Catolicismo, 1997, números 553 a 564

Page 1


Revolução e Contra'"'R evol ução

AfOJL][CliSM Nº 553-Janeiro de 1997

NESTA EDIÇÃO:

PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA

2 Concluindo o capítulo Ili da Parte Ide Revolução e Contra-Revolução, o Prof Plínio Corrêa de Oliveira mostra que a principal característica de uma ditadura não é a concentração do poder em uma só pessoa, mas a onipotência do Estado.

4

REVOLU ÇÃO E CO NTRA-REVOLU ÇÃO

ENTREVISTA

A PALAVRA DO DIR[TOR DESTAQUE

Revolução, Contra-Revolução e Ditadura As presentes considerações uma di tadura possa ser exercida por um Rei (a di tadura real, isto sobre a posição da Revolução e do pensamento católico em face das é, a suspensão ele toda a ordem formas de governo suscitarão em jurídica e o exercício irrestrito do vários leitores uma interrogação: poder público pelo Rei, não se confunde co m o "A ncien Réa ditadura é um fator de Revolução, ou de Contra-Revolução? gim.e", em que es tas garantias existi am em considerável mccli Para responder com clareza a uma pergunta a que têm sido cla, e muito menos com a monardadas tantas soluções confusas e quia orgânica medieva l) ou um até tendenciosas, é necessário chefe popul ar, uma aristocrac ia estabelecer uma di stinção entre hereditári a ou um cl ã de banqueicertos elementos que se emararo.·, ou até pela massa, é inteiranham desordenadamente na idéia mente evidente. Em si, uma ditadura exercida de ditadura, como a opinião pública a conceitua. Confundindo por um chefe ou um grupo de pessoas não é revolucionária nem a ditadura em tese com o que ela tem sido in concreto em nosso contra-revolucionária. Ela será século, o público entende por diuma ou outra coisa em função das tadura um estado de coisas em circunstâncias de que se originou, e da obra que realizar. E isto, que um chefe dotado de poderes irrestri tos governa um país. Para quer esteja em mãos de um hoo bem deste, dizem uns. Para o mem, quer de um grupo. mal, dizem outros. Mas em um e Há circunstâncias que exioutro caso, tal estado de coisas é gem, para a "salus populi", uma sempre uma ditadura. suspensão provi sóri a de todos os Ora, este conceito envolve direitos individuais, e o exercídois elementos di stintos: cio mais amplo do poder públi- onipotência do Estado; co. A ditadura pode, portanto, ser - concentração do poder legítima em certos casos. estatal em uma só pessoa. Uma ditadura contra-revoluNo espírito público, parece cionári a e, pois, inteiramente que o segundo elemento chama norteada pelo desejo de ordem, mais a atenção. Entretanto, o eledeve apresentar três requi sitos essenciais: mento básico é o primeiro, pelo menos se entendermos por dita• Deve suspender os direitos, du ra um estado de coisas em que não para subverter a ordem, mas para a proteger. E por ordem não o Poder públi co, suspensa qualquer ordem jurídica, dispõe a seu · entendemos apenas a tranqüilidade material, mas a disposição das tal ante ele todo os direitos. Que 2

, C ATOLICISMO -

coisas segundo seu fim, e de acordo com a respectiva esca la de va lores. Há, pois, uma suspensão de direitos mais aparente cio que rea l, o sacrifício elas gara nti as jurídica. ele que os maus elementos abusava m cm detrimento da própri a ordem e cio bem comum , sacri fício este todo vo ltado para a proteção dos verdadeiros direitos cios bons. • Por defini ção, esta suspensão deve ser provi sória, e deve preparar as circunstâncias para que o mais cedo poss ível se volte à ordem e à normalidade. A ditadu ra, na medida em que é boa, vai fazendo cessar sua própri a razão ele ser. A intervenção do poder público nos vários setores da vida nacional deve faze r-se de maneira que, o mais breve possível, cada setor possa viver com a necessária autonomi a. Assim, cada fa míli a eleve poder faze r tudo aquilo de que por sua natureza é capaz, sendo apoiada apenas subsidiariamente por grupos sociais supe1-iores naquilo que ultrapasse o seu âmbito. Esses grupos, por sua vez, só devem receber o apoio do município no que excede à normal capacidade deles, e assim por di ante nas relações entre o município e a região, ou entre esta e o país. • O fim precípuo da ditadu ra legítim a hoje cm dia d ·v ·ser a Contra-Revolução. O qu ·, ali ás. não implica cm afirmm que a diJaneiro de 1997

tadura sej a norm almente um meio necessário para a derrota da Revolução. Mas em certas circunstâncias pode ser. Pelo contrário, a ditadura revolucionári a vi sa eterni zar-se, viola os direitos autênti cos e penetra em todas as esferas da sociedade para as aniquilar, desarticul ando a vida de fa míli a, prejudicando as elites genuínas, subvertendo a hierarquia soc ial, alimentando de utopi as e de aspirações desordenadas a multidão, ex tinguindo a vida rea l dos grupos sociais e sujeitando tudo ao Estado: em uma palavra, fa vorece nd o a obra el a Revo lu ção. Exemplo típico ele tal ditadura foi o hitleri smo. Por isto, a ditadura revolucioná ri a é fund ame nta lm ente anticatólica. Com efeito, em um ambiente verdadeiramente católico não pode haver clima para uma tal situação. O que não quer dizer que a ditadu ra revolucionária, neste ou naquele país, não tenha procurado favo recer a Igreja. Mas tratase ele atitude merament e po lítica, que se tran sforma cm perseguição fr.inl:a ou velada, logo que a autoridad 'e ·lcs i,1stica comece a d ·ter o passo à Revolução.

No próximo capítulo (Parte I, IV), o ilustre Autor trntará das metamorfoses do processo revolucionário.

5

PÁGINA MARIANA

Nossa Senhora do Desterro

7

8

em perigo

A PALAVRA DO SACE RDOTE

Homossexualismo é pecado gravíssimo

INTERNACIONAL

VERDADES ESQUECIDAS BIENAL DESÃO PAULO

VIDAS DE SA NTOS REFO RMA AGRÁRIA

TFP aponta caráter confiscatório do ITR

25

PALAVRASDEVIDAETERN A TFPs EM AÇÃO

A Apresentação do Menino Jesus no Templo

14

23

O absurdo em nome da arte

Santa Ângela Merici, defensora da virgindade

13

21

Conferência da FAO foi tribuna para Fidel Castro

O demônio domina o mundo

9

17

Cúpula ibero-americana reunida em Santiago: fracasso

/\ REALIDADE

Idosos

16

China quer comprar o Brasil!

MATÉRIA DA Ci\Pi\

6

15

Poeta cubano denunci~ as mazelas de Fidel Castro

Campanha em defesa de milhões de inocentes

BRASIL REAL, BRASIL BRASILEIRO

AMBIENTES, COSTU MES, CIVILI ZAÇÕES

A seca, a fé, a chuva

31

36

Grande vocação de um pequeno país: a Suíça

CAPA: Reunião da cúpula iberoamericana em Santiago do Chile - Foto: Fernando Montero CATOLICISMO -

Janeiro de 1997

3


Com a palavra... o Diretor j

\

É preciso que cada católico se preocupe em. auxiliar espiritualmente outro católico par~ evitar que este caia no abismo das seitas.

1 '

'~ ~

,1

. ·;--:

NOSSA SENHORA DO DESTERRO Protetora dos católicos que vivem neste mundo neopagão

Amigos Leitores, meta ousada: transformar-se numa das Catolicismo entra em 19~~ com uma il maiores revistas de inspiração catolica do Bras . 1 t . mania de grandeza. Trata-se de abso u a E não se trata de mero capr1ch_o ou d . vadido por seitas que prometem a 0 País vai sen o m t necessidade, uma vez _qu;_n~s~ problemas materiais que afligem a tan os. salvação e até a soluçao a01 e . •

e invade os lares através da telev1sao, de Minado degradação_ mora\ras qu ilei·ro vai se transformando e, aos poucos, . . taspela o católico tradic10nal jornais e revis ' unca ter d aparecendo . . ase a idade madura sem n es São inúmeros os jovens que a~mge: '1-:ssa Senhora, dos Anjos e dos Santos. ouvido falar de Nosso Senhor Jesus º:::~ia de religião, muitas vezes seI?- saber rezar v·ivemAve-Maria de modo quase selvagem em m J - - grande o número de crianças sem ou até fazer o sinal da cru~. a e uma sem cr1·sma ou Primeira Comunhao. batismo, · Se isso continuar... onde estaremos daqui a 5 ' 10 ou 20 anos?

. . .

enhar-se durante este ano que se 1n101a, . , É por isso que Catolicismo ira emp_ . t ' licos Vamos aperfeiçoar nossa numa verdadeira cruzada de resgat; d~s s;;:ri~~se c:t:aent~. Uma revista que fale ~e revista, tornando-a mais interessa~;~.: e seus Santos de forma a preenc;1~r o vaz10 Deus , de Sua santa Mãe , da Santa aa orientações seguras para os catolic_~s a a espiritual de tantas almas. Que conttenhlid de E com vistas a essa cruzada, Ja nest . t tes temas da a ua a · ' . t respeito de impor an . ·t páginas em nossa revis a. edição foram acrescentadas mais o1 o . Eu conto com você, leitor , para o sucesso desta empreitada. . . Catolicismo. Fazendo propaganda dela, Como? Ajudando a difundir a rev:sta x:tras para distribuí-los ou presente. ·g adquirindo numeros e recomendando-a aos ann os , inaturas Desta forma, voce~ es t ara- desempeando pessoas de suas relações com ass da es~ecialmente num momento em que Ilhando um pape1 importante nesta cruza ' tantos católicos se acomodam.

. .ão suas cartas e sugestões . Vamos' Conto com sua ajuda, com sua op1ru .d'o Pa1's Lembrando sempre que, de t , li de nosso queri · • juntos , resgatar a alma ca o ca d Sua santa Mãe, a Virgem Santíssima. nosso lado está Aquele que tudo po e e Em Jesus e Maria,

~~

Paulo Corrêa de Br1t~lho Diretor ~ foi e jamais será lucrativa. Há 46 P.S.: Nossa finalidade, voce sabe, nun:~efesa da civilização cristã em nossa anos trabalhamos visando o bem das rm•ªrr:::o edesta revista é ajudar eficazmente nossos t t abalhar pelo cresa . Pátria. . . para a grandeza cristã do Bras1 . irmãos Portan católicoso, e rcontriblilr 1

4 CATOLICISMO -

Janeiro de 1997

PAULO FRANCISCO MARTOS uem visita a catedral de Florianópo li s tem sua lugar de seu pai Herodes, temeu atenção vivamente chair para lá; e, avisado em sonhos, m ra uma bela escultura de retirou -se para a Galiléia. E Nossa Senhora do Desterro, coindo para lá, habitou na cidade locada num altar lateral. Trata-se que se chama Nazaré, cumprinde um conjunto representando do-se deste modo o que tinha São José puxando um burrico, so'.l'erá sido predito pelos profetas: bre o qual está a Vi'rgem Santíschamado Nazareno"' (Mt. 2, 20 sima com o Menino Jesus ao colo a 23). (Foto à direita). A artística e piedosa obra, de Lição para nós autoria dos escu ltores Demetz, é feita de madeira de tília, em taO episódio de Nossa Senhomanho natural, e evoca a fuga da ra, enquanto desterrada no EgiSagrada Família para o Egito. to, contém para nós preciosa li A capital de Santa Catarina, ção. Pois Ela obrigada a viver durante mais de dois séculos, chaprocurar o Menino para O mano meio de pagãos que adoravam mou-se Nossa Senhora do DesChegando ao Egito, a Sagratar" (Mt. 2, 13). astros, animais e até legumes term, pois nasceu em torno da da Família passou a residir numa O Santo Patriarca, sem dismanteve-se fidelíssima a Deus e capela com essa invocação, pequena gruta na cidade de a sua Lei. cutir as ordens de Deus, pôs-se construída em 1673 por FrancisHeliópoli s, onde havia uma cologo a caminho com o Menino Os verdadeiros católicos em co Bias Velho, que morreu heroilônia judaica, e um templo em Jesus e a Santíssima Virgem, sernossos dias, para serem fiéis aos camente alguns anos depois na honra do verdadeiro Deus, que vindo-se do mesmo burrico que Mandamentos, devem enfrentar própria igreja, defendendo o povo quase igualava em magnificência utilizara no trajeto de Nazaré a uma luta terrível numa civili zacontra um ataque de piratas. ao de Jerusalém. Belém. ção na qual as maiores abom inaEntretanto, em 1894, para foi longa e penosa, A viagem ções são praticadas impunemenhomenagear o segundo presidenVolta para Nazaré mas também com muitas consote. Entre tais aberrações, basta te da República, Floriano Peixolações. Conta a tradição que uma lembrar a "união" de homosseto, os republicanos mudaram o A Sagrada Família passou tamareira,junto à qual a Virgem xuais, que agora desejam legalipiedoso nome da capital longos meses no Egito, até que repousara com o Divino Infante, zar no Brasil. Assim, sentimo-nos catarinense de Nossa Senhora do um dia, morto Herodes, apareceu desterrados. inclinou-se para que seus frutos Desterro para Florianópolis ... novamente o Anjo do Senhor ao ficassem ao alcance de suas virRecorramos então a Nossa Patriarca São José, durante o ginais mãos. Senhora do Desterro, pedindo"Levanta-te, toma o Menisono. Registra a tradição que, lhe a insigne graça de nos manno e sua Mãe, e foge para o Ordenou-lhe o embaixador noutra ocasião, a Sagrada Fater fiéis à ortodoxia católi ca, Egito" de Deus: "l evanta-te, loma o mília foi atacada por salteadomantendo uma pureza ilibada de Menino e sua Mãe, e vai para a res, mas estes não lhes fizeram costumes, em meio ao mundo Pouco tempo depois da adoterra de Israel, porque morreram nenhum mal , em atenção ao neopagão de nossos dias. O ração dos Santos Reis Magos, um os que procuravam matar o Mepedido de um jovem membro da Anjo apareceu em sonhos a São nino". São José, obedecendo quadrilha, que foi mais tarde o José e disse-lhe: "l evanta-te, imediatamente, tomou o Divino Bom Ladrão, morto na cruz ao toma o Menino e sua Mcie, e foge Infante e a Santíssima Virgem, Fonte de referência: lado de Nosso Senhor, e venepara o Egito, e fica lá até que partindo em direção à terra de Isrado depois com o nome de São eu te avise; porque Herodes vai rael. "Mas, ouvindo dizer que Nilza Botelho Megale, 102 i1111ocaçõesda Dimas. Virgem Maria nn Bra.l'i/, Editora Vozes, Arquelau reinava na Judéia em

º

Petrópolis, 1986.

CATOLICISMO -

Janeiro de 1997


. ,.'·,.\

:/:.,,,,

A REALIDAD~v~'-Jí~QjfISAMENTE

"v,;,'.(Jfj}J/

"Benevolência" socialista No "doce país de França", ainda gera polêmicas a revelação de que Charles Hernu - ex-m ini stro da Defesa do governo socialista de François Mitterrand foi remunerado pelos serviços de espionagem russos, búlgaros e romenos, pelo menos ele 1953 a 1963. Documentos comprobatórios ele que Hernu passava relatórios aos governos destes países comunistas foram apresentados em 1992 a Mitterrand, que determinou : "Não vamos refazer a

Desnutrição infantil diminui no Brasil

Idosos, cuidem-se!

Ao contrário do que trombeteia certa mídia esquerdista, pesquisa encomendada pelo Ministério da Saúde e pela UNICEF (Fundo das Nações U nidas para a Infância) constatou que adesnutrição infa ntil caiu l 6,9% entre 1989 e 1996. O maior responsável pela queda fo i o Nordeste, onde as condições, proporcionalmente, melhoraram mais. Dados como estes, que indicam progressos no Brasil, são pouco divulgados ou inteiramente omitidos pelos que desejam criar um clima de insatisfação e agitação social em nossa Pátria. Quem ganha com este procedimento?

Lei autoriza blasfêmias contra Nossa Senhora! Na Itália, por enquanto, constitui delito a imprecação contra Deus. Porém, agora podem ser pronunciadas frases obscenas contra .. . a Mãe de Deus! Isto é o que definiu a Corte Constitucional daquele país, alterando em parte o artigo 724, que punia os delitos relativos à blasfêmia, e sobretudo modificando a interpretação comum e milenar do segundo Mandamento. A maioria não pensante cada dia mais aceita a substitui ção do certo e errado pelo legal e ilegal - escreveu o advogado nova-iorquino Philip Howard em seu livro A morte do bom

senso: como a lei está sufocando os EUA. Seria o caso de dizer que esta lei italiana prepara o camin ho para outra: o "delito" de não blasfemar. Não sejamos indolentes devotos de Nossa Senhora, não façamos parte da maioria não pensante acima referida. Mas ofereçamos ardorosa reparação à injúria que assim é desferida contra Maria Santíssima. 6

' CATOLICISMO

história" ... ele um dos seus mais fi éis companheiros. "Para preservar a grandeza. e a unidade da República-comenta Denis Jeambar, na revista francesa "L'Express" - a desonra fica sempre nos bastidores, e os escândcdos são abafados. Jamais os assuntos que tocam na cúpula do Estado têm vazão em nosso país". Após mais ele dois séculos da Revolução que derrubou a monarquia, equ ivale isto a força e prestígio da República francesa?

A Suprema Corte norte-americana emitirá sentença sobre a constitucionalidade de leis dos Estados de Nova York e Washington, que proíbem a doentes "em fase terminal' praticar o suicídio com "assistência médica". Se a decisão for contrária a tais leis, isso acarretará trágicas conseqüências. Terá efeito semelhante ao ocasionado pela decisão que a Corte americana tomou em 1973, tornando constitucional o aborto. O assunto está despertando vivas polêmicas. Segundo pesquisas de opinião, os jovens norte-americanos são favoráveis à eutanásia, enquanto os mais idosos são contrários. Como não ficar expostos os idosos a que parentes ou "amigos' inescrupulosos, tendo em vista alguma herança que possam usufruir,. obtenham documentos que "provem" que este ou aquele doente deseja se suicidar? Se um filho sabe que teve um irmão abortado por decisão dos pais, que não queriam mais um "incômodd', como impedir que procurem também eliminar os próprios pais idosos, que agora se tornam também "incômodos'? Se os homens não se emendarem de seus pecados, mantendo-se empedernidos nos vícios em que caíram, a Providência não terá outro recurso senão castigá-los. O que será uma misericórdia. Do contrário, o gênero humano poderá extinguirse, com os homens se matando uns aos outros. O

-Janeiro de 1997

Resposta Com muito gosto me honrarei de dar aos caros le itores de Catolicismo alguma o ri entação sobre o problema da homossexualidade e homossexualismo, assunto tão delicado, mas também tão atual quanto sinistro. A respeito da homossexualidade, a doutrina católica distingue entre a tendência homossexual ( homossex uai idade) - que pode ser devida a defeitos genéticos, de educação ou a fato res psicológicos e morais - e a prática homossexual (homossexualismo).

Tendência homossexual A tendência homossexual é uma paixão, isto é, um apetite desordenado, que já denota um desvio da natureza, pois o instinto sexual normalmente só se manifesta em relação a pessoas de outro sexo, uma vez que foi dado ao homem e à mulher com vista à procriação. A pessoa que sofre essa tentação - contrária à natureza, é preci so realçar - tem obrigação moral de combatêla a ferro e fogo, e não consentir absolutamente em nada do que ela pede. Nem por pensamentos, nem por palavras, nem por atos. Se a pessoa assim agir, estará isenta de culpa. É tentação vencida, é vi-

T'er5ut1t~-------A imprensa tem tratado com muita freqüência do problema da homossexualidade. O Sr. poderia dizer o que ensina a Igreja Católica arespeito, e o que Ela recomenda para a pessoa se afastar desse vício?

tória a lcançada. É aumento em graça e virtude! A paixão pode so lic itar até veementemente para um ato mau, mas se a pessoa tentada não consente, lutando para afastar o mau pensamento e fu gindo das ocasiões de queda, não só não comete pecado, mas ganha méritos perante Deus, pela batalha vitoriosa que desenvolve contra as más inclinações que tem dentro de si, triste herança cio pecado origin al.

Como combater essa má tendência Um dos segredos da vitória nessa matéria está na estratégia do combate aos maus pensamentos. A batalha contra os maus pensamentos deve começar muito antes que eles despontem na imaginação ou na memória, isto é, muito antes que nasçam na cabeça. A resistência deve começar pelo combate à raiz desses mau s pensamentos. Qual é essa raiz? Geralmente as pessoas com tendência homossexual CATOLICI~MO -

são tendentes a uma visão ace ntuadam ente egoísta da vida, de cunho sentimental e rom ânti co. No fundo, gostam de admirar-se, "adorar-se", de se achare m maravilhosas e sublimes, e de se considerarem incompreendidas pelos outros. É com base nessa mentira que, de início até imperceptivelmente, põem -se a proc urar uma "alma irmã" que as compreenda. E uma "alma irmã" do mesmo sexo ... Se uma pessoa assim não combate essa auto-contemplação e esse sonho a respeito de sua suposta sublimidade, ela põe o pé na rampa, derrapando depois para todas as desordens monstruosas da vida homossexual. A esse respeito, leia na Sagrada Escritura o que diz São Paulo na Epístola aos Romanos, cap. 1, vers. 21 a 32. É impressionante. Outro segredo é a fuga

· das ocasiões próximas de pecado. Segundo a doutrina católica, há obrigação moral subgravi de evitá-las . Uma ocasião de pecado é próxima quando se percebe que pode levar logo ao peca-

Janeiro de 1997

CôNEGO JOSÉ Lmz VILLAC do. Por exemplo, manter amizade e freqüentar rodas de pessoas do mes mo sexo e m relação às quais o indivíduo, por um apelo de seus in stintos desviados, sente atração homossex ual. Assim, falar de "amizade" entre ho mossexuais sem temer que acabe, mais cedo ou mais tarde, desfechando no ato abomináve l, é o mesmo que achar possível brincar de riscar fósfo ros a dois milímetros da boca aberta de um tone l de gasolina e não prever a explosão. N ão é lícito.

Prática homossexual Por outro lado , a prática ou seja, manter relações sexuais com pessoas do mes mo sexo constitui um pecado abom ináve l aos olhos de Deus, daqueles que a Igreja classifica como "pecados que clamam a Deus por vigança" . De fato, na Sagrada Escritura são várias as condenações explícitas a esse pecado, mostrando eloq üentemente a sua ignomínia. Basta citar o proverbial exemplo das c id ades de Sodoma e Gomorra, que foram destruídas num apocalíptico di lúvio ele fogo vindo do céu, como castigo por esse pecado (Cfr. Gen ., cap. 18 e 19). Também no Levítico a condenação ao homossexualismo é clara e radica l: "Aque-

homossexual -

le que pecar com. um homem 7


como se foss e mulher, ambos cometem coisa execranda e sejam punidos de morte; o seu sangue caia sobre eles" (20, 13). Existem ainda con denações ao abjeto ato sodomítico em outros livros da Bíblia, que seria supérfluo acrescentar.

Requinte desenfreado de luxúria Nem sempre a prática homossexual (homossexualismo) deriva de uma tendência (homossexualidade) observada desde a juventude ou mesmo desde a infância. Muitas pessoas se tornam homossex uais por um requinte desenfreado de lu xúria. Querem ter novas "experiências" nessa matéria, embora antes fossem perfeitamente normais, ou seja, he-

terossexuais de tendência e de prática. Isto constitui um pecado ainda mais grave, '!Dois não se trata apenas de urna concessão à tendência desregrada e antin atural que porventura a pessoa já tivesse, mas sim da procura deliberada de um pecado contra a natureza, em busca de novas sensações torpes e vergonhosas, severamente proibidas por Deus.

"Vítima" do homossexualismo Outras vezes urna pessoa de tendência originária normal, heterossexual, pode ser "forçada" - note bem: forçada - a adotar práticas homossexuais devido a uma permanência prolongada em certos ambientes de baixo nível moral, corno penitenciárias,

navios em viagens de longo curso, etc. Neste caso o pecado, embora gravíssimo e abominável, pode não ter o mesmo grau de abominação do caso anterior, principalmente se a pessoa fo r vítima de violência para consentir no ato torpe. Mas deve heroicamente opor toda a resistência possível, sacrificando até a própria vida, a exemplo de uma Santa Inês, de Santa Maria Goretti e de tantos outros heróis da Fé e da Pureza. As pessoas que adotam práticas homossexuais nestas duas circunstâncias, geralmente ficam sendo taradas bissexuais, ou seja, com tendência e práticas sexuais com pessoas do mesmo sexo e do outro. Neste caso, suas práticas homossexuais consti tuern pecado gravíssimo contra a natureza, que ela-

rnam a Deus por vingança devido ao extremo grau de malícia que lhes é próprio, enquanto as relações heterossexuais, se realizadas fora do casamento, constituem pecado de fornicação ou, mais grave ainda, de adultério.

A importância da oração e dos Sacramentos Para evitar isso, é preciso pedir a graça de Deus e a especial proteção de Nossa Senhora. O que se consegue rezando e freqüentando assiduamente os Sacramentos. Porque, sem o auxílio sobrenatural da graça, nenhum homem é capaz de cumprir estavelmente os Dez Mandamentos, sobretudo o 6º e o 9º, ainda mais no mundo permissivista em que viveD mos.

Entre a luz e as trevas, entre Cristo e o demônio, a harmonia é impossível Estão, pois, muito equivocados os que acreditam possível e esperam para a Igreja um estado permanente de plena tranqüilidade, de prosperidade universal, e um reconhecimento prático e unânime de seu poder, sem contradição alguma; porém, é pior e mais grave o erro daqueles que se iludem pensando que alcançarão essa paz efêmera mediante a dissimulação dos direitos e interesses da Igreja, sacrificando-os aos interesses privados, diminuindo-os injustamente, comprazendo ao mundo, "no qual domina inteiramente o demônio" (1 Jo. V, 19), com o pretexto de captar a simpatia dos fautores de novidade e atraí-los à Igreja, como se fora possível a harmonia entre a luz e as trevas, entre Cristo e o demônio. Trata-se de sonhos doentios, de alucinações que sempre ocorreram e ocorrerão enquanto houver soldados covardes que deponham as armas à simples presença do inimigo, ou traidores que pretendam a todo custo fazer as pazes com os opositores, a saber, com o inimigo irreconciliável de Deus e dos homens (Encíclica Communium Rerum de 21 de abril de 1909).

8

CATOLICISMO -

Janeiro de 1997

A

SANTA ANGELA MERICI

Fundadora da Companhia das Virgens de Santa Ursula ROBERTO ALVES LEITE

S

anta Ângela Merici veio ao mundo em 21 de Março de 1474, em Desenzano, pequeno porto de pescadores na margem meridional do Lago de Garda (Norte da Itália) . Sua família era de agricultores, tendo a Santa nascido em urna propriedade rural. De sua mãe sabe-se apenas seu nome de família: Biancosi, originária da cidade de Saio. Não freqüentou escolas. A ciência consumada, que mais tarde o Espírito Santo lhe concedeu, teve como canal apenas a educação familiar. O chefe de família reunia todas as noites os filhos e os servidores para as orações e para a leitura de alguma passagem piedosa. Ângela demonstrou desde cedo muita sensibilidade por tais leituras e decidiu seguir a via da santidade. O traço dominante de sua personalidade era uma extraordinária pureza. Desde a mais tenra idade resolveu libertar-se das servidões do corpo por meio de uma intensa mortificação, limitando-se apenas ao necessário. As Virgens, sobretudo as que morreram para defender sua virgindade, ela as amava como irmãs gêmeas. Para Ângela, a virgindade representava o amor exclusivo de Deus, sem qualquer participação de outrem. Jamais imaginou outro destino para sua vida do que a de permanecer virgem para sempre. Não obstante, era muito bonita e atraente. Aos doze anos, seus belos cabelos louros causavam admiração às suas amigas. Uma delas lhe disse:

Contemporânea de Santo Inácio de Loyola, desempenhou papel saliente na luta contra o paganismo da Renascença e a PseudoReforma protestante "Com uma tal cabeleira, Ângela, não lhe.faltarão admiradores nem um bom casamento". Tais palavras, que encantariam qualquer moça, só lhe causaram remorso. Algo nela podia então levá-la por um caminho que, mais que todos, rejeitava? Enrubesceu envergonhada e, mal chegou em casa colocou cinza e fuligem na água fervendo, mergulhando seus cabelos nessa mistura, o que repetiu por vários dias, até que perdessem sua bela cor dourada. Assim, aos doze anos, sacrifica sua beleza para que nenhum outro olhar caia sobre ela, senão o do Divino Esposo das almas. Naquele mundo em que a corrupção da Renascença era ostentada com despudor e petulância, ela levanta o imaculado pendão da pureza e da virgindade.

As primeiras provações Aos treze anos, ainda sob o influxo das grandes consolações que recebeu com sua 'primeira comunhão, uma grande provação a atingiu: o falecimento de seu pai, modelo de homem católico, exemplo de virtudes domésCATOLICISMO-

Janeiro de 1997

ticas e continuador das mais preciosas tradições familiares. Embora muito freqüentemente os pais dos santos não sejam lembrados, em numerosos casos eles foram, pelo seu exemplo e pela educação que deram aos seus filhos, verdadeiros instrumentos nas mãos de Deus para a santificação destes. Ângela bem compreendeu o que tinha perdido e chorou a morte do pai. O grande amor que lhe devotava estava todo impregnado de um filial reconhecimento. Dois anos após, sua mãe também foi chamada à eternidade. Seis anos mais tarde, era a vez de sua irmã deixar esta terra. Deus queria eliminar do coração da jovem até os mais sagrados e legítimos liames terrestres, para que ela se entregasse inteiramente ao seu amor infinito.

Deus lhe anuncia sua missão No ano de 1506, para atender aos seus anelos, Deus lhe fez conhecer Seu desígnio sobre ela. Certo dia, quando trabalhava no campo, por volta do meio-dia, separou-se um pouco das jovens que a acompanhavam para rezar sozinha, entre as vinhas. Foi então que Deus lhe favoreceu com uma visão, em que aparecia uma escada que ia do céu à terra, por onde subiam e desciam um número incontável de virgens, alvas, ligeiras, entoando cânticos celestiais, no que eram acompanhadas por anjos, cujos instrumentos enchiam o ar de melodi9


osas sonoridades. Os sons, as cores, os Em Brescia movimentos se fundiam numa espécie Assim, durante esses dez anos, um verde apoteose da pureza sem mancha, da candura do lírio e da virgindatle per- dadeiro núcleo de discípu los se formou em torno dela. Entre eles, ocupavam lugar de feita. Uma delas se destacou dentre as companheiras. Ângela reconheceu nela destaque Jerônimo Pentagola e sua esposa Catarina. Moravam em Btescia, mas tiuma amiga falecida e esta lhe disse: nham uma propriedade em Patengo, pró"Ângela, saiba que Deus te concedeu esta visão para indicar que, antes ximo a Desenzano, onde passavam ovede morrer, tu deverás.fundar em Brescia rão. Assim conheceram Ângela que, a convite deles, por diveruma sociedade de sas vezes fez breves Virgens semelhanestadas em Patengo, tes a estas que vês; Sem escola, sem instrução, para gáudio de seus tal é a disposição ainda na infância resolveu anfitriões. da Providência a ser santa. Foi Fundadora Ora, no curso teu respeito" . . de 1516 os PentaApós tais palae conselheira de gola perderam seus vras os cânticos e Príncipes e Duques dois filhos, com as melodias cessabreve intervalo enram, a visão se tre os falecimentos. evanesceu. Ângela havia recebido sua Mensagem. Estava Como nada os pudesse consolar em sua ainda transportada em êxtase, um pou- imensa dor, pensaram em Ângela, a única que seria capaz de lhes dar nova co fora de si pelo que tinha visto, quanrazão de viver, de tal modo sentiam nela do suas jovens amigas a encontraram. presença de Deus. Pediram-lhe então, Por inspiração divina, contou imediatacom insistência, que lhes concedesse a mente a elas a visão que tivera, bem graça de sua presença na casa onde mocomo a missão que recebera de Deus. Maravilhadas pelo relato, todas deseja- ravam. Foi assim que Ângela se dirigiu a ram segui-la nessa via. Nem por um insBrescia, cidade designada na visão para tante duvidaram da realidade da visão, pois a tinham como santa e sabiam que ser o local da futura fundação. Apesar suas palavras eram fruto de um pensa- de ser bem maior, muito mais movimentada e mais brilhante que mento calmo e refletido. Desenzano, a fama de sua santidade lá

a

Ciência infundida pelo Espírito Santo Um fato extraordinário, evidência da ação do Espírito Santo sobre a alma de Ângela, levou sua fama de santidade ainda mais alto e mais longe. Ela, que nem sequer sabia ler, que ignorava todas as ciências humanas e não havia recebido outra instrução verbal além da matéria constante no catecismo, tornou-se de repente capaz de ler, não somente em italiano, mas também em latim. E mais: tornou-se capaz de comentar a teologia, especialmente a teologia mística, de tal sorte que lia não apenas nos textos, mas nas próprias almas, que desde então foram para ela como livros abertos. E m vista disso, aos visitantes habituais - as notabilidades e o bom povo de Brescia - se juntaram caravanas de eruditos , teólogos, legistas, diretores de consciência e filósofos . Submetiam-na a minuciosos interrogatórios e nem uma vez caiu ela em erro. Era de admirar a medida e a pertinência dos termos que empregava, a ponderação e a segurança de seu juízo, o equilíbrio e a prudência, enfim toda a sabedoria que dela se irradiava. Todos se admiravam corno

Apostolado que transformou uma região Ângela não conhecia Brescia nem as pessoas que lá moravam. Estava certa, porém, de que a fundação se faria lá, e não em outro lugar. Como não lhe havia sido ordenado abandonar imediatamente sua cidade natal e dirigir-se para a cidade indicada, ela decidiu esperar a ocasião suscitada por Deus para isso. Essa espera prolongou-se por dez anos, durante os quais sua atividade apostólica se intensificou e se ampliou. Ângela tinha uma graça natural, uma suavidade sorridente, uma afabilidade constante que lhe bastavam para atrair os corações. 10

Numa aldeia às margens do Lago de Carda, ao Norte da Itália, nasceu Santa Ângela •

CATOLI CISMO -

Janeiro de 1997

Em Roma, com o Papa

se difundiu tanto quanto em sua cidade natal ou em Saio.

Pintura da Santa com base na máscara mortuária

haviam sido ultrapassados por aquela humilde mulher, cuja ciência infusa superava com facilidade, das alturas da eternidade, o fatigante trabalho de séculos. E essa integridade doutrinária se manifestava precisamente nos mesmos anos em que Lutero lançava seu desafio ao Papa para dividir a Cristandade. De fato, a t01Tente luterana engrossava suas águas turvas, dividindo-se em outras torrentes que sulcavam a Europa em todas as direções, inflamando os espíritos a favor ou contra a heresia. Ao mesmo tempo se desencadeou a guerra entre o rei da França, Francisco I, e o futuro Imperador alemão Carlos V, estendendo-se por todas as províncias italianas do Norte. O vinho novo da Renascença acende, nos ambientes intelectuais, o orgulho da vida, que se manifesta nas obras literárias e artísticas; e, em todas as camadas da sociedade, um sensualismo triunfante. Combatendo a Revolução nascente em seu próprio campo, o meio social, e naquilo em que ela mais se esmerou em difundir naquela época, ou seja a revolução nos costumes, Ângela aparece como um autêntico baluarte da Contra-Revolução, opondo ao sensualismo a pureza virginal, e à heresia uma dócil e total submissão à ortodoxia doutrinária.

Empreendeu a Santa uma peregrinação a Roma, por ocasião do ano jubilar de 1525. Na Cidade Eterna tinha por hábito visitar igrejas, e, numa delas, encontrou-se com um dos camareiros secretos do Papa. E le a tinha por santa e ofereceu-lhe conseguir uma audiência particular com o Papa, o que ela aceitou com alegria. Deste encontro sabe-se apenas que Clemente VII insistiu com Ângela para que permanecesse em Roma, onde ela poderia dirigir, sob sua égide, obras de caridade. Ângela contou então ao Papa a visão que tivera em 1506 e a missão que recebera de Deus. Convencido da origem sobrenatural dessa missão, o Papa lhe recomendou então que voltasse a Brescia e cumprisse o quanto antes aquilo que Deus lhe indicara.

a direção espiritual iniciada pouco antes em Brescia, e da qual estava muito necessitado, devido à difícil situação em que se encontrava como conseqüência da guerra. Com a paz assinada em Cambrai, em 23 de Dezembro de 1529, e Carlos V sagrado Imperador pelo Papa Clemente VII, Ângela pôde voltar a Brescia.

Novamente em Brescia: a fundação

Ela sente então que se aproxima a hora de cumprir o que lhe fora indicado na visão. A muitos poderia parecer exagerado o tempo decorrido entre o anúncio da missão e seu cumprimento: 24 anos ( 1506-1530). E talvez julgassem ter havido negligência da paite de Ângela. Porém, se atentarmos às palavras da amiga, veremos que a mensagem divina não exigia o cumprimento Em Cremona imediato. Muito pelo contrário, era algo a ser realizado "antes de morrer", Pouco depois de Pregou eficazmente a seu regresso, foi ou seja, a fundação pureza e a virgindade obrigada a deixar se daria já no fim como armas contra a novamente a cidade sua vida. Revolução renascentista Assim, naquele de, ameaçada de ano de 1530, reupilhagem em niu , no pequeno consequência das devastações que a guerra fazia em todo o aposento onde residia, as doze moças por ela escolhidas para serem o núcleo Noite da Itália. Paite então, como refugiada, com seus amigos mais próximos, para original da Companhia de Virgens que tinha por missão fundar. Explicou-lhes Cremona. Mas não se trata da fuga de que elas não estavam destinadas a fauma pobre mulher trêmula de medo pelo terror da guerra. Ela permanece em sua zer parte de uma obra pia qualquer, mas a permanecerem virgens para sempre, posição de anjo tutelar, benfeitora e por meio de um culto especial à virginguardiã. Em meio ao triste êxodo, sua força de alma polai-iza as coragens, levanta dade cristã, constituindo tal chamado uma vocação muito especial. os abatidos, exorcisa os malefícios do desespero, consola a todos. Em Cremona passa-se em torno dela O objetivo inicial da Fundadora o mesmo que em todas as cidades onde Cabe aqui uma interrupção no rese encontra. Multidões a procuram no lugar onde reside, b€ln como altas perlato dos fatos para realçar um aspecto sonalidades do mundo religioso e dos totalmente novo da referida congregameios intelectuais e sociais. O elan das ção. É a ausência de vida em comum. almas para com Ângela redobra de inÂngela não procurou um lugar onde pudesse instalar um convento para aí tensidade devido às angústias da guerra. O próprio duque Francesco Sforza, residir com suas religiosas, mas apede Milão , também refugiado em nas um local onde pudesse reunir-se Cremona, continua a receber de Ângela com elas, dar-lhes as orientações adeCATOLI CISMO -

Janeiro de 1997

11


"Ao me obedecer, quadas e fazer cerUma virgindade obedecereis a tas orações em cocheia de graça natural, mum. Elas continuJesus Cristo" avam a residir em e avirtude amena e Em Janeiro de suas próprias casas, ""luminosa da Santa 1540, após ter indino mundo, para que conquistavam os corações cado a condessa aí dessem um testeLucrécia Lodroni munho eloqüente de uma virtude tipicamente contra-revo- como sua sucessora e reunido em torlucionária, a pureza, em combate dire- no de si as 150 virgens que formato contra a dissolução dos costumes, vam sua Companhia, entregou a alma caracaterística do neopaganismo ao Criador, não sem antes recomenrenascentista. dar expressamente a suas filhas: Suas filhas não seriam religiosas de "Obedecendo a vossas superioras é clausura, mas deveriam elevar-se como a mim mesmo que obedecereis; e, ao torres de marf~m no meio do charco, me obedecer, obedecereis a Jesus pela prática de uma pureza ilibada e Cristo, cuja misericordiosa bondavirginal, mostrando como uma das molas mestras da Revolução, a sensualidade, pode e deve ser vencida em seu próprio reduto, o mundo(*). Em 25 de Novembro de 1535 já havia 27 virgens reunidas em torno de Ângela. No ano seguinte ela submeteu a Regra da nova sociedade ao Cardeal-Bispo de Brescia, Francesco Cornaro, que a aprovou em 8 de Agosto de 1536.

Superiora Geral Como era esperado, Ângela foi eleita por unanimidade para Superiora Geral, apesar dos protestos que sua humildade lhe suscitava. Suas filhas, naturalmente, não cederam a tais protestos, mas foi necessária uma ordem formal do Cardeal-Bispo de Brescia para que ela aceitasse o cargo. Sua humildade, porém, fez mais duas exigências: a de não ser apontada como Fundadora no ato notarial que registrou a decisão do Capítulo, e a de colocar o novo instituto sob o patrocínio de Santa Ursula. Ela esperava assim ver seu nome desaparecer da própria obra, substituído pelo da gloriosa padroeira, virgem e mártir. Até sua morte, ocorrida em 1540, Ângela continuou a ser um modelo perfeito de santidade para suas filhas espirituais. 12

Freiras Ursulinas, em hábitos antigos

de me escolheu para ser, viva ou morta, a Mãe desta Companhia, ainda que, de mim mesma, fosse muito indigna disso". Partiu assim para a eternidade e para a glória celeste a Fundadora da Companhia das Virgens de Santa Ursula. Não é por mera coincidência que, enquanto Santo Inácio de Loyola designava a ordem que fundara como Companhia de Jesus, para indicar seu caráter militante, Santa Ângela Merici dava ao seu instituto o nome de Companhia, para indicar igual-

• CATOLICISMO -

Janeiro de 1997

mente seu aspecto militante contra o sensual ismo renascentista.

Combate ao poder das trevas A notícia de seu falecimento espalhou-se rapidamente por toda aregião, levando seus habitantes a se moverem em legiões para contemplá-la ainda uma vez antes de seu sepultamento. Finalmente, em 28 de janeiro de 1540, realizou-se o sepultamento na igreja de Sant' Afra, indicada pelas autoridades religiosas. Nessa ocasião, durante três noites consecutivas apareceu no céu uma estrela de brilho extraordinário, cujos raios convergiam para o ponto onde estava o corpo. Existe um aspecto de sua personalidade espiritual que nos é ainda pouco conhecido e no qual fica bem evidenciado o caráter profético e contra-revolucionário de sua contemplação e de sua ação. Esse aspecto torna-se claro mediante a regra que elaborou para sua Ordem, bem como através de seu testamento e suas lembranças. Tais documentos nos apresentam uma santa que discernia as vias de Deus sobre o mundo, contemplava a luta entre o bem e o mal, conhecia e denunciava a ação do poder das trevas nas pessoas e na sociedade. Mas também que apontava e utilizava os meios de luta mais adequados visando combater tal poder, segundo os desígnios de Deus para a época. Enfim, agindo no presente, tinha os olhos continuamente O postos no futuro! Nota: (*) O objet ivo deste artigo é descrever apenas a vida de Santa Ângela Merici, fundadora das Ursu linas. Não vamos considerar as transformações que a Ordem sofreu após sua morte, pois fu g iria à final idade deste relato.

Fonte de referência: Gaetan Bernovi ll e, Sainte Ange le M e ric i. Les Ursu/ine.1· d e Fra11ce et / 'Unio11 Ro111ain e, Bernard Grassei Éd. , Pari s, 1947.

PALAVRA/ DE VIDA ETERNA

Apresentação do Menino Jesus no Templo "Depois que foram concluídos os dias da purificação de Maria, segundo as leis de Moisés, levaram (o Menino Jesus) a Jerusalém para O apresentarem ao Senhor" (São Lucas, II, 22).

Comentários extraídos da Catena Aurea, 1 de Santo Tomás de Aquino "Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser; estava em idade muito avançada, e tinha vivido sete anos com seu marido, após o tempo da sua virgindade. Permanecera viúva até aos oitenta e quatro anos, e não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia com jejuns e orações. Comparecendo ela também, nesta ocasião, louvava o Senhor, e falava do menino a todos os que esperavam a redenção de Israel" (São Lucas, II, 36-38). Havia profetizado Simeão, havia profetizado uma que era casada (Santa Isabel), e havia profetizado uma virgem (a Virgem Maria); deveria também profetizar uma viúva, para que não faltasse nenhum sexo nem condição. Por esta razão, detém-se o Evangelista descrevendo a pessoa de Ana, dizendo quem era seu pai, qual era sua tribo, e dando como testemunhas muitos que viram seu pai e sua tribo. Ana, tanto por suas virtudes de viúva quanto por seus costumes, está representada como digna de anunciar o Redentor do mundo. Não é em vão que o Espírito Santo habitou nela. O primeiro bem é possuir, se possível, a graça da virgindade; mas, se isto não é possível, e sucede de a mulher perder seu marido, deve permanecer viúva e pura. Por esta razão mereceu esta santa mulher re-

ceber o espírito de profecia, porque se havia alçado ao cume da perfeição, por - - - - - - - - - - - - - - - - sua dilatada castidade e por seus prolongados jejuns e orações. Era, pois, graça; é filha de Fanuel, que quer dipor suas virtudes, conforme a Simeão: zer "face de Deus", e descende da triambos estavam no Templo, e juntos bo de Aser, que por sua vez quer dizer foram considerados dignos da graça bem-aventurado. profética. No sentido místico, Ana significa a Comentários do Pe. Luís Igreja, que ficou como que viúva pela Cláudio Fillion 2 morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ademais, o nome Ana se conforma Dispôs Deus que a primeira aparimuito com a Igreja, porque significa ção do Messias no Templo não passasse despercebida. Desde sua encarnação, deu a Nosso Senhor Jesus Cristo vários testemunhos que proclamaram sua entrada neste mundo. No Céu, os anjos; na terra, Santa Isabel, São João Batista, São Zacarias e os pastores. E vai completar o número no momento solene de sua apresentação no Templo. Havia então em Jerusalém um varão justo e temente a Deus, chamado Simeão, que esperava a consolação de Israel, ou seja, o Redentor. A fé e a piedade haviam radicado em seu coração, por assim dizer, o Espírito Santo, o qual lhe revelou que teria a felicidade de ver o Salvador do mundo antes de morrer. O

A Apresentação do Menino Jesus no Templo, afresco de Fra Angélico (Museu São Marcos, Florença)

Notas: 1- Santo Tomás de Aquino, Catena Aurea, Exposición de los cuatro evangelios, Vol. IV , Cursos de Cultura Catolica, Buenos Aires, 1946. 2- N. S. Jes1.1cristosegún los Evange!ios, Eô. Difusi6n, Buenos Aires, p. 73 .

Janeiro de 1997

13

CATOLICISMO-


Nordeste: o povo reza ... Brasifsª!~~~~''e as chuvas caem como bênçãos

o

CARLOS SODRÉ LANNA

"~'º

E assim vão aqueles penitentes, pelas estradas empoeiradas cheias de curvas e morros, pelos campos secos, sempre cantando: "Da fome da peste/ Livrai-nos

No,deste é "ma menos conhecida do que merece, abrangendo um mundo heterogêneo tanto quanto às suas características naturais como às socio-econômicas. Com efeito, o povo e as cidades que se encontram nesta área - na medida em que conservam suas sadias tradições não deixam de at1:air o visitante. Muito especialmente na luta contra as adversidades, o bom nordestino revela aspectos de

agora/ Olhai-nos pra sempre,/ Valei-nos, Senhora. Das duras desgraças/ De que o povo chora,/ Livrai-nos, ó Virgem,/ Valei-nos, Senhora".

No Raso da Catarina, a região mais árida do sertão baiano, a fé do povo simples obtém a fertilidade do deserto

alma dignos de admiração: sua fortaleza de ânimo e, sobretudo, sua ardorosa fé. Isto se manifesta mais particularmente nos embates que, não raramente, os habitantes daquela região travam contra as secas que assolam a zona semi-árida, delimitada pelo chamado Polígono das Secas, que abrange uma área de 936.993 km2, incluindo partes de nove Estados (Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas , Sergipe, Bahia e pequena faixa de Minas Gerais). * * * Os sertanejos nordestinos conhecem muito bem o clima e o calendário das chuvas na região, mas custam a acreditar que a seca venha realmente. Eles sempre esperam pelos "trovões do Piauí", que constituem a certeza de chuvas próximas. Mas se ninguém os ouve, voltam-se com fé para o dia de Santa Luzia, 13 de dezembro. Se a Providência tem por bem não os atender nessa ocasião, logo adiante vem o Natal, 14

que também pode passar em brancas nuvens. Alguns dizem então: "aí está São Sebastião,

"Quando Deus tarda, vem chegando": o milagre acontece

minha gente, podemos esperar, 20 de janeiro" ... mas nada de

Uma ligeira parada e logo seguem os pedidos ao glorioso São José, esposo da Virgem Maria, o Patrono da Igreja, santo das grandes decisões: "Os Santos nos asseguram/

chuva. Ficam preocupados e voltam-se para a última esperança, São José, dia 19 de março. Outra provação: São José parece não lhes dar ouvidos. Tudo está seco e árido, a vegetação já não existe, os animais morrem, e somente Deus poderá, com o milagre das chuvas, amenizar o sofrimento daqueles flagelados. Rogativas: procissões públicas

As rogativas são preces públicas pedindo chuvas para amenizar os efeitos da seca. Toda a população das zonas flageladas sai então em procissão pelas ruas das cidades e vilas, entoando cânticos religiosos, caminhando lentamente e levando um andor con, a imagem da Virgem Maria ou de seu esposo São José. E todos entoam repetidamente uma melodia : "A chuva do céu/ Mandai sem demorai Acudi ao povo/Valeinos, Senhora".

Lembrando o nascimento do Menino Deus, como recurso para demover Sua Santa Mãe, cantam: "Pelofeliz dia/ Pela f eliz hora,/ Em que Jesus nasceu,/ Valei-nos, Senhora. Pelo Deus Menino/ Que o povo adorai Socorrei a todos/ Valei-nos Senhora". '

O caminho a percorrer é longo, a noite vem chegando, mas aquelas vozes que ecoam no espaço, já dentro das penumbras do entardecer, não cessam de pedir o milagre das chuvas, costume de várias gerações de antepassados.

CATOLICISMO -

Janeiro de 1997

De José a proteção,/ Como certa e infalível/ Em toda ocasião".

Invocam a intercessão de São José junto ao Menino Jesus, procuram tocar as cordas mais sensíveis do seu coração: "Pedi ao Menino Deus,/ Pela cruz que tem na mão,/ Que defome nem de sede,/ Não mate seusfilhos, não./ Estamos em vossa presença/ Glorioso São José,/ Pedindo abundantes chuvas/ Por Jesus de Nazaré" .

Já dentro da noite, aquela procissão de preces avança rumo à capelinha, cujos sinos ressoam, batendo em sinal de luto o "Toque da Penitência"; e todos cantam: "Toda a Natureza sofrei Por causa dos pecadores". Quantas vezes, terminadas as "Rogativas",

quando os penitentes vão voltando pai·a suas casas,já sentem os primeiros respingos da chuva que começa a cair. As súplicas foram atendidas, pela Virgem Maria e São José, o milagre aconteceu. É uma chuva copiosa, como bênção dos céus, o que confirma um velho ditado do sertão: "quando Deus tarda, vem chegando". □ Fontes de referência: 1. Enciclopédia Britânica do Brasil, Publicações Llda., São Paulo, J993. 2. Joel Barbosa Ribeiro, Retalhos da Fale/are Nordestino , Thesau111s, Brasília, 1992.

ARMANDO VALLADARES:

22 anos de horror nas •

masmorras castr1stas "Via serem levados ao "paredón" de fuzilamento tantos de meus companheiros de cárcere, que morriam bradando "Viva Cristo Rei!"

E

steve recentemente no Chile - por· ocasião da VI Conferência de Cúpula Íbero-americana - o poeta cubano Armando Valladares, ex-preso político do regime comunista de Fidel Castro. Vall adares, que passou 22 anos nos cárceres do "Comandante Fidef' e se transformou em um dos líderes anticastristas de maior destaque internacional, foi convidado a visitar o Chile pela TFP daquele país e por diversas outras personalidades chilenas. Lá fez um dramático apelo em favor da liberdade de seus conterrâneos, que repercutiu largamente em todos os meios de comunicação. Homem de convicções católicas e antimarxistas, e com indiscutível carisma de liderança, resistiu a toda espécie de torturas. Através de sua fiel e valente esposa, Marta Lopez, uma católica fervorosa, começou a enviar clandestinamente mensagens ao mundo sobre as infernais condições de vida nos cárceres cubanos. Mensagens que às vezes eram escritas em minúsculos papéis, com seu próprio sangue e com o auxílio de um pequeno estilete de madeira, sendo depois publicadas no exterior. O enviado especial de Catolicismo, Gonzalo Guimaraens, acompanhou no Chile, passo a passo, as intensas atividades públicas desse conceituado lider anticastrista, e recebeu dele uma mensagem destinada aos leitores de Catolicismo e a todo o povo brasileiro.

Catolicismo - Qual foi o motivo de sua recente viagem ao Chile? Armando Valladares - Recebi um amável convite de uma comissão de personalidades chilenas, integrada por diretores da TFP desse país, pelo senador Ronald Mclntyre, deputado Carlos Caminondo, almirante Toledo de la Maza, reitor da Universidade Marítima do Chile, etc. Pediram-me que viesse a este nobre país para dar testemunho do panorama de injustiça, miséria e sangue em que jaz minha querida pátria, dominada pelo comunismo há quase 40 anos. Catolicismo - Foi por coincidência que sua viagem se realizou por ocasião da VI Conferência de Cúpula Íbero-americana no Chile? A. Valladares - Obviamente, não. Meus anfitriões julgaram, com toda arazão, que a realização paralela da dita Conferência - que contaria com a presença de Castro - contribuiria para dar um relevo adequado ao que eu pudesse expor ao público sobre o drama de meu povo. E assim foi. Catolicismo ~ Por que motivo os Presidentes íbero-americanos evitaram qualquer condenação explícita à violação dos direitos humanos em Cuba? A. Valladares - Os Presidentes temem Fidel Castro e por isso não o condenam. Daí se ter produzido nesta Conferência do Chile uma situação aberrante, na qual um regime que há quase40 anos exerCATOLICISMO -

Janeiro de 1997

Armando Valladares

ce uma tirania de pattido único -o Pattido Comunista - tomou parte numa reunião dedicada à democracia participativa. Catolicismo-Como definiria o Sr. a situação atual de Cuba? A. Valladares- Meu povo está subjugado e na mais negra miséria. Torturam-se pessoas e um quinto da população fugiu por razões políticas. O povo cubano vive esperando o abraço solidário dos mandatários íbero-americanos. Estes, porém, o negam às vítimas e o oferecem ao carrasco. E este fato é, como lhe dizia, algo aberrante. Catolicismo - Há quem afirme que Castro já não promove a guerrilha na América Latina. A. Valladares - Posso gai·antir que não existiu nem existe um só movimento guerrilheiro na América Latina que não tenha vinculação com o governo marxista de Cuba. Não existe um só guerrilheiro que não tenha sido treinado em Cuba ou que não tivesse vinculações com esta máquina que Castro montou há muitos anos. Catolicismo-Inclusive a guerrilha zapatista no México? A. Valladares - Inclusive, como o denunciou Daniel Alarcón, ex-militai· cubano que recentemente pediu asilo no Ocidente, e acaba de lançar o livro Vida e morte da Revolução Cubana. Castro é o "padrinho" das guerrilhas. Catolicismo- Passando agora ao seu longo período de duas décadas nas masmorras cast:ristas, que objetivo visavam os comunistas ao aplicar tão cruéis torturas ao Sr. e aos outros prisioneiros políticos? 15


j 1

A. Valladares - Todos os horrores e todo o te1rnr do sistema carcerário na Cuba comunista, que descrevo em meu livro Contra toda a esperança, tinham um 'óbjetivo muito específico: quebrar a resistência interna do prisioneiro para que este aceitasse os programas de reabilitação política. Catolicismo - Em que consistem esses programas de "reabilitação"? A. Valladares - Consistem em renunciar a tudo aquilo que os comunistas consideram como "contra-revolucionário". Ou seja, a pessoa deve renunciar às suas convicções religiosas, às suas convicções sobre a família e a sociedade, enfim, deve renegar essas idéias e jurar lealdade às idéias comunistas. Catolicismo - Além das pauladas, golpes de toda espécie e isolamento em celas imundas e cheias de excrementos, que outros métodos de t01tura utilizavam? A. Valladares - Um desses métodos era o de suspender a alimentação até

aceitarmos a "reabilitação". Em certa ocasião, durante 46 dias consecutivos no s privaram dos alimentos. Em consequência, seis de nós ficamos impossibilitados de andar devido a uma doença transitória chamada polineurite carencial. Catolicismo - Como conseguiu resistir, sem quebrar-se espiritualmente? A. Valladares - Eu havia chegado ao cárcere com uma formação religiosa católi-

ca. Minhas crenças eram genuínas, mas provavelmente superficiais, pois ainda não haviam sido submetidas a tão dura prova. Em meio a tantos sofrimentos, e quando via serem levados ao "paredón" de fu zilamento tantos de meus companheiros de cárcere, que morriam bradando "Viva Cristo Rei!", compreendi, como numa súbita revelação, que Cristo não era para ser invocado apenas para pedir que não me matassem, mas também para dar à minha vida, e inclusive à minha morte, se isto acontecesse no cárcere, um sentido que as dignificasse. Catolicismo - O Sr. teria algo mais a dizer aos leitores de Catolicismo? A. Valladares - Meu anelo é que os leitores de Catolicismo, e todos os brasileiros, tenham compaixão dos 11 milhões de cubanos escravizados na ilha-prisão, e rezem diariamente a Deus e à Virgem pela pronta libertação de minha pátria das garras de uma cruel tirania comunista. D

Cúpula iberp-~ · ,·;~çricana: t /;

uma Conferê.nai "

O

16

militar da China no Tibet e aos direitos humanos não foram respondidas. Eram assuntos "inconvenientes", afirmou Kou Yanjiang, o tal adido cultural. E ninguém reclamou. China locuta, causa.finita,eis aí a nomia atual e moderna. Na conversa com o Presidente Fernando Henrique, Li Peng atacou o protecionismo comercial brasileiro. Quer mais facilidades para a entrada de produtos chineses aqui, feitos lá com mão-de-obra praticamente escrava. Afi nal de contas, que "pe.tulância" nossa é essa de aumentar alíquotas de importação? Reiterou ainda que só existe uma super-potência militar e econômica - os Estados Unidos - e é necessário que haja várias. Entre elas, a China, naturalmente. Ou seja, quer que o Brasil se afaste dos Estados Unidos. Finalmente, seu colega de ministério, Liu Jang, da Agricul -

S

.

. '

► ' - -' ;~~~.

..

'

'

Fazendas coletivas chinesas no Brasil? Éo que eles querem!

tura, procurou o nosso, o Sr. Arlindo Porto, e manifestou o interesse do governo chinês em comprar terras no Brasil. Vamos então ter fazendas coletivas chinesas por aqui ? Neste caso, o latifúndio deixa de ser ruim? A resposta da questão fica para os deputados do PPS (ex-PC) e do PC do B, que recepcionaram o

• CATOLICISMO-Janeiro de 1997

chefe de governo chinês na Câmara ... Em res umo : de um lado, acinte e insolência; de outro, subserviência e insensibilidade ao sofrimento do povo chinês; portanto, dois pesos e duas medidas. Fica aqui um protesto, que certamente é um eco do que sente a imensa maioria dos brasileiros.D

f • 1

....==·-

undo da lua

Um ano de preparativos, 23 Chefes de Estado e de Governo se deslocam para o Chile, muitas reuniões ... e o resultado?

Chefe comunista chinês tratado a pão-de-ló primeiro-ministro chinês Li Peng visitou o Brasil na segunda semana de novembro do ano findo. O prontuário do político chi nês não é pequeno: foi um dos responsáveis pelo massacre dos estudantes em 1989, na capital chineza, quando pediam liberdade. Receberam tanques e balas, no episódio que ficou conhecido como "o massacre da Praça da Paz Celestial". Preside um dos governos do mundo mais insensíveis aos direitos humanos. A China é campeã nas execuções , após processos sumários e em campos de concentração. Pesam sobre seu governo as denúncias macabras de morte de bebês por inanição nas creches estatais. Na entrevista que concedeu à imprensa, o adido cultural da embaixada chinesa solicitou que as perguntas fossem encaminhadas previamente. As relativas à ocupação

,.

antiago - A organi zação da V/ Reunião de Cúpula ibero-americana foi esmerada e antecedida de longo planejamento. E não era para menos. Nunca na história do Chile se haviam reunido, no mesmo fim de semana, vinte e três Chefes de Estado, acompanhados de seus respectivos Ministros das Relações Exteriores, centenas de empresários das nações representadas e mais de seis mil jornalistas credenciados para tal ocasião. A "Casa Piedra", salão de eventos loca li zado em importante bairro residencial de Santiago, foi o lu gar escolhido para efetuar as reu ni ões dos Chefes de Estado e de Governo.

Aspectos controvertidos Sem embargo, o cordato espírito chi leno não podia deixar de ver, já antes de começar a reunião de cúpu la, alguns as-

pectos contraditórios. O primeiro e o mais gritante deles era a presença de Fidel Castro numa Assembléia reunida para falar sobre "governabilidade para um a democracia eficiente e participativa" . O governo chileno, in tegrado por democristãos e socialistas, qu is impedir por todos os meios a ''fidelização da reunião de cúpula" (ou seja, que os temas que a presença do Comandante Fidel trazia consigo fossem abordados em tal reunião). Em sua tentativa, chegaram quase a proibir a vinda de cubanos anticastristas a Santiago- como o Embaixador Armando Valladares. Ta refa impossívt!l para um país que não esqueceu a última vis ita, há vinte e cinco anos, 90 único Chefe de Estado comunista ainda existente no Continente americano e a longa sucessão de intromissões e violações dos direitos humanos provocadas por ele no próprio Chile. CATOLICISMO - Janeiro de

1997

Porém, a "fidelização" não se daria apenas por causa dos prejuízos ocasionados por Castro a este país andino, mas

Sombrio, Fidel Castro chega a Santiago

17


também, e muito principalmente, pela contradição entre o tema a ser estudado - "a participação dos cidadãos e as democracias efetivas"-, e a presença de um governante à testa de um regime discricionário, que viola há décadas os direitos básicos dos cidadãos cubanos. A este propósito comentou o Embaixador Valladares: "É como fa zer uma festa judaica e convidar Hitler". Por esta mesma razão, a TFP chilena dirigiu uma carta aberta ao Presidente de seu país, Eduardo Frei, na qual fazia notar o contra-senso de promover uma reunião sobre tal tema e omitir-se em condenar a opressão que sofre o povo da ilha-prisão. A carta em questão foi publicada no dia da inauguração da reunião de cúpula no principal diário desta nação. Indagado sobre o caso, o Presidente argentino, Saúl Menen, declarou que a posição assumida pela reunião de cúpula lhe parecia um "evidente contra-senso"; mas que sendo as resoluções tomadas em comum, não podia fazer valer sua opinião frente à dos demais Chefes de Estado. Ao finalizar a reunião de cúpula, todos reconheciam que o centro das atenções havia sido a presença de Castro e as polêmicas suscitadas a seu respeito. É importante destacar que a principal figura anticastrista que alertou os chi lenos e a imprensa internacional foi Armando Yalladares, que permaneceu por 22 anos como preso político nos cárceres cu-

banos, e que fora convidado pela TFP andina e outras personalidades nacionais.

Uma reunião de cúpula ... que só trata de "lugares comuns" Na hora de fazer os balanços, houve outro aspecto que não passou inadvertido ao povo chileno. Foi o conteúdo do documento final da reunião de cúpula, intitulado "Declaração de Viiia dei Mar ', na qual trabalharam ao longo do ano de 96 os representantes de todos os países membros. Não é possível, no curto espaço deste artigo, fazer uma análise do documento de quase quarenta páginas, redigido numa linguagem aparatosa e ao mesmo tempo vazia, e sempre estritamente laico. Diria o Conselheiro Acácio que as declarações feitas em uma reunião de cúpula e suas conclusões não devem se reduzir a lugares comuns. Se é verdade que a grande maioria das populações representadas nesta VI reunião de cúpula não lerá o texto completo da "Declaração de Viíi.a dei Mar", esta acabará por lhe chegar ao conhecimento através dos comentários da imprensa, pelas críticas dos analistas ou pela realização dos objetivos traçados. Pela mesma razão, espera-se daqueles que participam de uma reunião de cúpula ibero-americana, que façam ver em seus estudos, e máxime em suas declarações

Fidel Castro e Fernando Henrique: sorrisos

finais, a lucidez de seus princípios, a clareza de suas orientações e a sabedoria na resolução dos problemas gerais. Isto é precisamente o que falta à "Declaração de Vifia dei Mar". Nela não se lê qualquer idéia original e muito menos um pensamento brilhante. Mantém-se a uma tal altura e em tais generalidades que se diria ter se desvinculado da terra e de seus problemas; e depois desce tanto ao concreto que parece haver perdido a visão das alturas ... Em suma, a ela se poderia aplicar a censura que fazem os italianos a certo tipo de filosofia, ou seja é uma Declaração "com a qual ou sem a qual, o mundo vai tal e qual". Prova disto foi que um dirigente político como Fidel Castro pôde assiná-la sem encontrar problemas para a manutenção de seu regime. Este vazio no conteúdo da Declaração não pode deixar de causar a impressão de perda de tempo e de esforços em todos aqueles que, naturalmente, esperavam resu ltados proporcionados aos preparativos e às solenidades.

Um tema que preocupa a muitos

O aspecto soturno do presidente cubano contrasta com o ar festivo dos demais governantes

18

' CATOLICISMO -

Janeiro de 1997

Apesar do acima dito, as expectativas que, em vastos setores da opinião pública, cercavam os debates sobre o tema da VI reunião de cúpula, "Governabilidade para uma democracia eficiente e participativa", não deixavam de ter fun dadas razões.

Com efeito, ao concluir este milênio da era cristã, os espíritos parecem céticos, não só quanto ao seu futuro mediato, mas também quanto à possibilidade de serem ouvidos e atendidos pelos detentores da autoridade pública em suas aspirações imediatas e justas. Neste sentido, todos os observadores internacionais afirmam a existência de um divórcio crescente entre as aspirações dos particulares e os rumos da política, ou, para ser mais preciso, de uma política exercida por "políticos-profissionais" . A respeito desta grave situação o Prof. PI inio Corrêa de Oliveira, por ocasião dos debates em torno ao Projeto da atual Constituição brasileira, escreveu magistral estudo publicado pela revista Catolicismo, sob o título de "Projeto de Constituição angustia o País" (cfr. Catolicismo, Edição extra, 21 Opp., novembro de 1987). No referido estudo, o autor demonstra como a falta de idéias nos debates prévios às eleições gera uma crescente apa-

Publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes Ltda. Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Mariza Mazzilli Costa do Lago Registrada na DRT-SP sob o n• 23228 Redação e Gerência: Rua General Jardim, 770, cj. 3 D CEP 01223·010 São Paulo SP - ISSN 0008-8528 TEUFAX: (011) 257-1088 Fotolitos: Bureau Bandeirante de Pré-impressão Lida. Rua Mairinque, 96 CEP 04037- 020 São Pau lo SP impressão: Gráfica Editora Camargo Soares Lida. R. da Independência, 767 CEP 01524-001 São Paulo SP

Preços da assinatura anual para o mês de JANEIRO de 1997: Comum: A$ 50,00 Cooperador: A$ 75,00 Benfeitor: A$ 150,00 Grande Benfeitor: A$ 250,00 Exemp lares avu lsos: A$ 5,00 N.B .- O que exceder ao va lor da ass inatura co mum considera-se um donativo pura a difusão de Catolicismo e para as atividades cstallltárias da TFP

~m~wu~@ @rn t!\irrnrM@UIMlrnrM'ií@ t!\@ t!\~UfMt!\!Mirrn Telefone: (011) 223-4233

's@~~rn~IP@rM@mrM'sUt!\g Caixa Postal 9159 CEP 01065-970 São Paulo SP

tia pelas questões públicas em grandes parcelas da população. O que, por sua vez, vai questionando a verdadeira autenticidade do regime da democracia representativa. Este vital problema para a governabilidade, que afeta não só o Brasil como também todos os países representados na reunião de cúpula, era o que muitos esperavam ver tratado na magna Assembléia de Chefes de Estado ibero-americanos. Não cremos exagerado afirmar que, para tal análise, bastava acompanhar os pontos traçados no estudo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Aí seria encontrado um diagnóstico seguro e uma saída para essas complexas e importantes questões. Era especialmente indispensável abordar com decisão um de seus aspectos mais controvertidos, e que constitui o centro do problema da governabilidade: a existência de um eleitorado que efetivamente tenha opinião formada sobre os problemas que lhe dizem respeito, e os mecanismos necessários para favorecer o cultivo e forta lecimento de tais opiniões. "Se tal não se fi zer - afirma o saudoso Fundador da TFP brasileira - não adianta clamar, gritar ou urrar a favor da democracia. No presente, o principal fator da precaridade dela não reside em seus adversários, mas nela mesma, ou seja, no estado de espírito com o qual a praticam tantos e tantos que a louvam e aclamam".

Fonte da união: raízes ibéricas O Secretário Pro-Tempore da VI reunião de cúpula, Fabio Vio, encarregado da vinculação com os diversos países, afirmou que "esta comunidade (iberoamericana) se J.ustijtca por si só. Qualquer análise profunda deveria chegar a esta mesma conclusão. Apesar de no passado parecermos separados, são muito mais os e lementos que nos unem". A afirmação do Secretário Geral não poderia ser mais exata. As reuniões de cúpula ibero-americanas nasceram, "timiCATOLICISMO -

Janeiro de 1997

damente no início, como uma reunião de Chefes de Estado e de Governo que no ano seguinte celebrariam os 500 anos do descobrimento da América . .... Posteriormente, foi-se configurando este agrupamento, cujo ato final são as reuniões de cúpula" ("EI Mercurio", 9 de novembro de 1996). A origem das reuniões de cúpula ibero-americanas foi, então, a comemoração do quinto centenário do descobrimento do Novo Mundo.

Comunistas nas ruas de Santiago: com Fidel, não podia faltar propaganda ideológica

Decorridos cinco séculos daquele histórico acontecimento, os Chefes de Estado das nações dele nascidas se encontrnm, e como membros de um mesmo trnnco familiar, que cresceu e se dilatou ao longo dos anos e pelas vastidões de um imenso continente, se reconhecem e se confederam. Aqui está a razão de ser mais profunda de tais reuniões. A mesma origem, a mesma raça e sobretudo a mesma Fé. São estes os elementos que dão forma à grande família de almas ibero-americanas e lhe proporcionam um enorme potencial espiritual e material para enfrentar o pró xi mo milênio. Herdamos nossas raízes ibéricas de dois povos que brilharam pela fortaleza na Fé e pela ousadia nos empreendimentos que levaram adiante. De Portugal e da Espanha, e das raízes culturais que deitaram nas três Américas, é que nos vêm os elementos mais profundos que unem nossas nações. 19


Na realidade, nada une tanto os indivíduos e os povos corno os vínculos sagrados da Fé e da raça. Os interesses ma- .,, ' teriais, pelo contrário, podem ser comuns hoje e divergentes amanhã. GONZALO GUIMARAENS - ENVIADO ESPECIAL Apesar disso, em nenhuma nagem que teve lugar no Senado, com $antiage - Fui testemunha de um terdas seis reuniões de cúpu la a presença de Valladares, que foi sauremoto como poucas vezes presenciou rea lizadas até a presente data dado com eloqüentes palavras pelo sea história do Chile. Desta fe ita, felizse fez urna só alusão a esta nador Mclntyre e por outros senadores. mente, os únicos afetados foram Fidel mesma Fé católica que batiEntretanto, esta adesão ao povo cuCastro e seus sequazes. zou nossos povos. A linguabano, na pessoa do desgem é tão laica como poderia tacado lider anticastrista, ser o de uma reunião de cúpuse sentia também, ardola de nações pqgãs. rosa e emocionada, nas ruas, nas igrejas, nas Alguém poderá objetar universidades, em resque reconhecer tais raízes não taurantes, no Santuário é tarefa das Reuniões de Cúde Santa Teresa de Los pula de Chefes de Estado, pois Andes, enfim, por todas a maioria das nações são as partes em que o exlaicas; nelas, o poder espiripreso político se apretual está separado do poder sentava. temporal. O terremoto anticasRespondemos a nosso hitrista não passou inadpotético objetante que essa vertido igualmente aos Sergio de Paz, diretor dos Cubanos Desterrados, de Miami, fala em milhares de jornalistas amputação de suas raízes mais Santiago: importante atuação anticastrista em 1996 de todo o mundo que profundas produz na sociedachegaram a este país para cobrir a VI "Hasta cuándo las Américas de os mesmos efeitos que uma reunião de cúpula íbero-americana. tolerarán Castro?'. Este era o sugestimachadada na vida da árvore. Qual o resultado obtido por esse survo título de um artigo da revista da TFP Esta perde a seiva que lhe vem to anticastrista? Refiro-me, especificachilena sobre o drama de 11 milhões de suas próprias raízes, seca e mente, ao plano psico-social: certa misde irmãos cubanos, escravizados na por fim morre. teriosa anestesia, certa falta de sensiilha-prisão. Essa valorosa entidade Se os governos dos diverbilidade da opinião pública internaciorealizou,por ocasião da reunião da VI sos países participantes desenal em torno do drama do povo cubaCúpula ibero-americana,uma vigorosa jam ver a população de cada no, foi quebrada nesta nação andina. campanha pública de venda de tal puE isto é um sinal precursor que deve um deles acompanhá-los com blicação. encher de ânimo e ser tido muito em Com o correr dos dias, diversas perinteresse nas próximas reusonalidades da vida pública chilena foconta. niões, deverão saber mostrar O próprio Castro, vítima de sua cosram aderindo às manifestações de reum reconhecimento jubiloso tumeira loqüacidade, reconheceu ante púdio ao dirigente comunista, destacandos mais altos motivos que os um grupo de seus seguidores o clima do-se a declaração da Câmara de Deunem. amplamente desfavorável e hostil que putados do Chile, onde se condenava Do contrário as reuniões encontrou neste magnífico país, "quaenergicamente "a violação dos direitos ibero-americanas sofrerão o humanos em Cuba" e "os desmandos se como para tornar impossível minha mesmo divórcio que hoje seviagem" ... (cfr. "EI Mercurio", Santiado regime comunista de Fidel Castro". .para a classe política e os asgo, 11-11-96). Sintomaticamente, jorPorém, foi com a chegada do exnalistas de um vespertino constataram preso políticoArmando Valladares, que suntos públicos das preocupaque no último dia da reunião de cúpuo terremoto anticastrista se intensificou. ções do homem comum. Pasla "Fidel Castro caminhou em público As manifestações de solidariedade sarão a ser urna das tantas evidentemente sozinho, sem que neem relação ao povo cubano escravizaAssembléias internacionais nhum Presidente quisesse dele se do, na pessoa de Armando Valladares, que emitirão anualmente urna aproximar' (cfr. "La Segunda", Santiaforam numerosas e efusivas. Em nível declaração mais ou menos vago, 11-11-96). D oficial, a mais significativa foi a homezia de conteúdo e de conseO qüências.

Chile 1996: terremoto • • ant1castr1sta

20

' CATOLICISMO -

Janeiro de 1997

Apesar da notória miséria reinante em Cuba, Fidel Castro foi prestigiado também em Roma, na conferência da FAO

Surpreendentes omissões e tribuna prestigiosa para um grande produtor de fome - Fidel Castro

'1

que acontececia se, no de-

serto do Sahara, se insta las-se um governo socialista ou comunista? No primeiro ano morreriam os camelos, no segundo secariam os oásis e no terceiro começaria a importação de areia ... Esta pilhéria, que corre em certos meios antisocialistas, além do dito picante, tem uma dose apreciável de bom senso. De fato, já está por demais provado que o comunismo só é bom para produzir miséria, fome, injustiças e perseguições. Basta lembrar o espanto que tiveram os ocidentais ao poder circular livremente pelos países do Leste Europeu quando se abriram as fronteiras. Na antiga Berlim Oriental, por exemplo, ainda se viam ruínas da Segunda Guerra Mundial, enquanto

Berlim Ocidental era uma das cidades mais ricas do mundo.

* * * Curiosos silêncios e omissões ... De 13 a 17 de novembro do ano findo, realizou-se em Roma a chamada "Conferência Mundial sobre Alimentação", ou seja, uma reunião de alto nível da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e AI i mentação - Food and Agriculture Organization)°, da qual participaram 137 Chefes de Estado, estando representados 190 países. Naturalmente havia grande número de Secretários de Estado e toda uma coorte de altos funcionários. A gama ideológica e doutrinária das mais altas figuras representativas ia desde João Paulo II até o CATOLICISMO -

Janeiro de 1997

Primeiro Ministro chinês, Li Peng, passando pelo chefe do governo muçulmano da Indonésia, Suharto. Foram observadas algumas ausências importantes, como as do Presidente Clinton, do Chanceler Kohl e do Primeiro Ministro Major. O objetivo declarado dessa reunião era a redução do número de famintos em todo o mundo. Segundo estatísticas da FAO, da OMS (Organização Mundial de Saúde) e de outros organismos internacionais, existem no mundo cerca de 800 milhões de famintos. Ao contrário do que muitos poderiam supor, a "declaração final" já estava redigida e aprovada antes da conferência. A dita declaração considera "into-

lerável que mais de 800 milhões de pessoas no mundo, especialmente nos países em desenvolvimento, não tenham víveres suficientes para satis21


fazer suas necessidades alimentares básicas". Os Estados estabelecem então um

"o~jetivo imediato de reduzi-,; à metade o número de pessoas s.ubalimentadas até o ano 2015, o mais tardar". A declaração afirma ainda que

Como era previsto, a presidência do encontro foi oferecida ao Primeiro Ministro italiano, Romano Prodi. Porém, o mais surpreendente é que tenham nomeado Fidel Castro "vice-

presidente para a América Latina" (3).

Esquece-se que

É realmente incrí-

"cada ser humano tem vel que o ComandanCuba foi o maior direito ao acesso a uma te Fidel tenha a ousaalimentação sadia" e dia de apresentar-se exportador que "a alimentação não numa conferência do terrorismo e pode ser utilizada como destinada a eliminar a das guerrilhas instrumento de pressão fome do mundo e, política e econômica". pior ainda, não sinta E prossegue: "Os o menor constrangiconflitos, o terrorismo, a mento pela miséria a corrupção e a degradação do meio que submete o povo de seu país como ambiente contribuem de modo impor- conseqüência do regime que lhe imtante para a insegurança alimentar". põe. E exige "a supressão dos modelos não Numa tentativa de fugir a essa ressustentáveis de consumo e produção, ponsabilidade, Castro acusa o embarespecialmente nos países industria- go norte-americano de dificultar o li za dos" (1). A esta declaração, progresso econômico de Cuba. Porém marcada por um humanitarismo laicista e ecológico, se poderiam fazer vários reparos, sobretudo por suas omissões. Assim, por exemplo, referindo-se aos países subdesenvolvidos, a declaração omite dizer que na quase totalidade deles o regime vigente é fortemente socialista. Também silencia o fato de que regimes islamitas integristas, como o existente no Sudão, expulsam as populações não muçulmanas para o deserto, onde só podem receber alimentos se se "conve rtem" ao islamismo.

"Bode expiatório" para miséria: embargo norte-americano Porém, o mais surpreendente e inaceitável é que esta Conferência Mundial sobre Alimentação se tenha prestado a ser um palco publicitário de primeira grandeza para Fidel Castro, que mantém o infeliz povo cubano gemendo sob o jugo do pior tipo de ditadura da História, ou seja, o regime comunista, classificado pelo Cardeal Ratzinger como "a vergonha de nosso tempo" (2). 22

silencia sobre a torrencial ajuda financeira que recebe da Europa Ocidental, Canadá e América Latina. Mas nem assim consegue melhorar sua colheita de açúcar...

Às amabilidades Castro retruca com increpações Contrariando seus próprios hábitos, Castro utilizou um tempo menor do que o estabelecido pelo programa (7 minutos), para increpar a magna assembléia:

"Que mercurio cromo vamos aplicar para que em vinte anos haja apenas 400 milhões de famintos em vez de 800 milhões? Este objetivo, só por sua modéstia, já é uma vergonha! O mundo está cheio de injustiças. Cada dia se torna mais profundo o fosso existente entre os países ricos e os países pobres. Como não manifestar minha inquietação neste recinto?" Mais adiante referiu-se à "contundente opulência e ao esbanjamento das sociedades de consumo", bem como à "feroz competição para vender armamentos aos países subdesenvolvidos". • CATOLICISMO

-Janeiro de 1997

Como não podia deixar de ser, Castro mostrou-se favorável ao controle da população mundial. Segundo suas palavras, os nascimentos apresentam

Uma exposição agonizante para o fim deste milênio

"um ritmo de expansão terrível, e isso exige uma planificação, um controle dos nascimentos. Creio que a própria Igreja Católica está convencida disso". Esta última afirmação causou risos na assembléia ... (4) O breve discurso de Castro foi ovacionado durante mais de dois minutos por uma multidão impressionante de ... jornalistas! Como pode falar contra a fome alguém que reduziu a "pérola do Caribe" à miséria, convertendo-a na

"mendiga do Caribe"? Fala de injustiças. Porém, por que rara espécie de amnésia foi ele atingido, para se esquecer do "paredón" de fuzilamento, dos confiscos de terras, das expulsões e da fuga desesperada - com risco de morte - de milhares e milhares de cubanos de ambos os sexos e de todas as idades, para escapar precisamente à injustiça de seu governo antinatural? Ele se refere aos países ricos que vendem armas aos países pobres, mas não diz uma palavra sobre si mesmo, que foi e é um dos maiores exportadores de armas de todo tipo para favorecer as guerrilhas e o terrorismo nas Américas Central e do Sul, que já causaram a morte de milhares e milhares de pessoas inocentes. Terá ele se esquecido ainda de suas aventuras militares em Angola, Moçambique, etc ... Porém, o que mais surpreende é que a FAO, que se reune com o objetivo de lutar contra a fome, conceda tanta honra e prestígio a quem carrega tal passivo, isto é, a pesada culpabilidade num terreno que é específico da atuação da referida organização internacional. D Notas: ( 1) " Le Monde", 15- 11 -96. (2) Viuorio Messori , Cardeal Ratzin ger: Rapporto

sulfa Fede. Sobre a situação em Cuba, ver Hasta cuando los cubanos soportarán ai tirano Castro ?, Cubanos Desterrados, Miami. (3) " Le Monde", 15- 11 -96. (4) "Le Figaro", 18- 11 -96.

ROSÁRIO MANSUR GUÉRIOS

A

contecimentos marcantes semi!!!!} ::l pre deixam recordãç3es na memória dos povos. Elas serão intensas para alguns, medianas para outros, talvez simples lembranças para a grande maioria. E para registrá-las - dada a volatilidade da memória pública - costumavam-se edificar monumentos representativos dessas ocasiões. Foi assim com a Exposição Universal de 1889 em Paris, cujo monumento, a Torre Eiffel, ainda atrai milhões de turistas. Realmente, a vista de Paris que ela propicia é única. Com a vantagem inapreciável de não se ver a própria torre ... Há outros acontecimentos, grandes até, que, por sua natureza, não costumam deixar um monumento. Deixam, ao contrário, uma sensação de alívio. É o caso das Bienais de Arte, como a que se encerrou há um mês: a 23ª delas, intitulada "A desma-

terialização da arte no .fim do milênio". Se esta antepenúltima exposição do II milênio já atingiu tais desvarios, o que poderá acontecer na derradeira Bienal do ano 2.000? Seria engano imaginar que essa exposição, por não ter deixado um monumento, teve pouca influência. Na

verdade deixou mais que um monumento. Marcou as pessoas que desfilaram - irrefletidamente, na grande maioria dos casos - ao longo dos cinco quilômetros da mostra. Diante "das cerca

de 1.500 obras concebidas por 136 artistas de 75 países" (Folha de S. Paulo, 310-96), tais pessoas talvez nem sequer tenham notado a contradição do próprio título da mostra, pois a arte plástica supõe matéria.

"Arte" menos "arrojada"

que o quotidiano Em que sentido essa marca equivaleria a um monumento? Uma das teses que Catolicismo vem sustentando, confirmada pelos fatos, é o crescente desinteresse do público por exposições do gênero. E isso liga-se ao papel que elas exercem. Com efeito, quando surgiram as Bienais de Arte, no já longínquo ano de 1953, seu caráter de vanguarda do desvario contrastava com os hábi- · tos e restos de comportamento civilizado daquela época. A sucessão das mostras e a decomposição da sociedade caminharam lado a lado, atenuando os contrastes. CATOLICISMO

Diante da radicalização das exposições, o público deixou de reagir no mesmo diapasão. Inicialmente os

vanguardeiros, osprogressistas, sentiam-se desafiadoramente ousados nas suas atitudes. Havia tanto o que destruir, havia tanto a que se opor: o futuro era a grande esperança. O futuro chegou. O que aconteceu, e o que se vê? Um campo devastado. Qual o interesse de se ir a uma exposição de arte, se o dia-a-dia nos oferece coisas tão ou mais arrojadas do que as obras expostas? Se até nas próprias igrejas, outrora verdadeiros relicários de obras de arte, passou-se a adotar arquitetura e imagens perfeitamente consoantes com muitas das piores obras das mostras?

Seria este o fim do caminho? Infelizmente, não. "Os

erros geram erros, e as revoluções abrem caminho umas para as outras", ensina o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ao desenvolver "A

marcha de requinte em requinte" da Revolução (cfr. Revolução e Contra-Revolução, cap. VI, 3). Se tudo é arte, nada é arte ... Diz-se que alguém tem bom senso quando adota meios razoáveis para fazer ou dizer algo. É de bom senso atravessar uma rua movimentada atentamente, caso contrário sofre-se um acidente. Numa roda de conversa, não faz sentido todos falarem ao mesmo tempo, pois ninguém se

Qin Shi Hua (China)-Quadros da esquerda para a direita: "Vista aérea da floresta", "Ladeira", "A beira do lago". (Coleção do artista - Cortesia Hamart T. Z. Gallery).

-Janeiro de 1997

23


teto da sala de visitas, numa casa (ainda hoje), seri a um sinal de desequilíbrio? Se tudo é arte, nada é arte. É este o "decreto ditatorial" que emana dessas Bienais.

Em primeiro plano, "Tubos Brancos"; ao fundo, "desenhos parietais", de Sol LeWitt.

entende. Mas o bom senso pode ser facilmente fragilizado. Diante de um quadro de arte clássica - de um Fra Angelico, digamos -qualquer pessoa é capaz de admirá-lo, de entendê-lo. Não requer esforço extraordinário da inteligência. Na sua singeleza, entra-nos pelos olhos e o admiramos. Não é o caso da arte moderna. "A dúvida que surge é se a mosquinha que está no chão pode ou não ser esmagada. Tudo porque há o risco de estar se.destruindo uma obra de arte", diz uma articu lista do "Jornal do Brasil" (289-96). 24

O artista "Christian Lemmerz, da Dinamarca, apresentou uma inusitada árvore de natal. Feita de arame.farpado, com bolas espe lhadas entre lâmpadas, a obra repousa sobre pedaços de espelhos, nos quais, a pedido do artista, devem ser depositadas um milhão de moscas mortas" (id. Ib.). Isto é arte ou é impostura? O simples bom senso, útil para se atravessar uma rua com segurança, fica abalado diante do prestígio dispensado a uma banalidade dessas. Por que isso seria considerado arte, e um chinelo pendente do

vermelha, com barba preta pontuda. Diante desta "obra", corno por toda a mostra, o público - crianças, na grande maioria, alguns jovens e adultos - circulava de modo rápido, sem praticamente se deter: a maratoMaratona de 5 km na consistia em passar por ameaça crianças e todos os 30.000 metros quajovens drados da mostra. Se a intenção era conquistar o coNesta exposição repeti- ração das multidões, só obram-se aspectos já apon- tiveram um olhar displicentados por Catolicismo em te e apressado das pessoas. anos passados, tais como o Pergunta-se: é de bom tédio, o escatológico e o sasenso levar crianças a ver coisas que são impublicáveis mesmo nos jornais comuns? Tornar as pessoas indiferentes ao feio, ao horrendo, ao imoral, não equivaleria a deixar nelas uma marca maior do que a provocada pela Torre Eiffel? Segundo informação do "Jornal do Brasil", edição de 9-12-96, houve "Obra de arte" de Nestor Otero um decréscimo tânico. A propósito, a co- do número de visitantes ennhecida revista britânica tre as exposições de 1994 e "The Economist" (23-11- 1996. Na primeira, 500 mil 96) destacou o caráter "te- pessoas visitaram a mostra, diosamente escatológico" enquanto na segunda estide algumas obras, citando ma-se a freqüência do públiuma vulgar cortina feita co em apenas 385 mil pescom peças íntimas e sujas soas. do vestuário masculino. Sintoma este muito sigE foram mais além. nificativo e particularmenNum dos três andares, em te decepcionante para aqueárea aberta, havia uma fo- 1es que acreditam na tografia-silhueta de um ho- pretensa popularidade da mem nu, em tonalidade "arte" moderna. O

, CATOLICISMO - Janeiro de 1997

ITR: uma questão fundamentalmente moral e religiosa À luz da doutrina católica não é lícito usar a tributação como elemento de confisco da propriedade, seja ela produtiva ou não o início da década de 60, duas correntes se digladiavam no panorama nacional em torno de projetos de Reforma Agrária soc ialista e confiscatória. Os argumentos então usados eram de índole econômica, social e política. Porém, o fundo do problema, que dividia os espíritos, não estava suficientemente claro no debate. Coube ao saudoso Prof. Plinio Corrêa de Oliveira pôr às claras, diante de todo o Brasil, que o fundamental do problema era moral e religioso. E que a Reforma Agrária importava numa grave questão de consciência ( 1), por seu ataque frontal ao direito de propriedade, direito este sagrado segundo a doutrina católica. Diz, por exemplo, Leão XIII: "Alguns professam a opinião, assa z vulgarizada, de que a questão social, como se diz, é somente econômica; ao contrário, porém, a verdade é que ela i principalmente moral e religiosa, e, por este mesmo motivo, deve ser sobretudo resolvida em conformidade com as leis da moral e da religião" (Encíclica Graves de Communi). O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, analisando embora exaustivamente os importantes aspectos temporais - sociai s, políticos e econômicos - do tema, havia posto o dedo na cha-

N

A TFP apela às autoridades do País, especialmente aos Senhores Parlamentares, para que não violem a consciência da maioria dos brasileiros, aprovando leis ou medidas contrárias a suas convicções religiosas. Pois, atentar contra o direito de propriedade é violar dois mandamentos da Lei de Deus: VII - Não roubarás e X - Não cobiçarás as coisas alheias. Ninguém se iluda: a maioria dos brasileiros

é de formação católica. Explicitamente ou não, deseja que nossa legislação se ajuste aos dez Mandamentos. ga ao colocar dentro do debate o seu caráter fundamentalmente moral e religioso.

1. Hoje, 36 anos depois ... Este episódio da história recente do Brasil agora se repete com o novo Imposto Territorial Rural proposto pela Medida Provisória nº 1528, de 19 de novembro de 1996 (2). Com efeito, ao exprimir o intuito de viabilizar a Refor~a Agrária socialista e confiscatória, essa MP recoloca a questão nos termos morais e religiosos mais agudos, agredindo assim profundamente a consciência católica da grande maioria de nosso povo. Confessadamente, o ITR não está se ndo modificado apenas

para aumentar a arrecadação do Estado, mas, sobretudo, para implantar a Reforma Agrária sociali sta e confiscatória. Co ncebida para impor o fracionamento das terras, ou simplesmente seu abandono total nas mãos do Poder Público - pois

obriga o proprietário a produzir além de sua capacidade atual, segundo índices arbitrariamente estabelecidos pelo Incra - a MP do ITR confere ao Estado meios de mutilar o direito de propriedade, em oposição ao ensinamento tradicional da Igreja: "A propriedade particular não seja esgotada por um excesso de encargos e de impostos. Não é das leis humanas mas da natureza que emana o direito de propriedade individual; a autoridade pública .... obra contra a justiça e contra a humanidade quando, sob o nome de impostos, sobrecarrega desmedidamente os bens dos particulares" (Leão XIII, Encíclica Rerum Novarum). "O direi/o de propriedade privada, mesmo em relação aos bens empregados na produção, vale para todos os tempos. Pois depende da própria natureza das

NOTAS ( 1) Cfr. Plí nio Corrêa de Olivei ra et alii, Reforma Agrária - Questão de Consciência, Editora Vera Cru z, São Paulo, 1960. (2) Segundo a i111prensa, a Receita Federal esti 111a que, para a maioria dos proprietários rurai s, o au111ento do ITR ficará e111 torno de 350%. Conforme a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), as propriedades produtivas sofrerão au111ento da carga tributária de 66 a 242%, excetuando-se só as propriedades 111uito pequenas. No caso dos cha111ados " latifúndios i111proclutivos", a alíquota cio ITR chegará até 20%, ou seja, se seus proprietários não tivere111 meios de pagar, e111 5 anos completam-se os l00% e poderão ser li111inar111ente confi scados pelo Estado. Confor111e o secretário da Receita Federal, Sr. Everarclo Maciel, o novo LTR arrecadará ma is de R$ 1 bilhão e111 1997 e R$ 1,6 bi lhão e111 1998 (cfr. "Jorna l cio Brasi l", 20- 11 -96). Dinheiro este tirado cios proprietários rurais.

CATOLICISMO -Janeiro de 1997

25


coisas" (João XXIII, Encíclica Mater et Magistra).

2. A função social do direito de propriedade não legitima uma Reforma Agrária ,.. socialista e confiscatória Certo é que todos os direitos naturais têm uma função social. Até mesmo o direito à vida. As-

var suas terras. Ele pode ter razões legítimas para deixar inculta uma prute de suas te,rns, ou mesmo sua ,~ totalidade, e nem por isso perde o direito à propriedade (3). Entretanto, se comprovadamente daí decorrer grave dano para o bem comum , o direito de não cultivá-las cessa. Não cessa porém O· direito de propriedade. Nesse caso, o Estado pode exigir

mo crescente,ao pagamento das terras com moeda podre, às invasões coonestadas pelo Incra, a Reforma Agrária vai se transformando num ogro insaciável de deglutir a propriedade privada no campo. Assim abalada a propriedade no âmbito rural, quem poderá garantir que ela subsista por muito tempo nas áreas urbanas e nas empresas? Tanto mais quanto o velho e sombrio objetivo da Revolução social ista mundial - de eliminar a propriedade, seja ela agrária, urbana ou empresru·ial não esmoreceu, apesar das estratégicas metamorfoses por que passa no momento, após o ruidoso colapso do comunismo no leste europeu.

4. No Brasil, não há insuficiência de produção

TFP encerra em São Paulo uma de suas campanhas contra a Reforma Agrária

sim, o Estado pode exigir que uma pessoa arrisque a vida numa guerra justa. Porém, a primeira e mais fundamental função social de qualquer direito é o seu pleno e normal exercício. Seria fa lso, por exemplo, afirmar que a principal função do direito à vida é arriscálo na guerra. Ademais, a função não elimina o órgão; assim, a função social não pode eliminar nem depauperar o direito de propriedade, apenas o condiciona a uma razão mais alta. Por outro lado, contraria a doutrina católica e violenta as consciências retas confiscar a propriedade simplesmente por(!ue ela é pouco explorada ou mesmo não é explorada. Pio XI deixa isto claro: "É alheio à verdade dizer que se extingue ou se peide o direito de propriedade com o não uso ou abuso dele" (Encíclica Quadragesimo Anno). Assim, o proprietário tem, em princípio, o direito de não culti-

26

que o proprietário cultive suas terras, auxiliando-o com orientação técnica, facilidades de crédito e o que mais couber, a fim de sanar a situação de insuficiência que esteja prejudicando o bem comum. Pode até lançar impostos sobre o imóvel - sem qualquer intuito confiscatório - a fim de compensar o prejuízo que o bem comum sofre com a inoperância do propri etário. Como último recurso, o Estado pode inclusive desapropriai· as terras, mas esta expropriação deve ser feita segundo as normas da justiça, muito diversas de um confisco puro e simples, ou velado, sob as aparências de uma expropriação a preço vil (cfr. nota l).

3. O ITR, mais um instrumento da malfadada Reforma Agrária, a caminho da Reforma Urbana e Empresarial Somando agora a via do imposto às desapropriações em rit•

CATOLICISMO -

A realidade nacional deve ser analisada em função de fatos concretos e não segundo o quadro simpli sta pintado pelos fautores da Reforma Agrária. Conforme estes, haveria multidões incontáveis, no campo e na cidade, passando fome e necessidades de toda ordem, as quais poderiam ser remediadas - se não de todo resolvidas - se se desse a cada desempregado rural ou urbano um lote de terra do qual ele extraísse o seu sustento e o de sua família. A Reforma Agrária seria então a panacéia que, como uma varinha mágica, resolveria todos esses problemas.

Quanta ilusão ! Não se apresentam provas de que tal quadro seja verdadeiro. Pelo contrário, está demonstrado, com dados objetivos, que a agropecuária nacional está cumprindo seu papel e produzindo com abundância suficiente para alimentar todos os brasileiros e até para exportar (4). Ademais, a solução proposta abstrai do fato de que a distribuição de lotes pela Reforma Agrária - os famosos assentamentos - só produz miséria e fave las rurais, como têm mostrado diversas reportagens in loco promovidas pela TFP (5). Numerosos são os depoimentos de pessoas inteiramente alheias à TFP - várias delas partindo de pressupostos técnicos e ideológicos opostos aos desta entidade - que confirmam esse diagnóstico. Neste sentido é significativo o depoimento do Reitor da Universidade das Nações Un idas (órgão da ONU), o professor brasileiro Heitor Gurgul ino de Souza: o Brasil não tem nem terá a curto prazo problemas para alimentar a população. A fronteira agrícola ainda não foi totalmente explorada, os índices de produtividade aumentam a cada ano, o clima é favorável e a água farta. Se existem brasileiros que não conseguem comer, isso se deve a problemas políticos (cfr. FSP, J4-11 -96). Mas se o problema da fome resulta de contingências políti-

A TFP em ação contra a Reforma Agrária

, Conferência contra a Reforma Agrária em São José do Rio Preto (SP). Em baixo, propagandistas da TFP divulgam o Informativo Rural na

Exposição de Esteio (RS).

NOTAS (3) Por exemplo, o agricu llor ou pecuarista pode julgar conven iente ter uma área em descanso, ou sem utili zação imed iata, para um me lhor aproveitamento da propri edade. Ou em decorrênc ia de circunstâncias alheias à sua vontade, como a falta de crédito, política de preços desalentadora para o pl antio do produto mai s adequado a certas zonas, etc. (4) Ali ás, segundo a FAO, o Brasi I perde 30% de sua produção agrícola por ano por deficiência administrativa , e está na li sta dos países que fazem o pior uso ele seus recursos. (5) Cfr. Atíli o Gui lherme Faoro , Reforma Agr6ria: terra prometida, favela rural ou kolkozes? Mistério que a TFP des venda, Ed itora Vera Cruz, São Pau lo, 1987 ; Refonna Agr6ria semeia assentamentos - Assentados colhem miséria e desola ção, da Comissão de Estudos Agrários da TFP, Artpress, São Pau lo, 1996; Catoli cismo nºs 447 , 453, 465 , 472-473 e 476; "Informativo Rural" da TFP, diversos números; pesqui sa do Instituto Vox Popu li , encomendada pela CNA.

Janeiro de 1997

À esquerda, conferência para lavradores em Claro dos Poções (MG). Acima, dois flagrantes da atuação da TFP visando furar o balão da Reforma Agrária em Redenção, no Pará. CATOLICISMO

-Janeiro de 1997

27


agro-reformistas acharam mais prudente evitar submeter a questão ao veredicto popul ar, fazendo aprovar a Reforma Agrária por meio de conchavos parlamentares. Não há prova da necess idade da Reforma Agrári a, mas as há de que ela até agora redundou em rotundo fracasso, de forma alguma resolvendo os problemas dos trabalhadores. De qualquer modo, ainda que se provasse a necessidade da Refo rma Agrária para o Brasi l, o ônus dela não deveria recair apenas sobre os proprietários rurais. Pois não são eles os culpados ele

cas, de natureza política é também toda essa movimentação de sem-terra, de campanhas contra a fome, do aumento espoliativo do ITR, etc., que visa impor ao Brasil uma Reforma Agrária socialista e confiscatória. 5. O ITR se esquece do imenso latifúndio estatal Os que declamam em favor da Reforma Agrária insurgindose contra o caráter "latifundiário" de certas grandes propriedades em geral fazem caso om isso do fato de que o Estado é maior latifundiário do que todos os outros latifundiários somados. É de pasmar que o ITR, espoliando os atuais proprietários, nada fará senão aumentar ainda mais o imenso latifúndi o estatal. Ademais, a fixação de um limite máximo de área para as propriedades rurais, além do qual se penaliza o dono e até se lhe tira o que é seu, seja através de impostos ou outra fo rma de confisco, não pode ser o meio normal de resolver os problemas num país civ ilizado, cuja ordem jurídica repou sa so bre a intangibilidade dos direitos adquiridos. 6. É falso afirmar que o ITR espoliativo seja fator de produtividade Argumenta-se em favor de um ITR extorsivo com a falaciosa suposição de que ele acabaria com a "improdutividade" da terra. Dizemos falaciosa, porque tal suposição, de índole socialista, só se tornaria realidade no "mundo da lua". Cumpre observar, em primeiro lugar, que pode haver razões téc'1icas que justifiquem a não exploração de terras em ceitas condições ou circunstâncias (cfr. nota 3). Em segundo lugar, o conceito de improdutividade do Incra constitui fator deses timul ante para o produtor. Consagrar-se a um labor estafante para cu lti var urna propriedade, a fim de evitar

28

A TFP esclarece a classe rural

hoje a taxação exagerada da propriedade "improdutiva", é exporse ao risco de que já amanhã o Incra considere "improdutiva" a qu e hoj e é "produtiva": risco hoje, dano amanhã. Ademais, se o Estado considera tão prejudicial para o País a existência de terras ditas "improduti vas", porque não começa ele por distribuir as suas, na presunção - que é a dos agro-reformistas - de que os assentados as tornarão produtivas? 7. Especular com terras pode ser justo Um dos argumentos que mais se tem utilizado como base para impostos extorsivos e desapropriações é o fato de que alguns proprietários usariam suas terras para especular e não para produzir. Em princípio, especu lar com terras, como com qualquer outra espécie de bens, pode não ter nada de censurável. A aplicação de capitais em imóveis rurais, sem intuito imediato de plantar, mas para constituir um fundo de reserva destinado a garantir o futuro próprio ou dos seus, é operação lícita, segundo a doutrina católica, e não há porque levantar-se contra ela, como se fosse ação de si mesma abominável.

to da ordem econômico-social do País. Ele se insere, pois, na esfera temporal. Ademais, é ele tão sagrado que consta de dois mandamentos da Lei de Deus. Defendêlo importa, pois, em uma obrigação moral e religiosa, e violá-lo atenta contra a Lei de Deus, constitui nclo, portanto, um pecado. Por ce1to, a obrigação primeira de defender a moral cabe aos Pastores, mas não é excl usiva deles. Em matéria de tal grav idade, qualquer fiel pode e deve atuar, na medida de suas capacidades . Tal dever se impõe sobretudo a leigos católicos organizados numa associação civ il , como a TFP, quando a matéria esteja situada em ambos os terrenos: o religioso e o temporal. Assim , nossa consciência de católi cos, que nos impeliu are-

di giro presente comunicado, nos leva agora a um apelo final , tendo em vista os mais altos interesses da Pátria. Apelamos a nossos governantes para que retirem a presente MP e aos srs. parlamentares para que a rejeitem e não imponham aos proprietários rurais um fardo tão pesado e injusto, quanto atentatório à moral católica.

*

* *

Este comunicado constitui uma homenagem da TFP a seu Fundador, o saudoso Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Como nosso mestre, modelo e gui a, foi ele o grande batalhador ao qual o Brasil deve muito do que lhe resta do sagra-

do direito de propriedade. Dele aprendemos a co ncluir nossos trabalhos devotando-os sempre à Virgem Santíssima que, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, é Rainha do Brasil. Assim , encerramos com as palavras de fé, esperança e ternura mari al de nosso querido e inesquecível Fundador: "Quanto, Senhora, é doce vossa c~fabi lidad e! E quão imperscrutáveis vossos desíg nios! Vós nos fa zeis sentir ele mil modos - nos dia s de penumbra, como nos de luz - as deli cadezas grandiosam.ente sábias ele vossas vias e, ao mesmo tempo, as minúcias de vossas misericórdias. É o conjunto ele luzes que acendeis ao longo de nossos passos.

"L uz necessária, porque desejais que caminhemos o mais elas vezes cercados de sombras, encontrando mil pedras pelo caminho, e por vezes atrás das pedras, emboscadas inesperadas. "Quereis que confiemos na prova e na borrasca. Mandais uma e outra para que sejamos abnegados, e mandais vossas carícias para que avancemos na Fé. "Essa é a magnitude rég ia ele vossa via. Ajudai-nos ao longo dela, ó Sede da Sabedoria e Mãe de Misericórdia. Amém".

São Paulo, 1° de dezembro de 1996.

O Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP

Surpreendente apelo do Conselho Permanente da CNBB em prol da aprovação de projetos de lei atentatórios ao direito de propriedade

Apoio da agropecuária a abaixo-assinado da TFP contra a Reforma Agrária, em Teófilo Otoni (MG)

8. Pressão artificial a favor da Reforma Agrária A pressão que a mídia e a esquerda em geral, sobretudo a "esquerda cató lica", fazem em favor da Reforma Agrária não corresponde ao sentir da Nação. Já em 1992, quando foi aprovada a nova lei de Reforma Agrária, um abaixo-assinado promovido pela TFP pedi a um plebiscito a respeito do tema, antes de ele ser levado à votação no Congresso Nacional. Em apenas um mês, 1. 133.932 brasileiros assinaram esse pedido, que foi entregue em tempo às autoridades. Mas os

, CATOLICISMO - Janeiro de 1997

todos os males que a Reforma Agrária diz querer resolver. A MP do ITR visa tirar dinheiro dos propri etários rurais, para com ele desapropriar suas próprias terras! É a isso que se chama ... justiça social ?! Está isso de acordo com a índole nacional?

Acabava de ser redigido o presente comunicado, quando fomos surpreendidos por um apelo da CNBB ao Congresso Nacional, pedindo a aprovação urgente dos projetos de lei do Rito Sumário, das Liminares e do ITR. Sendo a TFP integrada por leigos católicos, alguns poderão

pensar que, como membros da Igreja discente, deveriam tomar atitude meramente passiva diante de pronunciamentos episcopais. Porém, se nesses pronunciamentos o fie l prudente e instruído encontrar algo de estranho, cabe- lhe o direito e até o dever

de conferir a matéria com os ensinamentos cio Magistério supremo. Cumpre salientar que os Srs. Bispos não têm autorid ade inconteste quando imergem no terreno temporal, no qual se situam os aspectos sociais, econôm icos e políticos da Reforma Agrária.

Ass im a TFP cumpre com tranqüilidade um dever de consciência, ao elaborar as considerações que seguem, segura de agi r desse modo conforme às diretrizes e às praxes tradicionai s da Santa Igreja, que autori zam os fi éis a apresentar reverentemente a seus Bispos as dúvidas, perplexi-

Conclusão: A TFP apela aos parlamentares para que rejeitem o novo ITR A TFP tem por objetivo defe nder os princípios da civilização cristã em nossa Pátria. Dentre esses princípios ressalta o de que a propriedade privada é fundamen-

Assembléia de Bispos em ltaici (SP)

CATOLICISMO - Janeiro de 1997

29


efêl!91~:'.,

dades e eventuais discrepâncias em que se encontrem (cfr. Cód igo de Direito Canônico, cânon 2 12, parágrafo 3).

vos confiscatórios, com o fim de viabilizar uma Reforma Agrária socialista e confiscatória, é sumamente injusta, e portanto inaceitável do ponto de vista da doutrina católica.

CNBB - "Um passo importante para a paz na terra será dado em nosso País, se fo,· implantada, sem demora, a verdadeira e justa Reforma Agrária,junto com adequada política agrícola, que a sociedade espera. Defato, a Reforma Agrária no Brasil é um sonho antigo ciija realização se tornou agora indispensável. Que ela não sejafrustrada porfalta de colaboração adequada de todos os que têm responsabilidades pela sua realização".

CNBB - "Com o reconhecido empenho em resolver conflitos localizados, esperamos que o Governo todo assuma com convicção a causa da Reforma Agrária, na amplidão que ela possui para e,~f'rentar o problema do êxodo rural, do desemprego, da fome e da exclusão social ".

Comentário-Oqueé "verdadeira e justa Reforma Agrária"? Em tese, qualquer reforma pode ser boa ou má, seja ela agrária ou não. A reforma agrária só será "verdadeira e justa " se estiver de acordo com a doutrina tradicional da Igreja, especialmente em matéria de propriedade privada. A respeito deste ponto fundamental, os srs. Bispos não apresentam no documento qualquer esclarecimento específico. CNBB - "Por isto, ao findar este ano no qual o triste massacre de Eldorado de Carajás sacudiu nossas consciências e apontou com ainda maior clareza a urgência da Reforma Agrária, reiteramos nossos apelos com a contundência das palavras do Papa: 'No Brasil a Reforma Agrária não pode fracassar!'. Mas para que ela não.fracasse, é necessária a colaboração responsável de todos". Comentário - O episód io ,qualjficado pelos Srs. Bispos de "massacre de Eldorado de Carajás" não é wn fato isolado. Ele tem de ser julgado no contexto da luta de classes provocada pelo movimento de invasores de terra, que reivinilicam uma Reforma Agrária socialista e confiscatória. Certamente não foi a essa Reforma Agrá30

legítimos ou criminosos os movimentos de invasores de terras?

ria que o Papa João Paulo II se referiu em 1986, ao receber o presidente José Sarney. Pois, como acima foi dito, não é toda reforma agrária que é censurável e sim aquela que atenta contra a dout:rina social da Igreja.

CNBB- "Vivemos um momento propício para que finalmente se ef etivem medidas concretas de Reforma Agrária. Asociedade brasileira percebe, como nunca, sua necessidade, reconhece a legitimidade dos movimentos populares que lutam pela terra e condena a intransigência dos setores que querem, a qualquer custo, manter seus injustos privilégios ". Comentário -Quais são os "movimentos populares que lutam pela terra"? Se forem os dos invasores do MST ou outros, que cometem o crime de esbulho, como classificá-los de legítimos? Seria necessário esclarecer. Também seria preciso esclarecer a que se refere a expressão" i,~justos privilégios". Será o direito de propriedade? A doutrina católica condena todas as injustiças, mas defende o direito de propriedade. CNBB - "Apelamos ao Congresso Nacional para que

aprove, sem protelações, os Projetos de Lei que se destinam a agilizar o processo de Reforma Agrária que se encontram paralisados no Senado Federal como é o caso do Rito Sumário para as desapropriações e o das Liminares. A recente Medida Provisória sobre o Imposto Territorial Rural (ITR), se efetivada dentro dos seus objetivos, pode-se tornar instrumento eficaz de destinação da terra à sua finalidade social".

Comentário - O Rito Sumário é su mamente injusto e contrário à mora l católica: expul sa o legítimo dono de sua propriedade em 48 horas, sem direito à defesa; em pouco mais de 20 dias lhe arranca o dire ito à propriedade. O projeto que impede o Juiz de conceder de imediato limjnares de reintegração de posse dá uma espécie de "estabilidade" aos invasores, premiando-os pelo crime de esbulho praticado. E retira do proprietário a última medida judicial apta a defendê-lo contra as invasões, deixando-lhe uma única alternativa legal de defesa: o desforço imediato. Querer-se-á lançar o País em convulsão social? A respeito da MP do ITR, se efetivada dentro dos seus objeti-

CATOLICISMO-Janeiro de 1997

Comentário - Essa visão romântica da Reforma Agrária como solução para o "êxodo rural, desemprego, fome e exclusão saciar', é idêntica à das esquerdas mais radicais, pródigas em utopias, porém fracassadas em realizações, como se viu na ex-URSS e ainda atualmente em Cuba. CNBB - "Como diversos Juízes já demonstraram, é possível superar; no exercício do Poder Judiciário, uma visc7o legalista que absolutiza o direito de propriedade, e reconhecer o direito à vida e à integridade das pessoas pobres e desvalidas". Comentário - Acenar para um Judiciário que não sej a "legalista", no jargão corrente das esquerdas significa Juízes que não julguem conforme à lei, mas segundo os nú tos e doutrinas mais absurdas do socialo-comunismo. *

* *

Por fim, a TFP apela filial e reverentemente aos Srs. Bispos, integrantes do Conselho Permanente da CNBB, para que deitem todo o peso de sua influência e usem de todo o vigor de seu munus episcopal no sentido de esclarecerem os srs. Congressistas a respeito da questão do aborto e da "união" homossexual, que espantosamente se debatem nestes mesmos dias no Congresso Nacional. O Transcriç5o da "Folha de S. Pau lo'' de 4-12- 1996

f:1)t~:,1.-,

íft ,.

TFPJ{~oo :~ .: \ y)·'

~~ ;;:!~,-

,1

"

~

AO

ABORTO: a vida de milhões de inocentes na dependência de alguns parlament

O Amanhã de Nossos filhos apel consciência cristã do povo brasile Brasília - Fracassou a sorrateira manobra, mediante a qual se tentou, no dia 26 de novembro último, fazer aprovar o Projeto de lei abortista 20/91, dos deputados Eduardo Jorge (PT/SP) e Sandra Starling (PT/MG), na Com issão de Constituição, Justiça e Redação da Câmara dos Deputados. A pretexto de regulamentar casos de aborto não punidos pelo Código Penal vigente, tal Projeto abre as portas para todo o gênero de abusos e escamoteações. Ta l fracasso se deveu em grande parte à solerte atuação da TFP, mais precisamente de sua Campanha O Amanhã de Nossos Filhos. Esta campan ha conta com cerca de 40 mil aderentes e uma rede de sim pat izantes esparsa em mais de 3.000 cidades brasileiras. O Amanhã de Nossos Filhos preparava o lançamento do livro Aborto: 50 perguntas e 50 respostas em defesa da vida inocente. E igualmente vinha promovendo coleta de assinaturas contra o aludido Projeto e já contava com mais de lO mil adesões, através de petições dirigidas a todos os parlamentares, quando fo i veiculada a notícia da antecipação da votação do Projeto abortista. Eis como os fatos se passaram, segundo relato do manifesto de O Amanhã de Nossos Filhos, publicado no "Correio Braziliense" de 28 de novembro p.p., intitulado Alerta à Naçc7o para tentativa sorrateira de ampliação do aborto em nosso País:

"Por decisão inexplicavelmente açodada do presidente da referida Comissão [acima aludida], deputado Aloysio Nunes Ferreira (PMDB/SP), tal Projeto, que estava em 23º lugar na pauta da Comissão, saltou de repente, e sem anúncio prévio, para o primeiro lugar nas discussões de ontem (27 de novembro p.p.). "Coincidência ou nc7o, tal deslocamento da pauta de trabalhos, embora dentro das normas regimentais, deu-se num momento em que o número de deputados era relativamente escasso e sem a presença dos deputados pró-vida". Membros da TFP de Brasília começaram, então, a entrar em contato com os gabinetes de tai s deputados, alertando-os a respeito do que estava ocorrendo. Assim, quando chegava ao término a leitura do relatório do Projeto, e os poucos deputados presentes, em sua maioria abortistas, juntamente com o lobby abortista, se preparavam para comemorar a vitória, apoiados pela imprensa com todo seu equipamento de fotografia e filmagem, apresentou-se o Dep. SalvadorZimbaldi (PSDBSP) pedi ndo "vistas" ao Projeto. Isso significava que este só pode-

ri a ser votado após duas sessões da Com issão. O dep. José Genoíno, do PT, es bravejou com seu co lega Zimbaldi: "Você só chega na hora errada! E para atrapalhar!" ... Assim, esvaziado o fator"surpresa", a votação fo i adiada. E fo i possível vir a lume, em tempo hábil, o manifesto acima referido de O Amanhã de Nossos Filhos(*). Esses fatos deram ocasião a que a maioria da população antiabortista externasse seu desagrado pelo modo pouco leal de tentar a aprovação do Projeto na Com issão; e também se dirigisse aos outros deputados da Comissão pedindo a rejeição do Projeto. E, de fato, fo i o que aconteceu. Telefonemas, fax, cattas chegaram em grande quantidade aos gabinetes dos parlamentares. A mobilização cresceu como uma bola de neve. Uma grande aglomeração de anti-abortistas destacando-se a presença de alguns eclesiásticos - compai·eceu às sete sessões que se seguiram àquela que, segundo maquinavam os articul adores da aprovação do Projeto, seria a primeira e última ... Além disso, o Dr. Humberto Leal Vieira, presidente do movimento ProVidaFamilia e que .tem atuado bastante co ntra o

Manifestantes anti-abortistas no auditório da Câmara

Dep. Severino Cavalcanti (esq.) com o Sr. Paulo Henrique Chaves, da TFP

aborto, distribuiu , no momento mesmo da entrada dos parlamentares na sala de sessões, um documento contra o Projeto. Entrementes, alguns deputados, em resposta aos telefonemas dos aderentes da Campanha O Amanhã de Nossos Filhos, deram a entender que, embora contrários ao aborto, votariam a favor da "constitucionalidade" do Projeto de lei, uma vez que este se baseava no que dispunha o Código Penal. E alegavam também que não competia à Comi ssão de Constituição, Justiça e Redação examinar o mérito da questão, mas tão-só a posição do Projeto face à Constitui ção. Mais uma vez coube à Campanha O Amanhã de Nossos Filhos cortar o passo a essa manobra. Em pouco menos de quatro dias, foram colhidos nove pareceres de Juri stas, Desemba rgadores e Juízes do Estado de São Paul o, nos quais seus autores declaravam , de modo breve, conc iso e preciso, a inteira inconstitucionalidade do Projeto de Lei 20/91. Por sua vez, em fax envi ado aos 100 deputados membros da Comissão de Constituição, Justiça e Redação, o coordenador da Campanha da TFP, Sr. Ruy Coelho Maia, comentou: "Tais Ju ristas, Desembargadores e Juízes colocam em seus devidos termos do que trata o artigo 128 do Código Pe-

31


Deputados Adhemar de Barros F~ (esq:) e Salvador Zimbaldi (dir.) com o representante da TFP

na/. Ao fa zê- lo, deixam patente a sutil manipulação de linguagem empregada pelos corifeus de tal Projeto, com o fim evidente de transformar casos de crime não puníveis, em práticas obrigatórias por parte do Estado.... "Trata-se - conforme feliz

expressão de Plínio Corrêa de Oliveira em uma de suas consagradas obras - de uma baldeação ideológica inadvertida, operada a pari ir de uma torção paulatina de conceitos e linguagens, em.fàvor dos intuitos abortistas de certas organizações e de grupos feministas que, no Brasil e fora dele, atuam rumo à destruição da Família .... "Se o aborto é crime, como é que poderia o Estado propositadamente atribuir-se a tarefa de cometê-lo?".

Esta sentença, do meritíssimo Juiz Dr. Ricardo Henry Marques Dip, do Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo, resumia adequadamente o cerne cio problema que seria votado no dia LI ele dezembro último. E concl ui o referido coordenador da Campanha da TFP: "Perante o Tribunal Divino, todos nós compareceremos. E, diante dele, todos seremos julgados. É oportuno recordar esta verdade, num momento em que, de um simples "sim" ou "não" de V. Exªna hora .Ia votação, pende em boa medida a sorte de milhões de criaturas inocentes. Pedindo a Deus proteger e iluminar Vossa Excelência neste momento crítico para a consciência cristã do povo brasileiro, e rogando sua categórica recusa ao PL20/91, (a) Ruy Coelho

Maia - Coordenador". 32

Junto com estefax fo i remetido aos deputados o texto COfTlpleto dos mencionados Pareceres. Como resultado, após sucessivos adiamentos, a votação do Projeto foi transferida para o próximo ano legislativo, a pedido da própria relatora, deputada Zulaiê Cobra (PSDB/SP), alegando ser necessário introduzir alterações no seu parecer favorável ao PL 20/91. Além disso, há deputados pedindo para que a matéria deixe a Comissão ele Constituição, Justiça e Redação, e passe para o debate no plenário ela Câmara, dada a decisão fume cios anti-ab01tistas que representam o Brasil real, o Brasil verdadeiro!

*

*

*

Até o momento em que escrevemos esta matéria, a campanha contra o abo1to marcou mais um tento a figurar na grande folha ele serviços já prestados à Nação pela TFP, embora ainda petmaneça o risco ele o abo1to vir a ser aprovado. Assim a vitória obtida não eleve ser motivo para negligenciarmos a indispensável vigilância. Pelo contrário, eleve reforçar nosso espírito ele aleita, uma vez que o empenho cios abottistas em fazer aprovar seus projetos é o mesmo daqueles que desejam legalizar a homossexualidade ou eliminar o direito ele propriedade. Pois a Revolução é uma só, embora suas manifestações sejam diversas. O Nota: (*) Os leitores que desejam obter material referente a esta Campa nh a da TFP poderão escrever ou telefonar diretamente para : O Amanhã de Nossos Filhos - Rua Maranhão, 620 - Sala 13 - CEP 01240-000 - São PauloSP - Tel/Fax (0 11) 66-9 187.

Adiada para este mês votação de Projeto atentatório às leis divina e natural

Camorra, vai agora se voltar contra o Brasil ".

Catolicismo aponta manobras mediante as quais se quer fazer aprovar o "casamento" homossexual, desrespeitando o princípio da representatividade

agir diante dos católicos mais conservadores ?"

m sua edição ele novembro/96, nossa revi sta publico u o arti go Está o

Em sua edição ele 24-11 -96, o "Correio Braziliense" publicou: "So b o título 'Sodoma,

Brasil à beira de um castigo divino?, criticando o Projeto ele Lei

Camorra .. . Brasil?', a entidade Tradição, Família e Propriedade (TFP) criticou o Projeto num.a separata de sua revista de cultura Catolicismo.

E

nº 1. LS 1/95, ela clep. Marta Suplicy (PT-SP). Tal artigo foi distribuído, em forma ele separata, a sena.dores e deputados, av ivando a sadia reação que este Projeto desperta na consciência. brasileira, cles-ejosa ele ver a Lei divina respeita.ela pelas leis humanas. Até o momento ele fechar a presente edição, foram enviadas dezenas ele mensagens ele congressistas ao Diretor ele Catolicismo a respeito ela aludida separata. Esperamos ainda que cheguem outras mensagens ele parlamentares, representantes que são cios mais altos interesses ele nosso povo. O articu li sta ele Catolicismo, Dr. Murillo Galli ez, demonstra que o Projeto visa reconhecer e dar foros ele cidadania à "união" homossexual , flagrante violação ela lei natural e um cios pecados que, segundo o Catecismo Ma ior (nº 996) cio Papa São Pio X, "clamam por vingança ante o conspecto de Deus" . E ressalta o relativismo

moral ela autora ela proposta, pois ela não deseja saber se a prática. homossexual é em si mesma um bem ou um mal moral. Mas o simples fato ele existir, para a deputada, já lhe conferiria foros ele cidadania. A matéria repercutiu na imprensa e no rádio.

, CATOLICISMO - Janeiro de 1997

"O texto, ele autoria cio médico Murillo Galliez, foi distribuído na semana passada entre os deputados. Ga.lliez insinua que se o Projeto for aprovado o BrasiI pode acabar como Socloma e Gomo,rn, duas cidades que, segundo o livro cio Gênesis ela Bíblia, foram consumidas pelo fogo enviado ele Deus para punir, entre outros 'vícios', a homossexualidade. " ' Se um país ofende muito g ravem.ente a Justiça Divina através da multiplicação de pecados que são praticados com desfàçatez e arrogância pela sociedade, o que esse país deve esperar de Deus? Misericórdia ? (... ) Aprovado o Proj eto de lei, o Brasil se colocaria entre as nações que podem recear, com. boa margem. de probabilidade, o desencadeamento da ira divina', diz o trecho final do artigo".

A rádio CBN, (27-11-96) , transmitiu entrevi sta com a clep. Marta Suplicy. O repórter, com um exemplar ela mencionada separata ele nossa revista nas mãos, perguntou: "Com.o a sra. vai re-

Entre outras balelas, à gu isa ele resposta, afirmou a parlamentar: " Esse Proj eto que regula menta e dá direitos de cidadania a uma população excluída não tem nada a ver com Sodoma e Camorra" .

Comentário de Dr. Murillo Galliez É impossível não concluir que as medidas propugnadas em tal Projeto acaneta.rão inevitavelmente um grande incentivo à prática ela homossexualidade, colocando assim o Brasil na tTi lhadeSocloma e Gomorra, onde tal prática tinha direitos ele "cidadania", e onde certamente era respeitada a "dignidade" cios que a exerciam. Concedemos que a aprovação cio Projeto não fará nascer mais pessoas com tendência. homossex ual. Mas fará certamente com que tai s pessoas não reprimam ta l tendência como deveriam, segundo as diretrizes ela Igreja, e, com muito mais facili dade, se entreguem aos atos que a mesma tendência desordenada pede.

Por sua vez, o jornal "O Globo", (27-11-96), escreve: "Não são poucas as pressões contra o Projeto. No Congresso, circulam exemplares da revista "Catolicismo", publicada pela entidade Tradição, Fam ília e Propriedade (TFP) que, diante da iminência de legalização do casamento [homossexual], fa z uma profecia: a cólera de Deus, que já des truiu Sodoma e

Reunião a Comissão

Fica assim confirmada, pelas próprias palavras ela autora cio Projeto, o grande estímulo que este representa para a difusão sem obstáculos dessa prática imoral e antinatural.

Por que considerar urgente e relevante um Projeto que pretende legalizar uma prática antinatural? Curiosamente, para apreciar o referido Projeto foi constituída, meses atrás, uma Comissão Especial, denominada Com issão Especial União Ci vil Livre. Cabe ressaltar a situação privilegiada que lhe foi concedida, pois Comissões Especiais, em via ele regra, são formadas para apreciar apenas Projetos ele lei relevantes e urgentes, como, por exemplo, um Projeto de emenda à Constituição. A Comissão ele que tratamos fo i então constituída por deputados, esco lhidos entre os vários partidos, que em sua maioria defendiam posições manifestamente favoráveis à aludi da proposta. Com efeito, ass im informa o "Diário cio Grande ABC", ele 30-6-96: "A deputada Marta Sup licy (PT-SP), autora do Proj eto, conseguiu montar a comissão com. um.a composição tota lm ente favorável à sua aprovação. Lá estão, por exemplo, o verde Fernando Cabe ira (PV-RJ), que já decla rou ter vivido experiências homossexua is, o ex-gu e rrilheiro Jos é

Cenoíno ( PT-SP), o ex-presidente da CUT, Jair Meneguelli ( PT-SP ), o ex-pres idente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Lindberg Farias ( PC do 8-RJ) e pelo menos seis deputadas afinadas com as causas f eministas e das minorias".

A tramitação de tal Projeto na Com issão foi rápida, se comparada com o ritmo normal de aprovação ele outros: no total, fo ram rea li zadas apenas I L reuniões, sendo uma ele in stalação, uma para elaboração cio roteiro ele trabalho e nove destinadas a audi ências públicas. Dos nove expos itores, todos - inclusive, em alguma medida, um padre católi co - manifestaram-se favoráveis às teses cio Projeto ... Portanto, não fo i ouvida a outra parte. Seus promotores demonstravam pressa. Tendo sido a proposta aprovada numa discutível sessão ela Comissão Especial, em l012-96, já no dia seguinte entrou na pauta para votação no plenário ela Câmara. Tal sofregu idão talvez se explicasse por tratar-se ela última reuni ão ordinári a cio ano legislativo ele 1996 ... Na verdade, paira uma denúncia e um pedido ele anu lação ela decisão ela Comissão Especial que aprovou o parecer ele seu relator, clep. Roberto Jefferson (PTB/RJ). Segundo documento de autoria cios deputados Sal vaclor Zimbalcli (PSDB/SP) e Phi lemon Rodrigues (PTB/MG) dirigido ao presidente ela Câmara cios Deputa.cios no dia 11-12-96, a presidente ela Comissão Especial Un ião Civil Livre, clep. Maria Elvira, indeferiu pedido cios dois mencionados signatários, que aludiram questão ele ordem referente aos tra-balhos ela Comissão, dentro cio período em que transcorria, no Plenário, a Ordem cio Dia ela Câmara; e assim, alguns deputados inscritos para a discussão na. mesma Comissão ficaram impedidos ele exercer o seu direito ele se man ifestar sobre o parecer cio relator, clep. Robe1to Jefferson.

CATOLICISMO -Janeiro de 1997

Efetivamente, o plenário não só não aprovou o Projeto naquela sessão, mas o adiou por JO sessões. Em vista disso, ele deverá agora entrar na pauta ela convocação extraordinária cio Congresso em janeiro (cfr. "Jornal cio Brasi l", L2- l2-96). Ta l procedimento causa perplexidade. Pois, segundo a praxe, o Presidente ela República só convoca extraord inariamente o Congresso para aprec iar e votar Projetos urgentes e relevantes. Como tal Projeto não apresenta nem uma característi ca nem outra, por que então colocá-lo na pauta ela convocação extra? Será para aproveitar o período elas férias, em que considerável número de parlamentares não comparece ao Legis lativo por motivos diversos, inclusive viagens ao exterior? Se isto ocorrer, não se poderá dizer que foi uma votação em que a. maioria cio povo brasileiro se encontrava devidamente representada. Em outros termos, poderia ser questionada a aplicação ele um cios princípios básicos cio regime representativo em vigor: o ela autêntica representatividade-popular. Teríamos, então, uma caricatura ela genuína democracia, a. qual eleve ter por objeto o bem comum (*). Assim , é preciso não nos desmobi li zarmos neste período em que muitos se encontram em férias. Mas, pelo contrário, estarmos alertas para atuar no momento exato, tal como ocorreu por ocasião ela votação cio aborto, narrada na notícia anterior. Deste modo, estaremos salvaguardando o bem comum ele nossa. Pátri a e preservando o Brasil elas merecidas punições ele que foram alvo Socloma e Gomorra. O Nota: (*) Segundo a doutrina trad ic ional da Igreja, qualquer das três fo rmas de governo - monarquia, ari stocracia ou democrac ia - é legítima "desde que saiba caminhar retamente para seu fim , a sabe,; o bem comum, para o qua l a autoridade social é constituída" (Leão X ffl , Encíc li ca Au mi!ie u d es Sol/icitudes, de 16-2- 1892).

33


Biografia de Plinio Corrêa de Oliveira repercute intensamente na Itália Roberto de Mattci

Il crociato ~~-1 secolo xx f hnio Corrêa de 01·1veira .

A primeira das referidas sessões realizou-se na conhecida Livraria Coletti, situada junto à praça de São Pedro. Entre os presentes ao ato destacaramse o Cardeal Alfons Stickler, o Cardeal Opi li o Ross i e o Cardeal Pau l Augustin Mayer. Além do autor da obra, também fizeram uso da palavra: Rino Camilleri, conhecido redator de best-sellers de temática relig iosa; Federico Mandelli, o mais antigo vaticanista da Sala de Imprensa do Vaticano e chefe de informação religiosa da agência estatal italiana ANSA; e o diretor do Ufficio Tradizione, Famiglia, Proprietà, Juan Miguel Montes.

* * *

ROMA • Livraria Coletti - No decurso dos meses de novembro e dezembro últimos, tiveram lugar diversas sessões de apresentação da obra sobre a vida daque le insigne líder católico. O livro -que apresenta o significativo título O Cruzado do século XX -tem como autor o Prof. Roberto de Mattei, titular da cátedra de História Moderna da Universidade de Cassino,jornalista e escritor. Em sua obra, o Prof. de Mattei realça a epopéia realizada por esta personalidade ímpar, que foi Plínio Corrêa de Oliveira, o qual marcou a história recente da Igreja e a do Brasil. No prefácio, o Cardeal AJfons Stickler, SDB, Bibliotecário e Arqu ivista emérito da Santa Sé, exalta a figw·a do ilustre biografado como católico, pensador e homem de ação, Fundador da TFP brasileira e inspirador das entidades afins existentes em 26 países, nos cinco continentes (vide Catolicismo de novembro último, em que é transcrito integralmente o prefácio do ilustre purpurado salesiano). 34

Perguntas

A obra é acolhida com vivo interesse por nobres, professores universitários e jornalistas

• Câmara dos deputados (Montecitorio)- Por iniciativa do Comitê por uma Itália dos Valores Tradicionais e Familiares, realizou-se o encontro "Valores e Políticas face ao Terceiro Milênio" na Sala dei Cenacolo da Câmara dos deputados, também em Roma. Durante os trabalhos, coordenados pelo Marquês Lu igi Coda Nunziante, presidente da Associação Famiglia Domani, foi apresentado o livro O Cruzado do século XX. Entre os conferencistas figuravam o vice-presidente do Senado, Prof. Domenico Fisichella, o deputado e diretor do jornal "Secolo d 'Italia", Dr. Gennaro Malgieri, o senador Gaetano Rebecchini e Guido Vignelli do Centro Cultural Lepanto. * * * MILÃO - Organizado pelo Circolo Cultura/e Carla Magno, no Jolly Hotel, realizou-se a sessão intitulada "Uma vida contra a Revolução: Plínio Corrêa de Oliveira". A abertura do evento se deu com discurso pronunciado pelo advogado Marzio Tremaglia, Assessor do Ministério da Cul'

CATOLICISMO -

Janeiro de 1997

tura da região da Lombardia. Também fez uso da pa lavra o Prof. Massimo de Leonardis, docente de História na Universidade Católica do Sagrado Coração (de Milão), o qua l acentuou o alcance intelectual do pensador brasi leiro, bem como sua coerência de vida. Por sua vez, a Condessa Elena Caccia Dominioni dirigiu caloroso apelo aos presentes a fim de que se empenhassem em manter alto o estandarte levantado pelo Fundador da TFP brasileira. Encerrou a sessão o Sr. Juan Miguel Montes, diretor do U.fjicio TFP.

* * * NÁPOLES- No Instituto onde Santo Tomás de Aquino ministrava suas aulas - Na bela capital do antigo Re ino das Duas Sicílias, a apresentação do livro do Prof. de Mattei ocorreu em local muito significativo, tendo em vista que o Fundador da TFP brasi leira se definia como "um tomista convicto". Com efeito, o evento se deu no Instituto Filosófico Santo Tomás de Aquino, na Universidade domin icana. Mais precisamente, na própria sala gótica em que o Doutor Angélico ensinou até o momento em que, chamado a participar do Concílio de Lion, encontrou a m01te no trajeto para aquela cidade. A sessão foi presidida pelo Arcebispo Mons. Custódio Alvim Pereira. Entre os presentes, cabe menc ionar o Conde Fra. Renato Paternó, Prior da Ordem de Malta. O Prof. Giovanni Turco, membro da Pontifícia Academia de Santo Tomás, e professor do referido Instituto Filosófico, pronunciou discurso muito elogioso ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. O autor da obra O Cruzado do século XX vem recebendo da parte de diversas personalidades do mundo eclesiástico, intelectual e jornalístico, cartas de merecidas conO gratulações por seu trabalho.

50

respostas ern defesa

da v,·da inocente

Acima, campanha da TFP chilena em Santiago (ver p.20). À direita, no alto, livro que "O Amanhã de Nossos Filhos'~ da TFP brasi leira, está difundindo em favor das vítimas indefesas

Aspectos de conferências proferidas em Santiago do Chile por Armando Vallada res, c1ue durante 22 anos padeceu como preso político nas masmorras de Fidel Castro (ver entrevista nas pp. 15-16)

FOTOS : FERN AN DO MONTERO

CATOLI CISMO -

.Janeiro de 1997

35


a A

Suíça sempre me pareceu uma nação especialmente destin ada pela Providência para prestar grande servi ço a Nossa Senhora. Toda a atmosfera física, os lagos, as montanhas, as neves, os precipícios, tudo fa la a respeito de uma natureza cheia de candura, de bondade e também de força. Não se diria entretanto que camponeses nascidos junto a lagos como aqueles - de olhos azuis profundos como a cor dos lagos, olhos que falam de reflexão, de meditação, de paz - não se diria que, nascendo nesses lugares, haveri am de praticar os horrores que praticaram. Um exemp lo fo i Zw ingli o, o Ca lvino suíço, que espal hou uma seita - da qual ele era o fundador e o grão-mestre, naturalmente- por todo o país, atingindo depois a Holanda, a Bélgica e o Reino Unido. E, através do Reino Unido, ela chegou a se radicar também na América do Norte. Zwinglio foi dos protestantes mai s enragés, mais furibundamente anti cató li co. Mas também é verdade que daquelas atmosferas pacíficas têm partido, para a hi stória da Suíça e da Civi li zação Cristã, guerreiros de primeira ordem. Se levarm os em consideração os suíços que defenderam Luís XVI e Ma ri a Antonieta contra os rebe ldes que

Plinio Corrêa de Oliveira

invad iram Versa lhes, e depois lutaram contra os revolucionári os que atacaram o Palácio das Tulherias, vê-se bem até que ponto eles eram heróicos e estavam dispostos - os cató li cos pelo m ,_ nos - a defender a Civili zação Cristã. Por fim , a missão dos suíços de serem os guardas pontifícios. Ou seja, terem a honra de fornecer normalmente uma guarda para o Papado, e essa tradição continuar até nossos dias. Tudo isso tem muito significado, que se acresceu aind a mai s pelo fato de em 1870 - por ocas ião da inv asão dos Estados Pontifícios - um grande número de suíços, inclusive protcslanl 'S , ter-se declarado a favor do Papa Pio IX. E se haverem inscrito no exército do Pontífice em cuj a defesa morrera m. Essa atitude tem uma beleza, tem um va lor, que contrasta com a hedi ondez do protestantismo, da heresia e de outros horrores que na Suíça se passaram. Parece haver uma contrad ição entre as graças e as belezas da natureza, dadas pelo Céu, e o uso que os suíços fizeram de tais graças e belezas. Fica-se com a idéia de que a Suíça é uma nação que recebeu uma grande vocação e foi chamada por Deus mui to especialmente para um papel hi stórico privilegiado. Excertos da conferência proferida pelo Prof Plinio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP em 26 de abril de 1995. Sem revisão do au.101:



Revolução .e Contra-Revolução

AfOJLICI M Nº 554 - Fevereiro de 1997

NESTA EDIÇÃO:

PuN10 Co1rn.f<:A DE Ouv..:mA

2 Após descrever as características do processo revolucionário e suas várias etapas, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira passa a outro importante capítulo - o IV - de Revo-

As metamorfoses do processo revolucionário

e

Assim, o espírito da Revolução Francesa, em sua primeira fase, usou má cara e linguagem aristocrática e até eclesiástica. Freqüentou a corte e sentou-se à mesa do Conselho do Rei. Depois, tornou-se burguês e trabalhou pela extinção incruenta da monarquia e da nobreza, e por uma velada e pacífica supressão da [greja CatóHca. Logo que pôde, fez-se jacobino, e se embriagou de sangue no Terror. Mas os excessos praticados pela facção jacobina despertaran1 reações. Ele voltou atrás, percorrendo as mesmas etapas. De

jacobino transformou-se em burguês no Diretório, com Napoleão estendeu a mão à Igreja e abriu as portas à nobreza exilada, e, por fim, aplaudiu a volta dos Bourbons. Terminada a Revolução Francesa, não tennina com isto o processo revolucionário. Ei-lo que toma a explodir com a queda de Carlos X e a ascensão de Luís Filipe, e assim por sucessivas metamorfoses, aproveitando seus sucessos e mesmo seus insucessos, chegou ele até o paroxismo de nossos dias. A Revolução usa, pois, suas metamorfoses não só para avançar, como também para operar os recuos táticos que tão freqüentemente lhe têm sido necessários. Por vezes, movimento sempre vivo, ela tem simulado estar morta. E é esta uma de suas metamorfoses mais interessantes. Na aparência, a situação de um determinado país se apresenta como inteiramente tranqüila. A reação contra-revolucionária sedistcndeeadormecc. Mac;, nas profundidades da vida religiosa, cultural, social ou ci:onômica, a fcm1cnla~·ao rl'volucionária vai Sl'llll)l"l' ganhando lcrrcno. E, ao

rnho dl'ssc aparente interstício, l 'x.plode uma convulsão inesperada, freqüentemente maior que as anteriores. l11,1bcl 1, Rainha da Inglaterra (1558-1603), n, o cons guia esconder seu despótico espirito revolucion, rio sob as belas jóias om que e orn, v,

2

.

, fo .1 qual

.

foram ores do Ancicn Régime

P/\1/\VRASDI VIDM II RN/\

O pecado é a lepra da alma

As metamorfoses da Revolução

lução e Contra-Revolução:

orno se depreende da análise feita no capítulo anterior, o precesso revolucionário é o desenvolvimento, por etapas, de certas tendências desregradas do homem ocidental e cristão, e dos erros delas nascidos. Em cada etapa, essas tendências e erros têm um aspecto próprio. A Revolução vai, pois, se metamorfoseando ao longo da História. Essas metamorfoses que se observam nas grandes linhas gerais da Revolução se repetem, em ponto menor, no interior de cada grande episódio dela.

RLVOLUÇÃO 1:: C N I R/\-R[VOLUÇÃO

.

Na próximo capítulo veremos as três profundidades da Revolução: nas tendências, nas idéias e nos fatos. □

4

5

7

M/\ 1i'RI/\ D/\ C/\P/\ COM/\ P/\LAVRA ... O DIRL IOR

Carnaval: espelho da sociedade

DISCI RN INDO, DI SI INCLJ INDO, CI /\SS II IC/\NDO

Livro de Padre para crianças escandaliza

IM/\GI NS LM P/\IN[ L

São Pedro Damião vitupera sodomia

I IISIÓRI/\

No Brasil, índios não foram massacrados, mas assimilados

Últimas palavras de São Luís IX

[ SCRLVLM os I FI ro Rrs

13

24

Charme e bom gosto numa confeita ria carioca

NOBR[Z/\

11

23

A PALAVRA DO S/\CLRDO 1[

V[RD /\D [S ESQ UECIDAS

10

19

PÁGINA M/\RIANA

Nossa Senhora de Copacabana

A castidade é o único remédio contra a AIDS

9

17

26

28

/\ RI /\ LI DADr

Católicos continuam perseguidos no Timor

1N I RI VISI/\

Livro sobre Plinio Corrêa de Oliveira é sucesso na Itália

29

VIDAS D[ SANTOS

Mártires de Nagasaki, glória do Japão católico

11 Ps rM /\ÇÍÍO

32

Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis /\MB lrN 11~5, COS I UM[S, CIVIi 1//\(C) I S

CAPA: Carnaval em São Paulo. Foto: Folhalmagem/Beto Garavello

36

C m1.1t ·1sMo - ..'cvcrclro de 1997 CATOLICISMO -

Fevereiro de 1997

3


vra...

0

Diretor ,,

/'J(

r/· ', ,·r( / ,

PAGINi\:;~

NA

Amigo Leitor,

Nossa Senhora de Co

Falar de pecado é sempre muito triste.

I

I

Se em 191 7 Ela dizia que Nosso Senhor era muito ofendido e que, por essa razão, a humanidade seria castigada ... O que pensar dos dias de hoje? Oitenta anos se passaram e as ofensas a Seu Divino Filho não fizeram senão aumentar. E como! É o que apresenta nossa matéria de capa escrita por Arnóbio Glavam sobre o

Carnaval. Você verá que tal festa, pagã em sua origem, tornou-se atualmente uma espécie de liturgia neopagã e diabólica que arrasta milhões de almas para o pecado, comprometendo seriamente sua salvação. Você vai entender também porque é indispensável que nós, católicos, alertemos nossos irmãos na fé para que não ofendam mais Nosso Senhor e não atraiam sobre si os castigos previstos em Fátima.

*

1

*

*

. auou para O R. ,, , io ue Janeiro

O

amor de Nossa Senhora para com o Brasil . sempre foi particularmente mtenso M . . receb . u1tas cidades eram seus nomes em hom nagem , Mea • ae de Deus , e ate, mesmo a praia de Copacabana Pº: c~rto das mais belas do País hoJe Infelizmente transt ' num t . ormada oco de imoralidades e d consumo de drogas - in 1 . e nesse rol. c ui-se d

Tenho também uma muito boa notícia para comunicar-lhe.

1

A campanha de assinaturas de Catolicismo está encontrando grande adesão junto aos católicos. Cartas e mais cartas nos chegam, estimulando-nos a seguir em frente.

1

Aproveito a ocasião para agradecer a todos os amigos e assinantes seu interesse por nossa campanha, os quais não têm poupado esforços para aumentar ainda mais o número de leitores, divulgando a revista e conquistando assinantes novos. Sou especialmente grato aos que têm presenteado amigos e parentes com assinaturas de Catolicismo. Que Deus e Nossa Senhora lhes recompensem ao cêntuplo por esse esforço.

1

No próximo mês, dar-lhe-ei outras notícias da campanha. E espero ter muitas surpresas para contar-lhe. Em Jesus e Maria,

~~

Paulo Corrêa de Brito).ili1ho Diretor

P.S.: Neste número, uma nova seção: Santos e festas do mês, que contém a relação, em ordem cronológica, das festas religiosas e dos Santos de cada dia do mês - com suas características mais salientes - para você invocar e rezar.

1

4 •CATOLICISMO

-

F

.

evere1ro de 1997

pa cabana

Beta e milagrosa origem d . . e uma mvocaçã . o mariana que da Bol" . seiscentista se transl ,,

Mas, em Fátima, Nossa Senhora falou sobre o pecado dos homens em sua sexta aparição. E falou de uma forma dura, com a severidade da Mãe que quer bem aos filhos.

i

nome dessa praia provém

e ossa Senhora de C b p opacaana, adroeira da Bol' • . d ivia, cuJa evoçao foi trazida para Rº de Jan · o 10 , . e~o por habitantes desse i~mao. A origem dessa incaçao remonta ao século XVI.

i:s

Das trevas do paganismo à luz do cristianismo Em 1532 d no P eru os pri ' .esembarcaram . , . me1ros nussionários catol1cos, acompanh d :q • an ooscon- 8" qu1stadores espanh , . as ordens d F _ois que, sob -~ . e ranc1sco Pizarro '9.:' d onunaram . , . o vasto império dos tf mcas.

Junto às margens d0 . Titicaca _ . grandioso lago situado a 3 854 Nossa Senhora de ma do nível d . metros aci- Copacabana, imagem o mar h · deia chamada C avia uma al- que se encontra no . opacabana d guia um templ _ , on e se er- Museu do Forte de o pagaono q 1 rava famosi' . , ua se ado- Copacabana (RJ). ss1mo 1dolo . Graças ao apostolad~ d . . , À_direita, desenho de nos esp.,~1-., · . os miss1ona~•I Coimbra evoca a «uuo1s, amaiorpart d de Copacaban e os índios história dessa lica, mas rest: converteu-se à Fé cató- devoção na Bolívia, . am entre eles ai quando o inca superstições paga~ U , . gumas Yupanqui fez a s. m md10 d . , escen- primeira imagem. dente da fami1ia . tmpenal dos incas, cha-

ivia

PAULO FRANCISCO

MARTOS

mado Francisco Tito Yi . . upanqm, q ueren d o IOcrementar a F' e em Seu povoado e el · · 1nunai· aqu J superstições animado d e as I ' e santo ze o, fez a promessa d ·. . e conseguu uma imagem de No S h ssa en ora para a aldeia de Co cabana. pa-

A Pertinácia de um verdadeiro devoto da Virgem ~orém, naquele lugar era praticamente impossível t uma b 1 . azer e a imagem da MDeus . ae de 'po~s nao havia escultores entre os indígenas e o p , . Yi . , ropno u?anqu1 estava longe de se rum artista. Diante da dificuldade d · ecumpnr sua promessa, Yupanqu1· desaru nao . . mou. Pelo contrário edia 'p 10s1stentemente à V

.

irgemMaria

?u~ lhe mspirasse o modo de eva-la a efeito. Certa o ·casiao, seu quarto ficou todo iluminado por uma ,

..........


O conceituado Guia de Turismo M!CHELIN, dedicado ao Rio de Janeiro, registra que: "No início do século XX, a antiga Igrej inha de Nossa Senhora de Copacabana foi destruída para dar lugar ao Forte de Copacabana e a imagem, cujas feições conf irmam sua origem, encontra-se, atualmente, bem próxima, na Paróquia da Ressurreição" (na Rua Francisco Otaviano nº 99, posto 6). D

claridade intensíssima, e no meio dessa lu z apareceu uma Senhora de doce e grave aspecto, coberta com um rico manto que lhe chegava aos pés No braço esquerdo segurava o Menino Jesus, e na mão direita tinha uma vela. Yupanqui compreendeu que a Santíssima Virgem lhe aparecera para indicar-lhe a maneira como queria ser representada. E, assim que se desvaneceu a aparição, o bom índio começou a esculpir em barro urna imagem, tentandc;:> torná-la semelhante à visão que tivera.

Nota:

O Dr. José Lu is Guzmán Saavedra, engen heiro boliviano residente no Rio de Janeiro e 2º Vice-presidente do Instituto Cult ural Brasil-Bolívia, escreveu substancioso trabalho dedicado ao tema (Nossa Senhora de Copacabana 110 Bolívia e 110 !3rasil - Hist6ria, A1tes Gráfi cas Oli veira Lida., RJ , 199 1). Em tal obra, o aut or menciona outras imagens, sob a invocação de Nossa Senhorn de Copacabana, que se acham na ex -capital do País. Além da que é objeto de culto na Paróq uia da Ressurreição. podem ser veneradas as que se encontram nos seguintes loca is: * "110 Jrv eja Matriz da praça Serzeclelo Corrêa, pos/11 3, c6pia.fie! e autêntica da ~fetuada por Fra11cisco Tito Y11pa11q11i, .... doada ao Povo Brasileiro em /943 pelo Povo e Cavemo da /Jolfvia, esta /111age111 é considerada agora co111oa principal do Bainv e da Cidade do Rio de Janeiro. * "Ta111bé111 c6pia .fiel da original, conservada 110 Museu Mililardo Forte de Copacabana, no posto 6, doaçüo do Colégio Militar de Aviaçüo "Gen11á11 /Jusch" da cidade de Santa Cruz de la Sierra (Bolívia) ao Exérr:ito Brasileiro e111 1971". * Outra "c6pia .fiel da original, doada pelo autor atra vés da Colônia Boliviana do Rio de Janeiro para as p,vciss6e.1·do mês de agosto ejá utilizada a partir do ano 1993, se encontra guardada 110 Despacho Paroquialjunto à sacristia 11a sala de Mo11se11lwr1\bílio Ferreira da Nova" (op. cit., pp. 2 16-2 17)

Dois Anjos aperfeiçoam a bela imagem mariana

Oh tristeza! A obra de YuCópia da imagem de Nossa Senhora de Copacabana, panqui não agradava aos olhos! venerada na Paróquia da Ressurreição (RJ). Mas ele, com muita confiança, mente ampliada e aprimorada, tornoufoi mostrá-la aos eclesiásticos que a acharam inapresentável. se um belo Santuário. Com a extinção do Vice-reinado de Exemplo de virtude da constância, o índio não desanimou e tentou fazer Lima, Peru e Bolívia separaram-se, e outras imagens. Sem maior êxito, po- Copacabana permaneceu em território rém. Por fim, resolveu ir à cidade de deste último país. A devoção a Nossa Senhora de Potosi para receber algumas noções de escultura com um artista espanhol. Copacabana difundiu- e por muitos paJulgando-se apto, Yupanqui, depois íses da América Latina e atingiu até a Fontes de rclcrência: de muitas orações e jejuns, pôs mãos à Europa. obra mas o resultado foi novamente o 1. Edésia Aclucc i, Maria e seus gloriosos títulos , Ed itora Lar Católico, Jui z de Fora, 1958. fracasso. Fez novas tentativas, agora No Brasil: do promontório a 2. Nilza Botelho Megala, // 2 invocaç()es da Virgem em madeira, e finalmente , depois de outros pontos do Rio de Janeiro Maria 110 Brasil, Editora Vozes, Petrópolis, 1986. 3. Gui a de Turismo Michcl in , l?io de Ja11 ei,v oito meses da aparição da Virgem, conCidade e Estado, A1turial Editora Graphos, Rio de Janeiro, Não se sabe ao certo a data da construseguiu fazer uma imagem digna, a qual, 1990. segundo a tradição, foi aperfeiçoada ção da primeira capela no por dois Anjos, que deram particular promontório rochoso que, beleza aos rostos de Maria Santíssima no Rio de Janeiro, separa a Praia de Ipanema da e do Menino Jesus. Praia de Copacabana, e que deu origem ao nome Numerosos milagres e Santuário desta última. Sem embarconsolidam a secular devoção go, em 1746, foi consEm 2 de fevereiro de 1583 (festa de truída, no mesmo local, Nossa Senhora da Candelária), a ima- uma igreja maior, fruto do agradecimento do Bispo gem fez sua solene entrada no povoado de Copacabana, sendo colocada em D. Antonio do Desterro, por uma graça recebida modesta capela. durante atribulada viaTantos milagres foram ali realizaPrimitiva igrejinha de Nª S"· de Copacabana no Rio de Janeiro gem que fez. dos que a simples capela, sucessiva6

•CATOLICISMO -

Fevereiro de 1997

Resposta

Per5uttta

T

No último número de Catolicismo o Sr. abordou o problema da homossexualidade. Ficaram, entretanto, algumas questões pendentes sobre o mesmo assunto. Peço ao Sr. o favor de dar uma orientação a respeito de dois problemas que, segundo creio, ainda não foram tratados. Em primeiro lugar, embora o homossexualismo seja uma aberração, homossexuais existem. Então qual deve ser a atitude de um católico quando no diaa-dia encontra uma pessoa com tal vício? Outro problema é a questão da AIDS. O que pensar sobre essa doença? Como evitá-la?

endo em vista sobretudo o bem das almas, dou aos caros leitores de Catolicismo alguns conselhos sobre a atitude que o bom católico deve tomar em relação aos homossexuais, e alguns .AI/\- "'---esclarecimentos sobre a AIDS. Corno se portar diante de sodomitas? Aí a reta orientação distingue entre a tendência e as práti-

cas homossexuais. Uma pessoa - como acentuamos no artigo anterior pode ter a infelicidade de apresentar uma tendência homossexual, pela qual não é responsável, observada desde a adolescência, ou mesmo desde a infância. Mas aceita esta cruz com humildade, reconhecendo que é uma tendência desordenada e antinatural, contra a qual deve lutar. Procura então resistir aos seus impulsos, e levar uma vida continente e casta, para ser fiel à Lei de Deus. Tal pessoa merece nosso respeito, consideração e ajuda. Se, talvez por fraqueza, teve a desgraça de cair no pecado infamante do homossexualismo, porém mostra verdadeiro arrependimento, reconhecendo que cometeu um pecado gravíssimo,

CôNEGO JOSÉ LUIZ VrLLAC

e tem o firme propósito de jamais voltar a ceder, evitando todas as ocasiões para a queda, então poderá ainda merecer nossa serena compaixão e ajuda. Não deve ser discriminada em razão dessa mórbida tendência, mas advertida energicamente para que jamais freqüente ambientes que lhe sirvam de ocasião próxima de pecado. Repito: quando se trata de matéria grave, o simples expor-se à ocasião próxima já constitui pecado mortal. "Orai

e vigiai para não entrardes em tentação", adverte Nosso Senhor (Mt. 26, 41 ). "Sede sóbrios e vigiai", repete São Pedro Apóstolo (I Ped. 5, 8).

O que fazer ante os homossexuais cínicos e agressivos? Como vimos, há outras pessoas em que a homosseCATOLI CISMO -

ganda do homossexualismo, procurando tornar aceito na sociedade um pecado que brada ao Céu e clama a Deus por vingança, ou, pelo menos, criar uma atmosfera de indiferença conivente e cínica em relação a tal pecado . Um homossexual dessa espécie, ocupando um cargo de professor, por exemplo, vai incutir nos alunos uma atitude de aprovação em relação ao comportamento hoxualidade não se reduz a mossexual, como também uma simples tendência, mas estimular tendências homostambém se manifesta por sexuais porventura existenprática consciente e contu- tes em algum deles, para que maz, à qual dão toda a sua se consumem nas práticas adesão interna e externa. E sodorníticas. fazem de sua homossexuaHomossexuais assim são lidade uma bandeira para a como células cancerosas e qual pedem o reconhecimenpútridas no corpo social. to da sociedade, de modo Devem ser repudiados, com arrogante, petulante e agres- · nota de execração. sivo, exigindo que suas práticas obscenas, execráveis e Que Nossa Senhora livre antinaturais sejam reconheo Brasil dessa infâmia cidas como um comportamento normal, sadio e legíRecomendo a todos leitimo. Os que assim se contores de Catolicismo que duzem devem merecer dos peçam instantemente a Noscatólicos o repúdio votado a sa Senhora da Conceição todos os pecadores públicos Aparecida, Rainha e Padroe insolentes, que se declaram eira do Brasil, que livre nosou se comportam como ini- sa Pátria dessa lepra do migos de Deus e de Sua San- homossexualismo, que vem ta Lei. conspurcando a Terra de Em todo ambiente onde Santa Cruz; e muito especise encontram, seja ele famialmente, que não permita liar, profissional ou social, seja aprovado no Congrestais pessoas fazem propaso Nacional o torpe projeto

Fevereiro de 1997

7


de lei que institui o "casam:nto''entre~Istrxxxl51:ituiráumamsolen te ofensa feita a Deus e a Nossa Senhora pelos legisladores do 1País, e que atrairá sobre o Brasil grandes castigos, pois será a legalização e a legitimação oficial de um pecado infame que clama a Deus por vingança, alinhando-nos a Sodoma e Gomorra ...

João Paulo li: a castidade é o único modo seguro de pôr fim à praga da AIDS

A respeito do problema da AIDS, o que dizer? É uma peste. Segundo as autoridades sanitárias, ela é produzida por um vírus, o HIV, que pode ser transmitido diretamente pelo sangue (transfusões, injeções com agulhas ou seringas contaminadas, penetração do vírus por meio de feridas, etc.) ou por meio de relações sexuais , como ocorre freqüentemente. Quanto às relações sexuais, a que de longe contamina com mais facilidade é o tipo de relação antinatural e infame praticada pelos homossexuais masculinos. É de se observar que este modo antinatural e gravemente pecaminoso de relacionamento sexual também pode ser praticado entre homem e mulher, e até mesmo - oh vergonha! entre esposo e esposa. Quando dizem que a contaminação pelo HIV está aumentando nas relações heteros exuais, o que na realidade acontece muitas vezes é sua transmissão por meio des as práticas antinaturais entre homem e mulher. Cumpre ainda notar que as chamadas doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), que se transmitem por meio de relações sexuais, também facilitam a contaminação pelo HIV. Assim, confirma-se como fato incontestado aquilo que a Igreja sempre afirmou: o melhor meio de evitar tais doenças, inclusive a AIDS, não é o uso de preservativos, terminantemente proibidos pela moral católica e tão propagados pelas autoridades, mas sim a prática da virtude da castidade, a prática da continência sexual. Numa palavra: a vacina contra a AIDS chama-se 6º e 9º Mandamentos! D 8

castidade que comporta o abster-se de todas as relações sexuais fora do casamento. O vínculo sexual da castidade é o único modo seguro e virtuoso de pôr fim à trágica praga da AIDS, que tantas vítimas jovens tem ceifado. Ajudados pela graça de Deus nos sacramentos da Penitência e da Eucaristia, "sede fortes, tende coragem" (Dt 31, 6). O Papa vos convida a vos empenhardes por essa revolução espiritual da pureza do corpo e do coração" (cfr. "L 'Osservatore Romano", ed. romana, 8-9 de fevereiro de 1993, p. 4). O

• CATOLI CISMO -

Fevereiro de 1997

A

t@~~rni [ll@fM@~rMt ílffeig

imprensa nacional uma colaboração que prestae internacional tem va àquele Pontífice para ajunoticiado tristes esdar a combater a incontinêncândalos morais dados por cia e a simonia dos clérigos. membros do clero, tanto no O livro de São Pedro Danuão Brasil quanto no exterior. Denfoi louvado por aquele Papa tre tais escândalos sobressai, santo. por sua especial gravidade, o Eis as contundentes palapecado de homossexualismo. vras de São Pedro Damião: Ante tais fatos, é compreensível que o católico fique "Este vício não é absos, perplexo; mas ele não deve lutamente comparável a neDoutor da Igreja esmorecer na fé. Com efeito, nhum outro, porque supera a história eclesiástica prova que esses escândalos já se a todos em enormidade. Este vício produz, com efeideram em outras épocas. E disto podemos tirar uma to, a morte dos corpos e a destruição das almas. conclusão segura: a perenidade da promessa: de Nosso Polui a carne, extingue a luz da inteligência, expulSenhor de que protegerá a Santa Igreja - "as portas sa o Espírito Santo do templo do coração do hodo inferno não prevalecerão contra Ela". Mt 16, 18 mem, nele introduzindo o diabo que é o instigador - malgrado a conduta de alguns de seus ministros, da luxúria, conduz ao erro, subtrai totalmente a verque deveriam ser "o sal da terra" e "a luz do mun- dade da alma enganada, prepara armadilhas para do". (Mt 5,13-14). os que nele incorrem, obstrui o poço para que daí Vejamos com que veemência um admirável San- não saiam os que nele caem, abre-lhes o inferno, to disseca a hediondez de um vício, especialmente fecha-lhes a porta do Céu, torna herdeiro da inferse praticado por eclesiásticos. Vício este de tal modo nal Babilônia aquele que era cidadão da celeste Jedifundido em nossos dias, que - oh dor! - sua rusalém, transformando-o de estrela do céu em paprática até está sendo amparada por lei em alguns lha para o fogo eterno, arranca o membro da Igreja países. Mesmo nossa Pátria não está imune a tal e o lança no voraz incêndio da geena ardente. ameaça, pois encontra-se em tramitação na Câmara "Tal vício busca destruir as muralhas da pátria Federal um nefando projeto de lei que visa legalizar celeste e tornar redivivos os muros da Sodoma a "união" homossexual. calcinada. Ele, com efeito, viola a temperança, mata a pureza, jugula a castidade, trucida a virgindade, t:JUe é irrecuperável, com a espada da mais infame * * * união. Tudo infecta, tudo macula, tudo polui, e tanSão Pedro Damião (+ 1072), Bispo e Doutor da to quanto está em si, nada deixa puro, nada alheio à Igreja, escreveu em 1051 seuLivro de Gomorra, que imundície, nada limpo. Para os puros, como diz o ofereceu ao Papa da época, São Leão IX. A obra era Apóstolo, todas as coisas são puras; para os impu-

Caixa Postal 9159 CEP 01065-970 São Paulo SP

São Pedro Damião

João Paulo li em Uganda

Em discurso aos jovens reunidos no estádio Nakivubo, no centro de Kampala, capital da Uganda, João Paulo li conclamou seus ouvintes à prática da castidade e a promover uma "revolução espiritual da pureza do corpo e do coração". Destacamos alguns parágrafos desse pronunciamento: "Sem o liame do matrimônio, as relações sexuais são mentirosas, e para os cristãos matrimônio significa matrimônio sacramental. Castidade - que significa respeitar a dignidade dos outros porque os nossos corpos são templo do Espírito Santo - nos leva a crescer no amor para com os demais e para com Deus. Ela nos prepara para realizar a "mútua doação" que está na base do matrimônio cristão. Coisa ainda mais importante, nos ensina a aprender a amar como Cristo ama, dando a sua vida pelos outros. Não vos deixeis enganar pelas palavras vazias daqueles que põem no ridículo a castidade ou a vossa capacidade de auto-controle. A força do vosso futuro amor conjugal depende da força de vosso atual empenho no aprender o verdadeiro amor, uma

Homossexualismo: tentativa de reerguer as paredes calcinadas de Sodoma e Gomorra

Publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes Ltda. D/rotor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Rosponsável: Mariza Mazzilli Costa do Lago íloglstrada na DRT-SP sob o n• 23228 Rodoç6o o Gorêncls: Rua General Jardim, 770, cj. 3 D CEP01223·010 SãoPauloSP - Tel/fax (011) 257- 1088 ISSN 0008-8528

Fotolitos: Bureau Bandeirante de Pré-impressão Lida. Rua Malrlnquo, 96 CE P 04037- 020 São Paulo SP 1mprossflo: Gráfi ca Editora Camarg o Soares Lida. R. da Independência, 767 CEP 01 524-001 São Paulo SP

Preços da assinatura anual para o mês de FEVEREIRO de 1997: Comum : R$ 50 ,00 Cooperador: R$ 75 ,00 Benfeitor: R$ 150,00 Grande Benfeitor: R$ 250 ,00 Exemplares avu lsos : R$ 5,00 N. B.- 0 que exceder ao valor da ass inatura comum considera-se um donat ivo para a difusão de Catolicismo e para as ati vidades cstalut:\ rias ela TFP

i rn~wíl~@ @rn &i'ii'rnu~@íl[M]rnfM'ii'@ &i@ &i~ m&irM'iírn Telefone: (011) 223-4233

CATOLICISMO -

Fevereiro de 1997

9


(,x-fí_ r 0:'r -,-...\

'tJ-'(\,:'·Y . '>·;

ros e infiéis, nada é puro, mas estão contaminados o seu espírito e a sua consciência (Tit. I, 15). "Esse vício expulsa do coro da assembléia eclesiástica e obriga a unir-se com o.s"hiergúmenos e com os que trabalham com o diabo, s~ara a alma de Deus para ligála aos demônios. Essa pestilentíssima rainha dos sodomitas torna os que obedecem as leis de sua tirania torpes aos homens e odiáveis a Deus, impõe nefanda guerra contra Deus e obriga a alistar-se na milícia do espírito perverso, separa do consórcio dos Anjos e, privando-a de sua nobreza, impinge à alma infeliz o jugo do seu próprio domínio. Despoja seus sequazes das armas das virtudes e os expõe, para que sejam transpassados, aos dardos de todos os vícios. Humilha na Igreja, condena no fórum, com.purca secretamente, desonra em público, rói a consciência como um verme, queima a carne como o fogo. "Arde a mísera carne com o furor da luxúria, treme a fria inteligência com o rancor da suspeita, e no peito do homem infeliz agita-se um caos como que infernal, sendo ele atormentado por tantos aguilhões da consciência quanto é torturado pelos suplícios das penas. Sim, tão logo a venenosíssima serpente tiver cravado os dentes na alma infeliz, imediatamente fica ela privada de sentidos, desprovida de memória, embota-se o gume de sua inteligência, esquece-se de Deus e até mesmo de S'.i, Com efeito, essa peste destrói os fundamentos da fé, desfibra as forças da esperança, dissipa os vínculos da caridade, aniquila ajustiça, solapa afortaleza, elimina a esperança, embota o gume da prudência. "E que mais direi, uma vez que ela expulsa do templo do coração humano toda a força das virtudes e aí introduz, como que arrancando as trancas das portas, toda a barbárie dos vícios? "Com efeito, quem essa atrocíssima besta tenha en golido, entre suas fauces cruentas, impede-lhe, com o peso de suas correntes, a prática de todas as boas obras, precipitando-o em todos os despenhadeiros de sua péssima maldade. Assim, tão logo alguém tenha caído nesse abismo de extrema perdição, torna-se um desterrado da pátria celeste, separa-se do Corpo de Cristo, é confundido pela autoridade de toda a Igreja, condenado pelo juízo de todos os San.tos Padres, desprezado entre os homens na terra, reprovado pela sociedade dos cidadãos do Céu, cria para si uma terra de ferro e um céu de bronze. De um lado, não consegue levantar-se, agravado que está pelo peso do seu crime; de outro, não consegue mais ocultar seu mal no esconderijo da ignorância, não pode ser feliz enquanto vive, nem ter esperança quando morre, porque, agora, é obrigado a sofrer o opróbrio da derrisão dos homens e, depois, o tormento da condenação eterna" (Liber Gomorrhianus, c. XVI, in Migne, Patrística Latina 175-177). São Pedro Damião 10

, CATOLICISMO -

NOB_ ~-----. --:!!· p ~

Ultimas palavras de São Luís IX, Rei de França e Cruzado Exorta à caridade para com o próximo, à firmeza nos princípios da Santa Igreja Católica Apostólica Romana e, sobretudo, a um ardoroso amor de Deus São Luís IX (1226 a 1270) soube condensar, de modo admirável , a missão do verdadeiro governante nestes conselhos que, já moribundo, deixou para seu filho e sucessor: "Filho caríssimo, a primeira coisa que te recomendo é que apliques teu coração no amor de Deus; pois sem isso nada se pode salvar. Guarda-te de fazeres qualquer coisa que desagrade a Deus, ou seja, o pecado mortal; muito pelo contrário, deverias sofrer toda espécie de humilhações e tormentos antes que cometer um único pecado mortal. Se Deus te enviar adversida des, recebe-as com paciência, dá por elas graças a Nosso Senhor, considera que elas são merecidas e que te serão proveitosas. Se Ele te der a prosperidade, rende -Lhe humildemente graças, de tal forma que não sejas pior por orgulho ou por outra causa qualquer, quando deverias melhorar; pois não se deve usar contra Deus os dons que Ele próprio concede .... Ajuda com coração bondoso e compassivo aos pobres, aos infelizes e aos aflitos, conforta-os e auxilia-os em toda a medida que possas . Mantém os bons e abate os maus costumes de teu reino. Não cobices o que é de teu povo e não carregues tua consciência com impostos e tributos .... Para ministrar a justiça e garantir o direito de teus súditos, sê leal e inflexível, sem vergar para um lado nem para o outro; mas sustenta no seu direito e apóia na sua demanda o pobre, até que a verdade esteja clara. E se alguém mover uma ação contra ti, não prejulgues nada até que tenhas sabido a verdade; pois então teus conselheiros julgarão com mais destemor e com justiça, ou a teu favor ou contra ti .. .. Atenta para que teus povos vivam sob ti em boa paz e na lealdade. Sobretudo, conserva as cidades boas e os costumes do teu reino no estado e na franquia com que teus maiores os conservaram; e se há

Fevereiro de 1997

A REALIDAJÍE'~

JSAMENTE

1: ;._..

algo a melhorar, melhora e corrige, e conserva-os em favor e com amor: pois devido à força e à riqueza das grandes cidades, teus súditos e os estrangeiros temerão fazer qualquer coisa contra ti, e especialmente teus pares e teus barões. Honra e ama todas as pessoas da Santa Igreja, e te empenhes para que não se suprimam ou diminuam os dons e as esmolas que teus antepassados concederam .... Destina os cargos da Santa Igreja a pessoas de bem e de vida sem mancha; e faz isso sob conselho de homens prudentes e pessoas honestas. Evita de empreender, sem grande deliberação, guerra contra um príncipe cristão; e se te for preciso fazê-la, poupa então a Santa Igreja e as pessoas que nenhum mal te fizeram. Se guerras e litígios se elevarem entre teus súditos, apaziguaas logo que possas. Cuida de ter bons oficiais e magistrados, e inquire com freqüência acerca deles e das pessoas da tua casa: como se mantêm eles, e se neles não há algum vício de grande cobiça, falsidade ou dolo . Empenha-te para afastar de teu reino qualquer tipo de ruim pecado; especialmente faz cair todo o teu poder sobre os falsos juramentos e sobre a heresia .... E por fim, filho caríssimo, manda cantar Missas por minha alma e dizer orações em todo o teu reino, e outorga-me uma parte especial e inteira em todo o bem que fizeres. Doute, caríssimo filho, todas as bênçãos que um bom pai pode dar a um filho. Que a bendita Trindade e todos os Santos te guardem e preservem de todos os males; e que Deus te conceda a graça de fazer sempre sua vontade, de sorte que Ele seja honrado por ti e que tu e eu possamos, após esta vida mortal, estar juntos com Ele e louvá-Lo para sempre. Amém" (Mémoires de Joinville, cap. CXLV, apud Charles Périn, Les Lois de la Société Chrétienne, Librairie Jacques Lecoffre, Paris, 1875, t. li, pp. 398-402). □

Brasileiro católico: lembra-te dos mártires do Timor! A Indonésia continua a perseguição aos habitantes de Timor Leste, ex-colônia portuguesa. São centenas de milhares de vítimas. Além de terem conosco em comum a língua, a cultura e um passado de colonização lusa, o mais importante consiste em que os timorenses são na maioria católicos, perseguidos também por razão religiosa, por um governo que favorece o maometanismo naquela ilha. Ao ver, por exemplo, uma imagem ou uma estampa de Nossa Senhora ou do Sagrado Coração de Jesus, o leitor pode rezar tranqüilamente, sabendo que esta manifestação de sua devoção não porá em risco sua liberdade, sua integridade física e muito menos sua vida. Neste momento, faça uma jaculatória por todos os católicos que são perseguidos por sua fidelidade à Santa Igreja Católica Apostólica Romana. E, de modo especial, pelos que se encontram sob o implacável jugo dos seguidores de Maomé.

Britadeira= rock= estresse A Organização Mundial da Saúde estabeleceu como limite para o conforto do ouvido humano 70 decibéis (db ), unidade de grandeza que registra a pressão sonora sobre os tímpanos. Nas grandes cidades, mas também no interior de indústrias, esse limite é facilmente superado. A título exemplificativo do que representam os 70 decibéis: um avião a jato provoca 130 db; o tráfego de caminhões pesados, 120; um grupo de rock ou uma britadeira chega a 110. Se alguém ficar exposto à poluição sonora por muito tempo, corre sério risco de ter danos físicos ou psíquicos. Estresse, tontura, labirintite e enxaqueca são comuns. Uma hora de exposição diária a ruídos no nível de l 00 db (britadeira ou banda de rock) também provoca sérios danos à audição. Ligar a televisão em volume muito alto é sinal de alerta. Precisar de barulho para abafar o zumbido no ouvido, e só assim poder dormir, é outro. Tal zumbido é uma das primeiras conseqüências da perda auditiva gradual. O homem contemporâneo colhe os amargos frutos de se ter deixado levar por uma vertigem de progresso destemperado e quase exclusivamente material. Barulheira do rock causa estresse CATOLICISMO -

O presidente indonésio Suharto cumprimenta o Bispo D. Ximenes Belo, que encabeça a resistência de Timor leste.

AIDS já infecta meio milhão de brasileiros Segundo estudo inédito do Programa Nacional de Doenças Sexualmente transmissíveis/AIDS, este é o lamentável balanço com que nosso País encerrou o ano de 96. Mais precisamente, são 448 mil entre 15 e 49 anos. Dado que existem 81 milhões de brasileiros nesta faixa etária, conclui-se que uma pessoa em cada grupo de 181 carrega o vírus da Aids. Segundo o jornalista Sebastião Nery, "globalização é como AIDS: todo mundo sabe, todo mundo fala, mas quase ninguém se previne". Como ficarão estas cifras após o carnaval? Quantos não comprometerão sua saúde, sua família e seus bens nesses quatro dias que não poucos passam ofendendo a Deus, como se sabe? E, conforme disse João Paulo li (ver p. 8 da presente edição) , a castidade "é o único modo seguro e virtuoso de pôr fim à trágica praga da AIDS".

Terroristas muçulmanos ameaçam até ... destruir a França! A ofensiva maometana não se restringe ao longínquo Timor. Até mesmo na França ela se faz presente. Recente;nente, o movimento islâmico GIA (Grupo Armado Islâmico) enviou carta ao presidente Chirac, ameaçando "destruir a França" com uma nova onda de violência, se o governo francês não ceder às suas exigências. Este mesmo GIA foi o responsável pela degola de sete indefesos e pacíficos monges franceses na Argélia, após longo cativeiro. Ante tais fatos, cabe uma pergunta: compensa ficar dando "vivas" ao tão decantado ecumenismo? Fevereiro de 1997

11


Foi também aprisionado em Osaka um irmão jesuíta chamado Paulo Miki.

Os 26' mártires de Nagasaki: grande flash da história japonesa OscAR M. MonTsuKr

A Providência Divina não pode ficar indiferente a um dos mais heróicos martírios coletivos da História da Igreja. O sangue dos mártires de Nagasaki poderá ainda dar frutos magníficos de conversão num solo hoje ressecado pelo materialismo pagão

A

evangelização do Japão teve início em 15 de agosto de 1549, quando São Francisco Xavier pisou pela primeira vez o solo nipônico, e começou a perfumar o Império do Sol Nascente com o odor de suas virtudes e dons admiráveis. Os missionários jesuítas empreenderam com vigor e coragem a obra da salvação dos gentios japoneses. Empolgantes lances, cruciais situações, conversões espetaculares, dolorosas decepções acompanharam passo a passo aqueles valentes soldados de Cristo nas terras nipônicas. E o resultado desse heróico esforço e desse abnegado amor

Nau portuguesa rumo ao Oriente

12

a Jesus Cristo não se fez esperar. Milhares de conversões se deram em menos de meio século. Mas, em 1597, a História registra a crucifixão de 26 desses convertidos, que se tornaram conhecidos como os mártires de Nagasaki, primícias abençoadas da evangelização do Japão. Vejamos como aconteceu este memorável e trágico fato histórico, glória da Cristandade Nipônica.

Após o labor das conversões, começa o Calvário da perseguição Enquanto progredia a obra da conversão dos gentios, o Império do Sol Nascente encontrava-se em guerra civil. Suaremúficação, iniciada por um senhor feudal chamado Nobunaga, estava em processo de consolidação. Mas, com a súbita morte deste, seu continuador, Hideyoshi, conve1teu-se posteriormente num verdadeirn déspota, esmagando seus adversários pela força das armas, e reunificando quase totalmente o Império nipônico sob o poder militar. No início de seu governo, Hideyoshi não perseguiu os católicos. Porém, com o passar do tempo, percebeu que seus vassalos convertidos ao catolicismo muitos dos quais ocupavam lugar de destaque em seu exército - eram um , CATOLICISMO -

Fevereiro de 1997

Católico japonês do tempo das missões

empecilho para a realização de seus ele ígnios ditatoriais; e que a lei de Deus era um obstáculo para os seus desmandos morais. Assim, em 1587, assinou um decreto de expulsão dos missionários, o que não chegou a se consumar devido às medidas de prudência tomadas pelos jesuítas. Nesse ínterim, começaram a chegar outros missionários vindos das Filipinas, que intensificaram ainda mais a obra de evangelização. Infelizmente o ambiente político estava tremendamente perturbado por intrigas, cobiças comerciais e maquinações dos inimigos da Religião cristã.

O incidente com o galeão San Felipe Assim, quando tudo pressagiava uma violenta perseguição do Governo

imperial contra os católicos, deu-se o lamentável incidente do soçobro do galeão espanhol San Felipe, em Urado, nas costas japonesas. Após longos vai-e-vens, Hideyoshi mandou prender os franciscanos vindos das Filipinas e confiscar as mercadorias do galeão. Ele assim agiu aproveitando-se das imprudentes ou manipuladas palavras do piloto da nave, o qual teria dito ao seu enússário- após mostrar um mapa das extensões territoriais do rei da Espanha - que nas conquistas espanholas a pregação missionária era o passo inicial que precedia as invasões militares.

macio Felipe de Jesus, ou de las Casas, e dois irmãos leigos da mesma ordem: Francisco de San Miguel e Gonzalo Garcia. No grupo dos heróicos confessores da Fé encontravam-se também três meninos de coro (Luís lbaraki, Antônio e Tomás Kozaki) e mais doze catequistas ou fiéis que estavam a serviço da Missão Franciscana em Kyoto e Osaka.

De senhorial origem, nascera em 1568, e estudara no Senúnário de Azukiyama e no Colégio de Amakusa. Trabalhou com o padre provincial em Nagasaki, e fez intenso apostolado em lugarejos de Omura e Arima. Era um dos melhores pregadores da Companhia de Jesus no Japão. Os catequistas João de Goto e Diogo Kisai foram também presos. Mais tarde, na prisão, para gáudio de suas almas, foram recebidos na Companhia de Jesus. Em Kyoto, onde os prisioneiros haviam sido concentrados, os algozes cortaram-lhes as orelhas esquerdas, numa praça, ao norte da cidade. Os supliciados, cobertos de sangue, para escárnio das gentes, foram exibidos pelas ruas em pequenas carroças que levavam três ou quatro pessoas. As rudes carroças da ignomínia tornaram-se, ao longo do trajeto, o troféu de glória da Igreja. Desde Kyoto até Nagasaki, os mártires eram recebidos em triunfo pelos fié is das aldeias católicas. As demonstraçõ~s de amor a eles tributadas eram das mais variadas. Inumeráveis e

\\

,. Kyoto l''j ·s akai

Prisioneiros mutilados ocasionavam conversões em seu trajeto Os missionários franciscanos tinham como centro de irradiação a Igreja Nossa Senhora dos Anjos, em Kyoto, então capital imperial, e estavam sob a chefia de Frei Pedro Batista, que foi preso com outros dois padres: Martín Loynaz de la Ascensión e Francisco Blanco de Galícia. Além desses, foram encarcerados um clérigo franciscano cha-

i\'

1,

·r

oceano

p ac,,,co

Roteiro de São Francisco Xavier no Japão, por mar e por terra de Málaga t

J para Goa

CATOLICISMO -

Fevereiro de 1997

13


disse-lhe que não havia coisa mais importante que a salvação da alma e recomendou-lhe que não se descuidasse dela. O venerável pai estimulou o filho a ter muito ânimo e fortaleza de alma naquele sublime passo, e exortou-o a morrer alegremente, pois morria a serviço de Deus. Acrescentou que ele, como também sua mãe, estavam dispostos a derramar seu sangue por amor do Senhor, se necessário fosse.

Cristãos japoneses pediam para serem também crucificados

A crucifixão dos mártires de Nagasaki não foi à maneira romana. Os carrascos japoneses matavam as vítimas com golpes de lanças, quando já estavam suspensas na cruz

comoventes conversões se deram ao longo dos caminhos e dos lugarejos por onde passaram.

O pai exorta o filho a ter ânimo na hora do martírio No dia 8 de janeiro de 1597, Hideyoshi assinou o decreto que condenava à morte todos os prisioneiros. Os motivos da condenação são exclusivamente religiosos. Os cristãos punidos com a pena de morte eram 24, aos quais se juntaram, mais tarde, outros dois que acompanhavam os prisioneiros. Assim, foram 26 os gloriosos mártires de Nagasaki. 14

Hanzaburo Terazawa, irmão do governador de Nagasaki, recebeu a ordem de Hideyoshi para executar todos os prisioneiros. Ele mandou preparar as cruzes do martírio numa colina perto de Nagasaki. Na manhã do dia 5 de fevereiro de 1597, Hanzaburo, com receio de cair na desgraça de Hideyoshi, revogou as autorizações que anteriormente dera. Não permitiu a celebração da Missa e nem sequer fosse ministrada aos mártires a Sagrada Eucaristia. Antes de chegar ao local do suplício, o jesuíta João de Goto viu seu velho pai, também católico, que viera despedir-se do filho. Dirigindo-se a ele, CATOLICISMO -

Fevereiro de 1997

Em seguida os mártires dirigiram-se à colina onde já estavam preparadas as cruzes. Tão grande era o número de fiéis - segundo consta, cerca de quatro mil - que se aglomeravam em tomo dos mártires, que os soldados foram obrigados a empurrar os cristãos violentamente, pois muitos deles também queriam ser crucificados. A graça do martírio os tinha tocado profundamente. Frei Martín entoou então o Cântico de Zacarias, enquanto Frei Gonzalo recitava o Miserere. Outros cantavam o TeDeum. Os Padres Francisco e Pásio, enviados do provincial de Nagasaki, os exortavam a permanecer firmes na Fé. Luís Ibaraki gritou com firmeza e alto: "Paraíso, Paraíso, Jesus, Maria." E assim em um instante todos os presentes gritavam a plenos pulmões: "Jesus, Maria, Jesus, Maria .. ." O pequeno Antônio, nesse instante, pediu ao padre Batista que entoasse o "Laudate pueri Dominum" (Louvai, meninos, ao Senhor). Este porém se encontrava em profunda contemplação, e nada respondeu. Antônio, então, iniciou sozinho o Cântico, mas antes de terminá-lo recebeu o golpe das lanças que pe1furaram seu peito. O Irmão Paulo Miki continuava a exortar os companheiros do alto da cruz, com divina eloqüência. Sua alma já prelibava o Céu. O primeiro a consumar o martírio foi Frei Felipe de Jesus. Seu corpo estremeceu ao receber o tremendo golpe de duas lançadas que lhe perfuraram o peito. Seu sangue jorrou forte e copio-

sarnente. A morte foi instantânea. E assim se sucederam os golpes que abriram as portas do Céu aos outros mártires. O último a expirar foi o Padre Francisco Blanco. À tarde do mesmo dia, o Bispo de Nagasaki e os Padres jesuítas, que não puderam assistir ao martírio devido à proibição de Hansaburo, foram venerar os corpos dos Santos Mártires, cujo sangue foi piedosamente recolhido pela comunidade católica, como preciosa relíquia. Muitos anos depois, em julho de 1627, o papa Urbano VIII reconheceu oficialmente seu martírio; e em 8 de junho de 1862, o Papa Pio IX os canonizou solenemente.

Sangue dos mártires: penhor de nova cristandade no Japão A santa colina ficou conhecida como Monte dos mártires, e tornou-

se centro de peregrinação dos católicos. Nela inumeráveis outros mártires foram degolados ou queimados vivos, durante a longa e cruel perseguição que se realizou mais tarde, e que exterminou quase totalmente o cristianismo do solo japonês. Quatrocentos anos já se passaram desde que os 26 mártires foram crucificados. Quatrocentos anos! ... Quantas coisas já mudaram, e quantas ainda mudarão! ... Deus tem seus desígnios insondáveis sobre as nações. E como a Fé não mente, "o sangue dos mártires é semente de cristãos". E assim, das cinzas dessa cristandade ferida brotará um dia urna flor. Confiemos e rezemos, pois, pelo Japão atual- em meio ao estonteante progresso material-, vulnerado até suas mais profundas raízes pela Revolução anticristã que atinge todas as nações. Roguemos a Deus para que o

Império do Sol Nascente, que carrega o pesado ônus do paganismo antigo acrescido dos péssimos efeitos do neopaganisrno moderno, receba novamente um surto de graças do Divino Espírito Santo e retome o glorioso caminho outrora iniciado no "Século Cristão Japonês", rumo ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria. O

Fontes de referência:

* Constantino Bay le, S.J., U11 Siglo de Cristia11dad e11 e/ ./apó11, Colecc ión Pro Ecc les ia et Patria, Ed itori al Labor, S.A., Barcelona-Madrid-Buenos Aires-Rio de Janeiro, 1935.

* Diego Pacheco, S.J. , Mar/ires e11 Nagasaki J-lém es dei Apostolado Caflílico , Edi torial EI Siglo de las M isiones, 196 1.

* P. De Charl evo ix, Histoire du .Japm1. Tours, Acl. Mame & Cie. Éd iteurs. 1842. ,:, Padre Rohrbacher, Vida dos Sallfos, vol. li 1. Ed itora elas Américas, 1959. * Dr. Herbert 1-1. Gowe n, 1-listoire du Japon - De.,· origi11e.1· à 11osjo11r.1·, Payot , Paris, 1933.

Kobe: primeira leva de colonos japoneses, em sua maioria católicos, rumo ao Brasil, em 1908

........~ .;,' ... .' ~~


PALAVRA/ DE VIDA ETERNA

D

* Santa Veridiana, Penitente. Toscana

(Itália) , +1242.

Murada viva num~ cela, a seu pedido, durante 34 anos. Sofreu terríveisP erseguições diabólicas.

1

FEVEREIRO

~----------~

• Beatas Maria Vaiblot e Odila Baumgartem mais 97 companheiros, Mártires. Angers (França), + 1794. Irmãs de S. Vicente de Paulo que, com uma monja beneditina,

tidade, chegou até a Grécia, onde morreu. • Também Beato Jordão da Saxônia (Alemanha), Confessor. + 1237. Sucessor de S. Domingos, possuía dom particular de acalmar almas aflitas.

m m

* São Cirilo e São Metódio, Bispos e Confessores. Após-

tolos dos Eslavos, Morávia (região da República Tcheca), + 869 e 885.

12 padres seculares e 84 leigos foram martirizados em Angers durante a sangrenta, atéia e igualitária Revolução Francesa.

* São Cláudio de La Colombiere, Confessor. Paray-le-

li

* Apresentação do Menino Jesus

Monial (França), + 1682. Apóstolo do Sag rado Coração de Jesus, confessor e diretor espiritual de Santa Margarida Maria Alacoque.

no Templo e Purificação de Nossa Senhora - A lei mosaica presc revia que as mu-

mi 11:ii

lheres que dessem à luz só entrassem no templo novamente depois de um prazo legal e o oferecimento de um cordeiro e um pombo ou, se pobres, de um pombo. Prescrevia também que todo primogênito do sexo masculino fosse consagrado no Templo como propriedade exclusiva de Deus. Embora não sujeitos à lei, Jesus e Maria quiseram observála para dar o exemplo. Esta festa é também chamada das Candeias ou da Candelária.

lar no Oriente e na Itália.

m

Florença (Itália}, + sec. XIII.

l'r.t * Santa Bernardette Soubirous, 11:ii Virgem (foto). Nevers (França), + 1879.

A quem Nossa Senhora apareceu em Lourdes, em 1858.

IPJ

. , . * São João de Brito, Mártir. Madurai (Índia),+ 1693. Filho faleceu. Missionário na Índia, converteu, entre muitos, um príncipe indiano, que renunciou à poligami a. Uma das ex-esposas do potentado mandou matar o santo. • Também São José de Leonissa, confessor. Nápoles (Itália) , + 1612.

li

Etjl · Santo Eleutério, Bispo e Confessor. Tournai (Bélgica)

* Santa Águeda ou Ágata, Virgem e Mártir. Sicília (Itá-

(alil + 456.

De nobre familia, entusiasmou-se desde pequena pelo ideal da

pureza. O pró-consul da Sicília mandou cortar-lhe os seios com tenazes ardentes.

m

* São Pedro Damião, Bispo, Confessor e Doutor da

* São Paulo Miki e companheiros, Mártires. Nagasaki

Camaldul enses. Cardeal-Bispo de Ostia, deixou mais de 158 cartas, 60 opúsculos e várias vidas de sa ntos. Sofria muito de insônia e de terríveis dores de cabeça, sendo por isso invocado contra esses males.

(Japão) , + 1597 Ver neste número pp. 12-15. • Também Santa Dorotéia,

* São Ricardo Rei, Confessor. Luca (Itália), + 722. Dos mais ilustres monarcas ingleses , se us três filhos são também honrados como santos. Faleceu em peregrinação a Roma e Jerusalém. • Também: Santa Juliana de Bolonha (Itália), Viúva. + 430 e Santa Coleta, Virgem . Reform adora. Amiens (França), + 1447

1m

m m

* Cátedra de São Pedro. Anteriormente comemorava-se neste dia a Cátedra de São Pedro em Antioquia e, em 18 de Janeiro, a Cátedra de São Pedro em Roma.

* São Policarpo, Bispo e Mártir. Esmirna (Turquia), + 155.

* São Jerônimo Emiliano, Confessor. Veneza (Itália), + 1537.

Discípulo de S. João Evangelista e Bispo de Esmirna, foi martirizado aos 86 anos.

Militar aos 15 e senador aos 25 anos, prisioneiro de guerra, foi libertado por Nossa Senhora e fundou a Ordem dos Clérigos Regulares .

m •São Sérgio, Mártir, Cesaréia (Turquia), + 304.

* Santa Apolônia, Virgem e Mártir. Alexandria (Egito), + 249.

ffl *

* Santa Escolástica, Virgem. Umbria (Itália), + 543. Irmã

negra quando iam em peregrinação a Roma e à Terra Santa.

Santo Avertano e Beato Romeu , Confessores, Luca (í;I (Itália} , + 1386. Da Ordem Ca rmelitana, falece ram atacados pela peste

m

gêmea de São Bento, imitou-o também na santidade.

* São Porfírio de Gaza (Palestina), Bispo e Confessor. +

líiil 420. Nascido na Macedônia, viveu no Egito como asceta e depois em Jerusalém.

m

* Nossa Senhora de Lourdes. Na França, em 1858.

Sagrado Bispo de Gaza, obteve do Imperador a destruição de todos os templos pagãos.

* Santa Eulália de Barcelona (Espanha), Virgem e Mártir. + 304. Torturada com ferro em brasa e queimada viva por ter-se recusado

En • São Gabriel da Virgem Dolorosa, Confessor. Ancona (Itália).+ r.ia 1862. Aos 20 anos entrou no convento dos Passionistas de Morrevalle deAncona.

a incensar os ídolos. *Quarta-feira de Cinzas. Dia de jejum e abstinência.

Faleceu aos 24 anos, sendo designado pelo Papa São Pio X como modelo da juventude.

* São Martiniano ermitão, confessor. Atenas (Grécia), + 398. Natural da Palestina, fugindo sempre de peregrinos atraídos por sua san-

16

Por increpar

5iiil sacerdotes pagãos, teve sua cabeça decepada.

Protetora contra as dores de dentes por ter, durante o martírio, recebido muitos golpes na boca.

m m

C ATOLI CISMO -

O pecado: lepra da alma

Igreja. Ravena (Itália) , + 1072. Da Ordem dos

li

ll

Sua intransigência contra a heterodoxia e zelo pela fé lhe valeram o

Comentários extraídos da Catena Aurea, 1 de Santo Tomás de Aquino

mart írio, pois foi espancado por hereges até a morte.

virgem e mártir. Cesaré ia (Turquia), + 320

li

''Tendo Jesus descido do monte, uma grande multidão o seguiu. E eis que, aproximando-se um leproso, O adorava, dizendo: Senhor, se tu queres, podes curar-me. E Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero, sê curado. E logo ficou curado da sua lepra. E Jesus disse-lh e: Vê, não o digas a ningu ém, mas vai, mostra-te ao sacerdote, e faze a oferta que Moisés ordenou, para lhes servir de testemunho" (São Mateus, 8, 1-4).

* São Conrado de Placência

(Itália), Confessor + 1351 . De comum acordo com a mulher, que entrou num convento, foi admitido na Ordem Terceira de S. Francisco. Passou 40 anos em oração, penitência e exercendo os mais humildes serviços num hospital.

liill de Salvador Pereira de Brito, enviado por D. João IV para governar o Brasil, onde

lia), + 251.

Nobres fl orentinos, foram enterrados na

mesma sepultura.

Salvou um menino prestes a morrer com uma espinha de peixe na garganta. Padroeiro co ntra as doe nças nesse órgão. • Também Beato Stefano Bellesini, Confessor. Genazzano (Itália), + 1840. Eremita de Santo Agostinho, grande pregador e devotíssimo da Santíssima Virgem, foi pároco do célebre santuário onde se conserva o milagroso quadro da Mãe do Bom Conselho.

n

A cura do leproso é uma das mais ricas e simbólicas lições evangélicas: analogia entre lepra e pecado, o valor transcendental da oração diante do Criador, a superioridade do espírito de sabedoria sobre a cura corporal, a necessidade do perdão do Sacerdote para a reconciliação com a Igreja

* Sete Santos Fundadores dos Servitas, Confessores.

* São Brás, Bispo e Mártir. Sebaste (Armênia), + 316

li

* Santa Juliana de Nicomédia (Turquia), Virgem e Mártir. + 305. Martiri zada sob Diocleciano, sua devoção tornou-se muito popu-

A cura do leproso

~

* São Torquato, Bispo e Confessor. Cádiz (Espanha). séc. 1-11.

c:I Dos primeiros bispos que teriam sido mandados no século I desde Roma à Península Ibérica para evangelizá-la.

Fevereiro de 1997

O

"Como e nsinava manifestando que tinha poder, para que não se j uJ gasse que era uma ostentação essa maneira especial de explicar-se, Nosso Senhor Jesus Cristo faz por meio das obras o mesmo que fizera por meio das palavras, demonstrando também o poder de curar. Quando ensinava no monte, seus discípulos estavam com Ele, e a eles era permitido conhecer os píncaros da celesti al doutrina. Agora, quando desce do monte, seguem-no as turbas que não puderam subir ao monte, porque, oprimidos pela perfídia da culpa, não podiam ascender ao conhecimento da sublimidade dos mistérios . Descendo o Senhor, isto é, inclinando-se até à enfermidade e im-

potência deles, quando se co mpadeceu de sua imperfe ição o u enfe rmidade, as

O Divino Mestre cura um leproso C ATO LI CISMO -

Fevereiro de 1997

turbas O seguiram , algun s atraídos pela carid ade, a maior parte por causa da doutrin a, e alguns porque Ele os curava. Entre os que não subiram ao monte encontra-se o leproso, que não pôde subir, acabrunhado pelo peso de seus pecados: alepra é o pecado de nossas almas. E, como se O aguardasse, o leproso veio ao seu encontro. Antes de pedir, começou a adoráLo, manifestando o culto que se deve a D eus . Não lhe pediu como a um homem poderoso, mas O adorava como a Deus. A oração perfeita consiste na Fé e na confissão. De onde o lepro so, ad orando , c umpriu com os deveres da Fé, e, com as palavras, fez sua confissão . N ão di sse "se pedires a Deus" nem "se orares a De us", mas sim "se qu eres, podes curar17


me". E também não disse "Senhor, limpai-me", mas tudo deixou ao seu arbítrio, reconheceu-O como Deus e Lhe atribuiu o poder de tudo fazer'. \ ·

Oração bem feita: a melhor oferenda a Deus Ao Médico espiritual ofereceu um "pagamento" espiritual, porque, assim como com dinheiro se satisfaz aos médicos da terra, a Este se satisfaz com orações. Nenhuma coisa mais digna podemos oferecer a Deus do que uma oração bem feita. Quando .disse "se quiseres", não duvidou de que a vontade de Deus está sempre voltada para o bem. Mas, como a perfeição corporal não convém a todos, ignorava se a ele, particularmente, conviria ser curado. Disse, pois, "se quiseres", significando "creio que queres tudo que é bom, mas ignoro se é bom para mim o que peço". Embora pudesse limpá-lo com a palavra e com a vontade, Nosso Se-

vo, mas que, como Deus, toca e cura. A mão não só não se contaminou por haver tocado na lepra, mas pelo contrário, o corpo do leproso se limpou ao simples contato com a santa mão.

Além da cura corporal, sobretudo conduzir à sabedoria Nosso Senhor Jesus Cristo veio ao mundo não apenas para curar os corpos, mas principalmente para guiar as almas ao caminho da verdadeira sabedoria. Assim como não mais proibia comer carne antes de se ter lavado as mãos, também ensina, nesta passagem, que convém temer sobretudo a lepra da alma (que é o pecado), porque a lepra do corpo não impede a prática da virtude. Ademais, não era somente Deus, mas também Homem. Por isso operava os milagres por meio da palavra e do tato, a fim de que seus atos divinos fossem mais perfeitos com o concurso do corpo.

Assim como Nosso Senhor perdoou os pecados do leproso, o sacerdote concede, mediante o Sacramento da Confissão, o perdão ao penitente

nhor aplicou-lhe a mão e o tato, para manifestar que não estava sujeito à Lei. Como, por exemplo, Eliseu que, seguindo o que mandava a Lei, não saiu e não tocou num leproso chamado Naaman, mas o enviou ao Jordão para que ali se lavasse. E Nosso Senhor, aqui, demonstra que não age como ser18

Quando tocou no leproso, ninguém O acusou de ter transgredido a Lei, porque dentre os que presenciavam nenhum havia sido ainda contaminado pela inveja. Se tivesse curado às escondidas, quem haveria de saber em virtude de quem o leproso havia sarado? Logo, a vontade de curar a lepra ' CATOLI CISMO -

Fevereiro de 1997

se dirigia ao leproso, e as palavras pronunciadas, aos demais que presenciavam a cura. Anteriormente o Salvador nunca tinha usado essa palavra, embora já tivesse feito coisas admiráveis. Mas agora diz "quero", para confirmar a opinião das turbas e do leproso sobre o seu poder.

Jesus ainda tenta a conversão dos ímpios sacerdotes Disse "vai, mostra-te ao sacerdote". Enviou o leproso aos sacerdotes. Primeiramente, por humildade e para que se visse que guardava deferência para com eles. Em segundo lugar, para que, vendo eles o leproso curado, se salvassem crendo no Salvador. Se não cressem, fosse sem escusas a incredulidade deles. A Lei mandava que os curados de lepra oferecessem dons aos sacerdotes. E Nosso Senhor disse: "Faze a oferta que Moisés ordenou, para lhes servir de testemunho". Prevendo que nada lhes adiantaria isso, não disse "para emenda deles", mas "para testemunho". Ou seja, para acusação e testemunho, pois o que Ele deveria fazer já estava feito e, mesmo prevendo que não se emendariam, não deixou de fazer o que convinha. Mas eles permaneceram em sua própria malícia. No sentido moral, designa-se pelo leproso o pecador (porque o pecado faz a alma aparecer suja e variável), que se ajoelha diante de Nosso Senhor Jeus Cristo, confundido pelos seus antigos pecados, e que deve confessar e pedir perdão, como o leproso manifestou sua ferida e pediu o remédio. O Senhor lhe estende a mão, outorga-lhe o auxílio da divina misericórdia e imediatamente o leproso consegue o perdão de seus pecados. Ninguém pode reconciliar-se com a Igreja, a não ser por meio do perdão do Sacerdote. D

(*) - Santo Tomás de Aquino, Cate11a J\urea Exposiciôn de los cuatro eva11gelios , Vo l. 1, Cursos de Cu ltura Catolica, Buenos A ire s, 1946. O s intertítulos são da redação.

ARNÓBIO

J. GLAVAM

A história dos Carnavais contém eloqüentes traços para se compreender os estados de alma dos povos em diversos períodos de sua existência. O Carnaval brasileiro, conterá ele apenas sombrias perspectivas - revolucionárias e anárquicas - ou, embutidas nelas, encontrar-se-ão elementos de esperanças para o renascer de um Brasil autenticamente católico e marial?

D }

1

entro de pouco tempo entraremos no período carnavalesco. O que se passará nesses turbulentos dias? O mesmo que se tem passado em anos anteriores: clamorosa violação dos Mandamentos da Lei de Deus, imoralidade desbragada com a ostentação ufana das mais hediondas perversões sexuais; exaltação da extravagância e da loucura; ruptura de todos os padrões de trato social, educação e respeito. Nesses dias parece passar, por numerosíssimos espíritos, uma estranha impressão de que todas as leis morais ficam suspensas e a pura animalidade adquire direitos plenos de cidadania.

Porém, o elemento mais subtil dentro disso é um certo clima ou um determinado estado de espírito, que se vai formando no público e se exacerbando, por onde a vida de todos os dias vai tomando aspectos cada vez mais carnavalescos. E esses dias de farândola orgíaca e reino da extravagância vão se tornando o expoente de uma determinada concepção de vida dominante no Brasihnoderno. Expliquemo-nos melhor.

Imoralidade aliada a espírito anárquico O que veremos neste Carnaval? Uma licenciosidade envolta numa esCATOLICISMO -

Fevereiro de 1997

pécie de alegria anárquica, na qual o prazer sensual se soma a algo ainda mais danoso, porque de conseqüências mais dinâmicas e de fundo mais maléfico, que é a concepção, pelo menos implícita, de um mundo sem lei e sem ordem, ou seja, o reino do caos. Haverá bailes carnavalescos em que o nudismo e a liberdade sexual são os ingredientes principais. Haverá desfiles das escolas de samba, nos quais, ao lado de alguns aspectos tradicionais - de que mais adiante falaremos - vão se sobrepondo as manifestações de contestação à ordem moral, e mesmo à ordem sócio-econômica. 19


Confunde-se assim, num único extravazamento de insanidade, um anseio profundo de libertação moral e de libertação sócio-política, rum~ a um estado de coisas socialista e ·gualitário. Com efeito, o nudismo, a promiscuidade e a vulgaridade, a que os festejos de Carnaval dão lugar, não podem deixar de criar uma animosidade contra qualquer coisa que lhes coíba a exibição plena do corpo e a expansão dos instintos. E também contra o que se opõe ao ideal anárquico de um mundo assim "libertado". Portanto, contra aqueles que reagem a semelhante selvageria pelo seu modo de vestir e de proceder, pois· eles estabelecem uma desigualdade entre os púdicos e os impúdicos, entre os puros e os impuros, desigualdade esta que fere a consciência dos segundos e se lhes afigura odiosa. Ora, tal desigualdade, para os espíritos ávidos do ideal anárquico, é afim com a desigualdade que existe entre os que são mais e os que são menos, os que mandam e os que obedecem, os ricos e os pobres. Ou seja, entre governantes e governados, pais e filhos, patrões e empregados, etc. Donde, o Carnaval brasileiro, desde que deixou de ser predominantemente folcló1ico e expressão de traços louváveis e autênticos da psicologia de nosso povo, transformou-se, e vai se transformando cada vez mais, num possante instrumento de revolução cultural. E, sob o prisma estritamente religioso, numa violação flagrante e generalizada dos Mandamentos do Decálogo. Não é sem razão, portanto, que orecente Guide Visa -Au Brésil observa:

"O Carnaval acompanhou os valores das classes sobre as quais repousa a sociedade. "A introdução da música, no século XX, teve por efeito uma nítida distinção entre as d(ferentes classes sociais, dando nascimento, progressivamente, a dois Carnavais: um popular, das ruas; outro da classe alta dos clubes, dos cortejos de automóveis {corso]. Enquanto a elite ouvia polka ou valsa, o povo dansava o 20

mavera, em Roma, Grécia e também entre os teutões, costumava-se organizar grandes cortejos nos quais desfilava sobre rodas um carro alegórico representando um grande barco dentro do qual figuras mascaradas executavam danças promíscuas, com cânticos e representações obscenas. Na Grécia, tem-se notícias de que festejos dessa natureza eram celebrados já no século VI AC. Em Roma, tais desfiles com o "carnavale", ou "currus navalis", tornaram-se mais freqüentes nos últimos anos do Império. Na Grécia, tais festividades eram dedicadas não só aos deuses romanos Saturno e Bacco, mas também a Dionísio, à deusa Nertha e à "mãe-terra" (2). As máscaras carnavalescas também têm um sentido religioso: o culto aos mortos que eram representados por tais disfarces e cuja proteção era assim invocada.

O Carnaval sob a influência cristã

samba ou maxixe, este tido por obsceno, e que estava proibido até os anos 30. "Nessa época, Getúlio Vargas, hábil manipulador político, viu no Carnaval um meio eficaz de obter a adesão do povo à sua política de reformas. Assim sendo, as práticas se liberam, o desfile das escolas de samba aparece. "Pouco a pouco a loucura popular ganha as elites, o Carnaval torna-se mais uniforme: ele desce às ruas" (1) [Grifo nosso].

Carnaval pagão em Roma e na Grécia Muito se tem especulado sobre a origem do Carnaval e sobre a etimologia da palavra. <;:'.A-rouc1sMo - Fevereiro de 1997

Em qualquer caso, tal festa é de natureza pagã e muito provavelmente provém das Saturnai romanas, comemoração em homenagem a Saturno, deus romano que seria o protetor da agricultura. Em ua honra era costume, sobretudo no Lácio, organizar licencio o festins populares no início da primavera, invocando sua proteção para o plantio e as colheitas. Logo se associaram às Saturnais as festas em homenagem a Bacco, deus do vinho; e o Carnaval, assim concebido, tomou modalidades muito diversas, segundo as diferentes províncias do imenso Império Romano. A etimologia mais comum da palavra Carnaval fá-la derivar de "car navale", carro naval, ao que parece, pelo seguinte motivo: na entrada da pri-

N aturalmente esses costumes po pulares , mais ou menos despojados de seus aspectos de paganismo religioso, penetraram Cristandade a dentro. ) A Igreja, com sua sabedoria divina, foi procurando modificar, aos poucos, essa comemoração totalmente pagã, tão arraigada nos costumes populares. Desse modo, São Gregório Magno, denominando o domingo anterior à Quaresma - comemoração litúrgica preparatória para a Semana Santa - "dominica ad carnes levandas", acenava para a abstinência e o jejum impostos pela Igreja para esse período. Além do domingo, na segunda-feira e na chamada terça-feira gorda as pessoas podiam se regalar com os pra-

zeres da mesa e darem-se a uma comedida e sã alegria, antes de se entregarem às austeridades e jejuns quaresmais. Entretanto, a tendência para o destempero , para os excessos e a luxúria nunca deixou de ser preocupação constante das autoridades eclesiásticas. Neste sentido, observa a Enciclopedia Cattolica no verbete "carne-

vale": "A atitude que a Igreja tem mantido é praticamente a mesma com respeito aos divertimentos [do Carnaval], que podem desenvolver-se dentro dos limites co rretos ou, pelo contrário, des viar-se, e facilmente, para maus costumes e ruína moral das almas. Por isso a Igreja não condena "a priori" as alegrias e folgu edos do Carnaval mesmo acompanhados de f estas e banquetes, porque o corpo tem necessidade de repouso e reconforto para novas fadigas e para as mortificações prescritas" (3).

