Catolicismo, 1999, números 577 a 588

Page 1


Tendo encerrado em nosso último número a publicação da Parte I - A Revolução - da magna obra de Plínio Corrêa de Oliveira, Revo1ução e Contra-Revolução, passamos a reproduzir, a partir desta edição, a Parte li-A Contra-Revolução. Em síntese, o Autor denomina Revolução o processo já cinco vezes secular que vem destruindo a Cristandade, desde o declínio da Idade Média, época em que o ideal católico de sociedade mais se aproximou de sua realização. E entende por Contra-Revolução a reação organizada que se opõe à Revolução,

e visa restaurar a Cristandade. Antes de iniciar a publicação da Parte li, recordamos a nossos leitores que Revolução e Contra-Revolução é o livro de cabeceira

dos sócios e cooperadores da TFP, pois representa bem a linha de pensamento do Fundador da TFP, sua fidelidade à doutrina tradicional da Igreja e sua coerência de princípios. Coerência esta que até mesmo seus adversários reconhecem. Transcrevemos aqui significati-

vo trecho extraído do prefácio escrito por John Steinbacher para a primeira edição norteamericana desta obra do eminente pensador católico: "Este livro é um catecismo da Contra-Revolução. A História registrou catecismos revolucionários no passado: Mein Kampf de Adolph Hitler, Das Kapital de Karl Marx e o Catecismo Revolucionário de Netchaev. Mas nunca houve um livro como este" (Educator Publications, Fullerton, 1972, p. 7).

A realidade concisamente

1 O A bo rto

e eutanás ia, João Pau lo li e o Rosário

Anti-Arte

12 XXI V

Biena l : Antropofag ia e horrendo requintado

S.O.S. Família 14 Importância da h erança Nossa capa: Fotocomposição do ateliê artístico de Catolicismo

Revolução e Contra-Revolução

2

Capítulo I Contra-Revolução é Reaçáo 1. A Contra-Revolução,

luta específica e direta contra a Revolução Se tal é a Revolução, a onlra-Rcvolução é, no sentido litera l da palavra, despido das conexões ilegítimas e mais ou menos demagógicas que a ela se juntaram na linguagem corrente, uma "reação". Isto é, uma ação que é dirigida contra outra ação. Ela está para a Revolução como, por exemplo, a Contra-Refo rma está para a Pseudo- Reforma.

2. Nobreza dessa reação E deste caráter de reação vem à Contra-Revolução sua nobreza e sua impor-

tância. om efeito, se é a Revolução que nos va i matando, nada é mais indispensáve l cio que um a reação que vi se esmagá-la. Ser infe nso, em princípio, a uma reação contra-revolucionária, é o mesmo que querer entregar o mundo ao domínio da Revolução.

3. Reação voltada também contra os adversários de hoje Importa acrescentar que a ContraRevolução, assim vi sta, não é nem pode ser um movim ento nas nuvens, qu e combata fantasmas . Ela tem de ser a Contra-Revolução do século XX, feita contra a Revolução como hoje em concreto esta existe e, pois, contra as paixões revolucionárias como hoje crepitam, contra as idéias revolucionárias como hoje se fo rmulam, os ambientes revolucionários como hoje se apresentam, a arte e a cultura revolucionárias como hoje são, as correntes e os homens que, em qualquer nível, são atualmente os fa utores mais ativos da Revolução. A Contra-Revolução não é, pois, um mero retros pecto dos malefícios da RcSanto Inácio de Loyola - Pintura de Jacopino dei Conte (1556), Roma. O fundador da Companhitl de J s11 foi um dos esteios da Contra-R (om,.r. A Contra-Revoluç, o e IA p,1r11 ., R voluç.w como a Co11tfil-Re(om1,1 o 1 11,,r.i ,, P seudo-Re(orm,1 1,rol l,1111 .

volução no passado, mas um esforço para lhe cortar o caminho no presente.

4. Modernidade e integridade da Contra-Revolução A modernidade da Contra-Revolução não consiste em fechar os olhos nem em pactuar, ainda que em proporções insignificantes, co m a Revolução. Pelo contrário, consiste em conhecê-la em sua essência invariável e em seus tão relevantes acidentes contemporâneos, combatendo-a nestes e naquela, inteligentemente, argutamente, planejadamente, com todos os meios lícitos, e utilizando o concurso de todos os filhos da luz.

Capítulo II

Contra - Re v olução é Reação

16 Abad ia

de M e lk : símbo lo arquitetôn ico da harmoni a entre os Poderes esp iritua l e tempora l

Brasil Real Brasil Brasileiro

18 Nhá

Ch ica : in ício de processo de beat ificação de bras il e ira do sécu lo passado

A Palavra do Diretor 4 Página Mariana

5

Nossa Senhora da Porta : mi lagre protetor contra ameaça calvinista

Destaque

7

Fi lha de Lu iz X V declarada V eneráv e l

A palavra do sacerdote

8

Heresia dos n ico laítas, Loreto e Éfeso, condenação do escânda lo n o Ev angelho

Reação e Imobilismo Histórico

Capa

20 TFPs:

extraord inária epopéia expande-se no mundo

atua l russa: dramática herança de 7 décadas de com u n ismo

TFPs em ação

42

O Cruzado do século XX lançado em Lo n dres

Ambientes, Costumes, Civilizações 44 Jacaré e be ij a-flor: duas psicol ogias

Franc isco de Sa les, Bispo- Príncipe de Genebra

Santos e festas do mês

32 Entrevista

34 Tragéd ia

em Tocantins: família expulsa de sua fazenda

Leitura Espiritual

38 Vi rtude

cl

40 C ri se

29 São

Se a Revolução a d ·sord ·m, a 011tra-R volução 11r ·stm,rn(1 o da Ordem. E por Ord · 111 ·11t v1Hk' n1os a pnz d• risto no r ·ino d · ( 'listo. 011 s ·ju, a Civ ili zaçao ( '1ist1l, 1111Ntl'lli l' hi ·rárquica, fun da111r nt 1tl1111•nt1· Sl tl'nt l, untiigualitária e 1111t ililw111 I ♦

cl

Internacional

Vidas de Santos

1. O Que Restaurar

n

39

História

Parte II

A Contra-Revolução

Escrevem os leitores

do patr imôn io para a preserv ação da fam íli a

da con f iança e N ossa Senhora da Confiança ·

1>róxlmo mês um dos lo desta obra, que rá ser a Ordem nascida

ão.

Missa em comemoração do 90º aniversário do nascimento do Prof. Plíni o Corrêa de Oliveira

e ATO LIe ISMO

Janeiro de 1999

3


PÁGINA MARIANA

Com a palavra... o Diretor O SÉCULO XVll foi o século de ouro do Vice- reinado do Peru. Nessa época, brilharam as me lhores qualidades do povo peruano, bem de finida s pelo Prof. Plínio Corrêa d e Oliv e ira como

Amigos leitores Bem-vindos. A revista Catolicismo e ntra em nova fase. Cumprindo o que hav íamos prometido em dezembro passado, inauguramos uma nova etapa, na qua l procuramos tornar ainda melhor aquela que j á figura entre as melhores revistas de inspiração católica do Brasil. Além de alterações quanto à parte visual da publicação, oferecemos ao le itor nova seção: Leitura Espiritual. E A Realidade Concisamente fo i de tal modo ampliada e remodelada que se a poderia cons iderar .. . quase corno nova. E para inaugurar com estilo esse novo avanço de s ua revista Catolicismo, abrimos o ano com urna matéria especia l: Rumo ao ano 2000 -

"grandeza, senhorio e sarttidade ". Afam a de suas riquezas era tal qu e até hoje se usa na E uropa a frase "vale u.m Peru. ", para indi car a lgo de muito valor. Mas foi prec isa mente essa riqueza que fez des pe rtar a cobi ça ele piratas protestantes, os quais não e ram - como os apre se ntam os filme el e Hollywood - aventureiros e lega ntes e audazes. E ram , isto sim , verdadeiros terrori stas ela época, que chegavam repentinamente em poderosas frotas, movidos por seu ódio sectário e punham-se a roubar, violar, queimar e destruir as imagens existentes nas igrej as católicas. Santa Rosa ele Lima, a gra nde santa pe ruana, é representada sempre com uma âncora aos pés, po is conseguiu com suas orações e mortificações afastar ela cidade de Lima a frota do pirata e herege holandês Spilberg. Este fato é sintomáti co para atesta r a proteção divin a conced ida pe la intercessão da Virgem Santíssima à capita l peruana.

Escalada das TFPs nos principais centros mundiais. O leitor ficará surpreso ao constatar, numa época de neopag a ni srno, os êxitos alcançados - desafiando prognósticos - por urna entidade inteiramente ca lcada na tradição cató li ca. E nisto está a força das Soc iedades de Defesa da Tradição, Famíli a e Propriedade (TFPs). E las não consideram a tradição o retorno a um porto esq uecido na noite dos tempos. Ao contrário, fazem dessa mesma tradi ção o lume que ci ntil a indicando o porvir. Destarte, o leitor de Catolicismo desfrutará o privilégio que a reg ião fronteiriça reserva ao viajante: a fronteira entre as sombras de urna época de decadê ncia e o s cl arões de novos tempos q ue se aproximam . A humanidade, poré m , antes disso terá de passar pelas grandes provações preditas por Nossa Senhora em Fátima. Se na fronteira o con traste entre duas cu lturas manifesta-se pujante e nítido, a ponto de não ser possível atravessá-la sem experimentar na alma certa emoção, também não é dado ao homem aproximar-se do 3º Milênio sem divisar esse futuro que se delineia. É com tal espírito que Catolicismo pretende indicar um rumo seguro para o amigo leitor: alicerçado na Doutrina Cató li ca, erguer a g loriosa bandeira da tradição . Mas , sobretudo , corno sempre o fez o Prof. P linio Corrêa de Oliveira, nosso insp irador e su. tentáculo, estar direcionado para o futuro triunfo. Ou sej a, para o Reino do Im acu lado oração de Maria, igualmente profetizado por N o ssa Senhora cm Fátima, após o advento dos e normes padecimentos acima a ludidos. Antes de encerrar, faço ao prezado leitor um conv ite. Reserve a lguns minutos de seu tempo e escreva-me comentando o que lhe par cu cst primeiro número de Catolicismo, a _l l meses apenas do ano 2000. Em Jes us e Maria

?~7 Paulo Corrêa de Brito Filho DIRETOR

4

e ATOLICISMO

.

Janeiro de 1999

Com a invocação abaixo, a Virgem Santíssima é venerada em Otuzco, ao norte do Peru. Tal devoção, pouco conhecida no Brasil, baseia-se num estupendo milagre e contém uma lição: é impossível que Nossa Senhora não vença todos os impossíveis.

., <

Nossa Senhora, escudo contra os terroristas da época

Preços da assinatura anual para o mês de JANEIRO de 1999: Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:

A hi stória ela Virgem ela Porta começa com um caso ele pirataria, na cidade ele Truj illo, ao norte do país. No ano de 1674, a parece u na prai a de H uanchaco urna frota pirata que j á havia co m et ido c rim es n a c id a d e ele Guayaquil , no Equ ador, e na vila peruana de Zafía, então importante centro urban o, o nde fa lece ra São Toríbio de Mog rovejo, Arceb ispo de Lima. Os habitantes de Trujillo fi caram ev idente mente atemori zados com o advento dessa frota e enviara m emi ssários a todas as cidades e vil as ela região, entre

VALDIS GR INSTE[NS

e las Otuzco, que se encontra nas montanhas a apenas 70 qu ilômetros ele Trujillo. Os moradores dessa localidade ficaram também muito preocupados. E, não dispondo de muralhas nem conta ndo com qualquer possibilidade de defesa, decidiram recorrer Àque la que é, segun do a Sagrada Escritu ra, "terrível como um exército em ordem de ba1alha ". Assim , como recurso extremo, co locaram na porta ela c idade uma image m de Nose

sa Senh ora da Conceição. Havia e m Otuzco uma e rmid a dedicada à Virgem ela Conce ição, graças à devoção de urn a ilu stre clama, Dona F lo rê ncia Mora de Sandoval, célebre pelos inume ráve is atos de ca ridade qu e praticou. C uri osamente não foi essa a im agem, Padroeira da c idade, a qu e foi colocada na porta, po is um costume cio Vice-reinado ex igia que ela saísse ele seu

ATO L ICISMO

Janeiro de 1999

5


DESTAQUE A imagen da Virgem da Porta sai em procissão todo dia 15 de dezembro. Ao fundo, o majestoso santuário

altar na ígreja somente parf a procissão, no dia de sua festa. Muito respeitosos dos costumes vi gen es, os habitantes de Otuzco não qui seram retirar a Padroeira de seu lugar, mes mo por ocasião daquela ca lamidade. Assim, ficou defendendo a porta da cidade outra imagem de Nossa Senhora da Conceição, trazida da Venezuela anos antes, para a reali zação de procissões da [maculada em outros dias que não o da festa oficial. Tal imagem tem um metro de altura e está colocada sobre uma rocha de 25 cm de altura toda forrada de prata. Após colocá- la preci sa mente no local onde, a qualquer momento, se esperava o advento dos hereges, a população estava compenetrada de que só lhe restava rezar e confiar na proteção maternal de Maria Santíssima. Três dias e três noites permaneceram os habitantes orando juntos à porta da cidade, aos pés da imagem, aguardando o temível ataque. Mas .. . o impossíve l aconteceu! Os protestantes hol andeses, cuja superio ri dade numérica e de força era ev idente, ne m desembarcaram! Até hoj e ne nhum historiador consegu iu aprese ntar um a exp li cação natura l co nvincente para o fato: a c idades de Trujill o, Huanchaco e Otuzco foram preservadas d qua lquer ataque cios terríveis piratas .

observa-se sempre uma ·ó1 ia desta imagem junto à en trada . As procissõ s de ag radec i mcnto pela foga dos pi ratas, se estendem até nos os dias, reunindo milhares ele peregrinos, in fo li zrn 'n tc ne m sempre com a mes ma picdad ' dos prime iros devotos. A fama da ima >cm na região é tal que, por ocas ião do ongresso Eucarístico Na·ional cm Truji llo, cm 1943, foi ela escolhi da para ser c roa la canoni camente, como fecho daquela celebração. Tal coroação o orrcu a 27 ele outubro de 1943.

Duas Padroeiras da mesma cidade

Milagre do Anel: desvelo materno

Ao receber a notíc ia ele que as velas cios barcos piratas havi a m desapareci do no hori zonte, a a legria cios hab itantes de Otuzco foi enorme, co ndu ziram então a imagem ela Virgem em procissão até o interi or ela cidade, em meio ao maior júbilo. Mas, não querendo que, após o grande favor recebido, e la fi casse em pos ição "desvantaj osa" e m re lação à Padroeira, decidiram os moradores construir- lhe um santuário bem na porta da c idade, no loca l e m que os havia defendido. Nasce u ass im a devoção à Virgem "da Porta ", que é hoj e a devoção a Nossa Senhora mai s difundida no norte do Peru. Todas as numerosas e belas igrejas coloniais de Trujillo possuem uma réplica dessa imagem próx ima à porta de e ntrada. Ig ualmente nas igrejas dos o utros povoados dessa região 6

C ATOLIC ISMO

Mi ssas. Desconso lada, a pobre mulhe r renovou o pedido , que não pôd e se r atendido pe lo sacerdote. Começou, então, novame nte a pé, sua viagem de regresso a seu vi larejo.

A realização de outro "impossível"

1 entre outros fatos admiráveis realizados por mediação da Virgem da Porta, o mai s con hecido é o mil agre do anel. crto dia, próximo ao iníc io da novena de sua festa, c hego u a pé, provcn icnte de um povoado denominado himur, perdido nas montanhas vizinhas, uma devota muito pobre. Desejava mandar celebrar uma Santa Missa durante a novena, por uma intenção particu lar muito premente. Como não pos. suía dinheiro para e nco mend ar a Missa, pediu esmo las por toda a cidade até obter a quantia sufic iente. Satisfeita com o resultado, so lic itou ao pároco local um sacerdote de sobrenome Landa - a celebração ela Missa. Porém, satisfazer à última hora esse desejo por ocasião ela festa da Padroei ra, era impossível, devido às numerosas so li citações para a celebração de

Janeiro de 19'99

Na metade do caminho , encontra-se a desconsolada mu lher co m uma j ovem senho ra, de porte maj estoso. Pareceulhe estranho tão digna pessoa estar caminhando I o r aq ue las pobres loca lidades. Ta l senhora lhe entregou um precioso ane l, aconselhando-a a voltar imed iatamente a O tuzco e renovar ao padre o ped ido da Missa, mas sem referir-se a esse inesperado encontro. A devota seguiu a recomendação e retornou, sempre a pé, à casa paroqui al. Pode-se imaginar a surpresa do sacerdote ao reencontrar aquela humilde mulher que insistia na celebração cio Santo Sacrifício, mostrando-lhe a jóia que ele conhec ia pe rfeitamente: o vali os íss imo ane l usado pela imagem ela Virgem ela Porta no altar onde é venerada. Ninguém hav ia notado o desaparecimento dele. E não seria possível à pobre mulher apoderar-se dessa j ó ia naque les dias, e m meio à multidão de fiéis. Ante a demonstração de ta l predileção ela Mãe de Deus àq ue la fiel devota, o sacerdote imed iatamente concordou em celebrar a Missa.

* * * Nos conturbados dias em que vivemos, diante de tantos problemas in solúveis e dificuldades insuperáveis, quer do ponto ele vista espiritual como materia l, tenhamos presente essa devoção mariana. Ela constitui um possante estímulo para confi armos na proteção ele Nossa Senhora, por mais insuperáveis que pareçam as clificulclacles que nos afligem. ♦

Nota: Agradecemos a va li osa co laboração, para a pu blicação deste arti go, cio Sr. Pároco ele Otu zco , Pe. William Rodrigu ez Te ll o, bem como das irmãs ela Confra ri a ela Virgem , Sra s. Ana María Mondoiíedo ele Alvarado e Me lva Bocanegra ele Lynch .

Filha do Rei Luís XV, da França, a caminho dos altares Ü

Papa João Paulo n aprovou recente decreto, reconhecendo as virtudes heró icas da Veneráve l Madre Teresa de Santo Agostinho, monja francesa carme li ta descalça, que viveu no século xvm. A notíc ia não teria despertado tanta ate nção se a Religiosa, cujas virtudes são ago ra proclamadas ofi c ia lmen te pela Santa Sé, fosse outra que não a Princesa Luísa Maria de França, filha do Rei Luís XV e da Rainha Maria Leczin ska. Nascida no Palácio de Versalhes, em 15 de julho ele 1737, Madame Louise, como era chamada, na qualidade ele fi lha do Rei parti cipava da vida de Corte, em toda medida do necessário à sua condição de princesa. E m contraste co m certos aspectos escanda losos ela vicia ele seu pai, dedicava-se, além das ob rigações de corte, à oração e obras de cari dade, faz ia muitas penitências e dava esmolas pela conversão cios pecadores, de modo particular pe la de seu Pai. A j ovem princesa não qui s contrair matrim ôni o, pois desde muito cedo havia formado o propósito de abraça r a vida re li g iosa. Madame Louise viveu até

Princesa Luísa de França, filha do Rei Luiz XV, aos 11 anos (Quadro de Jean -Marc Nattier, Museu de Versalhes)

os 33 anos na Corte mai s faustosa do mundo, nela haurindo tudo quanto havi a de bom e dando ali exemplo de virtude, sem se deixar contam inar pelos aspectos mundanos e frívolos que, infe li zmente, vinham se introdu zindo em tais ambientes a partir do fim da Idade Média. Em 1770, falecida sua mãe, a piedosa Rainha Maria, e obtido o conse ntimento cio Pai, fez-se Carme li ta desca lça no convento de Sa int-Denis. Recebeu o nome de Irmã Teresa de Sa nto Agosti nho, pela sua grande devoção a Sa nta Teresa de Jesus. Noviça exemplar, jamais se valeu ele seu régio nasc im ento para dispensar-se de qualquer das obrigações ela Regra, mesmo contra a vontade elas Superioras que, levando em conta sua condição e educação, quer iam miti gar-lhe as austeridades da vida em comum . No ano seguinte, 1771 , fez a solene profissão, sendo logo no meada Mestra de noviças; por três vezes fo i e le ita Priora, desempenhando ainda o ofício de ecônoma. Em todos esses cargos atuou sempre com prudência e delicadeza, ao mesmo tempo que com zelo e firmeza. Sua origem principesca a co locava em condições ideais de ed ucação e e levação moral para isso. _Fez observar eximia mente a Regra e ad mini strou com sabedoria, restaurando os ed ifícios, erguendo a capela, ajudando o utros conventos em dificuldade. Trabalhou mui-

Madre Teresa de Santo Agostinho do Carmelo de Saint Denis - Pintura do Castelo de Breteuil

to pela santificação do C lero. Devotadíss ima ao Papa, tornou-se defensora dos direitos da Santa Sé, face aos ataques dos galicanos e janseni stas, qu e exerciam g rande influê ncia na Corte. Nessa luta, procurou aj udar os Jesuítas, então espec ialmente perseguidos. Suas orações e pe nitênc ias pela conversão do Pai foram atendidas: o Re i Luís XV morreu reconc iliado com Deus e com a Igrej a, e m 1774, depois de 30 anos afas tado dos Sacra me ntos. Deixou duas obras es pirituai s, publicadas postumamente: Meditações

Eucarísticas e Coletânea dos testamentos espirituais a suas .filhas religiosas carmelitas. A fama de santidade ele que a Princesa gozava e m vida continuou e até cresceu depois de sua morte, ocorrida aos 23 ele novembro de 1787 ; mas pe la vic iss itude dos maus tempos que se segu iram (Revo lução Francesa, ditadura e g uerras napo leônicas, reg imes liberais anticatólicos e antimonárquicos etc.), sua Causa ele beatifi cação e canon ização só pôde ser inic iada em 1855, sofrendo muitas interrupções. Por fim, chegou à etapa em que se e ncontra , sendo ape nas necessária a aprovação de um milagre atribuído à intercessão ela Venerável, para que logo possamos co nsid erar como Beata ou Bem-aventurada a Madre Teresa de Santo Agostinho - Princesa Luísa Maria de França - Madame Louise. ♦

e AToLIe Is MO

Janeiro de t 999

7


Cônego JOSÉ LUIZ VILLAC

PERGUNTAS 1. Sou assinante da revi sta Catolicismo e aprecio muito as explicações dadas por V. Reverendíssima na seção A Palavra do Sacerdote. Eu desejava saber o que significa "as ações dos Nicolaítas" (Apocalipse - cap. 2, vers.6) 2. Foi numa das reuniões da Conferência Vicentina a que pertenço, que surgiu a dúvida sobre alma e esp írito. Temos alma e espírito ao mesmo tempo. Qual é a diferença entre eles ? 3. Li no livro de Santa Teresinha que Nossa Senhora morou na Itália, em Loreto. Lendo a vida de Nossa Senhora em outro livro, de autor descon hecido, o mesmo narra a vida dEla bem diferente - depois da morte de Jesus, Ela foi para Éfeso e lá fi cou até os seus últimos dias. 4. Faz apenas uma ano que meu marido partiu, sua alma foi para a Eternidade. Estando na UTI , só pedia para rezar. Ele me disse que viu sua mãe ( 40 dias antes de falecer) e que ela o chamava e dizia "vem", e ele disse "eu vou". É possível essa visão que ele teve? 5. No Evangelho de São Mateus (18, 6) está escrito: "O que, porém , escandalizar um destes pequeninos, que crêem em Mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de moinho e que o lançassem no fundo do mar". Minha pergunta: nesta frase, não se ocu lta a sempre estarrecedo ra e polêmica pena de morte?

