres. Onde não haja patrões, e que todos lenham tudo cm comum, está entendendo? Onde ninguém possa dizer ''isso é meu'' ''aquilo é teu'', mas tudo seja partilhado entre todos. Ouvi dizer que isso se chama socialismo. Ê lá que queremos chegar. - Era bem o que eu queria ouvir - retoma Rafael com ar triunfante - isso é o comunismo disfarçado com o nome menos ant ipá1ico de socialismo. lrma Gertrudes se remexia na cadeira e mordia os lábios de raiva. Rafael completa: - Entao digam de uma vez: vocls acham bom tudo aquilo que nos aproxima do comunismo e julgam mal tudo o que nos disiacia dele. É muito estranho irmã, pois esse pessoal que pensa assim, vive a dizer que defende os pobrcs, os oprimidos, mas querem para o Brasil, justamente, aquele regime que, onde se implantou, não !em pro<luzido senão miséria e opressão. Esse regime é tal que o Card. Joseph Ratzinger, prefei10 da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé o qualifica de
~ii:;d~~~ª~t:,dbje~ tar, exatamente o que não encontro aqui. Mostraramme também o vo[ume enorme de li"I'ambém ela tinha sido txcluída .. vros, revistas e demais publicações da TFP. Ê impressionante! E tudo per- guinte. Rafael, após um rápido jantar, feitamente documentado. Dr. Plinio sai apressado para não chegar atrasacom mais dois colaboradores chegaram do à reunião, mas uma expectativa esaté a publicar um li vro sobre as Comu- tranha se apodera de seu espirito. Chenidades de Base, no qual fazem a estas, gando ao local de costume encontrou-o gravíssimas acusações. Mas provam tu - deserto. "lerão todos se atrasado"?, do o que dizem! O livro mostra que pensou. Não foi necessário muito temmuitas CEBs se apoiam cm doutrinas po para que se desse conta de que o lude fundo marxista e favorecem aber1a- gar de reunião tinha sido mudado e ele mente o com unismo. Confesso que fi - não fora avisado. J ásedispunhaavoltar para casa quando lhe vem ao enconquei muito impressionado. - Isso é mentira! Os bispos certa- tro dona Maria das Neves, saltitando mente já responderam, mostrando que agilmen1e - apesar de seus setenta todas essas provas são falsas. Irmã!, anos - para evitar as poças d'agua mostra ao Rafael a resposta de nossos pelo caminho. Também ela tinha sido bispos ... excluída. Rafael então compreendeu tudo: A religiosa entretanto guardava dcsco ncertado silêncio. Rafael completa: ele e dona Maria tinham cometido - Pois exatamente o mais inexpli- um "crime", para o qual não há percável é que eles dizem que o livro foi dão nem caridade fraterna: Tinham difundido por todo o Brasil e ninguém ousado discordar! .A.RNÔB\0 GUW.A.M respondeu. - Já é muito tarde - intervém irma Gertrudes consultando o relógio. Acho melhor irmos embora, e espero Notas quenapróKimareuniãohajamaiscari- (l)''Na1al,festadafra1crnidadce11trcospovos"
COM UNIDADE CH: \/'l i.A JE
~r:];;i:!~i;:;ti?~i{·:.c1~:~;.~:
"a ~rionndhea v~ên~s~~s~~n~o;~t~/rom- da<l~ r::i::~~:a e;:rr:t~~;·apressadamenpc irmã Gertrudes com os olhinhos pe- te; o grupo se dispersa. e cada qual to· (JJ "Na1aJ fes1ada rrarcrnidadccn1«'ospovos··. quenosevivosalhesaltaremdasórbitas. ma seu caminho, pensativo. e". - Onde li? Bem ... Foi no ··catoli(4) "Como fuocionaasoclcdadc", p.lJ. 5 cismol..!.,-a-revis111-da-T-F-P~. - - -r-- - - - - - - - --h,< ~ ; ~ ~ ~ : ~1 =-~~~ia 0 - Eu bem que desconfiava de que Uma chuvinha miúda e persistente memos f'onlifkios, Vou:i. Pe1rópolis, 1984. 2' voei está metido com essa gente, expio- caiu durante todo o dia, no sábado se- cd .• ~01. 20J, p.39.
j.[=~~
CATOLIC ISMO - ACOSTO 1989 -
l.'J
-
·Hi&n0§nl·tii·H·tâlrlêttêíl'i3·1·1di-lHi¾i·
[=:l supera a legenda l
O ma rtírio das dezesseis carme litas
~
~~
de Compiêgne
~ ~
Caio Xavier Ja Silveira
~
..,º"._co·m~~
C oRREU O MUNDO, décadas atrás, com enorme sucesso, a peça teatral de George Bernanos, "O Diálogo das Carmelitas", depois levada ao cinema e mais recentemente à televisão. Bernanos baseia-se no romance de uma convertida alemã, Gertrud von Le Fort, "A última no cadafâlso", que narra, romanceando, o martírio de dezesseis religiosas carmelitas durante a Revolução Francesa. Neste ano em que se comemora o bicentenário da Revolução Francesa, a presente edição de "Catolicismo" oferece aos leitores um sucinto histórico da epopéia religiosa dessas cnnnelitns wio ávice o glorioso martírio ocorreu em 17 de iulbo de 1794 Qual é a verdadeira histÓria desse holocausto, que não só se mostrou fecund~ para o campo da arte mas levou São Pio X a beatificar, a 27 de maio de 1906, essas Carmelitas?· (*) 14 -
CATO LI C ISMO -
AGOST O 1989
Um ca rmelo amado p e los reis
indeícsas,entrcasquaisvãrios bi5pose muitos sacerdoles, perecem nesses sinisu os "massacres desetcmbro",queduramtrfsdias. PAR IS - NO ANO de 1640, as carmelitas da cidade Porumdecretodeagostodesfrancesa dc Amicns, para atenseano,os reli giososvêtm-seconsder ao desejo de uma nobre e trangidos a evacuar se us convensanta viúva, Mme. de Louvantos, que ficam à disposição do court, de fundar um novo mosPoder Público. Em CompiCgne, teiro, tiraram a sorte entre váascarmelitasrecebem,a l4deserias cidades selecionadas para tcmbro,festadaexal1açaodaSanversobrcqualrecairiaa escolha ta Cruz, a ordem de abandonar divina.CompiCgnefoia escolhio edificio. Procuram então abrid,. go, em grupos de quatro ou cinO novo Carmelo, como cm co, em casas de pessoas amigas. Trfs diasmaistarde,sãoconvidageral são as obras de Deus, teve um inicio humilde, experimendasaprestarojuramento"Libertando muitas dificuldades, até dade-lgualdade". Como vários bisposeopróprio superiordocarobter, oito anos depois, uma casa definitiva. E isso apesar da melo nãovêem inconvcniente ncsproteção da familia real, cm sejuramento,claso pronunciam. suasestadiasperiódicasnocasteNem o superior nem elas conhelo da Coroa, em CompiCgne. ciam os textos de dois breves de Narram as Crônicas da CoPio VI, um dos quais dizia: "Vêmunidadcquc,certodia, assislinse manifes1amente que a tiberdadecaigualdadcproclamadaspedo ao Oíício Divino no convento, a rainha Ana d' Áustria, enla Assembléia têm por objetivo, tão Regente de França, notou a como Nós já o provamos (Breve del0demarçodel791),derrubar pobreza do cálice utilizado para o Santo Sacrificio, e a falta a religião católica, à qual, com de um ostensó rio para a exposiesse intuito, eles negam o thulo ção solene do Santissimo Sacra- Lui, XII' com o mo1tlo real, ao, dezª"º' ,I~ ;,100,. Ci1tco ª"°' de religião dominante no reino"(Brevc de 15 de Abril de 1791). Tui intuito ficarã mais patão com ci nco anos, que trazia religio,a um cálic~ • um ,olHrbo o,/.n,ório. tentequando,emoutu brodcl792, numa das mãos um cálice e na a Convenção começar a discutir outra soberbo ostensório. "Veum novo Calendãrio para substide, minhas madrcs-dissearainhaàs cialmentcpelosenciclopedistas,osaconteci- tuir o Gregoriano. Naquele, o mês é dividireligiosas - o presen1e que o rei vos mentos anti-religiosos começam a precipi- do cm três décadas, sendo o IOº, o 20° e faz". Uma humilde irmã leiga, animada tar-se naquela naçao íilha primogCnita da oJOºdiasoonsideradosdedcscanso. "' Papela bondade da soberana, disse- lhe com Igreja. A 2 de novembro de 1789, os bens raqueserveovossoCalendãrio?',perguntoda simplicidade: " Ah Madame, como edcsiâsticossãocornpu[soriamentccoloca- tarã alguém ao relator Romme. 'Para sueu gostaria de ver esse bom rei com o dos à disposição do Poder Público. No ano primir o domingo', responde este". E o seu pequeno manto real!" Anad'Áustria, seguinte,épromulgadaacismãticaConsti- historiador PierreGaxotte, que narra o faencantada com a ingenuidade e o bom tuição Civil do Clero, à qual todos os sa- to, conclui: "Suprimirodomingo,ossanespírito da religiosa, mandou buscar o cerdotes 1êm dejurar fidclidade, sob pena tos,asigrejas,ocleroeDcus,eisoobjctimanto e o colocou nos ombros do peque- de serem considerados "fora da lei''. Os vo ... '' nino rei. novos votos religiosos serão também proiMais tarde, as carmelitas nobremente Muitos anos depois, o Rei Sol não bidos, e osjã pronunciados não terão ga- se ret ratarão desse juramento, feito sem dcixarà de favorecer e visitar nova men- rantias do Governo. pleno conhecimento de causa. le o Carmelo, no que serã imi1ado pos1etassim que, a4de agosto de 1790, as riormente pela ra inha Maria Leczinska, carmelilas recebem, em Compitgne, "coDe há muito esco lhida s esposa de Luls XV, e por sua filha Mada- missãrios do povo", para fazer o inventâme Luisa de França, mais tarde também rio de seus bens. Voltam no dia seguinte, Narra a Irmã Maria da Encarnação carmelita. paraoonvidar, rcligiosapor religiosa,a "a- umadastrêsímicassobreviventcs- quc proveitarem" o privilégio conçedido pela durante as festividades da Pâscoade 1792, Sob a torm e nta lei, vol1andoparacasa. rcmemorava-senorecreioosonhodeantir evo lu cionária EmParis,entrctanto, ascoisassepreci- ga Irmã desse convento, de há maisdc70 pitom. A I0deagostode 1792,édcrruba- anos atrás. Vira ela toda a Comunidade, Essas pacíficas religiosas contemplati- daa monarquiaeoreiéfeitoprisionciro. çomexceçãodeduas ou trêsreligiosas,elcvas,ocupadasemlouvaraDcus,comoinís- No inicio de setembro, um populacho pre- var-seaoCéu,emmeioagrandeesplcndor, meras outras na França, em rcve evem v1amcn e organizado, e com éspãntOSã 1rn:crJfflp"lmtlanr-eordeiro~rivitégi experimentar um verdadeirocalvãrio. Sob berdadcdeação, procedcauma selvagem das almas virgens. Comentando 1al sonho, o impulso das idéias novas, scmeadas espe- carnificina nas prisões. Mil e cem vitimas a Superiora, Madre Teresa de Santo Agosti-
:::~~~hUa~! ~t~~\:i~ttv ,V:~~ ;,:e~ ~·;:;:-·1~:,;::"~~1;::a:,. c:,,::1:::::~:l~C:•;~::!::z,7.
CATOLI CISMO -
AGOSTO 198<) -
li
-~HH#efl:IH·iii·H·Glit=Wl'i3·1·8di·ld3¾i· nho, ndama: "Reservar-nos-ia o Céu essa glória do martírio? Todas num só dia, que alegria!" Algum tempo depois da Páscoa, esteve em \'isita ao Carmelo o bispo de Saint-Papou!, Mgr. de Maillé-la-To ur-Landry. Conta ele qu e, ao administrar os últim os sacramen!osa umajovcmde 15a 16anos, "virtuosacomoum anjo'' ,cstacntrou cm êxtase \"Cndo um grande oilmcro de religiosas, especialmentcuma co munidadeinteira,subir ao Céu com palmas nas mllos. Madre Teresa, co movida, dirige-se às suas filhas: " Poderíamos esperar que fosse à nossa comunidade que o Céu predestinasse um tão grande favor?!" Apar1irdccntão,àrncdidaqueaumcnta a tormenta revolucionária, mais toma vulto no cspl rito de Madre Teresa a idéia do m:mirio. Assim, cm determinado dia, a Superiora comunica ás suas religiosas que, "tendo feito sua meditação sobre essa matéria [domartlrioJ,veio-lheaopensamento fazer um ato de consagração pelo qual a Comunidade se ofereceria cm holocausto para aplacar a cólera de Deus, para que a divina paz que Seu Filho 1·eiotrazer ao mundo fosse co ncedida à Igreja e aoEstado".Aidéiafoiunanimcmentecomparti!hada, caSuperioradeuentão leitura ao ato de co nsagração, ao qual iodas as religiosas se uniram. AssimoCéupreparava,comantecedên cia, essasalmas parao martírio, aceito de antemão, e quando as circu nstâncias não permitiam ai nda supor que ele se daria em tempo tão breve.
nar Luís XV I. "I:. possível não lamentar tl!o bom rei, que não teve jamais em vista senão a felicidade de seu povo?" -escreveMadreTeresadcSanto Agostinhoapcssoa amiga. "Ele nunca se mostrou mais dignodegovernardoquequandoquiseram perdê-lo''. Estacarta serádepoisaprescntada como urna das provas dc seu "fanatismo"! Quandoarcligiãocatólicaéoficialmente supressa como "obscuramismo e superstição", e se proclama o culto da "Razão", em CompiCgne a igreja de São Tiago se traosforma no templo da nova "deusa", enquan to o prefeito an1111cia que, dai para a freme, o "Catecismo" dos franceses será a "Declaração dos Direitos do Homem'', e seu "evangelho", a Constituição ... Em março de 1794, duas religiosas viajam a outra cidade, paraassistiremaoirmnodeumadelas,queficaraviúvoe Irmã Maria da Encarnação vai a Paris tratar de assuntos familiares. PordcsigniossecretosdaProvidência,essastrêsreligiosasficar!loprivadasdagraçodomartírio. Madre Teresa de Santo Agostinho corre o mesmo risco, pois seus superiores a mandam à Capital para atender à mãe, idosaereccntementeviúva,quevaimudar-separaointeriordopaís. Mas,alertadaporumpressentimento sobrenatural, abrevia sua estadia cm Paris, para chegar a Compiegne no mesmodiaemqueascasasdasrcligiosas s!lo vasculhadas por membros do Comitê de Vigililnciadacidadc. A indesejável visi-
Fid e lid ade na prova Mas voltemos à dispersão imposta às carmelitas. A proximidade das casas nas quaisestãodistribuidas,permite-l hes,cr uzandoalgunsjardinsequint ais depessoasamigas, reunirem -se para alguns atos em comum, sem chamar muito a atenção. Desse modo, podem levar uma vida religiosa de certa intensidade, "conserva ndoa unidade deobediência a nossa Santa Regra e á Reveren da Madre Priora, mantendo-nos todas, pela graça de Deus, numa perfeita hannonia deprincipios,desen1imeotosedeconduta",rclata lrmãMariadaEncarnação.Assistcm ao Santo Sacriflcio celebrado por umpadrcrefratário-istoé,quenãoprestara o juramen10 cis mático à Constit uição Civil do Clero - na igreja de Sant o Antônio; não sl!o incomodadas por nin guém e admiradas em segredo por mu itos, dada a santavida ue levam. Nodia2 1 de janeiro e 1793, a onvenção, numelltremodeaudáciaeparatornar irreverslvel a Revolução, manda guilhoti-
16 -
CATOLI C ISMO -
AGOST O 1989
ta se repete nos dias segui ntes, tomando os "represcntames do povo" a liberdade dc sc apropriarematé dasrefeições dascarrnclitas,dcmaneiraqucclas têm,somados "aossofrimentosdoesplriw, os do corpo, pela privação dos alimentos", narra Irmã Maria da Encarnação. l:.occrcoque se fecha e elas já se preparam para o pior.
Os fato s se prec ipitam Após o exame das "provas" da "conspiração" encontradas, as religiosas são detidas a 22 de junho. O ''perigoso" material recolhido é enviado a Paris com os dizeres: " Já de há muito desconfü\vamos qucasex-religiosascarme!itasdestemunicipio,se bem que alojadas cm casas diferentes, viviam em comunidade, submissas ás regras de seu ex-convento. Nossasdesconfiançasnãoernmvãs. Após várias visitas feitas, encontramos correspondência criminosa; não somente paralizavam elas os progressos no espírito do povo, admitindopcssoas numaconfrariadi!adoescapulário,masfaziamtambém votos pela Contra-Revolução e destruição daRepllblica erestabelecimcnto da!irania". No momento mesmo cm que a Revolução prega, alto e bom som, a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade, considera-se grave crimt ter uma idéia diferente sobre formas de governo, bem como propaga r a devoção ao escapulário de Nossa Senhora do Carmo!. ..
Qµ,,n,/n a, ta rm,:l,1a1 ducU1m da, ta""f<U para """" leoodas a pruõn, ,mpac.enlnu st <> co.r«"'"', oqual emp,,..,..,ua.frr,ra ""'" i,fo.,. faun,lnata1rdebruços1t>b"<> calfam~nll> f enda t rom afaa ~,uang,unlml« aanciàaindaagrad-u.
A 12 de julho, enquanto almoçam na prisM,asreligiosasrccebcmordemdepartidaimediataparaParis. Jãasesperamforaalgumas viaturas cercadas por mulheres histéricas,boapartedasquaissãoex-beneficiadas pelas carmelitas, que as injuriam gritando: ''Faz-se muito bem em as destruir, porque não passam de bocas inúteis. Bravo! Bravo!"
O "consummatum est"
AochegaremàCapital,asdetidassllo levadasparaaConciergerie,palãciotransformadocmprisãocqucserviadeante-sala da guilhotina. Ao descer das carroças, elas o fazem com muita dificuldade por terem as mãos atadas. 0 carcereiro, impacicnte,cmpurraamaisidosa,quaseoctogenária e doente, fazendo-a cair de bruços sobre as pedras do calçamcnto. 0 povo presente não pode reter um protesto: "Ah miserável, V. a matou!" Ferida e com a face ensangiientada,aanciãaindaagradecea scualgozpornãoatermatado,porqueissoa privaria da graça do martírio. Na terrível noitcquepassamaguardandoojulgamento,ouve-se,naConciergerie,asreligiosascantarem oOfício Divino. Com mais uma quinzena de pessoas, namanhãseguinte,ascarmelitascomparecem ante o Tribunal Revolucionário. Não há testemunhas nem advogado de defesa para os réus. Estão julgados de antemão. AsfilhasespirituaisdeSantaleresasão assim condenadas à morte "por terem efernado reuniões e conciliábulos contra-revolucionários,entretidocorrespondênciafanática, conservado escritos liberticidas bem como s!mbolos de aglutinação dos rebeldes da Vandéia",ouseja,emblemasdoSagradoCoraçãodeJesus. Para poder-se avaliar a "objetividade" desse julgamento, convém dizer que um dos réus, Mulot dela Ménardiére, primo deumadasreligiosasequeforapresopor terem encontrado correspondência sua no Carmelo, é condenado à morte como "padre refratário ... chcfe de aglutinação contra-revolucionária de uma espécie de sede daVandéia(sic!)compostapelasex-religiosascarmelitaseoutros inimigosda Revoluçllo". Ora, quem preside o julgamemo é Toussaint-Gabriel Scellier, originário de Compiégne e que não pode deixar de conhecer Mulot,quelásemprevivera, tendo sidoatécandidatoaprefeitocrn 1791.MulotdelaMénardiCrcnuncafoipadre,écasado e agricultor, por demais conhecido na cidade. Enquanto aguardam os carrOÇõeS que -as-devenrconduziraoiocah::lo-suptíti , mo es1ão cm jejum, Madre Teresa de Santo Agostinho, temendo que alguma possí-
vcl fraqueza físíca possa ser tomada como temor da morte, vende a um circunsta111c um chale de uma das freiras e proporcionaacadareligiosaumaxícaradechocolate, que, segundo depoimentos, "todas to mam com a maior tranqüilidade". No longo percurso até a Praça do Trono"Derrubado'',localdacxecução,ascarmelitas cantam o Miserere, a Salve Regina e o 1c Deurn. Pela primeira vez, desde o inicio da Revolução, há um silêncio quase reverencial da multidão, não se ouvindo nem mesmo as "fúrias da guilhotina" megerasdebochadascsedentasdesanguc quchabitualmenteaoon1panhamasvítimas, insultando-as e saboreando sua angústia e
Era o dia 17dejulhode 1794. Aos pés da guilhotina,MadreTercsadcSantoAgostinho pede para sera última a morrer, a fim de poder encorajar suas filhas até o fi . nal. Segurando uma pequena imagem de Nossa Senhora nas mãos, ela entoa o Veni Creator Spiritus. Irmã Constância, a primciraaserchamadaparaosuplício,aproxima-sedela,osculaapequenaímagem,e pedeàSuperiorasuabênçãoelicençapara morrer. Sobe depois serenamente os degraus do cadafalso, indo colocar-se sob o cutelo para não permitir que os carrascos atoqucm.Asoutrasrcligiosasscguirão scu exemplo. Os carrascos,chciosdcrcspeito, não mostram pressa nem impaciência, permitindo que todas cumpram esse último rimal da Comunidade. As carmelitas portam, segundo testemuhar,crirábitcrn:ltgioso;-trrctusivc.nnanto branco de cerimônia. Haveriaalgumsaccrdote,disfarçado cntreamultidão, para
lhesdaraabsolviçãosuprema?Éprovávcl, poiscomprovadamente,durantetodooTcrror,semprchouvemaisdcumdcsse.>heróicosdefcns.orcsda fé quc,com risco para suasvidasterrenas,possibilitavamaou1ros alcançara eterna.
Mortas " in odium fidei" O historiador do Terror e do Tribunal Revolucionário, Henri Wa!lon, do lnslituto de França, senador, anti goministro, e "pai da Constituição de 1875", no ProcessodeBeatificaçãodasDezesseisCarmelitas, declarou sob juramento: " Na minha opinião, elas foram levadas á morte in odium /idti (por ódio à fc) ... Que a Religião se tenha tornado um 'crime de Estado' isso saltaeom umaevidênciaperfeitadetodos os atos do Tribunal Revolucionário, pelo qual, muitos, nãosóreligiososmaspadres e leigos, foramcondenadosàmorteunicamente por fatos religiosos" Osacrificiodcssasmártiresnãofoicm vão. Apenas dez dias após sua morte, alguns dos principais propulsores do lcrror revolucionário perecem, por sua vez, na guilhotina,evidentcmcntesemaresignação ncmaserenidadeeconvicçãodeinocência que as das carmelitas. Pelo contrário, a maioria morre, como Robespierre, desesperado, maldizendo-seasi própriocaosoutros ComamortcdcssecorifeurevolucionáriofindaoTcrror,Cpocaquc anovacorrentehistórica"consensual" - tãocelcbrada nos dias de hoje, cm que se comemora o bicentenáriodel789 - considcrauma"dcrrapagem"doprocesso.Naverdadc,acondenaçãoeae~ecuçãodasreligiosasdcCompiêgne - um dos crimes mais simbólicos dolerror - eomotodos os demaisdelitos e abominações praticados durante essa rase, revelam a realidade mais proíundada Revolução. Tais monstruosidades não constituem "desvios" de um processo histórico, como hoje se apregoa, mas integram seu próprio cerne. Estcéomomentooportunoparadenunciar a mais recente manobra visando despoluir a face sinistrada Revolução Francesa.
(') E<tcan igo M ~•·S< no crudi,o l;-,0••1..,,an1 du C arm<I - LI ,·éritablt pas,io n de, Sci,c C armtlitcs dc C .. 11pit111• "". Libr.iri< Plon. Pari,. l9S4. do R•• P.llru no d< J,M .• Carmclira D<sc•lço .dir<to, dos "' Ê,odcsCo rmé litoin,.·· < aooo, de • á ria< oolfa, obra, l'rata·« de om complo:lo dOC\l rnenlàrioçom mais de S60pl1Jinas. n«s quai,,.1101ran«:rito. <k><un1<en«,. pú blico>< prh·a<lo, r<1ativosà vida < mo,1e<lts;asca r• nieli1 as.Esreci>lmell <0:os u,a nu sorilos dc umada, 1rh wbr<>Í'<n«sdatra8éd ia . lr . Maria dal oco rnaçlo :to~-crimnte-n<rllrqttn'O" nal:cus Ptoc,:<>U1C1oôn óco,; • .,-Quidio..-nano (l l/%- l899) : ~ :"'~:~,~ :l:;:tl90l ) paro a bea1ifócaçilo da, ',\,nerà·
CATOLICI SMO - AGO STO !989 -
17
Escrevem os leitores TV Escrcvo-lhc,emprimeirolugar, a fim de cumprimcmá-lo pelo artigo oponuno e pioneiro, sobre a influência nefasta da TV, publicado em CA TO LI CJSMO, nº 452. Aproveito a oportunida!kparalhcinformar que, hoje cedo (23/4), a Rádio "Voi da Ambica" - serviço ca.~tclhano - emitiu uma reportagem de cerca de dez minutos
sobre o mesmo tema. Trata-se de uma entrevista com o Prof. Dr. Ccn!cr Wall (ou Hall), Professor na Universidade do EstadodeWashingtonD.C.Suaes-
pecialidadc~ a sociologia. Ooorre que o professor enumerou, aprincipio,umastricdefatores que -
no mundo contempo-
râneo - incitaria à violência. E atravk de amplas e Wias cstatlstícas, por um p r = de eliminação,acabourcstandocla
- a "bête noir" - como a rcs-
nal e muiios se1orcs da Igreja querem omnir e, até mesmo, dizerqueasituaçãofdiferente. A mesmu rcp<Jrtagcm mostra o facasso do regime comunista, bem como a miséria em que Cubasecncomradevidoàsreformasaliopcradas. É impressionamecornocm tãocurtopcrlodo de tempo Fidcl Castro conseguiu transformaraou1rora "Pérola das Amilhas" numailhamiseràvcl.Épcrplexitanteque,diamedeumquadroaterradorcomoeste,dcntrodaprópria Igreja Católica, Corpo Místico de Nosso Senhor Jcsus Cristo, haja quem elogie o regime de Cuba - carta do Cardeal Arcebispo de São Paulo. D. Paulo Evaristo Arns, ao ditador cubano Fidel Castro, chamando-o de "qucridlssimo Fidel" -c, mais ainda, dcscjco mesmo para o Ocidente e (por que não?) para todo o mundo (Zulcida Vasconctlos Alm eida Ca mpos, Kelo llorizonlc-MG).
ponstivd pelo incdvel e alannan-
te índice de homicidios nos EUA. As mais recen tes investigações comprovam o foto, não só cm relação aos EUA, mas tam~m em relação à África doSulcCanadã. Neste último pais, p<Jr exemplo, onde a TV foiimroduzidaaproximadamentc dez anos após o haver sido nos EUA, a constatação é flagrante. (Sfrglo LulzTyborC•· mugo ,Gua ruj,-SP).
MU RA L
Venho por meio desta en viarrneuscalorososcumprimentos à redação de CATO LI CISMO por suas reportagens tão atuais e completas. Gostaria de me rtferir, especificamente, à matéria sobre a Revolução cubana, salda cm CATO LI CISMO nº 4S7, de janeiro/ 89. Foi
Peço que remeta uns 15 exemplares do CATOLJC IS· MO de mar/ 89 e se já tiver o de abr/ 89, remeta tam~m uns IS. O jovem José Gomes da Silva, universitário, simpatizante da TFP, tem me comprado mimeros avulsos de CA TOLICISMO. Eu havia lhe dado hã mais ou menos uns 4 meses atràs um exemplar de CATOLJCISMO de dez/84, que tem na pàgina 14 o artigo "Marx, este ídolo de pés de barro". No dia 16/4/89, ao visitar este jovem ele me contou que 1irou um xerox dest e artigo e o colocou no mural da Faculdade de Economia do Crato, onde ele é cstudante. Então muitos estudantes destaFaculdadeficaramemfrente do mural lendo este artigo e
reccdora. principalmeme sobre os aspectos da mldiu internado-
sados no anigo que o tiraram do mura! e fizeram xerox-cópia
C UBA
para eles. depois o colocando no mesmo lugar. Disse-metambém o Gomes que lc,ou exem plares de C/\TOLJCJSMO para cs\3 !'acuidade do Crato e os mostrou aos es1Udal11l'$ e elcsficaramimpressionado~(exprcssilodoGomes)com as ma térias divulgadas e a imprc~silo da revista. J>eçoqucrcme1acu· pom proposta de assinatura para este jo,·c,11 pois é muilo simp:\tico à Tl'I'. Continuo rezan do pelos Sr~. e pela Causa Ca1ólica tradicional defeodida tão llrdua e brilhantemcmc pelo mensário CA TOLIC]S1'·10 e assim fazendo tanto bem às almas que o lêem ( ~·ranl'i~o Tui1rcs de Li m•, J uazeirn do No rlc-CE)
INTERESSE Sendo assinantt da rtvista CATO! .!CISMO hã vâriosanos, tenho-a na ma;o, con1a, haja visloas posições a!i dcfc11didas, scmcxccção.cstarcmempcrfeitaconwnãnciacomos autênticos ensinamen1os tradicionais doSupr~moMagistériodalgre· ja. Trabalho como funcionário público exercendo a função de Sc<:retárioda Facul<ladc de Dircito(CentrodeCiênciasJuridicas) da Universi dade Federal da Paraibaetcnhosempreasa· tisfaç!lo de di,,ulgar no nosso mural livrt artigos do ilustre pcnsadorcatólicol'rofenor l' linio Corrêa de Oliveira, além dcoutrasma1é-riastratadasnessaconccituadissimarevistadentrc as quais destaco as si.-çôcs "Discernindo, distinguindo , classificando ... " e "A Realidade (concisamente)". As p<JSi· ções corajosas assumidas pelo ilustre Professor Plínio Corrêa de Oliveira são dignas de um verdadeiro Filho da Igreja soan do como um hino de lou,·or a Deus os i;cus pronunciamentos em favor da Civili1.ação Cristã na defesa intransigente dos intercs$CS da Santa Igreja (Culos Alberto Bniz de Mrlo, J oio 1'1'$.SOa-P B).
PE de Sâo Jo~ dos Campos, sir~o-me da oponunidade para comunicar 1>0r imermédio de V.Sa. ao uludido cicmi\W que cm dezembro de 1988. a1ra,·és deurnasériedccincocomtntàrios succssi,os, defendi a t\'SC da inaplicabilidade do ··teste com oCarbono- 14" ", que vinha sendo empregado nas in,·c~1igações a propósito da "'datação·· doSanioSudllriodeTurim( .. . ) considerado p<Jr Mons. Emílio Ricci como ~ndo o ··Quinto Evangelho'", 1arnanha ~amassa de informts do mesmo dedu· zida. É. portamo, com imensa sat isfação que vejo minha t~'OríasobreoSantoSudário(ainaplicabilidadcdomencionadotestc) coincidir com as conclusões aqucchegouesscautênticocien· tis1a (... ). Solicito a V.Sa. a fi ne1.a de far.er chegar às maos de Dr. Gonzalcza cópia desta carta ( lh imund o Aristidts Ribe iro, }'orh1l tu-Ct::). Nota d a Redação ; Enviamos, pelo correio, ao Dr. Gon:t.alez, cópiasda carta edos ane-
ESQUERDAS
Na qualidade de a.ssiname, leitor assíduo de CATOUC ISMO (hã mais de 10 anos), e faceàelucidalivaentrcvistaconcedid~ _à me?cio_nada revista pelo
Sirvo-mt da presente para encaminhar três assinaturas novas de CATO LI CISMO. A re· vista está excclcn1e. Continuem assim, que a vitória certamente será nossa. Nossa Senhora jamais abandonará que m batalha pela irn pl3ntação do bem. Já estamos no1ando o que se passano8rasil.poisoclerocsquerdista há tanto l111ando pelo comonismo, e no cnrnmo o povo parece rejeitar candidatos da esquerda. Ê o mamo da Virgem
Demétrio Gon1.~les Alarcón, com destacada atuação no JN-
sil (Dí dirn o Rolim. Sio Josê d~ Hoa Vls111.- PR).
SUDÁRI O
------á,ãimã.;.,a,.,.a;;,ài,.ii"""ãc,irniii,m,i,oi,i.,i,=sái'-tiimo;;;;;;.,;;;;;;:.;;;;,;,:~;,;-j-;;;;;;..;::;.;;;;;;;;;::.;;~;;;;;;..i..;~~id ouoílra 18 -
CATOLICISMO -
AGOSTO 1989
A
"REVOLUÇÃO CU LTUR AL" é a atualroupagemdoso-
Segundo o arquiteto dinamarquês que a projetou, ela dcveser"umarcodeiriunfo dedicado à glória da humanidade". gou-!.e dcdcsmascararasipróDe proporções inumanas, pria neste século: a ninguém retilinea,deuma frigidamonoconvcnceudurave!m emeepor cromia, a "Grande Arca" é toda parte onde aplicada geesmagadora pelo gigantismo rou miséria. Gorbachev é o efrustrantepeloimcnsovazio maisrca:meeinC'Speradomeinterior: expressão exata do nestrel que choraminga sob a estado de espírito próprio ao janela do capitalismo, implototalitarismo socialista.O prerando uma moeda. De ouro, sidente Mitterrand escolheu porfavor,poisodéficicégranpessoalmente esse projeto em do. uma seleção feita entre 424 Cinicamente fazendo pououtros. cocasodescu fracasso,edisA contradição do homem postoaconquis1aro0cide'n contemporâneo encontra-se te,osocialismoenceta sua"reaí expressa em mui tas de suas voluçllo cultural". Ela deve peculiaridades:pobrecmimarevolver os estilos de vida, os ginação e dispendiosíssima na execução; vidro e aço são comportamentos - muda11doconscqüentementeamoral. alternadamente utilizados em Detal modo que, habituando sua estrutura; o revestimento o eu ropeu a novas formas de éfeitooradevulgaralumlnio viver, ele possa tam bém aceiora de fino mãrmore de Carra1ar, logo depois, a completa ra; sua monumen1alidade absPARA COMEMORAR o bicen1enôrio da revolução de todos os valores trata abrigará o utilitarismo Revoluçõo Francesa, o Governo socialista pragmático de empredrios, visada pelo marxismo. francês preferiu evitar o debate ideológico Dentro do programa da banqueiros,funcionãriospú''revo!uçãocultural"aarquite- e propulsionar a revoluçõo cultural. Assim, blicos. O metrô, bem como tura, ao mesmo tempo viva trensde longopercursoepisno Louvre foi construída uma estranha eicpressão da cultura de um tas dealtavelocidadecortarão p irõmlde. Outra dessas realizações povo e ati vo fator de modelaseu subterrâneo. Na parte características foi a "Grande Arca". gemdoscspíri1os. dcveser promaisaltafuncionaráaFundafundamente al terada. ção lnternacionaldosDireitos Assim é que o governo francês programou um conjunto do Homem e das Ciências Humanas, para que assim melhor de rea lizações culturais com asq uaisosocialismodcseja marcorresponda à idéia primordial de fazer do edifício um "Arcar o pais. A "Grande Arca" é um dos pontos fortes dessa co do Triunfo do Homem". ambição. cialismoeuropeu. A teoria marxistaencarre-
A"Grande Arca"
Glorlflcação do homem contraditório Imenso cubo de 110 metros de altura, posto em um dos extremos do eixo que liga as construções grandiosas de Paris: o palàcio do Louvre, o obelisco da Praça da Concórdia e o Arco do Triunfo. A "Grande Arca é um monumento de pres1igio, ao mesmo tempo simbólico e utilitário", segundo a intenção dos que o imaginaram. 0 local de sua construção é o bairro ultra-moderno de " La Oéfense", centro empresarial e comercial, cujos edifícios, gigantescos blocos de concreto de frias formas geométri- C:1$~$C.ele.vam.às.poa:tas.da.degantc..e~.umaan0c·--·4
Seus construtores se gabam de que em seu imenso vazio inmior caberia a Catedral de Not re Dame com sua esbelta flecha. Chocante justaposição imaginária de monumentos ant!podas: um voltado para a eicaltação religiosa da excelsa Mãe de Deus; o outro para a glorificação materialista do homem, de suas técnicas e das doutrinas que engendrou cm oposição a Deus. Todas as vezes que os homens se volta m primordialmente para si, dando as costas a seu Criador, caminham cm direçllo a sua ruína. Serã hoje a "Grande Arca", como outrora o foi a Torre de Babel, um marco nessa caminhada? __ NEtSON fllAGELLI
CATOLICISMO -
AGOSTO 1989 -
19
NA SESSÃO promovida pela TFP, a 9 de junho último, no auditório do 1-lotel Mofarrej, em São Paulo, após a co11ferê11cia do Cel. Sa 11111el T. Dicke11s (ver notícia a respeito nesta mesma edição, em "TFPs em ação"), o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira dirigiu aos presentes palavras de e11cerra11Je11to. Depois de elogiar a exposição do ilu stre visitante, o Prof. Plfnio a11alisou co111 particular hrilho e clarividência a mentalidade centrista em nossos dias. Seguem os principais tópicos dessa exposição, com ligeiras adaptações de linguagem. Os s11btít11los são da redação.
O centro, a onça e o cordeiro
O p,íl,lir" /)•~so,1~ "" 11udiltf,ri,, do Afof,,.u:j Jlot~I 11Ci>mp,mhou ~,,.,. .,,,., int~u:su ,u u~lllrw:~doms p,,lm:r<u do l'u:sidMU du Con.ulhl> /ltaâ,,,oa/ da TFI'
20 -
CATO I.I CIS~·I O -
AGOSTO 19!19
O TAUOLEIRQ polítíco 131110 da América Cen1ral quamo da América do Sul , nota-se esta constante: uma direita que deseja uma rcprcssno antícomunista; um ce ntro que nào quer com empenho coisa alguma: e uma esquerda que deseja uma colaboração com o socialismo e com o comunismo. Colaboração essa tendente a se transformar numa ali:1nça, depois numa imitação e por fim numa capitulação. Esta é a marcha da esquerda.
N
Um pêndulo viciado pe lo sentimenta li smo Mas o elemento decisivo aí é o centro. Esse centro decisivo, cujo apoio deve ser disputado igualmente pela direita e pela esquerda, inclina-se freqüen temente para a esquerda, muito mais do que para a direita. O centro normalmente seria como um pêndulo entre a direita e a esquerda. Mas na realidade trata-se de um pêndulo rachado, que funciona mal: quando vai para a esquerda ele sobe muito, quando se inclina para a direita, fa2apenas uma pequena oscilação. É um pêndulo viciado. Nessa psicologia centrista, que dâ à minoria irremediavelmente minoritâria do comunismo, um apoio e uma força que ela naturalmente não teria, figura entretanto a idéia de que os comunistas são os maus e os conservadores os bons. Por que os centristas não se inclinam então para os conservadores? Porque, segundo a mentalidade centrista, sempre que um indivíduo ~ mau, ele o é sem culpa própria, porque não teve apoio, não foi bem tratado: ele é mau porque não encontrou carinho, não encontrou ajuda, não encontrou pessoas que lhe explicassem o equivoco em que está. São mentalidades sent imentais, que por sentimentalismo não querem reconhecer a existência do mal no mundo. Para esses, a solução é encher os maus de ag rados, de carinho, provar-l hes de todas as maneiras possíveis que eles têm II colaboração daqueles a quem querem atacar. AI cnt!lo os maus ficarão desarmados pela força de doçura do bem. E o perigo desaparecerá. Tal é o artifício de guerra psicológica revolucionária empregado no mun.n1ciro,...pai:a...fa1.cr....com...quc....os....da____ direita sej am sistematicamente vistos com desconfiança, e os da esquerda com
-
No auditón'o do /lfufan-,j Hotel, r:um~m a rntsa, da ,,q..,rda para a dirt:ita, Dr. P/in,'o VúJital Xauú,r da SilL'f!ria, S.A.I.R. Dorn &rlrand d• Orl,aru • Bragança, C,I. Sam1UI T. Du:Uru, Prof. Plínio Corria <U 0/iwira, S . .A .I .R . o.,,,, Luiz <U Or/mru • Rrapfl("a, Dr. Eduardo <U Barros Brot<ro • Dr. M6rio Navo..-o tÜ, Cosia
confiança; e assim as maiorias centristas girem para a esquerda. Ag radar para não lula r
ma socialista". "Não! O senhor não entendeu. Eles querem a Reforma Urbana? Façamos uma parte do que eles querem, e eles ficarão com o apetite saciado e não farão o resto". Quan10 à Reforma Empresarial, é a mesmissima coisa. E assim, na malfadada política do ceder para não perder, do agradar para não lutar, nós vamos entregando os pontos, os pontos, e os pontos. E cu aproveito a oportunidade da excelente exposição, tão sin1omàtica, que o Cel. Dickens fez aqui, para por cm realce a importância desse aspecto da questão. E, em conseqüência, incitar os senhores a que cada um - na sua vida particular, nas suas famílias, nos seus locais de trabalho, em todas as formas de relações que tenham aproveite a ocasião para expor isto, para manifestar isto, ix,rque esta é a arande torção das mentalidades na qual nós nos encontramos hoje em dia.
Daí decorre um fato extraordinariamente extravagante. Nós, que somos os homens da ordem, que andamos escrupulosamente dentro da lei, que temos o desejo de tratar cordial e amistosamente todo mundo que nos dê garantias de não estar do lado mau - mas que na defesa da boa ordem atacamos o comunismo, que é o inimigo irremedlàvel e fundamental da boa ordem -, nós passamos por ser os intratàveis. E os da esquerda, que têm campos de concentração, prisões políticas, que matam, que confiscam, que dissolvem as familias e fazem toda espécie de mal, a esses é preciso agradar, pois, estão equivocados ... Desmontar esse estado de espírito centrista é um dos objetivos essenciais da TFP. E ao longo de todas as suas Uma pa rábo la campanhas, a TFP dirige-se cordial- exp licaliva mente ao centro e diz: "Os esquerdistas estão destruindo a vocês! Eles estão Uma noticia publicada hoje por confiscando suas propriedades! Vamos um quotidiano é muito significativa lutar juntos contra esse confisco". do que eu acabo de dizer. Os trabalhaO resultado é um sorrisão de tan- dores e os proprie1ários de zonas ontos proprietários: "Nãããoo! Vamos ad- de ainda existem onças, estão vendo mitira ReformaAgràriaem algo, assim os seus rebanhos dizimados por elas, eterficam-satisfeitos-e-nãcrvãcrexigi -e-não têm-defesa-;-porque-a-legi~lação uma Reforma Agrària total". Nós dize- não lhes permite matá-las. Estão ali mos: "Vamos impedir qualquer Refor- criando o rebanho; cstà ali a onça que
quer comer o rebanho, e assim roubar o trabalho do homem; e este não pode matar a onça. E o mesmo sentimental que tem pena da onça, vé com mà vontade o homem que cria o cordeiro para matá-lo. E acontece que a onça acaba tendo tanta liberdade, que està ameaçando a vida dos cordeiros e dos homens. Quem forma uma idtia otimista e sentimental da onça; quem protege a onça e não se lembra de proteger aquele que !Cm o direito de ser protegido - que é ames de tudo o homem acaba criando a seguinte situação: as onças devoram os cordeiros - é o caso concreto-, mas os donos do rebanho não podem defender os cordeiros matando a onça. Ora, isto é uma imagem expressiva da política do centro cm relação à direita e à esquerda. Não se tem o direito, pensam os cent ristas, de ter uma política fo rte com os comunistas. Ê preciso poupàlos, é preciso conservá-los etc. Os comunistas pulam para agredir ... : "Ah! pobre onça ... Deixe que ela mate a fome e ela não comerà mais cordeiros". Mas a fome dela é eterna! Enquanto houver onças, elas vão comer cordeiros. E o resultado é que as onças ficam ganhando a partida e os cordeiros apanham. E não há meio de ensinar isto aos centristas. Nós falamos, nós repetimos, e os cordeiros tomam sempre a mesma atitude, quase se diria intencionalmente imbecil. E esta imbecilidade é o principal apoio dos políticos esquerdistas que desenvolvem o programa de ação de que o Cel. Dickens acaba defalar. Tui situação existe, analogamente, em todos e cm cada um dos paises da AméricadoSul,cameu ver existe pelo mundo inteiro. Este é um ponto de luta continua da TFP, para esclarecer o público. E nós devemos sair daqui com a convicção exa1a, viva, tornada mais tÕ· nica por estes exemplos, de que ou fa. zemos a grande luta contra o comunismo consistir não só em apontar os males deste, mas em mostrar aos centristas a imbecilidade do caminho em que andam - ou mostramos a estes que eles sacrificam os cordeiros cm favor das onças - ou nós não teremos feito nada de realmente eficaz contra o comunismo. Es1a-é;-mi11hatte11horas-e meus-se- nhores, Altezas Imperiais e Reais, esta é a grande lição desta noite. O
CATO LIC ISMO - AGOSTO 1989 - 21
Ôrgão do Episcopado francês financia a subversã
MICHEL ALGRIN
1
La subversion humanitaire
0 /i,,ro ·do,iú 11 â(1 ,lo !tt,'~h,I Algri". O dut · .,1,.,,1,. capa, IÍrodo dt l't'!•Ísta sandinúla . i/u1 /ro o ltt1rd • ·..,.·''~ou"'"" """'' d~ Criuo " '""'"" d, t"~"" ,/,. rnlw,,rsâa
mfo sabe o\111e significa a sigla Fretifi\ mas eu so11 um esvecia/isto em reloçôes illlernocionuis e sei que significa Fren te de Liberlaçdo do Timor, 11111u orga11i::.açõo de g11errilha marxista" ( 1).
A polêmica reacende-se No fi nal do ano passado, a polêmica parecia entrar cm dedinio. "Estamos comemes em ver <111e cessaram os owq11es co111ra esse órgdo do qual somos/1111dodores. Nós con1in11oremos a defendê-lo contra rodos os processos de imençôes" - afirmava o Cardeal Dcrour1ray, durante reunião dos Dispos fra nceses cm Lourdcs, cm 29 de outubro de 1988 (2). A satisfação cio presidente da Conferência Episcopal francesa durou pouco. O livro de Michcl Algrin "A subversão humanitária - As boas obras do CCFD" reacendeu a polêmica. Depois de estudar o destino das verbas distribuídas pelo CCFD dura nte sete anos, de 1981 a 1986 , Algrin, pcrplc-
e. --ELMACH}f ----~ . ... . .- ,
T01'AS t,,AS
AJIMAS
QueéoCCFD
A quase totalidade dos brasileiros nunca ouviu falar dessa sigla: CCFD. Ela contém as iniciais do "Comi1ê Católico contra a Fome e para o Descnvolvimcmo'', organização fun dada cm 1961 pelo Episcopado francês e q ue reú ne 25 grupos e movimentos cristãos na Fra nça. Administra ndo a impressionanre sorna de 20 milhões de c,,p,, dn .,,,;,,,, 11ir,m,gUnu~ " E/ !tforhrt," dólares anuais, a principal fo nt e de re- finattâada ~lo CCFIJ com ,/i,o hrirn ,,,,..,.~,,,/a cursos do CCFD provém das ofertas ,lo nas rnltlas d~ Q.,,...,,ma, rm igrrfa1fra11 rcco lhidasnas igrejas daFrança ,duranN ·.,,, · r," ,,.· r /m~ ·,.s,ruçõ, l C a Quaresma. Pelo volume dos recur,1.,,,.,,,, · '"""'"· sos que movimenta é o principal organismo francês não estatal de ajuda humanitária aos países ~ubdcscnvolvidos. xo, declara: ''Oq11edescobrimosi11icia/O " casoCCFD"comcçouem 1985. me11te nos deixou descon certados. deA denúncia explodiu como urna bom- pois constermulos" (3). ba: o CCFD abusa da confiança dos Categórico. ele resume assim suas ca1ólicosesuaaj uda finaneeiraédcsti - conclusões : o CC FD é ut11 organisnada a regimes ou operações de guerri- mo que "/) mente aos católicos; 2) lha comunis1as, a movinl("ntos e comu- <lirige os fundos q11e ret·ebe para fins nidades de base ligadas á Teologia da tliferemes daqueles que os tloadores Libcr!aç!lo, a revistas de linha socialis- esttJo 11 0 direiro de esperar e para os ta e mesmo a pu 1c .1~· • ~ arn--sofidtrtrlos:---#-H'ttbttl lffl---1988 as dcnimcias se sucederam O - de Jato - pelo comunismo i111ernoCCFD defendeu-se mal cia11a/" (4).
AI,,
N
A FAC HADA, carirn1i va e humanitária. Na realidade, uma empresa de subversão. A acusaçilo C forte, mas bem documentada. O acusado: o mais im[)ortantc organismo humanitário francês, diretam e nte ligadoá Co nfcrfatcia Episcopal da FranA polêmica, que desde 1985 vem
agitando aquele país, h'âpouco recebeu mais lcnhaparn alimcmara fogueira: o livro int itulado '"A subversão humanitária - As boas obras do CCFD" (Edições Jean Picollec, Paris, 1988). Seu autor, Michcl Algrin. é professor de Ciências Po líticas na l·acuh.ladc de Dirci1 0 da Universidade d<.' Pari ~. Ele
mesmo cont a como nasceu a idéia de escrever a obra: ··comet.--ei o inlcressurme pelo CCFD e exa111i11a11do fl h:sla <los ilwncia1111•111os e e1 uados ,oressa orga11izaçt10 1101ei a presença te nomes estrunhos t·omo SWAPO, Poli.w1rio e Fretifin. Muita geme n:rU/11/('llt e 22 -
( :,\TOI.IC:IS1'.IC) -
\(;(JSIC) l'l!l'I
Pll'E8t,,O
,.,.,.s.
acontece o caso mais clamoroso de apoio à subversllo da Igreja Católico, financiando padres revolucionários e sustentando a mais perigosa Teofogia da Libertaçllo" (6). Além da subversão, o CCFD está comprometido com subsidiosa publicações de inqualificávcis padrões morais. Ademais da revista "La Bicicleta'', cujos artigos imorais são dirigidos aos estudantes chilenos, a revista também chilena "APS I" chegou a publicar na edição de 2/15 de dezembro de 1985, um "dicionário erótico" (7). Certamente não era para este fim que os católicos franceses concederam polpudas doações ao CCFD nas campanhas da Quaresma .. .
No llrasil, a revista " Trmpo e Pr,1rnça ", órg,i" do Ctnlro Ecumênica d, Oocumrntt1ção r lnformaçãu, finanáado fHlo CCf'O, fest,, ,..,.,,,,di,;âod, outubrod<!'/987, os 70 anos da Rtoolu,;âo ~umunisia na Rússia .
ja,
O método utilizado pelo autor foi reco lhereestudarcomatençãoocontcúdo e a qualidade dos artigos de revistas francesas e estrangeiras financiadas diretamente pelo CCFD ou publicadas pelos organismos que ele sustenta. O livroédivididocmduaspartes. Na primeira, Algrin analisa a doutrina exposta nas mencionadas publicações, e q ue norteiam a atuação do CCFD. Na segunda, à semelhança de um ''livro-branco' ' , o autor reproduz dezenas de documentos utilizados e mencionados na obra. O leitor encontra aí o quadro completo das verbas c rcspcctivos bencficiários do CCFD no período analisado, bem corno fac -símiles de folhetos, artigos, cartilhas e livros que comprovam as teses afirmadas.
Alguns exemplo s escl arec edores "'Todas as armas ao povo!!!" - é o titulo de página inteiro estampado pela revista nkaragüense '"El Machete", destinada aos camponeses dopaís e financiada pelo CCFD. Nos meses de maio e junho de 1983, a pubficaçllo trazia no seu interior matérias pouco humanitárias: inslruçôes ilustradas rela1,vas ao manuseto e 1/(/flwçoo ãofiizi de assalto AKM 7.62 e do fuzil VZ-M 52! (5). Para Algrin, "na Nicarágua
')Pamérica Jatlná
- EL SALVA!m VENCERÁ ! Apl,io ,i gu,rri/M comunista ~m I:.'/ &/!Jàd()r "" 1,,,/etim do Gn,po d~ S,,/id<Hiedad, cmn a AmiricaLatina, p"blicadoemLisboo,fin"nciado ptlo CCFO
No Brasil Alguns grupos e movimentos são subvencionados pelo CCFD cm nossa Pátria. Por exemplo, a Federação de Órgãos para a Assistê ncia Social e Educação - FASE, que publica uma revista dedicada ao sindicalismo agrário e à Reforma Agrária. Tumbém o Instituto Brasileiro de Anàlises Sociais e Econômicas - IBASE, em cujos catálogos de publicações estão obras sobre as Comunidades Eclesiais de Base e livros dos irmãos Leonardo e Clodovis Boff sobre a Teologia da Libertação. Algrin menciona ainda outro o rganismo apoiado pelo CCFD: o Centro Ecumênico de Documentação e Informação - CEDI, que edita a revista ''Tempo e Presença", de linha socialista e ecumênico-progressista. A publicação se apresenta como "um instrumento de rejlexdo paro o ecumenismo l·omprometido com a construção de uma novo sociedade" (9). Além das mencionadas entidades, vários movimentos de cunho político , designados algumas vezes com rubricas curiosas, aparecem na re lação de beneficiados pelo CCFD no Brasil. Alguns çxemplos: "Atividades concernentes aos Direitos do Homem: Comissão Justiça e Paz", "Assistência Jurídica aos trabalhadores e associações de quarteirão (Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Joiville)", "Formação de trabalhadores rurais no sul do Brasil", "Organização de comunidades de base com a Comissão Pastoral da Terra", "Educação popular na comunicação", "Projeto cultura l dos trabalhadores do Vale do Aço'', '' Animação cm bairros operários" etc. (10) .
Os olhos dos franceses se abrem
"É vital para o sobre1,1ivéncio da Quem imagina que o CCFD ape- Igreja colocar à luz do dia as verdadeinas colabora com os movimentos em- ras atividades de toda esta rede marxispenhados cm destruir a civilização ta que A deslrói do interior" - afircristã ocidenta l, não conhece a reali - ma Algrin (li). E para justificar seu dade inteira. Alguns governos de pa- apelo, cita alguns números. "Com baíses já "libertados" são premiados se em 314 organizaçôesjinanciadas pecom auxílios pelo CCFD. Assim, ver- lo CCFD, de 1981 a 1987 (algumas o bas para os regimes comunistas do foram muitas vezes), aparece e/aramenVietnã do Sul, Laos, Cambodge e te que só 53 projetos tiveram uma finaaté para Cuba foram concedidas. lidade ligada diretamente ao desenvolAlgrin explica que tais ajudas visam vimento econômico e à saúde, ou seja, "consolidar 11m regime marxista" e 17% do conj111110. 70% das organiwçoes em, ao conffá1'1õ;"]R5rjTmlltdffde- , ã]udãrõs1siema nesta {}ff/cf os de rec·onstruçOo que segue o guerra a formação, a educaçllo 'popular', a revo/11cionária' ' (8). edição de revistas 011 manuais de educaCATOLIC ISMO - AGOSTO 1989 -
23
çtJo marxista, cujos amostras acabumosde ver, 011, enfim, opoli1ico"( l2).
Ousando afirmar que o CCFD emerge como "11m novo poder" que tem como missao "1ransformar as 111en1alidades e as esmuuras", Algrin sustenta que "é uma espécie de Igreja paralelo que se esboço" (13). "Os olhas se abrem", afirma Jac-
ques Bonomo, cm artigo estampado em "Figaro-Magazine", cdiç11o de 11 -3-89, o qual 1rata da impressionante queda dos donativos ob1idos pelo CCFD, nos últimos anos. Coincidindo com as denúncias lançadas , a partir de 1985 a arrecadação do CCFD gradualmente caiu: 11 8 milhões de francos cm 1985, 87 milhões em 1986, 83 milhões cm 1987 e apenas 70 milh0es em 1988. Para o articulista, os católicos franceses tomam consciência do abuso de confiança que representa o CCFD ''engrossando, em nome de Cristo, o tesouro do guerra da sub~·ers/Jo mundial", o que aparece como "o mais imoral dos escândalos" (14).
Os números. de fato, indicam que a opinião católica francesa já não deposita sua confiança no CCFO como ounora. E, a seu modo, exprime seu pro1esto, participando de maneira crescente da estupefação do aU1or do livro "A subversão humanitária - As boas obras do CCFO" . Tui espanto, Michel Algrin oe)(primiu com estas duras palavras: "O homem que escreveu este livro (... ) esta1•0 espontaneomen1e inclinado (de inicio) o apoiar a oçtJo do CCFD (... ) Quof niJo foi seu espanto ao descobrir que os fins perseguidos eram completamente diferentes daq11eles queefe imaginava. Pensando mergulhar em águas claros, caiu numa cloaca. Sw:, revo//a interior foi tal, que ele decidiu apresentar seu testemunho, donde as páginas que se seguem'' (1 5) . ATÍLIO FAORO
Notas (1) "30Giorni" td.
portuguesa. dc~cmbro L988.
1~ :~:~i:~!;~!i lliu::fG~~~~~~~.-.~;~~~~ 1 1988. p. 12. Picolltt, Pari~.
li:.?Jolltn;r.~~~~:;ugucsa.dczcmbrol988. (7 ) Op. ci t,, pp. 162-163 18> Op. cit., p. 14. PP- •9--52 e (LO) Op. d1 .. p. 160. (ll)Op. cii .. 11. 14 3-
~~:h~-:. .
"'Tempo e Prescnçi".
Sentido autêntico da democracia O OI RETOR desta revista recebeu do Revmo. Mons. Emílio Si lva de Castro um opúsculo de sua autoria com amável dedicatória, e cujo título - "Sentido autêntico da Democracia" , Presença Edições, Rio de Janei ro, 1988, 28 páginas - indica já a final idade do estudo. O referido ecl esiástico espanhol, conhecido amigo do Brasil, é professor universitário no Rio de Janeiro. Apresentamos a seguir tópicos dos mais significativos desse interessante opúsculo, no qual transparece sem dúvida o amor de seu autor para com a autêntica doutrina político-social da Santa Igreja e seu profundo conheciment o dela.
Há " uma espécie de legitimidade internacional, que impôs na opinião pública mundial a adesão à democracia, como se se tratasse de verdadeiro dogma, matéria de uma fé profana cujo objeto é a religião democrática( ... ). Acontece porém que a palavra democracia tem scn1ido plurivalente. São duas as suas acepções mais comuns: a) a democracia autêntica, em seu significado tradicional aristotélico-escolástico" e "a democracia moderna, liberal, de sufrágio universal", a qual "es1á ocasionando a ruína social dos povos modernos. que após a Revolução Francesa a adotaram e que os mantêm cm permanente estado de ansiedade e revolta". A "verdadeira democracia que explanamos, teoricamente inatacável, descansa numa série de pri ncípios de ordem natural e revelada que concebe o homem como ser transcendente, sujeito o mais importante da criação, portador de valores eternos, ordenado a Deus como a seu fim úlii mo". A democracia moderna "rousseauniana e liberal , baseada cm princípios radicalmente opostos, cont rários ao pensamento cristão'', destruiu "todas as estruturas orgânicas da vida social que através dos séculos tinham sido criadas". Nela, "os votantes constituem uma massa amorfa, seus elementos são átomos, geralmente teledirigidos pelos que dominam os meios de comunicação e a dinâmica da agitação". As " democracias modernas de modo nenhum podem dizer-se a utênticas e representa1ivas". 0 5 do :~~o~ c~:~t;i~~/~~~~n~,i:~ cnh::~~~ , ~~;~~~:ac,~!n~~t:;r~~ buern, nada têm de democracias; sendo na realidade totali1arismos 1 ~ugn°c:crv~~:. ~i~!~:~~=n~~u~u~~on;r:v:~ :,~ :,u~~~ as democracias modernas silo o meio e a passagem para essas oueras formas totalitárias". A democracia autêntica é "ótima for ma de governo, sem exclusão das outras duas formas, igualmente legitimas. a monárquica e a aristocrática, e que poderilo também obter a preferência daqueles
~!r
~ ~;r~~~é~~
----::~;~;,--~,.'c_,,!"-- - - -+ f-.:s-;;;q";;'m ~a;;;g,,ãad<iia;,~=~~='.'.:'.'.'...'.'.'.'.'.'.:'...:'...".'..::.::::::'.'.::::..:::'::::::...--1-~ Cl4)"fipro-Mapzinc", ll •J•89. C[~j Op. CÍI ., p. 7.
24
~
CATOLICIS MO--: AGOSTO 191!9
do de sua experiência pcssoal , o Cd. Dickcns dcclarou: ''Visitl'i 11/ii111a111e111e
',
l'úrios J)llÍses da Améric(I Ce11tral, acabo de chegar tie E/ Safrodor, onde esiiw para a tomado de posse do Presidente Alfre<lo Criuiaui, velho couhpcido meu, que me havia c:011vidado. É de se perguntar
,l
~ TFPs em ação Confe rência de coro nel ameri ca no A CONV ITE da TFP, o Cel. Samuel T. Dickcns, o qual teve destacada atua-
ção como piloto da Força Aérea norte-americana durante as guerras da Coréia e do Vietnã , e que
vem se dedicando ao CSIU· do e à ação ideológica contra o comunismo, proferiu, cm 9 de junho último, conferência no Mofarrcj Hotel, na capital paul ista. Ao .iprcsentá- lo às 700 pessoas presentes, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira ressaltou que o confercn-
por que Ef Salwulor ainda 11Uo co11segui11 ganhar a guerra contra a guerrilha, o FMLN, após nove anos. O Jato é que, ammciada a realiwçtlo de efeições livres para presidente, 1·eio do México u fim de participar dos debales o chefe da ala política dos com,mislas S(llvudorenhos, declarando que co111i1111a em conrmos com a ala armada ~ o FM LN. E isso ocorre enquanto a ju1•enwde perde sua vida em combate, er,qua1110 as pessoas são mwiladas co111i1111amente pelas minas omipessoa que os guerrilheiros colocam ao redor das povoaçóes.' · 'A propagall(/a da esquerda comra E/ Salvador sempre fala dos esquadrôes <la morte, o que nao passa de pura propaganda <.'O· 1111111ista. A realidade é que, enquanto os líderes da ufa política aparecem em /Júblico, na televistlo,
cisia fora condecorado duas vezes por sua participação cm 233 missões de combate, tendo sido tcmbém comandante da base da NATO na Espanha. Como especialista em assuntos relacionados com
a América Lat ina. o Ccl. Dickens tem assessorado militares e políticos de realce, deitando especial empenho cm desfazer os mitos postos cm circulaçno por intelectuais e pela midia esquerdistas. Segundo tais mitos, o socialismo, mesmo falido na Rússia, seria uma icndência populauenL'1SJ.'.J:ns;l<LJJcQ..j..;J
Ocidcmc e cm especial na América La1ina. Fa lan-
\'w~,m,oJ>, ',/ " <!Ulfl'f,\ •s,,,t, 'j·:,,,· , du (;ri. /Ji,·h1u .
,,,.,.,,,,,,;,1" /Jf'/11
Tf'I'. "" ,uuH1,;,;,, do M,if11rr,j / /.,t,I
CATOI.H :JS/'.10 -
A(;QSTO 191N -
25
TFPs em ação a ala armada continua a assassinar quase diariamente os da direita, e isso jamais sai na imprensa dos Es1ados Unidos. Mas, se um pobre capil:'lo do exérciio marn em combate dois ou três guerrilheiros, ent.'10 todos os grupos de defesa dos dirci!os humanos se lcvan1am cm protesto. É fáci l imaginar ades-
esta Capital. O documen to demonstra que, sob os efeitos de uma propaganda pseudo-centrista, opais vai de fato resvalando rumo a uma esqucrdizaçào. Abrindo-se assim campo para o reaparecimento de um novo Kerensk.y que, na trilha do moralização que isso causa falcei do dcmoerat a-cristão no exêrcito e no povo sal· ''1- Eduardo Frei, prepare terreno para um outro Salvadorenhos''. Referindo-se ainda às rc- dor Allendc. centesinvestidasdocornunisRessalta a TFP : embomo internacional, ressaltou ra o anticomu nismo milio Cel. Dickcns: "Embora tante se faça presente na sendo 11111 fance de /JfOpaganplatéia (ou seja, entre os da, o livro 'Pereslroiko', de eleitores) o mesmo não Gorbatchev, deixa emrever ocorre no palco político, que essa refor11111/açao era onde numerosos dirigennecessária, porque esta\'a to- 1es não-social is1as empe/a/mente em processo de des- nham-se cm dilu ir suas trniçtlo a economia da UniOo posições ideológicas, paSoviética. NOo é /a{ livro, ra se mostrarem o mais portanto. 11ma munifestâçlio centristas passiveis. Manide bou vo111ade, mas constiwi 111110 tentmiva de impe- fes1am eles uma espécie dir, apesar da produçllo tle de respeito humano, pelo armas, que a Rússia lenha qual tomam habitualmenuma eco110111ia q11e a colo- te ares pragmáticos, sem que entre os poises menos jamais declarar-se a favor desenvolvidos do Terceiro de princípios definidos. Entre outras razões , levaMwulo''. os a isso o mito habilmente divulgado de que as maiorias são esquerdisias. Na realidade, a maioria do povo chileno rejeita a esquerdização, e mesmo entre os 540"/o de eleitores que no plebisci to de outubro último votaram pelo "não'' à permanênSANTIAGO - Uma cia de Pinochet , encontrasubstanciosa análise do se uma ponderável parcepanorama político chile- la decididamente contrária no, com vistas ao pleito ao socialismo e ao comupresidencial de dezembro nismo. Apenas considerapróximo, foi dada a públi - ram eles pouco cmwenienco pela Sociedade Chile- te outorgar um mandato na de Defesa da Tradição, de mais oito anos a Pino1•am1 ia e ropric1.1a1.1e. ... ..... , " v através de manifesto no de pressão internacional jornal ''El Mercúrio'', e eclesiástica pró-esquerda.
Moderados tendem a favorecer a esquerda
26 -
CATOUC!SJ\ 10 -
AGOSTO l':l!JIJ
O manifesto da TFP cita ainda, para fundamentar sua assertiva quanto à inconsistência do esquerdismo junto ao público chileno, recente entrevista do conhecido sociólogo nco-socialista francês Alain Touraine, reconhecendo o êxito econômico alcançado no Chile e não descanando uma vitória direitista nas próximas eleições. O documento aponta por fim a analogia entre a índole da Democracia Cristã chilena - partido que se apresenta como centrista por excelência - e a facção dos Girondinos, da Revolução Francesa. Em 1791, os depulados majoritariamente provenientes da província da
Gi rondaconslituiram uma força revolucionária moderada, de burgueses favoráveis à extinção incruenla do Antigo Regime. Após a Assembléia de outubro de 1791, ingenuamente imaginaram eles que a Revolução estava encerrada. De fato, ela se desdobraria na etapa jacobina, que chegou a ter aspectos comunistas durante o Terror, cm 1794. Dessa for ma, os girondinos passaram a ser sim· bolo de todas as correntes ideológicas cent ro--esqucrdistas, tributárias das extremas esquerdas, às quais aparentemente combatem, mas secretamente admiram. A situação se repetiu em 1917, na Rú.ssia, onde a queda do czarismo se deveu à açao de uma burguesia com espírito girondino, que favoreceu a ascensão do socialista Kerensky, o qual, por sua vez, entregou o poder ao comunista Lenine.
Mercadão de Carnes ~ João Cem ~ Só trabalhamos com carnes frescas, diretamente de nosso frigorifico . Entrega a domicílio . Faça-nos uma visita e comprove: qualidade, preços e higiene. Fone: 542-2976
Av. Dr. Cardoso de Melo, 1046 (Vila O~mpia) - Sio Paulo - SP
Napchan, s - Presentes Finos Lida. PORCELANAS CRISTAIS FINOS LINHA DE HOTELARIA-INOX Fone: 66-5403 Ru~ f,>gu.n ,be. nº Hl [f 1•1 /w Angél ,c") - Sao Paulo - SI' R11<1 ll~r,,od.- T,, tu ,.bH - S,10 l'su,lo - SI'
IWMINA
lv1sOTI(
SUA VISÃO
-=~"s
f OTOLITO S/C LT0A,
REPRODUÇÕES EM LASER FOTOLITO A TRAÇO• DEGAAOEE • BENOAVS AUTOTIPIAS • COPIAS FOTOGRAFICAS • PROVA OE CO RES
Pa pe l de sed a c om
aplicaçõo d e silicone, esp ecial pa ra limpeza de le ntes
TABELA ESPECIAL P/ EDITORES AV. DIÔGENfS RIBEIRO DE UMA. 2850 ALTO OE PI NHEIROS TEL., 260-57.U
~Af OLICISMO (!@·
Um produto do ARTPRESS
lndUstrio Grófica e Ed itma Ltdo Ruo Jovoés, 6811689 -
Sôo Paulo (SP)
Telefone(0 11)220-4522
BARCELONA TELEFONES compramos -
vendemos
adm inistramos - alugamos trocamos e faci lita mos todas as áreas Tels: lOll) 32-9712 - lU,769 - Sao Pauh:,.SP
SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA AO ASSINANTE
(011) 825-7707
R.Dr. ManinicoPrado,34 1 -Higicnópolis (S_c,~içodccntr<:gapar•arcgilo) l.'.stac1onamcntoprópriocommanobri,1a
Reservas:825-2749e67-6596
m
ÓTICA AROUCHE LTDA. LENTES DE TODOS OS T IPOS EARMAÇÔES DAS MELHORES PROCEDtNCIAS LARGO DO AROUCHE, 261. F. 221 1737 SÃO PAULO SP
CONSTRUTORA
ADOLPHO LINDENBERG S/A
INCORPORAÇÕES - PROJETOS E CONSTRUÇÕES RUA GENERAL JARDIM, 703 - 6° • 7° ANDARES - FONE 256-0411 - SÃO PAULO
CATO LI C ISMO AGOSTO !9B9 -
27
ERDIDO NA floresta, surge em meio a densa névoa azulada, banhada pela tênue luz do ocaso, um castelo de sonhos. Oir-se-ia que o prodígio de uma foda, conjugando luz e neblina, modelou num recanto do paraíso sua morada encantada ... Para as crianças, as fadas são a personificação de um mundo
P
t"-
do o Anjou e o verdejante Maine, cada uma com características próp rias, s3o interligadas por essa extensa e fertilíssima bacia fluvial. Incrustada como um colar de diamantes nesse território privilegiado - um dos berços da Civilização culta e brilhante do Antigo Regime - encontra-se uma série de fortificações, de castelos esplêndi-
ça, Chaumont conservou algo da austeridade militar própria às antigas fortalezas medievais. Fosso e ponte levadiça, torres de vigia com seteiras guarnecem o castelo que, entretanto, já não conta com as sólidas muralhas típicas das construções dos séculos XII e XII I. Seu telhado cônico de ardósia, escurecida pelo tempo, contrasta
FANTASIA
NO VALE DO LOIRE maravilhoso. Para os adultos, es- dos e de residências palacianas, com a alvura das paredE:?s, discretase " paraíso" chama-se Vale do onde outrora pulsou a vida políti- mente ornadas com brasões e renLoire, o jardim da França. NelE:?, ca e de corte fran cesa dilhados esculpidos na pedra. A o gênio francês, inspirado pela CiExemplo magnfficode uma des- profusão das chaminés confere-lhe vilização Cristã, prodigalizou obras s.1s jóias do Loire é o castelo de um tom de va riedade e bom gosmagníficas. Drenou pântanos, fez Chaumont, que aparece na foto to, acentuando a nota de fantasia recuar feras, abriu caminhos e trans- desta pílgina envolvido pela nebli- presente no conjunto. formou as florestas cm bosques na do outono europeu. Ncssa estaChaumont emerge das brumas encantadores. ção do ano, as folhagens das árvo- e da floresta como do fundo dos O Vale d o Loire é um jardim res adquirem rica matização de co- sécu los, cvocando um passado cheio de variedades. Com precn- res que as tornam especialmente cheio de sign ificado histórico, de de a região oeste da França banha- belas. A delicada luminosidade personagens célcbres, de episóda pelo rio Loire - o qual, em da atmosfera e a amenidadc do cli- dios por vezes dramáticos. Realçaseus 1.010 quilômetros de extensão, ma propiciam um bem-estar tempe- do pelo esplendor da natureza oné o maior do país - e alguns de rante, que prepara os espíritos pa- de se encontra, o castelo permanescus afluentes, como os rios Cher, ra enfrentar as inclemências do in- ce como testemunha de uma civililndre, Vienne, Thouet e Loir. Oi- vemo. Embora construído no final 1.açào que transformou o Vale do rpmvfncias;.:omprcenden--do-séeulo-K-\L,em-plena-RenasceJ\--Loire-no..jar.clinun,_ _ __,__
Af01UCISMO N? 465 - Setembro de 1989 - Ano XXXIX
As facilidades promc1ida s s:\o de talordem,quea iniciativa tornouse conhecida como o "Mini-plano Mauhal"doUSte. Cus1aromprccnderquecritérios nortciam 1a! política, a qual ccnamemecau5arácuforiaaGorbachev.
INDIGÊNCIA MENTAL
MASSACRE IMPUNE 11cm nomomcntoemqueocorriaomassacredosesiudantescpopu lares na Praça da l'azCdeslial, cm Pequim. o diário "Women's Wcar" publicava um suplemento in1ciro,emrores,sobrccomooves1Uárioinspírado n05 uniformcsdos GuardasVermclhostornava-scdcliciosamcnte chique no mundo da modano11 c-amcricano! /\gora, apó!i aquela carni ficina promovidapelosromuniscas,aA dmini~tração norte-americana acompanhada por vàriosou1ros lidcrcs ocidcntais- apressou-sccm dcclararquenãoadornráreprcsátias firmesromraaChina. po1julgà-lascontraproducc.-n1es ... Afirmaçõe; desse gênero n.ão desestimularão oscheíes marxisrn s - aindacomasmãos 1imas dcsangue - a intcmarnov:1s ·· proczas·· . Ant espelocontràrio ...
Stnossasf}Otencio/idadesnaluraisfossemronvenierrtelll('n/tap/oradas-semas interferénciardescobidas do Governo - mJo haveria romolemerporn=osrleslinos.
PERPLEXIDADE QUE AGRIDE Nocomun i,atlofinaltlareunião dccúpula,promovidaeml'aris,pclo5se1epaiscsmaisindusirialiZ3dos, 1oduua1cn,çõcsdmliderc:sociden1aissedirigiramaomundocomunis11,em particular à l'olônia r Hun · gria, cujas economias obsole1as e damorosamcmc tlcficit:irias passa r~o a contar com o d«isivo apoio docapi1alismoimemaci<N1al,n.atrntativa clesesperada clc soerguf-las.
A EVIDÊNCIA DOS FATOS A balanço comercial brosileiru ffSistrQUnomtsdejunhoosuperu-
vilr«ordede1.1bilhlJndedólurtS. Com essr rr:sulstHIO, o saldo do semestrt' 111/nge 9.1 bilhrki de ddloresrontr118,6bi/hl)esdel988, co111expo11sãode6,5porfi'ntO Coeformeodiretorda Ctmeiro de Comércio CX1erior do &mro do Brasil-C«tX, Numi, Salek, tuis resultados Qjastum qr,ofqwr hipólese de o Pais errlrar "em poffl/uso", poiso1owllsuficien1e11orasaldar1110s osromprom/s$0s,,x1ern0$. Comose"',n4oobslanteossucasivrudesucm0$ dupülitico et:o-n6miéõ::jinontt,ro gol'trnamental, oiniciatfrt1privadamon1lm-sepufentt,
2 -
CATO LIC ISM O -
Setembro 1989
O Tribunal de hs/Íf/1 dt Silo 1'1111!0 - cidadeondeusFaculdodi:sdeDif"f'ilopu/u/0111 - mfo,·em co11S4>Kuindo selecionar. MI núm~ ro suf"icierrte, currdidotos hobilitudosporaoscurgosdej"itepromo--
,M.
Co16s1ro/l' 11116/ogo vtrifiro-se com440bochoréisejulusmilitonles(luedisputo,·0111vagas1w1"ribunaldelustiçade Brusllia. Aofi11ol das provas, o Dewntxi,:odor que prtSidiuutxirrcuexuminodoro exibiu os resultados: ape,rOS qua1ro upro,·ados. Do jornalismo d engenharia, Jus â~ncias sociois 6 medicina, 11enham ramo do saber escopo õ degringQ/udagero/.
MARCHA DA IMPUNIDADE No Brasil,h.:i85milcriminosos encarttradosesecakulaque80
mil devam estar à solla pelo Pais afora. Segundo Muylacrt Antune1., ex-secrctllriodaSegurança l'ilblica c Jusiiça de São Paulo. os mandados não saocumpridos porque os aparelhosreprcssivossllo inericicn1es,alémdoquenãocxis1cm sagas disfl()nivcisnosistcmapcnilenciário O amai secretá rio da Scgurança Pllblica de São Paulo, Flcury Filho,acresccmaquca legislação cm vigor"favorcccmaisaobandido do que ao cidadão", poi1 dei ~a a Polida "inibida e, às vezes, ma nietada". Im pedidos pela nova Consri1uiçãodccfetuar pris.õcssem manda · do. os homens da lei v&m-se na oon1ingênciadescri1aporumdel('Ja· docarioca;éprl!cisooonveocerbandidos e assallames a esperar quic1os onde es1ao. a1é quc a policia consiga umaordcmdcprisllopara detê-los ...
NOSTALGIA TEM FUTURO Millenwold l umupeguenorida de M,·aro (Alemanha Ocitltrrtul}.
pr6xima110SAlpes.rom8.()(J(Jhabi1on/1'11. NoslruloXVIII, Muthias K/01~. aprendeu no //(j/iaofaur violinos dea/1oq11alidudee, vollandopara suaMi11enwoldno10l,inkiouafobrinlft1a deks. Erui11ou suo arte 1/0Sfllhose vi:,;inhos, Do/surgiu umu tscol/l de fabricrm/l!S dt violinos qae rivaliwvam em qr1olidade rom osde Cremonu (llólio), onde SQ/Jressuiu111osmundialmen1efu1111r sosS1rudivarius, A irrduSlrioliwr,Jo, no irrkio do skulo XX, C/IJ/SOII 11 mudOllfU ~ ojll'Í(J dos artes4os de Mi11en1W.1//I, restando apenas uma meia dúzia deles, como rcmo11cwente.s dra111u/rudiçtJoemq11eo1rabolho 111unuo/eronobilitado11elofino gos1oartistiro,qualida~,1tmo1eriois tesroladealtaperfrif{lo. Porlm,oshubiwmesdut:idud~ :únha a/ema 1iverom sar11/ades de sea/10SSado!Einiciuramnes1euno co11111e1içôes unuais poro e.stimulor 011T01fu('t1Qde •iolinosfei/0$Urtesonolfllf'n/e, Forum 11/i6s ujudodos por uma 1endb1â111efK'ru/itodu 11 deixar~ ludo irrstrunmt/OS eletrônicos, demenorper/l'içlo rknico, subslituídospelostrudieionais,/ei· tos ó 111(10, com maior q1,alidade ucústktl.
,r_""-ae'.._-'"'<'~ .,:_,~.&..'-'-''1-1 renJo":~~';1id':·:::~;~;;;:símpd1iea rompe1iç,1o com Crtmo--
@AfOLTCfSMO SUM Á RI O NACIONAL O Assen tamento Pirítuba da Reforma Agrária, em ltapeva-SP, conside -
rado empreendimento modelo, de foto se revelou um fracasso . Ouvidos por nossa reportagem, os assentados reclama m amargamente ... 4
Assestando o foco nos pontos nevrálgicos A
t:~:~:sMb:n:~~~:sl~~l~~ta para favorecer os chamados sem-terra, con-
RELIGIÃO
Forn mprodigiosasasgraçasderramadas na França por ocasião d a pe-
~~~~:i::a '!tu: Gr~~J{;,:~t 1
durante a2' Guerra Mundial.
19
HISTÓRIA
Há50anos inidava-sea2• G uerra Mundial. Uma previsão sensaciona l do pacto Ribbentrop-Molotov. 26 INTERNACIONAL
Em Paris, as comemorações do bicentenário da Revolução Francesa, baseadas no "consenso", nãocon28
A questão - absolutamente chave para se saber se.ª Reforma Agrária está alcançando os objetivos alardeados - levou três colaboradores de "Catolicismo" a procurarem um assentamento considerado modelo de Reforma Agrâria, o Assentamento Pirituba, implanlado em 1984 pelo governo paulista no sudoeste do Esrndo. Após ouvirem vinte e quairo pessoas direta ou indiretamente envolvidas, elaboraram a presente reportagem que pode ser classificada de scnsacio11al. Sensacional porque revela pela voz dos próprios assentados que o Reformo A grário 111,0 sotis/a1. os trabulhutlores. E se ela não deixou satisfeitos exatamente aqueles a quem visou beneficiar, para que serve então?
PROGRE SSISMO
Frei Bctto resolveu comparar o recente Encon tro das CEBs, em Duqu e de Caxias- RI, à Revolução Francesa ................................... 30 TFPs EM AÇÃO
Algumas atividades das TIPs: Colômbia, Peru, Portugal, Espa nh a,
32
Brasil.
NOSSA CAPA Qb.,r,.1roda án,allldoAn.,ntam.,n 1<1Piritub.,, "m llapev•,ron,ide,ad(, ..-.,dclo,.,•l•mBi.., q.,. e,iU di.on1~ dclc, aprH<'fltam <> •m1Mn1" de •u1b>1i<;, fa,·cl,, rur•I. qu" a Rd"Of· m.oAgr,lnovaidis,,,min.andoJIOf!Od<,oteTri1ório=i<>n.o1 Folod<WillWIICru.t.
:i~~~ ~~~~'~s
1 1 T AL ;;;:i:1~:~:= ld: : :s~~:~:::~:ss:::i::: pois podem estar movidos por sentimentos de inveja, rivalidade ou ressentimento; aliás, de modo geral, os assentados são elementos desqualificados, moral e profissionalmente''. A hipótese equ ivaleria a di zer que a Reforma Agrária é feita para uma ralé, constituída por uma coleção de bandidos, de incapazes e de ingratos . Os defensores da Reforma Agrária encampariam tal acusação'!
~~: i:
1
"CATO LI CIS.\1 0 " I: uma publicação m.,n .. J
~!;:~:,~~~e:".:'r:,:'º111ª Ltda. =T~;'!.~":;;Tablwli - Rq,Mra~= lua /dott"" F. - . ~ - 01u,r; - Slo 1•...io,SP1l .. S<l<d<S<l.,.bro.l01 - UIOO =:~u& M>n .. r,_.;,,,.,,61i! - Oll21i - Sto Paulo,SP - T•t(Oll)m.rnn
~"";'~;~:=-~; ~,,:;:,,::,:,~:-::,::;.~, ~~~~= R:;i,:1
;:~··t!,,ria~~::'·,s~<lil.,..,
Lut.o.- 1 .. J......_IWll/lll'l - 0lllO - S1oP..1o,!W
:::=::::;.t~-·~-,:::":.
::=::::.!r""~~0~.'...~"P~~'.
o :u:~!~~~:r~~!s;;t::b~:s~;:1 t\::~s~uº11!~~11! ~~:;~:;u~~::e.l ::~ produção, eles não ganham para seu sustento e o de suas familias. Responsabilipor est a situação diretores e técnicos do asse mame nto. transbordam de im1n1taçõcs contra quem aparentemente os encheu de beneíícios. de quem dependem, e a quem por isso mesmo teriam todo o interesse em não acusar. Em suma, sem pretender encampar as impu1açõcs con1rárias a direção do assentamento, os autores da reportagem fazem quesUlo de registrar que os fatos alegados provam que a adminislmç(Jo 11(10 co11segui11 captar o co11/i<111ro dos assenlados. Este é o fato bruto e simples, que a Reforma Agrária conseguiu produzir. Para os asse ntados, Reforma Agrária é sinônimo de subprodu1ividade, carêneia, injustiça, descontentamento, frustração. Mas, se a Reforma Agrã ria é impugmivel do ponto de vista dos princlpios,
zam
os
E
l"'~:"',~;;;.=:cc::-=.,. '-' '=,,=_=,=:-=,=·, ~,: ~; '-'~--j-~po~n,gao~:~;~:;ra-fru~trante-quando-analisad11 sob o 1ingulo-do!-fat 0$,Yllleu a
CATOLIC ISMO - St:tcmbro 1989 - J
Pirituba assusta Fagundes
clara e am ena manhã d e
pforllfUfo , é um fra ca u o completo. l 'iritub(I, 11or exe m)Jlo, é
'"' oo otimi.mio e d d e11preocupaçãa, Fa simd es, sorriden te e satiefeito, respira-
va contente o,,,.ekfre.,ca ar nwtirial, co11vert1anda 11a po rta da bar do port1,g ul!1 com um c011h ccirlo t1eu , o Dr. Geraldo. Enqi«m lO Fcigundes, qu e go,Ua r.>a
d e .se .sentir lu,m à vontade, calçava sandá liw e enverga va uma vUtma ca -
111i11a e11tampmla, o Dr. G.iral<lo, c,dvogado e faund eiro no ii1terior elo fatado, et/ Ultra coma sempre IH!J tid o com di.1crição e bom gosro. Os doU conver sauam animada m ente naquela e&qui."º da nui Mar1im f'rancW:o com a Martinica Prado, no bairro d e Sa ,ita Cecllia, na ca11i1ul pauli.11a; e11<111ina p arecida com </IW fque r 0 11/ra, mio / o,r,1e e1UW'Tinra1'(n1: doi.1--,xu,ord e· /d o ora16rio de Nosw Senhora da Conceiçã o Vítima doa 1'errorU1a11, m e$-
,w
4 - C ATO LI C ISMO -
& tcml>ro 1989
- " Você t1a be Geroldo, cfü:ia Fa g11ndet1 nbri,1do 11111 forgo .wrri!Jo em 5ua fa ce redanda, eJto11 1,ensa11do em tent(lr outra ve:: alguma coisa no cam po; o problema d (I Rt>forma Agró ri(I aca bo11 , não 5e ou lli! maU falar de nada , 11em rm imprensa 11em 110 teleui5Õo, e /X>rlant-O a perigo /m.J.1ou de ve::; bem que e u tinlm nuão d e rião me preocu1,ar ... " "t é é é, Fngund eJ, você :sempre o m eu110 re5po11d eu tronqüilo Dr. Geraldo, - cerklme 11te você 11ão ou vi u falar d o que e5tá aco11tece11do 110 Asse11tamc u10 l'iritulm, em llapeva?" " Piritulm? Asumtam ento? Bem ... " - - ..Olhe - Fagundes, se---ooci- niio vê maU n e nhuma propaganda sobre a R ef orm a Agrária, não é JX>rque não
de São l' mdo, que 110 Ílllcio foi !!tper-embombado, di::ium que era m<Xlelo e agora 11ir o 11 1,ma f11vela rura l, 05 Cf1mpoJ es f,io (I IK1t1d o1111d05 e 05 1raiK1/hadores de lá revollad os, porque ,liz.cm que foram engmiados .. . "
NOU-O repórter, q,~ aliá.1 ccml,ecia bem o a.u 111110, w r r iu e pe1liu /ice nço 11o ra enlror 11 (1 coriven a, d11n111fe a qmd :se informou mai!J detida me111e .sobre o tema. Algmu di~ 1le1>0U, Jain com 1m1 colega pum ltapcva, d e oride ri oJ trou• e es/a-re p o r1agem ,
De fo.t-0, o f 'agu nda não tinha ra-
mo 1,ara fi car tão clespreocupada ...
llll駷l·iil·l·!§::14i·i§3í·I A
PRESENTE nmortagem foi elaborada com base em depoimentos de vinte e quatro pessoas - registrados em fitas magnéticas - direta ou indiretamaente engajadas na vida do Assentamento Pintuba . Também foram consultildas noticias di! imprensa locill e nacional, documentos fornecidos por ilSSerHil· dos - tais como o estatuto da Associaça.o dos Assentildos - alguns relatórios da diretoria, balanços etc A peça rnais importante é o abaixo-assinado de vinte e nove assentados descontentes da áreil 1, enviado em janeiro de 1987 a diversas ,1utoridades, e que estrilnhamente n,,o teve repercussJ.o nil imprensil Neste documento, bem corno nos depoimentos orilis, afloram graves acusilções a diretores e técnicos do assentamento 1mr atos de autoritarismo, irregularidades financeiras e administrativas. injustiça s e falhas técnicas Nao compete aos autores da reportage111, feita em ma rço, apurar se as denúncias SJ.o verdadeiras, nem'>endossá-las. Servem os fatos alegados apenas como prova de que existe uma fogueir,1 de desco11tcnta mcntoda parte dos assent,1dos r nada mais do que isso
Na.o obstante, antes de publicar a 1>resente maté· ria, seus autores enviaram à Secretaria da Agricultura do Estado de S.'lo Paulo. na pessoa da Sra Rosemeire de Almeida. diretora do De1>artamento de Assentamentos Fundiários, comunicaçao escrita da existênci;i daq ue las imputações, perguntando se a Secretaria "con hece estes fatos. se tem alguma explicaçJJo para t'les e se tem pos!çJJo tomada em defesa dos acusados" Ao mesmo tempo, pediam uma entrevista com o atual responsáve l pelo projeto. abrindo espaço a um pronunciamento "da Secretaria da Agricult ura. A CO· mun1caçllo e o pedido ficaram sem resposta Finalmente, de aco rdo com as boas técnicas jornalísticas, os autores da reportagem confronta ram os depoimentos obtidos oralmente entre si e com os registrildos no abaixo-ass inado dos vinte e nove assentados da área 1. Nessa ve rificaç.'lo constataram. em t."lo expressivo número de depoentes, impressionante concord/lncia na narraça.o e intcrpretaç:io dos diversos fatos mencionados
Retrato de um assentamento modelo da Reforma Agrária
"MISTO DE ESCRAVIDÃO EDITADURA" ATilUO FAORO e NELSON BARRETO Fotos: WILLI AM CRUZ
E REPENTE Pirilubu virou notícia... - Assim s~ iniciava um artigo da conhecida revista "Reforma Agrária" (1), da AURA (Associação l3rasilcirn de Reforma Agn'lria), apresenta ndoo projctodoassentamcnto implantado cm 1984 em terras da Fazenda Piri tuba, nos municipios de ltapcva e ltaberâ, sudoes1e paulista. A orquestração publicitária que "de repente" lançou Piri!uba no mercado como "um exemplo de asselllamemo bem sucedido", com ou com a participação de conhecidos ó rgãos da mídia, como TV Globo, "Folha de S. Paulo" e "Jornal da Tarde" e atraiu ''visitanres que se multiplicavam" c:i1plica a revista - desde oficiais da Aeronáutica a1é o Ministro da Reíorn111 Agrária, o qual ''de lá miu ellfusiasmmlo ".
D
História da Fazenda Plrituba Segundo o advogado Jairo Amorim, doSindlcãioRural de hapeva, a hlst ria da Fazenda Pirituba é louga: ..Nos ülos de 1950 a fazenda pertencia ao
depulado estadual Antfmio Vieira Sobrinho, mnheddo po, Ton;quinho Pereira. Eu sei por i1iformaç1Jes que ele acabou emregando essa fa<,em/a uo Bonco do Estado de Sllo Po11/o em pagamento <le um empréslimo que ele /e1•antara na ocasillo. Posteriormellle, o Banco transferi11 paro o Governo do Estado a posse da terra. Ent4oessa/a<.enda de 7 mil alqueires foi entregue a Lino Vinre11V, que se propunha a i11cre111e111Ur a plantaçllo <le trigo na regido". As terras da Fazenda Pirituba nao chegaram entretanto a ser cullivadas de acordo com o plano inicial. ''O Vin l"Cnzi nllo ti,rh(I condiçôes tle explorar toda a área, J!O..!!i!!!!_ cru muito ron de", continua o Dr. Jairo Amorim, "e foi permitindo in1•asôes aqui, ali e acolá. A 1•er(lade é que chegou ,111111 pon-
AREFORMA AGRÁRIA NAFAZENDAPIRIIUBA
em que a Fatenda Piri111ba 1illha q11ase (luu111as familias. Por volw de 1961, o Governo do Est(ldo rescindiu o contrato de t·omod(l/0 com Vincenú, e emrou l'Om 111110 açllo conlru o~· posseiros", Era imenç:'lo do emao governador Carvalho Pinto utilizar as terras para seu projeto de Reforma Agrária batiza10
CATOI.JC ISMO - St:t<·rnbro l!.18\.1 - .i
-·'3§·l·iil·l·i§1114i·l§31·1 Ao lad<> ,l<u Urr,u imjm>dutili<ll
tia Rif<Jr-ma A,rrária, : •,
pujantulawum, ,hparti~ulan, ,· ,,..,,1·...,m· mo
1doma/ucrua .. ,
do com o nome de Revisão Agrária. Mas elas continuaram ocupadas por posseiros, enquanto ações movidas pelo Estado se arrastavam na Justiça. Em 1973, nova tentativa governamental de regu larizar a posse da terra levou as autoridades a prometerem eseritura para quem assinasse um con1promisso de compra e venda com prazo de cinco anos. O ato governam ental limitava a aquisição a 40 alqueires por familia. Muitas cláusulas contra1uais não foram cum pridas, sobretudo da parte do Estado. En1 vista do caos criado pelas circuostãncias e por deoúncias de corrupçi'lo, as autoridades competentes chegaram, cm 1978, a instaurar um inquérito administrativo, o qual m1o logrou sauar a confusao reinante. Com efeito, os promitentes compradores - inclusive muitos que saldaram regularmente seus compromissos - aré hoje não receberam títulos definitivos. Começam as Invasões articuladas
= ==~ - - - - -
A falta de titu lação foi o fa lor propicio que inspirou a articulação de 6 -
CATOLIC ISMO - Sctembro 1989
um movi111ento de sem terras que dese• java ocupar a área. Liderava-o um engenheiro agrônomo da própria Secre1aria da Agric ultura, Zeke Hezc Jr ., que em julho de 1983 íoi incumbido pelo Governo Montoro de resolver o problema da Fazenda Pirituba. Diplomado em 1982, portanto sem experiência profissional, atribuía a ''tronqüilidodecom que enjren1avo os problemas" à sua militância de ci nco anos no movimento estudantil.(2) Para o advogado Jairo Amorim, esse agrônomo "burb11<lo, pe1isto, q11e deve ler vindo do inferno", só veio agravar os problemas já existentes. Em dia e hora marcados - madrugada de 13 de maio de 1984 - 250 famili as, 101alizando 1200 pessoas, com apoio dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais de Itararé e llabcrá, do Vigário de Itara ré, Padre Narciso, de poliricos como os deputados Sérgio Santos (PT) e ValdirTrigo(PMD H), chegaram em caminhões e ocuparam parte das terras da antiga Fazenda Pirituba. A Secretaria da Justiça, co,n o auxilio doliislifiifO --d e- Assuntos--Fun1.1i"â'rll) - IAF, entrou com pedido de seqücstro, isto é, apreensão judicial das ter-
vasores, permitindo que cerca de 160 das 250 familias fossem assentadas na área seqüestrada. Constituiu-se assim o Assentamento de Reform a Agrária da Fazenda Pirituba, composto de 3850 hectares e dividido cm área I e área li , at11bas sob a mesma direção, correspondendo a cada fa mília o cu ltivo de lotes de sete alqueires. Posteriormente, uma terceira área foi incorporada ao projeto. Assentamento modelo
"Fazenda Pirilllbu é exemplo para Novo Repúblico"; "Em Pirituba, um exemplo de ossentomen/o que es/6 dondo certo"; "Reforma Agr6rio: dois bons exemplos dados por Silo Paulo"; " Piriluba, exemplo vilorioso e sem mistérios" - eis alguns títulos de noticias de jornais e revistas que foca lizaram o projeto de Reforma Agrária, quando este ainda estava no início (3). O governador Mo ntoro, em fevereiro de 1985, cm apoteó tica visita ao local, onde desceu de helicóptero, chegou a declarar que "o assentamento no Fozendo Pirilubu é exemplo a ser seguido pelo Nova Repúblico", n1ostrando-se impressionado com a "experiência comunit6ria 11/i implonto<la" (4). Posteriormente, a propaganda em favor do Assentarncoto Pirituba utilizou- o- recurso- dc:-organizaratt-a-vcnda direta ao consumido r, nas entradas de vár ias estações do metrõ paulista-
-ti§·l·iíi·i·Meei4i·I#31•1 Um insensato sistema de crédito comunitôrlo No Assentamento Pirituba, os assentados têm o uso da ierra, mas a propriedade do imóvel é do Estado. Sem 1itulos de propriedade. os assentados não têm acesso ao crédito agricola, uma vez que a terra não pode ser oferecida como garantia para constituição de hipoteca. Sem créd ito, o assentado recebe o chão, porém não tem meios de tornar a terra produtiva. Como sair do impasse? O meio excogitado pelos executores da Reforma Agrária foi o de fornecer crédito não aos assentados individualmente, mas à associação deles. Esse mccanismo, aparcntcmentecficicntc, produzconseqüênciasestranhaseadvcrsas. a) O financiamento recebido pelo assentado, acarreta-lhe um ônus a título individual mas o dinheiro é crcdi1ado na conta da associação. O assentado é forçado a aceitar esse procedimento que lhe é apresentado como o único meio viável de acesso ao crédito . b) A diretoria da associação fica investida como administradora do dinheiro dos assentados, mas não responde por eventuais prejuízos e danos ocorridos em caso de má administração. c) Os assentados respondem individualmente pelas suas próprias dividas, mas como o crédito é concedido ao conjunto dos associados, eles ficam prejudicados na hipótese de um de seus colegas nao honrar seu compromisso. Alguém que fique doente ou deserte do assentamento transfere a divida para os demais. Assim, estamos diante de um sistema de crédito e gestão comunitários, que regra geral desfecha no autoritarismo arbitrário ou mergulha na corrupçilo. E o empreendimento assim constituído logo cai no descrédito geral. Foi __Q__gue_ocorrcu no Assentamento Pirituba.
no, de feijão produzido na área da Re- ro incerto. "O §Overno ndo ~ai mais forma Agrária. Propagandísticos sacos dar títulos de posse aos agricullores plásticos de 2 quilos ofereciam "Feijão que/orem asse111ados dentro do prograda Reforma Agrária", nos quais se ma de Reforma Agrária" (6), afirmou anunciava a colaboraçilo da Caixa Eco- sem rodeios Dante de Oliveira, c1111lo nômica do Escada de São Paulo, do ministro da Reforma Agrária. Bancspa e do Governo Quércia. b) O domínio da terra fica com o A TV Globo compareceu ao assen- Estado ou com uma associação de astamento e filmou a lavoura de feijão, -~ o tados. O Estado não distribui terras que apresentou como fruto da Refor- a ninguém individualmente, retendo ma Agrária. A filmagem, aliás, gerou o domínio delas cm seu nome ou, quanprotestos, pois focalizou pujantes la- do muito, no de uma associação de asvouras de produtores particulares na sentados que em tudo depende do Estaregiilo, cm vez das plantações dos as- do. " Só o associalivismo garante o susentados. ''Até filmaram o meu /eijdo, cesso do empreendimento .... só o traem vez do deles", qucixou-sccontraria- balho em comum, no solo sem dono, do Hcndrick Loman, agricultor vizinho livre de cobiras mesquinhas e interesdo assentamento e diretor da Copasul ses anti-sociais", recomenda, numa lin- Cooperativa Agropecuária Sul Pau- guagem pesadamente socialista, um dolista Ltda. cumento do ex-MIRAD, ao traçar dire''Belíssimo, com resullados 100% trizes para os assentamentos de Rcforpositivos" - declarou urna visitante ma Agrária (7). do assemamcnto, procuradora geral c) Colclivismo na organização da do Estado, Norma Kyriakos, que con- produção . À semelhança dos "ko/khosiderou isso possível graças à ''boa or- zes" russos, das comu nas chinesas, ganizaçdo dos assentados e ao seu espf- das "granjas dei pueblo" cubanas, e rito comunitário" (5). das agrovilas polonesas, a produçilo é coletivizada, por intermédio de coopeO "modelo" Pirituba rativas integrais de participaçilo obrigatória, nas quais o cultivo da terra, o No Assentamento Pirituba, encon- uso de máquinas e a comercialização tram-se realmente muitos traços de da safra são comunitários. O próprio um assentamento rnodeto, não no sen- Presidente Sarncy, em dcclaraçilo à imtido de exemplo de sucesso, mas de rcalizaçilo de um figurino pré-estabelecido para ser implantado pela Reforma Agrária cm todo o Brasil . Nm et1lrodas d, algumas tsla~s do mrtró E de tal maneira foi aplicado esse pauli<ta,w, propaga,ulí, tíco, ,acos plásticos fígurino, que se pode sustentar ter si- d, 2 qt<ilos d., " Feijão da R~forma Ag,-ária " do esta a ralân profumla do fracasso. Í""'"' of;c,cid.,, aos trans,unlu . .. Em outros termos, o Assentamento Pirituba foi modelo de assentamento coletivista, muitoscmelhanceàs fazendas colet ivas adotadas cm países comunistas, chinesas e cubanas, nfio cnoredendo nada ou quase nada à doutrina e aos hábitos da propriedade privada. Tudo no assentamento foi corrrn le a partir desse erro inicial. E dentro de umacocrênciastalianiana , tentou realizar o sonho utópico do coletivismo socialista, que nem a Rússia foi capaz de implantar, e cujos amargos frutos até Gorbachev hoje lamenta ... Por isso, o est udo do "modelo'' Pirituba tc111 particular importância, sendo oportuno aqui lembrar as caracteristicas principais dessc projcto colet ivista. a)Osassculados nfio recebem lílulosde ro rietladci11divitlual.Rcccbcm quando muito, uma precária concessão de uso, ficando em geral com uma promessa de outorga de títulos num futuCAT OLICISMO -
Scic m bro 1989 -
7
-si§·l·iil·l·l§eeiêfi·I§dl·I Empregado d efende a ferra de seu pafrõo " Estouaquiparacuidardafazcndadopa1rao.Agora,o'cara'\'emagredireinvadiroquenãoédele,emao a gente tem que defender o patr;lo". -Assirnjustificaseuatodelcghima defcsaotra1oris1adaFazendaBcrgamini , José Milton Tavares, o qual, emno\'embrodc1988,dcfendeuàbalaastcrrasdafazcndacmquetrabalha Segundo narra o próprio José Mihon,ascondiçõesqucenvolveram o episódio foram dram~1icas. Quando gradeava a terra, viu-se cercado por oit~nta homens que, já dentro dafazenda,oameaçaramanunciando: "nós já estamos tomando coma da fazenda e você pode fugir e deixar o trator". Advertindo em seguida: " Ou você sai, ou nós \'amos pôr fogo no trator" . O empregadoresponde: "Mas cu estou em cima do trator,estoutrabalhando , estoucumprindo o meu serviço, a ordem de mcupatrilo".Novaameaçadosinvasores: "Nós vamos torrar você". Constatandoagravidadedasarneaças,adisposiçãodelcvá-Jas a eaboea desproporção numérica dos agres.sores. José Milton retirou-se do !oca!, levando o trator para a sede da fazenda. Os invasores apro\'citaram-sedissoparafustigarogado,oomointuitodcfazerestouraraboiadac romperaswcas Voltandoaolocal,dcstavczacavaloearmado. o tratorista pediu aos invaso res que "deixassem a criação em paz", poisestot1rnndo a boiada "vão matar uma criança , uma niulhcr, machucar um oturo, ca culpa será de vocês que andam invadindo o que é dos outros". Enfurecidos, os agressores disse ram : "Nós vamos fazer de você um bife, um bife bem batido,com mãodeoitcntahomcns''. E JoséMilton prossegucanarração: "Vieram igual uma capctada emcimademim , defoicc, fa cão,pcdaçodepau . Aícumcvirnuitoapcr· tado nas rnilos deles, dei uns tiros pa ra cima. Depois, quando vi que eles estavam muito cm cima mesmo, o que eu fiz, para defender-me, foi atirar na direção deles . Oitenta homens cm cima de um, o que agente fai,nãoé? ... " Apósoineiden te, noqualfo i ferido na perna Aparecido Pereira da Silva,ogrupode invasorcsseretirou da fazenda. A au toridade policial pareceu-ao-loc.aJ.....c...1-ocorrên.c· foi registrada nadelcgaciadc ltaberá .
8 -
CATOLICISMO -
Em roul ./ '"'" "'"·' r,
,. ,'.
'
m,· · ;
1Jlr11·,,. 911
'I"'
rm .,·.,,,,a"'".,·,, ,uul!lwlos. r11n,11/n11.,·sr ,X r,,.r,m MI gemi ,w/'rrto, d :1',rl!l//mrnlo
prensa. "defendeu a formai;üo de pro· prie<ladescofeli1•as11asâreasmraisdesapropriadas para fins de Reforma Agrária", entendendo que o coletivismo agrário ' ·pode dar mais resultados do que a {Jropriedade individual" (8) Vejamos agora corno tudo isso teve realidade no Assentamento Pirituba.
Os sem terra continua m ... sem terra!
11lg11·
oulra pode dar um rebote. Se mio tiver docu111e1110, o Ertado pode resolver qualquer tipo de negócio.,_ Esse temor de João !Jatista tem 10do o propósito. Já ocorreram arbitrárias expulsões no assentamento . Por exemplo, com Waldcmar de Lara , exvice-presidente da Associação dos As· sentados da área l , o qual assim relata seu drama: "Eu não linha IÍ/1/lo de propriedade, me expulsaram, pois eu não linha garantia 11e11h11ma''. Afinal, se o domín io das terras não foi concedido aos asse ntados , a quem elas pertencem? As terras contin uam sob tutela do Estado, conforme explica Ana Maria Faria Nascimento, que foi coordenadora do projeto cm 1985: "As famílias assentadas m1o terão a posse <la !erra O que existe é uma a11toriwçao de uso da terra, 11111 contrato ainda precário"
Para animar os as~entados, o go\'crnador Montoro teria manifestado a cspcrança de que "a Justira decida pela emissão de /Ílufos de posse, que serão entregues às famílias assentadas" (9). Ora , transcorridos quase cinco anos da formação do assentamento, os assentados queixam-se da falta compiela de 1í1ulos que lhes dêem espcrança de sair da condição de sem terra ··Q11ando lava bonilo, o Mo/1/oro veio, (10) . i11ce11tfro11 o povo e disse que tínhaAté aqui esperaram em vão os as111osga11ho o pri111eiro ca111peo11al0 bra- -sentados pela titu lação, e, sem dllvida, sifeiro, q11e ganhamos 11111 peda~-o de cm vista da lei 4.957, promu lgada pe· /erra e que ele ia dar para nós um lilll~ lo próprio governador Momoro, cm lo de terra '·, conta o assentado J osé 30 de dezembro de !985, está fechada Soares Ramos, 56 anos, 13 filhos , da a possibi lidade de concessão de títulos área 1. de propriedade cm projetos de ReforSegundo ele, depois qtie o governa- ma Agrária patrocinados pelo Goverdor Montoro foi embor,1, entrou o Ze- no do Estado de São Paulo. ke lkze J r., que queria um documenSegundo dispõe aquele diploma teto cm nome da associação. "No bolo gal, os assentamentos comportarão a nós não queremos - desabafa - nós ou10rga de uma permissão de uso do queremos é um documemo individual imóvel, pelo prazo de até 5 anos, nupara cada um". ma "etapa experime/1/a{"; e, depois, ··Es~·e é o vroblema que está preoc11- numa ' 'etapa defini1i1•a' '. a outorga vando", afirma o assentado J oão Ba- de concessão de uso (arts. 4°, 8° e 9º) , tista Pereira, que foi presidente da As- e desta vez sem praw definido. Ou sesociação dos assentados na área 11 du - ja, os asse nt ados fica rão indefinitlanwn- rantc-dois-anos-e mcio::--f'ara·cle;-a faJ,,.- --te-na-posição-tle-~em-terra:;-poi~ eonta do documento de posse é uma ame- cessionário" ou "permissionário" é aça de expulsão: ""De 11111a hora para mui10 diferente de proprlCti"Hio. Por
S,:t<·mbro t9H9
-Fi#•i-lil•l·Mrri=H·l#dl·I isso mes mo, nõ'io po<lem vende r, deixar cm hera nça para a viúva e fi lhos, e realizar outros atos j url<licos incre mes à condiç!lo de proprietário: hi potecar , arre nda r e1c,
Fracasso econôm ic o Nu m primeiro momento, o projeto de Reforma Agrària do Assen tamento Pirirnba foi muito ajudado por setores governamentais, religiosos, políti cos, de imprensa, bem como pela Ll1A, Caixa Econômica do Estado de São
!ou-o acerca dos recursos existentes para os assen tamentos, decla ra ndo seu n..-ceio de <1ue " a e ventual nOo co11secuçOo ti essas metas /om eça um urg,mumto fort e àqueles que, por outras razôes, querem criticar o projeto de reforma ogr6ria", e q ue "se possa utilizar, mais tartle, estatísticas que niio r,os sejam /Ol'Orá1•eis .., Na respos ta, o Sr. Dan te de Oliveira demo nstro u q ue compart ilha da mes ma preocupação: ''Eu vejo o grane/e perigo pura a Reforma Agrária: de aqui a três 011 q11atro anos, os f)rogru-
la CA lC - Companhia Agrícola Imobiliária e Colo nizadora , empresa pertencente ao Gove rno do Estado de S;'io Paulo (extinta posteriormente). Com polp udos fi na nciamentos concedidos peta Caixa Econômica do Estado de São Paulo, a Associaçã o dos Assentados chegou a contratar bóias-frias para trabalharem em suas terras, num regime q ue, segundo nmicio u a im pre nsa , teria deixado " encabu lado" o próprio prcsiden1e da associaç;'io, Dclwek Ma theus, q ue declarou: ' 'Pura todos os efeitos externos, a assoduçao tem de uubalhur nos moldes cupitufislus. É co11/raditório, mas nilo tem como eviwr"( 12). Esta safra dos assentados foi apresentada pela imprensa como fr u10 do sucesso do pla no de Reforma Agrária no Estado de Si'lo Pa ulo. Segundo Benedito Domingues de Lacerda, "era jomul, revista e te/evislio" que davam ampla propaganda no sentido de ··mosuar pura o Brasil que aq11ele era um esquema tle Reforma Agrária que da1•0 certo". A ilusão da "safra capitalista" duro u po uco. Razão tinha Delwe k Mathcus ao dizer que isso era para "efeitos externos": a associação. constituida em moldes coletivistas e di rigistas, já na repartição dos frutos da safra 84/8S levou a conseqüências desastrosas.
fndl ces d e produtividade ma nipu lados
Paulo e o u1ras instit uições pl1blicas e mas de Reforma Agrária serl'irem coprivadas, Tui tratamento permit iu uma mo exemplo tlaquilo que não eleve ser sobrevida artificial, como se pode fa- /eito " ( JI ). zer com urna criança alimentada na csO " grande peri go"' temido por Dan1u fa, Mas agora, passados quase cin- 11" dl' Oliveira é hojl' intl'irll realidade co anos, não podendo manter o reben- também no asse nlamenlo " modelo" to permanentemente com vida artifi- do go w rno do E.stado de São Paulo. cial, o fracasso vai ga ngrenando o as- É o que passare mos a ver agura, come· senta me nto. çando 110r examina r o 11ue aconteceu Conscientes desse fenô meno, parti- na primmeiras11fr11(84-85) . dários da Reforma Agrária temem que o fracasso dos assenta mentos sirva de O apare nte sucesso argumento contra eles. Ê o que se cons- da saira "capita lista " tata, por exemplo, no debate ocorrido no Senado Federal, no dia 2 de dezcn1Na safra 84/8S, tudo correu bem bro dc-1986,_q uando a li...comparece para-a lavoura.-C:h11vas-reg11iares per o Sr. Dante de Oli vei ra, à época minis- mi tirarn excelente produç1lo em 1oda tro da Reforma Agrá ri a. O senador a reg i1lo. No Assenta men10 Pirituba , Fernando Henrique Cardoso interpe- a área [ teve suas terras preparadas pe·
Quanto aos números obtidos nessa pri meira safra, a propaganda manipulou os dados para impressionar o público. Por exemplo. a revista " Reforma Agrâ ria", da ABRA, em sua edição de maio/j ulho de 85 , apresenta eufórico ar1 igo de Zckc Bczc J r. e José Eli da Veiga , no q ual uma ta bcl;1 compara os resultados da safra obtida no asse ntame nto com a média do Estado de São Paulo. A safra de feijão, segundo os artic ulistas. teve o rendimento de 51 sacas por alq ueire ( 1,3 toneladas por hectare), enquanto a prod ução média de São Pa ulo ter ia sido 26,4 sacas po r alq ueire (0,67 t/ ha). A ma ni pul;1çi\o de dados torna-se mani festa, pois a rev ista omite me ncionar q ue a regi1lo sudoeste paulista - onde se situa o asscn1amento - obtéu1 indices reco rdes de produtividade de feijão que superam e-longe a média- do-Esrndo de-Si\o Paulo. Por exemplo, produ tores vizinhos ao Asse nta mento Pirituba, nessa mesma safra. colhcrall\ aci ma de 1lO CATOLICISMO - Sc1cmbro 1989 - 9
eeti§·l·iii·l·l§11i¼i·Md® sacas por alqueire plantado, segundo informa Hendrick Loman, há 18 anos agricultor na região. ''Naquele ano, quem colheu menos, entre agricultores da regilio, colheu IJ0 sacas por alqueire", pondera de sua parte o advogado do Sindicato Rural de ltapeva, Dr . Jairo Amorim, e conclui: ''E o Estado fazendo estardalhaço de q11e a Reformo Agrária dele colheu 50sucas". Os próprios meios oficiais tentaram supervalorizar a safra, como ocorreu na mencionada visita do então governador Montoro ao assenta mento, cm feverei ro de 1985. Na ocasião, teria ele afirmado que na colheita de feijão obteve-se "ótimos resultados", chegando-se a colher, "em determinadas áreas, até 80 sacas por alqueire, sem dúvida uma marca excepcional para o fei Jr1o" ( 13). A manipulação de dados revela-se também - no mencionado artigo, -
na apresentação do resultado da safra de milho. A associação teria colhido 57sacasporalqueire(l,4 t/ ha),enquanto a média no Estado de São Paulo seria 98 sacas por alqueire (2,46 t / ha). Portanto, já abaixo da produtividade média estadual. Ma~ a revista da ABRA deveria ter informado também que, na safra 84/85, na região agrícola do sudoeste paulista, a colheita de milho atingiu índices superiores a 300 sacas por alqueire! Com muita razão, José Carlos Bagdal, possuidor de um lote próximo ao assentamen10, externa sua perplexidade: "Tem cabimento tirar uma 1erra de um homem que produz 300/350 sacas de milho por alqueire, pura dar para uma pessoa pr0<lu zir 50, que é o que a turma do assentamento produz?" Depois do ano agrícola 84-85, cujo sucesso foi mais aparente do que real, o desempenho econômico do assentamen to foi de mal a pior, entrando
" No tempo que tinha patrõo, minha situaçoo era melhor"
-
cm irrcmediâvet declinio. A situação hoje nas três áreas é melancólica, como se verá a seguir.
Areo 1: fraca sso e caos
Essa área, cuj a primeira safra foi
cm 84/85, encontra-se hoje invadida pelo caos e pelo desânimo. Todos reco· nhecem o fracasso econômico. O coletivismo e o dirigismo impostos através da associação arruinaram o ânimo dos mais empreendedores, além de provocarem cisões graves e profu ndo desagrado nos assen tados em relação ao esquema adotado. Para tentar remediar o fracasso resultante do coletivismo total, optou-se pelo coletivismo parcial, com a criação de grupos de produção compostos de familias. Novo fracasso. O endividamento dos grupos redundou na suspensão dos financiamentos, com a conseqüente paralização das atividades no ano agrícola de 88. Agora, é voz corrente que, no próximo ano, ca· da qual vai tocar as lavo uras por sua própria conta! Elias Ramos, que acaba de iniciar uma rOÇa à revelia da diretoria, ex plica a razão de sua atit ude: "Com esses diretores aí, nlio se tem crédito nem pura uma caixa de fósforos em 1/apeva. Eles es1tlo tr1o apurados que chegaram o falar que do a110 q11e vem em diante cada qual foca o se11 como puder".
Area li : atividades paralisados A reportagem encon1rou Manoel
Duarte, conhecido como "seu" Mancco, 59 anos, dez filhos, instalado na área 1, em misero barracão de pau-apique. Com a saüde abalada - sofre de bronquite, inchações no corpo e problemas de visão - explica que isso aconteceu pelo fato de ter espalhado cal virgem na sua lavoura com suas próprias mãos, sem nenhunia proteção. Signatário de um abaixo-assinado de vinte e nove assentados descontentes, Manoel Duarte confessou-se desiludido e mesmo " ludibriado" pela Reforma Agrária. Suas palavras demonstram amargura: "Entramos em comunidade, junto com a igreja, pensando que todos eram irmãos. Nr1o ia ter política, n4o ia 1er nuda. Todos concordaram. f,,fas depois, vimos que eles estavam querendo passar a geme para trás. E falavam: se vocés quiserem é assim. Se nr1o quiserem, o port4o de salda é fá em baixo''. D" Lindalva, sua esposa, compartilha a mesma decepção: "Perdemos o ano, nl1o lemos nada plantado". A família sobrevive graças ao trabalho dos filhos fora do assentamento. A familia de Manoel Duarte está ameaçada de despejo do assentamento, junto com outras oito, depois que corajosamente denunciaram irregularidades na administração da associação. "Seu" Maneco é um dos que já ·-s?niem sauda·dcrdo ttmp'Cr-enrque-nabalhava com o-patrãcr:--E"arrcmata:· "A minha situaçr1o era melhor".
IO -
CATOLIC ISMO - S<:1cmbn:, 1989
A chamada área 11 , fo rmada simultaneamente com a área 1, foi desmembrada no segundo ano de atividades apenas por estar localizada a 10 quilômetros de distância. Os estatutos e o funcionamento da associação criada então eram idênticos. Com isso, o coletivismo dominante na área I projetouse na área 11 , trazendo em conseqüência todos os vícios e desgraças pró prios do esquema com unitário. João Batista Pereira,na1uraldeltaberâ, foi presidente da associação da área li durante dois anos e meio, e hoje é dirigente de um gr upo de produção. Com fisionomia desanimada, diz que "ninguém está agüentando mais" e "agora os politicos nl1o tém vindo. As coisos e~·,ao diflceis, o firw11ciamen10 já está atrasado, nao sei se vai sair. .. Es/amos tocuntlo ui tio jeito nosso". Os asseniailõsdií"áTcalnêrifnffi"tivos de sobra para dcsãnimo. As dividas se acumularam a tal ponto que os
llils3§·i !ii·l·i§::f¼fi·Mii·t la/mente fora de época. A prod11çJo logicamente 1100 ia dar nado". Quanto às demais safras, o resullado não foi muito diferente. José Pedro de Souza, 36 anos, três filhos, paranaense, com ar preocupado admite que no ano passado "deu 100 pouquinho '' e o pla ntio deste a no (feijão da seca) está atrasado. Em inicio de março, a terra ainda estava sendo preparada, enquamo as lavouras da região já crescidas e cm íloração. "A sobrevivência ainda é precária, só que a ge11le tem esperança que ainda melhore", lenta justificar-se o coordenador Marcos. Mais realista, José Lima da Rocha, secretário da associação da área 11 1, confessa: "M11iras pessoas v4o desanimando, v4o indo embora Éramos,
- - , -- -- - - ,-
Maisumavez,asus1entaçãoar1ificial, de estufa, explica a sobrevida da área 1[ 1. O próprio coordenador Marcos, entusiasmado, informa que tem sido saliente o apoio de D. Ala no Pena: ''O Bispo é muito interessado pelo q11es100. O Bispo goslou do trabalho e veio o tru/or, veio o verbo [da Misereorl". Informa ele ainda que a LBA concedeu também uma verba, a fundo perdido, para construção do armazém.
Coletivismo· origem profundo d o fracasso Segundo os idealizadores do Assentamento Pirituba, o coletivismo deveria ser uma carac1cristica essencial dcs1
~~!~~~~~
~~~::
::r~ae~~r~~~:i!~!~'.ªro? vo para que Delwek Matheus afirmas-
se que '"o trabofho em conj111110 é u chave do sucesso'' do assenta mento ( 14). ''A expficaçiJo básica do milagre [da sa fra inicia li ni1o está no compojurldico 011 técnico, e sim 110 processo de organiwçõo do grupo de agricultores··. declara Zeke lle'LC Jr., no mencionado artigo para a revista da ABRA ( 15) Corno já vi mos, aos assentados foi subtraido o dirciio de receber titu lo de posse da terra. O Estado concedeu uma "aurori;.açao de uso" da terra, a título precário, para uma associação
sete tratores que possuíam, mais uma colhedeira, um secador, um caminhi'.lo Mercedes e um carro Volks foram vendidos em dezembro de 1988 para pagar as contas a1rasadas. Com isso, a atividade agrícola ficou paralisada, o galpão construido para depósito da colheirn está vazioeprecariamente adaptado para funcionar ... como escola
Área Ili: sobrevivência artificial Fruto de uma invasão, em abril de 1986, surlj:i~ a área Ili. inicia/iYQ - conta Atila Gera, proprietário rural na região - por1i11 <lo Sindicato dos Trabalhadores Rurais tle ltaberá, tlo1· prefeitos de ltaberá e ltupe~·a e du Igreja". Com apoio de D. Alano Pena, Dispo de ltapeva, depois de um ano à beira da estrada, os invasores tornaram as terras de Antenor Batista dos San· tos. Consumada a invasão, o Estado ent rou com uni projeto emergencia[, formando a área 111 , destinando 480 hectares para 106 familias. Quanto à produção nessa área, os resul!ados ainda são inexpressivos. Segundo Marcos Augusto Pimentel, tb.:nico agrícola e coordenador do ro·e!o, a pnme1ra lavoura deu só pura alimen1açi10 do pessoal. Foi um p/untio mais pof(/ico - explica - porque to-
":4
no inicio, 106 famílias, hoje nós contamos com 69". Comparativameme, as familias da área Ili estll.o ainda cm melhores condições do que as das áreas I e l l. Qual a razão disso? São os próprios assentados que dão a explicação. "É porque ni1o eslomos endividu,los, como o área li, que teve que vender /Of/o o muq11i11ário. Quem está nos ajudando bas1u11te é a LBA, ue o ·udou 110 ma uinário ant d vir esse trator tia Alemanha, da Misereor, e oi melhorou o situaçllo ", afirma José Pedro de Souza CATOLICISMO -
Setembro 1989 -
11
-si=i·i·!ii·I·!§:: 4 - 99 • de assentados. Na prática, o Estado erigiu a associação em canal necessário entre assentados e Governo, em instru~ mento do poder estalai nas funções de organizar a preparação do solo, o plantio, a colheita e a comercialização da safra. O dinheiro concedido pela Caixa Econômica estadual, a titulo de íinanciamento, foi entregue não a cada associado, mas à associação, para que esta o gerisse, adquirindo máquinas e msumos No que diz respeito ao livre exerdcio do direito de associação, convém ressaltar a inautenticidade do modelo adotado no projeto. O assentado é forçado a aderir à associação, sob pena de cair em desgraça. O próprio estatuto, nos artigos 6° e 7°, prevê a participação nela dos lavradores integrantes do assentamento, e o associado excluido "será definitivameme eliminado doprojelO". Ni nguém melhor do que os assentados são credenciados para fala r a respeito. Vejamos o que eles têm a dizer.
Inconformados, vinte e nove assentados denunciam erros do coletivismo Um abaixo-assinado subscrito por vi nte e nove assentados da ârea I reveta que os "beneficiários" foram prejudicados pelo esquema coletivista
O abaixo-assinado nasceu de uma reunião realizada em 7 de dezembro de 1986, na escola da ârca 1, feita com o fim de analisar o desempenho do projeto e o papel da associação. Participaram da reunião nove assentados Antônio Vergueiro da C ruz, Benedito Domingues de Lacerda, João Gomes da Silva, José Benfica Nascimento, José Domingues de Lacerda, José Soares Ramos, José Porfirio de Azevedo, Manoel Duarte e Roque Ferreira de Souza - que acabaram redigindo os termos do abaixo-assinado posteriormente subscrito por outros vinte colegas Em janeiro de 1987, o abaixo-assi~ nado foi encaminhado à Frente Nacional do Trabalho, cm Brasitia, e a diversas autoridades. O documento não recebeu o devido realce por parte da imprensa A criação da associação só foi aceita "com o objetivo de que as coisas nos facilitassem na parte do crédito ogrlcofa e outros benejTcios", esclarecem os signatários, para mais adiante afirmar que a associação não correspondeu â expectativa, deixando um saldo negativo de 80% Mencionando como pontos positivos a construção de barracões, a aquisição de máquinas e implementos, e a relativa íacilidadc cm obter créditos, o documento consome cinco de suas seis folhas datilografadas para expor "as partes negativas, as que nbo deram
erto". Os assentados descontentes resumem desta forma suas queixas· "lº) O autoritarismo dos principais diretores e técnicos agrônomos que illlervém muito na associaçao, e que agem como aulénticos tlitadores. 2º) Mui1as injustiças por parte deles. Jº) Muita falta de esclarecimemo na parte administrativa com refaçbo ao dinheiro, o que tem gerado muita desconfiança por parle dos associados. 4°) fnsegurança na terra, visto que se tem 11111 documento (aU/orizaç(Jo de uso) em nome da associaçbo. 5 º) A diretoria é um fardo muito pesado para os associatlos, visto q11e slJo pagos os diaristas para c11idar da lavoura de sete famffias de diretores e outros da eq11ipe de manulençlJo. 6°) Dinheiro q11e foi usado e ntlo foi prestado conta (valor muito alto). 7°) Muitas falhas na parle técnica (serviço dos agrónomos)".
Algumas queixas do abaixo-assinado Na impossibilidade de transcrever todas as queixas contidas no abaixoassinado dos vinte e nove assentados, a timlo de exemplo podem-se mencionar: • Sumiço de mil sacas de feijão - Na primeira safra de feijão, mais de mil sacas ''foram 1·endidas pela diretoria e até hoje nenhum associado viu a cor do dinheiro"
árra lll utd s.obrroivtndo artifiâalmrnl,
À
gm?J•,i ajudas d,
º'&'aniuif<>"• f,ubliuu i prirodas, ,mgtralafamlo p«rdido. Nafoto, tratorr1J,,.,,..,,,,.,1o, p«la L8A ,p,la
~":,.:::=..~Irmã
12 -
CATOLIC ISMO - Sc1embro 1989
-f'§·l·IH·l·f§::f#i·l§dl·I • Saldo de empréstimo desaparece. - "Em fevereiro de 1986, obtivemos um empréstimo do Fundo Social (aproximadamente de Cri 500.000.000,00). Desse dinheiro soubemos que foi comprado um trator ao valor aproximado del00.000.000,00. Orestantem1osabemos o que foi feito". • Direloriaviveàscustasdosassentados. - "Somos obrigados a pagar diaristas para cuidar da lavoura do pre· sidente, vice-presidente, tesoureiro, secretário, mais três membros que cuidam das máquinas, e um que cuida do barrac/Jo; além desses, temos que pagar uma secretária que trabalha no escritório, cuidando do serviço que seria do secretário (Antônio Fernandes da Silva); temos ainda que pagar uma faxineira para o escritório. Ainda demos um carro do ano, Volks-Gol, para a diretoria, pagamos o combuslfvel e acessórios do carro, que mui/as vezes faz corridas para lugares sem nenhum interesse para os associados. Prova disso, é que domingos e feriados nr1o há expediente, porém o carro não pára. Além disso a diretoria come e bebe em restaurantes a hora que querem, e pagam a conta com o dinheiro dos associados". • Ameaças ditatoriais e insegurança na terra. - ''Como se tem um documento (autorizaç/Jo de uso) em nome da associaçdo, os diretores agem corno se fossem donos da terra. Não aceitam diálogo, nem idéia de ninguém. Se alguém reclamar ou falar mal da associaçdo, ou entoo tentar mudar alguma coisa, fogo vem a resposta deles: quem achar que nllo está bom, o port/Jo está aberto, ou seja, vá embora! Ou ent/Jo, chamam-no no escrilório e 'd0o a maior prensa', como aconteceu com Mário Arruda, Aristeu Pereira da Silva e Waldernar de Lara". • Autoritarismo e luta de classes: - "No começo de nossos trabalhos aqui no projeto, já tinham saído os primeiros créditos de investimentos e custeias. Estes créditos foram transferidos para a conta da associaçao, para serem administrados pelo presidente e pelo tesoureiro. Estes, em hipótese aiguma, arrumavam dinheiro para ninguém. Via-semuitaspessoastrabalhando em estado precário, descalças, outros vestidos de bermuda. Nesta época, os holandeses aqui vizinhos tinham muito serviço em suas lavouras. Eles fizeram oferta de trabalho aos rapazes e moças aqui do projeto e muitos oram trabalhar para os holandeses. Porém, quando Zeke Beze Jr. e os principais diretores souberam (Delwek Ma-
Pamuvt!rwdor Lúlf!u F•rreim d• Melo, d•llamri, "h~i• OI/ ass•ntado, u a~ham numa sit,uição difícil, • passando ali, abemdiur,fom•".
Foco permanente de intranqüilidade "Quando saiu essa Reforma Agrária, criou-se uma insegurança na regiao. N/Jo há tranqüilidade. Existem fazendeiros que já venderam a área, até por preço baixo, de medo de que seja invadida. Hoje, pasto de 500 hectares pode ser desapropriado pelo Estatuto da Terra, pela Constituição nova. Entdo, o sujeito se preocupa".' Este alerta é do vice-presidente da Câmara dos Vereadores de Itararé, Sr. Lineu Ferreira de Melo, que durante doze anos foi presidente do Sindicato Rural de sua cidade, cargo que ocupou até o final do ano passado. De 1981 até agora, só naquela região, houve seis invasões, habilmente montadas e aproveitadas por clemen1os políticos, religiosos e da imprensa como instrumento de pressão com vistas á execução da Reforma Agrária. Atualmente, o foco mais preocupante encontra-se na chamada área Ili do Assentamento Pirituba, na qual as famílias reivindicam mais terra. Descontentes, cerca de setenta pessoas daquela área invadiram, cm novembro de 1988, a Fazenda Bergamini, que faz divisa com o assentamento. A invasão não teve sucesso. Mas continuam os planos para novas investidas na circunvizinhança: "É, por enquanto sossegou. Invadimos para aumentar a área. Lá é do Estado também. E se a turma resolver [de novo] entrar, nós entramos" - foi o que afirmou José Pedro de Souza, 36 anos, natural do Paraná, pai de três filhos.
theus e Valdemar Ferreira) protestaram gens de ônibus para atendimento na e proibiram, inclusive ameaçando pu- cidadcdecriançasdoentesdosasscntanir o chefe de família que tivesse um dos Altivino Vieira e Roque Ferreira filho trabalhando para os hofandeses, de Souza e da esposa de Antônio Verargwnentando que os holandeses eram gueiro da C.ruz. nossos inimigos. E assim, os rapazes e moças foram obrigados a parar de "Se outro faz pró mim, trabalhar para os holandeses". por que eu vou fazer?'' ~ P.k!lª-.d~_d_Qtnles.,~ - '--t--- - - - - - - - - os descontentes mencionam três casos em que Dclwek Matheus e Valdemar Ferreira recusaram dinheiro para passa-
Em tese, o trabalho comunitário divide tudo por igual entre os assentados. Mas a teoria socialista está longe
C ATO LI C ISMO -
Setembro 1989 -
13
-Fi§·l·iii·l·l=i,,M4i•I=i31·1 "Se for trabalho de cativeiro, poro mim nõo serve" \Valdemar de Lara foi vicepresidente da Associação dos Assentados da área 1. Jâ1inhaexperiência comolavrndor,poistrabalhara dez anos como arrendatário. Hoje, com 37 anos, três filh os, 1rabalha ndo como vigia noturno em ltaberã, ele se exprime com íluência e método, na impressionante narração do período de dois anos e mcioquepcrmaneeeu
l'or' 11,c· r ·e, ' ··ru ""adm·,,· ,,,_,.., ' Mso1/w11 lo, I". U ·"r' '.am, c,b,,., ,~11,lo ~xpr,/,o ,1,, auociflrào e do lo/~ q,u ,,,..,,,,.,..,_ Sru,fi/1,,. Sim,mr ficor, naqr,rl,, ,..:asi,io ""''" ma1iuuia ~la arbitmriedm{t- vwlm ta snfri,{a p,rla fa,.,í/ia. desJHjmfo Jrm indrniuirãa.
da realidade. Sendo desi}!uais os homens, existem naturalmente entre eles, diferenças de ta lent os, saúde, idade, aptidões nat urais etc., com reflexos no rendimento do trabal ho de cada um. Isso sem mencionar as tendências que todo homem tem pma o vicio, a bebida, a vadiagem, a preguiça. Co111ra estas tendências, os homens de boa for maç3o moral reagem: os outros não. Tal realidade não poderia estar ausente do asse ntamento, pois onde cstA o homem, as desig ua ldades apa recem. E o trabalho con111ni1ã rio e planificado, que supõe a igualdade completa, acaba sendo intermi nãvel fonte de injustiças, desavenças , dcs:lnimo nos melho res, exploração dos mais fracos pelos mais fortes corrupção por parle dos oportun is1as. Esse é o quadro real tra· çado pelos depoimentos dos assentados no projeto Pirituba. "Na hora em que e11 colhia, vinha a associaçdo em cima e a diretoria fala 1•a: você vai ter que ajiular a pagar uma parte daquele oulro que 11ào deu porque ele del·cuidou da lavoura. E11tl10, nJo é 11111 1rabalho honesto, porque se o 0111ro m'lo 1rubalho11 é porque nDo quis foz.er como eu", exclama \Valdemar de Lara. Adcnito Vaz Mar· til~ . ~avczprotcsta: "Do jeilo que estão trabalhando aqui, é pior do q11e ser empregado em fazen da. Mistura 111do, uns iam trabalhar, 14 -
CATO LI C ISMO -
outros 11{}0 iam. O que 1rabulha1•a mais safa wmando no nariz. Morria de /fabolhar e 1111nca sobral'a dinheiro '·. Benedito Dom ingues de Lacerda coma fatos de sua amarga experiência no curto pcrlodo em que esteve no cargo de 1esourciro da associação: ··comerei a ver coisas q11e 11(10 podiam 1eruconlecido ". E dã um exemplo: "Eu tla1•a requisiçilo vara o Petlro Ferreira ,te Araújo pegar gasolina 110 pos/0, em 1/araré. Ele /raz.ia 110/a de 100 lilros de gasolina. para Jaz.er 11111 trajeto de 30 km! E eu falava: 11110 se vode faz.er isso". Benedito foi logo excluído da diretoria e explica que um dos motivos foi que "a geme estava ven<lo aquelas coisas erradas". Segundo depõe Manoel Duarte, vulgo Mancco, 59 anos, o dinheiro dos assentados era muitas vezes desviado misteriosament e. E explica que ··velo esquema que foi feito", de grupo de trabalho comunitário, "se um 11110 pugar, a coma fica de1•e<lora. Desse jei10, como é que pode?" Revoltado com as injustiças que sofreu, Orncilio de Almeida, conhecido como Pingo, 57 anos, afirma que o assentamemo só está bom para os dirigentes. E acusa destemidamente o presidente da associação, Dclwck Mathcus:
-;;~~i~"l1:::,;;~· :::iz~: ~~~:;: bou cheque. Tenho meio cu111i11hilo <Íe
Setembro 1989
"O que res1a ali é intriga e briga'', sentencia \Valdemar, referindo-se à sua experiência de ''beneficiário" da Reforma Agrãria. "Eu acho que pura o homem trabalhador, ali 11170 tem nada de bom". O afastamento de \Valdemar da associação, e depois sua ex pulsão do lote que ocupa va, fo i 1raumatiLante para sua filha .mais no• va, Simone, hoje com sete anos. "Eu sul e esta me11i11a tinha quatro aninhas, ficou chorando", di1 Waldcmar. E D" Cacilda, sua esposa, completa: "Ela pegou o galinho debaixo do braro, ea bonet·u ,lebaixo do outro e ficou esperando o cami11htlo du mudança, chorando". O dinamismo de \Valdemar granjeou-lhe simpatia e liderança entre os assemados, que o elegeram para a vice- presidência da associação. Inconformado com irregularidades e desmandos adminis1 rativos, resolveu denunciálos. O que provocou o desencadeamento, por parte dos envo lvidos, de uma campanha de pressao, que rcsullou cm sua expulsao da associação, seguida do despejo da terra sem justa indenização. Um dos signal ários do abaixo-assinado de vinte e nove descontentes com a associaç3o dos assentados na área 1 - no documen10 ele recebe o apoio dos demais pela injustiça que sofreu Waldemar de Lara pensa que a Reforma Agrária acatra sufocando a liberdade do 1rabalhador: "Se for um trabalho, vamos di,-dP arrifflt'O, piffll mtfft nlJ9 serve".
-駕I•lii·l·l§11i¾i·l§d!·I provas, de testemunhas. Só do nosso grupo, sao dez. E tem testemunhas dos outros grupos. Roubou cheque nominal. Esse aí eu acho que o diabo está no couro dele. Acredito que Deus não funciona no esqueleto de um homem desses" . Otacilio prossegue: "O que rem a melhor casa no assentamenro é o Dico [Aristeu Pereira da Silva]. É um malandra da diretoria. Ele ganhou porque roubou. Do chão ele tira muito pouco, ele tem uma roça perdida no meio do mato". Muitas crit icas ta mbém tem o mi neiro José Soares Ramos, 56 anos, 13 filhos. Declarando que a "pior traiçllo para nós" foi a associação, assevera que na formação dos estat utos "todo mun<lo assinou em branco", pi:nsando que estava ''pedindo hn;, água, escofa, posto de saúde". Para etc, os assentados foram enganados também porque queriam ''um documento individual para cada um", pois "no bolo nós ndo queremos não". E, indignado, põe a culpa nos dirigentes: "Esses tais diretores sujos aí não querem isso. Eles querem sombra e água fresca, ir a Silo Paulo, passar na TV e fazer campanha suja lá".
Assentados vôo se transformando em favelados do campo O fracasso econômico do assentamento repercutiu inevita velmente na situação sócio-econômica dos assentados. Penalizado com as dificuldades dos assentados, o vereador Lineu Ferreira de Melo, de Itararé, responsabiliza o Sindicato dos Trabalhadores Rurais e o Padre Narciso, também de Itararé, "por ter levado esse povo para lá". Pois, "hoje os assentados se acham numa situação difícil, e passando até, a bem dizer, fome". "Eles prometeram coisa melhor, que iam conseguir luz, água, uma casa melhor para todo mundo morar. Mas até agora nada. Não tem água, nem luz, a gente vai pegar água 110 poço, ali no banhado'', queixa-se decepcionado Elias Ramos, 24 anos, filho de um assentado na área l. E prossegue: "A gente trabalha o tempo inteiro, e 1em que dormir 110 colchllo de
:i;~;~
A situação habitacional, segundo o plano gover namental para este assentamento de Reforma Agrária, seria resolvida com a construção de uma agrovila cm cada área, que albergasse as famílias, cm casas dotadas de saneamento básico, luz, escola e posto médico. À e:ii:ccção das casas de alguns dirigentes e raros assentados, as agrovilas estão em precário estado, com os mesmos barracos de plástico, lata e papelão que foram armados no início do As escolas estão funcionando graças à presençadeprot"essoras ma ntidas pelas prefeituras de ltaberá e ltapeva. Os postos de saúde, construídos pelas administrações municipais, entretanto não têm médico nem remédios, pois depe ndem do governo estad ual , que é o responsável pelo projeto. Nada faz crer que este quadro se modifique. O emperramento burocrático do Estado provoca interminável e desgastante jogo de empurra-empurra, no qual quem perde é o assentado. A propósito, Waldemar de Lara conta que o coordenador do projeto, Zeke Beze Jr. , solicitado a conceder ajuda para levar um doente à cidade, declarou: ''Conosco é a parte técnica,jinanciamento; negócio de saúde tem que ser com a Secretaria da Saúde". A experiência da Reforma Agrária lança o asse ntado em doloroso desamparo. O assentado não é proprietário nem empregado. À mercê de superfuncionários do Estado, o assentado não
se beneficia dos direitos que empregados do cam po e da cidade hoje desfrutam, tais corno férias re muneradas, INPS, Fundo de Garantia, 13º salário . pagamento de ho ras extras e aposentadoria. Com poderes quase ilimitados e despóticos, esses superfuncionários podem niuito facilmente cometer abusos, sem que sejam controlados e punidos. O fruto dessa inédita e ambígua situação j uríd ica é que os asse ntados acabam sendo funcionários de empresas estatalizadas, sem direitos sociais e trabalhistas, e portanto vítimas indefesas de arbitrariedades dos executo res da Reforma Agrária.
Exemplo de despotismo No mencionado documento de vi nte e nove descontentes, encontra-se ·a denúncia de dois casos de injusta expulsão do assentamento "por motivos banais", ex pulsão planejada e executada por técnicos do Estado e membros da diretoria da associação. A denúncia salienta que os excluídos da associação "tiveram suas terras tomadas sob ameaça de morte, inclusive com a lavoura de milho e arroz que estava plantada na !erra". Isso, que ocorreu em janeiro de 86 com os assentados Waldemar de Lara e Benedito Domingues de Lacerda, agora ameaça nove famí lias que já foram excluídas da associação e têm prazo marcado para se retirarem da terra.
À c,•,untts pio.cm indico.t,'vo..,do. loeal~,úutlmu ,leo.n•nto.m•nto tnco.bremo. fi,ur.lizo.ção ..nque ' nco>1lro.
- {~'~:r:~~;:,o:::;: - l--- - - -~ 1.;;;ti~,:_ mos Jeijdo podre, que mal dá para comer... "
- ,..;,.~;::
CATOLICISMO -
Sete mbro 1989 -
15
-
-Fi§•l•lil•l•l§11i¼i•l§Hl•I Asfamíliasasscntadas,emsuageneralidade,vivemdiariamenteesscqua dro de insegurança e ambigüidadc, e sobrevivem apenas graças ao trabalho avulso nas lavouras de agricultores vizinhos. A experiência da Reforma Agrária devia resgatá-las da situação de bóias-frias. Na realidade, para subsistirem e não morrerem de fome, elas continuam trabalhando como tais.
Afidta d~ IHns
,..,,..,· · ,d
q,,a/qr.urc<>nfó,tu
nos lx uc"S moslm comoa,f z"I " s flSJ
·• •
~·.,.m
"ª".,.'
O desô ni mo toma conta dos asse ntados Não é de espantar que o desânimo progrida cada dia mais entre os assentados. "Isto aqui não vai prá frente mais", desabafa amargurado Elias Ramos, que vive na área 1. Na área ll, a situação é semelhante: "Não está compensando, a gente não agüenta mais plantar", diz Pedro Sebastião Fialho, no que é acompanhado por João Batista Pereira: "As coisas esliío dij{ceis, já estamos fritos. Se nOo tiver '11111a mão', não vai". Na ãrea Ili, embora o assentamento tenha começado há menos tempo, os sintomas de desagregação já estão presemes. " Muilos<lesistiram, tem pessoas que não agüen1am, é quase impossfvel sobreviver " , di z José Lima da Rocha.
Saudades de um patroo Não causa surpresa que muitos asscntados, caindo na reali<lade, comccem a sentir saudades do tempo cm que trabalhavam para um patrão. Comparando sua sirnação de hoje com a da época em que era empregado numa fazen da , João Batista Pereira, ex-presidente da associação da área li , confessa: "Lá [na fazend a) tinha energia, água, mais conforto. E sempre a gente tinha o apoio do patrllo, não é? Aqui, a coisa é mais dij{cil". Declarando que foi "ludibriado e atraiçoado pelos dirigentes da associação", com voz embargada e apreensivo, Manoel Duarte, o Maneco, fala com saudades dos tempos cm que tinha patrão: "Minha situação era melhor. Eu trabalhava mais, todos os dias. Quando eu precisava de 11111 remédio, eu chegava na fazenda, o patrão punha eu, a mulher e a criança no caminhllo e descia na farmácia. É claro quc-eirpagava,ud~ f:ogitando7la hipótese de abandonar o assentamento "porque aqui nOo tem condições 16 -
CATOLICISMO - Sct,;rnbro 198
" Eles montaram um esquema d e escravidõo e ditadura " O sofrimento parece estar presente na fisionomia serena e na voz pausada de Benedito Domingues de Lacerda, 41 anos, casado, dois filhos, hoje residindo cm ltaberá, cm modcsia casa construida com ajuda de familiares. lcndopassadotrêsanosnoAssentamcnto Pirirnba, Benedito contou como foi atraido para o projeto de Reforma Agrária. "O sonho do pequeno lavrador é possuir um pedacinho de 1err11. Então, quando surgiu aquela oportunidade, a Igreja ajudou, a Podre Narciso de Itararé". Mas seu sonho durou pouco, pois "eles deram uma outorizoçõo de uso, em nome da ossocioçJo. Umo autoriwçlJo que nós, os assentados, não conheclomos. Éramos pessoas sem instrução". Reconhece ter sido i!udidoeapontaosdirigentcsdaassociaçãoeomorcsponsáveis pelos prejuizoscausa<los aosassentados. E aludindo às denúncias de irregularidades, que fez, lamenta: "A voz dagen/e foi sendo aba/oda'' em vista ''dos injustiças que se via lá''. Ao relatarcomofoiexpulsodaassociaçãoeposteriormentedespejadodolote quecultívava,contaqueoscoordenadorcsdoprojeto,AnaMariae Hcitor , chegaram aameaçá-!o de que, senão abandonasse a área, "sessentoeqaolro homens iam buscá-lo, vivo 011 morto". Benedito, católico praticante, era encarregado da marrntcnção da capela do assc111amcnto e até conhecido, entre os colegas, como "o r:opelíio do igreja". Nos anos que lá passou perdeu tudo o que tinha, até "11ma parelho de burros". Emocionado pela recordação do pesadelo que viveu , resume sua experiência com estas palavras: "Eles montaram um esquema. Vamos dizer a verdade. Nós tivemos uma situaçllo misto. Um misto de escravidão e ditadura. Ditadura por parle deles, escravidl1o por porte dos assentados. Porque eles queriam que os outros trabalhassem do-jeiw-qw-eles-queriam,- senãociá-esHlwi-fllflffif(J(ff}-de-S8ir~esquelN<l niio dava certo, nem dá certo. Não tem r:ondiçôes de dor certo".
-ti§·l·iil·l·l§1184i·i§3!·1 de trabalhar", mostra-se arrependido pelos cinco anos passados no Assenta· mento Pirituba: ficou mais velho, per· deu a saúde e, nesse periodo , conseguiu apenas "comprar 11m cavalo e assim mesmo financiado''. E, compraiido, fala que já 1emconvitcdoseu antigo patrão, que "me recebe agora mesmo", para trabalhar lá no Mato Grosso, ''onde já renho 11111 casal de filhos meus".
Misto de escravidôo e di tadu ra "Vamos dizer a verdade. Nós !Ívemos uma sit11açõo 111is1a. Um mis10 de escravidão e de ditadura. Ditadura por parte deles, escravidiio por parte dos asse111ados. Porque eles queriam f111e os 011tros 1rabulhassem do jei/0 f/11e eles queriam, senão já estava amearado de sair". - Este balanço da experiêm:ia de Reforma Agrária no Assemarncnco Pirituba é de Benedito Domingues de Lacerda, o q1ml completa que a "imagem falsa" que se projetou do assentamento na primeira safra foi substituída pela realidade: "Aq11elcesq11ema não dava certo, nem dá cer/o. Não 1e111 comliçôes de dar cerio ". De sua parte, Waldcmar de Lara, que passou mais de dois anos no assentamento e chegou a ocupar a vice-presidCncia da associação da área 1, descreve sua situação: ''F11iparaoussen1amen10 para 1er 11111 pedaço de /erra, para lrabu/Jwr. Para eu ter minha liber-
O ,.i,,
O resultado das duas primeiras sairas No número de abril/julho de 1988, a revista "Reforma Agrá ria", da ABRA , publica artigo de 1rês colaboradores , analisando os res uh ados ob· tidos pelos assentamentos das áreas I e li do Assentamento Pirituba. Os dados apresentados sao insuficientes para se formar um juizo objetivo sobre o sucedido nos dois primeiros anos de atividade agrícola, respec~ tivamente nas safras de 84/85 e 85/86. Entretanto, algumas conclusões podem ser 1iradas. a) De um resultado positivo no primeiro ano (84/85) passou-se a um resultado negativo no segundo ano (85/86). Depois de pagas amortização e juros de empréstimos contraídos para compra de máquinas; no primeiro ano o Asse ntamento obteve um resultado líquido anual de 68 OTNs por fa111i lia, equivalente aproximadamente a 6 OTNs me nsais por familia. O que corresponderia hoje a cerca de 74 cruzados novos por mês, menos que um salário mínimo. Isso sem considerar a amortii:ação da terra. b) No segundo ano, obteve-se um resu lrndo líquido negativo de 50 OTNs por família. Em outras palavras, os asscmados das áreas I e li não 1iveram condições de enfrentar os compromissos financeiros assumidos, o que os forçou, pouco tempo depois, a venderem as máquinas e equipamentos para pagar seus compromissos. Isso explica o que aconteceu na área li que, cm fins de 88, vendeu todas as máquinas, equipamentos e até vekulos para saldar suas dívidas com o banco.
<Iode. Agora, se for um 1rabalho, vamos dizer, de ca1ireiro, prá mim não serve. Porque, trabaflwredarodinheiro na mão de quem não sabe adminisirar, não serve. Isso não é um /rabalho de proteger o pequeno agrk11/tor. Para mim isso af é um projeto de opress{Jo em cima do 1ra/Jalhador". Bascado na sua experiência de Reforma Agrá.>w
""'rr"" jY
·
,,;, m ' ,
' ,~,,
li do
ria, fa7. um apelo às autoridades: ··Que analisem melhor o sistema <le assenwme1110, que valorizem melhor o lra/Jaflwdor. Que rea/mel/le dêem valor aos que trabalham, 11110 vdo na conversa de pessoas que Jazem polílica j111110 a eles '·. A opinião de Benedito Domingues de Lacerda e de \Valdemar de Lara,
fl»r11/11mrnto
( :A l'()l.l(:l:-.,\l() -
S,•1<•1111,o·o 19H'I -
17
-ti§·l·iii·l·!§eef=fi·!§31·!
l
Loja das Botas Netto & T;i,vares Ltda.
8owec»ÇidoJfinoJp.or;iuvalheiros COf"lfecçõeJsobmedida
,. (011) 223-1114 Ri.aCor!J.Crispônw,o, JO- lºJnlbr-Sjof'uo
* CAMPEL Comércio por Atacado e Varejo de Papéis e Plásticos em Geral AI/.PROF .•CARMEMCARNEIRO, 502/Ml4 TU. 102471 23-2000 - CAMPOS - ~
C-k'.J"S
FOTOLITO 5/C LTDA.
&grmdo drpikm os 1>-1un1odo1, H alguim n,:i,,ma,s, <'(lntm o autoritarismo dos dirdoru do ,:,uentanunto, logo .,;.,1,a" rtsptnln: " Q""'" acAar qw: ,uio está bom, o porliío u tá aberto". Nafoto,por1iiodtentmd,:,daártt1 I .
REPRODUÇÕES EM LASER FOTOUTO A TAAÇO • DEGRAOEE• 8ENDAY$ AUT011PIAS • COPlAs FOTOGRAFICAS • PROVA DE CORES
excluídos do assentamento, foi compartilhada por vi nte e sete outros colegas que, na denúncia já mencionada, condenam "o outoritarismo dos principois diretores e técnicos-ogrlJnomos que agem como a111lnticos ditodores".
Essa é a deseriçllo da verdadeira fi. sionomia do Asse ntamento Pirituba. Os leitores podem julgar, pela voz dos próprios asse ntados, quanto é desastrosa para os prete nsos beneficiários a implantação da Reforma Agrária no País. Pirituba não é um asse ntamento agro-reformista qualquer, pois foi insistentemente apresentado como modelo a ser imiiado em todo o Brasil. Modelo, ele o é. Só que nllo de sucesso como apregoava a propaganda, mas de vergonha, de inj ustiça e de oprcssflo, que brada a Deus pedindo reparação. "Catolicismo" colheu, nesta reportagem, um verdadeiro clamor dos infelizes assenrndos. Esse clamor deveria ser ouvido pelas autoridades em geral e 1ambém por certas lideranças rurais que, inexplicavelmente, insistem cm afi rmar que são favo ráveis à Reforma A rária desde ue realizada em terras improdutivas. Adeptos de 1âticas cntrcguistas - expressas em "slogans" tais como "ceder paro n{lo perder", ou "é 18 -
CATOLIC ISMO -
preciso ter jogo de cinturo", - essas lideranças patronais se comportam como " companheiras de viagem" da Reforma Agrária socialis1a e confiscatória. E, assim, colaboram com os verdugos que já hoje oprimem milhares de fa mílias de trabalhadores rurais iludidos pelas falsas promessas da Reforma Agrária. D
TABElA ESPECIAL P/EDITORES AV. DIÓGENES RIBEIRO DE LI MA. 2850 ALTO OE PI NH EIROS TEL., 260• 5 7 .U
Retífica Wagner Ltda. Reti licaepeçasparamotores Fones: 10247) 22-0138 e 22-0238
Notai (l)Maio/julhodc l98S,p.61. (2) 1dcm, ibidem , p. 64 \l)"SP Agricultura ··. iníormativoda Secretaria da AiricuhuradeSãoPaulo,Ano 1,n• l, março de J98S; " O Indicador Rural"", l'Q uint.ena dcju lhodc l9l!S;"'AGazcta"',Slo l'aulo, 10.6-8':i; " Reforma Agrária" . maio/ju lho de 1985.p.61. (4)Cfr. informalivocitado.p. l (S)Cfr. iníormativocitado,p. 3 (6)"1'olhadcS. Paulo'". L9·9·8':i. (7)Apud Nelson de F . Ribeiro, "'Caminhada e espera nça da Reforma Ag_rària", Paz e Torra, Rio, 1987,pp. 09-140. (8) Cfr . "Jornal do Bra1il" , 6-4-87 . Sot>reo vcrdadcirosigníficadodosassen1a=ntosda Reforma Agol.ria, ver " Reforma Agiria: "terra prometida",íavelamratou"kolkllozcs'? - MistbioqucaTFPdcsvcnda".deAtilioGuilhermcFaoro.VcraCrut,São Paulo,1987 (9) "OGu.arani"",ltarari(SP),2·3·85. (10)""0 Indicador Rural", Rio, 2' quintcnadc julhodcl98S (ll ) "Diârio do Congresso Nacional"", Secção li , l <.lc detcmbro d~ 1986. p. 4516 {t?)~·Follenk"!§:-Paoto·":"!=6=86. (Ll)"OGuaranl", harar~,S P,2-3-8'. ( 14)"FolhadcS.Paulo".8-6-86 ( IS)"RcíormaAgrària",p.63
&:tc ml,ro 1989
Ru1Dr . Otiv1ir1Bo1'lho, 12 - CAMPOS - RJ
BARCELONA TELEFONES compramos - vendemos administramos - alugamos trocamos e facilitamos todas as áreas t el1 ~ 11112-9732 - 37-6769 - SloP...io.SP
Agên cia
BOA IMPRENSA N<o1ic iuew111c ut,r i011de1l i11a<loo
1~dullraoiledot;~1erior
R.ManimffaociSC(J,665 - Tel:t0111825-7707 - 01226 - SJoPaulo-SP
PARIS - Foi espetacular o movimento de piedade e de renovação espiritual ocorrido na França, cm plena li Gra nde G uerra Mundial, conhecidopor ''Grand Rctour'' (Grande Retorno). Iniciado em 1943 durante a ocupaçao nazista do território francês, com as peregrinações simultâneas de quatro cópias da imagem de Nossa Senhora de Boulognesur-Mer (um dos mais antigos centros de peregrinação marial da Europa), esse movimento durou cinco anos, sempre com o mesmo fervor e enlevo, sempre arrastando consigo populações entusiasmadas. Jâ vimos o histórico do Grand Retour e muitos de seus efeitos peculiares sobre as almas (1). Hoje daremos alguns exemplos mais prototípicos dessa epopéia maria na. Ausência total de qualquer meio humano ou nat ura l Convfo1, de início, insistir cm um po nto. Vistoqueduran-
to oparóquias G,u,d R,tou, "milho" de (16.000) fora m'
AÇÃO IRRESISTÍVEL DE NOSSA SENHORA DO "GRAN D
sacudidas por um prodigioso estremecimento espiritual", e que .. milhares de almas voltaram às font es da água viva" (2), uma pergunta pode vir ao cspirito do leitor: que nova forma de aposto lado o u que hábil manipulação da piedade popular, cond uzida por especialistas cm opinião pilblica, foi utilizada para se chegar a esse t.lo impressio nante resultado, há ape nas pouco mais de quarenta anos? A resposta é decepcionantc para os que são ávidos de novidades. Tudo foi feito no mais trad icional estilo: "Nenhuma pregação erudi,a; a prece, a mais popular de todas, a Ave-Maria. Os cânticos conhecidos por lodos. Os gestos, os mais elementares e expressivos: braços cm cruz, caminhada com - o·r p:és-descatçor.ttm-apcto-feito-a todos, sem exceção , para o rnar as igrejas e mo ntar guarda no santuário . As
RETOUR" procissões largamente abcr1as e muiio numerosas, ni nguém de fora. E o po· vo gostou disso" (Mons. Terrier, bis· pode Bayo nnc, p. 154). Tratava-se simplesmente de "uma imagem que passa, multidões que há meses a seguem, pés descalços, braços cm cruz, o coração simples ... um íluido inexplicável passava transformando as almas. Sem teorias sobre a prece, rezava-se. Sem a te• ologia da penitência, ela era vivida" (p. 120).
'O Grand-Rerournão·se-colocav:a de nenhum modo no plano das opções temporais; ele se sit ua va cscri1amcntc
no plano religioso, ascético e mlstico. Ele se aparentava às missões, aos re1iros, aos recolhimentos e às peregrinações" (p. 121). "Se se pergunta o que pôde obter tão surpreendentes resultados, é necessário constatar imediatamente a ausência total de qua lquer meio humano ou natural.. . é pura e simplesmente a 'loucura da Cruz' cm si" (p. 84) de que fala Sno Paulo. Co ncl uindo, "uma das grandes lições do Grand Re10/tr foi mostrar que os meios estrilamcnte sobrenaturais são mais necessários do que nunca. Nenhumatécnica,nenhum progresso do homem os substituirão" (p. 120). "Nenhuma oposição se podia manter"
~ óbvio que os inimigos de Deus e de Sua Igreja te ntaram fazer o que puderam para impedir essa onda de piedade reafervorante em meio a um mundo já tão paganizado. Porém, "desprendia-se, com efeito, dessas vias mariais que palmilhavam a França em todos os semidos, uma tal piedade, uma ta l convicção religiosa, um tal poder es piritual, um tale/ande preces, que nenhuma oposição se podia manter". E tudo foi tentado: "organizaram-sedancings, bailes; fei-se vir circos para contrarrcsrnr essa ma nifestação religiosa. Curiosamente, com a chegada da Virge m, dancings, bailes, circos se esvaziava m como por encanto. Nossa Senho ra se tornava a irresistível atração" (p 26). Alguns exemplos: • Em Ev rcux, o prefeito socialista proíbe qualquer mani festação de rua . O Bispo lhe faz saber que ou a Virgem entra solenemente ou não viré, pois não quer recebê-la em sua cidade episcopal "pelas portas do fu ndo". Uma polêmie11-9e-desenc11deta-inílama11do a população, o que o briga o prefeito a voltar atrás. E é numa cidade mais en-
CATO LIC ISMO - Setembro 1989 -
19
/ m,,g,m d.- Nms<1 Se»lwm d~ /Jm,log,u, lc,,a,J,. ~m J,ronú,ir,
galanada do que nunca, que Nossa Senhora do Grand Re/011r cn1ra em Evreux (p. 24). • Em lkauvais os "espíritos-fortes" são organizados. Espalham um folheto conclamando a população, seja qual for a oricmação política, " livrcspcnsadores e tudo o que a Rcpúblíea tem de defensores (sic!) parn se levan tar ao grito de 'Defendamos Marianne contra a Virgem Maria " (p. 25) (J). Tudo inútil. O triunfo da Virgem é lotai. • Em outras cidades, como Ho11il!es e Keirns, concla mam para cont ramanifestações no mesmo di;1 e ho ra cm que estavam programadas homenagens à Virgem. Na primeira cidade praticamente não comparece ninguém ao a10 ímpio, e, na segunda, enquanto 30 a JS mil pessoas acompanham a Virgem Náutica, apenas urna dluia de envergonhados cidadãos comparecem à 11olsa de Valores para a eonlra-mani feslação ... (pp. 25-26). • Argen1cuil, nos ,nredores lk Paris, é um rcduto comunista. Apcsardisso, a reccpr;ão à Virgem é um lriu11fo. ____Q_p rcfeitu, despeitado, não pôde fazer nadascn;lotcntarproecssaromissionário dirigenle dá peregrinação por: I") ter organizado procissão sem rermis20 -
C ,\TOUC l SMO -
são municipal; 2°) ter feito o povo eantare, 30) havcr gcnte descalça no ato! (p. 24). A ação do sobrenat ural se faz sentir quando menos se espera, mesmo havendo relu1ãncia cm relação a ela. Assim: • Lfran, pequena cidade do Ariégc , é convidada a mudar o dia da fes ta local para dar acolÍ1ida a Nossa Senhora do Grund Re1011r que por lá p;1ssará. "De jeito nenhum!" é a rcspost;1 peremptória. O povo, pouco fervoroso, t<:m mais empenho na famosa fes ta, com a feira que atr;1i todos os anos gellle da redond<:za, do que na passagem de uma imagem. Chega o dia; a fcs1a atinge seu aug<:: todos comem , bebem, cantam e dançam. Subitamente, sem que ninguém saiba de onde, um sussurro começa a correr de boca cm boca: ''A Virgem cst:", chegando!" Os músicos são os primeirbs a abandonar scu cstrado, scguidos pclos dançank .>. Em poucos minutos a feira está vazia. A noite, cm VCl de ser no local da festa, é na praça da Matriz que todos se apinham . poisotcmpo pequeno para conter tantagcn1ep;traa Missa da meia-noite (pp. 26-27).
Sc1 cmbro l'.111'.l
• Numa cidade da Borgonha o rcspci!o humano imrera de tal modo que contagia o vigário. Por isso, este não av'isa ni nguém da passagem da Virgem. Julga ridículooquesecontadc procissões com os braços <:m cruz, pés descalços ... "Isso não é mais para o século XX!" Quando chega o cortejo do Grtmd Rewur, minguado, pois ninguém o fora esperar nos limites da paróquia, é percebido apenas por alguns. Nada está pr<:parado e a igreja está vaôa. Entristecidos , os missionários improvisam um altar para a imagem da Senhora do Gra11d Rewurcse rc1iram à casa paroquial para a lmoçar. Apenas começam a refeição, alguém os interrompe: "Vinde, a igreja cs1á cheia. Todos vos esperam ·· . Como?! Sim, cm menos de meia hora o templo está supcrlo1ado. Nossa Senhora se incumbira de fazer circular a n01icia por meio das poucas ressoas que tinham visto o magro cortejo. Depressa um missionário sobe ao púlpito e outro entra no confessionário. Aí, 1ambém, sem que nin guém tivesseousadopr<:nunciar, há vários rc10rnos a Deus. A Missa é celebrada cm meio a um fervor indizível, s<: ndo inllmcras as comunhões. "Qu<: sopro, cm algumas horas, passou para descnca111ar 1antas alrnas cnfcrrujadas na rotina e na ncgligl'ncia'! "' (pp. 51-52). Sirnplcsrncntc a aç;lo irresistível e avassaladora d' Aqucla que é a Rainha dos corações.
Reza-se, re za-se, E, nesse clima de fervor . nada se teme pedir. Como filhos que sabem que sua mãe ludo pode, as súplicas jorram abundantes, confiantes: • Esta menina de nove anos, por exemplo . já reza fervorosamente há uma hora. os braços cm cru,:. O que rede ela à Virgem com i.111ta insistên cia"! O missionário a in1erpcla. Quer oquemilharesetalvczrnilhõcsdcnianças, na Europa . dcvcri;un desejar n<:sses terríveis ;mos da guerra: a volta do pai que partiu para o Jronl e do qual há quatro anos não tem mais notícias. Etn cas,1, é este quem a espera de br;1ços abertos! ,\ ora~ão dos pequenos faz violência ao Céu ... (pp. 52-53). • É comovente ver o modo como esse senhor reza. E há horas aí está. de joelhos, o olhar fixo na Virgem. O missionário qticr ajudá-lo, mas slJ Nossa cn10ra po e aze- o: tem seis 1lhos pequenos e a esposa <:s!á cm agonia, desenganada pelos médicos. O que
-
será de seus filhinhos sem o amparo da mãe? indaga ele, súplicc, Àquela que é a Mãe de Deus e dos homens. Quando chega cm casa, compreende que fora atendido. Não querendo ser ingrato como os nove leprosos, volta para agradecer. Durante dois dias mais acompanhará a Senhora do Grand Retour cm ação de graças (pp. 116-117). Se esses rezam facilmente, com fervor, movidos pela confiança, outros são como que forçados a fazê-lo por um poder irresistível: • Esse ferreiro que aí está, rezando tão contrito, ainda de manhã tinha bem outros propósitos. Anticlerical, alto e bom som anunciara que, para perturbar "essa palhaçada", iria bater violentamente na bigorna exatamente quando,;, cortejo passasse por sua rua. E assim o faz até que o andor da Virgem, fortuitamente, para bem diante de sua porta. Sem deixar de bater, ele ergue os olhos encontrando os da Senhora. É o suficiente para fazê-lo largar a marreta e incorporar-se ao cortejo (p. 149). • E esse camponês, ainda com roupa de trabalho? Não sabia que a Virgem Náutica estava na cidade vizinha. Mesmo que o soubesse não teria ido vê-la, pois "o trabalho não espera". Assim que começa a arar o campo, relata: "Uma voz medisse: 'Vá até a cidade. Aguém o espera'. Quem poderia me esperar? Eu não podia imaginar. Mas aquilo se tornou obscdantc. Deixo o trabalho sem saber por quê e parto. Chego e compreendo imediatamente quem me esperava. E sei por quê. Ela me esperava. E cu faço o que Ela de mim esperava" (p. 150). • O que faz aí essa jovem tão impropriamcntevcstidacomtrajesdebailc? Ê simples. Para ir ao clube, tem ela de passar diante da igreja. Lá está a Virgem do Grand Re/our. O som dos cânticos e preces, a atmosfera de bênçãos que se desprende do edifício sacro é tão forte, que ela não resiste: entra para ver e ali permanece (p. 151) . • Esse outro senhor era um "espírito forte". Há pouco, enquanto tomava um copo de vinho com os amigos no principal bar da cidade, bradava contra essas "superstições", e afirmava: "A mim a Virgem não terá". Poucodcpois, seus companheiros, atônitos, o vêem no confessionário. A saida, querem tirar satisfações. Ele, ainda emocionado, só responde: ''Vocês não podem-compreender--o-qu c-se--passouem mim. Eu mesmo não compreendo. Eu não pude deixar de ir là" (p. 131).
ª''" ·,-,;
,,,... .r,,i,,,,
oom
tmj~•
típicos
• É o que acon1ece também com este que acompanha a procissão como a contra-gosto, o o lhar crispado, os punhos cerrados, falando consigo mesmo. Caminha como que impulsiona· do por uma força irresistível, resmungando: "Verdadeiramente Ela é terríve l, essa Virgem. Ela é terrível!" Na igreja, ainda sob efeito da mesma força, lança-se ao confessionário depois de tantos e tantos anos (p . 149).
de Lourdes, dizem. Nós ousamos dcclarar que é mais forte do que Lourdcs, em certo sentido. O peregrino, cm Lourdcs, é transplan1ado para fora de seu ambiente, para um contexto e um meio de tal maneira impregnados de sobrenatural, que nada lhe parece difícil, nem o terço na mão, nem a prece com os braços cm cruz ou com os joelhos cm terra. Essas manifestações de fé (no Grand Retour) Nossa Senhora nô-las leva a fazer cm nosso próprio ambiente, em nossa rua, sob os olhares atentos de nossos vizinhos, de pessoas que nos conhecem. Nós não nos inquietamos mais com o que eles possam pensar. .. É sempre o mesmo o grande vencido do dia: o respeito humano'' (p. 58).
Tudo isso e muito mais acontecia no Grand Retour. Não havia vcrgonha, acanhamento ou respeito humano que detivessem as pessoas movidas pela graça. Eis com9 o confirma um depoimento da época: "Ê algo de maravilhoso, escreve a revista 'A Semana Religiosa', de Nevers, de sobrc-huUma última pergunta não pode deimano e, - não tenhamos medo da pa- xar de vir à mente do leitor: dada tolavra - milagroso, os redemoinhoscs- da a epopéia missionária dessas imapirituais-que·se·levantam·quando·a·bar- - gens-c-o- bem-cspiri1uahte--que--foram cada Virgem avança ao longo de nos- ocasião. Por que não se organizam nosos caminhos e ruas ... É a atmosfera vas peregrinações pela França e pelo CATOLICISMO - Setembro 1989 -
21
mundo? Mais do que nunca, na crise contemporânea, não é necessário um novo Grand Retour da humanidade a Deus, por Maria? Não foi, em certo sentido, um Grand Re1011r que Nossa Senhora prometeu em Fátima, quando falou no triunfo de Seu Imaculado Coraçao? Por que não pedir que ele venha o quanto antes?
Portada ridad•d• lfot1l.1t'"""""'· Aofimdo, flCÚ/mfo da /l,uilica ond, a Imagem .
GUILLAUME8ABINET
(l)Cfr . .. Cato licismo'',nº4S3,setembrode l988. (2)1hda , a<ci1açôe$ do,s1eanigo foram tiradas daobra''l)anslcSillagedetaVierge··. L. Devi· neau OMI. Apostobt de la Presse, Paris, 1%3 lndicamossempre aspá.gi nasdcondee.iraimos as citações. As duas citaçcks que foram inseri d_asn~1\1rechocncon1ram -se nap. 12domen. (l)Marianneéumafiguramlticademulherque passouareprcsentar,apartirdaRevoluçãoFran· cesa,aquelaRepública. (4) Tulveza boa religiosa tenha aqui um lapso de memória. Scgundoosdadosquetcmos.duas das cópias, após as peregrinações . voltaram a se u ponto de origem, em Boulogne-sur-Mer, em 1948, onde foram entusiasticamente re<:tbi · das por uma multidão de 150 mil pessoas. Uma 1er~ira,queperegrinava pclas Amilhas,pcrmaneceu na Martinica. Assim, apenas uma foi paraa Diocesede Bourgcs
CONSTRUTORA
ADOLPHO LINDENBERG S/A
INCORPORAÇÕES - PROJETOS E CONSTRUÇÕES RUA GENERAL JARDIM, 703 - 6.0
22 -
CATOLIC ISMO -
Sctcmbrn 1989
•
7.0 ANDARES - FONE 256-0411 - SÃO PAULO
·-. o. '
-~ istinguindo. classificando
LITURGIA GUERREIRA LITURG IA católica, 1al como a foi concebendo a Tradi çao, é uma sinfonia i11in1crrupta de louvor a Deus. Tem ela aspectos suaves, amenos, quase diriamos meigos: comporia grandezas de uma elevação sublime; não lhe faltam ainda impostações guerreiras como a ponta de uma espada. Estas últimas slio certamente as mais esquecidas ncs1a época de convergcncialismo e consenso. E como toda verdade esquecida produz um vácuo irrcparã vcl, cal omissão deturpa a visão que se tem do conjunto da Liturgia. Ê como se de repente se calassem os trompetes, no momento mesmo cm que deveriam tocarpara a l:,clczada sinfonia. Convém, pois, e muito, para evitar urna idéia adocicada e falsa dos esplendores litúrgicos, lembrar algo de seus aspectos guerreiros.
A
O Patriarca é 11{10 só o pregador do E1•a11gelho, mas o cavaleiro <le Deus. Ele 11/Jo a empunha. mas u espada está a seu serviro 110 exerclciodesuamiss/Jo. O diácono sem/o o ser1·idor 1emporal do Bispo de acordo com a 1radiç{lo, e/ede1,eemp1111há-la, naproclamaç0o ,lo EMngelJto. Simbo/izundo assim a resoluçao decomba1er mili1arme111e os inimigos <lo Evunge/Jto e de barrar o cu111i11ho aos infiéis''. Isto explica, aliás, um bonito hábiw que existiu quase até a Revolução Francesa . no /\ntigo Regime, época cm que os nobres sempre levavam consigo uma espada. Durante a Missa, á leitura do Evangelho, todos eles desembainhavam suas csp;idas, em sinaldcqucestavamprontosal utar cm defesa da Palavra de Deus e da Santa Igreja.
''Todos os anos, no dia da Epifania (6 de janeiro), celebra-se em Cividale·le-Frio11I (lláJia), a Missa <li· 1a do EspudDo. D11ra11te a Missa ÍII· leira, o <liáco110 e111pu11ha a espada nua na 111(10 <!irei/a, e sobre sua w O Bispo é um pastor de almas, beça tem 11111 capa'-·ete riq11issimatodo mundo o sabe. Mas o que se 111e111e orna<lo e com pl11mas. evanesceu das mentes de muitos é ''Os lit11rgistas dizem que a palaque, dian1c do lobo, o Pastor ou é vra evangélica é como 11111 gládio um combatente ou ele trai sua missão. cortante e que todo crisiao <leve esO Pontifical Roman o, muito a tar pronto fl rlefen<lé-lfl até o sangue. propósito, na cerimônia de sagração 'N0o vim 1raz,er a pa1;, mas fl espflTaisaspec1osgucrreirosda Liturepiscopal, ao impor a mitra ao His- du', disse Jesus. gia católica autorizam-nos a uma po, lembrava-lhe sua condição de "t.Su, explicaçno é excele,ue, pcrguntaemrclaçãoaofuturo.Quauguerreiro: mas ela 11'10 110s impede de buscar do tiver cessado o processo de "au"Impomos, Senhor, sobre a ca- a origem históricfl de 11111 Ido raro 1odemolição" da Igreja e tiver sido beça des1e /Jispo, sof<lado 1•ruso, o rito na Igreja. e,cpclida de seu interior a "fumaça capaceu de defesa e salvaç/Jo, a fim "O Patriarca de Aquiléia (ci<lfl- de Satanás" - repor1:mdo-nos às <Íe que seu rosto por ele ornado e de q11e 1e1•e como sucessora Veneiu), expressões empregadas por Paulo sua cabera por ele protegi<la af)(tre- Pa11/i11. obteve, pelfl generosidade V I - pelo espetacular triunfo do çam, como cornos dos <fois 1es1a- <le Carlos M11g110, imensos territó- Imaculado Coração de Maria, pre111en1os, 1erríveis aos inimigos ,la rios. Com o temJ)O, o Patriarca <le visto em Fátima, co1110 se dará o ,·erdade, e des/es se /0me ele J}otlero- Aq11i/éia 10111011 lugar na hierarquia desenvolvimento da face combativa so ad,•ersário" (destaques nossos). feudal (. . .) Tomou-se 11tlo só flito da liturgia? Serão imroduzidos nela dignau.írio '-'Clesiástico (ele é o ances- ritos que lembrem a execrnbi lidade lral do Patri(lrca de Veneza), mas de toda a convcrgênda com o mal'/ tombem 11111 senhor muito poderoso. A Santa Igreja, então lim pada "fuDa revista "Ecdesia" de Madri "A espada que figura nu festa maça de Satanás'', saberá o que conUaneiro/ 1955, pp. l 17 a 122) extra- <la Epifania, nesta igreja, t/e1•e le111- vém fazer! irn~- - - - - - - - -l"taLõSUS...circun.illl-·=1iswtów,.,·c·ae.<._ _ _ _ _ _ _ __,c"-."' A--j
CATOLJ C /Sf..,10 -
Setcmbl'o 1989 -
23
Escrevem os leitores MESMA UNHA CATOLI CISMO continua na mesma linha de sempre, isto t, deíendendo a ortodoxia católica e alertando contra o perigo marxista. Parabéns pela perseverança, tão rara cm nossosdias(Guilhermel'creiraCavalcante, Cabacei ras-PB).
ARGUMENTOS H à muito tempo vinha dcscjando escrcver-lhes para expres-
sar osmeusmalsefusivoscumprimentospclapublicaçãorcgulardabrilllanteeimrépidarevista que o! CATO LI C ISMO. No meio do caos que se abate sobreacivilizaçllocristll,CATOLJ CJSMO
t
como uma lu z que
brilha nas 1rcvas. E na quase, oumclhordizendo,natotaline-
;,;istencia dc boas lcituras nessa nossa imprensa tão imoral, CA-
TOLICISMO t lido com avidez. 13. nela que encontramos argumemos contra toda a sorte de asstdio e pn:ssÕC!i do mundo. Alimentamos nossa fé com os exemplos de: coragem e virtude dos santos e ao mesmo !empo ficamosaopardosdescalabros denossasociedade(Mari1~linad1CruiHlbelro,Joi oPl'5so11-PB).
TV Aqui lhe envio este ar1igo que pode ser interessante para CATOLIC ISMO: o que acontece quando a população se vê forçada a observar uma "abstinência"dcTV(Erne-sloBurini, Buenos Ahu - Argcnlina). Noh1 da Hcdaç:iu: Trata-se de uma reportagem publicada no jornal argentino "La Nación", 14/!i/89, sobre a restrição forçada dos horários de -TV-:-dcvldo- ia-msrcn-ergé1tc
24 -
CATOLIC ISMO -
que atingiu a nação irm ã. Traduzimosaseguiralgunstópicos mais interessantes: "Mais de um consumidor de TV teve de rene1irs.obreasi1uaçãodedepcndênciaaqueosujeitaoconsurnodiârio de tantas horas de transmissão. A falta de tclcvi sãoobrigoumuit ostclespcctadoresamodificarseushãbitosquotidianos, e a dar-se conta de que não sabiam como suprir a carência da imagem no vldeo ( ... ). 'Notou-se uma mudança -e,cprCS$0u Margarita Aphalo, da Livraria Letras de San Telmo - mais do que na venda, noscomentiriosdesat isfaçllodeclientes, mães de adolescentes, porque seus filhos se estão interessando pclateitura. Porout rolado,tambémmuiws adultosre(..'<.lllhe<:enique,apartir da redução do horário de TV, recuperaram o hàbito da leitura'. ApsicólogaLiaLerner enfatizou: fa1ode não existir este terceiro membro que é a televisão. facilita a comunicação na familia' . Em nota publicada no Ultimo domingo em 'La Nación' renetiram-se alguns aspectos do prejulzo que ocasiona às crianças permanecer ante um televisor durante muirns horns: obesidade e a umento da agressão. 'lníluenciou-me(adiminuiçllodohorãrio da TV) de modo muito positivo - disse Nélida, dona de casa, 53 a nos. Agora tenho muito mais tempo para ler, para ouvir milsica e para visitar parentes. Comprovei, enfim, que sem televisão me libertava de um hábito que já se tornavaidiotizan1e'.MariaRosa,donadCcasa,36anos: 'A redução do horário de TV permite-me dediear-meaoosturar,1ecerou ler,atividadesqueeujãtinha bastanteesqueeidas'.MariaClara, docente, 36 anos, mãe de duar n1h·:rr.--our.mt
·o
Se1cmbro 1989
(ascrianças)seorientaramparaoutrasatividadescomoleitura ejogos que não realizavam quando havia TV. Agora que estãonoperlodoesoolar,(aausênciadaTV)lhe~permileordenar as atividades da tarde sem estarempendentesdequecomeceou termine mi ou qua l programa' . Para Ksiazeniecr, 'nas cria nçashãatitudesderaivae impotfncia porque não sabem com o que substit ui r a TV. Ou ço não sóde menores, mas tambem de anciãos e~pressões como: sinto Falta dela. Como se se esti vessem referindo a uma pessoa'",
Ar1icutação oomunista - "Chico Mendes"; c)Tufãoecológioo-inversãodevalores. Escendo saudações ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e rogo a Nossa Senhora do Dom Co nselho que perman~a derramando graças na TFP para que esta con1 inu c com o csplrito que a vem norteando at~ esses nossos dias dc borrasca (Scbas!ião Aprigio da Costa Honório, S/lo JO!'édosCampos-S P).
''TURI SMO " Recém -c hegado da Europa, ondetivcaopo rtunidadcdcpcrmaneccr por quase sete meses atrabalho,procuro,naspági nas desta Revista (da qual possuo diversos nilmcrosantigose recentes),rclembrarcomsaudadesosambientes,oscostumes, eacivi lizaçãocomosquaispudeconviver( ... ). An1csmesmo de paralãirpudcpreparar,não sóasmalas,mas1ambémoespiritocritico(pclalei1uradolrabalho''RevoluçlloeCon1ra-Revolução''eoutrosartigospublicados por essa Revista ) e oroteiro "tudstico" (pela kitura das reportagens que ela period icamente apresenta sobre locais dignosdcvisita:casteloSepatãcios, capelas e catedrais, bosquesejardins, lugarcjosecida des.etantasoutraseoisasmais). Tendo a oportunidade de lã fi car por um pcrlodo que não foi pequeno pude contem plar os diversos aspectos com os o lhos outrosqueosdeumsimplesturisrn (... ). Porém, muito mais qu e um simplesconsolo,a leituraatual retrospcctivadas páginas desse Mensário contribuiu para enriquecer as impressões quemeficaramgravadasnoespirito (... ). Resla -me, senhor Dire!Or, agradecer à equipe de CATOLI CISMO pelas informações que obt ive na lei1ura de suas páginas (fha ln Gouvria Limrira, Vl1óri1-l-.:S).
INFORMAÇÕES Gostaria de pedir informações sobre os seguintes fatos: a) Praça da l'az-braçoscruzaorantc-a lifdracõffiiiiiistã;
Nola da Kcd1çlo: Sobre os trágicosacontecimemosdejunho na China (Praça da Paz Celestial)omissivistacncontrarã dados no artigo "0 drama da lgrejanumaChinaemooníusão" (Nº 463, julho/89) e na Seção "A Realidade. concisamente" (Nº 464, agosto/89). A respeito do ca50 "Chico Mendes'', dado o carâter prevalcmemente policial do mcsmo, não está na indole de nossa revista dar-lhe maior o;paço, embora não descartemos a hipótese levantada pclo missivistade uma possível articulaçllo comunista ligada de alguma nurncirn aos fatos. Por fim, quantbàccologia,temosem vistapubli carproximameme um artigo a respeito. Podemos ent reta nto adiantar desde já que o atual "tufllo ecológioo", embora afirmando dc:permeioalgumasverdadcscomo quando aponta cenos malesdaciviliz.açàoindustriali· zada-emseuconjuntotemsc mostrado um fator importante da"QuartaRcvolução",descritaedcnunciada pelo Proí. Pli· nio Corrêa de Oliveira na Parle lll descuadrnir{lvelefamos.oensaio''RevoluçãoeCon traRcvoluç
SÃO PEDRO JULIÃO EYMARD
"Que é o amor, senão exagero?" "NOSSO SEN HOR quer estabelecer em nós um amor apaixonado por Ele. Toda virtude, todo pensamento que não termina numa paixão, que não acaba por tornar-se uma paixão, nada de grande produzirá jamais. ( ... ) O amor só triunía quando é em nós uma paixão vital. Sem isso. podem produzir-se atos isolados de amor, mais ou menos freqüentes; a vida não é tomada, não é nada( ... ) Nosso amor, para ser uma paixão. deve sofrer as leis das paixões humanas. Falo das paixões honestas, naturalmente boas; pois as paixões são indiferentes em si mesmas; nós as tornamos mâs quando .as dirigimos para o mal, mas só de nós depende utilizá-las para o bem. Ora, a paixão que domina o homem, concentra-o. Tal homem quer chegar a uma determinada posição honrosa e elevada. Só para isso trabalharâ: dez, vinte anos, não importa. Chegarei, diz ele; faz unidade; tudo se acha reduzido a servir esse pensamento, esse desejo, deixa de lado tudo quanto não o conduzir a seu objetivo Eis como se chega no mundo ao que se deseja: essas paixões podem tornar-se más, e ai! muitas vezes não são mais que um crime contínuo; mas enfim podem ser e são ainda honorificas. Sem uma paixão, nada se alcança: a vida carece de objetivo; arrasta-se uma vida inútil. Pois bem, na ordem da salvação, é preciso ter também uma paixão que nos domine a vida e a faça produzir. para a glória de Deus, todos os frui os que o Senhor espera. Amai tal virtude, tal verdade, tal ministério apaixonadamente. Devotai-lhe a vossa vida, consagrai-lhe os
vossos pensamentos e trabalhos; sem isso.nada alcançareis Jamais, sereis ape nas um assalariado, jamais um herói!( ... ) Ah! no Juízo, não serão tan tos os nossos pecados que nos aterrorizarão e nos serão censurados; estão irrevogave lmente perdoados Mas Nosso Senhor nos censurarâ por seu amor! Vós me amastes menos que às criaturas! Vós não fizestes de Mim a felicidade de vossa vida! Vós me amastes bastante para não me ofender n1ortalmente; mas não para vive r de Mim! ( ... ) Dizem: Mas t exagero tudo isso Mas que é o amor, senão exagero? Exagerar é ultrapassar a lei; pois bem. o amor deve eii;agerar ! (. .. ) Vamos! Entremos cm Nosso Senhor! Amemo-10 um pouco por Ele: saibamos esquecer-nos e dar.nos a esse bom Salvador! Imolemo-nos um pouco! Cousiderai estes círios, esta lfimpada, que se consomem sem deixar vestigios. sem nada reservar". (São Pedro Julião Eymard, "O Santissimo Sacramento", Coleção "Os grandes autores espirituais", nº 24, Ed. Paulinas, São Paulo. 1956, pp. 27 a 32)
ILUMINA SUA VISÃO
~AÍOI.JCISMO VISOTIC
SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA AO ASSINANTE
Papel de seda com aplicaçõo de silicone, especial para limpeza de lentes Um produto da ARTPRl:SS
(011) 825-7'10-7
Indústria G,onca e Editora Ltda ~ ~1/689-=-Sõõ"PCIORf{Sf'J Telelone[011)220-4522
CATOLICISMO - Setembro 1989 - 25
Soldado,
CINQÜENTA INICIAVA SUA
HÁ HITLER A
PRIMEIRO de selembro de 1939-justamentehAcinqüenta anos - os tanques, carros de assalto e baterias de Hit ler, prote· gid os por nuven s de slukas e messerschmidts, at ravessavam a frontei ra da Polônia, desencadeando o que viria a ser uma das maiores hecatombes da História: a Segunda Guerra Mundial. Durante os cinco anos e meio que durou, através de marchas e contra marchas, inicialmente parecendo favorecer o Eixo, e fi nalmente pendendo para os Aliados, a gue rra, de modo direto ou indirelO, desfigurou o panorama mundial, desde os costumes e o comportamemo humano ao equilíbrio político internacional. Vista na perspectiva de meio século, dela se pode dizer hoje que contribuiu decisivamente para apressar o passo da Revolução mundial anticristã
,.,,.,.,;n ..,..,,,,,..,.do " barrám 'I"' ,,,,.,,.,.,., " Alrmànloa ,la t•oiônia
acampamentos para "divertir" os exércitos em meio à luta. Do â mbito militar, a onda de permissivismo moral filtrou para as populações civis No campo político, a guerra veio trazer uma novidade espetacular: a Rüssia soviética, que mal se mantin ha em suas próprias pernas, potencialmente perigosa somente pela enorme população, mas definitivamente potência dcscgundaclassc,alimentadacindustrializada pelos aliados, através da fati dica rota de Murmansk, surgia na mesa das negociações como um dos quatro grandes, ditando vontades e iippondo condições, anexando nações, e com seus exércitos ocupando todo o lcs1e europeu até Berlim A 1udo isso, condm:iu o fuhrer Adotf Hitler, ao desfechar, ás 4145 da manhã de l? de setembro a operação Caso Branco
Fraqueza de Hitler Depois do guerra, um novo mundo
No momemo da invasno da Polônia, Hitler falava alto. " Ná 11111a palaÉ historicamente recon hecido o fa- vra que sempre ignorei: capiflllaçao ... to de que as guerras, de modo geral, Só deixarei o uniforme militar após a contribuem para o re laxamento dos vitória'' - disse nesse trágico l ? de costumes, com a movimentação de tro- sclembro ao Reichslag, simulacro de pas e o dcsloca memo das pessoas de parl amento alemão. Na verdade esiascu lugar habitual de vida ou das con- va blefando, como blefou desde que diçõcs sociais a que estão sujei1as. A subiu ao poder, através de um consengue rra de 39-45 foi especialmente de- so (que já naquela época era sinônivastndor:i:-ncnc-campo-;-com-o--concu - ,no-de-rendiçti·o nttiro-pctoreo-n-s; so do cinema e do rádio e das visitas dores e centristas. De fato, ele precisade atores, comediantes e bai larinas aos va evitar uma guerra mundial, para a 26 -
CATOLIC ISMO -
Sc1cmliro 1989
qual ainda não estava preparado. Temia a intervenção dos ingleses. Não era capaz de manter a guerra cm duas fren tes; sco exército francês,ivcssc invadido a Alemanha no oeste, ele teria fracassado na Polônia. Ele precisava, pois, de um apoio que impressionasse o mundo e o deixasse livre na frente oriencal: o apoio dos soviéticos. Em meados de agosto enviara a Moscou uma proposta de pacto de nãoagress11o. Molotov, chefe das Relações Exteriores da Rússia, há meses mantinha negociações inconclusivas com franceses e ingleses. No momento mais agudo da crise, Hitler enviou a Moscou seu ministro Joachim von Ribbcnt rop e, a 23 de agosto, estourou o que parecia ser uma bomba na política internacional: o pacto Ribbentrop-Molotov. A Rússia comprometia-se a não intervir no caso de invasão alemã na Polônia. Hitler pôde, assim, transpor as fron1eiras do leste. A 17 de setemb ro, o Exércilo Vermelho invadiu, por sua vez, o pais católico. Soube-se, então, que o pacto continha cláusulns secretas, que resolvia m sobre a partilha da Polônia e estendiam a influência russa sobre a Estônia, a Letônia e a Finlândia ...
Uma tina percepçõo político Nré~ lsmo era mio co-- - mo e~trcmo oposto do comunismo, falsa visllo que perdura ainda hoje em
Só com o apoio soviético foi possível invadir a Polônia, ), manobra prevista em "O Legionário " '{, por Plínio Corréa de Oliveira ~
,~1)1,(_·11
.,.. Jj ,
ANOS TRÁGICA AVENTURA
Ag,-euiion<1ú·soviitica vista"" im/1nnsa
noTI•·
am• ricanaem 1939
espíritos superficiais . O próprio Hitler tinha se apresentado assim, mas sua ação, uma vez no poder, era de molde a produzir na Alemanha o que o
com unismo tinha produzido na Rússia. O culto pelo trabalho ma nual era o mesmo; os valores tradicionais e espirituais do povo alemão foram abandona-
dos. O determinismo histórico previa na Rússia como idade adulta a ditadura do proletariado e, na Alemanha , o Reich de Mil Anos. Os soviets de 1917 tinham extinto na Rússia a propriedade privada; na ;~e;:~:i~ ~~:~~~~:~c:;~~~ªd!ee~:
~:::o
Stn/in nãattt:ondea ,atisJIJvão no momrnlo d, Ribb<J1tro/)ns1inara pac101,-,,rmano-1ovi,!ticv
cos. Todos confirmavam as posições firmes do d iretor da publicação e que lhe tinham custado objeções e até a zombaria de simpatizantes do nazifascismo, inclusive entre destacados lideres católicos brasileiros.
0
~~r~~~a~~~s~~~~ab:t~dl~·r:;~b~:t~~i~~:
~:i~
i:;::~~e~~:tções que lhes eram
con~~ui~~~s~iin~o j~:~~a
~:g1~~~~~.?.º
0
e;~~jj~~~~~
1
a~:~:;t~º,i~~~li~~r:'~ convergência entre nazismo e comunis:aº'a~~ª;1i~se~~
/olh'/~fni:i::~eit:~f:o~l~:;:u ~:~:: j;~;;;~::;; d:aq;;,n;~~!º e::~;:~,~ !e ~e~~;:i:~i;:,~;ltmª:;:~~::e,º:::~ç!~ mal,?;f:';;~!ª ::i~d~~e'1:.!:;;uirio' !~S5::i~~i1:/:::: ~~n;:~~1: ;;:~r::z~ ~-~i~1~::i~;~~~:;~;;r::;,.;iª~7r~::t;~ outro prisma". assa~=~~~~t~0~~~d~~:!úr:~;s~~~~;: ~;;!,,se~«:::alimentava %:/Ji!~::sq::~is~a:;/[:;: rio' com dinheiro de Moscou", . 0
et~~::~~a~uso':1~;:!~t::~~· s:~~~:
~~i~c~~r;~~a~~su~~
:~~:á~;c~ii{gã~afáº!~\'.cªv~a'°i~:c~~a~~~ meridiana que o mundo não se dividia ::t~:i~aq~~:~~ ~~i;c!:~,r~o~~crai~~;~~: <leira e Revo lução, alinhados nesta nazismo e comunismo, embora com disfarccs de antagonismo. A 27 de agosto, logo após a concrctização do pacto Ribbcntrop-Molotov, "O Legionário", cm vista do que afirmara cm edições anteriores, podia galhardamcntc publicar o a rtigo intitulado
Hoje nos causa admiração e respeito esse discern imento e capacidade de previsão, fruto de uma fidelidade viril e clarividente à Igreja. Muitos dos que então simpatizavam com o falso direitismo fascista se bandearam para o esquerdismo propugnando pcla Reforma Agrária, pela Igreja nova e teologia da libertação. E passaram a - acusarPlinio·eorrêa·dc-0 1iveira-de-na- em zifascista .. . HOMERO BARRADAS que analisava os últimos eventos politi-
"Os recentes aconteâmentos pro---poreimraram-uma-con/innaçtJo-sensaciona/ às previsôes desta folha", -
católico,
CATOLICISMO -
Se1cmbro 1989 -
27
MAIRH Dt PARI<,
folo<i,lirúta:
1 ··01,m·, ,s ,· ,, ·110,:ru/uc ·
"f"'
vu ti,lmdmoda ''sa..s-,;u/otu". C nnnoM -u ""'" N,wl,,ef,oq,...Jnn,u como,aldodoi, mi/l,ii,1 ,1, fMru:nes morto,? Â uq.,uda:
,1,,,'""'"'ª"'ú .. ,,.,1o.
,w ,11uuida,lt J,yon, rmo11t11bMd, l793. 1<;roo»imqut:tn "làns-a.r/011,"d,
im
tn lôo,nltndil,ma
PARA cSQUcCcR o SANGUc! PÓLVORA que cm l 789 se encontrava na Basti!~ia, com ccrtcw n!l.oseriasufictcntc para fabricar todos os fogos de art ificio que explodiram nas comemorações do biccntenârio da Revoluç!l.o Francesa. A Prefeitura de Paris, por exemplo, tendo a testa o centrista Jacques Chirac, promoveu um lindo espc1âculo de pirotecnia para celebrar os cem anos da torre Eiffel e prome1 e outro para o dia 23 deste mês: "1789 sur Seinc" (1789 sobre o Sena).
A
Desogrado
a Revolução, gastou bilhões de dólares na construção de obras faraônicas, que desagradaram a grande maioria do público francês e lhe valeram o apelido de "Mitterran1sés". De fato, recente pesquisa revelou que 80% dos parisienses abominam a pirâmide de vidro construida na entrada do museu do Louvre. Para eles, aquela "bij111eria ramanho /rambolho ·• só serve para conspurcar a paisagem do castelo que costumava ser um dos 1nais belos cartões postais do muudo (\). 0 "Grande Arco", da Defense, construido para comemorar a Declara-
~~r~~~~~~,:~t~;,~; tv~(~~~:
Jaol'"""'"
~ea~te= a 0R,"p"' · 6 "' ' ""' """' · ,cc oc"' i,'----+1!~.d~; lista, François Mitterrand, não foi tão sa cdiçi'io de agos10), tampouco cscafeli z cm sua escolha. Para comemorar pou âs criticas, Muitos o classificam 28 -
CATOLIC ISMO -
Sc1cmbro 1989
de "arte pós-nada", devido<) ex travagâ ncia de seu estilo: um cubo vazado, que servirá de escritório "para exec111ivos neuróticos".
Até somba e zebras Entretanto, o ponto auge das ceiebraçõcs oficiais do biccntenirio ni\o foi o "terror arq11ite16nico t/e Millerraml", mas o desfile d.o dia 14 de julho, quando 32 dirigentes mundiais estiveram prcsemcs cm Paris para assistir a um espetáculo no mais puro c:st i1 1 ~~d t;~:~~~/;~~v~:.~:~~aldc~~~ jazz a1é samba brasileiro, 1.ebras, elefantcs, sem falar nas acrobacias dos
1~
aviões Miragc e no aparatoso desfile mili1ar. Na noite de 14 de ju lho, houve a ópera-desfile A Marseif/aise cm lo uvor do hino que pretensamente simbolizaria a lula da liberdade contra a 1irania Os o rganizadores do evento, emrctanto, parecem ter esquecido <1uc, cm abril de 1792 - data cm que Rouget de Lislc compôs a célebre canç!lo foram os revolucionários que declararam a guer ra ii Áustria, numa formidável manobra pol i1ica que atcílria fogo à Europa e possibilitaria li derrubada da monarquia. Em outros termos, a Françarevolucionáriacraanaç:loagrcssora, não os países ··subjugados vela tira11ia''.
na, extin guindo assim unrn "odiosa dij(•re11ça t'l1/re proflssôes ". Farmacêuticos e charlatães tiveram, até 1803 . os mesmos dire itos dos médicos ! (4) Na Vcndéia, cm setembro de 1793, os mesmos revolucionários fuzilaram mil hares de camponeses e devastaram a regi/lo. Por requinte de sadismo, violava m as mulhcrcs. introcluziam car1uchos cm seus corf)Os para depois lan çá-tos ao fogo ainda com vid,1. (5) 'lhdo isso é assaz incômodo para quem deseja comemorar os "direi1os <lo homem", a "liberdade, ig11ald11de efrulernfr/(ufe"..
Ca rn ava l de co ntradi ções
Na impossibilidade de mudar a História, os organizadores do bicentenário resolveram esvaziar o con1cí1do ideológico da Revolução e imprimir um caráter lúdico às comemorações. Isso lhes permitiu celebrar 1789 à moda pacifisrn, isio é, sem polêmicas que pudessem reaccndcrascinzasdeum 1>assadoque, de si, representa um verdadeiro libelo contra o movimento revol ucionàrio. Tudo virou festa!. Inocentes crianças
Essa e outras contradições aberrantes provocaram um clima de hilaricdadc e descontentamento entre os franceses. Muitos terminaram o camo da Marsei llaise com o grito realista "viva o rei!"(2) Urna pesquisa feita pela revista "Figaro Magazine "' revelou q ue 59% dos parisienses se mostraram irritados ou indifcrcntescmrclaçàoaobiccntcnário, enquanto 62'1• consideraram "chocan1cs'' os gastos com o acontecimento. (3) Até hoje, incomávcis franceses não cnlcndcm porque, cm 1889, a então vacilante terceira república, fixou o 14 de ju lho como data nacional. Não seria mais lógico se comemorar a fundaçiio da república (2 1 de setembro de 1792),cm lugar de fcsicjaradcstrui çll.o de uma prisao de Estado semidesati vada (a Bastilha)? NM é paradoxal essa come moração de uma monarquia constitucional (1789) por um governo republicano? Acou tcce que a proclamação da rcpllbt\ca foi precedida pda chacina das Tolherias e pelos massacres nas prisões da Paris, os quais liquidaram nfio os guardas, mas os prisioneiros! Por outro lado, a primeira república foi " legitimada" 1>0r apeuas to'!o do eleitorado, gove rnou através do Terror. guitho1inou milhares de pessoas, dccre1o u a "lei dos suspeitos" . suprimiu a liberdadr de imprensa, fechou as igrejas. perseguiu o cle ro e deixou a França cm ruínas. Foi a república que, em nome da "modernidade". condenou à morte, como ...!.'.suspei10!..'_,---o célebre-c1uimic Antoine Lavoisier. Em nome da "igualdade"', fcchouasfaculdadcsclcmcdici-
C o n se n so? u m an estésico e fi caz
Não
trajam a car111ag110/e e fazem o papel de encantadores sa11s-c11/ottes, mas sem brincar com cabeças dccapi1.idas, nem levá-las n.i ponta de chuços ... Inaugurou-se , assim, um "consenso'' que prcccnde despojar a Rcvoluçiio de seus asp,cc1os negativos e sanguinolentos. A versão histórica dessa eficaz manobra de anestesia da opinião pública francesa - h.'l séculos dividida cm revolucionários e contra-revolucionários - foi batizada corno "revisionismo cri1ico". Seu cabecilha, François Furei, inventou a tese de "derrapagem". segundo a qual 1eria havido uma Revolução "boa" c o utra "má". No 14 de julho último, celebrou-se tão somente o bicentenário da "boa" Revolução ... A '"má". isto é, a memória dos dois milhões de vitimas, foi esquecida pelos fogos e pelo vinho! BRÁULIO OE ARAGÃO NOTAS (l)""OfaiadodcS.l'aulo"', IJ.7.89 (2)'" Lc0uotidicndc l'a,iÇ", 13.7.89
(l) '"l'olhadcS.Paulo".14.7.89 (4)cfrRcrn!Sédillot. ""LeCoU!dcla RC,·olu1ion FrançaiJ.C'".Pcrrir,. l•a,i,;.1987 (S)dr Rcynal<I Sechcr.··LcGénocidcrr:111co-fran\"ªÍ" la Vc11dé<, Veng<'' ". l' .lJ. l· .• l'aris. l987
fi,/1,,,,,,., ,t.,,..,,,,,. o deifrl, ow,/i::odo ,,,, avrnid,, C~"'"I" 1-: tish
'"""ifult1(ÕU u6ticM, qu,
<:t,nf;r,"r11m
n d~ um urla CàrtÍltr SurT<!<1IÍdà
CA"IOI.ICJSf,,1O -
So.:1,·111hro
l'JH'J - 29
Uma curiosidade sobre as CEBs A
S COMUN IDADES Eclesiais de Base CEBs andam meio apagadas ult imamente: falta de arraigo popular? Não serefizeramdadenllnciapublicada pela TFP? (•). Talvez haja de ambas as coisas
IJ. Mlluro Mo,.,1/i,
/Jispo,ü lJuqrt• de CaJtfos-Rj, e,ncujndiocue .udeMO ltnamlro J,.., CEHse
o/vrnJ
um pouco. O fato é que as CEBs rea li:t.aram em julho úllimo um Encontro na cidade de Duque de Caxias (RJ), para o qual trouxeram representantes de vários países do Continente, numa mistura de católicos e protestantes. Mas não conseguiram despertar o interesse do grosso dos católicos, revelando-se mais uma vez um fenômeno de
iniciadosedecúpulascclesiásticas: 90 bispos estavam presentes, fora os padres! MuitosdestesenvergandocamisetasdaCUTouboinasdo PT. Tratar aqui do Encontro, de seu ambiente ou do seu documento final seria um pouco chover no molhado. São sempre os mesmos temas politioos que vêm à baila, procurando unir todos no socialismo, nao se importando com as verdades católicas, desprezando as condenações dos Papas ao comunismo, criticando a colonizaç11o da América que qualificam de "invasão ibérica" e outras "preciosidades" do gênero.
Esfregando-se no Revoluçõo Francesa Um ponto porém há, extremamente-curioso.-que-va le a pena tratar. Num artigo sobre o Encontro das
CEBs, Frei Betto, sentindo provavelmente o grau de desprestigio em que elas se encontram, não achou nada melhor para tentar pó-las em foco do que comparar o Encontro à Revolução Francesa. Que os erros comunistas, nos quais as CElls se abcbcram, provêm da Revolução Francesa, isso já foi exposto pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira no livro acima citado. Mas a tarefa a que se ent rega Frei Bctto é outra. li. Revolução Francesa vem sendo muito falada ultimamcll[e, devido às oomcmoraçôes de seu bicentenârio. E o religioso parece 1er julgado prestigioso para as CEBs esfregá-las na Revolução Francesa para ver se algo da notoriedade·do·bicentenârio cola nelas. O que talvez ele nllo saiba é que as come-
.10 - CATOLICISMO - Setembro 1989
morações dos duzentos anos vêm sendo um fracasso cm todo o mundo, especialmente na França; e que JXJrtanto seu esforço para encampar o prestígio da Revolução em favor das CEBs nllo é só risivel, é inócuo. Um amigo francês, cm visita ao Brasil, con1ou-me que no famoso jardim das Tulherias, em Paris, foi montado um cenário permanente de comemora(,:ÕCS, com monumentos, ambientes, rememorando a Revolução. Ademais, há lá uma animação continua, com shows, espetáculos rcfcrc111es ao evento, pessoas ves1idas de sans-culotte etc. O Governo previa uma freqüência de 10 a 15 mil pessoas por dia, e o ingresso cobrado era de 40·franco. Nos primeiros dias, decepção! Havia muito mais
"animadores" do que popularcs. Ccrtamcntescria o preço alto. Baixaram-no uma vez, a segunda, e assim foi até chegar afinal a S fra ncos (NCzSJ,00).Masnada,ninguém vni. A tal ponto <1uc um articulista de " Le Monde" chegou a dizer, cm tom de gracejo, que o jardim das Tulherias tornou-se o lugar mais tranqüilo de Paris, próprio para o encontro de pessoas que desejam tratar de a lgum assunto particular sem serem incomodadas. O problema não era o preço, mas outro: duzentos anos depois, o povo francês, com o recuo do tempo, percebe melhor a violência e artificialidade da Revolução que lhe foi imposta, de modo que, mesmo nas comemorações a-ideológicas e de puro passa-tempo que foram feitas, ele se omite.
A s CEBs no fo rró Mas, voltemos a Frei Betto. Seu ar1igosobre o Encontrodas·CEBs intitula-se ''Clima de Revolução Francesa'' (" Diário Popu lar", SP, 19-7-89). Nele, o religioso procura aplicar o lema da Re voluç11o - liberdade, igualdade, fraternidade ao Encontro de Duque de Caxias: 'ºHavia comple10 liberda,te: nos gntJ)QS e plenários, leigos sequiosos ,!e 111110 Igreja mais evo,rgélicu q11es1io,ww1111 teólogos, padres e bispos". Na Revolução Francesa o questio uamcn to cheou a·o-po"ntõ7:l~rrar n cabeças de eclesiásticos e nobres, mas ao que parece,
em Duque de Ca:ii:ias, os senhores bispos e padres sai ram todos com m as cabeçar sobre os ombros! Faltou J lgo pois para a equipart.ç11o. Chegaremos lá? "A igualdade tra11spare-
"ª
cia ( ... ) participaçi1o dos leigos nas ce/ebraçóes lilúrgicas e nas filas onde prelados e lascados aguardavam a mesma comida". Se os leigos partieipam da celebraçll.o litúrgica em igualdade de condições com bispos e saccrdoles. e depois vão todos indistintamente fazer fila para comer a mes ma co mida, quer dizer isto que acubou a diferença entre bispos, sacerdotes e leigos? E qu e portanto não há mais uma Igreja hierárquica? Se é isso, então de fato há aqui uma analogia co m a Revol ução Francesa, durante a qual a Igreja Católica foi proibida de existir e substituída por urna igreja co nstitucional igualitária, al iãs co ndenada co mo cismática pelo Papa Pio VI. Silo isto as CEBs? Responda Frei Beuo.
"Ea/ra/ernidademoslrava-sc no clima pentecos/a/ (... ) um bairro (de Duque de Caxias) acolheu seus hóspedes (das CEBs) com um forró que durou até o ama11hecer. Viveu-se ali na Baixada a antecipa((Jo do socialismo democrúlico que se cons1i111i no objetivo dos cristOos engajados na /ma por justiça".
Escolas a serviço da anti-educaçoo AS ESCOLAS devem descnvolVcr a personalidade dos alunos, visando o aperfeiçoamento moral, intelectual e füico deles. Para isso, é necessário que fomentem a moralida. de, a seriedade, o respeito, em síntese, a ordem. Eis ent re· canto o que vem ocorrendo cm alguns estabelecimentos de ensino cm nosso Pais: -Êcorrenteousodeshortsporpartedealunosealunas, que costumam sentar-se no chilo dos pátios internos dos colégios, ou nas calçadas. Em muitas faculdades, professores ministram suas aulas usando ... bermudas! Adcgcnercscênciadosambicntesescolaresvcrnseacentuando nos Ultimos anos. Jà em 1987 comentava a "Folha de S. Paulo" a respeito de co nhecida escola paulis1a: urna "caractcristica do colégio .... ê o barulho nas cla~s. Os alunosnâoparamdcfalar. .. geralmentebrincadcirasoupiadas. Hâumaincapacidadcdeseficarcalado,ouvindooutra pessoa falar (~cja o professo r ou algum aluno aprc«-ntando um scrninário). Osproícsso rcssc adaptam a esta situação, dando aula no meio da balbí1rdia". E acrescentava o scguin1edcpoimcntodeumaalunadecertaescolapar!Ículardc São Paulo: - "Aqui ~ocê vai ao cinema co m o professor e dcp0is come uma piua" (cfr. "Folha de S. Paulo", 22-11-87). E depois da pizza, para onde ,110? Mais reccntcmcn!e, o mesmo jornal publicou rcportagens sobrc os cursinhos dc São Paulo, nas quais afirma que osprofcssorcs111aisbcm sut'Cdidossãoos"show-mcn"(homcns show). Um desses professo res, "ao entrar na sala de aula, l).lrcce ter sido ligado cm uma tomada de alta volrngem. Elé1rico,cngraçado eca1ivan1e, éum dos proíessores mais populares". Quando um aluno es1á dis1raido, o professor se diri ge a ele dizendo: "O colega ai pesquisando o teto. Prestem atenção, que já já chego no se~o total" ("Folha de S. Paulo", 2S-9-8S). Outros fatos poderiam ser referidos, mas esses já são suficientes para mostrar que muitas escolas perderam a seriedade e se transformaram em instrumento de dcgcncrcscência dos alunos. Noticias como essas causariam pasmo aos pais, alguns anos atrás. Ficariam indignados e se organizariam para impedir que seus filhos fossem objetos de uma anti-cducaçao, freqüentando tais escolas Por que hoje permanecem impassl\·eis ou até aprovam? Seráqueasnoçõesdemorat, honra, dignidadeestão scevanesce ndo nos espiritos?
Se a ante-sala do socialismo das CEBs é o forró, Frei Betto precisaria apenas levar esse mesmo forró um pouco mais longe para que a analogia co m a Revo lução Fraueesa que ele estabelece fosse perfeita. De fa1 0, ai111plantação do regime revolucionário na França foi precedida de danças macabras, feitas não só em meio à bebe<leira, mas também no sangue e aos cadáveres. Quererão as CEBs mesmo neste ponto co mpletar a an al ogia? GREGÓRIO LOPES l'linio Co« h de Oli>0iro , Gu,(~•o An(onioSoiim<O, l.ui > Sh• ioSoiimro,
(º)
~A!.C!!'~ ·~u:iHn~i= ~ ~ : : : mó>IO " , Vn11 Cru, , Ski l'aulo. 1981
Mercadão de Carnes ~ João Cem ~ Só trabalhamos com carnes frescas , diretamente de nosso frigorífico . Entrega a domici lio. Faça-nos uma visita e comprove : qualidade, preços e higiene . Fone: 542-2976
PAULO FRANCISCO MARTOS
Av. Dr. Cardoso de Melo, 1046 (Vila Olímpia) - São Paulo - SP
Napchan ,s - Presentes Finos
~!ºMP;1~acional dos Sorve~s~,~
:~.::.:::~. ~:89 ~~~~~
Ltda.
PORCELANAS CRISTAIS FINOS LINHA DE HOTELARIA-INOX
Fone: 66-5403 ,_.-,,-,o-a,i-1<-,-. ,-.,- (bq Av Ans<! lic a) -
SJo l'aul o~
Ru a Baraodc Tatui, 634 - 5aoPaulo - SP
MASSA l>f 1',1, 0 Df QUEIJO
ATACADO E VAREJO
..
\'
MENDIMENro A Rt:SJAUAANffS, autls INOÚSr.tASCSOIWCTDIIAS
-
R · :g~~~~~: NEVE - ( ~) ,.,, 67=2030 ..__:-
V
R.JAGUARIBE,627-SP.
CATOLIC ISMO - Setembro 1989 - 31
Em IJi/bao, apr,s,ntaçifo
dolivrod,
Brilhante campanha da TFP na região da ETA
posto revolucionário", a ETA prossegue sua manobra de desagregação do Es1ado espanho l, sem ser contrariada por medidas eficazes da parle do PSOE, atualmente no poder, fato também de· nuneiado no livro-bomba editado pela entidade.
MADR I - A campanha d e di vulgação, efet uada por TFP-Covadonga, em ni vel nacional, do livro-denúncia " Espanha anestesiada sem o perce ber, amordaçada sem o qu erer, extraviada sem o saber", que desmascara a Revolução encoberta, promovida pelo PSOE, atingiu umadasregiõesmais'' sensivcis"daEspa nha: as províncias bascas. Alí, um dos movi mentosterrorisias maissangre ntos da Europa - a ETA -vem pleiteando a separação daquelas províncias do resto do pais. Por meio de atcmados e extorsão do "im-
Nodia20dejunhopassado, fo i la nçado o livro em Bilbao, noaudi tór iodo Carlton Hotel, que se achava lotado. O principal orador, Padre C uc S .J., apresento u a obra e fez uma dura crítica aos ro ubos sacrílegos, às blasfêmias contra Deus, a Religião e Nossa Senhora, acrescentando que os piores ladrões não são os que roubam e profanam, mas os que, de dentro da Igreja , se aproveitam de sua condição para destruir, amordaçar e anestesiar o povo fiel.
Conferência
Aos p,'s dn Virg,m /Jrm,w d, Vitóri,. , ~íti,,.,. de ,~írios a/n1tt1dos /errorúlas, enc,..,.,,r,-s; a ,..,/owsa t;timpa.,l,u ,/; Tf"P-Covadot1.i:a au, Vasctmgadas.
A campanha de rua em Bilbao, Vitória e San Sebastián, principais cidades da região Basca, fo i marcada pela profunda reatividade do público e sua categóri ca divisão cm relação à obra da TFP espanhola . D ivisão
de ca mpos "Uns quase nos abraçavam de a legria, outros nos insu ltavam e qu ereriam nos golpear, devido ao ódio que scntiarn",atest_a.umdosparticipantcs. Formavam-se na rua gra ndes blocos de trnnscuntes , que paravam para veracampanha,erccebiarn com avidez o fo lheto de propaganda. Foi vista, após a passagem dos sócios e coooperadores, uma pessoa lendo em voz alta o folheto pa· raumagrandero<la queouvia com atenção. Os aplau-
ameaças. - " Sois valentes! Ou en tão: -
É
"Viva
ra os católicos! - Nem espanhóis, nem católicos, fo . ra!" Um homem pegou um fo lheto, fez um aviãozinho com ele e lanço u-o ao ar: outro o pegou em vôo , desdobrou-o e saiu lendo. Muitos sentiam medo de apoiara campanha, em virt ude do terrorismo. Um transeunte declarou: "É muito arriscado comprar o livro narua",eout roacresccn10u: " Soismaisvalentcs qucSantiago!" Umascnhorasaiudoprédio de um banco, pediu vários folhetos e voltou para os distri buir em seu interior: outra, cheia de ódio, com o folheto picado cm pedacinhos na mão di 7.: "Dá-me outro, pois este o rasguei muito rápido". Um trabalhador, de uns vinte anos, não podia crer que ainda existissem cspanhóiscapa7.esdeemprccnder tal iniciativa, e du as senhoras, bascas, dizia m que a ETAnàodcfcndiaum simpático e sadio rcglonalismo, mas, pelo con1rário, odiava as tradições bascas, pois as
A-r-=-Qrramtu-nmter:r -vmmrgm:r~ Vitória ... vos matamos! Sc existe um inferno, é pa-
:n - CAT O LI C ISMO - Sctc111hm 1989
giões mais católicas da Espanha.
TFPs em ação É necessário notar que a caravana pôde se hospedar numa casa do Bispado de Bilbao, ao lado da Basílica onde é venerada a padroeira da cidade, Nossa Senho-
ra de Bcgonha. Vários pa-
dres, nessa ocasião, mani festaram seu apoio à iniciativa da entidade. A campanha encerrouse com um alo de desagravo em praça pública , diante da sede do gove rno , e m Vitó-
ria. Na fachada da catedral, e111 frente daquele prédio,
encontra-se uma imagem de Nossa Senhora - a Virgem Branca de Vitória - que já íoi alvodevâriosatenrndos. Um grande público acompanhou o ato de rcparaç:lo, durante o qual várias pesso-
as se emocionaram até as lág rima s.
Favorecimento da guerrilha não traz pacificação BOGOTÁ - A política governamcmal de concessões ao M- 19 e a outros gru pos guerrilheiros, adotada ao lo ngo dos últimos seis anos na Colômbia, tem aba ndo nado incontáveis cidadãos ã mercê da ação sanguinária da subversão. De rato, esta prossegue fazendo vitimas e evid enciando seu objetivo de tirar, das acordos com o governo, tod as as va ntagens possíveis, sem qua lquer recuo ou adesão à pretendida pacificação d o pais.
Não obstame, nos úhi· mo:smcscs,chegouascraven· tada nos meios governamen· tais a hipótese d e sereoncedida uma ampla anistia aos guerÍ-ilh eiros, para os crimes cometidos no passado e, virtualmente, para os que venham a cometer no futuro. Ao mcsn10 tempo, é incrível mas o Poder Público jã começou a tomar medidas repressivas contra os partícularcsquedecidiramuniresforços para defender seus direi• tos, cm colaboração com a autoridade militar. Em pronunciamento estampado em seção livre no jornal "EI Tiempo", de Bogo tá, em 16 de junho úllimo, a Sociedade Colombiana de Defesa da Tradição, Famllia e Propriedade dirigiu apelo ao Chefe da Nação,
EM MANCHETE de primeirapágina,o"Diãrio Popular'',dacapitalpaulista,atraiuaatençãodeseus leitores,eml9dejulho passado,paraatriplicecolisãodevekulosocorrida próximo ao Viaduto Parai· so. No acidente, perdeu a vida o Sr. Antônio Carlos Arruda Longo. Sacerdotetrajandobatina eministrandoa Extrema-Unçãoaagonizante C umacenaquevaisetornandoinfeliunentecada vez mais rara hoje em dia. Mais rara ainda, em se tratando de alguém prensado na lataria contorcida de seu carro, surpreendido pela morte, no momento mais inesperado. Por isso, o jornal estampava com destaque fotos do sacerdote, Pe. Afonso Rodrigues SJ, numadasquais,eleungiaa fronte do acidentado. Anoticiareferia-setambémaoesforçodesenvolvido por um motociclista nã,o identificado; aludia-se apenas ao fa10 de ele ostentar no peitoumdistintivodasCongregaçõesMarianas,cterpercorridovãriasigrejasdaredondez.a a fim de obter um sacerdote. Em carta que o jornal publicou alguns dias após, o jovem Ivan Carlos Ramires - o mo10cielista referido na nod cia - esclareceu que o mencionado distintivo deixou de ser usado pelas Congrega.5._ões Marianas, hã mais de três d~adasLe gue eleo usa habitualm~ cooperador da TFP.
DIARIO POPULAR
no sentido de que faça ccssar a "injusta e perigosissima discriminação a favor da guerrilha marxista, com um e ficaz e imediato programadecombateã subversão'', O docume nto salienta também que "a restau ração autêntica e inteira da ordem pública tornaria desneccssãrioqueospar1icularessepreocupassem com qualquer forma sistemâtica de defesa própria, porque o Estado teria vo ltado a cumprir seu dever constitucional de proteger os direitos ind ividuais".
Candidatos apoliticos, uma proposta para sair da crise LIMA - Em documento publicado nos diârios "EI Ex preso" e "El Comércio", desta capital, o Núcleo Peruano Tradição, Familia e Propriedade analisa o clima polilico peruano, marcado por certa nota de confusão e desânimo ante a ação dos grupos político-partidârios que se vêm alternando na direção do País, sem representar autenticamente o que pensa, quer e espera a grande maioria dos peruanos. O documento da TFP perua na propõe que os cargas diretivos, ta nto no poder Executivo quanto Legislativo, não sejam monopólio desses políticos profiss ionais, mas que sejam também exercidos por lidcresext ra-partid ãrios, dos que se destaquem por suas q ualidades morais e intelecluais e que a eles se candidatem. '-'O -modo-para que surjam esses lideres é que os peruan os de reta posição,
CATOLIC ISM O -
Setembro 1989 -
33
-
TFPs em ação nllo partidaristas, passem a manifestar seu pensamento, a dcsafiarasopiniõesaparcn1emente domi na ntes e os clichês eleitorais, aglutinando cm torno de si os que pensam de forma semelhante. E também, quc sc decidarn a abando nar e repudiar as dissensões quando estão em jogo os interesses do país, e a d iscutir e polemizar sem deixarse intimidar pelo q ue di z a moda, a grande imprensa o u as 'pessoas bem informadas"'.
Desagravo à Padroeira de Portugal
/ ,,....gem de Nos,a Srnhora da Canuirão, padrorira de Portwgal, viti""' de iacrilcgo a.tenta.do, nmd,uida cm ,o/cru procútiio por gmmlc ,uimcn, ,/e fiii,. lk,tacaram -,e n~ssa ot:a1iiio 01 trl.h.nda.rtu do Cnrlro Cwltural R uonqui, ta -rFI', que p,art iciJxm ,/Q "10 de dtiagrooo.
Associando-se à iniciati- TFP norte-americana va, o Centro Cultural Reconquista - T FP fez-se repudia queima ocorreu em junho último, representar por seus jovens quando um individuo, in- cooperadores, que desíila- da bandeira nacional duzido por agentes protcs- ram portando seus estanuintcs, invadiu a tradicio- dartes rubros nos quais íiA hi,t6n·cafoto da IH,.,d,iro. s~mlo nal igreja de Vila Viçosa gura, além do leão rompan~rgr,ida no pico do "'°"t~ Su n '/,ar,Ai, e jogou ao chão a im agem te, a Cruz de Cristo. J,. ilha l wojima, co,.quúlmlu de Nossa Sen hora da ConVila Viçosa està partia,njap,a11c,nnal/GunTa ceição, Padroeira de Por- cularmente vinculada à Al ,mdio/, inspirou oor1i110 J,',:/U/d~ II H,lon a.o tugal. devoção à Virgem da Cona,ulpfroM,,.wrialda O fato, que se insere ceição Imacu lada e às Ar · ' norf~·" m, · na, numa onda de atentados mais belas páginas da hiscn, Ar/i.,gfon blasfemos cm nossos dias, tória lusa. Foi ali, cm susci10u a mais viva repul- 1640, logo após a Restausa dos católicos portugue- ração da Coroa porrngueses. sa sob a égide dos BraganDepois de resta urada ça, que o Rei Dom João cm Lisboa, a imagem re- JV fez celebrar solenementornou solenemente à Vi- te a fes ta de 8 de dezemla Viçosa, cond uzida em bro, agradecendo a protecortejo de automóveis. ção recebida nas lutas que Além das irmandades das antecederam sua ascensão Regias Con fraria s Concep- ao trono. Posteriormente, cionistas, dos oficiais e o monarca consagrou todos Escravos de Nossa Se- do o seu Reino, incluinnhora da Conceição, nu- do o Brasil e demais colômeroso público participou nias, a Nossa Senhora da da fest iva procissão de de- Conceição, oferecendosagravo à Mãe de Deus, que-percorreu-as-ruas-da ~~~~~~~~i~c{~;eí,-;-\- ,f!9S.,,--'4c...;c~-~--.,'--,li;;;;.:;allif',,.------' cidade, especialmente en- sucessores a partir de engalanadas para o ato. tão deixaram de usar. LISBOA - Uma impressionante explosão de ódio à devoção ma riana
34 - CATO LIC ISMO -
Setembro 1989
TFPs em ação NOVA YORK - Na Qu inta Avenida, uma das princi pais artérias desta capital, voltilram a tremu-
lar os estandartes da TFP norte-americana, no início da campanha de colem
de assinaturas cm âmbito nacional, em apoio a um apelo dirigido aos congrcs-
~i~ras do pais. Nele, os signa 1á ri os so licitam aos mem bros do Legislativo
Federal que, cm consonância com o Prcsidcmc Bush, proíbam a prática da queima da bandeira norrc-amcricana, que vem ocorrendo em algumas manifestações de protestos. O assumo entrou na
ordem do dia após a brecha aberta pela decisão
nacional, de maneira que não o derrubem os vemos das possíveis borrascas. E elevá-lo bem alto, de sorte que a bandeira tricolor seja vista com nilidez e simpatia, mesmo no Ex1erior. "Nesta bandeira, cujo significado moral e histórico assim tão nobremen1e se exprime, o americano, desde os Grandes Lagos até o Caribe, e do Alfânlico até o Pacífico, vé refletido o próprio espírito nacional, a sua própria memafidade individual. E por isto ele a amo e a cultua como 11111 dos mais altos valores morais e culturais da Pátria".
da Suprema Corte, ao jul gar uma queima pública da bandeira efetuada pelo indivíduo Grcgory John-
son , no Texas. Esse tribu-
nal interpretou o gesto de Johnson como exercício da liberdade concedida pela Emenda n ? 1 da Cons1i1 uição.
Manifesto Sob o titulo "O estranho d ireito d e insu ltar a Pâtria" o man ifesto da TPP norte-americana começa por evocar a cena de soldados fi ncando o mastro com a bandeira que trem ula ao ve nto, no pico da colina de Suribaehi, por oeasiilo da vitória obtida na batalha de Jwo Jiina, no Pacífico. ''Os soldados - ressalta o docu mento - nu-
ma cooperoç0o que deixo ver ao mesmo tempo o pulsar uníssono e fraternal dos coraçôes, não têm um só movimento 110 qual lranspareça- o ódio ao vencido. Só o que eles desejam é fincar bem J1111do o hoste do pavill,0o
Contra o ultraje
Refcrindo-se ainda à bandeira, a mensagem ao Legislativo Federal fonn ula a segu ir suas indagações capitais: "É equilativo, é lícito, é digno que um cidadãq
aqui nascido a odeie? E lícito que- e/e- a inSlllte? Que a destrua? Tem nosso país o direito de se deixor conspurcar de 1al ma-
11eira em seus símbolos e suas honras? E11tre as /iherdades constitucionais norte-america11as está a de esbofetear os ~·ímbolos do Noção? E u ma vez que a Corte S uprema - â q ual os sign atá rios manifestam a co nsideração d ev id a --=--cfftCTldCu que a E menda n? 1 contém essa est ranha liberd ade, o m an ifes to propõe que sej a refor-
mada a Co nstituiçilo, de modo a salvaguardar a honra da bandeira nacional. Tal ,lten,.çao .. .. ta Mal 1se jus1ificaplenamcn t seg,rndo o pri ncípio su emo do Di reito, válid,._ i:w ra todos os povos, en' '< dos os tempos: "Saiu J ?puli supre-
ma lex""T
\~
IVàçã-o - -
do povo scj, a suprema lei", Ciccro, " De Lcgibus", 3, 9).
CATOL ICISMO -
&tcin bro 19139 -
3.'i
VocAçÃo PARA OS PÍNCAROS A
MEIO CAMINHO entre o Céu e a Terra, encravado no cume de íngreme penhasco, ergue-se altivo, no esplendor de fu lgurante iluminação, o santuário de Saint-Michcl-d' Aiguilhe du Puy (São Miguel da Agulha de Puy), localizado na região centro-sul da França. Solitário e quase inacessível, dir-sc-ia concebido para anjos e não homens. Entretanto, uma regra elementar de defesa, aliada à ousadia de seus construtores, determinou a escolha de tão insólito local para ins talação de uma igreja. Em meados do décimo século, época em que fo i edificado o s antuário, a Santa Ig reja ainda rezava, na Ladainha das Rogações, a expressiva invocação: " a furorc Normannorum, libera nos Domine" (do furor dos Norma ndos, livrai- nos Senhor). Esses temíveis b.írbaros, vindos do norte, penetraram no inte rior da França pelos rios, saquearam e quei mara m cidades e igrejas. Para escapar à destruição, era necessário fugir para lugares inóspitos, de d ifícil acesso, que pudessem dissuad ir de uma eventual incursão os normandos. Pântanos, ílorestas e montanhas foram utili1.ados como refúgio pela população indefesa diante da sanha dos invasores. Nessa conjuntura, compreende-se que o Ordinário do vilarejo de Le Puy, Dom Godcscalc, tenha procurado no pico do rochedo de Aiguilhe um lugar adequado para homenagear o l' ríncipe da Milícia celeste. Do ponto d e vista estra tégico, a construção é inexp ugnável. Tem-se a impressão de que o próprio penhasco foi lapidado para dar lugar a um monumento de Fé que desafiasse os ventos, as tempestades e os séculos, simboli1,ando d e modo eloqüe nte as palavras pronunciadas pelo Divino Mestre ao fundar a Santa Igreja: "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja" (MI 16, 18). Arte pré-românica, um tanto primitiva, nota-se já, na elevação e na hnrmo niosa proporção de sua torre, algo da grandiosa vocação da alma medieval para os píncaros. De foto, algum lempo mais tarde, as torres das catedrais gótkas va rarão os céus à procura do Absoluto, num verdadeiro " tcotropis mo" que caracteri zará a Idade Média, essa "doce primave ra d a Fé".
>---+-- - - -
bbo t 800 gramas de sabo11e1e - 1100 por semana ou mb, mas por ano! Tamtém o açú car está racionadoel'mmuiws podarias falta p(lo. Para com pra, certos géneros, é preciso recorrer aos mercados populares, onde um (/Uilo de 1oma1e do Azer/xJij6o custu mais do que 11m salário m{nimo! OtronomistasoviéticoNik<>lai Shmelev desabafa: "N6o há alternativa para nós. Tentamos tudo, incl11siwt compo de concenlroçtkJ, Tudosemoslro11
1'"o'la de masc,wi1,u.
/Úfil
l rÚU • ,mtigll rwli,ladt llgraoou ·1• M a(~,,. me,~, Cóm um '"'"" r11cÚ>,wme11 -
ta, p,,i,,1c1>ueiamosobiio, ooçúcareof,,;.,,
DOS CANDIDATOS ESUAS MAZELAS Osillnc:io(tolafourefativo) decertosportidospolítirossobre o empreguismo e as estroinices dos es101ois brasileiros causo as$Ombro. lula vem a público poradedDrar: "OGoverno /brasiltiro/ n6o pode despedir ninguém sem queos(lispensados ll'nham emprego garantido aqui foro''. Nilo mer,os duconcertan/e, nessalinha,éadecfarO(llodoamdidato Collor de Mel/o sobre as estatais: "Priva1izá-lusni1osignifica nettSSOriamente 1,a~erir o putrimôniopúbficopuroa~ dDdep,ivada". A prOfKJ$/ade lulaéseme/han11', pois l'le 1ambém ufirma que dl'3ejaafNnOS rornaraststatais maistfte~ntn/sic/.
BANCARROTA SOVIÉTICA O agrônomo rnsso Vladimir TijonovpropôsofimdoarrenJ. -
damentodasterraseacntrcga da propriedade aos agricultores como imica so lução capaz de evitara fome coletiva no Pais daqui a um ano. Por sua ve1., Leonid Abalkin, supcrvisordarcformacconôrnica gorbachcviana, adverciu: as eslataisrussas terãode despcdir ent re doze e quinze milhões de uabathadores antes do ano 2000, pois se o deficit anual do Govemo (avaliado cm cem rnilhõesderublos)nãoforreduzido, jamaiscessa rãooracionamento e as intermináveis filas paraaçompradcalim cn tos. Aliãs, o próprio PrimeiroMinistro Nicolai Rizhk ov afirma serem nada menos que novc mil as es1atai s que ca usa m prejuízo ao Pais!
BANCARROTA SOVIÉTICA-li Nas rereunias dt Moscou, oracionamentodesab4o vigora desde abril. Cada peS$oa só tem direito a uma barra desa-
CAT O LICISMO - Outubro 1989
inef,ciente. Fundar a e<:onomio de mercado é uma ques1Do de sobrevivêncioparanW" Arevis1uru$$0"Nov0Myr" fftllluz o sentimento popular nestes ll'TIIIOS: "O passado I vergonhoso,oprese11teéhorriveleo/U1uroimvrevisfrel",
O pé esquerdo está sobre uma esfera . que representa o Globo terrest rc,sobrco qualLúcifcr exerce se u poder. Aanlilisemostraqueafigura assim reprcsernadanllo podcseradequalqucrdosdcuse5 rnilológioos,rnass imadel.úcifer.
E, TA1AIS, C, USA DA DÍVI !A O Estudo br0$ileiro defém alr1olmen1e"a1ivoseconômicos estimados em 200 bilhões dedóJara que, st tra11.s.feridos J}Ura ainicia1ivapur1in,la,, aqut.Stt1o da (//vida ex1erna p(X}eria ser 1ranqiii/omente negociado, pelo pr0<-esso de deságio. Isto es16 aronll'cenllo. com $UCf'SSO, no México". O pronunciamen10 é de fonle autoriwda: />auto KnipJ)f'I Gal/eua, secretário do Cow;elho Pederol de De$e.statii0(40, d11ran1e o 1/ Semindrio Internacional sobre De~ta1iwç4o e Privo1izuç4o , promovido pel/1 lºederaç4o das Jndúslrias do E$tadodtMinas. Segundo Gallttla, ogrun,le problema da e<:onomiu brasileira é u co11trodiçOo en1re a se10, priv/ldo, responsável por 80 por cen10 do saldo da 00/an('O romtrcial,e ··11mapore/hoesta1af que ,tetb11 90 por cento de uma dlvirl/1 exrerna estim/ld/1 em 114 bilh1Je$(ledólures'',
LÚCIFER EM MOEDA
MODAS TRADICIONAIS NO PAÍS DA MODERNIDADE
Cada vu mais o sa1anismo vai penetrando no mundo moderno. lnformaarcv isiasuiça "Saka lnformacionen" que a nova moeda francesa de dez fr.incos apresenta, nada maisnadamenos,doqueafiguradeU1cifcr. Num dos lados da moeda eslllo as palavras " liberdade, igualdade, fraternidade!", lcnrn da Revolução Francesa. O outro lado mostra a figura de um homem nu. com asas. Sua maodircila segura uma tocha. Ora,cm latim, apalavra Lúcifer sig nifica "porta-lu1.". A esquerda tem o punho cerrado.
Barba ra Bush. a nova Primeira Dama norte-americana, levaçom naturalidade sua condição de avó. Não pin!a os cabclos,nãousacalçasoompridos, debta-sc íot ografa r com os netos e usavestidosdccortcclãssico. Já no dia da posse do ma rido, usou luvas brancas. Comenlãrio de Vai Cook, da loja grã-fi naSaks-Ja11dcl:"Es1ãhavendournavohaamodasantigas; as luvas brnncas são mui10 e~press ivas disto". Em Washington, comenta-seque Barbara Bush será uma das inspiradoias da moda feminina nacional nos próximos anos.
~A(jí'OLICI§MO SUMÃRIO IN'IERNACIONAL AcoafmaatlaaçiodaRÚIIUI~
rilofimdococnunilmoedoan~ 11uuú1mo? A viMO fkll m um otf.. mllta refutw pela TFP .. ..... p. 4
~~e:~
berdade da Igreja no Estado COD'lu· nlilta" .............................. p.10
NACIONAL A pobreu, no Bruil é tio grande
:L~~--~-~~-~-~~~--~
ARTE Eldlo cokmial: beleza e funcionalidade ..................... p.17
RELIGIÃO Hlllóril Sagrada: a Criaçlo . p. 19 HISTÕRIA Qum, foi Vollaire, e.- preanor da Revoluçlo Francna ., .. ... p. 20 AllJAUDADE Como • comemorou no Brasil, os :aio ano. dot controvmtdo9 " direi-
tos humanos'' da Revoluçlo France1,1 .. .. p.22
H~~!e~;~~~a:a~~t~~/;::;~::°mr:~;~:i~n~:~~: : d':c~~i:~~~~e~~; 0
3
fria· julga que os anticom unistas são antipãtlcos por seram negarivistas. Declaram-se hostis a todo negativismo, sem se darem conta, talvez, de estarem tomando eles próprios uma atitude negativista em relação aos que assim rotulam. Reservam para si o monopólio do negativismo simpático. Mais ainda, facilmente otimistas, sonham com a perspectiva, que julgam próxima, de poderem etiquetar os anticomunistas jã não só de antipáticos e negativistas, mas também de anacrônicos e mesmo inúteis.
~~~:r~~c~~~:~t:s:~~:~~:
P ~c~ :~g:~e:~~~v~~m:~~~n~;a~:ren::~~ universal. Liberalizada a sociedade russa, supõem arbitrariamente esses otimistas que a prosperidade lhe viria aos borbotões, e com ela o apaziguamento mundial. Os blocos militares mrna r-se-iam anacrônicos. Com o depereci mento do comunismo faminto e agressor, seu amidoto amargo, o anticomunismo, perderia razão de ser. O mundo, livre das rigidezes das posições dogmáticas e absolutistas, ingressaria então na era da boa-vontade, por meio do diã\ogo confiante, conslTUlor do consenso. OM PROFUNDA penetração-psicológica, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira analisa nesta edição as raizes mais recônditas desse estado de esplrito, generalizado em todo o Ocidente, e que vai conquistando perigosamente parcelas crescentes da opinião brasileira. Aponta suas incoerências, os sonhos mópicos de que se alimenta, e os pesadelos que trará, mas dos quais seus adeptos imaginam escapar apoia ndo a distensão promovida pelos estrategistas do Cremlin.
C
T~a\~~~~!~~i~~:
'"CATOLICISMO" ~ uma put,llcaçio mmsal
:!:.";.~~~
:i-==
r'!."(NUcs Lida. =T·.:,:';~.~'i!~mah11hl - RqiMfl• Jltâçle:Rua Mon.-Fruci!al,665 - 0lll6 - 5'° Pa.lo,SP I R•Sntdt$ecalbto.m2 - 21100 -
-._ u.
G«htl&:R,..M11tUllfrlllOÍ!al, W-Olll6 - Slo P1ulo, SP- Ttl:(Oll) W:n-01 f ~ : (dffl1,1..-Wdio..,._ f...... dolll(l" ''Catoli<iao")-.,_S/AGnllai e
1 :i:~odJ/~:fg~:'.~emc~:n:':t~:~,::,.~~~:=~/:. i;;r:e~ ribalta da cena foi empurrado o sr. Tadeusz Mazowiecki. o Chefe de Governo escolhido em comum aco rdo por "Solidariedade" e o PC polonês. Mazowiecki é um militante da esquerda católica. Vinte e cinco anos atrás, tomo u parte na ofensiva publicitária desencadeada na Polônia contra o estratégico livro "Acordo com o regime comunista. Para a Igreja, esperança ou autodemoliçllo?" do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. As teses do estudo, muito especialmente a iliceidade moral da convivência estável entre a Religião católica e o regime cO· munista, aplicam-se hoje ao cerne da par6bola polonesa, que pode, a qualquer momento, ser lançada propagandisticamen!e como fórmu la para um mu ndo em que os dois blocos se aproximam.
fdicor1-R111 M.,,;,,qu,,,.-SloP-">.SP I_ . . . : M P«tl ·- lodiisb'il (;rlrlOI O EdÍIOII
Ltda.- R.. J.,,M , 61 1/619 - 0II XI - SloPtulo, SP
Por• • ~ <k -.,ço t ..,,,,..,;,i..-wn, W.o...i.n,ç,,U14D. A ~ l d a t i n 1
...-... . .......... P<'* ......... Ocrfaril;
RuaM111ia, r ,--,,,665- 0lll6 - 5aol'alllo, SP. ~4•Ltio Lt,,,,fdislri_,,a..toriiada dt ' 'C.,
INALMENTE, "Catolicismo" apresenta mais uma palavra elucidat iva sobre a atual situação brasileira. Um anigo ágil e bem fundam entado desfaz mitos a rcspeiw da extensão da pobreza em nossa Pátria, tão úteis para a esquerda, obstinada em velhacamente ocultar que a ap licação de suas desgastadas receitas sempre generalizo u e agravou a mi
F
C ATOLI CISMO - Outubro 1989 - 3
"HOMEM DA RUA" mais caracter!stico não é única, nem principalmente, o analfabeto. O arquétipo dele é um homem - ou uma senhora - que fez curso secundário completo, o u até obteve um d iploma universitário. Esse gê nero de " homem da rua" tem certa cultura geral: ele lê os jornais (excetuados os pesados suplementos semanais especializados, ou quase tanto, ao alcance só de especialistas ou de pessoa apaixonada pela matéria
O
de conuadições e de dramas, nos quais podem estertorar pelas décadas, quando não pelos séculos afora, nações inteiras. Ê bem este o caso da Rússia atual. Estão sendo ali roti na os dramalhO(s políticos, que giram em tomo de interpretações livrescas de textos de Marx, Engels, Trotsky e outros teorizadores da primeira era comunista. Vêm depois as disputas utópico-politico-ideológicas sobre as reais ou supostas infide· tidades de Lênin ao pensamento de
Marx. Idem de Stalin com referência a Lênin. Em seguida (e para só mencionar os elos principais) de Kruchev, e depois Brcjnev, succssivamemequestionados sobre o mesmo tema. E agora, por fim, o drama pega fo. go em todo o império soviético. Comunistas radicais e mantenedores intransigentes do capitalismo de Esiado, de um lado, e, do outro lado, autogestionârios ávidos de atingir o desmantelamento desse mesmo capitalismo (como também do capitalismo privado
Morto o comunismo? E o anticom nismo também? Conversando com o "homem da rua" Plínio Corrêa de Oliveira tratada, da qual faz para si uma espécie de hobby). Mas sua experiência da vida(pessoa l, familiar, social, profissional etc.) e o exercicio de atividades comportando responsabi lidades que preocupam ou fazem pensar, lhe conferiram certa capacidade intelectual e lhe proporcionaram, em conseqüência, inegável influência nos ambientes em que vive. Em out ros termos, ele constitui um ponderáve l fator da opinião pública. De tudo isso lhe vem a preciosa função natural de equilibrar, com seu bom senso arejado, a influência, aliás a tantos t ít ulos valiosa, dos inielectuais "puros", dos tecnocratas, ou dos burocratas. Estes tendem, por seus e:oi;cessos, a uma espécie de tota litarismo tecnocrático, burocrático e livresco, cujo exclusivismo produz com freqüência planos e soluções engendrados numa atmosfera de irrealidade, de utopia, de ar confinado. Em tal atmosfera, a vitalidade se extingue, a realidade, em mui to do que ela tem de mais subtil , foge e se evanesce, e as ideologias unilaterais edisparatadas assa ltam e conquistam a opini ll.o pública. Esta pode ser la nçada assim num caos todo feito de con fusão, 4 -
C ATOLICISMO - Outubro 1989
O " IU>m,mda """ " -q~ftzcuno1«1111dário compldo, ,,.. ati obteve um diploma uni· ...,...;tán"a - co,utitui um ponderávtl falar da t>Piniiio ptll>lim, léltd.o o prtt,",w, fa~a naluMldt.«juilibror, .,.,m,e11bami,,uoo"'fa,ifJ, a injlulncia, aliá, o /011/01 litulw valWsa, dor int,l,ctuaís "puro,", dfJJ lunocroto.,, audwbwrocrol<U
no Ocidente), discutem se é o caso de substituir um e outro capitalismo pelo socialismo autogcstionârio. Este último, preconizado como arejado e salutar, é concebido por seus propugnadores como um tecido de grupos humanos de dimensões celulares. Tal tecido const ituiria a organização social ideal para o homem de hoje. Cada grupelho celular se au togcriria em uma harmonia interna utópica e imperturbâvcl, naqualtudoseriacomum:bens, trabalhos, frutos, como até - dizem ou insinuam alguns, com alta verossimilhança - "esposas" e íilhos. Qual seria a explicação desta harmonia interna, bem como da esperada harmonia dos grupelhos entre si? Intelectuais utopistas "puros" não se detêm excessivamente em problemas desses. Tais grupclhos, formando imensos magmas pacificos, pastorilmcn1 e simples e primitivos, constituem a meta desses uto pistas. Seu "wishfuf lhinking" (•). E, porque desejam ardentemente esse ideal, ipso facto passam a son har como seria a realização dele. (•) Em idioma inglCS, um desejo ardente qucle,aohomemapen,arcagircomoK a coha dcscjada j:I fosK uma realidade.
Ê nestas águas turvas da Rússia nova que, segundo querem uns- influenciados talvez pela meta consignada no P reâmbulo da Constituição soviética (•) - Gorbachev vai emigrando para a autoges1ão, navegando penosamente cm frágeis embarcações como a perestroika ou a glasnost. E assim vai dando curso ao obscuro dramalhão.soviético. Não espanta que ele tenha de enfrentar even1ualmen1e uma perigosa reação anti-autogestionária e favorãvel à manutenção do capitalismo de Es1ado, segundo querem os "conservadores" soviéticos. (' ) "OobjetiYQ$uprtmodoE.s1udosovi• étiro,edijirarusociníadecomunistasem cl11SSe$,naqual$tth.ret1YQ/ver6auu1ogu• /{Josocialcomunis1a''(Corrslo'1ud6n-ley FundamMlal - 1/e /(J Uni6n de Rep,ib/ira,, Soci(J/imuSovitticos, dc7 deoulubrode 1977,Editorial Progrcso,Moscou, 1980,p
,,
Apomandoasfalhasdoa1ualsiMcma$0vil1.ico, Gorbachevafirma, cm seu livro '"Pc;~~r~~!ª;;;r~~~ Thinkin1 for Our Coumry
"Drixou~pouroupaf-O(HJNOid,iade Urtit1de(Ju1ogu1fJodapava trabalhador. Apropritdadepriblicafaigrad1111lmer11etx· du(dadeseuverdt1deiropropriet6rio-o trabalhtJdar.. Em1fai11pmu;ipi,lc11U$Q daqueQCQr1tequ:nonovou16glo,a'>'tlho sis1ema de ,ntlo rcort()mko romffl)U " /r<1,tiformi,r~, de fator de ~rtW>fwment~, que re111rdavi, o ovall(O doso-
,:m freio
''Um povo tdUNldo e doti,do poro cQM:re-litor o sori<,/umo n4a p6M /ater uso pi~ no d'1.f pottrtdolidlldes inere,,tn "º soei,,/ismo. deseudireiladetomarpartee/etiva n11admirtistraçdodornq(>c~doE.stado . .. ''Ne:,tasrondiçoo.,JuP'rfluodr:trqut as•11li0$0Sidifuslkllnins-0bre,ntbot autt>gntlJo, rorttro/ttkgan~oseperdu, t vlnru/Qf{Jo do, lrttereuu pribliro t JJUSOQ/ deú11r11m de ser opl/Ndu t dt se dUtn•all'trtm tJdequadamtnlt" (op. cit.. Harpcr & Row, Nova York, 1987, pp, 47-48)
Segundo GorbaChcv ""plana la.rgamcme cmijCUl'vro,ap,. · 'karons·l\cnarctomada denas iMias de LCflin. E, por isso. oplanoderefonnaeoonõmicaqucaprc::51:fllOU ao plcnirio da Comi.sdo Cemrat do Par1ido,emjunhode 1987, "pre1'111crlo· çdodenov...-utrulurllSfNIOtlÍV>C•onaisde gul(Jo, por11oduet1W>fvimtnfO, em todos os seus ...-pretos, d1n bases democr6IIOIS dag,stllo,epa"'""mplaintroduçdodo, pri1K:fpiosd11autogutlla"(op.cit.,p.8<1) A perestroiki,, portanto, nlo 5ignif,ca um recuo do comun·smo - como mu·105 pcnsam-masumpassoavantcna1cn11tivadc realização da meta última da utopia marxista-lcninista. EGo1ba<:llevnlopcrdc ocasião,cms,,ulivro,dcdizcr, alto e bom som,queosocidcntaisnãos,,iludamaess,,respcito(cfr.op.cit.,p.36ss.)
Sobrecstelema,verPlinioCorrfadcOlivcira,::J$oci11/ismoau1ogts1ion6rlo:em•ls111 '. romun·mo, barre· ou cabeça' ponte?, Mensagem das TFP1, ''CatoliciJmo'', n? 37J-374 , janeiro-fevcrcirode l982
Enquanto isto se passa no interior do território russo, o império soviético se vai descosturando em várias de suas mais longinquas partes. Movimentos separatistas sacodem "repúblicas unidas" distantes entre si como a Estônia e a Armênia. e da Ucrânia se estendem até o Kazaquistão. para atingirem em seguida os confins da Sibéria. Ao mesmo tempo, repúblicas comunistas "soberanas", como a Hungria, a Romênia, a Bulgária, e principalmente a Polônia corcoveiam ao iníluxo de impeiuosas tendências centrífugas. No que dará tudo isso? Ninguém o sabe. E nem o pode saber, pois todo este quadro constitui um imenso bruaã de incógnitas que se agitam, se entrechocam ou se enireajudam convulsivamente, em uma penumbra de informações que a cada instante se torna mais sombria. Porém, há alguém que "o" sabe.
Reside ele no Ocideme. Não é um homem, mas uma legião de homens, cuja imensa maioria é constituída de "homens da rua" como acima os descrevi. E abrange até figuras de relevo em alguns ambienta de especialistas vivendo exclusivamente no ar confinado de bibliotecas ou de laboratórios, das macroburocracias, ou ainda nos escritórios das grandes empresas. lbda essa gen1e que "sabe" onde dará tudo isso se recruta nas vastas áreas de opinião pública constituídas pelos 01imistas do Ocidente. Tomando seus sonhos utópicos por pressentimentos "proféticos", interpretam a realidade presente como se a autogeslil.o fosse realizar no mundo, afinal liberado das grandes estruturas, a era da concórdia pcrfeilaedapazeterna. Para alcançarem uma e outra, muitos são os utopistas que aspiram a que se fundam todas as nações, todos os sistemas filosóficos e religiosos, todas as ideologias, por mais opostas que sejam. Seria um fruto da "queda das barreiras ideológicas", seguida presentemente pela era do consenso universal, na qual não haveria mais polêmicas nem dissídios. E, portanto, deixaria de ser temerário e passaria at~ a ser desejável o desarmamento total. Seria a era ecumênica do diálogo que tudo resolve na concórdia. O comunismo. tornando-se aulogestionário, se evanesceria como perigo para o Ociden1e. E o Ocidente deixaria de ser um perigo para o mundo comunista. A humanidade inteira entoaria por fim o hino da convergência total Por sua vez, a morte do comunismo traria - oh suprema ventura para os otimis1asl - a morte do anticomu-
É prtcipitiuloptnsar qm a, mariijtlla~s d, dtsconltrtlamrnMd• v6riasr111ia, . . . . , . ~'RI na R& · ,,omot1l11 rmlimda ,,,, conduwmaj)ooo 101)' • a umproussa t/ede,....,mb"UUIIIOI,
Yt,.,.,.,,.,
,;....,,,.,j,a/Uum l1pmu,,ruja, rornuput1'tf11t,u vâoeaind.a
CATOLICISMO -
Outubro 1989 - 5
nismo. Pois a extinção de uma doença torna inúteis os médicos nela especializados. Tudo isso se apresenta assim aos olhos de muito considerável parte dos ''homens da rua", isto é, os otimistas, que sonham obsessivamente com a fartura univers111I, num mundo de que tenha sido por fim afastado o espectro da hecacombe nucle111r. Mas os homens que sonham têm não raras vezes certo pudor de estarem
sonhando. E por isto nem sequer chegam a explici1ar para si próprios os seus sonhos. A fim de os conhecer, é preciso ausculta r as opiniões que emitem sobre fatos concretos. Opiniões estasquc frcqücntemcnteexistcmincubadas nos comentários que o "homem da rua" otimista faz nas conversações correntes da vida cotidiana. Na anâlisc destas opiniões pode-se perceber entretanto para que rumo caminham suas utopias.
Neste artigo, todo voltado a dialogar com o "homem da rua", passo agora a considerar vãrios aspectos dos sonhos dele, o que me permitirá pôr a nu as diversas aspirações que o movem. Para maior brevidade na aplicação desse processo, exporei a matéria cm duas colunas. Em uma se enu ncia a posição do otimista . Na outra o dcsmascaramcnto polêmico que lhe inílige a TFP.
Osonúod~ f'.orlxu:Mu
e " ~rutroiko., motú,;ndtu~ro."((1. paro.wotimistasod.k"tois, tim 11mfn'KW"''' osorrisodtKnu:Mu, q""em/Jaiuu ()ci,Ju,tee
i..antíwuadua,tros" da "1*Xislinct4 pacifica "
política
PROPOS IÇÕES DOS OT IM ISTAS
1.
RESPOSTAS DA TFP
1.
A personalidade de Gorbachev, como também a de Rulssa, sugerem ao discernimento psicológico dos observadores !Ucidos e intuitivos a persuasDo de que eles s6o "fx>.. as pessoas", amigos do seu povo. e desejando para eles tanta fartura quanto possfvel, a elimillaçOo do despotismo policialesco e a supressilo do espectro da g11erra nuclear.
O otimista desenvolve suas cogitações tipicamente assim: uma impressão pessoal, uma viva simpatia que ele experimente cm relação a terceiros, lhe servem de raz.1o suficiente para confiar nestes. E, com base nessa confiança, conceber sonhos deliciosos. Uma mera fotografia de jornal ou de revista, ou então a simples anãlise fisionômica feita quando a cara de uma pessoa aparece no vidco de uma televisão pode arrastar assim os otimistas - individuas, grupos ou multidões - aos atos dcconfiançamaistemerârios. O conhecimento e a anâlise da biografia da pessoa em foco, de seus escritos, de seus feitos: tudo isto pouco importa. Basta ver-lhe a foto, ouvir-lhe a voz, para julgar. ..
2, Gorbuchev e Ralssa, porsuu pop11/aridade no Oriente como no Ocidente. st1o onipotentes, podem tudo quamo querem. Já que querem o que queremos, isto é, ioda prosperidade para todos os povos do mundo, a conseqüência é que "o negócio está feito" de parte a parte.
Mais uma vez, é bem este o ponto fraco dos otimistas. Sem nada conhecer dos antecedentes das pessoas, têm facilidade cm atribuir as mais generosas e desinteressadas imenções àqueles que lhes tenham "caído no goto". Foi assim que multidões inteiras se entusiasmaram na década de 30, na Alemanha e fora dela, por um simples pintor de paredes que haviam "visto" e "ouvido", e que, ato continuo, lhes havia "caido no goto". Quando tais otimistas chegam a ser muito numerosos, sejam eles nazistas, fascistas, comunistas ou de qualquer outra espécie, está aberta uma era de triunfo fácil para os demagogos e para a demagogia.
3 , O natural é que Gorbachev esteja firmlssimo no poder, pois é absurdo supor que um povo que sofre miséria há 70 anos nao esteja ru gindo de vontade de se enriquecer.
6 - CATOLICISMO - Outubro 1989
2.
3.
Tal pode ser realmente a atitude de um povo sujeito a prolongada miséria. Mas pode também ser que um povo assim tratado, em vez de rugir, se sinta esmagado, desanimado, e por fim acomodado à sua invariável condição de escravo. Por que supor que a tão imensa população da Rússia soviética tenha, face à própria misiria, uma atitude unânime? Pode bem ser que junto ao Bâltico os oprimidos rujam, e junto ao Mar Negro ou ao Mar Cáspio. pelo contrário, os oprimidos bocejem indolentemente conformados. Em coerência com sua propensão ao otimismo, o "homem da rua " lança, sem mais provas, a afirmação de que todos rugem. E a partir dai tira lá suas conclusões ... também otimistas: o comunismo "já era". Merece esse modo frívolo de pensar, que se o refute com maior atenção? - Não o cremos(•).