~ . .,

Imagem do presente ou prenúncio do futuro? Com o correr dos séculos, o relacionamento dos homens com Deus e sua Santa Igreja foi mudando; os costumes foram se alterando, a cultura e as civilizações se transformando. E os Carnavais também ... Na Idade Média, a Igreja, com sua divina e materna influência, foi modificando os festejos de Carnaval. Entretanto, no período final daquela época os homens deixaram-se embair pela vaidade e pelo gozo dos prazeres terrenos. Em suma, pelo orgulho e pela sensualidade, como bem descreve o inesquecível Prof. Plinio Corrêa de Oli-

CATOLICISMO - Fevereiro de 1997

veira em sua magistral obra Revolu-

ção e Contra-Revolução (4) . Também os costumes carnavalescos foram retomando aquela licenciosidade própria da época pagã, que a Renascença e o humanismo fizeram reviver. Esta primeira revolução nas tendências e nos costumes possibilitou a eclosão, mais tarde, das grandes revoluções doutrinárias e institucionais que lhe sucederam (cfr, op. cit.). E os Carnavais - com as características próprias deste ou daquele país - foram retratando, sucessivamente, épocas históricas ou períodos de maior ou menor decadência dentro dessas épocas. Porém, mais do que isso, os Carnavais sobretudo anunciavam e antecipavam disposições de alma e costumes que estavam por vir. Por outro lado, também pode ser observada no Carnaval uma certa apetência por grandeza, distinção, elegância e nobreza. Mas é preciso dizer que não são todos os povos que gostam de exprimir nos Carnavais suas tendências, boas ou más. Há povos, pouco afeitos aos Carnavais, que exprimem suas propensões de alma de modos diversos, como por exemplo, em estilos de música, de dança, na prática de certos esportes, etc. Porém, em tudo que dissemos arespeito do Carnaval como exprimindo o estado de espírito de um povo, tínhamos em mente mais especificamente o nosso País, pois é nele, mais do que em qualquer outra nação da Terra, que o Carnaval tomou as conotações de que acima falamos.

Vertigem de revolução e anseios de um mundo paradisíaco Há na alma do brasileiro, trabalhado pela Revolução (5), a tendência constante para uma desordem cada vez maior; mas, por outro lado, anseios, nostalgias , esperanças e saudades de dias mais suaves, mais temperantes, mais alegres e virtuosos, nos quais havia uma distinção e uma elevação de alma que se foram ... 21


do terreno para a ostentação da obscenidade, da vulgaridade e da libertinagem sexual. E na medida em que os anos foram passando, a imoralidade comum foi dando lugar até à solicitação das per-

povo - foi desavergonhadamente ostentado em nossa Pátria no último Carnaval. Temos todos os motivos para temer que outras manifestações prenunciativas de desregramentos

Padre escreve livro de educação sexual C.A.

Manual de Religião para crianças de primeira série utiliza cenas sublimes do Evangelho com ilustrações chocantes Essa dupla tendência, na alma brasileira, tem alternações caprichosas. Em tempos mais felizes presenciávamos, sobretudo nas camadas moralmente mais sadias da sociedade, apredominância do Carnaval folclórico tradicional. Nele sobressaíam as ricas fantasias, sempre acenando para o passado, real ou imaginário, ou para um mundo de sonho e legenda. Fantasias de príncipes e princesas, Escola de Samba- com fantasias representando a morte- desfila no Sambódromo, em São Paulo duques e duquesas, refletiam as saudades de uma ordem social hierárqui- versões sexuais. "Abyssus abyssum morais ainda mais extremados serão ca e esplendorosa, de que nossa histó- invocat" diz a Sagrada Escritura, um apresentadas neste Carnaval de 1997. abismo atrai outro abismo. ria apresentou lampejos. E, na perspectiva deste artigo, deOu então disfarces de marajás, de vemos refletir sobre o futuro de nosso sultões, de personagens das "mil e Para onde caminha o Brasil? País. uma noites", envoltos em vestes com Tema para reflexão e oração Refletir, sim, mas sobretudo rezar! bijuterias imitando riquezas fabulopara que o Sangue infinitamenRezar Chegamos então ao epílogo dessas, refletiam anseios por uma ordem te precioso de nosso Divino Salvador de coisas que não contivesse as vul- te artigo e a uma alarmante conclunão tenha sido derramado em vão quangaridades e prosaísmos inerentes à são. Se é verdade que as manifesta- to ao Brasil. E que as l ágrimas atual desordem em que vivemos. E que, portanto, satisfizesse anelos de ções que o Carnaval propicia indica dulcíssimas e valiosíssimas de Maria uma ordem paradisíaca com esperan- as tendências morais mais profun- Santíssima não deixem de regar este das de um povo, e sendo os Carna- território-continente, para fazer brotar ças do Céu. Tudo isso se completava nos ale- vais brasileiros como são, pode-se nele um futuro esplendoroso de fé e O gres e elegantes "corsos" (cortejos de concluir que, embora o amor à tra- grandeza cristãs. automóveis), em que as fanu1ias exibi- dição, à ordem e ao esplendor da am suas crianças fantasiadas com ima- vida ainda não tenha desaparecido Notas: ginação, esmero e capricho. E, ao lon- de todo , ele vai sendo tragado rápi1. Cuide Vi.1·a - A11 Brésil, Hachette Li vre, 1996. go do trajeto, entre chuvas de confete e da e inexoravelmente pela avassa- 2. Cfr. Enciclopédia Universal l/11s1rada Europeode serpentina, trocavam cumprimentos ladora onda da mais desbragada A111erica11a Espasa-Calpe, Madrid, to mo X I, verbete Ca rnava l. imoralidade. com amabilidade e cortesia. 3. Enciclopedia Ca11olirn, vol.111 , verbete Carna val. Mesmo certo culto praticado en- 4. Plíni o Corrêa de Oli veira , Re voluçcio e ContraDissemos em tempos mais felizes, tre os pagãos greco-romanos - qua- Revoluçcio, Chevalerie Artes Gráfi cas e Editora Ltcla, porque os aspectos do Carnaval brasi3" ed. , 1993. leiro que acenavam para esse mundo lificado pelos especialistas e histori- 5. Tomamos aqui o termo "Re voluçcio" no sentido cm maravilhoso, e para o ameno convívio adores como a própria expressão da que o apresenta o Pro f. Plínio Corrêa de Oli veira na social, foram paulatinamente perden- extrema decadência moral de um obra supra c itada .

A

tempo atrás a imprensa noticiou uma polêmica havida entre a Arquidiocese de São Paulo e o Governo daquele Estado. O pomo da discórdia eram as aulas de religião nas escolas. O governo tomava uma posição mais dada ao ateísmo: não queria saber dessas aulas. A Arquidiocese, porém, queria ensinar às crianças as verdades da Fé. Evidentemente, qualquer católico tomaria imediatamente posição favorável à Arquidiocese. Eu também. Confesso porém que uma apreensão me assaltou na ocasião. Ela não dizia respeito à necessidade de haver aulas de religião nas escolas, pois isso tenho por óbvio. A apreensão era outra: que espécie de aulas vão ser dadas para esses meninos e meninas? Quem dará essas aulas? Com base em que livros? Na época em que freqüentei os bancos escolares, tais perguntas nem teriam cabimento. A Igreja estava unida, a moral era respeitada, o catecismo ensinado era um só. Mas hoje! Nesta época de padres invasores de terras alheias , de freiras fumantes e usando calças de homem, de leigos e leigas espevitados gritando nos microfones das igrejas sem qualquer sentido de piedade, de gente escandalosa comungando com total ausência de pudor ... Quando essa pobre gente for dar aula de Religião, o que vai sair!? LGUM

Agora me veio a resposta. Chegoume às mãos um livro de Religião para a primeira série, portanto para crianças ainda na flor da inocência. Chama-se Deus pertinho, o autor é um sacerdote, Padre Sérgio Palombo, coordenador do ensino religioso da Arquidiocese de Belo Horizonte. É uma tristeza verificar o que vai ser ensinado às nossas crianças como Religião! A propósito do sublime mistério da Encarnação do Verbo de Deus em Maria Santíssima, dá-se à pobre criança de 7 anos ... uma aula de educação sexual! É chocante, mas é isso. Inclusive com desenhos de corpos femininos nus, no interior dos quais se representam as várias fases de formação do bebê. E ainda se ensina à criança como foi ela concebida a partir da união dos corpos do pai e da mãe! Como isso está longe do belo e saudoso Catecismo que conduzia à adoração do Menino Deus e da veneração sem limites por sua virginalíssima Mãe. Santa Isabel é apresentada à criança de modo grotesco, como "uma senhora de bastante idade e barriguda" e seguem explicações sobre a gràvidez da santa. Mas não é só. A propósito da circuncisão de Jesus, leva-se a criança a admirar "o corpo do menino e o corpo da menina". E tudo ilustrado com desenho de um menino e uma menina, completamente nus, de frente. O desenho é perfeitamente claro e visível, mas temen-

do talvez que o aluno fosse catacego, o mesmo desenho é repetido na página seguinte, em tamanho enorme. E para que ninguém fique com a falsa idéia de que o desenho não é deresponsabilidade do autor, no Manual do Professor, que explica o livro para o mestre, está dito com todas as letras que não só os textos, mas também "cada ilustração foram pensados para serem instrumentos de aprendizagem do amor de Deus". O mesmo manual explica ainda aos professores que eles devem levar a criança a "admirar a beleza do corpo da mulher grávida". É triste dizê-lo mas, a propósito de História Sagrada, o livro parece participar da obsessão de certos ambientes modernos por temas sexuais. Os aspectos maravilhosos, sublimes, divinos dos fatos narrados no Evangelho, próprios a encantar a criança e, sobretudo, a preservar-lhe a inocência, elevando sua alma à consideração das coisas celestes, ficam em plano completamente secundário. E o pior: o livro vem com imprimaturdo Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, D. Serafim Fernandes deAraujo. O

22

' CATOLICISMO -

Fevereiro de 1997

CATOLICISMO -

Fevereiro de 1997

23


PAULO CORRÊA DE BRITO Fº

UAL o brasi leiro, com média informação, que não ouv iu falar n ebre Confeitaria Colombo? Que não tomou conhecimento, através dos órgãos da mídia nacional , em 17 de setembro de 1994, que aquele conhecidíssimo estabelecimento comercial carioca comemorava um século de ex istência? Como eu me incluo naquele gênero de brasileiro , a Co lombo sempre me atraíra por ser um dos mais express ivos marcos simbólicos do Rio. Por isso, não quis deixar de visitá-la em minha última viagem à ex-capital federal, em fins do ano passado. E era minha intenção, durante a visita, obter dados para uma possível matéria a ser apresentada nesta seção. Os leitores poderão verificar que a Providência Div ina me favoreceu para a concretização desse intento. Após uma quase maratona de visitas a outros locais históricos e pitorescos do Rio antigo, cheguei à confeitaria num horário em que o serviço - ó decepção! ... - já se encerrara. Apesar de só permanecerem clientes em duas mesas, dirig i-me ao maitre Geraldo

24

O atual prédio da Confeitaria Colombo, à R. Gonçalves Dias, 32-36 (Centro), foi inaugurado em 1913.

A famosa Confeitaria Colombo se incorporou à história do Rio de Janeiro, conservando valiosos costumes e tradições, que prezavam a finura nos ambientes, na decoração e na culinária '

CATOLICISMO -

Fevereiro de 1997

Nunes, pedi- lhe desculpas pela hora tardia, e externe i-lh e meu vivo interesse em entrevistar alguém da casa e obter material para elaborar um pequeno artigo sobre aq uele consagrado estabelecimento. O maitre foi de uma gentil eza que fez jus à fama de exímia amabilidade de todos os funcionários da confeitaria. Convidou-me, e ao amigo que me acompanhava, a se ntar numa das mesas , mandou servir-nos um saboroso café e pediu que o ag uardássemos, pois tentaria atender minha solicitação . Daí a pouco, retornou acompanhado do mai s antigo garçom que ainda trabalhava na casa, um simpático português de Viana do Castelo, José Pereira Correia Lopes. Além de outras publicações, este ofertou -me um precioso álbum , ricamente ilustrado, cujo título, "Colombo - 100 anos - No dia-a-dia da cidade do Rio de Janeiro", era bastante significativo e vinha precisamente de encontro ao meu desejo. De fato, o abundante material nele contido permitiu -me completar com folga as informações verbais que me foram prestadas.

Co ntou- me o pres tim oso português que, estando ainda em sua pátria, recebera de parentes seus, residentes no Brasil, uma "carta de chamada", documento necessário para que fosse permitida a imigração por parte do Governo brasileiro. Em setembro de 1958, o jovem José aportou ao Rio de Janeiro e imediatamente se integrou no quadro de funcionári os da Colombo. Nos 38 anos em que nela trabalha, serviu clientes famosos como o presidente Jusce1ino Kubitscheck e o governador Carlos Lacerda. E, com seu característico sotaque luso, foi discorrendo, a meu pedido, com uma calma e uma tranqüilidade próprias a épocas menos trepidantes do que a nossa, sobre fatos marcantes ou pitorescos daquele pequeno mundo que teve inegável influência na vida política e literária da Cidade Maravilhosa. Era quase com veneração que ele se referia a um compatriota seu, Manoel José Lebrão, que também deixara o torrão natal - uma pequena vila no Alto Minho - e chegara a nossa Pátria em 188 1, com apenas l 3 anos de idade. Meu interlocutor exaltou as capacidades de seu patrício, o · qual, saindo de um ambiente tão modesto, após 13 anos de Brasil, tornou-se um homem ele grande visão para sua época. Fundou a Co lombo, estabelecendo princípios de disciplina e organização, alguns deles inéditos naquele tempo. Os funcion ários moravam no préd io da confeitaria, em regime de interna to , segundo a sábia norma vigente nos estabelecimentos do velho comércio português. Ponto de honra da casa, a máxima "o freguês tem sempre razão" - criada por Lebrão converteu-se na filosofia de ação de todos os que nela trabalhavam. A Colornbo foi a primeira casa a adotar para os seus servidores o uso do uniforme - terno azu l marinho, camisa branca

A decoração, a clarabóia e os móveis (em detalhe) constituem o ambiente caracteristicamente bel/e époque da Colombo

e gravatinha preta. E também foi pioneira ao suprimir a gorgeta em 1922, substituindo-a pela porcentagem de 5% nas vendas, concedida a seus funcionários , além do salári o. Esta praxe vigorou até 1974. José Pereira Correia Lopes observou também, com explicável co mpr azime nt o, que a Co lombo, até 1970, não permitia que os clientes se sentassem às mesas sem paletó. - Mas, como se conseguiu isso ? indaguei. - A confeitaria possuía uma série de paletós, oferecendo-os aos clientes que apareciam sem eles, esc lareceu o velho garçom. Fato que, segundo me consta, também é inédito em todo o País.

* * * Meu entrevistado não poderia deixar de fazer uma alusão a um dos maiores e mais renomados CATOLICISMO -

atrativos da Colombo: sua decoração e seus preciosos ornamentos. Apontou, então, para os enormes e belos espelhos, emoldurados por jacarandá maciço, que guarnecem algumas de suas paredes. Vindos da Bélgica, medindo 3,40x4,00m, de tal forma marcaram o ambi ente que, desde a inauguração do novo edifício, em 1913, a confeitaria passou a ser chamada a Co lombo dos espelhos. Exp li cou José Pereira que tais espelhos nos dias atuais tornaram-se uma raridade, pois sua fábr ica, locali zada na Antuérpia, foi destruída já na I Guerra Mundi al. O próprio edifício, inaugurado em 1913, é considerado uma obra-prima do famoso arquiteto Antonio Bossoi, especiali sta em estil o eclético, que caracterizo u o art nouveau na bel/e époque do Rio. Meu interl ocutor ainda me reservava algumas agradáve is • surpresas. Apontando para a rica clarabóia do teto, que filtra uma delicada luminosidade durante o dia, acentuou sua beleza. Chama a atenção como ela se enquadra harmoniosamente no conjunto do prédio. Outra surpresa: os finos cristais, guardados em vitrinas que

Fevereiro de 1997

ocupam algumas paredes do vasto salão do andar térreo, havi am sido encomendados na Bélgica pela Co lombo. Objetivo: serem utili zados no banquete que o presidente Epitácio Pessoa ofereceu ao Rei Alberto da Bélgica, por ocasião de sua visita ao Brasil, em 1920. éristais e louças Saint-Louis, com arabescos de ouro, Baccarat, Cristofle e Limoges... Ao me despedir e agradecer a solicitude do velho garçom português e do maitre Geraldo Nunes, que me trataram com tanto cavalheirismo, lamentei ser obrigado a deixar aquele ambiente de tão bom gosto e de tanta distinção, não só do ponto vista material mas também humano , ainda reinante na secul ar co nfeitaria . Sim , porque a Co lombo, apesar de algumas adaptações à modernidade - ao contrário de tantos outros estabelecimentos e entidades soube conservar algo do perfume requintado dos tempos de outrora<'l_ O (''') - Q uero ex tern ar aqu i 1ne u sin cero agradec imento à Sra. v'era Marina de Barros Jorge, diretora de Marketing, que gentilmente concedeu licença para Catolicismo reproduz ir algumas foto s do á lbum "Co /0111/Jo - 100 anos no dia -a -dia do Rio de Jm1eim"

25


ma alegação freqüentemente feita contra a obra civilizadora lusa no Brasil diz respeito ao pretenso massacre e extermínio das nações indígenas, que teria sido perpetrado pelos brancos europeus. Este é, aliás, um tema glosado ad nauseam pelo ecologismo obsessivo e irritante de nossos dias, bem como por certo indigenismo.

U 26

. A se crer nos adeptos dessas correntes, bem como em autores marxistas ou prómarxistas já um tanto ultrapassados, um dos resultados da ação de Portugal no Brasil, entre 1500 e 1822, teria sido o genocídio de populações indígenas inteiras. Autores há que afirmam, com ar de verdade demonstrada, que os indígenas seriam, quando do Descobrimento, 6 ou 10 milhões. E como hoje os índios não , CATOLICISMO - Fevereiro de 1997

passam de poucas centenas de milhares, a conclusão apressada é que os portugueses teriam pura e simplesmente chacinado nações inteiras, ou diretamente, em guerras, ou indiretamente, pela transmissão de doenças desconhecidas dos índios, pela eliminação dos ambientes próprios à vida indígena, etc. Na realidade, não há possibilidade científica séria de se avaliar quantos eram

os aborígênes brasileiros no dem pseudo-historiadores, Ano da Graça de 1500, quanmas foi assimilada racial e do aqui aportaram as caraculturalmente. velas cabralinas. Pode-se lan* * * çar ao ar alguma cifra, arbiA se crer em muitos órgãos da mídia internacional, trariamente, mas não se pode pretender que tenha base cio Brasil atual estaria compleentífica. tando o genocídio iniciado Por outro lado, foi enorpor Cabral e seus compame a miscigenação ocorrida nheiros, e dentro de muito entre os primeiros povoapouco tempo terão desaparedores lusos e as raças indígeci do os últimos verdadeiros nas. Essa miscigenação muiíndios. tas vezes deu-se dentro dos A esses falsos alarmes da laços sagrados do Matrimômídia fazem coro "ecologisA maioria dos nossos índios foi se incorporando à população civilizada nio. Inúmeros portugueses, tas" frenéticos, Bispos e Saaté mesmo fidalgos de elevada condição, cognome Adão Pernambucano lhe veio cerdotes comprometidos com certa Teoconsorciaram-se no Brasil com índias de do fato de ter deixado nada menos que logia da Libe1tação (novamente condenatribos amigas. Qualquer genealogista bra- trinta e quatro filhos, entre legítimos e ile- da por João Paulo II durante sua última gítimos. Vivendo algum tempo prisionei- viagem ao Brasil), bem como os inimisileiro registra incontáveis casos desses. Esses casamentos - ou essas uniões ro de uma tribo indígena, Jerônimo teve gos da Amazônia brasileira que pretennaturais - eram habitualmente muito fe- de uma índia, filha do cacique Uirá-Ubi dem uma internacionalização dela etc. Encundos, deles resultando uma raça mesti- (arco verde, no idioma nativo), oito filhos tretanto, a realidade é bem diversa. ça forte e dura, de grande eugenia, que so- que foram reconhecidos legítimos e noSegundo pesquisa oficial efetuada mava as qualidades de uma e outra etnias. bres pelo Rei D. Sebastião, em 1561, e pela FUNAI - Fundação Nacional do Os bandeirantes paulistas, que já fo- deixaram vastíssima descendência. Essa Índio, na década de 80 a população gloram chamados Raça de Gigantes, eram índia, batizada com o nome de Da. Maria bal de índios não diminuiu, mas pelo conmamelucos que não se envergonhavam de do Espírito Santo Arcoverde de trário aumentou no Brasil, em cerca de sua origem indígena. Ainda hoje, os Albuquerque, e, segundo alguns, regulaJ- 25 %. Algumas tribos tiveram um crescipaulistas chamados "de quatrocentos mente casada com o nobre português, foi mento consideravelmente mais acentuaanos" se orgulham de descender de um mãe de Jerônimo de Albuquerque do do que a média dos brancos. Os índiJoão Ramalho e de sua mulher Bartira, Maranhão, o cabo de guerra que em 1614 os Paracanãs, por exemplo, que vivem no de um Piquerobi, de uma Mécia-Assu. reconquistou o Maranhão aos franceses. sul do Estado do Pará, tiveram um auUm desses paulistas "de quatrocenOutra filha do Adão Pernambucano mento de 9,9 % ao ano, enquanto a métos anos" contou-me o caso de certo con- e da Princesa do Arco Verde (como era a dia de aumento da população branca esde francês, que casou em São Paulo, na índia geralmente chamada) foi Da. teve na ordem de 2,9 %. Os índios década de 1950, com uma moça oriunda Catarina de Albuquerque, que casou com Xavantes dobraram seu número ao longo remotamente de Tibiriçá - o mesmo ca- Filipe Cavalcanti, fidalgo florentino a ser- da década. E os Gaviões se duplicaram cique guaianá que jaz sepultado na cripta viço da Coroa portuguesa. O casal teve em apenas cinco anos, entre 1985 e 1990. da Catedral de São Paulo e do qual o onze filhos , e deles descendem os Esses dados foram publicados pela insusBeato José de Anchieta fez grandes elo- Cavalcanti e os Cavalcante, tão numero- peita revista "Veja" (2), a de maior circugios (1). Esse conde fez questão de levar sos em todo o Nordeste brasileiro. Deles lação no País. O para seu castelo, na Normandia, um qua- ainda descendia, em linha direta, o pridro a óleo que representava (com fideli - meiro Cardeal brasileiro e sul-americano, Notas: dade mais do que discutível, evidentemen- Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque ( 1) " Foi ele o nosso p rincipal g rande a111iito e prote te) o cacique do qual seus remotos des- Cavalcanti. 101: 1/{io s6 be11/ei101; 111as ainda jimdador e consercendentes franceses se orgulhariam. Houve, sem dúvidl:l, no passado, guer- vador da casa de Pirati11i11 ga e das 11osslls vidlls". escre veu, a respei to ele Tibiriçá, o Beato Anchieta. E, Para citar outro exemplo, desta vez do ras sangrentas e cruéis entre europeus e c m o utro loca l: " /11i111iito dos seus próprios in11tios e Nordeste brasileiro, lembre-se o caso do índios. Também houve (e ainda há) guer- pllre11tes por amor de Deu.v e de sua Igreja" (apucl Leite, f-li stôria da Civilizaçtio Paulista. célebre Adão Pernambucano, Jerônimo ras sangrentas e cruéis entre as próprias AEdureliano ição Saraiva. São Paulo, 1954, p. 33). Sobre a lu zida de Albuquerque, cunhado de Duarte Co- tribos, dizimando-se rotineiramente entre clcsccnclência cio cac ique, ver Antonio Pompêo ele elho Pereira, primeiro donatário da Capi- si. Mas pode-se com segurança afirmar Ca margo, " Tihiriçá, Patriarca da raça /Ja11deira11 te" , in "Rev ista cio lnst.ituto ele Estudos Genealogicos", tania de Pernambuco e parente próximo que a imensa maioria do contingente in- São Pau lo, 1937, nº 2, pp. 284-290. do célebre Afonso de Albuquerque. O dígena não foi eliminada, como preten- (2) 11-4- 1990. CATouc1sMo - Fevereiro de 1997

27


Écom intensa alegria que i/enho recebendo os números mensa is

co ração e que sabe nos orienta r. Li e reli a s ua ca rta , chorei po is as s uas pa lavras são verdadeira mente pos it ivas . Fiquei muito fe liz co m a minha ass inatura da revista Cato licismo. Era o ma ior so nho que eu t inha, mas nunca pensei que pudesse assiná- la, po is não t inha condições, mas hoje chegou o dia tão esperado. Jesus nos ajudará e co nt inua rei ao lado de vocês co m minhas orações . Que Nossa Senhora de Fátima nos abençoe e juntos vamos luta r para salvar o Bras il de ta ntas misérias . (M. V.0.C. - S imão Dias-SE)

da sua revista Cato licis mo. Digo alegria porque incontestavelmente essa imprensa vem t razer ao povo a verdade s incera, pura e ju sta, dos ca minhos de Nosso Senhor Jesus Cristo . Ca minhos esses que, na verdade, tem a humanidade se esquecido de procurar, aceita r e viver. (J. P.M. - Telêmaco Bo rba- Paraná)

L

L

Prezad o Douto r Pa ulo Co rrêa de Brito Filho Tão logo terminei uma primeira leitu ra do nº 552 d e Cato licis mo, ocorreu-me de cum primentá- lo pela fo rma e pelo conteúdo da cato licíss ima publicação que V.Sª d irige. Em particular, meu apla uso se d irige à veiculação da entrevista concedida pelo Senho r Ju iz J úlio Césa r Pa raguassu ("Lei d o Co ncubinato: d uro go lpe na in stit uição d a Fa mília"), que, com a uto ridade, resu miu preocupações e crít icas de muitos juristas - e, ma is além, de uma pa rcela co ns iderável e segura mente majoritária do povo brasileiro. Felicito-o também pela inc lu são de uma nova seção na revista ("A pa lavra do Sacerdote"), co la boração do Reverendo Cônego José Luiz Ma rinho Villac, na qua l - em co ntraste co m as a mbigüidades em moda - se enco nt ra m a firmeza e a cla reza da verdadeira e sa nta Fé católica, em que o s im é s im, o não, não . Aproveito a oportu nidade pa ra renova r a V. Sª meus respeitos e adm iração. (R .H.M. D. - São Pa ulo-SP)

Queria ma nifestar minhas preocupações sobre nossa televisão, tendo ela um poder muito gra nde sobre a sociedade, des virt ua ndo os princípios da mora l, do pudo r. E a sociedade não podend o exercer qua lquer contro le sobre a televisão. Esta Últ ima aposta na violência, incent iva ndo aos jovens pa ra co meter crimes e fica ndo im pu nes . Não poucas nove las exibem cenas de relações homossexua is entre ado lescentes, onde a fa mília apóia, dando inteira cobertura, o que não corres ponde à rea lidade e co nstit ui um ma u exemplo muito fo rte para a ado lescência em fo rmação . A escola possui regras, mas a TV não tem nada d isto. Não reco nhece a ética pelos va lores mora is. A TV deveria ser educativa e a sociedade precisaria ter o direito de contro lá-la . Se a televisão fosse educativa, com regras de ética, o mundo seria muito melhor. ( M.J. D.V. -:- Sa lvador-Bah ia) .

L

L

É com muita satisfação que recebi sua carta, pedindo minha

Em anexo segue o valor referente à minha assinatura para a maravilhosa Campanha de Catolicismo, que com certeza irá orientar muitas pessoas e abrandar alguns corações amargos e fazer com que tenham ma is consciência das palavras de Deus. (M. J.0.S . - Barreiras-BA)

colaboração pa ra a ca mpanha de Cato licismo. Eu o faço com muita alegria, e aguardo ansiosa o meu primeiro exemplar. Eu me emociono bastante lendo a vida dos Sa ntos, me toca o meu coração o que passa ram em suas vidas , toda dedicada ao nosso Bom Deus . Eu só tenho que lhe agradecer por esta lembrança do meu nome. (H.D.P. - São Vicente-SP)

L

L

Recebi a carta dos S rs . co nvida ndo-me a assinar Cato licismo. Co m imenso prazer quero fazer esta ;;,ssinatura, bem como para minha irmã , pois desejo presenteá- la . E fico fe liz em ter uma assinatura de uma revista como esta . Precisamos mes mo traba lhar em pro l de nosso cato licis mo. ( M. C.L.C. - ltabira- MG)

L

É pela primeira vez e com muita alegria que respo ndo à sua carta agradecendo a Jesus de encontra r ma is um amigo de bo m 28

CATOLI CISMO -

Recebi sua ca rta e, ao respondê- la, levo ao conhecimento de V. Sª que me interessei em cooperar na d ivu lgação da revista Cato lic ismo. Se me permite, desejo fazer duas assinaturas em nome de meus filhos aba ixo mencionados em cujos endereços as revistas poderão ser encaminhadas diretamente. Essas assinaturas a nua is da revista serão presentes meus, pois tenho certeza de que eles t irarão proveito dos sábios ens inamentos contidos na revista, leva ndo em conta que vivem num mundo conturbado como o de hoje. (E .C.R.S . - Brasília-DF)

Fevereiro de 1997

Figura de Plinio Corrêa de Oliveira repercute na Itália: ''verdadeiro mestre espiritual modelo de vida''

R

oberto de Mattei, nascido em Roma, em 1948, é professor catedrático de História Moderna na Universidade de Cassino, Itália. Dirige o ativo Centro Cultura/e Lepanto, por ele fundado, e é autor de numerosos trabalhos sobre assuntos da atualidade. Também é de sua autoria a primeira biografia publicada do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, denominada O Cruzado do século XX, que veio à luz em recente edição da conhecida editora italiana Piemme. O livro está sendo traduzido para os principais idiomas falados na Europa, inclusive o português. Estando em visita à Sede do Conselho Nacional da TFP, na capital paulista, o autor teve a amabilidade de nos conceder a seguinte entrevista:

Catolicismo - Profess or d e Mattei, o Sr. nos poderia relatar, em suas linhas gerais, qual foi a origem deste livro ? Prof. Roberto de Mattei - Creio ser um livro nascido como todas as coisas desej adas pela Providência Divina, ou seja, de modo um tanto misterioso e imprevisto. Tendo viajado ao Brasil em 1994 e conversado com Dr. Plínio nessa ocasião, ele me deu sugestões muito oportunas para empreender, com meus amigos do Centro Cultura/e Lepanto e da associação Famiglia Domani, um a campanha contra a proposta do Parl amento Europeu de legalizar as uni ões homossexuais. Fizemos a campanha e obtivemos um grande êxito. A ofensiva homossexual perdeu muito de cu ímpeto na Itália.

tão me pareceu ainda mais necessário que antes.

Prof. Roberto de Mattei

Em julho do ano seguinte, voltei a São Paulo para relatar ao Dr. Plinio o resultado dessa campanha e para trocar impressões com ele a respeito do prosseguimento da mesma na Itália. Devo esclarecer que tal viagem, por dificuldades diversas, esteve a ponto de não se realizar naquele mês, e de ser adiada para setembro. Se isto houvesse ocorrido, não teria havido oportunidade de conversar novamente com Dr. Plinio e, em conseqüência, faltar-me-ia seu beneplácito para a realização desse trabalho. De fato, numa das conversas propus-lhe escrever sua biografia. Ele imediatamente acolheu a idéia e me estimulou explicitamente a fazer um estudo destinado ao grande público, realizado com a seriedade de documentação própria aos estudos que se fazem na Europa. Dr. Plinio parecia estar muito cansado e, em certo momento, me confiou aereditar que sua vida estava próxima ao fim. Nunca imaginei, porém, que algumas semanas depois eu voltaria a São Paulo para seu funeral. Aos pés de seu túmulo e de sua mãe, Dona Lucília, renovei meu propósito de escrever o livro, pois enC ATOLI CISMO -

Fevereiro de 1997

Catolicismo - E como conseguiu, em tão pouco tempo, escrever a síntese de uma personalidade tão rica e tão cheia de aspectos diversos como a do Dr. Plinio? Prof. de Mattei - Nesse ponto, de fato, tive que enfrentar as dificuldades que se apresentavam, pois a obra do Dr. Plinio é de tal modo gigantesca que dá a impressão de ser inesgotável. Creio que a bibliografia sobre ele, seus livros, seus artigos, as teses que foram escritas, se destinam ao trabalho de gerações de estudiosos no futuro. Estou certo de que haverá pessoas que desejarão pesquisar em profundidade a riqueza de seu Robe rto de Mattci

Il crociato del secolo xx Plinio Corrêa de 01 · . 1veira

29


pensamento; mais ainda, a riqueza ainda maior e mais velada de sua própria vida interior, de sua alma. Compreendi que a mim cabia apenas escrever um livro introdutório, um livro de combate. Livros assim, porém, devem ser escritos no mais curto prazo possível, e nisso consistiu o maior problema que me vi forçado a enfrentar. Sou alguém com tempo muito escasso para meus afazeres cotidianos. Só me restava confiar na Santíssima Virgem e oferecer-Lhe meu desejo de escr~ver essa biografia da melhor forma possível. E creio ter sido atendido por Ela. Repito que se trata apenas de uma primeira abordagem do tema, pois espero de todo o coração que uma personalidade como a do Dr. Plínio seja objeto do estudo de outros autores, que escreverão dispondo de mais tempo, com maiores possibilidades, podendo assim preparar obras com maior aprofundamento. Agradeço do fundo de minha alma à Divina Providência que se dignou conceder-me o tempo e as forças para a realização dessa obra. Também sou muito grato ao Cardeal Stickler, figu ra de incontestável renome no mundo intelectual europeu, que se dignou honrá-la com esplêndido prefácio. E à prestigiosa editora Piemme, que a ofereceu pronta para o lançamento exatamente na véspera do primeiro aniversário. Tão logo a obra foi publicada, dirigi-me à maior feira internacional do livro, em Frankfurt, na Alemanha, onde iniciei importantes tratativas para que a obra seja publicada também em francês, inglês, português, espanhol e alemão.

Catolicismo - Como vai a d~fusão do livro na Itália? Prof. de Mattei - Com a ajuda do Bureau TFP de Roma fizemos três lançamentos do livro nessa cidade, em 30

lugares distintos. O primeiro, presidido pelo próprio Cardeal Stickler, realizou-se na livraria Coletti, na Praça de São Pedro, sendo destinado a um público mais eclesiástico. O segundo, por sua vez, era destinado a um públi-

co do mundo político, e foi realizado na sala do Cenáculo da Câmara dos Deputados, também em Roma, com a presença do vice-presidente do Senado e de outros parlamentares. Finalmente, uma terceira apresentação da obra consistiu numa conferência no secular e famoso palácio Pallavicini, igualmente na Cidade Eterna, a que compareceram três cardeais, além de numerosos aristocratas, bispos e figuras do meio eclesiástico romano. Outras apresentações da obra tiveram lugar em Milão, Gênova, Nápoles , Parma, Pádua, Florença e Benavento. E temos um calendário de novas apresentações em várias outras cidades italianas. O livro já está distribuído e exposto nas principais livrarias do país.

Catolicismo -Até agora, qualfoi a repercussão alcançada pelo livro? Prof. de Mattei - Tanto nas conferências públicas, como nos comentáiios que me chegam oralmente ou por cartas, houve repercussões que me surpreenderam. O que acontece na Itália é um fenômeno novo e um pouco misterioso. Em torno da figura do Dr. Plínio, até agora conhecido em alguns • CATOLICISMO -

Fevereiro de 1997

meios por seus livros, está se formando uma nova reputação. Ele é considerado, mais que um pensador ou o grande líder de um movimento, um verdadeiro mestre espiritual, um modelo de vida. Isto me surpreende, uma vez que meu livro quase não trata da vida particular do Dr. Plinio, mas sim do exercício de suas virtudes. Espero que outros venham a tratar desse aspecto. De qualquer modo, essa é a repercussão generalizada. Por que? Creio que se deve ao fato de que sua vida pública, com a inteira coerência que nela se observa, só pode ser vista corno a confirmação de sua vida particular. E uma confirmação de sua tese de fundo, ou seja, que é necessário sacralizar o temporal e que todos os atos devem ser remetidos a Deus. Ele encarna profundamente, aos nossos olhos, o ideal do reino de Cristo por Maria. Quem contempla sua vida compreende o que é a Contra-Revolução. O mundo tinha necessidade de um paradigma de Contra-Revolução, fundado na vida interior.

Catolicismo - Que aspecto da personalidade de Plínio Corrêa de Oliveira lhe estimulou mais especialmente para escrever sua biografia? Prof. de Mattei-Sou romano de nascimento e me toca profundamente a proclamação que Dr. Plinio sempre fez de sua romanidade, entendida enquanto catolicidade, enquanto universalidade. Vi a inscrição que, por vontade sua, foi colocada em seu túmulo: " Vir catholicus et totus apostolicus, plene romanus" (Varão católico, todo apostólico, plenamente romano). Dr. Plinio escreveu que, depois do amor a Deus, o amor ao Pontificado Romano é o mais elevado amor que a Religião ensina. Ou seja, ele foi um homem totalmente impregnado daquele "sensum fidei", daquela sabedoria católica que se abebera na fonte romana. Sinto que este amor à Santa Igreja Romana me une profundamente, tanto a ele como à sua obra, pois a sinto também "plene romana". O

Personalidades italianas felicitam o autor do livro ·1) Carta do Reitor da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, Pe. Giuseppe Pittau, S.J.: Muito lhe agradeço a genti leza de oferecer-me o p rec ioso vo lume de sua autoria // Crocialo dei Seco/o XX - Plín io Corrêa de Olive ira. O livro consegue descrever de maneira muito atraente e profunda a figura deste eminente líd er cató li co e homem de ação. Com grande visão e co ragem, Pl in io Corrêa de O liveira defendeu a Igreja e o Papado contra os to talit ari smos deste sécu lo, bem como contra certas tendências que procuravam destruir os va lores cristãos. Com os se nt imentos de profunda gra tidão e since ra ad m ira ção Gi useppe Pillau, S.J.

2) Carta do Cardeal Opilio Rossi: Recebi seu esp lênd ido vo lu me // Crocialo dei Seco/o XX Plínio Corrêa de Oliveira, que o Sr. teve a genti leza de me env iar. íi co-lhe espec ialmente agradec ido, pois veio completar o con hecirnento que Linha até agora deste grande pensador e homem de açao ca tólico. Lstas páginas me fazem reviver problemas e situações da Igreja na !\méri ca Latin a, onde tive ocas ião de passa r vários anos a serviço da San ta Sé. Com di stint a consideração Opi lio, ardea l Rossi.

3) Do Cardeal Paul Augustin Mayer, O.S.B. Com a biografia d Plinio Corrêa de O li veira // Crocialo dei Seco/o XX, o Sr. m fal uma dádiva pela qual lhe fico mu ito agradecido. D fato, linha um conhecimento indireto do professor e de sua obra, agora fi co satisfeito de poder conhecê- lo melhor, com o auxí lio da bem documentada biografia, escrita com tanta cornpetên ia pelo Sr. O livro t.raz à luz fatos con hecidos por poucos, e poderi a servir pa ra um j uízo mais sereno sobre alguns aspectos da históri a recente e con temporâ nea .

Mu ito ob ri gado pe lo vo lume sobre Pli n io Con êa de O li veira. t verdade que não conco rdo com ludo, mas ele me interessa mu ito . Renovando meus senti mentos de estima e ami zade !\lenciosamenle Vitlorio Messori

5) Do jornalista e escritor Mario Spataro Ca ro Prof. de Maltei, Agradeço- lhe a cortesia de me env iar seu livro // Crociato dei Seco/o XX, que já comecei a ler. Com esta e ou tras iniciativas semelhantes, o Sr. está lançando a semente da qua l se benefic iarão as futuras gerações. Queira aceitar meus agradecimentos e fe li citações. Cordi ais saudações Mari a Spalaro

6) Do Arcebispo Mons. Elio Sgreccia, vice-presidente da Pontifíc ia Academ ia para a Vida, teólogo moralista de João Paulo 11 , a cuja autori a são atribuídas grande parte das encícl icas

Verilatis Splendor e [vange lium Vilae. Caríssimo Prof. de MaUei Agradeço-lhe com particu lar esti ma a biografia de Pli nio Corrêa de O liveira. raça votos pa ra que esta persona lidade seja particularmente conhecida nos meios cató li cos ita li anos, de modo a ajuda r os leigos comprometidos a retorn ar a própri a identidade e viver a própria missão. Com ca lorosas e cordiais saudações [lia Sgreccia

7) Excertos da carta do Pe. Anastasio Gutiérrez, consu ltor de vá rios di caslérios vat icanos: Receba, ca ríssimo professor, minhas cord iais saudações e os meus agradec imentos, de Lodo o coração, pelo exemp lar, com afetuosa dedicatória, de sua nova obra // crociato dei

Seco/o XX - Plinio Corrêa de Oliveira. 4) De Vittorio Messori, considerado o escritor católico mais vendido na atualidade, autor de li vros-en trev istas com Joã Paulo li e com o Cardea l Ral t inger, dos quais se venderam milhões de exemplares. aro de Mallei,

CATOLICISMO -

O prof. Plin io e a TrP Liv rama boa sor1e de encontrar um biógrafo excepc iona l. Rea lmente não poderiam encontrar urn biógrafo mais bem preparado e capaz de compreender a filosofia da história que o Prof. Pli nio personi ficava. O prazer de navega r na fi losofia da história, ao ler o Prof. Plinio, é aumen tado e aperfeiçoado lendo seus comentários ao pensamento do Prof. Plínio.

Fevereiro de 1997

31


dado nesta campanha tão importante para todos nós católicos. Hoje sou uma pessoa muito feliz por fa zer parte desta campanha tão divina. Senti que naquele momento [ao encontrar um cupom da campanha], por intercessão de Nossa Senhora, Jesus me chamava. Eu então, que estava afastada de Deus, retomei a minha vida, fui ao confessionário para me confessar, pois já fazia 8 anos que não me confessava. E hoje graças a Deus sou uma pessoa que tem mais tempo para Deus, faço a oração do Terço todos os dias, faço as minhas caridades, vou adorar o Santíssimo Sacramento todas as semanas. Devo estas graças a Nossa Senhora a Mãe de Jesus e nossa Mãe."

NO BRASIL:

Impressionante incremento da devoção a Nossa Senhora de Fátima Campanha "Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis"

A Campanha "Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis"(*) , promovida pela TFP, sob a inspiração do saudoso Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, se dedica à divulgação das aparições e da mensagem de Nossa Senhora em Fátima, Portugal, de maio a outubro de 1917. Nelas, a Virgem Santíssima manifestou o profundo desagrado divino pelo fato de os homens e as nações estarem se afastando cada vez mais dos Mandamentos da Lei de Deus. Assim, tendo em vista esta grave e maternal advertência feita por Nossa Senhora, esta Campanha da TFP procura reconduzir indivíduos, sociedades e nações à aceitação e ao cumprimento da Lei de Deus. Dentro dos limites de um artigo de imprensa, apresentamos aqui alguns traços da Campanha.

Números da Campanha Contando com a valorosa colaboração de nossos beneméritos Participantes, já foram distribuídos 32 milhões 400 mil volantes de propaganda da Campanha. A estampa Nossa Senhora em cada lar, cuja difusão constitui um dos principais lances da Campanha, já foi enviada a 600 mil lares. Em todas as seis aparições, Nossa Senhora de Fátima insistiu sempre num ponto: rezem o terço todos os dias. A distribuição do livrinho Atendendo aos apelos de Nossa Senhora de Fátima, contendo um método prático de rezar o rosário e acompanhado de um belo terço, superou as melhores expectativas, já tendo chegado às mãos de 830 mil pessoas. 32

• CATOLICISMO -

Tiragem superada apenas pelas Sagradas Escrituras Uma das principais obras divulgadas pela Campanha é o livro As aparições e a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia, de autoria do Dr. Antonio Augusto Borelli Machado, sócio da TFP e membro titular da Academia Marial de Aparecida. Somando as edições feitas no Exterior, até o momento foram publicados mais de três milhões de exemplares, dos quais 1 milhão 806 mil só em nosso País. O responsável por uma das maiores gráficas de São Pau lo comentou que, no Brasil, apenas a Bíblia consegue tiragens como esta.

A mensagem de Fátima para crianças Em Fátima, Nossa Senhora apareceu a três crianças, das quais a mais velha tinha apenas 10 anos. Isso mostra bem o apreço de nossa Mãe Santíssima pelos pequeninos. Está praticamente esgotada a primeira edição de 50 mil exemplares do livro ... e Nossa Senhora apareceu a três pastorinhos em Fátima, contendo uma adaptação da história de Fátima para crianças. Segundo estatísticas oficiais da Câmara Brasileira do Livro, os livros não-didáticos publicados no Brasil normalmente alcançam uma média inferior a 8 mil exemplares. O que mostra o sucesso de mais este lance de nossa Campanha.

Centenas de cartas por dia Sempre se afirmou que o público brasileiro não tem o hábito de ler nem de escrever. Basta ver o escasso número de livrarias em nosso País. Assim sendo, é altamente expressivo o fato de que nossos escritórios recebem diariamente centenas de cartas, relatando graças recebidas, pedindo conselho ou orientação, e até mesmo contendo desabafos de problemas pessoais.

Fevereiro de 1997

J{pssa Swfiora áe :Fátima, vrotenei nossa ;Pátria e a6ençoaí nosso for.

Apresentamos abaixo uma pequena amostragem desta impressionante correspondência: * Uma senhora da Bahia escreve: "Como os senhores sabem, trabalhamos em uma fazenda onde depois de tantas brigas, revoltas e até morte, de dois anos para cá, depois que fundei a campanha de Nossa Senhora de Fátima, houve uma rnilagrosa tran5formação; aquela comunidade passou a ser toda de irmãos, respeitando-se uns aos outros nafé de Deus." * De uma senhora de Belém, Pará: "Nossa Senhora salvou a minha vida. Foi no dia 7 de maio de 1996. Eu vinha de minha residência para o local de trabalho, que fi ca a alguns metros. No trajeto, um veículo cortou a frente do meu e quando tentei me livrar, eis que uma senhora aparece bem na minha frente e eu mais uma vez tento desviar e a{ eu perdi o controle fui parar debaixo de uma caçamba que estava estacionada. O carro ficou bastante danificado com exceção do parabrisa onde eu havia colado, há alguns dias uma estampa de Nossa Senhora de Fátima que a Da. Nflvia, "propagandista " e nossa colega de serviço me havia ofertado. Eu também não sofri nada. Por isso, eu digo : Nossa Senhora salvou a minha vida". * Do interior de São Paulo, Taubaté, outra devota escreve: "Fiquei muito feliz em receber o informativo que me mandaram, pois fiqu ei muito .wti.1feita em saber que já levaram os cartões assinados em desagra vo a Nossa Senhora Aparecida. Sinto-me privilegiada por ter aju-

As ilustrações destas duas páginas são de publicações e objetos de piedade distribuídos pela Campanha "Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis"

* Um estupendo depoimento de uma Participante de Bauru, SP: "Com muito prazer agradeço a Nossa Senhora de Fátima por ter recebido uma graça muito grande. É que meu filho J.A .A. sofreu um acidente, e um dia antes do acidente eu pressenti que iria acontecer alguma coisa de mal com ele, e logo já comecei a rezar pedindo a Nossa Senhora de Fátima que o protegesse para que não acontecesse nada de mal com ele. Meu jzlho sofreu um acidente na rodovia em Bauru e por incrível que pareça capotou o carro três vezes de frente e duas de lado, e por milagre não sofreu nenhum arranhão e seu carro só teve alguns amassados de leve. Isso para mim foi uma graça de Nossa Senhora de Fátima. E foi graças a Ela que por pouco meu filho não morreu." * Do Rio de Janeiro também chegou um belíssimo depoimento: "Eu, I.A.F, venho respeitosamente comunicar-lhes que não enviei o dinheiro do livro de Nossa Senhora de Fátima por ter sido acometida de um sofrimento muito grande, onde minha vida parou. Minha filha sofreu um acidente automobilístico,ficando entre a vida e a morte na UTI do Hospital 4o. Centenário durante 37 dias. Deus foi maravilhoso, minha filha com 5% de viela somente; com minha fé, elevei meu pensamento a todo momento a Deus, Jesus e Nossa Mãe de Fátima. Hoje posso dar graças a Deus, a Jesus e a minha Mãe, pois o mês de maio foi todo de sofrimento e oração e obtive a resposta. Minha filha está ~em, em casa, perfeita, embora tenha sido operada do pulmão, está lúcida; a resposta de Deus para comigo foi imediata. Glória a Deus, viva Jesus e Maria!" Nota: (*) Campanha " Vinde Nossa Senhora de Fá!ima, não tardeis!" - SBDTFP - Rua Dr. Martinico Prado, 27 1 São Paulo/SP - CEP Ol224-0IO - Te l/Fax: (0 ll) 6865766.

CATOLICISMO -

Fevereiro de 1997

33


TFP~mr~ [:r;U;) ~r~\ ÃO \\,.•' '

,, ~~.(~

.

;.

·:

~):.~

Conclamação da TFP peruana: vigilância ante a ameaça terrorista /

E

fato sabido que, durante mais de uma década, o Peru foi objeto de uma implacável ofensiva terrorista, lançada pelos grupos Sendero Luminoso e Túpac Amaru (MRTA), o primeiro de tendência maoísta e o segundo castrista. Esse terrorismo custou ao país dezenas de milhares de vidas e bilhões de dólares em perdas materiais, sem que os governos da época fizessem esforços sérios para combatê-lo. As reações que se fizeram sentir na opinião pública, em vista dessa omissão governamental , estimularam o atual Governo, a partir de 1992, a combater mais a fundo o terrorismo, impondo-lhe sérios reveses, levando inclu sive muitos de se us membros a abandonarem a vida criminosa, passando a colaborar com as autoridades no combate àqueles que nela persistiam. Tal êx ito na luta antiterrorista, bem como um início de recuperação econômica, que se produziu quando foram abandonadas as práticas socialistas e rniserabilistas dos anos 19681990, trouxeram ao presidente Fujimori uma grande popularidade, que permitiu sua reeleição para o cargo. Ao mesmo tempo se difundia por toda a nação um crescente otimismo, provocado pela sensação de que se havia derrotado definitivamente o marxismo, não só pela eliminação do terrorismo, como também pelo abandono da política estatizante seguida até então pelo Poder Público. De tal otimismo o Peru foi despertado pela espetacular ocupação da embaixada cio Ja-

34

pão, realizada pelo MRTA em 17 de dezembro passado, e pela manutenção de centenas de pessoas como reféns durante várias semanas, visando conseguir a libertação de numerosos terroristas anteriormente detidos. Nessas circunstâncias, o Núcleo Peruano Tradición, Familia, Propriedad difundiu

pela imprensa e em campanhas públicas o Manifesto Convite a uma indispensável reflexão - O episódio dos reféns e o dever da vigilância. O documento mostra que a ofensiva castro-comunista está longe de se haver extinguido; e diante dela os católicos peruanos - e naturalmente o Governo - têm o dever de

uma vigilância constante, como ensina o Divino Salvador nos Santos Evangelhos. Desta maneira a TFP peruana adverte o país sobre os efeitos funestos que teriam as concessões ao terrorismo, entre os quais avulta o reaparecimento ainda mais impetuoso e arrogante dessa atividade criminosa e sinistra. D

Livro de Diretor do Bureau-TFP na Alemanha: expressiva repercussão Em nossa ed ição de dezembro último, noticiamos o lançamento da obra A Propriedade Privada: direito sagrado ou privilégio odioso?, de autoria do diretor do BureauTFP na Alemanha, Mathias von Gersclorff. O livro - baseado na doutrina católica tradicional - analisa a questão de consciência surgida a propósito da recuperação de imóveis confiscados pelos comunistas na Alemanha Oriental. A seguir, tran screvemos algumas das cartas que o Sr. Mathias von Gersclorff vem recebendo a propósito de seu trabalho: * Um sacerdote, portador de um antigo título condal, escreve: "Li com grande interesse seu trabalho e reencontrei nele muita coisa que eu, no começo de meu curso na Universidade Pontifícia Gregoriana, ouvi de meu professor, o Pe. Gustav Grundlach." * E de outro professor: "Já à primeira vista é para mim de particular interesse conhecer o conteúdo de seu • CATOLICISMO -

trabalho, em razão da posição que o Sr. sabe que tomei neste assunto da espoliação da nobreza na antiga Alemanha Oriental". * Os seguintes elogios vêm de um escritor: "Não há mais nada a acrescentar ao conteúdo de seu trabalho. Suas afirmações demonstram um extraordinário conhecimento do tema tratado e sua formulação não poderia ser melhor escolhida." * Um barão católico, editor de uma revista, comenta: "Este louvável trabalho é para mim muito valioso, entre outras razões porque toma como base os pronunciamentos da Igreja Católica." * Assim se exprime o responsável pelo caderno de economia de um cios mais importantes jornais alemães: "É realmente muito meritório tomar como tema a nãodevolução das propriedades confiscadas de 1945 a 1949 na zona de ocupação soviética, assim como o significado que a propriedade privada possui também com relação ao direi-

Fevereiro de 1997

to natural, realçado com o auxílio de pronunciamentos papais, procurando assim refutar a tese do catolicismo de esquerda da Democracia Cristã." * O semanário econômico "Bauern Zeitung" comenta: "O livro ajudará a defender a posição dos antigos proprietários - do ponto de vista moral e histórico - por meio da doutrina social católica." * E o semanário "Lanclpost" observa: "Von Gersdorff esclarece minuciosamente a injustiça das desapropriações na antiga Alemanha Oriental e centra a questão na dimensão moral da problemática. O autor fornece um impressionante apanhado da doutrina social católica e mostra documentadamente como, desde o surgimento do socialismo, os Papas têm defendido o direito de propriedade. Por isso o livro desperta o interesse mesmo daqueles que não estão diretamente concernidos no assunto." D

Flagrantes da campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, 11,10 tardeis. Fotos de visit,,s de cópia da Imagem P(•rcgrina: 1. Braganç,, l',mlista (SP); 2. e 6. São C.ulos (SP); 3. Monh.•s ( l.uos (MG); 4. São Jos(• do Rio Preto (SP); junto , hn.tg(•m, Dom José Aquino P<-r(•ir,,, Bispo Diocesano; 5. Distribui\'•'º gratuita do livro sobr(• ,,s .,parições de Fátima p,u·,1 crianças

li


GARCIA MORENO: ''

Deus não morre!''

Perfil moral de um fervoroso católico, Chefe de Estado

.

PLINJO CORRÊA DE OLIVEIRA

U

MA das situações cm que aexempla.ridade aparece de maneira mais excelente é a condição de Chefe de Estado. Nela estava Garcia Moreno, Presidente da República do Equador. Com sangue espanhol, e provavelmente um pouco de sangue indígena, ele é o modelo do equatoriano. Mais ainda, é o tipo do hispanoamcricano do Norte .d a América do Sul. Ele o é pelo físico. Mas se vê que o é muito mais pela alma. Tem profundidade de espírito, firmeza e lógica d pensamento, domínio sobre s i e uma permanente mobilização de todo o seu ser para cumprir um dever muito árduo. Tudo isso brilha nele ele modo especial, quando se faz fotografar ou pintar ostentando as insígnias de Chefe de Estado. Outras qualidades podem ainda ser observadas cm Garcia Moreno: mui la propensão para a fé católica, apostólica e romana, muita afinidade com a Igreja; clcvaçã.o de alm a, facilidade para o sobrenatural, sem dúvida proporcionada pela graça, mas que encontra um ponto de inserção na natureza. Ele tem tudo isso de modo esplê ndido. Mas também se nota algo que é o contrário disso, qu<' muito facilmente caracteriza os povos com miscigenação indígena. Porque é próprio das pessoas que trazem cm si essa miscigenação comportarem uma tcndt:ncia para o sonho de olhos abertos, para a moleza e a inconsláncia. Porém, também é próprio do católico, quando nasce co111 defeitos assim, virá-los pelo avesso e ser salientíssimo na s virtudes opostas. E essa é a maior beleza de alma de Garcia Moreno. Morreu pela fé . É mártir. Até nisso virou ao av esso os dcfci Los do seu povo, comuns com os de outros povos su Iam cri canos. É uma coisa admirável! Um povo só é grande quando vira os seus defeitos nal i vos pelo avesso. Se não fizer isso, esses defeitos o don1inam. Os nossos defeitos nativos, ou são levados na chibalH ou nos põem debaixo da chibata. E Garcia Moreno <' nt exemplo nisso. É por onde ele realizou o melhor dos des ígnios divinos relativos ao povo equatoriano. U

Gabriel Garcia Moreno (1821-1875), Presidente da Repí1blica do • Equador. Fervoroso católico, carregou uma pesada cruz às costas numa procissão de Sexta-feira Santa, demonstrando assim sua fé. Foi assassinado pelos inimigos da Igreja, em frente à catedral de Quito. 11 Deus não morre!" foram suas í1ltimas palavras.

Nota da redação: Excertos da conferência pronunciada pelo Prol". Plin io ( 'u," 11 de Ol iveira para sócios e cooperadores ela TFP cm 17 de l'c v 'I" ·iro til- 1l)}{') , Sem rev isão cio Autor.

Ambientes Costumes Civilizações



OJLI Nº 555 - Março de 1997

NESTA EDIÇÃO:

2

REVOL UÇÃO E CO NTRA-REVOLUÇÃO

A REALIDAD E...

Aumenta a sede do sobrenatural

As três profundidades da Revolução

4

5 7

GLOB ALI ZAÇÃO

COM A PALAVRA .. . O DIRETOR

Ameaça à culinária regional QUAR ESMA

PÁGINA MARIANA

Nossa Senhora do Resgate

A PALAVRA DO SACERDOTE

A praga das seitas protestantes

8

16

17

Como preparar-se para a Semana Santa

19

A Túnica de Cristo na Alemanha

22

DISCERNINDO .. .

A chaga da homossexual idade no anglicanismo

VERDAD ES ESQ UECIDAS

São Pedro Julião: o

23

catolicismo não muda VIDAS DE SANTOS

9

Toríbio de Mogrovejo, 24 santo sul-americano

SANTOS E r [STAS DO MÊS

NACIONAL

10 12

[ NTREVISTA

Guerrilha rural Cadaverbrás

[SCREVEM OS LEITORES

DECADÊNCIA MORAL

29

I FPs [ M AÇÃO

Dinheiro do CPMF poderá financiar cartilhas .1mora1s. para crianças .

14

27

BRASIL REAL

Festas religiosas tradicionais atraíam multidões

Brasil: repúdio à união homossexual

30

EUA: Marcha contra o aborto em Washington

34

AMl3 1-NTES, COSTUMES, CIVILIZAÇÕES

36

CAPA: Imagem do Bom Jesus doada pela TFP norte-americana ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira.

C ATOLICISMO -

Março de 1997

3


Amigo leitor, Quem não se lembra com saudades da Semana Santa de outrora? Durante a Quaresma, os espíritos já eram preparados para esses dias de prece e meditação. O ambiente das igrejas, os sermões, as imagens cobertas com véu roxo, os confessionários que atendiam continuamente àqueles que, movidos pelo fluxo de graças, resolviam livrar-se de seus pecados ... eram manifestações de um clima religioso, que hoje se esvaiu quase por completo. No que se transformou a Semana Santa em nossos dias? Infelizmente, num grande feriado! São três ou quatro dias em que as pessoas aproveitam para viajar, descansar e se divertir, afastando do pensamento qualquer lembrança da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, como se isto lhes fosse perturbar a alegria. Catolicismo deste mês, através de seu artigo de capa, teve em vista aqueles que desejam preparar-se para a Semana Santa segundo o espírito e as normas da Igreja de sempre. Permita-me sugerir-lhe, caro leitor, aproveitar esses dias para pedir aos Sagrados Corações de Jesus e Maria graças específicas para você e sua familia progredirem na virtude. Rogue também, e principalmente, por nossa Santa Igreja Católica Apostólica Romana, que padece nos d.ias de hoje uma verdadeira Paixão, a exemplo de Seu Divino Fundador, abandonada até por muitos de seus filhos diletos. Tenho a certeza de que, assim, você estará se preparando, de um modo virtuoso, para as alegrias da Páscoa, comemorando a Ressurreição dAquele que, em relação à Santa Igreja, prometeu: "as portas do inferno não prevalecerão contra Ela" (Mt 16, 18).

"'

"'