RESPOSTAS

1. Os nicolaítas, aos quais se refere São João no Apocalipse (Cap. 2 vv. 6, 15 e provavelmente 20) eram hereges saídos do Cristianismo que participavam de orgias e ritos pagãos e justificavam a fornicação como se ela fosse um ato virtuoso. Segundo alguns autores, foi interpretada erradamente pelos nicolaítas uma atitude imprudente de Nicolau, prosélito de Antioquia, escolhido pe-

a

e AT OLIe

ISMO

los Apósto los como um dos sete Diáconos encarregados de c uidar da assistênc ia material e de manter a boa ordem na comunidade de Jerusalém, e especialmente de distribuir as esmolas aos pobres (Atos 6,5). Conforme outros, esse Diácono teria mesmo caído no erro de justificar a po li gamia e a forn icação. Sa nto Irineu afirma q ue os ni co laítas caíram nos erros dos gnósticos , hereges que exp li cavam a Criação como uma espécie de desastre cósmico ocorrido em Deus, mediante o qual partícu las divinas teriam sido aprisionadas na matéria. A Redenção, . então, segundo eles, dar-se-ia por meio de um con hecimento (gnose) inici ático e secreto, ao qual só alguns teriam acesso. O certo é que se tratava de li bertinos que tentavam justificar sua conduta orgíaca e in fame por meio da Reli gião. Alma e espírito

2. Segundo a teologia e a fi loso fia cató li cas, o homem 6 um composto de alma (o elemento espiritual) e o corpo (o elemento material). A alma vivifica o corpo, formando com ele uma só unidade ou composto, que é a pessoa humana. A alma é o primeiro princípio de vida vegetativa, sensitiva e intelectiva da natureza humana, por onde o homem vegeta (respira, alimenta-se), sente (locomove-se) e entende (pensa, raciocina, conclui). Segundo a filosofia aristotélico tomista, a alma é substância simples, espiritual e imortal, substancialmente unida ao corpo. Por sua nat ureza espiritual e enquanto princípio da nossa vida intelectiva, a ai ma pod e ser chamada de espírito , embora e la seja cr iada para viver unida ao nosso corpo. A separação que se dá e ntre a alm a e

Janeiro de 1999

o corpo, com a morte , é provisória, pois no fim dos tempos haverá a ressurreição da carne, for ma nd o-se novamente o compos to hum a no co rpo-a lm a. Não há lugar, pois, para um segu nd o eleme nto espiritual vivifican do o corpo hum a no, pois isso introduziria uma desordem na personalidade hum a na, em s ua unid ade . Esse fo i, e é, o erro de inúmeros hereges e ocultistas, os quais julgam que além da alm a e do corpo, o homem possui um a partícula divina, a que chamam de espírito (pneuma em grego). É preciso insistir, e ntretanto, em que a alma humana desempenha várias funções, englo bando e m si os princípios da vida vegetativa (crescimento e manutenção do corpo), da vida sensitiva (sensações, função que ela exerce unida ao corpo), e fina lmente a puramente espiritual, como é a de pensar, querer, amar etc . Assim, o texto de São Pau lo c itado pelo missivista - "Que todo o vosso ser, espírito, alma e corpo, seja conservado irrepreensível para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo " ( 1 Tessalonicenses , 5, 23) ou, mai s ainda na carta aos he breu s (IV, 12), citamos nós - é explicado pelos exegetas católicos, como por exemp lo o Pe. J.M. Bover S.J., em seu livro Teo logia de San Pablo, co mo uma distinção que o Apósto lo faz de doi s aspectos da mesma alma: enquanto princípio de animação do corpo e enq uanto elemento p uramente espiritual que sobrepassa e sobrevive ao corpo, como dissemos acima. Ter o "espírito, a alma e o corpo" preparado para a vinda de Nosso Senhor, significa uma entrega total do homem inteiro "de todo o ser", como diz o mesmo Apóstolo, sem reserva alguma, a Deus Nosso Senhor. A utilização de alma e espírito que aparece também em outros lugares da Escritura, como, por exemplo, no Cântico de Nossa Senhora, "Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria" (São Lucas, 1, 46-47), é um modo enfático de dizer

que todo o ser se engaja, se entrega, ex ulta, com a ação de Deus. Casa de Loreto

3. Houve uma confusão na leitu ra do referido livro. O autor do livro sobre Santa Teres inha fa la, de fato, na Santa Casa de Loreto, onde Nossa Senhora teria vivido e se dado a Anunciação. Mas essa casa, segundo venerável tradição, pelo mini stério dos Anjos foi levada da Palestin a até a Itália, muito depois da morte da Sa ntíss im a Virgem, para impedir que ela caísse em poder dos muçulmanos. Assim, é certo que a Mãe de Deus nunca viveu na Itália, tendo vivido e m Éfeso, após a Ascen são de seu F ilho aos Céus. Não se sabe quanto tempo Nossa Senhora viveu nessa cidade da Ásia, e segundo a Tradição, Ela voltou à Pa lestina, onde morreu e subiu aos Céus (Assunção). Aviso antes da morte

4. Deus pode enviar algum aviso sobre a morte iminente de uma pessoa,

para que ela se prepare bem. Haja vista a devoção a "Nossa Sen hora do Aviso", em Portuga l. É um ato da divina misericórdia. Algumas vezes dáse realmente um a visão ou aparição de um parente, ou dos pais, ou de um Sa nto etc. Normalmente é um anj o que assume essa aparência, e não a própria pessoa v iv a (caso da " bilocação") ou já falecida que aparece. Embora isto sej a possíve l, e ntretanto devemos tomar muito c uidado, pois não se pode exc luir a presença ele causas naturais, como delírio, alu c in ações , reflexo de lu zes etc ., que possam dar tal impressão. E também o demô ni o pod e faze r uma das suas para enga nar o u perturbar a pessoa. A boa norma a ser seg ui da é examinar e ver o efeito que tal aparição causou. Se serviu para aprox im a r mai s a alma de Deus, a fim de prepará- la para uma boa morte, então pode-se tomar como uma obra da graça e da divin a mi sericórdia.

Escândalo dos inocentes 5. Essa passagem do Evangelho visa mostrar a terríve l responsabilidade da pessoa que comete o pecado de escandali zar outrem de fé simpl es, sej a criança, seja ad ulto. Pecado gravíssimo contra o 5º Mandamento! É matar a vida da Graça na alm a. As palavras de Nosso Senh or são muito severas: melhor seri a amarrar-lhes um a pedra e atirar a esse escandali zador no fundo do mar. Daí não se deduz necessari amente tratar-se "ex professo" da pena de morte, pois o D ivino Salvador está se referindo e nos ale rtando sobre a grave responsabilidade moral e ao castigo severo que tal ato acarreta. Nem tudo aq uil o que é mau é sempre punido com pena tempora l nesta Terra. Mas, qu ando nocivo ao bem com um , a ação má deve ser punid a pela legítima autoridade, após julgamento que determine be m a culpab ilidade, as atenuantes e as agravantes. A pena deve ser proporc ional ao delito, não sendo ela necessariame nte a de morte. ♦

Nosso Senhor afirma, no Evangelho de São Mateus: "O que escandalizar um destes pequeninos, melhor lhe fora que se lhe pendurasse no pescoço uma mó de moinho e que o lançassem no fundo do mar".

_..-::,---

----=--=--

--C::

~ ~:.~~~::.-~ eAT

--

O LIC IS MO

Janeiro de 1999

9


Imagens xleitura e raciocínio

"Direito" vesgo: não vale para anticomunistas... Da agência de notícias "Reuters": As acusações contra o presi-

dente cubano, Fidel Castro apresentadas em Madrid pela Fundação

exatas, mais de 60% dos pesquisados leram menos de três livro s por ano durante t o d o o .., c urso. Esse é mai s um sintoma do níve l intelectual da chamada civilização da imagem : recebe-se passivamente conhec imentos através de imagens, quase não sobrando espaço mental para leitura e rac iocíni o.

para os Direitos Humanos em Cuba,

Europa vai perdendo sua identidade...

"não constituem delitos de genocídio nem de terrorismo", afirmou o procurador da Audiência Nacional }avier Balanguer. "Em todo caso, diante de um eventual processo o Líder cubano gozaria de imunidade por ser chefe de Estado", afirmou o procurador em seu parecer; que será encaminhado ao juiz da Audiência Nacional Ismael Moreno.

O controle artificial da nata lidade praticado pelos europeus, de um lado, e de outro lado a grande afluência de imigrantes africanos, asiáticos e europeus dos países que foram satélites da ex-URSS - cuj as populações limitam menos a natalidade - estão mudando a fisionomia da E uropa.

Estranho "Direito" este que, de modo parcial e arbitr{u·io, desqualifica numerosas acusações formu ladas contra o chefe comunista do Caribe, e, de antemão já acena para sua imunidade. Como justificará esse procurador espanhol, por exemplo, a morte de tantos cubanos católicos fuzilados diante do "Parcdón" ? E que enfrentaram o pelotão de fuzilamento bradando "Viva Cri sto Rei!", conforme declarou em entrevista a Catolicismo o escritor Armando Valadares, o qual permaneceu 22 anos nas masmorras castristas?

" Armando Valadares

10

Pesquisa efetuada junto a estudantes que terminam I O cursos superiores, avaliados pelo Exame Nacional de Cursos (Provão), in dica pouca consistê nc ia no ensino do país. Mais da metade dos formandos leu apenas de um a três livros não escolares, anualmente, excetuandose apenas estudantes dos cursos de j orn ali smo e letras, que leram um pouco mais. Já nas áreas das ciências

Abono e eutanásia: dois homicídios_ egoísticos

e ATOLIe ISMO

Janeiro de 1999

Se isto continuar - e nada faz prever que pare - dentro de poucos anos a Europa estará irreconhecíve l. Aplica-se bem ao caso o provérb io francês: "Expulsai o natural, ele voltará [para vingar] a galope". O u seja, o contro le antinatura l da nata lidade leva à derrocada os países que o praticam.

'fJ

A investida em favor da despenali zação do aborto, em todo o mundo e também no Brasi l, vai mar alto. Se aprovada essa lei iníqu a, os pais passarão a ter o amparo lega l para matar o filho nasc ituro. Em co ntr apa r t ida , Mári o Andrada e Silva, do "Jornal do Brasi I" (23- 1 1-98), comenta que Jack Kevorkian, o Doutor Morte, patologista norte-a meri ca no que partic ipou de mais de 130 suicídios, entregou à cadeia CBS de televi são um a fita de vídeo na qual ele aparece apli ca ndo um a inj eção leta l num paciente de 52 anos. I-hí. anos que o Doutor Morte vem lutando pela aprovação da eutan ás ia. Caso seja aprovada essa lei nos Estados Unidos, os filhos poderão pedir a morte dos pais doentes, ou idosos ... Eis aí dois trág icos fruto s de

Mortes por ódio à Fé católica Nos sangrentos confrontos ocorridos em 21 e 22 de novembro último na Indonésia, resultaram 14 mortos, na maioria católicos. Além disso, pelo menos uma igreja católica foi incendiada pelos muçulmanos fanatizados daquele país. O Vaticano deplorou o fato. ■

Jack Kevorkian, o Doutor Morte

nossa civili zação neopagã de fim de milêni o: aborto para eliminar os fi lh os indesejados; eutanás ia para ex termin ar os doentes incômodos!

Embaixada guerrilheira em Brasília

"Direitos" de animais = direitos humanos?

BREVES RELIGIOSAS

Capela de Frei Galvão Junto à Catedral de Santo Antonio, em Guaratinguetá (SP) , foi inaugurada em 1 O de novembro último a primeira capela dedicada a Frei Galvão. Nela repousarão restos mortais, bem como será colocada uma imagem do primeiro Bem -aventurado nascido no Brasil. ■

Um grupo de terroristas da

Frente pela Libertação dos Animais (AFL), conhecidos como ccotcrr ristas porque promovem atent ados cm n me da ecologia, há quatro meses assestaram sua ofensiva contra lanchonetes de jàst- food na Bélgica. Eles esperam a calada da n itc para incendiá-las, em protesto contra a matança dos an imai, , cuja carne é utilizada nos hamburgers. Parafraseando Shakespeare, no Hamlet, a "loucura Ldos ecoterroristas] tem método". Sim, porque os ativistas extremados do ecologismo não admitem a tese de que os animais foram criados por Deus para servir ao homem. Mas defendem uma absurda igualdade entre os direitos deste e os pretensos direitos de animais e até de vegetais e minerais ...

" Esta ora çcio simples e prr4unda, cara aos indivíduos e às famílias, outrora muito difundida entre o povo cristüo. Que alegria seria se também hojefosse redescoberta evalori zada, especial mente no interior das famílias! Ela ajuda a contemplar a vida de Cristo e os mistérios ela salvação; graças à incessante invocação ela Virgem, qfasta os germens ela desagregação fa miliar; é o vínculo seguro ele comunhão e paz ". "Exorto a todos, e ele modo especial àsfamílias cristcis, a encontrar no santo Rosário o conforto e o sustento quotidiano para caminhar nas vias ela fidelidade".

Com estas palavras, João Paulo I[ incenti vou todos os fiéis a crescerem na devoção à tão venerável prática de piedade, durante a A locução de domingo, 25 de outubro , antes de re za r o An.gelus com os peregrin os presentes. na Praça de São Pedro. É surpreendente haver ainda sacerdotes e religiosos defendendo a tese de que rezar o Rosário constituiu perda de tempo, quando o próprio Sumo Pontífice faz uma exortação em sentido contrário ... N ossos leitores deveriam guard ar o texto ac ima. Quando alguém disser que a rec itação do Terço é coisa ultrapassada, conviria mostrá-lo ao refratário à tão recomendável oração e acentuar: "Não é assim que pensa João

Paulo li!"

Esteve em Brasíli a, no início de novembro último, um dos chefes das Forças Armadas Revolucionári as Co lombianas ( FARC), Hernán Ramírez. Seu objetivo: montar um esc ritóri o de representação dos guerrilheiros em nosso País. ísso é anunc iado com toda naturalidade! Representante de um bando guerrilheiro, responsável por milhares de roubos, seqüestros, assassinatos etc., chega em nosso País para fazer propaganda de suas atividades criminosas e propor a constituição de uma "embaixada" ... Como é possíve l chegar a esse grau de ~ini smo? Será que todos se esq uecera m dos direitos das famílias honestas e trabalhadoras, que foram roubadas, seq üestradas ou mortas por ta is guerrilheiros? Contradições gritantes da mental idade moderna ...

Beatificação: 30 mártires brasileiros A Congregação para a Causa dos Santos, no Vaticano, exam ina o processo de beatificação de 30 mártires do Rio Grande do Norte que, em 1645, foram mortos por ódio à Fé, devido à instigação, dos invasores holandeses calvinistas.

CATO LIC ISMO

Janeiro de t 999

1 1


ANTI-ARTE XXJV versão, a exposição girou em tor-

Escolhendo como tema central da mostra a absurda tese de Oswald de Andrade - de que só a antropofagia une os brasileiros - os desvarios anti-artísticos rejeitados numa exposição de arte moderna acabam sendo deglutidos na seguinte, segundo a técnica da gradualidade revolucionária: caminhar de um requinte de horrendo para novo requinte

"Campo di Fiori cortesia Cafe Florian", Elías Heim (Colômbia)

XXIV Bienal 11

Veneza é indiscutivelmente uma das cidades maravilhosas produzidas pelo gênio humano, elevada a um níve l superior pela C ivilização Cristã. Dentre seus incontáveis e soberbos monumentos figura a magnífica Basílica de São Marcos, que domina a praça do mes mo nome. O conjunto arquilelônico é simples e grandioso. As diversas conslruções, que na praça se sucedem, compõem um todo variegado e harmonioso. Nelas, nota-se um fe li z conúbio entre a gravidade do Ocidente e a fantasia do Oriente, talvez único no mundo.

Fantasma, 1995. Antônio Manuel (Portugal)

Antropofagia e requinte'' R. A. F ARÂNJ Nessa I raça há vários estabelecimentos comerciai s, restaurantes e cafés. Um desses é o célebre Café Florian. Fundado cm 1720, e reformado pela última vez em 1858, possui decoração característica desse período: boiserie, pinturas, espelhos, e móveis forrados ele veludo vermelho. Dificilmente se encontraria um todo - praça e café - mais rico em termos ele arte e civili zação. Po is bem, fo i nesse ambiente evocativo ele um passado tão brilhante que há algum tempo se reuniram várias pessoas para idea li zar algo diametral mente oposto às belezas acima descritas: a Bienal ele São Paulo. O porquê dessa esco lha? É que Veneza, a outrora gloriosa cidade cios Dodges, junto com a Documenla Kassel, na A lemanha, abriga uma elas maiores bienais ele arte cio 111 u nclo ( cfr.

MANSUR GuÉR 10s

"Veja", São Paulo, 30-9-98). Aliás, foi no próprio Cqfé Florian que, em fins cio sécul o passado, se inici ou a primeira bienal de arte. Um dos participantes ela exposição paulistana, o colombiano E lías Heim, apresentou como "homenagem à referência histórica da gestação do evento paulista" a instalação cuj a foto reproduzimos acima: Campo di Fiori, cortesia Ceife Florian. Essa obra tem uma interpretação que roça no escato lógico e no pornográfico, e nenhuma relação apresenta com o citado Café, com a praça e muito menos com Veneza . Mas não é necessário ter relação alguma ... Esta pseudo-arte poderia ser enq uadrada naquilo que a articulista de "Veja" aponta como fazendo parte ela "legião de asneiras ... empacotadas para presente sob o nome de 'instalação"' (icl. ib.).

no da Antropofagia. Exp lica-se. Em 1928, Oswa lcl ele Andrade, literato com uni sta brasileiro, lan çava ele Paris se u manifesto Antropofágico, no qual sustentava ser a antropofagia a única coisa que unia os brasileiros. Traço esse que, segundo e le, seria central de nossa hi stória, marcado pelos ritu ais cios índios que com iam suas vítimas na crença de adquirir suas qualidades, e cios colonizadores portugueses aqui instalados, que devoravam a cultura nativa bem como as demais cul turas: a negra, a européia e a oriental. Na antropofagia "o gesto é liber!ador e evoca o sacr!f{cio de Dionísio, o deus dilacerado. S6 quando cada um ingerir uma parte de sua carne e sangue, ele reaparecerá reconstituído no todo. O êxlase canibal manifesla então a exuberância daquilo que a crueldade, a cobiça e o egoísmo destruíram" (N icolau Sevcenko, in "Folha de S. Paulo", 2-10-98). Tal concepção é bastante forçada. Na rea lidade, o que houve no Brasil foi ass imilação cultural , algo inteiramente comum e legítimo na História, sobretudo se se trata de cultu ra bafejada pela Santa Igreja Católica, Apostóli ca e Romana.

amplo que o cos tume iro. Ta lvez isso pudesse indicar duas co isas: desinteresse pe la mídia e mais especificamente pela expos ição. O certo é que, apesar ele terem praticamente clobraclo o orçamento dessa mostra para quaseR$15milhões(!!!), a indiferença popular não poderia ser mais patente. Por mais que se procurasse, não se via ninguém absorto na consideração ele alguma obra exposta. As exceções fi cam por conta do que não é contemporâneo. Ao contrário cio que ocorre nos concorricl íssi mos museus e monumentos eu ropeus, nos quais, apesar das d ificu ldades causadas pela ininterrupta afluênc ia popular, é freqüente vermos pessoas em atitude de adm iração diante das grandes obras clássicas, durante longos períodos ele tempo. Pode-se dizer que a adm iração foi a grande ause nte dessa mostra de arte moderna. Nada mais congruente. D iante de "obras" como as estampadas em nossas páginas, seria surpreendente ver alguém extasiado.

Empenho da mídia, desinteresse do público

Arte tradicional como isca e o "pedágio"

Esse pouco apetitoso e nredo antropofágico não entusiasmou o públi co, constituído em sua larguíssima maioria de alunos*, obrigados a visitar as cerca de 1000 obras expostas ele 270 artislas plásticos de 68 países. Sem a afluência desse público, literalmente cativo, a exposição seria um retumbante fracasso, apesar de contar com umas poucas obras ele real valor, do sécu lo XVI e subseqüentes. O esforço mediático intenso não foi capaz de galvan izar um público mais

Mas, poder-se-ia objetar, e diante das obras ele um de Bry, de um Eckho ul, quinhentista e seiscentista respectivamente? Respondo: estas são iscas que visavam atrair o incauto. Vemos nisso um método muito exp lorado em todas as Bienais. Como reproduzimos acima, há a "legião de asneiras" que represen-

FSQT

Antropofagia: distorção histórica Implacável - 1947. Maria Martins (Brasil) 1900-1973

Como ele hábito, a Bienal de Arte possui um tema centra l que pretende orientar a expos ição. As obras elevem, na medida do possível , refleti -lo. Na sua

CATO LI

e

I SMO

Janeiro de '1999

À esquerda: Contra o mau-olhado. Maria Abreu (Venezuela) Diogo Waki

taria uma espécie ele pedágio pago para se ver as obras consagradas. Tal é verclacle, mas há algo mai s profundo. Ao colocarem-se obras be las e hediondas lado a lado, indistintamente, prejudicam-se as primeiras e promovemse as segundas. Para dar um exemp lo corrique iro: basta uma gota ele lama repelente para contaminar um copo de água cristalina.

Exagero transforma-se em normalidade Concluindo. Como nas bienais anteriores, o horror, o vulgar, o feio, o blasfemo foram notas dom inantes. Porém, houve um sensível aumento de obras com caráter pornográfico, ele bestialidade e mesmo satânico. Nas outras mostras, procurava-se confiná- las a ambientes fechados. Desta vez espraiaram-se insolentemente pela exposição. Em geral, articulistas, comentadores etc., criticaram esses exageros, ao mesmo tempo que elogiavam coisas tidas por exageradas em bienais anteriores ... Desse modo, o que é exagero numa exposição passa a ser considerado "norrnal" na seguinte. Seria uma espécie de marcha de requinte em requinte, como a descrita pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira na primeira parte de seu célebre ensaio Revolução e Contra-revolução (cap. VI, 3, p. 45, 4ª ♦ edição, Artpress, São Paulo, l 998).

Nota: * Ao menos

no dia da nossa v isita, fora do ho-

rário esco lar

Patas de galinha -

12

À direita: Lembrança dos anos 20 - 1967. Mario Abreu (Venezuela)

Fernando Alvim (Angola) CATO L I

eISMO

Janeiro de 1999

13


S.O.S. FAMÍLIA Conceito de família anterior à Revolução Francesa

Junto a uma fonte e l!endo como fundo de quadro uma velha casa familiar, dois habitantes do Vale de Roncai conversam, envergando o traje de gala característico dessa região da Espanha, o qual data da Idade Média, sendo usado até hoje por ocasião dos dias festivos

R ealçamos nas páginas de SOS Família , ed ição de novembro p.p. , a importâ nc ia de haver uma impregnação de virtudes nas in stitui ções, sobretudo na fam íli a, para prosperidade e grandeza das nações. Em conti nuidade, para a presente ed ição, escolhemos trec hos da obra do célebre polemi sta católi co, Mons. Delassus, versando sobre uma questão fundamental para a perpetu idade das trad ições familiares: a herança. Não apenas a espiritual, mas também a herança material , que constitui um vínculo unitivo das gerações no seio ela instituição da famíli a. No jJeríodo que antecede a Revo lução Francesa, o patrimônio fami li ar não · podia ser d ividido após a morte dos pais; ele era transm itido, por herança, ao filho varão mais ve lho, que assumia aresponsabi lidade de o conservar, aprimorar e transmiti-lo, por sua vez, à geração vindoura. Atualmente, com a partilha cios bens, móveis e imóveis, quase sempre o patri mônio de uma família fragmenta-se de tal maneira, que se dispersa como poeira. Com isto, a obra dos ancestrais desfaz-se e a memória da família extingue-se. Assim, para reavivar nos pais a importância que há em ed ucar os filhos na obrigação de não dilapidar os bens familiares e cu ltivar nos filhos a memória das virtudes dos antepassados, oferecemos a nossos le itores os trechos selecionados que seguem.

* * *

"Citemos como exemplo algumas linhas extraídas do livro de família* de André d'Ormesson, conselheiro de Estado [na França] no século XVII: Que nossos filhos conheçam aqueles dos quais descendem por parte de pai e mãe, que e les sejam incitados a rezar a Deus pelas suas almas e a bendi zer a memóri a das pessoas que, com a graça de Deus, honraram a sua casa e adq uiriram os bens de que eles usufruem . 14

CATO L IC ISMO

Janeiro de

Herança espiritual e material · "Outtv pai de família escreve em 1807: Encontrarei , meus filho , um a seqüênc ia de ancestrais estimados, considerados, honrados na sua região e por todos os seu concidadão . . Uma existênc ia honesta, um a fortuna mediana, mas uma reputação sem mancha, ei o · capital que vem sendo transmitido, durante quatrocentos anos, por onze pais de família que j amais aba ndonaram o nome que receberam nem a terra em que nasceram.