-~~: ~~,~~":::;;c.ri~Ít~~~1~!~.r:;.;.;~~~~~-=!;!~~'!1;~ da r,ma populllf{lo atr,rdida, aniqr,i/ada, aftrrori~ p(}r r,ma longa luta "'!ln r,m su(tma d" •alarn antitosta lilopia criminQ$Q do 'homtm nol'O". ~en/a a,ios ck 'fl'"'" romr,ntl"la 10,naram tslt po•a apdtico" irnspo,u,jwl. Por dtlrrh dt r,ma elilt inttl«tr,a/ .••. h/J r,ma popul~o d" 186 milh&s dll w•Ulkos qufl ~a c-rhm mu reformas. Como podMia G(!rbacht• fa-
ué bc~"te~: =~:'~-~:r::;~~i~~o~ªÍ\~;::";:"::~~a;~n{~~-:!~~ ~:~~ ~- 1~\e. gi~~ :!~';:~u~~~e~~s~ti-~··Express" (p. 38). Wladimir Berelo•itch lnsi,1e na mesma ldfü, de5erenndo "w habitantes da Rússia profunda"' corno um ''glnero humana sr,bmisso. attrrori:.ado t irrespons4vel, modf/ado por dkad/U de despoli5mo. E se nptra dnta populll{"IJO qr,t ela tamt lnkiatiwv;, qr,e fia aprovt a.f reformas? .... O qut corocu,ri?Q Q populaç60 t uma apalia 1tff11"
4.
O regime poficiafesco comprimia no povo jaminlo e enfurecido a possibilidade de se revoltar Gorbachev soltou o fera. Ninguém mais teró meios de o prender de novo. A agressividade da miséria é onipotente, e /01. reconhecer, o justo lftulo, em Gorbachev, o polodino da fartura para IOdos e o campello da liberdade. Um homem que enfeixa assim em suas m4os todo o potencial incontenfvel do opini4o público ninguim o derrubar6.
5.
Todos os planos de Gorboche.., s4o ..,;á..,eis e ser4o \'encedores Todas as suas promessas s4o sinceras e ser4o cumpridas. Todas as suas garantias de desarmamento merecem confiança absofuta: seria absurdo que assim 11'10 fosse. Isto le\'a o Ocidente (governos, polfticos, capitalistas, intefecluais e mídia) a apoiar defiberadamente Gorbache.., (e Jaz.em bem). O que fhe vale den tro da Rússia um imenso reforço de prestigio e de poder.
4.
No "~vo ... tnfurtddo"'? - Como acaba de ser dito, esta afirma_ção contém uma simples hi pótese, um mero pressuposto. Nem scmpre a miséria e a opressão enfurecem. Pelo contrário, alquebram por vezes. Só os aco ntecimentos que estão cm via de se desenrolar dirão se as massas russas estão todas elas scriamenle enfurecidas, ou, pelo contrário, lamentavcln_tente alquebradas. Como na China, por ocasiã_~ da_ rceen~e r~volta, os fat~s fizeram ver que a opressão restaurada em consequência da v1t6na dos comunistas duros e "conservadores" acabou por encontrar diante de si - pelo menos até o presente - a submissão da maioria desalentada "Ningu,m o derru bará" . O vaticínio, baseado no vácuo de uma preliminar não comprovada, vale tão pouco quanto pouco vale essa mesma preliminar ...
5.
Na verdade, o otimismc> fácil do Ocidenie es1á ajuUando de todos os modos Gorbache.., a se manier no poder: créditos estatais e pri..,ados espantosamente amplos; planos de _desarmamento confiantes quase até a ccg_ue1ra,_ com falta de garantia de fiscalização séria do desarmamento que a Rússia fana em contrapartida; negociações internacionais de todo gênero. altamente prestigiosas para Gorbachev; viagens ~o exterior ~ão menos prestigiosas e propagandistic~, tudo isto vai sendo fornecido pelo Ocidente, "drogado" de otimismo, para aJU· dar Gorbachev a resistir eficazmente a oposições internas. Este frenesi de ceder, de recuar ante o poder soviético, de favorecer de todos os modos Gorbachcv não é de muito bom agouro. Pois causa a impressão de que tal frcncsi dos ocide ntais é movido cm boa parte pelo próprio pânico de que, se n!lo dessem a Gorbachev essas benesses torrenciais e mordomias gigantescas, temeriam que eleruissc "Quando a. esmola é demais, o pobre dcsco~fia". Com ,efeito, nlio dá para desconfiar, á ..,,sta desta chuva de esmolas despeJada pelo Ocidente sobre Gorba-
Um p,wo sujeito a f,rolongodo. mi1i ria, comoo,o ·.u·, rm v,,:d
1'1'girrtooltmlo, dtmodounânimr, oo l' lhrconffdrralgum1Ufmnqui1U, p«/tr/J 1en1 ·,-.u ,">a1.' , d ,n · ' ·, tx,r fim , habituado an,a i11 mriáv,,/ candif(io de ucmoo
CATOLIC ISMO - Outubro 1989 - 7
6.
O atual estado de miséria da Rússia tem algo de essencialmenle inslável aos olhos da burguesia e das massas do Ocidenle, para as quais 1udo quanto é lrágico é improvável. E, quando chega a realiwrse, é efémero. Assim, o natural é que Gorbachev se mantenha estavelmenle com as rédeas na mao e que, se seus adversários "duros" alcançarem contra ele alguma vilória, esta seja meramenle episódica e de curta duraçao. Desfechará assim numa catáslrofe para os culpados e num happy end para as vftimas. O ''conservantismo" sta/inista esláfadado, pois, à calástrofe. E a pcrestroika e a glasnost ao triunfo. É o resultado imperalivo da fatalidade histórica. A admitir o contrário, a vida seria insuportável para o otimismo ocidental filantrópico. Logo, a opressão segundo o estilo stalinista terá que acabar de vez.
7.
Aliás, nao é d1jfcil normafizor a situaçao da Rússia: basla liberafü.ar tudo, que a ordem e a fartuirrigadas pela liberdade, renascer(Jo em todas as partes
ra,
8.
Os movimentos autonomislas nao amea(·am verdadeiramente Gorbachev. O império soviético é tlJo imenso que pode perder a maior parte de suas regi6es nao russas e ainda assim continuar muito grande. E, das repúblicas comunislas nlJo integrantes da chamada URSS, várias delas poderlJo desiacar-se do bloco soviético sem que este deixe de ser considerável.
9.
O comunismo morreu. Alegria ainda maior para o otimista: morre ipso facto o anticomunismo, no qual o otimista ocidental vê um incômodo profeta de desgraças, um desagradável pregador de aus1eridade, deponderaçlJo, decoerência, de seriedade de espirita. Assim libertado de seus pesadelos, o burguês ocidental pode entregar-se às delícias da aurora do relalivismo absolu10,frfvo/o e borboleteante, que constituirá para ele o céu na terra.
8 -
CATOLICI SM O -
Outubro 1989
chev? Desconfiar, sim, que um verdadeiro pânico da derrota dele no interior da Rússia seja, conjuntamente com o otimismo frívolo dos benfeitores, uma das causas das vantagens de que Gorbachev vai sendo cumulado ... Bastará, então, que um estalido súbito denuncie que Gorbachev está fraco, para que deixe de ser econômica e politicamente remável apoiá-lo. Benesses e mordomias começarão emão a retrair-se avaramente. E ai de Gorbachev!
6.
Causa assombro que o pressuposto otimista sobre o efêmero da situação de miséria e de opressão na Rússia seja tomado como indiscutível por alguém O Csarismo caiu em 1917. E de então para cá manteve ele toda a assim chamada União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, e inclusive o gigantesco Estado russo, na mais negra miséria. Uma miséria unida a uma pesada escravidão, a qual foi qualificada, a muito justo titulo, de "vergonha de nosso tempo", em documento da Congregação para a Doutrina da Fé, presidida pelo Cardeal Joseph Raczinger (lnstruç(Jo sobre alguns aspectos da "Teologia da Libenaçllo", de 6de agosto de 1984, XI, 10). A outra face da miséria no império soviético é na verdade a escravidão. As condenações à morte por motivos políticos, o inferno da Lubianka, as prisões intérminas na Sibéria, os hospitais psiquiátricos abismaticamente lúgubres, a opressão policialesca incessante e omnipresente : quando a Rússia ainda não conseguiu se libertar de todos estes horrores, depois de mais de sete décadas de pesadelo, falar no efêmero de tudo quanto é terrível constitui afrontosa negação da mais evidente realidade histórica Quanto a es1e argumento, é melhor não perder tempo em refutá-lo; basta olhá-lo com desdém e passar adiante: "non ragioniam' di lor', ma guarda e passa" (A Divina Comédia, Inferno, Canto 111 , v. 51) aconselhou Virgílio a Dante. E este seguiu o conselho. Façamos o mesmo.
7.
A liberdade é um grande bem. Nunca deixou de o ensinar a Santa Igreja. E particularmente o fez Leão X[JJ na encicliea Libertas Praeslanlissimum. Mas - e a Igreja o ensina igualmente - essa liberdade só é um bem na medi· da em que seja circunscrita pelos princípios da moral cristã e da ordem natural Observar esses princípios, encontrar na aplicação concreta de cada um deles a justa norma, a perfeita medida do proceder humano, dotar a autoridade de todo o poder necessário para o exercício de sua missão, mas evitar que esse poder se exceda, fixar os limites que ele não pode ultrapassar, instituir para isto o complexo e sapientíssimo sistema dos grupos intermediários entre o Estado e os indivíduos, e, por fim, estabelecer ainda as normas de equilíbrio nas relações entre tais corpos intermediários e as liberdades individuais, eis aí uma ciclópica massa de serviço, impossível de ser !evada a bom termo sem a ajuda inestimave!mente preciosa da graça de Deus. Abstrair de tudo isso, imaginar que por um simples "soltar de cães" da liberdade, todas as coisas voltem espontaneamente aos seus eixos, é a utopia de meropnmata.
8.
O assunto está mal focalizado pelos otimistas . Para todos os que se habituaram a ver o império soviético com as dimensões gigantescas a que chegou, não pode deixar de causar uma impressão penosa e profundamente desp restigiante o presenciar que deste moloch se destacam incot11enivelmente mais e mais parcelas, como a um leproso vão caindo as carnes putrcfatas. E o efeito devastador desse processo paraleproso não pode deixar de abalar o prestígio de Oorbachev, à mesma medida que as "carnes" forem caindo de sua área de mando.
9.
Realmente, segundo o provérbio clássico, aqueles que Deus quer perder, Ele previamente os torna loucos: "Quos Deus l)Crdere vul t, prius dementai". Assim, o otimista ocidental delirante se compraz de antemão, e precipitadamente, com a vitória do líder russo. Ora, nada garante que Oorbachev não seja um mero camuílador de propósitos que não tem, e construtor de planos que ele mesmo sabe só se poderem realizar no reino da utopia. O ocidental otimista à outrance confia assim no seu inimigo de ontem, que presumivelmente também é seu inimigo hoje e o será amanhã Em sentido contrário, ele quer, ao mesmo tempo, ganhar distância dos anticomunistas, os dedicados e desassombrados paladinos da civilização ocidental e cristã . Se os magnatas do Ocidente conservarem esta mcmalidade - quer vençam os comunistas, quer os amicomunistas - uma coisa é certa : esses otimistas cairão. Pois são sempre eles os grandes derrotados da His1ória. E, merecidamente, novas elites, suscitadas pela Providência, os substituirão para a reta direção das coisas deste mundo. O
Discernindo,
distinguindo, classificando ..
E~au1::i~rt~r::~ BURGUESES DE ONTEM, ~::~ -~::::::'.:'h,::
nobrcrci,cis-nosaqui, todos os .'iCis, de antiga burguesia de Calais e importantes negociantes. Nós nos entrega• mos,noestadoemque vedes, à vossa inteira discriçlo,parasalvar a restante poputaçJ,o de Calais' "O rei fixou sobre elcsumol harmuitoir• ritado, e entreg ue a uma grande cólera não podia falar; e quando elefalou,foiparaordenarquclhcscortassem as cabeças imediatamente." Vári0$ dos presen• tes intercedem pelos seis burgueses sem nada obter, at~ que a próo povo na praça do pria rainha pede "pelo mcrcadoclhccomuniamor do Filho de San· Os uú ln<~u ,ú Calaú, conjMnto uculturo.l tÚ Rod.in (1840-1917) 1a Maria e pelo amor caasoondiçõcs. O cronista medieval de mim, de ter pitdaJean Froissart (Sttulo dedessesseishomens", XIV) relata numa linaoqucorei,afinal, guagem cheia de pitoacabou por aceder, cn• rescoessefamosoepisó1regandoosburguescs dio: àrainhaparaqueoslivrasse (in "Moyen ceiro,chamadoSenhorJacquesdeWis- Age",deAndré LagardeelaurentMisam, personagem rico em bens móveis chard, Éditions Bordas, Paris, 1966). "Um momento depois, o mais rico edomlnios,dizendoqueeleacompanhaburguês da cidade, chamado Eustàquio ria os seus dois primos. Assi m fizeram de São Pedro, levan tou-se e falou assim Pedro de Wissant seu irmão, depois o diante de todos eles: 'Senhores, seria quinto e o sexto. E esses seis burgueses Compareo leitoradedicaçãodesses uma grande dor e uma grande tris1eu sedesves1iramlâ,noMercadodeCalais, burgueses, que oferecem suas vidas padeixar perecer uma tio numerosa popu- não conservando senão um calçJ,o e rasalvarsuacidade,com apoliticaenlação, pela fome ou de outra maneira, uma camisola; eelessepuseramacor· trcguista que vem sendo levada a cabo quando a isso se pode encontrar remé- daaopercoço,oomoascondiçõesocxi- por altos setores da burguesia de nossos dio. E ao contrário, seria uma gran de giam. dias.Corrcmestesaaplicargrandesce.caridade, e de grande mfrito diante de "Vendoentãohomensemulherese pitaiseacomunicarknow-hownosterNO$SO Senhor, se se pudesse preservàseus filhos chorar, torcerem-se as mãos ritórios de além Cortina de Ferro, para la de semelhante calamidade. De minha e lançar grandes gritos de dor, nlo hã que não morra de inaniçJ,o o inimigo pane, eu lenho tio grande esperança coraçJ,o tão duro no mundo que não que os quer devorar e a todo o Ocidende achar graça e perdão junto a Nosso fosse tomado de piedade. Eles avança- te. Basta-lhes a promessa de que será Senhor,secumorroparasalvarestapo- ramassimatéaportadacidade,escolta· lentoodesaparedmentoda burguesia e pulação, que cu me ofereço em primei- dos por lamentações, gritos e lágri- do sistema ocidental de vida, e que só ro lugar. E cu me entregarei de boa von- mas ... " se comsumarâ amanhã ou depois de tade, vestido somen te de uma cami501a, Dirigiram-seen tãoaolocalondees1a- amanhã,parajâficaremcontentes. a cabeça descoberta.os pés descalços e vaorei,oqualvinhaseguidodar11.inha, Se rubor ainda houvesse em vossas uma corda ao pescoço, à disposição do denobresedegrande multidão. face$, ó vós que ho,ie tendes nas mãos nobre rei da Inglaterra'. "Orei não disse uma palavra, mas o poder do dinheiro, elas se incendiariam "Um outro muito honrado burgues, lançousobreelesumolharcheiodefu- ao contemplardes os seis burgueses de personagemdeprojeção,quetinhaduas ror, pois ele odiava terrivelmente os ha· Calais. Maséprópriodosqueseentrc• belas moças pôr fil has, levamou-see fa- bilantes de Calais pelos grandes estra- gam à autodemoliçJ,o, promoverem-na lou do mesmo modo, dize ndo que ele gos e contrariedades que, no passado, tendo na mentcafriezadeumtécnico, aCQmpanhava seu compadre Eustâquio eleslhehaviamcausadonomar.Nossos no coração a dureza de um Ímpio, e nos de São Pedro; ele se chamava Senhor seis burgueses se colocaram imediata- làbios o sorriso otimista de um tolo Jean D' A ire. Após ele, levantou -se o ter- mente de joelhos ante o rei e falaram C.A ra Calais (cidade portuária francesa), cm 1347.ApósCOl'"ajosarcsistfociadconzemcses, os sitiados sao reduzidos a parlamentar. O rei faz conhecer suas condições ao governador de Calais, Jean de Viane:oi: ele poupará a cidadcseosseisprincipaisburgucseslhctrouxcrcmaschavesdapraça,vcstidosapcnascom uma espécie de camisola e com uma corda ao pescoço. Talc:d g!ncia deixa prCYcr que, nãooontenteoomlhes impor essa humilhação, o sobe rano britânico os fará executar. Jean de Vianes rcllnc todo
BURGUESES DE HOJE
CATOLIC ISMO -
Outubro 1989 -
9
Há 26 anos, o Prof. Pl inio Corrêa de O liveira denunc iava
a fraude da coexistência pacífica cató Iico-comunista O desenrolar dos acontecimentos na Polônia, com a indicação do Sr. Tadeusz Mazowiecki, católico de esquerda, como primeiro ministro, torna patente a nossos leitores de modo a, por assim dizer, tocar com a mão, a atualidade do tema abordado em "A Liberdade da Igreja no Estado Comunista "
O Pref. Plinio Ctnria ,k 0/iw;,a ( na foto tiroda em 1964, o «l~o do famw.l polo• rri, " Kien.nJ,i" ,... mão) ..-,pondeu.a.oata'I""' tn,bliaJfã,, a 1eu tllud.o atmvi, do "Calolw:ismo " (11 ." 162 de jllnM ,ú 1964)
"°"'
,U,,,.
M AGOSTO passado complctaram-se 26 anos da me':l?rávcl da-
E
ta em que o Prof. Pllmo Corrêa de Oliveira publicou em ''Catolicismo" essa sua portentosa obra (1). Memorável para "Catolicismo", memorável para os brasileiros e, sem nenhum temor de e:,i:agcrar, afirmamos que memorável também para os católicos fiéis do mundo inteiro. Não só porque dito estudo vem sendo difundido com enorme repercussão pelo orbe católico (2), mas talvez principalmente porque sua atualidade não fez senão crescer, sendo hoje sua_tese central o ponto rectri.x cm torno do qual gira a situação religioso-política mu ndial. O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira bem merece aqui nossa homenagem e gratidão por haver discernido e denunciado com tanta antecedência, lucidez e coragem a trama montada pelo comunismo para conduzir aos poucos, atra-
to - CATOLICISMO - Outubro 1989
véi da tática da coexistência pacifica, milhares de católicos do mundo inteiro à apostasia total. Roma-Polônia A repercussão do livro foi imediata e de grande alcance. Merecem especial destaq ue neste sentido Roma e Polônia. Na Cidade Eterna, realizava-se nesse momento a segunda sessão do
Concilio Vaticano li , e na Polônia preparava-se a fórmula "mágica" de coexistência pacifica comuno-católica. "A Li berdade da Igreja no Estado Comunista" de tal maneira colocava o dedo na chaga da " questão polonesa", que apenas tr& meses depois de publicado cm "Catolicismo", o próprio Sr. Mazo wiecki , então deputado do grupo católico "Znak" na Dieta polonesa, escreveu, cm colaboração
com o Sr. A. Wieloviesky, um artigo que procurava ser uma réplica ao estudo do Prof. Plinio. O atual Primeiro Ministro polonês o fez estampar no semanário "Wiez" (nºs 11 -12 novembrodezembro de 1963), do qual era redator-chefe. Sobre outras manifestações de mal-estar produzidas em Mazoviecki pelo livro de Dr. Plínio ver a entrevista publicada nesta edição. Ainda na Polônia, o Sr. Zbigniew Czajkowski, ''católico''-comunista, ao mesmo tempo que se levantava contra a obra, viu-se obrigado a reconhecer que es1a alcançou grande repercussão atrás da cortina de ferro. Pouco depois de publicado em ''Catolicismo", o livro foi distribu!do a todos os padres conciliares presentes à segunda sessão do Concílio (como também o foi na seguinte).
Previita e denunciada a parábol;i polonesa Os fatos se foram sucedendo rapidamente. Com efeito, a 4 de janeiro de 1964 "A Liberdade da Igreja no Estado Comunis1a" era publicado na íntegra ém "li Tompo", o diário de maior circulação em Roma, com uma nota introdutória da agência ASSI, que bem poderiamas chamar de profética, por sua impressionante atualidade. Nela se lê: "Assistimos nos dias passados a precisas e concretas tentativas marxistas de penetrar decididamente no mundo católico. Para realizá-las .... chegaram a Roma o ministro das Relações Exteriores polonês, o presidente da Dieta e o ex-secretário do Partido operário unificado polonês (comunista], e um deputado de um grupo dito católico !seria talvez o Sr. Mazoviecki? Não o sabemos] .... Parece justamente que, na atualidade, a PollJnia assumiu opapel de ponte entre o mundo comunisfa e o mundo cot6lico. através de mil vias e ambientes" (Cfr. ''Catolicismo'', fevereiro de 1964, nº 159 - destaques nossos)
"Eco fidelíssimo" Como a difusão e as repercussões da obra se multiplicavam, para atender o pedido de amigos e responder a objeções de adeptos da tese oposta, seu Autor a ampliou em vários pontos, e assim foi publicada em "Catolicismo" de maio de 1964. Eloqüente e cheia de significado como aprovação das teses da obra foi a carta de 2 de dezembro de 1964, da Sa-
Resumo da tese de "A Liberdade da Igreja no Estado Comunista"
"A,
PRIMEIRA VISTA, dir-se-ia .... que as almas podem conhecer e amar a Deus sem ser ins1ruidas sobre o principio da propriedade privada. Isto nos parece falso .... O principio da propriedade privada está consignado em dois mandamentos da lei de Deus (nl!o roubar e nl!o cobiçar os bens alheios). Renunciar a ensiná-lo aos fiéis seria, para a Igreja, o mesmo que renunciar a promover nos homens o conhecimento e o amor de Deus .... Com efeito, sem senso de propriedade nl!o /tá senso de justiça. A Igreja, se renunciasse a formar nos fiéis a noção exata da propriedade, renunciaria a formá-los na justiça.
A liberdade condicionada: um simulacro falacioso "De mais a mais, o mandato de Jesus Cristo à sua Esposa consiste em que pregue a Lei inteira a todos os povos, em todos os tempos. Se algum governo terreno exige dElo o contrário como condiçl!o para ser livre, Ela nllo poderá aceitar essa liberdade que ndo é sendo um simulacro /a/ocioso. "Consideremos um outro aspecto da questão. "Segundo certas noticias da imprensa, alguns governos comunistas enunciam o propósito de, pari passu com a concessdo de certa liberdade religiosa, operar um recuo parcial no socialismo, admitindo a titulo provisório algumas formas de propriedade privada. Neste caso, a influência do regime sobre as almas seria menos funesta. A pregação e o ensino católico não poderiam então aceitar de passar sob silêncio, não propriamente o principio da propriedade privada, mas toda a extensão que este tem na moral católica? "A isto se poderia responder que nem sempre os regimes mais brutalmente antinaturais - ou os erros mais flagrantes e declarados - silo os que conseguem deformar mais fundamente as almas. O erro descoberlO ou a injustiça brutal, por exemplo, revoltam e causam horror, ao passo que mais facilmente são aceitas como normais as meias injustiças e como verdade os meios erros, e uns e outras mais rapidamente corrompem as mentalidades .. "Para aniquilar as vantagens que, no Ocidente, o comunismo jâ vem alcançando com seus acenos de uma certa distensão no terreno religioso e social, é importante e urgente esclarecer a opinião pública sobre o caráter intrfnseca e necessariamenre fraudulento da "liberdade" por ele concedida à Religil1o, e sobre a impossibilidade da coexistência pacifica de um regime comunisla - ainda que moderado - com a Igreja Católica" ("Catolicismo", n? 152, o subtítulo e os destaques são nossos). CATOLIC ISMO - Outubro 1989
~
11
grada Congregação de Seminàrios e Universidades. Neta, o Cardeal Pizzard o e Mons. Dino Staffa, respectivamente Prefeito e Secretàrio daquele Dicasté· rio, depQis de elogiar vivamente o Prof. Plinio Co rrêa de Oliveira e desejar uma larga difusão para'' A Liberdade da Igreja no Estado Comunista" (e· dição jà ampliada), qualificam esta obra como "um eco fidelíssimo de to-
dos os Documentos do Supremo Magistério da Igreja, inclusive as luminosas Enclclir:as 'Mater et Magislra' de Joilo XXlll e 'EclesiomSuom'dePaulo VI".
Vinte e seis anos depois Neste momento, em que a ardilosa trama comunista parece obter sucesso
na Polônia, a atualidade de "A Liberdade da Igreja no Estado Comunista" torna-se candente. Em face da parábola polonesa pois é claro que esta fórmula ultrapassa de longe os limites daquele pa[s (3) - os católicos do mundo inteiro são chamados a pronunciar-se sobre as teses da memoràvel obra focalizada neste a rt igo. Aquém e além cortina de ferro (4) é preciso estar alerta e resistir, não se deixando iludir por fórmulas tiradas da cartola comunista - como a "coe,xistCncia pacifica" - as quais só co nduzem à defecção e à apQstasia geral, como tão magistralmente o prova, no mencionado livro, o Prof. Plínio Co rrêa de Oliveira. JUAN GONZALO LARRAIN CAMPBElL
NOTAS
(1) Em 1974, o Autor jul&ou convenimle mudarlhe o thulo para "Acordo com o rc1ime comuniS11:par1algreja,cspcrança.ou1modernoliç&o?" (2)Tut1ldasdezediçõescmpor1u1u&: 100.000 exemplares. Teve, além disao, m•isdc60.000exemplarcs em outro, oito idlomas e foi trans,;rito intearalmenteem maisdctrinlajornaiserevistas deonzepai$t$. (J) lkmbtm .. O Estado de S. Paulo" (23-8-89) reconhecequcoqucocorrcem Vartóvi1"uhrapaua infinitamente o qu•dro d• Polõnia. É o próprio destino do bloco romunis11, em PQO, quecstiemjogo''.
(4) Vindo da Polõnia, Jl.ubem Cftl.r Fernandes,
1n1ropólogodoMU$eUNlcional,decl&roo: .. AI basesdalgreja.baiiloclero,ílfflietc,dcsoonfiam dequa!queridti•dcoolaboraçlo.enquanto • quartatcndência,mai1 conservadora enaciona·
li11a,queficouforadachapacleit•pcl0Solidariedade, condena abenamen1e~ •pacto com odiabo'"( .. OEstadodeS.Paulo".20/8/889).
TFP, Walesa e seu "anjo" da guarda "Catolicismo" - Qual foi sua impressão sobre o ambienlC criado na Iu!.lia pela estadia de Walesa, em janeiro de 1981 ? Paulo He,.,;q,.,, Clu.va: "Pupnki a,u
'I""...., rod.ramm 'I"""' ,,.. afinal
otn/rr:ui,tado: Waksa ouM~kiJ"
QUANDO, A PARTIR de agosto de 1980, os holofotes de toda a imprensa ocidental enfocaram' Walesa - e o iluminaram depois, com especial solicitude, durante sua visita a Roma, cm janeiro de 81 - dirigia naquela cidade o Escritório de representação das então 13 (hoje 15) TFPs, o Sr. Paulo Henri que Chaves, sócio da TFP brasileira. A atualidade candente que tem tomado a ques1ão polo11c· sa gira em fu11ção de um único aspecto: a concretização da coexistência comuno-católica - que chegou ao stu ZCnite com a indicaç!o, em agosto, do Sr. làdeusz Masowiecki, católico de esquerda, para primeiro ministro - a qual já germinava, bem discernida pela imprensa, na referida visita de Walesa à Cidade Eterna. Assim, ninguém mais indicado que o encarregado naquela ocasião do "Ufficio" TFP, para apresentar ao vivo -atravésdeumaentrevis1a-a 11ossos lcitores,algunsaspectos até agora desconhecidos da referida visita. O diálogo travado entre o Sr. Paulo Henrique Chaves e Walesa(bem como a interferência de seu assessor) foi grava· do pelo encarregado do "Ufficio" TFP, encontrando-se cm stu poder a fitamagné1iea.
12 -
C ATOLIC ISM O -
Omubro 1989
Paulo Henrique Chaves - 'R'nho viajado por quase todos ospaiscsda Europa, passandovàriosanosna França e na Itália, como tambtm por algumas 11açõcs da América do Sul. Em todos eles, acompanhei com muita atenção o acontecer religioso, polltico,socialeeoonômico, participa11dodcnumerososcongrcssos,cursos,conferências, entrevistasetc., e nunca, cmminhavida,prcsencieiumaorquestraçãopublici tàriamelhor montada pela mldia do que a organizadà para Watcsa. Por uma longa experiência adquirida na TFP, notei logo que st tratava de um show publicitário de grandes proporções. Convencido disso e com natural euriosidadc, como jornalista credenciado em Roma, panicipei da entrevista coletiva de imprensa que Walesa eoncedeu, e fiz-lhe algumas perguntas. C-Quemcstavaprcsentcàentrcvista,eondestrcalizoucla? PHC - Reatizou-st na Sala de Imprensa Est ran geira, no ce11tro de Roma, um lugar muito prestigioso. Havia cerca de 300 pessoas e11trejornalistas, sindicalistas e outros. Somente no inicio da en trevista, quando o coordenador da sessão aprcscmou Walesa aosjornalistas, tomei co11hccimcntodequejuntoaeleestavaoSr. TadeuszMazowiccki, o qual. parasurprc· sa minha, faria o papel de "anjo" da guarda de Walesa.
Afo"if,, tafô,,s
....,:-,_..,..,.....,...,._r_-,.. _,~, -
_ _ _ _ _ __ _ _
conlrária,aogoUt:mo co,m,nist", como tsUI. promov,'daflor "Solidan'tdr,d,",na tapitalpolomw, em ".f<>Sl<>último, preJ,amram o clima p,,ran,uu,uãodt 'liu/~,., Mazou,i«ki aocargadt fm·m,iro-mi,uSt ro
C - Quais foram as perguntas que o Sr. fez a Walesa? PHC - Podem resumir-se a uma só, dividida em quatro pontos: a)eu me encontrava ali representandomaisdedezpublicaçõcs das Sociedades de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade, dos Estados Unidos, Brasil e outros países; b)tinha em mãos dois livros: "A Igreja e o Estado Comunista, a coexistência impossivel" (cujo titulo original é "A liberdade da Igreja no Estadocomunista")e "Batdeaçãoideológica inad~·er· tida e Diálogo", ambos de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira,queanteriormenteforamfortementequestionadospelos Srs. Zbigniew Czajkowski, A. Wielwieyski e pelo próprio làdeusz Mazowiecki nos jornais "Kierunki", "Zycie i Mysl" e "Wiez" (todos católico-esquerdistas da Polônia); c) perguntava a Walesa se ele tivera conhecimento dessa polémica. Em caso afirmativo, qual era sua opinião sobre o assunto; d) eu estava seguro de que o pensamento dele sobre aquela matéria (ou seja, a impossibilidade moral, conforme a doutrina católica, dacoexistênciapacificaentrecatólicosecomunistas), naqueles dias tão at ual, interes.saria vivamente não só às colônias polonesas espalhadas no Ocidente, mas igualmente a toda a opinião pública. C-EqualfoiarespostadeWalesa? PHC - 'leria mais propósito que me falasse de Mazowiecki. C- Como assim? PHC - Porque já na primeira parte da pergunta, quando citei as TFP5, Masowiecki deu um pulo na cadeira e, aproximando-se ainda mais de Walesa, de quem já estava a um palmo de distãncia, soprou-lhe umas tantas coisas ao ouvido. Antes mesmo que eu terminasse a pergunta, Walesa, demonstrando nervosismo, disse algumas frases em polonCS, das quais apenas foi traduzido que "a pergunta estava sendo muito longa". E, sem nenhum nexo, acrcscentou: "Nós não escrevemos em jornais brasileiros, não sabemos o que neles se escreve, não podemos controlar as matérias que eles publicam".
Percebendo que Walesaestava visivelmente aconselhado a descartar a pergunta, retruquei: "Um momento. Eu falei da imprensa polonesa. Estesestudostiveramrepercussãona Polônia. O Sr. Tudeusz Masowiecki ocupou-se deles". Masowiecki, que estava notoriamente incomodado, procurou, em tom de brincadeira, desviar o assunto, dizendo: "No que se refere às repercussões na Polônia, não se pode ter a pretensão de no Brasil saber mais do que nós potonescs". Ante a escamoteação evidente dos fatos por parte daquele que é o atual primeiro ministro polonês, eu, com o livro na mão e apontando-o, com voz firme, lhe disse: ''Senhor, o seu nomeestã aqui''. Ao que ele, agora em tom sério, respondeu: "A Igreja na Polônia vive num clima digno, e là a lgreja é uma grande defensora dos direitos humanos". C- Pelo que o Sr. relata, eles não responderam sua pergunta. PHC - Com efeito, nada responderam. E isso ficou tão evidente que, tão logo Mazowiecki terminou sua "resposta", recebiumbithetedeumasindicalistaquefaziapartedacomissão de recepção de Walesa - aliãs, pouco tempo depois presa oomotcrrorista-dizendoqucminhaperguntanãoforarespondida por ser polêmica. C - E como foram as respostas aos outros jornalistas? PHC - As demais perguntas não foram ideológicas, mas as questões um pouco mais dificeis de serem respondidas foram literalmante sopradas ao ouvido de Walesa por Mazowiecki. Gostaria de ter em mãos, na ocasião, um vídeo-cassete para regisfrar o auxilio permanente de Mazowiecki a Walesa, situação que me lembrava a imagem do "anjo" da guarda. E hã mais: todas as perguntas de mais densidade, Mazowiccki as respondia diretamente ... Além disso, chamou-me muito a atenção a cumplicidade dos presentes com o que se passava. Ela era tão notória que, cm vârias oêasiões, perguntei aos que me rodeavam quem era afinal o entrevistado: \Valesa ou Mazowiccki. E a resposta geral era um sorriso malicioso insinuando nossa saida bem brasileira:vocêsabecomoé,nãoéL.
CATOLI CISMO - Outubro 1989 -
13
A,utaç,';tsrod,,viária, apiRhadastkg,ntt,ímpl" do paoo, Wm dispa.ta, que viaja. Não há •=!J'ro•mfalar dtumJl(rnjHnSmo /trrÍVd• geruralizado?
~obreza inflacionada A
TODO MOMENTO ouve-se dizer que l,á pobreza generalizada no Brasil, fruto de estruturas injustas. É isso verdade? Mais ainda, afirma-se que os ricos estão cada vez mais ricos, e os 110hres cada vez mais pobres. Há base na realidade para tal afirmação? Você já viu alguém apresentar provas? Ou é pura demagogia de quem descia levar o País para a esquerda? Ademais, desenvolve-se no Exterior uma campanha organizada pura apresentar o Brasil quase como um país de indigentes. No que se fundamenta ela? A seguir, o economista Carlos Patricio dei Campo - autor de obras já comentadas em "Catolicismo", bem como de substanciosos artigos, exclusivos para nossa revista - analisa sob o ângulo das questões acima enunciadas a economia nacional e apresenta a elas respostas de grande atualidade. O presente artigo é apenas uma pincelada do livro "Está o Brasil resmlando para a extrema-esquerda? ", do mesmo autor, editado em inglês e difundido especialmente nos Estados Unidos e na Europa, e cujas teses, baseadas em farta documentação, pcnnanecem irrefutadas Trata-se de uma obra que a esq11erda não se atreveu a comentar. 14 -
CATOLICISMO -
Ou(ubro 1989
O
PAÍSVIVEuma
séria crise sócioeconõmica. Bastaafüirqualquer jornal,ouassistiràtetevisão, para ter-se a impressão de que, de um momento para outro, podemos cair em abismos. lssogeraincertczaeinsegurança .
Não é objetivo destas linhas avaliar tal crise em seu conjunto, o que nos levaria muito longe. Limitam-se elasaurnaspectodaquestão: a situação social, vista sob seu ângulo fundamental, ou seja, o que vem acontecendo com os rendimentos da população.
Há exagero no falar de pobreza? Eis como alguns apresentam a situação; "Brasil tem 70 milhões de mi'seráveis passando fome" (1).
"Sessenta e cinco por cento daforço de trabalho no Brasil recebe até um salário mfnimo" (2). "Dos sessenta e dois milhôes de habitantes que vivem abaixo da
linha de pobreza, 38,3 mifhôes esttio abaixo da linha de indigência . .... Se os primeiros conseguem pelo menos se alimentar, as demais nem isso Jazem direito" (3). Nmicias desse tipo abundam na mídia, tanto no Brasil como no Exterior. Terão elas fundamento na realidade? Não haverá exageros emtaisafirmações?Quedados lhes servem de base? Responder a estas e a outras perguntas do gênero é o assunto central do presente artigo.
dos e até de "Shopping Ccnters" em bairros populares e cm numerosas cidades do interior etc ... Tal inflação de consumo não encontra explicação no quadro de miséria generalizada acima descrito. Enãotemmesmoexplicação, pelo simples motivo de que o quadro não é real. Para comprová-lo, convido o leitor a refletir um pouco sobre alguns fatos ocorridos na recente história econômica do Pais.
Ourante o Plano Cruzado, ''estouro'' dos salõrlos • não.aumento Para um observador im- proporcional parcial, não deixa de cha- no consumo de mar a atenção a contradição alimentos entre as afirmações acima e essenciais
o choque coma realidade
a realidadequeelevêaoseu redor: tráfego intenso nas estradas em fins de semana eferiados,rodoviáriasingurgitadas de gente, "febre" nas compras de automóveis novos e usados, como também de eletrodomésticos, para aproveitar o recente - e aliás fracassado Plano Verão, construção de hipermerca-
1: do conhecimento de todos que, no ano do Plano Cruzado, a economia nacional teve um significativo crescimento, provocando aumento da demanda de mão-deobra. Em principio, este aumento não acarretaria de si um crescimento significativo no nível dos salários; pois, em uma situação de pobreza generalizada, onde o desemprego ou o subemprego são abundantes, um aumento na procura de mão-de-obra não redunda em crescimento proporcional dos salários. Ora, o que se viu no Plano Cruzado foi um verdadeiro "estouro" no salário real dos trabalhadores e operários cm geral. E a escassez de mão-de-obra se fez notória especialmente na construção civil, setor que emprega predominantemente mão-de-obra de pouca qualificação. Outra caractcrlstica do Plano Cruzado foi a explosão especialmente no consumo de bens duráveis e de ar1igos não essenciais, e um aumento não proporcional no consumo de produtos alimentícios essenciais, como arroz, feijão etc. (4)
Ora, se seten!a milhões de miseráveis passam fome, t:, vendo suas rendas melho-
radas, não aumentam explosivamente o consumo dos alimentos básicos, de duas, uma: ou são enfermos mentais, que não sabem avaliar suas próprias necessidades; ou aexistênciadessestaissetenta milhões de famintos nãopassadeficção.Asegunda hipótese, obviamente, é a que calha. Várias outras contradições do gênero poderiam ser citadas.Masafaltadeespaço não o permite. Passemos a considerar, agora, os dados concretos, e suas fontes.
A renda real• subestimada A quase unanimidade dos comentários sobre a pobreza no Brasil refere-se a estudos feitos com base no Plano Nacional de Amostras de Domicilio (PNAD). O PNAD é uma pesquisa anual, baseada em amostragem de domicílios, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com o intuito de calcular certos indicadores sociais, e determinar algumas características da população, tais como nlvcl de renda, distribuição do emprego por ramos de atividade, características dos domicílios, propriedade de bens etc. Os dados são obtidos por meio de entrevistas diretas nos domicllios escolhidos para amostra. De acordo com estudos de conhecidos cspecialis!as, o PNAD subestima significativamente os ganhos da população, especialmente daqueladebaixarenda(5). Isto porque, na própria definiçãoderendaconsiderada pela pesquisa, é deixado de lado um conjunto importante de fontes de entradas. Assim, a produção para consumo próprio, por exemplo, não é considerada como renda.
CATOLICISMO - Outubro 1989 -
15
O lucro que o trabalhador autõnomo aplica na sua profissllo tambtim nllo seria renda No caso dos cmpregadores, ou dos trabalhadores autônomos, o rendimento se refere à retirada mensal, ou seja, de acordo com a própria pesquisa, "ao rendimenlO bruw. menos as despesas efetuadas com o negócio ou profissdo". É simples perceber como tal definição tende a subestimar a renda rea l, pois facilmente não toma em consideração a renda investida em máquinas, equipamentos, gado etc. A valorização dos ativos, como bens imóveis e outros, também não é considerada como renda. O mesmo se dá com a valorização, fruto de alteração na composição de certos ativos como gado etc. Facilmente isso redunda numa subestima significativa da renda, especialmente daqueles que vivem por conta própria, sobretudo no setor agrícola.
O ganho real Pode ser o dobro do calculado pelo PNAD Uma avaliação detalhada dessa subestima tem sido feita por vários autores, como os já citados. A subestima atinge valores em torno de 43%, e, no caso dos estratos de rendas mais baixas, pode atingir até 80 e mesmo 100% . Ou seja, o ganho realmente obtido pode chegar ao dobro do estimado pelo P-NAD.
a
A pobreza é bem menor do que parece Não quero cansar o lei!Or com mais dados e cálculos. Eles são abundantes, mas cabem melhor em estudo para especialistas. Basta assinalar que, tomando cm consideração as limitações aqui apontadas, os índices de pobreza se mostram drasticamente reduzidos. Eles chegam a níveis em tomo de 18 a 20% da população. làis índices são similares aos que prevaleciam no início da atual década. Obviamente não se pretende negar, com isso, a anomalia que eles revelam. Noentanto,indicam umasituação de muito menos gravidade do que aquela correntemente difundida.
Buscar, na via socialista das reformas de estrutura, a solução para esse problema, écaminhar paraoagravamento da situação. Assim o mostra a experiência dos países socialistas. A saída para essa situação deve ser procurada na análiseeextirpaçãodascausas que a originaram. Elas residem principalmente no modelo de desenvolvimento induzido, de industrialização forçada a que foi submetido o Brasil nas últimas décadas . Isto criou desequilíbrios profundos, que afetaram principalmente os setores primários da economia que empregam mão-de-obra não qualificada.
A 1oluçllo caminha pela via da desestatlzação Paralelamente, o Estado brasileiro interveio maciçamente na economia por meio de controle de preços e outras medidas, e comprometeu seus recursos em atividades produtivas (como siderurgia, energia, indústrias química e mineradora etc), com péssimos resultados: e deixou de lado atividades próprias de sua esfera, como saneamento, habitação popular, assistência educacional etc. Portanto, a solução verdadeira deve caminhar no sentido de tirar a economia de controles governamentais artificiais e transferir atividades diretamente produtivas, do Estado para o setor privado, liberando assim recursos para a realização de programas que melhorem os conhecimentos e capacidades da população de baixa renda.
Abrir-se para a concorrência externa Concomitantemente a esta redefinição do papel do
Estado na economia, a política econômica deveria ser orientada no sentido de aproveitar as vantagens comparativas do Pais. abrindo com critério a economia à concorrência externa, o que redundaria em benef1cio de todos, especialmente dos mais necessitados. Os primeiros resultados seriam uma queda da inflação e conseqüente diminuição das incertezas que atualmente assolam o Pais. Isso poderá ser tema de um próximo artigo. CARLOS PATRICIO OEL CAMPO
Notas {l)"ZeroHora",25-9-88,p.48. {2)''GazetaMcrcantíl'',31-3-89. declaraçãodeChristophcrLund, presidentedaCãmaraAmericanadeComércio. (3) "Jornal do Brasil". 9-4-89. dados publicados no estudo do Prof. Maurício Romão, a pedido da OIT (Organização Internacional do Trabalho). (4) "Veja", 5-11-86, p. 123. (5) Cfr. Oscar Allimir, "The extended of poverty in Latin America", Word 8ank Staff Working Papers, nº 522; Guy Pierre Pfeffermann, "The Distribution oflncomein Brazil'", Word BankStaffWorking Papers,nº356.
Napchan, s - Presentes Finos Ltda. PORCELANAS CRISTAIS FINOS LINHA DE HOTELARIA-INOX Fone: 66-5403 Rua laguaribe,n?742(Esq. Av. Angélica) - SaoPaulo Rual:lar3odeTatui,634 - SaoPaulo - SP
SP
BANCO INDUSCRED S.A São Paulo - Rua Boa Vista n? 128 - Fone: (Oll) 37-9591
Entrevista com o diretor-presidente da CAL
Estilo colonial: manifestação das mais autênticas da arte brasileira O Dr. Adolpho Lindenbcrg, fundador e diretor-presidente da Construtora Adoltiho Undenbt:rg - CAL, e membro do Conselho Nacíonal da TFP, concedeu uma
CATOLICISMO - O senhor con-
poderiam perdurar, apesar dos progres-
sidera a construçao de casas e ediffcio~; sos no arte de construir? O Estilo Coloem estilos tradicionais como a soluçao nial é funciono/? para se evitar os absurdos e contra-sensos do estilo moderno? Os estilos acadêmicos ntto ficaram superados pelas novas lécnicas construtivas e pelo apa-
entrevista a "Catolicismo" (ver recimento de novos maferiais de cons-
nossa edição de junho/89) sobre a atual voga dos estilos tradicionais em matéria de construçào. Convidamo--lv agortl, tendo em
lruç6o?
vantagens e seu!> aperfeiçoamentos possívt'is para nossos dias.
CATOLICISMO - Quais s/Jo as corocterfsticas do Estilo Colonial que
A.DOLPHO LINDENBERG-Absolutamente. é: verdade que a Revolução Modernista de 1922 truncou a evolução do Estilo Colonial. Se vista sua conlreâda competência ela nãonatural tivesse ocorrido, haveria um no assunto, a discorrer sobre o progresso sadio nas linhas tradicionais estilo colonial ~- essa jóia da e uma absorção espontânea dos novos arquitetura brasileira sua.~ materiais que têm sido descobertos.
AL - Antes de mais nada, a at· mosfcra patriarcal que imprqna as nossas velhas casas de fazenda. Um misto de senhorio e simplicidade, uma allanaria acolhedora, um bem estar caseiro, familiar, Intimo. Suas características construtivas são: largas va randas que pennitem reuniões praticamente ao ar livre, beirais ao redor da toda a casa que a protegem das fortes chuvas e do calor do sol, paredes grossas que proporcionam um esplêndido isolamento tfrmico (visitei um antigo edificio colonial, o convento de São Francisco, em São Sebastião, que causava a im· pressão de um ambiente com perfeito sistema de ar condicionado!); pisos de CATOLICISMO - Outubro 1989 -
t7
tábuas largas de madeira de lei, forros cm forma de caçamba e decorados, pts direitos altos que refrescam o ambiente, portas, gradis e rótulas de madeira trabalhada, pedras entalhadas etc.,etc ... CATOLICISMO - Mas o senhor n4o se referiu nenhuma Vet às plantas das antigas casas ... AL - Realmente, pois nesse campo reconheço que houve um grande progresso. Basta dizer que num bom número de residências existiam alcovas sem j anelas, e que nas casas só havia um único banheiro rudimentar, ou o que ainda é pior, muitas vezes ele ficava do lado de fora da residência. CATOLICISMO - E quanto às novas técnicas de construçao? AL - Nesse campo também houve diversos progressos. O uso do concreto armado permitiu a construção de casas muito mais sólidas, nas quais alicerces,colunas,vigaselajessãoconstituldos por aquele material de construção; permitiu também a introdução de grandes vãos, livres de colunas. As fábricas de vidro fornecem presentemente imensas e belíssimas placas de cristal; hoje existem tintas esplêndidas com uma variedade de cores imensa; há também ótimas instalações hidráulicas, elétricas, de ar condicionado, de segurança etc. São todas elas novidades muito boas, mas que não invalidam em nada as construções coloniais. Parece-me oportuno fazer ainda uma observação a respeito do emprego do concreto armado. Ê de se lamentar o uso quase exclusivo desse material - constituído de elementos mais simples e vulgares - especialmente em prédios maiores, tornando, com isso, as construções com materiais intrinsecamente mais nobres, como a pedra, cada vez mais raras. CATOLICISMO - Mos· como se faria esse casamento entre o estilo colonial e o concreto armado? AL - O concreto armado, ao contrário do que afirmam os arquitetos ditos mais avançados, não precisa ficar aparente. Ele é por si mesmo um material resistente, mas grosseiro e feio. Mesmo os esforços dispendiosissimos que muitos construtores fazem para dar uma vista agradável às estruturas, 18 - CATOLICISMO - Outubro 1989
O Hgmcn/(1 lateral do. ampla mranda, 11a t•aunJa VM, cm Vassouras (RJ), dá auuo a capdo b,,m carack.-útiéa do colonial da lpoca
11ma
polindo-as e envernizando-as, não têm conseguido resultados apreciáveis. Sendo assim, o próprio ao concreto armado é ser revestido com argamassa, mármores, pastilhas etc. É algo semelhante ao que acontece com o nosso esqueleto. Ele é essencial, sustenta o nosso corpo, mas a natureza cuidou para que não ficasse aparente. CATOLICISMO - E quanto às plantas das casos que o senhor mesmo reconheceu que eram muito primitivas? AL- Não vejo nenhuma incompatibilidade entre um projeto inteiramente racional, que vise proporcionar o maior conforto possível aos moradores, e o Estilo Colonial. E nesse caso teríamos conciliado a nobreza, a singelez.a eoaspectopatriarcaldenossascon1ruções tradicionais com o que há de mais avançado na arte de construir.
CATOLICISMO - A CAL fetalgum esforço para incentivar os trabalhos artesanais em suas cons1ruçôes coloniais? AL - Nós fomos duran te muitos anos os grandes incentivadores das pequenas oficinas que decoravam azulejos e cerâmicas com motivos brasileiros. Estimulamos também a vinda de anesãos de Minas Gerais, que trabalhavam com a nossa tão versá.til pedra-sabão. Procuramos ainda valorizar ao máximo os trabalhos de entalhe em madeira, pois considero esse tipo de trabalho artesanal uma manifestação muito autêntica da Arte Brasileira. Não posso, por fim, deixar de reíerirme à colocação de gradis, portões, escadas e1c. de ferro balido ou fundido, que comprávamos em demolições no Rio e na Bahia. Esses materiais em geral obedecem a desenhos belissimos e são muito decorativos. D
História Sagrada em seu lar Cria ç.lo do homem
Acriação(l)
"Só Deus ~ eterno. Todas as coisas foram criadas por Ele. Deus, com um simples ato de Sua vontade, J)Odia criar, de urna só vez, todasascoisasqucc:cis• 1cm, mas qui, empregar seis dias na obra da criação" (2) Cri ação do mundo "No principio criou o cfo catcrra;masaterra cs1ava sem forma,cobcrtadcllguas ccnvoltacmtrevas. "No primeiro dia criou Deus a lu1. e separou-a das trevas. À luz chamou dia e às trevasnoi1e. ''Noscgundodiafez.ofirmarnento. Ao firmamcn10, Deuschamouctu "No terceiro dia reuni u as ãguas em um só lugar, e a essas Aguas deu o nome de mar;aorcstantc,qucperma· neceu cllltuto, pôs o nome de terra. Disse, então Deus: 'produza a terra ervas, plan13.'i e ãrvo.-cs fru1ifcras'. A terraobedCQCueasãrvorcsderam fru • to segundo a sua cspá:ic "No quarto dia disse Deus: 'Façam· sc luzcirosnoctu,esepare-.scodiada noite, e marquem.se as estações e os dias do ano'. E fez. então, dois grandd luzeiros: o maior · o $OI • para rcsplandccer dc dia; o mcnor - a lua - para dis· sipar as trevas da noite. Depois fez. as estrelas "No quinto dia criou Deus as vãrias espécies de peixes, eas vâriascspá:id de ptissaros. "No sexto dia criou toda a sorte de répteiscdequadrUpcdcs, ctodososo utrosanimaisquevivcm na tcrra." (3)
"Preparado estava o palâcio; mas na criação faltava orei". {4) Assim, pois, ainda no se~to dia, Deus disse: "Façamos o homem à nos· sai magcm esemclhança, e presida aos peixes do mar, e às aves do céu. e aos animaio;.selvàticos, e a toda a terra,ea todos os r~teis que se movem .";Obre a terra."(S) "E compôs, com barro, um corpo ltumano,einspirOu·lhcumaalmavivcn· te e imortal. Assim foi criado o primeiro homem, que se chamou Adão, que querdizer'fcitodctcrra"'{6) No sétimo dia, o descanso "E vendo (Deus) que todas as coisas eram boas e procediam segundo a Sua vontadc,no~timodiadcscan.";Ou,qucr
noções básicas frutas,qucotcrrenofértilproduziasem cul tura. Deus, para ensinar o homem que devia fugir da ociosidade, tinha ordenado a Adio que trabalhasse, m35 tão só para seu cntrelenimento Deus fez. passar todos animais pcran· tcohomem,afimdcqucclcdcsseno· meacadaum."(8) FormaçJo de E..,il - insti tui çJo do mat rimô ni o "MasnãoseachavaparaAdãoum adjutóriosemelhan1eaele "Mandou, pois, o Senhor Deus um profundo.";Ono a Adão; c,enquantoele estava dormindo, tirou uma das suas costelas, e pôs carne no lugar dela. E da costela, que tinha tirado de Adão, formou o Senhor Deus uma mulher; e a levou a Adio. E Adão disse: 'Eis aquiagoraoosrodcmcusosroscacarne de minha carne( ... ) Por issodcixarãohomcmseupai e sua mãe, cseuniriasua mulher; e serão dois numa sócarne."(9) Cri ação dos Anjos "Deus tinha, tambtm, criado uma multidão de anjos, isto é, de csp!ri10s sem corpo, enriquecidos de cxcc• lcntcsdons."(10) 0 (l)Atendcndopedidosdcnumcrososlcitorts,passamos .apartir dcsia edição, a aprcscm~r algu. ma.inoçõcsdernstóriaSag.rada. oomeçandopclaHistóriadaCria· çlo. As footts m,que nosba,carm,os scrlo - alml da Sa&ra·
dizer,ccsrou de criar outras coisas DeussantiOcouo.sétimodia,equisque nesse dia os homens, abstendo-se dos trabalhosscrvis,scocupassemromentc em coisas de piedade. "Na lei anligascobscrvavaosábado; nós, cristãos, cm memória da Ressu rreição do Salvador, temos por santo o domingo" (7) Par;aíso te rrest re "O homem Foi colocado por Deus no Paralso terrestre, lu gar dclicioslssi· mo, onde abundava toda a esl)«ic de
d&Escrltur,(Ediçôc$Paulin11,Sl0Paulo,
6'cd.,l9l3,1r•duçãodoPe.M1tosSoarts) -1s squintes: São JQAo Bosco, "História BlbliçadoVclhoeNovoTcs1amcnto",Livra· riaSaltsiana,SloPaulo,2'cd.,t920;Mons. Cauly,Vigl,rioOcral dc_Rcims, "~r50dc hutrução Rdi1io5.a", L,vrariaF,.ncacoAl· ~.SãoPauto,1913.obn.d<>:fiadaporlelo XIII; Pc.Tiago Eckcr, "Blbha das Exola.t
ftóli~f;,b~:i~~:,ar~:;
=·
(2)SàoJolo8oKo,p.7
m
~:rtra~: s·
't~u1~~
p.14 ('JGcn, J,26 (6JSloJo.toBosoo,p.8 (7) ldc-m. p, 8
(8)1dem,pp.8·9 (9)Gcn. 2.20-24 (I0)SloJolo8osoo, p.9
CATOLIC ISMO -
Outubro 1989 -
19
-:; 53
§ '
'
'í·lrMY-1 '13·! E • e
VOLTAIRE em rápidas pinceladas SE A REVOLUÇÃO FRANCESA foi .ào e c,;rtamcnte ela o foi (ver nossas cdiçõc'> de maio a i.ctc mbro/89) --. quem aplainou seus caminhos? Dentre os vários homens que se entregaram à inglória tarefa de preparar a formidãvd explo~o anti,social e anti-religiosa de 1189, d~taca-se o escritor hançois \1arie Arouct, co11-nominado Voltaire (1694-1778). Quem foi ele? Sem pretender, num simples artigo, apresentar uma biografia de Voltaire, e.sboçamos aqui - a propósito do bicentenário da Revolução fran(esa - aliuns rápidos traços de sua personalidade e de sua açà.o.
maléfü.a
Vt>ltoil't. S"" fipm m:, grokJaJ, come, a tU um ltippi.t mode,.... (ut.itua <'m mltnno.., d,, lloudo11 - 1778, &rlim, Ácad~mia d,, Bijfnfilw.flm)
OUVE TEMPO cm que os homens eram designados pelo tra.ço .?e sua psico. logia, de sua vmude, ou mesmo de seu fis1co que mais os caractenzava. Assim 11vemos Fernando, o Santo; Isabel, a Católica; Carlos, o Temerário; Henrique, o Navegador; Carlos, o Calvo; e tantos outros. Voltaire foi o Ímpio, como Judas fora o Traidor. "Esmagai a Infame", era seu dito constantememe repetido contra a Santa Igreja Católica. Sua figura e suas atitudes eram grotescas, tinha algo já de um moderno hippie. A biografia desse homem, que dedicou à impiedade os 84 anos de sua vida, é-nos relatada por um seu admirador e grande escritor, Jean Orieux ("Voltaireou /a Royautéde /'Esprit", Flarnmmarion, Paris, 1966, 827 páginas). Nes.se autor, inteiramente insuspeito, colhemos os traços da vida de Voltaire que seguem
Procedimentos Infames Nascido na burguesia, Voltaire era filho de um notário, e sua mãe urna senhora digna. Revoltado comra sua própria condição - tinha despeito de 20 - CATOLICISMO -
Outubro 1989
não ser nobre - não achou nada melhor para alimentar sua revolta do que denegrir infamemente sua própria mãe: "Ele dá a entender muito claramente que sua mt1e teria tido amanles e que ele seria filho de um deles. É o padre Chateauneuf - um libertino - que segundo ele seria seu pai. Em ourra ocasit1o, penderá mais para M. Rochebrune, um nobre de Auvergne". Aos 13 a nos de idade tomou emprestado de uma mulher uma considerável quantia em dinheiro, assinando promissórias cm troca. Quando a dívida foi cobrada, provou que ao assi nar as letras faltava-lhe ainda um mês para adquirir a maioridade, não sendo pois juridicamente responsável pelo pagamen-
to ...
de seu valor originário. Foi ai que Vol1a ire passou a Hirsch uma grande qua ntia de dinheiro para que ele fosse ao Saxe comprar esses tlt ulos que a li se vendiam a um preço baixlssimo, a fim de exigir depois, a partir da Prússia, seu reembolso pelo valor no minal. Os dois "sócios" desentenderam-se e o escândalo veio a público. Sabia-se na Europa que Catarina li assassinara seu marido para ascender ao trono da Rtissia. Voltaire conhecia o fato , como todo mu ndo. mas eralhe prestigioso manter a arni:iade da imperatriz, por isso limitou-se a brincar· "Eu sei bem que lhe censuram algumas bagatelas a respeilo de seu marido; mas st1o negócios de família, nos q11aiseu 11t10 me meto''. A esse propó· sito, o escritor Horãcio Walpole comen1a: "Voltaire me foz. horror com s11a Catarina. Que belo temo para brincadeira é o assassinato de um marido!"
Apesar de ser "rico como um próspero banqueiro", aos S6 anos, morando na Prússia, "ele se acumpliciou com um 1rajicante berlinense, um judeu, Hirsch, para mon1ar um negócio de especulaçt1o ilegal. Nada era mais sus- Odiosa peito que se11 associado e sua associa- hipocrisia çtlo ". Tratava-se do seguinte: Frederico II, rei da Prússia, após uma guerra Certa ocasião, querendo fazer uma vitoriosa, tinha obrigado o Saxe a reem- entrada prestigiosa cm Paris, e sendo bolsar todos os prussianos portadores ncccssãrio para isso most rar-se menos de um titulo de empréstimo do Esta- ímpio, pagou um padre capuchj_o ho do saxão, pelo valor nominal. Ora, es- para ouvi-lo em "confissão" e da r-lhe ses titulas haviam caldo muito abaixo a comunhão na Páscoa.
-·t1aa,o~m-m-e-r-em-w íl' aPara que lh_c abrissem as portas da Academia Francesa, fez-se passar por devoto e dedicou versos a Bcmo XIV, cmão Papa A fim dccscrcvcrcertosartigos anti-religiosos para a famosa "Enciclopédia" cm elaboração, retirou-se a um convento beneditino, fingindo estar recolhido cm oração e usando hábito e crucifiw, para poder assim ter fácil acesso à biblimeca dos monges. Depois comentou: "É um muito bom estratagema de guerra ir junto aos inimigos para abastecer-se de artilharia contra eles".
1-1, e+·
Juntou-se também incestuosamente à própria sobrinha, viúva, Mme Denis
Dominado pela soberba
"Ele próprio se incensava sem pudor". Ademais, não admitia criticas a suas obras, e quando as recebia entrava "emcrisedefuror". Quando assistia a representações de suas peças "ele soltava por vezes na cena e corria entre os atores. Em sua poltrona, ele exclamava, gemia, chorava enquanto agitava D lenço, e Adúltero e Incestuoso até desmaiava caldo sobre seu assento". Reservava, no teatro, até 400 lugaViveu 17 anos com uma mulher ca- res para uma claque encarregada de sada - Mme. de Chateie! - e chegou aplaudir, e ele próprio, de seu camaroa dividir seu leito com outro concubi- te, dava os sinais convencionais. no que ela arra njara, além do próprio Desprezava o povo simples, ao marido. Ocorreu de estarem os quatro qual chamava "a canalha", queria que no mesmo castelo! se ''proibisse o esludo para os t:-ubolhudores", e dizia que "o mmor serwço que se posCa1an·11a li, da R ,i.ssia. Paro. f,<,<kr pr..tigiar·•• com o "'" sa prestar 00 gênero huapoio, V<>ltai~J,zvistasgrouasaoassauina1op,:,r,la , mfru· mano consiste em sepaendido de seu marido (Quadro de l.,ampi, Mweu de /'Ermita - rara povo tolo dos pessoge, Saint-Pet,r,bur11 I asdebem,parasempre''.
Poltrão Diz seu amigo d'Argcnson, que Voltaire era "reconhecidamente um poftrdo" Um oficial do Rei da França, atacado num escrito de Voltaire, proclamou que iria a Genebra, onde emão residia o poeta, para "cortar-lhe as orelhas". A ameaça amedron tou sobremaneira Voltaire. Um dia em que esterecebiaCramcr, para tratar da publicação de um escrito sobre a "bravura", o editor, cm meio à conversa, informou-o de que chegara a Genebra um oficial francês. Foi então que Cramcr "sem nada compreender, viu Volraire afundar em sua poltrona, seus joelhos e suas mdos tremiam de maneiro inquietante: 'fechem-se logo os portos' gritou o poeta apavorado. Depois, voltando-se poro Crumer es111pefolo 'Voltai logo
à cidade efa::;ei correr o boalo de que
eu acabo de morrer subilamente". Voltaire mandou ainda investigar na cidade, e só sossegou quando soube que o oficial que ali chegara nada tinha a ver com o que o ameaçara Certa vez correu o risco de ver-se envolvido num processo referente à profanação de um Crucifixo. A esse propósito "ele tinha angústias tdo cméis que o lançavam em crises delirantes: ele sapateava, rolava por/erra, subia pelos corlinas urrando de terror"
Mesquinho Na corte de Frederico 11, na Prússia, os empregados tinham o privilégio de recolher para si, todas as noites, as velas que sobravam nos candelabros, para depois revendê-las. Pois bem, Voltaire, quando lá viveu, adiantava-se a eles e as recolhia ... Mais ainda: "ele adquiriu o hábito de dirigir-se toda noite, antes do jantar, ao apartamenlo do rei. Para ir, iluminavam-lhe o caminho, mas paro voltar ele próprio o iluminava, tomando do apartamento do rei uma vela que escolhia bem grande. Repetindo duas ou lrts vezes por noile essas idos e vindas, ele ganhava assim três velas quase intactas .... O manejo não passou desapercebido do rei, a quem o procedimento pareceu infame".
A morte de um implo O médico que o viu morrer, Tronchin, escreveu: "Eu quereria que todos os que foram seduzidos por seus livros fossem testemunhos de sua mor/e. Nao é passivei manter-se ante tal espetáculo .... Pouco tempo antes de morrer entrou em agiloç.:Jes horrfveis, gritando com furor: 'Eu eslou abandonado por Deus e pelos homens'. Mordia os dedos, e levando as m4os o um vaso noturno. tomando o que ali havia, ele o bebeu" Mme. Vi!tette, dona da casa em que morreu Voltaire, contará mais tarde ao Pe. Depery que descreverá a seguinte cena: Voltaire "via o diabo nas cercanias da coma e gritava como um condenado: 'ele está lá, ele quer me pegar, eu vejo o inferno'" No dia 30 de maio de 1778, às li horas, Voltaire estava com os olhos fechados quando "repentinamente lan çou um grito arroz. terrível, interminável" e morreu. Todos ficaram aterrorizados. GREGÓRIO LOf>ES
CATOLICISMO -
Outubro 1989 -
21
- ~ H§e !§e!·!il·H·rllrlM·U'IH·l·Hdi·!: ++ •
N
O ÚLTIMO dia 26 de agOS· to transcorreu o bicentenário da "Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão", procla· mada dura nte a Revolução Francc· sa pela Assembléia Constituinte da França. Essa "Declaração" tornou• se o "catecismo cívico" dos revolu· cionários, algo parecido com aqui lo que o Decálogo representa para o Cristianismo. Entretanto, os "novos Moisés da humanidade", ao compilarem a súmula dos "direitos", fizeram questão de olvidar "o fa ntasma dos de· veres" ( 1), além de passarem em si· lêncio pomos fundamentais de vá· rias questões importantes. Tal omis·
forma de cubo vasado que ab rigará a Fundação dos Direitos do Ho· mem, mas também na capiial paulista, onde a Secretaria Municipal de Cultura promoveu o projeto "Cida· de, Cidadão, Cidadania". Cada entidade participante do evento teve oportunidade de "interpretar " a seu modo o significado da controvertida "Declaração". Na galeria Prestes Maia, no centro da cidade, o artista plástico Cildo Meireles deixou uma montanha de dois metros de altura de papel celofane amassado. Sem nenhuma explicação, longe de relacionar a ''o· bra" com os " Direitos do Homem ", o público entendeu tratar-se de uma
cido que o comunismo é filho da Revolução Francesa. Lenine, por exemplo, dizia.se "filho espiritua l de Robespierre" (3). Foi cm nome da " igualdade", contida na Declaração de 1789, que Mao T5'!-Tung implantou na China o regime coletivis· ta e promoveu a "revolução cultU· ral" para mudar os hábitos "burgue· ses" da população. Os ge nerais comunistas que o rde· naram o massacre dos estudantes chineses a legaram agir "e111 nome do povo", do mesmo modo que, em 1793, a Convenção Nacional decreto u, também em " no me do povo", o genoci dio da Vendéia. é por isso que muitos historiado-
"abstração" representando o lixo de São Paulo! (2). Não menos insólita fo i a "versão" de Gu to Lacaz, que exibiu no Parque lbirapuera um conjunto de cadeiras flutuando sobre a ãgua. A que propósito? Ninguém fi cou sa· bendo. Por sua vez, Siron Franco pretendeu representar os "direitos dos pre· sidiários", ao instalar duas jaulas em duas estações do mctrõ. O tiro, porém, saiu pela culatra: "Se todos os delegados construissem mais CS· sas coisas, os bandidos acabavam", comentou uma sensata dona de casa. Em vários pontos da cidade fo. ram afixados painéis exaltando o " nascimento da cidadania". Um deles (vide foto) representa uma colu· nade carrosblindados paradosdian· te de um vulto, numa clara alusão ao massacre de estudantes perpetra· do pelos comunistas na Praça da Paz Celestial de Pequim. O autor ~do- quadro, todavia, p-al'ea rer-csque·
res vêem na Revolução Francesa, não a gênese da democracia, mas do totalitaris mo: "A Revolução e a Declaração dos Direitos do Ho· mcm não fizeram senão pavimentar com belas palavras, mal esclarecidas, o caminho de grandes crimes" (4). A célebre apóstrofe de Madamc Roland , "liberdade, liberdade, quantos crimes se cometem em teu no· me", pronunciada quando afamosa revolucionária, já u11rapassada por desdobramentos posteriores da Revolução, subia ao cadafalso, bem poderia ser aplicada tam bém aos ''Di· reitos do Homem": quantos crimes se cometem cm seu nome!
"Direitos do Homem": quantos crimes se cometem em seu nome! são permitiu a "violação legal", pelos próprios constitui ntes, daquela publicitada "Declaração". De fato, foi após a "Declara· ção" que os bens da l grcja foram confiscados, as ordens monásticas extintas, instituiu-se um passaporte para transitar entre as cidades, foi s upressa a liberdade de associação e de im prensa e inventou-se aguilhotina, alimentada pela "lei dos SUS· peitos". Ademais, o culto católico foi proibido, foram deportados 75 mil padres e bispos, sendo centenas deles chacinados. Sem falar da guerra declarada à Áustria, e as invasões napoleô nicas cm toda a Europa.
Espetáculo Insólito Não obstante a lúg ubre realidade histórica que envolve a "Declaração" de 26 de agosto d e 1789, a data fo i comemorada não s6 em Paris, com a ina uguração do "Are de la Dêfcnse":-iíganiesco edifíc!OCm
22 - CATOLI C ISMO -
Outubro 1989
IIRÃUUO DE ARAGÃO (l )Cfr. Dictionnai1eCri1iq11cdela Rlvol11l'lammarion, Paris, 1988, p
~;; :~:nçalk:,
(2)"0EsradodcS.Paulo".2S·8·89 (l)Cfr. PhilippedcVillicrs ,"Lcmeouvnrc auxco11r,cursdc1êtcse1 aux mcntcursdu b'ccmenairc",AlbinMi.hcl,Paris, l989.p.6l (4) Jean Dumon1,"Porq11oinousnec,!ICb1e0Ti!fi:ü1'7$J'-;;,,;:-lr.O:t-:-;-PnTl's;-19tl,-....
Escrevem os leitores INSULTOS E VAZIO
M~1"~:d;~~~t~~:~:1~:
cismo", E eu panicularmentc me sinto um privilegiado por
ter acc$SO às enormes besteiras publicadas mensalmente nessa rcvis1a. Certos artigos beiram ao ridiculo onde acredito cu que someme pessoas que não têm consciência da realidade qucO!lccrcamddmcrcdibitidadcaelcs.
Scíossecitarosilariantes artigos publicados neste periódi-
coseria obrigado a citar todos eles, poisatf hoje, depois de receber por mais de um ano essa publicaçlion!loencontrciainda palavras sensatas que viessem a retratar,queviessemmos!rar arcalidadcnaqualestécnquadradaamaioriadosofridopovo brasileiro.
Hojcopaísagoniza,caqualidadcdcvidadapopulaçãobrasilci ra pode ser com parada com adosrnaispobrespaisesdocontincntcafricano. Oanalfabetismoabsolutoafetacercade20•!, da papulação, o relativo o dobro. Numa sociedade moderna a totalidade da papulação de 15 anos ou mais passui o que dizrespeitoaolQgraunoensinobrasitciro. No Brasil,osque chegam a concluir o 1° grau, nessa faixa etãria, são menos del0~. Aqualidadedcvidadobrasileiro é baixíssima. Mais da metadedosdomicl!ios nll.o têm luz elétrica, 710/o nllo possuem água encanada, mais de ss•r, nlo passuem escoadouro adequado, 65~ nlo dispõe de fil. no e mais de 79~ não tem geladeira. Então o que vemos no Brasil? O que vemos é um dualismosocial,ondedeurn ladoencontra-seumamodernasociedade industrial, quejã é a oitava economia do mundo ocidental e do outro lado, encontra-se
umasociedadcprimitiva.vivendocm um nlveldesubsist~ncia, no mundo rural, ou cm condi çõcs de miserâvel marginalidade urbana, ostentando padrões depabrezaeignorãnciacomparãveis, como dito antcriormente,asmaisatrasadassocicdades afro-asiàticas. O percentual de miseráveis quevivemnazonaruralultrapassaa50~dototaldemiseráveisquetemosnoBrasil,ouseja,amaioriavivenazonarural. E qual é a salda para essa gente? Serãquea soluçãoes!á nos gra ndes centros? Lógico que não. Essaspessoassedeslocandodocampoparaacidadeestariamapenastransferindooproblemada zona rural para a urbana. Uma das soluções está na REFORMA AGRÁRIA, que éparestarevistamuitocombatida. A solução para essas pessoas está no próprio campa, e é dever do Estado desapropriar terras improdutivas e produtivas e distribuir para essa gen te. O que nllo podemos permitir é queessaspessoassempassado e sem futuro continuem vagando par ai a espera de um milagre divino. Na revistado mês de julho, o Sr. José Fernando Ribeiro de Barros, São Paulo, afirma queostrabalhadoresruraislevam um "vidão". Como pode umserhumanosertãohipóçrita? A não ser que ele considere um "vidllo"umapessoanllo ter acesso a cducaçll.o, como acontececomamaiorianocampo,não1eracessoaumprograma assistencial de saúde, não ter acesso ao lazer, enfim. não ter minimascondições de levar uma vida digna. Aoinvésdcstarevistasepreocupar com as filas na União Soviética ou com os antigos automóveis que trafegam pelas ruudeCuba,es1arevistapoderia se voltar para o Brasil, e mostrar nossas filas por excm-
pio. NIio filas para a compra de bens de consumo, pais o povo não iem dinheiro para isso, mas vergonhosas filas para se ter direito a um atendimento médico de péssima qualidade, ou filas onde apasentados são obrigadosaficarhoraspararecebcrmiserasquantiasdaPrevídéncia. Fala-se em massa~ de estudantes na China. Mas par que não falarmos em massacre de campontse$,massacredeindios, não na China, não na União Soviética, muito meno, em Cuba, mas sim aqui no Brasil. Vamos falar da fome, que mata mais do que qualquer guerra jlt registrada na história. Porque mascarar a realidade?Porquedefenderumcapitalismoquetemlegadoaospaises do)•mundocondiçõessul>-humanasdevida. Já estamos cheios de tanta fal'$D. Mas toda farsa mais cedo ou mais tarde acaba sendo desmascarada.Atenciosamente, P.S. Espero que minha carta, se publicada, seja publicada em sua totalidade, sem que hajadistorçõesemminhaspalavrascomovocêsfazemcomos fatos(C•rlosAmérleo,Campos • RJ).
NOTA DA REDAÇÃO T ~~~s~~R!:~~c:i! ;~:: gué:$. Temos nesta seção publicadomuitascartasdelcitoresquc elogiamaobjetividadeeaqua~!ª~~:t~li~sa~:~ l~~i~:it: munhoqucnoshonraeincentiva. Porém,acartadestemissi-
vista é de certo modo ainda maiscomprobatóriadaobjetividadedoquepublicamos.Defato,numacartatãoíuriosaesobretudotll.olonga,oSr. Carlos Américo (cujo segundo nome parece ser mais propriamente umprenomcdoqueum sobrenome) não encontrou nada de consistente para nos impugnar. Tudoseresumeageneralidades, inverdade$ e insul1os. Quanto aestestit1imos-quepareçem tersidoescritosparapreencher afa!tadcargumentos-deixcmo-los cair no chão. Pode-se discordareobjetarseminsullar. Tal é, aliás. a regra da boa palémica, que o missivis1a não seguiu. Note-se que para o Sr. Carlos Américo, "Catolicismo" não traz absolutamente nada de bom. Paraelc,todososartigos são hilariantes (ele escreve sem h;aortografia não é o seu forte), e "palavras sensatas" ele aindanãoascncontrouemnossarevista,cornrelaçãoltrealidade brasileira. Nilo se poderia ser mais radical. Seriam insensatas, pais, as palavras que temos publicado deeconomistas,jornalistas,homensptiblicosdeprojeçlloeaté de operários e "assentados"? E seriam hilariantes temas aqui tratadoscomooSantoSudârio, massacres na China, a pabrci:a na Rtissia ou cm Cuba ... ? Protcslamoscontraainjtiria gratuit amentclançadasobretodosos leitores quc nos honrarn comseuassentimento.trarados pelo missivista como "pessoas qucnaotlmconsciénciadarealidade";eemparticularprotestamoscontraoinsu ltodirigido ao Sr. José Fernando Ribei ro de Barros. Se o Sr. Carlos Américo manifestasse seu dcsacordodemodocortésoupelomenos neutro. seria digno de ser levado em consideração. Porém, Maseisquenossomissivistasemostradocumentado! Ele brande estatísticas. É pena, pO· rém, que não indique a fonte deondetirouosdados,para quepossamo5julgarda idonei• dadedela. As porcentagens são assim atiradas ao ar. sem que saibamosdcondeelasprovem. Ora,osdadosmaisrecentes sobreoassuntosãoospublíca• dos pelo 113GE, referentes a 1987, com base no Plano Nacional de Am0$lragem Domiciliar {vol.11, tomol, p,âg. 33). Ees·
CATOLICISMO -
Outubro !989 -
23
ses dados - os mais precisos que atualmente se possuem no Brasil - infclivnente para o missivista, são bem diferentes dos que ele cita: • domidlios sem luz elétrica-JBGE: 17,S•!o;missivista maisde50'11 *domicíliossemãguacncanada - JBGE: 33'11; missivista: 71'-o • domicitios sem filtro 18GE:44,79'h;missivista:6S'11 • domicllios sem geladeira - JBGE: 34,7'11: mis.sivista
,,..
O mesmo IBGE, referente a 1984, fornca dados concernentes a escoadouros: não têm escoadouro ligado a rede geral ou fossa asséptica, 52,15'71 (mas, desses 52, IS'h, 31,l.S'-o têm C$008douro ligado a fossa rudimentar, de onde sobram apcnas21'71). Paraomissivis1a, seria m 85'71 sem escoadouro adequado. Ninguém defende que a siluação e,iprcssa nesses núme-
ros seja ideal. Dcvcmoscsforçar-nos, todos n6s brasileiróS, para melhorã-la. Mas dai aos dadoscatastróficosdafonteignorada na qua l se abcbcrou o Sr.CarlosAmérico,adistãncia é grande . Aliás, umdosobstâculosmaisconsidcràvcisàsolução dos problemas brasileiros é a demagogia que se faz em torno deles. No que tange ã pobreza inflacionada, o missivista poderã consultar também o documentado artigo do economista Carlos Patrício dei Campo, que publicamos nesta mesma edição O que entende o autor da carta por analfabclismo rclalivo, que atingiria 40'11 da população? Ele fica no vago. Tumbém nllo define o que e!ltende por uma ''sociedade moderna" ScrâadosEstadosUnidos?Então. nesse caso, o capitalismo quecletantoabominaSCTiavantajosolãondeelcémai!inu:iramc11teaplicado?Ouserâasociedadecomunistarussa,cujosresultados o próprio Gorbachev tem mostrado serem desastrosos?
DizaindaomissiYislaque, de!l!reosmiseràveisqueexistem no Brasil (e cujo número ele nãoespecificanemaproximada mente) a maioria vive na zona rural.cqueasoluçãonãoconsistecm levâ-losparaosgrandes centros. Estamos de acordo em que não devem ser levadosparaascidadcsosneccssitados do campo. Aliãs, quando defendemos nós tal falsa solução? Jamais. O que defende mos,issosim,éque!hcsdeveriaserfaci litadoodcsbravamentodenossasfromeirasagrioolas, qucoEstadodeveriaabrirmão desuasterrasdevolutas(verda· deiroslatifúndiospüblioos,inoomensuravclmeme maiores do qu eosparticulares)paraque nclastrabalhasscmosquc!lecessi1am Quanto à Reforma Agrária (queomissivistadescjaoomtanta radicalidadequeaté aescrevcu~'Omtodas aslctrasmaiüsculas!), ela tem tratido para os pobres trabalhadores rurais só decepção e amargura. Veja-se a respei to a ampla reportagem
que publicamos cm nossa ediçãodemembrosobreoAsscnt.amento Piri1uba, considerado modelo de Reforma Agrâria, e que na verdade se re~lou um modelo de fracasso. Ou então a anterior reportagem sobre o assentamento do Pontaldol'aranapanema, em nossa edição de março/88 No que se refere aos males da Previdência, apontados pelo Sr. Carlos Américo, constituem um bom nemplo daquilo a que conduz a estatização da medicina e da previdênci3 soc::ial,estatízaçlotllocombatida por es1a revista. Como se v!, as alegações domissivistacontra"Catolicismo" não encontram apoio na realidade. Ele nos parece iludidoporccrtapropagandaesquerdista (esperemos que não seja coniventecomela),quenloccssa de repetir slogans vazios de conteúdo, e ela sim distorcendo os fatos. Fazemos nossas, pois,aspalavrasfinaisdosingular missivista: "lbda farsa aca basendodesmascarada".
CONSTRUTORA
ADOLPHO LINDENBERG S/A
INCORPORAÇÕES - PROJETOS E CONSTRUÇÕES GEtl[Rõb JARQIJ4, 103
24- - CATOLICISMO -
Outubro 1989
6~ e 7° AMPARES
FOME 2 5 6 M L L ~ ~
de divulgação do órgão de cultura "Catolicismo", no Parque Assis Brasil. No presente número desta revista, ''Catolicismo'' documentou com fotografias e depoimentos gravados de pretensos Soa o TÍTULO acima, "beneficiários" da Refor· a TFP publicou no diário ma Agrária, que esta últi"Zero Hora", de Porto Ale- ma os vem reduzindo à degre, em 1~ do setembro últi- plorável condição de favelamo, comunicado refutando dos rurais nas terras outronotícia estampada em 29 de ra prósperas dos municípios agos10 naquele mesmo jor- de ltapeva e ltaberà (SP). nal, sob a epigrafe "TFP Seria de espantar que, em vai embora e a calma volta nosso Pais, no qual se recoao parque". Seguem os prin - nhece aos comunistas o direito de propor a revogação cipais excertos: de incontáveis leis vigentes 1) causa espanto que para implantar o regime soum jornal com já 1ao velha viético, não se reconhecesse experiência publicitária co- aos opositores da Reforma mo "Zero Hora" espere per- Agrária o direito de proclasuadir do espírito agressivo mar cm alto e bom som o e turbulento da TFP um pú- fracasso clamoroso de nosblico inteligente como é o sas leis agro-reformistas. do Rio Grande do Sul, o No dia em que se negasse à qual tem presenciado exata- TFP, como a todos os antimente o contrário, pois viu agro-rdormistas o direito a TFP agir em muitas oca- de proclamar suas convicsiões neste Estado de manei- ções, nosso desditoso País ra exemplar, cortês e pacifi- deviamudarseunomc,pasca. Esse público sabe ade- sando a chamar-se Repúblimais,queessaéa nota inva- ca Soviética Brasileira. riável das campanhas que a entidade vem desenvolvendo de Norte a Sul do Pals. Com efeito, é o que documentam 3.611 atestados cm posse da entidade, firmados por delegados de polícia, jul· zes ou prefeitos municipais, emterritóriosdecujajurisdição nossas campanhas se realizaram.
A TFP DESFAZ INVERDADES
Nos caminhos da Cordilheira dos Andes LIMA - Jovens do Núcleo Peruano de Tradição, Familia e Propriedade, após três dias de caminhada, visitaram ruínas de Puyu Pa1amarca, antiga cidade in. ca, situada a 4.500 metros de altitude. Junto a uma Cruz erguida num dos picos das imediações, os jovens rezaram o Terço, rogando a Nossa Senhora sua especial proteção para o Peru nos dias atuais, carregados de ameaças.
3)
A aíirmação dodirc· torda FARSUL, Sr. Hugo Giudicc Paz - publicada em "7.cro Ho ra" - de que a TFP fizera no Parque As· sis Brasil uma "manifestação
.... deforma clandestina" é autodemolidora. Pois toda manifestação é intrinsecamente uma divulgação pública re1umban1c. O que é o contrário da clandestinida-
2)
A TFP fez, nos dias 26 e 27 do corrente, 16 ho· ras de campanha pacifica CATOLICISMO -
Outubro 1989 -
25
de. Quanto à presença da TFP no Parque de Esteio, era ludo quanto se podia imaginar de menos clandestino. O direito de levantar o stand fora concedido nominalmente à TFP pelo sr. Waldir Antonio Heck, encarregado da Coordenadoria de Eventos da Secretaria de Agriculmra e Abastecimenlo do Rio Grande do Sul.
4) Em acréscimo, o sr. Hugo Eduardo Giudice Paz dirigiu à nossa entidade, cm 30 de agosto, a segui nte carta concernenle à suposla "clandestinidade" de nossa presença no Parque Assis Brasil: ''Cientificado, por documentação Mbil, de que, diferentemente do que me fora informado, a TFP havia locado espaço à Secretaria da Agriculturaduramearealização da XII Expointer, retiro do teor de minha manifestação a expressão: 'de forma clandestina'. Evidentemente, a locação do espaço pela TFP, à Secretaria da Agricultura, retira do episódio qualquer clandestinidade ou ilicitude" .
5)
Cumpre ainda registra r nossa est ranheza diante do fato seguinte: publica ''Zero Hora" na mencionada edição do dia 29-8-89 que "o secre1ârio da Agricultura, Marcos Palombini , justificou a retirada do stand da TFP dizendo que a Ex.pointer não se presta para divulgação de proselitismo polltico. Por isso, também mandou retirar algumas faixas com propaganda do candidato Ronaldo Caiado... " Em flagranle contradição com es1a assertiva, vimos ontem e hoje naquele parque um stand com letreiros da UDR, bem como, em outro local, uma faixa dessa mesma entidade. lemos em nossas mãos fo10grafias do stand e da faixa e o próprio material de propaganda ali distribuído. Quanta contradição e quanto espírito faccioso a empanar o brilho de uma Exposição.
6)
Fica assim demonstrado, mais uma vez, que as versões geradas pelo inveterado azedume de "Zero Hora" contra C5.Sa associação nãotemamcnorconsistência.
Candidatos não acreditam no mito da fome NENHUM DOS CANDIDATOS à presidência da República compareceu ao 1~ Simpósio de Alternati- . vas Contra a Fome, realizado em Brasília, no último mês de julho. Estiveram presentes â reunião O. Heider Câmara e dois representantes soviéticos. O total desinteresse dos candidatos, informa a " Folha de S. Paulo", de 30-7-89, decepcionou o organizador do Simpósio, engenheiro Valdo França, integrante de um grupo de cinqüenta "ecologistas radicais". t!: sintomático que tais políticos - mais do que ninguém, no momento, cortejam eles as massas em busca de votos - não se interessem por esse tema, tra nsformado em milo. Ao que parece, o tal "povo faminto" da mitologia esquerdista nll.o está tão convencido de sua própria fome ... Se estivesse, além do antigo Arcebispo de Recife - presença infalível em tais eventos - e dos russos, cerrnmcme participariam do simpósio todos os candidatos à presidência, obcecados pelos votos. Eis aí um significati vo indício do bom senso do povo brasileiro. Este percebe que nosso Pais, como um todo, como bem aceniua o Sr. Carlos dei Campo em artigo publicado nesta edição, está longe do estado de penúria tão decantado pelo coro de vozes socialistas.
/cOLEGio/4~ ~
NA REVOLUÇÃO FRANCESA, OS GÉRMENS DO COMUNISMO
SANÍ'IAOO - A convite da Sociedade Chilena de Deíesa da Tradição, Família e Propriedade, o Dr. Nelson Ribeiro Fragelli, sócio da TFP brasileira, cs1eve cm visita a esta capital e outras cidades chilenas, proferindo palestras em diversas universidades, sobre a Revolução Francesa, no inicio das comemorações de seu bicentenário. Fundamentando-se na obra básica da TFP brasileira, "Revolução e Contra-Revolução", de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira - a qual serviu de inspiração para o surgimento das outras TFPs -, o conferencista analisou os acontecimentos de 1789 como etapa do processo iniciado com o Renascimento e a Revolução Protestante, visando a gradativa destruição da civiliz.açãocrislã. Expondo e comcn1ando em quadros murais as noticias mais sintomáticas das mudanças e recuos da investida internacional do comunismo, um atuante gru- -t-Po-,:!C'""ttniYCr11i1érios-da-TJ<.P--andina-tem-sc....af: .. _ como polo de ação ideológica anticomunista, atraindo a viva simpatia de numerosos colegas. 26 - CATOLIC ISMO - Outubro 1989
L~_A_R_E_T-IA_N_0_1/_,
Pré-escola !Técnico: 19 grau PATOLOGIA CLiN ICA 29grau SupletiV0 (19e2"graus) semi-internato Rua Jagu a rib e. 699 - Sa nta Cecitia (SP) Fones: 825 •3 136- 8 25-3573 - 825 •3372
Mercadão de Carnes ~ João Cem ~ Só trabalhamos com carnes frescas, diretamente de nosso frigorífico . Entrega a domicílio . Faça-nos uma visita e comprove: qualidade, preços e higiene. Fone: 542-2976
AY. Dr. CardÕso dê Mel0,70:fó(VílãOliilrpii}-=-sãoPaUIO="SP- ' -
l
Loja das Botas Netto & Tavares Ltda.
Botas e calçados Íll'IO$ ~n c3valheiros Confecções sob medida
1½
ILUMINA SUA VISÃO
HORA.. -
VISOTIC
PARA LAVAR SECAR, PASSAR, TODA SUA ROUPA
(011 ) 223- 1114
T, k RulCons.Úí!pRltlO,Hl - l~Wir- ~PUO
CAMPEL
Pc..,... . __ ....... Ja
...,Jm
apllcaçõo de silicone, especial para limpeza de lentes
Serviços: SELF·SERVICE .
ATENDIMENTO DRYMAT
HIGIENÕPOIJS - STA. CECIUA Comércio por Atacado e Varejo dePapéisePlásticosemGeral AV .Pl1 0F ." CARMEM CARNEIR0,502 1504 TEL.10247123,2000 ..,. CA MPOS - AJ
c ~:,"s
FOTOLITO S/C LTDA.
REPRODUÇÕ ES EM LASER
, .., (011) 826-7261
Um produto do ARTPRESS lndUSlrlo Grôftc0 e Edl10IO tido. Ruo .Jovoés, 681/689 - SOo Poulo (SP) Tele fone (01 1) 220.4522
R. Martim Francisco, áOO (01226) - Sõo Paulo (SP)
li Encontro Nacional dos Sorveteiros
CAMPEÃO NACIONAL 1989
FOTOLITO A TRACO• OEGRAOEE• BENOAYS AUTO TI PIAS• COPIAS FOTOGRÁFICA$• PROVA OE CORES
SOIIVETU TIPO ITALIAN O
MASSA Dr l'ÂO Dr QUEIJO
TABELA ESPECIAL P/ EDITORES
ATACADO E VAREJO
AV. 01ÔGENE S RIBEIRO OE LI MA. 2850
ATCN!)jM{NTOA ~CSUU.V.NTCS,CLUB.t:S INl>ÚSTIIIASESOIIYETEIIAS
ALTO DE PINHEIROS
TH., 260-57.U
Retífica Wagner Ltda.
SORVETERIA BONECO OI NEVE tel,
67-2030
R. JAGUARIBE, 6 27-SP.
825-7373
Retifica e peças parn motores Fones: (024 71 22-0 138 e 22 -0238
@AfOLJCTSMO BARCELONA TELEFONES compramos - vendemos adm inistramos - alugamos trocamos e faci litamos todas as áreas Te li·(011)32-'J7l2 - J7-ó769- SaoPaulo-SP
A~êneia
ROA IMPRENSA NoH<:i •~ e co ,u em 6rios ,J.es1inMdo1 •<,r gim do l!noi l e ,lo Exterior
R.Martimf,aneisco,665 - Tel:(011}825-7707 - 01226 - SioPaik-SP
SERVIÇO DE ASSISTENCIA AO ASSINANTE (011) 825-7707 CAT O LIC ISMO - O utubro 19B9 -
27
I
MAG I NE -SE por um instante, rnro leitor, imerso n um mundo de so nh os cm quc lh e fosse possível voar corno um pássaro. Lá do a lt o, numa situaçiio p ri v ilcgii,da para corucrnplar a p aisagem, d esco rtinar-se-iam a lguns aspcclOs maravilhosos ... O so l reco lhe-se lentamente e deixa nas águas o re flexo dourado d e seus raios. SoUrc essa massa <lc o u ro líquido, gracioso como um cisne, alvo como a neve, Jluiua u m castelo de fábulas . P ara rea lçara leveza queocaractcrizaea si metria de suas linhas, o arquiteto ousou construí-lo sohrc o le ito de u m r io, que espelha a invulgar beleza a rq uitetônica e lhe confere uma inconfu n dível nota
it11prcgnad.1 da clcvaçfüi de alma e da harmonia de cs p íritocaractcds ticas d a Civi lização Cristã . De fato, quando o cas1clo de Chcnonccaux foi construído, no século XV I , o ~oi da Idade Média j á havia se pos10. Ent retanto, se us raiós potentes continuaram a iluminar, ainda por algum ternpo, os rurnosdacuhura, d a a rt e e daorganiza~cãos6cio-política dos povos cris1ãos, ass im como na paisagem que figura na foto desta página, e1nboraoculto, o ast ro- rei con t inua a fazer incidir sua luz dou rada sobre o rio Cher, transfigurando-lhe as água~.
d e poesia.
Banhado nessa atmosfera lendária, não é difícil imag inar o c1ue se ri a a vida nesse castelo, cm seus ~éculos de g lória, à noite, com todas as luzes acesas refleti n do-se sobre o rio, e o ~orn da~ mUsicas evo l;u1do-sc pelas jan elas abertas, p ara se pcrd cn: 1n cn1 rc as fl ores de parques gcomctricameme pc rfc icos. Cin1ilan1c sob a resplandecente luz do ocaso, Chenonccaux de5pcrta cm muitos cora,;t1e5, pelo fascínio de seu esplendor, o d esejo arden te de uma n ova aurora ainda mais es pl ên di(h da C ivil izaçã10 Cristã.
A originalidade dessa fauslosa construção, estável sobre lt su 1>erlTde móvel das águas, a elegância de sua fachada, a a ltanaria d e suas torres, o e n canto dos jardi ns e dos bos<1ucs, proporcionam umi, vi~ão de conjuruo deslumbrante para o nosso sonho ...
Sonho? _NiiQ.] R ealidade feérica nascida do gê n io fra n cês, n um a época cm que a i1 rt c ;tÍ nd a eslava
inCQmprcensível desembaraço, o CQm1.mista Roberto Freire "um ateu correto", CQn íorme 0 .Casaldàl iga-põe-se aprcgar: "comu,1i5mo é uma palavra que surgiu a partir de uma organi1.ação (sic!)ligada à lgreja Ca1ólica , segundo a qual os frutosda1 erra e dotrabalho dever iam ser divididos cm comum' . Sllo, pois, cúpulas da burgucsiaedocleroque 1rabalham pela csquerdi zação do pais, e não o povo. ·
ELEIÇÕES li RÚSSIA, PAIS SUBDESENVOLVIDO ''Devemos reconhecer a amargarealidadedequcaestrutura e a efetividade de nossa economia, o estado de nossa base tecnológica e mat erial eo graudeq ua lificaçãodos lrabalhadorcs não correspondem ao n ivel deumpalsdcsenvolvido", comenta $erguei Kara-Nursa , emartigoparaarevistaciemificarussa"SnaiyeNarodu"("Sabcdoria Popular"). Co m cfcito,scgundoumestud o dcCyri lBlack,daUniversidadcdcPrinceton,dcsdearevolução bolchevista de 1917 a Rilssia não passou à frente de qualquer pais cm termosdein di ccs eco nõmicos e sociais per capita. Segundooórgão governamenlal , " lzvcs1ia", uma fa. milia de quatro pcs50a.'l vive c mmld ia oitoanosnu m cubiculo de nove metros quadrados antes de CQnseguir acomodações melhores ... Décadas a fio. o Ocídcme aparvalhado qui s acreditar no mitoda'' superpotência"comu ni srn. Agora,osprópriossoviéti cosdcsfazcm a balela!
1111wrois paro evif,,r ,,ue a mal se propague. local ;,,dicoda para debate e J)QSlerior /ançamen/0 do comp1111h(J: Cenrro éducacionol Sagrado CoraçlJo, no Alto da Boovislo (Rio), Sobreludo em meios co/6/iros era corrente, 1emposa1rás, invttlirron1,aoava11çodaimoralidode, em especial dos pecados con1ra a natureza. Hoje, p0rém ...
ELEIÇÕES 1 Enquanto seto res da burguesia naciona l promovem as candidaturas comuni sta (Roberto Freire) e bri1.o li sta, D. Lu ciano Mendes de Almeida, prcs idcn teda CN BB, nllooculta que também a en1idadc prcíere "um candidato progressista e de es querda". Segu ndo o utras declaraçõe$ demciosetlcsiãscicos,aspreíerê ncias retairia m sobre Covas e Lula. Ao mes mo tempo, e com
AIDS MORAL Umahis16riaemquadrinhos reiro/ando homossexuais, bem como uma/olonovela representando meretri~es - eis o que a ex-prostituta Cubriela Silva leite, do lns1ituta de Estudos do Re/igi/Jo (/SER), vinculada à CNBB, prap{'Js-se lançar numa campanha de prevem;llo can1ro a AIIJS. Fino11dados pela Minislério do Saride, cada um dos /ivre/ru lerá tiragem de J milhllode exemplores. Em nenhum momento, con1udo, éaconse/hadaa abs1enç1Jo dapróticadea1osil/ciloseomi2 -
CATOLI C IS MO -
Nove m b ~o 1989
A ssim, nesse diupasllo de incangn,b,cias, a campanho efeito,al avança movido a ''slogans" votios e oi11su/1ossoews. /,rs/a,,ro-/ie, des/e modo, no Pais, a "democ,acio-sem-idéias" - em q11e o p0bre eleitor, desinfor111oda, owrdida e nauseada. ~se abrigada avotaremraras e 111Joemprogromas. que - se existem - n/Jo 1€111 profundidotle alguma. Seróesto11maa111imicademocracia?
OPERAÇÃO " ENXOTAFAZENDEIRO" Med ia nt coemprcgo detratores, foziseaté metralhadonu, policiais de Toca ntins escorraçaram raundeiros da região de Palmas ,obrigando-osaabandonar suasterras, desapropriadas hácinCQmcscs, mas ainda não pagas.
Meses atrás, no município de Sa nta Vi1ória (Minas Gerais), o INCRA jã ac io nara a rorça p0licialparadespejar os proprietàri os da l'a1.eud:1Cruze Macaúbas,cmanálogMcondiçõcs. At é hà pouco. era m pcrsegu idosossubvcrsivoseosi nva- . sores. E, parn fau r co m que a repressão cessasse, prornoveuse a a bertura . Agora, verificase que a pcrseguiçllo nao cessou. apenas mudou de bordo: os~guidossãohojeos prÔprieiârios rurais - agarrados àunhaeexpulsos d asfazcndas confiscadas! Qucmserâapróximavi1ima?
NOTÍCIAS DO PARAISO DOS TEÓLOGOS DA LIBERTAÇÃO A milamonio igualitária e colelivista sof,e11 outra trombodo dos falos. Dcmkl Ortega. o ditador nkuragiiense, premido J)f'la realidude, tomou medidos d1iríssim11s 1e11111ndo arranjar um pouco o des1raç11da economia do J)ll/s. A refomw ugrário, o es101iwç1Jo e o fim da estfmu/a à pradur;IJo cu usada pelo perseguir;da à propriedade privado eà/ivrei,ricio1ivaacurre1orom um desastre de praporç(Jes inimagináveis. A influ(,'lfafai de 10.000% em 1988! Vin1e mil por cento, feitor, ~od n/Jo leu mal. Or1ega prome1e11 suspender o reforma ogróriu, pagur algo aosproprietóriosdasindúslrias es/alizudas. AMm do mais. demi1iró JQ.000 /1wcio11órios pribficos (equivale fll e aqui o /.500.()()()) ecartaróogoswda &todoem40%. Seuq r,iogoverno p11Iesse l. 500.000 J)f'Ssaos 110 alhoda rim, quolntJoserio o protesto? ló, é normal; vem de 11111 go vema de ex/remo-esquerda ... Or1ega c11/po11 a guerrilha amigovemamen1alpelodesos1re. N/Ja se sabe bem qrie culpa da poderio ler 1111s expropriações de fozemlus e ilrdiistrias e na co/e1iviwçha geral. />rl'l.'iso1111, sem tfúvidu, arr1111j11r um bode expiatório e es/e ntJo poderio se, a revo/11çl10 sa11dinis10, o para/so de D. Casa fdáliga e Frei Ho/f e modelo para Lula. Aliás. após dez unos da revalur;dosondinis111, u Nicoráguo 1ar1/0U-se 11/0ÍS pobre (/Ue O Hoili.
(9AfOUC]SMO SUMÁRIO NAOONAL
Oeleitorbrasileironãopodecontentarseemvotar no"me\horzinho". Entrevista com o Prof. Plínio Coma de Oli-
vrir.l ..
. ......................... 5
MEDIONA Nova tentativa para ampliar o número
decasosemquealegisl,ç)oadmiteo aborlo.Emsentidorontr.irio,documentado estudo da Comissão de Estudos Médicos da TFP impugna como ilicitas
e desnecesdrias mesmo as ooncessõn legaisjáffiStentes ................... 8
INTERNACIONAL MalaHungriaensaiouuma"abertura" e
i' os alemães orit-ntais se aproveitam
delaparaescapatdaopressãoemistlria ....•........................................ 12 PROGRESSISMO O caso do Seminário SERENE-2 e do JTER, em Recife, focos da Teologia da Llbertaçio ................................... 17
~~~ d:
10 M.aº::C~~E;mA~:u~~;?!_sc:1:~~i!r:~~~~ ox~:m~nt:~ ::/iç: de Nossa Senhora cm Fá1ima, no século XX, constituindo uma cadeia de graças especialíssimas distribuídas à humanidade, com certas caractcrlsticas comuns de alcance contra-revolucionário: apontar as calamidades presentes, fruto do afastamento em relação a Deus; pedido insistente de oração e penitência; e a profecia de castigos apocalipticos seguidos de uma vitória espetacular da Sanilssima Virgem na sociedade e nas almas; tudo confirmado por milagres estupendos. 1 1 1 o ~;~:m~:Re~s::-;:1~;~~~P=:!~~ª ::z: : c:~~i;~ i:r:t:i!~· c:s,:r~: de si um afervoramento da devoção a Nossa Senhora, cm termos de comunicação filial de alma e de confiança absoluta na Mãe de Deus, que proporcionam, desde já, uma degustaçllo primeira dos grandes dias do Reino de Maria que virá e cujos rasgos essenciais se encontram descritos na obra do grande após1olo marial do século XVIII, São Luiz Grignion de Monifon.
~ª
AMBIENTES, COSTUMES A ditadura da moda, embora sob for. masdi\lfl'Sil!i,vemseeXl.'rtendonoOci-
dentedesdefinsda[dadeMédia ... 20 RELIGIÃO Suplemento especial: Nossa Senhora das Graças e a revelaçào da Medalha MilagrosaaSantaCatarinaLabouré(história,profeciasemilagres) NOSSA CAPA
lmogtm de Noou S..nhOT• da. Gra,;a,. S..dc "Pr-toSum",daTFP,r\llc.pllalpaulista
''CATOUCISMO"
t
~ ·e;:r~;~~:~T;n;::,r~-:C:~e~::~:::cºn;; p~c:;:i:~~~~~aª:: sa série admirável de aparições; Nossa Senhora das Graças, que aparece a San. ta Catarina Labouré, na capela da Rue du Bac, em Paris, e lhe revela a Medalha Milagrosa. Nossa Senhora das Graças, com seus braços estendidos e acolhedores, a distribuir sem cessar seus favores, é a imagem afetuosa desta devoção. r'\I ZER QUE O TEMA é atual, é pouco. Ele tem valor perene. Por isso dediLlcamos na cdiçllo deste mês, cm que se comemora a festa de Nossa Senhora das Graças, um suplemento especial para relatar, resumidamente embora, o histórico das aparições na Rue du Bac, o cumprimento das profecias feitas por Nossa Senhora para os anos subseqüentes, e o caudal de graças que dali se originou. E também as perspectivas para o Reino de Maria.
uma publiqçlo mmsat
:m~:~1oi:=.:ic!:'n~omesLlda.
!:~Tir_;-,:';-!',~t; ToOah.-1 - Rqi,111, ~ - - - F . . - . M J -01126 -Slo
Pulo,SP/R•Stt•deS....bro,lm-21100Campot,RJ. G.rf....:MuaMlrtimFrucioco,66S - Qlll6-Slo
Pa•lo.Sf' - Td:f011)1W .t707.
V~!~:
1
~~i~:a~:1~~~: :":t~~~:~~~a;oad~~:~: ::oc~:d~~~~o;n~~:mª,P~: quase tanto, sobre problemas-chaves do Brasil, como a imoralidade galopante e a socialização crescente. O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira concede entrevista esclarecedora sobre as eleições presidenciais deste mês.
r---"'":<--. • i-tirde.,,.._ r<n«1""'por '-C..,.,,_.., _ , $/A Gifa • Eddor1 - RqMoirinquo,%-51ohulo,SP ,.,._,Artpr$ - lodi><lrioGrir,.., Edi1or1 Ucla. -R01 J1<1é>,6111619-0IIJ0-$1oPllllo.SP. hni...i.i:a<l< . .,wf..,,....,;c,.....,.._ bmo~--.,O,.A-.o,pOadhâormlmla ......... , ........... pOdo: .... ....-liO«faól:
~{:::::.:::.:~
s lho que tes,
~cs~~~:b~~
~~~:~:i:a ~~u!~::;:;:::~e::o~~s~~~i::~~r~::~~r~~: uma doutrina segura, uma argumentação sólida e o apelo insistente para cesse de vez em nossa Pátria qualquer favorecimento da matança de inocenque brada aos Céus e clama a Deus por vingança.
CATOLIC ISMO - Novembro 1989 - 3
distinguindo. c lassificando ...
DO CONFESSIONÁRIO Ã TELEVISÃO
A
CENA é apresen1adapela telc-
visão. No pri·
mriro plano há um vi-
dro opaco, à man~ra de biombo. Detrás dele, um vulto humano se move. Para evitar qualquer possibilidade de reconhecimento, seu rostoestàademaisrccoberto por uma máscara. Os telespectadores
est!loatentos. Odesconheddocomeçaafalar; sua voz é veiculo das piores intenções e relataosfatosmaiscscabro-sos: está pensando seriamente em matar o próprio pai e asfbi:iar a mãe. Noutro dia, a mesma cena; a voz desta vez é feminina: declara-se viUva e diz ter contratado um homosse1tual para atrair seu filho, pois teme perdê-lo para outra mulher? E assim,
a cada dia, o programa apresenta as "confissões" de um novo individuo.
Ummtdicoanestcsistadeclaraterparticipado já de vários assassinatos de velhos ou doentes graves, enquan10 um pervertido que vive às custas de mulheres relata detalhes escab rosos de sua "profissão". Nlo estamos inven1ando, os dados são reais. E não se trata de artistas encenando, mas de pessoas que efeti· vamentescapresentam para "confessar-se" ao público. O programa realiza-se na Itália, no canal RAl-3, tem atraido grande audiência e, segundo informou a revista "Der Spiegel", "produtores alemães estilo disputando a liefflça para utilizar a fórmula na TV da Alemanha". O programa, chamado ''lo Confesso", como facilmente se percebe é uma paródia do sacramento da peni1ência, quc se alinha à fileira cresccntedcsacrilégioseblasfêmiasdomundo moderno. Qualquer dado sobre a identidade dos "peni1entes" é mantido no mais absoluto sigilo. Os produtores afirmam receber cerca de cem telefonemas diários de candidatos à "confissão", que desejam revelar
.f -
CATOLI C ISMO -
Novem bro 1989
seus problemas mais in1imos devido a ''uma necessidade profunda de desabafo".
O sacramento da penitência, instituido por Nosso Senhor Jesus Cristo, é a seu modo uma prova da divindade da Igreja por Ele fundada. De fa. to,queinteligênciameramcntehumana poderia excogitar um 1al remédio para o pecado? Se nilo fosse divino, seria uma loucura. O pecado. além de ofender a Deus. deixa na consciência do homem um peso insuportável, uma angústia de fundo que nada remedeia. O sacramento da penitência - com a confissão arrependida dos pecados e a absolvição - nos obtém o perdão efetivo da ofensa. Mas hà mais. Quem, com alguma experiência da vida e com a prática da Religião católica, jà não sel)liu alguma vez, após confessar-se. aqueleleni1ivo na alma, aquela sensação do perdão obtido, uma inundação de paz que nada substitui? O sacramento da penitência, atém de perdoar as falias, vem preencher uma necessidade do pecador de ser ouvidoemsuamiséria,dcseramparadoem sua queda, de ser confortado em seu soerguimcnto. Aquelas longasfilasqucpresenciàvamosantigamcnte, de um lado e outro dos confessionàrios, cons1ituiam um reconhecimento público e humilde da
condição pecadora da humanidade, manifestavam a beleza do arrepend imcn10 e osten1avam a confiança no perdlo. C hegava a ser emocionanlc contemplâ- las no scu deslocamento vagaroso e intermitente, no seu silêncio recolhido e orante, em que a dor e a esperança se osculavam. Cada qual aguardava o momento precioso de ajoelhar-se, ab ri r suaalma ,baternopcito e ser absolvido. O que vemos hoje? O sacramento da penitência vem sendo a ntipat ii.ado, vilipendiado, esvaziado de seu significado profundo. Os confessionàrios foram "desa1ivados" cm quase todas as igrejas. E as confissões, cada vez mais raras, fazem-se agora em salas comuns - ou em confessionários dos quais foi retirada a divisão de madeira que separava o confessor do penitente - ambos sentados frente a frcn1e conversando, mesmo quando se trata de senhoru ou moças, com não pequeno cons1rangimento para o pobrefiel,scm falar dos inconvenientes morais. Não é de estranhar, pois, que com tal "pastoral da penitência" os fiéis sevejamcadavezmaisafastadosdessaprâ1icareligiosa, comtodasasconseqiiências mesmo psicológicas desse afastamcnto:distúrbiosncrvosos,insegurançasetc.Parapreencheressalacuna, proliferam os divãs de psicanalistas. Só que neles não se concede o perdão dos pecados nem se devolve às almas a paz interior ... ~ nesse contexto que aberrações televisivas como a acima descrita passam a ter êxi10, não só junto aos que estilo tomados pelo gosto de exibir-se, mas também em relação às mirlades dealmassemrumo,desvairadascenlouquecidas pelos próprios pecados e pela falta de um confessionârio acolhedor.
e.,
,,,,
"0 ltas\\ metece mu\\o ma,s 1
,,
Atendendo ao pedido de Inúmeros leitores, interessados em conhecer a opiniôo do Prof. Plínio Corréa de Oliveira. presidente do Conselho Nacional da TFP, a respeito das eleições deste mês, publicamos a entrevisto que ele concedeu com exclusividade a "Catolicismo".
CATOLICISMO - Prof. Plínio, o que o sr. pensa a respeito do quadro eleitoral brasileiro?
PCO - Na realidade, o quadro eleitoral parece renovar, em alguma medida, o que jã descrevi pormenorizadamente em meu livro "Projeto de Constituição Angustia o País", no qual analisei, entre outros temas, as eleições para a Assembléia Cons1ituinte, realizadas em 1986. Por certo, é elemento vital da democracia que todos conheçam o candidato cuja opinião confere com a sua. Que cada eleitor tenha uma idéia clara dos problemas do Estado e uma noça:o definida a respeito do que deseja cada candidato a cargo eletivo. Isto é a própria nervura vital da democracia. Ora, uma vez chegado o período de preparaça:o eleitoral, como expliquei naquele livro, começou um estilo de propaganda, o mais lamentável possível. Em vez de ser a propraganda dos programas dos candidatos, era a propaganda da cara dos mesmos. Lembro-me de ter visto, CATOLICISMO -
Novembro 1989 - 5
naquela campanha para a Constituinte, um desses cartazes de propaganda com a eara enorme de um homem, e apenas os dizeres: "Fulano de tal, é federal". Então, votava-se nele por causa da cara! Alguns candidatos achavam que o próprio rosto aparentava ser o de um homem simpático, afável, acolhedor, e que tem o jeitinho de arranjar emprego para todo mundo que pedir. Para isso, sorriam á maneira de máquina de dizer sim, que já fosse dando tudo o que se lhes pedisse, inclusive coisas improváveis, coisas que seriam do interesse do Estado não conceder. Outros candidatos julgavam que o partido que podiam tirar de sua cara era dar a impressão de serem homens estudiosos, compenetrados com os interesses nacionais. Arranjavam um penteado convencional de homem estudioso, faziam-se fotografar com uma pastinha debaixo do braço, ou então com uma pilha de livros diante de si. Mais interessante era o candidato milagreiro. De vez em quando aparecia um hmm:m, tirado de repente do nada, ou pior, de um passado negativo. Assim "selecionado" o candidato, dizia-se: este é o homem! Vai resolver todos os problemas do Brasil. E havia uma multidão de otimistas que já iam admitindo: ah, é esse, é? Então vou votar nele. Criava-se uma espécie de corrente quase magnética de simpatia reciproca, e a mídia começava a repetir que fulano ia resolver isso e fazer aquilo. Sobre o passado dele, discrição, porque no passado ... Conforme o dinheiro que corria na campanha, ele vencia. E vencia - coisa mais extraordinária - como se tivesse sido eleito pela massa, quando a pobre massa fora manuseada por um certo capital. A massa dizia que ele era a soluçao, porque a maior parte da mídia inculcava ser ele a solução. Entlio, sucedia que o macro-capitalismo publicitário pesava de modo decisivo na opinião pública. Esta nào era formada pelo estudo, nem pela reflexão, nem por uma tradição doméstica ou por uma tradição cultural, adquirida em alguma universidade, onde se tivesse estudado, não era formada por nada, mas pela apresentação publicitária magnética e repentina do "salvador". O que se podia esperar como resultado de uma eleição que tinha como rai z a irreflexão? Pode-se esperar que de um copo vazio saia a água para matar a serie? Nôlo. De um voto vazio de pensamento não pode sair uma solução bem pensada. CATOLICISMO - Bom, tudo isso diz respeito ao passado, um passado relatframeme recente, é rerdade, mas enfim, é o passado. A entrerista que o Sr. está me concedendo deYe rersar sobre o presente. A respeito deste presente que está ai, yfro e palpitante, o que me diz o Sr.? Em termos concretos, peço-lhe que me fale sobre as eleições presidenciais de 15 de noYembro. Sobre o ponto-cha~·e por excelência, que é sua apreciação acerca dos presidenciáYeis... Emfin1d, 1987, iníciod, 1988, a J'J,'P,jatuoug,and, campanha pública dé ~nda dn abra "J>rajuo d, Canstituifãa angudia a J>aí, ", trndo •• t1go1tuia dua1édíçix1 do livro, na tolald, 70.000éx,.,,p/a,,s
PCO - Ao longo de toda minha vida, sempre evitei questões pessoais. Só as questões doutrinárias têm sido tema de meus pronunciamentos. Nessa perspectiva, evitei de tratar das próximas eleições, pois, a bem dizer, na presente campanha, quase só estão pondo em foco temas pessoais, acusações reciprocas de uns candidatos contra outros.
Mas, precisamente nisso, as próximas eleiçoes estão se revelando uma reedição das eleições para a Assembléia Constituinte, em 1986. Só que em plano mais alto. Pois visam eleger o Chefe de Estado. Ou seja, o personalismo trivial e rasteiro do pleito de 86 se repete, quiçá ainda mais acentuado, na campanha eleitoral de 89. Para constatá-lo, basta lembrar aqui o debate entre presidenciáveis travado na TV Bandeirantes, no dia 17 de outubro. Por isso, estendendo-me sobre as eleições de 86, pretendi falar implicitamente do pleito de 89. "Para bom entendedor, meia palavra basta" ... E os "bons entendedores" enxameiam no público brasileiro. CATOUCISMO - Mas, em última análise, hd alguns candidatos que silo um pouco melhor:inhos do que outros. Não valeria a pena saber quem são eles? PCO - De imediato, é possível que alguns candidatos sejam melhorzinhos do que outros, mas o bem do Pais não consiste em nos contentarmos com tão paueo. O Brasil merece muito mais, incomparavelmente mais do que essa situação. E, portanto, é preciso exigir absolutamente, dado que estamos num.i democracia, que o jogo democrático se cumpra, e se cumpra com a mfdia ajudando o público a formar correntes de opinião que exprimam as tendências a que os diversos segmentos geográficos ou sociais delas são propensas. O maior bem do Brasil não consiste cm escolher o melhorzinho ou o piorzinho - escolha aliâs duvidosa - mas consiste em dizer: nós queremos tudo, cm outras palavras, queremos para o Brasil que se escolha o melhor, que se escolha o ótimo. conhecidas bem as idéias de todos. E concedendo a todo mundo a liberdade de se exprimir, dever-se-ia repudiar quem pleiteasse votos sem ter programa, ou que apresentasse um programa que não fosse - para usar uma palavra moderna - abrangente. Isto é, um programa que tratasse do conjunto das questões nacionais, e que expusesse as razões de cada propasta. Ê preciso que os partidos paliticos ofereçam ao público ideais definidos, baseados em argumentação, apresentada com seriedade. Só assim pode-se esperar algo de bom. Por isso, sem recomendar a abstenção de voto, parece-me conveniente que os homens públicos situados fora da política não alimentem o presente debate eleitoral par sua participação nele. Seria alimentar um pernicioso fogo de palha. Esse alheamento á controvérsia eleitoral desprestigia os pleitos vazios e prcpa· ra o público para exigir, dos partidos políticos, futuros pleitos substanciosos e à altura do Pais. CATOLICISMO - O Sr. jd enunciou tais propostas atra~·és de órgãos da grande imprensa diária? PCO - lenho escrito na "Folha de S. Paulo", que f:. um jornal de larga circulação nacional, mais de um artigo a esse respeito. E o tenho feito argumentadamente, exprimindo meu pensamento, que sei constituir também o modo de pensar bastante generalizado entre quantos têm consonância com a TFP.
Opúb/iCQ,,nlmp<Jmoolar <mqucm?Cadaqua/o u,.be. l'o•q ~rli'JU<n<'ionooutro? Qtw.,cninguimo,abe.
CATOLICISMO -
Novembro 1989 -
7
A TFP denuncia tentativa de introduzir no Bra sil
A MATANÇA de INOCENTES A ""''"11f"dlJ.li Ín«"1llu -
POR MEIO DE notícias veiculadas pela imprrnsa, o público brutltlro lem se inteirado de que se nlli arlkulando uma tentativa de amplo akaace para legali:i:ar o abono no Brasil. Tendo em visla o perigo de que seja reconhecida e incenlh·ada pela lei esta matança de Inocentes em nossa Pálrla, a Sociedade Brasileira de Ddna da Tnidiçio, Familia e Propriedade -
pin1.,..., d~ Fro. AniJlko, 1k. X I V -Miu.er,deSõo /lforcw, F/ore,v;o
TFP, alravk de sua Coml.ssio de Estudos Médicos, f.el a seus propósitos dc- lutar pda ddna du Instituições bibicas da civilizaçio cristi, lança um brado de alttla ao povo brasUeiro, cbamando su• alençio para o canliler criminoso dessa lnldaliva, atentatória à lei divina, à lei natural, à l'ida humana e à in~tltulção familiar. Este pronunciamento é Inspirado na dou1rln11 c111tólica, na verdade clentlrica e no desejo de servir ao Brasil.
PRETEXTO de que o número de abortosil.egais realizados no Brasil é muito grande, bem comoodemulheresquemorrememconsequêncíadessapràticacrimlnosa,pessoaseentidades favoráveis à liberalização e legalização ampla do aborto encontram-se em grande aiividadeparaobteressameta,atravésda elaboração de leis ordinárias complementares à Constituição. Números assustadoramente elevados de abortos ilegais e de casos fatais deles decorrentes costumam ser apresentados, por partidàrios da legalização do aborto, como argumento a favor da mesma. Porbn, tais cifras nem sempre correspondem à realidade, e muitas vezes são de um exagero evidente. Um exemplo da atividade pró-legalização do aborto é a resolução da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo tornan do obrigatória a prática do aborto nos serviços de saúde da rede pública do Estado, nosdoiseasoscmqueelejãélegal no Brasil. Ou seja, quando a gravidez resulta de
8-
CAT O LIC ISMO -
cstuprooupõcemriscoavidadamãe,scgundo estabelece o artigo 128 do Código Pcnal.Talresoluçãoasscgu raaosmédicos, individualmente considerados, o recurso à objcçãodeconsciênciaparanãorcaliz.aro aborto: porém obriga a insti1uiçllo, enquanto tal, a rcalizá.-lo(cfr. "Folha dcS. Paulo", 23-2-89). Essa resolução foi seguida por outra da SceretariadcHigieneeSalldcdoMunicípio de São Paulo. Assim, também os hospitais municípais passarão a fazer obrigatoriamente o abono legal nos dois casos previstos pela lei (cfr. "Folha de S. Paulo", 24-2-89). E também já foi sugerida a realização de um plebiscito no País para uma consulta popular sobre a legalização do aborto (cfr. "Folha de S. Paulo" e "Jornal da Tarde", de 28-4-89). Osprincipaisargumcntosqucaíloram das declarações feitas por autoridades públicas, ou por grupos e entidades favorà· veis à legalização do aborto, são os seguintes: - A moral, a ética ea legislação devem scadaptaraoprogressodacíêncíaeaos costumes da sociedade. - A!egaliz.açãodoabortofazdiminuir amorbidade e amortalidadematcrna,bcm como o nllmero de abonos ilegais e até o dcabonosemseuconjunto(legaiseilcgais). - O uso dos contraceptivos, difundido e orientado por programas de planejamento familiar, faria diminuir o recurso ao aborto ilegal e, supostamente, tambtm aolegal.
No,w1bro 1989
- O concepto, em suas primeiras se manas de vida, não deve ser considerado como pessoa humana, sujeito de direitos. - A mulher tem o direito de dispor de seu próprio corpo. Consideremos agora a falsidad e desses argumentos.
A ciência e a lel devem confonnar-se ó moral Para os partidàrios do aborto, é a moral que deve adaptar-se à ciência, e não o contràrio. Essa man eira de ver as coisas, porém, é oposta ao pensamento católico tradicional, segundo o qual nem ludooqueépossível fazer,emvirtudedosavançosdaciência,é!icitofazerdeacordocomosprcceitos da moral. "A técnica jamais poderá
subtrair-se ao julgamento da moral, por. que ela existe em funç4o do homem e de ruas finalidades . .... t verdade que a evoluç40 das 1écniros 1orna cada vez mais fácil o aborto precoce, mas a a~·aliaç4o moral do mesmo ntJose modifica" ( 1). Aindasegundoaargumentaçllodospartidários do aborto, não só a moral, como tambémalegislaçãodoPaisdcvcriaadaptar-s,., aosprogrcssosdaciênciacaoscostu· mesgencralizados da população, por mais imorais,criminososouantinaturaisqueestes fossem. Ou seja, legalizar aquilo que "todo mundo faz''. Entretanto, tal como acontece em relação à ciência, também a legislação de um
-·1:.J•JrJi• paisdcveconformar-scaosprindpiosimu1ávcisdamoral.daleinaturaledalcidivina. "Faz parti' dos dei'l'res da autoridade
Realmente, muitas mulheres,pormotivosdivcrsos, de~jam manter secreto o aborto, o que seria difkil sefossercalizadopormcios lcgaiseminstituiçõcspúbli-
pública agir de modo que a lei âvil seja regulada pelas normas fundamentais da lei moral na11uilo que cuncerne aos direitos do homem, da ,•ida humana e da institui• çtiofamiliar"(l).
"'·O seguinte depoimento, por exemplo, vem tia Jnglacerra, pais onde o aborto foi legalizado em 1967: "l
O perigo real dos abortos "legais" Outra alegação dos partidários do abaortoé adcq uecoma legalização,osabortos passariam a scr feitos por pessoal habilitado e competente, em hospitais da rede pública de saúde, com toda a segurança na sua exrcução e com risco mínimo. Ora, issonãotvcrdade. No Japão, por exemplo, após 20 anos de aborto legal, uma pesquisa feita pelo governo denunciou as seguintes complicações pós-aborto: esterilidade cm 90,. dos casos; abortos cspomãneos habituais cm 14%; aumento de 400~0"\los casos de prenhez tubãria; irregularidades menstruais cm 171ft; dores abdominais, tonteiras, dor decabeçaetc.,cm20-30% (3). A casuística de um hospiial-escola da Inglaterra mostra, nos casos de aborto legal, complicações por infecção em 21'h dos casos, nccessidadcdetransfusão sa ngui neacm9,Slli', , rupturadomúsculo cervical em S'lt dos aborios por sucção e curetagem, e pcrforação da parede uterina em t,70/o. "t significativo que alguma~· das
complicaçtJes mais süias ienham ocorrido com os mais antigos e experientes of)l'rado-
res" (4).
Nos Estados Unidos a situação não se most rou diferentt: "É certo que um mímero maior de mulheres morre agora, de\lido
certo que n(Jo houve diminuiçlJoda número de abortos clandestinos enue nós, desde /967"(6).
Clama a Deus por vlngan9a Sobrctudo,alcipositivahumananãopodci rcontraatcinaturalealcidivina. E ambas preceituam de modo claro o "nao matarás'',considerandoohomicidio voluntário con tra um inocente como umcrime,e atécomoumdospccadosquebradamaos cfos e clamam a Deus por vingança (7). E todo aborto provocado, direto e voluntário, constitui um homiddioperpetrado contra um .ser humano inoccutc e indefeso: portanto, um crime e um pecado que brada aos céus e clama a Deus por vingança. O reconh ecimento do embrião recémformado como constituindo um .ser humano, sujeic o de direitos, não é írutoapenas deoonsideraçõcsfilosóficas,jãdesialtarnentc concludentes, mas também de uma constatação objetiva de caráter científico, cm virtude do progresso das ciências biol6gicas, mais cspecialmc111e da gcnética e da em briologia. Aes.serespeito,assimsepronunciauma autoridade internacional na matéria, o Prof. JerômeLejeune,catcdrãticodegené· tica fundamenta) na Faculdade de Medicina da Universidade de Paris, e membro da Academia Pontifícia de Ciências: "A
No =•f>í,,nt~ d, lixo dr um hospital•rsrola canadnur. o,;,.;,. Iro ruu/tado ,/, uma mo,ih,; ,/, trab,,/1,o: serri humano• com a i,/ade feia/ dr d~:roilo a,·i11t~ t qu,.lru s~mam11 abortados
ao aborto, em New York City. do que antes da promulgaçiJo da lei f)l'rmitindo o aborlO por mera solicitoçlJo; l' que a maioria dessas mortes 1em sido conseq11ência dos abortos legais, enllodosileguis"(S). Tarnbémaespcrançadcqueadespenalização vã reduzir o núm ero de abortos clandestinos, e até o número total de abortos, não corresponde à realidade histórica. Em paisesondehouveessadespenalização,a experiência most rou não só um au mento acentuadodonúmerototaldeabortosrepresentandoasomados legaiscdos clandestinos - como até mesmo um aumento destesúltimos,apesardakgalização.
Você mataria Beethoven! O JORNAL "A Ordem", do Porto (Portugal), publicou tempos atrás instrutivo diálogo imaginário entre dois médicos, a respeito do aborto. Diz-se que tal diálogo teria sido criado por Benjamin Constant, conhecido cientista político francês do século passado. O colóquio é o seguinte: - Suponhamos que você seja o médico de uma familia em que o pai é sifilítico, o primeiro filho é cego, o segundo nasceu aleijado, o terceiro tuberculoso, o quarto oligofrênico, e a mãe, que espera o quinto rebento, vem-lhe pedir que faça um aborto. O que faria você'? O outro médico responde prontamente: - Neste caso não teria dúvidas em atendê-la. Seria mais do que justo. O primeiro médico, jocoso, arrcma1a em tom fu lminante: - Parabéns! Você acaba de assassinar Luwig van Beethoven! .. A atirnde irracional, precipitada e pecaminosa do médico abortista teria assim não só privado um ente do mais elementar dos direitos - o direito à \lida - mas impedido a humanidade de enriquecer-se com um inegável talento musical.
vida tem uma história bem longa, moscada um de nós 1em um início bem precisu, o mo111en10 da co11cepç1Jo . .... logo que os 23 cromossomas J)(lternos 1ra:idos J)l'lo esf)l'rmato:óide e os 23 matemos 1ruúdos pelo óvulo se unem, toda a i11formaçiio 11ecessária e suficiente J)(lra a constituiçllo gené1icadonol'Oserhumanoseenrontrareunida"(8). No mCll rno sentido se pronunciam os ginecologistas espanhóis J. Jimenez Vargas e G. Lopes Garcia, pro fessores na Universidade de Navarra: ''A vida da pessoa huma-
na começa 110 processo de fertiliwçOo; desde que se produz a Jusilo do ó~ulo com o espermotolóid,, aquilo f um ser humano. E o é 1an1onaprimeiradivis1Jocelularcomo na primeira sema11a da gral'idez ou nas CAT O LIC ISMO -
Nove mbro 1989 -
9
rascsmaisavançadasdefetoerectm-nascido"(9).
A condenac;õo lnequlvoca da Igreja Porml, tratando-se deum assunto que deve ser considerado principalmente à luz da ft e da moral, como t o caso do aborto, muito mais importante que o pronunciamento de qualquer autoridade cientifica ou polltica é o pronunciamento da Santa Igreja. Enacondenaçãoscveraaoabortodiretamente provocado, a doutrina da Igreja semprefoiamesmaaolongodesuahistória, e continua a sê-lo. Ela não mudou nem pode mudar; é imutãvel: "O respeito pela vida humana impl)e-se desde o momrntorm quecomf'ÇOII o processo da geraçllo. Desde quando oóvulofoifecundado, encontra-se inaugurado uma vida, que n4o é nrm o do pai nem a da mlle, mo.sadeumnovoserhumono que se desenvolve por si mesmo. .... Ora, do pomo de vista moral, istoécer10, mesmoqueporventurasubsistisseumadúvidaconcernentt ao fato de o fruto da concepç4o ser }6 uma pessoa humana: éobjetivamente um pecado grave ousar correr o risc:o de um homicldio. t j6 um homem aquele q11e o viriaoser"(IO). Em seus numerosíssimos
a mulher, obrigando-a a submeter-se ao procedimento abortivo). A mulher, nlJo raramenre, nllo incorrerá na excomunhllo, porenconrrar-sedentro dascircunstOncias alenuantesdocân. /324,ll,JOe.5""(11). Ou seja, amulhersónãoincorreráem excomunhão se se submeter ao aborto sem o consentimento da vontade, movida por paido ou coação (12).
Aborto "terapêutico", lnJustlflc6vel pela moral • pela ciência Antes de terminar estas considerações sobre uma eventual ampliação dos casos em que o aborto seria legal no Brasil, de.,.emos recordar que elc não se justifica nem
Neste sentido declarou Pio Xll: "Salvor a vida da mlle é um fim nobillssimo; porém a mor1e dire1amente provocada da criança como meio para esre fim nllo é liâra. A destruiç4o direta da chamada 'vida sem valor', nascida ou ainda por nas«r, praticada em grande número nos últimos anos, nllo se pode de modo algum justificar" (14). Atualmente,comosprogressosdamedicinarealizadosnasúhimasMcadas,agravidez praticamente já não representa uma ameaçaparaavidadeuma mulher enferma, qualquer que seja a doença de que é portadora,desdequeadequadamemea.ssistidacomosrccursosqueamedicinahojedispõe. Já não hã indicação para aquilo que seriaochamadoaborto"terapêutico"(l5).
r;o~t~~~mt:osf~:t~°s!::t~ Ma,iifut,i,1/u pr-6-abar10 .. . e a,11i-abor10 dinnu do uiifu:io da Sup~m,, Carl,, na capital nort,-amm"Mna, confirmar a doutrina de , mjuthoMttimo, apó,adttú&>dtuJutlt:tribu""tthj>trmi1frkistUâmbi1ontàd..,,,/.a1ringindopni1icn.1abar1is1,u seus predecessores sobre o aborto. Tumbém é bastante significativo que, mesmo nos dois casos em que já é permitiPortanto, o que deve ser modificado no atual Código de Direito Ca11ônico, pro- do por lei, ou seja, quando a gravidez re- nalcgislaçãobrasilciraéexatamenteemscnmulgado em 1983, o aborto provocado figu- sulta de estupro ou põe em risco a vida da tido contrário ao que desejam os partídãra entre os poucos delitos ainda punidos mãe. riosdo aborto, ouseja, colocar fora dalci comapenadecxcomunhão: "I) - N4o é licito jamais provocar o mesmo os casos que atualmente são consiCânon 1398: "Quem provoco o aborto, aborto, ainda que seja para salvar a vida derados legais. De tal modo que no Brasil seguind<>-se o efeito, incorre em excomu- da m4e ou a reputarllo de uma jovem viti- todo aborto direto \·oluntário, por qualnhllo la1ae sen1entiae''. ma de estupro (cfr. Denzinger J/84, quer motivo, seja considcradocrime e traiado como cal. Easinstituiçõesdesaúde,púEmnotaao~dapâgina,ocomentaris- 2241-2244). taacresccnta: "2) - O chamado aborto 'terapêutico' blicas e privadas, totalmente proibidas de ''Advirta-se que o cânon nllofaz nenhu- é tllo /licito como o aborto criminoso, j6 rcalizá-locscveramentepunidasseofizcrem. ma rxceçllo quanto aos motivos do aborto. q11eofim nuncajustificaosmrios"(l3). A excomunh(Jo atinge, portanto, também Alémdissoéindispcnsávelteremvis- Contraceptivos aumentam os que ff'(l/izam o aborto no caso de estu- ta que a vida do embrião, em si mesma o número de abortos pro da mulher, de deformidades do feto considerada, tem o mesmo valor que a ou de perigo de vida da m4e. E atinge por vida da mãe. São duas vidas distintas, Por fim, mais uma esperança infundaigual a todos os que, a cilncia e consâén- com seus direitos próprios. Não pode ha- da que é necessilrio desfazer: a de que o cia, intervêm no pr«esSo abortivo, quer ver o dilema de sacrificar uma para sal- uso difundido dos contraceptivos faria dicom a cooperação material (mMicos, enfer- var a outra. Nãotlicitoeliminar avida minuir o nômcro de abor1os. meiras, parteiras etc.), quer com a coopera- que teria "valor menor", ou seja, a do Ora,éumaconstataçãohisióricauniverçllo moral verdadeiramente eficaz (como o filho, para salvar a de "maior valor", sal que exatamente o oposto é que ocorre. marido, o amante ou o pai que ameaçam queseriaadamãc. Em todos os países onde o uso dos contrat0 - CATOLICISMO -
Novembro 1989
A,-nifut(l(iiu OOnll'YIO/loorfO
multiplimra"'•"""'
t:.1adolU,.i,Jo,,...., ano,8(). NafoU>, ~"'
lt jllJ,,",otlon, ,,,, 1983.
ccptivosfoiamplamcntedifundidocpropagado, o nllmero de abortos aumentou imediatamente. E a explicação é simples e evidente. O h!bitodorccursoaoscoRlraccp!ivoscria umamcntalidadeantinatalista,cujamaior preocupaçãoénãotcrofilho.Seaingestãodocontraceptivoéncgligeociada,esquecida, ou se o contraceptivo falha e surge umagravidezindescjada,orecursoaoabor· to se impôto, a uma conM:ilncia corrompida, quasc como a única solução vilida. "l conhecido a profundo 1ransjo,mordo ideológica e psic:t>-sttuaf qw o hábito dos rontrattptfros produz 11as mufh~ts. .... lf6 muitas mulheres qut, tmbora nllo dmjQS5i!m a gravide~ olhavam com hor· ror o oborfo quando ainda nlJo u haviam tn/regue ao uso dru co111ractptivos; es/os mamas, depoisdeutiliz4-lospora/gum tem· po, passam sem dificuldade ao 11borto quan· do o 00111,oceptivo falho . .... Tbda fac-ili/a· rio ltiol ao emprego dos rontro«ptivos é umafuz l'tfdeaooborto, mtsmoqueoof>or. /Orontinutsendoifegaf"(l6).
Rumo a uma mentaHdade anti-vida Umadaspiorcsconscqülncias de uma JcgislaçlO permissiva quanto i contracepção e ao abono é a de criar na população uma mentalidade generalizada, embora cmgrausdiversos,quenãoéapcnasantinatalista noseusemido maisestritodcevitar os 11ascimcntos. Ela vai evoluindo de um modo mais amplo para se converter numa mentalidade anti-vida. Pois quem ji era fa. vorivel t, contracepção e hoje é ía\or;h·et aoaborlo,amanhãseriía\·Oràveliculaná· sia. Se uma criança ames de nuccr pode scr eliminada porque scu nascimento não é desejado e seria um peso ou um estorvo para os pais (ou porque poderia vir a nasccr com alguma doença congênita ou hereditária), por que não eliminar também um ancião inválido ou improdutivo, cuja manu-
tençãoemvidareprcscntaumsacrinciopara a familia? Ou um doente incuiivdcujo1ra1amentomeramen1epaliativoacarreta· riaumõnusfinancciroinútilparaafamllia ou para o Estado? Nlo será esse o itincràrio dos partidãrios do aborto? Quem se surpreenderia emvê-losamanhãnaimprensaounatelevisão, propondo acliminaçllo "legal" de docntcsincurãveis,oudeanciãosquccons· titutm um pao "insuportável" pari 1ua.s familias?
de publicamente a Deus, o cMtigo cairá sobre toda a naçlo, pois, cm principio, o Es· 1adoéreprescntan1cdanaçãopcranteDcus. COMISSÃO DE ESTUDOS MU>ICOS DA TFP
...
\IISoctacl&Conarqaçlo~1Douui1111laFf."I~ cl1raçto0Qbr<o1bl,no1><o•ondo".18,11,7,,Ed.P&<1· ~ .... 2' tcllo;lo, lffl. o• 17 (l)l-_""~•:dri,.pctoddll•U-••lodipol.llcltllaprOC1-",1 Ili
(l)Ap,tdWillkc,Or1ndMrs. J,C.,'"ll.,.dboolon Abortio<1". 111_,...Publ.Có.,l..,.,lOIIIPtNlll"1-Cla-
Apelo • advert6ncla
..,._i.Olilo.19'l.p 9'.
A Comissão de Estudos Médicos da TFP. ítel ao principio de que a ciência de· vescconformarà moral, equca Mediei· naCumaciênciadcstinadaasalvaruvidM e não a elimi!Úl-135, não deseja para o Brasil1legalizaçãodcumcrimeascrpcr· pctrado através de aios aparen1cmentc médicos, por profissionais habilitados para a priticamédica. B por iuo volta a solicitar do Poder P(lblico o mesmo que já pedira cm seu memoorial de 11172 (17): que sejam eliminadas da legislação brasileira as duas concessões contidas no art. 128 do Códi&o Penal para a pritica do aborto legal, ficando assim total c definitivamente proibida no Brasil esta intervenção criminosa.
ap,,dWillkc,<>1>.cil.pp.96-9'1.
jl)J A
~~,
.. oi., ••Lcp1Abonloa.1ô11,-
ca/ , \ - oflt1 R1.t.1"', Tht LIIK'el. l•l?-l<nl,
"Dew ficar bt>m claro .... que um cris1/10 nllo podt nunca co,rformar•se com uma lei em si mesmo imoral; e esse é o caso pr«isameme daquela que admitisse tm principio a /iceidade do aborto. Ele n4o pode par1ic1{)Qr ,ruma campa,rha dt opini4o em faWJr ~ uma lei de tal flnero, ntm dor-lht a própria odesllo. Ele ,rlJo poderá, mtnosoinda, colol>orornasua aplicoçllo" (18).
Caso nosso apelo não seja atendido, o Poder P(lblico deverá arcar diante de Deus com mais esta responsabilidade peta inlro-duçãodcumaleipositivafrancamenteaten· tatória à lei divina. E quando o Es1adoofen·
(JIT. lhl.,-t,"lr>ekN:t<!Abonk>a.1Doculllffll<'lll.. pon",2"ed«to,)IIICirodel9'7J,op,odW1lllo.op, c,o .
,p.110. (6) J. C. Mc:C'lure 11,o.,n, llammcumhh HOfl). Londor,, Tht lo,,do,, C.flU"I New~ IS+71, ll)IMI Wíll-
h.011, fil,p.lo, {7)Fr.AllloftioAOJOMoriQOl'."lk>lopaMoral.n 5qw-..--, lbmoo l. a.A.e., Madrid. 19'7, p. m. (l)Dioao,oapc<uu10Siol0dode8i--lJ.IO-f"I. ili"L-0...--a-",<diçlo _ _ _ ._.
.,..r.--.»H).11. (9)"Abonoyronu~i"""",Edicion<1Un,wrlldAd de N1,&rr1 S. A, Pamplcftl (l'.spanl\l), )' <-dk .... 19'0.p 1)6 (l0)5octldaC01111t&A\"lopar111Dou1tlnodl ~-1. '"OeclarJÇlo oobtt o aborlO prmoc.-do", n~I 6, 1, 12. IJ), (llló!>dl1o<l< Di,ricoC1"6nico. promulpdo por JO-.:. Pauloll,P.opo llodu(loor,r;ialdaConfer'-:laNacio-
ul...,..._doltmi&Notuc-*"""'
""·Je-
-s.HorcolSJ,EdiçOai.a,,;,ia.5"°Paulo,l\llJ,p.609 Cll)c,p. (11.,pm
(ll)FrA11j.-lOJOM-OP,0p.di.p.lJJ c11io..w ... a._.-u1111U-Ca16liclhlM,..deObol.,rlrio • .:.tnoapoo1oladodo•l*lftfu, tn129-IO-,t.lnLuÕIAloMoM1>llo)'ffTO."M0<1IM«li•
01011looS.C,-1.....,..,..i.i.i.ie,;,,"',l!d.Po,,Mlldrid,
19,,,p.HO 4i,)Aasc~o.veja-,,obtmdo<u.....,...i.otn d,Jo&ollvonfrii.,•<looSan1otAl.,secolabo<lldo<n. "Aboi-10 - odirri•odonaxi•u•o••Ml&'"(Ll-,arl& Ai!• Ediuwo. Rio de Jun«>. 1912), lotnld& peb, Aca.i... Nat...t • Modoriaa. ..- u.c-r"" -O··-~d&ln<dlciMbras,lrift&prOIIÓ!Jl•Od&iovJS1fnciad<lndkoç6,sp&rlOlbo< 10•••..•..Ndco" (16) J. J - . . V.po. Cl. Lapa ClMâa. ··Abono 1 CO<Mr-..ol-.. , J'P. 160-161. 1171 Em 12,-1.n, 1 Comi..ao dt 1:t...ios M ~ d& TFPtn•iouootn.1loMlnl11rod&JuS1iça, Prol.Alíudo Blluid.""' - i & I • pn:>pó<i,o d& •.,...,;.,. dr ...,ti/1&r•lndicaç6espar1orali-aodeabonoolopb,po,meiodom!ld,r~r,oClldiJol'elW. 41•)~1d1("onpqoçloporo1Dou1rinad&R <larlÇlotobr•oabonopr.........to'". •ºll
o..,..._
'',t uunifl,oçâo olcmõ" (cl,orge dr /lr,rs/
Ê.x,,,/o r"s«n/,: al,mãu on·,,,1ais ,~ la"f"m
1//,it:inKCr, ''N~wsuwk'', l l -9 •89)
alm~-is da u.-.:a """' p,mto dafro.,,~;.,. austro•Al'"j'"'º
ALEMANHA ORIENTAL
A fuga do "paraíso" ..
A
S VéSPERAS de comple1ar 40 anos de exis1ência. a "nação" cárcere que é a República Democrática Alemli se obstina em manter os alemães orientais sob o tacão do comunismo. Sua população. desde a di11isão em duas Alcmanhas do pós-guerra, recusa-se a acreditar nas mara11ilhas do "paraíso" comunista e vem emigrando para o Ocidente a cada oportunidade que se lhe apresenta. A cifra já atinge 3,5 milhões de refugiados (cfr. "Folha de S. Paulo", 11 -9-89). Os alemães orientais, normalmente impedidos de fugi rem para a Alemanha Ocidental devido à cortina de ferro, aproveitaram as férias que goza11am na Hungria - pais que desde maio passado iniciou a remoção da cerca que a separa11a da Áustria - para alcançarem a liberdade. Nestes últimos meses, a fuga dos alcmãesoricntaisfoiaumcntando.atingindo, cm meados de setembro último, a impressionante cifra de mais de 14 mil refugiados em menos de uma sema12 -
C ATO LIC I SM O -
Declarações dos refugiados permitem aquilatar algumas das agruras presentes no dia-a-dia dos laboriosos alemães orientais, que os levaram a abandonar os poucos bens que possuíam e iniciar vida no11a na Alemanha Ocidental. '"Nos próximos cem anos nada 11ai mudar em nosso país', dizem jo11ens alemães orientais. Quem quiser comprar um carro fica na fila 16 anos; um grupo de moradores de Berlim Oriental fez uma festa hâ poucos dias para comemorar os 25 anos do pedido - ainda não atendido - de instalação de uma linha telefônica; e quem não é amigo do sapateiro pode ficar esperando semanas até que uma meiasola fique pronta" ("Jornal da Tarde", Jl -9-89). Realmente, considerando só o lado material - e é bem este que o comunismo pretende melhorar, pois não considera o espiritual - é proíundamente sombria a permanência dessa sinmção de miséria. O estado de espírito dos refugiados dá, cm certa medida, idéia do pesade-
No"cmbro 19119
lo de que escaparam: "Os refugiados alcmãesoriemais riame se coníra1c11izavam ao cruzar a fromcira da Hungria com a Áustria. Uns poucos choravam, outros abriam garrafas de vinho espumante. Ninguém olhava para trás" ("Folha de S. Paulo", 12-9-89). O comunismo se jacta de que o futuro está com ele, pois assegura ter a juventude a seu fa11or. No encanto, a média de idade dos refugiados é de 32 anos (cfr "Jornal do Brasil", 17-9-89). Sua preocupação: começar 11ida nova num país onde possam dizer o que pensam e comprar o que desejam. Não querem continuar num pais onde o "sistema nos controla atl! a tumba" (id., ib.).Qucrdizer.aausênciadeperspecti11as no plano meramente material insistimos - e a possibilidade de emitir sua opinião sll.o as causas mais próximas que levam o homem comum a fugir deste curioso "paraíso socialista" .. R. MANSUR GU~R10S
A
HONROSA outorga do título
de cidadão paullstanoposl mo,tem,conferidahádiaspelaCâmaraMunicipaldeSãoPauloàmemória do falecido "camarada" Salvador
A
Atlende, o malogrado presidente da Repúblicachilena,nãopodedei;,;ardeterproduzido na opinião pública de todo o País os
"canonização" cívica
de ALLENDE Plínio Corrêa de Oliveira
Aj(J/1adt mur:adoria.s a vender
fezcomq"" m«iu.sfoj<u
efeitos mais desfavoráveis. A lamentável deliberaçãofoiaprovadaemvotaçãosecreta.
Evidentemente,odescontentamentoassim produzido em todo o País é muito menos manifestativo do que seria um descontentamento de igual intensidade surgido
nas fileiras da esquerda. Não se iluda, porém,oleitoresquerdistacomaautenticidade e amplitude do desagrado ocasionado pelo gesto de nossa Câmara Mun icipal.
Os centristas e os direitistas são -cada um desses setores a seu modo - homens de ordem. E o próprio de quem ama a ordem consiste em não exprimir seu desagrado em termos de agitação e desordem. Essas últimas oonstituemaúnicalinguagemdosprosélitosda anarquia, do caos e da violência. A indignaçãodaordemseexprimeemtermos deprotestodigno,comuma força calma, segura de si, e disposta à luta. A luta de cavalheiro, queédiametralmentcooposto da fanfarronada agressiva e vulgar dos piquetes de greve, das "ocupações" lesivas aopatrimôniodeoutrem, c congênercsmétodosdeprotesto. Razões possantes justificam o dcsagrado,-aindignação-queessa "canonização"cívicadeAllendecausou. Com efeito, não há quem ignore em nosso Pais, como em todo o mundo livre, tersidonosanos70-73,omalogradoChefede Estado chileno uma das figuras mais marcantesdainvestidacomunistadomundoibero-americano. Sua administração foi assinalada por uma aplicação maciça em ritmo atabalhoadamente crescente dos princípios marxistas. E dai adveio para seu desditoso país umasériedecatástrofesque, como fruto característico do capitalismo de Estado, precipitou ponderável número de ricos à pobreza, eageneralidadedospobresàmiséria. Não veja o leitor nessas afirmações, uma vácua e enfurecida manifestação de antipatia doutrinária de uma organização como a TFP, notoriamente anticomunista. Apolêmicaelcvada,substanciosaecortês sempre caracterizou esta entidade. E na considerável mole de publicações que elatemdadoalumeemlivros, revistas e jornais, jamaisseafastoudaslinhasnormativas desseseuprocedimento,comotambém jamaisseomitiudedocumentarcuidadosamente todas as suas assertivas. A aprovação dessa honraria significa aos olhos do público uma aprovação injustificável, no plano doutrinário como nos resultadosconcretos,detodososprejuizos, privações e malogros sofridos pelo povo chileno durante o governo do fogoso líder
CATOLICISMO -
Novembro 1989 -
13
8. Servos da gleba - O ~ovemo nã_o concedeu um só título de propnedade individua! aoscamponeses"beneficiados"comaReformaAgrãria(cfr. ''Ercilla'', 10-8-77). Aos cam· poneses que, iludidos, esperavam que o go• vemo lhes daria um pedaço de terra, foi o próprioMinistrodaAgriculturadeAtlende, JacquesChonchol, queseencarregoudead· vertir: "Quero que entendam bem que n/10
haverá distribuiçOo de propriedade individuo/ da terro" ("El Mcrcurio", 31-1-71).
9.
"Um q"ilo de QfÚetlr
a
cada 15 dias, meio q,.U,:, d• canu, a cada doi• m•.e•"
da extrema-esquerda. Easimpatiadosque assim se solidarizam post mortem com a suaobraseráinterpretada,ademais,como umaadesãoaosprindpiosfundamentalmenteanticristãosemqueestaobraseinspirou. Quero crer que a maioria dos membros de nossa Câmara Municipal que votaram emfavordaconcessãodacidadaniapaulistana post mor/em ao malogrado Chefe do Executivo chileno não estão informados dosmuitosmaleficiosqueaadministração deste - inspiradapelosocialo-comunismo - acarretouparaodesditosopaisentregue aos cuidados dele por uma funesta coligaçãoentreademocraciacristãeasesquerdas. Passoadarumelenco(que,secompleto, tomaria muito mais espaço) dos fatos que evidenciaramocaráterpersecutório e ruinoso de sua desastrada gestão. Faço notar que os poucos fatos não documentados neste elenco sãodeabsolutanotoriedadepública no Chile. Assim o leitor ajuizará do desacerto da"canonização"laicaecivicadofinado Presidente.
1.
internacional , in "Fiducia" , Santiago, maio de 1974).
3.
Racionamento geflll - Em abril de 1972, A!lendc criou as JAPs (Juntas de Abastecimento e Preços), que distribuíam umcartãode racionamentoàs pessoasque nela se inscreviam. Só com esse cartão se podia comprar gêneros alimentícios fora do mercado negro: um quilo de açúcar a cada 15 dias, meioquilodecarneacada dois meses.
4.
t'ome Para resolver o problema da fome, Bosco Parra, Sccrctãrio-Geral da agremiação "Esquerda Cristã", propôs aoministrodaAgriculturadeAllende,Jacques Chonchol, um "consumo iguo/itório básico paro ioda a popu/aç/10" (''El Mcrcurio", 21 -8-72).
5.
Os mitos allendislas - Os "Cristãos para o Socialismo" da cidade de Antofagasta fizeram a apologia da fome: "O crist/10 n/10 teme o jejum, está fomiliorizado com ele", afirmavam ("Folha de S. Pau-
Refo rm a Agrária - Com a aplicação da Reforma Agrária, a produção agropecuárianoanoagrícola 7l-72diminuiu3,6•!o; no ano72-7Jaqueda foi de 13,7f/o (cfr. Carlos Patrício dei Campo, "A propriedo-
lo", 10-9-72). E a Federação Feminina do Partido Socialista chegou a recomendar queasmulheres socialistasseabstivessem de comer carne bovina durante um ano (cfr. "O Jornal", RJ,30-9-72).
de privado e o livre iniciativa, no tuf/10 agro-reformista", Ed. Vera Cruz, SP, 198S,
6. Greves e invasões no campo -
p.141). 2. Quedanaprodu çiodetrigo - Aprodução de trigo baixou para quase a metade: de J.367.974toneladas, no ano agricola 70-71, para 749.6S4 toneladas no período72-73(cfr. "Ercilla",Santiago, l0-8-77). NofinaldogovernoAllendenãohavia trigo suficiente para a população. O pão era feito com ''farinha preto", isto é, com a fibraquenormalmentenãoéaproveitada na fabricação de farinha, por ser indigerível pelo homem e bastame perigosa para asaúd e (cfr. Prof. FernandoMonckcberg Barros, especialista em nutrição de fama 14 - C ATOLICISMO -
Com oiniciodaagitaçãoagrãria,jãantesde Allende, de 1960a 1966 houve greves em 827fazendase36invasõesdepropriedades. Em 1970, no fim do governo Frei e come· ço de Allende, as greves foram 1127 e as invasões 48. Em 1971, 1758 greves e 1278 invasões (cfr. Carlos Patrício dei Campo, op. cit., p. 142). 7. oesapropriaçõcs - No final do governo Allende, em 1973, somavam S.809 as fazendas desapropriadas, num total de I0milhõesdehectaresquerepresentavam 470"/o das terras produtivas e 60'10 das terras irrigadas.
Novembro 1989
Impopularidade - A impopularidade da Reforma Agrãria entre os camponeses foireconhecidapelaprópriaComissl!oCentraldo Partido Comunista, quecomentando aderrota sofrida pelaesquerda naszonasagricolas,numaeleiçãoextraordinãria de 1972, declarou: "Um dos retrocessos que mais nos deve preocupar é o que sofre-
mos no campo (. ..). Desapropriamos comonenhum governoeretrocedemosno com-
po"("El Mercurio", 3-2-72).
10.
Queda do t111balho - O Ministro da Agricultura reconhecia em 1972: "NtJo
temas recursos para fazer produzir o /erro desapropriada" ("El Mercurio", 26-8-72). Eadmitiaqueemalgunsassentamentosse trabalhavaapenascincohorasdiárias(cfr. "Portada", Santiago, n. 25, nov./71). O secretãriogeral do Partido Comunista, senador Luis Corvalán, se queixava, em informe ao Partido,queadesordemnosassentamentostinhatrazido,entreoutrasconseqüências,orecrudescimentodoalcoolismo(cfr."ElSiglo",jornaldoPC, 14-8-72). No ano agrícola 71-72, os assentamentos cultivaram apenas 19f/odaárcaaproveitãvel de suas terras (cfr. Carlos Patrício de! Campo,op.cit.,p. 142). 11. Jnflaçãonoquadrodefuncion.iirios -SóoMinistériodaAgriculturachegou ater24milfuncionãrios,oqueequivalia aquatrofuncionãriosporfazendadesapropriadaeumparacadatrêsfamiliasdecamponeses "assentados" (cfr. "Ercilla", 10-8-77).
12.
Perseguição aos proprietários - A perseguiçãoaosproprietãriossefezdeclarada.Assim,osucessordeChoncholnoMinistériodaAgricultura,RonaldoCalderón, declarava: "'Temos ódio declossee essa cios-
se (dos proprietários r"rais) dewpareceró" ("ElMercurio'',9-2-73).
13.
Reforma empresarial - No governo Frei, 510"/odasaçõesdasprincipaisminas de cobre já haviam passado para as mãos do Estado. Allendeestatizouos490Jo restantes. Durante o governo deste, 400"/o das empresas industriais e cerca de 8011Jo do sistema bancãrio passaram para as mãos do Estado.
14.
Inflação - Para incrementar a demanda interna, ogoverno aumentou a ofer-
ta de dinheiro, chegando o crescimento, em 1973, a 390'- (dr. Alvaro Bardón e outros, "Una Década dt Cambios Economicos''). O dCficit fiscal aumentou de l0,4'em 1970 (com relação ao gasto fiscal) para 34,J'lt em 1971,41,8"' em 1972c55'lt cm 1973 (dr. Carl os Patrício dei Campo, "Chile /987: O/vidos y co,ifusiones amenaza11 la propiedad privada y la libre iniciativa", p. 16). Nos anos de 71, 72, 73,osaldo da balança de pagamentos apresentou valorcsnegativosde299,8milhõcsdedólarcs,280,8milhõcsel 12, l milhõcs,respcctivamente. As reservas diminuiram de 394 milhões de dólares em 1970, para 76 milhõcs em 1972 (cfr. idem, p.l7). A inílaçlo chcgouamaisdeSOO'-(dr.idcmp.45).
te órgãos de difusão. Teve repercussão in-
ternacionalacscandalosabatalhadogoverno por assenhorear-se da Companhia Manu• íaturciradePaptiscCartões,únicaprodu· toradepapcldeimprensanopaís. 18. 0 poderjud lclárl oeo podtrlcgislalivoco nlra Allt nde-OgovernoAllende foi cometendo cada vez mais ilegalidades ao impor suas mCOidas socialistas. Entre elas os chamados "Decretos de lnsistência", abusos da lci de imprensa, irregularidadcs na nomeaçlo de mi nistros etc. Como resultado, a Cone Suprema de Justiça declarou cm 25 de maio e um mês depois, em 25 de junho de 1973, que o Poder Executivo se havia afastado das leis e da Constituição. E a Câmara dos Deputados em 22 de agosto de 1973, declarou "ilegal o
15. Queda
nos sal, ri os - Depois de um ilusório aumento do salãrio médio, de 87,Sdólares para 102,1 em 1971,cstecaiu para82,l dó lares em l972,epara44,I em l973{cfr."OEstadodeS.Paulo",l8-1-87).
governo A/lende por vio/açôes conscientes e ,epetidus da Constituiç4o ", Anàloga opinião emitiram a Controladoria Geral da República e o Colégio dos Advogados do Chile.
19. A Rússia soviitict suga o Chile -
O..ro.nte25dial Fi,d,.l C..s1ro portic,'f,ou dt m;,.nift1tM«1 pol/1ic..s no Cloilttdeu.tonu/A01 público1aAlltlVU.
tas do MlR, presos por delitos comuns de assalto e assassinato, além de uma ampla anistiaparadetentosemgeral. Ex-detentos foram admitidos na Policia Civil, enquanto a unidade móvel deCarabineiros,espccializadanamanutençãodaordcm, foi desativada.
17. Ctnsun -
O jornal "El Mercurio" e sua innuente cadeia de imprensa, foi pressionada com perseguiçloaos proprietãriosemseusbenspessoaiseinvestigaçõcs nacontabilidadedojomal. A Editora Zig-Zag sofreu intervenção do Estado, apósconflitostrabalhistas.Omesmoacontcccu com incontãveisemissorasde rãdio, chegando o governo a controlar mais de 90dela.sem todoopa[s(maisdametade das existentes natpoca). A lei de imprensafoiabusivamenteusadaporAllendecontra seus adversários, movendo continuas ações judiciais, prendendo jornalistas anticomunistas, suspendendo temporariamen-
Allendcentregou o abastecimento das companhias pesqueiras estatizadas a grandes barcos russos. Em 1973, cm conseqüência dessesaoordospesquciros,osrussosoomeçaram a construir um porto na baía de Colcura, ao sul de Santiago, que na realidade não era senão uma base para abrigar naviosdeguerra.AembaixadarussaemSantiago contava com seis ou sete ediflcios e mais de 50 automóveis. Tknicos russos que trabalhavam na empresa cons trutora KPB eram oficiais soviéticos que estavam treinando guerrilheiros na localidade de EI Bclloto.
20. Filkl tseora Alludt - Em fins de 1971, Fidcl Castro chega num avião russo a Santiqo, percorrendo o país de ponta a ponta, como um triunfador. Ourante 25 dias panicipou de manifestações politicas edeuconselhospúblioosaAllendeeaseus assessores em matérias de polltica interna. Incent ivou de todos os modos a revolução. Proclamava o ditador cubano: "Asrevolu-
çlJeschi/e11aecuba11aest6ou11ida$"("Fo-
lha de São Paulo", 14-11-71). Homenageou um monumento a "Che" Guevara. Fotos mos1ram os carros que serviam de cscol1aaAllendeeCastrocomgucrrilheiros guarda-costas apresentando suas armas ao ar em sinal de vitória, lembrando a entrada de Fidel cm Havana. Ao encerrar sua visita, numa grande manifestação pública, em Santiago, Castro repreendeu duramente os membros do governo Allende por não saberem mobilizar o povo como ele cm Cuba. De fato, o estãdio onde se realizava a manifestação estava quase vazio! SimbólicofoioprescntcqueCastrolevou a Allende: uma metralhadora, com a qual, aliás, segundo consta, este se suicidou ... D
CATOLIC ISMO -
Noven1bro 1989 -
15
História Sagrada em seu lar /ºhiera, quia:serafins,q uerubins, tronos;2 ° hierarqu ia:dom inações,principados,potestades;J•iiierarquia;virtu des , arcanjos,anjos. "Entre os anjos,conhecemosnomeadamente: São Miguel.chamado a rcanjo, cujo nome significa: 'quem é semelh ame a Deus!' ; São Gabriel, arcanjo também, cujo nome quer d izer 'Força de Deus!'; São Rafael, mandado a Tobias: seu nome se traduz por ' Reméd io de Deus"' (4).
Anjos e demônios
An jos da guarda
•·Deus tinha, também, criado uma multidão de anjos, isto é, de espíritos sem corpo, enriquecidos de excelemes dons"(l). "O nome anjo significa enviado ou mensageiro, porque Deus os manda para exec utar as suas ordens. Manifestaram-se,porvezes,aoshomens,comcorposdeempréstlmo; suanaturez.a,porém, é completamenteespiritua!esuperiorà dohomem.Osanjos sllodotadosdeinteligência, vontade, poder, beleza, que exccdemoqueencontramosdemaisperfcito cntreoshomens. " Numa noit e, um anjo C;,<1erminou 185.000homensdoe;i<ércitode Se naquerib" (2). O grande J udas Macabeu re fere-se aessc e;i<termínionaoraçãoquedirigiu a Deus, implorando Seu au;,<ilio contra oe;i<ércitodo !mpio Nicanor: "Senhor,quandoos queorciSenaqueribtinhaenviadoblasfemaram contrati,veioumanjo,ematoudeles cento e oitenta e cinco mil homens. E;i<termina hoje da mesma sorte esteexército diante de nós, a fim de que saibam todos os outros que (Nicanor) falou mal comraoTeusantuàrio; e julga-o segun doa sua malícia." (3)
"!-lá .... ent re os . anjos alguns a quemOeusconfio u amissãodenos defender. "Acrençano anjodaguarda é baseada na Sagrada Escritura: 'Deus, d iz o Salmista, ordenou aos seus anjos que nos guardassem'. 'OanjodoSenhorestá sempre ao lado dos que 1emem a Deus, e ampara-os contra os perigos' (Salmos XCeXXXIII). Tal era já a crença judaica.
Coros a ngé li cos "Os profetas, especialmente Daniel eS.Jollo, nas suas visões, falamdemilhões e milhõesdeanjos cercando otrono de Deus. "Não são todos iguais. Baseada em algumas passagens da Escritura sagrada, a Igreja Católica admite, com S. Dionísio o Areopagita, que os anjos se di vidememtrêshierarquias,abrangendocadaumatrêscoros, vindoa serao todo nove coros de anjos, como segue:
16 -
CATOLI C IS M O -
n oções b ásicas " Mas Nosso Senhor a confirma no Eva nge lho,quando,pedindoaosdiscípulos que não dêem cseândalos às crianças, acrescenta: 'Eu vó-lodeclaro, seus anjos contemplam sem cessar a face de meu Pai'(S. Mat.XXIII, 10). "Mais,édoutrinageralmenteaceita, e baseada por igual na Sagrada Escritura, que a Igreja, os reinos, as dioceses, asparóquias 1êmtambém seusanjostutelares. "OanjodaguardaaprescntaaDcus as nossas orações, inspira-nos bons pensamentos, protege- nos nas tentações e nãonosdesamparanemmesmonopurgatório. "Emretribuíçllodevemos-lhe respei to, devoção econfiança." (5). Gu e rr a no Cé u "Os anjos fo ram criados antes do homem,numestadodcsantidadecfelicidade. Depois de os ter criado justos e santos,Deusquisexperimentarsuafidelidadecomofeitambémparacomohomem no paraíso terrestre. Chefiados por Lúcifer,algunsrebelaram-seconlra Deus, desobedeceram por orgulho, e, cmcastígodesuarevolta. foramimediatamente precípitados no abismo do in fcrno. São os maus anjos, ou demônios"(6). São João Evangelista, no Apoca lipse, faz referência à !ma entre os anjos bons, chefiados por São Miguel Arcan jo,eos mau s, liderados por Lúcifer: "E houve no céu uma grande batalha: Miguel e os seus anjos pelejavam contra o dragão, e o dragao com os seusanjospelejavamcontraelc;porém es tes não prevaleceram, e o seu lugar não se achou mais no céu. E foi precipítadoaquele grandedragão.aquclaantiga serpente, que sechama o demônio e Satanâs,qucseduz todoomundo; e foi precipitadonaterra,eforam precipitadoscomeleosseu s anjos" (7). 0
N OIH
(l) Sã0Jo.\oflosro. ll i>06ria lliblka d0 Velhoe Novo T,.1urnento. Li-rarioSaksiana Edi1ora , S.lo Poulo. 2' edição,1920. p. 9
(2)Mon,. Cauly. Cúrsode lnstru<;l 0R oli1íosa. Li· vraria Fra r><i 1<0Alve,, S.10Paulo, 1924, p.27. (J) 1 Mao. 7. 41 -42 .
São Mig,ul /Úrro/ando Lúcifer - Imagem ••culpida por Martin Frey, tm 1588, lgr-t· jade São Mig,ul, Munique (A/emanlu,)
Novembro 1989
(4)Mon, . Cauly. op . dl.p. ?II CS) ldom.pp.30-l l (6)1dt m.p. ?II. O)Ap . 12,7-9
Capela do Seminário SERENE-2 ('1squuda), em cujo altar vi-se ali um pandciro;fachada do edifício do INTER (centro); e ,eu diretor, Pe Cláudio Sartori, com fisionomia (barba e cabe/Qs longos) que lembra a dt um guru
No foco da Teologia da Libertação TEXTO: BRAULIO DE ARAGAO FOTOS: RICARDO TRIGUEIRO
e
BELO BRASÃO episcopal com as insígnias de um antigo Arcebispo de Olinda e Recife, esculpido na parte superior do edifício, dava-me a convicção de estar no endereço certo. Procurava,nobucólico bairro da Várzea, a seis quilômetros do centro da capital pernambucana, o Seminário Regional do Nordeste (Serene-2), recentemente atingido por um decreto de extinção, emanado da Congregação Romana para a Educação Católica. O que teria causado tão drástica resolução? Ao penetrar no interior do antigo e amplo casarão, cercado de frondosas mangueiras que atenuam um pouco a ação inclemente do sol nordestino, en-
contrei um pacífico casal de velhos que me informaram ser ali um abrigo para idosos. O Serene-2, na realidade, funciona nos fundos do edíficio. Instantes mais tarde, cruzei com dois jovens seminaristas que se prontificaram a me mostrar as dependências daquele conhecido estabelecimento, onde se ensina a Teologia da Libertação.
CHÊ GUEVARA, CUT E PT Já na sala de recepção, pude ver um dos padres que leciona no seminário. Pelo jeito estava de férias, pois, bem ao estilo progressista, lia o jornal comodamente deitado num sofá, apenas de calção e com uma sumária camiseta. Enquanto aguardava ser recebido pelo padre reitor, o holandês Geraldo Penuk, observei algumas "peculiaridades" na decoração do recinto: dezenas
de cartazes fazendo propaganda da CPT (Comissão Pastoral da Terra) e da CUT (Central única dos Trabalhadores) enchiam as paredes da sala. Uma fotografia grande de uma metralhadora "ponto 30", sobre a qual pousam duas aves, chamava a atenção do visitante pela pacífica frase, inscrita abaixo de filetes de sangue: "Não temais! O Pai cuida de cada um de nós" ... Nas salas de estudo dos seminaristas, tentei localizar algum Crucifixo, imagem de Nossa Senhora ou, pelo menos, o icone de algum santo. Mas não logrei êxito. Pelo contrário, fiquei sabendo que "Ché Guevara Vive!", devido aos inilmeros cartazes de propaganda do tristemente célebre guerrilhei• ro comunista, afixados cm lugares estratégicos. Nos quadros negros, frases irreverentes como ''abaixo a ditadura episco-
CATOLICISMO -
Novembro 1989 -
17
ATeologlada Liberlação não favorece a ação dos movimentos socialo-comunistas oo Brasil? O comunismo nllo é uma ameaça
pura a sociedade brasileira. A Têologia da libertaç{lo inclui, de/ato, esses mo~imentos sociais, mas n6s s6 os aceitamos na perspectiva de Cristo. É verdade que os jovens com os quais trabalhamos têm a tendência de dar muito valor a cerras expre,ss(}es polflicas de nossa aJUaç{lo pastoral. Qualseráofuturodosseminaristas, com o fechamenlo do Serene-2? Se perseverarem as atuais disposi-
pai", "fora Dedél", revelavam o grau de animosidade dos seminaristas em relação ao Arcebispo de Recife, D. Jo. sé Cardoso Sobrinho. Por outro lado, a "opção preferencial" pelo PT parecia dara. Em cada janela ou porta viam-se adesivos da propaganda eleitoral do candidato Luis Inácio Lula da Silva.
"REGIME ABERTO" Nessas circunstâncias, pensei comigo: será que estou rea lmente num semi· nário? O!l(lc o ambie nte sacral e recolhido, indispensável para a boa forma çtl.o dos sacerdo tes do Altíssimo? làis considerações fo ram interrompidas pela aproximação do Diretor do estabelecimento. Fumando um odorifero cachimbo, Pe. Geraldo Penuk começou a responder às perguntas da entrevista: Quais os aspectos mais salientes da formação 1eológica e pastoral do Screne-2?
Existe o seminário e Instituto 'Teológico (/TER). Este só cuida da formaç4o intelecllla/, numa linha bem libertadora, isto é, o que lá se ensina tem em vista o povo. Eu sou missionário redentorista. Nosso lema era "evangeliwr os povos''. Hoje, nós dizemos ''evangelizar e ser evangelizado pelos povos". Isto define bem o estilo de nosso seminário. Para que tivéssemos uma vida inseri18 - CATOLIC ISMO -
da no meio do povo, foi adorado, já em 1966, pQr iniciativa do padre belga Joseph Comblin, o sistema de seminário aberto: em grupos dedou, os seminaristas moram em repúblicas e pens(}es nas bairros operários da periferia, onde participam de movimentos populares e ceiesiais. A ulillzação do marxismo na Teologia da Libertação não deformaria arealidade brasileira, ao aprese ntar um a situaçlo de eonnito e luta de classes?
çôes, ele será fechado. Mas se houver diálogo, poderemos encontrar um caminho que salve a filosofia principal desse tipo de seminário, que é a integraç{lo junto ao povo. O presidente da CNBB, D. Luciano Mendes de Almeida, vai a Roma/alar com o Papa e com os Cardeais sobre o problema. Também o visilador apostólico, D. Zico, explicará novamente o que viu em nosso seminário. Temos esperança de que se encontrará uma soluç{lo pura o A emrevistaenccrrou-se. Essa aceitação das idéias comunistas num seminário, deixou-me constrangido ...
Sociologicamente falando, sempre º QUE TIPO DE PADRES houve e sempre haverá uma luta de clas- ELES QUEREM? DE PROVETA?11 ses. N4o há como fechar as olhos à realidade! Marx atinou para cerras coiAgradecendo a atenção do Pe. Gesas importantes, que n(lo podem ser raldo Penuk, dirigi-me ao centro do negadas. O marxismo tem certos mé1odos de análise social que s4o aprovados. Nesse sentido, é inegável a influlncia do marxismo na Têologia da libertaçllo. Assim como Tomás de Aquino aproveitou a filosofia pugll de Aristóteles, para elaborar a teologia do tempo dele, nós aproveitamos certos elementos do marxismo. Do contrário, seria afirda "'"CÍf" cobertura da in,p,t,ua, foi i,u,"tnifi€an mar que só a Igreja sabe Apaa~ le o nlÍll'lfflt de pum,u 'I'"" compar«n< ao alo de prolt1h), das coisas, mais ninguém. ,-JwuJ.o no R«if~ «>ntra o j«Mmcnlo do St:RF.NE-2 e Isso 11(10 é verdade! do INTER
Novembro 1989
Recife, onde deveria se realizar uma manifestação de protesto, promovida pelas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), contra o fechamento do ITER e do Serene-2. A julgar pela propaganda feita na TV e na imprensa, poder-se-ia esperar milhares de participantes "no dia de jejum e oraçtlo", realizado em frente à linda basílica do Carmo. Esperança vã. Uma centena de curiosos, poucos adeptos da Teologia da Libertação, muitos dos quais tomando "pinga" para "agüentar o jejum", formavam um circulo em torno de uma bíblia aberta em cima da calçada. Um poderoso sistema de som transmitia discursos inílamados, num claro incitamento à luta de classes dentro e fora da Igreja: "lrmJos e irmlls! Tem gente querendo que a História volte para trás ... que na Igreja tudo volte a ser pensado e decidido de cima para baixo... tem gente querenda impedir a mudança da sociedade ... E quem seria? "SJo os ricos e poderosos, espantados com o povo das Comunidades e Movimentos populares ... Sao também os pobres iludidos (sic!J, que v(Jo pela cabeça dos ricos ... S(Jo as freiras, padres e bispos, que procuram os favores dos ricos e se aliam aos interesses dos poderosos ... " A poucos metros do microfone, encontrava-se o Diretor do Instituto leológico do Recife, o iuguslavo naturalizado italiano, Pe. Claúdio Sartori. Barba grisalha e cabelos longos soltos ao vento, com vago aspecto de guru. Perguntei-lhe quais os motivos do fechamento do !TER; foi incisivo: "O Vaticano alega que o !TER n{lo prepara adequadamente os candidatos ao presbiterato. A nossa pergunta é a seguin-
O Pt . Rtgi11.o./dr, l',,/r,sr,, proas,r,dr, por injú ria. r,.r, Supumr, Tribunal Ftdor(J/, fr,i "m do, lúü u, do. mo.nift•to.fâo ro11.tm " ft dw=nto do SERENE-2 • dr, INTER
te: que tipo de padre eles querem? Padre de 'provera', paraficarnasacristia? É claro que n(lo preparamos esse tipo
de padre!". E deixando-se inílamar pelas próprias palavras, explicou: "O problema é a incoerência entre o que se prega e o que se prarica. Parece-me uma grandíssima contradiç(lo afirmar que a Teologia da Libertaçtlo é necessária - conforme afirmou o próprio Jol1o Paulo li - e ao mesmo tempo nl1o permitir que insritutos como o !TER preguem esse ripo de teologia". Aproveitando a ocasião, perguntei sobre o papel do marxismo no currlculo do ITER: "O 1rabaiho é a chave da interpretaçdo de toda a realidade. O marxismo é o instrumental que nos fa'l. entender melhor a sociedade, através da intuiçdo de que os aspecros econômicos condicionam os outros aspectos da vida. O ser humano é um ser econômico e quem melhor descreveu tal realidade foi Marx. Por isso, o !TER procura interpretar a realidade social à luz do marxismo". A mesma posição do Pe. Geraldo! Tratava-se, pois, de uma doutrinação articulada pró-marxista, dentro de uma instituição para formar padres católicos!
¼
CAMPEL
Comércio por Atacado e Varejo de Papéis e Plásticos em Geral AV , PfH) f' " CARMEMCARNEIR0. 502/504 TEL. 10247123-2000 - CAMPOS - ftJ
__:'"S
f'OTOLITO SIC lTOA,
REPRODUÇÕES EM LASER FOTOUTO A mAÇ()•O!GllADEl•lfMCAYI
AIJtOTl"-U • CÕPIAIFOTI>Ol'IAACAS • f'IIOVA Of COflES
TABEIA ESPECIAL P/EDITORB AI/. OtÔGENf S RIBEI RO OE UMA. 2850 AI.TO 0f PINHftROS TEL., 260-57 4'
UMA VALIOSA LIÇÃO Depois desta "experiência" num dos mais importantes focos da Teologia da Libertação no Brasil, entendi melhor o alcance do que lera numa revista do PC da Rússia: "valorizando aftomenre a teoria marxisla, a Teologia da Ubertaçdo conlribui para a difusllo do marxismo em largos cfrcuios da popu/açao". (Problemas de Filosofia, Moscou, janeiro de 1985). Igualmente refleti sobre o significado da "Instrução sobre alguns aspectos da Teologia da Libertação", quando denuncia que essa dita teologia ''prop(Je uma interpretaç{lo inovadora do conteúdo da Fé e da existência crist(J, interpretaçdo que se afasta gravemente da Fé da Igreja. Mais ainda, constitui uma negaç{lo prática dessa Fé" (S. Congregação para a Doutrina da Fé, 6-8-84). Compreendi, então, as razões que levam o Scnene-2 e o Instituto Toológico do Recife a não quererem fechar suas portas. Ttata-se, para eles, não de propagar a fé católica apostólica romana, mas sim de difundir o marxismo sob capa de Teologia da Libertação. O (º) M tnlre>istas uan,critu nesta mll&ia forarnoollétdi<la,, à Agmcia lloil lmpr<,...- ABIM. q"" pos.sui a.,._.,.
Retífica Wagner Ltda. Retifica e peças para motores Fones: (02471 22-0138 e 22-0238 R"80r,CMNeó,a Botelho.12 - CAMPOS - ft.l
BARCELONA TELEFONES compramos - vendemos alup mos trocamos e facilitamos todas as áreas
administramos -
Tebf(l'l1)J2-973l-3Ni7'9-SloP1ulo-Sf'
Agência
BOA IMPRENSA Notlciu e coment.lu-ioe ,k$tirutdoo a órgão. do Hrasil e do lliterior
R,Martim Fr!WlCÍS00,665 - lel: (011)825-7707 -
01226 - SãoPilUO-SP
<>o = CATOLICISMO - NovembrQ 1989 -
19
A revolução escravizado ra da
MODA
EGUIR A MODA, estar in, no vento, na crista da onda ainda é, para muitos, um ato de afirmação da própria individualidade. O homem ou a mulher, na última moda, sentemse tomados pela sensação inebriante de serem admirados pelos outros. Embora sempre obrigado a pular com sofreguidão de última cm último, o individuo de posse do dern ierrriextasia-secomaidéiadesuasuperioridadc sobre os atrasados em relação àmoda.Estarnovento,crê-se,émanifestação de modernidade, de originalidade e, atémesmo,depersonalidadecriativa. Mas, o que é a moda? Essas imensas mudanças na ordem das roupas, músicas, cores, modos deseredepensarque fazem amoda,tãocapazesdeenal1eceralgunse rebaixaraoutros,sãofortuitas?Ou,pelo contrário, são orientadas por mecanismos pouco observados pelos seguidores do último grito?
S
evoluçãoimprevisíveldoscostumes. Serã bem assim?
Unicidade da moda nas sociedades pós-medievais "L'empire de l'éphémere"desfazmuitas dessas suposições. Logo de inicio, Lipovetsky afirma que "a moda nllo pertence a todos
hscínio e mistério da moda Gilles Lipovctsky, jovem mas já celebrado 'escritor francês, pub[icou um livro considerado ponto de referência necessário para se comp reender os mecanismos da moda. lntitula-se,sugestivamcnte,"Oimpério do efêmero" ("L 'empire de l'éphémlre", Gallimard, Paris, 1987, 345 páginas). Olivrotemrecebido,desdesuapublicação, inúmeros aplausos em Paris, capital da moda, embora o autor sustente teses bastantedesmoralizadorasparaosseguidores incondicionais doderniercri ... Supõe-se geralmente que a moda é um fenômeno tão espontâneo quanto o capricho humano. Tal esponraneidade faria da moda - na imaginação de muitos - o que hã de mais contrário à idéia de uma organizaçãoqueimprimerumodcfinidoà 20 -
CATOLICISMO -
Novembro 1989
Ela é "um processo excecio1u1/, inseporJ1,e/ do nascimento e do desem·olvimento do mundo moderno ocidental, .... Nilo é sem1o a partir do fim da Idade Médio que é possível reconhecer a própria ordem do moda, a moda como sistema, com s11as metamorfoses incessantes, seus movimen10s brnscos, suasex1rai•agâncias"(p, 2S). As sociedades anteriores não conheceramestesingularfenõmeno.Peloconcrário. mesmo as mais refinadas culturas antigas tiveram uma estabilidade secular ou milenar nos seus costumes. "O mistério da mo-
da está nisso: na unicidade do fenômeno, na emergência e na instaloçllo do seu reino no Ocidente moderno, e em nenhuma outroparte"(p. 26). Conteúdo ideológico da moda Nasuaobra,densadcdados,Lipovetsky conta a história da moda até nossos dias, descobre muitas alavancas, discretas mas poderosas, que a governam, e mostra que seu funcionamento e seu rumo nãoéingênuonemideologicamemedcsintcrcssado. Com efeito, segundo Lipovetsky, desde o fim da Idade Média, as cortes européias foram ditando moda às sociedades ocidentais. Com o tempo, a corte da França passou adeterocetrodas modas. Porém, naquelascortes,csobretudonafranccsa, foicrescendocadavezmaisainfluênciae o poder dos modistas e costureiros. Grandes ou pequenos mestres da moda, eles seduziam as apetências mundanas de seus diemes, até chegarem a ser, nos s&:ulos XIX e XX, verdadeiros reitores dos rumos dos costumes no mundo. Tais modistas e costureiros foram a alma do que se chamou depois a Hou/e Cou-
lure(A!taCostura).Oquee!escriavampa· raumaclientelaaristocráticaericaeraprontamentcimitadopormodistasdeváriosniveissucessivos,atéchcgaràscamadaspopu!aresdosmaisvariadospaises. Lipovetsky apresenta o rumo da Haute Coutureparisiensecomoumaevoluçãocontinua - apcsar das inevitávcis idas e vindas - em dir~ãoàigualdadedasclasses sociais e dos sexos, paralela ao avanço dos ideaisnivcladoreselibertáriosdasrevoluçõesfrancesa,oomunista e demaiodc68. Igualitarismo e
sensualidade nas modas No século XX, a aceleração igualitária e libertária das modas foi vertiginosa. O cxemplomaiscaracteristiooéodaindumentària feminina. A imagem da mulher, sublimada pela cultura católica, foi velozmente precipitadanavulgaridadeenaimoralidade através de etapas sucessivas. Nos anos 1900, diz Lipovetsky, o costureiro Poiret realizou uma verdadeira "revolução", de fundo "ideológico", ''emnomedoliberdode", até no vestuário intimo feminino (p. 122).0famosoChanel,scguindoaPoiret, lançou o "miserabilismode/11xo". Nos anos 20, a Haute Courure promoveu o estilo garçonne, da mulher vestida do modo o mais parecido posslvel com o homcm,crcconouassaiasàalturadosjoc!hos. Na década seguinte, a Haute Couwre mandou despirascostasedeu um pulo assombroso em direção ao nudismo nas roupas de verão e de praia. Nos anos 60, outro modista célebre, Courrêges, tomou amini.saia,aparecidanosambicntesdcgradadosde Londres, e projetou-a no mundo (p.95).
A• CM!ts wropiin, ditava"' a moda tamb.:m pnra /J$ trnJu masculino,, qi,ando wn ar!ÍJ · la a11ónim<> pintou este qi,adro d, Sir Walter Ralúgh, uufiiho (aproximadm,,,nt, 1590) Naif,Madt l rnbt:idtPlJrlugai, esposadolm · puadQr Carla, V (abaixo à ••qu,rda), skufo XVI, a1 ""''" , ,,ropiias ditarJdm a moda <i, ,oei,dad,,oci,lentais. QuandoNallierpintor, o qr,adro ,/a cond,ua lÚ Tilliêr,1 (cmtro), "" mtado dü sit:ulo XVIII, a cort,frnnc,.a dtfi"nha o cttro dru moda,. Um sici,lo d,poú, quando!:.". ilivb-fopfoto1<1uaupom( dirá· ta),<>sm,stresdam<><f,. - m<>disiru,co,111reiros - torn<Jram ·s, <>S vtrdadúros reitor<• dor n,m<1.< d1J$ ~orlumh ,m lodo o ""'~do.
CATOLICISMO -
Novembro 1989 -
21
AprópriaRevoluçãodeMaiode68foi, para o autor de ''L'empiredel'lpMmefe", um grande "movimento de moda", pois ela se exprimia mais IX'T gestos, modos de vestir,desentir,dequercredepensarin, quematerialii.avamasdoutrinasde Marx, Freud e Reich. Thmbém em 1968, o modista de militância comunista Saint-L.aurent bradou: "À bas /e Ritz! vive la rue!" (p. 130). Ou seja, não mais elevação e dccêncfa, nem fi11ura e bom gosto, mas vulgaridade e sensualidade!
Escr.ividao à propaganda Nos dias de hoje, afirma Li1X1ve1sl:y, assiste-se à liqüefação psicológica e moral do individuo atrelado ao carro da moda. lh11sformado num ente-massa, o homem no 11entoniparaondeolevaapublicidadc, istoé,correatrásdeuma "superficialidade lúdico, de um 'cocktail' de imagens,
Manl,au de chinchila (1908-1910), Jpoca ,,.. 9"" o cmtim,iro fmnci~ l'oi1'11!I ,,,,,/U(Ju uma wrdadeira 1'11!00l~o d• fundo ,.dtt,Uf'co na mO<ÚI., "•m nom• do l,'~rdad•"
''Uma revoluç4o no indumentária feminino oparere e fo1;, de alguma maneira, lóbulo rosa do passado, do imperativo docerimonio/ e do ornamento luxuoso próprio do modo anterior", escreve Li!X'vetsky (p. 9S).Passou-seausarmateriais1X1bres,1ecidosgrosseiros,elementossin1éticosoucom apar!ncia de gastos ou empoeirados: cores cinzentasetristes,quandonãoabcrrantes e cansativas. As simplificações e a vulgarizaçãodovestuáriotinhamumnexoprofundocomairrupçãodo monstruoso nasartes plásticascubistas, abstratas, construtivistasetc(p.95). Jeans, revolução sexu;i,I e anuqui;i, Usando o fean, tecido que não CJO:ige muita limpei.a nem ser bem passado, que seusagastoeatérasgado,homensemulheres, a11ciaosecria11çasdeixaramdesedifcrenciar. O jean implicou, segu11do Li!X'vetsl:y, na passagem a uma sensualidade ''mais imediatamente sexual''. "Como 'ieon' - acrescenta ele - o modo de apresentar-se democrático-indi~iduo/ista deu um novo pulo poro frente" (p. 175) "A inc/inoçllo pelo 'iean' - diz Lipovetsl:y - antecipou a irrupç4o do contracultura e do conteslaçtJo generaliwdo do fim dos anos 60" (p. 95). Jeans, hippismo, drogas, agressão sexual, Revolução anarco-libcrtáriadaSorbonneedoscampiuniversitãrios dos Estados Unidos formaram um pacote inseparável. 22 -
CATOLIC ISMO -
No,anos 20, a " llallte Coullln"lanfl'" o ~,1ilo''prçonn•","'cortandoaswias,i9/tu· m do, j<Hlho,, conforme II pode obieroor ..,,tido ti~ noil• acima, d• tule bronco horda· dorhpirolas~lan11joula1na,corodo1
"º
sons e tendências, que ela [a publicidade] lhe oferece sem preocupuçllo dos limitaçl'Jes do princfpio de realidade e da seriedade da verdade"(p. 223). Tudo isto é o oposto da autêntica liberdade para o bcm nos costumes, caracteristi· cadassociedadesverdadeirame11tecristãs, austeras,sacrais,hierárquicaseanti-igualitárias, a que Lipovetsky alude com estas palavras: "Durante uma grande parte do percurso da humanidade, as obras superiores do espfrito constiluiram-se sob a autoridade estética dos antigos, edificaram-se tendo em vistaaglorijtCQÇ(lodeva/oresctlestes, dos soberanos e das pessoas mais elevadas; elos es1avom voltadas, antes de tudo, pura o passado e o futuro . .... Quando a artetinhaoencargodelouvorosagradoe
Novembro 1989
a hierarquia, o eixo temporal dos obras era bem priori1ariame111e o porvir antes que o presente efêmero: era preciso dar testemunho da glória eterno de Deus, do grandeza de uma estirpe ou de um reino, oferecer um hino grandioso, 11m sinal imortal de magnificlncia em vista da posteridade. Fiel às liçl'Jes do passado e voltada ao porvir, a cultura escapou estruturalmente à produçQo da modaeaocultodo presente ''(p. 249). Hoje, condui Li!X'~·etsl:y, chegou-se a uma situação totalmente diferente. A moda abriu um fosso entre a ordem do passado e a futilidade vazia da pura novidade moderna. Em conseqüência, o efêmero impera, nada estrutura a socicdade; e a pessoa, desindividualizada, desaparece numa massa que a m(dio manipula como um monte de areia. Modu e F.itim;i, Lipovetsl:yretratabcmumlongoesub· til processo, mas não se mostra mui10 incomodado com ele, nem com seus péssimos resultados. Em nada ele se reporta a um principio moral ou religioso. Sua visão é laica. Entretanto,quão espantoso éestcpanorama quando se tomam em consideração aspalavrasdeJacinta-umadaspastorinhas a quem Nossa Senhora revelou em FãtimaosterríveiscastigosquecairfamSObreaHumanidade,casoestanãoreformasse seus costumes: "H6o de vir umas modas que Mo de ofender m11ilo o Nosso Senhor. As pessoas que :rervem a Deus n(lo devem andor com a moda. A /grtja n(lo tem modos. Nosso Stnhor é :rempre o mesmo" (A. A. Borelli Machado, "As aparições e a mensagem de Fãtima, conforme os manuscritos da Irmã Lúcia", Ed. Vera Cruz, São Paulo, 1982, p. 66). SANTIAGO FEQNAN0U O "jean" "'11 jown1 -
1L1odo na ronf«çifo d,u co/ça, implicou "" pa11agorm o urna sensu.alidad• "rnois imedfo1an1tnte •~=t"; oo mumo tempo, o ILIO d• tal lui,W ,ln, ~ns~fa n qu,: "o modo de op1'11!s~"t"r-u d~m0<:r/Jtico indiuidu.nlista "de11, " u.m pulo para afe.,u "
"°""
EGUNDO O FIGURINO psicológico atua]. mente mais em moda, fica bem ser ou pe· lo menos parecer moderado. O moderado é por definição um centris· ta, que não quer comprometer.se com as conseqüências dos princípios que adota. O ideal até é não ler princípios, e ir navegando em meio às várias correntes de opinião, sem nunca tomar uma posição muito derinida. O moderado quer ser bem visto por todos, mas não hesita em abandonar seus amigos para não dar a impressão de ter uma preferência exclusiva. Mudará de partido tantas vezes quantas for necessário, traindo sucessivamente aqueles que tinha apoiado, pois o moderado nunca tem opinião estável, a não ser a respeito de sua própria moderação. Se sua posição de meio-lermo é atacada, emão se 1orna furioso: o moderado é um fanático da moderação ... Ataca furibundo os que desejam o bem por inteiro, dizendo que assim não se obtém nada, que é preciso fazer concessões para ,captar a simpatia dos outros, e que sobretudo não se deve ser extremista(a essa altura ele já está gritando ... ) Com os extremistas do mal, pelo contrário, fala manso. sorri e colabora com eles, pois assim. diz ele, tornarse-ão menos exigemes e, quem sabe, não irão tão longe quanto quereriam. Após ler traido a todos, não satisfazendo a ninguém, o moderado acaba sendo hostilizado pelo geral dos homens, e não raras vezes tem um fim trágico. Se sua presença é freqüente ao longo da História, ela se repete e se multiplica em nossos dias. Apresentamos abaixo a tradução da rápida biografia de um deles, escrita pelo conhecido his1oriador francês G. Lenotre (•). Aqui, o nosso moderado é um nobre que par-
ticipou da Revolução Francesa, com todo o ardor de sua moderação ... "Stanislas de Clermont-Tonnerre, de ilustre família, portador de nome famoso, bem visto na Corte, era daqueles para quem qualquer modiíicação da ordem estabelecida não podia ser senão prejudicial. ( ... ) Tinha lido Montesquieu e Jean-Jacques Rousseau; afiliado à Maçonaria, era um apaixonado das idéias igualitárias. Apesar de dispor, pela generosidade da Corte, de um alojamento no Palácio de Luxembourg e de 14.000 libras de re ndimento, era um descontente. (. .. ) Passou para o campo dos oposicionistas e se destacava, em meio aos oíiciais do exlrcito, pelas mais revolucionárias assertivas contra Luis X VI e sua política.( ... ) "f: neste estado de espiri10 que Stanislas participou dos Estados Gerais, na qualidade de deputado da nobreza, e levou a cabo seu 'golpe de Estado' pessoal. Julga criminosa a obstinação desdenhosa de sua ordem (a nobreza) e jun1a-se ao Terceiro Estado (a plebe) de um modo estrondoso, arrastando consigo alguns nobres que convenceu da necessidade da união. ( ... ) No inicio foi triuníal: o Terceiro Estado festejou este aristocra1a que, rompendo com seus pares e espezinhando os preconceitos de sua casta, confraterniz.ava com o partido popular. Foi instalada uma poltrona para ele ao lado do presidente. As mais banais de suas palavras eram aplaudidas. ( ... ) Stanislas chegou togo ao apogeu: tinha muita vivacidade de espírito, maneiras nobres como sua origem; fala com facilidade, se bem que a improvisação está acima de suas forças; as ilusões de que es1á cheio, sua eloqüência elegante ascomunica a seus ouvintes. Torna-se rapidamente presidente
da Assembléia. ( ... ) Em contra-partida, no campo da nobre1.a, que discrédito! Ele é o deser1or. o trânsfuga, orenegado, o ingrato que deu o primeiro golpe de picareta no antigo edifício da monarquia, esta monarquia à qua l ele devia tudo. "E eis que, em outubro, o populacho invadiu o caste· lo do rei (em Versalhes), massacrou guardas e impôs pelas ameacassuasexigências; arrastou a familia real prisioneira a Paris, e subitamente, para Stanislas, assim como para outros, moderados como ele, como ele partidários das reformas, o véu se rasga. Não são eles culpados deste desastre? Não sllo suas atitudes que suscitaram e justificaram 'a impaciência da classe baixa?'( ... ) Clermont-Tonnerre fez seu "mea culpa": 'Sou um desses homens fracos evariáveis que não se fixam em nenhum partido' confessa ele; assim, todos os partidos o rejeitam; ele ê um desses 'moderados furiosos' eternamente infamados pelos extremos de qualquer opinião. ( ... ) Quando atravessa, saindo da Assemblêia, o jardim das Tulherias. o desgraçado, que tinha sido o !dolo efêmero do povo, é vaiado e atacado: 'É um celerado! É preciso enforcá-lo!'. É obrigado a refugiar-se na casa de um guarda do jardim até que um destacamento da Guarda Nacional venha protegê-lo e reconduzi-lo a sua casa. "Suspeito para a direita, para a esquerda, tan to na Corte quanto no povo, considerado revolucioná rio por alguns, retrógrado por outros. Quando ele fala, de um lado o acusam de demagogo, de outro de odioso maquiavelismo. "Uma noite - era 9 de agosto de 1792 - ClermontTonnerre jantava na rua Plumet. em casa de Montmorin:
lá estavam Males herbcs, Lally e algu ns outros. lnq uietaos a efervescência popular, e quando se separam, o toque a rebate se faz ouvir; o populacho eslá caminhando em d ireção às Tolherias. O que faze r? Irá Sta nislas j un tar-se aos defensores do castelo real? Como seria recebido? Prefere voltar para casa. Dia 10, às nove da manhã, quando o motim vitorioso já expulsara o re i de seu palácio, uma horda desenfreada invade a residência do 'infame moderado'. Ele é arrancado dos braços de sua esposa; quer falar, mas o tempo da magia das belas frases passou . Um golpe de foice o atinge na cabeça; ele escapa, foge, acolhese numa casa amiga, sobe até o 4? anda r; é perseguido, alcançado, jogado pela janela, cai na calçada onde termina m de matá-lo a golpes de mac hado e baionerns". (") "La!"'•<-·· ·l • " L a ~ - - pM Pa,i>,19J.O
°"'' q,,i I'°"" >W", lk<Mld (-,,s.., _ , . , ,
Napchan Is - Presentes Finos
Lida.
PORCELANAS CRISTAIS FINOS LI NHA DE HOTELARIA-INOX Fone: 66-5403 RuJ la11ua,.be. 11° H2 ll.$q !w Ar111éhca) - Sao Paulo -
SI'
Nua 11a,aodela1u1,f>)4 - Saoraulo- SI'
CONSTRUTORA
ADOLPHO LINDENBERG S/A
INCORPORAÇÕES - PROJETOS E CONSTRUÇÕES RUA GENERAL JARDIM, 703 - 6° • 7° ANDARES - FONE 256-0411 - SÃO PAU LO
24
CATOLICISMO -
Novt·mb,·o 1989
Revelações, omissões, distorções
A
HISTÓRIA recente da Igreja no Brasiltcmdcspe.r1adouma. louvãvcl
atcnçãodcpcsq11isadores nortc-amcrican05qucaqu1vêmanahsarosrumoscainíluSndadocatolicismobrasileiro.
Em geral esses acadêmicos do Norte Fazem
investig:açõesaprofundadascmesmocxausti-
vas, revelando Fatos poucoconhttidoscdando usim uma boa contribuição para o oonhtcimcnu.> desta fpoca tio rica da História da religião em nossa Pátria. Entretanto, muitas vezes, esses mesmos 1)C5(1Uisadoresentramcmoontactoaquioom
osmeiosacademioosesqucrdistas, e sob sua influencia, como tambnn sob o influxo dos
livros,rcvistucjornaiscatólicosquecompulsam , acabam p(lracci taru mavisãodeformada de muitos acomecimcntos. Como também tém suas anãlisesc conclusões influenciadas pela visão da esquerda. Dcondc,apardcumserviçorealqucpres1am«imsua.s pesquisas, poroutroladoajudama fonalei:erumainterpretaç!odcformadadahis16ria,cmquestão.
Um grupo ocuHo no NktdaCNII O Prof. Scou Mainwaring, da Univcrsidadc de Stanford (EUA), não fugiu a essa rcgra e publicou um estudo A Igreja Católica ca Polltica no Brusil (1916-19/JJ) (Brru;iliense, São Pau lo, 1989),comasqualidadescosdcfeitosaponlados. Emrc os fatos pouco conhecidos que o Autor põe cm relevo, está a existência e a açãodeumpcqucnogrupodebisposesquerdistas-algunsdosquaiselcmesmoqualifi-
cadcsocialistas-quchàmaisdcumadtcada trabalham no interior da CN BB, com o fitodclcvaresscorgani11moeclcsiàsticocada vcz maisparaaesqucrda. Escreve o Autor: "Minha ínformaçdo sobre grupo surgiu de entrevistas cam dois bispos que dele parlidparum desde o infi:io, D. Tomás Baldulno e D. Wuldir Calheiros" (p. 206, nola). "O:fbisposprogf"f'5Sislos-explicaMainwaring- tumlwm trubalhal'llm dentro da instÍluiç4o para tru,q/ormá-la f'm vn de formarem um movimen/Q paralelo que criticQva u hierarquia. Um grupo de bispos progressistas começouasereunirregularmenteem 1967 e desempenhou um papel Cl'nlral no dmnvolvimen10 da Igreja. Foram responsdveis por diversos d0<·umentos imp-0rum1es ('A MurginalilOft10 de um Pov<J', 'Ouvi os Orltos do meu Povo' e 'Y-Juca Pirama. O fndio, Aquele que deve Morrer') e dtsl'mpenharam um papel imponante nacri(lf4o da Conselho lndi,cnista Missiondrio (CJMJJ, a CPT e a CPO. Esses bispos nunca emÍ/irtun um documento que f i ~ crltú:-as 11 CNBB ou mesmo aos bispos COIISUVadores ou rcacioMrios. Viam a sua funç4<> como a de 1rocar itNias, fornecer apoio às bases e, uma veiou outra, redigir documentos acerca da Igreja t da a(® pastoral. Tam~mfrurum uma tseolha conscieme de incluir um maior número f}OSSivel de bispos, de modo o reduúr o JX)SSibilidode de serem vistos como um grupo dissidente. O grupo se ampliou indo de aproximadamente JJ bispos em /967 a aproximadamente (i) na dkada de 80 e continuou a desempenhar um papel importante no dtsf'nvolvimento da
/grtja"(p.193-194).
A respeito do Prof. PlinioCorrfadcOlivci ra cda T FP o Autor peca sobretudo por omissãoeportcrscbascadocm publicações
:r~i:
~~i~\~ª
i~de:~d:~ ::::~ d~t tas t das entrevistas com as pcssoat envolvidas. Ekdcscreveaformaçãodaesqucrdacató-
lica no Brasil, a panir da Açlo Católica, na dttada de 1930, e mais tarde na açto da JUC e da JOC, na dtcada de 195$- 196$, sem men-
cionar uma .só veza lutaqueDr. Plinioea pré-T FP, e depois a TFP, moveram contra ela. Como ignorar o Em Deftsa da Açtio Católica de Plinio Corrêa de Oliveira (1943) que teve tanto impacto e gerou tanta pol&nica naépoca,ao falar da Ação Cató lica brasileira? Mais tarde, como deixar de considerar 05 inúmeros manifestos e abaixo-assinados qucos cstudantes universitáriosdocntão "'Grupo de Catolicismo" (TFP) levaram a cabo para desmascarar o 50eialismo oculto da JUC, nos inlcios da década de 1960? Como deixar de mencionar tamb6n, ncsu q>OCI., ~,~Têo:1ci~~~ͺr~~~!'!:iao~ Plínio juntamC11tc com dois bispos c um economista, quctornou-scobes1-ul/~qucoontrabalanç0u a ação dos bispos esquerdistas e impediu a aprovação, na época, da Reforma Agràriasocialista? Tanto maisquantooAutor sc cstcnde longament esob rc aapoiodos bispos de esquerda à Reforma Agrária! OAutoromitetudoisso,oque faz dele um historiador pardal, que sonega ao leitor as informações necessárias para este formar umaidéiaoorTttasobrcos fatos analisados.
/COLÉGIO /.~ ~
L_A_R_E_T_I_A_N_O~/
Pré-escola !Técnico: 19 grau PATOLOGIA CL ÍNI CA 2 9 grau Suplet iVO ! fle2"graus) semi-internato Rua Jaguaribe. 699 - Santa Cecí l ia {SP) Fones; 825 •31 36 - 825 •3573 - 825 - 3372
a
1
SORVETERIA BONECO DE NEVE
tel,
67-2030
R.JAGUARJBE,6'27-SP.
BANCO INDUSCRED S.A São Paulo - Rua Boa Vista n? 128 - Fone: (011) 37-9591 CAT OL ICISMO -
Novembro 1989 -
2.5
Por outro lado, quando Mainwaring se refere à TFP(oque faz duas vezes ao longo do trabalho , co m igual número de citações do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira) - lendo omitidotodaaa1uaçãodou1rináriaeordeira queacaracteriza-traçadelaumacaricatura. Porinsinuaçõcsmaisdoqueporafirmaçõcs, apresema-a como um grupo político (meiomilitarizado)queserviudeapoioàditadura milita r. Eis o que se lê à página 92 do reFerido livro,emnota; "Um uemplo relevame (de movimemo reocionário) seria o movimento Tradiçllo, Famflia e Propriedade (TFP) que se originou no Bra5i/efoiinf/uente na5pressôesquedesembororom no golpe de 1964. A TFP lom~m foi impor1on1e na processo que levou ao Alo lnslitucionol nº 5, em dezembro de /968. O movimento espalhou-se por au1ros paisese, em alguns casos. cama no Chile e Argentino, tam~m fortaleceu o extremo direita. Na Brasil, o TFP nunca foi um mavímemo ofiriul du Igreja, mascan1u voroma apoia oliva dos lideres dos bispos rrocianários: Dom Antônio de Castro Muyer e Dom Geraldo de Proença Sigaud. A hierarquia 10lero11 as tentativas do movimento de se idemificor roma um grupo da /greju ali o início da década de 70. quandosuasposiçôesreaciondrias se 1ornuram inrompat/veíscam u visba que o maioria dos bispos linha do missbo da Igreja. O 1rabolha mais abrangente sobre a direi/a católica t Integrismo Brasileiro, de Amoine". Como se vê, tudo é insinuado e nada t ditodaramente.Sobretudo,nadaéditoque pcrmilaaoleitor formar uma idéiaobje1iva sobreaTFP. A afirmação de que "a TFP nunca foi ummovimemooficia/da lgreja"éverdadeira e nela nada hi\ de criticável. Ela sempre sedefiniucomoumaa.ssociaçãodvicade ins piração católica, o que está inteiramente de acordocomoDircitoCanônico. Mais à frente (p. 193) o Autor falarà sobre as crltica5 que a CNBB tem feito à TFP, sem mencionar as resp0stas que a associaçllo publicou. A TFP nada teve a ver com os manejos pollticos que levaram ao Ato Institucional nº 5. Agrandcatividadedasociedaden~se anoforamascampanhasdecunhoestritamcante doutrinârio a respeito das declaraçõcs escandalosas esubversivasdoPc.JoscphComblin, c um abaixo-assinado público ~ indo a PauloVl quctoma5se medidascontraainfihracãocomunistaeesquerdista nocl cro. A fo nte que de cita. o Pe. Charles Antoine, é notoriamente de esquerda e facciosa. O mesmo acontece com o ex-deputado Márcio Moreira Alves, no qual de também se baseia Ao tratar longamente das CEBs, exagerando muito sua iníluência, o Autor não faz menção às criticas altamente documentadas, quer quanto à ortodoxia, querem relação à sua ação, que a TFP fez às CEBs em livro mui todifundido e citado(•). Os exemplos acima bastam para mostrar comooei;tudodeScou Mainwaring, em que pesem os méritos de uma amp la pesqu isa, em alguns pomos, padece de parcialidade e dacarênciadeobjetividadequedeveearacterizar umtrabal ho dehistoriador. tulSSE RG IOSOI.I M EO (') Pli nH>Corrtad<Ol iv<ira. Gu,tavo /\ntonioSoli· mrooLui,Sn$K) Solimro.""A•CEBs.<l•1 q""is rnui-
~o"~ !\·~;.~i~"c~~.sa: ~::i. ~· l~rcvc e<>-
26 - CATOLIC ISMO -
No vembro 1989
NOSSA SENHORA DA RUA COM ESSE SUGESTIVO título, uma devota do oratório de Nossa Senhora da Conceição Vitima dos Turroristas compôs a significativa poesia que abaixo transcrevemos. O oratório, que a 18 deste mês completa 20 anos de existência, nasceu no local onde terroristas colocaram urna bomba de alto teor explosivo em 20 de junho de 1969, numa sede da TF P, cm São Paulo, na Rua Martim Francisco, 665, bairro de Santa Cedlia (ver reportagem a respeito em nossa edição de junho):
Nossa Senhora da Rua sobe e desce transeunte ... Assim, devoção - p0<:sia recitada cm prosa e verso, naalmadecadaum. Nossa Senhora da Rua, Nossa Senhora Formosa. Nossa Senhora Sorriso, Nossa Senhora Piedosa! Chora pranto, Seca pranto; Nossa Senhora entendendo, Nossa Senhora atendendo entreluzeseperfumes:Nossa Senhora das velas, Nossa Senhora das flores ... em meio às rosas vermelhas recolhendo as nossas dores. Vai-e-vem o dia inteiro, Passam passos, vêm,ev!lo ... e Nossa Senhora linda com sua ternura infinda, com seu Menino na mão, vai desvendando o segredo de alegrias, ou de medo, das gentes, no coraçào. E la é muito pequenina; sócabemesmoentrcas flores no altar daquela esquina
que é uma esquina de louvores! Ali, na Martim Francisco, pertinho da Martinico tonde Ela fica, e eu fico de alma tão deslumbrada que nem digo mesmo nada. Mas Ela bem me conhece; e sabe até onde moro: - Apareça lá cm casa minha formosa vizinha com sua bondade azul! Nem que seja de passagem Nossa Senhora mensagem! Ou por um só m inminho Nossa Senhora Caminho, porque lá Fora, na rua, o transeunte qu e passa espera por uma graça! Passam passos, voltam passos, 10doselcs vêm e vào: e aquela esquina florida éa síntese colorida de uma pura devoção. Alguns vão mais apressados outros param descansados entre a cidade eo altar. Éaíngênuafestaderua c o povo já se habitua àpausapararezarl
O célebre poeta Guilherme de Almeida comemou a respeito da imagenzinha do oratório: "Procure-a nas horas de !risteza e procure-a nas horas de alegria, pais ela, Nossa Senhora da Rua, sendo da Rua, h:I de entender-nos melhor'' {idem, ibidem).
ARTISTA PLÁSTICA
Quadros à óleo, aquarelas e paste l Temas de pa isagens , casa rios, ma rinhas e natureza morta
Decore com arte e bom gos to! EXPOSIÇÃO EM S. PAULO: RU A JOAQUIM GUARANY, 90 SROOKLYM - SÃO PAULO - FONE: (011) 241 -9355 - Tratar com Ângela
Escrevem os leitores FONTE
CONTEÚDO
SEGURA Atodoinstantenosvalemos dos artigos da revista CATOLICISMO, que acompanhamos desde seu primeiro número, para consultas e estudos, pois sabemosserfonteseguradeculmraeinformações.Oselogiosnunca serão suficientes para demonstrar o quanto
de sua utilidade (lvette Miranda dos Guaranys, Campos - RJ).
APERFEIÇOAMENTO Sempre recebo com grande alegria os números de CATOLICISMO, que não faz outra coisa senão melhorar e aperfeiçoar-se mais e mais. A apresentação da revista está esplêndida, irradiando sempre distinção e categoria; os artigos interessantíssimos e variados, o que torna a leitura atraente e proveitosa, pois tudo está bem pensado e bem documentado. As fo-
cos e desenhos também me agradam muito; vejo com satisfação que foi aumentado o número de páginas. Posso assegurar-lhes que é com certo pesar que uma ou outra vez me desprendo dealgumexemplarparaaicnder os "pedidos importunos" - como diz o Evangelho - de meus amigos que o requerem porque não puderam lê-lo ou porque o necessitam. (Carlos Alberto Diaz Vellu, Buenos Aires - Ari,:enlina).
Quero parabenizá-los pelas excelentes reportagens, entrevistas, comentários. O que mais nos atrai numare· vista não é só a sua tiragem ou apresentação, mas sim o seu conteúdo. Interessantes não são só as notícias que falamsobrctcmasarnais,rcligião, politica etc., mas também sobre fatos históricos que muitas vezes nos passam desapercebidos, como por exemplo o bicentenário da Revolução Francesa de maio/junho/89 e a sua influência nos dias atuais: outra notícia muito interessante foi "Grandeza e Nostalgia nos Funerais da Imperatriz Zita"(LeilaBastosWagner, Campos - RJ).
do amparado pelo superior. Artigos desse gênero trazem oquenecessitamosparaeducarosnossos filhoseinstruílos para se defenderem da ação maléfica e eorruptora doambicntequeelesfreqücntam fora do lar. Como seria interessante se CATOL ICISMO ajudasse a nós, mães católicas, a educar os nossos filhos,constituindoumaverdadeira familia cristã, publicando cm todos os números um artigo do gênero daquele conto maravilhoso! Não quero dizer que a querida redação dessa revista deva mudar de estilo - acho que está excelente - mas peço apenas para acrescentar uma seção de contos infantis ou algo do gênero (Maria de Lou rdes da Costa Dias, São Paulo - SP). NotadaRcdação:Aidéia écxcclentcejáacstávamos procurando realizar na medida das possibilidades. Assim, por exemplo, o espaço que destinamos em nossa rcvistaaassuntoshistóricosecontos em geral vem sendo aumentado ultimamente.
CONTOS
COERÊNC IA
CATOLICISMO de dezembro último trouxe um Conto de Natal sobre um fa. to ocorrido na época da Revolução Francesa. Aquele artigo me agradou muito por causa do [ado maravilhoso que lembrava os natais de antigamente e o fundo moral que demonstrava a fi delidade do inferior para com o superior e a paternalidade do superior em re lação ao inferior. Compreendi que a autoridade não existe para oprimir - como ensma certa pregaçãocomuno-progressita - , mas para amparar e proteger o mais fraco. E, por outro lado, como fica agradecido o inferior quan-
A importante revista CATOLIC ISMO prima pela honestidade e coerência dos conceitos emitidos em seus artigos e matérias(Maurlcio Brandão de Vilhena, Tanaby - SP).
REVOLUÇÃO FRANCESA É com muita satisfação
que me dirijo a V. Sa. para parabcnizá-lo pelo magnifico artigo sobre a Revo lução Francesa, mostrando muito bem explicitado a crueldade e horrores que foi essa Revolução, publicado no Nº 462, junho/89. O mais triste é que vemos em nossos dias a
humanidade comemorando o bicentenário de tal mo nstruosidade (José Carlos Mo· risson, Campos - RJ).
FAROL CATO LI CISMO é para nós um 'farol' no impasse das crises do mundo cm que atravessamos. Crise religiosa,crisefamiliar,crisepolitica ... O CATOLIC ISMO de junho/89,n°462, nosadver-
1~:!~~::'MO Qsttromoltiill~• ~•~!::;
l'
,-,ç . . -.,
te sobre o caos em que o Brasil vai caminhando e, no meio de todas essas adversidades, o 'farol' ilumina com o artigo do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira: 'Aviso da TFP aos indolentes' (A nezitaM11ri11 Mendes Mascarenhas, Mi race ma RJ ).
IMPERATRIZ ZITA É com imensa satisfação que me dirijo a V. Sa. para externar-lhe a gratidão e parabcnizá-lo pelo excelente artigo sobre "Grandeza e Nostalgia nos funerais da hnpcratriz Zita", publicado no Nº 461, maio/89. Foi um artigo bem comentado eclogiadosobreaúltimaimperatriz (Andreita das Graças Barreto de Almeida, Campos - RJ).
Há 250 anos, nascia Frei Antonio de Sant'Ana Galvão
BANDEIRANTE de CRISTO
[fil
O ANO de 1739, há 250 anos portanto, nascia na então Vila de Sanw Antonio de Guara1inguetâ Antonio Corrêa Galvão de França, o conhecido Frei Galvão. Não sendo poss[vel abranger nos li mi1es de um a rtigo sua intensa ativi-
dade apostólica, limitar-nos-emos a rememora r a lguns aspectos pitorescos de sua existência heróica.
As fa mosas "pilu las" As "pílulas" de Frei Galvão tiveram uma origem curiosa. Foram as do res provenientes de cálculos vesi-
cais de um rapaz e o desejo do santo franciscano de manifestar sua caridade àquele necessitado através de um sinal sens[vel, à maneira de um sacramental, que as originaram .
Certamente inspirado por Nossa Senhora, não se contentou aquele va-
rão de Deus a rezar as orações que os parentes do jovem vieram lhe pedir. Tomou m pedacinho de papel e nele escreveu, em latim: "Post Partum Virgo Inviolata Permansisti, Dei Genitrix Intercede por Nobis" (depois do parto permanecestes Virgem, Mãe de Deus, intercedei por nós). Enrolou-o todo, dando-lhe a forma de um canudinho e o enviou ao paciente, recomendando que o tomasse como se fosse remédio . O enfermo tomo u a primeira "p\lula" de Frei Galvão e logo expeliu um grande cãlculo, para imenso alívio próprio, dos parentes e amigos. Conta-se que frei Galvão, chamado para auxiliar num grave trabalho 28 -
CATOLICISMO - Novembro 1989
ESCRAVO DE MARIA SANTÍSSIMA é CARACTERÍSTICA própria dos samos a devoção a Nossa Senhora. Não fugindo a essa regra, Frei Antonio de Sant' Ana Galvão consagrouse como escravo de amor à Rainha do Céu e da Terra. Transcrevemos aqui excertos da cédula irrevogãvel de filial entrega a Maria Santíssima, feito pelo insigne franciscano: "Saibam todos quamos esta cana e cédula virem, como eu, Padre Antonio de Sant' Ana, me entrego por filho e perpétuo escravo da Virgem Santíssima Maria Senhora, com a doação livre, pura e perfeita de minha pessoa, para que de mim disponha conforme sua vontade, gosto e beneplácito, como verdadeira Mie e Senhora minha. E vós, soberana Princesa .. .. assisto sob vosso olhar, porém, na parte inferior sinto a lei repugnante de meus membros a do espírito que me retarda e embaraça. Temo, Senhora, que me impeça o bem que desejo, porém, vós, piedosíssima Senhora, assisti-me e socorrei-me como a vosso discípulo, ajudai-me como a filho, obrigai-me como a servo, quando eu tardar em resistir às tentações .... antes me tireis a vida que ofender a vosso bendito Filho, meu Senhor. Não permitais fique desamparado com me e:o:pulsardes do ditoso número de vossos servos e escravos, mas antes alcanceis perdão de minhas culpas reduzindo-me à vida perfeita até à morte, para que nessa glória vos louve e dê graças eternamente. Para tanto vos ofereço desde agora todos os meus pensamentos, palavras e obras e tudo o mais meritório que fizer e indulgências que ganhar, para que apresenteis junto com os vossos merecimentos a vossa Filho Santíssimo, dispondo de todos eles conforme for vossa vontade ..... "E, para que conste que esta minha determinação foi feita em meu perfeilO juízo, faço esta cédula de minha própria letra, e assinada com sangue de meu pci10. Hoje, dia do patrocínio de minha Senhora, a Mãe de Deus. "Nove de novembro de 1766. De minha Senhora Maria Santíssima indigno servo. Frei Antonio de Sant'Anna".
de parto, deu à gestante uma de suas famosas "pílulas". Logo após, o par· to ocorreu sem problemas. Alguns "fioretti" Frei Antonio de San1' Ana Galvão foi certa vez pregar missões na tradi· cional cidade paulista de ltu. Num sítio próximo à cidade, morava um velho prelo, bom e trabalhador . Vin. do a adoecer, fez a promessa de dar a Frei Galvão, se viesse a ser curado por sua intercessão, uma vara de fran· gos. E o santo frade menor, sem de· mora, curou e bem curado o homem dos frangos ... Este, em retribuição à graça alcançada, amarrou doze fran• gos pelos pés, colocou·OS numa va· ra e foi a !tu em busca do padre mis· sionário. No caminho, de repente, três aves escaparam da vara e puse· ram·se a correr de lá para cá. Duas, o velho preto Jogo conseguiu recupe. rar. Um frango carijó, no entanto, dava trabalho ao piedoso homem, que irrefletidamente deixou explodir sua raiva gritando: "Pare aí, frango do diabo!" Logo enroscou·se o frango nu· ma moita. De lá voltou à vara do pa. gador de promessa e desta a Frei Galvão. O santo religioso alegremente foi recebendo do velho sitiante frango por frango, elogiando um por um e agradecendo. Quando chegou a vez do último, do carijó ... , o santo pa. dre Galvão o rejeitou terminantemen· te, alegando ser aquele um "frango do diabo!" . .. Em outra ocasião, encontrava.se o Apóstolo da Capitania de São Pau. lo numa fazenda do interior paulis· ta. Algumas crianças, atraídas por sua presença, resolveram dar uma olhadela pelo largo espaço aberto na parte inferior da porta do quarto do santo ... Logo puseram·Se a gritar: "Frei Galvão está voando pelo ar! Frei Galvão está voando pelo ar!. .. " Não só as crianças presenciaram cenas dessas. Uma velhinha, certa vez, perto do Convento da Luz, viu o Frade que se aproximava todo recolhido, caminhando cm plena rua como que a voar. .. Ao se cruzarem, ela não conteve sua surpresa: "Ué, senhor Padre, então, vossemecê anda sem
NA SÃO PAULO DO SÉCULO XVIII, SURGE UM CONVENTO CONCEPCIONISTA E QUALQUER lado em que se desce da estaçã? Tiraden· tes do metrô pauhsta, ao se atingir a avenida do mesmo nome, o transeunte depara de repente com algo que contrasta com o aspecto agressivo e trepidante de uma cida· de como São Paulo: o Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição da Luz, marco do passado colonial pau• lista. No século XVIII, foi o Mostei· ro fundado, substituindo a capeli· nha mandada construir no antigo Campo do Guaré pelo português Domingos Luis, o "Carvoeiro", e sua esposa Ana Camacho. A cape· la tinha sido inaugurada pelo beato José de Anchieta que nela celebrou uma Santa Missa! Por volta de 1765, Madre Hele· na Maria do Espírito Samo asseve· rou a Frei Galvão, seu confessor, ter recebido uma revelação sobrenatural da parte de Nosso Senhor Je· sus Cristo para fundar um novo con· vento na cidade de São Paulo. O venerável franciscano, solicitou então ao governador da capitania de São Paulo, D. Luis Antonio de Souza Botelho, o Morgado de Mateus, que comunicasse ao Rei a intençao de fundar um novo convento na capital paulista. Se da Metrópole não viesse proibição expressa, para oca·
D
so dessa fundação, a permissão esta· ria tacitamente concedida. Essa medida, combinada entre os três personagens, tinha sua razão de ser. Por causa dos erros do enciclopedismo, a politica anticlerical do Marquês de Pombal perseguia e cerceava a prática do ca1olicismo nas terras do reino de Portugal. Estava proibida a fundação de novos conventos, bem como a admissão de noviços nas ordens religiosas já existentes. Não encontrando oposição ncs· sa implícita sondagem à corte, deram-se por satisfeitos os heróicos fundadores. Iniciou.se então a obra da refor· madaantigacapelinha.A2defevererio de 1774 realizou·se a fundação do Recolhimento de Nossa Senha. ra da Conceição da Luz da Divina Providência. Certamente por prudência, Frei Galvão conservou o Recolhimento como simples casa de retiro. Somente 155 anos depois, em 1929, o convento foi incorporado à Ordem Concepcionista, e elevado à condição de Mosteiro pontifício. O antigo Recolhimento tornouse assim o Mosteiro da Imaculada Conceição da Luz. Foi ele uma das grandes realizações de Frei Antonio de Sant'Ana Galvão.
CATOLICISMO -
Novembro 1989 - 29
pisar no chão?" Frei Galvão sorriu, saudou, passou! Não sem razão, em Limeira, A raras e outras cidades do interior paulista, o povo reza a seguinte quadrilha: ''Nas minhas aflições, dai- me consolação, Senhor meu Frei Galvão, que não pisais no chão". Morreu idoso e lúcido, aos 23 de dezembro de 1822.
ALL COLOR VElCULOS E SERVIÇOS FUNILARIA -
PIN TURA -
MECÂNICA
Corras nociono,se,mportodos A!endemoso todos os Cios. de Seguros
RlJAFORTI.INA10,2\6-!J.NTACECiJA SÃOPr\ll.0- SP-FCHS: m-ml6-27.l-61ll
S.J. MARTINS ObrqCOIIO<llt_,
- l'feó Carmelo Surian OFM, "Vida de Freó Oal•l<l - o(radcmtnotq1KSi<>Pauloap,!do11<>11",E:di10,a Sarudrio,Apar«:ida-SP.19'7. - So<ot Miryan, "A vida do nnciivcl ~ o de Dnr, Frei A1>11>11io.S.Sa111'Anlll Oal•l<l, o llaAdeirante d, Cri010",Si<>P1ulo, 19)6, l/<d,amp111d1. - Mari<l<la, "Fr.-! Oalvl<l, o Bai>deit&nl< d, CIU!o", (:d,\lo<,s, P,u6poli< 0 19',,l.
Ulva-u corllnH-Tlramo•• colocamo• carpetH - UlvamD11 no local - Servlçoa • domlcllio -
EntragHr•pldH-
ExparllTlllnta noaaoa u rvlço• RUA JAGUARIBE, 522 - SANTA CECÍLIA SÃO PAULO - SP - TEL: (011) 66-2107
dlJ:. Renato Cami,eiro - ~ - ESPECIALIDADE EM CAMISAS ECALÇAS SOB-MEDIDA ARTIGOS FINOS PARA HOMENS Rua Martim Francisco, 92 - Santa Ceemo SõoPoulo-SP-Tel:(011)221-1362
A CASA DE FREI GALVÃO GUARATINGUETÁ - Neste ano em que se comemora o 250? aniversário do nascimento de Frei Anmnio de Sant'Ana Galvão, homenageando a memória de seu filho ilustre, esta cidade concluiu a restauração da casa em que o venerável franciscano nasceu, no século XVIII, iniciada pelos amais proprietários do imóvel, Therez.a e Tom Maia. Situa-se ela na esquina das atuaisruasFreiGalvãoe Frei Lucas, no centro da cidade. Típica residência colonial setecentista, com suas janelas e porta principal em arcos, telhado com cinco quedas d'água e seis cômodos. As paredes da construção eram de taipa. Quem for a Guaratinguetâ, terá agora mais um ponto de referência e um elo de ligação com essa alma de escol e grande brasileiro que foi Frei Antonio de Sant 'Ana Galvão. 30 - CATOLIC I SMO -
Novembro 1989
C & M -
colchões
tms~b~ic"b~ô O lugar da Honda
- TOOA lWHA B9 COM PRONTA ENTREGA - A MAIS AVANÇADA ASSITTNCIA rtCNICA - OISI( - PEÇAS HONDA PARA TODO O PAls - BOUTlOUE ltONDA WAY fASHION
REVENDEDOR AUTORIZADO·
ANATOM, AMfRICANFLfX. CASTOR. DUROCRIN, EPEOA, PROBEL, ORTHOFOAM, SONOLAR E TRORION ENTREGA IMEDIATA FONE: 222-9917
Rua Freó9ricoNooches, 405- SôoPcuo
ar+ttf-itft , RUA MARIA ANTONIA N:' 143 SÃO P'AULO - SP' IAl.l\JRA DON.' 7'(l()Q"OONSOl.,\ÇÃO
Desde 1919
VISOTIC
executando peças em
Pcata 925/1000
Papel de seda com aplicoçõo de silicone, especial para limpeza de lentes
All'ES PIN'IO
Um produto do AATPRESS
A,·cnida Novc<kJu lho, 5897
Industria Gr611ca e Editoro Udo.
Ruo JavOéS. 681/ó89 - SOO Poulo (SP] Te1elone (D11) 220-4522
São Paulo-SI'
Tel: (Oll)852-5500
BR ASÍ LIA - Pouco ames detercminícioosdcba tesso bre a lcgislaçi'.lo ordinária que regulamenta a Reforma Agrária, prevista no texto constitucional, o Escritório da T FP na Capital federal fez chegar a todos os deputados e senadores a ed ição de sccembro de "Catolicismo" Em carta de apresentação da revista, o seu direto r, Pau lo Corrêa de Brito Fil ho, chamavaamençi'.lodos parlamen tares para a reportagem especial da l-<liçno,docume11 tand ooest rondoso fracasso do Assentamento l'i ri1ub:1,irnplamadono sudoestepaulistapcloen1/logovernadorFranooMontoro,etidocomo uma iniciativa modelo de Reforma Agrária.
TFP re pudi a assass ina to d e Bisp o colo mbiano A Sociedade Brasi leira de Defesa da Tradição, Família e Propricdadc - TFP, tornapllb!ico sc u caloroso protesto pcloassassinmodcD. JcsúsJa ramillo,Bispo dadiocescdcArau-
ca, Colômbia, no dia 2de outubro último, nas proximidades do povoado de Arauquíta. O :,10 ~,wri lcgo foi praticado por guerri lh eiros do grupo autodenominado Exército de UbcrtaçaoNncional,cujosintegrallles se des1acam por uma especial ferocidade. &se setor da guerrilha colombiana é <..'0nheddo por sua ma rc-.. n1e dcpendência ao ditador cuba no Fidel Castro. Ademais, importa notar q ue na dircç!lo desse grupo guerrilhciro 1omam partetrê:ssacerdotes apóstatas, sendo o dirigente máximo o n-c lérigo espanh ol Manu el Perez O. Jaramillo tinha sido seqiks trad oju111ocon1 um sacerdote e doi s se minaristas, que estavam cm sua companhia A111es do homiddio do Prelado - um oposi1or das guerrilhas que assolam h.à muitos anos o terrilório ~"Olo mbiano - osaccrdoceeosscminaristas foram soltos. Só depois de ter sido 1orturndo, o Bispo de Arau ca foi executado. Co rn oéfácilver,aexccuç!lo de D. Jarnmillo muoriza csperançasdcqucessavílimadotcr-
MADRI - PuradesagravarodivinoSa lvador, ultrajado pelos sacrílegos a temados qu~ derrubaram , por duas vncs, a cruz erguida 111\ décados, no ponto mais allo da Península Ibérica o pico Mulhacén, situado na Serra Nevada - uma caravana de 20 jovens cooperadOfes de TFP-Covadonga ergueu naque le local nova cruz, rnaisalladoquea amerior. As duas peças de madeira foram adquiridas e preparadas no vilarejo de Serra Nevada, nos arredores de Granada, com a colaboração de carpinteiros ali residentes, sendo depois ca rregadas pelos jovens, ao tongo dccincohorasdccscalada. Devido à rar1:façàodoareao in tcnsoesforço fisicoempreendido, tornaram-se necessários, durant e a subida, frcqüentesintervalosparadescanso, queforam tambémaprovcitadosparasebradar em co njunto a jaculatór ia "Ave Crux, spes unica" (Ave Cr111., ímicacspcrnnça). Coml-çava j/i anoitecer, quando o Crui.ci ro fo i erguido . Dian1e dele, os cooperadores da en! idadc rnaram pela ca usa d;, civi liuu;ão criitll na Espanha de nossos dias, bem co mo recitaram a Consagraç!lo a Nossa Senhora, stgu11do o método de São Luís MariaGrignondcMontfort. rorísmo .seja declarada mártir pela Igreja , e assim elevada às honras dos altares. Conhecedora do cri me, a TFP colo mbiana enviou a S.S. João Paulo li um telegrama de pêsames. No me5rno sen tido, 1elcgrafoua D. Afonso Lo-
pcz Trujillo, Presidem e da Conferência Episcopal Colombiana. Em si nal de luto e protesto, a TFP brasilei ra fez alçar seu estandarte, com uma tarja ne gra,emtodasasscdes da cntida de no Pais e o mesmo farão as demai s TFl's sul-a mer icanas.
Fanfarra exibe-se ao público paulista No populoso Conjulll o Habitaciooal José Booifãcio, situado no bairro de ltaqucra, na capital paulista, a Fanfarra dos Sam os Anjos, composta por jovens cooperadores da TFP, participou das fe:stividades do dia da criança, organizadas anualmcntcpcloSr.ManoclBernardei;,destacadocomerciantelocal. Essa par1icipação foi comentada com viva simpatia por 11umcrosas pessoas presentes, muitasdasqualsjáconhcciam a TFP e o oratório de Nossa Se-nhora Aparecida, nistenlc numa de suas Sedes naquele bairro, :1 rua Sábado D'Angclo. Na ocasião, foram também distribuídas às crianças Medalhas Mila grosas dc NossaScnhoradasGraças.
CAT O LI C ISMO -
Setem bro 1989 -
.11
Uma gesta em forma de livro
N ;u:~!~~~~e~~;~:~~m~Fa~~ ~t~:::~v~i~re~~~.1i:':;r~~~r;::
aqui o texto explicativo nele cont~do. •
•
Sob a liderança de Plinio Corrêa de Oliveira, começou a afirmar-se nos anos 30 uma corrente de católicos entusiastas, a qual daria origem sucessivamente à expansão e apogeu do "Legionário", ao florescimento de "Catolicismo", e â fundação da TFP brasileira. Posteriormente, surgiriam TFPs e entidades afins um pouco por toda
pa~, pª~fa~~
::;:~i~~~::s!~;::t
1::ne:~Íve sempre mais no exato
momento em que a tradição vai sendo repudiada, a familia dissolvida e a propriedade assaltada por agentes socialistas, comunistas e ... capitalistas a pujança dessa corrente constitui o que alguns denominam ''fenômeno TFP''. Este livro descreve pormenorizadamente tal "fenômeno", através da narração dos fatos gerados ao longo de várias décadas, primordialmente pela atuação de Plínio Corrêa de Oliveira com um grupo de amigos, depois pela TFP brasileira, e por fim pela vasta familia das TFPs coirmãs e autônomas. Por certo, este volume se tomará desde logo uma obra de referência indispensável para os que desejam conhecer a fundo e imparcialmente as TFPs. Quer para os que queiram concordar com elas e amá-las, quer para aqueles que, movidos pela hostilidade, tenham a ilusão de encontrar motivos fundados para combatê-las.
(llAtoLIC!SMO
Nossa Senhora das Graças
AMedalha Milagrosa revelada a Santa Catarina Labouré OZ MISTERIOSA da graçaqueresso-
~~~ n:a.s~~~~~n~C::.....c~:.çfi~·~!~'~i~
Saint Laurent). Assim nos fala aquela que é a Mater D1vmae C, m11oe (Mãe daDivmaGraça). Quando pela primeira vez abrimos nossos olhos para este mundo, já sobre eles p~usava cheio de complacências o ccles1e e virginal olhar de Nossa Senhora das Graças. Olhar puríssimo, olhar sacratíssimo, sumamente régio, olhar indizive!mente materno de Maria que nos fita no decorrer de nossa vida, multiplicando os sinais da pre-
sença "quão santa, quão serena, quão benigna, quilo amena" (Hino "Ave Mundi") da Virgem Santíssima. Presença constante a ornar com graças sempre novas e mais intensas aque!es que em obediência às palavras da Santíssima Virgem trazem sempre consigo a Medalha Milagrosa: "Todas as pessoas que a usarem receberão grandes graças, trazendo-a ao pescoço".
A santa que recebeu as revelações A origem da Medalha Milagrosa remonta ao início do século passado. Em 1806, exatamente no ano em que os exércitos de Napoleão, espalhando a Revolução Francesa por toda a Europa, esmagavam e extinguiam o Sacro Império Romano-Alemão - fundado havia 1006 anos por Carlos Magno - e desta maneira acentuavam o processo de demolição da Cristandade, já entào em ruínas, neste mesmo ano de 1806 a Providência fazia nascer na Borgonha uma menina, destinada a representar um imenso papel contra-revolucionário em seu tempo e nos séculos futuros, talvez atê o fim do mundo. Catarina labouré, aos nove anos perdeu sua mãe, de origem distinta, ligada à pequena nobreza de Fain-lcs-Moutiers. Toda em lágrimas, sobe ela então em um móvel, e declara abraçando uma imagem da Virgem: "Agora, vós sereis minha mde".
c..
de devia se renovar e estender-se a1é as extremidades da /erra. "Por fim, o vi vermelho negro; o que me punha a tristeza no c:oraçilo; vinham-me tristezas que tinha muita dific:uldade em dominar. NIio sei porque nem como essa tristeza se re/adonava c:om a mudança de governo".
iarina reconhece,
no quadro r,pruà,tan,lo S<io Viunle
d, Paulo, oa,u;,'ãoquelhe fYrtura.
Mas, seu confessor, Pc. Aladel, aconselhou-a: "NIio esc:u/e estas tentaçôes. Uma Filha da Caridade é feita para servir os pobres e n(Jo para sonhar".
Nosso Senhor lhe aparece
E Maria Santíssima, correspondendo a tanto afeto por Ela mesma inspirado, tornou-se de modo especial mãe de Catarina. Certa vez, um sonho deixou-a intrigada: após celebrar missa na igrejinha de Fain-les-Moutiers, um velho e desconhecido padre, cujo olhar mui!o a impressionara, faz-lhe um sinal para que se aproxime; tomada pelo temor, ela recua, mas sempre fascinada por aquele olhar. Ainda cm sonho, ao sair da igreja para visitar uma enferma, reencontra-se com o velho padre que lhe diz: "Minha filha .... tu agora me fo-
ges, mas um dia serás feliz em vir a mim. Deus tem deslgnios sobre ti. Nao o olvides". Catarina não entendeu ... Aos dezoito anos, uma enorme surpresa: ao entrar no parlatório da casa das Filhas da Caridade cm Châtillonsur-Scinc, onde fora estudar com uma prima, depara com um quadro que retratava ... o mesmo ancião de cujo olhar jamais se esquecera; era São Vicente de Paulo, fundador das Filhas da Caridade, queconfirmavaeindicavaassim a vocação religiosa de Catarina. Entretanto, só aos 23 anos, vitoriosa ante todas as tentativas paternas de afastá-la dos caminhos que Deus lhe traçara, Catarina obteve autorização para entrar como postulante, exatamente na casa das Filhas da Caridade de Chàtillon·sur-Seine, onde, seis anos antes, tivera a grata surpresa de rever o velho padre de seu sonho de menina. Três meses depois, no dia 2! de abril de 1830, transpôs pela primeira vez os umbrais do noviciado das Fi2-
lhas da Caridade, na Rue du Bac, em Paris. Passados alguns dias, com a presença do Arcebispo de Paris, Monsenhor de Quélen, deu-se a solene trasladação, num esplêndido relicário de prata, do corpo incorrupto de São Vicente de Paulo da catedral de Notre-Dame à capela de Saint Lazare, ondeatéhojccncontra·se exposto à veneração dos fiéis. O rei Carlos X participou das cerimônias.
Aparições do coração de São Vicente Foi durante a semana que se seguiu a essa glorificação de São Vicente, ao retornar da capela dos Lazarisrns, onde as Filhas da Caridade faziam todos os dias uma novena ante a relíquia de seu fundador, que Catarina, na Rue du Bac, teve suas primeiras visões.
''Oc:oraçãodeSão Vicentemeaparec:eu 1rês vezes de modo diferel/le, três dias seguidos: branco, c:or de carne, o que anunciava a paz, a inocência eu uniao. "Depois o vi vermelho cor de fogo; o que devia acender a caridade 110 coraçao. Pareda-me que a com1111ida-
CATOLICISMO - Supkmcnto especial do n'.' 467
A Providência, entretanto, preparava a alma de Catarina para as revelações de Nossa Senhora que se haviam de seguir, elevandosuascogitações paraosgrandcsinteresses da causa dalgrejacdacivi!izaçao cristã:
"Eucra-relacaasanta - favorecida com uma
owra graça: a de ver Nosso Senhor 110 Samfssimo Sacramento durame iodo o tempo de meu noviciado, menos wdas as vezes que eu duvidava. "No dia da Santlssima Trindade (6 de junho) Nosso Senhor me apareceu como Rei, com a cru:: sobre o peito. No momento do Evangelho, pareceu-me que Nosso Senhor era despojado de todos os seus omamé111os, caindo tudo por terra. Foi ent(Jo que tive os mais negros e tristes pe11same111os: o Rei da Terra seria perdido e despojado de suas vestes reais". Catarina, que polarizava cm Carlos X, Rei de França, a interpretação da visãoquetivcra,tentaconfiarsuasapreensõcs ao Pe. Aladel, que não lhes dá a menor importância.
Primeira aparição de Nossa Senhora Transcorrido pouco mais de um mês, na noite anterior ao dia da festa de São Vicente, 19 de julho, Catarina vê pela primeira vez a Rainha do Céu eda Terra.
"Haviam-nos distribuído {às noviças] um pedaço do roq11e1e de linho de São Vicente. Eu cariei a metade e a engoli, adormecendo ('0111 o pensamento de que Silo Vicente me obteria a graça de ver a Sal/líssima Virgem. "Enfim, às onze e meia da noite, ouvi que me chamavam pelo nome: 'Minha irmã! Minha irm(J!' Acordando, corro a cortina e vejo um menino dequafro a cinco anos vestido de branco que me diz: 'Vinde à Capela; a Santíssima Virgem vos espera'. "Vesfi-me depressa e me dirigi para o fado do menino que permanecera de pé. Eu a segui, sempre à minha esquerda. Por rodos os lugares onde passái·amos, as luzes estavam acesas, o que me espantava muito. Porém, muito mais surpresa fiquei, quando entrei na Capela: a porta se abriu mal o menino a tocou com a ponta do dedo. E minha surpresa foi ainda mais completa quando vi todas as velas e castiçais acesos, o que me recordava a missa de meia-noite. . "Por fim, chegou a hora. O menino mo preveniu: 'Eis a Santíssima Virgem: ei-la'. "Eu ouvi como umfrufru de vestido de seda, que vinha do fado da tribuna, perto do quadro de S3o José, e que pousava sobre os degraus do altar, do lado do Evangelho, sobre uma cadeira igual à de Sant'Ana . . "Nesse momento, olhando para a San//ssima Virgem, dei um salto para julllo dE/a, pondo-me de joelhos sobre os degraus do altar e com as mdos apoiadas sobre os joelhos da Sanlissima Virgem ... "Ali se passou o momento mais doce de minha vida. Ser-me-ia impossfvel exprimir tudo o que senti. Ela disse:,,,. 'Minha/ilha, o bom Deus quer encarregar-vos de uma missdo. Tereis
muito que sofrer, mas superareis estes sofrimentos pensando que o fareis para u glória do bom Deus. ... . Sereis contraditada, mas tereis a graça; ndo 1emais. .... Sereis inspirada em vossas oraçôes.. "Os tempos s(Jo muito maus, calamidades virllo precipitar-se sobre a França. O Irona será derrubado. O mundo inteiro será transtornado por males de toda ordem. (Ao dizer isto, a Santíssima Virgem tinha um ar mui-
to penalizado). Mas vinde ao pé deste altar: ai as graças sertJo derramadas. .. sobre rodas as pessoas, grandes e pequenas, particularmente sobre aquelas que as pedirem . .... O perigo será grande, entretanto não temais, o bom Deus e São Vicente proregerão a comunidade". Interrompamos aqui, por um momento, as palavras de Nossa Senhora e vejamos como elas se cumpriram nos 21 anos subseqüentes. O h J. M. Aladtl: dif"icu/da,Úftll Crflr
nasaparições
NouiçasdMl'ilhas
MCaridad,na law.nderia,romo umpod,
110
S"nta C"tarina
CATOI.ICISMO -
Supkmenw ,:,.~pccial do nl' 467 -
3
Prossegue o relato da primeira aparição de Nossa Senhora Mas retornemos ao manuscrito em que Santa Catarina relata a primeira aparição da Santíssima Virgem, naquela noite de 18 para !9dcjulhodc 1830. É Nossa Senhora quem adverte: "Minha filha, eu gosto de derramar graças sobre a comunidade em particular. Eu a aprecio muiro. Sofro porque há grandes abusos na regularidade. As Regras nao stlo obsen•adas. Há grande refaxame1110 nas duas comu-
Santa Catarina Labouréprocura converter numbros da Comu"a ,listribuindo-lhrs M~dalhar lllilagm,a$
Carlos X, Luis Felipe, Napoleão III Uma semana depois desta aparição eclode a Revolução de julho de 1830, atestando o alcance profético das visões de Santa Catarina. Tratava-se de uma nova explosão do espírito de 1789, manobrada pelos comitês republicanos e carbonários de insurreição, que empunhando a bandeira tricolor da Revolução Francesa derrubava o Rei Carlos X. Um anticlericalismo virulento se manifesia: igrejas profanadas, cruzes postas por terra, comunidades religiosas invadidas, devastadas e dispersas; padres perseguidos e maltratados. Entretanto, cumprem-se fielmente as promessas de Nossa Senhora: os Lazaristas e as Filhas da Caridade, ambos fundados por São Vicente de Paulo, atravessam incólumcs esse turbulento período. Impotente para levar às últimas conseqüências seus princípios igualitários, a Revolução faz sentar no trono de São Luís um rei não legitimo, embora verdadeiro príncipe. Luis Felipe, filho de Felipe Egalité, era, dentro da Paris convulsionada, o homem escolhido para aliar o estabele4 -
CATOLICJSMO
~
cimento de uma pseudo-ordem com a vitória dos ideais libertários. Foi feito rei a 7 de agosrn de 1830. lnsadâvel no anelo de seu próprio paroxismo, c não se contentando em haverderrubadoalcgitimidadedinástica, dezoito anos depois a Revolução põe por terra o próprio trono ilegítimo de Luís Felipe, o "rei-cidadão". SantaCatarina,quctemeraesofrera tanto com a queda do Rei Carlos X, não atribui, porém, o mesmo significado nem mostra a mesma dor ao ver cair Luis Felipe ... É proclamada a li República francesa. Efêmero, o novo regime é dirigido, cm meio ao caos e às barricadas, primeiro por um governo provisório, e mais tarde por um presidente eleito, Luís Napoleão, que três anos depois, cm dezembro de 1851, por um golpe de estado, faz-se imperador sob o titulo de Napoleão Ili.
Suplcmcm o especial do n? 467
nidades. Dizei-o àquele que está encarregado de uma maneira particular da comunidade. Ele de11e Jazer tudo o que lhe for possível para repor a regra em vigor. Dizei-lhe, de minha parte, que vigie sobre as más leituras, as perdas detempoeasvisitus ... "Conhecereis minha visita e a proteçlio de Deus e de São Vicente sobre as duas comunidades. Mas 11(10 se dará o mesmo com outras congregaçôes. Haverá vílimas (ao dizer isto, a San/Íssima Virgem tinha lágrimas nos olhos). Para o Clero de Paris haverá 11ítimas: Monsenhor, o Arcebispo (a esta palavra, lágrimas de novo) "Minha filha, a Cruz será desprezada e derrubada por terra. O sangue correrá. Abrir-se-á de no110 o lado de Nosso Senhor. As ruas estarlio cheias de sangue. Monsenhor, o Arcebispo, será despojado de suas vestes (aqui a Santíssima Virgem nlio podia mais falar; o sofrimento esta11a estampado
em sua face). Minha filha - me dizia ela - o mundo todo estará na tristeza. A estas palavras, pensei quando isto se daria. Eu compreendi muito bem: quarenta anos". De fato, quatro décadas depois ...
aos setente dias da Comuna, cumpriram-se com perfeita e1C.atidão. Derrotada por fim a Comuna, Adolf Thiers é nomeado, em agosto, primeiro presidente da anticlerical Ili República, que assim subst itui o Império de Napoleão Ili. A Revolução, em seu terceiro passo, mais uma vez triunfara, e assim chegará att nossos dias ... Realizou-se, pois, processivamente, ao longo de quarenta anos, em três etapas, tudo quanto o coração de São Vicente, Nosso Senhor Eucarfstico e a Santíssima Virgem previram em suas aparições a Santa Catarina, em 1830.
A guerra franco-prussiana e a Comuna Em 1870, a França e a Alema nha entram em guerra. A 2 de setembro, uma esmagadora e humilhante derrota obriga Napoleão Ili a capitular em Sedan. Dias depois, em Paris, é novamente proclamada a República, à testa da qual estava um governo de defesa nacional, cujo espírito sectário bem se caracterizava pelo bradodeGambetta, um de seus mais destacados membros: "O clericalismo, eis o inimigo". Em março seguinte, com a França ainda em sangue, arrebenta uma Revolução na capital, conhecida como a Comuna. O governo republicano é obrigado a transferir-se para Versailles, e a capital vive então setema dias sob a tirania de um conselho geral, composto por furiosos anarquistas. Quando, a 18 de maio, Notre Dame tles Victoires -histórico santuário favorecido por todas as graças ligadas às aparições da Rue du Bac, e sede de uma arquiconfraria mundialmente difundida, cuja ins[gnia é a Medalha Milagrosa - foi invadida pelo batalhão dos "vingadores da República" que praticaram, então, infames sacrilégios, Santa Catarina declarou: "Tocaram em Notre Dame des Victoires. Pois bem! É a derrota deles, nllo irllo mais longe". De fato, três dias depois entrava em Paris o exército regular, vitorioso contra a insurreição revolucionária, mas sem ainda dominar toda a cidade. Por ordem do comitê executivo da Comuna, a 24 de maio foi fuzilado no cárcere de La Roquette - conforme previra Nossa Senhora - o Arcebispo de Paris, Mons. Darboy. Já em seus estertores finais, dois dias depois, os rebeldes assassinaram vinte dominicanos e outros reféns, clérigos e soldados. I':: a semana sangrenta ... Entretanto, mais uma vez, os Lazaristas e as Filhas da Caridade, sob a proteção de Nossa Senhora, atravessam incólumes uma Revolução. Durante a Comuna, enquanto todas as irmãs, em meio aos insultos e ameaças dos Communards, estavam
Segunda aparição de Nossa Senhora: a Medalha Milagrosa Parla d, ,ntr-ada do
"""'·""'º dt. Rw du &e
A Mrdalho. Milagrosa I m,,lada a Sa .. ta Catarina l,aboull
tomadas de terror, Santa Catarina era a única a não ter medo: "Esperai, a Virgem velará por nós, nllo nos ocorrerá nenhum mal". Quando os revolucionários invadiram o convento das Filhas da Caridade e e1C.pulsaram-nas, Santa Catarina previu que todas estariam de volta dentro de um mês, no dia 31 de maio; e assegurou à Superiora que a própria SantíssimaVirgemguardariaacasaintacta. Ao retirar-se, Santa Catarina apanha a coroa da imagem do jardim a fim de subtrai-la à profanação, dizendo a Nossa Senhora: "Eu voltarei para vos coroar no dia 3 I de maio". Estas e muitas outras previsões, relativas
Voltemos ao ano de 1830, à capela da Rue du Bac. Quatro meses haviam transcorrido desde a primeira aparição de Nossa Senhora, que deixara em Santa Catarina profundas saudades e um imenso desejo de rever a Mãe de Deus. Eis como em seus manuscritos a própria noviça das Filhas da Caridade narra a segunda aparição: "No dia 27 de novembro de 1830 .... vi a Santíssima Virgem, de estatura média, estava de pé, trajando um vestido de seda branco-aurora feito à maneira que se chama à la Vierge, afogado, mangas lisas, com um \•éu branco que Lhe cobria a cabeça e descia de cada fado até em baixo. Sob o véu, vi os cabelos lisos repartidos ao meio e por cima uma renda de mais 911 menos três centímetros de a/lura, sem franzido, isto é, apoiada ligeiramente sobre os cabelos. O rosto bastante descoberto, os pés apoiados sobre meia esfera, e tendo nas mllos uma esfera de ouro, que representava o Globo. Ela tinha as maos elevadas à altura do estômago de uma maneira muito natural, e os olhos elevados para o Céu ... Aqui seu rosto era mag11ijicomente belo. Eu nao saberia descrevi-lo ... E depois, de repente, percebi nesses dedos anéis revestidos de pedras, umas mais belas que as outras, umas maiores e outras menores, que lançavam raios cada qual mais belo que os ou/ros. Partiam das pedras maiores os mais belos raios, sempre alargando para baixo, o que e11chia toda a parte de baixo. Eu nllo via mais os seus pés ... Nesse momento em que estava a contemplá-la, a Santfssima Virgem baixou os olhos, fiitando-me. Uma Vozsefezouvir, dizendo-me estas palavras:
CATOLIC ISMO - Suplemento especial do 11? 467 -
j
- A esfera que vedes represerua o mundo inteiro, particularmente a França ... e cada pessoa em particular... "Aqui eu não sei exprimir o que senti e o que vi, a beleza e o fulgor, os raios ttlo belos... - 'É o símbolo das graças que derramo sobre as pessoas que mas pedem', Jazendo-me compreender quanto é agradável rezar à Samlssima Virgem e qual/lo Ela é generosa para com as pessoas que a Ela rezam, quantas graças concede às pessoas que Lhas rogam, que alegria Ela sente concedendo-as ... Nesse momento formou-se um quadro em torno da Santíssima Virgem, um pouco oval, onde havia no alto estas palavras: 'Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós', escritas em letras de ouro..... EntlJo, uma voz se fez ouvir, que me disse: 'Fazei, Jazei cunhar uma medalha com este modelo. Todas as pessoas que a usarem receberão grandes graças, trazendo-a ao pescoço. As graças serão abundantes para as pessoas que a usarem com confiança ... ' Nesse instante, o quadro me pareceu se vollar, onde vi o reverso da medalha. Preocupada em saber o que era preciso pôr do lado reverso da medalha, após muitas orações, um dia, na meditação, pareceu-me ouvir uma voz que me dizia: 'O M e os dois Corações dizem o suficiente"'.
A ,sfHtacular rono-..rsôa dt Alplwnu Ra1i.bom,. como'"'" a Eu.rop,,
Terceira aparição de Nossa Senhora Poucos dias depois, em dezembro de 1830, a Santíssima Virgem visita Catarinape\aterceiraeúltimavez. Ê com o mesmo vestido cor de aurora e o mesmo véu que a Virgem Maria se faz ver, segurando novamente um globo de ouro encimado por uma pequena cruz. Dos mesmos anéis ornados de pedras preciosas jorram, com intensidades diversas, a mesma luz:
A figura de Nossa Senhora na Meda lha A PROPÓSITO da figura de Nossa Senhora, com os braços e as maos estendidos, tal como aparece na Medalha Milagrosa, levanta-se uma delicada e controvertida questão. Dos manuscritos de Santa Catarina pode-se auferir que Nossa Senhora lhe apareceu três vezes, duas das quais oferecendo o Globo a Nosso Senhor, e não com seus braços e suas virginalissimas mãos estendidos, como figurado se encontra na Medalha Milagrosa. Esta divergência entre as descrições de Santa Catarina e a representação da Medalha Milagrosa foi apontada já pelo biógrafo de Santa Catarina, Mons . C hevalier, ao depor, em 1896, no processo de beatificação:
"Eu ndo chego a explicar-me porque o Padre A/ode/ suprimiu o globo que a Serva de Deus sempre me afirmou, a mim, tê-lo visto nas mlios da Santíssima Virgem . Sou (evado a crer que ele agiu assim para simplificar a medalha". Porém, se lamentável é esta "simplificação" feita pelo Pe. Aladel, em verdade ela não é causa da menor perturbação. Sobre a Medalha Milagrosa, ta! qual o mundo inteiro hoje a conhece e venera, pousou a bênção de Nossa Senhora. Ê o que insofismavelmente se deduz das incontáveis e insignes graças, dos fu! gurames e inúmeros milagres que tem ocasionado, bem como da reação de Santa Catarina ao receber as primeiras medalhas cunhadas pela Casa Vachette, dois anos depois das aparições: "Agora, é
preciso propagá-lo''. E, por fim, uma confidência decisiva estabelece a mais inteira segurança: em 1876, pouco antes de falecer, Santa Catarina, interrogada por sua superiora, Ir. Jeanne DufCs, acerca do Globo que não figura na Medalha, categoricamente respondeu: "Oh! Não se deve tocar na Medalho Mifagrosa". 6 -
CATO!.ICISo\10 -:- Supl,·a"'nto tS J><:cial do nó 467
"Dizer-vos o que semi e tudo quanto compreendi no momento em que a Santíssima Virgem oferecia o Globo a Nosso Senhor é impossível de exprimir. "Como estivesse ocupada em contemplar a Somíssima Virgem, uma voz se fez ouvir no fundo de meu coraçdo: 'fates raios slJo sfmbolo das graças que a Sontfssima Virgem obtém para as pessoas que Lhas pedem'. Essas linhas devem ser colocadas como legenda embaixo da Santfssimo Virgem. "Estava eu cheia de bons sentimentos, quando tudo desapareceu como algo que se apaga; e eu fiquei repleto de alegria e consolaçlJo".