Tenho recebido numerosas cartas de felicitações pelos aperfeiçoamentos que estão sendo introduzidos em Catolicismo. Agradeço-as de todo coração, e tenho a grata satisfação de comunicar-lhe: espere, ainda há mais; este é só o começo. E se prometo isso é graças ao resultado animador que já vem alcançando nossa Campanha de assinaturas. Na medida em que ampliarmos o número de nossos assinantes, poderemos lançar mais surpresas. Aguarde e reze nessa intenção, por favor. Em Jesus e Maria,

~~~ Diretor

4 CATOLICISMO

-

1\1 arço de 1997

A

~ÓS descobrir o Brasil, Pedro . _ Alvare_s Cabral seguiu viagem Cochim tornou-s lusos no Orie e o m~is fiel apoio dos para a India pela . Vasco da G . ' iota abe1ta por li taram e dnte. Suas liberalidades faciama, dois anos antes . eram novo impulso , Aportou em Cochi · evangelização. a bro de 1500 I d' m,em26denovem. me iatament frades franciscan e, os quatro sigo . . . os que ele trouxera con- Gra~a concedida ao Ministro pagao 1nic1aram a evan 1· ~ vos • p 01s. para o ge izaçao dos nat1· d ' s portugueses do S, 1 e Ouro das descober ecu o No encantador e t , . conquistar im tas, descobrir ou C hº , , . s uano em que está oc un, ha vanas ilh portava em evangelizar Q uando de VaJJai-padam, a 3 k as. Uma d~Jas é a de Cochim foi :s an_os mais tarde, o Rajá oeste de Ernakulam. m da terra firme, a de Cal' pnsionado pelo Samorim icute, uma frota . . Por volta de 1 comando do le p~rtuguesa sob o portugueses nela 524 ' ~s missionários Alb ge nd áno Afonso d ' construiram u · . uquerque desbaratou , . e para abrigar um quadro d N ma igre3a quele potentado e dos M::s exer~itos da- ra, doado por Vasco d Ge ossa Senho. a amaem , do o monarca E . ikars, libe1tan- t1ma viagem ao , sua u1pais, onde faleceu d . t~, concedeu a~;~~:~ ~;;:~amente g~aepo1s. Essa igreja foi d . pouco ,· · edicada ao Divisao para erigir um fi ante perm1s- no Espmto Santo. em Cochim. a ortaleza com capela No ano de 1676, a ilha foi . . te submersa pela , piat,camenE, mais tarde auto.ri . ' s aguas Com . O Vice-Rei das Índ.' . zou Pntneiro do por mão invis' 1 . o que guiade N utilizando pedra ei;s a ed~ficai: u_ma igreja senhora despre, dive , o quadro . ossa 1 eu-se do 1nte ·· •d templos hind al, entao pnvtlégio dos tuário inundado s d no, o sanus. Com o tempo , o Rél)a . , de ' , en o Ievado " templo pelas ág , . para iora do uas em funa. Flutuando à Igreja de Nossa Senhora do R ~

A

.J-...

Vallar ad

'

es_1;ate em

• p, am, Kerala, sul da lndía


rem bentos em Vallarpadam. mercê das ondas, quando alOs peregrinos habitualmente guém tentava agarrá-lo, afastaprocuram a Vallarpadathamva-se misteriosamente. ma (Mãe de Vallarpadam Por insondável desígnio da -~ como ternamente a chamam na Virgem, não foi um católico, lín gua local, o Malayalam) mas um hindu, que conseguiu para pedir por suas mais variresgatar das águas o precioso adas necessidades, tais como ícone. O Primeiro Ministro do livrar-se de doenças, da pobreRajá de Cochim, Paliyath Raman Valiyachan, percorria za, desemprego, ele vícios adquiridos como o cio alcoolisde barco a área inundada quanmo ou drogas; ou vão à prodo o viu brilhando nas águas. cura ele alívio para problemas "É o quadro de Nossa Senhopsicológicos como ansiedade, ra, da igreja, que ninguém medo, ódio, depressão. Muiconsegue pegar", informoutos deles , a exe mplo ele lhe um de seus remadores, ciisMariamma, consagram-se, por tão. Intrigado Paliyath mandou meio ele uma oração, como seraproximar seu barco, e o quavos ele Nossa Senhora do Resdro desta vez permaneceu imógate. O vel até ser retirado das águas pelo ministro. Nota: Poder-se-ia supor que o hindu se conve1tesse com isso. (*) Quando visi tamos o santuário, seu Tal não ocorreu. Doou ent:retan- Quadro de Nossa Senhora do Resgate lembra o salvamento de mãe e filho simpáti co vigário, Pe. Isaac Kiri singal, mostrou- nos um antigo livro de atas da to o terreno para que outra igreConji'aria de Nossa Senhora do Resgate, Três dias depois o vigário da ilha, o um pouco posterior a esse acon tec imento. Estava todo ja fosse construída em substituição à arruinada pela enchente, oferecendo-se também português Pe. Miguel Corrêa (*), viu em red igido em português, embora na época os lusos já não mais a região, e sim os huguenotes holandeses. a fornecer, enquanto vivesse, o azeite para sonhos Nossa Senhora que lhe ordenou dominassem E mencionava diversas vezes o nome do Pe. Miguel. Durante iluminar a lamparina do Santíssimo do que fosse" resgatar das águas minha ser- essa visita em um dia com um de semana, doi s diferentes novo templo. Esse propósito continua a ser va", indicando-lhe o exato luga r em que grupos de peregri nos - um const itu ído de católicos, e o outro de hindus - chamaram o Pe. Isaac para dar-lhes a cumprido até nossos dias por seus descen- se encontrava. bênção cos tum e ira; e, por ordem do sace rd ote, De manhãzinha o Pe. Miguel foi ao humi !demente ,\joelharam-se durante a cerimônia. dentes. rio com alguns pescadores dizendolhes para lançar as redes no local aponTrês dias mãe e filho sobrevivem tado pela Virgem. Qual não foi a surmilagrosamente sob as águas presa gera l ao verem nelas mãe e fiQuase um século mais tarde, em maio lho, ão e sa lvos! Meenakshiyamma, sim, conve1teude 1752, ocorreria o estupendo milagre que tornaria a igreja de Vallarpadam um se. Ela e seu filho foram batizados, recebendo ele o nome ele Jesudas (Jesus) centro de peregrinação. e ela o de Mariamma (Maria). CumprinVivia naquela ilha uma jovem esposa da casta dos Nair (dos guerreiros), de do seu voto, mudaram-se para junto ela nome Meenakshiyamma, oriunda de no- igreja. Como servos da Senhora, até o bre família local. Um dia ela cruzava o fim de sua vida narravam a atônitos estreito entre Vallarpadam e Mattanchery peregrinos a grande inercê recebida. A fama do milagre alastrou-se raquando o barco em que estava começou a soçobrar. Imediatamente, lembrou-se da pidamente atraindo gente de toda parSenhora representada no quadro resgata- te, católicos ou não, o que levou o Papa do das águas e prometeu que, se a Vir- Leão XIII a elevar, em 1888, o altargem Santíssima também delas a resgatas- mor da igreja, onde se encontra o mise com o filhinho que tinha ao colo, eles lagroso quadro, a "A/tare Privifar-se-iam seusAdimas (escravos ou ser- legiatum in Perpetuum Concessum". Pescadores de toda área litorânea vos) até a morte. O bote foi ao fundo lePadre abençôa fiéis no santuário de Vallarpadam ele Kerala levam seus barcos para sevando consigo mãe e filho. 6

' CATOLICISMO -

Março de 1997

2(esposta Resposta É realmente de cortar o coração ver o que estú ocorrendo em tantos I ugares. Infelizmente esse é um fenômeno que vai acontecendo no Brasil inteiro, com seitas pululando por toda parte, tanto nas grandes como nas pequenas cidades, deixando aflitos os

Pergunta

z_

Sr. Cônego Na minha cidade está havendo uma proliferação enorme de seitas protestantes. Seus adeptos abordam muitas vezes os católicos a fim de criticar nossa Religião dizendo coisas estranhas, como por exemplo, que só Jesus Cristo salva, que Ele não precisa de medianeiros para ajudá-Lo; que Nossa Senhora é adorada pelos católicos, etc. Como muitos católicos não têm boa formação, ficam indecisos e acabam dando ouvidos a esses falsos pregadores. O Sr. poderia dar uma orientação sobre isso? "A fumaça de satanás" dentro da Igreja

verdadeiros católicos. Creio que não estaríamos enfrentando os problemas acima descritos se a Santa Igreja não estivesse em meio à turbulência que atinge a humanidade inteira, nessa crise profunda por que está passando. Mas sabemos e professamos que "as portas do inferno não prevalecerão contra Ela"! Sabemos também que a sociedade civi l, separada da única e verdadeira Igreja, torna-se um corpo sem alma, um cadáver fadado à decomposição. A Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, por sua Sagrada Hierarquia e seus ministros, é "o sal da terra e a luz do mundo", única - porque divina - capaz de retirar a humanidade do caos em que se encontra.

O Papa Paulo VI afirmou ter a sensação de que a "fumaça de satanás" havia penetrado na Igreja 1, na qual, segundo o mesmo Pontífice, "alguns pralicam a autocrítica, dir-se- ia até a autodemolição" 2 . Em outras palavras, a turbulência a que nos referimos, o tetTemoto atinge a própria barca de Pedro. "Fumaça de satanás", "autodemolição"!, aleita Paulo VI. Face a essa situação, ficam os bons sacerdotes obrigados a dar assistência a uma grande quantidade de povo e não dão conta de tudo. Além disso - é com muita dor que o digo - infelizmente também existem padres que, envolvidos pela voragem do mundo moderno, dão escândalos, quer pregando quase unicamente arevolução social, quer violando seus sagrados votos e coonestando o desenfreado permissivismo de nossos dias no campo dos costumes. Com isso estes fiéis se sentem órfãos, escandali zados pelo CATOLICISMO -

que vêem. "Fumaça de satanás" ... "autodemol ição" ... Sem uma Fé firme, que os ajude a distinguir a paite humana da Igreja, daquilo que é instituição divina, os fiéis começam a dai· ouvidos aos lobos com pele de ovelha, que apresen tam so lu ções falaciosas, que não valem nada, mas que iludem, seduzem e desviam as almas da verdadeira Igreja. Daí essa proliferação de seitas protestantes e orientais - às centenas! - que em outras épocas jamais teriam a audiência dos católicos no Brasil. Pois estava impressa na alma católica a verdade de Fé divina de que "fora da Igreja para ninguém pode haver salvação" (Denzi ngerUmberg, 430). Tal verdade era também realçada nos cursos de • Teologia nos Seminários, e constantemente pregada nos púlpitos. Os "crentes" não têm autoridade alguma

O que dizer a respeito desses protestantes? Março de 1997

CôNEGO JOSÉ LUIZ VILLAC

Como acreditar em homens que, embora tendo nos lábios citações da Bíblia, interpretam-na a seu bel-prazer, baseados num livre exame arbitrário e gratuito, desconhecendo e negando o único e autêntico Magistério, instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo e confiado a São Pedro e aos Apóstolos pai·a a genuína interpretação elas Sagradas Escrituras? Ao afirmarem que só Nosso Senhor Jesus Cristo salva e que é o único Medianeiro, os protestantes repetem um ensinamento ela Igreja, o qual, contudo, não tem o caráter frio, exclusivista e distorcido que eles comunicam a essa verdade. Ele é o Medianeiro único no sentido de que, sem Ele, não teria havido a Redenção, uma vez que só um Homem-Deus poderia reparar à altura o pecado cometido contra o próprio Deus por nosso pai comum , Adão. Mas isso não quer dizer que, junto a Ele, também não ex istam outros medianeiros. E sobretudo a Medianeira por exelência, que é sua Mãe Santíssima, obra-prima da criação na qual Deus, depois da Humanidade Santíssima do Divino Fi lho, colocou todas as suas complacências. Os protestantes não percebem que, negando a mediação de Nossa Senhora e dos Santos, estão negando a própria ordem natural criada por Deus, que é esplendidamente escalonada, dando mais a uns que a outros, para que todos os reinos do universo refletissem a indescritível policromia de suas perfeições. De sorte que os que têm mais, ou sejam mais 7


perfeitos, sirvam não só de susVê-se que os hereges caem na tentáculos aos que têm menos, maior contrad ição e não vêem a realidade que transparece com mas também de "medianeiros" junto aos superiores de ambos. ,p1manha evidência. Quando não Esses mesmos protestantes, são subjugadas, as paixões cegam quando se trata, não de matéria e levam à obstinação. de Fé, mas digamos, de negócios, esquecem-se de suas concepComo explicar o ódio dos ções frias e hirtas, e vão atrás de protestantes a "medianeiros". Por exemplo, são Nossa Senhora? capazes de dizer: "Vou conversar com fulano, para ele ME Exemp lo marcante de tal CONSEGUIR um emprego na ódio fo i a fúria com que um desfirma tal. Vou pedir para ele INses hereges se lançou contra uma TERCEDER junto ao diretor, imagem de Nossa Senhora que é amigo dele". O que é isso, Aparecida, Padroeira do Brasil, senão uma relação de mediação? diante das câmaras de televisão, É a ordem natural I É a Sabedo- por ocasião de sua festividade, em ria e Providência de Deus! l2 de outubro de 1995. Fato este Por que então não va le essa comentado por Catolicismo em regra para a vida sobrenatural? sua edição de janeiro de 1996.

Qua lquer filho vendo um a outra pessoa odiar sua própria mãe, se acenderia em santa cólera. Então, como esperar agradar a Nosso Senhor Jesus Cristo, votando desprezo e ód io a Nossa Senhora, sua verdadeira e excelsa Mãe? Não vêem que o amor e a veneração a um não exc luem o amor e a veneração ao outro? Só há uma diferença: tal amor e veneração, quando se trata do Homem-Deus, chama-se adoração. É o culto de latria. Quando se trata de Nossa Senhora, denomina-se hiperdulia, que é um grau abaixo. E, quando se trata de santos, intitula-se culto de dulia. Nosso Senhor Jesus Cristo, o Divino Verbo Encarnado, que mandou "honrar pai e mãe" no

4º Mandamento, veria com bons olhos quem desprezasse Nossa Senhora, sua excelsa Mãe, que foi Virgem antes, durante e depois do parto? Na concepção protestante, tudo está torto, errado . Tudo é frio, sem alma, sem vida. Pregam a letra - quando pregam! - do Evangelho, mas perderam o espírito deste. E "a letra mata, mas o espírito vivi fica"! O

DO MÊS

1-

São Rosendo, Bispo e Confessor. Celanova (Portugal), + 977. Filho do Conde D. Guterre e de Santa llduara, Bispo aos 18 anos, foi suscitado por Deus para alentar os guerreiros do norte da Península Ibérica na Reconquista para devolvê-la ao império da Cruz.

2-

Santa Inês de Praga, Virgem. Praga,+ 1282. Filha do rei da Boêmia e parente de Santa Isabel da Hungria. Pretendida pelo Imperador alemão Frederico li, recusou-se por se ter consagrado a Cristo. Fundou um convento de clarissas. Santa Clara a chamava "metade de minha alma'.

Notas: 1. Alocução "Resistitefortes inJide" de 29 de junho de 1972, in " lnsegnamenti di Paolo Vf' , Tipografia Poligloua Vaticana, vol. X, pp. 707-709. 2. Aloc ução aos al unos do Semin ário Lombardo, 7 de dezembro de 1968, idem, vol. VI, p. 11 88.

O Catolicislllo é selllpre e por toda parte o 1Ues1Uo

regnat, Christus imperat; ab omni maio plebem suam defendat - Cristo vence, Cristo reina,

Cristo impera; que Ele defenda seu povo contra todo mal. Essas palavras estão no presente e não no passado para indicar que o triunfo de Jesus Cristo é sempre atual. Ora, é pela Eucaristia e nEla que se cumprem tais palavras ..... Um rei impera pela força das leis e pelo amor de seus súditos. Jesus Cristo é alei do cristão, e sua lei de amor foi publicada no Cenáculo, é revelada

à alma pela Eucaristia. Ela o foi para os Apóstolos na última Ceia, e, para os discípulos de Emaús, no decurso do colóquio e da refeição com Jesus ressuscitado ..... Ora, a lei de Jesus Cristo é una, santa e imutável. Nada será acrescentado nem tirado. O Catolicismo é sempre e por toda parte o mesmo. É o amor que grava essa lei no coração dos cristãos. É o próprio legislador que neles realiza esse trabalho misterioso. Sim, Jesus Cristo reina pelo amor. Não é assim que costumam reinar os reis da terra. Somente Jesus Cristo o consegue. Seu reinado é muito forte e muito suave. Por isso, os que O amam são-Lhe devotados na vida e na morte (A Santíssima Eucaristia, I - A Presença Real, Editora Vozes, Petrópolis, 1955, pp. 257-259)

São Pedro Julião Eymard 8

CATOLICISMO -

Março de 1997

nhola contra a influência muçu lmana na Igreja local e seu prócer, o ímpio Bispo Recaredo . Foi decapitado por ordem do su ltão Maomé.

12 -

Santa Josefina ou Fina, Virgem . São Geminiano (Itália), + 1353. Vítima expiatória, por ci nco anos viu-se pregada ao leito com o corpo em corrupção e na mais extrema pobreza. À sua morte, muitos milagres ocorreram.

13-

São Nicéforo, Mártir. Constantinopla, + 828.

-Santos Emetério e Celedônio, Mártires. Calahorra (Espanha), + cerca de 304. Filhos de São Marcelo, capitão da legião romana. Na cruel perseguição contra os cristãos, puseram-se destemidamente a pregar a Fé e increpar a superstição pagã. Presos, foram degolados e seus restos atirados ao rio. Suas cabeças se veneram em Santander, aonde chegaram milagrosamente por mar.

3

4-

Patriarca de Constantinopla. Por defender o cu lto às imagens contra os iconoclastas, morreu no desterro , sendo por isso considerado mártir.

14 -

Santa Matilde, Viúva. Turíngia, + 968. Rai-

nha, mãe de um Imperador e um Duque e avó de Hugo Capelo, primeiro Rei da França. Foi despojada pelos fi lhos e aprisionada num mosteiro. Restituída à antiga posição, fundou hospita is, igrejas e mosteiros.

ros e pastores o escolheram como padroeiro.

21 -

São Nicolau de Flüe, Confessor. Suíça,+ 1487 (à di-

reita, painel de 1492). Leigo, pai de 1O fi lhos, de com um acordo com a esposa retirouse aos 50 anos para a vida eremítica. Consultado em seu retiro, Nicolau "não só salvou a Confederação (Suíça) num

momento de crise profunda, mas traçou para o seu país as linhas dominantes duma política cristã'' (Pio XI 1).

22

-Santa Leia, Viúva. Roma, + 383 . Matrona romana discípula de São Jerônimo. Enviuvando, entrou num mosteiro. Mereceu os maiores elogios desse santo.

São Casimiro, Confessor. Polônia, + 1484. Filho do Rei da Polônia e Grãoduque da Lituânia, desde sua juventude distinguiu-se pela piedade e austeridade. Para ser fiel ao voto de castidade, recusou-se a casar com a filha do Imperador alemão. Faleceu aos 24 anos.

1 5-

23 -

-São Teófilo, Bispo e Confessor. Cesaréia (Palestina), + 195. Dos mais ilustres Bispos da Igreja do Oriente, tornou-se célebre pelo zelo em defender a tradição.

16 -

2 4-

1 7-

25

5

Do Fundador dos Sacramentinos, São Pedro Julião Eymard (1811-1868): No obelisco da praça de São Pedro em Roma, Sixto V mandou gravar a inscrição: Christus vincit, Christus

MARÇO

6-

Santo Olegário, Bispo e Confessor. Barcelo na (Espanha), + 1136. Bispo de Barcelona, foi Legado apostólico na Cruzada que o Conde de Barcelona empreendeu contra os mouros. Para esse fim, também estabaleceu na Espanha a Ordem dos Templários.

7-

São Raimundo de Calatrava, Abade e Confessor. Espanha, + 1163. Pregou uma cruza-

da para defender Toledo do perigo muçulmano e fundou a Ordem religioso-mi litar de Calatrava, para combater aquele perigo na Península Ibérica.

Santo Heriberto, Bispo e Confessor. Colônia

(Alemanha) , + 1021 . Chanceler do Imperador alemão Otão Ili e depois Bispo de Colônia, operou muitos milagres ainda em vida. Morreu durante uma visita pastoral.

São Patrício, Bispo e Confessor, Apóstolo da Irlanda. Irlanda, + 461 . Evangelizou o país re-

cém-saído do jugo romano, convertendo os chefes de clãs e famílias. Semeou mosteiros por toda parte, com tanto sucesso que a Irlanda ficou conhecida como "Ilha dos Santos' .

DOMINGO DE RAMOS. - Triunfal entrada de Cristo Jesus em Jerusalém poucos dias antes de Sua Paixão na mesma cidade. - Também São Toríbio de Mogrovejo, Arcebispo de Lima (ver pp. 24 a 27 desta edição).

Santa Catarina da Suécia, Virgem. Vladstena, + 1331 . Filha de Santa Brígida e aparentada à família reinante. De excepcional beleza, teve que se casar por razões de Estado, mas o virtuoso marido respeitou- lhe a virgindade. Enviuvando, entrou no convento que a mãe havia fundado. -ANUNCIAÇÃO DO ANJO E ENCARNAÇÃO DO VERBO . - Dos mais importantes acon-

tecimentos da História: o Verbo de Deus se incarna no se io puríssimo de Maria.

Cartago, + 203. Perpétua, nobre cartaginesa, e Felicidade, escrava, por sua fidelidade a Cristo foram lançadas às feras, que as respeitaram. Foram então mortas por um gladiador. Seus nomes se encontram no Cânon da Missa.

1 8-

26 -

8-

1 9-

27 28 293 O-

Santas Perpétua e Felicidade, Mártires.

São João de Deus, Confessor. Granada (Espa-nha), + 1550. De origem portuguesa, fundou na Espanha a Ordem dos Irm ãos Hosp italares para cuidado dos doentes. Patrono do s enferme iro s e enfermos, seu nome foi colocado na Ladainha dos Agonizantes.

9-

Santa Francisca Romana, Viúva. Roma, + 1440. Da mais alta nobreza romana, foi modelo de esposa e mãe, além de Fundadora das Oblatas Beneditinas. linha trato familiar com seu Anjo da Guarda, a quem via continuamente.

1O

-Santos Mártires de Sebaste. Armênia,+ 320. Presos, açoitados e postos despidos em um lago semigelado. Um guardião, vendo no céu a coroa que os aguardava, colocou-se entre eles para substituir um que fraquejara.

11

-Santo Eulógio, Bispo e Mártir. Córdoba (Espanha), + 859. Protótipo da reação espa-

São Cirilo de Jerusalém, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja.+ 386. Grande Doutor da Igre-

ja oriental, foi três vezes desterrado por influência dos hereges arianos.

SÃO JOSÉ (à direita, im age m venerada na sede do Conselho Nacional da TFP em São Paulo) Es-

poso da Santíssima Virgem, Patrono da Igreja Universal e da Boa Morte. Para se ter idéia de sua grandeza, considere-se apenas que foi esposo da Rainha dos Céus e pai adotivo de Jesus.

2 O-

São Gutberto, Bispo e Confessor. Lindsfarne

(Ingl aterra), + 687. Pastor, monge, foi depois eremita por oito anos numa ilha. Eleito Bispo, convenceu o abade de Lindsfarne a tomar seu lugar e dar-lhe o dele. Dos santos mais populares da Inglaterra antes da Reforma, os marinhei-

CATOLICISMO -

Março de 1997

São Bráulio, Bispo e Confessor. Saragoça (Espanha), + 651. Notável pela cultura, aconselhou Reis , interveio ativamente em concílios e governou com sabedoria a diocese tornandose uma das glórias da Igreja visigótica na Espanha. QUINTA-FEIRA SANTA. Instituição da Euca-

ristia e do Sacerdócio.

SEXTA-FEIRA SANTA . Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Jejum e abstinência. SÁBADO SANTO. Jesus Cristo no sepulcro e a soledade de Nossa Senhora.

PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO. "Cristo ressuscitou, ressuscitou verdadeiramente, Alleluia!"

31 -

São Daniel, Mártir. Veneza (Itália) ,+ 1411 . Alemão de origem, estabeleceu-se como comerciante em Veneza. Bem sucedido, dava se u lucro aos camaldu lenses, no convento do s quais morava como hóspede-leigo. Foi assassinado por ladrões que assaltaram o mosteiro .

9


,4- ; ,,......._

..... 1

A'f UAUDAt1)lACIONA!. ;''

y

Frases que falam Raul Jungmann (ex-PCB), Ministro da Política Fundiária: "O importante foi manter o aspecto revolucionário do ITR". Paulo Cesar da Silva, "professor" em acampamento do MST no Pontal do Paranapanema: "tem dia em que a gente vai até a noite. A gente ensina sobre marxismo, leninismo, mercantilismo".

PLINIO VIDIGAL XAVIER DA SILVEIRA

Aparecida, os "devotos" inconformados afastam-se de tais seitas. Este é o povo de sentimento profundamente católico, que encheria as igrejas hoje infelizmente esvaziadas - se nelas encontrasse o es-

pírito tradicional de seus antepassados. Quanto ganharia a Igreja Católica se o clero voltasse às procissões, às festas de Nossa Senhora e dos santos, ao espírito religioso que sempre marcou a piedade dos brasileiros!

A história se repete

O abandono da piedade tracionai teve como resultado igrejas vazias

Por que se esvaziam as igrejas? O bmta1 sacrilégio cometido pelo "bispo" Von Helde, da Igreja Universal, dando um chute numa imagem de Nossa Senhora Aparecida durante um programa de televisão, chocou profundamente o povo brasileiro. A seita perdeu recentemente 30% dos seguidores e sofreu uma grande diminuição nos donativos. Esse comentário, que foi publicado pela revista "Isto É", 10

de 15. 1.97, mostra claramente o grande engano que vem sendo cometido pelo clero progressista. A religiosidade popular, repudiando a pregação sóciopolítica e não encontrando mais a piedade tradicional, sai à busca de práticas que atendam a seus anseios, nas seitas, no espiritismo e na umbanda. A devoção mariana é tão profunda na aJ ma do brasileiro que, ocorrendo agressões como esse atentado a Nossa Senhora ,

CATOLICISMO -

Hector Bejar, líder do Exército de Libertação Nacional, movimento guerrilheiro que agiu no Peru na década de 60, sonhava salvar os "camponeses". Em recente entrevista ao "Corriere della Sera" de Milão, declarou: "Nós, guerrilheiros, educados nas universidades, nunca compreendemos nosso povo. O Peru dos pobres sempre nos considerou como estrangeiros. Enganamo-nos nos anos 60 e se engana hoje o Tupa c Amaru" [movimento que efetuou a recente invasão da Embaixada do Japão lE continua: "A pobre gente luta com seus meios e não com as armas. Na minha época, lembro que os camponeses começaram a invadir as terras. 'Vamos, pensei, é a hora da revolução'. Não era. Os camponeses se mobilizavam atrás de suas autoridades tradicionais e invocavam a legalidade ... Eles constroem so zinhos suas casas, os asilos, são solidários uns com os outros, e do marxismo não sabem coisa alguma ... Março de 1997

"Este país quer ordem, e ordem é o discurso de direita. Nós da esquerda queríamos e queremos mudar esta ordem. Mas o povo tem medo ... " Adiante, ainda afirma que [o governo de Velasco Alvarado avançou] "de tal modo no caminho das reformas sociais que assusta ram. Naturalmente, foi um erro nosso, porque impusemos mudanças que a realidade do Peru ainda não permitia. Muitas expropriações, nacionalizou-se quase tudo, fundaram-s e empresas auto geridas. Ostrabalhadores estavam confusos, os proprietários e a classe média se revoltaram". Moral da história: A esquerda não estará cometendo o mesmo erro no Brasil? Nossas classes dirigentes não estarão incorrendo em idêntico erro de avaliação? Onde é que está esse povo revoltado: nas minorias de arruaceiros que depredam ônibus, nos pobres sem-te1rn iludidos por pseudolíderes que prometem dar-lhes propriedades, as quais, na re-

aJidade, vão se transformando emfavelas rurais? O bom senso brasileiro percebe, com perspicácia, o blefe publicitáJio que procura pintar nosso povo como se fosse revoltado.

Muito aproveitariam as elites brasileiras se analisassem com cuidado essa declaração de Bejar e a comparassem com o que se passa em nosso País.

Reforma Agrária ou guerrilha rural?

Aprovada a "Cadaverbrás" indivíduo sobre seus próprios órgãos, bem como o direito da família em decidir a respeito, quando não se conhecia o desejo do falecido. Em nome do social e dos "direitos humanos", mais um direito individual é eliminado. A chamada Constituição Cidadã de 1988, que consagrou - em nome da liberdade - até "direitos individuais" francamente opostos ao Direito natural, não garantiu a livre disposição do indivíduo sobre seus próprios órgãos. São as contradições dos defensores dos "direitos humanos" , sempre fa vorecendo os abusos do Estado em detrimento dos legítimos direitos indiCadaverbrás: ondeesfüoos "direitos humanos?" vi duais.

Imitando a França de Mitterrand e a Espanha de Felipe Gonzalez, o Brasil acaba de dar mais um passo rumo à socialização. Foi promulgado o projeto de lei que torna todos os brasileiros automaticamente "doadores" compulsórios de órgãos, a menos que tenham registrado, em documento, disposiçã'o em sentido contrário. Até hoje não se negava o direito de propriedade de cada

"Tigres de Papel" e "Papel de Palhaço" O Presidente Fernando Henrique, ao sancionar as leis do Rito Sumário e do novo ITR (Imposto Territorial Rural), chamou os latifundiários de "tigres de papel". Naquela ocasião, surpreendeu a muita gente o apoio que a bancada ruralista havia dado à aprovação dessas duas leis. Agora o mistério se explica. O deputado Abelardo

Lupion, um dos líderes dessa bancada, desabafou dizen-

SO'UM LEVANTE DA

CfE !A

GARANTIRA A

-

--·~ DEM CRATIZAÇÃO DA TERRA. Passeata de sem-terras em Santa Catarina: Rito Sumário aumenta tensões

A aprovação do Rito Sumário a pretexto de apressar a Reforma Agrária e alcançar a paz no campo, na realidade está se revelando como um fator de acirramento das tensões no meio rural. Fatos ocorridos no mês de jane iro convergem mais para um clima de convulsão social: * Do dia 1º ao dia 20 - Dez invasões de fazendas no Pontal do Paranapanema. * Dia 11 - Ministro Nelson Jobim: "Esperamos que esta situação não redunde em conflitos e violências' .

O líder dos sem-terra José Rainha garante que estes não vão abrir mão das invasões como tática de luta. * Dia 13 - 15 funcionários armados da Fazenda Santa Rita, em Mirante de Paranapanema, enfrentam 300 sem-terra que destruíram 2.000 m de cerca. * Dia 14 - Ministro Jungmann encaminha decreto de desapropriação da Fazenda São Francisco, onde dois sem-terra foram mortos no dia 3. * Dia 15 - Três mortos na Fazenda Santa Clara, Ourilândia do Norte (PA). * Dia 16 - Deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA): "Você tem que defender sua terra ou defender a minha à bala, se necessário for. Na minha terra é só tentar entrar para ver. .. Se você encontra omissão do Governo federal, é necessário que os donos se defendam. Os conflitos existem por omissão do Governd'.

do que os ruralistas estão fa- Em Cachoeirinha (SP), 80 famílias ocupam fazenda penhozendo o "papel de palhaço", rada pelo Banespa. pois aprovaram tudo o que o - João Pedro Stédile, líder nacional dos sem-terra: "Esse tipo governo pediu para acelerar . de ocupação espontânea deve causar ainda mais conflitos e mortes, a partir de março".

a Reforma Agrária - como a lei do rito sumário e a cobrança do novo Imposto Territorial Rural (ITR) _ e agora assiste m à "desobediência civil" sem que nada aconteça. CATOLICISMO -

- O Governo do Pará afirma que o assassinato de três trabalhadores de Ourilândia resulta de um processo de descaso por parte do Incra. * Dia 17- Dois sem-terra morrem em conflito, 24 horas após a desapropriação da Fazenda Ninho Ralo, em Rio Bonito do Iguaçu (PR). * Dia 18 - Imprensa afirma que Rainha assume ares de comandante revolucionário. Março de 1997

11


DECAO:J.{J\·.· c~ ·~,;~~\,-,i, ORAL

t~:.,

j :7

\ ,,:'.<: -~-~

Aids: .pretexto para favorecer a corrupção moral MURILLO M. GALLIEZ

E

M toda a história da prevenir as crianças, desmedicina nunca se de a mais tenra idade, Cartilhas do Ministério da Saúde, aulas na contra os perigos da práviu uma doença ser rede de ensino público e programas de TV tão utilizada como pretexto tica sexual sem a necessobre educação sexual: conluio nefasto sária "proteção" em relapara corromper os costumes como está seúdo a famição à AIDS e às doenças para excitar a sensualidade em jovens e gerada síndrome de imuno sexualmente transmiscrianças desde os quatro anos. Este será o síveis. deficiência adquirida, isto destino de uma parte do novo tributo - o é, a AIDS. Segundo notícias da imprensa, o Programa NaCPMF - criado pelo Governo com a finaNão se trata apenas da cional de DST/AIDS, do propaganda feita em torno lidade de atender às emergências da saúde Ministério da Saúde, vai do homossexualismo e daqueles que o praticam, para ensinar sexo e prevenção da AIDS para crianças e que sejam reconhecidos, adolescentes, entre 4 e 19 anos, que esturespeitados e sujeitos de direitos enquanto tais. dam em escolas da rede pública de ensino. De fato, a pretexto de combater adiPara atingir os adolescentes entre 13 fusão da AIDS e "educar" a sociedade e 19 anos, 100 mil líderes de classe e 50 sobre os meios de prevenir a doença, têm mil professores serão treinados para consido impressos e publicados um número versar com os alunos sobre AIDS, DST e incontável de volantes,posters, folhetos, drogas injetáveis. O projeto mais ousado, porém, visa panfletos, livretos, crutilhas, revistas e até livros, contendo informações detalhadas os alunos de 4 a 12 anos. Com metosobre a sexualidade e as práticas sexuais, dologia específica segundo as idades, serão impressos e distribuídos 1 milhão e naturais e antinaturais, concepti vas e 400 mil exemplru·es de uma cartilha ensicontraceptivas, com desenhos e até fotografias de tais práticas, tudo impregnado nando sexo e os riscos da AIDS. da mais crua e chocante imoralidade. Os professores também receberão 30 mil manuais ensinando como abordar teTais publicações - feitas tanto por mas tão delicados com as crianças. órgãos oficiais como por instituições parFilmetes com desenhos animados serão ticulares- tomadas em seu conjunto, são exibidos nas escolas públicas e nas TVs de fazer inveja a qualquer indústria porEducativas (serão ainda "Educativas"? nográfica, por mais avançada e organizaOu antes, Deseducativas?) para auxilida que seja. Além disso existe toda a matéria ar esse tipo de educação sexual para criCrianças e adolescentes são as maiores vítimas anças. "educativa" exibida na televisão, onde, da nefasta propaganda permissivista Haverá três tipos de cartilhas, na fora pretexto de ensinar métodos "eficazes" de prevenir a contaminação pelo HIV por mais indefeso, mais vulnerável a essa ação ma de histórias em quadrinhos, segundo via sexual, são focalizadas as mais cruas demolidora da ordem moral na sociedade. a idade a que se destinam. Assim, as cenas de sexo e nudismo. Assim, novos programas de educação cartilhas destinadas a crianças entre 4 e 6 Mas não é só isso. O trabalho de sexual são planejados para as escolas da anos ensinarão as diferenças entre menicorrupção moral não estaria completo se rede oficial, ainda mais ousados que os nos e meninas, por meio de desenho mosnão atingisse um público mais específico, precedentes, sempre com o pretexto de trando um menino e uma menina nus. 12

CATOLICISMO -

Março de 1997

Neste tipo de cartilha não se toca no assunto AIDS . Naquelas destinadas a c1ianças entre 7 e 9 anos já se fala em prevenção da AIDS e no uso do preservativo. O professor é orientado a demonstrar nas salas de aula como se usa o preservativo e as crianças estimuladas a desenhar seu corpo. As cruti I has para crianças de 1Oa 12 anos já são mais explícitas quanto ao tema da sexualidade, de formas de disseminação da AIDS , apresentando, por exemplo, o desenho de uma seringa para injetar drogas. O coordenador do Programa Nacional de DST/ AIDS do Ministério da Saúde, Pedro Chequer, admite que as crutilhas podem provocru· reações, mas afirma que elas são necessárias para educar, desde cedo, contra os riscos da AIDS: "É preciso despertar a criança desde cedo para esse problema, criar uma nova cultura. Hoje a criança já é abor-

dada para o problema na rua e vendo TV, mas de forma inadequada e até preconceituosa. Vamos preenche r esta lacuna. A cartilha está tão suave que não deve agredir nem aos mais conservadores" <*l.Sem embargo do que, não nos consta que os pais tenham sido consultados sobre sua concordância quanto à adoção de um programa que equivale à aniquilação da inocência de seus próprios filhos , já em tenra infância. Sobretudo, voltam-se as costas ao ensinamento tradicional da Igreja no tocante à educação sex ual para crianças.D

(*) Cfr. Ricardo Miranda, Cani/1,a ensina sexosegu"O Globo", 3 de janeiro de 1997.

,v para cria11ças, in

Nota: Devemos esclarecer aos leitores que não conhecemos taiscrutilhas, nem temos notícia dej á terem sido publicadas. O juízo que fazemos sobre elas é baseado no que a imprensa noticiou a seu respeito. A "nova cultura", que o referido coordenador pretende criar, despertando "a criança desde cedo para esse problema", é a cuifura da erotização eda exc i1ação sex ual,já ex is1ente na sociedade em geral, mas que é preciso - segundo a mencionada "nova c11/111ra" - desenvolver de modo paiticular entre as crianças eos adolescentes, estimulando seu i nsti nfo sex uai de modo precoce e compulsório. Não é de admirar que uma juventude assim formada -ou melhor deformada - venha a integrar-se natural mente num dos três tipos de comportamento lamentavelmente favorecidos direta ou indiretamente pelos poderes püblico: e autoridades sm1itári,ts: a promiscuid,1de sexual, a prostituição e a homossexualidade...

~

/

!

1

7.

{ t

---- -

---

.. '

t/. l, \ ..

AfOJLJCliSMO

;

''E preciso apoderar-se das almas das crianças''

Publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes Ltda. Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Mariza Mazzilli Costa do Lago

Registrada na DRT-SP sob o n' 23228 Redação e Gerência: Rua General Jardim, 770, cj. 3 D CEP 01223-010 São Paulo SP-Tel/fax (011) 257- 1088 ISSN 0008-8528 Fotolitos: Bureau Bandeirante de Pré-impressão Lida. Rua Mairinque, 96 CEP 04037- 020 São Paulo SP impressão: Gráfica Editora Camargo Soares Lida. Ru a da Independência, 767 CEP 01524-001 São Paulo SP

Preços da assinatura anual para o mês de FEVEREIRO de 1997: Comum : R$ 50,00 Cooperador: R$ 75,00 Benfeitor: R$ 150,00 Grande Benfeitor: R$ 250,00 Exemplares avulsos: R$ 5.00 N.B. - O que exceder ao va lord ri assina tura comum

considera-se um donativo para a diíusão de Catolicismo e pura as atividades estatutárias da TFP

$rn~Wíl~@ @IB ~iíIBIM@íl&qJIBIMií@ ~@ ~$$íllM~IMiíIB Telefone: (011) 223-4233

~@~~IB$[;>@1M@~IM~íl~g Caixa Postal 9159 CEP 01065-970 São Paulo SP

A posição manifestada pelo Sr. Pedro Chequer nos faz recordar o que declarou Rodolfo Llopis, promotor do programa de Educação Sexual do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), em 1993: "Para mim não existe revolução simplesmente porque se efetua uma mudança de regime político. Nem sequer existe revolução quando, juntamente com a mudança política, existe uma mudança social. Para mim, o ciclo revolucionário não termina até que a revolução não se faça nas consciências. E esta é a tarefa que deve fa zer a escola . .. .. A escola tem que ser a alma ideológica da revolução. Quem deve fazer esta revolução nas consciências e nos espíritos? Para nós não há dúvida. Esta revolução deve ser obra dos educadores, da escola . .... É preciso apoderar-se da alma das crianças. Este é o brado, a linguagem pedagógica da revolução russa" (apud Javier, Maraval no sabe, in "Ya", Madri, 14-10-1993). Se o coordenador desse Programa do Ministério da Saúde e seus superiores adotaram tal política "educativa", motivados conscientemente pelos mesmos princípios socialistas, não nos cabe responder. O fato concreto é que o programa de educação sexual que se pretende impor aqui no Brasil favorece, indubitavelmente, a "esta revolução nas consciências e nos espíritos" dos que devem constituir o Brasil de amanhã. CATOLICISMO -

Março de 1997

13


BRASIL CATÓLICO DE OUTRORA:

Brasil Real Brasil Brasileiro

Esplendor e pujança das festas religiosas CARLOS SODRÉ LANNA

A

té meados deste século por~m, mais esp~cialmente, em epocas antenores ao atual - as festividades religiosas tinham a imp~xtância das datas nacionais em nosso País. A população católica do Brasil saía em peso às ruas para comemorá-las condignamente.

As procissões As procissões eram imponentes, concorridíssimas, com cunho oficial, acompanhadas por todo o povo, sendo os andores e pálios carregados pelas mais altas autoridades civis e militares. As de maior importância eram aquelas realizadas durante a Semana Santa e a procissão de Corpus Christi. As cidades e vilas eram enfeitadas, as ruas varridas, e os trechos por onde passaria o cortejo cobertos com

flores perfumadas, pétalas de rosas, ramos de alecrim, begônias e magnólias em homenagem a Nosso Senhor. Nas casas havia iluminação do lado de fora, enfeites nas janelas e portas, e os moradores que nelas permaneciam se apresentavam vestidos a rigor nas sacadas. Acompanhando as procissões, bandas de músicas, irmandades em seus trajes de gala, cavalarianos, autoridades civis, militares e eclesiásticas, estandartes e bandeiras diversas que davam um colorido especial ao conjunto. Tudo isso ao som das solenes badaladas dos sinos das diversas igrejas. Pelo ambiente, um discreto perfume de mangerona e incenso, e por toda parte um inefável enlevo religioso dominando e afervorando as almas. As procissões de Corpus Christi eram as mais festivas e esplendorosas, próprias à ocasião em

que a sociedade presta uma homenagem solene e um culto de adoração a Nosso Senhor Jesus Cristo na Eucaristia, Rei dos Reis, Senhor dos Senhores.

As festas dos padroeiros As datas dos padroeiros das cidades grandes e pequenas eram também muito comemoradas. Às vezes os festejos começavam dias antes, com tríduos ou novenas. As ruas eram ornamentadas com bandeiras, flores de papel de seda, arcos de bambu e ramos de palmeira. Junto à igreja principal realizava-se uma quermesse com barraquinhas de comidas e bebidas típicas da região, além de jogos e diversões variadas. No dia do Padroeiro, em geral feriado, havia uma alvorada com foguetes e repicar de sinos, lançamento de balões e desfiles folclóricos, culminando com uma grande procis-

1964: povo de São Paulo recebe a Cruz de Jerusalém, com a relíquia do Santo Lenho

são do padroeiro ou padroeira da local idade. E pelas igrejas do Brasil inteiro havia ainda, em outras épocas, Missas diárias muito freqüentadas, novenas, terços, coroações de imagens de Nossa Senhora e adorações do Santíssimo Sacramento. Hoje em dia, infelizmente, com as Igrejas semi -desertas e o povo cada vez mais paganizado, o que ainda existe dessas cerimônias não é senão uma sombra do que houve no passado, quando o Brasil era autentica·mente católico.

O IV Congresso Eucarístico Nacional

IV Congresso Eucarístico Nacional, 1942: todas as cermônias deste brilhante evento congregaram muitas dezenas de milhares de católicos no vale do Anhagabaú, em São Paulo

14

CATOLICISMO -

Março de 1997

Em quaisquer circunstâncias, sem nenhuma dificuldade, a Igreja conseguia reunir enormes multidões. Um exemplo disso foi o IV Congresso Eucarístico Nacional, realizado em São Paulo. Na sessão

solene de encerramento desse evento, realizada no vale do Anhangabaú, no dia 6 setembro de 1942, congregaram-se mais de 500 mil pessoas, numa cidade de 1.400.000 habitantes na época. Naquela noite memorável, o então jovem líder católico Plínio Corrêa de Oliveira - mais tarde fundador da TFP e alma propulsora desta revista - pronunciou inspirado discurso, cheio de fé e esperança, perante a multidão presente no centro de São Paulo. Em determinado momento de sua saudação às autoridades civis e militares, ele afirmou: "Tempo houve em que a História do mundo se pôde intitular 'gesta Dei per Francos'; dia virá em que se escreverá 'gesta Dei per brasiliensis' (As ações de Deus pelos brasileiros). A missão providencial do Brasil consiste em crescer dentro de suas próprias fronteiras, em desdobrar CATOLICISMO -

Março de 1997

aqui os esplendores de uma civilização genuinamente católica, apostólica e romana, e em iluminar amorosamente todo o mundo com o facho desta grande luz, que será verdadeiramente o 'lumen Christi', que a Igreja irradia . .... Se algum dia o Brasil for grande, sê-lo-á para bem do mundo inteiro ..... O Brasil não será grande pela conquista, mas pela Fé; não será rico pelo dinheiro tanto quanto pela generosidade. Realmente, se soubermos ser fiéis à Roma dos Papas, poderá nossa cidade ser uma nova Jerusalém, de beleza perfeita, honra, glória e gáudio do mundo inteiro". D

Fontes de referência: 1) Lendas e Tradições Brasileiras, F. Brigueiet e Cia. Editores, Rio de Janeiro, 1937. 2) Folclore das Fesras Ciclicas , Rossin i Tavares de Lima, Irmãos Vi ta le Editores, São Pau lo, 1980. 3) Gesla Dei per Brasilienses, Catolicismo, setembro/1982. Nov/Dez 1995 , p. 18

15


tJ/11 1riz· · 1

A REALIDADh~ ~:· ', ·J-~·.n· J. ~:,s'•. ISAMENTE A'~

,r: ..

Aborto aumenta em seis vezes o número de suicídios "A taxa de suicídio entre mulheres depois de um aborto é três vezes maior do que o total geral e seis vezes maior do que entre as que deram à luz", afirmaram pesquisadores do Centro Nacional Finlandês de Pesquisa para a Saúde e Bem-Estar. Os abortistas costumam utilizar o "argumento" de que é preciso sobretudo salvar a vida das progenitoras. Porém, aí está o resultado que tal prática acaneta. E contra fatos não valem argumentos.

Opção preferencial pelo pecado O Programa de Combate à Aids, do Ministério da Saúde, distribuirá gratuitamente 250 milhões de preservativos masculinos em 1997. "Queremos tornar o uso do preser-

vativo tão natural quanto lançar mão de uma caixa de fósforos", afirmou o coordenador do programa.

P

ara pasmo dos ateus e dos homens de pouca fé, Nossa Senhora vem atraindo cada vez mais a atenção do público, em diferentes partes do mundo. Assim, por exemplo, a revista "Life", destinada à alta classe americana, dedicou a capa de seu número de dezembro precisamente à Mãe do Divino Salvador, e em suas páginas internas, uma ampla reportagem. O jornal "Corriere della Sera" de Milão, em edição no final do ano passado, registra: "Diminui a freqüência à

missa, continua a crise das vocações, mas não diminuem - ao contrário, aumentam - as peregrinações aos santuários dedicados à Virgem. São cinco milhões de fiéis que a cada ano vão a Lourdes, que no ano passado superou a Costa Azul (famosa região, por sua beleza natural, no Mediterrâneo) . .... Estamos pois diante de uma das pouquíssimas tendências positivas na Igreja". Afirma o Pe. Domenico Marcucci, do mensário "Madre di Dio", das edições São Paulo: "Não esconde-

mos que muita gente vai aos santuários por puro turismo. Porém, indubitavelmente, a viagem aos lugares de aparições ou de milagres demonstra que até o homem contemporâneo necessita de um sinal tangível do sagrado. Isto sempre foi assim, entendamo-nos. Ma.sé significativo que isso ocorra ainda hoje: até há algumas décadas pensava-se que o 'homem novo' não teria mais dessas necessidades. Porém ... ". 16

• CATOLICISMO -

O que pode haver de mais inócuo do que acender um fósforo? Nada, a não ser que se esteja em um ambiente onde, de há muito, ocorre um vazamento de gás. Em outros termos, quando a imoralidade campeia ovante pelas ruas e é bafejada por certa mídia, o que se deve recear com uma tal campanha é a proliferação do pecado. O que constitui um frontal desafio à cólera de Deus.

Desaparecimento da polidez • preocupa amencanos Nos Estados Unidos, grande número de organizações estão surgindo para estudar meios de combater a crescente vulgarização da vida. Em Boston, o Instituto para uma Sociedade Civil recebeu doações de 35 milhões de dólares para investigar as causas do fim da polidez, da civilidade nas relações entre os norte-americanos. Não nos parece que seja necessário gastar tanto para se descobrir a causa última da barbarização do modo de ser que se verifica, em graus diferentes, por todo mundo. Em certa ocasião, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Fundador da TFP, afirmou que a "polidez é a liturgia da caridade". Portanto, quando aumenta o egoísmo - o obsessivo interesse consigo mesmo - , desaparece o amor de Deus, que é a fonte da autêntica caridade. Vive-se, ou melhor, sobrevive-se sob a lei da seiva. Março de 1997

O fenômeno da globalização padroniza a

comida, tornando-a insípida, ocasionando o deperecimento das ricas culinárias regionais

Paris - O grande Mozart, ainda menino, já possuía uma extraordinária vocação musical. Se se pudesse imag iná-lo destinado por seu pai ao aprendizado mecânico, em ruidosa oficina, poder-se-ia conceber que em poucos anos sua sensibilidade artística tivesse definhado e desaparecido por completo. Sua imaginação primaveril, povoada de subtis mas ainda incertas melodias, teria sido malbaratada se, em vez de exprimir-se nas aulas de cravo, fosse imersa no estridente matraquear de malhos e martelos. E o mundo não teria conhecido s uas ge niais composições. Embora fictício, o exemplo ilustra a existência de uma relação, a todos claramente percebida, entre os ambientes e os comportamentos. Também os homens, ao constituírem os ambientes nos quais vivem, exprimem naturalmente suas aspirações de alma. Visitando a encantadora casa de Mozart, em Salzburg, ninguém diria que ali viveu um Henri Ford, gênio da mecânica. Claramente foi ela composta segundo a fina sensibilidade de um músico. Os povos, como as famílias e os indivíduos, também se externam diversamente segundo seu meio, seu passado, suas condições. Cada povo, criando expressões de sua alma, transmite às gerações sucessivas seu modo de ser. E assim asseguram sua continuidade, afirman-

do a própria identidade. Quem não notou a diferença entre os estilos de vida alemão e italiano? Quem não ouviu falar da culinária francesa e da cozinha portuguesa, cada uma com deliciosas - mas quão diferentes - peculiaridades? Quando um povo deixa de autenticamente manifestar suas características de vida através de novas expressões culturais, ele caminha para seu fim. Deixa de ser povo e se transforma em massa, segundo o ensinamento do Papa Pio XII. É o que se constata no soturno e falido império soviético. Entre as expressões da cultura popular mais reveladoras de sua persona lidade encontrase a culinária. Pois ela compreende não só a elaboração de receitas e a preparação de sabores, mas também a composição da mesa: toalhas, porcelanas, talheres e cristais. Além disso, em torno da mesa se cultivam as boas maneiras e as conversas adequadas à ocasião. "Sirva-se, por favor. Posso serví-lo?", que convidado não foi distinguido por esta cortesia? Ou então, não ouviu a expressão "jantar de cerimônia"? O que é essa "cerimônia"? É um reflexo da sacralidade que nos vem da condição de cristãos, ligados à Última Ceia, da qual Nosso Senhor se serviu para instituir, sob forma de alimento, o mais sublime dos sacramentos. Os primeiros cristãos deram à refeição o nome de ágape, cujo sentido é "amor". CATOLICISMO -

Por que, desde os simples aniversários em família, os batizados e casamentos, até as grandes cerimônias oficiais como a posse dos presidentes, as visitas de Chefes de Estado, etc. - incluem sempre refeições ou banquetes em seus programas? Sem a mesa, sente-se incompleta a comemoração. Ela revela a indissociabilidade de duas degustações: a da companhia de amigos e a do paladar. Foram as abadias medievais que favoreceram essa união indissolúvel , elaborando grandes receitas culinárias, .a fim de que, como ensinou São Francisco de Sales muito mais tarde, "se trate bem o corpo à mesa para que a alma se sinta à vontade, podendo assim empenhar-se em elevadas conversas, dando ao próximo toda atenção devida" (Introdução à vida devota).

março de 1997

A boa mesa ficou assim co mo símbolo da harmonia social.

Cardápio de cada povo engolido pelo monstro globalizador Sociólogos contemporâneos, preocupados com a desagregação social, mostram-se apreensivos com a extinção dos hábitos culinários característicos das diversas regiões. A uniformização das refeições é um fenômeno geral. Com ela tende a desaparecer importante fator para o bom relacionamento entre os homens. Progressivamente, as refeições vão sendo preparadas segundo técnicas de industrialização para a alimentação de massa: em modernas fábricas a matéria prima (não mais ingredientes) é transformada,

17


nova forma de totalitarismo. Ela atenta contra as peculiaridades e mesmo a soberani a dos povos. E les perdem aos poucos sua identidade, sua mentalidade definha e se submete a uma vontade alhe ia. A mú sica rock' n roll, o cinema, a televisão, todos difundem a mes ma estética artific ial que vai criando uma sensibi lid ade únic a. E quão depauperada! J-L. F landrin , professor da Sorbonne, acaba de publicar volumosa História da alimentação, na qual denuncia o mes-

mo fe nômeno da mo nocu ltura. E le estabe lece uma re lação e ntre o comportamento a limentar e o estado da menta li dade francesa, em diferentes fases hi stóricas. Atualmente, com a invasão de hábitos ali mentares e comportamentos à mesa estranhos a seu país, o prof. F landrin vê o deperecimento da mentalidade francesa, sobretudo nas novas gerações, m ais influ e nc iada s pela propaganda:

Como preparar-se bem para a Semana Santa e se beneficiar das graças da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo

"A globalização não pode ser um rolo compresso r da cultura nacional".

Sabores e civilização temperada, disposta em caixas e exped ida aos cinco continentes . A unifoni1i zação não respeita as tradições loca is. E la se impõe a pretexto de ser prática, barata e c ientifi camente nutritiva. Banalizada a refeição, a fa míli a e a sociedade perdem um fator de coesão. O fe nô meno, ou melhor, a anomali a faz parte da g loba1ização da vida moderna. A ho mogeneização c ulinária se segue à g lobalização da econom ia e da produção. Por toda parte, sempre os mesmos métodos e as mesmas manifestações "cul tura is" se impõem. Por que a desvalorização dos pratos nacionais e regionais preocupa os sociólogos? Constatando a relação próxi ma entre a elaboração culinária e o grau de civili zação de um povo, eles sabem que quando uma civ ilização decai seu comportame nt o à mesa se embrutece. São c láss icos, a esse próposito, os horrores dos banquetes romanos no período da decadência do Império. C laude Levi-Strauss, oconhecido antropólogo francês , c uj as teorias co ntrad izem o

18

ensinamento da Igrej a-e por isso as rejeitamos - diz entretanto uma verdade em seu li vro A origem dos comportamentos à mesa: "A culinária

de uma sociedade constitui uma linguagem que traduz inconscientemente sua estrutura ... ou suas contradições" (apud Gastronomie française, J-R Pitte, Fayard , 199 1, p. 201). Em outras palavras, cada povo compôs seu cardápio segundo seu grau de civil ização . Benj am in Barber, conselheiro do presidente dos Estados U nidos Bi ll C lin to n, em seu recente livro Jihad versus McWorld, ana li sa vários campos da cultura contemporânea, além do alimentar. A propaganda comercial, demonstra Barber, difunde por toda parte um só estilo de vida: mesmas im agens, mesmos sons, mesmos símbolos, mesmos produtos por todo o g lobo. Coca-

cola, blue jeans, hamburgers, disneylandia, etc. Esta g lobalização difunde a monocultura. Ela se impõe às características de cada país, que ficam assim ameaçadas de morte. Barber afirma ser ta l imposição da propaganda uma , CATOLICISMO -

AFONSO DE SOUZA

Talleyrand

Fouché

Talleyrand x Fouché: requinte versus vulgaridade revolucionária O príncipe de Talleyrand, exímio na arte de manipular as delícias de sua mesa e dela tirar vantagens políticas, após a derrota napoleônica de Waterloo, em 1815, convidou Fouché a jantar. Tão vulgar quanto poderoso, o sanguinário jacobino odiava os reis da França. Cabia a Talleyrand obter.. . seu indispensável apoio ao novo rei Luís XVIII. Árdua tarefa! Talleyrand serviu-lhe raro e excelente vinho . Fouché, sem compreender a maravilha que tinha na taça, fez menção de sorvê-la de um só trago, como aguardente. Talleyrand teve um sobressalto, deteve o braço do conviva e disse: - "Este vinho, meu caro, antes de tudo deve ser acariciado com o olhar; não existe outro com o mesmo matiz púrpura. - E daí? - Depois sente-se seu odor; é um suave ramalhete. - E daí? - Volta-se com a taça para a mesa, mas sem tocá-la, e em silêncio. - E daí?, murmurou Fouché impaciente. - Então fala-se sobre ele', completou Talleyrand. Fouché, o revolucionário arrivista, julgou promover-se falando do vinho ... ao qual Talleyrand adicionou sua política. Terminada a conversa, Fouché já concedia seu apôio a Luís XVIII. ..

Março de 1997

S

e a Semana Santa hoje em di a representa pouco mais Parece então oportuno relembrar, neste fim de Quaresma e que alguns feriados no calendário, é porq ue também a entrante Semana Santa, o estado de espírito com que os cristãos Quaresma perdeu seu sentido ( 1). de outrora viviam essas comemorações. A idéia de que o homem deve apaziguar a divindade ofendida por seus crimes, submetendo seu corpo à expiação, é uma Quaresma: tempo de oração e penitência tradição de quase todos os povos, mesmo primitivos. 1 Nós, católi cos, encontramos constantes exemplos \ 1 : / São Leão Magno definiu, no século V, o signidisso na Sagrada Escritura. \ \ \ \ ficado da Quaresma: "A sabedoria divina esta1 ºA • d "d d d '\ \ / / A consc1encia beleceu este tempo propício de quarenta dias, a necess, a e essa expiação levou a Igreja, sempre Mestra in ---...__ -.. . ,, . ., / // a fim de que as nossas almas se pudessem falíve l, a preceder a comemoração de três -----'--.>. ·' ,, ,/ _,,.... purificar, e, por meio de boas obras e j ejuns, dos m aiores mistérios de nossa Reden------ -------expiassem asfaltas passadas. Inúteis seri_.,,., _...,.• ção - a Paixão, Morte e Ressurreição am, porém, nossos j ejuns se, neste tempo, ____.....-- ,,,,,.,,,."' ,,. . ",,, . : ..... ,...... . . ✓, ·de Nosso Sen hor Jesus Cris to - de 40 / _,,/ / I I ,' ) J ', \ \ \ ' , '........_ nossos corações se não desapegassem do / ///1' , \\\\ ' ' / / I I I ,, 1 \ 1 \ \ °" ' dias de oração e penitência, em memória pecado" (2). / / I I I · ,' ·,1 1 \ \ ' \ '- -......_ dos 40 dias de j ej um do Divino Salvador / ; / 1 ,' \ \ \ \ \ \ '-.,_ É por isso que, antecipando de alguns dias / /1/, ,,, \ na montanha. a Quaresma, a Igreja unge a fro nte culposa do ; 1 11/ 1\ \ \ Infelizmente a cada ano a Quaresma e a fiel na Quarta-Feira de Cinzas, admoestandoprópria Semana Santa vão perdendo seu sentio: / / 1 \ \ \ I I \ \ do num mundo cada vez mais materializado, não "Lembra-te de que és pó, e que em pó hás de I \ significando hoje senão alguns feriados no catornar". lendário, ótimos para um bom weekend. Nos primeiros séculos de cristianismo, só os peO que interessa ao mundo hodierno é gozar, gocadores públicos desejosos de se reconc iliarem com a zare gozar. Igreja recebiam nesse dia as cinzas.

:/ / 1

~,"'<\\\ . · ,/,/~,,//

----

/,,,,

.,,,

! ///

!

CATOLICISMO -

......... ,

--

\\ \ \·

\

Março de 1997

19


Depois essa prática foi estendida a todos, como pecadores diante de Deus. O estado de espírito penitencial e confiante na misericórdia divina, com que devemos viver o, tempo quaresmal, vem muito bem expresso no Tracto da issa de Quarta-Feira de Cinzas com as belas palavras do Rei-Penitente, David: "Senhor, não

deu praticamente todo seu significado, é porque a Quaresma já não tem mais nenhum. Conscientes disso, governantes verdadeiramente cristãos dos primeiros séculos da Igreja, como Graciano e Teodósio, chegaram a ordenar, em 380 DC, a suspensão de todos os processos e demandas judiciais durante esse período, medida que vigorou por vários séculos. nos trateis segundo nossos pecados nem nossas iniqüidades. Também com esse espírito o Papa São Nicolau I proibiu, no Não Vos recordeis, Senhor, de nossos delitos, mas antecipemse depressa vossas misericórdias, porque fomos reduzidos à século IX, a caça, esporte predileto da nobreza da época. A dissipação e o tumu lto que acompaextrema miséria. Ajudai-nos, ó Deus nham tais exercícios são incompatíSalvador nosso, e para glória do veis com o espírito de recolhimento vosso Nome, livrai-nos, Senhor, e da Quru·esma, afirmou aquele Pontísede propício apesar de nossos pefice. Seria pensável algo semelhante cados, por causa de vosso Nome" hoje em dia, com tantas competições (Ps. l 02, LO). Além do coração contrito e huesportivas endeusadas pelo povo? milhado com que o fiel deve prepaA Igreja ia mais além, recomendando que se suspendessem todas as rar-se para o grandioso drama da Paihostilidades e atividades militares não xão, a Igreja impõe também uma peestritamente necessárias para a manitência exterior. É a razão do jejum e da abstinência, infelizmente, hoje nutenção da ordem. Pasme nosso século sensual e preem dia - dada a nossa fragilidade e varicador! De tal maneira o espírito moleza para o que é bom - obrigado povo estava impregnado com esse tórios apenas na Quruta-Feira de Cincaráter penitencial e reparador da Quazas e Sexta-Feira Santa. resma que, durante muitos séculos, foi Tempo de mais fé houve, em que possível à Igreja obter dos esposos a o jejum e a abstinência eram muito continência absoluta durante esse pemais rigorosos, chegando mesmo a ríodo. Além da penitência muito agratrês vezes por semana durante a Quadável a Deus, que isso supunha, ajuresma. E ovos e laticínios eram proidava os fiéis a refrear a sedução para bidos, por serem produtos an imais. o prazer, ordenar os instintos sensuais Algumas Igrejas do Oriente ainda obdo próprio corpo, e a valorizar mais a servam essa norma. dignidade de sua alma. A abstinência de cru·ne era presDurante séculos, toda festividade crição tão rigorosa, que mesmo reis e Em Sevilha, a Semana Santa sempre foi celebrada com civil e religiosa foi excluída do perígovernantes necessitavam de dispengrande fervor. Mas o espírito com que se participa dela odo Quaresmal para preservru· seu hoje não se compara com a piedade de outrora sa papal quando não a podiam seguir. cru·áter austero. Exceção foi feita posteriormente quanto à comemoração da Anunciação, por causa A não observância da Quaresma: de seu grande significado. Tempos mais tarde, abriu-se também ruína para indivíduos e nações uma exceção para a festa do Apóstolo São Matias, em 24 de Sendo, como já foi dito, os exercícios da Quaresma indis- fevereiro. Os Alleluias, o Glória e o Te Deum eram suspensos da pensáveis como preparação para a Semana Santa, Bento XIV, em 30 de maio de 1741, chegou a afirmar: "A observância da liturgia. Uma imensa cortina roxa era colocada entre o altru· e os Quaresma é o laço de nossa milícia; por ela nos diferencia- fiéis, como símbolo do luto penitencial a que o pecador deve mos dos inimigos da Cruz de Jesus Cristo; por ela nos esqui- submeter-se para contemplar novamente a majestade do Deus vamos dos açoites da cólera divina; por ela, amparados com que ofendeu por suas maldades. Significava também as humia ajuda celestial durante o dia, nos fortalecemos contra os lhações de Cristo durante Sua Paixão. Em muitas igrejas, costumava-se cobrir de roxo as imagens e príncipes das trevas. Se sua observância se relaxa, cai em desdouro a glória de Deus, desonra a Religião Católica e cruzes a fim de inspirru· mais viva compunção nos fiéis ao conperigam as almas cristãs. E não há dúvida de que este des- templru· esses velados objetos de piedade. O velar a cruz exprescuido seja fonte de desgraças para os povos, desastres nos sava a humilhação de Nosso Senhor, obrigado a ocultar-se, como negócios públicos e infortúnios para os indivíduos" (Consti- se lê no Evangelho do Domingo da Paixão, para evitar ser apetuição "Non Ambigimus"). Se hoje em dia a Semana Santa per- drejado pelos judeus. 20

, CATOLICISMO -

Março de 1997

Durante esse período, multiplicavam-se os atos de piedade, como visitas a igrejas, adorações ao Santíssimo, e, sobretudo, o piedoso exercício da Via-Sacra. Chegava-se, assim, à Semana Santa. Se durante a Quaresma a Igreja havia proposto à meditação dos fiéis o jejum de Cristo, a liturgia agora voltava-se para a consideração de Suas dores e paixão. Nestes dias, o rigor do jejum da Quaresma aumentava antigamente, como num supremo esforço de reparação e penitência. Naqueles tempos de fé, a lei civil apoiava a eclesiástica para que fossem suspensos trabalho e comércio, expressando assim o luto da Cristandade pelo falecimento do Redentor. As preocupações de ordem material davam lugar às de ordem espiritual, e o pensamento da Paixão impregnava a todos. Mesmo as relações ordinárias eram reduzidas ao indispensável, para que outro objeto não distraísse a atenção dos fiéis.

Quinta-Feira Santa: instituição da Eucaristia e do sacerdócio

As missas privadas, que não de força maior, são proibidas na Quinta-Feirn Santa, para que haja um só sacrifício e todos os sacerdotes a ele se unam como os Apóstolos se uniram ao de Cristo nosso Senhor no Cenácu lo. Era neste dia que a Igreja, terna Mãe, recebia de volta em se u seio os pecadores arrependidos. Os príncipes cristãos, seguindo-lhe o exemplo, abriam as prisões para os que não tivessem cometido delito grave contra a sociedade. Comutavam também a pena de condenados à morte, para que todos pudessem assim santificru· os dias que precedem a festa de Páscoa. "Com este perdão - diz o Papa São Leão

"Jamais ouvi alguém elogiar a serenidade, a calma e a visão geral das coisas que Nosso Senhor conservou durante Sua Paixão. A atitude do Divino Redentor é tão equilibrada, tão extraordinária, que, se as pessoas meditassem um pouco sobre ela, ficariam mais equilibradas e menos nervosas" (Plinio Corrêa de Oliveira).

- queriam mostrar-se imitadores da bondade divina nestes dias em que se dignou salvar o mundo . Seu exemp lo seja um estímulo para que as pessoas se perdoem mutuamente, pois as leis familiares não devem ser mais rigorosas que as públicas", acrescenta-

va o santo Pontífice (Sexta Homilia ao povo de Antioquia). Embora os processos judiciais fossem suspensos durante a Semana Santa, exceção era feita para os que implicassem na libertação de escravos. Se a Igreja, Mãe comum, não tinha ainda meios para libertá-los imediatamente, criava um estado de espírito propício para que gradualmente o fossem, na medida em que seus benéficos efeitos permeavam a sociedade.

No Cenáculo ocorreram grandes mistérios na noite santa em que Cristo lavou os pés de Seus discípulos, mesmo os daquele que logo O trairia: ali foi oferecida a "Vítima Pura", na primeira Missa celebrada, e instituído o Sacerdócio. Como a Igreja - em meio à profunda dor dessa Semana - quer entretanto honrar com o maior esplendor possível tão grande aniversário, veste-se de branco como no Natal e "O que mais podia fazer por ti que não tenha feito?" na Páscoa, para uma das mais solenes Missas do ano. VoltaEnfim, na Sexta-Feira Santa, chegava-se ao clímax. se a ouvir novamente o Glória, e os sinos repicam alegre- · Prepru·ado por uma Quru·esma bem observada, o fiel imergia mente. Emudecerão em seguida. O lúgubre e pungente som neste dia na meditação dos sofrimentos do Redentor. Acompada matraca exprime melhor a soledade e o abandono que se nhava-O em espírito do palácio de Anás ao de Caifás, e depois vão segu ir. A nota de luto é também atenuada no Monumento, todo ao de Pilatos. Enternecia-se ao contemplar o Rei do Universo branco e ornado com flores. Nele será depositado o Santíssimo - flagelado, coroado de espinhos e com uma túnica de escárSacramento, à espera da adoração dos fiéis até o momento da nio - ser preterido a Bru-rabás. Acompanhava-O na Via-Crucis, sofrendo com Ele a cada passo, a cada queda. Condoía-se com comunhão da Sexta-Feira Santa. CATOLICISMO -

Março de 1997

21


a Mãe das Dores vendo Seu Divino Filho assim tratado, devido a nossos pecados. Como outro Cirineu, quereria ajudá-Lo a carregar a Cruz. E sentia-se humilhado vendo-O ser despido e pregado à Cruz. Sua alma se lhe partia ao ver expirar seu Redentor. Propunha-se pelo menos a fazer companhia a Nossa Senhora e às Santas Mulheres em sua soledade, desolação e pranto. Os ecos dos Impropérios continuavam a soar-lhe aos ouvidos como uma acusação "O

Editoria l Aldecoa, Burgos, 1956, Yol. 11. As citações que não vieram especificadas são, assim, dessa obra. 2. D. Beda Keckei sen O.S.B.,Missa/ Q1101idia110, Tipografia Beneditina Lida., Salvador, 1952, p. 159. 3. Plínio Corrêa de Oliveira, Via-Sacra, Catolicismo, nº 3, março 1951. Outras obras consultadas: K. Bihlmeyer e 1-1. Tuechle, flis16ria da Igreja, Ed ições Paulinas, São Paulo, 1963, vol. 1., e Dom Andres Azcarate, O.S.B. ,Misa/ Dia rio para America, Editoria l Guadalupe, 3" edi ção, Buenos Aires, 1956.

DISCERNINDO, DISTI. , CLASSIFICANDO...

A gangrena homossexual no anglicanismo

que mais podia fa zer por ti que não tenha feito?". E a

C.A.

pungente enumeração dos benefícios recebidos do Salvador, em contraste com suas ingratidões e ofensas, compungia e fendia seu coração, por mais empedernido que fosse. Sim,

A igreja anglicana verga mortalmente sob o peso do homossexualismo que gerou em suas entranhas. Não seria melhor procurar salvar quem for salvável dentro dela, do que se entregar a jogos ecumênicos com seus chefes?

"tudo isto.foi para salvar. Salvar os homens, e salvar este homem que sou eu. Minha salvação custou todo esse preço". Como toda compunção

Em 1967 a igreja anglicana legalizou a prática homossexual consentida, entre adultos, fato este que a arrastou rapidamente a um estado de coisas desastroso, embora facilmente previsível. Segundo Paul Johnson, jornalista da revista britânica The Spectator, os homossexuais exercem atualmente um verdadeiro poder sobre a igreja anglicana. Tal situação levou aquela instituição religiosa a afundar no "relativismo moral" com a conseqüente ''.falta de compromis-

tro do anglicanismo. Tanto mais que, informa o jornalista, a Igreja Católica já é o maior grupo religioso da Inglaterra! Mas ... infelizmente há um "mas" dentro disso! A ação de muitos eclesiásticos católicos não vem sendo, lamentavelmente, a de procurar salvar todas as almas salváveis de dentro do naufrágio do anglicanismo. Pelo contrário, entregamse eles a um ecumenismo vesgo com os próprios chefes da igreja corrupta. Daí a exclamação de Johnson: "tenho

so com as noções absolutas de certo e errado".

sensação de horror ao ler sobre essas conversas ecumênicas entre bispos católicos e anglicanos. Esse é o caminho para a morte espiritual". Pois a igreja anglicana "está se convertendo, na rea□ lidade, na igreja de Sodoma".

Anglicanos na Conferência de Lambeth

torna-se estéril sentimentalismo se não é acompanhada de firme propósito de emenda, devia acrescentar: "Eu não regatearei mais sacrifício algum para assegurar salvação tão preciosa. Pela Água e pelo Sangue que verteram de vosso divino lado, pela Chaga de Vosso Coração, pelas dores de Maria Santíssima, Jesus, daime .forças para me desapegar das pessoas e das coisas que possam me distanciar de Vós. Morram hoje, pregadas na Cruz, todas as amizades, todos os afetos, todas as ambições, todos os deleites que de Vós me separam" (3).

Para esse tipo de fiel, a Semana-Santa tinha produzido frutos de vida eterna. Estava ele preparado para exultar com Maria Santíssima, os Anjos e os justos da Terra, no Domingo da Ressurreição. D Notas: 1. Este artigo foi redigido com base nos comentários de Dom Próspero Guéranger em s ua obra L'A1111 ée Liturgique, e di ção espa nhola da

22

A

A Sagrada Túnica do Redentor venerada na Alemanha Anuo F AORO Frankfurt-A cidade alemã de Tréveris [Trier], próxima de Luxemburgo e da fronteira com a França, é considerada a capital da Antigüidade romana naAlemanha. Edificada pelo Imperador Augusto no ano 15 AC e batizada como Augusta Treverorum, Tréveris foi elevada por Diocleciano (284-305) a capital do Império do Ocidente, abrangendo a Gália, a Ibéria, a Bretanha e parte da África . Constantino (306-337) ali construiu magníficos edifícios, dos quais restou apenas a famosa Porta Negra, o mais importante monumento romano edificado em solo alemão. Em 314, um ano após o Edito de Milão, que colocou fim à perseguição dos cristãos, foi criado o Arcebispado de Tréveris, o mais

• CATOLICISMO -

antigo da Alemanha. Foi nesta cidade que nasceu o grande Santo Ambrósio, sagrado em 374 Bispo de Milão e a quem se deve a conversão de Santo Agostinho. Entretanto, o fato mais importante ocorrido em Tréveris se deu quando Santa Helena, mãe de Constantino e que al i morava, trouxe da Terra Santa a Sagrada Tún ica de Nosso Senhor. A Sagrada Túnica é mencionada no Evangelho quando os soldados romanos, que flagelaram o Divino Redentor, jogaram a sorte para saber quem ficaria com ela, pois constataram que não tinha costura. Por isso ela é chamada "inconsútil". Essa preciosa relíquia encontra-se numa espécie de cape la colocada sobre o altar-mór da

Março de 1997

ENVIADO ESPECIAL

Catedral de Tréveris, cuja nave central data do século IV, tendo sido exposta três vezes neste século à veneração pública. A última, ocorrida em 1996, durou trinta dias, entre os meses de maio e junho, atraindo o impressionante número de um milhão de peregrinos (foto acima). Um profundo respeito - dirse-ia mesmo um santo temor tomava conta da multidão que, silenciosa e recolhida, passava diante da urna de cristal que a protegia. O ambiente de solene gravidade era ressaltado pelas músicas religiosas tocadas pelo órgão e pela recitação do terço que, de tempos em tempos, era conduzido por um sacerdote ou uma religiosa e piedosamente acompanhado pelos fiéis. □

execranda prática homossexual, aquela mesma que tantas condenações bíblicas mereceu no Antigo e Novo Testamentos, está agora em pauta no Congresso Nacional. Querem legalizar a chamada "união homossexual" no Brasil. É espantoso, mas é isso! Até um sacerdote, enviado pela CNBB, esteve em Brasília "esclarecendo" os deputados sobre a posição da Igreja a respeito. Só que tal "esclarecimento" não foi nada claro, e mais deu a impressão de que ele não se incomodava com a aprovação do projeto. Com ressalvas, é claro, mas aprovado ... Não vou aqui repetir todas as categóricas condenações que a doutrina da Igreja lança contra o homossexualismo. Catolicismo já se ocupou do tema em esplêndido artigo do médico Dr. Murillo Galliez, publicado em sua edição de novembro/ 96. Vou me ater a um exemplo, mas quão significativo e atual é ele ... Na infeliz dianteira do avanço desta prática homossexual no mundo tem estado a igreja anglicana. Filha espúria do escandaloso divórcio de Henrique VIII, no século XYf, ela agora agoniza sob o peso do homo sexualismo que gerou em suas entranhas.

Haverá coisa mais esquisita e torta do que uma igreja que não sabe dizer o que está certo e o que está errado? É a declaração da própria falência espiritual. Johnson explica que atualmente a igreja anglicana só subsiste por causa do apoio que recebe do Estado britânico. Se esse apoio lhe fosse retirado, dentro de alguns anos ela estaria reduzida a uma seita insignificante. Aliás, diz ele, "quanto mais depressa a igreja anglicana, como instituição nacional, encerrar suas atividades, tanto melhor será para todos nós". Pois, "o anglicanismo tornou-se tão corrupto, sua enfernridade moral setornou tão óbvia, a infecção de que sofre é tão contagiosa, que passou a constituir um risco de lepra para outras igrejas".

Evidentemente, o quadro pintado por Johnson mostra ter chegado a ocasião ideal para que se convertam à Igreja Católica aqueles que ainda estão de boa fé denCATOL1c1sMo -

Março de 1997

Bispo e sacerdotisas anglicanos: "sacerdócio" femininino, outra chaga do anglicanismo

23


Exemplo de Inquisidor, Pastor e

Missionário Vida contemplativa, ascese rigorosa e zelo apostólico como Arcebispo de Lima, capital do Vice-Reinado do Peru

ROBERTO ALVES LEITE

São Toríbio de Mogrovejo, Arcebispo de Lima

T

ORÍBIO Alfonso de Mogrovejo nasceu de famí li a nobre em Mayorga, no antigo reino de León (Espanha), em J6 de novembro de 1538. Seus pais, Don Luís de Mogrovejo e Dona Ana de Robledo y Moran, pertenciam à mais alta nobreza da comarca, que tinha tanto apreço aos seus direitos e privilégios como à preservação da pureza da fé e dos costumes. Aos doze anos foi enviado por seus pais para estudar em Valladolid, onde se impôs à admiração de todos por seu comportamento exemplar, suas virtudes e seus dotes intelectuais. Após alguns anos em Valladolid, tendo em vista sua grande apetência pelo estudo do direito civil e eclesiástico, dirigiu-se à famosa 24

Universidade de Salamanca. Lá recebeu benéfica influência de seu tio, Juan de Mogrovejo, professor na dita universidade e no Colégio Mayor de San Salvador de Oviedo. Tendo sido este convidado por Dom João Ill, rei de Portugal, a lecionar em Coimbra, levou consigo o sobrinho, tendo ambos passado alguns anos naquela renomada universidade portuguesa. De volta a Salamanca, havendo seu tio falecido pouco após o regresso, Toríbio resolveu segu ir a carreira de seu finado parente, tornandose professor no Colégio Mayor de San Salvador de Oviedo. Sua vida austera e suas penitências de tal modo chamaram a atenção que alguns de seus amigos, movidos por boa CATOLICISMO -

intenção, ponderaram que aquela vida poderia acabar por prejudicar-lhe a saúde, sem maior proveito espiritual, pois muitos poderiam achar que ele praticava tais penitências por ostentação. O argumento de que aqu ilo poderia desedificar a outros fo i decisivo para que Toríbio concordasse em moderar suas austeridades. Nessa época empreendeu uma peregrinação a Santiago de Compostela, em trajes de peregrino, pedindo esmolas. Em 1575, talvez por influência de um de seus amigos, Diego de Zúniga, foi nomeado por Filipe II para o cargo de Inquisidor em Granada. De tal maneira se houve com sabedoria, prudência, justiça e retidão, que o rei, conhecedor das altas qualidades morais e intelectuais de Toríbio, resol-

Março de 1997

veu indicá-lo para missão mais elevada e mais espinhosa.

A mão da Providência na escolha de um Arcebispo De fato, estando vacante a sé episcopal de Lima, no Peru, pela morte de seu primeiro Arcebispo, Dom Jerônimo de Loaysa, em 1575, Filipe II comunicou a Toríbio, em 1578, sua intenção de indicá-lo ao Papa Gregório XIII para que fosse nomeado Arcebispo daquela capital. Toríbio relutou muito em aceitar tal indicação, tendo escrito ao Rei e ao Conselho das Índias renunciando à mesma. Depois, cedendo aos argumentos de seus amigos e colegas da universidade, que lhe disseram ser esta a vontade de Deus a seu respeito, ter-

minou por aceitá-la, pois eles lhe convenceram de que serviria melhor a Deus na dura e espinhosa tarefa de Arcebispo de Lima do que permanecendo como professor em Salamanca. Assim, em março de 1579 recebeu as bulas de Gregório XIII com a nomeação para o cargo. Como não era sequer sacerdote, mas um simples clérigo tonsurado, tendo recebi do dispensa papal dos interstícios necessários para a recepção das diversas ordens, foi ordenado sacerdote em Granada e, alguns meses depois, recebeu a sagração episcopal em Sevilha. Finalmente, em setembro de 1580 embarcou com destino à sua sede episcopal, onde chegou em maio do ano seguinte. Lima, capital do Vice-Reinado do Peru, era uma cidade onde se respirava um ar de religiosidade, mercê da atuação das diversas ordens religiosas que nela mantinham residências, conventos, hospitais, etc. É de se notar que numa população heterogênea, onde se mesclavam índios, mestiços, negros, crioulos e espanhóis, conviveram - quase ao mesmo tempo, com poucos anos de diferença - cinco santos, sendo três nascidos na Espanha e dois nativos: São Toríbio de Mogrovejo, Santa Rosa de Lima, São Martinho de Porres, São Francisco Solano e o Bem-aventurado Juan Macías, que dignificaram, com a santidade de sua vida e suas virtudes, a cidade de Lima na segunda metade do século XVI e início do século XVII.

dição de Arquidiocese, com sufragâneas que se estend iam por todo o território da América do Sul espanhola e uma parte da América Central. Tendo permanecido por seis anos sem pastor(] 575-1581 ), o novo Arcebispo a encontrou em estado de grande anarquia, num sistema em que o regime do patronato facultava aos vice-reis intervir em assuntos eclesiásticos, o que dava origem a freqüentes disputas entre o poder espiritu al e o temporal. Tratava-se portanto de moralizar os costumes, reformar o clero e defender os direitos da Igreja contra as intromissões indevidas do poder temporal, tarefa a que São Toríbio se dedicou com vigor extraordinário desde sua chegada em Lima e durante os 25 anos em que permaneceu à frente da diocese. Obedecendo às diretrizes do Concílio de Trento, reuniu três Concílios Provinciais, o primeiro dos quais, realizado em 1582, um ano após sua chegada, traçou as normas

que regeram todas as dioceses da América espanhola por mais de três sécu los. Além disso, de dois em dois anos reali zava sínodos diocesanos, também em obediência às resoluções tridentinas. Reformou o clero secular na disciplina e nos costumes, começando por aqueles que deveriam ser os seus auxi liares mais próximos, tornando o local em que residia mais semelhante a um convento de religiosos fervorosos e contemplativos, do que ao palácio de algum senhor rico e poderoso. Regulamentou a pregação para os índios e mandou escrever e imprimir, sob sua direção, um catecismo especial para eles, consegu indo que os pregadores aprendessem a língua indígena, para a qual criou uma cátedra na Uni versidade de São Marcos.

Zelo apostólico que não media sacrifícios A fim de entrar em contacto com todos os seus

diocesanos, realizou várias visitas pastorais pelo imenso território de sua diocese, viajando a pé, a cavalo, em mula, debaixo de fortes chuvas ou de um sol escaldante, atravessando rios, embrenhando-se nas selvas tropicais ou escalando montanhas escarpadas ao lado de perigosos precipícios. Nada o detinha em seu zelo apostólico de pastor que dá a vida por suas ovelhas. Fazia-se entender pelos índios, quer falando sua própria língua, quer de maneira totalmente inexplicável e miracu losa, como algumas vezes aconteceu. Seu interesse pelos índios não se limitava ao bem de suas almas. Empenhava-se também em melhorar suas cond ições de vida, especialmente daqueles empregados nas grandes propriedades rurais e nas minas. Lutou para que seus direitos fosse m devidamente respeitados pelos espanhó is e que houvesse verdadeira harmonia entre as classes soc1a1s, como preconiza a doutrina social da Igreja.

A reforma da diocese A diocese de Lima, de enorme extensão geográfica, fora elevada em 1545 à con-

A imponente catedral de Lima e o belo edifício do Palácio Arqui-episcopal constituem fundo de quadro para o cerimonial da Guarda Presidencial CATOLICISMO -

Março de 1997

25


A catedral domina a P/aza de Armas. À esquerda, a estátua de Pizarro, o conquistador do Peru.

De onde vinham os frutos de seu apostolado Sabendo perfeitamente que a vida interior é a alma de todo apostolado, e que os frutos da ação apostólica dependem em grande parte da santidade pessoal do apóstolo, São Toríbio procurava esmerar-se em sua vida de oração, de recolhimento e de penitência a tal ponto que aos demais era difícil compreender como conseguia tempo para levar a esse extremo a oração, a penitência e a ação. Sua vida era de contínua oração e contemplação, que a todos edificava. Segundo seus contemporâneos, vê-lo rezar era como ouvir um sermão da mais alta espiritualidade. Dedicava à meditação várias horas no dia, fato inexplicável em meio às múltiplas ocupações que seu cargo exigia. As penitências que se impunha eram de três tipos: no sono, na alimentação e os castigos corporais. Comia e dormia muito pouco. Não se

26

deitava na cama à noite, mas num a táboa ou numa almofada. Em matéria de alimentação, os rigores do sacrifício iam a extremos inimagináveis. Segundo testemunhas da época, nunca foi visto ingerindo aves, ovos, manteiga, leite, tortas e doces. Não comia pela manhã e seu jantar consistia em pão, água e uma maçã verde. Nos dias de abstinência também jejuava, enquanto nas Semanas Santas e Quaresmas passavas dias inteiros sem comer, só ingerindo um pouco de pão seco e água quando sentia estar no extremo limite de sua resistência. Quanto aos castigos corporais, ele os aplicava a si mesmo desde os tempos de estudante. Além do uso do cilício, flagelava-se com tanta freqüência que produzia graves e extensos ferimentos em suas costas e ombros. Tais atitudes, em circunstâncias correntes, não são para serem imitadas. O que não exclu i CATOLICISMO -

que, eventualmente, possam serv ir de exemplo em outras excepcionais.

A morte em plena ação Como um grande guerreiro que morre em pleno combate, a morte o surpreendeu no decurso de sua última viagem apostólica, em março de 1606. Estava ele na c idade de Sana, onde pretendia celebrar os ofícios da Semana Santa, quando sentiu-se muito mal, percebendo que seu fim estava próximo, previsão que lhe foi confirmada pelos médicos que o atenderam. A notícia, longe de lhe causar preocupação ou tristeza, deu-lhe grande alegria a ponto de exclamar com o salmista: "Laetatus sum in his, quae dieta sunt mihi: in domum Domini ibimus" (Alegrei-me com aquilo que me disseram: que iremos à casa do Senhor). Pediu então para ser levado à igreja paroquial para receber os últimos sacramentos, tendo distribuído seus poucos

Março de 1997

haveres entre os criados, índios e pobres da cidade. Voltando à casa onde estava hospedado, consolou os que com e le se encontravam e pediu para ser entoado o salmo "ln te, Domine, speravi"; ao ser cantado o versículo "ln manus tuas ... " entregou a alma ao Criador com a alegria e a confiança daqueles que sabem ter combatido o bom combate, terminado o percurso e alcançado o prêmio da glória. Eram três e meia da tarde da Quinta-feira santa, 23 de março de 1606. Seu corpo foi embalsamado e sepultado na igreja local, sendo alguns meses mais tarde transladado a Lima. Ao longo de todo o percurso acorriam as populações indígenas e camponesas para prestar sua última homenagem a quem qualificavam, com razão, como seu padre santo. Na capital, seus despojos foram recebidos com todas as honras pelas autoridades eclesiásticas, civis, militares e pela população em geral, glorificando a figura de um homem que todos tinham por santo. Foi então sepultado com toda a pompa e solenidade na Catedral de Lima, onde se encontra até hoje para veneração dos fiéis. Seu processo de canonização foi logo iniciado, com o reconhecimento de suas virtudes heróicas, tendo sido beatificado por Inocêncio XI em 1679 e colocado na lista dos santos da Igreja Católica por Bento XIII em 10 de dezembro de 1726. D Fontes de referência:

* Antonio de Egafia, S.J. , Historia de la lglesia en la América Espaíiola, Biblioteca de Autores Cri stianos (BAC), Madrid, 1966. * Enriqueta Vila, Panoramas de la Historia Un iversal, 16 - Sa nto.1· de América, Ediciones Moreton S.A. , Bilbao, 1968.

Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!

Apelo a 1 MILHÃO de brasileiros Entrevista com o coordenador dessa Campanha, sobre o mais recente lance que atingiu o Brasil de Norte a Sul, incentivando os católicos a não pecarem no Carnaval Em nossa edição de fevereiro, publicamos amplo noticiário sobre a Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!, promovida pela TFP Dado o interesse de nossos leitores sobre essa relevante matéria, Catolicismo pediu ao Sr. Marcos Luiz Garcia - coordenador da referida campanha juntamente com o Revmo. Cônego José Luiz Marinho Villac - esclarecimentos sobre a mais recente iniciativa dessa importante atuação em prol da devoção mariana em nossa Pátria. O coordenador da campanha recebeu amavelmente nossa reportagem no escritório central desta, na capital paulista.

Catolicismo - São tantos os lances da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! que não é supéifluo perguntar: qual o mais recente deles? MLG-Realmente, graças ao esfor.ço contínuo de cada paiticipante, tem sido possível fazer muita coisa. Porém, o lance mais recente da Campanha foi a divulgação de I MILHÃO de folhetos contendo um Conselho para o Carnaval e Quaresma, dirigido ao público católico. Catolicismo-Qual foi o conselho?

MLG - Consistiu no pedido mais pungente que Nossa Senhora fez em

1917, quando apareceu aos três pastorinhos pela sexta vez: "NÃO

OFENDAM MAIS A DEUS NOSSO SENHOR, QUE JÁ ESTÁ MUITO OFENDIDO". E acrescentamos: É Nossa Senhora de Fátima que lhes pede.

O Sr. Marcos L. Garcia exibe folheto referente ao Carnaval e à Quaresma, o mais recente lance da campanha

Catolicismo - Quais as razões que levaram a direção da campanha a promover esse lance a propósito do Carnaval? MLG-No início do século, o Carnaval era uma ocasião em que seus participantes imergiam num mundo de sonhos ainda marcado, até certo ponto, pela presença do maravilhoso, cujo colorido e equil ibrada alegria proporcionavam às suas almas um salutar descanso do "vale de lágrimas" onde transcorre a vida dos homens. Porém, o Carnaval de hoje apresenta, infelizmente, características completamente diferentes e que muito ofendem a Deus. O correr das décadas foi mostrando um Carnaval cada vez mais libertino e sensual, a tal ponto. que a imoralidade desbragada tornou-se a nota dominante. Neste sentido, faz sangrar os corações autenticamente católicos de nosso povo, o triste fato de ser o Carnaval brasileiro considerado no Exterior como o mais ousado, o paradigma em matéria de nudismo, sensualidade e erotismo.

CATOLICISMO -

Março de 1997

Catolicismo-O resultado disso é que... MLG-A apl icação das técnicas de propaganda que promovem a imoralidade produz no comum dos católicos uma espéc ie de letargo, que os leva a não se darem inteiramente conta da gravidade das ofensas cometidas contra a Lei de Deus em nossos dias, sobretudo no período cai·navalesco. Nossa intenção ao divulgar tais folh etos é exatamente provocar um necessário e esclarecedor alerta para esse ponto.

Catolicismo -Quais são os objetivos da campanha com esse lance?

MLG - O primeiro é fazer o que nos for possível para diminuir o número de pecados gravíssimos que nessa época se cometem contra Deus, tendo em vista o bem do Brasil e do nosso povo católico. Nossa Senhora de Fátima, em sua terceira aparição, mostrou o inferno aos videntes que ficaram horrorizados. Após a visão, Ela não disse: 27


"Olhai o inferno, mas não se preocupem porque ninguém mais vai para lá... ". Catolicismo - Ela disse exq.tamente o contrário. ~ MLG - Exatamente. Ela disse: "Vistes o inferno para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração" . E posteriormente à Jacinta, vidente que já tem a heroicidade das virtudes reconhecida pela Santa Sé, afümou: "Os pecados que levam mais almas para o inferno são os pecados da carne". Em segund~ lugar, tivemos o objetivo de estimular as pessoas sensíveis à Mensagem de Nossa Senhora de Fátima a se interessarem cada vez mais na análise do mundo moderno em função da Lei de Deus para questioná-lo nas coisas que ferem tal Lei, evitando-se, assim, que nossa sociedade decaia ainda mais. Catolicismo- Um alerta que se refira ao inferno e a algum eventual castigo de Deus não é antipático junto ao público?

MLG - É exatamente o contrário que se dá. Lembrar o inferno, e eventuais punições de Deus, é uma conduta perfeitamente evangélica. Dizem as Sagradas Escrituras: "Em todas as tuas obras lembra-te dos teus novíssimos, e jamais peccirás" (Eclesiástico 7 ,40). Portanto, quem medita seriamente nos novíssimos - morte, juízo, inferno ou Paraíso - , pelos quais todos, sem exceção, deveremos passar, tem a promessa de Nosso Senhor de não pecar. Por este motivo, Nossa Senhora quis Ela mesma mostrar o inferno aos pastorinhos; para que eles contassem posteriormente que o inferno de fato existe. Sempre que em nossos lances nos referimos à ameaça de um castigo, feita por Nossa Senhora em sua terceira aparição, notamos que o público nos dá inteirarazão e se une mais a nós. Sim, porque tal afirmação dá um sentido lógico para se interpretar com clareza a enorme crise moral, social e religiosa que nos envol28

Deus, e nos agradecem com a ênfase de alguém que não enxergava, e, de repente, começa a ver. Como nos lances anteriores, as manifestações de adesão e gratidão nos chegam aos milhares. E dentre elas ocupam lugar de destaque as que agradecem graças de conversão, de alento e de esperança recebidas por intermédio desta benemérita can1panha mariana.

ve. O povo tem uma percepção difusa que Deus está descontente. Catolicismo - Hoje em dia não se fala mais em castigo ou punição.

MLG - Há até quem desaconselhe, apesar das revelações de Fátima, tratar de uma eventual punição de Deus para o mundo de hoje. Assim agindo, negam eles uma rombuda evidência da realidade atual: o mundo nunca esteve tão baixo em matéria de costumes, de ateísmo, de impiedade, de

,., ._ ,.,-

Catolicismo- E quais serão os próximos lances ?

___ ___ --

-

--· .. ---.. -•J-J•.L• .L• J • J • L- J

Na mesa de luz, vasta série de slides que focalizam cenas da campanha

satanismo, etc. A perspectiva de uma intervenção de Deus, para recolocar a humanidade sobre os trilhos de sua Santa Lei, enche de um salutar contentamento aqueles que têm esperança em Nossa Senhora de Fátima e na Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Catolicismo- Que repercussões foram constatadas até o presente?

MLG - Dizia o saudoso Dr. Plínio, idealizador de nossa Campanha, que a Mensagem de Fátima, com o correr dos anos, vai se tornando cada vez mais atual. Muitas pessoas só se entregam à decadência e à desesperança porque estão como que narcotizadas pela propaganda, pelas modas, etc. Porém, quando se lhes apresenta uma análise objetiva, séria e corajosa do mundo atual, elas passam a compreender como seus próprios aspectos maus têm muito a ver com o afastamento do mundo atual em relação a ,

CATOLICISMO -

Março de 1997

MLG - É difícil dizer qual é o próximo. O que eu posso lhe dizer é que cada vez aparecem mais oportunidades e às vezes nos faltam os meios para fazer tudo. O importante para nós agora é não recuar, pois o bem que está se fazendo é imenso e não nos é lícito cruzar os braços. Descanso? Só no Céu ... Façamos tudo por merecê-lo. Catolicismo - Então nós gostaríamos de sempre ser informados com exclusividade dos novos passos.

MLG-Pode ficar tranqüilo. Mesmo porque há uma identidade muito grande entre nossa Campanha e a Campanha lançada por Catolicismo no sentido de atingir um grande número de famfl ias e de lhes proporcionar uma orientação católica arespeito dos acontecimentos atuais. Isso é muito imp01tante, pois o católico deve analisar o que acontece hoje em dia como católico e não como um espectador neopagão. Catolicismo -Para finalizar, como se poderia deft.nir o principal fruto dessa Campanha?

MLG - Eu resumiria assim: o Brasil todo está orando mais; milhões de pessoas tomaram conhecimento da Mensagem de Nossa Senhora de Fátima, e muitos estão rezando o terço diariamente atendendo ao pedido dEla; sua estampa já foi recebida em inúmeros lares e os está protegendo. Isso tudo só pode significar um aumento de graças para todos nós. O

Pedido de orações

Caríssimo Sr. Cônego José Luiz, gostaria e muito de merecer de vossa dignidade a vossa bênção e a inclusão de meu nome nas vossas valiosas ORAÇÕES a fim de que a Santíssima Virgem de Fátima interceda por nós Funcionários de ..... , onde trabalhei honestamente 35 anos e 8 meses ininterruptos, sem nenhuma falta que desabonasse a minha boa conduta. Desde quando nasci até os 6 anos de idade, fui muito doente, razão pela qual o meu falecido pai e minha falecida mãe fizeram uma promessa a Nossa Senhora da Conceição, Padroeira da igreja de minha cidade, Upanema (Rio Grande do Norte). Segundo meu pai, fiquei 6 meses entre a vida e a morte e passei 18 dias sem esperança de vida ... Fazendo um grande esforço, concordei com minha humilde colaboração para com a campanha de Catolicismo, e fiz uma assinatura da revista. (L.P.A. - São Paulo-SP) Gostaria que os Srs. rezassem por meu filho MA., que bebe e faz uso de drogas. Outro dia, ele entrou na minha casa e queria colocar fogo nela. Porém, quando viu a imagem de Nossa Senhora, ele esqueceu do que ia praticar e logo adormeceu. Obrigada Nossa Senhora! (M.J.M.S.)

Gostou e quer assinar

Caiu-me às mãos o fascícu lo intitulado "Sodoma, Gomorra ... Brasil?" Gostaria de ter alguns exemplares para espalhá-los e usálos em minhas palestras. Gostaria também de assinar o Catolicismo e suas separatas. Obrigado pela atenção. (A.M.L. - Penápolis-SP)

Contente com a revista

Estou escrevendo para dizer que recebi a revista Catolicismo e a Medalha. Estou muito contente com ambas. Obrigado por tudo. Pode contar com minha participação na campanha de Catolicismo. (J.M.S. - São Paulo-SP)

Saudoso e esperançoso

Fui criado e educado na Igreja Católica Apostólica Romana onde aprendi Catecismo e a ajudar Missa em latim. Ainda sei cantar o Tantum ergo, Com minha mãe estarei (versão antiga), o Queremos Deus e tantos outros hinos, em latim e português. Procura-se SACERDOTE e não se acha, se não uns poucos dedicados e nem sempre bem vistos pelo Bispo. Cedese lugar a esse horror de "igrejas e seitas" que infestam o CATOLICISMO -

planeta, muito mais no Brasil, onde desenvolvem o comércio e a indústria da salvação. Cede-se lugar, eu disse. E é verdade. Muito mais pelo comportamento dos Curas e dos Vigários ... É lamentável. Agora chega-me às mãos um pedido para colaborar com um programa que gostei (refere-se à campanha de difusão de Catolicismo). Se não for vigarice como muito que nos aparece, é digno de colaboração. Melhor se tentar mudar o comportamento dos Padres porque "por fim o Meu Imaculado Coração triunfará!" (E.G. - Brasília-DF)

Fé e coragem

Há 14 anos aproximadamente uma pessoa, que era e ainda é "pai de santo" em terreiro de umbanda, me fez certa proposta à qual recusei taxativamente. Daí me ameaçou: "Se não aceitar, vou te perseguir até o fim de tua vida com magia negra. Você vai se arrepender de ter nascido". E eu disse: "Como quiser. Eu não aceito e ponto final". Desse tempo para cá continuamente vem sendo colocados "despachos" na porta de minha residência. De meu viver nada tenho a ocultar porque, graças a Deus, é limpo e correto. E antes de o homem ver, temos os olhos de Deus que tudo vê. Logo, sob esse aspecto vivo tranqüila. Mas as magias, quando muito fortes, causam danos aos seus alvos. E como ouvi falar, aqui e acolá, que São Bento tem poderes especiais na luta contra o demônio (magia negra, umbanda, "pai de santo", etc.), passei a recorrer a São Bento também. Entretanto, em certa livraria católica - e famosa - ouvi que São Bento não existe, e é apenas fruto de propaganda comercial. Então, ao fazer minhas orações, disse: "São Bento, se o Sr. existe e luta contra o demônio, então me faça saber disso. Se não existe, então nada saberei a seu respeito". E agora eis que me é dado vir a saber sobre ele através dessa campanha de Catolicismo. (M.A.T.R. - Curitiba-PR)

Nota da Redação - Catolicismo oferece, na campanha de expansão que está promovendo, uma Medalha de São Bento aos que presenteiam com uma assinatura algum parente ou pessoa conhecida. É por este motivo que a carta acima se refere ao Fundador da Ordem Beneditina.

A Fé sem as obras é inútil

Muito obrigada pela Medalha e pela Revista que me leva pelo -caminho da fé. A fé sem obras é inútil para a salvação, é (uma fé) morta. Sobrevirão tempos perigosos, o que já acontece, em que haverá homens egoístas, avarentos, soberbos, blasfemos, desobedientes a seus pais, ingratos, malvados e sem paz. Peço a Nossa Senhora ser perseverante e firme na fé inabalável e na esperança que leva até Deus. Com profunda união de espírito e rezando nas mesmas intenções, em Jesus e Maria. (T.K. - Apucarana-PR)

Março de 1997

29


União de Juristas Católicos faz jus ao nome

N

o final do mês de janeiro, houve mais uma tentativa I para se fazer votar, de modo açodado, o Projeto da deputada Marta Suplicy (PT/ SP) que pretende lega lizar a " união civil" entre pessoas do mesmo sexo. Tal tentativa despertou sadias manifestações de entidades e personalidades que representam importantes setores da opinião pública brasileira, que é católica em sua grande maiori a. De acordo com a coerência do regime democrático, deve-se dar oportunidade às forças vivas da nação de se pronunciarem sobre um assunto que atingirá a consciência cristã de cada brasileiro. Em caso contrário, estaríamos diante de uma caricatura de democracia2 .

TFP alerta para procedimentos sorrateiros O Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP enviou carta ao Presidente da Câmara Federal, Dep. Luiz Eduardo Magalhães, pedindo que transferisse a votação do Projeto da deputada Marta Suplicy, que deveria entrar em pauta, na convocação ex traordinária do Congresso, no dia 22 de janeiro p.p., para as sessões ordinárias daquela Casa. Em seu documento, a TFP mostra que, em meio a outros Projetos urgentes que justificaram a convocação extraordin ári a do Congresso Nacional, causa perplexidade a inclusão dessa matéria tão irrelevante e repudiada pela maioria do povo brasileiro. 30

Reservas morais da Nação tentam fazer-se ouvir por um Congresso mais sensível a manobras e conchavos políticos do que em preservar os princípios de nossa tradição cristã

Ademais, tal votação teri a apenas o intuito de alcançar uma aprovação sorrateira, tendo em vista a circunst,lincia de que os Srs. deputados, solicitados para problemas da maior gravidade, estarem ocupados com a busca de soluções sábias e eficazes para a reestruturação do Estado brasileiro. O apelo da TFP utili za argumentos de caráter sobrenatural e religioso, aduzindo que, não havendo no Céu distinção de nações, são elas, conseqüentemente, premiadas ou castigadas nesta Terra, segundo suas obras. Empenhada em evitar mais esse duro golpe contra a família brasil eira - qu e lhe cumpre estatutariamente defender - a TFP apelou veementemente ao Dep. Lui z Eduardo Magalhães para que "o Projeto de Lei em referência seja retirado da pauta da convocação extraordinária e remetido para a tramitação comum".

Que sejam ouvidas as forças vivas da Nação O Cô nego José Lu iz M. Yillac, coordenador da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!" juntamente com o Sr. Marcos Lui z Garcia CATOLICISMO -

- a qual conta com milhares de correspondentes em 5.000 cidades, já tendo atingido com sua propaganda 30.000.000 de brasileiros -, através de carta remetida ao Dep. Luiz Eduardo Magalhães, manifestou seu mais categórico protesto pelo conteúdo intrinsecamente perverso do Projeto da deputada Marta Suplicy. Argumenta o eclesiástico que tal Projeto, sob o pretexto de disciplinar a "união civ iI entre pessoas do mesmo sexo", na verdade escancara as portas da legis1ação brasileira para a legitimação das relações homossexuais, que constituem pecado contra a natureza. E acrescenta: "Ouvir asforças vivas da Nação é uma necessidade, sobretudo quando está em discussão um problema que tocará fundo na consciência cristã de cada brasileiro".

"É tempo de agir, Senhor, pois lançaram por terra a vossa lei" Por sua vez, a Campanha O Amanhã de Nossos Filhos--com 40.000 aderentes e atuando em mais de 3.000 cidades - através de seu porta-voz, Sr. Ruy Coelho Maia, também recorreu ao Presidente da Câmara dos Deputados, Março de 1997

Luiz Eduardo Magalhães, no sentido de proceder à retirada de pauta, da convocação extraordinária do Congresso, do Projeto que pretende legalizar o "casamento" homossexual no Brasil. Além de solicitar sua retirada de votação, Maia pergunta também qual a razão de se colocar um Projeto destes na pauta da convocação extraordinária: "Seria para mais rapidamente transg redir a Lei divina e o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo ? Para inundar ainda

Sr. Ruy Coelho Maia

mais de iniqüidade nossa Terra de Santa Cruz?"

Por fim , deposita o Sr. Ruy Coelho Maia sua esperança na decidida ação do Dep. Luiz Eduardo Magalhães, citando palavras do rei e salmista David, quando bradou: "É tempo de agir; Senhor; pois lançaram por terra a vossa lei".

Bispos condenam o "casamento" homossexual O Bispo-auxiliar de Brasília, D. João Evangelista Martins Terra S.J . - teólogo autor de 176

Também a União dos Juristas Católicos do Rio de Janeiro defendeu a rejeição do Projeto da deputada Marta Suplicy. Em fax enviado à Câmara dos Deputados, o presidente da entidade, Desembargador Thiago Ribas Filho, sustentou que o referido Projeto é inconstitucional e adota como padrão "uma relação que contraria a própria natureza humana".

livros e 378 títulos -, pronunciou-se a respeito do tema em questão. Respondendo a perguntas de O Amanhã de Nossos Filhos, declarou ele que "legalizar o chamado casamento homossexual é não somente contrariar a lei natural, mas também legalizar uma grave depravação moral".

Igualm ente Dom José de Aquino Pereira, Bispo diocesano de São José do Rio Preto (SP), foi categórico ao res ponder a que tões que lh e foram postas pela mesma Ca mpanha promovida pela TFP, O Amanhã de Nossos Filhos. Ass im, por exemplo, quand o fo i indagado se é lícito ao Estado legalizar o chamado "casamento" homossexual, afirmou : "De modo algum. Aliás, bem recentemente João Paulo li deparou-se com análogo intento quando o Parlamento Europeu aprovou resolução recome11da11do a legalização da união homossexual. Sua Santidade foi severo e muito claro. Afirmou entre ou.Iras coisas que 'é moralmente inadmissível a aprovaç-ão jurfdica da prática homossexual. .... Devese dizer que a resolução do Parlam e nto Europeu p ede a legitimação de 1,1111a desordem moral. O Parla111e1110 co,~feriu inde vidame nt e um, va lor institucional a comporlamentos desviados, não co11(ormes ao plano de Deus . .... Procurou-se indicar aos habi1a11tes do nosso Continen/e o mal moral, o desvio, uma certa escravidão,

como via de libertação,falsificando (grifado no original) a própria essência da família. Não pode constituir verdadeira família o vínculo entre dois homens ou duas mulheres, e menos ainda se pode atribuir a ta l união o direito de adotarfilhos privados de família. A estes filhos se causa g rave prejuíza' (L 'Osservatore Romano, 21/222-94)".

Êxito da resistência católica Durante os dias em que houve perigo de ser realizada uma votação às pressas do mencionado Projeto, aderentes e simpatizantes das campanhas Vinde Nossa Senhora d e Fátima, não tardeis' e de O Amanhã de Nossos Filhos, cônscios de suas obri-

gações para com Deus e para com o Brasil , não deixaram de manifestar ao Presidente da Câmara dos Deputados suas preocupações. Merecem especial registro as palavras pronunciadas, da tribuna da Câmara, pelo deputado Osmânio Pereira (PSDB-MG), condenando o referido Projeto: "Suas disposições (do Projelo) estarrecem as mentes sensatas desta Casa e todos os segmentos da sociedade preocupados com a preservação dos costumes morais sobre os quais se

Novo Presidente da Câmara não tem objeção ao Projeto Esta vitória obtida em favor da preservação das leis divina e natural , atacadas radicalmente pelo Projeto em pauta, não significa que o horizonte esteja sem nuvens sombrias. Com efeito, o deputado Michel Temer (PMDB-SP) afirmou que "esse Projeto da união civil é extremamente polêmico, mas interessa a grande parte da sociedade. Darei curso imediato a ele. ... . Estamos diante de uma nova realidade social. A função do legislador é focalizar a realidade social e legislar sobre ela. .. .. Não tenho objeção ao Projeto. Pessoalmente acho que ele não está disciplinando relações sentimentais entre as pessoas, mas uma situação civil' (cfr. "Folha de S. Paulo", 6-2-97). O novo presidente da Câmara encara essa "nova realidade social', ou seja o "casamentd' homossexual , fazendo total

abstração das leis divina e natural , brutalmente atingidas no Projeto em discussão. A função do bom legislador consiste, segundo ensina São Tomás de Aquino , em atender "ao verdadeiro bem, que é o bem comum regulado conforme a justiça divina" (Suma Teológica, 1-11, q. 92, a.1). Igualmente o Sr. Temer não leva em consideração que o povo brasileiro é constituído em sua maioria por católicos e que, enquanto tais, não admitem uma tal violação dos Mandamentos de Deus. Portanto, uma eventual aprovação de dito Projeto estaria em contradição com o conceito de regime democrático representativo, isto é, regime no qual representantes dos eleitores devem elaborar leis segundo a vontade e a intenção destes.

CATOLICISMO -

Março de 1997

sedimenta a família brasileira. Legitimar e normaliza r a união entre homossexuais, conferindo1hes as prerrogativas e direitos cabíveis a companheiros de sexos opostos, constitui-se em aberra ção inaceilável. E, por não aceitá-la, é que mais uma vez fa ço coro com as vozes indignadas da Nação, com o intuito de bradar às consciências e sustar em definitivo a absurdez do indigitado - e inusitado Projeto".

Segundo noticiou a imprensa, o Sr. Lu iz Eduardo Magalhães protelou a votação do referido Projeto, atendendo ao pedido de D. Lucas Moreira Neves, Presidente da CNBB. Assim ficaram também proteladas, para nossa Pátria, as calamidades com as quais Deus costuma punir os homens quando se entregam à violação dos Mandamentos ... Porém, como isto é insuficiente! Não basta adiar os castigos divinos que os pecados atraem. É preciso fazer reparação aos Sagrados Corações de Jesus e de Maria, vítimas de tantos opróbrios dos inimigos da Santa Igreja Católica Apostólica Romana ... e da indiferença dos bons. Aproveitemos a Quaresma e a Semana Santa para oferecermos nossa reparação ao Divino Redentor, através de Sua Mãe Santíssima, especialmente pelas leis iníqu as que querem introduzir em nosso País. Deste mod o estaremos imitando o exemplo de Verôni ca que enxugou a Face do Salvador, atingida por tantos golpes. D

Notas: 1. A propósito da sofreguidão que vem caracteri zando os promotores da legali zação desse Projeto de lei que atenta contra as leis divina e natural , vide o número de Catolicismo de j aneiro úl timo (pp . 32-33). 2. Quanto à representatividade, que é um dos princípios básicos do regime atualme nte em vigor no Brasi l, vide igualme nte a edição de Catolicismo indi cada na nota ac ima .

31


TFP chilena defende a honra de Nosso Senhor Jesus Cristo

Cato1icismo sob a proteção de Nossa Senhora do Bom Sucesso

Q

UITO (Equador) No século XVI, Nossa Senhora apareceu vezes a Madre d Mariana de Jesus Torres, uma das fundadoras do Mosteiro Real da Imaculada Conceição de Quito. Numa dessas aparições, Maria Santíssima lhe ordenou que mandasse escu lpir uma imagem sob a invocação do Bom Sucesso, que foi concluída miraculosamente pelos Anjos, conforme Madre Mariana pôde contemplar numa das visões com que foi favorecida. Nossa Senhora do Bom Sucesso lhe fez muitas profecias, várias já realizadas como, por exemplo, a proclamação do dogma da infalibilidade papal e da Imaculada Conceição - e outras referentes inclusive à situação da Igreja e do mundo em nosso século (vide o nº 542 de Catolicismo, de fevereiro de 1996, o

S

qual dedicou matéria espec ial referente a esse importante assunto). No final do mês de janeiro, até o dia 2 de fevereiro último, a milagrosa imagem foi exposta à veneração dos fiéis, que acorrem de diversas partes do Equador e mesmo de outras nações. Assim, três cooperadores da TFP brasileira, acompanhados por membros da TFP local, tiveram a graça de rezar diante de tão materna quanto régia imagem. E puderam col.ocar, aos pés de Nossa Senhora do Bom Sucesso, a lguns exemplares de nossa revista (foto ao lado). Fizeram-no pedindo Àquela que é "nossa esperança e nossa doçura", que proteja toda vasta familia espiritual de Catolicismo, constituída por seus assinantes e demais colaboradores. Que Maria Santíssima os ouça D e os recompense!

TFP presta ajuda às vítimas das enchentes Membros da TFP levaram alimentos não perecíveis para os moradores da cidade de Cardoso Moreira (Norte fluminense), vítimas das intensas chuvas que assolaram aquela região. Em apenas dois dias, a campanha de ajuda caritativa coletou cerca de três toneladas de objetos de gêneros diversos, como alimentos, roupas, colchonetes, material higiênico, limpeza e água potável. A distribuição (foto ao lado) no local ficou a cargo do Padre David Francesquini, da Igreja do Imaculado Coração de Maria. As doações - angariadas através de correspondentes da TFP - vieram de várias partes do País, como São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. D 32

CATOLICISMO -

Março de 1997

antiago - Ante o anúncio da projeção do filme blasfemo "A Última tentação de Cristo", a Sociedade Chilena de Defesa da Traclição, Farm1ia e Propriedade enviou carta aberta ao Presidente de seu país pedindo que tomasse todas medidas cabíveis para que não fosse consumada tal ofensa a Nosso Senhor e à fé católica. Destacamos alguns tópicos desse importante documento: "Sr. Presidente, seria inadmissível, sob qualquer ponto de vista, que o maior e mais perfeito dos homens, o Homem-Deus, não fosse protegido nas presentes circunstâncias pelas leis que em nossa época amparam a qualquer indivíduo. E que um governo como o encabeçado por V. Excia., que tomou como questão de honra a defesa dos "direitos humanos", lavasse as mãos, como Pilatos, face a estas graves injúrias contra Quem não só é homem verdadeiro, mas Deus vivo, o Verbo encarnado, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. "A lém disto, Sr. Presidente, permita-nos lembrálo com franqueza, o Chile não compreenderia que o filho do presidente Frei Montalva se omitisse em tais e ire unstâncias. "Com efeito, permanece vivo na memória dos chilenos o zelo com que seu pai

Numa sessão pública organizada pela TFP chilena, fala o general da reserva Santiago Sinclair. Sentados, diretores da TFP chilena (à direita) e de E/ Porvenir de Chile. No fundo, retrato do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

atuou em 1967, quando julgou - sem razão, segundo nosso parecer - que a honra do Presidente da República havia sido injuriada pelo livro "Frei, o Kerensky Chileno " [de autoria de Fábio Vidigal Xavier da Silveira, destacado e saudoso sócio da TFP brasileira, falecido em 1971]. O governo Frei Montava, sem haver refutado jamais a obra, proibiu sua circulação, ordenou a apreensão de seus exemplares, promoveu o confisco judicial no correio e fiscalizou sua entrada nas alfândegas, levou, inclusive, aos tribunais aos membros da TFP sob acusação de haver entregue informações ao autor CATOLICISMO -

do livro, prendeu e processou criminalmente a quem introduzira no país alguns exemplares, mobilizou seus embaixadores no Brasil, Argentina, Peru e Venezuela para que protestassem pela difusão da obra nesses países, e até pressionassem para que fosse censurado o livro nessas nações. "Tudo isto consta no abundante noticiário da imprensa daquela época. "Que nobre seria, S,: Presidente, que com relação à honra infinitamente mais augusta que a de um Presidente da República, ou seja, a honra do Rei dos Reis e Senhor dos senhores, Nosso Senhor Jesus Cristo, V. Março de 1997

Excia. mostrasse um zelo insondavelmente maior - e desta vez com toda justificação - do que o demonstrado por seu pai face a "Frei, o Krensky Chileno"!" Igualmente a entidade El Porvenir de Chile, que combate a imoralidade nos meios de comunicação social, interpôs fundamentado recurso à Corte de Apelações de Santiago pedindo a proibição da exibição do filme blasfemo de Martin Scorsese. A referida Corte aprovou este recurso- por unanimidade e em abalizada sentença-, evitando assim as ignomínias que são apresentadas contra o Divino Salvador no mencionado filme. D 33


r:f6'.W' ,,

TFP\' ·JJ/ .•~?tl;.~ ,~:, ÃO 'Yl. "'1'<' .., _;:V, ,··, __ ,>1-' 1

\)

Destacada participação da TFP americana "

na Marcha pela Vida ORLANDO LYRA JR. -

W

ashington -Embora em pleno inverno, o dia 22 de janeiro amanheceu primaveri l em Washington. O vento glacial que assolara a cidade por mais de uma semana, repentinamente mudou de direção, fazendo subir a temperatura. Nesse dia comemorava-se o 24º aniversário da sentença conhecida como Roe vs. Wade, a

O número crescente de jovens que vem se associando a essas Marchas é um reflexo significativo da tendência conservadora das novas gerações célebre decisão judicial que em 1973 legalizou a violência contra os nascituros. A partir de então, a cada 20 segundos um bebê é executado legalmente

nos Estados Unidos. E desde essa época, todos os anos, nesta mesma data, realiza-se um grande e pacífico evento: a Marcha Pela Vida.

TFP-Covadonga protesta: monumento coloca a Igreja no banco dos réus Em Granada (Espanha), o dia 2 de janeiro é marcado pelas comemorações da Reconquista, ou seja, a volta ao domínio hispânico, após uma guerra de oito séculos, das terras que haviam sido ocupadas pelos seguidores de Maomé: As celebrações se dão nesta cidade (capital da Andaluzia) porque ela foi o último reduto muçulmano a ser reconquistado pelos católicos. No presente ano, porém, o prefeito granadino resolveu inaugurar, precisamente nesta data, um monumento a Boabçlil el chico- último rei mouro em terras de Cid Campeador-, próximo ao histórico local da entrega das chaves da cidade aos Reis Católicos. O ato contaria com a presença de representantes diplomáticos de vários países árabes, onde não existe qualquer tolerância para com os fiéis católicos. Tal gesto não podia passar sem enérgico protesto por parte da TFP espanhola. Assim, a entidade enviou carta aberta ao Prefeito de Granada, em termos fidalgos e categóricos, que foi difundida pelas vias públicas daquela cidade. Eis alguns tópicos da referida missiva de TFP-Covodonga: A corrente "histórico-revisionista" .... se utiliza como premissa ideológica de uma palavra talismã: a 'tolerância". Esta palavra - cuja amplitude parece abarcar tudo o que agrade à es-

34

querda, e excluir tudo o que a desagrade - é empregada continuamente por certos meios de comunicação social que ampliam esta voz minoritária. Porém, seu uso neste caso não significa senão uma grande manipulação da História ..... Evita-se destacar que a Reconquista foi uma luta de defesa contra um invasor estrangeiro que impôs um domínio, em muitos casos brutal, obrigando povos subjugados a seguirem os preceitos religiosos do Islã. Pareceria, pela forma com que este "revisionismo" tenta apresentar a figura do último rei mouro, que o Islã teria sido a religião andaluza, injustamente expulsa pelos católicos, o que significa uma inversão total da realidade. Para este "revisionismo", no banco dos réus está sempre a Igreja Católica, sua hierarquia e seus princípios. .... Tudo o que a Espanha foi e tudo o que a Espanha é provém de sua catolicidade. A Religião Católica está tão intimamente ligada a todas as instituições que formaram o tecido social de nosso País através dos séculos, que seria ridículo começar a reescrever sua história a partir de uma suposta 'tolerância'; que contém todo o tipo de condescendências e indulgências para com os representantes daAnti-Espanha, do ocupador. O que constitui uma crítica severíssima à Igreja Católica. □

CATOLICISMO -

Março de 1997

CORRESPONDENTE

No Eljipse Park, não muito distante da Casa Branca, uma multidão se aglomerava em torno de um palanque, onde líderes religiosos e políticos se reuniriam junto aos microfones para denunciar uma das maiores calamidades dos tempos modernos: a matança de inocentes. Havia 125 mil pessoas presentes, provenientes dos quatro cantos do país. Porém, antes de ter início a famosa Marcha pela Vida , a atenção dos circunstantes foi atraída por um pequeno episódio. Um detonador de fogo-de-artifício explodira acidentalmente nas mãos de um funcionário do Hotel Mayjlower, onde o vice-presidente AI Gore e a Primeira Dama Hillary Rodham Clinton participavam de um al moço promovido pelo National Abortion and Reproductive Rights Action League. Canais de televisão logo divulgaram, com estardalhaço, que um a "bomba" explodira em fre nte a uma clínica de abortos. O ridículo da espalhafatosa notícia ficou patente quando, horas depois, o laudo oficial da Polícia confirmou que se tratava mesmo de um fogo-de-artifício, não de uma bomba, sem qualquer relação com a que stão do aborto . Como em anos anteriores, a Sociedade Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade participou, com seus altaneiros estandartes e uma brilhante fa nfarra, da mencionada Marcha pela Vida . □

Acima, participação da TFP norte-americana na Marcha Pela Vida, cm Washington (matéria à p. 34). À direita, a Sagrada Túnica de Nosso Senhor Jesus Cristo e os membros do Bureau TFP de Frankfurt, Alemanha, que a foram ven •rar na milenar catedral de Trier (ver p. 22). Embaixo, m •mbros de TFP-Covadonga, da Espanha, perfilam-s num ponto central de Madrid (ver atuação da entidad • , fl· '.34).

35


Nohreza, dignidade e perfeita reg\llaridade numa praça PuNJo CoRRÊA DE Ouv1mu

A

Praça Vendôme (*), em Paris, apresenta uma beleza exemplar. Juntamente com a Praça de São Marcos, em Veneza, e a de São Pedro, em Roma, é uma das praças mais famosas do mundo. Sua forma é octogonal. As ruas a cortam, de um lado a outro, em três pontos, oferecendo ao trânsito um espaço enorme. De tal maneira que não se tem a impressão de ha-. ver naquele local um grande fluxo de carros. Os edifícios que contornam a praça - de uma tonalidade amarela clara - são do mesmo estilo, apresentando no andar térreo arcadas unifonnes, às quais correspondem, em geral, lojas de grandíssimo luxo, que constituem um dos elementos do escol do comércio parisiense. No centro da praça, Napoleão mandou erigir uma coluna, inspirada na do Imperador Trajano, existente em Roma.

Essa coluna não está adequada à praça, não é harmônica com o estilo dela. Dá a impressão de furar a praça pelo meio. Da mesma forma que a estátua eqüestre de Luís XIV, que até a época da Revolução Francesa ocupou o centro da praça, igualmente ficaria bem neste logradouro um jogo de água, uma bela fonte. O lampadário, que se vê na fotografia acima, é lindo. Com que elegância os três focos de luz estão apoiados sobre a coluna de metal! Que diferença com nossos lampadários modernos (à esquerda), essas luminárias muito altas, disseminadas em quase todas as cidades em escala universal, com lâmpadas de mercúrio. Temse a impressão de um pescoço altíssimo encimado por uma cabecinha microcefálica... Observado num só olhar o conjunto da praça, compreende-se bem sua nobreza, dignidade e perfeita regularidade, características do gosto tipicamente francês. O

(*) Notas da 1·cdação:

1) No reinado de Luís XIV, seu ministro i.(>11 v111 planejou a construção ele uma praça no /•'m1/J11111 11 Saint Bartolomé, no meio da qual foi colo ·11d111111 111 estátua eqliestre daquele soberano. lniciad11 11 1·1H1N trução da praça em 1685 pelos arquitetos 13ol'fn111d 1• Hardouin-Mansatt, foi ela inaugurada 111 17 (), Embora sendo, a princípio, denonii1111d11 P1111, 11 das Conquistas, e depois Praça de Luís, o ( ,1 1111dt'. ficou conhecida como Praça Vendôm ·, 11 p111ti1 d1• 1799, numa alusão ao hotel que lá existia. Durante a Revolução Francesa, D111 agosto d1• 1792, a mencionada estátua eqüestrc foi d •str II d11 , 1· adotado temporariamente o nome de Prnçn (111 /'/ que - palavra esta que designa a lança 1111 ponta d11 qual os revolucionáiios colocavam as cabeças (11•su ,~ pobres vítimas. Napoleão Bonaparte orden u qu foss · ,·oh 11·a da no centro da praça uma coluna cl • 44 111 d1· 1111111 11, tendo como modelo a coluna ele TnDano, c111 Rrn1111 Ela é revestida do bronze de 1.200 canhm·s rnp1t11 11 dos aoinimigo em 1805. ·o d spot:1 c01 so11111111l1111 fix ar no topo da coluna sua própria •si 111111 .,, A coluna foi elerrubadn 111 187 1 • 11•st11111 111l11 em l874. 2) Excertos da conf ·r 11 ·i11 proh-rld I p,•111l'1111 Plinio Corrêa de Olivoirn p11111 s1k io.~l ' l'111 1p1•1ud1 u,· ela TFP, em 2 1 ele dezembro d · 11/HH. S1·111 11•vlNl\11 do autor.



Revolução e Contra-Revolução

AfOJLli li M Nº 557 - Abril de 1997

NESTA EDIÇÃO:

PLJNIO CORRÊA OE OLIVEIRA

2 No capítulo V de Revolução e Contra-Revolução, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira mostrou as três profundidades da Revolução: nas tendências, nas idéias e nos fatos. Em seqüência, reproduziremos abaixo o início do capítulo VI. No próximo número prosseguiremos neste capítulo, que tratará das velocidades da Revolução.

A marcha da Revolução explosões, toda a virulência que se patenteará mais tarde nos seus piores excessos. Nas primeiras negações do protestantismo, por exemplo, já estavam implícitos o anelos anarquistas do comuni mo. Se, cio ponto ele vi sta da formulação explícita, Lutero não era senão Lutero, todas as tendências, todo o estado ele alma, todos os imponderávei s

1. A força propulsara da Revolução A. A Revolução e as tendências desordenadas

B. Os paroxismos da Revolução estão inteiros nos germes desta

Como os cataclismos, as más paixões têm uma força imensa, mas para destruir. Essa força já tem potencialmente, no primeiro instante ele suas grandes 2

C. A Revolução exaspera suas próprias causas Essas tendências desordenadas se desenvolvem como os pruridos e os vícios, isto é, à medida mesmo que se satisfazem, crescem em intensidade. As tendências produzem crises morais, doutrinas errôneas, e depois revoluções. Umas e outras, por sua vez, exacerbam as tendências. Estas últimas levam em seguida, e por um movimento análogo, a novas crises, novo · erros, novas revoluções. É o que explica que nos encontremos hoje em tal paroxismo da impiedade e da imoraliclacle, bem como em tal abismo de desordens e discórd ias.

2. Os aparentes interstícios da Revolução

A mais possante força propulsora da Revolução está nas tendências clesorclenaclas. E por isto a Revolução tem sido comparada a um tufão, a um terremoto, a um ciclone. É que as forças naturais desencadeadas são imagens materiais das paixões desenfreadas cio homem. Os imponderáveis da Revolução de lutero já traziam consigo, implicitamente, o espírito de Voltaire e de Robespierre, de Marx e de Lenine

da explosão luterana já traziam consigo, de modo autêntico e pleno, embora implícito, o espírito ele Voltaire e de Robespierre, de Marx e de Lenine ('). CATOLICISMO -

Abril de 1997

PALAVRAS DE VIDA ETERNA

Considerando a existência de pe1íodos de uma calmaria acentuada, dir-se-ia que neles a Revolução cessou. E assim parece que o processo revolucionário é descontínuo, e portanto não é uno. Ora, essas calmarias são meras metamorfoses da Revolução. Os períodos de tranqüilidade aparente, sup ostos interstícios, têm sido em geral ele fermentação revolucionária surda e profunda. Haja vi sta o período da Restauração (1815-1830) (2). O 1 )

C ír. Leão XI 11 , Encíclica Quod Apustolici M1111 eris, de 28/1 2/1 878, Bonnc Prcssc, Paris, vol. 1, p. 28. ' ) C fr. Parte 1, cap. IV.

5

17

A fé do centurião e a cura de seu servo

A marcha da Revolução

4

As considerações anteriores já nos forneceram algu ns dados sobre a marcha da Revolução, isto é, seu caráter processivo, as metamorfoses por que ela passa, sua irrupção no mais recôndito do homem, e sua exteriorização em atos. Como se vê, há toda um a dinâmica própria à Revolução. Disto podemos ter melhor idéia estudando ai nda outros aspectos ela marcha ela Revolução.

REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOL UÇÃO

COM A PALAVRA.. . O DIRETOR

HISTÓR IA

Cardeal Von Gallen,

19

o homem que enfrentou o nazismo

PÁG INA MARIANA

Comunhão reparadora dos primeiros sábados VIDAS DE SANTOS

7

A PALAVRA DO SACERDOTE

Por que os protestantes detestam Nossa Senhora?

IMAGENS EM PA INEL

O palazzo

8

9

12

São Pio X fustiga a iniqüidade dos governantes

INTERNACIONAL

26

Na França, a violência começa nas escolas A REA LI DADE, CONCISAMENTE SANTOS E FESTAS DO MÊS

DESTAQUE

NOBREZA EELITES

28

29

Blasfêmia e pornografia: reação, este dever

O sofrimento sublima a nobreza

ENTR EVISTA

OIS ERN INDO ...

30

Ecologia X progresso atual ?

A decadência da mídia CAPA

13

24

Mastai Ferreti, berço de Pio IX

VERDADES ESQ UECI DAS

Menor abandonado = futuro trafi cante

10

21

São Vicente Ferrer, o pregador com palavras de fogo

TFPs EM AÇÃO

Telenovelas: lazer ou manipulação das mentes?

Carta a João Paulo li mostra engodos da Reforma Agrária

CAPA: Cena da novela o Rei do Gado, (foto de Angel Mora/Azul Press) em montagem do nosso setor de arte

AMB IENTES, COSTUMES, CIVILI ZAÇÕES

CATOLICISMO -

Abril de 1997

31

36 3


Com a palavra... o Diretor Comunhão Reparadora dos Primeiros Sábados: ~~·'".e• .•

w; e , ;' , /., .

'

'~ . . .

Amigo leitor,

. de Catolicismo todos os leitores d e Às vezes eu me pergunto, se;;:,a;.:~ista de inspiração católica ev entendem perfeitament~iio~~f;;;:'/sociais e históricos? conter temas polit1cos,

d

temas religiosos, úteis

os uma visão apenas Não seria melhor ~1:1e tratássemos 19 Não seriaapenas mais salutar

P:'!\e:~~';'::g~tivo dos acontecime:::?radicaJmente. De

para o a~er~:a:;:d~\i:~ª

positiva a , lo o leitor encontrará temas e:'s::r~; de TV através das Nesta edição, por exempnÍâo pública realizada pelas perou maior número de d um lado, a manipulação da.~;~ vida de um dos santos q~ed~ste admirável filho_da_Or

:m

'::J~

0

n~;r:;:~ D;á:u~:~n';,:;~~r che~= ::::.~u~~l~~~;ª~!.nos m leitor sera tran;Pe~:~/~'!::::, viajara num c Dominican:~ ~ossa santa Religião. Como~;:," pleno século XV .. . perfumes d São Vicente Ferrer, ' 6es · s da Europa e artigo Reve,aç paise leitura celestial, quando o raíso transportando-o Estará o leitor embe~~~~o~e~!ªnovelas o arrancdar~'.1~ta t~~f ~ovel~s mais recen_tpe~l=ç~~ tedoras de um r dias O autor e rocesso de rna.ru ;~::::~dade ~%:~:n~~ed!s:~:s;:ogra~as f~::t~ai;:~:ev:!ieira ; maior audiencia c Process oeque a nosso ver, afasta os homens da mora, dos telespectadores. co~cretamente, - " Escola" esta qu ,

e:.1~::

degi'adaçao.da prática da Religião. tra ela pode colocar costumes e não sabe se defender con itas por uma 1 que não conhece tal ~anobra ~dade de análises como esta, fe Aque e ó ria saívação. Dai a necess revista Catolicismo. em ~isco_su:e ~~s~iração católica como a sua S nta Igreja Católica que publicaçao

mundo da a

a.:sº telenovelas, o mundo que

mundo de São Vicente Fer~~r E, pelonhecer amor eaonos contra o mun precaver

devem:,~~te leva à perdição eterna. , ta que faça esse tipo de norma altfUma outra revu F. almente, eu pero-• ó'! mto · · o leitor conhece .

an

. . o e nao se áJisé!m di ões de CatoliClsm . adeça a Deus por acomparu:, ~e~at~res e colab~radoreié Se não conhece ... agr Criador tambem por s leitores e irmaos na que .

uma prece esqueça de dirigir t ·nuamente dar ao o melhor de si em favor de seus

procuram con 1

Em Jesus e Maria,

~~7 Paulo Corrêa de Bri·t o F 2 Diretor 4 CATOLICISMO -

Abril de 1997

Como obter a assistência de Nossa Senhora na hora da morte

M

uitos j á ouviram fa lar da ComuPuN10 M ARIA SouMEo nh ão dos Primeiros Sábados. Mas poucos co mpree ndem a Obtenha graças recorrendo a fundo o seu rea l significado. Por isso, não Maria a prati cam com as disposições de alm a desej adas por Nossa Senhora de Fátima. Pouco depois das aparições Nossa SeCome morando-se em maio próx imo o 80º nhora, como ha via prometido, levou Frananiversário do início das aparições de Fácisco para o Céu. Jacinta quis permanecer tima, julgamos oportuno apresentar aqui um pouco mais na terra para sofrer pelos ta/ devoção, bem como alg uns comentáripecadores, e sobre ela se abateram inúmeos, tendo em vis ta ajudar nossos leitores a ros sofrim entos físicos e morais. O pior deobterem o máx imo proveito dessa prática les foi para ela o de morrer sozinha num de piedade, certamente indispe nsá vel em hospital de Lisboa. Nossa Senhora, e111.renossa época, imersa no neopaganismo. tanto, não a abandonou e, em várias visiPorém, para se compreender bem o altas, instruiu-a em sua missão reparadora. cance de uma revelação, é necessário terUm dia antes de seu falecimento, Jacinta se presente o contex to no qual se enca ixa. chamou Lúcia, dizendo-lhe: "Daqui a pouA da Comunh ão dos Primeiros Sábados, co irei para o Céu. V ficará aqui para torse bem que em seus detalhes tenha sido nar conhecida a vontade de Deus de que re velada posteriormente, constitui parte se estabeleça a devoçc7o ao Imaculado Coessencial das aparições de Fátima que, em raçc7o de Maria no mundo. Quando o temsua substância, pode ser resumida em repo de.fàla r chegar, nc7o se esconda. Diga a paração a Deus, fe ita por meio da oração Jacinta (esq.) e Lúcia todo mundo que Deus concede Suas grae da penitência. É ass im que de ve ser enças através do Imaculado Coração de Matendida como veremos a seguir. mos tra ndo-lhes o in fe rno. Para de/e sa lria, que as devemos pedir a Ela, e que o var a multidão dos pecadores, repete E la, Coração de Jesus quer que o Imaculado "Deus quer estabelecer no mundo "Deus quer estabelecer no mundo a deCoração de Maria seja honrado Juntaa devoção ao meu Imaculado voçc7o ao meu Imaculado Coraçc7o". Coração" mente com o seu, que se deve pedir ao Por des ígnios insondáveis de Deus, só Imaculado Coração de Maria pela paz, essa devoção poderia então salvar o munporque Deus colocou-a sob sua custódia." Na sua segunda aparição, em 13 de judo. Se não fosse seguida, viriam castigos nho de 1917, Nossa Senhora disse e/arae uma guerra ainda maior; "para a impeA revelação dos Primeiros mente a L úcia: "Jesus quer servir-se de ti Sábados di,; virei pedir a consagraçc7o da Rússia para Me fa zer conhecer e ama,: Ele quer ao meu Imaculado Coraçc7o e a comunhão estabelecer no mundo a devoção ao meu reparadora nos Primeiros Sábados". Lúcia, a única sobrevivente desses ceImaculado Coração". E fez ver às três Aqui Nossa Senhora menciona pela lestes contatos, entrou para o Instituto de crianças o seu Coração cercado de espi primeira vez essa COJnunhão reparadora, Santa Dorotéia, onde tomou o nome de nhos -- símbolos dos pecados da humacomo meio de evitar a punição. Irmã Maria das Dores. Es tando no dia IO nidade -- e que queria reparação. Se mais esse apelo não fosse ouvido, de dezembro de 1925 em sua cela, no conA Santíssima Virgem, ao aparecer pela castigos maiores abate r-se- iam sobre o vento de Ponte vedra, Espanha, apareceuterceira vez aos três videntes -- Lúcia, mundo, por meio da Rússia. No entanto, lhe a Santíssima Virgem, tendo ao lado o Francisco e Jacinta -- deu-lhes uma idéia quando tudo parecer perdido, os aconteMenino Jesus, sobre uma nuvem luminomais pungente da gravidade do pecado e, cimentos tomarão outro rumo, pois, afirsa. Es te, mostrando- lhe um coração cerporta nto, da necess idade da repa ração, ma Ela, "Por f im, o meu Imaculado Cocado de espinhos que tinha na outra mão, raçc7o triunj'a rá". di sse-lh e: "Tem pena do Coração de tua Santíssima Mãe, que está coberto de es-


coisas da Igreja. Os pinhos que os homens Padres devem ser puin gratos a todos os ros, muito puros ". momentos Lhe cravam, "A desobediência sem haver quem fa ça dos Padres e dos Reum ato de reparação 1igiosos aos seus Supara os tirar" . A Sanperiores e ao San.to tíss im a Virge m acresPadre ofende muito a cen tou: " Olha, minha Nosso Senhor". filha, o meu Coração * É o c lero de ce rcado de es pinhos hoj e ma is virtuo so que os homens ingratos que o daquela época? a todos os momentos Infeli z me nte não . Me cra vam com blasfêBasta le mbrar qu e m.ias e ingratidões. Tu, hoje em dia a maioao menos, vê de Me ria dos ecles iásticos consola,; e dize que tosente-se mal em trados aqueles que durctn jar-se como pessoas te cinco meses, no priImaculado Coração de Maria consag radas . E tam meiro sábado, se conbém constatar o núme ro crescente de saf essarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um terço e Me fi zerem. cerdotes - reli giosos e secul ares - que não prezam a virtude da pureza, sendo de quinze minutos de companhia meditanse perguntar se c umprem o voto de castido nos quinze m.istérios do Rosário com dade que fizeram. o fim de Me desagrava ,; Eu prometo 2) "Minha madrinha, peça muito peassistí-los na hora da morte com todas los governos! Ái dos que perseguem a Reas graças necessárias para a salvação ligião de Nosso Senhor! Se o governo deidessas almas". .>,asse em paz a Igrej a e desse a liberdade Esta devoção tem, ass im , a finalidade à San ta Religião, era abençoado por de reparar o Coração Imaculado de Maria Deus". pelas ofensas dos home ns. E deve ser pra* Para anali sarmos um só aspecto: que ticada em cinco primeiros sábados co nsegoverno moderno não tem aprovado pecuti vos . Divide-se em vários ítens, todos cados públicos e oficiais co ntra Deu s, indi spensáveis: como o divórcio, o aborto, o "casamento" 1 - confi ssão; ( 1) homossex ual.. . - para ficar só no campo 2 - comunhão; moral ? 3 - rec itação do terço; 3) "Os pecados que levam mais almas 4 - e quinze minutos de companhia a para o il1ferno são os pecados da carne". Nossa Senhora meditando nos quinze mi s"Hão de vir modas que hão de ofenté ri os do Rosário (2). der muito a Nosso Senhor: Na prática, como seguir esta "As pessoas que servem a Deus não devem andar com a moda. A Igreja não devoção? tem modas. Nosso Senhor é sempre o mes1no ". Ev identemente a pergunta que se impõe é como praticar essa devoção em nos* Houve jamais época em que se persos di as, no contexto da me nsage m de Fátim a. Para respo ndê- la, é necessári o desse mai s completamente a noção de pureza, de decência, de pudor, de fide lidade considerar-se e m primeiro lugar o que é conjugal, de virgindade, ele pureza infanque tanto faz ia sofrer o Imacul ado Corajuvenil do que em nossos dias? O nútil e ção de Maria na época das aparições, clamero de divórcios, de uniões ileg ítimas, mando por reparação, e, em nossos dias, de mães so lteiras, de aborto, de pecados o que acontece a este respeito. contra a natureza ... é de clamar aos Céus. Para isso, podem-se aduzir vários daA televisão agride os lares, levando para dos revelados por Nossa Senhora a Jacinta. Mas , por brev id ade, vamos co nside rar seu interior toda a enxurrada das sargetas, que, infeli zmente, é recebida de modo pasapenas três pontos: sivo pela grande maioria das famílias. Enl ) " Minha madrinha (3), peça muito fim , nossa época perdeu inteiramen te a pelos Padres! Peça muito pelos Religionoção de pecado. sos! Os Padres só deviam. ocupar-se das 6

CATOLICISMO -

Abril de 1997

Conclusão Com tudo isto visto, poderá parecer a muitos leitores quase impossível cumprir esta devoção, sobretudo pela imperiosa necess id ade de não dobrar os joelhos di ante do ído los do mundo contemporâneo - um dos quai s a maldita tirania das modas imorais. É necessário, e ntretanto, ter prese nte que o que aos homens é imposs ível, não o é a Deus (c fr. Mt 19,26). E que o ca minho certo para se obter isso é No sa Senhora. Rea lmente, indaga o Pe. Thomas de Saint-Laurent, "quereis tramform.ar vossa vida ? Quereis praticar facilmente as virtudes que vos parecem inacessíveis e que Deus entretanto vos pede? Quereis conhecer as aleg rias inefáveis que somente o amor de Jesus pode proporcionar e que fa ziam. as de lícias dos Santos'! Quereis exprerimentar em vós essas maravilhas '! ". E le mesmo dá a magnífica e teologicamente exata re posta: "Se o quereis seriamente, não hesiteis urn só segundo: dirigi-vos a Maria. Não há carninho mais direto para ir a Nosso Senhor " (4). Além ele estar, por esse modo, reparando Seu Imacu lado Coração, que alegri a, que paz de alma terá aque le que, li vrando-se da tira nia do demônio e seus sequazes, aceita o suave jugo de Deus, que o levará ao paraíso celeste ! Que para tal, prezado leitor, Nossa Senhora ele Fátima conceda-lhe abundantes graças. D Notas: ( 1) Mai s tarde, quando o Menino Jes us lhe aparece nova ment e para cobra r a divul gação dessa devoção, a Irm ã Lúc ia leva ntando a clificuldacle qu e algumas pessoas teri am para confessar-se no sábado, ped iu-L he que fosse vál ida a confi ssão de oito dias. O In fante Menino respondeu-lhe que poderi a ser até de "muitos

mais dias ainda, co111c11110 que, q11a11do Me receberem, estejam em graça e 1e11/,am a i11tençõn de desagravar o lmac11/ado Co raçcio de Maria·• . Caso a pessoa se esquecesse, ao confessar-se, de formul ar essa intenção, disse Nosso Senhor que "podem formá -la 11a outra

co11jisscio seguinte, aproveitando a pri111eira ocasicio que ,;verem de se confessar" . (2) Aq ui intérpretes afi rm am que trata-se de med itar sobre um cios quinze mistéri os do Rosá ri o, pois cio co ntrário seria prati camente impossível med itar os qui nze nos quin ze minutos estabelec idos por Nossa enhora. (3) Em Li sboa, antes de ir para o hospital, Jac inta fi cou hospedada num orfanato onde foi assistida por Madre G odinho. Essa religiosa, a quem as crianças c hamavam cari nh o samente de "Mad rinh a" , providencialmente tomou nota de suas palavras. (4) Pe. T homas ele Sa int-Laurent, A Virgem Maria , Séri e Cultu ra Reli giosa nº 3, A rtpress, São Pau lo, 1996, tradução ele Héli o Dias V iana, p. 11 .

ri~ CôNEGO JOSÉ

Com muito gosto passo a responde r às objeções levantadas. Basta abri r o Livro Sagrado , qu a ndo , no Gê nes is, capítulo 3, é narrada a queda de nossos primeiros pai s te ntados pelo demô ni o sob aparê ncia de serpente, para ve rmos um an úncio proféti co a respeito do Sa lvado r e de s ua Santa Mãe. Depois de amaldi çoar a serpen te (o demôeol'!:i".U~ = =:dl~,... n i o ) , Deus diz " Por e i inimiza des entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela. Ela te esmagará a cabeça e tu armarás tra ições ao se u ca lcanhar" (3 , 15). Es ta mulh er, inimi ga da serpe nte, que por ser Mãe de ta l Fi lho esmagará a cabeça do demônio, é Maria Santíssima. Pode-se ver também referê ncias proféticas à Virgem , e m Isa ías (7, 14), "uma Virgem co n ceb e rá", em Miqu é ias (5 , 2 - 3) , Jeremias (3 1,22), etc. No Novo Testamento, também se fala da Mãe de Deus. Q uem ainda não leu nos Evange lhos a cena da Anunciação do Anjo a Maria; a visita dEla à sua prima Santa Isabel, quando Nossa Senhora co mpôs e entoo u o cânti co do Magn ificar? Nesse belíssimo cântico,

Há algumas objeções levantadas pelos protestantes co ntra Nossa Senhora qu e causam indignação aos católicos. Estes, entretanto, inúmeras vezes, por falta de boa formação não sabem como responder .ficando numa situação embaraçosa. Assim peço ao Sr. urna palavra de escla recimento sobre alg un s pontos relativos ao culto à boa Mãe de Deus. Os protestantes dizem qu e Nossa Senhora era uma mulh er como outra qualquer, a Bíblia trata muito pouco dEla e só no Novo Testamento, e portanto não há motivo para ser venerada. Dizem também que não entendem porque a Igreja Católica faz tantas festas para Nossa Senhora e não as faz para Jesus Cristo. Por outro lado, como se explica que existam tantas Nossas Senhoras: Aparecida, Fátima, elas Dores etc.

qu e está logo no início do Por que os protestantes Evangelho de São Lucas, Ela são contra as homenadi z claramente que, dali por gens a Nossa Senhora? diante, "todas as gerações me chamarão bem-aventurada, E m seg un do luga r, objeporque grandes coisas fe z em tam os hereges: por que se famim Aquele que é poderoso" zem tantas festas e coroações ( 1, 48,49). ele Nossa Senhora e não se faz É o que a Igreja faz: chao mes mo a Nosso Senh or? Objeção totalme nte descabi ma Maria de Bem-aventurada. E os protestantes, o que fazem? da. Pois, todas as festas da Chamam-na de "uma mulher Igrej a têm a No sso Sen hor como outra qualquer". como centro: Ele é o Med iador abso luto do qua l Nossa Pode-se ler ainda nos Evangelhos, a descrição da viagem Senh ora é po r excelê nc ia a dEla e de São José a Belém, a Medianeira po r participação. procura ele hospedagem, o aloAté mes mo os Santos - embora ime nsamente abaixo de jamento na gruta, o nascimenNossa Sen hora - podem tamto do Menino Jesus, a fuga da bé m ser med iadores por parSagrada Fam íli a para o Egito e a volta para Nazaré, o encontro ticipação. Ass im, ao g lorificarmos a de Jesus entre os doutores, as • Excelsa Mãe de Deus ou um bodas de Caná, etc. destes mediadores secundáriIsso é falar pouco de Nossa Senhora? Exclamemos com os é ao Mediador principal que os Santos e com a Igreja "De estamos glorificando. Maria nunquam satis"! Ou Alé m disso, na Igreja há inúm eras festas a Nosso Seseja, as glórias de Maria não têm limites! nhor. O Ano L itúrg ico gira

CATOLIC ISMO -

Abril de 1997

Luiz V1LLAC

todo em torno dos Mistérios de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os cinqüenta e doi s Domingos do ano celebram a Ress urreição ! E u me lembro e m criança das procissões da Semana Santa, por exemp lo com Nosso Senhor morto - a célebre Proc issão do E nte rro - após a cerimônia das três horas da tarde; a Festa de Cotpus Christi; a Festa do Sagrado Coração de Jesus, etc. Agora, se o povo manifesta te rnura e e ntu siasmo por Nossa Senhora, é porque tem ve rdad e iro amor por Nos so Senhor. Porq ue, como dizia o gra nd e São Luís Maria Grigni on de Montfort, "não tem a Deus por Pai quem não tem Maria por Mãe".

Existem várias Nossas Senhoras? Por último a questão das vá ri as in vocações de Nossa Sen hora. Não existe nenhuma dife rença quanto à Pessoa Venerada ; trata-se sem pre da mes ma Virgem Maria, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo que aparece na Bíblia. São apenas diferentes invocações ou títulos que lembram os lugares em que Ela apareceu, ou o modo como Ela se manifestou , ou algum privilégio de que Ela está adornada, ou fina lmente algum aspecto especial pelo qual E la deve ser venerada. Assim, dou algun s exemplos: Nossa Senhora de Fátima. Esta invocação surgiu a 7


partir das aparições da Virgem invocação os fi é is exaltam o privilégio altíssimo dado por em 1917 na Cova da Iria periferia de Fátima em PortuDeus a Nossa Sen hora, o fato gal, onde Ela se manifestou a ., de ter sido Ela concebida sem três pastorinhos, anunciando pecado original, ou seja, a sua castigos para a human idade ! e concepção fo i se m mácul a, esta não se convertesse, mas sem a mancha do pecado de que por fim seu Imaculado ori gem, cometido por nossos Coração triunfari a. prim e iros pais no Paraíso. Nossa Senhora da ConceiPrivilégio único. ção Aparecida. Por que ApaNossa Se nh ora Co nso larecida? Porque uma imagem dora dos Aflitos - com esta da Imacu lada Conce ição foi in vocação a Igreja incentiv a achada - "apareceu" - no todos os fi éis qu e estiverem Rio Paraíba, em São Paulo, há aflito s a se voltarem com esduzentos e oitenta anos, num a pecial confiança para a Virgem Santíssima. É a Mãe e Senhopesca milagrosa, que deu início a um série· de prodígios e ra da Consolação! bênçãos para a Terra de Santa E, ass im por diante, cada Cruz. invocação de Nossa Senhora tem sua razão de ser, sua lu z, Nossa Se nh ora da I maseu perfume. Haja vista a Lac ul ada Co nc e ição - nes ta

dainha Lauretana, que é a Sua Ladainha ... Aí estão as exp licações sobre as várias invocações a Nossa Senhora. E, para encerrar, como de Mari a nunca é demais falar, cito as ardentes palavras de S. Luís Maria Grignion de Montfort em seu Tratado da Verdade ira Devoção à Santíssima Virge m: " Jes us Cristo deu mais glória a Deus, submetendo-se a Ma ria durante trinta anos, do que se tivesse convertido toda a terra pela realização dos mais estupendos milagres. Oh! quão altamente glorificamos a Deus, quando, para lhe agrada ,; nos submetemos a Maria, a exemplo de Jesus Cristo, nosso único modelo".

Se exa minarmos atentamente o resto da vida de Jesus, veremos que foi por Maria que Ele quis começar seus milagres. Pela palavra de Maria Ele santifi cou São João no seio de Santa Isabel ; ass im que as palavras brotaram dos lábios de Maria, João ficou santificado, e foi este seu primeiro mil ag re na orde m da graça. Foi ao humilde pedido de Maria, que Ele, nas núpcias de Caná, mudou água em delicioso vinho, sendo este seu primeiro milagre em público, na orde m da natureza. Ele começou e continuou seus milagres por Maria, e por mediação de Maria continuará a operá-los até o fim dos séculos. É Ela a Medianeira de todas as Graças. O

Quando os governantes rejeita01 a Igreja, sobrevê01 01uitas 01isérias Segundo foi noticiado pela imprensa, o abominável Projeto sobre o "casamento" homossexual deverá ser votado neste mês (cfr. "Folha de S. Paulo", 27-2-1997). A dep. Marta Suplicy havia pedido ao Presidente da Câmara que retivesse um pouco mencionado Projeto, pois queria fazer previamente uma campanha entre os deputados (idem, 12-2-1997). Assim, pareceu-nos da máxima conveniência estampar na presente edição as seguintes palavras de fogo de São Pio X, Papa de inesquecível memória: "Temos o dever de levantar Nossa voz, de relembrar as grandes verdades da _Fé, não somente aos humildes, mas também aos poderosos, aos felizes deste mundo, aos chefes dos povos, aos que são admitidos aos conselhos de governo dos Estados. E de propor a todos as certíssimas sentenças, cuja verdade a história con-

firmou com caracteres de sangue, como estas: 'O pecado fa z a infelicidade dos povos' (Prov. 14, 34). 'Os poderosos serão poderosamente atormentados' (Sap. 6, 7). E também a que está no Salmo 2: 'E agora, ó Reis, compreendei; cientificai-vos, juízes da terra . .... Submetei-vos à lei do Senhor, temerosos de que Ele Se ire, e venhais a perecer f ora do caminho da justiça '. "Essas ameaças fàzem esperar as rnais duras conseqüências visto que campeia a iniqüidade pública e que a fàlta principal dos governantes e dos povos consiste na exclusão de Deus e na rejeição da Igreja de Cristo. Desta dupla apostasia decorre a subversão de todas as coisas e a multidão quase infinita de misérias para os indivíduos e as sociedades" (Encíclica CommuniumRerum, de 21 de abril de 1909).

São Pio X 8

CATOLICISMO -

Abril de 1997

A REALIDAD_~_-E _J t~ ~,~~ ISAMENTE ' ¼-<!}· ' ft ;J v-:f') "'J~..::

Menor abandonado: candidato a micro-traficante

Pro-life March nos Estados Unidos: muitos jovens indicam conservadorismo

Conservadorismo moral cresce entre jovens americanos E m nossa última edição, noticiamos a brilhante participação da TFP norte-americana na tradicional e pacífica Marcha pela Vida , em Washington (foto acima) , que se realiza anualmente. É uma ocasião e m que diversas organizações se fazem representar, para manifestar seu repúdio à aprovação da lei que permite o aborto nos Estados Unidos, Fazendo um balanço geral de tal Marcha, o Arcebispo de Baltimore, Mons. Wi lliam Keeler, declarou a Catolicismo: " Vej o dois elementos positivos na controvérsia sobre o aborto. Um é que, mais e mais, as pessoas se dão conta de que o aborto provoca duas vítimas: o nascituro e a mulher, vítima da indústria abortiva. O segundo elemento é o comparecimento em massa de milhares de jovens para esta Marcha. Nunca antes tivemos tantos j ovens presentes como hoje". De fato, Dom Keeler tem razão. Jamais se vira tanto entusias mo juvenil quanto naquela ocasião em Washington. Entusiasmo das novas gerações, indício promissor de que, nos Estados Unidos, ao contrário do que alardeiam certos órgãos da mídia, a juventude está ass umindo, de modo crescente, uma posição conservadora.

Na China vermelha, com católicos autênticos, nada de ecumenismo! Ainda existe uma Igreja do Silêncio na China. São os cató licos Leais ao Papa, que não aceitaram a igreja nacional, criada pelo Governo comunista. A perseguição recrudesceu co ntra e les na província de Jiangxi, seg undo in forma a Fundação Cardeal Kung, dos Estados Unidos. Foi proibida toda atividade re ligiosa, como M issa, cateq uese, re uni ões. Para esses catól icos chineses,

as organizações pró-direitos humanos não têm uma palavra de apo io que seja eficaz?

Católicos chineses: perseguição CATOLICISMO -

Parte dos fi lhos menores de famílias desajustadas são "a viões" do tráfico de drogas. Recebem e entregam rapidamente partidas de cocaína, crack, maconha. Não querem estudar e se deixam entear pelo crime. Muitos acabam mortos pelos próprios traficantes, Mais uma conseqüência trágica da

, , Menor abandonado: atraido pelo trafico

desagregação fami li ar e da complacência culposa com a imoralidade.

Prostituição a preço vil: chamariz para um milhão de turistas Cuba é dos lugares mais procurados por turistas europeus. As belas paisagens naturais, serv iços contínuos garantidos pelo Governo castrista e - sobretudo - a prostituição devastadora a preço vil , atraíram àq uela ilha, em 1996, um milhão de turistas, italianos e espanhóis em sua maioria, que e nchem vôos charter. Convém recordar que o orgulho da re volução de F idel era - ó ironia - de haver erradicado a prostituição e m seu país. O di nheiro deixado por esses turistas na ilha-prisão aj uda a manter uma sobrevida do reg ime que esmaga o povo cubano.

Discriminado por ser católico E m Salleboeuf, pequena aldeia próx ima de Bordeaux (França), vive um farmacê uti co, o Sr. Bru no Pichon, que se está tornando cele bridade nacional. Ele vem sendo atacado na imprensa e está suj eito a processos judiciais. É católico praticante, cidadão respeitável no lugar, e resolveu não vender preservativos nem pílulas

anticoncepcionais, que, aliás, podem ser comprados em outros estabelec imentos do comércio local. Ele tem razões de consciência - baseadas e m sua fé católi ca - para não vendê-los. Será que para ele não val e a obj eção de consciência, tão na moda para promover causas libertárias e esquerd istas?

Budismo e marxismo: farinha do mesmo saco Um dos personagens mais festejados pela grande imprensa é o Datai Lama, Seu budismo- uma das incontáveis variações dessa _seita filosófica de fundo panteísta - é admitido como parceiro sério no chamado diálogo das religiões. Há pouco o líder religioso tibetano declarou que o budi smo é muito semelhante ao marxismo, pois ambos "não aceitam um criador, e portanto acreditam numa autocriação". E concluiu que "além do mais, Buda foi um agnóstico". Em face dessas afirmações, cabe a pergunta: o diálogo ecumênico exige que dele participe m até marx istas? Em caso afirmativo, por que razão, segundo essa abs urda lógica de "abertura ecumênica", não seriam incluídos mesmo os satani stas?

Abril de 1997

9


9{ç6rez,a e e[ites tradicionais anáfogas .,, 'É próprio à nobreza e às elites análogas formarem com o povo um todo orgânico, como cabeça e corpo' PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA

Uma influência mais forte do que a mídia

A

nobreza pode e deve exercer sobre toda a ociedade urna influência tão grande ou maior do que a exercida pelos meios de com uni cação nos dias atuai s. E essa influência decorre, muito especia lmente, das virtudes que os nobres devem ter e manifestar em sua atuação sobre a opinião pública. Esse fato irrita profundamente os líde res do macrocapitalismo publicitário. Com efeito, julgam eles que, para diri gi r a opinião pública, basta ter fab ulosas quantias de dinheiro, grandes máquinas impressoras, poderosos aparelhos que irradi am ou teletrans mitem os fatos sensacionais na mesma hora em que ocorrem, etc. Tal idéia, porém, não corresponde à realidade. A televisão pode fazer propaganda, em suas novelas e noticiários , de uma pessoa totalmente imoral , de vida dissoluta, para apresentá-la como modelo a ser seguido pelos espectadores. Entretanto, a irradiação de uma tradição impregnada de virtudes , longa e hereditária, pode, junto a incontáveis pessoas, derrubar o efeito daquilo que é apresentado no vídeo. Por aí se compreende bem o papel que a nobreza pode representar junto à opinião pública.

O valor pessoal: fator decisivo dessa influência Mas para representar bem tal papel , como deve ser o nobre? O que deve ele fazer? Inicialmente, é indispensável sa li entar que, para levar avante esse apostolado de con-

10

Procissão na Viena imperial: tradição impregnada de virtudes duzir a soc iedade, o nobre não precisa ser rico, pois sua capac idade de influência não depende do seu dinheiro, mas sim do seu valor pessoal. A pobreza de um nobre tem a vantagem de deixar transparecer nele o que tem de melhor, que não é a riqueza, mas o valor pessoal concebido naturalmente em ordem à doutrina ela Igreja e à moral católica. De fato, o que caracteriza um autêntico nobre, antes de tudo, é a prática consciente e convicta de sua Fé católica, da qual decorre uma conduta moral irrepreensível , cujo campo imediato de ação é sua própria família. O nobre está cercado pela família como a lua pelo seu halo. A. luminosidade de seu exemplo tem corno complemento normal e necessário o brilho que se desprende de seu halo familiar. Mas, para o bem de toda a sociedade, não basta que os nobres sejam po1tadores dos valores que lhes são próprios. É preciso que as outras classes sociais notem tais valores nos nobres CATOLICISMO -

quando eles são bons católicos. Ora, essa transparência, esse modo especial de ser, que faz com que suas qualidades e atributo possam ser observados e admirados por toda a sociedade, provém de uma longa tradição.

Persuadir sem oprimir e arrastar sem forçar Além dessa fidelilade inabalável à Fé cató li ca, o nobre deve possuir também certas qualidades que lhe permitam exercer da melhor maneira possível essa influência benéfi ca sobre a sociedade. Uma delas, e das mais impo1ta.ntes, é, no dizer de Pio XII, "o trato prudente e delicado nos negócios difíceis e graves". Segundo a doutrina católica, prudência é a vi1tude cardeal que leva o homem a dispor os meios necessários para chegar ao fim que tem em vista. Esse trato prudente, feito com cautela e habilidade, aliado ainda ao "prestígio pessoal, quase hereditário, nasfam.ílias nobres", faz com que os nobres

Abril de 1997

consigam, ainda nas palavras de Pio XII, "persuadir sem oprimir, arrastar sem forçar '. E tal poder ele persuasão e de atração sobre a opini ão pública é dado pela tradição inerente à classe nobre, tornandoª capaz de conduzir até à verdade sem necessidade de empregar a força. É um poder próprio à irradiação das virtudes específicas de um nobre - boa lógica, boa argumentação, linguagem elevada, agradáve l e atraente, distinção, etc. - que o habilitam a influir nas almas para levá-las ao bem. A sociedade moderna, porém , impregnada pelo desprezo aos antigos estilos de vida, ao antigo tipo humano, não costuma consultar a nobreza antes de agir, de tornar alguma resolução importante, de realizar algum empreend imento. Entretanto, isto se dá porque geralmente a nobreza, j á nos dias de Pio XII, não estava especialmente empenhada em fazer brilhar, aos olhos ela soc iedade, os valores , os ta lentos e as qualidades que tinha ou que deveria ter. Mas se os nobres se empenharem em possuir esses talentos e qualidades, mesmo nos dias de hoje existe um número incontável de pessoas que saberão reconhecer e dar valor a ditos talentos e qualidades, facilitando assim a missão benéfica da nobreza sobre as demais classes sociais.

O infortúnio é o pedestal da grandeza Nos tempos modernos, em meio aos numerosos go lpes

que sofreu, a nobreza deveria saber aproveitar essa oportunidade muito especial ele mostrar sua própria grandeza. Ou seja, ter diante cio infortúnio uma atitude condizente com sua longa tradição. Pois toda instituição, vista à luz de seu próprio infortúnio, deixa ver sua própria grandeza. De fato, o infortúni o faz com que o homem cresça e mostre de maneira mais nítida suas qualidades. Com urna instituição, corno a nobreza, sucede o mesmo. Se ela receber o infortún io como deve, suas qualidades - e entre elas, muito espec ialmente, sua grandeza - brilharão com mais intensidade aos olhos de todos. Poi s o infortúnio confere grandeza a incontáveis situações. Há traços de grandeza em situações de infortúnio que são de uma beleza incomparável. Foi grande o número de santos que morreram em infortúnios tremendos, mas envo ltos em halo ele enorme grandeza. Sem falar no exemplo infinitamente s ublime de Nosso Senhor Jesus Cristo, em quem o supre mo infortúnio da morte na Cruz coincidiu com o ápice da grandeza em sua vida terrena. Assim, e a nobreza tomar com espú-i to de seriedade, verdacleirnmente católico e sobrenatural , o info1túnio que sobre ela se abateu em tantas situações e em tantos países, sua grandeza reluzirá com brilho especial aos olhos de todos na época presente e nos tempos futuros. Pois o infortúnio é propriamente o pedestal da O grandeza. Nota da redação: Excertos de conferência pronunciada pelo Prof". Plinio Corrêa de Ol iveira para sóc ios e cooperadores da TFP em 14 el e nov embro de 1992, co mentando, a pedido destes, a obra ele sua autoria Nobreza e elites tradicionais

análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana (Editora

Maria Stuart e Maria Antonieta: sublimadas pela morte

A

História dá exemplo de vários reis e rainhas que, enquanto tais, tiveram uma atuação e um comportamento muito a desejar, tanto por seus erros como por suas omissões, tanto na esfera política como no campo moral. Tais governantes, entretanto, confrontados com uma situação de infortúnio, que para eles se configurava corno a condenação à morte violenta, souberam encará-la com serenidade e espírito de fé, transformando ocadafalso em que subiram no pedestal de sua própria grandeza. Desses exemplos históricos, escolhemos o de duas rainhas, que parecem ser dos mais significativos: Maria Stuart e Maria Antonieta.

numa conspiração que se destinava a matar a soberana inglesa. Diante da morte, Maria Stuart conservou urna fidelidade tota l à sua fé católica, da qual nunca se afastou, mesmo em seus piores momentos , e fez questão absoluta de morrer como católica, recusando todos os ministros hereges que lhe eram oferecidos. A maneira como se portou diante cio infortúnio lhe conferiu o halo ele grandeza com que seu nome aparece na História. *

*

*

Sobre a transformação sofrida por Maria Anto-

nieta ( 1755-1793) *

*

*

Maria Stuart (1542-1587) foi rainha de França, enquanto esposa de Francisco II, de 1558 a 1560. Com a morte prematura do jovem e debilitado rei, voltou ela à Escócia para ocupar o trono de seu país natal, a que tinha Maria Stuart direito como única filha legítima do finado rei Jaime V. Entretanto, seu comportamento como rainha da Escócia, especialmente do ponto de vista moral, foi bastante reprovável. Não só introduziu na corte escocesa os divertimentos renascentistas vigentes na corte francesa, corno se tornou conivente com uma conspiração que eliminou seu segundo marido, Lord Henry Darnley, para poder casar-se com seu favorito, o Conde Bothwell, cabeça da referida conspiração. Este fato p;ovocou um levante contra ela, obrigando-a a fugir do país. Imprudentemente, pediu asilo à sua acérrima e mal disfarçada inimiga Elizabeth I, da Inglaterra, que a conservou prisioneira por quase 20 anos, terminando por mandá-la executar a pretexto de seu suposto envolvimento

diante do infortúnio, assim se exprimiu o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira: "Em pleno desabamento do edifício político e social da monarquia dos Bourbons, quando todos sentiam o solo ruir sob os pés, a alegre Maria Antonieta arquiduquesa dÁustria, a jovial rainha ele França, cujo porte elegante lembrava uma estatueta de Sevres, e cujo riso tinha os encantos de uma felicidade sem nuvens, bebia, com dignidade, com sobranceria e com resignação cristã admiráveis, os goles amargos da i rnensa taça de fel com que resolvera glorificá-la a Divina Providência. "Há certas almas que só são grandes quando sobre elas sopram as rajadas do infortúnio. Maria Antonieta, que foi fútil corno princesa e imperdoavelmente leviana na sua vida de rainha, perante o vagalhão ele sangue e miséria que inundou a França, transformouse de modo surpreendente. O histo1iador verifica, tornado de respeito, que da rainha surgiu urna mártir, da boneca uma heroína ... " (Catolicismo, nº 463, Julho de 1989, contracapa).

Civili zação, Porto, 1992)

CATOLICISMO -

Abril de 1997

11


d,°F?J .·

,/'.'1í·G';i'J1':.F .

DISCERNINDO, DISTI~, ,O, CLASSIFICANDO...

TELi&• 1' :·~ 1· {,>!:,.~ fJ;.:r~,; AS ~~

O que 'diria o velho Gutenberg? C. A.

D

izem que um dos inventores E o mais incrível é que todos os jorda bomba atômica suicidou- nais - falo aqui da grande imprensa se ao constatar os efeitos de- - mais ou menos se equivalem. Pervastadores para os quais estava sendo deu-se a originalidade. Não espanta pois dirigida sua invenção. O que diria o velho que a opinião pública Manipulação do Gutenberg se tivesse pová gradativamente noticiário, dido presenciàr em vida descolando dos jornais os desatinos e os males imoralidade, vazio, e desdenhando o que mediocridade vão nos quais se precipita eles publicam como hoje a imprensa, sua insendo sensacionalisafastando os venção, cettamente mais mo e inverdades. leitores da Segundo o profespoderosa para destruir as grande imprensa almas do que uma bomsor de ética jornalística, Carlos Albetto Di ba atômica? Com efeito, outro dia fui visitar um Franco, há uma verdadeira manipulaamigo em seu escritório. Encontrei-o ção do noticiário: "Matérias previafolheando distraidamente um jornal. mente decididas em guetos engajados Perguntei-lhe: "algo de novo no noti- buscam a cumplicidade da imparciaciário?". Nada - respondeu-me ele lidade aparente" ("O Estado de S. Pau- o vazio de sempre ... politicagem, lo", 16-9-96). E prossegue: imoralidade e só. "Mas nem tudo é manipulação. A A resposta não me surpreendeu. preguiça profissional é outro veneno Também eu já me habituei a percorrer da qualidade. Repórteres carentes de as páginas dos diários, encontrando no informação especializada e de docufim a decepção. Moralidade, elevação mentação apropriada, acabam derrade vistas, verve no apresentar os temas pando no escorregadio terreno dojorsão valores que vão desertando as pá- nalismo declaratório. A incompetênginas da imprensa. cia arrogante foge dos bancos de daAté os quadrinhos, outrora feitos dos". Não se nota igualmente a prepara rir, vão virando mera pornogra- sença de "perguntas inteligentes". fia. Para não falar dos suplementos Para Di Franco, eria preciso, da para adolescentes que mais parecem parte da imprensa, "admitir a prática cursos especializados em prostituir de atitudes de prejulgamento, de mamoças e rapazes. E assim vai. nipulação informativa, de leviandade Os assuntos realmente importan - edito rial" , mas isso exigiria "senso de tes e sérios são tratados como maté- honra e coragem moral". ria de segunda classe. O bonito é saMas não é só no Brasil. O fenômeber o que pensa (ou não pensa) a atriz no é generalizado. Na França, por tal, o jogador fulano, a modelo exemplo, país culto por excelência, o sicrana. E o supra-sumo é conhecer desagrado do público vai se refletindo com antecedência quem vai morrer na situação financeira dos jornais, cada no próximo capítulo de O Rei do vez mais abalada, que obriga a imprenGado ou de qualquer outro drama- sa dita "livre" a mendigar verbas golhão da TV. vernamentais para sobreviver. 12

CATOLICISMO -

Abril de 1997

"Os jornais e revistas franceses não estão conseguindo aumentar o número global de seus leitores" informa David B uchan, do "Financial Times". E acrescenta: "A França tem publicações demais à procura de poucos leitores. O mercado de revistas noticiosas também está supercongestionado". O "La Tribune" e o "Agefi" já são deficitários, "L'Evénement du Jeudi" está em dificuldades financeiras, "Le Nouvel Economiste" passou de semanal a quinzenal e assim por diante. D

llJC SMO Publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes Ltda. Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornnllsta Responsável: Mariza Mazzilli Costa do Lago Registrada na DRT-SP sob o n' 23228 Redação e Gerência: Rua General Jardim, 770, cj. 3 D CEP 01223·01 O São Paulo SP Tel/fax (011) 257-1088- ISSN 0008-8528 Fotolitos: Bureau Bandeirante de Pré-impressão Lida. Rua Mairinque, 96 CEP 04037-020 São Paulo SP Impressão: Gráfica Editora Camargo Soares Lida. Rua da Independência, 767 CEP 01524-001 São Paulo SP

Preços da assinatura anual para o mês de ABRIL de 1997: Comum: R$ 50,00 Cooperador: R$ 75 ,00 Benfeitor: R$ 150,00 Grande Benfeitor: R$ 250,00 Exemplares avulsos: R$ 5,00 N.8.- 0 que exceder ao va lor da assinatura comurn con sidera -s e um donativo para a difu são el e Catolicismo e para as at ividades estatut árias da TFP

~~lWíl~@ ©~ ffe\'ií~fM©íllMl~fM'ií@ ffe\@ ffe\~~íl[Mffe\[M'ií~ Telefone: (011) 223-4233

t@ll~~l?@!M©~!Mtílffe\~ Caixa Postal 9159 CEP 01065-970 São Paulo SP

-~'

Revelações comprometedoras de um redator de novelas DIOGO WAKI

"Eu percebo uma coisa: que o telespectador, ao ver uma novela na TV, fica desarmado pela emoção. E quando você o encontra desarmado assim, você pode jogar elementos educativos dentro da trama que ele assimila muito bem". O leitor imagina quem ousou fazer uma declaração de tal gravidade? O autor de uma di:lS novelas de maior audiência da televisão brasileira, O Rei do Gado, cuja apresentação pela Globo terminou em 14 de fevereiro último. Sim, o Sr. Benedito Ruy Barbosa confessou com toda a clareza, num debate na Roda Viva da TV Cultura, em 24 de fevereiro p.p., a manipulação a que foram submetidos os telespectadores - talvez alguns que me estejam lendo - hipnotizados du-

Confissões do autor de

O Rei do Gado desvendam manipulação de opinião pública

rante meses por um enredo e uma encenação, nos quais "foram jogados elementos educativos". Seria interessante se o autor da novela pudesse revelar o que ele entende por "elementos educativos", pois não é fácil aquilatar quais sejam. Segundo suas declarações, tais "elementos educativos" seriam assimilados por um telespectador já desarmado pela emoção. Ficaria ele assim inteiramente à mercê do autor da peça, podendo ser levado a praticar o bem ou o mal. O excesso de crimes, imoralidades e violências sexuais não se deverão, em boa me"Tudo aponta para um ambiente termidida, à tal "educação" nal de degradação e promessas não cumdos programas de telepridas". (FSP, TV Folha, 7-7-96- Fernando visão? de Barros e Silva)

Frases que falam ...

"Para Rainha, a Globo conseguiu pela primeira vez fazer a ficção se aproximar da realidade". (FSP, TV Folha, 7-7-96- Daniela Falcão) Declarações de João Pedro Stédile: "O Rei do Gado ajuda a popularizar o tema da reforma agrária, tão urgente para desconcentrar a terra e resolver diversos problemas sociais do Brasil. A transformação de "marginais" em personagens de novela, debatendo essas questões, é uma contribuição importante da arte para a construção de uma realidade com mais justiça social (OESP, 16-7-96).

Derrubada de barreiras entre ficção e realidade Outro aspecto importante a ser considerado é a confusão que o a11tor da novela, intencionalmente ou não, estabelece entre a realidade do problema agrário brasileiro e a ficção de O Rei do Gado.

CATOLICISMO -

Abril de 1997

O autor procura apresentar a novela tão próxima da realidade que se um telespectador desprevenido - e creio que é assim a maioria dos consumidores de novelas - assistir logo em seguida a um noticiário sobre a invasão de uma fazenda por um bando de semterra, ele não saberá dizer, depois de desligar a TV, em que ponto terminou a ficção e começou a realidade. Assim, José Rainha, agitador profissional, acusado de um crime que teria cometido há alguns anos e de violações atuais da lei, promotor de invasões armadas a fazendas, poderá ter sido confundido, na mente de um homem comum da rua, com o "Regi no" da novela (note-se que o nome Regi no é quase o masculino de Rainha), pacífico e idealista, que luta apenas por um pedaço de terra para plantar. E se o diretor da novela souber carregar uma cena de injustiça praticada contra o tal Regino, de tal forma que cause um grande impacto nos telespectadores, quase todos eles ficarão com pena do Rainha. E foi extamente isso o que aconteceu. Num determinado ponto da novela, o Regino é barbaramente assas'sinado. A confusão foi tal que, o próprio autor da novela, declara que algumas pessoas escreveram protestando porque haviam matado o Regino. Mesmo sem levar em conta os malefícios de uma novela do ponto de vista moral, basta essa conseqüência de ordem psicológica - a queda da barreira entre ficção e realidade - para torná-la particularmente funesta aos seus espectadores. A confusão entre os dois campos parece tão evidente que convém regis13


trar aqui uma observação. Na novela há o enterro de um senador em cujo velório comparecem, em carne e osso, dois senadores do PT: o Senado~Eduardo Suplicy, de São Paulo, e~a Senadora Benedita da Silva, do Rio de Janeiro. Alguns dias antes, os jornais estamparam, com grande destaque, a fotografia daquele mesmo senador em um acampamento de sem-terra, no Pontal do Paranapanema, no qual ele pernoitou numa barraca. Pouco tempo depois, vê-se nos órgãos de imprensa outra fotografia, na qual ele aparece visitando uma invasora, num hospital do interi-

"desideologizar a Reforma Agrária" (!), a qual só deveria ser vista do ponto de vista técnico ... Entretanto, para ser coerente com essa posição, o Sr. Benedito Ruy Barbosa deveria também "desideologizar" sua novela, a qual deveria ser vista apenas sob o aspecto artístico. Ora, não é isto o que acontece, pois, do começo ao fim, a trama desenvolvida em O Rei do Gado está impregnada do espírito de luta de classes dos sem-terra contra caricaturas de fazendeiros: "o rei do gado" e o "rei do café".

Isto não traz no seu bojo a conhecida, surrada e falida dialética marxista? Isto não é ideologizar?

... uma Reforma Agrária de novela Para analisar melhor os efeitos da presente novela sobre seus espectadores, devemos considerar em que contexto histórico ela foi lançada. A Reforma Agrária vem figurando na legislação do País desde 1964, quando foi promulgado o Estatuto da Terra. De lá para cá, tem sido aplicada, com maior ou menor intensidade, pelos diversos Governos militares e pelos da Nova República. Entretanto, apesar de contar com o apôio maciço da mídia de esquerda, da CNBB e de toda a ala progressista da Igreja, a Reforma Agrária ainda está longe de ser o que seus mentores desejariam que fosse. Desapropriaram milhões de hectares e assentaram centenas de milhares de famílias. Mas os assentamentos fracassaram, transformando-se em verdadeirasfave/as rurais. Fazendas desapropriadas, outrora produtivas, ficaram relegadas a um desolador abandono. Assim, essa Reforma Agrária socialista e confiscatória, que está implantando a miséria no campo, ficou num impasse.

Fotos: Folha lrnagern/Ana Otton i

Acima e embaixo: filmagem de O Rei do Gado. Quando a realidade é trabalhada pela ficção ...

or, ferida durante a invasão de certa fazenda. O que é ficção, o que é realidade? O telespectador comum não sabe mais distinguir. Quando a pessoa chega neste ponto, está preparada para aceitar, como verdadeiro, tudo o que aparecer na novela.

As leis são todas aprovadas, porém as invasões não contam com o apoio dos empregados e colonos das fazendas invadidas. Por outro lado, boa parte dos habitantes das cidades mostra-se indiferente ao problema. Além disso, os sem-terra começaram a apelar para a violência, intensificando as invasões e as mortes, perdendo terreno junto à opinião pública. Diante desse quadro, era preciso que a mídia viesse em socorro da Reforma Agrária, com todo o poder da propaganda, para tentar fazê-la aceitar pela população, se não com entusiasmo, pelo menos sem resistência (ver no quadro ao lado expressiva descrição feita pelo Professor Plínio Corrêa de Oliveira, do poder da propaganda). E o que fez tal novela? Pintou os semterra como homens pacíficos, ordeiros, bem intencionados, que queriam apenas um pequeno pedaço de terra para plantar. Ao primeiro sinal de resistência, abandonavam pacificamente a fazenda que pacificamente haviam invadido. Corno isto é diferente, dir-se-ia quase o contrário da realidade!. .. Pois são freqüentes os casos de violência praticada pelos sem-terra no decurso das invasões. Na novela o fazendeiro é apresentado como um tipo valentão, arrogante e aproveitador. Entretanto, todos sabem que, na vida real, os fazendeiros no Brasil, no comum dos casos, não são como o retratado na novela. Tanto é assim que, em todas as invasões dos sem-terra,jamais se teve conhecimento de que os empregados de uma fazenda se alinhassem com os invasores da mesma. Pelo contrário, saíram em defesa de seus patrões, inclusive alguns perderam a vida, em defesa do direito de propriedade.

Uma Reforma Agrária sem ideologia ...

A ditadura da novela

O mais curioso é que o autor da novela declara que "nasceu petista" e que votou no Lula para presidente em 94, mas afirma ser necessário

Durante o referido debate na TV, uma pergunta deixou embaraçado o autor da novela. Baseado em suas próprias palavras - segundo as quais ele se gabava de

14

• CATOLICISMO -

Abril de 1997

Dogmatismo da propaganda atual

Prof. Plínio Corrêa de Oliveira

T

ranscrevemos a seguir uma clarividente análise do ca ráter "dogmático" da propaganda contemporânea, de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, fundador da TFP: "Com o extraordinário incremento da imprensa, abriu-se para a Humanidade, no século dezenove, a era da Propaganda. Cada vez menos, os movimentos profundos dos povos nasceram de impulsos, tendências ou formais desejos concebidos nas camadas profundas das psicologias nacionais. E, cada vez mais, os movimentos coletivos vêm sendo induzidos, de fora para dentro, pela Propaganda. Em outros termos, mais e mais os povos se foram tornando massas.

"No momento em que a excelência dos recursos psicológicos e técnicos chegava a uma perfeição que certamente Gutenberg nem sequer imaginava, Marconi deu ao mundo a rádio-comunicação. E quando esta se achava em franca via ascensional, apareceu, po/sua vez, uma rival que haveria de reduzir fortemente a influência da imprensa e do rádio, monopolizando para si a liderança da propaganda política, ideológica, ou econômica. É a televisão. E vai se afirmando agora a era da cibernética... ..

CATOLICISMO -

Abril de 1997

"A marcha ascensional que se nota na celeridade dos meios de comunicação se verijka igualmente no tocante à perfeição das comunicações. E também no gradual aprimoramento da sua já exímia capacidade de informar. Neste sentido, a imprensa, o rádio e a televisão, todos em contínuo progresso, se completam de maneira a pôr à disposição do homem uma abundância de idéias e de imagens espantosa. Para informar, impressionar e persuadir o homem, atingiram esses meios de comunicação um poder maior, em muitas circunstâncias, do que o dos mais salientes potentados do passado. Pois tais meios, sobretudo se conjugados a serviço de uma mesma idéia, ou de um mesmo interesse, podem influenciar mais o curso dos acontecimentos do que um monarca, um diplomata, um guerreiro ou um filósofo.

*** "Dado que os movimentos das massas marcam hoje em dia os rumos para as nações, e os meios de comunicação social marcam os rumos das massas, no mundo contemporâneo cabe a esses meios wnafunção rectrix, a qual, numa curiosa interação, se por um lado pode menos do que a soberania estatal, por outro lado pode muito mais do que ela. Pois os potentados da Propaganda exercem nas mentalidades da base ou da cúpula do mundo contemporâneo uma forma sui generis de poder, a qual tem algo de um "papado" laico" (As CEBs... das quais muito se fala, pouco se conhece. A TFP as descreve como são, Plínio Co1Têa de Oliveira, Gustavo Antonio Solimeo e Luiz Sérgio Solimeo, Editora Vera Cruz, São Paulo, 1982, pp. 34-36). 15


que não era "revisado" por ninguém - o repórter lhe perguntou então quem controlava o "dono da novela". Pois se ela tem uma audiência de ,§0 a 60 mil hões de brasileiros, que podem ser levados para qualquer lado, quem dita as normas e estabelece os parâmetros? É ele mesmo? Então ele é um ditador? Não estaria assim instaurada uma ditadura da novela? Inteiramente embaraçado, Benedito Ruy Barbosa saiu-se com uma evad ize ndo q ue eram os s iva, telespectadores que estabeleciam este limite, o qual ele não poderia ultrapassar. Tão logo pôde, o autor da novela desviou o assunto para criticar a Revolução de 1964 pela instauração da censura. Mas ficou insinuado, pelo que acabara de confessar, a existência de uma espécie de ditadura q ue dirige os telespectadores. Disso já bem advertia Carlos de Laet - ilustre membro da Academia Brasileira de Letras nos fins do século passado e início deste - ao afirmar que, naquela época, havia uma verdadeira tirania implantada pela imprensa (ver quadro à direita).

Conclusão Segundo consta, há um tipo de serpente que antes de devorar a vítima um passarinho por exemplo - a hipnotiza. O pobre animal, tremendo de pavor, caminha, contra a sua vontade, em direção à boca da serpente. Cuide-se, portanto, o caro leitor quanto ao fascínio que exerce a TV sobre as pessoas. Mais cedo ou mais tarde poderá constatar que, além dos malefícios que causa ao corpo, ela destroe na alma todos os princípios básicos de uma reta atuação da inteliO gência e da vontade.

Nota: Esta redação tem arquivada a gravação em videocassettedo programa Roda Viva da TV Cultura, levado ao ar em 24-2- 1997 , com as dec larações cio Sr. Bened ito Ruy Barbosa.

16

Tirania do IV Poder Reproduzimos abaixo as pe- a reputa uma salvaguarda dos netrantes observações sobre o seus interesses e a vindicatriz despotismo da imprensa feitas dos seus direitos. É contra este pelo líder católico e literato bra- sofisma que ora me insurjo. "Que é tirania, senhores?· ·-· sileiro de fins do século passado e início do atual, Carlos de Laet: Creio não errar definindo tira"Tirania da imprensa! Sim, nia o indébito e opressivo potirania da imprensa ... Agora der exercido por um, ou por está lançada a palavra, "le mot poucos, contra a grande maioest lancé" ... "Nescit vox missa ria dos seus conterrâneos. Ora, reverti", não volta atrás o que esta definição maravilhosamenjá se disse e remédio não te- te quadra ao chamado poder da nho senão justificar a minha imprensa. "Sim, ela é o poder de poutese. "Senhores, uma das grandes cos sobre a massa popular. singularidades dos tempos atu- Contai o número imenso de homens que não jzguais é que os povos ram, que não povivem a combater demfigurar na imfantasmas de tiraprensa, uns porque nias, e indiferentes lhes faltam aptiàs tiranias verdadões, outros por deiras. As revolunegação a esse gêções derribam monero de atividade, narcas, que às veoutros porque não zes são magnânitêm. dinheiro ou remos pastores de 1ações que lhes Povos. Antigamenabram as portas te cortavam-lhes dos jornais; contai, Carlos de Laet as cabeças. Mas por outra parte, o hoje nem sequer essa honra lhes fazem: conten- minguado número de jornalistam-se com despedi-los,fazem- tas, e dizei-me se não se trata nos embarcar a desoras, por- de uma verdadeira oligarquia, que sabem que já poucos são do temeroso predomínio de um os reis cônscios da sua missão pugilo, de um grupinho de hoprovidencial e do seu dever de mens sobre a quase totalidade resistência... Por outro lado, dos seus concidadãos. "E que poder exerce esse apregoa-se a tirania do capital; e, adversa a todo capitalista e grupo minúsculo? "Enorme. · a cada empresário, está uma "A imprensa pode, efetivaturba fremente prestes a tumultuar, quando julga menosca- mente, influir no governo de um bados os seus direitos ... E to- país, constituindo aquilo que já davia, senhores, o povo ainda se chamou o quarto poder do Esnão compreendeu que uma das tado" ( O frade estrangeiro e oumaiores tiranias que o tros escritos, Edição da Acadeconculcam é a da imprensa,- e, mia Brasileira de Letras, Rio de D longe de compreendê-lo, antes Janeiro, 1953, pp. 80-81). , CATOLICISMO -

Abril de 1997

PALAVRA/ DE VIDA ETERNA

Cura do servo do centurião E, tendo entrado em Cafarnaum, aproximou-se dele um Centurião, fazendo-lhe uma súplica, e dizendo: Senhor, o meu servo jaz em casa paralítico, e sofre cruelmente. E Jesus disse-lhe: Eu irei, e o curarei. Mas o Centurião, respondendo, disse: Senhor, eu não sou digno de que entres na minha casa; dize, porém, uma só palavra, e o meu servo ficará curado. Pois também eu sou um homem sujeito a outro, tendo soldados às minhas ordens, e digo a um: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze isto, e ele o faz. E Jesus, ouvindo (estas palavras), admirou-se, e disse para os que o seguiam: Em verdade vos digo: Não achei fé tão grande em Israel. Digo-vos, porém, que virão muitos do Oriente e do Ocidente, e que se sentarão com Abraão e Isaac e J acó no reino dos céus, enquanto que os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes (São Mateus 8, 5 a 12).

Comentários extraídos da Catena Aurea, 1 de Santo Tomás de Aquino

e

afarnaum (que significa vila da abundância, campo de consolação) representa a Igreja que se havia de formar dos gentios, a qual está plena de abundância espiritual, conforme aquelas palavras do Salmo 52: "Fique minha alma bem

cheia de ti como de um manjar abundante e suculento". E entre as aflições do mundo, consola-se com os bens do Céu, segundo as palavras do salmo 93:

"Quando se multiplicam as angústias no meu coração, as tuas consolações deleitam a minha alma". Este Centurião é o fruto primeiro dos gentios, em comparação de cuja Fé se considera como infidelidade a fé dos judeus. Não tinha ouvido a pregação de Nosso Senhor Jesus Cristo e nem visto a cura do leproso, mas, tendo sabido dela, acreditou mais do que os que a presenciaram, vindo a ,ser, então, a figura que representava a futura conversão dos gentios, aquele que não conhecia a Lei e nem os profetas, nem mesmo havia visto os milagres.

Acercou-se, pois, o Centurião, rogando e dizendo: "Senhor, o meu ser-

vo jaz em casa paralítico, e sofre cruelmente". Vemos aqui a bondade do Centurião, que tanta solicitude mostrava pela saúde de seu servo, como se nenhum dano de dinheiro, senão na sua própria saúde, houvesse de experimentar com a morte de le: não via nenhuma diferença entre o servo e o senhor, porque a natureza de ambos é igual, embora, segundo o mundo, a dignidade entre eles seja diferente. Vemos também, aqui, a Fé do Centurião, ao dizer: "vem e cura-o", porque, Nosso Senhor estando ali, entretanto estava presente em todas as partes. Vemos igualmepte sua sabedoria, porque não disse "cura-o daqui mesmo". Sabia, pois, que tinha poder para fazê-lo, sabedoria para compreendê-lo e caridade para ouvi-lo. Portanto, limitou-se a expor a enfermidade, deixando o remédio da cura ao arbítrio de sua misericórdia. CATOLICISMO -

Abril de 1997

Dizendo "sofre cruelmente", manifesta que o amava; pois quem ama o que está enfermo sempre julga que o mal de que padece é de maior grav idade do que na realidade o é. Assim, sob a pressão da dor e com gemidos articulava essas palavras: "jaz em casa paralítico, e sofre cruelmente", com o fim de manifestar a grande aflição de sua alma e comover o Senhor. Exemplo de como todos devem compadecer-se de seus criados e ter cuidados com eles. Vendo Nosso Senhor a fé, a humildade e a prudência do Centurião, disse-lhe imediatamente que iria e curaria o servo. O que nunca tinha feito, fez Jesus agora: em todos os lugares segu ia a vontade dos que suplicavam; aqui se excede: não só ofereceu curálo, senão também ir à sua casa. Fez isso para conhecermos a virtude do Centurião. Assim como admiramos a fé do Centurião, porque acreditou que oparalítico poderia ser curado pelo Senhor, 17


assim também se manifesta sua humildade enquanto se considera indigno de que o Senhor entre em sua casa, como está dito: "Senhor, eu não so1i1, ,digno de que entres na minha casa". Considerando-se como indigno, apareceu como digno, não de que entrasse o Senhor em sua casa, mas em seu coração. E não teria dito isto com tanta fé e humildade se não tivesse já em seu coração Aquele de quem temia que entrasse em sua casa, pois não constituiria uma grande felicidade se Nosso Senhor Jesus Cristo entrasse em sua casa e não em seu peito. Quando a _pessoa come a Carne e bebe o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, Nosso Senhor entra em sua casa. E ela, humilhando-se, diz: "Senhor, não sou digna". Mas quando entra em quem não é digno, entra para julgar! A prudência do Centurião aparece no ver, através do Corpo do Salvador, a divindade que nEle se encontrava oculta, e por isso acrescenta: "dize,

porém, uma só palavra, e o meu servo ficará curado". Sabia, pois, que os Anjos estavam ali assistindo-O invisivelmente, convertendo em obras todas as suas palavras, e que, embora a ação dos Anjos cessasse, as enfermidades não podiam resistir às suas palavras de vida. Disse também o Centurião que seu servo podia ser curado somente por uma palavra porque toda a salvação dos gentios procede da Fé, e a vida de todos consiste no cumprimento dos preceitos do Senhor. E por isto continua dizendo: "Pois também eu sou um homem sujeito a outro, tendo soldados às minhas ordens, e digo a um: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze isto, e ele o fa z ". Por inspiração do Espírito Santo insinua o mistério do Pai e do Filho, como se dissesse: "Ainda quando eu estou sob a autoridade de outro, sem embargo, tenho poder para mandar nos que estão sob mim; assim Vós, mesmo quando

estais sob o poder do Pai, isto é, enquanto Homem, tendes, não obstante, poder para mandar nos Anjos". Por súditos do Centurião podem-se entender as virtudes naturais, muito abundante nos gentios, ou mesmo os pensamentos bons ou maus. Digamos aos maus que se retirem, e se retirarão; chamemos os bons para que venham, e virão; e também a nosso servo, isto é, nosso corpo, que se sujeite à vontade divina.

Comentários do Pe. Luís Cláudio Fillion (2) O Centurião merecia um elogio público. "Em verdade vos digo: Não achei fé tão grande em Israel. Digovos, porém, que virão muitos do Oriente e do Ocidente, e que se sentarão com Abraão e Isaac e Jacó no reino dos céus, enquanto que os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores". Os filhos do reino são os judeus, para os quais estava destinada, primeiro, a possessão do reino celeste; mas sua incredulidade será a causa de que a maior parte deles seja excluída do reino, enquanto que os gentios de todas as nações, tornados fiéis, ocuparão seus lugares. Depois do elogio dessa fé insigne, veio a recompensa, que consistiu na cura imediata do enO fermo.

Notas:

O centurião pede a Nosso Senhor a cura de seu servo e é atendido por causa de sua fé

18

CATOLICISMO -

Abril de 1997

( 1) Santo Tomás de Aqui no, Catena Aurea, Exposición de los cuatro e vangelios , Vol. 1, Cursos de Cu ltura Catolica, Buenos Aires, 1946. (2) Pe. Luís Clá udio Fi l l i on, Nuestro Se,ior Jesucristo segú11 los Eva11gelios, Ed. Difusión, Buenos A ires, p. 146.

CARDEAL VON GALEN:

Em plena Alemanha de Hitler, intrépido defensor da Igreja

1

\

Nobre de alma e de sangue, não hesitou em defender os altos interesses da Igreja Católica e de seus fiéis, denunciando as modas imorais, os cultos à natureza e à raça, promovidos pelo regime nazista Cardeal Clemens August von Galen, fiel ao dístico "Nec laudibus, nec timore" - Inflexível ante os louvores, intlexível ante os temores foi exemplo de bom Pastor em tempos difíceis

1

l

Frankfurt - Há certas figuras que, apesar de suas marcantes atividades em favor da Cristandade e de suas pátrias, não são dev idamente realçadas nos ambientes cató1icos em geral. Exemplo frisante disso é a portentosa figura de Mons. Clemens August, Conde von Galen, nascido a 16 de março de l 878, no castelo-forte de Dinglage (Alemanha). Era filho de uma família numerosa, católica, de origem nobre. Seus pais - o Conde Ferdinand Héribert von Galen e a Condessa Elisabeth, nascida von Spee - basearam sua educação numa fé profunda e num grande espírito de família. Ingressou no liceu dos jesuítas em Feldkirch, e tendo concluído seus estudos de filosofia em Friburgo (Suíça), decidiu tornar-se sacerdote. Fez seu curso de teologia em Innsbruck e Münster, sendo ordenado a 28 de maio de 1904. Tanto nos tempos difíceis da I Guerra Mundial, como no caos do pós-guerra, revelou-se um sacerdote de grande piedade, pai espiritual ardoroso e

AnuoFAoRo CORRESPONDENTE

abnegado, incansave lmente engajado no serviço dos fiéis que lhe eram confiados. Em setembro de l 933, o Papa Pio XI nomeou-o Bispo da diocese de Münster, tornando-se então exemplo do bom Pastor, inteiramente dedicado ao seu rebanho espiritual. Uma fraterna colaboração com os bispos alemães e leal dedicação ao Santo Padre testemunhavam sua profunda fidelidade para com a Santa Igreja. Desde logo se opôs às atividades do Partido NacionalSocialista (o partido nazista), impregnadas de animosidade contra a Igreja. Esta oposição se exprimiu, pela primeira vez, em carta pastoral na Quaresma de 1934. Quando o governo nazista persistiu em sua conduta persecutória em re lação à Igreja Católica, que culminou com o esbulho de conventos e mosteiros, sentiu-se obrigado a levantar sua voz. Assim, nos dias 13 e 20 de julho e 3 de agosto de 194 l, ou seja, em plena II Guerra Mundial, pronunciou três célebres sermões, difundidos pelo munCATOLICISMO -

do inteiro, e dos quais transcrevemos alguns trechos a seguir. Mons. von Galen sabia que seria alvo da vingança do Governo que increpara, e que colocava ass im sua vida em jogo. Mas estava pronto a aceitar o martírio, caso fosse necessário. E, tal como um rochedo, permaneceu de pé entre seu clero e seus diocesanos ao longo dos penosos anos da guerra. A 18 de fevereiro de 1946, o Papa Pio XII elevou-o à dignidade de membro do Colégio dos Cardeais. Retornando de Roma, o Purpurado fez sua entrada triunfal em Münster, a 16 de março de l946. Alguns dias depois caiu gravemente doente, e em vão tentou-se salvar sua vida através de uma cirurgia. A 19 de março daquele ano, dia da festa de São José e aniversário de seu batismo, recebeu os sacramentos. E no dia 22, por volta das 17 horas, Deus o chamou a Si. Mi lhares de fiéis foram rezar junto ao catafalco, na igreja de São Maurício, acompanhando depois o corpo que foi con-

Abril de 1997

duzido, no dia 28, para sua última morada, na catedral destruída pela guerra. A 10 de julho de 1956, a comunidade dos sacerdotes C01~fraternitas Sacerdotum Bonae Voluntatis pediu que se iniciasse o processo para a beatificação do Cardeal von Galen. E a 22 de outubro do mesmo ano, o Bispo Mons. Michael Keller atendeu a essa solicitação. O processo de beatificação está em curso desde novembro de 1956, na Congregação romana competente. No ano passado, o correio alemão lançou um selo comemorativo do 50º aniversário do falecimento do nobre Purpurado.

Com nazistas, nenhum acordo Vejamos alguns trechos de seus célebres sermões, acima mencionados, que se mantêm atuais face à onda de neopaganismo materialista em meio à qual vivemos. A fim de não tornar cansativa a leitura do presente texto, não colocaremos o sinal de omissão quando se dei-

19


xar de transcrever alf é. Obedeçamos sempre e sem hesitação à guma passagem. Do sermão pregavoz de nossa consciêndo no dom ingo, 20 de cia. Sigamos o exemplo daq uele Ministro j ul ho de 194 1, na ' da Justiça prussiano, igreja Nossa Senhora de Frederico o Grande Münster: "Deus seja louvade, o qual pediu para do! Há vários dias, que anulasse um j ulganenhum ataque aéreo mento que .fizera, dentro de toda legalidade, ve io convulsionar Cardeal von Galen com crianças: amenidade e que modificasse seu nossa cidade. Infelizmente, eu o devo declarw; o veredicto, atendendo aos dese"Não! Nenhuma comunhão mesmo não se deu no conde pensamentos ou de senti- jos do soberano. Este cavalheimentos é possível entre eu e ro deu a seguinte magn(fica cernente aos ataques de nossos resposta: 'Minha cabeça está eles e todos os que participam inimigos internos. de suas responsabilidades. à disposição de Vossa Maj es"Como havia oficialmente denunciado no. último domin"Assim, conforme nos recotade, não porém minha consm endou nosso Sa l vador, ciência'. Desapareceram os go, a Gestapo [polícia secreta estamos decididos a rezar por homens dessa têmpera, que denazista] cometeu uma infâmia todos os que nos perseguem e f endiam a todo custo suas conflagrante ao dissolvera congregação do co nvento de nos caluniam. Mas rec uso vicções? Eu não posso nem quero acreditar que tal tenha Wilkinghege e a casa dos j esu- qualquer acordo com eles enítas de Münster, confiscando quanto continuarem a despo- sucedido. Antes morrer do que pecar! Que a graça de Deus, seus bens - móveis e imóveis jar os inocentes de seus bens, sem a qual nada podemos, nos - , lançando seus habitantes na a expulsá-los ou a interná-los. "O bviamente, nós, crisproporcione - a vós e a mim rua e os expulsando de sua pátria. A administração regional tãos, não faremos uma revolu- - esta .firmeza inabalável e (Gauleitung) igualmente conção. Continuaremos a cumprir nela nos mantenha!" nosso dever em obediência a .fücou o Convento de Nossa Deus e por amor à nossa pá- Os nazistas substituem o Senhora de Laureies, localizaDeus verdadeiro por ídolos tria e aos nossos compatriotas. do na Frauenstrasse. Nesse " Vemos claramente e temos mesmo dia, domingo 13 de juDo sermão proferido no dia lho, a Gestapo ocupou o colé- experiência do que esconde a nova doutrina [refere-se à dou3 de agosto de 194 l, domingo, gio São Camilo. Depois, no dia trina defendida pelo Partido na igreja Nossa Senhora de 15 de j ulho, os beneditinos da Nacional-socialista], esta que Münster: Abadia da Adoração perpétua "Quanto não se observa até de Vinnenberg foram expulsos nos é imposta há vários anos, aqui, em Münste1; de impúdico em nome da qual a religião foi para além da fronteira da proe de vil! A que despudor nos víncia. No dia 17,foram as rebanida das escolas, nossas associações são oprimidas e os trajes os jovens são obrigados ligiosas da Santa Cruz da casa a se habituar: é a preparação de Aspel, próxima de Rees; foi jardins de ú1fância católicos preciso que elas abandonassem supressos: um ódio insondável de adúlteros futuros! Destróise o pudor, esta muralha da ao Cristianismo, que se deseja não apenas sua propriedade, castidade. exterminar. mas ainda deixassem a circuns"Como acreditar ser pos"Pais cristãos, vós deveis crição de Rees. "Sem a caridade cristã, esvos preocupar com tudo isto, sível manter um respeito sincero e uma obediência conscise não quereis faltar aos vostes infelizes, estes homens e enciosa para com as autoridaestas mulheres sem abrigo, tesos mais sagrados deveres, se des do Estado, se se continua quereis ter a consciência em riam sido entregues à fome e a violar os Mandamentos de paz e subsistir diante de Quem às intempéries. vos confiou estas crianças, Deus, a combatê-los, a tentar "Tais vias de fato , contráexterminar a fé em Deus, o Serias a qualquer espírito cavapara que por vós foss em lheiresco e só podendo provir conduzidas nos caminhos de nhor do céu e da terra? "Em lugar do único Deus Deus. de um ódio profundo contra a verdadeiro, Eterno, inventam"'Obedecer a Deus antes Religião cristã e a i greja Caque aos homens '! Deus se di- se e veneram-se ídolos ao seu tólica, têm por efeito a sabobel-prazer: a natureza, o Estatagem e a destruição da coerige a cada um de nós por meio da consciência f ormada pela do, o povo, a raça. E numerosão nacional.

20

CATOLICISMO -

Abril de 1997

sos são aqueles cujo deus verdadeiro é 'o ventre'- para retomar a expressão empregada por São Paulo em sua epístola aos Filipenses (3, 19) - , ou seja, o bem-estar pessoal, ao qual sacrificam tudo, até a honra e a consciência; o prazer dos sentidos, a ebriedade com o dinheiro, com o poder! Em seguida, procuram se atribuir direitos divinos, como a audácia de se dizerem com direito de vida e de morte em relação aos seus semelhantes. "Jesus chora. Ele chora por causa deste pecado abominável e pelo castigo inevitável. Deus não permite que se zombe dEle impunemente. "Queremos evitar qualquer relacionamento com quem persiste em desafiar o Tribunal de Deus. Queremos nos subtrai,; a nós e aos nossos, à irifluência de quemfaz causa comum com os que desviam nossa juventude do Cristianismo, que expropriam nossos religiosos, que enviam seres inocentes para a morte. Não queremos ser contaminados por seus pensamentos e suas atitudes contrárias à Vontade divina, afim de não nos tornarmos cúmplices e incorrermos, por causa disto, no castigo que Deus, em sua j ustiça, deve ü1flingir e inflingirá a todos os que, semelhantes à ingrata cidade de Jerusalém, não querem o que Deus quer. "Ó Jesus, Sagrado Coração, afligido até às lágrimas pela cegueira e pelas iniqüidades dos homens, c;judai-nos com vossagraça,paraqueprocuremos sempre o que Vos é agradável e renunciemos ao que Vos desagrada, afim de que guardemos vosso amor e encontremos a paz de nossas almas! Amém." □ Fontes de referências: * Encic/opedia Cauolica, vol. V, verbete Galen. Cidade do Vaticano, 1950. * Mons. Clemens August Card ina l von Galen, Sennon du 13 juillet 194 1, 20 juillet 1941, 3 aot?r I 941, Regensberg, Münster, trad. Dr. Arno ld Arens.

São Vicente Ferrer: o

"Anjo do Apocalipse" Recebeu, durante uma visão, a ordem de Nosso Senhor para pregar pelo mundo inteiro a verdadeira Fé, sendo favorecido largamente com o dom dos milagres. Seus inflamados sermões atraíam multidões, obtendo a graça de incontáveis conversões, inclusive de judeus e maometanos.

ROBERTO ALVES LEITE

S

ão Vicente Ferrer nasceu em 1350, em Valência, cidadela do catolicismo em uma Espanha que se encontrava ainda em guerra contra o maometano invasor. Sua casa natal não era distante do Real Convento da Ordem dos Pregadores. Este fato favoreceu a decisão do jovem Vicente de vestir o hábito do s dominicanos. A partir ele sua profissão religiosa, em 1368 , até ser ordenado sacerdote, em 1374, alternou o estudo e o ensino da filo sofia com a aprendizagem da teolog ia em Lérida, Barcelona e Tolosa. Com perfeito conhecime nto da exegese bíblica e da língua hebraica, regressou a Valência, onde ensinou teolog ia, escreve u, pregou e aconselhou. Anos mais tarde, em Avignon (França), caiu gravemente doente a ponto de quase falecer. Foi quando teve a visão de Nosso Senhor Jesus Cristo, acompanhado de São Domingos e São Francisco, conferindo-lhe a mi ssão de pregar pelo mundo. E, repentinamente, recuperou a saúde.

São Vicente Ferrer: detalhe de quadro do séc. XV, atribuído a Juan de Reinach, na catedral de Valência A 22 de novembro ele 1399, deixou aquela cidade francesa para levar ao Ocidente a Palavra de ao arrependimento e as pessoas sedentas Deus. E, em meio à grande crise espiri- de perfeição seguiam-no. O auditório das tua l na qual estava imersa a sociedade suas pregações era sempre de multidões, daque la época, passou a derramar tesou- às vezes mais de 15.000 pessoas, portanto ros de sabedoria. ao ar livre. Contemporâneos do Santo reCom efeito, a França encontrava-se latam que, falando na sua própria língua, assolada pela Guerra dos cem anos; na era entendido mesmo pelos que não a coItália havia os conflitos entre guelfos e nheciam. g ibelinos; as regiões espanholas de Castela e Aragão estavam mergulhadas Dez mil pessoas osculando suas na anarquia; e fora das fronteiras da crismãos durante onze dias tandade havia o perigo maometano. Nessas condições, percorreu inúmeNos dia s em que São Vicente ras aldeias e cidades dos citados países, Ferrer pregou em Tolosa, por exemchegando até a Suíça. plo, não houve pregador que quisesse Sua oratória, brilhante e cheia de fazer sermão , porque todo mundo ia fogo, mantinha entretanto a lógica atrás do Santo. E sendo tão grande o imperturbável das argumentações afluxo de pessoas, que não podiam escolásticas. Mas a atração que as pes- acomodar-se bem no claustro do consoas sentiam por suas palavras era devento onde ele falaria, o Arcebispo vida principalmente a dois fatores: a per- pediu que ficasse hospedado em seu cepção da presença de Deus nele e o enpalácio e pregasse na praça de Santo levo, cheio de consolações, ocasionado Estêvão, onde podia caber público pela graça divina. maior. À sua voz as inimizades públicas cesCondescendeu o Santo, pelo fato de savam, os pecadores sentiam-se movidos pertencer o Arcebispo à sua Ordem reCATOLICISMO -

Abril de 1997

21


ligiosa, e foi para o palácio. Pregou quase todos os dias e celebrou Missa so lene na referida praça, à qual acudiam as pessoas com tão grand!e 'e mpenho que, para conseguir lugar, se levantavam à meia noite e para lá iam com archotes, cada um trazendo se u próprio assento. Porque, embora se diga que era ouvido de longe como de perto, e assim o era comumente, todos queriam estar próximos dele, para vê-lo bem e observar como oficiava as cerimônias religiosas, como curava os doentes que vinham ao palanque onde se encontrava e, finalme11te, para poder beijar-lhe as mãos, logo que terminava o sermão, e voltar para casa tendo recebido sua bênção. Em um vilarejo, as dez mil pessoas que se reuniram para ouvi-lo puseramse a oscular sua mão, repetindo tal gesto nos onze dias subseqüentes. Todas essas honras ele as referia a Deus, e dizia com o coração e com os lábios: "Non nobis, Domine, non nobis, sed nonúni tuo da gloriam - Não a nós, Senhor; não a nós, mas ao teu nome dá glória" (Salmo 113). Para evitar a vanglória que de tais honras lhe poderia advir, antes de entrar nas diversas localidades, seguindo o conselho do Divino Mestre que diz: "Vigiai e orai para que não entreis em tentação" (Mt. 26, 41), ajoe lh ava-se com os que vinham em sua companhia e, as mãos postas em oração, erguia os olhos ao céu. Provavelmente rogava a Deus que o guardasse da soberba e da vanglória , a qual, como afirma Santo Agostinho , está sempre espreitando nossas boas obras, para que percam seus méritos diante de Deus. De fato, estava o Santo tão longe de comprazer-se com a honra que lhe prestavam e com a autoridade que lhe davam , que, algumas vezes, pedindolhe os enfermos a bênção para alcançar de Deus a saúde, não queria dá-la, a fim de fugir da vanglória; se bem que, depois, movido de misericórdia, fazia o que lhe rogavam e os despedia muito contentes. 22

Para não ser esmagado, anda no meio de um quadrilátero de madeira Ao chegar perto de uma cidade, a população vinha ao seu encontro, e todos disputavam um lugar próximo dele. E só escapava de ser esmagado porque andava no meio de pranchões sustentados por homens possantes. Em várias cidades, enquanto durava sua pregação, os negócios paravam, as lojas fechavam, as audiências dos próprios tribunais eram suspensas. Os sermões duravam habitualmente duas ou três horas. Numa Sexta-feira Santa, em Tolosa, prolongou-se por seis horas seguidas! Os moradores dessa cidade espanhola costumavam dizer: "Este homem veio a esta terra para nossa salvação ou para nossa perdição. Para que nos salvemos, se ft zermos o que ele nos diz; para que nos condenemos, se nos descuidarmos de obedecerlhe. Porque até aqui podíamos dizer que não tínhamos quem nos ensinasse tão bem o que somos obrigados a fazer. E agora já não podemos dizê-lo". Foi tão grande a devoção que os tolosanos lhe dedicaram que, após sua partida da cidade, ficaram com relíquias suas e não quiseram desfazer o palanque no qual havia pregado; antes o beijavam e tocavam como coisa de Deus.

O Santo ressuscita uma desafiante judia e a converte São Vicente trabalhou ardentemente pela conversão dos judeus e dos maometanos. Há historiadores que afirmam que converteu 25.000 judeus e 8.000 mouros. Exagero? Com milagres tão abundantes e portentosos, a pergunta não deve se pôr a um espírito sério e objetivo. Assim, no Domingo de Ramos de 1407, na igreja de Ecija (Espanha), uma dama judia, rica e poderosa, que seguia seus sermões por curiosidade e desafio, sem ocultar os sarcasmos que fazia a meia voz, atravessou de improviso a multidão para sair. Não conseguia conter-se de raiva. O povo, exp li cavelmente, ficou inCATouc1sMo - Abril de 1997

Valência: Torre de Santa Catarina (séc. XVU) e Torre dei Miguelete (à direita), construída em vida de São Vicente Ferrer

dignado. "Deixai-a sair, disse o Santo, porém afastai-vos do pórtico ", o qual caiu sobre e la, matando-a. "Mulher, em nome de Cristo, volte à vida!", ordenou ele, e assim se fez. Após um tal milagre, não é de causar estranheza que essa senhora tenha prontamente se convertido à verdadeira Religião ... Naquela cidade, uma procissão anual passou a comemorar a morte, ressurreição e conversão da judia.

O próprio Santo profetiza sua canonização Com o correr dos anos, sentindo o peso da idade, o cansaço e os males físicos muitas vezes o obrigavam a caminhar amparado por outras pessoas. Porém, quando começava a pregar, tudo desaparecia. Seu rosto se transfigurava como se a pele retornasse o frescor da juventude, seus olhes brilhavam, a voz era clara e sonora. O tom de convicção, que transparecia em suas palavras, deixava atônitos os ouvintes. Por isso, não causa adm iração que, por efeito da graça, os frutos dos sermões fossem tão copiosos, de maneira que eram sempre necessários muitos sacerdotes para ouvir as confissões. São Vicente Ferrer fez laboriosos esforços para obter a conclusão do C isma

do Ocidente, pesando para isso sua extensa influênc ia na Cristandade. Apesar de tantas viagens, fadigas e penitências, sua missão apostólica continuava ainda em 1419. Quando se encontrava na Bretanha (França), percebeu que sua vida estava chegando ao fim, por causa de uma chaga que lhe envenenara a perna. Como desejavam que morresse em sua terra natal que tanto amava, colocaram-no em um navio à toda pressa, o qual navegou toda a noite. E nquanto isto, nas ruas as senhoras gritavam: "Já não temos mais o Santo". Mas , pela manhã, inexplicavelmente, o navio ainda se encontrava no porto. Sinal evidente que Deus queria que morresse na Bretanha. Depois de dez dias de agonia, assistido pelos amigos, pelos irmãos dominicanos e pelas damas da corte da Duquesa da Bretanha, entregou sua bela e combativa alma a Deus, com 69 anos de idade e várias décadas de luta no cumprimento de sua missão. Era o dia 5 de abril de 1419. O processo de canonização começou no dia seguinte à sua morte e Roma reconheceu como fidedignos 873 milagres. Foi e levado à honra dos altares em 1455 pelo Papa Cali sto III, o qual recebera, muito antes de ocupar a Sé de Pedro, uma profecia do Santo. Com efeito, durante uma das pregações que este último fez em Valência, entre a multidão dos que se aproximavam de São Vicente Ferrer para se encomendar às suas orações, prestou atenção em um sacerdote, que lhe pedia também a caridade de uma prece, ao qual o grande taumaturgo dirigiu as seguintes palavras: "Eu te felicito, meu filho. Tendes presente que és chamado a ser um dia a glória de tua pátria e de tuafamília, pois serás revestido da mais alta dignidade a que pode chegar um homem mortal. E eu mesmo serei, após minha morte, objeto de tua particular veneração". Em outra oportunidade, São Vicente Ferrer cumprimentou um jovem franciscano, a quem disse: "Oh! Vós estareis nos altares antes do que eu" .

Tratava-se do futuro São Bernardino de Siena, canonizado em 1450. Queira o Anjo do Apocalipse, como costumava se auto-intitular São Vicente Ferrer, operar novos e mais portentosos mj]agres para nossa época, incomparavelmente mais corrompida e endurecida que a dele pelos pecados dos indivíduos, das sociedades e de seus governantes.D

Fontes de referência: * Frei Vicente Justiniano Antist, Vida de San Vice111e Ferrer, in Biografía y Escriros de San Vicenre Ferrer, BAC, Madrid, 1956.

* Ludovico Pastor, Hisloria de los Papas , vo l. II , Ediciones G. Gili, Buenos Aires, 1948. * José Leite S.J., Sanros de Cada Dia, vol. 1, Editorial A.O., Braga, 1987 . * Matthieu-Maxime Gorce, Sainr Vi11 ce11r Ferrier, Librairie Plon, Paris, I 924. * Henri Gheon, San Vi cenr e Ferrer, Edi cio nes e Publicaciones Espanholas S.A., Madrid, I 945.

Cientista confessa fraude contra Santo Sudário Há alguns anos, o sagrado tecido que envolveu o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo na Sexta-feira Santa foi submetido à chamada prova do Carbono 14. Como se sabe, a Igreja não opôs qualquer dificuldade para que o Santo Sudário fosse submetido à dita prova. Assim, foram escolhidos três centros diferentes de estudos: Arizona, Zurich e Oxford, e os três concluíram que se tratava de um tecido que dataria dos séculos XI a XV. A "descoberta", que foi publicada com muito espalhafato pelos meios de comunicação do mundo inteiro, desencadeou uma série de ataques contra o Santo Sudário e contra a própria Igreja Católica, acusada de "venerar uma relíquia falsa". Isto não impediu que tais resultados fossem abertamente criticados por outros cientistas. No final do ano passado, Michael Tite, coordenador de tais exames "cient(ficos" e diretor do Museu Britânico, reconheceu em carta dirigida ao professor Luigi Gonella, consultor técnico do Arcebispado de Turim (Itália), que o Carbono 14 não oferece prova alguma a favor de sua tese e confessa que "houve intenção deliberada de enganar o público". A notícia acima foi publicada no Boletim da Agêncta Informativa Católica Argentina, nº 2084, de 27 de novembro de 1996, pp. 335-336. Aguardamos um certo período antes de reproduzí-la em nossas páginas, a fim de verificar: 1º) se não teria havido qualquer equívoco por parte do referido órgão

CATOLICISMO -

Abril de 1997

platino, sendo, por sua vez, objeto de algum desmentido; 2º) se a mesma mídia - tão empenhada em "esclarecer" a opinião pública quanto aos supostos resultados do Carbono 14 - mostraria semelhante empenho, segundo o consagrado princípio da imparcial idade jornalística, em divulgar a confissão do diretor do Museu britânico. Infelizmente, não nos consta que tenha sido dada, nem de longe, proporcional publicidade à retratação de Michael Tite. Por que estes dois pesos e duas medidas?

23


IMAGEtf _~ t~ J~:'\_· ·: i\.lNEL \l~J .,, 'ILjj,-111 - ,; ':J.

<<'··r·

Pio IX - o grande Papa do Concílio Vaticano 1, declarado Venerável pela Igreja, glória da nobreza italiana PAULO CoRRÊA DE BRITO

. S.S. Pio IX

Q

uando se fa la em Pio

IX (1792-1878), a

maioria das pessoas a figura admirável desse Papa ao Concílio Vaticano I, aos dogmas da Imaculada Conceição e da Infalibilidade pontifícia. Alguns lembram-se ainda de sua luta indômita contra os inimigos da Igreja em sua época, da fuga para Gaeta e do modo enérgico como ele os enfrentou na segunda fase de seu reinado. Época em que dardejou contra os erros do tempo vigorosos documentos como o Syl/abus e a Encíclica Quanta Cura. Pio IX, que defendeu com destemor os direitos da Igreja e os Estados Pontifícios, invadidos por Garibaldi, foi perseguido ferozmente pelas forças revolucionárias. Por essas mesmas razões, tornou-se especialmente venerado pelos fiéis do mundo inteiro. É impressionante e até comovedor constatar o apoio entusiástico que esse glorioso sucessor de Pedro, no infortúnio, recebeu de seus filhos espirituais, criando-se em torno dele,já em vida, uma inconfundível auréola de santidade. Tal renome levou Leão XIII, 19 anos após o fa lecimento de Pio IX, ocorrido em 1878, a autorizar a abertura do processo regular de sua beatificação. Poucos católicos de nossa Pátria, porém, tiveram conheci-

24

mento do decreto da Sagrada Congregação para a causa dos Santos, promulgado em 6 de julho de ] 985, declarando Venerável o combativo Pontífice. Rezemos para que, em breve, ele seja beatificado e canon izado. Papa e muito provavelmente santo! Mas além desses dois galardões, João Maria Masta i Ferreti detinha outro título de glória: o da nobreza. Seu pai, o Conde Jerônimo Mastai Ferreti, era adornado, devido à sua ascendência, pelos nomes de duas ilustres e nobres famíl ias: o dos Mastai, de Cesena, ao qual se juntou mais tarde, mediante casamento, o nome dos Ferreti, originário de Ancona. A exata noção da importância que o Papa Mastai Ferreti atribuía à nobreza fica atestada

Na praça de Senigallia, o Palau.o Bavaria (esq.) e o castelo Della Rovere

por estas palavras que pronunciou em discurso ao Patriciado e à Nobreza romana, em 29-121872: "O próprio Jesus Cristo amou a aristocracia . .... Ele quis nascer nobre, da estirpe de Davi. E o seu Evangelho nos dá a conhecer a sua árvore

Palau.o Mastai Ferreti

,

CATOLICISMO -

Abril de 1997

genealógica até José, até Maria, 'de qua natus est Jesus'. "Portanto a aristocracia, a nobreza é um dom de Deus"(*).

*

São eles o castelo ou forta leza Della Rovere - sólida construção de fins da Idade Média, com pesadas torres (que não são vistas na foto), mura lha e se teira s orn amen tais - e o Palazzo Bavaria, da Ordem de Malta, em esti lo cl áss ico, construído em época mais recente. A casa dos Mastai Ferreti, onde nasceu Pio IX, (que se vê na p. anterior, embaixo, de F. Peterlini, 1846), constitui um pequeno mas autênticoPalazza italiano, também de estilo clássico. Nas sociedades orgânicas e hi erarquizadas, como eram as populações dos Estados italianos antes de sua unificação revolucionária - co nsum ada pe la iníqüa invasão e pelo desaparecimento dos Estados Pontifícios, em 1870 - os edifícios costumavam refletir a categoria de fa mílias e instituições. Assim, era natural que pertencesse à in signe famí li a dos Della Rovere - fator principal do grande desenvolvimento alcançado pela cidade de Senigalli a nos séc ulos XV e

Sala do medalheiro, no palazzo Mastai Ferreti

XVI- o imponente castelo que orna sua praça mais ilu stre. É igualmente compreensível que outro destacado edifíc io desse local - o Palazzo Bavaria fosse propriedade de uma das mais gloriosas Ordens de Cavalari a da Cri standade, a Ord em de Ma lta. Hav ia lugar, porém, nesse tipo de sociedade, para toda uma gama escalo nada de famílias também nobres, embora menos antigas na região e menos beneméritas em relação à cidade do

que os Dell a Rovere. Este era o caso dos Mastai Ferreti e de seu Palazzo. No interior deste, os salões refletem o ambiente nobre e elevado no qual nasceu e foi educado o Pontífice, cujo reinado foi o mais longo da História da Igreja, depois de São Pedro. Exemplo característico dessa ambiência é a antiga sala de visitas da fam íli a, atualmente a Sala do Medalheiro, isto é, recinto onde se expõem medalhas (fotografia, à esquerda). No cen-

tro deste (não focalizado na ilustração), encontra-se uma vitrine contendo as medalhas do ponti ficado de Pio IX, postas por ele em circulação anualmente, em memória de determinados eventos. No precioso damasco que reveste as paredes, vêem-se duas pinturas de ecl esiásticos, uma das qua is, do próprio Pio IX. É digna de nota a mobíli a que aparece na fotografia: um divã, duas cadeiras e um consolo em esti lo Luís XVI, de influência veneziana. Sobre o artístico móvel, vasos orientais. Foi nesse contexto que germinou e cresceu uma preciosa planta que veio ornamentar o riquíss imo e variegado jard im, que é a Igreja Católica, tornando-se um dos mais insignes Sumos Pontífices de sua hi stória.D

Nota: (*) Discorsi dei

S01111110 Ponrefíce Pio IX, Tipografi a di G. Aurelj , Roma,

1872, vo l. li , p. 148.

Retificação

* *

Todos esses títu los, já tão eloqüentes para justificar a admiração amorosa e a veneração devidas a João Maria Mastai Ferreti, são forta lecidos quando se visita a encantadora cidade italiana de Senigallia, na Província de Ancona, berço natal de Pio IX. Na praça mais insigne de Senigallia do ponto de vista histórico (fotografia ac ima), um pitoresco chafariz - ornamento tão freqüente nas cidades da bela península - entra numa perfeita consonância com dois belos e marcantes edifícios situados naquele aprazíve l logradouro.

Em nossa edição de fevereiro último (nº 554), por um lapso de revisão, saíram trocadas as legendas referentes às imagens de Nossa Senhora de Copacabana veneradas na capital do Rio de Janeiro. Reproduzimos ao lado as fotos das duas imagens, com a retificação das legendas.

Cópia da imagem de Nossa Senhora de Copacabana, venerada na Paróquia da Ressurreição (RJ)

CATOLICISMO -

Abril de 1997

Nossa Senhora de Copacabana, imagem que se encontra no Museu do Forte de Copacabana (RJ)

25


INTE(l ,~rnf~ t :- NAL

crescendo na Fra nça, entretanto - terrível paradoxo au menta a vio lência dos juveníssimos. O número de crimes e delitos caiu de 2,88% em 1996 e a delinqüência g lobal diminuiu em 9,20%. Por outro lado, a criminal idade infantil, que em 1972 era menos de l 0 % das pessoas presas, passou a 12% em 1989, 15,92% em 1995 e 17 ,87% em 19965 .

· '.:

}~ 'Í:k ::,,,_~

1

,;::,

Violê·ncia nas escolas francesas: um problema de Estado JUAN CARLOS CASTÉ ENVIADO ESPECIAL

Paris - Um agradável sol banhava as ruas de Marselha. Nicolau, de 14 anos de idade, deteve-se à sombra de algumas árvores para comer placidamente o sanduíche que a mãe lhe havia preparado. Enquanto restaurava as forças e se deleitava com os últimos dias de férias antes de voltar às aulas, não reparou que dele se aproximava Khtab, de 15 anos, o qual, sem qualquer motivo, lhe deu uma punhalada no coração. O pobre menino teve apenas tempo de pedir ajuda aos transeuntes, porém sua vida se foi pela chaga aberta.

A violência se estende como misteriosa epidemia A violência entre adolescentes, especialmente nos colégios e liceus franceses, é um sério e grave problema de Estado. Artigos nos jornais, debates na Assembléia Nacional, circulares do Ministro da Educação, análises de sociólogos e psicólogos, mas ninguém consegue explicar sua origem nem pôr fim a esta terrível "epidemia". Exagero? Vejamos. Em Goussainville (Vai-d' -Oise ), uma dezena de jovens armados de bombas de fumaça e lacrimogêneas semearam o pânico no liceu Romain Rolland. "Havia fumaça por todos os lados, conta um professor, fomos

obrigados a nos fecharmos nas classes com os alunos". Enquanto os pais dos estudantes denunciam um "clima insustentável" 1, os professores registram "agressões,

incêndios voluntários, explosão de uma bomba incendiária, rojões que são detonados, intrusão de grupos 26

Fenômeno em várias nações, mas com as mesmas raízes

O ambiente de desordem e indisciplina começa cedo nas escolas francesas ...

estranhos ao colégio, vandalismo, roubos, tráfico e uso de drogas" . Na mesma região, no colégio Henri Baumont, os professores escreveram uma carta ao Ministro da Educação pedindo-lhe medidas para eliminar a violência nos colégios. Em dezembro passado, os docentes suspenderam as aulas durante quatro semanas para protestar contra a insegurança que reina no estabelecimento. No mês de janeiro recomeçaram as aulas. Neste interstício dois alunos foram enviados ao hospital, vários professores e o pessoal administrativo foram insultados, ameaçados e atingidos por objetos que lhes foram lançados. Outro aluno agrediu o professor de física dando-lhe um pontapé no ventre ... 2 Ainda em Marselha, uma professora de 48 anos foi agredida a murros no rosto por um aluno de 14 anos!! A vítima teve de ser internada3 • Porém, isto não é tudo. Somente no mês de dezembro último foram constatados os seguintes faCATOLICISMO -

Abril de 1997

tos delituosos no âmbito do ensino secundário: * agressão e extorsão a um aluno em um colégio reputado "calmo", em Elbeuf (Seine Maritime), provocou dois dias de greves dos alunos para obter medidas de segurança; * alerta de bomba em um colégio privado de Montbeliard; * greve no colégio Paul Cezanne, em Mantes-la-folie (Yvelines), depois da agressão que dois professores sofreram por parte de seus alunos, e também para protestar por fatos tais como extorsão, tráfico de drogas, lutas entre gangues, bombas lacrimogêneas, ameaças de morte, golpes em professores; * em Briey (Meurthe-et-Moselle) dois alunos menores de idade foram condenados - um deles a prisão por extorsão, roubo e ameaças de morte; * em Aulnay-sous-Bois, assassinato de um estudante de 16 anos por

"tráfico de armas e roubo de roupa";

Quais são as causas dessa epidemia 6 ? Pode-se atribuir o aumento da delinqüência infantojuvenil ao vasto e radical proNo colégio de Beauvais, 28 dias de greve de grama do Partido Socialista professores e alunos ... francês, propugnado por Fran* injúrias seguidas de go lpes e fe- çois Mitterrand quando de sua eleição ridas contra uma inspetora em um co- em 198l7. Na realidade, porém, o légio de Nancy (Lorena), enquanto ten- fenônemo não se limita às fronteiras tava convencer um pai de aluno daneela França. Encontramo- lo em outros cessidade de mudança de c lasse de seu países europeus, nos Estados Un idos filho, o qual se opunha a tal recomene até mesmo no Brasil. dação; As causas são, poi s, de natureza * greve de professores no Iiceu pro- mais profunda. E se exp li cam pela infissional de Enghien-les-Bains (Vai-d ' - fluência, a partir da revolução de maio Oise), como consequência da agressão com bombas lacrimogêneas co ntra um professor... 4 Como se vê, para ser professor na França é preciso uma boa dose de coragem!

de 1968 na Sorbonne, das id éias anarco-perm issivistas sintetizadas no lema "é proibido proibir". Complacente em relação ao hippismo, a sociedade acabaria engulindo a violência rock e punk. A desagregação da famíl ia, a influência nefasta de certos meios de comunicação soc ial e a disseminação da droga são outros tantos fatores conexos que encontramos na raiz da delinqüência infanto-juvenil em nossos dias. Servindo-nos de uma metáfora empregada pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, não se trata de um a árvore que pegou fogo , mas de um incêndio que tomou conta da floresta. D Notas: 1. "Le Figaro" , 23- 1- 1997. 2. ldem. 3. "Le Monde" , 30- 1- 1997 . 4. " Le Figaro Magaz ine", 4-1-1997. 5. "Le Figaro", 3 1- 1- 1997 . 6. Devido às proporções ine re ntes a um arti go, limitamo-nos prat icame nte à violênc ia nos estabe leci me ntos de ensino. Se fôssemos re latar o problema dos subúrbios e dos bairros dif'íceis em Paris e em o utras cidades fran cesas, seria necessá ri o um Iivro ... 7. Com efeito, o programa do governo Millerrand o ratídico Projet sociali.1·/e - era profundamente anarquizante, poi s seu objelivo e ra implantar um sistema a11togestio116rio em todos os âmbitos da vida fran cesa, a co meça r pe la ed ucação. (cfr. O .rncia/is1110 a111ogestio11ârio: em vista do co111w1i.1·1110, barreira ou cabeça-de-ponte? de autoria do Prof. Plí nio Corrêa de O li veira. Vide Catolicismo nºs 373-374, Janeiro-Fevere iro de 1982).

Aumento da delinqüência ... infantil! A polícia nacional publicou um relatório sobre a delinqüência, no qual se constata uma baixa da criminalidade. Porém, fica patente algo que deixa as autoridades mai s preocupadas e perplexas: trata-se do aumento da delinqüência infantil! Com efeito, segundo as estatísticas, a violência e a criminalidade estão de-

... devido à insegurança reinante, que é um vírus no sangue do corpo social francês CATOLICISMO -

Abril de 1997

27


xr0r:,-,,

1 - Santo Hugo de Grénoble, Bispo e Con- ~ - - - - - - - - - - - - - fessor, (França),+ 11 32. Lutou cdntra os exABRIL cessos do Imperador alemão htenrique V e em ~ - - - - - - - - - - - - - - ' defesa do Papa Inocêncio 11 contra o antipapa Pedro de Lião. 13 - Santa Margarida de Métola, Virgem. Itália,+ 1320. 2 -São Francisco de Paula, ConFilha de Condes, disfessor (à esquerda). + Plessis forme, cega, coxa, 1508. Italiano, fundou a Ordem dos alei jada e feia foi Mínimos. Luís XI obteve do Papa abandonada numa que o enviasse à França para igreja. Recolhida por prepará-lo para a morte. piedosa família, ensinava o catecismo e 3 - Santa Engrácia, Virgem e encantava a todos N. Sra. do Bom Conselho de Genazzano Mártir. Carvajales (Espanha), + pela inocência, ale1050. Natural de Braga, foi morta gria e confiança na Providência. por um mouro com o qual não quis 1

se casar.

4 - Santo Isidoro de Sevilha, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. + 636. Sucedeu seu irmão São Leandro na sé de Sevilha. A ele se devem a criação de seminários, unificação da liturgia, regu lamentação da vida monástica e outras importantes obras da disciplina eclesiástica. 5 - São Vicente Ferrer, Confessor. Vannes (França), + 1419. Dominicano espanhol, converteu hereges e muçulmanos, e consoli dou a fé em muitas províncias. Trabalhou com êxito para por fim ao cisma do Ocidente (ver p. 21 desta ed ição). 6 - São Prudêncio, Bispo e Confessor. Troyes (França) ,+ 861. Espanhol, capelão na corte de França, elaborou uma coletânea dos Salmos que se tornou o breviário de todos os clérigos . Foi depois Bispo de Troyes. 7 - São João Baptista de la Salle, Confessor. Rouen (França) ,+ 1719. Fundador dos Irmãos das Escolas Cristãs dedicados ao ensino, demitiu-se do cargo de superior para terminar sua vida na oração e mortificação. 8 - São Dionísio, Bispo. Corinto, + 180. "Devido à ciência e à graça de que foi dotado .... ilustrou o povo não somente da sua cidade e província, mas .... também bispos" (Do Martirológio) . 9 -Santa Cassilda, Virgem. Burgos (Espanha),+ 1007. Filha do rei mouro de Toledo, converteu-se ao beber a água milagrosa do poço de São Vicente. Levantou ali uma ermida onde viveu em oração e penitência. 1O- São Terêncio e Companheiros, Mártires. Cartago, + 250. Na perseguição de Décio, estes 40 cristãos preferiram a morte a sacrificar aos ídolos. 11- Santo Estanislau, Bispo e Mártir. Cracóvia,+ 1097. Grande defensor da moral catól ica e santidade do matrimônio, foi assassinado pelo rei Boleslau li por increpar-lhe a vida debochada. 12 - São Júlio 1, Papa. + 352. Defendeu o mistério da Santíssima Trindade contra os hereges e, no Concíli o de Sárdica, reabilitou Santo Atanásio e proclamou a primazia da Sé episcopal de Roma.* Também: Santa Teresa de Jesus "de los Andes", Chile, 1920.

28

,

CATOLICISMO -

14 - Santa Ludovina de Schiedam, Virgem. Holanda,+ 1433. Como vítima expiatória foi atingida por quase todas as moléstias imagináveis em meio à extrema miséria, por mais de 20 anos. Tinhas constantes visões de Nosso Senhor, do Paraíso, do Purgatório e do Inferno. 15 - Santas Balissa e Anastácia, Mártires. Roma, + 66. Ilustres matronas romanas discípulas de São Pedro e São Paulo, sofreram cruel martírio por terem recolhido as relíquias do Príncipe dos Apóstolos para dar-lhes sepu ltura. 16 - São Benedito Jose Labré, Confessor. Roma, + 1783. Mendigo voluntário, peregrinava entre os mais célebres santuários da Europa sofrendo humilhações e maus tratos. Ao falecer em Roma, as crianças expontaneamente saíram gritando pelas ruas: "Faleceu o Santo"! 17 - Santo Anicieto, Papa e Mártir. + 166. Sírio de origem, sucedeu a São Pio I no sólio pontifício. Combateu os hereges gnósticos que infestavam Roma. 18 - São Perfeito, Mártir. Córdoba,+ 850. Sacerdote em Córdoba durante a dominação muçulmana, teve a cabeça cortada em praça pública por ter dito o que pensava de Maomé. 19 - São Leão IX, Papa e Confessor. + 1054. Lutou contra a simonia e incontinência eclesiástica. Excomungou o patriarca de Constantinopla Miguel Cerulário que expu lsara daquela cidade todo o clero latino.

20 - Santa Inês de Montepulciano, Virgem. Itália, + 1312. Das maiores glórias da Ordem Dominicana, recebia em seus braços o Menino Jesus e a Comunhão de um Anjo. 21 - Santo Anselmo de Cantuária, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. Inglaterra,+ 1109. Italiano de origem, Arcebispo de Cantuária, foi perseguido e desterrado pelo monarca por defender os direitos da Igreja. Foi o verdadeiro criador da escolástica, orientando definitivamente os estudos filosóficos. 22 - Santos Sotero e Caio, Papas e Mártires. + 175 e 296. São Sotero sofreu o martírio sob Marco Aurélio, e São Caio sob Diocleciano. 23 - Santo Adalberto, Bispo e Mártir. Alemanha,+ 997. Por três vezes renunciou ao bispado de Praga. Foi morto pelos idólatras da Prússia quando para lá se dirigia a fim de evangelizá-los.

Abril de 1997

24 - São Fidelis de Sigmaringa, Mártir. Suíça, + 1622. Alemão, trocou a advocacia pelo burel capuchinho. Dedicou-se com sucesso à pregação e confessionário, convertendo muitos calvinistas. Tendo convertido dois dos mais cé lebres, na Suíça, foi ali martirizado. 25 - São Marcos Evangelista, Bispo e Mártir. Egito,+ 86 . Discípulo de São Pedro, apóstolo do Egito onde foi martirizado. No século XI seus sagrados restos mortais foram trasladados para Veneza. 26- Nossa Senhora do Bom Conselho, Genazzano (quadro na página anterior). Trazida pelos Anjos , de Scuttari (Albânia) , a Genazzano (próxima de Roma), em 1467, durante a invasão turca no país. Invocação inclu ída na Ladainha Lauretana.

/2 r,r·q) i ,

D'~Jt]}J1E Blasfêmia e pornografia em Araraquara: reação indignada é um dever! p

M 1995 foi encenada em - . Araraquara (SP) a peça . - Mistérios Gozosos, pelo dir : teatral Zé Celso. Ela transSantos Anacleto (ou Cleto) e Marcelino, Papas e Mártires.+ 79 corre num ambiente de baixo mee 304 . Cleto, de origem grega, discípulo de São Pedro e seu seretrício e mistura a blasfêmia, o degundo sucessor depoi s de Lino, foi martirizado sob Domiciano. boche, as expressões chulas e a Marcelino o foi dois séc ulos mais tarde, sob Diocleciano. pornografia mais deslavada. Os atores e atrizes, em situações re27 - Santa Zita, Virgem. Luca, presentando relações sexuais, + 1278. Como criada, durante 40 apresentam-se por vezes nus ou anos edificou a ilu stre família semi-nus. Numa cena, um dos atoFatinelli por seu espírito sobreres, que na peça tem o nome de natural . Inúmeros milagres em Jesus das Comidas, em meio a vida comprovaram sua santidauma encenação de conotação eróde. Padroeira das empregadas tica, repete as palavras que Nosso domésticas. Senhor disse na Última Ceia, quando instituiu a Sagrada Eucaristia. 28 - São Luís Maria Grignion de Por ocasião da representação Montfort, Confessor (à direita). da peça blasfema, a paróquia São França, + 1716. Ardente missioBento, dirigida pelo Padre Oswaldo nário popular, apaixonado pela Baldan, emprestou objetos de culCruz de Nosso Senhor e doutor to como turíbulo, terços e imagens marial por excelência, sua doupara Zé Celso apresentar a peça. trina da Sagrada Escravi dão a Posteriormente, o vigário reclamou Nossa Senhora foi reconhecida de volta os objetos, afirmando que e assumida pelo Papa São Pio os havia emprestado sem conheX. cer o conteúdo da peça. Foi esse mesmo Padre 29 - Santa Catarina de Siena, Oswaldo Baldan que meritoriaVirgem. Itáli a,+ 1380. A maior mente denunciou na Justiça o glór ia feminin a da Ordem espetáculo como atentatório ao Dominican a trabalhou para a volta do Papa de Avinhão a Roma , sentimento religioso, pelo fato pediu a reforma do clero e a organização de uma cruzada contra de infrigir o artigo 208 do Códios infiéis. go Penal. O indignante acontecimento 30 - São Pio V, Papa e voltou recentemente às páginas Confessor (à esquerda) . dos jornais. Em fevereiro deste + 1572 . Antes, a 5 de ano, o Juiz de Direito José Maurímaio. Inquisidor e Comiscio, a quem competia julgar o sário Geral do Santo Ofícaso em 1ª instância, rejeitou a cio e depois Bispo, Car- • denúncia, negando que a peça deal e Papa. Lutou coninfrige o artigo 208 do Código Petra a heresia e convocou nal. O Promotor de Justiça Nela cruzada para a defesa son Barbosa Filho recorreu da da cristandade contra os sentença, por considerar a repremuçulmanos obtendo, sentação uma "gravíssima ofenpor suas preces, a mesa ao sentimento religioso". morável vitória de LeZé Celso declarou logo após panto . a sentença do Juiz: "Este juiz que

CATOLICISMO -

Abril de 1997

rejeitou a denúncia abre nosso caminho para o interior, onde vamos mostrar peças que causarão mais escândalo. Faço uma proposta à cidade para abrir espaço para que eu mostre 'Pra Dar um Fim no Juízo de Deus"'. Uma tal ofensa a Nosso Senhor Jesus Cristo deveria fazer rugir de indignação os católicos de nosso País. Infelizmente isso não aconteceu. A atonia é espantosa. Porque? Entre outros motivos, porque - oh dor! - nos vamos acostumando a todas as formas de vícios e abominações! Esse insulto inominável ao Salvador Divino aconteceu primeiro num teatro, onde foi presenciado por uma audiência pequena e já muito trabalhada pelos germes da decomposição moral contemporânea. A imprensa noticiou com parcimônia e o público observou abobado. É mais um passo para habituá-lo a espetáculos do gênero. Dentro em breve, blasfêmias e insultos desse tipo estarão nas televisões e serão vistos nas salas de estar das famílias católicas. Passo a passo, os fiéis se irão acostumando a blasfêmias, cada vez mais repugnantes. O que fazer? Antes de tudo, rezar, reparar, indignar-se e externar tal indignação, respeitada a Lei de Deus e a lei dos homens. A indignação no caso é uma reparação necessária. Mas também analisar o fato e compreender que estamos sujeitos a um processo insidioso, que nos poderá habituar até mesmo às mais hediondas e repugnantes formas de pecado, se não reagirmos continuamente a tal processo de modo proporcional a ele. D

29


/, rj~"é!i[

EN~lo-; :. ~l;tt~· \,· ~l(J fl"

A

::+ ~· _..s.:.•,

·,Há confronto entre o progresso industrial e a proteção do meio ambiente?

O Prof. John A. Baden (foto), nosso entrevistado, é presidente da Foundation for Resea rch. on Economics and th e Environment (FREE) (Fundação de Pesquisa Econômica e Ecológica), com sede em Seattle, nos Estados Un idos. Especialista renomado em temas ecológicos, leciona Economia na Universidade de Washington e é co-editor, juntamente com Dona /d Lea l, da pub li cação Th e Yellowstone Primer. Catolicismo entrevistou o Prof. John Baden sobre o papel desempenhado pelo direito de propriedade e pela livre iniciativa para a coordenação e raciona lização dos recursos ambientais.

Catolicismo -Atualmente, quase todo mundo está preocupado com os problemas ecológicos, especialmente por causa da visualização apocalíptica do assunto, que prognostica uma violenta colisão entre o estilo de vida da civilização ocidental com o mundo da natureza. O sr. concorda com essa visualização? Dr. Baden - Há muitas preocupações ecológicas legítimas. Um apocalipse fictício de uma coli são do esti lo de vida do Ocidente com o mundo natural não é uma delas. Como qualquer outra boa causa competindo por apoio, os líderes dos grupos verdes enfatizam a propaganda. Eles setornam vendedores: seu produto é a sua causa. Há para eles vantagens em exagerar ou fabricar cri ses ecológicas para galvanizar seus membros e atrair novos recrutas. Os gru pos verdes encontram vantagem em tornar grandes, dramáticos e apavorantes os problemas ecológicos. Isso leva a meias verdades ou francamente a mentiras sobre os verdadeiros riscos de muitas pretensas cri ses ecológicas. Riscos para a saúde, lixo tóx ico, aquecimento global, e outros pro-

30

blemas, são freqüentemente distorcidos pelos verdes, quando procuram manter seus membros e orçamentos. Os atiçadores da hi steria verde, ao pregar uma versão contemporânea, ecológica, do "arrependeivos, o jim está próximo", demonstram pouca compreensão das relações que há entre a civili zação ocidental e os recursos naturais. M ui tas vezes aqueles que afirmam conhecer a verdade sobre a iminência do apoca lipse verde, e de como resolver os problemas, terminam reclamando a coerção do governo para tornar suas receitas mais aceitáveis. Em vez de tirar vantagem das crises, sug iro uma visualização que enfatize informação e incentivos, que se baseie em incentivos e na ação voluntária, reconhecendo o papel do direito de propriedade e cio mercado na coordenação e racionalização de recursos valiosos, ao mesmo tempo que procura minim a li za r supervisores, burocracia e interve ncionismo governamental. O principal passo é a criação de leis e possibilidades econômicas que tenham como base o direito de propriedade e incentivos de mercado para atingir objetivos ecológicos. L iberdade de mercado, preços e direito de propriedade proporcionarão as informações necessárias para as melhores decisões sobre o meio-ambiente. Catolicismo - Por que o Sr. confere tanta importância à propriedade privada em suas concepções ecológicas? Dr. Baden - O direito de propriedade é essencial para reformar as instituições, harmonizar a prosperidade econômica e a qualidade do meio-ambiente. As boas intenções 1ião são suficientes. A longo prazo, se as políticas para o meio-ambiente são para dar certo, devemos direcionar o interesse próprio rumo à qualidade do meio-ambiente. Sem o direito de propriedade, o lixo, o desperdício e a degradação aumentam muito. Por exemplo, quando as pessoas não são premiadas por preservar o habitat, há pouca preservação. Os regulamentos muitas vezes ameaçam o direito de propriedade, reduzem CATOLICISMO -

Abril de 1997

as entradas e o valor da terra. Poucos proprietários são indifere ntes a isso. Razão pela qual eles, ao perceberem que a lei os impedirá de cortar suas árvores, se puderem as cortam e vendem antes que a regulamentação entre em vigor. Catolicismo - O Sr. julga possível conciliar progresso industrial com proteção do meio-ambiente sem uma dramática mudança em nossa civilização e nos modos de pensar? Dr. Baden - Sim. A harmonização cio progresso com a proteção do meioambiente é poss ível, e isto não requererá um a mudança dramática na civili zação. Nossos modos de pensar terão de compreender a organi zação po lítica do meio-ambiente, cujos instrumentos e conceitos aí estão: direito de propriedade, incentivos de mercado e um potencial construtivo de cooperação voluntária. Tais conceitos cons ubstanc iados no denominado New Resource Economics (NRE) (Economia de Novos Rec ursos) - ajudam-nos a compreender como o progresso econômico pode harmonizar-se com a liberdade e a qualidade do meio-ambiente.

***

Finalmente, o Dr. Baden observou que as exigências populares por um meio-ambiente limpo aumentam com a elevação do nível de vida. País pobre não é muito exigente com a ecologia. E o que traz riqueza para um país é o estímulo ao trabalho, que vem pela proteção da propriedade privada, da iniciativa particu lar e das leis cio mercado livre. O intervencionismo estatal sufoca o desenvolvimento. Se os verdes querem ser coerentes, deveriam abando na r sua obsessão regulamentatória, inibidora da prosperidade e prejudicial ao meio-ambiente. "O economista Don Coursey ressaltou que nos Estados Unidos e em outros países desenvolvidos, quando a renda de um Estado ou cidade aumenta 10%, sua disposição de pagar pela qualidade de vida aumenta 25%. E se a renda cai 10%, sua disposição de gastar na qual idade de vida cai 25%", lembrou o Dr. Baclen.D

Reforma Agrária: TFP dirige-se aJoão Paulo li NTE o anúncio da visita do Presidente Fernando Henrique J a João Paulo li e dos insistentes rumores de que, durante - ' a audiência, a Reforma Agrária promovida pelo Governo ~rasile,ro constituiria importante tema, o Conselho Nacional da TFP enviou ao Sumo Pontífice a ca rta que transcrevemos abaixo ' para conhecimento de nossos leitores. O documento foi entregue na Secretaria de Estado do Vaticano no dia 5 de fevere iro p.p. através do Ufficio Tradição, Família e Propriedade, de Roma, que é o escritório de representação, mantido na Cidade Eterna, pelas diversas TFPs e entidades afins. Os intertítulos são desta redação. 1

São Pau lo, 3 de feve reiro de 1997 A Sua Santidade João Paulo II C idade do Vaticano A presentando a Vossa Santidad e os protestos de nossa profunda veneração, pedimos vênia para levar a seu con hecime nto quanto segue: Antecedentes 1. Em J 986, o saudoso líder católico Prof. P linio Corrêa de Oliveira, fundador da Sociedade Bras ileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP, julgou ser seu imperioso e filial dever dirigir-se em mensagem a Vossa Santidade, às vésperas da visita que ao Santo Padre fez o então Presidente da República do Brasil, Dr. José Sarney. Teve este em vista apresentar ao Sumo Pontífice considerações e dados sobre a situação da Reforma Agrária neste País. Transcorrido mais de um ano da data em que Deus chamou para junto de Si o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, filho tão dedicado da Santa Igreja, vemo-nos no dever de cons-

ciência de voltar a nos dirigir a Vossa Santidade, para tratar de análoga questão. E é an imados pelo mesmo espírito de tão in signe mestre e como continuadores de sua obra que o faze mos, em termos semelhantes aos por ele empregados naquela ocasião.

TFP, entidade cívica de inspiração católica

~

~ da.de temporal o que resta de civilização cristã, esses católicos leigos se constituíram por própria iniciativa, e sob a autoriclade de uma diretoria eleita por eles, e m uma entidade que se inspira nos e nsi namentos do S upremo Magistério. E la se professa submissa à Sagrada Hierarquia em tudo quanto diz res peito à Fé, aos costumes e à disciplina eclesiástica.

2. Esta Soc iedade é constituída por católicos praticantes, alguns deles intelectuais, e outros homens de ação. Reúne-os o propós itode - comple mentarmente ao esforço construtivo exerc ido por tantas obras católicas, no sentido 3. A esse propósito, a TFP de al iviar a situação dos povem participando ati varnente bres e resolver em espírito de do presente debate agro-reforjustiça e de caridade a questão m ista, no qu al ass ume posição social - esclarecer a op ini ão diversa da dos cató li cos, ajuspública e especialmente os amto títu lo, ditos de esquerda. bientes cató li cos, acercá cios Pois a entidade impugna como erros e tramas de correntes de inspiração marxista as quais, • injusta a desapropriação de imóveis rura is grandes, médiclara ou veladamente, têm emos ou pequenos, feita pelo Popenhado crescentes esforços, der Púb lico a preço vi l, e até nas últimas décadas, a fim de quando tais imóveis seja m inculcar sua doutrin a como ocupados e pl antados devidaaceitáve l e assimilável pe los mente, de acordo com a fun catól icos desta Nação. ção socia l do direito de propriPara isto, e com intuito esedade. pecífico de preservar na socie0

CATOLICISMO -

1

João Paulo li recebe o Presidente Fernando Henrique Cardoso no Vaticano, em 14 de fevereiro último

Abril de 1997

Posição em matéria de Reforma Agrária diametralmente oposta à da "esquerda católica" 4. Nesta importan te questão as d ivergênc ias resultam muito mais da diversidade do modo de ver os termos concretos do problema rural no B rasi1, cio que de divergências propriamente doutrinárias. A TFP acrescenta de passagem estar persuadida de que, cio ponto de vista doutrinário, seu pensamento é o da imensa maiori a dos cató li cos bras il eiros, tanto trabalhadores manuais quanto proprietários. E também de ponderável número de veneráveis Srs. B ispos.

Desapropriações de terras produtivas não se justificam no Brasil 5. Parece muito conveniente destacar este ponto - a importânc ia dessas divergências

31


sobre o status quaestionis da Essa s itu ação es pantosa, controvérsia agrária - para o cuj a constatação pode prejulque pedimos vênia de incluir gar a so lução a ser dada a todo aqui um exe mpl o co ncreto. ., o pro blema agrári o, não é contestada pelos agro-reformi stas, Es tim ativas baseadas e m notadamente os da esqu erda dados forn ecidos pelas própf icatóli ca, que não ousa m afiras fo ntes ofi c iais indicam que uma parte muito ponderáve l do mar o caráter prioritári o do

problema agro-reformista, como ainda de seus aspectos técnicos. Em 1986, para o efeito de dese ntra nh ar do modo ma is visíve l uns as pectos dos outros, e visando espec ialmente esclarecer o públi co norte-a me ricano continuamente mal info r0 C)

e:

§' ~

º"

(1)

V>

terra no Brasil , reve lando ass im o bom dese mpe nh o da ag ri cultura no País. Dadosesses que têm inteira confirmação nos presentes di as. Ao mesmo te mpo - sem negar a exi stê ncia de bolsões de pobreza no Brasil e a permanência de necess idades soc iais próprias a um país em desenvolvim e nto - essa o bra mostra a diminuição da pobreza nas décadas anteri ores, bem co mo o a um e nto do pode r aquisiti vo da popul ação junto co m um a vi go rosa asce nsão soc ial. Por sua vez - baseado e m estudo de espec iali stas de co nst a ta a no mea da me lhori a do níve l de nutrição da popul ação brasile ira nas décadas de 60 e 70. Todas essas tendências salutares estão sendo confirmadas atualmente.

Dados atualizados confirmam a posição da TFP

Recente manifestação dos sem-terra em Ribeirão Preto (SP), rumo à Brasília. Merece realce a fai xa: "PCB e o MST juntos pela Reforma Agrária", indicada pela seta

territóri o naciona l está ainda consti tuída de terras - em gera l agricul táveis - pertencentes aos Poderes Públicos federal, estaduais e municipais do Pa ís. De qualquer fo rma, o montante das terras ass im di spo níve is a inda é supe ri o r às áreas territo ri ais so madas da Ale manha, França, Es panha, Itáli a, Grã Bretanh a e Irlanda! Desse modo, os traba lh adores manuais desej osos de adquiri rem terras de vem ser atendi dos gratuitamente (e até com auxíli o estatal ) po r me io de áreas de do míni o do Pode r P úbli co . O qu e to rn a inexc usáve l que este úl tim o mantenha incultas e inúteis as própri as terras, as qu ais fo rma m o ma io r la ti fú ndi o inaprove itado do mundo atual, enquanto desapropria a preço vil e co nfi scatório as terras de particul ares.

32

aprove itamento das terras particul ares sobre as terras públi cas , para efe ito de Reform a Agrári a. Para ex plicar de a lgum modo sua pos ição, recorrem eles a argumentos de caráter técnico concernentes às dific u Idades dessa exploração, ou então sentimentais, como a tristeza cios que migrarem para zonas distantes e inocupadas, separando-se dos tro ncos fa mili ares ori gi nários. E, ass im, a q uestão agro-reformista se esva i e m mea nd ros co ncretos que pouco ou nada têm que ver com a do utrin a do S upre mo Magistéri o Ecl es iástico.

A argumentação dos agroreformistas refutada por livros da TFP 6. A TFP já publicou numerosas obras nas quais trata, não só cios aspectos morais do CATOLICISMO -

mado sob re a rea lidade dos problemas sociais brasile iros , a TFP dos Estados Unidos pu bli co u e difu ndiu nos me ios po líticos e intelectu ais, impo rta nte trabalh o inti tul ado Is B ra zil S lidin g Towa rd the Extreme Left ? Notes on the Land Refo rm P rog ra m in South Ame rica 's La rgest and Mos t Populous Co untry (0 Brasil resvalando para a extrema esquerda? Notas so bre a Reforma Agrári a na ma io r potê ncia territo ri al e demográfica da Améri ca do Sul - Anexo [), de auto ri a do notável econo mi sta Carlos Patrício de i Campo, Mas ter of Science em Econom ia Agrári a, pela Unive rs idade de Be r ke ley (Cali fó rnia, EUA). Esse traba lh o ap rese nta dados econô mi cos que mostram as melhorias havidas na produção ru ral e na difu são da

Abril de 1997

7. De 1986 para cá, a controvérsia agro-reformista prosseguiu . E a TFP continuou sua atu ação visand o preserva r o Brasil cios malefíc ios de uma Reforma Agrári a socialista e confi scatória. Ass im , a entidade incumbiu o j á referido econo mi sta Carl os Patr íc io de i Campo de - juntamente com a Comi ssão de Estudos Agrári os ela TFP - e laborar o trabalho A Reforma Agrária no B rasil: velho sonho socialista carente de j ust!ficação social e econômica, que constitui o A nexo II da presente carta. No primeiro capítulo, sob o título Os argumentos pró Reforma Agrária, velhos slogans sem. base na realidade, os autores refutam os diversos argumentos de caráter sóc io-eco nô mi co dos propu g nado res da Refo rm a Agrári a no Brasil. Tais argumentos são freqüentemente utilizados para "fund amentar" uma to mada de posição de índole moral com relação ao problema. É nessa apreciação sócio-econô-

mica da real idade nacional , que se encontra o verdadeiro pomo da discórdia entre os que querem uma Reforma Agrária socialista e confiscatória e os que a impugnam . E m um segundo capítulo, os autores analisa m o fracasso cios assentamentos de Reforma Agrári a implantados no País. Nele, entre outras considerações, faz-se referência a estudos in uspeitos e decl arações ele con hec idos agro-reformi stas e de entidades ligadas ao ager bras ile iro, que reconhecem a ausênc ia de res ultados pos itivos na generalidade dos assentame ntos de Reform a Agrária, que vêm sendo implantados no País desde ] 964. Essa conclusão é corroborad a pelo li vro-reportage m, publicado pela TFP, intitulado Ref o rma Agrária semeia assentamentos - Assentados colhem m.iséria e desolação que também acompanha esta carta (Anexo III).

Análise de documento da CNBB sobre Reforma Agrária No terceiro capítu lo - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil insiste na necessidade de uma Reforma Agrária no País - o mesmo trabalho anali a o doc umento ele 25 de outubro de 1995 , encam inhado pela CN B B ao Presidente da República (Anexo IV SEDOC nº 254,jan-fev-1996). Nesse capítulo os autores mostra m q ue fa lta ao doc ume nto um a fund a me ntação social e econô mica obj eti va da realidade brasileira. Em vez de ponderar, segundo o va lor objetivo de cada um a, a opini ão das di versas escolas de pensamento téc ni co-econômico que trata m dessas matéri as, o documento parece al inhar-se com co rre ntes infl uenc iadas pe lo marxi smo, cujos diagnósticos não são confirmados pela realidade. Por essa fo rma, inferem

lho e laborado pela Comi ssão de Estud os Agrári os da TFP, refere nte ao "Movime nto dos T ra ba lh ado res R ura is Se m Te rra" (M ST) intitul ado O Movimento dos Se m - Te rra ameaça convulsionar o campo brasileiro. "Esquerda católica": a verdadeira propulsara. TFP: analisa, p roclama, mais uma ve z ad ve rt e (Anexo V).

os autores, fi ca prejudicada a validade da conclusão de orde m moral e do utriná ria ele apoio à Reform a Agrária. 8. M as, diri a ex pli cavelmente um observador colocado à distância, e contra-info rmado por tantas notícias difundidas pelos mass media: por mais dignas de nota que sejam as informações acima, não podem elas valer contra a evidência dos fatos. Ou seja, contra o bramido trágico dos trabalhadores ru ra is que se arrastam famintos ao longo elas estradas, e invadem propriedades para extraírem da terra, com o trabalho de suas mãos, o nutrimento necessário ao sustento para a fa míli a e para si mesmos ! Quão tende nciosas são essas - como outras - notícias di fundid as no mundo pelo tufão das propaga ndas modernas ! Quanto há de exagerado, por vezes até ao delírio, nesse noti ciári o posto a serviço da esq uerdi zação do Brasil.

Invasões rejeitadas pelos empregados das fazendal? Me nc io ne mos aqui um a c irc unstância q ue, só por si, deixa ver o exagero e o inconcebível dessas versões. Na imprensa falada e escrita do B rasil , só há referências a t.rabalhaclores man uais extrínsecos às faze ndas, que penetra m nelas il ega lme nte. N unca, o u

CATOLICISMO -

Frente única do MST + CEBs + PT + PCB na luta pela Reforma Agrária

como que nunca, há referências à apro pri ações ele áreas ainda disponíve is na própria fazenda, fe itas por traba lhadores ma nu ais ne la e mpregados, e necess itados de matar a fo me por me io de seu próprio trabalho, apossando-se das mencio nadas á reas di s po nív e is. Co mo, igua lmente, não há referê ncia a um só caso em que tra ba lh adores e e mpregados num a te rra co nfrate rni ze m com os in vasores no im por uma di visão ao proprietári o. De onde se deduz q ue reina a i nteira paz socia l nas incontáve is faze ndas pe rcorri das, em suas andanças, pelos invasores .

"Esquerda católica": propulsora do MST 9. Mas a q uestão das in vasões não fica apenas ni sso. Estamos enviando ta mbém a Vossa Santid ade o utro tra ba-

Abril de 1997

Seus autores prova m ocaráter subversivo dessa organi zação q ue conta com o apoio el e e le me ntos do c le ro d ito "progressista" e que - contrari a me nte à admoestação de Vossa Santidade - vêm promovendo invasões ilegais de propriedades privadas, vi sando, di zem, acelerar o processo de Reforma Agrári a. Com efeito, em memorável di scurso pronunciado em 2 1 de março de 1995, em audi ência a B ispos paulistas, Vossa Santid ade ad vertiu : "A Igreja não pode estimular, insp irar ou apoiar as iniciativas ou movimentos de ocupação de terra, quer por invasão pelo uso da força, quer pela penetração sorrate ira das propriedades ag rícolas" ( "Acta Apostolicae Sedis", 10- 11 -95). Além das in vasões de propri edades a lheias por todo o País, os militantes do MST devastam as terras que ocupam,

33


g1 rança de que os subsí-

promovem a matança de gado e freqü entemente ensejam a prática de violências inauditas: mantêm pessoas e m cativeiro como refé ns, fazem ameaças, cavam tr inc he iras e agem como um a organi zação verdade iramente parami litar de caráter guerrilheiro.

6 dias téc nicos contid os 6 nos documentos anexos e:

3· possam, nesta emergên-

"'%' e ia, . ser de a lgum pro-

Resistência armada do MST provoca tragédias A res istência armada que, por vezes, eles A CUT tmabém se esbalda pela Reforma Agrária. Na foto, discurso em Ribeirão fazem às forças da ordesperta pouca atenção dos circunstantes dem - as quais legal e querda cató lica" no Brasi l vem ria no País a aprovação dessas pacificamente têm por mi ssão desalojá-los - j á levou a tradando ao MST, a ponto de samedidas legislativa , publi cou, gédias de repercussão internacerdotes j á terem sido co ndeantes da votação no Congresnados crimin almente por diricional, nas quais os próprios so Nacional, um comunicado gir invasões e formar quadriseg uidores do MST são as mostrando o caráter confislhas , como é o caso, no Estacatório do projeto de modifiprinc ipai s vítimas. Foi o que ocorreu , por exe mplo , e m do d a Paraíba, de F re i cação do ITR (Imposto TerCorumbiara, no Es tado de ritori a l Rural), bem co mo uma A nastác io Ribeiro. Ro nd ô ni a, em setembro de a ná l ise do docum e nto da Talvez não seja supérfluo 1995 , onde 9 militantes do CNBB (Anexo VII). acrescentar que, em seus doMST e 2 polic iais foram morcumentos ofic iais, o MST afirDado que Vossa Santidade tos no confronto. Ou, em abril ma c laramente professar a ideologia sociali sta e marxi sta e receberá a visita do Presido ano passado, em Eldorado visar a tomada do pod er. dente Fernando Henrique ... de Carajás, no Estado do Pará, (v ide Em face da tragédia de Estamos pois longe do mito de um movimento de trabalhadoCaraj ás: a TFP apresenta re1O. Visando manter a Sé flexões serenas e ponderadas res rura is desempregados, busApostólica informada sobre a - Anexo VI) quando, segundo cando um pedaço de terra para grav idade das controvérs ias, pl antar. depoimento de um dos se mnos meios católicos brasile iros, terra,foram as lideranças [do a respeito dos aspectos técniMSTJ que deram ordens para Comunicado da TFP cos da Reforma Agrária no que (... ) se enfrentasse a polídenuncia projetos de Bras il , e m 9 de o utubro de cia ; resultado: l 9 militantes do Reforma Agrária apoiados 1996, e m carta diri gid a ao MST perderam a vida. pela CNBB Emmo. Cardeal Roger EtcheEnigmaticamente teve megaray, encaminhamos ao Pon Ainda recentemente, no nos repercussão internacional tifíc io Conse lho de Justiça e fim do ano de 1996, o Conseum outro fato mais recente UuPaz, vár ios dos documentos nho de 1996), em Buriticupu, lho Permanente da CNBB fez aqui anexados. no Estado do Maranhão. Por um ape lo ao Congresso Naciocasião da invasão de uma proona l pedindo a aprovação ur11 . Dado que Vossa Santidade receberá em breve a visi priedade no citado município, ge nte de projetos de le i e m os se m-te rra matara m, por tramitação no Legis lativo, vi ta do Exmo. Sr. Prof. Fernando meio de emboscada, três t:rabasando apressar a aplicação da Hemique Cardoso, DD PresiReforma Agrária. Ape lo esse lhadores da Fazenda invad ida, dente da República brasileira que conco rreu para a ráp id a - e parecendo impossíve l que e depois barbaramente queimaram os corpos das vítimas. não aborde com Vossa Santipromulgação de algumas dessas le is. A TFP, preocupada dade a questão ag rári a - a Diante disso tudo, fica totalme nte inexp licável o fran com as graves conseqüências TFP o usa dirigir-se a Vossa que traria para a questão agráSantidade, movida pe la especo apoio que a chamada "es-

34

ve ito para Vossa Santidade, espec ialmente no que diz respe ito à grande impo rtânc ia cios dados técnicos e temporai s qu e servem de pre mi ssa para toda controvérsia sobre a leg itimidade moral da Reforma Agrária. Nessa expectativa, a TFP apresenta a Vossa Santidade a fi li al homePreto nagem de seu profundo res peito , e roga para seus dirigentes, se us sóc ios, cooperadores e correspondentes, as orações e preciosas bênçãos de Vossa Santidade. v,

CATOLICISMO -

Abril de 1997

Imagem peregrina no Equador Uma cópia da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima visitou várias cidades do Equador. À direita, ela é recebida pelo Cardeal Etcheverria, Arcebispo-emérito de Guayaquil, em sua residência, levada por jovens da TFP equatoriana. Embaixo, o Bispo e a população de Loja, no sul do país, acolhem a imagem

HcTopuR

Luiz Nazareno de Assumpção Filho Vice-Presidente no exercício da Presidência cio Conselho Nacional

)K3CBHTLI

Plinio Vidigal Xavier ela Si lveira Presidente da Comissão de Estudos Agrários da TFP

Conferências nos Estados Unidos ANEXOS A nexo I - Is Bra: il Slidi11g Toward the Extreme Le.fi ? Notes 011 th e La11d Refom1 Progra111 i11 S0111!, A111erica'.1· Largest a11d Most Populous Co11111ry (O Brasil resva lando para a ex trema esqu erda ? Notas so bre a Reforma Agrária na maior potência territori al e demográfica da Améri ca do Sul). Anexo li -A Reforma Agrária 110 Bra-

O Sr. N I on Ribeiro Fragelli, do Bureau TFP, em Paris, fez uma tournée pelos Estados Unidos, pronunciando conferências para sócios, correspondentes e simpatizantes da TFP norte-americana. Embaixo, o Sr. Nel on (primeiro de pé, à esquerda) com os participantes de uma reunião 'm Atascadero, Califórnia.

.,-il: velho sonho socialista carente de j11stijicaçüo social e eco11ô111ica. Anexo Ili - Refo r111a Agrária semeia assenta111e11tos - Assentados colhem 111iséria e desolaçüo. A nexo IV - A Co1!(erê11cia Nacional dos !Jispos do !Jrasil e a Re.fóm,a Agrária 110 País (SEDOC nº254, j an-fev 1996). A nexo V - O Movi111e11to dos Sem-Terra a111eaça co11 v11lsio11ar o ca111po brasileiro. "Esquerda católica": a verdadeira propulsara. TFP: analisa, proclama, mais ,una vez adverte. A nexo VI - E111 face da tragédia de Carajás: a TFP apresenta re.flexões serenas e ponderadas. A nexo VII - Nova ofe11siva da Re.fór111a agrária - ITR: U111a q11estüo.fi111da 111e111al111e11te 111 oral e religiosa.

"História de Jacinta" Capa do livro "História de Jacinta", em russo, de autoria de Andrea Fragelli. A obra foi lançada pelas organizações Lumieres sur /'Est, Luci sull'Este e TFP norte-americana CATOLI CISMO -

Abril de 1997

35


AMBIENTES, COSTUMES, CIVILIZAÇÕES

Ü CAVALEIRO MEDIEVAL PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA

Ili

a Idade Média, os

conceitos de cavalaria e de nobreza em certo sentido se confundiam. Assim, nem sempre o cavaleiro era nobre, mas muitos deles participavam dessa condição; nem todos os nobres eram cavaleiros, embora muitos o fossem. Que característica do cavaleiro medieval o tornou célebre na História? O traço marcante foi a Fé. Daí a coragem que o cavaleiro revelava nas mais terríveis das lutas, as cruzadas, visando libertar o Santo Sepulcro de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tais empreendimentos almejavam esse objetivo no Oriente, e, na Península Ibérica, aspiravam livrar, do jugo maometano, as popu lações espanhola e portuguesa. A grande capacidade de combate desse guerreiro era explicável: tratava-se de defender a Religião, ao que ele se entregava inteiramente, arriscando mesmo a própria vida. Tal característica existiu no cavaleiro medieval em harmonia com outras notas, aparentemente contraditórias. O cavaleiro era homem de Fé. Contudo, dotado também de espírito prático, chegou a edificar grandes fortificações, esplêndidos castelos e, em alguns casos, imponentes catedrais, levando mais longe do que ninguém a arte de construir maravilhas. Ele, corajoso na luta, requintou, pou-

co a pouco, as regras de boa ed ucação e do convívio amável. Altivo perante seus iguais, mas benevolente no trato com o sexo frágil , os velhos, os doentes e os feridos na guerra. Então, parecia ele, por assim di zer, feito de açúcar. Entretanto, era só o inimigo ousar qualquer coisa contra os interesses da Igreja que aquele homem tão doce transformava-se num leão. Ele, um batalhador, não obstante l'avoreceu enormemente a cultura, revelandose um propulsor das ,utes e elevando o tom de vida a um nível menos rústico do que o vigente no início da Idade Média. Dond ' se explicam os bonitos móveis, as belas ai faias, a gastronomia refinada, os vinhos ex celentes e os sinos hmrnoniosos surgidos naquela época histórica. Foram traços est 'S que o cavaleiro, antes tão rude, pau latin.imente imprimiu na vida de então, tornando-a cheia de afabilidade e beleza. Em suma, colaborando para ser implantada acivilização católica. Esse era o perfi I do cavaleiro medieval.

Nota da redação: Excertos tirado tl co mentários do Prof. Plínio Corr a d Ollv lrn para cooperadores da TFP em 18 d d zembro de 1992. Sem revisão do autor.



e

AfOJLliC S Nº 557 - Maio de 1997

NESTA EDIÇÃO: PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA

REVOLUÇÃO E CONTRA-RE VOLUÇÃO

2

A marcha da Revolução

Continuamos no presente número a transcrever o capítulo VI de Revolu ção e Contra-Revo lução, de autoria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, inicia do na edição anterior, intitulado

A marcha da Revolução 3. A marcha de requinte em requinte Pelo que vimos I se explica que cada etapa da Revolu ção, comparada com a anterior, não seja senão um requinte. O humanismo naturalista e o protestanti smo se requin taram na Revolução Francesa, a qual , por sua vez, se requintou no grande processo revolucion ário d e bolchevização do mundo hodierno . É que as paixões desordenadas, indo num crescendo análogo ao que produz a aceleração na lei da gravidade, e ali mentando-se de suas próprias obras, acarretam conseqüências que, por sua vez, se desenvolvem segundo intensidade proporcional. E na mesma progressão os erros geram erros, e as revoluções abrem caminho umas para as outras.

4. As velocidades harmônicas da Revolução Esse processo revolucionário se dá em duas velocidades diversas. Uma, rápida, é destinada geralmente ao fracasso no plano imediato . A outra tem sido habitualmente coroada de êxito, e é muito mais lenta.

A. A alta velocidade Os movimentos pré-comunistas dos 2

4

Lentamente, ao longo de mais de quatro séculos, as correntes mais moderadas do protestanti smo, caminhando de requinte em requinte, por etapas de dinami smo e de inércia sucessivas, vão ent:retanto favorecendo paulatinamente, de um ou de outro modo, a marcha cio Ocidente para o mesmo ponto extremo2 .

FÁTIMA: 80 ANOS

ESCREVEM OS LEITORES

5

Cardeal Opilio Rossi abençôa Catolicismo

Nolns: 1. C'fr. 11" 1, ( ' d o p11•N1•11 H· ( '11p ft11lo . . ('fr. 1'11 11 1· 11 , ( '11 p. VIII , 1,

A análise da TFP

17

FÁTIMA: 80 ANOS

22

FÁTIMA: 80 ANOS

24

Foi atendido ou não o pedido de consagração ao Imaculado Coração de Maria?

Feministas atacam a Igreja

A PALAVRA DO SACERDOTE

7

Cultuar imagens = idolatria?

ENTR EVISTA

25

Sobrinho da Irmã Lúcia fala a Catolicismo

C. Como se harmonizam essas velocidades Cumpre estudar o papel de cada uma dessas velocidades na marcha da Revo lução. Dir-se- ia que os movimentos mais velozes são inúteis. Porém não é verdade. A explosão desses extremi smos levanta um estandarte, cria um ponto de mira fixo que fascina pelo seu próprio radicalismo os moderados, e para o qual estes se vão lentamente encaminhando. Assim, o sociali smo repudia o comunismo mas o admira em silêncio e tende para ele. Mais remotamente o ~ es mo se poderia dizer do com uni sta Babeuf e seus sequazes nos últimos lampejos da Revolução Francesa. Foram e magados . Mas lentamente a sociedade vai seguindo o ca mi nho para onde eles a quiseram levar. O fracasso dos extremistas é, pois, apenas aparente. EI s colaboram indireta, mas possantemente, para u R 'volu ·fio, atraindo paulatinamente para a rca li1,açfo d · s ·us culposos e exacerbados dev aneios a rnultid:1o inw nlávcl cios "prudentes", cios " mod ·rados" l' dos medíocres. L ia n pr6 im,1 c•< li<.io o itC'm e: Desfaze ndo obj çõ s.

14

Livro de Autor da TFP é best-seller de 3 milhões

A REALI DADE, CONCISAM ENTE

6

A Revolução da Sorbonne, em 1968, aparentemente fracassou. Mas seu espírito anárquico triunfou nosestilos hippy, rock e punk, aceitos pela sociedade CATOL ICISMO -

COM A PALAVRA. .. O DIRETOR

anabatistas, por exemplo, tiraram imediatamente, em vários campos, todas ou quase todas as conseqüências do espírito e das tendências da Pseudo-Reforma: fracassaram.

B. A marcha morosa

FÁTIMA: 80 ANOS

Portugal e Brasil, arautos de Fátima

DISC ERNINDO ...

9 Frei Reto e Boff apóiam

padre excomungado

VIDAS DE SANTOS

Santa Gema Galgani, esplendor de pureza

1O

27

IMAGENS EM PAINEL

Internet: o oposto da contemplação religiosa

SANTOS E FESTAS DO MÊS

30

INFORMATIVO OPERÁR IO

12

FÁTIMA: 80 ANOS

Boletim da TFP para trabalhadores amplia difusão

Visão de conjunto sobre a Mensagem de Fátima

TFPs EM AÇÃO

32

33

Amanhã de Nossos Filhos CAPA: Imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima que chorou em Nova Orleans (EUA), em 1972

vence batalha contra novela imoral na Justiça

Maio de 1997 CATO LI CISMO -

Maio de 1997

3


/

U; [?,

~

Necessidade de re

Amigo leitor, 80 anos da primeira aparição de Nossa Senhora em Fátima! Na presente edição de Catolicismo, a matéria de capa é dedicada a essa

comemoração, uma vez que as aparições de Fátima constituem o principal acontecimento deste século. Os leitores constatarão como a Mensagem que Nossa Senhora confiou aos três pastorinhos é mais atual do que nunca. Principalmente porque, embora parte do que Ela previu já se tenha cumprido, outra parte ainda está por se cumprir. E, certamente, a parte mais importante, que contém o chamado terceiro segredo de Fátima. Catolicismo procura, assim, atender às perguntas mais freqüentes de seus leitores sobre o

assunto. A entrevista que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e o Eng2 Antonio Augusto Borelli Machado concederam à revista "30 Dias", cujos principais excertos reproduzimos neste número, lança uma luz especial em vários pontos controvertidos do tema. Nossa reportagem procurou também, em Portugal, o Pe. José dos Santos Valinho - sobr inho da Irmã Lúcia, a única vidente ainda viva - que nos br indou com uma entrevista esclarecedora sobre alguns aspectos discutidos da Mensagem.

açao contra credos falsos

Estou fazendo esta ass . duvido dos méritos m:,it matura da revista Catolicismo da num supremo esfo;ço pa~/ el~ ~ontrário, acho utilíssima. Poré~ual t ªº muitas posses, mas apenas bco a orar com a Campanha Na~o' to aço de / · , oa vontade · .. .. emas t a _gre1a Catolica reagir contra a i : reconhecemos a necessidade

1~:,~;~~~:;i~~e~~:

contribuem ju,~: ~: ~ti:~~~t~;d~~t:os credos~ tanditas relrg·- para o afastamento do Cat I s outros aped roes sao liberais o rcrsmo, vrsto que essas ema,s, atraindo dessa forma para s, as pessoas que não querem reconhecer e consertar seus próprios erros. Eas~,m as almas vão se afastan, o de Deus e se perdendo e e rsto que Nossa Senhora na Sua santíssima bondade t t . e ena evitar procurando incessantemente salva r o . maior

Agora, só me resta desejar: boa leitura, car o leitor. E que seu coração se abra totalmente às graças que emanam do Imaculado Coração de Mar ia, cujo triunfo foi prometido em Fátima. Em J esus e Maria

~~

Paulo Cor rêa de Br ito F2 Diretor P.S. Uma boa notícia de última hora: acabo de receber de Roma uma carta do Cardeal Opilio Rossi - antigo Presidente da Comissão cardinalícia para os Pontifícios Santuários de Pompéia, Loreto e Bari abençoando a nova campanha de assinaturas de Catolicismo, bem como cada assinante e sua família. Um belo estímulo. Leia o texto integral da missiva, na página ao lado.

•• Écom imensa sa tisfação ue

i~i~:,;,in";:;i,~;~;~:;,ª:::~:;~!~~::I~;~;~,~'.o~;;::,;:;: ro, valent~o~ ~: l;~n~:~~ev: lor in~borma_~i~o, ~i~~r: ; ~e:: ~;~o~~nteúdo g,o popular· "sem ' em su terfug,o. E como d' 'segu, · papas na língu " Éd ' rz o nosso ad, ~;;ano que n_ossa lgre1a está nece:Si;an essa qualidade de órgão publ~: , mo, pela impressão gráfica b do_. Lamentavelmente o Cat /' as camadas mais baixas da astante di spendiosa, não pode eh o,_ seguras e doutrinárias como ss~credade, tão carentes de infonna e§ar 0 1 a ser a noss R . , çoes (A e A . .. - Manaus-AM) a evrsta. E uma pena/

b

Desta forma estaremos cumprindo nossa missão, além de favorecer outros , no sentido de participarem da mesma, divulgando cada vez mais o apelo premente dirigido pela Mãe de Deus à humanidade em 191 7.

A resposta a tal per gunta está brilhantemente desenvolvida no artigo Fátima, de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, publicado em 7 de outubro de 1945 nas páginas de "O Legionário", então órgão oficioso da Arquidiocese de São Paulo. Deste artigo estampamos os principais tópicos nesta edição.

Apreciador da verdade 1 c ara e valente

Nota da Redação: A TFP - . um boletim gratui10 des1inad ~" qual Catolicismo é porta- voz . lido aos que o desejarem V o aos operán os urbanos e runis divulga também re/ali vas ao mencio~ado ,ir/e, a es1e propósito, ma1éria; ,3e2que pode ser remeo etun. P- com infonnações

Por que todo esse esforço? Porque Catolicismo sempre foi, é e será um Arauto de Fátima.

Porventura o leitor tem presente que Nossa Senhora em Fátima falou a nossa língua, o português? Não teria Ela querido indicar ao povo de Portugal e, por extensão, também a nós brasileiros, que esta é uma missão que nos concer ne de forma particular?

número de almas possível p par~t ~ ªtpanh_a de Noss~ S~~h~~: !t~~~ia sucesso, progresso e vitória . . . - Rio de Janeiro-RJ) vor, orem por nós.

lares invadidos por m

R~~ebi a sua carta me convidand Cat~l,crsmo. Muito obrigado pelo coo ~ara faze: a assinatura da revista rer !vulgar a nossa Religião Católica nvrte. _Voces estão certos em queEverdade, muitas pessoas estão d .atraves da revista Catolicismo um conhec· . e,xando a nos R r ·· _,menta maior, por falta de u sa e rg,ao por falta de Tambem é verdade qu m aprofundamento na Relig· ~ do m ·t e no mundo de h · I e L/1 as coisas que desviam OJe os ares estão recebe as pessoas do caminho de D na televisão e também os programas d , c1 · eus, como nas, que nada têm a ver comJ ' e ra ro, com as músicas mune/ (A M M R esus e Maria n Ma. · · · - São Paulo-SP) ' assa ae Santíssima.

Ilmo Sr. Dr . Paulo Corrêa de Brito Filh o Diretor de CATOLICISMO Sã o Pa ulo BRASIL

'ªº·

Roma , 24 de març o de 1 997 Prezado Senhor, Paz em Cristo . Com mu ita alegria fui infor mad o aqui em Roma sobre a campan ha de expan são da revis t a CATOLICI SMO.

Congratulações por nov as seçoes

Só pode ser muito agradável a Deus o o b jet i v o visado p or V. Sa . de l evar a o maior número de lar es uma r evista de o rien taçào catól ica .

Esta Câmara Mun. . I autori d ·1 rcrpa [de Natividad RJ} . a o , ustre Vereador De I e- , a requerimento d ~rmemente em sessão rea lizaJ~::~.L~nnes Vieira, aprovado una~ onra de dirigir-se a V.Sª a fim de 'ª Op.p. [de fevereiro], tem a rev,_sta Catolicismo pela seriedad dcongratular-se com a magnífica notrc,am m e e seus artigos ·1 , . as comentam as notícias d ~ ' que nao apenas e, entendimento a todos. e orma clara, ensejando fáA cada dia que passa a revi novas e variadas seções sta melhora com a inclusão d do m, ,, , como a mais e es que com certeza receb , recente "Santos e festas ~ exemplo de outras há pouco te~~a aprovação total dos leitores, Palavra do Sacerdote" I po inseridas, destacando-se rinh v // ' na qua o Revmº e ª - o , ac, ao responder er u - onego José luiz Mapoe em primeiro plano o b:m Ja nt~s sobre va riados assuntos sa l,_enta em sua última orienta ãs a mas, conforme ele própri; revista, de fevereiro do ç o contida no número 554 d Barreto Tavares Pres·d corrente ano.(a) Sebastião Ant . a , , ente. on,o

Isso é esp ecia lme nte i mportante devido ao preocupante fa to d e o Br asi l, pals mac i çame nte cató l ico, estar sendo invadid o por grande n úmero de seit as. Assim , envio minh a b e n ção a esta meritória campa nha. Aben çõo espec i al me nte a V . Sa . por est a i n iciativa e a cada assi n a nte d a revis t a, bem como às suas fa mi lias .

In Jesu et Maria ,

·1

I

f

f,_

t ~ " t . '!f_ J-h

.

Opilio Card . Ros si

4

CATOL1c 1sMo

aus programas

M ..


AREALIDA (;:,&

ISAMENTE

~lfYJl nforme notic iamos em números anteriores, esta invaFeminista "católic~" contra a Igreja sãoComuçulmana não tem feito senão crescer em outros paíN a abertura do 8º Encontro In ternacional Mulher e Saúde, no Hote l Glór ia, Rio de Janeiro, a norte-amer ica na Frances Kissling, pres idente da organização aborti sta Católicas pelo Direito de Decidir afirmou o despautério que 110 Vaticano é um gra nde perigo para a saúde das mu lh eres". A doutrina católi ca trad ic ional sobre o direito do nasc ituro à vida desde o momento da concepção está baseada no Mandamento " N ão matarás". Quando Nosso Senhor afirmou "Procurai o reino de Deus e sua justiça e tudo vos será por acréscimo", ter-se-ia enganado o D ivino Mestre? Seria uma blasfêFeministas ignoram a Lei natural e a Lei mi a ima gin á- lo! divina

O jeitinho brasileiro na economia Álvaro de Souza, alto executivo do Citibank, revela bom senso ao afirmar: "O Brasil ainda tem uma economia informal grande, que não é mensurável. Como é que você

pode falar de concentração de renda, quando você sabe que entre 20% e 30% da economia não está sendo capturada pelos números? Existe um colchão no País, criado pela economia informal, pelo subemprego, pelo informalismo das relações trabalhistas, que protege o conjunto. Existe uma crueza mostrada pelos números legais, que é ruim, mas que na vida real não é tão ruim assim".

Avanços do maometanismo e previsões de sua derrota Depo is do Cato li c ismo e do con junto das se itas protestantes, a terceira reli gião na A leman ha é o maometan ismo, que conta com 2.6 milh ões de adeptos e 2 m il mesq uitas. A im igração turca, já em terceira geração, é a principa l responsável pe lo fato. Em mu itas provínc ias o Poder Públ ico financ ia aul as de maometanismo nas esco las do Estado, ministradas por professores formados na Tu rqu ia. 6

CATOLlCJSMO -

ses da Europa também. Entretanto, co nvém lembrar que houve almas favorecidas com lu zes proféticas que previram um grande tr iunfo da Santa Igrej a Cató li a, Apostól ica, Romana sob re os seguidores de Maom , , eh gando estes ú ltimos a se conve rterem ao redi l da Re li gião verdadeira. Assim, por exemp lo, São Luís Maria Grign ion de Montfort (1673-1716) a Bem-ave nturada Ana M ari a Taigi (1769-1837). Tais profe ias se enquadram perfeitamente nas promessas feitas por Nossa Senhora em Fátima no sentido de que "Por fim, o Meu Imacu lado Coração triun fará"!

Boneco homosssexual para crianças! A firma londrina Totem lnternational lançou no mercado o boneco Billy. Ele é o primeiro boneco homossexual para as brincadeiras infantis. A hediondez do fato é de tal maneira repulsiva, que se pergunta o que sustém ainda o braço de Deus, impedindo o castigo que Ele certamente desfechará sobre essa espécie de gente e sobre todos aqueles que apóiam ou que ficam indiferentes diante desse pecado "que clama a Deus por vingança".

Pais irresponsáveis, filhos sem moral, família condenada Em Nova York, 35% dos ado lescent s ntr 13 e 1 7 anos pertencem a um a das 50 ga ngu es ex istentes na c idade. Depo is das ruas, o co légio é o lu gar mais vio lento. Mais de mi l esco las públicas estão dom in adas por gangues j uven is que traficam drogas, estupram, roubam e, se necessário, matam. Eis aí a decorrênc ia de

Sem verdadeira educação moral, jovens aderem às gangues

uma conju nção de diversos fatores negativos, não mu ito d iferentes nos d m ai países do Ocidente. Entre tais fatores, figura com d staqu e o descuido e a irresponsabi lidade dos pais na f 1·ma ão moral e reli giosa dos filhos. De ta l sorte qu , 01110 n in a o Doutor da Igreja Santo Afonso Maria d Li ri (16 6-1787), "os filhos tomam o mau exemplo d' s 'U S p c1 ís1 o transmitem depois a seus fi lhos; d man ira qu 't país, filhos, e outros descendentes, gu m uns aos outros no inferno" (Oeuvres Completes - O uvr s /\ se 'líqucs, a t rman, Tourna i, 1877, 2 d., t. XV I, p. 4H0).

Maio de 1997

ri~ CôNEGO JOSÉ

C

om toda tranqüilidade a Santa Igreja Católica tem fornecido os argumentos para responder a essas e a tantas outras objeções levantadas pelos protestantes. Pois há mais de 400 anos que Ela luta contra eles. Eles levantam essas dúvidas todas, com a intenção de derrubar a Santa Igreja, ev identemente. "Tu es Petrus"! disse Nosso Senhor. E continuou: "e sobre esta pedra ed(ficarei a minha Igreja . .... E Eu te darei as chaves do Reino dos Céus; e tudo o que ligares sobre a Terra, será ligado também nos Céus; e tudo o que desatares sobre a Terra, será desatado também nos Céus" (S. Mateus 16, 18-19). Mais! Decorridos 40 dias de sua Ressurreição gloriosa, na hora de sua também gloriosa Ascensão aos Ceús, ao despedir-se dos Apóstolos que elegera ordenou-lhes: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura" (S. Marcos 16,15). Bastariam esses dois textos para tornar claríssimo, incontestável e indiscutível que a Missão de ENSINAR, de SANTIFICAR e de GOVERNAR o Rebanho de Jesus Cristo foi confiado, com toda exclusividade e plenitude, a São Pedro e aos Santos Apóstolos a ele unidos e absolutamente submissos. Eis a origem e o fundamento do Sagrado e Infalível Magistério, único autêntico guardião e intérprete da Dou-

Sr. Cônego Como as explicações dadas pelo Sr. em seu último artigo para Catolicismo, sobre as objeções levantadas pelos protestantes, me foram de grande utilidade, aproveito para lhe pedir que responda a outras questões no mesmo sentido. Com efeito, dizem os protestantes: 1) que basta ler a Bíblia e seguir o que ela ensina para agradar a Deus, não sendo necessária a Igreja Católica para interpretá-la; 2) que os católicos adoram imagens. Como refutar tais acusações?

trina de Nosso Senhor Jesus protestantes em suas mil seitas Cristo. Ou seja, da Doutrina que pululam pelo mundo. Até escrita por alguns dos Apóstoparece que, para o frade apóstata los e dois Evangelistas - cone seus seguidores, Nosso Sesignada nos 27 Livros Canônhor Jesus Cristo não teria dito nicos do Novo Testamento "Ide e PREGAI", e sim "Ide e e da Doutrina falada, pregaESCREVEI o Evangelho a toda a criatura". da pelos mesmos Santos Apóstolos unidos e submissos a São Sem comentários' Rezemos Pedro, a pedra, a rocha sobre a por sua conversão e plena reinqual Nosso Senhor Jesus Cristegração no único Rebanho de to edificou o Seu Reino, ou seja Nosso Senhor Jesus Cristo: a a Sua IGREJA. Santa Igreja Católica, ApostóEis as duas FONTES DA lica, Romana. REVELAÇÃO, através das Agora, como podem pessoquais Deus se revelou aos hoas que não têm estudos mens, em e por Nosso Senhor especiali zados, por-se a fazer Jesus Cristo: interpretação da Bíblia? E com A Palavra ESCRITA, consbase nessa interpretação, colotituída pela Sagrada Escritucar em dúvida os fundamentos ra,e a palavra FALADA, consda Fé? tituída pela Pregação dos Apóstolos, ou seja a TRADIAparentes contradições da ÇÃO, a transmissão viva, falaBíblia: como os protestantes da, do que ouviram, viram e • resolvem? apalparam, mas não escreveram, dos ensinamentos de NosSe não houvesse a Igreja so Senhor Jesus Cristo. para explicar certos textos apaEsta segunda fonte de RErentemente contraditórios, VELAÇÃO, a TRADIÇÃO, quem os explicaria? foi rejeitada por LUTERO e Por exemp lo, o mesmo continua sendo rejeitada pelos Deus que proibiu fabricar e ado-

CATOLICISMO -

Maio de 1997

Luiz VILLAC

rar ídolos, ordenou a Moisés fabricar duas estátuas de querubins para guarnecer a Arca da Ali ança. Veja isto em Êxodo, 25,18; 37,7; 3º livro dos Reis, 6, 23; l º livro dos Para lipômenos, 28,18-19; 2° li vro dos Paralipômenos, 3,10. Como os protestantes explicam isso? Deus proíbe comer carnes de animais considerados "impuros" no Antigo Testamento, como porcos, répteis, etc. Esse mesmo Deus manda São Pedro comer todas essas comidas proibidas, conforme consta dos Atos dos Apóstolos, capítulo 11, 4-10 Como os protestantes explicam isso? Como explicam eles também que, tendo Deus revelado a Moisés os Dez Mandamentos - um dos quais diz "Não matarás" - , entretanto o mesmo Deus mandou, por exemplo, que os antigos apedrejassem todo homem ou mulher que praticasse a magia? Ver isso no Levítico, 20,27. Aliás, todo este capítulo do Levítico é constituído pela relação de delfitos que são punidos com a pena de morte. Esses exemplos servem para mostrar que interpretações indiscriminadas das Sagradas Escrituras só dão em desastre. Desastre este que se reflete nas mil seitas protestantes que há pelo mundo, cada uma das quais se julga no direito de interpretar a seu belprazer os Livros Santos. Um verdadeiro caos. 7


A Igreja já explicou tudo go, a afirmação de Jesus Cristo: "E eu digo-te que tu és isso de modo exuberante, mosPedro, e sobre esta pedra trando que não há qualquer contradição. Muito ao contráedificarei a minha Igreja, e as rio. Tudo se coaduna, tudo se ·, portas do inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei completa e redunda numa quitetura e harmonia pe1feita! as chaves do reino dos Céus, e tudo o que ligares sobre a terApresentei os fatos acima para mostrar que são necessára, será ligado também nos Céus; e tudo o que desatares rios estudos para explicar essas sobre a terra, será desatado aparentes contradições. E tais interpretações pessoais que também nos Céus" (S. Mateus existem por aí, não passam de 16, 18-19). Assim, só a Igreja Católica confusão perigosa para a Fé. tem a legítima autoridade para Na própria Sagrada Escriinterpretar as Sagradas Escritutura está dito que há passagens ras de modo infalível, como difíceis de interpretar e quepessempre se creu e ensinou, e soas ignorantes lhes adulteram o sentido para a sua própria percomo afirma o Concílio de dição (cfr. 2ª epístola de São Trento, seguindo toda a TradiPedro, cap. 3, versículo 16). ção, desde o passamento do último Apóstolo, São João E apenas os estudos não Evangelista, até o dia de hoje. bastam. É preciso que exista E assim o será até a "conuma autoridade assistida por sumação dos séculos". Deus para orientar e guiar esses estudos, resolver as quesImagens não são ídolos tões que suijam e declare infalivelmente no que se deve crer. E, por fim: os católicos adoÉ o que expusemos acima. ram imagens? Essa autoridade Jesus CrisOs católicos não adoram to conferiu à sua Igreja que, por imagens, porque elas são apemeio do Papa e dos Bispos, assistidos pelo Divino Espírito nas representações de Nosso Senhor, de Nossa Senhora, dos Santo, têm a missão de ENSINAR (pela pregação), de SANAnjos ou dos Santos que nos ajudam a lembrar-nos deles, a TIFICAR (pela administração amá-los, invocá-los e venerádos Sacramentos) e de GOVERNAR (mediante as Leis da los, como é nosso dever. É mais ou menos o que Igreja) o povo fiel. É a diferenacontece com as fotografias das ça que existe entre a Igreja pessoas que nos são caras. Nós DOCENTE e a Igreja DISmandamos fazer quadros e os CENTE, estabelecida por Noscolocamos sobre móveis, em so Senhor Jesus Cristo. paredes, etc. Enquanto nossos As provas da veracidade e olhos de carne contemplam divindade da Igreja estão nos milagres que atestam a sua sanimagens ou quadros, os olhos de nossa alma se voltam para tidade, na tradição eclesiástica que vem desde os Apóstolos e Deus. As imagens não são ídolos. pela qual se pode estabelecer historicamente, de modo lumiNo Antigo Testamento Deus proibiu que os judeus finoso, indiscutível e insofiszessem ídolos porque eles vimável, que a Igreja dos Apósviam no meio de povos pagãos tolos é a Igreja Católica. idólatras, isto é, julgavam que Também se pode provar caas estátuas eram deuses ou tibalmente, por meio das Escritunham propriedades divinas e ras, que a Igreja Católica é a Igreja fundada por Jesus Cristo. por isso as adoravam. Por exemplo, como já foi Para evitar que os judeus caíssem nesse erro, Deus proiacentuado no início deste arti-

8

CATOLICISMO -

biu que eles fizessem representações de divindades. Mas não proibiu, e até mandou várias vezes que fizessem estátuas ou representações simbólicas, conforme se pode ler nas citações indicadas anteriormente (Êxodo 25,18 etc., etc.). No Novo Testamento não há qualquer proibição de fazer imagens. Apenas se mantém a proibição de idolatria, isto é, de tomar as imagens como deuses e adorá-las. Os protestantes não sabem distinguir entre imagens e ídolos. Nada entendem sobre a devoção aos Santos e aos Anjos. Daí vem uma certa frieza metálica que se nota no contato com muitos deles. Não têm medianeiros em quem confiar e, sem que percebam, sentem-se órfãos, dizendo-se discípulos de um Jesus que eles não conhecem porque re-

jeitaram a coluna e o sustentáculo da verdade, que é a Santa Madre Igreja. Na ordem da natureza tudo tem sua escala, lembrando a mediação existente entre criatura e Criador. Vemos isso até mesmo numa criança, que corre para o colo da mãe quando se sente em perigo, ou quando percebe que o pai está zangado. O culto aos santos e aos Anjos, representados por suas imagens, nos conduz a Deus. Pois eles nos servem de modelos a serem invocados e imitados, se desejamos praticar as vittudes cristãs como Nosso Senhor Jesus Cristo espera de nós. Rezemos com freqüência a Ladainha de todos os Santos, reafirmando nossa Fé e manifestando nossa confiança na admirável proteção dos Anjos e Santos de Deus! O

AfOL

s o

Publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes Ltda. Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Mariza Mazzilli Costa do Lago - Registrada no DRT-SP sob o n2 23228 Redação e Gerência: R. Gen. Jardim, 770, cj . 3 D CEP 01223-01 O São Paulo SP -Tel (011) 257-1088 Fax (011)258-4654 ISSN 0008-8528 Fotolitos: Bureau Bandeirante de Pré-Impressão Ltda. Rua Mairinque, 96- CEP 04037-020 São Paulo SP Impressão: Takano Fotolito & Gráfica - Av. Dr. Silva Melo, 45 CEP 04675-010-Tel. (011) 524-2322 Fax (011) 246-3311 São Paulo SP

Preços da assinatura anual para o mês de MAIO de 1997: Comum : R$ 50,00 Cooperador: R$ 75,00 Benfeitor: R$ 150,00 Grande Benfeitor: R$ 250,00 Exemplares avulsos: R$ 5,00 N.B.- O que exceder ao valor ela ass inatura comum considera-se um donativo para a difusão de Catolicismo e para as atividades estatutárias da TFP

SERVIÇO fJE ArENfJIMEi'rro AO ASSINANTE Telefone: (011) 223-4233 CORRESPONfJÊNCIA: Caixa Postal 9159 CEP 01065-970 São Paulo SP

DISCERNINDO, DISTI .

Frei Betto, ex-Frei Boff e o Padre excomungado ... C. A.

U

MA regra de psicologia- e tam_bém de teologia nos ensina que as pessoas que pensam do mesmo modo, tendem a unir-se e a defender-se mutuamente. O grande São João Bosco, que além de santo era também fino pedagogo, observava essa regra até entre seus

birichini. Meninos vindos em geral de camadas bem modestas da população e sem qualquer relacionamento prévio entre si, os birichini só passavam a conhecer-se nos oratórios, espécie de internatos mantidos pelo santo para formação cristã da juventude. Porém, São João Bosco observava que se dois desses meninos, vindos de cidades diferentes, de idades diferentes, tinham em comum a má índole de seu caráter, em pouco tempo ambos estavam juntos e formando uma espécie de panela subversiva dentro do

oratório. É esta uma regra, velha como a natureza humana, muito bem formulada pelo ditado latino "similis simili gaudet" - o semelhante se alegra em estar com seu semelhante. Exemplo bem característico desta atração dos maus entre si encontra-se no artigo em que Frei Betto defende o Pe. Balasuriya (cfr. "O Estado de S. Paulo", 26-2-97), recentemente excomungado pela Santa Sé. Curiosamente, no mesmo artigo o frade dominicano toma também as dores do "teólogo Leonardo Boff', sem aludir entretanto ao fato de que este último já abandonou o sacerdócio e a Igreja. Estaremos mais urna vez diante do "similis simili

gaudet"? Maio de 1997

O, CLASSIFICANDO...

Pe. Balasuriya, excomungado por heresia defendida em seu livro "Maria e a libertação do homem"

O Pe. Tissa Balasuriya, de Sri Lo,nka (antiga ilha do Ceilão), encontra em Frei Betto, aqui no Brasil, um ardente defensor Frei Betto -que se tornou conhecido no Brasil após suas implicações com os comunistas de Marighella omite dizer que a excomunhão dopadre Balasuriya não é apenas "um caso" entre a Santa Sé e o sacerdote sri-lankês, mas que este último já vinha tendo suas heresias apontadas pela própria Conferência Episcopal de Sri Lanka. A excomunhão se deu após um processo de vários anos, durante o qual o padre herético não aceitou as "observações" que lhe foram enviadas em julho/94 pela Congregação da Doutrina da Fé, negando-se também a assinar uma profissão de fé que posteriormente lhe foi enviada pela mesma. Na verdade, o que o Pe. Balasuriya escreveu em seu livro Maria e a libertação do homem- motivo da conCATOLICISMO -

Maio de 1997

denação - é conseqüência lógica dos erros que a todo momento vemos defendidos por elementos clericais da chamada corrente progressista. Tais elementos, menos ingênuos talvez que o padre sri-lankês, não costumam escrever tudo o que pensam, preferindo muitas vezes manter-se nas insinuações. As acusações ao excomungado são de fato da maior gravidade: "Não re-

conhecer o caráter sobrenatural de Cristo, pôr em dúvida Sua filiação divina, recusar o dogma do pecado original e minimizar o papel de Maria na história da salvação", além de equiparar Nosso Senhor Jesus Cristo a Buda e Krishna e querer a implantação de mulheres-sacerdotisas ("L' Actualité Religieuse", Paris, 15/ 2/97). A excomunhão do Pe. Balasuriya nos leva, por fim, a considerações de ordem teológica, da maior importância para a vida prática. Trata-se de uma superior constatação da regra do "similis simili gaudet", feita pelo grande apóstolo marial do século XVIII, São Luís Maria Grignion de Montfort. Descreve ele um enorme contingente de homens que, "embora divididos

todos entre si, ou pelo afastamento dos lugares, ou pela diversidade dos gênios, ou por seus próprios interesses, se unem, entretanto, e se ligam até à morte" para fazer guerra a Deus ("Oração Abrasada"). Também a São João Bosco e a São Luís Grignion poderia aplicar-se, a seu modo, a regra do "similis simili gaudet", só que na união feita com base na verdadeira Fé católica. D

9


Na hipótese de o ere mita ser c atólico, Santo Antão poderia ir direto ao ponto: "En-

Navegando na Internet da História PAULO CORRÊA DE BRITO

A

14 e l5 da publicação é ... um e remita copta que vive numa gruta de Wadi Natrum, no Egito (foto superior da p. 11 ). A legenda diz que o religioso se comunica com o resto do mundo graças ao computador. A figura está de pé num ambiente desértico, usando veste e capuz monacais, ligeiramente inclinada para frente, absorta em sua comunicação, tendo nas mãos um computador portátil. A legenda não esclarece se o eremita é um católico do rito copta ou se e le pertence à comunidade copta monofisita po1tanto herética - que se separou da Igreja Católica no Concílio de Calcedônia, em 451.

revi s ta s emanal " Sette", do quotidiano milanês "Corriere della Sera", publicou em seu primeiro número de janeiro passado matéria totalmente dedicada à red e mundial

Internet. São apresentados aos leitores, como manifestação da importância e extensão universal da rede, usuários dos mais di versos gêneros e idades, em países de todas as latitudes do planeta. À página 6 da revi sta encontra-se pequena foto da capa de um calendário ou folhinha de parede intitulado Calen dario di Frate lndovino (Irmão Indovino). Ao lado da folo , uma breve nota: a referida fo 1h i nha , de autoria de Frei Mariangelo de Cerqueto (5 milhões de exemplares por ano), agora pode ser captada via Intern et , no endere ço www ........ ... , Ordem dos frades menores capuchinhos, Umbri a (Itália). O aviso conclui com as seguintes palavras: "As vias

do Senhor são deveras infinitas ..." Este sucinto te xto explica a capa do semanário, reproduzida na foto desta página : um personagem com barba envergando hábito e usando capuz que têm algumas analog ias com a veste dos capu chinhos - dedilha um teclado de computador. E o sugestivo título faz uma previsão: Fratello futuro (Irmão futuro).

~

Suponhamos que esse imaginário personagem fosse um

ente real , transform a do , d e fato , em re lig ioso-símbo lo do futuro, como insinua a re vi sta. O que pensari a di sso, c aso ressu scitasse hoje, por e xe mplo, o pai espiritual de Loda a família fra nci sca na com seus vários ramos , como o dos capuchinhos - o grande S ão Francisco de Assi s ? Parece-me que ele advertiria o Fratello Futuro, empregando ma is ou menos os seguintes termos: "Meu.filho, es-

queceste o exemplo de desapego total dos bens deste mundo que te dei? Não te recordas que entreguei todas as minhas vestes a meu pai carnal Pedro

CATOLI CISMO -

Bernardone? E que, para realçar tal renúncia, contenteime com um saco em redor de meu corpo ? Como pretendes conciliar meu espírito de recolhimento, de renúncia, e a "dama pobreza ", que desposei como deveriam fa zê-lo todos meus filhos espiriluais com o mundo da Internet, no qual prevalecem a dispersão de espírito, um. acentuado naturalismo e fort e solicitação para intemperanças de toda ordem ?"

"~~ .n[J.;s~=~

O prim e iro us u á ri o da

Internet que surge nas pág inas

Maio de 1997

Suponhamos que Santo Antonio Abade, também conhec ido como Santo Antão (séculos m -lV), considerado o pai do asc e tismo e da vida crcmíti ca, voltando ao mundo, se e ncontrasse com esse eremita navegando, via Internet, pe los mais díspares lugares do g lobo ou por temas dos mais variados ? O que lhe diria? Se o e rmitão fosse copta monofi sita, o Santo certamente convidá-lo-ia a repudiar a heresia e retornar logo à Santa Igreja Católica Apostólica Romana, a única Igreja verdadeira do único Deus verdadeiro. E recordaria que, no ano 335, ele deixou sua tão amacia soli dão, dirigindo-se a Alexandria para apoiar Santo Atanásio em seu combate contra os hereges arianos.

tão, meu filho , não vês que é contraditória tua atitude? Se te refu giaste numa gruta do deserto para viveres isolado, em espírito de oração e penitência, não perce bes que a Int ernet se opõe diam etralmente a tal espírito e a tua vocação espec(ffr a? "Quanto mais eu me aperf eiçoava na vida de oração e sacrtí.cio, quanto mais eufugia dos homens para um recolhimento maior em lugares mais ermos, tanto maior era o número dos que iam me procurar, aos milhares, sedentos de minhas pala vras e meus conselhos. Pois, só a vida interior autêntica é que produz verdadeiros fruto s apostólicos e obtém graças de conversão. "Se pensas que, comunicando- te mediante a Interne t com qualquer parte do mundo, estarás fa zendo um apostolado efica z, tu te enganas! O

espírito que preside as rela ções mantidas através dessa rede é profundamente inadequado para conversas apostólicas. Seria pref erível que empregasses o largo e precioso tempo gasto nesses contactos, em orações e sacr(f[cios pela conversão dos pecadores. "Infelizmente, o que mais provavelmente te ocorrerá depois de certo tempo de 'navegações ' na Internet, não será a conversão dos mundanos por ti, mas a tua 'conversão ' por eles, para o seu mundo de curiosidades vãs, de vacuidades, quando não de to1pezas! " (*)

Nota: (*) Na seç ão A Realidade co11 cisamente de nossa edi ção de setembro do ano passado, nº 549, reprodu zimos reco me nd ações qu e o dire to r do Centro de Tratame nto de Á lcoo l e Drogas da Universidade de Stanfo rd , Bob Matano, fo rn eceu a fim de não se fi car vi ciado na /11/ em et. O

Falece em Madri o Pe. Victorino Rodríguez, O.P.

N

O dia 28 de março p.p., faleceu em Madri o Revmo. Pe. Victorino Rodríguez O.P., insigne teólogo que manteve cordiais relações com a TFP de seu país (Espanha), tendo emitido abalizados pareceres sobre obras publicadas pela TFP brasileira. Merece especial destaque a carta de apoio que o ilustre extinto concedeu ao último livro escrito pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana (Editora Civilização, Porto, 1993). Nascido em Carriles, nas Astúrias, a 14 de fevereiro de 1926, entrou na

Ordem de São Domingos aos 19 anos. Ordenado sacerdote em 1952, partiu para Roma onde completou o seu doutorado. Foi Prior do Convento de Santo Domingo el Real, de Madri , professor da Faculdade de Teologia de Santo Estêvão , em Salamanca, catedrático na Pontifícia Universidade da mesma cidade, professor no Conselho Superior de Investigações Científicas, de Madri, membro da Real Academia de Doutores da mesma cidade, e da Pontifícia Academia Romana de Teologia. Publicou mais de 250 títulos, entre artigos e livros, muitos dos quais pela famosa editora BAC, da capital espanhola. D

CATOLI CISMO -

Maio de 1997

11


PLINIO C0RRÊA DE OLIVEIRA

Não endureçamos ,,_,

nossos coraçoes à voz de Fátima

EM MA IO de 1944, abril e outubro de 1945, o Prof. Plinio Corrêa de O liveira pub licou nas páginas do "Legionário", então órgão oficioso da Arquidiocese de São Pa ulo, três admiráveis artigos, dos quais destacam os as passagens abaixo, inteiramente aplicáveis aos nossos dias, e que fo rmam impressionante visão de conjunto da Mensagem de Fátim a, além de constituírem penetrante análise de seu significado. O 80º an iversário da primeira aparição oferece uma ocasião propícia para levar ao conhecimento de nossos leitores esses textos, nos qua is transparece o espírito de Fé, a largueza de horizontes e a sabedoria do inesquecível Fundador da TFP.

"HÁ

perto de 30 anos, a primeira conflagração mundial camin hava para seu declínio. Contido o ímpeto inicial da invasão teutônica, os fra nceses se dispunham a reconquistar o território perdido. Para os políticos de alto bordo e os observadores mili tares,já não era duvidoso o êxito final da luta. Toda a estrategia alemã se baseara na esperança do tri12

unfo da blitzkrieg. A primeira cartada se jogaria com imensas possibilidades de êxito. Mas era a única. Os alemães a tinham perdido. O resto, para os aliados, era apenas questão de tempo. Os financistas , os sociólogos, os politiqueiros, já começavam seu burburinho de antecâmaras e bastidores, para saber como o mundo se reorganizaria no pós-guerra. E isto enquanto nos camCATouc1sMo - Maio de 1997

pos de batalha a luta ainda ia acesa, e os canhões germânicos troavam não muito longe de Paris. "Esse burburinho tinha real importância. Tinha, mesmo, muito mais importância do que o troar dos canhões. Nos campos de batalha, se liqüidava urna guerra já decidida in radicc. Nos gabinetes, não se liqüidava urna guerra, mas se elaborava urna nova era. O futuro já não estava na retranca das metalhadoras, mas nos pourparlers [conversações] dos bacharéis e dos técnicos. "Quando começavam a delinear-se apenas, timidamente, as primeiras linhas desse mundo novo, verificou-se um dos fatos mais consideráveis da História contemporânea. Em nosso mundo são muitos os céticos que não acreditam nesse fato. Os que não são céticos são tímidos, e não ousam pro-

clamar os fatos em que acreditam. Uns por falta de Fé, outros por falta de coragem, não ousam incorporar à História contemporânea esse acontecimento. Mas os mais graves motivos sobre que a inteligência humana pode basear-se aí estão patentes, a atestar que Nossa Senhora baixou dos Céus à Terra, e que manifestou a três pequenos pastores de um recanto ignorado e perdido do pequeno Portugal, as condições verdadeiras, os fundamentos indispensáveis para a reorganização do mundo. Ouvida essa mensagem, a humanidade encontraria verdadeiramente a paz. Negada, ignorada essa mensagem, a paz seria falsa e o mundo imergiria em nova guerra. A guerra veio. A guerra aí está. Cogita-se agora, como há trinta anos atrás, de reorganizar novamente o mundo. Nenhum momento é mais oportuno do que este, para re-

cordar a aparição de Nossa Senhora em Fátima .....

"Faça-se um teste: tomem-se várias crianças em separado, e mandese-lhes que fantasiem a título de composição literária uma aparição de Nossa Senhora, descrevendo seu semblante, seu traje, suas expressões fisionômicas, seus gestos, anotandoLhe as palavras, o que sairia de tudo isto? Quanta coisa infantil, quanta concepção grotesca, quanto pormenor francamente ridículo! O nível de instrução das crianças de Fátima era incomparavelmente inferior ao de uma criança de cidade. Não conheciam teatros nem cinemas, não tinham visto livros com figuras representando Rainhas, senhoras de corte dos tempos CATOLICISMO - Maio de 1997

antigos, etc. Não tinham, pois, outra idéia de beleza, elegância, distinção, que não a que filtrava até elas - em que lusco-fusco! - através dos tipos femininos que viam em redor de si na aldeia. Não possuíam a menor noção da beleza própria aos vários coloridos e a suas respectivas combinações. Tudo isto não obstante, a Senhora que lhes aparece, eles a descrevem com pormenores s uficientes para se ver que era uma figura de sublime beleza, trajada com uma rara majestade e simplicidade. Senhora, aliás, tão diferente de tudo quanto eles conheciam em matéria de imagens, que não suspeitariam que fosse Nossa Senhora, e nem sequer uma Santa. Foi só quando a Senhora Se declarou, que souberam com Quem tratavam. (Conti nua na p. 16)

13


,,

FATIMA: marco novo na ... História da Igreja No artigo Livros versus canhões, também no "Legionário", o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira realça o marcante incremento da devoção a Nossa Senhora de Fátima: ·"Um pouco por toda parte, começam a aparecer as igrejas ou os altares a Nossa Senhora de Fátima, e se multiplicam nos devocionários correntes as orações a Ela dirigidas. A meu ver, entretanto, tudo isto ainda é pouco, e é até muito pouco. Fátima não é um fato ocorrido apenas em Portugal, e nem mesmo interessa apenas a nosso tempo. Fátima é um marco novo na própria História da Igreja. Fátima é, queiram-no ou não o queiram, a verdadeira aurora dos Tempos Novos cujos a/bares não despertaram nos campos de batalha, nem nas laudas de papel de tantos escritores, mas no momento em que Nossa Senhora baixou à Terra e comunicou aos três pastorinhos as lições severas sobre o crepúsculo de nossos dias, e as palavras esperançosas sobre os dias de bonança que a Misericórdia Divina prepara para a humanidade quando finalmente se arrepender. .... "De Maria nunquam satis". "De Fatima nunquam satis" poder-se-ia dizer. O assunto é por demais rico e empolgante para que me seja possível dizer tudo nestas linhas. Reservo-me para tratá-lo mais a fundo no próximo número do "Legionário", desde que Nossa Senhora de Fátima me ajude a realizar sobre o assunto um trabalho que seja uma retribuição mínima à imensidade de graças que Lhe devo" ("Legionário", 8-4-1945).

14

CATOLICISMO -

Sob o título 11 Fátima 111 o artigo, cujo excertos publicamos abaixo, ressa lta o papel gra ndioso que a Providência Divina reservava ao Brasil e à sua mãe-pátria: "Na época de laicismo em que vivemos, a missão histórica de Portugal costuma ser considerada de um ponto de vista inteiramente agnóstico. O ciclo das navegações é apreciado, pela maior parte dos compêndios, apenas em seus resultados econômicos e políticos. "De nada ou quase nada tem valido que historiadores do melhor quilate hajam demonstrado coisa diversa. Acumulam-se as provas de que o primeiro móvel da alma lusa, na aventura das navegações, foi apostólico; que os desbravadores de oceanos que o pequenino Portugal deitou pela vastidão dos mares tinham alma de cruzado, e não de mascate. "Para a História corrente, manipulada e deformada segundo as conveniências da irreligião, a glória de Portugal continua privada do esplendor sacra] e heróico dos ideais religiosos, e reduzida ao mérito sempanache das realizações materiais da vida burguesa. "Nada disto, porém, altera a evidente realidade dos fatos. A monarquia fidelíssima foi essencialmente missionária. O Brasil deve a Portugal, à ação missionária do luso, a suprema graça de pertencer à Igreja. "E não é só o Brasil. Nem é só a África. Mais além, bem junto da zona conflagrada do Extremo Oriente, na Índia, e ainda mais adiante, no mundo amarelo, foi o esforço missionário português que deixou fincadas as sentinelas avançadas da Religião, as colônias lusas de que se irradia nas gentilidades vizinhas um proselitismo até hoje vivaz e fecundo. "Era bom que se lembrasse isto no mês das Missões. O Brasil nasceu como uma realização missionária.

z

"Essa grande nação missionária, que é Portugal, não encerrou o ciclo de seus feitos religiosos com as navegações. "Muito recentemente, a Providência Divina confiou ao povo português outra grande obra missionária. Que-

Maio de 1997

A grande missão de Portugal e do Brasil: arautos de Fátima para todo o mundo . rendo falar ao mundo, Nossa Senhora escolheu um recanto do solo português para suas aparições. Escolheu três pequeninos portugueses como seus arautos, fixou em Portugal essa fonte perene de milagres, que é Fátima, e com isto atraiu para Portugal as esperanças de todos os sofredores da Terra. "Em Fátima, Nossa Senhora fez revelações de um alcance universal. Ela não se limitou a falar de Portugal. Toda a crise contemporânea, com suas raízes profundas de impiedade e pecado, os cataclismos universais que dela vão nascer, tudo que mais a fundo interessa à humanidade inteira nas terríveis convulsões de hoje, tudo isto Nossa Senhora o confiou a três pastorinhos portugueses, para que dos lábios desses pequeninos pendesse para o mundo orgulhoso e abatido, a terrível e maravilhosa mensagem. "É impossível não ver que Nossa Senhora concedeu à antiga nação missionária uma grande tarefa histórica a realizar. Os que eram ontem arautos de Cristo, são acrescidos de mais um título: arautos da Virgem. Portugal inteiro, as nações de língua portuguesa juntamente com Portugal, têm a incumbência de pregar a todos os povos, o grande fato religioso do sécu lo XX, que são as aparições de Fátima .....

"Fruto de um esforço missionário, o Brasil foi sempre ardente devoto de Maria Santíssima. A festa de Fátima .... ,tem para nós um especialíssimo significado. Para Portugal, as aparições de Fátima significam que a gloriosa fecundidade da nação missionária não esgotou suas possibilidades de ação ao serviço da Igreja. Para o Brasil, lembram de modo muito especial, que estamos no momento de produzir para a dilatação do Reino de Cristo os frutos que as inúmeras graças e dons, sobrenaturais e naturais, de que fomos cumulados, nos obrigam a dar ao mundo.

CATOLICISMO -

"O Brasil entra para a primeira plana da vida internacional, precisamente em uma quadra na qual o esforço missionário é mais necessário do que nunca. Não se trata só de conduzir ao redil de Jesus Cristo as nações do Oriente. É no Ocidente, e no próprio grêmio da Cristandade em ruínas, que se instalou um paganismo mil vezes pior do que o antigo. O neopaganismo contemporâneo não tem a explicação tantas vezes cabível quanto aos pagãos orientais: a ignorância. No paganismo ocidental, fermenta a apostasia, o pecado contra o Espírito Santo, o amor deliberado e satânico ao erro e ao mal. É contra os hereges de hoje, que perderam suas últimas tintas de cristianismo, que o esforço missionário do Brasil se torna necessário. "No admirável Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, do Beato ~~Qje Santo] Grignion de Montfort, lê-se com freqüência esta súplica: "para que venha o vosso Reino, venha a nós o Reino de Maria". "O Brasil tem de ser no século XX o grande arauto da realeza de Jesus Cristo. E para que cumpra sua missão, é preciso que atenda ao apelo marial de Fátima e se torne um pregoeiro infatigável da devoção a Nossa Senhora. Prepara-se o caminho para Cristo, pregando a Nossa Senhora. As devoções marianas são as estradas reais pelas quais se chega a Nosso Senhor Jesus Cristo. "Em Fátima, Nossa Senhora recomendou duas devoções, de modo todo particular. A elas há de se apegar o Brasil, com o maior fervor. "Uma é a do Coração Imaculado de Maria. A outra é a do Santo Rosário. "Se o Brasil quiser ser a grande nação de cruzados e missionários do século XX, é por meio de uma ardente piedade marial que conseguirá essa graça. E se quiser essa graça, há de implorá-la pelos meios que a própria Virgem indicou. "Assim, pois, nesta semana que medeia entre as festas de Fátima e do Rosário, seja este o o~jeto mais constante de nossos anelos, nossas súplicas e nossas meditações" ("Legionário", 7-10-1945).

Maio de 1997

15


(Continuação da p. 13)

"Essa Senhora lhes disse coisas muito elevadas. Falou-lhes da guerra, .. faloulhes do Papa (que Jacinta, a menor, não sabia que existisse), falou-lltes .... de política e de sociologia. E essas crianças repetem a mensagem com uma fidelidade extraordinária! "Realmente, como diz a Escritura, Deus tira para Si, "da boca das crianças, um louvor perfeito".

.,

~~~

sas em seus termos únicos e fundamentais. A guerra fora um castigo do mundo, por sua impiedade, pela impureza de seus costumes, por seu hábito de transgredir os domingos e dias santos. Isto resolvido, todos os assuntos se resolveriam por si. Isto não resolvido, todas as soluções nada resolveriam ... E se o mundo não ouvisse a voz da Senhora, se ele não respeitasse esses princípios, nova conflagração viria, precedida de fenômeno celeste extraordinário. E essa conflagração seria muito mais terrível que a primeira.

"É o momento de considerarmos a mensagem. Antes de tudo, notemos que ela é absolutamente ortodoxa. Não é fáci l inventar uma mensagem ortodoxa. .... Ora, todas, absolutamente todas as palavras da Senhora aos pequenos Pastores são de uma ortodoxia absoluta. Tratando temas complexíssimos, Ela nem uma só vez erra em doutrina. Positivamente, isto não poderia ser invenção de pequenos Pastores. "Mas há mais. A mensagem da Senhora, que sobreveio precisamente no momento crucial em que se preparava o pós-guerra, desprezando as manifestações aparatosas de falso patriotismo e de cientificismo dos "técnicos", colocou com grande simplicidade todas as coi-

"Reuniram-se os técnicos - que são hoje os reis da terra, juntamente com os banqueiros - "et convenerunt in unum adversus Dominus". Construíram uma paz sem Cristo, uma paz contra Cristo. O mundo se afundou ainda mais no pecado, a despeito da mensagem de Nossa Senhora. Em Fátima, os milagres se multiplicavam às dezenas, às centenas, aos milhares. Ali estavam eles, acessíveis a todos, podendo ser examinados por todos os médicos de qualquer raça ou religião. As conversões já não tinham número. E, tudo isto não obstante, ninguém dava ouv idos a Fátima. Uns duvidavam sem quererem estudar. Outros

negavam sem examinar. Outros criam mas não tinham coragem de o dizer. A voz da Senhora não se ouviu. Passaramse mais de vinte anos. Um belo dia, sinais estranhos se viram no Céu ... era uma aurora boreal, noticiada por todas as agências telegráficas da Terra. Do fundo de seu convento, Lúcia escreveu a seu Bispo: era o sinal, e dentro em breve a guerra viria. A guerra veio dentro em breve. Ela está aí [nota da redação: o artigo, como se viu, foi escrito em 1944], e hoje se cuida novamente de "reorganizar o mundo", aos últimos clarõe s desta luta potencialmente já vencida.

"Si vocem ejus hodie audieritis, nolite obdurare corda vestra - se hoje

ouvirdes Sua voz, não endureçais vossos corações", diz a Escritura. Inscrevendo a festa de Nossa Senhora de Fátima no rol das celebrações litúrgicas, a Santa Igreja proclama a perenidade da mensagem de Nossa Senhora dada ao mundo através dos pequenos Pastores. No dia de sua festa, mais uma vez a voz de Fátima chegou a nós: não endureçamos nossos corações, porque só ass im teremos achado o caminho da paz verdadeira" ("Legionário", 14-5-1944). O

Imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima atrai multidões em países da Europa oriental

.,,.,.,,.,,....,.,.....-r---,,:,--,---------

A Mensagem de Fátima analisada pela TFP M fevereiro de 1990 a rev ista ca tóli ca itali ana "30 Giorni " procurou o Burea u de representação das TFPs, sed iado ern Rorna, co rn o firn de colher dados para urna entrevista sobre a posição da TFP brasileira ern face da rnensagern de Fátima e as alterações ocorridas então no rnundo comuni sta . O enca rregado do bureau, Sr. Juan Miguel Montes, comunicou-se corn o Prof. Plí nio Corrêa de O liveira, ern São Pa ul o, o qual soli citou que a mencion ada revista lhe enca minhasse as pergu ntas referentes à matéria. Forarn então apresentadas sete perguntas. Respondeu-as ern sua maior parte o Presidente do Conselho Naciona l da TFP. O engº Antonio Augusto Borelli Machado, es-

E

tud ioso do tern a Fátima e autor de conhec ida obra sobre o assu nto, (ver matéria à p. 22 ) deu resposta a duas das perguntas fo rrnu ladas. Ern sua ed ição de rn arço daq uele ano, "30 Giorni " pub licou extenso artigo sob o títu lo Milagre no Leste? A Virgem prometeu ... , de autoria de Stefa no M. Paci, que serv iu corno matéri a de capa. O te rn a é abordado também no ed itorial da revista. No referi do artigo figuram 49 linh as sobre a TFP, contendo algumas informações imprecisas e até distorcidas re lati vamente à entidade. Ern vista disso, o Prof. Plín io Corrêa de O live ira endereçou a "30 Giorni" uma carta, retificando ta is imprec isões

CATOLICISMO -

Maio de 1997

e disto rções. A direção da revi sta assegurou que a miss iva seria esta mpada na íntegra ern próxima edi ção, o que não sucedeu. As edi ções norte-americana, fran cesa e espa nh ola de "30 Giorni" ap resen taram, no refe rente à TFP, textos co m pequ enas e irreleva ntes alterações, análogos aos da versão itali ana. Na ed ição bras ileira não constava m as informações infund adas - in seri das nas outras ed ições - de que a TFP realizaria procissões públ icas, por ocasião ci o dia 13 de maio, des fi lando pelas ruas da cidade co rn hábitos da ordem dos templários. Corno a quase tota lidade das respostas enca min hadas a "30 Giorni " não fo i reproduzida pelo mensá ri o ita liano, a direção el e Catolicismo julgou do maior interesse pa ra seus leitores conhecer o essencial dessa matéria - rnesmo datando de sete anos atrás-, e cujo alca nce e atual idade é des necessár io acentuar. Assirn, transcrevemos a seguir excertos im portantes das principais respostas, publ icadas em nossa edição de junho de 1990 . 17


Declarações do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e do Engº Antonio Augusto Borelli Machado a"30 Giorni" '\ 1

30 Giorni - Como nasceu e quais são as finalidades do movimento "Tradição, Família, Propriedade"?

Hierarquia eclesiástica [no Brasil]? Esta formulou alguma censura eclesiástica com relação aos Srs.? Que ligações tem o movimento com Dom Lefebvre ?

Prof. Plínio Corrêa de Oliveira A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade nasceu na cidade de São Paulo (Brasil) em 1960. Constituiu-a um grupo de católicos militantes, impressionados pelo ímpeto do esquerdismo católico (e também do progressismo), então na sua primeira fase de expansão no mesmo país. Os fundadores da TFP não quiseram fazer obra meramente negativa, isto é, anti-comunista, anti-socialista, etc., mas obra também positiva. Para isto, deliberaram empenhar-se em que três alvos da ação demolidora esquerdista fossem especialmente tonificados e bem compreendidos pelo grande público: a tradição, a família, e a propriedade ..... Face ao direito canônico, a TFP se qualifica como uma associação de inspiração católica, integrada por fiéis leigos que atuam no campo temporal , sob sua única e excl usiva responsabilidade (cfr. Código de Direito Canônico, cânon 225), norteados pelo ensinamento tradicional do Supremo Magistério da Igreja, e estruturada juridicamente segundo as leis civis. Desse modo, se considerada do ângulo das leis do Estado, ela é uma associação cívica, cultural e beneficente, regida por estatutos civis; se vista do ângulo das leis eclesiásticas, cabe vê-la como constituída pelo livre acordo de fiéis entre si, no uso do direito de que gozam de fundar e dirigir livremente associações "para fins de ca ridade e piedade, ou para fomentar a vocação cristã no mundo" (cânon 215). 30 Giorni - Em que consistem as dificuldades que o movimento tem com a 18

Prof. PCO - A TFP visa, dentro dos limites de seus fins específicos, trabalhar pela ordenação da sociedade tem-

ao mesmo tempo que qualifica múltiplos Srs. Bispos de "esquerda" e alguns até de "extrema-esquerda". "Censura eclesiástica" no sentido canônico e próprio do termo, a TFP não recebeu nenhuma. Mas, procedentes de Srs. Bispos, Arcebispos, ou até Cardeais, houve ao longo da história da TFP vários pronunciamentos discordantes. Esses pronunciamentos versaram sobre temas como nossas campanhas contra o divórcio e contra a Reforma Agrária socialista e confiscatória, bem como nossa apreciação sobre a impunidade do avanço esquerdista nos meios católicos, e temas correlatos. Em todos os casos, a TFP respondeu com respeitosa firmeza aos venerandos objetantes ..... 30 Giorni - O Sr. acha que as mudanças que estão acontecendo no império soviético são relacionadas com a aparição ele Nossa Senhora em Fátima e com a consagração da Rússia que João Paulo II f ez e m 1984? O Sr. considera válida esta consagração? Se não a considera válida, como pensa que possam ser interpretados os atuais acontecimentos no Leste?

Prof. PCO - A correlação entre a TFP: uma entidade a serviço de três alvos especialmente visados pelo comunismo: a tradição, a família e a propriedade

poral segundo a doutrina tradicional da Igreja. Precisamente nesse campo, é notório que as divergências de opinião entre os católicos não têm feito senão agravar-se consideravelmente, em quase todos os países. E, pois, também naqueles em que existem TFPs. Como é geralmente conhecido, essas divergências não existem apenas entre leigos, mas igualmente entre eclesiásticos, inclusive Bispos. Não é de espantar, pois, que tais divergências existam também entre numerosos prelados brasileiros de um lado, e a TFP de outro lado. O que leva o grosso da opinião pública a qualificar de "direita" ou de "extrema-direita" a TFP, CATOLICISMO -

Maio de 1997

mensagem de Nossa Senhora em Fátima e as atuais transformações pelas quais, ao que parece, começa a passar a Rússia, é evidente. As aparições de Fátima ocorreram em 1917, pouco antes da queda do regime czarista. Em conseqüência, tomou especial clareza a afirmação - bastante nebulosa antes disso - de que "a Rússia .... espalhará seus erros pelo mundo... " (aparição de 13 de julho). E aí estão eles, isto é, os erros do marxismo-leninismo, com adeptos no mundo inteiro. A questão que os atuais acontecimentos da Rússia poderiam despertar, a propósito da mensagem de Fátima, se enunciaria mais bem nos termos seguintes: "Com a ruína elo capitalismo ele Estado, que o Sr. Gorbachev vai levando a cabo, desaparece ela Rússia o comunis-

A TFP se qualifica como uma associação de inspiração católica, integrada por fiéis leigos que atuam no campo temporal, sob sua única e exclusiva responsabilidade. (Plinio Corrêa de Oliveira)

mo. E este entrará forçosamente em declínio no mundo inteiro. "Desta.forma, o comunismo não será mais um 'e rro da Rússia', e estará em vias de minguar por toda parte. A disseminação elo comunismo, prevista em Fátima, não terá sido senão um longo e doloroso episódio ela História já relegado ao passado. E a guerra mundial, também prevista em Fátima em nexo com a expansão comunista, não se realizará. Pois o Sr. Gorbachev é um dos grandes agentes mundiais da paz. "Em conseqüência, Fátima é igual a zero". Todo esse raciocínio é vão. Ele se baseia na idéia falsa de que o comunismo é algo de coidêntico com o capitalismo de Estado. De onde a infundada afirmação de que, destruído este, desaparece aquele. Na realidade, seg undo a doutrina comunista, o capitalismo de Estado não é senão uma etapa na evolução histórica rumo ao comunismo integral, no qual a autogestão em todo os níveis da sociedade tornará desnecessária a própria existência do Estado. É o que diz o Programa do Partido Comunista da União Soviética, em sua nova redação aprovada em 1° de março de 1986 (já na era Gorbachev): "O comunismo sign{fica a transformação do sistema de autogestão socialista do povo, ela democracia socialista, na forma superior de organização da sociedade, a autogestão comunista da sociedade. À medida que forem amadurecendo as premissas sócio-econômicas e ideológicas necessárias, que todos os cidadãos forem incorporados na gestão, o Estado socialista, conforme assinalouLênin, irá tor-

nando-se, em medida cada vez maior, existindo as respectivas condições internacionais, 'forma transitória do Estado para o não-Estado '. A atividade dos órgãos estatais irá adquirir um carácter não-político e gradualmente desaparecerá a necessidade do Estado como instituto político especial " (Edições da Agência de Imprensa Nóvosti, Moscou, 1986, p. 27). Este é o verdadeiro sentido da demolição do capitalismo de Estado, promovido pelo Sr. Gorbachev. Este mesmo o tem afirmado em várias declarações largamente divulgadas pela imprensa, e no próprio livro Perestroika (cfr. Harper and Row, Nova York, 1987, pp. 36-37). A autogestão, para a qual vai caminhando o comunismo, não é senão um comu ni smo de micro-sociedades, que se tornarão cada vez mais numerosas, à medida que forem minguando as macrocidades.

A queda do Muro de Berlim não significa que a Revolução tenha desistido de impor seus desígnios ao mundo, mas representa apenas uma etapa num longo processo CATOLICISMO -

Maio · de 1997

Tudo isso pode fazer sorrir o leitor, que imaginará verem minhas palavras um arranjo, talvez hábil , para "salvar" a mensagem de Fátima. No entanto, é precisamente isto que eu previ, com base nos acontecimentos políticos da época, quando publiquei a mai s recente edição de Re vo lução e Contra-Revolução. Estávamos no ano de 1976, e o Sr. Giovanni Cantoni , com quem eu mantinha relações de amizade ainda recentes, teve a gentileza de me pedir um prefácio para a edição dessa minha obra em língua italiana. Essa edição seria lançada pela Alleanza Cattolica que aquele meu amigo brilhantemente preside. Em lugar do prefácio, enviei a Giovanni Cantoni uma parte nova de Revolução e Contra Revolução - a terceira - para sua edição, o que ele gentilmente aceitou. Basta ao leitor destas linhas consultar as páginas 175 e 190 do livro italiano. Ou, então, as páginas 64 e 71 da edição brasileira consecutiva à edição italiana: "O sucesso dos costumeiros métodos da li! Revolução [o comunismo] está comp,vmetido pelo surgimento de circunstâncias psicológicas desfavoráveis, as quais se acentuaram fortemente ao longo dos últimos vinte anos. - Tais circunstâncias forçarão o comunismo a optar, daqui por diante, pela aventura?" (p. 64). "Como é bem sabido, nem Marx, nem a generalidade de seus mais notórios sequazes, tanto 'o rtodoxos', como 'heterodoxos', viram na ditadura elo proletariado o lance terminal elo processo revolucionário. Esta não é, segundo e les, senão o aspecto mais quintessenciado, dinâmico, da Revolução universal. E, na mitologia evolucionista inerente ao pensamento 19


~

A Rússia continua a caminhar nas vias de seu erro. Pior: ela o vai requintando, e a mensagem de Fátima não está '\ desmentida, mas, pelo contrário, confirmada. (Plinio Corrêa de Oliveira)

de Marx e de seus seguidores, assim como a evolução se desenvolverá ao infinito no suceder dos séculos, assim também a Revolução não terá termo. Da I Revolução já riasceram duas outras. A terceira, por sua vez, gerará mais uma. E daí por diante .. . "É impossível prever, dentro da perspectiva marxista, como seria uma Revolução nº 20 ou 50. Não é impossível, entretanto, prever como será a IV Revolução. Essa previsão, os próprios marxistas a fizeram. "Ela deverá ser a derrocada da ditadura do proletariado em conseqüência de uma nova crise, porforça da qual o Estado hipertrofiado será vítima de sua própria hipertrofia. E desaparecerá, .dando origem a um estado de coisas cientificista e cooperativista, no qual - dizem os comunistas - o homem terá alcançado um grau de liberdade, igualdade e fraternidade até aqui insuspeitável" (p. 71). A Rússia contin ua a caminhar, pois, nas vias de seu erro. Pior: ela o vai requintando, e a mensagem de Fátima não está desmentida, mas pelo contrário confirmada. Pois onew look gorbacheviano da perestroika está penetrando na simpatia dos burgueses do mundo inteiro, muito mais do que o conseguira o comunismo. Em conseqüência, os atuais acontecimentos no Leste poderiam ser vistos corno o triste resultado da invalidade da consagração fe ita por João Pau lo II, a julgar segundo os que tenham tal consagração por inválida.

- (Desdobramento da pergunta 4) O Sr. considera esta consagração válida ? 20

Engº Antonio Augusto Borelli Ma- circun lóquios que podem ser vistos como chado - O Bispo de Leiri a-Fátima, D. alusões indiretas. Assim, diz ele: "De Alberto Cosme do Amaral, adm ite que modo especial Vos entregamos e consaa consagração fe ita por João Paulo II pre- gramos aqueles homens e aquelas naencheu as condições impostas por Nossa ções (grifo do original) que desta entreSenhora (é obviamente neste sentido que ga têm mais necessidade". E mais adia palavra " válida" é tomada na pergun- ante: "A força desta consagração (grita), porque, se bem que não tenha hav ido fo do original) permanece por todos os uma "totalidade matemática" de Bispos tempos e abarca todos os homens, os que se uniram ao ato do Santo Padre, hou- povos e as nações". ve - segundo ele - uma "totalidade Sentindo, talvez, que estas alusões não eram bastante explícitas, o Santo moral". Consta-nos, efetivamente, por rela- Padre intercalou, na última hora (a fratórios col hidos aqui e acolá, que houve se não consta da fórmula enviada aos uma adesão expressiva de alguns epis- Bispos), a seguinte imprecação: "Mãe da Igreja! .... Iluminai copados à consagração especialmente os povos feita por João Paulo II. Em que medida isto se . dos quais espera is a nossa consagração e a passou com todos os nossa entrega" (cfr. episcopados do mundo? "L'Osservatore RomaNão sabemos. Mas no no", 26/27-3-1984). que se refere ao Brasil, Dir-se-ia que, na ânnão nos consta que a consagração tenh a sido sia de chegar o mais perfeita senão por uns to possível da fórmu la pedida por Nossa Senhopouquíssimos Bispos, ra, o Pontífice foi tão loncontáveis nos dedos da ge quanto lhe permitiam mão. Ou foi tão discreta, por parte de alguns os condicionamentos da Irmã Lúcia Ostpolitik vaticana. Pois mais, que não chegou ao conhecimento do público. Ora, o Episco- é bem de supor que uma menção nominal pado brasileiro é o terceiro maior do mun- da Rússia desagradaria os déspotas do do; e o Brasil é o país com o maior nú- Kremlin. mero de dioceses (233 em 1983). Então o problema se desloca: quando Assim, a declaração do venerável Bis- Nossa Senhora pediu uma "menção espo de Leiria-Fátima, a respeito de uma pecial pela Rússia", isto significa que Ela "totalidade moral", não nos persuade ..... exigia uma menção nominal, ou se conPor outro lado, no que se refere à in- tentaria com alusões mais ou menos clatenção de João Paulo II de consagrar o ras e indiretas? Cabe lembrar que na Carta Apostómundo , "com menção especial pela Rússia" - conforme pedido por Nossa lica Sacro Vergente Anno, de 7 de julho Senhora - é bem sabido que esta na- de 1952 , Pio XII consagrou ao ção não consta da fórmula da consagra- Imacu lado Coração de Maria os povos ção. Mas o Pontífice incluiu vários da Rússia. Com o que esse Pontífice paCATOLICISMO -

Maio de 1997

rece ter entendido - como sempre se entendera até agora - que era preciso uma menção nominal. Pelo que fica dito e em vista dos dados de que temos conhecimento, nossa tendência é achar que a consagração feita por João Paulo II também não preencheu os requisitos estipulados por Nossa Senhora em Fátima.....

da altíssima mensagem que recebeu. Por isso caberia, mais uma vez, aos historiadores, teólogos e Pastores da Igreja analisar a coerência desta nova eventual declaração da Irmã Lúcia com suas declarações anteriores .....

cados coletivos imensos, não só do ponto de vista intrínseco, como da quantidade de almas que arrastaram consigo, e da amplitude dos territórios sobre os quais se estenderam. Esse pecado imenso teve seu desfecho e seu auge na Revolução III (comu nismo). Se, pois, os homens não se convertessem desses pecados .... seria de temer que as nações sofressem um castigo proporcionado à gravidade de tal pecado ..... Como é fác il ver, há afi nidades evidentes entre meu singelo trabalho, e o conteúdo da mensagem da Virgem.

30 Giorni-A Irmã Lúcia teria dito que a consagração foi feita. O Sr. pensa que se trata de uma manipulação de suas palavras? Engº AABM- A simples hipótese de que as palavras da Irmã Lúcia estejam sendo manipuladas - por quem? - arrepia os ouvidos pios, pelo menos deste lado do Atlântico. Temos realmente con hecimento de que a Irmã Lúc ia passou a considerar "válida" (sempre no sentido de que preenche os requisitos postos por Nossa Senhora) a consagração feita por João Paulo II em Roma, no dia 25 de março de 1984. Mais ainda, estamos informados de que vem sendo div ul gado o texto facsimil ar de uma carta dirigida a uma amiga particular, na qual ela analisa as várias consagrações fe itas anteriormente pelos Pontífices (inclusive ade João Paulo [J em Fátima, em 13 de maio de 1982), que, em contraposição, ela considera "inválidas". Sabemos que há quem conteste a autenticidade dessa carta, cujo estilo parece fugir ao habitual da Irmã Lúcia. Evidentemente, não temos condições de esclarecer esse imbroglio . .... É claro que a Irmã Lúcia, pelo simples fato de ter sido uma das privilegiadas videntes de Fátima, não goza do carisma da infalibilidade na interpretação

30 Giorni - Os jornais brasileiros falaram várias vezes das ligações entre o movimento e a extrema-direita terrorista. Como o S,: responde a estas acusações?

Há evidentes analogias entre a Mensagem de Fátima e a crise do Ocidente cristão apontada por Plinio Corrêa de Oliveira em Revolução e Contra-Revolução

30 Giorni - Por que o movimento se sente particularmente ligado a Nossa Senhora de Fátima?

Prof. PCO - A brevidade natural de um a entrev ista não me permite entrar nos múltiplos meandros fi losóficohistóricos e sociais em que me baseio, em meu livro Revolução e Contra-Revolução, para sustentar que as Revoluções I (Humanismo e Renascença) e II (Revolução Francesa), resultam de pe-

Prof. PCO-Com uma gargalhada. São acusações provenientes de jornalistas esquerdistas, que não têm, para tentar desacreditar-nos, outro recurso que não a calúnia. Jamais ninguém tomou a sério, no Brasil, essas acusações, nem tentou exibir qualquer prova em apoio a elas. Muito menos houve quem tentasse abrir um processo cri minai ou cível contra nós, com base nessas acusações. E se ex plica. Pois nossos acusadores têm lido as réplicas que, de quando em vez, condescendemos em lhes dar, afirmando que temos em nossos arq uivos 5601 cartas de prefeitos, de legados e associações muni cipais atestando o caráter inteiramente pacífico e legal de nossa atuação. Ao mesmo tempo lhes oferecemos de ex ibir essa documentação. E eles se calam ... para retomar a mesma acusação, sempre sem nenhuma prova, algum tempo depois. Assim são eles. D

O engº Antonio Augusto Borelli Machado é o autor do best-seller internacional As aparições e a mensagem de Fátima

conforme os manuscritos da Irmã Lúcia, com uma tiragem de três milhões de exemplares.

CATOLICISMO -

Maio de 1997

21


Livro sobre Fátima:

best-seller internacional de três milhões de exemplares

F

ÁTIMA é um nome especialmente abençoado. Certa vez o Bispo de Leiria - diocese onde se encontra Fátima - participava de uma reunião fora de seu país. Ao ser mencionado que ele se achava presente, o público se movimentou ruidosamente, todos querendo saber quem era o Bispo de Fátima. Esse episódio exprime a atração - obviamente de caráter sobrenatural - que a simples referência a Fátima desperta por todo o mundo. É isso que explica em grande parte o êxito de um pequeno livro, editado no Brasil por ocasião do cinqüentenário das célebres aparições de Nossa Senhora em Portugal, no ano de 1917. Publicou-o em primeira mão Catolicismo, precisamente no mês de maio de 1967, trinta anos atrás.

22

Seu autor, o engenheiro Antonio Augusto Borelli Machado, então com 36 anos, é sócio da TFP brasileira. Formado em 1953 pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, exerceu a profissão durante quatorze anos . Depois disso passou a dedicar-se integralmente aos ideais defendidos pela TFP, na qual exerceu atividades de natureza diversa, a ele confiadas pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, fundador e presidente do Conselho Nacional da entidade. . O livro foi concebido para fornecer ao leitor comum o essencial das aparições e da Mensagem de Fátima, bem como os desdobramentos posteriores que essas aparições tiveram. Constitui ele uma síntese muito feliz dos principais acontecimentos que se desenrolaram em Fátima e em torno de Fátima, CATOLICISMO -

Maio de 1997

tornando-se conhecido nas mais diversas partes do mundo. Assim, dele se fizeram 156 edições em doze línguas: duas edições em alemão, 49 em espanhol, cinco em francês, doze em inglês, nove em italiano, uma em letão, duas em lituano, oito em polonês, 61 em português, uma em romeno, cinco em russo e uma em ucraniano. Essas edições totalizaram 3.366.000 exemplares, publicados em 23 países: África do Sul, Alemanha, Áustria, Argentina, Austrália, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Espanha, Estados Unidos, Filipinas, França, Itália, Paraguai, Peru, Polônia, Portugal, Uruguai e Venezuela. A primeira grande difusão sistemática do livro foi realizada pelas caravanas de propagandistas da TFP brasileira, que desde 1970 percorrem ininterruptamente o território nacional, vendendo as obras da entidade diretamente ao público. Sobre essa epopéia, Catolicismo já publicou substanciosas reportagens, as quais revelam as reações sadias de um país que a mídia timbra em apresentar como totalmente conquistado pela Revolução gnóstica e igualitária (sobre este conceito, ver a obra-prima de Plinio

Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução). Análogas caravanas de outras TFPs - constituídas sempre que as circunstâncias o permitem percorrem os respectivos países, encontrando sempre a mesma aceitação simpática de grande parte das populações. Também elas contribuíram para a extraordinária difusão do mencionado livro sobre Fátima. Quando o trabalho das caravanas da TFP parecia já ter atingido todos os leitores alcançáveis pelo contacto direto em vias públicas, Nossa Senhora abriu duas novas avenidas de graças para a difusão do livro. Com o colapso da tirania comunista nos países do Leste europeu, tornou-se possível atravessar as fronteiras até então bloqueadas pela cortina de ferro. A TFP francesa inaugurou assim a campanha Lumieres sur l'Est (Luzes sobre o Leste), arrecadando fundos na França para a remessa gratuita de literatura religiosa aos povos dos países recém-libertados daquele regime ateu, igualitário, opressor de direitos e de liberdades legítimas. O sucesso dessa campanha se mede pelas cinco edições do livro de Fátima em russo (510 mil exemlares), uma em ucraniano (50 mil), duas em lituano (100 mil) e uma em letão ( 1O mil), além de outras valiosas obras que escapam ao tema específico desta crônica. Associou-se a essa iniciativa o Ufficio das

TFPs em Roma, com urna campanha de nome similar, Luci sull'Est. A outra avenida de graças aberta por Nossa Senhora para este livro foi a campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!(*), inaugurada pela TFP no Brasil, em 1992. Adotando o sistema de distribuição de volantes diretamente ao público, o folheto convida o leitor - atraído pelo olhar da magnífica estampa de uma das imagens peregrinas de Nossa

Dentre as pessoas que assim se correspondem com a campanha, muitas são movidas por um entusi asmo tal que se tornam elas mesmas propagandistas dessa iniciativa da TFP. Assim, corno uma bola de neve que se avoluma à medida que rola pela montanha, a campanha já distribuiu cerca de 37 milhões de volantes. Isto explica as tiragens gigantescas do livro, que vieram somar-se às divulgadas antes do início da campanha, tornando-se assim um bestseller internacional, com um total de 3.366.000 exemplares. Outras TFPs introduziram em seus respectivos países campanhas de nome e teor am'ílogos, com um êxito que vai superando todas as previsões. As diversas Na Lituânia, a alegria das crianças ao receber de presente livro sobre Jacinta: TFPs formam graças de Fátima chegam aos países até há assim um pouco dominados pelo comunismo movimento apostólico dos Senhora de que mai s contribuem para a difusão Fátima - a e aceitação da Mensagem de Fátima pedir um exempor todo o mundo. plar do livro ou Neste octogésimo aniversário das aparições, é justo que tais entidades outras estampas da referida se rejubilem com esse resultado e imagem. dêem graças a Deus, por meio de Tocadas assim pela graça - que, Nossa Senhora, que tão gratuitapor assim dizer, salta da fisionomia mente se quis servir delas para essa da imagem - muitas pessoas iniciimportantíssima missão. am uma correspo11dência ativa com a Catolicismo se une a esse júbilo direção da campanha, narrando os dedicando ao tema grande parte da favores recebidos e freqüentemente presente edição. O buscando conforto espiritual para suas almas órfãs de assistência e Nota: (*) Campanha " Vinde Nossa Senhora de Fátima, ncio orientação religiosa, neste mundo tare/eis' " - SBDTFP - Rua Dr. Marlinico Prado, secularizado em que vivemos. 271 - São Paulo/SP - CEP O1224-010 - Te l/Fax: (O 11) 686-5766. CATOLICISMO -

Maio de 1997

23


;(rf<rl

EN\fJt ~TA

E

M carta datada de 2 de dezembro de 1940, a Irmã Lúcia dirigiu-s diretamente ao Papa Pio XII, por ordem de seus diretores esp iritu ais, pedindo que Sua Santidade se dignasse abençoa r a devoção dos Primeiros Sábados e estendê- la por todo o mundo, acrescentando: "Em 1929, Nossa Senhora, por meio de outra aparição, pediu a consagração da Rússia a seu Imaculado Coração, prometendo, por este meio, impedir a propagação de seus erros, e a sua conversão..... "Em várias comunicações íntimas Nosso Senhor não tem deixado de insistir neste pedido, prometendo ultimamente, se Vossa Santidade se digna fazer a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, com menção especial pela Rússia, e ordenar que, em união com Vossa Santidade e ao mesmo tempo, a façam também todos os Bispos do mundo, abreviar os dias de tribulação com que tem determinado punir as nações de seus crirnes, por meio da guerra, da fome e de várias perseguições à Santa Igreja e a Vossa Santidade" (cf. Memórias e Cartas da Irmã Lúcia, Simão Guimarães Filhos, Porto, 1973, p. 436). No dia 31 de outubro de 1942, em Radio mensagem a Po,tugal por ocasião do encerramento do ano jubilar das aparições de Fátima, Pio XII consagrou a Igreja e o gênero humano ao Imaculado Coração de Maria. Em 7 de julho de 1952, por meio da Carta Apostólica Sacro Vergente Anno, Pio XII consagrou os povos da Rússia ao Puríssimo Coração de Ma-

ria (texto publicado em Catolicismo, nº 21, setembro de 1952). Por ocas ião do II Concílio Ecumênico do Vaticano, 51 OArcebispos e Bispos de 78 países subscreveram uma petição na qual rogam ao Vigário de Cristo que consag re ao Imaculado Coração de Maria o mundo todo e de modo especial e explícito a Rússia e as demais nações dominadas pelo com uni smo, ordena ndo

João Paulo II fez duas consagrações do mundo ao Imaculado Coração de Maria: uma em Fátima, em 13 de maio de 1982, e outra em Roma, em 25 de março de 1984. Ambas foram precedidas de um convite do Pontífice aos Bispos para se unirem a ele nesses atos. Não há, porém, dados positivos para avaliar até que ponto os Bispos do mundo inteiro realizaram a Consagração em união com o Pontífice, nem em 1982, nem em 1984. Em nenhuma das duas, também, a Rússia foi mencionada nominalmente. Assim, a Irmã Lúcia sempre sustentou, até meados de 1989, que nenhuma das consagrações mencionadas tinha sido "válida" (tomada esta palavra no sentido de atendimento dos requisitos manifestados por Nossa Senhora à vidente). De então para cá, entretanto, a Irmã Lúcia vem reconhecendo a validade da Consagração feita pelo Papa João Paulo II em 25 de março de 1984. Sobre a posição da Irmã Lúcia, discutem agora os peritos em Fátima, aderindo uns à nova posição, preferindo outros ater-se a seus pron unciamentos anteriores. O assunto é por demais complexo para o elucidarmos aqui. Bastaria de momento observar que, ao pronunciar-se sobre o eventual relacionamento dessa Consagração com os espetacu lares acontecimentos ocorridos no Leste europeu, com o aparente desmoronamento do comunismo, principal mente no segundo semestre de 1989 - relacionamento esse que parece estar na raiz da mudança de posição da vidente - a Irmã Lúcia deixa claro que está emitindo uma opinião particular, e não transmitindo uma revelação sobrenatural. O

As consagrações ao Imaculado Coração de Maria feitas pelos Papas

24

que, em união com ele e no mesmo dia, o faça m todos os Bispos do orbe católico. O documento foi apresentado pessoalmente ao Santo Padre Paulo VI, pelo Exmo. Revmo. Sr. Arcebispo de Diamantina, D. Geraldo de Proença Sigaud, em audiência particular de 3 de fevereiro de 1964 (documento publicado em Catolicismo, nº 159, março de 1964). O Papa Pau lo VI, ao encerrar a III Sessão do Concílio Vaticano II, em 21 de novembro de l 964, "confiou o gênero humano" ao Imaculado Coração de Maria, no mesmo ato em que, ap laud ido de pé pelos Padres Conciliares, proc lamou Nossa Senhora "Mater Ecclesiae" (cf. Jnsegnamenti di Paolo VI, vol. II, 1964, p. 678).