Família não é apenas pai, mãe e filhos "Por esta palavra.família, portanto, não se entendia somente, como hoje, t 999

apenas o pai, a mãe e os.filhos, mas toda a linhagem dos ancestrais e a dos descendentes que viriam. "Para ser assim una e contínua através dos séculos, ela tinha não som.ente a continuidade do sangue, mas lam.bém, se assim. se pode dizer, um corpo e uma alma perpétuos. O corpo era o bem de família que cada geração recebia dos ancestrais, como depósito sagrado. Ela o conservava religiosamente, esforçavase para aumentá-lo e o I ransmitia fie lmente às gerações seguintes. A alma eram as tradições, isto é, as idéias dos antepassados e seus sentimentos, bem como os hábitos e costumes que daí decorriam.

"Urna lei esc rita no coração dos fi·anceses , consagrada por um costume multissecular, assegurava a transmissão do patrimônio de uma geração a outra. E um tríplice ensinam.ento: o primeiro, dado pela conduta dos pais que osfilho.1· tinhwn diante dos olhos; o segundo, que lhes era ensinado pelas exortações, conselhos e admoestações que recebiam; e o terceiro, contido nos escritos, chamados liv ros de co ntas ou li v ros de famíl ia, mantidos e atua lizados por cada geração. Tudo isso garantia a transmissão das tradições fam iliares. "Hr~je em dia os livros de famíl ia não existem m.ais, nem mesmo sob a forma de recor·dações, a não ser nos arquivos dos eruditos. O patrimônio só é considerado pelos filhos como um butirn a se r dividido. E quantos há, entre nós, que podem citar os nomes de seus bisavós? "A família não mais existe na França. E é isso, digamo- lo de passagem, que explica os parcos resultados obtidos pelos padres e religiosos que tiveram em mãos, durante meio século, o ensino primário e secundário de mais da metade da população. Suas lições não mais encontravam, como base para assentarse, aquelefundamento sólido que as tradições de família devem inculcar na alma da criança. "Não é só afamília que j á não existe na França, mas não resta mais nada da constituição social que a História viu originar-se da família em todos os povos civilizados. A.família realfoi decapitada, as.famílias aristocráticasforam dizimadas, e aquelas que escaparam ao massacre e à ruína.foram colocadas, pelas leis, na impossibilidade de agir e até mesmo de conservar sua posição. Enfim, as mesmas leis colocam as.famílias burguesas e proletárias na impotência para se elevarem de modo contínuo. "Nem em Atenas nem em Roma a sociedade se reergueu, uma vez desmoronada sobre si mesrna. O Cristianismo nos dá os meios de regeneração dos quais as sociedades pagãs não dispunham. Saberemos empregá-los ?

No Vale de Roncai, na Província da Navarra, ao norte da Espanha, os velhos solares, construídos com pedra negra, há séculos costumam permanecer na mesma família através da herança, que assegura o patrimônio familiar

Transmissão do patrimônio de geração em geração "Durante um século, todos os nossos e.~jorçosfi-acassaram.. Por quê? Porque sofi·endo a ação deprimente das leis e dos costumes, baseadas nos sofismas de Rousseau, nós só temos as vistas postas no indivíduo. Atuamos sobre o indivíduo, em vez de considerar a.família e orientar nossos e4orços para reconstituí-la. A família reconstituída produzirá de novo homens. Este é o clamor geral: Não temos mais homens! Se não temos mais homens, é porque não temos mais famílias para produzi-los. E não temos mais .famílias porque a sociedade perdeu de vista o obj etivo da sua própria existência, que não consiste em oferecer ao indivíduo o maior número possível de prazeres, mas em proteger a germinação das .famílias e ajudá-las a elevar-se cada vez mais alto. "A família, já o dissemos, tem dois sustentáculos: o lar e o livro da.família, chamado na França Livro de Co ntas. Ambos quebrados pelas leis. O primeiro diretamente, e o segundo por via de conseqüência. A transmissão do lar e do patrimônio que o contém.formava, entre as gerações sucessivas, o vínculo rnaterial que as unia uma à outra. A esse primeiro vínculo se juntava um outro, que eram a genealogia e os ensinamentos dos ancestrais, consignados no livro em que a genealogia era registrada .... "A situação dos bens da família de Antoine de Courtois, cujo livro de contas.foi publicado por Charles de Ribbe, era precedido destas linhas endereçadas aos seus filhos: Meus bem-amados fi 1hos, nós temos o us1.1fruto dos nossos bens, dos quais somente podemos consum ir os frutos. Nossos bens estão em nossas mãos para que trabalhemos sem cessar no sentido de melhorá-los, e depois para que os transmitamos aos que nos prolongarão no curso da vida. Aquele que dissipa seu patrimônio comete um roubo horríve l, pois trai a confiança de

seus pais e desonra seus filhos. Teria sido melhor, para ele e para toda a sua raça, que jamais tivesse nascido. Tremei, portanto, ante a possibi lidade de consumir os bens dos vossos filhos e de cob rir vosso nome de oprób ri os. "Estes pensamentos decorriam na/uralrnente do pensamento, que todos tinham no espírito, de que o lar e o domínio patrimonial eram o obj eto de um tipo de .ficleicomisso perpétuo, que não era permitido diminui,; e que todos deviam e.1:forçar-se para aumentar". (Mgr Henri Delassus, L' Esprit Familia[ dans la Maison, dans la Cité e/ dans l 'État, Soc iété Saint-Augustin, Desclée, De Brouwer, Li ll e, 1910, pp. ♦ 113-117).

Nota:

*

"Le Livre de Fa111ille ": Um c111tigo costum e q11e

perduiv11 especialmente na Fran ça, mos tw11bé111 em alguns ou11vs países europeus, consistia em narrativas - 11on11a/111e11/e a cargo do primogênito - do dia -a-dia da/à111ília (11asci111e11tos, casamentos, mortes, co111e11tários etc.). Visava mw1ter viva a memória das virtu de.\· dos ancestrais nos desce11de111es, impulsio11ando-o.1· para o /Je111, através das leituras e meditações que faziam dos e11si11a111e111os narrados. Por est es livros se r eco11stilufa111 a genealogia e a história dasfc111dlias.

eATOLIe

ISMO

Janeiro de 1999

15


HISTÓRIA

A 'Abadia de Melk , e as origens da Austria Carlos Eduardo Schaffer Correspondente Austria

Símbolo de relação harmônica entre as esferas espiritual e temporal, essa Abadiapalácio sintetiza maravilhosamente o ideal de Cristandade - ponto de .. encontro entre o Estado e a Igreja, em que o Poder temporal se apóia nos ensinamentos do Poder espiritual. A concretização desse ideal, na Idade Média, opõe-se diametralmente à chamada "globalização" - conglomeração anorgânica de nações contemporâneas. Viena - Com a e leição do Conde Rodolfo de Habsburgo como Imperador do Sacro Império Romano a lemão em 1273, e mais especia lmente com a vitória deste, em 1278, sobre o rei Ottokar Przemysl II da Boêmia, que então dominava também o Condado da Áustria, a Caríntia, a Stíria e a Craína, iniciavase o longo período de 640 anos de reinado de uma fam íli a sobre determinada nação (1278 - 1918). Um dos aspectos mais importantes da hi stória da Áustria sob a égide dos Habsburgos foi a grande harmonia que caracterizou as relações entre a esfera espiritual e a temporal em quase todos estes séculos. Ainda hoj e, quem visita Viena pode constatar esse grande embricamento refletido em vários monumentos históricos. Citamos aqui alg uns exemp los. Na chamada Kapu ziner Gruft (cripta da igreja dos capuchinhos), situada na 16

e ATOLIeISMO

Tegetthoff'gasse encontramse sepu ltados os corpos ele grande número ele Imperadores, Imperatrizes, Arquiduq ues e Arq uiduquesas. Os corações cios Imperadores encontram-se na Agostinerkapelle, ig reja situada no palácio imperial ela Ho.fburg , no centro de Viena. Os símbolos da rnonarquia austríaca - como a águ ia bicéfala ou a coroa dos Habsburgos - podem ser vi stos em inúmeras igrejas. Na catedral de Santo Estêvão, à es. querda ele quem nela entra, acha-se a capela com o túmulo do príncipe Eugênio de Sabóia, grande general a serviço da Casa ela Áustria, vencedor dos turcos que ameaçavam invadir a E uropa no século XVIL

Nossa Senhora Magna Mãe da Áustria A Votijkirche (igreja votiva), próxi-

Janeiro de ~ 999

Carlos Magno, dos Habsburgos e ela Hungria. Ao lado delas estão os nomes dos diversos Imperadores que proporcionaram benefícios a esse San tuário ele peregrinações. Mas há um monumento que é especialmente sign ificativo em matéria ele re lac ionamento entre as esferas espiritual e temporal. A uns 60 quilômetros a oeste de Viena, no ponto em que os riosMelk e Pielach desembocam no Danúbio, eleva-se sobre um rochedo a impon ente Abadia beneditina que tem o mesmo nome de um destes rios, o Melk. E la está ligada às origens ela Áustria e é um dos mais interessantes monumentos que espelham aquela feliz união entre o trono e o altar. O local tem uma longa história. Já na época do Império Romano hav ia sido edificado na região um pequeno forte para controle cio tráfego sobre o Danúbio. Com as invasões bárbaras, a região passou a ser dominada pelos ávaros.

Impulso inicial proveio do Grande Carlos Entre 791 e 803 Carlos Magno conquistou o reino dos ávaros. Em 976, depois ele ter estado sob o domínio ele vários senhores feuda is, foi aque le território conquistado por Leopoldo I, o primeiro Duque da dinastia cios Babenbergs. De 996 data o mais antigo docu mento mencionando o nome "Ostarrichill " (do qual derivou "Osterreich", Acima: Fachada principal da Abadia de Melk, construída sobre imponente rochedo e visão aérea da localização da Abadia de Melk, vendo -se ao fundo o rio Danúbio e à esquerda o rio Melk, que desemboca naquele

ma do belíssimo prédio gótico da prefeitura de Viena, foi mandada construir pelo imperador Francisco José em agradec imento a Deus por ter sobrevivido a um atentado que sofreu. Entre montanhas, a uns 150 km de Viena, situa-se o Santuário de Mariazell , Padroeira da Áustria, que porta o significativo título ele "Magna Mater Austriae, Magna Hungarorum Domina, Mater Gentium Slavorum" (Grande Mãe da Áustria, Grande Senhora cios Húngaros, Mãe dos Povos Eslavos). O altar da Mãe de Deus, todo coberto ele prata, está encimado pelas coroas ele

Nave central da capela da Abadia de Melk

atua l nome alemão ela Áustria), para designar aquela região. Em 1996 comemorou a Áustria esse fato com inúmeras festividades. Após ter sido durante alg um tempo o centro dos domínios cios Babenbergs, com a expansão da influê ncia destes para o norte e para o leste, ficou Melk sendo apenas o mausoléu da família. Para que houvesse monges que rezassem pelos membros daquela estirpe e para que o loca l se preservasse ele modo satisfatório, os beneditinos foram convidados a fundar lá uma Abadia.

Abadia-palácio, evoca a Áustria imperial No dia 21 de março de 1089 fo i cantada pela primeira vez a hora vésperas do Ofíc io divino. Sob o lema ele São Bento, "Ora et labora", mantêm os beneditinos a vida monástica naquela Abadia ininterruptamente, até os dias ele hoje.

O edifício-monumento compõe-se hoj e ele três partes bem distintas. O c lau stro, onde se desenvolve a vida conventual. Uma outra construção ele tamanho mais ou me nos igual à ela parte conventual , onde funciona uma esco la para 800 alunos mantida pe los monges. E uma terceira a la dedicada ao servi ço da família imperia l e da nobreza. Cada uma das três partes desenvolve-se e m torno de um pátio interno. Nas áreas pertencentes aos monges e à escola figuram construções austeras, enquanto a parte dedicada à família imperial ostenta o porte de um verdadeiro palácio. Chega-se ao anelar nobre desta última por uma escada chamada Escada dos Imperadores. O acesso aos diversos aposentos faz-se por um longo corredor no qual se tem a clara impressão ele estar num lugar que é um misto de palácio e ele convento. No fim deste corredor e ncontra-se o recinto profano mais suntuoso ele todo o ed ifício, a chamada sala ele mármore, onde, em ocasiões de festa, os membros da família imperia l de passagem por ali podiam oferecer banquetes e receber convidados. Separando a ala palácio da ala Abadia propriamente dita, estão a biblioteca e a igreja abacial, considerada ta lvez a mais bela, em estilo barroco, de toda a Europa. A grande Imperatriz Maria Teresa por ocasião da primeira vez que esteve em Melk, deixou escrita a seguinte frase: "Eu teria remorsos se aqui não tivesse vindo". Maria Antonieta hospedo u-se ai i quando se dirigia à França, a fim de se casar com o futuro Luís XVI. Ao visitar Melk, tem-se diante dos olhos como que um extraord inário monumento em homenagem ao feliz relac ionamento que ex istiu e ntre o Império e a Igreja, na Áustria. A grande e tradicional Abadia está inseparavelmente unida às origens e à ♦ História desse país. Biblioteca da Abadia de Melk

eATOLIe ISMO

Janeiro de 1999

17


Nhá Chica Faz

pouco, passando por Caxambu , tive minha atenção voltada para vários estabelecimentos · comerciais com um nome ao mesmo tempo antigo e popular, mas co m o charme do Brasil real, do Brasil verdadeiro, bem diferente daquele Brasil fa lseado apresentado pelas novelas de TV. Satisfazendo minha curiosidade, perguntei ao proprietário da lanchonete Nhá Chica a razão de tal nome. Com calma do montanhês, falou-me longamente a respeito da personagem, cuja vida transcorreu, quase toda ela, na cid ade de Baepe ndi , a cinco quilômetros daquela conhecida estância mineira, renomada por suas águas medici nais. Tirou ela gaveta um pequeno livro que trazia a biografia de Francisca Paula ele Jesu I abel, de autoria de Helena Fe1Teira Pena. Abriu-o e mostrou-me um soneto - que a diligente autora aproveitou, à guisa de apresentação ao leitor, na 14" ed ição de seu livro - dedicado à conhecida e venerada em toda região, Nhá (forma abrev iada de Sen hora) Chica (forma abreviada de Francisca). Da lavra do Conselheiro João Pedreira do Couto Ferraz, tais versos, compostos nos idos tempos do Bras il Império 1873 - , presta m homenagem a Nhá Ch ica, cujo processo de beatificação fo i instaurado no Vaticano, em 1992. Mas, afinal, quem fo i Nhá Chica? Não se imagin e uma dama da ari stoc racia, corno as houve no Bras il , até muito virtuosas. Nhá Chi ca não fo i

virtuosa personagem do Brasil real PAULO HENRIQUE C HAVES

Há seis anos, foi iniciado em Roma o processo de beatificação de uma compatriota nossa do século passado, em cuja alma refletem-se de modo marcante virtudes características do brasileiro, especialmente fé, devoção mariana e bondade

*

A humilde casa onde residiu Nhá Chica, em Baependi (MG)

e

I SMO

era uma pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição, em tosco oratório, ainda hoje venerada na igreja, conhecida na cidade como igreja da Nhá Ch ica. Diante da bela imagem esculpida por hábeis mãos de arti sta em cuj a alma vicejava a fé, pude rezar a oração predileta de Nhá Chica, aliás, umas das mais belas preces compostas nos doi s mil anos de cri stianismo: a Salve Rainha. Um fato narrado por Helena Ferreira Pena descreve o perfil espiritual dessa alma de eleição. Certo dia, Nhá Chica recebeu manifestação da Mãe de Deus mediante a qual ped ia que Lhe fi zesse um a capela. Como isso requeri a muito dinheiro, sai u Nhá Chica pelas vizinhanças em bu sca de auxíli o, que não lhe faltou. Providenciou logo os adobes (tij olo cru). Quando hav ia certa quantidade pronta desse material de construção, recebeu Nhá Chica ordem de Nossa Senhora para dar início à edificação. Contratou então um ofic ial de pedreiro que pôs mãos à obra. Encontrando-se os serviços já em certo estágio, o oficial notou que iria fa ltar materi al e disse-lhe: - "Nhá Chi ca, os adobes não vão chegar!

nem pretendeu ser urna delas, mas sim uma .moça interi orana voltada para Deus.

* Nasc ida em 181 O, em São João dei Rei (MG), ainda menina mudou-se com sua mãe para Baependi. Ali , numa modestíssima casa que ainda se conserva, no cimo de um morro onde se ergue hoje a igreja de Nossa Senhora da Conceição, por ela construída, viveu virtuosamente e morreu

CATO L I

Com efeito, por uma pintura, na qual e la é retratad a e qu e se co nserva na capelinha de sua casa, percebem-se claramente os traços ele mestiça, tão freqüentes em nosso Brasil real. Como afirmou o Conde Affonso Ce lso, os negros que vieram para o Brasil mostraram-se dignos de consideração por seus sentimentos afetivos, por sua resignação, coragem e laboriosidade. São dignos, pois, de nossa gratidão. Segundo sua biógrafa, Nhá Chica era portadora de nobre missão: "Para todos linha uma pala vra de conforto e a promessa de uma oração". Sua companhia diuturna

*

18

drigues. O coacUutor Manuel Anlônio de Castro ".

Janeiro de t999

em odor de santidade no dia 14 de junho de 1895. Sua certidão de Batismo fa la-nos claramente de sua ori gem: "Aos vinte e seis de abril de mil oilocen.tos e dez, na Capela de San.to Antônio do Rio das Mortes Pequeno, .filial desta Matriz de São João de[ Rei, de licença, o Reverendo Joaquim José Alves batizou e pôs os santos óleos a FRANCISCA, .filha na1ural de Isabel Maria. Foram padrinhos, Ângelo A lves e Francisco Maria Ro-

Respondeu ela: "Nossa Senhora é quem sabe".

O pedreiro continuou o serviço e, ao terminar, não fa ltou e nem sobrou um só pedaço de adobe. Fatos como esse deram-se ao longo de toda construção até o seu término. Mas Nossa Senhora queria mai s alguma coisa. Manifestou a sua serva seu desejo: "Queria um órgão para a igreja". Nhá Chica, porém, na sua incultura,

não sabia o que era aq uilo. Foi consu ltar o

À esquerda, capela edificada por iniciativa de Nhá Chica, em Baependi, obedecendo ordem de Nossa Senhora

hoje, mas amanhã às J5 hs (sexta-feira), dia da devoção de Nhá Chica. - "Nossa Senhora quer que enloern a ladainha ".

vigário loca l, Mons. Marcos Pereira Gomes Nogueira, sobre o que era o órgão que Nossa Senhora desejava para a capela. Segundo vai narrando sua biógrafa, Mons. Marcos lhe disse: "Órgão é um instrumento até muito bonito que toca nas Igrejas, mas para isso precisa muito dinheiro!" ... - "Mas Nossa Senhora queria. Na rua São José, casa 73, no Rio de Janeiro, chegou um assim ", disse ela. Mal Nhá Chica manifestara o desejo

de Nossa Senhora, as es molas começaram a afluir abundantes às suas mãos. Foi encarregado da compra o Sr. Francisco Raposa, competente maestro, que partiu para o Rio de Janeiro. O órgão foi despac hado até Barra do Piraí (RJ) por via férrea. De lá até Baependi foi levado em carro de boi. Marcada sua inauguração numa quinta-feira às 15 hs, ela fez tocar o sino, convidando o povo. Começam a chegar os devotos e a capela ficou lotada. O maestro subiu ao coro e, desli zando suas mãos sobre o teclado, qual não fo i a sua surpresa: não se ouviu uma nota sequer! O que teria acontecido? "Com. certeza eslragou-se com a viagem em carro de bois, diziam un s. "Qual! Com certeza venderam coisa velha estragada ", diziam outros. Nhá Chica chora-

E assim se fez. No dia seguinte, novamente o sino soava conclamando os fi éis, que, desta vez, foram em número maior, movidos pela curiosidade. E às 3 horas da tarde em ponto, o maestro fez ecoar pela primeira vez por toda a igreja, ao som do órgão, a linda melodia da ladainha de Nossa Senhora! As lágrimas desciam dos olhos de Nhá Chica, mas desta vez lágrimas de alegria e felicidade. Pude ver o órgão (foto abaixo), infeli zmente em mau estado de conservação, na cas inha onde viveu esta personagem muito brasileira, carinhosamente chamada de Nh.á Chica. Ele não toca mai s. Caro leitor: se a conselho médico ou para repouso fores a Caxa mbu , não deixes de percorrer os cinco quilômetros até Baependi, para ouvir, no silêncio acolhedor daquela modesta casa, os conselhos que a graça certamente te in sp irará na alma. E encontrarás o único repouso verdadeiro, que é conhecer, amar e servir a Nosso Senhor Jesus Cri sto - o Caminho, ♦ a Verdade e a Vida. Fontes de referência: 1. Por que 111e uf'ano do meu país, Affonso Ce lso,

Co leção Páginas Amarelas, Ed itora Expressão e Cultura, 1997. 2. Biografia de Francisca Paulo de Jesus, "Nhá Chica ", Helena Ferreira Pena, Ed itora O Lutador, Jui z de Fora, 14". edi ção. 3. Fran cisca de Paula Jesus Isabel - Nhá Chica, Mons. José do Patrocíni o Lefort, Edit ora O Lu tador, Jui z de Fora, 4". ed ição.

va ... De repente, aca lma-se e diz: "Esperem um pouco ". E foi pros: trar-se aos pés da Virgem, sua Si nh á. O povo es perava ansioso. Ela vo ltou serena e sentenciou: - " Podeis vo ltar para suas casas, porque o órgão não to ca rá

eATOLIe ISMO

Janeiro de 1999

19


CAPA

Rumo ao ano 2000

TFPs Gloriosa Epopéia em expansão no mundo "Esta terra, Senhor, é dadivosa e toda chã; em se plantando, nela tudo dá". Com essas poéticas palavras - ao mesmo tempo cheias do senso de realidade, tão próprio ao povo luso - Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada que descobriu o Brasil, dirigiu-se ao Rei de Portugal, descrevendo o porvir da Terra de Santa Cruz. Convidamos o leitor para, juntos, apreciarmos alguns dos frutos da frondosa árvore plantada neste solo fértil do Brasil, quase cinco séculos depois, por semeador cujo nome está gravado no bronze de nossas almas. Referimo-nos à TFP e ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, seu fundador. Com efeito, a árvore por ele plantada há vários anos serviu de modelo em outras latitudes, mediante a constituição de diversas entidades afins à TFP brasileira, coirmãs e autônomas, que alçaram bem alto os estandartes aurirubros da Tradição, Família e Propriedade em diversos países do Globo.

* 20

eATOLIeISMO

*

* Janeiro de

r 999

Importa reconhecer que nossa Pátria a exemplo do que vem sucedendo com nações européias e americanas mais particularmente - está passando por grave crise religiosa e moral. Crise multiforme e profunda, cujo centro é o próprio homem, afeta ela necessariamente a família, o Estado, a economia etc., como magistralmente descreve o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em sua obra-mestra Revolução e Contra-Revolução, que Catolicismo vem oferecendo em capítulos a seus leitores. "Se a Revolução é a desordem, a ContraRevolução é a restauração da Ordem", escreveu ele. O elenco de atividades exponenciais de algumas das TFPs, a seguir apresentado, a título de exemplo, corresponde pois a uma potente reação com vistas a restaurar a Ordem católica, consubstanciada no lema TRADIÇÃO FAMÍLIA PIWPfüEDADE. Restauração essa cuja plenitude só se dará com o cumprimento das promessas de Nossa Senhora em Fátima: "Por fim, meu Imaculado Coração triunfará!"

Escalada das TFPs nos principais centros mundiais

No ·Brasil: combate contra-revolucionário eficaz nas mais variadas frentes A ntes de assestar o foco sobre duas grandes campanhas empreendidas pela TFP no decorrer de 1998 - O Amanhã de Nossos Filhos e Vinde Nossa Senhara de Fátima, não tardeis! - ressaltamos, de passagem, outras atuações da entidade versando sobre o aborto, o "casamento" homossexual, a Reforma Agrária e as invasões de terras.