A cunhagem das primeiras medalhas Encerrava-se assim o ciclo das aparições da Santíssima Virgem a Santa Catarina, que recebe no entanto uma consoladora mensagem: ''Minha Jifha,
doravante nilo mais me vereis, porém ouvireis minha voi durante vossas orações". Mas o confessor de Sama Catarina, Pe. Aladel, a quem ela tudo relata, mostra-se frio e incrédulo, considerando-a sonhadora, visionária, alucinad,. Dois anos de tormento se passam:
"Nossa Senhora quer... , Nossa Senhora está descontente... , é preciso cunhar a medalha", declara-lhe a Santa. Por fim, depois de consultar o Arcebispo de Paris, Mons. de Quélen, que o encoraja a levar adiante o empreendimento, o Pe. Aladel encomenda à Casa Vachcttc, em 1832, as primeiras 20.000 medalhas. A execução ia com~ar, quando uma epidemia de cólera, vinda da Rússia através da Polônia, irrompeu em
Medalha Milagrosa: primeiros prodígios AS MEDALHAS Milagrosas iniciaram seu esplendoroso cortejo de milagrcsduranteaepidemiadecólera havida na França, em 1832. Seguem alguns exemplos: -Naescolada praçadolouvrc, a pequena Caroline Nenain (oito anos),daparóquiadeSaintGermain l'Auxerrois, única em sua classe a não portar a Medalha, é também a únkaatingidapelacólera.Nodiaseguinte àquele em que recebera com grandepiedadcsuaMcdalhaMilagrosa,a1ncnina,curada,retornaàaula. -Nadiocesede Meaux,umasenhoraatingidapelacólera,jádesenganada,eàsvéspcrasdcdaràluz, rccebeumaMcdalhaMilagrosa:nasccumabelacsaudávelcriança,esua mãevé-setotalmentecurada. - Prestes a falecer, um militar de Alençon respondia com blasfêmias e insultos a todos os incitamentos à conversão que lhe dirigiam o capelão e as religiosas: "O vosso Deus nlJo gosta dos franceses: dizeis que Ele é bom e me ama, mas se assim fosse como deixar-me-ia sofrer deste modo? NlJo preciso de vossos conselhos, nemdevossossermóes". À medida que se aproximava a
morte, multiplicavam-se as imprecações. Quando ninguém mais esperava sua conversão, seis dias depois dcumafrcirahaverprcndidoaoleito, sem que ele o percebesse, uma Medalha Milagrosa, o militar declara: "NiJo quero morrer no estado em que me encontro; peçam ao podre que Joça o favor de ouvir-me emconfisslJo".
E em meio a terriveis tormentos, morrecomserenidadeafirmando: "O que me causa pesoré haver amado 10o1arde,enlJoamormuitomois".
Parisa26demarço,emplenoCarnaval,ceifandovidas, num imenso cântico fúnebre ... Num só dia houve 861 vitimas fatais . No total foram registradas oficialmente 18.400 mortes, porém, na realidade, houve mais de 20.000. As descrições da época são aterradoras: em quatro ou cinco horas, o corpo de umhomememperfcitasaúdc reduzia-se ao estado de um esqueleto . Como se fora num abrir e fechar de olhos, jovens cheios de vida tomavam o aspecto de velhos carcomidos, e logo depoisnãoeramsenãocadáveres. Nos derradeiros dias de maio, a epidemia parecia rccuar.lnicia-seenfimacunhagem das primeiras medalhas. Na segunda quinzena de junho, porém, um novo Fota autêntica de Sa"'ª Catarina LahquTé, ,w 70 ano• surto do tremendo castigo redobra o pânico do povo. .. Mas, finalmente, no dia 30, a Casa ao Catolicismo, convcne-sc subitamenVachctte entrega os primeiros l.500 te na igreja de Sant'Andrea delle Fratexemplares, que são distribuídos pelas te. A Santíssima Virgem lhe aparecera Filhas da Caridade e abrem o cortejo com as mesmas características da Mesemfimdasgraçasedosmilagres(ver dalha Milagrosa: "Ela nodo disse, mos exemplos dos milagres em quadro à eu compreendi tudo", declarou Afonso Tobias Ratisbonne, que pouco departe). pois rompeu o noivado e tornou-se no mesmo ano noviço jesuíta, e mais Conversão tarde sacerdote, sob o nome de Pc. Afonso Maria Ratisbonne. de Ratisbonne Ora, quatro dias antes, por imposição de seu amigo, o Barão de BussiOs prodígios voavam de boca em éres, muito a contra-gosto e por bravaboca por toda a França, transpunham ta, Ratisbonne prometera rezar todos as fronteiras e os mares; e, assim, em os dias um Memorare e aceitara colobreves anos, tornara-se corrente em o car ao pescoço uma Medalha Milagrotodo mundo católico a noticia de que sa. E ele a trazia consigo quando NosNossa Senhora pessoalmente apresenta- sa Senhora apareceu ... Essa espetacular conversão comora a uma religiosa, Filha da Caridade, o modelo de uma medalha, que logo veu toda a aristocracia européia e temcreceuscrchamada''milagrosa",tão ve repercussão mundial, tornando aingrandesetãoabundaniesforamasgra- da malsconhecida, procurada e vcncraças alcançadas, conforme a Santíssi- da a Medalha Milagrosa. Entretanto, ma Virgem prometera, por aqueles que ninguém, nem mesmo a Superiora da Rue du Bac, nem mesmo o Papa, saa usavam com confiança. Já cm 1839 mais de dez milhões bia quem era a religiosa por Nossa Sede medalhas haviam sido difundidas nhora escolhida para canal de tantas pelos cinco continentes. E relatos de graças. Exceto o Pe. Alade!, que a tumilagres chegavam de todo o orbe: Es- do envolvia no anonimato ... Santa Catados Unidos, Polônia, China, Abissí- tarina, por humildade, manteve durante toda sua vida uma absoluta discrinia ... Em 1842, uma notícia estampada ção, jamais deixando transparecer o por toda imprensa corre como rastilho celeste privilégio de que fora objeto. Para ela importava apenas a difude pólvora: um jovem banqueiro, judeu de raça e religião, noivo, vindo a são da medalha; era sua missão, e estaRoma com olhos críticos em relação vacumprida. CATOLICISMO - Suplemento esp~cial do n? 467 - 7
Perspectivas do Reino de Maria A 31 de dezembro de 1876, morre Santa Catarina Labouré. Asaparições ·ctc Nossa Senhora das Graças (ou da Medalha Milagrosa), como as sucessivas de La Salette, Lourdes e Fátima, abrem uma esplêndida perspectiva marial para o futuro, não obstante os horrores em meio aos quais presentemente nos cncomramos. A esse propósito comentou o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: "Para além da tristeza e das p11niçôes supremamente pro~·áveis para as quais caminhamos, lemos diante de nós os cfarOes sacrais da aurora do Reino de Maria: 'Por fim
o meu Imaculado Coraçao triunfará'. É uma perspectiva grandiosa de universal vitória do Coraçao régio e maternal da Santfssima Virgem. É uma pro-
messa apo1,iguadora, atraente e sobrewdo majestosa e empolgante" ("Catolicismo", maio de 1967). Sim, o Reino de Maria do qual nos fala São Luís Maria Grignon de Montfort - e para o qual acenou Nossa Senhora em Fátima, após os castigos que predisse - também foi antevisto por Santa Catarina Labouré, em 1876, um mês antes de subir aos Céus; "Vir(Jo grandes catástrofes . . o sangue Jorrará nas ruas. Por um momento crer-se-á tudo perdido. Mas ludo será ganho. A Sanlissima Virgem é quem nos salvará. Sim, quando esta Virgem, oferecendo o mundo ao Padre Eterno, for honrada, teremos a paz". COMISSÃO DE ESTUDOS SÃO BENTO. do TFP Obrasconsuhadas: - lt. Laurcntin e P. Roche CM, " Catherine Labouréel la Médaitle Miraculcusc - Documen1sAuthcntiques". Lethiellcux, Paris. 1916 - R.Laurcmin,"ViedeCa1hcrincLabouré Récit'", Desdée. Paris, 1980. - R.Lauremin,""ViedeCa1herineLabouré Preuses". Desci«. Parii. 1980. - R. Laurentin,""Ca1herincLabouréetlaMédailleMiracukur.c - ProctsdeCatherine''.Lethidleux. Paris. 1979. - PlinioCorrêade Oliecira,''RevoluçãoeCon1ra,Revolu~o·'. Diâriodas Leis, São Paulo,2 ' edição,1982. - São Luís Maria Orignon de Momfon, '"lratadoda Verdadeira DevoçãoàSantlssima Virgem'". Vozes,Pe1r6polis,1971 - JuanBta.Weiss."HistóriaUni,·crsa l'".,·olumcs20e24, Tip0grafiadclaEducaei6n, Barcelona, 1933. - '"A Medalha Milagrosa - sua origem, his16ria, difusão c resuhados". ediçao re,·is1a e au,ncn1ada à do Padre Aladel. por um religioso da Congregação da Mi ssão, Imprensa Commercial. Porto, 1884
o mundo, exatamente como São Luís Maria Grignion de Montfort aspirava e profetizava para os últimos tempos: uma era em que a Rainha dos Corações deve brilha r como jamais brilhou em misericórd ia, em força e graça, ou seja, um Reinado de Maria sobre todo o Universo. Ao longo de seu q uase meio século de vida religiosa, Santa Catarina tanto desejou a execução dessa imagem, e de um altar onde a Santa Mãe de Deus, assim representada, deveria ser especialme nte venerada, que a este propósito deixou d iversos manuscritos do maior significado, emre os quais selecionamos dois. Um deles, provavelmente de 1841,assim reza: "Agora, nesses dois úllimos anos, eu me sinto atormentada e pressionada a vos dizer que seja elevado, como tenho pedido, um altar da SSma. Virgem no mesmo lugar em que Ela apareceu". Em outro manuscrito, não daA pn"mâ ra ''Yfrgem com (J G/a/H;", conurootado, Santa Catarina declara: da na Casa das Filhm da Caridade, em "A imagem deve ser de tamaR euil/y. Santa Catarina não escondeu sua nho natural, com um véu sobre deupçãoaovi-la. a cabeça, descendo até em baixo; deve ter o rosto descoberto, e nas A Vfrgem e o Globo mtlos, elevadas à altura do estômago, um globo de ouro, como UMA PALAVRA convém dizer se ela o oferecesse a Deus. Os dedos acerca daq uilo que fo i para Santa devem es1ar guarnecidos de pedras Catarina, conforme ela mesma decla- preciosas, da maior parte das quais rava, o tormento e o martírio de partem raios que descem até os pés, cobrindo tudo em baixo. suavida. " Estas linhas devem ser colocaA Santíssima Virgem trazia um globonasmãos,eapesardainsistên- das em baixo da coluna: 'Minha ficia de Santa Catari na junto ao Pe. lha, este globo representa o mundo Aladel e aos seus subseqüentes con- inteiro, particularmente a França, fessores, nen hu ma imagem a repre- e cada pessoa em particular. Estas sentava assim. pedras, de onde não parte nada são Foi só no ano de sua morte, as graças que os homens esquecem 1876, que Santa Catarina contem- de me pedir'". . Logo em seguida, e conferindo plou - aliás sem esconder sua de~ cepção - a primeira imagem repre· uma luz mais esplendorosamente sentando Maria Santíssima como profética á missão que Nossa SenhoEla de fato aparecera; porém, mes- ra em 1830 lhe concedera, uma exmo assim, sem os raios que de suas clamação textual de Santa Catarina virginalíssimas mãos partiam : "Nos- soa como um toq ue prccurSOf do sa Senhora - exclamou Santa Cata- Reino de Maria: "Oh! como será rina - era bem mais bela que is- belo ouvir dizer: Maria é a Rainha to .. . " Que diria Santa Catarina se do Universo, particularmente da tivesse visto a posterior imagem, França. E os filhos, com transporque ora se encontra na capela das tes de alegria, bradarllo: e de cada Aparições, aliás tão modernizada? ... pessoa em particular! Este será um A imagem de Nossa Senhora com tempo de paz, de alegria e de felicio Globo conduz à idéia de um do- dade que será longo. A Sanlfssima mínio, um poder, um senhorio e Virgem será portada em es/andarte, uma autoridade sobrenaturais sobre e daráa volta em torno do mundo''.
1
1 1
tornará desde logo uma obra de referência indispensável para os que desejam conhecer a fundo e imparcialmente as TFPs . Quer para os que queiram concordar com elas e amá-las, quer para aqueles que, movidos pela hostilidade, tenham a ilusão de encontrar motivos fundados para combatê -las.
1
li
11
Conheça pormenorizadamente o "fenômeno TFP"
*
Suas origens e suas primeiras lutas contra o chamado "progressismo católico"
*
Suas batalhas em defesa da propriedade privada e a livre iniciativa, contra a Reforma Agrária, a Reforma Urbana, a socialização da medicina etc.
*
Suas pugnas em defesa da família brasileira
* Suas campanhas de alerta contra manifestações da chamada "Teologia da
Libertação".
*
A nobre epopéia de suas caravanas que, no Brasil, desde 1970, percorreram 4 milhões de kms., visitaram 20 mil cidades e difundiram 1,4 milhão de publições.
*
A base doutrinária em que se fundamenta a TFP
* Suas táticas de ação *
A atuação das TFPs e sociedades afüns em 20 países dos cinco continentes
*
Declarações inéditas de Plinio Corrêa de Oliveira sobre as origens da crise que assola a Santa Igreja no Brasil Uma realização
*
Traços biográficos deste grande lider e pensador católico brasileiro
{)VEM SÃO esses rapazes, tão j ovens,
que, a;:',.1do de pessoas m aduras e experientes, propug nam pela Tradi ç:Io, q ue muitos iulgava m mor ta? Jovens tão amáveis, tão alegres, que estão sempre com un i ca n do esta coi s:1 preci osa: a esper an ça? Defen den do um p r ograma t ão sério, t ão profun do, que imp r essi o n:1pela d ensidade, e inspir a confia n ça? O q ue é essa Sociedade cívica anticomunista constituída de católicos apos1ólicos rom anos con vicws e p r atica ntes, que j am ais se calaram nem cederam terren o ante as i ão ajud:1das in veMidas levadas :1 c:1bo p ela esquerda cató lica e p ala Teol ogi:I da Liberlação parn a conquist a da opini:Io pública brasileira? Quem são esses p rop agandisws, das m:1is variadas idades, que lutam contra a Refor ma Agrária, a Reforma Urbana, a Rcforn1a Emp r esarial , a 1n:1ioria d eles sc,n fazcnd:1 o u casas o u 1crrc nos o u em pres:is? Idealism o cm forma pura, que se julgava ter desap ar ecido . Q ue se p or ia m em suas c:1 mpanhas m,s grandes capitais com ia/ d esen vo ltu ra que j á têm sido qualificad os como "os d o n os d:t ni:i '"? E que d ep o is não descuidam d e v isit :1r as 111en ores vil:ls
do interior? O que são essas o u1rns T F Ps qu e, d ep o i s da fund :1ção da co irm ã br:1sileir;i, surg iram e se esprai:lram p o r mais 14 p aíses e c uj:i i rra diação d o uirinári:1 j á a1ing iu 53 11 0S
cin co
Preço do livro 60 BTNs Envie já o cupom anexo ou fa<,.a o pnhdo pelo tddom:
(O 11) 220-4522
O OCIDENTE SOFRE CHANTAGEM Mero artificio da propaganda soviética para "convencer o Ocidenteainjetarcapitalnaesfacetada economia socialista'', Eis<.:omoasovietóloga francesa Françoise Thom, no livro "O momentoGorbachev",qualifica os reais desígnios do lidcr
russoaoexecutara"perestroika". A argumentação é dara e precisa: oferecendo créditos e tecnologia aos comunisrns, o Ocidente,narcalidade,"oxigcnaoregimc,permitindo-lhcretardarasmudançasix:onômicas indispensãveis' '. Françoise Thom exorta o MundoLivrea"rejcitarachantagemdoKremlin" ...
GUERRILHA
URBANA
planUlo nas delegacill$acobum sendo eles próprios processados se prenderem qualquer criminoso conhecido, nOo em flagrante, sem mondado. Como conseqüência de ludo, revelo-seestedodochoconte: os 250 marginais detidos em média, diariamente, pela polícia, apenas no cen1ro do Copi1al poulis1a, re/ornom às r111l$ no dia seguinte. No Rio Grande do Sul, o Ouvidor Geral do Estado, José Bacchieri Duor1e, igualmente alerta:nocombaleàcriminalidade, "no maior parle das ve~es. (osleis)se tornam inócuas ( ... ) porque sao mais favorecedoras de quem pratica o crime do que pro1etoras da sociedade ( ... )" '. De acordo com ele, "uma cidade como Por/o Alegre, nu qual, segundo informaçôes das autoridades policiais, ocorre um assalto de vinte em vinte minulos,éobvioqueesllivivendoumaautênticoguerrilhourbana".
''Há dias, a polícia puulis1ano deteve dois homens que prelendiam seqüestrar um ropo~,
PDQNCP
exigir o resgate da/am(/ia e ma-
A recente propaganda eleitoral pela TV - comenta um órgão da imprensa carioca - padeceudc''agudaancmiaintcle<:tual''.Osprogramascram ' 'mediocres,easidéias,quenão hâ" , foramsubstituidasporcasosesdrúxulos. Nllosequis fazer ninguém pensar - talvez pelotemordequealgumaatividadementalacabasse ' 'resultando na percepção do jejum de idéias a que estamos submetidos" Num sentido anâlogo, fez notar um jornal de Recife: "os candidatos agridem-se, é claro, atévirulentamememaspare<:em tersaido todosdomesmoninho,
tá-lo em seguida. O fato n{Jo se consumou e os dois esttio saltos, poisnao hó do queacusáfus, segundo a lei". Ao relatar o inacreditável episódio, o jornalista Percival de Souw observa: "confundindo comm:Jter a criminalidade com comm:Jter a policia, aConsti1Uiçao1rat.alguns dispositivos que deixaram, na prá1ica, ll$ autoridades de milosamarradas". A poflcia - recorda o jornalista - também f]l!rdeu o direitu de expedir mandados de busca e apreensOo. E como o Fórum nilo funciona à noite ou de madrugado, os policiais de
2 - CATOLICISMO - Dezembro 1989
quandosetratadasgrandesde-finições. Basta ver os programas( ... ) Dão a impressao de tervindodamesmamatriz". Pormaisquesecelebrea líberdadededizeredefazer, forçoso é reconhecer que ela tem comopressupostooutraliberdade: a de pcnsar. Ora, como refletir seriamente sobre as propostas partidârias sc todos os programas, nas grandes linhas, mais ou menos se equivalem, detãoamblguosegenéricos? Somente um novo partido -estesimautêntico! - podería suprir esta lacuna: o PDQNCP, isto é, ' ' Partido Dos Que Não Conseguem Pensar" . Tal novaagremiaçãocongrcgariaosinconformeseomoatual quadro partidário. Eraestaasugestãoformulada, há9anos,pcloProf. Plinio Corrêa de Oliveira, em artigo para a "Folha de S. Paulo" (8-5-80).Enquantoissonãoocorre,oPais,cmmeioàbalbítrdia, àbrigariacaóticacvaziadescnlido, e à vulgar competição de interesses, vai resvalando em direção ao abismo ...
DESMANDOS PARLAMENTARES Em depoimento à Comissao de Economia do Senado, o minislro Mai/son da Nóbrega responsabili:.ou o "aparelho es/atal" ea nova Cons1iruiçlJopelo virtual colapso das finanças públicos. Tal quadro - de si dramólico - só 1ende a agravar-se com aemradaem vigor das vinte e cinco novas Constituiçôeses10duais. Nelas, a enxurrada de
concessôesaosfuncionáriosdos vários Estados da Federaçdo - sempre às cr,s/as do contribuinle - só encontra paralelo nos descabidos aumentos salariaiscomqueosporlamentares, prodigamente, se autopremiaram. Cuidando, por outro lado, mui1a1· veze~-. de matérias que nao lhes sllo próprios, várias Constituiçôescontémdisposi1ivosaberran1es,comoacarioco, a qual chego a prever o nú.mero de equipes q ue devem participar de um compeonalo fu1ebo Us1ico ...
"MEDIEVAL TIMES" Chamando a todos de "my lord"e"mylady",oanfitrião dáas boas-vindas. Um cavaleiro misterioso surge e própõe um brinde à honra e kaklade de seus senhores. É o campeão da Rainha. Aarenaétodade<:oradacom escudos e bandeiras medievais. Clarins tocam e anunciam que échcgadaahoradeoscavalcirosscaprescntarem , e a seguir as justas se iniciam. O " Medieval Times" - conjuntodeespctãculosquc rcvivem omaravilhosoeoépicodaldade Média - estâ expandindo sua área de atuação nos Estados Unidos. Os turistas verão artesllosconfecc ionandonahora objetos medievais típicos, bem como te<:elões e Ferreiros, que traba lham com peças de vidro e esmaltadas. Hâ até uma coz.inhamcdicval "ldadeMédia,doceprimavcra da Fé", atrai turistas do mundo inteiro, saturados da ''modernidade''.
~AtOLICISMO SUMÁRIO TFPs
- Uvro resume a atuaç.'lo do Prof Plínio Corrêa de Oliveira e da TFP até o presente momento . .. 4 - Encontro de Correspondentes e Simpatizantes da TFP ..... . .. ...... 26 NATAL
Um conto evoca a epopéia dos chooansea força evocativa do Natal. . ... 7 RELIGIÃO
Congresso científico realizado em Paris reforça os argumentos em prol da autenticidade do Santo Sudário e critka o teste do Carbono-14 9 INTERNACIONAL
O Cambodgc volta à tona dos noticiários, ante a ameaça de retorno do Khmer vermelho ................ 14 ARTE
A Bienal prepara a civilização do hediondo ............................ :19 HISTÓRIA
Não se pode comemorar o bkentenário da Revolução Francesa, sem lembrar que ela foi essencialmente antkatólica . . . 20
:ub:~~~i~! ::í~:j;
D ~~~~!~?u!. ~:;i~a~~ê!~~=~~~o;~r~~an:~:e:;nde~ tra os ambientes, suaviza as almas e nos faz sentir a alegria da virtude. Tornamonos mais efusivos, a bondade encontra menos obstáculos. Elevamos o trato, embelezamos a decoração e os trajes, melhoramos a comida, como resposta a este sorriso divino. O ambiente no Natal brinda os homens com um prelüdio da civilização que existiria, se houvesse fidelidade aos ensinamentos do Redentor. Diante do Presépio. em atitude de adoração, humildes e agradecidos, peçamos ao Menino-Deus que apresse as promessas de Sua Mãe cm Fátima. Entll.o, a graça de Nata! serã uma jóia inigualável num diadema de favores contínuos que receberemos do Céu.
M ~~n~i:~;;~~\~~~
MlttL
;~;r~:~~~~1\~n~:\~=~~!~~;
d~u;~:t:os~~ gi~~:s:~ vrãlgicos do panorama atual. E um deles constitui a mudança espetacular que vem ocorrendo na Europa Oriental. Na trilha da Rússia, a Polônia, a Hungria e a Alemanha Oriental es1ão aplicando suas versões da perestroika. Também a Finlândia recebeu permissao de Moscou para se aproximar do Ocidente. Comcn1a-se que estaria próximo um processo liberalizante na Tchecoslovâquia. O mundo comunista se despe do que causava horror aos ocidentais, enquanto de nosso lado. larguíssimos setores do público, otimistas e abobados, recusam.se a ver câlculos estratégicos nesta gigantesca manobra. Os dois mundos se aproximam; a convergência continua o fatopredominame.
o ~.~:;~í~::/:~:~~~~=t~i~:~~!~~:~s:;:r::ct':;:s~:;:;~::::
mitas, o "Khmer Vermelho", a organização comunista delirantemente assassina, tem possibilidades de retomar o poder. Repetir-se-á o macabro genocidio de meados da década passada'! Haverá novo show de horror, que, por contraste, realçaria a face sorridente do comunismo'! E, em conseqüência, o Ocidente se sentiria compelido a financiar os regimes de 1ipo novo, para evitar a volta do comunismo com face lirll.nica e brutal? "Catolicismo" 1raz esclarecedora matéria a respeito. "CATOLICISMO"' ó uma r,ublica.ào mensal daEmpr..,.Padro e..ldliord<Ponlesltda. Dlr-.h<iloContodtBnlo•·.n.o
:::r".:";"~~,.~,~ Tah11w; -
•etnua
Rtdoçto:R<11M1rlimFranci,co,665 - 0l226-Slo
l'oulo,SP I Roa S..•doS.,embro,lOl - 2,8100 C..,..U ~:RoaMm,mFrlllCitco.'6'.1 - (112»-SAo
l'aulo,SP - Td(01IJW7701
t'ou,,..~:(Ji,.... , pau;,.,..,...,..,.forooci """por"Cotoli<i>mo")!laode,ran1<Sl,.,Grlr.ca, lldi1ota-R<11Ml UÍflllU<,96 - SloPwlo,SP
1.,..,..:Anpm, - lndftno Orif1C1 <6dilon LNII. -Rala.-..S.611.689-0IIJO-Slo!'amo,SP Pani --dofflllmçot......ano """'*'"'1a111bóla o rode,<ÇO IIIIIIO- A ~ tdaiiv& o ..,;1111uno,m><borubapoóexr<11•iMl•I Ga!ncia·
Rlll Martim ~-,.oo\CO, 665 - 01226 - Slo PaLOO, SP ISSN -
0,0'""'
!m«nationoJSll!>liard SofillNumb« -
E
,lfdt
SSE PANORAMA inquietame não impede que o quadro tenha aspectos animadores. "Catolicismo" trata de dois deles. Acaba de vir a lume livro longamente esperado pela familia de almas que se congrega em torno dos ideais da Tradição, Família e Propriedade. Com o titulo "Um Homem, Uma Obra, Uma Gesta - Homenagem das TFPs a Plinio Corrêa de Oliveira" , o trabalho, magnificamente ilustrado, resume a vida do fundador da TFP brasileira e descreve a gesta que, a partir de sua ação, atinge hoje uma vintena de países em cinco continentes. Por outro lado, continuam os protestos enérgicos de cientistas - dos maiores em suas especialidades - contra a idoneidade do teste do Carbono-14 aplicado a fragment os do Santo Sudário de Turim. Recente congrc,sso em Paris reforçou ainda mais, do ponto de vista científico, a posição que orientou por séculos a piedade católica. Diga-se de passagem, também agravou a já delicada situação de figuras do mundo eclesiástico e civil que afoirnmcnte haviam trombeteado para todo o orbe os res ultados do controvertido teste.
CATOLIC ISMO -
Dc:mnliro 1989 - J
"Um homem, uma obra, uma gesta" OAM COMO o eco de um sino distante, aos ouvidos de um católico de hoje, as seguintes palavras de Plinio Corrêa de Oliveira: '"A Igreja vivia numa paz religiosa compfera, numa co,rfionça inleira de uns catóficos nos outros, numa concórdia IOtof das associaç(Jes religiosos entre si, na reuni4o filia/mente submiSStJ de todo o lak"UlO â Sagrada Hierarquia. Em suma, a pat, religiosa que S4o Pio X conseguira para a Igreja à custa de heróicos esforÇQS contra a heresia modernista, pairava ainda suave e Jec11ndamenle sobre o Brasil". Quando se deu isso? Não foi num
S
passado remoto, mas há apenas algumas décadas, e naquela época - o fim dos anos 20 e o inicio dos anos 30 deste século - Plinio Corrêa de Oliveira via abrirem-se diante de si perspectivas que pareciam risonhas. O próprio Alceu Amoroso Lima (Tristão de Ataydc), dcPoiS baldeado para as hostes do progressismo "católico". augura11a ao hoje Presidente do Conselho Nacional da TFP: "Que Deus te preser11e e te d€ o posto de Chefe da geraçt1o, que te está destinado". Essa ''grande e luminosa realidade", que íoi o mo11imento católico entre 1928 e 1935, 11cm e11ocada como ponto de partida de uma autêntica cruzada no li11ro "Um homem, uma obra, uma gesta'' (Edições Brasil de Amanhã, São Paulo, 1989 - 496 pp.), lançado pelas 15 TFPs hoje espalhadas por todo o orbe, como homenagem a Plínio Corrêa de Oliveira ao ensejo da comemoração dos sessenta anos de sua atividade pública. Trata-se de um verdadeiro álbum, com esmerada impressão e 500 ilustrações das quais muitas coloridas. Ao mesmo tempo, apresenta doeu4 - CATOLICISMO -
Dezembro 1989
" Que Deus te preserve e te dê o posto de Chefe da geração, que te está destinado" Akcu Am1,n:,oo l,11na
~"' ca,ia a l'linio Corrh ,le Oliveira
mentação exausti11a e irretorqulvel a respeito da História da Igreja no Brasil. E ademais descreve com todos os detalhes desejáveis a performance atual de uma corrente de opinião - a das TFPs - que se mostra pujante em muitos pa!ses dos cinco continentes.
Na origem da luta contra os erros do progressismo Os brasilianistas e outros estudiosos hoje discutem sobre qual foi o pon-
to de origem das divisões existentes no ambiente católico do Brasil, divisões estas que, como é óbvio, são um mal menor cm face da investida contaminante do progressismo "católico", encharcado de erros dou1rinários e, inclusi11c, proclivc à subversão. Um deles, Ralph Dclla Cava, procura resumir as principais opiniões. Segundo ele, quatro analistas situam a origem do conflito cm l 960, ano cm que foi lançado o best-selfer "Reforma Agrária - Questão de Consciência" e em que foi fundada a TFP. Ralph Della Cava. entretanto, com toda razão remonta ao ano de 1943, quan. do se publicou o livro-bomba "Em Defesa da Ação Católica•· (" Igreja e Estado no Brasil do século XX: sete monografias recentes sobre o catolicismo brasileiro, 1916/64", in "Estudos Ccbrap" 12, abril/ junho 1975). Seja como for, é sempre Plinio Corrêa de Oliveira quem esu\ no pólo da reação ao neomodernismo progressista, pois foi o inspirador eco-autor do livro "Reforma Agrária - Questão de Consciência": foi também o fundador da TFP e, ainda, quem escreveu "Em Defesa da Ação Católica". Diz ele; - "A luta foi particularmente árdua porque nosso intuito era tentar ex· 1inguir o mal, porém de forma a causar o mínimo possível de ressentimenlOS e de divisllo nos meios católicos. Para isso era preciso conduzir o combate na ordem das idéias, poupando as pessoas tanto quanto possível. E, pois, mencionando só os opositores que 1ivessem matéria publicada sobre o assun10. Foi o que fi;,;". Estas palavras bem demonstram que Plínio Corrêa de Oli11cira foi e continua sendo não apenas o guerreiro jus-
tamente temido pelos arraiais neomodernis1as, mas também, e de maneira autênlica, um perfeito cavalheiro, impecavelmente firme, gentil e leal. Como se sabe, esta primeira fase da luta do fundador da TFP terminou em um "estouro", descrito em "Um homem, uma obra, uma gesta" como "um 1uj4o de di1,-que-diz. de detraçôes e calúnias, iodas elas verbais, vagos e desacompanhados de provas". Apesar da carta de apoio enviada por Moos. Montini, em nome do Papa Pio XII , "a noite densa de um ostracismo pesado, completo. intérmino, baixou sobre os remanescentes - apenas nove - do ex-grupo do 'legionário'".
-~.................,_.
._,
···--···-·--·-·-·-~
-'"'?'"-·::..:.::.::.,•.
-ff Plínio 0mm fU Oliurim, ""- ~ do.pablitaráo do "E.., lxfuo da Ação Católica"
Nasce~ TFP Pacientemente, com os destroÇos da primeira nau que havia ido ao fundo e valiosos elementos novos, Plínio Corrêa de Oliveira constituiu um segundo "vaso de guerra", que haveria de prosseguir na mesma direção, embora acompanhando o curso continuamente renovado dos fatos. Foi a TFP. Nos seus quase trinta anos de existência, a entidade fez história por sua considerável influência nos acontecimentos de 1964; por sua batalha contra a Reforma Agrária socialista e confiscatória antes, durante e depois do regime mili1ar; por suas lutas contra a Reforma Urbana, a Reforma Empresarial e a socialização da Medicina; por ter promovido o maior abaixo-assinado da história brasileira, contra a infiltração comunista na Igreja; por ter denunciado as Comunidades Eclesiais de Base; por sua atuação durante a Constituinte de 1988; por muitas outras luminosas campanhas e, talvez mais do que tudo isto, por sua ação depresençaprestigiosa,altanciraeinintcrrupta no cenário de nosso Pais, nas últimas décadas. Tudo isto é recorçlado com muitos detalhes na obra "Um homem, uma obra, uma gesta", a qual fornece dados bastante interessantes sobre as atuais atividades que constituem a ••poténcia de fogo" da TFP, entre as quais vale a pena destacar as seguintes: - Rotina de propaganda da TFP: nada menos que, em média, 2.925 contatos diários cm todo o Brasil, que vão desde o homem da rua até as personalidades exponenciais das cidades (por ocasião das grandes campanhas, esse número é cerca de seis vezes maior); - Correspondentes-esclarecedores em557cidades;
"Explanaste e defendeste com penetração e clareza a Ação Católica, da qual possuís um conhecimento completo, e à qual tens grande apreço ....
Confiança
Com a publicação, em 1959, do ensaio ''Revolução e Contra-Revolução'', Plínio Corrêa de Oliveira fornecia ao grande pllblico uma definição dara e concatenada dos fins que visa, e ao mesmo tempo dos meios e métodos J. R. Mon1ini,Sub1tiiu10" que propõe usar para a consecução des(Secr.:tariadel!J,adodt:Sua SanlidadeP io Xll) ses fins. Foi a divulgação das idéias nele contidas que deu origem á formação de - 3.611 prefeituras ou delegacias 14 TFPs - coirmãs da TFP brasileira de policia de todo o País atestaram e autônomas entre si - além de burepor escrito o caráter ordeiro das cam- aux para a representação delas, e de panhas da TFP; simples núcleos incipientes (com o cará- 19.387 campanhas cm municí- ter juridico de sociedades de fato, ten· pios e localidades de nosso interior, dentes a constituírem futuras pessoas percorrendo mais de quauo milhões jurídicas). E foi assim que os ideais exde quilômetros (o que corresponde a pressos nas palavras Tradição-FamiHadez viagens da 'Terra à Lua); Propriedade fazem hoje cm dia palpi- Venda cm campanha de 1 .430.981 tar almas entusiâsticas em mais de vinlivros; te países nos cinco continentes. - Média de tiragem dos livros que As atividades das diversas TFPs esedita verdadeirameme assombrosa pa- tão descritas com muitas ilustrações ra um Pais como o nosso, cm que 5 na terceira e última parte do livro "Um mil exemplares são uma tiragem boa, homem, uma obra, uma gesta". até para romances: 106.629 exemplares por titulo! - Forte predominãncia numérica Para terminar esta rápida recensão jovem nas fileiras da entidade; do denso documentário posto ao alcan- "last but not leost"; No orató- ce do público brasileiro pela TFP, nario que a TFP mandou erigir em ple- da melhor que transcrever aqui as palana rua, em Sll.o Paulo, no lugar onde vras com as quais Plínio Corrêa de explodiu uma bomba terrorista, seus Oliveira fecha seu depoimento contipropagandistas já rezaram 323.400 ter- do em "Um homem, uma cbra, uma ços do Rosário nas 83.370 horas de vi- gesta": gllia noturna que fizeram no local. "Para onde iremos? - S6 Deus o O livro estampa um mapa do Bra- sabe. Quem cumpre seu dever /01. a sil cm formato grande com as cidades vontade de Deus. Quem faz a vontajá percorridas pelas caravanas da de de Deus sob os ausplcios de Maria TFP, acompanhado da interminável Santlssima, só pode considerar o Jutu· relação nominal de todas elas. ro com confiança". D CATO LICISMO -
Deze mbro 1989 -
5
Discernindo, " ,
distinguindo, classificando ...
M DALHAS A GRANEL Q
ANDO RoscanaSarney, filha do atual Presidente da Rcpúbl ia,foioondeoorada,cmnovembrode 1988,pcloMinistrodoExército, Gal. Leõnidas Pires Gonçalves , com a Medalha do Pacificador - destinada,
emprinclpio,aquemsesalicntacomo "amigo das Forças Armadas'' - a maioria dos brasilciros fioou sem entendff o significado do ato. Mas a surpresa cresceu de ponto, pouco depois, quando o arquiteto comunista Oscar Niemcyer íoi
imprensa. Ora,enquantoascondccorações signi ricaram uma honraria que se atribuiaaalguémemvirrndedeumato altamentelouvâvelpraticado-emgeral um acode bravuracmcombateou da posse de uma condição de rara excelência, elas refletiam o apreço dos povos pelo que é digno de especial estima. Baseavam-5enumaconcepçllo hierarquizada da vida social, na qual os mais excelentes a algum título eram os
agraciado com a Medalha Bibliot«:a Nacional, por indicação 00 Minis1ro da Cultura, José Aparecido de Oliveira. A propósito do
fato, a revista "Veja" (30-11 -88) informou
queopróprio"Niemeycr ficou constrangido porque não se lembrou de ter feito nada em prol da Biblioteca Nacional", "NIio sei por quemcindicaram'',comcntouclc. Hoje em dia, muitos poderão querer mcdalhas por vaidadc pcssoal,masdcfato ning uém lhes dà grande O /01,io d~ 01<ro, uma da, maü famw"' rond~co""fÕ<'• d,, valor. As condccoraDa ro,..,.,,nU dt ouro P,,nd• 11m ram,iro. çõc:s,entretanto,jâ roramaltamenteapreciadas, e poder oslentar uma delas ao pci- mais considerados. E por issodesejavato constituia uma honraria a poucos con- se que ostentassem o sinal exterior de cedida e estimada por codos. sua grande honra. Toda a sociedade se beneficiavacclevavapclofato de seus melhores elementos serem assim indicados â consideração gcral. A que se deve uma tal decadéncia Para falardasmaisantigascfamonoapreçodcvidoàsoondccorações? sas condecorações, oriainadasdas OrA razão fondamental é que na "bol- densdccavalaria,lembrcmos,porexemsa de valores" da civ ilização atual, as pio, o Tos/lo de Ouro, outorgado pela noções de honra e dignidade tiveram Casa d'Áustria; a Ordem do &pirito uma queda vertiginosa: gozandooutro- Santo,pelossoberanosfranceses;asOrradamaisaltaconsidcraçll.o, passaram, dens religiosas e militares espanholas em nossos dias, praticamente ao nivcl de Sanciago e Calatrava; e a ponuguczero. O leitor consulte, por exemplo, sa Ordem de Cristo. Rcccbf..tas CTa raos jornais quotid ianos: qual é a noticia ro, e implicava numa grande honraria. sobreu rnhomcmpúblicoquetomaalguHoje, as condecorações passaram a ma atitud e cm funçll.odc um l)Ontode seroutorgadas dcmodoindi scriminado. honra? Hâinteresses,hâ rasteiraspoUti- Em lugar dos heróis e de pessoas altacas, hâ íalcatruas, hâ o que se quiser. mente qualificadas, começaram a ser Mas, honra ... Nllo hâ noticia. A pr6- beneficiados os políticos, os amigos, os p riapalavraéraramcntccncontrada na jogadores de futebol, os artistas etc. Pa-
6 -
CATOL IC ISMO -
Dezembro 1989
raaccndcr ademandadeumpúbticotão vasto, aumentou o número das oondccoraçõcs; proporcionalmente à diminuiç/1.o dcseusigniricadocatédeseuva!orma1crial. Confcccionadasquecramdcouro, prata, pedras preciosas, passaram a scrfabricadasdeumaqualquerligamctâlica de pouco preço, em geral esmaltadu. Em 1988, o governo de Minas Gerais distribuiu 172medaJh35dalnconridência,amaisat1acon decoração daquele Estado! Mas, de longe, o rccordcatéagoracscâ com o governo de São Pauto que, em 1982, entregou, num só dia, 400medalhasda0rdcrn do lpiranga. Quando governador de Brasília, José Aparecido criou di,·crsucondccoraÇOO casdistri bulaaarancl, oquelhevalcuocp[tcto de "U das M~'da lhas"
Falamos do passado,falamosdopresente. E o futuro? Havcrâ nele lugar para condecorações? A pergunta não nos parece bem posta. Poisas condecorações, cm última antilise, nada mais sll.odoqucumaalta formadercconhecimentopúblicoda honra. Foi asubstituiçllodoamoràhonra-aqualseevancsccu-pclodavulgaridade.queocasionouodesprestlgiodasoondecorações. De modo que a pergunta pert inente seria; comosecolocarâde foturoa questll.oda honra? Pondoosolhosparaalémdaspresentcsmisérias,paraoReinodeMariaprcdito de algum modo cm Fátima por NossaSenhora,parcccnormalquc,oom a civitizaçll.o cristll, sejam restauradas cmsuapknitudeasnoçõesdecavalaria católica, de lula pelo bem e de honra, todaselastàoarinscomareligillo. Resiaurada a noçll.o de honra, estarâ feito o principal nesse campo. Os modos adequados para reconhcd-la de público surgirllonaturalmcnte.
Cri,u,,idud~.
C.A.
AS MARGENS do Couesnon, nessa região de Fougeícs que, de 1793 a 1800, foi teatro da epopéia dos chouans (camponeses do noroeste da França que se insurgiram contra a Revolução Francesa, em defesa do Trono e do Altar), numa noite de inverno de 1795, um destacamento de soldados da República revolucionária seguia por um atalho bordejando a floresta. De ombros caídos, com ar aborrecido e fatigado, vergados ao peso de enorme mochila e ~:a::~~g~~:.~~~~:::;:d~ u m camponês que, ao cair da no_ite, emboscado nos juncos, fizera fogosobreopequcno grupo. A bala atravessara o chaj)l!u do sargcmo e, fazendo ricochete, fora quebrar o cachimbo que um dos soldados fumava. Imediatamente perseguido, acowdo, cncurra-
----·
· · · · . .
'
um dos azuis (soldados da Revolução) que o amarravam. Era um adolesceme franzi no, de ar zombeteiro e vicioso. Enquanto apertava os nós, ia troçando da amção do prisioneiro, naquela fala característica de certos bairros populares de Paris: - Não te assustes, flor! Não é para já; ainda tens pelo menos seis horas de vida ... - Amarra-o bem, Pedrinho! Não o podemos deiii:ar
t
- Não se aílija, sargento Torquarns · respo ndeu o
-t
o 1," a ta l
:~ª~;vi~:~:n::s g~~e~al'.e~~ bes, cão - continuou, dirigi ndo-se ao camponês , que retomara o aspecto impassível não imagines que vais ser tralado como ci-devant (nobres, que em geral eram guilhotinados). A República nl\o é rica, e há fa lta de gui lhotinas; mas hás-de ter a tua continha de
do ehoua n
--·--~~::o~º
.h -~ ~
·
-~
~
, '
lm:_
A.Ó. .- .
~
·
71,. T
~~~;;g~?;ªd~r~i/:~:~=~ =n~:::· ~~~ix:in~i'. das, com ar impassível e duaté amanhã de manhã. Semro. Os seus pequenos olhos ~ - - - - - - - - - - ~ pre te distrais ... claros espiavam de fugida as Dito isto, Pedrinho foi sen• sebes que orlavam o caminho e os atalhos tortuosos tar•se entre os camaradas, ao pé do fogo. E tirando que se abriam aos lados. Dois soldados levavam enrola· do saco um pedaço de pão grosseiro, começou a comer das nos braços as extrcmitlaLlcs tia l:<.!1Ua que lhe apertatranquilamente. Quando acabou de comer o pão, Peva os pulsos. drinho pôs-se a limpar a espingarda. Escolheu uma ba· Na encruzilhada de Scrvilliers, o sargento mandou la de calibre e, segurando-a delicadamente entre os defazer alto: os homens, derreados, ensarilharam as ardos, disse ao camponês, que lhe seguia todos os movimas, atiraram as mochilas para a erva, apanharam ramentos com o olhar: mos secos, juncos e folhas, que amontoaram no meio - Estãs a ver, meu menino? Esta é para ti! da clareira, e fizeram uma fogueira, enquanto dois deJn1roduziu-a no cano da espingarda e, a servir de lcs ama rravam bucha, meteu solidamente o um papel amarcamponêsa uma rotado. Todos árvore, com a os homens desacorda que lhe taram a rir, e prendia as mãos. cada um disse O chouan, com uma graça, no os olhos vivos prazer maldoso e singularmente de saborear a móveis, obscr· agonia do infevava todos os liz. gestos dos seus - Tenhoaqui guardas. Não uma dose igual tremia, não diparateservir!ziapalavra:mas gritou um. a angústia con• Vais ficar traia-lhe as íeique nem uma ções:eraevidenpeneira ... - grate que julgava cejava outro. - Eu guara morte próxi• do.me para o ma. A sua ansiefim:umaemcadade nllu passou daouvido! -gridesapercebida a tou o sargento.
CATOLIC I Sf-10 -
Dezembro 1989 - 7
E de repente, enfurecido: - Ah! canalha de chouan - berrou, aproximando-se dele. - Se eu pudesse malar com um tiro mais mil da tua casta!.. O camponês, silencioso, permanecia calmo sob a saraivada de ameaças. Parecia escutar um ru ido longinquo, que os grilos e risadas dos soldados o impediam de ouvir. E de repente baixou a cabeça e concentrou-se: do fundo da floresta, subia no ar calmo da noite a voz de um sino, que a aragem dos bosqucs trazia, clara e ritmada ... Quase a seguir, ou1ro sino, mais grave, ecoou do lado oposlo do horizonle, e depois mais ou1ro, fino e melancólico, ouviu-se lá muito ao longe. Osazuis,surpreendidos,interrogaram-se: - Que é isto? ... Por que é que estão a tocar? ... Scré um sinal? ... Ah! bandidos ! Estão a dar o alarme! Falavam todos ao mesmo te mpo, alguns correram a pegar nas ar mas. O camponês levantou a cabeça e, fitando-os com os olhos claros, disse apenas: ~Natal. - I! ... o quê? - I! Natal. Estão a tocar para a missa da meia-noite. Os soldados, resmungando, !Ornaram a sentar-se em volta da fogueira. E um silêncio caiu. Na1al... A missa da meia-noite. Essas palavras que hã tanto não ouviam impressionavam-nos: vinham-lhes à idéia vagas imagens de horas felizes, de ternura, de paz. De cabeça ba ixa. escutavam aqueles sinos que falavam a todos uma lingua esquecida. O sargento Torquatus pousou o cachimbo, cruzou os braços e fechou os olhos como um diletante que saboreia uma sinfonia. Depois, como envergonhado daquela fraqueza, voltouse para o prisioneiro e perguntou num tom duro: - l::s cá do lugar? • Sou de CoglCS, aqui perto. • Então ainda hã padres-curas lá na tua terra? - Os azuis não chega ram a toda a parte, não atravessaram o Coucsnon , e daquele lado ainda se vive cm liberdade. Estão a ouvir? 1:: o sino de Parigué que cstã a tocar agora. O outro, o mais pequeno, é o do castelo do senhor de Bois-Guy, e acolá, mais longe, é o sino de Montours. Se o vento estivesse de jeito, até se ouvia o sino gra nde de Landéans. Um dos soldados, Gilles, que permanecera silencioso durante as ameaças feitas ao chouan, ouvia agora com grande atenção e parecia particularmente tocado. Os demais, após um fugaz movimento de ternura, haviam fechado definitivamente seus corações. Nesse instante, de todos os cantos do ho ri zonte, subia na noite o badalar das a ldeias longínquas: era uma
8 -
CATOLI CISMO -
Dezembro 1989
melodia doce, cantante, harmoniosa, que ora se ampliava, ora diminula ao sabor do vento. Gillcs, de cabeça baixa, escutava. Pensava em coisas há muito esquecidas; via aigrejadcs uaaldeianatal, resplandecente de velas acesas, o prCKpio de grandes roc hedos musgosos, onde brilhavam lamparinas vermelhas e azuis; ouvia subir, na memória, os alegres cantos de Natal, essas músicas quctantasgeraçõesentoaram, ingênuas loas , tão velhas como a França, o nde há pastores, ílau1as, estrelas e criancinhas - e que falam também de paz, de perdão, de esperança ... Ele sentia degelar o coração ao bom calor dessas imagens suaves, de que andava há tanto afastado. Os sinos ao longe continuavam a tocar. Torquatus determinou que todos fossem repousar, e designou Gilles para a primeira hora de ronda. Em pouco tempo o improvisado acampamento estava mo ntado, e os azuis, exaustos pelo peso daquele dia, e desejosos de esquecer o som daqueles sinos que lhes haviam trazido ta ntas recordru;ões de uma infância c;n0lica e feliz, ressonavam est irados sobre mantas de dormir. A foguei ra crepitava ainda, mas com menos ardor. Só Gilles e o chouan permaneciam acordados. O azul então, com cuidado, procurando não pisar nos gra vetos secos que podiam estalar, a proximou-se da árvo re onde, amarrado, o chouan o olhava ... o advinhava! - Sabes, disse o soldado quase ao ouvido do prisioneiro, na minha terra fazia-se um gra nde berço na igreja, punha-se um Menino Jesus lá dentro, ladeado por Nossa Senhora e São José. E inopinadamente acrescentou: · Queres ficar livre? Eu te solto!. .. • Mas e tu? Vais morrer em meu lugar? Eles te esquartejam. - Eu fujo também. Estou farto desta Revolução à qual me levaram a aderir. Minha família sempre foicatólica. Em casa, desde a infância aprendi a respeitar o Rei. - Então vem comigo, respondeu o chouan. - Volta à fidelidade. Eu te levarei a um padre que não fez o juramen to revolucio nãrio, para que te confesses. Defenderemos juntos Nosso Senhor Jesus Cristo e o Rei legitimo. A essa altura, o ex-azul, com uma faca afiada cortava as cordas que prendiam o prisioneiro. Em questão de instantes ambos se embrenhavam na floresta porcaminhos que só o chouan conhecia. Os sinos já nll.o se ouviam mais nos ares, mas nos corações daqueles dois homens eles continuavam a tocar. Era Natal! O (Adaptação de um conto de G. Lenôt re, publicado em "Lendas de Natal", Editorial Verbo, Lisboa, 1966).
Simpósio científico sobre o Santo Sudário de Turim Nelson Ribeiro Fragclli Nosso correspondente
Ampla rejeição do resultado do CARBON0-14 Antecedentes
PARIS -
Próximo a uma das margens do rio
Sena, nilo longe do Arco do Triunfo, num centro de estudos,
cientistas sisudos e de renome explanavam teorias, exemplificavam-nas por meio de projeções fotográficas; por
vezes discutiam acaloradamente. Em sua grande parte, correspondem à imagem que freqüentemente se atribui ao pesquisador habituado ao silêncio dos Jabora1órios, absorto,
curvado sobre amostras, frascos, microscópios e compêndios - cominuamcntc tomado por considerações de a/la ciência, abstraído, nem sempre encontrando cm sua aplicada atenção disponibilidade para ocupar-se da realidade miúda que a rodos circunda.
Estavam ali reunidos, no Centro Chaillot-Galliera, participando do "Simpósio Internacional Científico de Paris sobre o Santo Sudário", realizado em 7-8 de setembro último. O encontro era organizado por 16 cientistas franceses. Mais de 30 personalidades do mundo cientifico expunham suas teses. Quase todos traziam anos de trabalhos dedicados ao Santo Sudário, geralmente realizados em Jaborarórios alramentc especializados de universidades de vários países.
O público internacional vinha tendo noticias dos resultados de pesquisas cientificas feitas com amostras do Santo Sudário, especialmente depois de 1978. Naquele ano. cm caráter excepcional, o Sudário foi exposto ao público, em Turim, e a partir de então maior publicidade foi dada aos resultados dos esmdos a respeito. Cientistas catego rizados pasmavam o mundo de admiração com o que revelavam sobre o vulto impresso naquele tecido: um homem morto, de majestosa beleza, tendo sofrido o suplicio da crucifixão .romana. O conjunto das pesquisas confirmava sempre os dados da Fé contidos na Escritura, bem como a crença multissecular da Igreja de que aquele vulto é o de Nosso Senhor Jesus Cristo, milagrosamente impresso no Sudârio que envolvera o corpo do Salvador após Sua morte na cruz, durante os trCS dias em que permaneceu no sepulcro. As revelações da ciência levavam CATOLICISMO -
lkzcmbro 1989 - 9
os fiéis a renovar sentimen1os de compaixão pelo Homem-Deus em Seus sofrimentos para redimir o gênero humaLivros foram escritos por cientistas - geralmente não-católicos - descrevendo resulrndos espetaculares obtidos, grandes somas foram destinadas a estudos buscando explicação para as maravilhas contidas naquela imagem e no modo misterioso como se formou ela sobre o Sudârio. Nem tudo podia ser explicado pela ciência, obviamente, mas os res ul tados falavam sempre de um processo extrao rdinârio de formação da figura - o que incitava os sãbios a ampliarem suas pesquisas.
Uma voz dissonante: o carbono-14 Hã pouco mais de um ano, a 14 de outubro de 1988, com grande espalhafato da imprensa e aparente apoio de personalidades eclesiásticas, alguns especialistas em determinação de datas de objetos arqueológicos, utilizando o método Carbono-14, propalaram que recentes testes realizados em amostras do Santo Sudârio levavam à conclusão de que a origem do tecido se encontra nos skulos XIII -X IV, e não no século 1. A ser admitido como verdadeiro o resultado desse leste, a autenticidade da relíquia ficava contestada. E o venerando Sudário de Turim não passaria de uma grosseira falsificação medieval! O próprio Cardeal Ballestrero, então Arcebispo de Turim, pareceu dar crédito a esse teste, o que causou não pouca confusão entre os fiéis. De onde surgiu, inevitável, a pergunta: segundo as mais categorizadas autoridades científicas de nossos dias, essa determinação da data de origem do Sudãrio, mediante o processo Carbono-14, pode ser admitida como inequívoca? Que garantias se pode ter da precisão desse método? E,tistem outras pesquisas, realizadas por ramos diversos da cil'!ncia, que apóiam ou infirmam tal conclusão? Visando responder a questões como essas, o simpósio de Paris congregou o maior número dC cientistas pertencentes a domínios diferentes até hoje reunido cm congresso a respeito do Santo Sudário. Eles trouxeram
à consideração dos participantes um
conjunto de documentos e conclusões até então nunca presentes num só encontro. Daremos apenas uma súmula da impressionante massa de argumentos, experiências, provas, exames, realizados com amostras do Santo Sudârio, e que concluem por sua indubitável autenticidade, em que pese a dissonante, mas no caso pouco autorizada, "voz" do Carbono-14.
Calorosa recusa do resultado obtido pelo método Carbono- 14 Ficaria aquém da realidade dizer que a conclusão da quase unanimidade dos membros do simpósio - com óbvia exclusão dos especialistas cm Carbono-14, que realizaram o teste do ano passado, ali presentes - põe em dúvida aquele teste. A recusa em atribuir ao Santo Sudário uma origem medieval foi clara, generalizada na aula do congresso, e em alguns casos, expressa com indignação. Um dos primeiros oradores foi o prof. Gino Zianotto (Itália), especialista em estudos de crucifixão romana. Longos trabalhos comparativos do Sudário com outras descobertas reeemes de supliciados na cruz pelos romanos, no primeiro século da era cristã, concluem que o vulto analisado pertence com toda certeza a um homem crucificado no primeiro século, e não poderia ter sua origem em nenhuma outra época. Jâ no terceiro século observam-se variantes na crucifixão romana, e no
to - CATOLICISMO - Dezembro 1989
quarto a cruz foi substituida por uma "forquilha". Régine Pernoud, grande autoridade em estudos medievais, baseou sua exposição em pesquisas históricas mostrando que o Sudârio n!io é uma relíquia aparecida subitamente no s&. XIV (como pretende o teste Carbono-14), mas é "uma peça conhecida e venerada desde a alta Idade Média e nos tempos feudais". Antoine Lcgrand (França), sindonólogo, cientista que pela primeira vez formou a imagem tridimensional do vulto do Sudârio de Turim, chamou a atenção para elementos históricos que mostram a presença do Santo Sudârio cm Constantinopla, no séc. VIII. Estudos de ícones bizantinos e medalhas cunhadas por imperadores de Bizâncio revelam-se inspirados na figura do vulto do Sudário. lanWilson(Grã-Bretanha),presidente da Sociedade Britânica do Sudârio de Turim, apresentou indicações históricas condizentes com a existência do Santo Sudârio bem antes do séc. XIV. Não é aceitável a idéia de uma crucifixão no séc XIV; e a formação daquela imagem tão extraordinária não pode de modo algum ser feita por um artista do séc. XIV. A maior parte dos retratos de Cristo - continuou Wilson - sejam eles ícones, mosaicos, afrescos ou moedas, tais como foram analiOfm11âsEui11 tobnllinia; Tiu tm<1p11.-01fK'ro.}111tifiwr p.ro.ntt gmndt1 cK11túla1 ruasexJ><rib,cia1oomocndxmo-14
r;1 !, 1 : .: . , ~. • 1 . ·-~Wi1.. 1 111
TIT! _
_
Z
.
,/IJI
sados em Ravena, Síria, Chipre e re• gião do Sinai, mostram simultaneamente características iconogrâficas que provam o conhecimento prévio da imagem hoje estudada no Sudârio 'de Turim. O valor do resultado obtido pelo método Carbono· 14, concluiu Wilson, pode ser seriamente contestado. Quatro especialistas cm tecnologia têxtil apresentaram suas pesquisas, unicamente do ponto de vista da tra. ma do tecido do Sudârio, do material dasfibras,seuenvelhecimentoesurpreendcnte conservação até nossos dias. Sllo estudos que, embora sem ter em vista imediatamente provar a autentici· dade do Sudârio, revelam quão minu· ciosas são as investigações sobre ele, tornando assim extremamente difícil a possibilidade de admitir seriamente uma falsificação, ou engano a respei· to de sua origem datar dos tempos de Crisrn.
Autores do teste cantam fora do coro Jacques Evi n, ex.aluno da Escola Superior de Petróleo e Motores e diretor do Laboratório de Radiocarbono da Universidade Claude Bernard (Lyon, França), participou de testes, no ano passado, realizados com amostras do Santo Sudário. Ele defende a origem medieval da relíquia. Em exposição eminentemente técnica referente ao processo Carbono-14, concluiu, com desaprovação da maioria dos cientistas presentes: "Qualquer que seja o modo de formaçlJ0 da imagem sobre o Sudário, nlJo se pode agora pôr em dúvida uma alribui('1'0 medieval do tecido". O britânico Mike Tite, diremr do Laboratório de pesquisas do Museu Britânico, é o principal defensor do re. sultado a que chegou - idêntico ao de J . Evin - com o teste Carbono.J4. Relatou longamente o processo de des· contaminação prévia das amos1ras reco. !hidas no Sudârio, discorreu, em lin. guagem rebuscada, sobre a determina· ção da idade do objeto analisado a par. tir da "curva de calibragem de afta pre, cis4o de SluiYe&Pearson, estabelecida pela de1erminaç(Jo da dala dendroc,o. nológica" etc. Disse que experiências simultâneas foram feitas cm laborató·
rios de radiocarbono no Arizona, Oxfo rd e Zurich. Os três teriam chegado a resultados semelhantes, atribuindo ao Sudário urna confecção medieval.
Prosseguem as recusas c2.lorosas A Ora. van Ooterwyck-Gastuche (França), doutora em Ciências, direto· ra dos irabalhos do Museu Real da África Central (Bélgica), afirmou que "as datas estabelecidas pefo mé1odo Carbono-14 est(Jo longe de definir ma· lemaricomenle o idade dos materiais. Os especialistas rejeitam a priori toda determina('4o feita em ossos, conchas, amostras contendo cin1.as etc. , e aceilam unicamente as datas estabelecidas para madeiros e carv4o de madeira de grandes dimenslks. A fidelidade do método é posta em dú-..ida", concluiu. Resultados aberrantes obtidos na determinação da idade, conhecida previamente 10 1es1e, de mui10s mate· riais analisados pelo processo Carbono· 14, levam a rejei1ar a conclusão a que chegaram Evin e Tite a respeito da data de origem do Sudário. Uma data assim obtida, isolada de contexto arqueológico, não é suficiente para definir a idade de um objeto Arnaud Upinsky (França), matemático e epistemólogo (perito em estudos críticos do desenvolvimento, métodos e resultados das ciências), atacou rijamcnteosresultadosaquechcgaram, no ano passado, os autores do teste Carbono-14. Em longa exposição, das mais aplaudidas, apresentou a consti·
tuição inteiramente coerente dos três graus de autenticidade do Sudârio: cicn· tifica, histórica e semântica. Não hã falhas nessa autenticidade- nada de fa lso foi enconlrado. nas incontíveis u:pcriênciaseanílisesfeitascom oSudli. rio, em quase um skulo de estudos cienlificos (desde 1902). Outros tesou· ros históricos são declarados autênticos com muito menos exigência cientifica. Como pode o método do Carbo-no·14, que se põe em contradição com inúmeras ciências, ser acatado como vâlido? Até 1988 as conclusões sobre a autenticidade do Sudário aumentavam continuamente. Naq uele ano, um teste isolado apresenta·se contrârio a tantos ou1ros de inteira credibilidade. O procedimento normal da Ciência, cm casos semelhantes, consiste cm pôr de lado esse teste e declarâ·lo aberrante, sob pena de negar a v•lidade do próprio método cientifico. Pode uma experiência pôr em cau· sa todas as outras? O Carbono-14 poderia anular os resultados obtidos an1eriormente? Os métodos científicos u1ilizados desde 1902 serão válidos para !O· das as outras pesquisas, exceto para a detenninação da autenticidade do Sudá· rio? A resposta a estas questões tem que ser obviamente NÃO, afirmou Upinsky. O Santo Sudârio encerra características incompatíveis com a falsifica· ção. ~ uma constan1e na análise cientl· fica a constatação de que todo falsário deixa seus traços. Toda falsificação traz em si as marcas do falsário. Ora, no Santo Sndário jamais se encontrou
Dr. Upinsl;_:,
("""'""'·
ttruirvda
..qu,rdaparo adirtiu,) n,mprimo,/ado opó$n,ad,cisi.,,,
rtfa~::a::
abtidop,la mitodo carlloo,o-U-, naanop,usado
CATOLIC ISMO~ Dezembro 1989- 11
~lgo falso, contradilório 011 aberrante. E se fosse ele obra deum falsário, dadas as maravilhas que encerra, seria o caso de se dizer: ..Que genial e honesto falsário!" Ora, em ciência, a genialidade e a honestidade são características que se opõem ao torpe oíício de falsãrio. Em meio a aplausos, Upinsky concluiu; "A escolha dos séculos XII/XIV enquanto hipótese de trabalho para a de1erminaçi10 da origem do San to Sudário condut a absurdos tais que, o odmili-lu, o ciência teria de rem1r1cior d sua própria credibilidade. Ela tem valor apenas paro demons1rar o absurdo que significaria querer tomar a Idade Média como época do aparecimento do Sudário"
O p reço de um ''desmascaramento'' desmascarado. Segundo o "Daily 'J'Clegra'ph". de Londres, de25 de março deste ano, quarenta e cinco homens de negócios e "amigos ricos" ofertaram ao Prof. Edward Hall - um dos cientistas que dirigiu a presumida anãlise do Santo Sudãrio pelo m~odo do carbono-14 - um milhão de libras esterlinas por seus sen-iços. especialmente por ter "demonstrado, no último ano, que o sudãrio de Turim era uma falsificação medieval". O dinheiro foi entregue numa data bastante signiíica1iva: Sexta• Feira Santa, dia 24de março! Esseé umprestnteinsólito,aindamaisseconsiderarmosqueascadeirasdeciência em Oxford estão sendo suprimidas uma depois da outra por falta de verba. Hall aíirmouquc usarão dinheiro para criar uma nova cadeira de ciência arqueológica. cm beneficio precisamente do ... Dr. Michael Ti1e, o cieniista que exerceu o principal p3pel "nodesmascaramcntodoSudãriodeTurim"etentousedcfendcr, cm vão, no encontro cientifico de Paris (Extraido de THE CATHOUC COUNTER-REFORMATION, Morden, lnglaterra, junho-1989)
Como se formou a imagem No Simpósio de Paris, tratou-se também do modo, ainda misterioso, pelo qual a imagem do Crucificado se imprimiu no Sudãrio O Dr. Gilbert Lavoie (Estados Unidos), doutor em Medicina e presidenie do West Roxbury Medical Associates, apresentou resultados impressionantes de estudos feitos da imagem impressa sobre o Sudãrio. Sua eximia exposição demonstrava cabalmente que o homem ali representado; a) morreu cm posição vertical de crucifixão; b) a imagem não pode ter sido formada por nenhum mecanismo tendo por origem um processo de contacto; e) as manchas de sangue e a formação do vulto daquele homem foram causadas em dois momentos diferentes. O Dr. Lavoie mostrou como os músculos arredondados daquele cadáver - e não achatados. como seriam os de um corpo deitado - bem como a posição distendida dos pés, indicam que aquela imagem foi formada num momento cm que o corpo estava alçado, como que suspendido, e não deitado, como se poderia pensar. "Nl1o tenho dúvida de que essa imagem, com tais caructerlsticas, só pode ter sido formada sobre o Sudário no momento da Ressurreiçllo ", concluiu, entusiasticamente aplaudido, o Dr. Lavoie. Quatro cientistas italianos e um norte-americano apresentaram conclusões sobre a formação da imagem no 12 -
CATOLICISMO -
"'"'""'"'"'
oDr. /,avoit (E.lado, Unido,) oodiftnbra
~:tt.~:
upn110/1tla unagtm gm.vad.ano Santo Sudar«I dt Tun·m
Sudário. Alguns deles dedicam-se há mais de 47 anos a essas experiências. Maria Moroni (ltãlia), especialista em eletrônica, demonstrou ser impossível obter uma imagem como a que se encontra no Sudãrio, pela liberação de calor do corpo humano. O Dr. Eberhard Lindner (Alemanha) contesta os resultados da anãlise feita com o Carbono-14, e afirma que a ressurreição do homem ali representado rica provada com as análises jã feitas a1é agora pelos vã rios ramos da ciência que se ocupam tão detidamente do Sudário.
Balanço do congresso A que resultado chegou o "Simpósio Cientifico Internacional de Paris", após a apresentação das numero-
Dezembro 1989
sas considerações de peritos de variados ramos da ciência, pesquisadores incansãvcis que ao longo dos anos vêm tentando desvendar todas as maravilhas contidas no Santo Sudário de Turim? O teste do ano passado, utiliz.ando o Carbono-14, foi categoricamente rejeitado pela quase totalidade dos participantes. O prof. Mikc Tite e seu parceiro francês, Jacques Evin, embora tratados com a cordialidade de praxe pelos colegas durante os debates, não tiveram no Congresso senão o lugar incômodo reservado aos contestatários, que pouco podem íazer para sustentar seu atrevimento. Eles não ousaram sequer criticar nenhum dos milhares de testes feitos com o Santo Sudário e que concluem por sua indiscutível autenticidade. D
História Sagrada em seu lar noções básicas
O PECADO ORIGINAL
"O Sen hor Deus tinha plantado , desde o principio, um paralso de del ícias, no qual pôs o homem que tinha formado. E o Senhor Deus tinha produzido da terra toda a casta de árvores formosas à vis ta, e de frutos doces para comer; e a ãrvore da vida no meio do paraíso, ea árvore da ciência do bem e do mal" (l).
A desobediência "Adão e Eva, no Paraisa Terres trc, cometeram uma gravlssi ma desobediência
Reparando que estavam desvest idos, correram, envergo nhados, à procura defol has defigueirapara secobrirem; e esco nderam-se entre as árvores do jardim. " lmediatamenteDcussefezouvir: •Adão, Ad li.o, onde estãs?' Ele respondeu: 'Estou escondido, Senhor, porque não ouso comparecer à tua presença'. E Deus disse; 'Por que temes a minha presença, senão porque comeste do fruto proibido?' Replicou Adão: 'Eva, que me deste por companh eira, trouxc-mcdaquelefrutoc euo comi' Eva eK usou-sedizendo: 'Comido fruto daquela árvore, enganada pela serpente'. Deus, vendo que, após o pecado, ain da procura vam at ribuir a culpa um ao outro, pronunciou esta tcrrivel sentença, primeiro contra a serpent e":(]). '"Pois que fizeste isto, l!s maldita entretodososani maiscbes1asdaterra ..... Porei inimizades en tre li e a mulher, e enue a tua posteridade e a posteridade dela. Elatepisaràacabeça, etuarmarástraiçõcsaoseu calcanhar'"(4) Osaucornnpiri1uais,hrn,n<11a niulllerqu~esmapcaMçada scrpen-
'"Comei, disse-lhes Deus, de to-
1C, uma profecia a respeito de Nossa
dos os frutos que quiserdes, mas não toqueis nos frutos da árvore da ciê ncia do bem e do mal. No dia em que os comerdes, morrereis'. O demônio, que ti nha sido expulso do céu por soberba, e condenado para sempre ao inferno, levado pela inveja dequeouuos fosse m gozar a felicidade que ele perdera, tomou a forma de uma serpente e disse a Eva: 'Por que não comeis do fruto desta árvore?' Ela respondeu: 'Porque Deus o proibiu , sob pena de morte'. 'Na.o, replicou a astuta serpen te, não morrereis; pelo contrário, assim que o comerdes, tornarvos-eis semelhantes a Deus, conhecendo, como Ele. o bem e o mal'. A mulher, seduzida por tais palavras, comeu o fruto proibido: em seguida co rreu levar do fruto ao co mpan heiro, o qual seguiu o seu exe mplo" (2).
& nllora. ESãoLuisMariaGrignion de Montforc, comcncando esta me-imapasS,igem,diz:"Deusnãopõssomcncc ·n· r · 1c. mas ·n·m·tadQ, e não somente entre Maria e o demônio. mas tambtm cnire a posceridade da SantlssimaVirgemca posteridade do demônio" ("Tracado da Verdadcir• Devoção à Santíssima Vir1m1", Vous, l'etrópolis, 196l,6'ed.,p. S6)
C.utigo de Adão e Eva ''No mesmo instante tudo mudou aos olhos de nossos progenitores; o remorso começou a atormentâ-los.
"Disse também à mulher: 'Mulliplicareiostcustrabalhos, e(especialmente os de) teus partos. Darás à luz ,om dor os íilhos. eestarâssobo poder do marido, e ele te dom inará' "E disse a Adão: 'Porque dcs1e ouvidos á voz de tua mulher. e comes· teda ârvore, de que eu te ti nha ordenado que não comesses, a terra será maldita por tua causa; tirarás de la o sustentocomtrabalh ospcnosostodos os dia s de Ilia ~ida. Ela te produzirâ espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra. Comerás o pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra, de que foste tomado; porque tu l!s pó, e em pó te hâs de tornar"' (5)
A A1111nriaçãa - Fra. Angllico (dttnlh, dn ,xpul~tio dt Adão • Em do l'n,n llo), M11St111 do l'rndo, Mahi
Promessa do S;11lvador "Em seguida, Deus vestiu Adão e Eva de peles de animais e expulsouos do Paralso. À porta do jardim coloco u um anjo, armado de uma espada chamejante,paralhesvedaraentrada '' Por es1a grave desobed iência nossos primeiros pais calram na desgraça de Deus, e com eles toda a sua descendência. Mas Deus não quis abandonar o gênero humano na perdição merecida. Depois da queda de Adão e Eva, prometeu qu e nasceria da mulher Aqueleque viriaesmagaracabeça da serpente, isto é. do demônio. Era o Messias prometido, um Redentor, por cuja mediação todos os homens pudessem readquirir o direito à vidaeterna"(6). O
Notas (i)Gcn.2,8-9. (2) São João Bosco, "História Blblica do Velho e Novo Testamento", Livraria Salesiana Editora, São Paulo, 1920, 2' edição, pp. 11 - 12 (J)SãoJoãoBosco,op. cit.,pp. 12-13. (4)Gen,], 14-15. (5) Gen , 3, 16-19. (6) São João Bosco, op. cit., p. 13
CATOLIC ISMO -
Dezembro 1989 -
13
Volta a ameac;a do terror Khmer
parábola para o mundo?
CAMBODGê voltou ao noticiário internacional. O pais e o povo ficaram associados à idéia de tragédia. De faw, de abril de 1975 a dezembro de 1978, ~alizou-se naquela naçJo o mais espantoso genocídio
de que se fem notícia: a dcsrruiçtla, desmora.Jizaçilo e dispersifo de uma popu/açtJo pelo comunismo anárquico do Khmer vermelho, de tipo chinês.
A esse espanto somou-se outro, 11/10 menos apcx:aliptico: a assombrosa indiferença do Ocidente em rc/açito ao que lá ocorria. Com a mente bloquc.1da por uma propagallda internacional intensa em favor dos chamados "direitos humanos" das esquerdas - que o fazia indignar-se com a pris§o de qualquer
terrorista. - o homem ocidcmal nifo se lembrou de que os cambodgcanos também tinham direitos humanos, e assisliu inerte ã chacina, como a um filme de terror que nilo lhe dizia respeito. No Natal de 1978 um exército vietnamita, sob instigaçJo russa , invadiu o Cambodge e impôs ali a ditadura de um comunismo "clássico" de estilo soviético, fazendo cessar a "experiência" Khmer. A partir de enlilo o silêncio baixou sobre o no1iciário a respeito do Cambodgc, como regido por uma misteriosa baruta. Agora, tiJO inopinadamente quanto entraram, os vietnamitas resolveram sair. E o Khmcr vermelho - enigmaticamente conservado dura/1/e onze anos junto á fronteira com a Taillindia, e controlando mesmo pequenas regiões montanhosas no Cambodse - ameaça voltar e assumir o comrole do país Assistiremos a uma nova etapa de genocfdio e destuiçJo? t, passivei. Tudo dependenl dos altos interesses do comunismo internacio11al, que impulsiona a matança, ou a perestroika, conforme suas conveniências de momento. Uma só coisa parece provável no panorama; tristemente provável: aconteça o que acomecer, o Ocidente não se mo1·crá para salvar o Cambodge, a fim de 11,fo co111rariar russos ou chi11eses. E contilluará a clamar pelos direitos humanos ... da esquerda O momento é oportuno para recordarmos o que ocorreu no Cambodge nos quase quatro anos em que Po/ Pot, chefe supremo do Khmer vermelho, ali imperou. E parn darmos um apanhado da sítunçilo como ela agora se apresenla, pcrgunrando que perspectivas há de que a fórmula Khmer seja "experimentada" rambém em outros países. No Brasil?! 1-f -
CATOLICISMO-
D~«:a * ''-a--
Cambodge: laboratório de um modelo novo de sociedade
P
IN YATHAY, um cam-
bodgeanoqueviveu mais dedoisanossoboregimcinstaladopelosKhmersvermelhos no seu pais, em sua obra "l 'U1opie Meumilre"
sionan te: um comerciante muito rico abandonou a cidade levando cons igo um saco cheio de dinheiro ~pensando poder resolver com ele qualquer problema que ocorresse durante a
("AUtopiaAssassina",b:litions
marcha. Dois dias mais tarde,
Robert Laffont, Paris, 1979),
jogou-se do alto de uma ponte, abandonandoàbciradocaminhoseubem-amadodinheiro Todos os "!dolos"do mundo moderno - em adoração dos quais muitos tinham traido a rel igião, a moral ea honra - foram derrubados como castelos de cartas por aqueles mesmos soldados con1ra os quais não se quis combater, e
nosoolocadiantedaseguintc realidade: pela primeira vez na
história da Humanidade, um paíscivilizadollançadoviolentam nente na vida tribal, rumo
ao modelo tantas vezes desejado pelos teóricos igualitários
do comunismo moderno ( 1).
A surpresa aterradora
~t~~i~~~~~:s
dos Khmers vermelhos - tomam conta da capital do Cambodge, Phnom Penh. Na ma-
~=r~:~ :r~!;i; públicos de transporte, higiene, ãgua,eletricidadeforamsupressos.Osaquefoiencorajadopelosnovossenhores.Nesstapocalipse,ossuicidiossemultiplica-
nhã do dia seguinte, os habitantes de todas as cidades do pais recebem uma ordem dos vencedores que deixa o mundo intei-
Sob vlgllõncla do "Angkor"
17deabrilde 1975.0sguer-
rilhciroscomunistas - chama-
rocstu pefatoe,infetizrncnte, paralisado: toda a população urbanaéobrigadaaabandonar as cidades imediatamente Algumas horas depois, na capital, uma imensa multidão começava a sair da cidade. O êxododedoismilhõesdepessoas,avançandoàrazAodevãrias horas por quilômetro, produziu um engarrafamento monstruoso. Mesmo os doentes foram arrancados de suas camas de hospitalepostosaandar ... ou morrer. No caos da evacuação, numerosas familias ficaram separadasparasempre.Osatrasados eram implacavelmente mortos. Mas o plano da Revolução para o Cambodge não fazia senão começar. Pouco depois da evacuação, os Khmers vermelhosdecretaramqueodinheiro não tinha mais valor. Pin Yathaytestemunhaumfatoimpres-
Uma tão radical mudança na sociedade não era possível senão após a população ter sido submetida a um verdadeiro "tratamento de choque". !)e..
Pois deserem sacudidos,golpeados, verem calcadas aos pés todassuasrcsistênciaspormeio deumaarbitrariedadcsemescrúpulos, os cambodgeanos estariamprontosparaomundotribalista,soba!gidedaorganizaçãocomunista, o "Angkar". Um ambiente sinistro reinava em todas as partes. O riso cramalvistopelosnovos mcstres. Vivia-seno terror. A população foi obrigadaausarsomente roupas escuras, de preferência pretas. Aqueles que não as possuíam dessa cor, deviam tin gi-las com um corante indicado pelos Khmersvermelhos. ARevoluçãoigualitãria,que ao longo de cinco séculos de
,
1~ - . U,..,l l
l"'ll':"lla,:...,._.
cxistênciaavançousempreescondendoseu verdadcirorosto(2), no Cambodge aprc:sentou-!wesem máscara.Seusdc:sígniosevidcnteseramdestruirqualquertraçodecivilização,paraconstruir um "homem novo" num "novo Cambodge". Otrabalhointclecmal,sobretudo, devia desaparecer. "A
RevofuçDo n4o precÍS(I nem de sábios, nem de ciências, nem dees1udos'',diziamoscomunistas. Esse principio absurdo foi aplicado com uma intransigência radical.
O crime lnstltuclonallzado Mashouvemais.Asocicdadetribalista autogestionáriaseriaconstruldasobre umaimensa montanha de cadáveres. Alguns meses após a tomada do poder, os comunistas decretaram que todos aqueles que
tinhamsidofuncio náriosdogovemo, militares ou professores dequalquernívcl, deviamapresentar-se paraque seusconhecimentosfos.semulilizadosna"rt· oonstruçãodopaís".Comuma ingenuidadedif!cildecompreender,a maioriaseapresentouco· mogadoaomatadouro,acreditando na boa vontade dos Khmers vermelhos ... Aos milhares, foram conduzidos ao mais fundo da norcsta e massacrados.Maistarde,omesmo"convite"foifeitoatodososprofüsionais,comosmesmosresuhados. Hoje em dia, encontramse de tempos em tempos, cm clareir.asda ''jung/e"cambodgeana, milharc:sdeesqueletosdas vítimasdcs.sec:span1osogcnod dio Asrarastestemunhasocularesdessasexecuçõesficaramimpressionadas pela frieza com a qual agiam os Khmers. Em geral, não utiliz.avam armas de fo-
CATOLIC ISMO -
Deumbro 1989 -
1.5
:: ee -,, go,masenxadasoubastões. "Ê dificil imaginar como rapazes ou moças de l5ou 16anoseragrandeonúmerodeKhmers vermelhos com essa idade puderam chegar a esse grau de crueldade. A hipótese de uma possessão diabólica não parece imposs[vel; " • Estâ fora de cogitação que os Khmers vermelhos, tão bem apoiados,constitu(ssemumbandodeloucos. Pergunta-se então qual o interesse da Revolução comunista mundial na "experiência" cambodgeana. "Dir-ye.iaqueosmovimentosmaisvelozes(daRevolu~o) silo inúleis. Polim nllo é verdade. A exp/osllo desses exlremismos fevan1a um estandarte, crio um ponto de mira fixo que fascina pelo seu próprio radicalismo os moderados, e para o qua/estessevllolen1amen/eencamínhando (... ). O fracasso dos extremistas é, Pf)is, apenas aparente. Eles colaboram indirela mas possantemente para a Revoluç(lo, atraindo paulatinamente para a realizaçllo de seus culposos e exacerbados devaneios a muftid(lo incontável dos 'prudemes', dos 'moderados' e dosmedíocres"(3) MARIO BECCAR VARELA (l)Cfr. PlinioCorrõodt01i,ei,1,""1hbali ,-
mo 1 ~ , !dt:al Comúr,o-Mmio..-lo
[tf:g§r,~?.~:: çlotContta-R"'"otw;lo".(r,atltllle!CI {))ldtm.p. lS
"
soube lam~m que chamas à tua mulner de 'querida'. Nllo há 'queridas'aqui. Éproibido."
Uma odisséia no Cambodge AIGN NGOR, um jovem medioodePhnomPenh, faz um impressionante relatodasatrocidadesqueviu e sofreu no Cambodge, durante o domínio dos Khmers vermelhos, chefiados por Pol Pot De seu livro "Uma Odisséia Cambodgeana" (Editora FixotFilipacchi), a revista "ParisMatch",dc30desetembrodo úl!imo ano, publicou um signifi· cativoatra10,doqual recolhemos o que segue
H
"Uma sociedade de ~uaktade e de Justiça" "Às quatro horas da monhll os Khmers wrmelhos locavam o primeiro sino". Era o despertar no campo de trabalhos forçados, no qual Ngor se fazia passar por um ex-motorista de tâxi, pois todos os que tinham alguma instrução superior eram mortos. Transcorrida meia hora do toque,eraprecisojuntar-seà própriaequipeeoomeçaracavarcanais de irrigaçllo: "nem um momenlo de repoUS-O, nem um dia de descanso, nem um minuto de alegria. Trabalhos forçados perpéruos para poder ficar vivo"
A• formtgas, a tena1 1 o facõo
Osalto-fatantesmartelavam: "Unamo-nos para construir um Cambodge espléndido e de111ocr61ico, uma nova sociedade de igualdade e de justiço". Hora do almoço: longas filas para rcccber na oozinha comunitâria "nossas miser6veis porçôes de arroz cozido". A tardeeramaislongaemaisquentc. "O pior momento do dia chegava: o fim da /arde. Era o momento em que os soldados vinham para prender alguns. Nllosesabiaquantosdestesiam ser executados e esta incerteza 1ornavaaesperaaindamaisinsuport6vel". Trabalhava·seati1arde''sob a luz da lua". À meia-noite "o sino tocava em meio aos pios das corujas e ao concerto dos grilos. Es111pidificados, nós éramos ent4o conduzidos a nossas redes,juntoàs6rvores. Quatro horas depois, o sino nos acordava de novo. Poder comer e dormir: nós nbo pensávamos senllo nisso ... " Ngor,tendoenoontradouns frutos.selvagens.dissimulou-os junto a sua rede. Os meninosespiõesosdescobriram. Ngoré preso e advertido:
cois~-;~:::,:s,Ípr~ib~~~~~~
=-"'""'.1t,J~ = ----""'!-,-----.....
Emconseqüênciade.seu"crime", Ngor, puxado por uma corda amarrada tão fortemente a seu braço que impedia a circutaçãodosangue,iconduzido a um mangueiral. "Ao /~ de cada mangueira estava atado um prisioneiro. Passei diante de uma mulher, deitada de bruçOS S()bre um banco, com os pulsos e os pés esticados para os quatro cantos por meio de cordas que os amarravam. Elo vollouorosroenosolhou com os olhos esbugalhados. Formigas vermelhos cobriam seu.sbraços,eseudedoses1ai•am ensangüenrados." Quanto a Ngor, fizeram-no seotar-secomo dorsoapoiado num tronco e as mão amarradas atrâsda árvore. Foram-se "Alguma coiso subia pelo meu pescoço. Picada. Uma formiga vermelha!Euestavasemadosobreumformigueiro" AssimficouNgorabandonado às formigas. A tortura era tremenda. À tarde, um soldadoseaproximacomumatenaz esedirigcámulherdeitadasobrco banco. Tenta fazê-la confessar que seu marido era oficial doexército. Ela nega ··o homem subiu sobre o banco, colocou seu~ esmagando a mllo amarrado da mulher, com a lena~ segurou algo, e o puxou com um golpe seco.
cr,cm.11,e;""d" Kh,nn- <orn,,dl,,, Ai11dt1cri<i11ç,u,
.m,,,jó. lomtuio, p,.lo6d.fo
p;,,
tátluzy
ant,s,b, tomada dop,,dtr pt/Q1Klnmr1
u,;r-m,;/N>I, .,.,, 1975, e no dia tm 'l"ea,11,
:,u,u
fagird" Cambodp
16 -
CATOLIC ISMO -
De.eernbro 1989
IL......__. ,_..,_ _ , _
Um urro desesperado encheu a euao11viarepetirqurseu11wri· , ~ - - - - - - - - - - - - ~ clareira. O homem se pôs ertt- do nllo era soldado. Ela foi 10, um pedaço sanguinolento amarrada a uma árvore". O pendia da tenaz, preso entre as khmer comunista com uma lonhastes cerradas ga faca "rasgou suas vestes, "- Se ru m:Jo me dizes a abriu-lhe o vrntreelirou o beverdade, amanhlle11/earranca- bê. Desviei os olhos, mas nllo reiou1raunha havia mrio dr escapar aos gri"A mulher se contorcia de tosdesuaagonia.Estesse1rans- I ' - - -- - - - - - - - - - - - ' dorsobreobonco". formaram rm grmidos e depois Deitaram Ngor no chão, e veio o siléncio. Ela es1ava morS TROPAS vietnamitas remanobradopeloregimevie1enquanto um guarda o manti- 1a. Oassassino passou 1ronqüilaentraram no Cambod- namita (e portanto pelos rusnha com a cabeça füadaaoso- men/e diante de 111/111, levando ge nos últimos dias de sos),contacomumaforçaregulo, otorturadorcolocou a mão o feto pelo cordllo. Ele o sus- 1978. Os Khmers vermelhos, larsuperior àsomadosKhmers direitadoprisioncirosobreuma pendeu no 1e10 da pris4o, ao /a- chefiados por Pol Pot, reíugia- vermelhos (30 mil homens) com raiz da mangueira, imobilii.an· do de outros já seros, negros e ram-seentãojunto ao litoral e omrosdoisgruposguerrilheiros do-a com o pé. "Em seguida mumificados". Alguns pcque- à fronteira com a làilândia, e que dependem do príncipe Noropegou seu facllo e de um só gol- nos lobosaproximaram -se,atra- mesmo dentro desta - onde don Sihanouk (total dos três, pe seccionou-me o dedo mini idos pelo odor do cadáver da aoqueparece,nestesquaseon- 55 mi! homens). Mas o fator mo. Uma dor atroz subiu pelo mulher. "Começaram a dece- ze anos n!lo foram incomoda- númeronãoédecisivoquando meu braço e veio explodir em pá-lo, com muitos uivos e ro(- dos por ninguém ... -e inicia- conspiratasealtosinteressesenmeurlrebro".Aindanãocon- dos de mastigação". ram uma ação guerrilheira no tram tam~m em jogo. Siha-
Momento atual e perspectivas
A
tentcs,oguarda segurou a perna de Ngor, enquanto o outro visavadcstavezotornozelo,ferindo com o facão: "Nllosufi-
Pelamanha,oskhmersver· melhosarrancaramoutraunha
cientemenre fone para cortar a ar1iculaçllo, mas o necessário para deixar o osso à mostro (... ). As formigas vermelhas, a/roídas pelo sangue, devorai•amme as nuJos". No pé, era "insus1en1ável a dor do neno exposto (... ), Foi uma longa noite. Eu ouvia os gemidos da mulher sobre o bonco". Via por
ta; "Minha perna direita esta· vainchadadesdrosartelhosaté o oito. Cada vez que eu punha o pé no chllo, a dor lancinante s11biaa1éoq11adri/".
terraopedaçodecepadodeseu dedo mínimo, coberto de formigas!
''àmulhersobreobonco'' Porfim,tevamNgordevol-
A certa altura do caminho,
"deram-me 11mponta-~ noflanco. Eu caf num buraco (. . .j Sen ti que coloco~·om o pé sobre meu pe,st:OfO e o esfregai·am comosefa: para apagar uma ponta de cigarro". Nessa posição,
Se tu morres, nõo se perde nada"
c com o cano do Fuzil aponta· do para si, Ngor ouvia os khmers vermelhos dizerem o provkbioquecoslumavamaplicar aos prisioneiros; "Se 111 vi-
À tarde, um novoprisioneirot1raz.ido: "uma mulher grá-
ves, nllo se ganha nada. Se tu morres, nllo se perde nada".
vida. Ao passarem por mim,
JACKSON SANTOS
11
n,
d~
Cambodge, de pequenas proporções, que se estende até hoje Atividadequeincluiadisseminação de minas nos arrozais, destinadasamutilarosquenelas toquem, bem como incursõesem vilarejos e regiões montanhosasmatandotidereslocais A metadaguerrilhapareceter sidoadehabituaroscarnbodgeanos a sua presença, à espera do momento oportuno para retomar o poder Teráchegadocssemomento?
Salda Inesperada Em setembro passado, as últimas tropas vietnamitas de ocupação, obedecendo a uma inesperada palavra de ordem (deMoscou?),deixaramoCambodgc. Hun Sen, atual primeiro-ministro cambodgeano, tlte-
nouk, por exem plo - que governou o Cambodge de 1960 a 1970, e parece contar com as simpatias dos Estados Unidos -estáadvogandoumgoverno de consenso ... incluindo os Khmersvermel hos! OfatoCque,comaperspec· !ivaderetornodosKhmersvermelhos, "um indizível terror" se apoderou da população, "as
imagens obsedantes vo/1am", "o medo se li nosolhos"descm·eoenviado esj:,ecial da revista L'Express; a lembrança de que, em menos de quatro anos, 70%dasmulheressobrcvive ntesestavamviúvas ... Acomissão de inquérito instalada paraapurara cxtensãodogenoddioconcluiuhaver),4milhões entre mortos e desaparecidos (a população atual é de 7,5 milhões).
"'P;'.'"~;
,' rcan,o, n,,m umm'n«iod _,..,.-,,,,:•• alegria"
CATO LICI SMO -
Dezembro 1989 -
17
te e.,, se e AICmdasrecordações,cxistemasseqiidas. Levantamento feito com base numa aldeia de 1.800 habi!antesconstatouque, após !979e por efeito dos traumas, IS4criançasalinasceram fortemcn1eafetadas:surde2,deformações,tarasbizarras,etc. Tantoseclama,ecomraiao, contra os crimes nazistas. Mas eos Khcmrs vermelhos que estão ai e ameaçam voltar, ninguCm se incomoda com eles? Estarão automaticamente absolvidos pelofatodeseramcomunistas? Esscacenarnovarncntecom o horror Khmer, apoiado ptla China-semqualquerperspectiva de solução para o caso de recomeçarem os morticínios a que se deve? A revista "Time"chegaadizerqueoataque do Khmer vermelho não dado como duvidoso. Perguntascapenas "onde, quando ecomo". Tratar·$C-ãde preparara opinião mundial para outros genocídios semelhantes em di versos palses, impulsionados pelos "duros" do comunismo? Ou serà uma arma psicológica paralançaroOcidenteaterrorizado, e obstinado em nao lutar, aos sinistros braços da pcrestroikaedocomunismogorbacheveano, como alternativa? Caminharia nesta última direção a hipótese da formação de um governoprovisórioparapreparar uma "abertura'', com apoio russo e norte-americano.
e
"'"
Brasil na primeira fase?
Pr My-Samed y, decano da Faculdade de Medicina de Phnom Penh e sccrciãrio-geral da Cruz Vermelha cambodgeana, estudou o traumatismo mental deixado pelo regime do Khmer vermelho na população. Compõe-se este de quatro fases sucessivas: confusão, melanootia, deli rio e demência. Se o Bra-. sil estiver sendo preparado para uma "operação Cambodge", bemsepoderiadizerquejâfomos imersos na primeira fase e 1 estamos em vias de passar pa- 1 raasegunda Ante a impressionante ação conjugada do polvo comunista, que lança sobre o mundo seus tentáculos, ora para afagar e atrair (como é o caso da pcres· troika, da glasnost, da parâbola polonesa etc.),ora para aterrorizar e destruir (como na China, no Cambodge etc.), o Qci. dente continua incrivelmente inerte e concessivo. Em tal situção, como não levantar os olhos para Aquela queemFãtimaproíetizou: "vcf.
YENHA PROYAR O MELHOR SORVETE! qu.,Jidade em 1.0 lug"r SOIM"U:Snl'Ofli•,UA.NO MASS.-. Dl PÃO Dl QUEIJO
ATACADO E VAREJO
~r:::i~~~~[:t!tTES, CWBES SORVETERIA BONECO OE NEVE
te:I:
6 7-2030
R. JAGUA RIBE, 627-SP - - -- - - - - - - -- - -
~ - - - - - - - - - - - - - - ,
Napchan ,S - Presentes Finos Ltda PORCELANAS CRISTAIS FINOS LINHA DE HOTELARIA-INOX
Fone: 66-5403 Rua )a~ua,obe, n° 742 (E,q /w An~é l1(a) - S,lo Paulo - SI'
llua6a,aodeTatui,6)4 -SaoPaulo - SP
rias naç{Ses ser4o aniquiladas; por fim meu Imaculado Coraç4o triun/oró''! E pedir•lhe: vinde Senhora, vinde logo e não tardeis,afimdesalvaraqueles que apesar de tudo ainda Vos pcrmanecemfitis,epararestaurar todas as coisas em Cristo
[1[]
GREGÔRtO LOP!:S
Solda,101 doCa,n/Jod.p ol,,ukttndo ou,,,11inuperada palairra d~ f>rtÍrm
LOBA DISTRIBUIDORA DE TíTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS
Na.,faui,atri,tiw
frropria do l'tgimt comunllta.
20 anos de tradição no mercado de capi tais Ate ndi mento personalizado
SEM LIMITES DE APLICAÇÃO Melhor rendimento ao cliente Rua Sete Oe setembro, 99. 25º andar FONE: (Ul l ) 224-8587 FAX: (021) 22 1-3930 Rio de Janeiro
18 -
CATOLIC ISMO -
Dezembro 1989
Panificadora e Doceira
SUPERMERCADOS MADRID
7}~
Pães e Doces - Frios cm GerJI Bebidas nac ionais e estrangeiras Acdta-seencomendasplfcstas
Desde 191 9 executando peças em
Prnta 925/1000
Ru,Scrglpc,406 - IUGll'.NÓl'OLIS · S<lo?>ulo Fonc, 257· 104 1
ILUMINA SUA \IISÃO
All'ESPINTO
VISOTIC Avenida Nove de Julho, 53g7
Rua Martim Francisco, 777 Tels: 67-7492 - 66-7697 Higienópolis
Churrascaria e Pizzaria
BRAZEIRO
SâoPaulo-SP Tel: (011)852·5500
Papel de seda com aplicaçoo de silicone, especial para limpeza de lentes
~"s FOTOllTO S/C lTDA.
REPRODUÇÕES EM LASER FOTOLITO A TAAÇO• DEGRAOEE • 8ENOAYS
AUTOTIPIAS • COPIAS FOTOGR.A.FICAS •
A pizza dos conhecedores
Um produto da ARTPRESS
Av. Celso Garcia, 509 - Brás São Paulo
RI.lo Jovoés. 681/689 - SOo Paulo [SP)
TABElA ESPECIAL P/EDITORES
Telefone(011 J220-4522
AV. DIÓGENES RIBEIRO OE LIMA. 2850 AtT DE PINHEIR Tft., - 7H
lndúslfla Grôflco e Ed 11oro Lido
PROVA OE CORES
CONSTRUTORA
ADOLPHO LINDENBERG S/A
INCORPORAÇÕES - PROJETOS E CONSTRUÇÕES RUA GENERAL JARDIM, 703 - 6.' • 7.0 ANDARES - FONE 256-0411 - SÃO PAULO
CATOLICISMO -
Dezembro 1989 -
19
&tátuo. da "d~a R,uõo" teNdo cu/1"""'1 fNlot J'f..olueiomíriot . J.'-ra~, foi 10/eroemeritt i"stitu/da " 10 ,ú nowmbro de 1793.
.C . , _
uiu,, fNlo qual a Reuoluçiio ,,,-.u..deu sub11i1ufr o Catolicitmo""
Ódio ao Catolicismo: força motriz da Revolução Francesa
C
OM O ESPETÁCULO teatral - Philippe de Villiers, no1abitizou-se Ora, querer separar a Revolução "leClavecin Oculaire" (o Cra- pelo dramático manifes10 dirigido ás da questão religiosa equivale a não comvo Ocular), curiosamente inspi- autoridades responsáveis pelo evento: preender nem asuahis1ória, nem a narado na vida artistica do Antigo Regi. "Nllo acrescentem ao massacre de inO· tureza do dinamismo que a impeliu me, o govêrno socialista de François cenles o massacre de sua memória! aos piores excessos. Miterrand encerra, no dia 31 de dezem- NIio peçam aos franceses que escarrem bro, as comemorações oficiais do bicen- sobre suas 1umbas!" ( 1). ALTAR E TRONO tená rio da Revolução Francesa. As toneladas de fogos de artificio, MANOBRA ARDILOSA Com efeito, a monarquia francesa o grande número de festas e desfiles era essencialmente católica. Desde o não conseguiram, entretamo, apagar No intuito de esvaziar o con1eüdo batismo de Clóvis, no ano 496, ela sela· da memória dos franceses a lembran- ideológico das comemorações, os orga· racom a lgrejaumaaliançaquedura. ça lúgubre dos fatos históricos. nizadores do bicentenário tiveram o riatrezes~ulos. Paraalgunshistoriadores,obicente- cuidado de sepultar no olvido vários Dura111e a cerimônia de sagração nário representou uma "comemoraçllo aspectos importantes da Revolução. na catedral de Reims, o rei era ungiconjisca1ória da verdade". Para ouO mais gritante deles foi o caráter do com o óleo sagrado, que lhe comu· tros, "uma overdose de mentiras". E agressivamen1e anticatólico do movi- nicava a virtude de um principe cris· o deputado da Vendéia - região oes- mento de 1789, escamoteado de modo tão. "Roi ires Chrétien" (Rei Cristianiste da França, vitima do genocidio de- intencional pelos próceres socialistas simo) era o titulo dos soberanos france· cre1ado pela Convenção revolucionária que dirigiam as festividades. 20 -
CAT O LICISMO -
Dezembro 1989
Nas missas dominicais de todas as paróquias do reino, o oficiante cantava o Domine sa/vum fac regem, e os chefes de familia costumavam rezar, após o Ângelus, a seguinte oração: ''Senhor, guardai o rei e abençoai sua fa milia. Conservai a descendência de SQo luis efa;.ei com que seus filhos lenham a Fé cot6/ica" (2). Compreende-se assim o significado profundo das palavras do libertino conde de Mirabeau, uma das fi guras proeminentes da Revolução em sua fa. se inicial: " t preciso antes descotolicit.ar a França, para depois torná-la revoluciondria ". (3)
Às vésperas de 1789, a Igreja era a instituição mais rica da França, e o Clero, a primeira Ordem (ou classe) do Estado. A seu encargo estavam a No in1uil11<Ú ridicularimr educação, a assistê ncia social e hospita- a San/a lgnja, a máquina IUproJ,apndo lar. d;, Rir,olucôoJ:..,n«,a Por1anto, os bens da Igreja não ser- prodtu.iu can·ca/unu como uta, viam apenas para sustentar seus mem- ottd, Papa , Bispo, bros e custear as despesas do culto, sôortprt:untadwde mas 1ambém eram utilizados em bene- j.,,.,,,,.i,,,,t,,ca. ficio da população carente. Altm disso, Ela participava do orçamento do Estado atravts de uma conRdigiosos ltnlam,,cotx,r tribuição voluntâria, chamada dom graà mim imp/a,;i,v,,/ do, tuito . Por exemplo, em 1788, parte da ftu.Urt:ooluâonários. Oquadrr, frota francesa foi renovada graças à s,.,tí.-i«lrt:v,,f" generosidade do Clero (4) oca ·1,,!f" · menu Esta ordenação da sociedade era inanticatMito tolerável para os revoluciomirios, que domo,,imtnlod, 1789. cm sua grande maioria se diziam ateus, livre-pensadores e anticlericais ferrenhos. Aproveitando-se da reunião dos Estados Gerais (espécie de Assembléia de representantes, oriundos de todas as provindas e com poderes limitados), a 5 de maio de 1789, e da moleza de Luis XVI, os partidârios da Revolução niciaram o processo de demolição do Antigo Regime. De Assembléia meramente consultiva, eles a transformaram em "Const ituinte", sem que para isso gozassem de qualq uer mandato, mesmo popular. Tois revolucionários, na realidade, não passavam de pequena minoria da população, embora estivessem bem articulados para a consecução de seus objetivos lmpios e desagregadores da ordem estabelecida. O alvo preferido dos revolucionários foi a Igreja. Apenas dois meses 1·· após a reunião dos Estados Gerais, o Clero deixou de existir enquanto primeira Ordem social. No final de agos-
to daquele mesmo ano, foi aprovada a separação da Igreja e do Estado, o qual a panir de então passaria a ser laico. Com isso, a religião desapareceu da lei civil. Medidas anticatólicas segui ram-se umas às outras. Pelo decreto de 2 de novembro de 1789, os bens do Clero foram postos "à disposiç4o da Naç4o ". De imediato, ele nada alterou. Emretanto, um ano mais tarde, começaram as vendas de igrejas, palácios episcopais, ins1i1uições de caridade e bibliotecas. A França monást ica foi ve ndida! Durante séculos, a piedade cristã acumulou tesouros no interior das catedrais, construiu monumentos veneráveis, como Cluny, Fontevraud e Jumihes. Livros e manuscritos raros, ornamentos preciosos, esculturas e aliares finamente entalhados, faziam parte desse imenso acervo legado à Igreja por gerações consecutivas. Em poucos anos, esse inestimável patrimônio desapareceu. Construções seculares foram literalmente despedaçadas: madeira, mármore, grades, assoalhos e até as fechaduras das portas foram vendidos em leilão e freqüentemente adquiridos por aventureiros inescrupulosos.
CONSTITUIÇÃO CIVIL DO CLERO A supressão da Ordem eclesiástica, o confisco de seus bens e a extinção das Congregações religiosas prepararam o terre no para a criação de uma "lgreja-revolucion6ria''. A Consti1uição Civil do Clero, tornada lei a 24 de agosto de 1790, fo i a "carta•magna" dessa nova religião que já não era católica, uma vez que não mantinha laços com Roma, e dependia inteiramente de um Estado que não era mais cristão (um pouco à maneira da atual igreja ortodoxa russa, dependente dos ateus do Cremlin). Operou-se assim uma profunda mo· dificação no panorama religioso da França: 53 dioceses, 4 provlnciaseclesiásticas e 4 mil paróquias fora m extintas. (5) A partir daquela data, os bispos e vigários seriam indicados por uma "assembléia de cidad(los ativos", incluindo os não-católicos. Uma vez eleitos, "os novos pastores n4o podem se dirigir ao Papa para obter qualquer forma de conjirmaç4o no cargo" (6). Sob pressão das "Sociedades fX)pulares", homens de vida escandalosa,
CATOLICISMO - Dezembro 1989 - 21
-~11s&Ht&íi·m·e-eerew1•1a-1-eii·i:IH#i· como Thomas Lindet e Dumouchel, foram eleitos "bispos-conslilucionais". O presidente do Clube dos jacobinos (a ala mais radical da Revolução), M. Pourchot, foi nomeado para a diocese de Grenoble. Um juramento de fidelidade à Constituição - condenada como cismática pelo Papa Pio Vi - fo i exigido dos eclesiásticos. Os que se recusaram a prestá-lo passaram a ser chamados de ''refro/órios''eperseguidoscomo ''suspeitos", isto é, candidatos águilhotina. Não obstante os esforços da Revolução para substituir o Catolicismo por urna ''religido nucionol'', os fiêis recusaramse a freqüentar as igrejas dos "pastores constitucionais". Em a lguns lugares, os bispos cismáticos eram recebidos pelos diocesanos com hostilidade. A tropa tinha de intervir para lhes garantir a posse. Por isso, eles ficaram conhecidos peta alcunha "évêques des bai"onneues" (bispos das baionetas). · Pela primeira vez em seu curso, a Revolução encontrou uma poderosa resistência na massa da população. O Catolicismo tornou-se então sinônimo de Contra-Revolução, e o novo regime passou a considerar os padres refratários como seu primeiro inimigo.
CAMPANHA DE DESCATOLICIZAÇÃO Depois da queda da Monarquia, a 10 de agosto de 1792, a Revolução deixou ca ir a mãscara e se proclamou abertamente anti-cristã. Int roduziu o divórcio, proibiu o uso da batina, transformou seminários e igrejas em casernas, estrebarias e até clu bes noturnos. Massacrou centenas de bispos e padres nas prisões de Paris (ver edição de maio de "Catolicismo"), e depo rtou um terço do Clero fran cês. O Cristianismo foi banido da vida quo1idiana: imagens, cruzes, obje1os de devoção, tudo aquilo que lembrava o ''fanatismo" foi proibido sob pena de morte. Em Saumur, a piedosa imagem de Nossa Senhora de Ardilliers chegou a ser oficialmenle guilhotinada na praça de Bilangc. (7) Contudo, não bastava suprimir. Era necessário violar e profanar. Tol foi o sem ido das mascaradas religiosas, o nde bandos de "sa1JS-culottes" roubavam das igrejas objetos sacros e, vestidos com paramentos eclesiásticos, saiam ás ruas dançando de forma grotesca. Em Quimper, o representante do Comitê revolucionário, M. Dagorn, in· 22 -
CATO LI C ISMO -
vadiu a Catedral durante a celebração de uma missa, abriu a golpes de sabre a poria do tabernáculo e, num sacrilégio nefando, atendeu suas necessidades fisiológicas dentro do próprio cibório (8). No afã de descatolicizar a França, a Revolução criou um novo calendário em que se suprimiam o domi ngo e as festas litúrgicas . Cada dia, em lugar de um sa nto, celebrava-se um fruto ou um mineral. O quinto dia da semana era dedicado a um animal. Assim, a festa dos Reis Magos passou a ser ''fesra dos rrês sans-eulottes", e o dia de Natal, 25 de dezembro, passou a ser chamado o dia do ... cão ! (9)
RELIGIÕES REVOLUCIONÃRIAS Proscrito o Catolicismo, os sequazes de l789tentaram "sacro/izar"a república, criando uma seita com dogmas, cerimônias e orações próprias. Imprimiu-se um "carecismo rep11blicuno ", cuja epigrafe inicial reza: · 'O inferno vomit(I os reis, e a Rau'lo os destrói". Em o utro trecho, lê-se: "Que é o balismo? - É a regeneroçdo dos franceses começada a /4 de julho de 1789... "( 10). O ''culto da Rau'lo" foi solenemente ins1i1uido a IOde novembro de 1793. Nessa ocasião, no interior da venerável Catedral de Notre-Dame de Paris, megeras de teatro semi-n uas fizeram o papel de ''deusas'', cnquanrn se cantavam estrofes da "ladainha à Guilho-tilla": ''Santa Guilhotina, /errordosaristocratas, protegei-nos. Máquina amável, tende piedade de nós. Máquina admir6vel, livrai-nos dos nossos inimigos" (li) Por inspiração de Maximilien Robespierre, frio e sanguinário lider revolucionário, que se fazia chamar "o incorrup1lvel", a Convenção Nacional instituiu a festa do "Ser Supremo" (8 de julho de 1794), no intuito de "desferir um golpe morto/ no fanarismo'' (1 2). Após a queda do "incorr11ptfvel", hou ve ainda uma última tentativa de criar outra seita revolucionária, com fort es conotações de panteísmo, chamada "Teofilanlropia", a "religião" oficial do Diretório (governo revolucionário que sucedeu a fase do lerror). Por fim, vendo que "o sangue dos mártires é semente de novos cristdos", os revo lucionários deram marcha à ré no processo de descristianização da França. Antes do general Bonaparte
Dezembro 1989
Grouuro b/01J,ma, pi111ada por ,.,oo/uda11á· rias, rrprtsMla a ultbraf,iQ dt uma mina Ocultoca1&/ioofaiabjttod,tanr1anU100M·
.,ia,,profa-ôa.
tornar-st Napoleão 1, mas jã governando a França com o titulo de Primeiro Cônsul,foi ratificada com· a Santa Sé uma Concordata que permitiu a "liberdade religiosa vigiado". Porém, as Or· dens religios.as continuaram fec hadas e o Clero teve de renunciar definitivamente aos bens confiscados.
CHAGA INDELlVEL Tão radical e cruel foi a perseguição sofrida pelos cató licos franceses no periodo 1789-1799, que a podemos comparar com a época de Nero e Diocleciano, ou seja, com as crueldades infligidas aos primeiros mártires da Santa Igreja. Por isso, duzentos anos após a queda da Bastilha, ainda continua indelével em muitos corações católicos a eha· ga aberta pela Revolução Francesa. Pretender olvidar aqueles anos de pesa· delo é afrontar a memória de milhões devítimas,expor-seâacusaçãoda História e, no caso do bicentenário, ao fracasso! BRÃULIO DE ARAGÃO
""'"'
(1) P•ilippf d, V~lion. U11rr .,,,_,, ,oux ~ tk 11/ntl •i,x ,,,.,,,.,.ndt, l>ittnttn•,rr. A!bin M><lld,
P•ri,. 1989, p.14 (l)cfr. L'Off1ttd,.in6l'u$<JfrtkRl)mt, Poril, li69, p,ll (J)dr. M. l )dar,..,, L 'fupritfimoi/P<tl, IJn<I& O. ll<oo ·
-,-,Lilk.1910,p.41
(4)<fr.,.... -..o.m•,,.,,,-,,..I',,_ Mf'rttn«,Hoth<t1<,Pa,i1,19l2,p.204 U>J<• IH vi..,r1,. Clrr,st/un,_,,, /Urolu1"'11, NEL. Pari,.1988,p.i9. (6) cfr. Co,ut/1uiç60Ci,;'d1J C/no. Titulo 11. &rtlJO
19,in.J<a,rd<Vi&i,,ri,-,ot> (i1.,p.TT (') Jn•<l<Vlji-.ot>-cil,p.165
{S) dr. M. Sde,,o. Hr,tO,rr M "1 Const,fi,t/Otl 0>1# dtJClnJ'.lloth<tlt,Pari,,19-6],p.4-lJ (9)J<ud,\'i.-.c,p .<i1.. pl67 110) A. A~lord, l,ec,,/1,tk /~ Roison ti ltt'i,/ltdtl'I:."· 1rrS..µrlm,.Alcon,P•ri1. 1892.p.107 (ll)A.,hlortl.op.cit.,p.ll(I (ll)Al....,M•••n.R--rrrtt/,tn./tt6tl"rt1" S,,p,f,n,,lloch<tto,l'ari,,19J1,p.9J.
E
M D IVERSAS ocasiões, "Catoli-
dsmo" tem apresenta.doaseus leitores análises da assim chamada arte moderna, cuja expressão máxima, no Brasil, é a exposição Bienal Internacional de São Paulo, agora em sua 20" cdiçllo. Quem, como nós, percorreu os labirintos de tal exposição, dificilmente
poderá deixar de concluir que o tédio face ao horrendo é a nota psicológica dominante dos que desprevenidamen-
te perambulam por aqueles corredores. Com efeito, diante de uma exposição gigantesca, com cerca de seis qui lôme-
tros de e"'tensao, mais de três mil obras, 156 artistas de 42 países, poucos conseguirão deter-se para analisar aquilo que lhes entra olhos adentro. Uma impressão difu sa de frustração, com uma nota de impotência, acompanha o tédio. O público, em sua grande maioria constituído por escolares levados por seus professores, vê, sem nenhum entusiasmo, algo que é feito para não ser entendido pelo comum dos mortais. Qualquer tentativa de aprec iação, classificação, distinçll.o, fica inibida, desorientada: isto é arte? É belo? Conduznos a a lgo mais elevado? Ao sublime? Ou repugna ao senso cs1ético? A tal ponto é patente essa inibição, que já de entrada hâ quem procure justificá-la, desestimulando a análise: "qucmacharquepodeserúti\,civilizado ou culto tentar decifrar essa babel ( ... ) vai sair do pavilhll.o de três andares cansado, irritado e, pior, se sentindo burro" ("Veja em São Paulo", 18- 10-89). É essa a sensação dominante: se alg umas obras têm aceitação em certoscenâcutos restritos, são aplaudidas, premiadas até, e eu, pob re mortal, não consigo compreender porque uma tal banalidade ou hediondez merece prêmio, elogios dos especialistas e outras não, é porque não entendo nada! Para evitar o ridiculo, o melhor é ficar quieto e trotar de acordo com a moda - conclui, de si para si, o pobre basbaque ...
Um exemplo Não é nossa intenção apresentar uma anâlisecabaldealgoqueporsi sedesclassifica,ecujasustentaçãoé,exclusivamente, fruto da midia. Ao registrarmos o evento, procuramos, isso sim, mostrar aqu ilo que poderia indicar um rumo dentro do caos contemporâneo: a "arte'' moderna como fator de preparação das alma'.sparaaaccitaçãocn1cdiadade uma civilização do hediondo. A nosso ver, a obra mais reveladora de certa tendência, que não hesitamos classiíicar de satânica, é a do norueguês
Kjell Erik Killi Olsen, denominada "Salamandernalten". Em um cubo de aproximadamente 4x8x4 metros, co m pequena cn1rada, o estande, mergulhado na escuridão e rcalçado por tênue luz neon, apresenta bonecos monstruosos de )X)UCO mais de dois metros, como que pairando no ar, ao longo das paredes laterais. No centro, um como que monstro-mor preside a si nistra reunião. Um mau odor, fruto quiçá do material empregado, acentua a hediondez da montagem. É, na realidade, um templo ao poder das trevas. Segundo palavras do próprio Olsen, sua imenção - naqualtransparecealgodeimpositivo - é "quero que as pessoas saiam daqui diferentes" (id., ib.). Diferemes para o bem7 Nada indica. O efeito próprio de uma tal "obra de arte" é habituar as pessoas a relativizarem o horrendo, achando-o normal: original,
20~ bienal Tédio e indiferença face ao hediondo
Arte que torna o mundo mcno1bc:lot maitfcio "Ver,l,.driro,prn;ilos
saído,doi'lfe,.,.o" Dt,rauiot,ritico.
,o macabro
até. Pouco a pouco essa "arte" monstruo-
sa tenderá a passar dos eenâculos "anisticos", para as construções, os ambientes, tornando o mundo ainda menos belo, mais feio. A aflição estampada nesses bonecos, verdadriros precitos saídos do inferno. nos impele a encerrar estas linhas com uma prece Àquela que é a Sede da Sabedoria, a Virgem Santissima, poderoso ant ídoto contra todaessadesrazãoestética. QueElaprotejaosincautos, e,sobretudoas pobres crianças levadas )X)T seus professores, dos efeitos deletérios dessa pretensa arte, expos1a com tanta abundli.ncia no labirinto de seis quilômetros do parque do lbirapuera. R. MANSUR GU~RIOS
CATOLICISMO -
Dezembro 1989 -
2'.J
Lavanderia e Tinturaria
Lav• ae cortina - Tlramoa • colocarnoa carpelH - Lavemoa no local - Serviço• • domlcnlo Entreges rjpldetEllperimente nouoa aervlçoa
Especialidade lavagem de carpetes painéis, estofados
RUA JAGUARIBE, 522 - SANTA CECIUA SÃOPAULO-SP- TEL: (011) 6&2107
RuaMajorSen6rio,68, - Fone:2J J•.J68J
Retífica Wagner Ltda.
Fruit et art Seja o riginal neste Nata l, e presen teie com cestas e arr anjos d e íruu. nat ural
Ret if ica e paçes para mot ores Fones: 10247122·0138 e 22-0238
ltu~ B:.lhia, 89 · Slo Paulo
Foncs(0 !JJ (,6 192518253055
Ru• 0t. 0Hv~l, • llotllho, 12 - CAMPOS - IU
DANTAS
•
Comércio por Atacado e Varejo de Papéis e Plésticosem Geral
MECÁNICA GERAL
Foo"
CAMPEL
67-6174
AV. PROF .' CARMEM CARNEIRO. 502/S<M TEL.(02O)23·2000 - CAMPOS - IU
ALL COLOR PINTURA -
/COLÉG~
SP - F-ones 111~916 - 1"lH2JO
~ - - -'
7C LARET IANO/
Pré-escola !Técnico:
19 grau
PATOLOG IA CLiN ICA
2 9 grau Suplet iVO (ll'e2"graus) semi - internato Rua J a gu ari b e. 699 - San t a Cec í l ia
Fones :
(SP)
(011) 825-7707
AR TI STA PLÁSTICA
Quadros à óleo, aquarelas e pastel Temas de paisagens, casarias, marinhas e natureza morta
Decore com arte e bom gosto! EXPOSIÇÃO EM S PAUlO RUA jOAQUIM CUARANY. 90
811001<:tYM - SÃO PAULO - FONE. (011) 241·9JS5 Tratar tom Ângela
8 25•3136- B25•3573 - 825 •3372
11 24 -
Ti!'ls(011JJ2-97J2-37-ó769-Sl<!Paulo-SP
SERVIÇO DE ASSISTENCIA AO ASSINANTE
MECÂNICA
Carrosnoc:ionmse importados Atendemos o todas os Cios. de Seguros
~"" f<><"'"""'· "li~ • Soti!<> Cedloo SOo Pou1o -
compramos - vendemos admin istramos - alugamos trocamos e facilitamos todas as áreas
~AtoUCISMO
Veículos e serviços FUNILARIA -
BARCELONA TELEFONES
CATOLIC ISMO -
BANCO INDUSCRED S.A São Paulo - Rua Boa Vista n? 128 - Fone. (011) 37-9591
Dezembro 1939
Escrevem os leitores O Neurose Tenhooprazc:rdepodcr cnviar-lhc, ancxo, xcrox dc artigo quccontt mmat t riaassaiinteressante sobrc a dcgradação via TV, Sugiro CATOLICISMO publicar o artigo - Sérgio C11 mar11:o, Gu11ruji1 -SP.
Nola da Rcd11çio: Trata-se do artigo "De como adquirir uma boa neurose", de Nair Lacerda, publicado em "A Tribuna",Santos, 14-S-89.Naimpossibilidadedc reproduzi- lo na ínlcgra, seguem alguns excertos importantes: ..Ao que parece, é elegante/ater análise, visitar psico/ogos, psiquiatras, enfim, tratar dw nervos, porque /ombém é eleganre ter nervos sens{-
veis. É bom aderir. A.i:sim, ~ deremosfalar no 'meu ano/isto', com aquele ur misterioso e possessivo com queosr:lientf'l/alam neles. Depois, há sempre um halo de seduf{lo, um qul de atraente, na fato de ser-se neurótico. Manter o l'(JUillbrio mental e 11ervoso riesta lpoca cibernlticaeintransit6ve/,idar provas de capacidade coriácea de suportar, de i11sensibilidade de uço, um de~·/igamento já seriu sintomu animador no caminho da desejada neurose. Quem quersingulariz_ar-sef)4'1aca/mu, 1)4'/a serenidade, pela l'(Jüanimidade, sabendo-se que essas stlo coisasvergonhosas?A.i:sim,ouçamos programas de rádio que /ai.em a dramatii.aç4o de quantos crimes aparectm por a(. É uma belf'l.a. N4o faltam os gritos e gemidos das vltimas, nao faltam oscomenláriosdascomadres em tomo do ferido ou do defunto. Tamblm no famoso seio do lar, o som e a imagem duque/upobrecaixinhu(... )tra:um-nos 1odososestupros, assaltos, espancamentos, roubos
menores e maiores em pleno dia ou d /ui. do luar(... ). A aproximaç4o es1ranha de violência e sexo ( ... )ioprato de resistência dos programas. I:, isso que crianças e adolescentes absorvem a todas us horas. É assim que as crianças e os adolescentes pensam queu vida i, que a vida /em /orçosamenle de ser. ( ... )Se 1140 houver um pranto movimento para dar paradeiro a essa forma de agress4o aos que ainda n4o aprenderam a se defender, a próxima geraç4o n4o terá nem adolescentes nem crianças. Apenas adullos, dos cinco anos em diante, adultos curregados de todas as misüias morais, com todas as descrenças, com ioda a sensibilidade perdida, a compor vidas sem rumo. Home11s sem capucidude de levuntar os ofhos pura as es1relas".
O Propriedade privado Em mãos o enmplar n~ 466, queconu!macartadoSr.Carlos Amtrico, de Campos-RJ . Gostei muitissimo da re5posta da redação.E.stábem escrita, bem fundamc!ltadaeagradeçoadefcsa cm meu favor. Gostaria nes te passo de cxpcnder algumas considerações a respeito do assunto enfocado pelo Sr. Carlos Am&ico, complementando a nota da redação. Repetimosquc nossac,iperifociacom o homem do campa permit e cxpendcrmos consideraçõcs sobrc a condição do trabalhador rural. Experi~ncia dcoorrcntc de minha famllia toda 1tr constitulda par fazende iros, bem assim afamlliademeucunhado. Desde a mais tenra idade freqüento fazendas nos Estados deS. Paulo, Minasc RiodcJaneiro e posso dizer que a vida do homem do campa é infinita-
mente melhor que aquela dos camponeses transferidos para o meio urbano. Vou ci tar apenas dois exe mplos( ... ) Tenho cm casaosrelat6riosdcminha mllc, de minhas primas, que não hesitaram cm lecionar para os colon os. Será que os tcc no-burocratas ou suas filhas vão sair da Ca pital e lecionar paraos "asscn tados"? Para finalizar devo dizer que tudo isto foi possivel graças ao ins1ituto da propriedade privada e ao e5pirito cristão qucsempre norteou o meu relacionamento e o demcusparcntcsparacomaqucle5 que nos au1tiliam com sua força de trabalho. Não usamos de demagogia, mas respeitamos o preceito de Cristo: "Amaivos uns aos outros", prcccito que não aparece nem de longe nosprogramasdccoletivização da propriedade rural coordenados pelo Estado e tllo bem expostos pela revista CATOLICISMO no seu n~ 465. - Josf t'trnando Rlbtlro dt Barros, Sio Paulo,.SP.
D Franqueza
rcs, na biblioteca do mC$mO. Esto u participando da campanhadedivulgaçãoda rcvista,e porissocrciosermuitooportunoa exposição denúmeros atrasados da mesma, já que seus assuntossllosemprea tuais. José Alvts Rodriguts, Braslli a-DJ-'.
Sempre que houver dportunidadc,divulgaroperigodiabólicoda falsa teologia da livcrtaçllo. - Oóvls Prot,r10, Natal-RN.
O Conhecimento
t uma revista excelent e. Abrangeassuntosgcrais,principalmcntc na área de religião, trazendo aos usuàrios conhecimentos divers.os. - Ntyde Espc"r Kallj5, Panos-MG. O Apostolado Souapaixonadapore5sejornal (hoje revista)desdequecomccci a 1a-10 cm 1977. Pores-
ê surpreendente ler o n~ 462
se motivo quero lcvã-lo a ou-
de CATO LI C ISMO. como nos mostra toda a realidade docaos em todo o mundo. Sem o CATO LI C ISMO, como ficariamos sabcndo de tudoo que acon tccc narcalidade7Escm rodcios! t por isso que cada vez mais gosto de CATOLlCISMO e recomento a todos, pais é a revista católica au tlntica. Neste n? 462 nos mostra como foi a Revolução Francesa realmente. Que continue sempre assim, que éistoqucgostamos:dafranquezaeclarezaem mostrarcomoanda cstcmundotãochcio de caos. - Muilda C. s. Miceichl'lli, Mlni«ma-RJ.
tras pessoas que necessitam de apostolado para estarem a par do que se passa no mundo e de formarem suas almas catolicamentc. - f"ilomena de Jesus Alvu P treln,Sio Paulo-SP.
O Blblloteco O motivo principal desta minhacartaésaberdapossibilidadedeadquirirtodososnúmeros atrasados corrcspandente5 aosanos l985/1988,oquedaria um total de 48 ruimeros. O motivodeminhasolicitaçãosc prende ao fato de cu trabalhar emcolégionaàreadebibliotcconomia - !eciono mat ér ias relativasa e5saárea-egostaria de co locares1csnilmerosà di spasiçllo dos alun os e profe5:;o-
O Orlentoçõo CATOLICISMO é a revista católica do Brasil mais ortodoxa, com mel hor apresent ação e distribuiçãodctcmasqueabrangemasintcrrogaçõesdocristão dehojenestemundodeconfusão,dando-lhcoricn1açãoscg ura que o impede de ser vítima da Revolução na Ff, na moral, nos constumcs e na polltica. Ne5ta era de convergfncia ecumênica e ideológica nos previnecontraosembustesdcSatanãsque tcnta abalar acoluna da Igreja sustentada par Nosso Sen horJ esusCristoquc lhc da rá a vitória final. Destaco os artigossobreaTcologiada Li· bertação e Revolução Francesa comoscntinclasco!ltraocspiritodeinérciaqucinvadcasconsciências religiosas e políticas de muitos. - Walneir Nogueira de t'igutlrtdo, 80111 Jtsus do ltabapoana-RJ.
CAT O LI C ISMO -
Deze m bro 1989 -
25
A11u,.,querda, o Rmw. Pt:. Olmo !'ira Trindad,. OtuuJitán"oaplaudtdtpl a r,ma dru magi1trois rtsJ,<>,ta, doPref. Pliniol"oJ'rW.dtOlitJt:fra
TFP reúne correspondentes e simpatizantes REALIZOU-SE de 7 a 9 de outubro llltimo, em São Paulo, um Encontro Regional de Correspondentes e Simpatizantes da TFP, abrangendo a região centro-sul do Pais, Que contou com46lparticipantes. O primeiro ato do programa estava marcado para o dia 7, às 16 horas. Porán, já por voltadasl)horll.'l,emsuaquase totalidadeoscorrespondcntesesimpatiz.anteshaviamchegado e 5C dirigiam à sede central da TFP para cumprimentar oPror. PlinioCorrêadeOliveira. Homens, mulheres,crianças superlotavam as dependências
26 - CATO LICISMO -
daquelasede,maniíescando5eu desejo de dizer uma palavrinha r;ipida ao Dr. Plínio, pedir-lhe um conselho, uma oração. O que fez com que o Encontrotivõ.'ie,antesdesuaaberturaoficial, um inicio c.~tra-oficial... Taltomodoorgãnicocviva:i como se passam as coisas no Brasil. Ao menos no que resta do Brasil autêntico que não 5C deixouinfectarpelalepradoindiferentismo cdoegoismo. O Encontro foi prcs1igiado pela presença dos Rcvmos. sa· t-crdotes Pe. Olavo Pires Trindade e Pe. Gervásio Gobato. A conferência pronunciada pelo primeiro sobre "Adoutrinacatólica,aeducaçãoeas modas" tcveótimarcceptividade,sobrctudo junto às mães de Familia, naturalmentepreocupadll.'lcom oporvirdeseusfilhos.
lkzembro 1989
Foram apresentadas canções infantis,executadasporumpitorcsco ooro de mcninll.'l, treinadoporumadcdicadacorrespondentc.Namesmaocasião,foram upostos trabalhos realizados pelas correspondentes, como belos estandartes, bonecas de estilotradicionalecomvcstidos regionais. Altmd.aconfcrênciaina1.1gural,pronunciadapel0Prof. Plinio Corr~a de Oliveira, foram abordados diversos temas que 1ivcram em vista a gravidade dosdill.'lQuceorremcaesperança dos que virão. Os estudos transeorreramnumdimadeseriedade e entusiasmo, sempre elevado, como costumam ser os atos promovidos pela TFP. À sessão de encerramento cstevc prcscnte,fazcndoparte da mesa, o Chefe da Casa lmpe-
Durante os dias do Enconcro, o Presidente do Conselho Nacional da TFP respondeu a numerosaspcrguntasaprcscntadaspclosparticipantes:e!ciçõcs, situação nacional e internacional, problemas da Igreja c do progressismo, atuação da TFP etc. Seguem excertos de uma dessas reSJ)OStaS, relativa à pe-rcstroika. Palavras de Dr. Plinio Gorbachev tem declarado queofatodcelcquercrimplantar a autogcstão não significa qucllajarenunciadoaocomunismo. Ele, alii\s, o diz claramenteemdiscursos,cntrevistas, de,::larandoissoaChefesdeEs· tadocomquemtrata. Nãodescjaumdesviodorumodocomunismo, mas sim a maturidodc do comunismo. Tal ta autogcstllo. Ora,querelaçãohâentrea tabadelndiocogrupoautoges1ioni\rio?Scosscnllorcsanalisa-
Um pift,ruco Ct,m d~ m,mina•, rv:gid,, por uma corn,pond~nu ,la TFP, aprv:,~nft,U·it numa da1 Ttuniôts dt, se/t,r f•mi1'ÚW
rcm bem, uma taba de índio corresponde mais ou menos a um grupo autogestionário. Os bens são comuns; o amor é !ivre; não existe o problcma dc educar os filhos, porque nao são educados por ninguém, sao as folhas do mato que os educam; e a taba vive como pode sob a dirtçao de um guru. En quantoocaciquedirígesobretudonaguerra,oguru,oupajé,
é quem recebe manifestações do alto, ou "do baixo",ccom base nessas manifestações que d.lo sinais mais ou menos autênticos de que realmente umsercstranhoestáscrnanifcstando - cleorienlaosíndios. Numerosos são os partidáríosdaautogestlloqueelogiam como modelo para a sociedade huma11a a tribo indígena. De maneiraquenósficamos,dere-
pente, diante desta si tuação espantosa: neste ano de 1989 e logo mais vamos ter os sinos anunciando o ano 2000 da era cristã - depois de os homens 1erem tanto produzido, tanto lutado, tamoscesforçado, tanto construido, encontramo-nos diantedeumaforçaquesea presenta como a mais moderna, como sendo o dia de amanhã, e que inculca como ideal, como desfecho dessa cami11hada, a volta para o cstado tribal. Se, com meus próprios olhos, não tivesse tido a prova do que estou dizendo, teria dificuldade deacrcditar. Masescrevi um lívroaesse respeito, com provas e documentos.
Alerta da TFP: ensino brasileiro em perigo "Monstro estatizante ameaça o ensino brasileiro". Este é o título do documento que a TFP elaborou sobre a nova Lei de Diretrizes e LlasesdaEducação, o qual foi distribuído aos
Crítica à Teologia da Libertação O BUREAU das TFPs em Londres acaba de editar em forma de livrcto a conferencia sobre Teologia da Libertação proununciada pelo sócio da TFP brasileira, Sr. Luís Sérgio Solímeo na Universidade de Birminghan. Essa conferência, realizada em novembro de 1987, foi patrocinada pela Theo!ogical Society (Sociedade Teológica) desse importante centro de ensino inglCS. O conferencista ressa ltou um aspecto "positivo" da Teologia da Libertaçllo, que foi o de quebrar o pragmatismo do mundo moderno, que não dava importância às questões teológicas. A TL, pelo co ntrário, pôcodebatc teológico no centro dos acontecimentos, oque,desi, é correto, ressalvada sempre a distinção entre o temporal e o espiritual. Falando depois sobre as origens da TL, L S. Solímeo mostrou a inílui!ncia que o pensamento europeu de esquerda e dos círculos acadêmicos do Velho Mundo exerceu sobre a TL e os "teólogos da libertaçao". Recordou que quasetodososprincipaiscorifeusdessacorrentefizcramcur~n..., sos na Europa. Onefas10papeldadita"conscicntização"naTLfoiressaltado, mostrando o o rador como a mudança de mentalidadc das pessoas simples, através de artificios diversos - criando um estado de revolta e inconformidade - é um dos principais objclivos práticos da TL. No fimdoprocesso,a pessoa que fora11traida por um aspecto religioso, acaba setornando um marxista na prática. Paralinalizar,oconfcrencistautiliwu-se dosdadosestatísticos do livro do Prof. Carlos dei Campo, "Is Brazi! S!iding Toward lhe Extreme Left?" (Está o Brasil resvalando paraaextremacsquerda?),paramostrarcomoéfalsoomito dcquehãmisériageneralízada no Brasil, apresentado pela esquerda "católica" ea TL.
membros da Comissi'l.o de Educação da Câmara dos Deputados. O texto, de autoria da Comissão de Estudos Pedagógicos da TFP analisa o subslitutivo do deputado Jorge Hage (PSDB-BA) - atualmente cm debatenarnencionadacomissão da Câmara - ressaltando os perigos que essa proposta lcgislativaacarretaráparaaeducação cm nossa Pátria, especialmente no que se refere a três pontos: l) a chamada "gestão democrática" ou seja, a autogestãonaeducação;2)osufocamentodo ensino particular; 3) aviolaçllodosdireitosda familia e o caráter totalitário de uma escolarizaçao obrigatória e indiscriminada do ensino A autogestão será aplicada mediante "conselhos escolares, com representantes da comunidade in1erna e extcrna á esco· la",oquerepresenta uma que· brado princípio de hierarquia, indispensável em todo estabelecimento de ensino bem ordenado,bemcomoáretaespecialirn· çãopedagógica,quescrequer na tarefa educacional. Quanlo ao ensino privado, embora reconhecendo teoricamenteodireitoáinicialivaparticular,osubstitutivoJorgeHage, na prática, torna bastante limitado tal reconhecimento, em virtude dos encargos com qucoEstadooneraráoesforçodainiciativaprivadanaárea educacional. O documento da TFP também acentua o perigo de uma campanha publicitária movidacontraascscolasprivadas, tendente a apresentá·las, embloco,injustamente,diante da opinião pública, como sangue-sugas e exploradoras. Naquestãoreferenteàescolarizaçao obrigatória, proposta pelo mencionado substitutivo, apartirdapré-cscolaaléoensi· no do 2º grau, o tex!O da TFP ressalta a semelhança de tais disposítivoscomaConsti1uição soviética,aqualprevê''aimplantação,corncarátergeral,doen· sino secundário obrigatório". O documento da entidade termina conclamando os congressistas, os educadores e os pais a que se empenhem para que a Lei de Diretrizes e Bases 0a Educaçllo não introduza novas medidas decaráter socialis1anoãmbitopedagógicoepreserve os autêntkos valores da edu~açlloem nosso País. D
CATOLICISMO -
Dezembro 1989 -
27
na um mo.~tciro para asfilhasdeSantaClara, que foi o segundo daquela Ordem religiosa fundado na Colômbia. Ainda nos alboresdanovafundação, seu pai deu-lhe de presente uma imagem do Menino Deus, que foi muito venerada pelas monjas, e considerado abade do Mosteiro. Em 1644, houve um grande terremoto em Pamplona. As religiosas, para se pro1egerem, acorreram à horta do convento. Uma delas, encarregada do altar do Menino Jesus, lembrou-se de que a pequena imagem ficara abandonada e exclamou: "O Menino ficou órfão" ... E correu para busc:1.-lo.
to ouro e prata, mas não consegui ram entender como foi realizado esse trabalho. Um médico ficou admirado ao observar que o Menino tinha na aparência umavértebradeslocada,advertindo que se alguém propositadamente a tivesse feito daquele modo, teria conseguido uma perfeita representação anatômica da realidade.
O Pequeno Órfão
Passado o cataclismo, e não tendo voltado a religiosa que partira :1. procura da imagem do Menino Deus, puseram-se suas irmãs de hãbito a buscá-la entre os escombros, pois o convento e a cidade haviam
ficado destruídos. Encontraram-na falecida, vitimada pelo peso de uma viga, sobre a qual, de pé, Jesus Menino olhava-a com misericórdia. Tendo movido suas mãos - que até aquele dia estavam cm atitude de oração - a imagem abençoava a religiosa. A partir de então, passou a ser chamada "El Huerfanito" (O Pequeno Órfão). Em 1944, cumpriram-se 300 anos do milagre e da definitiva consagração do Menino Jesus como abade do Mosteiro. A imagem nunca saiu da clausura. Aquelesqueavencram,ofazem atravésdasgradesdolocutório,atrás das quais eneontra-se ela sobre urna colu na que lhe serve de pedestal. O
A TFP colombiana, em agradecimento por um favor recebido pela intercessão do Menino Deus numa grave e urge nte necessidade, ofereceu·lhe um hâbito de abade, inspirado nos trajes de cerimônia das TFPs. Na foto que ilustra esta matéria, vemos o "Nii'io Huerfanito" revestido daquele traje. A fisionomia da Menino Jesus, grave mas cheia de bondade, atrai a devoção do fiel, que a seus pés expande sua alma e dEle recebe uma bênção protetora.
Olga Marco Ant onio, da Pasta d0Mcnor(SP),fe1. urnarevela-
·,
ção verdadeiramente estarrece•
AREALIDADE . concisamente ABACAXIS E BERINJELAS "O que é isso? Que coisa maiscsquisita",perguntaamenina, de seus JJ anos. O pai acode mas não sabe responder. "Vocês nunca viram? É uma berinjela", exp lica o vendedor nalojadegêncrosalimemícios.
Napratcleiraseguint c,outro indivíduo segura vitorioso um abacaxi,oomoquem ti vcssccapturadoum bicho raro. Es1amosnamiserâvdUgan da ou no famfl ioo H aiti? Ledo engano! Os compradores em quesHlo eram apenas berlinenses orientais,quepelaprimeiravezentraramnoladoocidcntal dacidade.
Neste scn1ido, a Alemanha Oricntal estã bem na linha da Rússia comunista, o nd e é difl • ci l co mprar uma laranja , um sabo nete,umapeçadeautom6vcl ou mesmo umagarraíadc ãgua ... Segundo o órgão oficial " lzvestia",íalta carne,açúca r csalemrn uitaspanesdopais ...
RÚSSIA CAMINHA PARA A BANCARROTA Noticia o " Jorna l do Brasil", de 9-6-89, quc o deputa do e economi sta russo Nikolai Shmlyov, numa sessão do Con• grcsso dos Deputados do Povo, deMosoou,afirmouqucaUnião Soviética chegarã à bancarrota eml992,amenos que sejamtomadasmedidasdraco ni anasparacontcrocresccntedtficit público,quedevechegara 187bilhõcs de dólares no fim do ano, istot,241ftdoorçamentototal. 2 -
O dcputado acrc.sccntouque "aexploraçãodaíorçadetrabalho na União Sovittica t maior do que em qualquer outro pais industrializado", c afirmouquc na Rússia apenas 37'4 do Produto Nacional Bruto t destinado aos salários, contra indices de701Vo o u mais na.s nações industrializadas. Vemos, assi m, como t falso dizcr que o co rnuni smo beneficiaost rabalhadorcs. Naverdade,apenas umacamarilhaencarapi1ada no poder t favorecida. O povo tem de sofrer e são muito limitadasa.spossi bilida· des de reação. Shmlyovdefendeuumarcdução drãstka na aj uda que a Rússia presta à revol ução nos palseslatino-americanos,principalmentc Cuba e Nicar.igua, qu e recebem a maior parte dos 8bilhõcsdedólaresanuaisque oCrernlinenviaàregião. Convém lembra r qu e o regi me mo.scovita ain da não caiu nabancarrota porquetsustenta doporpaísescapita lista.s,sobrctudo os Estados Unidos.
ABUSO SEXUAL DI CRIANÇAS Umnúmcroassombroso:300 mil crianças por ano sofrem abusos sexuais na Alcmanha Ociden1al, sendo 80 por cento meninas. O dado mais alarmante: 90 por cen todosabusossllopraticados por parentes ou a migos. Enganadosemsuamaistcnra idade, de rorma tão vil, os pabrcs seres passa m a car regar traumas psicológicos ao lo ngo da vida, autent icas tragédias pessoais. Tambl!m no8rasila.sesta1is1icas ía lam por si. A secretária
CAT O L IC IS M O - J aneiro 1990
dora: cerca de70por cen to dos es111pr05 incestuosos acontecem
no seio de fami lias da classe mêdiaeclasscmêdiaalta, contracria nças de3a 13anos.
PADRES GUERRILHEIROS EPOllTICA SUICIDA Vime e nove sacerdotes, entreosquaisdczespanhóis,atuam nos grupos guerrilhei ros colom bianos, informou a emissora TV-Hoy, baseada num informe ooníidencialdas ForçasArmadas. Um desses grupos terroristas - o M-19 - assinou, hã pouco, um "acordo de paz" com o Governo. Condição im posta: que haja reformas foriemcme csq uerdistasna cstruturasóciocconõmica do Pais. Em troca doque? O porta-voz da guerrilha, Vergara,insolenle,cxplica:"não vamos entregar as armas porqueissoseriarendição:sim plesmente nos comprometemos a nãovoharautilizá-la.s.
PALAVRA DE COMUNISTA!. Enquanto isso, uma pesquisa de opinião revela que90 por cen lo doscotombianossãocon-
tràriosa negociaçOesoomaguerrilha. /\ ss im, emfavordc suapolítica suicida, o Governo colombiano nllo pode alegar nem mcsmo sua suposla J)Opularidade!
DESPERDÍCIOS OGovcrnofcderalestãdespendcndo oom uccssode foncioml.rios uat amemo o dobro doqueos jurosdadlvidainternalh ecustaram eml988.Ocálcul oé dc Arthur Sendas, presidente da Associação Brasileira de Supermercados. Ao mesmo tempo, os orçamcntos das es1atais reprC$Cntam o dobro de todo o orçamento naciona l! Seg undo o Ministério do Trabalho, os saláriosnasestataisc hegam a se r S0porcenromaioresq ueosdascmpresas privadas.
DESMENTIDO O diãrio carioca "0 Globo", cm sua edição de 12 de dettmbro, publicou notlciaaoerca de um pretenso telegrama de protesto que aTFPtcriaenviadoà atrizMaitê Proença pelo desempenho desta em peça imoral encenada no Rio de Ja. nci ro. O Serviço de Im prensa da TFP esclarece quecarecedefundam ento a informação da remessadomencionadotelegrama. Na,apado,wúlà Mm,,,.a",.! Colô mbia, afotodo alua/ diri~nll: máximo do gn,po guem'/Juiro ELN, oupa nhol,
u -pad~Ma,.ud Piru, tnvofoido na dimtwd,inúm.....,. at,nladM, uqiü, tros, atosdt:t,nv,úmo•
-·
~,'oli11âa naqi,, la
SUMÁRIO D~CADA Anál ise de uma década marcada
por um crescente caos, vivida num desconcertante clima de otimismo equeterminacarregadadeincertezas. Natureza das esperanças que se abrem . ........ ... . ........ . .. ... .. 5 INTERNACIONAL
Desativado o Muro de Berlim num clima de euforia, em larga medida disseminada pela "mídia". Visão
mais profunda do fato, apresentado em seu verdadeiro contexto ... 16 AMBIENTES, COSTUMES
Visitando o pitoresco Vale do Ron• . ........................ 22
cal..
IGREJA Bispo colombiano martirizado pela guerrilha teledirigida pelo regime castrista ............... .. ..... . .. .. .... 19
Lituanos no exílio pedem a João Paulo li que interceda junto a Corbachev pela libertaçlo de sua pátria, brutalmente ane xada e subjugada pela Rússia ........................... 24
''CATOUCISMO" i 1111111 publicaçlo 111mA1 d&Emp<C$1Padreild<;hiorclePor11nUda.
1990 •
Estamos a apenas dois lustros da passagem do milênio. E o ano 2000, conforme a perspectiva em que nos coloquemos, aparece extremamente sombrio ou extraordinariamente gaudioso. _e. um paradoxo, convimos, mas é tambtm uma realidade. Só é certo que o terceiro milênio da era cristã se iniciará em circunstãncias profundamente diversas das que nos cercam neste momento em que adentramos os anos 90. Do ponto de vista da hipótese política, meramente racional, as prfflsõcs para o ano 2000 têm de levar em conta, como fator-chave, a orientação que vêm tomando os aconte· cimentos mundiais nos últimos tempos . .e. nesse sentido que "Catolicismo" apresenta nesta edição uma breve análise retrospectiva dos anos 80, da qual se depreende um revelador conjunto de tendências afins. A década caracterizou-se por um caos generalizado, do qual emergiu, como um cogumelo envenenado, a J)O$Sibilidade de uma convergência entre o Ocidente e o mundo comunista - tantas vezes prevista pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira -, a prazo não muito longo e com base num regime sócio-econômico autogestionário. Pergunta-se: chegaremos, jà no ano 2000, à efetivação do sistema de pequenas comunidades autogestionadas, inspiradas no modelo tribal, tendo à frente um guru, i maneira de um pajé? Falam IICS5I direção também a assustadora decadência dos hábitos e costumes, rumo ao nudismo; a perda da noção de boa educação e mesmo de civilidade ou compostu· ra; o amor-livre, que praticamente não encontra mais freios morais ou sociais; e a invasão de eso1erismos de todo tipo - desde a bruxaria até ginásticas "energéticas" - que buscam preencher o vãcuo religioso ocasionado principalmente por clérigos católicos de orientação "progressista", presentemente ocupados em demoliras estruturas da Igreja e da sociedade temporal. .e. preciso ainda contar com imprevistos, fr«tüentes em meio ao caos. O fim da d~ada foi prenhe deles. Basta considerar a inesperada queda do Muro de Berlim, também analisada nesta edição. Que novos imprevistos surgirão? De qualquer modo, corre célere a jã ràpida demolição do que resta de civilização ocidental. Por6n - é importante tê-lo em vista - Nossa Senhora também tem seus imprMs· tos, e o espetacular triunfo do Imaculado Coração de Maria, anunciado em Fátima, pode estar bem mais próximo do que se imagina. E al então o milênio se inauguraria regido por uma esplêndida e materna clave marial.
!Mrttet:P1uloConbdeBriLOF"ilho
~..~;::-.:;~'• ~~: Tlklhlshl - Rqi~rl· ~RuaMfflimfrucioco, 6U-O IZZ6- 5'o Paolo, Sl' t • u S..odo S..-.., lGl -21 10!) ~ .RJ . Gmw:ha Manimfruci!N,665 - 01226 - SAo Paulo,SP - Td:(Oll)IU.1101. F...._..ii.:(diffla. 1portjr de ~ for...,;. doopo1 "C.oliósao" ) 8-doirul< SIA (lrif,cr, o
Edilon - • ua M~
.M - SAol'aalo,SP.
1.,..-, Mprm -
lnchlltril, Grifo • Ed~or1
uda. - RuaJo,IOl,óSl/6'9 - 0JllCI-Si<>Paulo,SP.
r..,...,... c1e.-o;o;_.., "'""""'*,_. W. o oodm,;o..,.itc>. A ........,.__ rdall .. • ....... . -
. ..... podo ........... ient,,c:io:
~~.~=~.~~m~:!~~
OIOH50l
Apur~dOS os
votos nas eleições presidenciais brasileiras do segundo turno, as CEBs e organizações congêneres - o sustentâculo eleitoral do PT - tiveram de amargar uma derrota. Com efeito, os esforços conjugados de tantos eclesiásticos e leigos da esquerda "católica" mostraram-se insuficientes para içar à Presidência o filo-castrista Lula. Tampouco pareceu convincente ao sagaz público brasileiro a máscara até certo ponto moderada que Lula tentou afüe!ar no rosto à ultimissima hora, na esperança de atrair eleitores centristas incautos. Quem se beneficiou com isso tudo foi Coltor. Saberã ele tirar as conseqiiellcias do fato de que a maioria dos brasileiros não quis a esquerda no poder?
CATOLICISMO - Janeiro 1990 -
3
"- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - , Discernindo, , , ,
distinguindo, classificando,,
•
TRAÇOS LUMINOSOS DA ALMA CATOLICA
C
ORRIA O ANO 1215. Toda a Andaluzia (sul da Espanha) estava ainda domina-
da pelos mouros. O jovem infante D. Fernando, fil ho do rei de Leão, neto do rei de Castela, destinado pela Providência a unir os dois reinos, sentia em si desde menino o chamado divino para continuar em grande estilo a obra do Cid Campeador: a épica cruzada para expulsar
os infiéis da Penlnsula Ibérica. Ar-
diam em sua alma os fogos sobrenaturais de Covadonga, a célebre gruta a partir da qual a Reconquista do território ibérico para Cristo começara. De tal modo sua vocação o tomava e o entusiasmava, que seus pensamentos e suas palavras constantemente reíletiam o ideal da luta contra os mouros. Certo dia, em que D. Fernando manifestava sua tema Noua s,,.1,o,,. d,u R,i,. tmar• ,,..,, a devoção a Nossa Senhora, cantan- q"'11SioJ."7IO.ridoruo,,.jrtq~"'u-, do hinos em seu louvor como a ''Sal- d,m11t1taror,,quistadaArido/ouia.A1"'1lve Rainha" a a "Virgem Mãe de mtnU J ,,_..,,rada ,... Carnlral d~ &"''IM. Deus", uma de suas irmãs, Da. Sancha, não sem uma ponta de malícia, lhe disse: "Quando cantais em lou- pacifismo sem discernimento, e de vor a Santa Maria, D. Fernando, qucmalógicaparecc1cr-seevanescientão não vos lembrais dos mou- .do! Mas, como é belo este traço da ros." Ao que o infante serenamen- alma de São Fernando, da alma mete respondeu: "Eu A farei rainha dieval, da alma autenticamente catóda Andaluzia!" (1). Realmente, foi lica. cumprindo essa missão que ele se santificou . Em seu espírito, a devoção a Dezesseis anos depois, já Rei, e Nossa Senhora e o combate pela re- tendo iniciado vitoriosamente a realeza da Santíssima Virgem junta- conquista da Andaluzia para Nossa vam-se num só ideal, doce e for1e. Senhora. obrigações inadiáveis torEram dois aspectos de uma mesma naram indispensável a S. Fernando realidade, unidos entre si pela five- permanecer por algum tempo em la feita de aço e de luz da lógica. Leão. Mandou então seu exército Pois, se ele amava verdadeiramente prosseguiracruzada.Mas ... semele?! a Nossa Senhora, natural era que a A presença do Rei na batalha quisesseRalnhadeseusreinoshispâ- eraparaomedicvala fonte de inspinicos, e se lançasse na luta contra ração na luta, de coragem noenfrenos que malevolamente impediam es- tamento, de ânimo nas adversidades, se designio providencial. de alegria na vitória. O Rei era o Como isto tudo se torna incom- homem-simbolo, o estandarte vivo, preensivel ao pobre homem do sécu- Cristo presente na Terra. lo XX, imerso no pântano do relatiS11o Fernando o sabia bem, e o vismo religioso, amolecido por um sentia melhor. Assim é que conce-
4 -
C ATOLIC ISMO - J aneiro 1990
beu a idéia bem medieval, cheia de elevação e de tato, de fé e de senso das realidades, que consistiu em colocar à frente de seus exércitos seu filho primogênito, Alfonso, de apenas nove anos de idade. Aquele que era a esperança futura de Castela e de Leão, ele o enviava para ser purificado no fogo do combate e nos perigos da morte, como um simbolo vivo de si mesmo. A direção efetiva dos exércitos, S. Fernando a entregou a um nobre de sua confiança, experimentado nas lides da guerra contra os mouros. Mas a liderança simbólica, aquela que num momento de indecisão dos soldados tem força para lançálos A luta, num momento de divisão pode conseguir a unidade e a adesão firme e continuada, e no mais aceso da batalha produzir em série os heróis e os mártires, essa liderança queatraiasgraçasdocéueleatransmitia a seu filho, um menino (2). A noção do homem simbolo, do representante de Deus era muito cara á a lma medieval, e constitui umdeseustraçossalientes, mais especialmente sublimes, mais autenticamente católicos . Assim, o infante D. Alfo nso, a exemplo de seu pai, S. Fernando, foi para a batalha, dormindo ao relento, alimentando-se quando posslvel, enfrentando riscos contínuos, recebendo as homenagens de seu soldados que lhe beijavam a mão e abraçando os que mais se distinguiam como prêmio por sua bravura. Enfim, estando presente em todos os momentos como se fosse já o Reicavaleiro. C,A
NOTAS (1) C. Fcrnandu de Castro A.C.J .. ''The Ufe of 1hc Very Nobk Kina or Cutik and uón,S,,in•Fcrdinandlll",ThcFoundatlon fora 0.rislian Civitiuuion, New York, 1987, pp,19/ 20. (2)tdem, pp. 127eH
VISÃO
OE CONJUNTO E MODO dominante,
D
marcou os csplritos, na
Ultima década, no camJ}O internacional, o lança-
mento da glasnost e da perestroika pelos russos.
Glas nost significaria um novo estilo de relações Oriente-Ocidente marcado pela transparência, ·ou seja,.pela sinceridade absoluta e pela completa abertura. Comportaria intercâmbios cultural, turístico, econômico e outros: E redundaria necessariamente em completo degelo entre os dois blocos ideológiPerestroika, por sua vez, seria uma reestruturação interna na Rússiaepaises do Pacto de Varsóvia, de modo a arrancá-los da estagnação econômica a que os haviam reduzido setenta anos de um regime opressor. Uma tentativa enfim de suprir a crõnit:a falta de alimentos e o utros gêneros de primeira necessidade, bem como de_ mover as águas cm meio a uma população paralisada pela falta de iniciativa. Sobretudo, a glasnost e a s,trcstroika re-
Anos 80 -
presentaram uma gigantesca manobra de guerra psicológica dirigida contra o Ocidente para desmobilizá-lo cm face da penetração ideológica do comunismo, e tornar assim possivel uma reunião dos dois blocos. Reunião que pern,.itiria uma fácil soeializaçãc. da população a-idcologizada e anestesiada do Ocidente, ao mesmo tempo que revitalizaria o falido império soviético. Não se pode negar sagacidade a essa manobra, como também não se pode deixar de lamentar a simploriedade de espírito dos que por ela se deixam levar sem qualquer d esconfiança. Mas "a classe operária não apoiará quem falar em tornar capitalista a sociedade soviética'' (''0 Globo'', 18-11-89), afirmou tachativamenteGorbachcv. De fato, tudo é feito para vantagem do comunismo e sua expansão.
A caminhada para o caos
·
O assunto, de vital importância para o mundo todo, ganha cm elareza se visto no contexto da década que passou.
Sob o signo da autoee1tão Os anos 80 iniciaram seu cursosobnuvensnegrasqueprcssagiavam o esmagamento dos últimos restosdecivilizaçãocristãnomundo. Com a ascensão de Mitterrand à presidência da República francesa, a ameaça era clara: o prestigio cultural e polilico da França ia ser utilizado como cabeça-de-ponte para espalhar por todo o Ocidente o socialismo autogcstionário, quebrando as estruturas sociais e econômicas que vigoravam desde o fimdasegundaguerramundial. Uma vez implantado no mundo livre, esse socialismo autoges1ionário - que a Constituição russa e os teóricos do marxismo em geral apontam como sendo o fim último do comunismo - propiciaria uma convergência en1re o munJo comunista e o nosso em bases ideais para Moscou. Com vistas a homogeneizar os dois blocos antes de fundi-los, também nos países do Pacto de Varsóvia um movimento se fazia sentir, precursor da perestroika, de índole fortemente autogestionária. O pais escolhido para sede experimenta l foi a Polônia, onde o sindicato Solidariedade de Walcsa se debatia contra a ditadura comunista cm nome de um socialismo com liberdade. O homem ocidental, que desde a Conferência de Yalta vinha sendo trabalhado a fundo pela propaganda pacifisia e libertária, para a qual o mal do comunismo residia apenas no seu aspecto agrcssi-
I com voe di1atorial, era levado a simpat izar Solidariedade, sem perceber o veneno ideológico que seu socialismo autogestionãrio trazia no bojo. A Polônia era, aliás, detrás da Cortina de Ferro, o pais ideal para servir de cobaia a essa e1tperiência, pois sendo sua população composta maciçamente de católicos, poderia servir de c1tcmplo não só da convergência comuno-capitalista, mas também, e talvez principalmente, da conyergência católico-comunista.
Caos e otimismo
A Alr,u,.gem dai Tl-'P,, d, ""loria do Prof P/i,rio Corria de 0/ivúra, quebrou o mta,1/0 ,li, 11utogutiio, e o dm,mcim, enq,w.,10 ,,;,.,. i,ic/t,i,111 "ª' oomlmafÕ.s da lg,,ja ao
,/o,.,
A manobra se apresentava de por1e universal, e parecia ler aberiasdian• te de si as portas do êxito. Cumplicida· des não lhe faltavam nos mais ahos postos de influência e de mando. Coube ao Prof. Plínio Co,rêa de Oliveira, em monumenial Mensagem ao mundo, difundida pelas 13 (hoje 15) TFPs cm quase todos os 1>aíses do Ocidente e vários do Oriente, quebrar
6 -
C1\TOLICIS~·IO - Janeiro 1990
o encamo da autogest!lo, denunciã-la enquamo doutrina incluida nas condenações da Igreja ao comunismo e enquanto jogada faial preparada nos mais recônditos laboratórios de opinião pública de Moscou. Na França de Miuerrand a publicação da Mensagem não foi permitida, mas sua difusão por todo o Ocidente esclareceu os espíritos aturdidos, fortificou as vontades vacilantes e vacinou eficazmente a opinião pública contra a manobra. Quebrando assim o elan expansivo do socialismo autogestionàrio francês, cs1e foi obrigado a encolher suas garras mesmo na pátria de S1a. Joana d'Arc, e Mitterrand se viu praticamente reduzido da condição de fera perigosa à de vovô inofensivo e centrista, "ton-ton" como foi posteriormente chamado.
Mas o plano de fundo do comunismo internacional, que consistia em promover a convergência Ocidente-Oriente com base num sistema social e econômico tão próximo quanto passivei do sonho mar:,,;ista, em busca da realização final da autogcs1ão socialisia plano diversas vezes previsto e denunciado pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira (1) - não foi abandonado! Apenas procurou outro caminho mais transitável. E terminamos a década prescn· dando fatos espetaculares como a implantação de um governo colaboracionista na Polônia, a abertura política na Hungria, e sobretudo a destruição simbólica do terrivel Muro de Berlim com a abertura de diversas passagens entre os dois lados da cidade. Fatos que pressagiam outros do mesmo gênero a constituirem um conj unto de passos precursores ru(l!O à efetiva realização dessa convergência. E tudo se faz sem que a opinião pública sedê claramente conta do que se está passando cm profundidade, embalada pela euforia da mfdia internacional que timbra em apresentar os fatos como alvissareiros, pondo na sombra as graves perguntas que eles suscitam jà para o dia de amanhã. Por exemplo, que regime sócio-econômico deverá vigorar num mundo sem fronteiras ideológicas? Que conseqiiências isso trará paraavidadecadaindividuoem particular? A pan-Europa que se quer cons-
truir incluirá os atuais palses do Pacto de Varsóvia? Mediante que compromissos de parte a parte? Os Estados Unidos ficarão isolados? E a América do Sul como se arranjará nisso tudo? A atual miséria nos países comunistas terá de ser compensada às custas da prosperidadeocidenta11 De momento, tudo parece envolto num otimismo fácil e vazio, e imerso no caos. São esses dois ingredientes, aliás, que marcaram a fundo a década de 80. Desde o fraca sso do socialismo autogestionário francês, o Ocidente veio sendo preparado para a atual quebra de barreiras entre os dois mundos, por meio de um caos cada vez mais imenso, só suportá vel porque perpassado por um vento de ot imismo sem base na realidade. A irracionalidade caót ica com manifesto tom alegrete marcou a fundo os acon1ecimentos determinantes dos anos 80 preparando esta "entrée en scêne" dos anos 90 com aconteci men1os tão espetaculares quan!O de conteúdo incerto e somb rio. Como chegaremos ao terceiro milênio? Esperanças evidentemente as há e muirn elevadas. Mas nilo surgem elas desse lodaçal de acontecimentos caóticos. Elas se sit uam naquele nível tão mais alto e por isso mesmo mais confiável que o caos jamais atinge: o nível da fé. Mas antes de falarmos das esperanças, analisemos rapidamente alguns dos fatos-píncaro da década que findou. Eles tornarão evidente como a convergência cm curso foi preparada por um caos progressivo na sociedade temporal, na própria Igreja - helàs! -e nas almas.
l•r•J•: o pt"oblema do Concílio Na vida interna da Igreja, percorreu toda a década um fato pro1uberante: o prosseguimento da diflcil e laboriosa assimilação do Concilio Vaticano li. Os inspiradores e propulsores das resoluções dessa Magna Assembléia abriram largamente as janelas para a sociedade temporal cont emporíinea, cuja caminhada ascensional saudaram com gáudio e esperança : estas duas palavras marcaram de modo sintomático a importante Coostituição conciliar "GaudiumetSpes". Para essa abertura, esperavam eles em resposta a aclamação jubilosa e grata do mundo hodierno. O que, por sua vez, facilitaria largament e a assimilação das reformas conciliares !){!los fiéis, e a abertura de caudalosas relações ecumênicas entre a Igreja e as diversas cstruturaseclesiãsticasnãocatólicas.
A tantas esperanças nl\o responderam os fatos, senão de modo muito incompleto. Antes de tudo, a gaudiosa e esperançosa ascensão do mundo contempo· rãneo não ocorreu. Pelo contrário, foi ele sendo objeto de criticas crescentes, e sempre mais generalizadas, até mesmo da parte de vãrios dos que eram seus sustentadores no início do Concilio. Naú11i madécada, as"démarches" ecumênicas foram acolhidas com transportes de entusiasmo por pequenas minorias de "aficionados" de um e de oucro lado das fronteiras da Igreja. Mas na maioria dos católicos, causaram estranheza, incompreensão e até desinteresse. Sem falar das judiciosas objeções feitas por observadores especialmente zelosos de manter as tradições da Igreja, quanto a excessos ecumênicos de pessoas e grupos que fora m, nessa delicada matéria, além de lodo oeabimento.
BALIZAS EM MEIO AO CAOS Ntio pretendemos, de modo algum, num simples artigo, ci1ar todos os fatos importantes ocorridos na década - seria preciso um li vro - mas tãosó implantar algumas balizas para que, a pariir delas, o leitor possa orientarse no tremedal.
CATOLIC ISt-.1O - Janeiro 1990 -
7
A invasão dos 1rajes imorais, não só na vida civil como no recinto das igrejas, usados até por pessoas no próprio em que recebiam os sacr~mentos, a expansão de correntes teológicas e sócio-econômicas portadoras de erros inadmiss(veis, as dissensões que dai decorreram entre católicos, os abusos praticados com base na nova legislação ca16lica em matéria de anulação de casamentos e tantos ouHos fatos do gê nero fizeram dessa década um dos períodos mais tumultuados da vida interna da Igreja. De tudo isso pode o leitor ter um quadro panorâmico muito mais amplo e preciso lendo a célebre obra do Cardeal Ratzinger, "Rapporto sulla Fede" (Relatório sobre a Fé). A década encerrou-se com um fato de palpitanle atualidade: a visita de Mikail Gorbachev a João Paulo 11 . A mfdia internacional assesto u todos seus holofotes sobre o acontecimento, mas até o momento pouco transpirou acerca do conteúdo das conversações . De concreto, apenas se efetivou o convite do chefe soviético a João Paulo li para este visitara Rússia. Não se confirmou a noticia da solicitação do Pontífice a Gorbachcv para que seja concedida liberdade â Igreja Católica uniata na Ucrânia, bem como de que seja esta reconhecida pelo Cremlin Esse encont ro ninguém o esperava, exce1uados alguns observadores particularmente astutos. Como a pcres1roika e a derrubada do Muro da Vergonha, ele encheu o mundo de uma surpresa que, cm diversos ambientes, atinge as raias da desconfiança e do desconcerto.
8 -
CATOLIC ISMO - Janeiro 1990
As relações entre o Ocidente e o mundo comunista vieram marcadas nessa década pela glasnost e pela pcrestroika. Em primeiro lugar cumpre registrar um aumento extraordinário da propaga nda. Gorbachev e Ralssa, suas declarações, suas viagens, suas fotos, seus gestos ocuparam com estardalhaço largos es paços na mídia internacional. Tinta e papel, bem como imagens televisivas não foram poupados para levar, às mansões como âs favelas, o sorriso otimista do Presidente do Soviet Supremo e a propalada elegância de sua companheira. Ao mesmo tempo que importava propaganda, o Ocidente exportava para a Rússia e satélites dóla res cm quantidade, know-how altamente es pecializado e alimentos, num esforço gigantesco para manter de pé o império comunista que, após setenta anos de um regime antinatural e fracassado, camba· leava sobre suas própria pernas. O turismo europeu e norte.americano para além da Cortina de Ferro foi sendo facilitado, embora sempre restrito e vigiado. O movimento de fugas para o Ocidente continuou grande. E, no fina l da década, deu-se a surpreendente desativação do Muro da vergonha entre as duas Berlins (sobre este
fato espetacular, ver artigo nesta mes· ma ediçao). O último grande lance nas relações Oriente-Ocidente foi a conferência de cúpula Bush-Gorbachcv, realizada nos dias 2 e 3 de dezembro, a bordo dos cruzadores Belknap e Slava, em águas tcrritoriaisdeMalta.Ocncontrocaracterizou-se por um es pírito de distensao, aproveitando o chefe comunista para d iscorrer perante o presidente no rte-americano e a opinião pública mundial sobre o programa de reformas empreendidas pelo governo soviético. Segundo um porta-voz norte-americano, Bush, na ocasião, desejou o "êxito da peres1roika", manifestando assim a in1enção de seu governo de auxiliar o Cremlin na execução dos ambíguos e hcsitames métodos de reformas, em curso na Rússia.
CrHce poderkt muçulmano A ascensão e expansão do poderio muç ulmano - como opção para uma Cristandade européia decadente e amolecida - sem se desmentir, passou entretamo por uma metamorfose. Se, ao pan-arabismo político de Nasser, com sua Repúbl ica Árabe Unida, de lndole mais racial do que religiosa, sucedera um pan-arabisrno econômico, baseado na hegemonia do petróleo, nos anos 80 houve urna nova e acen-
Nt> rnwntro rntrr:Jt>ào Pau/t> li r Go-rlloelu~, dr .,.,,.,.,...LO, a~rwu u tftlioou t> «m,,,·,~ dt> ,Mfa souiitico ao Pt>nt/{ill para ttlr 11Ui1ar o Rúuiá
"fNrulroika" não cit,m,ot.< ,i uausa d, r,lim,nlos nci RUuici (mumo selQr pn·ooJ.o de mr(:iido,, como o dt,foto), wn1in,umdo o de.conlenlar,,.nio dà populll(áii
Â
"º
tuada mudança de tônica. Passou-se definidameme ao pan-arabismo religioso, encarnado na figura místico-ditatorial deKhomeini. A divisão interna no mundo árabe entre os xiitas de Khomeini (radicais, violentos, centralizadores) e os sunitas mais liberais - divisão curiosamente semelhante à que aflorou entre os judeus - não possibilitou até o momento a formação entre os islamitas de um bloco único militar-religioso, cujas conseqüências para a Europa e para o mundo seriam imprevisíveis. Porém, enquanto tentam resolver suas divergênciasinternas,aoqueparece bastante sérias, os muçulmanos vão promovento a "invasão" pacifica da Europa. A imigração muçulmana, sobretudo para a França e a Alemanha, é colossal.
A "à~r1t,rii" propor(:o"onàdll f,flii glcimost CtJmportii um incremento do int,rcâmbio turistt"c., entr, On",n1t·<kid,n1t,Jiivorn:i,lQ p.,r olrn~ntufolhe101 d, publicidml,, que M/,,n"w.m o utifo d, uidii souil tico
Formosa •• evanesce
No Extremo-Oriente, Formosa foi sendo esquecida. De baluarie anticomunista que foi nas décadas de 50 e 60. as quais se seguiram à tomada do poder por Mao-Tse-Tung na China con1inental, a ilha foi sendo progressivamente abandonada pelo Ocidente. No inicio de sua resistência, ela foi ajudada, sobretudo pelos Estados Unidos, sendo até seu governo reconhecido como o único legitimo de toda a China. Entretanto, mesmo então não se lhe permitiu que tentasse "limpar" o continente do comunismo, para o que Formosa contaria com um apoio popular ao que tudo indica esmagador. Aos poucos os ventos pré-perestroika foram produzindo um estreitamento de rdações dos Estados Unidos com os palses comunistas, que culminaram com a famosa e catastrófica visita de Nixon à China, em 1971. A partir da( Formosa foi sendo paulatinamente abandonada. os pai ses ocidentais foram rompendo relações diplomãticas com seu governo, até se chegar ao extremo de expulsar Formosa da ONU para substitui-la pela China vermelha. A pujança social e econômica de Formosa, porém, em face da miséria produzida pelo comunismo noco111inente. obrigou os ocidentais a manter, um tanto na surdina embora, suas relações comerciais com a ilha. Mas diplomaticamente ela foi desconsiderada, e do pon-
to de vista propagandístico, deixou-se de falar dela. Será um passo para sua futura anexação pelo continente? China comunista: o p61o " duro"
Enquanto essa ameaça sombria paira sobre Formosa, qual foi, nos anos 80, a evolução dos acontecimentos na China continental? O inicio da década encontrou uma China que dava mostras, também ela, de querer começar a sorrir. AJ)Ós as mortes de Mao-Tse-Tung e Chu-EnLai, o novo homem forte do pais. Deng. apresentava-se mais liberal. A terrível"revoluçãocultural"foirelegada para as prateleiras da História como um fantasma do passado. E a midia ocidemal, com uma sofreguidão dificil de justificar pelos fatos, mas reveladora de uma tendência otimista constante quando se trata de países comunistas, trombeteava que a China iniciava um processo de liberalização. Imediatamente os Estados Unidos e outros paises ocidentais puseram-se a exportar - talvez fosse mais adequado dizer "doar" - para a China quantidades inauditas de bens de consumo. Lojas inteiras foram montadas naquele país comunista por empresários capitalistas. A tal ponto que Frei Beno, de volta da China, manifestou seu temor de que o capitalismo invasor viesse a deturpar a pureza do comunismo chinês ...
1
Feri,fos &tio r,/Írtufo, às pnu<IS ,fo ''l'mçtl ,1,, l'tu Ctlnt i'11 " ,
me· a<J · } "'" e ( ' ' J,\ ' •s. A Ch ·,,a. qu, "" ,,. ·"ª" 'k ' com,fd' ' Uum' ' dvn,,.,, ·,,,,,_
Po rém, a Chi na, que iniciara a década ensaiando atrelar-secomo um vagão a mais ao trem das liberalizações , findou a mesma comosimbolo<lc um co munismo "du-
ro" e intratável. A qucp!anosobc-
dece isso tudo? Em meio ao caos contempo râne o é difícil dizer. Tanto poderemos ter, na década de 90, uma rcinswlação da Chi na no campo da glasnost e da pcrcstroika, seguindo um rumo único com Moscou - e nesse caso ela sabe que poderá contar, no Ocidente, co m a euforia da mídia, o apoio de altos políticos e o dinheiro de
imporcantcscapitalistas - quant o poderemos assistir a um endurecimento progressivo do governo. Nesteúltimocaso,cstariaestabclccida u111a frincha no mundo comunista, ao menos para uso externo . China seria o pólo para o qual se
"ª ~,.J,ital dá1t,sa,
'"'°' 80 s
"" ,\ ·,m a sorr"r, ·
sentiriam atraídos Fide! Castro, Ortega, o governo da Albânia e outros que timbram em permanecer, ou parecer, "duros". Desde que - hipótese que não se pode ingenuamente excluir na própria Rússia uma rcviravoha não deponha Gorbachcv e sua "troupe" de refor rnisias.
Uma Índia discreta A Índia nào ocupou um papel saliente nos acontecimentos da última década. Após as convulsões que transfo rmaram a mítica e legendária Índia dos marajás numa República de cunho socialista e democrático, o país parece ter perdido muito de sua expressão internacional. Aquele caldeirão em que ferviam et nias, regionalismos e costumes diferentes , e no qual se podiam vislumbrar esperançasricasevariadasparao futuro da civilização, sob o signo de uma conversão à Religião católica, parece ter caído numa sit uação de inércia. A Índia se aquieto u, mas perdeu algo de ~ua vivacidade e seu brilho.
sor de Brczhcnev, Tchcrncnko , não correspondeu a essas esperanças. Porém, tantoelcquantoscusucessorimediato, Andropov. - também pouco afeito às aberturas - não duraram muito no poder. Foi então que a estrela de Gorbaehev se alçou no horizonte com sua glasnost, completada pouco depois por sua perestroika. A relativa juventude para o cargo do novo chefe, seu sorriso fácil , sua política de largo espectro e até o fato de associar à sua imagem a propalada elegância de Raissa, tu do isso incutiunos dirigentesocidentaisuminvencível otimismo. Não foi bem assim na Rússia, onde Gorbachev con1inua a enfrentar, cm termos de cúpulas, a oposição dos "duros" . e cm eermos de bases , odescont c111amc1110 de uma população que deseja mais pilo e menos propaganda . A necessidade de fortificar sua periclitante posição como líder do Partido e do Estado russo parece ter sido o fator determinance que levou Gorbachev a vir ao Ocidente encontrar-se com João Paulo 11 e com Bush. Segundo Augusto dei Noce, professor de filo sofia política na Universidade de Roma, a visita de Gorbachev a João Paulo ll scria"nccessãriapara(aquele) se manter flumando cm um momento em queaságuasdoseu país estão parti cularmente agitadas" ("30 Dias' ', outubro/89). Quanto aos países satélites, inteiramente "pacificados" pelo exército soviético, não pareciam e les ter qualquerintençilodemover-seaprincipios da década. Mas o dcscontclllamento era ge neralizado. Com a nova política gor bacheveana, começaram também os movimentos autonomistas e separati stas não só dos pai ses esc ravizados, como a Lituânia, Letônia, Estônia, Hun gria, Alemanha Oriental, Polônia e outros, mas de regiões no interior da própria Rússia. Posteriormente, a Bulgária e a Tchecoslováquia também se movi Atravessamos a ponte entre os anos 80 e os 90 vendo go vernos de coalizão que se formam (corno na Polônia), países que se dizem independentes (como a Hungria), muros que caem (como cm Berlim), sem que saiba-
que isso tudo irá dar e qual o poder efetivo que o Crcmlin conserva sobre us novo( governos e situações. Decai a Commonwealth e renasce o poderio alemão.
do cada vez mais tênues os laços que unem a Grã Breianha ao Canadá, à Austrália e outras partes de Commonwealch. No interior do próprio arquipélago britânico, o relacionamento com a Irlanda do Norte foi bastante tenso.
A capacidade de organização e de 01 diversos empuxo do povo germânico fez com socialismos que a Alemanha Ocidental, apesar de A lepra socialista expandiu-se na constituir uma parte apenas da Alemanha total, se transformasse nos anos Europa durante a década, metamorfo80 na primeira po1ência econômica da seada segundo as conveniências de ca&,w,âu,Ull /iuro d• Tl'l'-Couadonga ,/,rum Europa. da lugar. O frio e calculista socialis- e· a "nw ' ,-do,.11ombro1a"<! acol>o Por sua vez a Alemanha Oriental, mo nórdico deu lugar, na França, ao pt'lo11<Kio/ismot1p,an~r,I apesar de não ter podido desenvolver- socialismo mitterrandesoo, autoges1iose devido ao jugo comunista, conse- nário, inicialmente agressivo, mas que, guiu ser, dentre os vários países subju- depois de se lhe ter cortado o passo A lHtação da pan-Europ• gados (inclusive a Rússia), o menos (ver Parte I deste artigo), usa máscara de centrista bonachão. miserável O sonho, de De Gaulle e outros Na Espanha, o socialismo dito cul- no pós guerra, de uma Europa ocidenAgora que se fala de uma reunificação das duas Alcmanhas, já a Inglater- tural de Felipe Gonzales iniciou naque- tal forte e unida, foi migrando, sob o ra e principalmeme a França se sentem le país uma "revolução tremenda e as- deito pernicioso do socialismo, para sombrosa'', mas pacifica e despercebi- a idéia de uma liquidação das fronteiincomodadas da. Tem ela o patrocínio de um rei anó- ras entre os países. Daí passou-se a dino, que ao mesmo tempo representa, umaaçãofcbril,queresultounumgranpara achatã-las, as tradições monãrqui- de fortalecimento, nos anos 80, do cas da Espanha, e se presta a todas as Mercado Comum Europeu e do Parla"modernidades" desejadas pelos socia- mento Europeu, com vistas à formação listas, inclusive a promulgação da cri- da pan-Europa minosa lei do aborto. A "revolução F'oram derrubadas praticamente toassombrosa" conta também com o res- das as barreiras alfandegárias entre os paldo de grande parte da Hierarquia palses do Mercado Comum, e o trânsieclesiásticadaquelepaís,aqualcolabo- to através das fronteiras estabeleceura abertamente com o socialismo ou se quase sem restrições. O Parlamense omite ante ele. to Europeu reúne-se habitualmente, tenA população - cm boa medida do havido hã pouco eleições para o anestesiada pela ação conjunta da mesmo. Uma Corte de Justiça euroMonarquia e de Bispos, além de ou- péia já obrigou a Alemanha a admi1ir tros fatores, cm favor do socialismo cm seu território a venda de cerveja - sofre com inércia o processo, co- estrangeira de inferior qualidade, a Esmo um paciente numa mesa de cirur- panha a aceitar azeite de segunda clasgia. Os leitores poderão procurar no se, e assim por diante magnífico livro "Espanha: anestesiaCom a queda do Muro de Berli m da sem perceber, amordaçada sem no final da década, urna nova perspecquerer,cxtraviadasemsaber. A Obra tiva se abriu: a de que a pan-Europa Manifut(l(W1dtwrtÍftrn,,cionnliS1aton1ido PSOE", da TFP espanhola, ades- abranja também os paises do Pacto l1WiitK<I como u/a, rraliwda em ut,mbro crição pormenorizada dessa trágica de Varsóvia, constituindo um só todo último, na Eslónia, nliioulornandofrtq,i,nsimação do Atlântico aos Urais. nos lris pai,,, bálticos Poder-se-ia ainda falar, durante a O moloch europeu - tão diferendécada, de um socialismo italiano, de te da outrora feliz Cristandade! - vai Enquanto isso, foram-se avolu - um socialismo português, da possibili- assim tomando corpo cm detrimento mando durante a década os fatores dade de uma reunificação socialista das pátrias. A perspectiva futura bem de dissolução da Comunidade Britâ- da Alemanha, todos tendendo à disso- poderá ser a de um governo único e conica. Não só o governo Tatcher cele- lução das características próprias de do-poderoso pairando sobre um formibrou um incrivel acordo para a futu- cada povo cm holocausto á massa iner- gueiro europeu de indivíd uos, no qual ra entrega de Hon g- Kong à China te e coletivi1..ada que se quer preparar cada pessoa não tcrã mais uma pátria comunista, como se foram torna11- para o futuro. nem uma tradiçao em que se apoiar
t,,
ante o despotismo central. Apenas viverão os cidadãos dentro de micro-organismos autogcstionados, todos iguais, semelhantes a tribos, animadas talvez por parapsicólogos ou gurus
Declínio do conservadorismo Ante tal configuração dos fatos na década, não é de espantar que os movimentos conservadores europeus tenham passado por um visível declínio. A conservadora Tatcher veio tomando medidas cada vez mais à esquerda, enquanto o chancekrKohlpropugnouarctirada dos misseis americanos de médio alcance instalados em território alemão. A própria opinião pública do Velho Continente, tão manobrada e tão empurrada de todos os mo dos para a esquerda, deu sinais decansaçoemsuaresistência,cain do numa letargia perigosa.
continuem a desconfiar da po!itica russa, outros ficam perplexos, e o movimento conservador corre o risco de perder seu e/an. Várias ameaças de crack econômico e de queda do valor do dólar ocorridas durante a década, tornaram claro que mesmo o poderio do gigante norte-americano não é inabalável nos dias de incerteza e caos em que vivemos O americano médio não tem mais a mesma segurança da estabilidade de seupaísedeseusistemadcvida,sujeito a tantas pressões. Muitos começam a vislumbrar a possibilidade do fechamento da nação sobre si mesma, num neo-isolacionismo, como um modo de sairdedentrodeumcaosmundialinextricável. Sendo, porém, os Estados Unidos o pais-líder do Ocidente pela força de suas armas, de sua economia e de seu prestigio político, se ele cambaleia, é o Ocidente todo que cambaleia
Nos Estados Unidos, perplexidade Os anos 80, nos Estados Unidos, conheceram, desde seu início, uma salutar reação da opinião nacional que, saturada dos desvarios esquerdistasdeCartcrcoutros,clegeu por duas vezes consecutivas um Presidente tido como conservador, Reagan, e propiciou o aparecimento do movimento da "Nova  nlirnda de minei, americano, da Aluna Direita" Nofinaldadécada,emboraele- >lha Ocidental i um ,intoma de afroiuame11 gendo Bush - o mais conservador todocotuer11t1' 'm<1 , ;eu dos dois candidatos à Presidência - essa mesma opinião parece aturdida com os acontecimentos euro- Na América Latina, peus, sobretudo os que dizem res- o caos se generaliza peito à glasnost e à perestroika. Embora muitos none-amcricanos Na América Latina, o caos foi o elemento predominante da década, em quase todos os países. Progressivamente invasor, ele se estabeleceu por toda a parte. No Peru, na Colômbia, cm El Salvador, a guerrilha, aliada à fraquezaoucumplicidadedasautoridades civis, foi causa de enorme convulsão. Na Colômbia, a situação ainda se complicou com o poderoso narcotráfico, que atua quase como um Esiado dentro do Estado
12 -
CATO LIC ISMO - Janeiro 1990
Na Venezuela, o governo de Lusinchi pôs em sério risco as esperanças de restauração da prosperidade da população; e por meio de favoritismos e cambalachos de toda espécie lançou o país na depressão econômica, politica e psicológica, situação que seu sucessor, Perez, continuou a propiciar, chegando-se a um espetacular- e artificial - quebra-quebra, com invasões de supermercados e lojas No Chile, que aparecia como um oãsis de prosperidade econômica no continente, o governo Pinochet, depois de uma longa e cm geral habilidosa resistência, não conseguiu entretanto fazer face à guerra psicológica movida pela esquerda, na qual se empenhou largamente também o clero local. Com isso a década termina naquele país andino com eleições presidenciais, que projetam sobre seu futuro próximo a sombra da incógnita e a ameaça do caos A Argentina esteve à beira do colapso econômico e da confusão política, dos quais aparentou reerguer-se um pouco no final da década, mas sem grandes esperanças de continuidade. CubaeNicaráguaseguiramirradiando sobre todo o contineme latino-americano sua a meaça de uma revolução marxista, ainda segundo a linha "dura" do comunismo, inccmivando gucr-
rilhas e recorrendo ao maléfico iníluxo da guerra psicológica. Tiveram como principal aliada no interior dos diversos paises a corrente chamada da "teologia ,ta libertação" Exemplo carac:tarístk:o: Brasil
O Brasil talvez tenha sido o país de América Latina sobre o qual o caos se abateu de modo mais pro1otipieo. A aber1ura política, em lugar de nos trazer a promc1ida ordem e estabilidade democráticas, desembocou num governo tão con fuso em suas ações, tão omisso quando devia intervir e tão desprestigiado, que 1odos os candidatos à Presidência em 1989, com algu-
nova Constituição, amblgua e invertebrada, na qual poderosos fatores de desagregação soci~I e econômica es1ão presentes. Assim a virtual dissolução da família e uma Reforma Agrária que, se aplicada, é capaz de levar de roldão a agricultura, base ainda sólida da economia nacional. Sem falar das reformas urbana e industrial. As três juntas, sendo impostas , conduzirão ao canto de réquiem da propriedade privada e à implantação do comunismo no Brasil. A imoralidade campeou infrenc e 1ransbordou da televisão para as modas, os hábitos, as ruas e as praças. Ingredientes a mais do caos foram as invasões de terras, algumas delas armadas, cuidadosamente preparadas segundo técnicas de guerrilha rural e baseadasnumadoutrinadecaráterclérico-marxista; contando ainda com omissão de autoridades responsáveis. No campo eclesiástico, a atuação da CPT, das CEBs e outros organismos ligados à CNBB consistiu quase exclusivamente no favorecimento da agitação e mesmo da subversão, o que causou um enorme vácuo religioso no País. Para preenchê-lo, junto aos mais humildes acorreram protestantes, macumbeiros e outros; e junto às classes mais abastadas esotéricos de todos os naipes se fizeram presente, oferecendo ora religiões, ora "filosofias", ora ginásticas misturadas com misticismo etc África desliza
ma possibilidade de êxito, fizeram questão de distanciar-se dele. A inílação foi galopante, agravada por sucessivos "planos cruzados" que também sucessivamente fracassaram. Só uma pujante economia baseada na propriedade privada - contra a qual continuam a ser lançadas as reformas de base - vem impedindo que o Pais descambe. A "Nova Repllblica", tllo festejada pela mldia como sendo uma espécie de passe de mágica que resolveria todos os problemas do Brasil, legou-nos, entre outros, um presente de grego: a
A África do Sul passou por uma perigosa evolução interna durante a década. Baluarte anticomunista no hemisfério e importante defesa do Atlãntico Sul, vinha ela sendo por isso muito atacada pela esquerda cm âmbito internacional a pretexto do apar1heid racial Nos últimos tempos, mudanças internas levaram o governo da África do Sul a posições menos claramente anticomunistas, e a abrir mão do virtual protetorado que exercia sobre a Namíbia, vindo esta a correr o risco de cair sob o domínio da SWAPO, organização guerrilheira marxista que se transformou cm partido político. Tumbém o apartheid foi abrandado As antigas colônias portuguesas na África, Angola e Moçambique, após terem se separado de Portugal, na década de 70, em nome da amode-
terminação dos povos, caíram sob o jugo marxista, como era de se esperar E Ílcaram, nos anos 80, entregues a uma luta fratricida entre grupos rivais que aspiravam ao poder. A situação interna dessas ex-colônias no final da década continua bastante confusa.
Atuações das TFPs na década A brilhante atuação do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e das várias TFPs durante a década vem muito bem descrita no recém-lançado livro "Um homem, uma obra, uma gesta". Fornecemos aqui apenas alguns dos pontos essenciais da obra. Para quem freqüenta os ambientes da TFP brasileira, impressiona constatar a visão em profundidade que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira tem dos acontecimentos, sua lucidez cm interpretá-los, o acerto de suas previsões e a segurança dos rumos que indica. Não fosse isso, esta resenha, por exemplo, não seria realizàveL Sua monumental Mensagem a respeito do socialismo autogestionârio, da qual já nos oçupamos, é uma obra-prima de percepção quanto ao caminhar dos acontecimentos, constituindo uma denúncia de alcance transcendental. A iníluência dela foi decisiva na escolha de rumos feita pela opinião pUblica no tocante à autogcstão. O alerta da TFP argentina a respeito da intromissão russa na guerra das Malvinasfoidegrandcefeitoparaevitar essa tentativa do comunnismo internacional de assentar uma garra na América do Sul A descrição, por meio de documentado livro, do que são verdadeiramente as CEBs, sua organização, sua atuação, seus fins reais, constituiu no Brasil lance imponantc na luta ideológica contra o progressismo dito católico. As invasões de terras promovidas pela esquerda "católica", tendentes à guerrilha rural, foram mais de uma vez denunciadas, seja através de edições especiais da revista "Catolicismo", seja por artigos que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira publicou na imprensa diária
-.~,-;!1.;'tf:.i'~-~J~'
'!:½~:~~~:-~ ~
,:
,:i.1;~
Teve grande incremento na década o número de correspondentes e simpatizantes das TFPs, quer no Brasil, quer no Exterior, os quais trabalham mcritoriamcnte para a ir· radiação das TFPs no mundo. Só no Brasil, foram reali1.ados 11 Encontros, e 7 nos Estados Unidos A TFP desenvolveu durante a décadadiversascampanhasepublicou vários livros apontando os males da Reforma Agrária, não só para os fazendeiros, masprincipalmen11: para os trabalhadores rurais. Também a estatização da medicina no Brasil foi denunciada pela entidade, bem como a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Duranteosanos80diversos''estrondos" publicitários, de porte médio ou grande, foram lançados contra a TFP, dos quais ela se saiu com galha rdia, fazendo reluzir sua inocência ante acusações descabidas ou infames. Enquanto esteve reunida a Assembléia Constituinte, a TFP atuou em Brasília e em todo o Pais, com o fim de esclarecer os depu1ados e a opini11o pública nacional sobre diversos pontos importantes relat ivos à Tradição, Familia e Propriedade. O principal lance foi o liv ro ''ProjelO de Constituição Angustia o País" (que, durante os 20 primeiros dias de sua divulgação, teve a inédita saída de mil exemplares diários), em que o Prof. Plínio CorrêadcOlivciraanalisacxaustivamente, à luz daqueles princípios básicos da civilização cristã, a Constituição a inda em germe. Campanhas para angariar donativos cm favor dos flagelados das enchentes, bem como contínuas visitas a hospitais para levar alento aos que sofrem, marcaram ainda a atividade da TFP na década.
14 -
CATOLIC I SMO - Janeiro 1990
Felipe Gonzalez, à qual já nos referimos, TFP-Covadonga lançou e propagou um magnifico livro-denúncia por todo o pais. A TFP portuguesa combateu o projeto de Lei dos "Verdes", que visava à legalização da prática do nudismo. Na França, uma campanha de grande repercussll.o, através do sistema de mala direta, foi levada a cabo contra a pornografia na TV, atraindo contra a TFP e contra "Avenir de la Culturc" as iras dos bispos progressistas e do governo socialista. Nos a11os 80, a TFP brosil~iro d~1~11volwM diw,,,., romp,i,11/t,u d~ ãmbilo ,.,.t,"01111/, co· moa®/010, rmli:ada owcom("âod~SâoPaulo
A TFP sul-africana empenhou-se meritória e efi cazmente cm desmascarar o movimcn10 guerrilheiro naquele continente, amparado pela esquerda "católica" e pela ONU . Diversas TFPs condenaram a exibição de filmes blasfemos cm seus respectivos palses. A TFP argentina desenvolveu enérgica campanha contra a aprovação do divórcio. A TFP uruguaia denunciou o ''show'' mar;,i.ista-sindical, promovido por tupamaros e outros comunistas, que procurava escravizar os operários, envenenar as relações sociais e condu:dr o Pals ao caos. Rccenten1ente a mesma entidade lutou para que a anistia concedida a terroris1as e militares não fosse injusta e unilateralmente revogadanoqueserefereacstesúltimos. A campanha foi vitoriosa. No Colômbia, numa atitude em que o épico se tornou presente, a TFP local veio denunciando a guerrilha e a cumplicidade das autoridades. Na Venezuela, através de medida arbitrária e despótica, o governo Lusinchi, num ato de perseguição ideológico-religiosa, proibiu as atividades da TFP naquele pais. Em seguida, conduziu a Venezuela a uma situação caótica, praticamente sem oposição eficaz. Nos Estados Unidos, a mais recente campanha da TFP americana pedia a introduçll.o na Constituição de dispositivo que impeça a queima da bandeira norte-americana em manifestações de protesto. Na Espanha, a propósito da manobra levada a cabo pelo socialismo de
Grandes esperanças no Horizonte O leitor, que nos acompanhou até aqui, poderá estar-se perguntando: em meio a tanto caos, tanto arrojo da Revolução Universal, tanta traição e tanta cumplicidade, ou então inércia dos que deviam combater, vale a pena continuar a luta? A resposta é clara e simples: se nossa luta n!lo fosse cm prol da civilização cristã, de fato não compensaria. Mas sendo por ela, não há sacriflcio nem dificuldade que não valha a pena enfrentar, e mesmo arrostar com ãnimo e alegria. Ainda que tivéssemos de morrer lutando, essa seria a nossa gló ria. A recompensa, Deus nô-la daria no Paraíso, segundo sua misericórdia. Mas isso não é tudo. Quando os meios humanos se tornaram impotentes, é porque chegou a hora de Deus. E o Reino de Maria, o triunfo do Imaculado Coração de Nossa Senhora prometido cm Fátima, bate às porca. Não façamos como as virgens loucas do Evangelho ás quais a demora do esposo tornou desanimadas. Ele veio, e elas não estavam prontas para recebêlo. Esperemos com confiança, de alma inteira, pois "por causa de se multiplicar a iniqüidade, se resfriará a caridade de muitos. Mas o que perseverar até o fim, esse será salvo'' (Mt. 24,12) E 1>erseverar na luta, corno o faz a TFP. (l)"folhadeSãoPaulo",23·11-69,21 · 11•71, 11·2-72, 2 1•5•72; "O Rumi~nsc .. (Ni1c-rói), 19·2·7l.
História Sagrada em seu lar Abel aceitou o convite; apcntls os dois se distanciaram das visttls dos pais, Caim arremessou-se contra Abel e matou-o.
Castigo de Caim
CAIM E ABEL
"A vo1,d0Senhorbradou ao fra· tritida: '"Caim, onde estâ teu irmão Abel?' "O criminoso respondeu: "'Não sei. Sou eu, por acaso, o guarda de meu irmão?'
noções básicas Morte de Adão e Eva "Depois dt1 morte de Abel, Adao teve outro filho que se chamou Set, .... e mais filhos e filhas. Levou uma vida pcni1ente, em expiação do seu pecado, e morreu sanla· meme, com 930 anos de idade "Quase ao mesmo tempo passou Eva desta vida para a eternidade, depois de haver feito, também. pcni· tência de sua falta
Sei e c•,a descendência
"Adão e Eva 1iveram dois filhos; um chamado ~~T"':11 o t;:~:~ hdo;ej:s~;1q~~'. Caim, outro chamado Abel. Caim era agricultor nos livros santos, sl'lochae Abel pas!Or. Eram muimados filhos de Deus. Deto diferentes de coração e poisde ter vivido912anos, decostumes.Caimeraava. morreu .... , deixando nureruo e, nos seus saerifl· merosa posteridade, imita· cios, oferecia a Deus os dora de suas virtudes. Enpiores frutos da terra. treseusdescendentesmercAbel, bom e sincero, ofercem especial menção· tava ao Senhor as melhoJ-lenoc, o qual mereceu res ovelhas de seu rebanho. de Deus a graça de ser ''Deus,queconheceto· transportado, vivo, da terdas as nossas boas ou rnâs ra ao céu: e Matusalém que teve vida mais longa diSPosições, mosirou-se saque todos os homens, pois tisfeito com as ofertas de morreu na ava nçada idaAbel. ao passo que parecia desprcz.ar as de Caim, que, de de 969 anos." (4) cheio de inveja, irritou-se DcSct, HenoceMatu· contra o irmão. Deus ad· salém descende Nosso Se· vcrtiu-o. com bondade, O ju,to A ml of,uu ,,.crifido, q= <1grodi1m a /Rw. Aofimdo, nhor Jesus Cristo. dizendo-lhe: (1) o· p· C ·,., oh · ,w-o rorn ·, j '' Louvemos os varões " Por que estás irado? ilustres, os nossos maiores, "E o Senhor acrescentou: 'Que a cuja geração pertencemos. O Se· E por que está abatido o teu semblante? Porventura, se tu obrares bem, fizeste? O sangue de teu irmão cla- nhor operou (neles) muitas maravinão receberás (por isso um galardão): ma vingança contra ti. Tu serás mal- lhas (manifestou) a sua magnificên· e, se obrares mal, não estará logo o dito sobre essa terra que bebeu o eia desde o princípio .... Henocagra· pecado à tua porta? Mas sob ti está sangue de Abel; cm vão a cultivarás. dou a Deus, e foi transportado ao Andarás errante e vagabundo; em Paraíso para exortar (no fim do o seu desejo, e tu o dominarás" (2) "Nestas palavras, vê-se que o nenhuma parteencontrarâs abrigo.' mundo) as nações à penitência.'' (5)0 "Caim, aterrorizado, fugiu; e, homem é livre, mesmo depois do pecado original: é por isso que so- vagando sempre por longínquas ter- (l) - S...Joaollooro, lli51.óróaBiblica.SOVolllo mos responsáveis por nossos atos, ras. levou o resto da vida tortu rado 0NovoTn,amon10.Li'fariaSalnianaEd"ora. IS pelos mais cruéis remorsos, até que, S...Paulo.2'od.,1920,pp.l4bons ou maus." (3) (2) - Gen. 4.6-7 "Caim desprezou o aviso de (segundo comunente se crê) morreu (J) - Mons. Cauly. Curso de J...,ruçS<, ltdip(M,I Deus e, fingindo amor por Abel, transpassado por uma seta, arremes- - lli>1órí.adaltdipl0éda lgréja. Ll-.arial'ran... 191).p. 21 disse-lhe, um dia: ·Queres ir comi- sada por seu próprio sobrinho, La- cisco"i. (4) - SlOJoiOllolco.or,.rii.pp.!l-16 (S)-llcl.44,l • I~ go fazer um passeio ao campo?' mec, que o tomara por uma fera.
CATOLIC ISMO - Jaueiro 1990 -
15
C
, o muroarramdu,
w lanqut1 não maú w/t,arão?
Adintra,Gorbachevabriria um caminho, por pequeno que seja, para a iniciativa e a propriedade privadas, economia de mercado, etc. Ad ex1ru, adota ndo uma ati1Ude pacifista, que abre veredas de mútua confiança e colaboração entre os povos. Agindo assim, como com_._....,.._._. 1
wmunÍJ/a doulrinãnO?
;;:;;;m~•IJra,.dtnb11rgo, fimdojM1a<lllo?
seus métodos e até a sua doutrina , a fim de gerar a lgu m progresso. No Ocidente, alguns chegam a afirmar que o comunismo e o marxismo
QUESTÃO Ot: t:STI LO -
Os acontecimentos que se têmdesenrolado,ul!imarnente, na Rússia e nos países do Leste europeu, mais especialmente na Polônia, Hungria, Alemanha Oriental, e no momento cm que escrevemos, na Bulgária e na Tchecoslováquia, caracterizamse pelo inopinado, pela pressa, rumo a um estado de coisas pouco definível. Numaanálisesupcrfieial, dir-se-ia que o comunismo clássico, dogmático, impossibilitado de propiciar um bem-estar mediano para os povos sob o seu jugo, vi use na contingência de altera r 16 -
Na ve rdade, esses movimentos reformistas só foram possíveis com a ascensão ao poder, na Rússia, de um novo chefe - Mikhail Gorbachev - com novo est ilo de governo comunista. IMAGEM •; HIPÓH:St:S -
Logo após Gorbachev subir ao poder. a mídia Ocidental passou a enfocar suas atitudes: ele se apresentava concessivo, sem ter para com o Ocidente a impermeabilidade rancorosa estampada por um Stalin, um Brejnev etc Pelo con1rário, já cm suas pnmeiras viagens, acompanhado por Raissa, - fato
CATOLICISMO - Jam: iro 1990
inédito a Rússia comunista ter uma "primeira dama" - a imprcss!l.oquccausava era a de um homem educado, benévolo, bom conversador e disposto a receber i11íluê11cias do Ocidente A essa imagem somouse o utra, a de um político que praticava uma apareme autodemolição do regime, 11!10 só permitindo, mas estimulando criticas às mazelas do comunismo. Esta última caractcristica mcrece a11álisc mais dctida. Por que essa política de aparenie autodemolição? Para responder a essa questão, podem-se considerar três hipó1 eses: Na primeira, Gorbachev seria movido por um interesse pessoal, querendo aparecer como alguém que abre um caminho, - inédito, de cond uta pacifista em relação ao Ocidente - por meio de uma política de mão estendida. Toma atitudes disicnsivas e concessivas, ad extra e1 adin1ra.
~n:~ã~n~:r::c~~d~~ª1~ª~ fantasma da guerra, o qual se distanciaria à medida que os governos Ocidentais enchessem a Rússia de ouro, de recursos, de apoio, com que um Stalin jamais poderia contar. Para cimentar tal concessão permanente de auxilios, a Rússia se apresenta numa " re volução'' interna . Mas esta corre o risco de terminar num reirocesso, é o que pensa também, neste particular, o analista da conhecida revista norte-americana ''Newsweek'', Scon Su llivan: "um golpe militar contra Gorbachev é extremamenteim provável, masainda possível. Um golpe sem derramamento de sangue no Kremlin, por neo-stalinistas bem escovados, é muito mais concebível" ('' Newswee k", 20-11-89). Talpolitica,quemais parece destinada a agradar o Ocidente, serviria também para manter Gorbachev no poder como se mantém um ambicioso. Quer di zer, o poder pelo poder, com sacri fi
os movimentos reformistas dos países do Leste europeu - que em tud o até agora dependeram da política russa - movimentos que têm atraído, pelo inopinado, pelo açodado, pelo espetacularmente inesperado, a atenção do Ocidente inteiro Por outro lado, que significado teria em face de toda essa movimemação o encontro João Paulo 11-Gorbachev? Pelo menos um passo a mais da Ostpolitik Vaticana, fato ímpar na Hiscória.
cio dos princípios que até hojedefendeu,caracterizaria o Gorbachev ambicioso. Ele pode ser visto ainda como um idealista. Neste caso, Gorbachev se moveria não pelo desejo de se manter no poder, mas de alimentar o ideal da paz universal e libertar da pobreza seus próprios conterrâneos. Há uma Ultima hipótese, na qual Gorbachev poderia ser visto como um homem de idéias, de doutrinas. Sua atualpol!tica seri aumamarchanecessáriaparaarealização do comunis1110 integral. Atravésdaperestroika, chegaria àautogestilo marxista. QUEM É GORBACHi,.'V? Qual dos três perfis é o ve rdadeiro? Seria ele um interesseiro (primeira hipótese)? Seria ele um "condestlivel" dah11rmonia internanaRUssia e entre os povos (segunda)? Ou um "condestável" do comunismo, disfarçado em "condestável" da iniciativa privada etc., para melhor alcançar seus fins (terceira)? Esta é a grande pergun ta, e que poderia ser assim formulada: qual o rumo verdadeiro, sincero e profundo que toma atualmente a polilica russa? E é tão difícil optar por uma dessas hipóteses, que ''Catolicismo'' fica verdadeiramente pasmo em ver quantas pessoas bonacheironamente já vão aceitando a hipótese de um "condes tá vel" desinteressado e nobre dedicado ao bem dos povos, da paz etc., eexeluem simplesmenteasoutrasduas,eontudo tão prováveis. É dentro desse contcxio que devem ser a nalisados
"super duro", declarara que o Muro continuaria por um século. Repentinamente, ê apeado do poder. Krenz, que o subst ituiu, cedeu As manifestações, quiçá menos contundentes do que as da Praça da Paz Celestial, em junho Ultimo. Po uco depois, nova substituição. Até que ponto os dirigentes comunistas germânicos estarão dispostos a prosseguir nas vias " reformistas" ede "abert ura"?
A ALEMANHA ORIENTAL
- O processo que está ocorrendo na Alemanha comun ista assemelha-se ao da Rússia. Egon Krent z, sucessor natural do ex-secretá rio-geral Eric Honeckcr, iniciou asreformase,emmenosde dois meses, foi por elas ceifado, pois conservava a imagem de " linha-d ura ". Substituiu-o Gregor Gysi, não pertence aos quadros do PC local, mas, na realidade, sustentáculo do mesmo. Ê previslvel que siga fielmente a politica do dirigenie russo. Seria a vitó ri a da linha Gorbachev. Convém recordar oseven1os. Seguiu-se As manifestações populares não a repressão de tipo chinesa, mas a abertura do Muro da Vergonha . Chama a atenção nessesacontecimentos,scucaráter inopinado. Honccker, o 1
- - - - -
UMA
CO NH:IJDUÇÀO
PAN-•:uROl'tJ AT- Uma conseqüência a médio prazo inevitável - uma vez posto o muro abaixo, é a reuni ficação das Alemanhas. Reduzido ao ní vel do chão o muro de Berl im, e o das duas Atemanhas em ge ral, é impossivel evitar qu eosentendimentossefaçamrápidos, freqüentes, assíduos e fraternos entre um lado e outro Tumbém será im possível im pedir, a partir deste momento, um intenso e ágil intercâmbio cultural - livros, revistas,jornais,etc.;conversas individuais sobre política: envios de emissãrios não só de governo a governo, mas de partido a partido, de grupo social a grupo social, de gr upo religioso agrupo religioso, de uni versida-
de a uni versidade, de um lado e douiro da Alemanha. Surge desse fato uma questao capital - qu e nos conste - não levantada pe· la mfdia: qual será a nota dominantc daAlemanhareunifi cada? Ê fato que o pro blema ideológico e filosó fico vai contin uar a 1ersua atualida de. E não se poderã evitar 1510.
Tui problema apresen1arse-á em breve ã Alemanha Mas não só a ela. À medida que as "reformas" nos países do Leste se desenvolvem, que tipo de relações a Europa Ocidental deve estabelecer com eles? "Uma frou:ic:a coníederação com os nascent es governos pluralisticos do Leste?" Êa pergunta feita pelo citado Sulli va n (id., ib.) , o qua l acrescenta que esta "opção traz um custo alto e vis[vel. Com exceção da Alemanha Oriental e da Tchecoslováquia, a Europa Oriental não representa um verdadeiro mercado para os produtos ocidentais por décadas, se é que representará algun1a vez. Será, na realidade, um caso de caridade muito provavelmente extenuante e frustrante" UMA PREVISÃ O - Há mais de vinte anos o Professor Plínio Corrêa de Oliveira redigiu o artigo - Dias Deci-
sivos nas Duas Alemanhas - . no qual previa e analisava a hipótese, então longínqua, da unificação germâni"Sendo uma Alemanha neocapitalista e 0111ra comunisrn, como fundi- las em um só todo? Mediante uma federação em que cada par-
Ego11 Knmlz ,lali11ha Gorbachev libenlade na ~'t:.•::a ~~;1'::J
CATOLICISMO - J aneiro 1990 -
17
te conserve seu regime social e econômico atual? É isto pra1icâvel'! ( ... ) Categórico na afirmação de que é imoral a aceitação do regime comunista de Pankow, parece-me que seria possível derrubar esse regime por um golpe publici1ário incrucnto. Basta que o clamor universal cxija, naAlemanha Oriental, eleições livres, precedidas de livre propaganda, tudo sob as vistas de uma comissão internacional. Estou certo de que a Rllssia não ousaria recusar tal proposta E que o regime de Pankow ruiria como um castelo de cartas.( ... ) Por mais simples que seja esta solução, hã quem pense em outra. E esta - aparentemente cordata - t terrível. Consistiria na implantação de um regime federativo entre as duas Alemanhas, gradualmente homogenei1,adas: a Alemanha Ocidental se bolchevizaria um tanto e a Oriental se ·capitalizaria' outro tanto. "Bem se vê, se isto der certo em escala alemã, poderia ser aplicado cm escala européia: uma federação continental.incluindo a Rús"Seria, segundo os simplórios ... ou os velhacos. o meio de evitara guerra. "O fruto da moralidade é a paz: 'opus jus1i1iae pax'. A este aforismo, endossado pela sabedoria da Igreja, corresponde o principio oposto: os frutos da imoralidade são as desorde ns, os tumultos e as guer"Scrã pela generalização da imoralidade comunista que a Europachcgarãápaz? ( ... ) com a semicomunistização da Alemanha e da Europa, quem lucra velhacamente senão os que querem conduz.ir a Alcnrnnha e a Eur0pa à comunistizaçllo complc18 -
ta?'' ("Folha de S. Paulo", 23-11-1%9) Dt:St:QUIL ÍBR IO PRÓ-LSQUt:MOA- Hã mais. A Euro-
tlân1ico desgastou-se. O público norte-americano está cansado de pagar pela defesa européia. Os europeus se rcsscntemdeumadcpendénciaquctcrn duradodcmasiadamente. Aa parrnle evapora,·io da ameaça milih11r do I..Hletornará 1ensasainda mais as relações. Ela poderâ, ocasionalmente, dcstruílas" (''Newswcck", 20-11-89, destaques nossos). Antcaperspcctivadasaidadosmilitaresfranccses,inglcscs e sobretudo norte-americanos da Alemanha Federal, comprccndc-scde repente urna coisa: a "Cortina-deFerro", que era inicialmente uma barreira para impedir os trà nsfugas orientais de passarem para o Ocidente, !ransformara-se insensivelmente, pelo curso dos acontecimentos, numa barreira de defesa do Ocidente contra o ataque do Oriente! Ora, esta defesa foi agora derrubada. Isto significa um ataque iminente por parte dos pa[ses comunistas? De momento
pa Ocidental conti nuará com seu atual plano da federação pan-curopéia. E - queirase ou não - começa a delinear-se a formação da famosa Europa do A111lntico aos Urais, cm que entram decam bulhada a Rússia cos povos oprcssos que ela vai levando consigo, cada qual com voto num, digamos, "Conselho Federal da Europa Total". Com isso surge a figura de um Parlamento supra pan-europeu com poderes para decidir o rumo a ser imposto a todos os países do Velho Continente. Ê óbvio que os partidos comunistas (ou seus sucedâneos, mascarados com novos nomes e "soi-disant" novos programas) e a esquerda cm geral da Europa Ocide ntal jogarão como parceiros dos partidos esquerdistas dos países do Leste. Não hâ na Europa Oriental correntes de direita organizadas como as há de esquerda na Europa Ocidental. O resultado serã um descquilíbro de balança que, facilmcn1c, pode dar maioria de votos à 1 '-»· . - . l l . l ' esquerda. Votosáesquerda? Uma Europa não vermelha mas "cor-de-rosa" ver-se-ia ine!utavc!mentesobainíluência da Rússia, a qual timbra em afirmar que permanecerá socialis1a, sem admi1ir de modo nítido, entre outras coisas, a propriedade privada dos meios de produção Nessa nova Europa não haverá lugar para o papel até aqui desempenhado pelos Estados Unidos. A "0TAN, sustentada pelas tropas dos EUA na Alemanha Ocidental, tem proporcionado a mais duradoura paz na história da Europa moderna. Mas o vínculo transa-
CATOLIC ISMO -.J"nci,-o J9'JO
não.Maséi ncgãvcl adesestabilizaçao provocada na Europa pela perspectiva de reunificação alemã. E O CASO l) f. St:R OTIMISTA? - "A longo termo, nin-
guém podcrã impedir o a málgama dos dois Estados alemães. Mas a reunificação compleca, agora, não é uma opção atraente. Terrificaria a França e a Polônia. Enfraqueceria a OTAN, qua ndo o Ocidente necessita desesperadamente manter-se protegido contra eventual ralêneia do controle de armas, ou das reformas deGorbachcv'' (id., ib., destaques nossos) Em outras palavras, o mundoqueestã se delineando a partir das reformas da Rússia e do Leste europeu, longe de ser tranqililizador, como apregoam os otimistas invc1crados do Ocidente, está se mostrando cheio de incertezas, perigos, e cada vez mais dependente do sucesso. ou fracasso de um só homem! O R. MANSUR GUfRIOS
ln,;011láV<'i1ví1i,,.,.,
da brutalidad~ """'"'"'' "
Bispo colombiano martirizado
dental n!io cessam, cm nossos dias, de dar realce à percstroi ka, em curso na Rússia e outras nações comunisrns. Apesar disso, n!io d.:'1.o a devida impor!ância aos vãriosaspcctosartificialmcnte propagandísticos que ta l processo comporta. Dentro desse quadro, nada mais compreensível que um acontecimento, mui10 in- ;-•' dicativo de que o comunismo estâ longe de morrer, seja minimizado, escamoteado, esquecido e desdenhado. É o que ocorreu com o sacrilcgoassassinatodoPrelado colombiano Dom Jcsús Emilio Jaramillo Monsalvc MXY, bispo de Arauca. Seqüestrado no inicio de outubro em sua pâtria pelo grupo guerrilheiro "E)[ército de Uberiação Nacio nal" de nítida e declarad a orientação castrista - foi ele posteriormente submetido a tor1uras e por rim ao fuzi lame nto.
nitârios" guardaram silêncio total, os Prelados emitiram alguns protestos lacô nicos, e a imprensa. contrariamente a seus hábitos, optou pela discrição. Simples indiferença? Ou efeito de alguma ameaça subversiva? Terá o ELN feito saber que não queria protestos , e que, se os ho uvesse, seus a utores também seria m considerados "in imigos do povo", com as conseqüências fáceis de prever'/ Não o sabemos, mas parece provável que ambas as coisas sejam verdadeiras. Na realidade, trata-se muito provavelmente de um caso de martírio. Com efeito, há poucas dúvidas sobre o "odium fidci" (ódio à fé) co111 que os assassi nos atuaram, pois o Bispo ha\·ia feito severas crit icas ás matanças prat icadas pela guerrilha marxista colombiana. Sua diocese, Arauca, é atualmcnce uma das mais traumatizadas pela subvers:lo, a qual tem sabotado sistematicamc111e as instalações pc1rolíferas, cm particular o oleoduto. com o fi m de prostrar economicamente a nação. As populações da região se encontram no dilema de ceder às ameaças da guerri lha e colaborar com a mesma . ou resistir a suas exi· gências e, talvez, por esta razão morrer ... Nestas condições, um Bispo retamente católico, que se negava a soíismar, com base na "opção pelos pob res". para ajudar o comunismo, tornava-se muito inconveniente para este Ul1imo. Por outro lado, o próprio crime constit ui uma demonstração da perseverança de Dom Jaramillo na Fé d ura nte seu cativeiro e suas torturas, pois o ELN, cm casocomrário, teria preferido sornar uma adesão clerical a mais ... Com efei10, por esse grupo criminoso j:I passaram vários sacerdotes após tatas, como Camilo Torres e Diego Lai n: c seu máximo dirige nte at ua l é ta mbém um ex-sacerdote, o espanhol Manuel Pérez, assessorado, por sua vez, por vários outros da mesma condiç.'.io. Tal abs urdo, é só nos dias de hoje que se encontra ... De onde então um aspecto trágico: virtualmente foram mãos consagradas que, se não executaram, certamente dirigiram o in fame e sacrilcgo crime, o primeiro cometido cm terras sul-americanas contra um Bispo, d urante mais de um século, por motivos ideológicos. Outrora, os túmulos dos mánircs se convertiam c111 lugares de peregrinação , inclusive desafia ndo os tiranos. Aco ntecerá o mesmo hoje cm di a? Parece difíci l, :1 vis1a do funera l d iscreto organizado pela Conferê ncia Episcopal Colombiana, não obstante a intensa veneração que os fiéis da diocese tinham pelo Prelado assassinado. Assim, quis-se evitar um desafio aos criminosos teleguiados por Fidel Castro. os quais poderão continuar matando, sem sequer serem criticados pelos irmaos na fé das vit imas.
Marlirlo
Uma jogada de paz e guerra
Naturalmente, o grupo subversivo não poderia de ixar de jactar-se de seu infame crime, dec larando <1uc o Prelado havia sido "j ust içado" (sic) por ser "i nimigo do povo". Ta l crime ped iria , evidentemente, enérgicos protestos dos defensores dos direitos humanos, dos demais Pastores em todo o Continente, e da imprensa em geral, tão disposta a defender as liberdades ... Entretanto, os "huma-
Cabe perguntar, entretanto, q ual terá sido o propósito do comunismo i111cr11acional ao ordenar o vil e sacrílego assassi na10, ademais de tan tos outros atos sangrent os . Algumas semanas depois deste crime, ocorreu um fato que pode contribuir para esclarecer o assunto: o governo colombiano anunciava a conclusão de um acordo com outro movimento guer rilheiro, o M- 19, também marxis1a e
Subversão castro-comunista fala de paz e promove a guerra
" ' " '""'
l:Jon J~,.,~ Emilio J1trnmilla M 011sal,v,
,,,·,r.,,.,1,,,
g11rrri/ltrrn•m1tn"sla,
nu,·1, /
º
.-u~lm"' I
S ME IOS de
comunicação do mundo oci-
C ATOLIC ISMO - .Janeiro 1990 -
19
fortemente vinculado a Fidel Castro, e que não obstante promete agora abandonar a ação armada. Em troca do quê? De que o estabtishment político colombiano lhe conceda um acesso privilegiado a cargos parlamentares, além de indulto a todos os seus membros pelos crimes cometi· dos, e converta ainda as reivindicações subversivas em projetos do Governo no Legislativo, e posteriormente em leis. Ou seja, que se lhes entregue virtualmente o pais. Assim, facilmente é-se levado a achar que a jogada marxista na Colômbia consiste em favorecer alguns dos movimentos subversivos que alardeiem seu pacifismo, enquanto outros continuam de forma inclemente a impulsionar a ofensiva sanguinária. Com o que importantes setores do pais se inclinam a fazer enormes concessões aos primeiros para escapar à ameaça dos segundos. Tuis concessões são estimuladas, evidentemente, pela grande imprensa e pela maior parte dos politicos profissionais, empenhados principalmente em conservar seus cargos. E o burguês indolente, ouvindo apenas os conselhos capitulacionistas não tardará em segui-los. Evidentemente, por esta via não se encontrará a honra, mas também não a paz para a Colômbia, pois a violência tornar-se-á mais enraizada e crônica, com o que muitos quererão fazer sempre novas concessões ... até que se chegue ao comunismo total. E os burgueses, que até então tenham conservado suas vidas, já com isso se darão por satisfeitos, sem se perguntarem muito se a vida lhes valeu de algo.
SORl'ETES rl/>O /r,IUUHO MAS5,1 DE l'ÃO DE QUEIJO
ATACADO E VAREJO MENOIMENTO,.i,llESUUAANTES,auBES !NDÚSTR!.A.SES0/1:VETERII\S
w. t :g~~~~R6~ ~EVE
r{, \..:7
tel
67-2030
R:.JAGUAR:IBE,627-SP.
VCOLÊG~
7C L~A_R_E_T-IA_N_O_/
Pré-escola !Técnico: grau PATOLOGIA CLÍNICA 2 9 grau Suplet iV0(1 e2"graus) semi-internato
19
9
Rua Jaguaribe. 699 - Santa Ceei lia
Fones:
Talento Estilo Planejamento Espaço Conforto Solidez Segurança Soluções originais Harmonia Elegância Sensibilidade Sofisticação Classe Acabamento perso?alizado Local privilegiado Sucesso
garanti;;.;;;;
Rua General Jardim , 703 . 6" e 7º arid~r Fone, 2S60411 . São Paulo
tudo com a
(SP)
825 · 3136- 825•3573 - 825 • 3372
1 20 -
CATOLIC ISMO - Janeiro 1990
Escrievem os leitores O Reforma Agrôrlc "Cada povo tem o governo quemerece"dizoadâgio.Penso sempre nesse ditado popular ao ver os contínuos desastres da malfadada política governamental de socializar o Pais e de levâ-lo assim à mais negra miséria. Poroutroladoficopenalizadoeao mesmo tempo in dignadocontraainteirafalta dereatividadedaopiniãopública nacional ante os desmandos da política de nosso atual Governo. Neste sentido é notável averdadeira"bobeira"naqual se encomramosnossosproprietáriosrurais-umadasclasses maispujames e mais fortes do Pals~queassisteanestesiada e abobada o confisco de seus bens adquiridos com "sangue, suor e lágrimas".(,\, Caldeira 8nmd, ,loiio Pessoa-PR).
U Converscmdo Moro numa pequeníssima cidade,menorquequalquerconj umohabitacíonal de Sào Paulo, eonde, viaderegra,a mocdaésubslituídapelalroca mercadorias por mercadorias, favoresporfavores etrabalho por trabalho. Se por um lado existem fazendas onde os próprios lavradores e campeiros cuidamdascapelaseorganizam entreeles asnovena.s,procissões eadoraçõesdasdatassantificadas, sem orientação de seminaristas ou padres, mas tão somente orientados pelatradiçãorecebidadosantepassados, poroutrolado, quasequeoornoumaregra geral,ascidadessede dos munidpios, que possuem condições de organizarem o povo para a prática da liturgia, não o fazem, pretextando quesão"práticasultrapassadas pelos novos comportamentos sociais";esquecendo-sequeos "novos comportamentos so· ciais" são dospregadores e não das cornunidadess ul-matogros-
senses. Corno conseqüência, as seitaspro!estantcs,comasmais esdrúxulasdesignacões,vicejarn; eis pois que, parece que em todo lugar os religiosos tudo fazemparaeliminaraaurarnística da Santa Madre Igreja, abalando dessa maneira a fé dos católicos. Estou convicto dequesealgrejamanifestasse atradiçãodoscatólicos,osblasfemos não ousariam fundarem se itas como se abrem bares. Gostaria de indicar mais duas pessoas ... Que Nossa Senhora concedaaelesagraçade assimi!aremctransmitircm a visão pura,sincera e verdadeirada religião. Depoisdeeutertrabalhado e morado em inúmeros municipiosde todooMatoGrosso,encontro-me nestapequena cidade. Se alonguei essa missiva é porque estou me sentindo bem cm assim "dialogar" com V.S., sentindo uma confiança irrestrita,comohámuitosanos eu não sentia. l: como sec uestivesse "conversando" com alguémhárnuitoconhecido.(MarcosQuerubimdaFrançaCruz, Riba.,do Rio Pardo-MS).
D Sotl5façoo Catolicismo é u.rna revista impressionante, nos leva a um outro mundo, nosdeixatàoaltoque porissodesejoparabenizarosSrs.paraquecontinuem sempre assim. é uma satisfação muito grande para mim e para muitos. O que mais me emociona em Catolicismo s11.o as páginas "TFPs em Ação" e "Oiscernindo, distinguindo, classiflcando, .. ". Estas páginas me emocionam demais. (Maria Teresa deJ.-sus Monteiro Diniz, Marianópolis-GO)
·1 Sem preparado Catolicismo é realm e nte um mensário de cultura mais bem preparado que existe no Brasil e no mundo, pois seus
redatores dãoludodesipara a maior glória de Deus e da civifü:.ação cristã. (Waldir Ramiro da Costa, Salvador-D A)
Cl lgre}o Col6Hca Gostaria que esta revista falassehastantesobrea lgrejacatólica.Gostomuitode leresta revista. (An alia da Rocha Oliveini, Goiânia-GO).
D Cardeal Arns É inconceblvel que uma al-
ma católica não se expanda de alegria e gratidão ao tomar conhecimentodacartaabertadirigida ao Sr. Cardeal Arns por três Bispos cubanos, publicada por Catolicismo e tão bem prefaciada pelo Professor Plínio Corrêadeüliveira. Porque todos os órgãos de imprensa não publicaram em edição especial essa carta? Por que todos os brasileirosnãosereuniram,numasóvoz,aproclamarquenão querem uma "Cuba" em sua Pátria? lnfeli:imente isso não aconteceu.EaCatolicismocoube essa glória. E essa glória se estende de modo muitlssimo CS· pecial ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira que, Sensível a lu do qu e diz respeito á Civilização Cristã, não se calo u. Esse fato,creioeu,seráregistrado naHistória.(EliubtthTitonel• li,Miracema-RJ).
0 VersõHI Fique certo e todos que oonhecem a revista, de que se tra ta de urna leitura de enorme aproveitamento,quersetratandodecu!turareligiosa,científica, histórica, social, enfim é umarevistamuitoversátil.Com ela aprendemos e conscientizamostudoquesepassanomundo moderno, tão cheio de facetas, (Angélica e José Perolea, Salvador-D,\),
Jangodo Manifesto minha admiração e aplauso peta linha de conduta seguida por Catolicismo. Em um mundo totalmente tomado pela Revolução gnóstica e igualitária, manter -se de pé à maneira de uma jangada que permanece flutuando em um marteml}Cstuoso c revoltoconstitui, para o jornal, um movi mentodeforteheroismo. lncentivo-osamanterem-sedepépa-
raservirerndefaroláquelesque aindaflutuamnaquelemaragitado. Em Catolicismo de dezembro de 1988 foi anunciado o lan çamemo breve da obra "Um homem.umaobra,umagesta", sobre o Prof, Plínio Corrêa de Oliveira. É meu desejo adquirir esta obra. (Aguinaldo de So uu Ramos, C. m11os-RJ),
D Regulorlzaçõo ConscientedovalordeCatolicismo navida de minha fami H_a,en1oestandorecebendoa c1tadat'evista,peçoafinezade verificar minha ficha. Venho apelarnosentidodaregularizaçãodeminhaassinatura,quandovoltareiaacompanharotrabalho maravilhoso da TFP cm todooBrasilenoexterior.(La udelet:spíritoSanloVargas,Bambui-MG).
o Teologia
do llbertaçoo
Gostaria de conhecer através de Catolicismo mais sobre a escolástica de São Tomás de Aquino. Oqueseisobreaobra destedoutordalgrejanãochegaasersuficiente pararebater mais os argumentos da TL teologiafalsadalibertação.(Dt· cio Bilran Borelli, São Paulo-SP). Notada Redação: Sobre escolástica e teologia da libertação ver o artigo "Negação da Fé Cristã" em nossa edição de rnaio/89,n ° 46 1.
loderna Fico contente quando me chegaásmãos estarevisia,que com muita seriedade e competênciaanalisaos problcmas cxistentesanlveisnacionaiseinternacionais. Felicito e oro pelos membros da TFP, que de peito abtrto crnpunham seus pavilhõescontra aquelas pessoas que querem tirarafé cristãdo âmago de nossas vidas; temas como: aborto, divórcio, filmes sacrílegos, o outros temas são combatidos com muita seriedade mostrando que, liberdade sem responsabilidade cristã vira baderna. O nosso Brasil se sente também anestesiado perante os ventos socializantes que varrem o mundo. Felicitações ao estimado Dr. Plínio Corrêa de O!iveira,(ValrnirSilva,Guaçui-ES).
CATOLIC ISMO - Janeiro 1990 -
21
O pitoresco Vale do Roncai
LEITOR, VAMOS VIAJAR POR UM LUGAR DIFERENTE? "'-l
J'\O~W País~ontinHte uracttriia-w por 1nndio5os panonmat, u51idões i1tn:plon••~. riqu.-~.s irntnN.,, t uma nalu~
llnubcnnlt'. IA"fllbnoit.no,4Q ad,aio d11k ddt-111" -
" A varie-
O("C>ffH•DM convidar o
pru1do ltitur I fnu co•n!>Co 11m1 viqtm por rttlin bem lliferultda, quf'uistem no Rra,il. ínt•-• 11ra1 ,011a 11:H&r"lu cheia dtHC11nlotMpi1orrsco. Ao1or1td11 l'.$p111ll1, na pro•i1ti1~ J'\1urra,bt111j11nto411lt1e11Miaftmonl1nh1, do, Piri111r1u, ui"r um u lr chamado do Roncai. lre,nos vl,it,-lor IIOSMl&11l1 str11 Mafarl L1mbr1, prnft-nor unlvrr,.it11-
*
rln
f
ilu~lrt autor tradidonali~h• rspanhul,
dt<;fcnllen~ dt n llla f11nlli1 roM:alesa. O, dados sio n:l raídos dt stu liHO " 1-:t \11lltdtlfo1K1l'',Puhlltaci11M~fapaiol1,, Madrid, 1959. UEM, NAVEGANDO pelo rio Esca, pcnctra no Valedo Roncalcontempla .os picos mais al1os da Na varra. Uma paisagem áspera e varonil de lllOntcs foscos e selvagens . coa lhados de árvores até os cumes, em cuja cspan1osa solidaosóseescuta o golpe seco do lenhador, o chocalho de uma vaca extraviada ou o estrondo de uma ãrvoreabatida O panorama vai mudando i11se11sivclmenteá medidaquesesobeo Vale. A aspereza dos primeiros desfiladeiros se vai ilumi11andoc111persp,.-<:1ivasmaisarnplas.arrematadas pelos picos agudos dos Pirineus, cujoscumesta ntasv ezessepcrdcmnasbai~as nuvens do inverno.
O
22 - CATOLICISMO - Janeiro 1990
Na Vila do Roncai, bem no ccmro do Valc,sevêumconjumodecasasdcpedras cscurc-cidas pelo tempo, que ostentam brasões e que se superpõem 11aseneostasdos montes, encimadas pela igreja que poderia servirmuitobcmdcfortalew. Perlil do tipo humiilno ronuli1 Nesses rincões de clima rigoroso, onde o solo nao produz mais que :lrvores e pastos, habitavam um povo sofrido e frugal de pastores e madeireiros. Gente forte, ro-bus,a, e~perimentada nas armas e criada na maior rudeza dos Pirineus. Pastores que elaboram o requintado queijo que deu fa. ma ao Vale. Roncalês é um qualificativo que exprime não só de onde seé, como também o que se é: pas1or.esccundaria111cn1eagricultor e jangadeiro: mili,arquandoaocasião se aprC5enta; homem line. não sujeito a senhorio. de estado nobre. com nobreza coletiva de primeira qualidade. O1rajeroncalês. hoje considerado pelo folclore como o 1rajc tipico navarro. é dos maissevcroscsenhoriaisdcntrcospopulares da Espanh a.
~ curioso anati~r os estatutos pelos
quais se regem os sete povoados que integram o Vale para compreender o vigoroMJ ambiemc em que vivem, iao diverso do cosmopolití.,rno da s sociedades comcrnporãneas. Uma personalidade coletiva t~o sa lien te como a dc~tc Vale só podia se alcançar
mediante uma grande estabilidade e força da instituiçao familiar. A pcdraangulardaquclasociedadccra a família. a ponto de o Vale se conceber como uma federação de familias que vivem reunidas. E a familia se perpetua a1ravés da instituição do patrimônio familiar. Cada lar constitui, no Roncai. um conjunto de bens que permitem ã familia ter vida Os cem lares ou patrimõriios da vila de Ronca i, por nemplo, poderiam ser reconheddos rnis quais eram se rcmo1m\ ssemos há treze ntos anos atrás. A propriedade adquire um sentido de C$tabilidadee deafcto ,queavinculapara sempre a seus moradores naturais, evitandoquepassea mãoses1ranhas. A vida fami liar era patriarcal. O pu1er familias tinha toda autoridade e a ele se submetiamosqueviviamnacasa.Aunidade familiar tinha tanta importância. que suavidaseorganizavademodoquasccornpletamente autárquico. isto é, independente de qualquer outro grupo social, capaz de fabrkar e obter todo o necessário para sua manutenção, limitando-se a importação dovioho,salejóiasparaotrajedarorn:alesa. Isolado e formando uma comunidade política fechada - verdadeira galáxia de pequenas vilas independentes - o Vale mantcvenodccursodosséculosumapersonatidade forte e caracteristica. com uma história própria A Juma Geral do Vale, à qual pertcn~ a maior parte dos solos da regillo, sc administrava por si mesma. sem preslar contas a nenhum poder superior, nem mesmo à Cãmora da Navarra. E esta autonomia faz dele um exemplo vivo do que seriam noSéculodeOuroospovoadoscspa nhói s, tao profundamcntcdifcrentescntrcsi, tao zelosos de seu próprio foro, mas unidos na mesma Fé e sob a mesma Coroa. Os habitantes do Vale C'l1i,·eram sempre presentesnasempresascomunsem defesa da Fée da Coroa. De onde lhes vieram certos privilégios coletivos zelosamente mamidos através dos tempos.
O Ronc.i l e seus pri\lile,:io1 No Vale de Roncai, são três os privilé· giosou honras.como recordação de legendârias batalhas. O primeiro consiste cm que codos os roncaleses são nobres "cabaflero$, hida/gQSe infanwnes"corn direito de usar como próprio o escudo do Vale, de tal forma que. para armar-se cavaleiro das Ordens militares, basta provar que o sobrenome é ronc~lêsdcorigem. Sees1iver
presente essa condição, fica demonsuada anobreudomesmo, Oscgundopriviltgioconsi51Cnalibcrdadc concedida aos rebanhos roncaleses de pastar nas "Bordenas dei Hey" - e~tensos territórios semidcsá'ticos situados na cxucmidadccsquerdadoAragão,quccram propricdadc da Coroa espanhola. Para 1:1. se dirigiaainterminâvelcolunadeovelhas(no sécuk) XV III o mi mero de cabeças chegou a200m il), quandoa ncvecobreosmontes,
ali perman«endoatéorctornodaprimavcrn O terceiro é singular. sobretudo pela sua sobrevivência ainda hoje em dia. Consiste cm que um vale da provinda françcsa de Btarn - o vale de Bareton - do outro lado dos Pirineus, étributârio do Vale de Ro ncai , devendo entregar aos represen • tantcs deste, no dia 13 de julho de cada ano, um tributo de três vacas e prestar-lhe ao mesmo temp0 vassalagem e submissão. luls COrlos Azevedo
~"s fOTOLITO SIC LTDA.
REPRODUÇÕES EM LASER FOTOUTOATMÇ0•DEGltA0(E•lfNDAYS
AIJTOTN"IAS•c:OPIAsfOTOGAAFICAS• PROVA OE COREI
TABEIA ESPECIAL P/EDITORES AV. DIÓGENES RIHIRO OI! LIMA. 2850 AUO DE PINHEIROS Tfl., 260 -570
TFP:
o que é essa chama de fé e coragem? VO<'<! cnron!r~ra a rc~f""''" ""hvro-álhum.
Um Hom em Um110bn1
llon1enag,:mdasTl·l 'sa l'llnloCHrrêMd<OU,·~Jn, I'~, P,,h~"·"
~,-1 rn1111,:rah•, {l7a,..,rc,)
r.,m1;11<>ll,~l
1·,~,-= (,() "·1,,
Pedldospelotel.: (011)220.4522 ounoend. abalxo
Entrevista com o Prof. Rafael Gambra FEUPE BARANOIARÁN - enviado especial
CATOLIC ISMO -
Prof. Cambra, qual a principal atividade do roncalês?
RAFAEL GAMBRA - Originariamc111e o ' roncalls era pastor de ovelha$. Foi também agricultor e madeireiro. Porém, no mundo moderno o valor da lã foi di minuindo, a agricultura nos momcs - especialmeme 1rigo e cevada - tornou-se amicconõmica, de modo que o Vale do Roncai foi se despovoando. Hoje em dia, noinverno,apc11asuma partedascasascon1inua habimda. Novcrão, com oturismo, há um aumento artificial da população.
SUPERMERCADOS MADRID
C - llà algum produto caracterís tico do Vale? RC - Certamente. São famosos os queijos do Ronca!, fabricados com leite de ovelha. Eles são muito fortei.. C - O Ron ca i mantém ainda seus usos e cos tumes? RG - Com a invasão da televi são tudo se ur1iformizou. Nao há mais as canções, os jogos carac1crls1 icos das crianças roncalesas, os trajes tipicos nao sc usam mai s e existem apc11as para fcstus folclóricas. O próprio modo de falar. com sotaque lo,::al, desapareceu. Ú preciso ainda sa lientar o papel demolidor dos clérigos progressistas que enve nena m todos os povoados. Antigamente ni nguém deixava dcir:\ Missa. Hoje ...
C-
Prof. Cambra, o Sr ..
RC - Espere, quero completar. O que se mantêm ~o as casas, muitas delas com 300 anos o u mais, pcrtc n«-ntes às mesmas fami lias. Isto foi possfvcl porque no direito foral cm vigor na Navarra - ao co ntrário do código de inspi ração nap0leônica vigente no rcstame da Espanha - é permitido ao proprietário testar cm favordcumasópc5soa,scmterquedividir opatrimõ niocntre osdivcrsosfil hos. Assim as casas pcrmane1..'Cm, tCm um nome de família. e freqüentemente passam de pai para filho. C -
E a pitoresca entrega das trfs vacas, feita pelos franceses?
RC - Mantém-se como íolclorc e atrai muitos turistas. Os franceses traicm as vacas no dia 13 de julho, mas depois as levam de volta, deixando seu valor cm dinheiro. O tocai era de dificil acesso, mas hoje há estradas que chegam até lá.
Rua Martim Francisco, 777 Tels: 67-7492 - 66-7697 Higienópolis
BARCELONA TELEFONES compra mos - vendemos adm inistramos - alugamos trocamos e faci lita mos todas as áreas Ttls (011 1}2-')71!- J7'6769 - S..,o Paulo-SP
C ATOLIC ISMO - J aneiro 1990 -
23
Filial súplica (je lituanos exilados ao Pai Comum da Cristandade por ocasião de seu encontro com o Presidente soviético Li1,urnosprott1/11moo11tr'1 ojxul<,
Ril>IN:11trop·Molo100-q11t1~1,,.. o ,u,.UOd, ,,.,,., «im11n,'s1<u t Jl#ml.(I.J no ânqWnt,..,,.n'o (h ,..., a11inat11n1. Como d«onincW. dtllt i,ifo.,.., poc:lo,
e
o l,i1,.,;,.;,.Joianu1>da.jH/o. HU11ia
ATOLICISMO p,blic, ,m p,im,irn mão oo Bmil, im,grn de ,m dowm,mo de mttiml imponaoei,. Por ocasião da recente visila de Gorbachcv a João Paulo 11, um grupo de lirnanos, exilados nos Estados Unidos. fez estampar num dos principais jornais da ltâlia - "Corriere della Sera", Milão, edição de 29-11-89 - um dramâtico apelo ao Chefe da Cristandade, em favor da libertação da Lituânia. O mesmo documcmo pede também liberdade para os lituanos encarcerados pelos comunistas. Os signatários manifestam sua certeza de que um pedido firme de João Paulo 11 nessa direção não poderia ser recusado por Oorbachev, sob pena de este comprometer a credibilidade de suas boas intenções. Observadores internacionais crêem que uma resposta positiva a tal solicitação, por parte de Gorbachev, poderia constituir verdadeiro triunfo para a Ostpolitik vaticana, da qual até agora não se conhecem resultados ponderâveis para os católicos de além Cortina de Ferro. O maniíesto alcançou significativa repercussão cm órgãos da imprensa italiana, alguns dos quais utilizaram imagens bem vivas para exprimir o efeito que o documento obteve em determinados círculos. O diârio "ll Centro", dos Abruzos, por exemplo, sob o título ''Os exilados lituanos escrevem ao papa: não nos esqueçais", comenta que "o apelo caiu sobre o Vaticano cerno um raio em céu sereno, criando embaraços e um pouco de descontentamento''. Segundo o jornal, um ponto delicado a ser tratado entre João Paulo li e Corbachcv era a questão lituana. E conclui: "Neste
24 -
CATOLICISMO - Janeiro 1990
negócio de porcelana, a carta dos exilados lituanos caiu pesada como um paquiderme". Realizado o mencionado encontro, no dia 1° de dezembro Ultimo, até o momento não se sabe se o dramático assunto foi objeto de interlocução entre o Pai Comum da Cristandade e o chefe comunista.
Para o leitor superficial, a re levância dessa publicação fica velada pelo fato de que ela diz respeito à situação de um pais cujo espaço territorial é pequeno e com diminuta população: a Lituânia. Se análogo apelo partisse, por e"-emplo, de ingleses ou alemães, certamente chamaria muito mais a atenção da opinião pública mundial. Entretanto, apesar desses dois fatores que parecem minimalizar a importância do documento, a realidade é outra. ~ bem verdade que a Lituânia é uma nação de reduzida extensão territorial, com pequena população, que nunca manteve relações mais estreitas com o mundo sul-americano. E cujo âmbito de irradiação, após o malsinado pacto Ribbentrop-Molotov, ficou circunscrito à zona de influência báltica e eslava, que, por certo, é bastante remota cm relação à àrea de influência da América do Sul. Mas, para se avaliar devidamente a importância da Lituânia na conjuntura atual, é elucidativo estabelecer aqui uma analogia. Poderiamos comparar a influência da Lituânia - no plano individual - à de um comum homem da rua. A repercussão que tal homem alcança é pequena. Suponhamos, porém, que ele, embora inocente, seja recolhido a um presidio. Dentro do càrcere, qualquer desordem repercute intensamente em todo o recinto da prisão. Tui analogia se aplica à influência que desfrutam as nações subjugadas pelo comunismo, no conte"-IO do mundo carceràrio do qual fazem pane. Qualquer atuação de setores pertencentes a essas nações repercute ponderavelmente no conjunto das nações-presidio. Eis a razão pela qual a imprensa ocidental noticia com tanto destaque qualquer agitação promovida por populações situadas, ora por vezes no Cáucaso, ora na JCgião báltica. Por tais razões, o manifesto dos exilados lituanos repercutirà necessariamente no mundo-carcerârio soviético, o qual, mediante a 1lasnost, tornou.se bem mais transparente do que era anteriormente. E alcançando grande repercussão nas vastidões carceràrias da chamada URSS, acabarâ tendo iníluência na conduta desta, no plano internacional.
A S.S. Jollo Paulo li Cidade do Vaticano Santo Padre
Momento histórico Vossos filhos lituanos residentes nos Estados Unidos da América não podiam deixar de dirigir·se publicamente e filialm cnte a Vós, devido a aconte· cimentos cujas implicações são claramente históricas. Aproveitam para isso a liberdade que podem exercer nesta terra que os acolheu generosamente, liberdade de que não gozam os nossos irmãos que vivem na amada e persegu ida mãe-pàtria. Histó rico é o momento, pois pela primeira vez o chefe do Partido Comunista soviét ico, o Presidente Mikhail Gorbachev em pessoa, se encotrará em Roma com Vossa Santidade, o que abre um precedenteatéaquiinimaginà· vel. Histórico, ademais, porque este fa. to coincide com situações complexas que se vivem atrás da Cortina de Ferro, sobre cuja marcha, evolução e de· senlacepcsamnãopoucasinterrogações. Hislórico, por fim, pois o anteriormente referido coincide com o cinqücn-
tenário do pacto Ribbentrop-Molotov, ato de infâmia que permitiu a Sialin, em 1940, anexar nossa nação - junto com as irmãs nações bàlticas - ao império soviético, depois de um banho de sangue e sofrimento. Com o que se deu início a uma Via C rucis que dura até hoje. Santidade, confluem também neste pa norama dois elementos essenciais que, apesar da adversidade, permanecem vivos no coração dos lituanos: em primeiro lugar, nossa devoção à Santa Igreja Católica, Apostólica e Ro· mana; em segundo o nosso amor à Pátria, e aos valores cristãos que lhe fo. ram transmitidos na época de Mindaugas, e que se radicaram nela profundamente desde o batismo da Lituânia, hà 600 anos. É a isto que desejamos acrescentar, com vossa vênia, outras considerações.
Dttlaração de Gorbacheti
c•usa •preenslo
A anexação da Lituânia consti1uiu uma medida de tal maneira atentatória ao direito internacional e ao direito das gentes e das nações, que desde então os Estados Unidos, junto com o utras nações ocidentais (inclusive o Par-
lamento Europeu) se negaram a reconhecer sua legi1imidade, a pesar das instâncias soviéticas. Num mundo em que as potências não comunistas com canta facilidade sacrilicaram nações e almas aos perseguidores comunistas cm aras a uma distensão precària, construída sobre o engano, o reconhecimento ocidental da Lituânia livre é particularmente digno de nota. No que diz respeito à Santa Sé, não podemos deixar de manifestar nossa gratidão, do mais fundo do coração, pela condenação vaticana à ilegítima anexação da Lituânia por parte da União Soviética. Os católicos lituanos sentem-se particularmente consolados pela convicção de que será sempre assim. Pelo contrário, o Cremlin sempre manteve uma postura intransigentemente fechada a toda negociação que conduza à restituição da independência violada. Mas o que era explicàvel cm tempos de Stalin, Kruchev ou Brczhnev, torna-se para muitos de nossos compatriotas dificil de compreender na era Gorbachev. As aspirações nacionais, indiretamente encorajadas pelas medidas, declarações e até por atitudes do presidente soviético, transformaramse cm graves apreensões, em selembro último, quitndo ele, ao inaugurar a reuCATOLIC ISMO - Janeiro 1990 - 'l5
nião plenária do Comitê Central do PC, descarregou ameaças contra aque• lcs patriotas que legitimamente anelam a liberdade, a que têm direito as na· ções soberanas, chegando a insinuar - em gesto contrastante com seu estilo, tão laboriosamente forjado - que os meios militares não estavam descarta• dos para restabelecer a "pax soviéti· ca" (New York Times, 20/ 9/89). No que diz respeito às nações cativas, como a Lituânia, não seria a primeira vez, por certo, que aparentes períodos distensivos do Cremlin são afogados em sangue.
Pedem intercessão firme Santo Padre, pensamos que, no plano temporal, o bom entendimento, a harmonia e a paz em uma Europa desejosa de unificação, passa pelo restabelecimento do justiça: "opus justitiac, pax", diz o Profeta lsa[as (32, 17). E essa justiça implica em que todas e cada uma das nações do Velho Continente sejam livres de determinar seu destino, na fidelidade a suas tradições. Porque, na verdade, nós os lituanos não imaginamos como poderia dar-se a continuidade da civilização cristã com uma união espúria de nações, induin· do regimes comunistas, que representam uma civilização antitética, intrinsecamente perversa, e que cerceia as liberdades dos povos. 'Temos a certeza de que Vós, Santo Padre, que haveis declarado que a metade de vosso coração pertence à Lituânia, sabereis acolher estas considerações e apreensões, fruto de nosso amor à Igreja e a nossa Pátria. Por isso, atrevemo-nos a pedir que intercedais com firmeza, durante a visita de Gorbachev, pela liberdade e independência da Lituânia. Seria dificil para o presiden1e soviético negar tão justo pedido, pois ficaria comprometida ante Vossa Santidade e os católicos do mundo inteiro, a credibilidade de suas boas intenções. E poderiam ser·lhe aplicadas as palavras do Salmista, sobre os que praticam a iniqüidade, "que fa. 1am de paz a seu próximo, enquanto o seu coração está cheio de maldade" (Ps. 27, 3).
Bênçãos para os que gemem Além do que foi dito a nteriormente, o presidente soviét ico , na hora 26 - CATOLICISMO - J aneiro !990
de deíini r sua posição em relação à independência da Lituânia, saberá pesar na balança o fato de que, co· mo o expressou publicamente nosso Cardeal Vincentas Sladk evicius, "uma visita do Papa seria muirn proveitosa para a imagem da União Soviética no mundo" (" 30 Giorni", nº 3, 1989). Pedindo a Nossa Senhora da Porta da Aurora, Padroeira da Lituflnia, a necessária assistência para a Sé de Pedro, imploramos para nós, nossas famílias, para os lituanos espalhados pelo mundo livre, nossos irmãos na Lituânia - em partic ular, os religiosos e leigos que ge mem atualmente nas masn1o rras comunistas - e para os milhares e milhares de compatriotas que ainda hoje se encontram esparsos pela Sibéria , Vossa Benção Apostólica.
Filialmcnte vossos, Um grupo de profissionais noexilio (Seguem 64 assi naturas) O
Napchan '5 _ Presentes Finos lJda. PORCELANAS CRISTAIS FINOS LINHA DE HOTELARIA-INOX Fone: 66-5403 • .,. J..
.,.,«. n• m
~ ,q. 1w A~~•I - S>o P•olo • SI' Ro,8M1<>do lllllÍ, U-I -S>o P• "lo•SP
C+ib CLINICA DA. RUIEHS V. OE IRITO. s.c
Oiwldo-. NaN. GM9MIII. F ~
tEP~~ ~zp::·:' ; /~ U I........_ P'fiprio, F-,e2!1 37W · ffl 3'311
p.e~ttáa. ÓRGÃOS UTiTJ:GICOS · ELITlÓNJCOS 6 modtk.1' rom 1,2 e 3 trdado5 rompltl05 Pedalrir:arompk1i com3 2tn:bs ÚIRS(f\05 r rdonnu
de' qw.lqutT rmrn
Ganntbtotalpor 2anos p,.._.ooc.,mcn.foo.2211 - C..,Vcr<lcC~P02~?') C.lx>l'tJol>!16'><J6 - Sk>PauloFont ~
· lól:IS
Hldráulk:1 e Strr1lhul1 ALMEIDA
DUCMAC MIMEÓGRAFOS
SERVIÇOS DE EMERGtNC/A Residenclal - Comerc laleReparHçõ-es Encan amento· Serralherla e Ele1ricldade
GESTETNER e REX-ROTARY Assistência técnica Peças e materiais FORNECE PARA TODO O BRASIL
Destntupimentos em geral com m,quln11
24 HORAS NO AR Fones: 67-1286 / 825-2513 BI P: 81 ,·9011 •5168
,....,,lcl• A•l<:&.Nl·CEP Ol:l2t·Hio;l'-n<lpollt·SP
Av.Cul'(IC!,6062 · B12·Loja1, Fonn
(011) 562 • stl7 · 56313'0
CEP04366 ·Slo Paulo ·sP
MOLDURAS BARONEZA INDÚSTRIA
lnd. e Com.de Moldur.is, Qu,l(Jrosc Vidros Ltd:I. hbriu\·.lo própri2 l·:xpo~iç.io olho,/tcla Mollluras ouro <: pra~a Ruafl>r<lflCl>d< lld,J8 font · 6l5-1310 CEPOIH I -SU.,oCttíli.a·S.P:lulo
OBEATIME
DEIIÔ'IEl5 PARA-...S
Bancos, atta,esemOveis paraigroias
32 •noa de tradlçlo de móveis ucroa _..,...,;_200-. .•.,21111·••12558-SloAMrlSP -V.-10t-1235iol 2,1115& . ...._.Sf> ~ . , , -... .,.,iol.51"6e-51115(;Pw. . . Sf>
• u~
CASA ZILANNA
' ~-.
MERCEARIA
\ -... ," ~ ~
'
Don Carmelo
Tcl: 256 9241
ENTR . EGASADOMICÍUO Attn<kmosr.iiodc 1km bn1 minutos
pizzo quente en1 sua ca,-a R... Al.,ps,3 1·Sjol':lulo-SP
Consagração ao Coração de Jesus SANTIAGO- Em mensagem enviada ao Almirante Jost Merino Castro, Comandante em Chefe da Marinha, a TFP chilena apresentou-lhe ca lorosas congratolações por sua iniciativa de consagrar aquela força militar ao Sagrado Coração de Jesus. Na igreja naval de Nossa Senhora do Carmo, cm Vii'la dcl Mar, durante a Missa celebrada pelo Bispo castrense, D. José Joaquim Malte Varas, o Almirame Merino Castro recitouaco nsagraçao,aqual, acertaaltura,afirmava:"Co-
mo comandante em Chefe da Armada. vô-!a consagramos para prosseguir trabalhando, orgulhosos de nossa vocação profissional e de nossa fécristã,sobVos.saproteçlodivina. Sagrado Coração de Jesus, cm Vós confiamos, e não sere-
mos jamais confundidos. Amhn".
O Senador HolHrt Dote, 1/dtr da m,'noria
,w
&r11Jdo nori,.,.nurico-
"º (com a.,..,;,, ,obn" pilha defollias contmdo a, 11uin1111mu), =~·
:::....::~:::.~% ;,•:1::::a ;!'~:_UJ~'::k'!" il assi~lura contra queima b 1deira NOVA YORK - Uma comissão de diretores da Socieda· de Americana de Defesa da Tra dição, Família e Propriedade, tendo à freme o Sr. Raymond Drake, feze mrega no Senado norte-americano do monumental abai~o-assinado em que a entidade propugna por uma umacmcndaconstilucionalque qualifique como crime aquei• madabandeiranacional.ASupremaCortehaviaanteriormcnteoonsideradolegitimacssaqueima,comodecorrcntedatibcrdade assegurada peta Constituição. Assimsendo,umaemcndaconstitucional, scgu ndo a pctiçào, constitui o imico recurso para defender a honra da bandeira. As folhas contendo as 125 mil assinaturas, formando um volume de um metro de altura, foram em regues cm Washing!on aos senadores republicanos Ro bert Dole e Robert H. Mitchel.
Tf'P
mJl/iuk _
'\'\\\', \%\,\, 51\\\JJ JU
Alerta so bre Gorbachev em Brasília e Nova York Asubstanciosaam\lisedoProf. l'llnioCorrfadeOliveira, intitulada "Morto o comunismo? E o anticomunismo também?", estam pada inicialmente cm "Catolicismo" (edi· ção de outubro último) foi transcrita, em seção livre, pelo "Correio Bra1.ilicnsc", do Distrito Federal, e pelo "Wall Street Journal", de Nova York, em sua edição nacional. Neste úllimo, um breve resumo biogrlifioo do Prof. Plínio Corrh de Ol iveira mencionava sua anterior denúncia, feita cm escala mundial, do socialismo autogcstion/i.rio do PS francês, verdadei ra cabeça-de-ponte para o comunismo int ernacional .
Para esses parlamentares, qucvêmatuandonomesmoscntidodacampanha,taisa.ssinaturas,proccdentcsdosmaisdiversos pomos do pais, oonsli1ucm uma dara confirmação do que deseja pondcrAvel parcela do público norte-americano. Tambtm ao Presidente Uu sh a TFP fezchegarcópiadesseabaixoassinado,11.qualíoientrcguc na Casa Branca ao secretário John H. Sonunu , em outubro úl1imo. Paraacoleladasa.ssinaturas, duascaravanasdaen1idadepercorrcrammaisdc)Ocidades,entrcasquaisBoston,Washington, Miami, Mamphis, St. Louis, San Antonio, Santa Fe, Salt La.ke City,LosA11gclcscSanFrancisco. As campanhas foram realizadasnas viaspúblkas, 00mo hasteamcnto da bandein1 nacional e dos estandartes da TFP, proclamação de slogans, apresentação de fanfarra, bem como utili1.ação de faixas com apelosc afirm11.çõcsca1eg6ricas. Ao fazer o balanÇO dessa campanhà, a TFP norte-americana rcssaltou a vatiosa colaboração de seus correspondentes e si mpatizantes, os quais, dedicando scutempo li vre,partidparamativamentcdacoletadeassinaturas. Salientou tambtm a simpática acolhida por parte denumerososeclcsiásticosea utoridadcs municipais. Entre essas manifestações desimpatiacabcassinalaraque foi dispensada pela colõnia de refugiadoscubanOc\.Muitosintomlitioo foi o gesto do prefeilo deWcstMiami,oqualnãoa penasassinouapctição,comotambtmcolctouassinoturasnarua.
CATOLICISMO - J aneiro 1990 -
27
poderia conhct:er ao longo de toda a vida. Em conseqüência, ocorre qucmuitoscacmnum"strcss" oriundo da buscainCts$antcdc informações. Como bem assinala Wurman, a proliferação de dados e se rviços, atualmente cm voga, tem um efeito cont r:i.rio à sua própria fina lidade : constitui uma explosão de desinformação, gerando o caos.
O T•rrlt6rlo livre para toxlc6manos
O " Trabalhadores do mundo, perdoem-nos" "Trabalhadores do mundo , uni-vo!i", dizia Marx . Setenta e dois anos após a Revo lução bolchevista, trens obsoletos e avariadosdcstacam-sc:napaisagcm gelada da u:i;im chamada ''União Soviética'' . Na zona ru ral, mai§ de um quinto da safra de grãos apodrct:c onde caiu, ouaguardacaminhõcsquenunca chega rão. Nas cidades. as prateleiras du loju estão vaziu, nasuamaioria,ealcgcnd!ria paciência das massas qu e faum fila, durante horas, paracompr2.rcomida - convcr1c-sc:cm indignação. Duranteasrcccntescomernoraçõtsoficiais relativas ao anivcrsãrio da ascensão dos wmunistas ao Poder, de:.: mil manifestantes russos, a poucos passos da Praça Vcrmelha,desafiaram os chefes do Cremlin, por1ando cariazn contra o Governo. Destes, um particularmcnlc espirituoso e signiOcativo, parafra.seando Marx,proclamava: "Trabalhadores do mundo, perdoem-nos"
O Desperdlc los 05 agro-reíormistu - - sem nuncaexibirestatisticassérias - vivcmarcpctirovelhorcakjo de que nossa estrutura agrãria é obsolc1a, geradora de fo. me e de misé-ria. Dai .ser neceu!rio rctalh.ar o campo, dividindo 1udo em pequenas - no máximo, médias - propriedades. Tal foi, por exemplo, a plataforma de Lula e seus oorifcus da esquerda católica. Entretan10, nadaémais íalso.
2 -
CATOLICISMO -
O êxito da produção e abastecimentoagrope<:uári05do Brasil é reconhecido intcrnadonalmcntc. Países do assim chamado Terceiro Mundo procuram a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope<:uãria) para trocar idéias a respeito. S6 o setor agrope<:uário propor cionou, no último ano, um supcravil na balança comercial de1lbi lhões ded ólarcs. Há - isto sim - incúria, péssima administração e mau aproveitamen1ode nOMas cxtraordinirias riqucus. Sabe-se:. por exemplo, que trczcmasmiltoncladasdecacau do jogadas fora anualmente, na Bahia, pois,docacau, o Brasil só exporta a amêndoa. Ora, tspe<:iatislu descobriram nada mcn05quc 18aplicaçõtsdapolpa na ãrcaalime nt lcia.
O Ansiedade Informativa "Em vez de estarmos mais bem informados que nossos ancestrais, o bombardeio de dados C'Stá reduzindo a capacidade de assimilação do que foi lidoedeabsorçãodcconhecimcnto. além de estar red uzindo a capacidade de concentração e aumen1andoaconsc~nciasobre a ignorãncia humana" afirma o especialista cm organiução de dados Richard Saul Wur man,aodiscorrersobre "a ansiedade informativa", cm seu livro recentemente lançado n05 Es1ados Unid05. Observa o autor que uma única edição do "New York TimC'S" oferece, hoje, um conjuntodedadossupcrioraoquc um habitante do skulo XV II
Fcvcrt::iro 1990
NumapraçaccntraldcZuriquc, Suiça, o governo decidi u abrirumazonalivreparaostoxicõmanos, forncccndo--lhes scringas, agulhas, tampõcsesterilfaados,pomadasparacicatriu çãodasvciaseatfchágclado cfrutas. Olocal éfrcqiicntadodiariamcntc por uma mu ltidão de doisatrêsmilviciados. Destes, nada menos de so•:, portam o vlrus da A IDS! A política de concessões cm face ao mal só favorct:e a expansão<!cste. O único remédio eficaz consiste cm eliminar suascausas.Nocaso,aimorati dadcemgeralc,espccialmcntc, asdrogaseohomossexualismo.