CATOLICISMO -

Maio de 1997

Sobrinho da Irmã Lúcia fala a Catolicismo Na edição em que nossa revista comemora o 80º anive rsário da primeira aparição de Nossa Senhora, em Fátima, é comp reensíve l que a entrevista verse sobre esse tema. E que se tenha optado, para tal entrevista, a pessoa de um sacerdote, intimamente vinculado à vidente esco lhi da por Nossa Senhora. O Revmo. Pe. José dos Santos Valinho, sobrinho da Irmã Lúcia, atendeu com amab ili dade - através de nosso enviado espec ial em Portugal, Sr. Carlos Alberto Benites Custódio - nossa so li citação de entrevista. Apresentamo- la a seguir.

Catolicismo Qual a relação de parentesco entre V. Revma. e a Irmã Lúcia ? Pe. José dos Santos Valinho - Sou sobrinho da Irmã Lúcia. Minha mãe era a irmã mais velha e a tia Lúcia era a mais nova. Havia 17 anos de diferença entre uma e outra. Minha mãe já era casada ao tempo das aparições.

tante bem . De toda a maneira, sofre de algumas mazelas: artrose, problemas de coluna, circ ul ação ... O que tem é uma lucidez mental adm irável e uma memória impressionante. Catolicismo-Por que V. Revma. acha que o terceiro segredo se relaciona com Pe. José dos Santos Valinho "uma grave crise no seio da própria Igreja"? Pe. J. S. Valinho - Sou levado a Catolicismo -V. Revma. tem tido pensar que a terceira parte do segredo contatosfreqüentes com ela? Qual foi inclui uma grave crise de Fé no seio da Igreja e do Mundo. São conjecturas a última vez? Pe. J. S. Valinho-Sim, tenho tido minhas, baseadas em deduções, e não contatos com a tia Lúcia com relativa fruto de qualquer conversa com a tia. freqüência. Os últimos foram a 16 de Isto se deve ao seguinte. agosto, 11 de setembro e 28 de setemNa segunda parte, já publicada, se bro do ano passado. Habitualmente não diz que a Rússia " espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras vou visitá-la com tanta assiduidade. Vou conforme os motivos e as possi- e perseguições à Igreja; os bons serão bilidades. martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, vária~· nações serão aniCatolicismo - Como está a Irmã quiladas; porfim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consaLúcia de saúde ? Pe. J. S. Valinho - De saúde, po- grar-me-á a Rússia, que se converterá demos dizer que, dentro dos e será concedido ao mundo algum temcondicionalismos da idade Uá a cami- po de paz. Em Portugal se conservará nhar para os 90 anos), se encontra bas- sempre o Dogma da Fé, etc". CATOLICISMO -

Maio de 1997

Aqui começa a terceira parte do segredo, ainda por revelar e publicar; neste "etc." está o que ainda não se con hece. Mas, como antes se diz que "em Portugal se conservará sempre o Dogm.a da Fé", parece fácil deduzir que no "etc." se continua a fa lar do mesmo tema da Fé. Senão, não haveria ligação lógica. Dizendo-se que em Portugal se conservará o dogma da Fé, quer dizer que noutros lugares ele (a verdadeira doutrina) falhará. Aliás, quando atrás se fa la de perseguições à Igreja, que o Santo Padre terá muito que sofrer, etc., líc ito é deduzir que a causa de tal sofrimento seja mesmo essa crise de Fé no mundo e na Igreja. Um dia, numa visão, a Jacinta viu o Santo Padre "numa casa muito grande, de joelhos, diante de uma mesa, com as mãos no rosto, a chorar; fora da casa estava muita gente e uns atiravam-lhe pedras, outros rogavam- lhe pragas e diziam-lhe muitas palavras feias". Dias mais tarde, ela perguntou à Lúcia: - "Posso dizer que vi o Santo Padre e toda aquela gente?" "Não - respondeu a Lúcia. Não vês que issofaz parte do segredo? Que por aí logo se descobria?" 25


Ora, se o Santo Padre faz parte do segredo, se ele aparece a chorar, arezar. .. , não será que o motivo dessas lágrimas e dessa oração será mesmo o abandono da Fé, a contestação aos seus ensinamentos, à su, mis são de expor a Verdade, de confirmar os irmãos na Fé? Pode muito bem ser que, na terceira parte do segredo, também haja referência a qualquer coisa de tipo catastrófico, apocalíptico. Mas o que se infere daquele "etc." é a ligação com o "Dogma da Fé", de que imediatamente antes se fala. Também o pode dar a ente nder o fato de os últimos Papas lh e terem dado tão grande atenção e de certo modo o terem relacionado com os assuntos da Fé: João XXIII mo strou-o ao

Pe. J. S. Valinho - Sim, considero muito atual a Mensagem de Fá tima porque, no fundo, ela é a mes ma Mensage m do Eva ngelho. E o Evangelho nunca deixa de ser atual. O apelo à conversão (emenda de vida), à penitência, à oração, ao amor de Deus e do próximo, Corpo Místico, E uPe. Valinho: crise de Fé na Igreja Catolicismo -V. caristia, existê ncia Revma. considera atual a Mensagem dos Anjos, Céu, Inferno, Igreja, Sande Fátima? Em que aspectos? O que to Padre ... Todos são elementos da f alta para que se realize na sua totali- Mensagem e nenhum deles deixa de dade? ser atual. D Cardeal Ottaviani e João Paulo II ao Ca rd eal Ratzinger - ambos P refeitos da Congregação da Doutrina da Fé. Para mim, isto pode muito bem indi car que a terceira parte do seg redo se relaciona com alguma co isa respeitante a um a crise de Fé na Igrej a e no mundo.

O que seria da sociedade se todos

fossem igualmente ricos? Afirma São João Cri sóstomo (344-407), Patriarca de Consta ntinopla, um dos quatro Doutores da Igreja Grega:

"Das desigualdades que vemos neste mundo entre pobres e ricos, os inimigos da piedade formam um a1gumento especioso contra a Divina Providência. Porém, se fizessem o devido uso de sua inteligência, dar-se-iam conta de que essa propalada desigualdade é como a base e o vínculo da sociedade humana. Ela une os homens uns aos outros, fazendo com que se prestem mútuos serviços. Ela é a mãe do trabalho e da produção . .... 0 que seria da sociedade se todos os h omens fossem igualmente ricos? Não haveria quem trabalhasse, não haveria quem se dedicasse a ocupações mecânicas e braçais, os campos estariam sem cultivo, o ócio reinaria nas cidades; o comércio, a produção e todas as artes pereceriam. 11

"E ainda se acusa a Divina Providência de não haver enriquecido a todos por igua l? Nada prova tanto sua sabedoria e a eficácia das molas propu lsaras que emprega no governo e na conservação da sociedade humana, como essa recíproca dependência que estabeleceu entre os filhos de Adão, por meio das desigualdades de fortuna . .... E quem, senão a Providência, estre ita este laço firmíssimo e indissolúvel, por meio do qual o pobre vive a expensas do rico e o rico com o suor do pobre? Isto é motivo para louvá-La, engra ndecê-La e admirá-La. Calem-se, pois, seus nécios detratores e escondam no pó sua audaciosa face" (La Providencia - Pensamientos escogidos de las obras dei Santo, Co lección de Esp iritualidad Crist iana, Ed itora Cultu ra l, Buenos Aires, 1943, pp. 42 a 44).

São João Crisóstomo ~

26

CATOLICISMO -

Maio de 1997

SANTA GEMA GALGANI:

Participação mística da Paixão de Cristo e renhidas batalhas antidiabólicas no recesso do lar ROBERTO ALVES LEITE

H

á almas privilegiadas que não se consegue retratar sinteticamente, tal a multiplicidade de aspectos que as caracteriza. Gema Galgani, que morreu com apenas 25 anos de idade e viveu em casa de família, é uma delas. Seus pais, Henrique Galgani e Aurélia Landi, proporcionaram um ambiente de virtude favorável ao desabrochar de uma grande santa dos tempos modernos. Tinha um instinto de pudor extraordinário, porque sua mãe lhe ensmou que o corpo era um templo do Espírito Santo. Sofreu todas as dores da Paixão: foi flagelada, coroada de espinhos, teve seus ossos desconjuntados como Nosso Senhor. Passou por todas as formas de perseguição do demônio. Falava continuamente com o Anjo da Guarda, com Nosso Senhor e com Nossa Senhora. Como descrever tudo isso no exíguo espaço de um artigo? Por isso limitar-nos-emos a apresentar algunsjlashes dos diversos aspectos de suas virtudes e da santidade de sua curta vida.

Desde a infância, serenidade impertubável Gema Galgani nasceu em 12 de março de J878, na cidade de Lucca, ao Norte da Itália. Já aos cinco anos lia o Ofício de Nossa Senhora e o dos defuntos. A pi-

edade desenvolvera nela uma majestade de porte que não se costuma encontrar em idade infantil. Embora fosse a mais jovem aluna de sua classe, inspirava um tal respeito que era tratada como a mais velha. Nada se fazia sem ela e todas as colegas a estimavam. Com fisionomia serena, mostrava-se sempre a mesma, fosse elogiada ou repreendida. Sua atitude conservava uma calma imperturbável, embora fosse dotada de um temperamento vivo e ardente; era pacífica porque tri un fa v a sobre s i mesma . Quando alguém a provocava, respondia com um olhar seg uido de um sorriso tão meigo qu e algumas vezes desarmava o adversário na hora.

Reprimenda do Anjo da Guarda e audição da voz de Jesus

Jovem italiana, falecida no início do século e quase desconhecida no Brasil, é certamente um providencial modelo de serenidade, espírito de renúncia, pureza e radicalidade antidemoníaca para a juventude intemperante e agitada da época do rock CATOLICISMO -

Maio de 1997

Certa vez saiu a passeio com um relógio de ouro e uma cruz do mesmo metal, que recebera de presente. Ao voltar foi repreendida pelo Anjo da Guarda que lhe disse que as únicas jóias que embelezam a esposa de um rei crucificado são os espinhos e a cruz. A impressão foi profunda: a partir desse dia abandonou as modas e os adornos. Foi a primeira vez que o Anjo lhe apareceu. A partir dessa época, começou também a ouvir a voz de Jesus.

27


Aos vinte anos era dotada de porte nobre e gracioso. Sua pureza, recolhimento e modéstia apenas lhe acrescentavam mais encanto. Nessa época foi atingida por grave enfermidade i1'a ·coluna lombar, que lhe causava dores atrozes, obrigando-a a uma imobilidade quase completa. Tudo parecia conduzi-la à morte em meio a cruéis sofrimentos. Mas Jesus queria prolongar sua vida para aumentar-lhe a santidade. E assim como lhe mandou uma doença que se prolongou por doze meses, enviou-lhe a cura de modo instantâneo.

Capela de Santa Gema, na qual se encontra o corpo da Santa, em Lucca

Sofrimento: escola de amor Sua escola para a santidade foi o sofrimento. Nosso Senhor dizia-lhe que deveria aprender primeiro a sofrer, pois o sofrimento ensina a amar. Nessa via, a primeira grande graça que recebeu foi a contrição dos pecados. Ela narra que sentiu todas as potências da alma entrarem em misterioso recolhimento: a inteligência somente via os pecados e o horror da ofensa; a memória recordava-os, assim como os tormentos suportados por Jesus para nos salvar; e a vontade detestava-os, prometendo sofrer tudo para os expiar. Teve a graça insigne de receber, em seu corpo, as mesmas lesões sofridas por Nosso Senhor Jesus Cristo em Sua Paixão. Foi levada ao Céu para receber os estigmas; e na flagelação ve1tia tanto sangue que as roupas lhe grudavam ao cor28

po. A coroação de espinhos deixava em sua cabeça picadas de onde vertia sangue. Além disso sofreu todos os fenômenos físicos ocasionados pelas quedas e pela suspensão do corpo na Cruz.

Fenômenos místicos em meio à simplicidade doméstica Sigamos os passos da santa entre seus familiares . Aos 21 anos era humilde, dócil, respeitosa, incapaz de uma leviandade ou de um capricho. Ouvia duas missas antes que os outros levantassem, uma em preparação para a comunhão e outra em ação de graças. Ao regressar da igreja, juntava-se imediatamente às criadas para cuidar dos mais novos, tirar água, arrumar os quartos, lavar a louça, auxiliar a cozinheira e atender aos enfermos da casa. Mesmo depois de ter visto a face de Jesus Crucificado, sofrido com Ele e contemplado os grandes mistérios da Redenção, encontrava-se perfeitamente disposta. a presidir os divertimentos das crianças. O Sacerdote que freqüentava a casa onde Gema morava, comentou que ela praticava as virtudes com tanto entusiasmo, constância. e serenidade de espírito que pareciam ter-se-lhe tornado natura.is. Com esse entusiasmo socorria. os pobres que batiam à porta. Acolhia-os, dava-lhes de comer, e logo perguntava se iam à Missa, se freqüentavam os sacramentos, se rezavam de manha e à noite, se pensavam algumas vezes no que Jesus sofreu por nós, etc. Bem o contrário de certa assistência social dos dias de hoje, na qual a salvação da alma não entra em jogo.

Ela queria a todo custo ser santa; e vivia com o desejo único de se parecer com Jesus. Sua sensibilidade às blasfêmias era tal que suava sangue quando as ouvia. A virtude cuja preservação lhe mereceu as maiores atenções foi a castidade. Todas as mortificações, penitências, macerações da carne e, acima de tudo, a rigorosa guarda dos sentidos, tinham por fim principal a conservação da inocência. Seus cuidados nessa matéria eram levados a todos os extremos.

Intimidade com Nosso Senhor e com o Anjo da Guarda A presença visível do Anjo da Guarda era para ela o que havia de mais natural. Encarregava-o de missões, consultava-o; à noite pedia que lhe fizesse o sinal da cruz na testa e velasse à sua cabeceira. Ao levantar-se,justificava-se dizendo que ia ocupar-se de um bem muito maior do que ele: Jesus. E partia, sem demora, para a igreja. Estava acostumada a praticar com heroísmo a virtude da obediência. E, de modo especial, em relação à palavra do Pe. Germano de Santo Estanislau C.S.S.R., seu diretor espiritual.

CATOLICISMO -

Maio de 1997

ide- Vos embora, não Vos quero mais!". E

Santa Gema foi beatificada por Pio XI e canonizada (fotografia acima) por Pio XII em 14 de maio de 1940

observou que, apesar dessa "ofensa", Ele não se encolerizou. O que a levou a manifestar continuamente sua alegria em obedecer. Por obediência escreveu suas memórias . O demônio, furioso, roubou o manuscrito e levou-o ao inferno. Mais tarde, por meio de um exorcismo, foi obrigado a devolvê-lo; e até hoje existe o original todo chamuscado com o fogo daquele nefando lugar.

Vítima de atroz perseguição do demônio, enfrentava-o com zombaria

Seu único desejo: santidade e semelhança com o Redentor Embora dotada de grande vivacidade e penetração de espírito, decisão de caráter e força de alma, Gema pedia conselho, auxílio e direção para tudo, a fim de não deixar transparecer suas qualidades.

A própria santa relata o esforço que fazia para fugir de Jesus quando Mons. Volpi - seu confessor ordinário desde os sete anos de idade até sua morte - a proibiu de conversar com o Divino Salvador. Pois não acreditava nas visões com as quais ela era favorecida, julgando tratar-se de uma ilusão diabólica. Certo dia recebeu autorização para conversar com o Salvador por determinado tempo; tendose esgotado o mesmo, disse: "Jesus,

Pe. Germano de Santo Estanislau, diretor espiritual da Santa

A perseguição do demônio foi geral e contra todas as suas virtudes. Ele a atormentava com violentas dores de cabeça para impedir a oração, e a induzia a desobedecer ao seu diretor, dizendo ser ele um fanático e ignorante. Apareceu-lhe imitando Jesus chagado, ou então no confessionário como confessor. Entretanto, foi quando apareceu como um belo anjo que sofreu sua maior humilhação: tendo sido reconhecido, Gema pediu o socorro de Deus e de Maria Imaculada, e avançou cuspindo-lhe no rosto.

Muitas vezes, à invocação do Santíssimo Nome de Jesus, o maligno fugia a toda pressa, e ela o acompanhava com zombaria e francas gargalhadas para demonstrar seu desprezo. Não podendo conseguir seus objetivos, o demônio aparecia-lhe como enorme cão, com a figura de um monstro, e a jogava de um lado para outro, rasgava sua pele, batia-lhe com a cabeça no chão. Para vingar-se de suas derrotas, transformou o quarto da santa em um prostíbulo do inferno, com aparições reais sob formas sempre novas, duma lascivia cínica e brutal. No meio desses sofrimentos horríveis conservava sempre a serenidade e a placidez de alma. Nunca lhe saíram do peito aqueles suspiros e gemidos que a força da dor arranca até aos mais corajosos.

Morte plácida, conforme seu desejo, em dia de grande solenidade Gema não esquecia nenhum meio de defesa: cruz, relíquias dos santos, escapulários, exorcismos e, acima de tudo, recurso filial a Deus, à Maria CATOLICISMO -

Maio de 1997

Santíssima, ao Anjo da Guarda e ao seu diretor espiritual. Dia 11 de abril de 1903. Gema parecia adormecida e calma, mas um leve inclinar da cabeça indicava que havia falecido em seu leito de dor. Tudo tão suave, que muitos não perceberam o desenlace. Morreu placidamente, sem agonia, na data de uma importante festa litúrgica, como sempre desejou: era uma hora da tarde de Sábado Santo. Além das memórias, dela nos restaram os colóquios de 150 êxtases, anotados pelas piedosas senhoras que a cercavam. Em seu processo sobraram milagres tanto para a beatificação como para a canonização. Em 29 de novembro de 1931 foi promulgado, por Pio XI, o decreto reconhecendo a heroicidade de suas virtudes. O mesmo Papa a beatificou em 14 de maio de 193 3, sendo canonizada por Pio XII em 2 de maio de 1940. O

Fonte de referência: Pe. Germando de Santo Estanislau ,Sa111a Gema Ca/ga11i, a.flor da Paixüo. Tradução do Pe. Matos Soares, 3a. ed., Livraria Apostolado da Imprensa, Porto, 1940.

29


1 - São José Operário, Esposo da Santíssima MAIO I operou inúmeros mil agres~ Sua basílica tor_nouVirgem (ao lado). Pio XII transferi ~ a festa do ~ - - - - - - - - - - - - ~. se centro de peregrin açao para argentinos, Patrocínio de São José, que s~ celebrava em uruguaios e paraguaios. meados de abril, para este dia, a fim de dar aos trabalhadores de toda cl asse - dos 9 - São Pacômio Abade, Confessor.+ Egito 348 . Trocou o exército braça is aos intelectuais - um protetor ele Constantino pela so lidão do deserto onde recebeu ele um Anjo ce lestial e assim co ntrarrestar o tom uma regra de vicia rei igiosa. Fundou seis conventos. Divide com revo lu cio nári o e anárqui co qu e se Santo Antão a honra da in stitu ição da vicia religiosa em comum . manifesta tantas vezes nas comemorações deste dia. 10 - Santo Anton ino de Florença, Bispo e Confessor. + 1459 . Antôni o, conh ecido pelo diminutivo por causa de sua estatura, 2 - Santo Atanásio, Bispo, Confessor e tornou-se célebre por sua doutrin a e obras. Defendeu o Papado no Doutor da Igreja. + Alexandria (Egi to) Concílio de Basiléia e a sã doutrina católica no de Florença , contra 3 73. Grande defenso r da fé contra os os autores do cisma grego. ari anos, ex il ado cinco vezes por imperadores ganh os pelos heresiarcas, supo rtou toda sorte de calú nias de seus 11 - ASCENSÃO DE NOSSO SENHOR JESUSCRISTO inimi gos. O vigor e a segurança doutrinária de seus escritos lhe va lera m o título de Doutor da Igreja. Primeira sexta-Feira do mês. 12 - Santos Nereu e Aquiles, Mártires. + Ro ma, Sec. 1. Membros da guarda do imperador a serviço de Flávia Domitila (v ide dia 7), 3 - São Filipe e São Tiago (à esquerda), foram convertidos e batizados por São Pedro, o que lhes valeu o Apóstolos. + Século 1 (a nteri ormente: Invençã o martíri o. da Santa Cru z). São Filipe deixou a casa, mulher e filhos em Betsa ida pa ra seguir Nosso Senhor, 13 - 80º ANI VERSÁR IO DA PRIMEIRA APARIÇÃO DE NOSSA sendo martiri zado em Hierápolis, na Frígia (Ásia SENHORA EM FÁTIMA (vide matéri a às pp. 12-24) Menor). São Tiago Meno r, primo de Nosso Senhor, fo i o primeiro Bispo de Jerusa lém, onde 14 - São Matias Apóstolo, Mártir.+ Século 1. Um dos 72 Discípu los de Cristo, fo i eleito à sorte para substitu ir o infa me traidor Judas sofreu o martír io. É auto r de uma ad mirável epísto la. Primeiro sábado do mês. lscari otes no Colégio Apostó lico (antes a 24 de fevereiro). 4 - Santa Mônica, Viúva.+ Óstia (Itália), 387 . Modelo de esposa e mãe, por suas orações e lágrimas obteve a conversão do marido, e depois a do fi lho, Santo Agostinho, que lhe dedicou belas págin as em suas Confissões.

15 - Santo Isidro, o Lavrador, Confessor. + Mad rid, 11 70 . Perfumou os ca mpos de Castela com o aroma de sua inocê ncia, pi edade e bom exemplo. Pa ssou a viver em continência com a esposa, Santa Maria da Cabeça, após o nascimento ele um filho. Padroeiro da ca pi ta l espanhola.

5 - São Máximo de Jerusalém, Bispo e Confessor.

16 - São Simão Stock, Confessor.+ Inglaterra, 1265 . Geral da Ordem do Carmo, recebeu da Santíss ima Virgem o escapulário com a promessa de que, quem com ele pi edosa mente mo rr esse, não padeceria as penas do inferno.

+ 35 1. Su cedeu a São Macário como Bi spo de Jeru sa lém. Co m sua ciência e sa ntid ade contri buiu para o êx ito do primeiro Concílio de Nicé ia. 6 - São João Apóstolo na Porta Latina . Séc ulo 1. O imperador Domiciano o fez lança r aos 90 anos em uma ca ldeira de aze ite fervente jun to à Porta Latin a. Dela o Apóstol o virgem sa iu rejuvenesc ido. Foi então desterrado para a ilha ele Palmos, se ndo o único Apóstolo não márti r.

1 7 - São Pascoal Bailão, Confessor. + Valência (E spanh a) 1 59 2 . Irm ão leigo franciscano de pureza angélica, passava horas d iante do Sa ntí ss imo Sac ramento. Recebeu aí a São Félix de Cantalício profu 17 d a c iênc ia com que refutava hereges e explicava sab iamente os mi stéri os de nossa fé. Padroeiro dos Congressos Eucarísticos.

São Tiago

7 - Santa Flávia Domitila, Virgem e Mártir. + Roma, Século 1. Da fa mília dos três últimos imperadores romanos cio século 1, sofrendo o martír io por Cri sto deu mais glória a Roma que seus augustos parentes. 8 - Nossa Senhora de Luján, Padroeira da Argentina (à direita)). Imagem levada cio Bras il para o país irmão, 30

Nossa Senhora de Luján

CATOLI CISMO -

Maio de 1997

18 - DOMINGO DE PENTECOSTES.

- São Félix de Canta lício, Confessor ((página anterior, embaixo).+ Roma, 1587. Irmão leigo ca pu chinh o, ami go de São Fil ipe Neri, durante 40 anos pediu esmola nas ru as de Rom a pa ra se u conven-to. 11 0 sofrim ento é uma graça de Deus", di zia, "e as dores, rosas do céu" .

mi lagroso auxíli o da Mãe de Deus na Batalh a el e Lepanto contra os turcos . A fes ta fo i insti tuída em 18 14 para ce lebrar a vo lta de Pio VII a Roma, depo is de cinco anos como ca tivo de Napo leã o. 25 - DOMI NGO DA SANTÍSSIMA TRI NDADE. - São Gregório VII, Papa e Confessor. + Sa lern o, ·1085. Um dos maiores Pontífi ces da Santa Igreja, fo i se u acé rrim o defensor co ntra as i nves tidas do pod er tempo ral, promov eu imp ort antes refo rm as 1itú rgicas e morreu no exíli o perseguido pelo imperador alemão Henrique IV.

19 - São Ce lestino V, Papa e Confessor.+ Anagni, 1296 . Eremita e Fun dado r da Ordem dos Celestinos, aos 80 anos fo i elevado ao Só lio Pontifício. Porém, sentindose inca pacitado para exercer tão alta digni dade, resignou.

20 - São Bernardino de Siena, Confessor (embaixo).+ 1444. 11 Astro lum inoso para toda 26 - São Filipe Neri, a Itáli a por sua do utrin a e san tidade" (do Confessor (à direita). + Mart irológ io), difun diu a devoção ao Santo Roma 1595 . Fundador Nossa Senhora Auxiliadora Nome de Jes us, convertendo mu itas almas, da Congre-gaçã o do apl acando discórdias civis, e sendo um precursor das refo rmas Oratóri o, que tinh a como principal finalidade adotadas mais tarde pelos a renovaçã o da vida cri stã entre os leigos de Concíli os de La trão e Trento. Roma. - Também: Santa Maria Ana Paredes, a 21 - Santo André Bobola, Mártir. "Açucena de Quito",+ ·164 5. + Polôn ia, 1657. Oriundo de uma 27 - Santo Agostinho de Cantuária, Bispo e das mais antigas famí lias da Polônia, entrou pa ra a CompaConfessor. + 605 . Enviado pelo Papa Sã o nhi a de Jes us, dedicando- se à Gregóri o Magno, eva ngelizou a Inglaterra, sendo considerado o Apóstolo daquela nação. pregação na Lituânia e depois na Polônia. Foi martir izado por São Fili pe Neri cossacos ru ssos cismáticos com 28 - São Germano de Paris, Bispo e Confessor. tantos requintes de maldade, que + 576. A mãe qu is abortá- lo; não o conseguindo, depois do parto a Sagrada Congregaçã o cios Ritos tentou envenená-lo. Salvo por um tio afirm a que fo i o martír io mais ermi tão, que o formou na práti ca da cruel j á aprese ntado àquela vi rtude, chegou a ser Bispo de Paris, São Bernardino de Siena exercendo sa lutar influ ência sobre os sagrada Congregação. soberanos da França . 22 - Santa Rita de Cássia, Viúva. + ltál ia, 145 7. Durante 18 anos suportou as asperezas e infid elid ades de um mari do de ca ráter 29- FESTA DO SANTÍSSIMO CORPO brutal, a quem onverteu com sua paciência e espíri to sobrenatural. E SANGUE DE NOSSO SENHOR Tendo ele sido a sass inado, pediu a Deus a morte cios filhos que JESUS CRISTO queri am vin ga r a do pai. Após a morte do marido e dos filhos, 30 - Santa Joana D' Are, Virgem (à entrou para o onvento das agostin ianas, onde recebeu na fronte um dos e pinhos da coroa do Salvador. Operou tantos milagres esquerda). + Rouen (França ) 14 3 1. que passou a cr onhecida como a II Advogada das ca usas perdidas" Su sc itada por Deus para li vrar a França e II Santa cios impossíveis". do jugo inglês, esta virgem guerreira fo i depo is traída e queimada co mo 23 - Santa Joana Antida Thourét, Virgem. + Nápoles 1826. feitice ira. Reabili tada por Ca listo Ili em Esta destemi I sa nta passou por grandes peri gos e provações 14 56, teve a heroicidade de virtu des durante a R vo lução Francesa, ensinando catec ismo, cuidando de reconhecida em 13 de Dezembro de doentes dand s onderijo a sacerdotes em pleno Terror. Fundou 1908, sendo beatificada por São Pio X em Besan on um ramo das Irmãs de Caridade. Morreu no convento em 1909 e ca noni zada por Bento XV em 192 0. de Nápoles d vicio a perseguições de seu Bispo e de suas próprias irm ãs de háb ito. ' 31 - Vi sitação de Nossa Senhora 24 - Nossa Senhora Auxiliadora (alto da página). 1nvo caçã o (anteriormente Festa de Nossa Senhora inse rida na Lad<inha Lauretana por São Pio V, em louvo r ao Santa Joana d' Are Rainh a). C ATOLI CISMO -

Maio de 1997

31


O

Informativo Operário é uma publicação da TFP - editada mensalm e nte e com distribuição gratuita - destinada aos trabalhadores urbanos e rurais e suas respectivas famílias, de todo o Brasil. Numa linguagem simples e amena, ilustrada com numerosos desenhos, essa publicação vem, ao longo dos anos, abordando as mais variadas matérias da realidade nacional, as quais são analisadas do ponto de vista da doutrina tradicional da Igreja Católica.

Uma conversa franca Conselhos para educar os filhos e fortalecer a família; elementos de doutrina católica; matérias sobre a devoção a Nossa Senhora e aos Santos; notícias sobre o mundo do trabalho; advertências sobre os sindicalistas demagogos e esquerdistas; orientações aos jovens operários sobre os problemas da droga, do álcool, da corrupção dos costumes e da

TV imoral; noções de primeiros socorros; remédios caseiros e receitas de cozinha para as donas de casa, são alguns dos numerosos temas abordados. Mês a mês o Informativo Operário entabula uma conversa franca com seus leitores, para senti r melhor suas aspirações, esperanças e aflições.

, .,..,..,.,._

A

campanha O Ama~h~ de Nossos Filhos(*), uma 1111c1at1va da TFP, entrou no dia 20 de março p.p. com representação junto ao Min istério Público do Rio de Janeiro para impedir que fossem levados ao ar capítulos da novela Xica da Silva, da TV Manchete, em que seriam apresentadas "sete noviças taradas" e "loucas por sexo" (cfr. revista "Amiga" nº l.401 , de 103-97, pertencente ao grupoB/och que comanda a referida TV). Ruy Coelho Maia, coordenador da campanha, considerou - a justo título - essas

Idealizado pelo Fundador daTFP Foi o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Fundador dessa entidade, quem deu forma e conteúdo ao Informativo Operário, tal como ele se apresenta hoje, em proveitosas reuniões realizadas nos seus ú Iti mos meses de vida. E le estava ciente da imensa orfandade espiritual dos operários brasileiros. E a todo custo queria fazer bem a eles e suas familias. O Informativo Operário dizia Dr. Plínio - deve fazer sentir aos operários brasileiros que eles têm amigos sinceros, que desinteressadamente procuram ajudá-los em suas ne-

Como receber o Informativo Operário Para receber ta l publicação, bastará o leitor escrever ao CEP 01224-01 O, São Paulo (SP); ou telefonar para (011) 825-9977; ou envi ar fax para (011) 862-0464. O Informativo é de distribuição gratu ita. Co laborações · vo luntár ias remetidas à publicação são destinadas a incrementar sua tiragem e difusão. O leitor que não possa ou não queira ajudá- lo continu ará, entreta nto, a recebê-lo. Informativo Operário, R. Dr. Martinico Prado, 271 -

32

l!.'fa•i i,'.f·idZJ l'I

CATOLICISMO -

A TFP promoveu solerte campanha em defesa da condição religiosa ultrajada, em uníssono com a opinião pública católica que reagiu vivamente ante o anúncio de que seriam veiculadas tais cenas pela televisão

cessidades espirituais e materiais. E, portanto, não ficam abandonados nas mãos de certas cúpulas sind icais com sua política demagógica.

Sabedoria popular

Grande família de almas Com uma tiragem de 85.000 exemplares e assinantes em mais de 1000 cidades de 26 Estados, o Informativo Operário representa hoje uma vasta família de almas, congregando em torno de si além da grande maioria de operários e suas famílias, sacerdotes, religiosas, professores, estud antes, médicos e engenheiros do trabalho, empresários, advogados, fazendeiros, etc. que recebem, apóiam e divulgam essa publicação. Assim, o Informativo Operário se vem constituindo num fator de harmonia social, de combate à luta de classes, de união de todos aq ue les que querem um Brasil brasileiro, um Brasil cristão. Um Brasil ordeiro e pacífico, onde reinem a segurança, a operos idade e a concórdia. O

Maio de 1997

O Informativo Operário: temas variados expostos com linguagem bastante acessível

As manifestações de rechaço às ofensas feitas à condição religiosa chegaram não apenas à TV que estava promovendo a novela Xica da Silva, mas também às empresas patrocinadoras da mesma. Assim recebemos - entre outras numerosas e sign ificalivas repercussões, proven ientes das mais diversas camadas sociais e regiões do País - o relato de uma senhora cearense, empregada doméstica, que telefonou para protestar junto ao gerente ele uma dessas empresas. Este último lhe disse: - Se a Sra. não gosta do programa, que mude de ca nal! - Não sen hor! Isso é a mesma coisa se alguém ofendesse sua mãe, e, em vez de reagir, o Sr. tapasse os ouvidos para não escutar. .. Convém registrar que tais empresas provavelmente desconheciam as cenas sacrílegas que seriam levadas ao ar na referida novela. Pois, quando se inteiraram da existência de tais passagens, tomaram as devidas providências para que fossem respeitadas as convicções e os sentimentos de todos brasileiros católi cos.

cenas "um sacrílego vilipêndio da condição de religiosa católica" . Ficando "a figura sacra/ da religiosa católica, dessa forma, gratuitamente associada, e de público, à conduta própria de meretrizes". Invocando o art. 221 da Constituição Federal, que determina "o respeito aos valores éticos e sociais da família", o documento pede ao Ministério Público acionar o Poder de Polícia do Estado, "apto a obviar abusos e corrigir desvios de finalidade", como ocorre nos anunciados capítul os da novela Xica da Silva. Há uma agravante: essa aproximação sacrílega é completamente arbitrária e sem nenhuma base histórica, conforme o declara de modo formal a revista "Amiga" acima mencionada. Paralelamente à representação junto ao Ministério Público do Rio, a campanha acionou também os seus aderentes, esparsos por 3.000 cidades de nosso País, a fim de que manifestassem, de modo cortês mas categórico, a quem de direito, o justo repúdio que o anúncio de tais cenas sacrílegas estavam despertando nas consciências católicas.

Carta da TV Manchete: respeito aos valores católicos

"A direção da novela, coerente com a filosofia da Rede Manchete, mostrou-se sensível à repercussão causada pelas notícias apressadas e resolveu de imediato cancelar quaisquer gravações de cenas que pudessem ferir, mesmo que de longe, os preceitos cristãos" .

Juíza veta passagens sacrílegas

A juíza Katya Maria Monnerat Moniz de Aragão Dáquer, da 40ª Vara Cível do Rio de Janeiro, concedeu, no dia 26 de março p.p., aba li zada liminar vetando as cenas atentatórias à Religião católica, que seriam exibidas na novela Xica da Silva. Tal medida havia sido solicitada pe la Promotora Maria da Conceição Nogueira da Silva, do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, atendendo à representação, acima mencionada, da campanha O Amanhã de Nossos Filhos, da TFP. Antes mesmo de tomar conhecimento da liminar, a direção da TV Manchete resolveu reeditar o capítulo, tirando as cenas impúdicas (cfr. "Folha de S. Pau lo", 28-31997). (*) "O Amanhã de Nossos Filhos" , Rua Maranhão,

620 -

Rapidamente, com o passar dos dias, crescia a reação ante o an úncio da transmissão das cenas ofensivas aos católicos, à Santa Igreja e sobretudo a Nosso Senhor Jesus Cristo. Pois, conforme foi noticiado pela imprensa, numa das cenas as "noviças enfeitiçadas" tentavam seduzir também um sacerdote. Convém recordar que nos encontrávamos em plena Semana Santa, enquanto isto se dava. A TV Manchete mostrou-se sensibi lizada pela reação provocada pelos anúncios de sua novela. Assim, seu presidente, Pedro Jack Kapeller, enviou_uma missiva à Campanha da TFP O Amanhã de Nossos Filhos, entregue na sede da entidade em Belo Horizonte (MG), da qual destacamos os seguintes tópicos: "A divulgação precipitada de alguns órgãos da mídia deu a entender que iriam ao ar, na novela, imagens não condizentes com referidos valores. CATOLICISMO -

Maio de 1997

Sala 13 -

01240-000 -

São Pau lo-SP -

Tel/Fax (011)66-9187.

Agradecimento Manifestamos nossos sinceros agradecimentos a todos os que, de um modo ou de outro, evitaram que fossem objeto de escárnio os valores éticos e sociais da família e, sobretudo, a Religião católica e Seu Divino Fundador, Nosso Senhor Jesus Cristo. "Todo aquele, portanto, que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus. E o que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus' (MI. 1O, 32-33).

Que Nossa Senhora de Fátima, em atenção a mais esta defesa feita à honra de seu Divino Filho, obtenha especiais graças para nosso querido Brasil e que o triunfo de Seu Imaculado Coração se realize o quanto antes em todo mundo!

33


Apelo aos d.eputados federais sobre o ignominioso Projeto de "união homossexual"

T

endo sido noticiado que a Câmara dos De putados votaria no início do mês passado o ignomini oso Projeto que legaliza a chamada "união homossexual", a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Famíli a e Propriedade - TFP, promotora da campanha O Amanhã de Nossos Filhos, enviou, no di a 31 de março p.p., enfática mi ss iva aos Srs. parlamentares. No momento em que fechamos a presente edição, segundo consta em Brasíli a, a votação do referido Projeto foi protelada para o presente mês.

Eis a transcrição dos principais tópicos da carta do Conselho Nacional da TFP aos Srs. deputados: " Tal proj eto é uma afronta ao povo brasileiro, de tradição católica, o qual rej eita a prática homossexual e a considera abominável diante de Deus e dos homens. "Não faltam condenações da Sag rada Escritura, dos Papas e dos santos a essa prática. Recorde-se ap enas a destrui ção de Sodoma e Go morra pelo fogo . Não é em vão que o catecismo coloca o pecado de homossexualismo entre aqueles que bradam aos

12 Bispos e 486 sacerdotes condenam

o Projeto de "casamento" homossexual A campanha OAmanhã de Nossos Filhos, da TFP, consultou o teólogo D. João Evangelista Martins Terra S.J., Bispo Auxiliar de Brasília, e Doutor pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, sobre a posição da doutri na católica em relação à união homossexual. Dele recebeu a esclarecedora resposta: "OCatecismo da Igreja católica (promulgado pelo Papa [João Paulo li] em 1992) confirma o ensino constante da Igreja e da Sagrada Escritura. "Nº 2357:'A Sagrada Escritura apresenta as práticas homossexuais como depravação grave. A Tradição sempre declarou que os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados. São contrários à lei natural'. "Legalizar o chamado 'casamento' homossexual é não somente contrariar a lei natural, mas também legalizar uma grave depravação moral'. Tal resposta foi chancelada por mais onze arcebispos e bispos: D. Albano Cavalin, Arcebispo de Londrina (PR); D. José Newton de Almeida Baptista, Arcebispo emérito de Brasília (DF); D. Vitorio Pavanello S.D.B., Arcebispo de Campo Grande (MS) ; D. Antonio Carlos Mesquita, Bispo de São João dei Rei (MG); D. Efrain Basílio Krevey, Bispo da Igreja Ucraniana Católica no Brasil; D. Francisco Barroso Filho, Bispo de Oliveira (MG); D. Jerônimo Mazzarotto, Bispo auxiliar emérito de Curitiba; D. João M. Messi, Bispo de lrecê (BA); D. José da Silva Chaves, Bispo de Uruaçu (GO); D. Miguel Maria Giambelli, Bispo de Bragança do Pará. O Bispo de Rio Preto (SP), D. José de Aquino Pereira, afirmou a mesma tese, citando João Paulo li: "É moralmente inadmissível a aprovação jurídica da prática homossexual'. Todos esses documentos foram encaminhados ao Dep. Michel Temer, DO. Presidente da Câmara dos Deputados, juntamente com o Brado católico contra o aborto e o "casamento" homossexual, o qual foi assinado por 486 sacerdotes, de 23 Unidades da Federação.

34

CATOLICISMO -

Céus e clamam a Deus por vingança .....

Grave responsabilidade dos deputados "Lembrem -se os senho res deputad os da adve rtênc ia d o g rande Papa São Pio X: ' Ao homem que quer abusar de sua liberdade, possível é violar os di -

reitos e a autoridade suprema do Criador; mas com o Criador fi ca sempre a vitó ria" (Encíclica E sup remi Apostolatus). "Senho res deputados, VV. Exas. têm poder, pelo voto que derem, de hiluenciar decisivamente os rumos de toda a Nação e até o modo de viver de cada brasileiro. Lembrem-se, porém, de que esse poder só será legitimam.ente exercido se f or usado de acordo com as leis de Deus e tendo em vista o autêntico bem do povo. "Não se diga - como o fazem alguns - que se trata apenas de regular uma situação de fa to já existente. Pois nesse caso, se-

ria preciso legalizar também o seqüestro, o assassinato, o estupro, a pedofi lia, o tr(ifico de drogas que aí estão, infelizmente, como "fatos" que ocorrem diariamente.

O Projeto tem que ser rejeitado sem emendas nem tergiversações "Ass im sendo, apelamos de modo veemenle a VV. Exas., di ante de Lodo o Brasil, para que não permitam seja apro vado tão espantoso proj eto, absolutamente contrário às tradições cristãs de nosso po vo. E sem que este mesmo povo possa se dar bem conta do que está oco rrendo no cenácu lo daqueles que f o ram eleitos para serem seus representantes. "É a rej eição total desse proj eto, sem emendas ou tergiversações de qualquer tipo, que a TFP pede insistentemente a VV. Exas., em nome da numerosa corrente de opinião que a apóia em todo o País." □

Entre os dias 5 e 10 de abril p.p., a TFP brasileira recebeu a visita de Mons. Gilles Wach (foto 1), Fundador e prior do tlorescentc Instituto de Cristo Rei, Sumo Sacerdote, cujo Seminário está localizado em Gricigliano, na Toscana (Itália). Pad res formados no Instituto já exercem seu ministério em diversas dioceses da França, Itália e em outros países, es1>ecialmente em suas missões na África. Mons. Wach pronunciou uma conferência 1>ara sócios e cooperadores da entidade (foto 2) e assistiu a uma apresentação da Fanfarra dos Santos Anjos e do oro São Gregório Magno, da TFP (foto 3).

PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA: "casamento" homossexual é reivindicação para brasileiro sem Fé Em março ele 1994, o saudoso Prof. Plinio Corrêa de Oliveira assim co mentou o programa apresentado pe lo PT pa ra as eleições naq uele ano, no qu al se in c luía a defesa cios pretensos " d ireitos ci os casais ho mossexuais":

"A direção do PT desconhece o Brasil verda de iro, o Brasil da Fé, o Brasil zeloso da moral cristã. Por isto, no programa que apresentou para atrair todo o eleitorado, quis incluir uma reivindicação que equiva le a uma negação de toda a Fé e m oral católica . 'Casa m nlo' de hom em com homem, de mulher com mulher, isto é uma reivindicação para brasileiro sem -Fé". D iante el a reação então hav ida, o PT cedeu e retirou a inábil reivind icação ele seu prog rama . Mu itos acharam que o prob lema com isso ficava resolvido e se d istenderam. Não fo i o caso ci o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, qu e preve niu e prev iu:

"Quem estiver certo de que o PT não voltará a seu esca ndaloso desiderato, de 'casam ento' hom ossexual, levante-se para ava lizar a dívida m oral do PT". □

Maio de 1997

O Centro '11/t11ral Reconquista de Portugal está em plena campanha con tra o avanço do aborto em seu país, encontrando sólidas e calorosas adesões por parte da população. E m apenas 10 dias, esgotaram-se 15 mil exemplares da obra Aborto - 50 perguntas e 50 respostas em def esa da vida inocente, recentemente editada em nossa mãe-pátria. Nas fotos 4 e 5, p~1rtici1>ação de Reconquista na passeata Juntos pela vida, rea li zHda cm Lisboa, no final de fevereiro último.


~ palavra família indica uma pluralidad

PLINIO CORRÊA DE ÜLIVElRA

de pessoas. Mas há outra palavra, de especial significado, que indica uma só pessoa: mãe. Mãe é a quintessência da família, porque é a quintessência do amor, a quintessência do afeto; e, nessas condições, a quintessência da bondade e da misericórdia. Assim, a alma da criança em contato com a mãe começa a compreender o que é a bondade que não se cansa, o que é a graça, o favor, o amor que não se exaure. E também aquela forma de afeto que inclina a mãe a jamais achar tedioso estar com o filho. Carregar seu filho nos braços, brincar com ele, soltá-lo no chão, vê-lo correr de um lado para outro, ser importunada por ele incontáveis vezes durante o dia com perguntinhas, com brinquedinhos. Para a boa mãe, nisto consiste a alegria da vida. Se alguém, no começo de sua existência, percebe o que 6 a alegria de ter uma boa mãe, compreende que a vida na Terra pode ser muito difícil; mas, enquanto conservar a recordação de sua mãe, guardará a lembrança paradisíaca da sua infância. Retendo essa recordação, a pessoa mantém a e perança do Paraíso Celeste, onde a boa Mãe vai nos receber. E assim compreendemos tudo quanto representa No sa Senhor-1 Auxiliadora para nós. Nota da redação: Excertos da conferência proferida pelo Prof. Pllnlo Corr o de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP em 24 de maio de 1995. S m revisão do autor.


CE

N!l 558 - Junho 1997 -Ano XLVII


Revolução e Contra-Revolução

AfOJL!Cli M Nº 558 - Junho de 1997

NESTA EDIÇÃO:

PLINIO CORRÊA DE ÜLIVEIRA

REVOL UÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO

2 Com mais um ítem de Revolução e Contra-Revolução, de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, damos seqüência ao capítulo VI, intitulado

A marcha da Revolução

Vistas estas noções, apresenta-se a ocasião para desfazer algumas objeções que, antes di sto, não poderi am ser adequadamente analisadas.

A. Revolucionários de pequena velocidade e semicontra-revolucionários

mo a atacar a vulgaridade sociali sta. Trata-se de uma resistência, sem dúvida. Mas resistência em ponto de pormenor, que não remonta aos princípios, toda feita de hábi tos e impressões. Resistência por isto mes mo sem maior alcance, que morrerá com o indivíduo, e que, se se der num grupo social, cedo ou tarde, pela violência ou pela persuasão, em uma geração ou algum as, a Revolução em seu curso inexorável desmantelará. *c. O "semi-contra- revolucionário" (cfr. Parte I - Cap. IX): di ferencia-se cio anterior apenas pelo fato de que nele o processo de coagulação fo i mais enérgico, e remontou até a zona dos princípios básicos. De alguns princípios, já se vê, e não ele todos. Nele, a reação contra a Revolução é mais pertinaz, mais viva. Constitui um obstácul o que não é só de inércia. Sua conversão a uma posição inteiramente contra- revolucionária é mai.s fác il , pelo menos em tese. Um excesso qualquer da Revolução pode determin ar nele uma tra nsformação cabal, uma cristalização de todas as tendências boas, numa atitude de firm eza inabalável. Enqu anto esta feli z transformação não se der, o semi-contra- revolucionário não pode ser considerado um soldado da Contra-Revolução. É característica do conformismo do revolucionário de marcha lenta, e do semi-contra-revolucionário, a fac ilidade com que ambos ace itam as conquistas da Revolução. Afirm ando a tese da uni ão ela Igreja e do Estado, por exemplo, vivem di splicentemente no regime da hipótese, isto é, da separação, sem tentar qualquer esforço séri o para que se torne possível resta urar algum di a em condições convenientes a uni ão.

O que distingue o revolucionári o que seguiu o ritmo da marcha rápida, de quem se vai paulatinamente tornando tal segundo o ritmo ela marcha lenta, es tá em que, quando o processo revolucionário teve início no primeiro, encontrou resistências nul as, ou qu ase nul as. A vi rtude e a verdade viviam nessa alma de uma vicia de superfície. Era m co mo madeira seca, que qualquer fag ulha pode incendiar. Pelo contrário, quando esse processo se opera lentamente, é porqu e a fag ulha da Revolução encontrou, ao menos em parte, lenha verde. Em outros termos, encontrou muita verdade ou muita virtude que se mantêm infe nsas à ação do espírito revolucionári o. Uma alma em tal situação fica bipartida, e vive de dois princípios opostos, o da Revolução e o da Ordem. Da coexistência desses dois princípios, podem surgir situações bem diversas: * a. O revolucionário de pequena velocidade: ele se deixa arrastar pela Revolução, à qu al opõe apenas a resistência da inércia. * b. O revolucionário de velocidade lenta, mas com coágulos contra-revolucionários. Ta mbém ele se deixa arrastar pela Revolução. Mas em algum ponto concreto recusa-a. Assim, por exemplo, será socialista em tudo, mas conservará o gosto elas maneiras ari stocráticas. Conforme o caso, ele chegará até mesThomas Jefferson: revolucionário de velocidade lenta 2

CATOLICISMO -

Junho de 1997

17

Corpus Christi

A marcha da Revolução 5. Desfazendo objeções

IMAGEN S EM PAINEL

Cracóvia mantém tradicional procissão de

Na próxima edição transcreveremos os sub-itens B, C e D deste número 5.

COM A PALAVRA.. . O DIRETOR

4

VIDAS DE SANTOS

5

Os milagres do Pe. Anchieta: 400 anos de sua morte

PÁG INA MARIANA

A padroeira de Madri

A REA LI DADE CONCISAMENTE

7

125 igrejas católicas vendidas para outras religiões na Holanda

ENTREVISTA

18

21

Historiador Jesuíta fala sobre o Apóstolo do

Brasil

a-

A PALAVRA DO SACERDOTE

SUDÁRIO

Con. Villac mostra os

erros do espiritismo

NACI ONAL

10

A violência atual, prevista por Plinio Corrêa de Oliveira

12

INTERNACIONAL

26

Albânia perto da guerra civil preocupa a Europa

ESCREVEM OS LEITORES NOBR EZA

13

23

Emocionante resgate salva o Santo Sudário das chamas em Turim

28

Nobres: parasitas ou beneméritos?

MEDICINA

Doação de órgãos: a garra do Estado

SANTOS E FESTAS DO MÊS

CAPA: Anchieta escritor, óleo de anônimo, Colégio São Luís, São Paulo. Reprodução de foto da obra "José de Anchieta", do Pe. Hélio Abranches Viotti , S.J., cujo crédito foi concedido pela Sociedade Brasileira de Educação e pela Fundação Emilio Odebrecht.

TFPs EM AÇÃO

Lançada na Europa outra obra sobre o Fundador da TFP CATOU CISMO -

J unho de 1997

30

32 3


Com a palavra... o Diretor i'l':,~'Qr ,

Amigo leitor

~~,' 'íl~ ,

1

.

,

;! L

, ""

, santíssimos na edição deste mes.

Dois temas mteres

- d IV centenário da

tema de capa a comemora9:~la~orador Afonso de

.

Primeiramente,.º Ale' m do artigo de nossot Ttem do Apóstolo - d Anchieta. t e a pos -mo P

s~:: ~

°

.

t ado Jose e falecimen do Revmo. e. morte Be'::/:':,ç~es conheci~ esclarecedora entre;s;ande missionário. Souza, do com, o -lhepouco também uma ara 'alista na vida daque do Brasil, oferecemos , S J - historiador espec1 , , os Hélio Abranches V10tt1, . . , a polémica lei de "doação"_ d:i;~:s,;,,tos dos em intervir a vida e na destaque e na, o, contente Outro assunto que merece O Estado recentemente sancionada. ar tambémbras1lell'O, sobre os cadaveres . Intervenc,orusmo n ·de agora avanç vivos, deCI mort e...

diante consideraçoes

me . na obri·gação entrar no debate, dos católicos, que devem nhecimento . assim Catolicismo se1:t1:u,-se ·ndispensáveis para de o co 1 1 e juridica, a<l'nitude. de ordem mora saber o que pensar sobre m atéria dessa m o•~ .

.

ortante: através dessa

de mmto imp . . características amodo atenção para um Ponto das principais sana t Masogostaria de chamar~~ minto mática leitor comprovE AaNrCaIA ' Atributo este,palpáve~ alias, e:':aro entre órgãos de impren e

'.

. INDEPEND

·

nossa revISta. atualidade...

f , e será, além de de existência, sempre o1 t1·do da palavra. licis1110, em seu s 46 anos . dente no verdadeiro• sen , m os

::!i~sc:;~:~:; ':

órgãorevista '.::; sem ~o~p morais da Santa ;;~~in:::::;~~~~;~~!~~c;,~eRon:~:•e a defesa da Uma IgreJa . - .os doutrinar10s e prmcip,, , t' clvilizaçao crIS a,

_ que vivemos d de E é por essa razao . dos estimados

Nosso único com~~omis; ;v~~:!av;:v~a .e da generosidade e apo10 do auxilio da r - e;,

exclusivamente mos estar em melhores maos,

. te de uma questão

leitores. Poderia. . . objetiva e serena dian er que seja, Nosso s ermite tomar pos1ça_o e desagradar a quem qu Essa conduta no pqualquer preocupaçao d Mandamentos. P esta sem sagrados D us". "Não olêmica como , a Deus e a seus , ão temer "Q remos e · único temor en os do tradicional hino católl:rtei~enossa eqinpe de C omo proclama um as dos vera,ss leis"! Tal é o eespírito qudeos amigos leitores sempre . D•1v.ina contmdigam A ~e1 lidade noss que gostaríamos qu os preza esta e a qua Catolic~mo. redatores, apreciassem em Em Jesus e Maria,

~~-

Paulo CorreAª de Brito Filho Diretor

4

Nossa Senhora da Almudena Padroeira de Madri A impressionante história da imagem que, escondida dos l1Ulometanos durante quase quatro séculos no interior de uma muralha, ao ser descoberta estava com velas acesas ao seu lado

A

ORIGEM da atual capita/ espanhola se perde na noite dos tempos. Roma ainda não havia sido fundada e já Madri se orgulhava de sua antigüidade.

PtrN10

Cristianismo, e uma igreja substitu iu a primitiva cape/a de São Tiago.

MAnu SotrMEo

Nossa Senhora da Almudena

Muralha abriga e salva a preciosa imagem Foi ela das primeiras vilas na Península Ibérica a abraçar o Cristianismo, quando, segundo a tradição, São Tiago No início do sécu lo VIII um traimais seria in vocado naquele loca/, aí pregou o Evangelho. Com seus disdor, o conde D. Julián - nome onde distribuíra tantas graças. cípulos, construiu e/e um modesto temexecrá ve/ nos anais da história da plo, dedicado à Santíssima Virgem, no Espanha - por vingança, abriu as porVelas postas há 369 anos qual deixou uma imagem da mesma tas da Península aos árabes do norte aparecerem milagrosamente Senhora, esculpida em madeira. acesas! da África. A horda invasora, sempre Perseguida pelos romanos, a Igreja vitoriosa, aproximava-se de Madri no aí estabelecida viu inúmeros dos seus transcurso do ano 714. Trezentos e sessenta e nove anos filhos sofrerem o martírio. Os invasoClero e povo, alvoroçados, se reu- se passaram quando D. A/fonso VI, rei res godos, porém, após vencerem os niram então em torno da venerada imade Caste la , com o auxílio do romanos, curvaram-se ao doce jugo do gem da Mãe de Deus para suplicar-lh e celebérrimo D. Rodrigo Díaz de Bivar, auxílio naquela hora de angústia, cer- EL Cid Campeador, derrotou os tos de que seriam atendidos. mouros em Toledo, tornando-se viáEntretanto, a vila não dispuvel a reconquista de Madri, efetivada pouco depois. nha de meios para resistir. Qual seria, nessas condições, o destiAssim, em 1083 a antiga igreja foi no da tão honrada escultura? reconsagrada e novamente dedicada à Rainha dos Cé us. Muito provavelmente seria destruída, tal como os ímpios fiOs habitantes locais ainda se recorlhos de Mafoma vinham fazen- davam, embora de modo muito confudo em todo seu devastador perso, de que uma milagrosa imagem da curso. A única saída, concordaVirgem fôra escondida na muralha por ram todos, seria escondê-Ia num ocasião da tomada da vi la, propondovão da muralha da cidade. E asse o próprio monarca católico a sim se fez, confiados em que encontrá-Ia. Ordenou, por um pregão, mais tarde a pudessem resgatar. que durante nove dias todos os nobres, Os inimigos triunfantes, disburgueses e povo da vila, por meio de postos a permanecer em Madri jejuns, orações e penitências, suplicasCatedral onde se venera imagem de para sempre, transformaram a sem à Virgem que se dignasse indicar Nossa Senhora da Almudena igreja em mesquita, parecendo o loca/ que abrigava sua santa imagem. que o nome da Virgem nunca No último dia da novena, 9 de novembro de 1083, uma concorrida pro-


cissão d irigi u-se à igreja. Dela participavam D. Alfonso VI, D. Sancho de Aragão e Navarra, os i nfa n tes, cardeal D,'i Fernando e D. Martin, numerosos eclesiásticos e grandes cavaleiros. Entre todos se destacava El Cid, heró i nac io nal, vencedor de sete reis mouros ! Após celebração de Missa solene, o portentoso cortejo começou a percorrer a vila, em piedosa in vestigação. Mas nada sucedeu de extraordinário. Decepção, desalento ... Teria a Virgem sido surda a tão piedosa súplica? Não ! Eis que, durante essa mesma noite, a muralha dividiuse por si só, deixando aparecer em um improvisado nicho a milagrosa imagem, tão fresca como se tivesse sido ali depositada no dia anterior. E - milagre maior! - acesas todas as velas, a seu lado colocadas há quase quatro séculos por confiantes devotos! Nova procissão, ainda mais solene e jubilosa que a anterior, conduziu com todo carinho a bendita Santa Maria ao seu antigo altar. D. Alfonso VI quis que esta passasse a se chamar Santa Maria la Real de la A lmude na, por haver permanecido tantos séculos escondida em um local da muralha perto do almudin (mercado ou armazém) que os mouros ali haviam instalado. Sob a mesma invocação, a Santíssima Virgem fo i a inda proclamada Padroeira de Madri.

Trigo providencialmente descoberto salva cristãos Poucos anos depois da morte de Alfonso VI, Madri foi novamente atacada pelos mouros, comandados pelo terrível Alí-Aben-Jucet. Outra vez a cidade se achava inteiramente despreparada para a defesa, embora seus habitantes procurassem desesperadamente salvaguardar as muralhas. Tranqüilo, Alí Jucet determinou manter o cerco à cidade, até que a 6

Criança salva milagrosamente do poço

Monumento ao Cid Campeador em Burgos

fome obrigasse o povo à rendição. Não have ndo qualquer esperança hu mana, os sitiados suplicaram à Mãe de Deus que lhes valesse. E o atendimento não tardou: uma terrível peste assolou o campo inimigo com tanto rigor, que obrigou os não atingidos a fugir espavoridos. Vinte anos mais tarde, novo assalto. Os sarracenos sitiaram acidade, esperando que esta se rendesse pela escassez de alimentos. Quando já não havia mais o que comer, uns meninos que brincavam junto à igreja, abriram um buraquinho num de seus pilares. Imediatamente por ele começou a escorrer um pó branco que se verificou ser farinha de trigo, de ótima qualidade. Derrubada parte da parede lateral da igreja, onde o tal pilar se encostava, descobriu-se um desconhecido silo. A abundância do trigo encontrado levou os espanhóis a jogar parte dele sobre os mouros, numa demonstração de fartura, para que perdessem a esperança de subjugá- los pela fome. O exército inimigo, uma vez mais, retirouse humilhado . Um quadro de Alonso Cano, na igreja, lembra até hoje esse fato. E em outra pintura, no mesmo local, está retratado o milagre narrado abaixo. ,

CATOLICISMO -

Junho de 1997

A esta imagem recorreu Santo Isidro, o Lavrador (ver a seção Santos e Festas do mês, de maio p.p. , p. 30, dia 15), quando seu filho caiu num poço. Assim que rezou à Virgem, as águas do mesmo começaram a subir suavemente até que o santo pai pôde resgatar o filho são e salvo. A milagrosa imagem é esculpida em madeira odorífica, que lembra os cedros do Líbano; e a pintura é tão consistente que mesmo os desgastes naturais do tempo não conseguiram deteriorá-la. Uma particularidade surpreendente com relação a essa imagem comprovada historicamente - é a impos ibilidade de se conseguir uma cópia idêntica ao original. Muitos pintores célebres tentaram reproduzi-la, mas todos confessaram seu fracasso.

Reis tornam-se escravos de Nossa Senhora Em 29 de agosto de 1640, instituiuse na igreja de Santa Maria a Esclavitud de la Virgen de la A/mudena, constituindo-se seu primeiro escravo o próprio rei, D. Felipe IV. Exemplo seguido depois por seus sucessores. A Virgem de la Almudena é uma . das nove imagens objeto de devota prática por parte das Rainhas da Espanha. Estas, quando estão para daJ à luz, costumam visitar tais imagens rogando a Maria Santíssima que lhes conceda um bom parto, colocando sob Sua proteção o fruto de suas entranhas. Essa prática foi imitada por senhoras de todas as condições até quase nossos tristes dias, em que o neopaganismo se esforça por destruir tudo quanto é santo e venerável. D l<ontc de referência:

* Conde de

Fabraque r, Las !111áge11es de la Vi1ge11 aparecidas en Espaiia , lrnprenta y Litog rafía D. Juan José Mart inez, vol. 1, Madrid, 186 1.

A REALIDA~ ~ISAMENTE

Comendo casca de árvore ... ! A fome na Coréia do Norte aumentou tanto, que há pessoas com hemorragia intestinal por estarem comendo casca de árvore. Catherine Bertini, diretora cio Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas advertiu : "Milhões de pessoas vão morrer de.fome no próximo verão se a comunidade internacional não enviar imediatamente grandes quctntidades de alimentos [para a Coréia do Norte]". Enquanto isso, o regime da propriedade privada e da livre iniciativa transformou a Coréia do Su l, em pouco mais de 40 anos, num dos Tigres asiáticos, uma das nações ma is prósperas do mundo. Importa ressaltar que, nas duas Coréias, o povo é o mesmo, o nível cultural é o mesmo, e os recursos naturais são pareci- ACoréia do Sul da Samsung, Hyundai, Kia, Gold Star, etc. é um dos tigres asiáticos díssimos.

Igrejas à venda Sintoma trágico de decadência religiosa na Holanda: desde 1973 os católicos venderam cerca de 125 igrejas para serem transformadas em mesquitas, templos evangélicos, centros do New Age, livrarias, escritórios e centros cu lturais. 40% dos holandeses declaram não pertencer a qualquer igreja. O paganismo contemporâneo e os estragos do progressismo dito católico vão completando a obra de descristianização da Holanda.

Trabalhistas ingleses roubam bandeira O Partido Trabalhista inglês, quando no poder, sempre procurou l egislar a favor de uma estatização da economia inglesa. Agora, porém, incluiu em sua plataforma eleitoral um ítem prometendo continuar a política

O trabalhista inglês Tony Blair (ao lado da esposa) venceu as eleições com ares de conservador CATOLICISMO

de p rivatização, bandeira sempre pro pu g nada pe lo Partido Co nservador, há 18 a nos no poder. Como se isso não bastasse, o man ifesto do Parti do Trabalh ista, divu lgado no iníc io da campanha eleitoral, não menciona o termo socalismo. Os candidatos trabalhistas também receberam orientação para adotar uma apresentação pessoal mais conservadora. Resolvendo voltar dec ididamente ao poder, o Labour Party se viu obrigado a mudar de política, procurando ser bem popular. Ou seja conservador...

Rejeição ao preceito bíblico Desvirtuando o fim principal para que foi estabelecido o casamento - "Crescei e multiplicai-vos' (Gen . 1, 28) -, o Ministério da Saúde tem como meta, em 1997, distribuir anticoncepcionais para 17 milhões de mulheres, através da rede pública de saúde. Para tal distribuição - destinada à realização de um pecado gravíssimo - há dinheiro. Essa iniciativa do referido Ministério é um motivo a mais para se temer que a cólera de Deus se desate contra nossa Pátria.

Recordes do Brasil ... pouco conhecidos pelos brasileiros O anuário Tendências, do instituto multinacional de pesquisas Nielsen, um estudo sobre potencial de consumo nacional realizado pela Target (uma consul toria de São Paulo), dados fornecidos por Vanderli Go mes, pesqui sadora do IBGE e outras fontes idôneas forneceram recente- r - - - - - - ~ mente elementos insuspeitados para quem acompanha somente certa mídia. Revelam J , eles uma fisio nomia do Brasil real, mas raramente apresentada. Se não vejamos apenas alguns exemplos: O Brasil é o 1º receptor de investimentos industriais procedentes dos Estados U nidos, Alemanha, França, Itália, Suécia, Suíça e Holanda; O Brasil é o 2º em investimentos internacionais das indústrias automobilísticas e mecânica alemãs; O Brasil é o 3º mercado mundial de apaJel hos de TV; O Brasil é o 4º mercado mundial de vídeos para locadoras; O Brasil é o 5° mercado mundial de produtos de perfumaria; O Brasil é o 6° mercado mundial de propaganda e de vencias de CDs. Obviamente, a situação do Brasil não se restringe a tais dados. Mas esta é uma face da moeda muito pouco vista e indispensável para se formar uma noção objetiva da realidade nacional. D

_l]

¼

-Junho de 1997

7


Porque então permite Deus que o demônio provoque assim essas manifestações que enganam as pessoas?

ri~

"Quem am.a o perigo, nele perecerá", dizem as Sagradas

CôNEGO JOSÉ

Hoje em dia, infelizmente, esse tipo de dúvida ocorre com certa freqüência. Assim, sua consu lta fo i muito oportuna, pois e la me dá a oportunid ade de esclarecer tal ponto que causa compreensível perplexidade a tantos catól icos.

No artigo que o Sr. escreveu para Catolicismo, publicado na edição de dezembro do ano passado, o Sr. coloca em pé de igualdade a macumba - que explicitamente recorre ao demônio - e o espiritismo. Entretanto, fiquei na dúvida se o espiritismo tem parte com o demônio, pois em muitas sessões espíritas se reza o Pai Nosso e a Ave Maria antes de começar. O Sr. poderia dar uma explicação a respeito?

O que pensar do espiritismo

Muitos espír itas se apresentam como cristãos e julgam erroneamente que podem conciliar o espiritismo e o Catolicismo. Daí rezarem nas sessões espíritas e, às vezes, co locarem imagens de Nosso Senhor, de Nossa Senhora ou de Santos no recinto em que elas se realizam. Porém, seja logo dito que qualquer mistura de e lementos de várias religiões - o chamado sincretismo religioso - não pode em hipótese alguma ser aceito por um católico. Pois vai diretamente contra a Fé, que é Una, Vera e Imacu lada!

8

meios naturais, e uma ação sobrenatural, como é a aparição

Trata-se de uma superstição. Ou seja, de um arremedo indi gno do verdadeiro culto a Deus, por empregar fórm u Ia s e ritos estra nhos ou sincretistas, e neles confiar, na tentativa de forçar Deus a atender ao que Lhe é pedido, ou a desvendar o futuro. Chama-se também superstição a veneração de caráter religioso prestada a "forças" reais ou imagi nárias, em lugar de Deus. Por que o espiritismo é uma superstição? Trata -se de s uperstição porque os espíritas recorrem de modo indevido às almas das pessoas que morreram e estão sob a guarda de Deus, não podendo por isso entrar em comunicação com os vivos, a não ser por uma permi ssão especial e muitíssimo raramente concedida por Ele. Ora, os espíritas querem utilizar meios puramente naturais - como a ação de outros homens, os tais médiuns para obter que essas almas apareçam ou se manifestem. Há então aqui uma desproporção entre os meios empregados,

CATOLICISMO -

ou manifestação das almas dos defuntos. Digo que se trata de algo sobrenatural no sentido de que está acima da natureza humana fazer com que as a lmas dos fiéis defuntos se manifestem ou não aos vivos, o que depende exclus ivam ente de Deus. É pecado querer chamar espíritos do Além Conforme ensinam os moralista s, a única relação que deve haver entre as a lmas dos fié is defuntos e nós é uma relação de ordem espiritual, baseada na recordação e na oração. Deus não pode consentir em atender nossos capric hos, curiosidades doentias e fantas ias; não pode, portanto, permitir que as a lmas, que estão submetidas só a Ele, se manifeste m quando chamadas por nós, para satisfazer nossa presun ção de penetrar nos mi sté ri os do Além. Seria contra a sabedoria, contra a mi se ricórdia e contra a arquitetônica Providênc ia de Deus.

Junho de 1997

Luiz VILLAC

Por isso, dizem os mes mos moralistas, se é verdade que às vezes quando a lguém in terroga as almas do o ut ro mundo recebe resposta, tai s respostas não podem provir senão do Maligno. Ou então provir de alguma fraude, porque muitas vezes nessas sessões espíritas se usa de trapaça para enganar a boa fé alheia. Mas, nós não devemos levar tudo em conta de mero engano habilidoso ou trapaça, porque, quando Deus permite, o demônio pode imitar a voz cios falec idos, e até aparecer com o aspecto da pessoa evocada, provocar ruídos, fazer surg ir luzes, realizar "cirurgias", curas e até fa lsos milagres . Mas, quando tais coisas acontecem e Deus as permite, é para punir a ignorância culposa, a presunção ou a fa lta de seriedade de maus católicos. A Igreja sempre repetiu que é pecado de heresia, isto é, um pecado contra a Fé, querer ap li car meios puramente naturai s com o fim de obter efeitos que estão acima da natureza humana. Portanto, a pretensão dos espíritas de que rer chamar ou evocar espíritos do Além, não só é impossível como também herética. Essa superstição é condenada não apenas como ilícita ou contrária à moral cristã, mas também como contrária à fé. Espiritismo e Catolicismo são palavras irrecon-

ciliáveis!

nervoso, exc itado, que é muito fa vorá ve I à at uação dos maus espíritos. Pode-se e ntão dizer que, assim como a Igreja Cató li ca é a Casa do Se-

Escrituras. Uma pessoa que vai a uma sessão espírita , sa lvo casos muito raros de uma ignorância total,já está cometendo um pecado, ao menos de imprudênc ia, co locando-se assim sob a influência cio demônio. Então, é e la mesma que vai atrás da tentação. Centro espírita: porta do inferryo O espiriti smo cerca-se de um clima de mistério mal são,

Não se deve chamar os espíritos

nhor, a Porta do Céu, um terreiro de umbanda, um ce ntro espír ita , é um a espécie de

casa de Satanás e porta do Inferno. Portanto, não há dúvida de que as práticas superstic iosas espíritas co loca m o hom em sob a influênc ia do demônio e podem levar até mesmo à possessão. Pois quando alguém co labora com o Maligno, este adquire um poder especial sobre essa pessoa. Sobretudo os médiuns esp íritas ficam mais expostos a tal ação terrível cio demônio. Por isso o próprio Deus, já no Antigo Testamento, condenou qualquer tentativa ele entrar e m relação com os mortos, por meio de pedidos para que

se manifestassem, aparecendo ou respondendo perguntas, etc. Dessa forma, podemos ler no Deuteronômio: "Não se

ache entre vós .... quem consulte pitonisas ou adivinhos, ou indague dos mortos a verdade. Porque o Senhor abomina todas estas co isas e por tais maldades exterminará estes povos à tua entrada" (Deut. 18 , 10- 12). Tudo isto mostra o perigo extremo em que se colocam aq ueles que recorrem a práticas espíritas. Deixam de ser católi cos e, aos olhos de Deus, tornam-se abomináveis ... Que Nossa Senhora Rainha dos Anjos nos proteja contra tais horrores e nos livre de tamanha O desgraça.

Retirada de órgãos selll certeza da Dlorte do doador é holllicídio Do conceituado Cardeal Pietro Palazzini (*1912), Doutor em Teologia, Direito Canôn ico e Direito Civil, Professor de Teologia Moral:

"Não se justifica jamais a retirada de órgãos de pessoa ainda viva ou da qual se desconfie seriamente que ainda esteja viva. Com efeito, tal retirada equivaleria a um homicídio, que não pode ser cometido nem com a anuência do interessado. Uma única exceção teria conseqüências desastrosas para a Humanidade, escancarando as portas para inúmeros abusos, alguns dos quais nem são previsíveis" (O problema ético dos transplantes, in Divinitas, 29 ( 1985), pp. 5-6). E cio Papa Pio XII: "É preciso denunciar em primeiro lugar um juíza moralmente errado, que se forma no espírito humano, mas influencia comumente seu comportamento externo e que consiste em colocar o cadáver humano no mesmo plano que o do animal ou de uma simples 'coisa' . .. .. O corpo era a moradia de uma alma espiritual e imortal, elemento co,tstitutivo essencial de uma pessoa hu-

mana da qual ele participava a dignidade; algo dessa dignidade ainda tem relação com ele. Pode-se dizer também, dado que ele é um componente do homem, que.foi formado "à imagem e se: melhança" de Deus. .... Mesmo ao cadáver se aplica de uma certa maneira a palavra do Apóstolo: 'Porventura não sabeis que os vossos membros são templo do Espírito Santo, que habita em vós?' (I Cor. 6, 19). Enfim, o corpo que jaz sem vida está

destinado à ressurreição e à vida eterna . .... "Não deveria ser permitido aos médicos de retirar órgãos ou fa zer outras intervenções sobre um cadáver, sem a anuência daqueles que são seus depositários." .... É preciso "tomar medidas para que um cadáver jamais seja considerado e tratado como tal antes que a morte tenha sido devidamente constatada" (Discurso à Associazione italiana donatori delta cornea, de 14-5-56, Discorsi e Radiomessaggi di Sua Santità Pio Xll, Tipografia Poliglotta Vaticana, vol. XVIII, pp. 198 a 201).

Papa Pio XII CATOLICISMO -

Junho de 1997

9


/'F:1/;j

NJ\(i\~L

Quatro dedos feios e sujos PLJNIO CORRÊA DE OLIVEIRA

O artigo que estampamos aba ixo, de autoria do inesquecível Fundador da TFP, do ponto de vista literário e psicológico pode ser considerado de Antologia. Mas a principa l razão que nos levou a republicá-lo não é essa. Escrito em novembro de 1983, ele parece descrever, com rara penetração, muitos aspectos do que estamos presenciando hoje. O atual clima de hostilidade contra a polícia e a confusão daí decorrente, bem como o avanço assustador da criminalidade e sua conotação política são descritos com a antecipação de 14 anos .. . Mas, passemos logo a palavra ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira.

A

perplexidade se dá bem com macias cadeiras de couro, nas quais o homem sente afundarse gostosa mente. É que há certa analogia entre estar atolado em questões perp lex itantes, e em poltronas de molas mac ias . O homem perplexo, afu ndado em couros, fica atolado tanto de corpo corno de alma, o que confere à situação dele essa unidade que nossa natureza pede insistentemente, a todo propósito. É verdade que tal unidade não vai aí sem alguma contradição. As perplexidades consti tuem para a mente um atoleiro penoso . Um purgatório. Por vezes quase um inferno. Pelo contrário, os couros e as mol as proporcionam ao corpo cansado um atoleiro delicioso, reparador. Mas essa contradição não fere a unidade. E diminui o tormento do homem, em vez de o acrescer.

10

E eu, que tin ha in tenção de comunicar aos leitores o resu ltado de minhas lucubrações, fiquei reduzido a contarlhes o que este personagem me disse. O tal homem atemporal me tratava de você, com uma certa superioridade que tinha seu tantinho de irônico e de condescendente. E, pondo em ri ste o indicador curto e pouco limpo da mão direita, como para me anu nciar uma pri meira lição, sentenciou : "Saiba que eu, Prof. Plínio Corrêa de Oliveira

Para prová-lo ao leitor, bastaria a este imaginar quão pior seria a situação de um homem perplexo, sentado num duro banco de madeira ... Ocorreu-me isto tudo ao recordar que, numa noite destas, chegado ao termo o jantar, reso lvi refletir sobre a situação nacional, atoleiro no sentido mais preciso e sinistro do termo. E para isto me afundei instintivamente em urna profunda e mac ia poltrona de couro. Comecei então a pensar. .. A ronda macabra dos vários problemas pátrios, ideológicos, sociais e econômicos, começou a dançar em meu espírito. A fim de ver claro, eu procurava deter a feia ciranda, de modo a analisar, urna por uma, as várias questõe que a formavam. Mas estas pareciam fugir a toda avaliação exata, executando cada qual, diante de meus olhos por fim fatigados, um movimento convulsivo à maneira do delirium tremens. Pertinaz, eu insistia. Mas elas, não menos pertinazes do que eu, aumentavam seu tremor, e de repente retornavam em galope sua ciranda. Febre? Pesadelo? O certo é que me senti subitamente em presença de um personagem muito real, de carne e osso ...

CATOLICISMO

-Junho de 1997

o comunismo, fracassei neste sossegado Brasil. O PC é aqui um anão que dá vergonha. Por isso, evito de o apresenta r sozinho em público. O sindicalismo não me adiantou de nada. Possuo muitos de seus chefes, mas escorre-me das mãos o domínio sobre suas bases bonacheironas ("pacifistas", diria você). Entrei pelas Cúrias, pelas casas paroquiais, seminários e conventos. Que belas conquistas eu ftz. Mas ainda aí prosperei nas cúpulas, porém a maior parte da miuçalha carola me vai escapando. Noto, Plinio, sua cara alegre ante minha envergonhada confidência. Você me reputa derrotado. Babão! Mostrar- lhe-ei que tenho outros modos de progredir. - Você duvida?" - Sim, eu duvi-

dava. Então ele levantou teatralmente, ao lado do dedo indicador, o dedo médio, um pouco mai s longo e não menos rejeitável. E entrou a dar sua segunda lição. "Começarei por um sofisma. Farei o que você não imagina: a apo logia do crime. Sim, direi por mil lábios, através de mil penas, milhões de vídeos e de microfones, que a onda de criminalidade, a qual tanto assusta os repugnantes burgueses, raramente nasce da maldade dos homens. Nas tribos

indígenas, os crimes são mais raros do que entre os civilizados. O que quer dizer que o crime nasce entre nós das convulsões sociais originadas da fom e. Elimine-se a fom e, desapare ce o crime. Como, aliás, também a prostituição. "Quem você chama de criminoso é uma vítima. Sabe quem é o criminoso verdadeiro ? É o proprietário. Sobretudo o grande proprietário. Principalmente este é que rouba o pobre. "Enquanto um ladrão de penitenciária rouba um homem, o proprietário rouba um povo inteiro. Seu crime social é de uma maldade sem nome!"

O delírio leva a muita coisa. Pensei em expulsar o jactancioso idiota. Mas o comodismo me manteve atolado em minha poltrona. Furibundo e inerte, deixei-o continuar. Ele levantou o dedo anular, feio irmão dos dois que já estavam erguidos. E prosseguiu . "Há mais uma 'seu' Plinio. À vista de tudo quanto eu disse, um governo consciente de suas obrigações tem por dever desmantelar a repressão e deixar avançar a criminalidade. Pois esta não é senão a revolução social em marcha.

Todo assassino, todo ladrão, todo estuprador não é senão um arauto do furor popular. E por isto farei constar ao mundo inteiro que a explosão criminal no Brasil está sendo caluniada por reacionários ignóbeis. A criminalidade é a expressão des te furor ju stamente vindicativo das massas, que os sindicatos e a esquerda católica não souberam galvanizar. "

Suspendendo o minguinho, miniatura fiel dos três dedos já em riste, meu homem riu. "Farei entrar armas no Brasil. Quando os burgueses apavorados estiverem bem persuadidos de que não há saída para mais nada, suscitarei dentre os que você chama 'c riminosos', um ou alguns líderes, que saberei camuflar de carismáticos. E farei algum bispo anunciar que, para evitar mal maior; é precisoque os burgueses se resignem a tratar com aqueles qu e têm um g rau de banditismo menor. "Vejo a sua careta. Você está achando a burguesia preparada para cometer mais esse erro. Tem razão. Assim se constituirá um governo à Kerensky, bem de esquerda. O dia seguinte será do Lênin que eu escolher."

Levantei-me para agarrar o homem. Quando fiquei de pé, acabei automaticamente de acordar. Ou cessou a febre ... Escrevi logo quanto "vira" e "ouvira", pois só até poucos minutos depois da febre ou do sono, tais impressões se podem conservar com alguma vitalidade. Leitor, desejo que elas não lhe dêem febre. Se é que, antes de terminar a leitura, elas não lhe darão sono. Este não será, em todo caso, um tranqüilo sono de primavera. Mas estará em consonância com essa metereologia. caótica. dos dias agua.dos e feios com que vai começando novembro.

P.S. - A Polícia paulista parece hoje em rev iravo lta. Que diria a isto o hominho dos quatro dedos sujos? Em São Paul o, e pelo Brasil afora, que rumo tomará o buscapé da subversão? Parar, não parará... O Nota da redação: O art igo acima foi publicado em Catolicismo de novembro de 1983, nº 395 e na "Folha de S. Pau lo" de 16 de novembro daquele mesmo ano.

A criminalidade e o banditismo chegaram a tal ponto que esta dona de farmácia em Salvador atende os fregueses atrás de grades de segurança


"O presente melhor"

Excelente trabalho e "fita-relíquia"

Que alegri a imensa ao receber a carta com o convite para parti cipar dessa maravilhosa campanha e receber esta revista, que pela primeira vez me surpreendeu, pois até que enfim lembraram de editar e publicar uma obra tão importante. Fiquei tão feliz! Foi o presente melhor de todos os tempos que recebi ao ver Jesus e Mari a nas revistas da nossa religião, entrando nos nossos lares. Eu já faço parte da campanha "Vinde Nossa Senhora de Fátima não tardeis", mas ainda não tinha visto a revista Catolicismo, com este título maravilhoso. Nossa Senhora e Jesus estão feli zes por este avanço de vocês, impedindo as pessoas de não conhecerem a nossa Religião, voltarem-se para outras. Espero receber o quanto antes [a revista] para poder mostrar a outras pessoas. Parabéns! Contem com o meu apoio. Vocês são abençoados por Deus por terem este maravilhoso empenho. Seguem as minhas intenções e nomes das pessoas vivas e fal ecidas para que seja celebrada a Santa Missa por elas. (C.A. - Belém-PA)

Venho por meio desta agradecer e apresentar meus parabéns por seu excelente trabalho dirigindo tão magnífica revista que é Catolicismo. Estou muito feliz em receber esta visita mensalmente, trazendo muitas novidades, alegres umas e outras tristes. Mas isto são coisas da vida que temos de enfrentar mas confiando em Nossa Senhora de Fátima para que nos dê muita força e fé para levarmos em frente o nosso apostolado. A fita [com a gravação de conferências e de entrevista do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira] está guardada como uma relíquia. Que ele, lá no Céu, rogue a Deus por todos os irmãos aqui na terra, pois a palavra dele continua orientando as pessoas: em cada revista que se lê está o nome do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Que Jesus lhe conceda o descanso eterno. O livro "Deus Pertinho" va i ficar circul ando nas escolas? Eu fiquei horrorizada quando li aquela notícia [onde era relatado que um padre havia escrito um manual de Religião para cri anças de primeira série utili zando cenas do Evangelho com ilustrações chocantes- vide Catolicismo nº 554, de fevereiro p.p.]. Éuma miséri a um sacerdote proceder desta maneira ! Se for preciso protestar, conte comigo, pois isso não pode acontecer com nossas cri anças na flor da idade. (M.V.O.C. - Simão Dias-SE)

Honrado pela participação Sinto-me muito honrado em poder estar participando destaca mpanha como assinante da revista, e faço votos para que o objetivo ao qual o Sr. se propôs seja logo alcançado. · Tenho a certeza de que muitos católi cos, assim como eu, estão rezando para que cada vez mais seja introduzida nos lares cristãos a verdadeira Religião, que é a Fé, a devoção a Nossa Senhora e o amor a Nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador. Agradeço a inclusão de meu nome e dos meus fa miliares nas intenções das Santas Missas. Que estas preces revertam em benefício de todos que estão participando desta campanha, com as bênçãos de Nossa Senhora. (J.R.R. - São Paulo-SP)

Estou muito preocupado com a implantação da televisão ...... em Teresina. O povo ainda não ajudou nem em cinqüenta por cento das necessidades financeiras. Alguns se queixam de que certos programas leva m mais à morte [de alma], devid o à imodésti a de algum as aprese ntadoras qu e nem se mpre se veste m seg un do os fi gu ri · nos de Nossa Senh ora de Fát im a. Todo cuid ado é pouco. (N .R.M. - Teresina-PI)

Espanto Rece bi pela primeira vez Catolicismo , nº ?55, cuj o teo r já foi bem aprec iado. Ca usou -me es panto saber qu e um sacerd ote, enviado pela CNBB para esc larece r os deputados so bre a pos ição da Igreja a res pe ito da c ha mada "uni ão homossex ua l", não correspond eu. (A.E.D . - Joinvill e -SC )

Aprendendo a amar palavras de vida eterna "Revista maravilhosa" Com imenso prazer comunico-lhe que estou recebendo a revista Catolicismo. Leio-a com a maior atenção. Com ela estou aprendendo a amar cada vez mais as palavras de Deus, Jesus e Maria. Na nossa família, serve para que possamos avaliar os preceitos para nossas vidas. Também para o próximo ano de 98, vou ser outra vez assinante, se Deus me permitir. Rogo a Deus por todos que trabalham para divulgar as mensagens de Fé nos lares brasileiros. Que Jesus, Maria e José os abençoe. (L.S. - Belém-PA) 12

CATOLICISMO

-

Modas indecorosas levam à morte da alma

Ardente desejo atendido Fiquei muito contente em receber sua ca rta e ainda mais com um convite para ser assinante de uma revista que sempre quis ter em mãos. Eu sempre quis uma revista assim, que fa le sobre as coisas de Deus, sobre religião, sobre a vida dos Santos, etc., e esta sem dúvida vai me conquistar. Desejo êxito em uma obra tão bela e importante como esta e que Deus e Nossa Senhora de Fátima os abençoe e os proteja. (T.L.S. -Andradas-MG)

Vítima de morte violenta: para onde irão os órgãos com a nova lei de doação?

LEO D ANIBLE

Obri gada pela rev ista marav ilhosa que estou recebend o todos os meses. Goste i tanto que estou faze nd o um a ass in atu ra pa ra meu fiIho. Quero ag radece r a meda lha qu e recebi ao faze r minh a assinatura, muití ss im o obri gada! Co nte co m minh a co laboração na ca mpanh a desta maravilhosa revi sta. (F.H.M.S. - Teresina-PI) -Junho de 1997

O

brasileiro é um povo com dos, apresentando alguns motivos pe- se de um morto, ou de um moribundo? Será necessário explicar que morto passi vo e generoso. Entretan- los quais se pode e deve ser crítico a to, ele não gosta de ser atro- esta que é uma das piores leis de nos- e moribundo são conceitos diversos? Mas, daquele eletroencefalograma, pelado pelo Estado. Isto explica que, so ordenamento jurídico. promovido a oráculo infalível, poderá logo depois de sancionada pelo Presidepender o ru mo que vão tomar os dente Fernando Henrique Cardoso a lei Começando ... pelo começo acontecimentos. Se dois médicos que 9.434, de 4-2-97, que dispõe sobre a O paciente jaz em seu leito de mor- não pertencem à equipe dos transplandoação de órgãos, as seções de cartas dos j orn ais tenham registrado certo te . Seu eletroencefalograma está tes atestarem a morte encefálica, os órisoelétrico, ou sej a, registra falta de gãos do morto (ou moribundo) podenúmero de protestos. Segundo afirma Alfredo Fiorelli, co- atividade elétrica no cérebro. Mas o rão ser retirados. E aqui se coloca o primeiro proordenador da Central de Transplantes de coração bate, o pulmão respira, o corÓrgãos, da Secretaria de Saúde do Esta- po está quente, quase todas as fu nções blema: é moralmente lícito esse prodo de São Paulo, "com a nova Lei, temos vitais continuam em operação. Trata- cedimento, mesmo que se trate de alguém que optou por ser recebido inúmeros telefonedoador? mas dizendo-se contrários O paciente não expia ela, querendo devolver seu rou, pois contin ua respicartão de doação" (1). Depois de investir contra a propriedade privarando. O frio da morte Intuitivo, o brasileiro da e inteiferir na própria vida dos indivíduos, não se apossou dele, pois desconfiou, num lance de seu corpo está quente. olhos, ainda que de mao Poder Público quer também seus restos Não há decomposição, neira inexplícita, que algo mortais através da nova lei que dispõe sobre a não há rigidez cadavéride errado há nesta lei. "doação" de órgãos - a "cadaverbrás" ca. A maioria das fun E ele tem razão. ções vitais permanecem Va mo s ao encontro atuantes. Ele sente dor, e desses lúcidos desconfiaCATOLICISMO -

Junho de 1997

13


muitas vezes precisa ser sedado, pois se contrai ao contacto com o bisturi do médico que retira os órgãos. Trata-se de um morto, na plena acepção do termo? ., Não sendo médico, não me cabe entrar nos aspectos científicos do assunto. Mas, mesmo sem avaliar opiniões , posso registrar fatos. Por exemplo, o seguinte. No Brasil, pontifica o eletroencefalograma isoelétrico para diagnosticar a morte cerebral. Mas num país com den sa e indiscutida tradição científica, como é a Inglaterra, não se leva em consideração, para os efeitos de extração de órgãos, os dados fornecidos pelo eletroencefalograma, e sim o estado clínico do tronco cerebral. E há autoridades científicas em todo o mundo que contestam a própria validade da morte cerebral para fixar o momento do óbito. Havendo uma controvérsia desse quilate, pode um médico considerarse liberado para extrair os órgãos de uma pessoa com o EEG isoelétrico, sabendo que, fazendo-o, vai transformar alguém que talvez esteja vivo num morto? É esta a questão.

Transplante homicida? Alguém poderia perguntar: mas então, pondo em dúvida o conceito de morte encefálica, Catolicismo se coloca contra os transplantes? Não se trata disso. No ano passado, análogo debate se travou no Parlamento italiano. O prof. Roberto de Mattei, convocado a emitir sua opinião, defendeu com coragem e competência posição semelhante à de nossa revista. Um senador dirigiulhe idêntica interpelação: "Então, o Sr. é contra os transplantes?" A resposta foi pronta:

14

- "Absolutamente não disse isto. Simplesmente afirmei que excluo qualquer forma de transplante quando implique num homicídio, ou numa grave mutilação do indivíduo" (2). Esta é, igualmente , nossa posição. Não somos contra os transplantes. Somos sim, de forma consciente, desembaraçada e enfática, contra o transplante-homicídio. A isso nossa consciência se opõe. E diante da falta de resposta sólida para nossas perguntas, usamos de nosso direito de ficar perplexos. Pelo menos . É o que ensina a doutrina católica, como se lê nas Verdades Esquecidas da presente edição de Catolicismo. Prossigo na análise, pois há muitos aspectos dignos de crítica na lei 9.434.

O médico no banco dos réus O médico é o protetor natural do doente. Parece explicável que ele sinta repugnância em estancar aquela vida que foi consignada em suas mãos. Entretanto, segundo afirma o jurista Celso Bastos, mesmo que a farru1ia não dê seu consentimento, para o médico é menos arriscado fazer a retirada dos órgãos. "Se a retirada dos órgãos não for feita, alguém morrer sem o transplante e a Justiça for acionada, as medidas contra o médico poderão ser graves. Ele até poderá ser considerado, mesmo que indiretamente, um assassino" (3). Vê-se, portanto, que a lei é simplificadora, draconiana e não prevê, de nenhum modo, uma objeção de consciência por parte dos médicos, colo.,.. --

CATOLICISMO -

Junho de 1997

cados, assim, em uma situação nada invejável. Ademais, odiosamente, a lei tira à família o direito de dispor sobre o corpo do extinto. Ora, segundo a doutrina católica, o Estado não tem o direito de fazer isso (vide a seção Verdades Esquecidas da presente edição). Como afirma luminosamente o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, "entre os grupos intermediários a serem abolidos, ocupa o primeiro lugar a família. Enquanto não consegue extingui-la, a Revolução procura reduzi-la, mutilá-la e vilipendiá-la de todos os modos" (4). Poderá haver vilipêndio maior do que arrancar à família os restos mortais de um ente querido?

"Doação presumida" ou confisco velado? "Muitos brasileiros jamais saberão que, para não ter seus órgãos retirados após a morte, terão de dizer isso expressamente, registrando em documento" (5). Portanto, para a grandíssima maioria dos brasileiros, não se deveria falar em doação presumida, mas antes em "confisco não assumido" . Aliás, Mons. Elio Sgreccia, diretor do Instituto de Bioética da Universidade Católica de Roma, em depoimento no Parlamento italiano, declarou: "Presumir, ou melhor, interpretar o silêncio, mesmo pré-avisado, como consentimento, mortifica a ótica da doação, sobre a qual a Igreja sempre se empenhou e se empenha presentemente".

Por isso, agiu bem a associação médica norte-americana pronunciando-se contra a doação presumida, o que também ocorreu com a congênere brasileira. Aqui, inutilmente.

Discriminação evidente O princípio jurídico da "par condicio" (igualdade de condições) é

Dessacralização e barbárie ( ~ público católico brasileiro tem o direito de conhecer certos aspectos do debate so re a assim chamada doação de órgãos. Por esta razão, ao lado da opinião da revista que é exposta por seus colaboradores, resumimos as observações inteligentes, corajosas, por certo polêmicas, feitas pelo geneticista Giuseppe Sermonti (*) quando foi discutida na Itália a questão da morte encefálica. Depois de recordar que o grau de civilização de um povo se manifesta no tratamento que ele reserva aos próprios mortos, recorda a sacralidade sublime e terrível que o corpo assume no momento dramático do passamento do mistério da vida ao mistério da morte. Pergunta o conhecido cientista quem ousaria violar sua imobilidade pálida e indefesa. E responde que "esta violação está sendo perpetrada, progressivamente, com o pressuposto discutível do valor zero do corpo privado de vida, a partir do momento em que não mais pode gozar ou sofrer, e portanto ficou privado de 'direitos"'. Com o mesmo fogo, prossegue o articulista: "A soleira para o além, dessacralizada pela arrogância da Ciência, foi desmantelada quando pedaços do corpo humano começaram a assumir valor comercial, ou seja, quando a técnica dos transplantes tornou-se mais consistente. A Ciência passou a reivindicar direitos na área do sagrado. A desesperada piedade dos familiares pelos restos mortais foi qualificada de falta de piedade e de egoísmo.. .. Eu não quero, e não saberia fazer,

o balanço da grande experiência dos transplantes. Defendo a tese de que cada civilização possui limites intransponíveis: caso os ultrapasse, cai na barbárie. Quando o sagrado está em questão, ou seja, precisamente o limite intransponível, os cálculos de 'custo/benefício' não são lícitos'. Giuseppe Sermonti aponta a seguir os próximos lances desta escalada da dessacralização: retardar a morte para que coincida com as exigências da sala de operações, serem traficados órgãos dos países pobres aos ricos (o que já acontece). Mas acrescenta: "A providência mais infame foi a própria definição de morte com fins utilitários. Como os verdadeiros mortos não podem doar órgãos, a lei providenciou a transformação dos moribundos em mortos, definindo como 'mortos' agonizantes com o eletroencefalograma horizontal, mas com o coração batendo e o corpo quente de vida.... É incrível que isto tenha podido acontecer em países de tradição cristã, que adoram um Deus que assumiu o corpo do homem, cujo corpo ressuscitou para a esperança do homem. ... Espanta que não tenha havido uma verdadeira oposição católica ao profanar e tornar profana a morte, e que a 'defesa da vida' se tenha concentrado na recusa da contracepção e do abortd'. E termina com as seguintes palavras: "E assim morreu a alma, e o cristianismo, e nossa civilizaçãd'. Nota: (*) "L'ltalia", 8-9- l993.

CATOLICISMO -

Junho de 1997

desrespeitado pela nova lei de transplantes. O não-doador é discriminado. Como afirma alegremente a revista "Veja", "quem não quiser que seus órgãos sejam doados terá de se submeter a uma das piores dores de cabeça que a burocracia nacional reserva ao cidadão comum: obter uma nova via da carteira de identidade (ou de motorista), onde essa decisão será registrada" (6). Ademais, "é aberrante imaginar que alguém tenha de fazer alguma anotação na sua carteira para que se cumpra um direito individual consagrado na Constituição", afirma Celso Bastos (7). O jurista acena para a possibilidade de ser essa lei argüida de inconstitucionalidade junto ao Supremo Tribunal Federal, por variados motivos. Noticiou-se mesmo que a Ordem dos Advogados do Brasil o faria.

Comércio macabro de órgãos Note-se que a barreira natural, a grande barreira para o comércio de órgãos era o direito da farru1ia sobre o corpo. Essa barreira não mais existe. Que o leitor tire suas conclusões .. . Acresce que Waldir Paiva Mesquita, presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), adverte: "Ao vetar os parágrafos primeiro e segundo do artigo 9º da lei de doação de órgãos, entendemos que sua Excelência, o Presidente da República, abre um precedente perigoso ao permitir que a doação de órgãos entre vivos se faça entre quaisquer pessoas e não apenas entre cônjuges, pais, jtlhos e irmãos. E mais, deixa de tornar obrigatória prévia autorização judicial. Com isso, tememos estar escancaradas as portas para o comércio de órgãos" (8).

Morte "precoce" "Uma morte pode ser precipitada por interesse nos órgãos de uma 15


' ):l,iiiy1·i-' 1P, ;:,· ·- .\, .•

determinada pessoa" (9). Infelizmen- gógico (12). Em conseqüênmassa a pretexto da te, no pé em que estão as coisas, seria cia, as más leis, como a nº AIDS, do chamado "camuita ingenuidade achar que isto nun- 9.434, têm um aspecto samento" homossexual; a pervertedor. A lei em análipropriedade, por meio da ca acontece. '\ . Comenta-se, geralmente em voz se é liberticida e permisReforma Agrária socialisbaixa, que haveria jeitos e trejeitos de sivista sob muitos pontos de ta e confiscatória; da quaretirar órgãos, sem que a família, aba- vista. Ela diminui o apreço à vida hu- se canonização dos sem-terra; da ablada pelo trauma, desconfie. Ficaria mana. Ela aponta para a eutanásia. Ela surda lei regulamentando o ITR em muito mais fácil agir assim do que en- aumenta o poder já imenso do Estado. níveis de confisco; o Judiciário com trar em longas discussões o controle externo e as com os parentes do morto. súmulas vinculantes, etc. Até agora, o médico É uma nova geração de Santo Agostinho: "Os corações piedosos engazopador, que assim promonstros que se precipita soobedecem a uma boa inspiração quando, cedesse, cometia um crime. bre o País. A citada lei sobre Um crime quase perfeito, transplantes é apenas um eslevados pelo sentimento pelo qual mas um crime. Com a nova pécime desta fauna teratoninguém odeia sua própria carne (Ef 5, lei , simplesmente não há lógica. mais delito. Caso desconfie, 29), sofrem de verem mal cuidados os a família terá de engulir sua Concluindo cadáveres dos outros, pois não quereriam justa indignação, suas lágrique tratassem assim o seu próprio corpo mas e nada poderá fazer. O brasileiro não é infenso Como vimos, a nova lei, ao a doar seus órgãos. ,O neosem vida" (O cuidado devido aos mortos, contrário da anterior, não lhe autoritarismo está arrombaned. Paulos, São Paulo, 2ª· ed., 1990, p. 39). confere direito algum sobre do uma porta aberta. Disto, o corpo do ente querido; o não gostamos. O normal é Ministério Público não mais que haja reação, sobretudo poderá ser acionado, exceto nos casos Ela transforma o homem em uma es- quando se caminha em rota de colisão excepcionais em que o falecido se te- pécie de feixe de utilidades . Ela com a moral católica e a doutrina sonha declarado não-doador e o docu- dessacraliza o momento augusto da cial da Igreja, sem falar com a própria mento correspondente tenha sido apre- morte. Ela banaliza os restos mortais Lei natural. sentado a tempo e na forma devida. Ah! mas o real se mantém estável! dos falecidos. Reagir, para quê? Uma lei perversa Um País anestesiado Tudo caminha bem!, dizem os míopes ... "Se a lei anterior fosse mantida e Para utilizar a célebre expressão Nota da Redação: Coloca mos a disposição dos as condições de captação e de cirur- de Aristides Lobo (13), o Brasil está interessados trabalho bem mai s extenso do Sr. Leo gia melhoradas, o resultado seria mais assistindo, bestializado, a sua acele- Daniele a respeito da lei 9.434, que por razões de efetivo e útil aos doentes. Começamos rada transformação em mero merca- espaço não foi possível publicar nesta ed ição. pelo caminho errado" , desabafa o do emergente; em simples ator na ciNotas: legista Carlos Delmonte (10). randa da globalização revolucionária, 1) "Medicina - Conselho Federal", nº 78, feveSegundo assevera Sérgio Rudge, é em fornecedor, via Internet, via reiro de 97. 2) Atti parlamentari, sessão de 7-2-96. que realizou o primeiro transplante de Mercosul, de modelos e paradigmas 3) "O Estado de S. Paulo", 2-2-97. ossos no Brasil, "no Rio de Janeiro, revolucionários para os demais paí4) Revolução e Contra-Revolução, 1. cap. VII. 5) Luiz Flávio Borges D' Urso, Tribuna do Dinos últimos seis meses, só foram fei- ses da América meridional, em várireito, março de 97. tos dois transplantes, ambos cardía- os pontos mais conservadores que 6) "Veja", 12-2-97. cos, no Hospital Riomar, na Barra da nosso País. 7) "O Estado de S. Paulo", l.0-2-97. 8) "Jornal do Médico", nº 67, fev./mar.-97. Tijuca. E, durante o ano de 96, só um Anestesiado por uma modesta 9) Celso Bastos, Informe do Serviço de Enfertransplante de ossos aconteceu" (11). prosperidade, o Brasil já não reage, magem do Hospital Alemão Oswaldo Cru z, março Se a lei não vai melhorar a capta- ou reage pouco, face à Revolução 97,nº l4. 10) " Veja", 1.2-2-97. ção de órgãos, afinal de contas, por que Cultural que avança derrubando a 11) "Jornal do Brasil", 6-2-97. foi ela feita? educação, através da Lei de Diretri12) Suma Teológica, !-II, 92, 1.2 ad 4. 13) Em carta ao "Diário Popu lar" em 15- I 1De fato, trata-se de uma lei pior que zes e Bases; a família, através da TV 1889, in Armando Alexandre dos Santos, A Legitiinútil. Como ensina Santo Tomás de imoral, da regulamentação do midade Monárquica no Brasil, Artpress , São Paulo, 1988, p, 13. Aquino, toda lei tem um papel peda- concubinato, da educação sexual de

.

16

CATOLICISMO -

Junho de 1997

'Z.!~ :h

IMAGE ' '·fa/\l! .'l~;/11,,\INEL

Uma tradicional - e autêntica - procissão de '

Corpus Christi

N

A VILA ;taliana do Bolsoea, por ral de Vienne, em 1311. A procissão foi instituída por João XXII em 1317. volta do ano 1260, um sacerdote deixa cair, A católica Polônia foi um dos primeiros por descuido, algumas gotas do vinho consapaíses que atendeu a esse apelo, sendo a Festa grado, dw-ante a Missa que estava celebrande Corpus Christi introduzida nesse país pelo _do, sobre o corporal. Para fazer desaparecer Bispo de Cracóvia, em 1320. as manchas, o celebrante dobra duas vezes Se o leitor analisar a foto (embaixo, à esesse pano branco sobre o qual se colocam o querda), poderá julgar que se trata de um corcálice e a hóstia durante o Santo Sacrifício. tejo dessa época. Então opera-se o prodígio. O vinho já O esplendoroso traje - merecendo mentransformado no Sangue preciosíssimo do ção o gorro de pele - data efetivamente da Redentor penetra em todas as dobras do corIdade Média, sendo envergado pelos memporal, imprimindo em cada uma de suas parbros da Irmandade dos Atiradores. Até hoje tes o perfeito desenho de uma hóstia cor de muitos de seus participantes são nobres posangue! loneses. Vê-se, em primeira plana, o rei da O Papa Urbano IV, que se encontrava na Irmandade portando o símbolo desta, um visvizinha cidade de Orvieto, manda que lhe seja levado o precioso corporal e comprova o es- · toso galo de prata. A foto da direita nos oferece outro astupendo milagre. E, sob o influxo deste, instipecto da sociedade polonesa: o verdadeiro tui pouco tempo depois, mediante uma Bula, povo, que, segundo o Papa Pio XII, distina Festa do Santíssimo Sacramento ou de gue-se inteiramente da massa. São campoCorpus Christi, comemoração de primeira neses das montanhas com seus vistosos e piclasse a ser celebrada, com toda a pompa, na torescos trajes, nos quais se reflete uma traquinta-feira depois da oitava de Pentecostes. dição artística popular de vários séculos, fruOs principais motivos da instituição, exto da civilização cristã implantada em terras pressos na referida Bula, são: confundir a pereslavas. fídia dos hereges, reparar os ultrajes cometiAs mencionadas fotos foram tiradas por dos contra o Salvador e testemunhar de um nosso correspondente na Polônia, Sr. Leomodo elevado a fé católica em sua existênnardo Przybysz, durante a procissão de cia real. Corpus Christi realizada naquela mesma A execução dessa Bula, contudo, não foi Cracóvia, em 2 de junho de 1994 ... imediata nas dioceses de todo o mundo, emAinda segundo seu depoimento, também bora tal decreto fosse confirmado - e inparticipam dessa procissão autoridades relicentivada sua aplicação - no Concílio GeA Irmandade dos Atiradores, de origem medieval e cujos membros eram nobres, defendia a cidade.

PAULO CORRÊA DE BRITO

Os trajes dos montanheses refletem verdadeira arte popular giosas e civis, representantes das corporações de ofícios com seus trajes característicos, professores universitários ostentando suas becas, além do povo fiel em geral. Mesmo sob o jugo comunista, embora enfrentando dificuldades de toda a ordem e até proibições, os valorosos católicos, tanto de Cracóvia quanto do resto do país, continuaram a realizar suas tradicionais e pomposas procissões! Eis aí um modo especialmente condigno de comemorar a grandiosidade da Sagrada Eucaristia, que a Providência Divina quis manifestar mediante o significativo milagre de Bolsena. Que diferença da comemoração efetuada em um ou outro ponto do Brasi l, em que a procissão assemelha-se a uma passeata de reivindicação social... O que constitui uma gritante inversão de valores e mesmo uma afronta ao Santíssimo Sacramento! O

17


Anchieta se aproximaram de seu destino, Vi la Velha, cercados de amor e reverência.

Curado durante o sonho

.

A

NCHIETA foi "m dos maiom,

senão o maior dos forjadores da unidade nacional nos primórdios de nossa hi stóri a. Como tal não lhe faltam títulos: evangelizador dos índios, a quem também civili zou e instruiu ; ·elo de ligação e harmo nia entre brancos, silvícolas e negros; desbravador e fundador de vilas e cidades; incentivador e participante de expedições militares para a expul são dos hereges invasores de nosso território; e incentivador da construção de fo rtes para a defesa do litoral contra os piratas europeus. Catolicismo já abordou em várias oportunidades a vida do Bem-aventurado José de Anchieta, cujo quarto centenário de morte neste mês (dia 9) comemoramos. Por isso apresentaremos hoje alguns aspectos da "vida" post mortem desse grande Taumaturgo, ou seja, sua fama de santidade e alguns dos inúmeros milagres obtidos por sua intercessão após sua subida ao Céu (1). Nascido em 1534, na Ilha de Tenerife (a maior das Canárias, pertencente portanto à Espa nh a), merece u o Pe. José de Anchieta o título de Apóstolo do Novo Mundo fºr sua dedicação heróica à conversão dos , indígenas. Tal apostolado não cessou com sua morte. É o que veremos a seguir.

"Não pesar', bradavam os

índigenas ao carregar o esquife A notícia correu célere em Reritiba, na Cap itan ia do Espírito Santo. Os índios, dando livre curso à dor em copioso pranto, enviaram logo às vilas e aldeias da região "pregadores" - trovadores à sua maneira - para cantar as virtudes e feitos daquele que, mais do que civi lizador, fo i um mestre, um pai, que os livrara das trevas do paganismo, da barbárie e do pecado, indicando-lhes o caminho do Céu. "Mas, como?!" Vila Velha reclamava o precioso corpo! E, para cúmulo de tristeza, somente alguns homens, e dos mais robustos,

18

O milagre coletivo ocorrido durante dois dias de cortejo .fiínebre do Apóstolo do Brasil era já o prenúncio de uma série de prodígios que ele operaria no decurso de quatro séculos iriam participar do c01tejo de transladação do . venerável corpo. Não, não pode ser!. .. Por todos os lados começaram a se faze r ouvir brados e lamentos dos indígenas, homens, mulheres e crianças: "Queremos ir com o Padre! Queremos nós carregá-lo!" Tão determinada e pia insistência não era possível ignorar. Foi assim wna verdadeira procissão que se formou para percoJTer os quase 100 quilômetros de praia que separam Reritiba, onde o Bem-aventurado faleceu, de Vila Velha. CATOLICISMO -

Junho de 1997

O cortejo partiu tendo à frente o Pe. João Fernand es co nduzindo uma cruz pro cession al. Seguiam-lhe os demais sacerdotes e irmãos da Companhia, e algumas autoridades locais. Carregado aos ombros em andas, alternadamente por sacerdotes e indígenas, vinha o esquife de cedro com o corpo de Anchieta, e o grosso dos silvícolas. À medida que caminhavam, um crescente murmúrio, primeiro de perplexidade e depois de admiração, levantou-se entre os

Acima: Anchieta, Museu Paulista, São Paulo. À esquerda, baixo-relevo de Mastroinni. A Sociedade Brasileira de Educação e a Fundação Odebrecht concederam licença de reprodução das ilustrações desta página e da p. 20, que figuram na obra "José de Anchieta", do Pe. Hélio Abranches Viotti S. }.

1

indígenas, até se transformar em brados de alegria: Niposii! Niposii! ("Não pesa! Ele não pesa!"). Era bem o fato: o corpo do Apóstolo não só não pesava, como também o atrito dos varaus das andas não magoava os ombros dos seus carregadores, apesar da irregul aridade do terreno. Por sua vez, o Pe. João Fernandes jurou que, durante o longo trajeto feito a pé durante dois dias e duas noites, "jamais sentiu sono ou cansaço; antes, ia gozando de um cheiro e consolação como do Céu. O mesmo depôs

o Pe. Pedro Soares" (2) . Também os indígenas afi rmara m que, "em lugar de cansaço, sentiram muito alívio e consolação" (3) . Mais: daquele corpo sem vida, não se desprendeu o mais leve odor de corrupção, herança dos filhos de Eva, nos dois dias e duas noi tes de caminhada. Pelo contrári o, senti a-se um "suave e agradável cheiro de bálsamo". Ass im, ao som do canto-chão, do Rosário da bendita Mãe de Deus, ou de pungente sil ênc io fúnebre, os restos mortais de CATOLIC ISMO -

Junho de 1997

O corpo do Apóstolo do Brasil repousou tranqüil ame nte, sempre pranteado e reverenc iado, na ig reja de São Tiago, em Vil a Ve lha do Es pírito Santo, de 1597 a 1611. E m 1609, po r dete rminação do Geral da Co mpanhia , Pe. C láudio Acquaviva, foi feita a primeira ex umação do corpo, do qual só restavam ossos. Dois anos depois o mesmo Geral, levando em consideração o bem e a admiração que na Europa suscitavam as primeiras biografias de Anchieta - difundidas através dos colégios e casas dos Jesuítas (4) - ordenou que os preciosos restos do Servo de Deus fossem transladados para a igreja do Colégio da Bahia, a mai s importante da Companhi a de Jesus então ex istente no Brasil, ecolocados junto ao altar-mor. Por ocas ião da transladação, alguns ossos do heróico miss ionário haviam sido distribuídos, ficando uma tíbia no Espíri to Santo. Por meio de frag mentos desses ossos, Deus operou muitos milagres conforme se afirma sob juramento nos processos canônicos. O Pe. Simão de Vasco ncelos narra inúmeros deles, dentre os quais menciono um , bastante significativo. Ocorreu em 161 6 com o Pe. Pedro Leitão , j es uíta qu e fora grande amigo de Anchieta. O milag re é pitoresco por sua candura, e refl ete bem o caráter alegre e afável do Apóstolo do Brasil: sofrendo de cólicas terríveis que remédio algum podia aliviar, o Pe. Leitão dirigiu uma queixa a Anchieta: "Santo José, não me acudis? Onde estais? Lembrai-vos de quantas vezes vos ajudei em vossas necessidades e fui e,~fermeiro .fiel em vossas doenças! Não m.e desampareis agora que padeço!". Dizendo isso, adormeceu e viu em sonhos o amigo: "Ó fraco' Já vos agastais e pelejais comigo? Ora, aqui tendes" (e pondo-lhe a mão na parte dolorida) ''.já estais seio". Quando o Pe. Leitão despertou, estava livre de todo o mal (5).

Milagroso reconhecimento de relíquia As relíquias dos sa ntos não podiam senão excitar o ódio do herege hol andês que, em 1624, oc upou militarmente Salvador. Desprezando-as, esses calvinistas danificavam as que lhes caíam e m mãos .

19


José de Anchieta, Sacerdote Professo da cômodos se tornaram insuÀs pressas, os jesuítas esCompanhia de Jesus '. Retomado para exaportáveis, tomou o Sacerconderam as de Anchieta. me dos milagres, foi largado por mais de dote um copo da "água miNo ano seguinte, Jerô120 anos por ocasião da perseguição à lagrosa" e ficou totalmennimo Cavalcanti de AlbuCompanhia de Jesus, sua supressão, restite são. querque veio de Pernamtuição e volta ao Brasil (1757-1877)" (9). Do mesmo modo se cubuco, com sua nau, incorpoQuanto tardará a canonização desse adraram: o Cônego Gonçalo rar-se à armada luso-espamirável Apóstolo de nossa Pátria? Somos Rodrigues de violenta dor nhola que deveria libe1tar a a nação de maior população católica do na face; uma mulher, soBahia. Na câmara do castelo mundo e não temos nenhum santo canonifrendo câimbras nas costas de popa daquela embarcazado, apesar de terem nascido ou vivido e no peito; um menino de ção, fora providencialmente aqui muitas pessoas que morreram em odor seis anos, asmático e socolocada uma relíquia de de santidade. Terá sido feito todo o esforço frendo fortes dores de caAnchieta. A ela se atribuiu necessário - inclusive o de mover os Céus beça; um rapaz sofrendo de especial proteção divina num com nossas preces - para obter essa granvaríola; uma mulher com renhido combate naval conde graça que outros países da América do forte pleurite, cuja mortatra os holandeses (6). Sul já receberam? ) lha já estava preparada. São Liberada Salvador, os Como para a canonização desse iluscitados também outros caossos do Apóstolo foram letre filho de Santo Inácio serão necessárisos de curas de doenças vávados de volta àquela cidaos alguns milagres atribuídos à sua interrias, como febres malignas, de. Houve então dúvida na cessão, a ocasião é especialmente propíreumatismos, tumores inidentificação de um deles, cia para a ele se recorrer. Talvez venhaternos, mulheres com parque se misturara a outros. Imagem de Nossa Senhora da mos a ser duplamente aquinhoados com Como certificar-se de que era Luz, primitivamente cultuada to difícil que dão à luz, etc. algum estupendo benefício. Este, além de O Pe. Bartolomeu Gonmesmo de Anchieta? na "Ermida do Carvoeiro", nos ser de utilidade pessoal, poderá evençalves jurou que, nos dez Ocorreu aos jesuítas faonde Anchieta celebrou a tualmente ser reconhecido por Roma, anos em que exerceu seu Primeira Missa. Museu de zer teste semelhante ao que apressando, em conseqüência, o dia em Arte Sacra, São Paulo ministério, auxiliando tamSanta Helena utilizara muibém aos doentes, "era tan - que o tão venerado Apóstolo do Brasil tetíssimo antes, em Jerusanha seu nome incluído no glorioso rol dos ta a freqü ência do povo, que havia dias lém, para reconhecer qual seria a verdasantos da única Igreja verdadeira do úniem que vinham pedir a dita água dez, doze deira Cruz do Salvador. Chamaram então co Deus verdadeiro, ou seja, a Santa Igree quinze vezes". o Pe. Diogo Calvo, que estava atacado de ja Católica, Apostólica, Romana. D No processo reassumido em 1708, o Pe. maleita e padecendo terríveis febres, que Luís Botelho narra sua cura da tuberculoàs vezes o prostravam por 24 horas. Apese, graças, desta vez, não à água, mas aplinas tocaram o osso em seu pescoço, a fecando ao peito uma relíquia de Anchieta. bre desapareceu instantaneamente e para Notas: 1) Conformando-nos com os decretos do Sumo sempre. Não cabia mais dúvida! Pontífice U rbano VIII , declaramos não querer Quando poderemos invocar antecipar o juízo da Santa Igreja no e mprego de A "água sagrada" do Pe. José "obra "São José de Anchieta, rogai por nós"? pa lavras ou na apreciação de fatos edificantes que são publi cados em Catolicismo com relação a maravilhas"! pessoas já fa lec idas . Em nossa intenção, os títulos Como declaram seus primeiros biógraelog iosos não têm outro sentido senão o ord inário , e fos, era tamanha a ce1teza que os contemNão se sabe como nem onde começou em tudo nos submetemos, com filial amor, às decisões porâneos tinham da santidade do Pe. José, o piedoso costume. da Santa Igreja. que procuravam de todas as formas obter e 2) Pe. Simão de Vasconce los, S.l., Vida do O Pe. Simão de Vasconcelos, escrevenVenerável Padre José de Anchieta, rEscrita em 1677], guardar coisas suas como relíquia. E, após a do em 1677, afama que "é tão comum reInstituto Nacional do Livro, Imprensa Nacional, Rio morte do Servo de Deus, "muitas pessoas correr a devoção dos enfermos ao favor e de Janeiro, 1943, 2. Vol. , p. 147). houve que, pela opinião que tinham da sanauxílio de José, como à medicina dos físi3) Pe. Pero Roiz, Anchieta - Vida do Padre José tidade do padre, em lugar de o encomendade Anchieta da Companhia de Jesus. Quinto cos, para o que, na sacristia de cada qual Provincial que foi da mesma Companhia no Estado rem a Deus, se encomendavam a ele, (para) dos colégios ou casas, está continuamente do Brasil. Escrita pelo Padre Pedro Roiz, natural da (8). que os favorecesse com este Senhor" preparada uma relíquia de osso seu, cidade de Évora, e sétimo Provincial da mesma . Apesar disso, sua beatificação só foi engastado em prata .... aos que veem a peProvíncia, [Escrita em 1607, apenas 10 anos após a alcançada após um longo e sinuoso camorte de Anchieta], Livra ri a Progresso Ed itora, dir que lhe benzam com ela vasos de água, Sa lvador, 1955, pp. 86. minho que durou quase 400 anos: a qual, depois de benta, obra maravilhas" (7). 4) Cfr. Pe. Hélio Abranches Viotti , S.J.,Anchieta "Seu processo de beatificação, começaOs primeiros biógrafos de Anchieta nar- O Apóstolo do Brasil, Ed ições Loyola, São Paulo, do cinco anos apenas após sua morte e inram inúmeros casos de curas aparentemente 2a. ed ição, 1980, p. 26 1. terrompido várias vezes por diversas cir5)Cfr. Pe. Simão de Vasconcelos, S.J., op.cit.,p. 155. inexplicáveis obtidas por esse intermédio. 6) Cfr. Pe. Viotti, SJ ., op. cit. , p. 270. cunstâncias históricas, se estendeu até 1736, Citemos alguns. 7) Pe. Simão de Vasconcelos, op. cit. , p. 154. em que o Papa Clemente XII deu o 'DecreO próprio Provincial da Companhia de 8) Pe. Pero Roiz, op. cit. , p. 87. to das Virtudes em Grau Heróico PraticaJesus, Pe. Francisco Carneiro, sofria de 9) Pe. Armando Cardoso, SJ., O Bem-aventurado das pelo Venerável Servo de Deus o Padre Anchieta, Edições Loyola, São Pau lo, 199 1, p. 68. fortes enxaquecas. Certo dia em que os in-

20

CATOLICISMO

-Junho de 1997

ff0~?7tt-

EN ~m f.~!'.,'\{f~ :,:TA ,,., '-:(· . ,~"J :17_~;,:,. '~-~.

:~~

Anchieta: o primeiro devoto do Coração de Jesus no Brasil nascente ,..

Revmo. Pe. Hélio Abranches Viotti S.J. é um dos maiores conhecedores da vida do Bemaventurado José de Anchieta em nossos dias. Por isso, nes te quarto centenário do fal ecimento do Apóstolo do Brasil, Catolicismo não poderia deixar de entrevistá- lo, tendo ele nos recebido muito amavelm ente no Colégio São Luís, em São Paulo, onde reside. Nas cido na capital paulista em 1906, o Revmo. Pe. Viotti ingressou na Compan hia de jesus em 1922. Fez o secundário e o curso de Filosofia, Ciências e Letras no Co légio Anchieta de Nova Friburgo. Cursou Teologia em São Migu el, na Argentina. É doutor em Filosofia e Licenciado em Teologia. Entre seus inúmeros títulos, citamos o de capelão militar da FEB, Reitor dos Co légios São Luís e Antônio Vieira, em Sa lvador. Éo fundador e primeiro diretor da Facu ldade de Economia São Luís, titu lar da cadeira de História do Brasil nas Faculdades dos Jesuítas em Friburgo, São Paulo e Belo Horizonte, membro de vários institutos históricos e academias de letras. É autor de seis livros e mais de duzentos artigos em jorna is e revistas do Brasil e do Exterior. .

O

Catolicismo -

Os manuscritos originais do poema De Beata Virgine Dei Mater Maria, escrito pelo Bem-aventurado Anchieta, estão na Espanha, ou no Brasil? Pe. Viotti - Não existe o manuscrito original. Perdeu-se. Mas cópias, sim, há várias. Uma em Roma, com os Jesuítas, que é a mais preciosa. Eu mesmo encontrei uma outra. Sabe onde? Em Santiago do Chile, no Colégio Santo Inácio! É bem antiga, e foi preparada para impressão pelo Pe. Luís de

lpero ig, ficou sem Anchieta, sobrinhoMissa. Quando o Pe . bisneto do nosso Nóbrega estava com Apóstolo. ele, ce lebrava, e ele Como foi parar no comu ngava sempre. Ch ile, não se sabe. Sem Depois, teve que fazer dúvida alguma, foi lesuas Com unhões espivada por um dos misritu ais. E ele se refere sionários que foi para numa série de poesias lá. Nós obtivemos fotoe ucarísti cas a essa cópia do manuscrito, fome da Sagrada Euque é precedido de uma caristia que passou pequena, mas preciosa nesse tempo. biografia de Anchieta. Pe. Hélio Abranches Viotti S. J. Após sua ord enaNos anos 30 fo i ção, nunca deixava seu altar portátil. Naencontrado, com descendentes da família Anchieta, na Espanha, um volume quele tempo, nas viagens marítimas, não era permitida a celebração da Missa por todo manuscrito com poemas de causa da instabilidade dos navios. Mas Anchieta. Estão lá o Poema Mem de Sá, quando ele viajava pela costa do Brasil, o De Beata Virgine, vários sobre a Eudesc ia em cada porto, em cada lugar procaristia ... pício, carregando seu altar portátil, para Esta era a outra grande devoção do celebrar a Missa. De modo que o Pe. Apóstolo do Brasil : o Santíssimo SacraAnch ieta celebrou Missa em toda a costa mento. Ele fo i educado em sua terra nado Brasil. tal, São Cristóvão da Laguna, na Ilha de Antes de falecer recebeu os SacramenTenerife, numa família muito cristã. tos, inclusive, naturalmente, a Eucaristia. Tanto seu pai quanto sua mãe eram muiFoi uma morte santa, suave; santíss ima, to piedosos, praticantes , e educaram seus fi lh os na religião da melhor maneirealmente. Catolicismo - No livro II Cuore di ra possível. Gesu, do Pe. Enrico Agostini, uma nota A devoção do Pe. A nchieta ao ao pé da página afirma que a primeira Santíssimo Sacramento era uma coisa exigreja no mundo consagrada ao Sagrado cepcional. Ele nunca deixava suas comuCoração, o foi por Anchieta, em 1585, no nhões freqüentes e suas visitas ao Espírito Santo. Santíssimo Sacramento; nem sua Missa V. Revma. conhece algo a respeito disdiária, depois de ordenado. to? Existiu ou existe ainda essa igreja ? Antes de o ser, a primeira co isa que Há algum dado sobre a devoção de fazia, aqui em São Paulo, era assistir à Anchieta ao Sagrado Coração de Jesus? Missa diariamente. Pe. Viotti - Existe em Guarapari, no Ele é um dos fut1dadores desta cidaEspírito Santo, uma velha igreja restaurade, a figura, digamos assim, mais salida, que foi a igreja que ficava junto da reente dentre todos os fundadores e aquesidência, urna espécie de colégio que os la que perseverou dez anos aqui, firme, jesuítas mantinham lá. A data de 1585 é a e consolidou São Pau lo. E uma das peda inauguração dessa igrej a, estando prenitências mais duras que passou na vida sente o Pe. Anchieta e sob impulso de foi quando, deixado soz inho no meio quem foi ela construída. dos Tamoios em Ubatuba, antiga CATOLICISMO -

Junho de 1997

21


··i;n;./· .,

No séc ul o passado chamou muito a atenção a existência de símbolos do Sagrado Coração de Jesus, dentro e na fachada desse templo religioso, no .~ua i há um cáli ce com o Coração de Jesus. Mas acontece que essa igr ja fo i restaurada já no séc ul o XVIII, por um famoso cô nego Antonio de Siqueira Quental, ant igo aluno dos jesuítas, que traba lhou inicialmente em Mariana, Minas Gera is, e depois se fixou em Guarapar i, restaurando então a igreja. Nessa época, porém, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus já ex istia; hav ia sido aprovada e estava sendo disseminada. Um dos capítul os do novo li vro que ultimamente publiquei uma coletânea de trabalhos - contém um estudo sobre tal igreja. Também está lá o discurso que pronunciei por ocasião do centenário da mesma. A igreja é dedicada à Assunção de Nossa Senhora. Eu concluí que fo i esse cônego Antonio de Siqueira Quental quem introduziu a imagem do Coração de Jesus quando restaurou o ed ifício sacro. Em princípios deste século, um belga que esteve no Espírito Santo fazendo pesquisas, ouvindo pessoas, vendo os símbolos na capela, achou que teria sido o Pe. Anc hi eta que os co locara lá, desde o princípio. Em 1912, inclusive, introduziram na igreja uma imagem vinda da França, belíssima. Junto dessa imagem havia uma inscrição. Numa última reforma ela desapareceu. Anchieta era grande devoto do Coração de Jesus. Ele escreveu versos sobre o Coração de Jesus: "a lança que abriulhe o peito ... ". Ele estava já se antecipando nessa devoção. Ele a tinha, mas não a inculcava publicamente porque não estava ainda aprovada. Catolicismo - Qual teria sido o mi-

Pe. Viotti - O processo está sendo levado avante com grande interesse por parte da Compan hi a de Jesus. O Postulador Gera l das Causas dos Servos de Deus, da Companh ia, Pe. Pa ul o Molinari, está interessadíssimo no caso. Esse segundo milagre está sendo investigado e parece que vem causando muito boa impressão. É bem possível que seja aceito pela comissão de médicos, com os juramentos de várias pessoas - os pais desta menina, hoje médica, estão vivos - que já deram seu testemunho. Então teremos a canonização. Eu tenho esperança de assisti-la. Catolicismo- Há algum outm aspec-

lagre aceito para a beatificação do Pe. Anchieta? Pe. Viotti - Ele foi beatificado com

e estes outros não tiveram a necessidade do reconhecimento oficial de milagres recentes, porque já havia em torno deles a fama dos milagres e um a co ntinuidade em sua veneração e invocação por um longo período. E bastou isso para a beatificação. Entreta nto, tinha hav ido aq ui em São Paulo um milagre muito grande: a cura total de um câncer genera li zado de um empresá ri o que possuía fábrica em São José dos Campos, e relacionado com famílias ilustres, inclusive com o médico que cu idava do Cardeal de São Pa ul o. Sua fam ília, muito piedosa, conseguiu que o doente, Sr. Dante Manacorda, fosse levado ao Páteo do Colégio onde, na torre, estava a principal relíqu ia de Anchieta, que é um fêmur seu. E D. Ernesto de Paula, então presente, depois das orações deu a bênção com a re líquia. O doente deveria apresentar-se ao Hospita l do Câncer. Levou então as rad iografias tiradas depois, e não apareceu mais nada. "Então? Como é isso? Não pode ser!". Tiraram outra: nada! Ficara inteiramente curado! Isso ocorreu há v,frios anos, antes da beatificação. Mas acontece que nossos postuladores não foram fe li zes em conseguir as provas, as radiografias, declaração de médicos, etc. Os médicos tiraram o corpo. Então, não foi possível apresentar esse milagre que era perfeito e poderia ter sido aceito já antes. Agora, por exemplo, temos um outro mi lagre que vai ser apresentado para a canonização. Trata-se de uma menina que nasceu sem o osso do calcanhar. Invocaram Anchieta e, dois ou três dias depois, o o·sso se constituiu. Isso já faz algum tempo; portanto, o mil agre não é tão recente. A pessoa agora é médica. Mas o milagre foi encaminhado. Catolicismo - Como está o proces-

outros quatro Servos de Deus, todos eles tendo trabalhado na América: Canadá, Estados Un idos e Brasi l. O Pe. Anchieta

so de canonização de Anchieta ? Como nós, brasileiros, poderíamos contribuir para o progresso dessa causa?

desejamos. Muito obrigado, Pe. Viotti, por sua amabilidade e deferência para com

22

, CATOLI CISMO -

Junho de 1997

to pouco conhecido desse Taumaturgo que V Revma. gostaria de ressaltar para os leitores de Catolicismo? Pe. Viotti - Bem, eu já escrevi um a

biografia do Pe. Anch ieta, e tive para isso a fe licidade de receber uma documentação preciosíssima recolhida na Europa pelo Pe. Frota Gentil. E tive que completar tal documentação. Em 1957 fui a Roma, favorec ido pelo Embaixador Macedo Soares, que tinha criado um serviço de pesquisas históricas nas capitais da Europa. Lá encontrei um doc umento que há muito tempo procurava: um processo vali osíssimo, de 1619, na Bahia. Eu o encontrei no Arquivo Histórico do Vaticano! Primeiro procurei o Serviço da Causa dos Santos. E ali o Arceb ispo mostrou que a referida documentação não estava lá. E recomendou que eu a procurasse no Vaticano, onde já me hav iam dito que tal documento não existia. Mas, com a recomendação daquele Prelado, me facu ltaram a consu lta do fic hário, e eu o encontrei imediatamente! Não o original , mas a tradução latina desse processo onde dez jesuítas - Pe. Cardim e outros importantes, provinciais, etc. - prestam seu testemunho sobre Anchieta. Bom, diante disso minha impressão é de que não há qualq uer dúvida de que Anchieta será canonizado. Inclusive o Sr. Núncio deixou aí uma indicaçãozinha de que é possível que a canonização se efetive no ano 2000. Espero que Deus me dê vida até lá. Catolicismo - Isso nós também lhe

Catolicismo.

D

~ g;,;)!. ·,ro•.... fD~ R .\ ;Q_: 1.1 t' <' .{~~ '..,>.

"Deus me deu força para salvar o Santo Sudário!'' V ALDIS GRINSTEINS

O

s anticatólicos tudo fizeram para tentar desprestigiar o Santo Sudário, inclusive utili zando-se do malfadado teste do Carbono 14. E foram derrotados no campo científico, que tanto idolatram. Não é de admirar, pois, que os mais radicais dentre eles quisessem ver destruída tão insigne relíquia(*). Tais considerações me vieram ao espírito ao ler os jornais que um amigo me enviou da Itália, com abundante e documentado noticiário sobre o incêndio na Capela do Sudário de Turim, na noite de 12 de abril último. Aliás, a imprensa italiana não deixou de registrar as suspeitas quanto à origem do incêndio, se teria sido por algum des-

cuido ou não. Por exemplo, o importante jornal de Milão "Corriera della Sera" afLrmava em uma de suas manchetes:

"Um incêndio com muitos mistérios". Investigações estão sendo feitas para verificação das causas do sinistro. Na cidade de Turim , capital do antigo reino do Piemonte, a Catedral se e ncontra logo atrás do Palácio Real. A Casa Real de Saboya, proprietária do Sudário até 1983, havia encomendado ao arquiteto Guarini a construção de uma capela para guardar a relíquia, unindo ambos os prédios. Assim, quando a Capela foi terminada, em J 694, ficava colada ao altar-mor da Catedral por um lado, mas tinha acesso ao Palácio pelo outro.

Fiéis rezam para que o Santo Sudário seja salvo


Nesse Palácio existe um sistema anti-incêndio considerado dos mais modernos. Mas para o Santo Sudário não havia nem um só guarda ... '~

.

Como ocorreu o incêndio, No Palácio Real foi oferecido um jantar em homenagem ao Secretário Geral da ONU, estando presentes cerca de 150 pessoas. A sala onde o mesmo foi servido fica adjacente à Capela do Sudário. O jantar terminou por volta das 22:30 e às 22:45 foram desligadas as cozinhas móveis que foram instaladas, para a ocasião, numa outra sala. Por volta das 23:00 horas, quando estavam saindo os últimos convidados, um monitor anti-incêndio do Palácio soa o alarme, e os guardas fazem uma verificação na zona das cozinhas. Esta verificação vai até 23:20 e nada revela. Mas às 23:30 se começa a sentir um cheiro de queimado. Preocupados, os guardas do Palácio iniciam uma verificação mais profunda, e só às 23:48 vêem por uma janela as chamas saindo da cúpula da Capela, de 64 metros de

O Santo Sudário. No quadro abaixo, Mario Trematore

altura, e vizinha do local onde estavam. Avisados, os bombeiros chegam ao local em poucos instantes. A imprensa italiana ressaltou a demora que houve em recorrer aos soldados do fogo. Pois, se estes últimos tivessem sido avisados logo quando do primeiro alarme, as devastações provocadas pelo incêndio teriam sido muito menores . Como a Capela Guarini estava sendo restaurada, o Santo Sudário tinha sido transladado de seu relicário, bem no centro da mesma, para um outro relicário que ficava atrás do altar principal da Catedral, portanto alguns metros mais para baixo e mais próximo da porta principal da Catedral. No seu novo local o Sudário ficava protegido por oito camadas de vidro antibalas, estando ele mesmo numa caixa de prata. Os vidros tinham um dispositivo para abrí-los, uma fechadura com chave. O tempo corria e o incêndio estava tomando proporções terríveis. Todo o revestimento interior da Cúpula, de madeira, estava em chamas. Atempe-

"Senti dentro de mim qualquer coisa superior que me guiava" Ao ser perguntado em que momento decidira intervir, arriscando a vida para, num gesto de audácia e heroísmo, resgatar o Sudário das chamas, Mario Trematore declarou à imprensa: "Quando decidi intervir? Quando vi que tudo estava para desabar. Nesse momento disse aos meus rapazes: vamos, temos de salvar o Sudário. "Em certo momento senti algo dentro de mim, qualquer coisa superior que me guiava. E como se tivesse encontrado força naquele símbolo, o símbolo do Sudário, peguei uma marreta e comecei a golpear o vidro antibalas. Golpeava, golpeava e golpeava, mas aquele vidro não caía. Talvez lhe tenha golpeado cem vezes antes de destruí-lo.

24

CATOLICISMO -

Junho de 1997

"Finalmente cedeu. Devo ter feito isso num quarto de hora, nem um ladrão teria sido tão veloz. E sabe por que? Porque tinha uma convicção fortíssima e graças a ela me crescia a força. ''Tive um pouco de medo. Mas naquele momento creio que Deus me deu força para salvar o Santo Lençol. De outra forma não teria conseguido romper aquele vidro que resiste até a projéteis. "Se tivesse sido um outro objeto, um quadro de valor inestimável, quem sabe, de Giotto ou de Miguel Angelo, não teria movido um dedo. Nós nos arriscamos muito, muitíssimo, talvez tenhamos sido até inconscientes, mas devíamos salvar o Sudário".

ratura subia de modo alarmante, e todos temiam pelo Sudário, tecido de linho, que se carboniza à temperatura de 220 C. Um jato de água resfriava continuamente os vidros protetores do Sudário. A temperatura chegou a um ponto tal que mudou a cor das pedras. A capela do Sudário sofreu danos irreparáveis em dois terços de sua área. Começavam a cair pedaços de traves do teto, alguns pesando 40-50 kilos. A qualquer momento podia vir abaixo toda a cúpula da Capela, e o Sudário estaria perdido.

O resgate da Sagrada Relíquia

Muito bonita foi a reação do povo da cidade, temendo perder uma tão insigne relíquia. Alguns bombeiros, que estavam de folga, voltaram correndo ao saber que era a Capela do Sudário que queimava, pois para todos a preocupação era uma só: o Sudário. Do lado de fora da Catedral um grupo de freiras começou a puxar um rosário, sendo acompanhadas maciçamente pelos presentes. Foi no momento de maior perigo, quando o fogo já estava destruindo o teto há mais de duas horas, que o bombeiro Mario Trematore decidiu arriscar a própria vida e salvar a relíquia. Enquanto

golpeava o vidro, este soltava pequenos paramentos, os vitrais e as estátuas de pedaços que lhe feriam as mãos e a face. mármore, mas o Sudário foi salvo!. .. Foi quebrando os oito vidros, um a um. para tristeza dos que prefeririam que tão Afinal, os vidros foram quebrados preciosa relíquia não existisse. e os bombeiros retiraram a venerável Um fato merece especial registro: o relíquia à 1:36 h. da madrugada, duas resgate do Santo Sudário deu novo ânihoras e meia após o início do incêndio. mo à convicção dos católicos de ser ele Ao sair à Praça da Catedral com a cai- verdadeira relíquia sagrada que enfrenta xa do Sudário, os bombeiros foram sau- até incêndios meio suspeitos. D dados pelo seu heroísmo com uma proNota: longada salva de palmas. (*) Com e feito. o esc ritor Vinorio Messori comenta Misteriosamente, num momento em que "é impressioncmle ver na Internei quantas ameaças de ao Sudário chegam cada tlia" ("Corriere della que cada minuto podia ser decisivo, ni n- atentados Sera", Mi lão, 13-4-97). guém correu para abrir os vidros. Fontes de referência : Já fora da catedral, a teca da relíquia Os fatos nam,dos no present e ai1i go e no quadro que o foi aberta para verificar se o tecido ha- acompanha fora m ex traídos do noticiário publicado nos seg uintes órgãos da imprensa italiana: " La Stampa'', Turim 13via sido danificado. Estava intacto, e só 4-97 ; "La Repubblica", Roma, 13-4-97 ; "Corrieredella Sera", algumas gotas de água testemunhavam Milão. 13-4-97; "La Stampn" ,n,rim. 14-4-97; "II Tempo", Ro ma, 13-4-97; "Corriere del la Sera". Mi lão, 14-4-97; " II a formação de certa condensação devi- G iorno", Roma, 13-4-97; " li G iornal c", Milão. 13-4-97. do ao calor. O tecido estava frio, não obstante o enorme calor existente na capela. Além de CAPELA DO SANTO - - - - - - - - - - SUDÁRIO frio, estava seco, apesar de sua Construída pelo arquiproteção ter sido submetida du- teto Guarino Guarini, rante horas a jatos de água, para abrigava no altar a urna que contém o Santo esfriar a teca e evitar que as cha- Sudário, que aí se enmas atingissem o tecido. contrava desde 1694 O combate ao incêndio durou ainda algumas horas. Ao final, nada restou do altar-mor da Catedral, do revestimento de madeira da capela e do órgão: Também foram destruídos os

l►- Cfh,111 1h30 - Os bombeiros

23h50 - Chegam os primeiros socorros

resgatam a te Sudário

23h48 - Chamas na Capela Guarlnl. Guardas do palácio avisam os bombeiros

23h - Primeiro alarme antiincêndio do Palácio Real, seguido de uma Inspeção, que, às 23h20, conclui nada haver de anormal

20h30 - Jantar no Salão dos Suíços do Palácio Real, em honra do secretário-geral da ONU, concluído por volta das 22:30

extinto definitivamente

CATOLICISMO -

Junho de 1997

25


/(P."Y'(..,

INTEi·~~~jpNAL

,Caos n!~lbânia, preocupação na Europa J UAN C ARLOS C ASTÉ

de Paris

Um país sem controle, empobrecido e naufragando na anarquia, desperta sérios temores em seus vizinhos: a trágica herança de meio século de dominação comunista

PÓS aimoçar, o freg uês pede a cona, o garçon a apresenta e_ aquele aga com um fuzil Kalashntkov, recebendo como troco uma pistola ... Tal gracejo, propagado na capital albanesa, Tira na, mostra um pouco a degradação social em que vive o País das águias. Situada entre os montes balcânicos e o Medi terrâneo, com 29.000 krn2 e pouco mais de três milhões de habitantes - 70% dos quais são muçulmanos, 20% grecoc ismáticos e 10% católicos - a Albânia está vivendo um estado de comoção social como poucas vezes se viu na Europa contemporânea. Eleições acusadas de fra udulentas e o fracasso fin anceiro de uma das muito duvidosas empresas "capitalistas" - que prometiam mundos e fu ndos .. . sem trabalho ! - fo ram as causas dessa explosão que está levando o país ao caos, fato que provoca em toda Europa Ocidental uma grande dor de cabeça ...

Um navio ébrio navegando no caos A maiori a das cidades albanesas está dominada por rebe ldes. Quartéis, delegacias, arsenais e bases mili tares são assaltados por um populacho furi oso. D istribuemse armas para todo o mundo, ho mens, mu-

26

"Terra de ninguém", a Albânia será o detonador de uma grande explosão no sul da Europa?

lheres e crianças. D istúrbios, tiroteios, mortes, incêndios tornaram-se freq üentes, não existindo vestígio de ordem. Ninguém sabe quem governa realmente. No sul , segundo o jornal parisiense "Le Monde" (14-3-97), as estradas estão bloqueadas a cada meio quilômetro por mil ícias populares armadas até os dentes, mas sem qualquer experiência militar, ouvindo-se, durante as noites, disparos para o ar e tiroteios. Essa anarquia contagiosa expandiu-se rapidamente e chegou a Tirana, onde se produzem os mesmos distúrbios do sul. As prisões são atacadas e os presos soltos. Entre estes encontra m-se comunistas q ue cumpri am penas, os quais agradecem o inesperado indulto anarq ui sta, desaparecendo imed iatamente no meio da mul tidão. O Preside nte Berisha organi za um gabinete de uni ão nac ional com os socia lde mocratas na pessoa do Prime iro-Mini stro Fino, mas essa aparênc ia de o rdem não consegue co nter a deterioração social. CATOLICISMO -

Junho de 1997

Embaixadas ocidentais - como as dos Estados U nidos, Itália e Inglaterra - enviam helicópteros e barcos para resgatar seus cidadãos. A Albâni a tra nsformou-se numa te rra de ninguém , o país "corre risco de uma guerra civil". Fecham-se as fro nteiras com a Grécia e a Macedônia (1). Em poucos dias caem por te rra os êxitos de seis anos de transição do comunismo para o capitalismo, só restando um país devastado, três milhões de habi ta ntes desgovernados, uma econo mi a em desvario ... e um aumento da ameaça de emigração para o Oeste, ocasio nando uma lógica preocupação nas autoridades itali anas, de vere m desembarcar e m suas costas hordas de refugiados (2) .

Do caos ressurgirão os derrotados comunistas? Os cenários sobre a evolução da crise albanesa, montados por especia li stas em

política internacional, não são dos mais otimistas. A pergunta que todos tentam respo nde r é: o que sairá do caos a lbanês? Algu ns, vendo sinais tên ues de apazig uame nto, pensam que a solução seria entre o rosa e o vermelho. Segundo Jacques Rupnik, do Centro de Estudos e de Pesqui sas Internac ionai s, citado pelo "L'Express", os antigos comunistas beneficiar-se-ão dessa demênc ia coletiva. Sentindo-se sustentados pela rua, pretendem aparecer como a única força alternativa possível para restaurar algo que se pareça com um Estado (3). Em meio a esse quadro crítico, surgiu mais um dado no conturbado ambiente alba nês: depois de me io século de ex ílio, voltou ao país , em abril último, o pretendente ao trono, Leka J. O filho de Ahmed Zog foi recebido com manifestações de simpatia por parte do povo. É cedo, porém, para se fazer qualquer prognóstico sobre a possibilidade de uma restauração monárquica, bem co mo a respeito da eficác ia desta enquanto solução para a volta ela normalidade política, social e econômica no país. Mas, se a anarqui a perdurar, favorecerá ela a frag me ntação defi nitiva do Estado e a emergência de poderes locais autogestionários? - e m cada cidade ou alde ia. Esses chefes comunais já se esforçam por coordenar suas iniciativas no seio de um comitê nacion al, o qual é cortejado pelo Prime iro-M ini stro soc iali sta Fino e pe los emissários ital ianos enviados como mediadores ... Te mendo meter-se num a ca ixa de marimbondos como a da ex-Iugos lávia, a Europa organi zou lentamente uma força de intervenção, com mi ssões praticamente policiais. As Forças Armadas italianas proporcionaram o grosso do contingente. Apresença deste contingente está conseguindo restabelecer uma certa normali zação na situação a lbanesa. Há uma preoc upação não so mente da Itália, mas també m da Gréc ia, e m não contribuir para o aprofundamento da atua! anarquia existente na Albânia. A Grécia conta com uma grande população albanesa dentro ele sua fronteiras. E ainda particip a d e tal pr eoc up ação a Macedôni a, o novel Estado surgido da exIu gos lávia e qu e te me por sua integridade, uma vez que possui uma turbulenta minoria albanesa, que constitui 30% de sua popu lação (4) .

Grande número de albaneses saudou com entusiasmo o retorno à pátria do pretendente ao trono, Leka 1 (o primeiro à direita)

Para o Ocidente, expectativa angustiante Do lado ocidental , as chancelarias têm igualmente motivos para graves apreensões, apesar da atuação pacificadora e mpreendida pela força de intervenção pane uropéia. A União Européia passa por um período muito de i icado: dificuldades para a aceitação da moeda única, mal -estar devido a ajustes econô mi cos ex igidos pelo tratado de Maastricht, desemprego ga lopante, greves e crise econô mica. Sem falar da crescente e contínua i migração do Magreb muçulmano, levando cons igo o perigo cio integrismo islâmico. O caos albanês parece ser, para alguns observadores, o detonador de uma grande ex pl osão no sul da E uropa.

Volvei vossos olhos à Albânia, ó Mãe do Bom Conselho!

Para concluir essa descrição, nada melhor do que recordar as luminosas pa lavras cio Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, cm comentário feito em 1992, na III Parte de sua obra mestra Revolução e Contra-Revolução: "Fala-se da eventual queda do regime de Fidel Castro em Cuba e da possível invasão da Europa Ocidental por hordas de famintos vindos do Leste e do Magreb. As diversas tentati vas de incursão de desvalidos albaneses na Itália teriam sido CATOLICISMO -

Junho de 1997

como que um primeiro ensaio desta nova invasão de bárbaros na Europa. "Não falta quem, na Penúwt!a Ibérica como em outros países da Europa, veja estas hipóteses em um comum panorama com a ação de presença de mu ltidões de maometanos, despreocupadamente admitidos em anos anteriores em vários pontos desse continente, e com os proj etos ele construção de uma ponte sobre o Estreito ele Cibraltw; ligando o Norte da Áfi'ica ao territó rio espanhol, o que favoreceria por sua vez outras invasões muçulmanas na Europa . .... "Dir-se-ia quase que o quadro pré-medieval se recompõe. Mas algo falta : é o ardor de.fé primaveril nas populações católicas chamadas afazerfrrmte simultaneamente a estes dois impactos. Mas, sobretudo,falta alguém: onde encontrar hoj e em dia um homem. com o estofo de Ca rlos Magno ?" (5). Queira Nossa Senhora cio Bom Conselho de Genazzano - c uja imagem emi grou milagrosamente da Albânia para a Itália no século XV - volver seu olhar ele cl emência e mi seri córdia sobre essa tri ste nação, e proporcionar aos povos europeus o Bom Conselho que os faça chegar ao bom porto nesta hora tão grave. O Notas: 1) " Le Figa ro". Pari s, 14-3-97 2) C fr. Idem, 30-3-97 3) " L' Express", Paris, 20-3-97 4) Cfr. Idem, 27-3-97 5) Plínio Corrêa de O li veira, Revolução e Co11traRevo/11çüo, 3' cd., Ed itora Cheva leric Artes GrMicas Lida. , São Paul o, 1993 , p.p. 176- 177.

27


.ili •-'-f.w

A

Nobreza.hoje: como pensa? Como vi~e? Professor da Sorbonne desmente o mito revolucionário de que os nobres seriam sanguessugas da sociedade Guv GABRIEL DE RIDDER

RIC Mension-Rigau, jovem análogas nas alocuções de Pio XII ao doutor em História da Escola de Patriciado e à Nobreza romana. Altos Estudos de Ciências Sociais e professor da Universidade de Cultura e impregnação quotidiana Paris VII, realizou o meritório traba- do espírito familiar lho de pesquisar, junto a famílias da O autor põe em relevo a maneira aristocracia e da alta burguesia franconstante pela qual as pessoas pertencesa, em que medida a consciência e a identidade nobiliárquicas ainda exis- centes a esses meios adquiriram sua cultura. tiam em seu país. Explica ele que tal cultura não reO fruto dessa investigação resultou num livro - Aristocrates et grands sulta de um conhecimento livresco ou bourgeois (Plon, Paris, novembro/94) escolar, mas é fruto do que chama de - no qual ele nos oferece uma sabo- papillonnage, isto é, de um como que rosa e atraente visão do estado da aris- borboletear pelas coisas, de modo leve, tocracia nos dias de hoje, seus costu- tornando possível a familiarização promes, suas tradições, a educação minis- gress iva, e sem esforço, com aquilo que deve ser objeto de uma verdadeira trada aos seus descendentes, etc. Em vista do pouco espaço de que cultura. Ou seja, dizemos nós, pela dispomos num artigo de revista, limi- osmose permanente das relações cultaremos nossos comentários aos aspec- turais familiares. Estas pessoas, diz o citado autor, tos do livro mais condizentes com a conhecem obras-primas da música ou doutrina exposta pelo Prof. Plinio do teatro clássico, pelo fato de terem Corrêa de Oliveira, saudoso Fundador da TFP brasileira, em sua já famo- assistido a concertos e representações sa obra Nobre za e elites tradicionais da Comédie Française, por exemplo.

E

28

CATOLICISMO -

Junho de 1997

O estilo de suas residências - ou daquelas de seus parentes e amigos - , os quadros e os móveis que as decoram, constituem a origem real e orgânica do conhecimento que têm sobre arquitetura, pintura e mobiliário. Ou ainda ouvindo personagens do seu relacionamento, particularmente cultas, discorrerem sobre esses assuntos. É o que se chama uma educação de cultura geral. Como se elevaria a educação e m um país onde se levasse mais em conta o aspecto da formação dada pelas famílias, no ambiente próprio em que vivem!

No convívio nobiliárquico, predomínio de regras não-egoístas Entre a nobreza francesa, um dos pontos mais importantes do savoirvivre [saber viver] consiste em não ser importuno para com os outros. Segundo o mesmo autor, os nobres estão persuadidos de que as reações da

natureza humana são imprevisívei s quando lhe faltam certas regras. E assim, fazem do saber relacionar-se o indispensável regulador do bom funcionamento da vida familiar e social. Ser bem educado consiste antes de tudo em ter o senso das conveniências em qualquer circunstância. Para os nobres, o savoir-vivre consiste também em criar a beleza e comunicar à vida social uma dimensão artística. Assim, em todas as circunstâncias - por exemplo, estando-se à mesa - a preocupação pelo estético deve primar, como devem ser apagados no ser humano todos os traços de animalidade. O ato polido, relata o autor, provém da vontade de transformar todos os gestos da vida quotidiana, inclusive o de comer, numa coreografia minuciosa. Aqui encontramos presente uma nota essencial do espírito católico: a perfeita adequação à sensibilidade alheia. Um verdadeiro cristão deve se preocupar sempre com a repercussão que seus atos podem ter junto ao próximo.

Aristocracia: prestação desinteressada de serviço Ainda de acordo com as pesquisas efetuadas pelo autor, as pessoas dessa categoria rec usam peremptoriamente uma vida que esteja voltada somente para o enriquecimento. Os entrev istados declaram qu e a escolha de suas profissões é determinada bem menos pelas perspectivas de remuneração do que pelo prestígio e pela utilidade social. Tal escolha, segundo afirmam, dev e satisfazer o sentido do servi ço desinteressado e da dedi cação ao bem comum. Este fato vem desmentir inteiramente uma das principais acusações lançada contra a nobreza, especialmente no passado, que consistia em considerá-la uma classe gananciosa e egoísta.

Espírito militar a serviço de Deus O referido escritor nos dá ainda conhecimento do estado de espírito existente entre os nobres franceses que seguem a carreira militar, sempre muito numerosos. Um dos depoentes relata que seu pai, católico praticante, sendo coronel, sempre que entrava numa igreja, punha-se em posição de sentido ante o altar principal e executava a saudação militar. Isto significava, segundo seu filho, "Aqui estou como o centurião: às Suas ordens; sou Seu servidor. Tomai-me como sou; eu confio em Vós" . Tocante exemplo da disposição de tomar as armas para lutar por Deus e pela Santa Igreja Católica, quando uma situação crítica excepcional o exigir.

Apego legítimo à propriedade familiar É sabido que atualmente tornou-se quase impraticável manter um castelo ou alguma propriedade aristocrática de alto nível, não só devido aos impostos de índole socialista e igualitária que sobre as mesmas recaem , como pelo custo elevado de sua manutenção condigna. Ora, para um espírito pouco afeito ao valor das tradições, nada mais fácil, diante de tal situação, do que

A nobreza exerce um papel civilizador altamente benéfico à sociedade

vender a propriedade, ainda que a ela esteja associado o próprio nome da família e a reputação histórica desta. Com a aplicação do valor obtido pe la CATOLICISMO -

Junho de 1997

venda, a famí lia em questão poderia passar a viver de renda e despreocupar-se. Inteiramente contrário a esta mental idade acomodatícia e entreguista é o significativo testemunho que abaixo transcrevemos, onde uma dama da nobreza justifica sua permanência na propriedade familiar por amor às tradições de seus antepassados. "A educação rec ebida por meu marido e por mim, bem como todo este passado pelo qual temos tanto apreço, nos fa z permanecer nesta propriedade, por cuja manutenção sofremos tantas privações. Se tivéssemos aplicado as rendas oriundas da sua venda, poderíamos ter um nível de vida igual ao de nossos avós, inclusive com todos os empregados. O que equivale a dizer que a manutenção da propriedade custa muito mais do que todo o corpo de empregados que tinham nossos pais!" E continua a nobre narradora apresentando o elenco de todas as privações - proporcionadas ao seu nível social - pelas quais passou e passa para manter materialmente suas tradi ções fami liares e não romper com o passado: renúncia a férias custosas, carros de alta categoria, etc. Mais adiante, outra pessoa inquirida lamenta que, em função dos encargos insuportáveis, fora do alcance de suas rendas, uma parenta sua foi obrigada a se desfazer de um castelo em mãos da família há 900 anos! .. . Estes são exemplos muito significativos da maneira pela qual um governo revolucionário(*) ataca ao mesmo tempo - por meio de uma legislação fiscal igualitária, socialista e confiscatória - os três princípios básicos da Civilização Cristã: a tradição, a família e a propriedade. O

N_ota da redação: (*) A pa lavra revolucio11ário é empregada no sentido uti lizado pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira cm sua obra Revolução e Co11tra-Revolução.

29


?Ji,,),

1. São Justino, Mártir.+ Roma, 167. O mais JUNHO heresias. Seus hinos e escritos apologéticos ilustre apologista cristão do sécu lo,~. Chegou ' - - - - - - - - - - - - - - - -~- lhe valeram o cognome de Cítara do Espírito ao conhecimento da verdade a~ estudar os vários Santo e de Cantor da Virgem. sistemas filosóficos. Tornando-se ardoroso defensor da fé, verberou os Imperadores romanos com 9. Bem-aventurado José de Anchieta, Confessor. duas Apologias do Cristianismo, que lhe valeram + 1597. Apóstolo do Brasil (vide artigo à p. 18). o martírio. 1O. Santa Margarida da Escócia, Viúva. + 1093. 2. Santos Marcelino, Pedro e Erasmo, Mártires. Exemplo de rainha, esposa e mãe, é a padroeira + Roma, 304. São Marcelino, sacerdote, e São daquele país. De seus seis filhos, dois são também Pedro, exorcista, foram decapitados na perseguihonrados como santos. ção de Diocleciano. Santo Erasmo, Bispo de Fórmia, foi martirizado na mesma perseguição. 11. São Barnabé, Apóstolo e Mártir. + Chipre, sec. 1. Fiel companheiro de São Paulo na evangelização, 3. Santo Ovídio, Bispo e Mártir. + Braga (Portueste o chama de Apóstolo, embora não fosse um gal), sec. li. Pag_ ão, converteu-se com as pregados Doze. ções de São Pedro e São Paulo em Roma. São Clemente o enviou como Bispo para a então 12. Santo Onofre, Confessor.+ Egito, sec. IV. EreBracara-Augusta, onde, depois de muitos trabalhos mita durante 60 anos no deserto da Tebaida, estane conversões, foi martirizado. do para morrer foi encontrado por um monge a quem narrou a vida e de quem recebeu a sepu ltura . 4. Santa Clotilde, Viúva. + Tours (França), 545. Sagrado Coração de Jesus Sendo esposa de Clóvis, rei dos Francos, suas ora13. Santo Antônio de Pádua, Confessor e Doutor ções e exemplos o levaram à conversão. Viúva, ao da Igreja. + 1231. Nasceu em Lisboa, onde se fez ver que seus netos eram assassinados pelos próprios pais (filhos agostiniano e depois franciscano. Na Itália, São Francisco o encarda Santa) para os impedir de reinar, retirou-se para Tours onde se regou da pregação e o chamava de "seu Bispo" por sua erudição. entregou à oração e penitência pela conversão dos mesmos. Cognominado "Martelo dos hereges". J

5. São Bonifácio, Bispo e Mártir. + Alemanha, 754. De origem inglesa, é considerado o Apóstolo da Alemanha, onde converteu os povos bárbaros e estabeleceu o cristianismo.

14. Santo Eliseu, Profeta.+ Palestina sec. IX A.C. Perfeito discípulo de Santo Elias, dele recebeu o duplo espírito, pelo qual obteve o dom dos milagres e o espírito de profecia. Como Santo Elias, é considerado um dos fundadores da Ordem Carmelitana.

6. SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS. Festa celebrada na sexta-feira que segue a Oitava de Corpus Christi, como prolongamento da mesma. "O culto ao Sagrado Coraçãd', escreve o Cardeal Pie, "é a quintessência do cristianismo, o compêndio e sumário de toda a religiãd'.

15. Santos Vito, Modesto e Crescência, Mártires. + Roma, 305. Vito ou Guido, fi lho de pais pagãos, foi martirizado ainda menino juntamente com seu preceptor e sua ama, Modesto e Crescência.

7. IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA. Por decreto da Congregação do Cu lto Divino, de 12 de janeiro de 1996, aprovado por João Paulo li, a celebração desta festa foi introduzida no Calendário Romano Universal como Memória obrigatória. Desde o século XIX, a festa do Imaculado Coração de Maria era comemorada em algumas dioceses e famílias rel igiosas no dia 19 de agosto, com autorização da Santa Sé. Pio XII estabeleceu que tal festa se celebrasse em todo o mundo, no dia 22 de agosto, oitava da Assunção de Nossa Senhora. Para isto certamente contribu iu uma carta da Irmã Lúcia ao Papa Pio XII com esse pedido explícito. Na reforma do Calendário Romano, executada no pontificado de Paulo VI, a comemoração do Imaculado Coração de Maria desceu para a categoria de Memória facultativa, a celebrar-se no sábado seguinte à solenidade do Coração de Jesus. Com freqüência sucedia que a festa não era celebrada, pela ocorrência de outra com Memória obrigatória. Pelo atual decreto, a comemoração do Imaculado Coração de Maria sobe novamente para a categoria de Memória obrigatória em todo orbe católico. Primeiro Sábado do mês. 8. Santo Efrém, Confessor e Doutor da Igreja. + Edessa (Alta Mesopotâmia), 373. Simples diácono, foi um campeão contra as

30

CATOLICISMO

16. São Cyro e Santa Julita, Mártires.+ Síria, sec. IV. Julita, por não querer renegar a fé, estava sofrendo o martírio quando seu filho Quirico, ou Cyro, de apenas três anos, que lhe fora arrancado dos braços, se lhe juntou para morrer afirmando que também era cristão. 17. São Ranieri de Pisa, Confessor.+ 1160. Antigo tocador de lira, converteu-se pelas orações de Santo Alberto da Córsega. Entrou para o mosteiro de São Guido, onde operou muitos milagres. 18. Santa Juliana de Falconieri, Virgem.+ Florença, 1340. Aos 15 anos entrou para a Ordem Terceira das Servitas, da qual se tornou superiora e redigiu as regras. Era devotíssima da Paixão de Cristo, das dores de Maria e do Santíssimo Sacramento. 19. São Romualdo Abade, Confessor.+ Roma, 1027. Depois de uma vida mundana e dissipada, Romualdo fundou a Ordem dos Camaldulenses para unir a vida de comunidade à eremítica. Faleceu com 120 anos de idade. 20. São Silvério, Papa e Mártir.+ Gaeta (Itália), 537. Elevado ao Sumo Pontificado quando era apenas subdiácono, foi duas vezes exilado pelos Imperadores, morrendo vítima das privações e fadigas.

-Junho de 1997

21. São Luís Gonzaga, Confessor. + Roma , 1591. De família principesca, aos 17 anos ingressou na Companhia de Jesus. De uma pureza angélica, morreu aos 24 anos como mártir da caridade, vítima de uma epidemia contraída ao assistir enfermos. É o patrono da juventude. 22. São Paulino de Nola, Bispo e Confessor. + 431. Pagão, de nobilíssima família, ainda jovem foi prefeito de Roma e Senador, casanSão Luís Gonzaga do-se com uma cristã. Ao converterse, de acordo com a esposa renunciou a tudo e fez-se sacerdote. 23. São José Cafasso, Confessor. + Turim (Itália), 1860. Contemporâneo, conterrâneo e mestre de São João Bosco, formou o clero piemontês nos bons princípios de São Francisco de Sales e Santo Afonso de Ligório. 24. NASCIMENTO DE SÃO JOÃO BATISTA. Por ter sido purificado ainda no ventre materno pelas palavras da Santíssima Virgem , é o único Santo, além da Mãe de Deus, de quem se comemora o nascimento. 25. São Guilherme Abade, Confessor. + Nápoles (Itália), 1142. 'Fundou um mosteiro no monte São João Batista (fachada da Vergiliano, que passou a chamarcatedral de Reims) se Montevergine, em louvor da Virgem. Rogério li , rei de Nápoles, o tomou como conselheiro.

.,,, -

26. São Pelayo, Mártir.+ Córdoba (Espanha) , 925. Refém entre os mouros, o sensual califa Abderramão Ili, cativado por sua beleza e seriedade, fez-lhe propostas infames. Cheio de santa ira, o menino de 13 anos lhe respondeu: "Afasta -te, cão. Não sou dos teus efeminados lacaios". Foi então martirizado. 27. São Cirilo de Alexandria, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja.+ 444. Um dos grandes Doutores da Igreja do Oriente e principal defensor da ortodoxia contra os Nestorianos. No Concílio de Éfeso (431 ), fez proclamar o dogma da unidade de pessoa divina e humana em Cristo, e a conseqüente Maternidade divina de Maria. 28. Santo lrineu, Bispo e Mártir. + Lyon (França), 202. Discípulo de São Policarpo, que o foi de São João Evangelista. Sendo Bispo de Lyon, - - -,,.,-.-'.'."'~.:-,,._ escreveu cinco livros contra heresias nas· centes, recebendo a coroa do martírio na perseguição movida pelo Imperador Severo. 29. COMEMORAÇÃO DO MARTÍRIO DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO, APÓSTOLOS (à esq.) 30. Primeiros Mártires da Igreja de Roma. Antes, comemoração de São Paulo, Apóstolo. CATOLICIS MO -

,)'

DES'Ji~Q - pE

·[l!J) No Peru, forças da ordem vencem o terrorismo

O

espectacular resgate operado pelas Forças Armadas peruanas na Embaixada do Japão, em Lima, depois de 126 dias de ocupação pelo grupo terrorista "Movimento Revolucionário Tupac Amaru" (MRTA) , juntamente com a libertação de quase todos os reféns, é um dos poucos casos, nas últimas décadas, em que um governo sul-americano resistiu com êxito às exigências subversivas e logrou restabelecer a ordem. A TFP peruana já se pronunciou, em várias ocasiões, ressaltando que a obrigação dos governantes de reprimir o terrorismo e impor a Lei coincidia com os anseios da população. Apesar disso, o sistema político-partidário e grande parte do Poder Judiciário - ambos muito indulgentes com todas as formas de esquerda - faziam com que os ataques terroristas permanecessem impunes. O conseqüente agastamento da população impôs ao Presidente Alberto Fujimori - dois anos após sua eleição, ocorrida em 1990 - a intervenção nos poderes Legislativo e Judiciário, iniciando um enérgico combate contra a violência marxista. Isto, unido à derrogação de algumas medidas socialistas que travavam a economia, produziu um início de prosperidade para o país e uma certa popu laridade para seu Governo, o que lhe valeu a reeleição. Ora, tais conquistas corriam o risco de serem perdidas devido à tomada da Embaixada do Japão pelo MRTA, que mantinha como reféns mais de 70 importantes personalidades, sob ameaça de morte, até que as autoridades pusessem em liberdade mais de 400 terroristas presos. O Governo peruano encontrava-se assim num grave dilema: ceder a essa exigência faria renascer com força redobrada a ofensiva terrorista, enquanto negar-se a ela significaria o risco de os reféns serem assassinados, crime este que certa mídia, de algum modo, atribuiria ao Governo, tachando-o de pouco eficaz e demasiado intransigente. Poucos dias após o ataque à Embaixada do Japão, a TFP peruana publicou um Manifesto mostrando que o fato lamentável se devia à falta de vigilância antiterrorista, tanto das autoridades como da opin ião pública em geral. E que só a solução firme e enérgica do caso poderia corrigir essa indolência e fazer respeitar as leis vigentes (1 ). Ao mesmo tempo, grupos de cooperadores da entidade alentavam muitas famílias de reféns, incitando-as à piedade e à confiança em Deus, mostrando-lhes que, numa circunstância tão grave, só a ajuda do Céu poderia obter uma perfeita solução, tanto para os reféns como para a Pátria ameaçada. Um significativo número delas recebeu em suas casas, durante os tensos dias do cativeiro de seus parentes, a visita da cópia da Imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, que a TFP peruana promove entre famílias limenhas (2). Durante tais visitas numerosos fatos se deram, aumentando as esperanças de que um feliz desenlace ocorreria em breve, como realmente aconteceu. Notas: 1) Vide Catolicismo nº 554, íeve re iro p.p., seção "T FPs em Ação", "Co11cla111ação da TFP pemana: vigilância ame a ameaça terrorista", p. 34. 2) Sobre tais peregrin ações, ver p. 33.

Junho de 1997

31


.,

TFPíl .f .:ç~í.Y;~t,, ;,.·

NA ITALIA:

\;.')·.r/2.1/: ··J'

Publicado outro estudo sobre o Fundador da TFP brasileira Roma -

A p ós o livro

sobre a extraordinári a fi g ura

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, d e autori a d o Prof.

do

Editada na Alemanha Via Sacra de autoria de Plinio Corrêa de Oliveira 1

Roberto de M atte i, ac aba de

A TILIO F AORO

ser l ançado um segundo

DE F RANKFU RT

trabalho a respeito do conhecido pensador e líder

Plinio Co rrêa de Oliveira, Apóstolo da Contra-Revolução.

cató lico :

E ditad a pelo m o vimento

Alleanza Cattolica (secção de Sal ento), a p ublicação contém o testam en to d o F undador d a TFP b rasilei ra

(*), bem com o al g un s artigos r el ativos à sua v ida e pensam ento, v isando ho nrar

J

r

Via Sacra composta pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira veio a lume recen-

temente , em terras germânicas, por iniciativa da DVCK - Deutsche Vereinigung für eine Christliche Kultur (Sociedade Alemã para uma Cultura Cristã) , entidade afim às TFPs com sede em Frankfurt. A obra foi distribuída aos aderentes da DVCK com o convite de a rezarem na última Semana Santa, em reparação pela atua l onda de blasfêm ias que varre a Alemanha. Com efeito, a agressividade e o número das blasfêmias vem aumentando neste país, sobretudo a partir de 1989. No final do ano passado, o Cardeal Meisner, de Colônia, comentando tal onda, fez esta terrível afirmação:

a m em ória daquel e insi g ne

"A Alemanha é o país dos blasfemadores".

v arão cató lico.

Na correspondência enviada aos seus aderentes, a DVCK indica como exemplo de blasfêmia um livro côm ico de Walter Moers, que apresenta uma ultrajante versão da vida de Nossa Senhora. Essa publicação, que já no próprio título refere-se à Mãe de Deus com uma palavra obscena, contém desenhos pornográficos e apresenta Maria Santíssima como uma mulher que teria traído São José! "Escolhemos a Via Sacra do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira -informa o Sr. Mathias von Gersdorff, do diretório da DVCK - por-

Corrêa de Oliveira contra a Revolução, G i o v anni Canton i, diretor naci o nal de A lleanza Cattolica, explica q ue Plinio Corrêa de Oliveira é "uma figura eminente da escola de pensamento e de ação da Contra-Revolução católica do século XX". O fascíc ulo é acompaE m seu ensai o

nhad o de uma bibliografia dos escritos de Plínio

que ela, além de ser altamente edificante pela sua piedade católica e marial, se adapta inteiramente às condições da Alemanha de hoje, atingida por uma nova e terrível onda de propaganda anti-religiosa".

C orrêa de O l i v eira publicados em italiano , tanto livros q uanto ar tigos.

O

(*) Vide Catolicismo, nº 550, outubro de 1996, "Nossa Senlio ra fo i sernp re a Lu z de 111i11/ia vida" - O testam ento do cruzado do século XX.

32

Também na Espanha e no Canadá Por ocasião da última Semana Santa, TFP-Covadonga e os Jovens Canadenses por uma Civilização Cristã lançaram, em seus respectivos países, novas ed ições da

CATO LI CISMO -

Junho de 1997

Via Sacra de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. A obra foi publicada originalmente em Catolicismo, nº 3, março de 1951 ; e reeditada no nº 472-473, abril-maio de 1990, desta revista. Traduções da mesma Via Sacra foram igualmente estampadas em periódicos de diversas TFPs nos seguintes países: Argentina, Bolívia, Chile, Costa Rica, Equador, Estados Unidos, França, Uruguai. Na Itália, foi publ icada em 1991 por Cristianità, de Piacenza. Foi também reproduzida na íntegra pelos segu intes jornais: "EI Universal", de Caracas (Venezuela), em 1983; "EI Telégrafo", de Guayaquil (Equador) , em 1984; "EI Eco Católico", órgão da Arqu idiocese de San José de Costa Rica, em 1987; "La Prensa Libre", da mesma cidade, em 1985; "Diario de las Americas", de Miami (EUA). Os Serviços de Imprensa das TFPs de vários países têm distribuído gravações dessa Via Sacra para centenas de rád io-emissoras, que a transmitiram nas suas programações de Semana Santa. Assim , ela vem alcançando ampla e profu nda difusão nos meios católicos . Outros exemplos da repercussão atingida: nas cerimôn ias da Semana Santa de 1987, na catedral de Nueva Pamplona (Colômbia), foi ela rezada pelo Arcebispo Mons. Rafael Sarmiento Peralta, com 25 mil fiéis. O mesmo ocorreu em lbagué (Colômbia), onde foi rezada por Mons. José Joaquim Florez Hernández, Arcebispo da cidade. Os leitores desejosos de obterem esta Via Sacra poderão escrever à Campanha "Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! " SBDTFP - Rua Dr. Martinico Prado, 271 São Paulo/SP - CEP 01224-01 O- Tel/Fax: (011) 686-5766.

ÃO

1 t'

'~

)''

Há quase 15 anos imagem de Nossa Senhora de Fátima peregrina pelos lares peruanos

N

o iníci o dos anos 80 a TFP peru ana l evou para seu país a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátim a, que v i si tou várias cidades, reunindo em todas elas grandes mul tidões, a ponto de um d iári o de L im a ter publicado em grande manchete que o Peru voltara a ser católico ... Pouco depoi s a TFP obteve outra i magem de Nossa Senhora de Fátima, com a finalidade de pro longar essa atividad e apostólica, não m ai s para reunir multidões, m as p ara peregrinar continuamente pel as casas das famílias interessadas, como tem sido feito durante os últimos quase quinze anos.

Campanha da TFP peruana no centro de Lima

Assim, todos os dias a imagem visita os lares programados, para onde as resl~

Deputado elogia na tribuna da Câmara Federal artigo publicado em Catolicismo O deputado Lael Varella (PFUMG) pronunciou discurso no dia 7 de maio p.p., do qual destacamos as seguintes passagens:

"Mês de Maria, Mãe Admirável de Nosso Senhor Jesus Cristo, Nosso Divino Salvador, peçamos à Virgem Santíssima que proteja a família brasileira e em especial às nossas queridas mães. "Sr. Presidente, agora passo a citar a belíssima evocação do inesquecfvel líder católico, Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e grande defensor da instituição sagrada da família, publicada no número de maio da Revista Catolicismo. [O deputado passa a ler a seção "Ambientes, Costumes e Civilizações" intitulada "Mãe: amor, afeto, bondade e misericórdia", estampada na contracapa de nossa última edição].

CATOLICISMO -

pectivas fam ílias j á convida-

ram prev iam ente seus parentes e conhecidos, reunindo às vezes m ai s de uma centena de pessoas. Do mesmo modo , a imagem vis i ta escol as, orfanatos, as il os, hosp i tais, quartéis, fábricas e in stituições públicas e pri vadas, ta nto em L i ma como nas pri ncipais cidades do interior. Porém, às vezes é levada também a minúsculas al deias, que freqüentemente têm igrejas mas não sacerdotes que atendam seus habitantes. Estes, por ocasião da visita da i m agem, ficam afervorados em suas devoções, os atribulados pedem a aj uda da Mãe de Deus, os pecad ores imploram perdão, to m ando o co njunto

Junho de 1997

dos fié i s a r eso l ução d e vencer o respeito hum ano e se mostrarem sempre como verdadeiros católi cos. De todas essas vi sitas, co nsiderando a sociedade em seu co njunto, pode-se co nstatar um fato inegável : q uando a p iedade cató li ca é au têntica el a se transform a numa verdade i ra potê ncia . E o mai or probl em a, que é prec i so enfrentar, é o derro ti sm o e o desânimo q ue tan tas vezes se apoderam dos fiéis . A mal ve lada propaganda anticatól ica dos m eios de co municação e o abando no po r par te de certos pastores - q ue prefe rem pregar a revolução soc ial - co nstituem importantes ca u sas desse abati m en to dos catól icos . O

33


TFPªw iü 'x:l~f]f ÃO '.' J'i.,

1 '

TFP ar.gentina também na reação contra blasfêmia

S

E é verdade que não há fronteiras para a onda de ofensas contra Nosso Senhor Jesus Cristo, Sua Mãe Santíssima e tudo quanto representa os valores da Religião Católica, é igualmente verdade que a reação a tal onda sempre segundo a Lei de Deus e a lei dos homens - também deve se erguer por toda parte como tocha ardente. Ainda recentemente, a Columbia Films promoveu na Europa a exibição do filme "Larry Flynt". E, a título de propaganda, difundiu um cartaz representando um ator com seus braços abertos em forma de cruz, coberto unicamente por diminuta roupa interior com as cores da bandeira norte-americana, tendo como fundo obsceno uma figura feminina. O referido cartaz constituía uma evidente blasfêmia contra Nosso Senhor Jesus Cristo. Tal obscenidade blasfematória suscitou vivos protestos por parte de católicos que se sentiram agredidos em sua Fé e em sua moral. Entidades européias manifestaram publicamente - através de diversos e importantes órgãos de imprensa - seu repúdio ao referido cartaz. Por exemplo, a DVCK (na Alemanha), SOS Ragazzi e Famiglia Domani (na Itália), entre outras. Em vista de tal reação, o representante da Colurnbia Pictures transmitiu à imprensa comunicado de Milos

34

desse país irmão escreveu à dita empresa exigindo a retirada de tal propaganda. Ao mesmo tempo, enviou cartas ao Arcebispo de Buenos Aires, Cardeal Quarracino, ao Presidente da República, à Conferência Episcopal e aos meios de comunicação, manifestando seu profundo repúdio a esta "blasfêmia pública" contra Nosso Senhor Jesus Cristo. A TFP argentina mobilizou sua rede de amigos e Forman, d_iretor do filme "La rry Flynt ", explicando que ped ia a retirada do cartaz blasfemo. "Nem a Columbia nem eu - declarou Fo rman - tivemos a intenção de provocar ou ofender ninguém. Dada a incompreensão e a utilização feita por diversas associações político-religiosas, pedi a Columbia, com a vontade de apaziguamento, que retirasse voluntariamente o cartaz, o que foi aceito" ("C larín", Buenos Aires, 252-97) . A Co lumbia TriStar do Brasil também recebeu orientação ela matriz de Los Ange les para não usar na publicidade a propaganda que despertara tão sadia reação na Europa. Entretanto, na Argentina a Buena Vista Columbia T Films di stribuiu o cartaz bl asfemo nas grandes cidades platinas. Assim, a TFP CATOLICISMO -

At

co laboradores, os quai s iniciaram um a vigília de orações e campanhas públicas para a difusão da carta, juntamente com um estudo crít ico do filme. Somente em Buenos Aires foram distribuídos 50 .000 vo lantes. Por sua vez, a Cúria da capital argentina também interveio e a projeção do pol ê mico filme foi protelacla sine di e. O

JLI

Publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes Ltda. Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Mariza Mazzilli Costa do Lago - Registrada no DRT-SP sob o nº 23228 Redação e Gerência: R. Gen . Jardim , 770, cj. 3 D CEP 01223-01 O S. Pau lo SP - Tel (011) 257-1088 Fax (011 )258-4654 ISSN 0008-8528 Fotolitos: Bureau Bandeirante de Pré-Impressão Ltda. Rua Mairinque, 96- CEP 04037- 020 São Paulo SP Impressão: Takano Fotolito & Gráfica - Av. Dr. Silva Melo, 45 CEP 04675-010-Tel. (011) 524-2322 Fax (011) 246-3311 São Paulo SP

Edições alemã e espanhola da Via Sacra ele autoria do Prof. Plin i orrêa de Oli veira. Em Jerusa lém, na última Sexta-feira Santa, um sacerdote alemão leu passagens da edi ção dessa obra em língua germânica, acompanhado por peregrinos da mesma nacionalidade, enquanto percorriam os caminhos trilhados por Nosso Senhor após haver ido condenado.

Na foto à esquerda, jovens cooperadores da TFP brasileira por ocasião de recente Primeira Comunhão e Crisma na Basílica de Nossa Senhora do Paraíso, em São Paulo.

Preços da assinatura anual para o mês de JUNHO de 1997: Comum: R$ 50,00 Cooperador: R$ 75,00 Benfeitor: R$ 150,00 Grande Benfeitor: R$ 250,00 Exemplares avulsos: R$ 5,00 N.B.- O que exceder ao valor da assinatu ra comum considera-se um donativo para a difu são de Catolicismo e para as atividades esta tutárias ela TFP

SERVIÇO DE AfENDIMEN"íO AO ASSINANTE " Telefone: (011) 223-4233 CORRESPONDÊNCIA: Caixa Postal 9159 CEP 01065-970 São Paulo SP

Junho de 1997

Ao lado, cooperadores do pujante setor operário da TFP em visita à Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida.


lE r>

ffémyo liout e emqueo ✓~ tra6aflia~or era i>ígn!fica~o... Plinio Corrêa de Oliveira

reio que seria uma idéia interessante, para uma casa que vende bombons, lançar uma caixa com o formato de uma carruagem [como a que vemos na foto acima], e destinada a guardar chocolates deliciosos. Julgo até que alcançaria grande sucesso. Assim, a respeito dessa carruagem - que mais parece uma bomboniere destinada a conter pessoas, e não bombons - poder-se-ia perguntar: como deveria ser a fisionomia de um homem, que estivesse em seu interior, para estar inteiramente adequada a ela? Poderia ser o perfil de um Carlos Magno? Absolutamente não! Deveria ser, isto sim , a fisionomia de um homem como Luís XV. Isto porque na época de tais carruagens os homens já haviam abandonado a postura heróica, característica da Idade Média, para adotar a atitude cortesã doAncien Régime - época do sorriso, da graça e do charme - que deu origem ao homem-bombom, ao nobre croquant. Na carruagem, os cocheiros - que eram trabalhadores manuais - colocavam-se bem em cima, numa evidência que seria própria a um marechal ou

a um imperador. Mas para isso eles deveriam estar bem ornados, com plumas e tudo o mais, senão desdouravam o ambiente. Convém ressaltar que, no século XVIII, o trabalho manual não era considerado aviltante. Em vista disso, os que o exerciam eram alçados, muitas vezes, a uma situação de destaque, da qual não se tem idéia hoje em dia. Assim, no Ancien Régime o cocheiro não era alguém que se desprezava ou se ignorava. Pel contrário, sua condição foi elevada, pelo sistema político-social então vigente, a um grau de dignidade e re peitabilidade que se manifesta com brilho especial no lugar de destaque por ele ocupado na carruagem. Fato que, a meu ver, o homem de mentalidade revolucionária do século XX não consegue entender. Excertos de comentários do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira para sócios e coopera- . dores da TFP em 9 de março de 1994. Sem revisão do autor. Luís XV



Revolução e Contra-Revolução PuNIO CoRRitA DE OuvErnA

NESTA EDIÇÃO:

2

B. Monarquias protestantes Repúblicas católicas

sível, a um poder público forte e prestigioso, é - por muitas razões - bem menor. A Revolução não encontrou nelas, pois, um sentimento monárquico tão arraigado. Levou os tronos facilmente. Mas até agora não foi suficientemente forte para arrastar a Religião.

Uma objeção que se poderia fazer a nossas teses consistiria em dizer que, se o movimento republicano universal é fruto do espírito protestante, não se compreende co mo no mundo só haj a atualmente um Rei católico, e tantos países C. A austeridade protestante protestantes se conservem monárquicos. A explicação é simples. A Inglaterra, a Hol anda e as naOutra objeção a nosso trabalho poderia vir do fato de que ções nórdicas, por toda uma série de razões hi stóri cas, p. icológicas, etc., são muito afin s com a monarqui a. Penetrando certas seitas protestantes são de uma austeridade que toca as raia do exagero. Como, pois, explicar todo o protestanti smo nelas, a Revolução não conseguiu evitar que o sentimento monárquico "coagulasse". Assim, a rea leza vem sobreviven- por uma ex plosão do desejo de gozar a vida? Ainda aqui , a objeção não é difído obstinadamente nesses países, cil de resolver. Penetrando em certos apesar de neles a Revolução ir peneambientes, a Revolução encontrou trando cada vez mai s a fundo em oumuito vivaz o amor à austeridade. tros campos. "Sobrevivendo" ..., sim, Assim, formou-se um "coágulo ". E, na medida em que morrer aos pouse bem que ela aí tenha conseguido cos pode ser chamado sobreviver. em matéria de orgulho todos os triPois a monarquia inglesa reduzida unfos, não alcançou êxitos iguais em em larguíssima medida a um papel matéria de sensualidade. Em tai s amde aparato, e as demais realezas probientes, goza-se a vida por meio dos testantes transform adas para quase discretos deleites do orgulho, e não todos os efeitos em repúblicas cujo pelas grosseiras delícias da carn e. chefe é vitalício e hereditário, vão Pode até ser que a au steridade, acaagonizando suavemente, e, a contilentada pelo orgulho exacerbado, tenuarem assim as coisas, se extinguinha reagido exageradamente contra rão sem ruído. a sensualidade. Mas essa reação, por Sem negar que outras causas conmai s obstinada qu e seja, é es téril: tribuem para esta sobrevida, queremos, entretanto, pôr em evidência o cedo ou tarde, por inanição ou pela fator - muito importante, ali ás violência, será destroçada pela Revoque se situa no âmbito de nossa exlução. Pois não é de um puritanismo posição. hirto, frio , mumificado, que pode parPelo contrário, nas nações latinas, tir o sopro de vida que regenerará a Rainha Elizabeth li da Inglaterra, no dia de sua o amor a uma di sciplina externa e vi- coroação: monarquia protestante, esplendor católico terra. 2

CATOLI CISMO -

Julho de 1997

HI STÓR IA

Veneza: a República aristocrática que se foi

A marcha da Revolução

Apresentamos abaixo mais um item do capítulo VI de Revolução e Contra-Revolução, de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, intitulado

A marcha da Revolução

REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO

4 5

VIDAS DE SANTOS

COM A PALAVRA ... O DIRETOR

Uma santa que sabia 21 remar contra a corrente

ESCREVEM OS LEITORES INTERNACIONAL

Inglaterra entrega Hong Kong ao comunismo chinês

A PALAVRA DO SACERDOTE

6

18

Benefícios e graças da Medalha Milagrosa

24

A REALIDADE, CONC ISAMENTE

AIDS continua ceifando vidas em São Paulo

DESTAQUE

8

Esquerda vence na França com votos da "direita"

10

NACIONAL

ENTREVISTA

27

Professor de Direito Constitucional fala sobre a reforma do Judiciário

Sem-terra e sem-teto: convulsão social em marcha no Brasil

SANTOS E FESTAS DO MÊS

15

26

30

DISCERN INDO ...

Males que devastam a família em nossos dias

TFPs EM AÇÃO

Amanhã de Nossos Filhos entrega abaixo-

34

assinado na Câmara Federal

16

PÁGINA MARIANA

Lágrimas, milagroso aviso, de Plinio

AMB IENTES, COSTUMES, CIVILIZAÇÕES

Corrêa de Oliveira

Lady Churchill e a Passionaria

36

CAPA: Foto de militante dos se m-terra Foto: Folha Imagem/Antonio Gauderio

CATOLI CISMO -

Julho de 1997

3


Com a palavra... o Diretor -~~i,.,~i

//_:,, :Jr't>\},~0 fll.·>..,';,:\ ' ->,· ':A'/

~ \!,J · , · P

1

1 -

,:

• '

.

" .

' ~.. . :~. ~v

\'f:!JJA,.

Expectativa superada

Amigo Leitor,

·to dos movimentos de

·-

ensar a respe1 ? m brasileiro católico deve ~os sem-terra e sem-teto . O que u s assim chama - d . ·ndicação social como o oduto da articulaçao e rem . . t·ça da miséria, ou_pr a ordem constitmda? Serão eles fruto da iilJu: i m epara desestabilizar . tos organizados, que a ua movimen t ndo subverter a ordem pública, sob Será lícito prom~ver a gitações, ten a texto de justiça soma!?

elidas de forma clara

o pre

erguntas estão respon li ismo cumpre seu Essas e outras imp~"::11;;'! .;'apa. Desta _forma, c~:~cis' não a penas ine sem rodeios : :n;~:::ie e mantém s:!s1:;:';~:,;dos corretam:~~: ';!:~aº comprormsso c . dos acontecimentos, que se encontra n e tém escrito â formados a ~:s:c,:oessa conturbada situaçao em que pensar t

quer o a

gradecer a todos qu . impordência e um

Passando a outro as~~• sobre ela. Tal corres.;~~cebido, com satisfa. ta ' manifestando sua op nto de Catolicismo. Tenh ado por nossa publicarevis tante fator Pª:a o aprimora.me de felicitações pe1o bom nível alcanç - grande numero çao, ção. De f

esescolaboradores seus leitores . . rocura presentear todo~ ~~a:por ato Catolic1smo p . de bom quilate, redigi m modo atraente ' atuais e temas a u aliar a seriedade dos m seu bom gosto, caro com matérias importantes, conscienciosos, que procuram assim o fazem porque conhece esentá-los . Eles !~~:,"e seu espírito exigente. . de nossas maiores alegria.se~ Ed:~~:n~ .g ntes e uma mmtas vez Aliás ter leitores ex 1 e . a sua linguagem, que · mero crescente de seduzir um nu nível dos ' d mídia vulgariz toafs~:~::~~~:o:afia - jumlpg:::~~º:r:i~oO público ªt!;~:é: d~r~~:palmente, m ma ' . . e dos va ote 1 li':1·smo leitores - Cato d osseco termos utilizados e m suas da doutrina catollca · perenes mas '. da e e vaçao dos princip10s da defesa . 1 da desmteressa_ . 'lização crista. res inapreciáveis da civi .

Em Jesus e Maria,

~~-

Paulo Corre~a de Brito Filho Diretor

4

A revista é melhor do que eu pensa va, pois não contém só fatos

Leitura edificante

,et;g;osos, o que toma,;, uma leau,a cansaüva e monótona. A pág;.

na "Com a palavra... o Diretor", excelente.

Pela presente, participo-vos que recebi as revistas que o Sr. me Ilustre Direto,~ insista e persista nas próximas revistas: a perenviou. Para mim são ótimas. Para nós católicos, que vivemos neste diçc'io que as imundícies das novelas causam nos jovens e nos mundo tão afastado de Deus, sua leitura nos edifica e reanima na adultos menos instruídos. Não existe um meio de acabar com fé e nos deveres cristãos, além de nos proporcionar uma leitura muito agradável. Estou satisfeito e muito contente. essa podridão de novelas nas TVs? Todas as mensagens e repor(M.P.O. -Araçatuba-SP) tagens contidas na revista merecem nota 7O. Sempre pensei que nos países do 7g mundo não existissem ladrões e violência como Muito útil para instrução religiosa no nosso rico e enorme País. O que me espantou ao ler: A vio-

lência nas e,co /as fcan cesas, Pe,müa-me, dust,e D;,eto,, parabenizá- /o pela excelente revista e gostaria de saber com o Como católico praticante me proponho afirmar e como assiCônego Vi/fac em A Palavra cio Sacerdote" o por quê das revisnante da revista Catolicismo que estou muito grato e satisfeito por tas e dos livros religiosos onde fa la nos Papas, não os tratam pelo recebê-la. Ela é como um verdadeiro livro de instrução religiosa. nome de batismo e sim Pio IX, Pio X, Pio XI, etc., como por exemTenho muito a esclarecer e instruir os que estão ainda cegos da plo o Papa Pio IX, seu nome de família é Mastai Ferreti, segundo verdade. Pelo que já conheço dos Livros Sagrados, encontrei a Catolicismo de abril/97. Epor que só se conhece por Pio IX? Por mesma verdade na revista Catolicismo, na qual se tira dúvida de que Pio? O que significa? Se for possível, gostaria de saber, creio muita gente que vive engolfada nas ilusões das fa lsas religiões e que outros católicos, também. seitas improvisadas por homens pecadores e gozadores. Rogo a (B.R. - Fortaleza-CE) Deus para que chegue ao conhecimento de muitos Religiosos, a Nota da Redação: Encaminhamos sua ca rta ao Cônego José fim de que sejam firm es e atentos em suas convicções, Epara sair luiz Villac, o qual certamente responderá em A palavra do Sacerdas ilusões e heresias. Ou seja, em lugar de comprar revistas esdote às perguntas feitas em sua missiva. candalosas em praças (públicas] e comprar com o seu próprio dinheiro a condenação, que compre a revista Catolicismo, a revista da salvaçc'io! Clarinada vibrante (M.S.L. - Santos-SP) 11

No meu parecer, Catolicismo é revista que plenamente justifica ao seu ínclito fundado,~ Dr. Plínio Corrêa de Oliveira, de benquista memória, o título de Cruzado do século XX. Com efeito,

v;sando faze, ,espe;t,dos os o;,e;tos de Deus e da Santa tg,e1a Católica, Apostólica, Romana, Catolicismo vem chamando a atenção de seus leitores sobre o arrefecimento da Fé. Freqiientemente pondo em cotejo as práticas religiosas no passado e as atuais, esta

benemé,;t, ,ev,Sta faz nota, a decadéncia, sob >ááos aspectos, da (prática da] Religião na época contemporânea . .... E o mérito indiscutível da presença de um órgão combativo, como Catolicismo, é o de ser qual clarinada vibrante a convocar as pessoas de boa vontade a tomarem consciência de seus deveres, como cristãs, na necessária tarefa de recristianizar o mundo. (P.A. - Buri-SP) "Suma importância"

Sobre o último número recebido, a minha nota é 7O devido a mesma trazer cai as muito interessantes: sobre os milagres pouco conhecidos do Apóstolo do Brasil, o Padre Anchieta, a questão da retirada de 61gãos, que é de suma importância, porque poucos sabem que é homicídio essa retirada sem certeza da morte. Li e reli sobre a procissão de Co1pus Christi e o artigo do Beato Anchieta.

Espe,o ,ecebe, o p,6x;mo núme,o se assün Jesus o pe,m;t;,, po,-

que é de suma importância. (A.N. - Suzano-SP)

Revista proveitosa

Recebi a linda medalha de São Bento, muito útil e protetora. Agradeço muitíssimo! Elogios e muitos elogios fa ço igualmente à revista Catolicismo: útil, proveitosa, espiritual e materialmente. Parabéns! (H.s.c. - Rio de Janeiro-RJ) Coerência

Acabo de receber o número 557 de Catolicismo, edição de maio, e estou maravilhado com a excelente apresentação de nosso velho conhecido, que agora está renovado e remoçado.

F;que; ,ea /mente ;mp,ess;onado náo só com a ap,esentação g,á/;ca, como com o peso de seu conteúdo. Pa,abéns a todos que traba lham para publicarem uma revista tão importante. Gostaria de receber algum material para que pudesse divulgá-la entre meus amigos. Acredito que muitos se tornarão seus assinantes. Que Nossa Senhora de Fátima os abençôe e proteja aju-

<Íando-os nesta á,dua tacefa de pub/;ca,, nos d;as de hoje, uma revistaIgreja. tão coerente com os verdadeiros ensinamentos de nossa Santa (P.A.P.M. - São Lourenço-Me) Nota da Redação: Está seguindo por correio o material pedido. Que Nossa Senhora o recompense ao cêntuplo por essa nobre iniciativa!


/1 ~

Respost~

e

OM agrado escrevo aos meus caros le itores de Catolicismo a lg umas palavras sôb re a Medalha Milagrosa.

S ua hi stó ri a co meça no iníc io do séc ul o passado , e m 1806, quando a Prov idência faz nasc er na Bo rgonha (França) uma menina, que recebe o nome de Catarina Labouré, dest in ada a representa r um grande pape l em seu te mpo e nos sécu los futuros. Aos nove anos Catarina perde sua mãe . C horando muito, sobe e la então em um móve l, onde havia uma imagem de Nossa Senho ra e decla ra ab raça nd o a imagem:

Perg,mta

z _______

Tenho ouvido falar dela, das graças e favores que muitas pessoas recebem quando usam a Medalha Milagrosa. Por isso, gostaria de conhecer sua história, condições para recebê-la e bem usála, a fim de obter os seus beneficios.

lhe traçara, Catarina obteve autorizaç ão para entrar como postulante na casa das F ilhas da Caridade de C hâti ll on-surSeine. Três meses depois, no dia 2 l de abri l de 1830, transpôs pela primeira•vez os umbrais do noviciado das F ilhas da Cari dade, na Rue du Bac, em Paris.

Primeira aparição de Nossa Senhora Em julho do mesmo ano, Catarina vê pela prime ira vez a Ra inh a do Céu e da Terra . Transcrevo a seguir as pa lavras dela, extraídas de seu manuscrito .

Segunda aparição de Nossa Senhora: a Medalha Milagrosa

"Ago ra, vós sereis minha mãe". E Maria Santíss ima, correspondendo a tanto afeto por Ela mesma insp ir ado, tornou-se de modo es pec ia l mãe de Catarina. Aos 23 anos, vitoriosa ante todas as tentativas paternas de afastá- la dos caminhos que Deus

6

"Enfim, às onze e meia da noite, ouvi que me chamavam pelo nome: 'Minha irmã! Minha irmã!' Acordando, corro a cortina e vejo um menino de quatro a cinco anos vestido de branco que me diz: 'Vinde à Capela; a San.tíssima Virgem vos espera' . .... "A li se passou o momento mais doce de minha vida. Serme-ia impossível exprinúr tudo o que senti. Ela disse: .... 'Min.hafilha, o bom Deus quer encarregar-vos de uma missão. Tereis muito que sofi-e,; mas superarei.1· estes sofrim entos pensando que o fare is para a glória do bom Deus . .... Sereis contraditada, mas tereis a graça; não temais . .... Sereis inspirada em vossas orações".

Santa Catarina Labouré

CATOLICISMO -

Q uatro meses hav iam transcorrido desde a prim e ira apar ição de Nossa Se nh ora, q ue d e ixara e m Santa Catarina profund as sa udad es e um ime nso desejo de rever a Mãe de Deus. E is como, em seus manuscritos, a pró-

Julho de 1997

CôNEGO JOSÉ

Luiz VILLAC

pri a noviça das Fi lh as da Carid ade narra a segu nda apari ção:

"No dia 27 de novembro de 1830 .... vi a Santíssima Virgern, de estatura média, estava de pé, trajando um vestido de seda branco-aurora f eito à maneira que se chama à la Vie rge, C!f'ogado, mangas lisas, com um véu branco que Lhe cobria a cabeça e descia de cada lado até embaixo. Sob o véu, vi os cabelos lisos repartidos ao meio e por cima uma renda de mais ou rn.enos três centímetros de altu ra, sem. ji-anzido, isto é, apoiada ligeiramente sobre os cabelos. O rosto bafante descoberto, os pés apoiados sobre meia esfera, e tendo nas mãos uma e.1:fera de ouro, que representava o Globo. Ela tinha as mãos elevadas à altura doestômago de uma maneira muito natural, e os olhos elevados para o Céu ... Aqui seu rosto e ra magnUicam.ent e be lo. Eu não saberia descrevê- lo ... E depois, de repente, percebi nesses dedos anéis revestidos de pedras, umas mais belas que as outras, umas maiores e outras menores, que lançavam raios cada qual mais belo que os outros. Partiam das pedras maiores os ma is belos raios, sempre alargando para baixo, o que enchia toda a parte de baixo. Eu não via mais os seus pés ... Nesse momento em que es tava a con tem plá-La, a San tí.ssima Virgem baixou os olhos,.fitando-me. Uma Voz se

Mas o co nfesso r fe z ouvir; di zendo-me de Santa Catarina, Pe. estas palavras: - 'A e.1:fe ra que A ladel, a quem e la tudo relata, mostra-se vedes repres enta o frio e incrédul o, conmundo inteiro, partisiderando-a sonh adocularmente a França ... ra, visionária, alu c ie cada pessoa em particular. .. · nad a. "Aqui eu não sei exPor fim, depois de consu ltar o Arcebispo primir o que senti e o de Paris, que o encoraque vi, a beleza e o fulja a levar adi ante o emgOJ; os raios tão belos... preendimento, o Pe. - 'É o símbolo das A ladel encomenda, em graças que derramo 1832, as primeiras sobre as pessoas que 20.000 medalhas. mas pedem', fa zendome compreender quanMedalha Milagrosa: to é agradável rezar à primeiros prodígios Santíssima Virgem e Aparição de Nossa Senhora a Santa Catarina Labouré quanto Ela é generosa para com as pessoas que a Ela É com o mesmo vestido cor As Medalhas Milagrosas ini c iaram se u esp le nd oroso de aurora e com o mesmo véu rezam, quantas graças concecortejo de mil ag res durante a de às pessoas que Lhas rogam, que a Virgem Maria se faz ver, epidemia de cólera hav ida na que alegria Ela sente concesegurando novamente um g lobo de ouro enc imado por uma França naq ue le mesmo ano . dendo -as ... Nesse momento Seguem um exemplo de milafo rmou-se um quadro em torpequena cruz. g re na ordem da nat ureza e no da Santíssima Virgem, um Dos mesmos anéis ornados outro na ordem da graça, ou esde pedras preciosas j orra, com pouco oval, onde havia no alto piritual, ambos bastante sig ni intensidades diversas, a mesestas palavras: 'Ó Maria conficativos: cebida sem pecado, rogai por ma luz: * Na diocese de Meaux, nós que recorremos a Vós', es"Dizer-vos o que senti e uma senhora ating ida pela critas em letras de ouro . ... . Entudo quanto compreendi no mocólera, já desenganada, mento em que a Santíssima Virtão, uma voz se fe z ouvú; que e às vésperas de dar me disse: 'Fazei,fazei cunhar gem oferecia o Globo a Nosso uma medalha com este modeSenhor é impossível de exprimú: à luz, recebe uma Medalh a Mila lo. Todas as pessoas que a usa"Com.o estivesse ocupada em contemplar a Santíssima grosa: nasce uma rem receberão grandes graças, bela e sa ud áve l trazendo-a ao pescoço. As graVirg em, uma voz se f ez ouvir no .fitndo de meu coração: criança, e sua mãe 'Estes ças serão abundantes para as vê-se total me nte pessoas que a usarem com raios são símbolo das graças que a Santíssima Virgem obtém curada. confiança ... ' "Nesse instante, o quadro para as pessoas que Lhas pe* Prestes a falecer, me pareceu se volta,; onde vi dem '. Essas linhas devem ser um militar de A lençon respond ia com blasfêmias e insulo reverso da medalha. Preocucolocadas como legenda em.pada em saber o que era pretos a todos os incitamentos à baixo da Santíssima Virgem. "Estava eu cheia de bons conversão que lhe dirigiam o ciso pôr do lado reverso da capelão e as relig iosas: medalha, após muitas orações, sentimentos, quando tudo de"O vosso Deus não gosta sapareceu com.o algo que se um dia, na meditação, pare. ', apaga; e eu fique i repleta de dosfranceses: dizeis que Ele é ceu-m.e ouvtr uma voz que me alegria e consolação". bom e me ama, mas se assim dizia: 'OM e os dois Corações Encerrava-se ass im o c i- fosse como deixar-me-ia soji-er dizem o suficiente'". c lo das aparições da Sa ntís- ' deste modo ? Não preciso de vossos conselhos, nem de voss im a Virgem a Santa CataTerceira aparição de sos sermões" . Nossa Senhora rina, que recebe no entanto um a conso ladora mensagem: Poucos dias depois, em dezembro de 1830, a Santíssima Virgem visita Catarina pela terceira e última vez.

"Minha filha, doravante não mais me vereis, porém ouvireis minha voz durant e vossas orações". CATOLIC ISMO -

À medida que se aproximava a morte, multiplicavam-se as imprecações. Q uando ning uém mais esperava sua conversão, seis dias depois de uma

Julho de 1997

fre ira have r prendido ao le ito, sem que e le o percebesse, um a Medalha Milagrosa, o militar declara: "Não quero morrer no

estado em que me encontro; peçam ao padre que faça o fa vor de ouvir-me em cm~fissão". E em me io a terríveis tormentos, morre com serenid ade afirm ando : "O que me cau-

sa pesar é haver amado tão tarde, e não amar m.uito mais". Esses fa tos nos e nsin a m que a Medalh a deve ser usada não so mente para ped ir benefícios de ordem material, mas principalmente para pedir graças de conve rsão, de sa ntifi cação própria ou de outras pessoas, mud anças de comportamento, abandono de vícios e de s itu ações pecaminosas , etc, enfim tudo aq uilo que parece difíci 1, e até quase impossíve l, mas que pode ser a lcançado pelo recurso ao poder da Virgem, através do uso devoto, humilde e confiante de Sua Milagrosa Medalha.

Foto mortuária de Santa Catarina Labouré, cujo corpo está incorrupto

E a oração que E la certamente recebe com muito agrado, fe ita por aqueles que trazem consigo esta medalha de tantas g raças, é a jaculatória ne la gravada, e que Nossa Senhora mes ma se dignou ens inar-nos, para que a rezemos muitas vezes ao dia: "Ó Maria Concebida Sem Pecado, Rogai Por Nós Q ue O Recorremos A Vós! " 7


Uma vitória sem entusiasmo

No momento em que o presente artigo está sendo redigido, forma-se o novo gabinete e se dá como certo que haverá um governo "plural". Ou seja, com mini stros socialistas, comunistas e ecologistas ... O novo primeiro min istro Lionel Josp in mostra-se cauteloso e pouco triunfa li sta. O tom de prudência é geral entre os dirigentes sociali stas. Qual a razão dessa cautela? No importante jornal de Milão "Corriere della Sera"

Vermelhos, róseos e verdes viram-se obrigados a compor uma frente única, com tintas conservadoras, para conseguir derrotar um eleitorado majoritariamente antiesquerdista

N

O DIA 21 de abri l p.p. o Pres id ente Jacques C hi rac an unciou, inesperadamente, a dissolução da Assembléia Nacional e a convocação de eleições antecipadas. Po is, segundo o calend ário, as novas eleições legislativas deveriam realizar-se em 1998. O motivo dessa antecipação nunca ficou bem esclarecido. Mas é de se supor que ela se deve às medidas impopulares que o Governo seria obrigado a tornar nos próximos meses, em virtude das imposições do Tratado de Maastricht. Corno tais medidas poderiam acarretar, nas eleições de 1988, a derrota dos partidos que o apoiam, Chi rac teria preferido antecipar o pleito. "O anúncio dessa disso lução [da Assembléia] - cornen ta a art ic uli sta Anne F uld a, do jornal parisiense "Le Figaro" - nun ca foi compreendido pela opinião pública: por que convocar eleições antecipadas quando se tem uma maioria esmagadora ? Por que, antes do fim da batalha, [Chirac] sacrificou seu Primeiro Ministro ? Isto não dava sinal de debilidade e desmoralizava seus eleitores? Por que só no úl8

timo momento apelou aos 'pesos pesados' de sua maioria? Por que ele, que possui uma notável sensibilidade política, enganou-se a tal ponto?" (1) A todos esses erros é preciso acrescentar outro não menos grave: o de nunca haver sido feito um ba lanço público dos desastrados 14 anos do Governo soc ialista de Mitterrand. Porém, ne sse confuso quadro há um dado, pouco realçado pela mídi a, que lança alg um a lu z sobre o desconcertante resultado do pleito. O programa dos oci ali stas incluía medidas contra a implantação do "euro", a moeda única e uropé ia, e contra certas imposições do Mercado Comum E uropeu, nocivas principalmente aos produtores franceses. O eleitorado que votou nos ca ndidatos de esq uerda, em parte, era conservador. Ele não e tava solidário com posições sociali stas, mas desejava sobretudo impedir as conseqüências desastrosas do Tratado de Maastricht e defender os interesses nacionais. Ali ás, já por ocas ião do plebisc ito reali zado no país em setembro de 1992 a proCATOLICISMO -

encontramos uma elucidativa observação: "A grande esperança de um 'socialismo à francesa' havia acabado há mais de l 5 anos atrás, entre os anos de 1981 e 1983" (3). Recorde-se que exatamente a partir de dezembro de 1981 foi difundido, em 49 países dos cinco continentes, o manifesto O socia lismo autogestionário em vista do comunismo: barreira ou cabeça de ponte?, de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira . Esse trabalho, que constitu i ampla exposição e análise crítica do programa autogestionário do então recém-eleito Mitterrand, atin-

giu a tiragem total de 33,5 milhões de exe mplares. E nunca foi refutado. A denúncia mundial contra o socialismo autogestionário foi de tal porte que o Partido Socialista francês, em dezembro de 1991, em seu programa Novos Horizontes afirmava: "Já não se trata, como ocorria no que concerne à antiquada autogestão (sic!), de eliminar os empresários para substituí-los por dirigentes designados pelo Estado ou e feitos pela base. .... O socialismo reivindica e quer outra organização do Planeta, mas esta deverá desenvolver-se no contexto de

um capitalismo mundializado" (4). É compreensíve l, pois, o pouco entusiasmo que tal vitória - na medida em que essa palavra aqui tenha cabimento - despertou nos desesperançados socialistas D franceses. Notas: 1) "Le Figaro" , Pa ri s, 2-6-97. 2) Vide Catolicismo de novembro ele 1992. 3) "Corriere de lia Sera", Milão, 36-97. 4) C f'r. Michc l Charzat, U1111ouvel horizon, pp. 96 e 97. O leitor encontrará um breve retrospecto cio fracasso do socia lismo autogestion ário fran cês em Catolicismo nº 550, outubro ele 1996, pp. 23 e 24.