O aborto entra sorrateiro, através de Norma Técnica - Vigilante, a TFP permanece na liça Em recente carta de sete páginas ao ministro da Saúde, Sr. José Serra, a TFP manifestou sua perplexidade ante a inusitada publicação de Norma Técnica daquele Ministério, implantando virtualmente o aborto na rede de hospitais públicos brasileiros. Cópia da carta foi entregue a 400 deputados, em Brasília, tendo em vista que no dia 8 de dezembro, festa da Imaculada Conceição, seria submetido ao plenfaio da Câmara o Decreto Legislativo 737 /98, de autoria do Deputado Severino Cavalcanti, visando sustar a aplicação da aludida Norma Técnica. Simultaneamente, o Serviço de Imprensa da TFP divulgou dois comunicados, distribuídos para mais de I 00 jornais e revistas do País.

Foram também ac ionados correspondentes e esclarecedores da TFP, bem como cerca de 20 mil aderentes de suas campanhas, que de Norte a Sul fizeram chegar a Brasília, numa operação relâmpago, a manifestação de seu repúdio a tal Norma assassina. No momento em que se dirigiam ao plenário, os deputados foram abordados por sócios, cooperadores e simpati zantes da TFP da Capital Federal, que lhes fizeram entrega de um cartão de Natal com os seguintes dizeres: "Segundo a lógica abortista, Nosso Senhor Jesus Cristo seria apenas um 'projeto' ele vida humana nas entranhas puríssimas de Maria Virgem. Entretanto, no próprio instante em que Maria disse: 'Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra' (Lc. /, 38), Deus se fez homem e 'habitouentrenós'(Jo . l , 14)" . A votação do Decreto Legis lativo do Deputado Severino Cavalcanti foi adia-

Manifestação contra aborto ~;~~SE1Ys[~~ cb..--Odf>.....,,\c,,0 .... ~1'l>lf).~~ll.""""'l, r, IRll"1Mira'.ikl3d,~'-l.'~~!&t,,~o1'~n

..... IÁ1WS"--:iul~uts-lotSl:$,r,,.--

dr~•-.mdil•L1-::nJtn\.WCC,..,.1n-.b dlói,,_.1,..... ,._,tl.'J'A,UJ~-.iC',,"ll,;J~ (ll'S.f'[).1>'"'1"-•"" ....... ..,Jfll<\,.d•.u .t il. :kjl'.NJa,-.s.t,kM, ..••h l'l.l'Ml> fll'O l!iiw.' .,Jlhlk.rn .._..,.,.~.. ~:.1.-~ d H~"11.à." wd •■ f' ,a.T<•"III~ li(> "'-li:ol ir dr

,,..._.,,,.,,r~~--1 ~- ....... r. , nu;w,.,...o ,..i.....t ... .:.~...,L,., ...,,..., ..... ·u...... i.u.

r.:~.ª/~:;:.1~l7...t~~7'r~~ ~~:.-;:; l"'f"' l'NJ..\'.J~ º"' n .. _ .. ,.,,..,_. ,a.. 1,1•

r ..,. ........... ~ .....

~;~•,•~ ::,::~!¼},[,t'1,~•~~~\~ :u~1Hpolr-..,, ... ,., 0,,.,, ..fn,o.-,r ,f'"'•

o<1•111 c1•..i.. ,h r)o•.n, ,,-.,.,. r,, '" " ' ..,,,,..-nwo 1...,..., r, . , ,i.tn.....i.-.. ,,, . , .....-,~•·

:a~ q-..:~;c1 nbcr:•01JC l•VW>•w-•~

Acima: Ato de entrega da carta da TFP dirigida ao Sr. José Serra, Ministro da Saúde, no protocolo do Ministério da Saúde, na capital federal, em 26 de noltembro p.p. Na foto, da esquerda para a direita: Sr. Nelson Barretto, diretor do Escritório da TFP em Brasília, Sr. Marcelino dos Anjos Gomes e Sr. Frederico Viotti, cooperadores da TFP Ao lado: notícia do

':Jornal do Brasil" (9/12/98) acentua atuação da TFP contra o aborto

Paulo Henrique Chaves Hélio Viana de São Paulo

da para 1999. A TFP, entretanto, tudo fará para - dentro ela lei e da ordem impedir que o sangue inocente das vítimas da Norma Técnica continue sendo derramado.

"Casamento" homossexual e o "prudente" adiamento de votação Apesar do si lêncio da mídia, foi possível detectar que, no último dia legislativo, entraria na pauta a votação do famigerado "casamento" homossexual, projeto de autoria da deputada petista Marta Suplicy. Sem perda ele tempo, a TFP dirigiu respeitosa mas incisiva carta ao Presidente da Câmara de Deputados, Sr. Michel Temer, pedindo-lhe para não se deixar embai r por essa manobra enganosa, e fazer uso de seu alto cargo no sentido de evitá-la. A carta lembrava ainda que o Brasil não é Sodoma nem Gomorra, cidades do Antigo Testamento cuja infausta memória ficou para sempre sepultada pelo Mar Morto, após serem destruídas por fogo do Céu. Cerca de meia dúzia de vezes - desde as comissões técnicas e posteriormente no plenário - a intervenção da TFP impediu a aprovação desse vergonhoso projeto de lei.

Agitação no campo: Reforma Agrária e invasões de terras Infelizmente não é só no âmbito dos costumes que a moral católica vem sendo violada. Ela o é também no campo não menos profundo do direito de propriedade privada, assegurado por dois Mandamentos ela Lei Deus: "Não roubarás" e "Não cobiçarás os bens alheios". Nesse sentido, a TFP já divul-

e ATOLIe ISMO

Janeiro de t 999

21


...,.

Rumo ao ano 2000 Uberaba. Na ocas ião, sóc ios da e ntidade estiveram com o Vice- Presidente da República, Sr. Marco Maciel, obsequiandolhe um exemplar do Guia Prático de pre-

venção contra invasão de terra.

gou mai s de 20.000 exemplares do li vro Guia

Prático de prevenção contra invasão de terra das ce rtas na hora certa, tendo em vista es pec ialmente a ag itação ag rá ria promovida pe lo Movimento dos Sem Terra (MST), a lé m de ed itar o pe ri ódico lnformativo Rural, d iri g ido à classe laboriosa dos ag ropecuaristas . A TFP també m e laborou um estudo acurado sobre o docume nto do Ponti fício Conselho Justiça e Paz do Vaticano refere nte à de li cada questão d a Reforma Ag rária . Manteve, ademai s, contato dire to com os rura li stas ao lo ngo do a no, ora para difundir suas várias obras contrári as à R efor ma Agrária soc ia li s ta e confiscatória, ora para a co leta de ass inaturas no abaixo-ass inado diri g ido ao Mini stro da Justiça pedindo o fim da impunidade dos invasores de terra . A TFP marcou presença destacada na EXPOZEBU/98 , e m agosto último, cm Comissão liderada pelo Sr. Ne/so11 Barretto, diretor do Escritório da TFP em Brasília, e11trega em 24 de março p.p., ao e11tão Mi11istro da Justiça, Sr. /ris Reze11de, uma carta da Campanha S .O.S . Fazendeiro, acompanhada de 7.126 assinaturas de apoio, pedindo àquela autoridade que tomasse providê11cias para fazer cessar os atos de ilegalidade e violência que se praticavam no campo. Na foto, o Ministro da Justiça (à esquerda) recebe o documento aprese11tado pelo Dep. Lael Varela (ao centro) e Sr. Nelson Barretto.

22

e ATOL I e I S MO

Outro lance impo rtante deu-se em Brasília com a Proposta de Emenda Constitucional - PEC - do De putado Lael Varella (PFL-MG), apoiada pela TFP e já aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, visando implantar uma política agrícola no Bras il e dar um basta às invasões de terra.

O Amanhã dos Nossos Filhos: um ano de lutas e vitórias Pais e mães de família de 5.000 cidades f echam o ano contabilizando vitórias contra o avanço da TV imoral A coo rd e nação da Ca mpa nh a O

Amanhã de Nossos Filhos -

OANF -,

o utra ini c iativa da TFP, acaba de divul gar para seus adere ntes re lató rio com as atividades rea li zadas no a no ele 1998. No mês de ab ril ío i lançada a Pesquisa Nacional c m favor do Código de Defesa do Telespectador. A idé ia pareceu tão apropriada que a ABERT (Assoc iação Bras il e ira das E mi ssoras ele Rádio e TV) j á cogita c ri a r a lgo semelha nte com o nome ele Instituto da Te levisão. Poré m, com uma diferença: esse in stituto seria contro lado pe las própri as e mi ssoras . Dir-se-ia a cabra vigiando a horta ... No mês ele junho, OANF inau gurou o se u web site n a Int erne t: www. oan(j,lhos.org.br e fez a reestruturação jornalística cio Bo letim TV Plebiscito, que passou a c hama r-se TV Debate. Diante ela de pravação moral ex ibi da pela nove la Torre de Babel, OANF promoveu , em julho, o e nvio ele cartões de protesto a Sílv io ele Abreu, autor ele seu e nredo . Segundo esti mativas, o setor de nove las da G lobo fo i inundado por dezenas de milhares de cartões exigindo o fim cio desrespeito às famíl ias brasi leiras . Em seg uida, o e nredo orig ina l ela nove la mudo u rad ica lmente. Rendendo-se fina lmente à realidade, no mês ele agosto a impre nsa reconhe-

Janeiro de ' 1999

ceu a força de OANF: o jornal "Folha de S. Pau lo" publicou s ignifi cativa e ntrev ista conced ida por Pau lo Corrêa de B rito Filho, Coordenador-geral da Campanha . Face aos apelos imorais cio programa Domingo Legal, OANF ini ciou campanha de ass inaturas pa ra uma Petição/ Protesto a ser e nviada a Sílvio Santos, proprietário cio SBT, e mi ssora que leva ao ar aquele programa, so lic itando de le providências. Em o utubro, o ap resentador Ratinho, també m cio SBT, esbravejo u num de seus programas, após tomar conhecimento das denúncias fe itas contra e le no boletim TV Debate . E nce rrando o ano de 1998, OANF c ri o u o Ranking dos Piores, índice de rejeição que irá revelar a in sati sfação cio públ ico em re lação à TV imora l. O re latório e nviado para os aderentes de OANF contém ig ualmente os projetos para 1999. Dentre e les, destaca-se o a ume nto cio número de participantes e, havendo meios materiais, o iníc io de uma campanha dirig ida a professores de escolas primárias, dada a importância de seu papel na formação das c rianças. Espera mos que os professores també m e ntre m nessa lu ta para sa lvar nossos filhos e netos da desagregação moral que a TV propic ia. Catolicismo es pera, com fundamento, que OANF re pita o sucesso em 1999 ! Quem quiser saber ma is sob re o OANF, pode visitar sua home page na Internet: www.oanfi lhos.org.br.

Escalada das TFPs nos principais centros mundiais

~~- """"Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! Marcos Luiz Garcia Capa do folheto da Aliança de Fátima, uma iniciativa da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!

A principal finalidade da Campan ha " Vinde Nossa

Sen hora de Fá tima , não tardeis!, é a difus ão da Me nsagem que N ossa Senhora trouxe ao mundo em 19 17 através dos três pastorinhos, na Cova da Iria. C ri ada e m 1993 pe lo P rof. Plínio Co rrê a d e O liveira, essa ini c iativa dese nvo lvese hoj e na mes ma linha , co m g rande êx ito. A Virgem Santíss ima ped iu e m Fátima a devoção ao seu Imaculado Coração, a recitação do Terço, orações e sacrifícios pela conve rsão dos pecadores, e para que cesse a atua l decadê nc ia reli g iosa e mora l. fg ualme nte para que ve nha logo o triun fo fin a l e es pl e ndoroso de seu Jmaculaclo Coração. Dada a gra nde a finidade e xistente e nt re a devoção a Nossa Sen hora d e Fátima e a Nossa Senhora da Meda lha

Coordenador de São Paulo

Milag rosa, a Ca mpan ha te m-se e mpe nh ado també m n a difusão d essa abençoada Medalha, com frutos sempre crescentes.

Imagens peregrinando: cascata de bênçãos A Ca mpanha promove ainda a pe regrinação de image ns de Nossa Senhora de Fátima pe las res idê nc ias de seus partic ipantes, e m todo o Bras il , atra indo gra nde núme ro de devotos. A ca lo rosa ex pressão de gratidão ma nifestada pe los vi s itados mostra o valor da ajuda sobrenatural recebida por e les. A cada vis ita, 20 a 30 pessoas se re únem para rezar o Terço, homenagear a Mãe de Deus e pedir-Lhe ajuda e favores nos dias atribul ados e m que vivemos. Nessa ocasião, projeta-se um audiov isua l exp licativo das Apari ções de Nossa Se. nhora . De abriI a nove mbro de 1998, as imagens fora m expostas à ve ne ração aproximadame nte 1290 horas, te ndo sido visitadas por mais de 12 mil pessoas.

TFP francesa: ação eficaz em várias frentes Projeto de "casamento" homossexual: Apelo da TFP aos Bispos franceses Pacto Civi l de So li dariedade ( PACS), apro vado em. primeira votação

Capas das edições de junho, agosto e outubro de TV Debate: na mira, novelas e programas televisivos imorais

na Assembléia Nacional; se confirmado, contribuirá para desfigurar ainda mais ajisionom.ia da França Preocupados com a fraquíssima mobili zação de Bispos franceses a nte a

ofensiva cio governo socia li sta para impor à França o chamado Pacto Civil de Solidariedade (PACS) - projeto que concede a "casais" ho mossex uais toda sorte de regalias jurídicas e fiscais - , mi lhares de católicos dirigiram filia l apelo aos B ispos pedindo que se manifestassem publicamente contra tal projeto. A inic iativa, a inda em curso, parti u da

Société Française pour la Dffense de

Nossa Senhora abençoa Aliança de Fátima C resce a cada dia o núme ro dos participantes da Ca mpa nha que aderem à Aliança de Fátima. Trata-se de uma ini c iativa visando gara ntir a propagação cada vez maior da Me nsagem de Fátima. Do a lto cios Céus , Nossa Senhora ve m abençoando de fo rma es pecial essa ini c iativa, be m como todos aq ue les que gene rosame nte ne la se e ngajam. A Aliança de Fátim.a dará muito mai s poss ibilidade de expansão à Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima não tardeis!, adema is de constituir bri lhante obra de aposto lado le igo.

*

*

*

Como ocorre com as obras de Nossa Sen hora, també m a Campanha Vinde

Nossa Senhora de Fát ima, não tardeis! tem s ido objeto de perseguições e ca lúnias. Pessoas inescrupulosas houve que chegaram a procurar os seus partic ipa ntes com o intuito de desviá-los para o utras assoc iações que di ziam te r a mesma finalidade. E m caso de dúvida, os participantes podem liga r para o seguinte plantão telefôn ico: (01 1) 3955-0660.

Wilson Gabriel da Silva de Paris

la Tradition, Familie, Propriété (Sociedade Francesa de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP), que enviou, em termos atenciosos, pedido de esclarec ime nto ao Presidente da Confe rê nci a Episcopal, Mons. Louis-Marie Billé. Em e ntrevista ao jornal "Le Monde", o Arcebispo pronunciou-se contra o PACS , mas servi ndo-se ape nas de arg umentos antropo lógicos, sem invocar uma

eATOLIe ISMO

Janeiro de 1999

23


Rumo ao ano 2000

O ensaio publicado por Avenir de la Culture contra o PACS alcançou

considerável impacto junto ao público francês

só vez o nome de Deus ou as condenações do vício da homossexualidade, abundantes na Sagrada Escritura e nos ensinamentos do Magistério da Igreja.

Censura mediática A TFP francesa enviou o texto desse apelo a 16 jornais, inclusive a "La Croix", "Le Monde" e "Le Figaro", so1i citando o assentimento de suas direções para a publicação do mesmo como matéria paga. A resposta dos cotidianos foi categoricamente negativa. Sinal significativo do que se entende por " I iberdade de imprensa" no país que se vangloria de ser o campeão de todas as liberdades ...

Governo socialista pressiona, Avenir de la Culture resiste A associação Avenir de la Culture, ligada à TFP e atuando num campo específico de combate à Revolução cultura l, conseguiu furar o bloqueio da mídia, fazendo sua campanha contra o "casamento" homossexual, chegar a centenas de milhares de franceses.

Graças à atuação de seus aderentes, que realizam reuniões periódicas, foi possível levantar no país uma poderosa corrente de opini ão contrária aos intuitos demo! idores do socialismo francês. O fato é reconhecido até mesmo pelos inimigos mais entranhados da TFP e de Avenir. Em edição de dezembro último, o impo1tante diário parisiense "Le Monde" destacou a ação desenvolvida por essas duas associações, na oposição que o projeto de "casamento" homossexual vem encontrando no Parl amento nacional. Por sua vez, a revista progressista "Goli as", em sua edição de nov/dez de 1998, publicou matéria intitulada Avenir

de la Culture: um submarino do Vaticano, na qual noticia a investida televisiva do Primeiro-ministro Lionel Jospin contra aquela entidade e a TFP, em emissão nacional do dia 8 de outubro de 1998, por suas vitoriosas atuações contra o PACS. Nos· próprios debates da Assembléia Nacional não faltaram farpas enfurecidas contra essas duas organizações, atiradas por deputados favoráveis ao projeto pró-homossexualidade. A deputada socialista Laurence Dumont, por exemplo, levantou-se indignada contra "a

campanha orquestrada pela bem mal chamada associaçãoAvenirde la Culture com os católicos tradicionalistas". "Flash Actualités", órgão de Avenir de la Culture, comenta: "Uma fratura pro.fundíssima divide a França em duas,

-

À direita: vista parcial do público de amigos e simpatizantes da TFP francesa e de Avenir de la Culture durante exposição feita 110 hotel Ambassador, na capital francesa, em dezembro último

24

À esquerda: reunião de antenas locais de Avenir de la Culture no Jaglu, Sede da entidade. Na foto, exposição feita em outubro último, pelo Maitre Ducrey, advogado da associação.

entre os defensores da .família, do casamento, da moral cristã de um lado, e, de outro lado, os sectários da inversão, os soe/omi tas .furibundos e os demolidores de nossa sociedade, que desejam a qualquer preço impor o reconhecimento da homossexualidade como norma social". De acordo com o porta-voz da associação, "o governo extremista de Lionel Jospin decidiu im por à.força essa revolução, muito mais profunda do que parece. Não se trata [como dizem] de uma 'evolução' dos costumes, mas de um retorno à Antigüidade pagã decadente". A ministra da Justiça do governo Jospin, Elisabeth Guigou, declarou que o PACS será aprovado até junho de 1999, ou, ao mais tardar, até o próximo outono europeu. Seu açodamento entretanto não se fez esperar. Com efeito, em sessão de IOde dezembro de 1998, a Assembléia Nacional francesa, com fraca maioria sociali sta, aprovou, por 316 votos contra 249, o famigerado "casamento" homossexual , permitindo "duas pessoas maiores or-

Escalada das TFPs nos principais centros mundiais rio. Teria f eito ranger os dentes, mas teria sido votado" !

A França precisa de Nossa Senhora Ag ui lhoad a pelo la icis mo - tri ste herança ela Revo lução de 1789 - e pe la decadência geral dos costumes, a França católica, o utrora c ha mada por São Pi o X Filha Primogénita da Igreja, sente a as fi xia de um mundo que vo lta as costas a Deus e se burl a da virtude. Cônsc ia dessa real idade, a TFP francesa há a lgum te mpo inic iou campanhas d e difu são da de voção a M a ri a Santíss im a, com vistas a prod uzir, po r via de co nseqü ênc ia, seus fru tos na o rde m temporal, que é o campo específi co de atu ação da entidade. Em 199 1, essas campanhas fo ram institucio nali zadas e m dois ramos e a dois títulos diversos: La France a besoin de la Sainte Vierge (A F rança prec isa de Nossa Se nhora) e Lumieres sur l' Esl

segundo. Mas seria um texto sé-

mo para pessoas de outras re li g iões que se co nve rte m. O bo let im Le Nouvel Aperçu, órgão da TFP fra ncesa, registra porme no res e loq üe ntes dessas pe reg ri nações.

Príncipe Imperial do Brasil pronuncia conferências pela França A exemplo do que fizera e m j aneiro - q uando da sessão de lança mento do livro Plín io Co n -êa de Oliveira, o cruzado do século XX, de autori a do Prof. Roberto de Matte i, no conhec ido Hotel de Cr illon, em Paris - a TFP francesa vo ltou a convida r o Príncipe Imperi al do Bras il , Dom Bertrand de O rléans e Bragança, sócio da TFP brasile ira, desta vez para uma tournée de conferências. Além de concorrida reu ni ão em Pari s, o Príncipe falou ta mbém para simpatizantes da TFP em Marselha, Nice, Montpe lI ie r, Grasse, castelo ele Va isonla-Romai nc e Estrasburgo.