D lncllnaçoo de cabeça O Minis1ério da Defesa do governo socialista es panhol estabeleceu norma suprimindo a inclinação de cabeça na saudação militar ao Rei. É próprio d e toda sociedade retamente hierarqu izadaqucosinfcrioresmanifcstem se u rcspci10 para com os superiores. O socialismo, entretanto, intrinsecamente igualitário, procura eliminar todo simbolismo, mesmo nas pequenas coisas, que exprima desigua ldade - como essa inclinação de cabeça - para assim maisfacilmen1eacabarcom qualquer forma de hierarquia.
O TV: rKuo t6tlco Oautordanovela''OSalvadordaPãtria",dcclarouà"FolhadcS. Paulo":
"Começamos a se ntir uma reação muito forte do grande público co m relação ãs cenas de política e ãs de .se1to, principalmcnlcdapequenaburgucsia. Então,oque nós fizemos? Nós recuamos na temãtica sexual e na temática politíca. Mas é um recuotáticomomentllneo,porquc no futuro, com habi!idad~ agcntcvaidmandoe5sas1cm:i.ticas". Confessa, pois, o intento de ludibriar grosseiramente o telespectador, ao mesmo tempo cm que manifesta uma determinação irredutlvel de continuar servindo ao público o asqueroso prato da imoralidade, como ocorre na$ demais novelas que se exibem. O público sedcixa rã cnganar?
O Monumentos aos nõo-nascldos Em Schwandorf, Alemanha, e cm Hohenzclt, Áustria, foram erigidos monumen1os em memória das incomávcis crianças abortadas,paraasquaisnãohànomcs, lágrimas,scpul1ura ecruz. O in iciador do memorial cm Schwandorf, Alois Zinnbauer, afirma que deseja chamaraatcnçãosobreodireitoà vida dos não nascidos, pois as próprias crianças não podem se defender. Em Schwandorf foi erigida uma Cruz de 1,80mdc altura, trucndonoccntroa inscrição "reparação". Abaixo foi ins.crita a frase: "Em memória do grande número de crianças n!lo amadas, não nascidas e assassinadas no ventre materno cm nosso pais desde 1976". Em Hohenzcll ,o pároco Jo. scf Baucr tomou a in icialiva de afixar uma placa com letras artlsti cas, tendoem vista que o número de abortos na Áustria jiultrapassaodcnascimentos. Em visita pastoral a Hohcnzctl, o Cardeal Arcebispo de Viena, D. Hans Herrmann Grocr, rC$saltou a urgentc ncccssidadc de reintroduzirodesejoeaalegria deter crianças.Ofatodemuitasvczcscriançu.sercm1omadas como um fardo, é oonseqüCncia da perda da F~, ressaltou o Cardeal. Tais monumentos merecem todo nosso ap lauso. Afinal , algosc fuem prol da moral nu maciviliuçloondctudorui.
@AfOLICISMO SUMÁRIO TFP
Aqueles que qualificam a TFP de radical, como ficam em faa:- de declarações radicais de Fidel Castro em favor de um comunismo rígido? ............................................ 4 ECOLOGIA
A ecologia da qual muito se fala. O que está por detrás dela ..... .. 7 TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO A Teologia da Libertação quer levar
os povos à pobreza. Estudo esclarece os objetivos desse movimento .. ............•..................... 10 HISTÓRIA O genocídio vendeano, recorda(3o
incômoda para os que advogam uma historiografia de consenso sobre a Revolução Francesa .. .... 15 INTERNACIONAL Cubanos no exílio pedem a Gorba-
chev, por ocasião de sua visita a JOiio Pilulo li, que cesse de ajudar
a ditaduracastrista ... .. .... ..... ... 20 RELIGIÃO
História Sagrada... ... 23 Nossa Senhora das Cracas e M1la~ na Irlanda ......... ... ..... 25
Nos últimos séculos,
ª sofreguidno por mais riquezas, mais comodidades, mais produção íoi dos fa1ores principais na desuuiçao da vida calma e dos costumes austeros, decorrentes da moral crista. O mundo, possuído cada vez mais pelo espírito revolucionário, acreditava viver na disparada rumo à civilização da abu ndância. Dentro desta marcha aloucada, repentinamente, sobretudo a partir da década de 60, começaram a surgir inusitados a1aques à civilização da abundância, Não vinham dos setores tradicionais, que defendiam valores autêmicos do passado, e que de há muito apontavam defeitos perigosos no edifício social, sacudido pela acelerada industrialização. Partiam do outro lado, do extremo das correntes revolucionárias. Era uma critica feita pela super-modernidade ao ape nas moderno. Para tais setores a abundância era um mito prejudicial. O ideal seria a vida simples, em comunas pequenas, com pouco consumo. Não neurotizava, não oprimia, favorecia a fraternidade. Havia ainda várias outras tolices de análogo estilo ... Os indígenas começaram a ser vistos, numa representação idealizada, como exemplos a seguir. O super-moderno inclinava-se diante do bárbaro. Seguidores desta expressão radical do espírito revolucionário são a Teologia da Libertação e o Ecologismo, cm suas mani· festações mais ardidas. Embora partindo de pressupostos diferentes, as duas correntes coníluem na promoção do pauperismo, como meta para toda a sociedade, Uma - a TL diz ver na sociedade pobre a recusa do egolsmo, a realização do "espírito evangélico". A segunda - o Ecologismo - simpatiza com essa corrente teológica, pois considera que ela torna viável um ainda pouco explicado equilíbrio ecológico, e uma obscura comunhão com a natureza, que teria na tribo indígena uma de suas expressões mais características. "Catolicismo" oferece sobre esses dois temas, no presente número, informações valiosas e critérios de análise atualizados. Seus leitores terão melhores condições para formar um juizo seguro a respeito do assunto, desvinculado das modas revolucionárias.
gres,
Falando de pauperismo, ,_., "'"m""' tendo,
"CATOLICISMO" f uma put,ticaçio me,uaJ dlEmpr$PadreBclchiordePOD1ei;L1d1. Dirfl•:PtuloCmh<l<llriloFilho
~.,.na~;T~":";::~.~~~ Toalhasllo - K•fl!I••·
..,_, l1aMm°" Frlll<Ílal. ~-Olll6-Slo P-.sr , auSae<l<S... . bro.202-ZIIOII -
'-'·" Gnfacb:Rua MortirnFrollCÍta>,66!- 0ll26 -Slo
pensar em Cuba, onde ele parece constituir a única forma de abundância ... A ilha-prisão - tão elogiada pelos D. Casaldãligas, Freis Boff, Betto e congêneres - tem sido o infeliz laboratório em que se gesta a sociedade tão bem-amada dos teó logos da liberlação. Mesmo agora, em que por toda parte dirige ntes marxistas reconhecem o desastre a que o socialismo levou suas respectivas pátrias, Fidel Castro continua a trombetear seu radical apego ao mais xiita dos comunismos. Ante tal radicalidade. que posição assumem os "moderados" do centro e do centro-esquerda, sempre sôfregos cm qualificar de radical a Tf'P'? Este é o tema de elucidativo artigo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, publicado nesta edição.
Paulo, SP -Ttl,(Oll) W.7707. F~t<litt<o,opan•di<arg....,.f.,,_;. <bPCl'''COl~""llandm-S/A(lfjíà<
Edo:0<1 - luM .......,'6 - S*'>Poulo,SP l•...-:Anpras- lod,;,crilO,ií.:acl!dOOII ltda.- R.. J.,Off,6a li6" - 0lllO-SioP1ulo,SP P11• •odaa;llde~<IIOmWio~!am> 1,t-,o ..... m>lllli:IO.A~t<lalivoa
........................... .....-.0ahda:
~=N~:=~.:!:t~sao:u~t~
0102-ISOl
Por outro lado,
que autenticidade temª polltica da "perestroika", levada a cabo por Gorbachev, se este continua a manter no Caribe o radical ditador barbudo'? Pergunta incômoda feita ao llder russo por um grupo de cubanos exilados quando da visita de Gorbachev a João Paulo li . O documento dos cubanos constitui ademais um apelo em favor de seu povo, tão sofrido e tão oprimido.
CATOLICISMO - l'cvcreiro 1990 - .1
00
M RAZÃO da be<,;d,d, de espaço, transc.revoapenas trecho de um discurso do ditador cubano, no-
que o separe da linha dura chinesa, responsãvel pelos recentes massacres na praça chamada, por cruel ironia dos fatos, da "Paz Celestial" em Pequim. Ora, no cent ro-esquerda ideológico do continente ibero-americano, as TFPs sempre foram atacadas, de modo incessante, por pessoas habitualmente indignadas com nossa infatigável posição anticomunista. Bem sentiam elas quanto se expunham a ser desmascaradas como comunistas se afirmassem de público o motivo real de sua ojeriza contra nós. E por isso encobriam com um tênue véu seu pensamento profundo. Atacavam-nos, pois, não propriamente por nossa posicão anticomunista, mas por nosso ''radicalismo''. ~ramos "radicais de direita", tão odiàveis e tão nocivos quanto os "radicais de esquerda".
ticiado pelo "O Estado de S. Paulo" (31-10-89), sob o titulo "F1del se diz o último comunista".
Nele, o Stalin cubano, objeto de tantos encômios de Frei Betto e Frei L. Boff, criticou asperamente Gorbachev e a obra deste, contra a qual se declarou disposto a continuar defendendo a ortodoxia comunista mesmo que "mais ninguém no mundo o faça". E acrescentou: "Jamais vamos renegar o honroso título de comunistas". Mais adiante acrescentou: "Viva a rigidez na defesa dos princípios revolucionários, nada de ílexibilidadc". Não contente com isso, afirmou ele ainda: "Agora estão dizendo que há dois tipos
de comunistas: os bons e os maus.
)
Quero dizer que nós estamos entre os maus - maus porque somos incorrigí-
Só que, a esses radicais de esquerda, nllo atacavam jamais. Quanto às TFPs ...
INTERPELANDO a esquerda e a extrema-esquerda Plinio Corrêa de Oliveira veis, ( ... ) jamais vamos regredir à préhistória". Citemos ainda estas últimas palavras: "Temos que permanecer( .. ) firmes e entrincheirados nas idéias do marxismo-leninismo, nas idéias do comunismo, do socialismo". 4 -
CATOLICISMO -
fcvcn:iro 1990
Em outros termos, o ditador que há trinta anos governa a ilha-prisão, posto agora ante a aliâs tão dúbia "abertura" de Gorba<''.1ev, se situa na mais extrema ponta do radicalismo comunista. E é difícil ver se hã algo
A esses radicais do anti-"radicalismo", faço agora uma perguma: se o malestáúnicaeexclusivamentenaradicalidadc, a coerência os obriga a desatar contra Castro os mesmos vendavais publicitários que soltaram contra
nós. Pois não há, nas declarações do ditador cubano, nenhum grau de radicalidade a menos do que a que nos atribuem a nós. Cobro-lhes, pois, uma atitude clara diante do atual posicionamento (perdoe-se-me a horrenda modernidade da palavra) do ditador. Já se foram as eleições presidenciais no Brasil. Assim, a propósito do recente estardalhaço de Fidcl Casrn, o qual toca tão de perto pessoas, correntes ideológicas e situações internas de nosso País, já é possível alargar os horizontes para além de nossas fronteiras.
E o que de mais imediato nosso olhar encontra, nesse primeiro "tour d'horizon", são os paí.ses irmãos do continente com os quais vizinhamos. A eles acrescento naturalmente o Chile e o Equador. Em todos esses países, borbulham correntes comunistas, em geral pouco numerosas, mas importantes pelo apoio que recebem (oh dor!) de altos escalões da Hierarquia eclesiástica, como do macrocapitalismo in genere e do macrocapitalismo publicitário in specie, como ainda de ponderável parte da "intelligentsia" e do "jet sei". Na Colômbia, os guerrilheiros comunistas e os do narcotráfico vêm dilacerando as entranhas do país. E, por sua vez, o ''Sendero Luminoso" vem submetendo o Peru, de há muitos anos, a uma cruel devastação. É óbvio que, em boa parte, todos esses movimentos se mantêm com dinheiro vindo de Cuba, a qual, por sua vez, o recebe da Rússia. É certo que Fidel Castro exerce grande influência sobre todos esses extremismos de esquerda. E não só sobre eles. Pois, quando da posse do Sr. Carlos Andrés Pérez na presidência da Venezuela, em fevereiro deste ano, foi ele literalmente cortejado por muitos dos chefes de Estado "moderantistas" que ali se encontravam para participar do ato. Como também ocorreu pouco antes, por ocasião da posse dos Presidentes Rodrigo Borja, no Equador, e Salinas dc Gotari, no México.
Assim, o recenteestardalhaçoantigorbachcviano de Fidel Castro tem evideme repercussão sobre todo o conti-
Nesses termos, é inevitável que a curiosidade pública, em toda a América do Sul, se volte para a extrema-esquerda e os moderantistas, indagando deles qual a atitude que tomam ante a ruptura de Fidel Castro com Gorbachev. Ê esta, de modo eminente, a curiosidade da TFP brasileira. E tenho todos os motivos para supor que o mesmo sintam as TFPs de nossos países vizinhos, ou de qualquer forma coirmãos.
MOLDURAS BARONEZA lnd . e Com. d<.: Mol<lur:is, Qu,drose Vidros ltct.l
Fabricação própri,1 Exposição olhos/tela Mole.luras ouro e prata Rua H><oncza de 1,u, 38. Fone . H2~-l.~I0 CEP0 l2}J . S,nta Cccíli• · S. Prnlo
Napchan '5 _ Presentes Finos Ltda . PORCELANAS CRISTAIS FINOS LINHA DE HOTELARIA-INOX Fone: 66-5403
Não falo aqui em nome delas, mas pessoalmente, como partícipe da grande "onda" TFP. Registro o seguinte: A referida notícia do "Estado" é de 31 p.p. Novembro vai escorrendo sem que, na extrema-esquerda como no cemro-esquerda, nada se tenha dito sobre esse novo e vistoso assomo da radicalidade castrista. E à vista do silêncio, é tempo de interpelar os componentes de uma e outra corrente. No que diz respeito ao comunismo declarado, os termos desta interpelação são simples: por que vos calais? O que vos embaraça? Até quando ficareis quietos? Mas a interpelação mais matizada e mais incisiva, dirijo-a aos complicados componentes do centro-esquerda. Ei-la. Senhores da terceira-força, da terceira posição etc. etc., "sapos inveterados" ou "inocentes úteis" incorrigíveis, fanáticos do anti-"fanatismo": dizei de viseira erguida o que pensais do estardalhaço de Fidel. Espero de algum expressivo líder vosso uma palavra sobre este convite. A tal convite, acrescemo outro: dizei com toda a f•anqueza o que pensais dos detentores do poder na China aluai, presumíveis patrões do felpudo ditador cubano. A palavra está convosco.
e+~
CLINICA DR. RUBENS V. DE BRITO, s.c
Ouvidos, Nariz, Garganta, FonoaudioJogia
~~;;a. ~.:=·8253838
p.e.~ttda. ÓRGÃOS LITÚRGICOS· ELETRÓNICOS 6modeloscom l ,2 c 31ecl1doscompletos Ped1leir1 compleu com 32 teclas Conser1osereforma1dequ1lqu erm1rn Gara11tla111talpor2 anos Pns ,doCento nfrlo , H8 - c,., v., d,CH01599 Ca l uP011>1 16.406 - Slo Pau lo f o ne, 864.\686
1
SORVETERIA
BONECO DE NEVE ATENO l~ ~i~: ~e ~(~~~~;ANI ES, CL IJ 6 ES, INOÚSIR IAS E SO RV~ l(R IA S
ATACADO E VAREJO
Tels.: 67 2030-825 7373 AuaJa gu anbe, 627 - SlloPa ulo · SP
Churrascaria e Pizzaria
BRAZEIRO A pizza dos conhecedores Av. Celso Garcia, 509 - Brás São Paulo
CATOLI CISMO -
f evereiro 1990 -
5
,r---------------------, Discernindo,
d isti nguindo, classific a nd o .. .
MISTl'c~ISMO ENDINHEIRADO ' ' O sr.nãovêdiferençaentre religião e ciência? - Não, tudo é a mesma coisa.'' Tal resposta surpreendente faz parte de uma entrevista de página inteira, concedida ao Diário de Pernambuco (24/7 /89), por um tal Trigueirinho, homem q ue disserta sobre "seus coniatos com seres extraterres1res, o fim próximo do planeta Terra, as múltiplas · dimensões da existência". Qual é a religião de que ele fala? Evidentemente não é a santa Religião católica, mas um
misticismo estranho, impregnado de magia e demonismo. Os dois maiores diários do Rio, "O Globo" e "Jornal do Brasil" (1°/9/89), trazem, cada um, praticamente meia página convidando o público para reuniões com Trigueirinho, nada menos do que no "Centro de Convenções do Hotel Horsa Nacional Rio'', no elegante bairro de São Conrado. Portanto, é dinheiro grosso que está por detrás dessa propaganda. Ora, considere o leitor que, até · há poucos anos, a mfdia toda estava impostada em endeusar a ciência - puramente técnica e racional como oposta a todas as superstições, e como única fonte segura da verdade. O grande fato, pois, a ser levado em conta, não é que um Trigueirinho ou Trigueirão quaisquer digam esta ou aquela extravagância, mas sim que na mfdia se tenha operado essa fantástica rotação: ela faz propaganda aberta, e com ares de seriedade, daquilo de que até hã pouco os próprios meios de comunicação social riam com sarcasmo.
E não se trata de um caso isolado, caro leitor. Os jornais diários, a TV estão repletos de uma propaganda clara ou velada dos mais esquisitos misticismos. E altos capitais parecem mover-se por detrás. Assim é que num dos mais luxuosos hotéis de São Paulo, o Maksoud Plaza, foi promovido um seminário dirigido pelo "sensitivo e psicólogo Luis Antonio Gasparetto" para en-
6 - CATOLICISMO -
Fevereiro 1990
sinar como ter sucesso e ganhar dinheiro! ("Jornal da Tarde"-SP, 4/8/89). O local e o tema bem mostram que se traia deumadifusão"sensitiva" na classe abastada. O conferencista é ligado ao movimento internacional "New Age" (Nova Era),cuja finalidade é preparar um novo mundo "místico". O mesmo diário anunciou o lançamento no Brasil do jornal "Notícias Cósmicas", que publica temas relativos "ao advento da Nova Era" . Um campo que se diria, por excelência, muito avesso à bruxaria, é a economia. Entretanto, "O Globo" (12/8/89), sob o títu lo "A economia também tem seus bru,cos", noticia que empresas usam astrólogos e numerotogistas para se orientarem. A informação é de pessoa categorizada no ramo: Paulo Lustosa, Presidente do CEBRAE (Centro Brasileiro de Apoio á Pequena e Média Empresa). Ele é de opinião que "a análise da conjuntura não pode mais ficar presa apenas às teorias dos economistas ... as empresas estão buscando assessorias alternativas". No interior da Igreja, por sua vez, o Pe. José Eduardo Augusti, em entrevista de página inteira concedida à "Folha de Londrina" (14/4/89), "mistura polít ica, religião, saúde e educação para difundir a medicina da natureia". Em Rondônia, acrescenta o mesmo jornal, a freira Ana Ma ria Valiatti aplica as técnicas naturalistas nas CEBs. Enquanto isso, na Uni· versidade de São Paulo, faz-se "uma pesquisa desenvolvida com o intuito de resgatar a tradição curandeira". Vem sendo levada a cabo pela Profa. Maria Jacyra de· Campos Nogueira, da Faculdade de Saúde Pública da USP, e financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tec·
nológico ("City News"-SP, 1617/89). Na página de turismo, a "Folha de S. Paulo" (1718/89) faz propaganda da "rota esotérico-energética do Peru". Ademais, "a primeira Faculdade de Astrologia do Brasil já tem ISO alunos", informa o "Jornal da Tarde" (22/7/89), e acrescenta q ue "os astrólogos, hoje, já podem contar com aposentadoria pelo INPS" . Em Joinville-SC, "A Noticia" (10/8/89) fala do "3º Encontro da Era do Aquário", o qua l propugna o "conhecimento mágico", o "Cristo interno", o "Eu superior, a essência divina que está em cada ser humano" . O "Estado de Minas" (16/9/89) noticia estranhas aparições do demônio que estariam ocorrendo em Belo Ho rizonte. Em Brasllia, um jo rnalista inventou "um computador manual que simula o Livro do Destino" e é "uma máquina de falar com Deus" ("José", 20// 10/89). Qual é o "deus" que aí fala??? Essas são apenas algumas amosIras de uma to rreme de fatos. Notese que a nova pro paganda difunde qualquer misticismo: desde o satanismo debandado até " fil osofias" e prá1icas ditas orientais. Só não cabe dentro desse saco de monstros a prática tradicional da Religião católica, que passa a ser qualificada de sectária. Tal é o mundo que nos está sendo preparado. Nossa Senhora nos preserve dele. C.A
Da uqucrda pam o dinita : ocantarGilbtrta Gil, arodflroông/11Sti"K, ,.,.,/.,,liocoio.pd •oaJa/j~Raoní dia .. tedap,aláciodoP/a,ia/to,
o.pós atuliJncio. com o pn1úknte Sanwy •,,.ja,,.iroúllimo Esl•conada,aosca.io.J,á uma ro.PIM rucva indír""· (1-'oto Rico.rdoStucbrt)
ECOLOGIA e
socialismo autogestionário:
cara e Coroa de Um a mesma • revo 1UÇao Os "verdn" : umaulranha "frt,nle Ampla " Na Europa, os partidos ditos ''verdes" (ecológicos) recolhem crescente v(){ação. Nelcsenoontra-seumaamâlga-
As
CONSEQÜENCIAS de uma industrializaçJJo irrefletida a qual prometia, de início, um paraíso sobre a Terra geraram numerosas ameaças á saúde flsica e psfquica humanas e 11s condições gerais da vida sobre nosso planeta. E tal processo de industrializaçllo representou um fator importallte para o agravamemo dos problemas da urbanizaçJo imensa de nossos dias. Isto é uma realidade inegável. Ultimamente, porém, desencadeou-se toda uma literatura a respeito do assunto, e a grande imprensa tem-se feito sôfrega porra-voz dos que clamam contra tais males, freqiientcmcntc apontados como catastróficos. Face a essas assustadoras perspectivas - nllo raramente exageradas ou unilateralmente apresentadas - levantou-se uma reaçllo em nome da ecologia. Desde enrJJo a palavra ecologia encontra-se um pouco por toda a parte. l usada pelo homem comum para designar o que favorece a jardinagem ou a boa arborizaçllo das ruas, aparece em planos de protcçAo à .n~tureza el~borados por escritórios de tecnocratas, surge nas propagandas comerc,a,s ou pollt1cas, cm campanhas pela reforma agrária socialista e confiscatória ou em boca de anarco-1ribalis1as. Ecologia e uibalismo, convém frisar, mio resolvem os problemas resultantes dessa industriaUzaçiJo inconsiderada e das megalópolis hodiernas, mas os multiplicam e agravam.
maheteróclita, eaté contraditória,depcssoasquesesentem sufocadas pela industrialização omnipresente. juntas com um lequeestranho derockeiros, pacifis1as, viciados em drogas,cxtremistasdeesquerda, anarquis1asctribalistas.
As inicialivas que surgem de 1ais amâlgamas confusas recebem acolhida e encorajamcnto 1anto de parte das mais respeitáveis instituições do Ocidente, quanto das mais suspeitas. Apoios à ecologia t!m vindo desde Washington até
Moscou, das Cones européias atéocambodgedos"khmers" vermelhos, da conservadora "premier" inglesa Margaret TatcheratéKhadaffi,oextravagante promotor líbio do terrorismo. lnici2tivas louvâveis ou absurdas, medidas sérias
CATOLICISMO -
Fevereiro 1990 -
7
cara e coroa de uma mesma revolução ou demagógicas, atividades incontáveis extremistas de escientificas ou ativismo políti- querda, pacifistas, anarquis· co inspirado por uma estranha tas, drogados, rockeiros e triíilosofia, produções audiovi- balistas, engajados na derrocasuais importantes ou açõcsvi- da da civilização urbano-insandoomeroespalhafatojor- dustrial. nallsticotêm-sefcitosoboróPostoq ueconsiderasomcntulo da ecologia. te os rclacionamcn1os, a ecoloDe fato, a aura utópica gia trata o homem como mais que rodeia o ecologismo tem um elo, semelhante a outros, permitido indefinições e confu- da imensa trama de relações sões, onde se misturam algu- queligatudoquantoexistesomasidéiasinteressantesousim- brc a face da 'lcrra, isto é, o plcsmcntc comuns com sedu- que os ecologistas chamam ções líricas e abismos insondá- ••cadeia ecológica''. Mas afirveis do tipo daqueles em que mar que o homem é tão só setêm precipitado,invariavel.. um elo nessa cadeia, como 1ammente,asutopiasnahistória. bém o é um boi, uma erva, a terra.ou, segundo a ecologia, Uma ideologia o esterco, constitui um exagero igualitário aberrante. Pois por tr'5 do ecoloaismo o homem possui uma alma CS· piritual imorial, que o põe aciA ecologia tem uma hisló- ma de todos os demais seres ria e uma filosofia dcsconheci- corpóreos. Ocupa um papel das pela imensa maioria das monárquiconaordcmdaCriapessoas, que vêem nela ape- ção corpóres "porque o honas os lados atrativos. mem foi feito à imagem de Foi lançada em 1869 pelo Deus" (Gen, 9,6), tendo Nosprofessor alemão Hernst Hac- so Senhor lhe dado a ordem: kel, e tomou suas caraterísti- .. Enchei a Terra e dominai-a" cas atuais no fim dos anos (Gcn. l,28). 60, influenciada a fundo pela Deus, entllo, deu ao hoRevolução da Sorbonne e pe- mem poder sobre todas as delas comunashippies cdcdro- mais criaturas da Terra, para gadosdaCalifórnia. dispordclassegundoscubencEla pretende estudar todas plâcito, em concordância com as formas de relação entre o alcidivinaenatural. Assim, homem e seu meio-ambiente, ele pode apropriar-se e usar e os elementos circundantes dascoisas,sejamanimais,veentre si . làrefa vastlssima, getais ou minerais para seu pois acaba incluindo as rela- bemedasuafamllia. ções dos homens entre si, enFoi assim que o homem globando , em últi111a análise, passou a criar animais, cultimuitas ou1ras cilncias como var os camp(ls, fundar cidaa sociologia, a polhica, a eco- des, abrir estradas, em suma, nomia etc. É, pois, uma visua- transformar a Terra e erigir lização - com uma doutrina civilizações. Para ista, o hopor dctrãs- que abarca to- mem teve de combater e até das as coisas e o homem con- exterminar fera~ e insctosdadiderado na sua totalidade. ninhos,abater matasparaobInclusive na sua conduta. Dai ter madciraseplantarccrcais, se falar em comportamento árvorcsfrutífcrascqua111onc· ecológico, em moral ecológi- cessitassepara suasubsistência. ca, e alguns dos seus mais gelsto,cntrctanto,émal visnuinosadep1osaco11siderarem to pela ecologia. A afirmaçao como uma religião. Religião da supremacia do homem na da natureza, que abstrai do Criação é tida como um alO Deus Criador de todas as coi- de "egoismo", de soberba sas e se transforma numa reli- por parte de uma espécie que, gião panteísta com uma for- no fundo, seria igual às ouça revolucionáriadea lta peri- tras.Eesse''egoismo",segunculosidade. Esta medula pante- do a doutrina ecológica, faz ista e subversiva tem atraído do homem "o maior preda8 -
CATOLICISMO -
Fevereiro 1990
dor da Terra". Em poucas palavras, o maior perigo do planeta. E o mandado de Deus Nosso Senhor - "enchei a Terraedominai-a''(Gen.1,28) - é considerado a causa de todos os males presentes . Assim o explica, por exemplo, o ecologista espanhol Mario Gaviria, professor cm Universidadeseuropéiasenorte-americanas:''Aúnicaexplicação(dosresuhadosdocapi1alisn10) é em parte devida a uma concepção do homem no planeta ou no cosmos, procedente da concepção judeucristã: o homem é considerado como o rei da criação, isto é, algo exterior ao cosmos, algo superior ao resto dasespécies. EntãojádesdeoAnti· go Thstamento o homem põe a seu serviço, submcteosanimais;( ... )éprecisoreconsidcraro homem ... "(J). Apartirdeumaperspectivaanti-cristãsemclhante,nas "Primeiras Jornadas Socialistas de Ecologia e Meio Ambiente" do Partido Socialista Ope-
rário Espanhol - PSOE, a Bíblia foi acusada de ser "o baluarte dogmático-ideológico em que se apoiou o homem como 'dono e senhor' da Natureza" (2). Esse pressuposto anti-Deus eanti-monoteísta,aaprescntaçãodeumpaganismo''inoccnte" e a atribuiçao da fonte dos males da crise ecológica atual ao cristianismo aparece na mldia refletido à ligeira. A revista "Time", (2-l-89), cm sua edição dedicada ao "Planeta do ano" escreveu: ''Em muitas sociedades pagãs, a Terra era vista como uma mll.c, uma fértil doadora de vida.Anatureza-tcrra,ílorcsta, mar-reccbiaotrata· mento de divindade e os mortais estavam subordinados a ela.Atradiçãojudeu-cristãintroduziu um conceito redicalmentc diferente. A terra era a criação de um Deus monotelsta (... ) que ordenou a seus habitantes, nas palavras do Gênesis:"encheiaTerraedominai-a''.
tonspurca. ndo a. ciuilú:aç&J, num cona:rlo rnck, no Pa.n d~ Sunux (arudons d, l'nris). Prefigura dascomunidadu.ao,t<>~slionárias•fno,di,,n,u, u.p,alhtulas p,e/1>1 Mffl/JW, thujadtu p,ela «olop ~ p,elo wdafis,.,o.
cara e coroa de uma mesma revoluçõo Resul1ados lôglcos dessa ltl'Olta Para Mario Gaviria, é uma razão para elogiar a "revolução cultural chinesa" co procedimento dos "khmcrs" vermelhos cambodgeanos, que resultouemespantosogenocidio. o abandono, por eles promovido, da vida civilizada em cidades. "làlvez haveria - afirma o ecologista - uma viadaagricuhurabastanteecológica nas experiências chinesas (da época de Mao). Os chineses por princípio - e agora(1975)têm-scvistotambém no Carnbodge, Vietnã e Laos - recusam as grandes cidades( ... ); as primeiras medidas que os exércitos revolucionãrios têm adotado, ao tomar o poder nesses países do Extremo Oriente, consistiram em tirar o povo das cidades e voltar a envié-lo ao campo" (op. cit., p. 268). As espantosas chacinas levadas a cabo no Cambodge têmumagravidadeapcnasrclativaà luz da doutrina ecologista. Pois está na coerência da ecologia que, não se reconhecendo razões de superioridade aos homens, sejam eles tratados como meros animais, cujadesapariçãoéum momcntO como qualquer outro da evolução geral da terra. Gaviria também elogia a reformaagráriacubanaea''reciclagem total não somente deexcremcn1osanimais, mas também de excrementos humanos" como é praticada na China.Thlreciclagem,eamis-
turadesseselcmen10s nauseabundos, é feita pela população, compulsoriamente, obrigando especialmente os intelectuais, universitários e quaisquer outros que tenham alguma funçllo com um mínimo de relevân cia. Até esse ponto chega o extremismo da doutrina igualitária marxista. Ea partirdaicomeçaacaminhada do ecologismo. Pois este não pretende ser o contrário do socialismo, mas antes a etapa que o complementará no procçsso de derrubada da civilização rumo à utopia de comunas auto-governadas de tipo tribal. Vejamos. Autogestio e ecologia de mio dadas AlíonsoGuerra,vice-presidenle do governo socialista espanhol, empenhado numa "espantosa''''revoluçãocul1ura1"(3)confirmaessaconcordânciacntreccologistasesocialis1as:"Ecologismoesocia!ismo ( ... ) são as duas faces da mesma moeda, o verso e oreverso("cl hazyelenvés") de u111a folha, são absolutamenteinsepar:\veis:nãoépossível pensar no desenvolvimento da vida com uma concepção ecologista que não seja nosocialismo e não é possivel realizar o socialismo se não se tem uma concepção de vida que cumule as aspirações ecologistas da umanidade" (op.cit.p.20). Gaviria ratifica ainda a harmonia entre ecologia e socialismo: "As lutas ecológicas
são uma variante da luta de classes" (op. cit., p.9). Desta vez, não éa lu1 adeumaclassc social inferior contra urna mais elevada, tal como na Revolução bolchevique os proletários atacaram os burgueses. Mas, uma revolução do animal, do inferior, do mais feio e decomposto contra o próprio homem. De fato, socialismo e ecologia convergem na utopia autogestionária, tam~m meta última do regime soviético. No citado documento do PSOE pode-se ler: "A ecologia ( ... ) rcforçaosprincipiosdaplanificação global e da autogestão" (op. ci1., p. 372). "Só uma apresentação autogestionária e ecologista do socialismo pode evitar ... a barbãrie (tecno-capitalista) mecanizada" (op. cit., p. 398). E, no mesmo volume socialista espanhol sobre ecologia são elogiadas ·•experiências como a de Copenhague, onde crianças passam uma longa temporada cm choupanas e utiliundo exclusivamente ferramentas e utensílios prehistóricos fabricados por elas mesmas ... "(op.cit.,p.223). Eis o mundo para o qual o socialismoautogcstionárioprcpara as crianças: uni ecologismo que já toca no pauperismo prt-histórico! Não fosse estar documentado pelo próprio PSOE supor que se deseja isto para o mundo poderia ser considerado sintoma de loucura. O representante ecologista espanhol que vimos citando propõe instalar comu nas
O sonho u16pico aaarco-uologútn
- socialistaseautogcs1ionadas - nos fabulosos castelos franceses perto de Paris. Para isso imagina transferir jovens da Cidade-Luz e com eles "repovoar essa magnifica terra fértil, tat110 com homcnsquantocomvacas;grandcscalegres,omunasagro-industriais ( ... ) os ecologistas deveriam exigir uma reforma agrãria na bacia de Paris( ... ) espraiar uma sociedade neorural ( ... ) ocupar os grandes palãcios e castelos com conrnnas rabelaisianas ( ... ) t'! nestas terras que deveriam assentarse os ecologistas parrtidàrios daço111ra-euhura ... "(op.cit. ,p.114). Igualitarismo e sensualidade Nessas comunas, além de igualar-se à terra ou ao ester· co, os homens se entregariam à sensualidade. Gaviria repete-o: "Abandonarahiper-in· dustrialização é adotar uma éticadoprazer,dasensualidade ( ... ). Uma gra nde tolerância moral, uma criação de acontecimentos hidicos e espontâneos (... ) prioridade a umapopul:içãoneo-ruralereforma agrãria ( ... ) no máximo prazer e no minimo trabalho" (op. cit., pp. 114-118). Porém, tal sensualidade não deve ser entendida como o desenfreio da luxüria no es-, tilo dos mais degradados clubes noturnos de Paris, ou de Las Vegas. Paraaecologiaestaúltimaformadesensualidadepertenceàcategoriasuperada do "hedonismo e superconsumismo''. Sensualidade, ecologicament e falando, é a espomaneidade "lüdica" de um por,o no , hiqueiro: uma atividade animal qualificada de "normalidade sexual" em perfeita conson!lncia com as teorias freudianas mais radicais. SANTIAGO FERNANDEZ
dos "Ume,<Jt,mtihos"
-tlogiadop,fouologis1a
AIGaci,ia p,ovo<uues,.,.n101opnr,i:ídio
Nafolo, rtsl11smo,1aú d,Mtimasdwcomunis/01, numadasjo,,a.scomu,u pnú,mod,l'homP,,,J,
(l)MARl0(lAVIRIA.""l!«>losi""°1°'da""·
o1n..,...,... ,.,...,..,"...... ,.,•. ,i1""'. OOftdt!otr<ilO<N> . .
l'.Joo,,,ha"".&!1!0<..iC...
:~~E:~~:~~
OI a,."'COl'*-"'.oº"Jl.""""'''IU.
CATOLIC ISMO -
Fcvcrdro 1990 - 9
Teologia da Libertação:
liberdade ou pobreza? A TwlogiadaLibertaçãoiafaoo, dap,,b,-.:u,p,,ruma
UJTO SE TEM escrirn so- querem impô-lo. Pelo contrário, eles fal,a amcepção .-.!igi"o,a bre a Teologia da Liberta- têm bem ciência de que isso não aconção, mas pouco, ou talvez tece e que socialismo é sinônimo de São l'ranâsco d, Anú nada,setemdirnsobreseu pobreza, quando não de miséria. E é - afr..co d, Ta,ldw Gaddi. aspecto pauperisto (miserabilista), pro- justamente essa pobreza um dos fato p,,b.-.:a wl,mttiria i um cono-it,f, ito pugnadora da pobreza como estado res admirados no socialismo por esses tiq1Ul, s<ju<l>wcammaiorp,rfáf/;o. teólogos . Mais adiante serão citados Ntioip,,rimobrigatóriap,,ra normal da sociedade. tvdru , n.m ...,,.,,,.,iriatisalv<Jçii<>. Não há dúvida de que a preocupa- tc)(tos muito significativos de tal admiPor ""ga• eua ~rdlllU, as hertsia, ..,.,di,Vàis ção excessiva com os bens terrenos é raç.'1.o. e a Teologia da Li~rt(Jftio se opõem é certo que a pobreza pode faciliprejudicial à perfeição crisfã e é mais àpr<>priedad<fJriVàdaeàs n"quezas própria do espírito pagão. Nosso Se- tar o desapego dos bens terrenos, ajunhor nos advertiu: "Ndo vos aflijais, dando assim á santificação. E o desapepois, dizendo: Que comeremos ou que go desses bens - a pobreza cm espíribeberemos, ou com que nos vestiremos? to de que fala São Mateus (2) - , é nePorque os gentios (paglios) é que procu- cessário para a salvação eterna. ram todas estas coisas. Vosso Pai sabe que tendes necessidade de Iodas Distinção entre elas. Buscai pois o reino de Deus e sua Mandamento e conselho justiça, e rodas estas coisas vos serlJ.o Entretanto cumpre dis1inguir entre dadas em ascréscimo" (1). A chamada Sociedade de Consu - o espirito de pobreza que se impõe a mo em que a busca e o gozo dos bens todos, e a prática do conselho evangé/imateriaisedasriquezasforamlevados coda pobrezaefetivae voluntária, accia uma espécie de dellrio, é sumamen- ta por amor ao Reino dos Céus. A prática da pobreza efetiva não é te criticável. Afastando as almas da procura do ''reino de Deus e sua justi- um preceito, um mandamemo, que ça '', ela cria um ateísmo e um materia- obrigue sobe pena de pecado. Pelo contrário, é uma livre escolha daqueles lismo práticos. A Teologia da Libertação não criti- que aspiram à perfeição evangélica, coca entretanto a Sociedade de Consu- mo por exemplo os Religiosos, que promo apenas nos seus aspectos pagãos, fessam os votos de castidade, pobreza de alheiamento das coisas celestes, por e obediência. Explica o Pc. Adolphe Tanquerey: fazer da abundância material o objetivo principal da vida. Ela vai além e "Os preceitos nos obrigam, sob pena critica a própria abundância de bens, de pecado, a fazer uma coisa ou a nos abstermos dela. Os conselhos evangélia afluência das riquezas. Mais ainda, a TL quer obrigar os cos nos convidam a fazer por Deus indivíduos e a própria sociedade a vive- mais do que é obrigatório sob pena de imperfeição voluntária e resislência rem na pobreza. Não é por terem a ilusão de que o à graça. Nosso Senhor fez alustlo a issocialismo produz a riqueza e a abun- so quando declarou ao moço rico: 'se dância que os teólogos da libertação queres entrar na vida eterna, guarda
M
10 -
CATOLICISMO -
Fcvncim !990
os mandamentos .... Se queres ser perfeito, vai, \Jende o que tens, dá-o aos pobres e terás um /esouro no céu' (Mat. 19, 17-21). Dessa forma, obedecer às leis da justiça e da caridade em matéria de propriedade é suficiente para enlror no céu; mas se se deseja ser perfeito, é preciso vender seus bens, dar o preço aos pobres e praticar a pobreza voluntária. Silo Paulo nos Jaz 1ambém \Jer que a virgindade é um conselho e nilo um preceiro, que casar é bom, mas que manter-se virgem é melhor ainda(/ Cor. 7, 25-40)" (3). Ora, a Teologia da Libertação, pela exaltação idolátrica que faz do pobre, apresentando-o como o verdadeiro Redentor do gênero humano e fundamento da Igreja, acaba por destruir essa distinção entre preceito e conselho evangélico no referente à prática da pobreza (4). Para ela, só o pobre material, o pobre sociológico terá parte no Reino dos Céus. Portanto a prática dapobrez.a evangélica deixa de ser um convite para aperfeiçaodevida, para se transformar numa necessidade para a salvação eterna. Uma das conseqüências de tal doutrina é a oposição da TL à propriedade privada e ao regime sócio-econômico nela baseado (5). Outra conseqüência, já mencionada e que será tratada mais à frente, é a luta dos 1eólogos da libertação para instaurar uma sociedade pobre, miserabilista.
ospatarinos, apostólicos,fraticeffi, humilhados, begardos, hussiras, taboritos etc., movimento que se uniu e se prolongou com a pseudo-Reforma protestante, por exemplo nas hordas anabotistas de Thomas Münzer. De um modo geral, e deixando de lado particularidades próprias, esses hcrcgespregavamapobrezaefetivacomo necessária à salvação, combatiam a propriedade privada, o esplendor e a riqueza, quer da Igreja quer da sociedade temporal. Diziam existir duas Igrejas: uma, pobre e despojada - a verdadeira Igreja, da qual faziam parte - e outra, rica e carnal, da qual era chefe o Papa e à qual pertenciam os Bispos. Afirmavam também que um leigo, desde que fosse pobre, podia consagrar e perdoar os pecados, ao passo que negavam esse mesmo poder aos sacerdotes indignos (7). Menéndez Pelayo assim se expressa a respeito dos valdenses: ''É considerado como pai e dogmatizador da seiro Pedro Valdo, comerciante de Lyon, que por volto de 1160 começou a pregar a pobreza, convertendo em preceito o conselho evangélico, reunindo muitos discfpulos que se assinalavam por suas exrravagantes austeridades, começando por despojar-se de seus bens .... O Papa Lúcio 111 se viu obrigado a condenli-los em f 181 .... Segundo eles, um sacerdote indigno nao podia consagrar nem perdoar os pecados, enquanto qualquer leigo podia /ozé-lo, Semelhança com as desde que se submetesse às austeridaheresias pauperlstas des do seita .... Negavam os valdenses medievais todo vínculo de propriedade. O comunismo e o laicismo eram as bases do Essa confusão entre mandamento seita" (8). e conselho, fazendo da pobreza efetiA Igreja tomou uma série de mediva uma condição para a salvação e a das comra esses hereges miserabilistas. conseqüente adoção do coletivismo so- Além das condenações doutrinàrias e cialista tem sido muito comum nas he- das penas canônicas, foram realizadas resias cristãs. O dissidente russo lgor cruzadas contra vàrios desses movimenChafarévitch, estudando o socialismo tos heréticos, como contra os cátaros das heresias menciona desde os /ico/aíou albigenses e os apostólicos. Na lutas do século I e os carpocroros do sé- ta contra os fraticefli destacaram-se culo 11, que defendiam o coletivismo dois inquisidores canonizados pela Igrede bens e a comunhão de mulheres, ja, São João de Capistrano e São Giaaté os onabatislos do século XVI, que como delle Marche. defendiam os mesmos erros, passando Os teólogos da libertação não esconpelasheresiaspauperiscasmedievais.(6). dem a relação que existe entre a TL e lnteressareferiraquimaisespecial- os pauperiscas medievais. Em livro desmente os miserabilistas medievais. Sob tinado a ensinar como se faz "Teologia a influência dos cá/aros ou albigenses, da Libertação, Frei Leonardo Boff e que adotavam o principio maniqueu seu irmão, Frei Clodovis, escrevem: de que a matéria é má em si mesma e "Inspiradores são também para o Teofonte de todo o mal, proliferaram as logia da Libertaçaoasexperiéncias evanchamadas heresias pauperis1as, como gélicos singulares de tantos projelos a dos \Jaldenses ou pobres de Lyon, hererizados .... sem esquecer o contri-
Frt:i U,mardo Boff con.sidm• ash,resiasp,,uperútasmedievai, como· 1·a,' "'' ,. da TrologiadoLibt:rt~o.
Frt:i C/odovlllioff: "O,onhoda lgrt:jodospobrt:1 não pode ser o dt """' socúdadt
rica ,op,,l,nla".
I'
CATOLICISMO - Fevereiro !990 -
li
buiçllo preciosa dos movimentos pauperistas medie1•ais de reforma, bem como as postulaçl'Jes evangélicas dos grandes reformadores" (9). O mesmo Frei L. Boff, em livro
Diz o referido teólogo: "A impress/Jo geral que me deixou Cuba é a de uma imensa comunidade de religiosos'' (13). "Religiosos" à força, convém
"OsséculosXlleXIII ... secaracieriz.aram pelos grandes movimentos religiosos assenlados na vida evangélica e aposlólica, na imitaçlJo do Cristo crucificado e pobre e 11a vivência radical de pobreza. Sbo os patarinos, pobres de 4'on, valdenses, albigense.r, humilhados e ou/ros, todos eles se colocando do lado dos pobres, especialmente das cidades, e compondo o movimen10 1ufvez mais radical de Ioda o históriu espiriluol do cristianismo" (10).
sobriedade ou austeridade. Nada falta, mas também nada sobra. Gostei dessa vida redu<.ida ao essencial. Poro mim a uusteridade nbo é um expediente econômico para sair das crises, mas 11111 ideal de vida social" ( l i). Elogiar a vida ''reduzida ao essencial", como fenômeno social, é elogiar a miséria institucionalizada. Porque mesmo o pobre e o remediado, por menos que tenham, sempre possuem algo de supérfluo que lhes permi te dar algum encanto â vida e, não raro, progredir econômica e socialmente. Mas Frei C. Boff é categórico: "nada há de supérfluo ou luxuoso" (12). Portanto, não hà possibilidade de progresso. O mais grave é que tal admiração pela miséria socialis1a, frmo da me1aflsica igualifária adotada pela TL, 1em ainda como jus1ificativa uma falsa concepção religiosa. Como os hereges medievais, os teó logos da libertação querem impor a prática do conselho evangélico da pobreza, como se a sociedade civil devesse se transformar num imenso conven10. 12 -
CATOLICISMO -
1
prop/Jem uma sociedat/e de consumo, mas uma sociedade orielllada para resolver as necessidades básicas crescentes da popu/açllo. Esta é uma posiçlJo cubana que encontra divergências no campo socialista. Pensamos que o socialismo não deve se orientar para dar o mesmo que o capitalismo dá; mais casas, mais automóveis, mais trajes, mais video-casseus" ( 14).
Modelos para • TL: Cuba, Rússia, China A admiração dos teó logos da libertação pelo miscrabilismo dos hereges medievais não é simplesmente pla1õnica. Leva-os â aceitação do socialismo e à admiração da pobreza produzida por ele. Frei Clodovis Ooff, por exemplo, narrando sua visita a Cuba cm 1985, ao falar sobre a vida na infeliz ilha nll.o esconde a simpati a pela pobreza ali reinante: "O que h6 é uma gra11de
1
acrescentar ... Sem se referir à vida religiosa, um teórico do socialismo cubano, Juan Valdcz, deixa claro que a meta do socialismo cubano é a pobreza. Falando cm reunião promovida pelo Partido dos Trabalhadores-PT, de 20 a 24 de novembro de 1987 em Cajamar-SP, declarou: "Os socialis1as nlJo
no qual deforma, segundo os principios da TL, a luminosa figura de São Francisco de Assis, faz vibrante elogio dos citados movimentos pauperistas:
Voltando de uma viagem à Rússia, onde esteve em 1987 juntamente com seu irmão Frei Leonardo, Frei Betto e outros, Frei Clodovis Boff torna a comparar a pobreza imposta pelo comunismo à pobreza voluntária das Ordens Religiosas. Positivamente seu sonho parece ser o de transformar o mundo num imenso "convento" socialista ... Diz ele: "Era impossivel nlJo ,·omparar
u sociedade soviélica a um grande con1·ento, 011de n4o falia a ninguém o necessário e onde todos vivem uma vida sóbria, pondo em comum os serviços" (15). A vida cm tal "convento" é "sem luxo" pondera ele, e tem um "ospecto n4o digo austero, mas cenamente sóbrio, moderado". E conclui: "Voeis nllo encontrar4o /6 o nível de vida das 'sociedades afluentes '" ( 16). Outro teólogo da libertação que também se encanta com a pobreza socialista, desta vez na China, é Frei Betto. Após viajar por essa imensa prisão, em companhia dos irmão Boff e outros teólogos da libertação, conta o religioso: "Nl1o h6 miséria, mas a maioria vive modesta e apenadamente". Para justificar essa "vida apenada" o singular frade dominicano diz que o socialismo ''n4o deve ser emendido como sinônimo de riqueza'' (17).
Elogio da " austeridade" e da " civilização da pobreza " Devido à unidade da personalidade humana, existe uma reversibi lidade entre a posição que se toma no campo religioso e no campo social. Dessa
Fevereiro 1990
1
Ol•apa Pio :r:I,~uallou q""o,ocialismot ~onlro a doufn"no cafó/."ca, p,,rqt4 "ronub,;as«~•ladcd•rnan•Ímof>/)lln dduilizafãocriltâ ".
LdWXlll - l'i"l"rad• F. A. Lázló (1900), Ro.,,a· A lgr•Ja promüut: tamlH'm a lrgítirnll prosperidadr matu'MI
forma se compr«nde que a pobreza que os teólogos da li bertação defendem para a Igreja [Pe. Richard diz que "o Igreja é dos pobres ou nllo é Igreja" ( 18)), deva ser tam bêm a mela desejada para a sociedade temporal Tui constatação fica inteiramente clara no livro Opç(lo pelos Pobres, obra como que "oficio/ " da leologia da Libertação, publicada na coleção Teologia e libertoç(lo, (editada internacionalmente), que pretende ser tima ''Suma Teologica"da TL. No referido livro, o pastor batista Jorge Pixley (americano que vive na Nicarâgua) e Frei Clodovis Boff, afirmam: "O ideal do pobrew emngi lica deve inspirar 1ambém o projeto sócioecon6mico de uma nova sociedade. O sonho da Igreja dos pobres não pode ser o de uma sociedade rica e opulenta". E mais à frente: "A pobreza cris111 - como se vi - n(Jo é apenas ideal para a pessoa, a comunidade e a Igreja, mos é ideal também para o homem e para uma sociedade que se queira à medida do homem e de seu mistério" (19) Outro teólogo da libertação que deixa inteiramente clara essa ligação entre a ''Igreja dos Pobres"e a ''civifiwç(lo pobre", é o malogrado jesuíta espanhol brutalmente assassinado em EI Salvador, onde vivia, Pe. Ignacio Ellacuria. Em uma reunião teológica em Madrid, em 1988, dizia ele: "No ordem econômica, o mopio crist4, que surge do profetismo, propôe uma civi1/zoção da pobreza, que substitua a civllizoção da riqueza. Se o mundo como totalidade - prosseguia - se configurou a partir de uma civilizaç(lo da riqueza, que 1rouxe um conjunto de males t4o graves, deve-se propiciar n4o a sua correç4o, mas sua suplanlaç(lo por uma civilizaçdo da pobrew'' (20). Segundo o Pe. Ellacuria, enquanto a civilização da riqueza é baseada na propriedade privada, a "'civilizaç(lo da pobreza " decorreria de uma "propriedade comunitária " (melhor dizendo, coletivista). " Crisl(lmeme - dizia ainda o desditoso jesufra - o ideal utópico n4o deve ser a propriedade privada, masapropriedadecomparti/hada". A "civilização da pobreza", esclarecia ainda "recusa a ocumulaç4o do capital e o desfrute da riqueza como mo1or da história" (21) Diante de afirmações tão ca1egóricas, o sacerdote jesuíta julgou prudente fazer alguma ressalva: "A civilizaç4o da pobreza se denomina assim por conlroposiçllo à civiliz.açllo da riqueza
e ndo porque pretenda a µa11periz.aç(lo de todos como ideal de vida" (22) Não se vê como seja possível contrapor pobreza à riqueza, sem se cair no pauperismo. Como Frei C. Boff, ele fataem atendimento de necessidades básicas. Ora, a vida restringida ao atendimento das necessidades básicas é a ''vida reduzida ao essencio/''elogiada por cs1e religioso a propósi10 de Cuba. Em última análise, uma vida de pobreza muito vizinha à miséria Uma "Igreja dos pobres" que leva ao comunismo No que se apoiarã essa "civilizaç4o da pobreza'"! Precisamente na "igreja dos pobres". Concluía o Pe. Ellacuria; "Uma Igreja dos pobres é precisamenle o 'novo céu' que se necessita para superar uma civilizaç4o da riqueza e construir uma civilizaçbo da pobreza. Aqui é onde se d6 uma grande confluência entre a mensagem crista e o siluaçtlo histórica atual." E faz uma crítica à verdadeira Igreja: "Pelo contrário, ntlo é compreensivel como o Igreja se fez tantas vezes o 'céu ' de uma civiliwçllo da riqueza" (23). Mas é, corno sempre, Frei Leonardo Boff quem fala mais claro, deixando ver as últ imas conseqüências das Ofrv.todaciuili-àocri•là, premissas adotadas pela T L: uma Igre- en.ii"" São Pio X, ln prwptridade e o Mm uUJr. ja dos pobres afim com o socialismo e vivendo numa sociedade dominada pelo que ele denomina "socialismo do lo11g• d, ,ife11dero pobn, pobreza" 111bel,uignj<u1ãotn "Uma sociedade democrática e sop,,lócio1dtnpobn1ondeeludrgwlllm cialista - diz o frade -, ofereceria iu behuudo Clu. melhores condiçôes objetivos poro uma express4o mais plena da catolicidade da Igreja" (24). E no jã referido livro sobre São Francisco dde Assis, o mesmo Frei Boff escreve: "O extraordinário do ensaio de Francisco foi ten/ar viver uma plenafralerrtidade no pressuposto de uma pobreza voluntariomen1e assumida para estar junto com os pobres e com eles cons1ruir uma sociedade verdadeiramente comunista (25) l lr•J.J~. /111'·1• no sentido bíblico da palavra. Não seria um socialismo da abundância, mas da pobreu," (26). 1
..,.,....._..._="-=----'.;:.._o
Amor aos pobres, rejeição do pauperismo soclallsta A TL polit iza o amor aos pobres e o tra nsforma num meio de subversão Pelo contrãrio, o verdadeiro amor aos pobres, que a Igreja herdou de seu DiCATO LICISMO -
f-'cvcreiro 1990 -
13
vino Fundador, é um amor fecundo que deu o rigem a um sem número de Ordens e Congregações Religiosas de ambos os sexos que há quase dois mil anos v!m se sacrificando pelos pobres em hospi1ais, asilos, orfana1os, creches, escolas e obras diversas. Foi esse amor, por amor de Deus, que suscitou tanto despreendimento, que levou tantas pessoas a abandonar os bens, a famllia, o conforto, para fa. zer frutificar a caridade, dar proteção aos desamparados, levar socorro aos desvalidos. Foi dele ainda que surgiram associações beneficentes de leigos, como a Sociedade São Vicente de Paulo, Damas da Caridade, e outras ainda. Embora a Igreja leve o amor aos pobres tão longe quanto é passivei, entretamo, se Ela pregou a pobre::.a evangélica e o esplri/Q de pobrew, nunca defendeu o pauperismo, o miserabilismo (27). Ela sabe que a riqueza e o esplendor de seus templos, de suas cerimônias, de seus ornamentos, constituem a riqueza do pobre, o luxo do pobre. Este se sente na casa de Deus como cm sua casa, e as belas Basnicas e Catedrais são para ele palácios nos quais se deleita e pensa no Céu, enquan10 rez.a ao Criador Do mesmo modo, a Igreja compreende o valor formativo do es plendor da ordem temporal, a tal ponto que sao Pio X apresenta como fruto da civilização cristã "a prosperidade e o bem-estar"(28). Se o católico deve amar a pobreza e praticá-la ainda que em cspirirn, deve também praticar, ao lado da caridade e da humildade, outras vinudes igualmente necessárias à perfeição como a magnanimidade e a magni fi cência ou munificência. "A magnanimidade - comenta o conhecido moralista Pe. Royo Marin OP - é a virmde que inclina a pessoa a realiwr grandes atos dignos de honra. Essa virtude volta-se sempre para açôes que s4o grandes e esplêndidas e é portanto incompat(vel com a mediocrida<le. Nesse sentido é o coroamento de todas as omras virtudes". "Por seu lado a magnificência, explica ainda o insigne 1eólogo, é a vir111de que conduz a pessoa a empreender projetos esplêndidos e dificeis, sem se desencorajar pela magni111de do trabalho ou a grande despesa que es/Do ligados a ele" (29). A TL abandona pois o ensino e a tradição católicos e vai buscar o pauperismo nas velhas heresias e no grande erro de nossa época, o socialismo. Falando pois em nome e em defesa do po14 - CATOLICISMO -
bre, a TL es1á trabalhando, na verdade, para destruir tudo aquilo que dá sentido e alento à vida do pobre, para condená-lo à "vida reduzida ao essencial" dos lúgubres países comunis1as ... lUIS 51:RGIO SOUMEO
NOTAS ( IJMt .6,11-Jl (l)Mt$.l.-C,,mmuumaobr1np,cialuado: "Os pob,a11qwms-rlllop1,n,ripa11-~o.., (11ft. 11,J. u.,.1a;q.1~.29. ll!J),.mimromoo:opt;brnfU
6:/EifEJ0~~:.~7-~~~2ri.
=::~::.·c:::1:;:: :b:, 7i~~;:;: ~~::o-::.~~~'.":,•:::::;orio la
":',,'::;;;:::tr,,%:!:
MIIPfÓPfÍIIÍRIUfkifocia,c1ixr1mtudodtDtu1cn1• th
(J) A. llmquerey. Abdft th 1MolotlJ =1/ique ti
ntJJl/que,0....:lóo,Pari,.1917,p.162 (4)cf.Leonu d0Boíf,Dalwrardop,,J,r,,\lozt1,P<1ró• polis, 1984; Ah·aro Barreiro, Rtó~<J. Loyol1. Slo 1'1ulo, 1981: lnkioNcu1dinJS, J .• ORt/· ..,,d,On,J,osl'olJr-u,Loyola.SloPaulo,l'l84;Jon Sotlrino,Rnsu,mr,Jado fl>rdadrir,,l1"ja -Ospob,a,lw1,,rrHH61i<!oda"'*sioh>1Nl,Loyol1.Slol>auk>. 1932; OU>lavoGuticrres, 'll,olo1Nlda Lit,,,-1/lÇlo, Vo<es. Ptlfópofü, !97'; O. A. Solimeo, L. S. Sotimeo,
0s,,,,-,o
:SJ~f;;::::;:.::::=:~::.:.7"~ ""'nl~"RnaisJ,.......,Cru,,Sk>Paulo,191l (S) cf, O. Outómts, OI>, cit., pp. :W t 26] (6) li<>< Chafac1Mtdo. U ~.wrlalul,, Seuíl, P•is. 1917 (7)cf .DKtiot,n11i"IMT'/t,lolQJwO,tlloliqw,w.l1no· Fratittl/i, IJ#,.
~~i;:;:::,;.,Aposto/iqun,
A 1;olo1ia ,la Libulafrfo ap.-esmta ro1t1<1idtaldtvida a m•'stNa ,xislrnl• r,o, paúu
,ociali,tiu
Pi . lnkioEl/aniri,, "Naord,m«oraómiroautopiacristô propi;cacfrilimf(iodapobrtm".
HMmilits.
(1) Matccl,n,o M,:n&,da Pdayo, Hisloriatk/osl/ttn,o.
d<m»&,,,,lkJlts. BAC. Madrid, 1-. t. l, J>I>. $0'!.$08 (9)LconudoBofftCk,do,'ó<Boff.C-F11:#nolo-
1~::.::,_,~,v_,.,Pct,l,polis,l9U.p.$7,pi· (IO)LtotwdoBoff.S,.,FnmrifrotkA<N.7mo~"'' v,..,...\/oi:es,Petrópolio,t911S.p.7'.0.ifo-,o (10FmC1o<J,o,, .. Borr.c,,11a».,Mr=!IMJffC..N, CEPlS.S.Paulo,1987.pps.6.0rifor,ouo (12)id .p.S. (lllid.lb (14) in Catlos Ed11;udoCarvalhocouuos, J9J7./987 Sod'1lumo•m~bt,1t, ln,ütut0Cajairi1t,C1Jomor·SP, 191111,p.ll),0,iloll00$0 (IS) Fm C\Odo•i• Boíf, Co110 hoidti«J<Ob"u Uni4o So,1'lk'1, in ··R~,i,10 d, 0,/t""' Pttról)(lli1,
v.,,., . ,
;%;·{~-1987.n~6.p.1J (17) Frei 1.1<110, A l&reyl1"" C~'""· CEPIS, Slo P•ulo, l91l8.pp.5t8.C1ifonouo (18) Pablo Rkhard,A. 1treyl1 t.,,1i•o-Am«lól•àtnl" Q/tmortQfüprranÇ8,P&ulioao,SlOPoulo,1982,p.6? (19)Jor&<Pixlcy,Clodo•isBoff,Opçloptlw~. Col<çloTe<>lop!t l.ibmaçlo,\/ozc<, Pttu\,pofü, 19U. pp.11H82.G,ifonosso (20)11nacioEllacuria,"U1opi,,ypro/,1..,,,odntk Ambitv Lllun11··. in VIII Con1rno ,t, 1ro1-0,;,,, u,,,. :;'."J.~{:1:E»lllldioyLibt<ación,J/d,Madrid,
.,,_,,s,J,.,,,, llU. ltmtlr• qUt o fim PfÓ.<Ímo do Eu•·
~~!:',!!;,:;..~t.~·:.!~,~: (25)Con,-t.nltmbra,q1,1to<On1uni.....,foidtclllado "inl,.,._,,,.,,,,~ ....., .. pda lptja (Pio X I . ~ 0.,/m Rnkmp{or,s 419)7), BAC. Doc!rina Pon1illr;u, lll.p.1177J.Eosocialiunoíoiqualif,._COfl>O...,. do''tnron1P11IIYd"1fflMdotnwdolJ"jaC11f6lir.,
~-vnqwcr,n,t.YIN"s«"""'1h~,,.,,,,,;,.,~•6
:7~t~!::
~~i;S~l, Enckld
Qw<tn,,..,;""' .4,..
C26) FttilconardoBofí,Slol'10ntirco
llcvcrciro 1990
. ., .~--~---~º (ll)OPopa UloXIJJ ,cm111ao""iclica Ubmasl+t,..
(ll)i<l.pp.96-91 (22)id.p.96 (ll)id.p.101
/Jlm.n10,··(BAC. Doctrina Po,u,f1<i.a 11, p. 245). E PioXl1firm1q1K1lar<J,O"~n,,1Ms,dn,111.,...
_.,,..._b.......... ,.pttjlldktl,•,,,__ ·.,1r,,s,.ms_1 ·
_,,,,,...-,,,,,a,_
-~,.. """"'"' ""'° r,,:.O,w/, ef=t" (Enddica Dl><ni R,dtmp,ons. o<ltm, W- 660-861)
(ll)Cflriclka/lFOTm<)/'rop<>Jiro(l'lOSJ.IIAC.Ooctri• ... Pon1;r,aau1.p.47'1. (211) Anlon10 Royo Marin OP and Jordan Auman.n O P.J1w~vo/CAru1>anhr/«ti<Nr,T1>C f0<1n· darioo for a Cluisloan Cl•ili•••ioo ln< .• N<n Yo,t, 1981,w. .oJ·..OS)
Parada militar do 14/Ujullta O AllO-do-Triunfo, tm Paris, fo,·con.,/n,/doporordtm dtNapolMO, no1k,,lopas1ado 1'.' /,oa., ' 'mtra.,l,om"tn.l p,01tada1â Rt!J()/ll(do, ntlt1ttncontro um /.,u,o do Gtntml Turru,u (acima), e..-tcufor do gt" oddio da Vmdéia
No Arco-do-Triunfo,
glorificação do genocídio vendeano OINHOS-DE-VENTO de há muito desativad~s, ruína.s de ca.stelos emúmerascru.tesplantadas no alto dos morros conferem à paisagem da Vendé1a, no oeste da França, uma nota de melancolia e religiosidade. Um solene e profundo silêncio parece dominar este lugar, onde outrora foi perpetrado um dos mais bárbaros crimes da História: o massacre de 300 mil católicos, vitimas de um genocídio praticado por ódio à Fé. Como se deu tão monstruoso fato? Sementes da Contra-Revoluç:tio Em meados do século XV 11, o grande e zeloso missionário, São luís Maria Grignion de Montfort, pregou no
oeste da França o amor à Cruz, a prática do Rosário e a verdadeira devoçao a Nossa Senhora. Seu apostolado deixou marcas profundas naquela região agreste, banhada pelo rio Loire e seus afluentes, pontilhada de bosques e colinas. Seus habitantes, nobres e camponeses, graças à pregação e ao e11:emplo daquele santo missionário, conservaram uma Fé ardorosa e cos1Umes puros ao longo do corrupto e dissolvente "século das luzes" (séc. XVII[). Cem anos depois do falecimento de São Luis Grignion, eclodiu a Revolução de 1789 Embora a propaganda revolucionária procurasse convencer a opinião pública de que, com a queda da Bastilha, "o dia de gória havia chegado", os camponeses da Vendtia continuaram fiéis aos nobres e aos proprietários de terra, elegendo-os para as prefeituras
e recusando-se a re1irar das igrejas o. lugar de honra que lhes era destinado, Descontentamento Longe de aderir à vaga de impiedade que começava a percorrer o "Rei110 Cris1ia11/ssimo ", aquela gente hu-
milde mos1rava-se cada dia mais descontente com os rumos tomados pela Revolução. O confisco dos bens eclesiásticos no final de 1789, o juramento e11:igido dos sacerdotes à Constit uição Civil do Clero, condenada no ano seguinte como cismática pelo Papa Pio VI, e a perseguição aos que permaneceram fiéis a Roma desencadearam uma onda de protestos cm toda a França, especialmente na Vendéia e na vi.zinha Bretanha. A queda da Monarquia e a execução de Luis XVI, em 21 de janeiro de
CATOLICISMO - J1evereiro 1990 -
15
-rlM·i'H··
•ri
1793, tornaram os ânimos dos camponeses ainda mais exaltados. Desde então, os vendeanos passaram a assistir armadosàmissacelcbradadandestinamente nos bosques pelos padres "n4ojuramentados '' ou ''refrurários". Entre/unto, a gora que iria fa1.er 1ransbordar o c6/ice de indignaçbo daqueles lavradores foi o decreto de 25 de fevereiro de l793, pelo qual a Convençbo Nacional, órgllo máximo do governo revolucionário, ordenava orecru1amen10 obrigatório de 300 mif soldados Os vendeanos estavam convictos da ifegilimidade do novo regime. Em um dos manifatos dirigidos aos represen1an1es da Convençllo, eles declararam: "Como haveremos de lutar por um governo que decapitou nosso Rei, espoliou os bens eclesiásticos, prendeu os verdadeiros padres e deseja impôrnos uma nova re/igillo? Jamais! Estamos dispostos a derramar até a útima gota de nosso sangue em defesa da Religi4o de nossos maiores. Rejeitamos a República! Queremos de volla a Monarquia" (1).
OMarqub llenri
dtla Rocllljatq,u/tin, l"'ltf!rolí,ri.modo &bcita Catdlica e H,al, J,.rontea batalha de Cltalot. Stukmo.ero · "S.-avtinfo.r,<> ·'-me; S.-.-«Uar,m,··-mr; S.marn,r,· 0 ' " ,
Levante umponês De campanário em campanário ressoou em toda a Vendéia o toque de rebate chamando a população à resistência. A convocação era feita do alto dos púpirns, "em nome de Deus e por ordem do Rei", isto é, o pequeno Luis XVII, órfão e encarcerado peta Revolução na Torre do Templo em Paris (2). Como um rastilho de pólvora, a noticia do levante contra-revolucionário espalhou-se por todo o oeste da França. O entusiasmo pela causa do Altar e do Trono, muitas vezes rec haçados por altos representantes do Clero e da Nobreza, contagiara humildes lavradores. Instrumentos agrícolas foram transfo rmados em armas. Com seus velhos fuzis ou armados de simples bordões, caçadores e pastores se fizeram soldados. Em pouco tempo estava formado, sob o comando de um modesto comerciante de lã, Jacques Ca1helineau, cognominado "o Santo de Anjou". o Exército Católico e Real. Mal armados, mas com o Rosário ao pescoço, trajando grosseiros casacos de pele de cabra, no qual costuravam a imagem do Sagrado Coração de Jesus, esses rudes camponeses infligiram vergonhosas derrotas aos até então invencíveis exércitos republicanos: Chole1, Machecou, Thouars, Fonte16 - CATOLICISMO -
nay, uma após ou1ra as cidades em poder dos revolucionários foram sendo reconquistadas. Em breve, toda a Vendéia 1ransformara-se num reduto da Contra-Revolução. DuranteseismesesaEuropaassistiu maravilhada aos atos de heroismo praticados pelos católicos vendeanos. Característico do espírito de epopéia que os animava foi o lema de um de seus generais, marquês de La Rochejacquelein, o legendário Monsieur Henri, que na época contava apenas 20 anos: "Se avançar, segui-me. Se recuar, matai-me. Se morrer, vingai-me!"()). " Desfrui a Vendéia! " Os lideres revolucionários sentiam queasituaçãointernadopaislhesescapava ao controle e que o levante dos camponeses católicos ameaçava a própria Revolução. Para conjurar o perigo, a Convenção decidiu fazer avançar um exérci10 de 240 mil soldados fortemente armados que tinham por missão transformar o oeste da França num deserto. "Destruf a Vendéia!". Com este grito proferido pelo convencional BarrCre de Vieuzac, teve inicio uma guerra
Fo::vereiro 1990
de extermínio, que se es1enderia por quase um ano. O decreto de 1? de agosto de 1793, não deixava dúvida acerca das intenções dos revolucionário: "Será enviado pelo cidadllo Minis1ro da Guerra material combustfvel de toda espécie para incendiar os bosques e florestas. As plantaçôes serllo devastadas e os bens dos rebeldes confiscados. A Vendéia deve se 1ransformar no cemitério nacional!" (4). Para alcançar es1e pérfido objetivo, o governo revolucionário chegou até a ulilizar armas quimicas. Em Angers, o quimico Prousl inventou um tipo de granada que, ao explodir, liberava gases letais. Minas de formigação foram espalhadas pelas estradas e caminhos por onde a população fugia. Os poços e reservatórios de água foram envenenados com arsênico por ordem de Carrier. Comissário cm Nantes. e do general François Westermann (5) Diante das hostes revolucionárias, a resis1éncia dos camponeses foi heróica. Contudo, a superioridade numérica dos republicanos, a falta de armamento adequado e a morte em combate dos principais chefes vendeanos, contribuíram para sucessivas derrotas do Exército Católico e Real, que teve de
de"... (6). O capitão Duplay, do batalhão "Libcrdade", descre11eu: "Vi militares republicanos violar as mulheres dos rebeldes e depois massacrá-las. Observei aterroriz.ado crianças de peito serem levadas como troféu na ponta das baionetas". (7) O Abbé Robin, um dos poucos sacerdotes que sobreviveram àqueles dias de terror, deixou à posteridade o seguinte depoimento: "Por requin-
...
se dispersar em pequenos grupos de guerrilha.
O Genocidio À guerra de crueldade nunca 11ista - mas que não obstante foi uma guerra - sucedeu-se a fria organização de um genocídio. Sob as ordens do general Turreau de Garambouville, seis di11isões do Exército re11olucionário, totalizando mais de 100 mil homens, formaram as tristemente célebres "Colunas Infernais", encarregadas de executar a matança dos 11endeanos. A região deveria passar a se chamar de "Vengé"(Vingada). De janeiro a março de 1794, os revolucionários não fizeram outra coisa senão assassinar pessoas indefesas. pilhar e incendiar cidades e campos. Um dcHrio de sangue e sadismo apoderou-se da soldadesca republicana: "O general Amey-cscrc11eu um de seus oficiais- mandou acender na cidade de Épesses os fornos de pao. Quando se
encon1ra~·am bem quentes, ordenou que neles se jogassem mulheres e crianças 11h•as. Dianle de lal brulalidade, apresenlei meus proles/os. Ele enltlo me respondeu que era assim que u República cozinha11a o "pbo da igualda-
te de barbárie, os revolucionários matavam as mulheres grávidas esmagando seus ventres até expelirem o feto. Depois disso, amarravam-nas em galhos de árvores e, a golpes de sabre, parliam-nas ao meio" (8).
A cidade de Nantes foi tranformada pelo pró-Consul Carrier cm verdadeiro campo de extermínio. Milhares dc velhos, mulheres e crianças lá pereceram acusados do único "crime" de lerem nascido na Vcndéia. Visando "despachar" com maior celeridade os "bandidos", o pérfido convencional recorreu aos afogamentos em massa. A operação cm "simples e barata": prendiam-se dezenas de vicimas em velhas embarcações que eram afundadas no meio do rio Loire. l nicialmen1e,essaspobrescriaturas foram afogadas com suas roupas. Depois, porsupina perversidade, instituiuse o "'casamento republicano": homens e mulheres despidos eram amarrados cncre si e cm seguida imersos na
ra. Eis a c[nica descrição de um re11olucionário: '"Preparamos um forno com
tijolos e barras de/erro, em cima das quais pusemos as mulheres. Delas obtivemos 10 barris de gordura, enviados posteriormente a Nantes'' ( 11 ). Turrea.u no Arco-do-Triunfo O genocldio da Vendéia só encontra paralelo nos campos de concentração nazistas, nos fornos crematórios de Auschwitz, nos "Gulags" soviéticos e no exterm[nio em massa do Cambodge. Qual seria a reação do leitor caso alguém propusesse construir um monumento em honra de Stalin , de H itler ou de Himmler, o sanguinário chefe das SS nazistas? Pois bem, não comcmc cm conceder a "Legião de Honra" ao general Turreau, responsável pelas atrocidades acima descritas, Napoleão mandou ainda esculpir no Arco-do-Triu nfo, em Paris, um busto em homenagem ao pérfido comandante das"Colunas Infernais". A Revolução sabe glo ri ficar seus agentes ... Durante as comemorações do Bicentenário da Rc11olução, nenhuma palavra de compaixão em relação às vit imas foi pronunciada, nenhuma citação sequer foi fci1a ao genocídio franco-francês. Os organizadores do evento cumpriram à risca a recomendação do antigo convencional Merlin de Thionvilte, fa-
~1:~!~s:u~~~~~t:;~:~s!~~~::~~~~
essa operaçllo de exlermfnio. Os vendeanos 11llo terllo oportunidade de legar â pos1eridade documentos comprobalórios, nem de escrever em jornais. Com o tempo, eles ser4o esquecidos... "( 12). Por que aviltar desse modo a memória de 300 mi l católicos? Quando o tribunal da História fará justiça à heróica e martirizada Vcndéia?
"banheira nacional"(9).
BRÁUUO OE ARAGÃO
Nessa competição de satânicas crueldades, as infâmias se sucediam. Nas cidades de Angers e Meudon criaramse "manufaturas de pele humana", destinadas a "atender às necessidade.s do exércüo revolucionário". Este fato escabroso foi publicamente anunciado pelo convencional Saint-Just, "o a.reajo da morte": " Curte-se pele huma-
na em Meudon. A que provém dos homens tem uma consistlncia suf](>rior â da camurra. A das mulheres é maisflexfvef, porém menos consis1e111e" (10). Em Clisson, a 5 de abril de 1794, soldados do general Crouzat "cozinharam' 150 mulheres para obter gordu-
NOTAS (1) J . B. Wdss. Hmória UniYff:JIH, Harcdooa, 1936. vot.XVIJ, p.315. (2)J.B.Wri"',op.cit.,p.~. (3) Andrf Monlagnon. Ln Gum-a tk l'tndtt. Perrin. Paris. 1914,p. 22.'l. (4) Rcynald &<:hcr. ltGlmxidtl-"ranro-l'rrmçois: La Vendh-Vtngl. PUF, Paris. J ed .. 1989.
pf). 156-7. (5jc/r. Reynolds«her. op. cil .. p. 155. (6)Reynold$«her. op. ci1 .• p. 16). (7)Reynolds«htr.op.ci1 .• p. /64. (8}Rrynold5«her.op. d1 .• p. 171. (9JJeanDamon1.PourquoinoMSMcekbrerons pus/789,A.R.G.E .• Paris,1987.p.65. (10) A. Bi!haud Lu:;.saud. losuerrede Ventlh, N. E. L. Paris, 196ll,pp. 193-4 (ll)Rcynald&<:hcr,op.d1 .. p. 175 (l2)Reynald&<:hcr.op.cit..p.186
CATOLIC I SMO -
Feven:im 1990 -
17
Falece Dr. Paulo Barros de Ulhoa Cintra
Assentamentos na Ucrônia: fiasco de muitas décadas Entusiasmado com o presente intercâmbio entre Estados Unidos e União Soviética, o americano Ralph Dull achou que deveria colaborar. Ofereceu permutar por seis meses seus conhecimentos de pequeno fazendeiro em Ohio, com agricultores da Rússia. Aceita a proposta, o governo comunista nomeou a família de Victor Plormarchuk para trabalhar na fazenda de Ralph, enquanto esta ofereceria sua experiência aos fracassados kolkhozes ucranianos, uma espécie de assentamentos. Ralph foi recebido ansiosamente pelos moradores da fazenda coletiva da localidade de Makov, onde apenas metade das casas tem água corrente ... A expectativa dos kolkhozianos não durou muito. Segundo um representante dos assentados, eles imaginavam que Ralph chegasse como uma espécie de "Papai Noel", trouxesse trator, semente, inseticida, adubo, herbicida, (chuva, quem sabe?) e ele mesmo trabalhasse a terra. Além de não nazer a parafernália desejada, Ralph restringiuse a aconselhá-los. Dai a decepção.
Faleceu no dia 15 de janeiro úhimo, às 2 1,30 hs., em São Paulo, confortado pelos sacramentos da Igreja, Dr. Paulo Barros de Ulhoa Cintra, aos 79 anos de idade. Seu sepultamento realizou-se no jazigo da TFP, no cemitt!rio da Consolação, na capital paulista, com a presença de diretores, bem como de elevado número de sócios, cooperadores e correspondentes da entidade. A Missa de sétimo dia foi celebrada no dia 20 do mesmo mês, na Catedral de Nossa Senhora do Paraíso, de rito católico melquita. Descendente de tradicionais estirpes paulistas, Dr. Paulo Ulhoa Cintra fo rmou-se cm direito, na histórica Faculdade do Largo Sao Francisco, no ano de 1932, e militou nas fileiras do laicato católico desde sua primeira juventude. Quando constit uída a TFP, em 1960, foi ele um dos sócios fundadores da entidade, sendo eleito desde logo membro do respectivo Conselho Nacional, situação a que foi ininterruptamente conduzido na forma dos estatutos até seu fatecimen10 .
Desanimado, Ralph Dull declarou ao " lzvestia": "Por que perder meu tempo sentado num trator, se já temos no Kolkhoz 40 pessoas a lém do necessário? Em Ohio, eu e meus quatro filhos cultivamos mi• nha fazenda. Na Ucrânia, a mesma operação requereria 140 lrabalhado res e seis supervisores. Há mais supervisores na Ucrânia do que agricultores nos EUA. Na Ucrânia, os trabalhadores, por medo do Estado, preocupam-se em apresentar uma superficie bonita. Chegam a arar a terra até 12 vezes, quando bastaria uma. Se qualquer desses trabal hadores fosse viver cm Ohio, em pouco tempo iria à falência." Qual o feitiço dos assentamentos da Reforma Agrária• no Brasil, mito que a realidade mostra cada vez mais ser cmpobrccedor e irracional? Por que, apesar de tan10s fracassos provados, ainda se insiste em devastar a área rural do País por meio dela, destruindo assim as possibilidades de ascensão de nossos trabalhadores agrícolas?
TFP:
INDÚSTRIA DE MÓVEIS PARA IGREJAS
o que é essa c ham a de fé e coragem? Você11ncootraréar11spos1anolivro>élbum
O BE A T I M E
Bancos. altares e móveis para igre}éls Diversos modelos Só fabricados em embuia maciça de 1• qualidade Desfrutamos de maquinário moderno Técnica altamente especializada Não aceitamos pagamentos adiantados Conslulte-nos sem compromisso Peça um catalogo ou solicite visita de nosso representante
UM HOMEM UMA OBRA UMAGESTA Homenagem das TFPs a Plinio Corrêa deOliveir11
I
11f~~s IPedidos pelo te!.:
Fonnato31.x_2J
32 anos de tradição de móveis sacros RI.-.AI.C-..ó'OO l á ""72811 ·""12558-SaJ'IIOÃl'ldft Sãof'aJo-SP RuaV•adeMOIM.1235T11t2•115&3 ~ Dlanrolnduomal.SIN t.i 511965-511155,Pira,.,
18 - CATO LI CISMO - f<'cvcrdro 1990
P~o,60II I N•
(011) 220 4522 ouf\Oend. abaixo
l~ESSlod G,11 tfd•IOIILldl
.-et\-OllXI-Slof'uo.SP
ma. (lsabtl MarliM de Ca mpOS. ll11quaquettlu b1-S P).
Escrevem os leitores O Frade revoluclonôrlo Oirijo.-rncaomensári0Ca10.lkismo para comentar alguns trechos de um arcigo de Frei Hilàrio Wcltcr, o.e.D., publicado na revista "Flores do Car-
Nota da Redação - Não nos consta qualquer noticia sobrc o íalccimento da Irmã Lúcia. Pelocontrãrio, sabemos que ela estã no Carmelo de Coimbra e q ua!querconrn1ocomelaécxtremamente diílcil Por disposição das Autoridades Eclesiásticas.
Caminho, Verdade e Vida; e gravou para sempre cm meu a:ira· çào,odcscjoardrntedcscrtambém um cruudo do ~lo XX que, embora nao para comparccer noscampo:s de batalha, pode na retaguarda, na vida oculta e laboriosa e fervorosa, lutar comasarmassagradasquepossuimos:oSantoRosàrio,oamor ardcnteaMariaeàSagradaEucaristia.Sceupudcsscpcgarum megafoneesairpclarua,damaria bem alto: Senhores, comesta revista que tenho cm minhas mãos,oonscguiconhecttprofundamcnte a doutrina católica, tomei oonhccimcn10 das tramas da Revolução, das heresias por dacspalhadas,dagucrrapsicológícacomunista,ca.ssim,dcolhos abertos, pude escapar da~ ci ladas dos inimigos de nossa fé. (Gulomarde l-'l'Ntas Guimarir!! Sar1lnl, Porto Altjrt•RS).
clama dos cristão se "estamos dispos1osanãodcixar-noscnga- O Testemunho nar pela violtncia e opressão que sai dos poderosos cm prcPosso lhe dir.ttsinccrnmcntc juízo dos humildes e simples". que me encantei com CatolicisOu seja, nem uma palavra de mo assim quc seu primeiro númccondenação ao comunis mo rovcioalume; oartijodeabcr(que, como se sabe, deseja apa- tura do jornal, "A Cruzada do gar o Santo Nome de Deus da Século XX" ficou para sempre face da Terra), nem um aceno gravado cm meu coração. Além tímido de reprovação à difusão disso.d.aliem diante, nunca fi. da imoralidade, do crime, da q uei sem receber mensalmente perversão. Nem sequer uma lc- cssejornal,agorarevista,quc vc exortação à observãncia do comidcrournaglóriaparaa lgre. Decálogo. E esta publicação é ja Católica e para o Brasil! Espctida como centrista e até . .. con- roa chcgada de Ca1olicismo co- O Cormo servadora!! (Luli Viqas, Judiai mo um nordestino cm plena sc-SP) ca cspera por um pouco de ãgua ÜNariaqucnos~nUpura e fresca ... Aqui nesta terra mcros,scpos.sívd,liCabordassc (Porto Alegre) atravessei jà 27 algosobreNassa.ScnhoradoCaranosdc!utas,dc.sofrimcntosatro- mo,SantoElia<;cS.'\oSimlloStock. zes,dcdificuldadesdctodaes~- (A. t'ffl'SSaad,Cam~ IU). O Dlvulgaçoo cic;epossodcelararquecada Cato!idsmoquechcgavarcnovaSou militar reformado. Tc- vaaminhacoragcmparaaluta, nho muito tempo livre. Então consolava.me, fortakcia-mc na peço ao Sr. o obséquio de me fé e era um farolqucmccondu- o Colncldêncla enviar pelo reembolso postal zia,livrando·mcdecrrarnae500(pago aqui quando receber) 20 lha do caminho, nl0$trando-mc Por uma feliz coincidência números - para começar como é 5Ul!YC o jugo do Senhor! caiu em minhas mãos um e~emdo último Catolicismo para eu Catolicismo ajudou-me a perma- plar da rcvista Catolicismo, de divulgar aqui cm Belo Horiwn- necer fiel aos Mandamentos da nº 463 (julho/ g9). Pelo que li. te. Peço também que me envie Lei de Deus. Catolicismo fez- vejo que a revista f maravilho20cstampasda[magemperegri- me conhecer muito mais as mara- sa, umveiculoqueinformatuna de Nossa Senhora de Fãti- vilhas da Santa Igreja, da doutri- dodentrodahicrarquiadanos-· ma do tamanho da capa de Ca- na católica, e conht-cer mais a sa rcligillo,comcnfoqucsede· tolicismoemais20 dotamanho fundooamoreaconftançaque ba tcsin tercssantcsparaomundcmetadedacapa(depreferên- devemos ter por Nossa Senhora do moderno. (Raimundo l'e rtieia em poses diferentes), tudo cporseuDivinoFilho,nosso ra Sobri11ho, t'o r1 11leu-CE). pelo reembolso postal. (V11ldcl Dias Nasd mcn10, Bc-lo Horbon1e-MG).
melo" (nº 625, 7/89, Porto Alcgrc), intitulado " Maria , a Artc~ComunicarnaEscuta", que em alguns p<>mos l neutro cm rd açlo aos dogmas conccrncmes à Virgem Maria e há ouuas passagcns cm que a Virgcm holocadasubreptkiamenteoo· mo revolucionária. Inicia oonsiderando Maria uma grande oomunicadora, porque acreditou cm escutar os planos de Deus. Nesse trecho, passa por cima da Anunciação e do sim de Nossa Senhora que decidiu a sorte da humanidade. Mais avante, indica que não se deve identificar Maria como "mu!her religiosamente passiva e alienante" e sim inserida cm umasocicdade,prcocupadacom problemas de seu povo e sua comunidade. Nega implicitameme a [mima ligação de Nossa Senhora com a Redenção de Nosso Senhor. Mais adiantechcgaàsraiasdedistorccre negar explicitamente o Magistério da Igreja Católica, dizendo que cla conheceu de perto a pobrczaeosofrimcntoqucaobrigou a fugir e a viver no exílio para permanecer viva entre os homens. Miscrcórdia1 Isso é simplcsmente um insulto à divindadedc Nosso Senhor e à missão de Nossa Senhora como Mãe de Deus. A Sagrada Familia foi obrigada a ir ao Egito para prt'Servar o Menino Jesus O lrmO Lücla de Herodes. Frei Wcher mostra urna Virgem Maria pouco preGostaria muito de saber soocupada com a sua missão de bre a morte da Irmã Lúcia. Não Mãe de Deus e com a co rwcr- li nada a respeito. Se não For são da humanidade e bastante trabal ho, gos1aria de sabe~ se inclinada à revolução e nao ao voe& têm alguma matéria oomDecâlogo. Conclui com um ver- plcta sobre o passamento da lrdadciro oon~ite a despertar a ma Lúcia pois me interesso muiluta de classes. Frei Welter re- to sobre Nossa Senhora de Fã1i-
ICOLÉG~
Zc L_A_R_E_T_I_A_N_O~/
Pré-escola !Técnico: 19 grau PATOLOGIA CLÍNICA 2 9 grau Suplet iVO ( ,~e2°graus) semi-internato Rua Jaguaribe. 699 - Santa Cecília (SP) Fones : 825•3136- 825·3573 - 825 •3372 CATOLIC ISMO -
Fe,·cn::iro 1990 -
19
EM CARTA-ABERTA csiampada duro caminho do desterro, como tamno diário "l i Tempo", de Roma (edi- bém de dez milhões de irmãos que na ções de 2 e 3 de dezembro último), Ilha sofrem, há três décadas, sob adi· um grupo de cubanos exilados nos Es- tadura castrista. tados Unidos, aproveitando a visita Sua visita a S.S. o Papa João Paude Gorbachcv a João Paulo li, dirigiu- lo 11 torna oportuna a presente Carta se ao chefe de Estado soviético a fim Aberta, espccialmen1e porque a Sé de de pedir que a Rússia suspenda qual- São Pedro é o centro espiritual dos quer tipo de apoio ao ditador Fidel que ternos visto violados nossos direiCastro. Lembram que, em plena era tos pelo regime comunista cubano.( ... ). da "percstroika" e da "glasnost", Moscou continua contraditoriamente A politica externa gorbaeheviana suslentando um regime que, no inte- alenta isusões de paz mundial rior de Cuba, viola todos os direitos, e, no exterior, continua apoiando a Temos seguido com atenção o desubversão nas Américas Cemral e do Sul. senvolvimento da politica de ''reestrutuSe Gorbachcv não obtiver que "se- ração" e "transparência" impulsionaja extirpada do seio das Américas es- da pelo Sr. em seu imenso e populoso sa célula perigosamente cancerosa", é pa[s. ( ... )Temos presente suas declaraa própria credibilidade da atual políti- ções ( ... ) cm favor da redução de troca externa sovié1ica que se verá afeta- pas e armamentos convencionais, e sua da perante a opinião pública mundial, proclamada disposição de favorecer concluem os missivistas. de modo decisivo a distensão en1re Apresentamos a seguir os princi- Oriente e Ocidente. pais tópicos do luminoso documento. Isto despertou cm incontáveis espíritos( ... ) a cspcrarn,:a de ver afastado do mundo o espectro apocaliptico de um conílito nuclear generali7.ado. SiOs signatários desta missiva se diri- multaneamente, sua política alentou gem ao Sr. na qualidade de católicos cm muitos dirigentes ocidentais, e, cubanos exilados de sua Pátria, inter- mais discretamente, em alguns setores pretando os genuínos anelos do milhão da opini1lo pública, a impressão de que de compatriotas forçados a tomar o se teria chegado ao umbral de uma era 20 - CATOLICISMO - 1-'cvereiro 1990
sem precedentes em matéria de paz e convergência universal. Cuba conlinua sendo inslrumenlo de agressão comunista nas américas No entanto, no que diz respeito a Cuba, nada parece haver melhorado, inclusive depois de sua visita à Ilha, cm abril deste ano. A situação interna de "violação institucional de todos os direitos" ( ... ) se agravou. Continua cerceada a pedra angular desses direitos, que~ a liberdade do clero da Ilha para pregar a verdadeira Religião sem véus nem restrições, e dos católicos que nela residem, para praticá-la sem a opressão de nenhuma ameaça; incluindo entre os elementos indeclináveis dessa pregação a liberdade para defender a propriedade privada, principio básico da civilização cris111 (cfr. Plínio Corrêa de Oliveira, "Acordo com o regime comunista: para a Igreja, esperança ou aurndemolição?", obra que em 1964 íoi honrada com carta laudatória da Sagrada Congregação dos Seminãrios e Universidades, assinada por seu Prefeito, Cardeal Giuseppe Pizz.ardo, e por seu Secretário, o ent1lo Monsenhor, e depois Cardeal, Dino Staffa).
No plano externo, o regime castrista continua apoiando a subversão na
América Central( ... ) e vem sustentado inimerruptamente movimentos guerrilheiros em vários países da América do Sul, especialmente na Colômbia.( ... ). E a construção de duas dispcndios[ssimas usinas nucleares, financiadas pela União Soviética, ( ... ) coloca nas mãos do tirano a possibilidade a curto prazo de uma chantagem atômica contra os Estados Unidos e as nações latino-americanas, com conseqüências imprevisíveis no plano internacional.( ... ) A situação exposta não pode deixar de nos causar a maior perplexidade em relação aos objetivos reais da estratégia internacional do Cremlin. Pois não se pode ocultar o faro de que oregime castrista depende absolutamente da injeção soviética quotidiana de dinheiro e petróleo, que o impede de ruir economicamente.
Dependência económica e mililar de Havana em relação II Moscou põe em jogo a credibilidade Internacional de Gorbachev Portanto, dada essa vi1al dependência da Ilha-presidio cm relação a Moscou, solicitamos ao Sr. que faça valer
o peso de sua iníluência para que seja extirpada do seio das Américas essa célula perigosamente cancerosa que vem contaminando a convivência na região, em condições de pôr em jogo, talvez irremcdiavelmeme, a própria paz mundial. Caso contrário,( ... ) a própria credibilidade do conj unto da at ual polltiea externa soviética ver-se-á afetada substancialmente perante a opinião mundial, se nosso presente pedido não for acendido. Ocorrendo tal hipótese, o governo sovié1ico passará a ser visto como co-rcsponsável pela continuidade indefinida da cruel aventuracastrista. E nada conseguirá impedir que os cubanos no exílio se encarreguem de o fazer notar em alta voz pelos cinco con1incntes.
Rttente assassinato de Bispo colomhlano, em mios de guerrilheiros apoiados por Castro, confirma grave preocupação de cubanos desterrados Um fato recente( ... ) não fez senão agravar todas as dllvidas e apreensões aqui manifestadas. Trata-se do cruel assassinato do Bispo de Arauca, Colômbia, D. Jesús Emílio Jaramillo, consumado por guerrilheiros do Exército de
Libcnação Nacional (ELN), organização que constitui, como é pllblico na Colômbia, um dos braços mais sanguinários da guerrilha colombiana, sabidamente apoiado por Cuba. ( ... ) O Sr. bem poderá calcular a repercussão que este crime teve na população compactamente católica, não só da Colômbia, mas de toda a América Latina. Qualquer ação violcnla praticada contra a pessoa de um Bispo um ungido do Senhor, um Sucessor dos Apóstolos - incorre na grave pe-· nade "interdictolataesententiae", segu ndo o Cânon 1370 do Código de Direito Canônico. O que ag rava singularmente o terrível pecado de homicldio com o qual os assassinos carrcgaram suas consciênc1as. Bem sabemos que todo este triste sis1ema de engrenagens do terror foi im plantado bastante tem po antes que o Sr. subisse ao supremo poder em sua pátria.( ... ) Isto não impede, contudo, que a permanência desse sistema de mlltua ajuda sanguinária vá agravando cm vastos setores da opinião mundial as perplexidades e dúvidas que há pouco enu nciamos. ( ... ) O assassinato de D. Jaramillo tem lodo o valor simbólico de um desafio da violência comunista, no momento mesmo em que seus esforços, Sr. Gor-
CATOLIC ISMO -
Fevereiro 1990 - 2J
bachev, slio 110 sentido de persuadir o mundo de que essa violência está cm decr~sci mo. Medidas imediatas que o llder soYlético deveria adotar, para mostrar empenho efetivo em resolver uma flagrante contradição de sua polltica Dado o exposto acima, como gesto de boa vontade - e sobretudo de empenho efetivo em resolver a grave situação descrita - seria da mais alta oportunidade que o Sr. anunciasse a retirada dasbrigadasmilitaressoviéticasda Ilha, junto com a drástica extinção do fornecimento de annamentos e subvenções de toda espécie que seu governo vem outorgando ao regime cubano. ( ... ) Propomos, por fim, que o Sr. interponha seus bons oílcios para que urna comissão designada e integrada pelos cubanosdesterradostivcsscintciraliberdade de visitar e percorrer a Ilha-prisão, a fim de poder informar ao mundo sobre a real sirnação interna cubana, seja do ponto de vista dos direitos e liberdades de nossos compatriotas, seja do ângulo do atendimento de suas necessidades econômicas fu ndamentais. ( ... )
Franqueza de linguagem Sr. Presidente, ( ... ) nossas almas não fazem senão exteriorizar o clamor de aflição e sofrimento de todos aqueles que gemem sob a tirania castrista; contemplam com estupor o sangue que encharca o lerritório colombiano devastado pelas guerrilhas; seguem com angústia as trágicas seqüelas das aventuras castristas na América Cenual; estão ao par da ajuda cubana ao movimento guerrilheiro urbano Tupac Arnaru, no Peru, e se perguntam se iguais at rocidades praticadas pelo Scndero Luminoso não serão resultado, também, da colaboração do regime da Ilha-presidio. De qualquer modo, queremos concluir essa carta com palavras que temperem de algum modo a necessária franqueza com que ela se reveste. Assim, no momento de colocarmos nossas assinaturas, voltamo-nos em espírito de oração para a alma do saudoso Bispo D. Jaramillo, presumivelmente ornado com a aur~ola e a glória do martírio, bem como para as de tantos ou1ros mártires, cuja sublime perserverança na Fé levou-os a se oporem â violência comunista na Amfrica Latina: desde o inesquecível sacerdote mexicano, o Beato Pe. Pro, até os mais modestos e ignorados már-
22 - CATOLICISMO~ Fevettiro 1990
tires que hajam perecido em indêntico holocausto, em nossos dias. E a eles imploramos que roguem ao Cfo pelos perseguidos, mas também pelos perseguidores, pois a todos alcança o amor de Nosso Senhor Jesus Cristo, Homem-Deus e Redentor do gênero humano. Ainda que o Sr. não reconheça valor objetivo a nada do ante riormente dito, pelo menos lhe da râ uma idéia do estado de alma que nos movenestainiciativa. Queira o Sr. receber nossos votos de paz e bem, assim como para a milenária Rússia. Paz e bem que os home ns jamais conseguirão a não ser aos pés da Cruz,junto a Jesus, que ago niza e recita sua úl!ima oração. e a Maria, Sua Mãe, cuja gloriosa intercessão se eleva até Ele, em prol de todos os homens, em todos os lugares e cm todos os tempos. Miami, outubro de 1989.
c-k 'ls
FOTOllTO S/C LTDA.
REPRODUÇÕES EM LASER FOTOLITO A TRAÇO• DEGRAOEE• 8 EN OAYS AUTOTI PIAS • CÔPIAS FOTOGRÁF1CAS • PROVA OE CORES
TABELA ESPECIAL P/ EDITORES AV. DIÓGENES RIB EIRO DE LIM A. 2850 ALTO DE PINHEIROS Tfl., 260-57 44
História Sagrada O dilú'lio
O DILÚVIO ' 'ENQUANTO os descendentes deSet (terceirofilh.odeAdão)viveram entre os seus, conservaram-se fiéis ao Senhor; mas quando começaram a tra-
tarcomos<lescendentesdeCaim,comaram-se perversos como eles. Encheram o mundodeviciosecrimes, atai ponto que todos haviam abandonado ocaminho dobem. Porisso,Deusdcçrctou exterminar todo o gênero humano com odilúvio"(I)
Noé e a Arca Disse o Senhor: "Exterminarei da facedaterraohorncmquecriei,desde o homem até aos animais, desde os répteis até às aves do céu; porque me pesa de os ter feito. Porém Not achou graçadiantedo Senhor." (2) Noé, filho de Lamech, da estirpe de Set, com quinheruos anos de idade teve três filhos: Sem, Cam e Jafet. Deus ordenou-lhe que construísse uma enorme arca. Nela deveria colocar sua famílíae um casal decadaespécíedeanimais,com as devidas provisões. "Noé acreditou e obedeceu. Porcemanosfoi labu tando neste trabalho, não deixandodepregarapenitência."(3) "Foi pela fé que Noé, avisado por Deus de coisas queaindanãoseviam,com piedoso temor foi aparelhando uma arca para salvara sua família, pela qual (arca) condenou o mundoetornou-seherdeírodajustiça."(4).
''NoanoseiscemosdavidadeNoé .. . romperam-se todas as fontes do grande abismo,eabriram-seascataratasdocéu; ecai uchuvasobreaterradurantequarentadiasequarentanoites"(S). "Encheram-se e transbordaram os mares e os rios; detodasasfontesedas entranhasdaterra.rebentaramaságuas com fúria, galgaram os montes, submergindo a terra inteira; ultrapassaram de quinze côvados (aproximadamente 9 metros)asmontanhasmaisaltas; tudo pereceu,sobrevivendo,apenas,oshomens e animais que foram recolhidos naarea"(6). Antes do dilúvio, os homens "comiam e bebiam, tomavam mulheres e davam-se cm núpeiasatéodiaem que Noé entrou naarca,eveioodilúvio,e exterminouatodos"(7). O arco-íris
"Quando as águas baixaram, a arca firmou-se no alto de um monte na Armênia, chamado monte Ararat. .. Depois de alguns dias, por ordem de Deus, Noé saiu da arca com sua familia e com todos os animais. Assim terminou o dilúvio universal, que durou um ano, menostrer.cdias .... "Saindodaarca,evendoqueaterraforaarrasadaeestavadesabitada,
em seu lar
noções básicas Noé levantou um altar e ofereceu um sacrifícioaoScnhor,cmaçãodegraças. Deus,emsinaldeoomplacência,fezapareccr no céu um arco-íris, dizendo, ao mesmo tempo, a Noé e a seus filhos: '&tabeleçoaminhaaliançaconvoscoe com a vossa desccndênda; não haverá mais dilúvio, e quando virdes no céu o meu arco, recordai-vos da aliança que fiz convosco"' (8). "Aarcaeraafiguradalgrcja, fora da qual não há salvação" (9).
Cam peca contra Noé "Noé, que era cultivador, entregouse ao cuidado da terra e plantou uma vinha. Bebeu do vinho e embriagou-se; e no sono desnudou-se. Cam viu seu pai assim e saiu para diier a seus dois irmãos. Mas Sem e Jafct, tomando o manto de seu pai, o cobriram com ele e desviavam os olhos, para não verem seupainaqueleesiado."(10) "Noé,aoacordar,soubedainsolência de Cam e amaldiçoou-o, a ele e à sua posteridade, dizendo que seus filhos haviamdesersemprecscravosdosdcscendentesdeSemeJafet,maldiçãoque sevcrificouexatameute .... Noé viveu, ainda, 350 anos depois do dilúvio, e morreu .... oomaidadede950anos"(ll). Comenta Bossuet que, após o dilúvio "a natureza perdeu uma parte do seu vigor;asplantas,oseuviço;avidahumanatambém achou-sesinsivelmentereduzida"(l2). D NOTAS (l)SaoJololloKo.H.istóriaBlbli· oadoVtlhoc No,oTwam,nlO,
LivrariaS.lesianaE<füora.SlloPau· 10.2•t<1.,l<nO.p.l6. (2)G<n.6,7·3 (J)Mon,.Cauly.Curoodc lnMru1'.lo Rdigio» - Hi ,tória da RcliJÍlotda lgrtja. Li>raria Frar>eioroAlse,.191),p.;>.4 (~) llcb. 11. 7 (S)G<n.7.11-12 (6)SAoJo.lollosro.Ol).d1.,p.18 (7)Luc.17,27. W.:"JoloBo,co,op.do .• pp. (9)Mon,.Cauly,op.d1 .. p.26 (IO)PadrtTiqollc\:.tr.Biblia das Exola<Católk&,, Vo,.... l~. p. 21 (ll)SloJolollooco.op.ci1..p.20.
(IZ)Moru.Cauly,OJl.cit..pp.27-23
CATOLICISMO -
Fevereiro -
23
Lava-secortlnaa - Tlramoae colocamOII carpetes - Lavamos nolocal - Servlçosll domlcíllo Entregasrépldas Experlmentenoasosservlços
RUA JAGUARIBE, 522 - SANTA CECÍLIA SÃOPAULO - SP -TEL: (011)66-2107
DANTAS Mecánlca de Vefculos SIC Ltd11. - ME
~
ALL COLOR
VEÍCULOS E SERVIÇOS FUNI LA RIA -
PI N TURA -
M ECÂN ICA
Corros nociono,~ e importodos Atendemos o todos os Cios. de Seg uros
!i'UAFQRTIJNATO, 116 -~NTACKlJA
SÃO PAllO- 5P - FOO!S: m-6916 - í1H1ll
Hidráulica e Serralheriua ALMEIDA SERVIÇOS DE EMERGtNCJA
Resfdencial·Comercia l a Repartições Encanamanto-Sarralheria eElatricidade
Desentupimentos em geral com máquinas MECÁNICA GERAL
~ ''"" 67-6174 RuaBaronezaóel!U,90-A · Sta . C&cilia · SP
24 HORAS NO AR Fones: ~l~~ 4~!~
/ ~:5-2513
51 ~-Mg61óoo,9611, CEP0 12Z8· H~ · SP
SERVIÇO DE ASSISTENCIA AO ASSINANTE
MASSASFRESCAS·ROTISSEAIE DOCES · SALGADOS· SORVETES 80LOS,LANCHESEREFEIÇÔES ASS A OOS EM GERAL
CASA ZILANNA
Entrega a domicilio nas imediações
MERCEAR IA
(011) 825-7707
• •
Talento Estilo Planejamento Espaço Conforto
Solidez Segurança Soluções ori~inais Harmoma Elegância
Sensibilidade Sofisticação
Classe
ga.-nti;ç;.;;;;
Ru:i Gcne r:il Jardim, 70 3. 6º e 7º :ind.tr Fone , 256 04 11 - ~io paulo
tudo com a
24 -
CATOLICISMO -
l'l' vn,·iro 1990
Acabamento perso?alizado
Local privilegiado Sucesso
Na ilha dos santos, um foco de piedade mariana DUBLIN - Quando em da Inglaterra, o espírito de 1304 o arcebispo da real cidarevolta protestante moveu de de Cashel, na Irlanda, acirrada perseguição à Fé caMaurice O'Carroll, voltava tólica, que ainda vigorava do continente europeu em na Irlanda. A igreja em Youfrágil barco, singrando mar ghal foi destruída pelos protempestuoso,não podia imatestantes, mas o principal ginar que a bela imagenziobjeto de seu ódio - a imanha de Nossa Senhora, por genzinha de Nossa Senhora ele traz.ida, seria das poucas das Graças - fora salva a que sobreviveria às grandes tempo pela heróica filha do tormentas que um dia se abanobre James Fitzmaurice Fitzteriam sobre a antiga Ilha gerald, a qual mandou fa7..er dos Santos e Sábios. Essa um relicário de prata, que pequena imagem - esculpi~ncerra até hoje a pequena da em marfim - de Nossa imagem. Senhora, como que converApesar de séculos de sando com o Menino Jesus, guerras e perseguições, Nosrepresentou um venerado tesa Senhora das Graças contisouro para o virtuoso Prelanuou sendo venerada de do, acompanhando-o até seu modo intenso. Um relatório túmulo, na igreja dos frades do geral da Ordem Dominidominicanos, situada na cidacana, datado de 1628, comende marítima de Youghal, ao ta: " .. . a devoção .... é diasul da ilha irlandesa. riamente recompensada por Durante um século, ficou milagres e maravilhas. E tão lmapm dr. Noua Senlwm das GTG{>U, esquecida a imagenzinha. grande é a devoção, tão ma• igrrja do, dominica"'" dr. Cor.l: ( I rlanda) A Irlanda, que fora anteriorravilhosos e tão freqüentes mente berço de santos, laos milagres que a Imagem é mentavelmente resvalou por uma época de tibiepopularmente chamada 'Nossa Senhora das Gra• za, de intrigas e maus costumes, inimaginável até ças e Milagres"'. então. Nessa era sombria , Nossa Senhora apareApós vencer inúmeras dificuldades, e favoreciceu, em sonhos, a um dominicano, pedindo-lhe da pela gradual diminuição das perseguições à Fé que sua imagem fosse desenterrada e novamente católica, a milagrosa imagem acabou encontrando venerada. Foi tal o fervor e o movimento de conacolhida na igreja dos dominicanos de Cork, cidaversões desencadeados, a partir de então, que rade fundada no século VII por São Finbar. Af, o anpidamente a igreja dos domin icanos em Youghal tigo relicário de prata foi incrustado num relicário tornou-se centro concorrido de peregrinos de todourado, em que figuram emblemas da Ordem da a Irlanda. Eles acorriam em considerável númedos Pregadores, apoiado em pequenas esculturas ro para rezar a ~Jossa Senhora das Graças. de galgos irlandeses (Canis Fidelis dos dominicanos). A imagenzinha de Nossa Senhora e do Me· Nova decadência: o protestantismo ~~~~r~~e~:~r;est-~~= Porém, uma vez mais houve um abandono dos ção nesta época de crise religiosa e de apostasia. caminhos de Deus, e, no reinado da ímpia Isabel 1 THOMAS ORAI(~
~~~i i~~~~~uaa~:
CATOLIC ISMO -
:~º~:
Fevereiro 1990 -
25
FOI LANÇAOO no mb de outubro último, cm Roma e Johanncsb urgo, o livro "Nanllbia: Amanhecer ou Crepú.sc:ulo?", deautoriadcdoisanalistasintcrnacionais das TFPs, os Srs. Alejandro Ezcurra Ni'ón, da Argcntina, e Luís Daniel Merizalde, da Colômbia. A obra, editada cm inglb e primorosamcme imprcsa e ilustrada, aprescnta à luzdomagistraleru.aio''Revoluçãoc Contra-Revolução", do Prof. Plinio Corr~a de Oliveira -umavisãodcconjunto dasituação da ex-colônia alemã, a África do Sudoeste/Namibia, atualmente admin i~trada pela ÁfricadoSul, ccujaindepcndência era imi nente. Baseado cm documentação segura, o livro dcnunciaumaaçãooomuno-cclesiástica internacional, apoiada pela ONU, para fraudar o proçcsso dc indcpcndência do pais e levar ao poder a marxista "Organizaçao do Povo da África do Sudoeste" - SWAPO. E, at ravésdcsta,instaurar nC$5CICrritório um regime de neobarbàric rcvolucionáriadcestilocambodgcano (IJ. O lançamento da referida obra cm Roma realizou-se durant e importante entrevista coletivadcimprensaconvocadano Hotel Excclsior da capital ilaliana, pelo Burcau das TFPs na Itália. Ncssaocasião,dcpassagcm pclaCidadcEtcrna,ocx-comissârio politico da SWAPO, Hcndrik J. Boonxaaicr, fez chegar ao Papa João Paulo 11,atravb do "Bureau" TFP, uma carta de 52 ex-membros da SWAPO 26 - CATOLIC ISMO -
rm Rw, põemame,aas."· Luís Daniel Meriza/d,:, um da, autora do liuro, ,:Juan Miguel Mon-
\
vitimadospclaorga ni zação,pc-1 dindo a intercessão do Pontificc para libcrlar milhares de scusoompanhcirosaindapresos oudesaparecidosno'O ulag'angolano. Jornais de toda a Itália
noticiaram esses eventos, e o "Bureau" TFP de Roma reccbcu,dcpcr$0nalidadcseclesiàsticas,cientificascpnliticasitalianas,sig~ificativascartasdeclogio ao hvro.
Presépios atraem visitantes MADRI - Por ocasião das festas natalinas, jovens da Sociedade Espanhola de Defesa da Tradição, Família e Propriedade montaram artlsticos presépios em suas sedes de Madri, Sevilha, Granada, Málaga e Zaragoza, convidando o público para visitá-los, conforme costume dos chamados "belenistas", que contam com a coordenação de uma associação especializada. Anualmeme este distribui prêmios e diplomas aos organizadores dos mais belos presépios. Uma no1a inovadora da TFP foi a apresentação de um audiovisual junto aos presépios, com a utilização de luzes, som, slides e sombras, realçando cenas do Natal. Como, por exemplo, o cflntico dos Anjos e a chegada dos Reis Magos. As apresentações, feitas várias vezes ao dia, atraíram especial imeressedecriançaseadultos, merecendo tam~m o caloroso incentivo de um sacerdote, que as considerou verdadeira aula de religião.
Fevereiro 1990
te,, dintar da 811r,au dá$ TFPs na Ttlllia, ,: a,:x-guurillo<i'ro IMwa,dNdopu. Ao lado, o pn,i,kat,: da TFP 111/africana, &ma.-d 1i,Jfi,., discu,-. ,a dumalt a apn,mfaçâo da livro ,mja/,annuburgo.
Na África do Sul, o lançamento de Nomlbio: Amanhecer ouCrtpúsr:u/o?atraiunumcrosopúblico, que lotou o auditório do Hotel Protca Braamfontcin ,deJohannesburgo. lmp ressionou especialmente o depoimento do ex-guerrilheiro Edward Ndopu, uma das milhares de vitimas da repressão tirânicaesclvagemdtsencadeadapela SW AP0contra supost05 •·espiões" sul-africanos nas suas fikiras.JornaiserádiosdaÁfricadoSulnoticiaramcomdcstaque cstabrilhantciniciativada TFP local.
Polilicos devem auscultar eleitorado MONTEVIDEO - No período quc anteccdcu as clciçõcs presidenciais de novembro último, a Sociedade Uruguaia de Defesa da Tradição, Familia e Propricdadcpublicoucmcdição especial de sua revista "Lcpanto", substancioso es tudo acercadaimportânciadaquclcplcito, bem como a respeito das amear;aseriscosquepairamsobrcopals. Segundo a Tl'P, o f05socntrea naç!oeaclassedos políticos origina-se do fato de que
LISBOA - Comemorando a fes ta de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Portugal, jovens da TFP lusa estiveram em visita ao promontório de Sagres, onde no século XV o Infante Dom Henrique fu ndou a célebre escola de navegação . Hasteando seus estandartes sobre o rochedo, os jovens rezaram o Terço implorando à Santíssima Virgem sua especial proteção para a nação portuguesa, neste confuso e dramático fim de século.
e1tcs não levam emcontaas1endênciasconscrvadoraseant ioomunistasdagrandcmaioriados uru guaios,cinsistememqucrcr impor medidas rcvolucion.lirias e socialU1 as. Assinala também o documento q ue o povo uru· guaionloccdeuenloscintimídounemmcsmoantc asc hantage ns com que os tupamaros e seus aliados pretenderam fazer avançarosocialismonoUruguai. "Mais impl)rtantc do que esco lher um ca ndidato, estudar seus programas e suas idéias - conclui a TFP - o que inte· ressa prioritariamente é que os ca ndidatoseos partidosoonhc· ça o que pensa, scnle e quer o eleitor. Mais do quccseu1aros ca ndidatos, o Uruguai autêntico devcfazerouvir,se poreles". Cil n to G regoriano
ecoil sob abóbodas medievai1 PARIS - Em visita à célebre Abadia do Monte Saint-Michel, sit uada sobre o rochedo de uma pequena ilha, junto ao
liioraldaNormandia.hojemantida como mu seu, uma carava na de membros da TFP francesa entoou em suas dependências virios hinos gregorianos , os quais fazcmpartcdo repcrtório habi1ualda entidade. Comoscsabc,noestilogregoriano, os hinos são entoados por todos 05 ca ntores a uma sóvoz. Disciplinadoinicia!mente no século VI pelo Papa Sllo GregórioMagno,essecstilofoi res1aurado no skulo XIX, sob oiníluxodobcnedilino francês D. Mocquercau.
TFP deíendid.i em sermJo BRASÍLIA (por Nelson Barreto) - A pregação, durante as Missas cm nossos dias, vai pcrdendo cadavczmais oestilo elevado e sacral para tomar a feição de uma conversa com osfiéis,abrindoespaçopara que estes nela intervenham. Pode-se imaginar o agrado com qucum católico"progrcssista" veria algufm do povo
participar da pregaçãu, para invn:1iva r umev enlual sacerdo te pela posição por de assumi-
da c apon1à -la como reacionária e anacrónica . Emrcianto. o que 1cm acontecido em al guns lugares é e~a,a mcmc o cont rlirio: fiéis, rcfratlirios à acicude revol ucionària manifesiada pc lo pad re, se retiram do tem plo ou tomam a palavra para ex1crnor seu desacordo cmrelaçloaotomantitradicional da s preg ações. Um fato sintomhi co nesse scntido ocorreunaigrcjaSagrada Familia, de Ceilindia , populoso núcleo habit acion al do Dis1ri10 Federa l. Duranteoscrmlo , um sacerdotequecclcbravanessaigrcjarefer iu-sc.li TFP, prevenindo os fiéis contra os jovens da encidade, que es tavam promove nd o en tã o ampla campanhadedivulgaçlodepu· blicações.As acusaçõcsassaca das pelo celebrante contra a TFPeram carentes de qualquer fundamento . Uma antiga empregada da Sede da TFP, cm Brasília, donaJoaniceda Co ncciçloLino,
que assi~lia o scrmãu, na o 1ilu bcou: levantou ,seecomscgurança e sim pl icidade pós-se a esclarecer 05 prcscmcs. Trabalhara da na referida Sede ao lo ngo de sc1c anos. lendo conhecido muito de peno a ,·ida dos jovens da associação, cu· jo bom c~en1 plo a inccnlivara ator , ar -scumacatólicap raticame.Namcsmaocasillo,duas scnhorns,quc1ambémassistia111 à Missa. fizeramdcpúbli.oco mentári os elogiosos à Tl'P . O sacerdote, em face da corajo· sa mani festaçlo das pa roqu ia · nas,aprescntoudcscu lpue dc clarou que ha via sido mal in fo rm ado . Em conversas. dona Joani ce costuma diier que em bo ra tenha conhecido o Pro f. Plínio Co rr~a de Oliveira quando este viajou a 0rasíl ia a nosa tr às , um dos so nhos que alimenta é visitaraSedc princi paldaTFP, em São Paulo, "após conhecer a Basílica de No ssa Senhora Aparecidac 0Cris10 Redcntor'' .
CATOLICISMO -
Fevereiro 1990 -
27
Aurora de um futuro grandioso Os primeiros fulgores
da aurora, dourados e rubros, rene,emse nas águas e dissipam le ntamente as densas brumas que envolvem penhascos e rochedos. · Nessa atmosfera diãíana , quase mí tica, preso em altivo mastro, destaca-se a silhueta de um estandarte que flutua, ao sopro, dir-sc-ia, de todos os ven tos da História. No vértice do mastro, a flor-de-lis parece atralda pelo sol, a ponto de tocar diretame nte a própria fonte lum inosa. A nam rcza está tra nsfigurada pela profusa e discreta matização de luzes, cores e sombras. Porém, qualquer brasileiro reconhece logo a cena da foto apresentada nesta página. Mesmo imersa em suave penumbra, a baia de Guanabara conserva aquela nota de beleza inconfundível que faz dela o cartão de visitas do Brasil. Talvez se pudesse afirmar que Deus colocou os povos em panmamas adequados à realização dos dcs1inos providenciais a q ue os chamou. E não hã que m , contempla ndo cenas como esta, não cxperimenie a impressão de que a P rovidência reserva nosso pais para teat ro de magnos acontecimentos. E o estandarte? Com uma linguagem muda, porém mais eloqüente do que rnda palavra, ele enuncia, e quase diríamos anuncia, uma ordem superior de va lores, de idéias, de heroismos, ligados aos princlpios perenes da tradição, família e propriedade, longe dos quais nenh uma nação atinge sua grandeza verdadeiramente cristã. De fato, é só na medida em que o Brasil, pelas bênçãos de Nossa Senhora Aparecida, for fi el ao Cristo Redentor colocado no alto do Corcovado, e se ufanar de ter o Cruzeiro do Sul cintilante em sua abóbada celeste, que o Sol de Justiça passará a brilhar integralmente sobre nossa pátria, iluminando seu horizonte cultura l, político e socia l, por cima das b rumas e das tempestades.
Com a perestroika entra em erupção o
dcs/lofabricadasasvacinas. Ra1.ao: Cuba deseja manter o sigilo na matéri a! Nãoobstanteisso,oMinistério da Saúde decidiu manter a compra davacinadepoisdehaver imerrom pido o negócio em novembro último, tendo em vista, àquclaépoca,que nen hum dos i1cns do acordo fora cumprido pelos cubanos, as vacinas nãohaviamchegado,e nãose dera o envio da documentaç/lo técnica- que assegurasse um envasamento segurodo medicamento.
D Contra-senso
O Cruel • Indignante Aparentemente impenurbà· vel,semmovcrumúnicomúscu· lo da face, o chanceler britllni• co Douglas Hurd percorreu as instalações do campo de refugiados vietnam itas de Hong Kong emmeioaruidosamanifestaçllo de protesto. Ele é o principal articuladordapoliticaderepatriaçãodosinfelizesvietnamitas ali alojados. ··Preferimos morrer a viver numpai,comunista",brndavam em eoroaspobresvitimas. Em cartas enviadas a Jollo Paulo li e à Anistia Internado· nal, assinadaseom seu próprio sangue, os reíugiados pedem ajudaimcrnaciona!. Aodcfendcr essa inqualificável p-olítica dc repatriação, no l'arlamemo inglês, o ehancekr não hesitou em alegar, cinicamente que, caso o problema não fosse decidido promamenlc, uma nova onda de "boat peoplc"(nomccomqucficararn conhecidososincontáveisvic1na• mirnsque preferiram eufrcmar o oceano e frcqüememente a rn or tc,cmfrágcisernbarcaçõcs, a viver num reg•me comunisrn) poderia su rgir no próximo ano OgovernobrilllnicovêoaMunto como uma arnccipaç/lo do que ocorrerá em 1997, quando entregará Honi; Kong i\ China comunista
O Mera Incompetência Conforme os próprios téc · nicos do Min istério da Sa(,dc, o Brasil comprou 15 milhõ es dcdosesdavacinacubanacontra a meningite, acreditando pura e simples mente na pala• vra dos cub.::nos, pois ait hoje não houvc qua!qucr reconhecimen10cicntííicodcsuavalidade. Ora.pc:lomenos90mildoscs dos dois milhões entregues
2-
CATOLIC ISMO -
inicialmernecstavamcontam inadas por bactérias - conforme se verificou depois. Os 1&:nicos do Ministêrio daSaúde - induindooMinistroTsuwld - então,deslocaram-se á ilha fidel-castrista, em du as ocasiões sucessivas, mas foi-lhes ,·edado visitar as instalaçôes doslaboratórioson-
Segu ndo estudo realizado pelo O ube de Engenharia, do Rio de Janeiro. o Brasil possui amaiorredederiosnavegáveis do mundo: 50milquilômetros; entretanto, transporta apenas um por cento de seus bens por vianuvial. Quanto às ferrovias, nossos trilhos não chegam á metade
dos instalados nos países europeus. Comosevê,nãoéfâcildecifraroenigma: recusamos utili111roquca Providência nosforncceu cm abundãncia -aágua - , quando somos ainda tão mal servidos de ferrovias!
O Do Catollclsmo ao Tar6
"Talvez você não co nheça a rclaçãoquehâemreamagia, o hermetismo e os si m bolos esotéricos do Tarô com os mistérios da fé cris tã( ... ) Mas agoravocêjáp()deentraremconta• to com esse lado fascinante e mistico do Tarô". É com essa propaganda charlatanesca, digna de ·'magos" e "adivinhos" do mais baixoasoterismo. que as "Edições Paulinas" - uma das mais conhecidas editoras católicas brasileiras, - lança seu livro"Meditaçõessobreos 22ArcanosMaiore5doTarô". Quandoumaeditoracatóti catraiassimsuamissãodepropagar a religião verdadeira, di fundindo superstições próprias ao mais abje!o paganismo, sem qualquer rest rição das Autoridades Eclcsiãsticas, constata-se queosdesvarios"progrcssistas" chegaramaoinimaginâvel.
O Reforma para k:Uotas
Anacronismo c riativo E5tamos no Castelo de Satzvey, localizado a mais ou menos 40 qu ilômetros de Bonn, capital da Alemanha ocidental.
Ao cruzar a ponte levadiça e os pesados portões da fortaleza scisccmisrn, rodeada de água, o visilan!c penetra no p!itio e depara um mercado: saltimbancos e ciganos, comerciantes e populares. Na "maior tenda medieval do mundo" realiza-se uma festa para 800convidados,comme5afartaedançasmedievais. Na grande arena. à sombra do majesioso castelo. inicia-se o torneio de cavaleiros munidos de lanças, e a seguir um imponen1e desfile, que empolga os circun~tanles. OscstacionamentosdapequenalocalidadedcSatzveysãoinsuficientcs paraatcr:dcr4 mil turistas diários. Do elenco de "cavaleiros" do Conde Beisscl vo n Gymmnich - proprictârio do castelo e promotor do evento -, fazem parte os membros da "Sociedade do Anacronismo Criativo", fundada há alguns anos em Berkeley, na Califórnia. con1ando com mais deSOmiladep10snomundo. Muitos proprietários de castelos na Alemanha, Bélgica, Áustria e Luxemburgo dispõem-se a imitá-lo, atestando, aMim, a po. pularidadcdatradiçãomedievalemnossaép,oca.
,\,forço 1990
Em vãrias cidades alemàs, comissõcsdeligü!stastrabalham visandoasimplificaraortografia. Os jornalistas protestam; denominamamudançade''Reforma para id iotas", acusam oslingúistasdeigualitáriose nivcladoresdaex prcssào,etimi nadores da necessária diferençaentrecultoseincuhos. Osreformadoresredargüem que amudançatornarãalcituramaisrápida,concorrendopara retirar da língua o ca rãter de instrumento de domlnio da classe culta, a qual defende seus privilégios a todo cus10. Um lingüista de Aqui sg rana(Aix-laCahapelle)refutatal sofisma com se nsatez: "se alguém tem d ificuldade em guiar umautom6vel,n11ofra.zãoparasemudaremasregrasdot ràfcgoouabaterasârvoresao longodaestrada". É sabido que, hã anos, uma reforma ortográfica tenta impor-se. Ela pretende, entre outrasdcmoliçõcsdalingua,eliminarogenitivo,adcclinaçãodos artigos,etc.,visando,inclusive, abaterafamosacidadeladoverbo no fim da frase.
~Atoucm,Mo SUMÁRIO INTERNACIONAL Nunca se viu um descontenta-
mento tão grande quanto o que surge agora atrás da Cortina de Ferro, contra o regime comunista. De si, ele exige justiça a ser aplicada aos chefes marxistas responsáveis, aos líderes ocidentais que não denunciaram a situação, aos dirigen tes de PCs no Ocidente que desejavam importar da Rússia tão grandes calamidades e aos que, entre nós, perseguiam o anticomunismo 4
RELIG IÃO O maravilhoso fato da escada fabricada presumivelmente por
H
Á UM ENGANO a propósito da pcrestroika, para o qual poucos têm sua atenção voltada. Cobre-a um papel celofane rosado, como os usados em caramelos, próprio a suscitar otimismo. E sempre hã os que alegremente atraídos pelo celofane rosado dispõem-se imediatamente, faltos de qualquer vigilância, a engolir o caramelo. Sem se darem conta de que tal invólucro disfarça problemas complexos, enigmas e mesmo mistérios, que se não forem bem interpretados podem trazer surpresasmuirndesagradáveis. Num quadro assim, a benemerência não cabe a quem atrai os olhares para o celofane do otimismo - como freqüentemente o faz a mfdia - mas para quem aponta os verdadeiros problemas suscitados pela perestroika. Plínio Corréa de Oliveira, num trabalho de excepcional valor e originalidade marcan1e, que publicamos integralmente nesta edição, estuda com grande penetração os últimos acontecimentos mundiais, na lógica de seu desenvolvimento. Numa linguagem serena, mas muito firme, ele verbera a sinistra, a imensa mentira que perpassa quase todo o século XX: a mentira comunista. Além disso, da voz à incontável legião de homens, feitos escravos ao longo das vastidões que vão de Berlim a Vladivostok, e também aos que, no Ocidente, foram enganados por uma propaganda insidiosa e vil, ou então torpemente ameaçados com a conílagração atômica. Ao comunismo "todo poderoso", Plinio Corrfa de Oliveira lança em rosto: teus péssãodebarro,teupoderéartificial.
São José, no Novo México ............ 18 NACIONAL Os fatores que levaram à atual crise brasileira não encontraram a oposição de forças vivas como a CNBB e a FIESP 24
"CATOLICISMO"
t
uma publi<:lÇilo mcnW
daEmpresaPadrcBekhiord,Pontnltda n;,..101:P•uloCorrhd<lltitoFillHl
:-...i;~T~;-.:':~=.~t~
TtkW!hi - R<si.cro-
ll«I~: Ruo Martim F,ar,ci,co,66l - 01Wi - Slo Poulo,SP / RuaSet<d<Se!<mbro,202-UIOOCampo,,Rl Gttf.lcta:RuaM0rtimFronci,co.66l-0\ll6-Slo Paulo.SP-Ttl:(0ll)lll .7101 l'Ol0<o'"~"'(d~e10.,pa,1i,d<orgui•0>foroocidoospor"tÃ!olicismo")Band<iroo1,SIA.Grtr.c.1, Editora- RuaMairinq"',% - SloPoulo,SP lap...,.o: A.nr,m - lodLI~,., Grlf.,._, Editoro ltdl.- R.,J.,ots,63116S9 - 0IIJO - SloPaolo,SP Par, modlnçad<<ndtrtÇ<,t~m<ncionart,m btmo,nda!'Ç<>lntis<).A.,,,.,.tspOlltl!,,,ciortl11i,·• • winatura,,.od, , ...,1,.apo,J,<,ernwiodllGmocio Rua M0rtimF,llnri>a,,66l - 0l226-SloP.1ulo,SP. ISS.~ - lol<roatH>llal S.aodtrd Se!ial Number 0102-I SO:l
Sua análise parte de um fato. Um fa!O impressionante, estarrecedor: a atabalhoada movimentação que vem se produzindo atrás da Cortina de Ferro trouxe à luz do sol um Descontentamento - com "d" maiúsculo - enorme, multiforme, absolutamente generalizado, das populações daqueles países contra o regime comunista. Em conseqüência, a se desenrolarem os acontecimentos como até agora ocorre, pode-se admitir a derrubada do poder soviético, e a exalação de um brado de indignação e um pedido de justiça das entranhas da sociedade soviética. Em primeiro lugar contra os que, por tanto tempo, mantiveram assim na escravidão um tão colos· sal número de vitimas, ao longo de território tão imenso. Justiça ainda contra os que, no Ocidente - colaboracionistas, inocentes úteis, etc. - não se uniram numa verdadeira cruzada para a derrubada das paredes do cãrcere. A seu momento, também as populações do Mundo Livre terão graves perguntas a fazer aos líderes dos PCs ocidentais e outros partidos para-comunistas, que bem conheciam o que se passava na Rússia: "Por que aspiravam estender esse regime de miséria, escravidão e vergonha a seus próprios países?" A mesma população serã !evada, pela lógica, a pedir contas aos que perseguiram a quem procurava abrirlhes os olhos para a realidade, os anticomunistas. Para silenciá-los foram movidas campanhas sistemáticas, ora de indiferença ora de difamação. E é dentro deste quadro apocalíptico que o Presidente da TFP interpela os que contra a entidade se têm levantado pelo simples fato de não querer ela para o Brasil um regime tão espantoso. É, porém, ao falar da infiltração comunista na Igreja, da Oslpolitik vaticana, do desconcertante silêncio do Concilio Vaticano li a respeito do comunismo que sua voz encontra os acentos mais pungentes. Aos irmãos na Fé, transviados, Plínio Corrêa de Oliveira não faz uma interpelação e sim um apelo para que reconheçam seus erros e lutem em prol da boa causa. Nossa Senhora de Fãtima é brevemente referida. Mas a presença inspiradora de Sua mensagem se faz notar ao longo de todo o documento. Ante a importância de tal matéria, não cabe tratarmos de outras, como é hábito em nosso editorial.
CATOLICISMO -
Ma~o 1990 - 3
A TFP APRESENTA UMA ANÁLISE DA SITUAÇÃO - NO MUNDO - NO BRASIL
Comunismo e anticomunismo na orla da última década deste milênio PL/N/0
CO RRÊA DE OLIVEIRA
Presidente do Conselho Nacional da TFP
1
Descontentamento, incêndio que desagrega o mundo soviético
AS REFORMAS perestroikianas na Rússia soviética, os movimentos politicos centrífugos que há dias quase levaram à guerra civil o Azerbaidjão e os respectivos enclaves armênios, agitam também a Lituânia, a Letônia e a Estõnia, às margens do Báltico, como, mais ao sul, a Polônia, a Alemanha Oriental e, ainda, a Chescoslováquia, a Hungria, a Romênia, a Bulgária e a Yugoslávia. Acrescidos da espetacular derrubada do muro de Berlim e da cortina de ferro, esses abalos constituem, cm seu conjunto, um movimento ciclópico como maior não se viu desde as duas conflagrações mundiais, ou talvez as guerras de Napoleão.
Toda csrn contemporânea movimentação do mapa europeu se reveste, aqui e acolá, de circunst!lncias e significados diversos. Mas a todos esies sobrepaira um significado genérico, que os engloba e a lodos penetra corno um grande impulso comum: é o Descontentamento.
4 -
CATOLICISMO -
Março 1990
e
Descontent;,mento com "D" m;,iüsculo
Escrevemos esta última palavra com "D" maiúsculo, porque é um descontentamento para o qual convergem todos os dcscontentamen10s regionais e nacionais, os econômicos e os culturais, por muitas e muitas d~adas acumulados no mundo soviético, sob a forma de apatia indolente e trágica, de quem não concorda com nada, mas está impedido fisicamente de falar, de se mover, de se levantar, em suma, de externar um desacordo eficaz. Era o descontentamento total, mas por assim dizer mudo e paralítico, de cada indivíduo na sua casa, no seu tugúrio ou na sua choça, onde a famHia não existe mais, tendo sido tantas vezes substituído o casamento pelo concubinato. Descontentamento porque os filhos foram subtraídos ao "lar" e entregues compulsoriamente ao Estado, só deste recebendo a totalidade da educação. Descontentamento nos locais de trabalho, em que a preguiça, a inação e o tédio invadiram boa parte do horário, e os salârios mediocres chegam apenas para a compra de gêneros e artigos insuficientes e de má qualidade, produtos t[picos da indústria estaializada por força do regime de capitalismo de Estado. Ao
!ongo das filas formadas junto aos estabelecimentos comerciais, em cujas prateleiras quase vazias se deixa ver desavergonhadamente a miséria, o que se comenta aos sussurros é a completa carência quali1a1iva e quantitativa de tudo. Descontentamento, principalmente, porque, quase por toda parte, o culto religioso está proibido, as igrejas cerradas, e a pregação religiosa substitu[da, nas escolas, pelo ensino compulsório do materialismo, do ateísmo, em uma palavra, da irreligião comunista. É o conjunto destes males que penaliza ainda mais do que a mera consideração de cada um em particular. Em uma palavra, se contra este ou aquele aspecto da realidade soviética se enunciam queixas, contra o conjunto dessa realidade, os fatos mais recentes {Ornam evidente que lavra um incêndio de verdadeiro furor. Furor que, pelo próprio fato de atingir o conjunto, atinge o regime, e põe em fogo todas as capacidades de indignação da pessoa humana: um descontentamento global contra o regime comunista, contra o capitalismo de Estado, contra o ateismo despótico e policialesco, contra tudo, enfim, que resulta da ideologia marxista, e da respectiva aplicação a todos os países agora em convulsão.
Expectativa e descontentamento refletem-se nestas fisionomias de russos, em Moscou. Tal descon• tentamento é o denominador comum das transformações perestroikianas, que sacodem a Rússia e os países do Leste europeu.
É bem o caso de se falar, pois, em Descontentamento. Provavelmente o mais abrangente e total descontentamento que a História conheça.
e
Medros;u e mal-humoradas concessões de Moscou
Vê-se claramente que é para evitar a transformação geral desses descontentamentos em revoluções e guerras civis, que Moscou vem fazendo lá e acolá medrosas e malhumoradas concessões. Mas os fatos também deixam notar que o alcance de tais concessões é dos mais duvidosos. Pois, se parecem aquietar um pouco os ânimos, entretanto dão aos DesconCATOLICISMO -
Março 1990 - 5
E, a menos que a lógica tenha desertado 1otalmen1c dos acontecimentos humanos (deserção 1rãgica, que a História tem registrado, mais de uma vez, nas épocas de completa decadfocia, como a des1e fim de século e de milênio), as vitimas de tantas calamidades unirão seu ulu lar para exigir do mundo um grande ato de justiça para com os responsáveis. làis responsáveis fo ra m, por excelência, os dirigentes máximos do Partido Comunista russo que, na escala de poderes da Rússia soviética, sempre exerceram a mais a lta autoridade, superando até à do governo comunista. E, pari pas.su, os chefes de PCs e de governos das nações cativas. Pois eles não podiam ignorar a desgraça e a miséria sem nome cm que a doutrina e o regime comunistas estava m afundando as massas. E, contudo, nllo titub(aram cm difu ndir essa do utrina e impor esse sistema.
Triste rotina atrás da Cortina de Ferro: fila para comprar gêneros alimentícios na cida d e polonesa d e Wroclaw, antiga Breslau alem ã tentes uma redobrada consciência de sua força, bem como da fraqueza do adversário moscovita, o qual ainda ontem lhes parecia onipotente. De onde decorre que os apaziguamentos de hoje bem podem estar sendo aproveitados pelos Descontentes para a aglutinação de crescentes massas de adeptos, e a preparação destas para grandes movimentos reivindicatórios, a estourarem, já amanhã quiçá, ainda mais reivindicatórios e prementes do que ontem. Assim, de passo em passo, poderá desenrolar-se ocaracteristico processo de ascensão dos movimencos insurrecionais que caminham para o êxito, o qua l se desenvolve contemporaneamente com o declinio dos establishments de governos obsoletos e putrefatos.
e
O maior brado de indignaçlo da História
Se se desenrolarem desse modo os acontecimentos no mundo soviético, sem encontrarem em seu curso obstáculos de maior monta, o observador poHt ico não precisa ser muito penetrante para perceber o ponto terminal a que chegará. Ou seja, a derrubada do poder soviético em todo o Imenso Império até hé pouco cercado pela cortina de ferro, e a exalação, do fundo das rulnas que assim se amontoarem, de um só, de um imenso, de um tonitruante brado de indignação dos povos escravizados e oprcssos.
2
Interpelação aos responsáveis diretos por desgraça tão imensa: os supremos dirigentes da Rússia soviética e das nações cativas
Esse brado se dirigirá, antes de tudo, contra os responsáveis diretos por 1anta dor acumulada ao longo de tanto tempo, cm tão imensas vastidões, sobre uma tão impressionante mass.a dc vilimas. 6 -
CATOLICISMO - Março 1990
3
Interpelação aos ingênuos, aos moles, aos colaboracionistas, voluntários ou não, do comunismo, no Ocidente
Mas - sempre a conjecturar nas tri lhas da lógica não é só contra eles que tantos homens, íamilias, etnias e nações pedirão jus1iça.
• Historiadores otimistas e superficiais amorteceram a reaç.to dos povos livres contra iílS tramas do comunismo internacional Em um segundo movimento, eles se dirigirão aos múltiplos historiadores ocidentais que, durante esse largo per!odo de dominação soviêtica, narraram de modo otimista e superficial o que se passou no mundo comunista, e lhes perguntarão por que, em suas obras de síntese, lidas e festejadas por certa midia no mu ndo inteiro, se contentaram em dizer tão pouca coisa sobre desgraças tão imensas. O que teve por efeito amortecer a justa e necessária reação dos povos livres contra a infiltração e as tramas do comunismo internacional.
e
Os homens públicos do Ocidente pouco fizeram para libertar as vitimas da ~scravid.to sovi~tica
E, por fim, os mesmos Descontentes se voltarão para os homens públicos dos países ricos do Ocidente e lhes perguntarão por que fizeram tão pouco para libertar da noite espessa e infinda da escra vidão soviética esse númc· ro incontâvel de vitimas. Bem sabemos que, nessa hora, tais homens públicos, sempre sorridentes, bem dormidos, b(m lavados e bem nutridos, lhes responderão jovialmente: "Mas como! A nós, logo a nós que enviamos a vossos governos tanto di· nheiro, que lhes franqueamos tanrns créditos, que aceitamos como boas tantas mercadorias avariadas fornecidas por vossas péssimas fábricas, e tudo isso para atenuar um pouco vossa fome, logo a nós ... é que dirigis esta cen· sura insensata!" E acrescentarão: "Ide â ONU; ide à UNESCO, e a tantas outras instituições ciosas dos direitos humanos, e vede quantas proclamações sonoras e finamente cuidadas, do ponto de vista literário, distribu ímos
O esmagamento da rebelião na Praça da Paz Celestial em Pequim, repetido analogamente pelas tropas soviéticas contra os nacionalistas no Azerbaijão, poderá reiterar-se ainda várias vezes em outros focos de descontentamento. Na foto, manifestação popular em Baku, capital do Azerbaijão.
em todo o Ocidente, protestando contra a situação em que vos acháveis ... Nada disso vos bastou?" Se esses amáveis potentados do Ocidente imaginam estancar assim as objeções de que irremediavelmente serão alvo, enganam-se.
• As subvençDes do Ocidente prolongaram a aç.Io dos carrascos Pois a realidade não é tão simples, em sua configuração concreta e palpável, nem tão fácil de ser entendida e descrita, como eles aparentemente imaginam. Pois as massas levedadas pelo Descontentamento lhes responderão forçosamente: "Imaginai milhares, milhões de indivíduos, sujeitos simultaneamente a tormentos, em salas tão amplas quanto países. Este era o quadro do mundo de além cortina de ferro. As subvenções enviadas pelo Ocidente foram entregues, o mais das vezes, não diretamente aos pobres supliciados, mas aos carrascos, a quem tocava governar estas salas de tortura de dimensões nacionais. Ou seja, aos governos que, sob a feroz direção de Moscou, mantinham sob o jugo da servidão as nações 'soberanas' e 'aliadas' de além cortina de ferro, como a Polônia, a Alemanha Oriental, a Checoslováquia, a Hungria e tantas outras, e ainda as Repúblicas Socialistas Soviéticas 'unidas' a Moscou e outras circunscrições territoriais mais clara e oficialmente dependentes dos déspotas do Kremlin. Esses governos-carrascos é que, o mais das vezes, recebiam as benesses do Ocidente". Mas a esta altura do tema é que aparecem as dúvidas que os Descontentes não deixarão de agitar. E, a essas dúvidas, não será nada fácil dar resposta.
Com efeito, não é negável que um pouco desses recursos recebidos pelos governos títeres de além cortina de ferro acabaram por ir ter às respectivas vítimas, aliviandolhes algum tanto o infortúnio, ou mesmo evitando que algumas cantas dentre elas morressem de fome. Porém, das próprias fileiras dos Descontentes, ainda antes da atual convulsão, partiram a tal respeito objeções embaraçosas. Assim - já ponderavam os mais sofridos e indignados dentre estes - na própria medida em que o Ocidente dava aos carrascos recursos que abrandassem as carências das vitimas, lhes proporcionavam meios para atenuar a indignação geral, e prolongar desse modo a vigência da dominação dos mesmos carrascos. Neste caso, não teria sido mais útil aos povos subjugados que do Ocidente não lhes viessem esses recursos, de sorte que o dia da explosão do Descontentamento chegasse logo, e com ele a libertação final e completa dos desditosos subjugados?
• Cooperadores suicidas para a difudo do comunismo Confessamos que, a nós, da TFP, a pergunta nos deixa perplexos ... tanto mais que nunca ouvimos dizer que a concessão de 1ais recursos fosse condicionada, da parte dos benfeitores ocidentais, ao direito de exercerem severa vigilância para impedir que os ditos recursos fossem utilizados para a compra ou o fabrico de armamentos e munições que mantivessem sob jugo os povos cativos. Ou que, no caso de uma guerra contra o Ocidente, fossem utilizados contra as mesmas nações ocidentais doadoras. CATOLICISMO -
Março 1990 - 7
Consideremos as coisas até o fundo. Se Moscou dispôs de ouro para minar, com suas redes de propagandistas e de conspiradores, todas as nações da lerra, é bem certo que, nas faraônicas despesas utilizadas para tal, não entraram parcelas considerâveis das quantias fornecidas, a este ou aquele título, pelos doadores ocidentais? Neste último caso, a par de benfeitores das vítimas do comunismo, não terão sido eles cúmplices involuntários - concedamo-to - dos verdugos e, ao mesmo tempo, cooperadores suicidas de um ataque contra o próprio Ocidente, além de parceiros da difusão do erro comunista em todas as nações?
• A cruzada que n.1o houve Não sabemos se essas nações cativas chegarão algum dia a ser realmente livres, antes de sobrevirem as catástrofes punitivas e saneadoras previstas por Nossa Senhora nas aparições de Fátima (cfr. Antonio Augusto Borem Machado, As apariçiJes e a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da lrmO Lúcia, Vera Cruz, São Paulo, 26a. ed., 1989, pp. 44-46). O que sabemos é que, quando algum dia essas nações forem livres, o Descontentamento cobrará estritas contas, por tudo isso, aos "benfeitores" das nações cativas . E estes serão obrigados, para a salvação de seu renome, a revolverem muitos arquivos e ti rarem da poeira muitas contas .. . se é que não preferirão trancar tudo isto, e fazer com que o silêncio baixe mais uma vez sobre tais questões. Na verdade, as belas declarações de ONUs, UNESCOs e congêneres, as deixaram indiferentes, como deixariam indiferentes as vitimas, os sorrisos polidos, de saudação e solidariedade, partidos de pessoas que assistissem de braços cruzados aos tormentos que elas estivessem sofrendo. "Nós precisávamos de uma cruzada que nos libertasse - exclamarão elas - e vós nos enviastes tão-só um pouco de pão que nos ajudasse a ir aguentando por tempo indefinido o nosso cativeiro. Ignoráveis porventura que, para o cativo, a grande solução não é apenas o pão, mas sim, e sobretudo, a liberdade?" Tulvez haja argumentos vâlidos a opor a essas queixas dos cativos. Convenhamos, entretanto, que não será fâcil encontrâ-los.
•
Uma vitória dos "duros" só agravaria a exasperaç.1o e os queixumes
A imprensa de todo o mundo ocidental não tem deixado de notar que a vitória desse gigantesco Descontentamento ainda não é indiscutível. Pois ninguém pode garantir que o esmagamento da rebelião, realizado com tanto êxito e presteza na Praça da Paz Celestial (!) em Pequim, e repetido nestes últimos dias, com êxito ao menos aparente, na cidade de Baku, capital do Azerbaidjão, não possa reeditar-se ainda várias vezes cm outros focos do Descontentamento. Admitamos, por fim, que esses sucessivos esmagamentos cheguem a impor ao Descontentamento uma caricata máscara de paz. Da paz cadavérica dos que já não possuem vida. Um tal desfecho produziria, por certo, efeitos múltiplos globais, a maior parte dos quais ainda não são previsiveis neste momento. Contudo, do ponto de vista do Descontentamento, ele só agravaria a exasperação e os queixumes, principalmente no tocante ao Ocidente. Pois, no fundo de seus calabouços, os Descontentes acrescentariam ainda algumas imprecações à jâ vasta lista das que até aqui acumularam contra nós, do Ocidente. 8-
CATOLICISMO -
Março 1990
Navio soviético recebe mercadorias num porto norte-americano: subvenções entregues o mais das vezes não aos supliciados, vítimas de um regime iníquo, mas aos carrascos que o dominam Eles alegarão forçosamente contra o Ocidente: "Até 1989-1990, ainda não tínhamos enchido os ares do mundo inteiro com nossos bramidos. Em 1989-1990, tivemos ensejo de o fazer. Desde então, não restou nem o mais tênue véu para servir de paravento entre vós e nós. Vistes tudo, ouvistes tudo e , não obstante, ao que de insuficiente fazíeis em nosso favor, pouco acrescentastes". Mais uma vez, ser-nos-á difkil e embaraçoso responder.
4
Interpelação aos dirigentes dos diversos PCs disseminados pelo mundo
Contudo, não nos iludamos pensando que, em matéria de increpações e de chamados às contas, só se pode encarar como possível a polêmica travada, de um lado, entre as vhimas que bradam através das fendas do imenso calabouço soviético, que por todas as partes vai rachando, e de outro, seus algozes; ou, então, entre as mesmas vítimas e os sorridentes e parcimoniosos benfeitores que, em favor delas, se manifestarem de quando cm vez no Ocidente, ao longo das novas etapas de servidão, que só Deus sabe quando vão terminar. Tudo isso depende de como transcorrer um fmuro, para nós ainda enigmático. Com efeito, há que encarar também como plausível ainda outra polêmica. É a das populações dos pa(ses do Ocidente contra os Hderes dos diversos partidos comunistas que o prestigio da pretensa modernidade ideológica e tecnológica do comunismo, somado por vezes à força persuasiva do ouro e à eficâcia das táticas de propaganda comunistas, instalou larga e confortavelmente em todas as nações não comunistas do globo.
e farmácias, à espera da mercadoria qualitativa e quantitativamente miserável, cuja aquisição disputavam como se fosse esmola. Não haviam percebido os andrajos nas costas dos pobres. Não haviam notado a total falta de liberdade que aíligia todos os cidadãos. Não se haviam impressionado com o tristonho e geral silêncio da população, receosa até de falar, pois temia a brutalidade das suspeitas policialescas. Não haviam esses supporters do comunismo, nas várias nações do mundo livre, perguntado aos donos do poder soviético por que tanto policiamento, se de fato oregime era popular? E se não o era, qual a razão dessa impopularidade de um regime que gastava verbas de propaganda imensas, para persuadir os ocidentais de que os russos tinham atinai encontrado a perfeita justiça social, no paraíso de uma abundãncia de recursos capaz de satisfazer a todos?
e Se conheciam o
trágico frac.isso do comunismo, por que o queriam p.ira suas pátridsl
Cardeal Joseph Ratzinger: "Não se pode desconhecer esta vergonha de nosso tempo: pretendendo proporcionar-lhes liberdade, mantêm-se nações inteiras em condições de escravidão indignas do homem"
Se os chefes comunistas no mundo livre sabiam que o fruto do comunismo era o que agora o mundo inteiro vê, por que conspiravam para estender esse regime de miséria, escravidão e vergonha, a seus próprios países? Por que não poupavam dinheiro nem esforços com o fim de atrair, para a árdua faina de implantação do comunismo, as elites de todos os setores da população, a começar pela elite espiritual que é o clero, e a seguir as elites sociais, da alta e média burguesia, as elites culturais das Universidades e dos meios de comunicação social, as elites da vida pública, quer civil, quer militar, ademais dos sindicatos e organizações de classe de toda ordem, para atingir por fim a juventude e a própria infância, nos cursos de primeiro grau? Cegou-os a paixão ideológica, a ponto de não perceberem que a doutrina e o regime que pregavam para arespectiva pátria não poderiam deixar de produzir nela frutos de miséria e de desgraça iguais aos que ocorreram nas imensas longitudes do mundo soviético, desde as margens berlinenses do Spree, por exemplo, até Vladivostok?
• Quando uma grande voz disse a verdade: surpreu • Nada viraml Durante décadas a fio, os líderes comunistas dos diversos pa(ses mantiveram constante e multiforme contacto com Moscou, e ali estiveram, mais de uma vez, recebidos normalmente como comparsas e amigos.
• Nada contaramr E sempre que chegavam de volta aos seus países tomavam imediato contacto com os respectivos PCs, onde todos lhes perguntavam sofregamente o que haviam visto e ouvido nesta verdadeira Meca do comunismo internacional que é Moscou.
• Nada haviam indag;1dol Ora, segundo tudo indica, do que transparecia dos "jornais falados" desses visitantes para o grande público, dirse-ia que, em nenhum momento dessas visitas, haviam eles procurado tomar conhecimento direto das condições em que viviam os russos e outros povos subjugados. Não haviam visto as filas intérminas que, pelas frias madrugadas afora, se formavam às portas de açougues, padarias
Com tudo isto, da negra desdita em que se achavam e se acham os povos cativos, a opinião pública ocidental formava uma idéia tão vaga que, quando em 1984, um varão de relevante intrepidez apostólica teve a coragem de dar, em algumas fortes palavras, um quadro sumário, tudo se passou no Ocidente como se uma bomba tivesse feito ouvir seu estampido no mundo inteiro. Quem foi esse varão? - Um teólogo de renome mundial, uma alta figurada vida da Igreja, em s!nteseoCardeal alemão Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. E o que disse ele? Eis suas palavras: "Milhões de nossos contemporáneos aspiram legitimamente a reencontrar as liberdades fundamenlais de que esliio privados por regimes 101alitários e ateus, que tomaram o poder por caminhos revolucionários e violentos, exatamente em nome da libertaçOo do povo. NOo se pode desconhecer esta vergonha de nosso tempo: pretendendo proporcionar-lhes liberdade, mantém-se nações inteiras em condiçôes de escravidOo indignas do homem" (lnstrnçOo sobre alguns aspectos da "Teologia da Libertaçllo", Congregação para a Doutrina da Fé, 6 de agosto de 1984, n" XI, 10). Escravidão obviamente relacionada com a miséria geral (cfr. VitCA:!'OLJCISMO -
Março 1990 - 9
torio Messori a colloquio con it cardinale Joseph Ratzinge r, Rapporto sulla Fede, Edizioni Paoline, 198S, p. 201). Ele disse tudo isso, e só isso, e a o pinião pública ocidental estremeceu. Anos depois, a gigantesca crise em que se acha o mundo soviético veio provar que não só o Purpurado tinha razão, mas que, ainda, suas valcmes palavras não haviam sido senão um quadro sumário de todo o horro r da realidade.
• A grande interpelaçJo que virá De momento, o que se vai passando no mundo soviético atrai de tal modo a atenção geral, que nllo há aqui espaço para re ílcxões, análises e interpelações mais profundas. Mas para isso tudo chegará oportunamen1e o dia. E, nesse dia, a opinião pública perguntará mais agudamente aos chefes dos PCs, em todo o Ocidente, por que continuaram comunistas, apesar de saberem a que miséria o comunismo havia arrastado as nações juguladas por Moscou. Ela lhes e.~igirá que ex pliquem por que, conhecendo a situação miserável da Rússia c das nações cativas, consentiram em chefiar um partido político que nllo tinha outro obje1ivo senão arrastar para essa sit uação de penúria, escravidão e vergonha os próprios países do mundo livre, em que haviam nascido. Por que, enfim, haviam querido, com tanto afi nco, esse resu llado teneb roso, que não hesitaram em ocultar a seus próprios asseclas a verdade que a alguns - pelo menos - teria feito desertar, horrorizados, das fileiras vermel has. Esta atitude dos líderes comunistas das várias nações li vres, conj urados com Moscou para desgraçarem cada qual a respectiva pátria, há de ser considerada, pela posteridade, um dos gra ndes enigmas da História. Desde já esse enigma começa a es picaçar a curiosidade dos que têm a agudez de vistas su fici ente para perceber o problema e debruçar-se interrogativamente sobre ele.
•
A apreuada caiaçJo da fachada dos PCs nJo dá ga rantia de que os comunistas
estej;,m mud;,ndo e(etiv;,mente de dou trina O quad ro, velho de sete dêcadas, que tan tos líderes dos vários PCs disseminados pelo mundo nllo quiseram ou não pude ram ver - e que é agora tão cruameme patenteado pelos dramáticos acontecimentos que vllo agitando o mundo soviécico - esse quadro, dizemos, começa a projetar nestes dias visível mal-estar nos PCs de vários países. O próprio rómlo de "PC", do qual 1an10 se ufanavam, já lhes vai parecendo, no terreno psicológico, inábil e, no terreno lático, vexatório. Por isto, vários deles tendem a rotular-se agora de socialistas. Porém essa mudança não é só de róm lo - dizem - mas pretende ser tam bém de conteúdo. Tais mudanças nos sugerem de imediato algumas rcílcxões: I") O que os PCs façam no futuro nllo pode servir, só por si, para justificar o que fize ram ou deixaram de fa. zer até ago ra. Por exemplo, sua mudança de titulo de nenhum modo explica por que, até o momento, apoiaram tudo que se fazia no mundo soviético, nem o inteiro si lêncio dos PCs do mundo livre sobre a terrível miséria reinante na Rússia e nas nações cativas. Isto posto, as perguntas e interpelações que acima enunciamos continuam intactas. 2°) As mudanças em curso só poderão ser tomadas a sério caso os PCs anunciarem claramente: a) o que tenham mudado em suas doutrinas filosóficas, sócio-econômicas etc.; 10 - CATOLICISMO -
Março 1990
b) por que operaram tal mudança, e que relação essa mudança tem com a perestroika. 3º) Além disso, é preciso que os PCs esclareçam em concreto: a) como enunciam , hoje em dia, suas posições face à liberdade da Igreja Católica e, mu1a1is 111111andis , das demais religiões; b) de que modo tenham passado a conceber a liberdade dos partidos políticos, bem como das diferentes correntes filosóficas, políticas e culturais etc., constante dos direitos assegurados à pessoa humana no Decálogo: c) se mudaram - e no que - suas doutrinas e seus projetos legislativos no 1ocan1e às instituições da família, da propriedade e da livre iniciativa; d) e, por fim, se consideram esse seu new /ook como uma ordem de coisas dotada de razoável estabilidade, ou como mera etapa de um processo evolut ivo tendendo a outras posições; e) neste último caso, quais são essas posições? Sem esses esclarecimentos, a apressada caiaçll.o da fachada dos PCs com cores socialistas nllo dá a menor garantia de que os comunistas mudaram efetivamente de doutrina.
5
Por que combatiam implacavelmente os anticomunistas, os quais erguiam barreiras contra a penetração da desgraça soviética em seus países?
Entretanto, havia ainda mais gra ve. Por que esses lideres comunistas disseminados pelo mundo somaram à enganosa patranha do silêncio organizado sobre o " paraíso" soviético, também a detração sistemática e infatigável, durante sete décadas a fio, contra todos os que - individuas, grupos o u correntes - se empenha vam dcdicadamente em evitar para suas pátrias a dcsdita soviética, abrindo para esta os olhos da opinião pública?
• As redes internas a serviço do ;,dversário moscovita Nessa difamação, de torrencialidade e cont inuidade diluvianas, os PCs tiveram a agilidade de montar a seu serviço redes inteiras de auxiliares que, instalados em categorias sociais insuspeitas de favorecerem o comunismo, entretanto tinham em suas fileiras considerável número de inocentes ú1eis, de destros executores da tática doceder J)(Jra ntlo perder etc. Tudo concebido e resolvido em cada pais com os matizes peculiares às circunstílncias locais .
• Inocentes úteis: clérigos, burgueses e políticos que n.Jo atacavam o comunismo, mas mantinham um incessante dilúvio de difamações con tr.t ~s org~niz~çóes anticomunistas Os inocentes úteis eram adestrados em apagar a noção da nocividade do comunismo, e de sua importância co-
Chegará o dia em que a opinião pública exigirá que todos os líderes dos PCs no Ocidente expliquem por que consentiram em chefiar um partido político que tencionava lançar seus respectivos pafses numa miséria do tipo soviético, a qual eles já conheciam. Na foto, Carrillo e Marchais, líderes dos PCs espanhol e francês.
mo perigo próximo para cada pa(s. Inocente útil era de preferência um clérigo de aparência conservadora, um pacarn e despreocupado burguês, um polftico que se diria absorvido inteiramente nas tricas, micas e mo11inifadas aideológicas da politicagem. E assim por diante. Nenhum deles via, na mfdia, nem sequer o pouco que esta veio difundindo sobre as mazelas internas do regime comunista. Nem percebia o avanço da ofensiva vermelha, na vida interna do país. Não temia para o dia de amanhã um golpe comunista e, menos ainda, uma vitória comunista. Vivia tranqüilo, e espargia em torno de si a despreocupação. Tudo isto importava em que criassem em torno do anticomunismo um clima de prevenção e desdém, simétrico e oposto ao clima de simpatia e confiança que sua própria inocência, tão raramente sincera, constituiu em beneficio do comunismo. O comunismo jamais se absteve de aproveitar também a colaboração de estultos, dos quais diz a Escritura que "infinitus est numerus" (Ecdes. 1,15) no geral da humanidade, e "quorum parvus est numerus" nas fileiras vermelhas Note-se bem que, o mais das vezes, os inocentes úteis não !ornavam a iniciativa de falar contra as personalidades ou grupos anticomunistas, porque preferiam ignorátos sistematicamente. Porém, quando, em alguma roda, alguém relatava algum fato desairoso, atribuindo-o a este ou àquele personagem ou grupo anticomunista, o inocente útil era o que mais pressurosamente acreditava no fato, mais se indignava com ele, mais frequentemente tinha algum pormenor (verossímil ou inveross[mil) para "confirmá-lo".
Pelo contrário, se alguém, na mesma roda, contasse algum fato desabonador de um personagem ou grupo comunista, o inocente útil, munido das dúvidas sistemáticas de um método de análise benevolente, imediatamente se punha a pleitear circunstâncias atenuantes em favor da inocência do incriminado, se desolava CQm o risco de que investigações policiais descabidas abalassem a tranqüilidade das familias das pessoas assim visadas etc. etc. No que, tudo, poderia haver certa dose de eqüidade e bom senso. Mas, sobretudo, de velhaca e bem disfarçada parcialidade em favor do comunista. O que se evidencia tomando em consideração que todos estes dulçurosos ademanes, o inocente útil s6 os tinha em favor de personagens e grupos de esquerda. E nunca jamais em favor de personagens de direita. Em toda esta conduta, o habilidoso inocente útil jamais tinha uma palavra em prol do comunismo. O que era indispensável à sua ação. Pois se elogiasse em algo o comunismo, despertaria suspeitas, deixaria de parecer inocente e, em conseqüência, deixaria de ser útil.
• T~refa de outros inocentes úteis Outros inocentes úteis desenvolviam um trabalho tático peculiar. làmbém eles jamais deveriam dizer uma palavra explicita em favor do comunismo. Sua tarefa essencial consistia em "esquentar" o esquerdismo de todos quantos ainda não fossem comunistas, levando-os, em conseqüência, a colaborarem, se bem que só em parte, com o PC respectivo. Por exemplo, em uma roda de fazendeiros algum tanCATOLICISMO -
Março !990 -
11
10 indolentemente contrários à Reforma Agrária, este tipo de inocente útil devia tao-só lamentar a improdutividade de certos latifúndios, e mover a uma atuação antilatifundiária os que com ele concordem. Portanto, a uma ação agro-reformista que realizasse, pelo menos em parte, o plano de Reforma Agrária integral, que é a meta visada pelo comunismo. Assim, os comunistas e os inocentes úteis passariam a agir em fren te única em favor de uma Reforma Agrária moderada. Estaerasóaprimeiraetapa. Pois, nesse grupo "moderado", o mesmo inocente útil inicial "esquentaria" alguns em favor de um fracionamento confiscatório, também de propriedades de !amanho médio, e não só do latifúndio. Era um convite implicito para que, obtido mais este resultado, todos os esquerdistas rumassem com ele, cm freme única, em direção a nova etapa, isto é, a reforma eonfiseatória de todas as propriedades rurais, grandes ou pequenas. Ficava assim atingida a meta agrária última do comunismo.
• Outros cooperadores do comunismo E , assim por diante, se poderia falar dos que aplicam a tática do ceder para ntJo perder etc. etc. Mas isto não faria senão alongar excessivamente o preseme 1rabalho. Para se ter um quadro geral do que seja a avançada do comunismo em um pais, é preciso ter em vista, pelo menos, o que aqui acaba de ser descrito O sinistro deste quadro está, sem dúvida, e de maneira principal, no próprio sinistro do destino comunista preparado para o pais em foco
e
A tentativa de demoliçJo pela calúnia: a inocuidade dos estrondos publicitJrios contra a TFP b rasileiril
Mas ele consis1e também na requintada injustiça com que, a serviço do avanço do inimigo, se procura cobrir de calúnias cochichadas e de fonte anônima, e assim arrastar pelas âguas sujas da difamação, aqueles que tinham e têm por "culpa inexpiâvel" defender o país contra os que lhe querem impor o terrivel destino sob o qual se contorce, uiva e se revolta um nllmero crescente de nações ou etniascaovas E âs vezes essas investidas, bafejadas e apoiadas pelo comunismo, quando nao suscitadas direta ou indiretamente por ele, nllo se têm restringido a calúnias cochichadas, mas se têm avolumado a ponto de tomar as proporções de verdadeiros estrondos publicitários promovidos com grande estardalhaço contra a TFP brasileira nos últimos 24 anos. São ao todo doze estrondos, cada um dos quais se ergue como um tufão devastador, ao qual a TFP parece que não resist irâ Este tu fão encontra desde logo o apoio de todos os clãs de inocentes úteis disseminados pelo pa[s, com suas diversificadas e infatigâveis equipes de detratores especialmente afeitos a operar no recinto das fam!lias, das sacristias, dos clubes e dos grupos profissionais Enquanto tudo cochicha, tudo ferve, tudo berra, a TFP prepara tranqüilamente sua réplica. E quando esta afinal sai a lume, sempre serena, cortês, mas implacavelmente lógica, a argumentação de nossa entidade vai fa1.endo calar o adversârio. Este quase nunca treplica, e se vai recolhendo à sua toca. O mesmo fazem seus supporters de todo est ilo e gênero. Grndualmcnte, todo mundo vai 12 -
CATOLICISMO -
Março 1990
"esquecendo" tudo: o inimigo bate em retirada, sem que, na generalidade dos casos, a TFP tenha perdido um só sócio, cooperador ou correspondente, um só benfeitor, amigo ou simpatizante. E se bem que esses "estrondos" procurem, tanto quanto passivei, se expandir por toda a terra, nada tem impedido que a grande familia de TFPs coirmãs e autônomas - no mundo hodierno, o maior conjunto de organizações declaradamente anticomunistas inspiradas no Magistério tradicional da Igreja - continue a crescer. E isso de tal modo, que existem presentemente TFPs em todos os continentes. Enirementes, vieram os dias de Gorbatchev, os quais vão desfechando no que se vê. E agora a verdade dos fatos na Rússia soviética e no imenso conj unto de nações subjugadas estA patente aos olhos de todos. As TFPs têm o direito de consignar de público estas reflexões, e de interpe!ar especialmente os seus opositores mais diretos, os Hderes comunistas do Ocidente.
6
A grande cruz:
luta com os irmãos na Fé
Porém, por mais que se alonguem estas reílexões, por força da complexidade do tema sobre o qual versam, não poderiam elas omitir um pomo capital. 1:: o longo desentendimento - a tantos e tantos titulas doloroso - com grande número de irmãos na Fé.
• De Pio IX a Joio Paulo li Jâ nos dias sofridos e gloriosos do pontificado de Pio IX (1846-1878), a coletânea dos documentos pontifícios deixa ver a oposição radical e insanável entre a doutrina tradicional da Igreja, de um lado, e de outro lado, os devaneios sentimen1alóides do comunismo mópico, bem como o assalto rancoroso e pedante do comunismo científico, ou marxista. Esta incompatibilidade não fez senão vincar-se no decurso dos pontificados posteriores, como demonstra, por exemplo, a afirmação lapidar de Pio XI, contida na Enciclica QuadragesimoAnno de 1931: ''O socialismo (. . .)funda-se (. . .) numa concepçtJo da sociedade humano que lhe é própria e inconciliável com o verdadeiro cristianismo. Socialismo religioso, socialismo crisrllo silo termos que uivam de se encontrar j11ntos: ninguém pode ser oo mesmo tempo bom cmólico e dizer-se verdadeiro socialista" (A cta Apostolicoe Sedis, vol. XXIII, p. 216). E, ainda mais notadamentc, o famoso decreto de 1949, da Sagrada Congregação do San10 Oficio, promulgado por ordem de Pio XII , vedando a lodos os católicos, sob pena de excomunhão, qualquer forma de colaboração com o comulàis atos pontificios visavam, de um lado, coibir ovazamento de católicos para as fileiras do comunismo. Mas também a infiltração dos comunistas nos meios católicos, sob pretexto de uma colaboração entre uns e outros para a solução de certos problemas sócio-econômicos. Este ponto era particularmente importante, pois, estendendo a mllo aos católicos ("politica da mão estendida") para essa falaciosa colaboração, os comunistas declarados e notadamente os inocentes úteis de 10dos os matizes entravam numa convivência fami liar e assídua com os católicos. criando clima propício a seduzir, para
o pensamento e a ação marxistas, considerável número de filhos da Igreja.
• A era da Ostpo/itik v;,ticana Ao longo de toda a imensa máquina de propaganda do comunismo internacional, desde o Kremlin até a mais apagada célula comunista de vilarejo, começou a se registrar, no mundo inteiro, uma série de atitudes um tanto distensivas, quer em relação ao conjunto das nações livres do Ocidente, quer em relação às diversas igrejas, e notadamente cm relação à Santa Igreja Católica. Daí uma nova atitude daquelas e desta em relação ao mundo de além cortina de ferro. Tui mudança já se tornara visível no pontificado do sucessor imediato de Pio X II , o Papa João XXIII (1958-1963). E essa tendência a distensão se foi prolongando até nossos dias, em que culminou com a recente visita de Gorbatchev a João Paulo li Em 1969, com a inauguração da Ostpolitik do Chanceler teutônico Willy Brandt, esse vocábulo alemão entrou em voga nos meios de comunicação social. E, assim, acabou por se aplicar também à politica distensionisca do Vaticano. Na realidade, aliás, esta última precedeu cronologicamente o distensionismo de Bohn. Evidentemente, de Pio XII a João Paulo li, houve uma imensa modificação na linha diplomática do Vaticano, relativamente ao mundo comunista. Esta matéria envolve, sem dúvida, aspectos doutrinários, que dependem do Magistério Supremo do Romano Pontífice. Mas, essencialmen!e, a matéria é diplomática e, em seus aspectos estritamente cais, pode ser objeto de apreciações diversas da parte dos fiéis. Assim, não temos dúvida em afirmar que as vantagens obtidas pela causa comunista com a Ostpolitik vaticana não foram apenas grandes, mas literalmente incalculáveis. É exemplo disso o ocorrido no Concílio Vaticano II (1962-1965) De fato, foi na atmosfera da incipiente Osrpofitik vaticana que foram convidados representantes da Igreja greco-cismática ("Ortodoxa") russa para acompanharem, na qualidade de observadores oficiais, as sessões daquele Concilio. Vantagens da Santa Igreja nisto? Segundo até o momento se sabe, magérrimas. esqueléticas. Desvantagens? Mencione-se uma só. Sob a presidência de João XXIII e depois Paulo VI, reuniu-se o Concílio Ecumênico mais numeroso da História da Igreja. Nele estava assente que iriam ser tratados todos os mais importantes assuntos da atualidade, referentes à causa católica. Entre esses assuntos não poderia deixar de figurar - absolutamente não poderia! - a atitude da Igreja face ao seu maior adversário naqueles dias. Adversário tão completamente oposto a sua doutrina, tão poderoso, tão brutal, tão ardiloso como outro igual a Igreja não encontrara na sua História então já quase bimilenar. Tratar dos problemas contemporâneos da religião sem tratar do comunismo, seria algo de tão falho quanto reunir hoje em dia um congresso mundial de médicos para estudar as principais doenças da época, e omitir do programa qualquer referência à AIDS ... Pois foi o que a Ostpolitik vaticana aceitou da pane do Kremlin. Esse declarou que se, nas sessões do Concilio, se debatesse o problema comunista, os observadores eclesiásticos da igreja greco-cismática russa se retirariam definitivamente da magna assembléia. Estrepitosa ruptura de relações que fazia estremecer de compaixão muitas almas sensíveis, pois tudo fazia temer, a partir dai, um recrudescimento das bárbaras perseguições religiosas para além
1
CATOLICISMO -
Março 1990 -
13
Para. evitar que as representantes da Igreja greco-cismática ("Ortodoxa'') russa (foto) se retirassem da Magna Assembléia, da qual participavam como observadores, o Concílio Vaticano li não tra.tou da AIDS comunista
Pio XI: "Socialismo religioso, socialismo cristão sã.o term os que uivam de se encontra.r juntos"
da cort ina de ferro. E, em atenção a esta posslvel ruptura, o Concilio não tratou da AIOS comunista! A mão estendida era coberta por uma bela luva: a luva aveludada da cordialidade. Mas, por dentro da luva, a mão era de ferro. Sentiam-no as mais altas autoridades da Igreja. Mas isto não impediu que prosseguissem na Ostpofitik. O que foi levando crescente número de católicos a tomar em relação ao comunismo uma atitude interior equivalente a uma verdadeira "queda de barreiras ideológicas". E, no terreno da ação concreta, a colaborar cada vez mais com as esquerdas na ofensiva contra o capitalismo privado, e em favor do capitalismo de Estado, na ilusão de que o primeiro era oposto à "opção preferencial pelos pobres", ao passo que o segundo tinha várias afinidades (ou atê mais do que s6 isto) com tal opção tão preco nizada pelo at ual Pontífice. Oh que cruel desmentido lhes iníligiu o capitalismo de Estado!
• A TFP na torment.;1 Todo esse suceder de fatos verdadeiramente dramáticos não podia deilrnr de sobressaltar a fundo (não fosse a confiança na Santíssima Virgem, melhor seria dizer "angustiar de modo atroz") os componentes da TFP brasileira. Por isso, logo na poluída e sombria "madrugada" desta crise, o pugilo de ca1ólicos do qual nasceria de futuro 14 -
CATOLICISMO -
Março 1990
nossa entidade, deu a voz de alerta (cfr. Plínio Corrêa de Oliveira, Em defesa da Açdo Ca1ólica, 1943, prefácio do Cardeal Bento Aloisi Ma.sclla, então Nllncio Apostólico no Brasil. - A obra foi obje10 de expressiva carta de louvor, escrita em nome do Papa Pio XII, pelo Substituto da Secretaria de Estado da Santa Sé, Mons. J. B. Montini, mais tarde Paulo VI). Incontinenti partiu dai uma geral saraivada de contra-ataques, que desfecharam em que grande número de meios católicos - pepineira de futuros comunistas nas agitações dos anos 1963-1964 - se cerrassem à nossa ação. Assim, ecumênicos com tudo e com todos, e notadamente com os esquerdistas, os católicos de esquerda se ma nifestavam desde então inquisitoriais em relação a nós! Engajou-se assim a parte mais dolorida de nossa luta. Esta luta, antigamente a traváramos contra o lobo devorador. Agora, nossa própria fidelidade à Igreja levava-nos a travá-la contra ovelhas do mes mo reba nho. E, oh dor das dores! atê com pastores deste ou daquele rebanho bendito de Nosso Senhor Jesus Cristo. Toda essa luta, tão longa e gotejante de lágrimas, de suor e do sangue das decepções, a TFP a historiou em dois livros, um deles recente (Meio skulo de epopéia anlicomunista, 1980; Um homem, uma obra, uma gesta, 1989). Estão eles ao alcance de qualquer interessado, no endereço abaixo. Desnecessário é resumi-los aqui. Diga-se simplesmente que, com o apoio das valentes e brilhantes TFPs então existentes, respectivamente na Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, Estados Unidos, Uruguai e Venezuela, foi lançado o documento intitulado A polflica de dis1ensbo do Vaticano com os governos comunistas - Para a TFP: omitir-se? ou resistir?, em que todas as nossas entidades coirmãs e autônomas se declaravam em estado de respeitosa resistência à Ostpolitik vaticana. O esp!rito que as levou a isso - e que hoje anima igualmente as TFPs e Bureaux depois constituídos em 22 paises - se pode resumir nesta apóstrofe da mesma declaração: "Nesle aio filial, di~emos ao Pastor dos Pastores: Nossa alma é Vossa, nossa vida é Vossa. Mandai-nos o que quiserdes. Só n4o nos
J....
t' --
-
Por ordem de Pio XII. a Sagrada Congregaç4o do Santo Oflcio promulgou em 1949 o famoso decreto, vedando o todos os católicos, sob pena de excomunh4o, qualquer formo de colaboraç4o com o comunismo
mandeis que cruzemos os braços diante do lobo vermelho que investe. A isto nossa consciência se opõe". •
lnlerpelilçjo1 -
NJo; apelo fraterno
A vós, diletos irmãos na Fé, a cuja vigitAncia a falácia comunista transviou ou está em vias de transviar, não faremos uma só interpelação. De nosso coração sempre sereno parte, rumo a vós, um apelo repassado de ardoroso afeto in Christo Domino: diance do quadro tcrrivel que nestes dias se esboça a vossos olhos, reconhecei, pelo menos hoje, que fostes ludibriados. Queimai o que ajudáveis a vencer. E combatei ao lado daqueles que ainda hoje ajudais a "queimar". Sinceramente, ca1egoricamentc, sem ambiguidades tendenciosas, mas com a franqueza tão enormemente respeitável que é incrente à contrição humilde, voltai vossas costas para os que cruelmente vos têm enganado. E ponde cm nós vosso olhar, serenado e fraterno, de irmãos na Fé. Este é o apelo que vos fazemos hoje. Ele exprime nossas disposições de sempre, as de ontem como as de amanha. Nas palavras fina is deste documento, nossa 11oz se carrega de emoção, a veneração as embarga, nossos olhos filiais e reverentes se levantam agora a Vós, ó pastores veneráveis que dissentistes de nós. Onde encontrar as palavras
de afeto e de respeito próprias a depositar cm vossas mãos - em vossos corações - em um momento como este? Melhores não as podemos encontrar senão, mururis mutandis, nas próprias palavras que, em 1974, dirigimos ao hoje falecido Paulo VI. Pronunciamo-las gcnuílexos, pedindo vossas bençãos e vossas orações. Temos dito. As várias interpelações enunciadas nos itens 2 a S, e o apelo aos católicos de esquerda (item 6), fá-los a TFP, por sua conta e risco, no presente documento, publicado com a aprovação unânime dos membros do seu Conselho Nacional. Corno é óbvio, assiste a qualquer dos interpelados ou àqueles a quem se dirige o apelo - o direito de responder. E, pelo óbvio motivo da proximidade, tal resposta constitui não apenas um direito, mas um dever, para os lideres comunistas do Ocidente e os da esquerda católica. A eles, pois, nossa pergunta final; calar-vos-eis ou falareis? A palavra está convosco. São Paulo, 11 de fevereiro de 1990 Festa de Nossa Senhora de Lourdes CATOLICISMO -
Março 1990 -
IS
Discernindo,
d istinguindo, c lassificando ..
FOLGUEDOS QUE SE FORAM 0 1!~. ~~ ~~:~~/!~
5 ~ia ças. E como todas as crianças do mundo, brincaram. Jà lhes ocorreu comparar os folguedos de seus tempos de infância com aquclcsaquescentrcgamhoje meninos e meninas? A comparação~ rica deen$inamcntos. Há não mui!o tempo, a "Folha de Londrina" (4--9,88) estam• pava uma reportagem sob um sugestivo título: "Para onde foram ascamigasderocfa?"Ne!ascdizia: "Uma volta pela cidade num fim de diadesoljánâoprovoca tantasnostalgias.Mesmonosbairros mais distantes, as cantigas de rodacasbrincadcirasderuafo. ramsubstituidas( ... )jánãoscroda tanto pião( ... ). Um aparelho de TV numa sala pouco vemila-
da atrai muito mais as crianças dchoje."Areportagemlamenta-
vanãohavtrmais"a suavemelodiadcumacantigadcroda. Não dimaisparamatarsaudadcsandando pelas ruu dos bairros de hoje. Rela-rda, roda pião, bafo, lenço atrás, esconde-esconde, mlle-da-ruaeinúmerasbrincadeiras parecem superadas( ... ) Surgiram osk?-tC, ovideogame, os robôs e os carrinhos movidos por controle remoto A televisão tambtm. (... ) Os jogos improvisados que antes ocupavam quintais e ruas hojed.aolugaraosjogosindumialiudos". Poder-se-iam lembrar ainda as bolinhas de gude (as havia verde csmeralda, a:i:ulturqucsa,leitosas,etc.);ossoldadinhosdcchumbo,tllo cncamadoreselão formativosdocaráterdomcnino:ocmpinar de papagaios: e muitos outros. Alib,meninosemenino..sbrincavamern separado. 1:. natural . Elas gostavam iobretudodebonccas,devcsti-lascomeuidadooomose fosscrn5uas íilhinhas; deleitavam-se também cm pular corda, etc Eles olhavam-nas com certo ar de superioridade: "ooisa5 de m,;ninas"; elas, por sua vci:, vingavam-S<' mantendo em rclaçlloaosmeninos uma i;upina indiferença: "esses brutalhl)cs"'. De fato, as coisas entre eles eram um pouoo mais rudes, por vci:es havia rusgas, podla-S<'chegar a alguns safanões, mas a "encrenca" dentro em pouco era e!iquecidae o convivioserestabclecia S<'m problemas Crianças assim, alegres, inocentes, brincando, eram encontradas cm t0do lugar,aqualqucrmomentododiacfa-
16 -
CATOLICI SMO -
Março 1990
ziam parte da paisagem de praticamente todas as cidades brasileiras. Nlo podemos e§<lueccr os jogos mais reflexivos, formadores do pensamento, corno o xadrb e mesmo damas e dominó. Haviaaindaasfestascspcciais,aguardadas com ansiedade. As fogueiras de SlloJollocomosoltardeball)csquesubiam aos céus e se transformavam em luieiros itinerantes. O Silbado de Aleluia em que era "malhado o Judas" O boneco de pano era preparado com antecedência e, no sàbado, amarrado a um poste. Cada menino com um porrete ou equivalente na mllo (podia sc:r umcabodeva=ura);oJudaseraaspcrgido com gasolina ou àlcool. Ao meio dia em ponto, quando os sinos das igrejas anunciavam o Aleluia, punha-se fogonoJudasecomeçavaa"malhaçllo". Primeiramente no boneco ainda amarrado ao poste. Em S<'guida, umdosmeninos,comumacordapreviamentepreparadaparaaocasião,arrastava pelas ruas o traidor em chamas, o qual ia recebendo vigorosu pautadas dos guris que corriam atrãsesaltavam de alegria. De vez cm quando sobrava uma paulada para o braço ou as costas
de alguém, mas fazia parte da ícsta Aestaaltura,oSr.ouaSra. queatéaquimeacompanharam podem estar pensando: "mas nllofoicitadatalbrincadeiraassim de que me lembro: tal outra, acima descrita, eu aoonheci com alguns matizes difcrentcs".Realmente,CS5CSfolguedos S<'beneficiavamdeumavitalidade e '"riatividade tais, que se mult,y licavam por si mesmos e variavamquaseaoinfinito.Folgucdos inocentes, aguerridos, alegres Hoje, o que vemos? Loao deinlciooonstata-sc:queonúrnerodecriançasdiminuiuenorme• mente. As que conseguiram sobreviver aos anticoncepcionais e ao aborto, filhas de pais freqüentemente desunidos - rnorandocomamãeeo "namorado"damãe,oucomopaiesua concubina-saoemgeral tristes. Pareccndonllotermaisvitatidade para criar sc:us próprios folguedos, u1ilizam brinquedos mecllnicos que S<' movem por si. Passam horas deitadas num sofá, ou diretamente no chDo. olhando desinteressadamente para o vídeo da TV ou meio hipnotizadas por atrizesdemoralduvidos.aquesee,i_ibem em programas ditos iníantb. Os bonecos com que brincam perderam sua bele:-:'u~t~:~:~tassaram a ser monsQuasc não tendo mais personalidades distintas, meninos e men inas vivem promiscuamentcentresi,vestindorouPM $Cmelhantes, quando não todos scmi-nus. No intcrior de suas almas a frustraçllooscorr6i. e os prepara em considcrâvclnúmerodecasosparascentregarem maistardcaosviciosdasensuatidadeedepois da droga A essa derrocada foram levadas nu• merosissimas criançu, porque os adultos hã tempo vêm abandonando os regeneradores hàbitos e princlpiosda Santa Igreja Católica. Os próprios sacerdotes do Senhor, protetores natos da ir1oclncia, por que não mais a defendem? Em depoimento transcrito na mesma reportagem acimacitada,apsicóto• ga Maria Aparecida Trevisan conclui melancolicamente: "As crianças perderammu "to".
História Sagrada em seu lar noções básicas do culto devido a Deus,dossacrillcios, dasemana c dasantificaçãodo sttimodia, dosanjos e doscspiritosmaus; numapalavra, toda a Religião fundamental
Decadência e idolatria
A TORRE DE BABEL ''ÜsTRtSFILHOSdeNoé(Sem, CameJafet) e seusde:scendenteshabitavam primeiro no mesmo país, situado en1re (os rios) Tigre e Eufrates: era a planíciedeSenaar,depoisMesopotãmia. Quando se multiplicaram a pomo de nãopodercmmaishabitarjumos,disseramentre si"( I)· "Vinde, façamos tijolos e cozâmo-
los
110
fogo. E serviram-se de tijolos
em vez de pedras, ede betume cm vez dccaltraçada;cdisseram: Vinde, faça mos para nós uma cidade e uma torre, cujocimochegueatéocéu; e tornemos célebreonossonome antesquenosespalhemos por toda a terra" (2).
Con(usão d;u linguu e dispersão "Deus não gostou da empresa porque era sinal de um orgulho ba!ofo" (3) "OSenhordesceuaver a cidade e atorrequeosfilhosdeAdãoedificavam, e disse: Eis que são um só povo e têm todos a mesma língua; e começaram a fazercstaobra,cnãodesistirãodeseu imcmo,até queatenhamdc todo cxccu tado. Vinde, pois, desçamos, e confun damosdetalsorteasualinguagem, que um não compreenda a voz do outro. E assimoSenhorosdispcrsou daquele lugar por todos os países da terra, e cessaram de edificar a cidade. E por isso, lhe foi posto o nome de Babel, porque ali foi confundida a linguagem de toda a terra, e dai os espalhou o Senhor por todas as regiões" (4) ''OnomedeBabcl, significandocon fusão, ficou posto nesta torre cujos destroços têm sido achados. Tais minas, trazidas à luz pelo s arqu~-ólogos modernos, vêm nosdar,depoisdetamosséculos,umaconfirmaçãodahistória(narrada por) Moisés.
Ab,tmindo a /ran,undênâa dt1 Dw.,, 01 homens dúxomm-,c levar pelo orgulho, co,utruindo a lorn dt1 Babtll
''Jáquenão se comprcendiammais, os descendentes de Noé espalharam-se em todos os palses do mundo. Este fato se dava cerca de um século dep0is do dilúvio
Formação dos idiomas e dos povos - Tradições "Doisgrandesfatoshistóricosforam oresultadodestaconfusaodeBabel deu origem a idiomas múltiplos, e os homens dispersaram -se para serem os fundadores das várias nações "Importa notar que os homens, ao separarem-se, levaramparatodaaparteastradiçõesdosacontecimentosante riores: a idade áurea ou estado de inocência; a quedado homem; o século de ferro, isto é, uma época de desordem e desgraça; a promessa de um Salvador; a audácia e impiedade dos gigantes; o dilúvio universal; asalvaçãodeumsó homem justo; e com estastradições,as
"Porém, ao passoqu~sciamafastandodeseuberço,os homens perdiam as sãs tradições que tinham recebido dos antepassados "A soberba dos homens também atirava os espíritos para oserrosmaisgrosse1ros;jáosllomensnão queriam mais dar fé senão ao que viam: eraaimpiedade;não qu·seramma·sadorar senão as coisas que podiam contemplar· foi a idolatria .. ... co~ '~ id:~:~~~ç!~;
a gera, tornou-seun· versal.Dcusdesconhecido,ocultosupremorebaixadoàscriaturasenegadoa Deussó;ofogo,oar, asestrelas,osol,alua,divinizados; ... . asplantascosanimaissubstítuindoa divindade Finalmente, o homem foidivinizandoasprópriaspaixões;aba fando o remorso, chegou a cometer, por prindpio de religião, crimes horrorosos que revoltam a natureza "O mal já tão grande grassava de um modo espantoso. Para que não invadisse o gênero humano cm peso, oTodoPoderosochamouaAbraãoparaele serochcfedeumaraçafie1"(5). D Notas (l) Mons. Cauly, Curso de Instrução
Religiosa - História da Religião e da Igreja, Livraria Francisco Alves, 1913, p.29 (2)Gên. 11, 3-4 (3)Mons.Cauly,op.cit. p.29 (4)Gên. 11,5-9. (5)Mons. Cauly, op.cit p. 29-31
CATOLICISMO -
Março 1990:..... 17
Uma escada elevando corações ao alto Uma artística escada
de acesso ao coro, existente na capela de um colégio feminino, no Estado de Novo México, Estados Unidos, atrai anualmente milhares de visitantes e tem atrás de si uma belíssima história de fé e devoção.
Uma nove"" a Siiojoié " um.a~ alcal1fllda: a artl.,t,'ca ..cada constitui a/,into t,o.ro as almas d,iootas, causando também esperialadmiraçi,)a ,ng•nheiro,, man:,inn"ro• ,icorpin!fl'rw, .•
18 -
CATOUCISMO -
Março de 1990
PARTINDO do Estado de Kentucky e após três meses de viagem por rio e estrada de ferro, em maio de 1852, chegaram à cidade de Sania Fé, Novo México, quatro abnegadas religiosas da Congregação de Loreto e de Nossa Senhora ao Pé da 'Cruz, para ali estabelecerem uma escola para meninas. Para isso, muito se empenhara o Bispo local, Dom Jean Baptiste Lamy. Nesse cenário do faroeste americano, uma aventura, sublime e verdadeiramente heróica, de almas ardentes pela expansão do Reino de Cristo, tornou-se visível com a edificação de novos conventos, capelas e escolas De fa10, a semente do colégio desejado por Dom Lamy desabrochou inteiramente, vindo a marcar muito a fundo a vida e a história da cidade. Em 1873, já estavam as Irmãs construindo a capela dedicada a Nossa Senhora da Luz, cujos arcos em forma de ogiva, bem como os vitrais, de algum modo faziam brilhar novamente traços daquele estilo arquitetônico que surgiu na Europa medieval, sob a inspiração da Igreja, e que ficou conhecido como estilo gótico Encontrava-se a construção já em fase final, quando depararam as Irmãs com um problema, decorrente da morte de um dos vários arquitetos que sucessivamente dirigiram a obra. Com aproximadamente 8 por 25 metros, a capela apresentava um pé
São José: inteligente, criterioso, ardente, carinhoso, alma de fogo! A SAGRADA Liturgia celebra a
19dcstcmêsa festa do glorioso Patrono da Igreja, São José. Habitualmen1c,asimagensdeSão José representam-no como um homem que. à forca de ser simples, ficou com aspecto um tanto simplório, sorrindo
como quem não estâ compreendendo bem as coisas, sem firmeza de vonta-
de, não sendo verdadeiro chefe nem dirigente.
Ora, foi em suas mãos que Deus entregou o maior tesouro que houve na terra, e que jamais haverá igual na História, Nosso Senhor Jesus Cris-
to, o Filho de Deus humanado! Foi São José quem tomou conta desse tesouro! Deus só poderia ter designado um homem de alto critério, elevada
prudência,muitodiscernimento,cspecial carinho, para cercar da meiguice
necessâria-meiguiceadorativaeveneradora - o Filho de Deus humanado. E, ao mesmo tempo, um homem capazdcenfrentarqualquerdifieuldade, com inteligência e com força, à vistadeumadversàrioqueseerguesse. Os inimigos ergueram-se logo de inicio: a perseguição que Herodes moveu contra o Menino-Deus, o massacredosinocentes,anecessidadedefugirparaoEgito. São quatro palavras: fugir para o Egito. Hoje em dia parece uma coisa tão simples ... Ir para o
direito proporcionalmente bastante alto. Não comportava, em vista disso, que a escada de acesso ao coro se elaborasse segundo os padrões habituais. Nao se conheciam, sobre esse ponto, os planos originais. E os peritos consultados não sabiam o que propor. O recurso, nessas circunstâncias, foi uma novena a São José, que na cidade de Nazaré foi também carpinteiro. Ajoelhar-se, suplicar, confiar ... Não é esta, nas dificuldades grandes e pequenas, a atitude própria à piedade católica? Apenas concluída a novena, alguém bateu á porta do Convento. Era um senhor que se apresentou como carpinteiro: soubera do problema da construção da escada e vinha
Egi10 é tão natural: toma-se um avião e vai-sede Jerusalém para o Egito. No tempo dele não era assim. Era precisoviajaremdorsodeanimalatravés de desertos, nos quais havia bandidos e feras. Na faixa desértica mais próxima de terra aproveitável, com vegetação,começavamosperigos:animais selvagens, bandidos dispostos a saquearosqueviajavam,enãosópara apropriar-se de seus objetos, mas também para reduzi-los à escravidão, levando-os presos e vendendo-os em mercados de escravos. Toda espécie de perigos! Quementalidadeprecisavateressehomem, quecoração,quealmade fogo, para guiar através de tantos perigosoMeninoJesuseNossaSenhora! EleeraoesposodeMariaSantissima. E entre esposo e esposa é preciso haver uma certa proporcionalidade, uma certa correlação. Não pode o esposo ser demasiadamente superior à esposa, nem a esJX)sa demasiadamente superior ao esposo. Como deveria ser um homem que tivesse certa proporção com Nossa Senhora? É assombroso! As imagens habitualmente não mostram isso, ao contrário desta pinturadosantovarlloqueapresentamos a nossos leitores. São José é aí representado na sua pobreza, nasuasinge-
oferecer-se para resolvê-lo, embora na bagagem que trazia sobre seu jumento houvesse apenas poucas e rudimentares ferramentas. A sua proposta, como é natural, foi logo aceita. Trabalhando de modo recolhido, realmente construiu ele a estrutura da escada, sem os corrimãos. Essa estrutura espiral se compõe de peças de madeira, presas com tarugos também de madeira, sem quaisquer pregos ou parafusos. Além disso, faz duas voltas de 360 graus, sem eixo central de apoio. Certo dia, quando já havia construído o essencial da escada, o habilidoso carpinteiro partiu, sem aprese111ar a conta e sem solicitar o pagamento. E nunca mais voltou ...
lez.a, como simples operário em Nazaré, mas o é também como homem de inteligência, de critério, firme, uma alma de fogo, ard.ente, contemplativo, umaalmacheiadecarinho. Ê um quadro que representa bem a füionomia espiritual de São José. Não é pintado por algum artista célebre, mas por um indíp:ena anônimo da época colonial do Equador. Ele, certamente inspirado por uma fé autêntica e singela, interpretou bem o papel deSãoJosé,esoubeexprimi-lornediante uma pintura de boa qualidade.
A Madre procurou localizá-lo na região, mas não conseguiu, pois absolutamente ninguém o conhecia. Sua obra foi chamando cada vez mais a atenção dos especialistas, tanto no que diz respeito à técnica usada na sustentação, quanto à perfeição geométrica de seu desenho, obtida unicamente pela habilidade manual. Outro ponto que merece ser ressaltado é o número de degraus da escada. Com efeito, foi aos 33 anos que Nosso Senhor expirou pregado na Cruz, para Redenção do gênero humano. O fato de ser também 33 o número de degraus da escada, constitui mais um revelador detalhe, cheio de simbolismo. Em 1968, devido à crise provocada pelo "progressismo" - que infelizmenCATOLICISMO - Março de 1990 -
19
te já tomava graves proporções na Igreja, fazendo minguar em larga medida a vida religiosa - e também em razão das crescentes limitações impostas pelo governo norte-americano ao ensino religioso, as Irmãs encerraram suas atividades em Santa Fé. O Colégio Nossa Senhora da Luz fechou suas portas, sendo o prédio vendido três anos depois e transformado em hotel. Não obstante, a capela permanece aberta ao público, embora à maneira
de museu. Para conhecê-la o visitante adquire um ingresso, e enquanto contempla seu interior pode ouvir a narração de sua história através de equipamento de som. Ora desperta a curiosidade, a análise, a admiração e a piedade de muitos, ora deixa os céticos num silêncio ocasionado pela perplexidade. Há poucos anos, após ampla pesquisa, a professora Mary J. Straw publicou sobre o assunto, cm primorosa
apresentação gráfica, o livro intitulado ''Lorctto, thc Sistcrs and their Santa Fc Chapei" (1). Figurando também em cartões postais, a artística capela é focalizada igualmente no guia de informações sobre Santa Fé, o qual chama a atenção do leitor para sua m ilagrosa escada.
e.e.
NUNESPll!ES
(1) Ed. Loretto Chapei, Santa Fe, Mexico, USA, 1984, 152 pp .
:
'*'..· .
'I
Uma das ,/1 .. ª_,;_,1· f ' : \ ' primeiras ~ -_1 / ...._';.., ~\J. . ,,t "'' Congregações I .' ...... femininas . - .,.. ::. fundadas nos .. ' ; Estados Unidos ~
;
)
~
~ ""
,.
. -'~,~-.-, !t ,,
l
D. ft<m &ptislt Lamy
A
CONGREGAÇÃO das Irmãs de Loreto e da Virgem Maria ao pé da Cruz, foi fundada em 1812 em Kentucky pelo Pe. Charles Norinckx, fugi tivo das perseguições movidas à Igreja pela Revolução Francesa. De início, dedicaram-se as Irmãs primordia!menteaocnsino decriançasde linguainglesa. Dispondo-se a abrir um colégio numa região de cultura hispânica, como o Novo México, essas religiosas - que fo ram calorosamente recebidas com arcos floridos na rua e cânticos populares acompanhados com guitarras tiveram de fazer um considerável esforço para sua adaptaçM, não apenas aprendendo castelhano, mas sobretudo enfrentando a grave situação de desconforto e precariedade da primeira residência que lhes foi destinada. Além disso, a viagem de Kentucky a Santa Fé, percorrendo parte do interior norte-americano no sentido lestesudoeste, compor1ava então numerosos riscos, alguns dos quais chegaram a concretizar-se tragicamente. Por exemplo, vitimadas por uma epidemia de cólera, duas das seis Irmãs que compu20 -
CATOLICISM O -
nham essa primeira comitiva vieram a falecer a meio caminho . Mais tarde, noutra comitiva, outra Irmã morreu atingida por uma flecha de índios. A construção do Colégio Nossa Senhora da Luz, ao longo dos anos, muito bem ilustra o cuidado e a lisura em meio às preocupações com dlvidas contraídas - na administração do dinheiro recebido de doações, mensalidades e, inclusive, da venda de produtos de sua própria horta e pomar. Todas as entradas e despesas acham-se registradas em vários livros, numa espécie de contabilidade doméstica, que hoje constituem para os pesquisadores uma fonte de referências acerca das fam!lias da época. Também o pagamento de todos os operários acha-se anotado. Com exceção, evidentemente, do pagamento ao autor da escada ... Quando a Capela estava já concluída, Madre Madalena escreveu: "A propósito dos assuntos temporais, a melhor e mais consoladora (pelo menos para mim) informação que eu posso dar é que nós estamos, graças ao Sagrado Coração, à Santíssima Vir-
Março de 1990
gem e ao glorioso São José, livres de dividas". Étambémsignificativaamaisantiga das referências sobre o Colégio, em livro publicado por John G. Bourke, oficial do Exército norte-americano, que percorreu a região em 1881: "Passei primeiro por um vasto pomar com árvores frutíferas de diversas variedades, depois uma horta e então entrei no corredor do Convento . Limpeza irrepreensível era a regra geral por toda parte, não sendo visivel o menor sinal de poeira. "Ninguém atendeu nossos toques de campainha, de modo que nos consideramos autorizados a entrar na Capela, admirável peçadearquitcmra religiosa no sudoeste do pais. "Uma escada geométricamente muito bem construída conduz ao coro onde as Irmãs cantam durante as celebrações dos Santos Ofícios. "Foi para mim um imenso prazer conhecer este amável e pequeno templo, tão doce, tão puro, tão luminoso, atestando a constante presença de pessoas tão delicadas e gentis ... "
Revivendo a arquitetura gótica EM 1851, AO TOMAR posse co-
mo Bispo de Santa Fé, Estado do Novo México, que pouco ames havia sido anexado à federação norte-americana, Dom Jean Baptiste Lamy deparouse, entre outras dificuldades a serem sanadas, com a precária conservação de algumas igrejas, as quais, segundo suas palavras um tanto espirituosas, faziam lembrar a Gruta de Belém. Procedendo da França, onde fez seus estudos num ambiente de relativo reflorescimento católico após a Revolução de 1789, Dom Lamy trazia na alma um natural apreço pela arqui-
tetura gótica. Já desde o século XV, o gótico vocábulosurgidona ltâliarenascentista trazia consigo uma conotação pejorativa; ele indicaria um estilo artístico idealizado pelas populações da cha· mada "Idade das trevas", que provinham das tribos bárbaras - os germanos - dentre os quais sobressaiam os godos. Dai o termo gótico. E como desdobramento dessa concepção, para a qual só a arte clássica,
greco-romana, tinha valor, a Catedral de Notre-Dame e outras igrejas foram gravemente danificadas, no período iniciado em 1789, pelas hordas de revolucionários. Entretanto, passado o auge da tempestade, a saudade da piedade, da arte e das glórias medievais suscitou, a partir da França, um renascimento da arquitetura gótica pelo mundo afora. leve destacada atuação, nesse sentido, o arquiteto Eugéne Viollet-Le-Duc, que deitou todo seu empenho na restauração de muitas das igrejas e peças artísticasque a Revolução, em suas manifestações de ódio, danificara ou destruira. Dom Jean Baptiste Lamy, na pequena cidade de Santa Fé, ao esboçar seus planos para a edificação da capela do Colégio, tinha em mente uma outra capela, célebre por sua beleza e por sua condição de relicário da Paixão do Redentor. Quis o Prelado que a capela das Irmãs tomasse como modelo a Sainte Chapelle, construida em Paris pelo Rei São Luís IX, para abrigar a Coroa de Espinhos de Nosso Senhor.
Talento Estilo Planejamento Espaço Conforto Solidez Segurança Soluções originais Harmonia EJegânda Sensibilidade Sofisticação Classe Acabamento perso~alizado Local privileg1ado Sucesso
~an•~p;;;
RuaG enerJ!Jardirn, 703 - 6º e7º andar Fone, 256 041 1 . Sio Paulo
tudo com a
Em pleno far<HJte amen·cano, a capda Noua &nhora de lortlt>, c,:mch,/da rm 1878,
umajóiadaarquit-'ura nrogóti"ca
-
CATOLI CISMO -
Março de 1990 - 21
SATANISMO, DROGAS E MODA EM
MATAMOROS (México), a Polícia procurava localizar Mark Kitroy, universitãrio texano, desaparecido havia dias. O capataz de uma fazen-
da a 35 quilômetros da referida cidade, ao lhe ser mostrada l1- foto do jovem, afirmou que vira Ki!roy numa cabana de madeira, perto dali. No casebre, os policiais encontraram uma caldeira com sangue humano seco e restos de miolos também humanos. Outro recipiente continha uma mistura de cabelo humano, uma cabeça de bode e pedaços de galinhas. Num curral próximo desenterraram não apenas o cadáver do universitário, mas ainda de 13 outros indivíduos do sexo masculino. Os cadáveres apresentavam horríveis marcas de torturas: incisões com navalhas, perfurações com facas, cabeças decepadas, órgãos genitais arrancados. As suspeitas recaíram sobre uma quadrilha de contrabandistas de maconha. Interrogados, seus integrantes confessaram sem remorsos os assassinatos, além de explicar os motivos. Eram adeptos do vudu (espécie de macumba originária do Haiti) e haviam sacrificado suas vitimas ritualmente com o fito de obter a proteção do demônio para seu comércio criminoso . No enterro das 14vitimas,parentes de cerca de cem pessoas desaparecidas na região estiveram presentes, para verificar se entre os mortos havia algum familiar.
Ficou moderno, está na moda afirmar com faceirice que o demônio voltou à atualidade. Há congressos sobre ele, dedicam-lhe capas de revistas, cientistas, parapsicólogos, psicanalistas se deliciam em longos comentários a respeito do anjo rebelde, ainda habitualmente apresentado como símbolo de sentimentos humanos ou metáfora explicativa de aspectos da realidade. Antes, foi também moda, no terreno dos costumes, derrubar as barreiras de horror contra a devassidão mais despudorada, muito especialmente através das novelas de televisão. Sucedeu um trágico desmoronamento da vida de família e grande parte do público, mcs22 - CATOLICISMO -
Março 1990
;
mo de hábitos conservadores, algum tantoinsensivelmente,acostumou-sea este estado de coisas. Na esfera religiosa, um ecumenismo mal-entendido derrubou as barreiras de horror frente à heresia, obnubilando em largas camadas dos fiéis a noção, antes viva, de que a lgrcjaCatólica é a única verdadeira. Acostumaramse a considerar indistintamente todas as religiões, até mesmo a macumba e o vudu. O que antes espantava, no caso a adesão ao erro, hoje é visto com indiferença ou até com postura relativista, por muitos dos que tempos atrás se horrorizavam com isso. AcostumaAnalogamente, está cm curso urna espécie de "ecumenismo" em relação ao demônio, práticas satanistas, cultos esotéricos. As barreiras de horror
EmMatamo,os (Mb:i~o), ,-.,101 mortai,dtvítimaJ imoladasf"'r atüp101 do vudu.
que os isolava do grande público vêm sendo desfeitas por um pinga-pinga contínuo de notícias, umas francamcntc bcnignas, outras afetando imparcia!idade, pouquíssimas com o timbre da objetividade horrorizada, próprio à doutrina católica . Aos poucos, grandes parcelas do público as tomará como aspecto habitual do quotidiano contemporâneo. Se elas não fizerem um esforço especial para manter a nitidez de vista e a integridade do juízo, caminharão para considerar o fenômeno como natural. Insensibilizadas, acostumar-se-ão com a sordice e o crime, conaturaisàs práticassatanistas. Para lá nos precipitamos. A menos que tenhamos a inconformidade resoluta dos espíritos saudavelmente reativos. PtRICLES CAPANEMA
/COLÉGIO /,í1 ~~ L_ A_R_E_T_I_A_N_O _/ Pré-escola !Técnico:
19 grau 2 9 grau
PATOLOGIA CLÍNICA
SupletiV0(19e2°graus)
semi-internato Rua Jaguaribe. 699 - Santa Cecília Fónes·
(SP)
825•3136 - 825•3573 - 825 • 3372
Escrevem os leitores • Triste Pol6nla Quero relatar-lhe a viagem
que fizemos à Polônia, no segundo K mcstrc de 1989. JAao
entrarmos no avião da estatal polonesa, "Lot", em Londres, começamos a sentir os efeitos damisériacomunista:gemcfria,
avião velho e ruim . dâ medo dccntrarcalivioaosair. Adecolagem e o pouso são phsi, mos, parecem feitos por all.inos deeKoladcaviação. ChegamosemVarsóvia,de· pois de uma ausência de 44 anos, e notamosqueaspessoas mudaram. Frias, silenciosas, dcsatcnciosas,cabisbaixas,semprcaresmungar.Aale11riadcsapareceu. Ninguém sorri. Fazia-
mos parte de um grupodebra-
sileirosemexcursão,oomrotciropré-estabelecido,hotéisdeterminadosevisitasprogramadas. Passamos a primei ra parte daviagememcasadeparentes. De Varsóvia tomamos o trem paraLegniça,cidade a70quil õmetros da Alemanha Oriemal. Otrajeto,rela1ivamen1epequeno,foipcrcorridoemseishoras. Trem phsimo, bancos de madeira, vagões tipo cargueiro adaptadosparapassageiros,sem banhciro,sujos,passageirossilenciosos, não falam nem dão nenhuma informação. Tentamos perauntaralgocorriqueiro aumasmhoraafimdeentabularmosumaconversa;aresposta veio seca e pouco amistosa: "devia saber isto!". Após o qucapassagciralcvantou-see foiscntar-sc numlugardistante. Nossos parentesesforçaramse muito para nos dar um bom atendimento com os poucos recuT50S cxistentes. O apartamento é parte de uma antiga casa de uma família, provavelmente modesta, o qual se compõe de umandart~reo,umandarsupcrior eumsó1ão.Todasa.shabitaçõessãoestatais.Oalugucl é baralo,rnasédiflcilconseguiron-
de morar, jà que ningu6n sai deondeestá.Nossosparentesre-sidem no andar superior, que tem doisquartos,sala,co1.1nhaebanhciro.Numquanoresideminha cunhada, noutro residem o filho eanoradela,eum fllhodocasaldormenasala. Nacvent ualidadedeofllhodeminhacunhadaconseguiroutraresidencia,o quartoqucagoraocupaserãdcstinado pelo Estado a outra familia, desconheóda dele,, que usarà a 001.Ínha e o banheiro comuns! Eles possuem um minúsculo quintal onde conseguem criar alguns marrecos e galinhas. O almoço era sempre com batata, carne de porco e repolho. Às vezescarnedemarreoo oudegalinhadoquintal.ACU· nhada, jà aposentada, de 60 anos, ainda trabalha numa fãbrieaestataleganha oequivaleme a 13dólares por m!s. O atendimento nas lojas é ~ssimo, pois as pessoas são funcionàrias do Estado e não têm nenhum interesse em atender bem. Falta quase tudo e hifilasparatudo.Atéparapcrguntarsehàdeterminadoproduto é preciso entrar na fila. 'f:.. grande o número de ~bados, de todas as idades. A vodka é muitobarata.Naspadariasnão hâpapclparacmbrulharopão, queédepé$simaqualidade,duro, intragável. Parece velho. A segunda parle da viagem, fizemos junto com os out ros da excursão. Compramos com antecedênciaapassagemdetrcrn. Nodiaehoramarcadosestãvamos naestaçãoe ... otrem passoulotado.Fomostirarsatisfação com o chefe da estação e ele simplesmente disseque nada poderia fazer e deu-nos as cos1as. Maisume11emplodoserviçopi1bliconumpa!ssocialista! A viagem, com os demais CJCcursionistas, era feita de õnibus. Noõnibushavia um motorista e umguia.Oguiasóviajavadentrodarespectivaregião esempre
quesaladelacrasubstituido.O mo1oris1a disse que, se não fosscaexcursão, jamaisnavida deletcriacondiçõesdeentrarnum hotel. Dormirali,então,seriatotalmente impossível. Tem um salãrio de da dólares por mes. Acomidanoshotfue.--aconstituldainvariavelmentedebatata, carne de porco e repolho. Batata, só trk ou quatro cm cada prato. Não havia comida à vontado como aqui . O café eradepé$simaqualidade. Enao adianta reclamar, pois não dão atenção. Qualquer pedido extra devia ser pago cm dólares e a atendentenAo sa!adamesaenquantonlo fosse pago. Curiosamente, os polonescs que conscsuem obter diploma decurso superior defendem es• sa misériaeémuitodiflcilque façam uma critica séria. São ligados acerta ala do clero e por eladirisidos. Após nossa viagem, recebemos no Brasil a visita de um primo polonês, de 31 anos, ensenheiro meclnioo; aesposatrabalha na empresa aérea "Lot", comsalâriodedczdólarcsmensais.Eles tfm um apartamento naPotõnia,dedoisquartos,ad· quiridopclosistemadeconsór· cio, comtru[do por uma empre-
sa austriaca. ~ do tipo de nossos BNH, com 52 m-2. Podem moraraicnquantovivcrem,nao podem vender, nem trocar. nem atusar.Ocas.alconsesuiuparticipar do consórcio porque a esposa trabalhou dez anos na Alemanha Ocidental e pôde guardar uns dólares para fazer a aquisição. O marido trabalha para a marinha mercantepolonesa e ganha 30 dólares por mes. O que possuem é graças aos 'bicos' efetuados no mundo capitalista. Quando pcrsuntamos por que não ficam no mundo ocidental,jãquelàsóCJCistemiséria, ele respondeu que jamais poderia desertar ou pedi r Milo, pois tem um irmão que t oficial da mari nha polonesa, o qualser iasumariamentedemitidoda marinha, perderia a residência que possui da marinha, asregaliascomool'icial,canti· na. E qualquer pessoa de sua famllia que trabalhasse para o governo (todos são funcion.11riosdogoverno)seriam imediatamente demitidos.Liberdade ... A sua melhor aquisição du· rame toda essa viagem foi um chuveiroquente/frioda"Corona",omaisvulgarno8ruil(J 1nln1Walisb, f1orianópolis-SC).
CATOLIC ISMO - Março 1990 -
23
Collor na hora da valentia PLINIO CORR1A DE OLIVEIRA
~"s FOTOLITO S/C LTDA.
REPRODUÇÕES EM LASER FOTOUfO A TIIAÇO• DEGRAOEE• BENDAYS AUTOTIPIAS• COPIAS fOTOGRÃFICAS • PROVA DE CORES
TABELA ESPECIAL P/EDITORES A.V. 0IÔGENES RIBEIRO OE LIMA. 2850 AI.TO DE PINHEIROS TEL., 260·51.U
A
"Folha de S. Paulo" publicou, em /4./ -90 - um editorial -
intitulado "Choque de Coragem" em que sugeria aopresideme cleiio CollordeMello
uma série de medidas
a serem
aplicadas
em
sua g estao
á freme do Pais.
A rcspciro desse ediwrial, o referidodiáriopaulisrano pediu a opini/Jo do Prof. Plínio Corréa de Oliveira, o qual a externou mediante o artigo abaixo transcrito (FSP, 19-1-1990).
Ü
editorialdel4/0l,da"Folha",
foi um verdadeiro "choque de coragem",
pois, com valentia pouco comum entre nós, contundiu fortemente um tabu dominant e navidapúblicabrasi!eira. Em outros termos, os reai s problemas sócio-econômioos do pais vinham sendo apresentados geralmente ao público com e;,,;ageroeunilateralidadc berrantes. Exagero porque, cm muitos casos concretos, o mal, sendo embora grave e decorrente de causasal!amemeccnsuráveis,nãooétanto quanto se dii. Unilateralidade porque desconhece, ou pelo menos subestima, os muitos aspectos positivos que avultam na realidade nacional. A isso, areaçãomaisfreqüente temsido uma compaixão emoliente e choraminguenta, voltada de imediato para concessões irrefletidas, que desfechavam quase sempre cm afundar-nos progressivamente noatoleirodocapitalismodcEstado. 0 e parceriacom cssacompaixão, vinha boadoscdevelhacariapoHtica. O grande pilblicofoitomandocomoautenticastodas as descrições pejorativas da realidade. A demagogia eleitoreira lucrava quando um candidatoacargoeletivolevavaaoauge as "reivindicações" que em turbilhão poluíamnossoambiente,justasalgumas,exageradas muitas, febricitantes e ululantes quasctodas. Assimurgiaquealguémfalasse averdade clara e tonificante, e propusesse as me24 -
CATOLICI S MO -
M a rço 1990
didasfortes esalubres queoeditorialda "Folha" propõe. Não que nele concordemos com tudo. Vejo nele obscuridades que preocupam. Por CJCemp!o, as "reformas abrangentes quealteremoperíildadistribuiçãodare11da" incluem as desastrosas "reformas de base'',queogovcrnoSarncy c aConstituinte lamentavelmente tanto favoreceram? O que é precisamente o "fortalecimento do papel social do Estado para enfrentar a miséria"? Semembargo,alinhageraldoeditorialda "Folha" merece aplauso e descortina esperanças. Se o presidente Collor, comanálogacoragcm,quisertornarefetivasasaspiraçõesdamaioriaqueo cle geu, é de presumir que se afane em dese mpenhar um programa na linha do referido editorai. Desmemiria todo o meu passado, se não realçasse um ponto. Se a situação brasileira chegou às proporções monstruosas queoeditoria! descreve, é porque não encontrou em seu caminho a oposição clarivident e, corajosa e fron tal de todas as forças vivasdanacionalidade.Pelocontrário,quase todas elas se puseram a corteja r cada vezmaisademagogia,àmedidaqueesta avançava, e mesmoquecom isso praticassem o haraquiri em si mesmas. Lcmbromc aqui de várias atitudesarquetipicasde uma potSncia es piritual e de outra econômica do pais, atiásem ge ral boas amigas: a CNBB e a Ficsp. Massesechegouaisso,foinotadamenteporforçadeumconceitoerradode bondade: ser bom seria dizer sim a tudo; ser mau seria dizer não. Quem, como a TFP, se viu na contingência de dizer inúmeras vezcsnãoàdemagogia, erafacilmente apontadocomomau;quem,pelocontrário, encabeçasseafarãndoladosuiddioda o rdem atual era "bom". Problema moral profundo que, cm nosso país,sóa Igreja pode resolver. Masque temo não seja solúvel enquanto não se resolver a crise tremenda que vai assolando a Igreja por toda a terra ...
DANTAS Mecánlca da Valeu/os SIC Ltda. - ME
~
~
MECÁ . NICA GERAL Fooe·
67-6174
-Hidráulica e Serralheriua ALMEIDA SERVIÇOS DE EMERGlNCIA Residencial - Comercial e Repanições
Encanamento.SerralheriaeEletricidade
Desentupimentos em geral com máquinas
24 HORAS NO AR Fones: 67-1286 / 825-2513 BIP: 81 4·9011 · 5160 A - ~. 116& - CEP01 22!l ·H~
io - SP
ALL COLOR VEÍCULOS E SERVIÇOS FUNI LAR IA -
PINTU RA -
M ECÂN ICA
Carros nac iona is e impo rTodos Atende mos o todos os Cios. de Seguros
RUA FORTUNATO. 216-SANTACECÍUA SÃO PAULO- SP- FONES: 212'6916- 223'6230
ÓRGÃOS LITÚRGICOS · ELETRÓNICOS 6 moõelos com 1,2e 3tecladosrompletos
Pedakir:i completa com 32 t~clas Con§('rto1c n:formasdr qualquer marca
Ganntla101alpor2anos P,:.ç,OOCcm cnalrio,228 - C..S.Vct<kCEP02599 Coix,Po.,•116.4o6 - SloP, uloFonc,f!(",4.¼/16
e+~
CLINICA DR. RUBENS V. DE BRITO, s.c. Ouvidos, N11riz, Gsrg11nta, Fonoaudiologi11
6~p~:-~~::·:';;.
Hóglooor,o6t
EOlacio<>omentoprópfó<r. Fonoo·S2!i31W·S2!i :l8:II
S ORVET ERIA
Moscou em ruínas
@
BONECO DE NEVE Sorvetes finos
A!ENO IMENIOARESIAURANTES , ClUBES, INO\)STRIAS E SORVHERI ... S
ATACADO E VAREJO
Tels.: 67 2030-825 7373 RuaJaguaribe,627-SãoPaulo-SP
Napchan, $ -
Presentes Finos Lida.
PORCELANAS CRISTAIS FINOS LINHA DE HOTELARIA-INOX Fone: 66-5403 RuaJ•t• .. <>t.•• 7!1([JG ~, A...~lk•l-~ P,ulo-SP
Ru,S.,1odololoi.bJ4-mP,"lo-SP
CIRCULAR de automóvel pela grande metrópole soviética é tão perigoso quanto correr o rali de Paris-Dakar - para a coluna vertebral do passageiro ou para os amortecedores do carro. Circular a pé não é mais seguro: mesmo as calçadas parecem ter sofrido um terremoto. Nunca se viram avenidas tão esburacadas, ruas tão lamacentas. E a cada ano, ao primeiro sinal de neve, a cidade fica paralisada pela falta de equipamento para retirãla: os planos qüinquenais ainda não se amoldaram ao ciclo das estações ... A pouca distância do centro turístico - avenidas centrais-, Moscou parece devastada por uma guerra. É fácil comprová-lo ao entrar nos pátios cobertos por restos de construções, nos vãos de escadas onde pinga água suja, prejudicando os minúsculos pardieiros que apenas o Governo comunista ousa qualificar como apartamentos: esqueletos de elevadores, restos de caixas de correio, degraus arruinados ... Mesmo as contruções em vias de acabamento já parecem a ponto de desabar: tijolos mal colocados, vigas suspeitas. Colados aos sete grandes edifícios stalinistas que dominam Moscou, telas metálicas protegem os pedestres contra quedas de pedras! De ano cm ano, Moscou se degrada, sem retorno possível. Falta dinheiro? Não só. Falta sobretudo motivação. Nenhum moscovita está pronto, por 200 rublos mensais - duas vezes o preço de um par de botas - , para fazer o menor esforço. A perestroika não derrubou a surrada e abstrusa regra do socialismo: traba-
lhando ou não, recebe-se o mesmo salário . Portanto, não se trabalha. De uma maneira geral, já que nada funciona, é melhor resignar-se. Quando uma máquina quebra, por que consertá-la? Centenas de bondes e tróleibus estão condenados ao depósito, ''em reparos" . Quer dizer, encostados, e por longo tempo. Daí, as filas intermináveis de moscovitas que se aglutinam, cabisbaixos, em cada parada. Daí, também, ainsegurançageraldiantedosriscos materiais de toda espécie: as crônicas diárias da Rússia estão repletas de navios que afundam, de trens quedescarrilham ou de aviões que se chocam. No ano passado apenas, foram registradas cerca de 200 mil vitimas de acidentes de trabalho! Meses atrás, um vazamento numa indústria petroHfera transformou os esgotos da capital em oleodutos ... Assim é Moscou - desfigurada, desaparelhada, arruinada, onde as pessoas se acotovelam, freqüentemente com brutalidade, diante de balcões desesperadamente desprovidos de v[vtres. Existe apenas a extorsão. Mais da metade dos crimes e delitos cometidos na Rússia, incluídos os 16 mil assassínios anuais, são pcrpeuados por indivíduos com menos de 30 anos. Sobretudo agora, a geração pós-Gorbachev, quase sem medo da KGB, é a da malandragem e do "cada um por si". Como espantar-se, diante dessas condições, que a economia continue a afundar e que a penúria se generalize? ARMANDO BRAIO ARA
Produtosalimentlciosemgeral Camarões,pescados,lraf'l{IOS Carnesbovinaeequina
FIEL LAVANDER IA E TINTURARIA
~
Especlallsraemlavagen1<1<t1apetaoecortinas Roupasemgeral-LavamospcrquilO l.ari,:>S.a,C«'.:li&, 178. - f .... mm,-Sk>P&Lllo(SPI
Alta qualidade em confeitaria Pãoquenteetodatlora Pãodequeijo-Minipãezinhos-Pãodelorma Minivariedadadepãessalgados Doces finos-Lanches
AuaM"""' F'""""""·''°-r..,.,ee11&2 Sta. C-·Sk>P-151')
DUCMAC MIMEÓGRAFOS GESTETNEA e AEX-ROTARY
Assistência técnica Peças e materiais FORNECE PARA TODO O BRASIL Av.Cupec6,6062-B12-Loj1114 Fones: (011) 562 ~567. 563 1340
CEP04366-SloPaulO-SP
C ATOLICISMO -
Março 1990 -
25
Teologia da Libertação identifica-se com marxismo
Transerevemos abaixo três cartas do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, publicadas na imprensa diária. Os subtítulos são dos jornais que as publicaram. Banho de Sangue Noartigo''Vitóríanaderrota",dosr. Florestan Fernandes (25/12/89) leio: "Agora, ou a mudança social estrutural vem por bem ou terá de surgir rega· da a sangue. por uma guerra civil. .. ' ' Assim,oconhecidosociólogo caracteri za, esperançado, a situação resultante das últimas eleições. Tenhoesseautornacontadecategóricoadepto da democracia política. E não compreendo como possa eleconsiderarsemrepulsaaeventualidadc de que, se nossa pátriarecusar,nodecursodopresente periodo pós-eleitoral, a "mudança social estrutural" queelepareceaspirar.sejapunidacomumbanhodesangue. O que importa em obrigá-la ditatorialmente a ser como ela nãoquer - conformeoresultadodolll1imopleitobemdemonstra. A tal respeito, agradeceria umae)lplicação"(PlinioCorrea de Oliveira,"Folha de S. Paulo", 4-1-1990).
Mud;rnças regadas a sangue Emcartapublicadanaseção "PaineldoLcitor"dessematutino (cdiçãode4-l-90), pedi esclarecimentosarespeitodeuma 26 -
CATOLICISMO -
afirmaçãocontidanoartigo"Vitória naderrota"dosr. Florestan Fernandes, estampado na ediçãode25-12-89. Oarticulistaatéagoranãoscmanifcstou. Contudo, o presidente da Associação dos Docentes da Universidade do Rio de Janeiro.sr. Roberto Abreu.em missiva ao "Painel do Leitor", inserida na edição de !O do corrente, assevera: a "afirmação de Florestan Fernandes segundoaqual 'amudançasociales(rutura! vem por bem ou terá desurgirregadaasangue'( ... ) apenas constata uma realidade histórica amplamente documentada". Ora,o sr. F. Fernandes não selimitaa"constatarumarcalidade histórica", mas manifesta claramente a esperança de queaalternativapore!c aventadaserealize,transformandoassimemvi!óriaaderrotaeleitoraldasesquerdas,comootópico final de seu artigo e o próprio título indicam. Tenho ademais um reparo afazeráspalavras do sr.Abreu: incomàveisbrasi!eiros-entre osquaiseu - nãoconhecemos documentos que comprovem serinevitàvel''amudança cstrutural" em nosso pais "ter de surgirregadaa sangue",como prognosticaoconhecidosociólogo F. Fernandes. Estou certo de que, para o sr. Roberto Abreu, a imprensa brasileiraestáaberta.Assimsendo, faria ele um grande bem aoPais sedesse apúb!icoas provas em que se baseia para lançar se u sinistro prognóstico Seráaomesmotempopatriótico e amável queas divulgueo quanto antes (Plínio Corrêa de Oliveira, '"FolhadcS. Paulo", 26-1-1990).
Março 1990
SANTIAGO, Chile - O prof. Gustavo An!onio Solimeo, sócio da TFP brasileira, proferiu uma série de conferências nesta Capital e outras cidades do Pais, a convite da Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. Acompanhando de longa data o desenvolvimento da Teologia da Libertação e suas implicações sociais, Gustavo Antonio Solimeo foi co-autor em 1982 com o Prof. Plinlo Corrêa de Oliveira e Luls Sérgio Solimeo - da obra "As CEBs ... das quais muito se fala, pouco se conhece, a TFP as descreve como são". As conferências, realizadas no salão Libertadores, do prestigioso Hotel Carrera, em Santiago, bem como em diversas Universidades do Pais, suscitaram vivo interesse em professores e universitários, e no pú· blico em geral; causando também indignação em elementos esquerdistas, seguindo-se acalorados debates. Com base em sólida documentação, o conferencista mostrou que a Teologia da Libertação não pode reivindicar para si a qualificação de teOlogia, segundo a própria etimologia e uso corrente da palavra ao longo dos séculos. De fato, essa pseudo-teologia se ocupa unicamente do homem, visto numa perspectiva terrena, política; a suposta "emancipação sócio-econômica" e política do homem numa "sociedade opressora". Outro mito desfeito por Gustavo Antonio Solimeo é o de que a Teologia da Libertação seja efetivamente libertadora. Pelo contrário, ela é escravizadora, por reduzir o homem a uma dimensão meramente terrena, sem transcendência, identificando o que chama de "Reino de Deus na Terra" com o regime socialista e comunista, o qual é de si mesmo escravizador, não obstante as maquiagens feitas por Gorbachev. Depois de se referir às condenações da Santa Sé à Teologia da Libertação, o conferencista alertou para o papel dos moderados na difusão dos erros da Teologia da Libertação. Comparou-os aos girondinos, os quais, durante a Revolução Francesa, concordavam com os jacobinos, radicais da época, no que diz respeito às metas, divergindo apenas quanto aos meios, que desejavam mais lentos e graduais.
Falas do Papa. Em carta por mim publicada na "Folha de S. Paulo" de 4docorrente,soliciteiaoDeputado pelista e sociólogo FlorestanFcrnandesumesclarecimentosobre aseguintc frasecomidaem artigo dele: "Agora, ou a mudança social estrutural vem porbemouterádesurgirregada a sangue, por uma guerra civil, que deixou de ser potencial" ("Vitória na derrota",
''FolhadeS. Paulo'', 25-12-89). Pareceterassumidoosr. Roberto Abreu, Presidente da Associação dos Docentes da Universidade do Rio de Janeiro, o encargo de me responder, em nome do parlamentar, o que feiemcartadirigidaaessejornalem J4docorrentc. Para tal efeito o sr. R. Abreu citatrêspronunciamentosfeitos por João Paulo [] em sua visita ao Brasil, em 1980. Segundo parece ao sr. Abreu, esses
tópicosserviriamdefundamcnto à cstranha afirmação do sr. F. Fernandes. A isto respondo 1°) Da alocução de S.S ao Corpo Diplomático o sr. Abrculimi1a-se aci1arascguín1c frase: "Onde falta ajustiça, a sociedade está ameaçada por den tro". Porém, imediatamente depois,o Pont!ficeacrescenta:"lstonão q ucrdi zerqueastransformaçõesnecessárias paraque haja uma justiça maior devam reali7.ar-senavio lência,narevolução,noderramamentodesa ngue,poisaviolénciaprepara uma sociedade de violência, e nós,cr istãos, nãopodemosdarlhenossaaprovação''. Precisamente nesse pon to, a linguagem usada na alocução pontifíciacntraemchoquecom adosque,vaticinandooempregodaviolênciacomo ahernativa para a solução dos problemas criados por uma sociedade injusta, parecem ver na e Fusãodosangueumaviaapropriada para quca sociedade humanachcgue aumaordemd c coisas normal. Na alocução do Pontlfice na fave la do Vidigal, as palavras são genéricas: "Asociedadequenãoésocialmente justa, e não am biciona tornar-se ta l, põe em perigo o seu futuro". Perigodoque?Decriseseconõmicas ou políticas? De amplos movimentos grevistas? De violência? O Pontlfice não entra cm pormenores. Porfim,aspalavras pronun-
ciadas por Joã o Paulo li em Salvadorforamasseguintes:''A rcalizaçãodaj ustiçanesteconti nente está diante de um claro dilema , ou sefazatravésdereformas profundas e corajosas (... ) ou se faz (o sr. Abreu omitiunestelugar,asseguintes pa lavrasdoPontífi ce:" - mas scmresultadoduradouroesem bcncfícioparaohomem,disto estou con vencido - ") pelas forças da violência" Note-se ames de tudo que S.S. fala aqui mui to genericamente, de todo o continente, e não só doBrasil.Emconsequencia,eletememvistaalgoapassar-seprocessivamente, emescala muito ampla, pela ação de causas profundas, naturalmente diversiFicadas em cada pais segundoasrespectivaspeculiariedades. Algo que só poderia consumar-se lentamente, e m tempos muito diversos. E não algo para consumar-se no Brasil especificamente, como fruto próximo da derrota eleito ral de Lula, segundoparece esperaro sr. F. Fernan des. 2°) De qualquer maneira, as palavras do Sumo Pont!fice citadas pelo sr. Abreu constitu em um julzo sobre matéria concreta e contingente. É realmente tão grave a crise referida pelo Sumo Pontificc?Estende-seelaefetivamentea todo o continente? Só há para ela as duas saídas apontadas por ele? É bem evidentequeojuizo doChefe SupremodaCristandade, em matériascomo estas complexas, amplí ss imas, impor-
Doloroso sintoma de degenerescência Solicitado a opinar sobre o episódio da prisão do p refeito de Washington, Marion Ba rry, imp licado no consu m o de cocaín a, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, P res id e nte do Conselho Nacional da TFP , declaro u á imprensa paulista : "É um doloroso sin toma da degenerescência mora l das nações do Ocidente. E las constituíram o utrora a Cristandade na qual br il haram a fé, a moral c ristã e todos os frutos de uma civilização e m pleno desabrocha r. E com unicaram g rande parte desses tesou ros às naçõesame ricanasqueclasfundaram. " Decaindo nel as a fé e a moral, co ntaminaram nos com sua decadência. Corrupcio optimi pessima : ai estão os rcsuh ados ."
No decorrer de 1989 os cara vanistas da 'Tradição, Familia e Propriedade realizaram campanhas públicas para vendas de.obras em 573 cidades, localb:.adas nos mais dfrersos pontos do Pafs. Por ocasião dessas campanhas, os j o vens cooperadores da TFP ti m visitado doentes em hospitais, levando-lhes uma pa/a1•ra de conf orto e destribuindo medalhas e estampas de Nossa Senhora. Na f oto, aspecto do inicio da campanha realh.ada na histórica cidade de São Cristóvão, em Sergipe.
tando no conhecimento exato de quadros es tatísticosporassim dizer infindos, na controvertivelinterpretaçãodessesquadros segundo principiostécnicos nu merosos e complexos - esse juízo, dizíamos, que versa pois sobre maté riaalheiaao MagistériodaSanta Ig reja, pode incluir afirmações inexatas.Assim,pronunciamentos pontificios sobre tai s matérias devem seraco!hidosco m veneração e filial afeto,p0rémnãoobrigamcmconsciência o fiel a dar-lhes adesão interna. Isto é sobretudo verdadeiro no que se refere ao Brasil, pais arespeitodoqualseteceuto-
da uma legenda negra de miséria popular, aqua!, sem ser ín teiramenteerrnda, emretanto é muito e muito exagerada. Recomendo ao sr. Abreu qucleiaa esse propósitoolivro "I s Brazil Sliding Toward thc Extreme Left?", do sr. Carlos Dei Campa (Thc American Society for the Defense ofTradition, Familyand Propcrty, Nova Yo rk, 1986), o qual desbarata os principais erros dessa legenda At é quepontoterátallegendainíluenciadoovenerávelpronunciamento do Soberano Pontifice? (Plinio Corrêa de Oliveira, "O Globo", 28-1-1990).
C ATOLI C ISMO -
M a rço 1990 -
27
Cultura e requinte no Brasil Sou O
SIG NO da Cruz, os bravos navegadores portugueses, descendentes dos heróis da Reconquista Ibérica, descob rira m o Bras il e aq ui pla111a ram as se~ mentes do Cristia nismo. Com o passar do tempo, essas sementes, regadas pelo suor e até mesmo pelo sangue dos missionários, se desenvo lvera m sob o in íl uxo d a Santa Igreja, gerando frutos que constit uem ainda hoj e o melhor de nossas trad ições, de nossa cult ura e de nossas inst i1uiçõcs sociais e polít icas. Em bora nascida e inspirada pela mesma Fé, a Civili zaç!lo Cristã tomou aspectos e ma ti zes d iversos de acordo com o fe it io, o tem peramento e o modo de ser peculiar de cada povo. Em nosso Pais, por exemplo, a arte ba rroca, gerada na Europa pela Co111ra-Reforma, adquiriu um colo-
rido lodo especial, que pode ser a preciado nas faustosas igrejas colo niais espalhadas pelo imenso terri tó rio brasileiro. En1reta nto, na:o só na a nc sacra encontrou a Civilizaçll.o Cris1ã solo fénil no Brasil . Mesmo no campo temporal, ela bafejou escolas art is1 icas e estilos arq uitetôn icos com no1as d e originalidade. Exemplo eloq üe nte disso sl\o os sola res da rcgiao ca feeira do Bras il Imperial. Observe o léito r, na fotó apresentad a nesta página, a sóbria construção de linhas singel as , mas de onde se desp rende certa ma rca de requi nte e bom gos to, ao
28 -
CATOLIC IS/\·10 -
Marso 1990
mesmo tempo a fável e acolhedora, tão carac terís tica do modo de ser brasile iro. A exuberante vegetação tro pical, já um tanto penicada , perdeu a i o seu as pecto agressivo, para servir de agradâvel moldura ao solar e proteger da inclemência do sol os seus morado res. O gramado se desdo bra como um tapete A fre nte d o edifício, for mando um a mbiente de indiscut ível disti nção . Assomando ao amplo terraço da casa, imagi namos de bom grado Prelados e Comendado res, Marquesas e Conselheiros de Estado reunidos cm to rno da famíl ia nu m dia de festa , o bservando o crepúsculo e o espetáculo do di a que chega ao fim. Se então pcneuâssemos em seus salões, com certeza encontraría mos móveis de jacara ndâ lav rado, e mesmo baixelas de o uro e prata, ta peça rias orientais e francesas, reíleti ndo-se nos espelhos e nos cristais ve nezianos . Construida na segunda metade do século passado pelo Visconde de Vista Alegre, na pequena localid3de de V3[ença, no inter ior do Rio de Ja neiro, essa bela construção, digna de figura r com desiaq uc em o utros países o nde flo resceu o estilo barroco, é ape nas uma amostra das incontâveis e o rigi nais residências palacianas q ue bem ex primem o grau de cultu ra e de requinte qu e atingiu o ut ro ra nosso pat riciado rural. Belo 1cstcmunho da fecundidade da Civilização Cristã no Bras il.
tirdas 19 horas, assedia11doos visi1a11tes.
e
Moscou-li
Daja11da do ônibus que os condu:tia ao aeroporto de Moscou, os jornalistas puderam prescnciar outra cena allamente constrangedora para a Meca vermdha:cemenasdepessoas, aoredordopr~iodaEmbaixada americana, acotovelando-se para obter um visto que lhes l)('rmita deixara RUssia ...
e e
Estatais: calamidade nacional
Asdezmaiorescstatais brasilciras si.o responsáveis por 70 por cento dos gastos públicos. Somadas às dez seguintes, atinge-se o tola! de 90 por cento. A menor delas ainda supera cm tamanho o maior grupo privado nacional. O Brasil, de modo quase unânime, clama pela privatização dessas OllCrosas e ociosas repartiçõespUblicas. Quem, entretanto, disporà de verba e intcres~e para comprá-las? De fato, a política econômica socializante atê aqui adotada acatx:rn criando problrmas calamitosos.
•
Colocar mima praça pllbtica a figura horrmda do principedastrevasétudoquantopossa haver de mais afrontoso á tradiçãoca1ólicabrasileira!
e
Moscou-!
Os jornalistas que aco mpa11haram o Preside11te elei10 do Brasi l na viagem á Rí,ssia não precisaram sair do Hotel Cosmos para constatar a dccadêneia doimptriosoviético. Vários pontos do saguão principal do hotel - onde íal; 1aatécomida -estãoconstantemente enchartados por causa das goleiras no teto. Como se isso não bastasse, prosci tutastransitamimpávidas pcloscorredoresdohotcl,apar-
Odemõnk> na Praça
Setores políticos e artísticos nacionais, comunmue bafejadospela''mldia",intentamapresentar Salvador como a capital do assim chamado culto afrobrasileiro. Não é raro encontrarem-se logradouros pllblicos, monu memos,auditóriosetc .. de nossa primeira Capital. ostentando símbolos inequívocos dediversasen1idadcs pagãs. Tal pernicioso modismo parece agora tcr chegado a 5eu zênite. Sob os auspícios das autoridades locais, o escultor Mário Cravo. cognominado pela imprensa "o Bru,,.o", construi u uma horrenda figura de diabo -comtridentecchifres-, ins tala11do-anaPraçadosCorreios. no centro da cidade. Denominou-a E~u. nome do orid que rcpresemaodcrnônionorcfcridocul10 afro-brasileiro. 2-
CATO U CISMO - Ahr il /Maio 1990
" Façanhas " da
perestrolka
Garrafas de água mineral com ratazanas mortas boiando cmseuintcrior,abrigoscsportivoscom bolsos assimétricos ou geladeiras que dão choque ao sere m tocadas- eis o que foi exposto no Palàcio das Realizações da Economia Soviética, cm Moscou. O evemo mostra justamen1~ as "realizações'" comunistas noquetêmdernaiscaracterlstíco:produtospcrigosos,defchuosos, dcmáqualidadcouantediluvianosemrelaçãoaospadrõcs rnlnimosdoOcidente. Alguns casos pa recem realmcmedehumornegro:numsaco que a c1iqucta indica ser de biscoi1os,sósecncontraumpcdaçodccorda ... " Há coisas piores do que asqueestãosendomos1radas", e,,.clamaumirritadomos,i;ovíta, presente no local. Agravando o quadro, há a cscasseierõnicados bens mais esscnciais.Rcccmeestudoelaborado pelo próprio governo comunista constata que apenas WOdos 1200artigosbàsicoseslllo disponlveis. Uma em cada três cidades sovié1icas nfto tem carne desde maio. Oaçllcar està racionadoemuitosremédios são escassos. Em algumas parles do pais cada pessoasóconsegucocqui valcmea uma barradesabaoemtrêsmcsesl Como se vê, são brilhantes as "realilar;ões" do mercado socialista ...
e
"Igreja do silêncio"
Em outubro último, os freqiiemadores da .segunda maior paróquia de Lvov, na Ucrânia, a igreja da Transulmanciação, abando1rnrnm, praticamente cm massa, u Igreja cism:ltica
russa (conhecida como ''Ortodoxa"), aderindo publicamemc à Igreja Católica. Tal se deu quando o pároco, Padre Yaroslav, anunciou, durantea Missa,suaconversllo. O sacerdo1e e os fiéi~ não arredaram pédotcmplodurante1odoodiasc11uintc,pcrrn;mecendo cm vigl lia. até que lhes fossem entregues as chaves da ig reja,asquais cs tavamempoderdoscismáricos. Entrementes, a igreja da Dormição da Mãe de Deus, na cidade de Yavoriv (Ucrânia Ocidental), foi devo lvida aos fiéis -aindanãoautorizadosàprácicadaReligiãoCatólica-1)('los lideres comunistas locais. Posteriormente, os chcícs do Part ido tentaram reaver as chaves do ediílcio, mas debal de: os paroquianos guardaram a igreja d urant e três dias a fio, impedindo que tal ocorrcs5e. Pouco depoi,, mi lh ares de católicos reuniram-se no loca l para uma cerimônia de ação de graças. Intrépidos e aguerridos, os católicos da Ucrânia ensinam assim ao Ocidente amo lecido e acovardadocomoacuarasdespóticasautoridadescomunistas.
e
57 mil vietnamitas ameaçados de deportaçõo
Para escapar ás atrocidades dorcgimecomunista , 57milvictnamitas fugiram para Hongcong,colôniabri1llnicanaChina. Agora, o governo inglês decidiu repatriá -los à força, se nccessário. Em protesto contra essa cruel medida, milhares dentre ~les saíram às ruas de l-longcong, anunciando que só deixarão a colônia britânica mor1os. Obrigá-losaretomaraoVietnã f desrespeitar um dos mais fundamemais di reitoshuma11os, queéodircito:lvida d igna,se équeláosdeixarãoviver!
e
Milagre e m Lourdes
Ugo Mario Fisicaro, de 38 anos, industrial italiano rcsidentcemMadri, parali1icodesdc fe\'ereiro de 89, quamto soíreu umdl'Sastredeautomóvel, fioou completameme curado depois desebanharnapiscinadofamosoSantuáriodcLourdes,na França. OprópriomiraculaOOfe1..declarar;õe:s:limprensa,confirmando a veracidade do ocorrido. O
~AÍOli.JC!SM!O SUMÁRIO TFP Cumpre-se antiga previsão sobre a reunificação alemã .................. 4 NACIONAL Pequenos proprietários, atingidos por decreto expropriatóriode Reforma Agrária, caem na miséria .... 7 EDUCAÇÃO Livro didático ensina uma História
doBrasilomissaefacciosa ..... 12 INTERNACIONAL Por <'feito do comuni.smo, a Alema-
nha Oriental parece uma terTa arra................................ 13
sada
RELIGIÃO São Luís Maria Crignion de Montfort, apóstolo da Contra-Revolução ............................................ 16 ECOLOGIA A ecologia põe no banco dos réus cadaumdosintegrantesdasocieda-
deindustrial ...................... 20 NOSSA CAPA: Flagrante d• upul~ de J.;,aqulmjullo da SilH, rm :lO de m,,,wde l'l89, de•~ FlZerwio Cruz e M~•úl>ü, munidplo deS.n1~Vitóna-MC,efetuadapt'lal'oHcia F!Nlnal Folorolltid.,parumprollNion,olde
Sio Simlo-CO
"CATOLICISMO" ~ uma p,;bliçaçl,o rn,:maJ
O
MANIFESTO do Prof. Plínio Corrfa de Oliveira "Comunismo e anticomunismo na orla da úllima década deste milênio", estampado em nossa última edição, vem produzindo grande impacto no Brasil, e ainda mais no Ex1erior. Em virlude das amplíssimas perspectivas que descortina, o maniícsto pôs em evidência uma situação que a propaganda perestroikiana mostra empenho em tornar confusa. Nas sete décadas dQ domlnio comunista, apesar dos meios de informação aperfeiçoados e da grande facilidade de comunicação, foi largamente possível encobrir à opinião pública ocidental o sinis1ro padecimento em que se debatiam dezenas de palses e centenas de milhões de seres humanos. Repentinamente, desde a tomada do poder por Gorbachev na Rússia, o próprio comunismo, premido por necessidades internas, viu-se compelido a ir desvelando a tràgica situação, cujo causador era ele. O que jà foi publicado deixa consternados a lodos os homens de espírito objetivo e coração sensível que dessa realidade tomam conhecimento. Entre milhares e milhares de noiícias, bastaria recordar a epidemia de AIDS entre criancinhas romenas, provocada pela determinação governamental de reaproveitar as agulhas de injeção, por causa da miséria reinan1e no pais. Alguns aspectos da sit uação criada pelo comunismo na Alemanha Oriental e mesmo na Rússia são analisados em artigos publicados nesta edição. O Presidente do Conselho Nacional da TFP deixa claro que, pela lógica da História, um dia estes milhões de desafortunados exigirão contas minuciosas, não apenas dos responsâveis diretos, mas também dos que, no Ocidente, foram cúmplices deste mar de sofrimentos absurdos. Ai nda que este dia seja o previsto na Mensagem de Fàtima!
U
MA MISTIFICAÇÃO on[moda, uma espécie de sortilégio enigmático conseguiu disfarçar por 70 anos tal descontentamento. Embarcaram no engano, e lhe auxiliaram a credibilidade, com graus diversos de responsabilidade, setores decisivos e quiçá majoritàrios do mundo eclesiâstico, político, econômico e social. Por ele ficou também intoxicada a maioria da opinião pública. Se foi possível a ação prolongada - quase um século - de tão misterioso sortilégio, outras ações semelhantes também não serão possíveis agora e de futuro? Com que eircunspecção um homem precavido deve analisar o acontecer politico con1emporãneo? São perguntas que o manifesto suscita, sobretudo lendo em vista os enigmáticos fin s da perestroika.
da EmprCMO Padre:lkklliol'dtl'orl1a Llda. -
-Ctinild<Bm,F'il,c,
= T" : : ' : !•;=Tdàlolslll - l,pra~ : R.. Martilll F~ , i i j - 01226 - Slo ~tolo,SP / t .. Sn<d<S...,.b,o,202 - ?1100 Ct mpoo, U. Gtrf....:Ru,M..,imFronciooo, llli!-01226 - Slo Poulo, SP - Td:(0ll)IV. 7707. F ~: (dirm, t partlr<1<11q111 ... rornràd c l l p o r ' ~" )Btodcir•n1• S/AGoi llca• l!dilCW1-t•Mairioqo,r.'16 - Slo-.SI'. ~
An-
-1-*ri,,G,jf,ca,E,diloq
Lo41.- loahoolt.611/ "9 - 0II J0 - Slo P. . . SP Ptrt---<1<....i.r,wf.....trio_,,,..,1_ w.0-..,,.,.....,.,._........ ....... . ......,. .............. pod< . . ft>'Íldll~
R.. M.., .. Fruasco,66j -0J226 - Slo Pa,lo, SP. Sltncllrd Snlal Numbn -
~~:. ; lntc1n,UK>llll
"Catolicismo" apresenta nesta edição um número duplo referente a abril e maio. A situação econômica em que se encontra o Pais, decorrente do altíssimo lndice inflacionário, alcançado durante o governo anterior, bem cO· mo do plano econômico lançado pelo novo governo, repercutiu desfavoravelmente no estado financeiro de nossa revista. Em vista disso, julgamos necessário tomar tal providência. Como em meado de abril se comemora a Sagrada Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, apesar de jà nesta edição tratarmos do augusto tema em nossa contracapa, pareceu-nos oportuno oferecer aos leitores não somente a 13~ Es1ação da Via Sacra, ilustrada por uma pint ura de Fra Angelico, mas também a integra desse admirável texto, composto pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e publicado em ''Catolicismo", n? 3, m~~ço de 195 J.
CATOLICISMO - Abril/Maio 1990 -
3
Um comentário atual, uma antiga previsão Plínio Corrêa de O live ira Á TEMPOS estou para dizer uma palavra - para os leitores da "Folha" - sobre o que ocorre na Alemanha, em virtude da derrubada do muro de Berlim. Ent re as muitas conseqüências do fato, uma a meu ver, não tem sido suficientemente realçada. Aliâs, não se trata tanto de uma consequência, como de toda uma concatenação de consequências. Começo por di zer que fui sempre um adversário categórico da ideologia como do regime nazista. Isto entretanto jamais me levou a res1ringir minha admiração profunda à Alemanha, como às diversas nações de estirpe, idioma e cultu ra alemãs. Se razões me fal-
H
tassem para isso, basiaria deitar os olhos no que agora se passa. Terminada a Segunda Guerra Mundial, como resullado dos acordos entre os aliados, a Alemanha ficou arbitrariamente di11idida em duas partes. Uma, proibida de refazer sua grandeza miliiar, foi objeto de uma ocupação que, rotulada ora de um modo ora de ou1ro, até agora não cessou. Mas os 11encedore5 deixaram-lhe libtrdade de reconsti tuir sua grandeza econô mica . E eis que esse fragmento de uma Alemanha reduzida assim a dois terços de si mesma, re íloresceu e se tornou uma potência européia de primeira grandeza. Com a de rrubada do Muro, a garra comunista que reduzia a outra Alemanha a uma deprimente ser11idão parece amolecer. Rui o Muro, e de um e de outro lado das ruínas, as duas Alemanhas confraternizam num júbilo explicâ11el. A Alemanha ti11re, no esplendor de seu progresso e de sua riqueza, transborda do desejo de ajudar a Alemanha que ainda ontem era escra11a. E esta última se soergue da ser11idão com tanta 11italidade, que o amplexo das duas Alemanhas faz es1remecer certo gê nero de diplomatas, politicos e militares do mundo inteiro. Isso não é grandeza'! Esse tipo de homens públicos não estrcmeec diame do que 11crdadeiramenf -
CATOLICISMO - Abril /Maio 1990
te os de11eria sobressal1ar. Em outros termos, nao a Alemanha, mas a Rússia. Pergunto, com efeito: Go rbaehe11, mais a pcres1roika, mais a derrubada da cortina de ferro, mais a visita do chefe russo a João Paulo li , e mais o encontro GorbachevBush nas gloriosas águas de Malta, ondeoutrorasereíletiram as naus dos cru1.ados, tudo isto nllo constitui uma colossal manobra de envolvimento do mundo inteiro nas mathas de uma política con11ergcncialista e autogestionâria que deixe todos os povos a dois passos do comunismo? Compulsando a coleção da "Folha de S. Paulo", encontro no dia n de novembro de 1969 o artigo de um obscuro colaborador. Deste artigo, sobre o qual caiu o pó de vinte anos, destaco as citações abaixo, que deixarão pcnsati11os muitos leitores. Pois elas continuam com toda a atualidade: "Desde 1949, a Alemanha está dividida em duas (a de Bonn e a de Pankow). É natural que ela aspire a unir-se. "Dai nascem problemas internacionais. ( ... ) Sendo uma Alemanha neocapitalista e a outra comunista, como fundi-las em um só todo? Mediante uma federação em que cada parte conserve seu regime rocial e econômico atual? ( ... ) E principalmente( ... ) há o problema moral: dado que o comunismo é a inst itucionalização da amoralidade e da imoralidade em todos os campos da atividade humana, será Hcito à Alemanha Ocidental ligar-se à Orienta l aceitando como fato consumado a bolche11ização desia? ( ... ) "Categórico na afirmação de que é imoral a aceitação do regime comunista dt Pankow, parece-me que seria possi11et derrubar esse regime por um golpe publicitário incruento. Basta que o clamor universal exija, na Alemanha Oriental, eleições livres, precedidas de livre propaganda, tudo sob
as 11istas de un;ia comissão internacional. Estou certo de que ( ... ) o regime de Pankow ruiria como um· castelo de cartas.( ... ) "Por mais simples e direta que seja esta solução, há quem pense em o utra. ( ... ) Consistiria na implantação de um regime federativo entre as duas Alemanhas, gradualmente homogeneizadas; a Alemanha Ocidemal se bolchevizaria um tan to e a Oriental se 'capitalizaria' outro tanto. "Bem se 11ê, se isto der certo em escala alemã, poderia ser aplicado em escala européia: uma federação continental, incluindo a Rússia, e, por sua vez, 'homogeneizada'. "Seria, segundo os simpló rios ... ou os velhacos, o meio de evitar a guerra. "O fruto da moralidade é a paz: 'opus justitiae pax'. ( ... ) Será pela generalização da imoralidade comunista, que a Europa chegará à paz? "Com a semicomunistização da Alemanha e da Europa, quem lucra velhacamente senão os que querem conduzir a Alemanha e a Europa à comunistizaçao completa? " Batamos palmas à unificação alemã. Nllo, porém, por este processo espúrio ... " O obscuro autor? - É quem su bscreve hoje o presente artigo. D
Sinistra confirmação de uma profecia NESTES DIAS convulsionados - em que um verdadeiro incêndio de descon1en1amen10 desagrega o mundo comunista - não têm sido raros os apelos e pressões em favor de uma Alemanha "desmili1arizada" e, politicamen1e, ncutra. Conforme o "Frankfurter Allgemeine Zeitung" (23-2-90), o ministro da Defesa da Alemanha Oriental, almiran1e Theodor Hoffman, chegou a propor ·a criação de um Exército comum para a Alemanha reunificada,
Napchan, s - Presentes Finos Ltda . PORCELANAS CRISTAIS FINOS LINHA DE HOTELARIA-INOX Fone: 66-5403 t .. 1,-óbf,,.O/ll[l1QA•AIIJólo<•l-~,--!1 Ruolor)odi,IM.., 614-~P,.lo-!I
MOLDURAS BARONEZA lnd.c COITI.dcMoldu~,Qu.ldroscVidrosLtda
mas com um ''poder de fogo'' baslante limitado e com apenas ISO mil homens. Ao mesmo tempo, desde a derrubada do "Muro da Vergonha", o Exfrcito alemão-ocidental vem enfrentando um problema "sui generis"; centenas de ex-recrutas do Exército da Alemanha Oriental desejam inscreverse nas fileiras do Exército alemão não-comunista. Mais surpreendente ainda, contudo, é a declaração do Ministro da Defesa alemão-ocidental, Stohenberg, a tal propósito, assegu rando que não existem impedimentos para a incorporação dos mais jovens! Faz apenas uma ressalva no tocante aos mais graduados que - acredita - dificilmente seriam aproveitados (" Jornal do Brasil" , 11-2-90). Tais perspectivas ganham corpo em face à recente declaração do ministro alemio-ocidental, Schauble, nos seguintes termos; "é conccbivel que não mais haja um governo alemlo-oricntal depois de 18 de março", quando se realizarlo eleições na Alemanha do Leste ("0 Estado de S. Paulo", 24-2-90). Habitualmente bem informado, o ex-secretário de Estado nor1e-americano Henry Kissinger, de sua par1e, vaticinou: "Talvez nenhum sistema de segurança possa 00n1er o processo (de "neuiralizaçlo" da Alemanha unificadai já em andamento. No devido tempo, a Alemanha poderá tornar-se neutra, por escolha própria ou cm resposta a uma oferta soviética . Acredito que, com o passar do 1empo, essa fórmula será aceita, especialmente se a Alemanha puder manter-se como membro da Comunidade Européia" ("O Estado de S. Paulo", 11 -2-90). As clarividentes previsões - formuladas há cuca de vinte anos pelo Prof. Plínio Corr& de Oliveira, relembradas oponunamente no ar1igo que publicamos ao lado - parc~cem, pois, cm vias de concrciizar-se. Se não se atalharem os passos dessa polhica convergencialista em curso, por par1e das duas Alemanhas, um dos grandes intentos gorbachevianos será logrado. Aparvalhado e irlffte, o Ocidente presenciará, mais uma vez como mero expectador, este ousado lance da estratégia soviética? ARMANOOIIRAIOARA
Fabricação própria Ex:posiçào ol hos/tel a
Mold uras ouro e prata Ru, Haronc>a <lc l1 ü. _;~ - For.:: lll)· l j lO CEPOll; l ·S•n1>C«:Ria -S .P,ulo
p,e. ~ltáa. ÓRGÃOS LITÚRGICOS· ELETRÓNICOS 6modelo:1rom1 ,2r3 c«~comple1os Pro21tir:i compltUcom32t«bs Consttl05(ttformasdrqw.lquttmara G:tr:llltl.a 101.11por 2uo,
PDÇ0<1oeen,eru,1o,n" -eu:. ven1cct:P02S99 C,lnro.tol 16.~06-Sloo PouloFonc: 116,,1.~,86
DANTAS Mecánb de Velcu/M SIC Lide. • IIE
~ MECÁNICA GERAL ~ Fone, 67-6174 RUII Baroneu ,;i.111), 90-A-$1.a. Cedü•SP
PALACIO Pães e doces Altaqualidaóeernconleitaria Ploque-nteatodaholll PlodequeiiO·Minlpãez!nhos-Pãodetorma Minivari&dadedeplessalgados Doce1 finos- Lanches _ _ F,....,.,.,,UO·Fone,66118:!