Lionel Jospin (primeira fila, segundo da esquerda para a direita) com a nova geração socialista

pósito do referido Tratado, a TFP francesa, em memorável manifesto, denunciou destemidamente os absurdos de toda sorte que continham seu texto (2) . O eleitorado em sua maioria é conservador

Regi tram os comentaristas que a maioria do eleitorado é de direita. Tanto no primeiro turno como no segund o - se se sornam os e leitores dos partidos RPR, UDF, diversos de direita e os da extrema direita - temos uma maioria conservadora de 60%. E se acrescentamos a essa cifra a abstenção ele itoral - grande em ambos os turnos, porém maior no primeiro - tal maiori a é esmagadora. No seg undo turno, todos os votos de esq uerda e de extrema-esquerda somados atingiram a cifra de

Julho de 1997

12.3 87.262. Enquanto os de direita e extrema-direita tota lizaram 13.227.455. A abstenção - que no primeiro turno chegou a 32%, verdadeiro recorde para a V República - não deixou de ser sign ificativa: 28%. E m face desses dados, como foi possível então uma vitória das esquerdas? Além do reforço conservador que receberam os partidos de esquerda pelas razões acima apontadas, e do elevado grau de abstenção majoritariamente do eleitorado conservdor - , co nvém ressaltar outro aspecto. No atual sistema eleitoral francês, os partidos que se apresentam coli gados, a exemplo da frente única esq uerdista, levam grande vantagem sobre forças políticas desunidas, como ocorreu com adireita clássica e a extrema-direita, que fracassaram no recente pleito.

Lutero: ''este apóstata, primeiro precursor do Anticristo'' Do Compêndio de História Eclesiástica, de autoria do grande Fundador dos Salesianos, São João Basco (1815-1888): "Lutero foi o primeiro a levantar a bandeira da rebelião contra a fé católica, e foi o principal autor dos males que amarguraram a Igreja neste tempo. Com seu sistema perverso de submeter a palavra de Deus ao exame e juízo de cada um, causou mais dano à religião católica do que todos os hereges da idade passada. De maneira que, com justiça, se pode chamar este apóstata, o primeiro precursor do Anticristo . .... Oprimir aos outros com calúnias e tiranias, ridicularizar e desprezar as coisas mais augustas e santas; soberba, desre gramento, ambição, petulância, cinismo grosseiro e brutal, crápula, intem-

perança, desonestidade, eis os dotes característicos deste corifeu do protestantismo . .... "Teve desgraçadamente muitos sectários, que, sob o nome de protestantes, tomaram armas e devastaram todas as regiões onde lhes foi dado penetrar. Levavam escritos em seus estandartes: Antes turcos que papistas. [Lutero] Ao pensar algumas vezes nos grandes males que causava a nova reforma exclamava [de si para consigo]: 'Só tu serás douto? Todos os que te precederam enganaram-se? Tantos séculos têm ignorado o que tu sabes? Que acontecerá se te enganas e arrastas contigo a tantos para a condenação?' Eram estes os gritos de sua consciência que, a seu pesar, protestava contra suas impiedades. Contudo não bastavam para fazê-lo voltar ao bom caminho" (op. cit., Livraria Salesiana Editora, São Paulo, 1946, pp. 183-185).

São João Bosco CATOLICISMO -

Julho de 1997

9


I )(

J

NAC,~ ~L

Líderes dos movimentos sem-terra e

sem-teto unidos para desestabilizar o País? Se as autoridades e as elites não atuarem com urgência, a situação poderá tornar-se irreversível

Frases que falam • Gilmar Mauro, líder do MST: [O assassinato de um segurança de fazenda no Paraná é] "um recado para fazendeiros do País todo. É lamentável a perda de Lima vida humana, mas isso mostra que a situação é de difícil con-trole para nós. Eles [os fazendeiros] que não queiram abusa!'' ("Folha de S. Paulo", 6-5-97). • Adernar Luiz Machado, líder dos Sem-Terra [urbanos] do ABC : "Defendemos a reforma urbana e eles [o MSTJ a reforma agrária, mas a nossa luta é a mesméi' ("Folha de S. Paulo", 215-97). • João Pedro Stédile, líder do MST: Os desempregados urbanos devem "ocupar os supermercados para garantir um direito que está na bíblia, o de que todo homem pode comer' ("O Estado de S. Paulo", 23-5-97). • Fernando Henrique Cardoso: "A sociedade brasileira exige um basta a este clima de badernéi' ("O Estado de S. Paulo", 23-5-97). • Cardeal D. Lucas Moreira Neves, Presidente da CNBB: "Nós julgamos que a ação do MST representa os anseios do povo na questão da Reforma Agrária, mas não podemos acompanhar o MST quando se fala de invasões de terras ou de outros métodos' ("Folha de S. Paulo", 24-5-97). • João Pedro Stédile: "Tenho certeza de que temos o apoio da ampla maioria do Episcopado e do clero .... o MST tem suas origens no trabalho pastoral da terra' ("Folha de S. Paulo", 245-97). • José Rainha Júnior, principal líder do MST no Pontal do Paranapanema: conclamou os 4.000 cadastrados a juntar forças para "tomar estas terras dos fazendeiros, uma por uma, e fazer a maior reforma agrária já vista no País' ("O Estado de S. Paulo", 1-6-97).

10

O que a TFP denunciou ontem, autoridades reconhecem hoje

Refo rma acampamentos: Agrária seme ia assentamentos. Assen.!ados colhem miséria e deso lação.

Desde o fim do ano ante ri or, o Governo conseguiu ap rovar urna série de le is apontadas como necessárias para a aplicação da Reforma Agrária: o Rito Sumário, a intervenção do Mini stério Púb li co nos processos judic iais de re integração de posse das terras invadidas, uma taxação confiscatória

F icou assim desfeito o mito de que a Reforma Agrária daria a tão so nhada propriedade agrícola para milhares de famíli as, tirando-as da situ ação de miséri a em que, segundo a esquerda, vive riam 32 milh ões de brasile iros . A própri a Co nfederação Na c io na l d a Agricultura

No dia 6 de junho p.p., um últimos dez. anos, entre lodos que foram assentados, nenhum grupo de trezentos se m-terra se tomou produ.lor independen- invad iu e montou barracas no te do Governo" (Declaração à engenho Camarazal, muni cíRádio G uaíba de Porto Al egre

26-4-97) .

"A sociedade brasileira exige um basta a esse clima de baderna"

PLINIO VIDIGAL XAVIER DA SILVEIRA ~' 1

O

saudoso prof. Plínio Corrêa de Oliveira , fundador da TFP, j á em l 98 1 previa qu e à Reforma Agrári a se sucederi a a Reforma Urbana. Ao co mentar o IPT (Igreja e Problemas da Terra , documento aprovado pe la 18ª Assemb lé ia Gera l da CNBB, em 1980), afirmava: "'Fragmentarista ' con victo, o I PT não se contenla, aliás, com reduzir a estrutura rural brasileira a um.a galáxia de mini-propriedades. Ele m.anifesla ern.penho em allerar também 'o regime de propriedade urbana"' (Sou Católico. Posso ser contra a Reforma Agrária?, Plini o Corrêa de O liveira, Editora Ve ra C ru z, 198 1 p. 43). Naque la época, ta lvez não pou cos tenham visto, estrabica mc ntc, cm ta is palavras um fl agra nte cxagcr não ju stifi cado pe la rea lidade.

No e ntanto, l6 anos depois , no fin al do prime iro semestre do corrente ano, o agravamento do quadro político-soc ial cio País mostra o quanto essas palavras proféti cas retratam o que se passa, hoje, no Brasil , na incessante luta que, e m defesa dos chamados "direi/os sociais", se vem move ndo em detrimento do sagrado princípio de propriedade privada. As provocantes declarações de líderes do MST, a retomada de invasões urbanas em São Pau lo, as desordens promovidas pelas esquerdas contra a pri vati zação da Companhi a Yale do Rio Doce e uma séri e de greves e d istúrbios provocados por agitadores, levara m o País a um grau ele tensão que há tempos não se vi a. Para ana li sar a gravidade da situação a que se chegou, cumpre fazer um breve retrospecto de alguns fatos que marcaram estes primeiros meses do corrente ano.

Manifestação dos sem-terra no Pátio do Colégio, na capital paulista. A agitação do campo tende a se alastrar para a cidade

--~ '

,

CATOLICISMO -

Julho de 1997

Manifestação dos sem terra em Ribeirão Preto (SP). O esquálido aproveita a ocasião para ressurgir das cinzas

do JTR sobre as terras ditas im -

produtivas, etc. E m determinados setores da o pini ão pública havia o mito de que, distribuindo um pedaço de terra a todos os sernterra, estari a resolvido um grave problema social no campo. A CNBB , a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e urna séri e ele outras entidades representativas de setores signifi cativos da sociedade, faziam eco ao noti ciário te ndenc ioso de determin ados órgãos de imprensa nesse sentido. A rea lidade, e ntretanto, es tá desme ntindo esse mito. O fracasso da Reforma Agrária se tornou um óbvio ululante. A TFP o demonstrou em um documentado livro- reportagem, com 100 mil exemplares j á difundidos, mostrando a last imável situação dos

(CNA), que tantas vezes se manifestou favorável à Reforma Agrária, reali zou uma pesqui sa que confirmou os péssimos resultados o btidos nos assentamentos. O insuspeito presidente do [ncra, Nestor Fetter, declarou:

A temperatura no campo fo i se tornando cada vez mai s e levada. O bárbaro assassi nato do adm ini strador de uma fa zenda e m Tarnarana (PR) mostrou até que ponto a s i tu ação se agrava ra. A esse res peito, G ilmar Mauro, líde r do MST, teve a desfaçatez de afirmar que é " urn recado para

pio de Nazaré da Mata (Pernambuco). Dias depois , a lguns ho mens armados de revólveres e espingardas investiram sobre o aca mpamento atirando contra os posseiros. Seis pessoas foram feridas ("O Estado de S. Paulo", 9-6-97). Em resumo, mai s uma vez, a Reforma Agrária se mostrou inviáve l, ficando claro que sua ap li cação lan çará o País em urn a convul são soc ia l. A certa a ltura dos aco ntec im e ntos, o Preside nte Fe rnando Henrique Cardoso desabafou , em sole ne cerimônia de posse de novos ministros : "As

invasões repetidas de prédios públicos e de propriedades fa zendeiros do País parliculares são ações coordetodo. É lam.entável a nadas com obj etivos políticos perda de uma vida que constituem. abusos antihumana, mas iss o democráticos. Vêm-se amiumostra que a silu.ação dando incitamentos a desoré de difícil con.lrole dens, inclusive por parle de lipara nós. Eles [osfa- deranças nacionais de alguns z.endeiros] qu e não movimentos que suscitariam PCB simpalia da sociedade, nãofosqueiram abusar". Do lado dos pro- se sua agora óbvia vinculação prietários rurai s foi caracterís- polílico-seclária ... A sociedade tica a indi gnada reação do Sr. brasileira exige um bas/a a este Man oel Campinh a Garcia C id , clima de baderna" ("O Estado presidente da Sociedade Rural de S. Pau lo", 23-5-97).

" Hoj e temos 1.600 assenlamenlos que não conseguem ser ema n c ip ados por falta de i11f'ra-eslru1ura e trabalhamos com umafaveliz.ação rural na maioria dos casos". E ac rescento u: " Hoj e o Incra trabalha deforma negati va: invade, desapropria e assenla" ("O Estado de S. Paulo", l 7-5-97). O P res id e nte Fe rn a nd o Henrique Ca rd oso, que tem como um a elas principai s metas de seu governo a reali zação da Reforma Agrária, reconheceu recentemente que "nos

CATOLICISMO -

cio Paraná, em e ntrevi sta a do is ca na is el e TV e m Lo ndrin a:

"Nós, fa z.endeiro.1· do Paraná, daqui pra frente , haveremos de tirar, co m noss as próprias mãos, os in vasores de nossas /erras" ("O Estado do Paraná", l 7-5-97) .

Com essas palavras, o Preside nte da República parece encerrar a desastrosa política de contemporização com as ilega is inv asões de terra promovidas pe lo MST, a qual vem sendo adotada por todos os úl timos governos, receiosos de

João Paulo li condena as invasões Em audiência a Bispos paulistas, em 21 de março de 1995, João Paulo 11 declarou: '~ Igreja não pode estimular, inspirar ou apoiar as iniciativas ou movimentos de ocupação de terra, quer por invasões pelo uso da força , quer pela penetração sorrateira das propriedades agrícolas" ( "Acta Apostolicae Sedis", 10-11-95).

Julho de 1997

11


Esperança frustrada: o apoio de João Paulo li

reprimir os chamados

movimentos sociais.

Stédile responsabiliza o Clero Também o Cardeal D. Lucas Moreira Neves, preocupado com a situ ação que a CNBB aj udou a criar, sem nega r se u agro-reformismo, se manifestou:

"Nós julgamos que a ação do MST representa os anseios do povo (sic) na questão da RePadres e religiosos participam da passeata em favor dos sem-terra em Brasília. Para isso é útil a batina abolida nas paróquias? forma Ag rá ria, mas não podemos acompalas, de mais de mi/famílias de Uma ampla cobertura feita nhar o MST quando se fala de trabalhadores" ("O Estado de por determ in ados ó rgãos de invasões de terras ou de ou- S. Paulo" , 31-5-97). imprensa procurava dar a imtros métodos" ("Fo lh a de S. José Rain ha foi ainda mais Pau lo", 24-5-97). João Paulo II j á hav ia advertido, nesse sentido, o episcopado brasileiro (v ide quadro no fim da página anterior). O ex-seminarista e líder do MST, João Pedro Stédi le, respondendo a Sua E minê ncia, declarou: "O Episcopado, que é ligado à pastoral da terra e

do operário, tem sido nosso aliado em nossas posições e em nossas lutas ... Antes mesmo de nós, o Clero organizou os pobres do campo e da cidade" ("Folha de S. Paulo", 245-97). Por s ua vez, d . Orlando Dotti, Bispo de Vacaria (RS) e pres idente da CPT (Comissão Pastoral da Terra), saiu e m defesa de Stédile, seu primo, afirmando que "as declarações de

Stédileforamfeitas mais como uma forma de pressão, para demonstrar que há coisas erradas" ("O Estado de S. Paulo", 26-5-97). Reafirmando a di sposição do MST de não recuar e m seu objetivo da conqui sta do poder, Gilmar Mauro ameaçou: "Se

não houver avanços vamos dar início a um novo período de luta massiva que deve incluir g randes ocupações, com a mobilização em cada uma de-

12

longe ao falar em juntar forças para "!oma r estas terras dos

fa zendeiros, urna por uma, e fa zer a maior reforma agrária j á vista no País".

A fracassada marcha a Brasília Durante 60 dias, de 17 de fevereiro a 17 de abri 1, três pequenos grupos de sem-terra real izara m um a marc ha de 1.000 km a Brasília, a partir de Rondonópolis (MT), São Pau lo (SP) e Governador Valadares (MG). Chegando à Cap ital federal, a eles se incorporaram eleme ntos da UNE, CPT, CUT, PC do B, PT, PPS , os descontentes com a privatização da Vale do Rio Doce, desempregados, religiosos progressistas, po líticos de esquerda, arti stas, ho mossexuais, etc. Assim mesmo, não chegaram a 15 mil manifestantes, os quais se dispersaram com uma chuva inoportuna na hora em que fo i celebrado um ato ecumênico em frente ao Palácio do Planalto, que se ri a o ponto áp ice do show. Pouco ma is de l .000 pessoas permaneceram no loca l. ,

CATOLICISMO

pressão de que a marcha teria sido um estro ndoso sucesso, mostrando ao Governo e à população que se tratava de um movimento vitorioso. A TFP a acompanhou em muitos dos seus lances, conversando com os que marchavam e sobretudo com o público das c idades o u lu garejos que se encontravam no caminho dos andari lhos. O fraca sso da marcha, para desilusão dos agro-reformistas, ficou clara mente mostrado na reportagem que a TFP publi cou arespeito e cli fundiu largamente nas exposições rurais de Uberaba (MG) e Goiânia (GO), e aos leitores do "Informativo Rural" (v ide quadro aba ixo).

Os agro- reformi stas j á ti nham sofrido uma prime ira desilusão quando, porocasião da vis ita do Presidente Fernando Henrique Cardoso a João Paulo II, em março, o Santo Padre não deu à Reforma Agrária o apoio por eles esperado. A carta de uma le itora de Jundi aí, publicada no "Info rmativo Rural" de abril último, indica muito bem o receio do que poderia acontecer nessa audi ência:

"Fiqu ei impress ionada com a carta que a TFP mandou ao Papa antes da audiência com o nosso Presidente da República e do efeito que ela teve ... Esse esclarec imento prestado ao Papa sobre essa reforma ( ! ?) agrária que se está querendo.fazer no País é fundamental... o Santo Padre foi mui/o comedido. Escreveu que Reforma agrária só den/ro da lei. .. Imaginou se o San/o Padre, mal iriformado, tivesse dado ouvidos aos padres progressislas ? Ninguém mais segurava a revolução social, no Brasil" ("Info rmativo Rural" nº 43, abril de 1997).

O apoio dos meios de comunicação e do Clero progressista A espec ia l e tendenciosa cobertura dada à marcha dos

A verdadeira situação dos assentamentos? A marcha a Brasília? Evite a desinformação! As reportagens feitas pela TFP - "Reforma Agrária semeia assentamentos. Assentados colhem miséria e desolação" e "Toda a verdade sobre a marcha dos sem-terra" estão à disposição de nossos leitores. Os pedidos podem ser feitos à TFP, Rua Dr. Martinica Prado, 271, São Paulo/SP - CEP 01224-01 O- Tel. (011) 825-9977 - Fax (011) 862-0464.

-Julho de 1997

Duas poesias precursoras e incendiárias

fv

O espírito com que foi difundido o agro-reformismo na década de 60, bem se exprime na seguinte poesia de Vinícius de Morais, transcrita com realce no fam igerado semanário católico "Brasi l, Urgente", dirigido por Frei Carlos Josaphat, O.P., em 12-5-63: "Senhores barões da terra Preparai vossa mortalha Porque desfrutais da terra E a terra é de quem trabalha. Bem como os frutos que encerra

sem-terra à Brasil ia por alguns ó rgãos de com unicação soc ial, be m como a novela O Rei do Gado, parec iam ter em vi sta criar um clima favoráve l aos sem-terra e à Reforma Agrária junto ao público da cidade. A isso se soma o apoio que o C lero progress ista vem, de longa data, dando à Reforma

da desco nhec idas, um a sé rie de movimentos visando promover invasões urbanas em todo o País. A "Folha de S . Pau lo" publicou em destaque a organização dos sem-teto e m São Pau lo (v ide quadro na pág ina segui nte). E m São Paulo, por exemplo, as invasões e ocupações de prédios e áreas públicas, inici -

_ _,.__..J.

[. .. ] Chegado é o tempo da guerra Não há santo que vos valha. [. .. ] Queremos que a terra possa Ser tão nossa quanto vossa Porque a terra não tem dono, Senhores Donos da terra. [. .. ] Não a.foice contra espada. Não o fogo contra a pedra Não o fuzil contra a enxada: - Granada contra granada! - Metralha contra metralha!

É a nossa guerra sagrada A nossa guerra não falha".

*

*

*

Por sua vez, D. Pedro Casaldáliga, Bispo de São Félix do Araguaia (MT), em seu livro Tierra nuestra, Libertad (1974), assim cantava: "Malditas sejam todas as cercas! Ma/dilas todas as propriedades privadas que nos privam de viver e de amar! Malditas sejam todas as leis, compostas habilmente por umas poucas mãos para amparar cercas e bois e tornar escrava a Terra E escravos os humaD. Pedro Casaldáliga nos!" (Cfr. A Igreja anle a escalada da ameaça comunista. Apelo aos bispos silenciosos, Plínio Corrêa de Oliveira, Editora Vera Cruz, l976, pp. 13 e 58).

CATOLICISMO -

Agrária no Brasi l (vicie quadro ao lado) . Mai s recente mente, no fim do ano passado , o Conse lh o Permanente da C NBB publi cou um inexplicáve l ape lo ao Congresso Nac iona l, ped indo a aprovação urgente dos projetos de le i do R ito Sum ário, das Liminares e do ITR!

Nova ameaça: as invasões urbanas Va i ga nh ando corpo a ·uni ão dos sem-terra co m os sem-teto, como uma nova ameaça que se destaca no contexto nac iona l. Além dos invaso res de terras, j á di sseminados pelo vasto te rritório pátrio, vemos surg ir agora, com proporções ain-

Julho de 1997

adas na década de 80 e arrefecendo mais tarde, recrudesceram nos meses de abril e maio deste ano. Após a invasão de casas do Governo es tadu a l, na reg ião central da c idade, ocorreu e m inícios de maio uma ocupação e m massa de três prédios da Companhia de Desenvolvime nto Habitac iona l Urbano (CDHU) no bairro operário de Sapopemba. A Polícia Militar, chamada para executar a reintegração de posse, fo i recebida vio lentamente pelos invasores, três dos quai s morreram ao e nfrentar as fo rças da lei, havendo dezenas de feridos em ambos os lados. Surg iram vários indíc ios de que pelo menos um dos mortos teria sido vítim a dos próprios invasores. 13


DISCERNINDO, DISTI.

Curiosamente, determinados órgãos da mídia esquerd ista, de repente, passaram a dar menos destaque ao grave acontecimento. Espera-se que o in.. ~ quento apure exatamente o que ocorreu.

O demônio na família Os homens colhem agora amargos frutos por terem acreditado nas promessas do Pai da mentira quanto a uma pretensa liberdade e a uma falsa felicidade no campo da moral familiar

Sem-terra e sem-teto querem desestabilizar o Brasil?

A colaboração entre os dois movimentos fica evidente nas dec larações dos líderes cios sem-terra, João Pedro Stéd ile, e dos sem-teto, Ademar Lu iz Machado, já apresentadas no quadro da p. 10, mas que convém recapitu lar: * Os desempregados urbanos devem "ocupar os supermercados para garantir um direito que está na bíblia, o de que todo homem pode comer"

C. A.

U Stédile forma líderes do MST sob a inspiração de Marx e Che Guevara

(Stédile - "O Estado de S. Paulo", 23-5-97)

A organizàçãcil~J>s:!~em-t~to'.' em.S.Paulo

CMP Central de Movimentos Populares Éa que congrega 39 líderes das cinco moradores de cortiços, movimentos reg1óes do Brasil. Representa nao por saúde, educação e de minorias. Foi apenas os sern-teto, mas também os fundada em 93 ejá está em 20 Estados

UMM

ULCe Fórum

Pastoral da Moradia

União dos Movimentos de Moradia ~ a principal assOCldÇ.io paulista. Reúne cerca de 40 grupos diferentes de sem-teto em Sao Paulo. Seus líderes afirmam que a uniao representa cerca de 80 mil familias em S,1O Paulo. Os grupos começaram a se organizar no início dos anos 80, quando a entidade foi fundada. Ajudou na construção de 20 mil casas (em esquema de mutirão)

Fórnrn dos Cortiços e Unificação das Lutas de Cortiços As duas entidades representam cerca de 3 milhóPs de ncort1çados na cídadf de Sáo Paulo. O Fórum, responsável pela ocup~ção do casar~o que foi de Santos Dumont, conta com 2.500 familias filiadas, atua em nove bairros. A ULC congrega 2.300 familias, atua em oito bairros, e Já organizou dois mutirões

Presta assessorid jurídica e exerce uma espécie de vigilancia sobre os crimes de direitos humanos contra sem teto. A entidade também intermedeia negociaçoes entre sem tNo e poder público, com apoio da Arquidiocese de Sao Paulo

O quadro acima foi publicado no suplemento "São Paulo", p. 6, da "Folha de S. Paulo" de 22-5-97

14

O, CLASSIFICANDO ...

,

CATOLICISMO -

* "Defendemos a reforma urbana e eles [ o MSTJ a reforma agrária, mas a nossa luta é a mesma" (Adernar Luiz Machado - "Folha de S. Paulo", 2 l-5-97). Para onde o País está sendo conduzido? Não seria absurdo afirmar que o Brasil está em vias de um proccs o de desestabilização dos mais graves. A ação da CUT, CPT, OAB, PC do B, PT, UNE e do PPS (cx -PCB), com apoio ele alguns grupos adversári os das privatizações, criou cm nossa Pátria um clima de i nscgurança genera lizada. Cumpre, com urgência , evitar que a situação degenere. Com palavras do inesquecível Prof Plínio Corrêa de Oliveira, no livro-de nún cia que pub licou contra as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) em 1982, encerramos o prese nte artigo: "A TFP não reclama para si proeminências, nem lideranças. Ela reconhece de público que, nessa ba1alha, ela não deve ser senão uma das componen tes do grande

Julho de 1997

front anti-socialista e anticomunista a se organizar". E co nclui o insigne líder cató lico com um apelo "a Nossa Senhora de Fátima, a qual já em 191 7 alertou o inundo para o perigo do comunismo, que ajude nossas classes dirigentes a saírem do seu leta rgo, e a exercerem. efe livamente sua missão de orientadoras de todo o corpo social. Se não o .fizerem, a História alegará um dia que as massas foram transviadas porque as elites desdenharam de as orientar. "Mas registrará igua lmente - convém ainda uma ve z di zê-lo - que não faltou quem as alertasse na hora extrema. "A TFP cumpre aqui esse dever, movida por seu amor à Igreja, à civilização cristã e à querida Pátria brasileira. "Mais do que isso não pode elafa zer 1" (As CEBs ... Das quais muito se fala, pouco se conhece - A TFP as descreve como são , Ed itora Vera Cruz Ltda., 1982, p. 103). D

m ditado popular diz que o demônio nunca dá o que promete. Não há o que não tenha sido prometido, em matéria de liberdade e felic idade, aos homens desta segunda metade do século XX, caso capitulassem diante das "conquistas" da modernidade em relação à moral familiar. O divórcio daria uma nova oportunidade de felicidade aos casais que não se dessem bem . O aborto seria uma manifestação do direito da mulher sobre seu próprio corpo. Os métodos anticoncepcionais possibilitariam uma vida sexual livre e tranqüila, sem risco de qualquer g ravidez indesejada; e também, para os mais moderados, um planejamento racional e benfazejo da famíl ia. O reconhecimento do homossexualismo libertaria a sociedade de preconceitos ultrapassados. A capitulação ante a moral nova se deu em clima de festa. E como em toda festa, naturalmente sobraram restos para serem jogados ao lixo, tais corno a santa indissolubilidade do casamento, a educação moral dos filhos, o apreço pela virgindade, o amor materno e filial. E de carnbulhadacom esses valores inestimáveis da civilização cristã, foram também para o lixo os Mandamentos da Lei de Deus e a Cruz Sagrada de Nosso Senhor Jesus Cristo. A família implodiu! O que dela resta é uma ruína do que havia outrora. Chegou portanto o momento de colher os frutos de liberdade e felicidade, para cuja conquista o homem deste século sacrificou ua religião e sua honra.

Eis alguns deles:

* Juventude destroçada - Os números da deli nqüência juvenil têm aumentado em progressão geométrica, sobretudo nos Estados Unidos. A gravidez entre adolescentes subiu quase 25%. Os jovens estão desajustados e "psicologicamente envelhecidos" . O número de casas sem pais aumentou duas vezes (cfr. "O Estado de S. Paulo", 4-5-1997). * Suicídio juvenil cresce assustadoramente - Na Austrália, os jovens estão se matando num ritmo de um por dia - o triplo de há 30 anos. Em 1990, o suicídio ultrapassou os acidentes de carro como causa de morte entre jovens de 15 a 24 anos ("Newswee k", 12-5-1997). * Assassinato por divertimento - Em Brasília, cinco jovens de classe média se divertiram transformando um índio em tocha humana. Isso resulta da implosão da família . É o "saldo da educação não-traumatizante e da frivolidade de uma mídia que se empenha em apagar qualquer vestígio de valores objetivos" ("O Estado de S. Pau lo", 4-5-97) . * Órfãos da AIDs - Também é especialmente significativo o crescimento do número de crianças cujos pais foram vitimad_os pe la doença. Muitas também têm o vírus. Só no ano passado, 13 mil ficaram sem mãe, um crescimento de 23% em relação a l 995 (cfr. "O Globo", 7-5-97). * Só agora! - Um relatório apresentado pelo Conselho das Famílias, dos Estados Unidos, descobriu o óbCATOLICISMO -

Julho de 1997

As drogas entre os adolescentes: um dos inúmeros problemas das famílias em ruínas

vio: "A sociedade norte-americana estaria muito melhor se mais gente casasse e continuasse casada". A ruptura familiar produz um trauma afetivo que corrói a alma. Pais ausentes, filhos delinq üentes ("O Estado de S. Paul o", 4-5-1997). * TV destrói a família - A sociedade desenhada nas novelas de TV é um convite à transgressão. A exaltação do sucesso sem balizas éticas, a trivialização da violência e a apresentação de aberrações num clima de normalidade têm transformado adolescentes em aspirantes ao crime (idem). Diante desse quadro - poder-se-ia aumentar bastante esse triste elenco, como, por exemplo, acrescentando o aumento assustador das drogas, especialmente entre jovens sem lar - , o que fazer? Desesperar? Não! É preciso pedir a Nossa Senhora que nos dê a coragem de ver essa trágica situação de frente, mas com a serenidade de alma própria do católico fiel. Tranqüilidade esta inabalável, pois, não está baseada nos homens mas nAquela que é a Onipotência suplicante, Maria Santíssima, e em Seu Divino Filho. A vitória será dos que souberem esperar apesar de todas as aparências em sentido contrário. E que, para tal, Nossa Senhora de Fátima nos dê forças! O 15


PÁGI~,t,l.\iJcI·w py.:1~, ·1ANA "'""::~·]

,

·;::,

Lágrimas, milagroso aviso PLINJO CORRÊA DE ÜLIVEJRA

Há 25 anos, no mês df! julho de 1972, uma imagem Peregrina internacional de Nossa Senhora de Fátima lacrimejou milagrosamente 13 vezes em Nova Orleans (Estados Unidos). Órgãos de imprensa do mundo inteiro noticiaram o fato, alguns em primeira página, apresentando impressionantes· fotos do prodígio (fotos ao lado). Dias depois do acontecimento, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira escreveu memorável artigo na "Folha de 5. Paulo" - publicado naquele matutino em 6 de agosto de 1972 e reproduz ido por esta revista em sua edição de setembro daquele ano - no qual, além de manifestar sua profunda devoção mariana, interpretou com fina lucidez o sentido daquele pungente pranto. Transcrevemos a seguir essa preciosa colaboração, tanto para glorificar a Mãe de Deus, quanto para prestarmos, nesta ocasião, mais um preito de homenagem a esse invicto líder e pensador católico.

A

"Folha de S. Pau lo" de 21 de julho p.p. publicou urna fotografia procedente de Nova Orleans, na qual se via urna imagem de Nossa Senhora de Fátima a verter lágrimas. O documento despertou vivo interesse no público paulista. Penso, pois, que algumas informações sobre este assunto satisfarão os justos anelos de muitos leitores. Não conheço melhor fonte sobre a matéria do que um artigo intitulado , muito americanamente, "As lágri-

mas da imagem molharam o meu dedo" . Seu autor é o Pe. E lmo Rornagosa. Pub li co u se u trabalho o "C l ario n Herald" de 20 de julho p.p., 16

semanário de Nova O rleans, e distribuído em onze paróquias do Estado de Lo ui siana. * Os antecedentes do fato são conhecidos. No ano de 1917, Lúcia, Jacinta e Francisco tiveram várias visões de Nossa Senhora em Fátima. A autenticidade dessas visões fo i confirmada por vários prodígios no sol, atestados por toda urna multidão reunida enq uanto a Virgem se manifestava às três crianças. Em termos genér icos, Nossa Sen hora incumbiu os pequenos pastores de comunicar ao mundo que estava profundamente desgostosa com a impi edade e a cor,

CATOLICISMO

rupção dos homens. Se estes não se emend assem, viria um terrível castigo, que faria desaparecer várias nações. A Rússia difund iri a seus erros por toda a parte. O Santo Padre teria muito que sofrer. O castigo só seria obviado se os homens se convertessem, se fosse consagrada a Rússia e o Mundo ao Imacu lado Coração de Maria e se se fizesse a Comunhão reparadora dos primeiros sábados de cada mês. * Isto posto, a pergunta que naturalrn~nte salta ao espírito é se os pedidos foram atendidos. Pio XII fez, em 1942, urna consagração do mundo ao

-Julho de 1997

Imaculado Coração de Maria. A Irmã Lúcia asseverou q ue ao ato faltaram algumas das características indicadas por Nossa Sen hora. Não pretendo analisar aqu i o complexo assunto. Registro apenas, de passagem, que é discutíve l se o primeiro pedido de Nossa Senhora foi atendido, ou não. Q uanto ao segundo pedido, isto é, a conversão da hu manidade, é tão óbvio que não foi atend ido, que medispenso de entrar em pormenores. Como Nossa Senhora estabeleceu o atendimento de seus pedidos, como condição para que fossem desviados os flagelos apocalípticos por E la previstos, está na lógica das coisas que baixe sobre a humanidade a cólera vingativa e purificadora de Deus, antes de vir a nós a conversão dos homens e a instauração do Reino de Maria.

*

Das três crianças de Fátima, a única sobrevivente é a irmã Lúcia, hoje religio sa carmelita em Coimbra. Sob a direção imediata desta última, um aitista esculpiu duas imagens, que correspondem quanto possível aos traços fisionômico s com que a Santíssima Virgem apareceu em Fátima. Ambas essas imagens, chamadas "peregrinas", têm percorrido o mundo , conduzidas por sacerdotes e leigos. Uma delas foi levada recentemente a Nova Orleans. E ali verteu lágrimas. O Pe. Rornagosa, autor da crônica a que me referi , tinha ouvido falar dessas lacrirnações pelo Pe. Breault, ao qual está confiada a condução da imagem. Entretanto, sentia ele funda relutância em admitir o milagre. Por isto, pediu ao Pe. Breault que o avisasse assim que o fenômeno começasse a se produzir. O Pe. Breault, notando alguma umidade nos olhos da imagem, no dia 17 de julho, telefonou ao Pe. Romagosa, o qual acorreu junto à imagem às 21:30, trazendo fotógrafos e jornalistas. De fato, notaram todos alguma umidade nos olhos da im agem, que foi logo fotografada. O Pe. Rornagosa passou então o dedo pela superfície úrnida, e recolheu assi m urna gota do líquido, que também foi fotografada. Segundo o Pe. Breault, esta era a 13" lacrimação da imagem. Às 6: 15 horas da manhã seguinte, o Pe. Breault telefonou novam e nte ao Pe. Romagosa informando-o de que desde as quatro horas da manhã, a imagem chorava. O Pe. Romagosa chegou pouco depois à Igreja, onde, diz ele,

"vi uma abundância de líqui-

cabeça - único existente na imagem - nenhuma filtração de líquido para os olhos seria possível. O Pe. Rornagosa ajoelhou-se. Enfim ele acreditara.

*

A Imagem que verteu lágrimas em Nova Orleans visitou várias vezes sedes de diversas Tf Ps. Na foto acima, numa de suas pereginações em São Paulo

do nos olhos da imagem, e uma gota grande de líquido na ponta do nariz da mesma". Foi essa gota, tão graciosarnente pendente, que a fotografia da "Folha ele S. Paulo" mostrou a nosso público. 0 Pe. Romagosa acrescenta que vira "um movimen-

to do líquido enquanto surgia lentamente da pálpebra inferior" . Mas o Pe. Romagosa queri a eliminar dúvidas. Notara ele que a imagem tinha urna coroa fixada na cabeça por uma haste metálica. Ocorreulhe uma pergunta: não haveria sido introdu zi da, no orifício em que penetrava a haste, certa porção ele líquido que depois escorrera até os olhos da imagem? CATOLICISMO -

Cessado o pranto, o Pe. Romagosa retirou a coroa da cabeça da imagem: a haste metálica estava inteiramente seca. Introdu z iu ele, então, no orifício re spectivo, um arame revestido ele papel especial, que absorveria forçosa mente todo líquido que ali estivesse. Mas o papel saiu absolutamente seco. Ainda não satisfeito com tal experiência, o Pe. Rornagosa introduziu no orifício certa quantidade ele líquido. Sem embargo, os olhos se conservaram absolutamente secos. O Pe. Rorn agosa voltou então a imagem para o solo: todo o líquido introdu zido no orifício escorreu normal mente. Estava cabalmente provado que do orifício da

Julho de 1997

O misterioso pranto nos mostra a Virgem de Fátima a chorar sobre o mundo contemporâneo, corno outrora Nosso Senhor chorou sobre Jerusalém . Lágrimas ele afeto terníssimo, lágrimas ele dor profunda, na previsão docastigo que virá. Virá para os homens do século XX, se não renunciarem à impiedade e à corrupção . Se não lutarem especialmente contra a autode. rnolição da Igreja, a maldita fumaça de Satanás, que no dizer do próprio Paulo VI, penetrou no recinto sagrado. Ainda é tempo, pois, ele sustar o castigo, leitor, le itora! * "Mas, dirá alguém , esta não é uma meditação própria

para um ameno domingo". - Não é preferível - pergunto - ler hoje este artigo so bre a suave manifestação da profética melancolia de nossa Mãe, a suportar os dias de amargura trágica que, a não nos emendarmos, terão que vir? Se vierem , tenho por lógico que haverá neles, pelo menos, urna misericórdia especial para os que, em sua vida pessoal, tenham tornado a sério o milagroso aviso de Maria. É para que minhas leitoras, meu s leitores, se beneficiem dessa misericórdia, que lhes ofereço o presente artigo ... D

17


l

l

E m substanc iosa análi se do evento, a co nh ecid a r e vi sta fr a ncesa "L'Histo ire" (2) traz à baila o assunto, propo ndo a análise do q ue qu alifica de um sui cídi o político se m equi va lente na H istóri a. Fato que pode ser considerado co mo simbólico de todo um processo de destruição de arraigadas tradições e sólidas instituições. O interesse do acontecimento, observam Jean-François Chauvard e Xavier Tabet, autores do artigo, reside tanto no desaparecimento de instituições seculares consagradas, quanto na fo rma pacífi ca com que as transformações se deram.

O susto: causa de brusca mudança política ... E m maio de 1797 o Grande Conselho da c id ade, uma assembl é ia de

E

NTRE as vári as formas de governo reconhecidas como legítimas pela Santa Igreja - especia lmente em documentos de Leão XUI e P io XII - encontramos, a lém da Monarq ui a e da Democracia, o governo exercido pe la Aristocracia, isto é, por uma e lite políti co-soc ia l outrora bastante d ifu ndida, composta por nobres hered itári os. Convém notar, co ntudo, que cada uma dessas formas legítimas de governo, segundo a doutrina de Santo Tomás de Aq uino, pode deteri o rar-se, dando origem a sua respectiva co rrupção. Ass im, para que vigore uma autê ntica De mocrac ia é necessári o, como e nsin a P io XII na Rad iomensage m de 1944, que seu e leme nto hu mano seja verdadeiro povo e não massa. P revalecendo esta, a Democracia desapa rece, da ndo lu gar à s ua corrupção q ue é a Demagogia. Infe li zmente, os pri ncíp ios igua litários da Revo lução Francesa, impos-

18

tos, em fase posteri or, a vários países pe las baionetas de Napo l eão Bonaparte, deram origem a regimes demagógicos e não a Democracias em seu verdade iro sentido .

Acontecimento históri co incomum Veneza, cidade livre ela Península Adriática, foi governada até 1797 por uma hierarquia colegiada, constituída de aristocratas, eleitores cio seu supremo mandatário, o Doge. Portanto, há precisamente do i séculos, Veneza passou da cond ição de República aristocrática para Repúb li ca '"democrática" . O fato - fruto da pressão exercida por Napo leão, que ameaçou invad ir a Cidade-Estado poderia não chamar mais especialmente a atenção. Tantas foram as alterações de governo ocorri das neste se ntido naq uela época, e, ma is ainda sob o bafejo de Napo leão - o q ua l se autoclefinia como sendo a "Revolução ,

CATOLICISMO -

Julho de 1997

Francesa a cavalo" - q ue, salvo para um pesq ui sador de H istória, a temática aparentemente não oferece interesse suplementar algum. Pura ilusão. Para uma rev ista como a nossa, que se preza de ana lisar os aco ntecimentos à lu z da obra- mestra do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução ( 1), o acontecimento é notável, não só pelo fato em si , mas pelo modo singul ar como se deu. Com efeito, um dos mitos da propaganda revolucionária mu ndial é de que a "democratização" - entendida enquanto imp lantação de regimes demagógicos em vári os países - deveu-se a um anseio generalizado das populações, as quais, supostamente não agüentavam ma is os regimes anteriores, de modo particular os de tipo monárquico ou ari stocrático, a seus olhos execrandos e profundamente inj ustos. A reali dade, no entanto, fo i bastante difere nte. Se não, vejamos.

governo dotada cios principais atri butos da soberani a e composta por me mbros das grandes fa míli as venezianas reunia-se no impo nente salão do Palácio ducal. Na pauta da solene reuni ão, co nstava a di scussão do ultim ato apresentado po r Napoleão, para o abandono do poder por parte dos Patríc ios e a proclamação de um go vern o de mocráti co. E nqu anto o Doge Ludovico M anin pronunciava seu úl timo discurso, segundo le mbra m os articuli stas, incitando os cercas de quinhentos conselhe iros a acata re m os te rm os das injun ções na po leô ni cas, o uvira m-se a lg un s di sparos do lado de fo ra, na ru a. Um verd ade iro pâni co estabe leceu-se no seio da nobre assembl é ia: as tropas fra ncesas já teri am chegado? Estari a oco rre nd o um a in s urre ição el e

j acobinos (partido radical de revoluc ionári os franceses) venezianos? Ou tratarse-ia apenas ele arruaças provocadas por ce rto tipo de marinheiros que cos tumavam celebrar ruidosame nte sua saída do porto? E m qualquer caso, a votação foi apressada pelo medo de que os tiros e m qu es tão sig nifi cassem o início de um massacre coletivo. Assim, as exigências de Napoleão foram ace itas e decretadas por 51 2 votos, co ntra apenas vin te e cinco nul os. Ma l se tinha proclamado o novo texto legal, os votantes procuraram averi güar co mo estavam as efervescências de rua. Surpresa: não se tratava de uma revolta co mo a nobreza temia, ou fin gia temer, mas de um a alegre manifes tação de apoio ao anti go regime, por parte do povo miúdo (grifo nosso) ! Com efei-

Na Veneza aristocrática, o povo era benefi ciado pelo estilo de vida que levava a classe dirigente. Na foto acima, salão do majestoso Palácio ducal CATOLI CISMO -

Julho de 1997

19


SANTA VERÔNICA CIULIANI:

"Eu me propus ir sempre contra a corrente" Com seu zelo, baseado no agere contra, o mosteiro sob seu governo floresceu e nele brilhavam as virtudes e multiplicavam-se os milagres R üllERTO A LVES L EITE

Santa Verônica Giuliani carregando a cruz Pintura de Angelucci executada logo após a morte da Santa diante de seu corpo

Antonio Canal, dito Canaletto (1697 -1768), pintou Veneza no auge de seu esplendor, refletindo-se este, no quadro acima, nas elegantes figuras humanas, na Basílica de São Marcos (à esquerda) e no Palácio ducal (à direita)

to, es te se enco ntrava inteiramente integ rado ao sistema in sti tucional até e nt ão vi ge nt e, p o r me io d as corporações de ofício; além do mais, era beneficiári o das co nseqüências do modo de vid a aristocrático di spendi oso, exi stente em Veneza. Zeloso ainda de sua pertencença efetiva à comunid ade cívi ca, o povo miúdo vi a a revolução "democrática " co mo trazendo um confisco à sua liberd ade, j á co nsagrada sec ularmente. Conclu em os articulistas que "a acolhida reservada ao novo regime [ "democrático" ] não teve nada de comum com o entusiasmo" . M ais, ao constatarem ter sido votada a di ssolução das instituições aristocráticas do Estado, violentas manifestações de protesto eclodi ram pela cidade. As residências das personalidades j acobinas mais e m vista fora m saqueadas, a principal livrari a libertária destruída. 20

Por fim , a cidade foi tomada pelas forças revolucionárias napoleônicas e, assim, "pac(ficada" .

Lições a tirar dessa "revolução veneziana" Poder-se-ia, como fizera m os dois citados hi storiadores, procurar razões econômicas ou de pressões de forças armadas estrangeiras para explicar a razão do derroti smo trágico das elites aristocráti cas venezianas . O que nos importa, no presente artigo, é realçar dois pontos principais. Primeiro, a falta de apoio popular a um movimento que transformou um Estado multissecularmente ari stocrático em "democrático". A população, sobretudo a mais simples, opunha-se de modo peremptóri o a tal mudança, baseada num argumento que desconcerta os revolucionários: face aos privilégios obtidos até então, vi am na posteri or CATOLI CISMO -

Julho de 1997

"democratização" um a redu ção de suas liberdades e um conseqüente rebaixamento do seu nível de vida. Em segundo lugar, como se enganam certas cúpul as - extremamente apressadas - que julgam satisfazer as pretensas bases populares ao aderir a textos "mais democráticos", quando, na realidade, rumam precisa mente num sentido di ametralmente oposto aos interesses e desejos desse mesmo povo. A H istóri a muitas vezes se repete, ainda qu e em circun stâncias e acidentes di ferentes; e, po r isso mes mo, ela é a Mestra da vida, co mo afirmava Cícero . Saibamos apro veitar seus ensinamentos haurindo os princípios legados pelos se us múltipl os exe mpl os . D Notas: ( 1) Cheva leri e Artes Gráfi cas e Ed itora Ltda. , São Paulo, 3" edição (esgotada), 1993. (2) " L' Hi sto ire", nº 208 , ma rço ele 1997.

- "Enquanto se reza va a Missa, vi são Francisco Xavier com uma cruz. Este me deu a conhecer que ela signifi ca va o cargo de Abadessa e que seria colocada sobre meus ombros. - "Estais louca? replicou o conf essor. Abadessa, uma tonta como vós? Gove rnar um mosteiro, se não sois capaz nem de governar as galinhas? São extravagâncias que vos passam pela cabeça". Quem seria essa religiosa, de quem o confessor teria, pelo menos na aparência, um conceito tão desfavorável? Nascida em Mercatello (Itália) localidade d istante 18 milhas de Città di Caste ll o - , ainda dentro dos imponderávei natalinos, no dia 27 de dezembro de 1660, Úrsula Giuliani, manteve sempre dentro de si o grande significado da festa máxima da Cristandade: a alegria pelo nascimento dAq uele q ue seria crucificado para redimi r os homens. Essa fi Iha do casal Francisco Giulian i e Benta Mancini, desde a mais tenra idade, osculava as imagens de

Nossa Senhora e do Menin o Jes us. E quando sua mãe e as irmãs comungavam, não conseguia afastar-se delas para estar perto de Nosso Senhor. No dia de sua Primeira Comunhão confessa que senti a um calor tão grande que a inflamava in teira, especialmente o coração. Isso não a impedia de levar uma vicia como as demais crianças de sua idade, e até em condi ções de luxo, com servidores e domésticos, em vista da boa situação social e econômica de seu pai, que era Duque. Porém, nem os presentes e o carinho que aquele lhe devotava, pois a tinha por filha predileta, nem o prazer que sentia naquela vida agradável e sem problemas, impediram que aos 15 anos pedisse a Jesus que lhe desse Seu Coração para ser a morada de sua alma, e Suas penas para viver crucificada como Ele.

Na via de um profundo desprendimento Em 1677, aos 16 anos ele idade, tornou-se religiosa, entrando como noviça no co nvento de freiras clarissas em Città di Castello, tomando o nome de Verônica. Ela confessa que, em vista de suas apetências naturais para uma CATO LI CISMO -

Julho de 1997

vi da confo rtável, todas as coisas no convento se lhe tornavam difíceis. E como não sabia qu al a origem dessas dificuldades, percebendo que elas se opu nham à sua vocação, decidiu adotar o grande princípio de vida espi ritual, o agere contra, e fazer sempre o contrário do que suas apetências naturais pediam: "Eu me propus ir sempre contra a corrente, tanto em matéria de alimentação, como no vestuário e em todas as ações". Quando ela pensava que devi a agir sempre por amor de Deus, tudo tomava sentido. Jesus crucificado deveri a ser seu livro e seu guia: "O lado humano chorava e o espiritual se alegrava no meio elas cruzes. Algumas vezes, devido às rebeliões da natureza humana, fica va dias sem saber o que f azia: o hábito, as paredes, tudo que via causavam-me melancolia. Para vencer-me, osculava as paredes, o hábito e tudo aquilo pelo que sentia aversão". A fidelidade ao agere contra a levou a repudiar sua própria von tade para poder fazer so mente o que Deus queri a. "Tu nada és e nada f azes" , disse-lhe Ele; "desprenda-te de tudo em tudo e então experimentarás os ef eitos da minha graça di vina ". 21


mas sem amor próprio e respeito humano. E que tivesse a regra na mão para ver tudo; no coração para penetrar tudo e impressa em si mesma para que fosse observada por todas. Viveu com temor e tremor de que o cargo resultasse na perdição de sua alma. No entanto, segundo um testemunho, era a abadessa ideal, capaz de pôr ordem no mundo inteiro. Tinha essa arte dificílima de se fazer amar e, ao mesmo tempo, incutir um temor filial. Considerava-se mãe amorosa, tratando a todos com a mesma afabilidade, cortesia e benquerença. Embora se dissesse ter caráter colérico, exercia um tal domínio sobre si que isto nunca transparecia. Quando admoestava, corrigia ou dava penitência, jamais irritava as religiosas sobre quem recaíam suas advertências, pois todas sabiam que era para seu próCela da Santa no Mosteiro de Città di Castello prio bem e faziam prontamenmento. Pedi a mediação dela a fim te qualquer coisa que mandasse. Com esta de obterem as forças necessárias para atitude conseguiu erradicar a mania que suportar cristãmente todas as adver- algumas tinham de procurar informar-se sidades que a Providência permite de tudo o que se passava fora, levando os que sejam enviadas, com vistas a assuntos mundanos para as conversas internas, com grave prejuízo para a seriedanosso próprio proveito espiritual. de que deveria reinar no convento. O mosteiro floresceu e tornou-se um Domínio perfeito do caráter espelho de todas as virtudes. E com a colérico virtude reinava a união e a paz. Verônica era o sol radiante, a chama que não se Verônica foi eleita abadessa em 5 de abril de 1716, aos 56 anos de ida- apaga, o Anjo que conduz ao Paraíso. de e 40 de vida religiosa, por unanimidade. Sinal de que mesmo suas Penetração dos corações e adversárias no convento a conside- milagres em vida ravam perfeitamente digna e capaz Verônica penetrava no interior das de ocupar o elevado cargo. Mandou então colocar uma ima- almas; via suas aflições, seus pensamengem de Nossa Senhora sobre o trono tos, as graças de que necessitavam. Certa vez, em meio a uma reunião abacial, apresentando-A como a nova abadessa: "Sois Vós a abadessa; se- com as noviças, levantou-se de repenguirei Vossas ordens", declarou. Deste te e saiu correndo rumo à cela de uma modo deu prosseguimento a um há- religiosa. Esta última , talvez por bito que lhe era familiar desde a mais desequilíbrio mental, havia chegado a agredir Verônica pouco tempo antes. tenra idade: voltar-se para Maria. Nossa Senhora - que era a Aba- Ao chegar à cela, abriu com dificuldadessa de fato - aconselhou-a que de a porta e encontrou a religiosa fora governasse com amor e pelo amor, de si, desvairada, querendo matar-se.

seguições que sofria, em seu convento, diretamente do demônio ou de suas irmãs de hábito, mantinha-se inalterável na paz interior própria a quem estava abrasada pelo amor de Deus. Almas que sofrem, jovens isolados, mães desoladas, honestos profissionais dos mais diversos ramos perseguidos ouçam o conselho de Verônica: para entender o que é o amor de Deus é necessário passar longamente sob a prensa do sofri-

Mosteiro das capuchinhas de Città di Castello, no qual a Santa viveu meio século

Sendo fiel à especial vocação para qual Nosso Senhor a chamava, chegou a receber os estigmas da Paixão e a Coroa de Espinhos.

Diante da calúnia de estar possessa pelo demônio: paz de alma No caminho do sofrimento, Verônica percebeu que as cruzes, as tentações, as desolações, os abandonos e todas as contrariedades constituem a porta e a luz que conduzem a Deus. Incendiada pelo amor à cruz, sentiu desejo ardente de salvar a todos. Fazer penitência para a conversão das almas, passou a ser seu lema. Quantas vezes sentiu tentações contra a fé, quanto tempo passou na aridez e na desolação! Quantas vezes chamou por Nosso Senhor e não ouviu Sua resposta! Mas uma aspiração permanecia constante em sua alma: o desejo de salvar os pecadores, custasse o que custasse. Assim, recebeu acusações, por parte de Irmãs malevolentes e caluniadoras, de estar possessa pelo demônio. E outras, menos furiosas, diziam que seus "estados anormais" (leia-se fenômenos místicos com que era favorecida a Santa) vinham de seu desejo de se fazer notar. Apesar das per22

,

CATOLICISMO -

Julho de 1997

Verônica a consola, fala de Deus, do inferno, e acaba por devolver a calma a um coração agitado pelo remorso e pelo desespero. A par do conhecimento das almas, tinha ela também o dom dos milagres, havendo realizado muitos ainda em vida. Certo dia, um incêndio ameaçava destruir toda a igreja. Verônica, desde o coro, invoca Nossa Senhora e, fazendo um sinal da cruz, faz cessar imediatamente o perigo. Em outra ocasião, um número incalculável de bichinhos roíam as raízes das hortaliças. Por ordem do confessor, Verônica fez um grande sinal da cruz e todos vieram à superfície. "Ide ao galinheiro" , ordenou a santa e todos para lá se dirigiram a alimentar as galinhas, que tiveram nesse dia uma lauta refeição. Foi uma cena de fazer arrepiar muitos partidários da ecologia festiva. Multiplicou muitas vezes alimentos como queijo, ovos, azeite, frutas e peixe quando eram insuficientes para a pobre mesa do claustro. Ela mesma declara que todos os dias presenciava milagres da santa obediência. E os via realizados em si mesma, tantas foram as curas inexplicáveis que teve de muitas dores e doenças.

com a fisionomia de Verônica no meio das religiosas, e lhe prometia uma proteção contínua na vida e na morte. No Santo Natal, a imagem do Menino Jesus, em seus braços, tornava forma humama. Um crucifixo do mosteiro a chamava para dar conselhos. Os Santos, os Anjos a visitavam. Numa das renovações da profissão dos votos, que fazia uma ou mais vezes ao ano, foi assistida pela Virgem Maria, Santa Clara, São Francisco, São Felipe Neri.

Pediu ao confessor licença para morrer... U rn ano antes de sua morte, como acontecera durante quase toda a vida, conta que estava na obscuridade de espírito, nas trevas e em um mar de tentações, mas sempre obedecendo a Deus. O despojamento de sua vontade, substituída pela de Deus, a levou a ser obediente até para morrer, pedindo permissão ao confessor para passar para a outra vida; obtido o consentimento, no mesmo instante voou para a eternidade. Isto ocorreu em 9 de julho de 1727, no convento onde era abadessa, em Città di Castello.

Encontrando-o fechado, golpearam a porta gritando: "Queremos ver a nossa Santa! Abri!" Tomadas algumas precauções, o Bispo mandou colocar o corpo na porta da igreja, mas foi tal a desordem causada pelo desejo de tocar, conseguir uma relíquia, ou pelo menos olhar pela última vez aquela que foi a mãe querida, a irmã insubstituível, a grande protetora de todos, que o Prelado mandou fechar a porta e enterrar logo o corpo. Os benefícios de sua virtude e a fama de sua santidade espalharam-se por toda a península italiana. Reis, Príncipes e grandes da Ten-a pediam sua intercessão junto a Deus para atender suas necessidades ou as de seus súditos. Monges, sacerdotes e leigos, atingidos por doenças incuráveis em fase terminal, recuperaram instantaneamente a saúde ao simples contacto de uma relíquia sua, ou por ter implorado sua ajuda. Vinte milagres foram arrolados nos processos diocesano e apostólico para sua canonização, a qual se deu mais de cem anos após sua morte. Pio VII beatificou-a, na presença da Arquiduquesa Maria da Áustria e do Rei Carlos Emanuel da Sardenha, no dia 7 de junho de 1802. E Gregório XVI canonizou-a solenemente em 29 de maio de 1839, festa da Santíssima Trindade.D Fontes de Referências: Raffae ll o Cioni , S. Vero11ica Giulia11i, Libreria Eel itrice Fiorentina, Florença, 1951. San eia Vero11ica Giulia11i , Vitae spiriluali s magislra et exemp lar tert io ab ciu s nativ itate exeunte saecu lo ( 1660- 1960), lnstitutum Hi storicum Orei. Fr. Min. Cap., Romae, 196 1. Ctesse. M . ele Vill ermonl, Sai111e Véronique Giulia11i , L ibrairie Généra le Catho liqu e, Ma ison Saint-Roch , Paris-Couv in , Bélgica , 19 1O.

Restos mortais da Santa encerrados em urna sob o altar-mor da igreja do Mosteiro das clarissas, em Città di Castello. À direita, a canonização na Basílica de São Pedro.

Um crucifixo a chamava para aconselhá-la Nossa Senhora a chamava de "coração de meu coração; alma ele minha alma" . Ela lhe aparecia, abraçava, dava consclh s, confortava, andava

A notícia de sua morte se espalhou sem que se soubesse como, e uma multidão de damas, nobres, cavaleiros e pessoas do povo dirigiu-se ao mosteiro.


Igreja Católica, Apostólica, Romana, que vive perseguida nas catacumbas, enquanto o Governo promove uma suposta " igreja católica" separada de Roma. Mas isto são "pormenores" que não convém levantar para não desagradar aos dirigentes vermelhos ... perdão, hoje "rosados"! Tian-an-Men, a praça da Paz Celestial, onde os comunistas massacraram os jovens dissidentes ... enfim, são "pormenores" ... O que interessa é o grande mercado econômico do século XXI! O mundo ocidental prefere não ver, não esc utar, não sentir; o importante são os negócios: time is money!

Curiosamente, quem entregou Hong Kong foi... a Dama de Ferro

Pôr-do-sol em Hong Kong, que passa para o domínio da nação campeã mundial na aplicação da pena de morte: a China comunista

T

UNGCheeHwajácomeçou a arrancar a máscara. Quem é esse chinês baixo e bem nutrido? Tung é um bem sucedido empresário, amjgo dos norleamericanos e dos dirigentes chineses, a quem foi confiada a ing lória missão de governar a cidade, após sua vergonhosa entrega pe los ingleses, no dia 1º do corrente mês . Mesmo antes desse abandono, o futuro procônsul de Pequim já começou a dar as cartas: destituiu as pessoas que, em altos cargos, seriam incômodas para seu governo ... (1) Mas antes de analisarmos os trágicos dias atuais, vividos pelos infeli zes habitantes da ex-colônia britânica, retrocedamos um pouco na História. No ano de 1842 a China imperial cedeu à Inglaterra o território ele Hong Kong, compreendendo urna península e várias ilhas na baía de Cantão, numa área de 1.034 km2. Com o correr do tempo , Hong Kong se foi transformando num centro de atividade econômica e financeira cios mais importantes cio mundo.

turas, crimes e mortes que algum dia a História revelará em toda sua amplitude. Depois ela sangrenta - e para mui tos esquecida - Revolução cultural chinesa e da morte ele Mao Tse-Tung, outros ventos varreram a China milenar.

Nova e contraditória experiência: "comunismo capitalista" chinês

Tung Chee Hwa De todos os quadrantes da Terra afluíam para esse minúsculo domínio inglês capitais, empresários e banqueiros, para negoc iar ou comerciar. Hong Kong, feliz e despreocupada, se enriquecia a cada dia. Exatamente o contrário se passava em sua enorme vizinha, a China continental, que cio regime imperial foi rolando rapidamente por repúblicas cada vez mais revolucionárias, até cair nas garras de uma das mais ferozes ditaduras da história: o comunismo maoísta, que tomou o poderem 1949 deixando atrás de si um tremendo saldo de tor-

Na década de 80 começouse a falar da transformação econômica da China. Com a ajuda de grandes empresários ocidentais, principalmente norte-americanos, houve a insta-

lação de indústrias, financiamentos, créditos e todo tipo de facilidades, abrindo-se a curiosa etapa de um "capitalismo socialista". As tubas da mídia passaram então a reboar o nome da futura potência econômica cio século XXI: a China! É verdade que se faz um pesado sil êncio sobre as liberdades individuai s: não se ouve falar de reivindicações sindicais, greves, horas de trabalhos se manai s e outras conquistas dos trabalhadores nos países capitalistas. Sobretudo não se ouve falar de liberdade para a autêntica

Ulon loto,•

MONGÓLIA IA

Pequim

, CATOLICISMO -

ePlon9yo111 •Seul

China

• ,o

:n-,1111

l(otft

O.,,.i

ÍNDIA

Coreia do Sul

NÊPAL • BUTÀO BANGLADESH Cok:ut4 o •Doca

mbolm

Honol

MYANMAR LAOS• •

24

CORtt~ 00

Julho de 1997

1

..

Nos mesmos anos 80 a Sra. Margaret Thatcher tirava a Inglaterra do marasmo econômico em que a deixaram os vários governos trabalhistas, esti mulando a livre iniciativa no âmbito interno e apoia ndo a política de Ronald Reagan no campo exterior. Porém , por uma dessas ilogicidades incompreensíveis, esta mesma Sra. Thatcher, rotulada pela imprensa como a Dama de Ferro, foi quem levou a cabo os tratados diplomáticos para devolver H0f"!g Kong à China comunista. Afinal, não era necessário se preocupar, Ludo estava garantido pelos tratados ass inados pelos comunistas chineses, que se comprometiam a respeitar uma série de liberdades e também a eco nomia de mercado naquela florescente co lônia. Isto permitia encarar seu futuro com tranqüilidade, pois quem mai s " fiel" do que um comunista para respeitar um tratado? Pacla sunl servanda ... Quem não se recorda, por exemplo, que Fidel Castro, ao descer de Sicrra Maestra com

um terço no pescoço, proclamou-se católico e anticomu-

truzes,já bem conhecidos, são aqueles que preferem não ver, não escutar, não tornar conhecimento dos graves problemas do mundo ele hoje e confiar na sabedoria e na prudência ... dos

sapos!

"A China permanece fundrr mentalmente comunista"

A conservadora Thatcher assinou os tratados de entrega de Hong Kong à China vermelha

nista? Ou quem se atreverá a trazer à me mória frases tão "genti s" de Mao, corno: "Não

há revo lução sem banho de sangue"? Menos ainda convém recordar que todos os anos na China há mai s de 2.000 condenados à morte executados com um tiro " indolor" na nuca ... Só mesmo a um articulista de Catolicismo ocorre pintar um panorama tão negro e m 1997 ... mas quão real!

Sapos e avestruzes, aliados fidelíssimos do dragão chinês vermelho

Voltando ao caso de Hong Kong, será que a China deixou de ser comunista ou socialista? Vejamos o que diz o Sr. Qiao Shi, presidente da Assembléia Popular chinesa, em recente entrevista ao conhecido político e escritor Alain Peyrefitte, do "Le Figaro", de Paris:

"Corno o Sr. sabe, a Asse,nbléia Popular nacional e seu comitê permanente assumem /arejas muito pesadas na obra de aber/ura ao exterim; na instalação de urna economia de mercado socialista (sic!) e na ediftcação de um Estado de direito socialista. .. .. Fazer da China um Estado socialista moderno, próspero, poderoso, a/lamente civilizado, eis nosso ol~jetivo essencial. O camarada Deng Xiaoping o indicou há muito tempo: 'sem democracia não há socialismo, nem modernização social is/a '" (2).

Porém , se lermos os jornais com atenção, veremos que o panorama que se apresenta E prossegue o "camarada pres idente" da Assembléia para a co lônia britânica não é Popular: dos mai s promissores. "Também já elaboramos a O Prof. Plinio Corrêa de ala constitutiva dos Comitês Oliveira afirmava que havia rurais (que aplicamos a título no Ocidente dois tipos humaexperimenlal) e a ata constinos mais perniciosos que a prótutiva dos Comitês de bairro. pria propaganda comunista: os Reforçamos assim a construsapos e os aveslruzes. E nesta ção de uma democracia local entrega de Hong Kong à China para permitir a autonomia dos com uni sta ambos desempehabitantes dos campos e das nham um papel capital , cada um cidades ... " (3). a seu modo. Em sua atuação, porém, há uma constante infa- • Qualquer semelhança com lível: ela sempre favorece o drao soc ia li smo autogestionário gão chinês vermelho! de Mitterrand - denunciado mundialmente pelo Prof. Os sap/Js são os burgueses Plinio Corrêa de Oliveira socia li stas que pregam a colaboração aberta com o comunisé mera coincidência ... mo. Tung Chee Hwa é um proAlgum avestruz poderia objetar que este é um social istótipo dessa espéc ie. E os aves-

CATOLICISMO -Julho de 1997

mo "moderno", no qual o poder do Partido Comunista foi deixado de lado. Não compartilham dessa visão acretinada os experientes dirigentes de Taiwan e um calejado dissidente do regime chinês. Com efeito, recentemente "Le Monde" publicou um artigo mostrando a preocupação dos governantes de Taiwan, na suposição de que, após a conquista de Hong Kong, o próximo objetivo da China comunista seria aquela ilha (4). E o antigo dissidente Harry Wu - profundo conhecedor da situação atual de sua pátria, e que passou muitos anos em cárceres comunistas - declarou ao mesmo Alain Peyrefitte:

"A China permanece .fimdamentalmen/e comunisla" (5).

Nova ordem desbritanizada Tung Chee Hwa - o futu ro procônsul do dragão vermelho - anunciou uma série de medidas limitando as liberdades naquele território, manifestando a vontade de Pequim de desbrilanizar o antigo domínio. As medidas da nova autoridade limitam a liberdade de reuni ão e manifestação, proíbem doações financeiras às organizações políticas. Em face desses sombrios prolegôrnenos, qual será o fu turo do até agora florescente Tigre asiático? Não é difícil conjecturar. Seu destino é tornar-se um tigre de papel ... De qualquer modo, mantenhamo-nos alertas ao coaxar dos sapos, ao movimento ondulante do dragão e de suas disciplinadas marionetes e não imitemos os avestruzes com seu egoís mo cego, vil e indolente. D Notas: 1) Cfr. "Le Monde", Paris, 16-4-97. 2) "Lc Figaro", Paris, 3-4-97. 3) Idem. 4) " Lc Monde", 19-4-97. 5) " Lc Figaro", 7-5-97.

25


í(C/J, ENí(~TA

Progressismo afugenta vocações Houve tempo em que na França se ordenavam mil sacerdotes por ano. Hoje não passam de cem. E nesse país morrem por ano oitocentos padres. Em 1977 havia na França cem mil religiosas. Hoje

Convém recordar que Fidel Castro "alimentou a guerrilha na Nicarágua, Guatemala e outros países' da região, segundo recente denúncia do Arcebispo de Guatemala, Mons. Próspero Penados dei Barrio. Haverá ainda alguém tão ingênuo a ponto de imaginar que o auxílio pecuniário prestado por esses brigadistas irá para os infelizes cubanos e não para o Comandante Castro? ...

Escalada assustadora da AIDS

Seminaristas do período anterior à dessasão cinqüenta inil. O cralização: dispostos ao sacrifício, com alegria país de Santa Teresinha do Menino Jesus não é o único nessa trágica situação. Quais seriam as causas disso? Em larga medida, um aggiornamento eclesiástico dessacralizante e a obsessão com questões sociais em detrimento dos temas espirituais. Houve uma abertura em relação ao mundo moderno com seus erros doutrinários e sua mentalidade revolucionária. Assim, não poucos ambientes religiosos foram contaminados pelos males que afl igem a sociedade temporal. Fato este que já foi reconhecido por diversas autoridades eclesiásticas.

A AIDS é a segunda causa de moIte dos paulistanos em idade ativa. Só o assassinato ganha dela nessa trágica corrida. Porém, entre as mulheres, os profissionais de nível superior e os funcionários administrati vos ela se apresenta como a causa mais freqüente de morte. E aparece Na Tailândia, templo budista recebe cinzas em segundo lugar de aidéticos cremados. No Brasil, a devastando execudevastação da AIDS é minimalizada pela discrição sobre o assunto. tivos e altos funcionários públicos.

Brasileiro paga para trabalhar ... em Cuba! Livro didático no Brasil: descalabro ... Dez a quinze dias acordando às 6hs da manhã, passando o dia na lavoura e dormindo em alojamentos onde o toque de recolher é às 23 hs. Eis o programa dos brasileiros que fazem parte das brigadas internacionais de solidariedade a Cuba, um singular "turismo" na ilha-prisão para ajudar o Governo de Fidel Castro. Como se ainda não bastasse, cada brigadista deve pagar - do próprio bolso - 850 dólares pelo seu trabalho! Neste ano o Brasil bateu o recorde de brigadistas que viajaram a Cuba. Enquanto isso, as 28 usinas de álcool e açúcar do Paraná não estão conseguindo contratar a mão-de-obra necessária para a safra da cana. A Usaciga, que consegu iu encontrar 750 pessoas dispostas a trabalhar, instituiu prêmios para incentivar a colheita: motocicleta, TV em cores, máquinas de lavar roupa ... Fidel Castro cortando cana em Cuba. Agora ele conta com voluntários brasileiros para auxiliá-lo ...

26

Mais da metade dos livros didáticos destinados ao ensino da 1ª à 4ª série apresentam graves deficiências de informações e conceitos. Dos 511 livros encaminhados ao Ministério de Educação, 57 não passaram nem pela primeira análise. 211 foram classificados como "não recomendados' e 76 liminarmente excluídos. Este ano a Fundação de Assistência ao Estudante distribuiu 11 O milhões de exemplares. Em quantos haverá ensinamentos não condizentes com a moral católica? Pais e professores católicos: atenção!

1ncesto agora é tema da moda! lncest chie, é a nova moda na meca do cinema. Os produtores de Hollywood querem agoraglamourizar esse pecado abominável, como já trabalharam para demolir as barreiras do horror em relação ao homossexualismo. O incesto é a trama de mais de uma dezena de filmes , novelas de TV e peças teatrais, cuja finalidade parece ser habituar o público com essa prática, severamente condenada pela moral católica. Qual será o próximo abismo em que o desvario moral contemporâneo tenderá a lançar os homens?

,

CATOLICISMO -

Julho de 1997

Eminente jurista esclarece a reforma do Judiciário Professor de Direito Constitucional da USP analisa com objetividade e penetração problemas existentes na importante área jurídica de nosso País Tendo em vista a tramitação, já em fase bem adiantada, de projetos de emenda constitucional de reforma do Jud iciário, Catolicismo apresenta a seus leitores a opinião de um dos grandes constitucional istas brasileiros, o Professor Manoel Gonçalves Ferreira Filho, sobre esse tema de vital importância para o futuro de nossa Pátria. Entre outros importantes títu los obtidos no Brasil e no Exterior, em razão de sua militância na área jurídica, o Prof. Manoel Gonçalves é Professor Titular de Direito Constitucional da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo-USP, Doutor em Direito pela Universidade de Paris e Professor Visitante da Universidade de Aix-en-Provence . Foi também Vice-Governador do Estado de São Paulo, no período de 1975 a 1979. O tema da entrevista, além de relevante, é de grande atual idade, recebendo destaque por parte da grande imprensa, notadamente quando da posse do atual presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Celso de Mello, em 23 de maio último. Matéria polêmica, que divide os Ministros do STF e suscita debates dentro e fora da classe dos magistrados e demais profissionais da esfera jurídica, a reforma do Judiciário, como está prevista nos projetos em tramitação, preocupa o Prof. Manoel Gonçalves: "As principais propostas da Emenda em curso nada, ou muitíssimo pouco, melhorarão a justiça. Sem dúvida, há pontos, menores, em que inovações positivas aparecem. Contudo, nem por isso a reforma do Judiciário proposta deixa de ser decepcionante', escreveu certa vez. E acrescentou: "A proposta enfraquece o estatuto do magistrado, particularmente no tocante à vitaliciedade que, na prática, fica extinta. Ora, há séculos considera-se a vitaliciedade necessária à independência do magistrado, e esta, condição de sua imparcialidade ... Terá isto mudado com os tempos?' Reconhecendo a necesssidade de uma reformulação administrativa, no sentido de conceder aos juízes e tribunais brasileiros os meios para uma atuação mais eficaz, de melhor qualidade, com a rapidez necessária, e propugn ando também uma ampla revisão de nossa legislação, de modo a evitar-se o caos jurídico hoje reinante no Brasil, o entrevistado sustenta que os projetos de reforma do Judiciário não atacam as verdadeiras causas dos problemas de nossa justiça: "Dir-se-á que criticar é fácil, difícil é fazer. Entretanto, no caso da presente proposta de reforma, não está havendo o debate, no Legislativo, de outras idéias, talvez mais eficazes'. Nesse sentido, o eminente jurista não se lim ita a criticar, mas apresenta sugestões que sua larga experiência e vasta cultura jurídica apontam como capazes de melhorar a prestação de justiça em nosso País. CATOLICISMO -

Julho de 1997

Prof. Manoel Gonçalves Ferreira Filho

Catolicismo -Prof. Manoel Gonçalves, o Sr. vê a necessidade de uma reforma do Judiciário, no Brasil? Prof. Manoel Gonçalves Ferreira Filho - Existe uma crise na justiça, em nosso País. Quanto a isso não há dúvida. Algumas pesquisas de opinião chegam a mostrar que, mesmo entre juízes e promotores, essa idéia é generali zada, indicando quase 70% dos juízes e 85% dos promotores como concordes com ela. A experiência dos que lidam com o Direito, em qualquer área de atuação, co nfirma esse quadro. É evidente a falta de recursos materiais com que se debate todo o aparelhamento da justiça, o número insuficiente de juízes e promotores; há também um excesso de formalidades nos procedimentos judiciais e um número de recursos exagerado. Isso sem falar em nossa legislação instável e tecnicamente mal elaborada, tendente a causar um verdadeiro caos jurídico. Desse panorama decorre a necessidade de uma ampla reformulação no âmbito do Judiciário.

Catolicismo - O Sr. mencionaria ainda outros problemas? Prof. Manoel Gonçalves - Sem dúvida. As pesquisas de opinião, por exemplo, espelham a preocupação de magistrados com a existência de um

27


grande número de processos irrelevantes, os quais concorrem para atravancar os tribunais, assim como com a falta de preparo dos adv?gados. Os promotores, por sua vez, destacam o mau desempenho dos juízes. Na verdade, as causas são muitas, desde a deficiência de nossos cursos secundários e universitários, com a decorrente formação insatisfatória de profissionais da área jurídica, passando pelo aumento de atribuições que a Constituição de 88 e as demais leis conferiram aos juízes, até os vais-evens do Executivo e do Legislativo, com suas reformas políticas, administrativas e econômicas, modificando ~ constantemente a legislação e afetando direitos adquiridos. Em trabalhos escritos, tenho abordado o assunto de modo mais amplo e detalhado, o que não é viável aqui, nos limites de uma entrevista destinada a um público majoritariamente leigo. Catolicismo -Mas, ao abordar as causas dessa crise, alguns tendem a culpar principalmente os juízes. Outros, entre os quais muitos representantes da magistratura, atribuem as causas a fatores externos. Prof. Manoel Gonçalves Fala-se muito dos "pecados" do Judiciário, enquanto Poder, e particularmente dos de seus integrantes, os magistrados. É, aliás, digna de registro a rápida degradação da imagem do Judiciário, de 1988 a 1997. Hoje em dia, o Parlamento, o Executivo, os meios de comunicação de massa, incessantemente criticam esse Poder, acusando-o de todos os males que, alguns anos atrás, só eram atribuídos aos políticos. O Poder Judiciário sofre a acusação de corporativismo. Ora, como corporação, inegavelmente o Judiciário brasileiro apresenta os defeitos 28

inerentes a todas as outras corporações. Mais grave, porém, é a acusação que, às vezes à socapa, às vezes abertamente, sopra contra ele o Governo Federal: o Judiciário provocaria o aumento do gasto

público, favorecendo quase sempre os cidadãos e, em particular os servidores públicos, em razão de decisões que reconhecem direitos, ou os mantêm intocáveis, por declarálos direitos adquiridos. Essa acusação é absolutamente injusta, pois quem conferiu tais direitos foi uma Constituição generosa em outorgá-los, ou o fizeram leis ordinárias ainda mais generosas. Como querer que um Poder, obrigado a fazer cumprir a lei , não reconheça tudo isso? Já quanto aos magistrados, evidentemente há entre eles os mal preparados, desidiosos, quiçá corruptos. Entretanto, a meu ver, essas são ovelhas negras, exceções, não a regra. Parece-me haver aqui um certo descontentamento com o fato de que os juízes, outrora tendentes a ser mais dóceis, evitando descontentar o Governo, hoje manifestam-se com maior independência, tendendo mais a contestar atos do Executivo e do Legislativo. , CATOLICISMO

-Julho de 1997

Catolicismo -Os meios de comunicação, no caso, não estariam esclarecendo, mas antes confundindo a opinião pública? Isso de algum modo estaria afetando as propostas de reforma do Judiciário? Prof. Manoel Gonçalves - Não só os meios de comunicação. Essa confusão quanto às causas da crise na justiça afeta amplos setores da sociedade. Sem dúvida ela tem relação com o fato de que as propostas de reforma do Judiciário, em tramitação no Congresso, não atacam as verdadeiras causas dos problemas do Judiciário. E podem gerar muitos outros. Catolicismo - Por exemplo ... Prof. Manoel Gonçalves - Tais propostas não cuidam de aumentar o quadro de juízes e promotores, não os dotam dos meios materiais para poderem desempenhar suas funções. Além disso, copiam sistemas, de modo aliás muito imperfeito, existentes em ordenamentos jurídicos muito diversos do nosso. Mas, sobretudo, comprometem garantias fundamentais do Estado ele Direito, ameaçando a autonomia e a vitaliciedade dos juízes. Catolicismo - Com o "controle externo do Judiciário"? Prof. Manoel Gonçalves Basicamente há duas propostas. A do Deputado Genoíno (PT), que prevê o controle externo. E o substitutivo do relator dos projetos de emenda constitucional, Deputado Jairo Carneiro, que, de certo modo, vai ainda mais longe. É lógico que o controle externo, como proposto pelo Deputado Genoíno, tende a influenciar o comportamento dos juízes, segundo padrões impostos por grupos políticos [Nota da Redação: haveria Conselhos de Justiça compostos por cinco representantes da Magistratura, um do Ministério Público, um

advogado e três simples cidadãos, estes últimos indicados pelo Leg islativo]. Isso, a médio ou longo prazo, tenderia a afetar as decisões dos juízes, que viveriam preocupados com a avaliação que os Conselhos de Justiça fariam de sua atuação profissional. Ava liação que facilmente poderia ser influenciada por preconceitos ideológicos e polfticos. Mas o Deputado Carneiro na prática extingue a vitaliciedade e a autonomia cios juízes. Ele cria um novo órgão de contro le interno do Judiciário, o Conselho Nacional de Justiça. O Judiciário, contudo, já se fiscaliza. Para que um órgão novo? Na proposta do Dep. Carneiro, o magistrado poderá perder o cargo o que é gravíssimo! - não apenas por sentença judicial, como também por decisão administrativa do Conselho Nacional de Justiça ou cio tribunal competente. Essa mudança equivale a extinguir a vitaliciedade dos juízes, a qual é fundamental para a sua imparcialidade. Catolicismo - E a questão das súmulas vinculantes?

Prof. Manoel Gonçalves Além de obrigar o magistrado a seguir a súmula sem qualquer flexibilidade, sem qualquer respeito para com a liberdade de consciência do magistrado, a proposta estipula até mesmo o crime de responsabilidade para quem descumprir as súmulas reiteradamente. Ou seja, no país em que se aboliu a fidelidade partidária, quer-se instaurar a fidelidade judiciária ... Por que não substituir o juiz por um computador? Catolicismo - E o que o Sr. propõe para aperfeiçoar nosso Judiciário?

Prof. Manoel Gonçalves - Os pontos principais seriam: - tornar o STF uma corte exc lusivamente constitucional, segundo o estilo hoje prevalecente na Europa; - reduzir a duas as instâncias em qualquer demanda, afora as questões de constitucionalidade; - simplificar os procedimentos; - eliminar recursos pouco úteis; - regulamentar melhor as súmulas, mas sempre com caráter apenas orientativo, respeitando a liberdade de consciência do magistrado; - instituir a figura do "ombudsman" , para dar melhores meios de rec lamações ou representações de simples cidadãos serem examinadas com a devida atenção; - estabelecer mecanismos para melhorar a qualidade das leis, seja por um crivo do próprio Congresso, seja pelo exercício de veto presidencial, prevenindo litígios; - e, desde logo, propiciar os recursos indispensáveis e os cargos imprescindíveis para que o Poder Judiciário esteja à altura das exigências e necessidades da sociedade contemporânea. O

CLONAGEM e engenharia genética: desafios a Deus, caricaturas da criação divina

Dr. lan Wilmul, autor da Clonagem feita recentemente na Escócia, com a ovelha Dolly CATOLICISMO

Esse é o título de recente trabalho preparado por nosso co laborador, o médico Murillo M. Galliez. A explicável extensão que um tema de tal natureza exige para ser devidamente tratado expondo conceitos médico-científicos e ·sobretudo o que a Santa Igreja tem ensinado a respeito dos assuntos relac ionados com essas questões-, levou a Direção de Catolicismo a oferecer gratuitamente tal trabalho a nossos leitores. Bastará pedi-lo telefonando ou escrevendo para a Editora Pe. Belchior de Pontes (vide expediente à p. 34). -Julho de 1997

29


os que, usando o escapulário, se confessam seus dignos servos. 1 - PRECIOSÍSSIMO SANGUE DE CRISTO. JULHO I SantasRufinaeSegunda, VirgenseMártires, Festa instituída em 1848 por Pio 1~, 'em ação 1'--- - - - - - - - - - - -~ + sec. Ili. Felicidade, matrona romana, imolada com os filhos por ódio à fé sob Marco Aurélio, quis de graças pela libertação da Gidade Eterna, após a revolução que o obrigara a exilar-se em Gaeta. ser a última a morrer para os animar durante o martírio. Rufina e Segunda foram duas irmãs que, 2 - São Bernardino Realino, Confessor. + Lecce um século mais tarde, enfrentaram o martírio para {Itália), 1619. Formado nos direitos civil e canônico, defender a pureza. advogado fiscal de Alessandria do Piemonte, tudo abandonou para servir a Deus na Companhia de 11 - São Bento Abade, Confessor. + Montecassino Jesus. Cumulado de dons sobrenaturais, o Papa, {Itália), 547. Patriarca dos monges do Ocidente, o Imperador e reis lhe escreviam pedindo orações. Patrono da Europa. Seus monges reconstruíram, por meio do Cristianismo, aque le continente 3 - São Tomé, Apóstolo, Mártir. Índia, Séc. 1. arrasado pelos bárbaros. São Gregório dele afirma Segundo a tradição, pregou o Evangelho na que "estava cheio do espírito de todos os Justos", e Armênia, na Média, na Pérsia e na Índia, onde foi Bossuet o chama de "síntese perfeita do martirizado. Por seu apostolado e sua morte, Cristianismd'. confessou a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Nossa Senhora do Carmo Cristo, da qual, por momentos, duvidara. 12 - São João Gualberto, Confessor. + Itália, 1073. Nobre, seguiu a carreira militar. Numa Sexta-Feira 4 - Santa Isabel de Portugal, Viúva. + Estremoz, 1336. Santa perdoou o assassino de seu irmão em honra do Espanhola de origem, Rainha de Portugal, distinguiumistério do dia, recebendo de Deus, em recompensa, se pela ilimitada caridade para com os necessitados. a vocação religiosa. Fundou em Valumbrosa um ramo Várias vezes obteve a paz entre príncipes cristãos dos beneditinos. litigiosos. 13 - Santo Henrique li e Santa Cunegundes. + 5 - Santo Antônio Maria Zaccaria, Confessor. + Milão, Alemanha, 1024 e 1033. Santo Henrique era Duque da 1539. Fundador da congregação dos Clérigos Baviera, quando recebeu do Papa a coroa do Sacro Regulares de São Paulo, Barnabitas, dedicou-se à São Bento (Fra Angelico) Império por seu zelo pela propagação da fé e por sua restauração religiosa da Itália antes do Concílio de vida profundamente religiosa. Influiu na conversão de Trento. Para isso promoveu o culto à Paixão e à Sagrada Eucaristia, Santo Estêvão da Hungria, apoiou a criação de várias dioceses para sendo a ele atribuída a instituição das Quarenta Horas. Faleceu acelerar a propaganda missionária, e promoveu a paz entre os aos 36 anos de idade. príncipes cristãos do Império. Guardou a virgindade com sua esposa, Santa Cunegundes, a qual, após a morte do marido, ingressou num 6 - Santa Maria Goretti, Virgem e Mártir.+ Ferriere di Conca (Itália) , mosteiro por ela fundado. 1902. Esta menina de 12 anos incompletos preferiu morrer - Também Santa Teresa dos Andes. cruelmente que perder sua pureza virginal. Pio XII afirma ser ela "o fruto de lar cristão onde se reza, se educam cristãmente os filhos 14-São Camilo de Lellis, Confessor.+ Roma, 1614. De nobre família, no santo amor de Deus, na obediência aos pais, no amor à verdade, ingressando no exército, foi expulso por mau caráter e vício de jogar. na honestidade e na pureza'. Nisso perdeu a fortuna e teve que mendigar. Tocado pela graça, entregou-se ao serviço dos enfermos nos hospitais, especialmente 7 - São Guilhebaldo, Confessor. + Alemanha 790. Filho de São dos pestíferos, fundando para isso a Ordem dos Ministros dos Ricardo, rei dos Saxões ocidentais, sendo monge em Montecassino, Enfermos. Morreu vítima de sua caridade com moléstia contagiosa foi, por sua serenidade e doçura, reflexos da santidade de sua alma, que contraíra. Leão XIII o declarou patrono dos hospitais e dos escolhido por São Bonifácio como auxiliar na evangelização da enfermos. Alemanha, onde morreu. 15 - São Boaventura, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. + Lyon 8 - Santo Eugênio, Confessor. + Cartago, 505. Dirigiu sua diocese (França), 1274. Discípulo de São Francisco de Assis, distinguiu-se com destemor durante o domínio dos hereges vândalos, sendo por por sua sabedoria e piedade. Seus escritos, cheios de unção eles condenado à morte. Exilado para a França, morreu num sobrenatural, lhe valeram o título de Doutor Seráfico. Geral dos convento por ele fundado. Franciscanos, Cardeal , morreu em Lyon durante um Concílio. 9- Santa Verônica Giuliani, Virgem.+ Città di Castello {Itália), 1727 (vide seção Vida de Santos, p..... da presente edição). 10-Santa Felicidade e seus Sete Filhos, Mártires.+ Roma, Séc. li . 30

,

C ATOLICISMO -

16 - NOSSA SENHORA DO CARMO. Festa prescrita a toda a Igreja em 1726 por Bento XII, tem por fim agradecer a Nossa Senhora as extraordinárias graças que concedeu à Ordem do Carmo e a todos Julho de 1997

17 - Beato Inácio de Azevedo e Companheiros, Mártires. + 1570. Estes 40 Mártires do Brasil foram vítimas de piratas heréticos protestantes a caminho de nossa Pátria, que vinham evangelizar. Em um êxtase Santa Teresa os viu entrando no Céu. 18 - São Frederico, Bispo e Mártir. + Holanda, 838. Defendeu os direitos da Igreja, evangelizou bárbaros e increpou a Imperatriz, segunda mulher de Luís o Bonachão, por seus adultérios e maquinações políticas. Esta mandou assassinar o Santo.

ter estado no inferno, no purgatório e no paraíso, onde, em proporção decrescente, viu inúmeros conhecidos. Foi-lhe permitido voltar àTerra para rezar e sofrer pelos pecadores. 25 - São Tiago Maior, Apóstolo, Mártir. + Séc. 1. Irmão de São João, foi um dos três Apóstolos presentes na Transfiguração e na Agonia do Horto. Pregou na Judéia, Samaria e Espanha, onde seu sepulcro em Compostela foi um dos mais famosos da Idade Média. Patrono e Protetor desse país. 26 - Santos Joaquim e Ana, Pais da Santíssima Virgem. + Séc. 1. Descendentes de reis e pontífices, sua maior glória vem de terem sido pais da Virgem Maria e avós do Verbo de Deus Humanado.

19- Santa Áurea, Virgem e Mártir.+ Córdoba, 856. Religiosa havia mais de 30 anos, assustou-se no tribunal muçulmano com os instrumentos de tortura, renegando a fé. Mas no dia seguinte reapresentou-se ao tribunal afirmando ser mais cristã do que nunca. Foi decapitada e lançada no rio Guadalquivir. São Joaquim e Sant' Ana (Giotto)

20 - Santo Elias, Profeta. Séc. IX AC. Dos mais extraordinários personagens do Antigo Testamento, "consumia-se de zelo pelo Senhor, Deus dos Exércitos'. Foi arrebatado aos Céus num carro de fogo, devendo voltar no fim dos tempos para lutar contra o Anticristo. É considerado um dos fundadores do Carmelo.

27 - São Pantaleão, Mártir. + Nicomédia, Sec.111. Médico, converteuse à fé de Cristo. Os numerosos milagres que operava invocando o santíssimo nome do Salvador excitaram a inveja de colegas pagãos, que o denunciaram como cristão. Foi martirizado sob Maximiano. Uma ampola com seu sangue é conservada em Ravello, Itália, liqüefazendo-se milagrosamente em sua festa e na iminência de catástrofes. Outra ampola é venerada na Espanha.

21 - São Lourenço de Bríndisi, Confessor e Doutor da Igreja. + Lisboa, 1619. Religioso capuchinho italiano, pregou durante 20 anos na Itália eAlemanha, sendo um dos mais terríveis adversá rios do protestantismo em seu tempo. Hábil Santo Elias, Profeta diplomata, foi encarregado pelo Papa de delicadas missões, falecendo em Portugal, nesse exercício . Deixou várias obras de controvérsia e exegese.

28 - Santos Nazário, Celso e Vítor 1, Mártires.+ Séc. 1e li. Os dois primeiros foram martirizados em Milão nas perseguições de Nero, e suas relíquias reencontradas no século IV. São Vítor 1, Papa de origem africana, foi martirizado em 197.

22 - Santa Maria Madalena, Penitente. + séc. 1. "Porque muito amou, muito lhe foi perdoado". Acompanhou o Divino Mestre até a Cruz e foi a primeira a ter notícia de Sua ressurreição. Antiga tradição diz que morreu no sul da França. 23 - Santa Brígida da Suécia, Viúva. + Roma, 1373. Da família real da Suécia, casou-se com o príncipe da Nerícia. Santa Maria Madalena Este, após o nascimento de oito filhos, (Fra Angelico) entrou para a Ordem cisterciense e a esposa retirou-se com a filha, Santa Catarina, para Roma onde faleceu. Grande mística, teve muitas revelações, pelo que é chamada de a profetisa do Novo Testamento. 24 - Santa Cristina, a Admirável. + Bélgica, 1224. Aos 20 anos faleceu. Ressuscitou durante a missa de corpo preseQte afirmando CATO LI CISMO -

29- Santa Marta, Virgem. + Séc. 1. Irmã de Lázaro e Maria Madalena, foi honrada várias vezes com a visita de Nosso Senhor. Representa a vida ativa e Maria a contemplativa. É considerada padroeira das donas de casa. 30 - São Pedro Crisólogo, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. + Ravena, 450. Por sua eloqüência foi chamado Crisólogo, isto é, palavra de ouro. Grande moralista, combateu as superstições vindas do paganismo. Suas 160 homílias densas de doutrina lhe valeram o título de Doutor da Igreja. 31 - Santo Inácio de Loyola, Confessor. + Roma, 1556. "Tudo para a maior glória de Deus' foi o lema deste santo que, segundo o Papa Gregório XV, "tinha a alma · maior que o mundo". Para combater a pseudo-Reforma protestante e propulsionar a Contra-Reforma, fundou a Companhia de Jesus . Seus Exercícios Espirituais, escritos por inspiração de Nossa Senhora, levaram muitas almas à perfeição. Julho de 1997

Santo Inácio de Loyola

31


ê-f(;l[)yp

TFP

rr.; \ ( , ·

,~\·..'r.t~ )í\ .lf(j dt!ffe

INFORMATIVO RURAL:

Importante elemento da ação da TFP em favor do homem do campo

O

no ti c iá ri o so bre a qu es tão agr ári a no Bras il não raramente é te ma de manchetes, ocupando pág inas dos jornai s e não pouco te mpo de programas de televi são. O tema de si merece tal importância, mas é apresentado em uma verdadeira sarabanda.

"E o que.faz essa sambemda informati va? Interessa ? Atrai ? Orienta ? - comentava certa ocasião o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a respe ito do no tici á ri o inte rn acional , mas que tem sua analogia com a situação brasile ira:

"A rneu ver, o mais das vezes causa acabrunhamento, superexcitação, e por fim tédio. Sim, o tédio dentro da superexcitação; eis o estado de espírito que a pletora informativa cria em muitos e muitos de nossos contemporâneos. Em suma, todos sabem de tudo, não entendem nada, alguns.ficam com os nervos a tinir e quase todos, à.falta de melhor, bocejam" . ( 1) E a d eso rd e m d os fa tos mais o excesso de info rmações produzem o aturdimento. E "o

que é próprio do aturdimento senão desanimar e tirar a vontade de lutar ? O declínio da vontade de lutar já é metade da derrota ... " (2) Assim , a fim de evitar essa d es mo bi I ização psic ol óg ica face aos probl emas agrários, a TFP, seguindo sempre a lumi nosa ori e ntação do saudoso Pres ide nte do seu C on se lho Nac io nal, ve m difundindo o !1~fo rmativo Rural, fund ado 32

pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Contando já com a experi ê nc ia de mais de três décadas na luta contra a Reforma Agrária soc iali sta e confiscatória, a entidade trabalha em favor do produtor rural - pequ e no, médi o e grande - e da harmoni a social no ca mpo.

Informação doutrinariamente sólida, clara, precisa e bem analisada É princ ipalme nte em me io ao caos, à desinformação e à desori entação doutrinária que se comete m os maiores atentados contra a ag ropec uári a nac ional e os produtores ru ra is. Sem uma orientação doutrinária e sem uma informação sadia - c lara, prec isa e seri amente anali sada - do que vem acontecendo no País e m matéri a de Re form a Agrária e invasões de terras, torna-se espec ialmente difíc il defender-se.

Caro Amigo Ruralista Ficando só na sua labuta do dia-a-dia, esquecendo a existência de políticos fazendo leis que regulam sua atividade, o Amigo vai acabar perdendo sua propriedade. E também existem os agentes da anarquia, que querem invadir suas terras. Mantenha-se, pois, sempre bem informado através do Informativo Rural, da TFP. O Informativo Rural preenche admirave lmente esse pape l, co locando à di spos ição dos ag ropec uari stas - e de todos os que se interessam pelos rumos que vai tomando o Brasil contemporâneo - uma informação atualizada e uma análise c uidadosa do qu e se passa no campo, à luz dos princípios da doutrina cató lica, seja em matéria legal , seja em ações do Governo ou dos invaso res . É a partir de uma base do utrinári a e da informação conhecida com objetividade e ana li sa d a co m pre ci são, qu e o agropec uari sta te m os me ios

para ag ir ace rtadam ente e m face das situações, por vezes muito desag radáve is, que e lhe apresentam. Ex pl anando a doutrina soc ial católica, o Informativo Rural sabe, como nenhuma outra publicação do gênero, denunc iar a chamada "esquerda católica", hoje em di a representada pela CPT e por certos eclesiás ti cos, que infe li zmente se preocupam mais em promover a revolução social no campo do que ensinar Reli gião. O

• d e nun c ia o rumo ag ress ivo e a n tic ri stão qu e va i to rn a ndo a Re forma Agrá ri a no Bras il ; • d esve nda tod a a ve rd ade sobre o Mo vime nto d os Se m -te rra : _s ua ide olog ia, seus mé todos, as c umpli c ida d es d e qu e se be ne fi c ia, a o mi ssão d os qu e d e ve ri a m opo r-lh e diques; • indi ca um rum o, d e ntro d a le i e d os prin cípi os d a c ivili zação c ri stã, pa ra todos os qu e deseja m pro du z ir e m paz no ca mpo; • d e fe nde a necess id a d e d a pro pri e d ad e privad a pa ra urna o rde m soc ia l ju sta e pa ra o in c re me nto d a pro du ção ag ro pec uá ri a . • 11 .000 exempl ares a ca d a e di ção.

,

CATOLI CISMO -

Julho de 1997

Incisivo documento da'°'-f-F• TFP norte-americana contra apoios eclesiásticos ao homossexualismo Sodomia não é mais pecado? Apelo urgente às autoridades eclesiásticas

A

S dua s fra se s e m epígrafe constituem o títul o e o s ubtítulo de recente pronunciamento da

American Soc iety f o r th e Defense of Tradition, Family anel Property - TFP face ao escandaloso apo io de al guns setores da Hierarqui a eclesiástica norte-americana à homossexual idade. Publicado na rev ista "Crusade" (m arço/abril p.p.) daquela TFP be m co mo no importante se maná rio cató lico ''The Wanclerer" (24 de abril último) , o manifesto começa citando a passagem do Gênesis sobre os sodomitas, que "eram

Notas:

péssimos e grandes pecadores diante de 1 eu.\"' ( en. 13 , 13).

1) A 111rdi111e1110, passo para a derrola , in " Fo lha de S. Paulo", 23 -5- 197 1. 2) Idem.

Passa · m seguida a mostrar como c ·ri os membros da Hierarquia ·a1 6 lica dos Estado Unidos f'azc ndo ouvidos 111 ucos às co ndenações desse abomin nv •I pecado contida. nas Sa •radas Escrituras, na Trad iç, o • no Mag istério da Igreja - di ss ' min am a confusão, di stor · •ntlo aque las condenaçõ s ti • modo a justifi car seus pror >s ilos. Por exemplo, afirmando qu • o d o m a e Gomorra f'orum d 'stru ídas não porque pral i ·avam aquele vício hediondo, mas pelo fato de seus habitanl ·s não serem hospitaleiros.

O Informativo Rural: Para receber o Informativo Rural Basta escrever para: Rua Dr. Martinica Prado, 271 - CEP 01224-01 O, São Paulo (SP) ou pedir pelo fax (011) 486-9148. A distribuição é gratuita. As colaborações para manutenção e maior difusão do boletim serão bem recebidas.

ÃO

O manifesto da TFP norteamericana cita então a impressionante passagem da alocução de Paulo VI aos alunos do Seminário Lombardo, em 7 de dezembro de 1968, na qual aquele Pontífice descreve o processo de autodemolição por que passa a Esposa Mística de Cristo. Nessa mesma linha vêm, log o a seguir, excertos ela alocução de João Paulo II aos religiosos e padres participantes do " Primeiro Congresso

Nacional Italiano sobre as Missões aos Po vos para os anos 80 ", de 6 de fevereiro de 1981, na qual o Pontífice rei nante, entre outras coisas, afirma: "Deve-se ser realista e re-

conhece,; com profundo e sofrido sentimento, que grande parte dos cristãos de hoj e encontra -se perdida, confusa, perplexa e mesmo desiludida: idéias contradizendo a Verdade imutável foram difundidas em todas as direções; foram disseminadas verdadeiras heresias nos campos dogmático e moral, criando dúvida, confúsão e rebelião; até a liturgia foi a/te rada" . À luz desses dois pronunciamentos pontifícios, o manifesto faz alusão à desconcertante atitude do Bispo de Rochester, Dom Matthew Clark, ao celebrar Missa para militantes hoCATOLICISMO -

TFP norte-americana no último Desfile pela Vida, em Washington

mossexuais no interior da Catedral do Sagrado Coração de Jesus, em Rochester (Estado de New York), no dia 1° de março p.p. , bem como para os paiticipantes do [V Simpósio Nacional do Ministério de Novos Caminhos, em Pittsburgh, entre os dias 7 a 9 de março p.p. , conforme notícias publicadas por "The Wanderer", edjções de 1º e 20 de mai·ço p.p. N esse último evento, os sodomitas traçaram os planos de ação para a revolução homossexual , acentuando a necessidade de util izai·em a estratégia do gradualismo a fim de • evitar qualquer reação de autoridades eclesiásticas contrári as. Pai·a isso contai-am com palavras de apoio do acima citado Mon s. Matthew Clark e do Bispo Auxiliar de Detroit, Mon s. Thomas Gumbleton, presentes ao referido simpósio.

Julho de 1997

Engana - se entretanto quem pensar que são somente esses doi s Prelados que dão apoio à causa dos sodomitas. O manifesto da TFP americana cita ainda a incrível declaração proferida no mesmo Simpósio pelo Prof. Joseph Selling, responsável pelo Depai·tamento de Teologia Moral da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, que acenando pai·a uma "evolução" da Igreja no considerar a sodomia, chega ao absurdo de pretender que esta última será equipai·ada ao relacionamento heterossexual entre divorciados e recasados. Outro orador do referido Simpósio foi o frade domi ni c ano Richard Peddicord , professor de Teologia Moral no Instituto Aquino de Teologia, de St. Louis, o qual , falando a respe ito da necessidade de uma pastoral homossexual , de-

33


clarou que a questão dos direili se marxi sta para gra nj ear simpatia em prol da guerrilha tos dos homossexua is deve ser considerada sob o ponto de visna América Latina, e a Teolota da justiça soc ial. E acrescengia Homossexual. Esta teve tou que a pastoral homossex u- •~ início a partir de distúrbios al "não deve limitar-se a rep ocorridos em Nova York, no tir as condenações morais à ano de 1969, e atualmente se prática homossexual, mas pro- faz presente e m muitas uni mover os direitos civis dos hoversidades e seminários catómossexuais" . licos nos Estados Unidos. Ta l declaração - inform a Assim , no já aludido Simo manifesto da TFP americapósio, o Pe. Robert Nugent e a na - vai na mesma linha das Irmã Jeannine Gramick fazem instruções pastorais dos Bispos uma declaração no sentido das católi cos da Inglaterra e do mencionadas analogias: País de Gales, no ano de 1979. "A teologia lésbico-homosA seguir, o referido docusexual é um exemplo de autêntica subversão. Ela en volve mento passa ª. cons iderar as uma reviravolta real da anália na log ias ex iste ntes entre a se das Escrituras a partir da famigerada Teologia da Libertaçê{o, que se utilizou da anábase da sociedade. Visto que

o espírito divino está continuamente revelando a verdade ao coração humano, as Escrituras contêm alguns conhecimentos, dos quais a comunidade Cristã só pode ter notícia mediante o testemunho de pessoas lésbicas e homossexuais". Por sua vez, o já citado Bispo Auxili ar de Detroit, Mons. Gumbleton, referindo-se a um depoimento do aiticulista homossexual Anclrew SulJivan na revista "América", conclui que o mesmo "encontrou Deus em sua experiência homossexuaI". O impress ionante e oportuno manifesto, antes de encerrar com um filial apelo às autorid ades ecles iásticas norte-americanas, conc itando-as

a opor enérgi cas medidas de coerção à esca lada homossexua l, cita um trec ho de Re volução e Co ntra-Re volução, ob ra-prim a do in signe p e nsador e líd er cató li co, Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, na qual e le afirm a: "A s paixões desordenadas, indo num c rescendo aná logo ao da aceleração na lei da gravidade, e alimentando-se de suas próprias obras, acarretam conseqüências que, por sua vez, se desenvolvem segundo intensidade proporcional. E na mesma prog ressão os erros geram erros, e as revoluções abrem caminho umas para as outras" (Parte I, Capítulo VI, 3). D

TFP faz apelo aos deputados e entrega abaixo-assinado contra projeto abortista

N

o último dia 4, a TFP entregou à Comi ssão de Constitui ção, Justiça e Redação da Câmara dos Deputados 62.500 assinaturas contra o Projeto de Lei abo1tista, do deputado Eduardo Jorge (PT/ SP), bem como pareceres de 19 Arcebispos e Bispos e abaixoassinado de 606 Sacerdotes contrário ao mencionado projeto e ao que se refere ao "casamento" homossexual. A Campanha O Amanhã de Nossos Filhos, uma inici ativa da TFP, na mes ma ocas ião também encaminhou um apelo a todos os membros da CCJ para que rejeitem o Projeto aborti sta. Com uma rede de simpatizantes em mais de 3.000 cidades, o Sr. Ruy Coelho Maia - coordenador da referida Campanha da TFP - justifica seu pedido através de considerações de ordem moral, religiosa. O Sr. Maia afirma em seu documento: "Da r agasalho, em nossa legislação à prática 34

dessa torpeza, além de ser uma aberração do ponto de vista moral, expõe nossa Pátria, e em especial os leg isladores que a ela derem seu voto favorável, à j usta ira de Deus." Além de e ntrega r um exempl ar do livro Aborto: 50 perguntas, 50 respostas em defesa da vida inocente, derespon sabilidade da mencionada campanha como subsídio aos de ba tes, o Sr. Ruy Coe lh o Maia lembra aos deputados da CCJ as 10 mil ass inaturas de apo io ao Apelo em def esa da vida inocente, a eles encaminhadas por aq uela Campanha em dezembro último com esse mesmo objetivo. E o docu111ento conclui afirma nd o: "Cumpre recordar também os pareceres distribu ídos aos componentes da CCJ, da lavra de 20 eminentes desembargadores,juízes e juristas de São Paulo e Rio de Janeiro, apontando o caráter inconstitucional do PL 2019 J" [projeto abortista]. D CATOLICISMO

1LXC A TFP equatoriana ofereceu à imagem de Nossa Senhora do Bom Sucesso, cuja fisionomia foi miraculosamente concluída por Anjos, vários presentes: coroa, báculo, terço (foto à esquerda). Na primeira foto, a imagem é coroada pelo Bispo-Auxiliar de Quito, Mons. Julio Terán Tutari, na igreja da Imaculada Conceição, na capital eequatoriana, no dia 18 de maio p.p., festa de Pentecostes. Na foto acima, detalhe da imagem com a coroa doada pela TFP equatoriana. Devido à importância das profecias de Nossa Senhora do Bom Sucesso para o século XX, é-nos muito grato registrar o fato.

Publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes Ltda. Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Mariza Mazzilli Costa do Lago - Reg. no DRT-SP nº 23228 Redação e Gerência: R. Gen. Jardim, 770, cj. 3 D- CEP 01 223-010- S. Paulo SP Tel (011) 257-1088 - Fax (011)258-4654 - ISSN 0008-8528 Fotolitos: Bureau Bandeirante de Pré-Impressão Ltda. Rua Mairinque, 96 - CEP 04037-020 - São Paulo SP Impressão: Takano Fotolito & Gráfica - Av. Dr. Silva Melo, 45 CEP 04675-010 - Tel. (011) 524-2322 Fax (011) 246-3311 São Paulo SP

Preços da assinatura anual para o mês de JULHO de 1997: Comum: R$ 50,00 Cooperador: R$ 75,00 Benfeitor: R$ 150,00 Grande Benfeitor: R$ 250,00 Exemplar avulso: R$ 5,00 O que exceder ao va lor da assinatura comum considera-se um donativo para a difu são de Catolicismo e para as atividades estatutári as da TFP

N.B.-

SERVIÇO !>E A'fEN!>IMENTO AO ASSINANTE Telefone: (011) 223-4233 CORRESPONDÊNCIA: Caixa Postal 9159 CEP 01065-970 São Paulo SP -Julho de 1997

Membro d< TFP entregam 62.500 a inaturas contra o

aborto, cm 8r, ília, na CCJ da Câmara d · D ·putados, (vide notícia n, p, gina ao lado).


.. .

' '

'

.

'

' '

!

'

'

.

.

'

1

1

f

r

Sslanarla

1

' ' ' '

'

Plínio Corrêa de Oliveira

'

.

'

'

'

'

.

'

'

.

I

'

1

'

'

'

;

1

.

f

1

,.

'

'

1

;

'

Winston, que não fez nada mais nem menos do que salvar a Inglaterra. E sua esposa morre na penúria! Estou pressentindo à distância algum leitor socia li sta que uiva: "estamos na época da igualdade e da justiça social!" N ão disponho de mais espaço para • responder a esta objeção, mode lo perfeito de toli ce. Ju sti ça é retribuir a cada qual seg und o seus méritos . E não é retribuir igualmente a gênios e mediocridades, heróis e pusilânimes, homens beneméritos ou egoistarrões; E se a vi úva de um operário tem o direito a um a pensão correspo ndente ao honesto trabalho prestado por seu marido, não vejo por onde a viúva de um homem genial e benemérito não tenha direito a um status correspondente ao serviço de se u esposo, que sa lvou a pátria. Mas estou pers uad ido de que me u argumento não modificará o modo de pensar de soc ia li stas e co muni stas. Em via de regra, e les acham justo qu e a Pass ionária, a fera do com unismo espanhol nos idos do Alzamiento esteja hoje gozando dos confortáveis subsídi os de deputado às Cortes de seu país. No exercício de um mandato para qual sua velhice não lhe dá força, sua cultura não lhe dá títulos, e seu passado não lhe dá direito. E acham justo também que uma ela maiore damas de nosso séc ulo morra na penúria ...

.

'

~ r a nde de rosto e de porte, com um não-se i-quê de nobremente aquilino no olh ar e no perfil. Lady Ch urchill reunia entretanto todas as graças genuinamente fem ininas. Sua educação aristocrática lhe comun icara um charme ev idente. Sua imponênc ia coex istia e legantemente com uma afabilidade atraente. Apesar de vistosa, era sumamente di screta. E sab ia ser inteligente sem em nada disputar a seu brilhante esposo os olh ares do público. No equilíbrio de tantas qualidades quase opostas, tudo era degagé [natural] e nada era recherché [afetado] . Na semana que finda, li portanto com emoção a notícia de que fa lecera a baronesa C hurchi ll (E li zabeth II lhe concedera este título após a morte do esposo). Não posso ocultar, porém, que a essa emoção se associou um espanto rapi damente transformado em indignação. A "Folha de S. Paulo" fo i o jornal de nossa cidade que mai s dados publicou sobre a vida de Lady Churchill . Realçou-lhe a perfeita uni ão com o esposo, a íntima cooperação até na obra intelectua l deste, e acabou por revelar que essa grande dama terminara sua vida na penúria,. obrigada, para saldar seus modestos gastos, a vender até quadros pintados pelo falecido premier. Assim é o Estado moderno. No início do século XVIII, John Churchi ll ganhou para a Inglaterra várias batalhas. Por isto, foi elevado a Duque de Malborough e dotado com os abundantes recursos que Lhe permitiram construir o magnífico castelo de Blenheim, mansão até hoje de um de seus descendentes. No século XX, a glória de John Churchill foi superada por um inglês da estirpe dele, isto é, por

Excertos do artigo A Baronesa e a Passionária, do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, publicado na "Folha de S. Paulo" em 19 de dezembro de 1977.

Dolores lbarruri - a Passionária


1

1

1

.

JLICI


Revolução e C ontra-Revolução PLINIO CoRRÊA DE OuvEIRA

AfOLI li Nº 560 - Agosto de 1997

NESTA EDIÇÃ0: '

2

4

2

CAT01.1< ·1sMo -

São Pedro Julião Eymard: criador da adoração perpétua do Santíssimo Sacramento

7

Frei Damião

24

VERDADES ESQUECIDAS

25

PÁGINA MARIANA

Nossa Senhora do Rosário de Pompéia e sua Basílica

"Quem não for de caráter sério e profundo não é capaz de nada"

A REALIDADE, CONCISAMENTE

Autodemolição social: drogar-se é moda!

8

21

COM A PALAVRA. .. O DIRETOR DESTAQUE

5 ·ais "coagulações" e cristalizações conduzem normal- por meio dessas doutrinas que se eh.amam católicomente ao entrechoque das forças da Revolução. Consi- Liberais, as quais, apoiando-se sobre os mais pernicioderando-o, dir-se-ia que as potências do mal estão divi- sos princípios, adulam o poder civil quando ele invade didas contra si mesmas, e que é falsa nossa concepção as coisas espirituais, e impulsionam as almas ao respeiunitária do processo revolucionário. to, ou ao menos à tolerância das Leis Ilusão. Por um in stinto profundo, mais iníquas. Como se absolutamenque mostra que são h armônicas em te não estivesse escrito que ninguém seus elementos essenciais, e contrapode servir a dois senhores. São eles ditórias apena em seus acidentes, muito mais perigosos certamente e têm essas forças uma espantosa camais funestos do qf:te os inimigos depacidade de se unirem contra a Igreclarados, não só porque lhes secunja Católica, sempre que se encontrem dam os esforços, talvez sem o perceem face dEla. berem, como também porque, manEstéreis nos elementos bons que tendo opiniões condenadas mas denlhes restem, as forças revolucionária tro de ce rtos Limites, tomam uma só são realmente efici entes para o mal. aparência de integridade e de dou E ass im, cada qual ataca de seu lado trina irrepreensível, aliciando os ima Igreja, que fica como uma cidade prudentes amigos de conciliações e sitiada por um imenso exército. enganando as pessoas honestas, que se revoltariam contra um erro declaEntre essas forças da Revolução, cumpre não omitir os católicos que rado. Por isso, eles dividem os espíAltar•mor da Basílica de São Pedro, professam a doutrina da Igreja mas ritos, rasgam a unidade e e,7:ji-aquea principal de Roma, templo simbólico estão dominados pelo espírito revocem as forças que seria neces.wírio da Santa Igreja lucionário. Mil vezes mais perigoreunir contra o ini111iw>" ( 'arta ao sos que os inimigos declarados, combatem a Cidade Presidente e membros do Cír, ·ulo 801110 A111/m h io , d' Santa dentro de seus próprios muros, e bem merecem o Milão, de 6-3-1873 , apud / Papi <' lo C:iovl'n/11 , Editri cc D que deles disse Pio IX: "Embora os filhos do século se- AV.E., Roma, 1944, p. 36). jam mais hábeis que os filhos da Luz, seus ardis e suas No próximo número ver mo qu m 10 o , JC 11tc d R volução. violências teriam, sem dúvida, menor êxito se um grande número, entre aqueles que se intitulam católicos, não Sentido da pnlnvm R voluç o Lhes estendesse mão amiga. Sim, infelizmente, há os que Damo n os, ( vui.:1, 1>1110 o ( 11tldo d um movim ento que vi sa destruir um poch 1 0 11 11111 1 01 !11 111 lt qllltnn e pôr em seu lugar um parecem querer caminhar de acordo com nossos inimit cio do col 11, (h11t 1u;lrn 1 111 111 1111 1110 queremos dizer ordem de gos, e se esforçam por estabelecer uma aliança entre a oi n ) mr 11111 pollor 111 11th 1111 Luz e as trevas, um acordo entre ajustiça e a iniqüidade

VIDAS DE SANTOS

A frente única da Revolução

Transcrevemos a seguir mais um item do Capítulo VI de Revolução e Contra-Revolução do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, no qual o autor refuta outra objeção que se poderia fazer ao seu trabalho.

D. A frente única da Revolução

REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO

ENTREVISTA

Deputado Severino Cavalcanti: denodado defensor da família brasileira

A PALAVRA DO SACERDOTE

26

A origem dos nomes dos Papas

10

15

ESCREVEM OS LEITORES

29

SANTOS E FESTAS DO MÊS

30

TFPs EM AÇÃO

32

HISTÓRIA

Fábio, o Iberoamericanista cristão

Na América e na Europa em defesa da família

INTERNACIONAL

Ocidente favorece a China comunista, apesar do trabalho virtualmente escravo

AMB IENTES, COSTUMES, CIVILIZAÇÕES

17

36

O Castelo de Chambord

CAPA

Profecias e revelações particulares

CAPA: Profeta Joel do Aleijadinho, Congonhas do Campo (MG)

Agoslo eh• 14) 1'7 CATOLICISMO -

Agosto de 1997

3


Com a palavra... o Diretor

Nossa Senhora do Rosário de Pompéia

Amigo Leitor ,

Algumas novi da de s qu anto a o p r ogr e s so alcançado por nossa revista

n tár i o . = c ome ,, . eira n o t icia

crescendo o / que con tinua de levar an úmero de assinan t es , de ro . do nossa meta revista ao maior nume A pn.m . se c umpr1n que se , , E assim va, dos a quel es Catoli cismo. atólicos . gratidão a to Gostar,· a de poder , el de l ares c manifestar poss , v É este um momen t o Phrop ic i o paradas mais va:1'adasxprimir formas , meu reconhec imento através d nessa campana , t e nder minh a mao e e têm e mpenha o ssoalmente , es lazer para da um p e d seu falar com ca , , d horas e tra de têm fe1 to . e vêm sacrif1can o . da oferecem ou . pelo que C tan t o s qu assinatura , arn tendo e m v,sta Como agradecer a a l ém de s ua e nos escrevem , vas' atolicismo ? E aos que , os ass inan tes qu 'ticas construt1 . p aren te ou amigo ? E a ou fa,endo cn s estid i vulgar te para um -dando s ugestoes artas que no presen com s ua opin, ao , várias cen tenas de c Deus e a Sua Mãe a judar-nos , l timo mês r ecebemos d , do por amor a respeita o te Soment e nestenes u t e . duro atençAo d_e qsuuaems apetências . oderosamen l i da embate e su bli'empreen vez mais nhada , ~om a ada m ular:1 P_ . Cada carnas t a linhas f ?1 Sant1ss1ma e en tre linhas ' conhecer c P rocu ra , t assinante e . gra dec ime n o . si ncer o a merecem

é

leitores orientação aos sta edi ção destaco u e con tém uma oes particulares , capa , ,, as q , apar i ções reveap' l al~ cando a cada caso Ne Inicial ment e , a ma t ér i a deprofec S e~nte t ma rreto de consi d erar deve descon fiar . om r equívoco nesse e . sobre o modod:ºacredi t ar e do que seoderemos evitar qual que n tamos a vida do A

todos nosso

dois temas .

No q~:-:: ~~rmas da Santa I g reJa , P Jesus Sacramentado~ a~~:s: adoraçAo perpéas s ' E para afervora r__nossa devoçao a E ard , f undador _do Institu to de ,c 1 sao Pedro J ul,ao ym Sacrame n t ,nos , possível , a fa,er admiráve , , Sacrame nto , os , na medida do nas igre,as , , 1 caro le>tor , s a bandonados t a do Santrns,mo to aos Sacrários , cada maior Que seu exemph l o jounest,mu u e, , ve,parte ma, do tempo fechadas . . Nosso Sen or . felizmente a companhia . , aàs vezes , perman ecem in as quais

Em Jesus e Maria ,

Pau lo Corr êa de Brito Filh o Di retor

vi 1lhos a ã l 1. vro I\ Ma1 a Co o do eç ão sign 1f1cat1vo êxito a di'vulgaç da pr im 1. ro l , xr •m IJ I t rm da s do maior alcançando Nossar Senhora ~pa:e:, <l,,,,,J~ P , S , ', Está , e os Milagres de lança t>tu o,' s' ,mpr"' 1a; l,o, <J; º"" , ,,o 1i c itando essa Historia pretende . ou tros Ca tol icismo . Ela rezado leitor ' s u. a bibl10L e l ' nteresse . Enriqu eça , PPadroeira . do Brasil . preciosa ora b sobre a

4

Singela pintura da Mãe de Deus originou, no século passado, poderoso incremento da devoção mariana e a construção de um dos grandes santuários italianos

H

PLíN10 MA RIA

Sou MEo

á quase 1.000 anos, na apresentamos aqui a história de F ra nça, o espan h o l Nossa Senhora do Rosário de São Do min gos de Gusmão recebia de Nossa SePompéia, um ilustra tivo exemnhora, segundo piedosa crença, plo das g raças que a Mãe de a reve lação do rosário como Deus quis distribuir medi ante meio seguro para converter os essa invocação e o uso do podehereges albigenses que infes taroso meio de santificação que é o rosá rio. vam o sul daquele país. Alguns séculos mais ta rde, o Papa São Pio V insti tuiu a fesSob as cinzas do Vesúvio ... ta de Nossa Senhora das Vitórias, em ação de graças pelo triEram 11 horas da manhã do un fo naval obtido pelos cri stãos dia 24 de agosto do ano 79 de contra os turcos em Lepanto, no nossa era. Os 25 mil habitantes dia em que se fa ziam na Crisda cidade de Pompéia, ao sul de ta ndade procissões das confraNápoles, dedicavam-se aos seus rias do Rosário nessa intenção. afazeres quotidianos, ou a seus Seu sucesso,~Gregório XIII , reprováveis vícios, quando um mudo u o nome da festa pa ra estrondo aterrador os arrastou instin tiva mente para a rua. Nossa Senhora do Rosário, confirmando o papel do rosário nesDo Ves úvio s ubi a ao cé u sa vitória. E a fixo u no primeiro imensa coluna de fogo! Insta ndomingo de outu bro. Em 1716 Clemente XI estendeu a fes ta a toda a Igreja depois de outras vitórias obtidas contra os turcos, na Hungria. E, no século XIX, o mês de outubro fo i dedicado ao rosário. O rosário tornou-se, desde então, um dos mais significativos símbolos do Catolicismo. Hoj e, a pedido de uma senhora assinante de Catolicismo e residente no ba irro de Vi la Pompé ia da cap ital paulista,

Bartolo longo com meninos

de seu orfanato

A estampa milagrosa da Basílica de Nossa Senhora do Rosário, em Pompéia

tes depois sua cratera, transformada em horrível boca do inFoi possível reconstituir as fe rno, começou a ex pelir pedras casas, mobiliários e cenas da vida in candesce ntes como mísse is quotidiana da outrora brilhante orientados contra a cidade. Uma cidade, bem como de alguns de chu va de cinzas, impregnada de seus abomináveis vícios, possível causa da cólera divina. vapores sulfúreos e de cloro, escureceu o céu.

O revolucionário O que faze r? Escapar para converte-se em onde ? A aterrada população coardente apóstolo meçou a esconder-se nas casas ou a fug ir loucamente sem direção. Mas era tarde demais: em Ba1tolo Longo, filh o de um pouco te mpo Pompéia e mais médico da província de B1indisi, quatro cidades ficaram sepultarecebera educação cristã no gidas sob 10 metros de cinzas ... nás io dos Padres Escolápios, onde aprendeu a rezar e a amar * ** o rosário. Aos poucos fo i-se perdendo a memória da catástrofe e nos Na fac uldade de Dire ito, 1600 anos s ubseq üentes nin contudo, deixo u-se impregnar g uém ouviria falar da cidade. pelo naturalismo anticlerica l e anti -relig ioso ali reinante, in No início do século XVII, o arqui te to Fontana redescobriu gressando aos 20 anos no moviPompéia. Mas só no fin al do me nto revo lu c io nári o de século seguinte é que começaGariba /di , Ca vour e Vitor riam os tra balhos arqueológicos Emanuel, des tin ado a levar a sistemáticos - que continuam cabo a unificação italiana, com até hoj e - para resgatá- la das a elimin ação dos Es tad os cinzas . Pontifícios e a supressão do poder temporal dos Papas.


Porém, um de seus professores na faculdade ficou cativado por suas qualidades naturais e via nele, uma vez convertido, grandes possibilidades para o apostolado. Procurou então conquistarlhe a amizade e, aos poucos, encaminhou-o a um piedoso e douto dominicano, sob cuja influência Bartolo reencontrou a fé da infância, fez-se Terceiro Dominicano, e entregou -se a obras de caridade em favor da velhice. Decidiu -se a amar a Deus com todas suas forças , tomando como modelo o Coração Sacratíssimo de Jesus, cuja devoção passou a propagar. Por essa época encontrou a condessa Marianna Farnararo, viúva, mulher apostó lica e de viva fé. Edificada com a probidade moral e espírito empreendedor do jovem advogado, Marianna o contratou como administrador de seu patrimônio. Foi assim que, em outubro de J872, Bartolo dirigiu-se ao vale de Pompéia, onde a condessa possuía terras. A miséria espiritual dos habitantes, quase todos trabalhando nas escavações, o impressionou . Como poderia sanar tamanho mal? A resposta veio por meio de uma voz interior, que lhe murmurou : " Propague o Rosário". Fiel a uma recomendação tão do agrado de seu coração, Bartolo tornou -se catequista e apóstolo daqueles operários, incentivando-os a entrar na Confraria do Rosário.

muitos milagres", profetizou. Contudo, ao vê-la, a condessa ficou pasma: "Sem.e fhante pintura é mais capaz de fa zer per1

der a devoção do que incentivála!" afirmou. Mas, à falta de melhor, a estampa, enrolada num tecido ordinário, foi colocada sobre uma carroça carregada de lixo que se destinava a Pompéia ... Enquanto isso, o Bispo de Nola, do qual dependia a região, surpreso com o bom resultado obtido por Bartolo no apos tolado, decidiu construir uma igreja mais próxima do local. Com os recursos arrecadados na primeira coleta, efetuada com vistas à ed ificação do templo religioso, mandaram restaurar e enq uadrar a tela da Virgem do Rosário, expondo-a pela primeira vez à veneração pública no dia l3 de fevereiro de 1876. Ora, desse dia até o 19 de março segu inte, oito grandes milagres realizaram-se diante da modesta estampa, com repercussão em toda a Itália! Bartolo tinha vistas muito amplas. Por isso viajou pela Europa pedindo donativos não só

para o novo santuário, mas para outras obras que planejava. Assim, em 1884, fundou um periódico "O Rosário e a nova Pompéia", para o qual montou uma tipografia em que empregou meninos pobres da cidade. Visando prepará-los para a função, organ izo u um a escola de tipografia. Seguiram-se um orfanato para os filhos e depois para as filhas dos encarcerados. Para a formação destas, fundou a congregação das Fi Ihas do Santo Rosário da Ordem Terce ira Dominicana. Enquanto isso, a devoção à Madonna dei Rosario cresceu tanto que, em 1887, recebeu a honra da coroação so lene. Em 189 1 a nova igrej a foi consagrada com o título de Rainha das Vitórias e, em 1901 , foi elevada a basílica . E hoje cm dia é um dos santu ários mai s famosos da Itália.

Após a cruz da perseguições, o reconhecimento do Papa santo Como todos os verdadeiros

serv idores de Deus, Bartolo encontrou a ingratidão, o sofrimento e a perseguição. Acusaram-no perante o Papa Leão XIII de desviar os fundos obtidos para suas obras, e fizeram malévolas insinuações de suas re lações com a condessa. Aquele Pontífice os aconselhou a se casarem, para fazer calar os maldizentes. E les o fizeram , mas mantendo perfeita continência. Pouco mais tarde São Pio X, mal informado, destituiu o casal da administração das obras de Pompéia, ao que ambos se submeteram humildemente. Já em 1893 hav iam renunciado em favor da Santa Sé a todas as obras que fundaram. Numa vi sita a esse Pontífice, dois dias depoi s da destituição , o casa l apresentou-lhe alguns meninos e meninas, filhos dos encarcerados, que eles educavam, dizendo que, de então em diante e les seriam filhos do Papa. O Santo Pontífice percebeu que tinha sido vítima de falsas informações, e a partir de então não cessou de elogiar o desinteresse e a honestidade do casal. Como as obras de Pompéia iam já de vento em popa , Barto lo resolveu retirar-se intei ramente do empreendimento para viver seus últimos anos no recolhimento e oração. A condessa faleceu em 1924 e Bartolo a seguiu no ano segu inte, aos 86 anos de idade, em odor de sanD tidade, venerado por todos.

Apesar das invasões, a produção agrícola cresce

Na Rússia, católicos não têm vez

A produção agrícola cresceu 8,6 % em 1994, 5,4% em l995 e 3,1 % em 1996. Deverá crescer cerca de 5% em 1997. O crescimento percentual é maior do que o registrado na produção industrial. Nas exportações, entre 1990 e l 996, os bens industriais passaram de um superavit de 7,2 bilhões a um déficit anual de 9,3 bilhões. Os produtos agrícolas ampli aram o superávit de 6, 1 bilhões para 8,5 bilhões, mostrando que o agricultor brasileiro consegue disputar na qualidade e no preço. Não seria ainda melhor para os agricultores e o povo em geral se não houvesse a contínua agitação no campo, promovida espec ialmente pelo MST, que não favorece o colono e traz insegurança ao fazendeiro?

A chamada Igreja Ortodoxa foi co ns iderada parte inalienável da História russa. Ao islamismo, budismo e judaísmo prometeu-se respeito. Há uma expressão vaga igrejas tradicionais - às quais também se promete respeito. As outras religiões sofrerão limitações severas na Rússia, segundo um projeto de lei aprovado pela Duma (Câmara Ba ixa) , de maioria comunista e nacionalista . Os c ismáticos da Rússia já não gostavam do aposto lado católico e sua direção via com maus olhos a abertura de paróquias naque le país. Agora vem esse go lpe, uma resposta s ignificat iva aos esforços de aproximação fe itos por tantos partidários de um ecumenismo a todo c usto.

Arraes promove viagem "cultural" a Cuba O Governo de Pernambuco juntamente com o Ministério da Cultura vão pagar a viagem de 170 pessoas a Cuba. Viagem "cultural':, naturalmente. O que irão ver lá? A penúria de um povo escravizado. Pode-se imaginar o alarido que ce11a mídia faria se fosse divulgado que o Governo iria pagar uma viagem de l 70 pessoas a Paris ... E na capital francesa ce11amente haveria muita coisa maravilhosa e útil para se contemplar e aprender!

Autodemolição social: drogar-se é moda!

"Crianças de rua"... moram em casa

Fontes de referência: A partir do quadro, multiplicam-se os milagres Bartolo e seu diretor espiritual começaram então a procurar uma imagem de Nossa Senhora do Rosário para a igreja paroquial. Um dia uma religiosa, que soubera do que necessitavam , apresentou ao advogado uma pintura da invocação desejada, mas em muito mal estado: "Por

meio dessa efígie realizar-se-ão 6

Antonio Augusto Borelli Machado, Rosário - A grande solução para os proble111a.1· de nosso tempo, Artprcss Indústria Gráfi ca e Editora Ltda., São Paulo, 2" cd., 1994, p. 47. Jean Ladarnc, Not re Dame de Toute E11ro11e, Éditions Résiac, Montsours, França, 1984, pp. 237 a 24 1. Pc. José Leite SJ, Santos de Cada Dia , Editori al A.O., Braga, 1994, pp. 129 u 132. Nil za Bote lho Megal c, Cento e Doze in vocações da Vi1ge111 Maria 110 !Jrasil, Vozes, 1986, pp. 306-308, e 337 a 3341. Eclés ia Aducc i, Maria e seus Glorioso., Títulos , Editora Lar Católico, 1958, pp. 345, 346. 0

/

Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Pompéia, na capital paulista: a invocação mariana expandiu-se pelo mundo inteiro • CATouc1sMo - Agosto ele 1997

Uma recente pesquisa do SOS Criança, órgão do Governo de São Paulo, revela que 51, 7% dos chamados meninos de rua dorme em casa e 47 % ainda freqüentam escolas. 60% deles pedem esmolas, 16% guardam carros íflanelinhasl e 12% admitem que roubam. As drogas são utilizadas por 84% dos meninos e meninas de rua. Situação grave? Gravíssima. Mas menos grave do que apregoam certos meios. De outro lado, a causa principal do abandono das c1ianças não é econômica, é moral: famílias desestruturadas, devido à fa lta de formação religiosa, além de desleixo e alcoolismo, entre outros fatores de desagregação dos costumes. CATOLICISMO - Agosto ele 1997

Nos Estados Unidos, muitas casas de modas faziam suas modelos serem fotografadas com a fisionomia pálida, o ar tétrico, como se estivessem drogadas. Nisto vinha uma insinuação de que, para ser elegante, era preciso consumir drogas. David Sorrenti, de 20 anos, um fotógrafo especialista em fotos desse tipo, morTeu há pouco por excesso de consumo de heroína. Isto levou o Presidente Clinton a um enérgico ataque à propaganda da moda feminina : "A glorificação da heroína não é criativa, é destrutiva". Exemplo característico de autodemoJição: o alto capitalismo, proprietário das grandes casas de moda, promove a destruição da sociedade da qual e le vive. 7


ri~

z ________

Resposta

Pi_e_r_g_u_n_t_a_

De fato, este costume dos Papas trocarem o nome de batismo por outro nome só se introduziu na Igreja com o Papa João XII, que reinou de 956 a 964, o qual abandonou seu nome de batismo, Octaviano, pelo de João, denominação de vários de seus predecessores na Cátedra de São Pedro. Na verdade, podemos dizer que foi São Pedro o primeiro Papa que mudou de nome; ele teve um novo nome dado pelo próprio Nosso Senhor, para significar sua futura missão. Lemos no Evangelho de São João que, estando São João Batista com dois discípulos, viu passar Nosso Senhor e exclamou: "Eis o Cordeiro de Deus " . Ao ouvir isto, os dois seguidores do Batista foram atrás de Jesus e perguntaram onde Ele morava; "Vinde e vede", respondeu o Salvador. E acompanharam-No e ficaram subjugados por sua divindade. Um desses discípulos, André, correu a dizer a seu irmão, Simão: "Achamos o Messias". Entusiasmado, este último acompanhou seu irmão para conhecer o Salvador. E então Jesus lhe disse: "Tu és Simão, filho de João; serás chamado Cefas" (cfr. Jo 1,35-42). Jesus e os Apóstolos falavam com umente o aramaico, língua na qual Cefas, quer dizer pedra ou rocha . Em grego, língua também muito

Gostaria de saber com o Cônego Villac em "A Palavra do Sacerdote" o por quê das revistas e dos livros religiosos onde fala nos Papas, não os tratam pelo nome de batismo e sim Pio IX, Pio X, Pio XI, etc., como por exemplo o Papa Pio IX, seu nome de família é Mastai Ferretti, segundo Catolicismo de abri l/97. E por que só se conhece por Pio IX? Por que Pio? O que significa? Se for possível , gostaria de saber, creio que outros católicos também.

8

difundida na Palestina, e na qual foram escritos os Evangelhos (com exceção do de São Mateus), Cefas é traduzido por Petros e daí, através do latim Petrus, temos o nome Pedro. Mais tarde, q uando o Divino Mestre percorria a Palesti na ens in ando, curando, e expulsando os demônios, ao chegar em Cesaréia de Filipe, nas fo ntes do rio Jordão, perguntou aos discípulos: "No dizer do povo, quem é o Filho do homem?" Os discípulos disseram que uns achavam que ele era João Batista, outros Elias. Disse então Jesus: "E vós quem dizeis que sou ?" Ao que Simão Pedro, adiantando-se a todos os outros disse com entusiasmo: "Tu és Cristo, o Filho de Deus Vivo!" Então Nosso Senhor respondeu: "Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos Céus". E fez então a solene promessa: "E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te daCATouc1sMo

rei as chaves do Reino dos Céus; tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus " (cfr.Mt 16, 13-19).

CôNEGO JOSÉ

Lmz VILLAC

O simbolismo do nome dado por Nosso Senhor a Simão, filho de João (ou Jonas, com freqüência os judeus eram conhecidos por dois nomes distintos), ficou inte iramente c laro: a rocha, a pedra, sobre a qua l Jesus ed ificaria a sua Igreja seria o Apóstolo Pedro. E, já depo is da morte e gloriosa ressurreição, Nosso Senhor apareceu aos discípulos na Galiléia e, comendo com eles (para ficar claro que não se tratava de um espíri-

Imagem de bronze de São Pedro, sec. XIII, Basílica de São Pedro, Roma

-Agosto de 1997

to, mas de um ress usc itado), diri g iu- se a S imão Pedro, perguntando- lhe: "Simão, jilho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu ele: 'Sim, Senhor tu sabes que te amo'. Disse-lhe Jesus: 'Apascenta os meus cordeiros.' Perg untou -lh e outra vez: 'Simão, filho de João, amas-me?' Respondeu-lhe: 'Sim, Senhor, tu sabes que te amo.' Disse-lhe Jes us: 'Apascenta os meus cordeiros.' Perguntou-lhe pela terceira vez: 'Simão, filho de João, amas-me?' Pedro entristeceu-se porque lhe perg untou pela terce ira vez: 'Amas- me?', e respondeulhe: 'Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo.' Disse-lhe Jesus: 'A pascenta minhas ovelhas "' (Jo 2 1,15-17). Neste tocante diálogo, em que Nosso Senhor, para reparar as três negações de São Pedro durante a Paixão, pergunta- lhe por três vezes se O ama, o chefe dos Apóstolos, chei o de tristeza e contri ção renova seu amor ao Divino Mestre. E este, por sua vez, por três vezes confia a e le a g uarda de seus cordeiros, s uas ove lh as, ou sej a os membros de sua Igreja. Três perguntas, três confirmações, para mostrar que S im ão Pedro estava perdoado e que passava a ser desde então a rocha, a pedra sobre a q ual se erg ue a Igreja Católica Apostólica Romana. E como esta autoridade de apascentar o rebanho do Senhor foi co nferida a São Pedro, não para sua honra pessoal, mas para o bem do rebanho, quando o chefe dos Apóstolos morreu, esta mesma autoridade passou para seus sucessores, que governarão a Igreja de Cristo até o fim dos tempos. Cre io que, com esta explicação, compreender-se-á me lhor o simbo li smo da mudança de no me dos Papas,

cujo se ntido é tornar patente que o novo Papa foi assumido por uma mi ssão, a ma is a lta na Terra. Nosso leitor ta mbém que1 ria saber o que sig nifica o nome Pio, adotado por vários Papas. Pio quer di zer piedoso, inclinado à devoção, à pi edade. O prime iro Papa de nome Pio, foi São Pio I, que reinou e ntre 140 e J 55, tendo morrido mártir. Pio era o se u nom e de bati s mo, poi s, como vimos, foi só a partir do séc ulo X qu e os Papas começaram a adotar um novo nome qu a ndo e lei tos ao Papado. Entre os Papas que adotaram o nome Pio, pode mos destacar: São Pio V (Miguel Ghislieri), que re inou entre 1566 e l 572. Com a ajuda do rei da Espanha, Filipe II, obteve a decisiva vitória de Lepanto, acabando com o poderio naval muçu lmano. Pio IX (João Maria Mastai-Ferretti), gove rnou a Ig rej a de 1846 a 1878. Proclamou o dogma da

ros, mila g res atribuídos à sua inte rcessão . São Pio X (José Sarto), re inou de 1903 a 1914; condenou a heresia modernista (de onde ve m o prog ressismo), os erros pol ítico-sociais do movimento cató lico francêsLeSillon, e promoveu um afervoramento gera l do Clero e dos fiéis. Pio XI (Aq uiles Ratti), Papa de 1922 a 1939. Condenou o comunismo, o nazismo e o fascismo. Deu grande impu lso às Missões. Pio XII (Eugênio Pacelli ), Papa de 1939 a 1958, definiu o dogma da Assunção de Maria Santíssima aos Céus em corpo e alma e com-

São Pio X 1:./

1~ '·:_,:.-:...~t~~"~1~

/• '

'

.\

bateu perigosos erros que se hav iam infiltrado na Igreja.

'

'

'

* '

Pio IX

Imac ul ada Conce ição. Convocou e pres idiu o I Concíli o do Vaticano, que definiu o dogma da infalibilidade pontifícia. Se u processo de beatificação está muito avançado, j á foi proclamado que e le praticou Virtudes Heróicas e j á se reconheceram como verdadeiCATOLICISMO -

* *

Uma vez que estamos tratando de Papas, podemos nos perguntar de onde vem a designação de Papa para os sucessores de São Pedro. Trata-se de um termo carinhoso, pois papas, em grego, quer dizer pai; e o Papa é o Pai de todos verdadeiros fiéis de Jesus Cristo. Ele é chamado também Vigário de Cristo; vi gário é aquele que substitui um outro, é delegado para exercer uma função e m lugar de outro. É o vice gerens na linguage m teo lógica. O que faz as vezes de o utrem. É o caso

Agosto de 1997

do Vice-Rei, ou do Vice-Presidente, que exercem as funções do Re i ou do Presidente, e m caso de ausência ou impedimento. Assim o Vigário da Paróquia é um delegado do Bispo, age no lugar do B ispo junto a um grupo de

Pio XII

fi éis. O Papa é o Vigário de Cristo porque ele é o representante, o de legado de Cristo para diri g ir visivelmente sua Igreja. Também é chamado de Sumo Pontífice . Na Roma antiga denominavam-se Pontífices os sacerdotes do culto pagão, e Pont(fice Máximo, o sacerdote princi pai. Pont(jice quer dizer construtor de pontes (pons facere). Os primeiros sacerdotes romanos pagãos teri am sido os construtores de pontes sobre o rio Tibre, que banha Roma; por isso e les eram assim chamados. Os Bispos também são chamados Pont(fices, porque esta be lece m pont es e ntre Deus e os homens, pel a admini stração dos Sacramentos, ensino das verdades de fé e governo das a lmas . Por isso o Papa é o Sumo Pont(fice, aque le que está por cima de todos os de mai s Pont(/1ces. Por ser Bispo de Roma, o Papa é chamado também de Romano Pont(jice. Estas considerações podem ajud ar os leitores a compreenderem melhor o Papado e a robustecerem sua devoção ao Vigário de C ri sD to na Terra. 9


1

J

I,

czarista, preparou o á 30 anos, em terreno para a eclosão da OKERENSKV agosto de 1967, um CHILENO revolução bolchevista e a livro-bomba era lançado PAOIO VtblQAf- JCJHI 1ft e». Slt.: IIA ascensão de Lenine ao no Brasil pela Editora poder. Precisamente Vera Cruz: Frei, o como, quase cinco Kerensky chileno. décadas depois, o Publicada em primeira pedecista Eduardo Frei mão por Catolicismo , na agiu, pavimentando a edição dupla de junhoestrada para o marxista julho/67, a obra alcançou Salvador Allende galgar repercussão nacional e a presidência no país internacional, tendo sido andino. sua divulgação proibida no O livro de Fábio V. Xavier da Chile, pelo governo democristão de Silveira, escrito três anos antes da Eduardo Frei. trágica vitória socialo-comunista no Nossa revista não quis que essa Chile, teve um caráter profético, pois as data - de tanta importância e significadenúncias que encerrava foram confirção não só para ela, mas sobretudo madas pelos fatos. E serviu também de para a civilização cristã na América alerta e sustentáculo para todos os que Latina - passasse sob silêncio. no Chile, bem como em toda a Por isso, apresentamos a segu ir o América Latina - se dedicavam à artigo Fábio Vidigal Xavier da Silveira(*), defesa dos valores sagrados da estampado na "Folha de S. Paulo", em civilização cristã. 2-1-1972, no qual o inesquecível A comemoração do lan çamento Presidente da TFP prestava uma dessa importante obra dá ensejo para homenagem póstuma e exaltava as alg umas oportunas reflexões . Como virtudes do jovem diretor da TFP acentua bem Fábio Vidigal Xavier da brasileira, que falecera dias antes. Aliás, Silveira, o traço de união, o substrato o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira foi o profundo da irmandade entre as nações inspirador de Frei, o Kerensky chileno e latino-americanas é a Fé católica. E o autor do penetrante prefácio da obra, no livro-bomba do diretor da TFP brasileira qual alerta o público para a atuação prócontribuiu para neutralizar a manobra pela marxista da Democracia Cristã não só qual se procurou impingir naquela época no Chile, mas em todo o mundo. a Democracia Cristã como um vínculo E também estampamos o artigo de unitivo dos países latino-americanos. nosso colaborador Juan Gonzalo As novas tentativas de estreitar os Larrain Campbell, que revela a enorme laços entre tais países apenas mediante repercussão obtida pelo aludido livroacordos e medidas de caráter predomibomba, em âmbito internacional. nantemente econômicos, Em seu artigo, o como o MERCOSUL e a Prof. Plinio Corrêa de ALGA, estão fadados ao Oliveira ressalta que, Ou se apela fracasso. em decorrência da para os valores da repercussão daquela tradição católica, que obra "o nome do líder transcendem interesses e pedecista ficou para todo vantagens regionais de sempre ligado ao de caráter comercial, ou a Kerensky" . identidade dessas nações Alexandre Feodoroforjadas sob o influxo vitch Kerensky, o sociabenfazejo da Igreja e da lista "moderado" que graça divina - desapareAlexandre feodorovitch governou a Rússia após cerá! Kerensky a queda do regime

H

10

,

CATOLICISMO -

Agosto de 1997

o momento em que largos e expressivos círculos tanto da vida pública como da vida social de São Paulo lamentam o falec imento de Fábio Yidigal Xavier da Silveira, cabe aqui uma palavra sobre a obra e a pe soa do autor de Fre i, o Kerensky chileno. A lutuosa circunstância em que escrevo não comporta lances po lêm icos. Assim , não é o caso de provar aq ui o inteiro acerto da tese sustentada por Fáb io em seu best-seller. Aliás, a prova está feita pelos fatos, a tal ponto que quando Allende substituiu a Frei na suprema magistratura, não faltou quem chamasse - e merecidamente - de profética a clari vidência do j ovem autor brasileiro. E o nome do lidcr pedecista chileno ficou para todo o sempre ligado ao de Kerensky. Assim , prefiro ressaltar neste artigo, a valiosa contribuição de Frei, o Kerensky chileno, e de seu autor, para a causa de palpitante atualidade, da unidade dos povos ibero-americanos. Esse livro, escrito por um brasileiro, repercutiu intensamente no Chile, onde foi lido e comentado em todos os ambientes culturai s e políticos. Mal foi ele divulgado no Brasil, sua circulação no Chile foi proibida pelo Governo Frei. Organizou-se então, naquele país, um verdadeiro "câmbio negro" para a compra da obra aos numerosos turi stas chilenos que, vindos de Buenos Aires, traziam em suas bagagens a edição castelhana promovida pela TFP argentina. Ao pé da letra, o livro abalara o Chile. Não foi só. Posto à venda em campanha de ru a, por sóc ios e militantes das TFPs ou entidades congêneres em quase todos os outros países sulamericanos, alcançou Frei, o Kerensky chileno rápido e ful gurante sucesso. Assim, foi a obra edi tada na Argentina (6 edições), na Colômbia, no Equador e em EI Salvador, o que, com as quatro edições brasileiras, perfaz o imponente total de 15 ed ições, superando a casa dos 102 mi I exemplares. Não sei de livro do gênero, escrito por autor brasileiro, que haja alcançado igual sucesso fora do País. E não se trata apenas de sucesso. A experiência democristã, lançada por Frei,

N

~

FABIO,

o Ibero-americanista cristão PLINI0 CüRRÊA DE OLIVEIRA

hipnotizava literalmente numerosos e influentes setores da opinião pública iberoamericana. O livro de Fábio Yidigal Xavier da Silveira, desfazendo o mito pedecista, concorreu notave lmente para que o rumo histórico do Continente passasse a demandar outros horizontes. É preciso explicar em que sentido esses fatos serv iram à causa da unidad e ibero-americana. Assisti de perto a elaboração do brilhante trabalho, e auscultei bem, naquela ocasião, a al ma de seu autor. O grande intuito dele não era a vanglória. Consistia em bem servir a civilização cristã, que ele via comprometida pela experiência chilena. Profundo admirador e conhecedor de todos os povos ibero-americanos, o jovem diretor da TFP tinha, no mai s alto grau, a consciência de que todos os povos latinos deste Continente formam uma só fa-

mília, uni da pela Fé, pela tradição, pela raça e pela comunidade de uma mesma missão hi stórica. As divergências entre as nações nascidas da gloriosa Ibéria, ele as via como secundárias em face desta majestosa unidade fundamental. E a sobrevivência de tais divergências no sécu lo XX lhe parecia um verdadeiro anacronismo. Isto o levava a considerar, com verdadeiro amor, as perspectivas de ascensão e os problemas de cada país irmão. E o persuadia de que nenhum problema grave poderia ameaçar a.q ualquer deles sem afetar todos os demais. Foi por estas razões que Fábio V. Xavier da Sil veira se interessou tão a fundo pela situação no Chile. Cumpre ressaltar que não foi só por amor ao Chil e e ao Brasil que Frei, o Kerensky chileno foi escrito. Foi também por amor a todos e cada um dos povos do CATOLICISMO -

Agosto de 1997

mesmo tronco, desde o México até o Uruguai e a Argentina. Tenho por certo que este estado de alma, nobre e desinteressadamente iberoamericanista, refletido a fundo nas páginas de Frei, o Kerensky chileno, impediu, inteira ou quase inteiramente, que o livro fosse visto como uma interferência em assunto de país alheio. Ademais, a acolhida vivaz do livro em todas as nações irmãs provou que elas vão tomando consciênci a de seu destino comum . Nesta grande hora de aproximação dos povos ibero-americanos, a divulgação do livro de Fábio serviu, assim, de teste para demonstrar que os tempos já hav iam chegado de estreitar laços, de acelerar comunicações e intercâmbios, e traduzir em fatos a transcendental unidade que a todos nos vincula. Bem entend ido, esta unidade, Fábio não a via no prisma lanussiano (**) de um continente sem barreiras ideológicas. Uma unidade puramente geográfica ecomercial parecia, ao lúcido diretor da TFP, vazia, débil e precária. Ele conceb ia a unidade latin o-amer icana como ali cerçada sobretudo na comun idade da Fé, da tradição religiosa e do porvir cristão. Sua so lidariedade com Cuba, por exemplo, não o levava a querer relações diplomáticas e comerciai s com Fidel Castro, mas antes a ajudar, de todos os modos lícitos, o povo cubano a libertar-se da tirani a castrista. O panamericanismo ibérico de Fábio V. Xavier da Si lveira não era o de um negociante, nem o de um etnólogo, nem o de um geógrafo. Sem negar a legitimidade dos vínculos comerciais, a nobreza das afinidades raciais, e a impo1tância das contiguidades geográficas, Fábio via o pan-ibero-americanismo com uma alma de Cruzado. Nas numerosas viagens que empreendeu pelo Continente, estudando e estabel ecendo por toda parte contatos com núcleos de jovens interessados em valorizar, nos respectivos países, a tradição, a fa11111ia e a propriedade, o modo de ser de Fábio contribuiu largamente para o êxito de sua atuação como aproximador de povos irmãos. Para isto, era admiravelmen-

11


te apta sua personalidade. Quem não o conheceu pessoalmente, dificilmente terá uma idéia do que era seu dom de atrair. Inteligente, culto, 9~nâmico, sagaz e cheio de tato, Fábio acrescentava a essas qualidades um certo ch~rme pessoal indefinível, a que era difícil resi stir. Sua vivacidade extraordinária, a amenidade de seu trato, seu espírito incessantemente jovial , sua verve originalíssima faziam de sua conversa uma verdadeirn caixa de surpresas, da qual saiam, quando menos se esperava, observações penetrantes, chistes brilhantes, lances de alma generosos, e golpes polêmicos dos mais rijos. Sua presença era tida como um regalo, e sua passagem deixava um sulco de luz, em que se confundiam o apreço, o afeto e o sorriso dive1tido dos que com ele haviam tratado. Este, o Fábio da vida pública. Os que com ele convivemos na intimidade tivemos ocasião de apreciar também o Fábio da ex istência quotidiana. Era ele um trabalhador infatigável, a quem as grandes tarefas atraíam. Um amigo leal , cuja solidariedade era inteira, mesmo nos momentos mais difíceis. Leitor apaixonado do teatro clássico francês, tinha na alma alguns reflexos corneli anos (***).

FREl, lL KERE SKY ClLENO

Entretanto, a par disto, havia um Fábio bem brasileiro, que levava freqüentemente o afeto até os limites do carinho, um Fábio lhano e até humilde, sempre pronto a aceitar sugestões, a reconhecer fa lhas, a desculparse por elas, e até a atribuir-se escrupu losamente defeitos que não tinha. É cedo para tratar aq ui do aspecto mais profundo desta alma que Deus acaba de chamar a Si. Falo do cunho religioso da mentalidade de Fábio. Em meu olhar jamais se apagará a recordação da fisionomia de Fábio nos lances últimos de sua dolorosa enfermidade. Ele não temeu a morte. Pelo contrário, caminhou serenamente para ela, considerando-a sobre o duplo prisma da Libertação e do holocausto. Libe1tação de nossa condição de homens pecáveis. "Prefiro morrer, a expor-me ao risco do pecado" disse-me ele. O holocausto pela Igreja. Cerrou os olhos oferecendo a Nossa Senhora - de quem era devoti ssimo - suas dores e sua mo1te, em prol da Igreja dividida, conspurcada, traída, mas sempre divina e inefavelmente santa. Tal foi a pessoa, tal a obra, tal o fi rn desse in s igne lutador do pan - iberoamericanisrno tradicional e cristão.

P

ara se compreender o ve'.·cladeiro alcance cios textos que citaremos adiante - todos de autori a de adversários ideo lógicos cio Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e ela TFP - convém ter presente, ainda que muito sumariamente, o fundo ele quadro da luta comunismo-anti comunismo que antecedeu à publicação de Frei, o Kerensky chileno. As conquistas que o comunismo conseguiu até a II Guerra Mundial foram obtidas pela via da violência, pregando sem véus suas doutrinas atéias e materiali stas. O método revelou-se pouco eficaz, tanto do ponto el e vista da persuasão, corno pela res istência que encontrou diante ele si. Para prosseguir em seu avanço, ocomuni smo procurou ladear esse obstáculo adotando a política da mão estendida para co m os cató li cos. Manobra esta que , e mbora tenh a tid o aco lhida nos prec ursores cio progress ismo, encontrou s ig nificativa oposição po r parte do s Transcrito da "Folha de S. Paulo" de 2 de janeiro de 1972 Pontífices pré-conciliares, que a condenaram exp licitame nte ( 1) . Notas: Foi e ntão que surgiu nos ambientes (*) O título que o autor deu ao aitigo foi: Fábio, o iberoamericanista cristão. A redação da "Folha de S. Paulo", políticos da época a chamada terceira porém, alterou-o, ligurando na edição de 2- 1-72 como tívia, ne m cap itali sta ne m co muni sta tulo apenas: Fábio Vidigal Xavier da Silveira. como afi rrnavam seus defensores - atra(**)General Alejandro Agustín Lrn1ussc, Presidente da Arda qual seriam impostas, em nome vés gentina que anu nciou cm 197 1a queda das brn-reiras ideológicas entre os países comunistas e não comunistas, ao cio Evange lho e da re ligião, refo rmas de receber Salvador Allende. "La1111ssia110" é, pois, um neoestrutura de caráter essenc ialmente igualogismo adotado pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. litário. Ficava assim batizado o cam inho (***) Pien-eComeiHe( 1606- 1684) poeta francês, autor de rumo ao co muni smo . E o movim e nto di versas peças teatrais famosas como, por exemplo, Le Cid, nas quai s se encontram freqüentemente expressos elevapa ra levar a cabo essa terceira via e ra a dos sentimentos de heroísmo, com ditos f"u lgumntcs e, ao Democracia C ri stã. mesmo tempo, densos como máximas morais. De onde a expressão do autor do a,tigo acima "reflexos co111e/ia110s".

Frei: um homem-símbolo da Revolução (2) Frei subiu ao poder em l964. Era, sem dúvida, na ordem temporal , um dos homens mais simbólicos do new look revolucionário (3). O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, sempre fiel sentinela da Contra-Revolução, não tardou em di scern ir o perigo que signifi cava para o continente latino-americano a ascensão de Frei. Pediu, então, a Fábio Vid igal Xavier da Silveira que viajasse ao país andino para confirmar in loco as apreensões que lhe assomavam ao espírito.

<tristianità

Acima, capa da edição italiana da obra. Ao lado, Fidel Castro (cortando cana em Cuba): no livro, já comparado profeticamente a Allende

12

• CATOLICISMO -

Agosto de 1997

Frei, o Kerensky chileno: 30 anos depois Autores esquerdistas reconhecem a eficácia desse lance da TFP JUAN GONZALO LARRAIN CAMPBELL

Eduardo Frei (esq.) abraça seu amigo Salvador Allende

Livro profético "abalou o prestígio de Fret"' Dec io Monteiro de L im a assim descreve a gênese e alguns dos efe itos do citado liv ro: "Quando a fuma ça de Satanás andava solta do outro lado dos Andes, [a TFP bras ileira mandou] Fábio .. .. explicar aos chilenos o perigo comunista embutido na reforma agrária pregada por A llende (leia-se Frei) .... mas acabou recebendo um ultimato do Ministro do Interio r andino, Bernardo Leighton, para deixar o país em 72 horas. Meses depois, em julho de 1967, foi à forra, publicando Frei, o Kerensky chileno . .... Uma edição argentina, introduzida clandestinamente no território chileno, pois a sua venda ali havia sido proibida, abalou o prestígio do Governo Frei, junto à aristocracia rural, que o sustentava ..... De qualquer forma, o livro ... . ficou como 'profético'e a TFP, com extraordinário senso de oportunidade, promoveu rapidamente a venda de milhares de volumes da obra que alertava a América Latina para aquele exemplo de escalada esquerdista. Plinio Corrêa de Oliveira também faturou em cima do acontecimento, com Toda a Verdade Sobre as Eleições no Chile" (4) (5).

Moeda cunhada em todo o continente Um dos sacerdotes que mais co laborou para a ascensão de Frei foi o jesuíta

Roger Vekemans, o qual reco nhece, a contragosto, a eficácia do livro: "Infelizmente sua baixeza l_ sic!] não impediu que sua tese ficasse cunhada em muitas mentes, por todo o continente, mesmo decorridos mais de dez anos"(6). E, mais adiante, vê-se obrigado a confessar: "Já o título - que, indubitavelmente, é um acerto public itário- por si só constitui um sofisma . .... O triste, ... . é que os acontecimentos posteriores - a sucessão de Frei por Allende - parecem dar a razão a da Silveira"(7) .

O livro destruiu o mito de homemsímbolo para oTerceiro Mundo O escritor esquerdista José Rodriguez E., apesar de atribuir errada mente à di reita chilena um pape l que esta não teve na publicação de Fre i, o Kerensky chileno, assim revela a força ele impacto do livro: "Po r conhecer em profimdidade a personalidade de Frei, a direita chilena ia obter melhores dividendos de seus ataques.U m só toque lhe bastaria para afetá- lo a fundo .... ( a direita) fazia publicar e distribuía por todo o continente um livro-denúncia intitulado F re i, o Kerensky chileno. No livro lhe acusava, desde o título, de se ter convertido no CATOLICISMO -

Agosto de 1997

aprendiz de feiticeiro que havia desatado as forças da revolução bolchevista numa posição chave da América Latina. Tocava, com isso, o ponto mais sensível de quem se havia apresentado - juntamente com seu. partido - como a verdadeira alternativa frente à revolução socialista, que deveria servir de exemplo para o conjunto das nações do chamado terceiro rnundo"(8) .

A obra determinou a crise da esquerda chilena Para que a revolução em liberdade ini ciada por Frei, continuasse sem perca lços se u caminho, com a ascensão de Al lende, era indispensável que a uni ão DC-rnarxismo fosse de uma possante soli dez. Esta so lidez foi precisamente quebrada por Frei, o Kerensky chileno. É o que reconhece Carlos Altam irano, que fora secretári o geral do PS chileno e um dos maiores suportes de Allende no governo. E m entrevista à jornali sta P. Politzer declara: "Esta contradição ideológica (entre marxismo e DC) se refletia em contínuos problemas polít icos e pessoa is entre ambas forças, o que a meu juízo teve grande importância na relação AllendeFrei que se deteriorou seriamente ao fi13


nal do governo democrata-cristão .... Naqueles tempos, Frei rompeu tanto suas relações políticas como suas relações pessoais com Allende. ., "- Porquê? [pergunta a jornalista} "- Em uma de suas últi~ as entrevistas, Frei recorda essa ruptura, mas eu discordo de suas interpretações ".... "- E qual é a sua interpretação a respeito, quando exatamente se produziu a ruptura? [indaga a Sra. Politzer] "- Durante o governo de Frei já há um certo distanciamento, mas a ruptura propriamente tal se produziu com a candidatura de Allende. "Penso que a Frei lhe impactou muito brutalmente o livro que lançaram no Brasil: Frei, o Kerensky chileno. Foi a gota que fez transbordar o copo. Nesta época quebrou-se de forma definitiva uma larga e boa relação entre ambos. "(9) Diante dos documentos aduzidos no presente artigo - os quais são meramente exemplificativos - é difícil negar que o fracasso da Democracia Cristã como força política capaz de conduzir a América Latina, e quiçá o mundo, ao comunismo pela "terceira via", se deve em grande parte à eficácia da denúncia lançada por Frei, o □ Kerensky chileno. Notas: Todos os negritos são nossos. 1. Cfr. Plínio Corrêa de Oliveira, Baldeação ideológica inadvertida e Diálogo, Vera Cruz, São Paulo, 1974, 5" ed.; Plinio Con'êa ele Oliveira,A Igreja ante a escalada da ameaça co111unista - /\pe/o aos Bi.lpos silenciosrn; VemCmz,São Paulo, 1977,4"ccl.e JmmGonzalo Lamún Campbell, Catolicismo nº 526, 10/94, p. 9, "Colaboração" e infiltração: a vigo,vsa demíncia da manobra comwúvta anti-católica. 2. Os termos Revolução e Co11tra-Revolução elevem ser interpretados no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Con'êa de Oliveira em seu livro Revoluçüo e ContraRevoluçüo. 3. Ao deixar a França após uma visita ofi cial, Frei encontrou-se no aeroporto de Orly com Maritain, que lá forn parn despedir-se dele e "para e11tregar-/he o iílti1110 livro que publicara e di~ r-11,e que só havia em 11osso século três revolucionáiios: ele 111es1110,o seu amigo Frei e o Padre Teillarcl de Chardin" (Gerardo Mello Mourão, A invenção do saber, 1983, p. 164). 4. O rntigo cio Pru f. Plínio Con'êa de Oli veira aqui citado foi escrito logo após a eleição deAllende, em Setembru de 1970, e publicado na "Folha ele S. Paulo" em 10-9-70. 5. Decio Monteiro de Lima, Os senhores da direita, Antares, Rio ele Janeiro, 1980, p. 55, 56. 6. Roger Vekemans, S.J., Autopsia dei mito Vekemans, Univ. Católica dei Táchira, Cw-acas, 1982, Coleção Testimonio, p. 79, 80. 7. Op. cit., p. 79, 80. 8. José RodriguezElizonclo, lntmducciónalfacismo Chileno, EditorialAyuso S.A., México, 1976, 1"ed., p. 62. 9. Patrícia Politzer, Altamirrmo, p. 59, 60.

14

"A missão de Santa Ieresinha foi de nos mostrar uma via que pudéssemos todos trilhar. Oxalá ela nos auxilie a percorrer esta est11ada real, que levará aos altares, mão apenas l!llí11a ou 0utr11a alma, mas Jegmes intieirras'' (Plini·(i) C0rrêa de Oliveira, " ltegionátiio'", 28-9-1947). Temos a satisfa~ão de anl!llílciar a nossos leitores que nossa próxima edição apresentará matéria -a qual será o tema de capa - dedicada ao 1002 aniversário de falecimento, ocorrido no dia 30 de setem6rr0 de 189:ü, da<i)l!lela <1:armelita, qualificada pelo Pa,a São Pi0 como a "maior santa tios tempos mod:erilíl@:sf", e que foi um modelo de <i)Uem mamteve intacta sua inocêlilda &atismal.

• CATOLICISMO -

Agosto de 1997

Ocidente favorece a China comunista, apesar do trabalho desumano aplicadas na reg ião s udeste da C hin a vermelha de um modo parecido à acupuntura - ou seja, localizado e limitado o que levou a op ini ão mundi al a acreditar que teria nasc ido uma espécie de microclima cap italista para além da Co rALFREDO MACHALE tina de bambu. Do qual se poderia esperar que aumentasse var, a qualidade é péssima, a sua influência e seu tamanho durabilidade é ínfima e o preaté abarcar o país inteiro. ço mínimo. Isto se deve aos Tal região é o laboratório salários miseráveis que se padas reformas implantadas pelo gam aos operár ios nas fábrirecé m-fa lec ido Deng Xiao cas ch inesas - quando não Ping. Ne la trabalham atua lsão pri sioneiros de campos de . mente e m torno de 17 milhões trabalho forçado, portanto esde operários em fábr icas instritamente escravos - o que taladas por e mpre sas de vem arruinando muitos produTaiwan, Hong Kong e Coréia tores ocide ntai s, os quais, em do Sul , bem como por multi condições tão desiguais , não nac io nai s a me ricanas, e uroco nsegue m competir. péias ou japonesas. Tal invesDe fato , algumas das nortime nto ocorre qu ase sempre mas da economia livre foram e m sociedade com empresas

Enquanto o Mundo Livre se regala consumindo produtos ordinários e baratos da China vermelha, mulheres operárias vivem em regime de virtual escravidão, recebendo até golpes de chicote elétrico

O

s países capi ta li stas vêm sendo inundados por produtos importados da China comunista, não cessando certa mídia de insi stir no crescimento econômi co desse país nos últimos anos e ressa ltar que, po r ca usa d a abertura prag m át ica de seu Governo à economia de mercado, haveria a li uma espécie de mil ag re de prosperidade. E ntretanto, co mo qualquer pessoa que compre alguns desses produtos poderá compro-

CATOLICISMO -

Agosto de 1997

estatais ou órgãos do governo chinês, manejados obv iamente por comun istas . O regime marxi sta chinês, em vista disso, lhes permite práticas trabalhi stas hoje excluídas em quase todo o mundo.

Cumplicidade do Ocidente Tal experiência conta com o apoio não só da tirania verme lha, mas também de quase todos os Governos do mundo capitalista, que não aplicam taxas suficientemente altas à importação dos produtos chineses. Ou seja, em proveito de um mal entendido comércio 1ivre, não protegem os fabricantes dos respectivos países co ntra a co mpeti ção do s beneficiários de um regime de virtual escravidão. Do mesmo modo, a mídia

15


ocidental se abstém de dizer lhos forçados e ameaças, para pois sabem que outros que as que tal crescimento econômique aumentem seu rendimenfizeram anteriormente sofreco chinês se baseia, de um ram represá lias brutais. to de trabalho. Freqüentemente as operárias devem dormir em As empresas podem, sem lado, no engano ao consumimaiores preocupações, demitir dor ocidental; e de outro, nas '\quartos coletivos anexos às fáos operários sempre que a eficondições infra-humanas d s bricas, em um sistema de viroperários chineses, sem perstual clausura, às vezes até sem ciência administrativa o aconpectivas de melhora a médio poder falar! selhe. Mas estes não podem prazo, tanto nas empresas esAs violações a esses reguabandonar o trabalho, pois, por tatais ou coletivas, como nas lamentos, por parte das infeli ocasião do contrato, tiveram zes operárias, são castigadas que deixar depósitos em garanjoint ventures formadas por com multas. As condições saelas com os investidores estia, sendo retidos seus docunitárias são alarmantes e as trangeiros. mentos de trabalho ou de idenhoras extras não são remunetidade. radas. Os contratos são temPor isso, as empresas recruRompendo a muralha de silêncio porários e as condições de tam os operários nos setores bem-estar são mínim as. Os mais indefesos da sociedade, como migrantes vindos da zona sa lár io s são irri sór ios , não Não obstante, o muro de silêncio sobre este fato, que coracompanham a inflação e rural , que vivem em regime de re paralelamente à Cortina de bambu, foi quebrado recentemente com a publicação, em órgão muito qualificado, de um relatório sobre as pés si mas condições de trabalho que imperam no sudeste da Chi na. Essa denúncia deveria levar a imprensa e os organismos humanitários a investigar a situação e a se pronunciarem a respeito, exigindo medidas corretivas. Trata-se do estudo O sofrimento dos trabalhadores chineses, escrito pelos pesquisadores Anita Chan e Robert A. Senser para a revista norteamericana "Foreign Affairs" - publicada pelo Conse lh o Letreiros luminosos na China: aparência de prosperidade para as Relações Exteriores, capitalista encobrindo trágica situação do povo talvez a in stituição que mais influi na política internacional dos Estados Unidos - e refreqüentemente sofrem des- apartheid, sem liberdade de produzido no Brasil em encontos. São as próprias emmovimento e de modo meio carte da "Gazeta Mercantil", presas que estabelecem seu ilegal. Em vista disso, não podem resistir. Se alguém protesmontante, pois, com as reforde São Paulo, em 11-4-97 (pp. tar em virtude de tais cond imas de mercado para aumen3 a 8). tar a produtividade, não há ções, não achará líder sindical disposto a ouvi -lo e menos ainmais qualquer forma de conDesumanas condições trole. da a aj udá-lo. de trabalho Às vezes o salário é secreSegundo esse estudo, tais Nomenklatura e to, não podendo os operári os e mpresa s cont ratam quase comentar entre si quanto reprivilégios socialistas se mpre mulheres, às vezes ao estilo chinês ... cebem, nem por que sofreram menores, obviamente porque descontos . Não lhes é permipaga-se a elas menos que aos Esta iníqua opressão comtida qualquer forma de proteshomens,aplicando-lhes um sisplementa-se com um sistema to e, amiúde, nem sequer code injusto privilégio para a casnhecem eles seus direitos. E tema de castigos, humilhações, temem formular denúnéias, golpes, chicote elétrico, trabata comun ista que exerce o go-

16

, CATOLICISMO -

Agosto de 1997

vemo. Até vinte anos atrás, o regime supostamente defendia os operários. Porém, a partir de então, estes viram reduzir-se a menos da metade sua representação no Congresso Nacional do Povo e nos conselhos de trabalhadores nas empresas. Além disso, tais cargos atualmente não são preenchidos por operários, mas por funcionários administrativos comunistas que os representam. Pois é nesta última categoria que o PC prefere recrutar seus membros, e dar a seus adeptos acesso exclusivo aos cargos impo,tantes. Por is so, se na época do maoísmo o salário dos gerentes era só três vezes maior que o dos operários, atualmente é trezentas vezes mais elevado - fora o que ganham através da corrupção. Tal disparidade não visa remunerar a capacidade, a inteligência ou qualquer outro atributo, o que reve laria, de algum modo, espírito hierárquico. Ela existe porque os comunistas, especialmente os membros do PC, que são os que chegam a esses cargos, devem ser bem remunerados. Os que não o são, que continuem como operários.

Trabalho virtualmente escravo enriquece capitalistas sem escrúpulos Para que isto seja possível, na China os sind icatos não são livres, mas dependem do Partido Comuni sta e fazem paite do sistema governamental. Tam bém pertencem ao PC os adm inistradores das empresas, que são verdadeiros ditadores, sendo nega.da. aos trabalhadores até a liberdade de reunião. Em síntese, o pragmatismo consiste no seguinte: polícia política para tornar possível esse tipo de trabalho, que é o oxigênio para a miserável economia chinesa.! Ela enche os bolsos de alguns negociantes inescrupulosos e contribui para arruinar a economia. ocidental. E tudo isso em nome do capitalismo! D

Profecias e revelações particulares Atitude correta diante delas: equilfbrio, cautela e abertura de alma G. GUIMARÃES

demô nio - pai da mentira - como um moedeiro que normalmente só falsifica moedas de ouro e prata, já tem enganado muita gente mediante falsas a.parições. Tornou-se, pois, ma.is do que nunca necessário saber discernir entre as falsas e as verdadeiras. O fiel vigilante e bem instruído pode evitar a queda nas armadilhas do demônio, bem como aproveitar os auxHios especiais que a Providência: proporciona: à humanidade através das autênticas manifestações sobrenaturais.

* * * Leitores de Catolicismo escreveram à nossa redação solici-

tando esclarecimentos sobre recentes aparições e revelações particulares atribuídas à Santissima Virgem, em diversas regiões do Brasil, bem como no Exterior, além de pedir informações arespeito de fatos miraculosos que teriam ocorrido com imagens da Mãe de Deus e de Santos. Alguns desses leitores receberam impressos com mensagens que Nossa Senhora teria transmi tido a videntes contendo supostas profecias. O que pensar de tudo isso? perguntam-nos eles. Como discernir as revelações autênticas das falsas, evitando as CATOLICISMO -

Agosto de 1997

ciladas que o demônio, pai da mentira, pode preparar nesta matéria? Qual o papel das revelações particulares na vida da Igreja, inclusive as que contêm profecias? Qual o grau de assentimento que o católico lhes pode dar? Numa palavra, o que ensina a Igreja a esse respeito? Digamos desde logo que não vamos ser exaustivos em matéria tão vasta, limitando-nos a reproduzir neste artigo alguns comentários e observações de conceituados autores e especialistas ( 1). Obviamente, tampouco nos pronunciaremos sobre a autenticidade dos casos recentes, no Brasil


ou no estrangeiro, de presumíveis revelações e outros fenômenos místicos extraordinários. Com efeito, es~.~ matéria é da alçada das autoridades eclesiásticas competentes, as quais muitas vezes demoram anos em se manifestar, após exaustivas investigações para verificar a autenticidade das revelações em questão (2).

Origem de grandes devoções

como "considerávef' a influência dessas revelações na vida da Igreja. E acrescenta que "o valor delas aparece confirmado" pelo fato de que conduzem os fiéis à fé, à oração, aos sacramentos, especialmente à Eucaristia, como se pode observai· nos lugai·es de grandes aparições mariais (3).

Escapulário do Carmo, Medalha Milagrosa

co - assevera de seu lado que as revelações particulares autênticas são "muito úteis": "É claro que as

revelações ou visões que são de origem divina estão isentas de perigo e são muito úteis [sublinhado do original], pois a graça só age para nosso bem, e quando é de ordem tão extraordinária, não pode ser destinada a um bem que seja medíocre" (6). as

Ao longo da História da Igreja, as revelações autênticas, e outros fenômenos místicos extraordinários, têm sido fonte e alimento de grandes movimentos de piedade. O Dictionnaire de Spiritualité lembra que "poderosos movimentos de pi-

edade se viram desencadeados ou alimentados por revelações particulares de uma vasta repercussão eclesiaf'. E cita corno exemplo as devoções ao Sagrado Coração de Jesus e à Nossa Senhora. Essas devoções alcançaram uma expressão histórica e um impulso

"que certamente não teriam tido" sem as revelações de Santa Margarida MariaAlacoque sobre o Sagrado Coração, e as grandes aparições mariais do século pas ado e deste século, como Lourdes e Fátima. A mencionada obra qualifica

.Além de ser fonte e alimento de devoções como as do Sagrado Coração, e de Nossa Senhora sob as invocações de Lourdes e Fátima, outras revelações têm estado na raíz de magníficas devoções como o escapulário carmelita e a Medalha Milagrosa. É o que lembra o Cônego Auguste Saudreau, que numa de suas obras faz uma exposição sintética, mas muito densa, de "algumas revelações que pro-

duziram maravilhosos frutos na Igreja". Afirma ele: "A devoção ao escapulário do Monte Carmelo, que foi para um tão grande número de almas um meio de salvação e do qual numerosos milagres demonstraram a maravilhosa eficácia, tem por origem a revelação feita a São Simão Stoék. O mesmo se deu quanto à devoção ao escapulário da Imaculada Conceição, ao da Paixão, à Medalha Milagrosa". E com admiração e entusiasmo se refere a tais revelações suscitadas pela Providência: "Quantas

graças de proteção, de conversão, de progresso na piedade se devem a tais práticas, que tiveram como ponto de partida revelações!" (4).

Importante para a edificação dos fiéis Diru1te de tantos frutos de devoção, não estranha que o Pe. J.-H. Nicolas OP afirme que as revelações autênticas provocam no povo cristão "um choque salutar", e que por isso devem ser consideradas como "providenciais" (5). O conceituado Pe. Augustin Poulain SJ - especialista no tema da mística, e ele próprio um místiCATOLICISMO

-Agosto de 1997

aludidos, receberam a aprovação da Igreja após longas e exaustivas investigações. Qual o significado dessa aprovação? Explica o ilustre teólogo espanhol Pe. Antonio Royo Marín OP: "Quando a Igreja aprova uma

O Pe. Arintero OP constata que revelações privadas são

"utilíssimas para a edificação dos fiéis, e mesmo de toda a Santa Igreja" (7). O Pe. lturrioz SJ acrescenta que as "intervenções sobrenaturais" refletem "a providência e, por assim dizer, a política sapientíssima de Deus" (8). E o teólogo francês Pe. Forget afirma que as apai·ições, "longe de serem inúteis ou indignas de Deus", "elas apresentam grandes vantagens", "testemunham a bondade do Criador'', e "são para o homem um dos meios de conhecer seguramente a religião revelada" (9).

Utilíssimas em períodos críticos da História da Igreja Vimos como as revelações particulares e profecias têm sido convenientes e utilíssimas para a salvação das almas, produzindo grandes movimentos de piedade. Possivelmente, em artigos posteriores poderemos mostrar como elas têm sido muito úteis e benéficas sob outros aspectos, como orientar os fiéis a atravessarem períodos históricos críticos. Ademais estão na origem de grande número de fundações religiosas, e até tiveram uma influência salutar na explicitação do dogma contido nas verdades reveladas. Eventualmente poder-se-ão reproduzir revelações e profecias de Sai1tos e bem-aventurados - alguns deles tendo vivido em períodos relativamente recentes - que se1vem, por exemplo, para compreender a enorme crise pela qual atravessa a Cristandade.

Alcance da aprovação da Igreja As revelações e outros fenômenos místicos extraordinários, acima

l

revelação privada, não tenciona garantir sua autenticidade; declara simplesmente que nada contém que seja contr6rio à Sagrada Escritura e à doutrina católica e que se possa propor como provável à piedosa crença dos fiéis". Mas, de outro lado, o mencionado teólogo adverte que "seria muito repreen-

sível contradizê-las ou pô-las em ridículo depois da aprovação da Igreja" (10). O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, baseado também em conceituados autores, explica que "tendo se encerrado com a morte do último Apóstolo o ciclo das revelações oficiais, as revelações de Fátima, como as de Laureies e tantas outras, se incluem definidamente na categoria das revelações privadas". E que, portanto, "se às primeiras o católico deve dar assentimento sob pena de pecar contra a Fé, às últimas ele pode livremente dar ourecusar crédito, segundo seu prudente critério" ( 11 ). Lembra o Pe. Tanquerey a "prudente reserva da Igreja e dos San.tos" ao examinar a autenticidade

A algum leitor as normas abaixo poderão parecer demasiado árduas, exigentes e até excessivas. Mas lembre, caro leitor, que por esse sapiencial crivo passaram Santa Bernardette, vidente de Lourdes, os pastorinhos de Fátima e tantos Santos e bem-aventurados que receberam revelações divinas, tiveram o dom da profecia, etc. Mas isso não é excessivo; na realidade indica a seriedade com que a Igreja procede nesse terreno, assim corno uma mãe terrena verifica a fidelidade e a veracidade de um filho para melhor cumulá-lo de maternal afeto e benquerença. E tudo isto redunda, em suma, na maior glória de Deus, no bem da Igreja e no incremento da saúde espiritual dos fiéis. Quanto à pessoa - O Pe.

Os critérios da Igreja Como é que a Igreja faz esse maduro exame a que se refere esse destacado teólogo? Quais as regras de discernimento? É o que veremos, resumidamente, a seguir.

"Toda revelação contrária à fé ou aos bons costumes deve ser imp laca ve lme n.te rejeitada, conforme a doutrina unânime dos Doutores, fundada nestas palavras de São Paulo: 'Ainda que nós mesmos ou um anjo descido do céu vos anunciasse outro Evangelho diverso daquele que vos anunciamos, seja anátema' (Gal. 1, 8). É que, efetivamente, Deus não

se pode contradizer, nem revelar coisas contr6rias ao que nos ensina pela sua Igreja" (14). Quanto aos efeitos - Por sua vez, o Pe. Antonio Royo Marin OP acrescenta que "a principal regra

de discernimento - nisto como em tudo - serão sempre os efeitos que produzem na alma as pretensas revelações: 'A árvore boa não pode dar frutos maus, nem a árvore má dar bons frutos' (Mt 7, 18)" (15). O Pe. Tanquerey afirma a esse respeito: "As verdadeiras revela-

das revelações privadas, e acrescenta: "A Igreja não admite revelações

senão quando são bem e devidamente verificadas e, ainda então, não as impõe à crença dos fiéis. Além disso, quando se trata da instituição de uma festa ou de alguma fundação exterior, espera longos anos antes de se pronunciar, e não se decide senão depois de haver examinado maduramente a coisa em si mesma e nas suas relações com o Dogma e a Liturgia" ( 12).

especialmente atenção na matéria das revelações, para discernir se elas são ou não de origem divina:

Tanquerey explica que as regras de discernimento sobre a autenticidade das revelações dizem respeito, em primeiro lugar, à pessoa que afirma receber revelações. Deve-se estudar suas q uai idades naturais: se possui equilíbrio psicológico, bom senso, juízo reto, sinceridade, ou se tem uma imaginação exaltada, a saúde debilitada por doença, tendência a am_plificar a verdade ou até a inventar, etc. E as sobrenaturais: se é dotada de virtude sólida, de humildade sincera, se dá a conhecer as revelações a seu diretor espiritual, e segue os conselhos com docilidade (13). Quanto ao conteúdo - O mesmo autor aconselha prestar

CAToucrsMo - Agosto de 1997

ções confirmam a alma nas virtudes da humildade, obediência, paciência, co11formidade com a vontade divina; as falsas geram orgulho, presunção, desobediência". "O contrário - esclarece - sucede nas visões diabólicas; se no princípio causam alegria, bem depressa produzem perturbações, tristezas, desalento; é por esse caminho, efetivamente, que o demônio fa z cair as almas" ( 16).

Evitar três erros O Pe. Adolfo de la Madre de Dios OCD ( 17) menciona três atitudes de alma erradas, que devem ser evitadas pelos fiéis, em relação aos fenômenos místicos extraordinários: 1. A dos "colecionadores do

maravilhoso, que de qualquer his-


térica trivial que pretende receber mensagens divinas, tomarão suas notas e sua informação gráfi.ca, e pressurosos proclamarão que viram uma :fonta"; 2. 'A. dos que assumem uma "atitude negativa" em relação às revelações, com medo de "serem tidos por crédulos", se não tomarem essa atitude; 3. A dos "que se valem dos progressos da ciência para combater tudo que seja maravilhoso", tentan-

do desse modo desprestigiar as revelações divinas.

As revelações e profecias de Nossa Senhora de Fátima em 1917, com sua severa Mensagem de advettência sobre os males do mundo contemporâneo, suscitaram, corno

era de esperar, antipatias e rejeições nos ambientes comunistas e socialistas, e mesmo entre elementos da chamada esquerda católica. Ainda hoje, nesses meios, se procura desprestigiar de todos os modos essa Mensagem. Sem embargo, o católico que acredita nas revelações de Fátima está longe de poder ser acoimado de crédu lo ou leviano, tão grande tem sido o apreço manifestado pelos Romanos Pontífices, inclusive S.S. João Paulo 11, bem como por incontáveis Prelados do mundo inteiro, ao cu lto de Nossa Senhora de Fátima ( 19). O Dr. Plínio Corrêa de Oliveira, grande devoto de Nossa Senhora de Fátima e propagador de sua celestial Mensagem, afirmou que a Providência suscitou grandes Santos para anunciar certas catástrofes ocorridas na história da Cristandade: Santo Agostinho, São Vicente Fe1Ter, São Luís Maria Grignion de Montfort... Porém, os tempos contemporâneos - que parecem na iminência de um novo castigo, de um grande perdão para os pecadores sinceramente arrependidos e de triu nfo dos mais gloriosos para a Santa Igreja - têm um grande p1ivilégio: foi a própria Mãe de Deus que veio falar advertindo os homens e prometendo sua vitória final!

15-5-53 , p. 139: Di cti onn a ire de Spiri111alité, verbete Révélatio11s privées, vol. Xlll,co l. 491. 6. Pe . Augustin Poulain, Des Grâces d'Oraiso11 - Traité de Théologie Mystique, Bea uches ne, Pari s, 1909, p. 337. 7. Pe. Ju an G. Arintero OP, La evoluci6n mfl-tica, Madrid, BAC, 1952, pp. 678-679; Pe. Jordan Aumann , OP, La credibilidad de las revelaciones privadas, Teología Espiritual - Revis/a cuatrim estral de los es tudios ge nerales domi11ica11os de Espaiia, nº7, Yalencia, vol. 3, 1/4-59, vol. III, p. 44. 8. Pe. Daniel lturrio z SJ, Revela ciones privadas, Es1udios Eclesiás/icos, nº 145, Madri , vo l. 38, 4/6-63, p. 181. 9. Pc. J. Forget, Dictionnaire de Tliéologie Ca1 /wliqu e, verbeteApparitio11s, vol. 1, 2ême partie, co ls. 1691 - 1692. 10. Pe. Antonio Royo Marín, Teología de la Pe1fecci611 Cristia11a , BAC, Madrid , 1958, p. 916. 11. Plínio Co rrêa de Oliveira, Guerreiros da Virgem- A réplica da autemicidade, Ecli -

tora Vera Cru z, São Paulo, 12-85, p. 167. 12. Pe. Ad . Tanquerey, Compêndio de Teologia Ascética e Mística , Livraria Apostolado da Imprensa, Porto, 196 1, p. 722. 13. Op. cit., idem, pp. 7 17-7 18. 14. Op. cil., idem, p. 7 19. IS. Pe. Antonio Royo Marin, OP, Teología de la Pe,fección Cristiana, pp. 823-824. 16. Pe. Tanquerey, op. cit., idem, p. 720. 17. O sacerdote carmelita se baseia na classificação do Dr. Alain Assailly sobre o homem moderno face ao "merveill eux", na obra Medicine et Merveilleux, Paris, 1956, capítulo 2, "L' homme d'auj ourd ' hu i face au problême du merveilleux", pp. 49-69. 18. Pe. Adolfo de la Madre de Dios OCD, Apor1acio11es de la psicología ai problema de las visiones y re velac ion es, rev ista "Salmanticensis", Salamanca, 1958, vol. 5, p. 608. 19. Cfr. Plinio CorrêadcOli veira,Guerreirosda Virgem- A réplica da autemicidade, Editora Vera Cruz, 12-85, pp. 167-169,ondeoautor tran screve uma relação de manifestações de apôio da Santa Sé e de altos Prelados romanos à devoção a Nossa Senhora de Fátima.

Equilíbrio, cautela e abertura de alma · O Pe. Adolfo condena estas três atitudes como "daninhas à religião e àfê''; e, em opos.ição a elas, apresenta a posição que considera correta: uma atitude "ao mesmo tempo de equilíbrio, de cautela e abertura de a/maface às visões e revelações" ( 18). O conselho do Apóstolo São Paulo sintetiza eximiamente essa verdadeira atitude em relação às revelações e outros fenômenos místicos ,extraordinários como as profecias: "Não extingais o Espírito (Santo). Não desprezeis as profecias. Examinai tudo; retende o que for bom" (1 Tes. 5, 19-21 ). Ou seja, é preciso evitm· de pecar por demasiada credulidade como por ceticismo excessivo.

Aplicação às profecias de Nossa Senhora de Fátima

1. Eventua lmente, em posteriores ed ições poderemos abordar ou tros aspectos de tão importante matéria. 2. Cfr. José Ma. Naval potro, Cómo distin guir cuá11do es una aparició11 de la Virgen - La l gles ia, prud ent e ante la proliferac ión de es tos fen6111e11os", "Pa lab ra", nº 36 1, Madri , 1-95 (36), pp. 60 ss. 3. Dictio1111aire de Sp iritualit é, verbete Révélatio11s privées, Beauchesne, Pari s, vol. XIII , co l. 491. 4. Cô nego Auguste Saudreau , L'état mystique, .rn 11ature, ses phase.,y e/ lesfails extraordinaires de la vie spirituel/e, Pari s, Charles Amat Ed./ Arras, Brunet Ed./ Angers, G. Grassin, Ri chou Frêres, Ed. , 2' ed. 1921, ca pítulo "Avantages des Révé lation s pri vées " , it e ns "Fa its historiq ues" e " Res ponsabi I ité de ceux qu i dédai gnent les révélati ons privées", pp. 216 e ss. A essas belas páginas remetemos desde já - a título exemplifi cativo - o leitor interessado em aprofundar o tema. 5. Pe. J.-H. Nico la s OP, Les révélations privées: La/oi e/ les signes, YYS , t. 7,

CATOLICISMO -

Agosto de 1997

'JJ !J :j

E

m 1804, apa receu no vilarejo de La Mure um amol ado r de obje~o~ aconl_!)anhado de sua filha de cinco anos de idade, orfa de mae, que perguntava de casa em casa se havia utensíl ios para sere m afiados por seu pai. Este tinha por nome Juli ão Eyrnard, originário de outra lo- · caJidade, Auris, onde se casara e tivera se is filhos desse casamento. Perseguido pelos "patriotas" da Revolução F rancesa, perdeu boa parte de seu patrimônio. Com a morte da esposa, em 1804, resolveu tentar a sorte noutro lugar. Deixou então cinco filhos com pessoas amigas e sai u à procura de sustento, levando apenas a caçu la. O espírito de solidariedade cató lica, que ainda hav ia em La Mure, facilitou o estabelecimento de Julião naquele local, onde prosperou e contraiu novas núpcias. De seu segundo casamento, nasce u Pedro Julião Eymard em 4 de fevereiro de 1811. Com o correr dos anos, o menino mostrou-se inte li gente e jeitoso, torna ndo-se a grande esperança do pai para fazer prosperar o negócio que havia montado naquela localidade: urna usina de aze ite.

O conquistador de almas para Deus O menino, porém, sentia que era c hamado para algo de bem mais elevado do que ser fabricante de azeite. Após várias dificuldades postas pelo pai, conseguiu entrar no sem in ário para seguir o que sua vocação lhe pedia: tornar-se sacerdote. Após ordenar-se, celebrou sua primei ra Missa em 26 de outubro de 1834. O novo sacerdote cativava as almas. Após o ofício div ino, saía com os fiéis e ficava em frente à igreja, conversando com eles e os instruindo. Operavam-se então conversões impressionantes. Em 1839 decidiu entrar na Soc iedade de Maria para desenvolver cada vez mais sua devoção à Sagrada Eucar istia, a paixão de sua vida. Sua irmã - aquela menininha que percorria as casas pedindo trabalhos - insisti u com ele para que fi casse mais um dia em casa, antes de partir para seu novo destino. "Um dia bastará para perder minha vocação" foi a resposta. E seguiu em frente. Nessa época a todos impressionava sua piedade profunda e terna, enq uanto no seu cam inhar havia a lgo de harmonioso que lhe conferia um aspecto militar. Pregava a Eucaristia e somente a Eucaristia. Porém o fazia de maneira pessoal, concreta e viva, sem muitas especulações meramente teóricas e abstratas. Sua pregação tocava de modo especial as necessidades espirituai s de seus ouvintes. Sua palavra de fogo esclarecia, abrasava e ganhava as a lmas. Seus sermões eram verdadeiras meditações íntimas que lhe saíam pelos lábios, expressão de sua intensa vida interior. Sua alma era de tal maneira luminosa, ·que pessoas das

São Pedro Juliã Eym rd: criador da adoração

perpétua do

Santíssimo Sacramento De humilde fabricante de azeite, transformou-se em pregador com palavras de fogo, em profeta, operou milages e conheceu com antecedência o trono que ocuparia na corte celeste RonERTO ALVES

Lmrn

CATOLICISMO -

Agosto de 1997

21


Quadro representando São Pedro Julião Eymard, enquanto fundador do Instituto dos Padres Sacramentinos

fes. Como se isso não bastasse apareceu uma ameaça de despejo. Obrigado a se afastar por cinco semanas para tratar da saúde, e ncontrou a casa com menos gente e com traidores.

Em Roma: êxtase e aprovação de sua obra

mais diversas condições sociais e econômicas, bem como das mais distintas profissões, vinham lhe pedir lu zes fora e dentro do confessionário.

"Fogo" eucarístico nos quatro cantos da França Certo dia, em 1853, durante a ação de graças, por sol icitação de Nosso Senhor, ele se ofereceu por inteiro a Deus, recebendo então muitas graças, conso lações e forças para realizar a tarefa que lhe estava destinada. Seis anos mais tarde, confidenciou que naquela ocasião prometera a Deus que nada o reteria, mesmo que precisasse comer pedras e morrer em um hospital , trabalhando em Sua obra sem conso lações humanas. Era o primeiro passo para a fundação de seu Instituto, dedicado à adoração perpétua do Santíssimo Sacramento. As dificuldades fizeram-no soltar essa exclamação: "Chego como um soldado do campo de batalha, não se achando vitorioso, mas cansado e esgotado pelo combate". E anunciou ao Arcebispo de Paris que queria pôr fogo nos quatro cantos da França, e especialmente em Paris, com a comunhão dos adultos.

Santo Cura d' Ars profetiza sobre São Pedro Julião! O Pe. Eymard e o Cura d' Ars se conheciam e se tornaram verdadeiros amigos em Nosso Senhor Jesus Cristo, cada um procurando estar a par das atividades do outro. O Cura d' Ars teria mesmo profetizado que o Pe. Eymard sofreria muito, inclusive perseguições de seus melhores amigos. Mas que a congregação por ele fundada seria próspera e se espalharia por todos os países, apesar de tudo e contra todos ... De fato, na obra recém-fundada continuava faltando quase tudo e as deserções começavam. O fundador tornou-se objeto de críticas e perseguições. Escreveram-lhe cartas extremamente mortificantes, profetizando quedas e catástro-

22

, CATOLICISMO -

Tinha um culto entus iasmado pelo Papado. E não foi sem emoção que se dirigiu a Roma para pedir a aprovação de s ua obra, o Instittito do Santíssimo Sacramento. Uma feliz coincidência facilitou as co isas. Estava orando no altar da Confissão, na Basílica de São Pedro, quando entrou em êxtase e não percebeu um cortejo que se aproximava. Era P io IX, que ia rezar ali também. Os numerosos fiéis que se encontravam no local, se afastaram para dar passagem ao Papa, ficando somente um padre austero ajoelhado . Quando voltou a si, todo confuso, refugiou-se em um canto; o Papa acabara de se retirar. No dia seguinte recebeu o Breve Laudatório, assinado na véspera pelo Sumo Pontífice!

Desejava ter a voz do trovão Sua palavra era um fogo de caridade e de fé. Havia um tal brilho de santidade em seu olhar, que se pensava em Nosso Senhor. Mesmo antes de começar a falar, já tocava as almas pela sua simples presença. Mais do que a fé, era quase a vi são real do Div ino Mestre que ele imprimia nas almas. Parecia ver o que fa lava. Quanta vida, quanta luz! Seus ouvintes mantinham o olhar fixo na sua pessoa durante toda a pregação. Diz-se que e le desejava ter a voz do trovão para ser entendido por toda parte e por todos. Traçava, para cada sermão, os limites, as divisões e o encaminhamento do raciocínio, mas ... na hora entrava a palavra e a inspiração do coração. Preparava suas homilias diante do Sacrário pois, segundo ele, uma hora na presença do Santíssimo Sacramento valia mais do que uma manhã de estudos nos livros.

Altar de São Pedro Julião Eymard na igreja da Adoração ao Coração de Jesus, em Bolzano (Itália)

Comentou depois que sentira que uma pessoa o procurava e tinha necessidade de ajuda. Entre 1860 e 1868 previu várias vezes os desastres da guerra franco-prussiana e o movimento revolucionário da Com una de Paris. Em Saint-Julien deTours, o Pe. Eymard deu provas de ser santo, vidente e profeta diante de um auditório que o ouvia pela tarde e pela manhã, sempre recolhido e sempre entusiasta. Certo dia, duas horas antes da procissão de São Julião, o céu esc ureceu e se armou uma tempestade. O Pe. Eymard, calmo, ordenou que a procissão saísse e ... surpresa! Em lu gar dos raios e da chuva que já haviam começado, aparece céu aw l e um grande sol! "Milagre"' Fo i a palavra que aflorou a todos os lábios.

Porém, para alca nçar um tal píncaro é preciso não só sofrer, mas saber sofrer. Assim, seus últimos anos de vida foram repletos de sofrimentos, ocasionados e tes em boa parte por seus próprios religiosos que já não tinh am confiança em seu Santo Fund ador. Disse e le nessa penosa conjuntura: "Eis-me aqui, Senhor, no Jardim das Oliveiras; humilhai-me, despojai-me; dai-me a cruz, contanto que me deis também o vosso amor e a vossa graça". No dia 1° de agosto de 1868, às l 4:30 hs, exalou seu último suspiro. Tinha 57 anos e meio. Morreu em sua cidade natal, La Mure, na mesma casa onde nascera. Sua congregação tinha então cinco casas na França e duas na Bélgica, com cinqüenta religiosos. "Nosso santo morreu!" foi o gri to que se ouviu nas ruas e nas casas daquela pequena localidade. A população inteira desfilou diante de seus restos mortai s. As pessoas iam com as duas mãos c heias de objetos para serem tocados no corpo do Santo. Seus olhos, que não foram fechados por respeito , guardavam uma expressão extraodinária de vida a ponto de dar a falsa impressão de que não morrera. Foi beatificado solenemente por Pio XI no dia 12 de julho de 1925 e canonizado por João XXIll em 9 de dezembro de 1962. □

Exorcista, era perseguido pelo demônio Muitas vezes passava as noites lutando contra o demônio. Pela manhã, no seu quarto havia móveis quebrados ou avari ados e sinais em sua face. Comentava que os golpes do demônio são secos como se bate em mármore , mas a dor desaparecia com a pancada. Em 186 1, após comer parte de uma maçã oferecida por uma mulher tida como mágica, uma menina ficou possessa. A mãe, ouvindo falar de Eymard, foi procurá-lo. Este env iou uma camisa e um gorro com a medalha de São Bento, mas a menina os destroçou com seus dentes. O Padre então benzeu um pedaço de pão e o enviou à casa da menina, para que o enguli sse na hora em que estaria celebrando uma missa por ela. Quatro homens forçaram-na a engulir e ela começou a vomitar um liquido preto, cheirando a enxofre, em tal quantidade que escorreu até o chão, ficando então curada. O demônio foi derrotado duplamente, pois o pai da menina, que se encontrava afastado da religião, impressionado, confessou-se, comungou e voltou à prática religiosa.

Fonte de referência: Mgr. Fra ncis Trochu, Le Bie11here11x Pierre-Julien Ey111ard, d'apre.1· ses écrits, so11 Proces de béati,ficatio11. er de 110111/Jreux docu 111 ents i11.édits, Librairic Catho lique Emmnn uel Yitte, Paris, 1949.

Leitura do Breve papal durante a cerimônia de canonização de São Pedro Julião Eymard na Basílica de São Pedro

Incompreendido pelo próprios filhos espirituais Lia os corações, via à distância, profetizava ... Não era raro dizer a uma pessoa os pensamentos que tivera; e aconselhá-la de acordo com tal discernimento. Certo dia, uma moça da sociedade foi procurá-lo, sem que os pais soubessem, para pedir-lhe um conselho sobre sua vocação. Ao chegar, soube que ele se encontrava em sua hora de adoração ao Santíssimo, durante a qual não costumava atender absolutamente ninguém. Resignada, dirigiu-se à igreja e o viu de costas, ajoe lhado, em oração. Nesse mesmo instante Eymard levantou-se, indicando à moça o cam inho do confessionár io.

Agosto de 1997

No final de 1867 repreende os seus por não irem vê-lo com mais freqüência e mais confiança, a fim de pedir uma comunicação mais abundante do espírito da sua vocação. "Nada me perguntais. Quando eu não estiver mais aqui, ninguém terá a graça da fimdação. Interrogai-me, usai mais de mim". Em J 868 escreveu em suas notas que iria fazer parte da corte celeste, participar da bondade de Deus. Um trono lhe estava as egurado no Céu e seu nome estava inscrito no livro da vida; os Anjos e os Santos o esperavam no lugar dos Bemaventurados e o chamavam de irmão. CATOLICISMO -

-

Agosto de 1997

23


Na p. 24, montagem de fotografias publicadas por "Manchete" e pelo "Diário de Pernambuco" sobre Frei Damião e seu enterro

n am cor.e10 os até o estádio

{; ;;,~~·:~}ii~=; Frei DAMIÃO: religiosidade católica tradicional vence um "plebiscito" informal

o "Diário de Pernambuco", de 5 de junho p.p., tmnbém trouxe eloqü e ntes manche tes de primeira página que vão na mesma linha:

"O maior funeral do Nordeste" , "Cortejo: oito quilômetros de devoção". Frei Dm11ião não utili zou linguagem modernizada para faJm· a esse Brasil. Sua linguage m era outra: era a linguagem das verdades etern as que ning ué m pode mudm·. Pregava o Céu e o Inferno, a devoção a Nossa Senhora, ao terço, aos Anjos, o hmrnr aos demôni os, o combate às tentações, os deveres dos solteiros e cios casados, dos pais e dos filhos. Condenava a vaidade do mundo e a imoral idade, o uso de trajes indecorosos e dos an ti concepcionais. E também fustigava o comunismo.

Foi, de lo nge, o mai s popula r cios pregadores em nosso País, e m pleno séc ul o XX. Ning ué m falou no Brasi l tanto ao coração do povo como o italiano Fre i Damião. O frade capuchinho não se ide ntificava com o padre C ícero , o qual considerava "um .fanatizador rebelde" (cfr. "M a nc he te", 7-6-1997). Apesar d as pe rseg ui ções que sofreu de certos setores da Hierarquia ecles iást ica brasilei ra, mante ve-se submi sso às ordens que dev ia acatar, segundo o Direito Canô nico. E ao mesmo tempo pe rm ance u firme na pregação da doutrina tradicional da Igreja. A liás, tais pe rsegui ções, de s i, e m nada depõem contra o frade capuchinho, po is não é raro o mes mo ter acontec ido até com pessoas qu e foram elevadas às ho nras dos altares, como o gra nde apóstolo marial São L uís Maria Grignion de Montfort ( 1673- 17 l6) e o exími o formador da juve ntude São João Bosco ( l 8 15- 1888).

Não poucos clérigos, na esperança ilusória de a nga ri ar popula ridade, de ixaram os temas próprios ao se u min istério e se e mbarafustaram pelas lutas sociais. Aconteceu o contrário do que es peravam: o povo os dei xou falando sozinhos e apinhou se e m templos protestantes que tratavam, embora de modo e rrado, de temas espirituais. A vicia de F rei Damião deixa outra lição: não ido latrar o mito da popularidade, cumprir cada um o próp ri o deve r, professm· com altaneria e deste mo r a doutrina católica e m todo seu es plendor, sem vé us ne m de turpações, e não como se fosse para uti I izar a expressão do Papa São Pio X - "mercadoria ava-

riada que devesse entrar de contrabando" (Carta ao Co nd e Medolago Albani, in Em Defe sa da Ação Ca tólica, Plínio Corrêa de Oliveira, Edito ra Ave Maria, 1943 , p. 213) . Houve políticos que procuraram aprove itm· a fi gura do frade

capuchinho para se u be nefício e leitoral. Tais epi sódi os foram atTibuíclos, segundo alguns, à manipulação de publicitários hábeis. Outros os debitm·a m à idade já muito avançada cio re ligioso, que não teria percebido o intuito de ex ploração de sua fi g ura, ne m certos proble mas morais notó ri os que, se pe rcebidos, o teriam levado a uma o utra atitude. O tema é complexo e uma a náli se o bjetiva supõe mais dados do qu e os di sponíve is, ao menos até o mome nto. E ntreta nto, esses fatos, de si, e m nada infirmam a análise acima feita. Aguardemos, pois, inte irame nte submi ssos, os pronunc iamentos finai s qu e a Santa Igrej a vie r a e mitir a respeito ela fi g ura de Fre i Damião. Ela reve lo u es ta r a ind a be m vivo o Brasil católico, fruto e m g ran de med ida cio ze lo apostólico de um Bem-aventurado Jo sé d e Anchieta e outros tantos heró is da Fé na Terra de Santa C ru z. O

As coberturas da mídia revelam uma realidade pouco focalizada: a piedade popular tem sede de verdades eternas e imutáveis

ascido e m 5 de novembro de 1898 na c idade de Bozzano, nmte da ltá1ia, o filh o de camponeses Pio G ianotti ing ressou na O rdem dos Capuchinhos em 19 14, mas fo i obrigado a abando nar os estudos de Teologia ao ser convocado para servir no Exército italiano, durante a Primeira G uerra M undi al. Passados três a nos, voltou à vida re ligiosa e o rde no u-se sacerdote e m 5 de agosto de 1923, na ig rej a de São Lo ure nço de B rindi si, e m Roma. Assumindo o no me de Fre i Damião, mais tarde diplomouse e m Teologia Dogmática, Filosofia e Direito Canô ni co, pela conceituada U niversidade Gre-

N

24

go ri a na de Roma. Foi vice-mestre de nov iços do Conve nto de Vila Bas ílica, professor e diretor do Conve nto de Massa até se r transferido para o Bras il , o nde chegou e m 193 l . F ixo u res idê nc ia no Convento dos Capuchinhos e m Rec ife. Logo depois foi designado para Gravatá, no Agreste pe rnambuca no. Desde e ntão começou sua peregrinação pelo Nordeste (cfr. "D ia rio de Pernambu co", Recife, 28-5-97). Fa lece u na cap ita l pernambucana, aos 98 anos, no sábado, dia 31 de maio p.p., às 19:20 hs., vítima de uma parada cardiorrespiratória. As multidões que aco mpanhara m suas exéquias - qu e r pessoalmente, quer através da cobe rtura feita pe los me ios de com unic ação - reve laram a força do Bras il real, profundo, , CATOLIC ISMO

cató li co, sedento de Fé e do portentoso. Confo rme afi rmo u o exfrei Leo na rd o Boff, "emerg iu

visível o catolicismo tradicional que m.uitos julgavam perempto ou em vias de extinção" ("Folha de S. Pa ul o", 22-6-97) . O Brasil que aparece na publicidade fo i obri gado a reco nhecer a fo rça desse o utro Bras il silenciado, mas que dá mostras de se u poder, despertando certame nte temores nos que gosta ri a m de ver arrancado - se possível fosse - até mesmo o C ruze iro do S u l de nosso firmame nto. Não poucos dizem ter fe ito a o pção preferencial pelo povo, po rém, na prática, os verdadeiros e mai s e levados a ne los do povo brasileiro não vêm sendo atendidos. A mai o ri a da pop ulação j á es tá fa 1ta de tanta imora lidade e vio lênc ia ap resenta-

-Agosto de 1997

da em progra mas de televisão. Por o utro lado, as multidões emocionadas mos trara m que o Bras il autê nti co fizera, isto sim , uma opção preferencial pela doutrina tradicional da Igreja. O que eq uiv a le u a uma vitória pleb iscitária em favo r desta últim a. Ali ás, j á em 1995 S.S . João Paulo II observara, ao receber os B ispos brasileiros das Regionais Nordeste l e 4, que "o povo tem

mais fom e de Deus que de pão material .... quer ver a Igreja como Igreja, e não simplesmente como promotora da reforma social .... quer ver os Padres como verdadeiros ministtvs de Deus" ("L'Osservatore Romano", 6-9-1995). O "Jorn al do Commerc io" (da cap ital pernambucana) publicou com le tra s ga rra fa is:

"Fre i Damião, um santo para o povo" (ed ição de 5-6-97). E

''Quem não for de caráter sério e profundo não é capaz de nada'' Extraímos alguns trechos de um sermão do Fun"A virtude pede combates em que se deve ser dador dos Sacramentinos, São Pedro Julião Eymard, prudente, hábil e vigilante. Tem-se diante de si um ao concluir um retiro espiritual: inimigo sempre novo, que muda seus ataques ao · "Porém, o que mais lhes desejo é um fundo de infinito. Se se tem contra ele apenas a piedade e o caráter sério, em tudo e sempre. Quem não for de sentimento, não se consegue evitar suas trapaças. "O espírito sério é o que vive da verdade de Deus e caráter sério e profundo não é capaz de nada; é o que se chama um homem ou um espírito superficial. Não das coisas; permanece na verdade, na realidade e não . nos sentimentos" (La Divine Eucharistie - Extraits conte com suas palavras. "Aquele que não reflete terá um juízo necessaria- des écrits et des sermons du Vénérable Pierre-Julien mente falho . Pois o juízo é o resultado das idéias Eymard, 4eme. série -L'Eucharistie et la pe,fection comparadas umas às outras . Mas o homem superfi- chrétienne, 8ª ed., Bureau du "Petit Messager du T.S.-Sacrement", Tourcoing, 1891 , pp. 421-430). cial não se dá a este trabalho.