Nos Estados Unidos, força contra-revolucionária dotada de potência

ganizar sua vida comum, sejam elas de sexo diferente ou do mesmo". Os socialistas ganharam essa batalha, mas não a guerra! O texto deverá ainda ser submetido ao Senado, voltando depois à Assembléia. E tanto a TFP francesa como Avenir de la Culture não deixarão um só instante de continuar essa luta em defesa da família. Dói dizer que, se esse primeiro passo foi conquistado, tal se deveu a que o infame projeto não encontrou reação proporcionada ela parte de seus adversários naturais: o Episcopado e a oposição parlamentar. Com efeito, Philippe Seguin, chefe do RPR, o maior partido ela oposição , cm entrevista a uma revista semanal que lhe perguntava se ele tomaria a iniciativa ele apresentar um projeto de lei comparável ao PACS caso esti vesse no poder, respondeu sem hesitar: "Não duvido nem um

(L uzes sob re o Leste). A p ri me ira, d iri g ida aos própri os fra nceses. A seg unda, com o objetivo de propo rc ionar um apo io aos cató licos que vivem nos países alé m da antiga Co rtina de Fenv . Através de La France a besoin de la Sa inte Vierge, a TFP j á d istri buiu , até novembro de 1998 , cerca de 13.402.4 18 c upons de Nossa Senhora ele Fátima, dos qua is quase cinco m ilhões neste último ano. Ao mesmo tempo, um a image m ela Virgem ele Fátim a visito u 23 1 lares franceses em 1998. E deze nas de milh ares de Terços do Rosá ri o fora m d istribuídos . A campa nh a Lum ieres sur l 'Est promove u carava nas de vis itas ele uma imagem de Nossa Senhora de Fátim a a países viti mados pe lo com uni smo: Uc rân ia, Po lôni a, Lituâ ni a, Letô ni a e Estônia. Rece bi da po r milhares de pessoas e m d iversas c id ades, a image m ela Virgem Pe regrina está se ndo ocas ião de graças para incontáveis fié is e mcs-

Ü

ano de 1998 ass istiu a um incremento significati vo nas atividades da TFP, que pode ser considerada uma fo rça contrarevo lucio nária no rte-americana dotada de potênc ia. Através do sistema de mala d ireta ou rnass mailing, cinco milhões de envios foram realizados no ano passado, 83 .592 fam íli as foram visitadas por duplas de cooperadores da entidade e outras 30.000 fo ram contactadas por telefo ne. Todo esse esforço gira em torno ela campanhaA merica Needs Fátima (América necess ita de Fátima). Na es te ira desses n ú meros, vão obj etos relig iosos, cale ndári os, Newsletters (bo letins) e li vros que levaram a milhões de no rte-americanos "a mensagem de tragédia e esperança" anunciada pelo Santíss ima Virgem em Fátima. O impacto causado por ta is atividades pode ser ava li ado pelas centenas de te lefonemas e milh ares ele cartas q ue

Orlando L ra r. Correspondente

de Washington Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima presidiu a prestigiosa manifestação promovida pela TFP norte-americana contra a exibição da peça blasfema Corpus Christi, diante do Manhattan Theater Club,

a 26 de setembro último, em Nova York

chegam às sedes da TFP d iari amente. Muitas vezes trata-se de pessoas desco n-

so ladas, q ue flut uam à deriva no mar tempestuoso das provações, mas q ue encontram nas palavras de Nossa Senhora o alento esp iri tual que as li vra do desespero. Outras vezes , pelo contrári o, são ind ivíd uos dispostos a entrar na li ça contra os fatores de decadência mora l que asso lam a própria a lma do povo norte-americano. Graças à sua vasta rede de correspondentes e simpatizantes, a TFP pôde mobi li zar, em tempo recorde, campanhas como Stop Blasphemy contra a peça teatral blasfe ma Corpus Christi, ou ainda

e AT OLIe Is MO

Janeiro de t 999

25


Rumo ao ano 2000 A campanha de visitas de cópias da Imagem Peregrina de Fátima a lares norte-americanos tem difundido largamente a devoção a essa invocação mariana e ampliado bastante a irradiação da TFP em todo o território do pais

influenciar poderosamente no esforço que dete rmino u a derrota do ass im c hamado "casamento" homossexual, no Havaí. Através de seu Bureau, e m Washington , a TFP tem participado dos principais debates políticos e dos eve ntos c ultu rais que se reali zam na capital do país. Entre esses, fi guram a participação na Marcha pela Vida , que anualmente re úne 150 mil a nti -abortistas na Capital Federal. Parti ativ amente ta mbé m no c ipou Conservative Leadership Co11ference e no Conservative Political Conference, principa is reuniões anuai s do movimento conservador, além de outros eventos promovidos pelas mais influentes organi zações conservadoras dos Estados Unidos. Ainda e m Washington , a TFP desenvo lve um programa semanal destinado a estudantes unive rs itários. Tal prog rama consta de pa lestras e debates rea li zados no pró pri o campus el as principai s Univ e rsidade s, co m o Geo rge town ,

George Washington e George Mason. A lé m di sso, já se torno u conhec ido e ntre os círc ul os conservadores da capita l norte-americana o Conversation Sa lon ma ntido pe lo Bureau ela TFP nos

fins-d e-seman a . Ne le, estuda ntes, professores, jo rna li stas, militares, sacerdotes e políticos se reúne m , ao redor de uma boa mesa, para debate r te mas da atua lidade à lu z dos princípios ex postos pelo Prof. Plínio Corrêa de O live ira e m seu célebre e nsa io Revolução e Con-

tra Revolução. A Academia St. Louis de Montfort , na Pens il vân ia, fundad a e diri g ida pe la TFP norte-a me ri cana, ocupa-se dosestudante secundari stas. A prime ira turma graduo u-se e m meados do a no passado , numa ce rim ô ni a pres idida por Mo ns. Michae l Fedorovich , pároco da ig re j a d a Tra n sfig ur ação, em Shamokin , Pens ilv âni a. Em seu discurso, pronunc iado durante a menciona-

da ce rimô nia, Mon s. Feclorovich fez sig nifi cativo e logio do pa pe l dese mpenhado pe la Acade mia: "A primeira co-

lheita sempre teve um significado simbólico tanto no Antigo quan:o no Novo Testamento. Por isso, a cerimônia de gradua ção de hoj e reveste-se de um significado também simbólico. São os primeiros de uma legião de jovens provenientes de um.a Academia, que se tornou um lu zeiro qu e nos conduz a Deus " . Co mo dizia São Gregó ri o Mag no,

" probatio dil ec tionis exhibitio est operis"" (a prova do amor são as ob ras). As in cessa ntes ativ id ades da TFP norte-a me ri ca na em prol da Santa Ig reja e da C ivili zação C ri stã são a me lhor prova de seu amor entranhado aos ideais da Tradição, Famíli a e Propriedade . E també m a comprovação de seu ze lo e amor à Sa nta Igreja e à Contra- Re volu ção.

Foto dos participantes do simpósio promovido pela TFP norte-americana na Sede de Spring Grove, Pensilvânia, em agosto passado. Sentados, da esquerda para a direita: Príncipe Dom Luiz de Orléans e Bragança, Côn. José Luiz Villac e Caio Vidigal Xavier da Silveira, diretor do Bureau das TFPs em Paris ·

. . . . . . . . . .., A TFP na Alemanha hodierna Associação Alemã por uma Cultura Cristã (DVCK) poderoso baluarte contra profunda Revolução Cultural A Associação Alemã pró Civilização Cristã - DY C K (Deutsche Ye re i-

ni g ung für e ine C hristliche Kultur), e ntidade co irmã da TFP brasil e ira, baseia sua atuação na obra Revolução e Con-

26

e ATO L I e I SMO

Atílio Faoro Correspondente de Frankfurt

· tra- Revolução, do Prof. Plínio Corrêa

rural que ating iu um a uge de desag re-

de Ol iveira e desenvo lve express iva atuação e m três grandes fre ntes: SOS Leben (SOS Vida), Kinder im Gefahr (Crian ças em perigo) e Deutschland ·braucht Mariens Hilfe (A Alemanha prec isa da ajuda de Maria). Tal atuação é parti cularmente necessária num país como a Alemanh a de hoj e, assolado por urna Revolução cul-

gação mora l sem precede ntes. Desagregação esta que conseguiu vulne rar e m a lto gra u a juve ntude, med iante um a espantosa erotização .

Janeiro de ' 1999

SOS Vida SOS Vida promove palestras e debates sobre o te rna do abo rto. Nesse sentido, a campan ha la nçou , na famosa

Escalada das TFPs nos principais centros mundiais Feira do Livro de Frankfurt, ele o utubro último, o livro do padre G iovan ni Sa la , S.J ., da Faculd ade de Filosofia de Munique, intitu lado Sistema católico de

aconselhamento e participação na lei de aborto. Ne le, o autor demonstra a imposs ibilidade moral de organ ismos da Ig reja Católi ca parti c ipare m elas Comissões de Aconse lh a me nto sobre o aborto . Por ocas ião das e le ições para a Câmara ele De putados, e m setembro últi mo , SOS Vida pre parou questiomí rio para os cand idatos , ped indo sua op ini ão sobre o tema do abo rto. Os resultados foram enviados aos adere ntes ela ca mpanha, co mo e le me nto orie ntador de votos.

1~•

•::•,,-

•(

..

..

,

.,~

..,.....

,,. -~·

o/A

~;A

·r

.

yZ, ..,r,

·r• f ~!•

J"'

1

llf-

,,

w

1

~

-ik

;<,

1.

r

~

1 Y,

.. O livro sobre Jacinta teve muito boa aceitação por parte do público alemão

Crianças em perigo

Crise é moral e religiosa

Na ação Crianças em perigo, o lan ce mai s marca nte do a no fo i a publicação do li vro Talksh.ows, um j orro de imundície em nossos lares, de M a thias von Ge rsdorff, diretor ela DVC K. Re úne a obra um conjunto de declarações c hocantes, ex traídas d ire tamente das e mi ssões te levi sivas, reg istradas e m texto pe lo Se rviço de Documentação da DVCK durante seis meses. A re pe rc ussão do li vro, úni co no gêne ro, não se fez esperar. As reações co meçaram a articu lar-se e os responsáveis pe las e mi ssões voltara m atrás e m temas cons iderados polêmicos . Crianças em perigo, alé m de difundir um segundo li vro contra o satani smo - prática que se gene rali za e ntre a juve ntude al e mã - , pre parou também questi o ná ri o o ri entador de votos de seus s impatiza ntes aos candi datos à Câmara de Deputados sobre os temas re lativos à defesa da juve ntude. Através de seu Bureau de Representação e m Bonn, a DVCK desenvol veu inte nsa atuação junto à Câmara dos Deputados visando escla recer os parlame ntares sobre a necessidade de leis que defe ndam a famíl ia.

A Alemanha precisa da C(juda de Maria, é um a ca mpanh a de difusão ele f"o lhetos e li vros com a Mensagem de Fátima. Ela visa e ncoraj ar a opini ão púb lica cató li ca, mos trando que os mal es que golpeiam o país ap resentam o ri gem comum : c ri se moral e re li g iosa. E que o conte údo ela Mensagem de Fátima é o antídoto adeq uado para tal c ri se. Tem sido fe ita mass iva dist ri bu ição de fo lhetos aprese ntando a Mensagem de Fátima e oferecendo a tradução alemã do li vro Fátima: Mensagem de Tra gédia ou de Esperança'!, de autoria cio sócio da TFP brasi leira, Eng. Antonio A. Borelli Machado.

Em 1998, foram distribuídos 2,7 milhões desses folhetos. Desde abril de 1996, quando começou esta cam panha, já foram distribuídos 7,2 milhões de folhetos, com 48.327 livros difundidos. Na A le manha, li vros com tirage m supe ri o r a IO mil exempl a res, exceto romances e contos poli c iais, são cons iderados sucessos de vendas.

estampas de Nossa Sen hora de Fátima foram entronizadas, em 1998, em 15.700 lares. Somados aos 12.930 lares de 1997, totalizam já 28.630. Durante a Semana Santa, cerca de 10 mil simpatizantes da DVCK recitaram a Via Sacra de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em reparação às blasfêmias cometidas na Alemanha. Em junho, a DYCK o rgani zo u, e m co laboração com a assoc iação ita liana Luci sull 'Es t, a pe reg rin ação el e um a im age m de Nossa Sen ho ra ele Fátima a vários países do Leste e urope u. Outra impo rta nte atividade foi levar a M e nsagem ele Nossa Senhora aos jovens , através de uma biog rafia de Jac inta. E m apenas 50 di as, esgotou-se a primeira ed ição de 15 .000 exemplares cio li vro e m que o pad re j esuíta portu g uês Fern and o Le ite narra a hi stó ri a dessa vide nte de Fá tima .

A receptividade às campanhas da DV CK pode se r comprovada pelas numerosas cartas e telefonemas recebidos diariamente na secretaria da entidade. À direita: publicação contendo

um Terço do Rosário com livreto explicativo Abaixo: capa do boletim da campanha A Alemanha precisa da ajuda de Maria

'" ............... ....... ,... ........ ' .............,.....,.... ,._,.,

~,

1 ..... -

. . , . ,.~ ........... .......... . -

..... , ,_ ,.......... ""'-~.,,... ,... ,,,\,A

.................... ...... ,. ....... •· ,,=: ~.?~>t·-·•"· ... ,. ............"

......... i,1,,. ........... ..

"""- , ,.,.,.~ ............. ,.,h <,,,.._

\

, . - . ... -..

,_,,o,,..·••••1,..,._ h...,,,..,.,,,

,.

~i~:;:;:::~~:'..''·:=·~~r;

±f~;=~!-EhS:i:!2 ~:::~~~~=~

~=-~~:~~;;~~~~~ ;:~~~=~=::~

...... ,,_, __ .... ,,--.. .... --, •--':-•.......... --~i..~1':"'-:=."' ;!"..::~-:-:-:! "':'.'~';,"}".:~:...... ::.·.-:.~· "':.~.;;_-:,-.!;.'";;';t ,:-: -;

Para que o Imaculado Coração de Maria comece a reinar nas famílias,

eATOLIeISMO

Janeiro de 1999

27


VIDAS DE SANTOS

Escalada das TfPs nos principais centros mundiais

Rumo ao ano 2000 . ·

Ufficio TFP: do centro da Cristandade, intensa irradiação

Baluarte da ContraReforma e Doutor da Igreja

uan Mi uel Montes D esde a funda ção, em Roma, do Ufficio Tradizione Famiglia Proprietà , ideali zado pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira para ser o órgão de representação das diversas TFPs na C id ade Eterna, suas atividades vêm se desenvolvendo ele mane ira sempre crescente entre o público itali ano. Ademai s ela tarefa ele representação, sua atuação desenvolve-se hoje e m doi s campos, no âmbito de defesa da família: S.O.S Ragazzi (S.O.S. C ri anças) e Voglio Vívere (Quero Viver). Isso porque, Lan lo na llá lia como em toda a Europa, a in stituição fam ili ar é atualmente vítima de brutal investida por parte ele forças anti cristãs e pós-comuni stas, no pode r e m vários países. - S.O.S. Ragazzi: Ca mpa nh a cio Uffic io TFP destin ada a esc larece r a opini ão púb li ca sobre os danos causados na juventude por uma TV e uma publi c idade cada vez mai s libertinas e violentas. Promove rnass-mailings, publi cações especializadas, co nferê nci as públi cas para as quais são convidadas pe rsonal idades c ivi s e ec les iásticas a falar sobre a ju ventude e a TV, tema que hoje ang ustia inúme ras famíli as da ltá-

Peregrinação da imagem de Nossa Senhora de Fátima chega a Sarajevo, capital da Bósnia

28

e A To LI e I S MO

li a. S.O.S. Ragazzi já preparou também estudos sobre diversas ofensivas contra o instituto fami li ar na Itália , co mo a equiparação do "casamento" homossexua l ao casamento verdadeiro. - A Campanha Voglio Vívere vi sa, co m métodos a nálogos aos de S.O.S. Ragazzi, dar um basta ao genocídio perpetrado pelo aborto, praticado no país

desde a aprovação da fami gerada Lei 194. Com efeito, recentemente S.S. João Pau lo II de nunciou que mai s de 3,5 mi lhões de c rian ças ita li anas inocentes sucumbiram dev ido à ap li cação desta le i, convidando todas as forças civi s de in sp iração cató li ca a empe nhare m-se com denodo na luta contra o aborto, uma das mai s vergon ho ·as chagas da sociedade contemporânea. - D ifusão da devoção a Nossa Senhora de Fátima como remédio para os ·males hodiernos. Os membros do Ujficio TFP partic iparam, em colaboração com a TFP francesa, das atividades da associação Luci sull 'Est (Luzes sobre o Leste). Mais ele 80.000 italianos recebem o periódico "S punti", de Luci sull 'Est. O extraordinário sucesso dessa iniciativa deve-se principalmente à grande reserva esp iritu al ex istente na opin ião pública italiana, ainda profundamente católica,

Janeiro de '1999

Correspondente

de Roma

pronta a ajudar as populações do Leste europeu. Somente no ano ele 1998, Luci sull 'Est pôde enviar ao Leste quatro mi lhões de estampas de Nossa Senhora. O contato da assoc iação com o público é extremamente vivaz. Uma "caravana" percorre dura nte todo o ano as diversas regiões ita li anas visitando famíli as, paróquias, hospitai s, escolas etc. Luci sull 'Est nasceu para estim ular entre os cató li cos itali anos o desejo ele participar ativamente na re-evangeli zação dos países cio Leste europeu, devastados espiritualme nte por décadas ele reg ime com uni sta. Os j ovens voluntários da e ntidade diri gem-se durante o verão para aquelas vastidões, a fim de dese mpenhar uma ativ idade seme lhante à desenvolvida durante o ano na Itá1ia. Ass im , só em 1998, foram percorridas : C roácia, Bósnia, Po lôni a, Letônia, Estôni a, Lituâni a, B ielo rúss ia e República Eslovaca. A isto so ma-se o contínuo fluxo de publi cações e objetos reli giosos qu e Luci sull 'Est envi a regularmente durante o ano a famíl ias e paróqu ias de. ses países. O U,fficio TFP, com sedes em Roma e Milão, difunde ainda o peri ód ico "Tradi zione, Famigli a, Proprietà ne l mondo", que informa sob re as atividades gera is das TFPs. A pub li cação conta com um suple mento de grande repercussão: "O pensamento de Plínio Corrêa de O Iive ira" . Ele reproduz artigos e conferê ncias inéditas do grande apósto lo da Co ntra-Revolução, para um público áv ido de boa doutrina. Ademais, o U,fficio TFP vem divul gando com freqüê ncia na imprensa itali ana artigos escritos por membros das TFPs a respeito de assuntos variados, como a situação atual de países como Bras il , Co lômbia, C hile e C uba. ♦

PLJN [O MARl A SOLI MEO

Noiníc io de nove mbro de 1622, São Franc isco de Sa les, Bispo-Príncipe de Genebra, acompan hava o Duque da Sabóia na comitiva que ia de C hambéry aAv ignon encontrar-se com o Rei Cristianíssimo, que era então o soberano francês Luís XITI. O Pre lado aproveitou a ocasião para visitar os moste iros da Visitação existentes no percurso, como cofundaclor que era dessa Congregação. Ass im , chegou no dia 11 ao de Belley. E ntre as freiras que, pressurosas, correram-lhe ao encontro, encontrava-se uma que e le muito estimava por sua inocênc ia, virtude e simpli cidade, e a quem por isso dera o nome de C lara Simpliciana. Esta, ilu minada por lu zes sobre nat ura is, c ho rava desoladamente: "Oh, excelentíssimo Senhor!" d isse-lhe sem subterfúgios, "vós morrereis neste ano! Eu vos suplico que peçais a Nosso Senhor e à Sua Santíssima Mãe que isso não ocorra". - "Como, minha filha?!" , respondeu surpreso o Prelado. "Não, não o farei. Não vos alegrais pelo fato de eu ir descansar? Veja: estou tão cansado, com tanto peso, que já não posso comigo. Que.falta vos farei? Tendes a Conslituição e deixar-vos-ei Madre Chantal, que vos bastará. Ademais, não devemos pôr nossas esperanças nos homens, que são mortais, mas só em Deus, que vive e/ernamente". Tais palavras como que resumem a vida e a obra de São F ranc isco de Sales, cuja festa comemoramos no dia 29 deste mês. Embora ele contasse então com ape nas 56 anos de idade e apare ntemente não estivesse doente, entregou sua grande a lma a Deus três dias antes que o ano terminasse, conforme pred issera Irmã Simpliciana ... 1

Na última edição de Catolicismo, apresentamos a vida de Santa Joana de Chantal, dirigida espiritual e colaboradora de São Francisco de Sales na fundação da Congregação da Visitação. Ocorrendo no presente mês a festa desse grande Santo, é natural que dele nos ocupemos, tanto mais que foi uma das maiores figuras da Contra-Reforma católica na França, tido pelos seus contemporâneos - incluído o grande São Vicente de Paulo - como a mais peefeita imagem do Salvador então existente na Terra.

~

ffi eATOLIe ISMO

Janeiro de 1999

29


A grande provação

Calcando o mundo aos pés

Francisco de Sa les, primogênito entre Aos 24 anos, Francisco, com os estu os 13 filhos dos Barões de Bo isy, nasceu dos brilhantemente concluídos e já doutor no cas telo de Sa les, na Sabóia, em 2 1 de em leis, voltou para junto da família. O pai agosto de 1567 . Por devoção dos pais ao escolhera para ele a j ovem herdeira ele uma Poverel/o de Assis, recebeu seu nome e, das mai s nobres famílias do lugar. Apesar chegado ao uso da razão, o menino escoele sua pouca idade, ofereceram ao j ovem doutor o ca rgo de membro cio Se nado lheu-o por patrono e gui a. Catedral de São Pedro, de sabo ian o. Humanamente falando , não se A v irtu osa baronesa dedicou -se ela Genebra, cuja Sede episcopal o Santo ocupou desde 1602 podia desejar mais. mesma, com a ajuda de bons preceptores, à ed L_1cação de sua numerosa prole. Para Para espanto do pai, seu primogênito seu primeiro filho esco lheu, por sua piedade e ciência, o recusou tanto um quanto outro oferec imento. Só à mãe, Pe. Déage, o qual, até sua morte, fo i para Franc isco um pai que sab ia de sua entrega a Deus, e a um ti o, cônego da espiritual e gu ia. Acompanhava-o sempre, mes mo a Paris, catedra l ele Genebra, expli cou Francisco o motivo desse onde o jovem barão rad icou-se durante seus estudos uni ato tido por in sensato. Faleceu nesse tempo o deão ela catedral de Chambéry. O vers i tários no Co légio de C lermont, dos jesuítas. Com um precoce senso de responsab ilidade e intuito cônego Luís ele Sales imed iatamente obteve do Papa que de fazer sempre tudo que fosse da maior glóri a de Deus, nomeasse seu sobrinho para o posto vacante. Com muita Franc isco estudou retórica, filosofia e teologia com um dificuldade o Barão de Boisy consentiu enfim que aq uele, no qual depositava suas maiores esperanças de triunfo neste empenho que lhe perm itiu ser depoi s o grande teólogo, pregador, po lem ista e diretor de consciências que caractemundo, se dedicasse inteiramente ao serv iço ele Deus. Não rizaram seu trabalho apostó lico. podia ele prever que Francisco estava destinado à maior glóFrancisco, como primogênito , era herdeiro do nome de ria que um mortal pode atingir, que é a ele ser elevado à honfamíli a e continuador de sua tradi ção. Por isso, recebeu ra cios altares; e, por acréscimo, como Doutor da Igreja! ... também lições de esgrima, dança e equitação. Convenc iaZelo anticalvinista se porém, cada vez mai , que Deu · o chamava inteiramente a Seu serviço. Fez voto de castidade perfeita e co locouOs cinco primeiros anos após sua ordenação, o Pe. Fra ncisco consagrou-os à evangeli zação cio Chab lais, cidade se sob a proteção da Virgem das virgens. Aos 18 anos, o jovem enfrentou a ma is terrível provasituada na margem sul do lago de Genebra, convertendo, ção ele sua vida: uma tão violenta tentação ele desespero, com o risco ela própria v ida, empedernidos cal vinistas. Para que lhe causava a impressão de ter perdido a graça divina e isso, divu lgava fo lhetos nos quai s refutava suas heresias, estar destinado a od iar eternam ente a Deus com os réprocontrapondo-lhes as lídimas verdades cató licas. O missionári o precisou fugir muitas vezes e esconder-se de enfurebos. Ta l obsessão diabólica perseguia-o noite e dia, aba lancidos hereges, e em algumas ocasiões só se salvou por verdo- lhe até a saúde. dadeiro milagre3 . Ora, para alguém que, como ele, ele de o início do uso da razão não procurava senão amar ardentemente a Deus, Assim, reconduziu ao seio da verdadeira Igreja mital provação era o que havia ele mai s terrível. lh ares de alm as seduz idas pela heres ia de Ca l vino. Ao Seria necessári o um ato heróico para dela li vrá- lo e ele mesmo tempo dava assistência relig iosa aos so ldados do o praticou: não se revoltava contra Deus, mesmo se Ele lhe caste lo de A llinges, os quais, apesa r ele cató li cos de nome, era m ignorantes em religião e dissolutos . Seu renome fechasse as portas cio Céu , e ped ia, nesse caso, para amácomeçava já a repercutir como grande confessor e diretor Lo ao menos nesta Terra. "Senhor 1" - exclamou certo dia na igreja de Sa int de consc iências. Etienne des G rés, no auge de sua angústia - , ''./azei c:011·1 Em 1599, o deão de Chambéry fo i nomeado B ispoque eu jamais bla,1feme contra Vós, mesmo que não esleja coadjutor de Genebra; e, três anos depois, com o faleci mento cio titular, assumiu a direção dessa diocese. predeslinado a ver-Vos no Céu. E se eu não hei de amar-

Vos no outro mundo, concedei-m.e pelo rnenos que, nes/a vida, eu Vos ame com todas as minhasforças 1". Rezando depois humildemente o "Lembrai-Vos", aos pés de Nossa Sen hora, invadi u- lhe a alm a uma tão completa paz e confiança, que a provação esvaiu-se como fumaça 2 .

Apóstolo entre os nobres Esse fato ampliou muito o âmb ito de ação de D. Francisco de Sa les. Fund ou escolas, ensinou catec ismo às crianças e adultos, diri g iu e conduziu à santidade grandes al mas da nobreza, que desempenharam pape l preponde-

rante na reforma reli g iosa em pree ndida na época, co mo M ada me Acarie (depois um a das primeiras reli giosas ca rm elitas na França, morta em odor ele santidade), Santa Joana de C hantal , com qu em fundou a Vis ilação. 1nú meras donzelas da mais alta nobreza abandonaram o mundo, entrando nos moste iros dessa nova co ngregação, na qual brilharam pelo esp lendor de sua virtude. Todos queriam ouvir o santo Bispo. Convidado a pregar em toda parte, era sempre rodeado de grande veneração, tornando-se necessári o escolta militar para protegê-lo das manifestações do entusias mo popular. A família rea l da Sabói a não resistia à atração do Bispo-Príncipe de Genebra, convidando-o consta ntemente para pregar também na Corte. E não era a mais alta nobreza menos ávida que o povinho de ouvir aq uele que j á co nsideravam santo em vida. Em 1608, ord enou e publi cou as nota s e conselhos que dera a uma sua prima por afi nidade, a Sra. de Chamoisy, num livro que se tornaria imortal : ln!rodução à vida devo/a. Essa obra foi ocas ião de v,'írias conversões e carreou muitas vocações para os conventos da Visitação. São Franc isco de Sales desenvolveu seu lema no extraord inário Iivro que escreveu para suas filhas da Visitação, a ped ido de Santa Joana de Chanta l, o cé lebre Tratado do Amor de Deus: "a medida de arnar a

Deus é amá-lo sem medida".