Sloc.ot.S.0-(SP)
UIVll-ffCOrtlnH-Tlramoae coloeamotctrpetet-Ulvamot no local - S.rvlçot • clomk:Hlo EntragHripldHExperimente nonot servlçot
RUA JAGUAAIBE, 522 - SANTA CECILIA SÃO PAULO -SP - TEL: (011)66-2107 CATOLICISMO - Abril/Maio 1990 -
5
distinguindo, c lassificando ...
Discernindo.
- VACAS SAGRADAS ... CHEGAREMOS AS '
Q ~~o~~~~~!!°ud:i~~e! ~;;~:
tcrvacassagradaspastandonascidades modemas.Ecalvezseránecessáriofazcrlhesumareverênciaquandopassarem ... Em Londres, uma sêrie de ataq ues com bombas inctndiàrias foram praticadas contra lojas que vendem casacos de peles, por uma organização ecológico-terrorista, provoca ndo gra\·es danos ("FolhadeS. Paulo", 21-12-88). . Em Birmingham (Inglaterra), um asilo de cães organizou umactiade Natal paraseusJOOinternos,scrvindo-lhcsperu, bombons etc. Um porta-voz da "Associaçãodos Aposencados" critioou o facanino, dos concursos de beleza feminito: "Muitos velhinhos abandonados bem na, hoje decadentes. qut gostariam dc ter um Oextravaganteacontefrango na ccia,paranão cimen10 insere-se na caudal moderna que tende a falar cm peru" ("O Globo", 16- 12-88). Mas,para supervalorizar os animais, os velhos, o paganismo cm de1rimcmo mesmo das moderno pede a eutanásia, crianças. Quantos casais praticam hoje em dia a e para os clles, bombons... contracepção (sem falar No Rio de Janeiro, nas esposas que abortam), doiscãessccngalíinharam, e entretanto mantêm vánaprescnçadcseusdonos. riosanimaisemcasa,com Fatobanal.Masnãoébanal que, por isso, um dos um cuidado e até um luproprietáriostcnhadescarxoridiculos! rtgado o revólver no outro, Enquanto o aborto dizima de modo crescente matando-o ("O Estado crianças pelo mundo, em de S. Pau lo", 8- 1-89). Goiãs,umfuncionáriopúEm sao Paulo, uma cadeblico foi processado por No ''rntaurante-clo'' de Nk# (Franç• J - o primeiro fund«lo INI Eu- la morreu, deixando um ter abatido uma onça pin- t()(M - • refelçlo tem um preço m(nlmo que pode •umentar •té o filhote. A dona não teve 1ada cdoisfilhotes.O''cri- triplo, segundo• confomu,çlo do corpo e o apetlle do •nlmal dúYidas: alimentou oanime"éoonsideradoinafianmalaosscusprópriosseios çâvelepodcdaratécincoanosdc reclu- - levada a cabo pelo Governo nort c- ("O Dia", 17- 1-89). sâo ("Jornal de Brasília", 1º-S-88). 1:: americano, cm 1988, para salvar três Curiosamente, todas essas aberrapreferível, pois, deixar que as onças de- baleias presas no gelo polar?! ções são actitas pela população devido vorem os rebanhos e os homens, a maNa Califórnia, militantes da "Fren- a uma hâbil propaganda de tipo senti tA-las! Fatos semelhantes vêm ocorren- te de Libertação dos Animais" invadi- mental cm torno dos bichos. Passou a do com freqiiência. ram um ctntro médico para protestar scrbon itoterpenadclcs. Perde-se en tão Por outro lado, é claro que pode con- contra o uso de cobaias cm pesquisas. a posição equilibrada de ver os animais vir muito ao homem que não se extin- Nasparcdesescre\·eram:"torturadorcs", ~'Orno seres criados por Deus para benegam determinadas espécies animais. "assassinos" ("Jornal do Brasil", ficio do homem. Con tra os quais, é claMesmoporque,habitualmente,clase,:- 17-8-88). A mesma associação e outras ro, não se devem praticar crueldades, primem perfeições postas por Deus na congêneres perseguem senhoras que causandonelessofrimentosdespropositacriação. Mas isso não equivale a reco- us.am casacos de peles. S4o contra os dos, pois seria irracional fazê-lo. Mas nhecer um prctenso"direito"dosani- zoológicos porque "escraYizam os a ni - os animais, seres desprovidos de alma mais. mais". O dirigente de um desses grupos espiritual,cxistcm para serem utilizados comparaosbichosa"criançasretarda- livremente pelos homens. Como semdas" ("O Globo", 18-1-89). 1:: o velho pre, aliãs, se praticou. Era preciso terpanteísmo pagão que renasce: primeira- mos cllegado ao fim do século XX paQuandoseiratadeinílararevotu- mente não se pode tocar nos animais, ra que o neo-paganismo e a falta de bom ção social, ctrta demagogia proclama comparados aos homens; depois se ten- senso se abraçassem noridlculo. que crianças morrem de íome no Brasil. dcrâ a adorâ-los. Daqui a pouco vamos C.A.
foivencidopclocachorrobulldog"Dcuce oí Heans" (pois de Corações). Não se trata, caro leitor, de uma brincadeira de mau gosto. Realiza-se de fato, anualmentc,umconcursodebelezapara bu!ldogs cm Des Moines, localidade doEstadodelowa.Ocãovenccdortem direito a 1rono e coroa ("Folha de S. Paulo", 26-4-89). Em lugar du tradicionais exposições de animais de raça, trata-se agora de uma repetição, em nivel
6-
CATOLICISMO - Abril/M aio 1990
Provas eles nao apresentam, mas barulho fazem bastante. Entretanto não se incomodam com que uma enfermeira economize, durante todo o ano, na caderneta de poupança, para propiciar umlautobanquetcaoscães,de5de"simplesvira!atasaanimaisderaça''.Asiguarias são servidas "sobre uma toalha de renda estendida no chão", na qual se colocam "caprichosamente pratos, copos e talheres". O banquete se repete hâ38anos(" JornaldaTarde",13-2-89). Q uem não se lembra da verdadeira operaçãodeguerra-comhelicóp!eros, barcaças etc. e com ganos faraônicos
REfORMA AGRÁRIA EM MINAS
, e~uenos ptopt\e\ót\os
des9e\ados
sob ameaço de me\to\bodotos
Curiosamente, o episódio quase não obteve repe rcussão na "mldia", tão pressurosa em noticiar violações dos d ireitos humanos dos ''sem-terra''. Tal fato ex plica porque esta redação levo u 1amo tempo para tomar conhecime nto dessa desapropriação. Ocorre que, desta vez, os injustiçados eram pequenos proprietários rurais, Que regava m seu pedaço de chão com o próprio suor, e que se vira m arbitrariamente reduzidos pela "guilho tina" da Reforma Agrária a autênt icos "sem-terra" e ''sem-teto" ...
Vítimas em estado de choque Foi vã a tentativa fe ita pela reportagem de "Cato licismo", de manter contato com o Sr. Joaquim J úlio da Silva, antigo pro prietário da terra desapropriada, a q ua l ele já havia partilhado entre seis legítimos herdeiros seus aproximadame nte oito meses antes do ato desapropriatório. Seus filhos e gc nros desaconselharam vivamcntc a entrevista, pois ele está tão traumatizado que não tem mais assunto, não fala com mais ninguém, fica am uado o tempo inteiro. Seu genro, Divino José Mendonça, iambém vitima da desapro priação - atualmente mora num ra nchinho de capim e chão de terra batida, nun1a faze nda vizi nha - , rela ta a vida árdua do sogro, reduzido à mais negra miséria. Com 81 anos, dos quais 66 vive u naq uelas terras, foi o brigado a sair "montado num carrinho de pneu, mais a mu lher dele e uma fil ha, e a policia atrás deles". E, com gestos, indicava que os policiais empu rravam o casal de vel hi~~ nhos com os ca nos das metralha- W~s~~ doras ... Divino Mendonça - cuja rnãc tam bém idosa está hospitalizadíi como indigente em ltu iutaba - desÀs desgraças que creve, no li nguajar simples de hose abateram sobre as mem do campo, sua arnarga experivítimas deve-se acrcsência com a Reforma Agrária. "Tucemar também odedo o que eu tinha feito ficou para trás. Estou com 140 cruzados novos no bolso e não tenho nem casa para morar. Hoje, quem está cm min ha ca~ 1e ceno penodo. O próprio Divmo sa é o presidente do Sindicato dos TraMendonça conta: balhadores, o A.ssimir, que arregimen"Nós contratamos um advogado, tou o pessoal (isto é, os "sem-terra" que não fez nada. É um cal de Dr. Zique ocuparam as propriedades). É um vagabundo aqui de Santa Vitória. Eu, rouo. Ficou um ano com nossa procuraq ue estava 1irando 300 lit ros de leite ção. No dia em que nós fomos pegar no tempo das águas, há cinco meses a procuração, ele disse que esiava com não consigo renda para comprar uma medo de se resfria r, tanta a poeira acumulada. Ele é advogado da UDR." caixa de fósforo".
~~~
,~~~~ ·;;;;"'(.'~!~~·~:•.::
8 -
CATOLIC ISMO - Al, ril/Maio 1990
Cutucados com metralhadoras Ainda segundo o relato de Divino Mendonça, "os oito agentes da Policia Federal, alojados no melhor hotel da cidade, deram, de início, 24 horas para a evacuação do local. Como ni nguém queria sair, ficaram pressionando durante cinco dias, quando tomaram os pertences das famílias à força, jogando-os num caminh!\o, que deixaram fora da fazenda, chegando mesmo a cutucarnos com os canos de suas metralhadoras".
Ao chegarem os repórteres - explica Divino - "a policia escondeu as armas". Outra vitima é o neto do Sr. Joaquim Júlio, João Batisia da Costa, atualmente empregado como tratorista numa fazenda vizinha. "O que eu linha eugastei naterra.Tiveq uevendermeu gadinho. Perdi tudo. A1é a madeira que cu 1inha comprado para fazer as cercas.'' A respeito do despejo à força, João explica: "A ordem era para que todos saíssem. A policia , com menalhadoras, m1o queria ser fotografada. No primeiro dia vieram avisar. No
Com lágrimas nos olhos, Sebastião, 50 anos, prossegue: "o sofrimento é muito para nós! Trabalhei lá 22 anos, sempre morei lá. Chegaram doze policiais armados de revó lveres e metralhadoras, fazendo medo na gente, dizendo que era preciso desocupar a terra dentro de 24 horas. Foi uma coisa horrorosa. Até hoje não me conformei com isso, eu acho isso uma injustiça muito grande. Depois que sal de lá, não tive jeito de fazer mais nada. Porque o que eu sei é mexer na terra. Agora, a terra é tomada. Estou sem ocupação. Ainda não recebemos nada de indenização, está tudo enrolado".
segundo, berravam reclamando, porque nllo tínhamos saido. Depois vieram com um caminhão para levar nossas coisas ... ''
Sobre os novos ocupantes da propriedade, Sebastião afirma: "Não posso saber como foi que esse pessoal foi parar lá. O que eu sei di zer é que eles não vão dar conta de nada. Conheço a maior par1edeles. Nunca trabalharam na terra". Sua esposa, filha do Sr. Joaquim Júlio, Da. lranir Batista, in1errompe; "Eu acho que nós não mereciamos isso. Nós temos até tristeza de viver! Isso ai é ro ubo! Isso é uma pouca vergonha!" Os antigos proprietários também est!lo impedidos de voltar às suas terras, pois temem correr risco de vida. É Sebastião Sabiá quem denuncia o fa. to: "Faz um bocado de tempo que não
"O coração da gente fica doendo'' Scbas1ião Quirino, vulgo Sebastião Sabiá, foi outro dos herdeiros desapropriados. Lamema ele: "Se a ge nte for na fazenda, o coração da gente fica doendo ... Era lá que eu tinha meu pedaço de terra, onde nós vivlamos. O que tínhamos ficou amontoado bem cm frente da fazenda. E nós viemos parar aqui neste barraco" .
vou lá (a terra desa propriada). Fico cismado de iT, porque eles (os atuais ocupantes da área) são maus. Eu mesmo encontrei um sujeito com dez espingardas. Então tenho cisma de ir lá, e eles até acabarem com a gente". Da . lranir acrescenta: "Falaram para nós que tem um padre ai que ajudou nessa expropriação . Não fiquei sabendo de onde é esse padre. Mas deve ser de Minas mesmo" .
A caminho da cubanização? Os agro-rcformis1as sempre alegaram que a Reforma Agrária só atingiria as gra ndes propriedades, poupando as pequenas. Este é o refrão utilizado cm todos os países onde se introdu:ôu a Reforma Agrária. Começam expropriando aquilo que eles consideram "latifúndio" c terminam com a complcia estatatização da 1erra, como cm Cuba. Tumbém no Brasil parece ser este o rumo da Reforma Agrária, embora certo número de agricultores ingênuos imagincqucacatástrofedc umadesapropriaçllo só atingirá os gra ndes. Na Fazenda Cru ze Macaúbas, um dos proprietários fu lminados tinha pouco maisdc1rêsa[qucires! A situação das familias desapropriadas é mais do que deplorável. E adesgraça que se abatcu sobre elas é irremediávcl. Pois o Decreto 554/69, no seu art. 14, prevê que "os bens expropriados, uma vez transcritos cm nome do expropriante, não poderão ser objeto de reivindicação ainda que fundada na nulidade da desapropriação". Ou seja, em hipótese nenhuma a propriedade poderá voltar aos seus antigos e legítimos donos! Pais de índole cordial e ame na, muito afeito à bondade e ao carinho, nosso imenso e riquíssimo Brasil vai sendo arrastado pelo torvelinho do caos agrário, que destró i tradições, destroça lares e desarticula familias de autênticos lavradores, assalta propriedades, cria animosidades malfazejas, levando ricos e pobres à mais negra miséria. O brasileiro vê assim a bonomia nacional substituída pela luta de classes, bafejada por leis iníquas e cruéis, inteiramente avessas às nossas ralzes cristãs. Enquanto nas classes dos proprietários e não proprietários muitos continumn a dormitar num incompreensível torpor, a esquerda - eclesiást ica o u leiga - espalha revo lução pelos quatro cantos do País ... CATOLICISMO - Abril/Maio 1990 - 9
AReforma Agrâria em Minas: decorrência de uma lei iníqua Ü o~~~1;i ª1~~~:~i~oda~l:~!~3:6
anos, conhecido politico na região, assim historia os fa10s: "A fazenda Cruz e Macaúbas foi desapropriada em setembro de 1987. É uma área de 693 hecta-
res. Nessa área, o MIRAD (Minis1ério da Reforma Agrária) prelendia proceder a um assentamento de 24 famílias de 'sem-terra'. O surpreendente, porém, é que essa terra, no ato da desapropriação, já estava na posse dos filhos e genros do antigo dono, Joaquim Júlio da Silva, há mais de oito meses. lslo comprova que o INCRA não tem controle
de seus próprios cadastros. !>ois, na realidade, desapropriou seus seis legítimos herdeiros, cada qual possuindo uma fração de pouco mais de 100 hectares. Aliás, estes já haviam parcela-
do suas terras. No total, eram onze propric1ãrios, conforme consta no Car1ório do 2° Oficio do Rcgis1 ro de Imóveis de ltuimaba". E conclui: "O INCRA atropela-se a si mesmo. Até hoje ele envia cobrança cm nome dos antigos proprietários!''
Desorganização do INCRA acarreta situação perplexltante Não existindo mais a propricdadc fulminada pela dcsapropriação, o Juiz acabou expedi ndO '"" msodado de'"""';''º d, se (ordem judicial para que a propricdadc desapropriada seja registrada em nome da União), ignorandoaexis1ência de novos proprietários. A objeção foi levantada pela oficial substituta do Cartório local, Sra. Auta Garcia dos Santos Nascimento, a qual, em dcspacho ao Juiz, declara que "esre cur16rio 11do tem condições de precisar ou dar a saber em 11ome de quem estâ hoje a 6rm desapropriada". Em junho de 1988, o Juiz da Comarca de ltuiutaba, reconhecendo a impossibilidade de executar a transcriçao da posse em nome da União Federal, devolveu o mandado ao Juiz Federal da 12 ~ Vara, Seção de Minas Gerais, Dr. Sacha Calmon Navarro Coelho,
po,-
10 -
que havia expedido o referido mandado. Ainda no mês de junho, o Juiz Federal determinou que o registro fosse fei10, afirmando que "pouco importa quem seja o proprit!târio, pois a determinaç6o judicial incide sobre a coisa e esta 'ambulat cum dominus"'. Em conseqüência, deu um prazo de 24 horas para que a titular do Cartório transcrevesse o imóvel cm nome da União, sob pena de pagamento de multa equivalente a dois terços do maior salário mínimo do País por dia de retardamento, acrescentando, ademais, que não admitia a ..mais mínima possibilillade de retratação".
Motivo da desapropriação Najustificativaparaadcsapropriação, o MIRAD ressalta que "o im61•el em questão não aprrsr11fa exploração co11diunte com sua po1e11cialida,le física, remio sillo, por este motfro, classificado como ·Jatifti11dlo por exp/oraçào "', Esta desapropriação, como tantas outras realizadas pelo Governo Sarney, é resuhado da aplicação do Plano Nacional de Reforma Agrária - PNRA. Mas o PNRA é apenas o fruto de uma árvore daninha chamada ~~~ Esiatudo da Terra - ET. Segundo o Estatuto da T~rra (ar!. 4?), "latiO o ;m6,el ''sejo de/icie11tt ou inadequadame,1/e explorado'', ou ''seja ma11tido ;,,explorlilfoem refação à.l' possibilidades fisicas, sociais e econó1 ~~ micas do meio, com ~~~~~ fins especulativos." (alínea V, b). Para avaliar o que seJa _ um imóvel sem o ní vel de exploração desejado'pelo ET, os padrões são esiabelecidos pelo Poder Executivo (art. 4?, VI). Em outras palavras, o INC RA é o gra nde patrão da terra brasileira, que acaba tendo a direl;ilO efetiva dos imóveis rurais em nosso País. Os proprictã-
itt~
CATOLICISMO - Abril/\laio 1990
""''º"
º'"
Divino Mendonç a não comprEHtnde
porque
propriedades particulares toram desapropriadas enquanto terras do Estado, a poucos qullõmetros dali,
continuam
1ntocóvels. Na tolo ô direita ele aponta para ãrea de 700 hectares pertencente ao Edado de Minas.
rios são. para o Poder público, o que tradicionalmente o administrador da fazenda éem relação ao proprietário ( 1). No caso da Fazenda Cru? e Macaúbas, o que aconteceu foi a aplicação deste iníquo dispositivo do ET, cornbinado com os Decretos 55.891/65 e 84.685/80, que fixam os critérios de produtividade para os imóveis rurais, cujo "remlimento médio, nas ,·ârias atfridadesdeexplotação ''(sic), devem ter "grau de eficiência na exploraçlio"tie 110 mínimo 80 % em relação a padrões igualmente estabelecidos em lei.
este dirigismo está bastante adiantado em nosso País. A lguém poderia objetar que grande parte dos proprietãrios rurais não e:,i;ploram adeq uadamente suas terras. A resposta é fácil. Não estã provada por nenhum estudo sério a vantagem para o Pais de que os fazendeiros sigam os arbitrários critérios do I NCRA no aproveitamen10 das terras de que s!io do nos. Pelo contrãrio. o que estã comprovado é que, sem o INC RA, a lavo ura brasi le ira te m concribuido decisiva mente para o desenvolvimento nacional; a produção agrícola e a de ali mentos em particular tem crescido mais do que a população. Os problemas que o setor sofre são gera lmente produzidos por erros de uma polltica governamenta l que castiga injustamente nossa laboriosa classe rural.
e 9 de mandioca) , a lém de 84 hectares de mata . Essa área assim d istribuída soma 597 hectares da fazenda. a qual possuía no total 693 hectares. O funcionãrio da Justiça constatou ainda que na área havia benfeitorias novas correspondendo a 41 casas de alvenaria e energia elétrica em 4 pontos dive rsos, a lém de 6 casebres. As benfeitorias serviam a 16 familias que ali viviam e trabalhavam. Além das injustiças já mencionadas, os proprietários não recebera m praticamente indenização pelas suas terras: "0 Goi•erno - informa Dr. Almi Alves - depositou (no banco) uma quantia em dinheiro que 1160 compensa nem retirar, de tão insigt1ificante que é. Assim mesmo, a metade do mlor é em Titulo da Divida Agrária - TDAs". Emoutraspalavras,asterrasforam praticamente confiscadas. Esia injustiça - um alentado contra o sagrado direito de propriedade - é indirctamenteconfessadaportes1emunhoinsuspei10 do Sr. Cl6vis Ferro Costa, Consultor Geral da Repllblica. Segundo ele, ''os TDAs há mais de doi:; rmos t1ão são pagos, por 11ma dfrergênciu entre a área agrico/a e a área eco110mka. Na rerdade, os l'/)As ,·im /unciona11do como um confisco - o Goi•emo decreta a desapro• priação e depois não paga nem os juros, quando peta Constituição teria de somar também a corução monetária a esses tltulos. Rtsuftado: os 'l'OAs valem 15% de se11 preço no mercado''(''Jornal do Brasil'',
22-10-89). 0 O despotismo desse modo de proceder do Poder público fica evidente se transpusermos essa norma para a propriedade industrial e urbana. Nesse caso, o Governo teria de estabelecer padrões de rendimemo mínimo para cada estabelecimento industrial , e os imóveis urbanos deveriam ter um índice de ocupação considerado ta mbém mínimo, sem o que seriam passiveis de desa propriação. Até onde então chegaríamos? O que nos separari a do dirigismo de países 101ali1ários e comunistas? Em matéria de direito agrário, a bem da verdade, deve-se afir mar que
TDAs, eufemi smo para co nfiscar
(l)SobreQto ma1&io, "" l'l,nioCotr~deOli"flra • Coilos l'a1ri<io dd Campe, "A prQpriwodc pri,ada
Cr~.':sioi~~~~.-~9st ~.ft :a;rrcfor,nl<t•",
CATO LI CISMO - Abr il/Maio 1990 -
Vm
11
Livro didático subverte a História
i
S ORVETERIA
BONECO DE NEVE SorYCICS finos Al(t.Ou,.IEHIOAAES!AUHN<!ES.CllJ8LS IH0USIAIA$ f SOAY(HAIAS
ATACADO E VAREJO
A
REVOLUÇÃO que, desde o século XI V, vem demolindo a Igreja e aCivilizaç.!ioCristãétoial, o u seja, abrange todos os setores da atividade huma-
na, como ensina o Pror. Plínio Corrêa de Oliveira,em seumagi stral ensaio"Revolu ção e Comra-Revolução" (1). No campo educacional, essa Revolução tem procuradosubvcrteroensinotradicional, a fim de inocular nos alunos princípios iguali1ários, fa ze ndo às vezes criticas declaradas à Igreja e à doutrina catól ica. Êo que faz, por e~cm plo, o livro '' História e Vida - Brasil: da Prt- História à In dependência", de Nelson e Claudino PilcHi (2), utilizado em escolas de primeiro gra u(ant igoscursos pr imáriocg.inasíal).
ais injus1a. Não se lhes reconhecem méri -
tos. Segundoaobra,elcs foram invasores, pois "o terri tó rio brasileiro pertencia aos lndios"(p. 40): e"acabaramcomapax e a liberdade" dos silvlcolas (p. 34). "Estes foram exterminados pela ambição e sede de lucros dos invasores que, achando-se no direit o de ocupar a nova terra, foram destruindo tudo o que encontravam pela frente"(p.40). Depois de ass im atacar os va lorosos portugueses,olivrochegaaopontoderecomendar aos alunos um " trabalho em grupo sobre a segui nte qu estão: Os portugueses 1inham o direito de ocupar as 1crra5 dos lndios? Porquê? (p. 42)
Tels.: 67 2030-825 7373 AuaJagwiube.627-$3oPaulo
SP
Bebidas naclooaise estrangel ras Queijos e doces tipo europeu Arenkes e salmons
CASA ZILANNA MERCEAR IA Aua11ambit.508•Hi9ienõpoll•-Sl0Paulo
Fone:257-8871
Ataques ó Rellg lõo Cat6llca
Abollçllo dos her61s Nessa obra, muitos vultos da história pátria, como o beato Padre José de Anchie-
ta e Mcm de Sá, são colocados cm segundo plano. Outros, como Pero Vaz de Caminha, Frei Henrique de Coimbra - que celebro u a primeira mi ssa no Brasil - e o PadreManoc,ldaNóbrega,nemsequersão citados toesplrito igualitário que leva ao des prezo dos verdadeiros heróis. Segundo os autore.<1, "o povo brasileiro . ... é o principal herói de nossa História" (p. 10). Assim, particular realce é dado aos in diose aos ncgros. Mas não a índios .:omo Felipe Camarão nem a negros como Henrique Diasq ue-ju nrnmentecom Fernandes Vidra e André Vidal de Negreiros no século XV II , lutaram heróica e vitoriosamente contra os protestantes holandeses qu e invadiramoNordestc brasilei ro. Estes ncm saoreferidos.
Elog io aos lndk>s A obra não se ca nsa de lo uvar os índios, os quais "respeitam muito uns aos outros e são muito carinhosos, principalmente com as crianças" (p. 23). Trata-se portan!odeumindioidealizadoenãoreal. Para reforçar o encômio aos indios, seischamalivosquadrosapresemamtextos do C IMI {Conselho lndigenista Missionário), órgão ligado à CNB B. e que tem instigadoa revo lta dos siMcolascontra os brancos. As vezes, tai s quadros ocupa m um a pàginaintei rada obra. Nenhuma patavraédiiasobreocanibalismo e o infamicidio. que eram comuns entre os indigenas. Além de muitas ou tras pràticasantina!uraisque,aospo ucos,omeritóriotrabalhodos missionários foi coibindo.
Scgunto os autores, durante todo o periodo colonial (1500-1822), "o governo e os poderosos não tinham nenhum respeito pelos direitos das pessoas" (p. 64). "Nem mesmo a Igreja Católica se opôs a um governo que nllore!ipeitavaosdireitoshumanos" (p. 65). Para exemplificar as violências comet idas contra os negros, di z a obra: "emlu gar de suas religiões africanas, a religião católica. com missas, batizados, casamentos e outros rituais !forarn j impostos [aos negros] pelo padre ca pelão do engenho" (p.8 1). Tratando do papel da Religillo Católica no Brasilcolonial,afirmaqueela "ajudavaamam ero regimedeescravidão eexploraçlloemqueviviamostrabalhadores" (p. 109). Referind o-se à "nova posição" que a Igreja estã adornndocom relaçaoaos índios, aobraapresenrnde modo elogiosoo trabalhoque favorecea lutadeclassespromovidopeloCIMl.cuja"preocupaçãonão éfuercomqueo índio sigaareligilloca tólica, não t mudaroscosrnmesdos lndios. OtrabalhodoCIMI éajudarosínd ios a se organizarem para poderem enfremar os grandesfazcndeirosqueinvademsuastcrras" (p. 11 2). Portamo, converter os índios para a Rcligíllo verdadeira e iet~mente civilii,ã-losscria um mal! ...
C riticas aos bra ncos Em scmido oposto, os descobridores portugueses são apresemados da forma
12 -
CATOLICISMO - Abril/Maio 1990
Dever d os pais Os pais são responsáveis pela educação de sua prole. Devem eles, portan10, velar paraqueseusfil hostenhamumaformaçllo sadia,e nllo sejamdesoriemadosporlivros didáticos desag regadores, como o de Nelso n e Claudino Pilctti. PAULO FRANCISCO MARTOS IIIOi. .. <1>, 1.m.Slo P-.l'Nfi<... 1"'2.p.lf ll1Ed,to,•A1.CO,-V•ük>.l'oóiçlo. ,oll.l!'i(l,A 'XN"•
ro<or/)<·1<.;r,,.1,d<,lr"""""°''°'"""'
•-<lo-01'<;,,,,;,o
,.,.,o.,.o.u,r,,,-
... _,,,...,..,.,,,...,
Produtos alimentíc ios em geral Cama,oes, pescados, trango s Carne s bovina e equina
ALL COLOR VE ÍCULOS E SERV IÇOS FUNILARIA -
PINTURA - MECÂNICA Corros noc,onoise ,mpotlodos Atendemoso1odososC,os. de Seguros WAfORIUNAIO. '116-SANIA(!(ILIA
SÃO PMllO- SP- fON!S: 122-69 16- m-mo
FIEL LAVANDER IA E TINTURARIA
y Elpeda lis!aemlevagensde1ape1esec0<tlnn Roupa11mge<al-Lavamo1porquilo
,_s.. c.cw.,1e-Fono1ne,e,.51op..,.,,~,
Hld ráullca e Serra lherlua ALMEID A SERVIÇOS DE EMERGtNCIA AHldanc1al-ComercialeAeparllçõe1 EncanamentO•Se,ralh.,!aeEle!rlcldade
Dese ntuplmentosemgertlcommáqulnu
24 HORA S N O A R F ones: 67·1286 / 825·2513 81Pc8U-9011-618B
.,,,., ,o,1109tlioo, t&l· CEP~1UI H,910,0Pohl· SP
A Alemanha Oriental em ruínas
É bem a palavra: sacrificado pelo mito comunista da sociedade"científica", "sem classes","livre".Mitocinicamcnte incensado por certa imprensa, por certos intelectuais, pcla quasc gcncralidade dos meios artísticos, e por grosso número de políticos ocidentais. Pior ainda, por ativa corrente tida como católica . Não é supér fluo lembrar que tal seria também o quadro de um Brasil submetido á utopia marxista. Contemplemos um pouco o sinistro panorama.
Um mundo que lmplode Ap6s a queda do Muro da Vergonha, longas filas de CBffos p rovenientes da Alemanha comunista t6m atravessado vários pontos da fronteira, como em Rudo/p hsteln (foto), buscando seus passageiros e p rosperidade de vida reinante na Alemanha Ocidental
Sobreviveram àguerra, não ao socialismo C
ARTAGO foi destruída no ano 146
a.e. Sobre suas ruínas os romanos vencedores espalharam sal para que lá nada mais nascesse. Tal fato histórico, lembrado por um articulista na revista norte-americana ''Newsweek'' de 17 de fevereiro último, ao considerar a destruição causada por décadas de jugo marxis1a sobre a Alemanha Oriental, poderia ser analogamente estendido aos demais países vitimas do dominio comunista. A cantilena socialo--comunista sempre se referia à Rússia e países do leste europeu como o "paraíso" dos trabalhadores. A medida, porém que vai sendo ventilado pela imprensa o estado
"paradisíaco"emqueseencontravam, compreende-se araz.ãopelaqual,diariamente, cerca de 3 mil alemães orientais refugiam-se na Alemanha Ocidental. A descrição, ainda que sumãria, do que é a dominação da ideologia comunista, - que aindacontinua! - deixaestarrecidos os mais frios observadores. Entende-se porque o Professor Plínio Corrêa de Oliveira, em seu penetrante e esclarecedor manifesto, publicado em "Catolicismo" de março, se referia a um "descontentamento para o qual convergem todos os descontentamentos regionais e nacionais, os econômicos e os culturais, por muitas e muitas décadas acumulados
no mundo soviético, sob a forma de apatia indolente e trãgica, de quem não concorda com nada, mas cstã impedido fisicamente de falar, de se mover, de se levantar, cm suma, de externar um desacordo eficaz". Descontentamento com "D" maiúsculo - que normalmente deverá gerar gravesimcrpclaçõesdasvitimas aos responsáveis, situados estes no Oriente como no Ocidente. Nuncaoabrir-sedcuma cortina, ou a queda de um muro revelou panorama tão calamitoso. Uma verdadeira cortina de ferro, um verdadeiro muro da vergonha. Ainda recentemente quem estivesse do lado de lá era impiedosamente sacrificado.
"Depois de mais de 40 anos de comunismo, a Alemanha Oriental está implodindo. Fábricas estão caindo aos pedaços. A poluição é a pior da Europa. Milhares de pessoas fogem do país diariamente - perto de 100 mil só neste ano. Os comunistas ainda governam opaís, mas como numa ''moquerie", bandeiras da República Federal tremulam cm cidades e indúst rias", descreve MichaelMcyernarcvistacitada. E continua "A estrutura carbonizada do famoso castelo real de Dresdcn eleva-se solitária contra o céu, dominando a cidade, - tal como ficou desde que as bombas aliadas nivelaram acidadeem 1945. "Weimar, berço de Goethe e Schiller, lembra o país que foi e poderá ser. As casas medievais nos limites das quadras centrais estão belamente restauradas. Mas nas ruas adjacentes, estão cm ruínas" (Idem, ib.). Convém ressaltar este fato: há áreas bem conservadas, como oásis no deserto, para servir de cartão postal e iludir o eventual turista "bem intencionado''. Ao lado a miséria ... ''Montanhas de carvão e lixo depositam-se nos pavimentos quebrados. Fachadas
CATOLICISMO -Abril/Maio 1990 -
13
do velho mundo estão desfeitas, aparecendo os tijolos. A metade das casas parecem abandonadas. 'Não pense que estão fazendo conserto', diz Heidi Har1mann, olhando curiosos noturnos que se reunem sob o andaime, junto à fachada semidestruida do seu edifício. 'Puseram isso só depois que pedras rolaram e mataram uma mulher na rua'. Weimar sobreviveu à guerra, mas não ao socialismo," comema acertadamente o articulista. A revis1a brilllnica, "The Economist", descreve dificuldades prévias à união das Alemanhas: para diminuir os nivcis de poluição do ar "o trabalho serâ difkil por causa da excessiva dependência de carvão (70'lt do consumo primârio de energia). Ela necessita ser reduzida para auxiliar a limpeza do ar da Alemanha Oriental, que estâ entre os mais sujos do mundo. Para evitar "blackout", mui10 mais energia da Alemanha Ocidental terà que ser enviada ao leste" (''TheEconomist'', 17-2-90). Mais um fato singular, pouco divulgado no Ocidente: aAlemanhaOciden1aljâfornecia energia para a Alemanha comunista. ''Em Leipzig maisdc40% das casas datam de ames de 191 8, e a maior parte parece que nunca foi consertada desde então . "Ninguém pode precisar quanto, mas o custo de remexer e renovar a Alemanha Oriental parece girar em torno de centenas de bilhões de marcos" (id.,ib.). Quem pagarâ a conta da incúria comunista? Certissimamente o Ocidente.
prios. No colégio técnico de Eiscnhüttcnstad1 nem os professores ou alunos sabem o que fazer. Não hã mais aulas de Mar;,i:ismo-Leninismo. Mas substit uí-las com o quê? 'A faculdade está desoriemada', diz um estudante de jornalismo. 'Depois de outubro o reitor simplesmente dissenos para voltarmos para casa. 'Voltem quando 1ivermos solucionado as coisas', disse. "Poucos alemães orientais estão preparados para serem empresários. Em Leipzig, a editora de um jornal clandestino considera com tristeza sua recém-adquirida liberdade. Nos tempos adversos ela publicava IOOsamizdul (publicações clandestinas) e os distribuia entre amigos. Ela imagina que agora poderia vender milhares. Mas encontrar uma impressora e "dirigir-se ao público", como diz, requereria muito esforço. "Gostava mais das coisascomoeram'',dizcla." Quer dizer, esta pobre vítima está tão atingida psicologicamente por décadas de
comunismo, que apesar de não1ernerdesafiaraJ}Olicia, atemoriza-se com a própria liberdade! "Em nenhum lugar os danos ambicntais são tão cvidentesquantoemBitterfeld,coração da indústria química da Alemanha Oricn1al. Quando um viajante em auto chega do Ocidente, as verdejantes fazendas cessam abruptamente num imenso buraco uma grande mina carbonífera, de muitas milhas de comprimento e meia 1nilha de profundidade. Dctri1os espalharam-sepeloscampos,emenormes dunas moldadas pelo vento, u111 Sahara feito pelo homem estende-se rumo ao horizon1e. Bitterfcld encomra.se à distância, cercada por nuvens de fumaça com o céu de neblina marrom densa. Os habitantes dizem tristemente que é 'a cidade mais suja da Europa'. "Os comunistas da Alemanha Oriental podem ser comparados aos conquistadores romanos da velha Cartago, que primeiramente des-
truiram e depois salgaram a terra. Ambientalistas dizem que as usinas de Bitterfcld são tão obsoletas que não há possibilidade de limparem a região a menos que elas sejamdesativadasesubstituidas. O mesmo pode ser dito do resto do pais. Um terço dos rios estão mortos. A poluição nas grandes cidades es1á dez a cem vezes acima do máximo tolerável. Muitas das casas, estradas e pontes não foram consertadas desde que os comunistas wmaram o poder. Por onde começar a reconstruir quando a destruição está por toda a parte?"(id.,ib.). Não espantará, pois, que os descontentes - como diz o Professor Plinio Corrêa de Oliveira em seu citado manifesto - passem a cobrar dos líderes comunistas c de todos aqueles que, no Orieme ou no Ocidente, de um modo ou de outro colaboraram para nmntcr um tal estado de miséria e de escravidão, estritas contas. R. MANSUR GU~RIOS
Perderam o hábito de pensar Mas não pára só nisso. A "Newsweek", aponta danos piores: "Há também danos para a alma. Depois de décadas de s1alinismo, os alemães orientais perderam o hàbito de pensar por si pró14 -
CATOLICISMO - Abril/Maio 1990
Em Dresden permanecem ainda rulnas result.&ntes do de11astador bombardeio a/lado, quft nivelou 11 cidade em 1945
O
SINISTRO panorama do mundo comunista acaba de
ser exemplificado pela descrição da 1rãgica situação reinantenaAlcmanhaOriemal. Ea Rússia? Atítulodeamostragem,parcceu-nossignificativoaprcsentaranossoslcitorcsasdificuldadescicl6picas qucumagrandeempresaocidcrualtcvequeenfremarpara se ins1alar no "paraiso" soviético. "A abertura do primei-
ro restaurante McDonald's" -amaiorredenorte-amcri-
lismo é irresistível: a[goque parece o cpitomc do coI1sumismocapitalistafoiscinstalar na cidadela do comunismo mundial . "Mas as delongas excq,cionais pelas quais a Md)on11ld's teve que passar para
abrirsua lanchonctedeMoscou deixariam doentes ou-
tras companhias esperançosas de atingir o mercado da União Soviética, de 283 milhões de consumidores frustrados", comcma a revista britânica "The Economist" de 3 de fevereiro últ imo.
McDonald's em Moscou
LANCHONETE LENTA / ,,
(,,,\
____
-:;:!,
·--~
/ Mc~o n~o s \. .
.
f'..z j -
- :-,;-,."' : ~
,::, /) ,/
~
canadesanduíches hamburgers, e que conta com mais de 10 mil lanchonetes no mund ointciro,i nclusivcpcr10 de meia centena no Brasil - "em Moscou no dia 31 de janeiro tem sido s.audada como um brilhante modelo para 'joint ventures' emre o leste e o oeste. Na ,·erdade, isso nl\o serve como modelo". Realmente, o simbo-
f:interessan1c,·crasperipécias de bastidores para fazcr vingar o rnito de que é possívelabrir,serndificuldadcs, na Rússia comunista, empresas conjuntas, no estilo ocidental. ''Amá qualidade dos produtos russos obrigaram á McOonalds a alterar radica[mente o modo co1110 realiza seus negócios. Ao invés de
com prar de fornecedores loca is, como o faz por toda 11 parte,elafoiforçadaaseintegrarverticalmenteàproduçãoda indústria local de alimentação, importando sementes de batatas, semen de touro e indiretamente dirigindo indústria de laticinios, fazendas de gado de corte,edclegumcs.Tcvetambém que construir a maior fábrica de processamento de alimentos do mundo, do tamanho de cerca de cinco campos de fu tebol americano, a um custo de 40 milh ões de dólares. Só a lanchonete custou a bagatela de4,5 milhões de dólares". Quer dizer: o "parn(so" comunista l:i ncapa:,:deofercceraquali dade, ali/is discutivel, de um simples sanduiche McDona ld's ... E a "The Economist" considera, penalizada, que "as traba lhosas preparações da McUunald's 1êm implicações sombrias para omras "joim ventures" na União Sovil:t ica. Se o único modo de vender hamburgers e fritas, os quais contém apenas algunsingredientcs,en volve umaredeinteiradcprocessamcntoalimcntar,imaginemse os problemas para produzir automóveis ou operar uma rede de vendas a varejo, que requerem centenas de fomC'CCdores. "Pior: custou à McDonald's 14 anos de esforços se m descanso para abrir seu primeiro restaurante. Em 1976 a companhia começou conversações vis.ando abrir seu primcirorestauramepor ocasião dos iogos Olímpicos de Moscou. cm 1980. Tal projeto foi abandonado quan do os países ocidentais boicotaram os jogos devido àinvasnorussanoAfeganistllo. A esperançada Mel>onald's só foi possível devido a um golpe de sor1e: a Mcl>onald's de Moscou<'$tá sendo operada pela subsidiária do Canadá Quando
as tratativas sucumbiram cm 1980,oembaixadorsoviético no Canadá era o Sr. AlexanderYakovlev,umprctenso reformador que Brejnevenviouaumexíliodiplomlltico. Yakovlev disse ao Sr. George Cohon, chefe da subsidiária canadense; 'nllo desanime. No momcn 10 isto l: idcologicamcmc irnpossivcl. Algum dia voe~ poderá realizar isto'. Hoje, Ya kovlev, um auxiliardeGorbachev, l: das figuras mais innuentesnaUnilloSovil:tica. "Reiniciado a todo vapor depois de estabelecida a leidas"jointventures"de 1987,astratativasparaeste negócio de US 50 milhões têm tomado cerca da merndc do tempo do Sr. Cohon nos últimos dois anos, um grande compromisso para umhomcmquecuidadenegócios da ordem de l bilhão de dólares anuais. E conclui a revista: "Se os líder<'$ sovil:ticos pensam que outros executivos Podem dispor desie tempo num único negócio, eles ficarlloduramcntedecepcionados" ("The Economist", 3 de fevereiro de 1990) . Entretanto, a revista silencia um ponto capital: como a McDonald"s reaverá seu inveslimento sendo o rublo in convertivel? Um esforço titânico para produzir sandulches ... Só sanduíches? Nllo. Para difundira idéia de que a Rússia, semdeixardeserconwnista,abre-scparaomundo e que rcprescma um bom mercado para aplicação de capi tais.Êcurioso,nes.sescn tido, notar o silêllcio dos nossos empresários qt1e para 1/i foram a rcspci10 de tais dificuldades. Com quanta razão o Professor Plínio Corrêa de Oliveira, cm scu manifcsto, publicadoem nossaúhimacdiçllo, afirma: "As 5ubvcnções do Ocidente prolongaramaaçllodoscarrascos''. O
CATOLICISMO - Abril/Maio 199015
MedalhJo em bronze com a etigle de SJo Luls Grlgnon de Morrtfort, existente na Se<M do Conselho Nacional da TFP, na capital paullsta
Um grande pregador, um grande perseguido Plínio Corrêa de O liveira
Em 1970, em Prólogo redigido para a edição arge11ti11a de seu livro
"Revolução e Contra-Revolução': o Prof Plinio Corrêa de Oliveirn mostraw n relnção existente e11tre a devoçio a Nosso Senhora e n temática de seu estudo. Em nossa edição de agosto/1989 (11.º 464) reproduzimos o me11cio11arfo tema. O mesmo Prólogo, entretanto, co11té111 alguns rasgos i111portn11tes da vida e obra do gm11de npóstolo manimo do século XVIII, São Luís Manfl Grignion de Montfort, cujn festa se come111om neste mês. Sendo n presente mnténfl nindn inédita 1to Brasil, nproveitnmos esta ocnsilio para levá-ln no co11heci111e11to de nossos leitores. Os subtltulos são nossos.
UITOS SÃO HOJE - fora dos meios progressis1as, é claro - os ca161icos que conhecem e admiram a obra do grande e fogoso missionário popular do século XVJII, São Luís Maria Grignion de Montfort. Nasceu ele em Montfort-La-Cane (Bretanha, França) no ano de 1673. Ordenado sacerdote cm 1700, dedicouse até sua morte, no ano de 1716, à pregação de missões para as populações rurais e urbanas da Bretanha, Normandia, Poitou, Vendéia, Aunis, Sai ntonge, Anjou, Maine. As cidades
M
16 -
CATOLICISMO - AbrilJMaio 1990
em que pregou, inclusive as mais importantes, viviam em grande medida da agricul!ura, e estavam profundamente marcadas pela vida rural. ~ maneira que São Luís Maria, se bem que nll.o tenha pregado exclusivamente para camponeses, ainda pode ser considerado essencialmente um apóstolo das populações rurais. Em suas pregações, que em termos modernos poderiam chamar-se sumamente aggiornate, ele nll.o se limitava a ensinar a Doutrina Católica cm termos que servissem para qualquer época e qualq uer lugar, mas sabia dar re-
alce aos pontos mais necessários para os fiéis que o ouviam. O gênero de seu aggiornamento dei• xaria provavelmente desconcertados a muitos dos prosélitos do aggiornamento moderno. Os erros de seu tempo, ele não os via como meros frutos de equ!vocos intelectuais oriundos de homens de boa fé insuspeitável: erros que por isso mesmo um diá logo destro e ameno sempre dissiparia . Capaz do diálogo afável e atraente, ele não perdia de vista, entretanto, toda a influência do pecado original e dos pecados atuais, bem como a ação do principe das tre-
vas, 11a gênese e no dese11volvimento da imensa luta movida pela impieda· de contra a Igreja e a Civilização CriS· tã. A célebre trilogia demônio, mundo e carne, preseme nas reflexões dos teólogos e missionários de boa lei em todos os tempos, ti11ha-as ele em visia como um dos elementos básicos para o diagn6s1ico dos problemas de seu século. E assim, conforme as circunstân· das o pediam, ele sabia ser ora suave e doce como um anjo mensageiro da dileção ou do perdão de Deus, ora batalhador invicto, como um anjo incumbido de anunciar as ameaças da Jus!iça Divina contra os pecadores rebeldes e endurecidos. Esse grande apóstolo soube, alternadamente. dialogar e pole· miz.ar, e nele o polemista não impedia a efusão das doçuras do Bom Pasior, nem a mansidão pastoral diluía os santos rigores do polemista. Estamos, com este exemplo, bem longe de certos progressis1as, para os quais todos os nossos irmãos separados, heréticos ou cismáticos, estão necessariamente de boa fé, enganados por meros equivocas, de modo que polcmiz.ar com eles é sempre um erro e um pecado contra a caridade. Mundanismo e jansenismo coligados A sociedade francesa dos séculos XVII e XV III (nosso Santo viveu, como dissemos, no ocaso de um e nas primeiras décadas do outro) estava gravememe enferma. Tudo a preparava para receber passivamente a inoculação dos germcns do Enciclopedismo e cm seguida desabar na catástrofe da Revolução Francesa. Apresentando aqui um quadro circunscrito dessa época e portanto forçosamente muito simplificado - indispensável, não obstante, para compreender a pregação de nosso Santo - pode dizer-se que nas três classes sociais. clero, nobreza e povo, preponderavam dois tipos de alma; os laxos e os rigoristas. Os laxos, tendentes a uma vida de prazeres que conduzia à dissolução e ao ceticismo. Os rigoristas, propensos a um moralismo hirto, formal e sombrio, que conduzia ao desespero, lima contando a imagem de Slo Luls Grignlon,
existente no oratório mortuário do Santo (Casa Generalfcla da Congregação das FIihas da Sabedoria, Salnt-Laurflnt-sur-Sévre)
quando não à revolta. Mundanismo e jansenisrno eram os dois pólos que e11erciam uma nefasta atração. inclusive em meios reputados dos mais piedosos e moralizados da sociedade de então. Um e outro - como tantas vezes acomcce com os extremos do erro conduziam a um mesmo resultado. Com efeito, cada qual por seu caminho afastava as almas do são equilíbrio espiritual da Igreja. Esta, efctivamcme, nos prega, cm admirável harmonia, a doçura e o rigor, a justiça e a misericórdia. Ela nos afirma, por um lado, a grandeza natural autêntica do homem - sublimada por sua elevação à ordem sobrenatural e sua inserção no Corpo Mistico de Cristo - e por outro lado nos faz ver a miséria em que nos lançou o pecado original, com toda a sua seqüela de nefastas conseqüências. Nestas condições, nada é mais normal do que a.coligação dos erros extremos e contrários contra o apóstolo que pregava a Doutrina Católica autêntica: o verdadeiro contrário de um desequilíbrio não é o dcsequiUbrio oposto, mas o próprio equilíbrio. E assim, o ódio que anima os sequazes nos erros opostos não os lança uns contra os outros, mas lança-os contra os apóstolos da Verdade. Isto máxime quando essa Verdade é proclamada com uma vigorosa franqueza e põe cm realce os pontos que discrepam mais agudamente dos erros cm voga.
Austeridade e ternura na pregaçao de um santo Exatamente assim foi a pregação de São Luls Maria Grignion de Mont fort. Seus sermões, pronunciados cm geral ante grandes auditórios populares. culminavam não raras ve-Les com verdadeiras apoteoses de contrição, de pcni1ência e de entusiasmo. Sua palavra clara, ílamejante, profunda, coerente, sacudia as almas amolecidas pelos mil graus de frouxidão e sensualidade que naquela época se difundiam a partir das classes mais altas para as demais camadas da população. No fim de seus sermões, os ouvintes freqüentemente reuniam na praça pública pirâmides de objeios frívolos ou sensuais e de livros impios, aos quais punham fogo. Enquanto ardiam as chamas, nosso infatigável missionário fazia novameme uso da palavra, incitando o povoá austeridade. Esta obra de regeneração moral tinha um sentido fundamemalmente sobrenatural e piedoso. Jesus Cris10 crucificado, seu Sangue precioso, suas Chagas sacratíssimas, as Dores de Maria, eram o ponto de partida e o término de sua pregação. Por isto mesmo promoveu em Pontchãteau a construção de um grande Calvário, o qual deveria ser o centro de convergência de todo o movimento espiritual por ele suscitado.
dioceses da França foi-lhe negado o uso de ordens. Depois de 1711, só os Bispos de La Rochcllc e de Luçon permitiram-lhe a ativida· de missionâria. E. cm 1710, Luis XIV ordenou a destruição do Calvário de Pontchâ-
Na Cruz via nosso Santo a fonte de uma superior sabedoria, a Sabedoria cristã, que ensina o homem a ver e a amar nas coisas criadas manifestações e símbolos de Deus; a sobrepor a Fé à raz.ão orgulhosa, a Fé e a reta razão aos sen1idos rebelados, a Moral à voniadc desregrada, o espiritual ao material. o eterno ao contingente e transitório. Porém, es1e ardoroso pregador da austeridade cristã genu!na nada tinha daausteridadetaciturna,biliosaeestreita de um Savonarola ou de um Calvino. Ela era suavizada por uma tern[ssima devoçao a Nossa Senhora. Pode-se dizer que ninguém levou mais alto do que ele a devoção à Mãe de Misericórdia. Nossa Senhora, enquanto Mediadora necessária - por eleiçao divina - entre Jesus Cristo e os homens, foi o objeto de seu contínuo enlevo, o tema que suscitou suas meditações mais profundas, mais originais. Nenhum critico sério pode negarlhes a qualificação de inspirndamente geniais. Em torno da Mediação Universal de Maria - hoje verdade de Fé São Luís Maria Grigníon de Montfort construiu toda uma mariologia que é o maior monumento de todos os séculos A Virgem Mãe de Deus . São estes os principais rasgos de sua admirâvel pregação. Toda esta pregação cstâ condensada nos 1rês trabalhos principais escritos pelo Santo: "O Amor da Sabedoria Eterna", o "Traiado da Verdadeira Devoção â Samissima Virgem", a "Carta Circular aos Amigos da Cruz", utna espécie de trilogia admirâvcl, toda de ouro e de fogo, da qual se destaca, como obra prima entre as obras primas, o "Tratado da Verdadeira Devoção â Santíssima Virgem". Por estas obras, podemos dar-nos conta do que foi a substância da pregação de São Luis Maria Grignion de Montfort. ·
Ante esse imenso poder do mal, nosso Santo revelou-se profeta. Com palavras de fogo, denunciou os gcrmcns que minavam a Françadcentâo,evaticinou uma catastrófica subversão quedeleshaveriadederivar. O século cm que são Luis Maria morreu não terminou sem que a Revolução Francesa confirmasse, de modo sinistro, suas previsões. Fato ao mesmo tempo sintomático e que cmusiasma: as regiões em que nosso Santo teve liberdade de
Preparou a reação contra a Revolução Francesa Nosso Samo foi um grande perse· guido. Este traço de sua e:,,:is1ência é assinalado por 1odos os seus biógrafos. Um vendaval furioso se ergueu contra sua pregação, movido pelos mundanos. peloscé1icoscnfurecidosantetanta Féctantaausteridade,epelosjansenistas, indignados ante uma devoção insigne a Nossa Senhora. da qual dimanava uma suavidade inexpri111ivel. Dai o torvelinho que levantou contra ele, por assim dizer, toda a França. 18 -
CATOLICISMO - Abril/Moio 1990
Saln-Laurent-sur-Sl!vre, cognominada Cidade Santa de Vandéla: em destaque, 11 Casa Genaralícia da Congregaçlo fundada pelo Santo, e II Basmca SIio Lufs Grlgnlon de Montfort
Não raras vezes, como sucedeu um 1705, na cidade de Poiticrs, seus magnificos "autos-de-fé" contra a imoralidadc foram interrompidos por ordcm de autoridades eclesiásticas, que cvitavam assim a destruição desses objc10s de perdição. Em quase todas as
seguiram. foram aquelas cm que os "chouans" se levantaram, com armas na mao, contra a impiedade e a subversão. Eram os descendentes dos camponescs que haviam sido missionados pelo grande Santo, e preservado~ assim dosgcrmcnsda Re\·olução. O
História Sagrada em seu lar -
VOCAÇÃO DE ABRAÃO ' 'ENQUANTO a idolatria se espalhava pelo mundo, e a maior pane dos homens se entregava aos vicios, osdcs~ndentesdc Scm lfilhodeNoé lviviam como justos. Para conservar a verdadeira religião, Det1S elegeu uma ramllia que transmitisse a memória do Criador e de suas obras, a f~ e a esperança no íun,ro Redencor. "O chefe desla grande íamllia íoi Abraão. Morava cm Ur, cidade da Caldtia [sítuada na Mesopo1âmia, atual [raque). onde praticava o cullo do verdadeiro Deus. PorissooSen horlhcdi ssc: (1) "Saidatuatcrra,eda111aparcn1ela. e da casa de teu pai, e vem para a tcrraqueeutcmos1rar. Ecu íarci(sair) de ti um grande povo, e te abençoarei, ecngrande<:creiotcunome,escrãsbendiw.Abc11çoarclosq ueteabençoarcm, camaldiçoarciosquetcamaldiçoarem: e em ti serão bendi1as todas as naçõe5 daterra"{2). "Abraão partiu eom sua mulher Sa· ra e Lot, seu sobrinho, levando servos e rebanhos. NaterradcCanalt [ou Terra Prometida, mual território do Estado de Israel] Abraão levantou um altar ao Senhor"{)). ''Pela íé aquetequc se chama Abraão obedeceu.partindoparaolugarquchaviadcreccberporherança.epartiusem saber para onde ia. Pela féestabelcceuse na terra prometida como cm terra alheia,habitandocmtcndas" (4).
Abraio toma-se riquíssimo "Abraão, depois de ter vivido algum tcmp0 na terra de Canaã, por causa de uma grande carestia, foi obrigado a ir para o Egito, onde adquiriu muito ouro, prata e numerosos rebanhos. Cessada a pcmiria, Abraão ,oltou para Canaã, muito rico.
"Entretanto, os pas!orcs de Abraão edc Lot tiveram entre si vàrill.'lcomcndas, porque cada um queria para si as melhores pas1agens. Abraão, por isso, disse a Lot: 'Não haja desinteligências, nem questões entre nossos pastores, pois somos irmãos. Escolhe para ti a partequemaistcagradardopaísque nos rodeia: se escolheres a direita, cu seguirciparaaesquerda,sepreferiresa esquerda, cu ficarei com a direita.' Lot cscolhc11osfértciscamposq11cmargeiam o Jordão, onde existiam cinco cidades conhecidas com o nome de Pentâpolis, entre as quais Sodoma e Gomorra. Abraão íicou no pais de Canaã" (S). Abraão vence uma guerra "Quando Lot habitava Sodorna, reis estrangeiros fizcramgucrraaosreisdc Sodoma e de Gomorra. Tomaram, saqucaram cssas duas cidades c rctiraramse. Entre os cativos e prisioneiros íoi Lot eom todos seus bens ... "Logoquesoubcestarscusobrinho prisioneiroedcverserlcvudocativo, Abraltoequipou3l8descuscriados, lo· dos gente valeute e dedicada; e com scusaliadosseguiaaoencalçodosinimigos. Surpreendeu-os à noitc,dcstroçouos, e retomou -lhes os espólios e rc,;onduziu Lot, seusobrinho,juntocomosdemais prisioneiros ..
noções básicas O s~ctificio de Melquisedec "Quando Abraão, vitorioso dos reis estrangeiros, voltavaimracasa. Mclquisedcc, rei deSalém, trouxe pãocvinho crnsacrificio, poisc\ccrasacerdotede Deus Al1issimo. Abençoou Abraão edisse: {ó) "Bcndi10 seja Abraão pelo Deus Altissimo, quc criou o céu c a tcrra; e ben· dito seja o Deus Altlssimo, por cuja proteção os inimigos estão nas tuas mãos" (7).
"Mc!quiscdec, .... é uma das mais empolgantes figuras do Messias. Não tendo geração alguma conhecida nes1c mundo, ele é rei, é pontífice; apresenta em sacriflcio o pão e o vinho, imagens do futuro sacrifido oferecido por Nosso Senhor na vésperadasuamorteediariamcntc renovado sobre nosws aharcs cat61icos"(8). ''EsteMclquiscdec(cra)reideSalém, sacerdote de Deus Altb;simo, que saiu aocneontrodeAbraão,quandoclevollara de destroçar os (quatro) reisco abençoou .... (Mclquiscdcc), sem pai nemmlle,scmgcncalogía,semprincipio dcdias,scmfimdevido,etornadoassim semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre .... (Melquisedec) rc,;cbe u os dízimos de Abraão e aben~oou a ele que tinha as promessas (de lX:us). Ora, scmdllvidaalguma,o infcrioréquerecebeabênçãodosupcrior"(9). 0
~-
\\:.. ~o!~:.~·
;~~::.:~-:::
,a,S&oPaulo,19ZO,
2·c<1.p.2J) (?)0.012,1
Uf:.-">JoAoiloo<o,op Cll .,p,23 (4)1l<kll,89 (SJ Sto Joio IIOKO, up.
,,..,pp.i4-2S
::.:i~-::~:.i~~~ 1,cas.Vous,196'.I' <d.pp.24·2'
P)Gcn 14,19--ZO
li) Mon,. Cauly. Cur:','. <lt
1;:~.;~;f;::!:~~
~~~-:. :i~:·j;i.~~·; P1ulo,l91J,pp.!-1·3' tl>f ll~b,_ 7,1,7
CATOI.JC ISMO - Ahril/\1aio 11>90
19
Esta es tranha construção, parecendo ser a toça de um bicho monstruoso, é um eJCemplo, para o ser humano, da arqultelura ecológica .. integrada " no meio-ambiente, em Vlrginla, EUA . Qualquer sina/ de civ/1/zaçlo foi banido. Na frente seu criador, o arqultelo Roy Mason.
chuvapublicicàriapsioo-corrosiva vem caindo sobre o mundo civilizado. Traia-sede uma propagand a a:o logistadiscreca mas mui10 mais pcne1rame do qucsesetracassedeatuações espccaculares - que põe cm qucstao, a maioria das vezes em tom caseiro ou apagado, até osMbitosmaismiúdosdasocicdadeurbanaeindustrial.predispondo os espír itos para a radica l revoluçllo religiosa e cultural visada pclaecologia(I). Um exemplo, entre outros, nospropQrcionaolivro··projc10 para um Planeta Verde'' de John Seymour - 1ido como o "'paídaautosuficiência"'-e HcrbertGirardct(HcrmannBlumc editor. Madrid. 1987, 192 pâgs). Ambos filmaram uma stri e televisiva para a 1313C de Londressobrcacriscecológica mundialNovolumccitado,resumcm sua "mensagem". Na capa, um desenho colorido, mais adcquadoparalivrodccrian,as, mostraumplanetaverdesimpaticameme coberto de granjas, gramados e animais pastando. Um oorrcgozinho e b311dos de aves voando acrescentam ainda à sensação distensiva calegrele da apresemaçao. Nada, salvo uma geornétricadi~tribuição das áreas de tcrra, faz supor que dentro do vo lume, com linguagem aparentemente ponderada. ati! os mais eomezin hos costumes ou práticas do leitor vao ser postos cm causa.
Perante otribunal ecológico C rilério.s d raconia nos de julgamenlo Desde as primeiras páginas. o leitor vai SCJ1do iJ1srnladosutilmeme no baflco dos réus. De início, ~ chamado a "assumir rcspons:1bilidades··. o que, segundo o livro, ··requer de todomuJ1doqueaceiteserabsolurnmeme responsável. rnnlo do quefazquamodoquenãofaz'" (p.16).lrnagincolcitorcstesingularprincipioaplicadonaJus1iça: um homem acusado de "ab· solutamente rcsp0nsáve l" do qucnãofcz!Jáoutrasutopias, co mo a da Re\"olução FraJ1ces.a ou· da Revolução bolchevista, aproveitaram-sede semelhantes sofismasparacxcusarsuasmais totalit:i.rias atimdes e cometer crimestcrriveis. O mi;1oecologista prosscgue· ' "Não é suficiente alegar ignor:lnciaaccrcadasconscqüências úllimas de nossas ações. Devemos considerar como as~umo nosso a avcriguaçao de como seoriginacadaprodutoqucconsumi mos e que efei10 tem sua manufatura-esuaellminaçao final-sobre nosso meio ambiente. Os responsáveis somos nós" (p. 16). Voltando-nospa-
20 - CATOLICISMO - Al,ril/Maio 1990
raarealidade,quemcmconcretopoderiacumprirestaprescrição? Pois, os aluais processos de produção são cada ve,. mais complc:,;os. E,paraumlc~antamento dos efeitos produzidos 11omcioambicnlepelamanufalllra e eliminação final de um simplesproduto,podcsernl-eessàrio um estudo de proporções mirnaginàveis.Scfosseumproduto só! Qual seria a massa de publicações especializadas que uma dona de casa precisaria consuharparafazcradespesa doméstica? Apropostaccologistaéutópkacirrealizável. Mas,scado, tado tal crit~rio, uma coisa fica de pé: lodos e cada um dos iulcgrantcsdasociedadeurbano-industrial são absolutamenterespons.àveis pela ecologia e, em consequê ncia, podem ser incriminados pQr não sc tcrem in formado, e ademais pelo que não fizeram. As acusações O capitulo primeiro qualifi~ de "Era do desperdício". Num "box" com o titulo "A má gestão domés1ka" ,lê-se: "A responsabilidade pela
ca nossa
contaminaçllo de que padece 110Ssoplanetanãoi!somcn1edas grandesindi1s1rias,{ ... )em llhima instância. é o consumidor quemantémadcmandadospro, dulos, corrC$pondendo,lhe uma responsabilidade igual pela CO JI· taminaçãoqucamcaçaarruinar nosw planeta." (pp. 14- 15). A acus.açãoégravc:ooonsumidor, pelo sim ples fato de consumir, participadcumaobradcvasrndora da Terra. Obra essa que, a srroomoaecologia diz, merece amllximareprovaçao. No mesmo "box", um desenho atraente representa a casa deumafamiliadcpcquenaburguesiaou talvezdoopcra riado. Para que nao haja dúvidas a respeito da acusação acima feita, o livro desce aos pormeno, res. Uma ílecha aponta as roupa5 que a dono de casa pendurou no varal, com os scguir11cs dizeres: "O13SESSÃO DA LIMPEZA. A filosofia do 'mais branco que o branco'( .. ,) tem levadoaumaulilizaçllocxcessivadedetergenles, branqueadores e outros produtos qulmioos (.,.) Isto tem resultados negativos para a qua lidade da :i.guo cm nossos córregos, lagos e rios." {id.ibid.). De uma vez
só,alimpezadasroupasdafamllia - que ioda boa dona-decasa, mesmo a mais modesta, tem como ponto de honra - é associadaàobscnão,sendoela responsabili1.ada por contribuir para a poluição de rios e lagos. Mas,oelcncodeacusações nãopjraai. Vejamos os tópicos seguimes, apontados pelas nechas do referido dese nho: • " DIS P ENSÁ RIO DO· Mts'rlCO (... ) um excesso de mcdicamemos que têm muito pouco efeito." • " LIX O DOMÉST ICO. A maior parle das pessoas, num ano.joga fora o lixo equivalente a muitas vezes seu próprio peso,( ... )(há)cnormcdcsperd!cioderecursos.Olixomistura-
doémuitodifícilde rccidar,e grandessuperficiesde1errasvaliosas vêem-se inundadas pelas montanhasdercsíduos inutiliúveis." • "ÁGUA DESPERDIÇADA( ... ). A (lgua de uso doméstioo ficacoruaminada porincontâveisprodutosquimicos." • "'CARNE OE GRANJAS INDUST RIAIS. Comer car ne procedente de granjas industriais fa,orece um tipo deexploração bârban, que produz uma carnercplctadcantibióticose produtos quimicosve1erinários." "DIETA PROCESSADA. (... )OqU<'asempresas introduzem nos alimentos, raramente é tãosadioounutritivoquantodcveriascr" (op. cit., pp. 14-15).
Em suma, n dona-de-casa, no seu empenho de manter elevado o nivd da vida familiar, torna-se uma pessoa perigosa, poisalémda''obsenãopclalimpcza", intoxica-se e intoxica os seus com alimentos e medicamentos duvidosos, joga fora quamidadcsabsurdasdemaleriais,contribuindoparaenvenenarriose lagosecS1ragarvaliosastcrras. Na perspectiva eco lógica, tais 'crimes' l'C$Umem-se numsó:oonsumismo. Todaafamíliacaisobacusações: • "CONTAMINAÇÃOMÔ\IEL. O carro C a propriedade mais contaminadora d!-ntrc as que possui a maior parte das pc,soas;( ... )consomema1eriais
réu: todo integrante da sociedade industrial
valiosos,contaminaaacmosfcra e quando vai para o ícrrovelllO( ... )desfiguraapaisagem.·· ' "SEDE DE ENERG IA. Embora diminuam cada vez mais as reservas de combus1ivcis fósseis,osdomiciliosparticularcscontinuam rcpresentando boa parle do consumo total dcenergia.Grandeparcedaenergiaconsumidano!arédcspcrdiçadaouutiliudaparafinsduvidosos." • .. RISCOS QUiM ICOS. As casas modernas fabricam-se e mobi liam-se com materiais que ainda n11oforam posiosà prova( ... ) As emanações dos plàsiicos, as pinturas e osconservamcssllo uma ameaça continua e oculta à atmosfera do interiordasresidências."(op. cit., pp. 14-15). Emrcsumo,opaiqueprocuraelementosnovosparamelhorarsuacasa,dotá-ladeequipamentos parn maior conforto e adqui rir carros,acabaríaporissointo~icandoosteus,causaria uma diminuição nas reservas doplancta,po!uindo-asademais. Seafarnlliacuidardajardinagernoomosrceursoshojecomumente usados, incorre em nova falta: "Além de contaminar a âgua c os alimemos, esses vencnos(aditivosagricolas)têm um efcito lesivo sobre a fauna inofensivadojardimoudahorta. Tudo aquilo queécapaz de des1ruirumaformadevidadanificaráoucras. " (id.ibid.). Nem li mpez11, ne m comb11le 110s germes No Capitulo 6, os au10res indicam "Como suprimir a obsessão da limpei:a". lnicialmcnteobservamque,pelapropaganda, "chegamos a convencer-nos dequenossoscorposdcvcmcstar livres de germes." E admoestam: "Uma vez mais, is10 representa o em prego de produA vida contortável, na abundlncla, com que muitos podem sonhar na sociedade Industrial, vam sendo apontada pelo ecologlsmo como p rejudlcla l I natureza e I saúde humanas
CATO LI C ISMO - Ahril/Maio 1990- 2 1
los contaminantes." (op. dt.. p.93). ''Projeto para um Planeta Verde", numa linguagem pacata, investe contra a id6a de um lar 58.udivcl, limpo e digno segundo a boa tradição, numa sociedade de consumo. Enaltccc os rudes trabalhos de limpeza outrOl'"a executados manualmcnteehojercalizadosporcquipamentos domésticos e artigos de grande eficácia. Sabões para lavar roupas e louças, dcsinfetantes para pias, detergentes dc usos variegados, lustra-móveis, lustradores de metais que hoje são os (micos ao alcance da imcn58 maioria das pessoa.J, &ãoaprescntadosobsessivamentesobseusladostóxicos,cáusticos, contaminantes, destruidoresdoequillbriobactcriológico, danosos para a saúde, poluidoresdaatmosícradom~tica,causadoresdcqucima da pele, podendo ser altamente venenosos se ingeridos. O ataquecompleta-sccomarecusadeutilização de certas substãncias, como os pcrfumes,consideradasscmnenhumvalorprático. Paraaecologia,éclaro ... E sc aparece uma barata ou uma putaa? Os ecologistas preocupam-se coma "doidice" deutiliurinseticidas,sobretudo"sprays''."Acontaminação deliberada - dii "Projclo para um Planeta Verde" -doar doprópriodomidliocompcrfumcsartiriciaisjáébastantegrave,mascontaminá-locomvenenoséumademência. Ninguém que se preocupe com a saúde deveria ter a mlnima relação com os inseticidas( ... ) Econcluem,eJ1agerad.amen1e: "Mais vakagüen1arasmoscasqueenvenenar-sc" (p. 96). A eoologia parece consideraro horrn:mcomo umanimal, talqualoutros,comosenãotivesseumaalmaespiritualeimortal.Apartirdescmelhantepressupostoentcnde-scafrasc: "lbdo animal que viva numa toca pennaneote, como ocorre com a maior parte dos humanos" (op. cit., p. 96). Eis ao que rica redutido o lar oo mundo ecologista: uma toca! Bem ao contrário da sacralidade do lar cristão, quando nele se praticam
22 -
os Mandamentos da Lei de Deus. O sabonete, e também outrosprodmosdeassciopessoai, como o creme dental, não .sãopoupadosnascritieas." Projeto para um Planeta Verde" sublinha que eles vêm "repletos de produtos qulmicos (... ) muitos deles nãos.ão nada bons"; "ossabonctesdcsodorantescontêm substlncias que se acumuIam na camada superior da pele, e que podem cm certas ocasiõcs penetrar até o nullo ci rculatório, ou causar reações alét-gicas.''(op.cit.,p.99).Ohexaclorofcno, bactericida usado em sabonetes e desodorantes - aproveita para Lembrar o "Projeto"-levouámortetrintaescisbcbe5emParis(op.cit. , p. 99). Muitasloçõe$paracabclos, que dizem possuir qualidades extraordinárias, trazem corantes e substâncias que irritam a pele e os olhos e cs1ão associadosàocorrênciadccãncer {op. cit., p. 100). No total, o "Projeto" carrega a no1asobre contra-indicações parciais destesprodu1osindustriais,eincen1iva o abandono do seu uso. Nasatuaiscondiçôes,istoimplica numa queda da limpeza e dasaúdcpessoal. Posio o fundo pantelsta da eoologia - quealevaamisturarnummesmopédeiguatdadehomcnseanimais-experimen1ar previame11teartigosdc toucadorembichosécxecràvel, mesmo que por este meio se evilcm danos às pessoas. Sobotílulo "Os sofrimentos que nossavaidadecausaaosanímais", o "Projeto" diz: "o principio da.não-violência deveria fazernos repudiar o uso de cos.méticos. que tenham sido testados em animais.'' Pois isso é "crueldade". "Thmosdecomprcender - acrescenta-que fazemos pane de uma podCl'"osa e diversa comunidade biótica. Deveremos coexistir com outrasespécicsgrandesepequenas,inclusivc microscópicas. O son ho de podermos obter um controle perfeitosobrenossomeioambiente - de podCl'"mOS eliminar todas as formas de vida deste planeta,excctoaquelasquenos são diretamente úteis - é um mau sonho." (op. eh .. p. 102).
CATOLJCISMO - Abril/Maio 1990
A higiene, a compostura, a boa aprcscmação,esobretudoosaudàvclpudor,quclcvamacsconder os eícitos do pecado originalcacombatcrinsetoscbactérias, são mal vistos pela ecologia. A sujeira, o mau cheiro, a proliferaçãodcmicróbioseinsctos,éaconseq0lnciainevit1ivel ... Olivrotrazumconsclho'altcrnativo': "Nllohádúvidaa.,.severa-queo mclhor cos.mético disponlvcl no mundo é o trabalhomanualduro( ... )''(op cit., p.102).
Dfllinaçio última: • tribo O elogio do "trabalho manualduro"provémdospostulados rilosóíicos ecologistas que vb:m o homem como um bicho "predador" que "orgulhosamente"seerigiuemdominador das outras espécies. O homem recobriu-se dos produtos da civilização e com isso -dcfendemosecologistas -ficou doentio. O trabalho flsico possui ncsscconteJ1toumvalor" cura1ivo" tisico e '"espirirnal". O "bom exemplo" viria das tribos mais decadentes: "Ainda
Os mod&mos produtos de asseio pessoal, como o sabonete, ou pars a higiene do lar do censurados por uma propaganda ecológica un/111ter11I e exagerada
que adornados com roupas finas,nossoscoq>05sãoessencialmente os mesmos que os de nossos antepassadoscaçadores-ootctores. (... )A vida para eles não era particularmente penosa, mas também não era uma vida inativa.Semanasaílo,àsvezes, as famllias ()odiam percorrer umagrandcdistãnciacadadia, apanhando animais, reoolhendocomidasilvcstreelcvantando um acampamento temporãriocada noite. Praticavam abundanteexCl'"clcioílsico. No sentido moderno, careciam de lar. Nlo tinham residência permanente, também não possulam muitos pertences já que tudo o quelhcsperteneiadeveria scr transportado de um acampamento ao próllimo. Mas, , ao rim do dia, umavezqucoalimcn-
to tinha sido coiceado e comido,nãohavia muito com o que sepreocupar.Oscscassoscaçadores-coletores que ainda c~istem na ll:rra, cm lugares como o deserto de Kalahari, os quais ainda não foram corrompidos pela vida moderna, desírutam de boa sa úde. "As coisas são diíercn tcs para nós. Encon1ramo-11osprotcgidosdomundocxtcriorccobertos de posses. Nossos~ calçamsapat os ( ... )nãoemprcga rnos nossas mãos para subir nas escarpas o u nas árvores, ou para co lher comida. Em lugar dt'iSO as empregamos para apertar botões, ligar intcrruptorcs ou scgurar íacas c garfos. (... ) Empregamos nosso tempo (... ) ofcre1.Xndo poucas oportunidades a nossos corpos para realizar o tipo de atividades pa-
O carro I um dos objetivos mais criticados pela ofensiva ecologlsta. A eco/oglapr&fere a blclclera porque "funciona com energia humana"...
raasquaisforamdcscnhados." (Op. CiL, p. 104).
Ao razcr esta idllica descrição de tribos, cm que os membros vivem quase como animais, nômades, semi -nus, vir1U alrn ente scm propricdadesc numa ''fa. milia" mal ddi11ida, o " Projeto" não e mit e nenhum a criti ca. comrariamente ao que faz aliás supcrabundantcmcnte cmrclaçãoàsocicdadcdcconsumo. Expressivo sinal do pendor anarco-nibalquemoveaeçologiaedaparcialidadedesuascriticas. Desraundo
uma diriculdadc Co ntra oq ueatéaquidisscmos, uma objeção poderia ser feita: "Projeto para um Planela Verde" sugere algu mas sol uções. Fala de "simplicidadi:voluntãria'' , de matérias- primas naturais e re<:usa dos produtos co m ingredientes artificiais. Além do mais,comoéóbvio, na sociedade de consu mo há muitos abusos. Não se deveria, portanto, concluir o pior. E,
sc acontecer ... uma vida no campo, embora frugal - alguns dirão "miscrabilista" tem seus atrativos! Pensaoimagim\rioobjetantco qucacont cceriascos habilantes de gra ndes urbes como sao Pau lo, Rio, Mhico, Tõquio , Nova York, Londres, Pa· ris, BucnosAiresdccidissem scguir à riscaosconsclhosecologistasdcsóacei1ar produtosna1Urais scm aditiv0$ c r«usar os produtos artificiais, poluintcs, etc. Im ensas fãbricas iriam fcchando,acomcçarpelasqulmicase farmacêuticas. As empresas produtoras de vcículosquebrariam cm vi rtudcdc uma pequenadcmanda. Logo faltariam as peças de reposição dos equipamentosdomé:Sticos,algunsimprescindíveis como os elevadores para os apartamentos. Certa.scentrais energéticascntrariam cm regime de baixa produção e outras seriam desativadas. A produção alimentar, postas as condições atuais, sem aditi vos, não daria conta das ne,;:cssidadcs,eoabasteccmcntodascidadesseria racionado. Num prazo maior ou menor, avidanascidadesficariainsupo rt ávc l,caimicasoluçll.oscria o hodo. Êxodo para os campos, onde 0$ ex-cidadãos da fatida socicdadcindustrial cncom rariam o"t rabalhomanu al duro"clogiadopelos ecologistas, mas paraoqualnãoes1ãopreparados. As noções ne<:essárias para o artcsa nato eparaaboauploração do agcr, acumuladas pela sabedoria de gerações, hoj e estãoc5quecidaspclo hom em das cidades. O resultado é que o eventu al abandono das urbes modernas,insufladopela «ologia, conduziriaã mi séria, à doença, à desgraça. Do mes mo modo que a reforma agrária socialista c confistatória, noBrasil,estàgerandoverdadciras"favelasrurais'',dcnominadas''asscntamcntos" . Co mo controlar as massas nessas novas condições? Só se consegue cxcogi tar um meio: a força, Força, ou das armas, oudosobscurosfatoresafins com oecologis mo,qucsc mani festam no "gurusismo" ou na
parapsicologia. Então a utopia pantcls1aau1ogestionáriadaerologia teráchcgadoásua concl usãológka.Aotrágicocespant oso fim de todas as utopias da História: a tirania. Além do mais,seriaingênuopcnsarquc ocomunismo deixará passartão gigantesca convulsão sem tentar aprovcitar-scdelaparaimplantara autogcstão. Será que os que dirigem o movimento ecológico por dctrU dos bastidores não perceberam cssasconscqllências? !Ou ant cs, as têm em mira como um fim desejado, ma.s que por tática não propagam? Ecologiaxlndustriafüaçio: problema mal posto "Mas então o quê? Resignar-se! poluição, !degradação cons tantedavida?",pcnsarà alguém. Sanw Agostinho, cm sua famosa obra ''A Cidade de Deus" imagina um Estado cm que governant es e povo, pais e filhos, patrões e em pregados, todos cm suma praticassem bem a LeideDeus.SeriaaCidadcperfeita,ondctudofuncionariatão bem quanto possível, neste vale de lágrimas. Uma verdadeira reforma da civilização moderna só será viável e autêntica se nascida de um movimento de oonversão, Fruto da graça do Espírito Santo, Então apan..-cerãoas fórmu las que combinarão felizmente oesplmdordasgcnuinasconquistasdacivilizaçãocomasmaravilhas que Deus pôs cm Sua criação. O luxo, a arte, o conforto irlodcmãosdadascoma virtudeeorespeitoaosscrescriados. aconscrvaçãopondcradacracional danatureza. Fora dessa via que Oi homens podem alcançar pela intercessão onipotente de Nossa Senhora, só restaassistiràderrubadado Mol och urbano-industrial e ao triunfo da ecologia nasujeira,nahcdiondcieno horroranarco-1ribal. Sea Providfncia an tes não intervier. SANTIAGO FERNANDES
CATOLICISMO - Abril/Maio 1990 -
23
Escrevem os leitores •
Aos pais
Sou um pai de familia e me encontro preocupado com to• dos os problemas do mundo
atual. E agora com meu filho que irá cursar a 6ª stric do 1° grau. Na sua idade, 12 anos, clcestâdcspertandopa raarealidadc do m1111do, e nes.,.a f~ começam os problemas. E aqui enlra um livro de Históriaado1ado pelo Colégio (sa lesiano) que, seguodo o diretor, é fruto da nova Constituição. ~ livro,
se meu filho o kva a strio, o transformará em guerrilheiro urbano ou rural, ou scrà um ateu revoltadoetotalmemcco-
munistiu.do. Peço ao Sr., se possivel,divulgarnacolunados
leitorcsacartacndcreçadaaos pais que envio:
SENHORES PAIS. Ê impressionante como a esquerda radicaltenla,atravkdaConstituição, impor aos nossos filhos uma "História", absurda, distor,:endo os fatos em proveito das reivindicações tidas como ''sociais".Porexemplo, aguerra de Canudos e outros fatos, revoluções e episódios de nossa História. Assim, os irmãos Nelson e Claudino Piletti, em seulivro"HistóriaeVida",para a 6' série do 10 gra u, nos con1am uma his1ória vista pelo prisma comunista. Nela o grande herói t sempre o PC, que desdeasperambulaçõesdcPrestcs attnossos dias, foi o Partido que quis a melhora dos oprimidos, mas por força das circunstãncias nãoconseguiu a vcrdadeira " libertação" dos pobrcs. Ao finaldolivro, osautoresensinamque,apesardetantas lutas o povo continua sem saída, poisospo líticosnlloprestam eas au toridades não mu dam.e propõem que o próprio povo resolva o problema. Como? Os autores não dizem, mas um bom brasileiro vê que
24 -
insinuamagucrrilha,dadosos fatosporelesciiadosecomemados ao longo do livro. Pergunto: como podem querer incutir cm crianças de li e 12anos uma doutrina deslas?! Coisa igual, só no Cambodgc, ondcosgucrri lhcirosdoKhmer vermelho doutrinam crianças paraodiaremospaise fazerem a matança de 3,S milhões de: pessoas. Sr!l. pai s, temos qu e prole~tar contra esse livro (Waldir RamirodaCosta,Salvado.--BA).
• Reforma Agrórla Li com atenção a rcportagam sobre a " Reforma Agrâria" implantada na fazenda Pirituba, que não deu certo. Sou uma pessoa preocupada com os problemas do homem do campo e vcnho lutando,cscrcvendoartigos e att propondo a criação de uma "Colônia Agrlcola". Att agora, tudo cm vlo, pois os poll ticos nlo se interessam por mudanças. É o eterno ''deixar estar para ver como fica"! ( ... ) Vejo o Município como o pilar de toda a questão. Nãot trabal ho demagógico para ser implantado de um dia para outro, visando unicamente frutos clcifo reiros. Gostaria que os amigoslesscmoquecscrcvi, fi xandomaisnapropostada"Capri nocuhu ra e Colônia Agricola em Min osGcrais". Parabén s pela brilhante report agem. (JoaquimMachado,•lollorizon1c-MG )
• Aviso aos Indolentes Venho acompanhando com alegria o progresso conti nuo darcvistaCATOLICJSMO. Parabenizo, pois, a redação por nos proporcionar esla fonte de informaçãoeformaçllotAovasta csalutar. Osartigos versan -
CATO LICISMO - Abril/Maio 1990
do sempre sobre temas candentes nos ajudam nas conver= fornecendo dados e refutações e também a análise feita soba lu z dos princlpíos luminosos do li vro "Revolução e ContraRevolução" nos garante firmezaesol idezdout rinâria, separando bem o joio do 1rigo. l:: dificil at~ mencionar este ou aquele artigo como sendo o mais interessante ou proveitoso, mas gostei muito da série sobre a Revolução Francesa. Nesta horaemquc:osvemos doorgulho e sens ualidade varrem o mundo~ preciso que se saiba a verdadcinteiraa rcspcitodarevoluçãoqueinves1iu contra o Altar e o Trono. O magnifico artigo do Sen hor Dr. Plínio "Aviso da TF P aos indolentes" t uma tâbuadesalvação no caos em que se encontra o nOSM> Brasil. (MariaÁn gt'laTilonrlli,Mil"llttma- lU).
• Nenhuma figura semelhante Como leitor asslduo dessa revista, venho lhe apresentar minhas impre$SÕCS a respeito da mesma . Desde os tempos de jovem, nósllamososartigos do Dr. Plínio, publicados no Lcgionârio. !::ramos um grupo de jovens, lã do interior. Para nós era algo de maravilhoso a sabedoriaeculturadcs.scescritor.Comocorrcrdosanos,semprc acompanhei sua trajetória fulgurante. Mais tarde, vim a trabalhar também no Lcgionàrio, durante anos, redigindo uma coluna do mesmo. Com o passar dos anos o Dr. Plínio criou o CATOLICISMO, a TFP e foi ampliando sempre mais a sua obra, que todos conhecem. Revendo a História da Igreja no Brasil, não se constata nenhuma figura semelhante. T ivemos escritores, jornalistas, etc. Mas um homem que criasse umaobragigantCS(:a,colossal, dcs.sc porte, jamais. 1:: preciso estar nesse meio para saber o que significa enfrentar toda a martdeconfusõcs,capitulações, traições, oposições ferrenhas, paraseaquilataraenvergadura dessa pcT$0nalidade lmpar. Figuras assim sllo raras, e somemeaparcccmnashorassombri asdas nações. tum raio de lu z fulgurante no meio das mais espessas trevas. No meio dadebandadageral,ergue-se
um farol de fulgidissima lu z, a apontar os autênticos caminhos a seguir. Como sugestão acho quedeveriamuprcscn1arsempre essas revelações, como a de Catarina Labourt, de Lourdcs, Fàtima, Salcte, etc. E também esses esclarecimentos sobre os sacramentos, a Missa, a oração. (A. Moucr, Slo Paulo-SP).
• Interessante CATOLICISMO a cada mimerofmaisi ntcrcssant ce mara vilhoso {Eugenia Garcia Gut.m,n, MI. Klsco-New York)
• "Leglon6rlo" No nº 460, de abril, saiu um antigo artigo do intrépido Dr. Plínio Correa de Oliveira sobreocarnavaLScdapossrvel CATOLICISMO publicar ouHos artigos de Dr. Plínio de "O Legiornlrio'"1 Provavelmente a quase1otalidadcdosassinantes nãoconhececssesartigos( Anlonio Pinlo Soart'J, lkltm-PA).
• Pedido Tivem0.'I oportu nid ade de mostrara revista de n º 464 a algunsco legascu mdeles,oSr. Alcindo de Melo Mota pcdiume quc cscrevcsse â redaçlo pa ra faurum outro pedido: seria posslvel nos enviar a fotografia de Nossa Senhora de Fátima, nomesmotamanhoquefoi publicado na capa? Énossaintcnçãocolocarmosn umamoldura. Quanto à despesa, enviaremos de imediato a quantia. Éposslvel ainda adquirirmos ou tro cxemplardarevista nº464?(1-' crnandoAnlonioSabinoCordciro, R«lft-PE) .
• Enfrentar Gostodelerestarevistasemprcque posso,c vera coragem do Dr. Plinio de enfrentar esta igreja progressista que temos hoje (FJkio Bucalio, Assl! Chaluubriand-PR).
• Ponto de referência Para mim CATOLI CISMO tu m insubstituivel pontodereferênda,jáquem eil ustraobjetivamentc sobre um contex.to mundial e o especifico do Brasil (Fedrrico Muggenbura y Rodriguez Vlgll, Ml'xlco). ·
MANIFESTO da TFP repercute
nos Estados Unidos
mt'rkana. Grande número de telefonemas, proçedentes dos mais divcrsospo111osdoterri16rionortc-americano,aíluiu àSede da TFP daque le pais, em Nova York. A titulo de amostrage m, apresentamos algumas das mais signiíi cativasrepercussões: • Mesmo nllo sendo católi- mldia com um documento eles• "Não sou católico. Mas é mostrado no manifesto). Por oo, um consu ltor C'ducadonat se porte, levantando todas essas o arcigo imprcssior1ou-rn<: mui- isso,1ostariaderc«bcrinformani ícs101a.sc inteiramente de indagações. Fko muito zanga- io", disse um sen hor de Ohio. maçõcs e tornar-me rolaboraacordo com o Manifesto. "A- doaoassistiroenviode d inhci- "Tenho um grupo de amigos dor de sua organização, da cheia parte VI, referente à lgre- ro do Ocidcme para Rús.sia e a que igualmente se imprcssiona- Qual admiro tam~m o símboja Católica extremamente escla- China, triste sintoma da deça- ram. As pessoas em geral consi- lo, o leão heréldiro". rccedora. Conheço bem a situa· dência de nosso pais", eomen- deram que a esquerda reprcscnçào descrita no documento, a tou um católico de Michigan. ta a Igreja (ao co ntrério do q ue • Um italiano cató li co, da qual confirma toda$ ~ - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Califórnia, come nas impressões que eu tou:''Ai ndanãocon-
~·,.•,~:;;,!::,.:~: entre a Igreja e ocomunismo seja de fato o aperto da mio
:e":~:':J~:
:mr~~:~ pois o comunís mo
:~:~~=~3~~~
Vinte e um Jornais em oito palses 0 documenlo de WIOl'l,I do Praidmlt do CNda Tl'Pbrlliltinl foi
ITÁI.IA,
;.,ma.lleofedlamenrodapm,a11t<diçlo:
ckotmplatt,de,i,.....,)
publicado""'...,._. ..Corrien . . !;en",Millo, 7-l·90(2mílhola
~~ S. halo' \
S
Paulo,
IH90
·'A Gu,11··, v;,&,. ([SI, 22-2·90
::5::~;:;1:~H~~f~-
Hon",Pono Alegre tRSJ, 14-J-90 "Fotu • ...,....,.. , Lol\drlna (PNJ, 14-l-90 "l>lrlrio P°'"'I•", Peto.a1 (IIS), 14-l-90
"bn
não percebam que Gorbac hev ! um exlmio ator'', •··consideromuito animador ver um grupoconscrvadorfuraras barreiras da
~!~:?,n)' H90 (I m~hlo
M ,_,.
--o Plfl ••• Li,boa, 10-l-90 S-3-90
; ~ . ~... l i,boa. 10-1-90
2 3 90 ~L~t,'-"· SanHqo, · · "F.I M...,,", San11 Çrui M la Sima, 4-1-90 .. ll o.titr". San ta C,u.z de la Si<:r,a, 4-l-90 1 ;:J.90 t:QlJAl>OR "tl c-tifl", Qu110, 14·l•90. "lcl Triot1u f o", Gua~•quil,
~;~:~ ~~~~:;:~·::::<~~ ::~:. ~~~~i!l~ n<amtnltnasXl<api,alsd<hdcratJonon,-amc:rieana,, 21·2·90 Cl mil~, 200 mil c>.em· plare-sdcti"'l<'m)
;::,.::
~---------------------'
~:~,~,~~~'.'~ ::~:"
nismo, essa farsa, esJe egfarelando. Pcraunto-mepor quc
1,
~~:~;;c,:~~:a:s:~ tal tigre de papel.
~:ª!:c:\:i:::f:i mos lra m-se indifcrentes, e quando os bons não prestam 1 ;~~:~~: nheço também que nem se mpre a Igreja toma as posições mais acertadas",
~:~ç~~~~:.
CATOLICISMO - Abril /M11io 1990 -
25
Estandartes na marcha contra o aborto WAS HI NGTON-A Marcha Pró-Vida , que se realiza anualmente, reuniu em jauciro Ultimo uma multidão calculada cm cem mil pessoas, com delegações procedentes de todos os
Estados. O desfile teve inicio nasproximidadesdaCasallranca, dirigindo-se para o Capitólio, fazendo assim chegar à se-
de do poder kgislativo a voz damaioriasitcndosaesemaCC$so aos grandes meios de comunicação. Causouvivairnprcss3oapresença da T FP norte-americana nessa manifestação.A exemplo dosanosanteriores,seusjovens cooperadores condu:úarn uma dezena de estandartes oom ci11oo metros de alcura, bem como faix35 com incisivos dizeres contra o aborto. Numa dessas faixas podia ler-se: "A rnemalidadeaborti staéprofu ndamen te desumana e irracional. Ainda que a maioria fossefavorâvel ao aborlo quando requerido, deveriamos nós desistir de 1entar convencer do contrârio os caros americanos? Nossos esforços para persuadi-los da nocividade do aborto !Jlo a,;oramaisnecessâriosdoqucnunca". Também a fanfarra de jovens da TFP norte-americana, que além do Hino Nacional exccu1ava conhecidas marchas do pais, deu uma nota de charme ao evento, sendoobjeiodcelogiosentusiasrnadosde num erosas pessoas do público. Um folheto, contendo pronunciamentos de vârios Di spos norte-americanoscontraapràtica do aborto, foi largamente distribuído por iniciativa da TFP. Em meio aos pronunciamentos, a entidade realça a corajosa atuação de Dom Auscin Vaughan, Bispo Auxiliar de Nova York,oqual, por ter invadidos.alas operatórias, nas quais se realizariam abortos, sofreu pena de prisao de quinze dias, em janeiro passado, não tendo podido, por esse motivo, estar presente à passeata. Constam também do folheco, enlreoutrasdeclarações, as
26 -
palavras de Dom Lco Mahcr, Bispo de San Diego, em carta à lider abonista Lucy Killca:
"L..amento informfl-ta que por seus pronunciamentos através da imprensa, advogando 'livre esco lha para o aborto', a Sra. secolocouemcompletacontra dição com o ensinamento moral da Igreja Católica; e conseqüentement e eu não lenho outraopçllosenãonegar-lheodireito de receber a Sagrada Comunhllo".
Retificação Apropósitodenotlciapublicadti na edição de 13 de março últimoda"Folhade S. Paulo", o Prof. PlinioCorrEadeOliveira enviou ao Direcor de Redação desse matutino, no dia IS domcsmomês,aseguintecarta: ''Sobotitulo"TFPv!'lógica' na lega lizaçãodenazisias", publicou esse jornal uma notl· eia da Reportagem Local, da qualdcstacooseguintetrecho;
··o presidente d11 Srx:ied11de Brasileira de Defesa da TradiçlJo, Familia e Propriedade (fFPJ, Plinio de Oliveira Corrêa (sic), diz que a 'll}gica' do regime democrático ptrmite a leg11lit11çlJo do P11rtido Nacio· na/ Socialista Brasileiro, de ideologia natisla, por aceitar também (... ) partidos com ideologia
CATO LICISMO - Abril!Maio 1990
O cooperador da TFP norte-americana, Edward Mackenna, com o Cardeal O 'Connor, de Nova Yorlc, durant1t a passeata anti-aborto comunista. Corrla afirma discordardastf'Sl'Snaiistasecomunistas··. "Esta frase, e sobretudo o tí1ulodanoticia,tornamalgum tantoam biguorncuverdadeiro pensamento na matéria. "Com efeito, quem 1e esse trecho (que nllo corresponde li· teralmcnte ao que mandei por esCTitoà redaçaodessejornal), fica com a impressão de que, existi ndo o part ido comunista, achoquedevempermit íraexistêncíadopartido nazista. "Não é este o meu pensamento. Entendoqucnãodev iaatu ar legalmente o partido comunista. E que violam os prindpios
dalógicaosq uebradamemal1as VOU$ comra a existência do partido narista, e ao mesmo tempo consideram legitima, segundoosprindpiosdemocrá• ticos,aexistênciadopartido comunista. Amcuver,a única situação normal consiste em proibir ao mesmo tempo a existência de um e de outro partido. Mas, desde q ue exism um dos dois -nocasoopartido comunista-éummalmenorae,iiscêneia simu ltânea de ambos. De sor1equeeujamaispartiriada liberdad e concedida ao.partido comunistaparapleitearalegalização do partido nazista. Ou vice-versa".
algum tempo o referido quadro
Reaparece figura do Senhor dos Passos em pintura queimada No Ora tório de Nossa Senhora da Concciçllo, Vitima dos Terroristas, situado na Sede da TFP, à rua Martim Francisco 665, cm São Paulo,es1evee,i:posto por nês semanas um expressivo quadro procedente da Colômbia. Tra1a-scdeumaartis1icapintura sobre madei ra, do Senhor dos Passos, medindo 25 por )9 cent!metros, venerado no Con -
vento das Irmãs da Imaculada Conceição, em Bogotá, já cm !948, quandoirr<>mpeu nnqu e-
la cidade a violenta revolução oomunistaconhecidaoomo''bo-
gornro". Ncssaocasião,ooonvemofoiinccndiadopelosrevo-
lucionãrios, a exemplo de outras casas religiosas e igrejas. Emcircunstânciasmuitoespedaí s,oquadroveioascrlocali7,adocntrcoscscombrosdoin-
áquela entidade, autori1,ando, inclusive,suaveneraçãoemse• desda TFP brasileira.
Mensagem de Fátima ecoa nos Andes
céndio, sendo conservado pelas religiosas em sua nova residên· eia. Embora a figura iivcsse de· saparccido pela açllo das cha· mas, vãrias pessoas começaram a discernir na madeira a an1iga pintu ra. Com o passar do$ anos - fato e;,;traordinãrio - a figu. ra de Nosso Senhor Foi se t0r· nandocadavezmaisnitida. Recentemente, co nhecendo a dedicada atuação antkomunis· la da TFP colombiana, a Supcriora do Convento cede u por
UMA - O Núcleo Perua· noTradición, Familia. Propic• dad acaba de editar o opóscu· lo "Proíeclas para América y d Mundo. Tragcdia o espcra n· za?",sobreasapariçõesea mensagem de r-ossaSenhora cm Fãtima. A obra, de autoria de Aruonio Augusto Borelli Machado, Foi inicialmente pu· blicadacm"Catolicismo",sob o titulo "Ali aparições e a men· sagcm de Fá1ima, conforme os manuscritos da lrm:I Lúcia", e conta jã co m numerosas cdi· ções cm diversos países. A presente edição peruana traz cana de aprovação de Dom Oscar Ali.amora, Bispo de 'fac. na, Peru, 11a qual recomenda sua amJ)la divulga,ão. Também
figuram declarações, nomes. mo sentido, de Dom Ikrnardino Echeverria Rui1., O l'M, Arccbispo de Guayaquil. Equador: de Dom Gcrmãn Villa Gaviria . ArccbispodcBarranqui!la, C0· lômbia; e de Dom Polidoro van Vlicrberghc,Ol'M,BispoPrelado Emérito de lllapd, Chile. Duas e3ravanas de jovens do Nuclco Peruauo Tl"adidón, Familia y Propíedad percorreramasprincipaiscidadesdopa· ls,divulgandoesscopúsculo. Acdiç11.o,dc IOmile;,;cmplarcs, jã se encontra praticameme es· gotada.
'falcuto Es tilo Pfou cjamenl o Espaço
-;:
::=
e;;;~;,:~º Sct,r urauça
.
_
\ ,-~i·
~~~;~º UNDENBERSGIA ==7 :,~:,~~;~:·::;:':""'.;,;':,;,;,~ '
" "'"'"'
~
tudo com a • f
'===-
Acabm11 cnto perso~ializa do Loca l privilegiad o Sucesso
•
=
ra
ti~~ ( ..\ n Jl.11.1.... ,1,1 - ,\IH·il/,\1:,iu llJ!iO -
27
· . AÍOlJCJl MO /
Fátima Perestroika: ·
eo
Prof. Plínio Corrêa de Oliveira
• Estranho costume
• Cuba é assim .•.
"Agora podemos afirmar com ccrtc1.a qucclcscramcanibais", di1.o Pe. Pedro lgnacio So:.:himitz, direto r do Instituto Anchietano de Pesquisas, de São Leopoldo-RS, referindo-se aos guaranis, um dos mais importantes povos indigenas e:tisten tes no Brasi l à época do descobrimen10. A pesq uisa durou quatro anos e foi fci la co m base numa aldeia guara ni que e:tistiu noatu alm uni clpio deCandelária, a 192 quilômetros de Porto Alegre. O achado mais re levante foi a metade da ossada de um ho mem adulto, fraternamlcmtepa rtilhadacmrctrês choças. Numadclascstavaumatibia, com um dos dedos do pé direito; noutra um dos ossos do vraço acompa nh ado de um dos dedos da mão direita; na terccira umavtrtebrae umdente. Em ou1ra aldeia foi descoberto um fêmur quebrado na e1ttremidade, o que denuncia um hábito alimentar comum; "Eles também adoravam sugar o tut ano", diz o sacerdote arqueólogo. Muitos desses restos foram encont rados cm fogões rUsticos e marcados pelas chamas. O que dirão dessas revelações os q ue hojeemdiaprocuramdaru mavisualizaçãoidealizadaeparadisiacadavidados indios. Provavelmente não dirão nada. Fingirçãoque não vira . E cominuarãoapregarcontra toda form a de civiliução, re<:omcndando que se volte à "pureza"davidatri bal. Após1olosdebvvarbáricd da degradação, interpretados por eles como meros "coslllmes" estabelecidos num determinado "estagiodedviliução" ...
Ru as esburacadas, com fachadas de casas cinzentas que estão perdendo o rebQco ... Nas vielas próx imas ao porto, os morado res usa m cordas para puxarbaldcsdeáguaatéo q uartoanda r,porqueosencanamentos estão quebrados. Sob o caustica nt e sol do Caribc, diante das lojas, longas fi. lasdegen1e q uetranspiraabundan1emente. Quem qu iser comer pão precisa colocar.se na fila jà na noite anterior. Pela manhã eà noite,ostrabalhadorcssãoo briga dos aespcraratt duas horas pelo transporte, porque doiJ tcrços dos ônibus, importados da Hungria, estão paradosporfaltadcpcças de rcposição. Cubatassim!
"A Igreja Cat ó lica pordcu muitodasuacapaddadcdcsa· tisfação das necessidadessimbó!icas dos indivlduos. A Igreja seesquerdizou,eperde umu ito a sua lin guagem; se us rituais se empobreceram com o fim das procissões. Você anda pela eu ropa evêoq ue a Igreja construiu de coisas belas na Idade M~ia, por exemplo. Quando o próprio Padre diz que tanto fazosujeitoi r àMissaoud iscuti r os problemas de seu bairro, ele esti enfraqueo::cn do a própria ft do individuo, na verd ade. Assim,vocêtiraoe ncanta· mento que a re ligião traz ao mundo" , LU cid a, sob vá.rios ãngulos, es ta análisc é do professor Flávio Pie ru ci, de USP, cspccialiua em Sociologia da Religião.
2 - CATO LI C IS MO - J unho 1990
A dessacrali zação dos tempios e a polilização da ft tornam cada vez mais impopular a lgreja dita "progrcssis,a. E.$que,;idos dcuas verdades e desse! sl mbolos que atraiam tanto os fi éis às igrejas de outrora, alguns es plritos "novidadeiros" propõem um novo "marketing" para a Fé. Lançam-se, então, nos braços de es pedalistasem publicidade, que acabam concluindo como o Pro f. Pieruci; a ilnica receita t ... voltar aosantigossimbolosquc-es1cssim! - sem prc " fundonaram".
Deus, que t a al ma de 111do" (pg. 44). Trata-sede propaganda abcrtamente panteista -to velho pameismopagllo, que di zia que tudo é divino - à qual se mesclam versículos do Novo Testamentocreferênciasa JesusCri sto. Con hecidaco moEditoracatólica - embora tenha recusado o tit ul o - as ''VOZES" não cessam de veicu lar trabalhos dccu nho marxista,ateuouamoral , sem quedai lhe ad venha m quaisquer sanções da a uto ridade competente.
• Campo de concentração para crianças
• Anticomunistas, desculpem-nos!
"Estamos entrando num mundoondea id éiade higiene desapareceu, da mes ma forma qu eoco nceito da dignidade humana", descreve o jornalista da revista alemã '' Du Spi,rgel'', em visit a à romênia. Dentro de dois quartos fétidos, em meio a camas frias de metal enferrujado,vivcmpequcnosfarraposhumanos-amaioria com menos de três a nos. Alguns completaram oito, mas não difere m dos demais nem notarnanhonemnoco mportamcnt o. Uma conseqüênciadiretadosmaus•tratosedasub-nutrição. Conlinadas num castelopróximoàfronteirahúngara,cente· nas dessas crianças enjei tadas viven•i nd a em a utênticoscampos deconcentração, três meses a pósaquedaeexecução dodi· tador Cea usescu. Osmoradorcsdarcgiãooostumam chamar aquele orfanato socialista de "Nova Auschwitz" , uma alusão ao tristemente famoso campo de concentração nazista.
• Editora católica divulga livro espirita! "Sugestões oporlllnas" é um catálogodelivrosemlançamcnto, d ivulgado pela Editora VozesdosFranciscanos,dePetrópolis, 1989. Nele co nsta uma obra publicada peta " Livraria Espirita Brasil Central" cm favor do Sanatório Esp[r ita de BraslJia! O livrodefe ndeque"opróximotamesmasubstãnciaque nós, porque todos temos amesma cen1elha divina do mesmo
Sob o titu lo "Econom ia soviética cm farrapos",a revista U.S.News & Wo rld Re· port publica a seg uint e rediografia da s desg raças produ zidas por 70 a nos de com uni smo na Rilssia: -651!'. dos4milhospi lais rurais não dispõem de água qllCfltc e 271!'. não 1êm sistema de esgoto; - medata das esco las não possui aquecimen10 centra! , águaenca nada ouban hei rosintcrnos; - cm 19 13 ainda na época do Cza r, era o primeiro pa is do mundo em c1tportação de alimentos - hoje é o maior im portador; das terras aráveis estio em poder do Estado; entretanto, mais de um quarto da produção nacional provêm dos m[seros21!'.deicrrasprivadas; - ncstcano,espera-sc que a Rú ssia consiga o suficient e para cobrir700Jt desuasnccessid adesalimenticias-r-o restante deverá vir do Ocidente: - 20 milhões de o pe rários são aocoólatras, sendo que só c m 1987, mai s de l0 mil pessoas mo rreram por ingeri r dcrivados deálcool,co mo períum e, graxadesapa to cco mbustiveis; - IS.,.. das casas nllo possuem banheiros; - JOmilhõcs derussos não têmacessoàllguapotllvel! É isto qu e os comunistas brasileiro s qu e riam para nossa pàtria·? Não se ria o caso, pelomcnosagora,dedi zcrcm; desc ulpem- nos, anticomunistas, voch t que estavam com a razão"?
- 98.,..
~AÍOUCISMO SUMÁRIO FÁTIMA A percstroika à luz da mensagem de Fátima, o relacionamento da TFP coma Hierarquia Eclesiástica, avalidade da consagração do mundo ao lmacqlado Coração de Maria feita por João Paulo li, são alguns dos
temas candentes abordados em entrevista concedida pelo Prof. Plínio Com'!adeOliveira ................. 4 RELIGIÃO
De raça negra, a venerável Bakhita viveu os tormentos da escravidão e a vocação religiosa numa perspec-
tiva de santidade .............. 12 INTERNACIONAL Visita à cidade de Weimar (Alemanha Oriental) após 40 anos de comunismo: outrora culta e aristocrática,
agora suja e pardacenta ....... 14 NACIONAL
A desconcertante acolhida proporcionada a Fidel Castro no Brasil, por ocasião da posse do Prcsidcm-
te Collor
16
HISTÓRIA Uma lição de firmcw e zelo para a era da perestrolka. Traços luminosos da luta anticomunista do Cardeal Mindszcnty, recentemente reabilitado 19
"CATOLICISMO" é uma publicação men1,al daEmD<esaPadreBelchiordePonte,Llda
:~1i:}'.;";,'~,1~.~~; füalmhi - lltv,lro ~cd,Po: RUI Mar<im Fr>ocil<O, 661 - 01226 - $lo Pau\o,SPIRuaStt,ótStt,mbro,202 -28100-
A
S CONDIÇÕES ESTABE LECIDAS por Nossa Senhora em Fátima para o afastamento do castico e a conversão da Rússia foram cumpridas? A consagração realizada por João Paulo lll em 1984 atendeu ao pedido formulado por Nossa Senhora? A perestroika em curso naquele país é um indício de sua conversão, do advento da era de paz e do triunfo do Imaculado Coração de Maria? Eis algumas perguntas-chave que vêm despertando o interesse de um número incontável de nossos contemporâneos, especialmente os que têm fé, Vozes de peso no mundo ca{ólico se pronunciaram em sentidos diversos e até atangônicos no referente a tão momentosas questões Dentre essas vozes, algumas vêm defendendo uma posição que, esquematicamente, pode ser assim enunciada: Com a ruína do capitalismo de Estado (regime grosso modo ainda vigente na Rússia), a qual Gorbachcv estaria levando a cabo através da perestroika e da glasnost, desapan.-ceria o comunismo. Isso seria um dos efeiws da consagração do mundo ao Imaculado Coraçào de Maria que João Paulo li fez em 1984 Tal consagração tcría preenchido as condições que a M.le de Deus estabeleceu em Fátima para a conversão da Rússia e o triunfo de seu Imaculado Coração . Outras vozes, porém, fazem sérias ressalvas a essa visua!izaçao. E alegam que ela parte da idéia errônea de que comunismo é coídêntico a capitalismo de Estado. Por que seria descabida cal identificação? De acordo com a p'rópria doutrina comunista, o capitalismo de Estado n;lo é senão uma etapa na evolução histórica rumo ao comunismo integral. E a próxima fase dessa evolução consiste no desaparecimento do Estado e na formação de um comunismo de micro-sociedades, o regime da autogestão, conforme estabelece o Programa do Partido Comunista da Uniao Soviética. Assim, a Rússia prossegue na via de seus erros e até os está requintando. A perestroika não pass;, de uma artímanha que está atraindo a simpatia dos burgueses do Mundo Livre e os vai embaindo, muito mais do qu é conseguíra até aqui o comunismo. Em vista disso, os eventos que vêm ocorrendo na Rússia e no leste europeu nào podem ser encarados como o desfecho das profecias de Fátima.
g,:,~.;.MilrtirnFranci$ro.66l - 01216 - Sio P•ulo,SP - Td:1011)!2!.1707 l'ulotompO>içio:(dir<1•,•?0rtird<arQui,·01fornoci <los por "Cotoli<iuno"J O..oorir>n1<S/AGróf1<a<
Ed"or,-i .. Mairioq.,, % -S,li, Pau\o,SP lmp..-: """'"' - lodú~ri• Grm:, , Ed•or• I.Oda.-R .. J,,·oe,,611116119 -0IIJO - Slo,Paulo,SP Pa11modonçaótrnda<>;<>lcnocmário ,,,.n<;,>r,.,ca,n. btmon-.l<r~ onti,o . Arorr...,ondericiard>tj,·,o ,,.in11uro ,.,odo o,·uli, pode.,,.,,.;,4,1,~r,:>I R111 M,rcim rran<is<o , 66I-0ll26 -St<>Paulo,SP ISSl'j - Intan>1i<>nol Stmlud S<ri.ol '-umber OI0?.8!02
Tal é a importante temática da matéria que se estende da página 4,à página 10 da presente edição. Ai o leitor encontrará a sólida argumentação desenvolv ida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira na emrevista a e!e solicitada pela revista italiana "30 Giorni". Os aspectos mais diretamen!e relacionados com Fátima silo tratados na mesma entrevista pelo Eng? Antonio Augusto Borelli Machado.
CATOLICISMO - Junho 1990 - 3
Tema candente analisado pela TFP
O que pensar da perestroika ã luz da
MENSAGEM DE FATIMA? A
REl'!STA CATÓLICA irafiana "30 Giorni" procurou em fevereiro úflimo o "bureau" de
representação das TFPs, sediado e111 Roma. com o fim de colher dados para uma entrevista sobre a TFP brasileira e sua posiçào em face da mensagem de Fá1i111a e as recentes alterações ocorridas no mundo comunista. O encarregado do "bureau ", Sr. Juan Miguel Mames, co111u11ico11-se com o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em São Paulo, o qual solicitou que a mencionada revista lhe encaminhasse as perguntas referenles à matéria. Foram entdo apresentadas sete perguntas. Respondeu-as em sua maior parte
o Presidente do CN da TFP. O eng.º Antonio Augusto Borelli Machado, estudioso do tema Fátima e autor de conhecida obra sobre o assunto, deu resposta a duas perguntas de sua especialidade. A edição italiana de março, de "30 Giorni", publicou exlenso artigo sob o lí!Ulo "Milagre no Leste? A Virgem prometeu ... ", de autoria de Srefano M. Paci, que serviu como matéria de capa. O tema também é abordado no edirorial da revista. No interior desse artigo figuram 49 linhas sobre a TFP, comendo algumas informações imprecisas e até distorcidas relativamente à emidade. Em vista disso, o Prof. Plinio Corrêa de O/freira endereçou a "30 Giorni" uma carta, relificando tais imprecisões e distorções. A direção da revis/a assegurou que a missiva seria estampada na íntegra em próxima edição. As edições norte-americana, francesa e espanhola da publicação apresentam, no referente à TFP, textos, com pequenas e irrelevanles alterações, análogos ao da edição italiana. Na edição brasileira, não constam as info rmações infundadas - inseridas nas outras edições - de que a TFP realizaria procissões públicas, por ocasião do dia 13 de maio, e desfilaria pelas ruas da cidade com hábitos da ordem dos templários. Como a quase totalidade das respostas encaminhadas a "30 Giorni" não foi aproveitada pelo mensário italiano, a direção de "Catolicismo" Julgou do maior interesse para seus leitores conhecer o texto integral dessa matéria, praticamente inédita no Brasil, e cujo alcance e atualidade é desnecessário acentuar. Dessa forma, reproduzimos a seguir a ímegra de tais respostas, bem como as 49 linhas estampadas por "30 Giorni" sobre a TFP e a caria dirigida consecutivamente ao mensário pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, com as devidas re1ificações. 4 -
CATOLIC ISMO -Junho 1990
Declarações do Prof. Pllnlo Corrêa de Ollvelra e do Eng!' Antonio Augusto Borelll Machado a "30 Glornl"
U
30 Gloml - Como na~u e q111lssio1sfinalid1dndomovlmen10 "Tradiçio, Família, Propriedade''?
Pror. Pllnlo Co rrêM de Oliveira - A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedodc nasceu na cidade de Sllo Paulo (Brasil) em 1960. Constituiu-a
um gru po de católicos militantes, impressionados pelo lmpeto do esquerdismo católico (e tambl!m do progressismo), então na
suaprimeirafascdcc,ipans!lonomesmopais. Os fundadores da TFP não quisi:ram fazerobrameramentencgativa,isioé,onticomunista, on1i-socialista etc., mas obra
tambtm positiva. Para isto, deliberaram empenhar-se cm quetr&óalvosdaaçãodemolidora esquerdista fossem especialmente tonificadas e bem compreendidas pdo grande piiblico: a tradição, a familia, ea propriedade. A finalidade da TFP está definida no artigo 1~ dos respectivos esiatutos, o qual di~ expressamente que a Sociedade "1em car61ercullura/ecfwco, visando esclarecer a op/ni(IQ nacional e os Poderes públicos, [ sobreai,iflulnciade/etúiaexercidasemprt mais, na v,da int~~tual e nu vida pública,
pelos princfpios socialistas e romunistas, em detrimento da lradiç4o brasileira e dos institutos da familia eda propriedade privado, pf/oresdacivilizaçllocris11Jno />af.s". Faceaodireitocanõnico,aTFP.sequalifica como uma associação de inspiração católica,imegrada porfiéisleigosqucaluam no campo temporal, sob sua imica e exclusiva responsabilidade (cfr. Código de Direi10 Canônico, cãnon 227), norteados pelo ensinamento tradicional do Supremo Magiscério da lgreja, e estruturada juridicamentesegundoaslciscivis. Desse modo, se considerada do Angulo das leis do Estado, elaé uma associação
dvica, cultural e beneficente, reaida por estatutos civis; se vista do ângulo das leis eclcsiásticas,cabevf-lacomoumaossociaç4o particular, constitulda pelo livre acordo de fiéis entre si, no uso do direito de que gozam de fundar e dirigir livremente associações "para fins de cor idade e piedade, ou para fomentar a vocaç4o cristll no mundo"(cãnon 215), 3GGlornl -Em qutconsisltlll udlf't1:ukladnquto111oviiwen10 lem rniw a Hitrarq11la edesilllka? F..st• fOf'iwulou alguma «asura edes"slka com rt· laçio aosSrs.? Qut llaaç6ts llm o movi• mtnto com Dom Ltnbvn,?
Q
l'rof. l'CO-A TFP visa, dentro dos limitcs dc scus fins cspccificos, 1rabolhar pc la ordenação da sociedade temporal segundo a doutrina tradicional da Igreja. Precisamcntenessccampo,énotórioqutasdivcrgências de opinião entre os católicos não têmfeitoscnãoagravar-seconsidcravelmcntc, cm quase todos os palscs. E, pois, também naqueles cm que tx istem TFPs. Como é geralmtnte conhecido, essas divergfnciasnãoexistemapcnasentrelei10s, mas igualmente entre edesibticos, inclusivt Bispos. Não é de espantar, pois, quetaisdiverg!ncias existam também entre numerosos prelados brasileiros de um lado, e a TFP de outro lado. Oque!evaogrossodaopinião pública a qualificar de "direita" ou de "extrcma-Oireita" a TF'P, ao mesmo tempo que qualifica múl1iplos Srs. Dispos de "esquerda" e alguns até de "o:trema-esquerda". "Censuraeclcsiãstiea"no5Cntidocanõnico e próprio do termo, a TFP não rc«·
Desds sua tundaçlo, em 1960, 11 TFP rem combatido a lmplsnrsçlo da Reforma Agrária soclsllsts e conliscat6rls em nosso Pais, mediante vigorosas campanhas pUbllcas de lmbito nacional
CATOLICISMO - Junho 1990 -
5
beu nen huma. Mas, procedentes de Srs. Bispos, Arcebispos, ou até Cardeais, houve ao longo da história da TFP vários pronunciamentos discordanti:5. Esses pronunciamentos versaram sobre lemas como nos5a1 campanhas contra o divórcio e cont ra a Reforma Agrária socialista econfiscatória, bem como noss.a apreciação sobre a impunidade do avanço esquerdista nos meios católicos, e temas correlatos. Em todos os casos, a TFP respondeu com respeitosa firmeza aos venerandos objetantes.
A TFP não tem vínculos com o movimenm de Mons. Lefebvre. Não os tem depois de haver sido este excom ungado, porém igualmente já não os tinha muito tempo antes.
30 Giorn i - Goslaria que me indicasse o~ " números" do movimcnlo (cm parllc ul u no tocan te à sua dl íusio no 8 ra5i.1);0$ paisndcmalordiíusão, o númuo de aderentes e os nitkios «i m qncéao.lfado , JSrevlst.s(nomcsc 1iragcns d11s principais) e ascvcn lu aiscasas cdilorasquc possua m, os localsdccull o, o número de sace rdotcw que aderem aos Sn .... e ludo aqu il o que o Sr. consi dera útil par11mos1rar aam pl itudcdomovime nto.
G
Prof. PC0 - No Brasil, a TFP conta com cerca de 23 milsócios(nosenlidoamplo e mais moderno do termo, que abrange tambtm os supponers, simpatizantes, e quantos tomam parte, de um ou de out ro modo, no esforço comum da TFP). Nest e númcro se incluem evidcntcmcn1c pessoas di -
6 -
C.A.TOLICJSMO - Juuho 1990
A TFP promo ve n,gulermente jornadas de es tudo e encontros
versas pela idade, pelo esrndo civil, pelas condiçõessociais,niveldeculluraetc.Essenúmcrocrcsceincessantemcnte. Entre tais sócios da TFP são sobremdo numerosos os jovens. Tumbtmcresceo númcrodenonoscorrcspondentes(agcntes locais),queformam núcleos nas periferias urbanas,ouseja,nascamadasmenosabastadasdasociedadc. Para ser benfeitor ou simpatizamc da TFP, ou para prestar a esta uma colaboração esporádica, não hll critérios de aceitação inteiramente definidos. Em tese. a boa vontade basta. Semprequc-éclaro n!losetratedcpessoacuja posição doutrinária ou moral aberrante dos princípios e das normas de ação da TFP, provoque no público explicável escândalo. Quanto ao mais, devem ser católicos praticantes, de vida correta, que se professem aderentes sinceros das doutrinas e metas da entidade, e o demonstrem por seu procedimento e abncaadaatuaçllo. necessário que sejam 1odos católicos? A TFP tem recebido como principiantes, a!eus,prolestantes.greco-cismáticos,mao-
e
mctanos, budislasetc. Porém.sem nenhuma exceção, todos os que, nessas condições, permanecem na TFP, se convertem Ao contrário do que se poderia imaginar, os opositores mais radicais e acesos da TFP se situam em certa alia sociedade mundana, qualifkada dc)et sei, bem co· moentrcosclérigosereligiosos rnaisprcocupadosem scmostrarem "'novento"das divcrsasmodcrnidades,etambtmnosmeios profissionais da mídia. A expansão da TFP se deve. em muim larga medida, às caravanas da entidade, que desde 1970palmilhamincessamcrnentenossopalscomineme:4rnilhõesdequilõmetros percorridos (equivalen1e a lO viagens até a Lua), 20 mil visitas a cidades, l,4milhõcsdepublicaçõcsvendidas.Etambtmàsbrilhantcscampanhasderuapromovidas pelos setores juvenis que atuam cm car.literpc-rmancntcnasrespectivascidades. Suaperguntasobrcos''paisesdcmaior diíusllo" pede uma precisão. Em cada pais noqual hajaumaentidade - nftoncccssariamcnte denominada TFP - cm relações fraternas com a nossa, constitui ela
umasociedadecomdiretoriaprópria,estatutospróprios,erecursospecuniáriostambém próprios. Em outros termos, cada entidade da "familia" TFP é absolutamente autônoma. Como vinculo de união entre elas, existeacomunhãodedoutrinaede metas resulta11te da livre adesao de todos aoconteúdodolivro''RevoluçãoeContraRevolução", e da analogia dos métodos de ação adotados. Paraentreteredesenvolveressesvínculos, os dirigentes e membros das várias TFPs costumam visitar a cidade de São Paulo, pontodepartidadoimpulso inicial do movimento TFP em todos os conti11entes, onde tem sua sede pril)cipal a entidademaisantigaemaisexperiente, e naqual reside o fundador da TFPbrasileira. Essas visitasco11stituemtambémocasiãoparao intercãmbiodecontatoscntreasmaisdiversas TFPs. Ser-me-ia ingrato discriminar, entre as várias TFPs irmãs, quais são as "de maior difusão". Ademais,oscritérios paraclassificaressadifusãonãosãosimples. Por exemplo, uma TFP mais numerosa pode contar cada ano com um número maior de aderentes novos do que uma TFP pouco numerosa. Mas o índice de crescimento desta última, proporcionalmente ao númerodosaderentesjáinscritos, pode ser muito maior que os da primeira. Só para não deixar sem alguma resposta sua pergunta, permita que eu lhe dê em ordem alfabética a lista das TFPs, bem como a dos bureaux da TFP. TFPs: Âfrica do Sul, Argentina, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, Estados Unidos, França, Peru, Portugal, Uruguai e Venezuela (esta última dispersa pelomundo,emconscqüênciadeurndecreto de fechamento do Governo Lusinchi, decretoessetãoinjustoqueosprópriostribunaisvenezuelanos-emsentcnçadefinitiva-reconheceramairnprocedênciadas acusaçõesentãoassacadascontraaentidade). Bureaux TFP: Frankfurt, Londres e Edimburgo, Paris, Roma, San José da Costa Rica, Sydney, Auckland {Nova Zelândia). Quanto a nossos núcleos na Ásia, razões de prudência que o leitor facilmente compreenderá,noslevamaacharprematuraadivulgaçãodedados informativos. Quanto ao número de sacerdotes que ad erem às diversas TFPs, varia consideravelmente de país a país. Mas em sua maior parte são bastante discretos no manifestarem sua adesão. Preferem até fazf-lo por carta, o mais das vezes com certo caráter de confidencialidade, a fazê-lo por contatopessoa!.Asrazõesdest e fatosãoóbvias. Passo a elencar os órgãos das TFPs: "TFP Newsletter" (África do Sul); "Pregón de la TFP" (Argentina); "Catolicismo" (Brasil); "TFP Newsletter" e "TFP Informe" (Canadá); "Tradición, Familia, Propiedad" (Chile); "TFP Informa" {Colômbia); "TFP Informa" {Equador); "Co-
vadonga Informa" (Espanha); "TFP Newsletter''(Estados Unidos); "Aperçu" (França); "TFP Lusa Informa" {Portugal); "Lepanto" e "TFP Informa" (Uruguai); "TFP Standpunkt" (Frankfurt); "TFPinforma" {San José); "TFP Newsletter" {Sydney); "Christendom" {Auckland). Nãolhesco• nheço a tiragem. "Catolicismo" tem uma tiragem de 12.000 exemplares. Maséprecisonotarqueopúblicobrasi• leiroestáenormementeabsorvidopelastelevisões e rádios e, em medida infelizmente não pequena, pelas revistas pornogràficas. Oquetornadificilaexistênciadeumare• vista séria como "Catolicismo". Mas posso acrescentar com alegria que nosso esforço de expansão, o qua l está sendo feito porrneiosrnodernoseeficientes, vai correspondendo a nossa expectativa. De momento, com a urgência com que nosforampedidasasrespostasaseusimpático questionário, não me lembro dos nomes das várias editoras de TFPs. Aliãs, em via de regra não são das TFPs, mas empresas autônomas com as quais as TFPs mantêmconvênio.Aseditorascomasquais a TFP brasileira trabalha são a Editora Vera Cruz, que edita os nossos livros, e a Empresa Padre Belchior de Pontes, que edi1a "Catolicismo". E me ocorre casualmente ã memória a brilhante editora "Fernando Ili el Santo", que serve ã TFPespanhola.
a
J0Giorni-OSr.achaque asmudançasqueeslioacontecendonoimpé riosoviéticosio rdaclo nadas com a apariçio de Nossa Senho ra em F4tlma
e com • consagraçio "da Rússia" que Joio Paulo II fez em 1984?OSr. considerav4lldaeslaconsagraçio1 Senioaconslderav41ida,comopensaquepossamserln• terp~lados os atuais aconleelmentos no Leste? Prof. PCO - A correlação entre a mensagem de Nossa Senhora em Fátima e as atuaistransformaçõespclasquais,aoque parece,começaapassaraRússia, éevidcnte. As aparições de Fâtima ocorreram em 1917, poucoantesdaquedadoregimeczarista. Em conseqüência, tomou especial clareza a afirmação - bastante nebulosa antesdisso-deq11e"aRússía( ... )espalha• ráseuserrospelomundo ... "(apariçãode 13 de julho). E al estão eles, isto é, os erros do marxismo-leninismo, com adeptos no mundo inteiro. Apcrguntaqucosatuaisacontecimentos da Rússia poderiam despertar, a propósito da mensagem de Fátima, se enunciaria maisbemnostermosseguintes: "Com a ruina do capitalismo de Estado, que o sr. Gorbachev vai levando acabo, desaparece da Rússia o comunismo. E este entrará forçosamonte em decl!nio no mundo inteiro. "Desta forma, o comunismo não será mais um "erro da Rússia", e estará em vias de minguar por toda parte. A disseminação do comunismo, prevista em Fátima, não terá sido senão um longo e doloroso episódio da História já relegado ao passado. E a guerra mundial, também prevista em Fátima em nexo com a expansão comu• nista, não se realizará. Pois o sr. Gorba-
Os mo11/mentos e manlfestaçôes autonomlsras e mesmo separaristas na Rüssla - como o com/cio prd Independência realizado em Vilnius, caplral da Lltulnla, quando Gorbachev visitou em Janeiro último aquela naçlo báltlca -parecem fa11orecera desagregaçlo do atual regime
so11/étlco, o capita/Ismo de Estado, ea formaçlo de um comunismo de micro-sociedades, o sistema de autogestlo
CATOLICISMO -
Junho 1990 -
7
chev é um dos grandes agentes mundiais dapaz. "Emconi,eqüência,FãtimaéigualaZA,ro". Todo esse racioclnio é vão. Ele se baseia na idéia falsa de que o comunismo é algo de coidêntico eom o eapi talismo de Estado. De onde a infundada afirmação dcque,dest ruídoestc, desaparcceaquele. Narealidade, seg undoado utrin aco munista, o capitalismo de Es!ado não é senão um a etapa na evolução histórica rumo ao comunismo integral, no qual a autogestão em todo os níveis da 50Ciedade torna rã desnccessàría a própria existência do Estado Ê o que diz o Programa do Panido Comunista da União Soviética, em sua nova reda-
Este é o verdadeiro sentido da demoli ção do capitalismo de Estado, promovido pelo sr. Gorbachev. Este mesmo o tem afirmado em virias declarações largamente divulgadas pela imprensa, e no próprio livro "Percstroika" (cfr. Harper and Row, Nova York, 1987, pp. 36-37). Aautogcstão,paraaqualvaicaminhandoocomunismo,nãoésenãoumcomunismo de micro-sociedad es, que se tornarão
Multidões Impressionantes continuam a lotar a extensa praça diante da basmca de F'11ma, cada ano, no dia 13 de maio. No detalhe, Francisco e Jacinta, dois doa trfs videntes, cu/a heroicidade de virtudes foi recolheclda por decreto da Congregaçlo das Causas dos Santos, em 13 de maio do ano passado.
ção aprovada em l ? de março de 1986 (jã na era Gorbachev): "O comunismo significa a transjormaç4o do sistema de autogestllosocialista do povo, da democracia socialista, na forma superior de organiiaç4o da sociedade, aautogestao comunista da sociedade. À medida que forem amadurecendo a:r premissas WCio-economica:r e ideológica:r necessárias, que todos os cidadtJos forem incorporados na gcs1ao, o Estado socialista, conforme U$Sina!ou Llnin, irá tornando-M, em medida cada l't'Z maior, existindo as re5pcc/iw1s condiçóts internacionais, 1orma transitória do Estado para o ntJo.Estado '. A atividade dO!f 6rgtJos c;statais irá adquirir um carácler rrao-polftico e gradualmente desaparecerá a necessidade do Estado como institulo polflico e5pecial'' (Edições da Agência de Imprensa Nóvosti, Moscou, 1986,p.27). 8 -
CATOLI CISMO - Junho 1990
cadavezmais num crosas,àmedidaqu eforemminguandoasmacro-cidades. Tudo isso pode fazer sorrir ao leitor queimaginarãveremminhaspalavrasum arranjo,talvezhãbil,para"salvar"a mensagcrnde Fãlima. No entanto, é precisamente isto que cu previ.com base nos acontecimentos poli!icosdaépoca, quando publiquei a maisrecenteediçãode"RevoluçãoeContra- Revolução". Estãvamosnoanode 1976,eosr. Giovanni Canto ni, com quem eu mantinha relaçOesdeamizadeainda rccentes, teve a genti leu. de me pedir um prefácio para a edição dessa minha obra cm língua italiana. Essa edição seria lançada pelaA//eanw Callolica que aquele meu amigo brilhantemen1c preside. Em lugardoprefãcio,enviei a Giovann i Cantoni uma parte nova de "Revoluçífo e Contra Revolução" - a
tcrccira - parasuaediç/1.o,oqucelcgcn!ilmcntc acei to u. 1.las1a ao lci1or destas linhas consuhar as páginas 175 e 190 do livro italiano. Ou, então, as p:lginas 64 e 71 da edição brnsilei ra co nsc-cutiva à edição italiana: s11cesso dos cosmmeiros métodos da Ili Revofuç(lo [o comunismo] esrá romprometido pelo surgimento de circ1ms1/incio:r vsico/ógicas desfovorúveil·, usquoisl·e acemuuram for1emen1e ao longo dos úllimos vinte onw. - Toi:r circuns1âncias forçarao o comunismo a optar, daqui pordion1e, peloa1•entura?"(p. 64). ··como t bem sabido, nem Marx, nem a generulidade de Sl'US mai:r notórios sequaus, 1un10 'ortodoxo:r', como 'heterodoxos·, viram rta di1adura do prolerariado o lance 1ermi11al do processo re1•0/ucio1rório. Esw m'Jo t!, segundo ele:r, sen(lo o asvecto mais quinlessenciado, dinlimico, du Revolllçlto unfrersal.E,namitologiuevolucionistainere111e ao pensamento de Marx e de seus seguidons, USlíÍm como a evoluç(lo se desenvofrerá ao ief,nito no s11ceder dos séculos. assim wmbém a Rel'Oluçaa mJo terá termo. Da J Revoluçao já nasceram dr1as 011iras. A 1erceira, por ma 1•ez, geraró mais uma. E daí por dian1e ... "'É imvosslvel prever, dentro da perspcc1iv1J m1Jrxista, como seria 11111u RevoluçtJo n.º XX ou L. Nilo t impossfvel, entretanto, prever como será a IV Rel'OfuçtJo. Essa previsllo, os próprios marxísios a fi:,e-
··o
"E/a de verá ser a derrocada da ditadura da proletariado em consequéncia de uma nava crise, por força da q1wl o Eswdo hi~rtrofiado será v(timu de füU própria hipertrofia. E desaparecerá, d/Jrrdo origem a um estado de coisas cienlificis/(1 e cooperativista, no qual - diiem os comunisfas - o homem terá alcançado um grau de liberdade, iguo/dQde e fratemi<lade atl aqui insuspeilál't'l"'(p. 11). A Rüssia continua a caminhar, pois, nasvias deseuerro. Pior: ela ovai requintando, e o mensagem de F:ltima não estã desmentida, mas pelo contrârio confirmada. Pois o new look gorbacheviano da perestroika cstà peneirando na simpatia dos burgueses do mundo inteiro, muito mais do que o conseguira o comunismo. Em conseqüência, rn; atuais acontecimentos no leste poderiam ser vistos como otristeresultadodainvalidad cdaconsagração feita por João Paulo li. ajulgarsegundoosquctenham ta lconsagraç11oporinvãlida.
C
·(l>esdobramenl odaptttun· 1114)0S...con~dencs1aeonsag nçiodlld11?
En11.? Antonio Auguslo Borelll Machado - O lfüpo de Leiria-Fátima, D. Alberto
ciaCacharqucaconsagração Cosme do Amaral, admite que fei,a par João Paulo li 1ambém a consagração feita por João nãoprecncheuosrequísi10sesPaulollpreencheuasconditipulados por Nossa Senhora çõesimpos1asporNossaSenhoem Fátima. Porém . nllo nos ra(tobviamentenestesentido cabedestrincharurnaqucstllo queapalavra''válida''t!omacuja elucidação compete mais da na pcrgunta), porque, se bem aos Pastores, teólogos e bem que não tenha havido historiadores da Igreja e, eviurna "totalidade matemática" dememcnte,maisdoqucanindeBisposqueseuniramaoato guém, ao próprio Pontlfke. do Santo Padre, houve - segundo ele - uma "totalidade JOGlorni-A lrmoral". ml Lúcia luia diConsta-nos, efetivamente, loqueaeonsal(lll· por relatórios colhidos aqui e çio foi relta. o acolá, que houve uma acjcsllo Sr. pensa qut ..e expressiva dea!gunsepiscopatrata de uma manlpulaçin de dosàconsagraçãofeítapor su11spalnr11s? João Paulo li. Em que medida i~to se passou com todos Eng? AAHM - A simples hios episcopados do mundo? pótese de que as palavras da Não sabemos. Mas no que se Irmã Lúcia estejam sendo marefere ao Brasil, não nosconsia quea consagração tenha sinipuladas - por quem? - arrepia os ouvidos pios, pelo medo feita senão por uns pouquísnos deste lado do At lântico. simos Bispos, contáveis nos de'kmos realmente conheddosdamão.OufoitãodiscrcmemodequcalrmllLúciapasta. por parte de alguns mais, souaconsiderar''válida"(scm· qucnãochcgouaooonhccimcnprenoscntidodequeprecnehc todopllblko.Ora,oEpiscopaos requisitos postos por Nossa dobrasileiroéotcrcciromaior Senhora)aconsagraçãofei1a do mundo; e o Brasil to país por João Paulo li cm Roma, comomaiornúmerodedioceno dia 25 de março de 1984, scs(233cm 1983). Assim,adeclaraçãodoveMais ainda, estamos informancràvcl Bispo de Leiria-Fàti- A Imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, que lacri- dos de que vem sendo divulga. ma, a respeito de uma "totalimejou miraculosamente em Nova Orleans (Estados Unidos} do o tc,i:10 facsimilar de uma dade moral", não nos persua- em 1972, por ocas/lo da visita que ela efetuou â sede do Con- cartadirigidaaumaamigapar· de. Em todo caso, se ele fala selho Nacional da TFP, na capital paullsra, em 1975 ticular,naqualelaanalisaas em tal, t porque deve possuir vàriasconsagracõesfei1asame· riom,ente pelos Pontiíiecs (in dadosconcretos,encssamatéria ninguém deve escar mais bem informa - naiespecialmc111 eospovos dosquaisespc- clusive a de Joao Paulo li em Fátima, em do que Sua E,ca. Seria muito confortador rais a nossa consagração c a nossa en1rc- 13 de maio de 1982), que, em oon1raposipara os íitis do mundo inteiro e para os ga" (cír. ""L'Osservatore Romano", ção,elaconsidcra"invàlidas". Sabemosquchàquemcomes1caaulendevotos de Fàtimaemparticular,queesses 26/27-)-S4). dados fossem divulgados. Dir-se-ia que, na ânsia de chegar o 1icidade dessa carta, cujo estilo parece fuPorou1rolado,noqueserefereàimen- mais perto p0ssivel da fórmula pedida por gir ao habitual da Irmã Lúcia. ç!lodeJoão Paulo li de consagrar o mun- Nossa Senhora. o Pontífice foi tão longe Evidentemente, não temos co ndições do, "com menção especial pela Rllssia" q11a111olhepcrmi1iarnoscondicionamcn!os deesclare<:eresseimbroglio Oquenosparcccestranhotque,emsc - conforme pedido por Nossa Senhora da Os1po/i1ik vaticana. Pois é bem de su- t bcmsabidoquccstanaçãonãocons- por que uma menç!lo nominal da Rússia tratando de um assunto de tal magnitude, e csrnndo a vidente ainda viva e gozando de tada fórmula da consagração. MasoPon- desagradaria os dkp01as do Kremlin. tiíice incluiu vàrios circunlóq uios que poEntão o probl.-ma se desloca: quando boa saúde, nllose lhe peça uma declaração dem scr vislos oomo alusões indiretas. As- Noss:i Senhora pediu urna "menção espe- comtodasasgarantiasdeautenticidade. Sesim, diz ele: "De modo especial Vos cm re- cial pela Ri1 ssia",istosigniíicaqueElac.\i- ria a maneira mais direta de acabar com qualgamos e consagramos aqueles homen s e gia uma menfdo 11omirru/. ou se comcn1a- quer manipulação, sc t que ela aiste. aque/asn(Jf6es(grifodooriginal) quedes - vacornaluW-CSmaisou menosclarasein t claro que a Irm ã Lúcia, pelo simples fa10detersidoumadasprivilegiadasvidcnta entrega 1êm mais necessidade". E mais direias? adiante: "Aforro desta rorrsagrarao (griCabe lembrar que na Carta Apostólica tesdeFàtima,nãogozadoearismadainfaro do original) permanece p0r todos os tem· Soem 1'1•ri;er11e Anno, de 7 de julho de libilidadenainterpretaçãodaal1[ssimamenpose abarca todos os homens, os povos e 1952. PioXll consagrouaolmaculadoCo- sagem que recebeu. Por isso caberia, mais as nações". ra;;llo de Maria os po1•os da Rússia. Com uma vez.aos historiadores, 1eólogosePasSentindo,talve1.,queestasalusõesnão oqueessel'omificeparecetcrentcndido tores da lgreja analisar a coerfnciu desta nova eventual declaração da Irmã Lllcia eram bastantcexpllcitas,oSanto Padre in- -comosempresecntcndcraatéagora tercalou, na última hora(a frase não cons- queeraprecisoumamençllo nominal. com suas declarações anteriores. ta da fórmula enviada aos Bispos), a scguinPelo que íicatlõ•oeem vista dos dados Umapalavradiretada lrrnã Lúciapareceria, pois, mais do que nunca oportuna. te imprccaçllo: "Mllc da Igreja!( ... ) llum i- dequetemosconhccimemo, nossatendên -
D
CATOLIC ISMO - Junho 1990 -
9
G
30 Giorni - Por que o movimento se sente particularmente ligado a Nossa Senhora de Fllitima?
Prof. PCO -· A brevidade natural de uma emrevistan ãomcpermitec ntrarnosmú!tiplos mea ndrosfilosófioo·históricos esociais em qu e me baseio, em meu livro "Revoluçã o e Co ntra-Revolução", para sustentar que as Revol uções ! (Humanismo e Renascença) e li (Revolução Francesa), resultam de pecados coletivos imensos, não só do pontodc visrn intrinseco,co mo da quanti da de de almas que arrastaram consigo , e daamplitudedos tcrri tóriosso brc osquais sees tenderam.Esse pecad o im ensoteve se u desfech o e se u auge na Revolu ção lll (comuni smo). Se , pois , os hom ens não se con veri essc m d esses pecados (entre os quais mencionoaquiaimo ralidadcdoscostumes , expre5sament e denun ciada pela Virgem), seria de temer que as nações sofressem um castigo proporcionado à gravidade de ta l pecado. Este temor se baseia na afirmação de Sa nto Agostinho, de que o s pecados dos homen s muitas vezesnão sãopunidos nestavida , porqueo serão na outra. Pois, pondera o grande Doutor, as nações não são co mo os homens: elas nascem e desaparecem neste mundo; e , port anto , para elas não haverá C_éu nem In ferno. Ass im, devem paga r seus pecados nesta vida Comoé fâci!ver, hâa fin idad esev idc ntese ntre meu sin ge lo tra ba lho,eoco ntcú do da mensagem da Vi rgem .
G ,:::;..--
30Giorni - Osjornaisbrasileirosfalaram v,riasvezes das ligações enlre o movimenlo e a ulrema-direita 1erroris1a. Como o Sr. responde a estas acusações?
Pruf. roo - Com uma ga rga lhada. Sào acu sações provenient es de jorna li stasesq uerdistas, que não têm.paratentardesacredi tar -nos,outrorecursoque nãoaca lúni a. Jamai s ninguém tomo u a sério, no Brasil, essas ac usações, nem tent o u ex ibi r qualquer prova em apoi o a elas. Muito me nos houve qu em te ntassea brirumprocessoc rimina l ou d vel co ntra nós,co m base nessas acusações E se explica. Pois nossos acusado res têm lido as répli cas q ue dcqu and oe mvezcondescendemos em lhes dar, afi rmando que temos em nossos arqui vos 5601 ca rtas de prefe itos, delegados e associações muni cipa isatest ando ocarátc rint eirament e pací fico e lega ldenossaatua ção. Ao mes mo tempo lh e~ o ferecemos de exi bir essa documenta ção. E eles se calam ... para reto ma r a mesma acusação, sempre se m nenhuma prova, algum tempo depois. Assim são eles 10 -
C ATOi lí;IS M O -
J u n ho 1990
Texto de "30 Giorni" Na variegada galaxia que reporta a Fátima, existem também grupos que fizeram dessa mensagem o estandarte de seu anticomunismo. 1: o caso das TFP (Sociedade de defe sa da tradição, familia, propriedade), um movimento extrcmanenle conhecido e difundido (23 mil membros) no Brasil, presente na cena pública há várias décadas. E que agoraestáscpropagandopormuitasnações.docominentelatino-amcricano.Altmde suasenérgicascampanhascontraareformaagráriaouaintroduçãododivórcio,anoto• riedadedestegrupocstáligadaàsprocissõespúblicasorganizadasporocasiãododia 13dcmaio,aosdcsfilescomtrajesda"ordemdos1empl:\rios"pelasruasda.scidades, ao nicho existente nocxteriordasededeSão Paulo onde, diante de uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, se revezam em turnos de 24 horas militantes das TFP para recitar o rosário. Uma imagem muito discutida. Embora nunca tenha recebido censuras eclesiásticas, numerosissimas são as criticas dirigidas As TFP pelo episcopado brasilei· ro,ena Venezuelaogovernoordenoudefatosuadissoluçãopor umcertopedodo. O fundador é Plínio Corrêa de Oliveira, 81 anos, ex-deputado e professor universitário. As mudanças na Rússia? De Oliveira não tem dúvidas: "A Rússia continua a caminhar nas vias do seu erro - explica - e ainda por cima vai o requintando. O "new !ook" gorbachebiano da perestroikaeuá penetrando nas simpatias dos burgueses do mundo inteiro mais do que tcriaprn;lídofazerocomunismo. Emconseqüência,osatuaisacontecimcntosno LcstepodcriamservistoscomotristeresultadodainvalidadedaconsagraçãofeitaporJoãoPauloll,segundoojuizodaquelesgueaconsideraminválida". Em suma, o problema da validade da consagração da Rüssia ao Coração lmaculado de Maria é um pouco a pedra de escãndalo de toda discussão sobre o assunto.
Carta do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a "30 Giornl" Sr. Redator de "J0Giorni" No n? de março, em que essa revista trata do inte=sante tema "Milagre no Leste? E a Virgem prometeu ... ", encontro, na p. ll, vá.rias afirmações a respeito da TFP. Pedem elas importames retificações, que solicito scjam pub!icadas integralment.e no próximonúm erode"30Giorni". 30G: 1. ''TFP ( ... ) um movimenta extremamente conhecido e difundido(... ) no Brasil(. .. ). E que agora se está propagando em mui1asnaç!1esdo continentelarino-americano". TFP: Hã TFPs em todos os países da América do Sul, na América Central, nos Estados Unidos e no Canadá. Ademais há TFPs ou Burezux TFPs em Portugal, Espanha, frança, Alemanha, Itália, África do Sul, Aus1rália e Nova Zelãndia. E estão em formação TFPs cm maisdoispalses, gueéprudemenão mencionar ainda. 30G: 2. "A notoriedade deste grupo está ligada dr procissM públicas organii;pdas por ocasi(lo do dja /3 de maio, aos desfiles com /rajem; da "ordem dos templários" pelas ruas das cidades". TFP: " Nenhuma TFP rcafü.a procissões, no sentido canônico do 1ermo, mas apenas desfilcs dc caráter civico ou, sobrctudo, campanhas dc venda em público, dos imprcssos por elas editados. 1: absolutamente inverídico que em qualquer das TFPs os respectivos membros usam hábitos da "ordem dos templários". 30G: 3. " . .. no nicho existente na parte externa da sede de Silo Paulo onde, diante de umu imagem de -Nossa Senhora de Fátima, se revesam em rurnos de 24 horas militantes da TFP para red/ar o rosário." • TFP: Na cidade de Sao Paulo (Brasil), existe um oratório de Nossa Senhora, dando diretamente para a rua. A imagem ai exposta à veneração dos fiéis não é de Nossa Senhora de fâtima, mas de Nossa Senhora da Imaculada Conceição. 30G: 4. ''Uma imagem muito discutida. Embora nunca lenha recebida censuras eclesiásticas, numerosíssimas silo as criticas dirigidas à TFP pelo episcopado brasileiro". TFP: O Drasil tem atualmente 375 Bispos, e não foram muitos os que se pronunciaram, de forma aliás isolada, contra a TFP. Houve um Bispo do Nordeste que o fez pe!o rádio usando até palavras baixas (possuimos a gravaçao). Quantoaospronunciamentoscoletivos, houvealguns,emrelaçãoaosquaisaentidadesedefendeu publicamente, sempre em termos respeitosos. Ê portanto exagerado dizer que são "numerosíssimas" as críticasquerecebeuporpartedoepiscopadobrasileiro.Tuiscriticasvcrsamguasetodassobredesacordos cm matériassócio--econõmicas. 30G: S. "Na Venewe/a a goi.,_,mo tinha de jato ordenado sua disolw;tl-0 par um ceno período". Tl•'P: O fechamento da TFP venezuelana se deu em 1984, sendo Presidente daquele país o Sr. Lusinchi, atualmcnte processadoporcorrupçaoanteo Poder Legislativo do pais. Uma decisão da Suprema Corte daquela República, em data de 15 de maio de 1986, declarou que não havia nenhuma ilegalidade nos atos atribuídos à TFP que serviriarnd e base paraodecretodogovernoLusinchi. Atenciosamente PlinioCorr<!adeOliveira Presidente do Conselho Nacional
Discernindo,
distinguindo, classificando ...
IDEALISTAS OU BANDIDOS? A~~~~
~~~o~?~~es1;e;~~~/ª~
articulista Florcstan Fernandes, do PT,declarouqueseamudançasocial não vier agora por bem "terá de surgirrcgadaasangue"(FolhadeS. Pau-
lo, 25/12/89). O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira pediu-lhe então, pelas páginas do mesmo diário, as provas de 1ãograves afirmações, es6ob1evegenera!idadcs. O episódio repete, em ponto pequeno, o que se vem passando cm torno da Reforma Agrária desde 1960, época em que ela começou a ser acenada como panacéia para os problemas nacionais. Ospartidáriosdeumarevoluçâo no campo - mesmo eclesiásticos - argumentavam que se a Reforma Agrária não se fizesse urgentemente, oscamponesesselevantariamindignados numa guerra civil incontcnívcl. Ora,sómais recelltementeaReforma Agrária vem sendo aplicada, e com relativa parcimônia - fracassando,
O falecido guerrilheiro e terrorista Marlghela, um dos responsáveis pela importaçlp - de Cuba para o Brasil - da luta armada. Sua açlo conseguiu galvanizar certo número de clérigos, mas nlo alcançou ressonlncla nas clS$Ses mais populares, predominantemente conservadoras.
aliás, por toda parte onde se implanta - e o fato concreto é que nenhuma guerra civil se produziu nestes 30 anos!Oslaboriososcamponesesbrasileiros,alheiosàdemagogiarural,continuamemsuaquasetotalidadetrabalhando pacificamente. Paraaefetivaçãodasinvasõesdeterras,queciclicamenteseproduzem,tcmsidonecessàrioumesforço hercúleo de elementos daesquerda - católicac não católica - arregimentando um misto de "sem-terra" com agitadores, organizando-os cuidadosamente quase como se se tratasse de uma guerrilha, fornecendo-lhes alimentação, acenando com promessas mirificas, etc. E contando ademais com a significativa omissão de muitos dos que deveriam opor-se às invasões. Onde, pois, a irresistível pressa.o das massas inconformadas? Trata-se na verdade de um fantasma criado pela propaganda das esquerdas. Os fatos vêm assim confirmando, uns após outros, as reiteradas afirmações do Presidente da TFP de que o perigo de uma revolução social não provém dos trabalhadores, mas sim do clero e da burguesia esquerdistas. Em nível internacional, o enorme descontentamento das populações dos países comunistas com o regime ali vigenle - posto em realce pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira no magnífico manifesto publicado por "Catolicismo" em março último - é a prova irretorqulvel de que as massas não são as propulsoras do esquerdismo, massimassuasv[timas. Tal realidade, ademais, vai se tornando tão eviden1eque nos próprios arraiais da esquerda brasileira vOZ!S se levantam paraproclamà-la.
J. C. Bona Garcia, terrorista no final da década de 60 e início de 70, tendo participado de assaltos à mão armada, depois preso e exilado, hoje atuando na política gaúcha, escreveu sua autobiografia ("Verás que um filho teu não foge à luta", Ed. Posenato, Porto Alegre, 1989, 2• ediçao). Nela explica as causas de sua passagem dalutaarmadaparaamilitãnciapolí-
tica.Scguemalgunstrechossignificativos do livro. "A opção pela luta armada não surgiu aqui, veio daquela conferência da OLAS em Cuba, onde participaram brasileiros como Marighella e outros" (p. 31). A luta armada, portanto, foi importada ... "0 povo não estava nada vinculado à nossa luta( ... ) Nosso movimento de luta armada era isolado dos inte• resses das massas" {p. 85). Ê falsa a propagandaesquerdista,pois. "Aclassetrabalhadoraédasmais moralistas e conservadoras. O operário condenava os seqüestros, as ações armadas (... ) Quem vibrava mais com os seqüestros e as ações armadas era a pequena burguesia. A classe pela qual teoricamente, romanticamente, seestavalutando,craadasseoperària, masessanosviacomoestranhos,bandldos" (p. 86). "A classe bem pobre é muito conservadora" (p. 122). "O povo brasileiro, por mais que more em favela com toda a familia no mesmo quarto( ... ) é extremamente conservador. Liberal é a petJ.uena e a grande burguesia"(p.218)(destaquesnossos) Sobre a alardeada existência de apoio popular aos líderes comunistas, o livro narra um episódio curioso. Quando exilado na Argélia, Bona Garcia foi procurado por coreanos ligados ao governo comunista da Coréia do Norte. "Camarada, na semana que vem o Partido do Povo estará de aniversàrio e nós achamos que era interessante os camaradas brasileiros mandarem um telegrama de felicitações, para ser afixado no mural do Palácio do Governo, e escolhemos o camarada cm nome dos brasileiros. É uma honra, respondi, pode deixar que eu redijo o telegrama e mando. Não, não, camarada, o telegrama já está pronto, é só ler. Eram umas cinco páginas. Comecei a lerem voz alta: ao grande llder, bem amado e venerad<:1 Kim li Sun: longavidaaocamarada"(p. 161). Eassimseguiu paraCoréiaotelegrama(decinco páginas!) do "povo brasileiro". Se a revolução social vier, não se culpe, pois, o povo, mas sim a esti.uerda clerical e burgues~. C.A
CATOLICISMO - Junho 1990 -
11
Da escravidão até a· glória no Céu Seqüestr.ida e escrava
UMA DAS glórias da Igre-
Bakhita não é o nome que recebeu dos pais quando nasceu. Por causa do grande susto que levou ao ser raptada, perdeu completamente a memória, esquecendo-se do próprio nome. Bakhita, que significa afortunada, é o nome dado pelos seus raptores. Foi vendida e revendida muitas vezes nos mercados de EI Obeid e de Kartoum, onde experimentou as humilhações e os sofrimentos fisicos e morais da escra vidão. Foi submetida a tatuagens com cortes que quase lhe causaram a morte. Porém, uma vez que conseguiu sobreviver aos ferimentos causados pelasmesmastatuagcns,seu valor se tornou muito superior ao dos outros escravos destinados ao comércio.
ja consiste em abarcar indiscriminadamente em seu seio ma-
terno pessoas de todas as raças e de todos os povos. E a Cris-
tandade se rejubila especialmente quando ascende à honra dos altares um filho ou filha nasci-
do de povo em cujas fileiras ainda noo tenha havido beatificação, nem canonização.
Esse será provavelmente o caso de Bakhita ( /869-1947),
a pequena escrava sudanesa de raça negra, várias vezes vendida e revendida nos mercados de escravos de El Obeid e Kartoum e falecida na qualidade de religiosa no Instituto
de Magda/ena de Canossa, na Itália.
A edificante biografia da Venerável Bakhita- cujo processo de canonização está em
curso -
está sendo difundi-
da em interessante folheto editado pela Cúria geral das filhas de Caridade Canossianas. "Catolicismo" aqui as transcreve com insignificantes adaptaçôes.
Quem é Bakhit.il A CATEDRAL de EI Obcid, uma das principais cidades do Sudão ocidental, encontra-se a pintura de uma religiosa Canossiana
N
~~ri~~~!a ª~:~h:r~~
:~i~~~
0
d=Á~:;:a~ e está tam~m ajoelhado o fundador dos Missionários Combonianos do Coração de Jesus. Os habitantes do lugar 12 - CATOLICISMO - Junho 1990
Resgatada
Venerâ!fel Gluseppln• B•khlt•
sabem que aquela Irmã africana é uma conterrânea deles, nascida numa vila ondeviveuatéodiaern que foi seqüestrada, quando ainda era menina, e cm seguida vendida corno escrava. Na cidade de Schio (Itália), onde morreu em 1947, rndos a chamam ainda de Mãe Moreninha. O processo para a canonização iniciou-se doze anos depois de sua morte. No dia primeiro de dezembro de 1978, a Igreja enviou o Decreto sobre a heroicidade das suas vi rtudes e agora os sudaneses a invocam como sua protetora no Céu. A Providência Divina que "cuida das flores dos campos e dos passarinhos", guiou esta escrava sudanesa, através de inumeráveis sofrimentos, da escravidão à liberdade humana e à fé, até a consagração de toda a sua vida a Deus no Instituto das Filhas da Caridade Canossianas.
Bakhita foi comprada na capital do Sudão por um Cônsul italiano. Pela primeira vez, pôde dormir em uma cama depois do dia cm que foi seqüestrada, e constatou com agradàvel surpresa que ninguém a chicoteava quando lhe davam ordens, mas pelo contrârio a tratavam com maneiras gentis e cordiais. Na casa do Consul, Bakhica conheceu a liberdade, o afeto e a felicidade, mesmo se estes foram sempre velados pela tris1cza de ter perdido para sempre sua familia. Ascircunstãnciaspoliticas forçaram o Cônsul a partir para a Itália. Bakhi1a, então, pediu e obteve consentimen~ IO para partir com o seu prote!Or, o Sr. Augusto Michicli. Na Itália Chegando ao porlo de Gênova, Bakhita foi entregue à esposa do Sr. Augusto Michieti que a presenteou a sua
filha, a qual desejava receber do pai um lindo presente. Bakhita não opôs resis tências e seguiu a familia Michieli que a trato u como filha. Viveu ela três anos na casa do sr. Michieli, cuja filha Mimmina afeiçoou-se a Bakhita como se fosse sua propriedade particular. Quando em 1888 a familia adotiva decidiu abrir uma hospedaria na cidade de Suakin no Sudão, a filha Mimmina e Bakhita foram alojadas por dez meses perto da Escola dos Catecúmenos, orientada pelas Irmãs Canossianas na Giudecca, em Veneza. Foi nessa escola que a jovem moreninha quis conhecer o Deus que as freiras conheciam, amavam e servialTI.
Filha de Deus
mãos negras pousavam suavemente e acariciavam as cabeças das crianças que todos os dias freqüentavam a escola do Instituto. Sua voz amável, com a cadência dos cantos da sua terra, chegava com prazer aos pequeninos, confortava os pobres, os que sofriam e batiam à porta do Instituto.
Como quer o Patrão Sua humildade, simplicidade e seu constante sorriso conquistavam os corações de todos os cidadãos de Schio. As suas Irmãs a estimavam pela sua bondade e caridade. Depois de sua morte, todas em côro a uma só voz declararam que foi uma criatura excepcional. Uma feira o testemunhou dizendo: "Conservou e aumentou quotidianamente com generosidade a sua correspondência a graça de Deus e não se notou nenhuma pausa nesta ascese'' . Sofreu muito na sua velhice com uma doença dolorosa que durou muito tempo, mas seu sofrimento era iluminado e confortado pela luz da cspe~ rança cristã. Aqueles que a visitavam e lhe perguntavam como estava, respondia: "Como quer o Patrão!"
Depois de alguns meses de catecumenato, recebeu ela o batismo com o nome de Giuseppina; seus olhos grandes e expressivos revelaram uma grande emoção. Muitas vezes a viram beijar a fonte batismal dizendo: "Aqui me tornei filha de Deus!" Tomou sempre mais consciência de que Aquele Deus que agora conhecia e amava a tinha conduzido através de caminhos misteriosos, até se tornar sua fil ha. Quando a senhora Michieli voltou da Âfrica para pegar a filha e Bakhita, esta co111 decisão e coragem pediu para permanecer com as freiras Canossianas a fim de servir ao Deus que a livrara de tantos perigos e lhe dera tantas provas do seu amor. "Se voltasse à África, dizia, não poderia mais amar o Senhor!" Bakhita, agora maior de idade, podia, segundo a lei civil italiana, decidir o seu próprio destino. Ao juiz que a interrogava respondeu no dialeto vêneto: "Quero muito bem à senhora e sua filha, porém não quero perder a Deus. Fico na Itália!"
Na angústia e revivendoosterriveis dias da sua escravidão, suplicava à enfermeira que a assistia: "Alarga-me as correntes. Pesam-me!'' E Maria Santíssima veio libertá-la. Suas últimas palavras foram como se A visse: '' Nossa Senhora! Nossa Senhora!" Expirou ela no dia 8 de fevereiro de 1947, em Schio, e uma multidão aíluiu à casa do Instituto a fim de ver pela última vez a Irmã Moreninha. No dia li de fevereiro, debaixo de uma chuva torrencial, um grande cortejo a acompanhou até o cemitério.
Filha de Madalena
Do Céu
Em seguida, decidiu ela doar-se totalmente ao Senhor no Instituto de Madalena de Canossa. No dia 8 de dezembro de 1896, Giuseppina Bakhita consagrou-se para sempre a seu Deus que ela chamava; "Ê o meu Patrão!" Por mais de cinqüenta anos esta humilde Filha da Caridade viveu prestando serviços nas várias ocupações dacasadeSchio: foi cozinheira, guarda-roupeira e bordadeira. Quando começou a trabalhar na portaria, suas
Foram muitas as graças recebidas por sua intercessão nos dez anos que se passaram depois de sua morte. Sua fama de santidade é difusa em todos os continentes e à cúria Geral chegam centenas de testemunhos de pessoas que experimentaram a eficácia de sua intercessão junto a Deus. Suas Irmãs, mas sobretudo a Igreja africana, esperam que o Processo de Canonização já iniciado chegue logo a uma conclusão feliz, para que todos possam invocá-la como Santa. D
H. SILVEIRA TURISMO H. Silveira Turismo ltda
Telefone: (011)259-0984e257-4124 Telex: 11 -32778-HSTU-BR
Produtos alimentlcios em geral Camarões, pescados, frangos Carnes bovina e equina A• Pool ,oto,S09·1S ' ~od or, Coni. 1!0• CEP0,3,, ,S10Pau101SP),8 ru l1 To <. ,10,112s1 -oon Fu · 10 , 11 2s , ~s, 2r. ,u ·pqu2,iK ATS-8A
~
CHURRASCARIA E PIZZARIA
L!m.JABARONESA ALMOÇO EXECUTIVO Das 11:0às 15:00hs. Plzzasnolornoa1enha Churrasco na brasa Entrega-seadomiciho Rua-cloNU,281-F°""',6>8= -e:>s '5270 - SP
... e Maria vem
PALACIO Pães e doces Alta qualidade em confeitaria Pãoquen1ea1odahora Pãodequeijo-Minipâezinhos-Pt.odeforma Minivariedadedepaessalgados Docesrinos·Lanches R"° Marumfr"""'°"',1olO ·F<ne 661\82
S,o"'°""'-53<>P"'-""1SP'I
Anunciar em CATOLICISMO é anunciar para todo oBRASIL Consulte nossa tabela de preços escrevendo-nos ou telefonando para
(011) 825-7707 C ATOLICISMO - .J1111ho !'J!!H -
J:J
V/trines pobres, artigos insuficien tes e de má qualidade
Visita à Alemanha Oriental
Tristeza efeiura do mundo comunista Quarenta anos de marxismo conseguiram transformar a aristocrática cidade de Weimar, berço dos poetas
Goethe e Schiller, numa localidade suja e pardacenta, onde não há mais o que admirar FRANKFURT - O acesso ao território da República Democrática da Alemanha (RDA) está bastante simplificado. Mesmo assim, exige-se a apresentação de passaporte, o que há mui to não ocorre entre os demais países europeus. Nesta parte cortada da Alemanha, sob o domínio comunista há mais de 40 anos, os dispositivos materiais de segurança na fronteira com a A!emanhaOcidentalaindacxistcm. Já a mudança da paisagem é marcante qu.indo se atravessa a divisa. A partir da pri meira cidade, que margcia a rodovia, Eisenach, percebe-se uma bruma que paira no ar, provinda das grandeschaminésindustriaisquebencficiamocarvilomincral, fonte de energia da RDA. O aspecto desolador acompanha a paisagem que passa diante do viajante. 14 -
CATOLIC I SMO - Junho 1990
Três ruínas de castelos - construídos na Idade Média, cm montes próximos, por três irmãos, Condes de Glaichen - dão sinais de não terem sido visitadas há décadas. Apenas uma foi restaurada para fin s turisticos. A entrada em Weimar (60.000 habitantes) aumenta ainda o aspl'dO desolador, acrescentando urna nota de tristeza e de falta de vida. As primeiras pessoas que vimos davam a impressão de desgosto e desânimo. As casas são amigas e de estilo, algumas com aspecto senhorial, pois Weimar teve nobreza destacada até o século passado. Apesar de habitadas, estão cobertas por uma camada de sujeira, parecendo abandonadas. Convém lembrar que Weimar não sofreu na guerra, tendo sido vitima apenas do
Vê-senasportas,janelas,escadas, grades de balcões em ferro batido, nos telhados, nas paredes das quais o reboco começou a cair, noS pequenos jardins mal cuidados , nas cercas quebradas as marcas da lenta corrosão. Ao sairmos do ônibus, fornos surpreendidos pelo ar poluído e de tão mau odor, que provocava nojo . Durante uma hora e meia que andamos pela cidade, vários dos viajantes usaram lenços para evitar a aspiração direta de ar tão nocivo. Na RDA o fundo de quadro é pardacento, cinza-escuro. Nada é limpo, renovado 011 reformado, com exceção de duas ou três casas, que parecem ter sido pintadas há algum tempo. O prédio da prefeitura, em estilo neogótico, parece em abandono.
As vitrines são de uma vulgaridade chocante, com as mercadorias simplcsmeme colocadas sem preocupação de limpeza, ordem e muito menos estética. Nos poucos açougues, peixarias e padarias continuam as filas. A farmácia que pude visitar era grande, espaçosa,vaziaeescura. O único supermercado, no centro, de proporções acanhadas, com apenas duas caixas registradoras, não oferecia aos fregueses os clássicos carrinhos de empurrar, mas só cestas de arame. A impressão, ao observar o fluxo das pessoas, é de que no fim do dia as prateleiras estariam vazias, tão pouca era a mercadoria dispon!vel! O serviço de informação turística dacidadeédesprovidode folhetos gratuitos, como é comum em outros lugares. Há alguns à venda, mas tão ordinariamente impressos e carentes de informações, que não valem o preço exigido. Além do mais, as fotos da cidade estampadas nos folhetos e cartões
postais em nada correspondem à realidade. Outro aspecto deprimente é a presença dos pequenos automóveis, marca Trabant. Existe um único modelo. Varia apenas a cor, predominando o azul. As tintas são foscas, e não permitem polimento. Não vi um carro que se destacasse pela limpeza. A existência exclusiva de um só tipo de carro, e de tal maneira ordinário, circulando pelas ruas faz-nos sentir como o igualitarismo, a falta de variedade, são asfixiantes. Pareceu-me notar nas pessoas certa vergonha pelo estado de coisas rcinantc na cidade, embora com csperançasdc mudanças a partir da unificação dasduasAlcmanhas. Ao passarmos a fonteira, policiais entraram no ônibus e, para se mostrarem amáveis, um deles perguntou se gostáramos da visita. Os que estavam sentados nos primeiros bancos responderam sem hesitar, com ar jocoso, que não, por causa do mau cheiro e da sujeira. O policial não teve o que responder. O outro, cnc-arrcgado da alfândega, perguntou se compráramos algo. O ônibus inteiro respondeu: "comprar o quê? Não há o que comprar!" Tam-
bém sem resposta, retirou-se do ônibus Mas mesmo assim mandou abrir os porca-malas para verificação.
Ao nos afastarmos da cidade dos poetas Goethe e Schiller, vinha-me ao espírito uma consideração: muitos ouviram falar das mazelas do regimc comonista, mas é impossível imaginar a realidade num ambiente criado por tal do regime, onde todas coisas não têm brilho nem qualidade e, sobretudo, não se nota nenhuma bênção divina. Nunca vi ou senti, mesmo nos lugares mais pobres do Mundo Livre, tão completa ausência do belo. Mesmo naquilo quc necessariamcnte contém elemcntos de beleza, de g1 aç:.,, como por exemplo urna construção em estilo neogótico, uma torre, uma igreja cm estilo românico venerável, nelas o belo artístico está coberto por algo de indefinível e tris1e. Há toda uma atmosfera, um ar que não induz à alegria, ao sorriso, à admiração. É bem isto: no universo comunista não há o que admirar! BENNO HOFSCHULTE Nosso corresponden1e
CATOLIC I SMO - Junho 1990 -
15
Fidel Castro
O homem do "paredõn" no Brasil A entusiástica acolhida proporcionada ao ditador cubano por elementos do clero, da burguesia, da mídia e da po!Wca, bem demonstra que o comunismo radical e violento continua a gozar de altas simpatias no Brasil.
p
OROCASIÃOdm· ceme vinda de Fidel Castro ao Brasil,paraapossedopresidcnte Cotlor de Mello, perdeu-se uma ótima oportunidade de interpclá -tosobreoestadodecoisas que ele mantém cm Cuba. As reformas empreendidas por Gorbachev na Rússia têm postoa nuacalamitosa situaçàoa queforamredui:idasaspopulaçõcs11omundocomunista.Con-
forme moscra o Prof. Plínio CorrêadaO!iveiraem seu monumental Manifesto "Comunis-
mo e anticomunismo na orla daúltimadécadadestcmilênio" (cfr. CATOLICISMO, março/90), Fidel Castro "não podiaignoraradesgraçaea míséria sem nomeemqueadoutrina e o regime comunista estavam afundando as massas. E,
oontudo,nãotitubeouemdifundir essa doutrina e impor esse sistema". Apesar disso, Castro foi aqui recebido com admiraçllo! 16 -
Fidel, inimigo da perestroika, aplaudido Mesmoaquelesque,fascinadosporGorbachev,seiludem sobre uma pretensa morte do comunismo, naopodem deixar de saber que Fidel Castro se opõeabertaamenteàsreformas que constituem a perestroika, em curso no Leste europeu , Ele tem feito numerosas declarações nesse sentido. Pouco antes de embarcar para Brasília, em discursopara50milestudames, em Havana, Castro declarou: "Arevoluçllocubanasemanteve e será capaz dc defender-se porque nunca fez concessões". Referindo-se ás transformações dos regimes comunistas no Leste Europeu, declarou: "Eles fizeramconcessõesaoinimigoimperialista.Quemfazisson!ioé revolucionário"(JornaldoBrasil, 15-3-90). A acolhida entusiástica que certos meios de comunicaça.o social e elementos representativos do clero, do mundo politico;' daburguesia, deramaodi-
CATOLICISMO - Ju nho 1990
tador cubano mostra de como o comunismo duro tem raízes nos setores dirigentes de nossa pátria, A máquina de propaganda montada naquela ocasião em favor de Fidel, parece indicar que ele veio ao Brasil para consolidaremsua"fé"ospartidàriosdeumeomunismoantigorbachev iano -porta ntoradical e violento - em toda a América do Sul. Esse é um dos aspectos mais impressionantes dos fatos quecerearamaviagemdoditador cubano, os quais sucintamente passaremos a enumerar. Apelo dos cubanos desterrados
Fidel Castro oprime Cuba hámaisdetrintaanoscommao de ferro. Muitos opositores do regimeforamfuziladosno"pared6n" ou morreram em prisões, como La Cabanha, Outros fugiram. "O Estado de S Paulo", de 6-3-90, noticia que a organização Cubanos Desterrados, com sede em Miami
(EUA), enviou carta a Collor pedindo-lhe que cancelasse o convite feito a FidclCastro, pelo então presidcme Sarncy. A organização representa um milhãodccubanosdesterradosrela ditadura de Fidel. Nenhum importante periódico publicou qualquer resposta dcCollor ... Armas e mentiras
No avião da comiliva de 87 pessoas, que veio preparar achegada de Castro a Brasília, foram descobertas "10 toneladasdearmas-entregranadas, submctralhadorase até mesmo misseis". Havia também "um canhlloantiaéreo"(Jornaldo Brasil, 13 e 14-3-90). "Os membros da comitiva cubana .... tentaram esconder da Receita Federal a verdadeira carga que transportavam. Primeiro, limitaram-se a dizer que se tratava de material de comunicações. Depois, resolveram dizer que eram remédios" (Jornal do Brasil, 14-3-90). "Depois de nove horas de negociacõcs, .... oavi/1.oretor
f
nou a CUba com as armas" (1dcm, 13-3-90). A que objetivo serviriam tais armas? Incrementar a guerrilhano Brasil? E5tranhamente e5.s.e ar5Cna1 não foi apreendidopetasautoridadesbrasilciras. Honras oficiais Fidcl ''mereceu do ltamarati .. . . tapete vermelho, no aeroporto, e todas as honras de Chcfe de Estado" (Jornal do Brasil,
jciras,doqualpertkiparamtam~m altos empresários.
Organiuções Globo - ofereceu-lhe um almoço. Após a refeição, no auditório da emisso-
Apolo de empresários
ra, houve "um encontro com
''OGlobo'',delj-3-90,informaqueCastroiriaencontrar5C, na capital paulisla, "com empresários do porte de Mário Amato,presidcntcdaFedcraçao das Indústrias do E~tadode São Paulo, Antonio Ermirio de Morais, Superintendente do Grupo Votorantim, e cerca de 300
30dos maiores empresários do pais''(JornaldoBrasil, 15-3-90), "liderados pelo presidente da Federaçãodas lndústriasdoEstado, Ar1hur Jo.ão Donato" (OGlobo,20-3-90). Muitos des= empresários sãocmu.1iasrnsd1l.l rcforma.sde Gorbachev. Mas dão tam bém apoio a Fidcl Castro. Por quê?
Relata o "Jornal do Brasil", de 16-3-90, que Fidcl ··foi abraçado .... pelo monarquista Cunha Bueno{PDS-S 1')". Emoção na CNBB Fidel visitou a sede da CNBB, em Brasília, onde encontrou grandeconsonll.ncia: "não sccansoudcelogiaraa1uaçao dalgrejabrasilciranalutapclas causas sociais". O p;1dre VirgltioUchoa, presente ao encontro, comenrnu: '"Fidel t mui1oamfweleimcligcn1e"(Jornal do Brasil, 18-3-90). Castro presenteou ··os Bispos D. Paulo Ponte (presidente cm exercício da CNBU) e D. Cels0Quciroz(secre1àriogernl ) com um livro de sua au1oria. "Sobre o encontro, cornen1ou D. Paulo Ponte: ·ficamos 1âo contemcs e emocionados com õta visita que até esquecemos depediroscuau1ógrafo"'(Veja, 21 -3-90). Ovacionado por 1.200 líderes dasCESs
Fldel Caslro encontra-se com Lula no parque do Anhembi, em SIio Paulo, antes de Iniciar, a 18 de março, sua arenga para as lideranças polfl/css de esquerda
18-3-90). "Foi a personalidade estrangeira mais aplaudida entre os chefes de E5tado presentes à oerim6nia" da posse de Collor (Diârio Comércio e lndiistria, 16-3-90). EmSãoPaulo,Castrohospcdou-sc no Palácio de Verão, do Governo, onde recebeu a prcíeila Erundina·e o presidente da Clmara Municipal, Suplicy.Q~rcialheofereccu,ademais, um jantar no Pallicio Bandeirantes. No Rio, o governador Moreira Franco proporcionou-lhe umjantarnoPalâciodasLaran-
dirigentes de empresas nacionais e multinacionais co,110 a Ou Ponl do Brasil, Shell, Asca Brow Boveri, Fim do Brasil. Eucatex, Pirellicou1ras". O encomro realizou-se no Anhembi. Segundo "O Es1ado deS. Paulo",dc 16·3-90, "conlirmarampresençaJoséMindlin, da Metal Leve, Carlos Rocca, doMappin,AndreaMatarauo, daMetalúrgicaMatara:uoeAâvio Brandalisc, da Perdigão". Fidel ateve na sede da TV Globo, no Rio de Janeiro, onde Roberto Marinho - o macro-capitalistaprcsidemedas
l: o enigma da autodemotição, todaelacontraditóriaearrastandooPaísparaondeclenàoquerir. Direitistas também apóiam Em Brasília, o ditador.foi saudadoefusivamcntcporparlamentarcseonsideradosdireitistas O deputado federal pelo PDS, Amaral NelO, tido corno dadireitanaCãmara,"dirigiuscaolidercuba nodeformaarrebatadora: 'Em nome da direita brasileira, eu queria saudar a esquerda de Cuba"' {Jornal do Brasil, 16-3-90).
Freis8cttoeBoH -conhccidos por sua simpa1ia em relação a Castro e ao comunismo radical - prorno\cram no Anhcmbi. cm Silo Paulo, um encontro de Fidcl com padre1i, freiras e l.200!idcresdasCEBs (ComunidadesEcksiaisc.lellase) ··Só par1icipou doe11contro quemrecebeu5Cnhas~ermelhas impressas com o rosto do .. Lula" (0 Globo, 19-3-90). Importa notar a ligação: Lula FreiBe!lo-FreiBoff-l'idcl. "Fidel Castro entrou no Auditório Elis Regina dcbai.~o de uma calorosa rcccpç!lo, com o piiblieo can1ando o rdr3 o damiisícadacampanhadocatidida!o do PT à Presidência da República"(OGlobo, 19-3-90) "Frei Uonardo Uoffcxdamou: 'Bem -v indoaocomih':dcdcfesa da revolur;ão"' (Folha de S. Paulo, 20-3-90). Fidel "falou por duas horas, rei a apologia da revolução eubana,justifícouofatodenao havcreleiçõeslivresemseupais e condamou os brasileiros a continuarcmalutaporumasociedade dcmocn\tica" (0 São
CATOLICISMO - Junho lg<JO -
17
Paulo, 22-3-90). O órgão oficioso da Arquidiocese de São Pauto assinala que Castro "justificou o fato de não haver cleições livres em Cuba", mas não esclarecequeargumentosoditador apresentou. Isto significa favorecer de todos os modos a ditadura comunista. Eisa!gunstrechossignificativosdaarengade Castro· "Cuba não precisa de perestroikanemdeglasnost. Não pretende abandonar o sodalismo nem copiar regimes capitalistas, como estão fazendo Polônia, Hungria, Tchecoslováquia eAlemanhaOriental. . .. A unificaçãoda5 Alcmanhaséoutra forma de renegar o socialismo ... Cuba não mudará" (0 Globo, 19-3-90). "Temos esperanças de que a Igreja católica brasileira inílucncicalgrejadeCuba,ecrie condiçõesdesuperarmobstãculos que existem. Porque cu lenhocerlczadeque,sevocêseslivessem cm Cuha, seriam membros do partido" (comunista) (0 São Paulo, 22-3-90). "Em Cuba .... nós temos centenasdepadresefreirasem nosso partido, mas não temos fiéis em nosso partido" (idem). É interessante essa confissão deFidcl:ocleroprogressista de Cuba não consegue levar o povoparaocomunismo.OPartidoComunistacontacomcenrenas de padres e freiras, mas nãodefiéis.Ocomunismoarre-
pia o povo. Ou será. que os fiéis cubanos - refratá.rios ao comunismo - não constituem "o povo de Deus", no qual se podcdiscernir"ossinaisdostempos"?Se"essas''centenasdcpadres e freiras" cubanos fossem coerentes, deveriam reconhecer que.em sua pátria, os "sinais dostcmpos"sãoanticastristas ... Almoço na casa de l ul a Lula ofereceu, emsuaresidência cm São Bernardo do Campo, um almoço a Castro. Na ocasião, o dirigente pelista declarou: "Fidelé a maior liderança política de todo o continente, e Cuba significa o sucesso do socia\ismo"(OGlo00, 19-3-90) Sucesso no quê? Em produzir miséria? Lula não explica. Na opinião de Lula, "Fidel transformou-se no centro dasatençõesdomundo,porque Cuba éa IJhimaresistênciaconereta do socialismo"' (Idem). Lula, portamo, apoiando a "ili 1imaresistênciadosocialismo''. mostra -secontrárioâsliberaliracõescfetuadas por Gorbachev. Razão ideológica NapossedeCollor, estiveram também presentes outros Chefes de Estado ou reprcscn iantcs de nações com as quais o Urasil tem rclaçôcscordjais e altosintercsses.Foramelesrece-
Cuba : fracasso da produção e regime policialesco "Opalspassapelapiorcriseeconõmicadesdearcvo!ução, em 1959. Cuha recebe aproximadamente USS5 bilhões de ajuda anual da UniãoSoviética.Opaistemcercade 10 milhões de habitantes. Seria o mesmo que o Brasil receber USS75 bilhões de ajuda anual, afundo perdido . .... Opadrão de vida dos cubanos cai a cada dia ..... Os cubanos têm tudo racionado" (FolhadeS. Paulo, 8-4-90). "A produçao de açucar .. está atualmen te quase 25% abaixodonivelregistradocm 1958,IJhimoanoantesdarevolução .... Este ano o governo foi a té obrigado a comprar açúcar na Austrál ia e na Tai lândia para poder cumprir os seus compromissos de fornecimento . Cuba hipotecou dez milhões de toneladas de açlJcar aos países da Europa Oriental, principalmente à Uni/lo soviética. Cuba de ve quasc25 bil hõesdedó laresaMoscou . lstocquivale a uma das maiores dívidas do mundo. . .. Uma coisa é certa sem assubvençõcssoviélicasCubaé incapaz de se alimentar" ... E Gorbachev continua ajudando! Em Cuba hã "mais de cem mil ·Comi tês de Defesa da Revolução' , as brigadas de espionagem, ... que controlam todososquarteirôcseinformamarespeitodctodasasconvcrsas de teor duvidoso." (Der Spiegcl, apud O Estado de S Paulo, 22-4-90).
bidos de forma comum. Entrctan10, para Fidel Castro a acolhidafoientusiástica. O que representa Cuba, na ordem política, cultural e econõmica.paraoBrasil?Muito pouco, além do fato de ser umanaçlloopressacaessetilulodignadcqucselhefaçajustiça, restituindo-se-lhe a liberdade. Por que Fidel, o opressor, foi tão promovido? Édif1ci!cxcogilaroutrarazãoque nãoseja ideológica, isto é, simpatia
Gesticu façlo abundante napalesrra aos intelectuais esquerdistas no Anhembl
18 -
CATOLICISMO - Junho 1990
pelo comunismo. Tanto mais que, depoisdcFidcl,o mais celebrado dos visitantes foi Daniel Ortega, apesar de pouco tempo antes ter sido derrotado nas eleições presidenciais da Nicarágua. Luta contra os fatores d e decad ência Impressiona nos fatos acima narrados quea farândola a favor de Fidc! Ca5tro não é feita apenas por comunistas nem principalmente por eles. Sãodirigcmes da sociedadc burguesa osquetrabalhamaf\lvordadestruic;ãodessa mesma sociedade! É uma constante da História dos povos em decadência moral,quesuasclitcssevoltem contra os próprios interesses. Assim é o Ocidente pós-critao. A Rcvoluçã0Francesa,queob1eve possante colaboração de altos representantes do clero e danobreza,ilustrabemessaassertiva Nossa Senhora ponha logo fim a essa decadência, e abra para o mundo uma esplêndida eraderegeneração,naqual , estamoscertos,o Brasil cristão terá um pape!rclevantc. PAULO FRANCISCO MARTOS
Cardeal MINDSZENT~ quinze anos depois Por cima do caos do mundo com u nista, e.m e rge a f igura c ri sta li na agora reab i litada do herói da Fé na Hungr i a de hoje
A
LIÇÃO e o exemplo do Cardeal Mindszenty na luta contra o comunismo continuam tão vivos como nun-
ca, mesmo na era da perestroika. Neste artigo recordamos "flashes" desta luta luminosa. Assist imos em nossos dias ao abalo q ue o Descontentame nlo está. produzindo nas nações q ue antes gem iam sob o jugo da servidão comunista ( ! ). O desmoronamento do império soviético tem revelado uma parcela do horror a que estiveram submetidos, durante décadas, países de grandes tradições, nos quais grande parte da popu lação é cons. tituída de irmãos nossos na fé, pois católicos, apostólicos, romanos. A tirania que dominou esses povos não teve igual na História: nada do que houve antes fora tão cruel, terrível e dominador. Por isso, aqueles que enfrentaram de peito aberto os tiranos vermelhos se elevam à altura dos mártires, dos confessores da Fé e dos maiores heróis da História
Uma nação que merece destaque neste quadro é o outrora Reino Apostólico da Hungria. Reino que teve a graça de ser fundado, em plena idade Média, por um rei santo, Estêvão, e recebeu desde seus primórdios a missão de ser baluarte da Igreja e da Cristan-
dade. Joseph Mindszcnty, Arcebispo de Esztergom, Primaz da Hungria, Cardeal da Sant a Igreja Romana, herói da luta contra o comunismo, simbolizou altameme em nossos dias esta missão. Comemorou-se em maio último o 15° aniversário de sua morte. No ano passado foi reabilitada, mediante cerimônia pública realizada na capital himgara, a memória deste autêntico confessor da Fé e figura heróica da História do pais. Luiando por seu rebanho, o Cardeal esclareceu e orientou todos os católicos do mundo a respeito de um problema crucial: pode um católico, coerente com sua Fé, acomodar-se a um regime comunista e firmar com ele pactos aparentemente úteis à Religião? As manobras desencadeadas por Moscou para conquistar a simpatia do Ocidente solicitavam então os fiéis a mudaraatitudederejeiçãoaocomunismo. Ante a imensa confusão surgida nos meios católicos em raz.'\o de tais manobras, o "non possumus" firme do Cardeal Primaz da Hungria valeu por uma lição e por um exemplo. Atualmente, a pcrCStroika cm curso na Rússia soviética e a "apressada caiação da fachada dos PCs não nos dão garantia de que os comunistas estejam mudandoefetivamcntededoutrina" (2). Não podemos, portanto - segui ndo os passos do destemido Pastor - diminuir a desconfiança e a vigilãncia ante ocomunismo. Não podemos descansar enquanto o adversário não estiver completamente derrotado. É nesta perspectiva que contemplaremos aspt..-clOs admiráveis da vida desse insigne Confessor da Fé, o Cardeal Mindzcmy. (3) C ATOLICISMO -
.Junho 1990 -
19
A Hu ngria saía arrasada da li Guerra, que há poucos meses terminara. Ocupada por um lado pelos nazistas alemães e de outro pelos comunistas russos - estes acabaram por 1omar conta de tudo -, os opróbrios parcciain ter marcado encontro nela, para a flagelar: rnorticinios, saq ues, violações, confiscos, colheitas arruinadas, fome e peste, perseguição polltica, prisões superlotadas, inicio da coletivização agrária, perda mal velada da soberania nacional ...
vo, em oposição às novas teorias propagadas por todo o pais, as verdades eternas. Quero despertar nele esperan· çassagradas". Ê Joseph Mindszenty (4), o novo Arcebispo de Esztergom, que acaba da tomar posse de seu cargo. O mais alto na esfera re ligiosa nacional, fazendo dele, ademais, Principe-Primazda Hungria, o segundo homem no plano temporal - depois do Rei ou do Chefe de Es1ado - conforme as leis da secular monarquia húngara, que os russos ainda não haviam tido 1empo de abolir. A luta não tardou cm travar-se acesa e desigual. O Arcebispo - que poucos meses depois era elevado ao cardi· nalato por Pio XII (21-2-1946)- alertava comra as demasias crescentes do poder revolucionário e fazia sentir aos húngaros os erros da ideologia marxista.
O adversário iniciou contra o Príncipe P!imaz uma série de campanhas
nistas já usavam as técnicas que depois se tornaram seu sinal digital, nos estrondos publici1ários por eles promovidos para demolir um opositor que não conseguem vencer no combate ideológico aberto e de viseira erguida. Calúnias genéricas, acumulando-se umas sobre as outras, às vezes descabeladas, sempresem provas, mas repetidas insistentemente, malg rado os mais claros e conlUndentes desmentidos da vitima. Por fim, não podendo exibir nada de concreto para processar criminalmente o adversário, passam á montagem ar1ificial, peça por peça, dos "delitos" que o levarão â cadeia ... Assim, a policia comrolada pelos comunistas chegou a momar o "show" de uma suposta conspiração armada qucseestariagestandonascscolascatólicas ... Os agentes da polícia - o h! surpresa - "encontraram", num dos estabelecimentos católicos de ensino, grande quantidade de armas. O Cardeal desmentiu o embuste. E a campanha acabou por desmoralizar-se completamente quando poucos dias depois um jornal comunista publi-
~;s;:;i: ~~a;j1:d:;:~n 1/l if)) ~óp~ii:e~;;_:ur::~1: quero bem ser a consciência J incurso em crimes contra a legislação de nosso povo, quero bater nas por- 1 vigente, tentando rebaillá-lo de todos tas de vossas almas enquamo guardião os modos aos olhos do público. a isso chamado, e pregar a nosso poEm sua desleal ofensiva os comu-
cou, com detalhes, uma nova ocupação policial de escolas e o conseqüente ''descobrimento" de armas ... Só que a publicação fo i feita antes mesmo do dia em que a policia devia efetivamente invadir os estabelecimentos visados! Mas o cinismo comunista pouco se incomodou com isto. Os estrondos publicitários contra o Cardeal cont inua-
"Quero ser a consciêncfa de nosso povo"
Naquele 7 de outubro de 1945, a muhidão dos fiéis se acotovela entre aflita e esperançosa nas três naves da bela e imponente Basílica de Esztcrgom. O celebrante, ainda na força da idade, fisionomia varonil, olhar penetrante, a um tempo vivaz e grave, revestido de solenes paramentos pontifica is, sobe calma mas dicididamente ao pôlpito. Pastor e reban ho olham-se mutuamente por algu ns instantes. Começa o sermão e, provinda das mon1anhas longinquas, precipita-se sobre a cidade impressionante tempestade. O vento uiva por entre as ferragens das altas janelas, cujos amigos vitrais o estrépito dos bombardeios despedaçara; a água escorre cá e lá nas paredes interiores ' do templo. mas a voz do pregador se ergue, disputando com os estampidos dos trovões. Ea beleza trágica de suas palavras é acompanhada pelo próprio fulgor dos relãmpagos: "Uma Hungria sangrando por numerosas feridas se encontra prostrada na maior depressão moral, jurídica e econômica de sua história. Nosso salmo deve ser o 'De Profundis', nossaoraçãoo'Miserere',nossoprofeta,Jeremias, nosso mundo o do Apocalipse. Estamos ás margens dos rios de Babilônia e devemos aprende, cãntieos estrangeiros nas harpas quebradas. Se
20 - CATOLICISMO - Junho 1990
Nos estrondos publidtJrios, as técnicills da KGB
ram crescendo e, na manhã do dia 19 de novembro de 1948, o sacerdote secrecário do Primaz, Dr. Andrâs Zakar, foi seqiies1rado em plena rua . Um mês depois, aniquilado e enlouquecido, ele apa receu junto com a policia numa invasão da residência do Cardeal , em Esztergom. Os es birros comunistas afirmavam que o secretário do Cardeal Midszenty havia confessado a "conspiração" que ele estaria dirigindo ... O C.J rde.J I torlur.Jdo
Dias mais tarde (26- 12- 1948), durante a no ite.a policia retorna ao palácioarquiepiseopal desta vez para levar prisioneiro o Arcebispo. Arrancado violentamente do palácio, o Cardeal foi empu rrado para dentro de um automóvel cujas janelas perma neciam fechadas com cort inas, e conduzido ao n" 60da rua Andrássy. As portas do sinistro estabclecimemodetorturas fecham-se atrás do Principe Primaz. O heróico Purpurado t-'Stava em mãos de seus torcionários. Logo no primeiro insta nte da detenção, numa sala do andar térreo do edifício, um major da policia e um tigente do serviço secreto despem-no de seus trajes sacerdotais, revelltindo-o com uma roupa de palhaço, em meio aos risos e chacotas dos assistentes. Tomam-lhe o breviário, o terço e as medalhas piedosas. A seguir é levado a um cômodo de pé direito baixo, sombrio, medindo 4 x 5m, com uma única pequena janela dando para um pátio interno. Por cama, um divã caindo aos pedaços. Cinco ho mens montam uma guarda cont ínua nessa peça com ar confinado e mofado. Reina ali um silêncio sepulcral, cortado, por vezes, pelos gritos de dor dos detentos supliciados. O heróico mártir fica, desde logo, 72 horas seguidas sem dormir. Como parte da tortura, o guarda da cela tinha a ordem formal de não deixar o prisioneiro repo usar. E não havia meio de fazê-to, pois os longos interrogatórios realizam-se sobretudo madrugadas adentro. A cada dia as mesmas cenas
Sernse fazercmanunciar, três médicos entram na cela para controlar o estado de saúde do Purpurado. Querem ver até que ponto suporta ele os golpes e os maus tratos e até onde podem levar as torturas tisicas. Estas são aplicadas sempre com precaução. Não convém de modo algum aos interesses de Moscou ter de haver-se com um Cardeal Mártir da Santa Igreja! Querem sobretudo quebrá-lo psicologicamente para que possa representar o papel desejado no simulacro de processo que preparam. O Purpurado se r~cusa a comer e a beber, bem como a tomar os medicamentos prescritos . Receia a ingestão de qualquer droga paralisante da vontade. Umas se destinam a mergulhar o prisioneiro na mais completa letargia, outras, ministradas alternadamente, a fazê-lo "soltara língua " a fim de acabar "confessando" os delitos que oregime lhe imputa. "Quanto a mim - recorda - não foi senão após duas semanas que assinei o processo-verbal que me era submetido, mas que não continha qualquer reconhecimento de minha culpa no sentido da acusação (5) e que não
mento não obtiveram eles de mim esse gênero de escrito". Após duas semanas de tort uras, o Purpurado já não se lembra do que se passa dentro dele, nem em torno de si. Sentia paralisada sua capacidade de resistência. Vivia numa apatia e indiferença crescentes. Seu sistema nervoso abalado o enfraquece, perturba sua memória e anula a consciência de si mesmo. Foi nesse contexto que seu torcionário, Gábor Peter (pseudônimo do alfaiate judeu Benjamin Eisenberg) traz à presença do Primaz o seu secretário, extenuado de ntro de seus andrajos de cárcere. Este recita-lhe um desajeitado discurso memorizado, exonando o Príncipe-Regente magia r a fazer uma declaração conforme aos desejos das autoridades comunistas. O Cardça l Mindszeniy resiste. E a1é o raiar da aurora sofre mais duas surr:is com caceteies de borracha, os quais passaram a ser seu pão cotidiano. O carrasco ameaça: ''Se não confessas os teus crimes, farei vir aqui amanhã tua mãe. Estarás nu diante dela. Suponho que ela terá um a taque. Será justo, pois ela teve a desventura de têlo gerado. Ela não merece outra coisa. E tu, 1ornar-te-ás o seu assassino!". Após o primeiro interrogatório, pouco mais das 3 horas da ma nhã, o CATOLIC ISMO - Junho 1990 - 21
Purpurado Mártir é recond uzido à sua cela ; arrancam-lhe as vestes de Arlequim e subitamente um oficial abrutalhado irrompe na sala, golpeando-o com forte ponta-IX e gritando: "Eis o momento mais feliz de minha vida". O coro: nel Décsi diz: "Aqui os acusados são obrigados a confessar o que nós desejamos". Décsi mantém o Cardeal estendido no chão, dando-lhe golpes de cacetete pelo corpo inteiro. No corredor e nas peças vizinhas, os risos de prazer sádico de homens e mulheres (sic!) acompanham os golpes. Apesar de exausto, o coronel de pollcia, com evidente volüpia, não cessa de espancá-lo. Umavezmaiseleserecusaaassinar o processo-verbal forjado de mentiras e contra-verdades. Retorna à cela e é surrado. Isto sucede ainda urna terceira vez naquela mesma noite. E, assim, ao longo dos dias. Há dias sem dormir, o Purpurado é submetido a interrogarórios nos quais as ac usações são marteladas incessantemente de maneira a que ele vá chegando lentamente à convicção de que talvez ten ha cometido algum do~ crimes que lhe são imputados. Ao término de duas semanas de semelhante tratamento, os policiais atingem sua meta: fazem-no confirma r mentiras grosseiras. Ele já não mais estava em condições de combate. Tremia dos pés á cabeça só com a lembrança do caceteie. Assinou o processo-verbal, não sem servir-se de uma última astllcia,praticadaoutrora pelos prisioneiros húngaros na Turquia: feiseguirsuaassinatu ra das iniciais C.F. (coactus fec i - eu o fiz coagido). O est ratagema surtiuseuefeitonodia
jogado, ao longo de sete anos, de masmorra cm masmorra, até arrebcnlar a revolução de 1956 (6). Novo martírio Com efeito,em outubro de 1956, emdecorrênciadeumasérie de insatisfações, estala uma rebelião popular na Hungria. O Cardeal Primaz é libertado por um baialhão guerrilheiro de sua prisão no castelo de Solpetetay, onde se encontrava naquele momento. Contudo, a revolta é prontamente esmagada pelas botas soviéticas e o Purpurado obrigado a refugiar-se na então legação dos Estados Unidos em Budapeste. Em 1958, falecido Pio XII, seu sucessor, João XXII!, convoca no ano seguinte o Concilio Vaticano li e inaugu ra a tristemente famosa ''Ostpolitik"
o comunismo. E o Cardeal Midszent y se encontrava bem nesta si1Uação, e acabou, de algum modo, sendo vítima dessa "Ostpolitik". O Vaticano transigira, ao permitir que qualquer candidato à Hierarquia da Igreja na Hungria jurasse a Cons!i· tuiçll.o comunista antes de assumir o cargo. Este compromisso desconcertou profundamente o povo simples no Reino apostólico. Em 1964, Mons. Casaroli visita o Purpurado na sede da legação americana propondo-lhe um plano de saída do pais. O primaz nega-se, por razões de consciência e também de lndole polltica: um Cardeal-Regente não deve abandonar sua Pátria . Em fins de setembro de 1971, surpreendentemente, o Cardeal é levado a sair de seu "exílio" na embaixada norte-americana, por resolução direta de Paulo VI, que atendia assim ao evidente desejo do governo comunista húngaro. E a 5 de fevereiro de 1974, tendo o Purpurado se negadoa renunciar voluntariamente a seu cargo, a Santa Sé o destituisumariamente,nomeando um seu ant igo secretário, Lazslo Lckai, administrador apostólico de Esztergom (7). Era assim golpeado o herói máximo da resistência anticomunista húngara, que tanto incomodava, cm escala nacional e internacional, oscomunistas,e quchaveria deentregar sua destemida alma a Deus em maio de 1975. ANTONIO MONGE
LUIZ CARLOS AZEVEDO (IJ P1 ,.,;,,co«b<1<()1;wi ,o, "C"""'"'"""'
""kom"o1""" ..
.,.1.,.i.01,1m•dtudlldtu< '"il/oio","C.1ol~isn>o",n' •ll,.,..,{<>ok l"'1 (l1, ..... - . . . (l)O.-hiM6t ..... _ _ U_ _,"M<a,6rio,"doC-olM, _ y
,...,.,0<,,. ••.
_,.....iiçt,or,. ...... .,..111-r,o,-··ut> bl<l.-".Potk,°'"""'ºdtl974 (O)SN-dtbol,-t-.JootfPd,a.
..,._oloctooh'oda __ _ M-•-<>-P'OlnOO..,....,,..O,t.-,
... -1n2,c.. ~ ....,..,.,...1<><1*.,._ool
(!)OCudtll M , -... , _,,_d.,rloí~
::':.'..~:.-=:r,o,"':',::..·:::
vaticana. Consiste ela emumagraduald istcn-
1! s!~la~:}ª:~: !~v:~ tar mais nada ao teu no1// me, nem em cima, nem embaixo, nem ao lado". Da rua Andrássy, o Cardeal Primaz - peregrino da dor - foi sendo 22 -
CATOLIC ISMO - Junho 1990
1
nos dos países comunistas. Tal polltica importou em criar um clima cada vez mais diflcil, den1ro da Igreja, para aqueles que levavam um combate fra nco e destemido contra
_.\~-:=~É~~=~
:,.~·~~~~..: ..~;...:."r~ J_M,nd>"""'·'*"r,1.,<1<•<><lo"-";'"idado.Nnle1<0l>Jo, «..... "~"""""'.""""'º<lo,,,..,;,,..~ - .....,
::;r;E:;;~~~;!;; _,_,,,..,...,..._., _ ...,,,Tfr, .....,.1..,
oaitlit?" (F<Aad.S. ~ - . 10-01'): "T"_°'_.,,...,.
==-~;;!."'::t~,;~:~~~1•1, "c,./0<-oun
História Sagrada -
otcuprotetor,catuarcçompcnsade-
"Disse mais Deus a Abraão: .... Eis o meu pacto, que haveis de guardar entre mim e vós, e a tua posteridade depois de li: Todos os homens entre vós serão circuncidados .... E este meu pac10 (Krà marcado) na vossa carne para (sinal de) aliança eterna. O individuo do sexo masculino, cuja carne não tiver sidocircuncidada,uma1alalmaKràcx· tc,-minada do seu povo, porque violou a minha aliança ... . "Tomou, pois, Abraão seu filho Is• mac l, e todos os escravos nascidos em sua casa, e todos os que tinha comprado, e em geral todos os homens de sua casa, e os circuncidou logo no mesmo di a, como Deus lhe tinha ordenado. Tinha Abraão noventa e nove anos, quando se circuncidou. E Ismael, seu filho, tinhatrezeanoscomplctos,quandofoi circuncidado"()).
masiadamente grande. Abrão disse: .... A mim não me destes filhos: .... (o
Deus anuncia a nascimento de lsac
Aliança de Deus com Abraão Abrllo cri\ jã velho e sua esposa, Sara, está'il.
"Falou o Senhor a Abrão numa vis.ão, diu·ndo: Não temas, Abrão, cu sou
e
Scnhor)conduziu-oparafora,cdisselhe: Olha para o ctu, e oonta, se podes, as cst rela.'l. Depois acrescentou: Assim serà a tua descendência. Creu Abrão eml>cus"(I).
Nascimento de Ismael ''Opatriarca(Abrlio),deacordocom a autorização que Deus concedera aos primei ros homens, desposou uma escrava por nome Agar. Dela teve um filho cham ado Ismael, que veio a ser o pai dos ãra bes: Ismael, por~m. não devia
sc:r o herdeiro da promessa, pois as bênçãos csta,·am reservadas para o filho damulherlivrc"(2).
A ci rcuncis.:i:o "Quando (Abrão) chegou .à idade de noventa e nove anos, o Sen hor apareceu-lhe, e disse-lhe: Eu (sou) o Deus onipotente; anda em minha presença.e ~perfeito.E Eu farei a minha aliança entremimeti,etemultiplicarei extraordinariamcnte. Abrão prostrou-se com o rosto por terra. e Deus diue-lhe: Eu sou, e a minha aliança (ser.à)comigo .... E não mais ser.às chamado com o nome de Abrão, mas chama rte-.às Abraão, porque te destinei para pai de muitas gemes. Eu te farei crescer (na 1ual)O$teridade)extraordinariameme,e Lefareichefedasnações,edetisairão reis.
DisscaindaoSenhoraAbraão: "Sara, tua mulher, te darà à luz um filho, e lhe porãs o nome de lsac, e íarei o meu pacto com ele e com a sua dcsccndênciadepoisdele,porumaaliançaetema" (4). "Pela féatéamesmaSaraestéril recebeu a virtude de conceber, apesar da sua idade avançada: porque creu que era íiel o que tinha prometido. Por is-
em seu lar
noções básicas so dum $Ó homem (e esse j:i. amortecido) (pela velhice) saiu uma posteridade tão numerosa como as est relas do céu e como a areia lnumerãvel, queest.à à borda do mar" (3). "Sara obedecia a Abraão, chamando-lhesenhor"(6).
Fidelidade ''Nãofoitncontradooutrosemelhan• te (a Abrnllo) cm glória; guardou a lei do Excelso, e com ele entrou cm aliança. Em sua carne ratificou esta aliança, e na prova foi achado íiel. Por isso jurou o Senhor que o havia de glorificar nasuadcsccndência,equeelesemuhiplicaria como o pó da terra, e que exaltaria a sua posteridade como as esirelas" (7). "l·ostc 1u, ó Senhor Dcu,.quccscolhestc Abr!lo, e 4uc o 1iras1c tio íog<1 tios Cultlct1~. e lhe deste o nome de Abralio;cachastcoseucoraçlio fidao, teusolhos,cfücs1ealianç-.acon1clc"(8). "Aqueles, pois,4uesaoda fé.ser.lo benditoscomoíielAbraão" (9). D
Deus conduziu Abralo para foradesus tenda, e
disse-lhe: "Olha para
céu,
o
•conta,
.Hpod6s, as estrelas.Assim Hráa tua
descendlnc/a''
CATOLIC ISMO - Junho 1990 -
2.:J
Escrevem os leitores • Nuremberg
Nota da Redação - A questão
Tendo lido o brilhante Manifestopublicadonojornal"Estado de Minas" d e Belo Horizome, de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, gostaria demencionaraquiquemaispareceaqueleManifcstoumjulgamcnto de Deus a respeito da História. Aliás, acabo de vê-lo publicado também na revista CATOLIC ISMO (de março). Édeumaclareuiimpressionante! Não é verdade que hoje se fala tanto de caridade - de maneira deturpada, uma falsa caridade? Então, penso que é imprescindivel que alguém defcnda, com toda justiça, os direitos da verdade. Veja bem que, para os nazistas, foi feito o julgamento de Nurcmbcrg. Por que então. não se fau r uma nova Nuremberg para os comunistas, que vêm prolongando por muito mais temp0 os horroresdosnazistasparapopulações int eiras? (!\hnoel de As· sisGomes,BeloHori«iote-MG).
levantadapelomissivistaéinte· re:ss.ante. Sc adécadadevesseser encarada apenas do ponto de vista mat emático (l a LO) ou histórico {início do calendário), o missivista teria razão. Cumpre notar, porém, que a mudança da década é um fato sobretudo simbólico que ocorre quando, na contagem dos anos, muda o algarismo da dezena. É o que sempre se considerou, ademais pela generalidade das pessoas. O próprio missivista nota: "todas osquesereferiramaoproblema" tomaram l990comoiníciodadécada.Esscsfatossimbólicos correspondem Freqüentemente a realidades muito subti s. Por e,cemplo, todos sentem que pareceria estranho comemorar o inicio da década em janeiro de 1991. O mesmo se passa com o milênio. O ano mil marcou época na História da Humanidade. E tudo converge para que o ano dois mil marque também. Ora, como seria raro referir-se a uma mudança de milênio em janeiro de 2.001!
• Década • Informações Liemuitoaprccieioartígo "Anos 80, a caminhada para o caos", uma síntese dos principais acontecimentos ocorridos no mundo nos últimos dez anos. Falar-se nos anos 80 não é o mes mo que referir-se à "décadade80",pois,estasóserà concluída no próximo dia 31 de dezembro. A respeito disso, houve um equívoco partilhado pela "mídia" e p0r todos os que se referiram ao problema, ou seja, o ano de 1990 como iniciador de um novo de<:ênio, ode noventa. "É bom saber que, nãotendoexistidooanouro no calcndàrio cristão, todos os decênios,séculosemilêniosiniciam-se sempre pelo algarismo um,terrninandopelozero.(Guilherme PereiraCavalcante, Cabaeeiras-PB).
24 -
Solicito informações sobre a revista mensal CATOLICISMO, cujo estudo dos exempla· res muito contribuirá para meu aperfeiçoamento (Lucimara Regina Thomé, Caconde-SP)
• Sucesso Quero dizer-lhes que gostei das revistas a mim enviadas. Desejo que tenham sucesso a cada dia que passa. Muito boas as reportagens (Alice D. Baú, Caxias do Sul-RS). • Nossa Senhora do Cisne CATOLICISMO define com precisão e exatidão a posiçao daSantalgrejaCatólicaemtorno dos diferentes problemas
CATOLICISMO - Junho 1990
que ílagelamo mundo contemporâneo. Comentários como os desta revista não podem senão orientar a todos os católicos a seguír o verdadciro caminhodesejadopelaSantaMadre Igreja. E ao mesmo tempo felicitamos por transcrever textos das Sagradas Escrituras. Sem esquecer também do solicitarlhcsquesejam incluídosvàrios artigos do Prof. Plínio Corrêa de Olivl'íra, o qual é um dos maisdestacadospensadorescatólicos.PedimosaNossaSenhoradoCisne, Padroeiradacida· de de Loja, que derrame especiais bênçãos sobre todos os meios católicos e em especial sobre CATOLIC ISMO (Marcelo Burneo, Loja-Equador). • Revolução Francesa Acabo de receber CA TOLICISMO, novembro/89, n? 467. Desafortunadamente as páginas 14e IS, 18e19acham-secomplctamcnteembranco,tornando-scdifíci!imaginarostex1os da "Canonização cívica de Allendc' "eda''Teo!ogiadaLibertação - F«hamcmodo!TER". Casolhcsscjapossivel,queiram enviar-mcosartigosguefallam. Umsegundopedidoédasrevistas sobre a Revolução France· saque CATOUCISMO publicou. Pretendofaierum presenteaumajovcminteressadaneste assunto. Está à mercê das informações que receber ... Estou disp0sto a saldar o débito deste segundo pedido (Geraldo de Brito t'reire, Brasilia-Dn.
para o bom Deus e Nossa Senhora protegerem sempre a TFP, e que cada vez se espalhe mais pe lo mundo inteiro. (MariaJacintaMonteiroDiniz,Ma· rianópolis-TO). • Imperat riz Zita qua~eut~;~\ i:o !ªi~si.u;is;~ do regressei em dezembro ú!li mo à casa de meus pais, nllo cncomreion?46 1 de CATOLICISMO, referente ao mês de maio,queestampou um elogiado artigo sobre a Imperatriz Zita. Vivamente interessado em ler o mencionado artigo sobre a viúva do santo imperador Carlos de Hungria, rogo a V .Sa. ofavordemeforneeerumcxemplar (João Batista de A. Prado t·erraz Costa,Jahu-SP). • Almas do Purgatório Venho pedir se possível enviar-me a revista CATOLICISMO, n? 359, novembro/80 ou apenasoartigoquctratadoscguinte (cfr. pág. 15, CATOLICJSMO, nov./87): ''ManifcstaçõesdasalmasdoPurgatório" . Hà mesmo em Roma uma igreja na qual funciona um impressionantc museu de manifcstaç/l,es palpáveis das almas do Purgalório?Neslctcmpocuainda nãocraassinanteda revista. Espcromuitopoderlcrestcarti· go. Se puder ser toda a revista, mclhor,scnãopudcrcontcntome só com o artigo. Pago as despesas (A tínio José Borges, Uberlíindia-MG).
• Alento • Interesse CATOLICISMO é o gran de alento às nossas almas cm meio à atmosfera saturada pe· los gases pestiferos da Revolução que nos envolve por toda parte (Maurilio Rocha Fiu za, Arad-MG) • Reforma Agrária Hà muito tempo penso em escrever para CATOLICISMO paraparcbcnizá-losportãobela revista. Fico muitocontcmeao re<:ebê-la, como todos ficam: meus pais e meus irmãos. CA TOLICISMO tem exemplos brilhantes e maravilhosos. Gosto muito quando fala sobre a Reforma Agrària. Por isso peço
Tendo cu o prazer de ter cm minhas mãos um dos exem plares de CATOLICISMO, e ficando muito interessado em ser um dos seus assinantes, pOr setratardcumaexcelenterevista, venho pedir que me envie todas as informações e condições para ser assinante (Ma rco Rogério Nunes, Rio Ncgri nho-SC) • Lufada de ar CATOLICISMO é como umalufadadearfrescosempre quechegaedemodoa!gurnpodcmos ficar sem ela (Andru Fngelli, Nova York -EUA).
Couves " patrióticas" Não só entre nós o culto ao Estado tem provocado si· mações in~ólitas. Na China comunista, o rece nte episódio conhecido como "revolta das cou, cs" é mui10 ilustrativo dessa mesma mcutahdade. Um erro de planejamento ccn1ral gerou uma superabundância de couve. O governo e:i1igiu, então. que, PQr patriotismo, os particula res comprassem mais cou,·e do que necessitavam. Como o produio é perecível, os consumidores compulsórios foram obrigados a jogar fora o produto. Ora, enquanto isso ocorre, cont inuam a escassear, naquele pais. os produtos báskos ... Qumuo a nós, cabe perguntar: terão nossas malfadadas estatais que trilhar o mesmo d('stino das couves chinesas?
Castidade tem prestígio na juventude Contrariando opiniões ditas "arejadas", um "encontro pela abstinência sexual". sem muita propaganda, atraiu 26.000 adolescemes de vários Estados da federação norte-americana, que se comprimiram no campus de Universidade de Lexington, KY, para ouvir con ferência de 70 minutos sobre as vantagens da abstenção de drogas, bebidas alcoólicas e relações sexuais antes do casamento. Idealizada pelos jogadores de "base-ball'' da liga esportiva "All-star", de Cinci nnati , a iniciativa logo ganho u o apoio dos atletas da Universidade de Kentucky. A libertinagem moderna, ao que parece, é mais o fruto de uma pressão propagandistica, do que verdadeira aspiração dos jovens.
Fidel Castro favorece tráfico de drogas O major cubano Florênciô Aspillaga, que trabalhava para o serviço de tspionage111 de Havana e fugiu cm junho de 1987 para os Estados Unidos, denunciou que. há dez anos, Fidel Cas1ro vem a uxiliando traficantes de droga~. "Fidel ajuda de lal forma O\ trafieames. que até construiu um falso centro de iurirn10 para que ele,; repousem entre uma viagem e outra. Fica na ilha de Cayo Largo, perto de baía dos Porcos". declarou A,pillaga cm entrevista ao jornal "Washington limes". O major revelou que 1rabalhava sob as ordens do general Pascual Martinez Gi l, o qual recebia "ordens diretas de Fidel para dar proteção, como comandant e das forças especiais, ao tráfico de droga~ ". O general Gil confidenciou a Aspillaga QllC "uma poderosa rede de traficantes" utiliza uma frota de 13 navios e 21 aviões que operam a partir do território cubano "c sob a proteção do regime" castrisrn. Pouco adianta às nações da América combaterem o narco-tráfico em seus 1errilórios, se uma fonte propulsam do mesmo assim se instala com todas as garantias da inviolabilidade.
Terror " gay" Os ho mossex uais de São Francísco, na Califórnia (EUA) - cidade recentemente abalada por um terremoto - aderiram ao 1errorismo em larga escala. Anunciam que lançarão bombas cm lojas, provocar:'lo engarrafamentos de trânsito e até mesmo a interrupção dos serviços eletrôn icos de bancos às vésperas do Natal. Nos panfletos que distribuíram, comunicando sua intenção de praticar tais crimes, acusam o Governo de ser o responsável pela propagação da AIDS. Ele não pressionaria suficientemente se1ores comerciais e industriais para utilil.arem parte dos lucros no financiamento de campanhas de prevenção da doença ... Um dos mentores desse terrorismo constituiu uma !>3.crilega autodenominada Irmandade da Perpétua Indulgência, cujos membros, trajando hábitos, fa1em intervenções em cerimônias públicas. Quando se aliam, nu m só movimento, aber rações sexuais, terror anárquico e sórd idas blasfêmias,nada resta
GATüLICISMO - junho 1990 -
25
TELEX RURAL
TELEX RURAL
Tiro pela culatra Os grandes derrotados na Constituição de 1988: os proprietários rurais. Os redatores do atual texto constitucional, no que se refere à Reforma Agrária, seguiram um método velhaco. Após declararem que, em certas condições, o imóvel rural não pode ser desapropriado, empurraram para leis complementares o trabalho de definir aquelas condições. Só podem ser desapropriados os imóveis que não estejam cumprindo sua função social, nao sejam propriedades produti~as e não sejam grandespropriedades(arts.184,l85el86). Agora, deputados agro·reformistas vêm apresentando propostas que, se aprovadas, representam um duro golpe nos proprietários rurais e realizam as intenções.:squerdistas mais delirantes e radicais. Um exemplo dessa radicalidade encontra-se no projeto apresentado em fevereiro pelo senador Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP). Segundo o projeto, a função social só será cumprida quando a propriedade atingir combinadamente diversos requisitos. O principal deles é a exigência de um minimo de 80% de área explorada cm relação ao total aproveitável, medido em níveis técnicos de rendimento, de acordo com parâmetros e índices fixados pelo Execulivo (art. 3?, §1?). Por outro lado, propriedade produtiva será aquela que, além de ter grau de utilizaçãode80% de área aproveitável, deverá ter grau de eficiência igual ou superior a 100% para
~;~~;;O UNDENBE~~
cada produto explorado, segundo índices também fixados pelo Poder Exec uti vo. E quando a propriedade ultrapassar 30 módulos rurais - módulo rural é a área definida em hectares considerada suficiente para exploração e subsistência de uma família, variando de acordo com a região, qualidade da terra e outros fatores - será exigido rendimento por hectare superior cm 50% ao índice médio regional fixado pelo Poder público (art. 6?, §4?). Quantoaoconceitodegrandepropriedade,oprojetoestabelece que seja assim considerado o imóvel que ultrrapassc três módulos rurais (art. 6?, §3?). Em s1:1ma, serão desapropriadas todas as áreas que o Governo quiser. Razão tinha o deputado Plínio de Arruda Sampaio, conhecido agro-reformi.~ta, quando afirmou que a regulamentação dos dispositivos constitucionais podia representar "um tiro pela culatra para os latifundiários". Para o líder petista, "a reforma agrária não morreu com a Constituinte. Pelo contrário, está viva e muito viva e deverá avançar bastante nestes próximos anos".("Sem Fronteiras", Taboão da Serra-SP, junho/julhol989,p.12). Enquanto a esquerda, eclesiástica ou civil, impulsiona·vj. gorosamente o socialismo agrário, as elites rurais dormitam nos travesseiros macios da despreocupação e do otimismo. A História registra exemplos de situações análogas. E registra também que as elites assim embaladas só despertaram muito tardiamente, quando os revolucionários da época já haviam guilhotinado milharesdeví1imas ... ATILIO FAORO
Ta lento Estilo Planejamento Espaço Conforto Solidez Seh"-'r:u1ça . Soluções originais Harmonia --= Elegância ~ Sensib ilidade =-="== Sofisticação Classe Acabamento pcrso'.wl izado
== =
=
" '" ! n;:~ª':::;:d:ssini ura tudo com a
26
{.;/ITULJ<..:l:SMU - .Junho lYYU
g? ~fa+-
TFPs
em ação
Repercussões
do manifesto sobre comunismo e anticomunismo Interpelado,
nuou se esforçando para difundir tal doutrina e impor esse sistema? Visivelmente embaraçado, o conferencista divagou durante 15 minutos, repctindolugares-comunsesementrar no tema.
Na Itália, tema candente
russo se confunde A publicação do Manifesto de autoria do Prof. P línio Corrêa de Oliveira, "Comunismo e an ticomunismo na orla da última década deste milênio", cm dois diários da cidade boliviana de Santa Cruz de la Sicrra, suscitou especial interesse junto ao público.Comentaristas registraram o lance em programas de rádio e televisão, e o assunto foi tema das conversas. Na mesma ocasião encontrava-se na cidade o em baixador russo com uma comiti-
va de assessores, para participarem de um ciclo de conferências sobre a perestroika. Numa das conferências o próprio embaixador, que sepro ntificaraaatenderperguntas do auditório, foi interpelado por um jovem estudante, com base no Manifesto: por que ao longo de 70 anos, mesmo conhecendo a desgraça e amisériaemque a doutrina e o regime comunista estavam afundando as massas, o PC russo conti-
O Manifesto, publicado nos importantes jornais "li Tempo" e "Corriere della Sera", suscitou numerosos telefonemas ao escritório de representação que as TFPs mantêm em Roma. Um advogado de Barletta, na província de Puglia, porexemplo,oomentou: "Essa publicação apresenta coisas acertadamente ditas, ditas de modo fascinante, no momento propicio e com grande coragem . Quando se inicia a leitura, vai-se até o final. Quando me mandarem suas publicações, não serei apenas um leitor, serei um propagandista". O jornal "La Republica" incumbiu seu repórter em Roma, Orazzio de la Rocca, de entrevistar por telefone o Prof. Plínio Corrêa deOliveira,queseencontrava no Brasil, na sede da TFP em Amparo (SP). Embora preocupado cm ressaltar o custo da publicação do Manifesto, o diário italiano estampou diversos dados importantes da entrevista.
De autoria da Comissão de Estudos das TFPs, acaba de ser editada em São Paulo, pela Artpress, a obra "Tradición, Familia y Propiedad, un ideal, un lema, una gesta: La Cruzada dei siglo XX". Trata-se de um substancioso documentário. em castelhano e em formato de álbum, con 576 páginas fartamente ilust radas, acerca da atuação das 15 TFPs co-irmãs e autônomas, existentes hoje em cinco continentes. É posto, assim, ao alcance do público de lingua castelhana, e em espedal dos pesquisadores que têm se debruçado, inclusive nos ambientes universitários, sobre o "fenômeno TFP", um considerável volume de informações claras e idôneas sobre o assunto. No Brasil, um documentário sobre a TFP , em formato análogo, foi editado em dezembro passado so b o titulo "Um homem, uma obra, uma gesta - Homenagem das TFPs a Plínio Corrêa de Oliveira". Ojornal" ll Ma nifesto", órgão dos comunistas italia nos de linha dura, registrou seu profundo desagrado não poderia ser de outro modo! - em artigo intitulado "Anticomunismo na Universidade Pontifícia de São Paulo" , a ludindo ao fato de o Prof. Ptinio Corrêa de Oliveira ser professor emérito desse estabelecimento.
O jornal comunista, depois de referir-se ao custo da publicação, "de muitas dezenas de milhões de liras", limita-se a transcrever uma dasfrasesfi naisdodocumento, e conclui com um lacônico e cínico "Obrigado". Agradecimento sem sentido, quando o normal seria uma tentativa de resposta às incisivas perguntas dirigidas aos PCs.
CATOLIC ISMO - Ju nho 1990 -
27
A' espera
da hora de Deus... '
MANEIRA DE FEÉRICOS balões dourados, pousam com graça e teve7.a sobre torreões coloridos várias cúpulas bizantinas. Acima delas erguem-se cruzes fi name nte trabalhadas que contrastam com o azul profu ndo do céu de inverno. A cena evoca com extraordinária vivacidade o inconfundív<>l estilo arquitetônico da velha Rússia dos czares: fantasia e esplendor unem-se para gerar verdadeiras obras-primas de bom gosto e distinção. De fato aquela nação eslava vinha elaborando lentamente uma esplêndida civilização, marcada
A
a fundo pela influência cristã, e reveladora em muitos aspectos de uma grande originalidade, nascida da fusão da cultura ocidental com a asiática . Infelizmente, porém, o cisma separou da Esposa Mística de Cristo, em 1054, o Império moscovita, prejudicando gravemente seu reto e pleno desenvolvimento. Sem aniquilar, contudo, a identida~ de da alma nacional, crime este só consumado
em~~:obs~: ;t~f:ns~~::~c~~~fa~l~ho~v~~\~~unistas, restaram ainda incontáveis monume ntos da
Rússia imperial, os quais, mesmo cm nossos dias, fasci nam multidões. Exemplo eloqüente disso são as cúpulas douradas - representadas na ilustração desta página - das igrejas de Térems, parte das imponentes construções que formam o grande Palácio do Kremlin, em Moscou. Neste mesmo conjunto de edifícios sobressai a torre do Salvador - que figura na capa desta edição - , em cujo topo foi cravada a estrela soviética, símbolo do nefasto domínio comunista. Valores autênticos da velha e lendária Rússia aqui transluzem de modo admirável: severidade, estabilidade e força se conjugam com graça, leveza e fantasia para formar um conjunto arquitetônif:irj~~e~leza, dir-se-ia, está um pouco
~é~ªJ:
Ufanas de seu próprio esplendor, essas cúpulas permanecem à espera da hora de Deus, quando então, liberta do cisma e do ateísmo, a Rússia lºf:~~l~~o~is:;i;:c~!~ Fátima prenunciado.
~i~l~ãi ~:j~~:i~~~~
Discernindo ,
distinguindo, c lassific and o ..
,,
COR, REALIDADE E ARTE
O
DIRETOR dl' fil 111cssovié1ico, Alcxc:.· Ghcrman, declarou "Podem-se fazer bons filmes coloridos, rnasos filmes rus sosnao,.kvcmscrfrilosacorcs. Nos Estados Unidos tu do é muito brilhante, 1nas na Rllssia ludo é ligcir;1.1nc11-
_
tccsfuma~·ado.AcordaRús-
sia é o cinza" (N<"wswcck. 8-8- 1990) A cor é 11111 simholo de vida, de movimento. Dizer que uma socied ade i: de cor ci11w-cord.1q11i\oquc[l0r 1crsidoconsumido,1ransfor-
n1ou -sc cm cini.as e pen.leu s<:ucolorido - é urn;iforma
dcconfcs,araprópriaausên-
ciadcvidasocialccul1ural. P;,ra a R(,ssi;i de nossos dias a dcscri(;ão é muilo adcqt1a da. Poisa lâmina igualité1ria docomunisrno,aocortar1u-
Ix- fato, toda a produção artisticadevetenderaclevar ocspiri1odaquelcqueaadmira, de maneira a orientálo para o mais belo, para o 111aisa lto.A irufaque11àocorrcsp0nda à realidade desta Terra. deve sugerir a idéia de uma realidade possível. maisclcvada.Estaéumaoperaçilo mental que inclina mais facilmente, no campo psicológico,àaceitaçãod;i idtiad0Céu,rcalida<lesobrena1ural perfeitíssima. revcladap0rlJeus Pcrrnanccerexclusivamente vohado para a realidadc terrena. sem nune.i ler um vôo de espirilo para o mais bclo,paraomaisalto . redul o homem à 1riviafü!.ide. ao achatamcn!o,aomiscrabilismo, numa palavra aoeomu nisrno. É p0rtanto um estadodeespiri1ocensuràvcl l'rosscgucocincasiarusso: ··ofilmedcvocêsfazeom queolixopareçacontcrpcdras preciosas. Tenho de retratara realidade sem pedras
do quanto sc sobrcssaia na Nada mais triste nesta te rra do que a ,eolldade da morte. Entretanto, a arte pode dar dela uma soc ic<ladc, ao dcs1ro~ar in u,·uqualquerformadepujan - Idéia muito e le vada, como a e xpressa no Taj Mahal, famoso monumento fún ebre do século XVII ça, tirou d,:,ssa naçào a lul, e omloridocrcduziuludoao e m Agra (indla}. mortiço 10111 cinza. Foi t11na operaçllo!ctal. do. na mcdidaemqueumanaçilointci- preciosas 1\1;,s. paraalêmcacimad;i prescnlc ra - a Rússia, porcxcrnplo - sedeiOra.qucrerquep~-drasprcciosaspasituaç11o ru.,sa,éincg/tvclqueodiretor xc dcgllltir pelo pecado capilal parao re<;am su rgir u!é no lixo é fruto de um defilmcssovié1ieotraz/ttonaumaques- qualoconjuntodeseusco-nacionais esforço civilizador. E ainda qt1c Gher1ào intercssante. Essaidêiadcquchá mai s tenda, nessamedidaocinza scria man diga não ser essa a realidade, pouma core um tomdch11,própriosaca- sua cor predominanle. E111 outros ler- <lc -sc-lhc pcrfeí1amcnte responder que dapals,equcsedevctrnbalhareom ba- mo s. o cinza poderia sera cor do peca- suaobscssilopelarcalidadcédeformanse neles para cfci10s de cinen1a. decora - do capital de um país 1e. Pois a própria realidade terrena deção. arice muitas outras atividades do Seriaintcrcssarucacenartarnbémpa- ve ajudar-nos a procurar algo mais al espírito humano. não figura habitual - ra as co res próprias às virludes de um todoqt1ccla. Quererá ocineastasoviémente nas conversas do homem coi,tcmpovo. Mas i,so nos levaria longe ticorestringir-seàrealid.idccs1a1ls1ica . p0ràr1co. E entretanto é uma idéia rica cha1acparda,qucsepodcriarc prescn dcsignilicado. tarpclacorcaíqui,p0rexcmplo? MuitasaplícaçõcsdclaoleitorpodeO é/an da alma humana para o berá encontrar na magnifica série de coO mc,smo A. Gherrnan ;icresccn1a· lo - mesmo apresentado co mo criação mentários do Prof. Plínio Corrê a de "'Pensoqueaqualida<lcdofilrneoóden- doespírito - é alta111cn1csal111aredeOliveira.intitulados'"Ambientes,Coslu· tal não é boa p;ira nós. Os franceses ve ser atendido. Não se traia. é claro. mes. Civilizações"'. que "C;itolicismo· · quiseramnosforneccrfilmesdcle,: Dis- de tomar gato por lebre. Isso não! Depublicoudefcvereiro/51ajaneiro/69 sc -lhcs: 'Nilo·. nào: Deixcn1-r1os usar nos- ve-sc dis1inguiroqucéa realidadecxis(p0stcriormentecompilados cm separa- sos próprios filmes'. Responderam tente da que é simplcsmc111e rossivcl ta). É. ademais, com basccrn no1as10'Mas são rniiJs'. E eu disse: ºSim. mas ' Mas, sabendo que. o espírito human Õ madasdurantc1mn1cxposiçãodo l'rcsi - são bons para nos represem.ir. Eles não pede mais. a arre aevc dàr aquilo que dcntcdaTFP(em I0/2/90)quepubliea- embelezam as coisas··. o homem não encontra cm torno de si. h1osestas aprcriações. A menlalidadc conulnisla, ' ra;;a e Este é o maisbelocmagnífieopapcl O cinza poderia bem ser a cor de chã, aparece muito clarán1ent~ nessas d) arte. um dos ~ados capitais. E nes~e l;Cnti - afirmações.
,,
.
2-
CATOLICISMO -
,.
e;..
JuÍh~ 1990 ~
;:.-,,
~AfOli.JCl§MO SUMÁRIO INTERNACIONAL
TFPs promovem grandioso abaixoassinado de apoio à libertação da Lituânia, brava nação de arraigada tradição católica. que sofre crescente pressão soviética 4
RELIGIÃO São Joaquim e Santana: modelos dcconfiançainabalávelnaProvidência divina, re<:ompcnsados com a graça ímpar de serem os avós do Redentor da humanidade 10 MORAL NOVA
Família;alvoprefcrenciald.ichamada moral nova - vírus que vem curr()endoa noção católica tradicional de matrimônio 16 HISTÓRIA Transcorrido um ano das comemorações do Bicentcnário da Revo!uçãoFrancesa,umapenetranteanálise desse trágico evento histórico e do papel saliente nele ocupado pela inveja 22 NOSSA CAPA
lníciodacampanhadaTFl'prólil,,,r1açâodaLituiinia,cm lºdejunho,noviadutodoChá, nac,,pitalpaulista; manifestaç,lo popular em Vilnius, comcmorando a dL-claraçào de indepcndênda, em março último; escudo nacional da Lituânia
"CATOLICISMO" é uma publicação men~I daEmpre~PadrelldchiordePon1esL!dl ~"':l~~T~;",:';~~~~;; hhha,t,i - Regi,tr•·
M«1.,RuaMa,1imrranci1<0,665 - 0lll6 - Sio Pa"io,SPIRu,Sc1<<i<Sc1C1'1bro , lOl-2i l00 C•mpoo,KJ ('fflllffl:R"a Mar1imFra"'-'t<O.r,6S - 012Ui - Sio Poulo,SP - Td:(0ll)lll.7107. f'mwo mpo,lçõo:(direra,apani,J< ,r4ui,·o,f<>r1Kri,
do,por"C01ol,Ci,mo")l!arodti<>nteS/AGriíi<ae &lilou - Ku, Mairioq.,, 9'I - Sio Paulo, SP. lmp,....o:
A,1p,m - lod(l~r"' Glálica e fati,01•
l.tda. - RoaJ 1,·ah,68116'J'/ - 011.l() - SioPaulo,SP Param..U,,ca&rn&reço <"""™riomenciona<tam, ben10...,.,eço•mLJ(l.Aoo,,r1pondfoci•rda11,..,
a,~naturae,·,od,,.·ukapo<l<1<tcMi>daiGabl<ia: Ruo M•nimFr•nci'<'0,6óS - 012l6 - Sio Pouio,SP ISSl'/ - 0102-ISOl
R
ESULTADO DA CAM PAN HA de abaixo-assinado promovido pelas 20 TFPs e 1 9 ~ir~auu:d!~:te~~!~ a~:C~~Ji~:.r;: !~bc~~:~~i°ri:a~it~i;t~~ª~s a::t~:~:~~:~· Êcomprccnsivel que esse impressionante resultado jã tenha repercutido internamcnte naquelcva!oroso país bãltico. De fato, segundo informações seguras que noschegaram,a televisão de Vilnius noticiou com destaque a cana de apoio enviada pelo Sr. Juan Miguel Montes, Diretor do Burcau-TFP de Roma, ao Presidente lituano Vytautas Landsbergis, em nome das 20 TFPs e Burcaux-TFP. É também significativa a missiva {ver a íntegra Jo documento à p. 7 desta cdi~ão) reme1ida pelo Sr. Algirdas Saudargas, Ministro das Relações Exteriores lituano, ao Sr Juan Mi guel Montes, agradecendo, cm nome do Presidente Landsbergis e cm seu próprio, o amparoooncedido pelas TFPs e Burcaux- TFP à luta pela independência de sua pátria Em face disso, pode-se perguntar: qual o peso que a atuação dos mencionados organismos vem desempenhando como auxilio ao povo e principalmente ao Parlamento lituano, cm soa resistência às pressões do Kremlin? É de se presumir que não seja pequeno. É oportuno lembrar a propósito, que cm 16 de junho o governo lituano pediu ao Parlamento que iniciasseodcbatcsobrcocongelamentoda independência do país. Conrndo, segundo notícia veiculada pela "mídia", no dia 20domesmomês,amaioriados parlamentares alegou que a Lituânia precisava de "garantias internacionais" antes de concordar com o congelamento de sua independência proposto por Gorbachcv. E assim, o debate acabou sendo indefinidamen!cadiado. Nessa ocasião, a opinião pública da naçãobãhicajàse inteirara da iniciativa promovida pelas TFPs e Bureaux-TFP - inteiramente sem paralelo, segundo nos consta, em todo o Mundo Livre. A atitude assumida pelos parlamentares lituanos, em consonância com a grande maioria da opinião pública do pais, éa única ra:wãvcl diante de um quadro desconcertante. De um lado, a prepotência russa, forçando um congelamento da indcpendCncia, o qua!cquivaleria, na prãtica, ao re!orno à escravização. Durante os anos de congelamento o Kremlin poderia instalar soas tropas no pais anexado, tornando, de futuro, incxcquívcl qualq11er novo anscio dc indcpendência. E, de outro lado , a indiferença cínica das potências ocidentais perante o drama lituano, unicamente preocupadas cm não desagradar a Gorbachcv e cm sustentá-lo na periclitante posição que ocupa dentro da Rússia. No mesmo dia cm que se anunciou o adiamcmo do debate no Parlamento lituano, foi divulgada pela "mídia" uma notícia surpreendente: o Presidente Gt.-orgc Bush estava começando a irritar-se com a demora dos dirigentes lituanos cm responder às ofertas de negociação feitas por Moscou. E, na ocasião, um alio funcionãrio do Departamento de Estado comentara com jornalistas: "Ao mosnar-se inçapazcs de tomar uma decisão conjunta, os lituanos estão ficando um pouco pedantes". Chegamos a este auge: um pais que era livre, injustamente subjugado durante 50 anos, torna -se ''um pouco pedante'', porque não aceita, sem a concessão de ''garantias imcrnacionais'',apropostadescualgoz,aq ualrcprcscntarãorctornoàsituaçãodccativciro! Scaspotênciasocidcmais , paraevitarqualqucrperigodcconfrontocom a Rússiasoviétiea, que rossa perturbara fruição das riquezas edo bem-estar delas, abandonam a pequena e infeliz Lituânia, ao menos alguém no Mundo Livre - as TFPs e Bureaux-TFP - vem oferecendo a esta a valiosa ajuda de um apoio moral largamente gcncralizadn e allamcnte expressivo. "Catolicismo" se associa plenamente ao benemérito esforço empreendido por tais organismos, os quais, como a grande maioria católica da nação báltica, engajaram-se nessa pugna com vistas postas no sobrenatural. Esperam firmemente eles, como também todos os lituanos fiéis, que Nossa Senhora, Porta da Aurora, Padroeira dessa valente nação,nãoadcsamparcncsla hora crucial de sua História.
9;~~~~
CATOLICISMO - Julho 1990 -
3
P'ela llberdade da LITUÂNIA, w
capas e estandartes rubros voltam às ruas
a~~~:~uEp!~:a:~
to, como de costume, no centro de São Paulo. O ruido caóti-
co dos carros e os gritos desconexos lançados pelo batalhão de camelôs - estabelecidos especialmente no viaduto do Chá, praça Ramos de Azevedo e rua Barão de ltapetininga - juntavam-se numa cacofonia que começara desde cedo. E o burburinho daquela massa humana, que vai e vem, aumentava à medida que as horas passavam. De repente, na praça Ramos de Azevedo, um toque de trompete fendeu os ares. Em meio àquela babel humana e à zoeira reinante, o som do trompete conclamava para uma cruzada. Não como as do passado, mas sim para um novo tipo de atuação com espíri-
4-
CATOLICISMO - Julho 1990
to de cruzada. As armas, bem diferentes das empunhadas séculos atrás, sobressaíam agora por seu cunho lógico e psicológíco. Tratava-se de símbolos - como capas e estandartes - de fai xas, de proclamação de slogans, de distribuição de folhetos. E, sobretudo, do emprego de cerrada argumentação, visandoangariaradesõesparaumabaixo-assinado. Aquelas mesmas ruas e praças, e particularmente o viaduto do Chá, que em !antas ocasiões do passado serviram de cenário para atuações públicas da TFP, novamente seriam testemunhas de uma grandiosa campanha da entidade. O relógio do "Mappin" havia soado, acusando 11 horas. Pouco depois, ao toque do trompete, aproximadamente 3S0 sócios e cooperadores da TFP, en1re os quais se incluíam os membros da fanfarra da entidade, colocaram-se nas escadarias do Teatro
Municipal. Uma pequena multidão se formou diante de les, na praça em frente. A fanfarra tocou o Hi no Nacio nal, rezaram-se diversas orações, seguindo-se o brado característico da T FP : ''Pelo Brasi l: Tradição, Família, P ropriedade" . Além dos estandartes e das capas vermelhas envergadas pelos sócios e cooperadores da Sociedade, podia-se ver uma grande fa ixa com os dizeres: "A garra do imperialismo sov iét ico quer privar da independência a Li t uânia, que se auto-intitula 'Terra de Maria'. Brasileiros! P ro testai subscrevendo o gra nde abaixo-assinado promovido pela TFP em 20 países." Após o ato inicial, os propagand istas da ent idade começaram a solicitar assinaturasaost ranseumes,paraoabaixo-assinado . Quem transitou pelo centro de São Paulo nesse dia, além de ve r a movimentação dos sócios e cooperadores
da TFP, as faixas e os estandartes, pôde ouvir uma série de incisivos "slogans" bradados em megafones, como por exemplo: "Transeunte, tra nseunte, assinai vosso nome nas listas de protesto organizadas pela TFP em prol da Lituânia livre!" E num grande eixo, que se estendia desde a Praça da República até a Praça da Sé - passando pela rua Barão de ltapctininga, praça Ramos de Azevedo, viaduto do Chá e praça do Patriarca - 32.SOO pessoas subscreveram o abaixo-assinado, em seis horas de campanha.
Mensagem das TFPs ao Presidente da Lltuõnla Semanas antes dessa campanha, o Diretor do Bureau-TFP sediado em Roma, Sr. Juan Miguel Montes, havia dirigido ao Presidente da Litullnia, Sr. Vitautas Landsbergis, mensagem em nome de 20 TFPs e Bureaux-TFP existentes nos cinco continentes, manifestando o caloroso apoio desses organismos á nação lituana por sua declaração de independência em relação ao Cremlin, o qual vem exercendo forte pressão sobre aquele pais báltico.
gina. Embaixo do escudo, o lema magnífico daquela nação: "Lituania terra Mariac"(LituâniatcrradeMaria).
Adesõo Popular Desde os primeiros momentos da campanha pôde-se notar uma tônica que continuou sempre presente como nodiadcseu lançamento: grande simpatia da população cm relação ao tema do abaixo-assinado e aos coletores de assinaturas; em conseqüência, pouquíssimas manifestações contrârias e retraimento dos esquerdistas. Esse clima geral de distensão e nitido apoio popular inibiu as esquerdas. O ambiente da campanha difere um tanto do reinante cm campanhas anteriores, corno a de 1968, contra a infiltração comunista na Igreja, e a de 1969. que denunciou a ação subversiva desenvolvida por organismos como o IDOC e os grupos proféticos, cm
Folheto da campanha Além do impacto causado nos transeuntes pelos slogans e faixas durante a campanha, distribui-se também a eles um folheto que contém a carta dirigida ao Presidente da Lituânia - a qual encabeça o abaixo-assinado (ver quadro) - , além de breve exposição histórico-política da questno lit uana e sucinta explicação a respeito das TFPs. O folheto apresenta na capa o belo escudo da Lituânia, no qual figura um cavaleiro medieval com armadura, montado num corcel, e com a espada cm posição de ataque, con forme podese observar na parte superior desta pá-
meios católicos. Nessas campanhas, embora também se notasse adesão popular, a hostilidade de grupclhos de esquerda era violenta, verificando-se até agressões a propagandistas da TFP.
Como amostragem desse "tonus" geral,algumasdasrepcrcussõcsdacampanha: - "Masoquccstâacontcccndo? A cidade toda ficou vermelha!", exclamou uma senhora abordada na praça Ramos de Azevedo, perto do "Mappin". E apontando ora para um estandarte, ora para outro, dizia: "Da praça da Rcpllblica até a praça do Patriarca! ... Desse jeito vocês vão conseguir milhares de assinaturas!., - "Ah! Vi ontem a vossa campanha no centro de Montcvidéu! .. , afirmaram dois uruguaios que se n1anifestaram muito simpáticos à TFP. Esta foi a expansão de um rapaz. ao passar junto aos cooperadores da TFP: "Ê impressionante o silêncio que os jornais fazem sobre vocês. Apcs.ir de todas as campanhas que vocês fazem cont ra o comunismo, cu nunca vi os jornais dizerem nada, ou mesmo a 1clcvisão ... Um professor secundário comcutou: "Conheço bem a TFP. nllo concordo com tudo o que ela faz. Mas acho que, nesta causa agora, ela merece apoio". Um dos vendedores ambula ntes. com banca instalada na rua, ajudava
Dois cooperadores da TFP controlam assinaturas slmultl neas em vârlas pranchetas
CATOLIC ISMO - Julho 1990 -
5
a coleta de assinaturas, bradando: " A Lituânia está sendo oprimida pelos so• viéticos!''
Eficiente atuação em bairros e outros estados Após o lançamcrno da campanha no centro de Sao Paulo, ela prosse• gu iu em diversos bairros da cidade. A recept ividade popular à iniciativa da TFP conti nuou com a mesma in. tensidade, de modo geral, e em grau maior, cm algumas zo nas. E a partir de então, os correspondentes da cnt i· dade - não só homen s, mas partic u· larmente senhoras e moças - têm prestado um precioso contributo li campanha, co letando diariamente milhares de assinaturas. Nas imediações do Metrô de Sa ntana, urna senhora de aproximadamente 30 anos disse com ênfase: " Di gam-me uma coisa. Vocês estão com esse entusiasmo fazendo a campan ha . Eeu quero que vocês continuem assim a té o fim! Po rque, se vocês pararem,
em vo u reclamar com seu Presidente. Quando se fala em 'Terra de Maria' já se di z tudo". A campanha vem se dese nvolve ndo também em outros Es1ados, com as mesmas carateristicas da atuação efetuada cm São Pauto. Nesse sent ido, destaca-se a atividade cm curso nos estados de Minas, Ri o Grande do Su l, Rio de Janeiro e Param\. E nao só os sócios e cooperado res têm· se empenhado na coleta de assinat uras, como também correspondentes locais bastante dedicados. Até o encerramento desta ed ição haviam si do angariadas 970.645 assinaturas cm todo o Brasil. O total de assina turas coletadas pelas TFPs e Uurcaux-TFP no mundo intei ro ascende a 1.478. 969.
Repercussões no Exterior A iniciativa desses organismos cstâ dando origem a repercussões imcrnacionais significativas. Assim, por c:,i;cmplo, a 1elevisão lituana noticiou em termos
elogiosos a campanha. Ademais, em Washing1on, o Sr. Lanc Kirkla nd, presidente da AFL-CIO, o maior sindicato operário no rte-americano, que coma com mais de 14 milhões de membros, subscreveu o abaixo-assinado promovido pela TFP daquele país. Ao assinar, Kirkland ressaltou: "Claro, se é pela liberdade devo assinar, embora discorde da TFP". No dia 19 de junho, o Ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Sr. Algiras Saudargas, e nviou ao Sr. Juan Miguel Montes, Dire10r do Bureau-TFP de Roma, significativa carta (ver quadro com a tradução da missiva), agradecendo o apoio que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e as TFPs, bem como os llureaux -TFP têm concedido à causa da libertação de sua pátria . Carta análoga foi remetida cm 18 de junho ao Diretor do llureau-TFP de Roma pelo deputado Emanuclis Zingcris, P rcsidcnlc da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento lituano.
Praça Ramos de Azevedo, 1." de Junho, 11h: pequena mul!ldAo ouve atenta as orações, os slogans e o Hino Nacional tocado pela fanfarra, aplaudindo ao final NOTA da Rf.dação: Esta alição j4 cstava fcçhada, quando se noticiou que o Parlamento da L.ituãnia aprovara a proposta do govcmo,noscntidodeoongelar,sob
certascondiçõcs,aindepcodfncia do país pelo prazo de 100 dias. Mesmo que se concretize essa re·
IIOluçlo, a campanha das TFPs continuará a ter inteirolugartan•
to na realidade contemporânea, quantonalHstóriadosturvosdW em que vi~mos. Pois tal campanha sc propagou pelO<S ares à maneira de uma inten.u vibração de inconíormidadedeprotesto,que repercutini a fundo, ajudando os litulln06 DObrcmentc inconfonna• dosan1antcrbcmal101bandcira de sua Pilria - a "'Terra de Maria" oomo a oogoominam - du· rantc os 100 enganosos dias de indcpendfnciacsmagadaeagonizantc, imposta por Gorbachev. Bem oomo ajudará a opinião p(lblica a olhar oom sc~ra vigilãncia oqucdepoisdis.wlhequc:iraex1orqWJ"atiraniadeM05COU. 6 - CAT O LICISMO - Julho 1990
Carta ao Presidente da Lltulinla Exmo. Sr. Vytau1as Landsbcrgis OD. Presidente da Litullnia Os abaixo-assinados tfm acompanhado com viva emo-
ção o drama pelo qual vai passandovoss.anobrcpâtria. Com efei to, eles reconheçem nela uma das vitimas inocentes do sinistro pacto de 2J de agosto de 1919, que lhe confiscouinjustacviolentamcnteaindepcndhcia. Epar1icipara.mdofrfmitodccspcrançaqucsacudiuaUtuãnia
quando, p0rcfcitodosatuaisacontecimentos, para ela se abriuapossibilidadcderecupcrartalindcpcndênciadcp0is de SO anos de cruel ca1ivciro. Quando as brumas da cambiante situação internacional vão cerceando vossas esperanças hà pouco renascidas, participamos in1cnsamc111cdcvossa angúsliaccrgucmos nosso bradodcinconformidadccdc protcstocomraqualqucr combinação polllica que se vos queira oferecer no scmidodcqucscjaadiadaaaplicaçllodogloriosodecrcto com o qua l há pouco vos prodamas1cs um povo livre e independente, e reclamastes altaneiramente para vossa pátria um oorrcspondente lugar no concerto das nações. Neste sentido, Sr. Presidente, a Lituãnia sempre terá o apoio, o respeito e a admiração dos abai)[o-assinados, quetimbramcmvosfazcroonheccrsuasdisposiçõesprecisamente neste momento cm que a causa de vossa independência pare« passar por um momento crítioo. "Lituania terra Mariae" ! o nobre lema de vossa naçio. Rogamos a vossa c~celsa padroeira que vos ajude, e vos conduza valorosamente ao r«onh~imento imediato de vona independência por todos os povos livres.
República Lituana Ministério das Relações Exteriores Vilnius, \9dejunhodc 1990 Sr.Juan Miguel Montes Burcau das Sociedades de Defesa da Tradição, Fam!liac Propriedade ViaCastclli 13, lnt.7 00197Roma-ltália Prezado Sr. Montes Recebemos com gratidão sua carta de apoio, em nome das organizações TfP. Por favor, transmita especiais agradecimentos ao Pror. Plínio Corrla de Oliveira, presidente do Conselho Nacional da TFP brasileira, cm nome do Sr. V. Landsbergis e no meu, pelo seu apoio à nossa luta pela independência da Lit ullnia. Seu trabalho nos! muito oportuno e alentador, neste diílcil momento para nossapãtria. Fui informado de que essas mcsmu organizações estão promovendo um abai)[O-assinado em íavor da indepcndlncia da Lituãnia, e que mais de um milhão de pessoa$ já o subscreveram. Esta! uma du mais lmporlantcs iniciativas de apoio moral que rc«bcmos at! o momento de nações ocidentais. Agradecemo-lhes também por esta ação. Sinceramente AlgirdasSaudargas Mmistro das Relações Exteriores
Uma valorosa nação enfrenta tirania soviética A L ITUÁN IA recobrou sua independência em 1918, e entrou então com dignidade e segurança no concerto das nações li vres. Esta feliz situação foi destruída pelo Pacto RibbcntropMolotov, no ano de 1939, mediancc o qual à Rússia era dada a garantia de que o governo nazista não oporia qualquer obstáculo a que as tropas soviéticas conquistassem o território lituano. O que efetivamente ocorreu cm 1940, transformando-se assim a Lituânia em nação cativa, sujeita ao férreo regime do capitalismo de Estado. A Hierarquiacatólica i111eira foi supressa, os bispos mortos ou exilados. Na noite de 14 para 15 de junho de 194 1, os sovic-ticos comprimiram 35 mil homens, mulheres e crianças em vagões de transporte de animais e os enviaram para os campos de morte na Sibéria. Pouco depois as forças nazistas voltaram-se contra os aliados da vtspera, e a caminho de Lcningrado, impuseram aos lituanos toda sorte de vc"ações. Em agoslO de 1944, os soviéticos retornaram. Dezenas de milhares de lituanos fugiram para o Ocidente, e as deportações para o Leste recomeçaram. Só entre 1944 e 1953 (ano da morte de Stalin), estima-se que 600 mil lit uanos foram deportados para a Sibéria ou para outros lugares. A maioria deles jamais vo ltou. A anexação da Lituãniapela Rússia nun ca foi reconh ecida por numerosos governos, entre os quais o Vat icano e a Casa Branca.
Com essa situação, sobretudo, jamais se conformo u o bravo povo lituano, e bastou que em 1989 começasse o esboroamento processivo do imenso império soviético, para que a Lituãnia proclamasse sua indepe ndência. A este fato, ocorrido em 11 de março de 1990, o comunismo instalado no Krem lin rcdarguiu exigindo que a Lituânia desse como suspensa por dois anos sua declaração de independência. Decorrido o prazo seria possivel começarem as negociações entre lituanos e soviéticos soCATOLICISMO -Julho 1990 -
7
bre o assunto. Durante sua recente visita aos Estados Unidos, Gorbachev afirmou que o prazo referente à mencionada suspensao de independência do país báltico seria de cinco a sete anos. Essa prorrogaçao de tempo provocou protestos da parte de congressistas norte-americanos. No entanto, o Sr . Vytautas Landsbergis, Presidente da República da Lituânia, e a grande maioria dos lituanos perceberam desde logo a vacuidade já da primeira sugestão. Pois, durante os próximos dois anos de dominação - a fortiori os próximos cinco ou sete anos - seria fácil aos soviéticos insrnlar no território lituano tal número de súditos, e colocar nos postoschave dele tantos oportunistas do gênero "companheiroa de viagem" e "quintas-colunas" que, ao cabo desse prazo, a indcpendCllcia lituana teria se tornado impossível. Assim se explica que os lituanos se manifestem dispostos a todos os heroísmos para defender suas fronteiras, seus portos, sua liberdade e sua independência. E não causa surpresa que o imperialismo soviético ameace eliminar a independência lituana com medidas coercitivas nas fron teiras como nos portos, no comércio de importação como no de exporrnção
Líderes de nações ocidentais como os Estados Unidos, a Alemanha e a França pressionam o Chefe de Estado lituano no sentido de que aceite as astutas propostas soviéticas, fundados cm que, se Gorbachev não conseguir recuperar o poder exercido pelo Kremlin sobre a Lituânia, o fato aumentará a oposição interna dos "duros" contra o atua! presidente da União Soviética. O que, por sua vez, pode acarretar violentas comoções políticas e militares no império soviético, com risco para a paz mundial. A esses argumentos se opõem os lituanos verdadeiramente patrióticos e livres, os quais contestam o atual poder do Kremlin, já abalado profundamente pelas múltiplas circunstâncias que todos conhecem. Com a Lituânia concordam neste passo os homens e povos inconformados com o fato de que o regime policialcsco e miserabilista, ao qual está sujeito o mundo soviético, venha a se restabelecer na valorosa nação báltica. A Lituânia corre assim o risco de ser imolada por obscuros cálculos diplomáticos e militares soviéticos. O direito da Lituânia à sua própria independência é indiscutível. Pois, segundo a moral cristã, bem como todos os tratados de direito internacional dignos de apreço, se reconhece a cada nação o direito ao governo de si mesma. Isto habilitaria os lituanos a cobrar de todas a.~ nações do mundo livre que a apoiassem calorosamente na atual emergência. 8 - CATOLICISMO~ Julho 1990
A
LITUÃN!Acstá~ituadaàsmargens do Mar Báltico, no nordeste da Europa. Os lituanos se estabeleceram nesse território muitos séculos antes da era cristã. O historiador romano Tácito se refere aos lituanos - e aos povos limítrofes de mesma raça: os letões e os antigos prussianos - como extratores de âmbar e bons cultivadores de cercais e frutas. O âmbar, considerado naquele tempo quase tão precioso como o ouro - era mesmo chamado o ''ouro do norte'' - trouxe a prosperidade para os povos bálticos, pelo comércio que dele faziam com os germanos, romanos, gregos e cartagineses. Eginhardt, em sua célebre "Vida de Carlos Magno" (aproximadamente 830 D.C.), menciona os povos que habitavam as costas do báltico. Desde então, são eles citados cm numerosos textos.
No século XI, quando toda a Europa já estava cristianizada, apenas os povos bálticos se conservavam pagãos. A Lituânia se constituiu pela primeira vez cm reino quando, cm 1250, o rei Mindaugas abraçou a Fé e recebeu a coroa real do Papa lnocéncio IV. Foi então erigida a primeira diocese no país. Porém, a conversão desse povo não se deu facilmente. Lutas havidas durante dois séculos impediram o surgimento de condições propicias para uma rápida expansão da religião cristã. Assim, já cm 1270 se dissolvia a única diocese com o falecimento do primeiro Bispo. lentativas de retomar a cristiani zação do povo lituano foram feitas pelo rei Gediminas em 1322-1323. As atividades missionárias dos franciscanos que ele então chamou para o pais foram apoiadas pelos sucessores do monarca. Assim, o rei Jogaila, desposando cm 1386 a herdeira do trono da católica Polônia, se tornou também, no ano seguinte, rei desta úl!ima nação, o que favoreceu a conversão da Lituânia. O apogeu político da Lituânia ocorreu no governo do grão-d uque Vytautas (1392-1430), o qual deteve as hordas tártaras que ameaçavam invadir a Europa e estendeu as fronteiras de sua pátria do Mar Báltico até o Mar Negro. Vytautas o Grande foi eleito, no Concilio de Constança, chefe de todos os exércitos cristãos contra a invasão turca (1415). Assim, o catolicismo, embora introduzido tardiamente, se consolidava. Para isto contribuiu o longo período de paz durante o reinado de Casimiro IV, grão-duque da Lituânia (1440-1492). Seu filho Casimiro (falecido em Vilnius em 1484) foi inscrito pela Igreja no catálogo dos San-
tos como Padroeiro da Lituânia. (Ver quadro 11 ).Após a mor1e de Vytautas, entretanto, começou o dcctlnio dopoder político lituano. Mais tarde, feita a uniao com a Polônia (1569), enfraqueceu-se ainda mais. E com os sucessivos desmembramentos da Polônia, a Lituânia caiu sob o diminio do império russo (1795-1915).