São Pedro Julião Eymard CATOLIC ISMO -

Agosto de 1997

25


Catolicismo -

.., adiamento da votação na Câma-ra dos Deputados, ocorrido no dia 25 de maio p.p., do Projeto de Lei 1.151 que tem em vista legalizar o chamado "casamento homossexual", alcançou certo realce na mídia. A autora do referido Projeto, dep. Marta Suplicy (PT/SP) - até bem pouco antes do dia em que deveria se realizar a votação - acred itava que seria vitoriosa, graças ao suposto apoio que teria de 213 parlamentares , bem como da apresentação de discursos em plenário por oradores favoráveis à infeliz iniciativa. Porém, os resultados foram outros que os esperados pela deputada petista, que ficou desconcertada. O Presidente da Câmara, dep. Michel Temer, decidiu adiar, no dia marcado, sua votação. Ficando determinado que esta entraria na pauta dos trabalhos legislativos para o presente mês de agosto. Para a obtenção desse resu ltado influíram ponderavelmente Campanhas da TFP como o Amanhã de Nossos Filhos e Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! que atuaram sobre a opinião pública e os deputados federais. A respeito dessa importante matéria, o leitor encontrará mais esclarecimentos na seção ''TFPs em Ação" da presente edição de Catolicismo. Mas também pesou a atuação destacada de alguns parlamentares, dentre os quais merece especial menção o dep. Severino Cavalcanti (PPB/PE). Empresário da Indústria, o deputado Severino Cavalcanti iniciou sua vida pública como prefeito da cidade de João Alfredo (PE) , 1964-1966. Em 1966 fo i eleito para o seu primeiro mandato de deputado estadual, cargo que ocupou durante 28 anos com sete mandatos consecutivos (1966-1994). Eleito deputado federal em 1994, chegou ao cargo de 2º Vice-Presidente e Corregedor da Câmara em 1997, com a maior votação dentre todos que concorreram à Mesa Diretora da Casa. Esse parlamentar vem se destacando na luta em defesa da família, do direito à Vida, dos microempresários, das

ou parceria civil de homossexuais"?

Dep. S. Cavalcanti -Tenho a dizer aos leitores de Catolicismo que fico preocupado com as gerações futuras e sobre o que pensarão elas de uma Câmara que viesse a consagrar em lei a situação decorrente de uma depravação moral tão extrema. Situação que, ademais, a ser tomada como normal, corrompe toda a soc iedade, pois golpeia gravemente a própria in stitui ção da família.

classes produtoras. É um combativo membro da Frente Parlamentar da Pequena e Microempresa e, como católico, trabalha para derrotar no Congresso todos os projetos contrários aos princípios cristãos, que agridem a consciência da grande maioria da popu lação brasileira. É autor de propostas de emendas à Constituição e projetos de lei, entre os quais merecem destaque: - o que considera a prática do aborto um crime; - o que estabelece nova relação de trabalho para os trabalhadores das pequenas e microempresas; - o que regulamenta o serviço de mototáxis em todo o País; - o que define como ação criminosa a util ização de qualquer técnica destinada a reproduzir clones humanos;

, CATOLICISMO - Agosto de 1997

-

-

o que acaba com o monopólio da UNE na confecção de carteiras estudantis; o que exclui o limite com educação nos cálculos do Imposto de Renda; o que proíbe a venda de brinquedos em forma de arma; o que obriga a publicação dos gabaritos das provas de concursos públicos.

Além de sua oposição

como parlamentar, houve reação por parte da sociedade diante de tal Projeto?

Tal resposta, pelo que soube, foi chancelada por mai s 18 Arcebispos e Bispos, podendo afirmar com certeza ser essa a posição de todos homen s de fé do Brasil.

Catolicismo -

Como V. Exa . avalia

a vitória, ainda que não inteiramente definitiva, sobre o Projeto da deputada do PT?

Dep. S. Cavalcanti -Ao rejeitarmos categoricamente tal Projeto, estaremos evitando - segundo palavras de Ruy Coelho Maia, coordenador de O

Amanhã de Nossos Filhos - "em nosso solo catequizado por santos missionários, desbravado por heróis e abençoado pelo zelo apostólico do Beato José de Anchieta, o reconhecimento legal de uma situação espúria e pecarninosa como a homossexualidade". Catolicismo - V. Exa. recebeu muitas

conseqüências podem advir para a nossa Pátria caso tal Projeto seja aprovado?

"O Catecismo da Ig reja católica

Dep. S. Cavalcanti - A aprovação da prática homossex ual vem sendo pleiteada pelos que querem demo l ir os hábitos morai s de nossa soc iedade, nasc ida sob a gloriosa égide do crist iani smo. O fato é que a soc iedade, co mo um todo, sempre considerou com horror essa prática, tão contrária à natureza do homem, criado à imagem e se melh ança de Deus. Presentemente, os propugnadores da legalização da prática homossexua l estão ousando este passo estarrecedor: a concessão aos homossexuai s, enq uanto tais, e no livre exercício de sua depravação moral, da plena cidadania perante as leis. O que constitui um temerário desafio a Deus.

(promulgado pelo Papa [João Paulo 11] em 1992) co,~firma o ensino constante

Dep. S. Cavalcanti - Incontáveis. E não foi só de Pernambuco, meu Estado, mas de todo o Brasil. Confesso mesmo ter ficado surpreso com o grande número de manifestações chegadas por fax, por telefone, enfim por todos os meios. E o que mais me sensibilizou , foi que agora mesmo, enquanto atendo a reportagem de Catolicismo, continuam a chegar manifestações de solidari edade e apoio.

É realmente um "desconcerto", como V. Exa. diz, pois o normal seria que o referido Projeto já

Deputado Severino Cavalcanti: batalhador na Câmara Federal em defesa da família brasileira

Catolicismo -

homossexual é não somente contrariar a lei natural, mas também legalizar uma grave depravação moral".

Dep. S. Cavalcanti - Houve e muita. Por exemplo, a campanha O Amanhã de Nossos Filhos, da TFP, consultou o teólogo D. João E vangel ista Martins Terra S.J., Bispo Auxiliar de Brasília, e Doutor pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, sobre a posição da doutrina cató li ca em relação à uni ão homossex ual . Dele recebeu esclarecedora resposta:

Catolicismo -

Dep. Severino Cavalcanti (5 2 da esq. para a direita) recebe em seu gabinete representantes das duas Campanhas promovidas pela TFP

Projeto golpeia a instituição da família, hoje já tão combalida?

Dep. Severino Cavalcanti - Ontem assistimos, com grande desconcerto para nós e para todos os brasileiros, à [expectativa de] votação do Projeto de Lei nº J.15 l que visa legalizar o assim chamado "casamento homossexual". Considero tal projeto uma afronta ao povo brasileiro, de tradição católica, o qu al rej eita a prática homossex ual e a considera abominável diante de Deus e dos homens. Não faltam condenações dos Livros Sagrados, dos Papas e dos santos a essa prática. Recordemos apenas a destruição de Sodoma e Gomorra pelo fogo. Não é em vão que o catecismo co loca o pecado de homossexua lidade entre aque les que bradam ao Céu e clamam a Deus por vingança'

O

26

Como V. Exa. considera o

Projeto que visa a legalização da"união

tivesse sido rejeitado. Agora, que

Catolicismo -

da Igreja e da Escritura. A Sagrada Escritura apresenta as práticas homossexuais como depravação grave. A Tradição sempre declarou que os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados. São contrários à lei natural. "Legalizar o chamado 'casamento'

manifestações contrárias à aprovação deste Projeto?

O que significou para os

fautores de tal Projeto a segunda derrota na Câmara dos Deputados em menos de um ano?

O encarregado do Escritório da TFP em Brasília, Sr. Nelson Barreto, procurou esse destemido congressista, que também vem se distinguindo por outras beneméritas iniciativas, especialmente por sua atuação anti-abortista. E entrevistou-o em seu gabinete, na Câmara Federal, sobre o último lance da luta contra a aprovação do "casamento homossexual' .

Dep. S. Cavalcanti - Nós temos poder, pelo voto que dermos, de influenci ar decisivamente os rumos de toda a Nação e até o modo de viver de cada brasileiro. Lembremo-nos, porém, de que esse poder só será legitimamente exercido se for u ado de acordo com as leis de Deus e tendo em vista o autêntico bem do povo.

Catolicismo -

No que propriamente tal

CATOLICISMO - Agosto de 1997

27


"Uma luz brilhou em minha vida" ~ Quando recebi a proposta de assinatura, jamais poderia imaginar que tinha em mãos algo tão precioso. Foi com certeza uma luz que brilhou em minha vida. Leio artigo por artigo da revista. Já tirei muitas dúvidas e adquiri novos conhecimentos. A cada leitura fico mais entusiasmada e mais convicta na minha fé. Agradeço a Deus por esta jóia preciosa que mensalmente adentra meu lar. (E.C.B.M. - Vilhena-AO)

Proclamadora e defensora do Bem

Fico até envaidecido, mas vou ler um fax que acaba de me ser entregue: "Meus

parabéns efusivos pela excelente atuação nesses dias plúmbeos que precederam a apreciação do Projeto da Marta Suplicy PT/SP, bem como no dia de ontem, quando pela sua atuação não só obtivemos a vitória definitiva sobre essas mentes estreitas porque eles fugiram vergonhosamente da luta, pedindo para adiar a votação. . "De qualquer modo, V Exa. pôde medir as f orças sadias do verdadeiro Brasil que rej eita categoricamente leis dessa laia . .... "Ontem, conquistamos importante vitória. Preparemo-nos para .fúturos

embates nos quais V. Exa. poderá contar conosco aqui de nossa região. São homens como V. Exa. de que o Brasil precisa. Nós lutaremos e Deus nos dará a vitó ria ". Catolicismo - Uma pergunta fora do tema em pauta. Como V. Exa. encarou a recente tomada de posição de nosso atual Embaixador junto a OEA, Itamar Franco, sobre Cuba? Dep. S. Cavalcanti - Em uma palavra, considerei-a inteiramente inoportun a. Ali ás, inteirei-me mais do assunto através de um pronunciam ento fe ito aqui na Câmara, pelo nobre co lega dep. Lael Yarella, PFL/MG , no qual ele cri ticou duramente as declarações do Sr. Itamar

Franco na Assembl éia da OE A efetuada em Lima, decl arações essas favoráveis à "plena reintegração" da Cuba comunista no sistema interameri cano e ao fim do "isolarnento" do regime de H avana. N a verdade, tal solicitação foi inteiramente gratuita. Poi s, o grande isolado não é F idel Castro - com o sustenta [tamar - e sim o povo cubano escravi zado, abandonado à sua sorte por tantos diri gentes ocidentais, como lamentam os cubanos pertencentes a uma benemérita assoc iação de Miami, intitul ada Cubanos Desterrados. N ão sou contra os cubanos, mas sim contra o regime escravocrata de Fidel Castro . O

R$ 50,00 R$ 75,00 Benfeitor: R$ 150,00 Grande Benfeitor: R$ 250,00 Exemplar avulso: R$ 5,00

Diretor:

Paulo Corrêa de Brilo Filho Jornalista Rcs1>onsávcl:

N.B.- O que exceder ao valor da a . um donativo para a difusão de C s~1n_atura comum considera-se atohc,smo e para as atividades estatutárias da TFP

Mariza Mazzilli Cosia do Lago Reg. no DRT-SP sob nº 23228 Redação e Gerência:

R. Gen. Jardim , 770, cj . 3 D - CE P0 1223-0IO - São Paul o S P Tcl (011 ) 257-1088- Fax (011 )258-4654 - ISSN 0008-8528 Bureau Ba11deira~,: t:~t;:~-!111pressão Lida. Rua Mairinque, 96 - CEP 04037-020 - São Paul o SP lm1>rcssão: Takan o Fotolito & Gráfi ca - Av. Dr. Sil va Melo, 45

CEP 04675-01 O - Te l. (O1 1) 524-2322 Fax (01 1) 246-33 11 São Paulo SP

28

,CATO LI CISMO -

~ É um grande prazer receber a revista Catolicismo. Estou aprendendo muito. Eu tinha muitas dúvidas e estou encontrando as respostas. Antes de participar da campanha eu achava que ser católico era só ir à Missa, confessar e comungar. Agora sinto que tenho uma religião de verdade. Ainda tenho muito que aprender. Deve haver pessoas católicas que não conhecem esse tesouro que é o Catolicismo. Tenho muita fé em Nossa Senhora de Fátima. (D.A.S.S. - São Paulo-SP)

"Não podemos cruzar os braços" ~ Eu sou propagandista da campanha de Nossa Senhora de Fátima e me sinto honrado em participar dessa campanha de Catolicismo, apesar do sacrifício, pois tenho mais compromissos. Mas não podemos cruzar os braços. O Reino de Deus exige sacrifícios. A revista esclarece muitas coisas. A palavra do Sacerdote nos faz crescer na Fé e na certeza de que a Religião Católica é a verdadeira. (V.Z. - Venda Nova do lmigrante-ES)

Traz muita paz de alma ~ Tenho recebido a revista mensalmente e estou muito feliz. Ela me traz uma paz de espírito muito grande. Estou muito satisfeita em ter feito a assinatura. Para o ano que vem, se estiver viva, quero renová-la. Que Nossa Senhora de Fátima me ajude e a todos os senhores para continuarem com esta valorosa campanha do Catolicismo que é muito bonita. (A.P.T. - Salvador-BA)

"Nossa Senhora está indo à frente desta obra"

~ Os programas de TV das tardes de Domingo estão cada vez piores. A imoralidade passou todos os limites imagináveis. A concorrência entre o canal "x" e o canal "y", pelo pior, nos leva a desligar a TV. Mas e os pais que nem "vêem" o que os seus filhos estão assistindo? Que geração este pessoal quer formar? Até quando vamos assistir a cenas e palavras tão lamentáveis? (L.P.F. - Petrópolis-RJ)

Grandes e tristes coisas que é preciso conhecer

S

Telefone: (0 11) 223-4233 inante . Correspondência· Caixa Posta~ 9159 - CEP 01065-970 S p P_______

Agosto de 1997

''Agora sinto que tenho uma religião de verdade"

~ Estou maravilhada por esta revi sta, pois ela me tira muitas dúvidas. Na edição do mês de junho, eu gostei muito onde tirei as dúvidas quanto ao espiritismo porque pensava que o espiritismo fosse também coisa certa. Mas estou esclarecida, graças a Deus e à Virgem Maria. Eu vivi 20 anos no espiritismo. Eu gostaria de saber se nesta revista há uma parte onde esclarece também sobre os protestantes e também se tiver uma ou mais páginas onde as pessoas poderão dar testemunhos. Desde já parabenizo esta revista, que tenho certeza que Nossa Senhora está indo à frente desta obra. Ela como Mãe quer ver todos seus filhos da terra aos pés de Seu Divino Filho, Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. (F.G.P. - Alexânia-GO)

"Uma bênção muito grande"

Serviço de Atend,·mento ao As .

=r-------ª-º__ª_u_,o_-_s___

~ Tenho acompanhado os trabalhos da TFP desde a era do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, por quem tenho uma adm iração profunda: é um mestre para mim. Desde que comecei a receber a revista Catolicismo , tenho me enriquecido bastante com seus temas. Venho parabenizar a todos, e em particular ao Sr. [Diretor] por manter esta chama acesa e brilhante da revista. E também venho através desta lhe cobrar um exemplar do livro Revolução e Contra-Revolução, do meu mestre predileto, Plinio Corrêa de Oliveira , livro que não o encontro nesta região. (M.J.L. - Gouvelândia-GO)

"A imoralidade passou todos os limites" ...

Comum: Cooperador:

Publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes Ltda.

Chama acesa e brilhante

Nota da Redação: A última edição de Revolução e ContraRevolução está esgotada. Porém, conseguimos um exemplar dessa renomada obra do Fundador da TFP brasileira, tendo sido enviado por correio.

Preço5,. da assinatura anua/ para o mes de AGOSTO de 1997:

lL

~ Neste mundo, já todo dominado pelas tramóias de Satanás, a revista Catolicismo permanece como proclamadora e defensora do Bem. Na verdade desconheço, no momento, qualquer outra palavra, seja escrita ou falad a, que também o faça. Congratulo-me com as pessoas cujo trabalho permitem sua circulação. Sugiro, no intuito de aproveitar seu potencial , uma seção com comentários da palavra de Deus, Jesus e dos Apóstolos, tendo em vista os turvos dias atuais. (P.S.P.C. - São Paulo-SP)

católicos. Pena que tantas pessoas que necessitam saber dessas palavras não fiquem sabendo. Gosto de tudo da revista, sem restrição. (M.H.G.P. - Serrana-SP)

J

~ Gosto demais e anseio pela chegada de Catolicismo a cada mês. É uma revi sta esclarecedora: quantas coisas eu nem imaginava que estivessem acontecendo no mundo. Pequenas, talvez, para muitas pessoas e talvez até sem nenhuma importância para outras. Mas tão grandes e tristes para Deus e nós CATOLI CISMO -

~ Venho por meio desta parabenizá-lo pelo seu grande empenho em divulgar as coisas de Deus. Pois nesta revista se trata de assuntos de suma importância. Catolicismo resgata grande parte de nossa história, que o mundo já esqueceu. É uma bênção muito grande poder ter em mãos reportagens a que muitos de nós não temos acesso. (F.A.S. - São José dos Campos-SP)

Agosto de 1997

29


AGOSTO

cou para pregar e defender a verdade, fundando a Ordem dos Pregadores.

1 - Santo Afonso Maria de Ligório, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. + Pagani, 1787. Fundou a Congregação do Santíssimo Redentor, dedicada à pregação de missões populares. 2-Santo Eusébio deVercelli, Bispo e Confessor. + Itália, 370. Assim como seu contemporâneo Santo Agostinho, adotou o costume de viver erri comunidade com seus sacerdotes e colaboradores próximos. Foi exilado pelo Imperador Constâncio por não querer aceitar a heresia ariana, só voltando à sua diocese depois da morte do potentado.

9 - São João da Alvernia, Confessor. + 1322. Movido desde a infância pela Paixão de Cristo, este franciscano teve uma existência de enorme penitência. Mandado para a Alvernia, onde São Francisco havia recebido os estigmas, pregava aos peregrinos que lá acorriam. Às vezes, o próprio Poverello lhe aparecia para moderar-lhe as mortificações, e os Anjos faziam-lhe companhia. 10 - São Lourenço Diácono, Mártir. + Roma Séc. Ili. Espanhol de origem, foi o primeiro dos Sete Diáconos de Roma. O Papa São Sixto li confioulhe a administração dos bens da Igreja. Negando-se a entregar ao prefeito da cidade esses bens depois do martírio daquele Papa, foi cruelmente assado a fogo lento numa grelha. É um dos mais famosos mártires da Cidade Eterna, que lhe dedicou várias igrejas.

Nossa Senhora Rainha

São Pedro Julião Eymard (vide seção Vidas dos Santos, p. 21 da presente edição).

*

3 - Santa Lídia. Pagã, dedicava-se ao comércio em Filipos, quando foi convertida por São Paulo. 4 - São João Maria Vianney, Confessor. + Ars, 1859. Sua fama de pregador e confessor atraía gente de todas as partes da França. São Pio X o nomeou patrono de todos os párocos e pastores de almas. 5 - Dedicação da Basílica de Nossa Senhora das Neves, Roma. Segundo a tradição, caiu neve em plena seca delimitando o lugar onde deveria ser edificada essa igreja. É a maior basílica mariana de Roma, por isso conhecida como Santa Maria Maior. Nela se guarda a relíquia da manjedoura em que nasceu o Salvador.

11 - Santa Clara de Assis, Virgem. + 1253. Digna êmula de seu conterrâneo e contemporâneo São Francisco, fundou a ordem segunda dos Franciscanos, conhecida pelo seu nome - as Clarissas -, dedicada à contemplação e ao cultivo da mais estrita pobreza. 12 - São João Berchmans, Confessor. + Roma, 1621. Noviço jesuíta falecido aos 22 anos, tinha chegado aos cumes da perfeição por sua pureza, mortificação e entranhada devoção a Nossa Senhora.

6 - Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo. Esta festa, relembrando a glorificação de Cristo no Tabor, foi instituída por Calixto 111 em 1456 para comemorar a vitória dos cristãos sobre Maomé 111, conquistador de Constantinopla e terrível inimigo dos cristãos.

13 - Santos Hipólito e Cassiano, Mártires.+ Séc. Il i. Santo Hipólito era o carcereiro de São Lourenço, que o converteu, batizou, e a quem seguiu no martírio. Cassiano foi um professor a quem os alunos pagãos denunciaram como cristão. Não querendo oferecer incenso aos ídolos, foi martirizado em Imola.

7 - São Caetano de Tiene, Confessor.+ Nápoles, 1547. Fundador da Ordem dos Clérigos Regulares - os Teatinos- que, numa heróica confiança na Providência, vivem somente das esmolas recebidas por iniciativa dos doadores. Contribuiu para areforma do clero frente ·ao perigo protestante. Pelo seu zelo pelas almas, foi chamado de o caçador de almas.

14 - São Maximiliano Maria Kolbe, Mártir. + Auschwitz, 1941. Já aos 23 anos este franciscano, para preservar a juventude da avalanche revolucionária, fundou a associação Milícia da Imaculada. Fez o mesmo no Japão, incentivado por Pio XI. Vo ltando à Polônia, continuou seu trabalho na boa imprensa, pelo que foi preso pelos nazistas. Quis substituir um dos condenados a morrer de fome não só por ter este família, mas principalmente para assistir até o fim os outros nove prisioneiros.

8 - São Domingos de Gusmão, Confessor. + Bolonha, 1221 . Cônego de Osma, na Espanha, oriundo de nobre família, ao se dirigir em peregrinação a Roma viu o estrago que a heresia albigense fazia no sul da França. Aí fi-

15 - ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA AOS CÉUS. Festa mariana de muito antiga tradição, a Assunção da Mãe de Deus foi solenemente proclamada como dogma por Pio XII, em 1950.

São Domingos de Gusmão

30

, CATOLI CISMO -

16 - Santo Estêvão Rei, Confessor.+ 1038. Duque da Hungria, convertido na adolescência por Santo Adalberto, de Praga, tornouAgosto de 1997

se o verdadeiro apóstolo de seu povo, que levou à fé de Jesus Cristo. Recebeu por isso a coroa real das mãos de Silvestre li. Conservam-se as leis que deu ao país e as normas de governo que deixou ao filho, Santo Américo. 17 - São Jacinto, Confessor. + Polônia, 1257. Nasceu perto de Cracóvia, sendo recebido na ordem dominicana pelo próprio São DoSão João Eudes mingos. Pregou muito em sua terra e nos países bálticos . Conclamou uma cruzada contra os prussianos em 1228. São Jacinto é padroeiro principal de seu país. 18 - Santa Helena, Viúva. + Roma, 329. Mãe de Constantino, o imperador romano que, uma vez convertido, assegurou o triunfo da Igreja sobre o mundo pagão. A Santa Helena se atribui o encontro da verdadeira Cruz de Cristo.

24 - São Bartolomeu Apóstolo, Mártir. Séc. 1. Segundo autores antigos, seu verdadeiro nome seria Natanael, de quem Jesus disse:" Eis um verdadeiro israelita no qual não há dolo". Levou o Evangelho a vários países, inclusive Pérsia, Índia, Arábia e Armênia, onde teria sido esfolado vivo. 25- São Luís Rei de França, Confessor.+ Tunísia 1270. Foi modelo de estadista e de administrador cristão. Empreendeu duas Cruzadas, morrendo na segunda, atacado pela peste. Devotíssimo da Paixão, fez construir a famosa Sainte Chapei/e, relicário de pedra e vitrais, para abrigar a coroa de espinhos do Salvador. 26 - Santa Micaela do Santíssimo Sacramento, Virgem. + Madri, 1865. Dedicou-se inteiramente às obras de misericórdia. Entre estas, fundou várias casas para pecadoras arrependidas, a congregação das Senhoras Adoradoras e Escravas do Santíssimo e da Caridade. Morreu de cólera, ao socorrer empestados. 27 - Santa Mônica, Viúva.+ Óstia, 387. Suas orações obtiveram a conversão do marido e, depois, do filho Agostinho, destinado a ser um dos maiores luminares da Igreja.

19 - São João Eudes, Confessor. + França, 1680. Dele disse São Pio X: "Ardendo com um amor extraordinário aos Sagrados Corações de Jesus e Maria, foi o primeiro .a pensar, e não sem inspiração divina, em tributar-lhes um culto litúrgico. Desse culto tão doce, deve-se-lhe considerar como Pai, Doutor e Apóstold'. Fundou o Instituto de Jesus e Maria (Eudistas) , e as Filhas de Nossa Senhora da Caridade.

28 - Santo Agostinho, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja.+ Hipona, 430. Dele disse Leão XIII: "É um gênio vigoroso que, dominando todas as ciências humanas e divinas, combateu todos os erros de seu tempd'. Morreu quando os vândalos punham cerco à sua Sede episcopal , a cidade de Hipona, no norte da África.

29 - Degolação de São João Batista. Conforme narra o Evangelho, a santa intransigência do Pre20 - São Bernardo de Claraval, Confessor.+ 1153. cursor em condenar a vida pecaminosa de Herodes, Santo Agostinho O monge mais ilustre de seu século. Fundou a Orfez com que este o mandasse degolar, cedendo às maquinações de sua concubina. dem Cisterciense, foi conselheiro de Papas e príncipes, pregou a Segunda Cruzada, combateu os hereges. Devotíssimo de Nossa Senhora, é chamado de Doutor Melíf/uo, e considerado o último dos 30 - Santos Félix e Adauto, Mártires. + 266. Félix, presbítero, foi condenado à morte sob Diocleciano. No caminho para o suplício, acerPadres da Igreja latina. cou-se dele um homem que declarou abertamente também professar a mesma fé, sendo ambos degolados. Por ignorar-se o nome do se21 - São Pio X, Papa e Confessor. + 1914. O lema do seu Pontificagundo, passaram a chamá-lo Adaucto, isto é, adicionado. Seu culto do era Restaurar tudo em Cristo. Foi o grande Papa da Eucaristia e do Catecismo, do Direito Canônico e do Canto Gregoriano, Reformador foi muito popular na Alta Idade Média. da Cúria Romana, e sobretudo o grande batalhador contra os erros do Modernismo, "síntese de todas as heresias". 31 - São Raimundo Nonato, Confessor.+ Cardona, 1240. Da Ordem das Mercês, resgatou milhares de cristãos 22 - NOSSA SENHORA RAINHA. Festa anteriormente celebrada a 31 de Maio. Neste dia se celebrava a festa do Imaculado Coração de cativos dos muçulmanos no norte da Maria, atualmente comemorado no sábado imediatamente após a festa _ África, permanecendo várias vezes como refém enquanto se obtinha o do Sagrado Coração de Jesus. montante. Como não deixava de pre23 - Santa Rosa de Lima, Virgem. + 1617. PADROEIRA PRINCIPAL gar, nem mesmo na prisão, os mouros DA AMÉRICA LATINA. Aos cinco anos fez voto de virgindade, vivenfu raram-lhe os lábios com ferro em brasa, fechando-os com um cadeado. do entre extraordinárias penitências e mortificações, perseguições diPor ter sua mãe morrido antes de lhe abólicas e comunicações divinas. Tinha freqüentes colóquios com a Mãe de Deus e com seu Anjo da Guarda e foi a primeira a ser elevada dar à luz, recebeu a denominação de à honra dos altares no Novo Continente. non natus. □ São Raimundo Nonato CATOLICISMO -

Agosto de 1997

31


A TFP na defesa da família no Brasil

Na Espanha, TFP-Covadonga obtém importante vitória contra a pornografia: um exemplo a ser imitado

Projeto que visa legalizar o chamado "casamento homossexual" -grave atentado contra a Lei de Deus e a instituição familiar teve sua votação mais uma vez adiada Catolicismo, em sua edição de novembro/96 (nº 551), publicou o arti go Está o Brasil à beira de um castigo divino? de autoria de seu co laborador o médico Murillo M . Galli ez. Este últi mo, baseado no ensinamento de Papas, Santos e Doutores da Igreja Cató li ca, cri ticava severamente o Proj eto de Lei nº l.151/95 , da dep. Maita Suplicy (PT/ SP), o qual "disciplina a união civil en-

res que fossem favoráveis ao seu nefasto Projeto, tendo pois como certa sua aprovação. O que sucedeu para que houvesse tal mudança? As Campanhas da TFP O Amanhã de Nossos Filhos e Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! informaram seus aderentes a respeito do perigo que existia de uma aprovação-relâmpago do

tre pessoas do mesmo sexo". Tal artigo foi distribuído já naquela ocas ião, em forma de separata, a senadores e deputados. De então para cá, partidários do mencionado Proj eto vêm assed i ando os parlamentares na tentativa de vê- lo aprovado , contrariando as convicções cató li cas da maioria da população brasileira (1). Ao mesmo tempo, algun s parlamentares fize ram -se distinguir pela defesa da sagrada instituição da fa mília, proferindo veementes discursos contra o "casamento homossexual". Entre outros, destacaram-se os deputados Lael Varei la (PFL/MG) e Salvador Zimbald i (PSDB/

SP). Inesperadamente, no dia 19 de junho p.p., tal Proj eto apai·eceu na pauta de votação para o dia 25, curi osamente a última sessão da Câmara no semestre. Conforme está relatado na introdução da entrevista que o Deputado Severino Cava lcanti (PPB/PE) teve a genti leza de conceder a Catolicismo, a dep. Marta Suplicy pensava que pod ia contar com o apoio de 213 parlamentares e de discursos infl amados de orado-

32

Projeto da "união civil homossexual". Urgia, pois, que se atuasse com toda so lércia, cada um manifestando ao seu deputado, bem como ao líder do Partido que preferisse, seu cortês mas categórico protesto. Teve início, então, uma Juta contra o tempo. Os telefones e os aparelhos de fax dos deputados talvez nunca tenham funcionado tanto quanto nas vésperas da votação do mencionado Projeto. Como era natural, das mais variadas partes do País, sócios, cooperadores e correspondentes da TFP participavam

,

CATOLICISMO -

Agosto de 1997

também ativamente desse esforço. Era como se um só homem se levantasse para bradar em alto e bom som que o Bras il cató lico não tolerava que se tentasse perpetrar um tal golpe contra a Le i de Deus e contra o próprio gênero humano. Com efeito, o Papa Pio XII afirmou que "precisamente porque a famí-

lia é o grande elemento orgânico da sociedade, todo atentado perpetrado contra ela é um atentado contra a humanidade" (2) . É o que se dá com o reconhecimento jurídico de uma "união civil" entre pessoas do mesmo sexo. No dia da votação , membros da TFP estiveram também na Casa do Povo di stribuindo impressos, ocasião em que foram entrev istados por várias emissoras. Em consonância com o ensinamento de João Paulo II nessa matéria (3), a CNBB - na véspera da votação d iv ul gou nota propondo arejeição do Projeto da dep. Marta Suplicy. O Conse lho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasi l) emitiu parecer considerando-o inconstitucional. Adeptos de outros movimentos religiosos não católicos também se manifestaram no mesmo sentido. Deste modo, a votação que deveria ser realizada pelo plenário da Câmara no dia 25 de junho p.p., foi adiada para o presente mês.

Sr. Nelson Barreto, encarregado do Escritório da TFP em Brasília, sendo entrevistado pela TV Bandeirantes, no edifício da Câmara Federal

A

Rezemos empe nhad amente a Nossa Senhora Aparec ida para que a vin da de João Paulo II ao B ras il possa solidifi car essa vitória , desfec hando na rejeição total e im edi ata de qualquer projeto que possa significar um atentado à sagrada instituição da famíli a no Brasil, já tão abalada pela ação de fatore s adversos, co mo a tel ev i são imoral e as modas indecentes. O NOTAS: 1. Ver a esse respeilo as ed ições de janeiro e março p.p. de Catolicismo, nas quais é re latado o si nuoso camin har do Projeto cio "casamento l,01110.1·se.xua l", com manobras que i nclusive desrespeitavam o princípi o da autênt ica representativ idade popular, uma elas ca racterísticas fundamentai s do reg ime democrático . 2. A loc ução de 20 ele outubro ele 1949 aos delegados ela União Intern acional dos O rgan ismos Familiares, Doc11111e11tos Po11tif(cios, nº 86, Vozes, Petrópoli s, 1952, pp . 16- 17. 3. Q uando o Parlamento Europeu aprovou uma resolução recomendando a lega lização da uni ão hom ossex ual, João Paulo li recordou co m ênfase que é moralmente inadmissível a aprovação jurídica ela prática homossex ual : "Procuro11-.\'e i11 -

dicar aos habitantes de nosso Co11ti11e11te o mal m.oral, o de.l'vio, uma certa escravidão, como via de libertação falsijica,ulo [o destaq ue 6 do ori gi nall a própria essência da famflia . Não pode co11stituir verdadeira famI/ia o v(nculo entre doi.1· home11.1· ou duas mulheres" (cfr. " L'Osscrvatore Romano", 2 1 e 22-2- 1994).

À direta, Conferência do Sr. Carlos Moya, Diretor da Campanha S.O.S. Família, sobre a iniciativa antipornográfica para público madrilenho

CRESCENTE insolência com que se exibia material pornográfico nas ruas da Espanha vinha alarmando os sadios setores da opin ião pública daquela nação. Conhecendo a existência de um dispositivo legal que protege, em alguma medida, a todos que estão fartos dessa situação, a campanha S.O. S. Familia de TFP-Covadonga - entidade co-irmã e autônoma à TFP brasileira - decidiu valer-se de tal norma legal para deter a exposição, nos lugares totalmente visíveis, de revistas pornográficas. Com efeito, eram já incontáveis os estabelecimentos públicos e bancas de jornal que não cumpriam o referido dispositivo legal sobre propaganda e atividades inconvenientes ou perigosas para a infância e a juventude. Os aderentes de S.O.S. Familia foram informados da existência de tal norma, e muitos deles começaram a chamar a atenção dos vendedores. Como não faltaram os que ignoraram tal advertência, e até zombavam dos que zelosamente lhes mostravam o malefício que estavam causando, os valorosos simpatizantes dessa campanha da TFP espanhola não duvidaram em recorrer à justiça, fazendo valer o direito. Mais ainda. Efetuou-se um grande envio, pelo sistema de mala direta, de milhares de cartões de protesto, que os aderentes podiam assinar e relJleler aos seus respectivos prefeitos, os quais receberam-nos às torrentes. Os resultados foram surpreendentes: havia municípios, como o de Burgos, cujo prefeito já havia tomado medidas em feve reiro do ano passado, recebendo assim um estímulo para continuar com tão sadia ati-

CATOLICISMO -

Agosto de 1997

tude. Nessa mesma linha passaram a agir os prefeitos de Guadalajara, de San Sebastián e de diversas outras cidades ibéricas, inclusive de Madri. Na capital espanhola, 160 inspetores percorrerão bares, cine mas, pubs e bancas de jornal para que se cumpram as respectivas normas. Inclusive a Associação de Vendedores Profissionais de Imprensa de Madri enviou a todos os locais de venda de material de imprensa madrilenos uma circular na qual lhes recordava o referido dispositivo legal, lembrando-lhes que: "Não é permitida a exibição exterior de publicações de caráter pornográfico em bancas de jornal ou em quaisquer outros locais da via pública". Os resultados obtidos por S.O.S. Familia serviram de estímu lo para a campanha continuar adiante em suas iniciativas, sem cair no torpor nem na moleza por causa da vitória alcançada. Que proveito podemos tirar do que sucedeu na Espanha? Aqui no Brasil há uma verdadeira superprodução de leis que, oxalá, fossem todas benéficas ... Por que razão não estabelecer uma semelhante à mencionada acima? Desse modo atender-se-ia ao que o Brasil autêntico, o Brasil católico realmente deseja.Tal dispositivo poderia estabelecer que os autuados em flagrante seriam multados e o dinheiro daí resultante deveria ser destinado exclusivamente a entidades beneficentes que se dedicam à assistência de crianças abandonadas por progenitores inescrupulosos. Seria um projeto de lei - este sim - muito popular e que satisfaria a todos que estão fartos de tanta sordície. O

33


Na Colômbia, brilhante campanha contra o aborto e a eutanásia C oMO É SABIDO, são mui tos os pa íses o nde as fo rças revo luc io nári as e a ntic ri stãs se e m penh am atua lme nte em a provar le is q ue auto ri zem o abo rto em suas dive rsas fo rmas. Às vezes ele é legali zado a títul o e xcepc io na l e restri to, para de po is se pe rmiti r s ua ap licação ge nera li zada. E m outros casos, já de uma vez o aborto é impl a ntado de modo q uase indi scrimin ado. Uma dessas nações é a Colô mbi a. Há a lg un s meses, um a m ulh e r colo m biana tentou o concurso de terceiros para aborta r, não o co nseguindo porq ue a Constitui ção e as le is o rdin á ri as o pro íbem . Ap rese nto u e ntão um rec urso jud ic ia l que fo i rec usado e m ú ltima instânc ia pela Corte Co nstituc io na l, o q ue de u pretexto pa ra uma campanh a p ub li c itár ia visa ndo a lega li zação dessa infame prática. Reve la ndo q ue ta l campa nh a fazia paite de todo um programa, os g ru pos abortistas começaram imed iata mente uma intensa mobili zação. Esta fo i a mparada ostensiva mente po r o rga nis mos estata is e po r po líticos, além de co nta r com o apo io da mídia, mediante repetidas pu blicações na imprensa, e de grupos organi zados, tudo para prod uzir no país a impressão de ser geral o desej o da lega lização do aborto. De iníc io, obviamente, os setores mais conservadores da opinião co lombiana, tomados de surpresa, mostraram-se omjssos e desorgani zados. isto contribuiu para q ue se expand isse por toda a Colô mbi a a impressão de q ue era im inente a aprovação dessa prática q ue acarreta o massac re de vítimas inocentes . Ta l im pressão acabo u despertando g randes reações. Os a ntiabo rtistas começaram a o rga ni zar-se e apareceram dec larações de eclesiásticos, inte lectuais e

34

inc lus ive de po líticos, no sentido de q ue se deve respeitar o d ire ito à vida. A TFP co lombiana, na pri me ira li nha dos incentivadores dessas sadias reações, traduziu e edito u o livro "Aborto - Em defesa da vida inoce nte - 50 perguntas, 50 respostas" e começou a d ifundi -lo . A lém d isso, travou contato pelo s istema de ma la d ireta com m il hares de pessoas que desejam defender a vicia, a famíl ia e a Moral. Ta l fato, unido a outras resistências à funesta iniciat iva, levou os promoto res do aborto a retirar dos debates no Parlamento os projetos q ue v isavam sua lega lização. Porém, os adeptos da deterioração dos costumes e os inimigos de um dos direitos mais fundamen tais ela pessoa humana que é a vida, frustrados porque a vitória im inente se transformara em derrota, abri-

,

CATOLICISMO -

Agosto de 1997

ram nova fre nte de luta. Desta vez para legali zar a eutanás ia, medi ante rec urso judicia l de uma pessoa interessada e m praticá-la. Ta l rec urso desfecho u rapi dame nte e m um a sente nça da Corte Consti tucio na l, no sentido de qu e essa mo nstru osa práti ca seri a pe rmi tida pela Carta Magna colombiana. A dec isão revela, ao que parece, q ue as forças revolucionári as esperavam afastar ass im a reação da o pini ão católica à lega li zação da eutanás ia. Mais uma vez a TFP co lo mbiana mobilizou-se rap idamente, publicando um manifesto em "EI Tiempo", o princ ipal j o rnal de Bogotá, no qu al ac usava a me nc io nada Corte Constitucio nal de favo recer, com interpretações ai·b itrá ri as da Constitui ção, a descristiani zação cio país e a prepotê ncia cios demo lidores da Moral. Ato contín uo, numerosas personali dades - entre e las vários B ispos - q ue hav iam observado em s ilê ncio os acontecimentos, sem dar indícios que fosse m ag ir, começaram a se pronu nci,u contra a in íq ua sentença. Incl usive o Preside nte da Confe rência Episcopa l co lombiana apresentou ante a próp ri a Corte Constituciona l um recurso de nu lidade da mesma. E, supreendentemente, o próprio magistrado desse tribunal q ue mais a tinha promov ido, passou a reconhecer como provável a hipótese de q ue e la deveri a ser anu lada. Assim, com d ife re nça de poucos dias, a Colômbia expe rime ntou em duas ocasiões a pertin ác ia co m q ue os inimi gos da c ivil ização c ri stã se esfo rça m pordestruí- la. E também a e fi cácia de uma reação intrépida, protagonizada por católicos destem idos, c uj a at itude va lorosa incentiva os Pastores a estim ul ai· nos fié is o combate à desagregação moral. D

aimé ct honni ,wcc '"u'nc ég,~t\c chalcur ... ... \e p\U', :,,.ouvcllt

inconnu ou dé\ibérémcnt ignoré...

CATOLICISMO -

Agosto de 1997

35


UE MARAVILHOSO cong lomerado de torres ! Quanta fo rça ! Quanta solidez ! Mas, ao mes mo tempo, o seu conjunto produ z um a se nsação de harmonia e delicadeza. Há uma nobreza nesses teto s az ulado s qu e descem tão harmonicame nte até a parte de cantaria de pedra, assim co mo algo de vigoroso nessas rochas agarradas ao chão, que parecem dizer: "Quem quiser me derrubar; se espatifa; quem quiser arrancar-me do solo tem que tirar o mundo dos seus próprios gonzos, porque eu sou uma torre do Castelo de Chambord e ninguém me tira daqui". Que harm onia misteri osa nessa conexãà entre a fo rça e a deli cadeza; entre o planej ado do castelo e o es pontâneo apare nte da di sposição das torres ! Como é belo ver qualidades antitéticas juntas. Por que oferece m beleza especial as qu alidades harmônicas opostas quando juntas? Porque um dos princípios da beleza é o da unid ade na vari edade, que é a melhor imagem de DeL,s na criação natural e exprime uma das form as de perfeição que Deus pôs no Universo. Portanto, deve ser

um a das exigências da alma humana. Ass im , o es pírito humano tende a contempl ar qu ' uno, mas também o que é vári o, diverso movimentado. Nesse ca t lo, há unidade na vari ec.l ac.l •. Conte mpl and -o, mi nha alma repousa ao mes mo te mpo s · 1·va até Deus. Que be leza , qu • elegância, qu di stin ção, qu e nobreza, que gra ndeza, qu ' requinte ! Como isso nunca s ·onseguiu a não ser na civilização ·ri stã ! Como, ó Senhor Jes us ri sto, ' fecundo Vosso sangue·, po is, mil • quinhentos a nos depo i de Vossa morte, del e ainda nasce e sa f"lor · desabrocha esse encanto ! e nhor J •sus Cri sto , Vós soi s a fo nte c.l · todu graça, de toda glória e de t da b · 1' za. Eu Vos adoro! Exce rtos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Olivei ra, em Curitiba, pa ra sócios e cooperadores da TFP em 1O de julho de 1972. Sem revisão do autor. Nota da redação: Chambord é um dos famosos castelos do vai do ri o Loire. Constru ído pelo rei Francisco I a partir de 1519, ó uma das obras-prim as do estilo renascenti sta francês.


ll Trlr{J-1 (( S J:✓


Af

Revolução e Contra.:Revolução PLlNIO CORRÊA DE OLIVEIRA

Nº 561 - Setembro de 1997

NESTA EDIÇÃO:

2

Um a

vez que estamos estud ando as forças propul saras da Revolução, convém que digamos uma palavra sobre os agentes desta. Não acreditamos que o mero dinamismo das paixões e dos erro s dos homens possa co njugar me ios tão diversos , para a co nsec u~ ção de um único fim, isto é, a vitória da Revolução. Produzir um processo tão coerente, tão contínuo, como o da Revolu ção, através das mil vicissitudes de séculos inteiros, cheios ele imprevistos de toda ordem, nos parece impossível sem a ação de gerações sucessivas de conspiradores de uma inteligência e um poder extraordinários. Pensar que sem isto a Revolução teria chegado ao estado em que se encontra, é o mesmo que admitir que centenas de letras atiradas por uma janela poderiam dispor-se espontaneamente no chão, de maneira a formar uma obra qualquer, por exemplo a Ode a Satã, de Carducci. As forças propulsaras da Revolução têm sido manipuladas até aqui por agentes sagacíssimos, que delas se têm servido como meios para realizar o processo revolucionário. De modo geral, podem qualificar-se agentes da Revolução todas as seitas, de qualquer natureza, engendradas por ela, desde seu nascedouro até nossos dias, para a difusão do pei1samento ou a articulação das tramas revolucionárias. Porém, a seita-mestra, em torno ela qual todas se articulam como simples forças auxiliares - por vezes conscientemente, e outras vezes não - é a Maçonaria, segundo ela2

.

CATOLIC ISMO -

ramente decorre dos documentos pontifícios, e especialmente da Encíclica Humanum Genus de Leão XIII, de 20 de abril ele 1884 (1). O êx ito que até aqui têm alcançado esses conspiradores, e particularmente a Maçonaria, devese não só ao fato de possuírem incontestável capacidade de se articularem e conspirarem, mas também ao seu lúcido conhecimento cio que seja a essência profunda ela Revolução, e de como uti lizar as le is naturais - falamos das da política, da sociologia, da psicologia, da arte, da economia, etc. - para fazer progredir a realização de seus planos. Neste sentido, os agentes cio caos e ela subversão fazem como o cientista, que em vez ele agir por si só, estuda e põe em ação as forças, mil vezes mais poderosas, da natureza. É o que, além de explicar em grande parte o êxito da Revolução , constitui importante indicação para os soldados da Contra-Revolução. O

REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO

CAPA

Centenário da morte de Santa Teresinha

Os agentes da Revolução

Refutadas as objeções que poderiam ser feitas ao que foi transcrito até aqui de Revolução e Contra-Revolução, passamos agora ao último ítem do capítulo VI A marcha da Revolução - da obra-mestra do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira.

6. Os agentes da Revolução: a Maçonaria e as demais Forças Secretas

JLJ[

FAMÍLIA

4

COM A PALAVRA ... O DIRETOR

5

PÁGINA MARIANA

7

O naufrágio da família brasileira

25 No tempo das cruzadas, teria partido para combater os hereges'' 11

A REALIDADE, CONCISAMENTE ENTREVISTA

9°ENCONTRO INTERECLESIAL A PALAVRA DO SACERDOTE

São Luls-MA-15 a 19 de julho 1997

O Sacramento do Batismo

ESCREVEM OS LEITORES

29

SANTOS E FESTAS DO MÊS

30

TFPs EM AÇÃO

32

NACIONAL

9º Encontro lntereclesial das CEBs

13

26

Doutor em Direito Canônico fala sobre a canonização dos Santos

felizmente agora na crista da onda ...

10

22

VERDADES ESQUECIDAS

Natividade de Nossa Senhora

"Velheira" e "carolice",

8

15

Intensa difusão da Mensagem de Nossa Senhora de Fátima na Alemanha e na França

1NTERNACIONAL

Na Guatemala, guerrilha comunista depõe as armas

AMBIENTES, COSTUMES, CIVILIZAÇÕES

t. Bonnc Prcssc, Pari s, vo l. 1, pp. 242 a 276.

36

O pavão e o cisne No próximo número veremos em que consiste a essência da Revolução.

Sentido da palavra Revolução Damos a esse vocábulo o sentido de um movimento que visa destruir um poder ou uma o rd em legítima e pôr em seu lugar um estado de coisas (intencionalmente não queremos dizer ordem de coisas) ou um poder ilegítimo.

Setembro de 1997

CAPA: Fotografia de Santa Teresinha, de abril de 1895, dois anos antes de sua morte

CATOLICISMO -

Setembro de 1997

3


vra.. · 0 Diretor

Amigo Leitor, Santa Teresinha do Menino Jesus: 100 anos de Céu! A esta importante comemoração Catolicismo associa-se neste mês de setembro , escolhendo-a como matéria de capa . Uma Santa mu ito próxima de nós , quer pelo fato de ter deixado esta Terra há um século , quer por seu especial vínculo com o Brasil . Vínculo este que se exprime pelo fato de constar ter sido erigida aqui a primeira igreja a lhe ser dedicada no mundo , como também pelo magnífica urna de o u ro e prata - presenteada por nosso País - na q u al repousam s u as relíquias em Lisieu x , sua cidade natal. Roguemos-lhe s u a intercessão junto ao trono de Deus para que nosso apostolado cresça cada vez mais e possamos , assim , expandir esta revista que visa , acima de tudo , dar glória ao Criador e à Sua Mãe Santíssima . Con traste doloroso mas significativo encontrará o leitor na presente edição : de um lado , Santa Teresinha , cujo lar foi um modelo de família católica ; de outro , o artigo O na u frágio da família brasileira , que revela o lastimável estado em que se encontra a aludida instituição , 20 anos após a introdução do divórcio em nossa legislação. É uma lamentável situ ação , q u e muitos de nós jamais poderiam imaginá-la há duas décadas , mas que nos permite prever para que abismo caminhamos . E em que estado calamitoso poderemos estar no ano 2017 - portanto dentro de mais duas décadas se a Providência Divina não intervier nos acontecimentos !

O tema da família l eva-nos a considerar outra problemática : a moral católica mudou no que diz respeito à família? A resposta é taxativa : Não! A moral é imutável em seus princípios básicos . Então , é a instituição da família em nossa Pátria que se vai distanciando dela. O caro leitor poderá constatar isso através da nova seção que Catolicismo iniciará no próximo mês de outubro - s . o . s . Família- , a qual conterá conselhos preciosos para a vida da celula - mater da sociedade. E conselhos vindos de . . . Papas , Doutores da Igreja , Santos , grandes moralistas e autores consagrados !

Conselhos de um Santo para educar os filhos , eis o título do primeiro artigo da nova seção , instituída em benefício dos entes queridos de pais , mães , avôs e avós que nos lêem : seus filhos e netos . Tenho certeza de que tal inovação nas páginas de Catolicismo será apreciada por nossos leitores . Dessa forma , Catolicismo presta sua contribuição aos esforços de João Paulo II que , em sua visita ao Brasil no próximo mês , escolheu como leit-motiv o tema da familia. Em Jesus e Maria ,

Paulo Corrêa de Brito Filho Diretor P . S . : A nova seção dedicada à família foi criada com o intui to de atender numerosos pedidos que tenho recebido diretamente de leitores que me escrevem. A eles , meu muito obrigado pela feliz sugestão.

4

E OS FI L HOS bem forde da própria Mãe mados esperam com i ., eia e celeb . mpac,en. de Deus e nossa? E' • . , am com alegria o di e .e • , po,s, de SLima impordo nascimento de sua . a danc'. a recordarmos a º rande mãe quenda za o d, a de setembro '. se eles se apressam em li dese1ar felicidades e lhe oi· . ie cer alo e1e* * * . º um presente, ainda ue ~eJa uma simples mas bela c7~~emoraç_ão só depois e que sentimentos d , guns seculos • evem pa i p,ta,.' os corações dos filh os d; M an a no dia d Segundo os ca, lculas . Co e seu Natalício? . ma,s exatos e as tradiç~ mo pode um filh o d. . peitávei . oes ma,s resdeste nome _ 1g no " , s, Mana nasceu en1 N e . - nao saber ou se E . azare squece, da festa dae N·d t·I VI'J<1. sob o re, nado de H rodes, quando este ímp,·o p , enn-

8

rt-

(1).

,~~ftd~·a;;va de aniquilar a raça _av, para 1mposs ibili · o cumpnmento das . fi _ta, . p, o ec,as que anunciavam que o S I d · .· ava or , sa111a da família de Jesse. • · M. as por que - poder-se,a pe1° untar . º - nao datam do pnmeiros séculos as festas e,ns louvor a M .· , . . a,'ª Sant, ss ,ma? Es te1amos certos de _· tratou de que nao se . um esquecimento por pa, te da Igrej a. f?esde a s ua funda ão Ig re1a se mpre devoto ç , a u te rn a

devoção para com Nossa S nhora. A s c1rcunst' e• dos .· . . anc,as p11me11 os tempos da Hist ' .· da Cristandade não pe . . 1m1tiam entretanto que t·a / d , ' evoçaofo se manifes tada. Porém d slonoa , as eº s qu e a Igreja teve de f. zer a t ' ae poder celebrar pub/. mente tais fes tas é . icar mrus uma P ova da sa bedor,· a d . . 1v1na que a caracteriza . Com efeito a Iº re. entre os . d , º :1a nasceu . JU eus e cresceu entre os gentios.

.-º"ª


E nqu anto seus primeiros discípulos, reunidos em pequeno número em torno de um altar solitári o, ofereciam seus corações ao úni co D eus, milhões el e homens se prosternavam ante milh ares de a ltares eri gidos a milhares ele divindades es tranha s. Pois para os gentios tudo era deus.. . exceto o próprio D eus. Qu al era, então, naqueles tri stes séc ul os, a prin c ip al mi ssão da I g rej a? A trair os povos à unid ade ele D eus. Esta é a razão pela qual a I grej a não prestava à Virgem Sa ntíss im a todas as honras qu e L he eram devid as . Po is, naqu el as circun stâncias, hav ia o peri go de serem elas m al co mpreendi das por pagãos recém-saídos da idolatri a. A I grej a secundava, agindo desse modo, os mai s ardentes desejos da própri a Mãe de Deus, que queria antes ele tudo qu e ape nas Se u F ilh o fosse adorado em espíri to e em verdade, por toda a Terra . Pa rec i a qu e o próp ri o De us autori zava essa conduta, pois, enqu anto coroava de glóri a a morte e o sepulcro cios M ártires , dei xava num a es pécie el e esquec imento a morte e a ass unção de M ari a, bem como as g lori osas circun stâncias ele Sua vicia. Co nstantemente fi el a si mes mo e cheio de soli citude pelo bem ele seus filhos, o Cri ado r fi zera o mes m o co m M oi sés, cuj a morte e sepultura qui s que fosse m ignoradas e sem testemunhas, temendo que os israe litas, inc lin ados sempre à ido latri a, fizesse m dele uma fa lsa clivinclacle. Porém, com o decurso dos sécul os, a lgrej a vai desenvo lvendo os meios de reanimar a piedade mari ana ele seus filh os. Ass im, se a fes ta da Nati vidade não se apresenta, ao menos co m esplendor, desde a ori gem do C ri sti ani smo, encontramos o primeiro e mais anti go documento sobre o assunto no Sacramentári o ele São Leão M agno(+ 46 1), no qual

6

graça. Filhos ele Maria, reu-

fi gura a fes ta da Natividade da Virgem Santíss ima com Mi ssa e orações próprias (B enedi to XIV, vol. VIII, p. 543). ~ Celebrava-se ela na I grej a antes do sécul o VII. No século IX era um a das mai s solenes na França. No Ori ente, a festa ela Natividade já era celebrada com pompa desde meados do sécu lo X II.

namo-nos hoj e em torno clE la para nos. os pedidos e nossas homenagens. " Vin de - diz Santo A mbrósio - e contemplai a vida

Exceções a uma bela regra A Esposa Mística de Cri sto, elevando-se à altura da fé sobre os sentimentos da natu reza, não celebra o nascimento, mas a morte ele Seus fi I hos . Consideremos quão pro fund a é a prec isão de Sua linguagem : chama nati vidade ou nascimento o momento da morte ele Seus sa ntos. Com efeito, é no dia ela morte que os eleitos deixam esta vicia perecível e nascem para um a vicia imortal, glori osa.A L iturgia católica só conhece duas exceções a essa importante regra: N ossa Senhora e São João Batista. Este tem celebrada a data de seu nascimento porque veio ao mundo j á santificado e con!irmaclo em graça. A ssim, com muito mais razão, deve a I grej a celebrar a Natividade de M ari a, que apareceu na Terra cheia ele graça e enriquec ida com todos os dons concedidos por D eus a uma cri atura. I senta da mácul a do pecado ori gin al e predes tin ada à M aternidade D iv ina, 6 incontestável que M ari a foi a alm a mais form osa saída elas mãos cio Cri ador, bem como, depo is ela E nca rn ação, a obra mais perfe ita e mais digna cio Oni potente neste mundo. N ão se m razão o A rcanj o São Gabriel a sa udo u co m es tas palav ras:

"Cheia de graças sois".

Como celebrar essa Festa? Ta mb ém nós deve m os saudá-La chamando-a cheia de CATO LI CISMO -

e a virgindade de Maria , que será como um espelho, no qual vereis o modelo da castidade e da virtude. O primeiro motivo de imitação é a nobreza do modelo. E o que há de mais nobre que a Mãe de Deus? ... Era virgem de corpo e de alma, de uma pureza incapaz de si1nulação, humilde de coração, gra ve em suas palavras, prudente em suas resoluções. Fa lava pouco e só dizia o necessário. .... Cifra va sua co11fiança não nas riquezas perecíveis, mas nas orações dos pobres. Fe rvorosa sempre, só queria a Deus por testemunha de quanto se passava em Seu coração, e só a Ele encomendava o que fazia e possuía. "Longe de fa zer a menor injúria a alguém, todos reconheciam seu caráter benéfico. Honrava seus superiores e não invej ava seus iguais. Evitava a vanglória, seguia a razão e amava ardentemente a virtude. ... . Toda sua conduta levava o timbre da modéstia. Nada se podia observa r em suas ações que não f osse conveniente. Sua aleg ria não era superf,c ial, nem sua voz anunciava o que procedesse de um fund o de amor próprio. Seu exterior estava ordenado com tanta har111onia, que o movimento de seu corpo era a imagem de sua alma e um completo modelo de todas as virtudes. Sua carida de para com o próximo não conhecia limites . .. .. Se saía, era apenas para ir ao Templo e sempre eni companhia ele seus pais" (Lib. de Virgin .) .

Recorramos sempre a Maria Esta data é, pois, razão de alegri a para seus filh os. M as qu e não sej a uma aleg ri a superfi cial e otimi sta. Temamos perd er a confi ança e a devo-

Setembro de 1997

ção para com Nossa Senhora, porque Ela é o canal de todas as graças. Quando o dem ôni o tenta penetrar numa alm a, esforçase primeiramente em lhe tirar a devoção à Maria, poi s está firm emente per suadido de que, depoi s de interceptar o canal da graça, esta alma não demorará em perder a lu z, o temor de D eus e fin almente a sa lvação eterna. A ss im , pois, reco rramos a Mari a, qualquer qu e sej a o estado de nossa alm a e o núm ero ou enormidad e de no sas ofen sas, poi s com o refú g io cio s pecad ores mai s aband onados, E la nos estenderá Sua mão carido sa e nos salvará. D o fundo de no ssas mi sé ri as elevemos até E la esta oração, à qu al não pode res i stir Seu cora ção :

Lembrai-Vos, ó piíssima Virgem. Maria, que nu,1ca se ouviu dizer que alguém que tenha recorrido à vossa proteção, implorado a vossa assistência e reclamado o vosso socorro f osse por Vós desamparado. Animado eu, pois, com igual co11fiança, a Vós, ó Virgem entre todas singula,; como a Mãe recorro, de Vós me valh o; e, gemendo sob o peso de meus p ecados, p rosto-me a vossos pés. Não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Verbo de Deus humanado, mas dignai-Vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que vos rogo. Assim sej a (2). D

Notas: 1. Este arti go foi redi gido co m base nos co ment ári os do co nceitu ado autor rrancês do séc ul o passado Mons. J. Gaumc. em sua obra Ca tecis1110 de

Persevera11cia, tomo VIII , Librería Re li g ios a, Ba rce lo na, 1857. As ci tações que não vieram especi ticadas são dessa ob ra, co m pe qu e nas adapt ações. 2. Sobre a origem dessa anti ga e fa mosa prece, o Me111ora re (Lembrai-vos), be111 co1110 os co111entári os que o Prof. Plíni o Co rrêa de Oli ve ira tece u a respeito dela, vide Catolici smo de ju lho/1 996, nº 547.

Homossexual-professor

= cego-motorista

Os homossexuais não devem ser professores. Esta é a conclusão coerente e a firme recomendação dada a famílias e colégios catól icos do país vizinho por Mons. Rodolfo Nolasco, professor de Direito Canônico e membro do Secretariado para a Família da Conferência Episcopal Argentina. Em extenso artigo difundido pela Agência Informativa Católica Argentina (AICA) , esse eclesiástico nega incorrer em uma discriminação injusta: os homossexuais não devem ministrar aulas a crianças e adolescentes como também não se aceitam ladrões como caixas de banco, nem cegos ou daltônicos como motoristas. Mons. Nolasco, juíz adjunto do Tribunal Eclesiástico, antecipa-se aos que poderiam qualificar sua postura como anti-evangélica e contrária à misericórdia de Jesus: "Os que afirmam isto - observa ele - se esquecem que o Senhor perdoava os pecadores arrependidos, enquanto àquele que escandalizava as crianças, disse: 'seria melhor pendurar-lhe no pescoço uma pedra de moinho, e submergi-lo no fundo do mar'". D

Santo Sudário: autenticidade . mais uma vez confirmada O importante jornal de Madri "ABC" divulgou recentemente notável descobrimento. Al guns dos restos das plantas e flores que aparecem no Santo Sudário - o lençol que envolveu o Sagrado Corpo de Nosso Senhor enquanto esteve no Sepulcro - crescem somente ou principalmente em Jerusalém e seus arredores. A maior parte delas são primaveris, certamente arrancadas nesta estação do ano, quando se deu a Crucifixão, e colocadas sobre o Sudário. Tal fato corrobora a autenticidade dessa magnífica relíquia. O descobridor, Avinoam Danin , é catedrático da Universidade Hebréia de Jerusalém. Após o resgate do Santo Sudário, salvo miraculosamente de um misterioso incêndio em abril último (vide Catolicismo n2 558, junho/97), e as confissões do diretor do Museu Britânico, Michael Tite, reconhecendo que "houve intenção deliberada de enganar o público" no referente aos exames com o Carbono 14 feitos naquele preciosíssimo tecido (vide Catolicismo nº 556 , abril/97), surge agora mais uma prova que deixa sem face os incrédulos. Adiantará de algo? De qualquer modo, mais essa ajuda da Providência não lhes faltou... D

Fugitivos do ... "paraíso" de Castro Recentemente, uma família de oito cubanos preferiu enfrentar as inseguranças do alto mar, utilizando-se de um frágil barquinho, a permanecer em seu país. Os pobres e audazes fugitivos foram salvos pelo navio Carnival destiny, que fazia a rota do Caribe mexicano. Este é mais um exemplo, que vem juntar-se a tantos e tantos outros, de que a suposta felicidade existente nos domínios castristas não consegue reter seus habitantes. E isso apesar dos tão decantados progressos que a medicina teria alcançado em Cuba ... Por que Fidel Castro não realiza um plebiscito, acompanhado por competentes órgãos internacionais, para saber quantos desejariam a permanência do comunismo em seu país? É curiosa esta contradição: o zelo democrático do Ocidente por assim dizer desaparece quando se fala no jugo despótico que pesa sobre o infeliz povo cubano... D CAT OLICISMO -

Acima, P.Unk em São Paulo. Símbolo da modernidade de ontem, o punk hoje transformou-se em autêntica velheira

Setembro de 1997

7


;4~

:t,

CôNEGO JOSÉ

Resposta

Pergunta

Tais quest?es são muito oportun as, pois e las nos dão ocasião para tratar de um ponto de doutrina in felizmente muito esquec ido nos dias de hoj e: os Sacramentos - esses preciosos meios de santificação e salvação que Deus, na sua mi sericórdia, colocou ao nosso alcance. O Batismo é um Sacramento. Logo, é preciso saber primeiro o que é um Sacramento. Vamos começar pela defi nição e depois passaremos à exp licação:

Gostaria que o Sr. nos desse uma expl icação a respeito do Batismo dos católicos e sobre o batismo dos protestantes.

Sa c ramentos são sinais sensíveis instituídos por Jesus Cristo, que simbolizam uma graça e conferem essa g raça que simbolizam. Exp liquemos os termos:

Sinal é uma co isa que indica outra : a fumaça é sinal de que existe fogo em algum lugar; o be ij ar a mão do Sacerdote, ou dos pais, é sinal do respeito que se tem para com e les; e assim por diante. O sinal tem que ser sensível, isto é, algo que pode ser percebido por um dos sentidos externos do homem (visão, audição, olfato, paladar e tato). Pode ser um objeto concreto (por exemplo: a água, o pão, o vinho, o óleo); ou então palavras que são proferidas e gestos que são feitos (por exemplo, a imposição das mãos sobre a pessoa). Graça é um dom ou auxílio sobrenatural (aqui lo que está acima da natureza criada) que

8

Deus nos concede, pel os méri tos de Jesus Cristo, para o bem de nossas almas, como meio de nos conduzir à vida eterna. Estes sinais foram in stituídos por Jesus Cristo, poi s só D e us pode dar a uma co isa material a força de produ zir efeitos espirituais. Alguém pode perg untar: então Deus precisa de sinais sensíveis para nos conceder as s uas graças? É claro que não. O Criador não está na dependê ncia das criaturas. Deus pode comuni car as suas graças sem ser através dos Sacramentos, e o faz abundantemente. M as, um a vez que os Sacramentos ex iste m, é normalmente por me io de les que alca nçamos as graças de santificação e salvação. Nosso Senhor Jes us Cri sto in stituiu os Sacramentos não porque precisasse deles, mas porque nós prec isa mos. Fo i e m atenção à nossa natureza e à no _ssa fragilidade . Sendo o homem composto de corpo e alma, ele precisa das co isas sensíve is ou mate riai s para chegar às imateriai s ou espirituai s. O principal Ministro dos Sacramentos é o próprio Jes us Cristo, em cujo luga r at ua aquele que os confere. É E le quem bati za, consagra e ab•

CATOLICISMO -

so lve os pecados. O Sace rdote é um instrume nto de C ri sto, a que m, por assim di ze r, Nosso Senhor e mpresta os lábios e as mãos. Por isso, o va lor e a efi cácia cios Sacramentos não depende m de ser o ministro santo ou pecador, poi s o valor do Sacramento vem do próprio Cristo. Como são múltiplas as nossas necess idades esp iri tua is, múltiplos ão os Sacramentos in stituídos por Nosso Senhor, cada um cios quais co nfere certa graça que lhe é própria (graça sac ramenta l); e todos conferem a graça santificante (recuperação ou aumento ela vicia sobrenatural).

Quais são os sacramentos? São sete os Sacramentos e estes seus efeitos: • Batismo - nos comunica a vida sobrenatural ;

• Confirrn.ação (o u Crisrna) nos fortalece na profissão ela fé; • Euca ristia - é a lim en to para a vicia sobrenatural ; • Penitência ou Confissão restitui a graça a quem a perdeu e aume nta-a cm quem a conserva ; • Unção dos E,(/'en11os - confere ao doente fortal eza de âni -

Setembro ele 1997

Luiz VlLLAC

mo, alime nta a esperança, perdoa os seus pecados, quando não é poss íve l a confissão, e o leva à co nformidad e co m a vontade ele Deus. • Ordem - dá ao Ministro sagrado o poder e a graça para exercer o seu mini stério ; • Matrimônio - un e o home m e a mulhe r numa a li ança santa e indi sso lú ve l e lhes co nfe re as graças para cumprire m seus deveres de es posos e pais. Bem, caro le itor, recordadas estas noções, passamos a responder às oportunas questões que nos apresenta. Aq ui também, começa mos por definir, para depoi s ex pli car a lgo sobre o Primeiro Sacramento, que é o grandi oso po rtal de entrada, que dá acesso aos demais Sacramentos. O Batismo é um Sacramento instituído por Nosso Senhor .J esus C ri sto que, por meio da ablução extern a cio corpo e sob a invocação expressa elas pessoas da Santíssima Trindade, nos regene ra espiritualmente e nos faz cristãos, filhos de Deus e membros ela Igreja, herde iros do Céu. A palavra ablução s ig ni fica o ato de lava r. Assim, o Batismo , s imboli ca me nte, lava a pessoa, purifi ca-a; ao mesmo tempo confere a graça que nos lava, nos purifica do pecado o ri g in a l, que he rdamos dos nossos primeiros pa is, Adão e Eva, e também cios pecados atuais, quando o bati zado é ad ulto. Essa ablução pode ser fe i-

ta por infusão (derramar a água sobre a pessoa), imersão (colocar a pessoa dentro da água) ou aspersão (aspergir ou borrifar a pessoa com água) . Atualmente, no Ocidente, usase apenas a infu são, que consiste em derramar água por três vezes na cabeça da pessoa que se batiza, de modo que a ág ua escorra sobre ela, invocando ao mesmo tempo, de modo expresso, as Pessoas da Santíssima Trindade: "Eu te

batizo em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo ".

Sem Batismo não há salvação

de seus outros pecados. É o chamado Batismo de desejo. O mes mo ocorre quando algué m que conhece a fé cató1.ica (por exemplo, em país de missão), não tendo sido ainda batizado, sofrer o martírio por amo r à fé ou à virtude, tendo atrição sobrenatural por seus pecados. Chama-se Batismo de sangue, que também abre a Porta do Céu.

É válido o batismo dos protestantes? E agora a última pergunta: o que fazer no caso de alguém ter sido batizado numa igreja protestante?

são) e e mpregue a fórmula adequada (ou seja, a invocação ex pressa das três Pessoas da Santíss ima Trindade). Entretanto, não são todos os assim chamados ministros ou pastores protestantes que batizam validamente. Al g un s não consideram o Batismo como verdadeiro Sacramento, mas apenas como mera cerimônia externa. Neste caso, falta a intenção de fazer aqui lo que Nosso Senhor mandou , que é administrar um verdadeiro Sacramento. Outros e mpregam fórmulas in s uficientes ou erradas, como: " Eu te batizo em nome de Cristo"; ou: "Eu te batiza

Quanto à necess idade cio Batismo para a salvação, ela fo i afirmada pelo próprio Nosso Senhor. Ass im, a Nicodemos, que não compreendia como um homem podia renascer, disse o Salvador: "Em ve rdade, em

verdade te digo: quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus " (São João 3,5). E mandou aos Apóstolos: " Ide, pois, ensinai

todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (São Mateus 28 , 19) . "Quem crer e for batizado será salvo" (São Marcos 16,16). F ica, pois, c laro que sem o Bati smo não é possível a sa lvação . E ntão as pessoas que não conhecem a Igreja e não têm possibilidade de pedir o Batismo, perde m- se irre mediavelmente? É evidente que não. Deus só condena alguém pelos seus próprios pecados. Se a pessoa não tem meios de conhecer a Igreja e pedir o Batismo, mas vive no amor e no temor de Deus, querendo fazer Sua santa vontade, e arrependida de suas faltas, embo ra não rece ba o Sac ramento cio Batismo, ela é purificada cio pecado original e

No ato do Batismo, invocam-se as três Pessoas da Santíssima Trindade Sendo C risto, como disseem nome da Trindade"; ou , mos acim a, o verdadeiro Miainda: "Que Cristo te batize "; nistro dos Sacramentos, o Ba"Que a comunidade te batiti smo conferido mes mo por ze", etc. um herege (alg uém que, dize nOs Bispos brasileiros fizedo-se cristão e pertencendo a ram uma verificação e chegauma igreja dita "cristã", como ram à conclusão de que alguos protestantes, não professa a mas igrejas cristãs não-católifé católica), e mesmo por um • cas batizam validamente, enpagão (a lguém que não foi baquanto oub·as o fazem de modo ti zado), pode ser válido, desde inválido, por alguma das razões que que m batiza tenha a intenac ima apontadas, além de oução de o fazer segundo mantras. E ex istem ainda aquelas dou Nosso Senhor, proceda à sobre as quais pairam dúvidas, ablução co m água natural num quer por falta de dados, quer dos três modos ac ima indicaporque nem todos os seus mi dos (infusão, imersão ou asperni stros procedem do mesmo CATOLICISMO -

Setemb.-o ele 1997

modo. Como a relação de umas e outras é demasiado extensa para ser reproduzida aq ui , o mais acertado, quando o caso se apresentar, é recorrer ao respectivo pároco, o qual disporá de meios para uma correta avaliação e orientação sobre se há ou não necessidade de se recorrer a um novo Batismo, ao menos sob condição.

Batismo das crianças Parece-nos conveni e nte ressaltar aqui a possibilid ade de qualquer pessoa poder bati zar crianças recém-nasc ida s, ou sem o uso da razão, quando estas correm risco de vida. Uma enfermeira ou um parente, por exemplo, bati zando ta is crianças, assegura-lhes o maior dom desejável por um home m: a bem-ave nturan ça, isto é, a fe lic idade eterna no Cé u (*). Infelizmente, hoje em dia pouco se pensa na honra insigne que é ser batizado e na grande responsabilidade que daí decorre. Se meditássemos com freqüência na fe1ic idad e d e termo s s ido batizados, tornando-nos filhos de Deus e membros da Igreja Católica, nossa v ida se ria muito mais séria, teríamos muito mai s empenho em evitar o pecado e servir ao C riador. Peçamos à Medianeira ele todas as graças, Maria Santíssima, que nos obtenha a inteira fidelidad e a essa in s ig ne graça, para vivermos sempre de acordo com os Mandamentos da Lei de Deus e alcançarmos a felicidade eterna. O

Nota: (*) Cfr. Código de Direito Canônico: Câ n. 86 1 § 2º: em caso de necess idade, qualquer pessoa mov ida por reta intenção (pode bati zar); Cân. 867 § 2º: Se a criança esti ver em peri go de morte, seja bati zada sem demora. Câ n. 868 § 2º: Ern peri go de morte, a cri ança filha de pai s católicos, e mesmo não-cató li cos, é li c itamente bati zada mesmo contra a vo ntade dos pa is.

9


CEB's

FESTEJANDO SEUS 30 ANOS DE CAMINHADA

Assim, em virtude dos fatores acima expostos, as CEBs perderam sua espec ificidade política e se transformaram predominantemente num loca l de convívio soc ial. A esse propósito, observa o Pe. Manuel Godoy : "Houve um momento, há uns 20, 25 anos, em que as CEBs tinham uma defi-

9º Encontro 1·11tereclesial das CEBs: camuflagem quanto ao político-social; ousadia quanto ao ecumenismo Conseguirão as CEBs evitar sua decadência mediante o emprego da religiosidade popular e a junção com movimentos ditos espiritualistas?

CARTILHA EM PREPARAÇÃO AO SEMINÁRIO DAS CEB's DO MARANHÃO

PUN IO YIDIGAL XAV IER DA S ILVE IRA

"O povo de Deus está quebrando as algemas. E de passo em passo começa a c111dar. Está resgatando sua identidade. Mais cedo ou mais tarde vai se libertar" ( 1). Eis a letra de uma música que figura num cancioneiro, que lembra surrados cânticos pregando a luta de classes. Mas o li vro que as contém apresenta outras canções ainda mais virulentas, como esta:

"Sou negra, sou guerrilheira do norte ao sul brasileira ..." (2). O mais curioso é que no mesmo opúscu lo figuram letras acentuadamente sentimentais, como esta:

"Ó lua linda prateada, que vem surgindo mais feliz, eu quero ver a estrela d'alva, outra vez em São Luís" (3). E ainda letras de cunho nitidamente religioso: "Glória a Deus, glória a Deus lá

no céu . .... Glória a Deus no coração, o povo canta glória a Deus toda nação" (4). Canções tão diversas misturam-se nesse opúscu lo editado para o 9º Encontro Intereclesial das CEBs, realizado de 15 a 19 de julho último, em São Luís do Maranhão. O leitor poderá indagar: por que o folheto inclui tal miscelânea, com letras de gênero tão diverso? Essa disparidade é um significativo indício da crise que assola as CEBs, há mais de uma década. Como a agitação social e a política não sensibi li zam mais a massa, é forçoso apelar para outros meios, a fim de causar emoção no povo: o sentimentalismo brasileiro e a religiosidade popular... O mencionado Encontro contou com a participação de 2.359 delegados. Um assinante de Catolicismo, que se encontrava em São Luís nessa ocasião, enviou uma carta a respeito do evento, bem como publicações alusivas a ele.

10

Dentre estas, merecem menção o Texto-base da reunião intitulado "CEBs: vida

CEBs ... das quais muito se fa la, pouco se conhece. A TFP as descreve como são (5) .

e esperança nas massas" e o livro de cânticos Cantando a vida e a esperança, que contém as letras dos cantos entoados nos ambientes das CEBs. Nosso leitor teve ainda a amabilidade de remeter vfü·ias fotos, que dão certa idéia do clima reinante entre os participantes durante os c inco dias do Encontro. Inicialmente, pode-se constatar que não eram pessoas imbuídas do mesmo espírito e visando o mesmo objetivo. Na real idade, con. tituíam uma aglomeração muito divcrsilicada, onde se viam desde representantes do que restou do pesadelo marxista cm ambientes católicos, até expoentes de novas correntes ditas espiritualistas, hoje em moda. Eis aí um sério problema para os dirigentes das CEBs: transformar essa mesc la num todo homogêneo, que seja apto para a realização de seus planos de revolução social. Tarefa nada fácil, cuja perfeita compreensão exige a apresentação de um breve retrospecto histórico desse movimento.

Uma vez denunciado, com só lida documentação, seu plano de esquerdizar o Brasil sob um manto católico, foram elas murchando. E atingem a década de 90 insistindo numa mensagem política esquerdista que não tem mais garra. A impressão de recuo das CEBs em todos os quadrantes, tanto religiosos quanto políticos, é generalizada, verificandose mesmo em pessoas a elas ligadas : "A

Da esperança ao fracasso As CEBs nasceram nos anos 60, ma somente na década seguinte vieram a a lcançar projeção no cenário brasileiro. Elas constituíam uma ponta de lança da ofensiva revolucionária para mudar o Brasil num sentido desejado pelo comunismo internacional. No início dos anos 80 sua ação nefasta tinha chegado a um auge, quando foram desmascaradas pelo Prol'. Plínio Corrêa de O li veira em sua obra As

•C,nouc,sMo - Setembro de J997

mexer. Tentar recuperar o terreno perdido foi o principal ponto do encontro realizado neste mês em São Luís" (10).

importância das CEBs no cenário católico e político declinou nos anos 80. Ascomunidades deixaram de se multiplicar e logo depois começaram a diminuir" (6). O Pe. Manuel Godoy, assesor da CNBB comenta: "Eu entendo que o mo-

mento de crise é também de amadurecimento. As CEBs passam por uma crise no bom sentido, no sentido da purificação. .... O fermento perdeu um pouquinho, a gente sente isso. Houve épocas em que as CEBs conseguiam contagiar mais a própria estrutura e a sociedade . .... O que aconteceu foi que perdeu um pouco dessa garra toda" (7). Em artigo recente, frei Clodovis Boff, ardoroso defensor das comunidades, desenhou um quadro desolador: "Existe uma

certa perplexidade, um desalento e um arrefecimento de entusiasmo e vigor" (8). Não escapou a observadores que o 9º Encontro foi um intento de fazer reverdeccr o galho seco em que se transformaram tais organismos: "O objetivo do en-

contro é tirar as CEBs do isolamento e da estagnação em que vivem desde que deixaram de ser prioridade para a hierarquia católica" (9). "Pressionadas pelas circunstâncias, as CEBs resolveram se

nição muito rigorosa. Só realmente eram consideradas CEBs as comunidades pequenas, que tivessem vínculos concretos corn movimentos populares, com os sindicatos e com os partidos populares. Hoje a d(ferenciação já não é tão rigomsa. Atualmente o que mais conta é a questão da afetividade, do gosto de estar juntos" ( 11 ).

centa: "Aqui se coloca o problema pasto-

ral hoje enfrentado pelas CEBs e que é tema central do seu 9º Encontro lnterec/esial: ou elas se abrem para a grande massa de católicos dilos não-praticantes, isto é, as pessoas que praticam sua religião nos rnuldes do catolicismo popular tradicional ou privatizado, ou se contentarão em ser um calolicismo de minoria na sociedade brasileira . .... Uma renovação que incorpore à liturgia das CEBs aqueles elementos do catolicismo popular certamente mudará sua imagem.

Vendo nelas verdadeiras continuadoras da tradição católica, que não apenas repetem um ritual antigo, mas o reproduzem. com criatividade, a massa tenderá a reconhecer-se nas CEBs" (14) . Esta nova orientação é igualmente registrada num ó rgão de imprensa: "Na opi-

nião de alguns líderes ligados às CEBs, o movimento católico afastou-se demasiadamente das mani,festações religiosas mais espontâneas e agora procura meios para reaproximar-se" ( l 5). Em outros termos, como hoje o povo

No mesmo sentido, a declaração do Pe. Comblin, fe ita poucos anos atrás, é ainda mais frisante: "No plano original, as CEBs

foram concebidas para ser um fermento, um falar de tran.iformação social e econômico. Se elas se contentam apenas em.fazer o Jrabalho paroquial - a catequese das cricmças, a preparação para a primeira comunhão, para o Balismo, etc. - elas perdem a força. Este tipo de trabalho não cria nenhum problerna, não leva a nada. Para isso não precisa haver CEBs que é a expressão socializada e politizada da Igreja. Mesmo nas dioceses mais comprometidas, verifica-se hoje um menor interesse pelo social. .... As CEBS estão marginalizadas, fustigadas, fulminadas em todas partes. Hoje, elas constiluem minorias sem pmjeção no conjunto das igrejas locais" (12). Outro s intoma da estagnação das CEBs é a média de idade dos participantes do 9° Encontro: 41 anos. Atualmente elas não atraem mais jovens; e assim vão envelhecendo.

Nova camuflagem: cunho católico tradicional Quem indica, de modo especial, o rumo da mudança é Pedro Ribeiro de Oliveira, no próprio jornal do Encontro, chamado "Nono": "A CEB só pode orientar

a massa se conquistar a sua confiança. A massa segue as pessoas em quem ela con fia . .... Saber usar os símbolos, principalmente os símbolos tradicionais do catolicismo, é muito importante para restabelecer essa relação de confiança das massas nas CEBs" ( 13).

;

Missa - ou Celebração do Envio, na linguagem das CEBs - de encerramento O Encontro apresentou duas cerimônias abertas ao público: A noite

cultural e a Missa de encerramento. A primeira teve em vista instrumentalizar as chamadas questões do negro e do índio. Quanto à segunda, julgamos preferível transcrever trecho da carta enviada pelo referido leitor de Catolicismo, pois ele foi testemunha ocular daquela Missa. Pela descrição da mesma pode-se aquilatar a dessacralização e o desrespeito - para ficar apenas nisso 1 - reinantes durante a cerimônia.

"No jargão das CEBs, Missa é a Celebração do Env io. Ela foi con-

celebrada pelo Arcebispo de São Luís com grande número de Bispos e Padres. Sermão anódino. Na hora da Comunhão, casais - vestidos com túnicas ou de bermudas, com chapéu de palha - iam oferecendo aos assistentes, em posições e trajes medonhos, a Sagrada Eucaristia. o/'c:o-

m.ungantes molhavam a hóstia consagrada no vinho e a levavam. à boca, em meio ao tom defesta meio carnavalesca. Estes ministros da Eucaristia paravam e conversavam. com pessoas sentadas; mais adiante, alguém parava de saracotear; recebia as Sagradas Espécies e depois sentava-se ou deitava-se na grama! Agitavamse muitas bandeiras da CUT, MST e CEBs - estas iguais às da CUT, mudando apenas a sigla. "No _final da celebração, foram acesas tochas e velas e tocaram-se tambores com som sinistro. Além de Pastores protestantes, havia também uma 'mãe-de-santo' que entregou à representante de Ilhéus (BA) a escultura de uma mulher grávida, sendo explicado então que esta 'simbolizava a gravidez que as CEBs carregam, isto é, um mundo novo, para servir de incentivo à preparação do próximo Enconlro em Ilhéus, no ano 2.000' ".

No texto-base do encontro e le acresCATOLICISMO -

Setembro de 1997

11


não se interessa por política e sim por relig ião, é preciso camuflar-se sob manifestações externas de atos de piedade (rosários, peregrinações, novenas, etc.) para então interessá- lo pela política. O Pe. José Oscar Beozzo, estudioso da História da Igreja no Brasil, deixa claro que "há romarias, em locais de ocupação de terras ou em direção a santuários, que reúnem até 70 mil pessoas. Só a proposta de lutar pela /erra, sem a reza, sem o can to da romaria, não reúne tantas pessoas" ( 16). Daí a necessidade de se convidar para o 9° Encontro tantas personalidades de outras associações religiosas que já praticam tais devoções e que possuem a confiança do povo. Na reuni~o de São Luís, procurava-se selecionar, nestes movimentos, ce1tos e lementos que se dispusessem a constituir com as CEBs um conglomerado único.

Solução para o impasse: um "casamento"interesseiro? Tal conúbio de política esq uerd ista e devoção tradicional não é fácil de ser estabelecido. Está encontrando resistências tanto da parte das CEBs quanto do lado dito espiritualisla. Vários delegados de outras entidades deixaram claro que as CEBs e a política não seriam bem vistas por seus movimentos, pois qualquer tipo de agitação não é aceito por pessoas que buscam a espirilllalidade precisamente para fu gir desse problema. Tai s partic ipantes certamente não viram com bons olhos o realce que foi conced ido ao famigerado MST (Movimento dos Sem -Terra) e à sua líder Diolinda Alves, que declarou a um órgão de imprensa maranhense: "A maioria dos dirigenles nacionais do MST.foram.formados nas CEBs" ( 17), acrescentando que o MST é fruto da organização das CEBs e da históri a de luta pe la terra no Brasil. Ta is divergê ncias acabaram vindo à tona: "No plano interno da Igreja Católica, tamb ém há atritos entre CEB s e carismáticos. Em São Luís havia reclamações veladas a respeito do avanço da Renovação em áreas dominadas pelas comunidades . .... Para certos dirigentes das comunidades, os carismáticos usam métodos abomináveis que, em vez de despertar a consciência coletiva, alienam as pessoas, como no desabafo de um bispo nordestino, reconhecido como um dos pais das CEBs: 'Os carismáticos são uma bomba, um boi na linha do nosso trabalho "' ( 18).

12

O próprio documento final do E ncontro reconhece as diferenças: " Precisamos vencer cerlos preconceitos em relação aos membros das Igrejas Pentecostais e, den tro da Igreja Católica, em relação à Renovação Ca rismática. Para entrar no diálogo, é bom partir da convivência quotidiana e das ações e lulas concretas em favor do povo, .fundamenladas na Bíblia" ( 19). Do lado carismático também não faltaram as críticas. Antonio Kater, consultor e espec iali sta em markeling, li gado à Renovação Carismática, julga que as CEBs dão mais ênfase à denúncia dos problemas sociais do que ao anú ncio de Deus. Por causa disso - acredita Kater - , "as celebrações das CEBs acabam tom.ando-se amargas, pesadas e afastam os fiéis" (20). Pelas dificuldades ac im a expostas, parece pouco provável um acordo entre as CEBs e os movimentos ditos espiritualistas para um programa comum de ação. Como seus diri gentes procurarão sair do sério impasse? Só o futuro dirá.

Vamos dan çar, para que ele venha nos ajudai'. E Jesus entrou na dança. Dentro de le o coração pulava de alegria. Sen lia uma .felicidade imensa e dizia baixinho: 'Pai, eu te agradeço, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste ao povo humilde aqui do terreiro"' (22). E is um texto que fala por si. Ressaltese apenas que, segundo a parábola, com o intuito de agradar os adeptos da macumba, Nosso Senhor afirma que Deu s Pai revelaria coisas - como a alegria e a fe li cidade - ao povo do terreiro de macumba e as esconderia dos sábios. Uma absurda revelação, mediante culto religioso que foi sempre condenado pela Igreja, e no qual é notória a influência do demônio. Peçamos a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, que não permita seja o povo fiel ludibri ado por manobras tendentes a conduzi- lo a uma posição revolucionária e m matéria social e heterodoxa em matéri a de Fé. D

Ecumenismo até com ''mãe-de-santo"

Notas:

Se houve cam ufl agem das CEBs no plano político-social , em matéria de ecumenismo o 9º Encontro foi bastante longe. A esse res peito , observa a revista " Veja": "A oração oficia l do Encontro de São Luís, escrita pelo bispo Dom Pedro Casaldáliga, era encerrada com três saudações: amém, axé, ale lui a! Na cerimônia de abertura, o arcebispo da cidade, Dom Paulo Andrade Ponte, dividiu o aliar com uma mãe-de-santo, que benzeu os fiéis, um pastor proles/ante e um índio, que entoou um hino sagrado" (2 1). E no mencionado Texto-Base do Encontro, Fre i Carlos Mester O.C. , carmelita holandês radicado no Brasil , encerra sua co laboração intituladaJesus e o povo com uma parábola, na qual se lê: "Já era quase noile. Estava começando a escurece,; quando íJesus J chegou n.u m terreiro. O pessoal que entrava, saudava e dizia : 'Boa Noil e, Jesus! Entre e sinta-se em casa. Parlicipe com. a gente!' Jesus entrou . .... Viu com.o invocavam os orixás e como alguns vinham distribuindo passes para ajudar os qflitos, os doentes e os necessitados. Jesus também entrou na fila e foi a/é à mãe-de-santo. Qu,qndo chegou a vez dele, abraçou-a e ela disse: 'A pa z esleja com você, Jesus! .... Você de ve ter urn orixá muito bom. • CATOLICISMO -

Setembro de 1997

1. Livro de Cantos do 9º Encontro i11terecle.l'ial, " De passo e111 passo", Secretariado de CEBs, pp. 49-50. 2. Ide m, " Mulher", p. 80.

3. Idem, " Lua, lua cheia", p. 74. 4. Idem, "G lória a Deus", p. 16. 5. Co m a colaboração ele Gustavo Anton io Solimeo e Lu iz Sérgio Solimeo, Ecl. Vera C ru z, São Paulo, agosto de 1982. 6. Apud " O Estado de S. Paulo", 7-7-97, Ro ld ão Arruda, CEBs discutirão religiosidade popular. 7. Apucl "Jornal de Opinião", Belo l lorizonte, 2 a 8 ele junho de 1997 , Vân ia Queiroz, CEBs buscam 11 0110.I' rn1110s para garantir vida e espem11ça às 111a.l'sas. 8. Apucl " Veja", São Paul o, 30-7-97 , p. 62. 9. "Fo lha ele S. Paulo", 16-7-97, Luís Henrique Amaral , Igreja quer deter avanço de nova.\' seitas. 10. Apud " Veja", 30-7-97, p. 62. 11. Apud "O Estado de S. Paulo", 7-7 -97, Roldão Arruda, CEBs di.l'cutirão religiosidade popular. 12. Expoent e da teologia da libertação confessa o fracasso das Co munidad es Ec les iai s de Base, entrevista à AB IM , pub licada com exclusividade em Catolicismo, janeiro de 1993. 13. "Jornal do 9° lntereclesial de CEBs", Pedro Ribeiro de O li veira, Metodologia do tmbalho de 111as.1·a, p. 2. 14. Texto-base do 9º Enco11t1v, CEBs: Vida e esperança 11as massas, Ed itora sa les ian a Dom Bosco, São Pau lo, 1996, pp. 30 e 33. 15. "O Estado de S. Pau lo", 7-7-97, Roldão Arruda,

CE/3.1· discutirão religiosidade popular. 16. Idem , 20-7 -97, Comu11idade.1· tentam reve rter qtwdro de estagnação. 17. "OEstadodoMaranhão",São Luís, 17-7-97,MST surgiu nas CEBs, diz Dioli11da. 18. "O Estado de S. Paul o", 2 1-7-97, Roldão Arruda, CEBs i11spim111-se e111 carismáticos para crescer. 19. Ca rra de São Luís, 9º Enco ntro lnt e rec les ial: "CEBs, vida e esperança nas Massas". 20. C l'r. "O Imparc ial", São Luís, 2 1-7-97. 21. " Veja", São Pau lo, 30-7-97. 22. Texto-Base do 9º Encontro, pp. 128 e 129.

1997: iHacia dónde va Guatemala?

Na Guatemala, denúncia em defesa da Cristandade ,,

A guerrilha comunista, depõe as armas para ganhar na mesa de negociações

G. GUIMARÃES ENVIADO ESPECIAL

Cidade de Guatemala -Com seus 10 milhões de habitantes, em su a grande maioria católicos de edificante piedade marial, suas belas igrejas e seus abençoados Santuários, seu clima agradável - qualificado a justo título de "eterna primavera" - , seu fértil território do tamanho de Pernambuco, a Guatemala foi assolada nas últimas décadas por sangrenta agressão de guerrilhas marxistas. O trágico saldo dessa investida esquerdista foram dezenas de milhares de mortos. Precisamente por ser um povo católico e amante das tradições, as forças revolucionárias parecem ter-se lançado com especial sanha para desestabilizar esse país.

A 29 de dezembro de J997: Para onde ruma a 1996, o Governo e as guerriGuatemala? - Um apelo à lhas assinaram um alardeado vigilância e à defesa da Crisacordo de paz, dando lugar ao tandade é o título da obra que chamado período de pósvem sendo divulgada pelo guerra. Mas, segundo afirma CEPGUA. Ao longo de 15 cao Círculo de Estudos para o pítulos, 175 páginas e abunProgresso Integral da Guatedante documentação, traça mala (CEPGUA), em livro reuma objetiva radiografia dos centemente lançado naquele problemas guatemaltecos, e país, são muitas as incógnitas indica soluções para a encrue apreensões que a nova etazilhada cm que se encontra pa suscita. esse país. Com efeito, na mesa de · Estranha amnésia e o negociações a guerrilha obtemito de Robin Hood ve vitórias que não conseguiu no terreno das armas. E além O CEPGUA denuncia uma disso - adve1te o CEPGUA hábil campanha publicitária - vai se verificando na popuem curso para produzir nas lação um preocupante procespessoas, neste período de pósso de desintegração social e g ue rra, uma amnésia em relapsicológico. ção aos crimes cometidos peCATOLICISMO -

Setembro de 1997

los guerrilheiros. Essa amnésia vem sendo produzida através de um "silêncio cada vez mais pesado e enigmático" sobre três longas décadas de sangrenta investida da insu1Teição marxista, com a sistemática violação dos direitos divinos e humanos (cfr. p. 50). Esse enigmático silêncio vai se dando também em torno das origens marxistas das gueJTilhas, de suas vinculações diretas com o regime comunista de Cuba, etc. É um sintoma muito característico das intenções dos dirigentes guen-ilheiros o fato de que eles "em nenhum momento renegaram suas nefastas origens" ideológicas, acrescenta o CEPGUA em seu brado de alerta (cfr. p. 53).

13


Conclamação: seja sacudida a indolência!

A par desse silêncio artificialmente criado sob re a grave responsabilidade da guerrilha quanto à ocorrência de tragédias político-sociais na Guatemala, o CEPGO,. constata ainda que, através de certos meios de comunicação, os quais funcionariam como uma espécie de varinha mágica, tenta-se transformar os guerrilheiros, de criminosos marxistas em Robin Hood, salvadores da Pátria, protetores do bem comum, etc. O que contraria a própria evidência dos fatos.

Vozes de alerta e orquestração difamatória Importantes vozes de alerta vêm se levantando contra tais manobras. Entre elas, destaca-se a do Arcebispo de Guatemala , Mons. Próspero Penados del Barrio, o qual lembrou publicamente que "os guerrilheiros só sabem matar; roubar e seqüestrar", e que foi Fidel Castro quem "alimentou aguerrilha na Guatemala". O Procurador Geral da Nação, Acisclo Valladarcs, afirmou nessa mesma linha que é

preciso não esquecer os antecedentes criminosos dos grupos guerrilheiros, com "todos os assassinatos, violações, seqüestros e gravissimos delitos por eles perpetrados". E o conhecido intelectual, Dr. Atmando de la Torre, constatou que, da parte dos ex-guerrilheiros, "não se ouviu até hoje nem uma palavra de arrependimento, nem um gesto de pesar" pela enorme tragédia a que conduziram a Guatemala (pp. 56-57). Em seu livro, o CEPGUA denuncia ainda uma orquestrada onda de invasões de propriedades agrícolas, que está

O CEPGUA conclama finalmente os guatemaltecos a urna defesa das tradições cristãs, da família e da propriedade, e faz um apelo para sacudir a indolência que vem imobilizando e paralisando os espíritos: "Se nos deixarmos levar pela indolência, nada se poderá.fàzer para evitar que se agravem os males presentes. Porque os que não desejam salvar-se, nem o próprio Deus os salva, como advertiu Santo Agostinho: provocando o caos no campo. ' Quem te criou sem tua ajuda, E ana!isa campanhas de difanão te salvará sem teu esforço'. mação contra os setores con"Se nosso povo e suas eliservadores da Guatemala tes autênticas assumirem as em particular, contra os pro. responsabilidades que a hora prietários agrícolas - que exige, a Guatemala terá assemeios de comunicação esgurado uma gloriosa sobreviquerdista vêm lançando a parvência como Nação livre e sotir do Exterior. berana; e ingressará no' terceiA obra denuncia ainda ro milênio da era cristã com a inadmisíveis e pouco democabeça erquida, a consciência cráticas pressões por parte de tranqüila e o passo resoluto. certos organismos internacio"Que para alcançar tal nais e de ONGs (organizações meta nos ajude o Senhor de não governamentais) para efeEsquipulas, pela intercessão tuar reformas econômicas de da Santíssima Virgem do Rocaráter socialista, contrárias sário, Rainha, Mãe e Padro(fiao desejo da maioria dos ra da Guatemala!" □ guatemaltecos.

T

1

a desconhecida: centenário de um ''furacão de glória" CA10 VmrGAL XAVIER DA SILVEIRA CORRESPONDENTE

Atualidade de Revolução e Contra-Revolução O livro do CEPGUA dedica quatro capítulos à análise de importantes teses do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, contidas na sua obra Revolução e Contra-Revolução: • guerra psicológica revolucionária; • metamorfose do comunismo e suas atuais estratégias de persuasão; • os novos _modelo s revolucionários, de caráter tribal e indigenista. Teses estas que, na Guatemala de hoje, adquirem particular atualidade. O CEPGUA presta também justa homenagem a esse eminente intelectual e homem de ação católico, e afirma que o seu pensamento é "como uma luz que serve para interpretar em profundidade" a História contemporânea e a realidade guatemalteca de nossos dias.

14

•CATOLICISMO -

Setembro de 1997

Aspectos pouco conhecidos pelo público brasileiro da fisionomia espiritual da "maior Santa dos tempos modernos", de sua admirável existência e atuação post mortem PARIS- Em 30 de setembro de l897, uma discreta carmelita, desconhecida até de suas irmãs de convento, morre de tuberculose aos 24 anos, sob atrozes sofrimentos, em Lisieux (França). "O que se poderá na realidade dizer da irmã Teresa do Menino Jesus após sua morte? É uma 'genti ll e petite soeur' [boa irmãzinha], mas ela nada fez" ( 1). Eis o comentário que ela ouve, em seu leito de morte, proveniente de uma

de suas companheiras ... "Ela nada fe z de notável, não se a vê praticar a virtude, não se pode sequer dizer que seja uma boa religiosa" (2), acresenta a carmelita crí-tica, a quem apraz ia passar horas prosternada diante do Tabernáculo ... Essa "des conhecida" causa agora emoção em todo o orbe, sendo comemorada nos quatro cantos da Terra, por ocasião do centenário de sua morte. "L'enfant chérie du Monde CATOLICISMO -

Setembro de 1997

entier" (a criança querida do Mundo inteiro) (3), em torno de quem levantou-se "umfuracão de glória" (4), que se transformou num dos personagens mais populares do século XX, a qual, segundo consta, está para ser proclamada... Doutora da Igreja universal (5) . Essa "desconhecida", qualificada entretanto por São Pio X como "a maior Santa dos tempos modernos" (6), e por Pio XI como "a estrela de meu pontificado" (7), não foi, na verdade, desconheci da ... para si mesma: "Bem sabeis que cuidais de uma santa!", afirma ela a suas três irmãs, seis semanas apenas antes de sua morte 15


(8) . E, prevendo sua glória fut ura, mi steriosamente di z: "O que o bom Deus me reserva para depois de minha morte, o que eu pressúr:,, to de glória .... vai de tal 11JOdo além de tudo que se pode conceber que por vezes sou obrigada a parar de pensar: sinto uma como que vertigem" (9) .

Lisieux: grande centro de peregrinação ]\inda hoje, apesar do des in teresse crescente do público católico pelos santos, na época dessacra lizada e m qu e vivemo s , L isieux acol he a cada ano dois milhões de peregrinos (] 0) , fen ômeno que transformou a capital do Pays d 'Auge num dos loca is mais visitados da França, rivalizando com os maiores centros de atração turística. Ali se recolhem eles, ávidos de conhecer os Buissonnets, onde a Santa residiu durante sua in fâ ncia e adolescência; a catedral de Saint Pierre, do século XII, por ela freqüentada diariamente, testemunha comovente de tantas remini scências; por fim , o Carmelo, a montanha sagrada de sua santificação.

Até 7 de j unho de 1944 - data do arrasado r bombarde io na II Gue rra Mu ndial, por ocasião do desembarque das tropas aliadas na Normandia - havia em Lisi eux 2.900 casas, boa parte delas e m esti lo medieval , construídas entre os sécu los XIV a XVI. Após ta l bombardeio, numa só noite, 2.100 dessas res idê nc ias fo ram totalmente destruídas. Do Céu, no entanto, a Santa carmeli ta velava: os três ed ifíc ios acima menci onados foram milagrosamente poupados, bem como a Bas íl ica a ela dedicada.

Um presente dado pelos brasileiros ~ o logo começou a expl odir o cul to dos fi éis por ela, essa "desconhecida" tornou-se e norm emente popul ar no Bras il. No Rio de Janeiro, a igreja de Santa Teresinha, situada no bairro da T iju ca ( um a p aró q u ia dirigida pelos padres Carmelitas Descalços), pretende te r sido a primeira no mundo a ser eri gida em sua honra. É certo que, em reconhecimento, um dente da admirável carmelita é ali venerado, rara relíqui a e notável privi légio para um a Santa que, no momento da ex umação de seu corpo, encontro u-se pouco mais que pó. O "furacão de glória" atingiu o Brasil de tal fo rma que, ao pensar- se na urna qu e teri a a suma honra de conter suas relíqui as, a superiora de Lisieux, Madre Inês de Jesus, sua irmã segundo a carne, dirigiu -se aos brasileiros, pre-

16

• CATOLICISM O -

Setembro de 1997

terindo outros povos. Em 1995, como preparação de se u centenário , a "châsse du Brésil" (urna do Brasil) percorreu toda a França. E foi assim que pudemos venerar suas relíqui as, envoltas em indizível halo de bênçãos. Estava aprazado que, no ano de seu centenário, a "urna do Brasil" percorreria toda a Terra de Santa Cruz. Q uantas multidões não acorreriam para venerar essa "desconhecida" ! Entretanto, círculos bem informados da Cúria Romana adv e rte m que outros episcopados não o permitiriam , caso tão ve nerável urna não fo sse ta mbém visitar seus respectivos países. O projeto comp li car-se-ia tanto que acabou sendo postergado, sine die.

Adentrando os muros do Carmelo

Ü ma série de artigos devem ser

Ca rmelo f alta esse livro. Procuramo-lo desesperadamente e não há meios de se encontra r um exemplar em país algum!" Um a semana depois, recebi carta de outro sacerdote - este brasil eiro, com funções na Cúri a Romana - impaciente por obter o precioso volume que narra a hi stóri a da "urna do Brasil". Após e ncontros em Roma e L is ie ux , tud o te rminou no parl atóri o do Carmelo, e m julho último: doe i à biblioteca do mesmo Carmelo de Lisieux o prec ioso opú sc ulo, que relata a hi stóri a de mais esse elo existente entre os brasileiros e Santa Teresi nha, medi a nte o qual nosso sentime nto tod o p e culiar nos inclin a a con siderá-l a, por assim di zer, um tanto brasileira . As circunstâncias acima descritas permitiram-me reali zar um a nse io acale ntado po r mim há mais de 40 anos : adentrar os muros sagrados desse Carmelo bendito ! (1 2) E m junho passado, sem saber be m se sonhava ou se estava de olhos abertos, pude pe rcorrer o mes mo so lo que os santos pés da "maior Santa dos tempos modernos" pi saram , deitar me u olhar nas mes mas paredes em que seus olhos pou saram, reco lher-me na enfe rmari a onde ela, tran sida de dor e de indescritíveis provações, exalou seu últim o suspiro; e, sobretudo, sentir minha alma embe be r-se de um a atmosfe ra de

indefinível paz, de indi zíve l elevação e de inabaláve l co nfi a nça que banh a o Carme lo ele L isie ux. De forma tal que se passarão anos até que e u co ns iga, para mim mes mo, exprimi-l as e senti - las inteirame nte. Alimento para uma eternidade ...

Doutor Plinio e a pequena Teresa Em 1928, cas ualmente, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, o in signe pensador e líder católico, Fundador da TFP, tomou conheci mento da "História de uma alma" . Tal fo i o impacto produzido em seu espírito pela célebre autobiografi a da Santa, que, certo dia, ele me co nfide nc iou : "Até o momento dessa leitura eu pensava ter como meta ser um muito bom católico; mas f oi a partir daí que compreendi a santidade e que eu devia ser santo; e f oi então que tomei a decisão de o ser" . Rezou ele então uma nove na à Santa pedindo-lhe concedesse uma graça, a qual representasse grande avanço e m sua vida espi ritual, proporcional à mencionada compree nsão da sa ntidade. Durante a rec itação da novena, ca iu-lhe fo rtuitame nte nas mãos o Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem , de São Luís Maria G rignon de Monfort, que veio a ocupar uma posição central e m sua espiritualidade e e m toda sua obra apostólica.

pub li cados a respeito da "urna do Brasil" na rev ista "Vie thérésienne". C uriosamente, nisto estivemos envo lvido s . Ce rta manhã , no Carmelo de Li sieux, tendo conhecimento de que eu era brasil eiro, um sacerdote francês disse-me ser público e notório que a devoção a Santa Teresin ha no Brasil era especialmente notável. Falamos, natural mente, da "urna do Brasil", e eu lhe disse que possuía um livro narrando sua história ( l l). Seus olhos se arrega laram , te ndo ele e xclam ado: "Na completíssima biblioteca do

Ta l no ve na, o Fund ado r da TFP transformou-a em oração que rezou di ariamente até seu último suspiro. Santa Teresinha passo u a oc upar um dos lugares de mais alto re levo e m sua riquíss ima vicia espiritual. Doutor Plínio senti a com ela profundas consonâncias e simi litudes de alma. Porém o que mai s o impress ionava era a vocação proféti ca da Santa quanto às novas gerações cio sécul o XX: "Sinto que minha missão vai começar - di sse ela no leito ele morte - , minha missão de f azer amar o bom Deus como eu O amo, de dar a minha pequena via às almas" (13). Essa vi a se adapta como uma luva a gerações inteiras, estropiadas pe la revolu c ionári a e apocalípti ca c ri se qu e carac te ri za nosso dantesco séc ul o XX. "A minha via é segura e eu não me enganei seguindo-a", di sse ela, a 16 de janeiro ele 19 10, à priora do Carmelo de Gallipoli , em aparição que alcançou na época gran de repe rc ussão (14). O Doutor Plíni o tinh a num co nce ito tão e le vad o a Sa nta Carmelita ele L isieux , que dizia ser favorável a que ela fosse decl arada Doutora da Igreja. Servo amoroso dos princípios, devido à frase de São Paul o "mulieres in Ecclesia taceant - as mulheres [Continu a na pág . 20]

C\TOLI CJSMO -

Setembro de 1997

17


Vítima expiatória PLINI0 C0RR ÊA DE OLIV EIRA

N

Publicamos a seguir excertos do artigo que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira escreveu sobre Santa Teresinha do Menino Jesus no "Legionário" - órgão oficioso da Arqu idiocese de São Paulo - em 28-9-1947, quando da comemoração do cinquentenário de sua morte . Sua transcrição é particularmente oportuna e preciosa , pois o Fundador da TFP nele expõe, de modo claro e sintético, a doutrina teresiana do abandono completo da alma nas mãos do Criador e da prática dos pequenos sacrifícios. Em suma, trata-se da famosa "pequena via", que ela teve tanto empenho em legar ao homem contemporâneo, como meio seguro de santificação, especialmente adequado a tantas almas fracas de nosso século. Tal fraqueza - que se manifesta, às vezes, mediante uma debilitação da vontade - é, sem dúvida, uma das trágicas conseqüências ocasionadas pelo multissecular processo revolucionário, terrível flagelo que se abateu sobre a civilização moderna, o qual foi denunciado e meticulosamente combatido pelo autor do artigo, ao longo de sua existência e em toda sua obra.

o 50º aniversári o de sua morte, alguém que muito e muito lhe deve procurará sa ldar com respeitoso amor parte desta dívida, fazendo como que um comentári o doutrinário à sua vida. Os grandes pecadores são os fi lhos doentes para cuj a cura se prodigalizam os tesouros da Igreja. Os grandes Santos são os filhos sad ios e operosos, que repõem a todo momento, no tesouro da I grej a, riqu ezas novas que substituam as que se em pregam com os pecadores. Tudo isto nos permite estabelecer uma correlação: para grandes'pecadores, grandes gastos no tesouro da Igreja. Ou estes grandes gastos são supridos por novos lances de generosidade de Deus e das almas santas, ou as graças se vão tornando menos abundantes, e o número de pecadores aumenta. Daí se deduz que nada mais necessário, para a dilatação da Igreja, do que enriquecer sempre e sempre, seu tesouro sobrenatural , com novos méritos. Evidentemente, podem-se adquirir méritos praticando a virtude por toda a parte. Mas há, no jardim da Igreja, almas que Deus destina especialmente a este fim. São as que Ele chama à vida comtemplativa, em Conventos reclusos, onde certas almas de escol se dedicam especial mente a amar a Deus, e a expiar pelos homens. Estas almas corajosamente pedem a Deus que lhes man-

"Consagrar-se à vocação de vítima expiatória pelos pecadores: nada há de mais admirável"

de todas as provações que quiser, desde que com isto se salvem numerosos pecadores. Deu s as flagela se m cessar, de um modo ou do outro, colhendo delas a flor da piedade e do sofrimento, para co m estes méritos salvar novas almas. Consagrar-se à vocação de vítima expiatória pelos pecadores: nada há de mais adm irável. E isto tanto mais quanto muitos há que trabalham, muitos que rezam; mas quem tem a coragem de expiar? Este é o sentido mais profundo da vocação dos Trapistas, da s Franciscanas, Dominicanas, e das Carmelitas, entre as quais floriu a suave e heróica Teresinha. Seu método foi espec ial. Praticando a conformidade plena com a vontade de Deus, ela não pediu sofri mentos, nem os recusou. Deus fizesse dela o que entendesse. Jamais pedi u a Deus ou às suas Superioras que dela afastasse qualquer dor. Jamais pediu a Deus ou às suas Superioras qualquer mortificação. Submissão plena era o seu camin ho. E em matéria de vida espiritual plena submissão equivale a plena santificação. Seu método se caracteriza ainda por outra nota importante. Santa Teresinha não praticou grandes morti ficações físicas. Ela se limitou simplesmente às prescrições de sua Regra. Mas esmerou-se em outro tipo ~ de mortificação: fazer a toda hora, a l todo instante, mil pequenos sacrif'í-

l

1,

cios. Jamais a vontade própria. Jamais o cômodo, o de- • leitável. Sempre o contrário do que os sentidos pediam. E cada um destes pequenos sacrifícios era uma pequena moeda do tesouro da I greja. Moeda pequena, sim, mas de ouro de lei: o valor de cada pequeno ato consistia no amor de Deus com que era feito. E que amor meritório! Santa Teresinha não tinha visões, nem mesmo os movimentos sensíveis e naturais que tornam por vezes tão amena a piedade. Aridez interior absoluta, amor árido, mas admiravelmente ardente, da vontade dirigida pela Fé, aderindo firme e heroicamente a Deus , na atonia involuntária e irremediável da sensibilidade. Amor árido e eficaz, sinônimo, em vida de piedade, de amor perfeito ... Grande caminho, caminho simples . Não é simples fazer pequenos sacrifícios? Não é mai s simples não ter visões, do que as ter? Não é mai s simples aceitar os sacrifícios em lugar de os pedir? Caminho simples, caminho para todos. A missão de Santa Teresinha foi de nos mostrar uma via que pudéssemos todos trilhar. Oxalá ela nos auxi lie a percorrer esta estrada real, que levará aos altares, não apenas uma ou outra alma, mas legiões inteiras, O

"A missão de Santa Teresinha foi de nos mostrar uma via que pudéssemos t0dos trilhar"


G ué rin terçava a rma s co ntra me nina para qu e m tocava ele acórdeão aos domingos, nos funHenry Chéron, fundador do "Le dos da farmácia de seu tio! ... Progres lexovi en", - republicaÓ grande Henry Chéron, sic no, soc ia li sta e anticl erica l - e m to rno dos grandes temas polêmitransit gloria mundi! (assim pascos da época: defesa do Papado, sa a glória do mundo!). Hoj e, laic ismo, monarquia ou república, quem conhecerá Henry Chéron , se não fo lhear a lg uma bio g rafia ou ainda o affaire Dreyfus. "Quem diz republicano di z especi aliazada de .. . Santa Teresiadversário da Igreja, e quem diz nha? ! E, quem, na face da Terra, adve rsário da Igrej a di z redesconhece a pequena Teresa ~....,~.._......_ de Lisieux?

[Vem da pág. 17]

estejam caladas na Igreja" (1 Cor. 14, 34), não lhe aprazia a idéia de que uma mulher recebesse esse glorioso título. Mas, uma vez que Santa Teresa de Ávila e Santa Catarina de Siena o receberam, dizia ele ser tendente à concessão do título a Santa Teresinha. Esta era a alta conta em que ele ti nha a "pequena" Teresa.

Até Prefeito socialista reconhece ...

Ü

clima de perseguição religiosa de fins do século passado contribuiu para faze r desabrochar em s ua alma apelos de guerreiro e de cru zado, de zuavo pontifício e de mártir, que tanto entusiasmaram Doutor Plí nio (vide nas Verdades Esquecidas da presente edição, frases de Santa Teresinha, mediante as quais fica patente o aspecto heróico dessa · grande carmelita). O ambiente ultramontano (católico conservador) daquele período a marcou . Já em sua infância, o ambiente de lutas políti co- religiosas e m Lisieux era violento e polêmico. No "Le N ormand", jornal monarquista de Lis ieu x, se u tio

20

sieux nessa época o Pe. André Deroo (15). A peregrinação a Roma larga me nte comentada tanto pela impre nsa fran cesa quanto pe la itali ana - da qu a l pa rticipou Santa Teresinha para obter de Leão XIII li cença para entrar no Carme lo aos 15 anos, era de cunho ultramon.tan.o. Durante essa peregrinação, a pequ ena Teresa, aos 14 anos, descobre e compreende a importância da inter-rel ação dos prob lemas políticos e religiosos. "A maioria dos católicos franceses é monarquista, contra a República, vigorosamente contra a maçonaria", comenta Guy Gaucher (16). Doutor Plinio observava que, em tal contexto, é fácil compreender que na primeira metade do século XX o Carmelo de Lisieux te nha sido um assinalado bastião das direitas, sob a égide de Madre Inês de Jesus, irmã da Santa, até sua mo1te, ocorrida e m 1951. Henry Chéron, o incorrigível líder sociali sta, diversas vezes ministro da República, fora em sua juventude empregado da farmácia do tio de Santa Teresinha, Isidore Guérin. Naquela época, ele não podia imaginar que, mais tarde, enquanto prefeito da c idade, determinaria a abertura de um a larga avenida, que daria acesso à Basílica de Santa Teresa de Lisieux! Aquela mesma , CATOLICISMO -

Setembro de 1997

Assim, me lhor se a qui lata o ultraj e lançado contra a Santa pela atual prefeita socia li sta da cidade, Yvette Roudy. Sim, Lisieux tem hoje uma admini stração socialista ! A prefeita declarou constituir a desgraç a para Lisieux o fato de ter colado a seu nome o de Santa Teresinha! "Que sabe o geral dos homens sobre Cirene, senão que era a terra de Simão?", escreveu em sua j á renomada Via-Sacra o Doutor Plínio. E xcetuando-se os franceses, poderíamos parafraseá-lo: "O que sabe o geral dos homens sobre Lisieux, senão que era a terra de San.ta Teresin.ha?" Agrade ou não a Mme. Roudy, ela é a grande, a imensa glória de sua cidade!

da. Não há o que baste. Por isso, à uma, dizem os tereseólogos , os es pecia li stas daquela que , em vida, fo i "desconhecida" : "de Theresia nun.quam satis!" Se de Nossa Senho ra se pode dizer que quase não há igreja na face da Terra que não tenha dEla um a lt ar, também de Sa nt a Te res inh a - observava o Fundador da TFP - é difíc i I encontrar uma igreja sem um altar ou, pelo menos, uma im age m a e la dedicados.

"Para quem é esta festa?"

X

ncontáveis pressentimentos sobre sua missão futura - por que não dizer profecias? - pontuam a vida de Santa Teres inha. Um dos mais impressionantes, recolhe u-o s ua fiel discípula, irmã Maria da Trindade. No dia da tras ladação de suas relíquias do cemitério de Lisieux para o Carmelo, a 26 de março de 1923 - por ocasião de sua beatificação - a referida rel ig iosa, che ia de estupor, bru scamente lembra-se do sonho qu e Santa

~~.u~~aíl?~ do-

eéa

e

~e,ua,

Vtú

4,etl,

~

7e-ie44

7e-ied4,

ft<Vt4 ~

~

Vtú

~a~db

eéa 111................. ........ . S~de IF97

Teres inha lhe narrara em 1896, um ano antes de sua morte: "Ontem à noite, durante a hora do silêncio, pensava em minha morte próxima; e cochilei um instante. Nesse estado de meio sono, encontrava-me num campo que parecia um cemitério: as aubépin es [espinheiro-alvar] estavam em f lor, os pássaros cctn tavam, via grande número de pessoas em f esta. Era como um dia de triunfo! E me p erguntava: 'Mas o que é isto? Para quem é esta f esta? No entanto, não se trata de um enterro .. .' Apesar de tudo, pressentia que se tratava mesmo de mim. Este sonho me parece bem misterioso e não posso deixar de pensar que, cedo ou tarde, conheceremos seu significado" (17). 1997 celebra o centenário desD se mistério. ..

1. Sur les pas de Th érese, Pc. Descouvemont , OEIL, Paris, 1983, p. 123. 2. 1-/istoire d' une Vie, Guy Gaucher, Cerf, Paris, 1995 , p. 208. 3. Pio XI, in Guy Gaucher, op. cit. p. 229. 4. Pio X I, Discurso aos peregrinos franceses em 18 de maio de 1925, in Nouvelle édition du centena ire. Der11.iers entretiens,

Cerf/DDB , Paris, 1992, p. 40. 5. Fala-se muito de sua possível elevação à dignidade de Doutora da Igreja. É voz corrente que isto ocorreria, ainda este ano, por ocasião da próxima ida de João Paulo 11 à Fra nça (ver mais in fo rmações em "Sai nte Thérêse de Li sieux", éditi ons du Signe, 1994, p. 43). 6. São Pio X, cm 15 de março de 1907, in Guy Gaucher, op. cit. , p. 225. 7. Th érese er Lisieux, Pe. Descouvemont, Cerf, Paris, 199 1, p. 322. S. Nouvelle édirion du centenaire. Demiers entretiens, CerflDDB, Paris, 1992, p. 650. 9. Une novice de Ste Th érese, Cerf, Pa ris, 1985, p. 155. l O. Le p e le rina ge d e Lisie ux !,i e r et aujourd 'hui , Pc. Descou ve mcnt, Les Orphc lin s App renti s cl ' Au teui l, Paris, 1989, 4' de couverture. 11. A Urna do Brasil, Pe. Henrique Rubillon s.j., Rio de Janeiro, 1924. 12. A entrada no rec into do Carmelo, de clausura papal, é estritamente vedada, sem autori zação expressa do Bispo de Bayeux e Li sieux. 13. Carn e/ jau11.e , Mêre Agnês de Jés us, 17 j ui ll et in " No uve lle édition clu centenaire, Derni ers cntreti ens", Cerf/ DDB, Paris, 1992. 14. ?ro ces de /J éatificatio11 e r de can onisarion - f : Proces infonnatif ordinaire, Roma, 1973, p. 56 1. 15. Lwnieres sur St e Tl, érese de l 'Enfan t Jésus et la familie Martin, Abbé André

Dcroo, Téqui , Pa ri s, 1974, p. 64. 16. Guy Gauchcr, op. cit. p. 78 . 17. Un e no vice de .willle Thérese, Cerf, Paris, 1985, p. 80.

"De Theresia nunquam satis"

.A

firma-se de Maria, a Virgem Santíssima, a Mãe do Verbo Encarnado: "de Maria n.un.quam satis". De Nossa Senhora jamais alguém fica saciado. Ora, logo que uma alma setorna devota da contagiante Santa Teresinha, uma sede incontenível faz com que nada mais a sacie. E la sempre quer saber mais, conhecer mais elementos de sua vida, os menores detalhes atraem outros, sem jamais saciar essa alma. Os livros e as pesquisas sobre sua vida e obra multiplicamse e sucedem-se a uma cadênc ia sem es mo reci me nto. Recentemente a livrari a do Carmelo de Lisieux foi grandemente amplia-

Comemora-se a festa da Santa, segundo o calendário litúrgico, a 1°de outubro, anteriormente, essa celebração ocorria no dia 3 do mesmo mês. CATOLI CISMO -

Setembro de 1997

21


deixa penetrar na instituição que preza o veneno que lhe tira a vida? A Plíni o Corrêa de Oliveira, cujo c larividente artigo sobre a aprovação do di vórcio apresentamos em quadro, à página 24, não fa ltou perspicácia ao interpretar a alma cr istã brasileira. Compreende-se, pois, que para e le tal contradição não passou despercebida. Há cinco anos, outra sondagem revelava mesma incoerência: 85% dos brasileiros confiavam na família - embora ela já estivesse enormente desfigurada por males hoje agravados. O Fundador da TFP apontou essa contrad ição, analisou-a., esmiuçou-lhe as características e relacionou-a com sua obra apostólica, em exposição feita a sócios e cooperadores da entid ade. A famíli a, embora corroída em alto grau, por que tem e la ainda prestígio nos dias atuais?, perguntava-se então Plínio Corrêa. de Oliveira. E respondia essa indagação com a sábia explicão que segue abaixo.

O naufrágio da família brasileira Vinte anos após a introdução do divórcio: casamentos diminuem, separações triplicam e aumentam cada vez mais os traumas causados nos filhos CARLOS SODRÉ LANNA

Ü

DIVÓRCIO fo i introduzido por le i no Brasi l, em L977, devido aos afrouxamentos lamentáveis da resi stencia antidivorcista, para dizer só isto, ocorridos nos meios católicos e não a uma investida particularmente calorosa ou eficaz dos adversários da indissolubilidade do vínculo conjugal. É preciso ressaltar, entretanto, que a maior catástrofe nessa matéria não foi a implantação do divórcio, mas a terrível dissolução dos costumes, que de há muitos anos se vem propagando de modo graduai e inexorável e m nosso País. Temos aqui a causa profunda, da qual a instauração do divórcio foi apenas um dos terríveis efeitos. Em outros termos, um número crescente de brasileiros católicos prati cantes ou não, ateus e adeptos de outras religiões - pensa da mesma forma sobre o seguinte: "o casamento civil não tem conteúdo moral". Daí, concordarem com o estabelecimento da coabitação sem necessidade da cerimônia vazia do contrato civil. Assim, quando o divórcio foi aprovado, o concubinato já se tinha introduzido largamente nos costumes de incontáveis setores sociais do País. Ao que tudo indica certos divorcistas não tinham percebido esse fato , pois ag uardavam para depois da aprovação do divórcio, uma corrida de mal casados, pedindo a dissolução do vínculo matrimonial. Por isso, estudou-se seriamente, em certos lugares, a instalação de bancas nos corredores forenses, a fim de atender essa imaginária demanda. No entanto, tal es-

22

touro não ocorreu. Por que? Eis a razão: os separados, fugitivos, em sua grande maioria, do liame familiar legal, já haviam afundado no pântano do concubinato e preferiram não estabelecer outro compromisso conjugal. Tal problemática merece atenção para se entender bem , sob o prisma da opin ião pública, o futuro da controvérsia entre divorcistas e antidivorcistas. Estes últimos não tenham ilusões: sem a volta à prática das virtudes cristãs de forma autêntica e profunda, será imposs ível cogitar na restauração do casamento monogâmico e indissolúvel.

A devastação do flagelo divorcista em duas décadas Devido sobretudo à degradação dos costumes - da qual o divórcio é uma das decorrências, como vimos acima - nestes últimos anos o número de casamentos vem decrescendo cada vez mais. Essa constante redução ocorre desde 1974, quando o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) começou a fazer ta.l gênero de pesquisa. Naquele ano houve 818.990 casamentos civis no País e, no último censo, realizado em 1994, foram efetuados 763 .129, embora a população tenha aumentado consideravelmente. Em 1980 a taxa era de oito casamentos por L.000 habitantes, baixando em 94 para 4,96. Nesse ritmo, até onde chegaremos? Conclusão do trabalho: os brasileiros estão se casando cada vez menos. Neste sentido, a Estatística do Registro Civi l, •CATOLICISMO -

Setembro de 1997

divulgada pelo mesmo IBGE, mostra uma diminuição de 38% na chamada taxa de nupcialidade, índice que mede a evolução dos casamentos registrados em cartório. Em outro levantamento do mencionado Instituto, entre os anos 84 e 94, depara-se com uma tendência: o número de casamentos por ano no Brasil caiu 18%. No mesmo período, o número de divórcios triplicou. Também a pesquisa feita recentemen te pelo Instituto Vox Populi em 25 Estados brasileiros, revelou que os laços familiares estão se fragmentando, e que há muita aceitação do divórcio e das re lações conjugais fora do casamento. Segundo dados do IBGE, esses índices refletem uma tendência não só no Brasil, mas trata-se de um fenômeno internacional, já que o número de uniões não legalizadas vem aumentando em todo mundo. Assim, por exemplo, um estudo efetuado pela psicóloga Judith Wallerstein, nos Estados Unidos, reve la a existência de crianças solitárias, adolescentes afundados no álcool e nas drogas e adu ltos problemáticos, como o legado dos filhos de pais divorciados. Sua análise fornece ev idên-

cias de que, e ntre os filhos, o impacto do d ivórcio é duradouro e cumulativo, e o trauma sofrido pelas crianças pequenas, quando seus pais se separaram, contribui para que tenham dificuldades na adolescência e no iníc io da idade adulta. E la afirma que os filhos desses casais, na época com idades e ntre dois e quatro anos, eram solitários , assustados e temerosos de serem abandonados. O estudo foi baseado em centenas de entrevistas efetuadas por Judith com grupos de famílias, ao longo de 25 anos. Não cremos que essa situação seja muito diferente no Brasil ...

Um enigma desvendado A publicidade concedida ao divórcio, a aceitação crescente do concubinato, a freqüência de uniões fora do matrimônio práticas atentatórias à família - fazem pensar que desta fica apenas uma poeira, pronta a se dispersar ao sopro das últimas indecências. Do casamento homossexual, por exemplo. Sem embargo, a celu/a materda sociedade ainda goza de muito prestígio junto aos brasi leiros de um modo geral. Não há uma contrad ição no espírito público que, ao consentir tais práticas,

"A família é uma antiga noção, que conserva uma entranhada imagem de ternura e de bem. Até há pouco, inseparável da idéia da Igreja Católica, formava com Ela, por assim dizer, um prestígio só. "A instituição dafamília resiste à corrosão atual porque possui ainda alguma continuidade com o que foi outrora. Seu prestígio é colossal, de legenda, mas herdado dos outros tempos. "A mesma peigunta pode se colocar, analisando-se a parábola do filho pródigo do Evangelho: em seus piores dias, teria o pai prestígio junto àquele filho desgarrado ? "De um certo ponto de vista, nenhum. Mas de outro lado, as saudades do filho extraviado por seu pai eram enormes! Caso contrário, ele não teria voltado. "A sociedade hoje encontra-se numa degringolada semelhante à do .filho pró digo. E a falta que sente ela da família bem constituída e acolhedora exprime o que foi a saudade da casa paterna para o .filho pródigo".

Capela e incenso "Imag inemos uma capela onde, du rante uma cerimônia, o turíbulo deita um incenso odorífero. Oferecido a Deus, ele impregna as estalas, a toalha do altar e as paredes de toda a capela. Essa impregnação conserva aquele agradável aroma, prolongando a sacralidade do ritual. "Finda a cerimôn ia, num canto, o CATOLICISMO -

Setembro de 1997

turíbulo, onde alguns grãos ainda fumegam, esparge um último.fio de incenso pela capela. Esta exalação derradeira revive o que .ficou pelo ar, impregnando a capela. Eu gostaria que a TFP fosse esse turíbulo. "Na TFP devemos perpetuar algo de sagrado, hoj e já extinto, mas do qual, se conserva o aroma. Quem o sente !em recordações saudosas, como o .filho pródigo tinha do esplendor da casa paterna. "A decadência atual da família é como a do.filho pródigo durante todo o período de seu êxodo miserável. De vez em quando, ressurge a saudade da casa paterna".

Um resto de esperança "Hoje, não só a família é atacada. O mundo moderno, sob o inf1uxo do multissecular processo revolucionário que o vem desagregando, procura extinguir o resto de verdade, de bem e de maravilhoso para preparar a sociedade sem Deus do futuro. Mas na medida em que foram desaparecendo esses restos, num turíbulo, os Anjos depositam incenso e a fumaça começa a acentuar o perfume agarrado às paredes sagradas da capela. Assim devemos ver a ação dos antidivorcistas na sociedade atual: devem ser eles o turíbulo que ainda fumega. "Dessa.forma, esse velho prestígio imenso mas evanescente - tomaria força. "Esse desaparecimento vai causando remorso, saudades e esperança em muitas almas. Alguma coisa da graça divina diz a um público crescente: 'Isto não pode morrer, isto não pode deixar de vencer'.

"Desperta-se assim uma esperança velha e perfumada, como a poesia dos perfumes antigos. Pois as consciências sabem que somente nas grandezas passadas se pode degustar a felicidade. "Isso explica o prestígio enorme que desfrutam ainda grandes instituições, no momento de seu declínio. Entre elas está a família".

* * * Uma recente sondagem de op ini ão apresentando resultados animadores arespeito do conceito atual que o brasileiro forma sobre a instituição da fam íli a comprova as judiciosas cons iderações daquele eminente pensador cató.lico. Segundo tal pesquisa, sobretudo os jovens entre 24 e 34 anos, cons ideram a família a instituição pela qual mais têm apreço. Div idi da a população em quatro fa i23


xas e ntre os mais de 800 entrevi stados, 76% confiam na família, e e m duas das classes socia is pesquisadas, tai s índices atingem 80 e 82%.

Sobressalto nos Estados Unidos: lição para o Brasil Nós brasileiros, constantemente bombardeados por tantas influências provenientes dos Estados Unidos, poderíamos tirar li ções sa lutares acerca das co nseqüências funestas que o divórcio, e outras formas de agressão contra a família, produ ziram naq uele país. O verspertino paulista "Jorn al da Tarde", e m sua edição de 13-7-97, registra que a Crise da Família é hoje o inimi go Público Número Um da sociedade ameri-

cana. Paradoxalmente, nos anos 90, a popul ação está tão decepcionada com o divórc io como o estivera com o casa mento nos anos 60. Governos estaduai s, a quem cabe, segundo a Constituição americana, legislar sobre a separação entre os cônjuges, começara m a aprovar ex igênc ias mai ores para que o divórcio sej a conc retizado. Em particular, há uma ofensiva legal em vários Estados daquela Federação para que não seja mais possível o divórcio sem culpa, isto é, em que o casal apenas comunica que deseja se divorciar, sem que o marido ou a esposa tenha qualquer queixa formal contra o comportamento do outro . Na Lui siâni a, a nova lei só permite o divórcio em caso de adultério ou violê ncia. 50% dos americanos julgam, segundo

pesquisa da revista Time e da Cable News Network (CNN), que o divórcio deve ser tornado mais difícil mesmo no caso de casais sem filhos - e 61 % acha que deve haver dificuldades bem maiores para os casais com filhos conseguirem se divorciar. Essa natural e crescente reação da sociedade americana é uma decorrência direta da lamentável experiência que ela própria viveu por tantas décadas e vale como amarga e severa lição para nós ... Q ue o Bras il - nação de maior população cató li ca da Terra - com a proteção de sua Padroeira, Nossa Se nh ora Aparec ida, sa iba aprove itar tal li ção e, reerg uendo-se do deplorável estado de decadência moral em que se encontra, seja fiel à grandiosa vocação que lhe concedeu a Providê ncia D ivina. O

Foguetório e não Bombarda PUN IO COR.RÊA DE ÜLIVElRA

Transcrevemos a seguir excertos do artigo escrito pelo Fundador da TFP logo após a aprovação do divórcio, em 1977. Essa colaboração é muito elucidativa e penetrante, revelando as causas profundas que presidiram o advento do flagelo divorcista no País.

T

antos foram, ao longo de minha vida pública, os pronunciamentos, as atitudes e as batalhas que tive a honra e a alegria de efetuar contra o divórcio, que não há entre os meus leitores quem ignore o que me vai na alma a propósito da introdução dele na Constituição brasileira. Não quero, entretanto, consagrar o presente artigo a lamentações estéreis.A abolição da indi ssolubilidade do vínculo conjugal não significa a perda de uma guerra, mas de uma batalha ..... Parece-me que a primeira providência, depois de perdida a batalha, consiste em circunscrever- lhe os danos. Neste sentido, escrevo o presente artigo num espírito de cooperação com quantos se preocupem em continuar na luta . .... E desde logo o primeiro ponto a firmar é que a aprovação do divórcio pelo Congresso Nacional absolutamente não demonstra uma perda de influência da Religião Católica no espírito do povo brasileiro .. ... Naturalmente, a mentalidade dos católicos é levada a confiar na iniciativa dos seus Pastores, para enfrentar as crises religiosas. E essa iniciativa se mostrou exígua em inteligência, em know-how e plena vontade de vencer. Através de tais porta-vozes - falo descontando as honrosas exceções de . estilo - a voz do Brasil antidivorcista ecoou, no recinto do Congresso, pouco persuasiva, pouco empenhada ..... O know-how mandaria que, nesta emergência, o Episcopado nacional publicasse, logo quando dos primeiríssimos

24

CATOLICISMO -

rumores de perigo divorcista, uma grande Pastoral coletiva, assinada pela totalidade dos Srs. Cardeais-Arcebispos e Bispos do Brasil. Uma grande Pastoral não é necessariamente uma Pastoral grande. Com concisão, o Episcopado poderia ter dado aos fiéis, nessa ocasião, uma síntese inteligente da doutrina católica contra o divórcio. Argumentação fartamente baseada na Escritura, na Tradição, no Magistério da Igreja. Linguagem simples, direta, viva. Exposição franca do pecado que comete quem vota a favor de candidatos divorcistas, ou a propósito de quem, sendo legislador, vota a favor do divórcio. Do pecado, também, cometido pelos casados que intitulam de novo casamento a união adulterina constituída sobre as ruínas do lar autêntico. As penas canônicas. O juízo particular e o juízo público post mortem. Essa Pastoral deveria ser lida em partes, por ocasião de todas as missas, em todas as igrej as, capelas, oratórios do Brasil. .... Soando assim na Casa de Deus todas as tubas sagradas do alarme, o povo católico seria ademais convidado a inundar o Congresso de mensagens pedindo a rejeição da reforma constitucional divorcista .. ... Como espantar que, nessas condições, certo número de deputados e senadores tivesse vacilado, na dúvida sobre o verdadeiro rumo do pensamento católico de amanhã? Não é próprio da fumaça de satanás apresentar um panorama turvo, capaz de desorientar até mesmo olhares sagazes mas desinformados? E não é próprio do processo de autodemolição, que tenha sido mais pelas carências, om issões, e ambigüidades dos dirigentes eclesiásticos, do que pela força do adversário, que a Igreja tenha perdido tragicamente esta batalha? ("Folha de S. Pau lo", 25-6-1977)

Setembro de 1997

''Com que alegria, no tempo das cruzadas, teria partido para combater os hereges'' Santa Teresinha do Menino Jesus, que desejava passar o Céu fazendo o bem na Terra, não tinha uma alma débil , desprovida de personalidade e força de caráter, que fugia do sofrimento e da luta. Se ass im o fosse, não teria sido elevada às honras dos altares, nem teria sido apresentada ao mundo católico como "uma nova Joana d'Arc" pelo Papa Pio XI (a 18 de maio de 1925). É muito oportuno e mesmo necessário, pois, considerarmos este aspecto de sua alma, freqüentemente esq uecido ou falseado em imagens e santinhos, onde ela aparece com a fi sionom ia impregnada por um adocicamento sentimental e romântico, totalmente inexistente em sua fo1te e marcante personalidade. Vej amos algumas de suas afirmações que refletem o espírito de cruzado que an imava a Santa da chuva de rosas: "Na minha infância sonhei lutar nos campos de batalha. Quando comecei a aprender a História da França, o relato dos feitos de Joana d'Arc me encantava; sentia em meu coração o desejo e a coragem de imitá-los" (l). "Adormeci por alguns instantes - contava ela à Madre Inês - durante a oração. Sonhei quefaltavam soldados para uma guerra contra os prussianos. Vós dissestes: É preciso mandar a Irmã Teresa do Menino Jesus. Respondi que estava de acordo,

mas que preferia ir para uma guerra santa. A.final, parti assim mesmo. Oh! não, eu não temeria ir à guerra. Com que alegria, por exemplo, no tempo das cruzadas, te ria partido para combater os hereges. Sim! Eu não temeria levar um tiro, não temeria ofogo!" (2) "La,nçando-me na arena Não temerei ferro nemfogo ... . Sorrindo enfrento a metralha ... . Cantando morrerei, no campo de batalha As armas à mão", bradava ela (3). "Quando penso que morro numa cama! Como desej aria morrer numa arena!" (4) "A santidade! É preciso conquistá-la à ponta da espada . .... É preciso combater!" (5) Notas:

Fotografia de uma representação teatral no interior do Carmelo de Lisieux em 1895: a Santa no papel de Joana d' Are

1. Lettres de Sainte Thérese de l 'E11fa nt.Jésus, Carta ao Abbé Belliere, Office Central de Li sieux, 1948. 2. Ca rne/ .Jaune, 4.8.6 - in Derniers entretiens, Éd ition s du Cente na ire, Desclée de Brouwer-Éditions du Cerf, Pari s, 197 1. 3. Mes Armes - Poésies, Édition du Centénaire, Cerf-Desc lée de Brouwer, Paris, 1992 (Carnet )a.un e, Mêre Agnes de Jésus, 4 de agosto). 4. Swnmarium. [do Processo de Beatifi cação e Canonização], depo imento de Ce li na , 2753. 5. Correspondance Généra le, Éditi ons du Cerf-Desc lée de Brouwer, Paris, 1972, t. I ( 1877- 1890), Carta (nº 89) a Ce li na, de 26 de abr il de J889. E Lettres de Sainte Th érese de L'Enfant .Jésus, Carta a Leônia, ele 20 ele maio de 1894.

Santa Teresinha do Menino Jesus CATOLICISMO -

Setembro de 1997

25


róicas. Foi assim aumentando o número dos Sa ntos monges, anacoretas, pregadores, fundadores e inclusive leigos. Catolicismo- Como a Igreja discernia a prática das virtudes heróicas, mais difícil de demonstrar que um martírio público?

O Revmo. Pe. Alberto Royo, sacerdote oratoriano espanhol residente em Roma, é doutor em Direito Canônico e divide seu tempo entre a ação pastoral na igreja de Santa Maria in Valice/la, onde se encontram os restos mortais de São Felipe Neri, e suas múltiplas ocupações nos processos de canonização. O Revmo. Pe. Royo atendeu o diretor do Bureau das TFPs em Roma, Sr. Juan Miguel Montes, para conceder uma entrevista a Catolicismo, na qual explica quais são as condições requeridas para que as pessoas falecidas em odor de santidade cheguem às honras dos altares. Catolicismo - Padre Royo, V. Revma. pode nos explicar como a Igreja chegou a reconhecer os Santos, através dos séculos?

Pe.Alberto Royo- Na Igreja primitiva, os primeiros Santos reconhecidos como tais eram os mártires, os quais haviam dado a vida por Cristo ante os olhos de todos, em razão do que, apenas mortos e enterrados, já eram objeto de veneração. Normalmente, os martírios ocorriam publicamente, em circos e praças, de forma diferente dos martírios atuais, como os causados pela perseguição religiosa durante a Guerra Civ il espanho la, pelo comunismo e pelo nazismo. Nos primeiros tempos, sem nenhum processo propriamente dito, a veneração popular proclamava Santos os mártires. Pouco a pouco, o B ispo, enquanto sustentácu lo da Fé da Igreja, passou a determinar quem podia ou não ser venera-

26

Pe. A. Royo - No in ício, era muito simples. O Bispo informava-se junto aos que haviam conhecido uma pessoa fa lecida com fama de santidade. Pedia- lhes que dessem testemunho a respeito de sua vida ou sobre milagres obtidos por sua intercessão, após o fa lecimento. Desde os primeiros tempos, os milagres foram requeridos, juntamente com o testemunho do martírio ou da santidade de vida. À medida que a Igreja foi crescendo, e com o correr dos séculos, começou-se a fazer um verdadeiro processo de canonização. Ainda hoje exige-se o milagre, além do processo em si mesmo, porque o juízo dos teó logos e dos Cardeais é um juízo humano, enquanto o milagre é considerado como a confirmação que Deus faz desse juízo. Catolicismo - E como se chegou ao processo de canonização, tal como existe hoje?

A canonização dos Santos: breve histórico e descrição de como ela transcorre em nossos dias Doutor em Direito Canônico responde a perguntas de Catolicismo do como Santo. Já então se começava a venerar, além dos mártires, aqueles que haviam sob revivido à perseguição e perseverado. Estes últimos eram chamados confessores. Catolicismo- Mas atualmente a denominação de confessor não teria um sentido mais amplo do que nos tempos das perseguições romanas?

Pe. A. Royo - Sim, efetivamente. Com a CATOLICISMO -

Setembro de 1997

liberdade concedida à Igreja pelo Imperador Constantino, mediante o Edito de Milão, em 313 D.C., começou-se a usar a designação de confessor para uma nova categoria de Santos. Eram pessoas que, sem derramar o sangue, mas pelo exercício de suas virtudes, seu esforço, o cumprimento do dever, sua abnegação, suas penitências, estavam efetiva e realmente dando a vida todos os dias por Cristo. Numa palavra, confessores são os Santos aos quais se reconhece terem praticado virtudes he-

Pe. A. Royo - Por volta do século XII, o Papa reservou-se definitivamente o direito de canonizar. Os Bispos, por sua vez, podiam continuar co ncedendo o cultorestrito, que não era tão solene quanto a canonização. No início das canonizações efetuadas pelos Papas, estes enviavam um delegado pontifício e alguns auxiliares a diversos lugares para poder comprovar a santidade dos candidatos aos altares. Assim nasceu o primitivo processo, ainda muito simples: o delegado do Papa interrogava as testemunhas que haviam conhecido o Servo de Deus e voltava a Roma, a fim de ap resentar os dados coletados ao Sumo Pontífice. Este, então, com base nos dados colhidos, proclamava a santidade do Servo de Deus. Com o passar do tempo, o processo foi se tornando mais preciso e aumentou o rigor ex igido nas investigações. Diante do grande aumento do número de causas nos sécu los anteriores e da impossibilidade de enviar delegados a todos os lugares onde

havi a pessoas falecidas com fama de santidade, o Papa Sixto V - grande reformador da Cúria Romana, cujo pontificado estendeu-se de 1585 a 1590 - in stituiu um Dicastério romano que teria, entre o utras atribui ções, a de rea li zar os processos de cano nização . Tal dicastério denominou-se Congregação dos Ritos, que di scip linava o Culto D ivino e os Sacramentos, incluindo também, e ntre outros ritos, o da canonização. U m passo importante na evolução do processo foram os decretos de Urbano VIII e a legislação de Be nto XIV Recentemente, neste sécu lo, a Congregação dos Ritos se dividiu: de um lado a Congregação para o Cu lto Divino e os Sacramentos; de outro, a Co ngregação para a Causa dos Santos. O que indica bem a importância conferida a um processo de canonização. Até há pouco, o Bispo dev ia avisar Roma da existenc ia em sua diocese de uma pessoa fa lec ida com fama de san tidade. A Santa Sé tomava então a iniciativa de realizar o processo. Com as novas leis sobre canonizações e beatificações, a estrutura do processo mudou um tanto: embora seja a inda o Papa quem possui o poder de beatificar ou canon izar, as dioceses desempenham um papel mais importante na realização do processo. Catolicismo - Como se desenvolve atualmente tal processo?

Pe. A. Royo - Como sempre, a partir da fama de santid ade . O B ispo decide dar início ao processo de um fiel morto com fama de santidade e c uj o renome perdura depois da morte. Em seguida, pede à Santa Sé o Nihil Obstar para a abertura efetiva cio processo, após haver comprovado que a fama ele santidade é sólida e baseada em fundamento real, está difundida e não foi provocada artificalmente. Também deve pedir o parecer cios demais Bispos de sua província ecles iástica sobre a pessoa falecida nessas c9nclições. Feito isso, é recebido o Nihil Obstai ela Congregação para iniciar e instruir o processo. Este, reali zado assim pela autoridade do Bispo, abarca a fama ele santidade e a heroicidade das virtudes, ou a fa ma de santidade e o martírio. O processo consta elas seguintes etapas: CATOLICISMO -

Setembro de 1997

• Interrogam-se as testemunhas, caso ai nda estejam vivas. Algumas são apresentadas pelo postulador, enquanto o utras são designadas ex oficio pelo tribunal cio Bispo. Depois, pelo menos dois censores examinam os escritos do Servo de Deus, caso ex istam . Se a causa refere-se a um Servo de Deus que não faleceu recentemente, o Bispo precisa convocar uma comissão hi stóri ca que recolhe todo o material existente e julga sua validez. • Simultaneamente à fase cios interrogatórios e ela ava liação dos escritos, é necessário um decreto cio Bispo certificando a ausência do culto público, segundo norma promulgada por U rbano VIII. Tudo isso deverá ser enviado a Roma, onde se estabe lece a validade do processo, ou seja, a constatação ele que nada fa lta para o seu prosseguimento. • Depois, o postulador pede que se nomeie um relator da causa, o qual, junto com o postulador e outros co laboradores, e labora a Positio, que é um livro, às vezes em vários volumes, que resume toda a documentação. Esse resumo será julgado depois pelos Cardeais, Bispos e teólogos membros ela Congregação. • Conc luída a Posilio, e la deve ser entreg ue à Congregação, que a co loca na lista de espera. Devido à grande quantidade de causas, podem transcorrer vários anos até que chegue sua vez de ser exam in ada. • A Positio será então estudada por oito cons ulto res teólogos e pelo Promotor da Fé, os quais deverão em itir seus votos "afirmativos", "suspensivos" ou "negativos" no "Congresso Peculiar" super virtutibus ou super martyrio. Ou seja, ace ita-se ou não o que está relatado sobre as virtudes heróicas ou o martírio. O voto "suspensivo" é dado quando se encontram aspectos não inteiramente esc larec idos, segundo a opi ni ão dos consultores, ou quando falta documentação conc lud ente. Se dois terços cios seus votos fo rem afirmativos, a causa passa aos Cardeais, Arcebispos e Bispos membros do Dicastério, que a exam inam por turnos. • Também eles deverão aprová-la para que possa ser apresentada de modo resumido ao Romano Pontífice. Normalmente, se os teólogos aprovam uma causa,

27


os Cardeais e Bispos confirmam a decisão. Há casos, porém, em que ta l não se dá, pois o parecer destes não está sujeito ao dos teólogos. '\ ' • O Papa é, em definitivo, ~ único ju iz da Causa. Os passos prévios são, na rea li dade, meramente consultivos. Se o Papa confirma o juízo aprobatório descrito previamente, declarará Veneráve l o Servo de Deus, título com o qual se reconhece sua heroicidade de virtudes ou seu martírio. • O passo seguinte é o reconhecimento do m ilagre post mortem. Se se trata de uma Causa de martírio, não é necessário o milagre para a beatificação .. O martírio é um fato preciso: o Servo de Deus ter sido morto por ódio à reli gi ão, o que é mais fáci l de demonstrar do que a heroicidade das virtudes. O milagre é discutido apenas quando se examina a possibilidade de beatificação quando a causa é devida à hero icidade de virtudes. • Primeiro submete-se o suposto milagre a uma junta médica de cinco membros(*). • Se estes o aprovam, passa-se ao voto dos teólogos. • Em seguida, ao dos Cardeais e Bispos. • Finalmente, ao Papa, que reconhece ou não o milagre. Se reconhecer, o Venerável poderá então ser beatificado. • Para a canonização, será necessário outro milagre. Também no caso do mártir, é necessário o milagre para sua canonização. Com isso conclui-se o processo.

* * * Catolicismo - O Papa deve ater-se a esses pareceres de médicos, de teólogos e das autoridades eclesiásticas sobre o Servo de Deus?

o Papa não é obrigado a ater-se a tais pareceres. É claro que normal mente respeita escrupulosamente o processo que foi aprovado por ele e por seus predecessores. Porém, na realidade, não está obrigado a tal. João Pa ul o II, às vezes, dispensa o milagre nas causas históricas, quando se demonstra que a fama de santidade continua ao longo dos séculos. Tal ocorreu nos casos do Bem-aventurado José de Anchieta e do Bem-aventurado Juan Diego, o vidente de Nossa Sen hora de Guadalupe (México). Entretanto, dificilmente ass im procede com relação às causas recentes, em razão do que al gumas só chegam à declaração de Venerável, permanecendo à espera do mil agre. D

Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:

Publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes Ltda. Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filh o Jornalista Responsável: Mariza Ma zzilli Costa do Lago Reg. no DRT-SP sob nº 23228 Redação e Gerência: R. Ge n. Jardim , 770, cj. 8 A - CEP 01223 -0 10 - São Pa ul o SP Tel.(011) 257-1088 - Fax (0 11 ) 258-4654- ISSN 0008-8528 Internet: EPBP@UOL.COM.BR Fotolitos: Bureau Bandeirante de Pré-Imp ressão Lula. Rua Mairinque, 96 - CEP 04037 -020 - São Pau lo SP Impressão: Takano Fo1olito & Gr6Jica - Av. Dr. Silva Me lo, 45 CEP 04675-01O - Te!. (0 11) 524-2322 Fax (O 1 1) 246-331 1 São Pau lo SP

28

• O mi lag re j á foi exa minado prev iamente , no processo diocesano, pe los méd icos que trataram cio caso e por outros nomeados ex o.ficio. A esses se ac resce ntam o teste munho ele pessoas co mun s , qu e co nh ece ram o caso e pod e m fornecer dados sob re a e n fermidade qu e propiciou o milagre e a oração dirigida ao Servo ele Deus. • Depois, no me iam-se doi s per ito s médi cos, diferentes dos que deram testemunho ela cura , para corroborar que os efe itos do mi lagre continuaram ao longo cios anos naquele que recebeu a graça. • Chega ndo o caso à Co ngregação, outros dois médi cos nomeados ex ofício estudá- lo-ão. • Se ambos dão parecer pos itivo acerca da inexplicabilidade do fenômeno, passa-se à junta méd ica, compos ta por esses dois mais outros três méd icos. • Para que o mil agre possa ser submetido ao voto dos teó logos e do Promotor ela Fé, pelo menos dois terços cios méd icos que emitiram pareceres devem tê-lo aprovado.

Preç<}.s da assinatura anual para o mes de SETEMBRO de 1997:

JL!CI

• CATOLlCJSMO -

A$ 50,00 A$ 75,00 A$ 150,00 A$ 250,00 A$ 5,00

N.8.- O que exce der ao valor da · se um donativo para a difusão d as~1~atura comum consideraestatutárias da TFP e Catohc,smo e para as atividades

Serviço de At . " end1mento ao Ass.mante

Ti' e e,one: (011) 223-4233

.

Correspondência·

Caixa Posta~ 9159 - CEP 01065-970 Sao Paulo _ SP

Setembro de 1997

Honrada e feliz

C8:J É uma enorme graça para mim poder receber todas os meses Catolicismo. Esta revista é um Evangelho ambulante. Eu agradeço a Deus por ter pessoas que não se envergonham da nossa Re ligião. Se todas as pessoas cristãs fossem como vós, não haveria essa desordem na Igreja. (J.L.B. - Ponta Grossa-PR)

C8:J Sinto-me honrada pela participação [na campanha de Catolicismo]. Amei ser assinante desta belíssima revista. Sendo participante da Campanha Nossa Senhora de Fátima não tardeis!, fico fe liz em receber mensalmente esta grande revista. Leio com bastante atenção toda ela e, pri ncipalmente, as grandes mensagens e entrevistas do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Que Deus o tenha num lugar de muita luz, paz e felicidade. Deus os abençôe. (M.J.M. - Recife-PE)

Mãos guiadas por Nossa Senhora

(*) Nota:

Pe. A. Royo - Dado o seu poder supremo,

"Esta revista é um Evangelho ambulante"

C8:J Tenho certeza que as vossas mãos foram gui adas por Nossa Se nhora em me dar a oportu nidade de ser mais uma vez assin ante dessa revista maravi lhosa. Já fui assinante uma vez e nunca dei muita importância, às vezes nem lia, ao contrário de hoje que leio desde a capa até a última página. Recebi dois números e já estou ans iosa pelo próximo. Enquanto eu viver quero ser assinante. Agradeço ao Sr. por me haver dado essa nova chance. (R.S.R. - Araruama-RJ)

Instrui, incentiva, orienta e ajuda

C8:J Como assinante desta maravi lhosa revista que é Catolicismo, dir-l he-ei que estou muito contente com a revista, a qual é instrutiva e nos incentiva com suas profundas mensagens. Ela nos orienta e nos ajuda em nossa Caminhada. (C.V.R. - São Luís-MA) ''É uma terapia para mim"

C8:J Estou lendo a revista Catolicismo de junho. Ela é uma terapia para mim , ela é fantástica nos fatos e entrevistas. Leio-a todas as noites antes de dorm ir. Até parece que eu achei uma solução para viver mais tranqüi lo neste tempo tão contu rbado no qual estamos vivendo. Rádios , televisão, jornal fazem um estardalhaço danado com notícias malucas deixando o povo em situação mais confusa para a cabeça dos jovens. A revista fa la do passado, presente e futuro, da Verdade e da justiça. Continuem assim. (A.L.B. - Mairiporã-SP)

"Comunismo disfarçado"

C8:J Eu pensava que esta revista fosse uma revista qualquer, mas ela é o máximo. Nota 1O. Quando recebo, a primeira coisa que procuro é a vida dos Santos. Tudo nela é muito importante, como essa história dos sem terra e sem teto: isso é uma safadeza. De onde vieram? Aonde estavam antes? Isso é o comunismo disfarçado. (M.S.S. - Recife-PE) "Nossa Senhora não abandona seus filhos"

C8:J Só o que posso di ze r é que é uma revista à altura de um ser humano criado à imagem e seme lhança de Deus. Peço a Deus que, como diz o salmo: "Ca iam mil à tua dire ita e dois mil à tua esquerda e tu ficarás de pê', que ela jamais se deixe influenciar pe la sabedoria do mundo. Tenho fé que isso jamais acontecerá, pois Nossa Senhora não abandona se us filhos e tem já um intercessor junto a Deus, o Professor Plí nio Corrêa de Olive ira. Deus os abençôe juntamente com esse trabalho maravilhoso. (A.M.N. - Taquari-RS)

Não perca este livro - - - que pode mudar sua vida

"A Maravilhosa História e os Milagres de Nossa Senhora Aparecida" O sucesso deste lançamento revelou o quanto Nossa Sen hora Aparecida é querida e homenageada pelo povo brasileiro.

"Não acredito ter conseguido uma revista desta"

C8:J É com uma alegria muito grande que estou lhe escrevendo. Uma revista como esta não tem críticas a se fazer. Às vezes não acred ito ter consegido uma revista desta em minhas mãos. Estou encantada com tanta coisa maravi lhosa. Achei super-importante a resposta do Cônego José Lu iz nesta edição sobre macumba e espiritismo. A mensagem das mães na contra-capa da revista de maio é·m.aravi lhosa. Continuem assim e que Nossa Senhora de Fátima encha de bênçãos aos Diretores desta revista e seus fami liares. (A.F.V.S. - Cosmorama-SP) CATOLIC ISMO -

1

1

BOpáginas Fácil de ler

Este livro não é encontrado em \ivranas

Fácil de compreender Documentado Amplamente ilustrado Historicamente idôneo Em tamanho de bolso

Setembro de 1997

Faça já seu pedido pelo

f7i\ (011) 257-1088

'V

(das 8:00 às 18:00 hs.)

29


\J-111 '--'

'--' 1\ .:.J_,J J

.!...) .'..)

SETEMBRO

8 - NATIVIDADE DE NOSSA SENHORA. Celebra-se essa festa para se honrar o Nascimento da Mãe de Deus e nossa (vide seção Página Mariana da presente edição, p. 5).

1 - São Gil, Abade e Confessor. Séc. VIII. Orig inário da Grécia, estabeleceuse no sul da França e fundou uma comunidade de monges. Foi muito procurado para a cura de enfermidades do corpo e da alma. Seu culto era muito popu lar durante a Idade Média.

2 - Santos Justo, de Lião, e Vi ator, Eremitas. Séc. IV. Justo, am igo de Santo Ambrósio e Bi'spo de Lião, na França, desgostoso por seus fiéis terem linchado um louco assassino que se pusera sob sua proteção, retirou-se com um discípu lo, Viator, para o Egito, onde levaram a vida penitente dos padres do deserto até a morte. Mais tarde seus diocesanos transportaram suas relíquias para Lião.

9 - São Pedro Claver, Confessor. + Cartagena (Colômbia), 1654. Apóstolo dos Negros, nasceu na Espanha e partiu para a então Nova Granada dizendo: "Quero passar toda minha vida trabalhando pelas almas, sa lvá-las e morrer por elas". Foi o que fez por mais de 40 anos entre os negros, morrendo vítima de moléstia contraída ao atender empestados. Nossa Senhora das Dores (Aleijadinho)

3 - São Gregório Magno, Papa, Confessor e Doutor da Igreja. + Roma, 604. De família senatorial romana, mu ito jovem foi prefeito da cidade. Herdeiro de enorme fortuna, fundou seis mosteiros, fazendo-se bened itino num deles. Delegado apostólico em Constantinopla e depois Papa, exerceu o governo da Igreja com firmeza e energia, destacando-se sua obra na organização do culto e do canto sagrado. 4 - Santa Rosa de Viterbo, Virgem. + 1252. A vida desta Santa é realmente um prodígio. Terceira franciscana e pregadora popular aos oito anos, foi desterrada para Sariano pelo Imperador Frederico li, inimigo da Santa Sé. Retornando a Viterbo, fundou um convento, que foi fechado pela inveja de outras monjas. Faleceu aos 17 anos de idade já aclamada por todos como santa. 5 - São Lourenço Justiniano, Bispo e Confessor. + Veneza, 1455. Patriarca de Veneza, distinguiu-se pe la santidade de vida e caridade para com os pobres . Modelo de Bispo, é considerado o inspirador da reforma eclesiástica levada a efeito um século mais tarde pelo Concílio de Trento.

1 O - São Nicolau de Tolentino, Confessor. + Itália, 1305. Da ordem dos Eremitas de Santo Agostinho, sua vida foi semeada de aparições ce lestes e perseguições do demônio. Apóstolo na pregação e no confessionário, já lhe eram atribuídos milagres em vida. Foi um dos responsáveis pe lo fim do Cisma do Ocidente. 11 - Santos Proto e Jacinto, Mártires. + 257. Estes dois irmãos, escravos, por sua influência converteram a fi lha de seus donos, a menina Eugênia que, como eles, sofreria também o martírio. Os ossos dos dois irmãos que escaparam à fogueira, foram recolhidos e sepu ltados nas catacumbas.

24 - São Vicente Maria Strambi, Bispo e Confessor. + Roma 1824. Passionista, grande pregador popular e depois Bispo, recusou fazer o juramento de fidel idade a Napoleão, que usurpara os Estados Pontifícios, sendo exilado por sete anos. Leão XII aceitou depois sua renúncia ao episcopado, tomando-o como seu diretorespiritual e conselheiro. Estando o Pontífice em perigo de morte, São Vicente ofereceu sua vida pela do Papa, sendo atendido.

16 - Santos Cornélia, Papa, e Cipriano, Bispo, Mártires.++ 252 e 258. Esses dois mártires aparecem junto s no Cânon da Missa. São Cornélia governou a Igreja de 251 a 253, sendo desterrado pelo Imperador Galo. São Cipriano, Bispo de Cartago, exerceu , por sua virtude e sólida doutrina, teve extraordinária influência no norte da África, onde foi martirizado. 17 - São Roberto Belarmino, Bispo, ConfesSão Roberto sor e Doutor da Igreja.+ Roma, 1621. Jesuíta, autor das adm iráveis Controvérsias, obra em que refuta os sofismas protestantes. Foi Arcebispo de Cápua, Cardeal, consu ltor das principais Congregações Romanas e conselheiro de vários Papas. 18 - São José de Cupertino, Confessor. + Itália, 1663. Esse filho de São Francisco compensava abundantemente em inocência e simplicidade o que lhe faltava de dons naturais. Tampouco dotado de talento, chamava-se a si próprio Frei Asno. Mas seu amor a Deus era tão intenso que entrava em êxtase à vista da menor de Suas manifestações nas criaturas.

Belarmino

25 - São Firmino, Bispo e Mártir. + Am iens, Séc. li. Originário da Península Ibérica, de nobre família, foi sagrado Bispo aos 24 anos para converter os pagãos na antiga Gália. Juntava à beleza da palavra o testemunho dos milagres, curando cegos, leprosos, surdos, paralíticos e livrando possessos. O governador pagão mandou prendê-lo e assassiná-lo discretamente no cárcere para evitar revolta popular em seu favor. 26 - Santos Cosme e Damião, Mártires. Séc. Ili. Irmãos gêmeos de origem árabe, médicos, segundo a tradição operavam curas milagrosas. Por isso a Igreja os invoca contra doenças do corpo e da alma. Não querendo sacrificar aos ídolos , foram martirizados na perseguição de Diocleciano.

19 - São Januário, Bispo, e seus Companheiros, Mártires. + Benevento, 305. Na perseguição movida pelo Imperador romano Diocleciano, Januário foi lançado às feras com vários diocesanos. Como elas os poupassem, deceparam-lhes a cabeça. As relíquias de São Januário foram levadas a Nápoles no século IV. Desde então, anualmente, dá-se o milagre da liqüefação de seu sangue no dia de sua festa.

13 - São João Crisóstomo, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. + Armênia, 407. Um dos quatro grandes Doutores da Igreja Oriental, foi Bispo de Constantinopla, onde notabilizou-se por rara eloqüência, donde seu nome Crisóstomo (Boca de Ouro). Perseguido e desterrado pela Imperatriz Eudóxia, ariana , morreu a caminho do exílio. São Pio X declarou-o patrono dos oradores cristãos.

27 - São Vicente de Paulo, Confessor. + Paris, 1660. Cognominado o grande Santo do grande século na França. Fundador dos Lazaristas e das Irmãs de Caridade. Praticamente não houve atividade religiosa ou de caridade a que não estivesse ligado. Os religiosos e religiosas das Congregações que fundara foram peças fundamentais para fazer o protestantismo retroceder e perSão Vicente de Paulo der força naquele país. No Conselho de Regên20 - Santo Eustáquio e Companheiros, Márcia, foi responsável pela nomeação de Bispos virtuosos, o que tires. + Roma, 120. Eustáquio foi um dos maiores generais do exérc ito imperial e notável por sua caridade, apesar de pagão. auxiliou a realização de uma verdadeira reforma religiosa. Incentivou que fosse feita uma cruzada contra a Inglaterra, que perseNuma caçada, o cervo que perseguia voltou-se para ele com guia, naquela época, cruelmente aos católicos. Tal cruzada não uma cruz entre os chifres. Eustáquio converteu-se e sofreu o se realizou devido à oposição do Cardeal de Richelieu . martírio com a esposa e dois filhos, assados dentro de enorme estátua de metal aquecida. 28 - São Venceslau, Mártir.+ Boêmia, 929. Duque da Boêmia, praticou as mais heróicas virtu21 - São Mateus, Apóstolo e Evangelista. + des. Foi assassinado enquanto rezava na igreja, Antioquia, Séc. 1. Deixou sua mesa de arrecapelo próprio irmão, pagão, que ambicionava o trodador de impostos em Cafarnaum quando o no. Senhor, fixando-o, disse-lhe simplesmente: "Segue-me". Foi o primeiro que, por inspiração di29 - São Miguel, São Gabriel e São Rafael, vina, escreveu o Evangelho. Segundo a tradiArcanjos. (Antigamente: Ded icação de São ção, foi martirizado em Antioquia ou na Etióp ia, Miguel) onde teria instituído um convento de virgens.

14- EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO. Essa festa comemora a recuperação triunfal da verdadeira Cruz das mãos dos persas, em 630, pelo Imperador Heráclio, que a levou às costas de Tiberíades até o Calvário e a entregou ao Patriarca de Jerusalém.

22 - São Maurício e Companheiros, Mártires. + 286. Era comandante da famosa legião tebana, que guardava as fronteiras meridionais da Tebaida, no Egito. Na perseguição de Diocleciano foi martirizado com todos seus soldados, durante uma campanha militar, por não quererem sacrificar aos ídolos.

12 - SANTÍSSIMO NOME DE MARIA. Essa festa foi instituída pelo Papa Inocêncio XI para celebrar a libertação de Viena-que estava sitiada pelos turcos, em 1683 - efetuada por João Sobieski, rei da Polônia. Este último, na manhã do dia da batalha, colocou-se, bem como todo seu exército, sob a proteção de Maria Santíssima. E assistiu a Santa Missa, durante a qual permanceu rezando com os braços em forma de cruz. Ao sair da igreja, Sobieski ordena o ataque. Os turcos fogem cheios de terror e abandonam tudo, até o grande estandarte de Maomé que o vitorioso rei católico enviou ao Soberano Pontífice como homenagem a Maria.

6 - Santo Eleutério, Abade e Confessor. + Roma , 585. Abade do mosteiro de São Marcos, em Espoleta, era de uma inocência e simplicidade notáveis. São Gregório Magno, que o conheceu, afirma que, entre outros milagres, ele ressusc itou um morto com suas lágrimas e orações .

23 - São Lino, Papa e Mártir. Séc. 1. Primeiro sucessor de São Pedro, governou a Igreja por onze anos, sendo então decapitado.

15 - NOSSA SENHORA DAS DORES. Festa instituída por Pio VII em 1814, em substituição a duas outras muito antigas, para rememorar as dores da Co-Redentora do gênero humano.

7 - São Clodoaldo ou Cloud, Presbítero,

Confessor. + Saint Cloud (França) , 560. Neto de Clóvis, tendo seus tios assassinado seus dois irmãos para apoderar-se de seus Estados, Clodoaldo renunciou ao mundo, fazendo-se erem ita. O lugar onde construiu uma igreja e fixou seu reco lhimento, próximo a Paris, até hoje guarda seu nome.

30

São Gregório Magno , CATOLICISMO -

Setembro de 1997

São Jerônimo CATOLICISMO -

Setembro de 1997

30 - São Jerônimo, Confessor e Doutor da Igreja. + Palestina, 420. Nascido na Dalmácia, foi o oráculo de seu tempo e temível polemista contra os hereges. O Papa São Dâmaso confiou-lhe a tarefa de traduzir a Bíblia para o latim . A Igreja atribuiu-lhe o título de Doutor máximo na ciência da interpretação das Sagradas Escrituras.

31


Caminho de cruzes, mas luminoso

AI manha e França: difunde-se intensamente nesses países a Mensagem de Nossa Senhora de Fátima AT ILI O FAORO CORRESPONDENTE EM FRANKFURT

Muitos ouviram fa lar de Nossa Senhora ele Fátima. Quantos, porém, conhecem sua mensagem em terras germâni cas? "!,~felizmente, mui/o poucos" - responde o Sr. Julio Ubbelohcle, d iretor el a Campanha A Alemanha precisa de Nos sa Senhora , uma iniciativa da Associação Alemã para uma Civilização Cristã

32

(Deutsche Vereinigung .für eine Christiliche Kultur - DVCK), entidade afim às TFPs e co m sede em Frankfurt. " Por isso, continua o Sr. Ubbelohcle, decidimos lançar uma g rande campanha de difúsão da mensagem de Nossa Senhora de Fátima em terras germânicas. Os resultados são excelentes: em apenas um ano, foi possível, com o apoio do público, promover a impressão e distribuição, via postal, de 1,6 milhões de fo lhetos de apresentação do conhecido livro do Engº Antonio Augusto Borelli Machado sobre as palavras da Santa Virgem". Quatro edições ela obra foram vendi das, num total ele 9,6 mil exemp lares. Porém, não basta torn ar co nh ec ida a mensagem ele Nossa Senhora. É preci so colocá- la em prática. No começo cio ano, a Campanha consistiu em di stribuir fotos ela Mãe ele Deu s para se rem entronizadas nos lares. Na última Quaresma, os aderentes foram conv idados a rezar a Via Sacra, escrita pelo Prof. Plínio Corrêa ele Oliveira, em reparação pelas blasfêmias cometidas na Alemanha, espec ialmente co n-

• CATOLICISMO -

Setembro de 1997

tra a Santíssima Virgem (vicie Catolicismo nº 558, de junho p.p.). Depois os simpatizantes foram mobilizados para protestar contra a apresentação cio film e blasfemo Je vous salue Marie. Atualmente, a DVCK está di stribuindo um be lo estojo - Vamos todos rezar o Rosário - que contém um terço e um li vro exp licativo de como rezar com fruto esta santa devoção, recom endada por Nossa Senhora em todas as seis apari ções ele Fátima. Esse apostolado mari al está recebendo numerosas e ca lorosas adesões do público alemão. Eis algumas amostras ela vasta correspondência recebida: Q "Fiquei muilo .feliz ao receber seu presente, o rosário e o livreto, ainda mais porque chegou exatamente no dia de meu an iversário. Fo i o melhor presente que recebi. Agradeço-lhes de todo coração". □ "Admiro o /rabalho e o e.~forço dos Srs. e fico muito impressionado pelo bom gosto na apresentação de suas publicações. E o mais importante são as intenções dos Srs.". □ " O livro é absolutamente soberbo!" □ "Ag radeço de coração sua carta e especialmenle o grande quadro de Nossa Senhora que me enviaram. Após ser emoldurado, recebeu o lugar de honra em nossa casa, que per/ence à Virgem Santíssima". D "O que me impressionou profundamente foi a forma e a apresentação de seu envio. O conteúdo corresponde à pura verdade".

*

*

*

Inspirada nas experiências - coroadas de tanto êxito por Nossa Senhora de outras TFPs e entidades afins, aSociété française pour la défense de la Tradition, Famille et Propriété - TFP lançou recentemente La France a besoin de la Sainte Vierge: Une campagne de la TFP [A França precisa de Nossa Senhora: U ma campanha da TFP]. Consiste ela na remessa de material semelhante ao acima mencionado da campanha ela DVCK. A acolhida tem sido calorosa. Vejamos alguns exemplos da correspondência recebida: ~ De um casal da cidade de Lyon: "O luxuoso estojo e o livro que compõem este envio merecem, por si só, cumprimentos calorosos. Porém, o fim a que os Srs. se propõem, consistindo em encorajar a recitação do terço pelas famílias atuais, é ao mesmo tempo nobre e audacioso nas presentes circunstâncias. Nossa oração a Nossa Senhora será também para que Ela abençôe seu movimento e intervenha nos corações dos homens em favor dos objetivos dos Srs ". ~ De um aderente da cidade de Six Fours Les Plages: "Quantas vezes ouvimos falar de miséria e de pobreza, tanto em países longínquos como às nossas portas. Trabalhamos, na medida do possível, para ajudar materialmente nossos irmãos. Mas quem nos.fala do abandono espiritual que se alastra, ainda mais pernicioso que o existente em nosso país? Só posso aplaudir e aderir à iniciali va dos Srs., que considero genial. E que audácia! Mas estou certo que sua campanha será frutuosa, pois quem se engaja, de verdade, ao lado de Jesus e de Maria, está em um caminho com obstáculos, 111as luminoso. Que Deus abençôe os Srs. e sua missão". ~ De um sacerdote ele Nantes: "Acompanho com o maior interesse sua ação pela defesa da TFP, especialmente a campanha pela recitação do terço e a devoção a Nossa Senhora. Sinceras .felicitações pelo estoj o contendo o terço e o pequeno livro admirável explicação - que prestará g randes serviços para ser fiel ao santo rosário. Os Srs. concretizaram assim um. meio de grande valor para.fazer conhecer, amar e servir Maria Santíssima". □

Amanhã de Nossos Filhos: vigorosa campanha contra o massacre da inocência das crianças

L

amentavelmente o Ministro da Educação, Sr. Paulo Renato Souza, encam inhou ao Conselho Nacional de Educação um projeto de Educação Sexual que é um verdadeiro plano de demolição da inocência das crianças brasileiras. É a negação mais escancarada dos princípios cristãos, os quais são vistos como tabus e preconceitos que prec isam ser varridos. Tal projeto já está sendo posto em prática, a título de experiência. A televisão imoral - talvez se pudesse considerar que nada a sup lantaria no massacre à inocência e ao pudor está sendo tristemente superada por au1as sobre práticas sexuais as mais aberrantes. Ante tal monstruosidade, a Campanha da TFP O Amanhã de Nossos Filhos está promovendo o envio de Apelos ao Ministro da Educação protestando contra a assim chamada educação sexual. Segundo o presidente do Pro VidaFamília de Brasília, Sr. Humberto Leal Vieira, há professores que recomendam aos alunos nada contarem aos pais

do que se passa nessas aulas. O que constitui um atentado contra o pátrio-poder - de direi to natural - e uma violação escandalosa dos princípios cristãos, que rege a vida da maioria das famílias brasileiras. Pais, mães e professores católicos têm reagido prontamente, manifestandose indignados pelo auge que já atingiu essa aberração. Se o leitor ou a leitora de Catolicismo ainda não recebeu o for mulário com o protesto a ser enviado ao Ministro da Educação, ou se deseja obter mais inform ações sobre tão importante assunto, entre em contato direto com a Campanha O Amanhã de Nossos Filhos: Rua Maranhão , 620 - sa la 13 - 01240-000 - São Paulo,SP - Tel/ Fax (Oll) 66-9187. Queira Santa Teresinha do Menino Jesus - cujo centenário da morte comemora-se nesta edição e exemplo de qu em manteve intacta sua inocê ncia bati smal - interceder junto a Nossa Senhora para fazer cessar tão brutal afronta a Deus, ao pátrio-poder e ao pudor dessas indefesas crianças. O

Nosso Senhor usou palavras enérgicas em relação àqueles que forem causa de escândalos para as crianças (dr. Lc 1,2).

CATOucrSMO -

Setembro de 1997

33


3JJ

~TF.P EM CAMPANHA NACIONAL CONTRA O ABORTO través das ca mpanhas Amanhã de Nossos F ilhos e Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis, a TFP vem mobil iza ndo seus aderentes contra a lei sobre a obrigator iedade de ate ndimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde) dos casos de aborto previstos no artigo 128 do Cód igo Penal. Em especial, há meses a entidade vem difundindo o livro Aborto: 50 perguntas - 50 respostas . Por meio de abaixoassinados aos membros da Com issão de Constituição e Justiça da Câmara, telefonemas, fax e cartas-apelo, de A matança dos inocentes, determinada pelo rei Herodes logo após o Nascimento

A

sos em q ue tal risco ex istir, a Igreja ens ina o que é lícito fazer, conforme a situação concreta.

Questão de Consciência

19 Arcebispos e Bispos responderam ao Amanhã de Nossos Filhos dando pareceres condenando o projeto de le i, conforme realçou a referida carta, que em termos veementes assim apelava a cada um dos deputados da Comissão de Constituição e Justiça: - "V. Excia. esteja certo de que, se uma leg islação iníqua abrir amplamente as portas ao aborto em nossa do Redentor, repete-se hoje através da prática criminosa do aborto todo o Brasil chegaram ao Pátria, ficará criada no Congresso Nacional protestos veementes seriam obrigados a jázer esses aborBrasil uma crise de consciência talvez dos participantes dessas iniciativas, as tos, ou cooperar neles, bem como a de sem precedentes em nossa História, na quais se irradiam por mais de 3.000 cidatodos os demais cidadãos que ao remedida em que for se implantando a prádes bras ileiras. colher os impostos a que obrigados, tica abortista nos hospitais brasileiros. Ainda na véspera da votação pela sentir-se-iam como cooperadores no "Esses legisladores responderão peComissão de Constituição e Justiça - na mal". rante a justiça divina por cada assassiqual o projeto foi aprovado - uma deleEsse pretexto de regulamentar nato de inocentes que assim se fi ze r, gação do Amanhã de Nossos Filhos encasos de aborto não punidos pelo Cócomo também pela enorme crise de constregou extensa carta aos membros dessa digo Penal vigente, na verdade ciência que deixará o País em carne viva, Comissão, ocasião em que manteve conescancara as portas para todo tipo de uma vez que a cada católico se imporá a tato direto com vários deputados. aborto . Como prova de estupro, a únigrave obrigação da "objeção de conscica exigência será apresentar cópia de ência " diante dessa legislação, a qual um registro policial, que qualqu er Inconstitucional foi relembrada por João Paulo li na mulher poderá obter em qualquer deencíclica Evangelium Vitae". legacia, bastando para isso declararA carta salientava que 21 juristas No caso específico, a responsabise " violentada". de São Paulo, do Rio e de outros Estados, lidade moral torna-se ainda mais premenNão sendo exigida nenhuma consultados pelo Amanhã de Nossos Fi'te , uma vez que o Código de Direito prova dessa "violência", a criança lhos, apontavam a inconstitucionalidade Canônico fulmina com pena de exco·i nocente será implacavelme nte condesse projeto de lei. denada à morte pelo testemunho de munhão a todos os que, direta ou indirePor exemplo, o Desembargador uma só pessoa, sua própria mãe. tamente , colaboram na efeti vação do José Barreto Fonseca, do Tribunal de JusA carta aos membros da Coaborto, praticam-no ou o induzem. tiça do Estado de São Paulo, assim se exmissão advertia que, de fato, a apl iSe o aborto for aprovado em nospressou: "Seria f lagrantemente inconscação da lei será gravemente danosa so País, o sangue das indefesas e inocentitucional, não só por cifrontar o "caput" à saúde da mulher, pois, com o avando artigo 5º da Constituição, mas, tam- ço da ciência médica, praticamente tes vítimas ficará como o de Abe l, bradando aos Céus e clamando a Deus por bém, por violar a liberdade de consciênnão existe gravidez que coloque em O vingança. cia de médicos e outros servidores que risco a vida da mãe. E nos raros ca-

34

, CATOLICISMO -

Setembro de 1997

Tem sido muito esclarecedora a constante presença da TFP em feiras agropecuárias, em contato direto com produtores rurai s, com empregados de fazend as e até com assentados. É notáve l o empe nho em se trabalhar pela harmonia social no Brasil, só contrastado por certos promotores de invasões. Nos últimos meses, a TFP atuou m Exposições agropecu ári as de Redenção-PA, lnhumas-GO, Guaraí-TO, Guni'pi-TO, Araguaína-TO e Montes Claros-MO. CATOLICISMO -

Setembro de 1997

Em

sessão rea lizada no Gran Hotel Velázquez de Madri , a TFP espanhola lançou em junho p.p. Comentarias al libro "El Gran. Medio de la Oración. ", com a transcrição de conferências pronunciadas pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a respeito dessa importante obra de Santo Afonso Maria de Ligório sobre a necessidade e o valor da prece para obtermos graças, sobretudo a de nossa salvação eterna.

35


O pavão e o Cisne PLINIO CüRR ÊA DE ÜLIY EIRA

O

PAVÃO E O CISNE simbolizam a nobreza - de maneiras e graus diferentes - porque ambos têm, inerentes a si, uma certa superioridade. O pavão, adornado com tudo aquilo que é rico e complexo, convida à análise e à admiração. O cisne, pelo contrário, é nobre pela sua extrema simplicidade. Ele tem a cor branca como ornato, mas o branco é a síntese de todas as cores.Assim, todas as belezas que existem no pavão estão presentes - de certa maneira - também no cisne, de modo simplíssimo. O pavão foi feito para viver no chão; o cisne na água, refletindo nela a sua formosura. Não há, entretanto, postura mais simples do que estar flutuando sobre as águas. O pavão tem o luxo da plumagem, uma maravilha. Entretanto, as linhas do cisne são muito mais elegantes. Sobretudo seu pescoço apresenta a nota da altaneria. É um pescoço comprido que se volta para trás e olha com ca,lma, do alto do seu ponto culminante, para os bichinhos que flutuam sobre a água, que lhe servirão de alimento. É muito bonito algo que move algo. Mas, quanto mais modesto é o que move, tanto mais nobre é a movimentação. Ora, o cisne com um discreto movimento de patas, desliza suavemente sobre as águas, deixando a nós - homens - picados por uma como que inveja. Em suma, o pavão tem toda a nobreza e toda a beleza da complexidade, do talento, enquanto o cisne é majestoso por sua própria singeleza. Qual dos dois é mais nobre? São deveras admiráveis a alvura e a simplicidade do cisne, altas qualidades. Por isso, fica fácil dizer: porque é muito simples, é mais belo. Entretanto, imaginem uma coroa de ouro cravejada de pedras preciosas, e outra do mesmo formato, só de ouro. Qual · das duas é mais formosa? Evidentemente a ornada de pedras preciosas. Então, por que aspsyp eclrarias da plumagem do pavão não lhe valem o que as pedras preciosas representam para a coroa? Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP, em 6 de novembro.de 1992. Sem revisão de autor.



CATOLICISMO O U TUBRO

DE

1 997

N

°

5 6 2

Nes t a Ed i çao Capítulo VII

A essência da Revolução

I'

2 Hevolu,;~Io v C,mtra Rcvolu<_:;Io A essência da Revolução

Descrita assim rapidamente a crise do Ocidente cristão, é oportuno analisá-la.

1 A Revoluçiio por excelência Esse processo c ríti co de qu e nos vimos ocupando é, já o dissemos, uma revolução.

A. Sentido da palavra "Revolução" Damos a este v cábul o o sentido de um movimento que visa destruir um poder ou uma ordem legítima e pôr cm seu lugar um estado de co isas (inte ncionalmente nã queremos dizer ordem de coisas) ou um pod r il egítimo.

conseqüências mais profundas, são capítulos dela, e dos mais sanguinolentos .Ao passo que a legislação cada vez mai s socialista de todos ou quase todos os povos hodiernos constitui um progresso importantíssimo e incrue nto da Revolução .

C. A amplitude desta Revolução

4 A paL1, rn do Diretor

s Pagina Marian;:1 Fátima 80 anos: do Reino de Maria ao Reino de Cristo

9 Escrcvcrn <is leitores

A Revolução tem derrubado mui tas vezes autoridades legítimas, substituindo-as por outras sem qualque r títul de legitimidade. Mas haveria enga no em pensar que e la consiste apenas ni sto. Seu objetivo principal não é a destruição destes ou daqueles direitos de pessoas ou famílias. Mais do que isto, ela quer destruir toda uma ordem de co isas legítima, e substituí-la por um a situ ação ilegítima. E "ordem de ·oisas" ainda não diz tudo. É uma visão do universo e um modo de ser do homem, que a Revolução pretende abolir, com o intuito de substituí-los por outros radicalmente contrários.

D. A Revolução por excelência B. Revolução cruenta e incruenta

Neste sentido se co esta Revolução não é a volução, mas é a Revol

Neste sentido, a rigor, uma revolução pode ser incruenta. Esta ele que nos ocupamos se desenvolveu e continua a se desenvolver por toda sorte de meios, alguns dos quais cruentos, e outros não. As duas guerras mundiais deste século, por exemplo, consideradas em suas

No próximo número, publicaremos o ítem E deste mesmo capítulo, no qual é descrita a ordem por excelência, que existiu na Idade Média, e como vem ela sendo destruída.

10 Atualidade

Apesar de a espada ter deixado de ser arma bélica - como em outras épocas-, tornou-se ela um símbolo universal de honra e dignidade

João Paulo li e a família

12 A palavra do sacerdote Por que batizar as crianças?

13 ~.O.S. Família

22 Um dia com Plinio Corrêa de Oliveira

27 Filho devotado da Santa Igreja

Conselhos de um Santo para educar os filhos

33

A realidade concisamenw

Sólida devoção mariana: alicerce de toda a vida espiritual

Fracasso do Socialismo Sueco

37

16

O restaurador da ordem temporal

15

Santos e festas do 1n&s

42 18

TFPs crn a <;~io

Ca11a

No Reino Unido: "Tradição, Família, Propriedade. __ ,,

Homenagema Plinio Corrêa de Oliveira no 2° aniversário de sua morte

20

44 Arnhicn.tcs, Costu1nes, Civil iza,:ücs

Nobre, guerreiro e filho da sabedoria

A espada

C AT O LIC I SMO

Outubro de 1997

3


Caro Leitor Há dois anos o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira deixava o convívio com seus filhos espirituais, discípulos e amigos, para atravessar os umbrais da eternidade. Como tive a graça de acompanhá-lo e de ajudá-lo em seus trabalhos e em sua luta em prol da Igreja e da civilização cristã por mais de 40 anos, posso afirmar que, apenas para descrever a riqueza de sua personalidade, e principalmente de sua vida espiritual, algumas dezenas de números especiais de Catolicismo não bastariam. Considerado, ajusto título, como o Cruzado do Século XX, Plínio Corrêa de Oliveira entregou sua alma a Deus - pelas mãos de Maria Santíssima - no dia 3 de outubro de 1995. Como São Paulo, ele "combateu o bom combate", ao longo de mais de 60 anos de vida exemplarmente apostólica. Tendo sido o inspirador e o sustentáculo de Catolicismo, a ele prestamos especial homenagem, externada através de cinco artigos da presente ed ição. Cinco matérias que focalizam facetas salientes de sua vigorosa persona lidade, bem como de suas extraordinárias virtudes, doutrina e obra. São também edificantes aspectos do dia-a-dia daquele a quem coube, de modo perfeito, o epitáfio: Varão católico, todo apostólico, plenamente romano. Mais que isso, oferecemos ao nosso inesquecível e tão saudoso Dr. Plinio - que do Céu acompanha o trabalho e o esforço realizado para melhorar cada vez mais esta revista, fundada sob sua inspiração - o novo projeto editorial de Catolicismo, introduzido nesta edição de outubro. Os leitores facilmente notarão o aspecto renovado da publicação, o acréscimo de oito páginas, das quais quatro são coloridas. Esperamos que os amigos leitores apreciem tan1bém as matérias escolhidas para este mês. Entre elas, merece destaque a nova seção S.O.S Família, que todos os meses apresentará preciosos conselhos para pais, mães e demais membros e.la familia, de acordo com os ensinamentos da Santa Igreja, extraídos de documentos de Papas, Santos, moralistas e autores renomados. Finalmente, um lembrete. No dia 2 de novembro comemora-se o Dia dos Fiéis Defuntos, das almas que se encontram no Purgatório à espera de nossas orações, para que possam entrar o quanto antes na glória celeste. Nessa data Catolicismo fará celebrar uma Santa Missa pelas almas de todos relacionados no encarte que foi enviado na edição de setembro, com exclusividade para os prezados assinantes, a fim de que aquelas almas sejam beneficiadas com as graças inestimáveis do Santo Sacrifício. Até o próximo mês, quando serão divulgadas outras matérias interessantes que estamos reservando para os membros dessa grande fam(lia de almas, que constituem os assinantes de Catolicismo, Em Jesus e Maria,

Paulo Corrêa de Brito Filho Diretor

4

CATOL I C I SMO

Outubrode 1997 •

Fátima 80 anos: do Reino de Maria ao Reino de Cristo A vitória prometida em Fátima - "Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!" será para os que confiem inabalavelmente na Divina Providência e travem "o bom combate" para que seja instaurado o Reino de Maria e, por via de conseqüência, o Reino de Cristo

V ALDTS

Jornalista Responsável:

Takano Fotolito & Gráfica Av. Dr. Silva Melo, 45 CEP. 04675-01 O São P.aulo

Preços da assinatura anual para o mês de OUTUBRO de 1997: Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:

R$ R$ R$ R$ R$

50,00 75,00 150,00 250,00 5,00

ENTRE TANTOS ASPECTOS relevantes e dignos da maior consideração na mensagem de Fátima, os que a lêem têm a atenção especialmente atraída para um ponto: as revelações de Nossa Senhora dizem respeito ao futuro. Ora, entre os diversos anúncios feitos por Nossa Senhora em Fátima quanto ao futuro sobressai a magnífica promessa de uma vitória final: "Por fún , o meu Imaculado Coração triunfará!" Analisando com cuidado a frase, vê-se que ela é composta de duas partes. O "por fim" inicial alude obviamente a uma mensagem anterior, ou seja, à difusão que seria feita pela Rússia de seus erros, e as guerras e revolu ções que provocaria por todo o mundo , em conseqüência das quais - fato espantoso - várias nações seriam aniquiladas. Tal é ocastigo que Nossa Senhora anunciou em Fátima, caso as nações não se emendassem de seus pecados. O "po_r fim", neste sentido, indica uma luta penosa, com vaivéns de toda ordem, e uma certa duração . A vitória que Nossa Senhora promete não é portanto automática, sem sofrimentos nem

GRrNSTEINS

privações, sem angústias nem perigos. "Quem vence sem perigo, triunfa sem glória", escreveu judiciosamente o famoso poeta francês Comei) le. Mas a promessa é firmíssima e não deixa margem a hipótese nenhuma de derrota: "O meu Imaculado Coração triunfará!"

Triunfar: o que significa? Fixemos nossa atenção na palavra usada por Nossa Senhora: por que se refere Ela a "triunfo" e não apenas a "vitória"? - Na verdade, alcançar um triunfo é muito mais do que obter uma simples vitória. O Novo Dicionário Aurélio define triunfo como "êxito brilhante; esplendor, pompa, suntuosidade; aclamação ruidosa" . Na Roma antiga, a vitória de um general era comemorada com um desfile público que se chamava exatamente triunfo, por estar cercado das características indicadas pelo dicionário citado. O triunfo, portanto, é uma vitória com glória.

Os direitos de Deus, conculcados pelo mundo moderno, exigem um triunfo portentoso Ao criar o mundo, Deus Nosso Senhor quis que este refletisse suas perfeições. E estas perfeições se manifes-

CATO L I C I S M O

Outubro de 1997

5


tam na reta ordem em que tqdos os seres estão constituídos . Ao hom em, como criatura racional e rei da criação, compete usar sapiencial mente de todas as criaturas, de acordo com o fim para o qual foram criadas. Acontece que, sendo o homem composto de corpo e alma, não basta reveren ci ar a Deus só na alma - ou no íntimo do coração, como se costuma dizer - mas é necessário que o faça também extern amente, por meio dos atos concretos da vida quotidiana. Al ém di sso, como o homem não vive só, mas em sociedade, é preci so que tais atos se conformem com a Lei de D eus também no s diversos es tágios da vid a social. O que, traduzido na vida di ári a, significa que as famílias , as diversas instituições e até os Estados devem , em se u conjunto, acomodar seus procedimentos aos princípios do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. E, por fim, render culto púb lico a Deus. Ora, o que acontece hoje é exatamente o contrário. A imensa maioria dos homens não obedece e não cultua a Deus, nem em público nem em particul ar. Não querem servir, nem louvar, nem reverenciar a Deus; e das coisas criadas só se valem para satisfazer suas paixões . Se do plano individu al , ou fa mi liar, passa mos para o âmbi to social ou político , quanto s pecados col etivo s são cometidos! Para exe mplificar, fal emos apenas da introdução do divórcio, d a " l egalização" do concubinato, das portas abertas para o aborto, da esterili zação de hom ens e mulheres prati cadas agora legalmente nos hospitais públicos , e outras aberrações ainda maiores que estão a caminho, na l eg i slação referente à soci edade familiar. Está na índole da sociedade humana que a verdade e a virtude sejam publicamente favorecidas, o erro e o vício publicamente condenados. Se uma sociedade inverte esses princípios - ou seja, promove o vício e escarnece da virtude - não pode deixar de vir do Céu um castigo, proporcional aos pecados cometidos. É razoável esperar qu e, em con-

6

C ATO L IC IS MO

trapartid a, o triunfo de Deus, por meio do Imacul ado Coração de Maria , alcance um grau portentoso, do qual o Milagre do Sol - qu e se revestiu de aspectos ine gavelmente apoca lípticos - foi provavelmente um símbol o adequado. Se Deus faz tudo com peso, conta e medida (cfr. Sap. 11 , 21), o Milagre do Sol, testemunhado por um a multidão calculada entre 50 e 70 mil pessoas por ocasião da última aparição de Nossa Senhora em Fátima, cuj o 80º aniversário comemoramos neste mês - , estaria a indicar a grandeza apoca líptica do triunfo do Imacul ado Coração de Maria que há de vir.

O Reino de Maria é coidêntico ao

Reino de Cristo Em seu famosís imo Tratado da verdadeira devoção à Santíss ima Virgem, São Luís M aria Grig ni o n de Montfort se compraz em descrever, em termos grandioso , es, e triunfo de Maria, como o meio m ai s apropr iado para instaurar na Terra o R ino de Nosso Senhor Jesus C ri sto: "Quando

virá este tempo feli z em que Maria se rá estabelecida Senhora e Sobera na nos co rações, para submetê- los plenamente ao império de s u grande e único Jesus? .... Meu ca ro irmão, quando chega rá esse tempo f eliz, esse século de Maria, em que inúmeras almas escolhidas, perdendo -se n.o abismo de seu interior, se tornarão cópias vivas de Maria, para amar e glorifica r Jesus Cristo ? Esse tempo só chegará quando se conhecer e praticar a devoção que ensino, 'Ut adve ni at

•••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• • • • •• • • • e • • Ü M II AGRE: Dt FÁT1MA. tomando tonalidades brilhantes e • • • • diferentes cores . • • 13 de outubro de 1917 Animado três vezes de um mo- • • vimento louco, o globo de fogo pa- • • ANTON IO A. BoRELLI M ACHAoo* •• receu tremer, sacudir-se e precipi- • •

'sr; -.

•• •

• •• • • • • • ••

• • • • •• •• • • •• • •• •• • • • •• • •

• •• • •

r eg num tuum, adveniat regnum Mariae "' (op. c it. , Vozes, Petrópolis, 1984, 13ª ed. , pp . 2 10-2 11).

"Que venha o Reino de Maria, para · que assim venha o vosso Reino" - isto é, o de Jesus Cristo. Algum leitor poderia perguntar porque esta precedência, digamos cronológica, do Reino de Maria sobre o Reino de Cristo. - Segundo a teologia mari ana de São Luís Grignion de Montfort, Maria é o caminho que nos conduz a Cristo. E no âmbito das revelações de Fátima, essa visualização se ►

Outubro de 199 7

• • • • • •

Poucos dias depois de haver ocorrido, o milagre do sol foi documentado por várias publicações. Uma delas, '\4 Ilustração Portuguesa", estampou no dia 29 de outubro de 1917 a reportagem que reproduzimos no fac-símile acima

e

orno das outras vezes, os videntes notaram o reflexo de uma luz e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira: Lúc1A: "Que é que Vossemecê me quer?" NossA SENHORA: "Quero dizer-te que façam aqui uma capela em minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias. A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas casas". Lúc1A: "Eu tinha muitas coisas para Lhe pedir. Se curava uns doentes e se convertia uns pecadores ..." NossA SENHORA: "Uns sim, outros não. É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados".

Sexta

últi,na aparição:

E tomando um aspecto triste: "Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor que já está muito ofendido". Em seguida, abrindo as mãos, Nossa Senhora fê-las refletir no sol, e enquanto Se elevava, continuava o reflexo da sua própria luz a projetar-se no sol. Lúcia , nesse momento, exclamou: "Olhem para o sol!" Desaparecida Nossa Senhora na imensa distância do firmamento, desenrolaram-se aos olhos dos vi dentes três quadros, sucessivamente, simbolizando primeiro os mistérios gozosos do rosário, depois os dolorosos e por fim os gloriosos (apenas Lúcia viu os três quadros; Francisco e Jacinta viram apenas o primeiro): Apareceram , ao lado do sol, São José com o Menino Jesus, e Nossa Senhora do Rosário. Era a Sagrada Família. A Virgem estava vestida de branco, com um manto azul. São José também se vestia de branco e o Menino Jesus de vermelho claro. São José abençoou a multidão, traçando três vezes o sinal da Cruz. O Men ino Jesus fez o mesmo. Seguiu-se a visão de Nossa Senhora das Dores e de Nosso Senhor acabrunhado de dor no caminho do Calvário. Nosso Senhor traçou um sinal da Cruz para abençoar o povo. Nossa Senhora não tinha a espada no peito. Lúcia via apenas a parte superior do Corpo de Nosso Senhor. Finalmente apareceu, numa visão gloriosa, Nossa Senhora do Carmo, coroada Rainha do Céu e da Terra, com o Menino Jesus ao colo. Enquanto estas cenas se dese nrolavam aos olhos dos viden -

tes, a grande multidão de 50 a 70 mil espectadores assistia ao milagre do sol. Chovera durante toda a aparição. Ao encerrar-se o colóquio de Lúcia com Nossa Senhora, no momento em que a Santíssima Virgem Se elevava e que Lúcia gritava "Olhem para o sol!", as nuvens se entreabriram, deixando ver o sol como um imenso disco de prata. Brilhava com intensidade jamais vista, mas não cegava. Isto durou apenas um instante. A imensa bola começou a "bailar". Qual gigantesca roda de fogo, o sol girava rapidamente. Parou por certo tempo, para recomeçar, em seguida, a gi rar sobre si mesmo, vertiginosamente. Depois seus bordos tornaram -se escarlates e deslizou no céu , como um redemoinho, espargindo chamas vermelhas de fogo. Essa luz refletia-se no solo, nas árvores, nos arbustos, nas próprias faces das pessoas e nas roupas ,

tar-se em ziguezague sobre a multidão aterrorizada. Durou tudo uns dez minutos. Finalmente o sol voltou em ziguezague para o ponto de onde se tinha precipitado, ficando novamente tranqüilo e brilhante , com o mesmo fulgor de todos os dias. O ciclo das aparições havia terminado. Muitas pessoas notaram que suas roupas, ensopadas pela chuva, tinham secado subitamente. O milagre do sol foi observado também por numerosas testemunhas situadas fora do local das aparições, até a 40 quilômetros de distância. (Cf. Memórias li, p. 162; IV, pp. 348 e 350; De Marchi, pp. 165166; Walsh , pp. 129-131; Ayres da Fonseca, pp. 91-93; Galamba de Oliveira, pp. 95-97). * Este artigo faz parte do livro do mesmo autor, "As Aparições e a Mensagem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia", 46º ed., p. 56 .

• • • • • • • • •• • • • •

• •• • • •• • • • • • •• • •• • •• •

• • • • •• • • • • • • • • • • • • •• • •

• • • •• •

• • • • • • • ••••••••••••••••••••••••• •••• •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• e ATO L Ie IS M O

Outubro de 199 7

7


,, ,_, IJ ,J ,, 1'

~.'.J.:.JJJ~.:J

confirma: a Irmã Lúcia perguntou ~ certa vez a Nosso Senhor, por que não convertia a Rússia independemente da consagração dessa nação ao Imaculado Coração de Maria, a ser feita pelo Santo Padre. Nosso Senhor lhe respondeu: "Porque

porque vê quantos homens, quantas sociedades e quantos cristãos foram indo em direção oposta àquela que foi indicada pela mensagem de Fátima".

quero que toda a minha Igreja reconheça essa consagração como um triunfo do Coração Imaculado de Maria, para depois estender o seu culto e pôr, ao lado da devoção ao meu Divino Coração, a devoção deste Imaculado Coração" (cfr. A.A, Borelli Machado, As aparições e a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia, 46ª ed., p. 79).

isso, o convite evangélico à penitência e à conversão, expresso com as palavras da Mãe, continua ainda atual. Mais atual mesmo do que há 65 anos atrás. E até mais urgente" (Insegnamenti di Giovanni Paolo II, Li-

De onde conclui o mesmo Pontífice: "Precisamente por

breria Editrice Vaticana, 1982, vol V, 2, pp. 1570 a 1575 grifos do original) .

O Reino do Imaculado Coração de Maria: a grande meta daTFP

Assim, na perspectiva de Fátima, como na de São Luís Grignion de Montfort, o Reino de Maria será especificamente o Reino do

Imaculado Coração de Maria.

A realeza social de Nosso Senhor Jesus Cristo Toda esta visualização se compagina admiravelmente com o ensinamento do Supremo Magistério da Igreja sobre a realeza social de Nosso Senhor Jesus Cristo, exposto na encíclica Quas primas, de 11 de dezembro de 1925, com a qual Pio XI instituiu a festa de Cristo Rei. Aquele Pontífice, em sua encíclica, é taxativo ao afirmar: "Não podem,

pois, os homens de governo recusar à soberania de Cristo, em seu nome pessoal e no de seus povos, públicas homenagens de respeito e submissão" (Vozes, Petrópolis, Col. Documentos Pontifícios nº 20, tópico 14).

Imagem de Nossa Senhora de Fátima que chorou milagrosamente no mês de julho de 1972 em Nova Orleans, Estados Unidos

"O misterioso pranto nos mostra a Virgem de Fátima a chorar sobre o mundo contemparâneo, como outrora Nosso Senhor chorou sobre Jerusalém. Lágrimas de afeto terníssimo, lágrimas de dor profunda, na previsão do castigo que virá" Plinio Corrêa de Oliveira

Os homens caminharam em direção oposta à Mensagem de Fátima Ouçamos o que diz a respeito S.S. João Paulo II, em sua primeira viagem a Fátima, na homilia da Missa do dia 13 de maio de 1982: "Esta mensagem é dirigida

E depois de indagar como é que ele próprio se apresenta, diante de Nossa Senhora de Fátima, o Pontífice responde: "Apresenta-se com an-

a todos os homens. O amor da Mãe do Salvador chega até onde quer que se estenda a obra da salvação. E objeto do Seu desvelo são todos os homens de nossa época e, ao mesmo tempo, as sociedades, as nações e os povos".

siedade, a fa zer a releitura daquele chamamento materno à penitência e à conversão, daquele apelo ardente do Coração de Maria, que se fe z ouvir aqui em Fátima, há 65 anos. Sim, relê-o, com o coração amargurado,

a

CATO LI CISMO

Outubrode 19.97

Ass im se compreende quanto estava certo o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira que, ao tomar conhecimento das revelações de Fátima, Jogo dirigiu seus esforços apostólicos, e os da TFP por ele fundada, para a mais amp la difusão de tal Mensagem. Difusão essa que não esmoreceu ao longo do tempo, antes desabrochou na monumental campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!, que tem sido ocasi ão de caudalosas graças para incontáveis almas por todo o Brasil, e até pelo mundo afora, onde campanhas análogas vão sendo desenvolvidas pelas demais TFPs. Foi na segurança da vitória final anunciada por Nossa Senhora, que o insigne líder católico, falecido santamente há dois anos, em outubro de 1995, deu impulso a numerosas e bem sucedidas campanhas públicas em defesa dos princípios basilares da civilização cristã - a tradição, a família e a propriedade. É essa mesma segurança que dá hoje a todos os sócios, cooperadores, correspondentes e simpatizantes da entidade a força de continuar batalhando na linha traçada por seu Fundador, a fim de contribuírem, na medida de suas possibilidades, para a implantação do Reino de Maria, e, por via de consequência, a instauração do Reino de Cristo. ♦

Revista que desejava encontrar

~ Sempre desejei encontrar uma revista que ajudasse a aprofundarme nos conhecimentos cató li cos . Sem dúvida esta para mim merece destaque, pois encontrei várias respostas para minhas dúvidas, como também leituras importantíssimas que me faz ficar mais perto do meu Senhor. Concordo plenamente com as respostas do Cônego José Luiz Villac a respeito do espiritismo. Estou lendo bem devagar, com muita calma e refletindo sobre os textos nela contidos. Obrigado e que Deus abençôe a todos vocês. (L.A.B. - Surubim-PE) "Sinto-me mais próxima de Deus"

~ Comecei a assinar a revista há três meses e já estou muito satisfeita. Através de Catolicismo estou tendo mais contato com as coisas da Santa Igreja Católica, bem como aprendendo muito mais a respeito da minha Religião. Religião esta que nunca, em momento algum da minha vida, pensei em abandonar. A revista também me ajudou a sentir orgulho de ser católica, de acreditar em um Deus tão maravilhoso, em Jesus Cristo e de perceber o sofrimento de Maria. Sinto-me mais próxima da Igreja e de Deus graças à revista Catolicismo. (R.L.D.G. - São Paulo-SP) Numerosas famílias beneficiadas

~

Como assinante da benemérita revista Catolicismo, que pela graça de Deus e sob o auxílio maternal da Virgem Santíssima, tem

.

J·J JJ JJ~.'..) ,J ,, ,_, ,,..-;,-··. ·:- -:'~ . / - : : . -·

.w-õ...~-../\ '

~::;.

;

~

•.;,

: Jl.. 8 ") f 389 ~ L.1 !& o - ·---~--- .J - ·•

'1/-à

sabido honrar o nome, resta-me apenas [registrar]: quantas famíli as têm se beneficiado com a leitura salutar dessa revista? Inúmeras. Sugiro que seja criado um eficaz sistema de propaganda de Catolicismo - à semelhança do que a Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! vem obtendo com tanto êx ito. (M.V.W. - Goiânia-GO)

Nota da Redação: Sua sugestão está sendo estudada pela Direção de Catolicismo a fim de que seja devidamente atendida.

Verdades oportunas e inoportunas: necessário proclamá-las

suas excelentes sugestões, as quais estão sendo anal isadas pela Direção de Catolicismo, com vistas a atendê-las segundo nossas possibilidades de momento. Quanto ao "grande tratado

sobre a época mais caluniada da História" - supomos que o Sr. esteja querendo se referir à Idade Média - , cabe ressaltar que Catolicismo ao longo de seus 47 anos de ex istênc ia já publicou numerosos artigos sobre a matéria, o que não é impedimento para que venha a estampar outros. Igualmente na obra do Prof. Plíni o Corrêa de Oliveira Nobre za e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio Xll

ao Patriciado e à Nobreza romana, o Sr. encontrará diversos e im-

~

Quanto ao Catolicismo, acho-o bem orientado e que traz oportuna e inoportunamente o que muitos não querem o uvir, mas é necessário que sej a proclamado. Aproveito para sugerir que semestralmente os assinantes e colaboradores recebam um folder ou opúsculo com os títulos, assuntos em um catálogo com o preço de vossas publicações. São preciosas e muitos de nós desconhecemos tais escritos. Também seria interessante um calend ário-cromo, ilustrado com verdades esquecidas e efemérides da Contra-Revolução. Finalmente, a TFP deve ao mundo um grande tratado sobre a época mais caluniada da História. (M.D.L.B. - Olinda-PE)

Nota da Redação: Julgamos um dever proclamar as verdades esquecidas, excluídas, marginalizadas: trata-se de uma necessidade, como o Sr. bem observa. Agradecemos

portantes documentos a respeito do mesmo tema.

"Uma verdadeira fonte de graças!"

~ Tudo que poderia escrever aqu i para enaltecer esta revista ficaria muito aquém dos méritos que ela é digna. Particularmente, amesma é para mim um ponto de lu z neste mundo de trevas e erros de todos os tipos. Diria mais, uma verdadeira fonte de graças! Sempre que mudaram alguma coisa ou acrescentaram só foi para melhor. (D.N.N. - Abaira-BA) Nota da Redação: Agradeçamos à Virgem Santíssima pelo auxílio que nossa revista vem prestando ao Sr., bem como a todos nossos leitores. Igualmente, é uma satisfação podermos registrar que tal resultado não seria possível sem o exemplo e os ensinamentos que nos foram legados pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, desde a fundação de Catolicismo.