Glorificado na Terra e no Céu Os contemporâneos do Bi spo-Príncipe ele Genebra não tinham dúvidas a respeito de sua santidade. Sa nta Joana ele Chanta l, sua d iri gida e cooperadora que o conheceu tão intimamente, escreveu: "Oh! meu

Deus! Alrever-me-ei a dizê- lo? Sim, di -lo-ei: pareceme qu e nosso bem-avenlurado pai era uma imagem viva do Filho de Deus, porque verdadeiramenle a ordem e a economia eles /a san la alrna era ioda sobrenalural e divina. Muitas pessoas me dissera,n que, quando viam es /e bem.-avenlurado, parecia-lhes ver a Nosso Senhor na ferra " 4 . E São Vicente de Paulo, se mpre que saia de algum encontro mantido com São Francisco de Sa les, exc lamava: "Ah! quão bom deve

ser Deus quando o excelenlíssimo Bispo de Genebra é Ião bondoso! 5 Em seu leito de morte, o resp lendor de seu rosto, que j á era v isível em seus últimos anos de vida, aumentava por vezes muito mais, arrebatando de adm iração os que o contempl avam. Assim que fa leceu, verd adeira multidão invad iu o convento das Visitandinas, em Lyon, na França, para

oscul ar-lhe os pés, tocar-lhe tecidos em seu corpo, encostar-lhe rosári os. Ao abrirem seu corpo, os méd icos constataram que o fígado cio Santo se petrificara co m o esforço que fi ze ra se mpre para dominar se u temperamento sangüíneo, e conservar constantemente aquela suavidade e doç ura, aparentemente tão naturai s nele, que co nqui stavam os corações mais empedernid os. O culto ao santo começou no própri o momento de sua morte. E foi sempre recompensado, algumas vezes com estupendos milagres. Durante a peste em Lyon, as irmãs visitandinas não bastavam para distribuir ao povo pedaços de tecido tocados no corpo cio sa nto. E m Orleans, a Madre de la Roche mergulhava uma relíqui a do venerado Prelado em água, a qual era distribuída à multidão enquan to durou a peste: um tonel por dia em média. Em Creste em Crem ieux, os representantes da cidade foram à igreja da Visitação fazer, em nome da cidade, voto solene de ir em peregrinação ao sep ulcro do B ispo, caso cessasse a peste. _,., . .L:.., .. -~>;., E todos fo ram ouv idos. . ,._, ~ ......, ' -~--~ t ~ _ _ :ºi Santa J~ana de Chantal quem 1111c1ou as gestoes para o processo 1 de canonização ele seu pai espiri- .1/ tual. Recolheu seus escritos pri- ~ vaclos, cartas, mesmo rascunhos ~~* não termin ados, e trabalhou ,,., .

t(/, •' ., ·

-:,:-: 1

i~ ~:,

.-',

~ {

j ?'

f com afi nco nesse sentido. Escreve u a autor idad es c ivi s e " ecles iásticas e mesmo a Roma, · ~ pedindo que urgi ssem o início do , - -~ processo de beatificação. , Mas a alegria de vê- lo elevado _ à honra dos altares ela só a teria no Céu, pois a celeridade dos processos hu. · Pio IX, cujo manos ficavam muito aq uém dos desejos de seu ardente coração . processo de São Fra ncisco de Sa les fa leceu em 28 beatificação eS t á ele dezembro de 1622, tendo sido cano ni zaclo em 19 ele abri I de 1665.

·,.,

:4! y

em curso, declarou São

Francisco de Sales Doutor

O Papa Pio I X declarou-o Doutor da da Igreja Igreja em 7 de julho de 1877. E Pio XI, na encíclica Rerum omnium, de 1923, atribuiu- lhe o glori oso título de Patrono cios j ornali stas e escritores cató li cos. ♦

Notas: 1. Mo 11s. Bouga 11d, Juana Fra nc isca Frcmyot, Tipog rq/ia Ca tólica. Madrid, 1924, 110/. li, pp. 95/96. 2. C/1: Burler Vida de los Santos, ediçüo em espanhol, México, D.F, 1968, vol. /, p. 199. 3. Cji: Joh J. Dela11ey, Dic ti o nary ot· Sai nts, Dou/Jleday, New York, 1980, (). 236.

4. Ca rta ao Pe. Jua n de San Fra nc isco. apud Mon s. Bougaud , op.cit., 110/. f, p. 145. 5. Apud Mons. Bougaud , id. , pp. 142 , 145.

ffi 30

· ''\:_

ffi eATOLIeISMO

Janeiro de '1999

CAT O LI

e

ISMO

Janeiro de 1999

31

1


() () () () () ') Janeiro 1999 ·~

ce ff~~ dez]aneÍrO

§~@ü@~

'

SEG

DOM

4 11 18 15

3

10 17 N

31

TER

5 11 19 16

QUI

QUA

6 13 10 17

SEX

1 7 8 14 15 11 l i 18 19

SÁB

1 9 16 13 30

12 1

1 SANTA MARIA, MÃE DE DEUS (antigamente, Circuncisão)

Epifania do Senhor

2 Siio Basilio Mag110, Bispo, Co11fessor e Doutor da Igreja. ♦

São Macário de Alexa11dria, A11acoreta. + Egito, 394. Jovem ai nda, fu giu para o deser-

São Francisco Xavier Bianchi

to onde passo u mai s ele 60 anos em jejuns, penitências, oração e luta co ntra o demônio. É chamado o Jovem para não ser confundido co m São Ma_cá ri o do Egito, o Velho .

Rei

''11

+ Frígia,

179 . Sua fama em refutar as heresias va leu-lhe o cognome de o Apologeta . Segundo tes temunha São Jerônimo, escreveu co ntra os hereges, patenteando a origem filosófica cios erros ele cada seita.

9

4

Sa,zto Adriallo Abade, Co11Jessor. + Cantuária, 7 10. Ital iano, nomeado por São

+ Itália, 1309. Das maiores místi cas da Idade

Vitaliano para a Sé de Cantu{u-ia, suplicou ao Papa que nomeasse São Teodoro em seu lugar dispondo-se a secundá-lo nos trabalhos mi ssionários.

+ Córdoba, 852. Originário ele Tol edo, Gumercindo fo i designado para uma paróquia perto ele Córdoba. Abclerramám ll, que dominava a ciclacle, promu lgara uma lei pela qual qualquer muçulmano podia matar um cri stão que atacasse Maomé. Tendo Gumercindo ido àquela ciclaclc acompanhado do monge Servicleo, muçulmanos os denunciaram como cri stãos, decapitando-os por ódio à fé.

14 São Sabas, Bispo e Confessor. + Bulgária, 1237. Filho ele Es têvão l, fundador ela dinastia e do Estado inclepenclente da Sérvia, aos 17 anos retirou-se para um mosteiro cio Monte Athos. Seu pai seg uiu-o depois de abdi car ao trono. Juntos fundaram um mosteiro para os sérvios.

perto de Belém para viver em recolhimento, sua fa ma de santidade atraiu-lhe inúmeros clis-

't 999

aristocracia, edificava Roma com seu marido pela virtude. Tendo fal ecido seu esposo, foi convencida por Santa M arce la, também viúva, a entregar-se totalmente a Deus.

27 Siio Vitalia110, Papa e C01ifessor. + Roma , 672. Sucessor de Eugênio T no Sólio Pontifício, env iou à Inglaterra São Teodoro de Tarso para a Sé de Cantuári a, e Santo Ad riano como Abade ele Santo A gostinho.

28

São Fabiatto, Papa e Mártir.

Siio Pedro No/asco, C01ifessor.

+ Roma , 250. Era simples leigo e foi eleito

+ B arcelona, 1258. Por in spiração divina fun-

para suceder o Papa Santo Antero quando, durante a eleição, uma pomba pouso u sobre sua cabeça. Foi martiri zado durante a perseguição cio Imperador Décio.

dou em Barcelona, co m o auxíli o el e São Raimundo de Penhaforte e o rei Jaime de Aragão, a Ordem ele Nossa Senhora das M ercês, co m o intuito de resgatar cativos cri stãos elas mãos dos muçulmanos.

21

29

Sa11ta Inês, Virgem e Mártir.

22

Egito, 342. O primeiro e mai s famoso cios eremitas, tornou-se ór fão aos 14 anos. Aos 20 anos, durante a perseguição do Imperador romano pagão Décio, fugiu para uma gruta no deserto. Mil agrosamente um corvo trazia-lhe um pão cada dia.

+ Roma , 1850. Doutor em Teo logia, famoso

+

16

chef'e ela esquadra ele Veneza aos 20 anos, obteve vitóri as con tra os piratas que infestavam o Adri áti co. Envo lvido na insurreição que culminou com o assassinato do Doge Candiani IV, foi eleito em seu lu gar, exercendo o cargo co m habiliclacle e competência. Provavelmente co m o consentimento da esposa e filho, dirigi u-se certa noite para o convento ele Cuxa, na França, onde terminou seus di as em oração e austeras penitências.

Vice-rei de Nápoles, recebeu as ordens sacras tornando-se pro fessor ele teolog ia na célebre

São Sebastião, Mártir.

Siio Vicente Pallott4 C,01ifessor.

+ Rou ssillon (França), 987 . Comandan te-em-

+ Palestina, 529. Retirando-se para o deserto

+ Palestin a, 404. M atrona romana ela mai s alta

Sa11to Tomás de Aqui110, Confessor e Doutor da Igreja.

15

Siio Joiío Neuma,m, Co11fessor.

+ Va lência, 16 11. Filho cio Duque ele A lcalá e

20

Siio Pauw Eremita, C01ifessor.

+ Filadél fia, 1860. Natura l ela Boêmia, fo i para

Siio Teodósio o Cenobita, Co,ifessor.

Sweyn, da Dinamarca, sobrinho de seu homônimo que conquistou a Inglaterra, subiu ao trono após a morte de seu irmão. Vítima ele uma rebelião, Canuto fugiu para a ilha de Funem, onde se preparou para a morte. Foi assassinado pelos rebeldes enquanto orava aos pés cio altar.

26 Sa11ta Paula, Viúva.

SãoSulp ícioSevero, Bispo e C,011/essor.

+ Marrocos, 1302. Enviados por São Francis-

Siiojoiío de Ribera, Bispo e C,011/essor.

19 + 1086, Dinamarca. Filho ilegítim o do Rei

São Pedro de Urséow, C,01ifessor.

11

tudo, passou seus bens ao irmão e foi viver na con templação perto de Tours, sob a direção de São Gregório, Bi spo dessa cidade. Deu s concedeu- lhe o dom cios milagres e o co nhecimento cio dia de sua morte.

Sa11tos Gumerci,zdo e Servideo, Mártires.

5

São Leobardo Recluso, Co11fessor.

Beaulieu e Arras. Eleito Abade de Stavelot, foi conse lheiro do Imperador Santo Henrique li.

+ França, 593. Depoi s ele consagrar-se ao es-

São Ca11uto Re4 Confessor.

São Berttardo e Compa11heiros, Mártires.

6

18

13

10

os Estados Unidos como mi ss ionári o cios imigran tes ele língua alemã. Nomeado por Pio I X Bispo ele Filadélfi a, promoveu a educação católica das cri anças, fundou uma Congregação · religiosa feminina co m essa finalidade e trouxe outras ela Europa.

Janeiro de

ca, chamado Lava rd ou o Senhor por seus compatriotas, favoreceu a atividade mi ss ionári a de São Vice lino. Foi Duque da Jutlânclia e recebeu cio Imperador cio Sacro Império Romano A lemão o título de rei, o que provocou a ira cio soberano ela Dinamarca, tendo sid o, por essa razão , assassinado por seus primos.

Sa11ta Ângela de Folig,w, Viúva.

EPIFANIA DO SENHOR, OU SANTOS REIS

eATOLtetSMO

+ Dinamarca, 11 3 1. Filho do rei ela Dinamar-

8

M édia, é considerada por sua marcante personalidade figura ímpar cio mov imento franciscano ela Itália central.

32

7 Siio Canuto Lavard, mártir.

Santo Apolinário, Bispo.

São João Neumann

São Pedro No/asco

Universidade ele Salamanca. O Papa São Pi o V nomeou-o Bi spo dessa cidade aos 30 anos, por in stâncias ele Felipe ll, sendo tran sferido pos teriorm ente para a Sé arquiepiscopa l de Val ência.

3 marido ded icava-se intc iramente ao socorro ele pobres e enfermos. Após a morte cio esposo, co nstruiu uma igrej a cm Marcuil , co m uma ce la ao lado, passando a vive r ali em oração e reco lhimento.

São Basílio Magno

BATISMO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

Sa11ta Bertila De Mareui~ Viúva. + França, Séc. VI II. De nobre família, com o

Santa Paula

cípul os. Construiu três hospita is e, co m São Sabas, lutou va lorosamente co ntra a heres ia monofi si sta , sendo por isso cl es terracl o pelo 1mperaclor. Morreu aos 105 anos ele idade, tendo obrado muitos milagres.

co de Assis para converter os mouros de Sevi lha , ex pul sos desta c id ade dirigiu -se São Bernardo e quatro ou tros religiosos franciscanos para o Marrocos co mo capelães ele mercenários cri stãos cio exército marroquim. Como pregavam ao povo e rec usaram-se cessar suas prédicas, o Sul tão decepou- lhes a cabeça com sua própri a cimitarra.

confessor e exorci sta, seu programa foi o de levar os cató licos a parti cipar intensa mente do trabalho apostólico. Para isso fundou a Socie-

30 Santa Bati/de, Viúva.

dade do Apostolado Católico .

+ França, 680. Inglesa de nascimento, levada

23 Sa11ta Emerencia11a, Virgem e Mártir. + Roma, 304. De acordo com o Martirológio Rom ano, Emerenciana era irmã de leite de Santa Inês. Após o martírio desta, foi rezar junto a sua tumba. A calec úmena recebeu o batismo ele sangue ao ser morta ali mesmo a pedradas pelos pagãos.

Siio Fra11cisco de Sales, Bispo, Co11Jessor e Doutor da Igreja. (Vide seção Vidas de Santos p.29)

17

25 QJ1wersão de Siio Pauk> Apóstow ♦

+ Piacenza ( 420). Amigo de Santo Ambrósio,

Siio Popo Abade, Co11Jessor. + Países

para a França, encantou C lóv is li por sua virtude e prudência. Este a fez sua esposa. M ãe de três reis, Clotári o III, Childerico li e Thierry III, tornou-se regente à morte do esposo, governando o reino co m rara habilidade.

31 Siio Joiio Bosco, C01ifessor. ♦

24

São Sabino Bispo, Confessor. parti cipou de vários co nc ílios e foi enviado pelo Papa São D âmaso ao Oriente, por ocasi ão dos di stúrbi os provocados pel os ari anos em Antioqu ia. Combateu também outros hereges.

+ França, 59 1. São Gregório de Tours referese a ele com muito respeito, elogiando suas virtudes. Foi nomeado para a Sé de Bourges em lugar de ca ndidatos simoníacos.

Baixos, 1048. Flamengo ele ori gem, deixou o exército para servir a Deus num mosteiro perto de Reims. Enviado para reformar o de São Vann e, res tauro u tamb ém os el e

São Francisco Xavier Bia11ch~ C01ifessor. + Nápoles, 1815. Entrou para os barn abitas tornando -se apóstolo do co nfess ionário. O povo napolitano o tinha em tanta veneração que, durante uma erupção ci o Vesúvio, levaram-no até o rio de lava que dele descia. A um Sinal da Cruz do Santo, as lavas pararam imediatamente.

Nota Os Santos aos quais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.

e ATOLte ISMO

Janeiro de t 999

33


ENTREVISTA

Em Tocantins: o drama de uma família expulsa de suas terras ''il Reforma Agrária destrói

a vida de suas vítimas" Da. Maria Antonieta Canello de Freitas (Da. Marô), proprietária expulsa da Fazenda Marília, em Colméia (TO), concede entrevista a Catolicismo - que consiste numa impressionante denúncia -, na sede da TFP, à Rua Martim Francisco, 665, na capital paulista. Acompanhou-a na visita à nossa sede seu marido Dr. José Francisco de Freitas.

Da. Maria Antonieta: "Fomos invadidos em 6 de janeiro de 1994 -a primeira fazenda da região a sofrer violência . Ingenuamente, confiamos na lei, esperando a desocupação e reintegração de posse de nossa propriedade. Acreditávamos haver justiça para proteger as vítimas, não os bandidos"

34

Catolicismo - Por que a Sra. se considera urna vítima da Reforma Agrária? Da. Maria Antonieta - A "nossa " Reforma Agrária emeia mi séria e ntre os inocentes- úte is que acred ita111 conseguir viver em te rra doad a e s ustentados pelo governo, além de destru ir a vida de suas víti111as. Tudo isso j á é muito conhec ido g raças à propaganda que fazem os 111ov imentos que manipul am os d itos sem- ferra , co1110 também pelo inevitáve l vaza mento da conseqü ente mi séri a e m que vive111 os asse ntados. Há, porém , um as pecto muito pouco divul gado: o que aco ntece com aque les qu e são vítimas ela Reforma Ag rári a? O qu e aco ntece com a vida de quem perdeu tudo aquilo qu e conseguiu pe lo seu traba lho? Poucas pessoas, fe lizmente, ex perime ntaram a minha do lorosa situação - ser proprietária e moradora ele uma fazenda invadida por um a horda ele sem-terra. Trata-se da Fazend a Marília, locali zada no muni cípi o de Colmé ia, e111 Tocantins. Lá se enco ntra a minha casa, a casa de minha fam íli a; lá estavam as mi nhas flores, minhas árvores, a 111inha ampl a sa la de trabalho, tão despretensiosa qu e, até hoj e, não consigo pe nsar ne la como meu estúdio, onde nas horas de fo lga p intava porcelanas, aquarelas, dese nhava ... Catolicismo - A partir de quando a Sra. começou a ter problemas com invasores? Da. Maria Antonieta - Fo111os invad idos em 6 ele janeiro ele 1994 - a prime ira faze nda da reg ião

eATOLIe ISMO

' Janeiro de 1999

a sofrer vio lê nc ia. Ingenuamente, confiamos na Lei, es perando a desocupação e re integ ração ele posse de nossa propriedade. Acred itávamos haver justiça para proteger as vítimas, não os bandidos. Afina l, pensávamos, se um ladrão entra em nossa casa, tudo o qu e prec isamos fazer é chamar a políc ia. E se fo r apa nhado em fl agra nte, o lad rão seg ue diretamente para a cadeia . Mas se um grupo orga ni zado de sem-terra - um a quadrilh a ele ladrões, na maioria das vezes - invade sua faze nda, a le i, curiosamente, concede a essa quadrilha benesses j amais imag in adas . Catolicismo - Por exemplo ... Da. Maria Antonieta - Eles são notificados pessoal mente por um Ofic ial de Justi ça a comparecer perante o Jui z. Via de regra, apenas um de les se apresenta. O Jui z conversa com eles, avisa-lhes que estão todos in timados a deixa r a gle ba, e previne-os ele que, se voltarem a invadir, serão considerados infrato res e s ujeitos a pri são. No dia seguinte, se não fo r sábado, domi ngo ou fe ri ado - poi s sem-terra não pode serdespejado e m dia de descanso - , e les serão retirados da área invad ida por um a força po lic ial. Fo i o qu e acontece u e111 nossa faze nda. Os esbulhadores foram des pej ados por ordem judicial. Mas j á na semana seguinte, à noite, vo ltaram a invadir. - Para plantar? - Não! Para des truir... Que imaram a ponte que li gava a região da sede com a área invadida . A Justiça abr iu inquérito, fotografou os escombros da ponte mas, c uri osamente, não e nco ntrou nenhum autor cio de li to. E não conseguiu investigar, e m uma c idade ele 5.000 habitan tes, quem hav ia participado da incursão de vanda li smo. E nada aconteceu. Catolicismo - Houve ameaças ou mesmo agressões contra a Sra. ou contra membros de sua família? Da. Maria Antonieta - E quantas ' Meu mari do foi grave me nte ba leado no rosto por um sem.terra e m pl e na c idade . Todos conhec ia111 o autor ela te ntat iva de homicídio . Abr iu-se inqué ri to, mas o culpado continuo u forag ido e, mai s um a vez, nada aconteceu. E a destrui ção da fazenda continuava. A casa

de nosso serrad o r fo i queimada, a serraria fo i semiclestruíd a para, no mês seguinte, ser inteirame nte quei111 ada. Seis e111pregados nossos fora m fe itos reféns, sendo um de les baleado. Novo inqu érito, e ainda mais uma vez nada aconteceu! A voraz destru ição não parava. As duas casas ele alvenaria da área invadida foram destruídas a marretadas. O c urral queimado. A mata ard ia e m chamas e eu, à di stânc ia, sofria co111 aque la devastação sem nada poder faze r. Ped imos aj uda ao IBAMA, à Justiça e à Políc ia. Sem nada conseguirm os, escrev i uma pri 111e ira ca rta ao Pres id ente Fern ando He nrique Card oso. Pela enésima vez, nada aconteceu! Catolicismo - Os invasores agiam espontaneamente ou eram insuflados por alguém? Da. Maria Antonieta - Nesse período, o líder da invasão - hoj e sei que não era um simples trabalhador rura l - fo i assass inado dentro ele nossa propriedade. Ele morava na c idade e mantinha um barraco de palha dentro da área invadida. Fo i ba leado pela frente, quando se encontrava em companhi a do atua l Presidente do Si nd icato dos Traba lhado res Rura is, o qu a l declarou à Po líc ia não saber quem o baleou, po is os tiros partiram da mata. Essa versão foi a mes ma que o uvim os cios e mpre ite iros. Então, a Co mi ssão Pastora l da Terra - a j á conhec ida CPT - li gacla à CNBB, apareceu! Pe la pri111 e ira vez, u111a entidade de renome to111ava parte naq ue la invasão que até então te ntavam fazer parecer fruto espo ntâneo ela natureza. A CPT mando u um advogado a Co lméia, fez pressão na ca pita l cio Estado, a fim ele conseg uir u111 delegado es pec ia l para a purar o caso. Catolicismo - Com a entrada da CPT em cena, as coisas amainaram? Da. Maria Antonieta - Pelo contrá ri o. Os experts fizeram co isas muito especiais. Prendera m para investigação três empregados nossos. Levaram-nos até o rio e torturaram-nos usando o método q ue chamam "banho -de -jacaré" , qu e consiste em ma nter a pessoa com a cabeça den tro d 'água até o extre mo limite de s ua res istênc ia, retirando-a, e ntão, para novo interrogatório ... O delegado acabo u arrancando a "confisscio" do mecânico, através de alguns "banhosde~jacaré". Mas em seg uida, no inquérito judic ial , o 111es mo nego u sua participação no crime, send o inocentado em j úri popular. Esse mesmo de legado c hego u a d izer em um bar el a c idade que dever ia te r levado até o rio, não os e mpregados, mas o me u filho , pois cio "mocinho eu arrancaria o que quisesse ... ". Dessa vez, depreende-se que houve inquérito e que ...

algo aconteceu.