O terri1ório lituano, fixado por tratado internacional após a I Guerra Mund ial, era de 87.296 km2. O atual ter ritório é de 65.200 km2. A população ê de cerca de 3,4 milhões. A capital é Vilnius, e as cidades principais são Kaunas, Klaipeda, Siauliai e Panevezys O idioma lituano pertence à familia ::. l~~~~=s 0i~11~~;~u;o~~:~i~/ ua1 abrano grego, o latim, o germânico,
; ~\~A~:=~~::~~~; ~~;:i mais amigo de sua espécie cn-
Ire todas as llnguas vivas existentes no mundo, e o que mais se assemelha ao primitivo sânscri10, na sua essência como no seu esplrito. Em 1579, os jesuítas fundaram uma academia cm Vilnius, mais tarde transformada cm u11ivcrsidade. A arquitetura, rica em edifício~ góticos, renascentistas, barrocos etc., apresentabelasfortalezas,casteloseigrejas.Destaca-se a belíssima igreja de Santana, em Vilnius, uma jóia do estilo gótico. Contase que Napoleão Bonaparte, quando inva• diu a Rússia, ficou tão encantado com a Vilniua igreja, que gracejou dizendo que gostaria de levâ-la para Pari.~. A grande maioria do povo lituano professa a Reli gião Católica. Por sua devo-
9 :
1
1
A
1
,
,
ção â Mãe~:~~:;~~
LI TU ANIA /
;rl~~~~i~~~-é~~~~;::
me do povo de implantar cru-
1 1
~~::~~E:;: ,~~:: l'i ~CI~:~~ me de "Terra das Cruzes".
riqueza histórico-cultural cristã I 1
CATOLIC I SMO - Julho 1990 -
9
~=:-=:::::::::-:1 2 i
dura para os israelitas que aguardavam a vinda do Messias: não ter descendência. { Se alguma vez, caro leitor, o lwriwnte se lhe toldar de negras 11uvens a angústia lhe conquistar a alma e tudo, enfim, na vida ih~ parecer que da~á errado, não caia na tentação de julgar que Deu_s o abandonou, É que Ele, na Sua infinita Sabedoria, quer pôr à prova sua confiança na Providêncm, para depois melhor e mais largamente o premiar. As vidas de muitos santos nos são por vezes apresentadas como um mar de rosas, ' Entretanto, se as observarmos em profundidade veremos que fo~am, com freqiiência, atravessadas por dúvidas e perplexidades angustiantes. Tal é o caso de Abraão, a quem Deus prometeu uma descendência mais numerosa q11e ~ as estrelas do céu e as areias do mar. O Criador só o favoreceu com a /Jênção de um filho quando já estava em ídade avançada. E é pre.sumível que só na eternid~de tenha cl1egado ele a compreender inteiramente o alcance de sua grandwsa vocação. !_ São Joaquim e Snnta11a, avós de Nosso Senhor Jesus Cristo, não fugirnm n essa regra, ~ rnmo poduá o /e,to, '°"'P"""'' pel, lát,m do pn,sen/e o,//go.
1
~
1
'S
l
&
1 p
ii i ~
!i i i ,
~
i
,
i ,
& ,
Os pais da Santíssima Virgem Confiança e recompensa divina sintetizam duas vidas LITURGIA romana ceiebra, a 26 de julho, a festa de Santana, que é a padroeira principal das Arquidioceses de São Paulo e Rio de Janeiro. Essacclcbraçãoéindissociável da festa de seu csposo, Sao Joaquim, comemorada a 16 de agosto. Joaquim, bem-amado de Deus, era um galileu, da nobre tribo de Judá, riquíssimo, senhor de vastas terras e grandes rebanhos. Desde os 15 anos de idade, ele dividia sua renda cm três partes: uma destinava ao cullo no Templo de Jerusalém, omra aos pobres e a terceira aos de sua casa. O piedoso emprego que fazia de seus bens atraía-lhe as bênçãos do Céu. O Senhor, em recompensa, multiplicava de tal maneira seu gado, que não havia ninguém, em todo o povo de Israel, que pudesse comparar-se a ele em abundância de ce,~. Em<e<anto, "ma bênção
A
mais desejada era-lhe recusada pelo Senhor: Ana, sua esposa, era estéril; e dentre os filhos de Israel, que esperavam o Messias, o não ter fi lhos era tido por desonra. No Templo, certo dia cm que Joaquim, casado já há vinte anos, fazia a oferta de suas vítimas, foram elas recusadas com desprezo pelo sacerdote Rubens: "Não te é permitido trazer as tuas oferendas, porque não geraste descendência cm Isracl". Transido de dor, Joaquim retirou-se para a montanha, num lugar ermo, armando ali sua tenda, a fim de jejuar durante quarenta dias e quarenta noites: "Eu nao descerei nem para comer, nem para beber, até que o Senhor, meu Deus, me visite com sua misericórdia. Mas a oração será meu alimento"/'. A visão angélica Por sua parte, Ana chorava o "" d"plo lmo, o da'"'°'" sl"m,
uma vez que seu esposo havia desaparecido, e o da esterilidade. Mas, enquanto ela rezava no jardim de sua casa, e seu esposo no alto do monte, a súplica de ambos subia até o trono do Altíssimo. UmanjodoSenhorapareceucntão a Ana e lhe disse: "Nao !cnhas medo Ana, nem creias que é um fantasma que tens diante dos olhos. Sou o Anjo que apresemou vossas orações e esmolas ante o acatamento de Deus. Agora acabo de ser enviado a vós [ele aparecera também a São Joaquim no alto da montanha] para anunciar-vos o nascimento de uma filha cujo nome será Maria, que será bendita entre todas as mulheres. Desde o próprio momento de seu nascimento, repousará nela a graça do Senhor e permanecerá na casa paterna até os três anos de idade. Depois viverá consagrada ao serviço de Deus no Templo. Ali permanecerá noite e dia servindo a Deus com jejuns e orações e abstendo-se de toda coisa lmp"''· Jamais
~
P
f~ p ~
~
p ~
p
i p ~
~~~~~~~~~~~~~~~J
10 - CATOLICISMO -Julho 1990
~
CHURRASCARIA EPIZZARIA
A volta do latim
11m.]ABARONESA
POR OCASIÃO dos vestibulares, é comum surgirem comentários sobre erros de gramática, grafia das palavras, concatenação das idéias, cometidos pelos estudantes nas provas de redação. Geralmeme atribuem-se tais erros à falta de leitura, à mania de assistir televisão durante longas horas, à deficiência do curso secundário. Tudo isso é verdade. Mas, uma das causas mais esquecidas - e, no entanto, das mais profundas - é o abandono do latim. Realmente, para se conhecer bem nossa língua, a etimologia das palavras, a análise sintática, o estudo do latim é indispensável. Ele também torna mais fácil aprender outros idiomas de origem latina como o francês, o espanhol e o italiano. Mas não é só no campo lingüístico que o latim revela sua importância. Estimulando o raciocínio, ele desenvolve a inteligência. Várias ciências, por exemplo a Medicina, a Botânica, a Zoologia e sobretudo o Direito servem-se do latim . Estudiosos do mundo inteiro chegaram a aspirar que o latim se tornasse língua científica internacional. E não podemos nos esquecer de que o latim sempre foi a língua da Igreja Católica. Durante os concílios, era o idioma oficial Atualmente, o latim volta a ser introduzido nas escolas sceundãrias da França. Embora opcional, ele é escolhido por 25,2% dos alunos. Fica aí um exemplo para o Brasil
ALMOÇO EXECUTIVO
Devido a u':11 lapso: passa. mm algoas mos de ce,;,oo na 2' e 3' pãg;n,s de nossa edição de Junho
cAoDn:;~;;O LINDE.NBE.RSG/A
12 - CATO LICI SMO - .Julho 1990
En1rega-seadomicllio .... -doHú,2S! - FOt>M;67822$·82!i6270 - sP
Carpetes Cortinas Tapetes
Especializado em colocação de carpetes pelo sistema Robert's
1
RuaMMimFrancisco, 188 Telefones: 826-6554 - 826-6332 625-0508 - 66-7736 CEPD1226 - SantaCe-cilia - SãoPauk::I
Talento Estjlo Planejamento Espaço Conforto Solidez Segurança . Soluções ori~ina1s Harmoma Elegância SeusibiJjdade Sofisticação Classe Acabamento perso~alizado __ Local privilegiado ~ Sucesso
.~ri~~
7 nd Hua General Jardim 703 6 u e " ª ªr font: 2560411 saoP 1ulo
tudo com a
Das 11:0às 15:00hs
Pl~::r~~!~r: :r:s~ha
-
~
::::==
História Sagrada em seu lar tos? E (o Se nhor) disse: Não a deslruirei, por amor dos dez. E o Senhor reti Perversidade dos sodomilas
Sodoma e Gomorra Ü
PECADO de homossexualismo
difundc-schojcportodaaterra.Para se comp reender como Deus o abomina, a históriadcSodomacGomorra -cidadcsnasqua·sesscv·c·ocragcncrarz; do - é muito ilustrativa
Nem dei justos havia "Disse. pois, o Senhor: o clamor de Sodoma e Gomorra aumentou, e o seu pccadoagravou-sccxtraord"nar·amcntc Mas Abraão estava <liame do Senhor. E aproximando-se (dele) disse; Perderás tu o justo com o ímpio? Se
houvcrcinqüen1ajustosnacidadc, pcreccrao1odosjuntos? E não perdoará àquele lugar por causa de cinqüenta justos, se aí os houver?. E o Senhor dissclhe: Se eu achar no meio díl cidade de Sodomacinqiicntajustos,pcrdoareipor amor deles a toda a cidade "E re!;pondcndo Abraão, disse ... Que succderà. se faltarem cinco para os cinqüenta justos? E (o Senhor) disse: Não a de5truirei, se achar nela quarentaccinco.(Abraao)conlinuouc disse-!he:E sene lahouverquarcma(justos),qucfarástu? Naoacastigarei,disse o Senhor, por amor do~ quarenta Rogo-te, Se nhor, diz (Abraao), que te nãoindignes,secu(aindacontinuoa) falar. Que farás tu, se lá houver trima (justos)? Respondeu: Se cu achar nela trinta, não farei (a suade5truição). Visto que comecei, disse Abraão, falarei (ainda) ao meu Senhor. E se ali forem achados vinte? Respondeu: Não a arrui narei por amor dos vinte. Eu te conjuro, Senhor, cominuou Abraão, não te enfades, se cu te falar ainda uma ver Que será, sela forem achados dez jus-
"Sobrcatardcchcgaram dois anjos a Sodorna, quando Lol (sobrinho de Abrmlo) estava asscn1ado às portas da ddadc L01 inswucomclcs para que fossemparasuacasa:cdcpoisquccn traram. preparou-lhes um banquete Mas ames que se fossem tlcitar, os homens da c·datlc, l ' ' , e mcn·nl a1· aos velhos, e todo o povo junto cercaram a casa" "E forçavam Lotcomgrandcviolência: e já estavam a ponto de arrombar aporta. Ecisqucos(dois)homcns(quc estavarndcn1ro ) estenderamamão,eintrotluziram Lol cm casa . e fecharam a poria. E feriram de cegueira os que estavam fora, desde o mais pequeno até ao ma·or,dcsortequeniiopOll"arnencontrar a porta"
noções básicas Deus aniquila Sodoma. e Gomorra Os dois anjos disseram a Lotqucsc re1irassc de Sodoma, junrnmer11e com suanrnlhcrefilhas:"porqucnósvamos destruir este lugar, visto que o clamor (dos seus crimes) aumentou diante tlo Senhor, o qual nos enviou para que os exterminássemos". TcndoLot hesitado, os anjos "pcgar.11n pc!a mão a etc, a suamulhcreassu asduasfilhas,porque o Senhor queria salvá-lo. E o tiraram dacasa,copuseramforadacidade;c ali lh e falararn,di,.endo: Salva a tua vi da;nãoolhcsparatrás "Fez,pois,oScnhor chover sobre Sodoma e Gomorra enxofre e fogo (vindo)docéu:edcstruiues1ascid11dcs, e todo o paíscrn roda, todos os habitan 1es das cidades. e toda a verdura da terra. E a mulher de Lot,tcndoolhadopara trás, ficou convertida numa cst:íllla <lesai "Ora, Abraiio, tendo-se lcvanrndo de manhã, olhou para Sotloma e Go morra e para toda a tcrra daqucla rcgillo, c viu qucseclcvavamdaterrac·n s"nílamada .como o fumo de uma fornalha". (I) "Desmoronou o solo sobreoqualseclevavam as cidades malditas, 1ransformando-sc num ,·as10 lago de água muitosalgadaebcrnminosa . c111que nada pode viver Porissolhedcramo nomcde Mar Morto"" . (2) º'Deus condenou a uma total ruína as cidades de SodomacdcGomorra, retlu1-indo-as a cin zas, pondo-as por exemplo daqueles que ven' a v·ver "mp·ameme". (3)
Enquanto Lote suas fí/has afastam-se de Sodoma, a mulher de Lol, por ter de:robed«ldo a Deus, !mnsformou-s11 numa eatlllua de sal
NOTAS (l)Gcn. l8,20a 19,28 (2) Frei Bruno Hcuser, HistóriaSagradadoAntigoedoNovoTestamen to. Vozes, 1957,24 ª cd , pp. 25 -26 (3) li Petr. 2, 6
CATOLICISMO - Julho 1990 -
13
concisamente
A • Perestrolko
tocada a bomba Em declarações à revista "Debates' ', o Ministro de Defesa da rrança, Chévéncmcnl, dcclarouqucaRússiavcmcstullandoa possibilidadcdcfabricar um míssil Ínlcrcomincntai
cuja cabeça nuclear tem um poder de destruição 400 vezes maior do que o da bomba at6 m·ca amcr·cana que c'·r-~ ·u
Hiroshima ao final da Scgun da Guerra Conforme Chévêncmc111, a Rússia pesquisa também um
outro tipo de bomba ainda maisdcs1ruidor,0SS 18mOIJe. lo J ,capazdctransponar uma carga nuclear de 20megatons o que equivale à poténcia da bomba de Hiro>himarnultipli-
cadaporum milhão Parece difícil, cm meio a tal produção bélica, acrcdilar naimagcrndcpromotordopa cifismoqucamídia1cnlacriar
paraGorbachcv
Será mesmo ocaso de confiar rnmo na percstroika?
• Estatismo: fardo sinistro "Quase sem e~ceç.:lo, rl-.::ebemos doant igoGovernoempresas em ruínas". Eis a afirmação do Secretário do atual Governo da Alemanha Oriental, Gunther Krause, relatando ao Parlamemo do país os resultadosdosbalançosfinanceiros dc2.200empresasesta Mais de 50% - acrcsccn tou - só poderão sobreviver àcusrndesubsidíosc financia mentos governamentais. Um quarto do total "só têm 111na soluçào:afalênciapuraesimples"
14 -
• Ainda Chernobyl
E isso apesar de a Alema nha Oriental ser considerada uma das "jóias do mundo so cialisla". Que pensar. ent:'lo, dos demais países submetidos aojugovcrmclhoduramedécadas? Ao mesmo 1cmp0, entre nós,umscrn-ni1111erndepar\a mcn1arcs esquerdistas ainda ousam c~igir que o Congresso estude, caso p0r caso. a privatizaçãodc nossas quasc 700estatais - cm cuja área estão ne<:rosados 75% da economia bras·1c·1
• Dita dura de piquetes Minguados 400 par1ici pantcsdcasscmbléiasgrcvistas - dirigidas por mem bros do PT e PC do B -decretararn a paraliiação de setores vitais para a população urbana, como o metrô do Rio e o serviço de ônibus em São Paulo {só esta últi ma categoria congrega 45 mil membros) Na capital paulista, as 45horasdcgrevedosmoto ristasccobradorestransformaram -se num exemplo prático de como parar a maior cidade do Pais sem grandes esforços. Bastaram alguns piquetes, es1rategicamente distribuídos nos portões das nrn·oresgaragensde·n·bus. paraquedoisterçosdafrotadeixassedecircularequase seis milhões de pessoas Fi cassem virtualmente a pé Resultado: dezenas de õnibusdcpredados c várias pcsoas'r'das Paralísaro1rabalho,usandoaviolênciadospiquctes, bemdemons1raaimpopularidadcdasgrcvcs
CATOLICISMO - Julho 1990
A voragem dos fatos leva deroldàoatéosacontecementosmaisdramáticosdaatualidadc. Assim a tragédia de Chernobyl, ocorrida há qua Ucranianos e bielo-russos, presemesaumrl-.::emeCongrcssobre Meio Ambiente. cm Bergen - informa " The Economist" - distribuiramfol has mimeografadas pedindo auxilio cm favor das vitimas de Chernobyl: quase quatro milhões de pessoas impossibilitadas de voltar às suas terras! Sol' c'tam, com urg'nc·a. material médico , medidores de rad iação para pessoas e a li so
mcr~'.~~ pa:~ bebês de auxTo para limpar nossa água c terra envenenadas" - ari·mam nosfo!hctos Entretanto, nenhuma das delcgaçõcsfoisensívclaocla ,nor. Comemàrio de um ucraniano presente: "que se pode fazer? issoaconteccuháquatroanos; as pessoas perdemo 'ntcressc. "
• "Bezerro de Ouro" moderno "Quem tocar a montanha dcvcrácertamcntesermorto", disse o Sen hor, refe rindo-se ao Mome Sinai onde os Dez Ma ndamentos foram revelados a Moisés .. Por mais de trê5 111·1 , · ··,·ersosocupantcs da Península do Sinai respeitaram o local Hojc,cntrctanto,arealida de - assombrosa! - é bem Numa cs1rada, seis milhas ao norte do Mosteiro de San ta Catarina. no Monte Sinai, cncontra-scoseguímecartaz ' 'nestelocal,haverá500casas, um centro turístico com 250 cômodos, dois hotéis com 400 quartos.shoppingcenter, csco-
la e hospita l. equ ipados com todas as co mod idades " Os p ~r·nos.porsuavez, nãomaistc rãodcfazcraasccnsão dcd uas horascmciaapartir do Mosteiro pelos degraus esculpidosnapcdrapclosmonges bizantinos, trabalho iniciado no século VI. Um teleféricocond,·r·otur'staaumrestauranteea umca, ·no. Aogovcrnoegipeio - sob cuja j urisdição se encomra a regifod0Sinai - p0ucoparccc imp0rtarquconovo' ' bezcr~0~1~/~i:~a'i seja cultuado no Mais esca ndaloso , porém, é o si lêncio cúmplice dos cristãos em face de tal absurdo
• Latim: útll e agradável Convencido de que o latim propiciamaiorprccisãodopcnsamcnto,op rofessordeportuguCsTapirWatcrloocs1áminis 1randourncursodcssadiscip li na no Colégio J úlio de Castílhos. cm Porto Alegre ArgumcmacompropricdadeoBachare l cmDircito,liccnci a do cm Letras Clássicas pela PUC: "quem imaginar que os zcros novest ibu!arsej amdcvi dos ao portuguCs mal gra fado ·ncorre cm erro". Para ele, a culpacabe"àdifículdadcdos alunosemordena r opensamento, coisa em que o latim mu ito ajudava" O professor Tapir propõe a difusão do idioma latino pelasesco laspúblicaseparticularcs, como meio de liber1ã-lo do guctocmquesccnco ntra. · ·Masparascrdesfrutadopra ZCH .ente, sem obr'!!/or·edadcdcfrl-qüência'' , acrcsccn-
"
Com efeito. parece ir crescendo o número dos que quercm degusta r o latim. De inic·o,eramapenastr'sosalunos (devãriasidadesecondiçõcs); num m~s. passaram a 100
... em tempo Chtftes de cabra por copiadora Xerox Camelos. falc&s e chifres de cabra em pagamento de produtos de afia 1ecnologio... Essa é a o/ata fllS$fl para pogamemo de s11a dl~ida para c:om a Runk Xerox briliinica ("O Globo", 2112190) Dlagn6stlco de um paciente ..O Esrndo nüo sobe quanto gasta com r.!gua, /ui ou 1elejone. N4o tem comrole nem sobre seu fXllrimô-
nio. nem sobre seu pessool". l"oi o que declarou o Sr. lobo Samano, Secre1úriodaAdminis1ruçilo. Vejumoso1ru1umen1ouserapfirndo( 'Folha de S. !'1111/0", 2J/4190J
Perseguição Nove biSfJ(JS' e cerrn de 1ri1t1a padre11 e leigos mtóficos foram prl.'.ms 11 u Chitw. 011dt a 1Jerseguíçl10 ii fgreja Ciuó/icu por parle dos 01,1oridodes recrudesreu 110s li/ti mos meses, seg undo informaram em Paris ussociuçÔl's ligadas aos chineses ("O G!o/m .. , 1311190). A mui/os cutólil'0S c<Jbe <J JH'rg/U!l<J: morrer1 mesmo o comunismo?
"Transparência" A Pt()Si-Cola ,·endid<J em Moscou é mais água e m<Jis doce, par<J r,•itor que es11ionogem indus1riul roube <J /órmul<J do xarof)t'. Apesar de o merroda so.,iético fJ("'nanecer uma incógnila para os inves1idores, o Pepsi derrumo11 1rl!s bilhôes de dólares no acordo com Moscou ("'Folho de S. 1•aulo", 1014190) Olho-vivo! O lnstiluto de Finanras /,r/ernucionais. ao quul eslllo filiadas as maiores bancos do 111u11do, divulgou relatório apontando riscos subs1anciuis de frucusso: Como orriu11ar u "confi1stlo econômica que 40 anos de comumsmo" de1Xara111 no Leste?
Destaque Anglicanos na Catedral Quando. cm 1890, se í11ndou cm São Paulo uma igrcjaangticana,os=lhoresca1ólicosnãor$1:ondcramscupesarcsuainconformidadc Em 19901ramcorrcoccn1cmlriodessalamcntá vcl fundação ... e o fatocau.sou júbilo na Catedral da Sé, ondcscrcaliwu umacclcbraçãoccumênica cm homenagem a tal ccntcm\rio. Os concelcbramcs? Robert Runcic, "Arctbispo" de Westminster e priniazda Igreja Anglicana.e D. Paulo Evaristo Aros, Cardea l ArccbispodcS.'lo l'aulo Concclebradaporpastorcscrcvcrcndosdas lgrcjas Lu terana, Mctodi sta, l'resbiteriana Unida, l'rei;bitcriana lndcpcndcn1c. Cmó lica Ortodo~a. a cerimônia contou ainda coma presença de l2côncgos, JI 5Jlccrdoh!s, 40scminari~1as, além de 1rêsbíspos1 rk1890a1990,algomudou.OquC?l'orquê? l'arnquê?Pcrgun1asprópriasadcspcrtarrcspostas cheiudein1eressc Entrernnto, 1ais respostas - é quue ccno - ninguém, nos círculos anglicanos e menos ainda nos clrculosca1ólicos.asdari QualoporquêdcsscsilEncio?
lá... ··Precisamos inCf.'nm·ur a emrudu de capt1ul e te<:nQ/ogiu Q(:iden IUI no país. Pura nós. o ml'l!Slm1ento es1rungeiro é 1110 vit<Jl quon/o o
oxigênio" (Aleksonder Pasynski, Minislro du Hubiturdo du Polônia)
... e Cá! "Temos que f)t'nsur primeiro em como impedir as privatizaçôes, com umu utuaçdo muls que oparlumentar" (lula. "Jornal do Brasil°". {J/J/90)
Nostalgia da virgindade "A virgimlude é uma das minhas mais profundu.f no.tta/gias" ('"O Globo", 24/2190). &ponte-se leitor, mus este dito ndo é de um reacionário. t do já falffido dramaturgo Nelson Rodrigues. conhecido en1re1onto por s,10 literatura largamente imoral Desabafo daquilo q 11e m 11i1os (11111i1us) senrem mas n(fo têm coragem de dizer
t ef/ilivo ver o Rio de Janeiro virur 1111111 comple to favela, ..A si/llaçllo chego ao obs11rdo de ~·f!'rmos u uutoridode la men1ar a desapareômenro de burracru desmontadas pe/o1· próprios favelados, como aco,r/tcr11 re-ce,r/emente na ruo Muna Muchado ... " ("'O Globo", 16/J/90). Apareceu e sumiu e o df!'sgoverno ,rem viu "fa-ve-lan-do"
Novidade da China Paro e~i1ar as ime,rsas filas df' espera de casa própria, nado menos do que 40 mi/h(}es de chineses passaram a morar em c,wernas, um sis/Pmu que /em 01roldo 1am~m pessoas que habíram aparlamf!'ntM em construç(Jes de péssima quolidadf!' ('"Transbrasil-Revisla de Bordo··, abril de 1988),
Mela-volta!... "Segu,rdo o Mmislério da Agriculwro, o Go\'erno Samey assentou {leia-se acompou/ 89 mil famllias. Das quais 40 mil voltaram às cidades por /olra de /njra-e-strumro no rampo"'.('"Folha di'S. Paulo", 14/J/ 90). Eosrestames:produzem? vivl'm?uinduexistem?
Eles não mudam! Mudam os cmó licos. Mud:ir3o os comunistas? Assimnosqucrcmfa:r.cr crcr osmeiosdepropaganda ao anunciarem a "mor1c do comunismo". espccialmcmc com a pcrcstroika. Mas o que pensam os próprios comunistas a tal respeito? Vejamos a opini.'lo, insuspeita. de um de les, o dirigente máximo do Partido Comunista Portu guês, Á lvaro Cunha l, co11sidcrndoo líder com unis ta europe u mais fiel ao comunismo russo de inspiraç/10 stalinisrn, que deveria.cm princípio, vcrnapcrcstroikaumaameaçaàsuaconcepção Entretanto afirma cm em revista ao semanário ''Expresso'" de Lisboa, de7de abril pp "'Sempre estivemos muito próximos do l'ar1ido Comunista da União Soviética (PCUS) e continuamos a estar. Co n1inuamos com muito boas relações, N3o julguem a lguns que a vitória da pcres1roikaserâaq uiloquedcsejam - a vitória dosproc:cssosanti-sociatisrns na Uni!i0Sovié1ica. O Partido Comunista Portugu& (PCP) vê lla perotroika uma renovação e um avanço do socialismo para uma sociedade nova. que reali1.a o ideal dos comunistsas. Isso corresponde ao nosso ideal e nós somos solidários com~ pcrcstroi~a--, Realmente os comunistas nll.o mudam!
CATO LI CISMO - J ulho 1990 -
15
Vírus ~ desagregador da familia A
MORAL<>o-
va põe cm xeque a noção cató lica tradicional dccasamcnto e ameaça extinguir o que restada instituição familiar.
-
"Foi o namorado de
minha mãe quem me deu
de presente este relógio de pulso". -"Meupaiestádcscasado pela segunda vez". Frases desse gênero, nos lábios de um jovem, seriam absolutamente impcnsáveis e incomprccnsiveis alguns anos atrás. Entretanto, hojc em dia, elas são pronunciadas com naturalidade e infelizmente não mais pareccmabsurdas,vãoatésctornando frcqücmcs. Namorado é um termo
que não se aplica apenas a pessoas solteiras, como anteriormente. Hoje pode qualificar pessoas cm qualquer cstadocivil:scjamclascasadas legitimamente ou então desquitadas, divorciadas, concubinadas uma ou várias
Eis ai um dos simomas doavançadoes tágiodcdcsagrcgaçãocmq uescencontra aatual familiabrasilcira,cstágio este, grosso modo, vigen te cm todo o mundo. 16 -
prichoso o · 'amor' no sentido mo
conjuga l para a maioria das pessoas Divórcios e situaçõcs irregu lares tornaram-sc 1110 frc qücmcs, que surgrn um novo termo - descasado - para indicar aquele que, após a primeira união conjugal ou subseqüentes concubinatos de alguma durabilidade - vivem cm regime de amor livre Como foi possível urna revo lução nos costumes tao profunda,aqualvemscaecntuando nas últimas décadas? Qual o vírus responsável por essa deterioração do pi lar básico da sociedade - a farnília? Esse vírus desagregador nós o encontramos caraeteri-
CATO LIC ISMO - .J ulho
mente todos os países da atuali dade Dcfi-
teticamcntc ecorn penetração esse processo tendencial-doutrinário o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira cm seu já famoso ensaio "Revolução e Contra-Revolução": "Inspiradas pelo dcsrcgramentodastcndê nciasprofundas, doutrinas novas cd o dcm"
Novas Idé ias sobre moral, sexo e casamento Para os lamentáveis dou trinadores da moral nova, a moral tradicional da Igreja nàocravcrdadeiramentecris-
tà,nàocraficlaoensinamcnto contido nas Escrituras Era uma moral profundarncntc influcnciada pclas doutriuas dos estóicos e maniqueus (vcr quadro (l)J, dualista. legalista, presa a uma série: de norma~ fixas, intransigentes, imutáveis,quenãolevavam cm conta o ambiente cullural, a evolução histórica da humanidade e a situação particular de cada homem A moral nova, por sua vez, segundo os mesmos doutrinadores, deve levar cm conta os sinais dos tempos, a evolução histórica da humanidade e os novos conhecimentos trazidos pelo progresso das ciências. Este progresso é que indicaria oco nhccimcnto que o homem tem de sua própria nat ureza. A consciência individ ua l, na moral nova, passou a ser ocritérioparajulgaramoralidadc de um a10, e o poder decisório supremo para ag ir, sem interferências externas de espécie alguma. Ou seja, uma moral totalmente subjetiva, que despreza ou ignora os principiosda autoridade e da obediência, aceitanto só aquilo que deseja ou que compreende. Alndascgundoos defenso res dessa nova dout rina, a moral tradicional não con-
cedia à sexualidade a importãncia que ela realmente teria na vida de todos os homens. Esta concepção da moral católica em relaçãoao sexo haveria prevalecido na Igreja, durante tantos séculos, devido principalmente à autoridade de São Jcrônimo e Santo Agostinho, os quais, segundo os novos moralistas, se teriam deixado iníluenciar por uma visão estóica e maniquéia da moral, especialmente no que se refere à sexualidade. Como se vê, nem grandes santos são poupados no desejo de demolir os princípios pcrenes da doutrina da Igreja! E a sexualidade passou a ser encarada por esses doutrinadorcs de um modo unilateral, apenas como algo criado e desejado por Deus, sem os cuidados e reservas que a moral católica tradicional impunha nesta matéria, cm vista do pecado original.
Prazer egoísta: fim prlnclpal da um falso matrimônio
lidadc do vinculo matrimonial 1eria como principal sustentáculo o amor entre o cõnjuges. Ora, é sabido que tudo aquilo que repousa exclusiva ou principalmente no afc10 e no sentimento é frágil e de fácil ruptura. Se o vínculo se sustenta principalmente no amo r, deixando este de existir aquele está praticamente desfeito. O que é um modo de negar a indissolubilidade do vinculo matrimonial fundamentada essencialmente na Lei natural e no Sacramento instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo.
A palavra do Magistério Para não alongar demais o presenie artigo, citaremos apenas três exemplos das atitudesdoSagradoMagistério, assumidas cm ocasiões bem
diversas, para indicar a con1inuidade da denúncia e da reaçlloda Santa Igreja diante dessa investida da imoralidade
1) Em 1930, Pio XI Há 60 anos, Pio XI, CIII sua célebre encíclica "Casti Connubii ", de 31 de Dezembro de 1930, denunciou essa difusão de idéias e doutrinas demolidoras do casamento e da familia, que ele observara já naquela época: "Ê um fato, em verdade, que nllo já em segredo, nas trevas, mas abertamente, posto de parte todo o sentido do pudor, quer por palavras, quer por escrito, pelas representações teatrais de todos os gêneros, pelos romances, pelas novelas e leituras amenas, projeções cinematográficas, pelos discursos radiofônicos, enfim, por todas
as descobertas mais recentes da ciência, se calca aos pés eseridicularizaa santidade do matrimônio; ao passo que, ou se louvam os divórcios, os adultérios e os vicios mais ignominiosos, ou pelo menos se os pintam com tais cores, que parece que os querem mostrar como isentos de qualquer mácula e infâmia." {doe. cit., Ed. Vozes Lida, Petrópolis, RJ, 3" ed. , 1951, p. 21) Podemos imaginar qual seria a reação de Pio XI diante de tudo o que é transmitido pela televisão em nossos dias! E especialmente se esse Pontífice tomasse conhocimen10 das aberrações morais que, de modo crescente, as TVs brasileiras ostentam a milhões de telespectadores - muitos deles presos ao video como o viciado ao tóxico - na apresentação das novelas.
Para os novos morallslas, tilhos nlo planejados perturbariam a telicldllde dos pais
Por outro lado, para eles, o casamento deveria ter como principal finalidade, não mais a procriação e a educação dos filhos, como sempre ensinou a doutrina católica tradicional, mas o bem individual dos cônjuges. O relacionamcntodcstesvisariaan1esdetudosuarealizaçãoenquanto pessoas e enquanto casal, seu aperfeiçoamento e sua satisfação. Porisso,afirmam os novos "moralistas", o nascimento de um filho ni'lo planejado, não previsto, constituiria urna perturbação dafinalidadcprincipaldocasamento,queseriaoaperfeiçoamento e a harmonia conjugal. Uma po:;ição, pois, fundamentalmente egoísta. Ainda segundo tais doutrinadores, também aestabiCATOLIC ISMO - Julho -
17
No mesmo documento, ao tratar dos bens do matrimônio, aquele Pontífice coloca os filhos como o primeiro desses bens. E prossegue: "O segundo bem do matrimônio .... é o bem da Fé, que é a mútua fidelidade dos cônjuges no cumprimento do contrato matrimonial" (doe. cit.., p. 10) "E até, para que o bem da fidelidade resplandeça com todo o seu brilho, as próprias manifestações mútuas de familiaridade entre
cio. Após sua introdução, sucessivas alterações legislativas foram abrindo cada vez maisaspossibilidadesdedissolução do vinculo conjugal em nossa pàtria, de tal modo que se chegou a uma virtual adoção do amor livre Eraocaminhonaturalctrágico que se poderia prever desde o aparecimento da primeira lei divorcista há 13 anos. Aplicou-se, no caso, a frase da Sagrada Escritu-
''A verdadeéqueocasamenco, como instituição natural, em virtude da vontade do Criador, tem por fim primeiro e intimo não o aperfeiçoamento pessoal dos esposos, mas sim a procriação e a educação da nova vida Os outros fins, embora sendo igualmente queridos pela natureza, não se acham na mesma linha que o primeiro, eaindamenoslhesão superiores, mas, ames, lhe
Vozes, Petrópolis, 3• edição, 1963, nº 47 e 48). E para deixar bem clara a posição da verdadeira doutrina católica, Pio X II vai ao ponto de defender-se da acusação de maniqueísmo e dejansenismo,assacadaspelos progressistas. "Este nosso ensino nada tem a ver com o maniqueís. mo e com o janscnisn10 (ver quadro li), como alguns querem fazercrerparasejustifi-
e'
~!r~:c~:1;t::z:cm ser / ~ pela castidade,
~
f ~t:~;fa
fü.f
natura!" (doe. c1t., p. 12)
-
Como essa linguagem é diferente daquela de cerrns autores para quem tudo é permitido, desde que haja ''amor" e respeito pela vontade do outro. Para a doutrina católica, o amor é um elemento que deve facilitar a fide lidade e a castidade "Esta fidelidade da castidade . . resultará mais fácil e até muito mais agradável e nobre por outra consideração importantíssima: a do amor conjugal" (doe. cit. p. 12). E a razão deserda indissolubilidade não é o amor, mas a instituição divina e a Lei nawral "O matrimônio, mesmo no estado de natureza e certamente muito ames de ter sido elevado à dignidade de sacramento propnamcntc dito, importava consigo, pela sua divina instituição, a perpetuidade e a indissolubilidade do vinculo, de modo que não pudesse ser dissolvido depois por nenhuma lei civil" (doe. cit., p. 16). Até 1977alegislaçãobrasileira não admitia o divórt8 -
Indissolubilidade do vínculo coníugal e estab/1/dade do lar: valores que estão desaparecendo
ra: "Um abismo atrai outro abismo."
2) Em 1951-1952, Pio XII Cerca de 20 anos depois, Pio XII, em discurso às participames do Congresso da União Católica Italiana de Obstetrizes (alocução sobre o apostolado das parteiras), aponta as idéias errôneas que se difundiam a respeito da moral e do casamento, insistindo na exposição elara e metódica da doutrina católica sobre o tema:
CATOLICISMO - Julho
são essencialmente subordinados. ,, Para corrigir as opiniões contrárias, num de ereto público a Santa Sé declarou não se poder admitir o pensamento de vários autores recentes que negam se ja o fim primário do casamento a procriação e a educação do filho, ou ensinam que os fins secundários não são essencialmente subordi nados ao fim primário, mas lhe são cquivale111es, e dele são independentes" (Alocuçào sobre o Apostolado das Parteiras,29/ 10/1951,Documentos Pontifícios nº 82,
carem. Ele é pura e simplesmente uma defesa da honra do casamento cristão e da dignidade pessoal dos esposos" (op. cit., n~ 68). Em 18 de abril de 1952, Pio XII dirigiu urna alocução às participances do Congresso da Pcdcraçào Mundial das Juventudes Femininas Católicas, ocasião em que denunciou novamente os princípios errôneos da moral nova "O sinal característico dessa moral é que ela não se fundamenta sobre as leis morais universais, como,
porexemplo,osDezMandamentos, mas sobre as condiçõcs ou circunstâncias reais e concretas nas quais se deve agir, e segundo as quais a consciência individual deve julgar e escolher. . A decisão da consciência, afirmam os propugnadores dessaética, não pode ser comandada por idéias, princípios ou leis universais. A fécristã(pelocontrário)fundamentasuascxigêndasmoraissobreoconhecimentodeverdades essenciais e de suas relações" (Discorsi e Radiomessaggi di Sua Santità Pio XII, vol. XIV, Tipografia Poliglota Vaticana, p. 72).
31 Em
1975,
Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé Quase 25 anos depois, o Magistério Pontificioelevava novamente sua voz para denunciar e combater a corrupção geral das idéias e dos costumes observada na sociedade. Eofczatravés da"Declaração sobre alguns pontos de Ética Sexual", documento emitido pela Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, cm 29 de dezembro de 1975. "Nestes últimos tempos, aumentou a corrupção dos costumes de que é um dos maisgravesindiciosurnadesmesurada exaltação do sexo; ao mesmo tempo, pela difusão dos meios de comunicação social e dos espetáculos, ela tem vindo a invadir o campo da educação e a infectar a mentalidade geral ... "A Igreja não pode ficar indiferente diante de uma tal confusão dos espíritos e de um semelhante relaxamento dos costumes" (doe. cit., Editora Vozes Ltda., Petrópolis, RJ, 2ª edição, 1976, pp. 3-4)
Em seguida, refutando argumentos da moral nova, o documento reafirma aprevalência da Lei natural sobre a consciência individual: "Em matéria moral, porém, o homem não pode emitir juízos de valor segundo o seu alvedrio pessoal: no fundo da própria consciência, o homem descobrccfetivarncntc urna lei que ele não se impôs a si mesmo, mas à qual deve obedecer" (doe. cit., p. 5). Depois de justificar a perenidade da doutrina tradicional da Igreja, baseada na Lei divina e na Lei natural, "Dado que a ética sexual concerne a certos valorcsfundamcntaisdavidahumana e da vida cristã,. cxistem,quantoaesteassunto, princípios e normas que, sem hesitações, a Igreja tem vindo a transmitir sempre no seu cnsinamemo, por muito opostos que lhes tenham podido ser as opiniões e os costumes do mundo. Tu.is princípios e tais normas nãotêm,demancira nenhuma, a sua origem num determinado tipo de cultura, mas sim no conhecimento da le1 divina e da natureza humana" (doe. cit., p. 7). Do mesmo modo que Pio XII, em 1951, também a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, em 1975, se viu forçada a defender-se da acusação de maniqueísmo, que os progressistas estão continuamente lançan do contra aqueles que ensinam a moral católica tradicional: "Os princípios e as normas de vida moral reafirma dos na presente Declaração devem ser fielmente manti dos e ensinados ..... A lgrc ja os mantém, não como in veterados e invioláveis 'ta bus' nem cm virtude de pre
PARA COMPREENDER: (1)
A moral est61ca Em fins do século IV a.C., Zcnão de Citium (340-263 A.C.) fundou cm Atenas a Escola es1óica, cujo nome se originou do fato de que esse filósofo le· cionava sob um pórtico (soá cm grego) da cidade. Essa escola se salientou na História da Filosofia por sua doutrina moral, que consiste essencialmente no esforço ou tensão para se atingir a felicidade suprema (ataraxia em grego), a qual se alcança exclusivamente nesta vida, segundo a natureza racional. Sendo pagã, a moral estóica não admite o sobrenatural e a graça divina, atribuindo ao mero esforço natural do homem os meios necessários para se obter a ataraxia.
o manlquelsmo Doutrina religiosa pregada por Mani (216-277 D.C.) na lndia e espccialmcme na Pérsia. Consiste ela numa mescla de elementos da religião persa, como o dualismo (luta eterna entre dois princípios), do budismo e do Cristianismo. Em virtude de numerosos elementos cristãos que incorporou à sua domrina religiosa falsa, o maniqueísmo é considerado uma heresia pela Igreja. Mani foi executado por ordem do rei persa Bahram 1 sob a acusação de destruir, mediante a pregação de sua doutrina, a religião do pais, o mazdcismo. A base da doutrina maniquéia consiste na oposição eterna - o dualismo - entre dois princípios, a luz e as trevas, o bem e o mal, denominados respectivamente Ormuzd e Ahriman. Há elementos típicos que rodeiam cada um desses princípios, como luz, fogo, água, terra, caracter!sticos de Ormuzd, o princípio do bem. E trevas, barro, fumo são próprios de Ahriman, o princípio do mal.
Os defensores da moral nova acusam falsamente a moral tradicional da Igreja de ser influenciada por uma visão estóica porque ela, além de admitir o auxílio proporcionado pela graça divina ao homem, defende também a necessidade da colaboração da vontade humana para se praticar a virtude e se evitar o pecado. Acusam ainda a autêntica moral católica de ser influenciada pelo maniqueísmo, com base no fato de que ela admite a existência de uma inclinação do homem. cm virtude do pecado original, para o mal. Mas, na verdade, ao contrário da tese maniquéia, a doutrina católica ensina que o mal não constitui um principio de ser, pois apenas Deus - o Sumo Bem - é o único princípio criador e sustentador de rndo o Universo. CATOLICISMO - Julho -
19
conceitos maniqueus, confor-1 indi.ssolubilidade d.o. vínculo me se ouve repetir muitas vezcs, mas sim porque ela sabe com certeza que eles oorrcspondcm à ordem
~!~": :: cria-
espírito de Cristo" (doe. cit., p. 20).
matrimonial;orespc1toabsoluto à lei natural na vidaconjugal. Enfim, tudo o que podena restar de sadio e fiel à
~· ~ d::t~: : ~~:~=d~º:a~º:;~: :~.
J
'I \
do corroído e des.truido pela difusao e aphcaçao dos princípios da moral nova. Já é bem
\
\ Para os defensores da moral nova, Santo Agostinho, o grande Doutor que Iluminou a História
da Igreja no século V, leria se deixado influenciar por uma visão estóica e
Tombém constituem alvo da investida progressista: a hierarquia e a diversidade de funções na vida familiar; a
PARA COMPREENDER:(11) A heresia jansenista Doutrina condenada pelos Papas Alexandre VII, cm 1656, e Clemente XI, cm 1713. Tal heresia foi originariamente defendida em obra de Cornélia Jansen ou Jansênio, nascido na Holanda meridional, em 1585, professor de Sagrada Escritura na Universidade de Louvain, posteriormente elevado a bispo de Yprcs (Bélgica), vindo a falecer nessa sede episcopal cm 1638. A questão janscnista surgiu dois anos após a morte de Jansênio, com a publicação de sua obra póstu-
maniquéla da moral
didamente os jansenistas e a obra de Jansênio, a qual foi proibida pelo Papa Urbano VII I cm 1641. Os hcrejcs lançaram então uma imensa campanha de descrédito contra os jesuítas, acusando-os caluniosamente de pregarem uma moral laxista e defenderem a corrupção, Sob aparências de piedade e vida interior. os jansenistas, com sua doutrina, afastavam as almas dos sacramentos. Apesar da condenação pontifícia da doutrina de Jansênio, em 1656, esta renasceu com o livro "Reflexões morais" de Pascásio Quesnel, editado em 1671. O Papa Clemente XI condenou, mediante a célebre bula "Uni gcnitus", de 1713, as 101 proposições dessa obra.
ma "Augustinus", a qual se apresenta como fruto de
20 anos de estudos sobre a doutrina de Santo Agostinho, o grande Doutor da Igreja do século V. "Augustinus" contém a história da heresia pclagiana, disseminada no início do século V, um tratado sobre o estado da natureza decaída pelo pecado original e outro sobre a graça do Salvador. Nesta última parte, Jansênio expõe seu conceito de graça divina como algo que opera de maneira irresist ível. A doutrina jansenista apresenta uma tendência a tornar hirta a piedade católica e a fomentar o espírito de soberba. Na França, as doutrinas de Jansênio encontraram defensores ardorosos e de certa significação, como o abade Saint-Cyran, Antônio Arnaud e as religiosas cistercienses de Port Royal. Os jesuítas combateram deci-
20 - CATOLIC ISMO - Julho
Os progressistas defensores da moral nova qualificam equivocada e maldosamente de jansenista a moral católica tradicional - como adverte Pio XII em sua Alocução de 1951 - procurando assim apresentá-la de modo distorcido. Na realidade, a moral católica, que prega a virtude da pureza segundo o estado, e portanto, a seu modo, também na condiçao de casado, nada tem a ver com a falsa austeridade moral dos jansenistas. E, de outro lado, opõe-se à tendência permissivist a da moral nova, que procura desvincular o matrimônio católico das normas perenes que o regulam, contidas na Lei divina e na Lei natural.
Escrevem os leitores • Gl6rias de Maria Caiu-me recentemente às mãos um liv ro sobre Nossa Senhora intitulado "Glórias de Maria", escrito por um Doutor da Igreja, Santo Afonso de Ligório. Como CATOLICISMO difundeadmiravclmcnteadcvoção a Nossa Senhora - coisa infeliz.meme rara em nossos dias- mevi contagiadap-0, esse tao bom exemplo e cheia de ardentíssimo desejo de que todoomundoconhcccssee lesse esse livro, ta! o bem que faz às almas. Mas ... que vale uma recomendaçao minha? Segue entãoumadopróprioSto.Afon -
so: "O pouco que escrevi bem podebastarparaarrcba1ar-vos cmcmusiasmodiantedcssegrandc tesouro quc é a dcvoção à MaedeDcus,àqualclasernprc
corresp0ndccomscupodcroso patrocínio. Cumpri agora, lcitorqucrido,odcscjoqucmelevouacscrcvcrestaobra:vcrvossanto,filhoapaiitona<lo<les· ta amabilíssima Rainha". Faço votosdequeparatodossecurnprarnassantasaspiraçõcsdo autor de "Glórias de Maria" P.S.-Scacharernconvenien· te colocar no final da carta os dadosrefcrcntesàeditora<lo livroparaauxíliaraalgumpossivel leitor, aqui vão: Editora Santuãrio: rua Pe. Claro Mon teiro, 342; fone{012S)36-2140: 12.570-Aparcci<la (SP). (A· na Elizabeth da C rui H.ibei ro, Joao Pessoa-PB).
• Genocldlo vendeano Estasemanaaolerarevista "O CATOLICISMO" nas págs. IS,16 e 17, intitulado ''Glorificaçao<loGenocídiovendeano", percebi qucofarisaismo,hipoeresia(sic),po;cudo-cristaosaindacommuitoprazerin· tegram o quadro <la Sociedade Crist ianiza<la,porémnaoEvangeliza<la. Com muita dor "<le
cotovelo''ocolunisrnqueescreveuaquclasmiseraslinhas. nada mais tinha qur recalque da alta sociedade, Evidentemente que numa festa alegre e subtil como aque la, não poderia mencionar àqueles míseros cristãos vilepend iados{sic) na querra (sic). Por ventura esqueceu o colunista que, há muito tempo atráz(sic) , numaépoeachama<laldadeMéd ia,foramvilepcn<lia<losmaisdcJmilhõesdepessoas,peranteestcsJOOmilcristãos que ele reclama agora? É puramcnteumsofísma,paralcigos ina<liplcntes na leitura. Este é mais um pseudo-prosélito de meu mestre, Jesus. Talvéz oscincoanosdevidacelibatáriafoiosufícienleparamelhor conhecê-los. Não quero comes· tadesmoralizararevistacmuitomcnosserirreverentc, porém salicntarparaque,aoatirarmos pedrascmterrenoalhcio,ficarrnosprepara<losparaoretorno (LuisEugê ni oMarcon des.Guaratinguctá-SP). Notada Redaçã o - A carta deste missivista não é nada clara (e o português individual emquefoiescritanãolhefacilitaain1elccção).Cáeláurncertorançoprotestanteparecedesprender-se do texto. O que é uma "sociedade cristianizada mas não evangelizada"? No que percebeu ele "farisaísmo, hipocresia pseudo-cristãos''? Não conseguimos adivinhar.Se· gun<loomissivisla,oartigoimpugnadorcvclaria''dor decotovelo''. Esta expressão, popular, significa uma certa mágoa, um certo despeito por não se ter aquilo que outros têm. Qual é, nocaso,odespeitoqueoautor do artigo revelaria? Em relação a quem? Por outro lado, seria "recalque da alta sociedade" defender,comoofazoartigo, os pobres camponeses venóeanos dizimados pe las hordas revo· lucionãrias? Porém, o aspecto
mais pitoresco da carta talvez seja a comparação, em pé de igualdade, entre o que ocorreu, de um lado, na Vendéia(região daFrançadernmanho-7.000 Km2 - menor do que a Grande São Paulo), no periodo de aproximadamente um ano, e de outro, o que aconteceu cm lodaa Europaduranteoperiodohis1óricodemilanos,chamado lda<le Média! Positivamcntefallaaqu i aom issivista,entre outros sensos, também o das proporções. Talvez os leitores. quecomonósficamsemcntender,cstejam igualmcntcenqua· dradoscntreos"inadiplcntes na leitura" ... Depois disso tudo, ainda há os "cinco anos <levida~elibatãria' 'queomissivista kvou para nos conhecer melhor. Enfim, como a carta talveztcnhasidoescritaemestadofcbril,cumpre,nosnfoincrcpar, mas sim procurar acalmar o nosso missivista. E isso de dois modos. Primeiro,dizen<lolhequenãoreccic,çomsuacarta, "desmoralizar a revista" Não há nenhum perigo de que isso ocorra. E por fim, que não se preocupe com "as pedras" quee!eern"retorno"di1, nos ter atirado. Elas nem sequer chegaram até nós.
• Palpitantes Ao ler alguns cicemplares da revista CATOLICISMO gos, rei muitodosassuntosabordados,extremanenteinteressantcs e palpitantes (Carlos Ah"es de U'les, ltabcrai-GO).
• Excelente Gosta riadefazerumaassinaturaanualdacxcelenterevista CATOLIC ISMO (Ma nu el dt So uza Figueiredo, BclémPA).
• Pombal Primeiramente felicito pelo CATO LI C ISMO, edição de ou tubro. Até a revista Visãojulgounecessáriopublicarumanota a respeito. O artigo sobre o irnpériogorbachcveanofoibas1an1e contunden1ec solidificou nosleitoresoespíritoconlra·revolucionário. Segundo: como se tratou do ímpio Voltaire,su· geriria que CATOLICISMO focalizasse a sinistra figura de Pombal, já que ele comungava das mesmas idéias de Voltaire, viveu na mesma época e seus atos afetaram <liretamen1e a nósbrasileiros,jáquepertenciamos ao império português (J. Lu i7, Vieg11sde Barros, Jundiai -S P).
• Devoção Mariana Urnscnhormos1rou-seitueressadoemfazerumaassinatura da revista CATOLICISMO. Pcçoqucenvieproposta.Rogamos a Nossa Senhora que abençoe e que CATOLICISMO possa ser o arauto da fé edadevoçãomariana(Fern a nd o Anton io Sabino Corde iro , 11.ecife-PE).
• Amigos • Ensinamentos Venho por meio desta cnviarmcuscalorososcumprímentos à redação de CA TOLICISMO por suas reportagens tão atuais.Comoleitoraassiduaestou cada vez mais entusiasma· dapelosassuntoscar1igosque cada revista nos traz, como no nº 469: "Simpósio Cientifico sobre o Santo Sudãrio de Tu rim": "20~ Bienal: tédio e indiferença face ao hediondo": "O pcqucnoórfão" , Tambérnparabenizo pela "História Sagrada cm seu lar", pois nos traz um ensinamento mais fácil para quepossamostransmitiràsnossascrianças (Teresa Matildede JesusdeAbreu,Santos-SP).
Há muito que leio a vossa revista que recebo de amigos, masgostariadcterarninhaassinatura (Apa recido Sq 11 ivi, Monçõcs-SP).
• Atuallsslmos É com grande prazer que chegou às mi nhas mãos e acabode ler a revista CATOLICISMO de julho/agosto de 1980. Foi muito feli1. o Prof. Plínio CorrêadeOliveiraemescrever os comentários nela contidos, vistoqueapesardepassar uma décadasãoatuaHssimos.Gostariadeassinarestarevista(A maroCesériodaSilva, Floríanópolis-SC),
CATOLICISMO -
Julho 1990 -
21
Uma revolução igualitária REVOLUÇÃO Francesa! O tema ocupou as páginas de
nâ!s~~~ii=t~~~~~~er~Jet;;;9~t=
em fevereiro do presente ano, a propósito das comemorações do bicentenário daquele trágico evento. Fatos diversos e centrais do período revolucionário (1789-1815) foram aqui lembrados, bem como noticiadas as comemorações realizadas no ano passado, sobretudo na França. Hoje, apresentamos aos leitores uma análise do que foi o espírito da Revolução
Franfit:íael~c:flaº fc:~e9;~ desencadear até nossos dias. O presente trabalho - o qual
no; ~~~~~nd~ªR:;ofu~~fi~~~~~~=~ - é o resultado de anotações extraídas de uma penetrante conferência do Prof. Plinio Com.~a de Oliveira, proferida para sócios e cooperadores da TFP, em 23 de agosto do ano passado. Foto ao lado: abertura dos Estados O. rals na França, em 5 de maio de 1789. Ao fundo, o Rei luiz XVI, no trono. À dlrena do trono, o Clero; d esquerda, a notmua; no primeiro plano, os deputados do Terceiro Estado, a pleM. Exemplo de sociedade hierarquizada.
AS REAÇÕES do público notadamente o francês - a propósito das comemorações do bicentenário, pode-se notar um tom geral a respeito da Revolução Francesa, definidamente discrepante daquilo que se poderia considerar, a1é há pouco, como sendo o pseudo-tom geral; ou seja, um tom oficial que procurava impor-se a todo o mundo, e que se apresentava como aceito por todos. Ora, nas matérias sobre a Revolução Francesa publicadas por nossa revisia ao longo destes meses, alguns leitores pouco familiarizados com o nos-
N
22 -
CATOLICISMO -
Julho !990
so pensamento, talvez tenham tido uma surpresa. "Então, 'Catolicismo' não é incondicional a favor da Revolução Francesa? Bem, é possível. contra a Revolução. alegar crimes, desastres, ações infames; mas tudo isso não será secundário em relação ao grande roteiro central ideológico da Revolução, roteiro que é uma maravilha? Ou seja, a Revolução não 1rouxe consigo uma concepção do mundo, do homem, das coisas, do Estado, da sociedade civil, da economia, da arte, da cultura, que é uma concepção una e magnífica, que reno-
vou o mundo e o colocou nas vias em que ele se encontra?" De fato, respondemos nós, a Revolução trouxe consigo uma concepção una, pior do que todos os crimes que ela cometeu. Concepção que é a causa de todos os desastres diante dos quais nós nos encontramos. É o tema deste artigo. A Revolução questionada na frança É muito mais fácil manter uma visão otimista e glorificante da Revolu-
movida pela inveja Plinio Corrêa de Oliveira Calúnia que se desfaz "Se o povo não tem pão que coma brioches". Esta Frase atribuída à rainha Maria Antonieta de França, correu o mundo e passou para a História, ao menos para a que é apresentada por alguns historiadores. Mostraria bem o desprezo com que no final do Antigo Regime, a soberana fran· ccsa considerava a triste situação do pobre povo faminto. Ou pelo menos seria indicativa de quão alheia estava a rainha às necessidades desse mesmo povo, a ponto de ignorar que a brioche - feita de trigo, manteiga e ovos - seria ainda mais dificilmente obtida pelos famintos do que o simples pão. Tal frase foi um dos ingredientes apimentados da legenda negra, que se procurou tecer cm torno da dcsditada rainha, barbaramente guilhotinada pela Revolução Francesa, em 1793. Mais recentemente, porém, a biblioteca do Congresso dos Estados Unidos publicou um livro - "Respectfully Quoted" (Respeitosamente citados) - que coleciona citações erroneamente atribuídas a personalidades célebres. Nele se demonstra que o dito atribuído a Maria Antonieta de fato foi cunhado décadas antes por uma esquecida dama da corte francesa ... Ó Revolução, corno mentes! Como calunias!
ção Francesa, fora e longe da França, do que dentro dela. Porque sobre o solo francês ainda permanecem, por assim dizcr, as 10rrentes de sangue derramadas pela Revolução. Nos ecos da vida francesa ainda como que se ouvem os gemidos, os bramidos, as aclamações, as exclamações, os protestos, os argumentos de gerações inteiras que se têm sucedido na França, discutindo a Revolução. De modo que, para os franceses é mui!O mais concebível a Revolução ser discutida e atacada, do que para populações de países distantes, onde ela po-
de ser apresentada folcloricamentc como um acontedmcnto triu nfal, á maneira de um bolo de noiva, todo branco. A globalidade do povo francês apresenta uma atitude mui!O mais questionantc cm face da Revolução, do que por exemplo o público brasileiro, ou de qualquer outra parte da Terra. Como o mundo lucraria em percebcr que dentro da França se acredita menos no mito da Revolução, do que , se acredita fora da França! E compreender assim a grande artimanha levada a cabo por gerações de revolucionários, para arrastar o mundo - sem análise, curvado diante do fato consumado - a uma accitaçilo vil da Revolução Francesa. Aceitação sem discernimento, sem inteligência e sem coragem. Na discussilo que vem se dcsenvolvendo na França a respeito da Revolução de 1789, podemos distinguir duas etapas. A primeira vai até fins do século passado, quando começou a ser posta em prática uma aliás controvcrtidíssima política de aproximação dos católícos com a democracia moderna, e~nhccida corno "Ralliement".
Até o "Rallieinent", a idéia era de que altar e trono constituíam duas vítimas da Revolução, solidárias porque a Revolução as odiava de um mesmo ódio e queria afogá-]a5 num mesmo sangue. De fato, a Revolução igualitária de 1789 desencadeou simu haneamente uma perseguição anti-religiosa e anticlerical e outra antimonárquica e antinobiliárquica. E por detrás dessa dupla perseguição, havia um único pensarnenw, que os revolucionários desejavam impor corno molde para as idéias, para a ação e para a estruturação do mundo inteiro. làl pensamento falso baseava-se no seguinte principio metafisico: a desigualdade faz sofrer aqueles que estão embaixo. É sempre penoso para o amor-próprio humano ter superior. E por causa disso, as organizações antiigualitárias, hierárquicas de qualquer ordem, seriam odiosas. Por exemplo, adotada a ótica revolucionária, tornase explicável que um trabalhador manual lamente não ser burguês; que um burguês lamente nilo ser nobre; que um nobre lamente não ser príncipe: e um príncipe lamente não ser rei. A naCATOLICISMO - Julho 1990 -
23
vez, dentro do proletariado podiam-se distinguir duas camadas: os artesão mais qualificados ou menos qua lificados, que ganham mais ou que gan ham Mais uma vezacascatadedcsprezos se precipitaria sobre a Ultima classe dos homens, até estalar com toda a força de águas caídas tão do alto sobre os pobres coitados: os mendigos, os desva lidos, os radicalmente pobres, dignos eles sim de toda a compaixão hu-
O
P•.
Sll yés, apóstata, comparou
a • •trutura polltlco-soc la l da Fran·
va, no Antigo Regime, a uma "casca-
ta d • desprezos"
turcza humana seria hos1il à idéia de ter um superior. e por causa disso a estrutura hierárquica faria soírer os
homens. Uma me ntira da R e v o lu çao :
a casca t a de d esprezos -
Segundo a expressão do Abbé SicyCS um dos fundadores do clube dos ja-
cobinos, o mais radicalmente rcvolucionàrio - a sociedade hierârquica anterior à Revo lução Francesa constituía uma cascata de desprezos. Quer dizer, no alio da cascata o rei jorrava o seu desprezo sobre os príncipes da casa real: os príncipes da casa real o descamavam jorrando seu desprezo sobre os nobres; os nobres hierarquizados prolongavam essa cascata de desprezos: o duque desprezava o marquês, o marquês desprezava o conde, o conde desprezava o visconde, o visconde despre1.ava o barão, e o barão desprezava o resto da França! Chegadas a esse pon10 - sempre segundo a idéia do Abbé Sieyês - . as águas do desprezo ainda não se det inham! No alto da burguesia - classe que vem depois da nobreza - temos a finança, os altos titulares de cargos pllblicos, os grandes proprietários rura is, urbanos, etc., todos ganhando muito dinheiro. Esses eram desprezados pelo simples barão. mas por sua vez desprezavam o homem que tem uma fortuna média, o qual desprezava o homem com pequeno patrimônio. O homem com pequeno patrimônio desprezava o proletário. Mas, por sua 24 -
CATOLIC ISMO -Julho 1990
Mas se isto é assim, é natu ral que também seja vista como uma cascata de desprezos a hierarquia da Igreja Católica. Então, de Papa para Cardeais, de Cardeais para Arcebispos, de Arcebispos para Bispos, de Bispos para Monsenhores, de Monsenhores para Cônegos, de Cônegos para simples padres, a cascata de desprezos castiga! E depois cai com todo o vigor sobre a plebe eclesiástica, que são os leigos. Essa cascata de desprezos existiria porque a sociedade estava baseada na desigualdade. Então, segundo essa visão deturpada dos fa1os, era preciso fazer uma Revolução a partir da idéia de que toda a desigualdade é um mal e um roubo, e estabelecer de fato no mundo a igualdade completa. Era essa a sede do homem revotucion:lrio, alinal liberto de superioridades, de obediências, de autoridades ... Essa idéia tem qualquer coisa do absolurn, do frenesi categórico de quem procura a possibilidade do seu defeito sesa1isfazcrinteiramen1e,absolutamen1e, no extremo.
Por det rás do igua litaris m o, a in veja O defeito, no caso, é a inveja. Ou seja, toda a ralé moral dos invejosos, dos que não admitem que outrem tenha mais ou seja mais, daqueles a quem dói que alguém seja mais do que eles - aindaqucsejamaisinteligente, ou então fis ica111cnte mais forte - toda esta ralé moral encontra neste mito da igualdade uma espécie de abolição do so frimento que lhe trazem suas m:ls inclinações. Assim como suprime sua sede quem bebe água, assim também suprimiria a tortura invejosa dessa desigualdade quem bebesse as águas da igualdade. A aceitar tal posição, o grande primeiro revolucionário foi Lúcifer, que se doeu diante da suprema desigualdade de Deus, e quis cstabclceer a igual-
Um " • an•-cu/otte", • lmbola do novo homem Igual/tório criado p{lla Revolufd o Francesa
dadc no Ciu. Nessa perspectiva, a pri· meira Revolução não foi a francesa nem sequer foi humana: foi angélica. E povoou o inferno ! É a conclusão inevitável. A inveja, como os demllis vícios, tem qua lquer coisa de insaciável. E quando se encontra afinal atendida, ela provoca esgares de contentamento, eon1orções de alegria, de que o homem poucas vezes tem noção, porque há um certo pudor do invejoso cm declarar-se inteiramente invejoso. Para fazer ta l declaração, ele teria de reco nhecer sobre si uma superioridade. E já isso ele não quer. Mas, cm geral, as paixões huma nas desordenadas tendem para um certo paroxismo, um certo frenesi, no qual os homens imaginam encontrar uma delicia. A embriaguez, por exemplo, é assim. O bêbado bebe, bebe, bebe, e é experi menta ndo a náusea, prat icando atitudes ridículas como jogar-se no chão, é nesse horror que ele encontra um estado de plena satisfação do seu desejo do :llcool. Os efeitos do :llcool são para ele como que um falso céu - o céu do inferno, se quiserem. Mas são para ele um falso céu. Um frcncsi desse tipo, o contra-idea l da igualdade produz cm 1odos os invejosos do mundo. Esse desejo frenético da igualdade, existente nos invejosos, é semelhante à von tade do bêbado de ingerir álcool, ou do d rogado de tomar a droga, ou do homem sensual de praticar a impureza. São coisas do mesmo gênero. É uma apetência subconsciente, ou conforme o caso consciente, desse
estado de plenitude exasperada, de plenitude furibunda da satisfação da inveja: nisto consiste o mocor do espírito revolucionário.
Os dois partidos E a Revolução Francesa só matou, só queimou, só incendiou, só profanou, só blasfemou, só praticou todos os horrores que fez, porque o revolucionário sentia nisso o gozo que Satanás imaginava ter, se com a sua revolução angélica pudesse derrubar a Deus. Então, dentro do seu deHrio psicótico, ele teria querido calcar Deus aos pés. E é só no momento em que, se possível fosse, Satanás sentisse que debaixo de seus pés imundos - antropomorficamente falando - se contorcia e morria a Verdade absoluta, o Bem absoluto, o Belo absoluto, é que ele teria dado a gargalhada que seria ogo20 frenético de sua vida: "Ah, ah!! Morreu afinal Aquele que era mais do que cu!" Esse estado de espírito diabólico é tão real que, bons teólogos o afirmam, se fosse dado ao demônio sair do inferno, ir para o Céu, pedir perdão por seus pecados, e reintegrar-se no Céu, na felicidade eterna, ele não quereria! O demônio é apresentado acorrentado no inferno, e é verdade, mas apenas num sentido da palavra. Porque se lhe oferecessem o Céu, ele não o desejaria. Ele não quer contemplar a Deus no seu verum absoluto, no seu bonum absoluto, no seu pulchrum absoluto, porque isto é mais do que ele. E ele prefere ser um revoltado, eternamente desgraçado, mas blasfemando sempre, do que calcar em si seus sentimcntosdcinvcjaepcnetrarna felicidade eterna. Para compreendermos o fio condutor da Revolução Francesa - vinda ela mesma do Protestantismo, Humanismo, Renascença, como largamente se demonstra no livro "Revolução e Contra-Revolução" - é preciso compreender esta sede ilimitada de igualdade absoluta, que é o motor da Revolução universal, e que a levou por estas e aquelas maneiras a produzir estas e aquelas convulsões. E a chegar, portanto, aos cx1rcmos que nós conhecemos, documentados cm artigos anteriores de ''Catolicismo''. Então, se a pergunta é: Você é a favor ou contra a Revolução Francesa? A resposta deve ser: - Você é do partido da inveja ou do partido da hierarquia? Hierarquia ordenada, hierarquia harmônica, hierarquia magnifica, mas
O ódio revoluclondrlo1 Um tipo de ódio especial, que marcou época.
hierarquia, e que não seria ordem nem seria harmonia, nem tçria magnificência, se não fosse hierarquia. Esta é a verdadeira pergunta de fundo. Após o "Ralliement", o esquecimento
Isso se entendia muito bem até a época em que se iniciou a política do "Ralliement", cujos perniciosos efeitos se fizeram sentir não só na França, mas no mundo inteiro. Até então, a luta condilzida pelos contra-revolucionários era cm favor do altar e do trono (•). Tratava-se de um amor à hierarquia, combatido pelos partidários da inveja, que viam cm toda desígualdade social uma cascata de desprezos.
A partir do ''Ralliement", esse pomo de discórdia foi sendo gradualmente esquecido pelos polemistas católicos. Não sabendo então como definir sua própria posição cm face do "Ralliemcnt", muitos católicos fiéis come(,:aram a atacar a Revolução em pontos secundários: matou muito gente, gastou muito dinheiro, e outras coisas do gênero. São pontos que têm sua importância e seu interesse, massàodeumintcresse secundário. Esta é a evolução que houve do tempo do "Ralliement" aos nossos dias. Essa cegueira foi setornandocadavczmais espessa com o correr dos tempos, em virtude de fatos e de circunstâncias que seria longo enumerar. De modo que o homem, hoje, quando objeta CATOLICISMO - Julho 1990 - 25
conira a Revolução Francesa, habitualmenie o faz por razões secundárias, embora importantes. A questao nevrálgica ficou esquecida. No pensamento de fundo, permanece a objeção central
De outro lado, entretanto, há o seguinte. Por mais que se queira esconder, a propósito da Revolução Francesa, esta nota igualitária fundamental - que não é só uma nota da Revolução Francesa, é a própria Revolução Francesa, o próprio espírito dela é esse - de algum modo ela transparece. Assim, cm vários dos atuais objetantes contra a Revolução Francesa percebese que, embora não cheguem a cxplicitar a grandc qucstao fundamental, entretanto eles a têm no fundo da cabeça. Apresentam reservas e lcvamam dúvidas cm relação à Revolução no que concerne aos morticínios, ao dinheiro gasto, etc, mas, de fato, eles não gostam dela principalmente por outra razão! Eles têm implicito cm sua mente um pensamento que fica por detrás daquilo que disseram, um pensamento de fundo: o horror ao igualitarismo invejoso da Revoluçao, que eles sentem e já nao sabem exprimir, ou pelo menos não ousam atacar de frente, porque percebem a explosão. Saem assim á procura de razões secundárias para criticar uma Revolução que eles gostariam de combater a outro titulo e de OU\fOJe1tO.
Interpretadas assim as atuais objeções á Revolução Francesa, poder-seia dizer que pelo menos um bom número delas representa uma tendência de espírito que é a mesma de antes do ''Rallicmcnt'', e que não cessou. E nesse sentido é altamente alentador o sopro anti-Revolução que se nota em certos setores da França e do mundo. Os flagelados de alma
Ouve-se falar muito hoje cm dia dos crimes cometidos pelo comunismo e pela Revolução Francesa. Falase porém somente dos crimes cometidos contra os corpos, porque a nossa época é materialista, e tende a só tomar em consideração o que é matéria. Não se toma em consideração que, assim corno hã ílagclados, ou podem haver ílagelados de corpo, porque receberam açoites, existem os ílagelados de a lma. 26 -
CATO LICISMO - .Julho 1990
Um iudividuo pode não ter no corpo nenhuma doença, e nenhuma marca da maus tratos, estar em condições física s perfeitas, mas ter urna alma flagelada. E a alma de um homem é ílagelada, entre outras coisas, quando ele tenta dizer algo e 11ão consegue por ter sido objeto de artifícios didáticos, pedagógicos, propagandísticos, os quais não lhe permitam a formulação do próprio pensamento. Ele se sente cm desacordo com toda uma ordem de coisas, mas nem o sabe dizer. Por efeito de uma manipulação - que nao hã exagero cm chamar de diabólica - foram torcidas as noções e as palavras, de maneira tal que muitos nao encontram sequer o vocabulário necessário para a ex pressão de seu mal-estar. E assim carregamdurantevintc,trin!a,cinqücnta, oitenta anos de vida ou mais, essa incógnita que se move dentro deles, e que lhes dá um mal estar euorme! Essscs são os grandes flagelados do mundo de hoje. Mas, deles, os atuais partidários da Revolução não falam. Se soubermos dar voz a esses ílagclados de alma, teremos feito um apostolado contra-revolucionário de primeira grandeza.
t'd
~
KANEMAR Comércio Exterior Lida.
Produtosalimentk:iosemgeral Camarões, pescados.frangos
Camesbovinaeequina
TFP o que é essa chama de fé e coragem? Voci:'encontraráar~•rosta ttolivro-álbum
Um Homem Uma Obra Uma Gesta ltomcnagemdasTFP1a l'liniu Corr~a de Oli-,ira
S;~:i::::~ 1
as (37acores)
1
1
Pedidospelolel.:
(011)220-4522
Formato Jlx23 Preço60IIT Ns
ounoend.abaixo
.~~i· ~m,>ES~ '"" G.OI < ld'<><D ltOO
,....,...~,
{" ) Co<1loali.l.;,< i1>1ctr ican,cr11 c,al u!a<ondu>idapel0< re>olu<·onko;,cc' cmopOSçl<>aoaloarcao A,a,.llo dcs>efatono<óriocraprofun<la .All.c,·olução.cs,cnCalmemc·Mua nár a,a frmava-c,cuscont'nuado<escot1temp0rllneos·1ualn,erncod' rn - quc ,ooacq ualqucrdcsiguald adct inju" a,o,pelofaoodc scrdcsigual dadc,devc, u1<i<armcrccidar<•olladap.ar,edosqu<cstào "dc bai,o". Levadoc,scpri11dp;oa ·n,asronsc<(~uc·a, , ·n,por1aclccniumasol'darie<.tadc oorn o "non ,ct.ia,n" dc Sa1anásc dos anjos r<hc!de,, E rara o,que,oomo 1anto, resoludonários. nlo cróem cm l>e,.,, ,a i p,indp;o ocarrela uma opo,i çl<,ca«góricaeradical a toda formadereligilo c de cullo. Eomesn1oprincip;upro,ocaanáloporo<i(ào aqual,1uer desiaualdaMoasoS1 ruH"a,ccles;a.1ica.sc n04adan1cn1cnaSanlalgrej•,cujaau Lorido<lesuprcmacn1onórquicat<>P•pa,cuj0<pr incipc,tspiri1uais >ão0<Bispo,couja clitclformadapel0Clcro .N•l1rc· i•.• rlcl><écomtituidape!olaicaoo.1\tlnilorode<lei· x•rdein<l ignarumad,·e,,..,io,oeren«&<oda,a,de ,igualdade, Omcsmohomcman1'·"gual"1;lfo,qucprc,,aah'e rarqu'a, · · lt<nol'odcr e,p· f1ual.temanálo10>r< f1exossepos!O<m prc,cnça<laordemmonârquica co mohabi<ualmenteelaexi>1i• na Europa. Ou ,cja, de: monarquias apoi•<lao. no campo poli1ico--i•L por a,·siocrac·a,, quO < t'nham pr«m·ncn,Ca sobre os •ários .. g,nen1o.1-1a,nl:>trndc:siguais-d oclasscpo pular. Dapo""'adcpe11sa,ncn1ocdc<etoperamcn1000S rc,oh,c' ná<' 0<rad·oún•s,:,a1ura l",cnoeuma<aquc si multilneo. in,pirado ror an~lop, r•tõc•, conora o ~ltar <. Na<l~ mais ju>10 < n>lu~·I ~ ~u< a 1 mum,od'cntoe,mpr«:n<lc<lor Tu<loi<00niloimpedcquc - niloporjnf1ui'ncia do, torpe, priocipio,igualit:lrios acima_ ,•nuociado>
,u, ('
Artt e Tecnofogitt
\.Oo""""'
,
tm FoftJlitos
~ - ~ - , /',fifi?#
o/,,,,,...
º}'':;:,º·
cro1·· , . - dc1erm ·na<lolH)•o,aocon>1·1u·, ... ,pr< ,aparasi4ua l41"<t'da,orhfo<n,asdc:1,werno(monar qu·a,afstocrac·ac·rn<><:,a<,-a)ouum;•,adeg .erno cclt1ica abranscn<lo elemenlO< 1lpicos de cada un1a<lessas ' a , , l'·s,en1S,ncsn1a,oenhunoadclas de i-i!u~<lea ordcn, na1urol co; Mar·'o·· ·nm,d• Lc,
o•>:,o-
(crt)
Mi-l'Nf
Anunciar
em CATOLICISMO é anunciar para todo o BRASIL Consul!c nossa tabela de preços
&11nf5825~~7ô1º para
escreve(
DrFPs em ação Apelo aos Bispos: jornal católico não deve apoiar
marxismo JOII ANN~1iHUKGO. África do Sul - Es1c pais - cujo cabo si1uado cm seu extremo sultcvconomcdasTorml'nl as alterado para da Roa t:~pen.mç1 (pelos antigos navegadores portugueses que conseguiram ulirap.issã-lo ) - corre o risco dc scr.ncstcfimdcséculo,uma rcgillo alrnmcmc corrncmosa, no scntido rcligiosocsodal. E11trc as nuvens negra~ que se acumulam 11ohori1.0n1cpo-
dc-sc distinguira i1ivcs1ida do comunismo imcmacional. seja nos moldes do que jâ ocorreu cm Angola e Moçambique, seja mediamc as ascuciosas manobnu agora dl."Sencadcadas no lestccuropcu.1-l:ltarnbémquc rcgistrarodesastrosoapoioquc vcmscndodispcnsadoaessainvt-stidaporsctorescatólico sprngr('Ssistas,dos<1uaisojo rnal scmanal " Ncw Nalion" é o f)Qr la-vot. mais importu nt c. Preocupados com o gran de perigo que 1al apoio significa para ini11ncros fiéis de todas as ctnias. os "Jovens Sul-Africanos por uma Civilizaçao Crist.:I" - TFI' publicaram uma carta abnta aos Bispos, sob o titulo "E licito a um ca1ólioo apoiar o Panido Comu nista?". "El)<!nosodizê-lo - salienta o documento - mas os fiéis encontramurncnigrnáticosilêncio sobrcoco muni smo da partcdoEpi ~opado,cacsca ndalosa curnplicidadc . por parte de umscmanàriopertenccnteà lgreja, com o Partido Comun ista''. Justificando essa perple~idade, os missivistas transcrevem
trechosdediversosarcigospublicados no jornal. Neles é dada oobcrtura a dec laraçõcs dc membros do Partido Comunista, silo formulados elogios ao envolvimento cub,rno 11a Arrica, ao mesmo tempo cru que scdcfcndcunrn1,liançacn1rca lgrejacoPC, ou,ainda,scpropõea "canoni1.aç.:lo"deguenilheiros oomunis1as monos em combate. A Carta Abi'rta mostra o vivooon1 ras1Centrcaa1i1udc de "Ncw Nmion" e as numerosas co udenaçõcs Pontificias ao comunismo, desde a êpoca de Lcao XIII :ué nossos dias. Ao conc lll ir, os "Jovens Sul-afric:mo.1 porum:1Civiliiacilo Cr isti'I" - TFP pedem aos Bispos Que ,,ssumam urua atitudcdara em relaçi'loaooonrnnismo, já que sua au1oridade moral seria suficieme im rasalvar a África do Sul do perigo que a ronda. Lamcma'"clmcmc acrescenta o documento - a história do cnvolvin1c uto eclesiástico cm movimcntosde"li OCnaçi'lo" ni'lo deixa muito lugar a esperanças. Se nossos receios se co nFirmare m, a África do Sul será cm breve a próxi 111avíiimadalt'Ql011iadalibcrtaçao,qucjácntrcgoutan1ospaiSC!i ao ma rxismo. Queira Deus salvaraÁfricadoSuldcsteFim!
dopais,aoinstituiroficialrncnte urna Comissão Nacional de Verdade e Rcconciliaçi'lo. Tal oomissãodcverà rcal izar investigações. acolhendo queíxas contra o Govcmo chilcno, porviol:1ç1l.odosdirei1oshuma nos, no per!odo entre os anos 73c90 (Govcrno Pinochct), scm quescj:1111 mcncionadososabusosqueosma rxi s1asco mct eram noperíodoimedialamenteanterior. R=handoqucnaopreten dejus1ificarncnhumaviolaçi'lo de direitos humanos. qualquer que tenha sido o autor. a TFP faznotar,entretamo,queacom· paído prClíidcncial beneficia apenas ··aqueles que quiseram imporaoChilcumrcgi mcintrin sccamcmcpcrvcrso·· Enquanto dispcnsa uma sis1crni\ticahostili dadc âquclc~quc f)Odcm ter cometido abuso~ na deresa da pátria, aocortar o passo ao avançado proce~so de cornunis1izaçi'lo. ~disparidade de critérios para julgar o comu nismo e o
anticomunismo - ressalta ainda a TFP - é espcdalmcntc chocante quando se consideram os atuais clamores dos povos subjugados pela tirania soviéticano Lcs1e europeu . bem como o reconhecimento pllbli co decum pl icidadcscornoscrimcs de Moscou. por pane de mem bros do PC na lng la1crra, na França e também no próprio Chilc.Estáncslccasoodissidcnle do PC chil eno, !':.tricio Ha la.qucscdeclarouco.rcsponsàvd pclajuslificação. uo passado, do Muro de nc rl in1. Ao concluir, a TFP ch ilena assinala que, lendo o Presidente Aylwin ordenado investigações sobre os acontecimentos dL-corrcmcs do regime insti1uídoc111 1973, o minimode coerênciaecqüidadecx lgcq uctais invcs1igaçõcs se faç~rn também sobreosfa1os-incluindoni'lo apenas os par1idos marxistas. mas1an1bé,nsctoresdc''csqucrda católica" e da Democracia Cristã-quctornaramindispcnsàvclaquelain1crvcnçàomili1ar.
Canto Gregoriano e palestra para estudantes SA NTIAGO - Na sede principal da Sociedade Chilena de Defesa da Tradiçao, Família e Propriedade, cerca de 70 cs111dan1csunivcrsit.\riosesecuudáriosparticiparamduran 1e a Semana Sa nt a de uma série de p..lcs1ras e círculos de estudos& formaç.!io doutrinária. Cormou também do programa a apresemaçào de urn recital de Can10 Gregoriano, aberto ao pi,blico, na Basilica do Sanlissi mo Sacramemo. a cargo do Coral de jovens da TFP, com nllrncros alusivos à Semana Santa. Na foto. alguns dos partídpantcs da programaçi'loda TFP chilcna.
Também a esquerda deve ser investigada SANTIAGO - A T FP chilena formulou co ntundente intcrpelaçi'ioaopresidcmcAylwin, cmrnanifostopublic-.idocrnseca:o livre no jornal "El Mcrcurio". Aylwin havia provocado desconccrtoemvariatlossctorcs CATOLICISMO -Julho 1990 -
27
Nossa Senhora Porta da Aurora, libertai a Lituânia! N?t!t
daS~nuhr~~:! Título altamente evocativo da Padroeira da Lituânia. Porta da Aurora : é Aq ue la através da qual vem o Sol. Que mag nífica alusão à Maternidade divinal O Sol do gênero hu· mano é Nosso Senhor
Jes us Cristo,
Ho-
me m-Deus. A porta pela qual Ele veio à Terra é Nossa Senhora. A aurora formouse nEla, sendo a noite de Natal uma noite de aurora. E não há nenhum d ia, no ano inteiro, em que a luz seja tão intensa para as almas quanto a noite de Natal. Voltemo-nos, pois, a Nossa Senhora, Por-
ta da Aurora, e roguemos-Lhe que proteja e liberte das garras do comunismo soviéti-
co a nobre nação que A cultua com o titulo glorioso de Porta da Aurora. E que essa intervenção marial seja o primeiro passo na caminhad a rumo à Civilização Cristã, ao Rei· no de Maria, predito por Nossa Senhora em Fátima. Emtx>ra o Cristianismo já tivesse sido introduzi· do na Lituânia no século XIII, a verdadeira Fé enraizou-se nessa nação báltica a partir de 1386, ano em
!~~~:~
~~\!e~dsa°J>ee~a;tr~J:~~~~;::d~~:i~;s~~i com a herdeira do trono da Polônia, a princesa Edwiges, logaila - que recebeu no batismo o nome de Ladislau - tornou-se o monarca de um reino polonês-lituano. A Religião católica difundiu-se vigorosamente por ten as lituanas, sendo fortalecid a pelo exemplo das vir·
tudes, e depois pelos milagres de um gran· de Santo, o príncipe Casimiro, herdeiro do trono polonês-lituano e neto do rei Ladislau . O príncipe Casimiro votava terna devoção à Santíssima Vir• gem, tendo por hábito rezar diariamente um dos mais belos can· tos medievais dedicados à Mãe de Deus: o hino "Omni d ie dic Maria" (Minha alma dirija, cada dia, um canto a Maria). Esse hino foi encontrado no ataúde do santo príncipe junto à sua cabeça, tendo sido ali depositado a seu pedido. No primeiro livro de hinos sacros em lituano, o "Omni die dic Maria" é intitulado "O canto de São Casimiro". Há nesse cântico uma série magnífica de invocações a Nossa Senhora, como esta: "Gamo por Ela, pois sei que Ela vai poder me ajudar, para lutar e resistir, o que é nocivo repelir". Na segunda década do século XVI, aproximadamente 40 anos após a morte de São Casimiro, edificaram-se altas muralhas e fortificações em torno à capital lituana, Vilnius. Na porta da cidade, do lado sudeste, de nominada Porta da Aurora, foi colocado um quadro da Mãe de Deus - cuja cópia figura nesta página - como a seguinte invocação: " Mãe de Misericórdia, tua proteção buscamos". Vilnius, a partir de então, passou a suplicar a proteção da Padroeira Nacional, a Mãe da Misericórdia da Porta da Aurora. E continuou a invocar também a inten:essão de São Casimiro, cujos despojos repou· saram inicialmente na Catedral, sendo trasladados posteriormente para a igreja de São Pedro e São Paulo, na capital lituana.
,
Africa do Sul ameaçada
Discernindo.
:J
distinguindo. c lassificando ...
SONO,' O GRANDE PECADO E ~ci~a~~~~i~~~i:t ;~~~
rioso cs plritodcsonolênciaque fczcvancscer·seOvigordasvirtu · des. Estas, ao amolecerem, se desvirtuaram . Assim, passou.se a entender por caridade um scnliment alis. mo balofo que sc oonlen1a va cm ajudar os pobres - obra cm si meritória - e fechava os olhos à invasão do mal: por Rum a par· valhamcntoelimitaçllodeespiri· to que acreditava nos dogmas apenas por comodidad e, e nllo pelasaltasrazõespc lasquaissc devecrer.cporissonllo tevanta· conven to cm hotel" - consevaasvistasparaosa mpl os hori· guiu da policia que interrogasse zontesdafé,comrncdodasrealiasfrci raS,mllll nãoobtevea a nu dadcs com plexas e dos proble. lação do contrato de venda da masdificcisdcresolvcr:porespe. fortclcza. Diga-se de passagem rança uma preguiçosa inação. que as custosa.oi obrasdcar1ccsquecruiavaosbraçosdizcndo 1ão desaparecid as. COflfiarnaProvidência,nadaemÉ .só um exemplo. Escânda prcendendode grande pela San· los como este vão se tomando talgrcjaeacivili zaçllocristã. rotina desde o advento do proEm conseqüência, todas M de· grcJSismo no interior da Igreja. mais virtudes foram profundaE sem que se ten ha notícia de mente afetadas pelo mesmo mal. medidas can ôni cas eficazes paA partir desse momcmo as ra puniros·cu lpados. Enquanto portasdalgrcja ficaram abertas issoa lgreja parcceiràderiva. para a penc1raçll.o do inimigo. Como se chegou a tai si tuação? A sonolência cm matériarcligio· Dou trinariame11te,oprogressacornoupesadasaspãtpcbras sis mo católico tem suas raízes dos que deveriam defender o nahercsiamodcrnis1a,condcnaTemplo de Deus (11 ão viram o da no inicio deste Sttuto por sao in imigo),desfibradMsuasalmas PKI X, e cstà ligado, mais remo. 5Ao Domingos preside â queima de livros heréticos (nãoodiaramomal)escus bra· tame11te, à li11hagem das heresias (Borruguete, séc. XV) - A Igreja vigiava para evitar ços penderam ao longo do cor· pauperis1as e igualitãrias do me- a penetraçlo de erros em suas fileiras posem forças para lutar. O pro· dievo, os câtaros e albigcnsa gressismo, vendo campo livre por exemplo. Poderíamos ainda remon- ra preferiria não ser incomodada em diante de si, 11ão se fez de rogado e petar até o principio da Criaçào, onde en• suas prãticas religiosas habituais e roti · netrou até no Santuário. Primeiro por con1rarlamos11ao rigem "aquela antiga neiras, mas no tota l sem oposição eficaz, meio de uma infiltração disfarçada e scrpente,q ucscc hamaodcmônio eSa· nnll.oscrta lveza dainércia. cautelosa, porém cresce nte. Depois, pc· tanás, que sed uz todo o mundo" (Ap. Ent ão, a pergunta terrlvcl é: o que la invasãodcbandada,lcvando1udodc 12,9),comscuigualitário''não.servirei''. sepassou co mosbons, para cm deter- roldão:doutrina,lilurgia, leis, trad ições, Porém, não sei se o leitor já se pôs minado momento cessarem a luta e 00· costumes. Estamos nisso. o se1ui nt e problema: Quer na Idade meçarem a convi ver !ietll repulsa com o São LulsGrigniondeMontfort(séc. MMia, quer no inicio de nosso século, erro e o pecado, sofrendo·lhe todiu as XV III ), em sua "Oração Abrasada", osprecursoresdoprogrcssismonãooon· innuências, e adap1ando·sc pouco a pou· assim viu profeticarnente a ~ituação a seguiram tomar de assalto a cidadela coa ele? Não se convenceram do erro, queficariareduzidaaSanta lgreja:"Vos. da Igreja, tendo sido rechaçados. l·loje cederam ante ele. Porquf? sadivina fé é transgredida, vossoEvan· cm dia, entreta11 to. ele invadiu como gelhodesprezado .... vossos.amuárioé um mar de lama praticamente todos os profanado e a abominação entrou até recantos do Templo Sagrado. E sem nolugarsanto"(in "Tratado da Verda· que se possa afir mar que a maioria dos O problema assim posto resva la do deira Devoção à San1lssima Virgem", ca1ólicosncouco nvictamenteprogressis• campo doutrinário para o psicológico. Vozes, Petrópolis, 12' edição, 1983). ta -poisseriaevidententc falso - o De raio, não consegu indo vencer o bem Etu,quelarnentasesiasituação,"co· certo é que muitíss imos se acomodaram cmsuacidadcla,comargu mentos,oi ni· motedcixasacabrunharauim pclo sO· àlnvasãoeocupaçãoda Igreja, e vivem mi go empreendeu con tra os fiéis uma no? Lcvanta· tc, invoca o teu Deus, a ao lados dos progressistas quase com batalhadcoutrotipo:umagucrrapsico- ver !iC porventura se lembra de nós e naturalidade.Comcertoconstrangirnen• lógica para amolecê•los e tirar -lhes a nos livra da morte" (Jonas l, 6). to, é ve rdade, pois tal maioria ainda ago- vontade detutar. lnjetou-lhesummiste• C.A.
vento numa velha fortaleza medieval, ornamentada com obras de ami, resolveram vendê-la sem dar 5111 isía,;ão ao Bisp0 local. Com o dinheiro "alugaram um MeTcedes, Benipor IIOmildólarescfugirampara osuldaFrança,ondccompraramcavalos dc corrida e um imponente castelo" ("O Estado de S. Paulo", 22-3-90). O Prelado - também "cm luta co ntra outra Madre Superiora q ue transformou se u
2 -
CAT OL IC ISMO -
Agosto 1990
~AfOUCli§MO SUMÁRIO CAMPANHA
~f;~º ~~"{~!:~ne~;ºi!~~;~ ~~i!evTFP,c~mru~ª~tfWºd~ raís
20 países em favor daquele bál1;ro - a qual vem obtendo êXItocres-
~:n~d; dos'üroªa~ ~s=~~~t~ ........................ 4 INltRNACIONAL Sublima-se a luta violenta do subversivo sul-africano Nelson Mandela, tTansformando-o em "mártir",
f:ãa0depo~8~~~~~~b~~~~:
dentaÚan,;ar o novo mito no cenário internacional 9 TELEX RURAL As len'as de um estran(l:t'Íro bene,..
méri~ - ~utor de expenência agrícol:i pioneira no cerrado do Centro-
~esle brasileiro - desapropriadas injustamente, transformam-se num ll$$enlamento fracassado, autênticofavelamentorural ........ 12
NOSSA CAPA O famoso piro de CathKim, rom seu to-
po plano - um do, mais elevados da cadeia montanhosa de Drakenberg -
=~fo'Su1º maiscaracteil1;ti-
"CATOLICISMO" ~ IWnl publkaçlo mcns.al daEmi-aaPadr~lld:hiordcPontcs Luta Oiftlor.PDOCorrhd<llrilof",ll,o
= T ~ ! ~ ~ ; Tauba,J,i - Rq,,111, ltr4oçl,o:Rm M>r1i'"F"ncioto,665-0lZ26 -Slo Paulo, SP I Rua S... d< ~embro. 202 - :moo -
Sp!..T:-;.7ir:·
N
ELSON MANDELA foi qualificado pela mfdUl, ati! sua liberlação ocorrida em março deste ano, como "o mais famoso preso político do mundo". Famoso, ele sem dúvida o é, embora seu renome seja perfeitamente artificia l e decorra de uma manipulação publicitária. A fraude começa jil no qualificativo de "pre~o político" que se lhe atribuiu. Na verdade, trata-sede um sedicioso sul-africano, preso quando comandava operações de terrorismo marxista em sua pátria, logo após ter recebido trcinamento militar na Argi!lia ... Orquestração bem articulada de porte internacional vem apresentando Mandela como uma esptcie de redentor dos negros sul-africanos - o que ele estã bem longe de ser De fato, o movimento de Mandela, o Congresso Nacional Africano (CNA), foi dominado hã 30 anos pelo Partido Comunista da África do Sul, do qual transformou-se em or• ganii:ação auxiliar e braço armado. A maioria de seus dirigentes o são também do PC sul-africano, e sua subservifncia aos russos chega a eKtremos grotescos. Por aemplo, o presidenle do CNA, Oliver Tambo, chegou a afirmar que a invasão sovittica no Afeaa· nistão "salvou a democracia" naquele pais: a mulher de Mandela, Winnie, declarou cm 1986 que o regime de opressão c miséria - o que é reconhecido hoje ati! por altos dirigentes russos - imperante na "terra dos Soviéticos" era "um sonho que se tornou rcali• dade" ... E enquanto o próprio Mandela escreveu que "sob um Governo do Partido Comunista a África do Sul tornar-se-ã a terra do leite e do mel", ou que "a Causa do Comunismo é a maior Causa na História da Hum anidade", seu comparsa Tambo propõe para seu pais a ''sociedade sem classes" ,e com vistas a atingi-la, a "guerra revolucionãria".
Curiosamente, o Mandela-show (ver pãgina 9) reualta toda a import!i.ncia do combate ideológico anticomunista nos meios católicos, como o trava a TFP sul·africana. Com efeito, à freme dessa promoção internacional em íavor de Mandela figuram, em primeiríssimo lugar, setores edesiãsticm ca1ólioos e protestantes da África do Su_l, da Europa e da América do Norte, tais como a Conferencia dos Bispos Católicos da África Austral, o Con~lho Sul-africano das Igrejas (entidade protestante), e organismos dependentes dos Episcopados católicm da Alemanha, França, Inglaterra, bem como do Conselho Mundial das Igrejas, da Liga Luterana Mundial, etc. O dinheiro injetado conjuntamente por tais órgãos na campanha pró-CNA e pró-Mandela. nos últimos dez anos, supera folgadamente IOOmilhõesdedólares Na verdade, sem esses apoios eclesiásticos o prestígio do CNA e do marxismo seria raqultioo. Por outro lado, à medidaquetaisapoiossetornam notórios, cresce o repúdio dosfiéis católicoscdasbasesprotestantessul-africanas-inclusivencgras-aessecngajamento pró-marxista de lideres religiosos. Isto tem particular importância no caso dos católicos: embora minoritãrios na África do Sul (8,6~ da população), a Igreja CatÓ· lica é a maior do país. Isto se deve ao fato de estar a maioria protestante - inclusive a confissão calvi nista, que congrega mais de 25"9 da população - fragmentada em mais deduasmitdenominações
665-01126-Slo
l'~(dirm,apo,,ir•...,;.o,ro..... doopor"~")~oS,AGrl,íao
~E~~.;,::~~:;;~:~~;p~
P1ro-..laaça.mdoffçol........,_,,,.,...,,.,.. -omdoreço ..i t o . A ~ r d a t m • .................... pode ... m>ildliGtmlâa ~ ~ : : ; - ' 6 j - 01llii-Slo,_,SI'
Nesse contelltO lorna-se claro o papel<have desempenhado pela TFP sul-africana enquanto movimento católico anticomunista. As recentes Cartas Abertas da entidade dirigidas aos bispos católicos da nação (ver Catolicismo n~ 475, julho de 1990, p. 27) tiveram o efeito salutar de acentuar a crescent e rcsistSncia da população aos eclesiãsticos prómarxistas. E elas comprovaram também um fato: se a opinião pública do pais for infen• sa ã pregaçao desses religio505 esquerdistas, não havcrã show publicitãrio, mesmo espectacular e custoso, que consiga impor à África do Sul o "sistema socialista" almejado por Mandela e o CNA.
CATOLICISMO -
Agosw 1990 -
3
LITUÂNIA
Opressão soviética, independência ameaçada
Esmagada pelo bloqueio soviético e abandonada pelo Ocidente, a Lituânia cedeu à imposição de Gorbachev e congelou sua
independência - o que representa o prolongamento, por tempo indefinido, do infame pacto Ribbentrop·Molotov
[C
000 APÓS, d«l.,,çA, d< indcpcndfncia da LituAnia, cm 1 l de março último, o rcgimc._do Kremlin iniciou um.• pollt1ca de pressões sobre aquele pais. A LSdc março, o Parlamento da URSS conSlderou ilcgal a ata dc independ!ncta. Uma semana depois, cdificiospúblicosdcVilnius,capital dopais, foram ocupados por tropas sovitticas, bem como o pr&lio onde funcionam os principais jornais lituanos. Posteriormente, os dirigentes moscovitas impuSCTam à valoro58 nação báltic;a um bloqueio cconõmioo, com o corte do fornecimento de petróleo
"" 4 -
CATOLIC ISMO -
Agosto 1990
No fim de abril, Gorbachev procurou mascararsuaspressõcsmedianteumter• mo enganoso: "congelamento" , A proposta russa consistia cm que a independência fosse "congelada", ficando esta semcfeitodurantedoisoutrêsanos. Terminado esse prazo, a Litu!lnia poderia entrar em negociações com Moscou, 1endocm vista o reconhecimen1odesua independência Na realidade, tal promessa é ilusória, pois, durante o praw em que o pais báltico permanecer sob a dominação soviética, os comunistas poderão instalar tropas em quantidade no território lituano. E transcorridososdoisoutrêsanos, aquela nação escravizada dificilmente poderá manifestar
seu desejo de tornar-se independente sem seexporadurasreprcstilias Em 26 de junho, Gorbachev intensificou sua pressão, chamando a Moscou o presidente li1Uano Vytautas Landsbergis para propor-lhe a suspensão dos cíeitos da declaração de independência. Landsbergis, queviajou emcompanhia da chcfede governo lituano, Ka:cimiera Prunskicne, voltou a VilniusecomunicouaoParlamen10 a Falaciosa "suges1ão" de Gorbachev. E no dia 29 d ejunho, o Legis lativo da naçãobálticaaceitou-amedianteumavotação de 69 votos a favor e 35 contra. O texto da declaração do Parlamenlo estabelece uma morntória de 100 dias, suspendendo osefeitosdaindependência,aqualpassarâ avigorarquandoforeminiciadasas negociações entre Moscou e Vi lnius. E amesma declaração esclarece que a "moratória automaticamente deixará de ser válida" se oLegislativolituanolicar impedidodecontimiar normalmentesuas funções. No dia 1~ de julho, foi suspenso o bloqueio econômico imposto pelo reiime moscovita aos lituanos. Dois dias depois, o primei ro-ministro sovi~tico, Nico lai Ri1.hkov, começouaquebrarccrtootimismodealgumas autoridade5 lituanas, declarando que a moratória de 100 dias seria "suficiente apena5para resolver questões de principio entre as duas parles". O mesmo Rithkov, no dia 7 de julho, resp0ndendo a indagaçõesdedelegadospresentesao280Congres~o do PCUS, arra11oou a máscara de uma aparentedistenslloqueGorbachev afivelara ao rosto. Deve ter sido uma ducha de 6guafria.paraccrtoslituanosespcranço.. sosnaílexibilidade moscovita,adeclaração dodirigenterussodequeaindcpendência "1erãqueseajus1arestritamcnteàlei sovit ticade secessão". Esta supõe: l ) um plebiscito, em que dois terços da população litu~adever6aprovaraseccssão;2)aprovaçto desta também pelo Soviete Supremo; J) uma série de medidas de compensação à URSS: 4) e um prazo de transição de cinco anos. Como Fica claro, o "acordo" russo-lituano é fruto de uma imposição. 1: o acordo do leão com o cordeiro. Em nossa edição anterior, jti accntuamosquantotdesconccrtanteedébilaatitu-
Cisão na URSS pode favorecer Independência lituana "NO MOMENTO em que se define espetacularmente a cisão liderada por Yeltsin no PC da União Soviética, hábeis diplomatas da Lituânia podem dela tirar largo proveito", declarou à imprensa o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conse-
lho Nacional daTFP E prosseguiu "Vem juntar-se a essa divisão no PC, outro fator altamente favorável à causa lituana: nos cinco oontinentes, as TFPs já obtiveram 2 milhões e 600 mil assinaturas contra a opressão soviética, caminhando tal avalanche rapídameme para muitos outros milhões. Peço a Deus que essa soma de circunstâncias ajude o valoroso povo lituano a romper por fim os seus grilhões" "Daqui para a frente - acentuou o insigne pensador católico - assistiremos a um fortalecimento da independência lituana, se efetivamente os chamados reformistas do PC emprestarem seu apoio a essa causa. Ou, pelo contrário, prosseguirá a dominação da União Soviética sobre a Lituânia, iniciada em 1940, i,e esta cisão for um fenômeno de superficie, embora com vistosos efeitos publicitários".
Estandartes tremulam pela "Terra de Maria" Ao longo dos últimos dois meses, os estandartes rubros da Tradição, Familia e Propriedade tremularam nas ruas e praças das principais cidades do Pals, suscitando por toda a parte manifestações de simpatia, aplauso, e sobretudo adesão do público ao grande abaixo-assinado pela independência da Lituânia ThndoatingidoinicialmentecapitaisdeEstadosccidadesimportantes do território nacional, a campanha se desdobrou depois com a atuação de seis caravanas de sócios e cooperadores da TFP, que se dcsló<:aram a diversas rcgiõesdoin1erior do País. A coleta de assinaturas contou ainda com a calorosa participação de correspondentes da TFP e seus familiareS, que dedicaram a esse trabalho seu tempo livre
CATOLIC ISMO -
A gosto 1990 -
.'i
de assumida pelas potências ocidentais, que abandonaraminteiramenteaLituãniaàsua sorte, a fim de não se indisporem com Gorbachev e tentar ampará -lo em sua instàvel posição interna na Rússia Gorbachcv,comacxigênciadçcongelamento da independência lituana, de fato mantém, por tempo indefinido, a vigência do pacto Ribbentrop-Molotov, que criou as condições para a invasão do pais báltico pelas tropas soviéticas, em 1940, com apoio tácito dos naóstas Talpactofoigeralmentequalificadocomo uma infâmia, naquela época. E até hoje, no Ocidente, continua ele a ser assim reputado Não é pasmoso, portanto, que potências ocidentais, em nossos dias, se associem à sinistra política do presidente soviético, tendente a sustentar os efeitos de um pacto celebrado com Hitler hã 50 anos, que permitiuaqucdadcum paíslivresobojugocomun·sta.
Diante desse doloroso quadro, que significado assume a campanha movida cm favor da independência da Lituânia pelas 21 TFPse Bureaux-TFP? Tal iniciativa passa a simbolizar o protesto dos infelizes e valorosos lituanos que não podem protestar,ogemidodaquclesaquem não se reconhece nem mesmo o direito de gemer Em todas as partes do mundo onde se descnvolveacampanha,esiapassarãaser oprotesioeogemidodoslituanosesmagados
6 -
CATOLICl!:>MO -
A~osto 1990
Difunde-se pelo mundo campanha das TFPs Assinaturas (55 dias de campanha) B R A S I L - - - - - 2.074.534 DEMAIS PAÍSES ------·-········ 1.215. 181 T O T A L - - - - - 3.289.715
OR INICIATIVA das demais TFPs coim~ãs da brasileira e Bureaux-TFP_ - ex1s!cntesem2lnaçõcs - anàlo gacampanhafoiencctada_nos seguintes países: Africa do Sul, Argentma, Austrãha, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Espanha, Estados Unidos, Filipinas,França,ltália,Pcru,Portuga!, Uruguai A tímlo de amostragem, eis algumas dasrcpcrcussõesdecampanhanostrêspaísesqucobtivcrammaiornllmerodcassina· mras, segundo informações chegadas à TFP brasileira
P
ESTADOS UNIDOS - A campanha, com estandartes, fanfarraefaixastevcinicionodia31 de maio, na Quinta Avenida, rcgilloccntral de Nova York. Pcssoasprocedentesdasmaisdivcrsasregiõesdomun· do, que habitualmcme por aí transitam, eram solicitadas a assinar, aproveitando
r:s::,
:u~=s i~7~~:ti~:C1t~º e:~ia;x;r:~7~: de uma jovem senhora, recém-chegada da Lituãnia,quecomcntou: "OsSrs. nllo fa. zem idéia do boicote russo e do racionamemo de gêneros por lá". Ou ainda, de uma repórter da Rádio Europa Livre que solicitouaospropagandistasquercpctissem a proclamaçllodcs/ogans,afimdequeela pudesse gravá·los para serem transmitidos posteriormente por aquela emissora. "Mui· tas pessoas do Leste, ao tomarem conheci· mentodacampanha,ficarãomuitoagradccidasaosSen h ores",acrcsccntou Tendo o Parlamento lituano votado a moratória de lOOdias, paraoiniciodcconversações com os soviéticos, a fimdccxa· minarem a efetivação da independência, houve quem pensasse ter o abaixo.assina· do das TFPs perdido sua razão de ser
Em Nova York, a reportagem da impor tantc televisão CBS entrevistou a esse respeito o presidente da TFP norte-americana, Sr. Raymond Drake, que se encontravaemcampanhaderua, no centro da cidade. Eis sua incisiva resposta, que foi trans mitida numa emiss!lo da noite, junto com as noticias procedentes de Vilnius: "Agora é preciso redobrar nossos esforços, pois ficou provado que as pressões do Kremlin foram grandes" ESPANHA - Na movimentada Plaza delSol,asopiniõesscmanifestavamclaramente ante o apelo de TFP -Covadonga em prol da liberdade lituana. Pessoas do público aderiam com simpatia, e de vez emquandoobservava-seumamanifestação contrária. "Isso vai desintegrar a União :oviética",afirmou um senhor de tendência esquerdista, recusando-se a subscrever otcxtodoabai:<o-assinado
Religiosas contemplativa~ da Ordem dasJerônimas,encontrando-secxcepcionalmente na rua por motivo de viagem, e já estandoapardaatuaçãodeTFP-Covadonga através de publicações, subscreveram a mensagem. A Madre Superiora e:<ternou sua preocupação ante a nova roupagem que o comunismo está tomando, capaz de iludiratémcsmomuitoscatólicos . Um jovem jardineiro, neto de lituanos, n· penas ass·nou ote:<todoaba":<o-ass· nado, como também pediu folhetos da campanha para remeté-los a seus parentes residentesnaLituâJlia.Curiosamente,suadecisãoderesidir na Espanhadeu-se quando, tempos atràs, residia na Polônia e ouviu pelaprimeiravezmúsicastípicascspanholas COLôMBIA - Vários problemas aíli gem afundo este pais, como o terrorismo e o tráfico de drogas. Entretanto, seu po-
vo nem por isso dei:<ou de dar caloroso apoio moral ao povo lituano Uma jovem senhora comentou que, tcndo paren1es residentes na Lit11ãnia, recebe dclescorrespond-nc·acomccrtafreq ·· ·nc·a Notouelaque,hãalgumtempo,seusparentes têm riscado a inscrição "LituâniaURSS" existente nos selos, substituindo-a por "Lituânia Livre". Ficou de escreverlhes informando-osdacampanhadeabaixo-assinado promovida pela TFPem favor da liberdade daquela nação Um sacerdote dirigia-se ao correio, levando uma carta de elogio e solidariedade dirigida ao PrcsidentedaTFPcolombiana, quandodeparoucomacampanha.Subscreveu entãoote:<to doabai:<oassinado. Muitas pessoas dispensam e:<plicaçôes dos coletores deassinaturas,pelofatode jã!eremouvidopelorádioentrevistaseno· tíciassobreacampanhada TFP
"Mas issoécontraocomunismo",e:<plicouocoletordeassinaturas auma senhora. Esta respondeu: "Mas por isso mesmo!". Assinou, edissequeerarussa,tendosaidodcsuapátriahãtrêsmescs. Felicitou efusivamente a TFP pela realização da campanha - Um estrangeiro passou pela campa nhaeleuatentamenteocartaz. Ao ser interrogado, disse quepertenciaàembainda soviética. Afirmou que não queria assinar, e perguntou ao cooperador se conhecia a localização geográfica da Li1uãnia. Aose lhe dar resposta afirmativa,ele contestou: "Precisamente por isso é que não se pode conceder a independência a essa naç3.o". Como se o fato de um pais estar colocado numa posiçàoestratégica,justificasse que e!e fosse escravizado por outro mais poderoso. Assim raciocinam os comunistas! CATOLICISMO -
Agosto 1990 -
7
PETRÓLEO
Monopólio, Lá & Cá ENQUANTO o próprio governo soviético já admite empresas multinacionais para prospecção e exploração de petróleo, os constituintes brasileiros - influenciados pela esquerda petrificada, de linha "albanesa", e por reformistas, defensores de Gorbachev - fecharam essa possibilidade para nossa pátria
produção. A Elf dividirá com os soviécicos opctrólcoqucencomrarembasepercentual a ser definida". Os obstáculos da Elfnão sãopcquenos:"aregiãoércmota,declima adverso e, possivelmente, o petróleo contém enxofre corrosivo, tornando custosa a pcsquisaetransportc",etc. Percebendo o interesse especial das
cornpanh.iasestrangeirasernseustcrritórios virgens,aRússia,''comoprcçode:idmissão, podcráforçarascompanhiasadiversificarem os investimentos, inclusive na melhorados atuais campos petrollFeros", com lucros menores para as empresas. Este é o quadro descrito pela revista A Rússia espera assim auFcrir grandes beneFícios da exploração petrolífera por empresas multinacionais. Estas sabem o risco que correm, pela na1ureza aleaiória dasexploraçõesc,sobretudo,p0rqucas ~~~~;-~~ podem cessar de uma hora para
O
Técnicas norte.americanos visitam uma plataforma petrolífera russa no mar
A
S COMPANHIAS petrolíferas do mundo inteir.o .. dur~nte anos, cobiçaram as imensas Jazidas de petróleo da Ru ss1a. Apesar de apontado como o segundo maior produtor mundial, aquele pais está tentando desesperadamente obter moeda forte para venccr suasenormesdificuldades.Paraisso, viu-se o regime moscovita forçado a adm itir companhias escrangeiras na prospecção e exploraçãodehidrocarbonctos,àsquais, segundodizem,elepermitiràconsiderável controle acionário. Deacordocomarevistanorte-americana ''BusinessWcek''dell -6-90,taismudanças 8 -
CATOLICISMO -
Agosto 1990
se devem a "ineficiências nos métodos de extraçâo,equipamentosdefeituosos,carência de tecnologias avançadas". Além de, é óbvio,faltarcapital. "A partir de 23 de maio, a Société Nationale EIF-Aquitaine, francesa, obteve odireitodeprospecçãonumaárcade35 mil quilômetros quadrados cm águas ao norte do mar Cáspio. A norte-americana Chevron Corp. poderá assinar em breve contrato reFerente ao grande campo de Koralev, no oeste do Kaiaquistão". Outras companhias poderão seguir tais exemplos. " No caso da E lf", informa a "BusinessWeek", "a companhia reterá o contro le da exploração, investimento e
BRASIL, há alguns anos, deu um tlmido passo em sentido análogo. Entretanto, a nova Constituiçãovetouatéisto,pois, o artigo 177 reserva à União o monopólio pctrolifero,apcsquisa,lavraetc. É curioso que so~iéticos "aggiornati" se aproveitem do capital estrangeiro sem abrir mão da propriedade estatal. E chama a atenção que esquerdistas nacionais alguns"duros"delinha"albancsa",outros entusiastas das propaladas "reformas" de Gorbachev - tenham cometido o disparate de impedir a empresas privadas, multinacionais ou nacionais, a pesquisa e a exploração do "ouro negro".
A quem favorece tal restrição? Ao Brasil? Na crise atual, Faz sen tido, prezado leitor. manter os privilégios da Petrobrás? Quais serão os responsáveis pdo atraso para dizer só isto - dai decorrente? Os esquerdistas nacionais, quando aplaudem aprctcnsa''abcrtura''naRússiaeimpedem aquiosaudàveldcs.abrochardainiciativa privada, o que pretendem na verdade? A que interesses servem?
A bandeira do Partido Comunista Sul-africano figura em lugar de destaque num ~::,[~~:,~ ANC. dirigido por Mandela
Nelson Mandela
A exaltação de um mito Hábil manipulação publicitária projeta a imagem mitificada do chefe de um movimento marxista armado à categoria de estadista no cenário internacional S SPOT-LIGHTS da mass media pu.seramemevidêndaum sub_versivo agora elevado à categoria de mito. Os poHlioos abriram-lhe os braços e disputarama"honra"deseremfotografados a seu lado. Pouco importa aos defensores dos chamados "direitos humanos" que Nelson Mandela, o disciplinado membro do Congresso Nacional Africano (CNA] - movimento que se autodefine como "irmão-siamês" do Partido comunista da África do Sul e por este transformado em seu braço armado - seja um revolucionário e terrorista Na verdade, chegou a hora de incensá-lo, pois servirá, talvez, de instrumen to para lançar no caos revolucionário a África do Sul, um dos últimos baluartes civilizadosenão-comunistasnocontinente africano. Para ·sto, era neeessâTo apresentar o mito Mandela no palco internacional. Os ''laboratórios''propagandístioosencarrega ram-sed·stoederam a"rece"ta" "subl'me-se" sua lma violenta, que encontrou, na oposição ao agoniiante sistema do aporlheid, um fácil pretexto; compare-se sua vida à de "santos" laicos "martirizados", tais como John e Robert Kennedy.Martin Luther King. Finalmente, arranjem-se para o mito, claques por toda parte. Certo público, aparvalhado, acreditarà piamente noshow ... Sueesso!
O
Condenado à prisão perpétua, na década de 60, por chefiar a ala violenta da CNA, o autor de How to Be a Good Communist (Como ser um bom comunista), foi anistiado em fevereiro último. A partir de então, real"zouv·avnsad·versospa·sesped"ndo
dinlleíroparaalutaempm:ndida,eamanutcnç!lo,contraseu própriopais,deum blo· qucio econômico. Este, iniciado em 1986, jãcausouprejuizosdaordcmde27billlões de dólares à ÁfricadoSul,afetando principalmenteos!raballladoresnegros,dosquais dezenasdemilharesestãodcscmpregados Faz parte de cer1ossl!ows publicitários ocultar aspectos do mito que chocaria o homem da rua. Mandela, em junho passado, realizou apoteótica viagem por diversos palses da Europa, Canadá e Estados Unidos, eem todos eles foi recebido com pompas reservadas a governantes. Nestas visitas,clenãoperdeuocasiãoderessaltar seu comprometimento com a luta armada, isto é o terrorismo. A mldia, de modo geral, registrou o fato, sem repulsas ou comentários mais aprofundados.
No Vaticano
M'l1:t1c1Ht11tn1111am11
HEnbCOH MAH/lEnA Homenagem comprometedora: a Rússia lançou até selo comemorando o aniversário de Mandela
Círculos jornalistioos e pollticos de maisdeumanaçãodeploramqueosservi ços de informação do Vaticano, até hã ai. gumtcmpocélebresporsuaprccisãoelucidez, tenham provavelmcnte,deixadodeinformaraSantaSésobreváriascircunstãn ciasquecercam o obstinado tcrroristasul africano e seu movimento. Pois, de outra maneira, não conseguem esses observadoCATOLI C IS MO -
Agosto 1990 -
9
res internacionais explicar o modo estimulante com que Mandela foi rcctbido no Palácio do Vaticano por João Paulo li , habitualmente tão preocupado com o magno problema da paz mundial Mandcla,apósaaudi!neiaque1evecom oJ>ontlfice,declarou-esuaspatavrasforam reprodul.Ídas pela mfdia internacional - que o Vigário de Cristo não se manifestara contra sua posição em matéria de luta armada.
Em Washington ---------·
J unto ao presidente norte-a mericano, George Bush, o cheíc do CNA reafirmou ser par1idário de empregar a força bruta contra o governo de sua pli.tria. Causaestranhe1.11 a resposta de Bush, também ele prt-ocupadocom a paz: "Nosso pais se solidariza com os que procuram a democracia através de meios não-v iolemos .... Mas a posição do CNA é 11ti' «r1o ponlo eomPl'ffnsivd" ("Folha dcS. Paulo'', 26-6- 1990, negrito nosso). lhá havido algum lapso por parte do presidente Bush? Pois n!io parece ser "ati' certo ponto compreensível" a terrlvel prática dos neckface, ou "colar" [ver quadro!, nem o uso de carros-bomba contraapopulaçãocivit! Além do mais, o primeiro mandatário norte-americano parece ter-se esquecido
deque,em novembro de 1988,quandovi· ' - - - - - - - - ,.:e.presidente dos EUA, assinou um doeu· mentodoPentágo no,oqual -entreou· trosmovimentos-historíaeclassificaco· mo terrorista o CNA. Na aprcsc:ntaçãodo documenlo, Bush dil.Ía: "Antes de mais nada, os Estados Unidos serão inflexíveis Pormanifonarseuapreçoaosinspiradocom os tcTroristas. Não faremos conee5· res e promotores do terrorismo internaciosõesecontinuarcmosaestimularasoutras nal - Fidel Castro, Yasscr Ararat e Muha naçôe5 a não o Faierem. Ceder ao terroris- mar Kadaf - , Mandela foi criticado. Mas mo só conduza encorajá-lo" (Tradução ita· a crítica foi suave. Tão suave que lhe perlianadooriginalinglês,publicadapelaEm- mi1irá a ob1enção do dinheirodescjado(abaixada Sul-AFricanacm Roma) pe nas com renú ncia pró-forma da luta arPortudoisto,faceaesseeorifeuda mada)e a manutenção das sançôe5 contra a África do Sul. Em Miami, aguardavam1 :~:;;i~:s~reb:~: ;rfi::;~~~~:~: ~~~~~~ no protestos de refugiados cubanos, os quais condenavam seu apoio ao lirano de tais. Os pronunciamentos de Mandela nll.o Cuba. Atitude louvável. Mas, foi só dão margem a dúvidas quanto às metas Como foi possível apresentar ao públ ide seu movimcnto,casosctornevilorioso co um partidário do terror transformado Ovacionado de pé durante ires minutos em herói, filiado, como já dissemos, ao noCongressonorte·americano pe los parla- mov imen to "irmão-siamês" do Partido comentares, representantes do governo dos munisrn e dominado por este? EstadosUnidosediptomatasprescntes,deTransbordaria dos 1imite5 deste artigo fcndcuanacionalizaçãodccmprcsasccrit i- analisar a manobra intt'Tnacional que iracou o capi1alismo diw selvagem. De acor- vestiu cm vilimas os promolores da revoludo com a "receita" ê m:ccssério favorcccr ção violcnla no Sul da África. Citemos, o mito, e assim, no pais da livre iniciativa de passagem, o documemadis~imo livro edapropriedadeprivada,aplaudem-sccs- Sou1h ~é.fl Africa/Namlbia, Dawn or tes disparates! E também outros, como o Dusk? {África Ocidental/Namlbia, Aurocirndo bloqueio econômico, prejudicial à ra ou Crepúsculo?), escrito por dois espeprópria nação norte-americana, dependen- cialistas das TFPs argentina e colombiana te de mintrios estratêgicossóencontráveis respectivamente, Alejandro Ezcurra Naón na África do Sul. e Luiz. Daniel Merizaldc (cfr. "Catolicis-
1- - - - - - - - -
Para não desagradar Gorbachev ... UMA NAÇÃO, subjugada pela Rússia, recebe da m(dio e govern05 ocidentais, tratamento muito diverso do dispensado a Mandela. Trata-seda LituAnia,cujadivi$11t."'lrrradl!Moria, e hâ meio skulo geme &Ob o tacão coEm 11 de março passado, proclamou cla sua indcpendencia cm rclação à Rússia, que a retaliou por meio de
pressões econômicas e potlticas {ver p4,gina4). Parece-nos oportuno apresentar um fato silenciado, de modo geral, pela grande imprensa e que manifesta bcmessaestranhaduplicidndcdetrata· mento. Trata-sedareccpçãoquearcprcscntante do governo lituano teve cm Was hi ngton ao solicitar apoio à
10 -
CATOLICISMO -
Agosto 1990
A primeira ministra lituana, Kazlmlera Prunskiene
declaração de independência de seu pais. O lidimodesejodc ver a nulada a anexação de Lituânia à Rússia, de· corrente do in fame pacto Ri bbentropMolotov, teve que ser sacrificado no altar do in tocivel Gorbaehev. A primeira-ministra lituana, Kasi• miera P ru nskicne, " foi vil mc ntelratada aochegar para uma reunillo noga• binetcdo presidente Bus h. Um encontro aceito de modo reluiantc pela Casa Branca, quando esta reconheceu que uma desatenção seria politicamente danosa "Nlloaespcravambandciraslituanas, guardas de honra, e ~ucr uma escolta. De fato , não permitiram que J>runskicncc nrrasseco m scu carro nos jardins daCa~a Branca. Ex igiram que salsse do carro, most rasse um passaporte soviético e não lituano, deixaramna esperando cm pé por dez mi nutoi;, e te\'Cdccaminhar desacompan hada att a Casa Branca para KU encontro oom Bush. Tudo porque a Casa Branca nllo queria ofender Gorbac hev" {"Human Evcnts", Washing ton, 19-5- 1990)
mo"n?470,fevereirodel990),oqualdestacaopapeldall:ologiadaLibertaçãonessamudança. O terrorismo, a partir de 1983, coma explosão de um carro-bomba, visou indiscriminadamcnteapopulaçãocivil,causando então centenas de vitimas. Em 1986, deacordocomaobrasupracitada,reuniuram-se na Zâmbia a Conferência Nacional dos Bispos da África do Sul [CNBAS] e a CNA de Mandela. Nesrn ocasião, o então presidente da CNBAS classificou o terrorismo praticado pela CNA como a "res-
posta de um povo em desespero pelo .. sistema político que tem urna capacidade intrinsecadegerarviolência".Querdizer, oregimeemsiéquegerariaoterrorismo, scmaparticipaçllodeMoscounasuaproduçllo.Ostcrroriscasseriam,assim,"inoccmesvitímas" da suposta forma de violência produzida por um "sistcmapolítico'',enãoteriamnenhumaresponsabílidade moral pelos seus crimes. Eis uma "explicação" no melhor estilo dialético-marxista,caractcristícadoseclcsiãsticos"liberacionistas".
Tulprincipíoabsurdopermitiriaaqualquerumaprãticadecrimcs,recaindoaculpa no regime político ... Mas esta regra só parece válida em regimes não-<:amunistas. Tratando-sede reivindicaçãojusta - asda pequena e heróica Lituânia, por exemplo - estasdeveriamserrejeitadas. Porquê? Sua luta pela independência ameaçaria(!) as bem amadas estruturas do Kremlin, e a intocabitidadedeouirohomem-mito,Gorbachev. Éprccisonãoprovocaroursoverme!ho para não perturbarapaxsoviética ... lt MANSUR GU~RIOS
==---,::,um,
vflimado
O terrível "necklace" ENTRE AS FORMAS de violência adotadas no CNA pelos tcrroris1as sequazcsdeMandclaháo"nccklacc''("colar"). Ttata-se de um pneu colocado em torno do pescoço ou dorso da vltima, embebido em combustivel no qual se ateia fogo. Tim N8Ubane (•), portavoz do CNA, falando na Universidade do Estado da Califórnia, declarou: "Nós queremos tornar a morte dos colaboracionistas (nome com o qual o CNA designa seus adversários] 1ãogrotescaquc ninguém mais pense nisso", ou seja, que ninguém mais pense em opor-se ao CNA ... Essa prálica continua em vigor, ao contrário do que se poderia pensar. Em "13 de abril último, um homem foi queimadoatéamortecomo 'colar' na densamente habitada Hillbrow, centro deJohannesburg". E entre "17e 18 de abril passado, só no dis1ri10 de Port Shepstone, dnco negros foram 'necklaccd."'. Uma "menina de 9 anos e um menino de 14 anos" estavam entre as vitimas("UCANews'', Prctória,23--4-90). Aliás,talformamacabrade1errorismo foi endossada em 1986pelaprópriamulher do chefe do CNA, Winnie Mande· la,duran1ecomícin num estádio dcSoweto, em Johannesburg.
•·necklace"
("colar")
"Infelizmente é verdade que algumas dessas pessoas (seis homens, duas mulhereseduascrianças]quees1lloacionando ajustiça, foram de falo torturados, disse Mandela. Deu a entender que isto havia cessado e disse que o grupo se opunha àtonura. "Mas alguns dissidentes, refugiados no Quênia, afirmaram a continuação do abuso e que pelo menos 120pessoas estão ainda detidas pelo CNA em Uganda e Angola. Numa carta aberta pedem a Mandela que abra um inquérito. Os que regressaram à África do Sul disseramestarprcparandoumrclatóriodeta\hado das sevicias" ("The New York Times",25-4-1990).
Vlol6ncla e barbárie: contra allados ...
. .. e até na casa de Mandela
Porém, não só adversários padecem perseguição. O CNA, nas suas próprias lileirasprendeetortura.Opróprio''Nelson Mandeta, em declarações àimprcnsa, quando partia para a Inglaterra cm 14 de abril passado, admitiu que o Congresso Nacional Africano maltratou aiguns de seus membros, mas disse que os responsáveis foram afastados.
Pior,aprópriamulherdeMandela, Winnie - informa cm longo artigo o conceituado semanário "Human Events", Washington, de 19-S-90 mantinha em sua propriedade um grupode guarda-costas, os quais, em fins del988,raptaramquatromeninoslcvando-osparaumanexoàcasadeMandela. Lá, segundo um dos torturados, Ken-
neth Kgase, Winnie chicoteou-os. Depois "mandou que lhes extorquissem umaconfissão''.JerryYusiMusiRichard. son,chefedoserviçodesegurança,comandou a tortura e morte do meníno JamcsMocktsiSeipei,dc l4anos,pelo que foi condenado. "N~lson Mandela acusouotribunaldcconduzirojulgamentodetalformaquesuamu!hcrcorreoriscodeserenvotvidanumprocesso"("OEstadodeS. Paulo", 26-5-90). Certamídia,ávidaemdenunciarviolações dos díreitos humanos, e pretcnsos"direitos"deanimaiseatédevegetais,senoticiafatosdessegênero,comumente não lhes dá o realce devido. E, quando o faz, procura freqüentemente apresentá-los como frutodas"estrutu· rasinjustas". Serialon8u[ssimaalistadefatos"até certo ponto compreensíveis" instigados e praticados pelos terroristas do CNA de Nelson Mandela. (•) Tim Ngubane, representante do CNA nosEstadosUnidos,declaraçõesnaUniversidadc do Estado da Califórnia, em 10/10/1985, apud K. Campbcll, in ''ANC - A Soviet Task Force?", lnstitute for The Study ofTurrorismo, Londres, 1986. CATOLICISMO - A,rosto 1990 -
11
Reforma Agrária em Goiás
Confisco arrasa produtor e implanta favela rural No cerrado do Centro-Oeste, desapropriação agro-reformista realiza dupla façanha: liquida florescente experiência ag rícola particular e "faveliza" agricultores assentados
N
ÃO MU ITO distante de Brasília, nos municípios de São
~~i!~ed.u'~~a~~~x: AJ!°t=~:aí!~é
hã pouco chamada "corredor • da miséria do Estado de Goiás". Situa-se aí a pitorescaChapadadosVeadeiros,pontoculminante do Centro-Oeste brasileiro, com 1875 metros de al! itude. De clima ame110, compa rãvel ao europeu, possui águas abundao1es e cristalinas q ue na.scem ao longe, nos pe nhascos em cujos ah iplanoscrcsce uma vegetação rastei raeverdejame. A região conhe<:eu nos últimos anos um franco dcsenvolvimerno cm decorrência denovastécnicasdocultivodcterras,aplicadas labor iosamente por agricultores estabelecidos na zona ou provenientes do sul Barraco miserável da família de Pedrina Ferraz da Silva - uma das sete que !]ão abandonaram o "Projeto", como o fizeram 54 outras familias do Pais. Foijustamentenestaáreaquc,eml982, Ari Valada.o, então governador de Goiás, um assentamento de Reforma Agrária q ue sete! As demais negociaram seus títu los fulminou com um decreto de desapropria- recebeu o nome de "Projeto de Coloniza- por qualquer preço, ese foram. ção os fazendeiros Orlando ViccnteTauri- ção Águas Claras", com vistas ao plantio De meia idade, Pcdrina Ferraz da SilzanoeMichelEugecn Morseau,paraimplan- dearro;,,;,milho,trigoefrutasnobres. va, conhecida como "Pequena", piauientarumprojetoestadualde Reforma AgráSegundo informações do Sr. Salomão se, atualsccretár iadaassociaçãodo Projeria. O Sr . Taurizano, depois de muitos per- Szervincki,fazendeironaregião,ogovcr- to, é quem exp lica o ocorrido: "O Govercalços, conseguiu j unto ao Supremo Tribu· no de Goiás já dispendeu com este proje- no do Estado Fundou o Projeto mas não nal Federal o cancelamento do decreto ex- to,a1éomomento,cercadequatromilhões o programou. Não basta pegar o pessoal propriatório. A mesma sorte, porém, não de dólares. lá foraejogarnaterracomoscjogamrateveseuco!ega MichelMorseau,belgaradimas de batata que, com qua lquer chuva cado no Brasil há 37 anos, que não conse- Desânimo e abandono que vier, pegam". E conclui: "É como o guiu reave r suas terras nem re<:eberjusta pessoal foi jogado aqui". Para ela, o proindenização, estando em curso uma ação Passados seis anos, quem chega ao lo- blema é generalizado: ''Pode haver assentajudicial na Vara P ública do Es1adode Goiás. cal do assentamento depara com um qua- mentos que estejam me lhores ou piores, O Estado, uma vez na posse das terras, dro desolador. Tal impressão é acentuada masamaioriaédissoaqui para pior". distribuiu-as a 61 famílias dos chamados à medida que se conversa com os poucos A opinião de Pedrina Ferraz da Silva "sem-terra", cabendo a cada uma aproxi- remanescentes do projeto. Das 61 familias confirma-se por importante estudo do Banmadamente 22 hectares. Iniciou-se assim assentadas em 1983, permanecem apenas co Nacional de Desenvolvimento - BNDEs,
12 -
C:ATOLICISMO -
Aeosto 1990
cuj0$ tb:nicos, após pesquisa com cerca dcl50085$Cntados,conelulramquc"aprodução ~ de bai.11:a renda". O que leva os Parceleirosatcremquc"trabalharíorade sua terra para conseguir mais recursos''. Nessas ituação,"muitosdctesacabamvendendo a terra para ter dinheiro na mão" ("Jorna l do Co rnmércio", Rio, 14- 1-90).
Só promessas P rossegue o depoimento de dona Pcdrina: "E.ssas tcmu precisam ter muito lipo dcapuraçãoparadaralgumacoisa: calcirio, adubo, sementes selecionadas, maqui nárias agricola.s e de irrigação. Foi por causa disso que formei um grupo de sen horas, comuquaisfomosatéGoiâniaparapcdir ajuda,umavezqueasafrapassadafoiperdida to1almente. Reivindiquei a semente, reivindiqueiadubo,reivindiqucitratores, mas nada disso foi possivcl. Tudo ficou nas promessas ... "
Ninguém é dono de nada O titulo fornecido pelo governo do Estado prolbe ao assentado o direito de venda ou alienação do imóvel. Assim criou -se uma siluaçllo jurldica inteiramente anômala: os assentados continuam sem terras, não.são proprietários de nada. Indagados sobre o título de propricda· de, os asse n1ados demons1ram insegurança. ~ocasodeAntonioAiltondosSantos: "Eu tenhoumpapelzinhoai, agora eu não sei ... Às vezes a gente compra uma bombanahoradccxplodir ... " Aambigüidadejurldicaéaltamentcprejudicial aosassentados.Alémdepropiciar disputas sobre a posse, afasta necessariament e in vesti mentos na região, dcsva]()ri za as terras e concorre para o empobrecimento geral.
Parasitismo soclal Raimundo Nonato Ferraz, irmão de dona Pcdrina, é um dos poucos sobreviventes da primeira leva: "Recebi ajuda e grande! Devido a minha familia ser numerosa, recebia uma feira de 70 quilos de arro:t limpo por mh, 22 litros de fei jão, 6 quilos de sal, I0ou 12 1atasdeóleo. Eratantoque,quandochegava a feira dom& segui nte, ainda linha sobra". C ritica ndo a reação dos assentados, oontinua Raimundo: "Bastou tirar a ajuda, para o povo CQmeçar a reclamar, dizendo que o Governo nos jogou aqui e agora não ajuda . Se isso não for ajuda, meu Deus do Céu, cu não sei o que é ajuda. Estou aquihâcincoanoscvoucompletarlOpedindo?NãoéPossivel!" Dcfato,longedecstimularcmainiciatlva dos assentados com vistas ao aumcnto da produção, tais " fa vores" governamentaiseriamdependentes. Em outraspalavras, nutriu -se assim um autlntico parasitismo social.
Em vez de estátua, injusta desapropriação A "guilhotina" da Reforma Agrária cai sobre um pioneiro do desenvolvimento do cerrado O CERRADO do Centro-Oeste brasileiro é conhecido peta sua terra agreste, ácida e de vegetação rala. lerraqueconstitu(aatéhâ p0ucoumdcsafioparaquatqucragricultor, tão difícil era sua exploração. Quem era o propric1ário das terras do ''Projeto de Colonização Águas Claras", cujo estrondoso fracasso foi cxalninado neste ardgo? Vale a pena levar ao conhecimento de nossos leitores a história dramAticadofuendciro belga, autêntico am igo do Brasil e - verdadeiro absurdo! - vitima injustamente imolada pela lqíslaçllo da Reforma Agrária socialista e CQnfiscatória implantada no Pais desde 1964 . Um dia, hã 37anos,essebelgaresotveusacrificarseuconfortoeuropeu cdedi· ear-!iC ao solo brasileiro. Seu nome: Michcl Eugc-c:n Morseau. Homem laborioso e pesquisador, aqui chegando, recolheu amostras de terra de uma propriedade que acabara de adquirirem Goiàs, e enviou-as, para serem c~aminadas, a um laboratório belga, pedindo um parecer a respeito do modo de aproveitá-las. A resposta não demorou a chegar, co m indicação da proporção de calcárco e outros elementos químico, necessários para a correção do solo. O laboratório perguntava ainda se aquelas eram as melhores terras do Brasil , ao que Michel respondeu que eram das piores... mas eram as de que dispu nha. lentando aplicaras recomendações que recebera, esse desbravador do cerrado brasileiro, não encon1rando o ealcàreo beneficiado, começou a retirar nas pedreiras da região o residuo das britadeiras, jogando-o na terra. Para sua alegria, os resultados foram excelentes!
Michel trabalhou e fez produzir sua terra durante 27 anos. Ele, que tanto amor revelara ao Brasil, investindo aqui tudo quanto possula, recebeu duro golpe: a "guilhotina" da Reforma Agrliria, implacável, abateu-se sobre ele. Hoje, com 75 anos, ainda traumatizado pelo ocorrido, chega a chorar amargurado quando conta sua história. Por força de um decreto de desapropriação, foi despejado de suas terras por Policiais portando armas de fogo. Sua filha sofreu um choque tão grande que até hoje passa por crises nervosas. O Sr. Michel não gosta de falar do assunto. Afirma que já não tem raillo de viver e que nem consegue mais conciliar o sono. Perdeu tudo o que tinha, sem re• ceberqualquerindenização, passadosjlidezanosdadesapropriaçlo. Eis ai uma situação pungente e absurda: o benemérito estrangeiro cm ho nra do qual se poderia elevar uma estátua, recebe como paga, em sua pâtria de adoção, injusta desapropriação. O ocorrido com o Sr. Michel Eugttn Morscau merece ser conhecido e mcdila· do por todos os brasileiros, sobretudo pelos que, den1ro da mesma cluse rural, apóiam a Reforma Agrâria socialista e confiscatória. Um dia a História registrarA que este insensato apoio foi a alavanca motriz de milhares de injustiças cometidas contra homens que lutaram para o engrandecimento de nossa Pátrill.
Raimundo Nonato Ferraz é considerado o (mico assentado bem sucedido do projeto. Enlretanto,conformcsuadeclaração, cleapenasCQnsegueosuficienteparasie para os seus. Se o result ado dos assentamentos é tllo-sóeonseguir, a lilulo excepcional, uma produção de subsistência, e caso tal modelo seja estendido a todo o Pais, comocvitarqueaFomeeapenUriasedis• seminempelascidades?
Amarga desilusão O Sr. Jost Firmo Dias, que foi prefeito de São João d'Aliança de gJ a 88, relata: "Esse projeto foi implan tado durante minha admin istração. Foi minha a idéia para que se implantasse aquele projeto.
Eu se lecionei aquele pessoal pobre, que não tinha nada, não tinha terra para trabalhar e vivia na minha porta pedindo emprego". Eis, entretanto, o que ele hoje CQnfe!lsaa respeito disso: "Acho que aquilo estâ acabado. POf"que o pessoal não tem condi ções para trabalhar. Qua ndo a gente aj uda, eles acham que não tfm de Fa:ter nenhum esforço". Co mo sevê, umdos criadores doprojeto reconhece o estrondoso fiasco da iniciativa. Serâquesucessivosecrcsccmtesdcsastres dessa natureza, cm todos os rincões do Pais, não constituem prova ca bal de que o socialismo agrârio levarA a mi ~ ria aocampocàscidades? ATfUO FAORO I NELSON 8ARl!fTTO
CATOLICISMO - Agosto 1990 -
13
concisamente • Ficha mutto su}a
(e vermelha)
Após décadas de engodo,
silêncioccurnplicidades,cstão
surgindo clamorosas denúncias e comprovações de atrocidades perpetradas pelo comunismo dentro e fora da Rússia. Moscoureconheccu,hãpou-
co,qucbalassovitticasassassinaram milhares de soldados poloncses cm 1943, na floresta de Katyn.
Na Alemanha Oriental foi descoberta urna vala comum naFlorestadcNcubrandcnburgo,011deossoviétioosjogavarn
os corpos das vitimas das matançascmcamposdeoonccntração. "A opinião pública alemã-oricntalcomeçaaoonhecer um doscapltulos maisobscurosemaissinistrosdahistória", t'liCreveua agência nacionalde
nOl kias ADN. Na Mongólia, o programa
dctelevisãodemaioraudiincia no momento .se chama " Julga-
mento da História", O produtorobtcve depoimentos e documentos cslarrcccdores: entre 1937 e 1939 pelo menos 100 mil mongóis tombaram numa matança"controladaeplanificada porespccialistasda políeia secreta soviética". Um em cadasetemona;6isfoias$3.SSi nado - a maioria da elite dos lamas e dc acnl e "educada". Qucmjulgarâ toda essa sinistra cadeia de chacinas?
• Polltlca: fim do "show"? Atéhâ pouco se propalava que não s.llo os eleitores, mas ospcqucnoscirculosdc"rnidiocratas" - profo;.sionais dos mciosdccomunicaçãodcmassa - que determinam os temas das campanhas eleitorai s.Conforme essa acepção, a vitória
14 - CATOLIC ISMO -
de um candidato dependeria basicamente de uma fórmula sim plista: frases breves, pouco(ou 11enhum) pensamento e "embombamcnlo" publicitârio.Quemseatrcvesseainfringi r taisregras,estariadeimediato fadado ao insucesso. Na França.entretanto, tais técnicasjâ sao vistas como ultrapassadas. Claude Scguclla e Thierry Saussei,conccituadoscspccialistas da chamada "diladura da imagem" - responsáveis pclascampanhasdeMitterrand e Chirac - advertem que a vulgariução da imagem pode produz.irumresultadocontrârio, isto é, aperdadacredibilidadc junto à opinillo pública, que se mos1ra sa turada desses rcct1rsosci!nicos.Osqueinsistcm cm utili zar essas técnicas dapolitica-espc1àculo cstãocorrendoo ri.KO decair no ridícu lo", accnrnaJcan LouisMissika, responsável pelo serviço de informação e divulgação do Governo fninds. Anovaordcmébuscarpcrsuadir o clei1or por meio de um discurso mais sólido e de uma postura maisconsistcntc. Scrà também cmre nós o fim dadcsastradapoliticaeleitoral dc divulgar caras c não idéias1
• A lel do presunto Nem a forma de se expor sabichas nem as medidas da barraca de caldo de cana nas fciraslivrcsescaparamdofestival dc emcndas que escâ assolando a Constirnimc paulistana. As sugestões dos vereadores à futura Lei Orgãnica do mais desenvolvido município doUrasilvãodaidéiaestapafúrdiadaclciçãoindiretado prefeito -assunto da alçada do Congresso Nacional - até
Agmto 1990
agarantiadescgurançapúblicaatcrrcirosdcumbanda. Em Brasilia, na Cãmara dos Deputados, por sua vez, hâ pelo menos 700 projetos cm pauta, os quais bem poderiam compor uma galeria de temas ext ravagantes, entre os quais, por exemplo, o Dia Nacional do Forró e a proibição eterna(sic!)doaurne11todo botijãodegãs. Eis um projeto que. cm meio a gargalhadas, acaba de ser aprovado: "denomina-se presunto c:tclusivamcntco produto obtido com o pernil de suínosoucomacoxaeasobrecoxadopcru". Trala-scda"lei do presumo", do deputado Hil ãrio Braun (PMDB-RS). Casos como esse, cada vez mais numerosos, vão cnriqueccndoofastoancdotãriopolítico de um pais que ganharia cm ser mais sério.
• Atê caxumba no Exército soviético! Anos atrãs, o " lzvestia" publicou uma reportagem sobreoestadodesaúdcdosrccrutas soviéticos, contendo este dadoimprcssiona11le: umnúmero cresce nte de rapaus com 18 anos é dispensado porrazões médicas. Eis a rclaçllo das doenças que mais os acometem - conforme o jornal do Ministério de Defesa soviético "Krasnaya Zvezda": hepatite, tifóide. infccçõesnamcninge,rubéola, caxumba e difterias. Um em inente médico militar soviético denominou a caxumba de "a doençadossoldados" - afirmaçãosurpreendenteparanossosdias. Foi registrada também altissi maporcentagemdehepatitc nas Repilblicas da Ásia Central. E, em boa medida, arazãoécsra:fahadcégua potável, bem como escassez de artefatos médicos adequados, taiscomoasagulhasque s.llofrcqücntementereaprovcitadas.
NoUzbcquistllo, por exemplo, cerca de dois terços dos hospitais ruraiscu rba11os,ondc $ão tratadas as doenças infecciosas, não possuem àgua qucntc. A grande maioria dos hospitaisdazonaruraldaassim chamada URSS realmente não dispõcdeâguaqucn1c,27'il não t&n sistema de esgotos e 170/t não possuem scqucrâgua corrente. Nãosurpreende,àvistadcssequadro,que4SO/t dosrccrutas sofram de algum tipo de desvio psicol6gieo, além de que IS-.,.jâtenhamsidojulgadospor praticar crimes.
• Pudor a caminho da extlnç6o Logo após a queda de nossos primeiros pais, ainda no parniso terrestre, Deus cobriu anudczdcAdlloeEva.confeccionando-lhcs túnieas de pclc -cnsi na -nosaSagradaEscritura. Hoje cm dia, porém, o senso do recato e do pudor estâse cvancsccndo. E não só no Brasil. Êoque revela pesquisa recente, levada a cabo na ltâlia, com2.089pcssoas-amostra representativa da população daquclcpals. O est udo foi comparado cornodcoutrolcvantamcmo, realizado cm 1983,com 1.033 pessoas. Alguns dados frisantes: di minulram cm apro:timadamcnte 8'1, os que consideram "ofensivo", para o senso comu m dopudor,vcrumamulhcrcm "topless" numa praia pouco frcqüemada(dc311!1.em 1983, o índice caiu para 231!1.). Jâ os que consideram "nãoofcnsivo" o "topless" numa praia deserta silo a maioria esmagadora: 74-.,. contra os 6S•r, dc 19g3_ Ncss.aprogressllo,nãoestarâ distante o dia da nudez total. PioXlljâobservara,décadasatrâs,queoséculo XX haviaperdidoanoc;llodopecado.
... em tempo
Destaque
"ª
Esquerda, produto de luxo - "A esquerda só se encontra primavera, em Roland Gorros ou em Cannl's", tifirma Rigis Debroy, polflico /ronc#s e u-guerri/Jreiro, em seu INro "A Demain De Gaulle", confirmando (I.SSÍm que a f'squerda i um fe11f'>meno de alta burguesia, ao contrário do que upregw u mitologia marxista. Proibklo lamber rcls. .. - A Drug E,iforctment Administralion DEA. Odl'parlumefl/oamrricano derombate dsdrogos, descobriu qul' lamber rt& estava 54! tornando o novo vkio emre os ameriwnos! No verdade, um tipo de ri que prolifera em canaviais libera nu pele uma subst6m:iu a/uci11ógen11. ~ 1overnos dos Es1ados da Geórgia e da Carolina do Sul aprovaram uma lei i11Sólita que condena o prá1ica de IDmber ras.
"Adverlllrlos" colaboraclonlstas - No passado, o regime sovii rico combatia forte mente os grandes empresas americum1s e usava o seu sistema l'SCQ/ar como cúledra de pregaç4o contru elus. Enlre/anto, uma das grandes multinacionais, a IBM americana. foi recebido com ap/all$Q na Uni4o Soviética, e entrou logo pela porta e$COlar, doando IJ.()()() computadores às escolas russas. Por trás de um aJ)(lrente confron10, um verdadeiro colaboracionismo.
GorbacMV «li fim de festa - Quem acomJ)(lnha a midia ocidental tem o impress4o de que poucos homert.s s4o 140 populares quanto Gorba<:hev e sua polrtiro. Nada mais falso/ Apdar de toda a pro(J(lganda capitalista, u Livraria Chapters, em Washington, vendeu es1e ano apenas um rxtmplor do livro ''Peres/roika '', escrito pelo presidente soviético. Uma gota no mar - Eis uma liç4o paro ,rossos otimistas. Assim J)(lga a U,ri(Jo Soviética aos que com elo negociam. A dfvida desse pars no tocan(e o artigos do indústria ligeira, importudos de Purrugal, atinge 17 m1lhôes de dólares. O. Popo,·a, funcionária da empresa soviética "Rainoexporl ", que forneceu esse dado, acrescenta a indo: "Isto é apenas uma gota no mar da dfvida da Uni4o Soviética a firmas estrangeiros fornecedoras de artigos de consumo generaliu,do", Controdlç:6es da mentalktode modema - "N4o corte mais a grama" é o mais recen1e slogan do grupo Amcrican Vegeiarians, segundo "O Globo". A1é lá chega o "respeilo" d na1ur~, enquanto os crimes como a eulonásia se v(Jo wrnando comuns. Paradoxos sinistros da mentalidade moderna!
Auaulnlo premeditado - A vers4o oficial soviética, segundo o ,,uai o Twr, sua esposa Alexandra e os cinco filhos teriam sido assossmados Sl!m conhecimento dos chefes bolche viques, foi há pouco desmentida. Enrre os documentos, fotografias, publicuç(j('s e comunicados telegr(ificos referentes d execuçdo da família ,eu/ em Ekaterimburg - que a famosa CQS(I britfinica de leilôes S01heby 's colocou recentemente d venda - encontrava-se um telegrama. enviado a Moscou, confirmandoaexecuçllo: "Todaafomflia 1e,>ta mesmasortedoseucMfe''. Macabro! ... - Um roix4o que serve de adego, de es/ante de livros ou ainda de mesa, enquanto o seu dono n4o o usar para ser nele enterrodo, é o novo "móvel" que um marcentiro, do cidade de Windsor, tm Mossachusel/s, colocou d venda, entregando es1e produto a domicllio, desmonlado e com pro/e/eiras opcionais.
Plaul premeia o crime - O aborto além de crime, é um pecado contra o$.~ Mondamento, ' 'n(Jo matarás'', p11nlvel com u excom unhdo Numa afronto u Deus e d /egisloç4o em vigor, esse crime está sen· do premiado no Piou(, onde o "Es101u10 do Magistério" concede uma licença de 6() dias às professoras da redt estoduol de ensino que praticam o aborto,
Um morto por minuto Imagine, kitor, um terrivel campo de concen1ração, ondc a cada minuto o impiedoso carrasco matc, comcrutldadc inaudita, uma vítima inocente. Não! Não pense em Au,;d1witz ou mesmo cm alguma terrivel Lubianka, pois nãosctratadi.w,. Os limites desse campo? As fronteiras de uma nação. Os carrascos? As próprias mães das vitimas. Os supliciados? As tenras crianças inocentes que no claustromaternoaguardamveraluidodia. Sim,na llália,realiui-seu rnaborma cadaminut0. Do~e anos após a aprovação da lei "194", que legitimou ena pn\tica assassina - de acordo com notidu estampadas pelo jornal ilatiano "Avvenire" - i' llouvc 4 milhões e meio de abortos. Tais dados foram divulgados, na abertura do encontro "Sctnana pela vida", em Nápoles, por diversos movimentos católicos. Ondcestãoospregoeirosdosdircitos humanos, p.araimpedirtalgenocidio1
Gatos e cachorros em vez de filhos Enquanto as mães matam Friamente os filhos, animaisdeestimaçàoocupamolugardos ... indcscjad~. Nos Estados Unidos. informa o " Jornal do Brasil", nascem por hora 41S bcbês, 2.000 cachorros e 3.SOOgatos! Em matfria de capa, o semanário parisiense '' L' Exprcss" informa que, na França, gatos e ca-:horros são JS milhões, oequivalentcaquaseduasvucso número de crianças! Para os filhos a morte cruel e calculada! Para os animais de estimação não se poupam confortos e bons tratos! Surpr('('ndcaquantidadcdcprodutosdediversas marcasàdisposiçãoparacãescgatos,cmsupermcrcados americanos. Mais de trk mil variedades - comida seca, comida úmida, ração c.,m forma de osso e at~ comida para animai!i em dieta! - em um merca• do que movimentou, em 19S8, 7,9 bilhões de dólaro ccresceS'i'taoano. Os Fra nceses f:u:em fita a rim de ouvir o horóscopo dc scus animab dc estimaçllo e sc abrem em conri• deitcia para os mais de dois mil videntes, cartomantescamólogosdeanima is, espalhadospelopais. Hàainda2Smilinstitutosdebele1.a,canisdelu1to,de4eScstrelas,ondeosanimaispassam Ffrias, cnquantoscusdonosviajam.Echega-scaocstapaFúrdiodchavcr,parabichos,quatroagência5"matrimoniais"cduulojudcahacosturaemParis! At~làchcgamos! ...
CATOLIC ISMO - Agosto 1990 -
15
Santa Mônica e Santo Agostinho
Lágrimas confiantes obtêm a conversão de um filho A cé lebre co nversão de Sa nto Agost inho passou para a H istória como exemplo ta nto de contr ição quanto de
persevera nça da mãe que arra ncou dos Céus aque la graça -
ú n ica razao de sua existência
I NDA OUTRO dia, um amigo me mostravaacartatocamcdcumaassisientc social, de formação católica, lamentandootristces1adodenossajuveniudc. Està-secm prcscnça,diziacla,de "uma guerra constamc cont ra a Fé, a Moral e os bons costumes. É uma luta aberta e desassombrada contra os Mandamentos da Lei de Deus. Torna-se di flcil não apre nder a roubar, matar, seqüestrar". Tal situação, decorrcn1e do ncopaganismo contemporâneo, suscita um estado de alma angt1stiantcpara incontável nilmcro de mães que vêem seus filhos arrastados pelos camin hos do vicio, dad rogae docrime. Desanimadas e abat idas, por vezes elas s.ão tendentes a perder a confiança no socorro da Providência para a regeneração dequantoslhess.ãocaros. NesseconteJCto,espeçialmenteparaconforto dessas m!les, vem a propósi10 recordar o cxemplo de Santa Mônica (33 1-387), c11ja festa a lirn rgia romana celebra a 27 de ago.'llo.
A
O FILHO DAS LÁG RIM AS
Rulnas de óstla, cidade portuária romana, onde morreu Santa Mónica. Ao centro: tumba da Sanfa com sua estárua jacenre - Esculfura de /saias de Pisa (séc. XV), igreja de Santo Agostinho, Roma
16 -
CATOLICISMO -
Agosto 19!}0
Durantenoveanos,Mônicarez.ouechoro11pc laconversãodeseu fil ho, Agostinho (354-430), q11e havia se pc-rvertido não só do ponto de vista moral, mas ingressara ademais na nefanda sei1a dos maniq11eus ("). No decu rso de todo esse tempo, rec11sou-se ela heroicamente a participar da mesma mesaqueofilhoherege. É o próprio Agostinho - o grande Santo Agostinho, Bispo de Hipona (norte da África) e Doutor da Igreja - em suas cflebres "Confissões", quem comenta a atitudtsantamentepc-rstveranteeinsiste111ede sua piedosa mãe: "Ela chorava diante de Vós Ide Deus] muito mais do que as outra mães costu mam chorar sobre o cadáver dos filhos, porque via minha morte com a Ftl'oespíritoq11t havia recebido de Vós ..... "Aquela piedosa vitiva, casta e sóbria como as que Vós amais .... não menos solicita cm suas lãgrimas e gemidos, não cessava de chorar por mim cm Vossa prtstnça, cm todas as horas de suas orações'". A todos que pudessem fazer o filho reconhecer o erro, Santa Mônica insistia para que falassem com Agost inho. Um bispo, cansado da insistência da santa, respondeu-lhe.- profeticamente: "Vai-te em paz,
mulher,econtinuaaviverassim,quenão époss[velquepereçaofilhodetantaslágrimas"! Com efeito, Mônica sempre discernira nofilhoumavocaçãoalt!ssima,oque alevava a fazer violência ao Céu pelaoonversàodeAgostinho, a qual realmente se deu quase ao termo de uma década de muitas precesedemuita.slágrimas.
O ÊXTASE DE ÓSTIA Agostinhopartiraparaaltália,jádesiludido com o maniqueísmo. De Roma, a Providência o conduziu a Milão, onde o admirável Arce bispo, Santo Ambrósio, também Doutor da lgreja,deveriaexercerum papel fundamental na conversão do futuro Bispo de Hipona. Guiada por uma inspiração sobrcnatural, Santa Mônica atravessou o Mcditerrãneo "seguindo-me por mar e por terra, confiandoem Vós em todosos perigos" - acentua o filho - porque estava certa de que cm Milão "Vós lhe concedcricis o que lhe havíeis prometido", isto é, a conversão de Agostinho. Nessa cidade, a santa travou contato com Santo Ambrósio, que ficou muito edificado com sua Fé. Tinhachegado,enfim, paraMônica,o dia bendito em que suas preces seriam ouvidas e Santo Agostinho converter-se-ia Estava cumprida sua missão. Deus a recompensou com o célebre êxtase na cidade de Óstia (Itália) (ver quadro abaixo], em com-
panhia do Filho, após o que pôde ela entregar em paz suaalmaaoCriador, no ano 387. LUIZ CARLOS AZEVEDO
(º)Emnossacdiçãopassada, Foiapresentadabrevenotaexplicativasobreomanique[smo,noartigo"Vírusdesagregadordafamilia". Cabe aqui apenas recordar que a doutrina pregada por Mani (216-277 DC) na fndia e especialmente na Pér~ia, ~onsistia numa mescla fantasiosa de elementos da religião persa, como o dualismo (luta eterna entre dois princípios). do budismo e do Cristianismo. Para os maniqueus, esses dois prindpios - odo bem, o principio da luz, eo domal,oprincípiodastrevas - sàoreprescntados no homem por duas almas: uma corpórea, que é a do mal. ou1ra luminosa, que éa do bem. Pode-se sempre, segundo eles,akançaraprevalênciadaalmaluminosa através de uma ascese particular, que consiste emtriplicesigi!w a) abster-se do alimento animal e conversas impuras; b)abstcr-sedapropricdadccdotraba!ho; c)abster-sedomatrimônioedoconcubinato. Omaniqueísmo,consideradoumaheresiapelalgreja,foimuitodifundidoespecia!mente no Oriente, eai durou até o século V[[. Santo Agostinho, que duramc algum tempo pertenceu à seita maniquéia, tornou se, após sua conversão, o grande opositor dessa heresia. Dcdicouàrefutaçãodelanumerosas obras.
Í1fill
CHURRASCARIA EPIZZARIA
Lm!.JABARONESA ALMOÇO EXECUTIVO 0as11:0às 15:00hs.
Pl.uas no forno a lenha Churraseona bnlaa Ent,ega-seadomicllio F1,Jo e.v,,,- <1o l!ú,2e1 - Fonoo:878229 -125621'0 - Sf'
DECORAÇÔES L TOA.
Carpetes Cortinas Tapetes Especializado em colocação de carpetes pelo sistema Robert's
Rua Martim Francisco, 188 Telefones:826-6554 - 826-6332 825-0508 - 66-7736
CEP 01226 - Santa Cecília - São Paulo
TFP o que é essa chama de fé
O colóquio de Óstia
é coragem?
VocCtnco n1rará a resp0s1a nol;vro-âlbum:
UM DOS MAIS CÉLEBRES capí111los das "Confissões", de Santo Agostinho, é o que trata do êxiase de Óstia. É ele notável pela arte descritiva, pela riqueza da análise psicológica, pela in111ição do sobrena111ral, e do qual extraímos os trechos abaixo: "Próximo já do dia em que ela [Santa Mônica] ia sair desta vida, sucedeu, segundo creio, por dlsposlção de Vossos secretos designios, que nos encontrãssemos sozinhos, ela e eu, apoiados a uma janela cuja vista dava para o jardim interior da casa onde morávamos. Era em Óstia, na foz do Tibre, onde, apartados da multidão, após o cansaço duma longa viagem, retemperávamos as forças para embarcarmos . . . "Dizíamos, pois: Suponhamos que ouviamos Aquele que amamos nas criaturas mas sem o intermédio delas, assim como nós acabamos de experimentar, atingindo num relance de pensamento, a Eterna Sabedoria que permanece imutável sobre todos os seres. Se esta contemplação continuasse e se todas as outras visões de ordem muito inferior cessassem .... não seria isto a realização do 'entra no gozo do teu Senhor'? (Mt. 25, 21) .. "Minha Mãe então disse: Meu filho, quanto a mim, já. nenhuma coisa me dá gosto, nesta vida. Não sei o que faço ainda aqui, nem porque ainda cã esteja, esvanecidas já., as esperanças deste mundo. Por um só motivo desejava prolongar um pouco mais a vida: para ver-te católico ames de morrer. Deus concedeu-me esta graça superabundantemente, pois vejo que já. desprezas a felicidade terrena para servirdes ao Senhor. Que faço, cu, pois aqui?" (Santo Agostinho, ''Confissões", Livraria Apostolado da Imprensa, Porto, 1966,pp.227-229).
Um Homem Uma Obra Uma Cesla Homenagern dasTFl's a PllnloCorrfsdtOlivtlra
~70;!~~~~as
I Pedidos pelo tel.:
Formato 3lx23
(011 )220-4522
1 Preço60IITNs
ounoend.abaíxo
AATPRl$$ 1nd. Go .. o lO -
o! l<b
. ó&I- OUlO-SI<>-
Anunciar em CATOLICISMO é anunciar para todo o BRASIL Consulte nossa tabela de preços escreve(~fft82S:~7ô'tº para
L.C. A.
CATOLICISMO -
Ago~to 1990 -
17
(Jmonge eo
~
passarinho RA
UMA
VEZ
,m
mosteiro no qual vivia um monge de nome
Urbano, muito piedoso e diligente. Um dia foi -lhe. confiada achave da biblioteca, da qual passou a cuidar como um tesouro. Leu
muitos livros e chegou até a escrever vários, todos muito belos. En treos !ivros queliaestavaaSagrada Escritura . Foinclaquc sc deparoucertavezcom umas palavras de São Pedro, que diziam: "Diante de Deus, mil anos s/lo como um dia e uma noire de vigUia'' . Ao jovem mon -
ge, isto pareceu uma coisa intciramcntc im possível, algo no que não queria e não conseguia acreditar. A partir de então, passou a ser atormentado por terríveis dúvidas. Durante certo tempo, o monge perseguiu
•
Certa manhã, quando saiu da úmida biblioteca e se dirigiu para o luminoso e bclo jardim conventual, viu um pequeno pássaro multicolorido, ciscando à procura de grãozinhos. Logo que o mon ge se apro ximou, com o intuito de agarrá-lo, o passarinho voou para o galho de um arbusto e pôs-se a cantar tão belamente quanto um rouxinol. A ave não era tímida, e permitiu que o monge chegasse bem perto, quase at é o ponto de alcançá-la, e só aí voou para outro galho. Isto se repetiu várias vezes. 18 -
CATOLICISMO -
A gosto 1990
o passarinho; camava este de um modo cada vez mais sonoro e daro. Ma.s não se deixavaagarrar,demaneiraqueojovemmonge, saindo do jardim do mosteiro,embrenhou-se pelo bosquescmprea pcrseguir a belissimaavezinha.Atéquedcsistiueresolveuvol!arparaomosteiro. Qualnãofoiseuespantoaochegar: o mosteiro pareceu-lhe inteiramente outro. Tudo setinhatornadomaislargo, mais amplo e mais bonito,oprédio,ojardim,enolugardavelha igrcjinhaconventualerguia-se uma majestosa catedral de três torres. Tudo parecia tão estranhoqueelechegouapensar em feitiçaria. Caminhou até o portão principai e puxou timidamente a campainha. O por teiro que veio atender era-lhe completamente desconhecido, e recuou atônito ao vê-lo. O mongeemrou,tomandooca-
minhoque passava pelo cemitério conventual, no qual encontrou várias lápides as quais nãoselembravadejátervistoalgumavez.Chegandoaoclaustro,viualireunidoumgrupodemonges,dirigindo-seentão a eles. Quando o viram, recuaram todos, muito assustados. Sóoabade-que estranhamente não era o seu abade, mas um outro, mais jovem - manteve-se firme de pé diante dele, e estcndeu um crucifixo em sua direção, bradando: "Em nomedeCristo,ó fantasma,dizei: qucm sois? E o que procurais, ó vós que deixastes a cavernadosmortos,entrenós,osvivos1" O monge então estremeceu da cabeça aospés,evacilou,comoumanciãovacila, e voltou os olhos para o chão. Sóaí notou tcrumalongabarbaprateada,quelhedesciaabaixodacinturanaqual aindaestava preso o chaveiro com as chaves de todas asestantesdabíbliotcca.Aosmongespareceuquenaqueleforasteiro algo de miraculoso acontecia. Assim,cheios dctcmorerespeito,conduziram-no até o troneto do abade e fizeramno sentar. Um jovem monge foi até a biblioteca e trouxe a crônica do mosteiro, que passou a ler diante de todos. Ela registrava que há trezentos anoso monge Urbano tinha desaparecido sem deixar rastro. Nin':s guémsabiasetinhafugido ou se lhe acontecera algum desastre. "Ó passarinhose!vagem, então era esta tua canção?"exclamouoforasteirocomumsuspiro. "Só te persegui durante três minutos e escutei o teu canto, e três séculos se escoaram desde então! Agora te compreendo, e adoro a Deus ao desfazer-me em pó!" Terminando essas palavras, inclinouacab~a,eseu corpo se desfez num montículo de cin7.aS. (Tr•duçãoead•pt•ç1Qdooon1oderne,rno110rne.da obra LUDWIG llEllCIISTEIN MARCllEN UNDSAGEN, "Conlos e Lcnd .. <k LudwiK n.rch,tcin"'l
A degolação de um santo que soube dizer Não A corajosa censura - ~"Não te é lícito" dirigida por São João Batista a Herodes é um magnifico exemplo para a atitude que os católicos de hoje devem tomar diante do mundo neopagão.
DegolaçAo de SAo Jolfo Batista - Pintura de Memlinc (1479), Postigo do Matrimônio Místico, Hospital SãoJoAo, Bruges (Bélgica)
Eron';;:~:~º~:~ :ª~t:~':a~~~
d~ vida,chafurdadomuitasvezesnasensualidadc e acovardado diante das adversi dades, reluz no firmamento desantidadedaSanta [grejaafiguradcSãoJoão Batista, o Precursor do Messias, cuja morte por degolação a Sagrada Liturgia comemoranodia29destemês Ao anunciar o seu nascimento, o Arcanjo São Gabriel profetizou: "Ele serágrandediantedoScnhor''(Lc.1,15). Dele disse o próprio Homem-Deus; "Entre os nascidos das mulheres, não veio ao mundo outro maior que João Batista"(Mt.11, 11)
Ainda em sua infância, São João Batista - santificado no ventre materno ao ouvir as palavras com que Nossa Se11horasaudou sua prima Santa Isabel - retirou-se para odcserto, praticando, durante cerca de 25 anos, as mais austeras penitências
Tinha29 anos quando, divinament e inspirado,dirigiu-seàsmargensdoJordãopara anunciar o Messias.o Esperado das nações ta e~i\!:e~nos não aparecia um profeGrandc asceta, etc foi por excelência o homem da pureia, possuindo um domínio perfeito sobre si mesmo Éo varão que leva o desassombro e o espírico de combatividade ao último ponto. O seu vígoroso"non licet" con tra Herodes constitui um exemplo para todos os representantes de Deus até o fim do mundo. "Admirai a santa ousadia do profeta, ousadia que foi comunicada aos ministros de Dens, para lembrar aos grandes e poderosos os seus deveres.Aidosminisirosquenãosabem reprimir o mal! (D. Duarte Leopoldo e Silva, "Concordância dos Santos Evangelhos", 5~ edição, p. 79) Por fim, São João Batista é o mãrtir decapitadoporsemanterfielàsuapregação. O martlriodc Sllo João Batista ocorreu nas proximidades da Páscoa, um ano antes da PaiKão de Nosso Senhor, mas celebra-se a29deagostoporse ter encontradonessediasnavenerãvclcabeçaem Emesa, naSíria,em452
"Não te é lícito" Naquele tempo, governava a Galiléia otetrarcaHerodcsAntipas,queseuniu
adultcrinamcntc a Hcrodiades, esposa de seu irmão Felipe. Herodíades - além de ser sobrinha do tetrarca - não era viúva, pois seu marido estava vivo e possula, entre outras, uma filha chamada Salomé. Essa união adúltera e incestuosa constituía um enorme escândalo Defendendo a causa de Deus, o Profeta fulminou con1 um irresistível anátemao pecado público; "Não te é licito possuir a mulher de teu irmão" (Me. 6, 18)
Instigado por Herodíades, o tclrar ca pecador prendeu o justo, e só não deu logo cabo de sua vida por temor do povo Na festa do aniversário de Herodes, dia de alegria e favores, a jovem Salomé, filha de Herodíades, recebeu a promessa de obter tudo o que pedisse, após terdançadodiantedotetrarcaeseus cortesãos. Aconselhada por sua mãe, pediu que se lhe dcs~c. numa bandeja, a cabeça do incômodo pregador. Assim, o Batista foi degolado, porqne denunciou o adultério e o incesto Masestamorteconstituiautênticotriunfo Poucodepois,Herodesfoifragorosamente derrotado por Aretas, rei da Arábia, numa grande batalha. E o imperador Romano Calígula privou-o de seus Eslados,desterrando-o,juntarncntecom Herodiades, para a cidade de Uão, na França, onde pereceram miseravelmente ... D
CATOLICISMO -
Agosto 1990 -
19
~~~-~
Um belo espetáculo para os habitantes das cidades desfiles, segundo
as estações do ano, para os quais
se cobriam
asruas
com flores
A fecundidade da vida urbana medieval Pitoresco e vivacidade da vida urbana, inspiração familiar em toda a atividade profissional na Idade Média contrastam com a despersonalização reinante nas cidades atuais e com o espírito de revolta, tão freqüente nos sindicatos de hoje E ALGUM DIA, caro leitor, fõs.se-
mos por descer numa cidade da Europa
ce incrível que esse gênero devida medíe valtenhasidornchadode"túnelda História"porseusdetratoresrevolucionários Mas, passeemos um pouco pela rua na qual nosso Anjo nos dei~ou
do ano de 1200,depararíamoscom umcenãrio impossível de ser imaginado em toda sua belezacvariedadeporgemedc nosso século. Acostumados como estamos à vida modcma,cinzema,dcspcrsonalizantc e mecan"zada, ver-nos-·amos ·mers. num ambiente muito diferente, impregnado de candura, Fervor religioso, vigor e senso de honra, para falar apenas do aspecto espiritual. Só então poderíamos compreender o que significa viver numa atmosíera toda feitadeaconchego,aexemplodoquesucede no âmbito familiar, no qual as pessoas setratamcomdelicadezaedignidade,eonde abundam também os lados pitorescos Teríamos então a mesma sen$ação de alguém que, pela primeira vez, respirasse ar puro, após ter passado toda sua existência preso numagrutasombriaesuja. Eepare-
ESPETÁCULO da rua medieval p~recia feito de propósi10 para deleitar os olhos dos transeuntes. So· breumfundodequadrodefachadasbclamente emolduradas e pintadas com gosto - atéa.scatedraiseramdcslumbrantemcnte coloridas por dentro e por fora - as pessoas andavam vestidas com roupas de coresvivas:vermelho,ocreeazulcontrastavamcomastogascscurasdosjuizes,advogados. médicos e professores, os hábitos marrons,brilncos,ncgrosoucinzasdcfradesemongcsouoaltovéuresp!andccemc de alvura, fixado no alto dos chapéus cm ponta das senhoras. Um ou outro fidalgo,
S
mos, pelagra_ça de Deus, conduzidos por nosso AnJo da Guarda numa lon-
ga viagem de volta no tempo, e acabássc
20 -
CATOLICISMO -
Agosto 1990
Ruas com vivacidade ausente nas de hoje
O
àsvezesdepoucosrecursos, passavaacompanhadodcseuescudciro, tendoambosestampadosnostrajesobrasãodearmas,cavalgando monrnrias elas mesmas cobertas de panos de cores vivas. Não se tratava apenasda.sroupasdosdiasfestivosoudas pessoas ricas; mesmo no dia-a-dia a gente simples vestia-se com roupas de bom gosto e cores vistosas. Ao contemplarmos as miniaturas, as tapeçarias, os afrescos ou os vitrais que chegaram até nós, encontramos sempre essa marca registrada da Idade Média, umafascinamcriquczadecoloridosdivcrsos. Cada profissão, uma grande fam íli a M DOS ELEMENTOS essenciais davidaurbanaeraaorganização dotrabalho.Aconcepçãomcdieval tomava a estrutura Familiar como modelo ; patrões,artesãoseaprl'ndizesestavam reunidos com base na fée na solidariedade que nascia namralmente do exerdcio da mesma profiss.ão. O patrão, chamado de mestre, era concebido como um pai, e o recém-chcgado,oaprendiz,eratratadocom ocarinhoquesetemparaocaçula,conccpção radicalmente oposta à luta de classes daépocacontemporllnca,queconcebcuma oposição necessária entre operãrios e patrões. Era assim vivido o duplo principio, tão caro à Idade Média.de fidelidade-proteção, pelo qual o superior cuidava com desvelopatcrnaldoinferioreeste lh eretribuiacom afeto e fide lidade As corporações de oílcio eram associações livrcs, ooodeccndo tao-só, internamente, às leis que elas mesmas criavam, as quais protegiam e favoreciam o mais fraco: cada mestre só podia ter um aprendiz
U
dccadavez,afimdededicar-seasuaformação; fiscaisdaprópriacorporaçãoverificavam as condições de vida e de trabalho do aprendiz e dos companheiros (os ex-aprendizes, já tornados artesãos, ajudantes do mestre). O mestre tinha os deveres de umpai,sendoresponsávclnãosópeloensinoprofissional,mastambémpelaeducação e conduta do aprendiz. Os regulamentos puniam severamente dentro da corporação quem tentasse desviar para si os fregueses de um colega. A
gria, o oposto das condições de trabalho que conhecemos.
Nas cidades, animaç.:lo pitoresca
e
ADA BAIRRO, cada rua até, tinha fisionomia própria. As ruas, palcos degrandeanimação,eramelementos constitutivos da vida quotidiana. Os lojistas vendiam seus produtos ao ar livre debaixodeumtoldo;omedicval,grandeapaixonado pela luminosidade, aproveitava ao máximo a luz do dia e gostava de poder examinar em plena rua os produtos que tencionavacomprar. Todos,dosapateiro ao teccliio, do barbciroaocambista,trabalhavam e vendiam na rua ou voltados para ela; a vida expandia-separaforadascasas Acrescentava-se ainda o típico fundosonorodaépoca: oserro1edocarpinteiro, o martelo do ferreiro, os bradosritmadosdosbarqueirossubi11doorio,umamcrcadoria leiloada em praça pública ou um arauto lendo um edital de Justiça, um vendedor apregoando seu produto ou, diante da taberna, umagargantapossantcelogiandoovinhooferecido epresidindoàdegustação na calçada. O cenário próprio, da rua medieval, comsuasca-
sas de vigas aparentes e esculpidas, com os símbolos das lojas em ferro batido, com suascurvascheiasdeinesperado,depoesia edecncanto,quefaziamsurgirderepente o portal magnifico de uma igreja, ou, em meio ao entremear dos telhados, a torre da Catedral, simbolizava na disposição exterior dos edificios, a familiaridade comovente do povo católico. Na raiz, espíríto religioso VOZ DOS SINOS ritmava a vida dacidadecomas"Ave-Marias"pelamanhã,aomeio-diaeànoite,carrilhonavanosdiasdefesta,tocavaarebate quando havia algum perigo, chamava a população em caso de incêndio, anunciava com o dobre de finados as mortes. E convocava à5 assembléias gerais o povo ouoconse!horcstritodosnotávcis,atéque, chegada a noite, fizesse ouvir o toque de recolher. Fechavam-se então as portas da cidade, as lojas guardavam suas mercado~ rias,etodos,cerrandosuascasas,reuniamse em familia ao abrigo das grossas paredes. As ruas ficavam vaziasesópermaneciam acesas as pequenas lanternas nasesquinas,quebruxoleavamnoiteediadiantedasimagcnsdeNossaSenhoraedossantos, ou dos Cruzeiros erguidos no cruzamento das vias públicas. BENOIT BEMELMANS
A
O mestre orienta o trabalho do aprendiz, numa ouriversaria da Idade Média Nas vias públicas, o pitoresco do comércio medieval
única concorrência legitima era ada qualidade: pelo mesmo preço,cadaqual tentava fazer melhor. O artesão medievalexercia,emalgumamedida,ocultodoscutrabalho,queeleestimavaereverenciava.Os sapateiros, por exemplo, chamavam-se a simesmosde"anobreprofissão" euFanavam-sedoditado"Filhodesapateiroéprineipe herdeiro". A noção da própria dignidade e o legitimo orgulho do própria posição, fossee!ahumilde,constituíamaisum traçocaracteristicodamentalidademedieval. Cada corporação possuía uma caixa para ajudar seus membros doentes, idosos ou desempregados; algumas delas ajudavam até os membros em viagem. As corporações de oficio eram um centro vivo de fé, deauxiliomúmo,cujasatividadessedesenrolavam numambientedeconcórdiae aleCATOLICISMO -
Agosto 1990 -
21
O "dogma" evolucionista
Eiso desenho que figura no
Um estranho gosto de nos aparentar com o macaco
manual ''Os Ecologia e
saúde" para representar
nosso pretenso parentesco com o macaco, ainda explicado em sva legenda
Espécies primitivas de macacos (que já não existem mais)
sofreram mutações numerosas, dando origem a tipos intermediários, até que surgiu o
HOMEM.
Apesar de desmascaradas muitas fraudes praticadas por seus defensores, o "dogma" evolucionista, carente de base científica e desprestigiado nos circu las de especialistas, paradoxalmente exerce sólida ditadura pedagógica nos manuais e ambientes do ensino secundário
C
ONTA-SE que Car los de Laet,ooonhecidoescritorepole-
mista católico, que viveu na
época do ll Império e início da Repúb lica, ministrava sua
au la no Colégio Pedro 11, no Rio de Janeiro, quando foi interpelado por u m aluno - ''Pro fessor,papaidissc q t1eohomcm descende do macaco" - ''Ni'lotragaparaaaulaassuntosíntimosdesuafamí lia", foi a respostaàqueimaroupadomest rc, famosoporseuespírito irônico e até mesmo mordaz na polêmica Tal resposta muito dificilmente ocorrer ia a out ro professor secundàrio da época de Laet. E, hoje em dia, é provável q ue muitosde lesapo iassematiradaevolucionista-simiescado pai daquele discípu lo ... Comoevolueio ni smosucedcum fenômeno curioso. Quanto mais desmora lizado ele se torna nos ambientes científicos sérios, quanto mais fraudes prat icadas por seus propugnadores se descob rem, tanto ma isessa"teoria"dominaosma nuaisesoolares do l? e 2? graus, sendo ela defendida de modo crescente por professores dessenivel. E issosevcrificani'losóno Brasil , mast ambém cm outrospalscs. Comoseexplicatalparadox.o? Não é diílcil de se perceber, tan!o cm nossa pátria como em outras nações, uma 22 -
CATOLIC ISMO -
Agosto 1990
açi'locoordenadadenumerososprofessores secundários,visandoextírparafédasalmasdecr·ançaseadolcscemcs,espcc·a1menteapretextodoestudodeBiologiaeHistór·a . E .:ssa vc1 • ·~·ra chac·na de uma au têntica religiosidade dos alunos é praticadasobosvéusdeumpseudo-espíritocien tifico. Desse modo, asinfelizesejovensví c"masdocmbustc, cm sua ·gnor'nc·a, f"cam indefesasdiantedossofismasque lhessão lançados,osquaisentretantoforamjádes· mascaradoshámuitonosmcioscientíFicos Oleitorgostariadeoonheceralgunsexcmplos rcccntes da prática dessa chacina do ponto de vista religioso (e mesmo intelcccual)? Escolhemos a esmo dois manuais editados neste ano: um de biologia e "ecologia", e outro de História Passemos a uma sucinta apresentação dessas obras:
vras,umasugest!vai lustraçãornostraaprctcnsa evolução do primitivo orangotango até o homem, apresentando ''tipos i111ermediários", como se a ciência tivesse demonstrado realmcntc a sua ex·st·nc·a • O livro para l ~ grau de Ne lson e Clat1, dino Piletti "História& Vida", vol. 3? (E, ditora Ática, SP, 1990, 2~ cd.) sob o subtí tulo "Como surgiu o homem ou como o homernse fezhomem?",cxplica: "Deacordo com os es1udiosos, é provável que nossos 0111epassodos lenham sido criaturas pequenas e cobertas de pelo, e que viviam
• "Os seres vivos, ecologia e saúde", de José Luís Soares (Ed. Moderna , SP, 1990, 3! ed.) para I? grau, ensina o puro evolucionismo, e na página 26diz: "&1Jé,
" Dogmas" evolucionistas refutados
••••••••••••
c:ies primitivas de macacos (que já mio exis· tem mais) sofreram mutaçt:Jes numerosas, dando origem a tipos intermediários, até que surgiu o HOMEM" Acima destas pala-
em árvores. &!u corpo sofreu alleraçOes, adaptando-se à vida t1as árvores (essa vida de sobe e desce) ... Com o 1empo, eles passaram a ndo precisar da~· mdos ao caminhar pelo chdo. Começaram, entdo, a ado1or cudu vez mois a posiç-lJo erec1a '' (p. lO) A historinha da evolução é ilt1strada com desenhosdernacacóidesehumanóidespa· rareforçarotexto.
A refutação dos exageros, erros, fraudes e mitos espalhados pdo evolucionismo depois de Darwin, tem enchido livros intci, ros(l).Arevelaçãodasfarsaspseudo-eientíficas, como aquela em que estariam implica-
nuncaconscguiramencontrarocélebre"e lo perdido" enlre o homem e o macaco ao evolucionismo só permanece ati o prescnteporqueestáenehan:adodedoulrinasantierlstis,atéias,materialistasoupan• teíslassubjaeentes. Os estrondosos fracassos dassucessivas teoriasevolucionistas,e as clamorosas fraudes descobertas, foram maisdoqucsuficientcsparainvalidarqualqucrtcoria,cicntificaou não. lstoevidcnciaqueoevo!ucionismonãoéanimadopeloesplritodeciência,masporra1.õesalhcias aomesmo.Aliãs,scusmestrcsnãoesconderam as doutrinas e finalidades concretas anti-cató licascmatcrialistasqucosanimavam(vidcquadroancxo ) • A luz da Fc' e da ciincia, está no stn direito quem afirma que o e~oludonismu moderno niio passa de uma tese gl"llluita ou uma suspe ita estappfúrdia ~oltada contra a Revelação e a Igreja .
••••••••••••
Criação das plantas - "As horas de Visconti", Belballo de Pavia, séc. XV. - Em oposiç(Jo a concepção materialista do evolucionismo, a doutrina católica apresenta a visão grandiosa da criação do Universo por Deus Onipotente dos Sir Arthur Conan Doyle e· o Pc. Toilhard dc Chardin, é matéria comurn crn publicações cientiíicas e mesmo em órgãos daimprensadiária(2) Limitemo-nos aqui a uma sintética exposição de argumentos anti-evolucionistas
••••••••••••
• A Cri ação pertence à Revelação e é dogma da Igreja Ca tólica. Com efeito, já nos primeiros versículos, a Bíblia ensina que Deus é o Criador de Ilido quan10 existe, inclusive do homem individualmente considerado. E no Credo, a Igreja professa a Fé em Deus Pai todo poderoso, Criador do céu e da terra • A oposição creaclo ni smo ~s. evolucionismo é um a questão fundamenlalmente religiosa, isto é, leológica e exegélica. O papel da ciência neste ponto não consiste cm atropelar a Religião, mas em fornecer osdadoscomprovadosquccontribuampa· ra aprofundara verdaderevclada(3)
• Oinleleeto humanoeaseiinciasnaturaisniotimforçassuficicn tcsparademonstrardl' modoeer10 e definiti vo a verdade so bre esta questão. Os maiores gênios da História, pagãos ou cristãos, o têm reconhecido.Aristóteles - umdosmaioresfilósofosdaGréciaantiga - tcndoabordado uma variada gama de assuntos, e,;quivouseeruretantodetrataressa rnatéria,embora tivesse rcfutado as falãcias evolucionistas do seu tempo. Santo Tomá~ de Aquino, omaiorDoutorda[greja,ensinouaimpossibilidadedesechegara umadcmonstração da origem do homem e do universo sem o concurso da Revelação (4) • O nulucionismo nunca foi demon str11do, niio pode se r tldo nem eomo 1eoria verdadeiramenteeil'ntifiea, nem comohípóteseprová,·elà lu zdoseonh eci menlos al ua is. A refutação dos seus exageros, fraudes, erros e mitos, do pomo de vista cientifico eà luz da razão e da Fé, como já o dissemos,enchclivrosintciros.Apesardeempenhados e vãos esforços, os evolucionistas
Pode-se admitir que Deus tenha criado o un ·verso ! .;u"ndo uma v·aevolut" va? A resposta é simples: poder-se-ia admitir, se e nu medida em que a ciéncia forneço elementos que fundamentem esso suposiçOú Ora,osdadosccrtosccomprovados, reco!hidospelasciênciasnarnraistcndi:m ajust"'icarocrcac·on·smoedcsmcnt"rav·acvolutiva Sem dúvida, o Gênesis ensina que, na criação, Deus procedeu segundo uma certaordem,quea Uibliadcscrevenostcrmos dos seis dias. A esserespeito,têm-seclaborado interpretaçõcs exegéticas dignas de consideração.scndoalgumasdegrandevalor e de reconheeida autoridade. Porém, continua sempre de pé, como mais racional e pacifica, a afirmação, ava!izadapela imensa autoridade de Santo Tomás de Aqui no, segundo a qual inj11riagravemen1ea Deus supor que, na criaç{to, Ele tenha procedido por passos incomplews e às apalpadelas, comodcfendeoevolucionismo.Sendo Deus a Sabedoria infípita e a própria Onipotência, não é admissível que Ele ao criarascoisasotcnhafei1odemodoimperfeito. O Universôcriado,cmseu conjunto, apresenta um determinado grau de perfcição, quc obedcce ao plano da perfeitissima Providênciadivina(5).
••••••••••••
Essas considerações tornam patente quanto é noc ivo o ensino do evolu cionismonascscolas, paraasaúdemoral.intelectual,psiq uicadosjovenseparaaformaç.llo de seu caráter, bemcomodesuaconduta Em especial, isso se ap lica aos a lunos do I? grau, mais frãgeisei mprcssionáveisdo que os do l? (~AULO FRANCISCO MARTOS NOTAS (]) Ver, por exem plo: Pe. Alejandro RoldãnSJ, '"Evolução'-Oproblemadoevo-
CATOLIC ISMO -
Agosto 1990 -
23
Evolução e ecologia O TERMO ECOLOG IA atribui-se ao zoólogo alemão Ernst Hacckcl (1834-1919).EstesistcmatizadordasdoutrinasdcOarwin, o fundadordoevoh.1cionismo (1809-1882), "deixou esteira mais viva na teoria evolucionista apesar do seu dogmatismo infundado, de suas fraudes comprovadas e de sua imaginação criadora que supria, com cxeffliva freqíilncia, o que fatiava aos dados cicntiíK:OS". Alguns chamaram-no "pontlfice da evoluçJlo" e "profeta". Seu ódio contra a religião, contra Deus onipoten-
te, Criador de todas as coisas, coseu materialismo eram extremados. "O sangue de LUiero, de Bismarck ede Nietuche
corria por suas veias", disse o historiador Radl. "Sua audácia - escreveu o próprio Darwin - me faz, por vezes,
es/remecer" Na teoria evolucionista tudo "cxplica-se" pcloazarcpela nccessidadc. Segundo ela, cm dado momento, algo enguiçou ôcvido a um dcsastrc não csclarccido. E, depois, uma Sffic infinda de azarts, fracassos e metamorfoses produziu seres de todos os tipos. O homem não tem nada de C!ipiritual. Ele~ um animal como outros, evoluindo sem rumo, sem comprcnder o que acontece, continuamente moldado pelas circunstAncias. A ecologia, segundo Hacckel, 6 o estudo de.'>sa pcrpttua,
lucionismo e da antropogénese", coleção A.E.e., Rio, 1958, 450 p;\gs (2) Ver, por exemplo, o artigo ''Fraude do 5éculo revela novo suspeito", in "O Estado de S. Paulo", 9-6-90 (J) Cfr. Ocorgcs Salct, "Hasard et ocrtitude - Lc transformisme dcvant la biologie actucllc", &litions Scientifiques Saint Edmc, Paris, 1972, 2~ edição (4) Cfr. Suma Thológica, 1, q. 46, a. 2 (5) E.~te Universo não to mais perfeito que o Ser supremo poderia tirar do nada , pois, em princípio, Ele, sendo onipotente, teria capacidadeparacriaroutroscomgrausde perfeição superior. (6) Os araumentos acima expostos refutam a teoria cvoludonisla quanto à origem do homem Além dessa argumentação, cabe lembrar aqui a contestação dessa teoria num outro campo, o criteriológico. O evolucionismo, sendo relativista, seu conceito de verdade também se transforma, o que envolve uma contradiçao. Assim scndo,ocvoludonismonãopretendecnem pode dizer a verdade. Com efeito, se tudo evolui, também a doutrina evolucionista se transforma. O que ela admite hoje como "verdadeiro", amanhã considcrà-lo-li. "falso'', e assim numproces50aoinfinito.lstotemsidoafir24 -
CATOLIC ISMO -
Agosto 1990
ccgaeespontAneatransíormaçãodohomem cm i;eu meio ambiente Paraasteoriasevolucionistasvanguardeiras-tãoincertasecarnbiantesquanto as de Hacckel - o cérebro do homem de hoje procederia de uma espécie de orangotango,queviviaembandos,provavelmentecaçadorehabitantedecavcrnas, dmado de uma imaginação mais poderosa que a dos símios, seus parcntcs mais próJtimos Após novo desastre - segundo alguns, a eJ1tinção dos mamutes que põs fim à era da abundância - o homem lutou pelo alimento, apropriou·!õe das mulheres e dos instrumentos de caça do clã. Nasccuassim,oegoii;mo,apropriedade,afamíliamonogílmica,acompetição e a guerrn. Então aqueles homcns-macacosdcimaginaçãosuperdescn volvidajulgaram-sesuperioresaorestantedanatureza. Dai derivou-se a religião e a civilização, as quais não passariam de mentiras antinaturais Serianormalquetaisteoriasdcsaparccesscm na História da ciência, rejeitadascomoabstraçõesdtsvairadas.Contudo,elasforam-econtinuamaserensinadasemcscolascuniver5idadcs. Na década de 60, a Revolução da Sorbonne,algunsambicntcsuniversilà ric,s norte-americanos, os movimentos "hippie" e tribalista adotaram cm par-
teessasdoutrinascomumobjetivoconcrcto, sob o rótulo da ecologia. Algumascorrcntesdocstruturalismo-doutrina antropológica-filosófica cm voga nesse época-, porém, rejei tam o evolucionismo, porque propugnam uma sociedade tribal estagnada no tempo e no espaço. Alguns autores estruturalistas, alémderepudiaracuhuracacivilização-segundosuavisão,frut0$cOndenávcisdacvolução-che1ama1éacondenaraHistória Apesardcssasdivergencias,éinegãvcl que se tomou moda nesse:sambicntes,apartirde então, favorcccr ludoo que promovesse o tribafamo. Assim, noterrenodoscostumes,ficoubcmvisto o hábito de se andar quase nu, de modo desalinhado e espontAnco, semelhante a um bicho na selva. embora se residisse nas cidades. Orock,comscus ritmos aFricanos, tornou-se o fundo musical dessa gigamcsca revolução. Att a tecnologia foi interpretada como reedição de fetiches tribais do homem das ca~crnas. E a religião pa$50U a 5CT" vista como uma pràtica mediante a qual alguns mais dotados de poderes - por uemplo,osfeiticcirosnllStribosprimitivas-transmitemaosoutrososdcsvariosquesuaimaginaçãoàesrcgrada(ou o próprio demônio) lhes inspiram como que espontaneamente.
madoporconhccidoscvolucionistasdaatua-1 tidade, como os professores G. Lcdyards Stebbins e francisco Ayala, da UniversidadedeCalifórnía-Davis (cfr. Scicntific American, ''The evolution of darwinism", vol. 253, n~ 1, julho de 1985, pp. 72 e ss).
Jà Aristóteles, na Antigüidade, e Santo Tomli.s de Aquino, na Idade Mtdia, demonstraram a incapacidade da teoria evoludo.nista para atingir a verdade, ao refutarem os erros gregos e ealpcios nessa mattria
Em '"Hist&ia e V-Ida" (volume 3), 8 diffcil definir o desenho da figura qve está con!r fruindo os primeiros instrumenlos de trabalho: macaco evoluído ou homem simlesco?
Um Estado dentro do Estado A SECRETARIA de Polícia Civil carioca informa que no último ano houve uma média de quase dois assaltos a bancos por dia na cidade do Rio de Janeiro. Quanto aos raros assaltantes presos, são tratados a pão-de-ló e boa parte deles foge da cadeia, sem cumpnr a pena. Ainda M pouco, a ativa participação da célula criminosa Falange Vermelha - que atua nos presidies do Rio - no seqüestro do empresário Roberto Medina atesta um grau de audácia e expansão da cri-
minalidade nunca visto Há "ronas liberadas" na cidade do Rio, nas quais traficantes de drogas e banqueiros do jogo do bicho ditam as leis. Nesses locais, a Policia só entra mediante o emprego da força, quando se dispõe a fazer ato de presença. O estágio de desagregação moral e social que presenciamos pode-nos conduzir talvez a médio prazo - se providências enérgicas não forem tomadas-, a uma situação como a da Colômbia, em que traficantes de droga criaram um Estado dentro do Es1ado. ARMANDO BRAIO ARA
~~~~;;O
LINDENBERG SIA
Rua General Jardim 703 · 6 º 2 Fooe:256041\ - SaoPaulo
e 70
·r''"iii-;;,+-
:aoó:ar
tudo com a
Talento Estilo Planejamento Espaço Conforto Solidez SeguraJJça Soluções originais Harmonia Elegância Sensibilidade Sofisticação ~ Classe Acabamento p~rso?alizado :::== Local privilegiado ~ Sucesso
§
•IJBl;ura
CATOLICISMO -
AK0SIO 1990 -
25
Escrevem os leitores • Santo Sudllrlo CATOLICISMO de abril/ 1988apresentouemsuaspáginas um artigo informando aos leitores sobre a autenticidade do Santo Sudário. Tratou dessa matéria com objetividade e dareza.Citoupareceresdeestudiosos do assumo. Considerou permanente "a atualidade do tema" ..... No ..:ATOLICISMO de marco/1989 através de três hipóteses o Dr. WalterGonzalez levanta sérias dúvidas sobreascondusõesaquechegou a prova do Carbono-14 ... Fica-se bem inFormado que no
sé-
culoXIVaSantaMortalhafoi veneradaemLireyeque, nosé-
culo XVI ela foi transportada para Turim, onde foi mantida até os nossos dias .... Considerar que o surgimento do Santo Sudário se deu no século XIV, conforme indicou o teste do C-14é, sem dúvida, um engano. O cientista Dr. Walter Gonzalez, quando afirmou em uma de suas hipóteses qu e houve "desvirtuamentodotesteC-14", estava anunciando uma verdade. (Ribamar D. Oliveira, Belo Horiwnte- MG)
• Das melhores Pretendo renovar porque, aoquemeparece.édasmelhoresrevistasdo Brasil (Oriel Ramos Wanderley, Águas BelasPE).
• Comparando Sou assinante e entusiasta dessanotàvel rcvista,cstampandocomarte,sabedoriaeprofundidade assuntos palpitantes.No número abril/maio a acompanhou a famosa VIA SACRA de Plínio Corrêa de Oliveira Li e reliopreciosotrabalholiteràrio do católico de lei e ilustre e combativo paulista. Recolhime para ir mcditando. Passeia 26 -
CATOLICISMO -
recordaraquelas"SemanasSantas"deminhameniniceeadoles céncia. Revi aquelas cerimônias todascomosetivessemsidorealizadas agora em minha frente equemeimpressionaramsobremaneira naquela fase iniciat da minhavidaequerepercutematé hoje. ASe:i<taFeiraSantafinalizava com uma enonne, monu mental "Procissão do Enterro" que percorria longo trajeto, en treparandonos"Passos".Oinlciodelaestavachegando:!.Cate· dralenquantoasuapartederra deiraestavasaindo.Orespeito, ofcrvorcorecolhimentocmolduravam esse espetàculo de Fé. Seadireçãodalgrejaantcsdc mudarcompletamcntc asuarazãode ser e de encarar o mundo, virando-a de "cabeça para bai:i<oenem sei em quantas o utras posições, tivesse ouvido ou consultado os seus liéis,ores ul· tado seria bem diferente. E, no entanto, agora os Bispos reunidos em ltaicicensuramoatual Governo brasileiro portnão ter consultado o "Povo de Deus" arespcitodasmcdidaseconômicas. Dois pesos e duas medidas Paramimfoiumdiafclizapartedamanhã e datardedaSex ta-FeiraSanta,dial3deabril de 1990. Porém, à noitinha, um acúmulo desusado de público que fremia, lançando mão de gritosestridentes,berrose urros nunca ouvidos, assobios, palmasdescontroladas,alaridos inintcrruptos,começouno''Centro de Convivência Cultural". Soube depois que se tratava de uma "cultural"cxibiçãodo"E· XÊRCITO DE MOSCOU", da URSS, para os bobos e atrasados tupiniquins. E escolheram o dia cer10 - o dia da Paixão de Jesus Cristo - para esses atcus se ~ostrarcmcsercmaplaudidos e festejados perante um auditório da naça.o mais católica do mundo, segundo afirmam Gostariadesaberqualoconcei to que os soviéticos fazem de
Ago sto 1990
nós brasileiros ... Das autoridades que se dizem eclesiásticas nãoseouviuncnhumapalavra, nenhuma censura e muito mc11osumenérgicopro1es10,oque, em outras palavras, se traduz por assentimento e aprovação, Todavia,apesardofimmelam:6lico des.se dia de recolhimcnto, muito pude aproveitar lendo a "Via Sacra" já aludida e igualmente me reconfortou basta11te alcituradetodaareferidarevista, sempre repleta de assuntos osmaisvariadoseinteressantes Éo nosso alento, tanto a herói ca TFP como esta notável e ligucrridapublicaçaodeescol. SãoaúnicaluzqueencOntramosnestaterrivelescuridão,onde 110s fartamos de presenciar osmaisescabrososeignominiososacontecimentoseasmaisestapafúrdiasediabólicasposições assumidascapoiadaspcladireçao da Igreja (Geraldo Pe111e11do Min1nd11, Campinas..SP)
• Nossa Senhora da Graça Peço uma reportagem sobre aorigcmdadcv0ça.oaNOSSA SENHORA DA GRAÇA, cuja devoção é secular em SIio Fran· cisco do Sul, cm Santa Catarina. NossaSenhoradaGraçafoi proclamada padroeira da diocese de Joinville por Don Pio de Frcitas,11ummcmoràvelcongresso das Congrcgações Marianas, ocasião em que tivemos a grata sa tisfaçãodeconheceroDr. Plínio Corrêa de Oliveira, então jábrilhanteorador(ArnoldoA. da Costa, Curitiba-PR),
• Apreciei Tiveoportunidadedeconhecer vossa revista, a qual apreciei muito. Solicito informações sobrecomotornar-mcassinanteecatálogodcpubjicações(José Moaclr Portera de Melo, Pontes e Lacerda-MT)
• Cruz e espada Quero parabeni1.arCATOLI· CISMO pela sua capacidade de ação. É um farol que nos guianestaborrascaqueéosécu lo XX. Os artigos são todos
a~~i~
~~:!°m~m:::~~;::: :~so~ gos do Sr. Dr. Plínio. Citocomoexemploumquesaiucmfeverciro"lnterpclandoaEsquerda e aExtrema-Esqucrda",que
põe o adversàrio entre a Cruz eaespada(M11rci11Regin11Crui dos Santos, Campos-RJ)
• Amigo Por meio de um amigo tomei conhecimento da revista CATOLIC ISMO, pela qual muito me interessei. Como de· voprocederparacontinuarrece• bendo-a? {Alaíde Rodrigues, Belo Horiwnte-MG)
• História Sagrada Gostaria que me enviasse pelo reembolso postal o livro de São João Bosco "História B!blica de Velho e Novo Testamento". Este livro dá condiçõesparaentendermaisaHistó· riaSagradaemseular(Marcos Meira Cezar, João Pessoa-PB).
• Correspondência Êcom muita satisfação que leio CATOLICISMO. Esta revista ilumina a nossa mente, fortalecenossavontadcnocaminhodobem.Aproveitooenscjo para pedir para publicar meuendereçonarcvis,a, Que· ro manter correspondência com leitores do CATOLICISMO (Silviano Rodrigues G11erra, Av D. Pedro 1, nº 3260, Jaru -RO, CE P 78925).
• Museu do Purgatório Venho agradecer a gentileza de ter-me enviado o artigo de CATOLICISMOsobrcaigreja que existe cm Roma com o Museu do Além. Li e fiquei impressionado com o artigo. Jà havia lido em livros como "Vi daparaalémdamorte''referências a esse Museu. Porém esse livro é deumteólogoprogressista, Frei Leonardo Boff. No tal livro ele diz que tais histórias ma cabrasdemisticosconturbados não conferem com o amor e a bondade do Cristo dos Evangelhos ... Quanto a m!m, de acordo com a formação católica qu e r~cebi, dou crédito ao artigo sobre o Museu do Além, que é um aviso dos Céus para que nós nos purifiquemos já aquidenossaspenasdcixadas pelos pecados. Vou lê-lo e relê· lo e guardà-lo com cuidado e transmitir para os que me ou· vcm(AlinioJoséRorges, Uberlãndia-MG).
História Sagrada -
Deus prova Abraão SARA "concebeu e deu à luz um filho na sua velhice, no tempo que Deus lhe predissera. E Abraão pôs o nome de lsaacao filho que lhe nascera de Sara .... tendo então cem anos; porque foiquandoscupaitinhaestaidadeque nasceu Isaac". Deus disse então a Abraão; "Toma
Isaac, teu filho único, a quem amas, e vaiàterradavisão,aaíoofcrcccràs em holocausto sobre um dos mames que cu te mostrar. Abraão, pois, levan tando-se de noite, pôs a sela ao seu jumento, lcvandoconsigodoisjovens(servos),c lsaac,scufilho;ctcndocortadoalenhaparaoholocausto,partiupara o lugar que Deus lhe tinha dito. E, aoterceirodia,kvantandooso!hos,viu olugardelonge;edisseaosseusservos: Esperai aqui com ojumcnto;eueo mcninovamosatéacolá,e,depoisqueadorarmos, voltaremos a vós'. Tomou também a lenhado holocausto, e pô-la sobre Isaac, seu Filho; ele, porém, levava nas mãos o fogo e o cutelo. E, enquanto ambos caminhavani juntos. disse Isaac a seu pai: Meu pai. E ele respondeu: Que queres filho? Eis, disse (lsàac), o fogo e a lenha, (mas) onde está a vitima para o holocausto? E Abraão respondeu: Meu filho, Deus deparará a vitima para o seu holocausto".
Aqui estou. E (o anjo) disse-lhe: Não estendas a tua mão sobre o menino e nAolhc façasmalalgum;agoraconheci que temes a Deus, e não perdoaste a teu filho único por amor de mim. Abraão levantou os olhos, e viu atrás desi umcarneiropresopeloschifresen1reosespinhos,e,pcgandonele, oofereceuem lugar de seu Filho" (1) "Pela Féde Abraão, posto à prova, ofereceu Isaac, e oferecia o (seu filho) unigênito, aquele que tinha re<:ebidoas p romessas; aqucleaquemtinhasidodito: l:de lsaacquesairáatuadescendência;mas(Abraão)consideravaqueDeus é poderoso até para ressuscitar os mortos; por isso o recuperou (como) uma figura"{2). "Masquerestusaber,óhomemvão, como a fé sem obras é morta? Abraão nossopainãofoielejustificadopelai obras,oferecendoseufilholsaacsobre o altar? Tu vês que a fé cooperava com assuasobras;cqucaféfoiconsumadapormciodasobras. E cumpriu-se a Escrituraquediz:AbraãocreuemDeus, e lhe Foi imputada ajustiça, e foi chamado amigo de Deus. Vês, pois, que o homcméjustificadopclasobrasenão somentepelafé?"(3). Renovaçlio da a liança "E segunda vez chamou o anjo do Senhor -a Abraão do céu, dizendo: Por mim mesmo jurei, diz o Senhor: porque fizestetaleoisa,enãopcrdoasteateu
em seu lar
noções básicas filho único por amor de mim, Eu te abençoarei, e multipl icarei a tua estirpe como as estrelas do céu, e como a areia quchâsobreapraiadomar;atuadescendênciapossuiráas portas de seus inimigos. Enatuadescendênciaserãobcnditas todas as nações da terra, porque obedecesteàminhavoi"(4). Isaac, prefig ura de Jesus Cristo "OsacriflcioqueDcusacabadeexigirdcAbraãoéumaimagcmdosaeríficiofumrodeJesusCristo. É1aoparecida a figura com a verdade, que setorna óbvio exp licar a semelhança. Isaac carregaalenhadosacrifldo;Jesushâ de carregar a cruz, instrumenrndoseu suplicio. O mesmo monte serão altar de ambos. Isaac consente na própria imolação, Jesus se oferece à morte Abraão, não obstante seu afeto, está pronto para ferir a vitima inocente; Deus Pai, nllo obstante seu amor, fere ao Fi lho, a mesma inocência. Isaac e Jesus lícam vivos depois do sacrifício. Isaac não está imolado e nllo ressuscita senãofiguradamente.Jesusdárealmente avida que recupera na ressurreição" (5). 0
..
,
(l)Gen . 21.2-5 cn,2. 11. (2)1!cbf.ll , 17, l9. ())Tiago2,20-24. (4)0.n.22,15- 15 (5) Mon,. Cauly, Cuno <lc ln«r~lo RtligiOM. llistóriadoRcligilocdalgrcja,Li"<aiiaFranci,C<lAl>es, Slo l'a ulo, 191),pp.)6-)7
Um anjo impede que Abra~o efetue o sacrifício de seu filho Isaac
Isaac ê salvo po r um anjo "Caminhavam, pois, ambos juntos. E chegaram (finalmente) ao lugar que Deuslhetinhadesignado,noquallevantou umaltar,esobreelepreparoualenha; e, tendo amarrado Isaac seu filho, pô-lo no altar sobre o feixe de lenha. E estendeu a mão, e pegou no cutelo para imolar 11eu filho. E eis que o anjo do Senhor gritou do céu, dizendo· Abraão, Abraão. E ele respondeu:
CATOLICISMO -
Agosto 1990 -
'17
N
A CONTRACAPA de nossa última cdi-
a qual tornou-se um centro de peregrinações, provenientes não 5Ó de toda a Li tuânia, mas também da Prússia. Porta da Aurora, Padroeira Nessa capela foi colocada 1 uma imagem de mármore, esculpida em Londres, repreinvocação da Mãe de Deus, sentando a aparição. na atual crise polftica cm que O quadro de Nossa Senhosccncontraessanaçãobáltica. ra, encontrado no baú, pintaAlémdisso,arcfcridamado em tela e de estilo bizantitéria continha um breve apano, foi tra:r.ido de Roma por nhado histórico, que emolduvolta de 1450. Assemelha-se rava os fatos que determinaele ao executado por São Luram o aparecimento daquel.i cas, o qual se cncontrn na Badevoção mariana. sílica de Santa Maria MaggioA História da "Terra de re, na Cidade Eterna. Maria", como é cognominaCom os objetos votivos da a Lituânia, registra mais foi feito um manto de ouro duas importantes devoções e prata, que foi colocado soà Santíssima Virgem, que bre a tela. A pedido dos nomerecem menção: a de Nosbres e do clero lituanos, o sa Senhora, Auxílio dos EnVaticano autorizou, em 1ns, fermos, representada por a coroação solene da Virgem um quadro do século XV, Santíssima nela pintada, cericm estilo bizantino; e a da môn ia da qua l P"-irticiparam aparição de Maria Santíssi- NOSSil Sen/um,, Auxllio dos Enfrm1os - Pinllm1 tnitidti os bispos da Lituania, nobres, ma num camP? próximo a de Roma, aproximadamerzte m 1450, Sarrtrilfrio de Si/uva senadores e 30 mil fiéis. O Siluva, no inicio do século quadro recebeu o títu lo de XVII, e que é representada '' Auxíl io dos Enfermos'', scnpor imagem de mármore, vcncrnda do sua fcstacelcbrada em 8desetemnuma capela, que se construiu no próprio local da manifestação sobre:~a~:iJ~Je natural. A devoção à Mãe de Deus, em Em meados do século XVI, por Siluva, continua viva até hoje, atesinfluência da Prússia, mu itos nobres tando o profundo espírito católico da parte ocid enta l da Litu ânia aposda popul ação lituana. tataram da Fé católica e tornaramCom a ocupação da Lituânia pelo exército soviético, em 1945, as rose ~~i;s~~~·na localidade de Silu- socorrei o povo lituano! marias foram proibidas, mas o povo lituano, fiel à sua fé e à devoção va, P.róxima da cidade d.e Raseinia\ (região noroeste do terntório lituamariana, não cessou as peregrinarespondeu: "Estou chorando, por- ções ao santuário e à capela da apa~~ÍivrJ:~~ J;1~ai~:~j~sd~j1i~,1:,a! que houve tempo cm que, neste lu- rição mariana, cm Siluva, correndo dominaram a maior parte daquela gar, meu Filho era cultuado, ao pas- oriscodcsofrerrepresáliasevio!êncidade, estabeleceram uma escola, so que agora a terra aqui é usada das. para arar e semear"'. f:~f:=~r=~t:!:~::~~s A notícia da ap~riçâo se difundiu Os li tuanos devem dirigir-se hosa Senhora. pelo país, e a escola calvinista enOs anail! da Histó ria de Siluva trou cm crise. Em 1612, no local da je a Nossa Senhora - assim como relatam que, em 1608, uma jovem aparição, escavando-se a terra, foi o fizeram ante a ameaça protestancom um menino ao colo apareceu encontrado um baú contendo obje- te, no século XVI - e, confiantes, sobre uma pedra, num campo on- tos de culto, documentos da Igreja implorar sua intercessão para subtraírem-se da tirânica pressão soviétidccrianças camponesas trabalhavam. e um quadro de Nossa Senhora. Um dos meninos correu até a ciEm breve a região voltou a ser ca. E que essa fervorosa prece seja dade para chamar o pastor calvinis- católica, e cm 1643 foi reconstruída também a dos católicos de todo o ta. Este, dirigindo-se ao local, viu a a igreja dedicada à Natividade de orbe, irmanados àquele valoroso pojovem chornndo e lhe perguntou a Maria. Ademais, cm 1663, foi edificarazão de seu pranto. Ela, então, lhe da uma capela no local da aparição, ~i~~~~}~:çti~~~a l~ofe~~'.11csma
quadro ç~~· r1o=n~~i!ra~
~~fi~~~!~ii-:;,~~! ~:~~aº~f.~
Nossa Senhora, Auxílio dos Enfermos,
J: ~:;.
~rc:;1
~e~:::~~~~~~
Discernindo,
distinguindo, c lassifica ndo .. .
A CASA DOS LOUCOS
G
ANHAR na loteria é o desejo de muita gente. Ficarric?dercpente, poder gozar a vida é a metada felicidade. Metamuitoterra-a1erra. é verdade, ma s comum e corren te. A tal ponto desejada, que a expres são " ga nhar na loteria" passou a apli car-scanalogicarncntc a diversas situações boas e raras. Di z-se que "ganhou na loteria" quem conseguiu comprar uma boa casa, num bom lugar, por preço barato; quem, nos dias de hoje, teve um casamcmo feliz; e assim pordian!e Nadamaiscontrárioànoçãodcloteriadoqucapro~imá-lada idéia de morte. Não obstante isso, na Austrália, "a emp resa Funerária Eníicld lançou uma loteria: os prêmios são cem riquíssimos cai:sôes(. .. )bclíssimos, muito confortãvcis,cujodescnhoespecialpermitcuma excelente visibilidade do defunto" ("O G!obo", 14-2-88). Tal fato faz par1e das loucuras do mundo moderno. Como também este ou tr o,divul gadopdomesmodiáriocarioca. cm 11 -2-89: numa exposição. "o cscul1or canadcnlc Rick Gibson" c~ibiu "brincos feitos de fetos humanos". E· na Bahia, uma lanchonete oferece como a tração "sand uíches de minhoca" ("A Tarde", 18-7-88). Assim como o século XVlll foi chamado, embora erroneamente. o século das luzes, co XIX foi conhecido como odas invenções, o nosso século XX talvez venha a ser designado no futuro sobretudo após o espetacular 1riunfo dolmaculadoCoraçãodeMaria.previstoem Fátima - como o s&: ulodadcsrazão
O demônio, pai da mcmíra, nunca dá o que promete. De fato. nos últimos séculos, a fé veio sendo lançada às urti gas cm nome da razão humana. Es1a seria uma rainha todo-poderosa que iluminaria completamente o homem e o circtmdaria de uma felicidade perfeita. Na verdade, a razão sem a fémostrouseva<:ilanteemesmoincapazdeconduzir o homem através dos magnos problemas que o aíligem contemporancamcnte. Após obter alguns resultados significativos no!irnitadocampo das ciências naturais.arazãonãosoubcencontrar para a humanidade as vias de sua vocação sob ren a tural. A alma humana ficou contu rbada,acu lturadcca iu.acivili zação vai desmoronando. a própria Jgre ja sc cncontra profundamente afetada.
2 -
CATOLIC ISMO -
Sctcrnbro 1990
Enquanto isso, cm Veneza. pessoas lidas e havidas por responsáveis resolvem constituir um tri bunal para absolver. .. Caim ! "Caim, o primeiro homicida da História. foi absolvi dopor5votoscontra 4, da acusação de assassinato premeditado, por um tribunal imcgradoporestudi ososda Bíblia,historiadores, magistrados e criminalistas" ("O Globo", 20-12-88) E por falar em julgamentos insensatos.um réu foi "condenado por um Juiz de Medina (OhioEUA), a ter que vi vc rcntrc baratasdurante seis meses. por tervioladooregularn ento higiênico da cidade"("OGlobo". 8-5-89). Em Genebra, por sua vez, numa feira deinvenções,estavam expos to s "sapatos Caim mala Abel (detalhe do mosaico da ca,,.la Pa/11tln11 com ar condicionaem Palermo, Itália}. Agora, em Veneza, um singular lribu- do" ao lado da "bicin11/ resolveu absolver Caim... cleta do italiano Alvaro Zuccoli. que se loc já sccorneçaaapelaremgrandeesca- comove ao ser pedalada para trás".O la para a magia e outras superstições invemorédcopiniãoque "hásécu los de cunho irracional. fa:.temos a coisa de maneira errada" Em meio a tantos escombros, a po- ("Jornal da Tarde", 22-4-89). brc ra1.ão humana. 1endo perdido as balizassegurasdafé.ficaparaliiada,e cmalgunscasosparecemesmoevancsci· da. Dai o reino da desrazllo, ou seja Osfatosaquicitadosapc:nassobresda loucura, va i se espa lhando por todas saemdcntro deumaenxurradadeacon aspartes. tccimen1os contemporâneos que caminham no mesmo rumo. Na.o será de estranhar, pois. se no fu!uroseinstituir"um''MuscudoSéculo Assim, nãoédccstranharqucacor- XX", contendo exemplos do que agora rupçãosejadefendidacomofórmulaade· ocorre, para - na expressão pitoresca quadaparaaeconomia,porpessoacspe- do velho Portugal-"escarmento dos ciatiiada,cmjornalconceituado:"A cor- povos". Ou seja, como lição anão ser rupção pode ser boa para a economia scguidadea téondepode chegaradecadospaiscsdoTerceiroMundo,argumen- dênciadarazãohumana.quandoscaban1a o professor americano David Osterfcld, dona a Fé católica. numartigoparaoJornaldoDescnvolviA esse museu se poderão dar vários mento Econômico. publicado pela Câma- nomes. Um deles, por exemp lo: "a cara do Comércio dos Estados Unidos" sa dos loucos". {"JornaldoBrasil",12-8-88). CA
~AfOUCfSMO \W SUMÁRIO RELIGIÃO - Nossa Senhora das Dores: seu papel providencial em socorrer os que sofrem ................................... 4 • A devoção a São Miguel Arcanjo
emváriosdeseusaspectos ...... 16 INTERNACIONAL ·Ô bloqueio norte-americano ao Iraque, se não for bem conduzido, facilmente resultará em desprestigio dos EUA ............................... . 7 ~~~~~oso~iética, ~~~~~:
sia e a Lilu~uanto isso, o abaixo-assinado das TFPs já é o maior do mundo ................ . .... 8 - Na Alemanha Oriental vai tomando vulto a questão do julgamento dos qu_e ali sustentaram o regime comunista .... . ..................... 24 AMllRICA LA TINA
Exilados cubanos denunciam em im-
~C::!ª:!s\~~~a1u~~~-ra~~~a -~-1t
A
DISTÂNCIA entre Cuba, a ilha-presidio do Caribc, e as costas da Aórida, ao sul dos EUA, é de 144 kms., equivalente ao trajeto Sllo Paulo-Taubaté. Os aviões de combate MIG soviéticos, que possu i Fidel Castro, podem alcançar o território norte-americano em apenas 12 min utos. E eles têm seus computadores programados para bombardear objetivos estratégicos, como a usina nuclear de Turkey Point, na Aórida, o que contaminaria radioativamente um exlenso território da América do Norte, produi:indo incalculâvel pãniconopais. O que foi exposto acima não é en redo de uma novela de ficção. Corresponde li denúncia pública feita recentemente por um grupo de deputados dos EUA, liderados por Dante Fascell, presidente do importante Comitê de Relações E.>.teriores da Cãmara de Deputados nor1e-amcricana ("Diario Las Américas", Miami, J-6-90). Mas a ameaça castrista ao continente não se reduza aventuras militare5, delii muito graves. Nas Ultimas décadas, Castro vem uti lizando uma arma de guerra psicológica, sob certo aspecto mais eficiente que a militar, pois atua impalpavelmente sobre a mentalidade e a psicologia dos povos das Américas: sua "política religiosa".
TFP
~";i~~~!ecd;ITt~~~i~~~ ~~~sJ:::
sileirilreali.zaumEnoontrodeCorrespondentes e Simpatii:antes ... 14 NACIONAL Em Vberaba, uma idéia inovadora evita os males da Reforma Agrária 19
No que consiste tal "polltica religiosa" e quais s.ão seus objetivos em relação .:li A~rica Latina, aos Estados Unid05 e ao e,c.ilio cubano, é o tema do livro-denüncia "A!é quando as Américas tolerarão o ditador Castro, o implac:ivel stalinista'?" lançado em data recente pela entidade "Cubanos Desterrados", de Miami. O Sr. Scrgio F. de Pai, diretor de "Cubanos Desterrado$" - de passagem por São Paulo, num giro latino-americano - prestou declarações cxclusivu a "Catolicismo", rcprodu:ddas nas páginas 10 e 11. É com satisfação que aprcsentam05 a nossos leitores tal matéria, inédita no Brasil. A ilha-presídio estaria sendo utilizada par remanescentes ainda Poderosos de forças anti-''perestroikianas'' ou de carãter stalinista do comunismo internacional, como labora16rio de uma slntcse comuno-calólica a ser aplicada cm outr05 países das três Américas. Esta seria uma hipótese que se tornaria mais vCT"ossimil ante uma cvemual deterioração da situação politlca, religiosa e econômica da região.
Em São Paulo, arengando, cm março passado, ante mil Hdet-a de Comunidades Eclesiais de Base, Fidcl Castro manifestou que "mudanças po lhicas" favoráveis à Revolução Poderiam ocorrer no continente, "talvc1, mais rapidarncnle do que pensamos" ("Resumen Granma", Havana, 8-4-90). Bravata delirante do velho e labioso ditador'? Ou previsão, com cartas marcadas, de um futuro golpe-de- mio rcvolucionãrio1 O tempo o dirà. O certo é que o livro-dcnüncia dos cubanos desterrados pQderã servir como importante temática de rcílcllllo aos esplrit05 sérios e precavidos no Brasil e cm todo nOSliO continente. Os recentes acontecimentos ocorridos oo Oriente Médio, também comentados nõta edição, tornaram evidente a fragilidade do cquilibrio polílico mundial. No momento pre· sente, uma das melhores formas de protcscr o continente americano contra eventuais convulsões esquerdistas consiste certamente cm conjugar esforços de esclarecimento da opinião püblica e diplom.:liticos para a neutralização definitiva da espoleta castrista.
CATOLICISMO - Setembro 1990 - .'3
No t111pressivo gflSto deste busto da "Virgem Dolorosa", esculpido por Pedro de Mena em 1673, reflete-se o sofrimento pungente da Mlle do Salvador - Sala Capitular do Mosteiro das
~scalças Reais, Madrl
Nossa Senhora das Dores
N
UMA APRAZ IVEL tarde de domingo, rod,1va cu pela ~ suaves serra11iasdoocstedcM111asGcrais, quando minha atenção foi atraída p0r urna simpát ica igrejinha do mais gcnuí11ocstílocoloníal. Meu acompanhante, bom conhecedor dahistóriadarcgiilo,contou-mcqucalocalidade onde nos cncomrávarnos resultara, ain da cm 1cmp0s do Brasil Colônia, da fusilodcquatrograndcs propriedades rurai s. Pelos idos de 1730, di zia-me ele. o lugarejo era conhecido como Boa Vista e eort~tituia pomo de parada dos ba11dcira11tcs qu e poralipassavamemdcmanda dosindios goyases ( I), Comafusãodaquclasquatropropricdades, íoiManoelCoutodeSouza,proprictáriodc uma delas, quem cercou o terreno e mandou construir uma capela. Em torno desta, que haveria de transformar-se cm matriz, foi se constituindo o p0voado que se elevou à categori a de freguesia e depois chamou-se Vila de Nossa Senhora da Serra da Saudade do Jndaiá, dcnominaçilo que posteriormente se alterou para Dores dolndaiá. A razão deste último nome deve-se a que,rcmonrandoasuasorigcns,alocalidadc reconhece ter conslÍtuido seu pomo de partida a capelinha do fazendeiro Manoel Couto de Souza, a qual possuía como patrona Nossa Senhora das Dores (2), cuja fcstaaSagradaLiturgiacclebraal5dese4 -
CATOLIC ISM O -
tembro. Essa fes1ividade foi institulda para comemorar todas as Dores de Maria, espe<:ia lmcntc as Sete Principais (3) que Ela teveduranteavida,pa ixãoemo rt edc seu Divino Filho.
No sofrimento, S •I na 1 de "I - d• • Pre d I eçao IV.na
Setc rn hro 1990
Sonlidoo,pecl,ld,lnvoc,ção Há, entre out ras, uma ra7,ão especial
para todos os qu e sofrem pedirem a prote-
Excetuados os sofrimentos adoráveis do Cordeiro de Deus, as dores suportadas por Nossa Senhora foram incomparave lmente mais intensas do que tudo quanto os homens sofreram desde a queda de Adão, e haverão de padecer até o fim do mundo
ção de Nossa Sen hora das Dores. Segundo as regras da psicologia humana,aspcssoassofredoras são mais compassivas Q,empasso,poc,m,grn,dcdor, compreende o que elasignifícaecstámais disposto a ajudar o pró:-.imo. Ora, aextensãocaintensidadedasdoresde Nossa Senhora foram tais que excedem nossa compree11são. A Igreja celebra as Sete Dores, precisamente porque esse número exprime a idéia de totalidade ou un iversalidade. Enquanto dolorosa, Maria Santíssima é particularmente propensa a atender os pedidos dos que sofrem. Ela aceitou o abismo de dores, para que nós sofrêssemos menos. E manifesta cm relação à dor recebida com cristã resignação, ao amigo da Cruz, ao filho sofredor, compaixão e pena, obtendo-lhe, á maneira de uma carícia ede um afago, uma certa forma de compensação sobrenatural, quevalcincomparavelmcntemaisdoque o sofrimento aceito.
É, pois, muito razoável que, sob essa invocação,peçamosaElaquenosobtenha, pelos méritos insondáveis de Suas dores, a forçaparalevarmoscomresignaçãoecoragem, e mesmo com amor, o pesado fardo de sofrimentos que merecemos por nossos pecados, ou que a Sabedoria divina preparou para nossa santificação. E possamos assim,eventualmenteatécommenorônus, alcançar no Céu todo o grau de glória que fomos chamados ater.
O papel da dor na vida humana
pronunciouoterrivel''consummatum est''. Ele sofreu, pois, continuamente ... Ora, como Nossa Senhora é o Espelho da Sabedoria, Ela reflete em Si tudoquantoéde NossoSenhorJesusCristo. As.sim, analogamente, pode-se dizer que foi a Mulher das Dores. Sua existência inteira foi marcada pelo sofrimento, proporcionado às forçasincakuláveisqueagraça Lhe dava. Suas dores foram im ensas, mas - é preciso ressalvar - por mais lancinante$ que tenham sido, não punham Sua alma santlssimaemturbulência.EramdorC$per-
mitidas pela Providência e recebidas com uma serenidade de alma admirável. Ela manteve sempre, no meio de um oceano depadecimentos,umequilíbriodealmain· comparável, próprio à Sua Sabedoria.
Reflexão final Nossa Senhora sofreu até o momento dacrudfixãodeJesus,emquesuadoratin· giuoinsondàvel. Esse dilúvio de dOTC$, Nossa Senhora o quis. Ela consentiu na imolação da Viti-
Este pedido é legítimo, e quem sofre pode, e conforme o caso deve, buscar um lenitivooumesmoaces.saçãocomp!etada dor. Entretanto, é preciso não esquecer que o sofrimento desempenha um papel central na vida humana. E não devemos encará-lo como algo de Fundamentalmente A dor confere ao homem uma nota de elevação, maturidade e estabilidade. "Que sabe aquele que não sofreu?" (Ecles. 34, 9), pergunta o Espírito Santo na Sagrada Escritura. Mais ainda. O sofrimento é um sinal de predileção divina. Enquanto a dor não penetrou em nossa vida, nãoteremosexperimemado a principal prova do amor de Deus. Houve um santo que chegou a propor aos que de1;Conhecem o sofrimento, quefaçamperegrinaçõeseoraçõesespeciais para alcançar essa graça. Éfácilpcrceberquantotalafirmação choca certa me ntalidad e naturalista, muito difundida numa época neopagã como a nossa, em que tantos homens estão chafurdados nos divertimentos, na comodidade e nos desbragamentos da sensualidade. Entretanto.elaéinteiramenteverdadeira. Dom Guéranger, grande Abade beneditino de Solesmes (França), comentando a festa das Sete Dores de Nossa Senhora, em sua admirável obra "L'Année Liturgique", mostra que o sofrimento foi ornais rico presente que o Padre Eterno concedeu a Maria Santíssima: "Ele (que) ama a Santíssima Virgem mais do que qualquer outra criatura,quisdaraElatambémosofrimento como o mais rico dos presentes. Ademais, convinha que unida a seu Filho como estava, Maria passasse como Ele pelo sofrimento e pela morte. De qualquer forma, issoeraprecisoparaqueaprendêssemos dE[a e de seu Filho, como devemos aceitarosofrimentoqueDeus permite para o nosso maior bem".
Varão das Dores ... Mulher das Dores O Messias foi anunciado pelo profeta Isaías como sendo o VirD-0/orum(Varão dasDores)(ls.53,3),aqueleaquemépróprio sofrer. A Paixão dolorosíssima não foi um fato isolado em Sua vida. Foi o ápi ce de uma seqüência enorme de dores, que começaram desde o primeiro instante de Seu Ser, e culminaram naquele momento em que Ele, afogado num dilúvio de dores,
A s-nldade na dor ressalta noa traça$ da plnlura dt1 Antonio Salas (séc. XIX}, Quito (Equador)
CATOLICISMO -
Setembro 1990 -
5
ma Divina para salvar as almas. Ela amou cada um de nós a tal ponto que, para nosso bem, aceitou que seu Filho Unigênito fosse sacrificado no alto do Calvário. Coloque-se, prezado leitor, ao menos espiritualmente,diantede uma imagem de Nossa Senhora das Dores, por exemplo a estampada na capa desta edição, e reflita por alguns instantes sobre o quanto custou a salvação de cada alma, concretamente da sua alma ... Equeproveitosetiradosanguecopiosamente derramado por Nosso Senhor e daslágrimasdcMaria?NossoSenhorqucixou-scnoHortodasOllveiras:"Qualautilidadedemeusangue?"Pcnsavaemtantas
almas que haveriam de pisar Seu preciosíssimo Sangue, levianamente, por medo da risada de uma criada como São Pedro, por trinta dinheiros como Judas , por tibieza e desejo de dormir como os outros Apóstolos. Por medo, por oportunismo, por comodismo, por sensualidade, por quantas misérias mais as almas haveriam de rejeitá-lo e àsuaMllcSantissima! tU1S CAIRO$ AZEVEDO No1;,,s (l) l ndiosocupant<Sdetcrrascorr<S()Ondenl <S aoa1ual F.s1adod<Goib.equc,naq>o<a ,1jnhamconhccimen· 10 ::~/•;!d~• d< ouro naquela rqil<). Dt onde o in:<S· (2)DorcsdaVilória,Dorcsd<Boafapcrani;a,Dorcs de Campos, Dor<S ~eúuanhl<S, l}or<SdoPa,albuna, Oor<Sd0Turvo,Doteoó()Ol;,stoaindaou1ras1an1a, l0<alidadcs,noF.s10dodcMin,uG<rai<,col0<ad.n<0b opa1r0<lniod<NosuScnho,adasDor<S. (J)!aoasseJujn1coasS<lcDorcsdcNossaScnho,a· I.Proíe<ciado'ltlhoSi=1<:,,anur,ciandoaMariaq1>< .<cucoraçloseriacra,passadoporum11l!<liod<dor.2. J'uiacc,llio paraofi itol. PC'l'dadoMcninoJc,u, r,oTcn,plo4. ~0<onuodcJcsu,lc-an<lo1Cru,s.Cru dfü,ocMot1cdcNossoScnho,Jesu,CriS106 .Lan«1adaqueab<iuoladod<J<Su,cdcpo,i;1<:,deS.ucorp0inanimadort0>b<aco•d<Mario7.Scpullurad<Jcsu,
Por amor doa hom11ns, Nona S.nhora acitl· tou quit nu Divino FIiho tosse sacrificado no alto do Calvário. - Fra Ang11/lco (HC. XV}, N/u'MludllSloM'arcos, Florença
brado através da Revolução Francesa (1789) e do comunismo, até chegar às modernas formas de decadência e corrupcão social e individual (ver Plínio Corrêa de Oliveira, "Rcvoluçllo e Contra-Revolução"). Eis o ílagclo que fere de modo toda parto, N todo especial Nossa Senhora das Dores. ln_surgemcontraDeus. Apresentamos abaixo, a titulo de ilustração, algumas das V,rgendalasLagrlmas lacrimações rl'Centes e mais conhecidas de Nossa Senhora: (séc. XVIII), Granada. • Em 29 de agosto de 1953, na localidade de Siracusa (Sicília-Itália), uma imagem de Nossa Senhora verteu lágrimas. • Em julho de 1972, na cidadc norte-americana de Nova Orléans, uma imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima lacrimou várias vezes, evento que alcançou naépocarcpcrcussãointernacional * Na última semana do mês de julho de 1977, o público brasileiro tomou conhecimçento de uma foto, projetada no vldeo das TVs, na qual se podia observar uma imagem de Nossa Senhora de Fátima vertendo copiosas lágrimas, numa igreja de Damasco, na Síria, bem como incontáveis pessoas queacorreramaotemploparapresenciaromilagrosoacon!ePrantosmistcriososaolongodestesécu!oapresentam-nos cimcnto. a Virgem Santíssima a chorar sobre o mundo contemporâneo • Em 22 de abril de 1979, na pequena Vila de Soalheira, como outrora Nosso Senhor chorou sobre Jerusalém. Já no em Portugal, uma imagem de Nossa Senhora das Necessidaséculo passado, cm La Salette, Ela chorara. Em marcante e des verteu lágrimas. comovedor artigo, "Lágrimas, milagroso aviso", o Prof. Plí• Uma imagem de Nossa Senhora, sob a invocação de nio Corrêadc Oliveira qualifica Nossa Senhora de "peregri- "Virgendclas Lágrimas", artisticaefamosaesculturadoséna dador" culo XVJll, que se venera na Basílica de Sao João de Deus, HátantasrazõcsparaNossaScnhoracstarassim imensa- em Granada, verteu lágrimllló de sangue, no dia 13 de maio mente triste que se coma quase impossível escolher uma den- de 1982. A data é muito significativa pois, neste dia, comemotre elas. Mais provavelmente se trntadc uma convergência, rou-se o 6Sº aniversário da primeira aparição de Nossa Senhode uma somatória de todas essas causas, o motivo do trasbor. ra, em Fátima(Portugal). damcntodataçadaamargura, O fundodequadroéo pecado, o pecado atroz, protuberante, dos homens que, por toda parte, se insurgem contra NOTA Deus. Chora Ela a impiedade e a corrupção dos costumes. Chora a autodemolição da Santa Igreja, a maldita "fumaça No elenco de lacrimações da Samissima Virgem aqui publicade.satanás" quc,nodizcrdc Pau!oVI, penetrou até no recin- do, nossa revista nao garante a autenticidade das mesmas, to sagrado. poise5sejuizocabeàSantaMadrelgrcja,acujojulgamenChora Ela a incomcnsuràvel rcvo!ta multi-sc.:ular do ho- to,dt-sdejá, "Catolicismo" scsubmeteincondiciona!eirrcsmem moderno contra o Criador - a Rcvoluçao gnóstica e tritamente. igualitária - esse processo tenebroso iniciado com o Humalàislacrimaçôes,segundonosconsta,emboraaindanão nismo, o Renascimento e a Pseudo-Reforma protestante; pro- reconhecidasoficialmentepelalgreja,nãotêmoontrasi,conccssoqueseestcndehojepelomundointciro,tendosedesdo- tudo, nenhuma decisão negativa. Lágrimas da sangllf!: pranto pitlo pitelldo atroz, protuberanta, dos homens quit, por
Nossa Senhora das Dores ... As dores de Nossa Senhora
6 -
CATOLICISMO -
Setembro 1990
Crise no Golfo Pérsico
Os tempos eram outros ... COMO raio em céu sereno, o Iraque invade e anexa o Kuwait, projetando o espectro
~~~~~ - .. ~
-
'-
'" "'
, uwa lT
-
..,
Port11-av/6tis 'ºll"KMpendent": esforço
concentrado contr, o Iraque
A
PÓS AS RECENTES transformações no Leste europeu, - segundo
muitosacreditavam - estariagaran .
tidaapazparatodoosempre.Gorbachev, tendo desistido de conduzir uma política agressiva, e afrouxando, por outro !ado, a pressão do Kremlin sobre os vá.rios partidoscomunistasdomundo,osfocosdeagilação se aquietariam. Em conseqüência, a tranqüilidadesefariasentiremgrande nú rnerodeaspectos davidaquotidiana. Com seu ges10 inopinado, o ditador iraquiano, Saddam Hussein, põe em risco a débileenganosapazeatingeastorneiras da prosperidade ocidental, podendo com facilidade estabelecer - se bem sucedido - ospreçosdopetróleo. O mundo rejeitou a anexação e apoiou maciçamente o bloqueio econômico ao Iraque, proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU). E as mais poderosas nações ocidentais, seguindo o exemplo dos Estados Unidos da América (EUA), enviaram forças militaresparaaregião;indusivcumahesitante Rússia soviética, antiga aliada e principal fornecedora de armas do tiranete iraquiano. Também a maioria dos países árabes participou da interdição, em alguns casos enviando forças à Arábia Saudita, eventual presa dos sonhos expansionislas de Hussein. Posteriormente, o Conselho de Segurança da ONU aprovou inclusive uma eventualaçãomilitarcontraolraque. Apesar do isolamento quase completo dolraque,comseusdezoitomilhõesde habitantes, não será Fácil obrigá-lo a recuar. MasotrunfoprincipaldeHusseinestáforadeseupaís. Os EUA e seus aliados têm demonstrado, desdeosprimeiroslances.cautela. Há algumasdificuldadesnaefetivaçãodeuma
ação bélica: a Rússia mantém um número indcfinidodetécnicoseconselheirosnolraque,oquetemprovocadoatritosnosbastídores com o governo de Washington. Outros países europeus têm cidadãos na região. Mesmo o Brasil conta com centenas de tra balhadores naquela nação. Hussein transformou muitos destes cm reféns, ameaçando matá-los em caso de invasão. A Rússia soviética finalmente apoiou a resoluçãodaONUdegarantir,atépelaforça,oembargocomercialaolraque. Entretanto, ela revela ainda uma posição pouco claranocasodasembaixadas. O governo iraquiano exigiu o fechamento das representações estrangeiras no Kuwait alegando que este ces.sara de existir. Asnaçõescontráriasatalanexação,capitaneadas pelos EUA, recusaram -se a fechâ-las, mesmosobameaçadeprisãodescusdiplomatas,considcradosagoracidadãoscomuns por Saddam Hussein. A Rússia, porém, "desativou" sua embaixada, rctirando os diplomatas, embora dissesse que, tecnicamente, nãoafechara!Ora,atédiplomatasecomcntaristasrussosreconhecemqueistofoi"um golpe" na união contra Bagdà. Quanto ao destino dos reféns, opinou com acerto o insuspeito articulista Stanislaw Kondrashov.do/;;veslio: "Moscou deve usar seus laços com Bagdá para atuar embencflciodacomunidademundial,exigindo a libertação de americanos, ingleses e todos os estrangeiros no Iraque e no Kuwait ocupado" (cfr "Jornal do Brasil", 25-S-1990). Ora,sea Rússianãoaproveitarsuaantiga aliança com o Iraque em benefício do Ocidente, como sugere o jornalista russo, pesaràmaisuma hipoteca de dúvida sobre asinccridadedcseuspropósitos.
Oprolongamcntodoimpasseprovocado pelos reféns tem impedido uma ação maisefica.zpelosEUA.Seesteccderàchantagem, estará aberta a porta para queou trosavcntureirosado1ernmedidassemclhantes. Alémdisso,senãoforem bem sucedidos e abandonarem a região sem vitória, os EUA perderão prestígio junto aos seus aliadosociden1ais,osquaispoderãofiear sensíveis à influência de uma Rússia politicamente mais hábil. É fora de dúvida que uma indefinição prolongadadosnorte-americanos,comímpressionantes forças imobilizadas diante do inimigo, só contribui para desgastá-lo peranteaopiniãopúblicamundial. Por outro lado, numa das regiões qiais explosivas do Globo, qualquer inabilidade poderá desencadear um processo unificadordosmuçulmanos,deconseqüênciasimprevisíveis para o que resta de Cristanda· de. Husseinjáosconclamouauma"guerra santa". Mera bravata? Há séculos o mundo muçulmano parece adormecido. Estaràsendo sacudida esta letargia? Caso tais ameaças se efetivem, como reagirá o Ocidente laicizado e relativista? Os e~'OS da memorável vitória de Lepanto ainda se farão sentir? Naquelaocasião1571 -, enquanto O. João d'Áustria comandava as hostes católícas, contra os muçulmanosqueameaçavamaEuropa,ol'apaSão Pio V rezava pelo sucesso da batalha, na qual se empenhara a fundo. E Nossa Senhora Auxiliadora aparecia, dando a vitória aos católicos. Os tempos eram outros ... R. MANSUR GU~RlOS NOTAcAoen=m-><<>1• nli<Ao, • ,it-"" "" GolfoPk~ -
ropar«<rumu pa,•um• sol"""°"'loc;..i •. <r,,<.,;11<1in""' • umoe><nt .... <><U....,>odoKu""'i1"°'f"'<" d>ONU
CATOLICISMO -
Setembro 1990 -
7
ENQUANTO a mídia - a11! o momento cm que esc~vemos - mantl!m um mlsteriO!iosilfnciosobreal utada Litullnla por sua Independência, as TFPs conlinuamsu11vitori0!iaC11mp11nh11,em imbitolnternadonal,esuperamorecerde mundillldeab11ixo-11ssln11d0!i PÓS A VOTAÇÃO efetuada, em 29dejunho último, pelo Partamentolituano-mediameaqualestabeleceu-se a moratória de IOOdias, que suspendeuosefeitosdadcdaraçàodeindcpendênciadopais emrelaçãoàURSS - otema libertação dessa nação báltica entrou em compasso de espera. E o assunto deixou deocuparlugardedesmquc nosgrandcsórgãosdam[dia. Emnossacdiçãoantcrior,foiapresentadaumabrevevisãodcconjuntododesenrolar desses acontecimentos políticos até as declaraçõesprestadaspe!oprimeiro-ministrosoviético,NicolaiRizhkov, em7de julho, segundo as quais a independéncia da Lituânia teria "que se ajustar estri1amente àleisoviéticadesecessão". Analisada essa lei, vimosqueelaestabeleceum prazo inicialdetransiçãodecincoanos,alémdc prescrever uma série de outras exigéncias, asquais,naprática,inviabilizamqualquer processodeindependéncia. Dois dias depois do "congelamento" da independéncia do pais báhico, foi suspenso o bloqueio econômico a ele imposto pelo Kremlin a parlir da segunda quin:tena de março.
A
Prosseguem o drama lituano e a campanha das TFPs
Delegaçlo soviética Gorbachev designou, em 9 de julho, umadelegaçãoparatratardoassuntocom asautoridadeslituanas,aqual seráchefiadapeloprimeiro-ministroRishkov,contando com a participação de especialistas de váriasáreas,inclusiveamilitar. Em meados de julho, o Parlamento lituano promulgou lei que cria uma força militar própria, separada da soviética. Tal medida ocasionou o envio de uma carta de protesto do minisiro da Defesa da União Soviética ao presidente lituano, Vytautas Landsbergis. No dia 20 de julho, realizou-se no Kremlin mais uma reunião da chefe do governo da Lituânia, Kazimiera Prunskiene, com Oorbachev.Apressãosoviéticaseintensificara antes de se iniciarem essas conversações entre Moscou e Vilnius. Três dias depois, a primera-ministra lituana, em declaração divulgada pela publicação INTERFAX, da Rádio de Moscou, rejeitava a integração de seu pais na estrutura poHtica nova denominada "União dos Estados Socialistas Soberanos", que está se ndo articulada na cúpula do poder central soviético, e queseefctivaráemdezembropróximo.
Vyl'aulnlandsbergls, prasldentadaLltu,nla
Discord.incia interna no Governo lituano No dia seguinte, 24 de julho, o presidente Vytau1as Landsbergis manifestou publicamente sua dissonãncla em relação à atitude assumida por Kazimiera Prunskiene, 8 -
CATOLICISMO -
Setembro 1990
O abalxo-anlnado d" TFF>a a Buraaux-TFP prosaaglHI vftorloMJ am todo o mundo
mais ílexlvel à pressão exercida pelo Kremlin e propensa a iniciar logo as negociaçõescomadclegaçãosoviéticasobrcaindependência. Landsbergis advertiu que a Li tuãnianãoaceitaráumaatmosferade''pressões e ameaças" no diálogo, devendo se comportarnestecomoum''parceiroigual". Na mesma ocasião, o presidente lituano decidiu voltar -se para a Polônia, pois considera que esta será uma nação al iada, no casodeMoscoupreferirasameaçasaodiálogopacífico.
Rejeição também da Letônia Em 27 de julho, foi a vez do governo letãorejeitarigualmentesuaintegraçãofutura na "União dos Estados Socialistas Soberanos", bem como qualquer participação nesse !ratado, que regulamentará a nova cstruturaaseratribuídaàUniãoSoviética. Anovaestruturaéaprescntadavelhacamente pelo Kremlin como mais ílexivel em relação às necessidades políticas e econômicas dasl5repúblíca.s. Nodia30dejulho,oprimeiroministro da Letônia, lvars Godmanis - cujo governo, juntamente com odaEs1ônia, vem se vinculando cada vez mais à causa do regime lituano - foi recebido na Casa Branca pelo presidente Bush. Naocasião,oprimciro mandatárionor1e-americano prometeu que o caso da Letônia seria estudado com muito cuidado. At é agora, porém, a Casa Branca tem empregado "muito cuidado" apenas em nãodesagradarOorbachev,quandoaqucstão dos países bàlticos entra em cena ... E ta l zelo em contentar o chefe comunista chegou ao ponto de submeter a primeiraministra lituana a vários vexa mes, porocasiãodesuarecentevisitaaochefedoExecutivonorte-americano(vernossaúltimaedição). Atravésdonoticiáriocorrentedamídia ignoramosseoprimeiro-ministroletão aexcmplodoquesuccdeucomaSra. Kazi miera Prunskiene - foi impedidodcentrarcomseucarronosjardinsdaCasaBranca, se ficou esperando em pé por dez minu tos, e se foi obrigado depois a caminhar desacompanhado até a residência oficial do Governo de Washington ... Ao fecharmos a presente edição, em meados de agosto, o caso lituano, como tambémdosoutrospaísesbálticos,desaparcceu singularmente do noticiário veiculado pela mídia. Estariasendopreparadaalgumasurpresa?Acri seiniciadacomainvasãodoKu wait pe lastropasiraqueanasteria alguma relaçãocom essaevemualsurpresa? Só o futuro o dirá. Enquanto isso, conforme o no1iciârio que apresentamos na presente edição, o abaixo-assinado das TFPs e Bureaux-TFPs prosseguevitoriosoemtodoomundo,superando o número de assinaturas do recorde mundial anterior, registrado pelo AlmanaqueGuiness. Que Nossa Senhora, Porta da Aurora, Padroeira da Lituânia, tire desse marcante Sxíto todo o proveito desejado para se alcançaroquantoantesalibertaçãoda''TerradeMaria". D
SÃO)'AULO- A""'"'' "C"''·
nos Desterrados'', de Miami, está difundindo nos palses latino-americanos o livro-denúnda "Até quando as Américas tolerarão o ditador Castro, o implacável stalinista?
Duasdécadasdeprogressivaaproximação comuno-católicanailha-pres!diodoCaribc''{"Has1acu{mdolasAméricastolerarãn aldictadorCastro,cl implacablcestalinista?Dosdécadasdeprogresivoacercamiento comuno-católico en la isla-prcsidio dei Caribe")(•J,lançadorecentementenosEstados Unidos. O livro estuda a "polltica religiosa" deFidelCastronosúltimos20 anos e a qualifica de "fraudulenta". Ao longo de três partes, e 22 capltulos, citan-
do maisde200documentos,osautoresdemonstram que essa ''política religiosa" vem
sendouminstrumentodeCastroparaconsolidar-seinternamentenopoder,expandir suainíluêncianospa[seslatino-americanos - com população majoritariamente católica-, desmobilizar psicologicamente o exlliocubano, e abrirumabrechanoisolamentopolítico--econômicopropiciadopelosEstados Unidos. Umcap[tuloespecial é dedkadoaanalisar a repercussão internacional da carta do Cardeal Arns ao "queridíssimo Fidel", que se tornou pública em 1989, a qual é qualificada como "um exemplo de ousada aproximação eclesiástica com o regime cubano". Os autores destacamopapelderelevodesempenhado por Frei Betto, enquantoassessordeFidcl Castro em assuntos religiosos, e mostramquecmCubaa"teologiada liber1ação" metamorfoseou-se numa "teologia de rcconciliação"oomocastrismo. Fidel Castro, em sua visita ao Brasil, em março p.p., falando a mil lideres da " esqncrda católica" brasileira, afirmou que"'mudançaspollticas''favorãveis à Revolução poderiam ocorrer naAméricaLatina"talvez mais rápido do que pensamos". Os "Cubanos Desterrados" advertem que, se a situaçào política e econômica do continentesedeteriorar,1omando uma direção qne favoreça ocastrismo, asintesecomunocatólica em gestação na Cuba atual pode constituir um labo-ratóriode "modelos" similares paraoutrospa[sesdaãrea. A obra apresenta também umavisãodeconjun1odo"'panoramade miséria cm quejaz o povo cubano" e de nuncia a "mãquinadeperseguiçãopolí1ica,ideológicaereligiosa"castrista para moldar as mentes, aplicando sofisticados métodos de psicologia social. Com isto, oregimepretende"eliminaro
Livro de exilados cubanos denuncia caráter fraudulento da "política religiosa" castrista semimentoreligiosodejovcns ecrianças"dailha,oqueconfigura um "genocídio espiritualsemprecedentesnocontinenteamericano". Com adifusãodolivro-dcnímcia "AtéquandoasAméricas tolerarãooditadorCastro, o implacãvel stalinista?", os cxiladosdesejamsuscitar"um clamorcomraaexistênciadessercdutostalinistaquccnvcnenaasrelaçõcsinterarncricanas". Os"CubanosDesterrados" dedicomsuainiciativaàmemóriademilharesdecatólícos muitos deles, jovens - que morreram no "paredão" castris1acom o grito "Viva Cristo Rei! Abai~oocomunismo!'', e formulam votos para que a lgrejainicieoquantoanteso processo de ~anonizaçãodesses heróis da Fé.
(º)"Ha.,acu.tndoluAmérk.as1olora rán a( dk1odor Costro, e! implau ble <'1•1inUl_• \Dosdé<adas t,rrovt•º 1 la-presidio dei Carib<", Comisión de ESludiosde'"Cubanos Desmrados",
Miami-NovaVo,k,iunhod<l99(J,()$
interessados em adquirir um e>rmplar ~obrapo<lcmdiriJir-S<aoSr. S..gio F.d< Pu, P . 0. bo< 11)70), Miami, Fl lllll, FAX (lOS) l9l611J2 (rrc,;o:
USll0,00,in<luldoororrcio);ou.oli-
~;.~â
CATOLICISMO -
Administtaçlode"Catolids
S.:tembro 1990 -
9
'' Até quando as Américas tolerarão o ditador Castro ... ?"
O Sr. 5',g/o de Paz em
visita â redaçlo de "Catollclsmo"
O Sr. Sérgio F. de Paz, 52 anos, ativo diretor de "Cubanos Desterrados", de passagem pela capital paulista, entrou em contato com diversos órgãos de imprensa para dar a conhecer o livro-denúncia "Até quando as Américas tolerarão o ditador Castro, o implacável stalinista?" Na redação de CATOLICISMO, respondeu a diversas perguntas formuladas por nossa reportagem.
CATOLIC ISMO: Qual é o objetivo principal do livroqueos "Cubanos Desterr,1dos" editaram? SergiodePai: Numplanogcral, scuobjetivoédcnunciarocscândaloque sig nilica a con1inuidadc,nopanoramalatino·amcricanoccubano, do regime castrista, que vem oprimindo há mais de três décadas o povo dailha,cagredindoasnaçõcsirmãs.Chamamos também a alençllo para cum plic idadesinexplicávcis, ingcnuidadessurpreendenteseindifercnçasdcsconcertamcsdcdiversas personalidades da vida política, econõmicae inclusivccdcsiás1ica das 1rêsAméricas, cm relação ao castro-comunismo. De
modo particular, dcnundase a arma mais efetiva de Castro para tornar posslve l essa nefasta continuidade: a "política religiosa" do ditador. CATOLICISMO: A que se deve o realce que o livro dáà "po!iticarcligiosa"castrista7 S. DE PAZ: Pensamos que foiuminstrumemododítadorCastrodc fundamental impor1ãncia para se manter no poder, mas que, sem embargo, vcm passando praticameute desapercebido aos olhos dos analistas internacionais. Énaausênciadeuma denúncia cabal dessa "política religiosa", enquanto arma diplomática e psicológica de Castro, que reside ao mesmo tempo sua força e sua debilidade. Cremos que ali podeestaro"calcanhardeAquiles"doditador.
CATOLICISMO: Como se manifesta tal "polltiea religiosa" cm relação á América Latina? S. DE PAZ: A violência revolucionária, alentada por Havana a partir da década dc60,produziuumenormerepúdiodaopiniãopúblicalatino-americana,majori1ariamentecatólica.Assim,ámedidaqueaescalada armada do comunismo castrista aumentava, paradoxalmcn!c ia contribuindo para levantar"barreiras de horror",e quãojustificadas,co ntra si mesma.Segundo documentação existente, no início da década de 70, Castro vislumbrou a possibilidade de contornar este beco sem saida, quando percebeu no seio da própria lgre-
Cuba é o pais mais militarizado do mundo, e suas Forças Armadas Revolucionárias são mais poderosas que Guarda de honra da MIiie/a do Povo: ellle as do Brasil, apesar de a ilha ter uma dasForçHArmadasRevoluc/onárlndeCuba população 14 vezes inferior. Esse poderio militar é possível devido á ajuda financeira que a RússiacontinuaoutorgandoaCuba até hoA outrora "Pérola das Antilhas'' - hoje ilha-presídio je, estimada em cinco bi!hõcsdedótaresanuais, um quarto do Caribe - está situada na entrada do Golfo do Mé>:ico, a de seu Produto Nacional Bruto. Há atualmente 27 .000 militaapenas 144 km dos fatados Unidos. Conta com uma popula- res soviéticos na ilha, que mantêm a sofisticada central de esção de 10.100.000 habitantes, numa área de 110.860. kms2., pionagcm eletrônica de Lourdcs, direcionada para os Estados superfície pouco maior que a do Estado de Pernambuco. Unidos. Os aviões MIG á disposição de Cuba permitiriam a O ditador Fidel Castro, no poder desde janeiro de 1959, Castro bombardear em poucos minutos as centrais de energia mant~m um regime mar~ista-leninista, de linha stalinista, tcrmonucleardoEstadodaFlórida,aosuldosEstadosUnidos. um dos mais policialescos e repressivos do mundo. Os histoA situação econômica da ilha é dramática, denunciada riadores cubanos Carlos e Manuel Márquez Stcrling consig- por três Bispos cubanos no exílio, e reconhecida em discursos nam que um milhão de cubanos foram encarcerados ou deti- públicos pelo próprio Fidel Castro. As supostas "conquistas" dos, e trinta mil morreram no paredão de fuzilamento. Nu- doregime,aeducaçãocasaúdepública,sllonarealidadcinsma população como a do Brasil, corresponderiam, respectiva- trumentosdecontrole físico, ideológico e psicológico da população. mente, 14milhõesdcdetidos, e420.000 fuzilados. Desde !959,pertodeummilhãodccubanospartirampaA ilha-cárcere ostenta outro trágico recorde: possui uma raoexílio. dasmaisaltastaxasdesuicidiodomundo.
Cuba: ilha-presídio
IO -
CATOLICISMO -
Sewmbro 1990
ja a irrupção de elementos esquerdistas. Entre eles, pode-se mencionar o sacerdote nicaragücnse Ernesto Cardcnal, os membros do movimento ''Cristãos para o Socialismo", e inclusive figuras episcopais, 00· mo o reoonhece o ditador no livro "Fidel e a Religião". Aliando-se com estes, ocastrismo teve possibilidade de dissimular sua natureza anti-religiosa, sem oeder em suas metasrevolucionãrias. CATOLICISMO: E atualmente? S. OE PAZ: Alllalmente, essa polltica religiosa castrisla cstã sendo umefetivocomptementodoscsforçosdiplomáticosdeHavana para buscarapoiosemgovernoslatino-americanos,diantedesuaprccáriasituaçãointernacional.Arespeitoda"cartalatino-americana", na qual Castro cstã apostando para sobreviver politicamente, tivemos ocasião de enviar uma mensagem pú· blicaaoatualPresidentedollrasil,emmarço p.p., tal oomo informaramdiversospcriódicos brasileiros, pedindo,lhe sua inter· vençàoparaanu laressesesforçosdoditador. CATOLIC ISMO: Castro em algum momento reoonheceu os frutos estratégicos de sua pollticaem relação aos católicos? S. DE PAZ: Em 1985, em Havana, diante de Frei Leonardo Boff, Frei Betto e D. Casaldâliga, três figuras da "teologia da libertaç:lo" latino-americana, Castro reoonhcccu: "A vossa teologia ajuda a transformação da América Latina mais que milhões de livros sobre marxismo". CATOLICISMO: Qual é o objetivo da "política re ligiosa" castrista no in1crior da ilh.a? S. OE PAZ: Em uma palavra, é destruir a própria Religião. A afirmação é ousada, mas não é minha. Desenvolve essa tese, sem eufemismos, um teórico comunista cubano, o profC$$0r universitário Juan Montero Jiménc2, dc Santiago de Cuba, em artigoparaarevistasoviética "Naouka i Rcligia", intitulado "Rumo a uma sociedade sem religião". Por isso, chama-nos aatençllo que vê.rios ilustres eclesiásticos cubanos e estrangeiros venham dando, de uma ou outra forma, um aval à aproximação do di1ador com os católicos C'Ubanos. A essa aproJ1imação não tem cslado distante, lamentavelmente, a Nunciatura Apostólica. CATOLICISMO: Poderia dar um exemplo dessa aproximação em Cuba?