CATO LI

e

I SMO

Outubro de 1997

9


,·.,

Joã·o Paulo li e a família Nos primeiros dias do presente mês, teremos a augusta presença de S.S. João Paulo II em nossa Pátria. Durante sua visita, realizar-se-á, no Rio de Janeiro, um Congresso pela Família. Assim, pareceu-nos muito oportuno recordar alguns de seus muitos ensinamentos a propósito de temas relacionados com a instituição familiar. Aqui fica, pois, nossa despretenciosa colaboração com os esforços que João Paulo II vem desenvolvendo em fa vor da celula-mater da sociedade, seriamente ameaçada por tantos fatores adversos, numa época como a nossa em que predomina o neopaganismo. Indissolubilidade matrimonial e condenação do adultério: ensinamentos divinos Na viagem que João Paulo II efetuou à Holanda, durante o encontro que teve com jovens, em Amstersfoort, no dia 14 de maio de 1985, Sua Santidade afirmou, em resposta a questões relativas à conduta moral:

"Vocês me fazem saber que vêem a Igreja como um instituto que nada mais faz do que promulgar regras e diretrizes. Vocês pensam que Ela levanta barreiras em demasia, especialmente no terreno da sexualidade, da estrutura da Igreja, do lugar da mulher na Igreja. E vocês chegam à conclusão de que uma fenda profunda se abre entre a alegria da Mensagem de Cristo e a pressão que o rigor da Igreja exerce sobre vocês. "Caros amigos e amigas, permitamme que lhes fale com franqueza. Eu sei que vocês estão inteiramente de boa-fé. Mas estão vocês assim tão seguros de que a imagem que fa zem de Cristo corresponde inteiramente à realidade? Pois o Evangelho nos mostra um Cristo muito exigente, que chama a uma conversão radical do coração (Me I, 5), ao desapego dos bens terrenos (Mt VI, 19-21), ao perdão para aqueles que nos fizeramma l (MtVI, 14ss.), aoamoraos inimigos (Mt V, 44), a suportar pacientemente a injustiça (Mt V, 39), e até ao 10

C ATO L I C I S M O

oferecimento da própria vida por amor ao próximo (lo XV, 13). No campo da sexualidade, encontramos sobretudo . sua enérgica tomada de posição em favor da indissolubilidade do matrimônio (MtXIX, 3-9) e a condenação que Ele lançou contra o adultério, ainda que só cometido no coração (Mt V, 27 ss.). E seria possível não nos impressionarmos com o preceito 'arranque seu olho' e 'corte sua mão' se

Outubro de 1997

estas partes do corpo derem 'escândalo '? (Mt V, 29). "Com esses dados do Evangelho diante dos olhos, seria revelar realismo representar um Cristo indulgente no campo do amor conjugal, com relação ao aborto, a relações sexuais antes ou fora do casamento, ou a relações homossexuais? "A primeira comunidade cristã, que foi instruída por aqueles que conheceram o próprio Cristo, seguramente não foi permissiva. Sobre isto, basta-me referir aos numerosas textos das cartas de Paulo que tratam desses temas (Rom. /, 26; l Cor. VI, 9; Gal. V, 19, etc). "As palavras do Apóstolo são claras e severas. E são palavras inspiradas por Deus. Elas continuam a ser normas para a Igreja em todos os tempos. A permissividade não faz o homem feliz, e nem a sociedade de consumo. O homem só se realiza verdadeiramente quando sabe aceitar as exigências que lh e são impostas pela dignidade que advém do fato de ser criado 'à imagem e seme lh ança de Deus' (Gen. /, 27). "Se a Igreja diz coisas que não agradam, Ela o faz porque se sente obrigada a isto. Ela o fa z por lealdade. De fato, se ria muito mais fácil ficar em generalidades. Mas às vezes Ela deve, em conformidade com o Evangelho, insistir em altos ideais, ainda que vão contra opiniões correntes" (Bolletino, Sala Stampa della Santa Sede, Pontificia Commissio ne per le comunicazioni sociali, Città dei Vatican'o, nº 208, 14-5- 1985, pp. 5-6, grifo s no ssos).

"Influxo negativo da mídia" na crise da família no Brasil Os prin cípios básicos da moral cristã, e portanto da civ ili zação que floresce u à lu z dessa moral, são negados, transgred idos e vilipendiados m iserave lmente. Di- lo João Paulo II, no tocante a nosso País, com as seguintes pa lavras, ao mesmo tempo tristes e memoráveis: "O que sobre a evolução da famí-

lia no Brasil se conhece, quer através de estudos cient(fi cos sobre a matéria, a partir das informações contidas em seus planos e relatórios pastorais e nos boletins das Assembléias Gerais da CNBB, quer pelas notícias dos meios de comunicação social, indica uma crise que não se deve minimizar. "Pa rece certo que também em suas comunidades, a fàmília, profúndamente atingida pelos diversos aspectos da revolução social, não consegue mais ser - corno o desejava a Conferência de Medellin (1968)-formadora de pessoas e evangelizadora. "Se eu tivesse que menciona,; embora sucintamente, alguns graves problemas que ameaçam a família brasileira, citaria, em primeiro lugar, a extremafragilidade dos casamentos, de que resultam as inumeráveis separações dos casais, em todos os ambientes sociais, em todas as idades e em todos os níveis de cultura. O influxo negativo da mídia, invadida por programas que não só ridicularizam. valores fam.il iares como a unidade, a fidelidade e a perenidade do casamento, chegando até a preconizar o contrário; a tendência moderna à instabilidade e a não assumir nada de definitivo; e uma legislação relativa ao divórcio, considerada muito permissiva infelizmente. Ora, tudo isto conduz a uma dissolução das famílias, que constitui algo de inquietante, para os Senhores um verdadeiro desafio pastoral" (João Paulo II, discurso do dia 9-6-90 aos Bispos brasileiros da Região Leste, em visita ad limina apostolo rum, "Osservatore Romano", l0-6-1990, p. 5, grifos nos sos).

O papel meramente subsidiário do Estado em relação à família Por ocasião da celebração do Ano da Família, no 2 de fevere iro de ] 994, João Paulo II diri giu uma Carta às Famílias, da qua l destacamos as seguintes passagens:

"A família é com.unidade de pessoas, a mais pequena célula social, e como tal é uma in stituição fundamental para a vida de cada sociedade. .... "O matrimônio, que está na base da instituição famil iar, é estabelecido pela aliança com que 'o homem e a mulher constituem e ntre si a comunhão íntima de toda a vida, o rdenada por s ua índole natural ao bem dos cônjuges e à procriação e ed ucação da prole' (Código de Direito Canônico, cân. 1055, 1; Catecismo da Igreja Católica, nº 1601).

Somente tal união pode ser reconhecida e confirmada com.o ' matrimônio ' pela sociedade. Ao contrário, não o podem ser as outras uniões interpessoais que não obedecem às condições agora recordadas, mesmo se hoje, precisamente sobre este ponto, se difundem tendências muito perigosas para o .fúturo da família e da própria sociedade. "Nenhuma sociedade humana pode corre r o risco do permissivismo em questões de fundo relativas à essência do matrimônio e da família! Tal pode causar permissivismo moral dano às autênticas exigências da paz e da comunhão entre os homens. Compreende-se assim a razão por que a Igreja defende vigorosamente a identidade da família e incita as instituições competentes, especialmente os responsáveis pela política, bem corno as orga-

nizações inlernacionais, a não cederem à tentação de uma aparente e falsa modernidade . .... "Afam flia , de fato, é realidade social que não dispõe de todos os meios necessários para realizar os próprios fins, nomeadamente no campo da instrução e da educação. O Estado é, então, chamado a intervir, segundo o mencionado princípio: lá onde se revela auto-siificiente, deixe-se a família [agir] de maneira autônoma. Uma excessiva intromissão do Estado resultaria prejudicial, para além de abusiva, constituindo uma clara violação dos direitos da família; somente quando ela não se basta realmente a si mesma, o Estado tem a facu ldade e o dever de intervir. .... "É precioso fazer realmente todo o esforço possível, para que a família seja reconhecida como sociedade primordial e, em certo sentido, 'soberana'. A sua 'soberani a' é indispensável para o bem. da sociedade. Uma nação verdadeiramente soberana e espiritualmente forte é sempre composta por famfliasfortes, cientes da sua vocação e da sua missão na história. A família está no centro de todos estes problemas e tarefas: relegá-la para um papel subalterno e secundário, excluindo-a da posição que lhe compete na sociedade, significa causar um grave dano ao autêntico crescimento do corpo social inteiro" (doe. c it. , Ed. Paulus, São Paulo, 1995, pp. 52, 53, 55 e 56, grifos nossos).

CAT O LIC IS MO

Outubro de 1997

1 1


Gostaria que o Sr. respondesse: - Os protestantes acham que o Batismo das crianças não tem validade por serem crianças e por não ser Batismo por imersão. Como refutá-los?

RESPOSTA

TAL OBJEÇÃO impugnando o Batismo das crianças carece de qualquer base na Sagrada Escritura e na Tradição, não resistindo aos argumentos da razão. É certo que o Batismo de adultos era o mais freqüente nos primeiros tempos, mas isso se explica, porque se tratava de judeus ou pagãos que se convertiam ao Cristianismo; mas, aos poucos, os filhos dos que já eram cristãos foram sendo batizados ainda crianças, conforme atestam os escritos e monumentos da Antiguidade cristã. A legitimidade e a necessidade de batizar as crianças pode ser deduzida das palavras de Jesus a Nicodemos: "Em verdade, em verdade te digo: quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus" (São João 3,5). Se ninguém pode entrar no Céu sem o Batismo, tampouco as crianças . E a ninguém ocorre privá-las da glória celeste. Ao condenar o Batismo de crianças, os protestantes podem alegar que, para recebêlo, seria necessária a manifestação expressa de fé nas verdades reveladas, o que não é possível nas crianças, pelo menos até a idade da razão. 12

e A To LI e Is MO

Tal tese é refutada pela Igreja, que afirma ser de fé que as crianças, mesmo antes do uso da razão , estão aptas a receber o Batismo, como declarou Inocêncio III contra os hereges valdenses (cfr. Denzinger 424 e 430) e o Concílio de Trento contra os falsos reformadores protestantes (Denzinger 868870) (apud Fr. Antonio Royo Marín, Teologia Moral para Seglares, vol.II Los Sacramentos, B.A.C ., Madrid, 1958, p.84). Portanto, não é válida a objeção de que para receber o Batismo é necessária a fé e a intenção de recebê-lo. Estas duas condições são requeridas pela Igreja somente no caso de Batismo de adu ltos, mas não no Batismo de crianças. Pecam os pais que não batizam as crianças

Além disso, são inúmeros os argumentos de razão em favor do Batismo das crianças, mesmo das mais pequenas: - O pecado original existe também nas crianças. Por que não removê-lo pelo Batismo? - Pelo Batismo, tornamo-nos filhos de Deus. Por Outubro de 1997

que não permitir que também as crianças se tornem? - O Batismo no s faz membros do Corpo Místico de Cristo, a Igreja. Por que excluir dele as crianças? - Pelo Batismo, é exorcizado o espírito imundo e o Espírito Santo vem habitar em nossas almas. Por que não permitir essa graça aos pequenos ? - O Batismo é a graça fundamental que Deus oferece gratuitamente a todos os homens, para que se salvem. Por que negar essa graça aos pequeninos? E outros argumentos mais poder-se-iam acrescentar aos acima expostos . Pelo que ficou dito, está claro não só que é legítimo batizar as crianças, mas que se deve fazê-lo tão logo quanto possível, e que os pais que deixam de batizar os filhos por mero descaso pecam gravemente. Quanto à afirmação de que se deve esperar até a criança alcançar idade suficiente para decidir por si mesma se quer ou não ser batizada, tal alegação repousa num falso conceito da liberdade hu mana, o qual supõe que somos livres somente quando fazemos uma opção pessoal sobre algo que influi em nossas vidas. Nada mais falso . Ninguém nos perguntou se queríamos nascer; se queríamos ser filhos do Sr. Fulano e Da. Sicrana; se queríamos nascer no Brasil; ser deste ou daquele sexo, cor, etc. Nosso próprio nome, pelo qual somos conhecidos por toda a vida, não fomos nós que o escolhemos. No entanto, como todos esses fatores marcam profundamente nossa existência! Seremos menos livres por causa disso?

Nessa objeção, nota-se o ranço do individualismo protestante e liberal, além de um profundo naturali smo, que não leva em conta a vida sobre natural , a qual no s é conferida precisamente pelo Batismo. Quanto à objeção relativa ao Batismo por imersão, no próximo número de Catolicismo será publicada a devida resposta. Demos graças por havermos recebido tal Sacramento mas lembremos que para nos salvarmos não basta sermos batizados. É preciso

O Batismo - Roger Van der Weyden, detalhe do tríptico dos Sete Sacramentos (séc. XV), Museu Real de Belas Artes, Anvers (Bélgica)

cumprir também as sagradas obrigações que nos impõe o augusto título de filhos de Deus, o qual nos é concedido através do Batismo. E que, neste sentido, Maria Santíssima favoreça a cada um dos leitores. ♦

Conselhos de um Santo para educar os filhos Mãe e criança num páteo {detalhe) - Pieter de Hoog. O quadro representa bem o desvelo materno, fator indispensável para uma autêntica educação

Santo Afonso Maria de Ligório {1696-1787) Fundador dos Redentoristas, Bispo, Doutor da Igreja, Padroeiro dos confessores e moralistas - expõe os graves e importantes deveres dos pais quanto à formação cristã de seus filhos TEMOS A GRATA satisfação de iniciar hoje a nova seção de Catolicismo, dedicada à família, conforme foi anunciado em nossa última edição. Vejamos, pois, os sábios e muito atuais conselhos de Santo Afonso de Ligório a respeito de tão importante matéria, quer do ponto de vista espiritual quanto temporal , uma vez que a família é o fundamento de toda sociedade. "É certo que a boa ou má conduta dos filhos provém o mais das vezes da boa ou má educação que receberam de seus pais. "Deus instituiu o matrimônio para que os filhos, guiados e formados por seus pais, O sirvam e se salvem. De outro modo, permaneceriam entregues a si mesmos, não tendo ninguém para os instruir sobre o que devem fa zer, para os advertir quando cometem um erro, ou até para os punil; se negligenciam corrigir-se; pois, muitas vezes, o temor do castigo produz o que não puderam fa zer as advertências. "Vê-se pela experiência que os pais virtuosos tornam virtuosos os filhos. Santa Catarina da Suécia era filha de Santa Brígida. São Luís, rei de Fran ça, era filho de uma grande serva de Deus, a rainha Branca de Castela. Esta excelente mãe dizia a seu filho: Meu querido filho, eu preferiria ver-te cair morto, a ver-te cometer um pecado mortal. Uma outra boa mãe, lembro-

rio, e podendo salvá-lo puxando-o pelos cabelos, o deixasse morrer para não lhe causar uma dor ligeira e momentânea, não faria um ato de crueldade? Pois bem, é uma crueldade ainda maior deixar de repreender, e até de punir, uma criança viciosa, por medo de lhe causar alguma do,: "Não seria cruel o pai que desse uma navalha a um filho seu, ainda menino, com a qual o pobre inocente correria o risco de cobrir-se de feridas? Bem mais cruéis são os que dão dinheiro a seus filhos para o gastarem conforme sua fantasia, ou que lhes permitem ji·eqüentar companhias ou casas perigosas. "Os pais devem, sobretudo, ter o cuidado de afastar seus filhos das más ocasiões, de onde provêm todos os males. me disto, punha todos os seus cuidados em que seus filhos vivessem santamente; ela dizia: E u não quero ser mãe de filhos réprobos.

Os pais são freqüentemente causa da má vida de seus filhos "Por outro lado, existem pais que parecem não se incomodar de que seus filhos sejam bons ou maus, salvos ou condenados. Entretanto, os pais são normalmente causa da má vida de seus filhos, e devem presta__r contas a Deus por isto, como dizia Orígenes: Omnia quaecumque deliquerint filii, de parentibus requiruntur! Isto é verdadeiro. "Certos pais, temendo contristar seus filhos por repreensões e punições, são a causa de sua perdição. "A esses pais cruéis eu perguntaria: se um pai, vendo seu filho caído num

A maneira católica de corrigir os filhos "Quando as boas palavras e as reprimendas nãoforem suficientes, é preciso recorrer aos castigos, e não esperar que as crianças se tornem grandes; visto que, depois de atingir certa idade, não é mais possível corrigi-las. De onde a opinião do Sábio: Qui pa.rcit virgae, odit filium suum; qui autem diligit illum, instanter erudit (Prov. XID, 24) (Quem poupa a vara da con-eção, odeia seu filho; mas quem o ama, aplica-se em corrigi-lo logo) . Não ama verdadeiramente seus filhos quem não os pune quando necessário. E depois disto vem o castigo de Deus: o Sumo Sacerdote Heli, por não ter corrigido seus filhos como devia, foi, por ordem de Deus, atingido de morte com eles no mesmo dia(! Reg. li, 22-36 e IV, 10-/8).

e ATOL I e ISMO

Outubro de 1997

13


"Mas deve-se castigar a,~ crianças com moderação, e não com exaltação, como o fa zem certos pais. Ao agir desta maneira, estes pais não produzem bem algum, pois as crianças ficam ainda mais estimuladas a se perverterem. "É preciso começar por advertir; em seguida, ameaçar; por fim, chegar ao castigo. Mas castigar como pai, e não como chefe de galera. Fazê-lo com cautela, sem imprecações, sem palavras que firam. Bastará muitas vezes trctncar o culpado num quarto, diminuir sua comida, privá-lo de suas roupas mais bonitas. Quando for necessário, empregar a vara, mas não o bastão. A regra a seguir nisto é de nunca tocar numa criança num momento de vivacidade; é preciso, antes de tudo, acalmar-se.

Como pecam os pais na educação de seus filhos "Os pais pecam se não ensinam a seus filhos as coisas da Fé e da salvação eterna ..... "Não devem imitar certos pais e mães que mantêm seus filhos ocupados durante esse tempo [a ser dedicado ao ensino de tão importantes matérias]. De onde acontece que tais infelizes não sabem confessar-se, não conhecem sequer as principais verdades da Fé, ignorando o que é a Santíssima Trindade, a encarnação de Jesus Cristo, o pecado mortal, o juíza, o inferno, o paraíso, a eternidade. Eles se condenam devido a esta ignorância, e seus pais prestarão por isto contas a Deus. "Os pais pecam se não co rrigem seus filhos, como foi dito acima, quando blasfemam, roubam, ou têm conversas desonestas. "Também faz parte dos deveres dos pais vigiar a conduta de seus filhos, conhecer os lugares e as pessoas que freqüentam. Como, pois, se pode escusar as mães que autorizam a assiduidade de rapazes junto às suas filhas, afim de vê-las logo casadas, sem se preocupar se elas vivem no pecado? São esses os pais dos quais falá o Salmista. Pais que, pelos interesses de sua casa, chegam até a sacrificar seus filhos e filhas ao demônio:Immolaverunt filios suos et filias suas daemoniis (Ps. CV, 37). 14

CATOLICISMO

"Há mães que introduzem rapazes em casa para teremfamiliaridade com suas filhas, a fim de que sejam obrigados a desposá-las, unidos pelas correntes do pecado. Porventura não percebem tais infelizes que elas mesmas se encontram carregadas de tantas cadeias do inferno, quantos são os pecados com etidos nessas funestas ocasiões? "Oh! dizem elas, não há mal nisso. Como se a estopa pudesse ser colocada no fogo sem se queimar! "Ai! quantas mães veremos condenadas no dia do Juíza por terem querido acelerar por este meio o casamento de suas filhas! "Os pais também pecam se não cuidam que seus filhos recebam os Sacramentos em tempo conveniente, que observem as Festas e os outros preceitos da Igreja.

Pecam os pais que dão mau exemplo aos filhos ... "Eles pecam duplamente, se lhes dão escândalo, seja proferindo diante deles blasfêmias, obscenidades, ou outras palavras culposas, seja fazendo sob seus olhos alguma ação má. "Os pais são obrigados a dar bom exemplo aos filhos. Estes, sobretudo quando são jovens, se parecem com os macacos, gostando de imitar tudo o que vêem fazer. Mas com uma diferença: eles imitam antes o mal, ao qual nossa natureza corrompida tende, que o bem, ao qual esta mesma natureza resiste. "Como poderiam os jovens ter uma boa conduta, quando vêem com que freqüência seus pais blasfemam, maldizem, injuriam o próximo, lançam imprecações, falam de vinganças, de obscenidades, e repetem certas máximas pestilenciais, como um pai que diz ao filho: 'Não é preciso torturar-se a si próprio; Deus é misericordioso, Ele tolera certos pecados'; ou uma mãe que diz à filha: 'É preciso viver em sociedade, não ser selvagem'? "O que se pode esperar de bom de uma criança que vê seu pai passar o dia todo no botequim, voltar para casa bêbado, freqüentar algum mau lugar, confessar-se quando muito no tempo pascal, ou raramente durante o ano?

Outubro de 1997

...pois de certa forma os obrigam a pecar "Santo Tomás diz que tais pais obrigam de alguma maneira seus filhos a pecar: Eos ad peccatum , quantum in eis fuit, obligaverunt (ln Ps. XVI).

"Aí está um mal que causa a ruína de muitas almas: os filhos tomam o mau exemplo de seus pais e o transmitem depois a seus filhos; de maneira que, pais, filhos, e outros descendentes, seguem-se uns aos outros no inferno. "Há pais que se lamentam de ter maus filhos; mas Jesus Cristo diss e: Numquid colligunt de spinis uvas? (Mt

VII, 16). Alguma vez colheram uvas de espinhos? Como podem ser bons os filhos, se têm maus pais? Seria preciso um milagre. "Também é fato que os pais, quando se conduzem mal, negligenciam corrig ir seus filhos, porque não ousam repreendê-los de pecados que eles mesmos cometem. E se fazem alguma admoestação, os ftlhos não a levam em conta. Conta-se que o caranguejo, ao ver seus filhotes andando para trás, pretendeu co rrigi los, di zendo: Por que vocês andam assim? Mas eles responderam: Mostre-nos como você mesmo caminha. O caranguejo se calou.

"É o que acontece a todos os pais que dão mau exemplo: não ousam corrigir os filhos que se conduzem mal; e entretanto sabem que pecam, não os corrigindo. "O que devem então fazer? Santo Tomás diz que, neste caso, um pai deve, pelo menos, pedir ao seu filho que não siga o mau exemplo que lhe dá. Mas, pergunto eu, de que pode servir tal conselho, se este pai continua a dar maus exemplos? "Quanto a mim, só tenho a dizer o seguinte: quando os pais dão mau exemplo, não há qualquer fruto a esperar, nem das advertências, nem das orações, nem das punições". ♦

Santo AFONSO MARIA DE LIGÓRIO, Oeuvres Completes - Oeuvres Ascétiques, Casterman, Tournai , 1877, 2' ed., t. XVI , pp. 474-480- O grifo é nosso.

Cresce devoção a Nossa Senhora no Brasil A afir mação em epígrafe é uma constatação. Quem tiver alguma dúvida a respeito, verifique os diversos sintomas da real idade de tal fato, abrangendo as mai s di versas camadas sociais: nú mero crescente de peregrinações e excursões a santuários do Exterior, adesivos nos automóveis, u so de camafeus com alguma fi g ura de Nossa Senhora. Mas se o nosso caro leitor ou leitora estiver conversando com uma pessoa que, apesar do acima dito, se manife sta cét ica e malhumorada - julgando que se trata de uma opinião radical de nossa revista - , sugira-lhe, então, que le ia o artigo de Roldão Arruda Devoção à Virgem Maria ganhaforça no País, publicado pelo "Estado de S. Paulo" em sua edição de 24 de agosto p.p. Queira-se ou não, Maria Santíssima, em meio às trevas do neopagan ismo contemporâneo, vai preparando

Fidel: "Irei para o inferno, onde encontrarei Marx, Engels... ,, Contrariando frontalmente os ensinamentos de Nosso Senhor e de Sua Santa Igreja, não é raro se ouvir de lábios católicos, e às vezes até mesmo de sacerdotes, a afirmação de que "o inferno não existe ... cada um paga aqui na terra o mal que fez..."

No entanto, o próprio Fidel

as almas para o cumprimento de s ua promessa, feita em Fátima, de castigo da humanidade pecadora, seguido do triunfo de Seu Imaculado Coração. ♦

Fracasso do socialismo sueco Esterilização obrigatória durante 41 anos, colaboração com o nazi smo, desintegração

Um terço da população mundial infectada de tuberculose Segundo o presidente da Sociedade Espa nhola ele Microbactcriologia, Manuel Casal Román, "um terço da

população mundial eslá infectada de luberculose, o que é uma bomba relógio a qual está explodindo por causa da AIDS, dos movimentos migratórios e pela falta de atenção sanitária".

Com o avanço da medicina, julgava-se que a tuberculose estava dominada e, por fim, seria eliminada. Porém, a realidade é bem outra. Pode ser que a Providência divina esteja querendo punir a humanidade, por seus delitos, mediante o recrudescimento da tuberculose e a rápida ex♦ pansão da AIDS.

de informações de uma rede de televisão francesa e publicadas pela conhecida revista "Paris Match", em 29-10-94. Tais afirmações, apesar de não serem recentes, merecem para o inferno, e sei que o caser lembradas. Sobretudo lor ali será insuportável... E lá chegando, encontrarei Marx, :· quando Frei Betto compara Fidel ao profeta Moisés, conEngels, Lênin. E também enforme estampou o semanário contrarei você, porque os capitalistas também vão para o cubano "Juventude Rebelde" (de 24/8/97). E quando capitainferno, sobretudo se desejam listas de países ricos procuram gozar a vida". Essas tenebrosas palavras fortalecer economicamente um regime que oprime 11 milhões foram proferidas durante entrede vítimas. ♦ vista a Jean Luc Mano, diretor

econômica, alto índice de suicídios, de alcoólatras e de deprimidos. Eis o retrato do regime socialista da Suécia, país apresentado durante décadas como modelo para a esquerda. E isso a tal ponto, que em 1991 o então líder soviético Mikahil Gorbatchev propôs que o Partido Comunista russo seguisse as vias do modelo sueco. · Só agora é revelado que o governo social-democrata da Suécia manteve um programa secreto que chegou a fazer 60 mil esterilizações obrigatórias em homens e mulheres. O fato foi noticiado pelo jornal "Dage ns Nyheter", de Estocolmo. A ministra de Assuntos Sociais daquele país, Margot Wallstroem, confessou: "O silên-

cio que se estabeleceu em torno da lei se explica por seu aspecto vergonhoso". A "Folha de S. Paulo" de 26 e 27 de agosto p.p. fez meticuloso registro a respeito do assunto. Pergunta-se: que outros "aspectos vergonhosos" do mundo socialista ainda estão por serem desvendados pela ♦ História?...

Castro, ex-aluno de jesuítas, ao menos não se esqueceu da verdade - tantas vezes afirmada nos Evangelhos - da existência do inferno: "Eu irei

CATOLICISMO

"Eu irei para o inferno, e sei que o calor ali será insuportável... "

Outubro de 1997

15


Outubro 1997

§~@§ DOM

Santa Teresinha do Menino Jesus

SEG

5 6 12 13 19 20 26 27

TER

7 14 21 28

QUA

1 8

:' :~ ; de

15 22

16 17 18 232425 30 31

29

---

1 Santa Teresinha do Menino Jesus, Virgem + Lisieux (França), 1897. A grande Santa de São Francisco de Borja

São Francisco de Assis

nossos tempos entrou ao Carmelo aos 15 anos, levando uma vida de imolação e sacrifícios em favor das missões e de toda a Igreja. Foi nomeada Padroeira das missões sem nunca ter deixado a clausura. Sua doutrina espiritual da "pequena via" abriu as portas da pe1feição para inúmeras almas. Anteriormente, sua festa era comemorada no dia 3 de outubro.

que de Gândi a. Enviuvando aos 40 anos, ingressou na Companhi a de Jesus, da qual foi Superior Geral.

Festa instituída por São Pio V em ação de graças pela vitória obtida em Lepanto contra os maometanos, em 1571 , atribuída à recitação do rosário.

8

+ Sicília, 541. Foram trucidados pelos sarracenos na Sicília. Os beneditinos honram também neste dia outro Plácido, educado por São Bento desde os sete anos, e que atingiu grande santidade.

6 Sã.o Bruno Abade, Confessor + Calábri a, 11O1. Originário de Colônia, fun-

dou, num h1gar deserto na França, a Ordem

Outubro de 1'997

25 Santos Crisanto e Daria, Mártires

Séc. I. Médico de Antioquia convertido por São Paulo, acompanhou-o em várias viagens. Autor do III Evangelho e dos Atos dos Apóstolos. Embora não haja dados concretos arespeito de sua morte , tradição autorizada afirma que sofreu o martírio.

+ Roma, 237. Esposos, vieram do Oriente para

Roma, onde se empenharam na conversão dos pagãos. Por sentença de Numeriano, foram levados a um arena] da Via Salária, sendo ali, com pedras e terra, sepultados vivos.

19

Santo Evaristo, Papa e Mártir

Em 17 J7, portanto há 280 anos, ocorreu o encontro da milagrosa imagem. Queira a Mãe de Deus continuar a favorecer nosso querido País, de tal sorte que cada brasileiro corresponda a tantas graças recebidas de sua Padroeira. E assim sejam categoricamente rejeitadas leis e projetos de leis que contrariam os Mandamentos divinos, como os referentes ao divórcio, aborto, "casamento" homossexual, etc.

Santo Eduardo III Rei, Confessor + 1066. Sucessor no trono da Inglaterra do rei

e mártir do mesmo nome. Protetor dos órfãos e indigentes, nunca negou um pedido feito em nome de São João Evangelista. Foi avisado do dia de sua morte pelo Apóstolo virgem, com seis meses de antecedência.

14 Sã.o Calixto I, Papa e Mártir + Roma, 222. Dirigiu a Igreja na época do anti-

papa Hipólito, de quem sofreu perseguições e ca lúnias. Morreu vítima de um levantamento popular contra os cri stãos, tendo sido lançado num poço.

15 Santa Teresa d'Ávila, Virgem, Reformadora

9

+ Alba (Espanha), 1582. Alma ardente e enér-

gica, com São João da Cruz empreendeu a reforma do Carmelo. "Soji'er ou morrer" foi o desejo que viu plenamente satisfeito nos muitos trabalhos e doenças que suportou. Unia a mais sublime contemplação a uma extraordinária capacidade de ação. Por seus admiráveis escritos, foi declarada Doutora da Igreja.

+ Roma, 1609. Fundou a Congregação dos Clé-

rigos Regulares da Mãe de Deus, dedicada às obras educacionais, para ajudar a deter a ameaça protestante. Morreu vítima da peste, assistindo suas vítimas.

10

Sã.o Plácido e Companheiros, Mártires

18 Sã.o Lucas, Evangelista

Sã.o João Leonardi, Confessor

Sã.o Daniel e Companheiros, Mártires

5

CATOL I CISMO

NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO

4 amou tão apaixonadamente o Salvador que adquiriu Seus esti~mas e até uma semelhança física com Ele. E uma das maiores glórias da Santa Madre Igreja em todos os tempos.

16

7

Sã.o Francisco de Assis, Co11fessor + Assis (Itá lia), 1226. O Poverello de Assis

Santo Eduardo Ili, Rei

dos Cartuxos. Chamado pelo Papa Urbano II para seu conselheiro, obteve no fim da vida licença para retirar-se para a Calábria, onde morreu na segunda Cartu xa que fundara.

+ Séc. IV São João Crisóstomo narra, num célebre sermão, como esta jovem de l5 anos preferiu morrer a ser desonrada por um magistrado romano.

+ Roma, 1572. Vice-Rei da Catalunha e Du-

12 NOSSA SENHORA APARECIDA, PADROEIRA DO BRASIL

13

Santa Pelágia, Virgem e Mártir

São Francisco de lk>rja, Confessor

Santa Tereza d'Ávila

1

j

2

3

Santo Afonso Rodrigues

Outubro

SANTOS ANJOS DA GUARDA Tal festa, originada na Espanha, difundiu-se para todo o mundo e tem por objeto agradecer a esses nossos celestes benfeitores sua guia e proteção.

Nossa Senhora Aparecida

ce lice§m

+ Marrocos, l227. Estes sete discípulos de São

Francisco de Assis dirigiram-se a Ceuta, norte da África, para dar assistência aos comerciantes cristãos e trabalhar na conversão dos mouros. Acusados de "bla5fêmia" contra Maomé, preferiram o martírio à apostasia.

11 Santo Alexandre Sauli, Bispo e Confessor

16 Santa Margarida Maria Alacoque, Virgem + Paray-le-Monial (França), 1690. Religiosa

visitandina, entregou-se desde cedo à contemplação da Paixão do Redentor, recebendo de Nosso Senhor Jesus Cristo a mensagem sobre a devoção ao Seu Sagrado Coração e a incumbência de difundi-la pelo mundo inteiro.

17

+ Asti (Itália), 1592. Apóstolo da palavra e do

Santo Inácio de Antioquia, Bispo e Mártir

confessionário, comunidades inteiras colocaram-se sob sua direção es piritual. Superior Geral dos Barnabitas aos 35 anos, aos 40, tornou-se Bispo de Aléria, na Calábria. Com sua rara eloqüência converteu judeus e protestantes à verdadeira fé. Nomeado Bispo de Pavia, faleceu a caminho da nova diocese.

+ Séc. II. Discípulo dos Apóstolos e sucessor de São Pedro na Sé de Antioquia. Com São Policarpo, foi o mai s ilustre dos Padres Apostólicos. Suas cartas às igrejas da Ásia e de Roma são os documentos mais preciosos da época. Conduzido à Roma, foi devorado pelas feras no Coliseu .

26

Sã.o Paulo da Cruz, Confessor + Roma, 1775. Outro ardoroso devoto da Pai-

xão do Salvador, sua vida foi marcada pelo sofrimento e penitência. Fundou a Congregação dos Passionistas.

Séc. II. Quinto sucessor de São Pedro na Sé Apostólica, dividiu Roma em sete Diaconias e legislou sobre o matrimônio cristão. Foi martirizado sob Trajano.

27

20

Sã.o Frumêncio, Bispo e Confessor

Sã.o Pedro de Alcdntara, Confessor

+ Abissínia, Séc. IV. Educado pelo monarca

+ Arenas (Espanha), 1562 . PADROEIRO PRINCIPAL DO BRASIL, foi admirável por suas mo1tificações e penitências. Reformador dos Franciscanos da Espanha, auxiliou e incentivou Santa Teresa na reforma do Carmelo, mediante conselhos.

local, alcançou importantes cargos no reino. Desejoso de ganhar o país para Cristo, foi ter com Santo Atanásio, em Alexandria, pedindo-lhe missionários para a Abissínia. Nomeado Bispo, foi sagrado por aquele intrépido defensor da fé.

21

28

Sã.o Gaspar de Búfalo, Confessor

Santos Simão e Judas, Apóstolos

+ Itália, 1836. Jesuíta. Por se ter recusado a prestar o juram e nto de fidelidade a Napoleão, passou cinco anos no cárcere. Foi depois encarregado por Pio VII de pregar missões no centro da Itália, o que fez com grande fruto. Para ajudar seu trabalho apostólico, fundou o instituto dos Padres do Preciosíssimo Sangue.

Séc. I. São Judas Tadeu era irmão de São Tiago Menor, filhos de Cleófas e Maria, primos de Nosso Senhor. Pregou o Evangelho na Judéia, Samaria, Síria e Mesopotâmia. São Simão, cognominado Cananeu, ou Zelador, era originário da Galiléia. Supõese que tenha pregado na Mauritânia e outras regiões da África, dirigindo-se depoi s ao Oriente. Na Pérsia encontrou -se com São Judas Tadeu, sendo ambos martirizados naquele país.

22 Santas Nunilona e Alódia, Mártires + Huesca (Espanha), 851. Filhas de pai muçulmano e mãe cristã, foram educadas por esta na verdadeira Religião. Ao morrer o pai, adolescentes, passaram à custódia do tio, ferrenho islamita. Entre a escolha da apostasia ou da morte, não titubearam, oferecendo o pescoço ao carrasco dizendo: "Eia, infiel, fere depressa".

29 Sã.o Narciso, Bispo e Confessor + Jerusalém, 212. Quase octogenário, foi elei-

to Bispo de Jerusalém. Presidiu, com Teófilo de Cesaréia, um concílio reunido para decidir o dia da celebração da Páscoa. Governou sua diocese até a avançada idade de l 16 anos.

23

30

Sã.o João de Capistrano, Confessor

Santo Afonso Rodriguez, Confessor

+ Hungria, 1456. Este franciscano italiano foi

+ Palma de Maiorca (Espanha), 1617. Tendo

o grande pregador da cruzada contra o Islã, que culminou na vitória do exército cristão sobre o muçulmano.

perdido mulher, dois filhos e a estabilidade econômica aos 36 anos, bendisse a mão que o feria e entrou para a Companhia de Jesus como irmão leigo.

24 Santo Antônio Maria Claret Bispo e Confessor + Fontfroide (França), 1870. Pregador popu-

lar, fundou a Congregação Missionária dos Fi lhos do Coração Imaculado de Maria. Foi Arcebispo de Santiago de Cuba, confessor e conselheiro da rainha Isabel II, da Espanha.

31 Sã.o Wolfgang, Bispo e Confessor + Linz (Áustria), 994. Beneditino, Bispo de Regensburg, na Baviera, transformou sua diocese pelo zelo, talento e santidade de vida. Foi mestre e diretor espiritual do futuro Imperador Santo Henrique 11.

CATOLICISMO

Outubrode 1997

17


Hotnenagetn a ._["" r )....!...J_l r.r· ·r·_l) r(

r1 ( .

rt' i\

~ LJ _.! U ~ _ ry r y

.lJ r ._L rt'

o· \

Í . [ VI rr_í'_.!r J\ ri\_ ...!...J_ / _L

no segundo aniversário de sua tnorte ATOLICISMO tem a honra de apresentar aos seus prezados leitores, comemorando o segundo aniversário do passamento de seu inspirador e sustentáculo, algumas colaborações que focalizam aspectos salientes da rica personalidade, doutrina e obra do Fundador da TFP *. Para os leitores mais antigos de nossa revista, seria desnecessário preceder tais artigos de sintéticos dados biográficos do insigne homenageado. Contudo, desde o número especial de Catolicismo, publicado em outubro de 1996 - o qual reproduziu, em primeira mão, o Auto-retrato filosófico de Plinio Corrêa de Oliveira - , houve um notável acréscimo de assinantes, em conseqüência da intensa campanha promovida com esse objetivo. Em vista disso, julgamos oportuno estampar ao lado uma sucinta biografia desse Cruzado do Século XX. A Direção de Catolicismo

18

e AToLIC IsMo

Outubro de 1.99 7

Plinio Corrêa de Oliveira Um homem de Fé, de pensan1ento, de luta e de ação Ü

Prof. Plín io Corrêa de O liveira nasceu em São Paulo, em 1908. Descendia ele de estirpes tradicionais dos estados de Pernambuco - de onde procedia seu pai, o advogado João Paulo Corrêa de Oliveira - e de São Paulo - de onde era originária a família de sua mãe, Lucíli a Ribeiro dos Santos Corrêa de Oliveira. Fez os estudos sec und ários no Co lég io São Lu iz, de São Paulo, e diplomou-se em 1930 em Ciências Jurídicas e Soc iais na renomada Facu ldade de Direito da mesma cidade. Desde cedo seu interesse foi despertado pela análise filosófica, re li g iosa e prática da crise contemporânea. Em 1928 ingressou no pujante movimento de jovens das Congregações Marianas, de São Paulo. E m breve tornou-se o principal líder desse mov.imento em todo o Brasil , destacando-se pelos seus dotes de orador, conferencista e homem de ação. Em 1933 paiticipou ativamente da organização da Liga Eleitoral Católica (LEC), pela qual foi eleito para a Assembléia Federal Constituinte, tendo sido o deputado mais jovem e mai s votado de todo o País. Atuou naq uela Casa Legislativa como um dos maiores defensores da introdução dos princípios católicos na Constituição que então se elaborava. Cessado seu mandato, dedicou-se ao magistério uni versitário. Assumiu a cáted ra de História da Civilização no Colégio Universitário da Faculdade de Direito da Universidade de São Pau lo e, mais tarde, tornou -se professor catedrático de Históri a Moderna e Contemporânea nas Faculdades de Filosofia, C iências e Letras, São Bento e Sedes Sapientiae da Pontifíc ia Universidade Cató lica de São Paulo. Foi o primeiro pres idente da Junta Arquidiocesana da Ação Católica de São Paulo, bem como diJ'etor do semanário católico "Legionário" (1935-

1947), o qual ocupou um lugar de insuperável destaq ue na imprensa católica do Brasil. Em 1951, com a fund ação de Catolicismo, tornou-se o principal colaborador desta publicação, fazendo dela um dos polos de pensamento nos meios cu lturais e religiosos de nossa Pátri a. Co laborou ainda ass iduamente, entre os anos de 1968 e 1990, na "Folha de S. Paulo", o quotidiano de maior circul ação naquele estado da federação. O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira é autor de quatorze livros, vários dos quais com edições em diversas línguas, como espanhol, francês , inglês, itali ano, alemão, polonês, húngaro e vietnamita. Como intelectual, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira foi e co ntinua sendo o mestre da doutrina contra-revolucionári a de todas as TFPs e entidades congêneres. Al ém disso, ocupou um lu gar de inegável destaque no panorama internacional como líder e orientador, numa época de realizações e de crises, de apreensões e de catástrofes. No plano da ação sua grande obra foi a fundação - ocorrida em São Paulo em 1960 - e direção da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP) . Em 1980 o Conselho Nacional da TFP declarou-o presidente vitalício da mes ma. Seu ensaio Revolução e Contra-Revolução inspirou a fundação de TFPs ou Bureaux-TFPs em 26 países, nos ci nco continentes. São elas co-innãs e autônomas da TFP brasileira. Nota:

* Co nformando-nos com os decretos do Sumo Pontífice Urbano Vlll, declaramos não querer antec ipar o juízo da Santa Ig reja no emprego de palavras ou na aprec iação de fatos edificantes que são pub li cados em Catolicismo co m relação a pessoas já falec idas. Em nossa intenção, os títul os elogiosos não têm outro sentido senão o ordinário, e em tudo nos submetemos, com fili al amor, às dec isões da Santa Igreja.

e A To LI e Is Mo

Outubro de 1997

19


Nobre, guerreiro e filho da sabedoria As três qualidades acima refulgem, de modo eminente, na alma de Plinio Corrêa de Oliveira MIGUEL BECCAR VARELA

coisas exímias, dignas de tal" (op. cit. cap. VII, nº 8, p. 137). E um tópico do Discurso de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, de 9-1 -1958, no qual o Sumo Pontífice referia-se a alguns dons próprios à nobreza, aplicava-se bem ao seu modo de ser ari stocrático: "A imperturbável fortaleza de ânimo, a.fidelidade e a dedicação às causas mais dignas, a piedade terna e munificente para com os débeis e os pobres" (in op. cit. p.278).

O verdadeiro nobre Nesta edição de Catolicismo, pareceu-me oportuno focalizar três virtudes da pujante alma de Plinio Corrêa de Oliveira, em face dos grandes panoramas do mundo, dos transcendentes aco nteci mentos sociais, políticos e religiosos. Quando tratava de tais assuntos com sócios e cooperadores da TFP, especialmente por ocasião das chamadas Reuniões de Recortes, brilhavam nele, a meu ver, especialmente a nobreza, a combatividade e a sabedoria. Eu observava muito Dr. Plinio quando ele chegava para apresentar tais reuniões. Sua figura parecia-me sempre dotada de grande distinção, pela presença marcante e elegância de gestos. Em todas as suas ações notava-se uma despretensão exemplar. Ao mesmo tempo, era muito seguro de si, o que se refletia sobretudo no olhar. Também chamava a atenção seu grande zelo apostólico, o qual se conciliava com uma extrema bondade para com o próximo. As Reuniões de Recortes eram reuniões semanais, nas quais Dr. Plinio analisava as notícias provenientes de todo o mundo, relativas à Igreja Católica, à política nacional e internacional, aos costmes da sociedade e à cultura em geral. Começavam elas habitualmente com O vos omnes - cântico de autoria do grande compositor espanhol Tomás Luís de Vitoria: "Ó vós todos, que passais

pelo caminho, parai e vede se há dor 20

CAT OL IC ISMO

semelhante à minha dor". As palavras

a maior glória de Deus". Eis aí uma

do canto constituem uma estrofe das Lamentações do Profeta Jeremias, mas que são aplicadas a Nosso Senhor e à Virgem Santíssima por ocasião da Sagrada Paixão. As reuniões tinham em vista dispor · os espíritos para a consideração da trágica situação em que se encontra a Santa Igreja e a civilização cristã em nossos dias. Nelas tinha-se a impressão que Dr. Plínio se dirig ia não só aos seus di scípulos e filhos espirituais, mas também - de alguma maneira - mantinha uma interlocução com a própria Revolução, com vistas à sua destruição. N a aparência ignorado e desprezado pelos corifeus da mesma, na realidade era odiado e furiosamente combatido por eles. Apesar disso, nada o perturbava ou abalava em sua profunda convicção da infinita superioridade que a verdade católica mantém sobre o conjunto de mentiras que compõem o arcabouço doutrinário da Revolução. Sua vinculação com o ideal católico contra-revolucionário era tão profunda, que assumia toda s ua pessoa. Por isso, a nobreza de seu porte e a elegância de suas maneiras consistiam a resultante, não apenas de sua elevada condição social, mas, sobretudo, de uma certa luz e calor que pareciam descer do alto patamar em que sua alma estava impostada. Certa vez, São Francisco Xavier disse a seu irmão, quando se dirigiam a uma reunião social: "Sejamos distintos para

norma que poderia ser aplicada ao Dr. Plinio. Por sua simples ação de presença física, ele exercia um apostolado de sentido nobil itante. Toda perfeição sobrenatural, toda nobreza, provém de Nosso Senhor Jesus Cristo, através de Sua Igreja. Nada ex iste de mais nobre nem de mais poderoso face ao mal do que a condição de católico apostólico romano. E Dr. Plinio tornava patente esta realidade, tão difícil de se perceber hoje em dia. Mas era sobretudo em seu pensamento e em seu ensino que a verdade católica adquiria um tal grau de esplendor, que logo tornava patente o quanto ela é nobre, é bela, é um reflexo de Deus. A entrega e nl evada ao ideal católico tinha como conseqüência fo1jar em seu espír ito uma seg urança e uma afirmatividade muito grandes que, se por um lado atraía e elevava os bons, por outro desconcertava os maus, tirando-lhes muito de sua empáfia e de sua falsa segurança ante os verdadeiros católicos. Estes últimos, por sua vez, sentiam-se confortados na luta, e suas almas cresciam no sentido de estarem à altura do ideal católico contra-revolucionário. "A nobreza - diz ele em seu livro

Outubro de 1f197

Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana - é um padrão de excelência para edificação de todos os homens e, em certo sentido, para que recebam um merecido realce todas as

é combativo Conseqüência natural da nobreza de alma e de corpo é a combatividade. Cito aqui suas próprias palavras, discorrendo sobre a inocência católica:

"Dessa visão nobre nasce o combatente .... diante dafelonia e do mal. A atitude [da inocência] só pode ser a luta. .... Onde a nobreza da condição de católico adquire seu melhor brilho é no choque contra o mal, dardejando e recusando esse mesmo mal. Daí sai a matéria prima para formar um guerreiro. A partir de então, ele se torna desconfiado, sagaz, lutador, porque se fe z presente em sua alma a visão do mal enfrentando-se continuamente com a Igreja. Esta combatividade não o faz perder, de nenhum modo, seu senso do maravilhoso, sua nobreza. Pelo contrário, ela se sublima e se incorpora à sua alma". Certa vez, este perfeito combatente católico que foi Dr. Plinio fez um comentário muito significativo, que reflete bem a fibra guerreira de sua alma: "Na Chanson de Roland, quando se

aborda a grandeza de Carlos Magno, ressalta-se acima de tudo o gue rreiro, sobre qualquer outra· coisa. Por que? Porque na guerra encontra-se o risco, na guerra exige-se o esforço, na guerra está a glória". Jamais vi, em mai s de trinta anos de convivência, o Dr. Plínio desanimado. Nas horas mais difíceis, em que tudo parecia favorecer à Revolução e quando as

forças da Contra-Revolução pareciam impotentes e derrotadas, crescia sua iniciativa de ação. Afirma Santo Tomás que há uma maneira sobrenatural e divina de ser forte, pela qual o justo não tem apenas a certeza da vitória, mas vence, de fato, ainda que, para isso, Deus sinta-se como que forçado a operar um milagre (cfr. Suma Teológica, II-II, q. 139). Sua força não se limitava a ser o motor da combatividade pessoal que o animava, mas ela arrastou atrás de si incon táveis seguidores que constituíram a TFP brasileirn e as entidades afins a esta, existentes nos cinco continentes, numa verdadeira epopéia durante décadas. Cada um de nós sabe quanto é difícil mover os outros, renunciar aos próprios egoísmos para entregar-se a uma luta desinteressada. É verdade que é a graça que, em última análise, sustenta as campanhas da TFP brasileira. Mas a personalidade pujante de seu Fundador, ornada com as vütudes eximias que praticava, foi o instrumento humano de que Deus se utilizou para conceder essa graça. O combate contra-revolucionário travado pelo Dr. Plinio foi glorioso aos olhos da História, e muito mais aos olhos de Deus e de Nossa Senhora. Mutatis mutandi, pode-se dizer dele que foi um robusto caçador diante do Senhor (cfr. Gen 10,9).

Varão dotado de sabedoria Pairando acima, vivificando a nobre combatividade de varão católico, brilhava no Dr. Plínio seu a mor à vi1tude da sabedoria. Ele contemplava, cheio de admiração, as obras dela - tais como os juízos de Deus, suas misericórdias e castigos - transparecendo na conturbada história de nossos dias. Por isso, proclamava com freqüência a grandeza insondável dos planos da Providência Divina, colocando-se numa atitude filial, numa posição d e se rvi ço e de holocausto ante ela. Tudo quanto se referia à Fé apresentava para ele um interesse candente. Nos temas a ela relacionados percebia o Lumen Christi de que fala São Paulo. E, como

e ATOL I e ISMO

Outubro de 1997

21


decorrência, tais assuntos transformavam-se no centro de suas cogitações, de seus interesses, de seus desejos. Assim sendo, a sabedoria derramava-se como um rio em toda sua alma , dando frutos de prudência, magnanimidade, seriedade, obediência, retidão de espírito. A batalha que moveu contra o comunismo e contra o progressismo dito católico não consistiu apenas na defesa de doutrinas ou de interesses puramente humanos. Constituía sobretudo a afirmação en levada da santidade, da verdade e da beleza do universo criado por Deus, que a Revolução tenta destruir. Ano após ano, vimo-lo analisar a situação do mundo e da Santa Igreja. E, em suas percepções, análises e juízos transparecia, de modo claro, a virtude superior e arquitetônica da sabedoria. Pois, sem o auxílio de uma insigne graça que possibilite a prática dessa virtude em grau tão elevado, não é dado a um homem ter tanta penetração e tanta prudência no juízo, de modo tão estável, ao longo de tantos anos. Mas a sabedoriçi tem isto de característico: ela confere eficácia ao amor. Através dela, praticada pelos justos, Deus vai realizando seus desígnios. O papel da sabedoria na reta conduta dos povos é básico. * * * A obra de Plínio Corrêa de Oliveira deve perdurar e atingir a plenitude de sua eficácia, porque representou como que o verbo de uma alma cheia de fé enlevada em relação à Santa Igreja Católica, de uma vocação ímpar no século que assistiu, em seus primórdios, às promessas de Nossa Senhora em Fátima, que deverão culm inar com o triunfo cio Seu Imaculado Coração. O exemplo oferecido por Plínio Corrêa de Oliveira enquanto nobre, guerreiro e filho da Sabedoria, é para ser meditado e imitado. E produzirá certamente um efeito benéfico na linha da perseverante esperança - sempre lúcida e operosa - da derrota da Revolução e do advento do triunfo de Maria Santíssima. ♦ 22

Um dia com

Plinio Corrêa de Oliveira Piedade autêntica, elevação de vistas, serenidade de espírito, plena consciência do dever cumprido: elementos salientes do perfil moral do Fundador da TFP, em sua vida quotidiana F ERNANDO ANTUNEZ ALDUNATE

j

D oze badaladas do relógio, sonorame nte elega ntes, anunciam o meiodia. Abre-se a porta do escritório e sai Amadeu Lago, seu prestimoso e efi ciente auxiliar dom éstico, av isando que Dr. Plínio está nos convidando para rezar oAngelus. É o início do trabalho diário de atendimentos, despachos e entrevistas do Fundador da TFP. Ele no acolhe sorridente, em sua costumeira afabi1idade, às vezes até gracejante, com um cumprimento em que o olhar diz mais do que as palavras. '

CATOL I C I SMO

Outubrode1997

'

Após a oração ele toma, por razões de saúde, um pequeno lanche, durante o qual vai fixar a agenda do dia. Ou seja, quepe soas, que assuntos, que problemas serão objeto daqueles atendimentos, des pachos e entrevistas, segundo as prioridades da causa da civilização cristã e do bem das almas. Cada decis ão é bem pesada, poi s considera qu e o tempo de que di spõe nã o lhe pertence, mas a Nossa Senhora. A finalidade de seu trabalho é a aplicação prática daquele s princípios que com tanto brilho e lucidez ex pôs em sua obra funda mentalRevolução e ContraRevolução: combater com a maior eficiência possível a Revolução , entendida esta e nquanto movimento que visa destruir um poder ou uma ordem legítima, estabelecendo em seu lugar um estado de coisas ou um poder ilegítimo. O vigor e a energia que manifesta no decurso do trabalho não são, de modo algum, nervosos ou febricitantes. Muito pelo contrário. No equilíbrio plác ido de sua alma, tudo se resolve de manei.ra calma, refletida e ponderada, tudo vem a seu tempo, com rapidez, quando esta se faz necessária, mas també m com a indispens ável tranqüilidade que tira à mesma rapidez qualquer toque de correria frenética. Este ritmo de vida é oreflexo de uma alma católica e tem suas raízes mais profund as na o bse rvância exe mplar da virtude cardeal da temperança, que se ma-

nifesta em todas as circunstâncias das atividades diári as do Dr. Plínio. Seus horários são tardi os, em parte por tradiç ão familiar (o Conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, seu tio-avô, figura política proeminente do II Império, recebia colegas de gabinete, ao meio-dia, ainda de robe de chambre; e sua avó materna, Da. Gabriela Ribeiro dos Santos, era famosa na sociedade paulista por seus atrasos), mas também porque precisa atender pessoas que apresentam consultas urgentes , qu e lhe tomam muito tempo . Por outro lado, aprecia tr à balhar de madrugada , cujo ambiente e circunstâncias, segundo se u próprio depoimento, estão mais em consonância com a situação atual da Santa Igreja e do mundo, e nos quai s a vulgaridade e a febricitação da c ivilização moderna ficam atenuadas, devido ao tardio da hora.

resumo dos jornais, que ele comenta em seguida, não raramente indicando providências a serem tomadas em função do relato recebido. As notícias das atividades internas da TFP são analisadas durante o quotidiano atendimento telefônico concedido ao Dr. Luiz Nazareno de Assumpção Filho, atual vice-presidente da entidade. Somente com a fixação da agenda é que começa propriamente a batalha do dia, em que a reflexão pre-

Início do dia

A mesa de trabalho no escritório do apartamento de Dr. Plínio

Já ao acordar, por volta das 10 horas da manhã, faz suas orações antes de man dar abrir as janelas, na recolhida penumbra de seu quarto. O café da manhã é servido à luz dos abajures, com as venezianas ainda fechadas. Somente na hora de iQiciar o trabalho é que toma contacto mai s direto com a claridade solar. As atividades di,'u'ias passam pelas mesmas gradações. Após acordar e recitar suas orações matutinas, um de seus assistentes, Sr. Luiz Gonzaga, lhe apresenta um CATOLICISMO

cede e ilumina a ação, como fruto de uma profunda vida interior.

As reuniões do MNF Às quartas, quintas e sexta-feiras sua primeira atividade consiste em dirigir a reunião da comissão do MNF, fundada em meados da década de 50, e da qual participam alguns dos membros mais antigos da TFP, como os Drs. Adolpho Lindenberg e Paulo Corrêa de Brito Filho. Tal comissão se dedica a esOutubro de 1997

23


tudos de caráter doutrinário. Aos veteranos da comissão, haviam-se incorporado posteriormente membros mais jovens, como o Príncipe Dom Bertrand de Orléans e Bragança, o Conde austríacoAndreas von Meran, os Srs. João S. Clá Dias, Gregório Vivanco Lopes, Áti la Sinke Guimarães, Gonzalo Larrain Campbell, Carlos Guerreiro Dantas e o autor do presente artigo.

Despachinho: sabedoria aplicada aos casos concretos Às segundas e terças-feiras, Dr. Plinio não sai pela manhã e, na calma de sua residência, procede ao despachinho, cari nhoso nome atri buído por ele às funções de seu secretariado particular, c uj a coordenação me foi confiada. Nessa ocasião tratam-se os mai s variados assuntos: desde importantes estudos doutrinários até a assistência

a filhos esp iritu ais que lhe pedem conselho, bem como a vasta correspondência que lhe é dirigida. A apresentação das matérias deve ser feita por blocos de temas congêneres, tendo em vista a urgência e a importância dos mesmos, o que não excl ui certas opções pref erenciais, como, por exemplo, as consultas feitas pelos Dr. Mário Navarro da Costa e pelo Sr. Juan Miguel Montes, respectivamente diretores dos Bureaux de representação das TFPs em Washington e Roma. Com uma sabedoria sem par, esclarece, anima, dá novas metas, resolve casos melindrosos, adaptando as respostas à psicologia do consulente, sempre num tom sério, afável e embebido de espírito sobrenatural. E tudo isso é feito com urna despretensão total, às vezes olhando uma pedra semipreciosa co ntra a lu z, ou brincando

A refeição de Dr. Plinio é servida, na maior parte das vezes, na presença de alguns íntimos que comparecem para participar da animada conversa

24

CATO LI C I S MO

Outubro de 1 997

com urna batuta de maestro. Essa aparente despreocupação, porém, não é sufi ciente para ocultar a profunda reflexão e o alto espírito contemplativo que estão na raíz de cada uma das decisões ou das orientações que brotam de seus lábios.

Almoço: conversas amenas sobre temas diversos Por volta das três da tarde Dr. Plinio começa a almoçar. A refeição é servida, na maior parte das vezes, na presença de alguns íntimos que, embora já tivessem almoçado, comparecem para participar da animada conversa. Além de alguns membros da comissão do MN F, já mencionados, costumam assistir a esses almoços os Drs. Eduardo de Barros Brotero, Plinio V. Xavier da Silveira, Caio V. Xavier da Silveira e o Cel. Carlos Antonio Poli , que residem no mesmo prédio. Durante a refeição , Dr. Plinio conduz suavemente a conversa, a partir de pequenos fatos ocorridos naquele dia ou da atualidade, para ternas históricos, sociológ icos ou até teológicos . Nos períodos em que seu tempo torna-se exíguo, ele é obrigado a tratar de algum assunto importante com qualquer dos já mencionados circun stantes, ou com qualquer outro de seus auxi li ares, que é chamado para estar presente naquela hora. Pode tratar-se do esquema de um comunicado de imprensa, da orientação espiritual para os mais novos, ou então da revisão de um artigo ou manifesto de sua lavra.

Dr. Plinio sempre foi um gourmet consumado e ex igente. Porém, devido a urna diabete, que se manifestara em 1967, foi obrigado por recomendação médica a segu ir um estrito regime alimentar. Apesar de seu truculento apetite serv iu -se e le, durante anos a fio , apenas de urna xícara debeejiea, segui da de um prato de vagens ao vapor, finalizando a refeição com urna compota sem açúcar. Nos últimos anos de sua vida, devido aos novos métodos de tratamento da diabete, seu regime foi mitigado, podendo ele comer praticamente de tudo, desde que não contivesse açúcar.

Orações diárias e Comunhão Depois de um descanso de aproximadamente 20 minutos, as ativ idades recomeçam pela recitação, durante urna hora, das orações quotidianas. Para isolar-se e não ser interrompido, reali za um g iro de carro, conduzido pelo Sr. Oílson Gugelmin, seu dedicado e sagaz motorista, com a velocidade do trote de cavalo. Em silêncio, recolhe-se na presença de Deu s, votando toda sua atenção à prece, a ponto de, por vezes, afastar de sua mente algum alto pensamento sobre um a passagem da vida de Nosso Senhor ou de Nossa Senhora, porque o episód io não corresponde ao mistério do terço que está recitando. Nas orações, Dr. Plinio segue sempre, na aridez ou na conso lação, a mesma seqüência: começa pelo Pequeno Ofício da Imaculada

Conceição, prossegue com os Salmos do Santíssimo Nome de Maria, o Exorc ismo breve de Leão XIII, um a novena perpétua a Santa Teresinha e várias Sa lveReginas e Ave-Marias. Renova depoi s a consagração como escravo da Santíssima Mãe de Deus - segu ndo a fórmu la de São Luís Maria Grignion de Monfort, ensinada em seu Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virg em - precedida pelo Veni Creatore o cântico mariano Ave Mari.s Stella . Depois , rec ita o Rosário comp leto e mais quinze terços de jaculatórias a Nossa Senhora e a d iversos Santos. Nos dias de semana, desde que permita o horário, Dr. Plinio visita a igreja de Nossa Senhora Auxiliadora ou a matriz do Sagrado Coração de Jesus, ambas dos padres salesianos. Aos domingos vai à capela do Convento da Luz, na avenida Tiradentes, antes de visitar o túmulo de sua sa ud ossísima mãe, Da . Luc ili a Corrêa ele Oliveira, no cem itério da Consolação. A hora da comunhão é, de acordo com sua firme convicção, o ponto alto do dia. Prepara-se para ela com serenidade e recolhimento. Não gosta de ouvir ruído ante a Augustíssima Presença de Nosso Senhor sacramentado. Após a comunhão, permanece longos minutos em oração, com a face apoiada nas mãos, rezando a ação de graças. Dálhe imenso prazer a audição do cântico Anima Christi bela oração composta por Santo Inácio de Loyola - durante a qual invariavelmente olha o sacrário.

Chegando à sede do Conselho Nacional da TFP, à rua Maranhão, passa pela capela, a fim de rezar as orações oficiais da entidade, subindo depois para seu escritório.

Chá da tarde: perguntas e respostas Antes ele iniciar os atendimentos, toma chá em companhia de cooperadores da TFP. Essa amena conversa na qual responde às mais variadas perguntas - tornouse conhecida como o Chá dos venezuelanos . Tal denominação se deve à especial assistência que Dr. Plínio presta aos seus discípulos da Venezuela, cuja assoc iação havia sido arbitrariamente fechada por um Governo soc iali sta desse país, em novembro de 1984. Essa injusta medida fo i aplaud id a, como era natural, por jornai s comunistas da Rússia e de C uba (vide Catolicismo, nº 417 , seternbro/85). Nas quartas e sexta-feiras, após as orações, dirige-se ao Êremo do Praesto Sum 1• Também nessa ocasião, ao chegar, Dr. Plinio entretém elevada conversa com os moradores da casa e do vizinho Êremo de São Bento 2, discorrendo, de preferência, sobre impo1tantes temas de espiritualidade.

Atendimentos vespertinos e conferências à noite Após o chá, iniciam-se os atendimentos da tarde. Sãolhe apresentados os mais diversos assuntos, que podem versar sobre a visita de alguma personalidade brasileira ou estrangeira a quem deve receber, o u, mais freqüen-

Momento em que Dr. Plínio saia para realizar seu giro diário de carro em que aproveitava para fazer suas orações

temente, a respeito de matérias de trabalho, pelo responsável do setor ou comissão. Jamais a agitação atravessa o umbral da porta onde se encontra esse grande batalhador. Ao entrar no recinto, nel e se sente um oas is de paz e de esperança. Previdente, ma s inalteravelmente tranqüilo e animado, nada o demove dessa posição de alm a que ele tanto admira e que está gravada no túmu lo do Ve nerável F rei Gal vão, na capela do Convento da Luz: Anima sua in manus semper tenens (Tinha sua alma sempre na mão). O expediente da tarde está e ncerrad o. Urna peq uena multidão - composta de -V isi antes recém-chegados das vastidões do Brasil ou do Exterior, e os habitués de São Paulo - aguarda-o para cumprimentá-lo. Respeitando as hierarquias, Dr. Plinio cumpri menta todos, começando pelos visitantes do Exterior. CATOL I C I SMO

Se o tempo é exíguo ou o número de pessoas muito grande, saúda de passagem os demais, pelo menos com um olhar muito paternal. Dirige-se então ao Auditório de Nossa Senhora Auxiliadora, contíguo ao Êremo do Praesto Sum, onde, nesses dois dias da semana, a partir das 22 horas, pronuncia uma conferência assistida habitualmente por cerca de 300 sócios e cooperadores da entidade. Voltando a casa, prefere jantar sozinho, admirando algum álbu m, ou lendo li vros de História - tema que, de long~ goza de sua preferência. A partir da metade da década ele 1980, trocou esse lazer pela companhia de alguns amigos, como os Prín cipes Dom Luiz e Dom Bertrand de Orléans e Bragança, os Srs. João S. C lá Dias e Átila Sinke Gu imarães; ou, ulter iormente, o Conde Andreas von Meran. Outubro de 1997

25


nhã. Nesse período chega a traApenas aos do mingos se tar, com toda lucidez e conscico ncede o prazer de j anta r ência, mais de 25 assuntos ! num bo m restaura nte . NesQuando o despachinho sa ocas ião pode e ntão come r s uas tão a prec iad as · está para finalizar, Dr. Plinio ti ra seu relógio e c haveiro, massas itali anas, "ex travacol oca nd o-os na mesa , ao gância" perm itid a pelo relado do sofá. C hama então o gime a que se submete du cooperador que deve permara nte a semana . necer no expedi ente durante 1 hora da. manhã: a no ite. Reza então suas oraretomada ções do fi m do di a, aco mpados trabalhos... nh ad o po r aqu e le coo pe rador, pelo secretário com o Depois de rápido descanqu al trabalhou nesse último so em seu escritório, já está expediente e pelo servidor pronto para continuar o dia .. . que deverá atendê- lo à noite . No relógio da sala j á soa uma Reza por vári as inte nhora d a manhã qu ando e le ções, osculando algum as de chama um de seus secretários suas mui tas re líquias, manpara o fo rte do despachinho. te ndo sefTlpre, neste ato, ri N o últim os te mpos d e go rosa me nte a mes ma orvida, sua c rescente inte nsidem. Quantas vezes, antes de d ade do tra ba lho qu e exe rse reco lher, ouve-se-lhe a obce - proporc io nad a à sua servação : "Com o favor de arde nte fé e inte nsa vid a inNossa Senhora, um dia a te lec tu a l - obri go u-o a menos para a Revolução! " co nvocar d ive rsas pessoas para esse despachinho, qu e Confiança em deve ria m reali zar, d ura nte o Nossa Senhora nos di a, numerosas e im porta numbrais da morte tes in cumbênc ias di stribu íJulho de 1995 . d as po r e le nessa ocas ião . Um bo m o bservador noAssim , no despachinho d a ta ri a que D r. Plínio passa por noite, passa a ser auxili ado uma grande l?rovação espiripor o utros dedicad os cootual. Só uma p rovação espi peradores, Srs . Nesto r Fonritu al ? N ão. Ta mb é m um seca e Paulo Ro be rto Ca mcâ nce r min a- lhe as fo rças, pos, d evid a me nte repo usem que ningué m o saiba. As sados a fi m de c umprir tal últimas bata lhas apostólicas fun ção nesse horário tardio. Mesmo quando muito can- · fora m particularmente rudes. E m meio a tanta p rovasado, prolonga o trabalho até ção, não perde a serenidade. as três ou três e meia da ma-

Talv ez pressentindo o fi m, torna-se ainda mais paternal. Logo que pode, vai descansar na Fazenda do Am paro de Nossa Senhora, próxima à cidade de Amparo, no interior de São Paul o. Infeli zmente o câncer j á está tão avançado, que se torna necessári o conduzi-lo a um hospital na capi tal pauli sta. No decw·so da hospitalização reve la um a res ignação exemplaríssima, comovendo a todos que mantêm contac to com ele, visitantes ou enfermeiros. Nunca se queixa de nada. Qu ando aind a lhe resta alguma con scjênc ia, observa qu e se encontra num estado de grande desolação espi ritu al, num apa re nte abando no po r par te de Nossa Senho ra e da Providê ncia Di vin a . M anté m rese rva, poré m, até o último instante de sua vida, a respeito el a natureza de ta l provação . E ntrevendo o desenl ace, abraça a C ru z, certa mente ofe rece ndo a Deus as derradeiras perpl ex idades e sofrim entos. Ao cerrar os olhos, parece um leão que havia "combatido o bom combate" até o último hausto, ofertando sua vida em pro l da Santa Igreja e ela civilização cristã. E que entrega sua alma a Deus com

nhora para dirigir, E la própria, a obra que de ixa na Terra .

"Eu ajo, disse ele, como se o Grand Retour 3 tivesse vindo, sabendo que não veio. Nem o castigo previsto por Nossa Senhora em Fátima resolve [a situação] sem Grand Retour. Quando o Grand Retour vier, todos os esforços feitos desde agora serão então coroados pelos seus frutos". ♦

as pe regrin ações de qu atro cópias da anti ga e fa mosa image m de Nossa Se nh ora de Bo ul ogne, que visitara m durante c inco a nos 16 mil paróqui as, aprox im adamente a metade do núm ero de pa róqui as daqu e le pa ís. Ta is pereg rinações ocasionara m um cauda l de graças, que de tenn i-

no u impress ionante movimento de re no vação es p iritu a l no se io do povo. Este, desde o in íc io, chamou espontânea e apropri adamente ta l mov imento de Granel Retour, isto é, Gra nde Retorn o da Fra nça à devoção mari al. O Prof. P líni o Co rrêa el e O li ve ira e os membros ela TFP, utili -

zando-se da signi fi cati va ex pressão fra nces a, pa ssara m a c ha ma r ele Granel Retour a e norme graça ele uma profunda res tauração es piri tual - à mane ira ele conversão - que Nossa Se nho ra concederá aos seus fi lhos fi é is, lendo e m vista os grandiosos acontec imentos previstos por Ela em Fátima.

Notas: 1. Casa de estudos da TFP loca li zada no bairro de Santana. 2. Casa de estudos da TFP situada no Jardim São Bento. 3 . A e x pr essã o G ranel Rei our (Grande Re to rn o) surgiu na Fra nça, em 1942, quando se inic iara m

26

C AT O L IC ISMO

Outubro de 1•99 7

a "consciência do dever cwnprido", pedindo a Nossa Se-

Certo di a , po uco te mpo antes de seu iJ1terna me nto , se m razão ap are nte , Dr. P líni o q ui s d ar- me um co nselho. D isse-lhe que o mem o ri za ri a, se m im ag in a r qu e seri a o último que receberia de seus lábios. Ele, poré m, sugeriu que e u pegasse cane ta e pa pe l para esc revê- lo. Feli zme nte o fi z, pois, muito ma is do que um co nselho , ele proc la mo u no apare nte fracasso de sua vid a (um a vez qu e ansiara ve r o cumprime nto das pro fec ias d e Fá tim a) - um co move nte ato de confi ança na vitória fi na l de M ari a Santíss im a:

Na foto, a Congregação Mariana de Santa Cecília, na qual ingressara Plínio Corrêa de Oliveira (no círculo) em 1928

Filho devotado da Santa Igreja, dedicação total à rest auração da Cristandade Visão panorâmica da atuação extensa e profunda em defesa da Fé íntegra e imaculada A LFREDO M ACHA LE

Notran scurso cio segundo aniversário do falecimento do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, é o portun o foca li zar mais especialme nte sua fec unda atuação no plano relig ioso, ressaltando o importante papel q ue dese mpenho u como vale nte defensor da ortodoxia católica e da civi lização cristã. S ua vicia fo i uma rea lização contínua e exímia do preceito en unc iado por São Paulo, aplicável, com as necessárias adaptações, aos católicos ele todas as épocas: "Nolite co11formari huic saeculo

- Não vos confo rmeis com este século - (Rom. 12, 2). Isto é, não se deixem arrastar pelos erros, pecados e tendências que, em cada época, constituem, por assim d izer, o ponto pelo q ual o clemô-

nio atrai especialmente os homens, afastando-os da influência da Igrej a e dos desígnios de Deus. O Prof. Plinio Corrêa de Olive ira cumpriu tal princípio de modo tanto mais admirável quanto mais forte é a tendência, observada nos meios católicos de nossa época, de adaptação sôfrega e indiscriminada ao mundo moderno. Tão arraigada se ma1úfesta essa incl inação, que se pode dizer que, de todas as aberrações hoje existentes, não há uma que não encontre versão um pouco atenuada nos ambientes católicos~ causando imensos estragos entre os fiéis. Sua obra capital, Revolução e Contra-Revolução, aplica, no fundo , esse princípio do Apóstolo das Gentes à realidade contemporânea; explica o processo histórico dos últimos séculos e ex põe as normas a serem observadas para

impedir que o espírito do mundo contamine a Igreja e as al mas de tal modo, que acabe destruindo a civilização cristã - a única, na História, q ue atingiu uma ple nitude . N as primeiras décadas deste século, quando o Prof. Plínio Corrêa de O live ira iniciou sua luta e m prol da Igreja e da C ristandade, a impiedade atacava fortemente os cató licos, como decorrência d o libe rali s mo e d o l aic i s m o qu e e mpestava m grande parte do mundo desde a Revolução Francesa. A humanidade atravessara mais de um século assolada por tormentas quase incessantes . Estas levariam, po uco depo is, à explosão de ódio contra a civilização cristã, que foi o comuni smo ; mas també m a uma fogos a e intrépida reação católica. Esses furibundos ataques tinham atemori zado muitos fi éis, que se deixavam

e ATO LIe

IS MO

Outubro de 199 7

27


dom inar pela timidez e pelo respeito humano, quando não capitulavam diante dos erros e vícios do mundo. Assim, tais católicos acabaram por se conformar com o espírito do século, ora de forma parcial, ora total, o que mantinha a Igreja como alvo de contínuos ataques e afastava dEla grande número de almas. Entretanto, seguindo os ensinamentos e o exemplo de São Pio Xq ue escolhera como dístico de seu brasão "restaurar tudo em Nosso Senhor Jesus Cristo" - , tivera início uma forte reação de católicos. Estes compreenderam que o Divino Salvador e a Igreja merecem não só a adesão entusiasta das almas, mas também da sociedade. Para isto, é imprescindível que a graça incomparável da Fé seja procla- , mada com ufania por aqueles que a receberam, única maneira de fazer recuar os inimigos da Igreja. Esta combativa disposição de espírito se manifestou no Prof. Plinio Corrêa de Oliveira desde os primeiros anos de sua vida pública, quando se tornou o líder exponencial do vibrante movimento das Congregações Marianas. O impulso alcançado por tal movimento contribuiu, de forma decisiva, para a fundação da Liga Eleitoral Católica, acontecimento de magna importância para os destinos da Pátria naquela quadra histórica. Assim, após mais de um século de ofensiva anticatólica sistemática, a Igreja aparecia invicta perante a opinião pública; e seus inimigos, desgastados.

Reação contra adversários da Fé e católicos "café com leite" Em 1944, nas páginas de "O Legionário", o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira descreveu o ambiente que encontrou e o ideal que o guiou ao longo da epopéia para restaurar a combatividade e a

28

CATO L I C I SMO

intransigência com o erro, na juventude católica brasileira: "Estdvamos na liquidação final do regime liberal. Saturados de ceticismo, de latitudinarismo, de materialismo, deformados pelo linguajar baixo e deprimente da imprensa, pelo espírito dis-

Capa da 1ª edição de "Em Defesa da Ação Católica" e carta assinada pelo Substituto da Secretaria de Estado da Santa Sé - futuro Paulo VI - na qual o livro era louvado e recomendado pelo próprio Papa

soluto do teatro e do cinema, pelo ambiente de crassa trivialidade em que se desenvolvia a juventude, aspirdvamos todos por um ideal mais alto. Nüo tínhamos dúvida sobre esse ideal. Era o Catolicismo, plenitude de todos os ideais verdadeiros e nobres. Na atmosfera que respirdvamos, duas circunstâncias nos afastavam desse ideal. De um lado, os inimigos declarados da Religiüo: maçons, espíritas, protestantes, ateus. De outro lado, os barateadores do espírito cristüo: semi-católicos, muito rezadores e... muito pecadores; gente que cria, mas nüo practicava; gente que cria neste dogma, mas que não cria naquele; gente que conservava, com um rótulo cristão, todos os sintomas do comodismo, displicência, indiferentismo do espírito do século. Católicos, enfim, para os quais a Igreja era um fardo que

Outubro de 1'997

carregavam sem entusiasmo, um ideal com o qual procuravam sofismar, um espírito que procuravam de todos os modos acomodar com o da época, afim de terem também a sua parte, lauta e confortdvel, no grande festim de Baltazar, que foram os últimos anos da democracia liberal. ... . "Na reação que clareou os horizontes, havia implícitas duas reações. Uma, contra os adversdrios da Fé, que deveriam aprender pela r~ieza dos go lp es que recebessem, que o campo não es tava mais aberto sem reservas, à sua insolência, sua afoiteza, seu cínico despreza do Catolicismo. Outra, contra os católicos de meias medidas "católicos café com leite", era o termo da época - que, com o escândalo de sua tibieza, insinuavam por toda a parte a idéia de que o Catolicismo morria de inaniçüo" 1•

Na previsão da derrota, os inimigos da Igreja preferem a tática de infiltração Entretanto, o combate contra os inimigos da Igreja estava longe da vitória, pois, prevendo estes uma derrota na luta aberta, começaram uma dupla ofensiva conspiratória: de um lado, impulsionaram movimentos afins ao nazifascismo, a fim de atrair e desviar os católicos combat ivos; e de outro, corroeram aAção Católica com idéias, iniciativas e tendências que constituíam um prolongamento dos erros modernistas. Erros que São Pio X havia condenado, tendo este Pontífice qualificado o modernismo como "síntese de todas as heresias". Contra ambos desvios o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira travou uma luta incessante, seja pe las páginas do "Legionário", seja mediante o apostolado direto, esclarecendo pessoas proeminen-

tes, ou polemizando com seus adeptos declarados. Seu livro Em Defesa da Ação Católica, lançado em 1943, visava denunciar os erros que, infelizmente, tinham penetrado nessa associação apostólica, e impedir que ela se transformasse num instrumento de descristianização.A obra foi um intrépido brado de aleita, de cujos efeitos o progressismo até hoje não se recompôs. Isso porque os desvios apontados pelo livro deixaram de ser um fenômeno que ameaçava afetar o catolicismo, como um todo, para se tornar quase um problema de sacristias. Os fautores dessa corrosão do movimento católico, porém, vingaram-se do golpe recebido, mediante uma campanha de difarhação e isolamento contra o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, que durou décadas. Mesmo a carta louvando a obra, escrita por Mons. Montini em nome de Pio XII, e enviada ao seu autor, em 1949 não alterou substancialmente a implacabilidade da campanha.

Finda a li Guerra Mundial, novos inimigos à vista A tentação de pactuar com os inimigos ela Igreja não demorou em se manifestar de novo para os católicos. Desta vez em relação a outros erros - o socialismo e o comunismo - que, a partir do fim do conflito mundial, adquiriram uma força sem precedentes. As condenações lançadas pelos Papas contra os mencionados erros foram sendo cada vez mais esquecidas e burladas. Muitos Pastores pretenderam ver neles louváve is preocupações pela justiça social e pelo bem-estar do povo. Alguns Bispos chegaram ao extremo de unir suas forças à seita vermelha na luta contra o direito de propriedade, contra a proporcionada e ju ta desigualdade social e outros princípios básicos da doutrina católica tradicional. Em 1968, sob a direção do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, a TFP realizou em todo o Brasil monumental campanha de coleta de assinaturas, pedindo a Paulo VI medida contra a infil - ►

•••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• • • • • • • • Cardeal Stickler: • • • • 11 • • A Igreja tem necessidade • • • • • • • de homens como • •• Plínio Corrêa de Oliveira'' •• • • • • • • • • • • • • • • • : Na co n hecida falar tanto mal, até • : Livraria Coletti, simesmo em nossos • •

.. • • • • • • : • • • • • • : • • • • • • • • • : • • • • • • : • • • • • •

tuada junto à praça de São Pedro, em Roma, real izou-se no dia 2 de novembro do ano passado a primeira sessão de lançamento de li eraeia to dei seco/o XX - Plínio Corrêa de Oliveira, de autoria do Prof. Roberto de Mattei. Entre os presentes ao ato destacaram-se o Cardeal Alfons Stickler, o Cardeal Opilio Rossi e o Cardea l Paul Augustin Mayer. No final do evento, o Cardeal Stickler encerrou o encontro com as tocantes palavras que transcrevemos a segu ir, uma vez que não tivemos ainda a oportunidade de transmiti-las aos nossos leitores: "Devo dizer que encontrei este grande homem, Plínio Corrêa de O/iveira, em companhia de outras pessoas, de outras instituições e movimentas mais bem contestados, recusados até. Recebi cartas pessoais provenientes de vários países nos quais se acusam es$eS movimentos. Eu sempre fiquei pasmo com isso: como se explica que contra esses movimentos, os quais, tanto quando pude conhecê-los, eram não só ótimos movimentos, mas se baseavam sobre ótimos fundadores, se podia

ambientes da lgre- • ja Católica? • "E devo dize r • que encontrei um • esclarecimento in - • teiro, face a essas • contestações, no • livro de nosso au- • tor [prof. de Mattei] • aqui presente. Ele • dissipa pratica- • mente todas as dú- • vidas sobre a per- • sona /idade, a dou- • trina e também sobre a obra de Plínio • Corrêa de Oliveira. E com isso natu- • ralmente também todas as dúvidas • e ca/lÍnias. Por tal motivo fiquei mui- • to contente em poder dizer a minha • palavra pessoal, modesta porque • não é de primeira competência nes- • te caso, de modo semelhante ao de • tantos que neste livro vêem agora a • personalidade de Plínio Corrêa de • Oliveira na sua verdade, no que tem • de mais essencial e também na sua • grande importância não somente • para o passado mas para o presen- • te e ainda mais para o futuro. .... • "Na situação atual em que nos • encontramos, sobretudo na Igreja, • temos necessidade de homens • como ele, de uma retidão sem com- • promissos, de clareza de idéias e so- • bretudo de uma união sem nenhum : limite à nossa autoridade e a quem • devemos imitar". ♦ •

• • • •

• • •

• •

• • ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• • • •

CATOL I C I SMO

Outubrode1997

29


Cardeal Stickler: "Grande importância [da personalidade de

Plínio Corrêa de Oliveira] não somente para o passado, mas o presente e ainda mais para o futuro"

tração esquerdista em meios católicos. Nessa ocasião 1.600.368 brasileiros subscreveram, em apenas 58 dias, o abaixo-assinado. Já no ano seguinte, tratou-se da difusão de um número especial de Catolicismo, denunciando os chamados Grupos proféticos e o IDO-C, organismos enquistados na Igreja para corroê-la internamente, e levá-la depois a jogar-se na subversão. Dezenove caravanas de jovens propagandistas da TFP percorreram, em 70 dias, 514 cidades (em 20 Estados) de nosso território. Dirigida pelo Fundador da TFP, tal campanha obteve brilhante êxito: 165 mil exemplares daquela edição de Catolicismo foram vendidos. Em fins de 1972 e início de 1973, igualmente sob a direção do insigne líder e homem de ação católico, a TFP promoveu uma campanha de porte nacional para a difusão de corajosa e oportuníssima Carta Pastoral sobre Cursilhos de Cristandade, de D. Antonio de Castro Mayer, então Bispo de 30

CATOLIC I SMO

Campos, 10 antes do afastamento deste Prelado em relação à entidade acima mencionada. O autor denunciava, em seu trabalho, perigosos erros doutrinários, inclusive abertura para o marxismo, que afetavam numerosos setores desse movimento. Treze caravanas com 120 propagandistas percorreram 1328 cidades de norte a sul do Brasil, vendendo 93 mil exemplares da Pastoral. Por sua vez, a própria Santa Sé havia adotàdo, naquela época, uma política de distensão com os regimes comunistas, o que impediu em certas ocasiões que tivessem efeito as justas condena. ções do coletivismo e da perseguição religiosa movida, além das Cortinas de Ferro e de Bambu, pelos carrascos vermelhos. Esperava-se, com tal política, que estes correspondessem às concessões feitas pelo Vaticano, atenuando seus ataques à Igreja. Foi o que se chamou a Ostpolitik vaticana, que insinuava aos católicos a cessação da luta contra a seita comunista.

Outubrode 1997

Quando tais lances adquiriram, em 1974, uma continuidade e amplitude que sugeriam uma norma, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em união com as TFPs e entidades afins de outros países, publicou a "Declaração de Resistência" 2 • Este documento demonstrou que, de acordo com a doutrina católica tradicional, os fiéis, seguindo o exemplo de São Paulo quando "resistiu em face" a São Pedro, tinham o direito de expressar respeitosamente sua perplexidade diante da Ostpolitik vaticana. E também de prosseguir a luta anticomunista. O desabamento do regime soviético, uma década e meia depois, provou quanto este era fraco, quão justificados eram os veementes protestos das populações subjugadas pelo comunismo e quão paradoxal era o fato de que, nestas condições, certos Pastores apoiassem a seita vermelha. Mais uma vez, confirmou-se a necessidade de aplicar à vida de hoje a sapientíssima norma de São Paulo, que comentamos acima. Em 1975, o divorcismo, que já havia sido derrotado em 1966 por vitoriosa campanha de assinaturas promovida pela TFP - 1.042.359 firmas contrárias ao divórcio em 50 dias - voltou à carga através de emendas constitucionais. A TFP, dirigida por seu Fundador, também retornou às ruas, desta vez para difundir a Carta Pastoral Pelo casamento indissolúvel, do Bispo de Campos. Em pouco mais de um mês venderamse 100 mil exemplares da Carta Pastoral, o que impediu a aprovação das referidas emendas.

O silêncio foi a resposta ...

dos Bispos silenciosos Enquanto isso, continuava o processo de penetração dos erros comunistas nas fileiras da Igreja. Em vista disso, poucos anos depois, em 1976, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira lançou o livro intitulado A Igreja ante a escalada da ameaça comunista - Apelo aos Bispos silenciosos, para lhes fazer face, estimulando os Prelados à luta.

A obra expõe a imensa transformação operada no seio do Episcopado brasileiro, o qual era adversário ferrenho do marxismo até os idos de 1948. A paitir de então, começou uma rotação para a esquerda, que recebeu grande impulso em 1952, com a criação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a eleição de D. Helder Câmai·a pai-a secretário-geral desse organismo. Após 1964 - ressaltaaobra - deuse um expurgo de comunistas em numerosas instituições brasileiras. Porém, tendo os meios católicos - mormente a Hierarquia - permanecido incólumes a tal processo, as idéias esquerdistas e as pessoas que por elas militavam se refugiaram neles. E ali prosperaram, a ponto de numerosas figuras do Episcopado nacional ter dado valioso apoio ao trabalho de comunistização do País. No mesmo livro, paralelamente a essa evolução do Episcopado, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira descreve a formação de um grupo de católicos fiéis - inicialmente reunidos no "Legionário", depois em torno de Catolicismo - o qual, com o acréscimo de elementos mais jovens, veio, sob sua direção, a constituir a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP. Apresentado esse restrospecto histórico, o insigne líder católico formu lou um apelo veemente aos Bispos silenciosos brasileiros pai·a que se pronunciassem em defesa da doutrina tradicional e contra o comunismo, pois eles eram numerosos e dispunham de prestígio suficiente para salvar o Brasil do perigo vermelho. Infelizmente, a resposta a esse filial e urgente apelo, por paite dos Pastores silenciosos ... foi, mais uma vez, o silêncio.

Ideal da nova missiologia: tribalismo indígena Contudo, os promotores da penetração dos erros coletivistas nos meios católicos, procuram outras vias para atingir seu fim, o que moveu o Fundador da TFP a fazer novas denúncias.

Em 1977, publicou o livro Tribalismo indígena, ideal comuna-missionário para o Brasil do século XXI, que atraiu a atenção dos fiéis para uma deformação do espírito missionário, que se tinha esgueirado impunemente em ambientes eclesiásticos, intoxicando seminários, desnaturando as missões e tendendo a condenar os indígenas a um primitivismo perpétuo. Com efeito, segundo essa nova corrente missiológica, a civilização atual deveria desapai·ecer, para dar lugai· ao sistema de vida tribal; institutos como a propriedade privada, a família monogâmica e o casamento indissolúvel deveriam ser eliminados, de modo que, longe de civilizai· e catequizar os silvícolas, se lai1Çasse a sociedade contemporânea num regime de vida similar ao adotado pelos infortunados índios. Fois, pois, contra a sociedade coletivista e amoral que transparecia nessa visão idílica do índio selvático, apresentada pela neomissiologia como ideal para o homem do século XXI, que o preclaro pensador católico se levantou, justamente quando esses mesmos erros eram promovidos pelas correntes estrutural istas e tribalistas da antropologia revolucionária.

vavelmente, para instituir no Brasil um regime socialista autogestionário. Na segunda parte dessa obra, de autoria dos Srs. Gustavo Antonio So limeo e Luiz Sérgio Solimeo, informa-se ao público sobre a realidade das CEBs - a doutrina disseminada por estas, sua organização, seus métodos para recrutar seus aderentes e para que estes atuem sobre o conjunto do corpo social. Devido a essa obra do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e à intensa difusão que ela alcançou, iniciou-se a decadência das CEBs, comprovada no 9º Encontro Intereclesial destas associações, realizado de 15 a 19 de julho p.p. , em São Luís (MA), como foi dito em nossa última edição, na qual apresentamos substancioso artigo que analisava o notório processo de esvaziamento das CEBs.

Concluindo: na vitória, o prêmio à fidelidade Para encerrar esta homenagem, é oportuno repetir as sublimes palavras que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira

CEBs: instrumento da esquerda "católica" para implantação de reformas socializantes Apresentam-se novas lutas doutrinárias em defesa da Igreja, contra a penetração esquerdista em seu meio. Em 1982 foi lançado o livro As CEBs ... das quais muito se fala, pouco se conhece - a TFP as descreve como são, em cuja primeira parte o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira demonstra que as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) são o instrumento da esquerda "católica" pai·a semear o descontentamento na população, transformar em seguida tal descontentamento em agitação e, através desta, impor aos Poderes Públicos a tríplice Reforma: Agrária, Urbana e Empresarial. Tudo isso, pro-

Início de campanha de vendas do livro sobre as CEBs, no viaduto do Chá, em São Paulo, promovida pela TFP em 1982

C ATO L IC IS M

o

Outubro de 1997

31


escreveu há mais de meio século, quan do, como hoje, quase só se ouviam as vozes que clamavam por adaptação e transigência: "Quando Nosso Senhor Jesus Cristo morreu, osjudeus selaram sua sepultura, guarneceram-na com soldados, julga ram que estava tudo terminado. "Em sua impiedade, eles negavam que Nosso Senhor fosse Filho de Deus, que fosse c.apaz de destruir a prisão sepulcral em que jazia, que, sobretudo,fosse capaz de passar da morte à vida. Ora, tudo isto se deu. Nosso Senhor ressuscitou sem qualquer auxílio humano, e sob seu império, a pesada pedra da sepultura deslocou-se leve e rapidamente, como uma nuvem. E Ele ressurgiu. "Assim também a Igreja imortal pode ser aparentemente abandonada, enxovalhada, perseguida. Ela pode Jazer; derrotada na aparência sob o peso sepulcral

das mais pesadas provações. Ela tem em si mesma uma força interior e sobrenatural, que lhe vem de Deus, e que lhe assegura uma vitória tanto mais esplêndida, quanto mais inesperada e com.pleta". 3 Quando isso acontecer, quando os católicos tiverem a graça de assistir à vitória de Nossa Senhora e dela participar, recordarão com enlevo aqueles que, ao longo destas décadas, em que tantas verdades foram abandonadas e esquecidas, mantiveram-se afastados desse processo de desagregação, dedicando sua vida a combatê-lo, na mais completa fidelidade à Santa Igreja. E nesse conjunto admirável o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira ocupará, sem dúvida, uma posição de singular proeminência, dando exemplo para os séculos futuros. ♦

Interior da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, onde Dr. Plinio, junto com sua bondosa mãe (foto acima), rezavam muitas vezes aos pés da imagem de Nossa Senhora Auxiliadora

Notas: 1. 17 emas, "O Leg ionári o", 28-5- 1944. 2. A política de distensão do Vaticano com os governos comunistas - Para a TFP: omitirse 0 11 resistir?, "Folha de S. Paulo", 10-4- 1974. 3. Páscoa, "O Leg ionári o", 1°-4- 1945.

Um dos aspectos mais fulgurantes da admirável alma de Dr. Plinio - que encantou e edificou a quantos com ele tiveram a homa de conviver - foi sua ardente devoção à Santíssima Virgem. Sua extremosa mãe, Dona Lucília, devotíssima do Sagrado Coração de Jesus, a Este e à Virgem Santíssima orientou, com incomparável desvelo materno, os primeiros atos de amor e devoção de seus filhos. Assim, já em tenra idade, iniciou-se na alma de Dr. Plinio uma entranhada devoção a Nossa Senhora. Mas dele a Rainha do Céu e da Terra qu eria muito e muito mais ...

32

CATO LI C I SMO

Outubro de 1997

Sólida devoção mariana: alicerce de toda a vida espiritual Consagração à Virgem Santíssima na qualidade de escravo, devoção a Nossa Senhora Auxiliadora e a Mãe do Bom Conselho: traços marcantes da espiritualidade de Plinio Corrêa de Oliveira .AR.NóBJO GLAVAM

"Salvai-me, Rainha" Certo dia, o menino Plinio, que se encontrava num estado de provação espiritual, acompanhou sua mãe à Missa, na igreja do Sagrádo Coração de Jesus,

dos Padres Salesianos. O santuário estava cheio. Da posição em que ele se situava, podia divisar a alva e piedosa imagem de Nossa Senhora Aux iliadora. Neste momento, Plinio sentiu uma atração especial pela ima-

gem, e do fundo de sua aflição rezava empenhada e pausadamente a Salve Rainha. Ainda muito criança - tinha então 11 anos - confundia a saudação "Salve" com o verbo salvar. Dizia então: "Salvai-me, Rainha... " E eis

eAT o LIe Is

M

que uma graça especialíssima tocou o menino naquele instante. Ele, que se julgava fraco e miserável , somente merecedor da rejeição e do desprezo de Nossa Senhora, sentiu , por uma moção interior da graça, que a imagem como que lhe sorria e, no íntimo de sua alma, lhe dizia: "Meu filho, eu sou a Mãe de misericórdia, Mãe dos miseráveis ... Eu perdoo, eu ajudo, basta recorrer a mim". Inefável e sobrenatural alegria tomou conta daquela criança. Uma decisão irrevogável, e para toda a vida, brotou -lhe da alma: " Haja o que houver; aconteça o que acontecer, eu serei sempre dEla, a E la recorrerei continuam.ente e dEla esperare i tudo". A Virgem Santíssima certamente valeu-se daquela cândida confusão infantil para conceder uma graça que ele reputava como entre as mais insignes de toda sua longa existência. Firmava-se assim, com uma densidade difícil de se avaliar, uma devoção que foi a de toda sua vida. Era ela extraordinariamente intensa e profunda, mas crescia dia a dia, instante a instante. E, com freqüência, manifestava-se mediante palavras cheias de unção e de calor sobrenatural, que dirigiu a seus filhos espirituais, em numerosíssimas ocasiões. A um pedido: "Doutor Plinio, dême um conselho", respondia quase sempre: "Meu filho, seja ainda mais devoto de Nossa Senhora!" Aos 20 anos, durante uma novena que fazia a Santa Teresinha do Menino Jesus,

o

Outubro de 199 7

33


dade, ao lado da devoção a Nossa Senhora Auxiliadora: a de Mater Boni Consilii a Genazzano. Prefaciando o magnífico livro escrito por um de seus mais destacados discípulos, o Sr. João S. Clá Dias, intitulado Mãe do Bom Conselho , assim narrou o próprio Doutor Plinio o histórico dessa devoção: "Em 1967 pus-me a ler; diariamente, um livro sobre Nossa Senhora do Bom Conselho, chegado às minhas mãos não me recordo de que maneira. Essa leitura erafeita por mim a altas horas da noite, quando me encontrava deitado à espera do sono,

depois de dias carregados de lutas e trabalhos. "Coisa não freqüente em mim, sentia na leitura dessa obra suave e discreta alegria espiritual, até mesmo quando o autor se estendia na exposição de alguns assuntos só muito indiretamente relacionados com a matéria de seu - alids excelente - livro. Mas esse movimento de alma era tão discreto, que não lhe dei a menor atenção. Apenas, movido pela impressionante sucessão de fatos que constituíam a história da invocação e da imagem de Nossa Senhora do Bom Conselho, pedi a um amigo, com relações na Itdlia, que me fizesse chegar

de ld uma estampa da Mãe do Bom Conselho. "Uma brutal enfermidade agrediu-me não muito depois, e exigiu uma intervenção cirúrgica arriscada. Esta comportou a indispensdvel hospitalização. "Enquanto meu organismo se recompunha com promissora celeridade, fatos de outra natureza me traziam ao espírito cruéis preocupações. "Foi em tal situação que amigos me trouxeram ao hospital a estampa afinal vinda da Itdlia. "Devo dizer qu_e me achava então com o espírito mais ou menos esquecido da excelente obra de Mons. Dillon .

"Os amigos que na ocasião me rodeavam, desdobraram então aos meus olhos a estampa que eu havia pedido. Fitei-a com natural e respeitosa atenção e - oh prodígio! - passou-se nela algo de indescritível. De modo nenhum se tratava de um milagre, nada de sensível se havia alterado na Imagem. As figuras de Nossa Senhora de Genazzano e do Menino Deus, que trazia ao colo, como todos os contornos e coloridos das figuras continuavam absolutamente inalte rados. E, isto não obstante, tive a certíssima impressão de que a Imagem de Nossa Senhora me fitava

desde então ao afresco de Nossa Senhora, exposto em Genazzano. E, no cumprimento de tal dever de gratidão, fui divulgando o fato entre meus bravos e piedosos companheiros de lide... "*

com comovedora bondade. E que, ademais, me fazia entender - eu não saberia dizer como - algo que resolvia luminosamente e de um modo sereno e irretorquível, OSJJ,roblemas de alma quem-e atormentavam seguramente mais do que os do co rpo. Nada disso comuniquei então aos circunstantes. Quando, mais tarde, resolvi abrir-me sobre o assunto, dois amigos que figuravam entre os que me rodeavam durante aquele episódio, afirmaram nada terem notado em mim, mas sim na Imagem que me fitava com misericordioso amor. "Indizível dívida de gratidão passou a me vincular

* * * Batalhador incansável, devotíssimo da Rainha dos Anjos e Terror dos demônios, Doutor Plinio fechou os olhos para esta vida na inabalável certeza da vitória do Imaculado Coração de Maria, prometido por Nossa Se♦ nhora em Fátima. Nota (*) João S. Clá Dias, Mãe do Bom Conselho, Artpress Ltda, 1995, pp. 18- 19.

••••••••••••••••••••••••••••••••• •••••• ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• Mater Boni Consilii a Genazzano

pedindo que esta lhe apontasse um meio de progredir ainda mais na vida espiritual e na devoção a Nossa Senhora, conheceu ele o admirável livro de São L uís Maria Grignion de Montfort, Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem . Nesta obra Dr. Plinio encontrou o meio mais eficaz de crescer nessa devoção, que passou a ser o grande alicerce de sua vida espiritual. A este respeito, escreveu ele nas páginas do "Legionário" memorável artigo, do qual transcrevemos, no quadro ao lado, algumas das passagens mais salientes. Consagrou-se a Nossa Senhora - conforme recomenda o Santo - na qualidade de escravo perpétuo. E

34

e ATOL I C I SMO

tal consagração, ele a renovou em todos os dias de sua longa e benfazeja vida! Transcorreram décadas de magnífica atuação pública, de intensas lutas, de brilhantes vitórias mas também de penosos revezes, por vezes até crudelíssimos. Porém, ao longo de todos esses anos, um nome - Plinio Corrêa de Oliveira - um ideal e uma obra se foram difundindo pelo Brasil e por todo o orbe. Se até então a invocação de Nossa Senhora mais utilizada em suas orações era a de Auxilium Christianorum, em memória da graça recebida na infância, um a circunstância de sua vida iria vinculá-lo a outra invocação mariana, que passou a ser central em sua espiritualiOutubro de 1fJ97

Grignion de Montfort Plinio Corrêa de Oliveira orno condição de vitória, sem se desprezar nem de leve as providências concretas, devemos contar essencialmente com os recursos sobrenaturais. A História demonstra que não há inimigos que vençam um país cristão que possua três devoções : ao Santíssimo Sacramento, a Nossa Senhora e ao Papa. Investiguese bem a queda de nações aparentemente muito fervorosas em sua adesão à Igreja: alguma broca secreta a minava em uma dessas três virtudes-chave. A vitória, pois, depende de nós. Tenhamos em dia nossa consciência, estejamos tranqüilos em Deus, e venceremos. Isto expl ica o extraordinário re levo que damos a uma notícia apagada, que

os jornais reproduziram há pouco: a canonização iminente do Bem-aventurado Luiz Maria Grignion de Montfort. A notícia nada significa para o comum das pessoas. Ela significa tudo, para os que conhecem o verdadei ro fundo das coisas. A Providência resolveu jogar sua bomba atôm ica contra os adversários da Ig reja. Perto desta bomba, as convulsões de Hiroshima e Nagasaki não passam de inocentes tremedeiras. Há dois séculos que está pronta a bomba atômica do Cato licismo. Quando ela explodir de fato, compreender-se-á toda a plen itude de sentido da palavra da Escritura: "Non est qui se abscondat a calore ejus'. Esta bomba se chama com um nome muito doce. É que as bombas da Igreja são bombas de Mãe. Chama-se O Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. Livrinho de pouco mais de cem páginas. Nele, cada palavra, cada letra é um tesouro. Este o livro dos tempos novos que hão de vir. Nosso artigo já está por demais longo, para que demos um resumo biográfico da extraordinária vida desse Bem-

aventurado. Não sei de ne nhuma, que seja mais empolgante e mais edificante. O que em nosso assunto é essencial, em poucas palavras se diz. O Beato Grignion de Montfort expõe em sua obra no que consiste a perfeita devoção dos fié is a Nossa Senhora, a escravi dão de amor dos verdadeiros católicos à Rainha do Céu. Ele nos mostra o papel fundamental da Mãe de Deus no Corpo Místico de Cristo e na vida espiritual de cada cristão. Ele nos ensina a vi ver nossa vida espiritual em consonância com essas verdades. E nos in icia em um processo tão sublime, tão doce, tão absolutamente maravilhoso e perfeito, de nos unirmos a Maria Santíssima, que nada há na literatura cristã de todos os séculos, que o exceda neste ponto. Esta devoção, d iz Grignio n de Montfort, unindo o mundo a Nossa Senhora, uni-lo-á a Deus. No dia em que os homens conhecerem, apreciarem, viverem essa devoção, nesse dia Nossa Senhora reinará em todos os corações, e a face da Terra será renovada. De que forma? Grignion de Montfort esclarece que seu livro suscitaria m il

opos ições, seria cal uniado, escondido, negado; que sua doutrina seria difamada, ocultada , perseguida ; que ela suscitaria automaticamente uma antipatia profu nda nos que não têm o espírito da Igreja. Mas que um dia viria, em que os hom ens por fim compree nderiam sua obra. Nesse dia, esco lh ido por Deus, a restauração do Reino de Cristo estaria assegurada . Durante séculos, a canonização do Beato Grignion vem camin hando. Por fim, ela chegou a seu termo. É absolutamente impossível que esse fato não tenha um nexo profundo com a dilatação da Verdadeira Devoção no mundo. E, nós o repetimos, é essa Verdadeira Devoção a bomba atômica que, não para matar mas para ressuscitar, Deus pôs nas mãos da Igreja em previsão das amarguras deste século. Pois bem, nosso otimismo é este: confiamos imensamente mais na bomba atômica de Grignion de Montfort, e em seu poder, do que nós receamos da ação devastadora de todas as fo rças humanas. ♦

("Legionário", 21-10- 1945)

••••••••••••••••••••••••••••••••• ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• C AT O LIC ISMO

Outubro de 199 7

35


hospitais do Estado, etc.; e sobretudo consagrou como dispositivo constitucional a indissolubilidade do vínculo conjugal, admitindo também ef eitos civis para o casamento religioso" 3 .

Na manhã de 15 de

Adquira esta obra e saiba como obter a ajuda de NOSSA SENHORA DO BOM CONSELHO

■ ■

■ ■ ■

Prefácio de Plinio Corrêa de Oliveira Autor: João S. Clá Dias 280 páginas · Apenas Tamanho 12 x 18 cms Fartamente ilustrada R$ 1s,0

0

Este livro não se encontra em livrarias

v 36

Faça já seu pedido pelo telefone (011) 257-1088 (das 8:00 às 18:00 hs)

CATO LI C I SMO

Outubro de 1997

novembro de 1933 , animado por nobres ideais e zelo apostólico, o jovem congregado mariano pau lista Pli nio Corrêa de Oliveira entrava no Palácio Tiradentes, no Rio de Janeiro, para tomar posse de sua cadeira de deputado na Terceira Assembléia Nacional Constituinte. Se sua experiência nas refregas políticas ainda era incipiente, seu diagnóstico dos males do Brasil já era surpreendentemente profundo e suas propostas insólitas para o establishment político da época: "O mal de que padecemos é de origem exclusivamente moral. .... Uma solução, e uma única, vemos nós, para os graves problemas com que lutam nossos estadistas : a recristianização do Brasil" 1• Coerente co m esse diagnóstico, julgava ele que o reerguimento moral da Nação só podia vir da concessão à Igreja de todos os direitos e gara ntias que Ela tão justa e oportunamente reivindicava: "A Igreja reivindica, no atual momento, diversas garantias que lhe facilitarão o desempenho de sua divina missão. Todos os católicos têm a obrigação de lutar incessantemente por estas reivindicações" 2 . Pondo mãos à obra, com oportunas intervenções nos debates parlamentares e um intenso trabalho de coligação nos corredores daAssembléia, o jovem deputado contribuiu poderosamente para obter importantes vitórias em favor da Igreja: "A Constituição de 1934 foi promulgada em nome de Deus, estabeleceu o ensino reli gioso nas esco las, as capelanias nas Forças Armadas, nos estabelecimentos penitenciários, nos

Percurso retilíneo, marcado pela ortodoxia católica

O restaurador da ordem temporal Por sua ardente fé, vigoroso pensamento e destemida ação, Plinio Corrêa de Oliveira realizou ingente trabalho de defesa e revigoramento dos valores católicos, em meio ao neopaganismo contemporâneo JOSÉ ANTON IO URETA

Encerrada sua atuação no cenário legis lativo, fo i-lhe confiada a direção do "Legionário", que ele transformou no órgão que dava o tom para toda a imprensa católica bras ileira. Contrariamente a outros líderes católicos que apoiaram o fascismo em ascensão (notadamente Alceu de Amoroso Lima, também conhecido pelo pseudônimo de Tristão de Athayde), manteve-se ele indefectivelmente independente para melhor servir à causa católica: "Julgamos não nos dever .filiar a nenhuma das correntes atualmente em choque na vida política brasileira, para fa zer do "Legionário" o observador imparcial capaz de auxiliar a imprimir à opinião católica a orientação que ela deve ter" 4 . E, anteriormente, já havia declarado: "É esta a boa política para a Terra da Santa Cruz, em cujo firmamento a Providência não desenhou, nem a cruz suástica, e nem o miserável emblema comunista, mas o Signo da Redenção" 5 • Após a conqu ista de metade da Europa pelo comunismo e da entrada da esquerda "católica" no baile dos grandes deste mundo, sob a sigla enganadora de " Democracia Cristã", Plínio Corrêa de Oliveira recusou-se a seguir a nova moda intelectual (para a qual já tinham rapidamente evoluído Alceu de Amoroso Lima e outros de mesma orientação), moda que considerava o advento do socialismo como a aurora de urna sociedade nova. "Somos anticomunistas" - retrucava Plinio Corrêa de Oliveira - , nitidamente anticomunistas, irredutive lmente anticomunistas, porque o comu-

eATOLIeISMO

Outubro de 1997

37


AtOl,lCI\§M.9 ' '(J

Em abril de 1959, Catolicismo publicou a obra mestra de Dr. Plínio, Revolução e Contra-Revolução

nismo é uma doutrina que procura realizar uma ordem de coisas diametralmente oposta à nossa" 6 • Sua voz destoava ainda do anticomunismo superficial que grassava nos meios burgueses e que via o perigo apenas nos movimentos sociais extremados e não, igualmente, na fraqueza do organismo social: "Sofremos de um fenômeno social de decomposição dos caracteres e das instituições, absolutamente tão vasto, tão profundo, tão virulento quanto o império [Romano] em seus últimos dias. Apenas, a agravar a situação, temos além de tudo uma luta de classes que o império não tinltâ. "Temos também os bárbaros? Sim, e dentro das fronteiras . .... Todos os dias, quebra-se mais um pouco do que nos resta de nossa civilização cristã. Aqui, é um princípio que se nega, ali uma tradi38

C ATO LIC ISMO

ção que se restringe, acolá um costume sadio que se revoga. Hoje somos menos cristãos do que ontem, amanhã se remos menos cristãos do que hoje" 7 • As labaredas da pregação comunista não tardaram a penetrar, através da Ação Católica, nos próprios meios religiosos, afastando Plínio Corrêa de Oliveira da direção do "Legionário". Mas o período de ostracismo que se abriu para ele, até a fundação do Catolicismo, foi frutífero para a maturação de seu pensamento. O estudo aprofundado da História e das grandes Encíclicas pontifícias, assim como uma perspicaz análise da realidade concreta, levaram-no a publicar Revolução e Contra-Revolução, por ocasião da edição do 100º número deste mensário. Em sua obra mestra, descreveu ele o processo histórico que, desde o Protestantismo até o Comunismo, passando pela Revolução Francesa, vem destruindo a Cristandade. Mais ainda, ele definiu sua essência moral: "Duas noções concebidas como valores metafísicos- exprimem bem o espírito da Revolução: igualdade absoluta, liberdade completa. E duas são as paixões que mais a servem: o orgulho e a sensualidade" 8 "Ambos os aspectos, que têm em última análise um caráter metafísico, parecem contraditórios em muitas ocasiões, mas se conciliam na utopia marxista de um paraíso anárquico " 9. Em suma, dizia o ilustre autor, no ódio a toda autoridade e a toda lei "há um verdadeiro ódio a Deus " 10 •

As bases da ordem contra-revolucionária Ao descrever os três pontos capitais nos quais deverá refulgir, mais ainda do que na Idade Média, a ordem nascida da Contra-Revolução, Plinio Corrêa de Oliveira condensou o cerne de seu próprio espírito: • " Um projimdo respeito dos direitos

Outubro de 199 7

da igreja e do Papado e uma sacralização, em toda a extensão do possível, dos valores da vida temporal; .... • " Um espírito de hierarquia marcando todos os aspectos da sociedade e do Estado, da cultura e da vida; .... • " Uma diligência no detectar e no combater o mal em suas formas embrionárias ou veladas, em fulminá-lo com execração e nota de infâmia, e em punilo com inquebrantável firme za em todas as suas manifestações, e particularmente nas que atentarem contra a ortodoxia e a pureza dos costumes" 11 • De fato, esse breve enunciado resume aquilo que ele mais explicitou e amou, e para cuja defesa consagrou sua vida, desde o ardoroso programa do jovem deputado da Constituinte de 1934, até seu último livro em defesa da nobreza e das elites tradicionais análogas. Devido à crise que se abateu sobre a Santa Igreja, o primeiro foco de sua atenção passou a ser "não só o comunismo e o socialismo, expressamente tais, mas as formas mais ou menos veladas do que eu chamaria 'comunismocatólico' e 'socialismo católico"' 12 • Com efeito, no início da década de 60 tinha-se aberto em torno das chamadas Reformas de base , notadamente da Reforma Agrária, a maior batalha ideológica do Brasil contemporâneo. Pois, embora tais reformas encontrassem apoio em grande parte do Episcopado e do Clero, Plinio Corrêa de Oliveira suscitou e liderou a resistência da maioria silenciosa dos católicos contrários a que o Brasil se transformasse numa imensa Cuba a ameaçar toda aAmérica Latina. Seu primeiro lance nessa batalha que ainda não cessou - foi a publicação, em colaboração com dois bispos e um economista, da ob1:a ReformaAgrária - Questão de consciência, que se haveria de constituir no verdadeiro "livro bandeira contra a reforma agrária", segundo o insuspeito depoimento de um representante da esquerda católica 13 • De fato, sua ampla difusão concorreu possantemente para mobilizar a classe

rura l e preparar a · opinião pública no sentido de resistir à onda marxista de então. Resistência esta que criou um clima psicológico propício para a eclosão do movimento de 64.

Surge a TFP Foi em me io a tais embates que, em 1960, se constituiu a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade TFP, para a qual, no dizer de seu Fundador, "afluíram todos os amigos que o idealismo, a desventura, a fidelidade, e as recentes alegrias tão intimamente haviam fitndido em uma só alma" 14 • Além de designar a nova associação, o lema Tradição, Família, Propriedade consubstancia os fundamentos do pensamento econômico-social de Plínio Corrêa de Oliveira, todo baseado na doutrina da Igreja. Em numerosos e bri lhantes artigos e critos no quotidiano "Folha de . Paulo", do qual foi assíduo colaborador entre 1968 e 1990, explicou ele re iteradas vezes a conexão entre os três valores que constituem o lema da TFP. Ass im , segu ndo seu Fundador, uma boa ordenação socia l não vive do impulso artificial do Estado, mas da livre iniciativa ele cada indivíduo, o qual , colhendo os f'rutos de seu trabalho na propriedade privada, vivifica, dá estabilidade e aprimora sua própria família. Famílias assim co nstituídas, fortalecidas p 'lt1 lradição, vão se transformando cm ·stirp •s ao longo das décadas. Surgem nt ão lasses sociais desiguais e harmônicas, cada uma das quais, cumprindo seus deveres específicos, é fonte de progr ·sso para todo o País. Muito atim com a trilogia da TFP é o in tituto da h ·rança, cm cuja defesa

Plinio Corrêa de Oliveira sempre batalhou com decisão e entusiasmo: "Sim, a herança é um instituto no qual a família e a propriedade se osculam. "E nã() só a família e a propriedade, como também a tradição. Com efeito, das múltiplas formas de herança, a mais preciosa não é a do diheiro. A hereditariedade o fato é de observação corrente - .fixa muitas vezes em uma mesma estirpe, seja ela nobre ou plebéia, certos traços fisionô micos e psicológicos que constituem um elo entre as gerações, a atestar que de algum modo os ancestrais sobrevivem e se continuam em seus descendentes. Cabe à família, cônscia de suas peculiaridades, distilar ao longo das gerações o estilo de educação e de vida doméstica, bem como de atuação privada e pública, em que a riqueza originária de suas características atinja a sua mais justa e autêntica expressão. Este intuito, realizado no decurso dos decênios e das centúrias, é a tradição. "Assim vista, a tradição se amalgama harmoniosamente com a família e a propriedade, na formação da herança e da continuidade familiar" 15• O fracasso do comunismo - que, ao pretender nivelar todas as famílias, tirou o principal estímulo para o desenvolvimento pessoal e social - é amaior prova do acerto dessa visão de Plínio Corrêa de Oliveira e do caráter benemérito de sua luta para proteger o Brasil contra as duas te1Tíveis chagas que estão a devastá-lo: • 1) a erosão da propriedade privada e da iniciativa paiticular, através das sucessivas investidas, seja por via legal, seja mediante invasões, em favor da Reforma Agrária; 2) a erosão da instituição familiar através da revolução sexual que instau-

rou o divórcio e agora pretende facilitar a prática do abo1to, mediante o concurso do próprio Poder Público. De uma ou outra forma, o mesmo poderia ser dito das inúmeras campanhas desenvolvidas pelas TFPs e entidades afins, disseminadas nos cinco continentes, e cujo estabelecimento inspirou-se no pensamento e na obra de Plinio Corrêa de Oliveira. A potência dessa família de entidades coirmãs e autônomas - que constitui o maior conglomerado de associações anti-socialistas de inspiração católica existente no mundo - ficou demonstrada pela divulgação da histórica Mensagem denunciando o programa À esquerda, fac-símiles de jornais que difundiram a Mensagem denunciando o programa socialista autogestionário de Mitterrand Em 1960, Plínio Corrêa de Oliveira, funda a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP. Abaixo, desfile da entidade chega à Praça Ramos de Azevedo, em São Paulo

CATOLIC I SMO

Outubro de 1997

39


católica que poderá nascer dos escombros do mundo ele hoje, como dos escombros do mundo romano nasceu a civilizaçüo medieval. Caminhamos para a conquista deste ideal, com a coragem, a perseverança, a resoluçc7o de enfrentar todos os obstáculos, com que os cruzados ♦ marcharamparalerusalém" 19•

Notas: 1. O programa do Club 3 de Outubro, in "O Sé-

culo", Rio de Janeiro, 3-4-32. 2. Nossas reivindicações políticas, in "O Legionári o", nº 74, 8-2-3 1, p. 1. 3. Cfr. Em breve causaremos swpresas a muita gente, in Catolicismo, janeiro de 199 l, p. 6.

Última obra de Plínio Corrêa de Oliveira, traduzida para vários idiomas, recebida calorosamente por importantes personalidades da Europa e da América

socialista autogestionário do presidente francês François Mitterrand 16 e pela coleta de mai s de cinco milhões de assinaturas em favor da independência da Lituânia, iniciativa esta que figurou no Guinness Book of Records de 199 l 17 . É preciso notar, porém, que para a restauração social desejada por Plinio Corrêa de Oliveira, não é suficiente o combate aos fatores de desagregação . Torna-se necessário sobretudo um trabalho positivo de reconstrução. Isso explica seu empenho em restaurar o papel insubstituível das elites tradicionais na vida das nações.A essa restauração consagrou ele sua última obra Nobreza e elites tradicionais andlogas nas alocuções de Pio Xll ao Patriciado e à Nobreza romana, acolhida com calorosa simpatia por altas personalidades da Santa Igreja e por círculos influentes da Europa e das Américas. Em nossa sociedade intoxicada pelo espírito igualitário, pela vulgaridade e pela corrupção moral, conclamou o fundador da TFP os representantes da nobreza histórica e das novas elites análogas do Velho e do Novo Mundo a retomar, pela prática das virtudes cristãs, sua vocação de "padrão de excelência para a edificação de todos os homens", e assim "cultivar, alimentar e difundir

40

CATOLICISMO

esse impulso de todas as classes para as alturas" 18•

* * *

Poder-se-ia perguntar por que Plínio Corrêa de Oliveira empenhou-se tanto na restauração de uma sadia ordem político-social . Não teria sido melhor consagrar sua vida à difusão exclusiva da Religião, que é seu fundamento? No primeiro número de Catolicismo, em janeiro de 195 1, descrevendo o cerne do programa a ser desenvolvido pela revista, explicou ele a importância desse labor, que não hesitamos em qualificar de profético: "Assim como a Escola Militar é o caminho para a carreira das armas, ou o noviciado é o caminho para o definitivo ingresso numa Ordem Religiosa, assim a Terra é o caminho para o Céu . .... "A cultura e a civilização são fortíssimos meios para agir sobre as almas.Agir para sua ruína, quando a cultura e a civili zação são pagãs. Para a sua edificação e sua salvação, quando são católicas. .... O católico deve aspirar a uma civilização católica como o homem encarcerado num subterrâneo deseja o ar livre, e o pdssaro aprisionado anseia por recuperar os espaços infinitos do céu. "É esta nossa finalidade, nosso grande ideal. Caminhamos para a civilização

Outubro de 1997

4. Posição do Leg ionário em fa ce da política brasileira - A renovação pela qual pugnamos deve atingir a Nação inteira, desde a alma de seus filhos até os fu11dame11.tos drt suas instituições, in "O Legionário", nº 265, 10- 10- 1937. 5. Independência autêntica, in "O Legionário", 6- 12-36. 6. Ampla articulação nacional em def esa dos princípios católicos, in "Fo lha da Manhã", 13-9-45. 7. Reflexões sobre a luta de hoje, in "O Leg ionário" , 19- 1-47. 8. Revolução e Contra-Revolução, Parte 1, Cap. VII, 3. 9. Cfr. Revolução e Contra-Revolução, Introdução. 10. Cfr. Revolução e Contra-Revolução, Pa1te 1, Cap. Vil, 3, A. 11. Cfr. Revolução e Contra-Revolução, Parte li, Capítul o li, 2. 12. Em breve ca1.1sare1110,ç causaremos su1presas a muita gente, in Catolicismo, jane iro de 199 1, p.8. 13. Márcio Moreira Alves, O Cristo do Povo, Ed . Sab iá, Rio de Janeiro, 1968, p. 27 1, apud No Brasil: a Reforma Agrária leva a miséria ao campo e à cidade, Editora Vera Cruz, São Paulo, p. 9. 14. Nasce a TFP, in "Fo lha de S. Paulo", 22-21969. IS. Cfr. Tradição, famíl ia, propriedade, in "Folha de S. Paulo", J 8- 12-68. 16. O socialismo autogestionário: para ocomunismo, barreira ou cabeça de ponte?, documento ocupa nd o se is páginas de jornal publicado em 52 países, e que a lcançou uma difu são de 33 ,5 milhões de exemp lares (cfr. Um hom em, i11na obra, uma gesta, pp. 286 e ss.) 17. Cfr. The Gui1111ess Book of Reco rds 1993, Guinness Publishing Ltd. , Londres, 1992, p. 178. 18. Cfr. Nobreza. e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, cap. VII , 8., b), p. 137. 19. A cru zada do século XX, in Catolicismo, nº ! , janeiro de 195 1.

E·í.)11 D 0 D .cl s ·11111~1110111 .e11~10 .e111 ARA CONCLUIR esta homenagem que a Direção de Catolicismo presta a seu insigne inspirador e principal colaborador, é oportuno reproduzir abaixo os termos empregados pelo Prof. Roberto de Mattei, no final de sua magnífica obra O Cruzado do Plinio Corrêa de Oliveira, a Século XX respeito do majestoso cortejo que conduziu à tumba os restos mortais do Varão católico, todo apostólico, plenamente romano: "Ao término deste trabalho, como historiador e como católico, creio poder afirmar com tranqüila certeza, que a poucos homens na História da Igreja se amoldam, como a Plínio Corrêa de Oliveira, as palavras de São Paulo tantas vezes aplicadas aos grandes defensores dafé: Bonum certamen

certavi, "combati o bom combate, completei a minha corrida, permaneci fiel" (2 Tim. 4, 7). "O cortejo que, alçando os grandes estandartes da TFP, em 5 de outubro de 1995, acompanhou Plinio Corrêa de Oliveira, com recolhida solenidade, à última morada, atravessou uma São Paulo bem diversa daquela na qual ele vira a luz . .... "No decurso de uma época em que, como na sua cidade natal, tudo foi vertiginosamente mudado, subvertendo-se valores e instituições, Plinio Corrêa de Oliveira permaneceu irremovível nos princípios em que acreditava, coerentemente fiel àquele ideal de Civilização cristã, no qual tinha visto não só o passado, mas ainda o irreversível futuroda História, caso os homens tivessem correspondido à Graça divina".

CA TOLIC I SMO

Outubro de 1997

41


BRASIL

REINO UNIDO

11

Casamento" homossexual: adiado para 1999

Autora desse impopular Projeto desistiu de sua votação neste ano

ARGENTINA

TFP argentina protesta contra homenagem a "Che" Guevara Soc iedade Argent ina de Defesa da Tradição, Família e Propriedade sol ic itou ao Governador de Buenos Ai res que vete a le i, segundo a q ual deverão ser colocadas p lacas em homenagem ao ex-guerrilhe iro E rnesto "Che" Guevara numa importante praça da cap ital daq uele país. "Nada j ustifzca - afirma a TFP platina - que a

A

cidade renda esta homenagem a quem renegou sua Pátria, alistou-se a serviço da tirania castrista, e promoveu o ódio e a subversão armada em vários países do continente. ["Che" Guevara] "foi também o autor e instigador de incontáveis crimes, crueldades e atos de violência cometidos ao longo dema is de duas décadas. Ass im, co n verte u-se no protótipo do gue rrilhe iro terrorista que, segundo suas próprias palavras, deveria ser uma fria, violenta, seletiva e eficaz máquina de matar". ♦

42

CATO L I

e I SMO

A

parti r de sua edição de novembro/96, Catolicismo vem difundindo documentadas matérias mostrando a flagra nte oposição e ntre o ensi namento de Papas, Santos e Doutores da Igreja Católica e o Projeto de Lei nº l. [51/95 da dep. Marta Suplicy (PT/SP), o q ual "dis-

ciplina a união civil entre pessoas do mesmo sexo". Do mesmo modo, as Campanhas da TFP O Amanhã de Nossos Filhos e

Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! não cessaram de atuar no sentido de esclarecer seus aderentes a fim de que manifestassem seu repúdio à bru ta l vio lação da Lei de Deus em nossa Pátria, se tal Proj eto fosse aprovado . Merecem também especial registro os ingentes esforços desenvo lvidos por parlame ntares em favor da instituição da fam ília no Brasi l. Entre outros, destacamos os Dep u tados Seve r ino Cavalcanti (PPB/PE), Lael Vare ll a (PFL/MG) e Salvador Z imbaldi (PSDB/SP). Após diversas fracassadas tentativas de aprovação do referido Projeto - a última se deu em 25 de maio p.p. - ,

Outubro de 1997

a dep. Maita Sup licy desistiu de levá-lo à votação agora. As razões alegadas fo ram a im ine nte visita de João Paulo II e a proximidade das eleições de 98, pois os deputados temem a reação dos eleitores. A votação foi então adiada pai-a 1999 (cfr. "Folha de S. Paulo", 18-8-97). O P res idente da Comi ssão de Constituição e Justiça da Câmara, dep. Henri que Eduardo A lves (PMDB/ RN) chegou a recomendai· à dep utada petista: "Marta, o

sil , que deve ser fe ita grad ualmente, a fim de evi tar reações no povo. O utros vagões dessa Revolução C ultural são o aborto, a contracepção, a e uta násia, etc. De outro lado, costumase di zer que na democracia o povo é "soberano". Entretanto, nesse ep isód io nós constatamos como esse "soberano" está sendo tratado: não se vota agora um proj eto porq ue seus próprios promotores o consideram impopular! Trata-se, então, de Nelson Carneiro esperou 12 ag uarda r q ue a corrupção anos para conseguir a lei do moral tenha chegado a tal divórcio. Não há clima para ponto, que o "soberano" esvotar esse proteja psico logiO projeto é um j eto agora. É camente dopados vagões dessa do e di sposto a melhor adiar" (cfr. "Jo rn a l verdadeira aceitar qua l do B rasil", Rio Revolução Cultural, quer ig nomíde Janeiro, em curso no Brasil, n ia . Quem é, 20-7-97). que deve ser feita então, o verdaNa mesma gradualmente, a deiro "soberalinha se man ino" aqui? ... fim de evitar festou o dep. Q uanto ao reações no povo Luís Eduardo peso exercido Magalhães (PFL/BA), em pela CNBB em toda essa imconversas com amigos, diportante discussão, na qual zendo ser pessoalmente faestava diretamente em jogo a vorável ao projeto do "caLei de Deus, li müamo-nos a samento" homossexua l. transcrever um desabafo da Mas po ndero u que ficaria dep. Marta S uplicy: "A pressem co ndições de fazer são das eleições é maisforte campanha na Bahia se vodo que a da Igreja" ("Jornal tasse a favor (cfr. "Jornal do do Brasil", ibidem). Bras il ", idem). Peçamos a Nossa SeTais afirmações são mui nhora que intervenha logo to significativas. Pois, de um para impedir, da maneira lado, nos fazem ver que tal q ue melhor Lhe apro uver, a projeto é um dos vagões aprovação desse projeto tão dessa verdadeira Revolução ofens ivo à Lei de Deus e à C ul tural em curso no Bra♦ moral cató li ca.

No Reino U nido: Tradição, Família, Pr opriedade, que lufa d a de ar fresco!" 11

ai in te nsa a difusão ela me nsagem de N ossa Senh ora de Fáti ma em te rras de ·i nto Ed uardo Rei e q ue ão D min go Sávio prev iu qu vo ltaria ao redi l da Sa nta Ig reja ató li ca, Apostó li ca, Romana. Com ·f'cito, ai mela d istribui ção d im 1 rcssos por mala clir la, uma ca ravana da TFP lo nl vem p rcorre ndo as ·idad ·s lo Re ino Unido com a 111 •s ma íi nalidade, trava ndo ·o ntato pessoa l co m o púl li ·o. Os bri tâ ni co fi ca1ll impress ionados qu ·rndo ·nco nlram jove n s ca l li ·os id ea listas dos ma is variados I afscs do B ras il , 1 ortu >a i, anad á, Es tados Unido s, por exem pl d •di ca nclo-sc a tão im po rl unl ' uliviclaclc. E m um a no ' me io de traba lh o 405.000 folhetos fora m di slrihufclos c m 92 cidad s ' nas i •r ·jas cl 134 paróq ui as . AI o dia 13 cio corr nl ' m ·s, mais d' me io milh ão d' vo lant ·s le rão sido cl islribuídos . necessár io r ·o rdar q ue o Rei no Uni do poss ui 60 milhões ele hab ila ntcs , dos quai s cinco milhões são católi cos. E mbora estes, natu ralme nte, sej am os mais receptivos para nosso trabalh o, o tema Fá tim a ve m des pe rtando muito inte resse po r parte de anglicanos,

V

muç ulma nos e até pessoas sem qu alque r reli g ião (infe li z me nte, grande pa rte do públi co) . Os sí mb o los d a TFP - capas e esta ndartes - tê m susc itado agraciáve is surpresas junto às pessoas qu e vêe m as ca mp a nh as. Ass im , p o r exemplo, um senho r na c idade de Leeds co me ntou:

com uma ass istência total de 678 pessoas. E m maio últi mo, por exe mpl o, o S r. M ário N avarro da Costa, diretor do Bureau TFP e m Washington, discorre u sobre a Revolução C ul tural e m três cidades do Re ino U nido. A sede principa l da TFP encontra-se na Escóc ia, em G lasgow. N o dec urso do presente ano, outra sede foi aberta na Inglaterra, na cidade de B irmingham.

Os s imp a ti z antes d a ca mpanh a de Fátim a tê m ajudado na tarefa de e nvia r mate ri a l po r mala direta, e també m de te lefonar pa ra pessoas a mi gas, convidando-as para pa lestras, e ncontros, e tc. O bo letim TFP Vie wpoint, e laborado para manter todos os amigos a par das atividades ela TFP loca l, é publi cado bimestralme nte. E vem alcançando pro,. fund a re ce ptividade junto ao s seus leitores. U m desses telefonou comunicando press urosame nte s ua mudança de e ndereço poi s, di zia e le,

t

"Não quero perder um só número do boletim!" ♦

"Tradição, Fa mília, Propriedade, que lufada de ar f resco!" Nesse mes mo período de campanha, fora m realizadas lO pa lestras j.

CAT O L IC IS MO

Outubro de 199 7

43



N2 563 - Novembro 1997 - Ano XLVII

Nas ruas e no Congresso Naciona


CATOLICISMO N OVEMBRO

DE

1997

N º

5 6 3

N esta Edi çao Cajií tulo VII E. A destruição da ordem por excelência Com efeito, a ordem de coisas que vem sendo destruída é a Cristandade medieval. Ora, essa Cristandade não foi uma ordem qualquer, possível como seriam possíveis muitas outras ordens. Foi a realização, nas circunstâncias inerentes aos te mpos e aos lugares, da única ordem verdadeira entre os home ns, ou seja, a ci vilização cristã. Na Encíclica lmmortale Dei, Leão XIII descreveu nestes termos a Cristandade medieval: "Tempo houve em que aJilosofia do Evangelho governava os Estados. Nessa época, a influência da sabedoria cristã e a sua virtude divina penetravam as leis, as instituições, os costumes dos povos, todas as categorias e todas as relações da sociedade civil. Então a Religião instituída por Jesus Cristo, solidamente estabelecida no grau de dignidade que lhe é devido, em toda parte era florescente, graças ao favor dos Príncipes e à proteção legítima dos Magistrados. Então o Sacerdócio e o Império estavam ligados entre si por uma feliz concórdia e pela permuta amistosa de bons ofícios. Organizada assim, a sociedade civil deu.frutos superiore.1· a toda expectativa, cuja memória subsiste e subsistirá, consignada como está em inúmeros documentos que artifício algum dos culve,:vários poderá corromper ou obscurecer" '. Assim, o que tem sido destruído, do século XV para cá, aquilo cuja destruição já está quase inteiramente consumada e m nossos dias, é a disposição dos homens e das coisas segundo a doutrina da Igreja, Mestra da Revelação e da Lei Natural. Esta disposição é a ordem por excelência. O que se quer implantar é, per diametrum, o contrário disto. Portanto, a Revolução por excelência. Sem dúvida, a presente Revolução teve precursores, e também prefi guras. Ario , Maom é, foram prefi g ura s de Lutero, por exemplo. Houve tamb ·m

Cconrinuação)

utopistas em diferentes épocas, que conceberam, e m sonhos, dias muito pareci dos com os da Revolução. Houve por fim , em diversas ocasiões, povos ou grupos humanos que tentaram realizar um estado de coisas análogo às quimeras da Revolução . Mas todos estes sonhos, todas essas prefi guras pouco ou nada são em confronto da Revolução em cujo processo vivemos. Esta, por seu radicali smo, por sua universalidade, por sua pujança, foi tão fundo e está chegando tão longe, que constitui algo de ímpar na História, e faz perguntar a muitos espíritos ponderados se realmente não chegamos aos tempos do Anticri sto. De fato, parece que não estamos di stantes, a julgar pelas palavras do Santo Padre João XXIII, gloriosamente reinante: "Nós vos dizemos, ademais, que, nesta hora terrível em que o espírito do mal busca todos os meios para destruir o Reino de Deus, devemos pôr em ação todas as energias para defendê-lo, se quereis evitar para vossa cidade ruínas imensamente maiores do que as acumuladas pelo terremoto de cinqüenta anos atrás. Quanto mais difícil seria então o reerguimento das almas, uma vez que tivessem sido separadas da Igreja ou submetidas como escravas às.falsas ideologias do nosso tempo! " 2 ♦

2

22

Hevolll(;,10 c: Contra-Hevc >luc.;ITo

At u,11 ic ladc: Terremotos abalam a Itália

A essência da Revolução

25

4 A palavra cio Diretor

Escrevem os lt'itorc:s

5

26

Púgina Mariana

Vidas ele Santos

A apresentação de Nossa Senhora no Templo

São Josafá: zelo apostólico e martírio

7

30

1)estaq1 t<:

Entre\ ist;1

Em Viena, comemoração de vitória contra os maometamos

Impressionante depoimento do bombeiro que salvou o Santo Sudário

e

34

A p:davr~1 do s~tcerdote O batismo (continuação)

S,rntos

festas do rnC·s

l'

g

36

V<.:nbcles Esquecidas

J\ realidade concisa1n<'nt<...· Dependência à Internet

A perversidade do mundo em relação aos bons

=

alcoolismo e drogas

10

37

N,1cion;1)

lntcrrwcion,11

A presença da TFP no li Encontro Mundial das Famílias

Uma lição para a América: a Colômbia na espiral do caos

13

Esquerda derrotada na Polônia

Notas:

1. Endc l ica lmmortale Dei, de 1- 1 1- 1885, Bonne Presse, Pari s, vol. li , p. 39. 2. Radiom ensage111 de 28- 12- 1958, à popul ação de Mess ina, no 50º aniversário cio terremoto que dest111iu essa c idade, in "L' Osservator · Roma no" , edição hebdomadfi ria ' 111 lfn 11 11 fran cesa, ele 23- 1- 1959.

S.O.S. Família Os deveres dos filhos em relação aos pais

15

41 l lo1nenagcn1 a Plínio CotTC·a ele Olivcirn

Capa Na próxima ediç o, creveremos o it m volução e L gltl do Caplt pen

ma

TFP: defesa de o ossa tradição católica contra abortistas

42 TFPs

19

ac;,10

44

Rcforrrw Agr,í ria Pesquisa de opinião em TV decepciona agro-reformistas

l'lll

A epopéia das caravanas da TFP

Ambientes, Costumes, Civiliz,1c;éks O Batismo

CATOL I C I SMO

Novembro de 1997

3


Com a palavra... o Diretor Ami go le itor,

A

Apresentação é a festa estabelecida pela Santa Igreja para consagrar a memória de um solene acontecimento na vida de Maria Santíssima, sendo Ela ainda criança. Uma tradição constante, cuja origem remonta aos primeiros tempos do Cristianismo, nos informa que a Virgem Santíssima, aos três anos de idade, foi apresentada ao Templo de Jerusalém, onde se consagrou em corpo e alma ao Senhor 1• O Oriente foi o primeiro a celebrar tal festa, como atesta um tópico da constituição do Imperador Manuel Commeno, em 1143. Dois séculos mais tarde tal comemoração passou ao Ocidente. O Papa Gregório XI introduziu-a no calendário romano, por volta de 1373. A festa da Apresentação da Bem-aventurada Virgem Maria no Templo , além de celebrar esse episódio da vida de Nossa Senhora, visa recordar também todo o período que vai desde seu nascimento até a Anunciação do Anjo. Ao celebrá-la, a Igreja visa iluminar, tanto quanto possível, o silêncio existente na Sagrada Escritura a propósito do primeiro p e ríodo da vida de Maria Santíssima.

Di ante do crime, o cató li co não pode se o mitir' É por esta razão que Catolicismo ded ica sua matéri a de capa à luta contra o abo rto, te ma que está ating indo um c lím ax no Bra. il de hoj e. A importânc ia do ass un to ta mbé m ex pl ica porq ue pareceu-me necessári o na presente carta não abordar outra te mática e in sistir na urgênc ia do combate anti-abortista. O Congresso Nac iona l está na iminência de vota r um projeto de le i catast rófiço. Caso ap rovado, sa nc io nado e tra nsformado em le i, e le dará in íc io a uma verdade ira mata nça de inocentes ofic iali zada, e m esca la inédi ta na Hi stóri a cio Bras il. Os abo rtistas - os Herodes cio século XX - estão se mobili zando ele todas as mane iras e conta ndo com amp lo apo io ela míd ia para aprova r o Proj eto de Lei 20/9 1, do Deputado Ed uardo Jorge (PT/SP), que obriga os hos pita is ela rede públi ca de sa úde a rea li zar abo rtos nos do is casos não pun íveis pe lo Cód igo Penal: grav idez co nseqüente ele estu pro e aborto como único me io de sa lva r a vicia da mãe. Eles tra balham pela lega li zação desse cri me, co mo não o fazem para tentar a solução ele necess idades prementes e séri os prob lemas que afl igem o País. G raças especialmente a ca mpa nhas co mo Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! e O Amanhã de Nossos Filhos - ini c iativas ela TFP - , os cató licos estão faze ndo o uvir sua voz. Uma verdadeira ava lanche de protestos inunda neste mo mento as mesas dos clepulaclos e m B ras íli a. Poré m, é preciso mais. M uito mais, para im ped ir a sanha daq ue les que não hes ita m em impor qu e nos hospita is púb li cos se pra tique habitu almente um c rime - verdade iro genocíd io - que fe re grave me nte a co nsc iênc ia dos verdadei ros cató licos. Para aumenta r tal protesto, Catolicismo se une a tão meritóri as ca mpanhas e conclama seus ass in antes e am igos a partic iparem desse oportuno brado de alerta. Preencha, ass ine, e envie hoje mes mo o Brado dos Católicos Brasileiros em Defesa da Vida - que se encontra enca rtado na rev ista - ao deputado da s ua região, que faça parle ela Comi ssão ele Consti tuição e Ju stiça*. Tenho certeza de que o caro le itor e eu esta remos cum prindo nosso dever ele cató licos, di ante des te sério atentado contra a vida humana, que poderá atra ir a có lera di vina sobre nossa Pátri a.

Em Jes us e Mari a,

9~7 * Li gando para (011 ) 686-5766, o le itor poderá obter o no me cio clepulaclo de sua reg ião que faça parte da Comi ssão de Constituição e Justi ça, o número cio telefone ele seu ga binete e seu FAX.

4

C AT O L IC IS MO

21 de novembro:

Há preciosas lições para a vida quotidiana, proporcionadas por essa comemoração: como enfrentar os sofrimentos, cumprir as obrigações para com Deus e a necessidade de reco1Ter à Auxiliadora dos Cristãos V ALDIS

Paul o Corrêa de B ri to F ilho DIRETOR

Apresen tação da Virgem no Templ o -Afresco de Giotto (séc. XIV), Capel a dos Scro vegni, Pád ua (Itália)

Preços da assinatura anual para o mês de NOVEMBRO de 1997: Comum: Coopersdor: Benfeitor: Grsnde Benfeitor: Exemplar avulso:

A Virgem Menina em oração

D OTADA DA PLENITUDE de suas faculdades , Nossa Senhora fez a Deus voto de castidade, tendo sido a primeira a portar e sse sagrado estandarte, sob o qua l se alistaram depo is legiões de virgens. Os judeus costumavam consagrar seus filhos ao serviço do Templo e fa-

GRINSTEINS

zer educar as meninas à sombra tutelar do sagrado edifício. Tendo sabido Maria que seu pai e sua mãe - Joaquim e Ana, cujos nomes significam respectivamente preparação do Senhor e graça - fiéis a tão venerável costume, haviam prometido ao Senhor, ao Lhe pedir um filho , que

Novembro de 1 99,7

CATOL I CISMO

Novembrode 1997

5


Lho ofereceriam, adiantou~~e ao seu desejo e quis Ela mesma consagrar-se ao Senhor. E foi a primeira a lhes suplicar que cumprissem sua promessa. "Ana não vacilou, afirma São Gregório de Nissa, em aceder ao seu desejo; levouA ao Templo, e A ofereceu ao Senhor".

Legiões de Anjos acompanham Maria Santíssima de Nazaré a Jerusalém Vejamos como Ana e Joaquim fizeram a Deus o oferecimento dAquela que mais amavam no mundo. Saíram de Nazaré para Jerusalém, levando nos braços sua querida filha, que era muita pequena para enfrentar as fadigas de uma viagem de trinta léguas. Associou-se a eles um reduzido número de parentes. "Porém os Anjos, diz São Gregório de Nicomédia, seguiamnos e acompanhavam em numerosa coorte à terna e pura Virgem, que ia oferecer-se no altar do Senhor' . Quando os santos viajantes chegaram ao Templo, Maria Santíssima voltou-se para seu pai e sua mãe, osculou suas mãos, pediu-lhes a bênção e, sem vacilar um instante, subiu ao santuário. Exemplo para nós: devemos cumprir o dever para com Deus sem delongas e com entusiasmo, recordando-nos daquela frase da Escritura: "Maldito o que fa z a obra do Senhor com negligência" (Jer. 48, 10). O próprio Deus celebrou aquele dia memorável em que viu entrar no Templo sua casta Esposa, porque nunca se havia apresentado uma criatura tão pura e tão santa 2 .

Modelo de filha, esposa, mãe, viúva e sobretudo de virgem Maria Santíssima apresenta-se sempre como modelo de mulher cristã. Como filha, ensina o meio de conservar seu mais belo ornato: a inocência. Como esposa, obedece, ora, trabalha e cala. José decide e Maria parte para Belém, para o Egito, para Nazaré, para Jerusalém. Mansidão, obediência, trabalho, oração e silêncio, eis os exemplos que dá. Como mãe, Maria ensina à mulher o meio de cumprir o mais sagrado de &

C ATOL I C I S M O

seus deveres , zelando por seu Filho desde o Presépio até a Cruz. Que as mães católicas nunca abandonem a educação dos que farão sua felicidade ou sua desgraça. Ainda como mãe, Nossa Senhora ensina à mulher como deve sofrer. Ela ofereceu seu Filho a Deus, consentindo de antemão nos tormentos do Calvário e em presenciar, ao pé da Cruz, a agonia de Jesus. As mães católicas têm em Maria Santíssima o modelo de como devem aceitar os sofri mentos que a Providência consente em lhes mandar, na sua condição de mães: com mansidão, em silêncio, e oferecendo-os continuamente a Deus. Como viúva, Maria ensina o grande segredo da vida recolhida: as virtudes domésticas, os salutares conselhos, as orações mais longas e as boas obras, tanto mais meritórias ante Deus quanto feitas com mais amor e mais ocultas à vista humana. Eis o exemplo que a Vir. gem Santíssima proporciona às senhoras que são viúvas. Porém, pairando acima das condições anteriores, concomitante com todas elas, está sua condição de virgem, imaculada desde a Sua concepção. E não é por acaso que na Ladainha Lauretana a invocação Sancta Virgo Virginum vem logo após a invocação Sancta Dei Genitrix, como a dizer que não poderia ser Mãe de Deus quem não fosse a Virgem das Virgens. Foi a virgindade de Maria Santíssima que suscitou a vocação em milhões de moças, em toda a história da Igreja, para se oferecerem a Deus como virgens, formando inúmeras congregações e ordens religiosas, para orar, trabalhar, lutar e sofrer enquanto virgens . E quantas não houve que, para defender sua virgindade, não hesitaram em sofrer o martírio! A graça e a fortaleza para ·praticar tal heroísmo lhes vinha da sublime virgindade da Mãe de Deus.

Culto a Maria Santíssima favorecido, com milagres, por Deus O culto a Nossa Senhora irradia na sociedade certo encanto e graça indefiníveis que dilatam o coração. Com efeito, a mais doce, amável e

Novembro de 1997

pura das Virgens, designada também como sendo "terrível como um exército em ordem de batalha" e que esmaga a cabeça da serpe nte inferna l, forma seus verdadeiros devotos à sua se melh ança. Assim são eles capazes das preces mais doces, mais filiais e mais ardorosas a Maria Santíssima; porém, ao mesmo tempo, são de uma firmeza inabalável nos princípios e uma combatividade incan sá vel. Por exemplo, um São Bernardo - o Doutor Melíjluo -, grande pregador das Cruzadas. Tanto nas atribul ações quanto nas alegrias, devemos louvar Aquela que o Divino Redentor nos deu como Mãe, não A perdendo de vista um só instante. Para isso foram compostos os hinos, cânticos e ladainhas em que se prodigalizam a Maria os mais belos títulos. E também executaram-se milhares de obras de arte inspiradas pelo culto da Rainha dos Anjos, da Mãe de Deus e dos homens. Percorramos, por exemplo, a Europa inteira. Detenhamo-nos ante as magníficas catedrais e perguntemos o que, de modo especial, as fez brotar do solo com seus maravilhosos vitrais e imponentes torres. Levantar-se-á, então, uma voz das pedras, da tradição e dos anais dos povos para nos responder: o cul to a Maria! Sim, foi esse culto que adornou o mundo católico com tantas belas igrejas, imponentes catedrais, suntuosas abadias, austeros conventos, recolhidos mosteiros, graciosas capelas e acolhedores hospitais. De seu lado, o próprio Deus teve o cuidado de justificar, autorizar e incentivar o culto a Maria com grandes milagres e feitos prodigiosos. Estes últimos são tantos que seria longa tarefa querer enumerá-los todos aqui. Limitamo-nos a mencionar apenas dois. Um deles foi a vitória obtida pelos católicos comandados pe lo rei João Sobieski, da Polônia, para libertar Viena, que se encontrava sitiada pelos maometanos(] 683). Tal vitória deu origem à festa em honra do Santíssimo Nome de Maria (vide o Destaque, na página seguinte). Também a célebre bata lha de Lepanto constituiu uma prova magnífi-

ca da proteção da Mãe de Deus em favor dos qu eA invocam confiantemente. Encontrava-se a Cristandade seri amente ameaçada pelo avanço muçulmano. A situação chegou a um ponto crítico e as forças católicas - em menor número do que os muçulmanos - enfrentaram os inimigos da Santa Igreja, no histórico dia 7 de outubro de 1571 , no golfo que deu origem ao nome daquela famosa batalha. O Papa da época, o grande São Pio V, recebeu , por uma intervenção sobrenatural , a revelação da vitória no mesmo instante em que esta foi alcançada. O Santo Padre estava tão persuadido de que o triunfo de Lepanto fora obtido mediante a proteção particular da Virgem Santíss ima, que instituiu a festa de Nossa Senhora da Vitória, a qual seu sucessor Gregório XIII fixou no dia 7 de outubro, sob o títu lo de festa do Santíssimo Rosário da Bem-aventurada Virgem Maria. Pelo mesmo motivo , São Pio V acrescentou na Ladainha Lauretana a invocaçãoAuxilium Christianorum, ora pro nobis. Auxílio dos Cristãos, rogai por nós! Esta jacu latória, sobretudo em no ssos conturbados dias, deve vir freqüentemente aos nossos lábios. E assim como a Aux ili adora dos Cristãos não deixou de atender aos cató licos em Lepanto, igualmente Ela não negará seu poderoso auxílio a cada um de seus autênticos devotos! 3 ♦

Notas: 1. Cfr. escritos São Gregório de Nissa, São João

Damasceno, Santo André de Creta e São Gregório de Nicomédia - veja Bento XIV, p. 532, e Canís io, lib. 1, cap. 12, apud Catecismo de Perseverancia ci tado na nota 3. 2. Bernardin . de Busto, Marian. p. 4, scrm. l. 3. O presente arti go fo i escri to co m base nos comentários do conceituado autor francês do século passado Mons. J. Ga ume, em sua obra Catecismo de Perseverancia, tomo VIU, Librería Reli giosa, Barcelona, 1857. Também foram utili zados como fonte de referência o Nuovo Dizionario di Maria /ag ia (pre parado sob os c uid ados de Stefano de Flores e Sa lvatore Meo, Edizioni San Paolo, Turim, 4ª ed., 1996) e a obra Physionomies de Saints, de Ernest Hello (Pe rrin , Paris, 1900).

Austria

Viena - Com Missa pontifical celebrada na igreja de São Carlos Bo□-omeu pelo Arcebispo emérito de Lourenço Marques (Moçambique), Dom Custódio Alvim Pereira, foi comemorada na capital austríaca, no dia 12 de setembro, a festa do Nome de Maria. Tal solenidade fo i estabelecida em 1683 pelo Papa Inocêncio XI, em toda a Igreja, para celebrar a heróica libertação de Viena - que estava sitiada pelos turcos - efetuada por João Sobieski, Rei da Polônia (vide seção Santos e Festas do mês da edição de Catolicismo de setembro último). No sermão, feito pelo capelão militar Pe. S. Lochner, foi realçada a semelhança existente en tre o perigo muçulmano no século XVII e a penetração do Islã na Europa atual. Os líderes radicais dos 33 milhões de muçulmanos, que nas últimas décadas emigraram para os diversos países da Europa ocidental, ameaçam - num futuro não muito distante - transformar todo o continente em "terra de Alá". Para enfrentar esse perigo, disse o pregador, é necessário que a adesão aos dogmas da fé católica e as práticas da vida cristã sejam vigorosamente revitalizadas em todos os países. Se isso não for feito, tal ameaça poderá tomar-se realidade, tendo como conseqüência graves perseguições contra a Igreja. Estiveram presentes à cerimônia, promovida por Una Voce-Áustria, entre outras personalidades, sua Eminência o Cardeal Groer, Arcebispo emérito de Viena, o líder do Partido Liberal no Parlamento austríaco, deputado J. E. Stadler, o ex-deputado J. Gudenus, bem como representantes de movimentos europeus preocupados com a atual ameaça islâmica, provenientes da França, Alemanha, Inglaterra, Espanha, Bélgica e Itáli a. ♦

CATO LICI S MO

Novembro de 1997

7


Cônego J OSÉ LUIZ VILLAC

PERGUNTA Gostaria que o Sr. respondesse: - Os protestantes acham que o Batismo das crianças não tem validade por serem crianças e por não ser Batismo por imersão. Como refutá-los? Por que hoje em dia não se batiza mais por imersão, como São

-

João batizava e como Cristo foi batizado?

RESPOSTA

No que se refere à validade do Batismo das crianças, já respondemos a essa questão na última edição de Catolicismo. Quanto ao Batismo ministrado por São João Batista, ao qual também se submeteu Nosso Senhor Jesus Cristo, ainda não era o Sacramento do Batismo, tal como o conhecemos hoje, e que foi instituído pelo mesmo Nosso Senhor algum tempo depois de ter sido batizado por São João. O Batismo de João era um rito penitencial, preparatório e prefigurativo do verdadeiro Batismo. O próprio Batista é explícito quanto a esse ponto: "Eu vos batiza com água, em sinal de penitência, mas Aquele que virá depois de mim .... vos batizará no Espírito Santo e em fogo" (São Mateus 3,11; São Marcos 1,8; São Lucas 3,16). E osApóstolos, depois de Pentecostes, batizavam todos os convertidos, sem perguntar se já haviam recebido o Batismo de João (Atos 2,38), o que não fariam se fosse o mesmo Batismo. Seja como for, embora se possa deduzir que o Batismo de João tivesse sido por

e

CATOL I C I SMO

imersão, este fato não torna obrigatório que fosse realizado sempre dessa maneira o Batismo instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo. Tampom;o está afirmado no Novo Testamento que os Apóstolos e os discípulos batizavam sempre por imersão. Pelo que, se alguém quiser encontrar esse dado na Bíblia (como pretendem têlo feito os protestantes), de fato, em vão o procurará. Já é mais difícil admitir que as três mil pessoas batizadas pelos Apóstolos no dia de Pentecostes (Atos 2,41), o tenham sido todas por imersão, parecendo mais plausível a administração do Sacramento mediante aspersão. É ainda menos provável, dadas as circunstâncias de tempo e lugar, ter sido por imersão o Batismo noturno conferido por São Paulo, na prisão, ao carcereiro da cidade de Filipos e a toda sua família (Atos 16,33), podendo supor-se que tenha sido, com maior probabilidade, por infusão. O próprio Batismo de São Paulo por Ananias, na casa de um certo Judas (Atos 9,18; 22,16),

Novembrode 199V

é difíc il imaginar que tenha sido por imersão. Pe los testemunhos da Tradição (que os protestantes não aceitam, e co m isso ficam muitas vezes sem saída), sabe-se que os três modos - por infusão, imersão o u aspersão eram empregados na Igrej a primitiva, de acordo com as circunstâncias. Vejamos o que a tal respeito diz aDidaqué, também conhec ida como Doutrina do Senhor através dos doze Apóstolos aos gentios ou, simplesmente, Doutrina dos Apóstolos. É um escrito que data de fins do século 1º de nossa era; po1tanto, bem próxi mo aos livros do Novo Testamento. Trata-se do mais antigo manual de religião ou catecismo da comunidade cristã primeva de que se tem conhecimento. Ali se ensina a respeito do modo de batizar: "Quanto ao batismo, procedam assim: depois de ditas todas essas coisas [isto é, de instruídos os catecúmenos na doutrina cristã], batizem em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Se não se tem água corrente, batize em qualquer outra água; se não puder batizar em águafria,faça-o em água quente. Na falta de uma e outra, derrame três vezes água sobre a cabeça [do neófito], em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Didaqué, VII - Tradução, introdução e notas: Pe. Ivo Storniolo-Euclides Martins Balancin, Ed . Paulus, São Paulo, 1989, p. 19). Como se vê, já no século 1º - ou seja, quando ain da viviam muitos dos discípulos dos Apóstolos - praticava-se o Batismo também por infusão, isto é, derra-

mando água sobre a cabeça do neófito. É certo que o rito da imersão era comum na Antiguidade, conforme se pode constatar pelos documentos da época e pelos próprios batistérios, construídos precisamente para tal fi m. Porém não era exclusivo, sendo praticados também os outros ritos. Aos poucos, na Igreja latina, o Batismo por infusão foi-se generalizando, porrazões diversas, entre as quais a decência, pois a prática. da imersão estava sujeita a abusos, sobretudo em relação às mulheres. Outra razão era a dignidade do próprio Sacramento, pois nem sempre era possível praticar a imersão sem os inconvenientes do prosaísmo inerente a ela (basta ver o caso de certas seitas protestantes que batizam em rios, lagoas ou mesmo piscinas). No Oriente, entre os católicos, o Batismo por imersão continuou a prevalecer até nossos dias. Quanto à aspersão, embora em teoria seja válido o Batismo assim conferido, e conste que tenha sido empregada, nunca chegou a ser uma prática genera lizada na Igreja. Isto pelo risco de que a água lançada com as mãos, com o hissopo ou com ramos não atinja o corpo das pessoas e escorra por ele, mas apenas lhes molhe as roupas, o que tornaria inválido o Sacramento. Pois, como explicamos em número anterior desta revista, o rito do Batismo consiste numa ablução externa do corpo com água, sob a invocação expressa das pessoas da Santíssima Trindade. A palavra ablução significa o ato de lavar. Assim, o Batis-

mo, simbolicamente, lava a pessoa, limpa-a, purifica-a. Portanto, o essencial é que a água realmente toque o corpo da pessoa e escorra por ele, como acontece quando alguém é lavado. E isto se obtém por qualquer dos três modos praticados: infusão, imersão ou aspersão, embora esta tenha os inconvenientes acima apontados . Em outras palavras, o Batismo por infusão já era conhecido e praticado desde os primeiros século s, sendo feito desse modo, conforme as necessidades das circunstâncias, o que sucedia com bastante freqüência. Pois como se podia imergir inteiramente na água um pobre homem doente, quiçá prestes a morrer? De que maneira um mártir, mantido em uma estreita prisão, teria podido achar água sufic iente para imergir seus guardas, ou seu carcereiro, que se convertiam ao ver seus milagres ou ao contemplar sua capacidade de sofrer e valor? ... Em conclusão: a Bíblia geralmente não descreve o modo como batizavam os Apóstolos e os discípulos. E também não diz que o modo era sempre o mesmo. Podem fazer-se apenas conjecturas a partir do texto sagrado; porém, não é válido qualquer coisa com toda a certeza, a respeito do assunto. Pelo testemunho da Trad ição, sabese que na Igreja primitiva, conforme o ensinamento dos Apóstolos, usavam-se as três formas acima referidas (infusão, imersão e aspersão). Assim, carece de fundamento a objeção de certos protestantes (como os Batistas), que negam validade ao Batismo que não seja por imersão. ♦

O ,nundo é perverso e intransigente para co,n os filhos de Deus

Da

famosa obra Filotéia ou Introdução à Vida Devota, de São Francisco de Sales (1567-1622), Doutor da Igreja, Bispo e Prínc ipe de Genebra: "Assim que a tua devoção se for tornando conhecida no mundo, maledicências e adulações te causarão sérias dificuldades de praticála. Os libertinos tomarão a tua mudança por um artifício de hipocrisia e dirão que alguma desilusão sofrida no mundo te levou por pirraça a recorrer a Deus. "Os teus amigos, por sua vez, apressar-se-ão a te dar avisos que supõem ser caridosos e prudentes sobre a melancoli a da devoção, sobre a perda do teu bom nome no mundo, sobre o estado de tua saúde, sobre o incômodo que causas aos outros, sobre a necessidade de viver no mundo conformando-se aos outros e, sobretudo, sobre os meios que temos para salvar-nos sem tantos mistérios. "Tudo isso são loucas e vãs palavras do mundo e, na verdade, essas pessoas não têm um cuidado verdadeiro de teus negócios e de tua saúde: Se vós fôsseis do mundo, diz Nosso Senhor; ama.ria o mundo o que era seu; mas, como não sois do mundo, por isso ele vos aborrece ... ..

"Se des tinamos uma hora à meditação ou se nos levantamos ma is cedo, para nos prepararmos para a santa comunhão , mandam. logo chamar o médico, para que nos cure desta melancolia e tristeza . .. .. "Quem não vê que o mundo é um juiz iníquo, favorável aos seus filhos, mas intransigente e severo para os filhos de Deus? "Só nos pervertendo com o mundo, pode ri.amos viver em paz com ele, e impossível é contentar os seus caprichos . .. .. E, [o mundo] não podendo acusar as nossas ações, condena ao menos as nossas intenções . Enfim., tenham os carneiros chifres ou não, sejam pretos ou brancos, o lobo sempre os há de tragar; se puder: .... "Abandonemos este mundo cego, grite ele quanto quiser. .... Sejamos firmes em nossos propósitos, invariáveis em nossas resoluções e a constância mostrará que a nossa devoção é séria e sincera . .... Nós estamos crucificados para o mundo e o mundo deve ser crucificado para nós. Ele nos toma por loucos; considerêmo-lo como um insensato" (São Francisco de Sales, op. cit., Vozes, Petrópolis, 1992, 1Oª edição, pp. 363-367).

CAT O LIC IS MO

Novembro de 199 7

9


Abaixo, da esquerda para a direita: Sr. Paulo Henrique Chaves, Cardeal Alexandre Santos, de Moçambique, e Dep. Severino Cavalcanti (PPB-PE)

Como representantes do mundo político e da magistratura no Brasil, estavam presentes ao Encontro o Deputado Severino Cavalcanti (PPB/PE), o Desembargador José Geraldo Barreto Fonseca e o Juiz Henry Dip, ambos de São Paulo, todos já conhecidos da TFP e de O Amanhã de Nossos Filhos. Neste evento cumpre igualmente ressaltar a presença ativa do Sr. Luc Berrou, Presidente de Avenir de la Culture, associação francesa que vem combatendo com êxito, desde 1986, a imoralidade e a violência nos meios de comunicação social daquele país.

Conversão à vida

João Paulo li preside a sessão de encerramento, em 3 de outubro último, do Congresso Teológico Pastoral, realizado no Rio de Janeiro

TFP presente no li Encontro Mundial das Famílias ROBERTO TOSHY IO !SHIHARA

Rio - No início de outubro passado, o Rio de Janeiro acolheu calorosamente S.S. João Paulo II. O Sumo Pontífice veio prestigiar com sua presença o II Encontro Mundial das Famílias, que se realizou entre os dias 1º e 3 de outubro. Mais de 2.500 participantes - provenientes dos cinco continentes e representando mais de 100 países - reuniramse nesta cidade para, em nome da Santa Igreja, defender a instituição familiar. 10

C AT O L I

e

IS MO

S.S. João Paulo li, em seu discurso no Maracanã, no dia 4 de outubro p.p., condenou energicamente o "abominável crime do aborto, vergonha para a Humanidade".

Novembro de 199 7

Altos dignitários ecles iásticos, professores , cientistas políticos, juristas e médicos analisaram a família em seus atributos, suas funções e o papel que representa na sociedade moderna.

TFP atua no Encontro A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP) esteve presente no referido Encontro através de sua Campanha O Amanhã de Nossos Filhos.

Essa Campanha vem combatendo destemidamente, desde L989 , a imoralidade e a violência na TV, bem como as tentativas de se promu lgar le is atentatórias à família como a do aborto, a do dito "casamento" homossexual, a da promíscua educação sexual nas escolas, entre outras. O Sr. Paulo Henrique Chaves, Coordenador da campanha O Amanhã de Nossos Filhos e o Sr. Nelson Ramos Barretto, Diretor do Escritório da TFP, em Brasília, mantiveram contactos com dignitários eclesiásticos, como o Cardeal. de Moçambiqu e, D. Alexandre

Santos; o Bispo de Kakamega (Kenya), que presidiu uma delegação de seu país; o Bispo de Cabinda, Angola, D. Paulino Ferna ndes Madeca; o Bispo do rito c iríaco, D. Antoine Beylouni, de Alep, Síria, entre outros. Entre as personalidades de prestígio no mundo político e científico, estiveram eles com o Senador Francisco S. Tatad, das Filipinas; com a viúva do célebre professor francês Jerôme Lejeune; com a Prof'. Janne Haaland Matlary, da Noruega; com a Prof'. Mary Anne Glendon, dos Estados Unidos, e outros congressistas de mais de uma centena de países.

Uma das conferências proferidas no II Encontro Mundial das Famílias chamou particularmente a atenção do numeroso público presente. Tinha por título Uma conversão à vida e seu expositor foi o Dr. Bernard N. Nathanson, médico, nascido na religão judaica. Enquanto ginecologista e obstetra, na cidade de Nova York, o Dr. Nathanson foi cofundador da Liga Nacional p elos Direitos do Aborto (NARAL) nos Estados Unidos, primeira organização política no mundo para promover o aborto. Colaborou com a Federação Internacional da Paternidade Planejada e foi médico diretor (1970-1972) da maior clínica abortista do mundo ocidental. No início de 1973 abandonou a clínica e passou a estudar e testar novas tecnologias, como ultrassom, monitoramento do coração do feto, fetoscopia, etc. Após anos de estudos, o Dr. Nathanson reconheceu a existência da vida humana desde o momento da concepção. Atualmente é um dos maiores defensores dos nascituros, sendo autor de vários livros e filmes contrários ao aborto, tais como O Grito Silencioso, Eclipse da Razão e A Resposta. São suas próprias palavras (o texto foi distribuído aos participantes do Encontro): "Fui um dos organizadores do NARAL, nos Estados Unidos, um grupo cabalístico poderoso para lutar contra todas as leis que se opunham ao aborto. Percorri os Estados Unidos inteiro e estive em outros países, nesta

C ATO L IC IS MO

Novembro de 199 7

1 1


UL-1 ...... ,..

-····-· ·d[

Da esquerda para a direita: Sr. Paulo Henrique Chaves, Sr. Humberto Leal Vieira, Presidente do Pró-Vida e do Pró-Família, e Sr. Luc Berrou, Presidente de Avenir de la Culture (França)

'cruzada' a favor do aborto. Simulta - encontraria o que estava buscando: a neamente fui diretor da maior Clínica fé, o perdão, a absolvição e a vida eterna ". O Dr. Bernard Nathan son converde Abortos do mundo ocidental. E durante dois anos fui responsável por 75 . teu-se então à Religião Católica. mil abortos". A Família em E prossegue em seu depoimento: tempos turbulentos "Médica e cientificamente minha conAo fim do Encontro foi apresentaversão à vida deu-se de maneira clara. da uma Declaração sobre a família, ain.... Atualmente creio não haver razões da em caráter provisório. Desse docusociais, econômicas, médicas e psicomento extraímos algun s pontos: lógicas para o aborto " . .. .. • A família está sendo objeto de ata"Minha conversão científica e méque em muitas nações. Uma ideologia dica à vida, moralmente incompleta, antifamília tem sido promovida por orexigia dois elementos: l° - converterganizações e indivíduos ..... me-ia em def ensor da vida, publicamente, da mesma forma como antes parti• Temos testemunhado uma guerra contra a família, tanto em nível naciocipava de sua destruição; 2° - a busnal como internacional. Nesta década, ca nafé, em que poderia basear mais firm emente minhas convicções em fa - em Conferências das Nações Unidas, têm-se observado tentativas para "desvor da vida .... truir" a família de tal forma, que o senCom voz comovida faz o seu mea tido de "casamento", "família" e "maculpa : "Tornei-me porta- voz da defesa ternidade" são agora contestados. Sob da vida, porém, apresento-me aos seo nome de liberdade, têm sido promonhores com o sangue de 75 mil vidas vidos "direitos sexuais" espúrios e "diinocentes em minhas mãos. Uma desreitos de reprodução" . .... tas vidas é a de meu próprio filho ". • Uma linha social-materialista contriDisse que nijo podia suportar "o bui para a dissolução da família, deixanpeso moral intolerável, inimaginável, do uma multidão de vítimas indefesas. A para continuar vivendo; cheguei a penfarru1ia está sofrendo com a desvalorizasar no suicídio. Uma vez mais, a mão ção do casamento através do divórcio, do de Deus ajudou-me e um sacerdote abandono e da coabitação. Um clima de amigo ajudou-me a sair do nada." perrnissivismo encoraja exploração de Depois de algum tempo o sacerdocrianças, o aumento do vício em drogas te o levou a compreender que no "soe a criminalidade juvenil. .... frimento e no amor infinito de Cristo 12

CATOLICISMO

Novembrode , 1997

• A queda da natalidade e o número crescente de idosos dependentes está produzindo uma crise econômica. As tensões entre as gerações aumentam, os mais velhos não são sempre respeitados; as tradições culturais se perdem e o tecido social torna-se enfraquecido. • Convocamos as famíli as no sentido de .... encontrar tempo para que seus membros estejam juntos, para rezar juntos, para se comunicar e estabelecer confiança recíproca. • Convocamos os cônjuges a uma renovada dedicação recíproca. São sempre benvindos os movimentos cujos objetivos sejam promover a fidelidade conjugal e a abertura à vida. Convocamos os governos a legislar em favor dos elos matrimoniais. • Denunciamos .... as novas ameaças à liberdade de procriação que incluem as campanhas de esterilização em massa. • Denunciamos, especialmente, os programas de "contracepção de emergência", que estão sendo promovidos entre as mulheres refugiadas. Na verdade, trata-se da promoção do aborto em consórcio com as agênci as das Nações Unidas e com os grupos de controle populacional. • Clamamos pela proteção legal e social para a pessoa do nascituro. • Rejeitamos a imposição de ideologias às crianças, através de programas, modelos e métodos que usurpam dos pais seu direito de serem agentes da educação. • Clamamos aos políticos, legisladores e economistas no sentido de que se comprometam a construir uma economia para as famílias, na qual a pessoa humana esteja sempre no centro. A subsidiariedade significa que a responsabilidade na gerência e no desenvolvimento de sua própria economia deve ser dada à família, e não ao Estado, ou às grandes organizações. Que Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira de nossa Pátria, se digne defender a família brasileira, confundindo e paralizando a ação daqueles que, sob os mais variados disfarces, tramam e agem contra os sagrados direitos de Deus e da Igreja no campo da moral e dos costumes. ♦

Os deveres dos filhos em relação aos pais "Honra teu pai e tua mãe, para que vivas longamente e te suceda tudo de bom nesta Terra"

DoINSIGNE Doutor da Igreja Santo Afonso Maria de Ligório (1696-1 787): Honrar pai e mãe - Este Mandamento tem como principal objeto os deveres dos filhos para com os pais; mas ele compreende também os deveres dos pais para com os filhos, bem como os deveres recíprocos de senhores e servidores, de marido e mulher. Um filho deve a seus pais Amor, Respeito e Obediência. Portanto, em primeiro lugar ele é obrigado a amá-los.

Como se peca contra o Amor que se deve aos pais 1. Comete pecado grave quem deseja o mal a seu pai ou a sua mãe em matéria grave. Peca até duplamente: contra a caridade e contra a piedade filial. 2. Peca quem fala mal dos pais. Comete então três pecados: um contra a caridade, outro contra a piedade filial e outro contra a justiça. 3. Peca quem não socorre os pais em suas necessidades, sejam temporais, sejam espirituais.Assim, quando um pai está perigosamente doente, o fi lho é obrigado a adverti-lo e induzi-lo a receber os Sacramentos. Quando o pai ou a mãe se encontram numa grave necessidade, o filho é obrigado a sustentá-los a suas expensas. Ajudai vosso pai em sua velhice, nos diz o Espírito Santo: Fili, suscipe senectampatris tui (Ecli. III, 14). Nossos pais nos alimentaram em nossa infância; é justo que nós os alimentemos em sua velhice. Santo Ambrósio (Exam. L. 5, C. 16) diz das cegonhas que, quando vêem seu pai e sua mãe na velhice e sem condição de procurar alimento, elas têm o cuidado de lho trazer. Que ingratidão

num filho, beber e comer copiosamente, enquanto sua mãe morre de fome!

Exemplo de piedade filial Escutai a narração de um admirável exemplo de piedade filial. Havia no Japão, em 1604, três irmãos ocupados em obter um meio de sustentar sua mãe. Não conseguindo, o que fizeram eles? O imperador tinha ordenado que quem entregasse um ladrão nas mãos da justiça, receberia como recompensa uma soma considerável. Os três irmãos combinaram que um dentre eles, designado à sorte, consentiria em passar por ladrão, e seria entregue pelos dois outros. Desse modo obteriam a recompensa prometida e poderiam socorrer sua mãe. A sorte caiu sobre o mais jovem que, fazendo-se passar por ladrão, teve que se resignar a morrer, pois o roubo era punido com a morte. Foi então atado e conduzido à prisão. Mas os circunstantes notaram que os acusadores e o acusado, ao se despedirem, abraçavam-se vertendo lágrimas. O juiz foi logo avisado e ordenou que se vigiassem os dois jovens, para saber aonde iam. Tão logo chegaram à casa, a mãe, tendo sabido o que se passara, declarou que preferiria morrer ela mesma a permitir que seu filho morresse por sua causa. "Devolvei o dinheiro, dizia ela, e restituam-"me meu filho". O juiz, inteirado do fato, deu conhecimento do mesmo ao imperador. Este ficou de tal modo tocado, que concedeu uma larga pensão aos três generosos irmãos. Foi assim que Deus os recompensou pelo amor que tinham testemunhado à sua mãe.

Deus castiga os maus filhos Ouvi, pelo contrário, como Deus quis punir um filho ingrato. O bispo Abelly (Vérités princ. instr. 28) cita um fato contado por outro autor, Thomas de Cantimpré, como acontecido em seu tempo na França. Um homem rico, tendo um filho único, desejava casá-lo com uma moça de posição bem mais elevada. Mas os pais desta impuseram como condição para o casamento, que esse homem e sua esposa cedessem tudo o que possuíam ao filho, do qual receberiam depois a subsistência; o que foi aceito. O filho começou por tratar bastante bem o pai e a mãe. Mas ao fim de algum tempo, para agradar à mulher, obrigou-os a se retirarem de casa e passou a lhes conceder um parco auxílio. Certo dia convidou am igos para um banquete em sua casa. Tendo seu pai vindo-lhe pedir alguma assistência, despediu -o com palavras duras. Mas escutai o que lhe aconteceu. Quando se sentou à mesa, apareceu um sapo hediondo que, de um salto, se fixou no seu rosto de tal maneira que foi impossível retirá-lo. Não se podia tocar nesse sapo, sem causar ao infeliz uma dor insuportável. Arrependeu-se então de sua ingratidão e foi confessar-se ao Bispo. Este lhe impôs, como penitência, percorrer todas as províncias do reino com a face descoberta, contando por toda a parte o que atraíra sobre si este castigo, a fim de que servisse de exemplo aos outros. Thomas de Cantimpré diz ter tomado conhecimento desse fato por um religioso da Ordem de São Domingos, o qual, estando em Paris, tinha visto ele próprio o culpado com o sapo co-

CATOLICISMO

Novembrode 1997

13


Agora, se não é mais condenado à morte, é contudo amaldiçoado por Deus, que o condena à morte eterna: "Et est maledictus a Deo, qui exasperat matrem" (Ecli. III, 18). O pecado seria ainda mais grave se erguesse a mão contra seu pai ou sua mãe, ou se ameaçasse agredi-los.

lado ao rosto e o tinha ouy{do narrar estas coisas.

Vossos filhos vos tratarão como tiverdes tratado vossos pais

Sede, pois, zelosos em amar vossos pais e, se eles são pobres, ou prisioneiAquele que ousou pôr as mãos sobre ros, ou doe ntes, tende cuidado em seu pai ou sua mãe, deve esperar ajudá-los. Senão, preparai-vos para os justos castigos de Deus, que permitirá, pelo menos, que vossos filhos vos tratem como tiverdes tratado vossos pais. Verme ·narra, em sua Instrução, que um pai, tendo sido expulso de casa por seu próprio filho, e encontrando-se doente, entrou num hospital, de onde mandou pedir a este mesmo filho dois lençóis. Este encarregou seu jovem filho de os levar, mas a criança não entregou senão um dos lençóis ao seu avô. Tendo seu pai lhe perguntado a razão disto, respondeu: "Guardei o outro para ti, quando fores para o hospital". - Compreendeis o que isto significa: como os filhos tratam os pais, do mesmo modo serão tratados por seus filhos. Absalão, filho do Rei de Israel, David, revoltou-

Como se peca contra o respeito devido aos pais

se contra seu pai e, em sua fuga, ficou preso pelos cabelos num carvalho- castigo divino por sua rebelião - tendo sido morto pelo general Joab

Deus quer que cada um honre seu pai e sua mãe, não lhes faltando jamais ao respeito, seja por atos, seja por palavras, e suportando seus defeitos com paciência inalterável: ln opere et sermone, et omni patientia, honora patrem tuum (Ecli. III, 9). É pois pecado falar a seus pais com aspereza ou com tom elevado. Pecado ainda maior é zombar deles, opor-se à sua vontade, amaldiçoá-los, ou proferir contra eles termos injuriosos, como os de louco, imbecil, ladrão, bêbado, bruxo, celerado, e outros deste gênero.

Se palavras dessas são proferidas em sua presença, o pecado é mortal. Sob a Antiga Lei, aquele que injuriava o pai ou a mãe era condenado à morte: "Qui maledixerit patri suo vel matri, morte moriatur" (Ex. XXI, 17). 14

e

ATO L IC IS MO

morrer logo; pois a Escritura promete uma vida longa e feliz para aquele que honra os pais: "Honora patrem tuum et matrem... , ut longo vivas tempore, et bene sit tibi in terra" (Deut. 5, 16). Assim, quem maltrata os pais viverá pouco tempo e será infeliz na terra. São Bernardino de Si ena (T. 2, s. 17, a. 3, c. 1) narra que um rapaz, tendo sido enforcado, ficou com a face coberta por · uma longa barba branca, como a de um velho. Foi revelado ao Bispo, que rezava por aquele infeliz, que ele teria vivido até a velhice se não tivesse merecido, porrespeitar pouco seus pais, ser abandonado por Deus a ponto de ser levado a cometer os crimes que lhe causaram a morte. Mas escutai um fato ainda mais horrível, citado por Santo Agostinho (De Civ. D. I. 22, c. 8).

Novembro de 199 7

Na província de Capadócia, uma mãe tinha vários filhos. Um dia, o mais velho, após havê-la injuriado, começou a agredi-la, sem que os outros o impedissem como deviam. E ntão a mãe, irritada por este tratamento indigno, cometeu outro pecado: correu à igreja, e diante do batistério em que seus filhos tinham sido batizados, amaldiçou-os a todos, pedindo a Deus que lhes infli gisse um castigo que espantasse o mundo inte iro. Imediatamente os filhos sentiram um grande tremor em seus membros e se dispersaram por todos os lados, levando consigo os sinais da maldição pela qual estavam atingidos. À vista desse castigo, a mãe fo i tomada de tal dor que, entregando-se ao desespero, enforcou-se. Santo Agostinho acrescenta que, encontrando-s e numa igreja onde se veneravam as relíquias de Santo Estêvão, viu chegar dois destes filhos amaldiçoados, que todos viam tremer. Porém, em presença das relíquias do glorioso Mártir, obtiveram por sua intercessão serem libertados do mal que os afligia.

Como se peca contra a obediência que se deve aos pais Deve-se obedecer aos pais em tudo que é justo, segundo diz São Paulo: "Filii, obedite parentibus vestris in Domino" (Eph. VI,1): Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor. Portanto, há obrigação de obedecer-lhes naquilo que diz respeito ao bem da família e .sobretudo aos bons costumes . Assim, peca o filho que não obedece aos pais quando eles o proíbem de se e ntregar ao jogo, ou de freqüentar certa má companhia, ou de ir ♦ a uma casa suspeita.

Santo AFONSO MARIA DE LIGÓRIO,

Oeuvres Completes - Oeuvres Ascétiques, Casterman, Tournai, 1877, 2ª ed ., t. XVI, pp. 463 a 470.

Paulo f!e'!rique Chaves, coorden~dor ~a campanha O Amanhã de Nossos Filhos, com deputado Salvador Zimbaldi (à dtre1ta) (PSDB!SP), que exibe pilha de faxes enviados por aderentes das iniciativas promovidas pela TFP

Sanha abortista ameaça tradição católica do País O heróico combate da TFP para deter a matança de inocentes e

impedir um aumento da brecha abortista em nossa legislação MURlLLO M. GALLIEZ

CARLOS SüDRÉ LANNA

D URANTE as últimas décadas, as tentativas de ampliar os casos nos quais o aborto não é punível, ou mesmo de descriminalizá-lo, têm sido cada vez mais freqüentes. No total, foram apresentados nove Projetos de Lei abortistas. Em todas as ocasiões, Catolicismo refutou doutrinariamente os projetos abortistas em curso no Congresso Na-

cional, com fundamento em textos do Magistério Pontifício e da teologia moral tradicional, be~ como com argumentos no p lano da Lei natural e no terreno científico. Porém, em sua incansável militância a favor da legalização do crime, os abortistas continuam a pressionar de todos os modos a opinião pública, no sentido de aceitar o aborto como práti-

CATO L I

ca normal; e também o Poder Legislativo, para aprovar projetos de lei que o liberalizem. A tática que empregam é a da gradualidade, procurando inicialmente a aprovação daqueles projetos que menos reação suscitariam, abrindo caminho para a aprovação posterior dos projetos mais radicais, até chegar à prática legal do aborto por simples solicitação da gestante. e

I SMO

Novembro de 1997

15


O público presente na sessão da Comissão de Constituição e Justiça que analisou o projeto 20/91, em 20-8-97, era quase exclusivamente composto de antiabortistas

o aborto direto e voluntário seja o úniNão temos necessidade de reproduco meio de salvar a vida de uma geszir aqui os textos doutrinários condenando o crime do aborto. Nos artigos . tante acometida por grave doença. Quanto às vítimas de estupro, quem publicados anteriormente valemo-nos dos ensinamentos do Magistério Ecle- deve ser punido é o criminoso. No aborsiástico, com abundantes citações a esse to por gravidez conseqüente de estupro realiza-se o absurdo jurídico de conderespeito. Resta-nos apenas lembrar que nar à morte o inocente, juntar um seguno aborto, sendo um homicídio perpetrado contra um ser humano inocente e do crime ao primeiro e deixar impunes indefeso, é um pecado que clama a Deus os criminosos de ambos os crimes. Pois é muito raro que o estuprador seja punipor vingança e punido com a pena de do por seu crime. Geralmente a queixa excomunhão, como prescreve o Códiapresentada pela mulher visa apenas a go de Direito Canônico e ensina o Capermissão para recorrer ao aborto e não tecismo da Igreja Católica. a punição daquele que a violentou. Não Argumentos antiabortistas seria o caso de poupar a vida do inocende ordem natural te e condenar à morte os culpados? Se o aborto, enquanto meio, não é Com base em pressupostos doutrilícito sequer para salvar a vida da mãe, nários e morais, podemos formular alcom mais razão ainda não o será quanguns argumentos de ordem lógica e rado o risco sofrido pela gestante não for cional, a serem lançados contra aqueles que realizam o aborto e os que o em relação à sua vida, mas simplesmente em relação à sua saúde. A Medicina promovem, propagam, defendem e letem meios de tratar as doenças de orgalizam - quando tais pessoas vierem dem física ou mental que possam ocorà luz com seus argumentos falaciosos rer durante a gravidez, sem necessidapara justificar o crime. de de recorrer ao aborto. Sendo um ato intrinsecamente mau, O aborto dito "eugênico" é aquele o aborto nunca pode ser moralmente justificado, mesmo que dele decorra um realizado com a finalidade de matar os resultado bom, como seria salvar a vida fetos portadores de malformações. Mas da mãe ou a honra de uma mulher vio- ele nada cura; apenas mata. Seus partidários alegam que ele poulentada. A isto se acrescenta que, do paria à gestante o incômodo e o dissabor ponto de vista médico e científico, atualmente não existem condições em que de levar a termo uma gravidez da qual 16

CATOLICISMO

Novembrode 1997

resultará uma criança defeituosa que, na melhor das hipóteses, vai acarretar cuidados especiais e grandes preocupações. Ou então uma criança que morreria logo após o parto, em vista do que seria melhor eliminá-la logo de uma vez. O aborto "eugênico" constitui, portanto, uma autêntica e cruel eutanásia ativa pré-natal. Pois é a intervenção direta para matar um ser humano portador de uma doença incurável de prazo indefinido, ou de uma lesão incompatível com a vida pós-natal. Uma mulher que consente em matar seu filho durante a gravidez por ser ele um feto anencefálico - ou, pior ainda, se for portador de lesão menos grave - , para ser coerente com esse comportamento deverá eliminar pela eutanásia seu pai ou sua mãe, se porventura estiverem sofrendo de alguma doença grave e incurável, em estado terminal. O princípio de ação é o mesmo. Quanto ao aborto devido à infecção da mãe pelo HIV, do ponto de vista médico é uma aberração tão grande como o aborto por estupro o é do ponto de vista jurídico. É um tipo de aborto que nenhum resultado bom traz, pois não cura a infecção da mãe e mata um filho que na grande maioria das vezes é sadio. Pois a contaminação de mãe a filho em gestantes não tratadas é de cerca de 30% dos casos, caindo para menos de 10% quando a mãe toma medicamentos antiHIV no curso da gestação. Por fim, os abortistas afirmam que a legalização do aborto faria diminuir o número de complicações fatais na mãe, por efeito de abortos clandestinos. Mesmo que isto seja um fato real, os abortos realizados em serviços públicos também não estão isentos de complicações. E é discutível que a legalização do aborto diminua o número dos abortos clandestinos. A verdadeira maneira de combater a prática de abortos clandestinos não é legalizando esse crime. Mas é criar na população, através da pregação religiosa, da educação e da propaganda, uma mentalidade de repúdio ao aborto, de tal modo que os aborteiros e abortistas sejam vistos com execração e horror pelo povo em geral. E também punir, com punição exemplar, os fautores e promotores dessa prática criminosa, de

tal modo que a punição fique ad perpetuam rei memoriam como sinal do repúdio mais intransigente e radical a esse crime nefando.

Argumentos antiabortistas de ordem sobrenatural Porém, para uma alma verdadeiramente católica, os argumentos acima arrolados, de ordem meramente natural, podem ser muito bons mas não são os mais impo1tantes. Para um católico o que realmente tem importância são os direitos de Deus e da Santa Igreja, muito superiores aos tão falados direitos humanos. E os argumentos de ordem sobrenatural, de ordem espiritual, prevalecem sobre aqueles de ordem temporal. Portanto, mesmo que as vantagens de ordem natural apregoadas pelos abortistas fossem todas verdadeiras, o aborto seria execrável da mesma maneira, por constituir uma gravíssima ofensa feita a Deus Nosso Senhor, Criador, Redentor e Santificador. Isto constitui o cerne de sua malícia. E há mais. O aborto não tira apenas a vida do corpo. Ele impede que aquele ser humano receba a inestimável graça santificadora do batismo, pela qual as portas do Céu lhe seriam abertas. O aborto, privando aquelas almas do batismo, impede seu acesso imediato à bem-aventurança eterna. Pensem muito nisso as mães que resolvem abortar e que se dizem católicas. Seu pecado não está apenas em matar o corpo do filho, mas também, e talvez principalmente, em privá-lo da graça do batismo. Pensem nisso especialmente as mães portadoras de fetos malformados e anencefálicos. A verdadeira compaixão por seus filhos defeituosos não consiste em eliminá-los fri-

amente durante a gravidez, mas em levar esta ao seu termo de modo que sejam batizados logo ao nascer. E, se morrerem, entrem imediatamente de posse da bem-aventurança eterna, onde lhes serão eternamente gratos por essa atitude da mais pura caridade cristã.

Punam-se os criminosos, não os inocentes! Em trabalhos anteriores, era costume terminar com um apelo às autoridades para que fossem definitivamente eliminadas da legislação brasileira as duas cláusulas de nosso Código Penal que permitem a prática do aborto. Isto com a preocupação de defender os seres humanos inocentes e indefesos contra a ameaça de morte que pesava sobre eles. O aborto é o único crime em que os criminosos têm a ousadia, o cinismo, a desfaçatez, a crueldade fria e premeditada de pedir a morte do inocente, serem atendidos pelos Poderes Públicos, e em seguida se declararem a si próprios livres de qualquer punição. Os inocentes são punidos com a pena de morte e os criminosos premiados com a impunidade e até com a promoção social! É preciso reverter esta situação. Se os criminosos pedem a pena de morte para os inocentes, não seria lógico que os não criminosos - os antiabortistas, os que defendem a vida humana inocente e combatem o crime institucionalizado - pleiteassem uma pena proporcionada para aborteiros e abortistas?

do projeto abortista, bastaria qualquer pessoa encontrar-se no dia 25 de setembro p.p. no Congresso Nacional. Proveniente do Plenário da Câmara dos Deputados, podia-se ouvir através dos alto-falantes daquela Casa a voz alterada da deputada Sandra Starling (PT/ MG), co-autora de um dos nove projetos abortistas que tramitam em nosso Parlamento. Manifestava ela o seu incômodo pelo fato de vir sendo interpelada - ora nos corredores, ora em seu gabinete, ora até nos elevadores da Câmara - por pessoas contrárias ao aborto. Com efeito, o projeto de lei abortista 20/91 - de sua autoria juntamente com o deputado Eduardo Jorge (PT/SP) vinha se arrastando nas Comissões da Câmara desde 1991. Somente no dia 20 de agosto foi ele aprovado na Comissão de Constituição e Justiça, em conseqüência de um empate dos votos favoráveis e contrários, por uma singularidade do regimento interno daquela Comissão. A pretexto de regulamentar os casos de aborto não punidos pelo Código Penal vigente - o aborto em caso de estupro, ou como único meio de salvar a vida da mãe, matéria tratada no artigo 128 desse Código - a aprovação de tal projeto abrirá as portas para que os casos de abortos legais sejam progressivamente ampliados, até não haver mais restrições à sua prática. ►

Se aborto é crime, como pode o Estado cometê-lo? Para sentir a temperatura a que chegou a discussão da eventual aprovação

O coordenador da campanha O Amanhã de Nossos Filhos com os deputados José Rezende MG (1), Prisco Viana - BA (2) e Benedito Domingos - DF (3)

CATOL I CISMO

Novembro de 1997

17


\

J

As delongas ocorridas f)~ sua apreciação e votação se deveram, em grande parte, à atuação da fFP, seja medi ante atuação em vias públicas, seja através das campanhas Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! e O Amanhã de Nossos Filhos. Ruy Coelho Maia, coordenador dessa última, considera que "se o aborto é crime, como poderia o Estado propositadamente atribuir-se a tarefa de cometê-lo? Perante o Tribunal Divino, todos nós compareceremos. E, diante dele, todos seremos julgados. É oportuno recordar esta verdade, num momento em que, de um simples "sim" ou "não" de nossos representantes, depende a sorte de milhões de criaturas inocentes". As duas campanhas empregaram o sistema de pressão direta de seus aderentes sobre os deputados. Para isto, seus paiticipantes foram mobilizados praticamente em todos os municípios do Brasil. "Não fa ço outra coisa, de manhã à noite, senão receber telefonemas e recolher faxes dos participantes de sua campanha", confessou a chefe de gabinete de um parlamentar ao Sr. Nelson Barretto, diretor do Escritório da TFP em Brasília. Segundo a "Folha de S. Paulo" (de 25-9-97), os assessores do presidente da Comissão de Constituição e Justiça, deputado Henrique Eduardo Alves, informaram que seu gabinete já recebeu mais de mil cartas. Por sua vez, o deputado Eduardo Jorge (PT/SP), co-autor do projeto, também afirma ter recebido mais de mil cartas. Os faxes e telefonemas de nossos aderentes tiveram e continuam tendo um grande papel nesta batalha, motivando vários deputados a manifestar sua posição contrária ao aborto. Como o perigo da aprovação do mencionado projeto ainda continua na ordem do dia, inserimos na presente edição um cupom para ser preenchido por nossos leitores e enviado a deputados de seus respectivos Estados, solicitando-lhes que rejeitem a malfadada proposta legislativa. Esta é a forma eficaz de colaboração que nossos caros leitores poderão prestar à causa sagrada da civilização cristã no Brasil. ♦ 18

CATOLIC I SMO

' ;@ ~j-J ? ~~ !,) JJ JJJ j:3J

&. rjJ[_h Julho de 1996 - A campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! lançou o Brado Católico em defesa da vida,contra o Projeto de Lei 20/91 dos deputados Eduardo Jorge (PT/SP) e Sandra Starling (PT/MG). Novembro de 1996- Manifesto Alerta à Nação ante a tentativa sorrateira de fazer passar, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o Projeto de Lei acima referido. O manifesto, de iniciativa da campanha O Amanhã de Nossos Filhos, foi distribuído aos 100 deputados da referida Comissão, juntamente com l Omil petições contra o aborto e também exemplares do livro Aborto: 50 perguntas e 50 respostas em defesa da vida inocente. Milhares de telefonemas e faxes dos aderentes de nossas campanhas, remetidos aos deputados, motivaram vários parlamentares a fazer discursos categóricos contra o aborto. Distribuição, aos mesmos deputados, de 21 pareceres de Juristas, Desembargadores e Juízes de São Paulo, Rio de Janeiro e outros Estados, concedidos a O Amanhã de Nossos Filhos, apontando a inconstitucionalidade do referido projeto. Pressentindo a derrota, a Relatora pediu adiamento da votação. Dezembro de 1996 - Diante da iminência da aprovação do mesmo projeto, a campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! promoveu a publicação do texto Brado Católico em defesa da vida no "Jornal de Brasília". Junho de 1997- Aderentes das campanhas Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! e O Amanhã de Nossos Filhos de Ribeirão Preto (SP), em apelo aos vereadores e ao

Novembrode 1997

:_jJ:iJ

lJ:iJ Ulf i_;)

prefeito dessa cidade, conseguiram evitar a aprovação de Projeto de Lei estabelecendo a realização do aborto nos hospitais da rede pública do município, nos dois mencionados casos previstos no Código Penal. Junho de 1997 - Comitiva das campanhas da TFP entregou ao presidente da Comissão de Constituição e Justiça 62.500 assinaturas contra os projetos abortistas em curso. Agosto de 1997 -A notícia de que no dia 20 desse mês seria votado na CCJ o Projeto dos deputados Eduardo Jorge e Sandra Starling, levou a Coordenação da campanha Vinde Nossa Senhora e Fátima, não tardeis! a mobilizar seus propagandistas numa campanha-relâmpago de cartas, telefonemas e faxes dirigidos aos deputados-membros daquela Comissão. Setembro de 1997 - Na iminência da votação final, a ser realizada no Plenário da Câmara, do Projeto de Lei abortista 20/91, O Amanhã de Nossos Filhos lança veemente apelo aos deputados pedindo a rejeição do referido projeto abortista. Campanha ainda em curso. Por sua vez, a campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! saiu mais uma vez a campo, enviando a centenas de milhares de participantes o apelo Não repita o ato de Herodes, que vem sendo remetido a todos os deputados, pedindo a rejeição desta acintosa investida contra o quinto Mandamento da Lei de Deus. Tal apelo tem sido também distribuído ao grande público, através de campanhas de rua efetuadas por caravanas de cooperadores da TFP, como se pode constatar na capa da presente edição.

Pesquisa de opinião em TV decepciona agro-reformistas PLINIO VJD IGAL XAVIER DA S ILVEIRA

você decide da Globo

em 1994, logo após as eleições, fazendeiJ·os e simpatizantes da TFP de diversas partes do Brasi I enviai·am mensagens ao então Presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso, solicitando novamente esse plebiscito. Em maio de 1995 uma comissão de produtores rurais, liderada pela TFP, apresentou ao Ministro da Agricultura, José Eduardo Andrade Vieira, um

Você decide, da insuspeita TV Globo, no qual os telespectadores eram convidados a manifestar sua opinião sobre o problema de invasões de terras e Reforma Agrária. Nesse programa foi apresentado o dilema de Ronaldo, um rico e bem sucedido fazendeiro, paradoxalmente esquerdista, que em sua juventude havia combaticonsiderar o que sempre alardeou do o regime militar, havendo por isso se a mídia escrita, falada ou exilado em Cuba. Tendo sua eletrônica, bem como os propriedade invadida por programas do s partidos um grupo de sem-terra, o políticos, ter-se-ia a imque deveria ele fazer? pressão de que a imensa 1. Expulsar violentamenmaioria da população brate os invasores? sileira seria favorável à 2. Entrar em acordo Reforma Agrária. E, nescom o INCRA, negocian se contexto, qualquer pesdo a desapropriação da soa que ousasse afirmar o fazenda? contrário seria acusada de 3. Contratar os invasores conservadora fanática. para trabalhar na proprieA TFP, entretanto, endade? frentando a onda, sempre Cabia ao púbico deciafirmou que a maioria da dir qual seria o fim da nopopulação não é favorável vela, escolhendo uma desà Reforma Agrária. sas três opções. Para maJá em 1986, em programa de TIi, o Prof Plínio Corrêa de Oliveira fez um Em 1986 , o Prof. apelo no sentido da convocação de um plebiscito sobre a Reforma Agrária nifestar sua posição, basPlinio Corrêa de Oliveira, tava telefonar gratuitamenfundador da TFP, numa entrevista à TV abaixo-assinado de 30.310 firmas conte para três números diferentes, sendo Capital, de Brasíli a, no programa Mentendo diversas so licitações, entre as que cada um deles indicava a escolha sagem ao Presidente, dirigindo-se ao quais o plebiscito. por uma dessas três possibilidades. então Presidente José Sarney, fez um Entretanto, tal consulta popu lar nunResultado surpreendente pedido para que fosse convocado um ca foi realizada. plebiscito sobre a Reforma Agrária, pois Por que vários gove rnos, ou até mesO resultado foi surpreendente. A esestava certo de que esta seria rejeitada mo os radicais defensores da Reforma magadora maioria optou pela manutenpela maioria. Agrária socialista e confiscatória jamais ção do direito de propriedade: 79.268 Da mesma forma, em 1992, a TFP quiseram esse plebiscito? votos (46,6%) a favor da expulsão dos promoveu um abaixo-ass inado de esbulhadores, 75 .569 (44,4 %) pela * * * 1.133.932 assinaturas, apelando ao enAinda recentemente, e m agosto contratação dos invasores; e apenas tão Presidente Itamar Franco para que passado, essa categórica posição da 15.281 (8,9%) se manifestaram favorápromoves e a realização do pJebiscilo. E TFP foi confirmada pelo programa veis à desapropriação.

comprovou ser a opinião pública brasileira contrária à Reforma Agrária socialista e confiscatória

A

CATOL I C I SMO

Novembro de 1997

19


Tony Ramos, apresentador do programa

Você deci de, também ficou surpreendido com os resultados da pesquisa

Uma análise cuidadosa dos resultados indica que as duas hipóteses mais votadas mostram um público maciçamente contrário à ReformaAgrária. Pois, mesmo os 75.569 que se manifestaram favoráveis à contratação dos invasores, na realidade desejam a manutenção do direito de propriedade. É a posição típica do centro decisivo brasileiro, cordato e conciliador, favorável à propriedade e contrário à baderna, à agitação e à violência. Apenas 9% optaram pela desapropriação, ou seja, uma ReformaAgrária atentatória ao direito de propriedade e imposta a pretexto das invasões. O fato de que mais de 90% dos que enviaram sua opinião se tenha pronunciado a favor da manutenção do direito de propriedade surpreendeu o Governo, a imprensa, a direção do programa e muitos telespectadores, decepcionando esquerdistas de todos os matizes. Na TV Globo todos consideraram o resultado inesperado. Herval Rossano, diretor do núcleo do programa, afirmou que na Globo todos achavam que o público escolheria a desapropriação da fazenda pelo INCRA. Ana Maria Nunes, autora do roteiro, estupefata pelo resultado, afirmou que não existe possibilidades de manipulação dos resultados pela TV Globo. O Ministro Jungmann disse que ficou perplexo e preocupado com o resultado do programa Você Decide.

20

CA T O LI

e

I SMO

nidades Eclesiais de Base (CEBs), a pequena ressonância das manifestações organizadas pelo Clero esquerdista, adepto da Teologia da Libertação, confirmam essa tese. Também no campo moral se verificam certas manifestações de fidelidade aos princípios tradicionais. São significativas as reações populares que impediram, até agora, a aprovação pelo plenário da Câmara Federal dos projetos de lei para a legalização do "casamento" homossexual e instituindo a obrigatoriedade da prática do aborto em hospitais públicos nos dois casos permitidos por lei. Este último já foi aprovado na Comissão de Saúde e na Comissão de Constituição e Justiça. Tais reações foram, em larga medida, ocasionadas pelas campanhas O Amanhã de Nos-

sos Filhos e Vinde Nossa Senhora de Fátima não tardeis !

Brasil real, Brasil verdadeiro O programa teve certa aparência de plebiscito.Aliás, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira sempre afumou que o Brasil real, o Brasil verdadeiro, é conservador; e que se enganam os que julgam que o nosso tão sofrido povo é esquerdista, revoltado, a favor de uma radical mudança do regime de propriedade privada do País, tão desejada pelas esquerdas. Além do mais, a insignificância dos partidos comunistas, o estado préfalimentar do PT, o fracasso das Comu-

Novembrode ' 1997

- ambas promovidas pela TFP e por ações de outras entidades, como o Movimento Pró- Vida de Brasília. O que pensar de tudo isso? Se o Brasil real, o Brasil verdadeiro, se manifesta de maneira tão diversa das fantasias em que parecem acreditar muitos políticos profissionais, a esquerda católica e a maioria dos órgãos de imprensa, seria justo e coerente que, em fidelidade aos princípios democráticos que esses setores dizem defender, se promovesse uma série de plebiscitos sobre questões que estão abalando o País: a Reforma Agrária, o aborto e a união homossexual. Esperamos que nossos homens públicos tenham a coragem de promover tais consultas populares, nas quais a opinião do Brasil autêntico seria, de fato, levada em consideração para a elaboração de nossas leis, tendo em vista o futuro de nossa Pátria. Que Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, vele por nosso País e o conserve sempre fiel à Fé católica e à sua vocação histórica. ♦

S

ERÁ o movimento dos assim chamados sem-terra uma casta especial na sociedade? Estarão eles acima da Lei e da Justiça ? É lícito usar a viol ê nci a como forma de pressão? Formulando claramente perguntas como essas, a campanha S.O.S. Fazendeiro , um a ini ciativa da TFP, inici a um protesto nacional contra a impunidade dos qu e promovem a violência no campo. A campanha co nsiste na coleta de ass inaturas para uma Petição ao Ministro da Justiça, Dr. Iri s Rezende, exigindo uma intervenção imediata con-

Protesto Nacional contra a Impunidade tra "essa situação absurda de IMPUNIDADE'. A TFP solicita ao Ministro "providências urgentes e

eficazes para que cessem as invasões, que se aplique a lei contra os esbulhadores, contra os que incitam ao crime, contra os que se organizam em quadrilha para invadir, saquear, ameaçar e mesmo matar''. Numa carta dirigida aos proprietários rurais, a campanha S.O.S. Fazendeiro afirma que "não é

possível que o Governo, as

Forças Armadas, a polícia e a classe rural tenham que ficar de mãos e pés atados diante de um bemdo organizado de revolucionários que age com insolência, co lo cando-se acima da lei". E de forma incisiva pergunta: "Quem são esses

homens para declararem e fazerem tais coisas e permanecerem impun es? Quem são eles para ameaçarem nossas famílias e nossas propriedades como se nós fôssemos os bandi-

dos e eles a lei? Com que direito eles se organizam num verdadeiro esquema de guerrilha rural usando, além de armas, mulheres e crianças como escudo? Como é possível que elementos como esses se organizem em quadrilha e nada lhes aconteça?" A campanha visa obter milhares de ass in aturas que, juntamente com a petição, serão levadas a Brasília pelos coordenadores da iniciativa.

As pessoas que quiserem aderir a ela, podem solicitar um (ou vários) exemplar(es) da Petição ao Ministro da Justiça, no telefone (011) 257-1088.


Assis: símbolo de uma tragédia

1-2-3 - Seqüência de fotos do desabamento da cúpula da Basílica, captadas pela TV italiana. 4 - Ruínas de uma casa destruída pelo terremoto na cidade de Colecurti, na região de Macerata

Os recentes terremotos ocorridos na Itália produziram graves danos .de ordem material e psíquica, além de vários mortos. O significado mais profundo do sucedido, contudo, talvez seja ainda de maior amplitude Juan Mi uel Montes Correspondente Itália

Roma - E is alg umas eloqüentes manc hetes do conce ituado jornal milanês "Corriere della Sera", e m s uas edições de 4, 5 e 8 de outubro p.p. : Abalos em cadeia, é um pesadelo. A temperatura é responsável pelo sisma ? Segundo os geofísicos, não há qualquer relação. A terra continua a tremer: pânico e lágrimas. Cem abalos em um dia. Terremoto que não acaba, crises de pânico. Ent re os sem-teto, distúrbios de sono, crises depressivas, taquicardias, estados de histeria. Aumenta a venda de psicotrópicos e cresce o consumo de álcool .. . No mesmo quotidiano, em sua edi ção do dia 8 de o utubro, lê-se:

"Ago ra todos dizem. que está ha vendo um terremoto não só nas coisas, mas também nas pessoas".

* * *

Tudo começo u na apa rente me nte tranqüila madrugada (2:37 h, horário

22

CA TOL I C I S M O

loca l) de 26 de setembro p.p., sex ta-fei ra, quando a maiori a da população das regiões da Ú mbri a e de M arche, na pa1te central da Itáli a, foi subitamente eles. pe rtada po r inesperados e ass ustadores abalos de terra. Por volta das 11: 30 h da ma nhã, quando se pensava que tudo voltara ao "normal", surg iram novos s is mos (5 ,6 na esca la Richter, sendo que o primeiro foi de 5,5). A te lev isão itali ana, que filmava o inte ri or da Bas íli ca de Assis, mostrou ao vivo os mo mentos de te rror quando

Novembro de 1997

o te to desabou , mata ndo dois frad es franci scanos e dois técnicos. O balanço dos primeiros di as (mais precisamente até 29 de setembro, inc lusive) foi trágico: 5 mil pessoas desabrigadas, destruição de afrescos dos famosos pintores G iotto e C im abue, 1. 120 construções medievais danificadas. E isto fo i apenas o começo ... Outros tremores, d e mag ni tudes des iguais (ating indo até 5,1 na esca la Ri c hter), se ap resentara m no decurso dos dias 3 de outubro e subseq üentes, atingindo o coração da Itá li a, faze ndo-

l

se sentir até em Roma. E continuam a ocorrer até o momento em que são escritas as prese ntes linhas (ver Em tempo ... na pág in a seguinte) . Assim, na mad rugada de 7 de outu bro, as ig rejas e se us campanári os vol taram a tre mer no Centro-No rte da Há1ia, espec ia lm e nte na s regiões de Ú mbri a, Marche, Ab ru zzo, Lácio e parte da Toscana . Segund o a rev ista " O gg i", de Mi lão, de 8- 10-97, os aba los sís mi cos at ing iram 36 loca lid ades da Úmbri a e de M a rc he, matando 11 pessoas, fe -

rindo 126, co m 88.000 casas atin g idas e ma is d e 200 mi I pessoas e m estado de e mergênc ia. Tais c ifras, porém , logo aume ntaram. E m 12 de outubro o terremoto ating iu quase a mag nitud e 5 na esca la Richter. O "Corriere della Sera" (de 1410-97) informa que nos dias 12 e 13 houve 137 aba los sís micos ... Devido aos desmoronamentos o u rachad uras nas res idênc ias, seus oc upantes tiveram que ser transferidos para tendas da Proteção Civ il , Lrailers (casas adaptadas nas trase iras de auto móveis) e containers (espéc ie de grandes cofres para tran spo rte de mercadorias). Agora, para essas pobres pessoas , o grande receio é a chegad a do fri o do o uto no e uropeu, com chuvas e neve. Pois , sem ca lefação, teme-se que as crianças e os idosos não tenham res istê nc ia para s uportar os ri gores da estação que se aproxima. Como ab ri ga r devidamente tantas pessoas? Como ev itar o surg ime nto de ep ide mi as em tal situ ação? Como se não bastasse, o diretor do lnstituto de Sismologia da Universidade de Tókio, Megumi Mizoue, não descarta a poss ibilidade de que o utro abalo venha a se dar dentro de semanas ("Corriere dei la Sera", 8- 10-97). Co nseqüentemente, cerca de 6 ,5 milhões de ita li a nos es tão vivendo e m permanente estado de a ns iedade . E em muitos casos até no mais co mpleto desespero. Mass im o Coza, coo rde nador da Cons ulta Nacional da Saúde M e nta l, comentou: "A lém das casas, o terre-

moto destrói os afetos e a identidade, sacudindo o equilíbrio psíquico dos j ovens e anciãos. Para superar a crise serão necessários seis meses e, conforme o caso, até um ano" ("Corri e re deli a Sera", 4- l 0-97) .

Assis: grande vítima e símbolo· A zona mais es pec ia lme nte atin g id a já so fre ra te rremotos em o ut ras é pocas , mas não e m tão g rande inte ns id ade. Essa zona é um a das mais ri cas em bens culturais de toda a Itália. Nela se e nco nt ra m tesouros d a a rte cató li ca, CA TO LI

e ntre e les a Basílica de Ass is, onde está e nterrado São Franci sco. Felizmente, seu túmulo - cercado pe los de outros quatro bem-ave mturados discípulos seus - não sofreu danos . M as cerca de 700 igrej as na região foram dec laradas e m peri go. " Na Itália - reg istra o documentado boletim info rmativo "Corri spondenza Romana" nº 543, do final de setembro - , o aspecto simbólico desses játos [da queda da cúpul a da Basílica Su peri o r de São Franc isco] não passou despercebido . .... 'A Basílica de Assis

- escreveu Vittorio Sgarbi no "li Tempo" de Rom.a, de 27-9-97 - é o mais representativo santu ári o da c ivili zação e da fé cató li ca .. ... Seu desmoronamento faz sugerir fo rte me nte a ausência da proteção de Deus'. 'Com a sua c úpul a,

esc reve Geminello A/vi em "La Repubblica" de 27-9-97, cai o teto do ed ifício que representa a unidade esp iritual da Itáli a' ..... "A relação - continua "Corri sponde nza R o mana" - entre Assis e a Itá-

lia remonta às próprias origens da unidade religiosa e cultural da península, bem anterio res à sua unidade política. São Francisco, como recordou João Paulo li em Assis, a 12 de março de 1982, é o Santo que, enquanto patrono da Itália, ' une particulannente a Itá li a à Igrej a'. "Ex iste uma re lação entre o esboroamento da Basílica que guarda seus restos mortais e o e.1:fácelamen.to da Nação da qual ele é patrono?", perg unta Marco Fabio Apolloni , em "li M essaggero", Roma, 28-9-97 . Com efeito, convé m reg istrar a lgumas co inc idênc ias de datas e fatos: • primeiro e segundo terremotos (26 de setembro): dia em que São Franc isco de Assis nasceu; • terceiro terremoto forte (3 d e o utubro): dia e m qu e São Francisco fa lece u; • o utros terremotos fo rtes (13 de o utubro): 80 anos da última apari ção de Nossa Senhora de Fátima.