Catolicismo - Que conseqüências tudo isso trouxe para sua família? Da. Maria Antonieta - Eu, mãe, j á vinha recebendo ameaças te lefôn icas contra a vicia do meu filh o. Q uando a ameaça partiu ela autoridade po licial, não resisti: impl ore i ao me u filh o para qu e de ixasse a fazenda, e ele, mais cio que contrafeito, terminou por atender-me. Ente ndo que, para os in sti gadores dos sern terra, poderia parece r ma is fác il ameaçar me u fi lho, j ove m, ag rô nomo, que trata a todos co m cortes ia. O erro dos in fo rm antes fo i apo iar-se nas aparê nc ias. Com o ca rin ho de mãe, retire i o alvo deles, sa í ela min ha "concha " e passe i a e nfrentar todos os assuntos estressantes, e m re lação aos quais me u mar ido, e nfartado, poderia ser poupado. Para ta l, fui registrando os acontecimentos, datas, med idas tom adas etc . Catolicismo - Com isso, seu filho escapou ileso? Da.-Maria Antonieta - Meu filh o, afas tado cio traba lho, sem poder parti cipar cio nosso esforço para manter a propriedade, passou a sentir-se inúti l. Tudo isso o levou a um estado dep ress ivo ag udo, tendo que consultar méd icos e psicó logos. Depressão essa que ainda não está inteiramente contro lada, o que me deixa, como mãe, em constante estado ele te nsão. Meu filho ... minha vida! Sei que meu fi lho está infe li z, que nunca mais conseguiu estar ele bem consigo mes mo depois de de ixar ele traba lhar na fazenda que era nossa ... Fisicamente e le saiu ileso, mas psicologicamente fi co u muito prej udicado. E eu, como 111ãe, posso estar bem '? Meu marido continuava enfre ntando todas as clific ulclacles e ac hou que eu estava capitu lando d ian te da lu ta; tive de convencê- lo ele que, sem o no sso fi lh o , não fazia se ntid o res isti r às investidas do INCRA para pesqu isa r e c lassificar co mo improdutiva um a fazenda que, por ocaDa. Maria sião da invasão, contava com 5.000 cabeças ele Antonieta: gado e clava emprego para 18 ou 20 fam íli as. "Eu, mãe, já vinha Catolicismo - E corno prosseguiram as coisas depois de tantos problemas? • recebendo ameaças Da. Maria Antonieta - O INCRA ava li o u a telefônicas contra a fazenda em fevere iro de 1996. De nossa parte, continu amos mora nd o lá, é c laro, mas es perando a desapropriação. a qua lquer momento, e, portanto, sem nenhuma boa perspectiva para a vida e sobretudo para a nossa seg ura nça. No d ia 13 ele junho de 1996 encontrava-me em São Paul o, quando receb i a notíc ia ele que meu marido estava preso. Ninguém sab ia o por quê. Fui para lá imed iata me nte. Nosso advogado não conseg uiu prisão espec ial, à qua l e le tinh a di reito por ser cliplomaclo pe la USP.

e

ATO L IC ISMO

• vida do meu filho. Quando a ameaça • partiu da autoridade policial, não resisti: implorei ao • meu filho para que • deixasse a fazenda" 0

• 0

Janeiro de 1999

35


,Catolicismo - Mas, neste caso, seu marido não poderia ficar em prisão domiciliar? Da. Maria Antonieta - Com efeito, seria a alternativa lega l, mas a Ju íza não concord o u. E, por isso, um e nge nhe iro agrônomo de 64 anos, e nfartado, teve que fi car 48 d ias e m uma cela qu e não possuía sequer um a carn a ou urna cadeira. O mais importante é expli car o motivo ela prisão. Dias a ntes, o age nte ele plantão na cadeia ele Colmé ia recebeu (s ic) um telefonema anônimo ele a lg uém

dizendo-se muito amigo da polícia e que avisava: iri am e ntrar na delegacia e libertar o mecâ ni co preso. Em ne nhum mome nto os nomes cio meu marido e do meu fi Iho foram ci taclos, nem pelo anônimo nem na dec laração ofic ial cio age nte à Promotora. C uri osa me nte, ta l agente já havia "desaparecido" em 8-6• 96, quando tentei contactá- lo. Baseada nesse O casal Dr. José "docu111.en.1ário" cio telefonema anôn imo, a ProFrancisco de Freitas m tora requereu e a Juíza co ncedeu mandado e Da. Maria • ele prisão co ntra meu marido e me u filho, no dia Antonieta Canello 7 ele junho ele 1996. A polícia nun ca procurou de Freitas durante meu marido , nem em casa nem nas muitas vesua visita à sede da zes em que ele foi a Co lmé ia, e ninguém s usTFP, na capital peitou jamais ela ex istênc ia ele tal medida! A paulista prisão deu-se quando me u marido deixava a balsa cio rio Tocantins, fora da jurisdição ele Da. Maria Co lm éia, sem autorização cio Juiz ele nossa Antonieta: ''A prisão Comarca. de meu marido deuDurante 45 dias percorri 50 quilômetros, da se quando ele fazenda até a cade ia, para fazer-lhe co mpanhia. deixava a balsa do Fazia o mesmo percurso ele regresso, à noite, para rio Tocantins, fora lavar roupa, passar, preparar comida. C laro que da jurisdição de a essa a ltura eu não tinha ninguém para. ajudarColméia, sem rne, poi s quem trabalharia numa fazenda cujo o autorização do Juiz clono está preso na cade ia? de nossa Comarca. Catolicismo - Mas tudo isso parece confiDurante 45 dias gurar uma enorme tragédia ... percorri 50 quilôDa. Maria Antonieta - Não só parece, mas é a metros, da fazenda rea lidade. Na Justiça ... tudo parado. Só no dia 2 até a cadeia, para de agosto fornos para uma casa na cidade, porfazer-lhe compaque a Juíza só conced ia a prisão domi c iliar se nhia" apresentássemos prova de residência na cidade. Em reportagem publicada pela revista "Exame", na ed ição nº 669, de 26 de agosto de 1998, sobre o caso ela fazenda Marília, a Promotora diz: "Não havia com.o controlar os passos dele (me u mari do) na.fazenda". Ridículo total. Por acaso pensari a e la que, se quiséssemos "jitgir" de Colméia, à noite, ele carro, alguém nos impediria? A prisão domiciliar co ntinuo u até o dia 2

36

eATOLIeISMO

.

Janeiro de 1999

de outubro de 1996, quand o o Tribuna l ele Justiça de Palmas revogou o ma ndad o da Juíza. Enqu a nto estávamos e m Colmé ia, corre u o boato de que a juíza havi a "doado" nossa fazenda aos invasores. E o boato ajudou, e muito, os invaso res a nos e nxotare m da fazenda. Os g rupos qu e tentavam ações ele vandalismo na á rea ainda não inv ad id a (roubo ele impl e me ntos, corte ele cercas etc.), aproveitaramse cio boato para qu e imar toda a fazenda. Catolicismo - Antes de iniciarmos a entrevista, a Sra. se referiu a um atentado sofrido. Do que se trata? Da. Maria Antonieta - Quando e u tive que faze r a mud a nça para Co lmé ia, considerei que "aquela." seria um a situação provi só ria e levei apenas o essencial. Ja à fazenda algumas vezes po r semana, sempre durante o dia. No dia 17 ele sete mbro ele 1996, dirigindo o carro, logo que fiz a c urva deixando a estrada ele asfalto e m direção à e ntrada ela fazenda, comecei a ser apedrejada por qu atro indivíduos que se e ncontravam ao lado do mata-burro. Acelerei para passar pela porteira, que, por sinal, estava aberta excepcionalmente. Para minha surpresa, a estrada estava bloqueada com pedras. A roda dianteira cio carro q ue brou , ficando e u exposta aos aped rej adores. Resolvi que sairia a pé, correndo até onde pudesse - e u tinha à época 59 anos ... Assim que saí do carro, fui ating ida por um a pedra na cabeça. Caí, rolei pela estrada e, qu ando consegui me leva ntar, os quatro indivíduos corria m, ao lo nge, fugindo cio loca l, pensando, talvez, que e u tivesse morrido. Só ao esc urecer consegui fazer sinais com o faro l cio carro e o nosso adm ini strador veio em me u socorro. Na manhã seg uinte, fui à Delegacia ele Polícia, o nde fo i lavrado o Boletim de Ocorrência e de corpo delito. Nesse inquérito, mais um a vez, nada aconteceu.

Catolicismo - Esse atentado deixou seqüelas? Da. Maria Antonieta - Como conseqüência da queda, passei a ter dores muito fortes na região sacro- lombar e na perna direita. Tomei centenas ele ana lgésicos. Após certo tempo, comece i a ca ir ele maneira inexplicável. Por fim, com dores terríveis, passei 13 di as inte iramente imobilizada num hospital. Os exames mostraram que fiquei com um fragmento ósseo a lojado entre duas vértebras, o que, por s ua vez, provocou dois c istos. A pressão ele todos esses "corpos estranhos" é a ca usa ela dor e ela total insensibi lidade no me u pé direito e na parte externa da perna. A cirurg ia a que poderia me s ubmeter é ele alto risco, podendo até não voltar a caminhar. E assim vou vivendo, sempre com um calça-

cio leve, sem poder usa r sapatos . E não posso mais dirigir, pois não sinto o acelerad o r nem o freio. Catolicismo - E como ficou o Dr. José Francisco, seu esposo, em face de toda essa perseguição? Da. Maria Antonieta - Q uanto ao me u ma ri do, e u es perava a lgué m em completa depressão, depois ele s upo rtar esto icamente os 48 di as ele prisão, em cond ições que as fotos descrevem ma is cio que mil palavras. O que e u não sabia é que e le j á estava sofrendo um te rrível processo c ha mado síndrome bipolar (o que antigame nte c hamava-se maníaco-depressivo). Acho que nada possa ser mais cli fíci 1: a pessoa com quem e u vivia há 40 a nos passou a ter reações comple tam e nte imprev isíveis. Quando, por fim, co nseg ui levá-lo ao méd ico, e le já não dormia mais, passava os dias em movimentação incessante, fa lava e and ava sem para r. Os cacos de nossa vicia, que e u tentava juntar, ficaram irrec upe ráve is. E e u não tinha qua lquer possibilidade ele aj ud á- lo psicologicamente, porque na mente ele um maníaco-depressivo e le é que está bem e o resto cio mundo é co mposto por pessoas derrotistas! Para compli car a situação, co ntinuamos tendo qu e m a nter advogado aco mpa nh a nd o o morosíssimo processo ele desapropriação pelo INCRA . O dinheiro que recebemos pe la desapropriação ele 1/3 ele nossas terras consu miu-se com o pagamento ele honorários aclvocatícios com que tivemos (e a inda ternos !) que arcar, e com o pagame nto ele parte ela dívidas contraídas para reter a posse ela fazenda ela qual já não conseg uíamos tirar qualquer renda, uma vez que o gado vagava solto pela região. Acresce ntem-se a isso as despesas médicas com os problemas de saúde que meu marido e e u passamos a sofrer como herança da ação cios sem-terra e ele seus ideólogos ... Catolicismo - Qual o papel do INCRA em tudo isso? Da. Maria Antonieta - O pior po sível! Hoje, esperamos pela desapropriação e paga me nto cios 2/3 ela fazenda, totalmente invadidos. Quando fomos forçados a sair ele lá, um téc ni co cio INCRA , espec iali sta e m ge renc iame nto de conflitos, d ividiu a área - sem pagar, sem ter a posse legal ela terra!!! - e ntre quatro grupos de invasores que com ele se reuniram na Casa paroquia l ele Colméia, um a espécie ele filial ela PT. Esses grupos hoje, o u venderam os seus "direitos " sobre os "seus" lotes, o u alugam nossos pastos. A depredação elas benfeitorias, a destruição ele cercas para vencia de arame e estacas, a vencia ele macieira, são os tipos de "trabalho " realizados pelos que, ele alg um a for ma, co nseguiram ser

considerados pe lo INCRA co mo mais aptos cio que nós a ser proprietários ele terra. Sim, do que nós, que durante 40 anos fomos fazendeiros, e só faze nde iros. Quando a fazenda estava sob nossos c uid ados, o l NC RA vistoriou e e nco ntrou um va lo r que não nos foi com uni cado. Meses depoi s, qu a ndo vimos as planilhas, co nsidera mos muito baixas certas ava li ações. Hoje, depois da permissividade elas auto ridades diante cios atos ele vandali s mo ali praticados, e m face ela comp lacência cio INCRA - que até coloco u um sem-terra para vive r em nossa casa ... - , qual será o va lo r elas benfeitorias, por exemplo? Q uanto vale uma casa com o forro arra ncado, sem torneiras, sem e letricidade? Quanto vale uma cerca queimada, uma porteira quebrada o u um cu rral destruído? Catolicismo - A Sra. gostaria de acrescentar algo para nossos leitores? Da. Maria Antonieta - Sim, que todos se previnam contra os invasores, contra a ação ela CPT e a respeito das "medidas" tornadas pe lo INCRA. Será que esse dinheiro, que e u talvez receba, será sufic iente para pagar pela carreira frustrada ele um jove m agrô nomo, pelos seus problemas de saúde, por esse hiato ele humilhação na vicia do me u fi lho? Será esse dinheiro sufi ciente para pagar as conseqüências ele minha limitação física, por não poder mais dirigir, ou pelas dores constantes na coluna que tere i de suportar ou mitigar com medi camentos c he ios ele efeitos co laterais desagradáveis? O u poderá ele pagar a condição ele cardíaco cio meu marido (q ue nunca fumou nem bebeu), pelo seu tratamento contínuo, até o fim da vida, cio distúrbio bipolar ele que foi acometido? E a humi lhação sofrida? Q ue m responderá • pelos danos morais que todos nós ainda sofremos e vamos sofrer? ♦

Da. Maria Antonieta: "Que todos se previnam contra os invasores, contra a ação da CPT e a respeito das "medidas" tomadas pelo INCRA. Quem responderá pelos danos morais que todos nós ainda sofremos e vamos sofrer?"

Visão da fazenda antes da invasão, ficando atrás do fotógrafo a porteira da propriedade e a estrada.

À direita: O mesmo ângulo depois da invasão: morões de cerca e campo calcinados; fumaça impede a visão dos morros, ao fundo, da primeira fotografia

CATO LI

e

ISMO

Janeiro de 1999

37


ESCREVEM OS LEITORES

Leitura Esp_iritual

'

A alma an~ustiada "Não vi outra"

_l

- ~esta primeira edição de 1999, iniciamos uma nova seção Leitura Espiritual - por sugestão de vários de nossos leitores. São Francisco de Paulo afirmou: "Um homem sem oração não é capaz de nada". Se a oração consiste na elevação da mente a Deus, aquele que tem o hábito de fazer leituras espirituais, ao mesmo tempo que se instrui , reza. Como abertura, pareceu-nos oportuno apresentar a nossos leitores as palavras inici ais de uma obra-prima no campo da leitura espiritual O Livro da Confiança -, do conhecido autor francês, Padre Thomas de Saint Laurent. Suas palavras são de molde a auxiliar-nos possantemente a transpor com espírito de fé , paz de alma e, sobretudo, confiança , os dias que nos separam do ano 2000.

" Voz de Crislo, voz rnisleriosa da graça que ressoais no silêncio dos corações, vós murmurais no fund o das nossas consciências pala vras de doçura e de paz. Às nossas misérias presenles repetis o conse lho que o Meslre dava, f i-eqüen/emenle, duran/ e a sua vida mortal: 'Confiança, confiança !' "À alma culpada, oprimida sob o peso de suas f altas, Jesus dizia: 'Confi a nça, fi Iha, te us pecados te serão perdoados!'. 'Confi ança ' , dizia ainda à doente abandonada que só d'E/e esperava a cura, ' tu a fé te sa lvou'. Quando os Após/o/os tremiam de pa vor vendo-O caminha t; de noite, sobre o lago de Genesaré, Ele os tranqüilizava por esta expressão pacificadora: 'Te nde co nfian ça! Sou E u, nada te ma is !' E na noite da Ceia, conhecendo os.fi·u1os il~finil os do seu Sac r!f{cio, lançava Ele, ao par/ir para a morte, o brado de triunfo: 'Confi ança ' Con fiança ! E u ve nc i o mundo 1'

" Esla palavra di vina, ao cair de seus lábios adoráveis, vibranle de /ernura e de piedade, operava nas almas uma lran.1f ormação ma ra vilhosa. Um orvalho sobrenalu ral lhes.fecunda va a aridez, clarões de esperança lhes dissipavam as lrevas, uma calma serenidade delas afu genlava a angús1ia. Pois as palavras do Senhor são 'es píri to e vida' . ' Be m-ave nturad os os qu e as o u ve m e as põem em prática'.

" Como oulrora aos seus discípulos, é a nós, agora, que Nosso Senho r convida à confian ça. Po r que recusaríamos a/ender à sua voz?"

Padre Raymond de Thomas de Saint Laurent N asceu em Lyon, Fran ça, a 7 de maio de 1879 e fa leceu a J l de nove mbro

38

C A T O LI

e

ISMO

de 1949 , no Ca rmelo de Uzes , onde fo i ca pelão. Em sua fec unda vicia sacerdotal exerceu uma prod igiosa ati vidade apostó lica, di stinguindo-se mui to cedo como insigne pregador e escritor. Dentre suas múlt iplas atividades sacerclotai ·, de taca m-se as que exe rceu como capelão ela Ju ventude Católica, eles-

Janeiro de ' 1999

R

Assino Catolicismo faz anos . É a me lhor revi sta católi ca que já vi, não vi outra. É a nata da cultura, é benemérita da aite e da cultura e da civilização' (F.Z.N. -

São Paulo)

Próximo ano

Quadro de Nossa Senhora da Confiança, que se venera no Seminário Romano. A propósito dele, a Mãe de Deus fez a seguinte promessa à Irm ã Clara Isabel Fomari (1697-1744): "Todas as almas que, com confiança, se apresentarem diante desta imagem, obterão verdadeiro conhecimento, dor e arrependi mento dos seus pecados, e a Santíssima Virgem conceder-lhes-á particular devoção e ternura para com Ela" (La M adonna dei/a Fiducia, P. Roberto Mais, Roma. Ed itrice Sallustiana, 1948).

de 19 12, e como Mi s ionário Apostóli co, a partir de 19 19. Em 1920, fo i nomeado Cônego honorári o ela Catedra l de Nímes e, cinco anos depo is, Ca pe lão cio Ca rin_e lo de Uzes. Como escri tor, publicou diverso livros, sendo O Livro da Confiança considerado uma obra-prima no gênero.

~ Sinto-me fe liz e m parti cipar desta Campanha como ass inante da re vi s ta Catolicismo qu e ta ntos ensinamentos nos dá, além de enri quecer nosso conhecimento sobre nossa Relig ião, a Fé, e devoção a Nossa Se nhora e o amor·a Jesus Nosso Salvador. Espero para o próx imo ano ser novamente assinante e desde já peço incluir me u nome como tal. (L.B.C. - Pará) Televisão? - Lixo!

~ Admi ro mui to a rev ista Catolicismo. É muito educativa para me us filh os e para mim. Graças a esta revi sta me us fi I hos não I igam mai s para a TV. E les não li garão mai s a TV para ver esses horrores. Muito o bri gado e continue m assim . (K.S.F - São Paulo)

Influência dos ambientes

~ Estava lendo, com mui ta sati sfação , o arti go do Prof. Plíni o Corrêa de Olive ira sobre [g reja e soc iedade te mporal; [edi ção de o utubro p.p.] quando na seção em que di scorre sobre ambientes me oco rre u lembnu· de uma experiência pessoal que gostaria de relatar, a título de comentári o sobre o ass un to de como os ambie ntes influenc iam o comportame nto das pessoas . Numaviagemque fi za Paris, vi sitei a Sa inle Chapei/e, a qual não

considero como um edifício, mas uma Caixa de jóias que S. Lui z fez para abrigar a Coroa de espinhos de N. S. Jesus Cristo. A cape la j á não é usada como te mplo, desde a Revo lução Francesa, e lá não há mai s Sacrário nem Altar, mas o ambiente é tal que as pessoas ali presentes conversavam com a voz quase inaudível, como se estivessem diante do SS. Sac ramento, sem que houvesse nenhum avi so ou recome ndação para tal. .. Continuem sempre publicando arti gos deste tipo, por fa vor. Sou assinante da revi sta Catolicismo há mai s de 15 anos e sempre enco ntro algo novo, edifi cante, in strutivo e de alto conteúdo moral. Se mpre acon se lho a me us filho s para que a le iam e procure m tirar de la o máximo proveito . (T. M. S. - Minas Gerais)

Divórcio, aborto, união homossexual

~ S ugestão pessoa l minha : clivu lgação m a is a bra nge nte, po r exempl o, dos malefíc ios do divórc io, cio a borto, da legali zação ele união homossex ual, poi s são mal es muito crescentes e m nossos dias. Limito- me a mani fes tar o reconhecimento e toda minha admiração por esta ótima rev ista. (A.D.M. - Paraná) A Padroeira da cidade de Natal

~ No próximo mês fa z um ano que tive a felicidade de fazer a assinatura dessa belíssima revista mensa l. Já providenciei a suà re novação para o ano de 1999, e devo esc lai·ecer que me entri stece quando termino a sua leitura e ter que esperai· a do mês vindouro, tanto é a minha ansiedade. Apesar de já estar na terce ira

idade, sinto-me como um jovem que está co meçando a tom ar conheci me nto do que é a nossa Re li g ião católi ca. Através dela [revi sta] estou te ndo aulas que não tive no passado, nem mes mo no catecismo, onde infe li z mente os padres da é poca (ale mães) não nos esclareciam a História de nossa Igreja. Exemplos: a vida dos nossos santos, a cronolog ia dos Pa pas desde São Pedro, os c ism as, etc. Com Catolicismo os meus poucos conhec imentos estão sendo e nriquec idos. Agora mesmo estamos tendo a fes ta ele nossa Padroe ira, Nossa Senhora da Apresentação. É uma hi stória bonita, poi s no dia 2 1de novembro de 1753 foi enco ntrada pelos pe. caclore ·, um caixote ele made ira, boiando sobre as ág uas do rio Potengi, encalhado na pedra do Rosário, conte ndo uma image m de Na. Sra. do Rosári o . Di z a lenda, con forme consta no I ivro Hislôria da Cidade do Na1al do nosso escritor máximo Lui z el a Câmara Cascudo, trazia uma mensagem - onde esta imagem aportar ne nhuma desgraça acontecerá. Esc lareço que, graças a De us e a Nossa Se nhora , nunca Natal teve tragédias, nem mes mo du rante a Segunda G ue rra Mundia l, quando os alemães, às portas do porto de Dakar, na Á fri ca, ameaçavam a nossa que rida c idade. As bê nçãos ele N ossa Senh o ra fa la ram mais alto . A im age m que trazia um rosário na mão dire ita, por ter chegado aqui no dia e m que a Igreja Cató li ca co memora a Apresentação da Virgem no Te mplo, foi bati zada e proc lamad a co mo Na. Sra. da Apresentação, Padroeira de Natal. Po rtanto, sábado di a 2 1 lde nove mbro] , Ela estará compl etando 253 anos e nós cató li cos fe li zes por essa dádiva dos céus. (J.M.P. - Rio Grande do Norte)

eATOLIeISMO

Janeiro de t 999

39


INTERNACIONAL Com o agra vamento da situação econômica nos últimos meses, os preços, especialmente dos víveres, dispararam na Rússia e as prateleiras dos mercados quase não oferecem produtos aos consumidores

Rússia, 11

a caminho do buraco negro'' O inverno russo - o mesmo que derrotou Napoleão em 1812 e, durante o qual, em 1917, os bolcheviques mergulharam a Rússia numa noite de 70 anos - chega

àquele país, agora com quase metade de sua população abaixo da linha de pobreza. Yeltsin perambula entre clínicas de recuperação e dachas de repouso; e os "camaradas" da antiga Nomenklatura ten"tam reciclar o comunismo da lata de lixo da História. Enquanto isso ocorre, a igreja cismática russa, a tristemente famosa 1.0. (Igreja Ortodoxa), continua a abençoar esse mesmo regime comunista que dizimou mais de 100 milhões de pessoas. Suportará o povo russo mais este inverno, em meio ao espantoso desastre econômico, à fome e ao desemprego que o afligem? Despertará, por fim, do sono letárgico em que se encontra e rumará para uma restauração, ou resvalará para a anarquia? Uma esperança, contudo, permanece firme: Nossa Senhora prometeu em Fátima a conversão desse país. Cracóvia - Não há exagero em afirmar que a situação da Rússia é ainda pior do que em gera l se pensa. Transcrevemos abaixo alguns trechos de um sugestivo artigo - melhor seria talvez dizer trag icamente sugestivo - pub licado pelo correspondente de importante diário polonês 1, Slawomir Popowski, sobre a atual situação daquele país: "A Rússia ainda existe como Estado no sentido pleno da palavra ? Ou já começa a ser uma espécie de para-Estado, visando apenas efeitos mais externos do que internos ? Estas perguntas podem ser provocadoras, mas nem tanto assim! "No começo dos anos 90, ainda pairava alguma esperança. Parecia que a Rússia havia f eito uma escolha civilizada, e que, mais cedo ou mais tarde, ref ormaria sua economia e seu sistema político na linha do mercado livre e da democracia. Agora essas esperanças se foram! 40

CATO LICIS MO

"Não corresponde à realidade dizer que as origens da grande crise que explodiu na Rússia em agosto estão na desvalorização do rublo ou na situação da economia asiática, pois a verdadeira origem dessa crise toca no próprio país enquanto tal. Os bilhões de dólares bombeados pelo Ocidente para aquele país, com vistas a apoiar o 'amigo Boris Yeltsin ', de nada valeram. Bombásticas reportagens rela/avam os sucessos da economia de mercado russa, da bolsa de valores etc. ·Tudo isso não era senão uma como que bolha de sabão: de repente fúrou! "O resultado é doloroso. Seis anos após o início das transformações, não se f ez nenhuma ref orma de estruturas na Rússia. Nesse período, o PNB diminuiu 83%, e o imenso país que se estende no espaço de alguns meridianos exporta menos que a pequenina Dinamarca. Além do gás, petróleo e outras matérias-primas,

Janeiro de 1999

Leonardo Prz b sz Correspondente

Polônia

também. armas, a Rússia nada tem. para vende,; não produz nada que possa constituir concorrência. "Form.ou-se um Estado no qual aquilo que é de origem. criminosa ou mc!fiosa se funde com a autoridade até em seus píncaros - e ninguém mais é capaz de de_finir exatamente onde termina o mercado negro e onde começa o direito ".