" Cubanos Desterrados" A entidade "Cubanos Destcrrad01" foi fundada cm 1987. A part ir de enlào destacou-se como uma i,utituição de investigação da realidade cubana, e orientadora da opinião de milhões de cubanos no exílio. Sua finalidade 8.5$Cmclha-se aos "think tanks"("tanquesdepcnsarncnto")norte-americanos. làntoseusdiretores, quanto sua equipe de pesquisadores, !rabalham gratuitamente. Em toda! as iniciativas põbticas, "Cubanos Desterrados" busca aglu1i nar as forças das numerosas organizações do cdlio cm torno de lemas que suscitem um consenso anticastrista. Em maio do presente ano, por ocasião do encontro Bush-Oorbachev, cm Washington, "Cubanos Desterrados" promoveu a publicação de uma carta aberta de inslituições do exílio ao dirigente soviético, interpelando-o sobre o apoio econõmioomilitar que continua concedendo a Fidel Castro. Esse documento foi publicado simultaneamente no .. Washington Post", "Washington Times" e no "Diario Las Américas" de Miami: a tiragem total desse último jornal aprollima-sc do mllhão de exemplares. A. propósito de tal iniciativa, a deputada cubano-americana llcana Ros-Lehtinen, membro do Comitl de Relações Exteriores do Congresso e figura de primeira linha do exllio, destacou o "extraordinário esforço" e o trabalho louvãvcl de "Cubanos Destcrrados".
mesmosobjctivosdaCivilizaçãoda Verdade e do Amor, não poderia haver diàlogo franco e construtivo, nem colaboração".
dei", elogiando supostos "sinais do Reino de Deus" na Revolução comunista cubana, fala nomesmoscmido.
CATOL ICISMO: E no plano internacional?
CATOLICISMO: O livro aborda a eventualidade de uma visitado Pont!ticc à ilha1
S. OE PAZ: No plano internacional. declarações do Cardeal Eduardo Pironio causaram profunda pcrplc1tidadc. Depois de assislir em l-lavana a um encontro eclesial, cm 1986,disscqucscviveemCuba um "momento novo, no qual crislãos e marxislas reoonhecemapossiblidadcdecaminharjuntos". Não menos perplexidade produziram afirmações do Cardeal Fran~s Roger Etchcgaray, cm 1988, sobre a "grande a legria, pouco comum", que cxperimentou quando se entrevistou com Castro,acrcsccmandode forma surpreendente, quecompar1ilha com o ditador "uma mesma paido pelo homem". O exemplo da carta do Cardeal Arns, do Brasil, ao "qucridlssimo Fi-
S. DE PAZ: Esta obra sai a lume quando as negociações do regime cubano para obter uma visita papal à ilha, num contexto íavoràvd ao ditador Castro, parecem estar num enigmático suspense. Não se pode descartar a hipótese de Que essas negociações de Havana junto ao Vaticano, a qualquer momento, tornem novo impu lso. Se isso se der, e a ~isila de João Paulo 11 a Cuba sccfetuar,csperamosqucaaugustapresença do Pontlfice não possa ser aproveiiada pclolabiosoditadorparaaprcsenté-la,dianle dos católicos C'Ubanos, como um respaldo - sequer implicito - à politic.a de aproxirnaçlo castrista. O
O Sr. Sérgio de Paz, dlretorde''Cubanoa
Oeste«.dos .., é recebido
-,ri•udl4nei•,na CldMlttElema,
-"""""
Sllvlo Oddi, ex-Prefeito da
Cangregaçlo ,,.,.
oa.ro
S. OE PAZ: Sim. Para lhe dar um exemplo deCuba,utiliroumavczmaispalavrasque não slo minhas. São do Diretor do Secretariado da Conferência Episcopal Cubana, há20anos,qucéoatualsecrctárioexecutivo da comissão episcopal para a visita de S.S. João Paulo li àilha,MonscnhorCarlosManucldeCtspedes: "Senão crêssemos que os mar1tistas cubanos trabalham pelos CATOLICISMO -
Setembro 1990 -
11
concisamente • Comunismo na lata de lixo... Composto de carteirinhas de Filiação ao PC, estátuas de bron1.c e de gesso, livros e retratos dos chefes verme lhos, entre os quai s Stalin e Lên in, foi erguido no centro de Sofia (Bulgária) um monumento de dois metros de altura denominado - com uma dose de humor,bastantcrcalaliâs-"o lixo da História ... Ao lado da pilhasecncomravaomausoléu dcOi mitrov,umdosfundadores do comunismo bú lgaro, cu-
jo corpo foi dali retirado e cremado.
• No Ocidente, " privilégio" de rico! Enqua1110 a Europa Oricntal joga ao lixo o bras comunistas, opu lentos capi1alis1as ocidenrn is dispulam a preço de ouro a com pra desses mesmos livros. os quais lhes ensinam comodemoliraprópriaclasse. Assim, para comemorar o centemlrio da primeira edição de O Capital, de Mane., a Sot heby's de Londres lei loou, há pou~o. um exemplar da edição princeps do livro, o qual acabou arrematado por 32 mil dólares! Objctodcconsumodosricos,aobradcMantjamaiscalivou o operariado - do qual se pretendera porta-voz.
• Rãplda caiação de fachada Gtasn0$t! Pcrestroika!Mu danças no Les te Europeu! Ex pressões quccn cheramecontinuam a encher, nos últimos mcscs,aspáginasdamfdiacscrita, ou as programações da mfdia ralada e televisionada. Entretamo, por trás de certas mudan ças bruscas e inopina-
12 -
CATOLI C ISMO -
das prosseguem os velhos mttodos. Tal sc percebeu, porexempio, na at itude do pre5ider11c búlgaro, Petar Mladcnov, saudado como o desmantelador do regime dita1orial búlgaro e patronodasrcformasdemocráticas Re1;ememcnterenuncioucle ao ca rgo. Por quê? Algum indiscreto filmou Mladenov dando uma comprometedora ordem. Ao assistir. em dezembro passado, a uma ma nifesiação oposicionis1a, na sacada dopalácio governamental, ele não titubeou:"Quevenham0$lanques!" China, Uulgària, Ro ménia. .. começa a cairapint uradas rachadascstalinistascaiadasà pressa.
Por seqüestro e ilSsaSSinio do menino Stompie Seipei, de 14 anos, em janeiro último, a Suprema Corle da África do Sulcond eno u àmorteoex-ehefc da equipe de guarda-cosias de Wi nnie Mandela, mulher de Nelson Mandela, chefe do CNA, organização guerrilheira co111ro lada por co mu nistas. A própria esposa de Mandela deverà ser agora processada por sua suposta participação no crime. Win nie mantinha em torno de si 30guarda-costas,pertencentes ao Mandela Futebol ClufN. uma estranha equipe que quase nunca joga fotebol e~ acusada por moradores do bairroncgrodcSowetodcpra!icar roubos, est upros, e assassínios. Umdosguarda-costas,Jerry Richardson.dirigiu o seqüestro, emdezcmbrode l988,dequa-
Setembro 1990
lro meninos, em certa igreja metodista de Sowcto. Foram eks ent ão conduzidos para a CasadeWinniccespancados. Trê:o; conseguiram fugir, mas ocorpodeSeippeifoiencont rado dias depol$ numa rua da região. Segundo un1 dos torturados, Kenneth Kgase, Winnie chicoteou-os. Depois, " man dou que lhes extorq ui ssem uma confissão"{"MumanEvcnts", Washington, 19-S-90). Nada disso espanta quandosesabequeentreas formas de violência (principalmente contra negros) adocadas pelos tcrroristas-elesprópriosnegros-sequaiesdcMandela, hà o tcrrivcl "nccklace" (colar). Trata-sede um pneumático colocado cm torno do pescoço ou dorso da vitima, embebido em combustível, e ao qual se ateia fogo.
• Llberallsmo
=:r1~1:º em
Conceder independência to· tal serã a melhor maneira de seeducarosfilhos? A l)edaaoaa Durlei Cavicchia. professora do Departamento de Psicologia da Educação da Faculdade de Ciências
e Letras da Universidade Estadual Paulista {UNESP), ao lon go de três anos, acompanhou odesenv0Jvimen1ode80crian· ças, cm duasercches municipais de Ara raquara, no interior paulista. Estabeleceu para essas crianças - de at~ três anos de idade - um ho rário rigoroso para as refeições, fol guedos, banho e so no. Os re· sultadoscolhidos-seg undo ela-foram excelentes. Com isso, a pesquisadora procurou refutar o mito segu ndo o qual repri mir todos os desejos da criança seria fonte de problcmasparaofu1uroadolescente.Pclocontràrio,"umaatimdc mui10 solta do adulto em relação à criança (~ que! produz insegurança. Por isso, hã neccssidade da im plantaçllodestasnormas''.cxplicaaprofes.sora,acrescentando:entrcguea simesma,aospróprios" ne,ios e instintos, "a criança podcrà scrc riot iva,masserã deso rga ni zada,sesentiràinscguractcrà dificuldades para se adaptar aoa mbicnteemqucvive". Em sentido anãlogo,a tradicional pedagogia católica sem• prcsustentouquca~biadosagem de d isciplina e liberdade constituiamanci racor"tade formar oesplrilo infantil.
Menino• negro, foramtortuflldo,por WlnnleMandela
... em tempo
Destaque
Yegetarlanlsmo teo16glco - Jesus ero vegetariano e no Vitima Ceio nlJo comeu o Cordtiro Pascal. Essas inacreditáveis oflrmlJ{'{k$ estilo contidas no livro "No arca de Noé" de Monsenhor Mario Conciani. Conh~ido por sua incessanle atMdade em defesa dos animais, o sacerdote pediu que ".se fH)nha fim d lrodi(IJO de morar o cordeiro para a ceia pascal", e que se "tire da li/urgia de Quinto-feiro Santo o texto do bodo que p,-,.screve o sacrif(cio do cordeiro", Ab(trroçôes teológicas: fruto extremo o que chegam fanáticos defensores dos rmimois!
De votta (1 klode Mtdla - Um cas1elo medievul com 1orres a:wis
e douradas, um /0$$0 e mais de 4.()0() quartos para hôspedn, baixou há pouco tempo, pela primeiro vri, sua ponte ffiladiça. Troto-w do maior hotel do Mundo, Excolibur, nos Eswdos Unidos "que rf'produz com brilho o otmoefero medieval", pQSSUindo " arena paro 10rneÍO$ medievais com cavaleiros de armaduros e /anr;as'', onde se apresentam shows oomo o "Torneio do Rei Arthur", oom 40 participantes e 22 cavalos e até uma capela onde se celebram cOStJmentos com trajes med~vais. Na te"a da modernidade, nostalgia de um passado de grand~ UI (efr. "Folha de S. Paulo", 2116190).
Crime clenHflco - Podem prosseguir as experil!ncias com embri/Jes humanos! Foi esta o deliberaç(lo do Parlamento brittinico que, por maioria, decidiu auloriwr as pesquisas com embriôes de a1é duas semanas de vida. Em nome da ciência, a oficialh:.11çllo de mais um horrlve/ crime contra inOCf'nles, em uma sociedade que timbra em defender os direi/os humanos!
Amuletos na Economia ... - Uma bola de cristal sobre o mesa de trabalho, paro evitar que "energias negativas" perturbem seu labor, é um dos mais recentes objetos do Gabinete da Minis1ra Zélia Cardoso de Mel/a. A Ministra, que já usou um anel com seu signo no horóscopo chinés, conseguiu que dois de seus QSM:SISores adf'rJssem a suas crenços. A super$ti{'llo tomou conta da Economia?
Índios rejeitam tribalismo Enquamocorrentesneomissionáriasee<:ológiea.'l propugnam a vol ta á taba, como ideal para osciviliz.ados, crescco númerodeindigenassensaiosquesere<:usam a viver naquekestado. "Não d.à mais para voltar àquela vida defendida pelos prescrvacionistas e por aqueles que se di zem defensores da causa indíge na. lndionãot bicho,tgentecomobranco",afirmam doislideres ianomanis do Alto Uraricoara, na Amazôn ia. Scgundoclcs,andar nu, morarem toscascabanascobcrtascomfolhasdepalmeira,caçarcom arcoeflccha,escratraçãoturl5tica,nadadi»o atraiajuventudedamaioremaisprimitivana• çãodasAmtrieas. Em contacto com brancos (geralment e garimpeiros), a maioria passou a pleitear lui eltt rica, casadeccnte,geladeira,fogãoagll,roupas,tratamen!O médico, csoola, trator, camin hão e pasmem - até um antena parabólica para ver televisão! Criticam também o cacique Raoni e o cantor de Rock S1ing - tão bafejados pela mídia por não representarem os verdadei ros interesses eanseiosindígenas.apcsardeseuscsgares"m[sticos"ecocarespré-históricos.
730 horas de pé nas filas - Jean-Francis Held, r,,pôner do "Poris-Match ", que nllo esconde suos simpalias pela Cubo de Castro, reconheceu em reportagem sobre a ilha: "Eu calculei: cada cubano dedica pelo menos duas horas por dia a fa~er filas''. Ou seja, por ano, 7J0horasdeplnafila .. .
Ungúlça de ratazanas - De passagem por S. Paulo, o rttJator da revista soviética ''Sputnik", Viatcheslo~ Alekseev, confou em entrevista à imprensa que "nem os gatos comem as lingüiças Vf'ndidos nos açougues de Moscou, feitas com uma estranha mistura de carne bovina com a de enormes ratazanas que proliferam aos mifhlJes no capiral russa", E arrematou: "Desde o inkio da pcrestroika morreram mais de J mifhlJes {de pes$()0S{ no Rússia, por causa da desnutrir&> e más condi(6Q de vida". Opera socialista - MilhtJes de francos con1inuam a ser gastos nas obras que conc/uirllo (por fim!) o edif1cio do Ópera do Bastilha. em Paris. Além de seu horrlvel estilo arquitetônico, outras aberraçlJes (socialistas) caracteriwm a in1erminável obra: o Tribunal de Contas da França revelou agora que a Ópera da Boslilha pagava um vultoso honorário a unw Ju/lCÍOnária residente em .. . Londres. Mal.elas perdulárias do socialismo dilo amigo dos pobres.
Afudar Gorbachev? - Bush e Thatcher resistem à proposta do chanceler alemllo Kohl de conceder um generoso emprlstimo de 15 bilhôes de dólares à Rússia. MotiWJ? A Rússia ainda n(Jo deu provas de que está caminhando para uma verdadeiro economia de mercado e o dinheiro apenas ir6 olimen1ar a máquina moribunda da burO(:racia SO(:ialis1a e:sta1al.
Taba: Ideal para burguês "Em vei de tênis e windsurfe, canoagem e arco-e-flecha" . Assim noticia a revista "Exame., a mais recente novidade cm matéria 111ristica. A rede de clubes Medi1errantt, constituída por mais de II0clubcs, em 51 paiscs, caracterizados por seus lazeres espo rtivos, instalará na Amazõnia o primeiro vil/age ecológico do mundo. o qua l prctendeatrairaquelcsqucgostamde"ouvirobarulhodaselva", permitindo-lhes um verdadeiro programa de indio, inclusive com visitas atribos. Enquanto os lndios anseiam pela civilizaçllo, o homem ocidental, ex-cristão, em seus desvarios, procuraretrocederattoprimitivismo tr ibal.
CATOLIC ISMO -
&1embro 1990 -
13
Durante dol• dlu, COff'llspondenre,s e Slmpa//zantH d• TFP de lodo o BrHJI, t1I~ de repnsenlanres dtJ TFP,s do lllflflrlor, lota,,m o iw-
dllór/o do Hlllon Hotel, em S,o Paulo, como nesta conferlmcla do Prof. Plln/o Co"'' de 01/velra
TFP: Correspondentes se reúnem, em meio a uma grande campanha Iniciado com uma imponente passeata pelo centro de São Paulo, o VII Encontro de Correspondentes e Simpatizantes da TFP reúne representantes de todo o Brasil e delegações de diversos países e comemora o maior abaixo-assinado da História
E
NQUANTO a campa11ha de coleta de assinaturas promovida pelas TFl's cm favor da independência di!Li1uliniaentravacrnscutcrceiro mês, a TFP brasileira realizou no Mil · ton Hotd, na capital paulista, de J a S de agosto último, seu VI I l!llcontro de Correspondc111cs e Simpatizantes. O evento, que contou co m mais de rnil par1icipan1 ::~~=~1:d~tT~;s ~:
:e;r1~d~'s:f:~~~
14 -
Ct\l"OLJC ISMO -
gemina, Bolívia, Canadà, Chile, Es1ados Unidos. França. Porrngal e Uruguai, todas coirmãs e autôno mas. Causou viva im prcssão a prcscnça de dois jovens da fndia, simpati.:antcs dos ideais da TFP. que ostentavam em seus rnrbant cs o conhecido leão dourado da entidade. Sllo correspondent es as pessoas que, ao ladodeseusafazcresprofissionaisedomésticos. utili:7.am o tempo livre de que dispõem apoiandoou partkipandodas atividades da TFP. Na atual campanha pró-LituAnia, por excmplo, mais dc l20 mil assina1uras foram obtidas, só no Brasil. por correspondcntes e scus familiares. tanto nas grandcscidades - nasquaisatuaramfreqücntemente em conjunto com sócios e cooperadores - quanto em localidadcs mais distanlesou menores. Nestas, os correspondentes, conforme suas condições o permitiam, obtiveram assinaturas junto a parentes, amigos, comornmbémdetranscuntesnarua. ConstouaindadcsseEncomroumaoprescntaçãoar1isticada famosa 0,0(4oAbra.wdo de São Luís Maria Grignion de Mon1-
Setembro 1990
fort, século XVIII. Foi ela proclamada, em sessllo solene, no segundo dia do programa, por jovens coopcradores da TFP, cntremcadadccãnticossacrosgregorianos, além de peças de Palestrina e Victoria ou decxe<:uçõesrnusicaisdafanfarradacntidadc. 3,6 milhões de assinaturas em 63 dias
Logo após a sessão inaugural, presidida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, realizou-se uma passeata-gigante l)Ol' ruas centrai$dacapitalpaulista-daqual participaram só..:ios, cooperadoresecorrespondentes - comemorativa da obtcnção de 3 mi~ !hões, 605 rnilassinaturas,em6Jdias dc campanha. Foramelasoblidaspelasvérias T FPs e Bureaux-TFP existentes em 20 paises, em adesão ã mensagem pró LituAnia livre. Naco11tracapades1acdição, apres.cntamos fotos e alguns aspectos salientes do desfilc,oqualcausou fortcimpactonopúblicopaulistano.
Esse expressivo total já supcrn o de 3. 107.000assinaturas, queoanuáriobritânico"Guiness",especializadocm registrar os "records" mundiais, apontava até o ano passadocomosendooabai,10-auinadoquc maior nilmero de assinaturas obtivera. E aofecharmosestaediçao,nasegundaquinzcna de agosto, o total no mundo já atinge 4.367.029 de assinaturas, das quais 2.609.725 foram coletadas no Brasil. Deve-se notar ainda que o mencionado total supera igualmente o da população atual da Litulnia. "Isso significa - ressaltou o Prof. Plínio Corrla de Oliveira a respeito do assunto-que além dopais Lituânia há uma outra Litu!lnia esparsa, que não é constituída principalmente de lituanos e muito menos 50 de lituanos, mas por todos aquclcs, nos mais divcrsos pa[ses, cujos corações vibram ao lado da Litu!lnia. Vibram, porque esta nação 6 um exemplo vivododireitoespczin had ocdafraque• za desrespeitada . E ela é sobretudo uma
Confiança em Maria
e tortaleza ante a impiedade crescente em nossa época
NasessãodeenccrramcntodoEncontro, o Proí. Plínio Corrêa de Olivei ra - que cm palestras anteriores respondeu a numc• rosasperguntasdoscorrespondentes-cncarcccu a importância vita l que deve ter a devoção a Nossa Senhora em toda a atua• çao empreendida por sócios, cooperadores e correspondentes da TFP. Sobretudo cm face do processo de dcgcnerescfocia da sociedade contemporânea. làl devoção deve ser autêntica. tal como a apresentaogran• de Doutor marial da época moderna, Sào Luis Maria Grignion de Montfort. Para ilustrar ilC"u pensamen10 e comunicar aos assis• tentes o cspirito desse admirável santo, o conferencista comentou a Oraç4o Abra.soda, dcautoriadaquele missionário francês do Sttl.llo XVII I. O texto dela, coníorme
uma queixa: "Vós, Senhor permitireis que tudo seja como Sodoma e Gomorra?" A nós. a exemplo desse grande Santo, seria licito dirigir análoga siiplica a Nosso Senhor e â sua Mãe Santlssima. E podcriamos ouvir de seus lábios uma resposta: "Já falei cm Fàtima, no ano de 1917, e mostrei os erros que dominavam o mundo, a imoralidade crescente que poderia se agravar e se espalhar pelo orbe, atraindo sobre a humanidade os castigos de Deus. ''Hojc,cornparandonossasituaçlocom a de 1917, podemos perguntar-nos quais os pecados que se tornaram menores e qual a melhora que houve, cm qualquer campo. A san tidade, que terrenos conquistou? Ou pclocomràrio,quetcrrenospcrdeu? A moralidade. que terrenos perdeu? Exacamente a sodomização, a gomorrificaçlo da Thrra e tantas outros fenômenos afins não formam um abismo, no qua l o mundo moderno vai se precipitando? "Algumas décadas após ter morrido São Luis Grign ion, arrebentou na França
Compunham•_.. de {Kesldlnci. •m um1 dn eonferlncl••doProt. P/ln/oCorrhd•Ollv1tlra, oSr.Gu/11,w-lbblnet, <UTFPlranuu-
prl,,_irojnqur,nla-1t
sueeulllll1Mn1eo0r.
Antonio RodrlguH Ferrelr•; Prlnclpe D. Luiz
de Orle•ns e Brag•nç•,
Chefe <M e... lmperl/1! do Bruil; R1twno. Ptl.
Gerv'5io~lo;Conde And,ns llffff"an; Sr. Hei/ McDonald, con-eapond•nl• eh TFP
~nse.
naçao com população católica, que deve
se libertar das garras soviéticas. E por causa disso, no mundo inteiro as TFPs 5uscitaram vozes que dizem ao poder soviético: não, nllo e não! "Nós nllo sabemos quanto tempo durará essa campanha. Pode ser que os acontc· cimentos internacionais sejam de tal mon ta que ela termine daqui a dez dias. Pode ser que i5C" estenda por dez meses, e se ela tiver que durar dez anos. nós estamos dispostos a lcv:!.-la a cabo", concluiu. Durante os trb dias do Encontro, os corrcspondentcs e simpatizantes participa, ram de um programa intenso e variado, queoscstimulouasededicaremaindacom mais empenho às atividades promovidas pela associação.
ficou dito acima, fora proclamado, no dia anterior, por cooperadores da entidade:. Aprescntamosaseguircxcertosdamagnlficaconferancia, nasquaissão realçadas a já multissecular dttadência moral do mundo.eaathudequediantcdelaassumi• ram, no passado, valorosos católicos, cxcmplos para os que hoje rcsistcm â avalanchc dainiqOidadc.
"Realmente a vários de seus servos Deus mos1rou uma futura renovação da Igreja. Essa renovação. entretanto, onde cstá? Eu lhes diria que as coisascstllocada vez piores. E Sllo Luís Grignion, tendo cmvistasuaépoca,pcrguntaquasccomo
a Revolução de 1789, J)CT"seguindoa Igreja com um ódio dcsconhttido desde o edito de Milllo, cm 313, mediante o qual o Imperador Constantino concedeu liberdade à Igreja Católica. "MastalpcrseguiçãosuscitouigualmcntcasantidadchcróicadeinumcráveisSaterd01esclcigos.queprcfcriramsofreromar• tírioa negar suafé. "Nos dias atuais, tendo se asravado muito a crise religiosa e moral vigente na época de Sllo Luis Grignion, os correspondentes da TFP e todos os autênticos católicos, ancorados numa sólida dcvoção á Santissima Virgem, devem enírcmar a impiedade e o ncopaganismocorn fortaleza e confiança redobradas". O
CATO LICISMO -
Setembro 1990 -
15
Triunfador no céu, . . "',_.. sustentáculo dos fiéis congregou em torno de si
os anjos que se opuseram vitoriosamente a Satanás e vela por todos os homens que lutam contra o mal
OUVE UM MOMENTO noCtuemquecudodependeu da íidclidadede umsó Anjo do Senhor. Armou-se uma grande batalha-vcrdadciraRcvoluçao-qucdesfechou nu ma cspelacular vitória do llem, quando São Miguel Arcanjo, Príncipe das Milícias Celestiais, bradou - Quem como Deus? e Lúcifer, acompanhado dos anjos rebeldes, foi ex.pulso do Ctu e precipitado no inferno. Sobre oportunas imcrvenções do insigne Arcanjo - que deu o maior brado decisivo da His16ria do Universo, e cuja festa também dedicada aos Arcanjos Gabriel e Rafael, a liturgia celebra a 29dcsctcmbro - deter-nos-cmosnoprcscntcartigo.
[B]
vontadedivinajuntoaoshomcns. quer como seus poderosos intercessores diante do TronodoAl1issimo. Nos dias de hoje, como nunca, cm que "o demônio, vosso ad versário, anda ao redor.como um leão que ruge, buscan• do a quem devorar" (1 Pt. S,8), nada há de mais oportuno e nea:ssãrio que o recurso ã intercessão angélica. Pararnnto, façamos nossas as palavras do exorcismo que o Papa Leão X III prescreveu f055('rezadonofinaldasMissase roguemosaosAnjosquesejam"nossaproccçãocontra a maldadeeasti1adasdodemônio". E que, pela força divina, precipitem "no inferno Sacanás e os outros esplritos malignos que ~agueiam pelo mundo para perder as almas".
to no Hor1odasOlivciras, no próprio lugar onde o RcdentorsubiuaoCéu(cfr. Comentário de São Tomas â li Epist. Tcssa lonia:nses ll, 8). É ainda oAnjoquesoaráa tubaparaograndedia do Julzo Universal, pois, segundo um comentarisia do Apocalipse: "Acredita-se que Miguel exerce o ju[1.o pa r1icular das almas ao se separarem dos corpos; e, por isto,érepresentadocomoglâdioeabalança, onde nossos méritos e deméritos são pesados" (cfr. comentários de Viegas ao Apocalipse, in Cornelio a Lápide, na obra infra citada). Ou1rosaspcc1os.con1udo,daampllssima ação empreendida pelo glorioslssimo prlncipedasMilíciasCelestes,nãosãogeralmente conhecidos pelo comum dos li6s.
Êdoutrina da Igreja que, por desígnio de Sua Providência, confiou Dct1s aos An· josamissãodeguardaremogfoerohumano, e de assistirem individualmente a todos os homens. Sob a pro1cção angélica, os homens Po· dem evitar as emboscadas dos inimigos de st1a salvação e repelir seus tremendos acaques. EsobarcgênciaeinspiraçãodosAn· joselestêma possibilidade de se conservar e progredir no caminho relo qt1e os leva aoCCU. É impraticável con1ar 05 milagres visivcis e invislvcis que, na ordem temporal e espiritt1al, os Anjos realizam quer como proletores, mensageiros e intfrpretes da
Dcntrcospurosespiritos, um se assinala mu ito especialmente. É o Arcanjo São Miguel. Seu nome significa 'Quem como Deus'? E sua missão consiSle em manifestar o maravilhoso poder divino. A crença na polimórfica ação desse Arcanjo é muito difundida na piedade católica, e fonte de inúmeras graças, sebemqt1enem tudo obrigue o fiel a um irrecorrivel ato de fé. Na piedade dos fifü. Miguel evoca o nome do porta-estandarte de Nosso Senhor JesusCristoqueconduziuabatalhaoontra Lúcifer e os anjos rebeldes, expulsando-os do Céu, após grande vitória (cfr. Apoc. 12, 7-12). E aquele que, conforme ensina São Tomá.'! de Aquino, matarâ o Anticris-
Assim, por e~emplo, foi Migue l quem comandou a expulsão de Ad11.o do Paraíso eensinou-lhcacultivara terra, semeando, plantando e colhendo Foi ele quem abençoou todos os povos na pessoa de Abraão e conteve o cutelo quees1cbrandiacontraseufil ho lsaac(cfr. Gcn. 22, 9a 14). MiguelaparcceuaMoisésnasarçaardentc (cfr. Ex. 3. J a 10), quando este apascentava suas ovelhas, e também a Balaão nacstrada.quandoclccaminhavacom su;i mula para amaldiçoar Israel (cfr. Num. 22,J[ .JS). Juntamente com Aurias e seus companheiros, Miguel desceu à fornalha ardente,
Miguel o protetor
16 -
CATOLICISMO -
Se1<:: mbro 1990
fazendo cair o orvalho do cfo que os protegia contra as chamas (cfr. Dan. 3, 49-50). Foi Miguel quem tomou Habacuc pelos cabelos e o conduziu subitamente da Judtia à Babilônia, a fim de que alimentasse o Profeta Da niel na cova d05 leões (cfr. Dan. 14, 32-38). AindafoiMiguelquemmoveuasãguas dapiscinaprobática(deSilot)santilicando-as, como símbolo do Sacramento do Batismo. Por fim, Miguel portou o câlice que confortou a Cristo em sua agonia no Horto das Olivciras (cfr. Luc.22,43-44). E ainda foi Miguel quem libertou São Pedro da prisllo(cfr. At. 12. 7- 10).
Na página .ao lado, cópia da Imagem do Arcanjo S,o 111/guel,
re11e.tldo com •rmadu,- N ca11•Jelro, Hlatant• na pont• da tt.cha que • nclma • to,.,. d• tamou abadl• do llonl S./nt Mlc""1, na F,-nça
Miguel, o batalhador
Com sua espada desembainhada, Miguel apareceu a Josut animando-O para o combate, quando este dirigia seu extrcito contraoinimigoeglpcio: "Josuêencontrava-se nasproxi:nidades de Jericó. Levantando os olhos, viu diante de s.i um homem de ~. com uma espada desembainhada na mão. Josut foi ter com ele: 'Ês dos nossos, disse ele, ou dos nossosinimigos?'-Elerespondeu: 'NIio; venho comochcfedoextrcitodoSenhor'. Josuê prostrou-se com o rosto por terra, e disse-lhe: 'Que ordena o meu Senhor ao seu servo?' E o chefe do exército do Senhor respondeu: 'Tira o calçado de teus pts, porque o lugar cm que te encontras t santo"' {Jos. 5, 13- 15). MiguclaparcccuaGedeãoefoicultuado por ele, ajudando-o a que, com apenas 300soldados,desbaraiasse 135 mil madianitas(cfr. Juizes6a8). Foi Miguel ainda quem matou, numa só noite, 185milasslrios,noacampamen todeSenaquerib(cfr. l Reis 19,32a37). Por tudo isso, São Miguel é chamado pelos gregos ARCHISTRÃTEGUS, isto é, Ge11eral!ssimo. Célebre aparição UmadasmaisctlcbresapariçõesdeSão Miguel (stc. V) deu-se no Reino de Nápoles, perto da cidade de Siponto, no Monte Gárgirno, cm tempos do Papa Ge lãsio. O evcntoécclcbradoa8deMaio. "Esta festa - narra Cornélio a Upide - prende-se a uma visão do bispo de Siponto {o ctlcbrc comentador blblico do stculo XVII), ao qual o Arcanjo convidou acrigiremsuahonra umaigrcjanoM011te Gãrgano, que recebeu mais tarde o nome de Monte do Santo Anjo. "Um rico homem. chamado Gârgano, possula, naquele lugar, grandes manadas. Cerlo dia, um de seus touros. afastandosedorebanho,dcsaparcccunasmontanhas. Procurado inutilmente por muitos dias, foi afinal e11contrado numa caverna. Seu dono atirou-lhe uma flecha, a qua l. voltandoco11traoatirador, feriu-o. "Maravilhad05 com o sucedido, que os circunstantes julgaram misterioso e significativo, resotvCTam eles procurar o Bispo de Siponto, o qual, ouvida a narração do ocorrido, ordenou jejum de tres dias,
seguidodeorações,afimdequcsedcscobrisse, por via divi11a, o motivo do prodígio. "Silo Miguel, então, apareceu ao Bispo. declarando-lhe que a caverna 011de se ocultara o touro estava sob sua proteção, e queDeusdescjavaq ueelafosseconsagradaaoseu nome. em honra de todos os Anjos. "Admirado, o Prelado com todo seu Clero procurou a caverna, encontra11do-a já disposta cm forma de igreja. Logo se i11iciouacelcbraçilodeoílcioseoerguimen1odo templo". O ódio infernal contra toda forma de Bem cm nOSS05diasseaprescmaoomatrevimento nunca visto. Satanãs parece exultar com otriunfoco11seguido. pois - segundo a já célebre expressão de Paulo VI - fezpenctrarsuafumaçanopróprioSan cuáriode Deus. Mas São Miguel vela pela Igreja, da qual t o guardião. E a imagem que ilustra este ar1igo e que o reprc:scnta revestido de umaarmaduram ...-dicval,crguc11doaespa-
da para fulminar o dragão infernal. nào ~ apenas um símbolo: é sobretudo uma promessa. Tenhamosconfianca cm seu poder heróico e eficaz, e esperemos ardenccmente pelo dia em que, sobas ordens da Rainha do Ctu. ele virã aniquilar o podCT das trevas para então ser implantado na Torra o Reino de Maria - a Civilização Cristã predito por Nossa Senhora em Fátima.
CATOLIC ISMO -
FRANCISCO DE ALMEIDA
Setembro 1990 -
17
TFP envia telex ao Presidente da República Tmdo o Ministro da A1ricultura, Sr. Antonio Cabrera, e o P~idcnte do INCRA, Sr.
J~ Reinaldo Vieira da Si lva, prestado dcdara1;ões à imprensa. cm 4 de julho último. nas quai,anundaramaintcnçlodoaioal1ovcrno dcnãodesapropriar1crr.snopresentcano, dcsc:limi1ararever800d~propriaçl'.lescfet11adasno1ovcrnoanterior.cdcevitar"11mare, forma apAria maluca oom u = de de$apropriaçõc,", enviou o Pror. Plínio Corrb de Oliveira, Pro,dmlc do Conselho NaciQ11al da TFP. um tdn ao Presidcmc Fernando Collor de Mdlo, no dia 27 do mesmo mts. cujo tato ap<esenlamos abaixo Ex mo. Sr. Dr. FnnandoCotlordcMcllo
DD. Presiden1eda Rcpút,lka Bra5,ilia
/\ Sociedade Bra,ildra de DefC$11 da "Tradição, Familia e l'ropriedadc - TFP, que há trk dkadas sem se opondo com empenho à Reforma Agrida wçiali5ta e roníiscarória. aprc!itnta a V. l:...a. a cxpress#iodo loell ,:o,i1cntamcn1ocom r«cnles dn:larações do!Srs. Dr. An• tônioCabrcra.Minisi,odaAgricu!tur.1,c l>r . JoséRcinaldoVicir.1daSilva.Prcsidenlcdo INCRA, aeffea do cunho de moderaç&o e cril~rio com que o governo de V. Eu. se p1opOe aplicar osdisposilivos oon,lilucionai, vigcn1n wbrc a Reforma Agr/,ria (cír. ''Jornal do Brasil"', 4·1·90). Çomcs1aa1i1udc. V. Exa. poupa ao Palsa,agitaçõcssociaisquccm anlcriorescircuns· 1ánc1as puseram cm grave risro toda a nossa ordem social e tc(lnômica, e>it1 dcs~s dcsmcd,das dcsaprnpriando ininil c injustamcntc ,,cas giganicscas. c mimula a produçJo rural t agmpccuària. va~cmcnlc dcsalcn1adas pc,lo perigo de imroduçJo do q;,o-aipi1alismo de &1ado no Brasil. Dcssc agro<api1alismo de Estado cujo íracasso na R\J.ssia c nas naçõe$ ou1ro,. raca1.-a1vai Jercvclanrlotlo ílagran1cmcntcdcsastrow. Comsuascongratulaçõe$,ntaSocicdadcaprcscn1aa V. lli:a. pro1cstosdcdistintaconsi• dcraçlo. Plinio Co.-rhdcOlivcira PrnidcntcdoConsclhoNacional Anàloaas mcn~gcns foram dirigidas ao Minislroda A3ricul1ura cao Presidente do INCRA.
coostrutorn
R a Gencflll Jardlm, 703 • 6º e 7º andar l'~ne, 2S6041 l - Slo \>~ulo
18 -
CATOLICISMO - Setembro 1990
Anunciar em CATOLICISMO é anunciar para todo o BRASIL Consulte nossa tabela de preços escrevendo-nos ou telefonando para
(011) 825-7707
•••• Carpetes Cortinas Tapetes
Especializado em colocação de carpetes pelo sistema Robert's
RuaMart,mF,anc,soo. 188 Telefones: 82&65M - 826-6332 825-0508-66-7736
CEP 01226- Santa Cacllia - São Paulo
Talento Estilo Planejamento Espaço Couforto Solidez Segurança Soluções ori~inais Harmonia Elegíincia Sensibilidade Sofisticação Classe Acabamento perso?aJizado Local privilegiado Sucesso
Um inteligente sistema de
arrendamento, idealizado e posto em prática há cinco anos, no âmbito
l.
~e~~~;~~~:~~~~=i~d!~~=~ç:o Triângulo Mineiro e propaga-se por 13 Estados, constituindo uma contestação viva e concreta, um
• Em M1nas, uma anti-Reforma Agrária
antídoto da Reforma Agrária socialista econfiscatória, que vem ''favelizando'' o campo brasileiro
D
ENTRE AS METAS de uma politica agrãria sadia estã, obviamente, a de fazer produzir as terras ociosas, propiciando, ao mesmo tempo, razoãveiscondlções de trabalho para os agricultores.
Sobaóricasocialista,contudo,todae qualquerquestãoagráriaseresolvemedianteaeliminaçãodaclassedosproprietãrios, conFiscando-se-lhes as terras, seja por vias legais,sejaatravésde invasõesedeoperaçõcs do tipo "pega-fazendeiro". Nestas operações, membros das Comunidades Eclesiais de Base - CEBs promovem jusliça pelas pr(lpriasmiios, invadindo propriedadesalheias, prendendo pessoaseexpulsandoos proprietários. Em conseqüência do Estatuto da Terra, criaram-se condições !egais para desapropriações oonfücatórias, cujo pagamento é feito em Títulos da Divida Agrãria TDAs, papéis praticamente sem valor no mercado. Desde 1960,aesquerdavem promovendo, com maior ou menor intensidade, a agitação agrária no Brasil. No livro Reforma Agrária - Quesr4o de Consciéncia, o Prof. P1inio Cerri:a de Oliveira, coadjuvado por outros autores, teveoméritodeenfrentar e desmascarar a Reforma Agrária, que visava socializar nosso campo e des-
truirnossaestruturarural,baseindiscutíveldo progresso do Pais. Além de prejudicar os legítimos direitos e interesses dos proprietários rurais, a Reforma Agrãria vem produzindo verdadeiras favelas rurais, atirando os asscutados na mais negra miséria. Estes,semcapitalpróprio,semcapacidadegerencialedesamparados de qualquer apoio, não produ:rem sequer para pagar as sementes, tornando-se parasitas de um Estadoque,em muitos casos, vê-se obrigado a conceder verbas para asobrevivência desses infelizes "beneficiãrios" da Reforma Agrária.
Em Uberaba, Idéia inovadora
e sensata
De Ubcraba, tradicional cidade do Triângulo Mineiro, conhecida como a Capital do Zebu, surgiu essa idéia inovadora: a BolsadeArrend11mentodeTernis. De si, o arrendamento de terras não constitui algo de novo. Bem ao contrário, talpráticaédeusocorrentenocampo. Entretanto, a proposta amai possui um elemento peculiar: abre um canal direto de comunicação entre proprietários de terras ociosas,desejososdecedê-lasparaexploraçãode terceiros, e trabalhadores rurais sequiosos de cultivá-las.
Nilson Mayrink, coordenador da Bolsa de Terras de Ubcraba, explica: "Tudo começou em setembro de 1985, quando Foi lançada a idéia por José Humbfrto Gulma• ries, na ocasião funcionário da Carteira Agrícola do Banco do Brasil de Uberaba. A sugestão foi logo aceita peloentãopre-feito municipal, Wagner do Nascimen to. A Bolsa de Terras consiste em fazer o casamento entre o proprietário que tem terras disponíveis para agricultura, mas sem possibilidade de explorá-las, e o agricultor profissional sem terra, mas com empenho em trabalhar". Portanto, a Bol$a de Terras atua apenas como intermediária, sendo o contrato de arrendamemo feito entre as duas partes; o proprietário outorgante e o arrendatãrio,mediameinstrumentoparticular,conformeasleisvigentes. Ao perceber que poderia transformar o arrendamento rural cm ferramenta tão útil para o campo como o foi o trator, Jost Humberto Guima ries, 48 anos, filho deUberaba,assessoremBrasi liadaDiretoriadeOperaçõesdo Banco do Brasil,decidiu instalar na cidade um ponto de encontro das partes. Distribuiu, a seguir, por
Em pouco tempo, dois lrmlos lllanfrlnl, 11rrendalárlos da Bolsa de Terras de Uberaba, adqu/riramdoisrra torss
meio das agências do Banco do Brasil, no in1ttior mineiro e pdo sul do Pais, folhe1os cxplicativos sobre os objc1ivos da Bolsa. Em pouco tempo, já dispunha de quase 700 cadastrados. NilsonMayrinkrelataintcrcs.santcspormenoresdaoperação: ''Aproveitamos agricultores proíissionai s de regiões tradicionalmente agrícolas, mas que não têm terras disponíveis. A maiOI" parte provém de São Pau lo, Paranfl, San1aCatarinacRioGrandedoSul.Scgundo estimativas. hâ mais de um milhão de -agricul10resprofissionaisem1aiscondições na região Sul do Brasil. Daí a propaganda ter-se dirigido sobretudo a essa região. A resposta foi imediata: correspondências, telefonemas. visitas, enfim, todos queriam saber como funcionava a Bois.a de Terras. A burocracia exigida para o contrato é mí nima : ficha cadast ra l do interessado, que é remetida para o Banco do Brasil, o qual, por sua vez, faz um leva111amcnto sobre a idoneidade do interessado. Evidentemente, este trâmite inspira confi ança em ambas as partes. De fato,seointcressadonãofor um profissional na agricultura.a aceitação torna-scdifici l. "Comc-çamos este trabalho cm 198} ano de muita polêmica cm torno da Reforma Agrária. Nós fü.emos uma Reforma Agrâria â mineira, colocando agricultores qucnão1êmterra,mas1êmexperiênciaagríco la, em terras disponlvcis não aproveitadas. Ou seja. sem connito, sem fa1.erconfusão- uma idéia tupiniquim corno secostumadizcr,quenasceuaquiequehojesecstá expa ndindo para todos os Estados da Federação."
No Inicio, muttas criticas Nilson,comvozcalmacpausada,rela1aque,nocomeço,ainichuivasofrcumu i1aspressõcsecríticas. Deum lado, os proprie1llrios locaisreccavamquefoi;scmtrazidos para o município agitadore1 profissionais que se fazem passar por "sem-terra". De outro, tanto o PT quanto o Clero de esqucrdaachavamqucainiciativairiacsvaziar a Reforma Agrària do Governo. Aíirrna ele; "Nós mostramos aos proprietários qucestllvamostrazendoagricultoresprolíssionais. E mostramos ao pessoal do PT e dalgrejaqueestâva111osfa1.endooaproveitamcnto racional das terras disponíveis. Com isso os problemas praticamente deixaram de ex istir."
Além de uma colMdelra, \'ltldevlno FOSCllrinl COflHfPJIU adqulrlf', com o produlo de quatro Nfra,; quatro tralore,, uma caminhonete FIOOO, um camlnlllo Mercede1 1313, uma perua C.ravan • uma motoclcleta
do ociosos outros 190mil.Comaincorporaçãode50milha.àproduçlo,incrementadaatravésda Bois.a, hoje são ll0mil ha, de terras BCTando riqueza para o municipio, em grãos de soja, milhocarrot. Em 1985, a agricultura municipal contribuia com 12-,. do ICM e a pecuiria com 7'1,.Em1989,aagriculluracon1ribuiucom 22'/oeapccuáriacom 12~.Haviaumasafra de 68.000 toneladas de grãos e hoje há cerca de 300.000 toneladas. Ou seja, do· brou a àrea agricultâvcl e quadriplicou a produção, porque foi mais racionalmente aproveitada. Os arrcndatârios colheram naúltimasafra 1,2milhõc:sdesacasdesoja, fora mi lho e arroz. No total, 26,8-,. da s.afra dcgrãosdomunicipio. Apar1icipação da agricultura na geração do ICM do n1unicipio elevou-se em 83'1, eas ârcas cultivadas em 57'1,. Abriu-se oportunidade de colocação de mão-de-obra para um contingente superiora I.OOOtrabalhadores rurais. Eiuimu lou-se o crescimento da capacidade de armazenagem de grãos, que de 47 .000 1. em 86 passou para 200 mil em \98~. Ao mesmo tempo, o comércio ganhou vigor. Os arrendamentos consumiram, nos últimos três pcriodos agrlcolas, 31.000 t.dcfcrtili1.antese300milt.dccorretivos para o solo, volumes que exigiram aproximadamente 30.000 viagens de caminhões doccntrodeproduçãoatéoscamposarados.
Resultados surpreendentes Commaisdequatroanosdce:11istência, a Bolsa dcTcrrasjâdeu ensejo ti assinatura de 151 contratos entre arrendantes e arrendacllrios para o cultivo de 50 mil hectares cm Uberaba, e, ao mesmo tempo, pela emulação, sensibilizou proprictàrios com terras ociosas a aproveitarem suas âreas. Atualmente, a iniciativa não se restringe apenas ao municipio de Uberaba, mas se cstcndealJEstadosdaFcdcração. Até setembro de 1985, quando se iniciou a execução do Projeto, as lavouras domuniclpioocupavam60mil ha.,estan-
20 - CATOLICISMO -
Eii;acomundentcdcmons1raçãodequc aocupaçãodcterrasocios.asnnosefazdestruindocercasncminvadindopropriedadcs privadas. Aliâs, vale ressaltar, no caso de ocupação de terras pela Bolsa, que o Governo não se intromete, nem ditando normas nem fa1.endo gastos. O fato do Governo mamtt-se à distllncia tem sido outra ratão para seu sucesso. Comparando esse desempenho com os resullados dos assentamentos - mais de 600 - levados a cabo a titulo de Reforma Agrària em todo o Pais, o con traste é cho-
Setembro 1990
cantc~doloroso. No caso da Reforma Agrâria, até assentamentos considttados como modelos fracassam, não correspondendo às expcctatiYas não sh no que diz respeito à produção, mas igualmenle quan10 aos objetivos de prom0ção social. Os assentados vivcm sob barracas dc plâstico, driblandoasncccssidadcs,padcccndodesnutrição edocnças,subsistindodebiseatcs.
Todos saem ganhando Para J<né Humberto Guimarães, o programa $Ó deslanchou porque teve como pri meiro cliente um dos mais tradicionais pecuaristas da ,egião, Ar11aldo M11d1ado B<N-gcs,proprictâriodeccrcadc3.SOOha.c de um rebanho de maisde7 mil bovinos. Arnaldo constatou três i!Spcctos positivos nachegadadossulistasaomunicipio: ocupação de terras ociosas, elevação cu ltural do homem do campo e a certeza de que, aoterminar scuscontratosdcarrendamcn10, deixarão terras férteis, onde o faundciro podcrá prosseguir com a agricultura ou e,:pandiraspastagcns. Nilson Mayrink, por sua vez, descreve as vantagens paraoproprietãrio: "Ele entrega um pasto ruim, com barba de bode evaireccbcrdepoisde3aSanosumaterra de cultura, onde ele pode plamar qual quer leguminosa forrageira. Ele aumenta cm3004P.acapacidadedcapasccntamcnto." No caminho das ârcas arrendadas, Nilson apon1a para a fazenda de um médico, ao lado da estrada: "lssoaquicraumcampo de barba de bode. Hoje comprovadamente é uma terra de cultura. An1eriormente dava para uma cabeça de gado por alqueire. Hoje, se tal área for revertida cm pastagem, pode-se colocar de 5 a 6 cabeças. Melhorou muito aterra. "Se a lttra cstâ bruta, o arrcndatãrio faz o desmatamento da ãrca, a catação de raiz, a recuperação do solo de acordo com a anâlise feita cm laboratório. Recupera também a topografia do solo, com curvas de nlvcl, bolsões e terraços. Esse é o trabalho do agricultor profissional".
Oproprietàriore«beumapercentagem sobre o que é produzido. No caso de uma àrea bruta, o arrendatirio não paga nada no primeiro ano, porque o investimento é maior do que o lucro. No segundo ano 5-.,., no terceiro 10'1'1 e depois""'·
1•iver. Eos que ganharam terra de graça, não a trabalharam, porque não $11bem dar valor àqui lo que receberam. " Hã alguns anos, no Rio Grande do Sul, fizeram uma Reforma Agrària cm que deramterra,casa,sememesehojccssepcssoal não tem mais nada. Venderam as propriedades para tomar pinga, fazer farra e outrascoisas",conclui Foscarini.
Vantagens do arrendatário ''Negócio bom - lembraNilson - tem que ser bom para os dois lados". A vanta gem para o agrkultor é ade possuir uma terraparatrabalhar,paraganhardinheiro, sem tC'Tquc comprà-la. No futuro, quando ele tiver capital, poder! adquiri-la. Ji temos exemplos disso. "Ele se utiliza da estrutura já existente nafazenda:hienergia-90.,.domuniclpioéclctrificado- e vias de acesso, que o municipio mantém em boas condições".
" Reforma Agrária é coisa do PT" "Achavcdoproccssoétrabalharcom agricu ltores profissionais",explicaoagrõnomo Paulo Plau Nogueira, 36 anos, Secrctário Municipal da Agriculmra. "Tenho a impressão de que a Reforma Agrária no Brasil é um discurso de poUticos, discurso eleitoreiro. Colocar na terra um individuo que não tem conhecimento sobre o tratodela,issoé demagogia,ébesteira. l':: o que a gente vem assistindo aoontettr no Brasil. Reforma Agrária no Brasil tornouse um termo pejorativo. Falou em Reforma Agrâria, é coisa do PT e congêneres".
O arrendatério pioneiro Valdevlnot'o,carlni,33anos,quetrabaJhavacm umaglcbade22ha.cm Pinhalzinho, Santa Catarina, foi o primeiro a rirmar contrato de arrendamento em Uberaba, cm maio dc 1986. Diz ele que, ao chegar com um irmão, só possuíam vontade de trabalhar. Ecstadcviasergrandc,ajulgar pelo patrimônio com que terminaram o ano de 89: quatro tratorC5, uma colhedeira com todos os implementos, uma F 1000 cabine dupla, um caminhão MercedC5 t3t3, uma Caravan e uma motociclela. Sem contar m:\quina de lavar roupe, televisão em cores,gcladdra,Jreeieretc.
Solução para o êxodo rural Observamos hoje, no Brasil, mais este contraste: o Sul, bastante povoado, com um milhão de agricultorC5 profissionais dispondo de pouca terra para 1rabalhar, e o BrL'Sil Central, com imensas àreasdesocupadas à espera de mãos laboriosas. No Sul, o ''João sem terra", e, no Brasil Central, a "terra sem o João". lnfelizmenle,corren1espoHlicas.capilancadaspelacsquerdaditacat6lica,parcçem não desejar essa integração e por isso insuflam invasões e mantêm - não se sabe com que rcçursos - enormes acampamentos de "sem-terra", que servem de massa de manobra para seus intuitos políticos. Foscarini viveuessedramanoSul, mas preferiudesbravaroBrasilCentral,cnquanto seus colegL'l que deram ouvido á prega-
Visita às áreas arrendadas
Oe•tarlnense Vlllde11/noF09Csrlnlfoloprlmelro -r,rlcultor • firmar contrato de srrendamento, maio de 1986
•m
cão dos padres de esquerda, da leologia da Libertação, estão até hoje vivendo nos acampamentos,com3.1mãosvazias. Eis o relatodessccatarinense, cheio de vitalidadeevontadcdctrabalhar:"Eutambém fui convidado, na época quando não tinha nada, para ir em proc:ura de terra, para invasão. Masoomo a gente tem um nome - eu era pobre, mas, pelo menos, o nome era bom-, com o esforco do meu trabalho cu consegui comprar uma ârea de dois alqueires. De lã, resolvi ir para a frente. Eu olhava para o mapa e via que o centro do Brasil é bem maior que o oeste de Santa Cata rina. Aqui,jã no primeiro ano, saíram 4 mil sacas(desoja)e agorajà passaram a 13 mil. "/\gora, essas pessoas que foram invadir, C!ltão acampadas por lã na esperança deganhartcrra.M:l'l,atéagora,nãoganharam nada. Estão caçando, pescando para
MflflttnlttttlnNtnteprop,gttndll,-r,rlcultOffltt do ,ui do P,ls lorttm eomrldttdos a ,e lr1$Crew,r rn, Bolsa de Anw1damento de 1omls
c1eu,-..11a
É Nilson quem vai descrevendo; "Nes1elocalnãoexis1iaumhectaredeàrcaabcrta.Hojcnóstemos6.800ha.deâreaabcrta''. Ele narra, entusiasmado, a história e osresultadosdaquel:l'lbclasplantaçôcs:''Estamos a caminho da Fazenda do Sr. José Barata, de 800 ha. Aqui ao lado é a fazenda de Dr. S.ulo de Caslro e do Sr. Re nato Miranda ~tano Borges, uma área de 2.IOOha.,totalmentearrendadapuraaagricultura. Era uma área de pecuária. "Aqui àdireita,édos membros da farnllia Caslrjón. Eles são daqui mesmo. Depois que viram que a terra cra viãvel parn alavoura,resolveramcullivarassuas". ContinuaNilson:"Essesaisâoos Ma nfrini. Quando eles vieram para cã, não tinham nada. Eles deram os 5 ha. que possuiam no Sul como garantia. Com isso compraram um traior e os primeiros implementos. Depois da primeira safra, trocaram duas mil sacas de soja poroutro1rator". Nilson salien1a ainda que "a familia Manfrini, atém de arrendara área para a agricultura, fez também com o proprietário uma sociedade de criação de gado. Hoje clat meeira na criação do gado".
Respeitar a propriedade Desde 1960, o socialismo agrário, quer no Brasil quer no ExtCl'"ior, só produziu agitação, intranqiiilidadee fracassos. Não obslante, nossos Ultimos governos, negando o óbvio, vêm insiuindo em se colocarem na contra-mão da Hislória, promovendo a coletivização do campo. Por uemplo, só o Governo Sarney desapropriou uma área de4,S milhões de hec1ares, o equivalente aoEstadodoEspiritoSanto. Dcs.ipropriaçõcs que lesam o direito de propriedade e frustram os pretensos beneficiário~. transformando os primeiros en1 vitimas do confisco e os segundos em favelados rurais. Se o E5tado se mantiver no seu papel dcrespeitarodireitodeproprk-dadc - direi10 natural anterior ao l:.stado, que este não pode abolir nem lesar - ele conoorrerà para um sadio e verdadeiro progresso de nosso campo. Caso contràrio, se preferir o caminho da estatali1.11çãoedoi ntervcncioni5mo, C5tarâ espalhando fatores de estagnação, retrocesso e n1or1e. A experiência da Bolsa de Terras de Ubcrabaprovaqueainiciativaprivadatem soluçõessimplesenaturaisparaosprobtemasagrãrios.Qucelasirvadeexernploparaosquedi rigcmosdcstinosdenossoPaís. PAULO HENRIQUE CH.4.VES 1 NELSON 8.4.RRETO
_ .. ,_,...,_..,,,...,r..,._....,..., °'"'""""""'"""" ... - -........ ·<Ca1olom• CATOLICISMO -
Setembro 1990 -
21
Frei Betto ante o fracasso do socialismo Para salvar a face do socialismo, em desprestígio crescente devido a seus fracassos generalizados , o religioso dominicano lança mão de argumentos-coringa e aponta um " bode espiatório " - o stalinismo - , até hoje fielmente aplicado em Cuba por seu íntimo amigo Fidel
E
NT RE OUTROS oradores, falou Frei Betto rrn m c iclo de conferências promovido. em São Bernardo do Campo (SP J, pela Pastoral Operâria, no més dc abfi l úllimo(•). Do que se ocu pou o irrcquieco domi nicano1 De aprõentar uma CJ1plicaçllo para o que vem oco rrendo no Leste europeu; ''O
socialismo aca bou?", éo titu lo de sua pa-
lestra. Evidenteme nte , Frei Bctto acha que o socialismo não acabou. E nisso ele t('m ra-
1,ao, pois o comunismo oon1inua atorme11rnndo a China, Cuba, a Albânia, o Sudeste asi:llico e outras partes do Globo (a lém do próprio USte eu ropeu, sob a égide de umacnigmàticapcrcstroika ... ).Eknàoacabou 1ambém porque socialistas como Frei lk tt ocontin uam. noOcidcr11e,er1vida ndo todososcsforçosparaqueesscpéssimoregimevcnhaasc impor, sobes1a ou aquela forma. E contam para isso com importantes ap()ios no clero, na burgunia, nos meios polí ticos, na mfdia, Porém, o pomo que imporia aqui levantar é out ro: rracassou o comunismo em sc us70a nosdc rca lizaçãocor1creta? A esta pcrguma-chave Frei Be!to procura dar uma resposta ma nhosa: teria fracassado o modelo stali nista de socialismo, nào outros modelos. Vejamos.
A curiosidade nos levou a deitar 11ossa atenção nC$ta conrerência. Com efeito, movia -nos o desejo de saber com que "pirueta~"ocon hcc id o pr~crdacsqucrda"católka" procuraria exp licar o incxplicãvel; ou seja, salvar a face do socialismo diante do universal desastre agora patente aoo o lhos de todo o m undo. Frei Bct10 desembaraçou-se desta tarefa como pôde, sacando da "algibeira" fórmulas "salvadoras" ou argumentos-coringa. "Oqucestãemcrisc-dissecle - não Cosocialís mo . .. Oq ueestáe m criscC um 22 -
CATOLIC ISMO -
modelo de socialismo, EqucgraçasaDcus está cm crii.c: jã devia entrar em crise hã 20anosatrãs". Tal modelo, na apreciação de Frei Bet10, seria o stalinista, instalado na Rússia pelo ditador Joseph Stalin e imposlo "de cima para baixo",di tatorial pois. É bem o caso de dizer que o religioso dominicanochcgoutardccom suaobservaçào, pois o s1alinismo vem sendo cri1icado e comcstado, na própria Rússia, desde os tempQS não menos ditatoriais de Nikita Krutchev, sem que a situação da chamada URSS e demais nações cativas se aheraS5e sub$tancialmeme. Mas também é o caso de se lhe perguntar quais outros modelos socialistasuistcm,escporveniuraalgum deles 1eria dado certo. Frei llctto, porém, passa porcimadissoenemsequeracena com a possibilid ade de algum modelo socialista, efetivamente aplicado em algum país, vira ter êxito. Écomprcens!vcl tal atitude, pois nào lhe !iCrÍa fãcil entrar por este caminho ... Menos dificil, entretanto, íoi-lhe lançarmãodeum"coringa"eacenarcom este para uma solução íuturivcl doproblema: Estar-se-iagerando, noTerceiroMundo, um socialismo "debaixo para cima", nascido dos "movimentos popufores", que cscoimadodosdefeitosdo modelostalin ista (decorrcmeda ímP05içãoda vontade de um grupo ã maioria) e auferindo vantagens dealgunsaspectos "positivos'·docapítalismo, alcançaria o 1ão almejado b ito. Em suma, diz Frei Bctlo, "a gente tem que construir o socialismo com muita democracia, com muita libcrdadc, com pluralismo, co m estimulo a toda in iciativa, sem exploração ... " Como seria, em concreto, este modelo socialista? Não vem d ito. Como se dcscmbaraçaria elc dc dcfeitos que sllo, aliàs, inerentes ã sua própria natureza? Também nàosesabc. Apcnasfieaobscrvadoque,dc prderência, deve ser alcançado por via pacifica, nllosendo excluída, porém, aviolêocia armada, caso esta se torne in dispensável.
Setembro 1990
Frei S.tto nla Indica nenhum modela de ~ i:!Mismo que deu certo
A de nuncia que chega atrasada A fim de mais faci lmente encaminhar ocsplritodoouvinteparaas "csperanÇas" anunciadas, Frei Betto passa a tratar dos aspectos "negativos" do que considera o modelo socialista fracassado na Rússia: a burocraciacstatal,afaltade cstimuloàproduçllo no regime de "funcionalismo pí1blico"comaconseqücnteinsuficilnciadaproduçllo, o at raso tecnológico, o estimulo ao mercado negro etc., o que ele a1ribui, nàoàincapacidadecongênitadosocialis-
modegerarprosperidademas-aexpres· sãoérisívclemsetratandodcrcgimesateus - a uma "falta de verdadeira formação ética e moral". É impossível, entretanto, que no espirito do leitor não se levante, na medida em que presencia essa confissão dos desatinos doregimesoviético,umaenormeinterrogação: por que, até agora, Frei Bctto deu tão pouca importância a essas maulas, e fez tanta propaganda do socialismo? Inclusive da Rússia e de Cuba? Como pôde entreter tão cordiais relações com Fidel Castro, e de tal modo louvar o regime cubano, quando é sabido que o ditador do Caribe era e é confessadamente partidário do sistema ao qual Frei Betto atribui o fracasso dosocialismo na Rússia? ESS3ie outras embaraçosas indagações as fez,anível internacional,oProf. Plínio CorrêadeOliveiraem seu já célebre documento: "O comunismo e o anticomunismo na orlada última década deste milênio", publicado em mais de 70 ógãos de imprensa das três Américas, Europa e Áfri ca, entre os quais a "FolhadeS. Paulo", "WallStreetJournal"dosEstadosUnidos, "Corrierc dclla Sera", da Itália, "Die Welt", da Alemanha, "The Star", da África do Sul, e muitos outros diários de primeira importância nos respectivos países. "Catolicismo" o estampou em sua edição de março último.
O ''Descontentamento" Aoslados"negativos"dosistemasoviético vistos pelo conferencista se somam o que considera seus "aspectos positivos". Diz Frei Betto: "Vou citar dois aspectos: em nenhumpalssocialistahaviamisériacolctiva,drogacoletiva,prostituiçãoco. letiva" (sic). Há pouco ele falava da "faltade formaçãoéticaernoral..."! "Ospaísessocialistas - continuaoorador - conseguiram dar à maioria da população um nível digno devida". Positivamente, Frei Betto parece ver rosas nascendo do rochedo. Como, com desordens tão profundas como as que ele mesmoconfessaexistiremnosistemasoviético, poderia este proporcionar 1a! "nlvel digno devida"? Ademais, tal assertiva não se opõe a toda a evidência? As conhecidas filas, nas quais as sofridas populações passam horas, às vezesnoitcsimeiras, a fim dealcançarsuamiserávelraçãoatimemícia corresponderiaaum"niveldignodevida''? Thl "nivet digno de vida", Frei Betto o jul· gariadcsejávelparao Brasil? O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em seutrabalhosupracitado,exprimecomno· 1ávelclareza uma verdade incontestável e incontestada.OsabalosproduzidosnoLes!eeuropeu tiveram como raiz um imenso Descontentamento (com D maiilsculo) como poucos se viram na História. Descontentamento de populações reduzidas - segun· doamaiselementarconstatação - auma situação de miséria insuportável.
Sempre o velho socialismo com novas fachadas O leitor perspicaz es1ará percebendo que,aosefalarem universal Fracasso do socialismo, não arirmamos, de nenhum modo, que o comunismo desapareceu ou tenha morrido. Valendo-nosdeumacompa· ração,pode-seconceberahistóriadocomunismo internacional - tendo em vista os atuais acontecimentos que vem ocorrendo n0Les1eeuropcu - ,figurandootrabalho deumconstrutorquesepõeaedificarum prédiosobrealicercesinadequados.Emcer· to momento, umarajadadeventofaLruir as paredes semi-levantadas. O construtor emão,justificandoerroneamente odesabamento pela má colocação dos tijolos uns sobreosoutros,seapressaareergueroedificio - com a fachada alterada, a fim de embair os incautos - , sobre os mesmos fundamentos. Evitaráelecomissoumnovodesastre, talvez ainda pior? É bem essa a atitude de todos os esquerdistas do tipo de Frei Reno, que tentam tapar o sol com apeneira,procurandoconvencerosdesavisadosdequesemprehaveráumaformainédita e eficaz de socialismo a ser testada, após o fracasso de tantas outras experiências. Osdiversosgêneros de regime marxista, na realidade, sãosemprejdênticosem sua essência. E essa busca indefinida de umsocialismobemsucedido - paracspíri-
tos como odo irrequieto dominicano poderia, ao que parece, ir se prolongando atéofimdomundo ... Os fundamentos do socialismo são sempre os mesmos: as teorias revolucionárias sistematizadas por Marx, Engels e seus sequazes. Concebem elas a humanidade movidaexclusivamente por ínteresses cconômicose materiais, pos1a numa evolução permanenteenecessária, rumoaumaigualdade sempre maior e a uma liberdade (até mesmo em relação aos princípios elementares da moral católica) sempre mais completa. Terá visto o leitor algum personagem rcpresentativodocomunismointernacional, eadeptodasreformasperestroildanas,anunciar a renllncia, por parte do Kremlin, oficiatmente, das concepções igualitárias ecoletivistas,comoasconcebeafilosofiamarxista? Por exemplo, a propriedade prívadaautênticadosmeiosdeproduçãoeodireito de herança? Se não o viu, desconfie! E abra os o lh os para alguma nova edificação (frei Betto fala de um novo socialismo em gestação) sobre os mesmos e batidos alicerces ... Quanto maior a altura, maior o tombo, diz o velho adágio. Quanto maior a ilusão criada em torno de um comunismo "reformado", tanto maior poderàserodesastreaabater-sesobreomundo. AANÔ810 GLAVAM (º) Possuimosfi1agravadad«1aoonfrrtnda,eujo 1ex10U1ili,amosnaelaOOraçãodoprcsenteanigo
CT]
O00SOS DIASmedeba-
Crimes do Comunismo
~::i::::~:~a~
pala vras do ex-primeiroministro alemão-oriemal, HansModrow,dc6)anos, refcrindo-seaoseupassadocomunista.lstoporque represe ma um '''grande peso', nãosópo lilicamente, como cm 'termos humanos'( ... ) Ele afi rmou senti r remorsm pelos crimes, acorrupçãoeapcnúriacoonômica" ("FolhadcS. l'aulo",6-7-90). Tais palavras soam mais corno "lágrimas de crocodilo" e não de verdadeiro arrependimento. Pois a sua compaixão volta-se para o grande peso politico que repr~ntou o insucesso conrnnista cm seu pais. E em seguida vem o remorso. E estéril. Ele não de,cria ficar ncssasaíirmaçõcs,mas oonícssarcdcnunciar:"eutivctal culpa,meusci.impliccs$lo estes e aqueles. Ju lguem-nos!" A História apresenta raríssimos casos de arrependimentos exemplares. Não obs-
tante, há julgamentos de grandes crimes cometidO!i, como os Jo nazismo. Logo após o término da li Guerra Mundia l, instalou-se o tribunal de Nuremberg, que julgou O!i principais líderes naústas. Também foram julgados 20.000dos 120.000 crim inoros de guerra. Conseqüência direta das punições iníligidas à Aleman ha foi a ocupação de seu território pelas potências vencedoras e a posterior divisão do pais cm du as parles. Numa delas instalou -se o regime comunista, que rcduiiu à miséria seus 17 milhões dchabi1antes. Em todos os lugares onde o comumsmo .se C!ltabelcce, provoca a formação do que .secos1umachamar, na Rússia, de ''Nomenklat ura", uma casta privilegiada dos membros do partido e demais organismos de sustentação do regime. Ela pOSSui todos os direitos, goza de inúmeras vantagens materiais, eo resto da população padece as piores privações.
Bifes aos animais Na Alema nha Oriental, por exemp lo, "enquanto os alemães orientais entravam cmfilasparacomprarcsi.:as.sosbcnsofcrlados nas loj as estatais, .seus camaradas da cúpula cspojavam-.se com luxuosos prodt1cos importados do Ocidente e alimemavam seus animais de estimação com pedaços de bifes" ("Time", 2l-6-90). Este fato dá umapálidaidéiadasinjustiçasprovocadas pelo comunismo. Sabe-se que membros e cotaborndorcsdopartido,alémdafrcqüência às lojas especiais, residiam cm casas apaladadas, cm bairros exclusivos etc. Com aquedadoMurodavergonha,cscusdcsdob ramentos, a hipocrisia comunista torna-se patente. Porbn, "na Alemanha Oriental, os novos lideres 1ml sido lentos cm tomar mcdidas judiciais contra seus prcdcccsrores". Por que, perguntamos nó.~? Prossegue are-
24 -
CATOLICISMO -
Na Alemanha Orlent,1, Wtrfnes de meree•rfe•
vazias ... ... enqu.ntoas de larmácin a dt"OQ8rlas apr9Hnlam
lastlm4vet,spec10
Quem deve ser julgado? Quem julgará? vista: "Devido à rc!utllncia em solucionar doisproblemasétioosdifictis,mas rclaciona-
dos: Quem deve ser julgado? Quem deve julgar?(... ) Muitas pessoas na Alemanha Oriental cooperaram, ou ficaram comprometidas com organismos de sustentação de um Estado totalitário. Perto de dois milhões etrezentasmilpessoas-aelitedcfatoeram membros do Par1ido da Unidade Socialista (SEI>). Além destes, havia 85 mil funcionários do Ministério de Segurança doEstado(Stasi),bcmcomo l09milinformantes, na sua maioria anônimos. Finalmente, milharcsdejomalistas, professores, jui7.C$, advogados, prefeitos, e policiais prestaram, pclomenosdabocaparafora, algum serviçoparaaquiloqueelessabiamser uma mentiracolossal"(ld.,ib.).
Clamor dos descontentes
~i~= ~~:;:
No que consistia a mentin eolomil, à
1 1°: .!~::;~:::o munismotrariaafelicidade, bem-estar etc.
Convém lembrar que lodo!I estavam obrigados a acredi1ar nesta mentira sob pena das piores perseguições e punições. Mas eram obrigadosporalgoém,enãopelagencralidade dos funcionários. Havia uma hierarquia no regime. No topo dela estava o Partido da Unidade Socialista e os que com ele colaboraram. Procurar diluir a responsabilidade por todos, é escarnecer da l)Opulação em gcral c das vitimas.
S<:1crnbro 1990
Injustiças e crimes praticados pelos comunistas têm suscitado, na Al emanha Ori ental, um momentoso tema: o julgamento dos responsáveis Mas a indianação popular começa a !Omar corpo. À medida que avança o tempo, as mazelas e crimes inenarráveis dos regimn comunistas vão-.se tornando mais conhecidos, e aumenta tam~m o número e o clamor dos descontent es que exigem o julgamento dos rcsponstivcis por tais de litos. Em fins de julho, cm Moscou, centenas de milhares de TU$$0S part iciparam da maior manifestação contra o Partido Comunista já realizada no pais. Junto ao Kremlin gritavam "abaixo o comunismo". E aplaudiram efusivamente um orador que pediu o julgamento dos dirigentes do PC como CTimin050S. Tal pedido, embora dado com ccrto destaquc pcla mídia, não cs1evenaprimelrap lanadaimprcnsamundial, nem foi .seguido de comentãrios, anAliscs etc. Sistematicamente cai sobre o lema t1ma espéciedccor1 ina,fazcndo-.sesilêncioa respeitodetaisfatos, minimizandoeignorando a responsabilidade dos promotores do
H•flSNodrow, ex.prlmelro-mlnl,lro ,1emlo-orlent,1, ret.rlndrHle ,oseup,nado comunlst,, afirmou: "l()dososdlss m,debalo
com essa, sens,ções: lrs, comp,lxlo
ea.co"
comunismo internacional pelos crimes perpetrados.
O "Ideal comunista de igualdade" Sentindoanecessidadedealgumapuniçllo, "alguns comentaristas argumentam que, do mesmo modo que a Alemanha Ocidental teve que viver com a vergonha dos anosnazistas,agoraéavezdalAlemanha] do Lcsteexpiaraculpacoletiva, MargareteMitschelich,umapsico-analistadeFrankfurt, rejeita tal equação. 'A Sta.si não éa Gestapo, e Honnecker na:o é Hitler', diz ela. 'Pclomcnosoidealcomunistadeigualdadedoshomenserahumano.Hitkrpregava a inferioridade das outras raças. Diga~ o que se queira da Stasi, não estamos agora face a Auschwitz como estivemos depois de Hitler"' (ld., ib.). Mas, por mais engenhosas que sejam as comparações feitas por essa senhora, elas na:o passam de frases de efeito. Podese sustentar que o país inteiro foi reduzi do a uma Auschwitz. Pois, quem dele ousasse sair, era impiedosamente caçado com eãesamestradosoufuzilado pelasmctralhadorasautomáticas. A população tinha que sesujeitarservilmenteao "ideal comunista de igualdade", o qual nada tem de humano. Podemos comparar este ideal ao leito de Procusto, da mitologia grega, que servia de medida aos homens nele estendidos: os que fossem maiores que o leito, eram mutilados, Os menores, esticados. O que há de humano em tal ideal?
Crime contra a humanidade "Outro professor de direito de Frankfurt,ErhardDenninger,concordaquccomparações com o período nazista são inexatas. 'Os processos de Nurembcrg tratavam de crimes contra a humanidade egenocldio', argumenta. 'Você não pode acusar o regimedaAlernanhaOrientaldealgosemelhanteaisso"'.
Se manter um povo nessas condições durantemaisdequarentaanosuilo foierime comra humanidade, resta saber o que écrimecontraahumanidade.Procurar submetcr um povo ~ para não dizer o mundo imeiro, sendo esta a meta docomu11ismo - ataiscondições, é, paraosquetêm fé, um pecado contra Deus e um crime oon· traos homens! "Embora Honnecker e alguns poucos funcionários categorizados possam ser julgados.e outros lidcreseomunistasdedestaquebarradosdefunçôespúb licas,agros· samaioriadosmembrosdopartidoparece que não sofrerá muito. Por exemplo, o Ministro do Interior da Alemanha Oriental, Peter-Michacl Diestcl, recontratou, como um atodeearidade 'cristã' [sic]. 12 mil ex -funcionários da Stasi, os quais ti nham sido expulsos por um comitê decida· dãoscncarregadosdedesmantelarodcpar· tarn~nto. "Outraironia é adeque700dessesesereventes foram incumbidos de cuidar dos volumosos dossiersdestedcpartamcnto". Em seu Manifesto "Comunismo e anti comunismo na orlada última década deste milênio", o Professor Plínio Corrêa de Oliveira,referindo-seao''Descontcntamento que desagregava o mundo soviético", dizia:obrado"scdirigirá,antesdetudo, contra os responsáveis diretos por tanta dor acumulada ao longo de tanto tempo, em tão imensas vastidões, sobre uma tão impressionante massa de vitimas ... [que] unirão seu ulular para exigir do mundo um grandeatodejustiçaparacomosres· ponsáveis. This responsáveis foram, por excelência, os dirigentes màximos do Partido Comunista russo ... E, pari passu, os chcfesdePCsedegovernosdasnaçõescativas. Pois eles na:o podiam ignorar a desgraça e a miséria sem nome em que a doutrinaeorcgimccomunista.sestavamafundando as massas" ("Catolicismo", março dcl990). ADALBERTO FERREIRA DA COSTA
RuoOr~Proóo.341 - ~ JOi<>!ôn&,67-1>5'161671210/825-27~9
~
CHURRASCARIA EPIZZARIA
1.!m.JABARONESA ALMOÇO EXECUTIVO Das 11 :0às 15:00hs. Plnasnolornoa1enha ChurTasconabrau Entrega·seadomiciho Auo _
d0.,, ,'!!11-- ; ~78'!29- 825 f;27!1 - SP
Por motivo de mudança, vendo antigüidades de família. Ligar para (011) 434 5274, somente às quartas feiras das 13 às 17 horas
~
Assine
~Aí[OUCISMO Para assinar ou renovar sua assinatura de CATOLICISMO, veja as instruções coTltidas na parte interna do invólucro em que suarevista lheércmetida.
CATOLICISMO - Setembro 1990 - 25
Escrevem os leitores • Norma de vida
• Interesse
Estou enviando junto a esta uma folha avulsa que reçcbi de um amigo, e cujo conteúdo
gostaria de ver estampado nas pãginas de CATO LI CISMO,
revista que tanto admiro. Traia-se de volante denominado "Plantllo Policial: como criar umdelinqücntc-de::maneiras
íãce,s''.Chamou-meparticularmemc a a1cnçllo pelo fato de rcílctirquasc urnanormad cvi-
da em nossos dias. Estou cerlo de que os leitores de CATOLI CISMO tirarào proveito cm conhecer estas "dez maneiras fãceis" e trnbalhar11o para que nãosejamaplicadas(VallerLUdo de Menun, Belo Hori zontc-MG) Texlodovolante:" l )Comeccna infãnciaadaraoscufilho rudo o que ele quiser. Assim. quando crescer, ele acreditar~ que o mundo tem obrigação de lhe dar tudo o que deseja; 2) Quando ele diw.-r nomes feios.achegraça.lssooía râ considerar-se imeressame; 3) NuncalhedêorientaçãoreHgiosa. Espcre até que ele cheguc aos 21 anos e decida 'por si mesmo': 4) Apanhe tudo o que ele deixar jogado: li vros, s.apalos,roupas. Façawdoparaele, paraqueaprendaajogarsobre os outros toda responsabilidade; 5) Discuta com freqüência na presença dele. Assim não fi. carâ muito chocado quando o lar se desfi1.er mais tarde; 6) Dê-l he todo o dinheiro que ele quiser. Nunca o deixe ga nhar seuprópriodinheiro;7)Satisíaça todos os seus desejos. Negar padeacarretarfrustraçõe:sprejudiciais; 8)Tome o partido dele contra vizinhos, professores, policiais (todos têm má vontade paracom seu filho), 9)Quando se meter em alguma encrenca séría, dê esta dcsculpa: 'Nuncaconscguidominá-lo'; I0)Prt•
~:~~~ r:~~,~~e::~iedis~: no."
26 -
CATOLICISMO -
Confirmo o meu interesse naaquisiçãodolivro"Asaparições e a mens.agcm de Fátima conformeosmanuscritosda lrmã Lúcia". Aproveito para pergu11tar se é possível obter o livro ''Revolução e Contra- Revolução", de autoria do Dr. Plínio Corrêa de Oliveira, assim como a assinatura da revista CATO LI CISMO a partir de janeiro de 1990 (Jost C-,los ,\, E. Alves, Anápolis-GO).
• Abusos Outro dia foi-me oferecido por um progressista um pcriódioomuitot-onhecidodetodosos fiéis. cuja última folha traz um comentál"K) do Pc. Ivo Scomio-lo. Aopcroebcrosabsurdosque 11elcesravarncontidos1ivcainspiração de enviar-lhes esra cana paraqucfosscpublicada,edevidamcnte criticada a rcponagcm anex.adcstepadrequecnvcrgonhaa Igreja e Sua Santa Doucrina. Precisamos combater estes abusos contra a Fé católica. Estes revolucionários já passaram doslimitesaceitáveis.Nãopodemos cru1.ar os braços neste que é o mais decadente pcriodo de toda a nossa História (Akx Barbosa de Brito. Salvador-BA). Nof11 da Redaçio - Realmente, chega de ver gente cruzando os braços. Quanto ao Pc. lvo S1orniolo, jã andou dizendo barbaridades a respeito do Mandamento"Nãopecarás oomraacastidade".Agora,neste art igoquenoslenviadopclo missivista, publicado em "O Domin110" e intitulado "Deus pagabem",osaccrdotedi:.tbarbaridades de outro g!nero. Paraabreviar,transcrevemosquatr o formulações do artigo, seguidas de textos com a verdadeiradoutrinacatólicaarcspeito: l)Pe. Ivo: "Fomos 11'ósquc criamos as diferenças entre os irmãos: ricos e pobres, podero-
Setembro 1990
sosefracos,íamososedesprestigiados. E até quando vamos suportarcssa:sdiícrenças?" Leio XIII: "Assim como no Céu {Deus) quis que os CO· rosdosAnjos rossemdistintos e subord inados uns aos outros, enalgrejainstituíugrausnas ordense diversidadedeministlrios de tal íorma que nem to• dos fossem Apóscolos, nem todos doutores, nem todos pasto• res;assimestabelcceuquehaveria na sociedade civil vãriasor• deris diforentes em dignidade, em direitos e em poder" (Enci• dica "Quod Apostolici Muneris", Vozes, Pet rópolis, p. 12). Ldo XIII. "A desigualda· dededircitosedepoderprovém do próprio Autor da naturez.a, 'de quem toda paternidade tira onome,no~uenaterra'{Ef. 3, l S)"(idcm,p.8). 2)Pe. ho: "Quando ajudamos o pobre não estamos na verdadcajudanco:estamO!i,sim. devolvendo o que lhe pertence por direito divino e que antC5 lhe fora roubado, seja lá o que for". lk•to XV: •·Os pobres que lutam contra os ricos como se estes houvessem usurpado bens alheios,agemnãosomemccon• tra ajustiça ea caridade, mas também contra a razão" (Encl-
clica "Ad Beatissimí" in "Les Enseignemenu Pontificaux", Desclte,pp.286n). Pio XI: "Os pobres são as maiores vitimas dos embustei· ros, que exploram sua rniseráveloondição, para lhesdespertarinvcjaoontraosricoseexcitá•losatomarparasi,pelaforça,aquiloquelhespareceinjusiamenterecusadopelafortuna" (Encíclica "Divini Rcdcrnptoris", Vozes, Petrópolis, p.32). J)Pt. ho: "Quandohlijusliça, não sobra muito lugar paraabondade,ou melhor, a suprema bondade é ajustiça." Sio Pio X: "Não se fale de reivindicaçãoedejus1iça,quando se trate de simples caridade" (Motu Proprio sobre a Ação Popular Católica, Vozes, Petrópolis, Item XIX). 4)Pe. ho: "Um dia no mundo não haverá mais pobres". Pio XI: "Não se conseguirà jamais íazer desaparecer do mundo as misérias, dores eatribulações,aquetambém estãosujcitosaquelesquena aparCncia se mostram mais afor1unad0$" (Encíclica "Di· vini Redemptoris", Vozes, Petrópolis, p. 23). NossoSt'nhor:"Vóssempre tendes pobres convosco" (Mt. 26,11).
História Sagrada em seu lar -
Esaú e Jacó "OS DIAS da vida de Abraão
foram J75anos .... e lsaace lsmael,seus fi lhos, sepultaram-no na dupla caverna quecstásituadanocampodeEfron, .. o qual (Abraão) tinha comprado. E depois de sua morte, Deus abençoou Isaac, seufílho,oqual 1endo40anossecasou com Rebeca",e"tornou-serico .... emuito poderoso; teve também possessões de ovclhasemanadas,cdc muitosservos"(l).
Nascimento de Esaú e Jacó " lsaace Rcbecadurantevinteanosnão
tiveramfi!hos.Afinal,Dcusouviusuaspreces,econcedeuaRebecadoisfilhos(ti:meos);opri rnogC:nitotinhapclecabeludae porissolhechamaramEsaú;osegundorecebeuonomede Jj1,có"(2),porque,quan-
do nasceu, "sustinha com a mlioo péde seu irmão .... Tcndocrescido,Esaú tornouse perito caçador e homem do campo; e Jacó,homernsimples,habitavanastendas. Isaac amava Esaú, porque comia das suas caçadas;eRebecaamava Jacó"{J).
Esaú vende seu direito de primogenitura "Certo dia, Jacó tinha preparado um prato de lentilhas; Esaú, ao voltar daca· ça, muito cansado, disse ao irmão: 'Dámedessacomidavermelha,poisestoucom muita fome'. Jacó respondeu-lhe: 'Cedeme,emtroca.teudireitodeprimogenitura!' Esaú replicou: 'Estou aqui a morrer defome;dequemescrvcaprimogenitura?' Jacó insistiu: 'Jura-mo!' Esaú jurou; comeu,bebcu,eretirou-scparacuidarde seus negócios. Pouco lhe importava o ter vendidoseudireitodeprimogenitura"(4).
dcnou-H,equefossecaçaralgoparaelecomer. Depois o abençoaria. "Rebeca, prontamente, pôs Jacó ao corremedoquesepassava, edisse-l heque fossebuseardoiscabritosnorebanho.Assim que ele lhos trouxe, ela os preparou do modo que Isaac mai s gostava. Em seguida, com as vestes de Esaú, que ela guardava, vestiuJacó, ecomaspelcsdosca· britosenvolveu-l heopescoçoeas mãos, afimdequclsaac,quenãopodiaver,acreditassc, tateando-lhe as mãos, que fosse Esaú,emboraouvindoavozdeJacó. "Isaac, com efeito, ficou surpreso ao ouviravozqucelercconhcciacomoade Jacó,mas,fazcndo-oaproximar-seetateando-lhe os pelos que cobriam as mãos do filho, murmurou: 'Em verdade a voz é de Jacó, mas as mãos s.llo de Esaú. E, convencido,comcu. "Emseguida,aobcijarJacó,sentiua fragrânciadasroupasdcEsaú,oqucacabou por dissipar-lhe as dúvidas. Abençoou-o, então, e desejou -lhe o orvalho do céucafccundid adcdatcrra;estabclcceu-o senhor de todos os seus irm ãos, e terminou a bênção com estas palavras: 'Aquele que te a maldiçoar seja amaldiçoado, e aquclcquctcabcnçoarscjacumuladodc bênçãos'. ''Apenas lsaacacabaradcfalar,cntrou Esaú tra1,endo um gu isado da caça que abatcra,coaprcscntouaopai,pedindolhequccomessccem seguidaoabençoasse. "O santopatriarcafico uextrcmamen• lcsurpreendido.aoficarcientcdoengano,maslongederetrataroquefizera,confirmou -o,poisreconhccianofato,evidcn1emcntc, o dedo de Deus.
noções básicas "Então Esaú, .... grit ou com grande clamor, e acusandoemaltasvoZC5ocmbustede seu irmão, perg un tou ao pai se ele não tinha outra bênção. Neste ponto, notamos Santos Padres, eleeraaimagcm dos que facilmente conciliam Deus com o mundo, querendo gozar ao mesmo tempo asconsolaçôesdocéueasdatcrra. " Isaac, comovido pelos gritos de Esaú, abençoou-o, enfim, mas a bênção que lhe deu foi umabénçãoterrena,sujeitando-o ao irmão. Por isso Esaú concebeu um ódio tão profundocontraJacó, que, paramatã-lo,sóesperavaamorte dopai. E Jacó não teria podido evitar a morte, sesuaextremosamãeRebecan ãooprotegessecom sua habilidadceosbonsconselhosquelhedcuequeeleseguiu ..
Simbolismo de Jacó e de Esaú "Conforme todos os Santos Padres e intérpretesdaSagradaEscritura,Jacóé figuradeJesusCristoedospredestinados, enquantoEsaúéfiguradosréprobos"(5). Por isso está escrito: "Amei Jacó e aborreciEsaú"(6).Adcmais,deJacódesccndc Nosso Senhor como fora proíetizado: "NasceráumaestreladeJacó"{7). 0
Seguindo fielmenle 0$COHS111/hos de Rebeca,Jacóoblém • blnçlode lsaac
Jacó obtém a bênç.:io de Isaac "Isaac, sentindo- se extrcmamenlc velho, quis, ames de morrer, abençoar seus filhos,e,chamandoEsaú,opreferido,or-
CATOLIC ISMO - Setembro 1990 -
27
cruza a História Livre em prol da liberdade de irmãos oprimidos pelos soviéticos. A gran de apatia na qual se quer afogar os povos do Ocidente foi em larga medida rompida des-
~:s ti1~:= x;i:~t
naturassepreencheram. Ela q uase desaparece em face do cortejo "Não é possível que sejam tantos", "É gen te que não acaba mais", dizem muitos, admirados. De fato, as ruasdocentroparecem curtas paraacolhertãolongodesfile. Novas ruas, outraspr<iças,aro-
~;:,:~r: ~:;':ai:,pa,1,·> 'i1Z::~t-S i; ~i,,~;J.::7i~sªl~;:ftre ~~:;:"t 'º 'oo,., 1 1
ape11as
J,zrram
m1
1mia
pausa du,a111e a qua1 e11tw-
ram o conlieâdo hino "Queremas Deus" e 011/ms cõ11ticos de í1rdo-
le religfosa c 1!iltriú!ica, deram brados, s.·suindodc;10is,cmatmosfc-
d~ "Re1i~~/j~/r~;:;:s :!!' J:o/,.1'::1: !~'!~i1fci~ªf:u'j;~~?ªi1:1tJ:;:r:, 11
utua/ Sl'C~ctarfo da [ducação .- câ111i~os e brados St> repeliram, s,m1/o, por fim, i•xrrnlado o Hmo Nacw,wl pelo fanfarra da TFP, o ,,r,a/foiruloodotambim pc/ospartici1,antesdocortcjo.
u~ t~uN~~O~~b':..~:i, ~L~;:~~
tanofimdcumaroa.Cn::ocecmcxtcnsão. cm número, cores e sons - em
1e~~~:\:::1ri:· ~i:!~
r,~~~~~~
na praça do Patriarca, após percorrer o LargocaruadeS..1oBento,suareta6uarda ainda permanece no ponto mic:k-il oviadutodeSantalfigf.'nia. Para atingir o local de seu término - a praça da República - o magnífico cortejo atravessa o viaduto do Chá, transpõe a praça Ramos de Azevedo, para utingir depois a rua Bar.'io de ltapetininga. Proclamações vibram em seu meio, levando nas frases o sabor altivo de uma vitória arduamente alcançada Trompetes e fanfarra - corno emana-
~~~r~:u~!~i:e~~:;~:t~i~~i~~:~~.~ solutas. Participantes em grande núme ro, vozes masculinas, femininas, em meio à solenidade da manifestação, com o timbre de luta sagrada pela justiça de uma causa, a que os movem sentime ntos cristãos.
Comemoram a obtcnção,atéaquele momento.doespctalo. Com garbo e cular número de 3 O comprime11/o do imenso cordão de despretensào, ela milhôcse605milascoroa o labor de, sinaturas, colhidas já então, milhares qurcsle último se const,tu(sse com a ~m 20 nações, _~la libertação da Lituâ- ordenaçâodeuid11.N11folo,asairrespo11nia, pequeno pais den!es, qr1eoeupam de_pontaa ponta do norte da Europa, o v,aduto Sa11ta lfigi'ma, se preparam que sofre há décadas para pe11etrnr iro Ulrxo de São Bento, pia. É certo que dum opressão da onde as aguardam - já formados des\aor-dempreRússia. Stalin, em assóciasecooperndoresdarntidade ced1da de lambo1939, juntando à de reseclarins,edesHitler sua ferocidade, ocupou o pJ/s taauradeelegJnciaqueenvolveosque A partir de então, a Rússia o escraviza. caminham, ele não se esquecerá mais. Ao contrário, sua lembrança se tomará mais vivu à medida que se acentuarem a confusão e a fealdade do mundo moJá extenso, prossegue o cortejo derno. Grande é o número dos que de-em meio a transeuntes que, até o dia a~is~~t~! anterior, numa adesão comovente, foram dando generosamente suas assina- que sonham com seu retomo às ruas, luras ao que constitui hoje o maior procla_mandooutrasvitóriasemdcfesa abaixu-assmado da História. daCnstandade. Ordenado e grave, formado em Novos sonhos, novas realizações, suamaioriade jovens,odesfilercpre· um cortejo corta a História, do Brasil senta o mais alto clamor do Mundo e do Ocidente
~~~a;:~/::~~
rrt:~1:lie~r;:;~1:s"dft~st~~t -;::
~~~pt~tr:~:
%, e1:-:, ~n7~~:
~of~~~F~m~
~'fu1~ei~c
Disc e rnindo ,
disting uindo, classific ando ..
COMO A ESTRELA DA MANHÃ ...
P
O R VEZES, como do ga!hodeu ma ârv?rebrotaumaílor,tambémogênerohumanoproduzpes.soas sumamente representativas de dc1erminadasqualidades na1urai s
ça,cntãodelfina,em Versalhes; e cercamente jama1s pouso u nesle mundo-qucclamalparecia tocar - uma aparição maisdeleitável.Euavi, No Antigo Test amento, Elias um pouco acima do horiTesbita foi uma, por sua alma ionte,ornandoeanimanardente. Menos distante de nós, do a elevada esfera na CartosMagno,enquantoimperaqual ela começava a se dor-guerreiro,foioutra , eassim mover - cintilando cohaveriamaisexcmplosadar. mo a estrela da manhã, Oshomenssemexceçãotorcheiadcvidaedeesplennam-sedignificados pclaaparidor ede alegria . çãodessesindividuos-su mosquc '"Oh! que rcvoluçilo! provam,porsuasimplesexistênE que coração devo ter eia, ser capazdeelevações esucu para contemplar sem blimidades normalmente insusemoção tal elevaçiloe tal peitadasacomummassa huma queda! Quão pouco p,odia na, da qual todos so mos fci!Os euiruaginar - nomomcn e na qual todos temos pane. tocrn que ela acrescenta É em ta l perspectiva e sob va títulos de veneração taisluzes queaquiconsidcramos àq ueles de um amoremu esse cisne do gênero humano siâstico, dis1amecrcspeitoqucfoi MariaAmonietadeLorcsoque eu viveria na, Rainha da França de 1774 paravcrscmclhantcsdcsas al792. ires dc,abarcm sobre ela, Pordcsig nios,talvez,daPronuma nação de bravos. vidência Divina, ela reuniu cm numa nação de homens siumconjuntodedonscdcgradehonra cdeca valhciros. çasnaturais,desimplicidaderéEu pensava que de1. mil gia, de bondade, de majestade, espadas saltariam de suas desuperiorgrandeza,derequinbainha spa ravingarometadadclicadezaquc fizeram denor olhar que a ameaçasl~aRainhadeFrançap0rexcclên- Maria Antonieta, dez anos an tes de ser guilho tinada (pin tura se com um insulto de Mme. Vlgée-Lebrun, 111u11lmente no Museu de Versalhes) '"Entretanto, a era da OcFeitos ela os teve, como cavalaria sefoi.Ea dos iodas as filhas de Eva. Mas eles já rorarn emergia para a História suafigura diáfa- sofistas, economistas e calculadores ,1 pordemaisap0ntados. nagcrados, 1rom- na, purificada. quase mi1i ca. símbolo sucedeu;ea glóri adaEuropa estácxtinbeteados pe la diFamaçào e acrescidos da majestade injustamente perseguida taparascmpre. Nunca . nunca mai s conpela calúnia, de tal modo que nào éo E nao obsra ntc o fato de conti nuarem templaremos aquela generosa leal <lade casodeaquinosocuparmosdeles.Mais os infelileshcrdcirosda Revoluçao,ao àposiçilosocialeaosexoíraco. aqucgrave do que cais defeitos foi a omissão lon go de dois sécul?~- a a1irar pedr_as e la submissão altiva, aquela obediência sistemática que se íeidas cxtraordiná- lamanaquclcmagmf1covullodcRa111ha dignificada.aqucla subo rdinaçilodocoriasqualidadesdeMariaAntonieta - que enche11 a Históri a da França e ração que mantinha vivo - ainda na Arepresentatividadeearealern sem se irradiou paraomundotodo - não própria scrvidao- o espiri1ode uma par dessa arquiduquesa da Áust ria, fei- obstante isso, na co nsciência mais pro- liberdade elevada. Foi-se a inestimável ta Rainha da França, bem as notou e funda dos povo.1 a inocênda régia foi graça da vida. o abundante apoio das as odiou a Revo lução igualitária de 1789 prontamente absolvida e a Revolução nações, a nutriz do sentimento viril e E por isso foi ela humilhada, foi perse- j usrnmente lançada no banco dos réu s. da empresa heróica! Foi-seaquclasensiguida, arrasrnda ao calabouço; e, deO texto que a seguir transcrevemos bilidadc do principio, aquc la castidade pois de se ver separada de seu esposo é um exemplo disso. De autoria do fa- da honra, que sentia cada mancha corégio pela mor!e atroz e de seus filhos mosoescr itoringlêsEdmundUurkc. con- moumachaga,queinspiravaacoragem por violência inaud ita, fo i Maria Anto- 1emporânco de Maria Antonieta, foi re- aomesmotempoquerni1igavaaferocinietaconduzidaaocadafalsoondcexpi- digido num momcnto cm que já ia adian - dade,queenobrecia1udoquanto!ocaroucomdignidade e honra. tadooca lvàrio da Rainha va.esobaqualoprópriovicioperdia Diminuído o ímpeto revolucionário, metade de seu mal ao perder toda a sua cessada a perturbação das mentes, os rudeza" ('"Reflections on the Rcvolupovos, est upefatosanteo crime cometition in France' ", Holt, Rinehart and do, deram-se conta afinal que do san"Passa ram-scjâdezesseisoudezessc- Winston. London, 1959) gue derramado pela Rainha de França te anos desd~ que vi a Rainha de FranC A
2 -
CAT OLIC ISMO -
Outubro 1990
~AfOUCESMO SUMÁRIO CRIMINALIDADE Leis favorecedoras dos criminosos, cumplicidades, impunidade, mor<r
sidade em aplicar a sanção penal ameaçam instaurar a ditadura do crime em nossa Pátria ............ 4 IMPRENSA A mfdia no Brasil, com freqüência favorecedora da esquerda e da imo-
ralidade, e o processo de seu crescente desprestígio 10 ORIENTE MbDIO Há meio sé<;ulo, o Prof. Plínio Cor-
rêa de Oliveira previu a formação
E
VOZ CORRENTE que a criminalidade atingiu, em nosso País, proporções nunca vistas. Ê enxovalhante a escalada crescente de homicídios, assaltos, seqüestros e todo tipo de crimes violentos, que já se vão incorporando ao cotidiano. E isto a ponto de psicólogos sociais apontarem a alteração dos hábitos da população em função da violência a que ela é diariamente submetida. O pior de tudo é que, com isso, a muralha do horror em relação ao crime vai se erodindo nos espíritos dos brasileiros, que parecem se conformar com essa situação, sem perspectiva de qualquer solução a curto prazo, como se ela fosse inevitável nos tristes dias em que vivemos.
do poderio maometano desafiando o Ocidente, tal como vai se configu-
rando na atual crise do Golfo Pérsi11
ECOLOGIA
O sentido medular - panteísta e igualitário -e as outras acepções da palavra ecologia ............... 12 RELIGIÃO A imagem de uma Santa Teresínha
deformada pela piedade sentimental e a Santa Teresinha real: heróica e vitima de holocausto ao Amor misericordioso de Deus 14 PERESTROIKA Por trás das estruturas de controle da Igreja "Ortodoxa" russa contínuadominando,naeradaperestroika, a temível KGB ............... 18
"CATOLICISMO"
t
uma publicação mon!<al
~.!::~k>::~ ~l~~,:'F~l~omcs Leda ti:~;::;:':~~~~~
Autoridades, juristas e policiais responsabilizam pelo fato a fragilidade de nosso sistema carcerário, a existência de leis que mais favorecem o bandido que o cidadão honesto e a brandura de nosso Código de Processo Penal. Na presente edição de "Catolicismo", extensa matéria se ocupa da descrição e análise do fenômeno.
Takalla.<hi - R'&Í'lr•·
R ~ : Rua M• rtim Francilco. 66!-0ll26 - SlQ P1ulo.SP/Rua Stl,il<S,,m1l>ro.lOl - l8 lOO Compo<.RJ. Gtrfnd1:Ru1 MortimFraotis<o.66l - Oll26 - Slo Poulo.SP - T<l:(Oll) lll .7707 F01<>N>mposifio:(dirno. a part11il< arqm""5f0<ro:cl· dospor"Catotirurno"i8aodeiran1,SJ,1,Q,i f><ao l:d,C011 - Rua Mairinq.,.. 9ó - Slo Pauk>. SP Fotolltos:o·,1,ri""'nEl!údk>üráíléOSICLtdl. -
Rua&u. .. , 786/794 - SloPaukl.SP l • pmdo: ,l,rtpr"' - h>dústrio Grlí><a e Edh01a Uda.- Rua/, ,-.... 6111639 - 0ll.lO - SloPauk>.SP Poram..J.anç.,ikrnd<re,;o l- """1.irk> rnoncio .. ,11mbtmoenik1cço on1 i~.A <Off<>por,denci1 rd.ci>1 a o,sinalura,.,..ndaovLiliawd<1<rcn,ia<ialC..,!nc"
t:'.:~;~.~=;=~
Bem recentemente, o Brasil inteiro ficou aturdido e estarrecido diante do rumoroso caso de Juiz de Fora, que teve seu desfecho depois de uma intérmina "novela" de doze dias. A "novela" revestiu-se de aspecrns trágicos e cômicos. Trágicas foram as duas mortes ocorridas na aventura, as de um guarda penitenciário e um tenente da PM. Cômico foi quase todo o resto: a fuga, sem nenhuma cerimônia, de nada menos que cinco bandidos de um presidio tido - paradoxalmente - como de "segurança máxima"; o fato de a própria vitima, no epílogo da "novela'', ter querido abraçar seus seqüestradores ... etc. Na maioria de todos esses delitos, particularmente nos que envolvem seqüestro, os marginais responsáveis são bandidos perigosos, integrantes de quadrilhas de traficantes e assaltantes de bancos. Todos apresentando extensa folha criminal, com várias passagens pela polícia e pelo sistema penitenciário. Entretanto, é inexplicável como esses marginais andam soltos pelas ruas.
:U:~s~
166~.~~:~z~~
Cabe ainda uma observação a respeito do artigo a que nos referimos nesta seção. Os limites inerentes a essa colaboração explicavelmente não permitiram que seus autores analisassem a complexa questão do que vem sendo denominado "fa. lência do sistema penitenciário no Brasil" . Ou seja, a superlotação dos presidios, de um lado; e de outro, o acúmulo de milhares de mandados de prisão não cumpridos. Dessa situação resultaria uma impossibilidade de as auioridades prenderem os criminosos já condenados. Para solucionar tal problema, governos estaduais têm apresentado planos de considerável aumento de vagas carcerárias. Além disso, começam a surgir idéias novas como a privatização da administração de prisões, experiência que vem obtendo significativos resultados nos Estados Unidos.
CATOLICISMO -
Outubro 1990 -
3
A
IMPUNIDADE do crime em nossa Plium fato notório que configura uma situaçioalarmanlt. Parailustr,-lo,nosv4rlos aspedoscom quensa tnigica realidadeseapresenta,demandar-se-iamvolumes
1ri1 é
emaisvolumn. Ainda que nos restringisstmos tio-só aopublicadopelaimprensadiliria,aamplitudeda matéria seria 1alquelornaria quase impossível abardi-laem um só artigo. A mero tílulo informalivo, nosss rfllaçio reuniu,pclasimplesleituradegrandesquotidianos e 11lgum11S revistas de circulaçio nacion11l,umaquanUdadebasl11J1teponderjveldenoticiassobreoassun10. Como, enlretanlo, a alençiio do grandepúbllconioestlivoltadaparaumavisio global e umaanlilisedttidadofenômeno, éúlllapresentaraquialgunsfatosecomentliriosfrisantes. Nossointultonioére11.lizarnenhumtr11.b11.lhoespeci11.lizadosobream11.téri11. . Tr11.t11.sedcsimplesretrospedodccunhojomalistico.Cinglmo-nos11.rclat11.rccomen111.rfa. tos públicos e notórios.
Crime impune: até quando? O Brasil está se transformando no paraíso dos bandidos, beneficiados por cumplicidades e impunidades; sem medidas corajosas e urgentes cairemos na ditadura do crime.
M OUTUBRO de 1989, o en<ão. Minis«.o Justiç.a, preSr. Saulo Ramos, da mostrou-se ocupado com o que denomi nou de "falência do sistema penitenciário'". Para ele "o que mais o assusta são os m1lharesdemandados dcpn sãoqueaindanãoforamcumpridos: ao todo são 276.800 em todo o Brasil" ("O Estado de Minas"', 11 -10-89). Mais recentemente, o atual Ministro da Justiça, Sr. Bernardo Cabral, referiuse ao "problema da viol ência brasileira'" explica11doque "não é uma questão apenas de disposição", pois, "há uma série deinstituiçõesque,cmsuaopinião,devem sermudadas.OCódigoPenaléumadclas'' E acrescentou: "Ele tem mais de 50 anos e terá de ser moderniiado, pois a legislação vaificandodefasada"("GazetaMercantil", São Paulo, 30-7-90). O "Diário do Grande ABC". de Santo André (SP), refere-se, em editorial, â "lnstltudonallz11.çio da impunidade delerminadapela fa!ênciadoaparelho repressivo, quer no que se refere à ação policial, quernotocant c áprontaecorretaadministraçãoda Justiça" (5 -3-89). Por ocasião de um Congresso de Direito do Mundo Ibérico, realizado ano passado em São Paulo, o Prof. Damásio Evangelista, da Universidade de São Paulo, pôs emrelevoque "asdificuldadesparaasexecuções penais lentas e inadequadas contribuem para a impunidade e estimulam a delinqüência .... A certeza d11. impunidade é uma regra quase que lns1itulda em nosso Pais" ("A Tarde", Salvador, 8-4-89). Édecstarrecerofatodeque,atémeados deste ano, houvesse pelo Brasil afora 270mildelinqüentes,jácondenados, soltos pelas ruas (cfr. "Jornal da Tarde", São Paulo, 24-7-90). Quanto à cidade de São Paulo - o maior centro industrial da América Latina - , comenta um editorialista do "Jornal da Tarde": "A realidade não pode mais ser escondida: com 30 mil bandi4 -
CATOLICISMO -
Outubro 1990
Fim do rumoroso S11qü,stro dos cinco delentos da penltern:1,r1e de Contagem (MG}: o Cel. Edgllrd soares, ampe,-do por colegas, sal dl casa, em Juiz de Fora, após 12 dias de cetlveiro.
dosnasprisõessupcrlotadasc80milsoltos, é a população de São Paulo que se torna virtualmentcprisioneiradoscriminosos,e não o contrário" (25-7-90). Isto para nao nos estendermos sobre a e,i-Cidade Maravilhosa, que dá mostras de haver-se tornado o cadinho onde o laboratório do crime testa suas experiências mais ousadas. Em manifesto publicado pelos jornais, oGovernadorMoreiraFranco,explicando a escalada da violência no Estado do Rio, chegaadeclararqueéumerrolocaliz.á.-la tão-só naquele Estado. "A violência que nosatinge,a todos nós brasileiros, éa violênciadocrimeorganizadoemescalanacional"("GazetaMercantil",9-8-90). Formam-se ali bandos de marginais com a mesma facilidade com que novas favelas se instalam ao redor dos morros. "Há uma sensação no ar de que o Rio foi entregue n11b11ndej1111oscrlminosos.Elesoperamà vontade, sem temer repre!i.lllias" {"Jornal do Brasil", 6-7-90) Segundo ediwrialisrn do "Jornal do Brasil",naantigacapitalfederal"ocrimeorganizadohámuiloullrapassouoeslágio amadoristko. Permite-se os lances mais 11ud11ciosos,desafiaimpossibilidades,1ransforma a cidade inteira em reféns do seu próximo ataque", diante de uma populaçllo "a!aramada, inerme, sempre à espera dopróximo go lpe"(ll -7-90).
Leis favorecem o bandido Seconsideramosaqucstãodaimpunidade do crime em um sentido mais largo, é desesalicntarqueanossalcgislaçãopenal concedeaoscriminososfavoresqueocidadão comum honesto não tem. Jáemmeadosdoanopassado,oemao Secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Luiz Antonio F!cury Filho, declarava que alguns artigos do nosso Código de Processo Penal e dispositivos cons1i1ucionais "favorecem maisaobandidodoqucaocidadãoeprecisam ser reformulados urgentemente" ("Jornal da Tarde", 14-6-89). Nomesmosentido,comentaojuiz-corregedor de Sao Paulo, Marcial Hcrcutino de Hollanda Filho: "Nosso Código é de 1940. De lá para cá surgiram reformas para amenizar o rigor da lei, na certeza de que isso é moderno e pode levar à recupera ção do réu. Ograndeproblemaéquepor maisgravcquesejaocrimc, rigorosamenteninguémcumprenemametadedapena cm regime fechado. Todos os condenados por crimes cometidos com violências e ameaça à pessoa, os crimes contra o patrimô-
nio, assalto, seqüestro, latrocínio, todos devemserpunidoscompe11acmregimefechado por um tempo bem mais elevado que o previsto na legislação atual (um sexto da pena), Outra coisa: acho um grande absurdo o capitulo da Lei de Execuções quedetermi11aqueoco11denadoseráalojado em cela individual de seis metrosqua· drados,comaeraçàociluminaçãosuficientes. O cidadão honesto não tem casa para morar, as famílias trabalhadoras habitam casas de dois por dois em seis pessoas. AI· guém acha que temos condições de cumpriruma leidessas?"("Jornaldalàrde" , 28·6-90). "QuantoàJustiça -comcntaeditorial do"Jornaldalàrde" - alémdamorosida· dejáproverbial,queredundaemimpunidade. concede benefícios a grande número decriminosos,numaalitudeincompreensível para a sociedade. O colapso do sistema penitenciário, na prática, exime a policia até mesmo de sua resp<msabilidade de prender bandidos. Para que, se não hácadciaspara ondeenviá-los?" {25-7-90).
Prisão: hotel de trânsito Umadasmanifestaçõesdaimpunidade do crime - já o referimos acima - consis· tcem que os criminosos não permanecem presos pelo tempo correspondente à gravidade dos delitos cometidos. Para o Juiz Sebastião Teixeira Chaves, do Rio de Janeiro "a prisão se transformou em hotel de trânsito para marginais condenados" ("0 Globo", 26-6-90) O Delegado Teófilo Afonso, do Departamento de Policia Federal, comenta: "co-
mo a fila de condenados é grande, cada um fica um pouquinho na penitenciária". .. (idem).
É preciso romper as cumplicidades UmadasconseQ(iênciaS /dareferidaimpunidadeconsiste nofatodequecertospresidiáriossentem-setãoseguros,quechegam a formar, dentro das prisões, quadrilhas com enorme poder de fogo, organit.ando e comandando at é mesmo seqüestros, com certa conivência de autoridades. Assim, "há lideres da Falange Vermelha (ganguedebandido3queatuadentrocforadasprisões, no RiodeJaneiro)tãopoderosos e eficientes, dentro das grades, que chegam a rivalizar com os bandidos dos anos 30 em Chicago" (" Jornal do Brasil", 6-7-90). Umdosmaisnotóriosseqüestrosrealizadosno Rio{odo publicitário Roberto Medina) "leve em seu desenrolaraparticipaçllocspecia! de uma deputada federal, que foi intermediar junto a um doschefões do crime organizado, que cumpre longa pena de prisão, um abatimento da importância ex igidape losseqücstradorescomoresgate, Játendosidobcneficiadopcladcputada, comaamenizaçiíotransitóriadcsuapena, o criminoso anuiu ao pedidoeporsuaordemoseqüestradofoilibcrtado,numaescabros.a operação de que participaram advogados,autoridades, informantes escquazcs diversos, todos cumprindo à risca as instruões do bandido recolhido ao presidio" ("Jornal da Tarde", 6-7-90). Sobre o combate à criminalidade, um editoriatistado"Jornaldalàrde"afirma,
A•prlsó~s br•sll~lru
- eomo • penlr•ncl,rls de Slo Psulo, palco de dlverus r•bell6-• de p1-sld1'rlos - lransformsra-se, no dizfJr de um m11glstrado c1rloc1, ··smhot•ldetrlnsJlo p11n, m1rglnals cond•nados".
CATOLICISMO - Outubro 1990 -
5
enfático: "ou serompearededecumplicidades estabelecida pelo crime organizado, envolvendo policiais, advogados, carcerel· ros, pollticos e até membros do Poder Judiciário, ou nada de realmente importante poderá ser feito" {)-7-90). Nesse sentido nada mais caracter(stico do que o desfecho do rnmoroso caso de Juiz de Fora, no qual cinco bandidos, fugitivos de uma penitenciária de "segurança máxima",durante12dias,impuscramcondiçõcs à policia mineira. A 1al propósito, observa editorial do "JornaldoBrasil'',cmsuaediçãode6-9-90: "Da rebelião no presidio à sua instalação nosltiodeJuizde Fora, os fugitivos mataram um carcereiro e um tenente, mas, mesmo assim continuaram a receber tratamento de primeira classe, como se fossem hóspedes de hotel e nãocriminososdealtapericulosidadc .... "A principal reivindicação dos fugitivos, de mudar de prisão, no retorno, porque não estão satisfeitos com os serviços dchotelariadaprisãodesegurançamáxíma, foi aceita, em princípio, como matéria de conversação, pelos oficiais da PM com quem dialogaram de igual para igual. Parasacramentarnegociaçõesinfindãvcis,cxigiramapresençadeumacomissãodejuristas, vinda especialmente de Belo Horizon te .... " Assim condui o jornal: "Quando a polícia se presta ao espetãcu!o da condescendência e permite que os bandidos assumamainiciativa,submctcndo-scàssuasexigências e até mesmo fornecendo-lhes as armas com que eles ameaçam a ordem pública, a sociedade começa a temer, com uma intensidade jamais igualada, pelo seu bem".
Clamorosos exemplos de impunidade Alguns casos recentemente noticiados pelaimprensadãoidéiadaimpunidadede quegozamcriminososqualificados,muilos delcscondenadosemúltimainstãnciaeque, por falhas na Lei de Execução Penal, acabam ganhando a liberdade Em Belo Horizonte, o assassino Kleber de Carvalho Araujo foi posto em liberdade porque a 2• Promotoria de Justiça de Belo Horizonte deixou passar o prazo para apresentar denúncia. Em 1988, Araujo matou sua mae Maria Zélia de Carvalho. Depois, cortou seu corpo em partes, colocou-os no porta-malas do Mo,11.a da mãe efoiparaSãoJoãoDel Rei,a \86quilôme trosdeBeloHorizont e. Naentradadacidade, cavou uma sepultura e a enterrou. Como não foi denunciado pelo Promotor no prazo de !OI dias, como determina a lei, o advogado de Araujo alegou decursodeprazoeconseguiu umh1bc1scorpus. agora,emliberdade,eleprovidenciaadocumcntaçãopararcceberosbcnsdamãe(cfr. "O Estado de S. Paulo", 14-8-90)
Foragidos três condenados a ... 614 anos Ficou célebre na crônica policial Antonio Calixto Moya, fluminense de Duque 6 -
CATOLICISMO -
Outubro 1990
de Cuias, considerado o inimigo público número Ido Estado: temJ2mandados dc prisao com seu nome e está condenado a 308anosdecadeia. A policia, por mais que se esforce, não consegue encontrá-lo. É possível que esteja praticando golpes com nomes falsos em outros Estados. "O Brasil é o paraisa dos l1drõrs. Quem comete um crime cm São Paulo e foge para o Rio de Janeiro vive cm paz, porque não há nada contra ele na· quele Estado", desabafa o Delegado Marco Antonio Ribeiro de Campos, da Divisão de Capturas da Policia de São Paulo '' Antonio Calixto Moya foi preso diversas vezes no tempo em que estive na Delegacia de Roubos e rnmbém na Divisão de Crimes contra o patrimônio. E, mesmo indiciado em dezenas de inquéritos, conseguiu sempre se livrar da prisao", queixase o Delegado Jorge Miguel, Diretor do Departamento das Delegacias Regionais de Policiada Grande São Paulo. Além de Moya, a Polícia relaciona como inimigos públicos que estão em plena liberdade Ademir Santosde0liveira,condenadoa 178anospor assassinatoeassalto, Walter Ferreira, condenado a 126anos por assaltos, entre outros. As penas desses trêscondcnadosforagidossomam614anos!
Beneficias legais favorecem impunidade Para o juiz-corregedor da Polícia Judiciáriado RiodeJaneiro, WanderleyAparecido Borges, alémdasdificuldadesdapolícia no que diz respeito a homens e earros paracumprirosmandados,existeafragilidade da lei e da Justiça: "A legisl1ção é repl11ade bcndidospara os condenados, e raramente ficam presos os que têm média periculosidade''. Esses benefícios acabam provocando a impunidade dos marginais que cometem muitos crimes, como Antonio Calixto Mo-
Cen11/nlm11ginável 11'hápouco:refénsabraçados ti um dos dellnqüenteti foragidos de
Contagem (MGJ durante o seqüestro, numaresldéne/11 de Juiz de Fora.
ya. "A liberdade desse homem, condcnadoa J08anosecom tan1os proccssose in quéri1os, é uma afronta à sociedade". declaraomencionadojuiz-corrcgedorAparccidoBorges. Diversas são as benesses em favor do delinquente presentes em nossa legislação proccssualpenal.Porcxemplo,umapcssoa condcnadaaseisanosporroubo,senão tiver antecedentes, pode requerer o regime de prisão semi-aberta em institutos penais agrícolas, onde nlio h:i muros e os guardas andam desarmados Com bom comportamento a pessoa fica presa apenas um ano e depois tem odirei1odecumprir o restan te da pena em casa. "lssogeraimpunidade,ea responsabilidadenãoédosj ui7.esqucconcedcmobeneficio, mas dos legisladores irresponsãveis quecomessas lcisestliomascarandoagravecriscdosistemacarcerãrio doPais",dcsabafa o Juiz: Aparecido Borges (cfr. "O Estado de S. Paulo". 27/8/89).
O crime compensa ... Especialistas cest udiososdacriminalidade apontam a existência de falhas na Lei de Execução Penal como um dos motivos docrescimentoabsurdodosíndiccs decri minalidade. O Prof. Edmundo Campos Coelho, do lnstitutoUniversitáriodePesquisasdo Rio de Janeiro, publicou o resultado de vasta pesquisasobrecriminalidadenasáreasme-
trop()l it anas de Slo Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Segundo o sociólogo, constacou-sc "uma evidência, com profusão de númerosedadosestatisticos: se ocrimt nio i punido, tlt tendt a se altslnir pr lasimptucboa razii odcqucpassaa se r a mpl amenlt co mpen sador " ("J o rn al da Thrde",4/4/89). Em outraspa lavras.ocrimecompensa
Constituição de 88 agrava o problema Este quadro é agravado pelo disp()sto no anigo .5º, indso LXI da Constituição dc l988,noqualseestabc,lecc-que"ninguém serã preso senão em ílagrante delito ou Por ordem escrita e fundamentada de au1oridadc judiciãria competeme". lno impede à polida manter sob sua custódia, para uma averiguação suma ríssima, pessoas comindicio~clarosdehaverpraticadocrime EKemp lodcssccmbaraçoocorrc noca , so cm que a polícia, em deligénda de rotina, tra1.para a delegacia urna pessoa suspeita para averiguação. Recomposia a vida criminal prcgrcssa do averiguado, co nclui,se que ele é responsávtl por crimes cometidos no bairro. Para decepção da autoridade policial - e mais ainda da população-, devc cle 5er dispensado e in1imado a comparecer na delegacia na ocasião em quealics1iverpelomenosumadesuasvi1i. mas, a Firn de ser reconhecido formalmen te e então indiciado. É óbvio que a reforidapessoaj:1maisirácumpriraintim~,:ão ... Ou1ro di~positivo constiiucional (art 5°, inciso LXI I) determina que "a prisão dcquatqucrpcssoaeolocalondcseencontre serão comunicados iml-dia1amcntc ao Jui1,compctcntceafamiliadopresooua pessoa por ele indicada". Se é justo que o juizcompetcntetomeconhecimemodapr isão, o aviso aos íamiliares da vítima ou a pessoas de sua hnecscolha produzlament;hel dificuldade para a policia que 1erã de deslocar viarnras e policiais. na condição de "meninos de recado" percorrendo largasdis15ncias,pcnetrandocmmorrose favelasmuirnsvezesconhecidoscomosantuário~ do crime, onde a policia é recebi· da a tiro~ . A~\im, a jà escassa máquina policial, parca de recursos humanos e mate· ri:1is,tcràdecarrcgarsobresies1adispcndiosa movimentação a serviço do preso.
E.stãíoradosli mitcsdcsteartigotratar da questão quanto aos aspectos morais e religiosos, fatores que evidentemente s.lo bãsicos e decisivos para reduzi, a pdi1ica do crime. Sem Deus, é a lei das5elvas. "'Senhores - jà advertia Donoso Cor1es, 1ra1ando dcste tema, hà mais de urn sécu lo - não hà mais que duas repressões possiveis:umai nt criorcoutracx1[:erior, a religião e a po líti ca. E são de tal natureza que, quandootermômet roreligiosoestã alto, o termômetro da repressão politi• caeslàbaixo;e,quandootermômetroreligiosoestã baixo, o termômetro Político, a repressão poli1ica, a tirania est:i alta. Esrn é uma lei da humanidade, uma lei da História" ("Discurso sobre a Ditadura", in Obras Completas, Madri, BAC, tomo Jr, )0Sss). No ponto de vista em que nos colocamos, is1oé, noilmbitrodos sis temaspenal e de execução pena l vigentes no Brasil, ~ indlspensllvel que se afirme que niio pode hu rr rcpttssio possível M" m duas condições: r11 pideircer1ru n11 aplicaçiiodasançio ~n11 I. Merece ser registrada a respeito do assunto a opin ião do criminalista norte-americano Barnes; "E absolutamente cer10 que paraumcriminoso1emmaisforçadissuasiva do crime uma pena leve, porém absolu· tamente cena, que uma muito severa. mas corn probabilidade rerno1a de :.t'T" aplica da" (l·larry E. Barnes & Neglcy K. Tceters, '"Ncw Hori zon in Criminology", New York, 1944,pp .429-430) No mesmo sen1ido, o advogado crirninali srn l. ui~ Flávio Borges D'Urso cornc111a: "Não podemos 1olcrar esta crescente onda
de seqüest ros .... de crimes de toda ordem, gcrando,quandogcram, processose~cessivamente lentos e, após cveniual condenação, reduções de penas que desaguam na impunidade ... . De que adianta se bradar por penas mais severas, se essas [as brandas] não chegam a ser aplicados? Reitero que cre io na pena mais leve efetiva mente cumprida" ("O Es tado de S. Paulo", ll/7/90).
Rumo à ditadura De ludo quanto ficou c~posto, lira-se comoconscqiiênciaoía1odequcaimpunidadedocrimeest:iae~igir medidasurgcn1es e corajosas por parle das autoridades competent es. "Vilipendiara policia é preparara dila· dura,. - disse um autor francês. Beneficiar o criminoso é preparar a ditadura,comentariamos nós. A advertênciaeml feita. Seos setores responsáveis da sociedade, ecles iásticosecivis,bemcomoas autoridades, omitirem-se nesta matéria de magna importância, corremos o ri:r.co de ver instalada em nosso Pais - cm cujo povo prepo ndera uma tendência à bondade e à cor· dura e onde 1udooostuma se resolver K!ll violência - uma íêrrca ditadura, uma ncoditadura, umadi1aduradosmarginaissobre os homens honestos. Em uma palavra, a ditadura docrim,:no pais da bondade. ATÍLIO GUILHERME FAOAO FRANCISCO DE ALMEIDA
NOTA: Nas cita,;Õ<'s cons1a ntes nes te ar1igo, os destaques são nossos.
Solução: rapidez e certeza da sanção penal É p()Ssível comba1er a atual onda de criminalidade?
A libertaçlo dopubllclfllrlo Roberto Medina (n• tolo, JII em l/bftrd1CH, pn1t1ndo d&e/1r1çóe1J foi obtld1 de.-ldo à ord1m dMJ• por um famigerado crlmlnosoem«1/1nt1 "ese1broN o,Mraçlo de que partlclpa,.m Mhogadol, 11u!orlrllKM1, !n(OffllltlttH e sequazes ditflfSM".
CATOLIC ISMO -
Outubro 1990 -
7
concisamente vcus, mó,·cis arisrocráfkm, ao estilo Carlos Xda França.
• Vendo de
ossos humanos
''O negócio mais promissor no Cambodgc nllo ê ouro nem diamantes, mH sim o comércio
Umjo vt'm sorridcmc abriu
de restos morrais de combatcn.
caminho entre as mcsu de um barulhento rcs1auran1c
tes americanru, dcsaparccidru durante a Guerra do View/1", comento u, cst 11pcfo10. um di,
de Phn om Pcnh , aproximou-
scdo únicocstrangciro ali prtscn1c e foi logo dilcndo cm um nce/cnu ing/ls: "Preci-
so (alar urgcnrementC' com vocé". O jovem conduziu o "ocidcmal" a um local seguro e coutou-lhe seu segredo: "Tenho os ossos, a idcnrific:1ç/Jo
e /IS armas de um piloto 11mcric1mo. Você pode kvar um osso ao oomitê e informar-se so-
bre o dinheiro?", ~rgumou tleaocstrangáro. Eis umacc-najácorriqutira no país.
Odinhciroaqucscrdcria
ê II rccompc1ua que um comi1ê com scdc 11a Tailândiao(crcCC'II achad o.,; dC'SSt'tipo.
No Victn.1. uma oss11d11 cm bom estado alcança no mer-
cado ncsro até o equivalente a noi·cmildólart'S!
p/oma rn europeu.
• Tradição é moda Após décadas d<' mau,gosrendfocia ásJmplificaç/Joc pauperismo 1111s arrcs docora1ivas, o estilo clássi("() readquire populllfidadc. Paris e Hom,1 - conhecidas capi111is d11 mod,1 - es1/lo derrubando prcconcciwse este· rcótipos a11! aqui vigcmcs cm rc/açiloaobclo11r1is1ico: ésig11ifica1ivo o número de l'uropeus que passaram a adornar suas residências <'0111 1ccidos d(' seda e bnx:,1dos, imperando o dourado 110 "di'cor··. Tal n,1o se verifica apenas em pa /1,cetcs amigos. Mesmo cm casasconstruid,uscgundo padrões diws modcrnos, a dccoraçilo l'l'III induindo, muitas /0,
Houve até qucm 1roc,1 sw os bnmbus e vimes dc su11 casa por forraçITT dc damasco. Saturado da banalidadc c vulsaridadc,ohomemcomcm· porAltco •·o/rn.sc para a 1radiçilo, rom o brilho eC$plcndor queac/asilopróprios.
• Esquerda brasileira: nada aprendeu, nada esqueceu C/1q11anto,110Brasil,ossau dosisrns do marxismo,/eninismoc os aprm·citadorcs do cs1a1ismo proc:uram opor fada sorte de emravc,,; protclatórios ao program:1 dc priw11iwç,1o das es1111ms. o P,1rfamemo da Po/ó11i:11!(·:11),1 d.- aprornr J)Or J28 ,·otoscomra2:1dt·sest,11izaçilo da t-conomi,1 do país. E decla rou o(icíal a opç!lo pela 1.-c<momia de mercado. A l'olõni.a duramc45 anos pôde "u(K'rimemar" a rcccira quc lhe foi impos1a pelos "masos" <lc fl.lrucou. Ao fim dt· q11a., e meio século, o rt·tr:110 cru o mesmo q ue cm todo o 1mmdo comu nista: "'clon·-vi1/.1" 1mrn os membros cl:1 ··uomcnkl:11ura··,;s1oé,aburO<"raeia rsfatal, fil,1s o ano imciro
N, Europ,, • , tu, 1/dltde do e,11/o c lllulco d,rrub, p,-.conceltos 1111 a rte d&eoratlva. É crescente o número de europeu, que decoram , ..,., ra,ldlnc/111 com dam,sco, e móveis ,r111oeril!/cos
8 - CATOLIC ISMO - Outubro 1990
1:>araqualqucrprodu1odccon sumoe~ramoradia.Eaobrig-aç!lo de víw:r 110 "paraíso' ", sem poder scqucr emigrar. Na Rússia, sobrc1udo, os falos falam por si. O J)róprio ""Komsomolskaya Pravda'', órg!lo oficial da jtH'Cllludc comunis1a, c11carre,a·scdc dcsfazer qualqucr dúvida: ames da Rcvoluç!lo comunis,a dc 1917. o país 01:upava o 7." /usar cm mméria dc cous11r110 f"'r cop,~ IV 110 numdo! l lo)t•. ad1,i.sc 11077."lug:tr.1 Porqueacsqm·rd:1brasilt•ira - "católica" <.111 ,i.10 - silcncia t:$/CS fatos?Qu:rnclo sa irá de Sl.'U mutismo acabrunha dor?
• Bandido, esse privilegiado! "O Gon·ruo n,1o rafa sído pragmárico na su:1 l111a co11tra o crimc. Aind,1 agor,1. mandou a polida dc,,;arm:1r (a/,endâros quc lutam 1111 ddt·s.1 de suas terras. irn•adídalpclospadres comuuistas, m:1s pcmme que mi/b,1rt·s ,kaim1uo.ro.~ rnnlinuem arrnado~ ,1uI g,wdt•s <"idades. rnur.tndomais1111m,1scm,111a do qu<' nas fromóras ('IIISl.'JS/11CSCS.
A de1tú11cia é do tv:o11omis1a ligon Nort t·mscu l11ro "'Por que faltamosal,memos". Como !i-t' n!lo b.1srnttcm a impunidade<' a onda dt· s,:questros. também fal1111:s1111\·011as ,·adóas. A uos urrás, 1m1.1 revi.,/a d<' SJo P:w/o e,mm11,ou <'St,11i,1it-a ,1ssoml)rosa relati•·a ao Esrndo: a/Jt>n:1s /J mil 1agas nos presídios para 60 mil mandados de prisllo mio cumpridos! Ainda cm 5.10 Paulo, 0111ro rontrastemarcame:enquamo, h;l poucos meses, o so•emo di5pcndiaCrJ5?1.J~p.1ra fornecer quatro rdcirõcs di:'iri,1s ,1 um preso d11 rndcfa piíb/i'c.1 de Sorocaba. p,1sa•a som<'nlf' Cri 262.85 por uma di.iria ho~pitalar de um pnâenre em hospirnl rnnrrarndo pelo Scniço Unificado e Descentralizado dc Sacide /SUDSJ. A informa· filo é do presidt·mc lit-cnôado do Sindicato dos l-lospilais do Esrndo de S,to P1111l0, C/1afir Far,1h.
... em tempo f6ull - Enquanto o stalinismo vai ruindo no Leste europeu e o p~ prio Gorbochev admile a falindo do r~imt, um fóssil sobre11ivt ,u,. que/e continf"nle: a Alblinia, p6tria do herói Skander~rg. vtncedor dos murulmanos na sér:ulo XV, i hoje o pols mais pobre da Europo. Na capitol, Tirana - fato surpreenden/e em cidades modernas -, ainda i comum ouvir o wrrar dos jumemos e o cacarejo das galinhas...
Destaque Incongruências-!
lndlg6ncla-l - Numa entrevista recente. o reitor du USP manife~-
Durante o governo comunista, cr:rca de 200 alemães-orientais foramabatidosatirosoumorreram com a explosão de minas, quando tentaram cruzar o Muro de Berlim ou alinha divisória das duas Alcmanhas. Ao longo do Muro, foram assassinadas cr:rca de 80 pessoas. A Rússia esteve portrâsdctudo. Agora, portm. os 380 mil mili1ares soviéticos aindaestacionadosnaAlemaBhaOrientalreccberão do Governo Kõlll 1,25 bilhão de marcos (7 50 milhõcsde dólares),que,nospróxi mosseismescs, pagarãoossaláriosdosoficiais, o soldo dos rccrutaseoutras despcsas.Moscoualcgaquenão pode repatriá -los de imediato, pois faltam alojamentos na URSS. Gorbachev só admite fazê-lo, caso a Alemanha Ocidental custeie a operação, pela qual exige nada menos do que 12 bilhõcsde dólares! A Alemanha Ocide ntal aceitou ent regar à URSS 7,J bilhões de dólares como compensação parcialpclosgastoscomarctirada.Esta,contudo.conclur-sc·á apenasem 1994! Que diriam as vitimas do "Muro da Vergonha" se lh es fosse dado ant ever 1al desfecho do trágico assunto? Que pensariam dessas infames barganhas?
tou-se pouco "entusiasmado" com a e.xigéncia de nota eliminotória três f}Qra os exumes ves1ibulures. Alegou ntJo saber se "redaçllo é lllo importante que justifique nota mfni~a··. Também considerou "extensa'' a re/Qfllo de seis /i~ros. como letlura obrigatória para o aluno que pretenda cursor a Universidade!
Incongruências-li
"Maracanãs" - O secretário de Administraçdo Federal, Jo4o Sonu111a, upontou o atual ConstituipJo como culpada pela "anorquia no funcionalismo público", ao aprovar a estabilidade dos funcionários com cinco anos no servi((). Sdo '"/ris Maracan4s repletos... •· - acllSf'f'nfou. Apenas um quinto dos 800 mil ttrvidores entraram por concurso. Os demais ...
Saúde - Mais de 90% dos fluminenses est4o descontentes com os serviços de Saúde do Estado, revela pesquisa de opinilfo. No Rio, como em lodo o Pa{s, o atendimen10 médico já parece ter ul/rof)OSS(ldo o ensino público em deft<:ilncia. E querem es1a,;z6-lo ainda mais! Ãs moscas - A Rússia ndo conquistou nenhuma medalho de ouro, nem mesmo p/aqr1e1a (prémio de bom "'design") durame a 81s • Feira hiduslrial de Leiptig. A Alemonhu Ocidemul arrebolou mais de 30 dMdindo-se ainda outras /8 entre f)QiseS ocidentais. Os or/igm soviéticos eram /tio precários, que }ICOram amontoados num só local, sem nenhuma ordem - relógios mislurodm com brinquedm de borracha, aquecedores com obojures. Nos corredores, funcionários comunis/os uguardavamminleressados ... em vlfo!
~~~~\tni,~~1! ;:C:,;;~~~~ª:::S~f!~~~~e;:!;r;~f~a~°J~!t~:;;;;:: 1
mu 13 foram aprovados. Umo no~a seleçlJo está em andamenlo, mas "serei um homem feliz se houver 15 candidotos habilitados", comentou o desembargador Pedro Américo.
Ecotenorlsmo - Um cusal e seu bebi quase morreram durante ataque com bambu contra uma loja que vende casacos de pele, no sul da Inglaterra. Os terroristas pertencem ao movimento pró-direitos dos animais. Frase alribufda a um dos fucfnoras: ''Pena que nlfo ma/amos ninguém". Abbie Haffman (já falecido), um dosfundodores do movimento "hippy" e militante erológico, chegou a qfirmar: "/para sal~a, os unimais e o meio-ambientf'/, sertJo necessários atos dt' ecoterrorismo". Semcomemários ... "fasf-tood" - O velho Portugo/ ainda é ave"o à qualidade duvidosa de cerras modernidades. A"im, em Cascais, a lanchonete do McDonofd's cerrou suas portos com menos de dois meses de funcionamento. Motivo: os tranqüilos habitantes locais nlfo crttm que uma comida prefXlrada com tanta pressa possa ser realmente saborosa. Esquerda de salOo - Dois sociólogos. Bolívar l amounier e Amaury de Souia - ambos do Instituto de Estudos Económicos, So· e/ais t Poffticos de S4o Paulo (ldesp) - , levaram a cabo pesquiso sobre o pensomento da elile brasileira. Resultado frisante: JOf'i dos consultados declaram-se de esquerda e cent.,o-e:squerdo; Bf'i, de centro-direita, e apenas 1"' se qfirmom direitistas. Onde t.Slli a forra da esquerda em nosso Pafs?
Reiteradas ve1.cs. Gorbachev veio a público rcconhccerqueoregimesoviéticoconduziuopalsà ruína. Ainda hà pouco, sem meias palavras, afi rmou: a pri ncipal causa da crise cconõmka "é o sistema monopolista da propriedade es1atal , que vigora por toda a parte". Segundo ele, a URSS deve privatii:ar a propriedade com o lito de superar ''tantoapsicotogiadoigualitarismocomooparasitismoque titcralmeme paralisam a nossasocicdade". Até aqui, nada mais claro - se não houvesse. logo a segui r. o acréscimo: a URSS deve man ter os principias de um socialismo moderno, que seràalcançadocombíl,scnointeressceconõmico das pessoas e no acesso dos cidadãos ao lucro. Como atingi r esse resultado - bastante enigmàtico - sem abandonar o socialismo, Gorbachev uim iu-sc de explicar. Mais parece. aliàs, a "quadratura do circulo" ... Noutraocasião,odirigentesovi!1ico foi mais enfático: "A classe opcrària n!lo apoiará quem falaremtornarcapitalistaasocicdadesovittica". Conclui-se dai que, na "no~a" URSS, hà liberdade para tudo ... excr:to para alterar o regime, pois "a classe operâria" não o admici ria, pontifica o "dcmocrâtico" Gorbachcv.
CATOLICISMO -
Outubro 1990 -
9
Desprestígio crescente da mídia no Brasil O acentuado declínio da influência exercida pelos
meios de comunicação social em nosso Pais - os quais favorecem com freqüência
a esquerda e a imoraUdade - é comprovado pelo decréscimo de leitores e por pesq uisa sobre a credibilidade da mídia realizada pelo Instituto Gallup, no ano passado. PALAVRA mldia , o rigína-
dadaexprcssãoinglcsa "mass media",~ hoje univcnalmcnlC utilizada para designar os meios de comunicação social: imprensa, rãdio e televisão. Numa obra que marcou profundamente a história reli-
giosa do Brasil, "As Ccbs ... Das quais mui10 se fala, Pouco se conhcu - A TFP as descreve como $10", o P rof. Plínio Corrêa de Oliveira fai indsivos co mcntãrios sobrc a m/dia. Afirmaoinsigncpe11sadorcatólioo:"O poder dos órgãos de comunicação social sobreaopiniãopiablica-proclamadaco• mo soberana pelos Estados modernos - é tal, que lhes co nfere uma larga partidpa· ção na fiução dos rumos do País. Por isso, tomados cm seu conjunto, 1êm dC5 si· do cognominados, talvez não sem algum exagero, o IV Poder" (1). Uma das caractcrlsticas dos meios de comunicação social cm nosso Pais é uma grande unanimidade, que compona poucas exce,;:ões. Hà cnuc eles um pronundado consenso quan10 a idéias e opiniões. "Df; modo geral, os impulsos dados à Nação pe los seus componentes sopram no mCS· mo sentido. Se entre eles hã varian!C5de maiiz, estas habitualmente não redundam em polêmica tio rija e proíunda que prcju• dique a oonvcrgfncia de todos numa mes· ma direção. Essa observação poucas ucc· çõestcriaarcgistrar."(2)
JO - CATOLICISMO - Ouwbro 1990
Esquerdismo e imoralidade
Poder ameaçado
Tal unanimidade tende a favorei.:er a esqucrda,sejaaesquerdaradical,seja,con. forme ocaso, occmro--csquerda. Urna das vitimas dessa politica seguida pela m(dia é a TFP. A entidade quase não tem acesso aosmeiosdcoomunicação - apesardcseu grande pres1ígio junto ao público - e quando atacada, suas rC5postas costumam ser publicadas só a pero de ouro. Além dessa quase unanimidade pró-esquerda ou centro-esq uerda, não podemos deixardcregistrarofavorecimcntodaimoralidadc. Os meios de oomunicação social nãorarodcdicamgrandesC5paçosàpornografia. EssacorrupçãodcoostumC5promovida por setores ponderáveis da midia é em boa parle rcsponsãvel pelos abalos que aínstituiçãodafamítiavemsofrcndo,bcm oomo pela degenerescência moral de nossa juventude.
Agrandeinnuênciadosmeiosdecomunicaçãosocialsobreao piniãopública es tá entretanto ameaçada. A pop ul ação cada vezmaisvaisedesintcressandodelcs. Um levantamento efetuado em junho Ullimo, pela Escola de Comunicação e Ar te da Universidade de São Paulo, revela que,noanopassado,os296jornaisdoPais tinham uma tiragem diãria total de 4,S milhões de exemplares. Em 1952, com ()O· pulação bem menor, segundo pesquisa de José Marques de Melo, diretor da mesma Faculdade, os diários publicavam 5,7mi• lhõcs de exemplares. "Enquanto a população cresce, os cxemplarC5 editados dim inuem", constata Marques de Melo. A diminuição do número de leitores não é o úni co sin toma do desp rcs1lgio da mldia. No ano passado, o lnstiiuto Oallup de Opinião Pllblica realizou pesquisa sobre o graudc crcdibitidadedasinstituiçõcsde nossa Pãtria, como havia feito cm 1984. Relativamente à imprensa, a pesquisa demonstraquc52,7 ' 11 da população, no ano de 1984, afirmava que "pode-se confiar muito pouco" ou "não se pode confiar nunca" nos jornais e revistas. Em 1989, essa porcentagem aumentou para 60,3'1t. Quanto à televisão, os dados são ainda mais significativos, pois as po rccnrngcns refercntcsaosanosdc 1984c l989são, rcspec1ivamente, 61,9'11 c 73,IO?t. Esses dados mostramqueparcclasmajoritàriasda população estão insatisíeitas com a mídia. O que, como decorrência, lev anta uma pesada hipoteca sobre a alardeada popularidade do esquerdismo e da imoralidade promovidos por largos scto• resdela. Não parece que a mfdia, de modo geral, tenha levado em oonta essa espécie de plebiscito representado pelas pesquisas. Pois ela con tinua a manifestar um pernicioso unanimismo e a favorecer com frcqúência aesquerdaeaimoralidade.
Informação caótica A!gu ~m poderia dizer que a mfdia, di vulgando grande quanlidade de informações, contribui positivamente para a orientação da opinião pública. Mesmo isto não é verdade. A própria maneira de informar muitas vezes é prejudicial. Não basta informar. ti: necessário levar cm co nsideração a hierarquia de valo rC5, dando realce ao que é mais important e. Assim, assuntosderelevorelativosà lgre• ja e à poli1ica internacional e nacional, devem, em principio, ter primaria sobre as qucstii11w::ulasmcramcntelocais.Eiudodeve ser tratado de modo sério, a fim de que aopiniil.opúblicascjabcmoricntada. Ora,muitasvczesoquesevêéprei.:ÍSa• mente o contrário. Fatos de somenos im• portãncia e hilariantes são objeto de grande dcs.iaquc. Os jornais de São Paulo, por exemplo, publicaram farta matéria e até cm primeira pãgina - noticias, oomentá· rios,fotografias-sobrcumjacaréqueteriaaparecidonaspoluldasãguasdoTietê ... Enquanto a campanha da TFP pela libcrlação da Lituãnia, por exemplo, que se fez por todo o Brasil, oom grande apoio popular e repercussão in1emacional, não merecia senão esquálidas e cm geral mal-humoradas refcrências, sem qualQucr dcstaquc.
PAULO FRANCISCO MARTOS
Nmas ( 1) Edi1ora Vera Cruz, São Paulo, 1982, l'cd.,p.SI. (2)Op.cit.,pp.S2-H.
Cri se do Golfo Pérsico prevista há décadas
'' Uma coisa é ter vista, outra é visão'' O perigo representado pelo poder io m uçulmano
voltado contra o Ocidente - como se con figura hoje a tentativa de Saddam Hussein de coligar o m undo maometano para uma guerra santa - foi previsto há m eio século pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. QUASE totalidade das revisias c jornais se jacta de publie.ac.asúltim.asnoticiasdoprcscnte;umououtrotrazalgumas do passado; quase nenhurntemacoragernde"nouc1ar" senamenteo futuro. Mas, como é posslvel isso? "Noticiar" o futuro é a metáfora que aqui empregamos para indicar o acer!odc uma previsão. De fato, quando um prognóstico se realiza - sobretudosefeitocom muitaantecedência -écornosesehouvesse "noticiado" o futuro. A capacidade de prognosticar habitualmeme com acerto, mediante os bons métodos da lógica, do bom senso, do conhedmcnto das leis da História,emesmocomauxiliodagraça, é poucoeomum
Sob o olhar de Maria: prognosticar Nesse sentido, os acontecimentos que se de se nv olvem no Oriente Médio nos dào uma ocasião única e atualíssi ma para apreciarnovamenie um dosaspectos mais admiráveis da riquíssima personalidade de quem éo inspirador, alma, e de longe o principal colaborador de "Catolicismo", o prof. Plinio
Conêa de Oliveira; sua capacidade de prognosticar. Assim escrevia ele cm "Catolicismo" (janeiro de 1959): " .. entreguemo-nosainda uma vrz, sobo olhardc Maria, a esta tarefadcmedir, pesareprognosticar. Prognos1icar, sim. Pois se habitualmente Deus a ninguém revela o futuro, a memcalgu ma deu o dom de fazer por si mesma prognósticos infaliveis, quis entretanto quc o intelectodohomemtivesscolumesuficien1e para estabelecer conjernras prováveis, que podem servir de elemento precioso pa ra a direção das atividades humanas" (o destaque é nosso).
Prevendo a crise do Oriente Méd io, há 46 anos Jáantesdcescrevcrem' 'Ca to!icismo'', na ' 'Folha de S. Paulo" e cm outros jornais, ele o fazia no "Legionârio", então órgãooficiosodaArquidiocescdeSàoPaulo. Dessapubl icaçãotranscrevemos,atitulodeamostra,osprognóst icosqucsegucm sobre a evolução dos acomccirncntos no rnundomaomctano,daqualapresentecrisenoGolíoPérsicoéumfatocaracteristico. Arecentcconfirmaçãodestcsprognósticos,porsuaclarcrneatualidadc,dispcnsam co mentários.
Prol. Pllnlo Corr,a de 01/velra
* 11144: osm uçu lmanoscomopctróleo podem "armar-seatéos denies" "Omundomuçulmanopossuirecurs.os narnrais indispensáveis ao suprimemo da Europa. Ele terá em mãos os meios neccssá riosparapcrturbarouparalisaraqualqucr momento o ritmo de toda a economia européia. E, com isto, ele ler, também os meios para se a rmar alé os denlu" ("Legionário", 8-10-1944) * Uma"quimer:a"quesetornarealidade "Reunir-se-á dentro de algum tempo, no Cairo, a famosa conferência destinada a co ngregar cm um todo político os povos de id ioma árabe e cultura muçul mana, Por enquanto o perigo deste empreendimento parece urna mera quimera.. Entretan· to dia virá em que se notará ogra~issimo erro cm que incidem as potências ocidentais, co nsentindo na formação desse moloch bem às portas da Cristandade" ("Legionário", 16- l-1944). *1947:ganhaalualidadeagoraa "qurstiiodeamanhli"
Queima da bandeira americana por manlfastantespró Saddam Hussein na Jordlnla: formaçlo de umacollgaçlo muçulmana sntl-ocldentalprevlsla delonga data
"No próprio momento em que a URSS, comsuasnaçõessatélitesouescravas,ameaçaoOcidente,oaparecimentodemaisestcinimigo[osmaomctanos]sópodeserindifcrcnteaospolíticosimediatistasedevistascurtas.Portudoisto,aquestãomaometana,qu e,senlioéaindainteiramenteuma questão de hoje, já é indiscutlvdmente umagrave questiiodeamanhii,nosinteres-
CATOLICISMO -
Outubro 1990 -
11
sa e nos preocupa'' (''Legionãrio'', 19-10-1947). Os fatos q ue confirmam os prognósticos do Prof. Ptinio CorrEa de Oliveira encontram seu dinalfl ismo no velho sonho muçulmano de um neo-arabismo unificado, do qual Nassc:r foi um de seus maiores poria-vozes. 1:. o conhecido escri tor Scrvan-Schreiberquemrelala: "Um sonho grandioso o habita (Nasser], e ele o descreveu: 'unir quatrocentos milhõesdemuçulmanos,cisaquiumpape!
r--------------------
tg:~~~ ~u~:"=~~~:e~ ~~i~al~~~:~J~ 0
e
1
designapararepresentarestel)apel. .. co pc1rólc'oserliacspad11dom11ndo'" (JeanJacqucs Scrvan-Schreiber, "Le dtfi mundial", ed. Fayard, 1980, p. 168). R«entemente notidou um diãrio paulistano ter Saddan Husssein,odítadordo lraque, afirmado que ocorrerã uma grande batalha e que "cabe agora a todos os ára bes e muçu lmanos do mundo a tarefa de salvarahumanidade'' .Eacrescentou: '"'Os iraquianos escolheram a lula e estarão na linha de frente. Pedimos a 1odos os árabes que íaçam o que puderem para lutar contra o inimigo', disse Saddam Hussein" (cfr. "O Estado de S. Pauto··, 6-9-90).
* 1946: nasceni o pe rigo nco-á rabe demtlralhado rae mpu nho ''Nio larduá mui10, que apareçam cambém as questões internadonais, o atrito entre o neo-arabismo, de metralhadora cm punhocontraoOcidentedividido,anarquisado, exte nuado ... •• (''Legionário'' 21-7-1946)(osdestaquessão nossos).
Consideremos cm função desses prognósticos - enunciados ainda quando os potentados do Ocidente e do resto do mundo podiam fazer tudo para evilar os perigos aqui apon1ados - a tris1issima si tuação alual: a negligência, a cegueira e mesmo a indiferença a que estão entr~gues o mundo ocidcntale, nele,inclusiveoscatóli cos. De hã muito a Igreja e a outrora feliz Cristandade vêm sendo corroldas por um misterioso processo de autodcmolição. Assim sendo, é, de um lado, impossível não pensar com indignação nos cegos que não quiseram ver os fatos quando lhes foram previslos, e não os querem ver quando se realizam; e, de outro lado, n:lo agradecer dofundodaalniaaoinsignepen sadorcatólico, pelasua prcvid,n<:la, coragem, probidadeefidelidade. "Umacoisaétervista,outraévisão", afirmou o dlcbre escritor português Antero de Figueiredo. É bem chegada a hora de pedir a Nossa Senhora de Fátima que df à humanidade a imensa graça de não mais se deixar guiar por lideres cegos ou de vistas curtas; que Ela nos consiga de Seu Divino Filho a abertura de alma e a generosidade necessárias para seguirmos pelas vias da verdade que forem traçadas diante de nós, por maiores que sejam as rentincias exigidas por essa atitude.
Olado pouco conhecido da ecologia
Um lermo da moda - ecologia -, empregado nos mais diversos sentidos, tem uma origem, desconhecida de muitos, panteísta e igualitária, que propugna o nivelamento entre homens, bichos, vegetais e minerais. COLOG IA é, sem dtivida, uma expressão nacrisrnda onda.Fala-sedelaatodo o momento. Dedicam-se a esse tema a1é seções fixas de jornais e revistas da atualidade. Como surgiu tal palavra? Elafoicriadapclowólogo alemão e ca1edrâtico de lena Ernst Hacdd( l834-1919J,quesistematizouas doutrinas de Darwin,ofundadordoevolucionismo (1809-1882). Hoeckd tornouscconhccido por seu dogmati~mo infundado, pelas fraudes comprovadas de suas teorias, por seu ódio contra a existê ncia de Deus, Criador de todas as coisas. Ele pretendeu, com base na ecologia, fundir a religião e a ciência num panteísmo monista. Um dos scus seguidores evolucionis· tas, o francês Vacher de tapouge, ct"lc· brou nessasducubraçõesdesvairadas "a religião nova, a moral nova e a política nova" a serem propostasaomundo(l). Qual o significado hodierno do 1ern1occologia? A resposla a ena indagação é um tanto complexa, pois ela tornou-se umapalavratalismãnica,usadanosmais diversos sentidos. Se ecologia apenas significasse, como mui1oss.ãolevadosacrcr,adcfesaequílibradaeharmõnicadosgêneroseespé<:ies de seres criados por Deus, como o gênero humano e os reinos animal, vegetal e rnincral,nelanadahaveriaacrí1icar.Aliás, a defesa racional da ordem da Criação não é apanágio nem novidade in1roduzida pela ecologia. Tàldefesaéamcsdecudo fruto e conscqiiência dos cnsinamcntosedamilcnarobracivilizadorada lgreja.Aindahoje,milhôesdet1.1ristasviajam para admirar c~traordinàrias obras-primas de ordenação da nawreia, como os jardinsdeVersalhcsouoconjuntodovale do Reno . E são incontáveis os benefí cios trazidos a todos os graus hier:l.rquicos da Criação pela criteriosa seleção e cruzamentodeespéciesanimaiscvegecais, pela classificação dos metais, pelo aproveitamento das pedras - preciosas ou não- e dos maisvariadostiposdeterra, que tiveram seu pomo de partida nas abadias beneditinas, nos primórdios da
Ernst Ha«kel, zoólogo•lemlo(úculo XIXJ: erl•dor da palllvr• eco!ogi•, conhecido~ llf90lllst, de frsudes eienllflc••. defensor obstinado dfl ""'- v;slo .,,,,. do Universo
Idade Ml!d ia, muitos séculos an1es de se ouvir falar cm ecologia. Nãoobstan1cisto, muicas pessoas habituaram-se a usar a e~pressãoccologia sem conhccercmscusemido essencial, concebendo-a de um modo superficial, "inocente" eatéaceilãvcl. Para scevitarconfusões,queccrtamcnte acabam por favorecer os "arditi" dos ecologistas "r:1dicais", é indispensável conhecer bem seu sentido mai s proíundo. Poiséapartirdcsscsen1idoquc:;edcsprcendcm, por círculos concêntricos, as vcr.\Ões mais diluldase "simpáticas", até tocar na acepção acei1âvct, is10 é, a defesa da ordem criada.
Sentido essencial : panteísmo Na sua acepção medular, ecologia, movimentoecológico,ousimplcsrncntc'osvcrdcf,designama1cndéncia paraaeliminaçaodelodadcsigualdadee ntreoshomcns, osanimais,osvegetaiseosminerais.Accologia, nesse sentido, implica, portanto, na eliminação de todas as formas de cultura, arte,civilizaçãoecostumes;e,alii!.scoercntemente, da verdadeira Religião. A ccologiaconsideraquetudoissoécausadeopres.\ÕeS injustas, contrárias não só :1 natureza h.umana,masànature1.adascoisas.
JUANGONZALOLARRAINCAMPBELL ~ - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
12 - CATOLIC ISMO - Oumbro 1990
Alguma pessoa menos informadas arespeito de toda a tern;llica ecológica poderia talvei surpreender-se com ae:itistfnciadcs-
sc se ntido básico. Para oomprov.à-lo, passemos a palavra - a titulo exemplificativo - a um categoriudo representante dessa corrente ecológica, George Sessions. Este defensorda"ecologiaprofunda",istoé, dasrazõesúltimasdaecologia,afirma:''chcgamos á conclusto de que os indivíduos e as espécies somen1e podem ser isolados de modo artificial ..... todas as cs~cs .... tfmum'direitoigualaviveredcsabrochar'. Aquestão:seumacspécieé,emalgumscntido, 'superior' a qualquer outra; não tem sentido ... " (2) . Assim.até a nação dos direitos humanos. idolatrada pela Revolução Francesa, é rclat iviuda, pois a ecologia atribui igualmente direitos aos animais, às plantas,aambiemcs,eaoeco-siStemaplanetàrio global. Como resultado, o homem fica reduzido ao mesmo nível de um bicho ou de um vegetal. O igualitarismo entre o homem, o animal e a planta encontra sua apologia na "ecologiaprofunda",pelofatodeclanegar legitimidade à existência de "indivíduos" de qualquer tipo. Tudo o que existe formaria umasócoisaesscndalmenteunida. "A 'metafisica' da ecologia - reualta Scssions - é a do total inter-relacionamento. da 10tal fusão mútua, de 1al maneira que se recu sa a imagem individual, isolada, atomista, sobreaqualfoierigidaasociedadeocidental. .... Na perspectiva ecológica, todos os 'i ndivíduos· cs1ãooons1i1uldos por suas relações oom outros indivíduos no eco-sistema" ()). Para o bom senso elementar - confortado pela Fé e pela filosofia pcrenc - cada homem é um individuo autônomo em relação a outro homem. É um ser csscndalmente diverso dos objetos que o rodeiam. Não se confunde com a terra que pisa. o ar que respira. ou a roupa que usa. E sua relaçãocomosobjetoséacidentalecxtrínseca ao seu scr. Assim, qualquer homem, usandoumacamisabrancaouazul,oominua sendo ele mesmo, independente do realce que a cor da camisa possa dar à sua personalidade. O cont rário redu nda no mais grosseiro pantcismo - scgundo o qual todos os seres constituiriam um sóscr divino-oondenadopcladoutrinacatólica. A ecologia, nesta sua actpçlo básica, fazquestãodetra1.cropantcismoàtona, rctomandoasoosmovísõcsdasmaisdcgradadas religiões pagas. A doutrina ecológica, acrcscenta Sessions, "é também a percepção ou conseientização dos exercidos Zen (4) .... mina todos os sis1emas de intelecção baseados no individualismo ..... Es· te é o aspecto radical ou 'subversivo' da eomprcensaocdaoonsciênciaecológica"(S).
Ideal ecológico para o homem: libertação total
I':: a libertação, na mbima espontaneidade possívct.dastendênciashumanasdesrcgra· das pelo pecado original, sem limi1es nem constrangimcntos,istoé,scmassábiascor· re1,õa decorrentes da moral, da educação e da cultura. E sc o homem totalmente espontãneo asscmelhar-seaumentcsujo.amoral,scm família, e até tornar-se mais perigoso que outros animais? A ecologia. noscntidora· dical, não verti nisso nenhum mal. Pelo oontràrio, ela louvará a marcha da cvoluçtlo "verdadeiramente liberada", espontãnea,scmas''máculasodientas"daciviliuçãoc da Religião verdadeira. Como a ecologia pretende concretizar tais propósitos? Seu primeiro passo tem consistido cm abalar a oonsideração cm que é tida a sociedade industrial e de tipo urbano contemporânea. Recorre para isso àcríticaradicat,muitascmuitasvezcsexa• gcradacunila1cral,aprovei1ando-scdcdcfeitos reais da civilização industrial, e manipulandopropagandisticamentcdadoscicnllficosa seu bel prazer. Nossa revista publicou. cm sua edição de fevereiro último, o artigo "Ecologia e socialismo autogestionário: cara e coroa de uma mesma revolução", no inicio do quatscrcssaltavaofalsodilemarcprcsemado pela oposição entre sociedade urbana industriatizadaeo"ideal"ecológioo-tribalista. Assim, as conseqüências de uma industrialização irrenetida. acompanhada da formação de mcgalópoles, ocasionaram danos efetivos à saúde flsica e psíquica do homemeàscondiçõcsgcraisdevidasobrc
a Terra. Faccacssaspreocupan1esperspcctívas, levantou-se uma reação, que é razoável e compreens!vel sob vàrios aspectos. Mas que, especialmente por iníluxo do movimento ecológioo, assumiu umcaráterunilatcralescnsacionalis1a, propagando tanto a extinção de todaacivilizaçãoinduscrialeurbana, quantoaadoçãodcumaabsurdavida de tipo anarco-tribal para a sociedade humana. É óbvio que tais propostas dos defensores da "ecologia profunda" não resolveriam os reais problemas rcsultamcsdcssaindustrializaçãoinconsidc, rada e das mcgalópoles modernas. pclo contràrio os multiplicariam c os agravariam. SANTIAGO FERNANDES
NOTAS (1) Cfr. Gastonc Lambcrtini, "As abcr-
rantes conscquências das idéias mecan l· cistas", in "L'Osscrvatorc Romano", 3-7-86. (2) "Thc Sprouting of Americans Gre-
ens··, in "Communi1ics - Journal of Cooperation", Nº 75, summer 1988, p. 31. Este artigo relata o Primeiro Encontro Nacional dos "verdes" dos EUA, rulizadoemjulho<le 1988. (3)Art. citado,p. 31. (4) Excrcicios Zen são práticas próprias a uma vercentc do budismo, o Zen, muito difundido no Japào, e que alcançou considerável pene1raçãonoOciden1e. (S)Art.citado,p. 31.
', . ,. 1
A •1mo,um, fie• 1téob1cun,c/da~la /umaça lançada por 1'brlcadeprodutoa qulmlcos, nacldlKHI deLeuna (Ai.r,vnhaOríftnlal):
um,uc.uoquaocorre nac/v/1/zaçlo
O que é, então, o natural do homem, o ideal ecológico nesse scntido esscncial?
u.Wnaelnduslrla/ conl~nn
CATOLICISMO -
Outubro 1990 -
13
Santa Teresa do Menino Jesus
Força de alma e não moleza: característica da santidade O verdadeiro perfil espiritual de Santa Teresinha -
no qual sobressai a força de alma -
contrasta com uma fa lsa
compreensão da Santa, de cunho sentimental e adocicado
[Q]
VERDADElROidcaldcsantidadc propos10 pela Igreja implica no moí.o,. dos hcrols.· mos,poissupõenãosóarcso-
!ução firmcesérm de sacrif1 cara vida.cm qualqucroca sião, sc precisofor,paraconscrvara fidchdadea Jesus
Cristo, mas ainda a de viver na Terra uma c:itistênciaprolongada, se tal fora vomadc de Deus, renunciando a todo momento ao quc:sctc:m demais caro, para estar unido somcnlcàvomadcdivina. Em comraste com esse ideal podem-se observarcenas imagc:nsccstampasinfdizrncmcainda basla1Uc c m usoc:muitodifcrcntcsdosvc:rdadcirossan10s. Nessas rc:prc:scmações apar«em eriaturas molc:s, senti· mentais, sem personalidade nem íorça de caráter, incapaicsde idfias sfrias, sólidas, cocrentcs,almashipcrsensiveis,qucsc movem apenas por emoções; e, pois, totalmente inadcquadasparaosofrimentoca luta. enfim para abraçar a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Dc,ntrern;santosques!loobjetodc particular devoção dos católicos brasileiros, h:I umafiguraque,infefü.mcntc, foi assim especialmente deformada. Vemo-la freqüentemente cm suas imagens e estampas, mciga, sorridente, ostentando rosas en1re os braços,dcspreocupada,dandoaimprcssao de levar vida suave, de ter os ossos corno que constilu!dos de açúcar e de lh e correr nas veias mel cm vczdcsanguequentce generoso. Santa Teresa do Menino Jesus edaSagradaFace,cujafesrnaLiturgiaromanacelebra a 3 dcournbro.
e
Alma de cruzado No dizer do Papa São Pio X, Santa Tcresinha(1873-l897)fa maiorsama dostempos modernrn;. Como se sabe, difundiu ela na Igreja uma escola de santificação a que chamou "a pequena via", por SCT mais adequada àsnovasgeraçõe$. EmSantaTcrcsinha,apardcsuaincg:1veldoçuraemiscricórdia, rdulgemostraços de uma alma de fogo, com horizontes grandiososechciadcvalorguCTreiro,cntrc-
14- -
CATOLICISMO -
Outubro 1990
5e,..,,/dade, paz, harmonia interior, força a prolundldaH, gr.ndn sofrlnlflnto, resultam na Hpreulo fision&nlca de Santa Tere,lnha. Ent,.. ,ua fl!Cfl •ade Nono Senhor Morto, repratlfiltlldo Sento Sudário cl'1 Turim, hl um. Nnlfll~a hnponderánl, mas lmenumente real. Nada há de e,tranhá'lel em que a Sagrada FKe lenha l~.s.so algo de SI"° rosto e na alma d,q,.,ela que, em rellgllo, ., chamou prKl-nte Teresa do Menino Jesus e da Sagl'llda Fl!Ce.
"°
tantoesquc-cidos. Cum predesfaier as falsasimagcnsdasantaparaquescaconheça como realmente ela foi. E assim para sera ut cnticamenteveneradacimilada. Nessa perspectiva, vem a propósito reproduidr aqui um trechodeuma car1a sua dirigida á Irmã Maria do Sagrado Coração, em 8 de setembro de 1896: "Ser lua Esposa, ó Jesus, ser carmeli111, ser por minha união con tigo a m4e das almas, isto deveria bastar-me ... Não é assim .. . Sem dúvida, esses três privilégios bem são minhu vocaçDo. Carmefila. Esp(Jsa e MDe. Entreta nto, cu sinto em mim outra s vocaç1't>s, eu me sinto com a vocaç4o
~e,,SJ1/JtJ.1:eºbt~/tfh~~DjlJ{nt
enfim, eu sinto a necessidade, o desejo de realizar para li Jesus, todas as obras as mais heró icas ... Eu si nt o em minha alma a coragem de um CRUZADO, de um ZUAVO PONTIP{CJO, eu quereria morrer num campo de batalha na defesa da fgrcja ... "Ah! malgradominhapequenez,cuqucreria iluminar as almas como os PROFETAS, os DOUTORES, eu tenho a l'OCllÇd<.l de ~ , A PÓSTOLO ... eu quereria percorrer aterra.pregarteunomeeplantarsobreo solo infiel tua Cru z gloriosa. Mas, ó meu Bem-Amado, uma só missão não me bas1a· ria, cu quereria ao mesmo tempo anu nciar o Evangelho nas cinco partes do mundo e até nas ilhas as mais remorns. Eu quereria ser missionária não somente alguns anos,
mas cu quereria tê-losídode$dc a criação do mundoesl-lo atéaconsumaçãodosséculos ... Mas eu quereria acima de tudo, ó mcuBem -AmadoSalvador, euquereriaderramar meu sangue por ti att a llllima gota ... MARTÍRIO, eis o sonho de minha juventude, este sonho cresceu comigo sob os claustros do Carmelo ... " ("Manuseri1s autobiographiques'', pp. 226e228,osdestaques são doorisinal). Esse mesmo desejo abrasado de martirio,SanrnTeresinhaomanifesrouesplendidament e em seu ATO DE OFERECIMENTO como ví1ima expiatória ao a111or misericordiosos de Deus, realil.ado a 9de junho de 1895 (ver quadro). Aadmirávelcarmelirnde Lisieux dizia semir-se "como a sentinela que observa o inimigo da mais alta torre de um castelo" (Bajocen. ct Lexovien - Processo de Bealificação e Ca nonização de Santa ll:resinha - Summariurn , Roma, 1920 - depoimen 1oda lrmãlnes deJesus). Nas suas poesias. repetia com enlevo: 'º Morrerei num campo de batalha, de armas nas mãos!" ("Carnet Jaune",9.8. 1 epoesia'·MnArmes"). Em4deagostode 1897, doismcsesantes de sua mone, dirigia ela as seguintes
··o
Gostaria de consolar-Vos da ingratidão dos maus, suplico-Vos tirar-me a liberdadedeVosdesagradar,seporfraquezacair alguma vez, que logo Vosso Dil'ino Olhar purifique minha alma consumin• do todas as imperfeições, como o fogo transforma todas as coisas em si .. Agradeço-Vos, ó meu Deus! Iodas as graças que me concedestes em particular S.nl• 11,,...Jnh• - NU /eito de mort.; o Nerlflclo N 11/tfrmi de llo/oc•utlo ao e de me ter feito passar pelo cadinho do Amm- misericordioso de Oeu, 11,111• se consumsdo sofrimento. É com júbilo que Vos eomemplarei no úl!imo dia, cmpunhando o cetro da cruz, pois que Vos dignastes fal.Cr-me OFERECIMENTO partilhar desta cruz tão preciosa, espero no céu asscmtihar• me a Vós e vtr brilhar em meu corpo glorificado os sagrados Ao Amor misericordioSOli de Deus, estigmas de Vossa Paixllo ... composlo por Santa Teresa do Menino Jesus Após o exilio da terra, espero ir gozar de Vós na Pátria, (Santa Thresinha trazia-o dia e noite sobre seu coração, mas não quero acumular méritos para o céu, desejo trabalhar no livro dos Santos Evangelhos) só por Amor, com o único fim de Vos agradar, de consolar Vos. so Sagrado Coração e salvar ai masque Vos amem e,crnamcnte ..... J .M.J.T. A fim de viver num IJ/o de perfeito Amor, OFEREÇO· Oferecimento de mim mesma, como vitima de holocausto ME COMO VÍTIMA DE HOLOCAUSTO A VOSSO AMO~ ao Amor misericordioso de Deus MJSERJCORDJOSO, suplicando-Vos me consumais sem cessar, deixando transbordar em minha alma as ondas de ltrrtu• Oh! meu Deus, Trindade Bemavemurada, desejo amar- ra infin11a que em Vós estão encerradas, e que assim eu me Vos e Vos fazer amar, trabalhar para a glorificação da Santa 1orne, ó meu Deus, mámr de \/osso Amor! ... Igreja, salvando as almas quces1ão sobre a terra e libertanQue esse mar/frio, após ter.me preparado para oompart'CCT do as que sofrem no Purgatório. Desejo cumprir pcrfeitamen• perante Vós, me faça afinal morrer.e que minha alma se precipite Vossavontadeechegaraosraudeglóriaquemepreparas- te sem tardar no eterno abraço de n>J:so Amor misericordioso... tes, em Vossoreino,numapalavra,desejoserSanta,massinQuero, 6 meu Bem-Amado, a cada palpitar de meu cora• to minha impotência e Vos peço, ó meu Deus! sejais Vós mes- ç/1.o, renovar-Vos este oferecimento um número infinito de mo minha Sanlidude . ... . vezes, até que. dissipadas as sombras (Cant. IV, 6), possa reOfereço-Vos, 6 &!ma11tnlurada Trindade! o Amor e os m~- pctir•Vos o meu Amor no elerno Face a fâce! ... ritos da San \issima Virgem, minflo M6e querida, ~ a Ela que abandono mrnha oferta, suplicando-lhe que vô-la apresente ..... MariaFranciseaThresadoMeninoJesus Sinto em meu coração desejos imenSOli e é com confiane da Sagrada Face ça que Vos peço vir tomar posse de minha alma. Ah! não rcl.carm.ind. posso receber a sa nta Comunhão tão freqüentemente quanto de~ejo, mas, Sen hor, não sois Onipotente? . .. Ficai, pois, coFesta da Sa ntíssima Trindade mo no Tabernáculo, não Vos afasteis de Vossa hostiazinha . .. 9dejunho,doanodagraçadel895
ATO DE
CATOLICISMO -
Ouiubro 1990 -
1.5
palavrasasuairmãde sangue edehábito, Madre Inês de Jesus: "Adormeci alguns instantes durante a oração. Sonhei que faltavam soldados para uma guerra. Vós dissestes: É preciso enviar Soror Teresa do Menino Jesus. Respondi que preferiria bem que fosse para uma guerra santa. Afinal parti assim mesmo. OhMinhaMadre .... quefelicidadecuteria sentido, por exemplo, cm combater no tempo das cruzadas, ou, mais tarde, cm lu tar contra os hereges. Ah! eu não teria tido medo do fogo! "Será possível que cu morri! em uma cama!" (Novíssima Verba, Oficio Central de Lisieux, 1' edição, p. 115).
..Um homem todo deO.us"fol o elogio que o Paps Pio/X tez de Ssnto Antonio MsrlaC/sret, zeloso defensor dacausadslgre/a.
i r
Agonia e morte de uma santa Comocondus.ãodopresenteartigo,parece-nos significativo apresentar o relato da agonia e mortede SantaTcresinha, narradas por Madre Inês de Jesus: "11.s quatro e meia da tarde manifesta• ram-seos sintomas da última agonia. Logoqu e aagonizante viu entraracomunidade, agradeceu-lhe como mais gracioso dos sorrisos e estreitandoocrucifixoentreas mãos desfalecidas, recolheu-se dentro de si mesma para a !ma suprema. Cobria-lhe orostoumsuorcopioso,tremia ... "Quando o sino do mosteiro tangia as Ave-Marias vespertinas fixou na Virgem lmaculadaumolharinexprimivel. "i\ssetchorasepoucosminutos,apobrc agonizante perguntou á Madre Priora: 'MinhaMadre,nãoser:iaagonia?Nãoestounasúltimas?' "Pois não, minha filha, respondeu -lhe esta; é a agonia, mas Jesus a quer prolongar algumas horas. "Pois bem .. . vamos ... vamos . .. ó! não ~;_sera que se me abreviassem os sofrimcn"E olhando o crucifixo: 'Ó ... Amo o meu Deus, eu Vos amo'. "Foram essas suas últimas palavras. Mal acabava de as proferir quando, com grande maravilhamento nosso, tombou repentinamente, a cabeça inclinada para a direi1a,naquclamesmaatitudeemquealgumasvirgensrn:irtiresseofereciamespontaneamenteaogumedaespada . .. "Reergueu-se, de improviso; como se a chamasse uma voz misteriosa, abriu os olhos e fixou-os, brilhantes de paz celestial e de indizível júbilo, um pouco acima da imagem de Maria ... " LUIS CARLOS AZEVEDO BIBLIOGRAFIA Paraare<iaçãodoproS<e nteartigoforamconsultadasas s,,guintesobras: l. SainteThtr(s,,de l'Enfanl Jésus - Manu scrits Autobiosraphiques - Carmel de Lisieux (frantc),19S7. 2. Novis.sima Verba - Offitc Central de Lisieu~ (Calvados), 1926. J. SantaThresadoMeninoJosus-Conselhos e Lembranças - Oficio Central de Lisicu~, l9SS 4. Lemes de Sainte Thtrl:s,, de l'Enfant Jésus - OffitcCentra!doLisieux(Calvados-France), 1948.
5. VÍ$3J!e de Thtrbe de Lisieux - Office Central de Lisieux. france, 1961. 16 -
CATOLICISMO -
Outubro 1990
Santo Antonio Maria Claret
Baluarte da Igreja no combate contra os inimigos da Fé católica O exemplo de Santo Antonio Maria Claret deve avivar em nossas almas o zelo em defesa da ortodoxia católica, hoje em dia assediada especialmente pelo "progressismo" e neopaganismo
PÓS PERCORRER pitorescas aldeias no i~terior da. Es· panha, um amigo de velhos tempos narrou -meoscgumte: El e pernoitara numa da que!aspovoaçôesquesedestacaram nas gloriosas guerras anti -napoleônicasdeháquasc dois séculos. Ao amanhecer, ele ouviu, não longe de seu albergue, o sino da matrizconvidandoatodosparamissafcstiva. Meu amigo assomou :ijanela e ficou surpreso. Pareceu-lhe que até o sol tinha outraluze queaspróprias:irvores e plantashaviam trocado suas ílores, pois estas aparentavamumbrilhoespecial,quesediriaapropriadoparaosdias de festa. Os a!deãos, ostentando um vestu:irio domingueiro, caminhavam com solenidade em direção à igreja.
Era uma cena, dizia·rne ele, que nós, brasileiros residen1esem megalópolis, não podemos avaliar bem, pelo simples fato de vivermos circunscritos aos acanhados horizontes das grandes cidades. Nelas, as notasdefantasiaepitoresco - quandoas h:i - o mais das vezes se limitam apenas :i cena pobre de alguns pardais chilrando ruidosamentenostelhadosdasconstruçôes ou nas copas das poucas árvores de nossos poluidosjardinse praças. Masquefestividadeeraaquela?Tratava·sedacclebraçãodopatronodaaldeia, Santo Antonio Maria Claret (!807·1870), grande missionário popular, fundador da Congregação de Missionàrios Filhos do Imaculado Coração de Maria, Arcebispo de Cuba, confessor da Rainha Isabel li da Espanha e insigne defensor da ortodoxia católica no Concilio Vaticano 1. A festa li-
túrgica desse campeão da Fé 110 skulo passado celebra-se a 24 deste mês.
Sangue que ferve de zelo
por ordem do próprio Nosso Senhor. ele se retirou da corte,dirigindo-sea Roma. NaCidadeEterna,foiclccarinhosamente recebido por Pio IX. Como Isabel l i insistira muito junto ao Soberano Pon1lficc para que seu confessor retornasse à Espanha, o Papa aconselhou-o a que o fizesse, desde que a Rainhasecomprometcsscarceonhecerosdircitosda lgrcja. Nodia27dcdezembrode 186,. nodiscursodcaberturadas Conci;, afirmou Isabel l i que o rct:onhecimento do novo Reinoda Itá lia nliodiminuianelaosscntimentos de profundo e filial respeito cm relação ao Papa, nem o firme propósito de zelar pelos interesses da Si' Apostólica. Oian1edess.aatitude, os liberais, indignados, desencadearam maciça campanha
dir. A soberana resistiu·lhe. - "Deixai de banhos, insitiu o confessor, hà algo mais importa nte do que eles". Como a Rainha continuasse a apresen1ar desculpas, o Santo lhe disse com energia: "Se V. M. fosse uma boneca, cu a colocaria no bolso e correria a Madd para salvar a Espanha da revolução". Quando elaquisvoltar,jáera1ardedcmaisesólhe re5tava otxilio! 1: bem o momento de recordar aqui o testcmunlloinsuspeitododirigemeanarquistaedirctorde "EI Diluvio": "Se nliohouvesse o Pc. Claret, a Catalunha [sua terra deorigem]tcriacomprccndidoamcnsagem da revolução .... O Pe. Claret, homem prodigiosamente ath·o, recristianizou toda a Catalunha .... Mas não foi isso o pior. Sua residência cm Madri foi uma verdadeira catástrofe para o movimento revolucionário espanhol". Que glória o ser "uma caiàwofe"paraaRevolução!
Santo Antonio Claret nos apresenta umavidariquissimadeaspeccosediíicames. Focaliuiremos apenas alguns deles, geralmence pouco saliemados. No a110 de 1861, o próprio Nosso Senhor, conforme se lé na introdução geral desuaaulobiograíia, o incumbira de "fa· 1.er frente a todos os ma les de füpanha". Para lamo,crauma fclizcircu11stâllcia o fatodehàjàquatroanosdetersidonomcado confeuor da jovem Rainha Isabel 11, apesar da oposição dos liberais revolucionários. Em tal situação, o samo combateu muito o mu11danismo da corte. Entreta nto, nessa fase, sua atuação mais im, porta111cconsistiu 11a reforma do Episcopado espanhol, o qualdcveriade5empenharpapeldecisivon0Concili0Vatica• 110 1, convocado por Pio IX, a29dcju11hodel868. O samo participou imensamentedos trabalhos desse Con• cilio e, graças a ele, o bloco de Prelados de !ingua hispãni, cacratllounidoemtornoda ortodoxia e da definição do dogma da infalibilidade pontifícia, que o Cardeal Manning, Arcebispo de Westminster, exclamou: "Dos Bispos espanhóis, pode-se dizer que são a guarda imperial do Papa!" Durante a discu ssão da Constituição que tratava da matéria,aousadiadosliberais foi tão longe, que o santo escreveuaD.Xifré,fmuroSupe, rior Geral dos Cordemarianos: "Como sobre esta matéria nllo posso transigir em nada nem com ninguém, e estou pronto a derramar meu sangue, como dissecmplcnoConcitio,aoouvir os disparates e mesmo as blasfêmias e heresias que se pronunciavam, tu do isto des , pcrtou-mc uma indignação e umzelo!ãograndes,queosanguesemesubiuàcabeça, produ1.indo-me uma com0çãoccrcbral,.. Precisamente esse zelo é quelevouoPapaPio lXacon - /511bfl/ li, rainha de Espanha - Outldro de Wlnlerhaller. palk lo de siderá-lo "um ho mem todo de Rio Frio, Segó via. Por nlo ler u,guldo o, eonH lllo• de Sento Antonlo Merla Cleret, seu eonleHor, Isabel li lo/ de1 lronade por uma ,.. Deus"! 110/uçlo llbere/. em 1868 •
''Verdadeira catástrofe '', para a Revolução na Espanha Q uando,noanodc 186,.a Rainha lsabclll,pressionadapcloslibcrais,tevcafraquczaderct:onheccraunificaçãoi1aliana reali1.adaporVítorEmanuelll,qucespoliav_aaSl!Apostólicadeseuslegítimosterritónos, o sirnto sofreu tão profundo abalo que lhe causou sériosdistlirbios lisicos. E,
de calúnias e insuhos contra os soberanos espanhóiseoconfessorda Rainha. Em setembro de 1868, um golpe revolucionário destronou Isabel li e proclamou a Repúbl ica. Convém salientar que, pouco ames, estando a Rainha numa estação de àguas, Santo Antonio Maria aconse lhou-a a voltar imedia tamente a Mad ri, porq ue, dizia, urna revolução estava prestes a ct: lo-
Santo Antonio Maria Claret, favorecido po,- dons sobrenaturaisassinalados,sabialer nointeriordasa[mas,discernin· do com toda clareu como se achavam diante de Deus: conhecia o futuro e como que de1inhaemsuasmãosopoder divino, para abençoar e amaldiçoar. Nos últimos nove anos dcsuavida,reccbcriaagraça deter continuamente incorrupta cm seu interior a Sagrada Eucaris,ia,wrnando-seum11acrário vivo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Eis, assim, alguns traços da vida e do exemplo de um varão que, animado por uma vocação universal, scn1iu-se chamadoacombatcraimpiedadc cm todo o mundo através deseuslivros,sermõesefolhclos,accssiveisàsdiversascamadas da população. Pronunciou 25 mil ser mões, escreveu 114 obrasdasq uais,sód uran1csua vida, foram distribuldos mais de l i milhões de exemplares.
mo Ec~n,;~~:ã~~~fª'-~~i:~ de Santo Antonio Clarct se levanta para ind icar caminhos. Eparlicularmen teaoscatólieos autênticos de hoje em dia, que se defro ntam com o chamado "progressismo". Este vem minando os meios católicos de modo análogo à corrosão que o liberalismo provocava dentro e fora da Igreja, na ~ a daquele insigne miuionário cspanhol, valoroso de fensor da purcu. dout rinária, própria â Esposa de CriSIO.
CATOLI C ISMO -
Outubro 1990 -
17
O novo Patriarca de Moscou, a perestroika e a liberdade religiosa Após a ascensão de Gorbachev, apesar de muita retórica aparentemente liberalizante e mudanças de funcionários, as estruturas de controle da Igreja "Ortodoxa" russa - cujo novo Patriarca, Aleixo, vem sendo apontado como partidário da perestroika -
continuam inalteradas, permanecendo a submissão efetiva do clero
cismático russo à KGB, a temível polícia política soviética. ELEIÇÃO do sucessor do Patri.arcaPimcn,dcMoscou, apenas um mh depois de seu falcc1mentocrn maioilltimo, surpreendeu os observadores. Com deito, a reunião do chamado Santo Sínodo (órgão colegiado que governa a
lgrcjarussacelegcoPatriarca),paraprcenchcrasedcvacantc,cstavaprogramadapara meados do ano que vem. Esperava-se uma longa e acirrada disputa, na qual as ambiçõn pcssoais de carreira eclesiâstica deviam confundir·se com os interesses poli· ticos das facções que parecem lutar pclo poder na URSS. No fundo, mais do que umcargoeclcsiâsticorcndosoedeprcstigio, o que estava em jogo era uma posiçllo politica que podc ser dctcrminame para o fu1uroda própria pcrest roika. Surpreendentemente, jâ no começo de junho os bispos que compõem o S. Sino-
18 - CATOLICISMO - Outubro 1990
doclegiamosucessordcPimcn, napcssoa do metropolüa Aleixo Riddigcr, um estoniano de 64 anos. Talcleiçllopareccconstituirumavitória pollticll da linha de Gorbachev, uma vez que o novo Patriarca - assim como seu antecessor - é apontado como partidário dapcrcstroikaehomem capaidccondulir as reformas no interior da própria Igreja "Ortodoxa" russa. Acontinuidadedoalinhamenlodo PatriarcadodeMoscouàpoliticagorbacheviananãoparc«,entretanto,decisivapara melhorara situação da religião na Rússia.
Por detrás, a KGB Na realidade, o Patriarca de Moscou e de Todas as Rússias, cm que pese o al1issonan1e do titulo eo apoio oficial de que goza, n!l.o exerce uma autoridade efeti~a sobre a igreja da qual é chefe nominal.
Em primeiro lu gar, porque os "ortodoxos" n!l.o reconhecem uma suprcmncia do Patriarca sobre os demais bispos, que se possa comparar de algum modo â aucoridade do Papa na Igreja Católica. Depois, o Patriarcado não passa de uma repanição cclcsiâstica a serviço do regime e inleiramcntedependcnteda burocracia soviética É o que revela o teólogo "or1odoxo" russo Viktor Popkov. em artigo publicado no Ocidente: "O destino da Igreja ortodoxa russa depende, em illtima anãlisc, do
Ouatro bispos "ortodoxa." rostos. segundo oa,crltorPopkov, asseglnerodepreltldo• pres,lona ospadresparaquee/es n/lo,edan/amda cartlll'lacomunlsta.
pequeno grupo de bispos que compõem o Santo Sinodo no Patriarcado de Moscou e do Conselho para os Assuntos Religiosos, ao qual os bispos obedecem. Por triis deles existeumaoutraorganiuçãoquesemantém voluntariamente na sombra: o Comitf para a Segurança do Estado, ou seja, a KGB" ( 1). O controle da vida re ligiosa depende, por conseguinte, da temlvel policia polltica soviética. E ela exerce, segundo Popkov,uma"mcticulosavigilãncia"sobretoda a Igreja rus.sa. "Por isso a KGB precisa ler muilos informantes no clero e scmpre procurou rccrutar seminaristase padres''.
A KGB escolhe os futuros padres A ingerência da policia política na vida religiosa russa não fica só no rccrutamento de semi naristase padres paía agentesdiretosseus: a KGB controla o próprio acesso ao sacerdócio "ortodoxo". "A aprovação para a ordenação de um sacerdoteédadapeloencarregado regional do Conselho para os Assuntos Reli• giosos" - revela Popko>'. "Antes de dar a pern1issão, ele exami na a candidatura com a sede local da KGB e com a divisão psiquiàtrica do hospital da cidade ou da região,quecomadesculpadeemitirumccrtificado de boa saúde psíquica fornece um 'retrato psicológico' do futuro sacerdote. Em geral, o encarregado do Conselho simplesmente assina a decisão da KGB". Por esse meio, a KGB pode selecionar oscandidatosaosacerdócio,excluindoos que apresentam tendências hostis ao comunismo, ou pelo menos falta de disposição de co)aborar, ainda que passivamente, com o regime. E o "re1rato psicológico" do candidato pode revelar os pontos de resistência, bem como as fraquezas do futuro padre, oquesempreíacilitaaspressõcssobrecle, quando chegar a ocasião. Ajuda ainda a oonhecerosambiciosos,dispost05afazer carrei ra a qualquer preço. Note-se a aberração: quem escolhe os futurossaccrdotesnãosãoosbispos, e sim os burocratas de um regimematerialisrne ateu!
seguir os seus programas de catequese e pregação, serâ aposentado. A maior parte dos padresccdeantesdechegar aooonni to final". Nesses connitos, os padres não podem contar com o apoio de seus bispos: "Em quase todos os casos - é ainda Popkov quem informa - o Conselho para os Assuntos Religiosos trabalha de pleno acordo com o bispo local. O bispo não defen· deo'seu'sacerdoteechegaatéapcdiro aíastamento(dele), nominimoparaevitar problemas". Desse modo, ademais da policia politica e da burocracia estatal, os próprios bis· pos "ortodoxos" pressionam os padres para que elcs não sc dcsviem da cartitha comunista!
Cerimónias aparatosas Enquantoospadresvivememsituaçllo de arrocho e tensão (a menos que sejam ativos colaboradores do regime comunista), "os bispos gozam de privilégios e pagam
imposlos como um simples cidadão soviéti· co,porcausade seus méritoscspeciaisdiante do Estado". (Um desses "méritos", jà se viu. é impedir que os padres saiam da "linha do Partido" ... ). Nem por isso os bispos gozam de grande poder efetivo: "O poder real dos bispos é muito pequeno" - coment a Popkov. "Ascomunidadesreligiosasdopalsdevem rccorreraosencarregadosdoCon.sclho[paraosAssuntos Religiosos] para resolverem todos os seus problemas". Oque,peloque ficouvisto,equivalearccorreràsinistra policia politica, a KGB. Sendo assim, os bispos quase não passam de meros figuramcsdeccrim6nias r;. túrgicas aparatosas, Ião ao gosto do povo ruuo. (Al&n, naturalmente, de colaboradores do regime). E ainda aqui prestam serviço ao comunismo, pois,paragrandeparte da popul3ção russa toda a vida religiosa ficarcduzidaàmerapr:ltica litúrgica. Pouco importam a injustiça ead urezadoregi me, d(We que se mantenham abertas ao cultoumasquantasigrejasenelassereali-
Do Interior dHle edlfic/o ffde da aln/alra KGB-, nacllplfalao'fllt/ce,
partemHdlrelrlzHque orientam o Conutho para oa
AasunloaRellgloaoa e o e ~ 5.wlto $/nodo, 6rglo1
qiw,
ne llpMfnela,
d/.,,.algl"e/a
"Ortodo,ia·· ruau.
" Mecanismo bem azeitado" Uma vez ordenados, nem por isso os padres cismà1icos russos levam vida fâcil. O regime cuida de assegurar sua fidelida de por meio de "mecanismos de pressão bem azeitados". "Os impostos pagos por um pad re escreve Popkov - correspondem à mcta de do seu salârio, e às vezes mais. Ai en tr a em funcionamento um mecanismo de pressão bem azeitado. Se o padre se 'comporta bem' do ponto de vista do Conselho para os Assumos Religiosos, e portanto da KGB, a sua paróquia pagarà os impostos para ele. Se dâ algum 'passo em falso', a paróquia deixa de pagar. Se o sacerdote é zeloso demais, pode ser transferido para uma outra paróquia, longe dos grandes ccn~~~Í·r~'!'. t~~~~~t: i~:s~ j::j;r:S=
CATOLICISMO -
Outubro 1990 -
19
zem bonitas cerimô11ias ... Cerimônias, aliás, muitodivulgada.snoExterior,eroteiroobri8ªtório para os turistas ocidentais. Teoricamente, os bi~pos são escolhidos peloS. Sinododo Patriarcado de Moscou. Conhecendo, porém, a subordinação desse organismo ao Conselho (Soviete, em russo) paraos Assuntos Religiosos, eocontrole deste pela KGB, é fácil entrever o papel desta última na referida escolha.
Nada mudou com Gorbachev A eleição do metropolita Aleiim ao Patriarcado de Moscou parece, como ficou dito,asseguraroapoiodahierarquiacismàticarussaAsreformasgorbachevianas. Mas isso não é garantia suficiente de que irà melhorarasituaçãodalgreja"Ortodoxa'', em particular, e da religião, de modo mais geral. Nada mudou, por enquanto, após a asrensão de Gorbachev (2), apesar de muitos discursosesubstituiçãodefuncionàrios. "Osorganismosdevigilãnciasãoosmesmos, e por isso os métodos não mudaram" - comenta Popkov. "A linha política geral do Estado em relação à Igreja e aos fiéis é elaborada pela secção ideológica do Comitê Central do PCUS [Partido Comunista da União Soviética]. O Ministério das Relações Exteriores conta com 'especiafütas' cuja função é 'instruir' os eclesiàsticos que saem do pais. lbdas essas estruturas permanecem inalteradas ..... Para que possa existir uma verdadeira liberdadc de cons-
ciência,serianecessâriofecharessesorganismos,masdissonemsefala". As revelações de Viktor Popkov não sãodetodoinéditasnoOcideme. Têm,entretanto, o mérito de serem recentes e de concordarem com outras fontes(J). Elenãoseocupasenãodalgreja''Ortodoxa''russa,àqua!pertence.Maséevidentequeamatériaintcressatambémaoscatólicos, pois mostra a situação de subserviéncia a que o comunismo reduz a religião, quando tolera sua existência. Ademais, de certa forma, a liberdade da Igreja Católicaestâcondicionadaàdaigrejada maioria da população russa. Enquanto esta permancreratrcladaaocarrodoregimecomunista,nãoháesperançasdequcalgrcjaCatólicatenhareconhecidososseusdireitos. Aiestáumaspec!odaperestroikasobre o qual pouco (ou quase nada) se fala, e que a morte de Pimcn e a eleição de seu sucessor trazem à luz do dia.
Anunciar em CATOLICISMO é anunciar para todo o BRASIL
de cscreverar1rs2s~17õ7do Consulte nossa rnbcla
&-6-88, p. ~8
Por enmplo. Ulissc Alcssio Floridi SJ. "Hu manismo:;ovittico - Mitoourcalidade?". LivrariaAgirEdicora,RiodeJaneiro, 1968,capltulo lll. pp. 189·313.
(3)
DECORAÇÕES L TOA.
Carpetes Cortinas Tapetes Especializado em colocação de carpetes pelo sistema Robert's
Rua Martim Francisco, 188 Telefones: 826·6554-826-6332 825,0508 - 66·7736 CEP01226 - SantaCecília - SãoPaulo
Talento Estilo Planejamento
Espaço Conforto
Solidez
•
construtora
Segurança . Soluções ori~ina1s Harmon1a Elegância
Sensibilidade Sofisticação
Classe Acabamento perso~alizado Local privilegmdo Sucesso
p;ara
20 -
CATOLICISMO -
Outubro 1990
para
lllàll
GUSTAVO ANTONIO SOLIMEO
NOTAS (!)ViktorPopkov,"Hierarquiamade inKGB", artigo publicado cm fins do ano passado na revista de emigrados russos_dc Paris Russkaya Mysl.doqualrcvista''30D,as"(marçode l9\l0, pp.66-69)1ranscreveualguns1rccho1. (2)CFr. "A liberdade de fé ccul!o religioso no paísnãofoirestabclccida - oumclhor.nãofo, criada" (Sewerin Bialer, in "Veja'._ São Paulo,
preços
Escrevem os leitores • Existe o comunismo? Foi condenado? Venhol)('dircscla re.:imen1os
accrcadcalgunspontosrcfercntcs ao "cornunbmo" dccadcn -
tc no Lcstccuropeu. Mcuscolcgas univcr sil:irios di ze m que o comunismo idcaliiado por Marx nllo existe: no verdadei ro comu nismo o E.s1ado inexis-
te e os rnciosdc producao realmente pcr1cnccm à populaçào (coletivismo).Orn,istoniloacontecia no Les1c europeu. Lá o Es1ado ainda se folia presente, até mesmo de modo ditatorial, comrolandot0rnhm.•n1corncra-
nisrno t-conômico, não ha,·cn do propriedade co letiva dos bens. Eles argurncman1, si m, qucoquclàexis1iaéoqucchama111o~dcCapitali1rnodc Esta do. No pensarnc1110 de r-.1arx o
Estadoaindacxistc,,im ,noso cialismo(1ransiçilocmrccapitalismocco rn unismo),rnasjác n fraquccido. Podcmosdi1erq ue o comunismo condenado pelos pontífices é o Capitalismo dl' fatado10qucvoc&. ~CATO LJ CJStl.·10, rC!>pondem? Nàoscrã positho íugirem destas colocações, que nllo 111e 1>arecem tão clcmcn1ares. Sou assinante de CATO I ICISMO e gostaria que publicassem esta cart;t e a re~ pçsta nesia ~cvis1a , para que o u1ros possam ler Wd mi lson de Uma l,u11c~. Juazeiro do Nor1e-CEJ. Rcspo,1 a da Redação: Não há por que íug1r! Vamos às que51ões. Oquescu.'icolcgas lhe di zem - colegas, aliàs, ao que parece.bcmcmrosadosnomarxismo, e bem matreiros - é cm cena medida "erdade, ma.s é apenas uma mcia-\'crdade. E, co mo toda meia -verdade, facilment e !')ode indulir cm erro quem a ouv e, se este nllo for prccavido. Nessesen tid o,!')re1.ado Edm ilron. voei: fez mui10 bem dcsc precaver, enviandonoses1epcdidodeesclarccimcn!O, que atendemos com todo gos10.
A doutrina (ou, sese prcfcrir.ofrcrn:si,a u1 o pia )de Marx compon a de raio. no seu cermo final deaplicaçllo,asociedade!icmclaS$t~,igu:1litãria,anàrquica (no scn!ido etimológico ''an-arquiça", sem governo), intcin11ncnt ccolc1ivista, sempropriedade privada e ~<·111 familia. t a .,ociedadc ,rn1ogcs1ionária, qucconstituiownhodosrocialitas utópicos. A respeito dela. aconselhamos vivamente que leia a magnifica monografia do P rof. Plínio Corrêa de Oli•·eira robrcosocial1 smo francn, imitu lad a '"O socia li smo au10gcstionãri o cm \ISla do comunismo: barreira ou cabeça-depontc1", quetneampla repcrcus~:'l.o mundial, foi publicada cm nunH.·ro~ospaises,cqucCATOI IC ISMO leve a honra de csia mpar cm ~11a edição de janeiro/fevcreiro- 1982 A\sim sc11do, seu~ colegas têmrazlloquandodit.cmqueo fim do co1nurtismo - fim péssimo, aliãs, - é esse. Mas eles nl101êmra1.àoquandoafirmam ou insinuam que o Ca pitalismo de Es1ado que ~1gora ainda na China, em Cuba, no Sudes1c asi/mco. no próprio Lestceuropcucrc., nada1emaver co111 0111anismo. EsscCapi1alismodc btadoéprc1is1oedcsejudo por Mar x como eta pa pa· r~secliegaraotcrrnodocomu F~plic:uno-nos. Marx dizia que a passagem da sociedade capitahs1a para a comun1s1a const11uiaumdcgraumuitoaccntuado, o qual nllo podia ser 1ranspos10 de uma só 1cz. A burgucsia,di1.iacle. ~tàafcrra da a seus pnv1légios. o povoestá habituado a w r dorn mado. O con1unto da população 1cm há.bitos arraigados dos quais n:'l.o vai qucrcrdcsfozcr-sc. Assim . é prcci.~o unrn etapa i111errnediária.durant caqual 0 Estado,a serviço do PC,qucbrcpe la força essas es truturas de podcr, dcstruaos hábilosinveteradosde1crpropriedadcpril'ada e familia, e aplaine o terreno 113raa era113seguintcqucéa
sociedade au1oges1io nária, sem Estadoe im eir amcnt ecoletivista. Na medida cm que o Esrndo ín-;se realizando esse projc· 10,elciria sec nfraqu cccndoa1é desapa rece r. Di1.er, pois,queoCapi!alismo de Estado nada 1em a ver com o mani smo é um blu ff. Ele certamente nào é o fim al mejado pclo 111arxismo . mas ele é pane in1cgran1c da do utrina polí1ica marxisrn. como meio ncccssárioparasechc-garaofim. Capi1alismodeEs1adocsociedadc se m ( stado formam, na visão marxisla, um conjumo cm que o primeiro é o meio a emprcgar e o segu ndo o firn a atin· g1r. l":prcciso levartmcoma ain daqucentrcco111u11is1noc~ocialis111onlio cxis1e nenhurnadi stinção doutrinária csscncial c consis1cnt c. Podem ser u1iliza dos coll\osinõnim oscfreqúen1emcnte o são. O socialismo pode ainda designar um a rcall1.aç1logradual, por •·ia de reformas, do programa comun1s1a. e ncs1e sentido é uma preparação, uma cransiçàoparaelc.
Masni\odei,adc,crsintomático q11c, a1ê aqui, o~ comunbw, e socialis1as de modo gcral evi1avam folar na distinção cn1rc Capiwli~rno de Estado e fosc final do comu nismo. Tal distinção qua~c só crn 1ra1ada nos alam biqu~ 1melcctuaisda esquerda.compoucacomunicaçlio !¾Ira a.\ bases. O comun ismo ru sso e wa~ filiais cubana e outras eram aprese nt ados como p,m1i~os nesta Terra. Agora que o fracas~o do eomunis mo ficou p;uentc aos olhos do mundo;ql1carnisériagenerali1.ada por cle produ1ida ge rou umd;11 nordcdcsco111c111amcnto que a Cortina de l·crro não foi capat de con1cr: que ~e tornou notório quc a subsisiência daqueleregirncatêaquiMlfoi posshcl devido aos altíssimos donati~os recebidos do mundo capitalista;cntão~SC5Srs.pas· s.a.maprtoeupar•sccomdis1inçõesdou1rimlrias,àsquaispouco ou nenhum valor davam na prática. Epassamainda,a par 1ir de agora, a querer li rnpar se da pcc had cseremadmiradoresdocomunismorusw,como quem se limpa de unta lepra Bem que seria necessário um Tribunal para apurar responsa· bi!idadcs. Se cm Nurembcrg se ins1alou.nofimdagucrra, um julgamcn1oparaoscrimcsnazis1as (que foram enormes), por
que nllo ruer uma Nurembcrg tambtm agora para apurar responsabilidades do "CapitalismodcEstado'',qucsccstendcu por muit o mai s tempo, escravizando rrnmcrosos países? Vejase a res peito o cx1raordinário ManifcMo " Comunismo e anti comunismo na orla d:1 úhirna décadades1cmilênio" ,d0Prof. Plínio Corrh de Oliveira, que CATOLICISMO publicou cm suaediçllode março último. Poré m nllo é tal julgamen10 que propugnam esses adeptos de um corn unismo "ncw look".Elcsquercmfa1.er rsq ueccr os 70 ano<; de opressão e miséria comunista~. que o Cardeal Rat li ngertàobc mqualificou como sendo "a vergonha de 11osso tcmpo", para reintro· du 1.ir,po1" o utra svias talvl'l,o rl1CSl110\'Cl1 Cno nrnrxisrn. Norcde passagem, preza do Edmilson, que essa fase final do comuni«no (o verdadeiro marxismo • .segu ndo seus colegas ) ê 1/10 u1ópica e tão çonu:i.riaànarnrcza humana.qucpassadosjã!')ratieamentcumséculo cmciodotança ment o do Mani fcstodeMarx,cssesscusçolcgas confessa m que, na pr:i.!ica, '"o comu ni smo idealizado por Marx não cxis1e". 1: propriament e um fracasso! Rcs1a 1ra1ar de um ponto. O que os l'o ntlíices romanos conde nam é o Capila lismo de Estado ou é o comunismo de Mar xcmsuaex pressãomaisrcqu in1ada edoul rin ária? O que os Po ntífices condenam no comu nismo é o seu conjunco, quer o Capitali smo de Estado,qucrasociedadecolct i vista,aml rqui cacigualitària. Ma s, como não poderia deixar deser,aênfascdacondenaçllo dos Papa \ recai sobrcofim dcs.ejado por Marx, por se r ele contrárioàRcligi/locatólicac à natureza humana . Por sua ,·cz.acondenaçãodoCapitalisrno de Estado decorre não só do fa1odesercle um meio para a rcali,.aç!lo desse p6simo fim, mas rn mbém por conter jàcm .scubojonumtrososingre· dicnt cs daquiloquede.scjarcalizar. Seria impossivel rcprodu1.ir aqui todas essas condenações, tãonumeros.a.sclass!lo.Scgucm apenas alguns exemplos. l )l'ro11rictbdtprl,·adaecolelivismu. O pon1 0 centra! da doutrinamar xista éoco letiv ismo igualit ário, por1anto a aboliç:'l.o da propriedade privada. 'Ê opróprioMarxqucmodizcm scu farnow Manifc~tode 1848: "Os com unislas podem resumir sua 1corianesta fórmu la única:
CATOLIC ISMO - Outubro 1990 - 21
aboliçAo da propriedade privada" (Marx-Engels, Maniíesto do PC. Ed. Vi16ria, Rio, 1963, p .38).
Sobre ino, o que dii a dou trina católica? LrioX lll :"Atroriasocialista da propriedade coletiva deve absolutamente repudiar-se como prej udicial àqueles mesmosaquese quer socorrer,con trária aos direitos natura is dos individuos, como desnaturando as funções do E.nado e perturbandoatranqiiilidade pública. Fique, pois, bem a~nte que o primeiro fundamento a estabelecer para todos aqueles quequerem sinceramcnt eobc m do povo é a inviolabilidade da propriedade privada" (Enc. "Rerum Novarurn", Vozes, Petrópo lis, p. 12). Leio XIII: "A propriedade privada é ded ireitonatural para o homem: o exercício deste direi to é coisa nlo só permitida, 50brctudo a quem vive cm sociedade, masaindaabsoluta mcntcnecessário"(idcm,p.16). J oio XX III : "O direito de propriedade privada , mesmo cm relação a bens empregados na produ ção, vale para 1odos ostempos.Poisdcpendcdaprópria natureza das coisas" (Enc. "Mater ctMagistra",in"Catolicisrno" , nº l29,p. 4). l)Aboliçlod0Est11do.Seus colegas ditem que o marxismo quer a abolição do Estado. É verdade. Oquedizadout rina católica? l,eio Xlll:condcna"ossocialistas e out ras seitasscdiciosasquetrabal hamhfl tantotempo para arrasar o Es1ado até osseusalicerccs"(Enc. " Libertas Pracs1antlssimum". Vozes, Petrópolis, p. 16). J)l1tu11ldadedeclustsede indivlduos.Outropontofundamen1aldoma rxismo éo igualitarismot0ta!, a sociedade se m classes. Vejamosadoutrinaca"tólica: Sio PioX(resumindoeassumindo a doutrina social de Ldo XIII ): "A sociedade humana, cal qual Deusa estabe leceu, é fo.-mada de elementos desiguais, como desiguais são os membros do corpo humano; tornà-lostodosiguaisé impossivcl: rcsuharia disso a própria destruição da sociedade humana .... Distorcsultaquc,segundo a ordem estabelecida por Deus, deve have r na sociedade prlncipescvassalos,pa trõcsc pro lct:irios, ricos e pobres, s:ibios e ignorantes, nobres e plebeus" (Motu Proprio "Fín dei la Prima", Actes de S.S. Pie
22 -
CATOLIC ISMO -
X, Bonne Prcssc, Paris, pp. 109/ 110).
Bento XV: ''Osq uc ocupam si tuações inferiores quanto à posiçãosociale:ifortunadevem conven cer-se bem dcqu e adiversidadcdedasses nasocieda devem da própria natureza.e dequese dcvep rocurá -!a,cm última análise. na vontade de Deus, porque ela criou os grandes e os pequenos para o maior bemdosindividuoscdasocieda de" (A ctes de Bcnoit XV, BonncPrcsse, Paris,tomoll,p. 129). Joio XX III : "Quem Ou!kl. pois,negaradivcrsidadedcclasses sociais con1radi z a ordem mcsmadanalurcza"(Enc. "Ad Pctri Cathedram", Acta Apos10licac Scdi s, Vol. Ll. nº 10, p. 505). 4) Soci11. li sm11 ca tó lico . Ao
afirmarem o absurdo de que os Papas teriam cond enado só o Capitalismo de Estado e não omarxismogcnuino.seuscolcgasparCC<"minsinu arquctpossível a umcatólicoaceitarosocialismo marxista. Vejamos. Ld o XIII : ·'Ainda que os .'i0Cia lis1as,abusandodopróprio Evangelho,afimdccnganarcm mais facilmen1cosespiritos incautos. tcnhamadotadoocosrn me de o 1orcercm em proveito de suaopinillo, en1rc1a ntoadi vergê nda entre suas doutrinas depravadas e a puríssima doutrina de Cristo é tamanha, que maior nào podia ser" (Enc. ·•Quod Apmtolid Muneris", Vozes, Petrópolis, p. 8). Pio XI: •·o socialismo, quer se considere como doutrina. quercomo'ação',seêverdadci ro socialismo, mesmo depois desc aproximar da verdade e da jus1iça nos pontos sobrcditos, não pode conciliar-se com adou1rinaca1ólica, poisconcebeasocicdadcdcmodocornple tamente avesso à verdade cristã .... Socialismo religioso. socialismocatólicosàotermosoontraditórios: ninguém pode ser ao mesmo tempo bom católico e verdadeiro socialista"' (Enc. "Quadragesimo Anno". Vozes, Petrópolis, pp. 4)/ 4).
a Dllllrk) CATO LI C ISMO poderia transformar-se num informativodi:irio(Jo5'8enjaminl-'i lh o, Rio Branco-AC).
• Santa Maria Gorettl Escrevo para parabenizar os Srs. por fa zerem tão excelen te revista que nos ensina muito. Peço para con1arem a história
Outubro 1990
deSant a MariaGorctti(Maria J ac:in llMo nlCi ro Din iz,Ma rianópolis-TO).
• Boa Estou interess ado cm receber 10cxemplarcsdavossaboa revis1a CATOLIC ISMO, de fevereiro (N. A. V~iga Cardoso, Lisboa - Portuga l).
• Ótima Qucrorcnovarminhaassinaturadaóti ma econccit uada revista CATO LI C ISMO (A n1o nlo Cosia Sa mpaio, Barbalha-CE).
• Amais Recebi doi s eu mplares do CATOLICISMO de abril/maio Não me quei xo di sso, muito pelo contrário recebo-os agradeci da . poiso número que me veio a mai s posso usá-lo para da r a oucra pessoa. Aproveito para fclicilã -los por Uo maravilhosa revista e lembrem-se que se mpre podem mandar •a mais' rnaspor favor nunca 'de menos· (Maria de ta Tri nid ad Go ndra, Buenos Aires - Ar gentina).
• Avulsos Quanto ao~ números avulsoseutcnhoinlcresscdosuúmeros l a 180 aproxim adamente , mas posso adquirir somente aos poucos ( Eralidts Hach t"ilho , Curitiba- PR ).
• Informações Fiz uma assinatura anual dessa preciosa revista .... pois não quero ficar desinformado sobre o que anda acomccendo poresscmundoafora(José Rodrii,:ucsdaMala,lJarrciras- BA).
• Campanha Com grande noticiàrio nacional e do mundo. CATOLIC ISMO nos traz alêm disso os csc la recimentas do ponto de visla católico. Con fesso que algu mas vncs quando pessoas me perguntam q ua l a minha opinião sobrede1crminadoassun10,ncstc mundo 110 conturbado, sem a menor cer imônia cu digo: "qucrover primeirooqucvai dizersobre cstcassuntooCATOL IC ISMO. o nde a noticia é correta, verdadeira, a anãlise perfeita e o esc larecimento total. Permit a-me deslacar o numero de julho. Aapreciaçãocomc-ça pela capa C$plêndida, cxprcssi-
va,most randoacampanhaque vem sendo fcirn pela TFP para a libertação da Litullnia. Aqui no Rio 1ambém esta mos empolgados co m a ca mpanha, penso qucorcm lladoscràcxcelcn1c! Aadcsãopopular égra nde. Os jovens se empolgam e dizem muitasvczes: "1.cgal!Sepudessecu assinavaduas vczes. Isto t muito bom". "História Sagrada cm seu lar'· é de grande inte rc~edeenormcap rovcitamen to. Neste número trata de Sodoma e Gomorra, muito oportuno o texto, poisosdiasquc vivemos são bem iguaiseocastigoseràincvi1:ivcl (Silvi11Cerqurira Rei r de P~ ul ~. Rio de Jan ei ro-RJ).
• Biografias Comolcitorasslduodarcvista CATO LI C ISMO so li cito ao predaro rcd atorabiog rafiad os santos sao J oaqu im e Santana e as respectivas datas cm que se comemoram . Idem, sobre Santa Erncslina. Es1as solicicaçõcsad\·ém deum trabalhoque façosobreahistóri ado Municipio de San1a Ernes1ina (onde nasci)eosfestejosanuaisnas respccrivasdatas no citado mu nicípio (João dt Almeida Rollo, S:'l oCartos-S PJ.
• Valo do Roncai (Carta dirigida ao Presidente de TFP-Covadonga, na Espa nha. que nô-la transmitiu): Rccebisuaamãveleartade29Uhimo junto com o número de CATOLI C ISMO que coruém a reportagem cm que colaborei sobre o Vale do Roncal.Saiumui 10 bem. tão pulcra e belarnente editadacornotudooqucosSrs falen1. Se dispuser de um ou doiscxe mpl arcsmais . lhcagradeccria oe nvi o (Rafae l Garn bra Ci ud ad. Madrid -Espanha)
• Abaixo-assinado Em chegando de viagem, depa ro com as revistas CATOLI CISMO. Fiquci exultante porque a aprecio muito e mais porqucdcipequena,porêmcsforçada contribuiçãoparaasadesõcs de abaixo-assinado(pelaliberdadcdaLitu ânia ]quea lingiua lto número. O que muito admiro cm CATOLIC ISMO é a coragem em apresentar denúncias. a universalidade e precisão das noticias nos menores deta lhes; est ilo escorreito do principio aofimeabclezadascapas(lr11ce ma Coelho. Conselhei ro Lafaietc-MG).
TFP na colônia lituana Na Paróquia de São Casimiro, da colô-
nia lituana da capital paulista, cooperadores da TFP participaram das festividades em honra de Nossa Senhora Auxilio dos
TFPs em ação Caravanas percorrem o País pró-independência da Lituânia Seis caravanasdesóciosecooperadores daSociedadeBrasileiradeDefesadaTradição, Familia e Propriedade percorreram, nos últimos meses, numerosas e importarites cidades do norte, nordeste, centro e sul doPals,nacampanhadccoletadeassinaturas pró-independência da Lituânia. Além das conhecidas capas rubras e dos grandes C!itandartes, os 1oques de fanfarraderam umrcakeespecia!àcampanha,
Enfcrmos,tendotambémcoletadoassinaturasparaoabaixo-assinadoemapoioàindependência desse pais. No Salão Paroquaial, o Sr. Francisco Javier Tost, daTFP, relato u aos presentes osprincipaislanccsdacampanha,queentãojácontavacom4,6milhõcsdeassinatu-
que foi noticiada com destaque em órgãos de imprensa locais, "Em algumas cidades, como por exemplo Fortaleza, muitas pessoas não apenas subscrcviam o texto do abaíxo-assinado, como também queriam conversar, reforçando sua repulsa ao comunismoeexternandooapoioàcausadaLituã nia",comentaOrlandoLira,umdosparticipantcsdacaravana, SegundoinformouaSl-crctariadaCampanha, que coordena o abaixo-assinado em todo o Brasil, ao longo de três meses foram obtidas 2,7 12.437 assinaturns em 104 cidades de nossa Pátria. No Exterior, as assinaturas obtidas pelas demais TFPs e Bureaux-TFP em 19 países atingem a cifradc l. 917.865. Assim, o total de assinaturasem todo o mundo édc4.630.302.
Foi consldflrável o número de pe,-s que sulncreveu o slnl/11o-ssslnado da TFP na cspllsl parttenn
CATOLICISMO - Outubro 1990 -
23
TFPs em ação Na Argentina: grande derrota socialista
Uma reforma constitucional de inspiração socialista e totalitária O Htudo da TFP ar9entlm1,com68 páglnH, denunciou o conteúdo e•tremamenle soclalistaeantlcrlstllo da reformada Constltulçlod• ProvlncladeBuenos Aires, favorecendo des~ modo a vitória do "nllo" nopleblscltoreallzado em agosto último
CoMO FRUTO de um "consenso" entre os dois partidos políticos majoritários argentinos - o Justicialista e a União
C[vicaRadical-olegislativodaProvíncia de Buenos Aires aprovou, em fins do ano
passado, num trâmite inusualmeme rápido (pouco mais de uma semana), a rcfor-
made98 artigosda Constituiçãodessa Província. E, cm abril deste ano, o Governador Antonio Cafiero convocou os cidadãos a pronunciarem-se em plcbiscito(aser rea-
lizado cm 5 de agosto) pelo SIM ou pelo NÃO sobre o novo texto proposto, com o qualscpretendiaabrircaminhoàreforma da Constituição Nacional. A Sociedade Argentina de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade {TFP) de+ nunciouoconteúdoextremamcntcsocializante e anticristão da reforma, bem como aausenciadeumdebateprofundoeamplo
2• - CATOLICISMO - Outubro 1990
que abrangessetodosossetoresdaopinião pública. Para tal, publicou um estudo de 68 pãginas sobre o tema, imitulado "La reformaconstitucionalbonaerensealaluz delasenseilanzastra·Jicionalesdelalgle sia'' {Comissão de Estudos da TFP argentina, composta por Jorge Maria Storni, A!ejandro Rómulo Ezcurra Naón, Luís Eduardo Dufaure Martin Jorge Viano). Amb[guo, o novo texto constitucional daProvinciadeBuenosAiresgolpeiagravementeapropríedadeprivadaealivreiniciativa (que ficam limitadas ao "marco" de uma indefinida "função social"), promove o intervencionismo estatal em todas as ordens, concebe o trabalho como um "dever social" (com o qual dã um passo rumo ao estabelecimento do trabalho forçado),transformaosmunicipiosemminiditaduras capazes de criar novos impostos e
deexpropriarosbensdosparticulares,ameaçaocnsinoprivadoesubvertcosfinsda educação ao suprimir, como finalidades da mesma, a formação do caráter dos meninos nos princípios da moral cristã e no culto das instituições pátrias. É necess.ârio constatar que, apesar de algunsaspectospositivos,areformaemseu conjuntocontradizosensinamentostradicionaisdalgrejacamcaçagravcmemcaordcm socialcristãnopais.ATFPconvidaoeleitorado a votar NÃO, quer dizer, a recusar a nova Constituição, e coloca todos os seus esforçossobaproteçãodaVirgemdeLujãn, Rainha e Padroeira da Argentina.
A voz da TFP chega a toda a província de Buenos Aires Sócios e cooperadores da TFP pl3lina - com suascaracterísucascapaseestandartes vermelhos, acompanhados de uma bandademúsicadaentidade - realizaram uma intensa campanhadedifusilodo refcridolivro(duascdiçõcs, 7.000exemplares), assim corno urna profusa distribuição de volamestanto,nointcriorda Província como na Grande Buenos Aires, ao longo de todo o més de julho Propugnadores da reforma socializante emdiversasocasiõcstentaramprovocartumultos para interromper a campanha da entidade,invariavelmentepacíficaecortês. Um resumo do livro foi publicado em mais de 30 diários ou semanários, assim como ocorreu a emissão de numerosas reporta gens por rádio ou televisão de alcance regional. A entidade feichegar ainda ao grande público um último apelo em favor do NÃO através das pãginas de "La Nación" e de "Crónica", este último de grande penetração nas camadas populares, sob o suges1ivotitulo: "A TFPpedcum voto responsá vel". A imprensa internacional - como "El País" de Montevidéu, "Diario 16" deMadri, "Folha de 5. Paulo"e "OEstadodeS. Paulo" - feiecoágrandcrepcr cussãoobtidapelaentidade. Outras forças vivas da Província tam bém trabalharam meritoriamente, nos ambientes que lhe são próprios, pela rejeição da reforma constitucional proposta. NodiaSdeagosto, oeleitoradobonac. rensedeuumgrandctriunfoaoNÀO,que reeebeu67"lo dos votos, enquanto o SIM alcançava 33% ... Resultado que superou todas as expectativas se levarmos em consideração que no mfs de abril p.p., as primeiras pesquisas revelavam 46% a favor doSIMctãosóuns9"loafavordoNÃ0. Oqueocorreuparaproduzirumareviravolta tão espetacular? Bem analisada a realidade pode observar-se que, acima das preferências politico-partidãrias em jogo, aopiniãopúblicapercebeuofundoideológicodareformaereagiucontraointervencionismo estatal e o socialismo, e em favor dapropriedadeprivada,alivreiniciativae as tradiçõcscristils argentinas; reação que, dada a homogeneidade dos resultados em toda a Província, demonstra que é de todos os setores sociais. EmboahoraparaaArgentin,a! MARTIN VIANO
TFPs em ação Neo-funerais de Allende levantam indagações SANTIAGO DO CH ILE -
ldênticasinterrogaçõcs-sali emaainda a TFP chilena - podem ser também le• vantadasapropósitodasatuaisrelaçõcs en1rea Igreja e o comunismo.
Anlt as
homenagens póstumas a Salvador Allcnde,
promovidascomoapoiodoArcebispado, do Governo, do PC e outros partidos poli, ticos, cm sc1embrn passado, a Sociedade C hilena de Defesa da Tradição, Familia e
Propricdadepublioou,nojornal''EIMercu, rio", um substancioso comun icado. Nele, salicma que a consciência de inumeráveis católicos, desorientada por tais funerais, clama por uma elucidação
&-gundoalógicadorcgimcdcmocrát i-
covigenlenopaís - rcssal!aa TFPchilc, na-éperfcirnrncntcconccbivelqucossaudosistasdcAllendcsecrnpenhcm na "reabilitação" de seu perfil polí1ico, vis1ocom jusrnsobjeçõcs por numerosos chilenos. làrnlxm crnconsonânciacom tal rcgimedemocrático,éprecisorespeitarodirci1odcmanifes1ar-sequccêmaquclesquces1ão cm <ksacordo com os prindpios e a condu1a do malogrado líder marxista, e que desejem comestar os elogios indevidos qucsãoagoraaeledirigidos. A recordação sentimental dos amigos de Alkndc não pode emudecer os que defendem a verdade histórica. De foto, Allcnde se declarava adepiodomarxisrnoccfctivamentepretcndcu implantar no Chitc o mesmo regime cujo Fracasso cm 1odo o mundo é hoj e pu blicameme reconhccido. Associando-se a recente manifes10 do Prof. Plinio Corrh de Oliveira, a TFP chilena imcrpcla os chefes do comunismo soviMico e seus agentes nos diversos paises, que man1iveram por canto 1cmpo, ou tenta ram implamar, um regime de misêria e dor. "Dizer a verdade não impede o respeito pelos mortos, ainda que sejam suicidu (como foi o caso de Allendc], e a oração pela salvoção de suas almas", destaca o manifesto da TFP. Por isso, OI membros da emidade rezam pela alma do falecido presidente, pois só Deus sabe se, tocado pela graça no último momento, tenha fei toumatodecontricãopcrfeitaesesalvado.
Indagações O documento da TFP chi~na, depois de serefcriraoclimadcconfusãoeambiguidadccomquechefcscomunistaseatéautoridadcseclcsiâsticasccrcaram, na época, osuicidiodcAtlende, refere-seáambigiiidadecriada pelos atuais funerais de um declarado ateuemaçom,naCatcdraldeSamiago. Tui cerirnõnialcvantadivcrsasperguntasdamais transcendcntalimportãnciaparaadcvidainformação dos católicos chilenos: São ainda algrejaeaMaçonariaadverWioscomoscmpre o foram? Ou houve en1re autoridades cdes.iáslicas e maçônicas; cm algum ignorado local, umatall'C?ignorada reconciliação? Eporquc11ntaobscuridadenisso?
Idéias claras, requisito indispensável no debate eleitoral peruano LIMA-Apósnêsmesesdesdeaascensão do Presidente Alberto Fujimori ao governo, no decorrer dos quais foram torna dasrnedidaseconõmicasdeimpac1oecontrovcrtidas, uma pergunta paira noar: por que 1aís assuntos não foram amplamente debatidospeloscandidatos,cmsuacarnpanhaelcitoral? Deve-scres!>llhar,nesscscnlido,queeKa• tamemcnopcriodoqueamcccdeuoscgundo turno das eleições presidenciais de junho úl1imo, o Núcleo Peruano Tradição, Familia e Propriedade dirigiu uma carta aberta ao então candidato, engenheiro AI· beno Fujimori. Nela, analisava a situação pcruanacsolicitavasuaclarad cfiniçãoacer• cadcv:lriosproblcmasqueafligcmopais, de modo a permitir uma fáci l e segura escolha por parte do eleitorado Ar10ruando a caótica situaçfo a que as reformas socialistas anteriores reduziram a oação, agravada ainda pela viol~ncia lm• placável do terrorismo, o documemo da quela en1idade advertia que uma 1en1ativa de eví1ar a abordagem de tais pomos no debate eleitoral comprometeria a própria autemicidade democr:i1ica. O documento solicitavatambémdocandida1oumesclare• cimento sobre as ver5.ÔCS que o apresen1a vam como figu ra-de-proa de um agressivo movimcmoprotestante ,compropósitosrcivindicatórios bastante questionàvcis ante oEstadopcruanoeque,àsvezes, manifestava franca hostilidade cm relação à Igreja Ca tólica. . Ao concluir, levando em consideração o fracasso do socialismo tanto na Rússia quanto no Peru, a carta-aberta do Núcleo Peruano Tradição, Familia e Propriedade indagava se o eleitorado poderia esperar do candidato o propósito de não reincidi r nesses erros. Ou ainda, na hipó1cse de ou tras ahernativas, quais seriam estas, eutamen1e. Tumbém ao então candidato Ma rio Vargas Llosa. o Núcleo Peruano Tradição, Família e Propriedade di rigiu apelo no senti• dodedcfinirváriospontos de sua plataforma. Entre estes, Focalizava espccia lmen1e o se ntido de "modernização do Peru" , palavra-chave muito utilizada na campanha eleitoraldessecandidato,cujoscntidonão ficava claro. Odocumentoindagavaseela oonteriaarejciçãodetivadosdesacredi1adospri nclpiosman:istas,ouentlo,oaban dono da moral católica tradiciona l. O
14a~· ,-wo?~u@) . ~
A CERTEZA DE AGRADAR
~~-=,fJw~
li]
CHURRASCARIA EPIZZARIA
A BARONESA
A LMOÇO EXECUTIVO Das 11:0às 1500hs Pizzasnolornoalenha Churraseonabrasa Entrega-se a domicilio
!~t R.;o-""""·28 '
Fonooe1112211&2S&210
SP
'-tt,,_..,,. •• FohlNfol
Á!.~-,?JJ/Mf
o/-
(011),115.l'O,f/
.
Por motivo de mudança, vendo ant igüidades de família. Ligar para (011 ) 434 5274, somente às quartas fei ras das 13 às 17 horas
Assine
~AfOUCTISMO Para assinar ou renovar sua assinatu ra de CATOLICISMO, veja as inst ruções contidas na parte interna do invólucro em que sua revista lhe é remetida.
CATOLICISMO - Outubro 1990 - 25
Corrigindo Nosso Senhor! "Maria é a mais terrível inimiga que Deus armou contra o demônio" (São Luiz Maria Grignion de Montfort) Deu,crlouumalnlmlzade perpétuafmll'IISHf1Wnta (odemônlo)eamulher (figura de Nossa Senhor11),
e também entre o, segi,ldoreadodern4nloe oalllhoadeNoffll
Senhora. - EKultura do tfmp11no de um, das portas
,...._,,\Y'_
I.NIMIGOnão ex!.ste":talé o titulo de um artigo do Pe. Virgí lio, SSP(I). Sejãotítu-
lo causa espécie, o conteúdo amda vai além. Fica-se pasmo de ver como num artigo curto o saccrdotc conseguiu oolocar talllosdisparates. Assim se inicia: "Deus não criou inimigos para nós. Criou apenas amigos, irmãos e companheiros de viagem. O inimigo não existe." Ora, é inscll5ato dizer que se Deus não criou inimigos então o inimigo não existe. Por acaso não se rebelou contra Deus, por inveja, parte dos anjos, após terem sido criados,tornando-seapartirdaidemõnios, inimigos do Criador e de todos nós? E quantos homens seguem o caminho do mal, escolhendo ser inimigos de seus irmãos! Este Ultimo fato, por exemp lo. é ·de observação corrente, e para constatá-lo nem é preciso fé, basta bom senso. Masjã que fé e bom senso parecem ausentes do artigo do Pe. Virgílio, citemos para conhecimento do leitorduasafirmações- entremuitas outras - do próprio Nosso Senhor: "O inimigo que semeou (a cizânia] éodemõnio"e"Osinimigosdohomem (serão)os seus próprios domésticos" (Mat. 13, 39 e 10,36).
Inimizade perpétua Ademais,senãosequertropc:1;ar,épreciso andar com cuidado ao afirmar que Deus não criou inimigos. Após a ação de tentador dos homens exercida no Paraíso 26 -
CATOLICISMO -
Outubro 1990
lateralsdscatedralde Notre Deme, em Paris,
representando a história doc/6r/go Teófilo.
pela serpente infernal, Deus criou uma ínimiude perpétuaentreaserpcnte(o dcmõ· nio)eamulher(figuradeNossaSenhora), e também entre os seg uidores do demônio cosfilhosdeNossaSenhora: "Porei inimizades entre ti !serpente] e a mulher, entre a tua posteridade e a posteridade dela" (Gen. 3,15). O grande apóstolo marial do sé(:ulo XVIII, São Luiz Maria Grignion de Mont fort, assim comenta em sua ''Oração Abrasada" essa ínimizade: "inimizade toda divina,aúnica[óDeusJdequesejaisautor''(2). Éclaroqueinimizadesporrazõesdeinteresse, vanglória e outras provenicntes de defeitos humanos, deve-se fazer o possível para que cessem. Mas entre os filhos da luzeosdastrevas "Deus promoveu e estabeleceu uma inimizade irreconciliãvel, que não só hã dedurar, mas aumentar até o fim" (3). Ora, o Pe. Virgílio, sem qualquer base na doutrina católica, negaafrontosamenteessesensinamentoscomosefossem fá.bulas. Para e!e: "Disseram-nos que existem ... osinimigosdalgrejaeatéosinimigos deDeus eda fé"!
Ódio aos iníquos Da suposta não-existência de inimigos, osacerdotet iraasconseqüênciasmaisdescabidas,comoporexemploqueospaisnão devembateremseusfilhosparaeducá-los: "Até em nossas crianças somos capazes de vislumbrar inimigos; mas os tapas que nelas aplicamos não servem para educá-
las". Mais uma vez a Sagrada Escritura, que o Pe. Virgílio faria bem em ler, odesmente: "Aquele que poupa a vara, odeia seu filho; mas o que o ama corrige-o continuamente" (Prov. 13, 24). Porfim,osacerdoteacenaoom seuargumcnto máximo: "Com facilidade esquecemos o mandato de Cristo: 'Amar os inimigos'. Amá-los justamente porque não dcinimigossetrata,esimdeirmãos". Como fica claro, o próprio preeeito de Nosso Senhor incomoda o Pe. Virgílio, pois tal mandamento supõe a existência de inimigos a quem amar. Não seria possível amar os inimigos se eles não existissem. Ecomoosacerdotenãoquerqueclesexis1am põe-se a corrigir o próprio Nosso Senhor, dizendo: "não de inimigos se trata, e sim de irmãos"; como se o Verbo Encarnado pudesse ter-se enganado em sua afirmação! Maisainda, NossoSenhorteriacometido uma injustiça ao qualifi car de inimigos, os que na verdade são irmãos. É o que claramente se deduz das afirmações do artigo. Masnãodevemseramadososinimigos? Sim, como diz Nosso Senhor, devemos amar os nossos inimigos pessoais, como aqueles que nos querem ma! por alguma razão material ou de amor próprio. Mas quandosetratadeinimigosdcDeus,entreguesao mal sem desejodeseconverterem, aí então devemos combatê-los. Ta! é o ensinamento de São Tomãs de Aquino: "O ProfetaDavidteveódioaosiníquoscnquanto iníquos, odiando sua iniquidade" (4).
A quem aproveita? Por fim, impossível é não perguntar quais os objetivos desse artigo ao afirmar anão-existência de inimigos, no momento mesmo em que inimigos se instalam por todos os lados na Igreja. A tal ponto que Paulo VI afirmou ter "a sensação de que por alguma fissura tenha entrado a fumaça de Sa!anãs no Templo de Deus ..... Acreditava-se que depois do Concílio viria umdiaensolaradoparaaHistóriadalgreja. Veio, pelo contrãrio, um dia cheio de nuvens, de tempestades , de escuridão, de indagação, deincerteza ..... Como aconteceu isto? .... a intervenção de um poder inimigo. O seu nome é diaOO" (5). A quem aproveita, pois, a afirmação de Pe. Virgílio senão aos~~~~is~~; LOPES NOTAS (l)·'ttoraRogional' ".Adamantino-Sl>,18/2/ 1990(Jo,. 1 1 {2) ·'TU1~do Ja v,~d.ui<ira i S..ntiS<in,a Vir gen,"'.Vo, ... re1,ópoli,,12'«1kilo,l98l.p.J06. ll)ldem,p.S4 {4J""SumoTcolôgica'".llalla<. a. 6ad 1 ~~-" fJ~~\;_n ti di raolo VI'". ro1;g101a Vaticana.
~,;,_ló
~!
História Sagrada em seu lar -
Jacó - Israel ' 'EsAú ODIAVA sempre Jacó por causa da benção com que o pai o abençoara, e disse' cm seu coração:. cu matarei Jacó, meu irmão. Escascoisas foram referidas a Rebeca, a qual, mandando chamar seu filho Jacó, lhe disse: ... meu filho,ouvea minha voz, e foge li gei ro para (casa de) Labao meu
innão. em Haran" [na M esopotâmia, atuallraque](I).
Esc.id.i de Juó •·Jacó, pois, tendo parlidode Bersabéia. ia para Haran. E, lendo chegado aum cer tolugar,e, querendo nele descansar, .... dorm iu .... E viu cm so nho s
uma escada posta sob re a terra. cujoci111O1ocavaocéu,eosanjos dc Deus subindo e descendo por ela, e o Se11hor
apoiado na escada, que lhe dizia: Eu sou o Senhor Deus de Abraão,. e Deus de Isaac .... e serão abençoadas cm ci e na tua gcraçllo iodas as tribos da terra. Eu serei o teu protetor para o ndcquerqu eforcs"(2).
có para Canaã (atual Palcs1ina), vime anos depois" (4), levando sua familia e seus rebanhos. Tendo chegado às margens do rio Jaboc,apareccu-lhe,durameanoite, um anjo com apa rência de homem, que ''luiou co m ele até peta manhft. O qual, vendo que o não podia vencer, tocou o nervo de sua CO)la, elogocstcsesccou. E disse-lhe: Larga-me, porque jã vem vindo a aurora. (Jacó) re5pondcu: Nfto te largarei se me 113oabençoares. Disselh e pois (aquele homem): Qual é o teu nome? Respondeu: Jacó. Porém ele dis se: De nenhuma soric te chamarás Ja. có, mas Israel ; porqul", se contra Deus fost e for1e. quanto mais o seràs comra os homens ..... E abençoou-o 110 mesmo lugar .... (Jacó) porém co"-cava dum
n oções básicas "Tu, brael, servo meu, tu , Jacó, a quem cu escolhi; lu, linhagem do meu amigo Abraão, tu a quem eu 10mci das cxtrcmidadcsd,1tcrraechameidosseus países remoto~. e te disse: Tu és meu servo, eu 1e escolhi. e não te rcjcí1ci: não temas porque cu sou contigo; nllo te desencaminhes porque cu sou o teu Deus, cu 1c coníortci e te a ul( iliei. e a dextra do meu justo te amparou. Eis que serlloconíu ndidos e ficarão cobertos de vergonha, todos aquel es q ue pele• jam colllra ti; serão co mo se não fossem, epcrccerlloaq uclcs que ll"Co ntrndi zcm ficarãoredu2idosanadaoshoml"ns qul" te fa1.cm guerra. Porque eu sou o Sen hor leu Deus, que te tomo pela mão. e te digo: Não ,emas. eu sou o que 1c ajudo'"(9). O
pé"(S).
"Jacó com su.i for1ale1.a lutou com um anjo. E prevaleceu cornra o anjo, e ficouvenccdor;chorouesuplicou-lhc''(6). "Apareceu a Jacó um anjo, sob a ap,m!ncia humana, e 1ravarnmcr11rc si uma luia real. Deus. porém, nllo quis que o anjo utilizasse toda a sua força co ntra Jacó,pcrmit indoquc es1evenccsse, para lhedaraespcrançadcquccom maior íacilidade podia vencer Esaíi'" (7). "E Deus aparl"ceu novamente a Jacó e o abençoou dizendo: Não te dmrnarás mais Jacó , mas teu nome ~crá Israel .... Eu sou o Dcusonip01cn1c, cresce ernultiplica-1cinaçõesemultidões de povos nascerão de ti. de 1i pr<X:çdcrão reis. Dar-te-ei a ti e à tua pos1l"ridade depois de ti a terra quedei a Abrallo e a lsaac'"(8).
NOT AS (ll G<n. 21. ~1 -•J . (l) Grn. 1~. 10. 1, . S~o l.ui,. Mari• G11.11ior, dr Mon1frn, ,on1<n10: "'ll.<1.•ndoo 11.m.lrio, dc,,:,:I p;i.<0><'>••"'• • jud1n,•,••llho.ar1,crd>d<lta,•,. cad•d<Jo,;ó.d<quin1.<ll<-g<00•,1"io-Q••"""'' d<.,fludoom,·,11udo.d< lu1cmlo1ccl,q;ar«•r>k· oa.m,nl< . .....,<rro.lpk,Hitud<d.oidado,kJ"'"' C.ó.10" c-·o S<p«lo Adm1Jivd 00 S..n,;.."mo lluwi,,o"', ,n ~ I.U'1. M . G. ""Montfon, 8AC.Mad1Ml, IYS<l,p HI) cJ) M....,, C•nly, f"o,,o ,k 1.,,,....,ào llohpO>:I 11,,.,l><iad• lloh1,:lo •d• lg«J• , AI•<>. Sio l'•ulo, 1,1), r- )9
°"'"'""
'°
u.,.,.. ,.,.,..;,.
~)S~ JoJ.o /1º''";:, lh"ór!:, ~ibl:•,.-: 'V,lti;ti
<
l'aulo, 1920,2'cd.,pp . l4·ll IS)G<-!o . ll,24 28 . !6)0.. 1!.H (7jl'cM••"'Soo<<>.ll,bli.aSagrad>,lcd'Wf'I'•"· lina,,Si<>t>..,lo,l,ll.6'ed .• p.S)
IIIG<to.JI.~ ll
l'l)h. 41,1- 1)
Deus permitiu
• J•cóque
vencesseo•n/o, p•ralhedar aesper•nç•d• que comm•lor tacllldade poderia vencer Euú
Dole tribos dc Israel "Jacó aco lheu-se cm Mcsopotàmia na casack Lan:loscu1io"'. eaise casou. ··Ele teve dou filhos. chamados os do1.c pa1riarcas que vieram a scr os chefcs das do1.e tribos de Israel" 13): Rubens, Simello, Levi, Judà, lssacar, Zabulllo, Dan, Neftali, Gad, A1.cr, Josê e llenjamim . Jacó luta co m um ;mjo
" Jacó tornou-se senhor ck muitos servos e grandes rebanhos. Quando Labão pere<:beu quc Jacóestava rico. comcçou a olhã-lo com inveja; um dia o Senhor ordenou a Ja cóquc voltasscpa ra a terra de seus pais. Partiu, pois, Ja -
CATOLIC ISMO -
Omubro l91JO -
27
Ocaso que prenuncia uma aurora
O
s ÚLTIMOS chirõcs do
OGlSO parecem acender ao longe um grande
~~~ê~~:~:r~t:~~c~;t~~/~ ~t~\i~:~
e do mar, pálido mas distinto, um misterioso castelo de fodas À semelhança de uma proa de n',1vio, ele av;mç;;i desafümtc e Jlt,inciro occílno íl dentro, firme e sólido como os rochedos que lhe servem de base. Tranqüilas, as águas refletem, como num espelho. a silhueta eleg;rnte de suas torres, ;;iumentando-lhcs o mistério. O reflexo na superfície h4uida, pela cintilaçi'iu áurc.i do poente, tr.insfigura íl própria rcalidíldc.
Est;;i graciosJ construçiio é umíl réplkíl feliz de castelos europeus. Seus construtores procuríl-
~~mc;~r:~~~~1i~;iôen~c[~~rfda~:~~~r~~~:~i~: mínimos detalhes.
A simetria de suas linhíls, ;i solidez de suas muralhas e a altivez do telhado cônico de ardósia traduzem de modo admidvel o espírito que em outros tempos animou os arquitetos do medievo cristiio. Banhado de luz e voltado para os horizontes sem limites do Pacífico, o pequeno castelo de Vi0
1
e!ºJ~~,~::
~: 1:~~d~d~ d;~r~!di!ç~~ d~1x~~f~~a inspiradas pela Cristandade medieval, o conjunto de nações que outrora formou a Europa Católica.
O firmamento dourado da Civilização Cristã, embora em adiantado crepúsculo, continua presente em aspectos da mentalidade, dos costumes e d.is tradições dos povos contemporâneos, à espera de que, nos .ilbores do terceiro milênio do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, o "Sol de Justiça" possa vivific.ir com seus raios uma nova primavera da Fé.
Discernindo,
disti nguindo, c lassificando ..
MEIO CASA, MEIO CEMITÉRIO QUE, co mo A QUELES nós, se encantam com o
cológica.oontavanaocasillo 1erpresenciadoumadiscussllo sobre chocolates. Uma ~ se deliciava ptt(erencialmC11te com os chocolates ingle$CS e Po rt ugal, a arte irnliana, o OOlandeses-varicdadeamar· bom-humor austríaco, a alta ga-enquantooutragostavo mais dos suí~-os e italianos. ~~o=~~ Os chocolates sul~'OS. mais do· de coração ao ouvir falar ccs,crampor assimdizcrmais cm 1mificação da Europa. "bem-humorados e tranqui• Tanto mais que toda a propalos". Os ingleses, deixam os ganda que a esse rcspcito se tâbios um tanto amarrados, faz, nos apresenta os futuros massãoexcelentescdeindiscu· tível sabor. Ou1ra, porém, é a Estados Unidos da Europa como uma espécie de rolo "bonomia" do chocolate suiço e o movimentado e alician. oom prcssoracsmagaraspreciosas caracteristicas naciote do chocolate italiano. Ea5nais daqueles povos, rcdui.insi m iaadiscussllo. No fundo - comentava o dü-"-asàmcsma mass?iguali tária,amo.-fa esemv1da. TamProf. Plínio-notava-seque, bém Gorbachcv se candidata pordetrásdoschocolates,as a SCT parte no bolo, e vive pessoas discutiam uma questão trombcte;rndo suas opi niões filosófica:qual éavisãoque arespei codccomodevcconssedcveterdavida? tituír-se o que ele chama "a Ora,aqucstãodaunifica. casa comum européia". çllocuropéiadcvcriaserdiscu· Fala-se das dificuldades lida nesta profundidade, mas uistentcsparaa realizaçllo nlloo é.Mi mvaielazigueza.· gueandosemsesabcratfon. desse projeto até o ano de 1992, data marcada não s.e de chegará. Ea Europa intci· ra, sentada dentro do trem da sabe bem porq uê. Mas essas di ficu ldades s11.o semp re de Uma /e/ em vigor desde 15 16 garanila li Alemanha, em seu ter• aventura,vaiscrpcmeandopor ca râler econômico: barreiras rl16rlo, reserva de men:ado para sua cerveja, /abrlcada e11c/u. a(,surpreendcntementedcsprealfandegãrias,oonversaode slvamenle com cevada, lüpu!o, levedo e água. Há pouco, po- ocupada com o futuro imxno moed as etc. Ora, o proble· rim, • Comunid.ide Eur~ia obrigou os alemlea a acei1arem, que a aguarda. Amanhã ma da unificação européia em 5eu men:ado Interno, cerva/H lmpo,1adas, mels baralee, !)cus 11ãoopcrrnita - pode· n11.o é principalmente econõ- de Inferior qualidade. Com isso, corre risco a pro11erblal pure, rã cair·lhessobrea c-<1beça umpedaçodatalcasacomum, mico; eleéfunda mentalm en- zadacerve/aa/eml. 1ecultural,eprovémdochoscmquesesaibaporquê. Pare« ter desaparecido queou harmonia dediferen tescu lturasepsioologias.Colateral mcn • melhor, devido ã menta lidade típica de aquela legitima susceptibi lidade naciote também, não hã dúvida, existe uma seu povo, o pais "B", com outra menta· nal, pela qual um povo quer ser ele mes· importante co ntrovérsia econômica. mo e oão quer confundir-se co m outro. !idade, pode não aceitar. Para e111cnder bem a profundi dade Bombons. Há por toda parte, na Eu· Vai -se cvu ncsccndo o próprio senso du dos problemas que se põem, tomemos ropa, bombons deliciosos. Os bombons pátria -comoaliâsodafomilia - an , algunse,,:emplos miúdos: sabonetes, bom- e sabone1cs, ao atravessarem impune. tcs mesmo de estar minada nos csplritos bons, chocolates. "Que artigos frivo- mente todas as front eiras, ocasionam sua noção teór~ca. • • los!'' di rã alguém imbuldoda memalida· uma subversão de gostos, umatransfor· de socialista; "fale-nosdcalimentosbã· maça.o de psi~ologias, urna desarticula· sicos, corno batata e arroi, ou então ç11.odcrncnta hdadesquen!loscsabeat é onde podem chegar. Nesse liquidifica• oom~r~tá~~~? ~i~fºfªc~~~ de moradias e petróleo". Esquecem-se esses objc1antes que o dor dcproducosede nações, não se vl aplicam de modo protoilpico ao Velho próprio de uma grande civilização é ele- oomoevitarqueccrtosrequintcsdacivi- Continentc,berço da csplêndidaciviliza. var a um alto grau de requinte at é as lização caia m e desapareçam ao sabor çllo elaborada out rora sob o bafejo da coisasfrivolas.Frivolidadcdealtaclas• dcaventurasc imprcvistosinsondâvcis. Santa lgrejaCatólica. Maséacaminho lstoéfai.erda Europaurnacasacomum? da República Uni~ersal que esta mos. se é um dos indícios da su bstância de umacivi lizaçllo. Ou é con~!~~ir algo que é meio casa e Hoje são os Estados Unidos da Europa, Sabonetes, a In glaterra os têm elice· meioccnrncno1 amanhã serão os da Aml:rica Latina ou da África, atéseconstituirem os Esta· lentes. Ademais, quase todos os palscs da Europa os produ1.em esmerados. I':. dos Unidos do Mundo. Chegaremos lã? Se chegarmos, teremos então a "casa q_ueocarãterdosabonctcprimorosova. ria de acordo com o temperamento e a O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. de comum mundial", que scrâ também o psicologiapredominamescmcadanaçllo. quem ouv irnosestesoomentârios, lãore- cemitério dasnaçõescdaspersonalidadcs. C. A O sabonete que o p;:iis "A" reputa o aísquamodeallapcrcepçãopoliticaepsi· "charmc"francês,aoperosi-
~~~f/~111:i'tir~rr;~· !:ih~
d~!~ri"J~cs;~:f/
~~!~1!!s~
2 -
CATOLIC ISMO -
Novembro 1990
~AtouCISMO SUMÁRIO NACIONAL Nove mil petições ao Ministro da
Justiçacontraapornografiaevio!ência na TV. Seminário debate o tema em Brasília, mas nada conclui 4 I-IISTÓRIA
A tomada de Ormuz por Afonso de Albuquerque foi um lance glorio-
so das armas portuguesas, ajudadas por um milagre
9
RELIGIÃO Como nasceu a comemoração de Finados ......................... 12
São Leão Magno enfrentou Átila e Genserico,alémdecondenarvárias heresias.. 19
C
ARO LEITOR, feche por um instante seu jornal diário, desligue sua televisão, silencie seu rádio. Vamos juntos pensar um pouco sobre o papel da mídia e111 nossos dias, ou seja, sobre aquilo que se convencionou chamar os grandes meios de comunicação social. Ê apenas sobre um aspecto do problema; não dá para mais. As TFPs realizaram uma grande campanha internacional promovendo um abaixo-assinado pela li bertação da Lituânia. A receptividade popular foi além de toda a expectativa, e as assinaturas se contam por milhões. Os parabéns pela iniciativa se sucederam de alto a baixo da escala social. O que a midia noticiou a respeito? Noticiazinhas sem destaque, poucas, denotando às vezes malestar ou mesmo azedume. Por que essa defasagem, esse distanciamento entre a recep1ividade do público e a da mídia para uma campanha tão simpática? Deixemos a pergunta no ar e vamos a outro exemplo.
DOUTRINA
Cada vez mais prestigiada pela mídia, a figura de Freud aparece como a de um profeta da sociedade do futuro, dotipodaquesetentou
gerar na revolução da Sorbonne, em maio de 1%8
16
INTERNAC IONAL
Na Rússia foltam alimentos, o Exército está em decomposição, alastram-seossuicidios,cresceo núme-
ro de mendigos. E Gorbachev ainda quero socialismo! 20 NOSSA CAPA
DesenhodeCarlosSn!ti
"'CATOLICISMO" é uma publicação mensal
~!..~~:~:.,~~;;, ~l~i:~n~i.!'omes Leda ~·=-~:T~i:'t~-~~; Tobflaslri -
RCJÍ'lra· RNloçio:Ru,Ma11imF,oncisoo.66l - 0lll6 - Slo l'aulo,SP/ Ru1Sc1td<Scttmbrn. l:Ol - l&IOOCamr,os.ll.J Gtrhclo:R""Marlimfronciloo,665 - 0lll.6 - Slo l'aulo.SP-T•l:{011)32J .71CJ t"or...-~k,:(~;rci•.•J11.n•rde11g•••os í<><noci dosPO<" C.1<>1icismo"")BandeirontoS/AG,,1f,cao Editora -RuaMli r•oqur,116 - SloPaulo.SP. t"o1ot110~ D'Arta,nan Ellúdio Gràí,coS/C Ltd-a. H•aS.,ona.7'61194-SkrP•• lo,SP Iro, , _ : At1)>t"ffl - lndir11ri.a Gràf"' e &füo,a L1d-a .- R.. J,,.&.63 1/M9 - 01130 - SkrPaulo,SP Paramudan,;a decnder<Ç(>t....,..,.,iom<ncionartam btmo...itrcçoantito ,Aoorr<$p<)lld<nciarclato .. , ......, . .. . ,.od-a .. ulsa pod<«r<n,i.ad-a à Gem>cia· R.. M111imFranciK<1.66.1 - 0l226 - Skrr,.1o.SP. ~~tsÕi lMC1"natiolW Sm1dard Serial Numl>c< -
Os recentes e espetaculares acontecimentos ocorridos para além da ex-Cortina de Ferro demonstraram que havia ali um dcscomemamento generalizado e explosivo contra os efeitos do comunismo (miséria, opressão, perseguição, injustiças de toda ordem etc.), a ponto de produzir uma erupção: desabaram muros divisórios, foram liquidados chefes comunistas , grandes manifestações de protesto etc. Até a véspera de tais fatos começarem a se suceder, o leitor estava informado pela mídia de que uma tão impressionante efervescência existia naqueles países? Ou, pelo contrário, o noticiário nas suas linhas gerais deixava a impressão 1 de r~1:r~t~~~ã; i~;r~s~loe iu~~;~sr;~~:~:~:~!~as~~~:t~~~~resa e mesmo o assombro que tiveram lugar no Ocidente, quando de repente se percebeu que o mundo comunista entrava cm convulsão. Não estávamos informados de que tanto descontentamento germinava por lá! Por que não nos informaram? E se tinham dificuldade cm ali penetrar (o que, dados e recursos internacionais da midia, é difícil admitir) por que ao menos não lançavam a desconfiança? Mesmo agora, procura-se apresentar ioda a liberalização que por lá ocorre como efeito da ação de um só homem, Gorbachev, apesar de que este várias vezes já disse ser seu desejo manter o comunismo; sem falar de que se trata de um líder bastante desprestigiado na própria Rússia.
::,:r:
Diante de ta is fatos, apenas exemplificativos, não é de estranhar que também no que se refere à imoralidade e à violência, a TV - pois a ela especialmente queremos agora nos referir - es1eja bastante defasada em relação aos anseios do público brasileiro . A enxurrada de pornografia que o vídeo despeja diariamente dentro dos lares vem encontrando uma reação sadia. Associações se organizam para dar voz a essa reação e obtêm , dé uma hora para outra, adesões cm penca. O Ministério da Justiça se vê invadido por milhares de cartas de protesto e de pedidos de providências. O Ministro convoca um seminário, debatese o tema ... Conclusões não houve. Por quê? Bem, não vamos nos adiantar . Nas páginas internas o leitor encontrará a históría dessas reações, dessas cartas, desse seminário.
CATOLICISMO -
Novembro 1990 -
3
Seminário debate pornografia e violênc:a
TV
Posições inaceitá veis - Calor nos debates O SÉCULO XX "o espírito de impureza, à maneira de um mar imundo, correr.li pelas ruas, praças e logradourospUblicoscomumalibcrdad.e assombrosa". Esta profecia, feita diretamente por Nossa Senhora a Madre Maria na de Jesus Torres, no século XV II, no Equador,cumpre-sehojecom rcqui11tesentllo inimagináveis. Mas o que os homens daquela época não podiam sequer s uspci tar, i:: que a imoralidade cnoomraria no stculo XX um conduto privilegiado para transvawr dentro dos próprios lares, nas mansões como nas favelas: a 1clcvisao. E de 1al modo a TV brasileira 1cm servi-
do como ponta-de-lança para esse avanço assustador da impureza - e, dentro da TV, as novelas - que muitosjà se escandalizam com ela, e protestam. Fii.eram subir sua indignação até o Poder Público, a quem incumbeamissãodcvclarpelosbonscostu mes. De foto. em lugar de se transíormar - coisaquenãolheeornpetc - numsu per-empresllrio, dominando grande parte Enqu11n10 o Minl,tro Bernardo c,1:1n1 • prapar11 para dar Inicio 11M trabalhos, o Dt-. Tire/o sampaio Famu Jr.
O organizador do iutmln1'rlo, Dr. C.rlo, Eduardo da Araüjo Lima
•Jelta • pllh• de petlçõe, que perm,neceu aobre • mH• duranla lodo o tempo da HAio Inaugural
da economia nacional, o Estado brasileiro tem entre seus deveres mais sagrados o de impedir que o crime e sua irmã, a pornografia,sealastrempclo Pais.
Começa o Seminário Taisrcclarnosdaopiniãonacionallevaram o Minis1trio da Justiça a promover um seminário intitulado "A problemãtica da Comunicação de Massa: Reíle,iõcs e soluções", cm Brasília. nos dias li a 13 de setembrollltimo.Jãnaspalavrasdcabertura dos trabalhos, o Dr. llcrnardo Cabral, MinistrodaJustiça,aprcsentavaasrazõcs daquela rcali1.ação: "ao longo desses dois últimos meses quase 1800 cartas, pedindo providências enérgicas do Ministtrio da Justiçaeaclas(sejuntam)umbomnúmero deeJtpcdicntcsde Cãmaras Municipais dos Estados de São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerai s". Adcmais,oGovcrnopareciaprcverque as rcclamaçõe5continuariam acrescer. O 4 -
CATOLIC ISMO -
Novembro 1990
organi1.ador geral do evento - qlle foi tambtm o moderador cm todos os painéis rcalii.ados - Dr. Carlos Eduardo de Araujo Lima, Secre1âdo Nacional dos Direi1os d~ CidadaniaeJustiça(secretariadodcpcndente do Ministkio da Justiça), alirmou, ainda na sessão inaugural; "decidimos nos antecipar a uma carga maior de reclamações (e)deadmoeiilaçõcsdasociedade". Etiuha razão, pois nessa mesma sessão de abertura a associação "O Amanhã de Nossos Filhos" entregou ao Ministro Cabra! mais 8milcartasdcprotcstocon1raaimoralidade ua TV (ver quadro). Acrescentou ainda o Dr. Araujo Lima que o simpósio visava: "um consenso ondeo graude beneíiciado seremos nós". Esta sessão inaugural íoi muito prestigiada. Fi~eram parte da Mesa - além do Ministro Cabral e do Dr. Araujo Lima o Almirante Mario César Flores, Ministro da Marinha; o General-de-Brigada Niaho Bastos, reprcsentaudo o E~ército; o Prcsi· demedoSupcriorTribunalMilitar,repre-
sentandoosTribunaisSupcriores;umsenador, representando o Senado Federal; o Embaixador do Chile, representando as embaixadas; e o Dr. Tércio Sampaio Ferraz Jr., Secretário-executivo do Ministério da Justiça Alémdasessãodeabertura,realizaramsecincopainéis,cadaqual com um palcstrantecdoisdebatedoresespecialmenteconvidados, E com possibilidade para o públicopresente,ao finaldasexposições,dirigir perguntas por escrito aos componentes da Mesa. As sessões tiveram lugar, inicialmente, noauditórioPctrônioPortella,doScnado, e foram depois transferidas para o auditório do Ministério da Justiça. chamado làncredo Neves. Como convidada especial para todas as sessões, participando da Mesa e com direito à palavra no final das exposições de cada painel, - com uma presença, portanto, que parecia destinada a pronunciar um comentário de caráter quase oficial sobre o que fora dito - estava a Profa. Rose MarieMuraro,conhecidafrcudianaemarxista, ligada á Editora Vozes (dos padres franciscanos de Petrópolis). scn~r ~NBB, convidada, não se fez repreNão pretendemos nesta reportagem dar uma idéia global de tudo quanto noSemináriosetratou.Scriaumnãoacabar. lnsistiremosmaisnosaspectosmoraisalidebatidos - freqücntcmentcnumaclave contrária à moral católica tradicional - pois são estesaspectosquemaisdizem respeito aos reclamosdaopiniãopúblicacontraaimoratidadc na TV.