" Hoje o mundo não quer ouvir fa lar de castigos - prossegue "Corri spondenza Ro mana" - , nem de admoestações divinas, mas a teologia ensina que todos os males físicos e materiais que e

IS MO

Novembro de 1997

23


"JºjlJ •J ,' '-' ,' JJ~.0 não provêm da vontade do Jw mem, dependem da vontade de Deus. 'Tudo que 't, acontece contra a nossa vontade - escreve Santo Afonso de Ligório - saiba que não ocorre a não ser por vo ntade ele De u s , como d iz Sa nto Agostinh o' (Uniformità alia volontà di Dio, Ecli z. Paoline, Francav illa, 1968, p. 33)" . E ass im concl ui o judic ioso artigo ele "Corrisponclenza Ro mana" : " Como não ve1; nos ter remotos de Assis, um reflexo da grave crise espir itual e moral que hoj e golpeia a Itália e a Igreja?"

Para se .perseverar durante os castigos divinos: confiança e oração A lg um le itor, muito e xp li c ave lme nte, pode rá pergun ta r como é po ssíve l esta r co locado di ante ele um a tra-

gécli a, co mo a qu e ati ng iu conside ráve l pa rte ela Itáli a , e ac redita r na mi seri córdi a d ivin a. E como te r confia nça na bo ndade cio C ri ador, ele modo a atravessar todos esses torme ntos co m a sufic ie nte certeza ele qu e os p la nos ele Deus se reali zarão? O P rof. Plínio Corrêa ele O live ira, ao come ntar o li vro ele Santo Afo nso Maria ele L igório A oração, o grande meio da sal vação, numa série ele confe rê ncias pro nunciadas em 1957 para os pro paga ndi stas ele Catolicismo, responde u a essas questões. "Eu tenho impressão - afirmou o F undador ela TFP - de que exatamente os confia ntes poderão atravessa r os castigos previ stos por Nossa Senhora e m Fátima. Caso contrári o, terão mui ta cli fic ul clacle, devido a um pessimi s mo es-

piritua l, deco rre nte ele um pessimi s mo e m re lação à vida ... .. Apesar de todas as aparênc ias em contrário, Deus é bom. A v icia dá certo apesar dos horro res em que nós estamos . E la é como o jogo que dá certo, pelo me nos para o Céu. E basta que dê para o Céu, não é preciso ma is nada, porque o Céu ex pli ca tud o. E , ass im, vi vermos com alegri a e coragem! "M as isto, sem oração, não se compreende, porque só ela torna isto exp licáve l. Se não houve r oração, da ndo se mpre esperança, tudo é zero. São as catástrofe s interi o res, crises nervosas, pavores, psicoses, tudo .. ." Q ue Nossa Senhora de Fátima, de cuj a última aparição se completara m 80 a nos e m 13 de outubro passado, ajude neste sentido nossos le itores e todos que lhes são caros. ♦

"Uma obrigação de todos católicos"

~

Pela primeira vez recebo o

Catolicismo. Já o conhecia há bastante tempo através de um pároco. Ler o Catolicismo deveria ser uma obrigação de todos os católicos. Participo como propagandista da campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!. A revista é um documento importante na q ual descobri que muitas matérias pu blicadas poderão ser u tilizadas em minhas aulas. Sou professor em uma escola e coordenador pedagógico em outra. Catolicismo vai aj udar-me a aumentar minha cultura, principalmente no que diz respeito à minha Religião. (J.M.P. - Maracaju-MS)

"Crescemos em virtudes e nos aproximamos do Céu"

Enorme nuvem de pó invade a Basílica de São Francisco: imagem simbólica do abalo sísmico

Dia 16 de outubro: o frio já chegou às regiões nas quais as pessoas estão abrigadas em tendas. Segundo o "Corriere dei/a Sera"(16-1097), a temperatura na noite do dia 15 para 16 desceu abaixo de zero e surgiram as primeiras pinceladas de

24

C ATO L IC IS MO

neve nas montanhas, onde está situada a maior parte das cidades afetadas pelo terremoto. O sismólogo Franco Foresta Martin ("Corriere dei/a Sera " de 1610-97) afirmou que desde 26 de setembro p.p. foram registrados 2.000 tremores de terra e terremotos. "Confiar em hipóteses sobre o tu-

Novembro d~ 1997

turo do terremoto é como jogar na loteria . .... Não devemos nos surpreender se a seqüência demorar ainda meses ... não podemos excluir que, de tempos em tempos, se repitam abalos violentos ". A Igreja da Madonna dei Miracolo, em Roma, sofreu danos na ábside atrás do altar-mor. ♦

~ Agradeço a oportunidade de conhecer a revista Catolicismo. Afirmo que gostei muito de sua edição, porque mostra e ensina grandes lições de vida. É um acervo cultural e religioso , porq ue abrange histórias do mundo todo. Após a leitura, vou passar adiante para outras pessoas, a fim de q ue possam conhecer o conteúdo espiritual que muito ajuda na vida prática. Parabenizo sua organização e a relação dos dias de cada Santo. Após lê-la, crescemos em virtudes, onde nos aproximamos do Céu. (M.F.A.S. - Recife-PE) Seguindo o exemplo do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira

~ Sou assinante da bela revista Catolicismo, da qual tenho gostado e que estou e mprestando a

pessoas antigas para que se interessem para fazer assinaturas . Parabén s pelo seu modo de continuar o exemplo do Professor P línio Corrêa de Oliveira, o grande homem de fé. As minhas orações por todos que trabalham em tão maravilhosa divulgação. (M.A.S. - Nova Timboteva-PA)

"Tudo podemos com a nossa fé"

~ Nos dias de hoje é muito importante para nós católicos termos uma revista dedicada a nós e aos interesses da comunidade. Se bem me lembro, quando comecei com a campanha sobre Nossa Senhora de Fátima, muitas coisas eram diferentes: as pessoas estavam indiferentes sobre sua fé, e com a campanha (distribuição de mensagens e folhetos), elas retomaram seu caminho. E parece que está :ficando cada dia mais claro para mim: todos nós precisamos de uma grande campanha para mostrar para nós mesmos que tudo podemos com a nossa fé. A revista também nos ajuda muito. Ela faz parte da campanha! Gostaria de receber material da revista para distribuir. (M .A.C. - São Paulo-SP) Nota da Redação: O Brasil autêntico é muito mais católico e tem muito mais força do que o Brasil pré~fabricado por certa propaganda. Trata-se, pois, de fazermos jus ao título de filhos de Deus . E que saibamos pedir e - conforme as circunstâncias - exigir dos que devem representar o povo, tanto em nível estadual quanto federal, que nossas leis "não contradigam as leis divinas". E estejamos certos de que com as bênçãos de Nossa Senhora Aparecida "tudo podemos com a nossa f é'' ! Esperamos que a Sra. já

tenha recebido o material de propaganda de Catolicismo.

"Comparar um guerrilheiro com Nosso Senhor!"

~ Deparei-me com esta reportagem anexa * e logo imaginei de encaminhá-la à TFP para a devida apreciação e, se acharem oportuno, transcrevê-la na revista Catolicismo. [Até] Q ue ponto chegamos: comparar um guerrilheiro com Nosso Senhor Jesus Cristo! * Trechos da reportagem acim a referida, extraída do jornal "A Notícia", Joinvill e, 14-6-97: "Frei Betto tenta demonstrar a identidade entre Jesus Cristo e Ernesto Che Guevara, no ano em que se comemora os 30 anos da morte do guerrilheiro mais famoso do mundo. - Cristo e Che. Barbas longas, gestos libertários, sacrifício pessoal, perseguição e morte. Junta-se isso ao fim do milênio e o resultado é misticismo. Frei Betto, o dominicano que reúne na própria vida capítulos de clandestinidade, ajuda a presos políticos, ligação a Carlos Ma righella, dois anos de prisão e a opção pelos mesmos sem-terra a quem Che serve de patrono, virou sem querer intermediário entre um e outro". (V.S. - São Bento do Sul-SC) Nota da Redação: Frei Betto chegou mesmo a declarar taxativamente ao semanário cubano Juventude Rebelde (de 24-8-97) que considerava Che " um santo". Não deixa de ser sintomática a correlação estabelecida pelo jornal de Joinville, acima mencionado, entre o passado de Frei Betto e sua atual "opção pelos sem-terra". E ao nosso leitor, muito grato pelo envio da notícia!

eATOLIe

IS MO

Novembro de 1997

25


urante uma viagem, o Santo é abordado por um velho que lhe pede esmola. "Eu lhe darei com muito boa vontade, - responde ele-, mas com a condição de que se confesse". A essas palavras, o mendigo hesita e até balbucia uma recusa. O Bispo o encoraja, e ouve a afirmação de que nunca o pedinte havia se aproximado do confessionário. Lágrimas rolam pela face do pobre após essa declaração. Eram elas sinal de sincero arrependimento. O velho confessa-se então imediatamente com o próprio Prelado, morrendo logo depois na paz de Deus. Tal fato inclina São Josafá a tornar-se mais ardoroso em prestar socorro às almas com vistas à salvação eterna. Que belo exemplo para eclesiásticos contemporâneos, que se mostram preocupados em cuidar mais do corpo que da alma de seus fiéis!

D

* * *

flagelo dos cismáticos, modelo de desassombro apostólico Bispo zeloso, grande defensor do Papado e da união com Roma, enfrentou heroicamente os inimigos de Deus e de Sua Santa Igreja , o que lhe valeu a palma do martírio e a glória eterna ROBERTO ALVES LEITE

26

CATOLICISMO

Novembrode 1997

João Kuncewicz nasceu em 1580, na cidade de Wolodymyr, na atual Lituânia, mas então pertencente à Polônia. Era filho de simples e respeitado comerciante, segundo alguns, de nobreza empobrecida. Ainda criança, vendo o crucifixo, pergunta a sua mãe o que ele significa. Diante da explicação, sente como uma centelha de fogo que caía sobre seu coração, comunicando-lhe grande amor pelas cerimônias da Igreja. Foi o ponto de partida de sua vida interior e de sua missão. Sua infância transcorre na mais perfeita inocência e piedade, que se refletem até em seus divertimentos preferidos. Decora o Ofício divino para poder cantá-lo. Enviado a Vilnius para fazer carreira junto a rico comerciante, não perde o hábito da oração, o que lhe acarreta injustos castigos corporais, pois o patrão deseja vê-lo somente produzindo. Sua piedade, porém, cresce em meio às vicissitudes. A capital da Lituânia era então uma arena onde todos os erros se conjugavam para combater a Santa

Igreja. Cada tipo de heresia lá tinha seu templo, seu ministro e seus defensores. Em uma mesma família ocorria o fato de ser o pai de uma, a mãe de outra e os filhos de urna terceira religião. Exposto aos perigos próprios a tal ambiente, sem conselho, sem experiência, evitando as pessoas ociosas, levianas e imorais, atravessou Josafá esse ambiente sem sujar sequer a franja de suas vestes.

na o Santo que ela se afaste. Diante da negativa, arma-se com um bastão e à força de golpes obriga a infame pecadora a fugir envergonhada. A notícia de tal ato de vittude logo circula pela cidade, e em decorrência disso, todos querem ver Josafá e ter a honra de merecer sua amizade. Nota-se no espírito do Santo simplicidade, retidão, amor de Deus extraordinários. Aos poucos, forma-se em torno dele, pequena mas fervo-

ímpio. Jogam-lhe até pedras e paus. Durante tais perturbações, em 1609, recebe a ordenação sacerdotal, completando, com tal Sacramento, o sacríficio de louvores a Deus que havia iniciado desde a infância. Sempre grave e recolhido, por inclinação natural, manifesta rara disposição para o estudo. Espírito penetrante, tudo o que lê e entende fica gravado em sua mente. Explica-se, pois, que discorra sobre os artigos da fé, nos pontos discutidos Grande polemista, pelos cismáticos, com claconfessor, auxílio dos reza e encanto fulgurantes. necessitados... À sua voz, uns abjuram a heresia, outros o cisma e ouQuando a população de Vilnius se lançou no cisma, tros ainda renunciam a uma vida pecaminosa. A graça Josafá rezou a Deus Nosso Senhor suplicando que lhe de Deus transborda de seus indicasse o caminho que lábios e triunfa sempre de devia trilhar. "A partirdesseus adversários fazendo-os retirarem-se confusos e esse momento - narra o próprio Santo - votei tal ódio tupefatos, perguntando-se ao cisma, que era força donde lhe vinha tanta sabedoria. Apelidaram-no o do a repetir sem cessar a palavra do profeta: Eu Arrebatador de almas. Sua atividade é prodigiodeio a sinagoga dos maus (Salmo 25)". osa: vigário, administrador nos planos temporal e esDesde então nasceu piritual, ecônomo, confesnele o desejo ardente de sor, mestre de noviços, ser o flagelo contra o cisalém de visitar hospitais e ma, o defensor da união com Roma. bairros pobres. São Basílio (330-379), diante do Imperador Valente. Reformador do monaquismo, este santo escreveu a regra para a Ordem que Espírito vivo e sagaz, E quanto mais rezava, leva seu nome, na qual ingressou São Josafá, em 1605 mais se abrasava do desejo de propenso a análises sólidas, se imolar por Deus. dotado de memória fácil, considera o comércio uma ativida- rosa comunidade religiosa. Nela, de insuportável. E nem mesmo a pro- Josafá exerce as funções de sacris- Fogo! Fogo! messa de tornar-se herdeiro do rico tão, corista, ecônomo; em uma pa- Josafá está rezando ... comerciante leva-o desistir de seguir lavra, todas as atividades secundáriCerta vez, dois religiosos de seu sua vocação, que é a de tornar-se as da casa. mosteiro, ao passar junto a sua cela, Certa ocasião, os cismáticos con- viram-na em chamas. Dão o alarme monge basiliano. Assim, em 1605 ingressa na Ordem de São Basílio, vidam-no para urna reunião, espe- e todos acorrem. Quando vão arromnela recebendo o nome de Josafá, rando atraí-lo para sua causa. De bar a porta, o fogo desaparece: era volta ao mosteiro, Josafá comenta Josafá que estava prosternado, resegundo o costume grego. que estava chega1tdo do inferno , zando com a face no solo e os braAs leituras sobre a vida e o holocausto dos mártires não somente onde ouvira a voz de Satanás pro- ços em forma de cruz! Seus compao entretêm, mas conferem-lhe âni- pondo-lhe que renunciasse à fé. nheiros compreendem o prodígio e As agitações crescem em torno de afastam-se bendizendo a Deus. mo para a luta de todos os dias. É lastimável não terem procuraA reputação de suas virtudes che- si, não podendo sair em público sem gou aos ouvidos de certa mulher de ser objeto de vaias e maldições dos do penetrar no tesouro de seu coramá vida, que o visita na certeza de cismáticos. Chamam-no de traidor, ção os que conviveram com o Sanconseguir seduzí-lo. Indignado, orde- hipócrita, trapaceiro, ignorante, to. Quantas ações heróicas, quantos CATOL I CISMO

Novembro de 1997

27


exemplos preciosos, quantos favores celestes ficaram esquecidos devido a essa negligêncta! Eles mesmos, mais tarde, lamentaram-se pelo fato de, embora vendo-o, não o conheceram nem o imitaram. Entretanto, mesmo assim, aqueles que dele mais se aproximam crescem em virtude. Ao mesmo tempo, aumenta em relação a eles o ódio de Satanás e dos cismáticos. Tal ódio consiste num sinal evidente de que esses seus companheiros estão no bom caminho. Por suas virtudes, seu·zelo apostólico e sua atividade incansável, empreende verdadeira reforma no Mosteiro da Santíssima Trindade, em Vilnius. Muitas vezes ocorre que uma multidão de demônios invade a igreja do mosteiro, à meia noite, lá permanecendo até o clarear do dia em orgias, soltando uivos e latidos, o que impede os monges de dormir. Em troca, São Josafá não os deixa em paz. Arma-se com o Santíssimo Sacramento e, quando a tropa infernal chega, ordena-lhe que se retire, perseguindo-as até no interior do cemitério, até o túmulo onde os demônios se precipitam e desaparecem. Quanto mais avança em idade, mais alegria encontra na oração. Freqüentemente vêem-se os próprios Anjos ajudarem-no durante a Missa. E de uma imagem de Nossa Senhora saem raios que o envolvem em luz, quando reza diante dEla. Um bispo inflexível na defesa da Fé

Em 1617 foi nomeado Bispo de Vitebsk, com direito à sucessão ao Arcebispado de Polock, o que aconteceu em 1618. Sua autoridade estende-se então às duas cidades, atualmente em território da Bielorússia. Naqueles anos a situ28

CATOL I CISMO

ação de confronto entre católicos e cismáticos permanece relativamente calma. A cerimônia de sua posse em Polock é majestosa, com bastante pompa. O comissário real apresenta-o à nobreza e aos governadores da cidade, dizendo: "Em nome e por ordem do Rei, apresento à Igreja católica, um arcebispo; à nobreza, um novo ornamento; à cidade, um defensor e a todo rebanho, um pastor". Logo em seguida forma-se o corte-

O comissário real apresenta-

º à nobreza e aos governado-

res da cidade, dizendo: "8111 110111e epor ordem do /(,ei, apresento à Jgreja católica, 11111 arcebispo; à nobreza, 11111 novo or11a111e11to; à cidade, 11111 defensor e a todo reba11lto, 11111 pastor'~ jo que segue rumo à catedral ao som de música, de tiros dos mosquetes, do bimbalhar dos sinos, encerrandose com uma salva de toda artilharia. Em seu palácio são recebidos tanto ricos como pobres. Um familiar seu também o procura para pedir-lhe auxílio. Mas obtém como resposta que as rendas destinam-se à Igreja e aos pobres. Seu parente então satisfaz suas necessidades financeiras com seu próprio trabalho. Amando sem medidas a Deus e sua Lei, como conseqüência natural, o Santo detesta também sem medidas a doutrina oposta a Deus.Seu ódio ao cisma e à heresia é, pois, fruto do amor ao Criador e a Fé católica. Diante das pressões para estabe-

Novembro de' 1997

lecer uma paz a todo custo com os cismáticos, Josafá responde que a paz é um bem público, desde que seja aquela a que Nosso Senhor se referiu dizendo "Eu vos deixo a minha paz". Não, porém, a outra que Ele execra, dizendo que não veio trazer a paz, mas a espada (cfr. Mt 10,34). Que falsa paz seria essa, selada ao preço de grave ofensa a Deus? Os cismáticos agridem os católicos, e, ao mesmo tempo, choram apresentando-se como vítimas. Tais artimanhas não são suficientes para demover o Santo de sua firme posição e de seu zelo pela ortodoxia. Com o passar do tempo, a atitude dos cismáticos torna-se cada vez mais ameaçadora. Gritos sinistros, injúrias e pedradas avolumam-se. Essa audácia só se explicava por um encorajamento externo. Para eles, Josafá está fora da lei e uma tentativa de assassiná-lo não constitui crime, apesar do castigo infligido pela Providência a vários dos que atentaram contra sua vida. Seus servidores também compartilham tais sofrimentos, sendo insultados, agredidos com paus e pedras quando saem à rua. Martírio, milagres e glória eterna

Josafá ardia do desejo de morrer por Nosso Senhor Jesus Cristo e participar de Sua glória eterna. Em novembro de 1623, encontrase em Vitebsk, numa visita pastoral. Não foi possível fazê-lo sair da cidade, onde abertamente se planeja sua morte, pois o fanatismo abafa nas almas o horror ao crime. No dia 12 daquele mês, um domingo, depois das orações matinais na igreja, é dado o sinal, e todos conspiradores aglomeram-se

à porta do templo para pegá-lo à saída. Ele avança com passo firme através das fileiras cerradas da turba; gritos de morte, armas que são brandidas sobre sua cabeça não o assustam. Sua presença altaneira faz aos poucos cessar o tumulto. E assim pôde chegar a salvo ao Palácio episcopal. Este então é invadido. Mas, à vista do Santo Bispo, os assassinos recuam. Há um momento de indecisão. Dois celerados precipitam-se de uma sala ao lado, e postulando sua morte, atiram-se sobre sua pessoa, ferindo-o e pisandoº· Seu corpo, sobretudo a cabeça, deixa de apresentar a forma humana. Cospem sobre o cadáver, arrancam-lhe a barba e os cabelos. E apesar de Deus manifestar sua ira cegando uma mulher que lhe arrancava a barba, cobrindo o palácio com uma tenebrosa nuvem, da qual saía um raio de luz que ia pousar sobre o corpo, parece que todos estão entregues ao demônio. Arrastam - no pelas ruas da cidade. Sua cabeça bate num muro e deixa a silhueta incrustrada, de tal maneira que foi impossível apagá-la. Do alto da colina para onde foi levado, o corpo é lançado no rio Dwina. Entretanto, nenhum osso se fratura. Como se tudo isso não bastasse, alguns dos revoltosos pegam o corpo e o conduzem a um lugar do rio conhecido pela profundidade, a fim de que ali ele apodrecesse. Neste momento uma coluna de luz indica o local onde o corpo se encontra. E apesar da quantidade de pedras que nele foram atadas para que afundasse, o cadáver volta à superfície, seguindo os assassinos. Estes tiveram que fazer grande esforço para jogá-lo novamente no local mais fundo do rio.

No palácio, alguns magistrados, que aparecem tardiamente, mandam transportar um cofre contendo objetos de culto, que os golpes dos assassinos não conseguiram abrir. Ao passar por uma mancha de sangue do Arcebispo, o cofre cai e se abre; um cálice, que estava dentro, rola, tinge-se de sangue e volta para sua posição normal, indicando que o sacrificio de Josafá havia se unido ao Sacrifício eterno de Nosso Senhor.

Monumento a Urbano VIII, escultura de Bernini, Basifica de São Pedro. Aquele Papa, 20 anos após a morte de São Josafá, beatificou-o em 1643

Alguns dias depois, uma luz milagrosa saindo das águas indica o lugar onde se encontram os restos mortais do Mártir. O céu, que permanecera sombrio, retoma sua cor normal. Entre os habitantes da cidade, o espanto cede lugar à dor. Seu corpo é resgatado.Apesar de ter ficado quase seis dias sob as águas, nenhum sinal de decomposição existe nele. As feridas parecem ornatos que o embelezam. Muitas vezes as palavras não são suficientes na pregação para persuadir e converter. É necessário falar mediante chagas, comover pelo

sangue. Sua feridas transfiguradas apresentavam uma eloquência irresistível. À vista desse espetáculo, um cismático converte-se e se dispõe a dar a vida pela Igreja católica. Era um santo, - dizia o povinho -nunca ofendeu qualquer pessoa; malditos os que o mataram! - Por que adoras essas pedras? - cismáticos que ali se encontravam gritam para um cego que venerava o cilício com pedras do Santo. Mas eis que, confusos, ouvem eles a exclamação desconcertante: Vejo! Deus, prodigalizando assim os milagres, chancela a conduta heróica e firme do servidor fiel, que não dobrou os joelhos diante de seus inimigos. Para satisfazer a devoção popular, o cadáver precisa permanecer 1O dias exposto na catedral de Polock, onde é sepultado. Em vez da dor, todos experimentam uma sensação de alegria ao contemplar seu corpo. Quando se examina a lista de milagres, fica-se impressionado ao se verificar que todos os amigos do Santo que lhe pe. diram favores, são invariavelmente atendidos. São Josafá foi beatificado em 1643, por Urbano VIII. E no dia 29 de junho de 1867, o canhão do castelo de Santangelo e os sinos de todas igrejas romanas saudaram o novo Santo, canonizado por Pio IX, juntamente com São Pedro de Arbués e os mártires de Gorcum. ♦

Fonte de referência: Dom Alphonse Guépin, Saint Josaphat et l 'église greco-slave en Polo gne et Russie, Librairie Religieuse H. Oudin, Paris, 1897, tomos I e II.

CATOLIC I SMO

Novembrode 1997

29


Catolicismo -

",

Bombeiro que salvou o Santo Sudário entrevistado por Catolicismo

O bombeiro Mario Trematore carrega o relicário contendo o Santo Sudário, logo após salvá-lo das chamas

"Não podia deixar de enfrentar as chamas para dar ao mundo a possibilidade de contemplar esta preciosa relíquia" Catolicismo (junho/97, nº 558) publicou importante reportagem sobre o incêndio ocorrido na noite de 12 de abril p.p. na Capela que abrigava o Santo Sudário, em Turim, e seu milagroso resgate. A construção desse histórico edifício foi confiada ao arquiteto Guarini (século XVI I). A referida Capela é contígua ao altar-mor da Catedral da cidade por um lado, tendo acesso ao Palácio Real pelo outro. Impelido por moção divina, o bombeiro Mario Trematore arriscou a própria vida e, juntamente com seus va lorosos companhe iros, conseguiu .salvar uma das mais veneráveis relíquias de toda a Cristandade. Pois se trata do tecido que envolveu o sagrado Corpo de Jesus Cristo enquanto Ele esteve, durante três dias, no Sepulcro. O Santo Sudário constitui monumental prova da Mario Trematore recebe em sua residência cópia da Imagem Peregrina Internacional de Nossa Senhora de Fátima

30

C ATO L IC IS MO

Novembro de 199 7

Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor. Mario Trematore nasceu em Torremaggiore (província de Foggia), a 1O de fevereiro de 1953, em uma famíl ia de oito filhos. Após haver desempenhado diversas profissões , diplomou-se como técnico em geometria no Instituto Guarino Guarini, faltando apenas um exame para se doutorar em Arquitetura. Entrou para o corpo de bombeiros aos 22 anos. Após haver vencido um concurso, tornou-se funcionário do Corpo Nacional dos bombeiros. Atualmente coordena o socorro técnico urgente, em seu turno, em toda a província de Turim. É casado com a Sra. Rita Joffreda, tendo dois filhos: Jacopo (1 O anos) e Chiara (4 anos) . Mario Trematore concedeu entrevista - inédita e exclus iva para o Brasil - a Catolicismo, tendo recebido muito cordialmente nosso enviado especial, Sr. Roberto Donizete Bertogna, em sua res idên· eia, na cidade de Turim.

Agora, passadas as primeiras impressões do sucedido, o Sr. poderia descrever em câmara lenta como sentiu a ação da Providência em sua alma, dando-lhe forças para enfrentar as chamas que ameaçavam consumir tudo o que se encontrava na capela? MarioTrematore -Jesus Cristo, com Sua mão providencial, impregnada de amor, nos acompanha todos os dias. Foi essa mão que me deu a força, como aos meus colegas, para enfrentar as chamas que ameaçavam a mais preciosa relíquia do mundo: sinal que lembra o maior mistério da História, ou seja, a Paixão e Ressurreição de Jesus Cristo. Devo dizer que aquela noite, passada na catedral para tentar salvar o Santo Sudário, causou uma mudança em minha vida. Verificou-se em mim uma transfomação interior, que me levou a ser mais refletido e a observar com maior atenção os sinais da Providência na minha vida e na vida das pessoas que levo no coração. A partir daquela noite pude notar uma constelação de sinais, pequenos e grandes, que em sucessão quase cliária me fa. zem compreender a presença do Senhor na História e na "minha" história. Naquela noite, a força que me levou a realizar uma ação que, em condições habituais é impossível ser efetuada por um homem de corporatura normal, vinha certamente do Alto. Por que o Senhor me escolheu para essa tarefa ainda não me é claro. Mas naquele momento, naquele dia, entendi claramente que não podia deixar de fazer o que fiz. Catolicismo - Em que pensava quando estava golpeando com a marreta a caixa protetora do Sudário? Mario Trematore - Sob os golpes da marreta, o vidro antibalas desfazia-se como areia deixada cair da palma das mãos e que se dispersa no ar, ao primeiro sopro de vento . O pensamento se transforma em ação e o medo de morrer traz à memória, por instantes, as pessoas mais caras e as recordações mais belas: o encanto de minha esposa Rita, o sorriso de meu filho Jacopo, o primeiro aniversário de minha filha Chiara .. . Perde-se completamente a noção de que se vive no tem-

1

«Nessun rinvio, l'Ostension -II sindaco e il cardinale confermano l'appu

STORIAELEGGENDA UNMIITIIO.Che lo ~llldo«, d, To.mo m ,l lt n1110lo lvnern• IO ne1 qi.,olct vtllf\tl owo lto J (Odovtril po, ie,u,c,tolo d, Gts\l ~ un copl, iolouM.11111 up(l•10e<Ot1lrOvt110.

1), 111110,

1111 !eruuolo li v,11\11le lll

Joppio lmp,01110, donú!e e l1ot'I• lol(I, dl 1111 codo•etn ct.il ho po hlo 1nolld.te!Ot1111ocornprC10lot10(1 l,11 ,orie

Íh,come111e lo S.rodona ~I ltrmi

TOIUNO, l.'o,tcn,iotM, dtll., !iln • dono sl (nri, 001110 pr11Y b l (1. 11cl 199H 1• nrl Uuomo di"foc\110. l.'iu ,leu,;, ,1 t;tnlim•I" c:!ov,,uul ~•I• ,lllrmi. 111., ondw. il sitwLm, ,k-1 C!\l)Oh10!,'11 t11b.l.lpi1,o, Vo.knuno C'.O.t!Clll nf, d1t1 ~ri !llfo 13 h:IIIYU• LO uo lm~;o eolloqulo tck-fonko 0011 l'An::IYC.'IC(JYO. , Moltl • COII • (cmm Si\1,Luínl . tn qu~la ~ni i chinlono ui l' or,1,:1\jlOUII ("I ~n'I 1111, dllta t tnb'hl fl Nonvtdo pm:M nou 1l debb1 farr, d11I monw: n10 cho la t«a oon l\ Slcro lJ • no b lnum., o chc lo ca11~'1ln1k, nt lb partcanlut11ntc,no11hn1u• lli10 dnnni,. 111 1in1ouL, C.utell.1• n.i: •Lil SUl!kl110 fl r.o.lv<1 o t:,po:ltl) 11 pros.,imo 11nno 11l'fn . t,mo ~ I 1>1.101110 1!1 Torino,: l)Cr riCOfllt.rc, un 6ttOlo llopo, b ll(Optrtl\ íolln 1~ \ 189$1 un foto , gmfo diltt lRn!A l\wvocoto 1311· tbM 5fflmdo l'ffl. li quak' OLIC• mito il pcn ncsso dí ri1r,1rro l~ ro• UquL'> JOOf)ftche l'imn13S.h1ec-m

._,ru

...... ... v.,...

,L,

dH<riun

,,.,.... ~w• ·"""""' """"""

!l:~,~. ~~:;:=r~ii:J1~~~ Jtall ,lt1trm!na1I d., un

rt dont di Cri~tol l.'icvM, t\oilOill"!'Wr,trotffel• hl."lto 11.11'1 .30 ,k-U.1 s«Jl'llJ nollc ,~1 l vl1tlll de i fuoro, ern ~11, n 1n1 , portnta !11l'Attl\•('S('()V11do. GL\ Í(n ••\ltln l'Sll nlin.itned ~ ris11ILa• lfl tlnt•UII. td t\SCilllti:l.>, IIOflO• JIIUIIO ÍOM(llllltllJOI I Opo,u per

INUMIRI DILSACRO LINO

1

LIM1'U lll DIL TILO lllgl'f l" Ctn\ 10. l~Utffl 4)(,0

IL RISCHIO fllOCO

~i:r: ~11:c'!o~·i~~~i!rr~~ r.:.~:s;.

lfllllltl11tn\ll~OII'•·

rtnum111 J1 Jctarion1rno Ult,..\Uto. I-A tco,,a1contro ll1em po-of.

~;~~-ri(~~~\:,!'';: qu.,,~ d11e on ne l ttntuivo pol riu~ to diestrllml il con tenltom

~~:!tj:!!~11::: c!•nmuno :r!'~~ ~~ OJltirln, steinn per

(OIIOSOC','11

n1,,

lo

l'ol1lli-c;-;1pilocbo ct11

suRiclcmo lnkrire 011111'01111 1U

~

=~!~ 1~ th

urbtftW ?.'Og,a:IC

!80,dC LA 11CA DI SICURDXA hf!J~ttli"óllollnnuoffdl

i:r:xosi,men1 1s,1:ia,,.,

nltlrt dnc...u.U'Qht3.4.l mtlll

, .at, ?, 3 8 ~ - i.. wu ~tila!N(.a,otrto

manovella cho 1,vl'C'bbl! dw uLo ~ - - - - - ~ Í4n'J KOrffl'(! glJ 1111,-ntlar,gi di chlu1 urtt. Mn il tentativo~ 1nda, to a vuuto. l/11ovt111nr.ie, l11fino 13 dtcislone estn.-m:a: nct,"t'd1re e lp,lCCl11i ll WU-Otn10l to ~ 1 1 t1

prova di Ol\Cll tbll di qualsiui ti , l[nlrrdc pol coo 13 nwu li. nll'l .30 la íl\win ,n luc\! lqoc11o ,w,1111 II N1tr• Sindont \'C!llv11 po1l11Ulnpia,.'11

oe demo doll'ebulico o do\lo po

11!:~~tf~~1~l;.:!:-:-:i:.~,

11 !(li ("11.l llllll ,lh : .~~ 11•l1 1'uul<"" 1~•111m•lo fou,I!· 1,!l,, tN111~•rniu,., l111um, t1L, ,li -"'i-~ll~"<l'nlt>1:1;,ih LI l!~~ u\ u rn,•ulud.-111 luucill ro 220. 1:ra1.io nl Ck•kl, 1K111 ptr /Jl!.11110 ,, IOIIO r11i,:l11111c t;l,IIC.'110 1cm1oe1"11turr huumo ali nllflrfl ó il:lll cnpt~ si ~ i;r,:-:1111 011:i norrenui

chN 1ur,1:,v diiutc1is1lll t

d'11ria. richlnmMn tL:11 ll.\llcthlo deU'lnCf'11dio Y(1"5(11'nho (IU\'(110

tun, S1111li hf'H• N..'k'~

1011rt úí vuo10 J 'nrfa nrl 11u1110 in cul cm ieu.~t.1 111 rth<ruln T~n,pcmturt aufrriori 11i 200 gm, tL non ham,o ton,CS:Ul't1t11 sui pomni, 1,1111,'lllgtl(I O \ll lk- lrnttl'

tk-lGiu.hik.'O• 11.,1111.1 l un'nfl'l·nn,ll tl1jacho l' iC( 1rovcr,o1k- l Orf,lnlrhc ri!IVNIULII J01 tclo, e fc,:I~. ~L, to1 non 111od10c.\ll0 ,,. " ll'ff:•bllilll" um, doi10 fl nod1 I l)(io1 út ll'b11nll'Slill(I SUJ ltnzuoh,, car,lmaloi-..1 bk' ni;1chll, ,_.ra tum, 11tll"m~ndio dt-1 1!>32, clwl.,pmto d.:1c1mln.l>C1l contnu'ioun'nltcm- SL\l ll!O:llnil 7ionc $1.nm umlo dei te$$uto: rin• til"'\{" 1100 011 gJovnucndo li ,lino, t' va,hndo il chio~nir.. l'IIPSJO•to tm rorbonio nidÍO,ltt lvo nflid lt/11111 o C.1rbonlo non md!0,1ulvo. di' 1.anL1ndo ,u 1klLiS.1cr.o 1

ilt::,~~.f.\~:~:!~~t~tt~\•,:ll:;I

~~~

:~-11:~:~~,.~~~:~

Clu

M, N l:uh11 :111nl fü, '"l111:,1111lu"'

IL SALVATAGGIO IH TRE IMMAGINl -t. 's

•olo11•«o•Sindor,~c:0<1itul"•o11

t:ttl'!lf~l)C' r JI

"tílh1ocnnilno" l1,,fum1,110111\.1 nst,••" loni ,!

.. .

t,{Q vtf11"1U'I() dt;f,M, j lctl\llti oue111ol,, f)ICM"11,e,lll Jollu •011,. doll' lod41, li 1111 relodi~oo, lnuf\l•

co peuo, lu"'OO 4,36 met11 e lo190 l,lOmetrl IL RACCONTO DII VANGILI. MIPl(lttendo di.e \IO outenh<:o

<1qUIM, coe-.ool\om()(led,Ge,u

:to'°3,i.c':~:: ~/:',~,:'!º~:

cel'IÓe NõlVof10elodtGio-,onnl1I

kogt• ,ll piolYIO glomodollo HttJ. mono Mtulo Moudo1Ml(I Vtfll'IO oi Mtpok:10, lo ll'IOH,no, e1~ on coro bl!lo e ,Ide lo pletio 101kl dol

'°f:~·

1< 11Kconto1>11IV0,-.,. nelo • cor re ,po•(lf'lkilo do Pitlioe Ckwonnl, 1 quoli o lo.-o volro 1t

~::~,~:°~~~!"o:=:

~:'rio::11~ ~c'ºnJc~.::,! 31:t~ ct., 1111 wo capo (dl 11,m1

G<11U,nd t 1110119oc"'°pc' 1111 .

,6 con 1(1 b.nde rnp M>lo, 1,r1-tt>o10

:n,fr.~e~:~t~~n! ~u!~: 11

1

d,tot

«Ho sfidato l'inferno per f

UN SALVATORE PER IL SACRO LINO

P

Il vígíle eroe: ho pensato al mílíardo dí e

TO RIN O

HNSO th ll ln Oj\nl uomo GI ,fo un11 fon o na.sco,

COHANIINOPOLI. Oi~• gno IC11t un balto ~ 111,npo; o,. tomo oU' Anno M.llo llflO S.ndono fl 01p,os,o o 'f111tmto roclki d11ew d, So rllo Mo,io dei~ Blo~mt'I o Co,1on1o"Ol)Oh !11 clie modo lo S.ndo"" 10rebbo g,u/\lo ln O«J, def'l1o1 Sivoo le11Jonicon lo s10•

, , 1.ll rnpoln tM C1111ri11i

, 111. Hqu and o ca piln un11 cnta •.

si sbricfolul'fl

11rofo corno 11ul!~lo, evide nte• mente, h, 1!r~ íuorh , MnriP Trc-111:nore. •M annl, all' 1.36 tll it'ri ~ t n tm10 nell n suirl11, P.'l l•tile tlel fu oco ch11

Ira h•flammr. Jlo rhh•sto 1111 rnsro di pmtrzio11r eso11oemmro 11elf11 mt1fllmle sol/o la spit1111 dl ,11111 forw 11asrosra ,,

'i! dtll~~::c:~~'j;N::.;~i~

1

1

,lo , Non d ,ano tet ltllC V11'11)o , itsl. fo•1e lo p,ú (<Nteno, ~IIOle

~ui c;,1nrinl, Con 111111 m11r.U1 rn

"°' r ,olldo, l'obbin po110111u110thlew<.hec,vrvo k,1 . (Olh lJUO orposlo O ll1-,y not 1353. IL RIOALO DII IAVOIA.. Do ollOlo lo Slndone d, lito-, poiso o

chopro11•r.twvn • r.lo ri d 111r.1p, pol~v;u • 111 tec.i col S9cro Uno, H , 1111 fi no Ci' l' hll raua, Slrt mMO (1 rerilO, Geonu,ir:1 Tr o11111tor11: 11 eh~ ora 11<1110 dh·nmpnto lo

(erro pcs1rn1e qu nttro chlli h11 d-.. Gofüedo dóCho1ny 1' ,ml)(l1 • 1rid oto l'l n(e rno- per (mntu• 1e1~ ddlo S+ndo,,e o Smune o m111'0 Jl cristallo 1111t lproiettile dlO, 10,noto

'º

' ' Q11rl lr11111ulo mm

tr,1:1,. l' nr111:1 111 mc fin lr la. l11uh tl ull'\1011 por 111 11 crn l.lno tl ó ho fo tt, !ôcri v:1C1Js\ 1)()10, c'tn clni h.in nn mQl!O•. M:ir it) '

IIHII alt ri dtlb ~l llt cTa uti nn 1 mnrir e ncl tie rc tudo turno )3 t• 1,e1· 1~1eo fi

No meio da página de "La Stampa" de Turim, de 13-4-97, três fotos do miraculoso resgate da preciosa relíquia

po. E este tirano nos ilude, fazendo-nos crer que jamais acabará. Assim , na maré das recordações, o contato com a realidade é alterado pelo medo da morte. As altíssimas labaredas não poupavam a capela Guarini. Naquela noite de 11 para 12 de abril, a· trinta e dois meses do fim do milênio, tudo queimava e se transformava em fuligem e tições ardentes. Os mármores e os estuques, lambidos pelas chamas, se desfaziam como casca de pão duro e caíam aos pedaços sobre um grande crucifixo no altar da Catedral.

Não havia muito tempo para compreender o que se passava, e os pensamentos rolavam em meio ao acre odor da fumaça e às vozes excitadas de padres e bombeiros que rezavam àquele D eus em Quem, talvez, nunca haviam acreditado. A Praça S. Giovanni, repleta com uma multidão impaciente por saber o que estava acontecendo, estava ilumi nada por tênue luz dos lampadários e pelos faróis azuis do carro de bombeiros, que ritrnadamente iluminavam a escadaria da Catedral. Enquanto o tem-

CATOL I CISMO

Novembro de 1997

31


ln1CIN

LA SINDONI Posu uldirloN!mtMI nd·•1U1tdell.l~ppell.l dtl GUMllll,slltoYM.d,11

c1tu2aon1,11t1ouo11101n seQUOal!Mfhli1Hlolll'O

edttlCOIISCMt.1.ln vn, ltca dlcthülOSls\tm.11a

Ope,a dtl C.stell.)monte., VOluto d• Crls!JN dj r,,ncu dOl)O HIIHO

dlet10 ran11e ma,okl10

Oannlsrlfm1i llnoa 10 mlliltdi (SOIIO Mil! dt1tn1UI I duo dteml dtl Paluio) OIMf9111,)IO loSalonld accuso ali 1119,nso p,lnciPall t1t1 p,uuo; Wdllulptw,ollmxtril5oY!.uant! er1e411a""'1ape1si,t911t1tl 1o;o

Sltccnepe, b ~liddresllutlllft epe1k~tltOll~1tSdll 1.wbnuov,dlP.llluo ~sostiMnd\89') l intltoPllu,oólS

t:,dult tre ~rlltidlehlced!Aouna ~1e11ea·111re5CG t11e óecof,1 ~~

r.»'l,IINIJ\eoo..idl Cmlnutkl í lhllt!IOI

MarioTrematore -Além do Cardeal Saldarini e dos policiais a quem fo i confiada a missão de proteger e transportar a Santa Relíquia a um local seguro, não há outras pessoas que saibam onde se acha o Sudário. Tudo o mais não passa de boato. Para alguns, pode parecer excessivo tanto rigor na proteção do Santo Sudário. Mas, não se pode esquecer que em Chambéry, em 1532, um incêndio desencadeado na sacristia danificou o sagrado tecido. Com efeito, o demônio se serve dos homens para levar a cabo suas ações. E o Sudário é muito precioso para a humanidade: é o último sinal que Nosso Senhor Jesus Cristo deixou sobre a Terra antes de subir ao Céu e encontrar-se com Seu Pai. E, até que a capela Guarini esteja reconstruída com todos os critérios de segurança capazes de impedir qualquer tipo de atentado, é necessário - até aquele momento - manter segredo sobre o local onde se acha guardado o Santo Sudário. Catolicismo - Já foram apuradas as causas do incêndio ocorrido na capela do Santo Sudário?

Na mesma edição de "La Stampa": acima, à direita, detalhe da capela Guarini; no desenho abaixo: à esquerda, parte do edifício da Catedral; no centro, capela Guarini; e, à direita, palácio real

O incêndio queimou tudo quanto po passava, a cúpula caía em pedaços encontrou diante de si como se fosse diante de milhares de pessoas. um lenço de linho. Isso demonstrou a Era 1:30h da madrugada quando a miraculosa da Providênintervenção uma, contendo o Sudário, foi finalmen. eia, que não permitiu que o Sudário te retirada da caixa de vidro à prova de sofresse o menor dano e lançou uma balas, quebrada a golpes de marreta. E mensagem de esperança. Assim, a anquando surgiu perante o povo, "carregústia do povo pelo perigo que corria gada nos braços como criança recéma relíquia, uniu naquela noite, de modo nascida", as três mil pessoas ali reuniconsciente ou não, crentes e não crendas a receberam com aplausos. Alguns tes em um único ato de amor por Crisfizeram o sinal da Cruz, outros rezaram to Nosso Senhor. e, como eu, se deram conta pela experiCatolicismo - Onde se encontra atuência concreta que Deus está no Céu, na almente o Santo Sudário? Terra e em todos lugares. 32

C A To LI CISMO

Novembro de 1997

Mario Trematore - O Comandante dos bombeiros de Turim, Engenheiro Michele Ferraro, seguindo orientação da Procuradoria, pesquisou as possíveis causas do incêndio ocorrido na capela Guarini. E os documentos relativos ao assunto se encontram depositados na Procuradoria da República de Turim. Os resultados da perícia ainda se encontram à disposição das autoridades para exame, estando em vigência o segredo de praxe. Catolicismo - Quem fez a verificação, após o incêndio, para comprovar que o Sudário não havia sido danificado?

Mario Trematore O Cardeal Saldarini, no dia seguinte ao incêndio, verificou pessoalmente a integridade do Santo Sudário, apurando que não havia sofrido qualquer dano . Catolicismo - Por que, tendo o primeiro alarme de fogo soado no palácio às 23 hs., os bombeiros só foram chamados 48 minutos depois?

Mario Trematore - Os investigadores da Polícia de Estado pesquisaram a

respeito de tai s asserções publicadas pelos jornais, e os documentos sobre o ass unto acham-se na Procuradori a da República de Turim. Catolicismo - Enquanto o Sr. olhava o incêndio, na presença da grande multidão de fiéis que rezavam angustiados, sabendo que milhões de católicos veneram aquela preciosa relíquia, o Sr. deu-se conta que a salvação poderia depender da fé e da coragem de alguém, e que para tal realização o Sr. havia sido escolhido?

Mario Trematore - No dec urso da História foram feitas reproduções, pela devoção popular, de muitas imagens da Pessoa de Jesus. A Sagrada Face impressa no Sudário, não pintada por mão de homem, de modo especial me parece que nos ajuda a contemplar as marcas deixadas pelo Homem da Cruz, Aquele que está vivo. Certamente não podia pensar que naquela noite tocasse a mim colaborar com meus colegas para salvar o Sudário. Naquele momento, senti junto a mim a sofreguidão e o temor de dezenas de milhões de fiéis cristãos. E senti também que não podia deixar de enfrentar as chamas e os destroços que caíam abundantemente do alto da cúpul a, para dar ao mundo a possibilidade de contemplar a preciosa relíquia. O modo pelo qual o Senhor escolhe seus instrumentos é sempre surpreendente e insondável. Sendo Onipotente, Ele deseja a colaboração humana para levar a cabo sua vontade. O Senhor quer ter necessid ade de nossos braços e das nossas mãos para realizar Sua obra. Surpreende-me que haja querido ter necessidade de meus braços e das minhas mãos para salvar sua imagem. Por fi m, desejo rezar à Virgem Santíssima para que muitos venham a Turim, de 18 de abril a 14 de j unho do próximo ano, a fim de ver o Santo Sudário. Pois essa erá uma ocasião de conversão e de encontro com Jesus. Especialmente, aguardamos com muita ansiedade a visita do Santo Padre, que venerou o Sudário no dia 1º de setembro de 1978, ao retornar do Concl ave qu e elegera João Paul o I.

Certamente ele não podia saber que pouco tempo depois o Senhor o chamaria para guiar a Igreja. Catolicismo - O Sr. declarou à imprensa italiana que, logo após ter salvo a relíquia, recebeu telefonema de pessoa portadora de um tumor, a qual lhe agradeceu por seu gesto, pois o Sr. havia salvo a esperança dela. O Sr. recebeu outras chamadas telefônicas do mesmo gênero, agradecendo-o pelo seu gesto heróico?

Mario Trematore - Quando se vive na graça do Senhor, falar de gesto heróico é quase uma falta de confiança em

Entre as cartas recebidas, fiquei tocado pelas palavras reconfortadoras de um sacerdote, o jesuíta Pe. Vi tale Savio, que se tornará meu guia espiritual e amigo caríssimo. Catolicismo - Em sua opinião, o que deveria ser feito agora com o Sudário, uma vez que ocorreu uma séria ameaça de se perder tão insigne relíquia? Mario Trematore - O que está fa-

zendo atu almente o Arcebispo de Turim, que é o guardião do Sudário. A Diocese de Turim está empenhada em resolver o problema da conservação do sagrado tecido . Catolicismo - É verdade que foi aberta uma subscrição popular para os trabalhos de restauração da capela Guarini?

Mario Trematore - O jornal "La Stampa", de Turim, abriu uma subscrição para os trabalhos de restauração da capela Guarini. Catolicismo - Que palavras o Sr. gostaria de dirigir aos leitores de Catolicismo e demais órgãos de imprensa que queiram reproduzir a presente entrevista, a fim de que seja incrementada a devoção para com o Santo Sudário?

Maria Trematore guarda como relíquia a jaqueta de bombeiro usada no dia em que s alvou o Santo Sudário das chamas

nosso Criador. Quem nos criou decidiu todas as coisas, ainda que a nós nem tudo sej a compreensível até o fundo. Embora tenha salvo o Santo Sudário com a força das minhas mãos e uma marreta, Cristo saberi a sair dos escombros conosco ou sem nós. Sim, realmente recebi telefonemas e cartas mui to comoventes, de pessoas atingidas por tumores, que me agradeciam por haver salvo o Santo Sudário. E recebi muitíssimas outras cartas provenientes da Itália e de muitos países do mundo.

Mario Trematore - Muitas pessoas vivem uma religiosidade de simples rotina, pautada por uma correção externa, mas sem aprofundá-la em seu aspecto intelectual. Go s tar ia d e di ze r qu e o rac ionalismo - ou sej a, o uso da razão como medida da realidade não é o melhor meio de se chegar à fé. Porém, quando a razão é utilizada de modo autêntico , ela nos desvenda algo maior que nós, um mistério do qual tudo depende. É esta abertura do coração que gostaria de sugerir a todos, enquanto em torno de nós tantos acontecimentos nos lembram nossa fragilidade e pequenez face ao destino. Estes breves pensamentos nasceram de longos diálogos com o jesuíta Pe. Vitale Savio, de Sant' Andrea no Quirinal, e da leitura de um livro de Don Luigi Giussani (/l Senso Religioso, Edições Rizzo li) que me fo i dado pelo amigo Don Primo Soldi. ♦

C ATOLI C ISMO

Novembrode 1997

33


') ') ') ')

(

) ')

Novembro 1997

§®@11@~ DOM

L

SEG

1 9 16

3 10 17

23 30

u

TER

QUA

QUI

ce íf~~

'" ·:, p&ovembro

4 5 6 7 8 11 11 13 14 15 18 19 10 11 li 15 16 17 18 19

São Carlos Borromeu

1

7

TODOS OS SANTOS

Santo Er11esto, C01ifessor

Celebrada já no século V como festa de Todos os Mártires. Mais tarde se deu a esta festa um caráter mais universal, sendo fixada neste dia. É a comemoração da Igreja Triunfante, formada por todos os bem-aventurados que já gozam da glória eterna.

+ Palestina, J 147. Monge em Zwiefalten, pró-

São Martinho de Porres, Confessor + Lima, 1639. Mestiço, descendente de Cru-

zados pelo lado paterno, sua mãe era uma escrava liberta. Entrou como "doado" para um dos conventos dominicanos de Lima, onde levou uma vida extraordinária pela humildade, penitência, caridade e dom de milagres.

4 São Carl.os Borromeu, Bispo e C01ifessor

Os Quatro Santos Coroados, Mártires Hungria, 306. Cinco escultores cristãos da Panônia, não querendo fazer estátuas dos ídolos, foram martirizados sob Diocleciano, e seus corpos levados para Roma. Pouco depois enterraram junto a eles quatro irmãos, mártires, e se ergueu uma igreja ded icada a esses "quatro Santos Coroados". Hoje celebramos, sob esse título, esses nove mártires. +

9 Dedicação da Ba.s üica de São João de Latrão, Roma Catedral cios Bispos de Roma, foi das primeiras basílicas dedicadas por Constantino ao cu lto cristão e consagrada por São Silvestre em 324.

Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei

São Leopoldo III da Áustria, C01ifessor

nização que lhe permitiu, durante dois séculos, exercer profunda e benéfica influência na Igreja e na política dos Estados Europeus.

niano, combateu energicamente as idéias de seu irmão de hábito, Lutero.

19

+ Viena, 1136. Fi lho do margrave da Áustria,

casou-se com a filha do Imperador Henrique V, lnês, de quem teve 18 filhos. Recebeu de seus conterrâneos o título de "Piedoso". É o patrono da Áustria.

15 Sa11to Alberto Magno, Bispo e Doutor da Igreja + Colônia (A lemanha), 1280. Pouco dotado

para o estudo, mas grande devoto de Maria, dEla recebeu a ciência que lhe valeu de seus contemporâneos o título de Doutor universal. Bispo de Ratisbona, pregador de uma cruzada nos países de língua alemã, grande teólogo e filósofo, mestre de São Tomás de Aquino, escreveu muitas obras de grande valor pelo que foi proclamado Doutor da Igreja por Pio XJ .

16

10

Santa Gertrudes, Virgem

São Leão I "Magno'~ Papa e Confessor

+ Helfta (Alemanha) 1303. Tendo entrado

Séc. I. Sua fé mereceu-lhe,já na velhice, gerar aquele que prepararia os caminhos do Salvador.

oLICISMO

8

+ Roma, 461. Governando a lgreja por 21 anos

durante a invasão dos bárbaros, lutou contra os hereges eutiquianos e donatistas, deteve o huno Áti la às portas de Roma, defendeu int.repidamente os direitos da Sé Apostólica, incrementou e deu novo esplendor às cerimônias 1itúrgicas. Por isso tudo recebeu da posteridade o título de "Magno".

11

6

São Marti11ho de Tours, Bispo e Confessor

São Leonardo de Noblat, Confessor

+ Caneles (França), 397. Originário da Hungria,

+ França, Séc. VI. Afil hado de Clóvis, o pri-

seus pais eram pagãos. Já como soldado imperial, foi batizado aos 18 anos e tornou-se discípulo de Santo Hilário de Poitiers. Como bi spo de Tours, sua atividade pastoral foi in fatigável e fecunda, sendo considerado um cios apóstolos das Gálias.

meiro rei cristão dos Francos, que o queria afetuosamente. De uma grande caridade para com os cativos, procurava socorrê-los em todas as suas necessidades, sobretudo livrá-los do cativeiro do pecado.

Novembro de 1997

25 São Tomás de Vila11ova, Bispo e Confessor

14

Arcebispo de Milão, seu ideal de episcopado foi realizado plenamente em sua Arquidiocese mediante as reformas do Concílio de Trento. Faleceu aos 46 anos, sendo considerado uma das figuras exponenciais da Contra-Reforma.

São Zacarias e Santa Isabe~ Pais de São João Batista

C AT

para a França pregar o Evangelho e fundar mosteiros. Por censurar as desordens do rei Thierry, foi expu lso do país, morrendo na Itália, no último mosteiro que fundou.

+ Alcalá (Espanha), 1463. lrmão leigo franciscano, recebeu o dom dos milagres. Por sua caridade, obediência e espírito de oração, era reputado como santo já em vida.

+ Milão, 1584. Cardeal aos 21 anos, depois

5

34

ximo ao lago de Constança, sentiu-se movido a partir com a Segunda Cruzada para a Terra Santa.

2

3

Santo André, Apóstolo

+ Bóbio (Itália), 851. Irlandês de origem, foi

São Diego ou Diogo, C01ifessor

Comemoração da Igreja Padecente, formada pelas m1merosas almas que sofrem no Purgatório.

São Tomás de Vi/anova

24 São Columba110, Confessor

13

FINADOS

Apresentação de Nossa Senhora

proclamar a realeza social de Nosso Senhor Jesus Cristo.

+ Vitebsk (Bielorússia), 1623. Nasceu em Woloclymyr, Lituânia (na época, sob domínio polonês), entrando aos 20 anos num mosteiro em Vilnius. (Ver aitigo sobre o mesmo tema à p. 26).

1

Finados: Anjo custódio da porta do Purgatório - Gustavo Doré (séc. XIX)

São Leonardo de Porto Maurício

12 São Josafá, Bispo e Mártir

para um mostei ro ao cinco anos de idade, é considerada uma das maiores místicas da Idade Média.

17

+ Valência (Espanha), 1555. Monge agosti-

26

Santa Matilde de Hackeborn

São Leo11ardo de Porto Maur-ício, Confessor

+ 1299. De uma das mais nobres famíl ias de

+ 1751. Franciscano, notável pela inocência

Magdeburg , era irm ã mai s nova de Santa Ge,trucles (dia 16), a quem segu iu no convento com a idade de sete anos. Também teve trato pessoal com o Salvador, descrito no seu Li-

de costumes e sólida virtude, pregador infatigável, extinguia ódios, reconci liava facções, convertia os pecadores mais endurecidos, afervorava os indiferentes e consolidava os bons na virtude.

vro da Graça.

20

27

São Félix de Vawis, Confessor

Santa Catarina Labouré, Virgem

+ Cerfroid (França), 1212. Da famíl ia real francesa, distinguiu-se desde cedo pela imensa caridade para com pobres e desvalidos. Fundou com São João da Mata a Ordem da Santíssima Trindade, para a libertação dos cativos entre os mouros, um dos mais graves problemas da época.

+ Paris, 1876. Esta filha de São Vicente de Pau-

lo recebeu de Nossa Senhora a revelação da Medalha Milagrosa, que tantas graças, conversões e milagres tem obtido em todo o mundo.

28 São Tiago da Marca, Confessor + Nápoles, 1476. Franciscano, foi grande mis-

21 APRESENTAÇÃO DE NOSSA SENHORA Vicie seção Página Mariana, p. 5 da presente edição.

sionário popular, obtendo conversões consideradas milagrosas. Com São João de Capistrano pregou a Cruzada contra os turcos. Em Budapeste conteve furiosa insurreição alçando o crucifixo. Inquisidor Geral, levou muitos hereges à retratação e reconciliação com a Igreja.

Sa11ta Isabel da Hungria, Viúva

22

+ Turíngia, 123 1. Filha do rei da Hungria, casa-

Sa11ta Cecüia, Virgem e Mártir

29

da com o duque da Turíngia, enviuvou aos 20 anos com três filhos. Abandonada e perseguida pelos parentes cio marido após a morte deste, sem recursos, ofereceu seus serviços a um hospital de leprosos, falecendo na paciência, pobreza e humilhação aos 24 anos de idade.

+ Roma, Séc. III. Uma das mais veneradas mártires da Igreja primitiva, Cecília tinha feito voto de castidade quando o pai a casou com Valeriano, a quem ela converteu junto com o cunhado Tiburcio. Os três sofreram o martírio pela fé, sendo o corpo da Mártir reencontrado em 822 e transferido para a igreja de que é titular, no Trastevere, em Roma. É honrada como a padroeira dos músicos.

São Saturnino, Mártir

18 Santo Odon de Cluny, Confessor + 942. Numa época em que a disciplina dos mosteiros estava tão relaxada, a ponto de o Papa João XI di zer que "não há um em que a regra seja observada", coube a Cluny a orga-

23 NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI Festa instituída em 1925 por Pio Xl para

+ Roma, Séc. IV. Originário de Cartago, por

ser cristão foi condenado a trabalhos forçados apesar da avançada idade. Como não deixava de fazer proselitismo, foi decapitado.

30 Santo André, Apóstol.o Séc. 1. Irmão de São Pedro, foi dos primeiros discípulos de Jesus. Pregou o Evangelho na Ásia Menor e nos Balcãs, onde foi crucificado numa cruz em X (Cruz de Santo André). É o patrono das vocações.

CAT O L IC IS MO

Novembro de 199 7

35


f?c ta sueco, sua colaboração com o nazismo e a esterilização obrigatória que praticou durante 41 anos. E perguntávamos: "que outros 'aspectos vergonhosos' do mundo socialista estão por serem desvendados pela História?" Agora temos o exemplo do estrangulamento da liberdade levado a efeito pelo socialismo mitterrandesco. ♦

36

Contradição socialista

Poligamia na África do Sul: lá se invoca

A conhecida revista parisiense "L'Express" informa, em matéria de capa de sua edição de 25-9 a lº10-97, que de 1982 a 1988 o presidente francês François Mitterrand recebeu 165 comunicações confidenciais, provenientes de um verdadeiro gabinete fantasma [cabinet noir], instalado na sede do Governo, o palácio dos Campos Elíseos. Tal célula, que reunia algumas dezenas de policiais e militares, não tinha existência oficial. Esses "homens do presidente" chegaram a fazer escutas telefônicas "clandestinas", censuraram programa de televisão "incômodo" para seus superiores, e adotaram outras práticas pouco decorosas para quem, como Mitterrand, defendia a promessa autogestionária de um socialismo em liberdade. Ficam, pois, registrados o contraditório e a impraticabilidade de tal promessa. Na edição anterior de Catolicismo, noticiamos o fracasso do modelo socialis-

a "tradição,,

CATOLICISMO

Dependência à Internet= alcoolismo e drogas ... Sandra Hacker, de 24 anos, foi condenada a dois anos de prisão pelo Juiz de Direito William Mallory, da cidade de Cincinnati, nos Estados Unidos. Estando sob liberdade condicional, irá para a cadeia se não comparecer às aulas de um curso de reeducação. Ela tem três filhos, de 5, 3 e 2 anos, e os deixava trancados no quarto durante horas, enquanto conversava no computador. A Associação Norte-americana de Psicologia estuda a possibilidade de incluir o excesso de uso da Internet como uma dependência, semelhante à do álcool ou das drogas. Entre seus sintomas figuram a ansiedade crescente, quando o dependente não está diante da tela do computador, insônia, crises conjuC) gais e abandono de outras ati vidades. ♦

U]

Em certas ocasiões, quando se trata de favorecer alguma imoralidade, os progressistas recorrem até às tradições. A poligamia é um costume contrário a uma das propriedades essenciais do matrimônio, ou seja, sua unidade. Além disso, é desmoralizante para a conSe forem coerentes, as dição das mulheres. Pois bem. Ela voltará a ser legal · feministas devem protestar por essa regressão a um essob o governo do progressista Nelson Mandela, na tado opressor da mulher. ♦ África do Sul. Compaixão não vale Razão? É um costume quando a vítima é antigo no país. Mais estritaanticomunista mente, um mau costume de Mons. Eduardo Boza tribos, que a colonização européia pôs na ilegalidade Masvidal, Bispo cubano que vive exilado em Miami, em e foi extirpando. artigo publicado no "Diário de Las Américas" (Miami, 20-8-97), recordou advertências que fizera há vários anos: "Quando um governo, para se manter no poder, necessita ter quantidades fabulosas de presos e exilados, além de um aparelho tremendo de delação e repressão, é sinal evidente de que tem contra si o

Novembrode 1997

~ERNET - --

=-=----'-"=•! ltii

povo, que não se resigna à escravidão". E acrescentou: "Considero que poderíamos dizer o mesmo hoje, quando arepressão em Cuba está aumentando contra qualquer um que se atreva a pensar ou a falar de forma diferente da linha oficial." A compaixão parece ter mão única em nossos dias . O povo cubano desperta muito menos compaixão nos meios de comunicação - extremamente sóbrios em difundir declarações de eclesiásticos anticastristas - do que, por exemplo, despertou o comunista Nelson Mandela, enquanto era prisionei♦ ro na África do Sul.

LJ

a Colômbia na espiral do caos Em face da situação pré-anárquica já instalada nesse país vizinho, haverá, no plano meramente natural, caminho de volta? ALFREDO MACHALE

E NTRE OS PAÍSES da América, a Colômbia se acha na vanguarda do processo de decomposição da ordem jurídica.A imprensa internacional está continuamente difundindo novos aspectos dessa deterioração, que fazem dela um paradigma contemporâneo de caos, com ramificações que se estendem a todos os quadrantes do mundo. Com efeito: • as drogas alucinógenas produzidas naquele país abastecem os mercados clandestinos nas grandes cidades do Ocidente; • as armas que a guerrilha usa provêm dos mesmos traficantes que abastecem todas as frentes nos diversos cenários da violência contemporânea; • as máfias que ali atuam se entrelaçam ou se associam com as que atuam nas diversas nações em todos os continentes; • o terrorismo que massacra sua população tem metas e meios idênticos ao de outros países, etc. Numerosas autoridades colombianas abandonaram seus deveres de reprimir o caos. Isto se tornou o maior incentivo para o delito e o crime, especialmente os mais prejudiciais ao país. Não há garantias eficazes para os direitos básicos dos colombianos, o que os deixa na contingência de se defenderem como puderem: contemporizar com os delinqüentes, articular-se com as demais vítimas, ou optar pela vingança, ostensiva ou clandestina. Assim o país vai sendo sugado

numa espiral de violência crescente. Pois quase nunca as medidas preventivas e as retaliações se limitam ao que parece necessário. Pelo contrário, visam aniquilar o adversário para evitar sua vingança. O resultado é que as taxas de homicídios na Colômbia são as mais altas do mundo - quase O, 1% da população por ano, ou 250.000 mortos nos últimos dez anos - , muito acima das observadas em outros países sacudidos pela violência, e mesmo nos que se encontram em guerra declarada. Assim, quase todos os crimes cometidos ficam impunes, pois os processos judiciais, devido à sobrecarga dos tribunais e à freq~ente corrupção que neles penetrou, raras vezes chegam à fase da sentença. Também os índices de seqüestros foram os mais altos do mundo. Oficialmente são 1.500 por ano, sendo que muitos outros não são sequer denunciados, pois os delinqüentes o proíbem. Na última década, mais da metade do total mundial de seqüestros se deu na Colômbia. Pode-se dizer que existe uma " indústria" para praticá-los, arrancando às famílias das vítimas enormes somas de dinheiro pelo resgate. Nessas condições: o narcotráfico, a guerrilha, o contrabando de armas, a corrupção político-administrativa e outras formas de delito organizado cresceram, se fortaleceram e se interpenetraram, formando uma rede cuja impunidade torna o problema aparentemente insolúvel.

Por outro lado, a ação do governo se limita, cada vez mais, às grandes cidades. E deixa que no resto do país proliferem abertamente atividades e grupos, que de modo gradual vão formando uma réplica ilegal do Estado, ao qual enfrentam e assediam, além de infiltrá-lo. Assim, grande parte da população, especialmente a dos lugares remotos, fica totalmente desamparada face às ameaças dos provocadores do caos. Ou vive subjugada por essas máfias, sentindo-se constantemente na iminência de ser atacada e liqüidada. Existe ainda uma campanha de desinformação internacional sobre o que está acontecendo na Colômbia. Tal campanha apresenta o Exército, a polícia, os proprietários rurais e outras categorias de empresas privadas como sendo culpadas pelo que sucede no país. Isso propicia uma intervenção estrangeira com o suposto fim de remediar esses males. Com efeito, muitos órgãos de imprensa, entidades internacionais e organizações não governamentais de tendência esquerdista atribuem as mais graves violações dos direitos humanos aos setores acima referidos. Mas, ao mesmo tempo, omitem e até negam as violações praticadas pelos guerrilheiros marxistas, pelas máfias dos narcotraficantes e pelas gangues associadas entre si. Essa orquestração favorece uma pressão dos grupos subversivos sobre o governo, para que suspenda as operações militares contra eles. Ou seja, para que lhes sejam entregues grandes partes do território colombiano.

CATOLIC I SMO

Novembrode 1997

37


Alguns exemplos de exigências da ·, guerrilha: · • suspensão das pró imas eleições para prefeitos; • abandono das campanhas eleitorais pelos candidatos; • restrição da participação de empresas estrangeiras na exploração do petróleo; • exclusão das Forças Armadas de altos oficiais que atuam contra a guerrilha;

• submissão de militares a investigações e sanções por supostos abusos na luta anti-subversiva, etc. Em suma, a despeito da sua íntima relação com o narcotráfico, da brutal agressão que praticou contra a população durante décadas, da ínfima acolhida que tem entre os eleitores e dos enormes danos morais e materiais que provocou no país, a guerrilha deseja que a Colômbia se renda ao seu domínio. Quando os políticos colombianos

ataram as mãos do Exército, para que não pudesse cercear a ação da guerri lha, deix aram que esta última massacrasse impunemente dezenas de milhares de vítimas. E adquirisse um tal poder que, para derrotá-la agora, é preciso um esforço muito maior. É a conseqüência lógica da aplicação sistemática da política do ceder para não perder: cedeu e perdeu. Areação autêntica contra esse estado de coisas está exposta no quadro anexo. ♦

Esquerda é derrotada na Polônia Fato pouco noticiado pela mídia brasileira, mas de grande alcance para a causa católica. E muito significativo das dificuldades que os "ex-comunistas" estão encontrando para levar adiante o processo de desagregação moral e política daquela nação

Em meio às trevas, uma luz: a TFP colombiana DiANTE DA CATASTRÓFICA e caótica situação descrita no artigo ao lado, que parece conduzir a nação · colombiana rumo ao estado de anarquia total, em que o Governo abdica de sua função em detrimento da autoridade que lhe é própria e em benefício de grupos e grupelhos que se multiplicam por todo o país, é justo salientar o caracter heróico da atuação de uma entidade: a TFP colombiana. ~"; Soube ela conservar a fidelidade aos 1 princípios católicos e contra-revoluA voz da TFP colombiana tem chegado cionários, proclamando-os com ufania a todas as regiões do país e é para incontáveis colombianos e coragem por todos OS meios e em o norte seguro nos atuais momentos todo o país, no sombrio ambiente préde confusão e de caos anárquico nele estabelecido. Em uma lúcida previsão, alertava Com efeito, ao longo dos anos a Sociedade Colombiana de Defesa da a TFP colombiana já em 1982: "O efeito da anistia [irrestrita para com Tradição, Família e Propriedade (TFP), estampou manifestos nos jornais mais guerrilheiros que persistiam em seus importantes de Bogotá e das principais desígnios devastadores] não teria cidades da Colômbia, e os distribuiu sido desarmar a guerrilha, mas só diretamente ao público, denunciando transferir a agitação do fundo da a política da mão estendida adotada selva ao núcleo das grandes cidapelo Governo em relação à subversão des". O que, aliás, foi e está sendo tragicamente confirmado pelos fatos. marxista. Igualmente denunciou a dePor ocasião do Natal de 1983, a sagregação que o narcotráfico-guerrilheiro vinha operando naquele país viTFP colombiana empreendeu uma zinho, e registrando que essa crise co- campanha de pedidos de donativos meçou quando o Poder Público pas- para as vítimas da guerrilha, os quais foram distribuídos, pelos vasou a tolerar a ação de tais grupos.

f

a ,-

38

CATOLICISMO

Novembrode 1997

lentes membros daquela entidade, na região do rio Madalena Médio, especialmente assolada por ataques guerrilheiros. De então para cá, as atividades da TFP - sempre dentro da lei de Deus e dos homens - mantiveramse inalteráveis, denunciando a ação de tais grupos. Se essa voz de alerta tivesse sido ouvida, hoje a Colômbia não ocuparia o triste posto de uma das nações onde mais se mata e mais se seqüestra no mundo. A TFP colombiana tem o mérito indiscutível de, diante de Deus e dos homens, manter elevado o estandarte da Contra-Revolução e a tocha acesa de uma inabalável confiança em Nossa Senhora, Consoladora dos aflitos e Auxílio dos cristãos. Sem o seu maternal concurso, não há solução verdadeira e duradoura para qualquer nação, sobretudo neste conturbado final de milênio. Catolicismo registrou, em diversos números, a evolução da situação colombiana e as heróicas tomadas de posição daquela TFP. A título de exemplo, citamos as edições de dezembro/83, novembro/85, junho/89, novembro/91 e julho/95.

Leonardo Prz b sz Corres~ondente Polônia

Cracóvia - Os meios direitistas europeus ~audaram com satisfação a vitória do bloco AWS (Ação Eleitoral Solidariedade, agrupamento de vários movimentos políticos de direita e centro direita) sobre a coligação rival SLD (Alianca da Esquerda Democrática), por ocasião das eleições para a Dieta (Câmara e enado) no final do mês de setembro. Atualmente no poder, a SLD é composta em grande parte pelos assim chamados ex-comunistas. AAWS btevc 37 cadeiras a mais que a SLD, na Assembléia Legislativa. No Senado, conseguiu maioria abso luta. Para um observador atento, o silêncio da esquerda nas últimas semanas que precederam as eleições era prenunciativo de sua derrota. A ausência quase total de pesquisas pré-

eleitorais era igualmente sintomática. A solução para a esquerda agora é "meter a viola no saco" e tentar compor outra canção capaz de embair novamente o eleitorado daqui a quatro anos. Nas eleições de 1993 a esquerda passou a dominar a Câmara e o Senado. Em 1995 o camarada Aleksander Kwasniewski obteve uma fraca vitória sobre Lech Walesa para a presidência. Com a faca e· o queijo na mão, a esquerda julgava que podia descansar sobre seus louros. Walesa, o líder histórico de Solidariedade - uma mistura de tribuno, orador e saltimbanco, como pitorescamente o descreveu um jornalista francês - era uma estrela que começava a empalidecer. Sua gestão foi decepcionante e, em certo sentido, caótica. C ATO L IC IS MO

O som simbólico de um trompete lembra a heróica resistência do católico povo polonês contra a invasão das hordas mongólicas, há 700 anos. Este valoroso espírito católico ressurgiu por ocasião das recentes eleições, externando o repúdio popular contra o processo desagregador empreendido pelo último Governo, dominado por adeptos do antigo regime comunista

Novembro de 199 7

39


•·,

1º de maio de 1987: o Gen. Jaruzelski,

presidente da República Popular da Polônia, (segundo da direita para a esquerda), desfila nas ruas de Varsóvia com membros do Partido Comunista Polonês. Remanescentes deste partido sofreram significativa derrota nas recentes eleições

40

CATOL I C I SMO

Pode-se mesmo dizer que boa parte dos que então votaram em Kwasniewski, o fizeram como protesto pelo fraco governo do antigo líder de.Solidariedade. Esses mesmos eleitores que, não sem uma certa ingenuidade, acreditaram nas promessas dos atuais detentores do poder, manifestaram agora o seu descontentamento através das urnas . Algumas das mais proeminentes figuras do mundo político não conseguiram eleger-se. É o caso do Ministro da Educação Nacional, Jerzy Wiatr, doutor em marxismo-lenismo, conhecido doutrinador comunista, que não conseguiu eleger-se deputado. Há não muito tempo, estando na Universidade de Cracóvia para uma palestra, foi impedido de falar pelos estudantes que, além disso, o "condecoraram" com ovos e tomates ... Por que esse descontentamento? Dentro da complexidade do problema, entram em jogo razões não só de fundo político, mas sobretudo moral. Com efeito, tem-se a impressão de que a sociedade polonesa foi objeto de um plano de desmoralização, realizado apressadamente a partir de 1990. Com que finalidade? Para se pôr em dia com o Ocidente! Se a Polônia tende para a União Européia - como o afirma enfaticamente a imprensa - , ela precisa se "atualizar", copiar tudo do Ocidente, especialmente o que é mau: modas indecentes, pornografia, preservativos, educação sexual, etc. Neste país tão marcado pelo catolicismo, podia-se imagiNovembrode 1997

nar há menos de dez anos grandes cartazes de propaganda de preservativos? Fo i o que se deu! Dado que um pecado atrai outro, a conseqüência foi o aumento do crime, do roubo, do consumo de drogas, etc. * Outra questão: o aborto. Tendo sido aprovada a lei - sobre a qual não trataremos de seus pormenores por amor à brevidade - , ela só não entrou em vigor porque foi declarada inconstitucional, o que ocorreu pouco antes das eleições. Teria a esquerda chegado à conclusão de que a aplicação da lei abortista acarretaria efeitos negativos no resultado das eleições? Ao que parece, o tema do aborto provocou uma cristalização nos espirítos- utilizando uma expressão muito cara ao saudoso Prof. Plinio Corrêa de Oliveira - mediante a qual a maioria dos eleitores reagiu à pressão abortista e recusou-se a votar na esquerda. Convém registrar igualmente certa reação do Clero e de algumas instituições, como a Rádio Maria , diante da situação criada pelo projeto abortista. Esta última, cobrindo o território nacional com seus programas, alertou os fiéis para a gravidade do momento, o mesmo fazendo a Associação das Famílias Católicas. Indicados por essas duas organizações, 33 deputados católicos foram eleitos. O engenheiro Jerzy Buzek, do movimento Solidariedade, foi escolhido para primeiro-ministro da Polônia. Queira Nossa Senhora de Czestochowa, Padroeira da Polônia - por cuja intercessão foram expulsos do país, em 1655, os protestantes suecos que assediavam Seu santuá.Jio localizado em Jasna Gora (Montanha Branca)-proteger e fortalecer todos os verdadeiros católicos que travam o bom combate. ♦

Dr. Luiz N azareno de Ass umpção Filho, vice-presidente da TFP no exercício da presidência, após descerra r o quadro do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, dirige a palavra aos sócios e cooperadores da entidade presentes ao ato, realizado a 3 de outubro p.p., na Sede do Conselho N acional da TFP, em Sii o Paulo

O Cônego José Luiz Villac celebrou a M issa solen e comemorativa deste aniversário, na igreja da Consolação, na capital p aulista

Nota:

* O fato de ter importado da Europa Ocidental e dos Estados Unidos essa "revolução cultural", caracteri zada pela imora lidade pública e pela corru pção dos costumes, após a qued a cio reg ime co muni sta, não signifi ca de modo algum que teria sido preferível a co ntinuação deste co mo sistema de govern o. A alternativa: comunismo ou "revolução cultural" do Ocidente , constitui um falso dilema de or igem tipi ca mente revolucionária. A população polonesa deve combater a mbos os aspectos de um a mesma Revo lução, voltando-se para a preservação cios bo ns costum es dentro de um reg ime po lítico inteirame nte co mpatíve l co m a doutrina soc ial d a Ig reja, e m que, especialmente, seja preservada a propri edade privada e m sua ple nitude. CATOL I C I S M O

Novembro de 1997

41


_cJ~J0 i J~J -1FP

Até o presente momento, as caravanas já percorreram desde 1969, ano de sua constituição, o total de 5.744.764 quilômetros, realizaram 24.526 visitas a cidades diversas e di-

Boicotada por certos órgãos do macro-capitalismo publicitário, a entidade mantém contato direto com o grande público através de sócios e cooperadores que se dedicam nobre e primordialmente a tal atividade

'JJ

esde sua fundação em 1960, a TFP vem sofrendo o boicote das famosas " patrulhas ideológicas" , disseminadas em setores da mídia, infiltrada de esquerdistas. Devido a tal sabotagem, torna-se difícil a publicação de notícias referentes às atividades da entidade, as quais sempre tiveram inegável peso - fato inconteste também em nossos dias nos rumos dos País. Assim , naquele mesmo ano, a TFP lançou e difundiu por quase todo o território nacional o livro Reforma Agrária - Questão de Consciência - verdadeiro best se/ler naquela época -, concernente ao problema que já então nascia candente no panorama nacional (vide em Catolicismo de outubro p.p., matéria à p. 38). Obra da qual o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira é co-autor. A dificuldade de romper o cerco de silêncio criado por determinados meios de comunicação social levou a direção da TFP a procurar o contato direto com o grande público. Sob a direção do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Fundador daTFP, lançaram-se então às ruas e praças de São Paulo, e sucessivamente de dezenas de outras cidades, para a venda do mencionado best se/ler, especialmente jovens cooperadores da entidade - então poucas dezenas. Ardorosos mas polidos, operosos mas alegres, pru -

42

C AT O L I C I S M O

No topo das alvas areias que constituem as conhecidas dunas do Rio Grande do Norte, caravanistas da TFP portando suas capas rubras e o estandarte da entidade

dentes mas destemidos, granjearam eles, em pouco tempo, a simpatia de importante parte do público. E conseguiram dar origem, em torno do estandarte da TFP, a uma ponderável corrente de opinião, constituída de brasileiros de todos os Estados, idades e classes sociais. Antes de encontrar a TFP, tais brasileiros viviam esparsos no País, sem voz nem vez, pois nada em nossa vida pública os favorecia. A atitude destemida e pública da entidade , manifestada mediante grandes campanhas de âmbito nacional, revigorou esse número de brasileiros, que formaram, de modo mais definido, uma respeitável corrente de opinião.

Êxito dos métodos de propaganda da TFP A boa acolhida do público não foi , entretanto, isenta de transtornos. Enquanto aTFP se irradiava, perseguia-a infatigavelmente o ódio. De arraiais da esquerda, como de camadas indefiníveis do público, uma campanha de detrações e de rançosas objeções doutrinárias a seguia passo a passo.

Novembro d.e 1997

1 - Caravanistas da TFP diante da Basílica de Aparecida, após venerarem a Padroeira do Brasil 2 e 3 - Percorrendo incessantemente todos os quadrantes de nosso território-continente, os caravanistas, além de difundir as obras editadas peta entidade, também colhem assinaturas em defesa da civilização cristã no Brasil

Nada disto impediu, contudo, que o prestígio da entidade continuasse a crescer junto à opinião pública, ao longo das numerosas campanhas que, de então a esta parte, ela vem realizando. Prova-o, por exemplo, o êxito que alcançou em 1990 o abaixo-assinado que a associação promoveu em prol da independência da Lituânia. No Brasil tal campanha conseguiu mais de 3 milhões de assinaturas. E mais de 2 milhões em outros países para os quais a TFP " exportara" ideologia, como diziam alguns na realidade, irradiara seus ideais-, suscitando a formação de TFPs autônomas e coirmãs, ou de Bureaux de representação dasTFPs. Assim, o impressionante total desse esforço conjugado alcançou a cifra de 5.212.580 assinaturas. O Guiness Book of Records de

4-Estandarte da TFP tremula diante do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro

1993, anuário inglês mundialmente conceituado, afirma ter sido esta a maior campanha de abaixo-assinados até agora realizada no mundo! Hoje o estandarte rubro com o leão rompante dourado tremula nos cinco continentes. Quanto aos jovens daTFP brasileira, que em 1960 se lançaram ante o grande público de São Paulo e de outras cidades, em defesa da Tradição, da Família e da Propriedade, foram eles aumentando em número, tornando-se também mais freqüentes a formação de caravanas de propagandistas. A partir de 1969, porém, formaram-se algumas caravanas que ininterruptamente vêm percorrendo nosso território-continente. Que tantos jovens do século XX façam tudo isto por

puro vanta a con

o, sem outra oal que a de ter cheia da lu mi-

servindo clvlllzação cristã, é algo d lf lollm nte Igualado em nosso torvoa dias. A c r o nt -se que t udo m Ido realizado com v rd d Ira ordem. Os mo d lazer for am mal empregados pelo tas em obras de , espirituais e

Devoç o cl Nossa S nhora, segredo do sucesso Eaa lmpr a lonante êxito, a TFP J m I o teria obtido

se não fosse a devoçã o que ela incentiva entre os seus membros à Santíssi m a Virgem , Mediane ira Un iversal das Graças, inspirada no Tratado da Verdadeira Devoção de São Luís Maria Grignion de Montfort. Daí vêm aos sócios, cooperadores e correspo ndentes da TFP a fé e a piedade que lhes torna possível realizar tal epopéia. Mas, para alcanç ar êxito junto ao " homem da rua", em contato persuasivo, simpático, mas ao mesmo tempo irremediavelmente firme quanto aos vários temas tratados, é preciso que o propagandis-

fundiram 1.884.728 exemplares de obras publicadas pela entidade. A quilometragem desses percursos das caravanas da TFP equivale a mais de 143 viagens em torno da Terra. O arquivo da TFP possui 7.355 atestados de prefeitos, delegados de polícia, juízes e associações de classe, asseverando o caráter inteiramente pacífico da ação exercida pela associação em suas comarcas, municípios e distritos. Os caravanistas efetuaram também 1794 visitas a hospitais. Além disso, distribuíram centenas de milhares de cupons da campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!

ta da TFP tenha cultura, pelo menos de nível médio, a respeito dos mais variados assuntos. É necessário saber expor, de modo claro e atraente, seu próprio pensamento e discutir, com afabilidade mas ,com segurança, com os transeuntes mais diversos. Em suma, é preciso estudar, é prec iso permutar com os companh eiros de ação as respectivas experiências, e aperfeiçoar assim , gradualmente, sua própria argumentação. É o que se faz desde a ma nhã at é a noite, em am-

C AT O LI CIS M O

biente sereno e cordial, nas sedes da TFP, existentes por todo o País. Se o próprio Cristo Jesus, Senhor Nosso, não foi poupado pela perseguição da maledicência , a fortiori dela não consegue escapar quem procura amá-Lo e servi-Lo. "Christianus alter Christus" - O cristão é um outro Cristo. Mas, como afirma o conhecido hino das Congregações Marianas," de mil soldados não teme a espada quem pugna à sombra da Imaculada" ! ♦

Novembro de 1997

43


PLINIO C ORRÊA DE OLIVEIRA

8111 q11ndr(J que representa esse Sncrn111e11f(J, 1t(Jfn-se 111esdn de f(J!Hpn, (Jsfmtnçõ(J de elegâ11cin e resf(Js de espírif(J s11crnl

NA

IGREJA [que figura no quadro desta contra-capa], embora seja ela renascentista, predomina uma atmosfera representada pela meia luz. O batistério à direita, com todo seu esplendor escultu ral, dá bem a idéia da glóri a do batismo. O soalho, muito polido, refl ete luzes indefinidas . As pessoas que vamos analisar apresentam atitudes dignas . Todos seus gestos são nobres, elegantes, di stintos, indicando que e las compree ndem que estão num lugar de respeito, assistindo uma cerimônia po mposa, que ex ige delas toda compostura. Esta senhora, cuja atitude parece o contrário da pompa - porque muito embevecida com a criança que a madrinha está apresentando ao Padre para ser batizada-, mesmo nessa atitude, tem uma dignidade perfe ita (detalhe 1). Com que elegânc ia ela segura a saia. As dobras ficam quase mais bonitas assim do que se ela não as estivesse segurando. Com que leveza a mão pega o tecido, sem o amassar. Sua mão e seu braço ficam bonitos. Instintivamente ela estudou tudo para fi car belo, po rque é uma senhora tão educada, que não faz um gesto despreocupado que não sej a belo. Este homem está de pé numa posição natural, mas denota certa . e legânc ia e di stinção (deta lhe 2). Este casa l - que ev idente mente é de parentes ma is di stantes ou de ami gos que têm menos a ver com a cerimôni a - colocou-se mais longe da cena, compreendendo que não fica ri a bem, sendo estranho à fa míli a, estar lá pe lo me io (detalhe 3). M as tanto e le quanto e la assume uma pos ição de que m compreende que partic ipa de algo importante. Esta o utra senhora está um mimo. Vestida de branco - uma vez que a cerimôni a batisma l ex prime candu ra - mas um branco me io prateado, de alta classe. Rendas mag níficas que esvoaçam ; e o esvoaçar tem uma di stinção enorme no traje fe minino (detalhe 4). Esta terceira senhora está portando a cri ança de acordo com os mesmos princípios da escola estética com que a outra segura o vestido (detalhe 5). Não se tem a impressão de que ela está fazendo força. Nada é mais fe io do que uma madrinha que lute a duras penas para segurar o bebê. Ridiculariza a cerimônia ! Ela, não. Tem-se a impressão de que a criança é peso pluma para ela. Em resumo, podemos di zer que o conjunto da cena refl ete uma atmosfera de pompa, ostentação de e legância ou face iri ce, com_uma nota sacra!. Po mpa e faceiri ce são mui to maiores do que a nota de sacralidade, isto é, nota voltada para os aspectos veneráve is e santos de tudo aquilo que se relaciona diretame nte com Deus, como , por exempl o, o Sacramento do Batismo e o interior de uma igrej a cató lica. A sacralidade tra nsparece na cerimônia como um resto, notando-se aque la muito mais nos objetos e na lu z da igrej a do que nas pessoas . Estas assumem atitudes nobres e distintas muito mais por faceirice e por senso estético do que mov idas por uma p reocupação de caráter sacra!. Excerto da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP em 15 de abril de 1967. Sem revisão do autor.



D EZE M BRO

DE

1 997

N

°

5 6 4

Nesta Edi çao 2. Revoluçiio e kgitimidade A. A legitimidade por excelência Em geral, a noção de legitimidade tem sido foca lizada apenas com relação a dinasti as e governos. Atendidos os e ns in a me ntos de Leão XIII na Encíclica Au Milieu des Sollicitudes, de 16 de fevereiro de 1892 (*), não se pode e ntre ta nto faze r tá bua rasa da questão da legitimidade dinásti ca ou governamental, po is é questão moral gravíss im a que as consc iênc ias retas devem considerar com toda a atenção. Poré m não é só a este gênero de problemas que se aplica o conceito de leg itimidade. Há Uma leg itimid ade ma is a lta, aquela que é a característica de toda ordem de coisas e m que se torne e feti va a Rea leza de Nosso Senhor Jesus C ri sto, modelo e fo nte da legitimidade de todas as realezas e poderes te rrenos. Lutar pela autorid ade leg ítim a é um dever, e até um dever grave. Mas é preciso ver na legitimidade dos dete ntores da autoridade não só um be m cxcclcnLe c m si, mas um meio para atingir bem ainda muito maior, ou seja, a legitimi dade ele toda a orde m soc ial, de todas as institui ções e ambientes humanos, o que .·e dá com a d ispos ição de todas as co isas segundo a doutrin a da lgrcja.

gia. E que nos limitamos a usar esses vocábulos como rótul os ele prec isão relativa para mencionar certas realidades, mai s preocupados em dar ve rdadeira idéia dessas realidades, do que em discutir sobre os termos. Uma alm a e m estado de graça está na posse, em grau maior ou me nor, de todas as virtudes. Iluminada pela Fé, di spõe dos eleme ntos para fo rm ar a única visão verdadeira do universo. O ele mento funda mental da cultura católica é a visão do universo elaborada segundo a doutrina da Igreja. Essa c ultura compreende não só a instrução, isto é, a posse dos dados in fo rmati vos necessári os para uma tal elaboração, mas uma análise e uma coordenação desses dados confor me a doutrina cató li ca. Ela não se cinge ao campo teológico, ou li losó fi co, ou científico, mas abrange todo o saber humano, refl etese na arte e impli ca na afirm ação de va lores que impregnam todos os aspectos da ex istênc ia. C ivili zação católica é a estruturação ele todas as re lações humanas, de todas as in stituições humanas, e do próprio Estado, segundo a do utrina da Igreja. No próximo número, tran screveremos o Item C do mesmo capítulo, em que é descrito o caráter sacral da civilização católica: o fim da sociedade e do Estado é a vida virtuosa em comum. Nota:

B. Cultura e civilização católica O idea l da Contra- Revo lu ção é, pois, restaura r e promover a cultura e a civili zação católica. Essa Lemática não estari a suficienteme nte e nunciada, se não conti vesse um a defini ção cio que entendemos por cultura católica e civilização católica. Sabemos que o. termos civilização e cultura são usados em muitos sentidos diversos. Bem se vê que não pretende mos aqui tomar pos ição em uma questão de termino lo-

(*) Bonnc Prcssc, Paris, vol. 111 , pp. 11 2 a 122.

Sentido da palavra Revolução

2 Revolução e Contra-Rcvol uc:;ão Revolução e legitimidade

25 Destaque Notícia "censurada" pela imprensa livre

26

4 Pcígina Mariana

Vidas de Santos

Nossa Senhora de Loreto, Padroeira dos aviadores

Há 1600 anos, Santo Ambrósio alcançava a bem-aventurança

7

30

A realidade concisamente Binômio sinistro: comunismo e fome

e

Entrevista Cuba comunista em 1997: dramáticos aspectos da ilha-prisão do Caribe

A palavra e.lo sacerdote A recusa dos meios de salvação

10 l1rasil re:il

33 Escrevem os leitores

34 Santos e fest~1s do n1C·s

lhasil l ,r:1sileiro No Brasil do século XVIII, música barroca de bom quilate

37 S.O.S. Família Os deveres mútuos dos cônjuges

12 lnternaci<,nal

38

No Peru tradições revivem

Discernindo

15 Verdades Esquecidas

Balanço no 80° aniversário da Revolução comunista de 1917

Jesus Cristo consagrou tanto a condição de nobre quanto a de operário

16

40 TFPs em :1<.:ão Na Feira Internacional do Livro em Frankfurt

Capa Damos a este vocábulo o sentido de um movimento que visa destruir um poder ou uma ordem legítim a e pôr em . eu lugar um estado de co isas ( in tencionalmente não queremos dizer ordem de coisas) ou um poder ilegítimo (Revolução e ContraRevofução, cap. VTI, 1, A) .

Meditação junto a Deus Menino no presépip

44 Atnhientes, Cost urnes, Civilizac:;ões O Cruzado

21 A palavra do Diretor

CATOL I C I S MO

Dezembro de 1997

3


Nossa Senhora de Loreto11 Padroeira dos aviadores

to, estando localizado neste recinto o altar com

Segundo piedosa tradição, a Santa Casa onde se deu a Encarnação do Verbo e viveu a Sagrada Família deslocou-se pelos ares no século XIII, da Terra Santa até a Itália, para não cair nas mãos dos maometanos. Milagres confirmam a autenticidade dessa preciosa relíquia VALOJS GRINSTEIN S

A HISTÓRIA DO FAMOSO Santuário de Loreto começa com uma inesperada viagem aérea, no ano de 1291. As Cruzadas haviam terminado e os católicos acabavam de perder o último baluarte que possuíam na Terra Santa. Os fiéis da verdadeira religião de Nosso Senhor Jesus Cristo, conhecedores das profanações cometidas pela barbárie dos muçulmanos, tremiam ao pensar que a Santa Casa de Nazaré, onde a Sagrada Família vivera tantos anos, cairia em mãos indignas. Como protegê-la? Nosso Senhor, que na Sua Paixão permitiu que O crucificassem, entretanto não permitira que Nossa Senhora fosse sequer tocada . Em Sua infinita sabedoria, consentiu que algo semelhante à Sua Crucifixão acontecesse naquele triste findar do século XIII: que o Santo Sepulcro fosse conquistado, impedindo contudo que a Santa Casa fosse atingida. 4

e

ATO L I C I S M O

Dezembro de i997

E para espanto dos habitantes da Palestina, a Casa elevou-se pelos ares , sendo transportada por invisíveis mãos de Anjos, rumo ao mar Mediterrâneo. Se foi grande a surpresa dos que observaram a partida, muito maior foi o pasmo dos que presenciaram a chegada. Na cidadezinha de Tersatz, situada na Dalmácia (costa croata do Mar Adriático), jamais se vira coisa semelhante. Além disso, a aparição foi corroborada pelo primeiro milagre: o vi gário do local, que estava doente há três anos, de cama, corria agora por todas partes, com unicando que Nossa Senhora lhe aparecera, o curara c lhe havia dito ser aquela a Casa onde se dera a Encarnação do Verbo! O Governador da região, desejando esclarecer o assunto, determinou que fossem enviados quatro emissários à Terra Santa. A finalidade de tal expedição era verificar se realmente a Casa de Nazaré havia desaparecido de seu local originário, se as medidas da casa concordavam com as dos alicerces querestavam na Terra Santa, etc. Os ditos emissários voltaram confirmando todos os dados: a Casa que aterrisara na Dalmácia era a mesma na qual vivera a Sagrada Família em Nazaré! Mas não era este o local escolhido pela Providência para fixar definitivamente a Santa Casa. Transcorridos três anos, ocorreu novo milagre: a Casa de Nazaré voltou a se elevar nos ares e tomou a direção da Itália, sobre as águas do mar Adriático. Assim, em 10 de dezembro de 1294 apareceu ela em território italiano, junto a um bosque de loureiros (de onde vem o nome Loreto), próximo à cidade de Recanati, região de Ancona, nacosta do Mar Adriático.

Uma Casa que se mantém de pé ... sem fundamentos! "Eu não acredito nestas histórias!" poderia exclamar algum cético. Para ele o milagre não pode existir, pois só aceita argumentos estritamente "cient(ficos". Em atenção à objeção desse eventual cético, ocorre-nos apresentar alguns argumentos, que mostram ser a Casa ele Loreto a mesma Santa Casa de Nazaré, onde viveu a Sagrada Família. Não se trata, pois , de convencer os que têm fé. Pois para quem acredita que Deus se fez Homem e nasceu de uma Virgem, como pode considerar irrealizável para a Divina Providência conduzir pelos ares uma casa? ... 1) A Santa Casa de Loreto está colocada diretamente sobre o chão, sem nenhuma fundação que lhe dê solidez; e isto, ele tal modo, que se pode passar uma barra de ferro por baixo dela, de um lado para o outro. 2) A pedra ele que é feita não se encontra no local. Não foi utilizada para a construção de nenhuma casa ela regi ão. Pelo contrário, na região de Nazaré esse tipo de pedra é utilizada comumente nas construções. Tal argumento é tanto mais convincente se levarmos em consideração as dificuldades de transporte de materiais ele construção na época medieval. 3) O "cimento" que dá coesão às pedras é feito ele sulfato de cálcio e pó de carvão de madeira, desconhecido na Itália. Igualmente a viga da porta é feita de cedro não conhecido naquela zona da Itália. 4) Mais impressionante ainda, as di mensões da Santa Casa de Loreto correspondem exatamente às das fundações que ficaram abandonadas em Nazaré. .. ►

e ATOL I e

ISMO

Dezembro de 1997

5


Como explicar tantas cq~çordâncias? Seria mera coincidência?

"O Anjo do Senhor aqui anunciou a Maria" Para quem tem Fé não é difícil entender tantos milagres envolvendo uma casa na qual se deu um dos episódios centrais da história da humanidade: a Encarnação do Filho de Deus. A Santa Igreja, para lembrar aos fiéis essa verdade, determinou que na Santa Casa a oração do Angelus fosse rezada de uma forma toda especial. Em vez de se dizer "O Anjo do Senhor anunciou a Maria; e Ela concebeu do Espírito Santo ... ", naquele Santuário reza-se assim: "O Anjo do Senhor aqui anunciou a Maria; e Ela aqui concebeu do Espírito Santo ..." Essa insigne relíquia inspirou igualmente o piedoso desejo de invocar Nossa Senhora por seus numerosos títulos; de onde nasceu a Ladainha de Nossa Senhora, conhecida como Ladainha Lauretana - ou de Loreto - , que muitos rezam sem fazer a relação entre o nome e o local. Muitas pessoas estranham as dimensões pequenas da Santa Casa. Esquecem que Nosso Senhor quis viver na pobreza, para nos ensinar o desapego dos bens deste mundo. Sua casa é de diminutas proporções, mas também imaculadamente limpa e ordenada, pois pobreza é diferente de desleixo. Sua arquitetura também é simples e harmônica, pois pobreza não significa feiura e mau gosto. Ao redor da casa foi erigida uma esplêndida basílica, na qual se encontram numerosas placas de metal com dizeres mais ou menos como estes: "Homenagem da Força Aérea tal à sua Padroeria", "A Força Aérea de tal lugar em reconhecimento a sua Padroeira ao cumprir 50 anos de existência", etc. O Papa Bento XV, mediante um Breve de 24 de março de 1920, proclamou Nossa Senhora de Loreto Padroeira dos aviadores. Por isso sua imagem encontra-se presente em numerosos aeroportos de todo o mundo, inclusive no Brasil. Nossa Senhora quer ser invocada em todas nossas necessidades para poder &

e ATOL I e

I SMO

À direita, a venerável Imagem de Nossa Senhora de Loreto Embaixo, transladação da Santa Casa Pintura de G. Tiepolo, Palácio Apostólico, Loreto (Itália)

Embaixo, Praça da Virgem localizada em frente à Basílica, em Loreto

Binômio sinistro: comunismo e fome ...

Santa Teresinha: Doutora da Igreja

A organização norteamericana World Vision advertiu que um em cada sete norte-coreanos morreu de fome em 1997 no norte deste país. Na região sul da comunista Coréia do Norte, a proporção pode ser ainda mais alta (cfr. "Jornal da Tarde", 17-9-97). A desnutrição afeta 800 mil crianças e mais de 10 mil morrem a cada mês antes de completar sete anos. São as conseqüências lógicas do coletivismo comunista e da extinção da livre iniciativa e da propriedade privada. O estímulo para produzir morre, e sofrem todos, sobretudo os mais pobres e ♦ desvalidos.

Apesar de haver falecido bem jovem (1873-1897), Santa Teresinha do Menino Jesus foi agraciada com o título de Doutora da Igreja em 19 de outubro p.p. A Santa, que entrou aos 15 anos de idade no convento das Carmelitas de Lisieux, onde veio a falecer de tuberculose aos 24 anos, oferecera-se como vítima expiatória pelos pecadores. Através de pequenos sacrifícios praticados com grande amor de Deus, instituiu uma escola de vida espiritual - a pequena via - que pudesse ser trilhada por todos nós.

Criança nortecoreana

No Brasil, matrimônio em plano inclinado

nos ajudar, como Mãe que Ela é. Invoquemos, pois, Nossa Senhora de Loreto, rogando-Lhe conceder-nos a graça de mantermos sempre nossa alma elevada a Deus e desapegada de toda e qualquer criatura que dEle nos afaste. ♦

Dezembro de 1997

Fontes de referência: - Edés iaAducc i, Maria e seus gloriosos títulos, Ed itora Lar Católico, 1" edi ção, 1958. - Jea n Ladame, Notre Dame de Toute L' Europe, Éditi o ns Rés iac, Montsurs, 1984.

Em 1970, 12% dos adolescentes casados tinham uniões consensuais, isto é, viviam juntos, sem casamento civil ou religioso. Em 1995, a porcentagem já era 63%. No mesmo período, os casamentos no civil e no religioso caíram, passando de 45% para 17%. ♦

Meninos pequenos, e já drogados A Associação Parceria Contra as Drogas (APCD) constatou em pesquisa que 10% dos consumidores de drogas tiveram sua primeira experiência entre os 8 e 12 anos. A partir daí, enganchados, precipitaram-se na terrível rampa do vício. A primeira droga consumida geralmente é a maconha. Depois, vem a cocaína e o crack. Cuidado com as aparências, advertem os especialistas. Elas enganam: não só os rebeldes mirins, cabeludos, com brinquinhos, são propensos ao consumo. Muitas crianças, sem aparência rebelde, têm comportamento normal para não chamar a atenção dos pais e poder assim consumir a droga sem problemas. ♦

Ela foi canonizada em 1925. Além dos famosos Ma nuscritos autobiográficos, deixou rica correspondência, poesias e preciosos escritos espirituais. O título de Doutora da Igreja constitui um galardão a mais para a Santa que prometeu obter, uma vez no

Céu, "uma chuva" de graças sobre a Terra; e que proclamava: "com que alegria, no tempo das cruzadas, teria partido para combater os hereges" (vide Catolicismo de setembro p.p., com matéria especial dedicada ao 100º aniversário de seu falecimento) . Pouco tempo após sua morte, o número de milagres obtidos por sua intercessão já era grande. E o exemplo de sua admirável existência, bem como a influência crescente de sua doutrina espiritual, têm sido meios providenciais para atrair almas danificadas pelo neopaganismo contem♦ porâneo.

A gangrena da União Européia: sobe o divórcio, desce o casamento Na década de 70, a taxa de divórcios na Europa Ocidental era de 11 %; havia oito casamentos para cada mil habitantes. Em 1995, a taxa de divórcios subiu para 30% e há 5,1 casamentos para cada mil habitantes. Na Bélgica e na Suécia, mais da metade dos casamentos terminam em separação. Na Finlândia, 49%; na Grã -Bretanha, 45%; e na Dinamarca, 41 %

e ATOL I e ISMO

(cfr. "O Globo" , Rio de Janeiro, 30-9-97). Tudo isso como conseqüência de um desenfreado desejo de gozar a vida. As pessoas não ficam mais felizes, e sobretudo as crianças sofrem pela separação dos pais. A autêntica felicidade brota quando verdadeiros princípios religiosos desenvolvem nas almas o senso do dever, propiciando a formação de costumes austeros. ♦

Dezembro de 1997

7


Cônego JOSÉ LUIZ VILLAC

PERGUNTAS 1. Eu gostaria de ter uma explicação so-

bre aquela passagem do Evangelho em que Nossa Senhora e os "irmãos' de Jesus, estando fora do local onde Ele pregava, mandaram chamá-Lo e Ele não veio. 2. Também uma explicação a respeito dos pecados que Deus não perdoa.

RESPOSTAS

Lemos no Evangelho de São Mateus: "Enquanto [Jesus] ainda estava falando ao povo, sua mãe e seus irmãos se achavam do lado de fora, procurando falar com ele. Alguém lhe disse: 'Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e querem falar contigo'. Ele respondeu a quem o informava: 'Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?' Então, Jesus apontou com a mão para Seus discípulos e disse: 'Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Porque todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está no céu é meu irmão, minhã irmã e minha mãe" (12, 46-50; cfr. Me 3,31-35; Lc 8,19-21). O Divino Salvador, nessa passagem, longe de pretender diminuir o papel de sua Mãe, queria ressaltar a superioridade do parentesco espiritual (fazer a vontade de Deus e ouvir a sua palavra) sobre o parentesco puramente natural. Ora, a Santíssima Virgem, além de ter o parentesco natural, por ser Mãe do Redentor (o que de si já é. extraordinário, sobre todo o imaginável pois revela uma união excepcionalíssima

a

C AT O LIC IS MO

com Deus), era ao mesmo tempo inteiramente submissa à vontade divina, como se vê pela resposta ao Anjo na Anunciação: "Eis aqui a escrava do Senhor,faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1, 38). Assim, as palavras de Cristo, longe de diminuírem

a grandeza de Maria e de sua missão como Advogada nossa, exaltam ainda mais sua santidade. A menção aos "irmãos" de Jesus deve ser entendida no sentido figurado, ou amplo; muitas vezes a Sagrada Escritura utiliza essa palavra para designar primos, sobrinhos ou membros de uma mesma tribo de Israel (cfr. Gênesis 13,8; Êxodo 2,11).

A recusa dos meios de salvação Quanto aos "pecados que Deus não perdoa", chamados "pecados contra o Espírito Santo", devemos considerar o seguinte: Deus está sempre disposto a perdoar o pecador que pede sinceramente o perdão por sua falta - por maior que ela seja - e tenha a contrição, o arrependimento e o propósito firme de não mais pecar.

Porém, nos chamados pecados contra o Espírito Santo, o pecador não quer ser perdoado, e nem têm as disposições necessárias para ser perdoado por Deus. São eles: o desespero da própria salvação; a presunção de conseguir a salvação eterna sem merecimento, ou seja sem renúncia, sem esforço, sem luta; a negação da verdade cristã conhecida como revelada por Deus; a inveja dos bens sobrenaturais concedidos ao próximo; a obstinação no mal (propósito de não se arrepender dos próprios pecados). Nesses pecados, há uma verdadeira recusa dos meios de salvação oferecidos por Deus. Dessa forma, aquele que desespera da salvação, recusa "Então, Jesus apontou com a mão para Seus discípulos e disse: 'Eis aqui minha mãe e meus irmãos" '

pecaminosamente a misericórdia de Deus; o presunçoso, por orgulho e falta de temor de Deus, obstinadamente não foge do pecado; aquele que nega a verdade revelada por Deus, nega o próprio Deus enquanto fonte da verdade; o invejoso dos bens sobrenaturais concedidos a outros se opõe egoisticamente à obra da graça nas almas, fechando-se à ação desse dom; por fim, o obstinado está de tal modo apegado ao seu pecado, que já nem mais considera a maldade hedionda do mesmo, sendo este o caminho para sair dele. É a impenitência final! Não há mais retorno. É a falência e o desastre eterno ...

Quando Nosso Senhor diz que a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada (Mt 12,31-32), não se trata de uma condenação inapelável, mas de um sério aviso: é preciso não se fechar à ação do Espírito Santo, à ação da graça divina. Era este o pecado dos fariseus, ao dizer que Jesus expulsava os demônios pelo poder do diabo (Mt 12,24). Estavam de má fé, negando a obra de Deus e atribuindoa ao espírito das trevas. Estavam portanto blasfemando e opondo-se à ação benéfica do Espírito Santo sobre eles próprios (cfr. Mt 12,24; 31-32). Aquele que comete um

pecado contra o Espírito Santo põe sua alma em grandíssimo perigo de perdição, porque enfrenta e combate contra a própria bondade divina, da qual nos vem o dom da graça de conversão e penitêneia. Mas mesmo para este permanece verdadeira a palavra paternalíssima de Deus, que diz não querer a morte, mas a conversão e salvação do pecador. Deus dá a todo homem a graça suficiente para sua salvação: enquanto há vida, há esperança de conversão. Porém, quanto mais a pessoa se obstinar no pecado, mais difícil e improvável será esta conversão .

Os Santos Anjos nossos celestes protetores Muito já foi dito sobre os Anjos. Mas quantos sabem o que a Igreja Católica, os Santos, os Papas e os teólogos ensinam sobre eles? Qual o número exato dos Anjos? No Apocal ipse lemos: "Ouvi a voz de muitos Anjos em

volta do trono ... e o número deles era milhares de milhares" (Apoc. 5, 11 ). E no Livro de Daniel: "Eram milhares de milhares (os Anjos) que O serviam,

e mil milhões os que assistiam diante dE/e" (Dan. 7, 1O) . Muitos teólogos deduzem que o número dos Anjos é superior ao dos homens que existiram desde o princípio do mundo e existirão até o fün dos tempos. Embora não o percebamos, estamos cercados de Anjos por toda a parte e eles, por assim dizer, esperam uma palavra, um pedido, uma prece nossa, para nos ajudar. É sobre esse imp~rtante tema que versa o segundo livro da Coleção Catolicismo - Os Santos Anjos - nossos celestes protetores, de Plínio Maria Solimeo. Um li vro bem cu idado, com linguagem clara e simples, cuja leitura intensificará em nós a recomendável

Dezembro de 1!197

Como conclusão prática, nós devemos viver sempre tendo em vista o juízo de Deus, as graças recebidas e a salvação eterna. Nossa Senhora é o canal que Deus estabeleceu para nos dar as graças merecidas por Nosso Senhor em sua Redenção; Ela é a Filha dileta do Pai Eterno, a Mãe admirável do Deus Filho e a Esposa fidelíssima do Divino Espírito Santo. É a Mãe de Deus. Mas, é também a Mãe dos homens. É nossa Mãe! Peçamos constantemente sua intercessão para que tenhamos força suficiente para sermos fiéis numa época de tanta confusão e imoralidade. ♦

devoção ao nosso Anjo da Guarda. Uma maravilhosa coletânea de fatos e informações que enriquecerão nosso conhecimento a respeito desses Am igos celestes, que Deus nos proporcionou como companheiros nesta jornada terrestre. Além de matérias pouco conhecidas sobre a ação que os Anjos exercem contra as armadilhas e ciladas do demônio, seu poder para curar çertas enfermidades, sua intervenção em aconteci.mentos referentes ao governo dos astros, estrelas, marés e tempestades, o leitor ainda ficará encantado com histórias como a da freira brasileira que mantinha contato contínuo com o seu Anjo da Guarda; ou ainda a história do misterioso cão cinzento que nunca comia e sempre aparecia na ocasião precisa para salvar São João Bosco de perigos. Um livro idôneo e ameno, cuja leitura será um verdadeiro bálsamo para aqueles que vivem num mundo que não é nada angélico. Se repetir o sucesso do primeiro livro da Coleção Catolicismo, A Maravilhosa História e os Milagres de Nossa Senhora Aparecida, alguns leitores terão que esperar a 2ª edição. Reserve logo o seu.

Os interessados podem solicitá-lo, ao preço de R$9,90, pelo telefone (O 11) 25 7-1088

CATOLICISMO

Dezembrode 1997

9


mais puro compositor pré-clássico, e foi composta dentro dessa região ... " O Dr. Halm apontou então no mapa uma área compreendida, mais ou menos, entre o sudoeste alemão, noroeste da África e o norte e nordeste da Itália, regiões por onde andaram os filhos de Bach, corno Johan Christian, além de Samartini, Vivaldi e Mozart, dentre outros compositores. Em resposta, o Dr. Walther Sens disse-lhe: - "Quanto à primeira parte da resposta, o senhor tem razão, mas quanto à localização houve um engano de quase de z mil quilômetros. A música foi composta por um mestiço, em pleno sertão brasileiro, no ano de 1792" ...

Uma significativa confusão: ~ música barroca mineira com partituras de Vivaldi eMozart. ..

S EGUNDO INFORMA o musicólogo paulista Maurício Monteiro (1), o famoso pesquisador alemão Curt Lange, na década de 40, enviou algumas partituras, que havia encontrado numa de suas pesquisas, ao diretor do Instituto de Musicologia de Innsbruck, na Áustria, Dr. Walther Sens. Este, por sua vez, encaminhou-as ao maior espe10

e ATOL I e I SMO

Dezembro de' 1997

cialista no assunto, Dr. Hans Halm, diretor do Arquivo Nacional de Munique, pedindo-lhe que identificasse, sem pressa, a época, o 0 lugar e o autor das mesmas. Depois de examiná-las acurada:;z(mente, o Dr. Halm concluiu: "É música de primeira qualidade, escrita por um grande mestre, estilísticamente o

* * * O Brasil do sécu lo XVIIl, dos amplos casarões e das belas igrejas em estilo barroco , também apresentou notável florescimento musical religioso, em regiões como Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e Goiás. Entretanto, foi em Minas Gerais que a música sacra barroca alcançou sem exagero - urna culminância. Irmandades de músicos, cantores e compositores, mestiços em sua quase totalidade, produziram obras que hoje surpreendem tanto os estudiosos quanto o público. Eram Missas, Novenas e Ofícios, concebidos com originalidade, dentro dos padrões clássicos, em consonância com o que se produzia ao noite da Itália, na Baviera e na Áustria. Dentre os mais destacados compositores dessa época sobressaem: Manoel Dias de Oliveira, Marcos Coelho Neto, Joaquim Emérico Lobo de Mesquita e o Pe. José Maurício Nunes Garcia. Esquecidas pouco a pouco pelas gerações seguintes, quase sepultadas em velhos armários por mais de um sécu-

lo, tais partituras foram descobertas e devidamente avaliadas. Pouco a pouco, felizmente, estas obras vêm sendo cada vez mais colocadas ao alcance do público. É o caso, por exemplo, de excelentes gravações em com pact disk, lançadas recentemente graças ao meritório trabalho do Centro Cultural Pró-Música, de Juiz de Fora, e do Coral Ars Nova, associado à Universidade Federal de Minas Gerais, de Belo Horizonte, com o apoio de diversas empresas (2).

Dessa forma, perdeu-se um patrimônio cultural incalculável de nossa história. Mesmo assim, ao fina l da década de 50, Curt Lange já havia reunido milhares de partituras de compositores coloniais brasileiros. E é lastimável que isto que restou tenha sido salvo por um estrangeiro! Se uma pequena parcela das grandes verbas oficiais que têm sido concedidas nos últimos tempos para os desvarios carnavalescos - como a construção de sambódromos - , tivesse sido aplicada desde as décadas de 30 e 40 em pesquisas como as de C urt Lange, * * * o nível cultural do País poderia ser outro. O Brasil não seria conhecido como o pa{s do carnaval, mas apontado como nação que soube preservar seu rico patrimônio artístico e cultural, úm,!da U11i1mid,11l, Frtlem/ ~ Mi1111S Gmiis não só na arquitetura e artes plásticas, - das quais as obras doAleijadinho constituem magníficos exemplos -, mas também em sua produção no campo musical. Para concluir, apenas mais um comentário: bons tempos esses, em que a música composta por um desconhecido brasileiro, em pleno sertão, podia ser confundida Coube ao musicólogo alemão com as produções artísticas dos filhos de Bach, de Vivaldi e de Francisco Curt Lange, aludido no início deste artigo, o mérito de haverdesMozart... ♦ coberto velhas partituras desses autores barrocos. Pesquisando em cidades do interior de Minas Gerais, viajando Notas: de jipe, Lange batia de porta em por1. Revista Concerto , São Pau lo, janeiro/feta para perguntar às viúvas dos netos vereiro- 1997. dos compositores se havia sobrado al2. CD gravado pelo Cen tro Cultural Pró-Mú guma partitura antigà entre os guarsica de Juiz de Fora, co m obras do Pe . José Maurício Nunes Garcia, lgnacio Pereira dados do marido ... das Neves, Francisco Gomes da Rocha. "Elas me apresentavam baús cheiFone (032) 2 15-395 1 Juiz de Fora (MG), os de preciosidades. Eu ia oferecendo Av. Rio Branco 2329, CEP 36010-01 1, preço R$20,00. dinheiro e salvando a papelada da foO CD do Coral da Universidade Federal gueira. O preço aumentou, mas cheguei de Minas Gerais está à venda, ao preço de tarde demais. Quase tudo havia sido R$15,00, na sede do Coral, fone (03 l) 224destru{do", revela o pesquisador. 67 12, Av. Afonso Pena 867, sala 12 15, CEP

ars1~ova

30 130-905 - Be lo 1-lorizonte/MG. CATOLIC I SMO

Dezembro de 1997

1 1


J)JJ À esquerda, vista parcial da Praça Maior de lima, notando-se ao fundo, o Palácio de Governo do Peru, edificado na década de trinta, no mesmo local em que o conquistador Pizarro construíra a primeira sede de sua Administração, 400 anos antes (1538) A

r•

À direita, o solar dos Marqueses de Torre-Tagle (século XVIII) no centro de Lima, hoje sede da chancelaria peruana

Peru revaloriza suas tradições Entre as tradições que renascem no Peru, destaca-se o apreço pela criação do famoso "cavalo de passo" peruano, orgulho nacional

Refletindo saudável tendência, os peruanos manifestam renovado apreço por seu passado histórico

nais áreas centrais - por exemplo o famoso Centro Histórico de Lima para ali exercer todo tipo de comércio informal, ocupando desordenadamente ruas, aven idas, praças e passeios. A elas sornaram-se elementos marginais corno vagabundos, contrabandistas, vendedores de drogas , mulheres de má vida. Em conseqüência, amplos setores urbanos degradaram-se até ficarem quase irreconhecíveis, tornando-se focos de insegurança, sujeira e corrupção generalizada. Casas comerciais e escritórios profissionais tiveram que abandonar o centro de Lima, para se estabelecer em bairros mais seguros. Os prédios assim abandonados foram se transformando em ruinosos tugúrios. Até as magníficas igrejas e edifícios públicos do centro foram atingidos por essa degradação geral, mostrando lamentáveis sinais de deterioração e abandono. Assim, por urna chocante inversão de papéis, o centro de Lima oferecia o aspecto de urna zona marginal, que o público evitava de freqüentar tanto quanto podia. E o mesmo ocorria em outras cidades, corno TrujilJo e Ica, no litoral, ou Cuzco e Huancayo, na serra.

rorisrno e a segurança voltou gradualmente. Leis socialistas, como a nefasta Reforma Agrária, foram em larga medida atenuadas; o direito de propriedade voltou a ser livremente exercido e a economia entrou em via de recuperação. Contando com o apoio unânime da população, as autoridades municipais e o governo central, deixando de lado rivalidades políticas, vêm somando esforços para recuperar os centros tradicionais de cidades históricas. A iniciativa privada colabora decididamente nessa tarefa. Assim , belíssimas igrejas, corno a Compaíiía ou La Merced em Cuzco, a Basílica do Rosário em Lima, ou a igreja de São Domingos em Arequipa, foram restauradas. Seus maravilhosos altares co loniais, em madeira de lei revestida de ouro, recuperaram o antigo esplendor. Em Lima, a célebrePLaza Mayor foi completamente renovada, destacandose o famoso chafariz de bronze coroada por um Anjo, que data de quase 400 anos, e que volta a alegrar os limenhos com seus rumorosos jogos de água. Semelhante tratamento receberam outros logradouros da cidade, como a Praça San Martín ou o Parque Uni... contrariando os versitário, contíguo à Univerdesejos autenticamente~.-•·,l"'..sidade de São Marcos (a mais

populares

Nos últimos anos, porém, a reação do povo peruano a favor da ordem se fez sentir cada vez com mais vigor. Como fruto dela, uma eficaz ação militar conteve o ter-

Ale·andro Ezcurra Naón Correspondente

Peru Monumento a

Lima - Nossa época pós- moderna caracteriza-se por sua bivalência. De um lado, a desestabilização e o caos - um caos programado - se fazem sentir cada vez mais em múltiplos aspectos da vida pública e privada. De outro, corno reação instintiva a esse caos, existe em amp los setores do público um anseio de estabilidade, de ordem, de pontos de referência firmes e imutáveis. 12

e A To LI e I s MO

Teologia da libertação e

socialismo desfiguraram lugares históricos... Tal bivalência é particularmente digna de nota no Peru, nação que alcançou brilho invul gar como um dos Vice-Reinados da América Espanhola, e que foi vítima, há não muito tempo, de 1969 a 1992, de implacável sanha revolucionária.

Dezembro dé 1997

O virulento reformismo socialista dos anos 70, seguido do terrorismo comunista dos anos 80 - ambos insuflados pela teologia da libertação-, arruinaram o país. Centenas de milhares de camponeses se viram forçados a migrar para os grandes centros, provocando miséria e caos sócio-econôm ico, no campo corno nas cidades. Em muitas delas, massas empobrecidas havi am invadido as tradicio-

antiga da América Latina, também restaurada). Mai s de 400 solares coloniais deteriorados no centro histórico, famosos por seus característicos balcões de madeira, começam a ser restaurados conforme um projeto conjunto da Municipalidade e a iniciativa privada. O comércio informal foi erradicado das vias púb licas. A ordem, a limpeza e a segurança voltaram a reinar em setores até há pouco transformados em focos de delinqüência e até em verdadeiros depósitos de lixo. As famílias limenhas podem voltar a passear no centro histórico - inclusive em antigas carruagens - e deleitar-se admirando as es plêndidas construções qu e outrora fizeram de Lima a mais aristocrática cidade sulamericana.

Manifestações diversas de apreço pela tradição Em meio a tais iniciativas, o gosto pelas coisas tradicionais parece tornar um certo impulso no Peru. Essa tendência estende-se aos mais inesperados campos de atividade. Por exemplo, a criação do famoso cavalo de paso peruano, um dos mais apreciados cio mundo por seu estilo de marcha. Monta-se, de acordo co m o costume, em traje de chalán (propri etário rural) tradicional: grande chapéu de aba larga, poncho de linho, camisa e calças brancas com uma faixa colorida e botas curtas sob as calças. Cresce também a apetência cio público pela música tradicional, em todas as classes sociais. Um ex press ivo sintoma disso é que a Orquestra Sinfônica Nacional do Peru oferece agora concertos de música clássica ou barroca (como Bach, Mozart, Handel ou Vivaldi) ao ar livre, até em longínquos bairros populares de Lima. O Peru mostra assim renovado apreço por seu passado hi stórico. Fato que denota urna certa nostalgia da civilização cristã e clara rejeição de certos aspectos dessa Revolução universal , que tenta destruir sistematicamente os últimos vestígios de uma ordem temporal profundamente hierárquica e sacra l, anti-igualitária e antiliberal. ♦

e ATOL I e ISMO

Dezembro de 1997

13


.

t

Jesus Cristo consagrou a condição de nobre,

Missa de Finados

bem como a de operário

Será celebrado no próximo dia 2 de novembro o Santo Sacrificio da Missa em sufrágio das almas de parentes e amigos falecidos dos assinantes de CATOLICISMO. Escreva abaixo os nomes de pessoas falecidas de suas relações a serem beneficiadas pela celebração da referida Missa, dobre e cole este impresso nos locais indicados e nô-lo envie quanto antes.

São José

DE

..,.

,,,,.,

· , ...... 1111,n !!G.........

D& IDIIII fll8Gflll

NO(SJ DIA(SJ...........

COM A A JUOA DA Gl!A • CA, FOI CELE

.,.<J::...~

/?~

J,.

•-.................. oe_.r., ll'lN- . / . • ••r..r...'l!T.n,

Bl!Aoo o SANTO SACl!IF/cro

-~•__, ,,.J,j.a..,,__

d• --C.Z...~.:.....

+

"•'!!lif..•..~

DA Mrss,._

-'~-

.

~

..._,

........cr~d.. ~-~~- ·-

·~ .....l.W../.J..r~O v'"~. . ... ~-,

N~os Ace11oorAL

"/N

,

--

JESU et MARIA" - - - · - ,

roa IISU

:f...'l..1.?.,...

~ ···- ~ ..4.u,IA - , ......~--<.. .a........ - • .. .. ·-···~A6,

- ~ · ··-~ CA .,..,..

coM MINHA BE

l."-'f r

•.•. ····••............. oe ..

suesc11evo.Me.

-._.t:,,:;,. .. ~L - . . h ~ ··········~~.Ji.~IM--

IUr111,1r,run,

---·-·--·• 111518•••

naa,51

Patriarca, Rei e Príncipe, por parte de mãe e de pai . .... "Os referidos Evangelistas descreveram a nobreza da Virgem e de José para manU'estar a nobreza de Cristo. José foi portanto de tanta nobreza que, de ce rto modo, se é permitido exprimir-se assim, deu a nobreza temporal a Deus em Nos so Senhor Jesus Cristo" (San cti Bernardini Senensis Se rmones Eximii, vol. IV, in

UM SERMÃO de São Bernardino de Siena (] 3801444) sobre São José: "Em primeiro lugar, consi dere mos a nobreza da esposa, isto é, da Santíssima Virgem.

A Bem-aventurada Virgem foi mais nobre do que todas as criaturas que tenham existido na natureza humana, que possam ou tenham podido ser ge rada s. Pois São Mateus (cap. 1) , colocando três vezes quatorze gerações, desde Abraão até Jesus Cristo inclusive, mo stra que Ela é descendente de quatorze Patriarcas , quatorze Reis e quatorze Príncipes ..... "São Lucas, expondo também no cap. 3 a sua ascendência nobre, a partir de Adão e Eva, prossegue na sua genealogia até Cristo Deus . .... "Em segundo lugar, consideremos a nobreza doesposo, isto é, de São José . Nasceu e le de raça patriarcal, régia e principesca, em linha reta, como já foi dito. Pois São Mateus (cap. 1) leva em linha reta todos esses pais desde Abraão até o esposo da Virgem , demonstrando claramente que ne le desfechou toda a dignidade patriarcal, régia e principesca .. ... "Em terceiro lugar, exam inemos a nobreza de Cristo. Ele foi , portanto, como decorre do que ficou dito,

Aedibus Andreae Poletti, Venetiis, 1745 , p. 232). E da alocução de 5 de janeiro de 194 l do Papa Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana :

"É .fato que Cristo Nosso Senhor preferiu, para conforto dos pobres, vir ao mundo desprovido de tudo, e crescer numa família de simples operários; mas é igualmente verdadeiro que Ele quis, com o seu nascimento, honrar a mais nobre e ilustre das casas de Israel , a própria estirpe d e David" (Dis co rsi e Radiomessagg i di Sua Santità Pio XII, Tipografia Poliglotta Vaticana, pp. 363-364 apud Plínio Corrêa de Oliveira, Nobre za e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio Xll ao Patriciado e à Nobreza romana, Livraria Civil ização-Ed itora , Porto, 1993 , pp. 77- 79).

SÃO BERNARDINO DE SIENA 14

e ATOL I e I SMO

Dezembro dtf 1997

e ATOL I e

I S MO

Dezembro de 1997

15


M DEZEMBRO de 1973, o Prof Plínio Corrêa de Oliveira fez uma exposição para sócios e cooperadores da TFP sobre o Santo Natal. Nela teceu comentários tão belos e próprios a incrementar o fervor religioso na contemplação desse magno evento, que julgamos oportuno transcrever para os leitores de Catolicismo seus tópi. . . cos prmcipazs. Essa alocução - em forma de meditação natalina impregnada de autêntico espírito católico, certamente ajudará todos que a lerem a se elevarem na consideração das verdades da Fé que o Santo Natal propicia

I

agos - Gentíle da Palíian'o (1370?-1427), Galleria degli Uf(izi, Florença (Itália)

MAGINEMOS A CHEGADA dos Reis Magos, co m suas caravanas, · seus cortejos, os animais carregados de tesouros, a Estrela de Belém. E estes Soberanos - o Rei negro Baltazar e os doi s outros, Me lchior e Gaspar - oferecendo ao Menino Jes us, em atitude de adoração, ouro, incenso e mirra. No Menino-Deus podemos cons iderar, entre outros aspectos, Sua infinita grandeza, de um lado; Sua infinita acessibilidade, de outro lado; e, por fim, Sua infinita compaixão. Por qual deles nos sentiríamos mais próximos do Divino Infante?

(j1unôeza ôe Jesus menino e ôe sua mãe Santíssima

EDITAÇÃO JUNTO A P. -\ ~

NO PRESÉPIO

16

e A To LI e Is Mo

Dezembro de. t997

Ao considerar a infinita grandeza, podemos imaginar uma gruta enorme, alta, tão vasta quanto uma catedral , que não apresentasse uma arquitetura defi nida, mas onde o movimento das pedras nos fi zesse pressentir vagamente as ogivas de uma catedra l da futura Idade Média. Podemos imaginar, ainda, a mangedou ra que serv ia de berço para o Menino-Deus colocada num ponto majestoso da gruta. E_ uma luz celeste, toda de ouro, pairando sore Ele naquele momento.

O Divino Infante, com majestade de verdadeiro Rei, repousa em seu presép io, embora seja ainda uma criança recém-nascida. Ele, Rei de toda majestade e de toda glória. O cri ador do Céu e da Terra, Deus encarnado fe ito homem. Ele, desde o pri meiro in stante de Seu ser - portanto já no claustro de Nossa Senhora - sendo detentor de mai s majestade, mais grandeza, mais manifestações de força e de poder que todos os homens, em toda a hi stória da hu manidade. Ele, conhecedor de todas as coisas, sabendo incomparavelmente mais do que qualquer cientista. Ele, em vários momentos, manifestando na fi sionomia, sempre vari ável, esta majestade feita de sabedoria, de santidade, de ciência e de poder. Imaginemos perceber tudo isso mi steriosamente ex presso na fisionomia desse Menino. Às vezes, ao mover-se, e no movimento, aparecendo Sua faceta de Rei. Abrindo os olhos, no olhar externa um ful gor de tal profundidade, que nEle divisamos um grande sábio. Rodeando-O, uma atmosfera que nimba de santidade todos aqueles que dEle se acercam. Uma atmosfera de pureza tal , que as pessoas não se aproximam daquele local sem antes pedir perdão por seus pecados; mas, ao mesmo

Dezembro de t997


Ac€ssm1l1ôaô€ ô€sm€ô1ôa• ôo ffi€rnno-D€us

tempo, sentindo-se atraídas à emenda, deles pela santidade que emana daquele sagrado recinto. Imaginemos ainda Nossa Senhora aos pés do Menino Jesus, também Ela como verdadeira Rainha - pois Ela o era e é com uma dignidade e imponência ta is, que até di spensam roupas de aspecto nobre para fazer reluzir sua majestade.

ffiaJ€Staô€ Ô€CORR€nt€ ôa sant1ôaô€ Conta-se de SantaTeresinha que ela era tão imponente, que seu pai a chamava núnha pequena Rainha. O jardineiro do Carmelo de Lisieux relatou, no processo de canonização, que vi u ceita vez uma freira de costas fazer alguma coisa: esta reli giosa era Santa Teres inha. O advogado do diabo então perguntou: "Como é que, de costas, o Sr. sabia que esta freira era a irmã Teresa?" A resposta foi muito significativa: "Pela majestade de seu porte, porque nenhuma das outras religiosas possuía tal majestade". Se assim foi Santa Teresin ha, o que se-

Imaginemos a Mãe de Deus majestosíssima, transcendente, puríssima, rezando ao Menino-Deus. Os Anjos, invisivelmente, entoando em volta canções de glorificação, e toda atmosfera reinante saturada de valores tais, que, d ir-se-ia, haver naquela pobreza uma atmosfera de corte. Imag inemos que nos aproximamos da mangedoura, sentindo a grandeza do Divino Infa nte. E, como contra-revolu cionários , adorando tudo quanto é nobre , tudo quanto é belo, tudo quanto é santo, int ransigente e combat ivo. Adora nd o aquele Men in o que atrai para junto de si, ao mesmo tempo , todas as formas de grandeza que dEle dimanam, e que não constitu em senão reflexos dEle; todas as formas de pureza, todas as formas de santidade, que são apenas uma participação da santidade dEle . Assim, rec haçando para longe de nós o pecado, o erro, a desordem, o caos, a Revolução, nem sequer ousamos elevar . os olh os para aque la cena magnífica do Presépio, em que a ordem, a hi erarquia, esplendor dominam com-

Imaginemos agora outro aspecto: Sua infinita acessibilidade. É legítimo im agin á- la, pois - como explicarei ad iante - este e muitos outros aspectos deveriam coexistir no Presépio. Imaginemos o Menino Jesus imensamente acessível. Este Rei , tão cheio de majestade, em certo momento abre para nós os olhos. Notamos que Seu olhar puríssimo, inteligentíss imo, lucidíssimo penetra nossos olhos. Vê o mais profundo dos nossos defeitos, como também o melhor de nossas qualidades. E nesse momento toca nossa alma, como comoveu São Pedro durante Sua Paixão Narram os Evangelhos que o olhar dirigido por Nosso Senhor a São Pedro foi tal, que este último saiu e chorou amargamente. E durante toda sua vida o Príncipe dosApós. tolos jamais esqueceu o tocante olhar, que continuamente lhe provocava o pranto. Esse olhar ocas iona em nós uma tristeza profunda por nossos defeitos. Ele nos inspira horror por nossos pecados. Mas também , penetrando em nós tal olhar, manifesta o Redentor recém-nascido Seu amor não só em relação a nossas

qualidades, mas também pela cond ição de criaturas feitas por Ele. Um amor dedicado a nós, apesar de nossos defeitos, por termos sido cri ados por Ele e destinados a um grau de santidade e de perfeição enquanto podendo ex istir em nós, e que Ele conhece e ama. E, quando o pecador menos espera, por um rogo amáve l de Nossa Senhora, Ele sorri. E com este sorri so, apesar de toda Sua majestade, sentimos as distâncias desaparecerem, o perdão invad ir nossa alma e uma qualquer co isa nos atrair. E, assim atraídos, cam inhamos até ficarmos junto a Ele. O Div ino Infante afetuosamente nos abraça e pronuncia nosso nome. - "Fulano, eu te quis tanto e te quero tanto! Desej o para ti tantas co isas e perdoo-te tantas outras. Não penses mais nos teus pecados! Pensa apenas, daqui por diante, em servir-Me. E, em todas as ocasiões de tua vida, quando tiveres alguma dúvida, lembra-te desta condescendência, desta amabilidade, deste beneplácito que agora te.faço, e recorre a Mim por meio de Minha Mãe, que te atenderei. Serei teu amparo, tua força, e estes hão de te levar ao Céu para ali reinar ao Meu lado, por toda a Eternidade".

Adoração dos Reis Magos -Anônimo (século XVII)


Com a palavra... o Diretor ln~m1

a compaixão

Imag inem agora a misericórd ia do Menino Jesus, não só enquanto vi sando nosso bem e o que há em nós de bom e de mau, mas considerando a condição miserável de todo homem na Terra. Ele analisa nossa tri steza e os sofrimentos que cada um de nós traz em si: sofrimento passado, padecimento presente e sofrimento futuro, que Ele já conhece porque é Deus. E vê também o ri sco que nossa alma corre de ir para o inferno, pois o homem, enquanto vi andante na Terra, está exposto a ser precipitado nos eternos tormentos infe rn ais. Im ag in emos aind a o Menin o Jes us olhando o Purgatório e os tormentos que ali nos aguardam, se não fo rmos inteiramente fi éis. Surge nEle, então, um ol.har de pena, de pa1t icipação profunda em nossa dor. Um desejo de remover esta dor em toda medida do possível, tendo em vista nossa santifi cação; um desejo de nos conceder forças para supottar esta mesma dor, na medida em que ela fo r necessária para nossa santificação. Notamos nEle aquilo que tanto consola o homem: a compaixão perfeita. É próprio à natureza humana - e é uma coisa reta - representar consolo para o homem, na hora do sofrim ento, o fa to de haver alguém que tenha pena dele. A compaixão divide e, portanto, minora o sofri mento. O homem é constitu ído de tal maneira que, nos momentos em que está alegre e comunica sua alegri a, dobra tal alegri a. E quando está tri ste, comunicando sua tri steza, a divide. Assim também, a f ortiori , somos nós em relação ao Menino Jesus, quando encontra rmos nEle a compaixão perfeita. Em todos os sofrimentos de nossa vida, qu ando a taça a beber fo r muito amarga, devemos repeti r, por meio de Nossa Senhora, a oração dEle: "Meu Pai, se f or possível, afaste-se de mim este cálice, masfaça·e a Vossa vontade e não a Minha". Ass im , a qualquer momento podemos

pedir que a dor cesse. Mas se for vontade dEle que ela ca ia sobre nós, temos certeza de que durante nosso padecimento encontraremos Sua dor compassiva. E Ele nos dirá: "Meu filho, Eu sofro contigo! Sofra mos juntos, porque Eu sofri por ti. Há de chegar o momento em que tu participarás eternamente de Minha alegria" . E podemos ter a certeza de que o olhar compass ivo de Jes us não nos abandonará um momento sequer de nossa ex istência. Portanto, ao longo das vicissitudes da vida quotidiana, devemos reter esta tríplice lembrança - a da majestade infin ita, a da acessibilidade infin ita e a da compaixão sem lim ites - do Menino-Deus em relação a nós. E esta deve ser uma lembrança sensíve l, poi s procuramos compor em nossa imag inação o quadro preciso, em meio ao qual nossa alma se comoveu.

CO€XIStÊnc1a Ô€ tRÊS

aspEctos na alma ôo Q€ôEntoR R€cém -nasc1ôo A natureza humana de Nosso Senhor comporta perfeições, estados de alma, todos eles perfeitos, ex istindo em graus diversos, ao mesmo tempo, confo rme as circunstâncias de Sua vida. Ele foi cheio de majestade, pl eno de acessibi lid ade, de exorabi lidade e de compaixão para com os ho mens desde o momento em qu e Se encarnou. E é natural que, apesar de Menino, confo rme as almas que dEle se acercassem, ora aparecesse um aspecto, ora outro de Sua natureza humana. Seria muito belo se numa igreja, em vez de um só, fossem armados três presépios em três altares diferentes, nos quais as fi guras e toda a ambi entação representassem esses três as pectos, facili tando assim a cada alma a meditação que mais lhe tocasse.

Ami go leitor E m nome da Direção, Redação e Admini stração de Catolicismo, rogo ao Di vin o In fante e à Sua Santíssima Mãe que concedam aos nossos ami gos e leitores, be m como às suas ex mas. fa míli as, graças especiais para a celebração da magna data da Cri standade. Que a Prov idência Di vina proteja todos du rante o p róx imo ano, mantendo-os cada vez mais consolidados na autênti ca Fé cató li ca e co nfi antes na proteção matern al de Mari a Santíssima e m me io às tribul ações de nossa época. E ncerra-se o 47º ano de bata lhas que Catolicismo ve m travando - em defesa da civili zação cri stã na Te rra de Santa Cru z. Este fo i um dos anos ma is importantes de nossa ex istência. A mpli ou-se o número de ass inantes e le itores e, temos certeza, que será ainda maior se continu armos a contar com o apoio de nossos le itores ao longo de 1998 . A fi sionomi a de Catolicismo tam bé m se rej uve nesceu, co m nova ap resentação gráfica, mai s cores e páginas. Jamais nos chega ra m ta ntas cartas de incentivo como neste úl timo ano. Àq ue les que nos estimul aram co m suas preces, suas palavras e sugestões, o nosso mui tíssimo obrigado. Para agradecer esse apo io, estamos enviando a todos, como presente de Nata l, estas pág in as centra is, com a fie l reprod ução do detalhe de um fa moso e be líssimo afresco de Fra Ange li co (séc. XV ), que se e ncontra no Museu de São M arcos, em F lore nça. A grav ura, a quatro cores, que também fi gura na capa desta edição , já ve m destacada no ce ntro da revi sta, para faci li tar sua utili zação. Assim, poderia e la, ta lvez sendo emoldurada, ocupar um loca l que o le itor j ul gasse ma is adequado em sua casa. Que Jesus e Mari a habite m seu lar para sempre, são os nossos votos neste Santo Nata l. E m uni ão de espíri to e de orações

* * *

Eis aí uma meditação sobre o Natal fundamentada em recomposição bem sensível da cena, do que resulta sermos mais fac ilmente tocados por ela. ♦

Paul o Corrêa de Bri to F ilho

Preços da assinatura anual para o mês de DEZEMBRO de 1997:

DIR ETOR

C ATOL I C I S MO

Dezembro d e 19 97

21


Notícia que a imprensa livre... censurou A derrota dos abortistas em Goiânia INEXPLICÁVEL SILÊNCIO paira sobre certas notícias importantes que a mídia, misteriosamente, não publica. Por outro lado, ela salienta fatos que, de nenhum modo, merecem a primeira página do jornal: um jacaré que aparece no poluído rio Tietê, um macaco que nasce em cativeiro, um grupo de baleias que encalha em alguma praia brasileira ... Por que dar tanto realce a notícias tão banais, quando outras muito mais importantes são relegadas a um segundo plano, ou até mesmo silenciadas? Em Direito, quando se examina um crime, uma indagação que se costuma fazer é: "a quem aproveita?" A mesma interrogação não caberia arespeito do misterioso silêncio que jornais e emissoras de televisão fizeram - tanto quanto nos consta - a propósito da fragorosa derrota que os abortistas sofreram na Câmara Municipal de Goiânia?

* * * Recentemente, por ocasião da votação de um projeto de lei semelhante na Câmara dos Deputados, católicos de todo o País reagiram telefonando, passando fax e pressionando os deputados para eles não aprovarem tão iníqua lei. Os abortistas, surpresos, adiaram a votação do projeto a fim de evitar a derrota. Em Goiânia, fato semelhante ocorreu. Um vereador apresentou um projeto de lei revogando

uma legislação municipal aprovada em 1995, que estabelecia o atendimento obrigatório em hospitais públicos para mulheres que quisessem abortar nos casos de estupro ou de grave risco para a vida da mãe. Uma surpreendente reação da opinião católica favorável a esse projeto levou os vereadores, no dia 29 de outubro, a tomarem uma decisão inédita: revogar uma medida "progressista", diante da inesperada manifestação do eleitorado. Até mesmo alguns vereadores, que anteriormente haviam aprovado a lei abortista, agora votaram contra a matança de inocentes patrocinada pelo poder público. O projeto foi aprovado por esmagadora maioria, com apenas um voto contrário. E a vereadora Olívia Vieira, autora da lei ora revogada, preferiu ausentar-se para participar de um congresso feminista em Salvador. Essa magnífica vitória dos anti-abortistas merecia um espaço na mídia escrita, falada e televisiva, tendo pairado, contudo, misterioso silêncio sobre o assunto. Passaram-se os dias e se algo foi publicado na grande imprensa nacional, a notícia teve proporções insignificantes em face da importância do fato. Ficaram os brasi·1eiros, assim, mal informados a respeito de tão significativo e importante acontecimento. Será que a própria imprensa livre e inimiga da censura ... "censura" seu noticiário? Patrulhamento ideológico? A quem aproveita? ♦

CATO L I

e

I SMO

Dezembro de 1997

25


'JJ Jji.J

1© _j_\j J

-J

Lr ó

r

J

1600 anos brilhando no firmamento da Igreja Padroeiro de Milão, propugnador da virgindade, combateu vigorosamente a heresia ariana e não vacilou em increpar até Imperadores Roberto Donizete Berto na Enviado especial

Itália

Milão - Está bem longe de ser freqüente que um governador ainda não batizado seja eleito Bispo, inesperadamente! Foi entretanto o que se deu com Santo Ambrósio, o famoso Bispo de Milão (norte da Itália), cuja festa a Igreja comemora no dia 7 de dezembro. Nesse mesmo dia, em 374, recebeu ele a sagração episcopal. A alvissareira notícia de s ua sagração começou a circular rapidamente. São Basílio enviou ao novo Prelado , por sua nomeação, fraternas feli citações: "Não conheço o teu rosto, mas a beleza de tua alma está diante dos meus olhos. Do meio de uma cidade real, Deus escolheu um homem eminente por sabedoria, nascimento, formosura de vida e pela eloqüência de sua palavra; escolheu-o e colocouº à frente do povo cristão".

* * *

De nobre e distinta família romana, Ambrósio nasceu em Augusta Trevirorum, na Gália (hojeTrier, na Alemanha), em 334 ou 339, onde seu pai era prefeito. Sua mãe enviuvou muito cedo, retornando a Roma com três filhos: Marcelina, que se consagraria como virgem, Sátiro, que morreu em 378, e o caçula Ambrósio, que seguiu a carreira diplomática, tradicional na família. Após haver concluído seus estudos em Roma , recebeu do prefeito Probo a missão de ir a Milão como governador da Ligúria e Emília. Sendo ele governador nessa c idade, morreu o Bispo ariano Ausêncio, entrando a população da cidade e m

26

CATOLICISMO

O mais antigo "retrato" de Santo Ambrósio (séc. V) é o mosaico que se encontra na capela de São Vítor no Céu de Ouro,

localizada no transepto direito da Basílica Ambrosiana, em Milão

Dezembro de- 1997

di scó rdia quanto à escolha de seu su cessor. Nesses primórdios do cristianismo, os Bispos não era m nomeados pe lo Papa, como ocorre atualmente . O costume da época consistia em reunir os Bispos da reg ião, para que eles - conhecendo pessoalmente os sacerdotes das pouco povoadas cidades - elegessem o novo Bispo, que deveria ser o me lho r dentre os sacerdotes. Ambrósio, como era seu dever de ofício na qualidade de governador, foi então à igreja para evitar eventuais tumultos durante a escolha do sucesso r de Ausêncio. Como esta se afigurava difíci l, foi necessário que o governador di ssesse a lgumas palavras enquanto funcionário público de maior relevo ali presente. Discorreu e le sobre a paz e o bem do Estado co m tanta capacidade de persuasão que, antes de concluir seu discurso , ouv iu-se a voz de um meni no, que co meço u a gritar: "Ambrósio Bispo", sendo acompanhado pelos demais c irc un stantes. E isso, apesar de e le - seg undo costume da época não hav er sido ainda batizado. Ambrósio , porém , recusou -se e res istiu à proposta. O desejo da população, então, foi apresentado ao Imperador VaJentiniano, o qual ficou muito contente com o fato de o B ispo escolhido ser um de seus mag istrados. Igualmente alegrou-se o prefe ito Probo, pois havia dito, no momento da partida de Ambrósio: "Vai e obra

não como juiz, mas como Bispo".

Correspondendo a vontade do Imperador ao desejo do povo, Ambrósio foi batizado e instruído nos ritos sacros. Após oito dias, a 7 de dezembro de 374, recebeu a sagração episcopal.

Valoroso Bispo em meio à profunda crise Na época em que Santo Ambrósio foi eleito, não era fácil cumprir devidamente as obrigações e piscopais. No Império Romano os pagãos eram ainda numerosos e exerciam muita influência nos costumes da sociedade, apesar de ser esta oficialmente católica. Dura luta travava-se entre a corrupção pagã e a moralidade cristã. Dependendo de quem vencesse essa disputa naquela época, o mundo consolidar-se-ia no Cristianismo, ou descambaria novamente no paganismo, agravado então pela apostasia. Os cristãos , apesar de constituírem maioria, estavam divididos em duas facções irreconciliáveis. De um lado , os hereges arianos, majoritários, procuravam obter novos adeptos para seus erros. De outro, os autênticos católicos, defensores da verdadeira fé, que deviam travar simultaneamente um combate interno e externo. O Santo Bispo, até então dedi cado à carreira diplomática, começou a estudar as doutrinas que eram objeto de polêmica. Pois, conforme a posição que assumi sse perante tais doutrinas , poderia influenciar ponderavelmente a posição de muitos fiéis. Ambrósio, esclarecido devidamente por tais estudos, desempenhou-se brilhantemente da tarefa de pastor, combatendo a heresia com firmeza e inteligência.

Perseguido por pregar a virgindade Uma das primeiras atividades do novo Prelado foi o combate à corrupção moral difundida pelo paganismo.

BASILICA de S.AMBROSIO A atual Basílica de Santo Ambrósio, em Milão, cuja fachada a foto focaliza, foi edificada no mesmo local da primitiva e original Basílica, a partir de fins do século IX até meados do século XII

Ambrósio deu-se conta de que não adiantava apenas difundir a doutrina que proíbe cometer estes ou aqueles pecados. Era preciso propor um modelo de retidão moral à soc iedade, apto a lhe despertar o entusiasmo. E o modelo de virtude escolhido por e le foi a virgindade. Num mundo de costumes ainda paganizados, que bem poderia ter como lema a máxima moderna - "a vida é para divertir-se"-, fazer propaganda da virgindade era combater de frente o escândalo, como, aliás~ o é também em nossos dias . Santo Ambrósio, poré m, conhecia o extraordinário poder moralizante da virg indade . Sua irmã mai s velha, MarceJina, tinha sido uma das prime iras virgens cristãs de Roma, oficialmente consagradas como tal ao Senhor, continu -

ando a viver em sua casa, embora mais recolhida. O novo Prelado via como a alma de sua irmã aperfeiçoava-se e ia adquirindo virtudes como a bondade, a dedicação, o pudor. Virtudes, aliás, especialmente opostas aos costumes romanos do tempo, em que até as mulheres costumavam assistir sangrentos espetáculos de circo. Em vista disso, logo começou Ambrósio uma série de pregações a favor da virgindade que foram transcri tas, e tornaram-se, posteriormente, famosos tratados sobre o tema, até hoje muito apreciados . Naturalmente, os adversários do Santo perceberam a meta visada por tal campanha: a formanção de uma mentalidade contrária à deles, pois quem ama a virgindade, odeia a libertinagem. Por isso, moveram-lhe feroz combate. Santo Ambrósio foi então atacado, sob o pretexto de que suas pregações eram contrárias ao bem público, pois, havendo muitas virgens, poucos seriam os filhos; e assim ele iria despovoar o Império, facilitando desse modo o ataque dos bárbaros, que já haviam iniciado suas investidas. Curiosamente, os pagãos encontraram um aliado inesperado: as mães das virgens, que vendo suas filhas abandonar o mundo tão estimado por elas, começaram também a vituperar o santo. Acusavam-no de semear a discórdia nas famílias e chegaram não só a proibir que suas filhas assistissem seus sermões, mas até a prendê-las, para evitar que o ardoroso pregador as influenciasse. Ele mesmo dava-se conta disso e dizia: "Sou acusado de pregar a casti-

dade; se é crime, honro -me dele, e confessá-la em alta voz não é prejudicar minha causa, mas servi-la. Vós me chamais de mestre da virgindade, vós me lançais em rosto os prosélitos que para ela reúno. Oxalá houvesse muitas acusações como esta contra mim!" ►

CATOL I CISMO

Dezembrode 1997

27


Acima: Santo Ambrósio - Medalhão em gesso, século XII, Museu Santo Ambrósio, Milão (Itália)

À esquerda: Santo Ambrósio recebe em sua catedral o Imperador Teodósio I arrependido pintura de Federico Barocci, Catedral de Milão

Enfrentou destemidamente todas essas lutas e terminou fazendo da virg ind ade um modelo de rad icalid ade católica. Aliás, numa civilização corno a nossa - tão preocupada com défic its e carências - urna das maiores carências é a falta de almas virgens, movidas por um grande amor de Deus.

Tragédia: viver num Império decadente A par da luta a favor da virgindade e contra os hereges, Sat;ito Ambrós io teve que se ocupar com problemas políticos. O auge do Império romano já hav ia passado. O povo de Roma estava fa rto de glória, preferind o apenas gozar a vida. Ora, tal desejo torna o homem imprevid e nte : e le prefere acred itar numa mentira cômoda do que encarar a dura rea lidade. Na ocasião, o Império Romano estava dividido em duas partes, o do Ocidente e o do Oriente, devido à sua extensão e à complexidade dos problemas que apresentava . Graciano era o soberano do I mp ério do Oc id ente e Valentiniano do Oriente. Como os Imperadores, tanto os do 28

CATO LI

e

I SMO

Oriente qu anto principalmente os do Ocidente, também se entregavam mais ao prazer que ao dever, não previram o perigo que se aproxim ava, quando grupos de bárbaros pediram licença para cruzar o rio Danúbio (a principal fronteira europé ia do Império do Ocidente na época). Eles desejavam instalar-se no território imperial, alega ndo que estavam sendo acossados ao Leste por outros bárbaros mais ferozes. O lmperadorYaletiniano limitou-se a dizer- lh es que podiam c ru zar o Danúbio, desde que entregasern as armas. Os bárbaros passaram o rio e entregaram as armas, mas logo as compraram novamente de corruptos funcionários do Império. Estes mesmos fun cionários começaram a pressionar os bárbaros para conseguir deles mais di · nh eiro, ocas ionando esta atitude tremenda rebe lião, que determinou a derrota das tropas imperiais e a morte do Imperador Valentiniano. Era o começo da derrocada do I mpério Romano.

Luta incansável contra hereges e pagãos Santo Ambrósio, percebendo a gravidade da situação, estreitou suas rela-

Dezembro de 1997

ções com o jovem Imperador do Oci dente, Graciano, com vi stas a dar-lhe sábios conselhos. Mas a madrasta do imperador, Justina, favorecedora dos hereges, opôs-se quanto pôde ao salutar influxo do Bispo de Milão. Nessa luta de influências, mediante a qual se decidia se o Império favoreceria os católicos ou os hereges, Santo Ambrósio acabou prevalecendo, em boa parte graças às suas exposições sobre a verdadeira fé católica enviadas ao Imperador, e que constituiriam depois o famoso Tratado sobre a Fé. Finalmente, em abril de 380, o Imperador dec retou o confisco de todos os loca is de culto dos hereges arianos, um go lpe muito sério para a heresia. Assim, graças a Santo Ambrósio, a fé católica começava a vencer a terrível luta. Quando tudo parecia estar em ordem, Graciano foi assassinado, tornando-se Imperador Valentiniano 11, filho de Justina. Os pagãos, furioso s em virtude das medidas salutares tomadas contra eles por Gra c iano , apoiado por Santo Ambrósio, julgaram ter chegado a hora da vingança. Revelou-se então o Bispo de Milão fino diplomata, apoiando o novo Imperador contra vários generais rebelados devido a problemas po1íticos. Co m isso, conseguiu qu e Valentiniano II não desse ouvidos às petições dos pagãos, evitando assim que se estabelecesse uma aliança entre estes e os militares. Entretanto, a mãe do Imperador, Justina, continu ava trabalhando a favor dos aria nos. Q ui s ela forçar Santo Ambrósio a ceder uma igreja aos hereges, respondendo ele que não o faria e que estava disposto a morrer mártir, se necessário fosse. Diante desta firmeza os hereges preferiram ceder. A situação tornou-se tensa. Ocorreu então mai s uma reviravolta militar, característica de impérios decadentes. Em decorrência da revolta, Valentiniano II foi obrigado a fugir. O novo Imperador, Teodósio, assumiu uma posição mais favorável aos católicos, o que não impediu, contudo, que Santo Ambrósio vári as vezes denunciasse seus desmandos e se opusesse a eles.

Santo Ambrósio no trono episcopal; à esquerda, seu irmão Sátiro e o mártir São Gervásio; à direita, sua irmã Marcelina e o mártir São Protásio - pintura de Bergognone, 1490, Certosa di Pavia (Itália)

A conversão de Santo Agostinho Muito s católicos tê m uma concepção errada do que seja um santo . Acostumados a ver imagens langorosas e adocicadas , acabam julgando que a santi dade é fielmente representada por aq ue las figuras disto rcidas. Na realidade, santo é o homem que lutou hero icamente co ntra as más tendênci as que o pecado original deixo u em sua natureza, e até contra deficiências físicas. Assim, Santo Ambrósio tinha má saúde, sua voz era dé bi 1, sua estatura, baixa. Mas com a aj uda da graça divina lutou co ntra seus defei tos físicos, e a tal ponto transcendeu a fraqu eza de sua saúde, qu e conseg uiu realizar a inge nte obra que lego u à posteridade. Possuía um dom especial para guiar as almas. Santo Agostinho, antes da conversão, procurava-o muitas vezes, a fim de debater com ele complicadíssimos problemas teológicos. Santo Ambrósio tinha bem presente ser necessário muito tato para conduzir as almas à santidade. E que isso só era possível obter através da graça divina, secundada pelo esforço do homem. Assim, em numerosas ocas iões, deixou Agostinho à sua espera, enquanto lia algum tratado. Estava convencido de que o problema daquele futu ro Doutor da Igreja consistia e m renunciar aos prazeres do mundo. E isto, só a graça de Deus co nseguiri a fazê-lo. Se começasse a discutir com ele só agravaria o problema, sem convencê-lo. A figura de SantoAmbrósio, porém , de tal maneira marcou Santo Agostinho, que este o menciona mais de 90

vezes em sua famosíssima autobiografia, as Confissões.

Energia, milagres e morte Dotado de um a índole pura, a energia era marcante em se u caráter. Assim , opôs-se valentemente à Imperatriz Justina que desejava restaurar a estátua de uma deusa. E proibiu o Imperador Teodós io - manchado com sa ng ue inocente - de entrar na lgreja enquanto não fizesse penitência. Q ui s De us reco mpensar Sa nto Ambrós io também com o dom dos mi lagres . No verão de 382, uma mulher paralítica conseguiu tocar em seus paramentos enq uanto o Santo celeb rava urna missa, tendo sido curada instantanea mente. E no ano de 394 ressuscitou um jovem, morto na c idade de Florença, onde se refugiara devido à persegu ição de seus inimi gos. Sempre doente, cumpriu seu dever até o fim. No início de 397, tendo viajado a Pavia para assistir a ele ição do Bispo local, voltou alquebrado, sendo obrigado a recolher-se ao Jeito. Antes de cair enfe rmo, contudo, hav ia predito o dia de sua própria morte . Pouco tempo antes de morrer, teve a visão de Nosso Senhor, que, sorridente, convidou-o a vir até Ele.

Temia-se que, após o falecimento de tão grande Santo, a Itália caísse em ruínas. Assim, se us ami gos mai s prediletos pediram- lh e que rogasse a Deus pelo prolonga mento de sua vida. Eis a resposta do Santo, que tanta admiração causava e m Santo Agostinho: "Não vivi de tal modo que tenha vergonha de continuar vivendo; mas não tenho medo de morrer, porque temos um Senhor que é bom". Ono rato, Bispo de Yercelli , chamado três vezes por uma voz divina, acorreu leva ndo- lhe o Corpo Santíssimo do Senh or. Depois de haver comun gado , di spôs Santo Amb rós io seus braços em fo rm a de cruz e entregou sua alm a a Deus. Era o dia 4 de abril de 397. Subia aos Céus, repleto de méritos, este Prelado - modelo para os Bispos de todos os te mpos - que iria figurar também no firmamento católico como potente es trela, pois foi proclamado Doutor da Igreja. ♦

Fontes de referência: - Vila di S. Ambrogio, A nge lo Paredi, 4" ed ., Mil ão, 199 1. - Rev ista 1/ Segno, Mil ão, supl emento ao nº 4, abri l 1997. - Santos de Cada Dia, José Leite SJ, vol. Ili , Ed itoria l A.O., Braga, 1994.

C ATO L I C I S M O

Dezembro de 1997

29


Cuba comunista em 1997: dramáticos aspectos da ilha-prisão do Caribe Cuba comunista, 19?7: " "Vergüenza de nuestr~ tie:po y de nuestro continen ·oramáticos aspectos_ de la

isla-cárcel dei caobe, 1 en v/speras de la visita papa

Na comemoração do 1Oº ani- está situada em Miami (EUA) -, o versário de atividades publicitári- Sr. Sergio de Paz. as em prol da liberdade de Cuba, a entidade Cubanos Desterrados Catolicismo - Quais são as prinlançou novo livro-denúncia: Cuba cipais teses do livro que sua enticomunista, 1997: "Vergonha de dade acaba de lançar? nosso tempo" e de nosso conti- Sr. Sergio de Paz - Em primeiro nente. Ao longo de treze capítu- lugar, descreve-se uma visão de co nlos - e citando duzentos docu- junto da situação de injustiça, mi sémentos e livros - narram-se os ria e sangue, criada por esse regime mais dramáticos aspectos da ilha- ·· " intrins ecamente p erverso", para usar a consagrada expressão com que prisão do Caribe. Face à atualidade e transcen- S. S. Pio XI condenou os regimes codência do tema, Catolicismo en- munistas. A seguir mo stra a obra, trevistou um dos diretores de com abundantes documentos, como Cubanos Desterrados- cuja sede a condição de extrema miséria em

"Continua em nossa pátria uma dolorosa violação dos direitos de Deus e dos homens. O regime comunista prossegue aplicando mecanismos de perseguição religiosa, de caráter policial, psicológico e legal, com métodos 'refinadamente diabólicos', segundo expressão do Bispo cubano exilado Mons. Boza Masvidal." que j az o povo cubano deve-se à ineficác ia inerente ao próprio sistema comuni sta, e não ao embargo econômico norte-americano. Este último é um mero pretexto do regime para justificar seu fracasso. Também analisa-se a implacável perseguição religi osa contra os católicos, com sua cruel estratégia de criar apóstatas e não mártires . Por fi m, denuncia-se a enigmática pertinácia de movimentos esquerdistas, do mundo inteiro, em preservar a todo custo o mito da revolução comu ni sta cubana.

Catolicismo - Quando e como começaram as atividades públicas da entidade que o Sr. dirige? Sr. de Paz - Foi em 1987, por ocasião da visita de S.S. João Paulo II a

Miami . Entregamos ao Pontífice uma filial súplica em prol da liberdade de Cuba, com as assi naturas de 75.852 exilados cubanos, entre os quais, dois Bispos e trinta e seis sacerdotes.

Catolicismo -

Qual era o conteúdo desse pedido?

Sr. de Paz - Em resumo, manifestávamos que apesar das versões segundo as quai s o regime comunista teria cessado a perseguição religiosa versões enganosas que o governo castrista estava e permanece interessado em difundir - a Religião Católica co ntinuava muito oprimida em

Cuba: ilha-prisão A outrora Pérola das Antilhas - hoje, sinistra ilha-prisão do Caribe - está situada na entrada do Golfo do México, a 144 kms apenas dos Estados Unidos, e conta com uma população de 11

U.S. Naval

Base

milhões de habitantes, numa área de 110.860 km2 . O comunismo transformou Cuba em um "baluarte da miséria e da violência", de acordo com a expressão de 120 parlamentares e intelectuais italianos, em carta dirigida a S.S. João Paulo li. Segundo mostra documentadamente o livro Cuba comunista, 1997: "Vergonha de nosso tempo" e de nosso continente, 400.000 homens, mulheres e crianças passaram pelos campos de concentração, e 54.000 cubanos foram mortos por motivos políticos, incluindo 12.486 fuzilados no tristemente célebre paredón. Mons. Eduardo Boza Masvidal, Bispo cubano exilado em Miami, denunciou que Cuba conta com os mais altos índices de suicídio e de aborto do Hemisfério. A prostituição, inclusive infantil , transformou a ilhaprisão em um degradante "paraíso sexual".

L I C I SMO

Dezembro de 1997

31


"Jºf.U •),. ,. JJ~..0 <..l

nossa pátria. Acrescentávamos que o '\ ~ Santo Padre se preocupava em ter palavras de especial solicitude pelos oprimidos. Por isso, confiávamos em que uma palavra do Pontífice contribuiria substancialmente para tornar inexplicável e fazer cair, como que por si mesma, a tirania e a opressão. Dez anos depois , esta filial súplica mantém toda sua atualidade.

dulentas para com os católicos, confessadas pelo próprio Fidel Castro.

Catolicismo -

O Sr. pode dar um

exemplo?

Sr. de Paz -

Em nosso livro, tais exemplos abundam. Em Roma, Castro afirmou cinicamente que "em

Cuba não falta liberdade religiosa", e que a Revolução comunista "nunca

teve um sentimento anti-religioso".

Catolicismo -

Em que sentido essa súplica permanece atual? Sr. de Paz - Como mostramos ao longo de vários capítulos de nosso recente livro, continua em nossa pátria uma dolorosa violação dos direitos de Deus e dos homens. O regime comunista prossegue aplicando mecanismos de perseguição religiosa, de caráter policial, psicológico e legal, com métodos "refinadamente diabólicos", segundo expressão do Bispo cubano exilado Mons. Boza Masvidal. Também denunciamos as intenções frau-

Porém, segundo recente denúncia do Pe. Bernardo Cervellera, diretor da agência de notícias vaticana Fides, o regime "proíbe inclusive procissões

em honra da Santíssima Virgem, .... fa zendo uso da força, batendo cruelmente nos fiéis para dispersá-los". O

Acordo com o regime comunista: para a Igreja, esperança ou autodemolição?

nome de uma ditadura, só produziu . fracassos econômicos e humanos".

guma tese de dita obra, mencionada no livro de Cubanos Desterrados? Sr. de Paz - Por exemplo, aquela em que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira declara que a "liberdade" que o comunismo concede à Religião "é

A organização Cubanos Des-

do as atrocidades do regime coterrados destacou -se por seus munista de Cuba. Essa entidade trabalhos de investigação da retrabalha nos moldes dos think alidade cubana, em nível acadêtanks norte-americanos , com mico e por sua ação publicitária uma equipe de voluntários, anticastrista, orientadora dos constituída por eficazes pesquiquase dois milhões de cubanos sadores e redatores. exilados e seus descen• . Em suas iniciativas púdentes. Também Cu ..-:---"::"'"°"blicas, a entidade banos Desterrado ~ procura aglutinar as se fez presente em forças das numegrandes capitais ~~ rosas organizadas Américas e da ~~ ções de exilados Europa, através da _ "') · cubanos em torno publicação de ma'°"'"==---~.. · de temas que suscinifestos e artigos n tam um consenso imprensa, denuncian anticastrista.

o

e ATOL

I CISMO

A que conclusões chegam os Cubanos Desterrados neste campo? Sr. de Paz - Diante de tudo isso, nosso livro conclui manifestando uma convicção a respeito da qual os católicos e os homens de boa vontade não podem alimentar dúvida: a impossibilidade teórica e prática de uma coexistência verdadeiramente pacífica entre a Igreja e o regime comunista. Essa impossibilidade foi demonstrada cabalmente pelo eminente pensador brasileiro, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em um histórico livro de repercussão mundial - que recebeu carta de elogio de uma Congregação vaticana - com o expressivo título: ·

Pe. Cerverella constatou também em La Habana que a polícia comunista está incrementando "a infiltração de espiões nos grupos católicos". E conclui, com acerto, que o regime, "em

Cubanos Desterrados

32

Catolicismo -

Dezembro de 1997

Catolicismo - O Sr. pode citar al-

intrínseca e necessariamente fraudulenta". Ele demonstra, à luz da doutrina tradicional da Igreja, "a impossibilidade da coexistênc ia pacífica entre um regime comunista - inclusive moderado-e a Igreja Católica" .

Catolicismo -

Que resultados esperam obter com essa iniciativa? Sr. de Paz - Nosso objetivo é sacudir as consciências, em âmbito internacional, ante a longa e dolorosa via crucis do escravizado povo cubano. De cada cubano exilado e de cada irmão ibero-americano depende que esse livro-denúncia se transforme em um livro-esperança, qúe desperte nas Américas e no mundo uma incontenível onda de repúdio à ditadura comunista de Cuba. ♦

o

"Dr. Plinio se manteve inabalável em sua fé"

~ Impressionante o conteúdo da revista de outubro p.p. (nº 562)! Sem dúvida alguma, Dr. Plínio não apenas é o cruzado do século XX, mas - tenho certeza - com o decorrer do tempo a Igreja deverá proclamá-lo um dos novos santos modernos, assim como outros. E isso, para nós brasileiros, será uma bênção de Nossa Senhora. Através da leitura de Catolicismo vim a compreender o meu descontentamento com alguns atuais Padres da Igreja Católica. Padres da esquerda católica que querem transformar a liturgia da Missa num autêntico folclore, misci genando religião com crendices populares. Compreendo agora o meu afastamento da Religião, afastamento este que acabou levando a minha filha a desacreditar na Religião Católica diante de tantos absurdos que se vêem, não só aqui em Mogi -Mirim, mas em todo o mundo . Isto não serve como desculpa. Se eu tivesse uma fé maior, eu não teria me desligado. Agora tento a reaproximação, mas vejo que em toda a cidade apenas uma paróquia não se afastou das tradições católicas. Se não acredito nos Padres das outras, devo ao menos seguir esta que me parece não se deixou levar pelo esquerdismo . Entendo também porque tanto combate à TFP e tanto euforismo com movimento que não condizem com a tradição católica. Como ex-seminarista via tudo isso e ficava entristecido por ver tal crise. Mas, através de Catolicismo, pude compreender melhor a Revolução mencionada pelo Dr. Plínio. O mais admirável de tudo é ver

como ele se manteve inabalável em sua fé, não apenas não se afastando da Religião, mas combatendo os que tentaram implantar tantas reformas grotescas. A revista está de parabéns. Agradeço a Nossa Senhora por ter aberto os meus olhos. Só espero agora que Ela me dê as forças necessárias para retomar o que aprendi de bom um dia e voltar a seguir novamente a Religião Cató lica. (D.B. - Mogi-Mirim-SP)

Nota da redação: Resolvemos transcrever vários tópicos dessa pungente e bela carta, pois retrata o drama pelo qual passaram não poucos católicos diante da trágica crise contemporânea que não poupou nem mesmo membros da Santa Igreja, Católica, Apostólica, Romana. Crise esta que Paulo VI se referiu como sendo um estranho "processo de autodemolição", e que a Igreja se via infiltrada pela "fuma-

ça de Satanás". É para nós uma alegria, de outro lado, registrar que o exemplo de Dr. Plínio, descrito de modo especial na edição de outubro passado, comemorativa de seu segundo aniversário de falecimento, serviu de incentivo para que o missivista retomasse o bom caminho. Sentimonos, assim, largamente recompensados em nossos esforços. E que Maria Santíssima, nos-

sa "vida, doçura e esperança", o ajude maternalmente, bem como a tantos outros que se encontram em situação semelhante.

"Uma coisa santa"

~ Reéebi a revista Catolicismo e fiquei surpresa com a qualidade do papel, da capa e do seu

conteúdo: uma coisa santa. Fiquei mais surpresa ainda ao saber de s ua existência, 45 anos, minha idade. Eu nunca tinha ouvido falar dessa revista e esta é a primeira vez que recebo de suas mãos. Quando vocês me mandaram a carta [ oferecendo a assinatura], pensei que fosse coisa nova e imediatamente fui tocada em meu espírito para que fizesse a assinatura e não estou arrependida. Minha filha de 17 anos se interessou muito e até leu trechos para mim. Se Deus quiser, assim que eu puder farei nova assinatura e enviarei nomes para vocês . Fiquem com Deus e parabéns! (M.C.P. - São Paulo-SP)

"Leio todos os artigos"

~ Leio todos os artigos que a revista apresenta. Porém, os que mais me atraem são os que falam sobre a vida de Santos, que às vezes são desconhecidos para mim. Parabenizo a equipe organizadora da revista por tão brilhante iniciativa: levar fatos importantes que poderão melhorar a nossa vida e estender às famílias maiores conhecimentos de nossa Religião. Difundir e conscientizar a humanidade de nossos dias sobre a importância de Deus na vida do cristão é missão evangelizadora de todo aquele que quer ver e fazer Cristo e Maria reinarem entre nós. (M.L.M.E.G. - João Pessoa-PB) Atendendo a sugestões de leitores, foi elaborado um índice dos temas tratados por Catolicismo no decurso de 1997. Quem desejar recebê/o gratuitamente, bastará escrever ou telefonar para o endereço que consta à p. 21.

CATOL ICI SMO

Dezembro de 1997

33


') ') ') ') ') ') Dezembro 1997

§0@(t@~ DOM

SEG

TER

QUI

SEX

SAB

1 14 11 18

1 8 15 li 19

1 4 3 9 10 11 16 17 18 13 14 IS 30 31

5 11 19 16

13 10 17

QUA

6

1

Santos Inocentes

Santo Eloi, Bispo e Confessor + França, 659. Ourives famoso, por sua honestidade foi nomeado intendente do erário real e Dagoberto II o fez mais tarde seu conselheiro. Hábil diplomata, várias vezes conseguiu evitar guerras. Sagrado Bispo de Dornick, to rnou-se apóstolo e evangelizador de Flandres e do Brabante. Seu nome e prudência foram imortalizados em canções infantis. São Francisco Xavier

São João da Cruz

de rnezembro

+ Roma, 363. Do patriciado romano, é filha

cios mártires Flav iano e Dafrosa, e uma das santas mais populares ele Roma. Como nada a fazia renegar a fé, foi açoitada até morrer sob Juliano o Apóstata.

3 São Francisco Xavier, Confessor + Sancião, 1552. Discípulo de Santo Inácio de

Loyola, é o apóstolo ela Índia e do Japão, tendo seu zelo alcançado Málaca e as Molucas. Faleceu às costas da Chin a, que pretendia evangelizar, aos 46 anos de idade. São Pio X o declarou patrono especial da obra da Propagação da Fé e das Missões católicas.

pendos milagres. No Concílio de Nicéia foi dos mais ardorosos adversários do arianismo.

7 Santo Ambrósi.o, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja + Milão, 397 (vide Vtdas de Santos da presente edição, p. 26).

8 IMACULADA CONCEIÇÃO DA SANTíSSIMA VIRGEM Festa instituída por Pio lX em seguida à promulgação desse dogma, que coroava muito antigas tradições a respeito.

9 Santa Leocádia, Virgem e Mártir + Toledo, 304. Durante as perseguições de Diocleciano, fo i presa, "interrogada, confessou; atormentaram-na, e Deus concedeu-lhe a Coroa ", conforme diz a antiga liturgia espanhola.

10 Transladação da Santa Casa de Loreto (Vide Página Mariana, p. 4 da presente edição)

11 São Ddmaso I, Papa e Confessor

São João Damasceno, Confessor e Doutor da Igreja

+ Roma, 384. Espanhol de origem, encarre-

+ Síria, 749. Natural de Damasco, distinguiu-

se pela defesa cio culto às sagradas imagens contra os iconoclastas. É o último dos Doutores da Igreja cio Oriente c grande mariólogo.

gou São Jerônimo da tradução da Sagrada Escritura, ocupou-se de anotar a história dos mártires e das catacumbas de Roma, e deu novo esplendor ao culto divino.

12

5

Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira Principal da América Latina

São Geraldo, Bispo e Confessor + Braga, 1108. De alta estirpe, monge de Cluny, · eleito arcebispo ele Braga, trabalhou com dedicação e ze lo proporcional à sua imensa arquidiocese, na formação cio clero e instrução religiosa cio povo.

6 São Nicolau, Bispo e Confessor

Em 152 1, poucos anos depois da conquista do México, Nossa Senhora apareceu a um índio, Juan Diego, deixando como penhor sua imagem impressa. no poncho do vidente . Começava assim a série de intervenções que mostrariam a especial complacência da Santíssima Virgem para com este continente majotitariamente católico.

+ Mira, 324. Bispo de Mira, na Ásia Menor, Santa Francisca Cabrini

São João Apóstolo

34

C AT OL I

e

IS MO

ele em inente caridade, foi desterrado pelo Imperador Licín io. Derrotado este por Constantino, voltou à sua diocese onde operou estu-

Dezembro de

t 99 7

14 + Ubeda, 1591. Co-reformador do Carmelo

4

Nossa Senhora de Guadalupe

virgindade e renunciando em favor dos pobres seu rico patrimônio, foi degolada à espada. São Tomás a cita duas vezes na Suma Teológica. É invocada nas doenças dos olhos.

São João da Cruz, Confessor e Doutor da Igreja

2 Santa Bibiana, Virgem e Mártir

ce iI~~

+

com Santa Teresa. Poucos penetraram mais a fundo nos arcanos da vida interior.

15 Santa Maria Crucificada Di Rosa, Virgem + Bréscia, 1855. De nobre fam ília, sua vida decorre num período crítico para a Igreja e para a Europa . Durante uma epidemia entrega-se ao serviço dos empestados, fundando para isso as Servas da Caridade. Enfrentou as maiores difi c uld ades, difamações e ca lúni as de governantes e até de autoridades eclesiásticas.

16 Santa Adelaide Imperatriz, Viúva + Sehl, 999. "Maravilha. de graça e de beleza", dela diz Santo Odilon. Enviuvando aos 19 anos, casou-se em segundas núpcias com Otto 1. Este recebeu do Papa a coroa de Carlos Magno por expulsar os invasores dos Estados Pontifícios, tomando-se imperador do Sacro Império romano-gennânico. Com a morte do marido, Adelaide governou o Império até a maioridade de seu filho. Revoltando-se este contra ela, foi para a Borgonha onde ajudou Santo Odilon a fundar conventos dependentes de Cluny.

17 São Lázaro + Marselha, Séc. I. "Aquele que amais está doente" mandaram dizer Marta e Maria ao

Salvador. E realmente Jesus amava Lázaro de tal modo que o resgatou do mundo dos mortos com um estupendo milagre. Segundo a tradição, ele foi colocado com as irmãs num barco sem leme e sem velas, que aportou em Marselha, onde teriam fundado uma comunidade cristã, da qual foi o primeiro Bispo.

ao subir ao trono pontifício propôs-se três metas: fazer voltar a Roma a sede do Papado, reformar os costumes e propagar a fé. As duas últimas realizou com êxito. A primeira, embora tenha voltado a Roma, lá não permaneceu por julgar que não tinha a mesma liberdade.

20 São Domingos de Silos, Confessor + (Espanha), 1073. Guardador de ovelhas na

infância, fo i chamado pela Providência arestaurar a abadi a de Silos, arruinada espiritual e materialmente pelas guerras árabes. Empenhou-se também na libertação dos cristãos cativos entre os mouros. Recebeu o dom de milagres, e as futuras mães o invocam para terem bom parto.

21 São Pedro canfsio, Confessor e Doutor da Igreja + Friburgo, 1597. Discípulo de Santo Inácio,

notabilizou-se pela eficácia com que combateu, pela palavra e esctitos, a heresia protestante, especialmente entre os povos de língua alemã. Graças a ele, a Renânia e a Áustria permaneceram catól icas.

bros da sinagoga alegaram que ele blasfemava e o lapidaram.

27 São João, Apóstolo e Evangelista + Éfeso, Séc. I. O Discípulo Amado por sua

virgindade, representou a humanidade ao receber, junto à Cruz, Nossa Senhora como Mãe. Foi o Evangelista por excelência da divindade de Cristo. Perseguido pelo Imperador Domiciano, foi levado a Roma e mergulhado num tacho de azeite fervente, de onde saiu rejuvenescido. Foi então deportado para a ilha de Patmos, onde escreveu o Apocalipse. Tendo morrido seu perseguidor, voltou a Éfeso, onde residia, tendo escrito então, a pedido dos fíéis, seu Evangelho e três epístolas, para refutar as heresias que negavam a divindade de Nosso Senhor e pregar o amor entre os cristãos.

28 FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA e dos SANTOS INOCENTES

+ Illinois, 1917. De origem italiana, funda-

dora das Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus. Foi ao encalço dos milhões de imigrantes italianos que deixavam a pátria para se fixar em outros países. Nos Estados Unidos abriu escolas, hospitais e dispensários em várias cidades. Estendeu seu trabalho à América Central e do Sul, Es panha, França e Inglaterra, para manter a fé dos adultos e formar as novas gerações. Cru zou o oceano 30 vezes, morrendo nos Estados Unidos, onde tinha recebido cidadania.

23 São João Cdnci.o, Confessor

18 Nossa Senhora da Esperança ou Nossa Senhora do ó

São Charbel Makhlouf, Confessor

24 + Líbano, 1898. Segundo Pio XII, esse monge

29 São Thomas Becket, Bispo e Mártir + Canterbury, 1170. Arcebispo de Canterbu1y

e Ptimaz da [nglaterra, por defender os direitos da Igreja contra o absolutismo real foi morto a machadadas, em sua própria catedral, durante um ofício.

30 São Sabino e Compa,,heiros, Mártires + Séc. IV. Bispo de Espoleto (Itália), na per-

seguição de Diocleciano, Sabino foi preso com seus diáconos Ex uperâncio e Marcelo. Obrigados a adorar um ídolo, Sabino o fez em pedaços, tendo por isso as mãos decepadas. Os diáconos, animados pelo Bispo, morreram heroicamente com as costas retalhadas com unhas de ferro. Tendo convertido várias pessoas na prisão, o santo Prelado foi enfim morto com açoites.

libanês do Rito Maronita, ~odeio de contemplação e recolhimento, "já gozava em vida, sem o querer, da honra de o chamarem santo, pois a sua existência. era vetrladeiramente santifica.da por sacrifícios, j ejuns e abstinências".

13

19

25

Santo Urbano V, Papa e Confessor

NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

+ Avignon, 1370. Papa do exílio de Avignon,

"Jazia prodígios e grandes sina.is entre o povo ". Não podendo isso suportar, mem-

22

Santa Luzia, Virgem e Mártir Siracusa, Séc. IV Consagrando a Cristo sua

Jerusalém, Séc. I. Um dos sete primeiros Diácono s nomeado s e ordenados pelos Apóstolos, segundo os Atos dos Apóstolos,

Sa,ita Francisca Xavi.er Cabrini, Virgem

+ Cracóvia, 1473. Cônego e professor de Teologia em Cracóvia, depois pároco de llkus, confirmava sua pregação com o exemplo da vida, tendo praticado em grau heróico a caridade em favor dos necessitados.

Celebrava-se nesse dia a Expectação de Nossa Senhora. Por coincidir, na liturgia, as primeiras Vésperas da festa com as Antífonas "Ó", daí a invocação de Nossa Senhora "do Ó". Relembra as alegrias da Virgem ao aproximar-se o dia bendito em que daria a luz ao Menino Deus.

26 Santo Estêvão, Protomártir

31 São Silvestre I, Papa e Confessor Roma, 335. Foi dos primeiros santos não mártires que recebeu culto público. Sob seu pontificado a Igreja co meçou a sair das catacumbas e a construir basílicas magníficas. Iniciou a série de Papas-reis, como fundador dos Estados Pontifícios. +

e ATOL I e

I S MO

Dezembro de 1997

35


De sua parte, deve a mulher: Santa Clotilde e seu esposo o Rei Clóvis, de França. Essa rainha católica exerceu decisiva influência sobre o espírito do soberano ainda pagão, o qual recebeu o Batismo no Natal de 496

fins do matrimônio, e também das palavras de Cristo: "Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão os dois uma só carne" (Mt. XIX, 5). 3. À prestação mútua de tudo o que diz respeito à honesta sustentação de sua condição. Pois ''já não são dois, mas uma só carne" (Mt. XIX, 6). "Porque ninguém aborreceu jamais sua própria carne, mas a nutre e cuida dela" (Ef. V, 29). 4. À prestação mútua do débito conjugal, quando é pedido seriamente e não há legítima causa de negar; porque a tal se obrigaram. "A mulher não tem poder sobre o seu corpo, mas o marido; igualmente não tem o marido poder sobre o próprio corpo, mas a mulher" (1 Cor. VII, 4). Em ordem à geração, evidentemente.

O marido é obrigado em particular:

]

A vida de família: aplicação contínua de direitos e deveres

D

o Compendium Theologiae Moralis, do Pe. J. P. Gury SJ (18011886), enriquecido com notas do Pe. Antonio Ballerini SJ (1805-1881) e revisto pelo Pe. Domenico Palmieri SJ (1829-1909):

Estão os cônjuges obrigados: l. Ao amor mútuo. Pois assim 36

e ATOL I e ISMO

como são uma só carne, também devem ser um só coração. "Maridos, amai vossas esposas, como também Cristo amou a Igreja" (Ef. V,25). "[As mulheres idosas] que instruam na prudência as mulheres jovens, que amem seus maridos e seus filhos" (Tit. II, 4 ). 2. À sociedade conjugal e à coabitação. O que ressalta da natureza e dos

Dezembro de 1997

l. A gerir com aplicação o patrimônio familiar, e a administrar não só os bens comuns, como também os próprios da mulher, com a devida diligência. 2. Zelar para que a mulher cumpra as obrigações da profissão cristã, e execute os preceitos da lei divina e da eclesiástica. Pois o marido é cabeça da mulher, e o reitor de toda a fanúlia, e por isso a ele compete o retogoverno não só da mulher, como também dos outros membros da família. 3. Corrigir a mulher em suas faltas quando couber, para sua emenda e para prevenir o escândalo. Deve, porém, a correção proceder da caridade, ou do amor pela justiça ou do zelo de quem procura o reto governo da familia, e ser muito mais leve do que merece a culpa, porque a mulher é companheira, e não escrava do homem. E ademais cuidar para que não pereçam a paz e o amor entre eles.

1. Reverenciar o marido, porque ele é seu superior como consta do que foi dito e das palavras do Gen. III, 16: "Estarás sob o poder do homem, e ele terá domínio sobre ti". 2. Prestar-lhe obediência, porque deve-se obediência ao Superior nas coisas que dizem respeito ao governo. E porque diz o Apóstolo: "Mulheres, estai sujeitas aos maridos, como é preciso, no Senhor" (Coloss. III, 18). 3. Dirigir o cuidado da casa nos assuntos domésticos . ....

Resoluções: Pode o marido pecar gravemente se injuriar a mulher, por exemplo chamando-a adúltera, feiticeira, etc.; se sem justa causa impede-lhe o cumprimento dos preceitos divinos ou eclesiásticos, ou de devoções muito úteis, como, por exemplo, uma criteriosa freqüência aos Sacramentos; se a trata de modo tirânico à maneira de vil escrava; se não coabita com ela; se negligencia o governo da família, etc. (Santo Afonso de Ligório, nº 356). A mulher também pode pecar gravemente se costuma zombar do marido; se com palavras ásperas, com desobediência contumaz ou com excessiva morosidade provoca-o à ira ou à blasfêmia, etc. De ordinário, o marido deve começar a corrigir a mulher por palavras mais suaves ..... Finja algumas vezes não ter percebido a falta da mulher, quando pode fazê-lo sem pecado ..... Quando a mulher está menos disposta a receber a correção, saiba deixá-la para depois, a fim de que a correção não pareça provir da ira e, assim, careça de fruto . ... . Cale-se a mulher quando o marido está irado ou ébrio: se parece proveitoso advertir o marido, que o faça quando ele estiver bem disposto; se responder irado, conteste suavemente; pois uma resposta branda quebra a ira, e a dura atiça o furor. Se essas coisas nada obtiverem, procure que, ou pelo Pároco, ou por algum outro homem pruden-

te, o marido seja admoestado (GuryBalleri ni -Pal mieri SJ, Compendium Theologiae Moralis, ex Officina Libraria Giachetti, Filii et Socii, Prato, 1901, 14ª ed., t. I, pp. 367 a 369).

A piedade, virtude sobre a qual se assentam as bases da família e da sociedade Dos Principias de Teología Moral, de Mons . Antonio Lanza (19051950), Arcebispo de Reggio Cal abria, e do Cardeal Pietro Palazzini (* 1912), ambos professores de Teologia Moral na Pontifícia Universidade Lateranense de Roma:

(Ex. XX, 12. Cfr. também: Deut. V, 16; Ef. VI, 2-3). Sobre este mandamento se assentam as bases da família e da sociedade. A vida de família é um inter-relacionamento contínuo de deveres e de direitos. Nem o pai tem direitos somente, nem os filhos só deveres. Uns e outros estão submetidos a leis santíssimas em função de Deus, diversas segundo seus diversos termos, mas correlatas .....

Deveres de piedade entre os cônjuges Também os cônjuges entre si são objeto da virtude da piedade. Certos deveres que derivam da piedade são comuns a ambos, outros são próprios a cada um deles. A) São comuns a ambos: a) o amor, que neste caso pode e deve "ser ordenado e chamado santo" (Manzoni), entendido como união verdadeira, sobretudo das almas; b) a coabitação, que sign ifica a mesma casa, a mesma mesa e leito comum nas circunstâncias ordinárias; c) fidelidade conjugal, mediante a qual todo direito sobre a mulher pertence ao marido e vice-versa. Toda intrusão de terceiros constitui uma violação destas obrigações; d) sustentação honesta, segundo o estado próprio. Este dever corresponde em primeiro lugar ao marido e subordinadamente à mulher. B) São obrigações próprias do homem: a) uma boa administração familiar.... ; b) um reto governo da casa. C) São obrigações próprias da mulher: a) o respeito devido ao marido; b) a obediência no que se refira ao governo da casa; c) um diligente cuidado da mesma. ♦

A vida de família é um i11ter-relacío-

11ame11to co11tí11uo de deveres e de direitos. :Vem opai tem direitos some11te, 11em os filhos só deveres. U11s e outros estão submetidos a leis sa11tíssimas em fu11ção de :Deus, diversas segu11do seus diversos termos, mas correlatas. A piedade. - Noção. Como virtude moral especial (pode-se tomar em várias outras acepções; no significado vulgar de comiseração e no de culto divino), na forma como a entendemos, é a virtude mediante a qual veneramos nossos pais e nossa pátria, como princípio de nossa existência. Neste sentido, a piedade é parte essencial da justiça..... Esta virtude não só liga os descendentes aos ascendentes, como também estes últimos com aqueles, isto é, os pais aos filhos. ... . Quando se sai do âmbito das relações entre pais e filhos e se examinam outros objetos terminais da virtude da piedade (cônjuges, consangüíneos, afins), o vínculo dà piedade é mais estreito, ou menos, segundo a medida das relações de dependência ..... A virtude da piedade nos é imposta pelo quarto preceito do Decálogo: "Honra teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas uma vida dilatada sobre a terra que o Senhor teu Deus te dará" CATO LI

Antonio Lanza-Pietro Palazzini, Princípios de Teología Moral, Edic iones Rialp, Madrid, 1958, t. II, pp. 443 a 446,451 a 453.

e

ISMO

Dezembro de 1997

37


Registro histórico: Ascensão ao poder de um regime dos mais criminosos da História

A chacina de milhares de oficiais po/oneses (cujos corpos vêem-se na foto ao lado), na localidade de Katyn (Polônia), perpetrada pelos soviéticos, é geralmente admitida hoje em dia pelos historiadores

Balanço sinistro no 80° aniversário da Revolução comunista de 1917: mais de 100 milhões de vítimas. Quem chora por elas no Ocidente? e.A. mentares direitos e anseios da natureD ENTRE OS CRIMES do comunisza humana? mo, quais "comemorar"? Um povo aprisionado durante 70 Os 110 milhões de mortos, dos quais anos em seu próprio país, cercado por 62 milhões assassinados na União Soviuma intransponível Cortina de Ferro, ética? Ou talvez a miséria na qual foi o que querem que ele agora "comemolançado aquele infeliz território, no pere": seus carrascos, suas dores inenarríodo que mediou de Lênin a Gorbachev? ráveis, sua imensa frustração? "Comemorar", ainda, as famílias Ou talvez "comemorar" o nefasto destruídas ou dispersas, os pais envia· colaboracionismo exercido nesse perídos à Sibéria e os filhos induzidos a denunciar suas mães? Ou a brutal per- odo pela chamada Igreja Ortodoxa (1.0.), que serviu de suporte religioso seguição religiosa, que procurava arranpara os crimes do regime? car a fé até das mentes infantis e substituí-la por um ateísmo vulgar e perverDescontentamento so, blasfematório e satânico? É isso tudo que se pretende "come- levou tudo de roldão A queda do comunismo veio com a morar"? Ou é a imposição, em 1917, de um regime político-social igualitá- força incontenível de um Descontentamento, que o Prof. Plínio Corrêa de rio e antinatural, contrário aos mais ele38

CATOL I C I SMO

Dezembro de 1997

Crianças da região do rio Volga, assolada pela grande fome de 1921 a 1922, que provocou a morte de cinco milhões de pessoas, na Rússia bolchevista

teiramente despercebido pela população.

Oliveira escrevia com "D" maiúsculo em sua magistral monografia "Comunismo e anticomunismo na orla da última década deste milênio" (Catolicismo, março/1990). Descontentamento que, a partir da queda do Muro de Berlim em 1989, levou de roldão até mesmo aqueles que quiseram utilizar-se dele em proveito próprio. Foi o caso, por exemplo, de Gorbachev que, com retumbante apoio da mídia internacional, buscou equilibrar-se na crista do Descontentamento, na tentativa desesperada de dirigi-lo ainda em benefício do marxismo. Viu-se tragado pela voragem. Recentemente Gorbachev esteve no Brasil, como membro de uma inexpressiva associação ecológica, passando in-

Metamorfose do comunismo para melhor enganar Nestes quase 10 anos da queda da malfadada União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), o comunismo internacional não ficou inerte. Pelo contrário, procurou tirar proveito da própria derrota, para operar em si mesmo uma metamorfose que o tornasse menos rejeitado aos olhos do público. E soube também aproveitar-se com maestria das fraquezas e cumplicidades de que goza no Ocidente. A tal ponto são grandes essas cumplicidades, que nem sequer se cogitou em constituir um Tribunal internacional para julgar os crimes do comunismo, como foi feito em Nuremberg com os do nazismo. E note-se que o número de assassi natos cometidos pelo comunismo neste século supera de muito os do nazismo. Dois terços do total de crimes levados a cabo por regimes ditatoriais estão nas costas dos ditadores vermelhos, conforme noticiou o jornal russo "lzvestia" (de 30 de outubro p.p.).

Avanços do comunismo metamorfoseado Na Rússia, mantém-se atualmente uma situação de indecisão, de indefinição, próxima do caos, mais presenciada do que vivida por uma população que tão longo cativeiro tornou tendente à apatia. Na China, o comunismo não só passou, a dominar Hong Kong, como vem obtendo enorme favorecimento econômico, sugado ao mundo capitalista, que se lhe mostra incompreensivelmente servil. E isso sem nada ceder no que se refere às violações dos tão

decantados "direitos humanos", como, por exemplo, a brutal repressão da Praça Tiananmen, em Pequim, e as ameaças que continua a fazer a Formosa. Aqui, em nossa América Latina, o povo cubano prossegue opresso pelo Governo castrista, ao mesmo tempo mumificado e malfazejo, que só se perpetua no poder devido aos apoios externos que recebe. Governo esse que, recentemente, manifestou seu desejo de transformar-se em dinastia , tendo já sido nomeado o príncipe herdeiro, Raul Castro, irmão de Fidel. Ao mesmo tempo, os foles da propaganda sopram o quanto podem sobre o esqueleto recém -encontrado (segundo dizem) de Che Guevara, conhecido guerrilheiro comunista, apátrida e cultor nato da violência, aprese ntando-o como um "herói". Outra medida de grande vantagem para a metamorfose do comunismo no

Ocidente, foi a mudança de nome dos antigos Partidos Comunistas. Mediante tal estratégia, esses Partidos podem impunemente continuar sua ação malfazeja no campo político e social, vendo atenuada a repul sa das populações ocidentais. Também é notória a tática adotada por certos órgãos da mídia, aliados a organizações de esquerda, que fazem um escarcéu quando noticiam fatos como o chamado massacre de Eldorado de Carajás, envolvendo 19 vítimas, enquanto usam pedais de surdina na divu lgação de acontecimentos desprestigiantes para o comunismo, como as 110 milhões de pessoas vitimadas por esse regime. Porém, o maior êxito obtido pelo comunismo no Ocidente, após o desmantelamento da Cortina de Ferro, foi a parcial desmobilização da opinião pública, conseguida mediante a propaganda maciça da lorota de que "o comunismo morreu". Com isso, os fatores comuno-sociali stas de desagregação vêm podendo circular impunemente.

Os que confiarem, vencerão! Diante desse quadro de múltiplas facetas, cujos rumos futuros se mostram pouco claros, fica entretanto de pé, pela intercessão da Virgem Santíssima, a esperança inabalável daqueles que têm fé no triunfo de Seu Imaculado Coração, previsto por Ela em Fátima: "Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará" (Terceira aparição). ♦ Praça Tiananmen, 4 de junho de 1989. Mil mortos na repressão efetuada pelas tropas do exército comunista chinês

e ATOL I e

I SMO

Dezembro de 1997

39


ITÁLIA

Congresso em Roma pelo 80° aniversário das aparições de Fátima Juan Mi uel Montes Correspondente Itália

Roma - No dia 25 de outubro p.p., realizou-se em Roma, _no auditório do Augustinianum, o Congresso Internacional Fátima: uma mensagem de esperança no umbral do Terceiro Milênio, organizado pela associação Luci sull'Est- uma iniciativa promovida pelos cooperadores do Uffi cio Tradi zione Famiglia Proprietà - e pelo Centro Cultural Lepanto. Mais de 500 pessoas lotaram o referido auditório, situado em frente à Praça de São Pedro. A solene sessão foi presidida por Sua Eminência o Cardeal Alfons Maria Stickler S.D.B., o qual tinha a seu lado Mons. Custódio Alvim Pereira, Arcebispo emérito de Lourenço Marques, Cônego de São Pedro, no Vaticano, e patrono da campanha A Itália precisa de Fátima, promovida por Luci sull'Est. Participaram do Congresso altos eclesiásticos, entre os quais os Srs. Cardeais Opilio Rossi e Paul Augustin Mayer, os Bispos Arvaldis Bmmanis e Paolo Hnlica, bem como Mons. Gilles Wach - fundador e prior do Instituto Cristo Rei, Sumo Sacerdote - e Mons. Camille Perl, Secretário da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei. Não podendo comparecer ao ato, enviaram adesão

40

e ATOL

I CISMO

por escrito os Cardeais Edward Cassidy, Josef Tomko, Giovanni Saldarini, Achille Silvestrini, Alfonso López Trujillo e Cario Fumo, bem como 15 Arcebispos e Bispos italianos, entre os quais os Arcebispos de Siena e Ferrara. Foram numerosos os representantes da alta nobreza que estiveram presentes, merecendo destaque especial S.A.R. a Princesa Urraca de Bourbon Duas Sicílias, o Príncipe Sforza Ruspoli, a Princesa Elvina Pallavicini e a Princesa Elika dei Drago. Enviaram adesão por escrito S.A.R. Dom Luiz de Orleans e Bragança, S.A.I.R. Dom Bertrand de Orleans e Bragança, S.A.I.R.Arquiduque Lorenz da Áustria, S.A.R. Príncipe Amedeo de Savóia-Aosta, S.A.R. Príncipe João de Bourbon Duas Sicílias e S.A.R. Príncipe Henrique de Hesse. Ao som do cântico Treze de Maio, cooperadores da TFP em traje de gala introduziram processionalmente uma cópia da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, que foi coroada por Sua Eminência o Cardeal Alfons Stickler e depois colocada no centro do palco. Abriu a sessão o mencionado Purpurado, que discorreu sobre o significado da mensagem de Fátima nos

Dezembro de 1997

dias atuais. Lembrando a alocução de 14 de maio último, na qual S.S. João Paulo II abordou o tema do "ministério profético de Fátima", o Cardeal Stickler afirmou que a mensagem de Fátima estava no centro dos acontecimentos de nosso século, pois apontava os seus erros e oferecia a solução, ou seja, a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Seguiu-se erudita conferência de Mons . Rudolf Schmitz, da Pontifícia Academia Romana de Teologia, o qual dissertou sobre o "significado mariológico das aparições de Fátima". Mons. Schmitz, que é também diretor do Centro Cultural Católico do Kirguistão (República da ex-URSS), desenvolveu longamente o tema do significado teológico dos castigos previstos em Fátima por Nossa Senhora, bem como da renovação do mundo que Ela prometeu com o triunfo do Seu Imaculado Coração. Coube ao Engº Antonio Augusto Borell i Machado - destacado sócio da TFP

brasileira, autor do best seller internacional As aparições e a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia e membro da Academia Mariana de Aparecida - dissertar sobre a "sacralização da ordem temporal: missão específica dos leigos no apostolado da mensagem de Fátima". O mundo moderno, explicou o orador, encontra-se em meio à gravíssima crise oriunda da crescente secularização, ou seja, da expulsão do aspecto sacra! da vida dos homens. Na perspectiva da mensagem de Fátima, cabe aos leigos empenhar-se numa cruzada pela sacralização da ordem temporal , para que possa o quanto antes ser instaurado o Reino de Maria. Encerrando o ciclo de conferências, falou o Prof. Roberto de Mattei, catedrático de História na Universidade de Cassino e Presidente do Centro Cultural Lepanto. Após lembrar que o comunismo não morreu, mas simplesmente mudou de face para assumir o aspecto de uma revolução cul-

Visão parcial da numerosa assistência que compareceu ao ato noAugustinianu

tu ra l, o Pro f. de Matte i a firmou que, e m Fátim a, Nossa Senhora pro meteu o triunfo da civili zação c ri stã, a in s ta uração ci o Re in o el e Ma ri a. Esta promessa, ressa lto u, é a lu z e a fo rça qu e nos gui a na batalh a de nosso séc ul o. Durante o Co ng resso, ho uv e vá ri os in te rv a los

mu s ica is a c argo d a Mu s ica le Ca pp e ll a di San l 'An ton io dei Po rt oghes i, de Ro ma, diri g id a pe lo Maes tro M ass im o Sea pin . No final , fo i e ntoado o so le ne hino ponti fí c io aco mp a nh ad o po r tro mpetes, como procl amação de fid elidade à Cátedra ele Pedro . ♦

Na tribuna, à esquerda, o engº Antonio Augusto Borelli Machado, sócio da TFP e autor de conhecido best seller internacional sobre as aparições de Fátima, profere sua conferência

FRANÇA

Caravanas da TFP francesa na Ucrânia, Polônia e Lituânia o último ve rão e urope u, a TFP fra ncesa, em colaboração com a associação itali ana Luci sull 'Est (Luzes sobre o Lesle), organi zou quatro carava nas que vis itara m vários pa íses da ex-cortina de ferro. E las pa rti c ipara m de procissões co m uma cópi a da im age m pe reg rin a de Nossa Senh ora ele Fátima, e di stribuíra m gratuita me nte o bras re lati vas àque las

N

apari ções ela Mãe ele De us e m Portu ga l, nas lín guas dos respectivos países. A receptividade das di ve rsas popul ações te m sido calorosa, sendo confo rtador constata r como estão vi cejando as sementes lançadas nessas terras, onde o tacão comuni sta oprimiu seus habita ntes a po nto de fa ze r tantos mártires. Poré m, "o sangue dos márlires é semente de novos cristãos" !

Procissão anual de Si/uva, um dos importantes santuários nacionais da Lituânia

.

Saída de uma igreja na cidade de Rzeszow, na Polônia.

À esquerda: procissão nas ruas da cidade de Lvov, Ucrânia

C ATO LI

e

IS MO

Dezembro de 1997

41


ÍNDIA

sido ed ucadas em colégios ele fre iras cató li cas. A fé cató lica fo i levada à Índi a pe lo Apósto lo São To mé, no ano 52 ela era cri stã. M as a evange li zação tomou impul so só e m 1500, co m a c hegad a ao s ul cio país, el a armada ele Pedro Álva res Cabral. Nessa po pul ação cató li ca indiana nasceu o Cen-

ma u efeito da TV sobre as c ri a nç a s, a cu ltu ra d o Rock 'n Rali e a ameaça represe ntad a pe las drogas . Conquest tran sc reve regula rm e nte arti gos esc ritos pe lo Prof. Plini o Corrêa de O live ira . O A PCC poss ui sedes soc iai s em Goa, Bo mbaim e Cochim , onde se reali zam a ti v id ad es e du cac io na is para j o ve ns e fa míli as. A im age m de Nossa Senhora de Fátim a, que se venera na sede soc ia l de Goa, é mu ito vi s itada por pessoas d as redo ndezas, qu e a flu em em grupos para rezar à M ãe ele Deus. N ota mse edifi ca ntes ma ni fes tações de pi edade qu and o a image m é condu z ida pe los coo pe rad o res da A PCC, e m vi s ita a res idê nc ias, esco las, etc. ♦

tro Cultural Aetemi Patris (A PCC), qu e re ún e um

Peregrinação com a cópia da im agem de Nossa Senhora de Fátima, em Goa

E

MB O RA SENDO um país mac iça mente pagão, a Igrej a Cató li ca co nta, na Índi a, com 20 milhões de fi é is e uma be m orga ni zada estrutu ra de di oceses, paróqui as, assoc iações re li giosas, publicações, igrejas, etc. As esco las, os hospi ta is e as in stituições de ca ridade qu e a Ig rej a ma nté m , possuem excelente nomeada em todo o país. A ta l ponto que nos anúnc ios matri moni ais, publicados nos jorna is, é co mum ve re m -se moças ele re li g ião brâmane qu e se orgulha m ele te rem

42

CA T O LI C I S M O

grupo ele j ovens cató li cos, dedi cad os à luta pe los idea is ela c ivili zação cri stã. O APCC publica peri odi came nte um bo letim ele cultura, ele inspi ração cató li ca, intitul ado Conquest. Se us núm eros mais recentes denun c iam o

1

ALEMANHA

TFP na Feira Internacional do Livro em Frankfurt F o tos 3 e 4 , stand d o Bureau ale mão ela TFP na Feira Intern ac ional do Li vro, reali zada em Frankfurt, de 15 a 20 de o utubro p.p, cuj o te ma principal foi Portugal. Difundi ra m-se largame nte, na ocasião, exe mplares d a no va edi ção da obra As aparições e a men-

sagem de Fátima conforme os manuscritos da Irm.ã Lúcia, ele autoria do sócio da TFP b rasil eira, E ngº Antonio Au gusto Bore lli M ac had o. B e m co m o a versão ale mã da obra-mestra do Prof. Plini o Corrêa de Olive ira, Revo lução e

Contra-Revolução.

Abaixo: Exposição sobre a Mensagem de Fátim a para professoras, em Bombaim 3 - Visitante é atendido no stand da entidade 4 - Na parede, painel apresentando a capa da edição alemã de Revolução e Contra-Revolução

Dezembro de 1997

C AT O LI C I S M O

Dezembro de 1997

43


o CRUZADO PuNro CoRRÊA DE OuvEIRA

"'y,IEN l'~

~

8

(@

primeiro aspecto qu e chama ate nção na escultu ra do home m que figura nesta contracapa é o modo de estar de pé. Tal escultura pode bem representar o cruzado no apogeu da Idade M édi a. Ele apresenta um equilíbrio de corpo perfeito. Os pés não são pés c hatos, co mo os de pato, com a precária firmeza deste. Não. É a estabilidade corporal do ho me m, na qual não falta uma certa nota de elegância, em que entra algo de espiritual. As pernas, o tronco, os braços, representam a solidez física perfeita de um ho mem que venceu a ação da grav id ade. E le não cedeu e m nada à pregui ça. Mas também não está efervescente, não tem a mentalidade do homem de negóc ios modern o, que fa la em cin co telefones ao mes mo tem po ... Mantém-se inteiramente tranqüil o, mas de uma tranqüilidade tal, que seu repouso se volta inteiro para a ação. E atuação que j á é de uma vez a guerra. A mais absorvente de todas as atividades, aquela que se opõe mais diretamente à preguiça. Não é o trabalho, é a luta. Ele está numa posição em que a qu a lquer momento pode ini ciar o combate.

i ~~S

Está fazendo uma pro• clamação com os grandes braços àbertos, como quem diz: "Isto é assim e nc7o vai por menos, ai de quem negar o que proclamo, porque pego a espada ... ". É a proclamação perfe ita de quem anuncia e ameaça . Por outro lado, o cru zado perman e ·' num a atitude co nte mplativa. Sua fisio nomi a indica que ele não está vendo o que se passa e m torno de si. Está olh ando dentro de si mesmo. E de de ntr d · si considera um ideal inteirament su perior, que lhe ilumina a alm a: são os princípios a favo r dos qua is o ho m m obrigado a combater. Ele todo é um edifício de coerên ·ia , de metafís ica, pronto para desca rre ,,11· o go lpe. Todas as razões do comba l · lhe estão presentes, tudo raciocina lo, coerente, tudo positivo. É um homem profundam nl ' s ,. rio. Se acontecer qualquer coisa di ante dele, sua visão seráa da realidn de inteira. Não irá exagerar, nem su bestimar, nem torcer a realiclacle, n · 111 mentir. Ele vê o que acontece e di'.I, o que vê. É o varão sério por excel~ncia . Excertos tirados de conferência prot rld pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira p r sócios e cooperadores da TFP, em 2 de abril de 1967. Sem revisão do aut r.

.J'

• ú\


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.