"Não sei se é nazismo ou não" Ao contrário do que se poderia esperar de um seminário convocado para "rcílexõeseconclusões" arcspeitodaproblemáticadacomunicaçãodcmassa,osexpositores queali <leram a no1a tônicadefcndiam teses freudianas, radicalmente opostas à moralcatólicaemcsmoàU:inatural. Enquanto respaldavam o mais comp leto permissivismo sexual, criticavam a 1ransformação da sexualidade cm "artigo de consumo", abraçando assim um típico slogan do comunismo contra o capitalismo. O Dr. José Angelo Gaiarsa, por exemplo, constituiu-se num espetáculo à parte no seminário. Foi palestrante no primeiro diacpermaneceunoauditóriodurantetodoosegundodi11.,sendonovamentechamadoafazcrpartedaMesa. Emboraotrajedaquasetoialidadedos homens presentes fosse o tradicional paletóegravata,oqueparaosdiasdehojeaindaconfere umacertaseriedade c distinção ao ambiente, o Dr. Gaiars.a resolveu apresentar-se de modo bem diverso. Não obs-
"O Amanhã de Nossos Filhos" Imoralidade e violência na TV geram campanha de protesto
V
EM GANHANDO corpo na sociedade brasikira movimemos de sadio rcpüdio aos programas e comerciais que, na televisão,expõemcenasafrontosasàmoral e a~s bons costumes, ou exploram a violência. Comoé<leconhecimentogcral,muitos programasdetclevisão,sobrctudonovelas, disseminamumverdadeirofestival<lesensualidade e depravação, de incitamento dissimuladoaoa<lultério,áhomosscxualidadc, á prostituição, à criminalidade eá violên.cia,comaagravamcdepcnctrarcm cmm1lhõesdclares,nãorespe1tandonem ohorárioditonobrc,emquemaisfreqiientementecriançaseadolescen1esscencontramdiantedovideo. Recente pesquisa realizada pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo a pedido da revista "Veja" fe:zacontagemdascenasdenudez,pornografia e violência mostradas ao longo de uma semana pelas maiores redes de TV, Osresultadossãoalarmames: "foram disparados1.~0tiros,houvc886cxplosões e 651 brigas. Comaram-sc 1.145 ccnasdenudez,parciaisoutotais"("Veja", 4-7-90). Conformearevista,umacriançabrasileirade5anosqucfiquenafrentedoaparelho duas horas por dia, ao fim de um anoterásidoexpostaal.168piadassobre sexo, 7.446 cenas de nudez e a mais de 12.600estampidosde tiros. Até atingira maioridade,cssacriançateriatomadocontatocom IS.184a~nc<lotasdesexo,96.798 cenasdenudezemaisdc 163.000tirosl
Reação Diante de tanto descalabro, surgiram 3~s re~:~':!~sn~::ra~e1~!ri~ sf~i~~~\~~ Paraná, Santa Catarina, Minas e Ceará. Dentre esses movimentos, um vem sedestacando, com scde na capital paulista, organizado por um grupo de pais e mães, e que leva o nome de "O Amanhã de Nossos Filhos". Sociedade cívica, de fins não
econômicos nem lucrativos, vis.a conhecer earticularnummesmoesforçotodosaque-Jesqueestãocom identicaspreocupações arcspeitodobaixonivelmoraldamaioria dos programas televisivos, Desta maneira poderão constituir uma corrente de opíni!losuficientementenumerosaeinflucnte,cujaac!lovisascnsibílizarosdiretores de TV no sentido de melhorarem o nível moral e cultural de seus programas, e o próprio Estado, para que exerça sua funçãodeprotctordamoralidadepüblica. Atualmcnte,aentidadeestáempenhadaempromover,pelosistemademaladírcta,juntoacentenasdcmílharesdcpais de familia, uma petição ao Ministro da Justiça, aquemjà foram encaminhadas, nocurtocspaçodedoismeses,9.000petições(veraolado"Novemilpaisangustiados ... "). A mensagem recebeu a adesão, atéomomcnto,deseteArccbisposc Bispos, ll6sacerdo1cse69religiosas. As atividades da associação repercutiram até em Roma. Recentemente, foi ela distinguida por uma carta do Emmo. Cardcal Edouard Gangnon, presidente do PontificioConselhoparaaFamilia,umimportanteorganismodaSantaSé. Na missiva, o Cardeal Gangnon felicita "o esforço mcritórioqueaassociaçãodesenvolveparasensibilizaraopiniãopúblicaem vista da imoralidade na TV", Desde abril de 1989, quando iniciou suasatividades,aassocíaç!lo "O Amanhã de Nossos Filhos" recebeu missivas de apoio de 6.685 país de família, bem como a adesão de dezenas de autoridades eclesiásticas e civis, identífkadas com os fins da associação. MuitomarcantefoioapoiodeD.Marcos Barbosa, respeità1·el monge beneditinodoRio,conhccidojornalistaemembro da Academia Brasileira de Letras, o qual deupublicidadeásatividadesdaentidade, uravés do programa "Encontro Marcado", na Ràdio Jornal do Brasil, bem comoem suacolunasemanal noquotidiano do mesmo nome, Os leitores que quiserem fazer chegar suaadesãoaomovimen10,oupedirmaioresexplicaçõessobreomcsmo,podemescrever para: "0 Amanhã de Nossos Filhos", Rua Maranhão, 620, sala 13-c, CEP 0!240, São Paulo, SP
Senhoras, de Srasi/111, simpatizantes de "0 Amanhl da Nossos FIihos", contemplam a pilha de petlç68a antreguea aoM/nlstrodsJustlçt1.
CATOLICISMO -
Novembro 1990 -
.'i
A. esquerd•, o Dr. C•rlo• Edu•rdo de Arsü/o Lima; Oalmo D•llarl (ao cen tro} preocupado com a regulam,ntaçlo con,llluclonal, prop6•, porém, uma tímida soluçlo: apenas clas,lflcar o, ,,,-og,,ma, rH TV; Luiz Eduardo Bo'flltrlh pediu um conMnso enlre os rmrios de comunlcaçlo, r,,J,.ndo lambéffl estabelecer um slsl,ma claultlcatórlo. tantcsuaidadejáprovccta,apareceudetê· nis, com um bonezinho vulgar à cabeça, camisa csp,orte de mangas curtas, e carregando sobre os ombros uma malha de lll multicolor,queoraatiravadisplic:cn1cmcntcsobrcamcsa,oradetasercvcstia,enfian• do-a pela cabeça, com atitudes um tanto grotcscas.Mcsmootalbonezinhocostumava viajar,durante ases.são,desuacabeça para a mesa e vice-versa. Os1entava assim um comportamento que muitos consideraram destoante do ambiente, contribuindo para diminuir a seriedade e compostura dos trabalhos. Suas idéias eram consen1ãneascom esse comportamento: - advogou a destruição da familia ''bonitinha, que todos conhc«mos", isto é, baseadanocasamentomonogfünicoeindis• solúvel; - querum1ip,odceducaçãocompulsó· ria para os pais; perguntado se isso não seria uma prática nazista, respondeu não saber se isso é nazismo ou não: mas insistiu, de alguma forma, na necessidade de uma l-ducaçãocompulsória, - disse, cm tom de mofa, ter tido já quatro familias (não ficou claro se sucessivas ou concomitantes); - referiu -se a Karl Marx como o "Mestre Marx"; -contrário à censura;
transmi1idas pela TV. Essa posição a adotou não em nome dos princípios cristãos, nemparasat,·aguardarafarn ília,ncmrncsmo Por pudor ou rttato. Simplesmente porque a exploração da imoralidade, como da violência, pela TV sedcveria-scg un do ela - à socicdadcconsu mi sta cm que vivemos. Entãoépor sercomraocapirnlismo, c por considerar os atuais pro11rarnas de TV frutos desta sociedade, que ela os combate. Blasonandocstarl3ou20anosi1dianta· dacm relação aos dias de hoje, Muram defendeu urna sociedade inteiramente per· míssivaem matCíia sexual, particularmente a "libertação se~uat" da mulher. Contou com naturalidade e risos que assistiu um filme de sexo explicito no Rio Gnmdc doSul,dcscrevendo, ademais,osatosimorai s e ikgradames praticados pelos que, na platéia, assistiam o filme, em termos irrepetíveis para nossos leitores.
Se não faz mal à saUde ...
Mart• Supllcy, conhecida como ,.Hx6logs", a favorlve/11 ,ducaçlo Hxua/ permlulvlsta moderna, nlo 1,me cn e/eltcn d• pornogr111/11 na lelevlslo par• aln1'nclae•Juvenl ude
- favorável ao ··sexo cm família'', com re!acionatncntosexual, porexemplo,c111rc pais e filhos.
Anticonsumista Já a Profa. Muraro, embora se tenha pronunciadocontraaccnsura.declarou não gostar da enxurrada de imoralidades
Marta Suplicy, que se intitula " sexóloga", mostrou-sesuperficialc mcsmo irrcspons/ivel ao afirmar que não sabe se as 1ransmissões pornográficas d.i TV prejudicam ou n~o as crianças e adolescentes aluais. Uma criança, segundo ela, deveria rccebcreducaçãosexualdcsdeainf!lncia, eaí poderia ouvir e ,er o que quisesse que 11ão teria importância: "absolu1amcntcela não seria afetada. Nada :icrnHl'\.-.:ria co m essa criauça ", Para ela, o que se deve fazer não(: censurar a TV, mas ir explicando às crianças todos os a.spectos da vida se~ual. Disse: a1é que a T V poderia ser "rnaislivre,cudiríamaissem-vergonhinha mcsmo ... A palavra certa seria ruai~ ousada: a TV poderia ter ccrms mais ousadas". A afirmação de 4ue 11 TV poderia ser "mais sem-vergonhinha mesmo" provocou noaudi1óriorcaçõcsdecspantocpro1csto. O Dr. Flavio Giko,·ate, médico, fez umacstranhadis1inç:iio c111re moralc(:1ica, segundo a qual "a moral varia no 1cmpo e no espaço". Partindo de pressupostos completamente mat eria li stas, combateu o uso de drogas "porque fumatãsaúde", mas quanto à p,ornografia na TV disse não haverproblcrna,porquc i:inofens iva:"dcixc os adolescentes verem os filmes pornogràficosqucclesenjoam".
A mídia presente
'--"'=------~"""''"'-----_J 6 -
CATOLIC ISMO -
Novembro 1990
AProl!Ro#Marieliluraro, convldllda Hpecl•I do lllnlslérlodaJu11 tlç•, s6 nloHléd•aeordocom almorslldltden11TVporque é trufo da soc/edltde
"consumista ..
Fii.cram-sc também presentes entre os expositores, quer como palestrantes quer comodebatedores,divcrsosreprescl\tames da mídia. Menos propensos ao desenvolvimento de teorias csdrú~ulas, foram porém, cornocradeespcrardapartcdclcs,pra1icamcntcunãnimcsemrepudiarqualquercon· trolc sobre as emissoras, alegando que is soscriaavoltadacensura,aqualcorneça eticamente e acaba politicamente. Boris Casoy, por exemplo. foi muilo enfático nesse ponto. Carlos Chagas propôs a formação de uns conselhos com representantes de toda a sociedade para cxcrccr um 1lmido con1rolc sobre a TV, no que foiasperameniccontraditadopelopublicitá-
~ ~ ~ - - - - - - - - - ~ JOHÂngeloC..J.,..., ~sto1ndo do 1mbienle porsu,indumenl lfrl•
Estariaempreparaçãoumacordocom a mídia televisiva em bases mlnimas? Í: posslvel, mas a se adotar nesse acordo o tal sistema claS5ificatório, pouco se teria obtidoparaaprotcçãomoraldapopu!ação O Prof. TércioSampaio Fcrra1.Jr .. Sccretãrio-executivodoMinistériodaJustiça, também se pron unciou contra a censura Disse, porém, que a infância tem ncccssida dc de um cspaço dc intirnidade para se dc scnvolver, sem estar exposta às investidas da vida pública. Defendeu também a regu~~;t~:~~~oº~a~;~ scmido. dos dispositivos
!'r.'m'½1':r:::::;~:ou
rund11danomarrlm6nlo1 defendeu uma aberrante
p nl tica de"se.iroem tam/1/a", quesup(let
relaçóes/ncestuosa,
O Dr. Araujo Lima, moderador. elogiou a exposição do Dr. Téreio, o que levou alguns dos prcscmesaconjecturarque osprincipiosporelcexp<mosfqucservirão de base ao Governo para as medidas que eventualmente venha a tomar.
Calor nos debates rioEnioMaynardi.Esteúltimotratoucom sarcasmos llm dos presentes no audi1ório, prcsumivdmentc porque este dc!;Cjava a manuten~ão de padrões mínimos de moral
Tal atitude de Maynardi provocou cornra eleumareaçllogencralizadaentrcosassistentes de seminário, descontentes comessaa1i1udcdedesrespei10.
" Moderados" não convencem Do ponto de vista jurídico, o Prof. Daimo Dallari di~orrcu sobre a possibilidade
descrcgulamcntaraConstituiçllo, no que tange à defesa moral da pessoa eà protcç/lo da familia. Sua proposta, porém, foi
9000
,,. f' It •'
1
I
1 ....J
: ~-
)
,.-
-
ba~tan1etímida. Falou numacvcntuuldassificação indicativa dos programas, scgun. do sua maior ou menor licenciosidade, feitaporórgãoscomunitãriosdeclassifkação Solução minimalista. que de modo algum atenderia aos atuais recl3mosdo pilblko e não corresponderia às e~igêneill.'l da moral católica. Falando na mesma ocasião, o Sr. Lui z Eduardo Borgenh, vice,prcsiden lc da ABERT (Associação Brasileira de Emissoras de RMiocTclcvisão)dcfcndcuquc "se dcvcchcgaraumoonscnsoemrcosprodutorcsdecspctáculospúblicos-rádio, TV, cinema-nosemidodccumprirumsis1emadeclassificaçãoctãria"
Falamos até aqui dos expositores. quer imlestranles, quer dcbatt'dorcs. E o público presente? Esteveelebastantcdividido.lniciatmentc foi condicionado a fazer pera;unlas por escrito. Mais de uma vez, porfm, pessoas do auditório inlerpetararn de viva 1·oz os npositores sobre suas posiçõe's douninãrias e práticas, escabelecendo•se um dcbatccalorosoquecomribuius.alutarmcntcpara quebrar um aparente una11·m·smo em !orno dos npositores e de suas posições comràriasàdoutrinatradicionaldalgreja Emreessas pessoas tiveram posição saliente um médico e um advogi1do pcrtcnccn-
pais angustiados apelam ao Ministro Cabral
JÁ SÃO 9 MIL os sig na1ários da petição ao Mi· nistro da Justiça, Sr. Bernardo Cabral, solicitando medidas urgent es que defendam a família contra a ava lanche de imoralidade e violência despejada cm milhões de lares através da TV Em 2 de agosto, "0 Amanhã de Nossos Filhos" entregou no Ministério da Justiça as mil primeiras petições. E, nascssãodcaberturadoseminãriorealizado cm Brasllía, de li a 13 de se1crnbro, sobre imoralidadccviolfocianaTV,rcprcsentantescamigos da entidade entregaram mais 8 mil, desta ,·u diretamente ao Mínimo Cabral, diante de grande númerodejornalisl asefotógrafos,bcrncomodo públicoparticipantedoseminãrio. As peciçõcs formavam uma coluna de mais de SO cm de altura, colocada sobre uma c.<;pécic de pad iolaenvoltaempapclverde-amarelo,oquetornava o conjunto bastante vistoso. Durante todo o tempo da sessão inaugura!, a co luna pcrmaneceu sobreamesadaqualscdirigiamoscrabalhos, eparacssaspctiçõcsapontouoMinistroquando sereferiuaosrcclamosdasocicdadebrasileira Apetição,elaboradapelaassociação"OAmanhãdeNossosfilhos",visapediraregulamentaçào de um preceito constitucional - o art igo 220,
§ 3~. inciso 11 - que pcrmite processar judiciatmcme asemissora.sdcr:\dioe1elevisãoqueirradiemprograrnnscon1n\riosaosvalorcséticoscsociaisdapcssoae dafam!lia,bemcornosustaracmissãodctaisprogra, mações Entre outras razões, os peticionários argumentam que"ascadeiasdetelevisãosãoconcession/iriasdcscr· viçopüblkocquc,portanto, nãotêmodirei1odeusar seus potentes recursos de comunicação de mas.sa cm prcjuizodocorpo da sociedade" Depois de mencionarem que "a sociedade brasilci·
~a a~~~~:~i~1~~~~!
~~:~%~?:ir!ºi::r~
"an1csmcsmodc:suapossc,au1orizou,emlara;os5etorcsda população,cspcrançasdequcexerceríaefctivamcmcsuainílufocia,comoMinistro,jumoadire!orcs dccadeiasdccclcvisão,noscn1idodequedelimitasscm o seu campo de acuaçào. por ser necessário 'nRoconfundir libcrdadede criar com liccnciosidadc'" - coníormesuasdcclaraçõcsao''JornaldoBrasil",deJJ-l-90 Apcciçãotcrm inacxprimindoa"angúS1iademilharcsdc paisdefamília,quesc sentem atingidos naquilo que~ um dos seus direitos inalienáveis, qual seja o de educar seus filhos dentro de uma atmosfera cheia de respeito aos bons costumes"
CATOLICISMO -
Novembro 1990 -
7
jàsejampúbliçasquandoestamattriasair a lume. De qualquer modo, aquilo que não atendcr aos princ!pios imutàveis da moral católica,nãopodeserconsidcradosuficicnte num país como o Brasil, nascido do zelo apostólico de um Anchieta e de outros da mesmatlmperaefé. Segundo feliz expressão do Prof. Plínio Correa de Oliveira, se o Brasil algum dia deixardcscrcatólico,dcixaràdescrfüasil. GREGÓRIO LOPES ATILIO GUILHERME FA~O
tes à TFP, que compar«:eram ao evento - aberto ao público - em nome particular, como interessados no a$$unto. Oportunas e corajosas manifestações fiuram-se notar tam~m da parte de representantes e amigos da associação "0 Amanhã de Nossos Filhos". Desse modo, foram proclamados alto e bom som os imutáveis princi• pios da moral católica, contrários à propa gação da pornografia; a doutrina de Freud foicolocadanoscudevidolugar,mostrando-scquanto ela tem dcarbi1rárioc, mais ainda, quanto é contestada hoje cm dia mesmonosmcioscientificos.Ocaráterqua se sectariamcnte freudiano de um grupo de expositores, que davam o tom, tornouse patente aos olhos do público. làm~mospalesuan tcsoudebatedorcs que tomavam posíçôe$ aparentemente moderadas ou "terceira-força", tiveram de participardosdebatescomopllbliooerevelar mais a fundo seu pensamento. frequen• temente mais próximo do pensamento freu diano do que se poderia imaginar à primeira vista. Assim é que Dalmo Oallari, por exemplo, - ex- Presidente da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo e, segundo afirmou, amigo de D. Arns - disse, em res posta a uma pergunta, que deixara a Religião Católica na infancia; e, embo· rainvocandoprincipioscriscãos,confcssouseadeptodeuma moral de situação, variá· vcl segundo os tempos e lugares,comrãria portanto à moral da Igreja. Mesmo as posições displicentes de un s cooniventesdeoutros-emrelaçlloàonda de pornografia e violfncia na TV - fo. ram vigorosamente sacudidas por um representante da associação ''O Amanhã de Nossos Filhos",oqual lamentou o pouco caso dos ex positorescmatcndcràsrcclamaçõcs das familias brasileiras. Insatisfação essa oomprovadanas9milpetiçôesaoMiniscro Cabral,enascartasquea associaçãore«· bc de muitos pais de famllia r«:lamando da falta de censura. No terceiro e último dia do seminário, Rose Marie Muraro e Ângelo Gaíarsa não compareceram, tendo alegado necessidade de viajar. Tumbém o término dos trabalhos 8 -
CATOLICISMO -
foi apressado por motivo de viagem dos omros expositores, e o Ministro da Justiça,cujaprescnçaestavaprev1staparaocn cerran1cnto. não compareceu. E não houve conclusões cm um semi nário convocado para "Reílexões e Soluções".
Brasil católico Não sabemos qual será o futurodoassu1110. O mais provável parece ser que o MinistériodaJustiçaponhacmpráticamcdidas palia1ivas para moderação das trans missões televisivas de imoralidadee violêneia, sem adota r soluções que resolvam o âmago da questão. Talvez essas medidas
Novembro 1990
P•r• o Or. F/ávlo Gllrovale
• pomogr,t/11 na TV nlo tazmalluiide
Um seminário que "terminou sem conseguir dlzer a que velo" A realização do seminário "A problemática da comunicação de massa: rcílexõcs e soluções", por iniciativa do \1inisrtrio da Justiça, entre os dias 11 e 13 de setffllbro, cm Brasília, foi visto com preocupação por certos ~e!ores da imprensa. Para alguns. o simpósio seria para di5Cutir o que a TV "anda fazendo com a liberdade conquistada". e por isso, e-;tariaagorasendolc-.ada "aobancodosréus"("Correio llrn1.iliense", 8-9-90). Sobrccsseas~10,oorganizadordoevento,0Sccretário Nacional dos Dirci1osda Cidadania e Jus1iça do Mmi$tério da Justiça, Sr. Cario~ l':duardo de Araújo Lima, chegou a declarar que "alguém jã di55e que esiamos nos 'lambu~ndo' de liberdade" e que, cueabusoseria a explicação do fenômeno "da insatisfação da audiência de TV que \Cffi sendo maniftscada ao E~tado, ua forma de maciça rttlamação ("O Globo",
L0-9-90). Da 11ar1e do Ministro Cabral ouviu-se repetidas vezes que "as pressões, em forma de carias, telegrama~ e telefonemas" pedindo providlncias contra a pornografia e violên,:ia na ceie-visão de nenhuma forma farão com que o Governo federal volte a impor a censura. "O tempo da censura, ainda que is.so possa provtx:ar saudades em alguns, jàmorreu",disseoMinistro("OGlobo.9-9-90). Ofatoconcretotqueospalestran1esedeba1edorcspresemesaocventopoucapreocupaçllomostrarampeloquedeveriascroassuntoprincipalaserdcba1ido:comodefender a familia e a sociedade contra programas que ofendem gravemente a moral a os bons costumes.. Thtvezpornãoresponderadequadamen1eaosrttlamosdasociedade.oseminãrio acabouseesvai:iandoe~ afastandodosseusobjcti\OS. Assim, no "Correio Brv.ilicnse" (ló-9-90), Mõnicn do Silva concluiu melancolicamente que o seminério promovido "em atenção às redomações de minorias insatisfeitas com os rumos da televisão bruikira. terminou sem conscguir diicr a quc veio ... "
Um "cristão atrevimento" de Afonso de Albuquerque
Aconquistij
O Comandante da nau de Cambaia ficou petrificado de respeito diante de Afonso de Albuquerque t1 Hus cap1t,t1t1, todos revestidos de armaduras
[A
S CONQUISTAS portuguesasnosséculosXVeXVloonstirncmumapãginadeg!óri., para a nação lusa - e não pequena! Daquclevalcnte nucleo populacional, espremido na ocidental poma extrernadaEuropa,salramnavegadoresqucenfrentarammares,terrasepovosdesoonhecidos,levandoo11omeeopendão de Cristo por toda parte! Dentre esses heróis, nenhum sobrepassou em destemor eousadiaaAfonsodeA!buquerque, varão de nobre linhagem. Muitoconvémressaltaressesfatoshoje em dia, em que uma propaganda malévo-
la procura denegrir os grandes feitos e as figuras de porte excecional, em aras a um pacifismo sem honra e a um mundo sem Deus.
A conhecida escritora Elaine Sanceau, em seu livro"AfonsodeAlbuquerque 0 sonho da lndia" (Livraria Civiliiaçllo Editora,Porto, 1953,416págs.),relataepisódios marcantes da vida desse valente fidalgo português. Abaixo transcrevemos resumindo-o episódio que consistiu na conquista de Ormuz, o qual bem poderia serquali ficado,empregandoasugestivaexpressãodeCamõcs, um dos"cristãosatrevimentos" empreendido pelos navegantes lusos.
Ormuz é hoje pouco mais do que um nome no mapa: ruinas de cidade outrora importante a desmoronar -se ao sol numa praia deserta. Todavia, esse fantasma foi emépocaspassadasacidade maissuntuo-
sa dos mares da Índia. O mundo é um anel, diziam os árabes, com Ormuz por pedra preciosa. Cravada numa ilha rochosa, desolada e seca, todo esplendor que·ela teve vinhalhe de sua posiçllo estratégica e de suas duas excelentes enseadas. As armadas do Orientcacolhiam-seaoabrígodestesportos, fazendodeOrmuzacidademaislu xuosa do Oriente. A índia mandava-lhe pedraspreciosas,ricostecido s,espcciarias e mussclinas de Bengala, Água de rosas, veludos e brocados vinham-lhe do Cairo e de Alexandria. Noz-moscada,sândaloe cravochegavam-lhcdeMálaca,enquanto fardos de sedas preciosas provinham da China. Além disso, Ormuz era a cidade onde se juntavam os mercadores de pérolas do Golfo Pérsico. Até ge lo vindo das montanhasdistantesalipodiaserencontra-
CATOLI C ISMO -
Novembro 1990 -
9
do. Mesmo a água para beber vinha-lhe de fora O Xã da Ptnia era o seu longlnquo suzerano, mas só uma vez por ano mandava cobrar o tributo.Onnuzeragovernada por um minisuo que representava um grupode magnatas. Estes não queriam reis com
:~an~!ª !~~~~~~ ~~:i~ incompetente.Seestedava sinal dedeixarde ser qualquer destas coisas, !iravam-lhe os olhos e coroavam um sucessor dócil. Num castelo de Ormuzcstavamenccrrados quinze reis cegos. Eramtratadosconvenienternente, para o caso de serem necessários em qualquer das intrigas da política da cidade. Foi no meio desse foco de maquinações que Afonso de Albuquerque caiu como uma bomba
Sentado no meio de seus cap itles
"Fogo/"", bradou Albuquerqu,, ,
,m b,e.,,, f1rvl• o comblfl, que ttrmlnou
com • estupenda "'llórla da esquadra portuguu•, fevoreclda por um auxíllo sobrenatural Suavindanaoconstituiusurpresa, poisjã haviam chegado a Ormuz noticias alarmantes Mas Albuquerque não se deixou lograr que era preciso ter cuidado, pois aquele sobre a combatividade portuguesa; diziam Seguidodosseuscapi1lles,dcslizou,imphi- não era homem com que se brincasse a1tqueclesdevoravam homens do, em meio às embarcações. Se o ministro oontavaganharternpo,deprcssascdcscngaO ministro de Ormuz, Sr. Cogeatar, emSó q uatrocentos! bora não acreditasse nisso, ficou assusta- no u. Albuqucrqucchcgou, observou, ancodo. Pareceu-lhe providencial que o porto rou e enviou recado ao navio de Cambaia CogcatarpreferiucontemporizarenquandeOrmuzestivcsse,ncssaocasilo,apinha- Seocapitllonllocompareccsscimediatamcn- to aguardava a esquadra que chegaria a do de navios, todos tripulados por correli- te a bordo da caravela ponuguesa, os lusos qualquer momento. Assinou um documengionãrios maometanos, e todos prontos a metê-lo-iam no fundo. Julgar-se-ia que o to maniícstando desejo de negociar, e remeprestar-lhe auxilio capitão de Cambaía poderia ier retorquido teu-o a Albuquerque. Convidou os portuSua confiança residia nas 900 toneladas nomesmo!om;em vez de o fazer,en1bar - guesesadcscmbarcarcrn. Albuquerquca11rade um navio do rei deCambaia, uma nau cou apressadamente e dai a poucodobrava- deceuerespondeuqueseushomenses1avam comple1amente armada e com mil homens sedocilmcntediantedeAlbuquerque. acosrnmadosa pernoitarem nas naus: mas a bordo, como também no galeão do MiliEste estava sentado no meio dos seus já que Cogcalar insis1ia tanto, um ou dois queaz de Diu, que não lhe ficava atrãs em capitães, revestido da mais preciosa das podiam desembarcar a fim de adquirir protamanho e equipamento. Ao todo estavam suasarmaduras,cometmodouradonaca- visões fresi.:as. OqueCogeatar queria era no porto 60 grandes navios e um número beca, um pagem de cada lado, umdclcsse- fazer-se idtia do número dos portugueses ai ndamaiordeembarcaçõesligeiras.Além gurandobclocscudo,ooulrourncspadirn, FoigrandcadesilusaoquandoGaspar Rodeste reforço estrangeiro, Cogealar conta- Os homens da armada - todos revcstido5 drigcs, o inttrprete, dcsembarcou com um va com umaesquadrasua,queforaapres- de couraça - formavam um fundo formi- único companheiro. Os guias procuraram sadamcnteconvocadadocontinente dâvel. OcapitãodeCambaiaficoupetrifi- insistentemente sondà-los, mas os dois foFoi ãs primeiras horas da manhã, do cadoderespeito ram muito discretos. Tinham sido enviados. dia 25 de setembro, que Afonso de AlbuDepois de algumas perguntas a~rca de disseram eles, a comprar algumas coisas querque penetrou no estreito e avistou a Ormuz,Albuquerqueencarregouocapillo para os quatrocentos da nau de comando enseadaeosminaretesdascasasdeOrmuz, delevarumamensagemàterra. Era preci- Na verdade, os portugueses eram quatrocenA multidão de homens armados na praia so comunicar ao rei de Ormuz que D. Ma· tos ao todo! eascentenasdebandcirasmutticoloresque nuel de Portugal pretendia a sua amizade. AC5Quadraqucominisuoesperavachcenfei tavam as centenas de uavios que en- Tinha enviado seu capitão para o senir gou nessa noite. Formava uma armada de chiamoportoeraumespetãculoimpressio- com esta armada. Se o rei qu isesse fai.er- respei to. Os portugueses ficaram completanante.Maisimprcssionanteaindaeraosom se vassalo de Portugal e pagar-lhe tributo, mente cercados. Cogeatar sentia-se devcras de mil trombetas, o tinir de clmbalos e a Albuquerque defendê-lo-ia de todos os fel iz. O inimigo não tinha possibilidade de gritaria atordoadora seus inimigos. Do contrário, a cidade eos salvação. Deu ordem para que fossem toComo a artilharia dos fortes que defen- navios seriam destruidos. Que escolhesse mados vivos tantos porlugucscs quanto posdiam a cidade estava muda, os portugueses cntreapazeaguerra. Albuquerque consi- sivcl, pois eram excelentes guerreiros e prepodiam supor que isto era uma recepçAo derava Ormuz como ddade que valia a pe- tendiautilicl.-losemguerrasfuturas. triunfal. O ministro não queria combate na conquistar. Terminado o prazo, Albuquerque ma naniesdachcgadadacsquadra que se aproOcapi1ão,assus1ado,retirou-se,eestan- dou diter que já tinha esperado basta111e do com o ministro Cogeatar preveniu-o de A resposta foi o grito de guerra dos muçulximaria a qualquer momento.
10 -
CATOLICISMO -
Novembro 1990
manos a avançarem comra os navios por1u· gueses. Fogo! bradou Albuquerque, e cm breve fervia o combate. O troar da artilharia eraensurdeccdorealuzdo di aobscureceusccomafumarada .Osl)Ortugucscs,intciramentccercadospelosinimigos,nãocediam. O navio de Diu foi metido a pique, a enorme nau de Cambaia muito maltratada e os outros navios queimados. Dissemi nado opllnicoe111reosmaomc1a11os, queaba11do11aram o combate, Albuquerque entrou nos estaleiros e lançou fogo a todos os navios que restavam. Simultaneamente deu ordem a alguns dos seus capitães para incendiar os arrabaldes da cidade
A rendição do rei de Ormuz Cogcatar hasteou a bandeira branca e pediu paz. Foi um golpe de sorte para os portugucses,poiscmbornAlbuqucrqucquiscssc conquistar a cidade a golpe de espada, ele não dispunha de um homem para cadarua Reconhecendo a coragem dos portugueses, Cogcatar tornou-se vassalo do rei de Pom1gal, pagar-lhe-ia o tributo e dar-lhe-
iaconcessãoparaaedificaçãodeumafor-, taleza. E5tas condições foram redigidas cm duas cartas diferentes, uma escrita em persa, aou1raem árabe, assinadas ambas pelorcieporCogeatar,ecncerradasnum cofre de prata, à maneira de um livro, fe-
~~ª1~ 1:°:v::~~n:ol~~-r~g~r~m~n;~u:~~~~
persa ficou em poder de Afonso de Albuquerque. Ambos eram muito belos. A versão árabe estava gravada cm folha de ouro,a persacraescrita cmpapelcomlc1ras de ouro e azul. Ambas estavam guarnecidas de trk selos ornamentais - o do rei, ~~a~tº puro, os de seus funcionários, de Albuquerque,cercadoporscushornens, veio à terra para receber a rendição. O jovem rei de Ormuz, um menino de U anos, fitou com cu ri osidade o guerreiro, figura magra e desempenada, festivameme vestidodecetirnedeveludocarmczim,comaspccto dominador. Albuquerque cumprimentou o rei com solene cortesia, o tornou pelas mãos - que en1re os mouros ê sinal deami1,ade - e 1odossesentaram. Ormuz estava dominada, Albuquerque podia lançar-se a novas conquistas
/li:~ J/~
•
,----,--,--------,~ -'""--=C-----,
=~· Rua~-=~~ ,d~
/' ·
A,-,~
~
~
~
A CERTEZA DE AGRADAR
11-~======.-- I 1 ~ - -- -- - - ~
1r==---c======-i
ídi5l CHURRASCARIA EPIZZARIA lMJ A BARONESA
1 ~ - - - - - - - ~
Peso Pesado Refeições Seil·OO!V\Ceporkilo Com1dacase,ra Dlarl&'Tlellle8pratos Quentese 18 saladas
O milagre de Ormuz relatado nos Lusíadas A co nquista de Ormuz, assim é descrita por Camões: "Mas oh! que luz tamanha que abrir sin to .. "Esta luz é de fogo e das luzentes "Armas com que Albuquerque irá amansando "De Ormuz os pârscos (\), por se u mal valentes (2), "Que rcfusam o jugo honroso e brando (3). "Ali verão as setas cs1ridcntes "Reciprocar-se, a ponta no ar virando, "Contra quem as tirou (4): que Deus peleja (5) "Por quem estende a fé da Madre Igreja." (Lusíadas, e. X, 39-40) NOTAS (l)Camõeschama"párseos"aospcr5as. (2) e (3) "Por seu mal vaJcme5": o fa10 de serem valentes foi, para os persas de Ormut, um mal, pois acabaram por ser derrotados pelos portugueses, tendo de aceitar pela imposição das armas "o jugo honroso e brando" que haviam recusado ("refusam") (4) e (5) Estas setas que viram cm pleno ar, voltando·SC contra os que as atiraram, é uma alusão ao milagre ocorrido em Ormuz, referido pelo cronista Castanhcda (ll-62)comasscauinlespalavras: "Ao terceiro dia depois da batalha quis Nosso Senhor manifestar o milagre que nela fizera, em favor dos nossos. Começaram a aparecer sobre a água do mar muitos corpos mortos de mouros, pregados de muitas flechas. Isto foi dito ao capilllo.mor, gue espantado daquilo mandou tomar alfuns daqueles corpos: e viu que verdadeiramente eram de mouros, e as flechas tais como aquelas com que os mouros atiravam na batalha. E chorando de prazer disse a todos: que ai conheciam o milagre que Nos$0 Senhor fizera por eles, que as mesmas ílechas que os mouros lhes atiravam tornavam sobre eles e os matavam. E durante oi10 dias salram estes corpos sobre a Agua, e por isso os mouros da cidade puderam ver e estavam pasmados de tal cousa e diziam que Deus pelejava pelos nossos"
Aber1o das 1100 às 2300hs. 10% de descontoparagrupos Av. SãoJOOO,m - SàoP(M)(SP)
CITY GRELHADOS RESTAURANTE
Del,cious ca mc,grt:lhada, nabrn,a alé ... dcn .,;, ,·" úràia,·· --,
10" de ,ksc,,.,,o · A« immos e.e.• 1ichi,
,.,. S.Joio,rn-lii·m.1914 - s.oholotSPJ
rl~~~l)2,_~:,;,?. moçÔ i~I~!
Rl
eja nlar
M;-.::P:~í,",~7-!:t° .,.,, ·.,,..,.,~,no p,ópr·, l.ug" ,lo Arouch~. 41 - T~I: 221.2577
•
~~l:!~:~~;G~
bologe m poro viagem Permanecemos abe,1os inclus,ve aos domingos e feriados
llo,o A.,10,0,ól0 - lw lp,rO!!Q0,92•
CAT OLICISMO -
SOoPou ~
Novembro 1990 -
ll
Manifestação de um condenado ao inferno
"Por um justo julgamento de Deus, fui condenado ao Inferno" São Bruno (1035-1101) foi testemunha de uma revelação do Além, que o incitou a procurar uma grande per feição e que está na on'gem da fundação da mais rigorosa Ordem
da Igreja Católica: os cartuxos. O impressfonante fato é narrado por Jacques Lefévre em sua coletânea "Les Âmes du Purgatoire dans la vie des Saints" (*) 1 sendo oportuno meditá-lo~ por ocasião da Festa de Finados.
::~-.:~::;,::'º·
Monte C-sslno, • 21 dfl merr;o d• S.U - AfrescodeSp/nell/ deAreuo(l390J, lgre~deSlo Mlnl•lo, pro11/mldades de Florenç•(llállaJ
S-s,undoaramoN obra " Legenda Áure1 ", dois
d/,cfpu/osdoSanto, um, nalflflie,
as,o
~::::~:::,:~:b,, :~::::•menfe aoClfu,oqwestll
repreHr1tlldo
no
Finados: comemoração d e todos os fiéis defuntos "Lcs morts vont vite" (os mortos passa m rápido), constata, melancólico, conhecido adágio francês. O grande Santo Agost inho (354-430) queixava -se de serem os mortos muho esquecidos. Vai -se logo a memória dos defuntos com os últimos dobres do sino e as derradeiras ílores lançadas sobre a sepultllra O mesmo acontecerá, por certo. com cada um de nós, que jamais gostamos ~~ :~~v~~~i':~. Nilo obstante, a piedade católica recomenda que sufraguemos l>c$de o st<:ulo V tem-se no1lcia de missas na intenção dos defuntos. Mas é a Santo Odilon, quarto Abade do célebre mosteiro beneditino de Cluny (a ordem religiosa que, cm larp medida, Form~m a Idade _M~ia) que se deve a com~moraç~o geral de todos os fufü defunt os: Foi ele que a 111srnuiu no ano ~8. E a míluênc1a de sua Ordem fez com que logo se a adotasse em todo o mundo católico Segundo o Concílio de Trento (sessão XX II, cap. li), "as almas do Purgatório s.ãosocorridaspelossufrágiosdos fiéis,cprincipalmentepelosaerifíciodoaltar" O Sacerdote oferece oficialmcutc a Deus, para resgate das almas, o sangue infinitamente precioso de Nosso Senhor Jesus Cris to A cada dia, no memento do Canon da Missa, há urna lembrança por todos aqueles que repousam no Senhor, e o celebrante implora para eles o lugar de refrigério, detuzedepaz. Nilo há, pois, Missa em que a Igreja nllo reze pelos defuntos. Entretanto, na celebração de Finados seu pensamento se volta especialmente para eles, com apreocupação materna d.,e não deixar nenhuma alma do Purgatório sem so,::orro espiritual. Coisa de que Lutero não gostava. No dia 2 de novembro, peçamos a Deus, com a Igreja inteira, conceder aos defuntos, que não pQdem mais nada por si mesmos, a remissão de todos os seus pecados e o repouso eterno
12 -
CATOLICISMO -
Novembro 1990
OM EFEITO, cm 10fJ2 morreu em Paris o reputado professor da Sorbonnc, Raymond !)iocres. Asc.crimõnias se realizaram na Catedral de Notre-Dame, e dela tomaram parte, alémd0$ fié1sedcnumerososprofessorcs,também alunosdodcfunto,cntreosquaisSãoBruno O caixão eslava colocado no meio da na\'e central, rccobcTto, segundo o costume, de uma simples morrnlha. Durante a cerimônia, quando o padre pronunciou as palavras rituais do salmo: "Respondei-me dcquantospeçadose dcquantasioiqüidadcsnãoestou cu culpado ... ", uma voz sepulcral fez-se ouvir, debaixo da mortalha. dizendo: "Por um justo julgamen10 de DEUS, cu fui acusado" Foi imediatamente levantada a mortalha, mas o defunto permanecia imó\·el e frio. A cerimônia, por um momento interrompida, foi rc1omada. cm meio a certa inquietação ... Quando se chegou novamente ao \'ersiculo mencionado anteriormente, o cadáver lcvantou-sediantedctodoo nnmdo, e gritou com umavo1.aindam11is for1c: "Por 1;1m j usto julgamento de DEUS , cu fu i julgado". Opa\'ordosassistentcsfoicnormc.Algunsmédicosaproximaram-sedodefunto, recaídoemsuaimobilidadc,econs1ataram que ele estava verdadeiramcn1e mor10. Contudo, não se teve a coragem de continuar a cerimônia neste dia, ela foi adiada para o di a seguin te Ncsteínterim,asau1oridadescclesi:ls1icas nllo sabiom que medidas tomar, para sair de tal impasse. Alguns diziam: "Ele cst!\ condenado, ele não é digno das orações da Igreja". Outros alegavam: "Nós nllotcmos provas suficicrucs para concluir que Diocrcs csleja condenado. Ele apenas dine que havia sido acusado e julgado" O bispo mesmo compartilhou esta hipótese e, no dia segui nte, o oficio fúnebre foi retomado Mas no mesmo versículo, "Respondei· me ... ". de novo o cadáver levantou-se do caixão e gritou. "Por um justo julgamento de DEUS, fui condenado ao inferno, para sempre". Em presença dessa tn-rívcl confis~o. a cerimônia fúnebre foi interrompida e decidiu -se não enterrar o cadáver no cemitério NumCr0$aspcssoasatestaramaautcnticidadcdeste fato,entrcclasSll.oBrunoque, de tal maneira impressionado, partiu para a lt!\lia, a fim de viver como eremita numagrandíssimaaustcridade.Scuantigoprofcssor,admiradissimo,tinhacaidonoinfer.
A celebração de finados é uma excelcnlC ocasião para meditarmos no conselho evangélico: " Pensa nos teus novíssimos e não pecarás".
01crmola1inonovissim1indicaasúlti·, mas coisas qucsucederlloa cada homem amortc,oj uiw,océuouoinferno. De fato , na sepultura não termina o nosso destino. Devemos aderir firm emente à.spatav rasdoCrcdo: "creio na ressurreição da carne e na vida eterna". A piedade para com os falecidos implica num aio de fénavidaeterna,umaccr1czadcqucnos· sosmortos qucridosn ãocstaoperdidospara sempre. E também im põe-nos a obrigação de reza r pelo repou so eterno de suas almas, as quais, eventualme rue, antes de ingressar no paraíso celeste, tenllam que se purificar no purgatório.
~ - - - - - -- -- -- -----------1
FERNANDO OE AlMEIDA (º) Jacques Lcftvrc, op. ciL, tditions Ré-
siac, Montsurs, 1984
Ft1chad• d• bel• c•tedral de Slo Pedro de S1/ntf!S
Da catedral de Saintes, o "Angelus" ecoa para todo o mundo O piedoso costume de rezar a Sa udaçiJo Angélica originou-se na cidade francesa de Saintes, que permaneceu fiel à recomendação do Papa Urbano li, em 1096, de se rezar à Sanrfssima Virgem pelo sucesso
da primeira Cruza da PA RIS - Saimcs é uma pequena cidade no sudoeste da França, nllo muito longe do mar. Duran te a an tiga dominação romana situava-se numa encruzil hada de estradas que a ligavam diretamente a Roma. Dessa circu nstância decorreu sua rápida cristianização, desde os primei ros stculos. Foi um de seus primeiros, bispos São Viv iano, que edificou sua igreja, dedicada aos Santos Apósiolos Pedro e Paulo, se m dúvida a primeira no Ocidente, depois de Roma . A igreja foi destruída e reedificada diversas vezes ao longo da gloriosa história de Saintcs. Nela a Mãe de Deus sempre foi particularmente honrada, eao longod05stculosope· rou milagres sem conta e por1cmosos. A Virgem pa$0u a ser venerada soba in vocação de Nossa Senhora dos Milagres Os calvinistas dcstruiram a igreja cm 1547. levados pelo ódio a Maria. A devoção entretanto continuou ininterrupta até a Revolução Francesa. Pelo ano de 1789 j:I o cntibiamentO das almas era grande. Profundamente go lpeada pela Revolução, ela não mais se rcstabcleccria cm scu antigo csplendor A Providlnciaquis,entrctanto,queatémesmonessc triste dccllnio de fervor, um a nQva glória encerrasse os stculos de Fé: seu último bispo, Luiz de la Rochefoucauld, foi massacrado pelos revolucionários cm setem bro de 1792, no convento do Carmo, si tuado na histórica rua de \laugirard, no centro de Paris, onde seencon1rava prisio neiro. Beatificado em 1926, co mo mánir da Fé. Ao longo dos stculos, a Revolução foi inclemente com a igreja de Saintes. Certamente atiçc,u o ódio revolucionário um fato que até hoje repercu te na Cris-
tandade: os íiéisdc Sain1es, levados por sua devoção à Mãe de Deus foram inquebramavclmentc observantes da dctcrminaçllo tomada pelo grande papa Urbano 11, no Concilio de Clcrmont. em 1096. Quis o Pontlficc que se tocassem os sinos, pela manhã e no fim do dia, a fim de que todos rezassem à Santissirna Virgem pelo sucesso do primeira Cruzado, por ele pregada A intenção do Papa era de que essa prática fosse apenas temporária. Mas ela se conservou na igreja de São Pedro de Saintes. MesmofindaaCru1.ada.alutadiáriapelaconquista do Céu não cessava. E aquela gente devota não mais podia dci,rar de se recolher, ,·oltando-se a Maria, no inicio de seu quotidiano - "o Anjo do Senhor anunciou a Maria" - e ao cessar as atividades. aoimergirnaescuridãoda noit e "paraquesejamoslevadoságlóriada Ressurreição", segun do reza a Igreja nas horas do "Angclus", Em 1318, o Papa João XX II , toma ndo conhecimento dessa piedosapcrsistencia,comoveu-se,erccomendouaprática à Igreja Universal. Mais tarde, o rei Luiz XI, assíduo visitante de Saintcs, determinou que se tocasse o "'Angelus'' também lio meio dia . E assi m foi que -segundo narraçl)es fidedignas.deixadas por penas de santos cronistas - graças à fidelidade de alguns,quandoarmascristllssebatiamheroicamcntecmtcrrasinfiéis, o "Angelus" começava sua co nquista pacífica do mundo católico
CATOLIC IS MO -
Nove m bro 1990 -
13
concisamente • R6ula:
Terce iro Mundo
Num livro publicado em 1989, "The PovcnyofCommunism" (Transaclion Books), umadasmaisconhccidasautoridadcs em matfria de sall.de pública e demogrãfica, Nick Ebcrstadt,dedarasimplcsmcntc: "não pode haver engano: aUniloSovitticaC'itánasgarras de uma crise de saúde devastadora" . OjornalistaWilliamSafire, do "Ncw York Times", ao divulgar resultados colhidos pela Rand Corporation da Califórnia, concorda com o tcstemunhodedoisespccialistasrussos, Viktor Bclkin, membro da Academia Sovictica de Ciência, e lgor Binnan, economista dissidente radicado nos EUA. To. dos sao unãnimcs em afirmar que a URSS teria decaído ao nfvctdepa!sdoTercciroMundo.
Enquantoisso,aindaternos religiososcpollticoaquedcfcndcm a estatização da medicina
, da terra, do ensino, etc. Tudo segundo os moldes do regi·
mesovitticoou cubano!
• Esbanjamento - 1 Com vimu a apurar denúncias de desvio de CrS 1,8 bilhão na Portobrâs ("apenas a ponta do iceberg", segundo um dos administ radores nomeados pclo presidente), o Tribuna! da Contas da União aprovou a constituição de uma audi toria.Oex-liquidantedaPortobrás, Jorge da Silva Campos, organiwu lJ processos para comprovar as acusações. Em suma, pagamento por obras quenloforamfeitas-e.spccialmente de 88 mmilhões por uma cerca, como se fora ampliaçlo de contãneres num i,or10; construçlode terminais portuá· rios próprios, naBtlgicaeem Po rtugal. Não hâdôvida: onde o governo estatiza a produçlo, o
U -
CATO LI C ISM O -
resultado costuma ser desastroso. "Se os socialis!lls fossem administrar o deserto do Saara, logo haveria escassez de areia" - afirma uma anedota polonesa.
• Esbanjamento - li Economistas(deváriastendéndas ideológicas) concordam num pomo: o Brasil não sabe quantogastaemprogramassociais - sabe-se apenas que o dispêndioévultosoequasena da resolve. A esmo, citemos algunscasos(levantadosrecentementeporespeçiali.stas) -oGovemodestinouSCr 300 milhões, em dezembro de 1987, para combater a epidemia de dengue, no Rio - a doença,entre l986e l987,atingiu maisde60mi l pessoas. A SecretariaEstadualdeSailde contratou2200guardassanitáriosecomproucarros.Odinheiro acabou cm setembro de 1988, sendotodoo pcssoaldispcnsadoeomaterialcncostado; -do total de 1500fundonários da Companhia SiderilrgicaNacional,umterçopertencem à ârea adminiscrativa. A constatação foi feita pelos mi neiros da empresa, que estiveram em licença remunerada há45diase,ademais,ocupando e.s instalações da CSN no sulcacarinense."Trabalhamos para sustentar esse pessoal. Não precisamos nem de 100 funcionários para esse setor", adverteopresidentcdosindicato dos mineiros de Cridilma -goteiras, tetos, vidros e carteiras quebrados mantêm foradeusocarcadel5'!.das escolaJ brasileiras: - quase501Jt daàgualançada na rede perdem-se antes de chegar ao medidor das casas no Brasil. lncúria,máadministração, prodigalidade-tantas vezes, oõnusdab urocraciai ncptac das estatais paquidtrmicas .. Entretanto, segundo pesquisa
Novembro 1990
dolnstitutodeEscudosEconõmicos, Sociais e Politicos de SãoPa ulo,79'1/t doslidercssindicais brasilciros são favoràveisàmanuiançãodasesta1ais - nãoobstan1e1odases5ll5clamorosas evidências sobre os gastos e abusos escandalosos aquc d!l.omargcm •
11
Mllqulna de
bestklllzar"
Credibilidade, alto concci10,nomeada ... Eramestes,não fumuito,atribuiosdequegozavam certos diários junco a várias camadas sociais. Vemse erodindo, todavia. a olhos vistos,oprcstigiodctaísórgãos.Seaindadespertam inte• rcssecatenç!lo,tcadavezmenor - e menos ávido - o uniVC!'$0 de seus leitores.segun doatescampesquisasdeopinião. OjornalistaClaudc lmbert, de"Le Point"{28-5-90),formulaaseguin1eexplicaçãoparaodecrtscimodetiragemque se observa nos órgãos de im prensa: "O pilblico cm geral encontra-se hoje mais informa do do que no passado, uma vez que esse pilblico pouco ou nada lia. Contudo, o piiblico tidocomodeeliceenoomra-se, pelocontrário,maismalinfor-
O. t/mbo/oa comun1, tu nê •tc.Pflram ,11vt1/tmchet1ntl-11011"11c,, como a ealrela 11C1nn• lr.de um «lltklode/>,wga
mado do que outrora, uma vez quesubstituiua leituradosdiá· rios pela televisão". A análisedocnsaista franc& Guy Sorman é mais contundente e não menos provida de alcance: "Os jornalistas copiam-se uns aos outros, lerminam por partilhar as mesmas idtias e a originalidade se faz rara ... No caso de eventos complexos, t se mpre mais fácil usara peneira .... -Os jornalistas prefere m ser populares a ir con1ra a corrente". E conclui: "A mldia é {hoje) uma máquinadebestializar"("JornaldaTarde",8-9-90) O crescente desencanto do leitor cm relação à imprensa nãoencontrariaaísuara1..llo de ser mais profunda?
Estàtuas cm bronze e mármore de Lênin foram destruídas com bombas na Polônia, enforcadasemengiena Romé:n ia, derrubadas na Hungria, desfiguradas na Alemanha Oriental e emnbrulhadas num papelão - cognominado, "o lixo da História" - na llulgária. Tambtm na URSS as onipresentes está tuas do primeiro ditadorcomunistatêmsidoderrubadas, desmontadasou vcndidas Olivrodeu mfamosodramaturgorussoacusaLé:ninpclo"crimedostculo":achacinadoCzaredafamilialmperialrussa,em 1918. Deputados da Rep(lblka Russa exigiram um inqutrilo sobre a Revolução bolchevista. " Todo crime deveserinvcstigado'',declarou o deputado Viktor Mironov ao semanério " Kommersan1" A publicação pós1uma do romancedeVassilyGrossman, escrito em 1963, faz remontar o terror stalinista até à fundação da URSS por Lênin Quedit0orbachev7 Ambíguo e caviloso como sempre, o chefe sovittico afüma·se contra a "idolacria" a Lé:n in,masacrescentaserigualmente contrârio à "dessacralizaçao" do ve lho déspota. Emenda o leitor!
Destaque
... em tempo Bebês abandonados - Envolta em manta, uma recém-nascida de apenas dois dias foi encontrada, faz pouco, nas escadarias da igre jadaConsolaçao, em São Paulo. Segund? policiais e médicos da_Santa_Casa d~ Misericórdia, cenas dogêncroJáse1ornaram umatrág1carounanac1dade. S6 naque!eestabelecirnento de saúde são acolhidas cerca de três crianças por mês
Pior que nossas carroças! -
O Pus/dente Col/or qualificou, há pouco, os veículos ntlcionais
de "carroças ". Que pensar, então, dos modelos de a1.//omóveis russos que acabamos de importar? Ninguém ignora que a indústria soviética i quase pri-his1órica o próprio Gorbachev declara-o, a/10 e bom som. Diversas ,•etts, aliós, pudemo.t comprová-lo em transações com o mundo comunista - ora são produtos a,•ariQdos, ora negócios mal condu.Jdos (haja vista o citebre escândalo das "polonetas"). Porque reincidir no erro?
Enxunada universal - A decadência moral e religiosa que assola
Primazia do crime Matéria de capa da revista "Time", edição recente, consagra ampla anã!ise à expansão da violência em Nova Yorque Sob o titulo "The decline of thc New York", a reportagem informa que "a carnificina" nessa megalópole supera. em números absolutos, todos osrccordesdasgrandescidadesnortc-americanas Cita,aseguir,onúmerodeassass!niosocorridos na cidade em 1989: 1.905-duasvezesototal registrado cm 1.-0sAngeles NoRio,porém,em 1989, houve7.844assassinatos, segundo dados da própria Polícia Civil Em relação a !988, verificou -se um aumento daordemde27% Conforme a imprensa diária, no Rio hã quase lOOseqüestradoresem liberdade. A Políciare· velaqucosbandidosconsideramhojeessamodalídadaedecrimemaislucra1ivadoqueosroubos a bancos ou venda de drogas
o mundo não poupa a capital daCristandadae Uma pesquisa do Instituto de Estudos Sociais revela números assombrosos: cm Roma, há nada menos que 40 centros de esoterismo, 35 de ufologia, seis de parapsicologia e 31 tipos de religiões "novas" ,
- Camarad~, nllo jogue fora! - Depoimento do chanceler sov1élico Shevardnadu: "f::Squecemo-nos de que não podemos nem mesmo sonhar com a paridade /comparando-se aos &lados Unidos/ em. digamos, seringas descartáveis .... Os er(t/cos da perestroika acusam-nos de trair princ(pios classistas. Enquanto isso, o inimigo de classe /Estados Unidos/ nos fornece essas mesmas seringas, cadeiras de rodas, médicos e medulas óssell5!"
Chacina da memõrla - O Japão deportou quatro líderes estudantis chineses, asilados no país após o massacre na Praça da Paz Celestial, em Pequim Meses atrás, Tóquio já rompera o bloqueio comercial que o Ocidente tinha imposto á China vermelha como represália pela matança Onde se asilou a consciência moral dos povos?
Âgua de Lourdes racionada -
Desde há muito, os peregrinos costumavam voltar de l.ourdes com garrtifas e outros recipientes transbordando de água milagrosa. Em dificuldades e dO#!nças, utilitai•am-na para seu proveito, recebendo, por esse meio, graças, curas especiais etc. Recentemente, porém, a direção do Santuário - alegando que a quanlfdadedo /fquidojá não ttm proporção com o número de peregrinos - decidiu que cada qual poderá receber somente uma pequeno dose de água, e nada mais, Restringe-se assim indiretamente a natural irradiação do culw a Nossa S enhora de Lourdes, o que é lamentável.
Convergência comuno-cafõllca - "Reflexões sobre o marxismo" é o tema central da revista "Lua Nova", editada em São Paulo, de orientação esquerdista. O autor da matéria, Michcl Loewy, é claro e didãtico: afirma que, na América Latina, verificou-se uma convergência do marJ1ismo com a Religião católica, oonr.retizada historicamente como advento da Teologia da Libertação
Ex-bandido ... na Secretaria de Segurança A Secretaria de Segurança Pública e Justiça de Pernambuco - informa a impren~a diária -: passarã às mãos de um eJ1-pres1diãno, que fm presidente da Comissão Justiça e Paz, ao 1empo do Arcebispo emérito de Olinda e Recife, D. Hél· der Câmara. Esteve detido no DEOPS, por cinco dias, em 1969. Foi também condenado, com base na Lei de Segurança Nacional, por pichar ônibusedefcnderprcsospolilicos.Chegouacum-
priri~! :~!~~::rrisào ... Em tempo: está-se articulando um movimento de delegados pernambucanos, no sentido de obtcrqueserevogueessa escolhapeloGoverna-
dor.
CATOLICISMO -
Novembro 1990 -
15
[Q]
LEITOR=1amo,«jão"';'
Freud delineia a sociedade do futuro
".'".''_P•.icanálisc.,,·m·a~rât1ca que se difundu,1 muuo,
em v1stadoabandonodoháb1to da d1r~llo cspmtual e da confissão, ocasionado pelo avanço progressista dentro da lgreJa. Uma pessoa angustiada,
deprimida, não confia mais no sattrdme Procura en\lloumpsicanalisla, paraser''a-
Um profeta com cartas marcadas
11atisado" com base em teorias que, com
maiorcsoumeno resvariações,provêmdas idéias de Sigmu nd Freud, ho mem ateu e inimigo da religião Para difusão de suas idéias Freud contou - e ainda conta, S0 anos após sua morte - com o poderoso e incst imâvel concurso dos mcios dc comunkação social. Isto tornou marcante a sua iníluência, não só noscírculoscientificosecuhuraisdoséculo XX, mas até sobre o homem comum, emsuu vida ind ividu al e familiar men~~~amos a esse propósi10 dois depoi" Altm do efeito profundo que exerceu sobre nossas idtiasa respeitodotratamcntodasperturbaçõesmenlais, Frcudinnuenciou de maneira exlraodinâria a psicologia emgeral,asartes,asciénciassociais,asrcformassociais, a educação das crianças e, de fato, todos os problemas concernentes âsrclaçõeshuma nas"(DavidBakan,"Freud et latradi1ionmystiquejuive, PctitcBib!iotheque Payot, Paris, 1977, p.25) "Sigmund Freud, tanto como pensador quanlo como terapeuta, causou um impacto notâvcl na sociedade do século XX Ele apresentou uma nova perspectiva para o comportamento humano ..... ~uas idéias innuenciaram historiadores, sociólogos e cientistas po lí ticos. Conceilos freudianos . se encontram firmcmemc implantados no modo de pensa r de homens e mulheres comuns. Em muitos casos, os pais adotaram meios radica lmente novos de educar seus filhos a fim de se conform arem com
as idéias psicanalí ti cas que aceitaram As teorias de Freud são agora uma parte bâsicadenossasubstâ ncia cuhural" .(Seymour Fish~ and Roger P . Grecnbcrg, "The Scientific Crcdibili!y of Freud's Thoories and Thcrapy", Basic Books lnc., New York, 1977, p. V[IJ)
Porém, ~pesar das mencionadas propaganda e iníluência, é pouco conhe,cida a concepçlloqueFreudtinhadasocicdade futura . Suas "profecias" a esse respeito se aj11s1am perfeitamemeaosdcsigniosda Revol ução Universal, da qual ele, arauto da liberali,.açllo sexual, foi um servo submisso. Part-ee ter sido, portanto, um profeta com cartas marcadas Con hecendo esse aspce10 importante e pouco difundido das teorias freudianas, o leitor terá ao mesmo tempo uma idéia mais dara dos objccivos para os quais nos em p urra presentemente a Revolução Universal. Entremos, pois, direcamente na maléria
A Revolução Universal vai gerando sua quarta etapa Velha já de cinco sécu los cm seu longo processo conspiratório, movida pe lo ódio a Deus. à Igreja e à Civilização Cristli, a RcvoluçlloUniversalvaiprocurandoestabelccersobretodaafaccdaTerra umasocie
dadcinteiramemelaica,libcral,'igualitária e anárquica, na qual todos os homens vivam - diz ela - na mais completa libcrdade e na mais perfeita ordem, scm neccssidade de governos que os dirijam ou de leis que os obriguem. Eis como o Prof. Plínio Corrh de Ol iveira descreve essa etapa avançada do pro cesso revoluci om\rio "Aefervescênciadaspaixõcsdesregradas, se desperta de um lado o ódio a qua!quer frciocqualquer lei, deoutro ladoprovoca o ódio contra qualquer desigualdade. Tal efervescência conduz à concepçãoulópica do 'anarquismo' marxista, segundo a qual uma humanidade evoluída, vivendo numa sociedade sem classes nem governo, poderia gozar da ordem perfeita e da mais in1ciraliberdade,semquedestascoriginassc qualquer desigualdade. Como se vê, o ideal simu ltaneame11te mai s liberal e mais igualitârioqucsepossaimaginar.''(''Revolução e Contra- Revolução", Ed. Diário dasLcis Llda .• São Paulo,2'edição, 1982, p.33) Uma sociedade d= tipo corresponderia, do ponto de vista político, a uma República Universa l pacifista . sem pâ1rias, sem guerras e sem Deus: "Um mundo em cujo seio as pátrias ,mi ficadas numa República Universal nllo sejam senão denominações geográficas, um mundo sem desigualdades sociais nem cconômicas,dirigidopelaciênciacpclatb:oica, pela propaganda e pela psicologia, parareali7.ar,5('1TlOSObrenatural,a fclicidade difinitiva do homem: cisa utopia para a qual a Revolução nos vai encaminha ndo" (idem, p.37) Aolongodomultissecularprocessorevolucionâriosu rgiram,comoésabido, três grandes Revoluções: a Pseudo-Reforma protestam e (Primeira Revolução), de cunho prcdominantcmcme religioso; a Revolução Francesa (Segunda Revolução), de cu nho político-social; a revolução comunista (Tcrcci ra Revolução), de cunho cconômico (cfr. op. cit .. pp. IS-20). Em todas elas, portm, estavapresentcoca ràt erli bcra l e igual itário que deveria co nduzir - por etapas, de
FrefJdem 1930:
:c:~n:.~,n!.~.,. .,,., naç/i,//lzaçlo", obralmpl•, n•qua/
alaeaalg~/•C•tóllca,
:':u':1~::• 16 -
CATO LI CISMO -
Novembro 1990
"A e fervescência das paixões desregradas conduz à concepção utópica do anarquismo marxista"
modo gradual e continuo - ao estado de coisas acima dcscrilo, o qual pode ser identifiçado como sendo a Quarta Revolução, "um tipo de 'revolução cultural' geradora dcumasociedadenova,pós-industrial,ainda mal definida" (idem, p.72). E à qual, como se podcrà deduzir do tcxlo abaixo, não é alheia a atual "perestroika" 1orbachcviana · "Não é impossível .... prever como ser.à a IV Revolução. Essa prcvisào, os pr6priosmarxistasj.àafi:teram. Ela dever.à ser a derrocada da ditadura do proletariado cm conseqüCncia de uma nova crise, por força da quul o Es tado hipertrofiado serà vitimadcsuaprópriahipcrtrofia. Edesapa recer.à, dando origem a um csiado de coisas cientificista e cooperativista, no qual - dizem os co mu nistas - o homem ter.à alca11çado um grau de liberdade, igualdadecfraternidadeattaquiinsuspeit!ivel" (idem, p.71)
11osambientesa rtisticoseliteràrios - Freud contribuiu possamemcntc para transformar a mentalidade e o comportamemo do homem moderno no sentido revolucionàrio, muito especialmente no campo da scxuulidadc, da vida oonjugal, e da vida familiar em geral. Ateu co11fesso, adverSllrio militante da Religião católica, ele desejava para o homem no futuro algo muito se melhan1eao descrito pelo Prof. Plinio Corrêa de Oli~·eiracomosendoasociedadeda4' Revolução
A sociedade " profetizada" por Freud É verdade que nem tudo o que Freud cscreveuaessercspcitoseajustapcrfeita-
E após acusar a Civiliuiçlo Cristã de impor suas normas morais aos homens contra a vontadc destcs, e dc favorcccr a cJtiStCncia de classes ricas e opressoras, Freud decreta "Uma civili:taçAoquedeixa insatisíeito um nú.mero tão grande de seus participantes e o.s impulsiona à revolta, não tem nem mercce aperspectivadeuma cxistê11ciaduradoura"(idem, p.23) Freud parece assim faier eco e justificar a doutrina mantista da luta de classes para derrubar as assim chamadasestruturasdeoprcssllo, que seriam increntes à Civilização Cristã. Nas poucas vezes em que se refere ao comunismo, Freud nunca discorda de sua meta, ou .seja, o estabelecimento de uma sociedade libertària, anàrquica,igualit.ària,pacífica,etc.Suadiscordãncia, assim mesmo cheia de matiies, se verifica apenas noquedizrespcitoaosmécodos cotalil.àrios do comunismo russo cm sua época. Entretalllo, Freud cm\ disposto a aceitar até mesmoosprocessosviolcntosccruéisdo perlodostalinista,einclusive a agradecer aos seus executores, desde que sirvam para implantar um estado de coisasdifere111cda civi!izaçã0Cris1ã· "Existem homensdeação,inabalã.veis cm suastonvicçõcs, in'accssíveis :1 dúvida, destitui dos de se ntimentos pelo .sofrer dos outros que se opõem às suas intenções êahomensdessaespéciequc1cmosdcagradj!CCro fato de que o terrível experimento de produzir uma nova ordem desse tipo esteja sendo posto cm pràtica. atualmente, na Rússia. Numa época em que as grandes nações anunciam que esperam a salvação apenasdamanutfnçãodc fé cristã, a revolução na Rússia - apesar de todos os seus detalhesdcsagrad.àveis -asscmelha-sc,não obstante, com uma mensagem de futuro me lhor" ("A questão de uma Wcltanschauung", Edição Standard llrasilcira das
Freud contribuiu possantemente para transformar a mentalidade e o comportamento do homem moderno no sentido revolucionário
Freud: um agente da Revolução Para levar a cabo seus designios, a Revolução Uni versal sempre contou com agen tes capazes, poderosos e dedicados, sejam eles homens ou instituições. E é por meio de tais agentes que ela vem operando ao longodoss&ulospara transíormaros homens e a sociedade no sentido revolucionário "Produ1.ir um processo tão coerente, tão continuo, como o da Revolução, através das mil vicissiwdesdeséculos inteiros, cheios de imprevistos de toda ordem, nos parece impossivcl sem a ação de geraçl>e$ sucessivas de conspiradores jle uma inteligência e um poder extraordinários ..... O bito que até aqui têm alcançado esses conspiradores .... deve-se não só ao fato de possu[rem incontcstável capacidadc de sc articularem e conspirarem, mas também ao seu lúcidoconhecimentodoquescjaa cssência profunda da Revolução, e de como utilizar as leis nalUrais - falamos das da polftiça, da sociologia, da psicologia, da arte, da economia, etc. - para fazer progredir a realização de seus planos" (idem, p.27) Ora, é certo que neste s«ulo XX um dos mais eficazes agentes da Revolução, muito especialmente no importandssimo terreno da psicologia, foi Sigmund Freud, o criador da psicanálise. Emseuscscritoseemsuaintensaatividadc pessoal na difusão do movimento psicanaHtico - favorecido além disso, como vimos,pelaam plissimarepercussãodesuas idéias nos meios de comunicação social e
memcaoquefoicxposto,maséfácilpcrcebcr que a linha geral de seu pcnsamcmo caminha neste sentido: "Pensar-se-ia ser possível um reordena mento das relações humanas, que rcmoveriaas fontesdcinsatisfaçllo paracom acivilizaçãopclarcnúnciaàcocrção c àrcprcssãodosinstintos,desoneque, imperturbados pela discórdia interna, oshomenspudessemdedica r-seàaquisiçãodarique1.ae àsuafruição.Essascriaaidadedeouro" {"0 futuro de uma ilusão", Edição Stan-
Freud deixa transparecer sua simpatia por uma fu tura vitória da "forma comunista de pensar", como meio de evitar as guerras dard Brasileira das Obras Psicológicas Completas, Vol . XXI, Im ago Editora Lida, Rio deJaneiro,1974.p. 17) Na via rumo a essa "idade de ouro", areligiãoeacivilizaçãocristãdevcriamdesapareccr· "Nocaminho paraesscobjetivodistantc, suasdoutrinasrcligiosas(as deum irnaginli.rio interlocutor) terão de ser postas de lado. .. A longo prazo nada pode r~isiir à razão e à experiência, e a contradição que a re!igilloofcrecea ambasépalpàvel dcmais"{idem, p.68).
Obras Psicológicas Completas. Vol. XXII, [mago Editora Ltda, Rio de Janeiro, 1976, p.2 19)
Pacifista intolerante e ditatorial Outro ponto de conson!lncia de Freud com o mundo da 4• Revolução diz respei10 ao pacifismo e à Repilblica Universal. Frcudsccoosidcravaumpacifistaradical: "A principal razão por que nos rebelamos contra a guerra é que não podemos
CATOLIC IS MO -
Nove mbro 1990 -
17
fazer outra coisa. Somos paciFistas porque somos obrigados a st-lo, por motivos orgãnicos, básicos. ... bto não é apenas um rep(ldiointelectual eemocional; nós,ospaciíistas, temos uma intolerãncia constitucional à guerra, digamos, uma idiossincrasia eucerbadano mais alto grau" ("Porque aguerra1",ídern,pp.257,258). Para ele a melhor maneira de evitar as guerrasacurtoprawseriaocstabelecimento de um Poder Universal dotado de meios ditatoriais para impora paz pela força ''Asguerrassomenteserlloevitadascom cer1ci;a,seahumanidadeseunir paraestabelccer uma autoridade central a que será conferidoodireitodearbitrartodososconílitos de interesses. Nisto estao envolvidos claramente dois requisitos distintos: criar uma instância suprema e dotâ-la do nectssãrio poder" (idem, p.2SO). Freuddeixaaindatransparecersuasimpatiaporumafu1uravitóriada "forma comuni sta de pensar", como meio de evitar asguerras.Enquantoisson.loocorre,advogaa manutençaoda pazpormeioda "forçareal" "Algumas pessoas tendem a proícti1.ar quenloserá posslvel pÕrum rim à guerra, enquantoaformacomunis1adepcnsarnão tenhaencontradoaceitaçllouniversal.Mas
Nas poucas vezes em que se refere ao comunismo, Freud nunca discorda de sua meta, ou seja, o estabelecimento de uma sociedade libertária, anárquica, igualitária, pacífica esse objetivo, cm todo o caso, está muito remoto,atualmcnte,etah·ezsó pudcsseser alcançadoapósasmaistcrrivcisguerrascivis. Assim sendo, presentemente, parece estar condenada ao.fracasso a 1enta1iva de subs!ituiraforçarealpclaforçadasidéias" (idem. p.2S I).
Sem jamais dizer-se comunista, Freud cont ribuiu poderosamente na preparaça:o de um novo tipo de homem e de socieda.: de.quc scc nquadramperfdrnmentedemro do ideal revolueionáriocomunista. Suadoutrinasobrea.scxualidadeindu· ziu 05 homens a uma revolta, 11ão sócon• tra as normas morais vigcn1es na Civilii:ação Cris1ll - qu e passaram a ser tidas por injustas e contrárias aos instintos naturais
A doutrina sobre a sexualidade de Freud levou os homens a desejar um tipo de sociedade, na qual não houvesse repressão, nem hierarquia, nem autoridade
do homem - mas também comra o próprio modelo de sociedade. em que tinham vigor aquelas normas. E os levou a desejar um tipo de sociedade. naqua! nllohouvesscrepressão,ncrnhiera rquia,ncma111orida d,. O entrosamento das idéias de Freud com omarxismo.paraefeitodeumarevolução total freudo-marxis1a, a 4" Revolução. foi fcitoprincipalmen1eatravésdeseusscguidores - como Wilhelm Reich, Herbert Marcuse e outros - e teve sua primeira cxplosão na revolta cstudan1il da Sorbon11c, cm maio de 1968. que se constituiu como bandeira e marco inaugural desse novo tipo de revolução. Fica assim constatada de modo incquivooo a ação de Freud como poderoso agen1e da Revolução Universal, pois a1ualmen1ennoseconcebcmnisomovimentorevo!ucionário sem o seu indispcnsãvcl e decisivo componente freudiano Que o acima e~posto sirva de alerta para que os leitores não se dcixem inílucnciar passivamentepclovenenocontidonasid6as deFrcud,infelizmcntchojetãodifundidas nosmeioscatólicospelacorremeprogressista. Adernais. cabe indagar até que polllo asociedadeporcle"profetizada".n noestA sendo gerada cm rn eioàconfusàoe aos enigmasdaperestroika MURILLO GALLIEZ
Freud e a Psicanálise SigrnundFreud(l856-19J9),ofundadordapsicanãfüc,nasceu em Freibcr1,umapcquenaddadedaMorliviaffchecoslováquia). Ainda era criança quando sua familia mudou-se para Viena, onde residiu até 1938, quando se 1ransferiu para Londres devido à pcr.scguiçãomovidacontraosjudeuspcloregimenazisrn. Faleceu nacapitalinglcsaern1939 EmVicna,diplomou-sccm mcdicinaepa.ssouaexerceraprofissllo, especializando-se cm neurologia. Em 1885, ÍC'l um estàgio na clinica do renomado neurologista Jean Martin Charoot, c111 Paris, tendo ficado especialmente imp ressionado com a cura de neuroses pormeiodahipno.sc.rcaliz.adasporaquelemestrefrantt'S.Esteintcresse pela hipnose como método terapànioo motivou um ou1ro estágio de Freud na França, em 1889.naclinicadeBernhcim,emNancy De volta a Viena, resolveu <ledicar-se também ao emprego da hipno5en0tratamcntodccertas neuroses,comoahisteria.~angtistirui, a neurose obsessiva. etc. Porém não tardou a desiludir-se de seu valor como mélodo terapêutico. Após um bre,·e pcrlodo em que tentouométododasugestllo,passouaempregaraquiloquepcrmancccucomocaracterlSlicodapsican:!Jise:alivreassociaçãodei~as Con1isieelaempcdiraopacientequedigatudooquelhevemàcabcça, sem qualquer preocupação lógica ou racional, deixa11do-se levar pelos impulsos do inconsciente. As informaçllcs as.sim colhidas devem ser então analisadas e ioterpretadaspelopsicanalistacorno dementoessen<:ialparacon<luziroprocessoterapêutico. Estc,quast~predelongaduração,cstendcndo-sepormesesoullllOSafio Muito mais que um simples mtlodo diagoóscico e terapãu1ico, a psicanálise passou a ser, de acordo com o próprio Freud, uma
18 -
CATOLICISMO -
Novembro 1990
nova dou trina ~obre o homem, urna "psicologi~ do profundo", ondcoinconscientetomavaaprimazianadircçãodosatoshuma· nos,comaconseqüemencgaçãodolivrearbitrio,daresp0nlllbili· dadccdaculpa. Para Freud. a maioria das neuro~ tinhaorigemcmconílitos inconscientes de fundo sexual, ocorridos na infãncia. Surgiram dai teorias francarnenle come~táveis, como a sexualidade infamil eo"complexodeEdip0". Apesardaaf\rmaçãoemcontráriodcFreud,adoutrinapsicanalitica sobre o homem~ um reílexo dos pressupostos doutrinários e filosóficosdeseuau1or.A1eu. malerialistaccvolucionista, Freudnuncacscondeusuaa,ersàoãreligiãoemgcrate,emparti· cular. à lgrcjaiõ Católica, com seus dogmas e sua moral. As iMias de Freud sobre religião, suas ,Titicas e ataques contra ela, e~1ao con1idos principalmente nas seguintes obras: "Totem e tabu" (1913),"Ofuturodeumailusão"(!927),"Omal-estarnacivilização"(l929)."AquestàodeurnaWeltanschauung"(l932)e"Moiséseomonoteismo"(l939). A psicanálise, não só enquanto métOOo diagnóitíco e tcrapEutico, como também enquan10 visão geral do homem, sempre foi contes1ada, global ou parcdmcn1e, nosmrioscienlifieosccullUrais, a1ravésdcescritosde mMkos,psiquia1ras, psicólogos, filósofos, catédepsicanalistasdissidentesdeváriascorrentes.Aprópriaho• nestidadeprofissionaldeFreudfoip0staerndúvida,1cndosido ele acusado, maisdeuma,ez,demanipularahistóriaclínicade scuspacicn1esparascniraos.scusp0stuladosdou1rinári~. A fama de scu nome vem muito mais da propaganaa que a midiacosmciosliteràriosfizeramdesuape$$0a,quedovalorin· trinsecodesuaobra.
OR TODA PARTE,
nos dias
de hoje, o.uv imo! fal.ar ~e
um certo ecumcmsmo, CUJa
preocupação prcdommante
parea:SCTadeoonfundira
verdade com o eno, o bem como mal
Diantedesscfato,avass.a!ador, nada melhor para ter-
São Leão Magno:
Salvador de Roma e Doutor da Igreja Em contraste com o neopaganismo desagregador de nossos dias, reluz o exemplo de combatividade católica e desassombro de São Leão 1, Papa
mos uma idéia clara do que I; um vi r u lho-
lkus et tohu apostolkus (um varão cat61ico e todo apostólico) do que conhecermos alguns episódios da cdifii;arne vida de São Leão Magno (Papa de 440 a 461).
De grande coragem, ele enfrentou bãrbaros terrlvcis de sua época como Átila e Genscrico. E no campo da fé, foi um baluar-
tecomra as heresias que então proliferavam, como por exemplo, o maniqueísmo, (a res-
pei10 do qual nouasediçõesde julho c agosto trouxeram elementos) e o eutiquianismo.
Como um leão ... Quem, em meados do século V, navegando pelas plãcidas águas do rio Tibre, pcne1ra5sc no coração de Roma. depararse-ia com uma imponente cidade de um milhão e duzcnl05 mil habitames, dotada dc31 portas,424tcmplose29aqucdut05, estes tio largos que íadlmcmc por eles poderia transitar um barco. Era a capital do mundocivilizadodeentão,entrctantoatolada na vida molee de prazcres Fáccis, dcsíi brada cem Franco proccsso de desagregação moral. Durante mais de 600 anos nao vira ela diantedcseusmuroscxérdtoinimigo;contudo,noanodc408, tornara-sepresa íácil do visigodo Alarico. Em452,novamemescushabitantcstrcmeT"amdiantedaameaçadoshunos,cheíiados pelo tcmivel Átila, que a si mesmo se chamava "flagelo de Deus ... Desta vez, porém, havia cm Roma um homem de Deus que, pondo sua confiança no Altíssimo, nada 1emia. Era Silo Leão 1, Papa. "Como um leão que não conhece medo nem tardança - escreve seu biógrafo, Jordancs -este vario apresentou-se, pei-tode Mântua, ao rei dos hunos e moveu o vencedor a retirar-se" (J.B. Weiss, "História Universal", Tipografia La Educación, Barcdona 1927 - Tomo IV, p. 303). Era 1al a imponência do sucessor de São Pedro, em seus trajes pontificais, que o huno, desa fiador destemido dos mais poderosos cxfrcitos de então, bateu em retirada atemorizado. Tr& anos mais tarde, o imorlat Pontlíice haveríade sair aoencontrodo chefc vãn da loGcnserico,obtcndodeleurnsaquepaclfico da Cidade Eterna, tendo sido poupadas muitas vidas.
Slo Leio .v,gno e Álil• - Tel, de A. Algttr• d/(11150), ttll.rdeSloLalo.Vagno, BllsslJ. e, de Slo Pedro (Rom,)
cheiiou a tornar-se um dos mais famosos Prelados da Igreja sob os Pontificados dos PapasCelcsti noeSixto Ili . No ano de 440, sucedeu ele a Sixto Ili no sólio pontilkio. O timão de Pedro necessitava ser dirigido, naquela época, por mãos muito capazes. Além da debade moral e ma1erial do Império Romano do Ocidente, vãrias heresias tentavam di la~rar a Igreja ncsla fase de sua existência. E Silo Leáo I socorreu tanto o Império quanto a Igreja, livrando o primeiro dos btirbarose a segunda das heresias
"Abriu-lhe a boca no meio da Igreja, eoSenhoroencheucomoespírimdesabcdoria e dc intcligência, e o vestiu com um mantodeglórias"(Eclcs. 15-5)sãoaspalavras empregadas pela Santa Igreja para qualificá-lo no Introito de sua Missa. Com cícito, São Leão Magno 1110 só convocou Concilios, promulgou leis,escre,·culivros, .sermões e q,istolas, mas 1ambém combateu todasasheresiasquesurgiramemseulempo Entre clas,a maispcmicios.a,talvez,tenha sido a difundida por um monge de Cons1a11tinopla chamado Eutiques (ver quadro) Encontrando apoio entre cortesãos de Tcodósioll,lmpcradordoOrien1e,aheresiapareciatriunfan1e.Sllof1aviano,Pa1riarca de Consiantino:,1a, que o condenou, foi martirizado p0r parl,uários de Eutiques No auge da celeuma, com o Falecimento do débil Teodósio, suairmã,Santa l'ulquéria-quejápossulaotítulode Impera triz - cníeixou cm suas mãos 1odo o podei'" imperial. Foi um golpe decisivo para a heresia, uma vez que Pulquériasempre Fora filha obcdicntissima da Sé Apos1ólica EncssaSé,Fclizmente,Sllol.dolcondenavacom força e sabedoria todos os erros.
O exeinplo de Silo Le3o 1, que de modo inflexível comba1eu as heresias de seu tempo, é um possante es1imulo para todos os autênticos católicos, quehojesedcfrontarn corntantoserros,cspccialmen1edccaràtcr1cológicoes6cio-polí1ico. Estes, infelizmcn!e,grassamdcmodoveladoouabcrto em ambicntC5 católicos, veiculados por "progrcssis1as"detodososma1izcs,dentrc os quais sobressaem os adeptos da Teologia da Libertação LUIZ CARLOS DE AZEVEDO
Firmeza de um santo em face da heresia
Douto r da Igreja Pela grandeza e valor com que conduzi1! o seu pontificado, São Leão fo i cognommado "Magno", isto é Grande Era ele originário da Toscana. Desde cedo apl icou-se aos estudos de humanida des e teologia, progredindo tanto no aprofundamento desta última ciência que, mesmo antes deasccndeT"à Cátedra de Pedro, CATOLIC ISMO -
Novembro 1990 -
19
URSS:
estertores de um regime falido
Misén'a e caos social propagam-se na URSS como fag ulh as de um incêndio, que Gorbachev não consegue apagar. Não sabemos que surpresas
ainda nos reserva o regime soviético em decomposição.
Pr•lelelras vazias
n.a• padarlH de Moscou... OMEÇAR O DIA de pé nu· ma fila é gesto sintomáiico para o homem comum da União Soviética. Isto nunca foi propriamente novida de - dcsdcaRevoluçaobol chcvista é uma constante no pais. Ultimamente, contudo, as filas têm sido mais lo ngas e as pessoas que espe ram
encontraralgoemarmazénsepadariasandam mais irritadas e tensas. Comentàrios en0tkiasdcscncontradassobre novospla-
nos econômicos a serem anunciados que incluiriam bruscos aumentos de prc• ços - vêm provocando início de pânico em Mosco u (onde falta até mesmo pão, embora a capital seja a mais abastecida das cidades soviéticas). No interior e cm cidades menores, a situação econômica e oestadodecsplritodapopulaçãosãoaínda mais desesperançados, poisa escassez dc gêneroscbcnsdcconsumoassumeproporções catastróficas. Tudo rareia: carne, leite, frutas, legu mes, cigarros, s.abão, cereais (que apodrecem nos campos). 20 -
CATOLI C IS MO -
... oc•sJonaram, em setembto Ultimo, • fonnt1Çla de longH filu de compradores, lvldos de obter ,,o m&nos um pio
Escassez crõnica e generalizada Circula,emrea população, uma anedota: "Você vai ao açougue comprar carne, pede o produ10, mas ouve o açougueiro dizer:carnenãohá , procurenasapataria. Você vai à sapataria, desta vez para co mprar sapatos, pede um ao vendedor ceie responde: sapatos não há, procure no açougue". Asituaçãointernaétãolastimável,que o Mossovict (Câmara da Cidade de Moscou) convidou a população, semanas atrás, para colher batatas, an1es que toda a safra sepcrcanalamapcladesorganização efracasso das fazendas co letivas. Consta que até elementos do Exército teriam si do convocados para a tarefa. Ao mesmo tempo, hãosquevêemnessainusitadamovimcntação de tropas prenúncios de go lpe militar ougucrracivil - referemoscorresponden tes da imprensa ocidentalem Moscou. Entretan to,aquestãodasbatataséapenas umaentrcas muitascrisesdcabastecimento e filas. Alexei Pookrovov, analista de"Sels kayaZhiin"-publicaçãodedica-
Novembro 1990
da à vida rural - , revelou que as perdas nas.aíra serão colossais - estima-se que cheguem a80'11oumais. "Depois de 70 anos de socialismo, não hã nada para comprar. A transição para o sistemademercadoénoss.aímicaesperança", afirma Vladimir Nosovich, consultor econômico da Bolsa de Moscou ("Jorna l da Tarde", 20-9-90). Seguindo estatísticas do Ministério da lndllstria Médica. citadas pelo "Pravda", as77 ma rcasdemedicamentosatualmente disponíveis - das 47) existent es na URSS - satisfazem tão-só um terço da demanda. Muitas vezes, os remédios ficam armazenadosdu rantemcseseseuprazodevalidadeexpiraantesquecheguemaosdoentes. Nãohàcalman1es,an1i-innamat6rios,a11tiãcidos, ant itérmicos, nem tampouco remé· dios para o coração. Conforme o "Pra·vda", a produção desses medica mentos está paralisada. "Pão,PazeTerra"erao"slogan"preferido dos bolchevistas, no inicio do século, quando Lenin subiu ao Poder. Após sete décadasdecomunismo, os soviéticos sentem-selogradosetraidos.
v.,e,.no da gu'"' do Ateganlt tlo; , drog• • • /oucu,. do problflmH f,-qüente,,nlreo, ,•-combat, nte, neue (M{• - tlntomD do H l9do de d e ~ d n t o r ça, ~ savUtlcn
Alémdas atrocidades de queforam vlt imas,dcsde l91 7,os russos no rn bi· mo ganharam do regime bolchevista migalhas de pao, minúsculas porções de terra ou cubículos para morar ... Assim, o projeto governamen tal de conuder a cada familia, até o ano doismil ,umacasaouumapart amento, não passou de sonho. Cerca de 14 milhõcsdepcssoases1ãoatéhojeàespera simplesmente de uma moradia decente. Mais de seis milhões de n•s· sosvivememapartamentoscomunitàrios, nos quais 61.o obrigados a com· partilhar cozinhas e banheiros!
Chacinas e decomposição no Exército Orecenteretornodctropasda Eu· ropa Oriental 5Ó serviu para tornar maisagudoocaoshabitacional. A crise de moradia tornou-se tão grave cm Moscou ao pomo de o corpo diplomá1ico ter de hospedar embaixadores e funcionários cm hotéis, como no caso do Chile, ou da Argentina, cuja rcprc· sentaçãocstásendovirlualrncntedcspe· jada de um imóvel, no centro de MOS· couparaaperiferiadacidade. Militaresesuasfamlliasestãoacampados em colégios, clubes ou instalações militares desa1ivadas, graças à política de dcsarmamenlo, informou a "0 Globo" (S· 7-90) o General da reseu·a Yuri Lcbediev. Há 200 mil oficiais à espera de umalojamcmoeondigno. Os oíiciais jovens querem uma reforma drástica, um Exército profissional dcspolilizado.Osrecrutas,depoisdosenfrcntamentos no Azerbaijão, não desejam mais servir - afirmou Lebediev. Somente no últimoano,59oficiais foram assassinados.
"Corno é possível que, unicamente em tempo de paz, durante os últimos quatro anos, tenham morrido IS mil homens no Exército, tantos quantos perdemos em 10 anos no Afeganistão?", pergunta um grupo de eminentes poHlicos, cientistas e oíiciais militares,emcarta aberta dir igida ao Governo,publicadanacdiçãodo"Komwmolskaya l'ravda". O llhimo soldado sovio!tico saiu do Afeganistão hã quase um ano e meio. Entretan-
to, muitas mães soviéti cas ainda hoje recebem seus fil hos, de ~o ltadoserviço mi litar no Exército, em caixões de metal... Lesõese fcrime ntosàbalavêmcobertoscom maquiagem. Os caixões são fec hados, de forma que os pais não vejam os corpos mut ilados dos íilhos. Estes só podem ser co nt emplados por meiode umajanclinhaquemos1raapcnasoros10.0sesquifesdemetalocul• tamhorri,·cish istóriasdejovensa55Usinados em tempos de pai - vitimas da brutal covardia de companheiros. Maisdcurnquinto dessasmortcsdeve m-se ao suicídio. Num Ex~rcito de 4mil hõesdehorncns,dc IOOnacionalidades diversas, a hostilidade radal igualmcmevemcausandomortes Os jovens mostram-se amedronta dos. A fuga ao alistamento e a deser ção são cada vetmaisfrcqücmcs, não obstantcosinfrntoressercrnpassivcis de penas que podem chegar a até sete anos de prisão. Na Armênia, por exemplo, apcnaspoueornaisdel{)ll.dosqucseaeham cm idade hãbil apresentaram-se este ano p.ira o reçrutarnento nacional. A informaçDo é do próprio vice-ministro da Defesa, general Valentin Varennikov. Nos palses E,remp/o de manlfe1taçlo
-,il/govemamenrel, cad• vez mais l~Ci#mte: membro de grupo opotlclomlla rlllflll foto dfl Gorl,ae/lev, na praç• Puthllln
de Moscou, ,mdfízflmbropafllldo
CATO LlCISM O -
Nove m bro 1990 -
21
Flfllonomlaexter~ndo descontentamento e de8'nl11W - casa!I em péssimas condlç6es de conservaçlo:duaa con!ltantesquerefletema deterloraçilo da sociedade !lovlétlca
Única superprodução nas cidades: os mendigos Nas grandes cidades, como Moscou. proliferamos mendigos nas ruas, estações do metrô e terminais rerroviários. Numa cartaao'' lzvcstia '',umcletricistaaíirmou que há três anos mora com amigos numa tubulação. Outro missivista - veterano dcguerra - eonfessaque,ànoite,revira latasdclixoàprocuradealgumacoisaaproveitável Que dizer, entao, do interior da URSS, onde há maisdemilcidadesemestadode calamidade? Em Vologda, por exemplo, localiuda nas planícies do norte do pais, (onde nun ca há água e as prateleiras dos mercados cscãopcrmancntcmcncevazias), metade da população de 280 mil pessoas vive em casasdemadciradoséculo passadoc prédios dec·mcntocomc'ncoouse·sandarcs,construidos há maisde50anos. Maisde)0 mil pcssoasvivememdormi16riosdepropriedadc das fábricas onde trabalham, sem um mínimo de conforto.
Socialismo continua
bálticos (Lituânia, Letônia e Estônia), a proÀ,rv~!~a éd~:~º=~~dro, não surpreende que dissidentes soviéticos, reunidos, faz pouco, cm Praga, num Congresso pela de mocratiração da Rússia, lenham declarado: a politica de Gorbad1cv "está transformando a URSS numa gigantesca Beirute"
"Se alguém trabalha e trabalha, sem pcnsarparaondevaioprodutodeseutraba!ho, ele acaba virando um escravo. Não qucremosscrescravos.Queremostrabalhar e receber por nosso trabalho uma vida normal, com comida suíiôcn1e", afirmou um mineiroàTVsoviética,queconcedeugrande de5taque á recente greve empreendida por essa categoria proíissional
Suicídios
também de mineiros
"Incêndio de verdadeiro furor"
Recentemente, dois representantes da ''Case Communications'' (empresa britânica) chegaram ao saguão do hotel, na ilha de Sakahlin, no extremo leste da Sibéria, e foram recebidos com sorrisos pelo guia "Só temos um problema", disseram eles ''Não há água quente''. O guia, incrédulo, arregalou os olhos: "No quarto de vocês háãgua?" Eisumaamostradasprovaçõesqueespcram os pioneiros do comércio, que vão penetrando Rússia adentro. Contudo,talvez.emnenhum dos setores da vida social o quadro seja mais patftico do que entre os mineiros e garimpeiros da Sibéria e da Ucrânia Em protesto contra as péssimas condições de trabalho, 31 garimpeiros de ouro suicidiram-se no últim o ano. Outros 47 tornaram-se inválidos, após malograracm na tentativa de suicidio. A informação é do jornal "A Rússia Soviftica", num estudo sobre o assunto. Segundo outros depoimentos, o número de mineiros que morrem a cada ano na URSSultrapassaodesoldadosque tombaram na guerra do Afeganistão. Conforme o telejornal oficial "Vremlya", cerca de 800 morrem em acidentes de trabalho anual mente. Muitos moram em barracas de lona 22 -
CATOLICISMO -
Daísedcprccndcqucodcscontcmamcntoem relação ao sistema comunista écla moroso e monumental Em fulguramceirrefutávelan:ílisesobrc "Comunismo e an1icomunismo na última décadatll"Stcmilénio",publicadaem"Catolicismo'" (março/1990, n? 471), bem como cmcxprcssivonúmcrodeórgaosdaimprensa brasileira e internacional, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira descreveu esse "Descontcntamcnto com D maíusculo", nosscguintcstermos: "Sccontraesteouaqueleaspectoda realidade soviética se enunciam quei~as, contra o conjunto dessa realidade os fatos mais recentes tornam evidente que lavra um incêndio de verdadeiro furor Provavelmente, o mais abrangente e total descontentamento que a História conheça. [pois]põeemfogotodasascapacidades deindignaçaodapcssoahumana" O Primeiro-Ministro soviético Ryzkov nõ-loa1es1a, deforma insuspeita e desembaraçada: "As manifestações [dos mineiros]tivcramumconteúdoantigo vernamental eantkonrnnista'·, reconheceu ele, rcferindo-se aos sucessivos protcstos dc due nasdel"rtilharesdetrabalhadoressoviéticos, em diversos pomos do pais ("Jornal do Brasil", JJ-7-90)
Novembro 1990
Gorbachev, reiteradas vezes, temacen tuado: a URSS deve passar por uma profunda transformação, sem o que marchará rumo ao abismo Sc,cntrctanto,oleilordedu:.:irdaiquc o líder soviético renunciou ao socialismo, equivoca-se rornndarnentc. Em dcclaraçao reccntc,Gorb,Kl1evacentuouqueaprincipal causa da crise econômica do pais "foi
o domínio dos monopólios e a completa estatização do setor produlivo", acrescentando todavia: "A privatiuçiol.wri feita] dtntrodtnossaopçiosocialista"{"Jornal da Tarde", 18-9-90, destaque nosso). Curiosamente, porém, a m!dia pretcndt inculcar, de mil formas, na memcdos dcsavisados,queGorbachcvscriaumbcncmérito c inLCépidodemolidor do comunismo e do socialismo ... Ao mesmo tempo, o Ocidente prossegue cm sua política insensata, fornecendo recursos e créditos à percstroika como se es1a fora a panacéiaparasalvarorcgime comunista do caos e da miséria. Cinco anos ill'pois de Gorbachev assumir o Poder, cisa URSS reduzida a frangalhos!
"Assim não dá para viver mais" Es1eto1irnlodcum filme-scnsaçãona Rússiadcnoswsdias. A pelicularetrataasdécadasdetotalitarisrnocornunistacscudire!or,S!anislav Govorukhin. propõc:paraosdirigcntcsdopaisumjulgamcntosemelhan!e ao realizado com os criminoSO! nazistas em Nurcmbcrg. Nãoédi!icilcomprcc11dcrosuccs• sodapelícula,quandoseoonhcccm osrcsultadosdcumapesquisadeopinião pública divulgada hã pouco pelo Cen1:·o Nacional de Estudos So· ciais, da URSS. Osrcsultadosindicamqucsomentcl8-,. dos280milhõcsdesovié1icos voiariam no Pa:tido Comunista, caso houvfssc elciçõcs livrcs. O rcpúdio
estcndc-seaoGoverno:46'7,~ofavoràveis à rcnüncia pura e si mples de Gorbachev. Entre os jovens, o quadro é ainda mais desalentador para os comunistas. A titulo de amostra, narcgiãodcUpetsk,otablóidc semanal da Liga da Juventude Comunista ("Komsomol'") publica estes dados frisantcs: .w-?t dcsejam a dissolução imediata do organismo, sendo que outros 40•/o não têm "idéias concretas" sobre o assunto ou se mostram indiferentes. Um por cento dos en trevistados acredita que o "Kom• somol'·tticscnsinou"honcstidadecprincipios''.cnqua1110 ll 'i'tdescjam que o órgão se1ornemcnosburocráticocmenosdcpcndcn1c em relação ao PC. À vista disso, não espanta que, só no primeirosemestredestcano,1enhamabandonado o PC da URSS J7l mil pessoas. E a proporção de deserções es1á crcsce11do
assustadoramente: cm apcnu dois meses, agosto e setembro passados, 311 inscritos no partido o deixaram!
''Os crimes de Hitler ao pouco, se com· paradosaosqucocomunismocomctcucontraopovosovittico", dcclarouosupracitadoautordofilme''Assimnllodáparavivcr". lerá o povo russo direito a uma Nurcmlxrg parajulgar os govcrnantesq ueo oprimiram décadas a fio? ARMANDO BRAIO ARA N()'l"A
Panaclabo<a,;lo<lcil<ani,ofo,amcompuhaduu ediçOc,d,.riudo·"Jo,,..ldoBr.nil'',""OGlobo'',""Folhad<S. Paulo"", "OE.ta<lod<S. Poulo .. <""lomll
t~;!:,"'~~mcon,oa ,c,i"a "Veja"". rclahv11 aos
0 11nvl•do d11 MOIICOU, SChchadov, que deviria punir osmlnelrosg,•vl•l••1111 Joc•lld•d11 ,lbflrllln• de Kuzbus, em Julho do ano pa"8do, dir/911-lhHspal•vr•,
recu•etuconceu6ea,premldo ~nredamaç~ados ope,,rioa,queexlgem~lhores condlçóesdev/da
CATOLICISMO -
Novembro 1990 -
23
Escrevem os leitores
aa.
ft•
Reg. EMBAATUR
GRANDE HOTEL
01075-00·21·1
-.-. BROADWAY
H2estrelas
Apartamento de luxo American Bar - Jornais diversos TV a cores -Ar condicionado - Geladeira - Teleíone Lavanderia própria - Es1acionamcnto Telex NR 1122757
• Garças e tuca nos Sou assiname de CATOLICISMO hã muitos anos e acompanho com alegria o desenvolvi-
mento da revista. Como também tenhoahonradescrcorrespondcntc da TFP, estive prcsen1c ao VII Encontro de Correspondcntcs noqualcolhi várias pérolas epedraspra:íosasqueguardo no tesouro do coração. Dcntre cstas jóias brilham com destaque as ooníerências do Sr. Dr. Plínio Corrêa de Oliveira. E especialmente reluz.cm certos trechos delas, como foram os das comparações com a garca
e com o tucano. Paraqueaagitaçãodavida moderna não viole o cofre do tesouro fazendo
comquescevanesçamessaspreciosidadC$,gostariaqueCATOLI C JSMOpublicassc csscst rechos acompanhando-os de fotos desses animais. Se me permite, minha sugestão vai um pouco mais adiante: gostaria quc,scndopossivel,publicassem trcchosdeconferênciasemque o Sr. Dr. Pliniofazanâliscs de animaiJ, minerais, enfim dos scresdaeriaçll.o,acompanhadas de fotos. Estou convicta de que estas anàliscs são uma forma de comcmplação da natureza qucnosajudammuitoaaprox.imarmo-nos de Deus (Angtla Maria Tomf!, São Caetano do Sul-SP).
• Lapso Leitor assiduo de CATOLICISMO, particulanncnte interessado nos assuntos da cditoria religiosa,minhaatençãovoltouse especialmente para o artigo sobre São Miguel Arcanjo, estampado na edição de setembro passado. Noterceiroparâgrafo da p. 17 l!-sc: "foi São Miguel quemmoveuasâguasdapiscina probãtica (de Sil~)". Em todos os lugares em que aparccem refcrCnciasà piscina dc Sil~ nosEvange lhosnãoseencon1ra o qua lificativo "probAtlca", q ue figura na citação acima. 24 -
CATOLIC ISMO -
Assim, venho pcrdir-lhe uma c;,tplicaçãoarcspeitodesscassunto(LuizM11rlinsfcrn11ndes, SantoAndré-SP). NoladaRtdaçio-Atendemos com prazer à solici1ação do prezado leitor. Elo nosofcreceaoportunidadedeapontar inicialmente um lapso de revisão. Etambémdeexporanossos leitores a diferença entre a piscina probática e a piscina deSiloé,poiselassãodisti ntas. É e,;pliclvel que o leitor nunca tenha visto o qualificativo probA ticajuntoà piscina de Siloé, nos Evangelhos, como o texto do artigo equivocadamente apresenta, uma vez que as duas piscinas estão situadas cmlocaisdiferentcs, sendotambémdiversasasutilizaçõesque cada uma delas tinha. A piscina probâtica, com cinco pórticos, é aquela situada a nordeste de Jerusalém, onde Nosso Senhor curou o parali1ico de 38 anos (cfr. João S, 1-9) e cujas âguas eram movidas pelo Arcanjo São Miguel. O nome hebreu da pisciua vem escrito de três maneiras distintas: 81!thesda, Bcths.aida e lkthzétha. É conhecida também como "piscinadasovelhas"ou "dos rebanhos".poisalieramrcunidas e lavadas as rcses destinadas ao sacrificio no Templo de Jerusalém. J:i.Silof!éonome, ao mesmo tempo, de uma fonte, de um canal por onde correm suas ãguas, da piscina ondeelasdesaguamedaregião. no ex1remo sul de Jerus.a lf!m. É a única fonte existente dentro das muralhas da cidade.
• Agradec imento Obrigado pelo que aprendi em sua revista (Btnedklo Pires de Almeida, T iete-SP).
• Instrutivo Recebi o n~ 474 de CATOUC ISMO, como sempre, aliãs, muito instrutivo (Rai mundo Aristides Ribdro, Fortalei.a-CE).
Novembro 1990
Fone: (011) 222-2811 AV9'lltÓII Slo João
5J6
CEP 1036 -
São P_., -
BRASIL
ARTEMIS HOTEL SÃO PAULO • •
BRASIL
Apartamenl o ele lu><o Telovlsêo Jornais Cllvoreo• Public rolotl on • Eatacionamonto Amoric:;,en Bar
AI.Barãodel.imelra,«-Reserva!:PBX:(011)2219166-CEP01202-SÃOPAULO TNl: 11·2«17-Fu:2286237
REDE JARAGUÁ DE HOTÉIS HOTElJ,t,IU,GUÁOESÃOPAUI.OLTOA
....
-~~
CE~01050-SÃOPAULO-$P f""":PABX(0111256-6633T01o, 1011)23116-<
JARAGUÁCENTERHOTEL fluoSanloAnlotM0.M5
CEP5UOOO-NATAL-RN , _ , fot"'I n1.n$, - ro1u, (,..) 22-M
HOTUJAIIAGUÁ _ 7 , , . - . , _ ,13 JOl,ÇABA-SC fono·(OOSJ22·1n2-T01o, ,910-0 1
• Ardente d ese}o Recentemente chegou-me às mãos um Cll.emplarda revista CATOLICISMO, edição de julho, enviada que foi pelo meu primo e amigo Milton Araujo de Sousa, residente cm Londrina-PR. Ao ter lido a reícrida revista, veio-me logo um ardente desejo de ser um dos aninantes da mesma. Evidentemente, resolvi logo me dirigir aos senhores para solicitar-lhesopreçoparauma assinaturaanua l (Osca rd eCaslro, Fortaleza-CE). "'
• Pensamento crlsttio CATOLICISMO é como büssola a nortear o pensamento cristllo, o único que vale a pena seguir (L ui z Newton No11, uel ra, ltalva-RJ).
• Melhorando CATOLICISMOestA melhorando dia a dia, possui uma elarezanospensamcmos,umaatualidadesurpreendenteeumaaprcsentação primorosa (Dlsl . Jost ph de Mais ln, U da, Florianópolis-SC).
Música para crianças Por ocasião da semana da criança, a fanfarra "Santos Anjos", composta por cooperadores da TFP, apresentou-se no auditório da escola da Associação da Criança Deficiente, na capital paulista. So b a direção do maestro Clá udio Stephan,aaprcsentaçaotevc umcarátcrdidático,comcxplicaçõcssobrcosvàriosinstrumemos,anccessidadcdcrcgtncia,bcmcomo a respeito do repertório, do qual constaram peças medievais para ílautas,eobras decompositoresbarrocosdossécu!osXVII e XV III , como Corelli, PurceU, além de diversas marchas alemães. Também no Conjunto Habitacional Padre Anchieta, localizado no bairro de llaquera, a fanfarra da TFP abrilhantou as fcstividadesdodiadacriança,promovidas pelocomb-ciolocal.
A Sede do Setor Operário da TFP, em Campos (RJ), dispõe de uma oficina de ar1esa11ato, na qual jovens cooperadores da entidadeoonfcccionamobjetos depiedade e outros. especialmente crucifixos e imagens de Nossa Senhora . Esses objetos de piedade recebem um acabamento que lhes dáaparfociadeantigíiidade,sendomuito aprcciadosparaprcscntes.
Em Lages (SC), a campanha de coleta de assinaturas em favor da independência da Lituânia foidescnvolvidaemplenoinverno, mesmo nos dias cm que nevou na região. "Percorremos o interior brasileiro divulgando obras da TFP, e esta foi a primeira vez que hasteamos o estandarte sobre a neve. Porcausadofrio,foi uma campanha dificil, mas apesar disso coletamos 1.900 assina1ura.s nesses dias", comentou Paulo Mikio Umebayashi, dirigente da cara-
Vinte anos percorrendo o Brasil Poucossãoos municipios brasileiroscujos habirnnte~ não presenciaram alguma campanha da TFP, promovida cm geral porumadascincocaravanasdepropagandistasdaentidade. Jovensqueperrorreram o Brasil viajando em kombis, e queaochegar nas vilas e cidades erguem o es tandarte rubro com o leão rompan1e, põem-se em formação junto a ele, rezam, cantam o "Queremos Deus", passando em seguida a abordar as pessoas nas ruas e nas casas, paraofereccralgumaobrada TFP, Aprimeiraca ravanapartiudeSãoPaulo, em setembro de 1970. Alguns de seus integrantes manifestaram então o desejo denãointcrromperesset rabalho,ronsagrando-se assim, em caráter defi nitivo, a es$a miritóriaatividade. Mais tarde, a exemplo
dela,vãriasoutrascaravanas foramseconstituindoeatuam até hoje. Nadamenosquc3.7 13prefei1ura.sedetcgacias de policia forneceram declaração atestando o carãter pacifico e ordeiro da propaganda promovida pelos sócios e COO· peradoresdaTFP. Um fato que atesta a simpática acolhida que elas tfm recebido na generalidade das regiõespcrcorridas,éofrcqúentecus1eio de boa parte dos gastos de viagem e estadiadoscaravanistaspeloshabitantes do lugar visitado. Ora oferecem refeições e hospedagem, ora gasolina e consertos dos velcu los. E não raro colaboram com a campanhaconcedendoambasascoisas. CATOLIC ISMO -
Novembro 1990 -
2.S
MOLDU RAS BARONEZA
O inferno ruge, enfurecido
lnd.eCom.dc:Moldur.l'l,Qu:idroseVld~Wl:I
l'abricação própria Exposição o lhos/tela Mo ldurns ouro e p ra t:1
CURITIBA - O que ocorre nesta capita l, segundo especialistas cm pesquisas, frcqüememcnteindica tendências gerais dos demais centros urba nos do Pais. Agora, ela vem sendo palco de uma cslranha man ifestação de ódio anticatólico.
Ruoll><on,,a<1r1,u.1S t"onesi, .1110 CEl'Oll.11
'»m• Cc,;;,1,a - 5. P;ulO
Em setembro Ultimo, và rias igrejall foram danificadas por incêndios criminosos: e sacenlotes receberam amcaças dc agrcssõcs, por tclefonc.
Na Catedral Metropo litana, construida no inicio do stculo em estilo neogótico, cinco das janelaslateraiscstll.ocomseusvitraiscmrcstauração. Um vidro incolor substitui neles a pane que foi estilhaçada por violentas pedradru;.
D E CORAÇÕE S LTOA.
Carpetes Cortinas Tapetes
Seria tudo isso obra de um louco? As au10-
ridadcs policiais mostram-se incapa1.cs de esclarecer, como tam~m de evitar novas ações do gênero.
Tais agressões e manifesrnçõcs de ódio à Igreja, entretanto, não const ituem iníelizmente fa. 10 novo. Dele a História jâ regis1ra exemplos na França de 1789e na Espanha de 1936. No final do stculo passado, o escritor J. Huy.~mmans iniciou sua conversão ao presenci11r o ódi o com que os pro motores de uma missa negra ultrajavam a Eucaristia. Urna lição de afervora mcnto e lambém de vigilância devem os católicos de nossos dias e~ trair desses sintomâticos episódios que ocorrem cm Curitiba.
Especializado em colocação de carpetes pelo sistema Robert's
AuaMartomFrnn.cisco. 188 Teletones; 826-6554 - 826-6332 825-0508 - 66-7736 CEP 01226 -
Talento EsúJo Planejamento Espaço Conforto Solidez Segurança . Soluções ori~na1s Harmoma Elegância Sensihilida~e Sofisticaçao
•
Clas:~sonalízado Acabam ento · do Local pnv1 1egJD. Sucesso
r.
c onstrutora
1
26 -
CATO LI C ISMO - Nove mbro 1990
g:ara
Santa Ceeiha -
São Paulo
História Sagrada em seu lar -
José vendido como escravo " ISRAEL (Jacó) amava José mais que todos os seus (ou1ros) filhos, porque o gcrar.1 na velhi~: e ft:t-lhc uma túnicadevàriucorcs"(i). l nvej;i, dos irmãos
o Egito. J ~ contava, então, dezessete anosdcidudc.
Josê atirado na cisle rna
Jacô cho ra o filho predile lo
"Um dia, os filhos de Jacó tinham kvadoosrcbanhospar,1!ongínq uaspas tagcns: então, disse o pai a José: 'Vai V"1" se teus irmãos estão passando bem e traze-me.depressa, nollcia deles'. "O bom filho obedttcu. Seus irmãos, quando o viram, di~seram emre si: ' A! vem o so nhador: ma témo-!o e atirêmo-loa um fosso . Diremos ao pai que uma fera o devorou . Assim havemos de v"1" de qt1e lhc valeram scus sonhos'. "Rubem, que era o 111ais velho, opôs-se a isso e d isse: 'Nfo o mateis, serà melhoralirà-loao fundo desta cisterna abandonada'. Assi m disse com o intuitodetirâ-lodepoiselevá-lo,oct1lla· mente, ao pai. "Apenas José chegou, dcspojara11l· nodesuasvcs1escdescerarn -noàcistcrna.
"José, possuidor de 61imas qualida· dc:s, nao pôde evitar a inveja de seus ir-
mãos. Eles viam com maus olhos as mostras de predileção que o pai lhe dava. A inveja é um vicio íuncstissimo, que gerou nosirmãosdeJoséódios ter ríveis e desejos de vingança.
" J~1inhaapcn115deiesseisanose guardava, com seus irmãos, os rebanhos dei;eu pai. Cometeram estes, um dia,umafaltagrav[ssima. Josénãoquis seguir- lhes o mau exemplo .. .. e julgou de seu dever relatar o fato ao pai. " Dai cm diame, ainda maior afeto lheconsagrou Jacó .... Seus irmãos não lhedirigirammaispalavrascorteses. " Maior se tornou araivaqucjálhe votavam, quando José revelou- lhes al guns sonhos que paredam pressagiar sua futura grandeza.
noções bá s icas
sigosobreosentidodescmelhantcsacontccimemos"(3 ).
Ve ndido aos mercado res "Depois puseram-se a comer e a bc· ber, tranqílilamente. Rub-cm, porém, não conseguiu comer; c, muito inquieto,afastou-sepcnsandona maneira pela qual poderia salvar seu irmão. "Poucos instantes depois passaram, casualmente, por ali alguns mercadores deMadianquesediri giamao Egito. A eles José foi vendido por vinte moedas .. •. Os mercadores .... o levaram para
" Rubem, ao voltar, reprovou com pa lavras severas o procedimento indigno dos irmãos, os quais. por cúmu lo de perversidade, ha,·iam mor10 um cabritopara,comosanguedoanimal, tingirem as roupas do irmão e enganarem o pai infeliz. "Mandararnumportadora Jacó,levan doas vestcscnsang(icntadas de J osé, com es1e recado: 'Encontramos no ca mpo estas vcstl'S; vê se são as de teu filho'. "Assim que o bom velho as vit1, reconheceu-as e exclamou, no auge da dor: 'Sãoasroupasdemcu filho;a lguma fera devorou o meu querido J osé'. E, julgando-o morto, chorou-o arnargameme". (4) ''Eenquantocleperseveravanopranto . os madianitas venderam J~ no Egito a P utifar, eunuco do Furaó, general dosexé rci1os" (5). "José tinha sido vendido comoescravo" 16). D NOTAS (1lGcn . J7,J
(Z) Slo Joio llofco, ltish\ria lllblica do Velho~ r,1.....,Te>1amtn10. u .. ariaSalaia"" Editora, Z' ..i., 19ZO, P!>.J7-JS. (J) Pé. Tiqo l'.d ot. Bíblia das Escola. C•1ólica,. Vo,e<,1964.p . .ki (()SãQJ olQlto.«>,OJ> .<Ít.,Pfl.]8·'40
(l)Gcn . l7,J,6. (6)1'1.ICM,17 .
r:-:.;;;~ -:.-:;:::,.=:;.~;;;;;;;;~õõi
=~=,,mae11,a,. Jos, ,
conduzido ao Eg/fo
So nhos de José "Um dia José disse a seus irmãos: ' Pareceu-me vu em sonho que estharnos juntos a amarrar feixes de trigo: o meu pôs-se cm pé, enquanto que os vossos inclinaram-se perant c clc, em atitude de adoração'. Os irmaos c~clamaram: 'Como? Tu, cmão, serás nosso chefe, e nóssercmostcusservos?' "Em outra ocasião lhes disse: 'Parcceu-me ver o sol e a lua eom onze cstrelasprostradasa adorar-mc"'(2 ). "Seus irmãos, enciumados de le, o odiavam:en1rctan1oscupaircíletiacon-
CATULIC ISMO -
Novembro 1990 -
27
Em 1990, uma gota de Idade Média Benno Hofschultc nosso correspondente FRANKFURT - Às margens do majestoso Reno, em pleno coração da Alemanha, ergue-se uma pequena cidade, cuja origem se perde nas brumas do tempo: Obcrwesel. Uma robusta muralha de origem mt.'dieval circunda ainda parte do burgo, destacando-se da sua massa
algumas torres que desafiam altaneiras ocorrerdosséculos.Suasestreitasruas entrccruzam·s(' formando pequenos labirintos, e descmbocilndo por vezes em pequenas praças onde a água jorra de a!gumu fonte artisticamente trabalhada ou se levanta um cruzeiro lembrando o fim último do homem, ou ainda uma imagem de Nossa Senhora sorri maternalmente para os passantes. Seus habitantes, de dois em dois anos, abandonam as trepidações da vida moderna para viver durante três dias em plena Idade Média. E vale a pena, com espírito mais de peregrino do que de turista, no conturbado ano de 1990, acompanhá -los nessa evocaçào histórica, que representa um mergulho naquela época de esplendordacivilizaçàocristã,cognominada por um autor francês "doce primavera da Fé". Cada dia a festa chamada pitorescamente Spektaculum é aberta por um cortejo de arautos, com fanfarra, anunciando a chegada do Imperador. O séquito é composto pelo Conde. senhor feudal da cidade, e por cavaleiros vassalos. O cerimonial de recepçào determina que o burgomestre vá ao encontro do Imperador e lhe apresente saudações em
três pontos distintos do percurso. A festa écaracteristicamentemedieval,inc!uindo ::Ftf;1ea~~is~e~ut~et!~~~~ ~~~\~:!~es; um sem número de outras diversões inocentes, das quais está excluída a agitação. Agitação essa que é deixada às portas da cidade, pois curiosamente os visitantes mudam de atitude ao transpô-laseaopagaropedágioqueali é cobrado, segundo velha tradição. Seus passos se tornam paulatinamente mais lentos, e seu espírito abre-se à consideração de aspectos encantadores da realidade, para os quais, via de regra, não há lugar na voragem do dia-a-dia. Crianças, cuja altura nào exceda à de uma espada, não pagam nada.
Nointeriordovelhoburgo,osartesãos expõem suas pequenas obras de arte, fabricadas rigorosamente segundo métodos medievais. A noite, tochas, lampiões e candeias iluminam com seus fulgores dourados as velhas ruas e casas da cidade, comunicando-lhes um novo colorido, todo ele envolto em mistério. A alma do homem moderno, aparentemente saturada deprazeres,évaziadesobrenatural. Eocontatocomessa gotadeldadeMédiaqueéOberwcsel, reanima fibras de alma adormecidas. Talvez disso não se apercebam os turistas que entram na pequena capela gótica da cidade; ali, uma imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus nosbraçoslheslembraondeestáaverdadeirafelicidade. Como gostaríamos de poder repetir os versos de Camões acadaumquepenetrassenaquelerecinto: Tu que descanso buscas com cuidado Neste mar do mundo tempestuoso, Não esperes achar nenhum repouso Senão em Cristo Jesus crucificado
Tendocomo f undode qu adroabe l• por1e de prel eiturede0berwesel , eo som das t rombetas douradas, oa g uerreiros, com elmos e armaduras, s.lio apresentados ao público
Discernindo, distinguindo, classificando ..
A PRINCESA E O COMUNISTA N~eMpc::ç~~~o ~:1;~~~ª~
.sentia uma fllria surda subir de11tro de mim . Eu percebia que aquele se r odioso agia de propósi lo, para despreiar-me, atormentar-me, para me rid icula rizar. Por fim, às scis horase um q uano,q uan do não hàvia mais ningu~m, o continuo chamou: a c1dadãPaleycocidadãoObn iss ky ''Penetramos no salão vermelho noqual ,_se n1ado a~tc umamesa,Oun ts ky cscrevm. Ele levantou a cabeça e diri gindo-se ao doutor, num tom
mentoe nt rcosviciososé normalmcnte bruto, com freq~ cia regado a pala vrõcs e mJ ú-
rias,econformeocaso,mtrcmeado de agressões íisicas, podendo chegar até o mort ici-
nio. Enquanto numa corte vcniadciramcntecatótica,num oonvcntodefradesoufreiras
virtuosos, ou numa familia que pratica os Mandamentos daLeidcDeusoconv!viotende a ser ameno, o trato das pcuoas ent re si é respeitoso,
~~~~c~,a~t~~i~à~~~s;t2$~~e
cheio de perdão e de afeto.
A virtude pode flo rescer em qualquer clasK social, en-
tre rkosou pobres, scja em re pessoas com uma educação esmerada,sejascm cla. Mas, ondequcrquec,ista, a vi rtu de_propcndealcvaraui:naperfe1çoame n10dasmanc1rasutcr iores de portar-se e dos modos de ser dos indi víduos
!'t~-
e das fa mili as. Assim, um homem ou uma mulher que pro-
gridam na virtude, qualquer qucseja sua co ndiçãosocial o u econômíca,tenderãoaser mais bem ed ucados e mais cortcscs 11o natodoqueeram antes. Avirtudeéumaãrvore frondosa que produz flores de civiliiaçao temporal e fru los de salvação eterna. A con~·ersão religiosa e moral dos bârbaros 110s primórdios da Idade Média, por exemplo, trouxe comoconscqüência aesplêndida civi li111ção temporal cri stã, cm que os costu· mes oriundos da barbãric aos poucos foram sendo substituídos por outros c hcios dcesmcro, dedeli cadcia mesmo e de brilho social Nadahâmaiscontrãrioãvirtude cristã do q ue o comu nismo. Assim, não espanta ter de procurado tornar o fi cial, desde seu advento na Rússia, um modo
:im~i{t~~~
~r~~1:efh::~~~o~~~ gens. A cena, cuja descrição colocamos aseguir sobosolhosde nossoslcitores. fala por si.
Den tre os 11obres assassinados pe los bolcheviques, de 1917 a 191 9, estava o grão-duque Paulo Alexandrovitch, ti o d_o C~ar Nico~au li. Sua esposa, conhecida como Princesa Paley, tendo conseguido depois fugir com suas filhas, cm 1919, para a Fra11ça, lã escreveu suas
2-
CAT O LIC ISMO -
Dezembro 1990
T endo o m6:lico declaradoquequeri a verseupaciente, foi-l he negada pcrcmptoriamcnte tal permissãoeteve d e rct irar-sc "Depois, voltando-se pa6 ~~:~~~~~,~~v:1.ºe~1 ~ do num instante. "Ele apertou um botão e um homem apareceu com umabandejaqu cco loco u so brc a escrivaninha. Eu estava se ntada em frente dele, do o utro lado do escritório · •ouritsky se pôs a tomar sua sopa, um prato che io. Ele a tomava avid ament e, como um glul llo, lançando no prato grandes pedaços de pão q ue mastigava fa1:cndo ruido . Ele se serviu d e um grand e copo de vi nh o verm elh o , que 1omou de um tra go Terminm,la a sopa, ele se ap,oderou d e um pratoche iodepcdaçosdevitelac de ba1atas, ~ejad_os co m mo lho _de tomate. Um s1!cnc10 profundo remava. nBose ouviasenãooruldodamasti gação daquelco rdinãri o. Apc sardador. da angústia, do cansaço, da fome, e u olhava para esse ser odioso e me se ntia tomada por uma insc11saca vontade de rir . Eu pensava: - Tu crês q ue me humilhas con d uzi11d o-te assim como um boçal qu e és; se soubesses como isso me é indi ferente e qu ilo pro fundament ee u tedespre1.o! "Eu espereicertamente2S mi11u1~ para que o ogro lser espan1oso) apaziguasse sua fom e. Ele devoro u a inda algu ma co isa, uma torta de maçã,creio;
Princffl!Paley
memórias: 'Souvc11i rs de Russic , 1'10 11, Paris, 1923. Quando da prisão de seu marido, cm agosto de 1918 - após um longo processo d_epers_eguição econfisco de bens - fo i ela, Jtrntamern e co m o Dr Ob_nissky, médico do grão-d uqu e. pedir a li be rla~ão deste. Para isso, dirigiram· se à tem1vcl Tchcka de São Petersburgo (~oje Leningra_do),. onde havia m ~ou s~guido uma au~1êncm co m o ~ormssãno do lu gar, Moisés Salomouov1tch Ourits ky, à uma h~ra da tarde. Chegaram co m a nt eccdêncm,osalãodcespcraestavacheio "Sentamo-nos num canto. Novas pessoas chegavam ; de tempos em tempos .... um co ~t!nuo pronunciava um nome e novo v1s1tante era introdu zido no aposemo. Uma hora, duas horas, três horas se passaram. Eu nornvo que nãoapenasaq uelesque chegaram antes de mim, mas t~mbém _muitos d_os que chegaram depo is, haviam pa rtid o lu\ muito tempo" Aprincesapreocupava-scco momédico, "confusa de o pri~ ar do a lmoço
~a~~ ~i!:ie~g:;:_cÀ~e~i~~~ ~~~~1. h~~
~;s;;i;se ~~~~td~~~ :i~~l!~~~"X~~~:
senhora, eu vos ouço" (pp. 230-2). Evidentemente, o comuui sm 11ada co nccdeu aosjust osreclamos daPrincesa. Mas most rou bem quem ele era! C A
~AtrnJCISMO SUMÁRIO INTERNACIONAL
- Deputado ao "Parlamento do Povo", da Federação Russa (a maior das repúblicas da URSS), Victor Aksiutchiu, faz impressionantes dccl!',raçõcs sobre a vacuidade da peratro1ka e o desmoronamento do re1imc soviético, ao nosso eorrespcmdentcna Btlgica 4 - A unificaçlo da Alcmanh11: uma bela ccrimõnia confirma a rejciç!\o da ti·
rania comunista. Porém, o espectro de uma legislação abortista ullra permissiva, que atava em vigor na antiga Alemanha comunista. paira !!Obre
a nação reunificada
16
NATAL
- Conto põe cm evidêncin a fé de um pobre sapateiro e a bondade do Menino Jesu s e sua MRc Santíssima, cm pleno Natal .................•....... 8
-Alegcndaearealidadca respeito dograndcBispoSãoNicolau, padroeiro do Natal infantil em muitas regiões
da E u r o p a - - - -
'8
E
STAMOS EM DEZEMB RO de 1990. De modo que, é bom esclarecer; Natal é a comemoração do nascimento do Menino Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, Redentor nosso. Não é uma festa pagã, nela não se cultua nem Júpiter nem Minerva. Também não é um feriado a mais para descanso. De fato, vai longe a decadência religiosa, mas também mental e psicológica (psiquica'?!) do homem comemporâneo. Nesta rampa descendente vale a pena voltar-se para o passado, ao menos para relembrar de onde viemos, o que fo. mos, enfim reavivar a memória Nesse sentido, a interessante história - à qual juntou-se uma legenda de São Nicolau, como também o expressivo conto do sapateiro de Burgos, que o leitor encontrarã adiante, podem ajudar. Na contra capa: as palavras cheias de fé de Sa.o João Crisóstomo, com a figura do Menino Jesus, pintada por Fra Angélico. O nono centenârio de São Bernardo de Claraval, gra ndíssimo santo, devoto da Virgem. terror dos hereges, não foi aqui esquecido.
RELIGIÃO
- !ao Bernardo de aaraval nasceu hã 900 anos. Considen1do "o homem mais contcmplBtivoe, ao rne~mo tempo. o homem mais ativo de seu ~éculo",ocupou-sedasquestõts maisçandcntesccmprecndcu as lutas mais ãrduas do s&ulo Xll . .. ...... 11 NACIONAL
- Bem anali~ada~. as reccn1c1 eleições rcalizadasnol'alsconduicmarcsulta· dos objetivos: abstençõei, votos bran cmcnulosmostramodesintcrcs1.Cdo elci,or pelos políticos rrofiMionais, e portamo a falta de representatividade ~C:!cs. A esquerda tambtm sai u1~ NOSSA CAl'A Pifttura,eal1U<ll,noa,n~:ud11t«tda TFP
OMO SE VÊ, houve tempo cm que o mundo era cristão, as pessoas ti· n~am fé, desde criança se aprendia a amar os aspectos maravilhosos da v1da.Quesaudades! Hoje nno temos nada disso. O que encomrarnos alualmcntc é a unificaçtlo das Alernanhas (em principio boa coisa). mas sob o signo sinistro do aborio! Deparamos uma tâtica enganosa dos soviéticos - a perestroika - que um deputado russo mostra ser um mito criado em Moscou para uso do Ocidente. No Brasil'? Eleições vazias de conteúdo, sem idéias, sem verdadeira representatividade. Tudo isso vem adiante Fato simbólico do choque entre esse passado luminoso e um presente cheio de trevas, encontra-se aqui, na página ao lado: a princesa e o comunista E o futuro '? Apesar de tudo ele é cheio de esperanças. Sim, porque o Menino Jesus nasceu. Porque Nossa Senhora reza por nós. Essas esperanças paradoxalmente nao partem do presente, elas partem do passado. f:: esse passado que se trata de recolher; pois, elevado pela graça de Deus, ele poderá gerar um futuro ainda mais esplêndido. Ê o que, neste Natal de 1990, nos lembram aquelas frases poéticas, mas dessa poesia cheia de realidade, que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira deixou consignadas em uni dos livros da TFP;
C
''QuA':"00
ainda muilojovem Cons1dere1 enlevado as rn(nus da Cristundade, A elas entreguei meu coraçllo Vollei as costas ao meu futuro, e fiz daquele passado carregado de bénçllos O meu Porvir ... "
"Catolicismo" deseja a codos os seus leitores e amigos um Santo Natal cumulado de bênçãos celestiais.
CATOLICISMO -
Dezembro 1990 - 3
Entrevista exclusiva para "Catolicismo"
Ante o fracasso do regime soviético, retorno às raízes profundas do país Deputado anticomunista ao Parlamento do Povo, da Federação russa, denuncia o engodo da perestroika, ressalta a importância da propriedade privada e da livre iniciativa e propõe uma volta às instituições e à cultura da velha Rússia
OSSO ,m~poadem, a, llól gica, LuisMeneiesdeCarvalho, manteve comacto, no Hotel"La·f.ayetteCo_a.çorde.",
com o deputado do Parlamento da Rússia (Parlamento do Povo) Victor Aks1utchus, em 26 de Julho último. Nes-
sa ocasião, o parlamentar concedeu uma entrevista a "Catolicismo", da qual publicamos a seguir os eJ<certos principais Parece-nos oportuno esclarecer que o Parlamento do Povo, do qual o entrevista-
do faz parte, é o Legislativo de uma das Repúblicas que compõem a União Soviéti· ca - a maior e mais importante delas a Federação russa. Distingue-se, portanto, esse Parlamento, do Legislativo do conjunto das Repúblicas da URSS,que éoSov ie· te Supremo Victor Ak siutchits , nasceu na Bic!orús· sia, tem40anos, cdcsdeamocidadcdedicou-se à luta contra o regime comunista Preferiu agir nas camcumba~, formando pequenos grupos de amigos, que se reuniam discretamente,tendoevitadoassimaprisão e eventualmente a morte Logoqueascircunstãnciasopermiliram, começou a publicar seus próprios "samizdats" (panfletos clandestinos de oposição ao regime comunista). Em 1987 tais "samizdats" transformaram-se numa revista de debates de idéias, masaindaclandestina,comvistasàformaçãodeumanovaso· ciedaderussa, libertado regime comunista Tal revista, cujo título é "Escolha", passou a sairà luz dodia hà um ano Victor Aksiutchits é também criador da "Fundação Aurora", que visa promo verumrenascimentodaculturarussasobretudo no seio da juventude. A~sim, quando um dia a nova Rússia vier a se libertar das garras do comunismo, empenha-se a referidaFundaçãonosentidodequeopals jâencontreoselemcntosdeumacivilizaçao crista. Paraesseefeito,a"FundaçãoAurora" promoveconferên"ciaseducativassobre ahistória 'e aculturarussas No inicio do presente ano, o parlamentar fundou igualmente o "Movimento por uma Democracia Cristã". Convém notar, porém, que apesar do nome, mi movimen -
4 -
CATOLICISMO -
Dezembro 1990
No palanque ds manlf11Staçlo enlieomunlstll ,e11/lzada na Praça Vermelha, em 16 de Julho último· o entrevistado, deput11do Victor All.slutchlts (e!UluardaJ e o deputado Andral Tarosov, ambosrepresenrantesno Parlamento da Federaçlo russa
todiícrc profundamente dos Partidos Democrata-Cristãos do Ocidente, sobejamente conhecidos por sua tendência esquerdista e até ultra-csqucrdistaecomunistizante cm alguns palscs. Sua plataforma prevêa mudança completa do sistema comunista paraumrcgimebascadonapropriedadeindividual e na livre empresa. Ele propugna também um governo deso::cntralizado, com base no princípiodesubsidiaricdadc. Quamoàformadegoverno,o"Movimento por uma Democracia Cristã" julga que o povo russo não está preparado para fattr uma escolha tão complexa. Propõe ele a eleição por voto direto de um governo provisório, com um parlamento. E dentro de um lapso de tempo, quc seria dc quatroa cinco anos, far-se-ia a escolha do regime definitivo para a Rilssia. Tui eleição não se faria mediante voto popular direto, masatravésdcumaantiquissimaasscmbléia russa denominada "Zemskyi Sobor" (cuja tradução literal~ "Assembléia da Torra"), que seria restaurada. Esta correspondia a uma espécie de Estados Gerais da nação, e nela estavam representados os notáveis, as diver= profissões e todas as regiões dopais Apesar do ''Movimento por uma DemocraciaCrístã" nDoscrrcgistradooficialmente, nllo ter acesso a nentrnm órgão dos meiosdecomunicaçllosocial ede ter sido impedido pelo regime comunista de realizar comícios, Victor Aksiutchits e quatro membros de seu movimento fon11n eleitos para o Parlamento russo, com significati-
vas votações. Os cinco deputados derrotaram oslídercscomunistasdasrcspectivas zonasemqucscapresentaram.
Publicando cm primeira mllo no Brasil cxccrtosdcss.arcveladoraentrevistaofcrccemos a nossos leitores uma ~ic de dados muito pouco conhecidos no Ocident e, pois ageneralidadeda"mídia"ocidemal ébastantc parcimoniosa cm divulgar noticias que apresentam as profundezas da verda-
et.ri :::i:a~!~t~ :1 1
~~~~a~~~ê;:i:c:: ra inculcar, contra todas as evidências, que 11.pcrestroikatdigna decr&litoe queGorbachev, seu idcalizador,éumnarvcrrnclho quase oniJ)Olemc, e não um gigante de ~de barro. O depuiado Victor Aksutchils desempenhou papel destacado na manifestação an ticomunista rea li zada na prnca Vermelha, no dia l6dejulho Ultimo, na qual foi um dos principaisoradorcs(ver fotos). Arespos!aà Ultima pergunta de nosso correspondente apresenta especial interesse para o lei tor brasileiro
CATOLICISMO - Pessoas que chegam da União Soviética dizem que a perestroika fracassou. Isto é verdade? Caso sim, por quê?
VICTOR AKSIUTCIIITS - A palavra percstroikasignifica um ccrtomitoqucfoi criado cm Moscou, portm que tem um grande curso e difusão só no Ocidente. Este mitoconsisteemcrerquenotopodoPartido Comunista enfim chegaram pessoas de· mocráticas,quefinalmcntequcremafclicidade e o bem do seu povo, e, por isso, adotaram as transformações dcmocri1icas. É comoseGorbachevdirigisseestaspessoa5 e elepróprioe ncarnarnauecstas reformas. A realidade t co mpletament e outra: durante décadas a sociedadccaspessoas lutam contra o regime comunista. E esta luta se fortaleceunasúl1imasdécadaseparticularmente nos anos mais recemcs. Ela fez com queoregimecomunistascenfraquecessec caducasse. Finalmente chegou o tempo cm que o Partido Comunista não consegue manter o poder sem libertar algumas esferas da vida. Em outras palavras, o Partido Comunista jã não tem forças internas e nem externas para o co ntrole total so bre todos os campos da vida da sociedade. Pa· ra a manutenção de seu poder, ele (PC) t obrigado a li bertar algumas esferas da vida. Isto t uma tarcíaidcológicainternae t exp ressa por pessoas co mo Gorbachcv. Eles adotaram as reformas soment e para conse rvar o pncler e a ideologia do Partido Comunista. Em sã lógica, essas rcfOf'mas significam que na arc-na histórica entraram novas forças sócio-políticas. Todo o futuro depende do resultado da luta develhas forçasideológicascomasnovasforças sócio-politicas. E o resultado desta luta nllo
Mult/dAo, enabeçeda (primeira li/eira) pela "Coml"6o N frente .., proveniente d• zona norte de Afo9cou, dlrig..H é Pnç. VermellMI pera• menlfellaçlo anlleomunlsta CATOLIC ISMO -
Dezembro 1990 -
5
Aspecto d11 msnllestaçlo sntlcomunlsf11: à frente. bsndelr11 da época do ts11rlsmo: ao fundo, um edilicio do Kremlin.
é inteiramente previsível. O Partido encetou as reformas para se forta!eeer nas novas condições e manter o seu poder. Mas as novas forças da sociedade lut am para privar o Partido Comunis1a de seu poder no pais. E o que temos diante dos olhos é o resultado dessa luta. A própria palavra perestroika significa um aspecto da política do Partido Comunista. E nesse sentido apcrestroikafracassou.MuitodoqueGorbachevquis fazer, ele não o conseguiu. Isto porque a sociedade não aceita. Gorbachev, e na sua pessoa o Partido Comunista, quer liberdades, bem como mudanças lentasedosadasparaasociedade. Mascsta deseja uma liberdade imeira, e não para amanhã, mas para hoje. E por isso, muitosprojetosdeiniciativadeGorbachev eseuscolaboradoresfracassaram.Scusprojetos econômicos se reduzem a libertar a economia em parte. Porém, esta não pode estar ent re dois trilhos. Se ela está presa à economia totalitária e não é colocada nos trilhosdacconomiademercado,entãocla sem dúvida patina e se destrói. Eis o que ocorre agora. E neste sentido a pcrestroíka fracassou. A tentativa de abandonar algumas tendências do totalitarismo e ao mesmo tempo defendê-lo e não passar à sociedade democrática e à economia normal de mercado fracassou . Por~m. de outro lado. indubitavelmente cada vez: mais na are-
na histórica ru ssa amam e se manifestam novasforçassócio -politícas.Sobretudocrescc a sociedade civil, isto é, a esfera econômica.acu!turacaimprensaindcpcndcntcs dosrneios dcinformaç:ão,daopiniãopúblicaeda politica. Ocre5cimentodessa sociedadeciviléurnagrandeconquistaparanosSO pais, e o seu surgimento e desenvolvimento são urna garantia de salvação para nossopa, s. Es1ou. se m dúvida, otimista, porque achoque11ofimdascontas,ocomunismo jãperdeuaforçanamentedaspcssoasna Rússia. O Partido Cornunisca nos dias de hoje ainda domina os recursos do pais, fi. nanças, imóveis, meios de informação, tipografia, e finalmente o papel. Porém, com o tempo, e o fortalecimen10 da luta, estes recursospassarãoparaasmãosdasnovas forças sócio-polít icas dopais. CATOLICISMO - Como deputado cris· tão no parlamento russo, qual é o seu programa? O Sr. quer o caminho soci~!ista de desenvolvimen10 da eco nomia ou apóia apropriedadeprivadaealivreiniciativa? V. A. - Nosso programa se baseia nos seguintes postulados básicos: prioridade dos valores cristãos cm todos os campos davidadasociedade,amesdetudoempo· Htica, na medida em que somos um parti-
6 - CATOLICISMO - Deze mbro 1990
do político. Em seguida, naquiloquesepodcriacharnar patriotismo instruído. Temamos nos apoiar na tendência democrática liberal, na cultura e na história da Rússia esabcmosoqueéisto. Duramelongasdécadasaculturanacionalrussafoianiqüíladae11ossopovofoiprivadodosmonumentos históricos. Isto foi esquecido. porém queremos restabelec~-la. Sabemos que a grandep!êiadedepcnsadorescsclarccidos e geniais, filósofos, sociólogos e economistas do século XX está preocupada com o destino da Rússia não menos que nós. E eles escreveram diversos trabalhos que são muito atuais para as mudanças na Rússia dehoje.Eessestrabalhossãocomplctarnenteinacessíveisparaasociedaderussa. Nem atualmente eles são publicados, após cincoanosdeglasnost. lssornostraqueosideólogoscomunistas sentem que ellatarnente desse setor é que parte o perigo para eles. É a tentativadcvoltaraopatrimôniodanossasociedade e colocar em circulação os valores que encarnam e exprimem aquilo que se cham,a o Patriotismo instruído. Ao mesmo tempo este exclui toda sorte de orgulho nacionalista desmedido. bem como a agressão e inimizade nacionalistas. E ele, de acordo com o terceiro artigo do nosso programa, éo anticomunismo de principio, istot,recusadaideologiacomunistaelu-
ta contra ela. Porquê? Porqueocomunismofadoulrinae formamais radicalmente anticristã da História. Nunca no mundo foi tão claramente formulada uma ide· ologia conlra Deus e ao mesmo tempo tão desumana. Nunca no mundo a humanida de sofreu tal experiência desumana, de aniquilamento e destruição como no regi me comunista. Por isso todo cristão e conscqíientcmemc todo polltico cristão f anticomunista. Naturalmente o nosso programa no campo da economia ~ a volla para os valorestradicionais. E isto significa - o que ~ sabido e comprovado - que a propriedade privadaemtodosossét:uloseemnossotem • po constitui a única garan tia econômica nãos6dasliberdade5cconômicas.mascarnbém das civis e políticas. Sabemos quanlo o sistema econômico totalitirio comunisca dC$truiu a economia. Nós, sem dúvida. pregamos iguais direitos para as diversas for mas de propriedade com prioridade para a forma privada. Não podemos querer o caminho socialista para a economia, porque vemos pela experiência aplicada cm nosso pais e em outras nações que.onde a ideologia co muni sta chegou ao poder. tudo foi destruído, inclusive a própria cconomia.Foramdes1rnidososrecursosnaturai s, o mccanismocronômico, a experiência de produçãoebruscamenlediminuiuo1rab.tlho produtivo.
CATOLICISMO- Na América Latina aílldaexistcumafoncpropagandaquedefende a tese de que o comunismo ajuda os pobres. Como russo vivendo sob o sistema ro-munisca mais descnvotvido. oque o Sr. gostariadcdizeraospovosdaAmérica Latina? V. A. - Eu dou testemunho com plena responsabilidade, ser isso um mito quenão1em ncnhumarclaçãocomarcalidade. Observemos a experiência do nosso pais. Att 1917a Rússiaocupava,deacordooom todos os indicadores econômicos bâsicos, do quinto aosttimolugar mundial no plano econômico. Atualmente ele ocupa do quinquagésimo ao septuagésimo lugar no mundo. segundo todos os indicadores básicos. Até o ano de 1917 o ritmo de cresci· menco econômico da Rússia superava o de qua.setodosospaisesdescnvolvidos. A1uat. mente sobre isto é impossível falar. porque ele não existe. O desenvolvimento do pais simplcsmcnlc estancou. O riqui,,imo pais que possui r~ursos .sem medidas, no qual vivcumpovoqueamao1rnbalho,qucpossui uma cuhura milenar, chegou aos limitesdaruinacdamiséria. Neste pais existe a mais alrn rnxa de mortalidade infamil e a perspectiva de ~ida mais cuna. E a Rl1ssia aprcsenrn o mais baixo nívddcvid.icntrc naçôe~ européias civilizadas. A Rússia chegou a tal rcsulladodcvido ao regime comunista.
Parece que disto. indubitavelmente, se tira a conclusão de que a ideologia comunista não é capaz de ajudar os pobres. Ela arruina tanto os ricos como os pobres. Ela esmaga não só as riquezas narnrais,eos dispositivos e,;;onômicos, mas uma grande quantidade de pessoas. Frcqücntemcntenosdizern,quandodamostestcmunhosobrea Rússia,quca culpa não é da ideologia co munista. mas da Rússia asiâlica. que não soube construir corre1amc-nte o comunismo. Obsen·cmos a mesma experiência cm outros países. Em todos os que -semc~clusão-o regime cornunistac hegouaopodcr,talscdcu scrn• prc pela força e de modo sangrento. destruindo a economia e ;1 cu ltura median1c um genocidiosem precedentes para as rcspec1ivasnações. Nlloconh~oe~ceçãoacssa regra. Fica evidcnlc que a 1...w d~ quc_o conrnnismo ajuda os pobres é só m,10. Eu gosrnrla que me mostra sse m alguma região do 111undo onde o comunismo ajudou os pobres. Sou politólogo. estudo não s6 História, mas 1ambém a cultura de todos o~ pal~domundoetalcasonãoconhe-ço. l;precisolcmbraruma, erdadcsi mples: na Rússia e em todo o mundo o comuni>1110 scrnpre dominou ba<.cado em dois fato· res: for~a ea mcn1ira. Agora o sistema de força do rcgim<· (0rnunisrn foi des1ruido, a111ando porém o ;is1cma de memira de modo mais efeth·o. L preciso lembrá-lo.
Our•nte a manlfest•flo •ntlcomunlsl•, pollclal, ,ov1'f/co, cercam port6H do Kremlin
CATOLICISMO -
lkzcrnbro l990 -
7
Conto de Natal
O sapateiro de Burgos No século XVI, a Virgem do Pilar rea liza no Na tal um portentoso milagre, que se repete depois, à vista da população da antiga e bela cidade espanh ola .
dosa,pront ilicou-seacuidardasduasrneninaslcvando-asconsigoàa \dciaonde1norava,afondccriá- laseeducá -las.Omc11ino, Juan , ccndoapenascincoanosdcidade, ficou cm companhia do pai: mas ele também constiwia um peso naquela casa onde faltava méoest ritarneme necessá rio. Emretan10,apesardapoucaidadc,procurava ajudar o pa i nos afazeres diários: coi1ado, era tilo pequeno e franzino qt1c seu au xílionilovaliarnuilo,rnasaopai represen tava a única felicidade 1ê-lo junto e poder contar com seu carinho Naquelcano,Uurgosesrnvascndodurarne111c castigada, pois há muito não se vi ra inverno Ião rigoroso. Em conscqi,('rn;i~, parn lizararn os trabalhos, a gente não se animavaasairdccasa,osquctinhamafazcrcs na rua usavam bolas especia is, muitorcsistcntes.Assimscndo,osapatcironão tinha serviço e a miséria tornou -se ainda maiscruclnopobretugúriototalmcntedcsprovidodcconforio. Aquele homem sofredor, corno autêntico espanhol brioso, sofriacalado,scm rcvclaraosou trossuasangústias. Ningui:mja maisouv iu de seus lá bios a menor queixa, umped idodeauxi!io, ou qualquer palavra de rc,·olta. Silencioso, triste e digno, confiava na P rovidência.
A Virgem sorri
ESPANHA FO I desde s<"rn -
pre um p· ,· is quc brilhou c,.,".' asprinc1paisnaçôescatólicas do mundo pe la sua fidelida de à Igreja , pelo fervor rel,giosodescupovoequclegou, para cd1f1caçilo da posteridade, belíssimos e~crnplos de espirilualidadeaindavivanaliteraturae no rico folclore nacional. A lenda de Natal aqui descrita datado século XVI e é muito divulgada além das fronteiras espanholas. Vamos revivê-la. 8 -
CATOLICISMO -
Dezembro 1990
Mendigo t riste e digno Na cidade de Burgos, vivia um sapateiro chamado Estcban, tão pobrccomoasenhora pobreza. l lomcm honcs10, trabalha -
dor,mu;1opicdoso,inasdcsaúdcpredria, enfraquecidopclafalrndcalimemaçãocon. venieme, nãoeonscguindoproduzirosufi cieme para sair da miséria Tendo enviuvado, ficou com trés filhos paracriar:oqueganhava,porérn,nãochcgava paraosus1emode1o<los. En!llo, urna paremcsua,tambémpobremasmuitoeari-
No dia 25 de dezembro, um prcsse nlirncnto cheio de consolo tomou a alma do sapateiro: tudo se resolveria. Sem saber bem porque, agasalhou o filho o melhor que pôde, e segurando-o pela mão saíram a enfrentar a indcmência do tempo, caminhando por ruas desertas, palmilhando o lodaçalcscorregadio, cas1anholandoosdcntes de frio,C3daqual mergulhado cm seus própriospcnsamentos.Ofilho, porém,cstavacontcntcporse ter livradoda longaso!idão no quarto gelado e poder olh~ r as coisas interessantcs da cidadc cngalanada parao Natal. Com as lágrimas caindo-lhe uma a uma dos olhos , o velho caminhava sem vcron depisavacporondcandava. Exausto,camb,1 lcando dc eansaço, batendo os deu1cs de frio, viu -se, sem sabcrcorno,cm frente á Catedral. Ali dentro, pensou ele, pelo menos está-se agasalhado e é possível descansar um pouco. Seria melhor entrar, Entrou. Assolcnidadesdatardehaviam 1erminado hã al gum tempo. O povo já se
recolheraasuascasasparaaconchegar-se ao fogo, e gozar em familia as últimas binçãos daquele dia santificado entre todos. O imensoeesplêndidotemploe1;1avade1;er10. DiantedoSantlS$imoSacrament otremeluzia a lamparina quebrando a ol»curidadereinante. Aoladodirei1odanavcenoontrava-se a capela dedicada a Nossa Se nhora dei Pilar, na qual sobressaía a imagem da Virgem, ataviada com suntuosa roupagem guarnecida de rendas e bordados de ouro, trazendonacabcçariquíS$imodiademacravejadodediamanteseou traspedras preciosas,oferrndopelarainha lsabelaCatólica, que o mandara confeccionar por um célebre artífice com o primeiro ouro levado das Américas por Cristóvão Colombo. Esteban,menosquetodosinvejavaaquclariqucza, poisdesdepequcnoscmpretivera pela Mãe do Cfo uma dev0ção profunda e sentia um pruer inefável ao oon1amplà-La. Nesse dia, portanto, mesmo acabrunhado pela angústia, volveu os olhos para a rica imagem, ansioso por desafogar as màgoas.Mentalmen1e,semquerer,oonsiderava o valor imenso daqueles diamantes, um só dos quais seria suficiente ixira alimentar o filho durante bastante tempo. Mas não os cobiçava. Seu coraçãoabriasedoloro~o. coníiando-setotalmentell Virgem Santa. - Boa e santa Mãe, - dizia - em nome de teu Filhoque tensnosb raços, agasalhado e alimentado, tem pena do meu pobre Juan! Olha para elc, vê oomo estâ fra co, maltrapilho, tiritando de frio, com os sapatosjâgastosesem conserto ... Sapatos. Por fôrça do hàbi10, como bom sapa1ciro fitou os pc5 de Jesus, murmurando encantado: - Que lindas sa patilhas! Comocstao bem trabalhadas, foi certamente um sa pateiro muito hâbil quem as confeccionou! Oh, com que gosto colocou u pérolas ecomo ressaltou bem o diamante no centro. Eu jamais teria feito trabalhoaS$inl caprichado. Como são lindas, e ricas! Assimembevecidoanteaobradearte, quasecsqueceuofilhodcitadono1apcte fofoequentequeoobriaosdegrausdoaltar. Sentindo o calor agradável a envolvê· lo, o aconchego gostoso, o menino dorm ia tranqüilamente Pensando na saúde sempre mais prcclria, que talvez não lhe permitisse viver o bastanteparacriarosfilhos,Es teban co meçou a chorar. ~rcpente,quandocrguiaoolharsuplicante, viu a imagem da Virgem animarse. Estremeceu de susto, Estaria perdendo o uso da razao por causa dos sofrimentos? Não, não. A Virgem sorria de fato. Olhava para ele com extrema bondade, com pena. Enquantoisso,oMeninoJesus descalçava o pezinho e, graciosamente, atirou- lhe uma das sapa1ilhas. Como um prese nte. Esteban, na sua grande si mplicidade, apertoucarinh0$8.menteoriooprescntee com gratidãoinfini1aprofcriuosmaiscàlidos agradecimentos. Em seguida, muito alvoroçado, despertou o fi lho e com o coração aliviado das angústias, regressou rapidamente à casa.
Não tendo jamais praticado qualquer ação feia ou desonesta, Es1eban desoonheciaa malkia, osescrúpulos da intranqüi!idadede oonsciSncia; assim, pois, saiu calmamente li procura de um joalheiro para venderodiamantequchaviadcstacadoda sapatilha. Umjoalheiro,aoqualosapateiroprocurou em sua casa, para tentar obter algum dinhciroaindanaqueledia,talasuaneccssidade, quando viu o diamante, de tanto valor, nas mãos do p<>bre homem maltrapilho, desconfiou tratar-se de roubo. Perguntou de onde provinha, como o obtivera e mil coisas mais. Esteban, parém, achou melhor não revelar a procedência, temendo que o oomercian!e não acreditasse num milagre da Virgem. Ahistóriaverdadeiraelcsócontariaaol'riordo convento,seuarnigo,assim que este regrosasse da viagem cosrnmcira cmvisitaaoutrosoonventosvizinhos. Agorasóqucriaodinhciroparaassuas nc,cssi dadcs. O joalheiro, perplexo e desconfiado, entregou -lhe certa quantia l)OfCOnta doncgócio,dizendo-lhequevollassenodiascguinte;ajóiaprecisavaserdevidamentcavaliadaesó umoolcga. bomcmcndcdor, poderia estipular o valor justo. Esteban, longe de qualquer suspci1a, concordou. Rt'Cebcu apequenaquamiae,comela,adquiriualimcntos e roupas, e cm seguida voltou para casa radiante de felicidade. Até que enfim o seu querido Juan ia ter no Natal llmjantarsubstanciosoe uns agasalhos Fora o sorriso da Samissima Virgf"m que ob1ivcra para o sapateiro e seu filho aquela graça natalina
Dura provação O joalheiro, porém. usim que o estranho vendedor do diaman1ese afastou, foi
diretamente comunicar o fato ã polícia, querendo livrar-se o quanto antes dares ponsabilidade de uma aquisição illcirn No dia seguinte jâ não era Natal! E enquanto Es1ebane Juan saboreavam felizes a mudança ocorrida com o dinheiro cmrado em casa, surgiram doi s esbirros e puse• ram-se a vasculhar cantos e recantos. Não lhes foi difícil encont rar asa.patilha, que Esteban tinha colocado como uma relíquia àcabcceiradacamadeJuan. lndiferemcs aos protestos, os esbirros algemaram o infeliz sapalciro e conduziram-no à presença do Juiz, o qual mandou logo ins1aurar o devido processo por crime de roubo. O réu ficaria na cadeia aguardando a sentença. Esteban,aílito,aiormentadooomasortc do filho, pcdiu e obtcvc a graça dc scr eleentregueaoscuidadosdosenhor Prior, atéqucludoseresolvesse, Mais tranqüilo, dcixou-e,ees1arnaprisaosem 1emoralgum. O processo chamou u urençllo do povo cm geral. Ninguém acrcdi1ava em coisa tão absurda. O sapateiro era por demais conhecido e ninguém duvidava da sua intcgridade moral. Todavia, por mais que jurasse a sua inoc~ncia, afirmando que o sapatinho lhe fora dado pelo Menino Jesus da Virgem dclPi!;1r, ninguémacrcdirnva. Foisubmetidoaterriveistorturasparaconfcssaroroubo; aprindpioEstcbanre$iM iu, mas ossofrimentos airozes acabaram por anu lar-lhe aconscii'nciaeelcconfcssouumcrit11cn1lo cometido,sóparatcrminarcomaquelatortura insuportável. Na Espanha do século XVI, punia-$<! com a morte qualquer sacrilégio contra as roisas sagradas, sendo, pois, Es1eban condenado à forca. A scnlcnça emocionou a cidadcimeira,ondcobornsapatcirogosavaajuslafamadecidadaohonradoecicrnplodepiedadccris1ã.
CATOLICISMO - Dezembro 1990 - 9
Antesdaexecução,cxigiaa lei queo condenado fizesse confissão pública do crime cometido. Por isso, vestindo o camisolão que então usavam os rfos, com a corda ao pescoço e uma vela na mão, Esteb;i.n foiretiradodaprisãoeconduzido ao local do furto; foi obrigado a atravessar grandepartedacidade,escoltado por soldados e pelamultidãode povoqueaumentava a cada esquina. Padres e coroinhascarregando a cruz encabeçavam a dolorosa procissão; logo após vinham os magistrados e a seguir o pns1one1ro entre um piquete de soldados e a população quase toda dacidade. Enquanto isto se passava nas ruas, Juan , acompanhadopeloPriordoconvento estava na Catedral, ajoelhado num canto escuro da capela de Nossa Senhora e ambos rezavam com o maior fervor. O Prior, e;,;tremament e emocionado,acariciavaacabeçadoinfelizmenino, murmurando palavras decarinhoedeconforto, falando do poder misericordioso da Virgem padroeira esugerindo-lheaspreces e súplicas em favor dopai. Eis que o ru!dodagrande massa popular chegou até eles. A mu!tidãoapro;,;imava-secomoondasimpetuosaselogo,pelas portas escancaradas, invadiu o sagrado recinto. Esteban foi quase arrastado ante a imagem da Virgem e intimado a fazer a pública confissão, a penitenciar-se do crime cometido. Ajoelhado ant e a Virgem, o pobre homem volvia para ela o olhar agoniado;deseus!ábios, porém, não saía palavra alguma;ossoluçosimpediam-nodefalar, só o coração, torturado, elevava-se numa angústiainfindaparaaMãequetantovenerava. O pequeno Juan viu o pai. Num assomo de d=spero soltou-se do braço que o cingiaearrojou-se comodoidoaooeu pescoço,chorandoesoluçandodecortarocoração. Fez-se profundo silêncio. Naquela multidão ali apinhada bem poucos olhos estavam enxutos.
"Vede, homens incrédulos" Em meio a seu desespero, Juan volveu o rosto desfigurado para a imagem e com voz despedaçada pelos soluços, suplicou: - Meu bom Jesus, tu bem sabes que papai não roubou teu sapatinho, bem sabesquee!cseriaincapazdisso. Então, porque permites que o condenem à morte? Dize aos senhores esbirros que o soltem, elenuncafezmalaninguém.SenhoraMãe de Jesus, por favor, dizei a essa gente que papai não é ladrão! 10 -
CATOLICISMO -
Anunciar em CATOLICISMO é anunciar para todo o BRASIL Consul!e nossa tabela de preços escrevTd!fft82§~~7ô7do para
i"ifill
CHURRASCARIA E PIZZARIA
tm1.JABARONESA ALMOÇO EXECUTIVO Das11 :0às15:00hs Pizzasnolo moalenha Churrasco na brasa En1rega-seadomicilio Rua Barooesa<>oMu, 2e1 - Foon·67 3229 -112S6:170 - SP
Peso Pesado Refeições SeH-servicepor kilo Comida caseira 01ar iamente8pratosquentese 18saladas Aberto das 11:00às 2300 hs 10%dedescontoparag rupos Av. SàoJoão, 724- SàoPaulo(SP)
Um esbirro tentou afastar a criança, quemaisfortementese agarrouaopai. Esteban soluçava; do peito arquejamc saiu-lhe um lamento, uma só palavra: Mãe! Eis que milhare5 de olhos se fi;,;aram arregalados na imagem. Todos perc~biam que ela se animava, como se fosse viva. E viramoMeninoJesus,comsuamãodescalçarasapatílhaquelherestavae,sorrindo,atirà-laaocondenado,enquantoa Virgem parecia dizer: - Vede, homens incrédulos, o ato de bondade de meu Filho. A multidão prorrompeu em aclamaçôcs retumbantesequaseemdilirioseapodcrou do prisioneiro e do filho carregando-os emtriunfoparaforadaCatedral,gritando: - Foi milagre, foi milagre! Viva a nossa Santa Virgem del Pilar, viva o nosso amado Senhor Nino!
Decorridos alguns dias, o Arcebispo de Burgos,acompanhadodoPrior,dirigíuse à modesta casa do sapateiro e, mediante avultada quantia, resgatou as sapatilhas pararecolocà-lasnospésdoMeninoJesus. Graças a esse dinheiro, Esteban pôde instalar-senumacasamaisconfortàvel,tra· zendo para junto dele as duas filhas, semprecercado docarinhoeda admiração de todo o povo de Burgos. D
~ ~ ~-~~:,".ll,~ ::.:i.l.:'t.'id<ad,:.-:.:i:, ·.:?,::::.''"~",!'
cm,ttmpo,"',Gtl f,cac Edil&o EDIGRAf S.A .• Slo P•ulo
Dezembro 1990
Restaurante - Bar-Cozinha brasileira Serviço de buffet N.Barros,925 - Fooes:675364 - 8264298
_j . 1½
(ijjf
HORA...
~
~~
PARA LAVAR
-1 ~ ;~~~~::~~~ Serviços: SELF-SERVICE ATENDIMENTO DRYMAT HIGIENÓPOLIS - STA, CECiLIA
Tel,
(011) 826-7261
R. Martim Francisco. 400 [01226) - Sôo Paulo (SP)
São Bernardo de Claraval
Há nove séculos, modelo irradiante de espírito contemplativo e de combatividade Festeja-se neste ano o nono centenário do nascimem o de São Bernardo (1090-1990), Abade de C/ara va l, ex tirpador de cismas e heresias, defensor do Papado, pregador de Cruza das e cant or da Virgem G RAND I· fi11ura dcSào lkrnardo domina o sb:ulo X II 11s~im como :1 de San10 Agos
linho. havi·"·do mim ~oosécu lo V e a de San10 l"omás de Aq u111 ovm11 do min,1roséc ulo X II I (l i,
Nada escapa va ao seu ,.clovigi la111c: "Nadadoq11cserclacio11acom a 11lória de Deu s me é alheio" - escrevia clcaoCardcal lclnmc{cartan.20)
A alma de todo o apost olado Rcno,:1dor da Ordem de Cisicr, rt•for1011dorda,idarchgio~:1cda'>l)cil-dade1,..mporal. dcfcmor do Papado (' nlirpador de dstrn1\, impuguador e 11er<;l'guidor da~
hcrc\ia,.1i;1díkadordcd",·órd1;1,,·di\Wn ~\. pregador de ( nu.ida, e camor da Virgem, Bernardo foi. no di,er de I>. Chaurnrd ··o homem mai, m111empla1i ,·o e. ao m~mo tempo. o hmnern rnai, au ,·o deseu .\.t-çulo"(2), E aqui CM.'I o s..·gredo do é\ilo de -.cus numeroso\ ,·mprC<'nd1rncn10,: a \lia vida de oraç!lo. Por meio da 01aç.'lo ck a1ua,a dirc1amc111c sobre :1 Ca11su primt•rm Deu,. Dc,sc modo, tmha cm sua., 111/lo,; 10da, as rouws .\'t'g1111,lus. ,üto co1110 esta\ somenlc dc\W 1)rincipio superio r rccchcm a sua eficácia()). São lkrnardo, com sua vida, ,u:, at ividadec~cuscscri10sensina de modochx111c11tc :1q11cla ,crdadc q11c in,pirou o 1it 11lo dc u1n gra ndclivro - hojcinfcli1111cn1ccsquccido - dc urn dcscu,fil hosc,piri tua is.o zclos.oAbadcdcScpl- l'ons. D. Joào Uatis rn Chautan.l: a vidai n1crior l:uu/111udc10doo111>vsroludo.
"E com efeito - e-..:rnc Pio Xl l -. emboradcscjcficarimcrs.ocrnaltacontemplaçàoc suavemcdi1açào.que.'i<'nutrcdo espírito divino, l odaviao Dou1or dcClara· vai não se fecha na sua ~-ela - a qua l. 'quando habi1ada aoisiduamente se torna agradável' (De JmiL Chri51i, l. 20. 2) mas onde quer que M' trate da causa de Deus e da Igreja, e51á imediatamente presente com o conselho, com a palavra e com a ação" (4).
Nascido de pais nobres, ricos e p iedosos 5'o Bernardo de Cl•,..vlll - pinlu,.. d• S.b11Stllo d~ Plombo (séc. XVI), pin11Coleca vatlc• na, Ro ma. O arflala representou adequadamente o santo - o g ,...nde baluarte da lgr• J• contra seus Inimigos, no skulo XII - 1tnquanto subjugando o demónio.
São llernardo, o Ul1imo dos Podrf's do Jgrf'ja (5), venerado ao mesmo tempo co-
CATOLIC ISMO -
Dcwnbro 1990 -
11
mo Santo e como Doutor, nasceu cm 1090, em Fontaines-lês-Dijon (França), de pais nobres,ricosepiedosos. Amigo do silêncio e do recolhimento, revelavadesdepequenoforteindinaçãopara a vidacontemp!ativa. Seutcmperamcntoconcentradoepacificoindinava-o para osestudos,queseguiuconscienciosamcme, preparando-se para a grande missão a que o destinava a Providência. Alma varonil, lutou heroicamente para guardarintactaapreciosajóiadacastidade. Assim,certaveL, em pleno rigor do in verno europeu, para vencer os ardores da carne,lançou-seaumtanquegelado,ficando ali tanto tempo com a água pelo perco~,m~r~o~uando foi retirado estava já qua-
Martelo dos hereges Porém, Bernardonãonasceraparadescansar. DevoltaàFrança,tevedededicarseadelicadasquestôesdogmãticas, levantadaspelocélebreprofessordaEsco!adeSanta Germveva, Pedro Abelardo. Homem de grande talento, ambicioso e apaixonado, Abelardo havia-se dedicado aoestudodaFilosofiaedasletras.Aosvinteanos, dera porconcluldasua formação e passara a rivalizar com os mais ilustres professores. Sem ter recebido licença de nenhumMestre(coisaqueentãoserequeriacqueequivaliaaumdiplomauniversitário),abriuumaescolanamontanhadeSanta Genoveva, cm Paris, e ali se pôs aensi-
Aos 21 anos resolveu in gressar na vida religiosa.e taleraseuardordeproselitismo,quearrastouconsigotrinta companheiros, entre os quais quatro de seus irmãos e um tio materno (mais tar dcscguiram-noooutroirmão e o próprio pai; a irmã, Umbclina, e a cunhada, Isabel, fizeram-se monjas beneditinas, sob sua direção).
Os "novos cavaleiros de Cristo"
Os sequazes de Abelardo logo começaramaespalharoboatodequeSão Bernardo não queria o debate por não ter argumentos pararcfutar seumestre. À vistadisso, e por pressão de vários bispos, Bernardo acabou acedendo. No dia certo, mal se abriu o concilio, o Santo Abade tomou a ofensiva, antes qucoheregcpudcsscabriraboca. Pronunciou um vibrante discurso, noqualdenunciavaoserrosdo professordeSantaGenoveva, eo intimavadiantedasolencasscmbléia,aqueprovassequeassuasproposiçôesnãoeramcontràriasàdoutrinacatólica ou que, senão, as abjurasse. Colhido de surpresa e cheio de despeito, Abelardo negou-seadarexplicaçôeseapcloupara Roma, retirando-se com os seus .sequazes. O concílio, por unanimidade, condenou os seus erros. Em Roma, o Papa Inocêncio li mandou queimar publicamante na BasllicadeSão Pedro as obras de Pedro Abelardo, e condenous uad outrinaesua pessoa.Amarguradoedesprestigiado, o soberbo professor retirou-se para um mosteiro, cessando sua pregação daninha. Entretanto, um disdpulo seu,ArnaldodeBrescia,continuava a agitaros esplritos na França. O Abade de Claraval fezexpul sá-loefoiaoseuencalçonaSuiçaenaAlemanha, denunciando-o ao Papa como perturbador da ordem pública. Arnaldo fingiu submeter-se, mas pouco depois sublevava o povoromanocontraoPontifice. Finalmcme,foi prcsoecondenado.
A jovem Ordem de Cistcr passavapormomentoscriticos. Fundada em 1098 por São Roberto, abade de Moksmes, emumlugarsolitárionomeio dos bosques, chamado Cis1crcium, a nova abadia tornouselogofamosaporsuaausteridadc. Seus monges eram chamados os "novos cavaleiros Em socorro dos cristãos de Cristo". Entretanto, as vo do Oriente cações eram escassas e uma pestelevouaindaamaiorparOzclodoAbadcdcClaraFIiho de pais nobres e piedosos, Slo Bernerdo tedos religiosos. Parecia ser o val não conhecia fromeiras nssceunocastelodeFontalnes-les-Dijon(FrsnçsJ fim de Cister. A Providência, Estando os cristãos do Orienporém, velava pela Ordem, e te novamente oprimidos pelos enviou-lhe Bernardo e seus companheiros, nar as mais audaciosas doutrinas. Precur- maometanos, o Papa Eugênio 111 (que hasor dos racionalistas modernos, Abelardo via sido monge em Claraval) e o Rei da cm 1112 Três anos apenas permaneceu Bernar- rejeitava na demonstração da vcrdadeto- França, Luls VII, desejavam promover do como simples monge de Cister,já que do argumento tirado da Sagrada Escritura uma nova Cruzada. São Bernardo fez-se em junho de 1115 foi mandado pelo abade e da "Tradição, e dizia que só tinham força seu intérprete em Vézélay (31 de março de Estêvão para fundara abadiadeClaraval, asprovasdarazão.Seuprestígioeratal 1146). Ele envia ainda cartas em todas as daqualfoifcitoSuperior. Claravaliriator· que ninguém ousava enfrentá-lo. Só um direçôes:nãocontcntcdeescrcvcr,vaipesnar-se amilcde muitasoutrasabadias,cu- homem podia fazê-lo: o AbadedcClaraval. soalmenteaci<ladesevila.sacxortarosnojo número, à morte de São Bernardo, cheSão Bernardo procurou em particular o bres a "tomarem a Cruz" - como se dizia gava a 68. professor de Santa Gcnoveva, mostrou-lhe então. Areformaquecmpreendeudavidamo- seus erros e o instou a que se corrigisse. Convence.assim ,olmperadordoSacro nàsticaalcançouatodasasdcmaisOrdens. Abelardo prometeu emendar-se, mas pou- Império, Conrado Ili. Desgraçadamente, AiníluênciadoAbadedeClaravalirradiou- codepois retomava seu perverso ensinamento. porfaltadeorganizaçãomilitaredesério se por toda a Jgreja na França e alcançou Cheiodesoberbacconfiadoemsuaha- empenho dos Príncipes cristãos, a emprea própria Cidade Eterna, depois de ter rege- bilidadeoratória,desafiouoAbadedeCla- sa fracassa. Os descontentes, invejosos e nerado a Corte do Rei Luls VI. ravalpara um debate público, por ocasião despeitados - semprepron1osa procuraA!ém de reformador, São Bernardo de- do concilio que cm breve se reuniria em rem um culpado para seus próprios erros sempenhou papel decisivo para a extirpa- Sens. São Bernardo a principio recusou. -passaramaacusaroAbadedcClaraval ção do cismados anti-PapasAnacleto li e NãoquetemesseenfrentaroarroganteprO· por haver pregado a Cruzada. ChamavamVítor IV. Seu judicioso pare<:er confirman- fessor,masreceavaqueainsolênciadohe- no embusteiro, charlatão, falso profeta ... do a legitimidade do Papa Inocêncio li foi regeatemorizasseosespíritospusilãnimes Essa nãotinhasidoaprimeira, nem seacatado pelo Concilio de Etampes (França), cqueaoratóriacapeiosadodemagogoim- ria a última vez que o Santo foi perseguipelo lmperadoralemãoepelosdemaisso- pressionasseosesplritossuperficiaisoudes- doecaluniado, apesardosportcntososmiprevenidos. lagrescom que ratificava a origem divina beranosdaCristandade
12 - CATOLICISMO -
Dezembro 1990
Hnlereclnlo- Jnlftrlor dti bnlllc• romlnk• de veze/ey (França} ~ Bernardo ,-gou a ~ncNICruzllda
CITY GRELHADOS RESTAURANTE
Dchciosais ,arnngn,lh~""hras.o ~mdcn ...wf"l)N"lll,Stlilar-ant
IOS de dncomo
Acr,mn<>1 C r.
1d<'I>
t
O GATO QUE RI ltr•t• ora11le itali • no Al111 ~0, jant11 r M• -.. l'iua..C.m,.. Grclt..doo 39.,..,..,r.i,wloSlo \'oulo
~alaba & eia Restau rante -
Bu ffet
A Aurora 588(f>fô• AIW $ João)
Fone 2202812
de sua missão. DcsigniosdcDeuspara íor tifk.i-lo na vir1udc e purifid-lo de qualquer afeto rcrreno, e lição para o homem moderno, para quem só o sucesso coma.
Os demais Doutores ensinaram nu Igreja -diz o Papa Bento X I V. Hcrnardo. 1)()rém, ensinou o Igreja. Pode han:r glória maior para um "'degrc-dado filho de faa"? GUSTAVO ANTONIO SOi.lMEO
Traição do secretário e morte do Santo Jàve lh ocdoente,consumido dccrabalhos e fadigas, teve o Santo de enfrentar outra prova, que o assemel haria ainda mai1 ao Divino Modelo: a iraiçllo de um daquclcsquccomiamàsuamcsa. Seu s«retàrio Nicolau, 1cr1do adquirido habilidade cm imitarocs,ilo do Santo, e tendo fa lsificado o sinele com que este autentica,·a suas cartas, C'!;Crcvcu I altos personagens - att mesmo ao Imperador -fomcntandointrigascdiscórdiascm nomc do venerado Abade de Claraval. Acabrunhado de dissabores, chc-1ava Bernardo ao fim de sua carrei ra terrena. Emjulhodel 153rc«bcuanotlciadamOT"tc de seu caro disdpulo, o Papa Euglnio Ili . Em 20dcagos1osc:gu1ntccmrqava ele próprio a alma ao Criador, na idade de 63anosc1rhmcses. Vin1e anos mais !arde, por bula datada de 18 dejancirodc 1174,Alcxandre Ili o inscrevia no número dos Sant05. O Papa Pio VIII , cm 18.10, confrria-lhc o 1ilulo de Doutor da Igreja. Ele ~ conhecido comumente - desde o ~ulo XV - como o Doutor Mtl{/luo - Do<1or Mtllifluus.
Ar Puro &Lazer
11.,i. xn.,ra &,,,,,,,,,,_ s,,,.,,, ;r~~ti:~~~~:~:E:'~11.: ~::::::::::::::::::: '. llllltl()(OIIAl"IA - l'r l'alro do SJ, 1·..,,. ""· in Obfo, c,,,.,p1,,o,<H s,m
Churrasqueiras-Lar91ras-C01fas
d,-
Sl-l()WA(X)M R Ca,o G,au:o735
So:t~
,,fümn r,pa
,.,/ola,l"''"~u<H.Ço,,i,;,,,.,,roo. in0i/la.<C<m111/no., <HS.-n&,,.,,,do.llAC.Madrid. 19jJ.pp. , l-lJ7 - t:.Vllaondald.OSD.S.-in1&,,.,.,.,,inD,r1_,.,,.,,
IH ™'11ofw C.i~o1;.q.,,._ Ubrlirir 1 ('lou,.r, .., AM.
Pa11,.19H,,omed<u.,Cm<.pim.ttcpa11oc,no,,i;,nt
tira1c,rol,.748-71S
leis 2621716
lapa
62·8133
!J&lYF/IÚP ~ "O Mundo dos Pães" Aulas de pães, doces e salgados com o mestre Benjamin Abrahlo.
J,iOTAS (IJ Cfr t>. Grqorio Dk• 11.lfflO". Ofl. <~. p. ,1 (Z)l>,Jolollati~aClurutard,A<lmod,1odt,,,op(»/O-
-,Frt>.SAol'aulo.p.1Z O)D ci...,ud.OJ>àl p.il
Todas as tarças feiras "-MaoarNoo220
('Jl'M>XII.Cnclmcao«-t,,,Mr:tlflr<Nf.<lrl-4dtnu,,o
<klfll.n19
u1a..-m... --,,.,,,.,..,,",. .._.._....,,.... _
f-!011)2511856
012al0
~
2581385 - 56oPUO(SP)
..
°" ----· ··-·· _... '"'°"" ...... ...- · · - ·QU<.prbttttlln<wtM_,__ ,0'1, -
:»tWd<IM dll •itM. _,,,,,.,,,,.,. < ""1ram,n,o r,r.i -
r,,,_ ,.. •cr•I" -
- ··r.,·· 1,,.,,.., ,,_" ou
r HI- O P ....... No o,...,.._,_a.,oirlumo<ltbS&oJolollolm.a!ffr.) ••- -
::,;,:.:;:•~ .~::..~.::·1!:':.:1:=.: coloca....,,. ,..i 11091; p_. -.o,,~.., P-. apa,n oo t'wJ,a a.S.,,,o ............
p0r
f•, -
Olitulodt""~/t,,rw>do,Pt,d,ndt,/1~""a5&olltf. nardod<Oara,al(<lr P Au,m1e-Al.. i1Goup,ISJ.
IARflltM.1tF.,;.fmpo-i,,......-U1tain<Goupil.La...t. l<N.lfll.pp.91-991
Segundas e lerças-leiras fec hado Manobrista a noite PraçaVilabom.63 - 012-41 Fones (011)825-7356
CATOLI C ISMO -
H,g,enOpà,s
66-0223
Dezembro 19'JO -
13
concisamente • Ex-estatal dó lucro
Logoemscuprirneirobalanço semestral, a Thamcs Water Pie- empresa par1icular que abasteccdeâ1uaacidadede Londres - apresentou bons lu-
cros, com uni faturamentode USS220m ilhõe$.Scuprcsidente, RoyWatts,rcssaltouaeliciência dos serviços prestados pelaempresaprivada,emsu~tituiçãoàcstatalqucsearrastava com fraco desempenho no ramo. O governo conservador pretende, agora, pri_vaci~a~ o
fornccin1c11todeencrg1aeletnca. NoBrasil,umdosrccordistas mundiais cm estatização da «onomia, continuamos a colheita dos amargos frutos
das numerosas empresas do go-
deral, Romeu Tuma, aumentaram depõiS que os policiais de vàrios Estados resol,·eram ceder às exigências dos ladrões, fornecendo-lhes armas, munições e carros blindados. Além dessasconcessõe5,obscrvaainda 'íuma,osenvolvidosrcspondemaoinquéritoemliberdadc. Segundo conhecido escritor francês,umasociedadenãodeveseravaliadatãosópelosfací noras que a infectam, mas sobretudo pelas liberdades que lhesfacultamosch.amados''homensdebcm".
• Execução festejada • Desvario ecol6glco Enqua1110 Thoodore Burky, rcspons:\velpelocstuproseguidodeassassi natodcix,lomenos 24 mulheres, era executadona cadeiraelétrica, naF16rida (EUA), do lado de fora da prisãomanifcsrnntcsfestejavam o acontecimento. Apesar das campanhas de certa imprensa oon1ra a pena de morte, ela con1inua popular.
• Atiçando o crime? O "succuo" de tantos se-
• Espetáculos deprimentes
qücstros.noRio,serviudcestl-
muloaqueosassaltantesuscm o mesmo método. Os roubos
de residências com reféns, segundo o diretor da Polícia Fe-
14 -
debates ... Não,leitor;éilusório crer que a descrição seja pcculiarao cenilriopolhicobrasileiro. O recurso freqüente ao insul!o gratuito, ao exagero e à mentira vai-se !Ornando corri queiro nas pugnas eleitorais de quase todos os países. Esteve, por eKemplo, presente ecomqueintensidade! - na recente campanha para eleições norte-americanas a cargos estaduais e federais. Michael Robinson, an ali s1a pQllticoda Georgciown University, de forma clara e concisa, ao explicar o fenôme110, põe cm evidência o oportunismo de muilos políticos hodiernos: "É mais fácil destruir o cariltcr de um adversàrio do que explicitar uma posição em questão complexa e que pode afas1arelei1ores".
Contendores trocam ix,sadosagravos:fa!1adccomposturaedeco111eúdoideológico11os
CATOLICISMO - Dezembro 1990
O município de l baiti, no Param\. possula uma cancleiracentenllria. Acontece porém que o ccrnpo havia feito suas devastações,eaànoresesustcn1ava apenas sobre um fra· co lripé de rai1.es. Por isso, em 1988,aCámaradosVereadorestocalaprovouadcrrubada da caneleira. que ameaçava cair sobre uma i:si..'Ola ou outras casas próximas. Os ecologis1as, en tre1anto, levan1aram-secontraessadccislio, chegaram a provocar um "julgamemo"daàrvore,epressionararn tanto que a caneleira não foi derrubada. Em conscqiiência,cadavezquechovia a si1uação na esco la próxima ricava1ensa,eadirewrarelirava as crianças das salas sob maior risco. A 12 de outubro último, umvendavalsacudiulbaiti,galhos da ãrvorc comaça ram a cair sobre a escola, e menos de cinco minutos depois de a diretoraprudcntement e1errctiradoascria 11çasdassalas mais alingidas, a ca11clcira desabou comtodoseupcsosobreacscola,causandosériosdanosmateriais. "Começamos a chorar e a rezar. As crianças gritavam
e foidiflcil acalmil-las", concou adire1ora, lvani Maria da Silva. Foi um desastre, e não fosseaaçlioprevidentedadiretorapoderiatersido umalragédia. A tamoconduziu aaiual mania ecológica.
• Em nome da modem Idade As cxiravaga mcs "novidades''(dcoucrora)aindacons!i1uem modismos? Ao que parece, é difíci l liber1ar-seda mitologia dila moderna. Assim, a1,i1udes insólitas cominuam a 1er livre trânsito em nossos dias, maisdemeioséculoapósaSemana de Arte Moderna, que pôs em foco o disimra1ado e ocaótico. Agora, cm São Paulo, em plena Avenida PauliMa, o cscuho r A!ex Flcming expôs 18 cabeças de gado embalsamadas e pin1adas com tinia azu l-metálico, sa ind o de ces ta s de lixo em forma decolunadórica,masdecabeçaparabaixo! Mais que si mples loucura. o comportamcn!o é metódico e cons1ante de certos meios "culturais" brasileiros. Tem por efcho induzir o público a !Omar como "normais" essas formasdeagress.lloaobomsen. so. Sempre em nome da 'modernidade'' .
... em tempo
Destaque
Príncipe O jomaf aJmiiJo "l-'rank/urttr Allgtmtint 7.tiluni" publica tntrniista do prlnr:iM J'lnctnt ron litth1tnsttin, trmdldato ao parlamento ausuiaco. O prfnclM achQU insuficiemt o ftma dt stu partido: "MaiJ futuro, mtnos socialismo··. "Osoc/alismotstártttbtndo na cara oiélido tcortantt •·tntofrio do l.tstt. A Áustria não t.ítá precisando dt menos socialismo, mas dtntnhum:nx:lalismo", arrematou oprlndpt.
Rocinha Quando o BANERJ decidiu instalar uma agência na favela da Rocinha, esperava tudo ... menos essa surpresa: decorridos meses de funcionamcruo, não receberam nenhum cheque sem fundos. Há mais. Já estão operando l.200 contas de poupança, 70 clientes de Fundos e Ovcr e 300 contas correntes. Vem de uma favela a liçllo para intelecmalóides que instigam o desrespeito à propriedade, cm nome do povo.
Bestificação A Justiça 11r11,enlin11, num11 scnlenç11 que desmerccesua hma de cru• diçi o, conc:tdcu "habeu corpus" a lrh cilcs que cs111.nm "incomuni· civeis", por lerem mordido um homem dunmte um11 dispu ta de 1crr11 dcs1c com se u vizi nh o, dono dos anlm11ls. A juiza de primcir11 instância, S1m1 na Dias, rccus.11111 o pedido, argument ando que esse rccurso só vale par11 homens. Enl relanlo, a Cl m11r11 de Apelações rc,,·crleu a senlcnça, libertandoos"pruos".
SIiêncio e esquecimento - ontem Hâ setedtcadas, o tacão comunista tudo vinha ousando para subjugar a Igreja. Começando por negar aos fitis o mais sagrado dos direitos, isto t, o de seguir livremente a Religião verdadeira (ou mesmo qualquer prática religiosa). logoinvcst iu co ntraos hcrói cosrcs istcnt es. Porém, nem todas as masmorras da Lubianka, nem todasas ge leirasda Sibtria conseguira m arrcfccer o zelo dos co nfesso res da rt que, aos milhões. desafiaram a sanha dos verdugos e a criminosa atrocidade do regime, muitas vezes ao preço da própria vida. Cada vez menos vigorosas - seja por desâni mo, seja por acomodação - as reações no Mundo Livre, em especial nas fileiras católicas, foram cedendo lugar à indolencia abúlica e ktârgica, quando não aoentreguismo. Sobre a " Igreja do Silencio', abateu-se o silêncio da Igreja ...
Balelas ... Tese cara às esquerdas foi rebatida por um de scus próceres. Atfrcd Sauvy, economista francês rcctm-falccido, demonstrou ser falsa a esti mativa segundo a qual 5Ó de fome 60 milhões de pessoas morrem anualmem c, no chamado Tercei ro Mundo. A razão t simples - aduz ocspccialista:ototaldeóbitos - eporcausasdivers.as-no Tcrceiro Mundo não ultrapassa os 40 milhões. Pura mistificação...
'" Crime" O Sr. HermanoJ ordil.o, prodolorrural, foi preso na Uclegada de Serliozinho-SP e scni processitdo por cri me ecológico e resistência à prisão. O "crime" fol ler esvaziado II represa que fn em sua propriedade, irritado pelas co nst11 ntes lnvuües de es tra nhos que a li vinham pescar. Eco rn isso põsem risco de vld1111sg11rças, os sa pos e os ralos doban hadnetc.,quevlvem porall. ~r,queosanimalsdcvem11gor1tcondlclon11rarxlstênciahumana?
Camarada "Camaradaprofessor","ca maradapreside ntc".Apartirdcjunho deste ano, deixou de ser obriga1ório na CrOOcia esse tratamento, marca registrada do marxismo, num de seus aspectos mais fana1icamentc igualitários. "Senhor", "senhora" e "scnhorila" voltaram a ser usados,evocandoosstculosdecivili1.açJlocristJl,sacralizadachierârquica.
Receita O insuspeito /rtl &110 acaba dt dar a rtctlta para seus irmãos de ideal (marxisuu, embora com a " protmmaçiio" a11acr6nica). Para tlt. ts:sn marxistas c:arttsltmos ("quadradas'') ainda não se dtram conta dt qu, "'a tco/01/11 não i tslranha ao projeto de 1/bertaçlJo da cltUSC trabalhadora". E ironiu,: "A tsqutrda costuma ttr uma cabeça qut dificulta o mo11lmtn10 dos ph".
Hoje - clamorosa atonla À nova política sovittica, toda feita de sorrisos e "aberturas" - embora de autenticidade duvidosa -, não poderia obviamente faltar um lance de grande l)Orte, cujo alcance real não é difícil aval iar : Gorbachev há pouco concedeu liberdadea todasasreligiõcsexistentesnovastlssimo - hoje fragmentado - império moscovita. O resul1adonatural dessa medida deveria ser bombâ.stico: sinosdosigrcjasrcpicandoemsinal dejilbilo,grandesmanifestaçõcsdeautoridadc.s religiosasedvis arespcito,púbticascongratulaçõeietc. Verifica-se,pclocontrârio,umaatoniageneralii.ada. Este t um falo preponderame nos dias atuais, pois agora - mais do que nunca - seria o momento deconquis1ar para a Ft esses mund05 recónditos a1t aqui mergulhados, cm boa medida, na ignorãnciaou na distorção religiosa. Mais anormal ainda t que não cause cstranhe-i.a a ausencia desses festejoseregozijos! l:ocasodediicrqueasvitímasdapcrscguiçãocstavam bem esquecidas no Ocidente ... Masscnadamais provocareação,aqueaparvalhamen togeraldosesplritoscstamosscndooondoridos?
CATO LICISMO -
IXz.embro 1990 -
15
Alemanha: festividades majestosas e simbólicas
A alegria de um povo que se une Col orida e esfusiante cerimônia da reunificação,
tisnada pelo espectro do aborto
Em frente
MJ
[Q]
Relch•l•g, em ~rtlm, I hatteada prestigiosamente uma grande bandeire d11 Alemanha
ENT/\RDECERC$tavamagnlfico, co mo a prenunciara bela ceri mônia da reunificação. Tudo contribu1a para o
pleno sucesso das festividades.
Aoscdescnrolaremascomcmorações, ano1acomposta esolcnedopúblicosobrcssaia peramc a "va1erland", a pinria, vista com traços patriarcais, sacrais e de rel igiosi dade. Havia uma nota de ordem discretamente militar, e muito espiritodegrande familia. O ''passado simbólico'' foi cspecial mcn 1e ressaltado pela ~ lha do local da cerimõnia principal: um parque cm frente ao neoch\ssico edifício do Reichstag, muito bem iluminado com cores discretas, em contraste acentuado com o verde intenso
da vegetação. A mole de pedra do prédio. maci_:a cm meio à escu ridão, era mui10 imponente. Um dos aspectos simbólicos: foi no tetodcsscedifícioqucos russos co locarama bandeira vermelha, cm 1945. ao tomarem Berlim em ruína$. Perto dali, milhares de pessoas vindas de !oda a Alemanha e do Exterior (havia até um rapaz agitando uma bandeira do Brasil) - íalou-sc em dois milhões no total - passeavam por baixodaportadeBrandcmburgo,combandeiras, c&T!3ZC$, etc. O número foi aumentando até chegar ao auge, pouco antes da meia-noit e. A festafoimarcadapelosseguintcsaspecios: o triunfo dos valores perenes do passadoemcaràterderevide,eaderro1a estrondosa do socialo-co munismo. Notei uma comentaris1a de Moscou salicmar a
16 - CATOLICISMO - Dcu: mbro 1990
dor que a imprensa russa exprimia ao se rcfcriràperdadaAlcmanhaOricntal. Nas escadarias do Rcich stag, um coro magnlfícoe um conjumo de mcrnis CM'Cul~va mi,sicas Hadicionais, inclusive as de l-l enry Purcdl. oomposi10r inglês do século XVII.
O âpice: hasteamento da bandeira Após a chegada do Presidente Weinsãc1:.cr, do Chan celer Hclmu1 Kohl e de polilicos dcsrncados à tribuna de honra, pouco antes da meia-noite, em meio à expectativa geral, fogos de artificio começando a crepitar. murmúrios damultidàocmúsica, um grupo formado embaixo das escadarias deslocou-se lemamente: apareceu uma dllzia de joven.1 de ambos os sexos, com rou -
pas típicas, carregando enorme bandeira dcsfraldada".schwan-rot -gold",preta- vermelha-dourada. Lentamente se dirigiram attocentrodoparque,onde haviaum grande mastro iluminado. A meia-no ite a ban· dciracomcçoua subirlentamcnt c, prcstigiosamentc, enquanto lodos entoavam o hino nacional da Alemanh a. lhe inicio o cspetàculo de fogos de art incio acompanhados por mllsica exuberam c. lbdos agirnndo ba ndeiras com entusi asmo co ntagian!e. Em seguida, toq ues de fa nfa rra militares saudaram as bandeiras das regiões qu e se reintegraram à Al emanh a Feder~l. Ao final, o cham:cler Helmut Ko hl retiro u-se oomdificuldadeentrea mult id!l o,que ro mpcu o cerco policial e entro u no parque. Vá.rios bradaram "Helmut, Helmut" . Simultaneamente, reali1.avam -se fes tas em toda a Alemanha, des.d c Chemniu. at é Ttier:música,cervcja, corosespernculares, danças populares com lrajes tlpicos, pessoasdeidadeavançadaemocionadas, etc. Tonto Kohl como o presidente George Bush, dos Estados Unidos, em men sagens especiais, pediram a bênção de Deus sobre o "va1erland" e o "Gcrmanpeo plc". Houvc tam~ma aprcscntação,em salaprcstigiosadeBerlim Lcs tc,da 9" Sinfonia de Beethoven com int érpre tes de fama mundial, prese ntes todos os po lí ticos im portantes com as res pectivas esposas. Rcalmeme. a festa da no ite de 2 para 3 de outubro marca.rã época na hisiória desta bela nação. Porém, M um grave senão. O Episcopado alemão recusou q ue os sinos das Igrejas repicassem por ocasião da reunificação. O motivo: a legislação do abono na Alemanha O ritntal, pr~vada ptlo aoordo dt rt uniíicação. Tol legislaç!lo é absolutamcm e rejeitável e mu ito mais permissiva qut a lei abortista da Alemanh a Ocidc ntal.Os habirnntcsdcsta região ,minados pelo neopaga ni smo , tendcr~o a prat icar aquele crime , ~nde a legislação ~ mais "avançada'', ou seJa,naAlemanhaOncntal. Se essa e outras leis do antigo Estado comunista continuarem vigorando, um sombrio futuro aguarda o povo gcrm Ani co reunificado.
Na Alemanha ex-comunista, vitória do supérfluo Expressiva rejeição do "miserabilismo" comunista, revela bom senso do povo TERMINADAS as festividades por ocasião da reuniíicação das Alemanhas, procedcu-seàseleicõcsparaoBundesrat (equivalente ao Senado), ~oscincorccémrestauradoslinder [estados] da paneoriental,eadernais na Bav:1.na Em quatro das cinco regiões, venceu a UnHlo DcrnOCriltD Cris1a (CDU)do chanceler Helmut Kohl, partido que na Alemanha ocupa a posição mais conservadora e direitista no espectro político. Excemou-sc o eitado de Brandcmburgo,.de exp~essiva maioria protestan.tc, onde venceu o pastor Manfrc~ Stolpe, do Pamdo ~1aldcmocrata, oposiciomsta. Convém nota r que tol partido normalmente vencia as eleíçõc:snessarcgiãoantesda llGucrraMundial. Nesse pleito houve "letargia política", como vem scnd? chamado o crescem.e desinteresse popular pefos eleições, fenômeno cada vez mais umversal. Com efeito, comparada às eleições gerais de março úllimo, a diminuiçll.o foi de 24 pontos percentuais no comparecimento às urna~ [ver quadro[. Mesmo assim é importante ressalfar a considcn\vcl diminuição de sufrágios.interesse ira apenas? - para o Pa(tidodoSocialismo [)ernocrát!oo, oex-pamdo comunista. Embora tenha consegmdo eleger representantes nos cmco linde r [esrndos], a continuar essa tendéncia, 11ão estranharia seu alijamento a médio prazo do quadro politico. O crescimento dos Verdes ou partido ecológico e seus aliados não foi pro~rcional ao mito propalado pela mldia relativo à Alemanha. O meio,ambiente dan~ficado por mais de 40 anos de dominio comuni ~ta, - a ser verdade o que se diz da preocupação ambiental alemã - representava oportunidadt un1ca para um sucesso es magador dos Verdes. No entanto, o bom senso prevaleceu. A opinião pública alemã oriental, que tam~m estava profundamente ~rente de bens materiais, mostrou, ao sufragar o partido da prosptridade, o deseJo pelo su~ríluo - "csrn coisa tão ncçessària" - no di1.er do impio Vol!aire. A supres· sao do su~ríluo - tiranicamente negado pelo "m,serab1lismo" comuntsta e. seu oongfncrecatólioo-progrcss1srn - acarrctou,paradoxalmente,afalta_a1é docsscnc1al ... lmagina,·a-sequeareunificaçãoràpida,corn seus custos al1i ss1mos, f<:15se.desaprovada na parle ocidental da Alemanha. PorC.m, tal não ocorreu. HaJa vma a vitória na Bavària da União Social Criq!I, pamdo irmão da CDU de Kohl. que, apesar de ptrder um assento na Câmara alta, foi esmagadora. Ainda sem os resulrndos finaisdasclciçõesgcraispara presideme, realizadas a 2 do corrente mfs, e não obstan1e as incertc1.as increntes à poli1ica, tudo l~va a crerque-devidoaosucessoobtidoporKolllnes;edehcad.oprocessodereun1fica· ção alemã e na condução geral do governo - a Democracia Cristã alemã obtenha significativa vitória A MAN SUR GU ÊAIOS
JULIO CAM ERON UBBELOHOE
nosso correspondente
'/l dr rnltl:!nan-,:iiod15rinro"/.imlH'\l)d1Alfmanh10IWnlal 0 1aubro 1990(2)
O..moc racasCristãos Sodal Democ rata~ l'anido doSoc:ia1ismo0..mocr:11ico O..mocratas liv,05 Un iãoSoc:ia!Oerm:!rn ica "Vtrde5",A lian.ç190ca liados Out ros
4J.6 25.2
ll .6 7.8
r-.1a,~o 1990() )
42.7 20.8 15.2
5.5
2., 6.7 2.7
111E.-•..,•0on .. Uf Eln<to OII_ ,, __.,, ._ IJIEJ,;,; .. ,.. ... , _. .- . ,, 9<11,
Camcerlm6nla
q.,.
M(>men,cla,
••nrolad•pelaúltlmavez • Inglória bllnde/r,, comunlst•dll Altlmsnlui Orlfml•I
C:ATO I.I C: IS M O -
Oc1.embro 1990 -
17
São Nicolau
Harmonia entre realidade e legenda Ressuscitar um morw, acalmar uma tempestade a exemplo de N osso Senh or, aparecer a um I mperador Romano são alguns dos milagres operados pelo legendário São Nicola u, cuja memória sempre empolgou as imaginações infamis, em outros tempos. o bimbalhar de pequenos si nos,eotropcldea11imais em marcha sobre a ne\·e. Corriam para a janela, encostavamonarizin honovidro, e viam, na curva do caminho, um 1renó dourado, puxado por quatro renas. Nele estava sentado pomposamente um Bispo de barba branca: era São Nicolau. o legcndàrio bispo de Mira (Licia) - amai Turquia -, que ench ia a imaginação das crianças. Ele estava Lodo para mcn 1ado. Na mio direita trazia umbárnlodeourotavrado. cnaesqucrdaumgrnndelivro, cuja capa era de couroe m al1orclcvo,ecravejadoderubiseoulraspedras prcciosas.Seucriadoconduziaotrenó.Ao ladodocriado encontrava-se um saco repleto até os bordos, e um grande bordão Chegando à casa, o Bispo mandava parar o tre nó O criado tornava o saco e o bordão, e batia à porta. O dono vinha recebê-los, com a alegria estampada "Slo Nlcol11u ", com kmfl- bartMt branc•, mitra e bkulo, no rosto, e em atitude de numa cidade holande.. dfJ nosso, dl••: s«ult1r tnidlç•o granderespeí10evcncração. natal/na, que tonlflc• o HnllO do m11ra vllhoso das cr/11nçaa, Oaltoportedo Prclado, na fasedesu11 /noclmc/11 prlm11v11rll sualongabarbabranca. a rnitraeobtlculoquctrazia, AUDOSOS tempos aqueles tudoiss.olheconferiaumardesolenidade. em que. no dia 6dcdc,;cm- quese entremeavacomaafabilidadeda fibro,especialmentecmcerta!i sionomia e a doçura do olhar. Ele sorria regiões da Europa, as fam[- para as crianças, saudava aos de casa. Er!ias reuniam-se à noite, em guia depois a mãodcmodoso!ene, traçanprcparaçãoparaoSmuoNa- do o sinal da cruz e abençoando a 1odos ta l de Nosso Senhor Jesus Oan<:iãodirigia-seàscriançast'OmternuCristo. Em algumas aldeias ra. A uma pedia que cantasse uma canção alemãs, por exemplo, todos sentavam-se de Natal . A outra que re<:itasse uma poesia. cm volta da mesa, a qual estava cheia de A umatercciraquerezasseumaoração. bolos, doces, frutas perfumadas. O ambienE todas as crianças, vivendo sua fase 1e cra iluminado à luz de muitas vc!as. Ao deinocênciainfantil eabcrtasparaomaralado do presépio, perto da lareira, brilha- vilhoso e o sobre na tural, estavam certas va uma lindaàrvorede Natal. Fora, a ne- dequcaqucleshomens,queiãobcmrepreve cala em ílOCQs leves, e lentamente. A sentavam São Nicola u e seu criado, eram at mosfera era de grande rc-colhimento, de entes que haviam descido do Céu! umaalegria discretae5tria. Dando-se por satisfeito, o respei tável Em determinado momento, o roslo das visiiante abria enl!lo o grande livro - o "licrianças se iluminava. Ao longe, ouviam vro de couro". Nele havia sido registrado,
18 -
CATOLIC ISMO -
Dezi;mbro 1990
durante o ano, o comportamento das crianças. Após consultá·lO. o bispo chamava uma por uma. A algumas dava bolos, doces, bombons efrn1ascomo presente: haviam sido bem componadas. A outras, porém, sentava-as no joelho. eem rom afável, mas sério, re• prcendia o mau comportamento que tiveram. Faziam-nas prometer emenda. Caso comrãrio, no próximo ano mandaria seu criado aplicar-lhes com o bordão uma boa sova ... As mais especialmente insubordinadas, de ameaçava colocar den1ro do saco e levá-las, caso não se corrigissem. Assim, São Nicolau ia de casa cm c:1sa, dando bons conselhos, presentes ... e tam bém reprimendas. Nas casas em que ele nao podia pa)sar, deixava presen1es, nos s.upatos postos ,to lado de fora da janela. A ninguém o san10 bispoesque<:ia. Uons tempos aqm:ks cm que vigorava cssa1llobelatradiçãocatóliea,qucfoiçolhcrnahagiografiaumgrandcSanto.l'reladorespe-itá1·cl,eriandoumambientefavoràvclparapremiaroureprcenderascrianças, 11a fase de sua inocência prima~·cril. Com a pagani1.açào dos costumes. infelizmente também essa tradic;ao foi se ndo dc1urpada ou esquecida. Em lugar de um vcncrávelbispoçanoniuidopdalgrcja,surgiu uma figura laica.o Papai Noel,carica• tura de sao Nicolau. O aspecto didático e justiceirodaatitudedestcperameascrianças - premiando umas e castigando outras - foi substituído pelo bonachcironismo dovc lhode ba rbasbrancas,vcstidodeverme lho,quedeixaprcscntcsem todos os sapatos, indiscriminadamente. Tal era o Papai Noel de ontem. O Papai Noel de hoje decaiu ainda mais: tornou-se uma figura quase de circo para animar vendas comerciais 011 programas de Natal , cm emissoras de tclcvisllo, para crianças. cujos brinquedos preferidos são monstros ...
Voltemos a São Nicolau: pura fomasia? Lenda dourada? Sonhos de rea lidade? Casos há, porém, cm que a realidade não se deixadetodosuplantarpela legenda.Jul• gueoleitor. O grande taumaturgo São Nicolau (.sá.:. IV) nasceu cm Pátara, cidade da Llcia, fi. lho de pais ricos e piedosos. ô rfaoj:!i dcsdcsua adotcscência cledistri bui u todosos
seus bens aos indigentes. Narra~sc, entre outros,estebelo exemplodesuagenerosidade cristã: um pobre homem, não encontrando meio de casar suas três filhas moças, pensou em entregá-las à prostituição. Sabendo-<J,osanto, certa noite,jogoupara dentrodacasadopobrc,pelajancla,aquantia suficiente para o dote de uma das três donzelas. E assim o fez ainda uma segunda e uma terceira vez, de tal maneira que astrêsfilhasacabaramconseguindomuito bons matrimônios. lendo se consagrado inteiramente a Deus, após a morte dos pais, o santo partiu em peregrina,;ao para a Turra Santa. Durante a viagem por mar, e!e predisse aos marinheiros o advento de uma tcrrivcl tempestade, quando o céu estava sereno e o mar tranqüilo. Subitamente, ela desata e todaatripulaçãosepõeempãnico. Mas, devidoàoraçãodeSão Nicolau, ornar se acalmou milagrosamente Encontrando um morto pelo caminho, São Nicolau o ressuscitou. Como o santo pregasse em Mira, sua Diocese, a verdade da Fé católica, o que contrariavaocditodolmperadorDiocleciano, este o fez prender pelos seus sicários. Com o advento do Imperador ConstantÍ· no, que em 313 concedeu liberdade à Igreja Católica, São Nicolau foi libertado de seu cativeiro e participou do Concílio de Nicéia, onde, juntamente com 318 Padres conciliares,condenouahercsiaariana. Scuzeloemaliviarosoprimidoschcgou atalpontoquetrêstribunosromanos,ten-
•
do sido condenados por Constantino, devi do a calúnias, conheçendo o poder milagroso do santo, apesar da enorme distância, resolveramrecomendar-seàssuasorações. Osantoapareceuentãoaolmperadorcom ar ameaçador: "Os inocentes que manténs sobferrosnãomereceminjustosuplício;e se tu desprezas minhas palavras, ó Príncipe, eu levantarei contra ti minha queixa aoScnhor".Eostribunosforamlibertados ... Surpreendido pela morte, no ano de 342, São Nicolau vê os Anjos que caminham cm sua direção. Recita então o Sal· mo que começa com estas palavras: Em Ti Senhor eu esperei e termina assim: Em Tuas mdos entrego minha alma. Desde o ano 1087, seu corl)Osc encontra na cidade de Bari (Itália), sendo muito venerado no Oriente. Hã séculos, um óleo milagroso ílui da sepultura do Santo Bispo, por meio do qual Deus tem freqüentement e operado grandes milagres. No hino que o Breviãrio Romano canta em seu louvor, se lê: "Dos Pontífices ornato, honra e glória. Nicolau, que a graça de que estais repleto venha em auxilio do povo e do Clero". Êasúplicaqucfazemosnossa, àvistadasatuaisnecessidadesdaSamalgreja,tãonccessitada,hojcemdia.deeclesiástioos daenvergaduradeumSãoNioolau!
construtora
G ncra\Jard\l"ll, 703 . 6" e 7" andar
Anunciar
em CATOLICISMO é anunciar para todo o BRASIL Consulte nossa tabela de preços escrcvcndo-no s ou tclcfonandopara
(011) 825-7707
DECORAÇÕES L TOA.
Carpetes Cortinas Tapetes Especializado em colocação de carpetes pelo sistema Aobert's
LUIZ CARLOS DE AZEVEDO
Rua Martim Francisco, 168 Telefones: 826·6554 - 826·6332 825·0508 - 66-7736 CEP 01 226 - Santa Ceciha - São Paulo
Talento Estilo Planejamento Espaço Conforto Solidez Segura»?ª. , Soluções ori~ina1s Hannorua Elegância Sensibilidade Sofisticação Classe , d to personahza o Acah:c:~ privilegiado Sucesso
~~~c,;)6 Ml \. São paulo
CATOLICISMO -
Dezembro 1990 -
19
Eleições 1990 -
ocaso da representatividade?
O artificialismo do sistema político-partidário e a demagogia esquerdista foram repudiados, em larga escala, no recente pleito. Cantsenlold"as: co,is fanfa m, propaganda polltlce da•últlma,alelçff., lell6<rnMoqueu1omcwhabltual, gerando o repúdio porpartadoe/11//oredo
"=
ONGE DE ""'""· 11.martpublicitâriacm tomo do rece.nlc pleito, alimenta.du pelas uprcciaçõcs dosco.mentansmspoliticos. Ovcrtiginosoritmodcv1d11 contemporâneo não cria condições propicias para a absorçllodotorrcncialvolumcdcinformações que a mfdia nos fornece. No tocante às eleições, consoamccom a indole nacio.-
nal,tantoscmcsclamfortcsemoçõcsc''torcidas" às disputas poli1icas, qucdificullarn sobremaneiraumavisãodeconjumodesapaixonada. Não comportando, é claro, a extensão do presente artigo um balanço amplo desse evento, cingimo-nos a salientar alguns aspectos insuficientemen1e realçados pela imprensa diária. numcsboçoderápidacoordenação.
Dia 3 de outubro de 1990: ru1anuit1,morimfilfaçloclepa111011a eorglaclepropt1gandaeleflor,I;
nea urMs, o maior Indica de vola. nuio. e em branco de nona hlllórla polftlce
20 -
CATOLIC ISMO -
Scg undooprcsidentedo TribunaJSupcrior Eleitoral, ministro Sidney Sanches, os grandesvenccdorcsdcstaelciçaosãoosvonu los e em branco: constituem o mais altoindicede nossa história. Oarticulistado "JornaldoBrasil" Villas Bõas Correa, na edição de 6 de outubro, comentou: "Estima-scqueasornadeabstençõcs, votos em branco e nulos, alcance em torno de dois terços do eleitorado na renovação da Cãmara de Deputados. Os 31 scnadorcs(rdativosàrenovaçãodcum terço do Senado, mai s as bancadas do Amapâ e Roraima) respiram o alivio de ln-
10s
Dezembro 1990
dices[apcnaslumpoucomenosultrajantes (em tornode45 porcento)". O IBOPE, por seu turno, concluiu que 55 milhões de brasileiros - 60 por cemo do eleitorado - se abs1iveram de votar ou votaram em branco ou nulo para deputado federal. Quanto ao Senado, são 42 milhões, enquanto 30milhõcs (30 porcento) recusaram-se a escolher governadores ("0 Globo", 6/ 10/90). Apuradososrcsuhadosfinais,verificouse, com irrelevantes alterações, o aceno dt-ssescálcu los. Significativam ente, o IIJOPE constatou, ainda, que os votos em bnmcoc nulos foram genéricos e manifestaram-se em todas as camadas sociais. Ounodadoda pesquisa: 38 por ce nto dos entrevistados co ncordaram com a afirmação de que votar cm branco ou nulo "dà na mesma porque não mudanada"(''JornaldaTarde",27/10/90).
Fastio do eleitor Forçosoéquc,diamc desse quadro, especialistas se debrucem sobre os nllmeros à cata de explicações. Umaqucstãoprévia,contudo, sei mpõc· seriamesmotãosurprecndcnteoresultado7 Dcixemosapalavraaoscrítioosabaliza• dos. A titulo ilustrativo ouçamos. por exemplo, LeôncioMartinsRodrigues-professor titular de Cifocia Política da UNI· CA MP e da LISP e pesquisador do CEDEC - que assim avalia o ocorrido: "Todas as campa nhas individuais se parecem. Como a publicidade do guaran:i , da Coca-Cota ou da Pcpsi, todas seguem 11m mesmo esti• lo: ce nas de comidos, abraços ca lorosos noselcitorcs,bcijinhospaternaisnascrian• ças,declaraçõcsdepopularesdcváriasclasses sociais, etnias, idades c1c. O mesmo ritual deve ser cumprido por todos . ... Deuparece ]pois) o lado pedagógico da ação polltica .... 'Parecer· tornou -se mui10 mais importante do que 'ser'; .... - é a vitória do ' marketing' sobre a ídeologia ..... Nesse contexto ... , ser diferente da maioria é perigoso .. . Mas como ser melhor se todos se parecem .... se todos participam da mesma encenação, se todos fazem asmcsma.spromessas?"("OEstadodeS. Paulo", 23/9/90).
Nãoadmiraquenessapropagandaeleitora l marcada pelo "show" obtivessem especia!êxitooscandidatosradialistas eaprese ntadoresdeTV,como nasve1.esan teriores. Acrescenta ele, à guisa de conclusão: desta forma "o aparecimento do políiico profissional .... odcclinioda política ideO· lógica ... . entre outros fotores, são conseqüências da 'massificação da 11olí1ica. a qua lvai rumandosemprenadireçãodoigualilarismo .... Oresultadoéumrcbaíxamcnto do nível das campanhas e dos debates .... ,lem que) o jogo político .... e mais vulgar, mais demagógico. porque visa a conquistar (ou a enganar) um eleitorado muitocarentcemuilornenosiníormado" Este, por sua vez, notando o "bluff" dascampanhas,ni'loscvêconveniemcme11te espelhado nos políticos que se lhe apresentam, distanciando-sedas eleições e dos candidalos(cfr. "O EstadodeS. Paulo", 23/9/90 e 30/ 9/90; "Folha de S. Paulo", 4/10/90,destaquesnossos). Nopenc1ranteestudo"Proje10dcConstituição angustia o País", Editora Vera Cruz, São Paulo, 1987,publicadoem 1987, o Pror. Plínio Corrêa de Oliveira propuse· raqucaaltos cargosclct ivos ti vessernaces· so figuras representativas e prcc rnincn!cs da vida nacional - isto é, proíissionais não-políticos. Destes, a notoriedad e seria acausadosfurnanda10-enãoomanda10a causa da notoriedade, comosed:í no presente A vista disso, ecorroborandoumaopi niãoque segeneralil.a emrcpoliticosejornalistas. Newton Rodrigues, por exemplo, colaborador da · ·Fol hadcS. Paulo'', acentua. com acuidade: "O legislativo que está saindodas urna s (cornplementado pelos remancscen1es das eleiçôes de 1986)carece de autoridade moral e polí tica para proceder il refor111acons1i1uciona l . A lt'1:i1imidade para is~o fxii:iria nova ckiçiio" (e· diçãodel0/9/90). Pronuncia-se na mesma dire~a o Luiz Alberio Uahia . membro do Conselho Editorial da ··Folha de S. Pm!lo", ao írisar "Ao cleil or nlo Foi oferfôdo
Oesquijl/do"stand" depropagandaelelloral do PCB, na praça Ramos de Azevedo, em Slo Paulo: sfmbolo deumpar11do emdecomposlçlo. cu/osdirigen1es/it discutem a mudança de sigla, ó abandono da foice edomar1elo, e11t611mudanç11 de estatutos
teaodcba tesobreosg randcstfmasinstitu· c1ona1s .. [Nessa) falta de assunto, les t:íl a raizdaapatia(edic,:ão<.k6/ I0/ 90 )
Caras e não idéias Com efeito, <liame des.1a propaganda clcitoralqueconstituiwrdadeiro··show", aome smotempo caotica mcnte diversifi cado e insuportavelmente monótono, não é dc<'spar1tarque significativaparccladoclcil0rado votasse em branco. Ede outrn par1e, também n:"losurprcendcqu<'grandcnilme ro de votos fosse emitido por eleitores
:•. . __'- . il,:
...
-- _ ,j _. i ·-- - _~"_ '',. __- : · , -~ ~ t ~ ,; ---..1.....iLa lt
No dia do pleito, o próprio Lula tez umaprevlsãoacet111da: ase confirmaremos prognósticos, aelelçilode90serla "amalorderrotadoPT em toda a sua história"
tãodisplicenl<'sedesi11formadossobrco modo de votar, que ti vera m de ser anulado~. Em su ma. quando a publicidade gi ra emtornodecarasenãode idéias, oelcitor protcstaà suamancira,qucrpcladisplicência do voto nulo. quer pelo mutismo do vo10cm branco. fazendonotar q uenão se s('ntercpresentado Isto, aliás , sccompreendcfacilmeme. A mais básica das condições para que urnaeleiçliosejarepresentativaéqucoeleitortenhaefe1iva111e111copiniàoformadasobreosdivcrsosassunto.1e111pauta nopré lio eleitoral. A opin ião do eleitor sob re estes diversosassuntosconstituiocritériosegun dooq ualc leescol heocand id.itodesua confia nça. Em casocon1r:írio,ocleito não representa ninguém. Dai provém. emgrande rn('dida, o alheamen to doelcilor. Analogamfme, uma Câmara toda constitulda por deputados sem rcpresentatividadcévazia decon tcúdo.design ificado.de atribuições num regime de democracia reprcsentauva. Bem o assinala Víllas UôasCorrêa: "[O cleitor]permimt-ecuindccisoa n1 ea lt crna ti va s quc não atendiam às suas ansiedades. Desdenhou da campanha que nilo buliu com suacmoçào. (Não hácomodcsconhcccr quc a propaganda polltiea] precisa se r enriqu ecida pelos temas que o eleitor está propondo na manifestaçfo do voto negado" (""Jornal do Brasil", 6/I0/90) O corolário inevitável dessa impostação é a inviabilidade do voto obrigarório. Em funçãodeste,impõe-scaoseleitoresqueaceitemdeumoudcoutromodo,o"cardápio" deprogramascdecandidatos quel hes apresenta uma legen da ou coligação partidária.
CATOLICISMO -
Dczctnbl"O 1990 -
21
,--------------~...-----::::-----::::-=,mr,
OCHIC//nlo do PT
nopanor•ma n11c/onal,~undo cerlotórgjo,d11 lmprensa,dev&-M aomanlfe:slo
insuce.uodos mü/1/plo, organismos
eciesJ,stlco,sou Jelgoa, como, por U-p/o,H comunldldes eeles/11/sdebase. Nafoto.Fre/Betto
coordeivreunlla CHumadessas
assocleçóes.
Refratãrio a tal imp()siçlloocleitor "'vin-
ga-se", usando no segredo da cabioc sua liberdade natural. A larga divulgação, segundo as mclho· rcs1&nicaspublici1àrias,d11.scomrovtrsias
doutrinárias ou técnicas de alto nivcl, bem comodeprogramaspar1id:\rioscdcbiogra.
fiasdoscandidatos,supririacs.sadcficiênciacrônicadc nossoprocessoelcitoral.Caberiaàsagrcmiações partidãrias fazé-lo. Jã o voto obri garório dispensa de tais
prcocupaçõcs,esforçoscdesgostosurnscrnnllmcrodcp<>liticos ...
"PT: como despir-se do rótulo comunista " Quanloàorientaçãoidt'Ológicadosvito· riosos, rcstringir·nos-cmos a referir algu. mas particularidades notâveis. Um "dcsabafo"(nãoserâ ames um as. somodefranqueza?)doex·deputadofede· ral Lulaéexpressivo11oqueconcerncàfor. ça da esquerda: "O PT superestimou suas forças. Estamoslongedeconseguira voiação do Lula (falando de si mesmo) no SC· gundoturno daseleiçõespresiden ciais:31 milhõesdevotos.Arcalidadecstámaispró· xi ma dos VOI(» do primeiro turno: 12 rÍli· !hões". E fei uma ressalva: •·Mesmo as· sim, acho que quem tem essn votos é o Lu la e nio o PT. O partido precis.a fazer um gigantesco esforço para ligar o Lula 22 -
CATOLIC ISMO -
Dc-a:mbro 1990
aos candidatos pelistas" e·Jornal do Dra· sil'', 4/9/90.secção''lnformc JB '')(Deorn· QllC110SSO).
Adcclaraçãosugereu mbrevecomcntârio. No contingente eleitoral angariado por Lula - por e~emplo, nas eleições pre~iden· ciaisde l989 - haviaum11(1clcocvidcnlc· mente esquerdista, co mposio por adeptos do .socialismo, do comunismo, membros radicais das CEBs e quejandos. Entretanto, sem pre nos pareceu que a maioria da votaçãolulistaprovciodcce111ristas,dcpessoasa.jdcol6gicasoucquivocadas,paraur· rebanhamcntodasquais tcràsidodedsiva a pregação do clero "progressista". Embo· ra de forma indireta, o reçen1edepoimen· to (arquí-insuspei!O) do próprio Lufa é de moldeaconfirmaraan:íliscacima. No dia da eleição. Lula chegara aprever,combasenaspesquisas,quecstapode· ria ser ••a maior derrota do PT em ioda a suahístóría'".Asurnasnãoodesmentiram. O prefeito petisca de São Bernardo, Mauricio Soares, admite. sem rebuços, que o PTterã de ''despir-sedo rótulo de comu· nista, subversivo, raivoso e corporativista" pois tudo isto está "fora de moda" (" Jor. n~I da Turdc", S/10/90). O colunista MnrceloParada,da"Folha de S. Paulo"', não t menos e,;plici10 ao eOn· siderar as razões do revts eleitoral do PT: "Na área cronômiea , o PT defende lain· dai hojeoaparatoeslatal formado d uran·
teosgovernosrnilirnres .... 1Poroutrola· dol,a.1mudançasn0Lestecuropeu1ambém aco111~~eram sem que o PT se desse conta .... [Ao mes mo tempol, [o PT] cala-.se diantedaditaduradeFidelCastroemCu· ba"(l6/9/90). Sintoma vislvel da derrocada pctisla é queemseupróprioredutooriginário - o ABC-, Plínio de Arruda Sampaio. candida10 ao Governo do Estado, tenha sido derrotado, em todos os municípios, e com amplamargcmd c difercn çap,:locon tcndor do PDS. Maluf. Onde, contudo, o PT ainda manifesta vigortnasdasses mais cultas e ricas, pois entre os eleitores mais pobres. somente um por cento - conforme as pesquisas sufragaria o nome de Plínio de Arruda Sam· paio(cfr.LeõncioMartinsRodrigucs,apud "Folha deS. Paulo", l/ 10/90). Acsqucrda-nuncaseràdcmaisinsis1ir -é. cmrenós,fcnômcnodcsacris1 ia esalfo ...
Revés do clero " progressista " Jair Meneguelli, presidente da CU T braço sindical do l'T - n~oocullascudcsa· pontamento em face da realidade: "Os discursos dos si11dicalistas 11as portas de fâbricascstão muito idcologizados ..... Não clã para sair com um livro de Mar~ ou de U'nin dcbaixodobraçoediscutircomostraba!hadori:s nas portas de f:lbricas ..... Osdirigen.
tessindicais .... nãoestãoenoontrandoformasdidáticasdeserelacionarcomapeãozada" (" Jornal do Brasil", 24/9/90). Nãoesta ráoPT encontrandodificuldades similares no tocante ao re lacionamen10 com todoo operariado nacional? De nada vale objetar com a eleição de Suplicy para o Senado. OconccimadoarticulistaCarlosCastello Branco, em sua coluna para o "Jornal doBrasil"(ediçãodel2/ 10/90), observa com fundamento: "De São Paulo vem a versão de que Eduardo Suplicy foi beneficiado pelo vo to popular ... não por sua ldeologia,maspeloexercíciodavigilãncia mora l na Câmara Municipal paulisiana. O vo to não fo i pelo PT, mas pelo político. queseopôscomhitoàmápráticadomandatodevereador' ".Acresceaistoqueavotação colhida por Supplicy ficou aquém dosnuloseernbranco Adernais, adespreocupaçãodoseleitoresem dar um voto coerente - caso tipi codas"dobradinhas"deconteiidoideológicoantagõnico,como MalufparaoGovernoeSuplicyparaoSenado,alémdcoutrasdogênero, havidaspc!oPals - atesta,urnavezmais,ocar:íterp,et:uliardessas votaçõcs,dest i!Uldasdeumsentidodoutrináriopreciso. Na verdade, embora eleja mais depu1ados es1e ano do que em 1986 - naCârnara a bancada pelista dobrou de número, em razão de múltiplos fatores circunstanciais ou locais, que seria longo analisar aqui - , o PT declinou consideravelmente no panorama nacional. Essa infeliz "pcrforrnancc" tern sido tributada, por certos orgãosdeimprensa,aomanifestoinsucessoda [greja "progressista" que, por meio de seus múltiplos organismos eclesiásticos ou leigos (CEBs, CPTs etc.)ernprestou, comojá é praxe, decidido apoio às candidaturas petistas, engajando-se de mil modos empro l daesquerda(emalgunscasos,também a favor do PSDB, que perdeu mai s dametadedesuabancada). É expressiva, sobial ãngulo,aponderação do articu lista Fernando Pedreira, cm artigoparao''JornaldoBrasil"(2 1/I0/90)· " O PT está deixando de ser o partido dos si ndica listasdoABCparatornar-se opartido da Igreja progressista, isto é, dos pad res marxistasdaCNBB, de cujos redutos (ou de cujas paróq uias) espalhados pelo pa is vêm a maioria dos novos deputados pelislas".Analogamcnte,"observaLuii Carlos Lisboa, em suacoluna parao "Jornal da Turde" (9/ 10/90): "A Igreja do Brasil, aquela que só abençoa o PT, acaba de ser derrotada no pleito". O malogro da esquerda católica não é porém fenômeno tão recente. No final del989, alguns re ligiosos já havia m manifestado o desejo - informa a "Folha de S. Paulo" (3 1/ 12/89) - de reformular o discurso"progress ista"da lgrcja,cm face àconstataçãodequeeste, da forma como tems idoemprcgado,nãoestásurtindocfeito junto às camadas mais pobres da população. Pelo que sevê, a lição não foi aprendida ... Quanto aos PCs, prosseguem com as dimensões raqu íti cas de sempre. Nemmes-
moseva!endodohabitual recursodascoligaçôes conseguiram algum êx ito: o PCB mantémscustrêsreprescmantesnaCãmara. sendo que o PC do B terá uma cadeira amenos(passa ndodeci ncoaquatrodcpntados). A derrota do PCU é reconhecida por seus dirigent es, que discutem a mudança desigla,oabandonodafoiceedomartelo.eatéarnudançadoscstatutos("Jornal do Brasil" . l~/ 10/90). Em favor de um suposto fortalecimento das hostes esquerdistas, será inútil alegaroindiscutivcl hi1oakançadoporArraes - maisdc330milvotos,destafeitao deputado federa l mai s voiado. No dizer de seu colega da bancada pernamb ucana Maurílio Ferreira Lima, Arraes montou a mais formidável máquinaassistcncialistadoPais,rcaliwndoumacampanhadecunhoa-ideológico. ernrazão do que conseguiu eleger-se a si mesmo (pelo minúscu loPSB), favorecendo igualmen teoutrosquatrodalcgenda.Ccrtoscsquerdistas (do PDT e PMDB), viwriosos cm ccrtamcns passados, acusam Arraes de os havergravementeprejudicadoagora . impedindoquescreclcgessern. Comefcito,quase toda a esquerda pernambucana saiu destroçada destas eleições ("O Estado de S. Paulo", 23/10/90). Quejulgar,ncssamesmalinha,dotriunfode Brizola , já no primeiro turno? A rcspostavcmprontadas próprias fileiras brizolistas. César Maia, deputado federal pelo PDT. chegou a calcular que não mai s de 40 por cento dos eleitores tenham votado para a Câmara Federal , no Rio . Destes, 40 por cento escolheram o PDT. Como 40 por cemo de 40 por cerno significam, na realidade, 16 por ccmo, dai se conclui que os parlamenrnrespedctis tas - sig!aviwriosa no Estado do Rio - de fato não foram prest igiados por mais de 16 por cento do eleitorado0uminense("JornaldoBrasil", 6/l0/90). Embora a análise tenha sido feita com base em resultados parciais, não ficou infirmada pelas apuraçõcs finai s. Mais doqueisso,"oqucficouclaro . .. foia falta de opção que marcou este pleito [no Rio], aumentando o desinteresse e o tédio {dos eleitores]", observa o editor Sérgio Lacerda, em artigo para o "Jornal do Brasil ' ' (27 / 10/90). Como quase todos os candidatos do País, Brizola procurou "jogar na emoção e [só] nos últimos dias, fez concessões a planos de governo ("Folha de S. Paulo", 13/9/ 90, de Fernando No!i ca, sucursal do Rio).
À vistadoexposto,corno íugiràsensação de vazio e dc inautenticidade quc vern caracterizando nossa vida político-partidária? Candidatosrepresentativosdc"massassem-idéias",dirigindo-seaumpúblicoinapctemedeouvi-los -eisumairnagembastanterepresemativa(estasirn!)davidapúblicanacional,noquetemdemaisdesgastado e vexatório.
AR MANDO BRAIO ARA
CLINICA MEDICA ~OSSA SENHORA D E M ONTSUUtA T
Eletrocardiograma - Pequena cirurgia lnalação - Curatiso - FornodcBicr lm cmação
R. do.<Macuni,.166 - SloPoulo(Si')F.:2Ul6-89 (•k•,o<lol l00 d, P«1,0t0 d<Mor•i•l
k,.., l ll 1 UI
MOL DURAS B ARO N EZA 1'Jd.cCum tkMult!ur..s.Qu:1drcJoc VidrusLtW
Fabricaçio própria Exposição óleos/ida Molduras ouro e prata Ku, B.mmc,.ll<k ltu . .\l< fonc·8l~ HIU Cf P \!11 .l l s,m,c,·nl ,, . s P,., lo
DANTAS Mecánlca de Velculos SIC Ltda. - ME
~
MECÁ NICA GERAL
~ 'ºº" 67-6174
~AtOUCF.SMO SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA AO ASSINANTE (011) 825-7707
C ATOLICISMO -
De7.embro 1990 -
23
• Doutrina
Escrevem os leitores • Preocupaçi:lo Satisfeito co m os assun1os tratados em CATOLICISMO,
tstoueompreocupaçãoqu:into ao nosso futuro; quando digo "nosso", quero dizer do mun• do. Parabéns (Carlos Albcr10 llu el deOllveln.1Sa mpa lu, Três
Lagoas-MS)
• Esclarecimento CATOLICISMO é um órgão deoornunicaçllodecsc larecirncn to da opinião pública, que se amepõcaocomunismo{ Lni lo n l,uii Braga, Porto Alegre-RSJ
• Favelas, etc. Não poderia deixar de parabcnizll-losporcsscsdoisexcclcntcs ar1igos (pois foi só os que li; por falta de tempo ainda não liosoutros)dcsscúltimonúmc-
ro de CATOI.ICISMO (rcfcrcsc a fcvcrciro/90). Esse.do Dr Pl inioestã si mplcsmcntescnsacional e o oucro foque versa sobrcaTeologiadaUbcrtação Aqui seguem algumas sugestões parafuturosartigosouesclarccimcntos para o público: l?)O temada"campanhadafratemidade" desse ano é: mulher e homem, imagem de Deus. Os padres é só no que falam nos sermões; cm Gfnesis 3,16 cslâ dito: " ...cstarb debaixo do Poder de teu marido, e ele te dominar:'!". Scri que os padres atuaisqucremircontra~cnsiname mo?; 2~) Por que a CN BB não faz uma Campanha da Fraternidade com relação ao aborto?: 3~) POI'" que mudam osnomcsdascidadcsoom nomes de santos? Exemplos: Fonaleza de Nossa Scnhora da Assun ção; tiraram o nome de Nossa Senhora da Assunção e deixaram só Fortaleza; 4~) Artigos esclarecendo-nos os motivos Porque a televisão nas novelas efilmcs queremdeturpar ossontos, os padres e a Santa Madre Igreja; 5?)Aoinvbdeusarem o termo "leologia da liberta24 -
CATOLICISMO -
ção'" não poderiam usar o da "demonologia da escravização"? E ao invés de Praça da Paz Cclc.1tial o de Praça da Guerra Infernal? 6?)Aqui no Ceará uns pescadores mataram umatar,aruga,entãoaimprensa fez o maior estrondo. Enquanto isso, crianças são assassinadas nas clínicas abor1ivas e o seuibama(cornlctrasminüsculas)ecia. nãodiicm nada; 7~) Os comunistas falam que nas favelas mui tos passam fome, ora aqui no Cea rá (para não d ízercmlodoo Brasil)nosmangues, é uma riqueza de alimcntos(crusticeos)quesóvendo Desde o camarão até o guaiamum; é só ter um pouquinho de corngem para irem pegar; 8?)Est!lofa!andomuitoemclcições nospaisescomunistas. Essacambadadecomuniscasquando assumiu o poder, não matou os anticomuniscas autênticos? 9~) Minha mãe mora em uma favela em Fortaleza: olhe, o que cr·arn de gatos e cachorros nesses locais não cst(l escrito E ainda dllo nomes de pessoas aos animais. Será que nos pai· ses comunistas (com 1oda glas110s1 ou perestroika)é também assim? 10~) Esses indivlduos que íazcm parte do chamado partldoverdesãoiguaisamelancias:verdesp()rfora, vermdhos por dentro. Engraçado, se por acaso em uma cidade, dcterminadapcssoa forcortarumaárvore, eles fazem o maior auê No entanto, nas clinicas abonivas, crianças são assassinadas e eles não dizem noda. O ser humano para eles parece que não faz parte da ecologia; li?) Esses pad res e polí1icos denominados progressistas deveriam, issosim,seremchamadosde"regressistas". E com o fiasco do comunismo vindo a público está provado que o tal Karl Marx nãoéogtnioquetantoseapregoa; 12~) Esse tal Nelson Mandela de que tanto se fala esta· va preso por dekndcr os nossos irmãos negros ou por ser chefe de umagangue de assas.sinos? {Jl.fflll' Haroldo, Paracuru-CE)
Dcicmbro 1990
Hâmui1otemp()tenhovonladedeman ifcstararninha imensaalegria deserumdosassinan tcs e leitores de CATO LI C ISMO. Esla alegria não é só comoadealguémquee:.tâcontcnte por ler conseguido algo. É algo que estâ no mais íntimo do Intimo. Encontro-me com dificuldadcatémesmodeexplicarcste bem estar que sinto de saber que faço parte dcs1e elo crist!lo.Todososelogioseparabénsqueeu imaginavacstavam semprcabaixodoq ucestarevista mereeia. Por1anto cheguei á conclusãodcsomentelerasmaravilhasquecscrevemosout ros carissimosleitores."Pois,quem ni'losabe fazer, deixa quem sabe. pois assim sairá me lhor". Assimofizatécstadata.Opróprionomeda revista,tantoquantocstapequeninafiguradeSão l'cdroe5aoPaulonacapa faz.
hâ uma Pobreza de doutrina nos dias de hojc7 E principaln1en1eo"CatecismodaDnutrina Cristã" , cujo sentido vai-se perdendo nas paupérrimas explicações que se dAo. Preferiria que esses nada dissessem, que dcixassemodamordospequeninosinoccmcsbailandonoar Qucmsabeseodivino Menino Jcsusselembraquefoipequcninotambémeassimenviasocorro do Céu. Lembro-me de um número de CATOLICISMO que li,equc foioprimeiro,era sobre o catecismo. Tinha na capa um majestosomeninoestudando.Quemcscreviaeraoprofcssor Dumas Louro. Nllo quero di,.cr queosoulros são despre1,iveis, citei aclc porque me ocorreu na memória. P~ também que fak mais sobre as fcs1asreligiosas,suasorigcnseas razõesdclas.Dcstacoaquios ~~ti:~~~~:ª~!~:~:!dªo~!~i~: tóriaSagradacmseu!ar " . Pois só lamento de ter que ler um pouquinho, e depois ter que esperar o próximo número no m~ segui nte (Cla udinei Ant oni o dos Anjos, Diadema-SP).
• Lltuõnla e Judas Congratulo-me com a revista CATO LI CISMO pela solidaried ade man ifestada à heróica Utuãnia,subjugada,atéhâpouco, como tamasoutras nações, pe lo anti-Cristo moscovita.
Apósa2' suerramundial anexou a Rússia sovictizada a seus dominios41mil hõesdeucranianos, 9 milhões de usbeques, 9 mi lhões de bicio- ru ssos, 6 milhões de làrtaros, 5 mil hões e meio de casaques, 4 milhões e meio de azerbaidjanos, 3 milhõcseseisccntos mil armênioo, 2 milhõesesctecentosmitmo ldávios, 2 milhões e d uzentos rnil judeus,2mi lhõeseccrnmil tadziques.2milhõesenovecen1osmil lituanos,etc.e1c.Aotodo,pelocensode 1970, 129milhõcsderussose ll2mi lhõese setecentos mil de não russos; e n!lo estamos me ncionando os que foram escravizados no Aíganistllo, na África, na Ásia e os que na América Central se tornaram satélites do Krernlim E se m que, através de eleições livresouplcbiscitos,semanifes1asse o t!lo decantado respeito aosdireitoshumanoseàaUlodclerminaç!lo dos povos ... Depois de vàrios séculos de vicissitudes, de 120a nosdedomlnio russo-ttarista, conseguiu a Lituânia proclamar, a 16de fevereirode l918,asuaindcpendência política, vivendo, porém, apenas 22 anos como nação soberana. É q ue , anexada pelas armas, a 15 dcjunhode 1944, viu ocupar-se.em menos de dois meses, juntamente com a Lt'tõnia e a Estônia, 1oda a região bâllica, transformada em feudo de Moscou. Vários movimentos eclodiram de resistência aos assaltantcs, perdendo a Lituãnia40mil de seus filhos na luta contra o opressor Tendo resolvido Stalin sufocar comp leta men teaopos iç!lol iiuana, enviou, dc l945a l953, paraoscamposdet rabalhoforçado ou para a Sibéria cerca de 600 mil pessoas, cuja maioria morreu por lá. Mas o povo litu a no, prcdominan tementccatólicoeoonvicto, tem resistido rezando e lutando com valor pela sua liberlação. 50 mil lituanosseabrigaram aqu inoBrasil, dois terços dos quais em São Pa u lo, q ue coma, assim, com a maior comuni dade lituana da América do Sul. O numero de julho de CATO LI C ISMO fe,. uma resenha comp leta d a história da heróica naçãocris tA, nada mais havendo, pois, de im p()rtant e a acrcsccnta r.Continuemosamanifcslar não apenas Por palavras mas sobretudo pclasnoosasoraçõesanossatotal solidariedad c à " Terra de Mar ia", como sempre fo i chamada a Lituãnia.Quesecompletcaimplosã.o q ue, surprcendentemen-
teeprovidencia lmente,estáliquida 11dooimpér iobolchevista, Thmbém remeto uma xerox da revis ta alemã "Timor Domini", de 20/3/90 que me foi enviadaporu massessordoCardeal Ratzinger, a respeito do pre se nte de UM MI LHÃO DE LIBRAS dado por um grupo de ''amigosanônimos"aoHonorab!e Prof. Dr. Edward Hall por sua efieieme atuação no a//airedoCarbono-14. Éccrtamenteacorreção monetária das 30 moedas de Judas ... (E:urlpides Cardoso de Menezes, Rio de Janeiro- RJ)
• Mães de aluguel Venh.o por meio desta cumprimentar a redação de CATOLIC ISMO, revista simplesmente fenomenal. Comolcitoraassidua,estoucadavezmaisentu siasmada pelos assumas e arti gos que cada revista nos traz Cumcsrnrevistaminh.afamilia está sempre aprendendo mais A " História Sagrada em seu lar"muitomeajudaatransmitir os ensinamentos da Igreja aos meus filh.os; e por falar deles, eles gostaram muitíssimo doartigo"Omongeeopassarinho". Este ajudou -nos muito a compreender assuntos nos quaisacreditamos,masnãoconseguimosexplicaranossosfilh.os làmbém o "Discernindo. D.C. " da revista n? 475 sobre "Cor, Realidade e Arte" me impressionou muito. Sempre achei acorcinzaapagada,umconheddo nosso a chamara de cor protestante, mas nunca pensei maisnadasobreela , cestaexposiçãodo Sr. Dr. Plínio é maravi lhosa, e mais ainda o aceno queareportagemdeixousobre as cores próprias às virtudes de um povo. Gostaria de saber seosSrs. têma exposição sobre este assun10 e se é possível me enviarem uma xerox. Gostaria também de ser informada se a obracompiladaintitulada''Am bientes,Costumes,Civi lízações'' ainda tem volumes à venda, e qualseráovalordela Estou aproveitando esta correspondência para enviar-lhes uns recortes de jornal deste fim de semana, que acredito talvez lhesintcrcssem,talvczparaalguma seção da revista ou talvez os Srs. possam fazer um comentário aos nossos leitores do que diz a Igreja Católica sobre este assumo. Se Tl"<:Ortcs assim lhes interessarem, prometo enviarlhes sempre que os tiver cm mãos (Clolild e Cardoso Buerra , Londrina-PR)
Agradecemos as apreciações elogiosas.Arespeitodasconsul tas acima, seguiu carta. Restanos dizcr umapa lavrasobreos recortes enviados (extraídos da " Folha de Londrina", de 2 a 4/9/90). Trata-se de noticias e rcportagensemqueveladamentese fazpropagandadas"mãcs dea luguel",ousejaa"maternidade subst itutiva" pela qual mulheres sedísporiamarccebcr em seu seio embriões humano s (óvulos previamente fecundados emlaboratóriopoimeiodachamada "fertilizaç/lo in vicro") paraconduziroprocessodeges tação A esse respeito, reproduzimos as normas emanadas da Congregação para a Doutrina da Fé, subordinada ao Papa, intituladas "Instrução sobre o Respeito da Vida Hi..mana Nascente e a Dignidade da Procria ção'',publicadasno''Osservatore Romano", de 11/3 / 1987 l)Feeund aç ii oll rlificialin vilro:écondenadaemqualquer caso, seja quando o material (gametas) é colhido cm homem e mulher não casados um com ooutro - fecundaçãohe1eróloga - , seja quando é colhido cmpcssoas unida s entresipelo matrimônio - fecundação homóloga: a)"A fecundaçãoarti ficialhetcrólogaéeontráriaà unid adc domalrimfm io,àdignidade dos esposos, à vocação própriados pais caodireito do filho de ser concebido e posto no mundo no matr·m· n·oe pelo matrimônio. O respeito à unidadcdomatrimõnioeàfidelidadceonjugal exige que o filh osejaco ncehido nom a1rimfo nio"(II- A- 2):b)Afecundação artificial homóloga "'leva
1
GRANDE
Reg, EMBRATUR 01075-00-2 1-1
BROADWAY
H2estrelas
HOTEL
Apartamento de luxo American Bar - J ornais diversos TV a cores - Ar condicionado - Geladei ra - T elefone Lavanderia própria - Estacionamento Telex NR !122757
Fone: (011) 222-2811 A,en ida sao Joao. 536
CE P 1036 -
São Ps ulo -
I L - - - - - - - - --
BRASIL
--~
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ 1
ARTEMIS HOTEL SÃO PAULO -
*
BRASIL
A p a .- t an...ent o d e l u><O ..,.. T e l o v l s a o ..,.. Jo.-nal s d l ve rec:>s ..,.. P u b l i c r o l o.t·on ..,.. E e to.clonan...entc:>
*
..,..
An...erl c e.n B o r L a v o n d O rla p r ó p r i a Ee n...e.-ado c a f é e / , 5
*
--
~u~i!~~i~~:sn::~e à ºfec~C:~~~ ç~o ;~~ :;:cee u~ti~c~fc~~.~'. ralmente ilícila porque priva a procriaçàohumanadadignjdadequelhcé própriaeco-natural .... A lgrejaperma nect"co ntrári a, do po nlodcvista moral, àfttundaçãohomótoga in ~itro; esta é em si mesma il íc ita c contra stante com a dignidade da procriaçãoedauniilo conjugal' (11-B-5)(grifos nossos) 2) Mães dealuguel; "A ma ternidade substitutiva é licita? N:io, pelas mesmas rai õcs que levam a recu sar a fecundação artilicialhe1eróloga:écontrá ri a à un idade do mnlrim ônio e à dign idadcdaprocriaçãodapessoa humana. A maternidade
to que todos os métodos anticoncepcionais art ificiais - mcsmo os temporários, como as píl ulas - estãoconi:lenadospela Igreja, são moralmente ilícitos (cfr. Enclclica " Humanae Vitae" , de Paulo VI). Portanto, com maior razão é moral mente ilícita a laqueadu ra de trompas que esteriliza defini tivamen te a mulher. Diz Paulo VI "ÉdeexcluirdeigualmodoJcomo via legitima para a regula ção dos nascimentos], como o Magistério da Igreja repelida men ledcclarou,acstcrilímção direta,tamoperpétuacomotcmporária, e tanto do homem como da mulher" (n~ 14)
substitutiva represen ta uma falta objetiva em face às obrigaçõesdoamormatcrno,dafidelidadeconjugaledamaternidaderesponsável; ofend eadignidadeeo dirtltodo filh.o descr concebido, trazido no seio, posto no mundo e educado pelos próprios pais" (l l-A-3) (grifos nossos) Os recortes falam ainda de uma proposta feita na Câmara Municipa l deCascavelparaque o Município ·•se responsabi lize porumServiçodePlanejamen roFamilíarqucfariaalaqucadura de trompa s' ', ou seja, a es1erilização definitiva da mu lher.Convém lembrararcspc i·
Nota do Redaçõo
T
V
8
It e ns
CC>t"OS
IY. BMãode linei!a,44 - Reserlas: PBt(011)2219166-CEP01ro2-SÃOPAULO
I
L========'-'--"''='_'·'-"=''---=F"='"""==='=====~~
1 - - - - - - - - - - - - - ~
REDE J ARAG UÁ DE HOTÉIS HOTUJARAGUAOESÃOPAlllOlTOA
Rua "'a , o , - ~ .... CEP01060 -SÃO PAULO - SI' fono :P,\6X(Oll l ~ T... ,·(0 11) :1366<
JARAIIUACEMTER HOTEl
CEP 59000- NATAl - AN F.,.,•, 1GB4)211-23SS - Tol.,: (Ol4)H4S A O . - Camarll(l, 279 CEP 80050 - CURIT16A - l'R f one:IO-O l) ~ Tt1e, · 10o11 J ~1
HOTElJ,\RAGUA R,,,a 7deW$111bto. l13 JOJ,Ç,t,8,\ - SC Fone (0-<~ 122-1122 - Tillu· 49>0ol l
' ~ - - - -- - - - - - - - ~ C ATOLICISMO -
Deze mbro 1990 -
25
~ - - , . · - - - - - - - - - - - - - - - ~ ,,ados íatos1omaclaroq uc,apesardclances publicitãrios de grande enverga dura, co mo foram os encontros de Gorbachcv
com João Paulo 11, e com o presidente Bush em Malta, o Hder soviético tem rcafir~=t~~ sua inleira adcsllo ! idoologia comu Res.sal!ando a ambigüidade adotada por Gorbachcv, o documento de TFP-Covadonga aponta as medidas repressivas com quetemclercspondidoaosanseiosdcliberdade das naçõessubjugad_as na UR ~S. como por exemplo a L ltuâm a, oo nhec!da co-
mo Tem de M•ri•. Anexada à órbita soviética em conseqüfnciadc um acordoen1re
ASSUNÇÃO -
Os esrnndartcs rubros
com o leão rompante tremularam nas ruas desta Capital, por iniciativa de uma entida-
de co-ir~ã das TFPs, "Jovens Par~guaios
pró Civ11Jução Cristã", Eles par11c1param de uma grande passeata promovida pela Arquidiocese de Ass unção para pedir ao Legislativo a rejeição do projelo de lei que institui o divórcio no Paraguai. Um folhetodistribuido largamente pelos "Jovens Paraguaios pró Civilização Cris\ã" ati nha q~inz~ argumentos ai:itidiVOf"Clltas,dosquaJliSahen1amosQliscgumte5: Odiv6rcio,queéumalei civil, não pode revogar a indissolubilidade do vínculo conjugal, que é lei de Deus. Além disso, é para os libertinos uma festa, paraosdébcis, uma ten1aç.lo; para os lmcgros algo ~~ei1~~~p~cbji!~od~~~i1f~~r~{}:t~~~up~~!~ Paraguai uma tcrrlvclcausa de dccadencia moral .
Campanha da TFP elogiada em jornal lituano O semanário "Musu Uetuva" (Noua Litulnia), editado cm sao Paulo pelos lituanos da paróquia sao Casimiro, focali~ou cm sua edição de 19dcsctembro passado a campanha de abaixo-assinado promovida pela TFP cm prol da independê ncia da Lituãnia. A mat&ia apresenta declarações do Prof. Plínio Corria de Oliveira, e ressalta também o a lcance da passeata gigante promovida pela TFP nas ruas centrãis de São Paulo, quando havia sido alcançado o total de 3 milhões de assinaturas. Na mesma edição, os Revmos. Pcs. José Scskevicius e Petras Urbaitis tecem clof~~i~o ªf:t~~k>:atOªi~n~~P!~~~b~[tis congratu la-se com um de seus paroquianos que, apesar de seus 82anos. colaborou ded\cad.amcmc com a TFP, preenchendo 50 hSlasdeassinaturasdcp-essoasabordadas cm portas de igrejas e colégios O semanário estampa também carta cm que o Sr. Algirdas Mosin~is defcn~e a TFP e sua campanha, as quais, cm edição anterior do jornal, haviam sido objeto de criticas por parte de uma leitora 26 -
CATOLICISMO -
O.sll/e de protes to de TFP-Covlldongs, na• ru•• centr•I• de Madrl, de-nune/atldo • politlea de amblgO/dade lldotada pelo presidente do Sovlet Supremo d• URSS, Mlka/1 Gorbach•v
Gorbachev na Espanha ocasiona protestos MADRI - Por ocasião da recente visita de Mikail Gorbachcv a Madri e Barcelona, cm oulllbro úl1imo, a Sociedade Espanhola de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade (fFP-Covadonga) realizou desfiles de protesto nas ruas centrais dessas cidadcs, denunciandoapoliticadeambigüidadeadotada pelo prcsidentedoSoviet Supremo da URSS Nosdcsfiles,cncabeçadosporsuafa nfarra. os sócios e cooperadores de TFP-Covadonga conduziam cartazcs com dizercs incisivos salientando a natural rejeição do povo espanhol a essa polltica, como também denunciando a inconsistência da propalada liberdade concedida por Gorbachcv.
Moscou e a Alemanha na zista, em 1939, esta nação proclamou sua independência cm março passado, sem obter.entretanto, orcconhec1mentodeGorbachev. Contra esse estado de coisas que afeta a Lituãnia - e analogamente a Letônia e Estônia - levantou -se, suscitad o pelas TFPs e Bureaux-TFP em 20 países, um clamor dc inconformidadc indignada, cxprcssana monumental mensagem jã subscrita por cinco milhões de pessoas. Tal mensagem será entreg ue em breve ao seu destinatário, o Presidente da Lilll ãnia, Sr. Vytaurns Land sbcrgis Protesto
Em substancioso documento - "Mikail Gorbachev: ogenialartificedaconfusão"-distribuídoaopilblico, TFP-Covadongaafirmaqueestaríaabcrtaparaasim-
Ao conclu ir, TFP-Covadonga formula seu protcst.o pelo fato de.º ti.der. mb:imo dos comumstas no mundo m1c1ro 1r à Espanha inaugurar o Ccnlro dc Estudos Soviéticosna UnivcrsidadcComplu tcnsc, "sendo recebido com ícscas. que simboli:tam alegria ccspcra11ça,as qua1 sparccc m se r produtos desuagenialalquimiapolitica. "Que a confusão desperte apreensão, prcocupaç.õcsetemorcscstánaordemna1Uraldasco1sas; que desperte alegria, provoque aplausos, noresçaem festcjos,éacon fus!io mul!iplicada pe la confusão. Contra
~t/f~r~a~~e:!cu~~ª~;!, :saco~=~ ça tivesse: sólido fundamento na realidade l nfclizmente,cntretanto,umaanáliseaten-
dian! c de Deus e dos hom ens" , conclui o documento. D
Manifesto
Dezembro 1990
~~~~:~~~o~~rfcp.p~~o~~~:~! ~~~~:,:
História Sagrada em seu lar -
José interpreta os sonhos
No
EGITO, José foi comprado como escravo por Pu tifar, genera l do Exército do Faraó: "E o Senhor Deus era umcomelc,ctudooqucfazialhcsuccdia prosperamente, e habitava em casa de se u se nhor"{ l).
Put"far "amava-o mu·1·ss·moc, ad mirando-lhe a extrema diligência, confiou -lhcasuperintcndência dctodosos :rv·çosdcuacasa "Um triste acomccimcnto veio, po-
deaoFaraóquemetiredestecárcere,on de me puseram inj ustamente ' "O padeiro disse: 'Sonhei que levava à cabeça três cestos; o mai s alto continha toda a sorte de pastéis finíssimos para o rei;asavesvoavamemredoreoscomiam' " Respondeu José: ' Daqui a três dias seráspostonumpatíbuloeteucorposer virádepastoàsa vesderapina' "No terceiro dia, que era o natalício dorei,essasprevisõessereaharam. Opa dciro foiexecutadoeocopciro readmitido ao serviço real. Este, porém, foi ingrato para com o seu benfeitor; no meio da grandezaeda dissipaçãodacortc,esq ue ceuaspromessasquelhefizcra So nho s do faraó "Dois anos depois teve o Faraó dois sonhos que nenhum dos intérpretes e sá biosdoEg it osoubecxp li car "Cntilo o cope 'ro narrou ao re· o que lhehavia sucedido ,aclecaopadeiro-mor, naprisllo,ccomocraJoséótimoexplica dor de sonhos "!mediatamcntemandouoFaraóqu e o trouxessem :l sua presença e Ih.e disse 'T ive dois sonhos que nin guém so ube exf~!car;disscram-mcquc 1uésbomin1érpre
rém, pe r:urbar a fel icidade de José
Castidade de José
"Respondeu J osé, modestamtnl e: 'Eu nada sei; Deus pode muito bem, sem a m'nha ·mcrvcnçilo,daraore· uma respos-
''Amu lherdePutifarquisumdiaobri-
ta satis fatória: conta-me, cn1rc1an to , os
gâ-lo a co me!er um grave pecado, ao que
teu son hos' " E o Faraó c0ml-çOu: 'Parecia- me estaràmargcmdoNilo;visaíremdasãgua.s sete vacasm uito go rd asquesepuse rama pastar;emseguida, sairamdomcsmorio
ele respo ndeu, em altas vozes .. 'Como poderei eu faltar tãogravcmemc con tra as leis de meu Senhor e meu Deus?' E fugiu espavorido. A malvada mulher, ven-
noções básicas sele vacas muito magras, que devoraram as primeiras "Aomesmo1cmpo, pareceu-me ver sete espigas bonítaseche ia.s,que foram devoradasporomrassetemirradas e finas' "Respondeu J osé:'Osdoissohhossignilicama mesma coisa; asselevacasgor-
~~~se
d:sa~~~d~~:raªt a~h;~~: !~f~~ª:a:~!~ e as sete espigas mirradas indicam sete anosdccarestiacdemiséria,quesucederão aos dias de fartu ra, e consumi rão as gra ndes colheitas. O flagelo da fome far sc-á scmir em todo o pais. Eis o que di z oScnh.or '"Escolhe, portanto, um homem de confiançaecapa:.r:que,nosanosdcabun dância, reco\h aea rmazeneol rigonecessá· r"oparasocorrcropovonosd·asdc ·ncia"' (2) E o Faraó Ih.e di sse: "Vislo que Deus te manifestou tudo o que disseste, poderei cuencontraralg uémmaissábioesemclh.an 1ca ti ? Tu gove rn arás a minha casa, cao mandode tuavozobcd ccerátodoopovo E tirou o anel de sua mão, e meteu-o namilodclc;cvcstiu-lheumvcslidodelinho lino , e pôs-lhe ao pcscOço um colar de ouro. E fê-lo subir para o seu segundo coche, clamando o pregoeiro que todos ajoelhassem diant e dele e soubessem que eraosupcr intendentcdetodaatcrrado Egito"(J). O
(l)Gei, . J9,l m~oJoJo llosco, ll i,iór ia lliblicadoVdOOc NovoT 1amen1 0 - L"vrar"aSal<Sa na[d.tora Slol'aulo. 1920.pp .40-42 (l) Ocn .41, 39-43
do-se desprezada, caluniou-o ao marido
Este, muito crédulo, deu fé às suas palavras e mandou prendê-lo. Mas Deus não abandonou o inocente José " O Senhor fel conhece r a inocência de Joséaoseucarcereiro,quclhcconfiou ogovernoimernodaprisão
Porinspiraçlo divina,ocastoJos6
Interpreta os sonhos do faraó do Egito
Sonhos do copeiro e do p a d eiro "Acontcccuqucopadeirococopciro do Faraó, reido Egito, foram encerrados na mesma prisão (e tiveram, cada um deles, um son ho, que contaram a José): "Começou o copeiro: 'Pareceu-me ver uma v"dc"ra com três rebentos, os qua·s, crescendo, cobriram-se de fol has: pouco a po uco foram desabroc hando a.s flores; rebentaram,logoemseguida,asuvas,que foram amad urecendo, aos poucos· cu as esprem iaeofereciaovinhoaorei' "José, il uminado por Deus, disse: 'Eis a expli cação do teu sonho: Daqui a 1rC:s diasser:lsreadmitidoaotcu oficio de copeiro real. Então, lembra-te de mim , e pc-
CATOLICISMO -
Dezembro 1990 -
27
Um menino nasceu para nós, e um filho nos foi dado e foi posto o principado sobre o seu ombro (Is. 9, 6)
11
D12
SÃO JOÃO: 'Vimos sua glória, glória comp de Unigênito do Pai'. Os anjos mostrando-se como servos .... Jesus aparece como Senhor, ainda que em humilde forma; as criaturas, porém, o reconheceram como seu Senhor: a estrela guiando os magos, os anjos chamando os pastores .... Ademais, 0 6 5
!breinh~ ~~r:, ~é~ És;í~i~~r~a~~~r~~ i:i::s:~: sua cabeça. ,
"Também a natureza, toda ela, clamou anunciando a vida do Rei dos céus: os demônios fugiam, todas as doenças eram curadas,
os mortos deixavam seus sepulcros, as almas passavam do extremo da maldade para o mais alto píncaro da virtude.
"E quem explicará dignamente a sabedoria de seus precitos, a força de suas leias celestiais e a suprema ordenação de seu angelical trato?" (S. João Crisóstomo, in 5. Tomás de Aquino, "CatenaAurea'', V, cap. l, v. 14-b). Foi em meio a uma terrível situação espiritual e psicológica da humanidade que, em Belém, nasceu o Esperado das nações para restaurar na terra aquele convívio com Deus, perdido por nossos primeiros pais. Talvez ainda maior seja o caos das almas, em nossos dias, tão próprio a nos fazer clamar pela realização urgente das promessas feitas por Nossa Senhora em Fátima.