Que será a Rússia "pás-Yeltsin" Sobre o governo russo, pergunta o articuli sta: "Quem hoje governa a Rússia ? Todos e ninguém.! Cada um tenta arrancar para si tanto quanto pode. Yeltsin aparece por algumas horas no Kremlin, esforçando-se em mostrar que nem ludo está perdido e que levará sua cadência até o .fim, embora se saiba que ele está fisicamente esgotado, desamparado e privado de iniciativa política. De todos os lados pede-se sua demissão com o argumento de que perdeu o direito moral de dirigir o país; sua autoridade é mais um mito do que uma realidade. Yeltsin assemelha-se a um leão morto que se pode cutucar sem receio de esboçar uma reação". De outro lado, segundo Popowski , renunciando Yeltsin, a lu ta por sua sucessão poderia facilm ente assumir forma s dramáticas, poi s os sucessores potenciai s são muitos e sempre aparecem novos. Nessas condições, a reação da sociedade russa a ta l renúncia poderia ser incalculável. E não se trata apenas de saber quem será o herdeiro de Yeltsin . O dram a con siste no fato de que seus própri os sucessores não têm idéia de como deverá ser essa Rússia melhor. As elites estão quebradas e divididas e nenhum dos potenciais herdeiros é capaz de apresentar um programa coerente

para ti rar o país do estado de permanente cri se em que se encontra. Os russos não querem a volta ao comunismo, mas também recusam as idéias liberais de mercado livre. Nessa situação, surgem os mais extravagantes pl anos, como a convergência entre o socialismo e o li berali smo. Na realidade, isso não é outra coisa senão um sonho a mais entre os eternos sonhos russos de uma terceira via, baseado na convicção de que o país é algo ele di ferente do resto cio mundo; te que fique lá com seus problemas ...

Afundando no caos Segundo Barllomicj Sienkiew icz, membro do Cen/ro de Es1udos Orien lais, a Rúss ia va i desaparecendo co mo Estado porque não é capaz d reali zar suas fun ções básica : não só coletar impostos, mas também garantir o fo rnecimento de víveres, combustível e energia para os 12 mi lhões ele habitantes ela Região Norte. A presença do Estado cada vez menor, a do caos é cada vez maior. O fato de que, durante um mês e meio, fo i difícil formar o novo governo pela falta ele candidato para os cargos mini steriais, consti tui a melhor prova da enfermidade. A Rús ia está ameaçada por uma implosão, da qual poderá resul tar um buraco negro que perturbará, cm grande medida, o equ il íbrio mundi al. O que será daqui para a frente, ninguém o sabe! "Ve_jo poucas razões para olimismo!" - conclui Popowski.

Reforma estatal ou reforma moral? É certo que a Rússia precisa introduzir reformas para sair do pântano cm que afunda rapidamente. Trata-se entretanto de saber que tipo de reformas.

Necessá ri a torn a-se sobretudo uma reforma moral que transforme o interior do homem. Não tenhamos ilusões, uma só geração bem orientada não bastará para co rri gir os estragos que o co munismo causou nas mentalidades de suas infe lizes vítimas durante 70 anos de tirania, de negação da Lei de Deus e da Lei natural. Uma pergunta aqu i se impõe: o que fez a f. O. - na verdade, igreja cismática - dura nte todas essas décadas, para pelo menos contrabal ançar tais estragos? Sua ação foi profund amente negativa, sempre apo iando o reg ime comuni sta! Mais. No afã <le impedir a ação mi ss ionária católi ca, o patriarca cismático ele Moscou protestou vee mentemente, afirm ando que a [greja Católi ca não tem direito de atuar no sentido proselitista em território russo, pois canonicarnenle este é um terri tóri o de aposto lado exc lusivo da igreja ortodoxa - a mai s sovi ética das institui ções russas. Sa be mos entreta nto qu e só um apostol ado séri o, promovido por ardentes e virtuosos mi ss ionários católicos, poderi a render frutos no sentido de soerguer mora lmente esse gigantesco país abalado. Algum cético poderi a indagar: "Missionários vindos de onde? Hoj e em dia?" Entretanto, não é verd ade que Nossa Senhora prev iu em Fátima a conversão da Rúss ia? Como se dará isso, ninguém o sa be i O certo é qu e as palavra s da Santíss ima Virgem não passa rão . Resta pedir e esperar.

um requinle desse vício. Se o ócio fosse considerado doença, poder-se- ia defini -lo como preguicile. E se a preguicile é aguda, haverá remédio para curá-la? Por outro lado, diz o conhecido autor francês Guy Sorman em seu interessante livro Sair do Socialismo: "No Ocidente, em geral nos enganamos imaginando que as palavras usadas pelos líderes soviélicos têm o mesmo sign(ficado que en/re nós. Economia de mercado absolutam.ente não sign(fica para eles a passagem do socialismo para o capilalismo, ,nas unicamente a descenlralização da administração das empresas públicas .. .. no sentido .... de um planejamento mais flexível - mas sempre planejamento!'' Quando uma tempestade é imin ente, acontece de os tripulantes abandonarem o navio. Quem ga rante, antes que a tão ava ri ada e mb arcação c ha mada Rúss ia soçobre, que seus tripul antes e passage iros, prevendo a catástrofe e na previ são da fom e e do fri o, não tentem uma fu ga em massa rumo aos países da Europa ocidental ? Esta hipótese foi várias vezes levantada pelo inesquecível Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, referindo-se à cri se ru ssa. Ele a focalizou ainda ao anali sar a cri se reli giosa , moral e id eo lóg ica do mund o hodierno, em sua última obra Nobreza e eliles lradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Palriciado e à Nobreza Romana 2• Quais seriam as conseqüências de tal invasão para a Europa e portanto para o mundo? É difícil prever' ♦

Notas: 1. " Rzeczpospoli1a" , Varsóvia , 28. 10.98. 2. Editora Civ ili zação, Porto, 1993, p. 152.

70 anos de deformação moral Um regime que durante sete décadas favoreceu a inação e a preguiça da população - para não fal ar apenas desse vício moral - não poderia produzir senão o ócio multiplicado por si mesmo, ou seja,

Devido à profunda crise econômica que assola o país, depositantes procuram desesperadamente retirar seu dinheiro de um banco e m Moscou

eAToLIeISMO

Janeiro de 1999

41


TfPs EM AÇÃO

Comemoração no Mosteiro da Luz

B

o r ocas ião d o 90 º anive rsári o do nascimento de Plíni o orrêa de O liveira, em 13 de ezernb ro último, a TFP, em homenagem a seu fundador, pro moveu a celebração da Santa M issa no M osteiro da Luz, edificado no século XVIII pelo recém-beatificado Frei Antonio de Sant' A nna Galvão. É grato a Catolicismo apresentar aq ui algumas cenas obtidas por nosso fo tógrafo durante a celebra-

ção do Santo Sacrifíc io da M issa, oficiada pelo Revmo. Cônego José Luiz Marinho Vill ac. No solene ato, o recinto da simpática e acolhedora igrej a fico u tão lotado por sócios, cooperadores, correspondentes-esclarecedores e simpatizantes da TFP, que muitos tiveram de assistir a Missa do lado de fora . Fo i esco lhido o Moste iro da Luz para a referida comemoração, porque o abençoado Convento -

bem corno a comunidade das reli giosas concepc io1üstas que nele habitam - sempre atraíram a simpatia de P linio Corrêa de Oliveira. Com freqüência ele procurava esse recolhido ambiente para rezar o Rosário e outras orações particulares, di ante do tabernáculo do Santíssimo Sacramento e bem próximo à sepultura onde repousam os restos mortais do Beato Frei Galvão, por quem nutria grande devoção. ♦

Altar-mor da igreja do Mosteiro da Luz: abaixo da imagem de Nossa Senhora da Luz, a imagem de Santa Beatriz da Silva Visão parcial do público que lotou a igreja do Mosteiro da Luz, durante o Sermão pronunciado pelo Revmo. Côn. José Luiz Marinho Vil/ac

Abaixo: no solo, em primeiro plano, lápide mortuária indicando o esquife com os restos mortais do Bem-aventurado Frei Galvão. No presbitério da igreja, diretores da TFP. Da esquerda para a direita: Dr. José Fernando de Camargo, Dr. Luiz Nazareno de Assumpção Filho, Dr. Eduardo de Barros Brotero, Dr. Paulo Corrêa de Brito Filho e Dr. Celso da Costa Carvalho Vidigal ~

~,._lf"!fl .,,-1 -.., 1!!:•.;;cc;.1..~~~

J

Fachada do Mosteiro da Luz, vendo-se um grande painel do Bem-aventurado Frei Galvão, seu construtor

42 •

CAT O LI

e

.:·:;:~}t

O Cruzado do Século XX

- agora e,n inglês

Paul Folle Enviado Especial Inglaterra

Londres -

Numa tranqüila e pitoresca rua do movimentado centro londrino, ao lado do famoso palácio St James, Sede oficial da Monarquia Inglesa, encontra-se o elegante Royal Over-Seas Club. Na tarde do dia 30 de outubro último o salão de conferências desse club ficou lotado para o lançamento clàprimeira biografia em ing lês do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. O Cruzado do Século XX , obra escrita pe lo Prof. Roberto de Matte i, catedrático de Hi stóri a Moderna na Uni versidad e d e assino , Itá lia. O eloqüente título do livro lembra um célebre artigo de I linio orrêa de Oliveira, A Cruzada do S , ·ulo XX, no qual ele desenvolve a tese d que a única solução autêntica para reso lve r a cri se Vista parcial do público presente à sessão realizada no Royal Over-Seas Cl ub. Na tribuna, o Prof. Roberto de M attei, autor da obra. Na mesa que presidiu a sessão, da esquerda para a direita: Sr. Phifit> Moran, Diretor Bureau TFP para o Re/110 Unido, Dr. Caio Vidigal Xavier da Silveira, Diretor do Bureau das TFPs em P,1rls, Príncipe D. Bertrand de Orléans e Bragança e Mr. Tom Longford, D i retor da Editora Gracewing

do mundo moderno é a restauração da Civilização Cristã, o que supõe uma Cruzada movida neste sentido. Na mesa que presidiu a sessão, usaram da palavra, além do autor da obra, o Príncipe brasileiro S.A.I. R. Dom Bertrand de Orléans e Bragança; Mr. Tom Longford, diretor de uma das editoras Católicas mais importantes da Ing laterra, a Editora Cracewing, que publicou o livro; Dr. Caio Yidigal Xavier 1 da Silveira, diretor do Bureau das TFPs 1 em Paris e o Sr. Philip Moran, diretor do Bureau TFP para o Reino Unido, que promoveu o lançamento da obra. Na seleta assembléia que compalugar anireceu à sessão, merece especial menlo públição a presença de três ilustres sacerco ersar com os conferencisdotes, - Pe. Emerson, Superior da tas, idéias a respeito dos imFraternidade São Pedro na Inglaterra; portantes temas tratados em suas Pe. Edwards, Presidente da Associasubstanciosas intervenções. O interesção St John Fisher e o Pe. Alexander, se foi tal que os participantes permaneme mbro do Instituto Cristo Rei, Sumo cerem por duas horas e meia no recinSacerdote - bem como de me mbros to, terminando o coquetel muito além da aristocracia britânica e chefes de do horário de costume na rnglaterra. ♦ destacadas associações conservadoras.

Dados Bibliográficos A ed ição inglesa cio livro ele autoria cio Prof. Roberto de Matte i, ele 264 pág inas, apresenta rico material fotográlico e abundante documentação. Além da ve rsão orig ina l italiana, traduções da obra foram lançadas em francês , portu' uês, es pa nh ol e ing lês. O livro foi prefac iado pelo Cardea l A lfons M . Stick ler, S.D.B. , qu e, após le r diri g id o o lnslilulo de Alias Ciên·ias La1ina.1·, fo i nomeado Prefeilo da !Ji/J lioleca Vali cana. Em 1983, João Paulo li e levo u-o à di i nidacle ep iscopal , c c m seg uida , ao nomeá-lo Cardea l co m o títul o cl iaco na l de São Jor•c cm Vc labro, fê- lo Bibliotecário e Arquivislll da Sa111a Igreja . O Purpurado

é autor ele imporlantes es tudos teológ icos e canônicos traduzidos em nu merosas línguas.

Do Prefácio do Cardeal Alfons M. Stickler: "Para os verdadeiros ca.16/icos, as dificuldades dos 1empos constiluem ocasiões em que eles se desla cam na História, para nela afirmar a perenidade dos princípio.1· crisliíos. Foi o que fe z o erninenle pensador brasileiro, ,nantendo alta, na era dos 1otali1arisnws de todas as co res e expressões, a. sua fide lidade inamovível ao Mag istério e às inslituições da Igreja". (O Cruzado do século XX, Roberto de Mattei, Livraria Civ ili zação Ed ilora, Porto, 1997, p. 7).

CATOLICISMO ISMO

Janeiro de 1999

Janeiro de 1999

43


..J

I

'JJ

!-é-]

10

(__;, ..,.,

t:iCtt6ce

,. I /

cr 1 _,,,

d o

e mod

s

beija-u-eoll= os d e ser Plínio Corrêa de Oliveira

N

ão se poderi a imaginar contraste mais chocante do que o exi stente entre o j acaré e o beij a-flor, também conhecido como colibri . Se é verdade que o colibri é habitu almente encantado r e o j acaré hedi o ndo, Deu s, pró vido, não privou o j acaré de uma certa beleza: o seu couro, arranj ado e lu strado, serve para a confecção de bolsas de senhoras, de carteiras para homens importantes, destinando-se também a várias outras fin a lidades . É uma be leza com isto de dife rente - que exige, segundo os planos do C riador, ao e ngenho do home m descobrir. Deus mostra-se assim o modelo de toda for mos ura, sej a cri ando o be ij a-fl or, sej a o j acaré, mas sobretudo cri ando o homem, a cujo serviço se orde nam ta nto o pássaro quanto o réptil.

*

* *

O que faz o j acaré? É antes de tudo lento. Ele possui umas perninhas que não são própri as a grandes percursos. Comparem-nas com as pernas de um veado, e logo compreender-se-á qu al dos dois é apto para correr e qual dos do is é habili -

tado a ficar parado. É próprio à vitalidade do j acaré, é inerente ao princ ípio vital que o anima, andar pouco e sem pressa. A seguinte regra, tanto quanto pude observar, é verdade ira: todo aquele que se move pouco, o quanto e le não é feroz para agredir, tanto mais é feroz para defe nder-se. E todas as energias que não gasta, atacando, consome-as defendendose. Os muito estáveis são assim . O jacaré, quando agredido, é feroz: defende-se com a bocarra, com o rabo e daí para fo ra. Introspectivo, tanto quanto analogica me nte isto se po de di zer de um bicho, ele fica com a bocarra meio aberta, respirando e sentind o-se, a si própri o, viver. Gosta de sentir-se vivendo . E, po r causa di sso, é estáve l. Compreende-se que se mova pouco, que sua natureza não ex ij a de le muito movimento, porque não precisa. E le tem dentro de si aquilo que outros procuram fo ra de si. Fica arfa ndo de boca semi-cerrada, como que di zendo "Deixe-me viver", tomando sol, até o momento e m que algo interior lhe comunica: "Chega". E ntão, e le vai, afund a na água e desaparece do olhar humano. É um símbolo animal da hipertrofi a da intros peção.

* * * O be ij a-fl or, dir-se-i a, não sente a si próprio. E nquanto o jacaré é um individualista de prime ira categoria, o beija-flor é um ser essenc ialmente vo ltado para o relacionamento com outros entes. Ele percebe, com enorme vivac idade, o que está e m torno de si. De longe, ele vê a flor que desej a bicar, traça vôos indecisos, parecendo até que não observou

o que almej a. M as tanto viu que, ao chegar junto ao o bj etivo, va i em cima, tira com o bico o que lhe interessa e depo is retoma seu vôo. Após a dança ini cial, terminada a agressão, ele vai embora à procura de outras coisas. Ele é todo voltado para relaçõ s. pára quando precisa dormir. M as, 1 ~o após acordar, começa a manter contatos, esvoaçando. É assim que ele se dei ita . É um erro imaginar que co li bri só aprec ia a flor. E le gosta enormem nt d ar e vento. É evidente que voa na uforia de voar. Assim como o j acaré regozija-s · em ficar derramado à beira ela á ua, o beija-fl or, esvoaçando pelo ar, des fru ta a alegria de fe ndê-lo. Uma impressão que e le me causa: u cada centímetro que voa, de prenct '-s' para o beija-flor uma forma cli fc rent ·d· e nerg ia prove niente d a terra, não apreciando e le ficar sujeito muito tempo à mesma energ ia. O coli bri gosta de mudar, mudar, e sentir e m si a harmoni a das energias que s ali 'n11n. O qu · é eminentemente própri o à ·ara ·id 11d · d · se relacionar. O beij a-flor preza o v nt o. Ni o o tu fão, poi s e le é pequenino ' r od ' s ·r 11111 çado para onde não d s ja. 1 · I ·it a-s · ·m provocar mini -ve nt ani a, ·ri :i um v ·11t i nho ... As reações qu o hom ' 1111 ·111 qu1111 do está agradavelm 111 ' ' xr os to 110 v ·11 to, são análogas às ti o ·o li hri. O p,·111. ·r do ar o inunda, o sati sf'a:,,., o ·n ·11 111 11 ... Excertos da conter nela prof rld Plínio Corrêa de Ollv Ira p r cooperadores da TFP m 21 d 1981. Sem revisão do autor.



Nos ítens da Parte li de Revolução e Contra Revolução, publicados na edição de janeiro, Plinio Corrêa de Oliveira - com a precisão e a síntese que o caracterizam - trata do caráter de reação, próprio à Contra -Revolução, e sua meta de restauração da Ordem. Nos Itens a seguir transcritos, o Autor mostra que essa Ordem nascida da Contra-Revoluç,fo deverá refulgir ainda mais do que a da Idade Média.

Capítulo II 2. O que inovar Entretanto, por força da lei hi stórica segundo a qual o imobili smo não existe nas coisas terrenas, a Ordem nascida da Contra-Revolução deverá ter características próprias que a diversifiquem da Ordem existente antes da Revolução. Claro está que esta afirm ação não se refere aos princípios, mas aos acidentes. Acidentes, entretanto, de tal impo1tância que merecem ser mencionados. Na impossibilidade de nos estendermos sobre este assunto, digamos simplesmente que, em geral, quando num organi smo se opera uma fratura ou dilaceração, a zona de soldadura ou recomposição apresenta di spositivos de proteção especiais. É, pelas causa segundas, o desvelo amoroso da Providência contra a eventua lidade de novo clesastr ' . Observa-se isto com os ossos fraturados, cuja soldadura se constitui à 1nan •ira d · reforço na própria z.ona d ' rrnturn, 011 com os te ·idos ci ·atri:,,udos. Est11 (- 1111111 ima cm mal ·rial d· rato un:í lo)' o qll l' sr passa na ord ·111 ·spiritu:il . O 1w ·11dllr quv v rdad ·irnm ·nt • Sl' •m ·11<111 ll'III 110 p ·ado, ·m via de r ·gra , 1101ror maior do q1I • tcv • nos rnl'lhorcs

anos anteriores à qu ·da . i'l tt hi st I in dos Santos penitentes. J\ssim taml m, d •pois de cada prova, a Igreja ·m ·r 1 • p111 ti ·u larmente armada contra o 111al qu • pro curou prostrá-La . Ex ·mplo tfpi ·o di sto ~ a Contra-Reforma. Em virtude clcsS'l lei, a rd 111 nascida da Contra-Revolução d verá r ·fulgir, mais ainda do que a ela lclad M ·dia, nos três ponto capitais cm qu · ·st11 foi vulnerada pela Revo lução: • Um profundo respeito dos clir •itos da lgreja e do Papado e uma sa ·rn li zação, em toda a extensão do possfv ·I, dos valores da vicia L mpora l, tudo por oposição ao laicismo, ao int er ·onr •s sionali smo, ao ateísmo e ao pant •fsnw, bem como a suas resp cti vas s ·qO •las. • Um espírito d Ili rarquia, mar ·a11 do todos os as1 ' ·tos da so ·i ·dad • l' do · staclo, da ·ultura • da vida, por oposii,·:111 à 111 ·tal'ísi ·11 i 1 11alit61 ia da Revolu,110, • Uma dili j' 11ci11 1H ) 1kt1T t:11 1· llll ·on1h11t ·r () 11 11 11 \'Ili SIIIIS1()1II II IS 1·11ilu Ili 111ri11s 011 w l11d1L~, 1•111 ltil11ii1111 l11 111111 ·x1·1·r11,·tlll r 110111 d1· i111" 11111, 1• 1•111 p1111I lo l'll111 i11q1lt'hr 111111 w l l111111•1 1 1•111 111 dns II S SII IIS 111111il 1•sl111,·rn•1,, I' jllllllt 'lil li 111\'llll' II IIS 1(111' 111\'III lll'III \'t>i lllli 1111I1\l do i11 · 11 p1111·111 dlls r os1tII111·s, l11dll prn

Após o Edito de Miliío, em 313, a Igreja - que na época pagã do Império Romano forn submetida a um regime de cruel perseguição floresceu e deu origem à fase cristã desse Império. Com a queda do Império Romano do Ocidente e a conversão dos povos germânicos, tal florescimento atingiu seu auge na Idade Média. Exemplo disso é a esplêndida Catedral de Notre Dame, em Paris, cuja , edificação foi concluída em 1230.

A palavra do sacerdote

8

Casame nto dos f ilhos de Adão e Eva entre s i

A realidade concisa,nente opllsii,·110: nw1111'fsi ·11 lib •ra l da R voI111,·do 1· i\ trnd ·nei11(il'St:111 d11r li vr · 'LII"· SO l' jll'l)I •i,•iltl 110 111111,

J'ttj)ÍI ido

III

1 O Mundo

c ã o n ã o va le para os a nim a is

Discernindo Nossa capa: Nossa Senhora concede o Escapu lário do Carmo a São Simão Stock - Conjunto escu ltural, Basílica do Carmo, São Paulo Foto: Roberto Tamaki

A ( :oni ra-lkvolu~;ão e o pnarido dt· novidades J\ lt·11d111 vi11 dl' t11 n1 os de nossos 'tlltl ·1np1H'f1 111·lls, l illlos da Revo lução, dl' 111n111 st•1111 t•s11ic;o ·s o presente, adoru,· o l111t11'1) 1• vol11 1 in ·ondi cio nalmentl' o p 1ss ido 110 tksprl''.l,O • ao ódio, susl'i t11 11 11·sp1•illl d11 ( 'ont ra Revo lução um rn11j11111 0 1k i 111'tllll jll'l·cn sões que impo1111 11111•1 1·1·ss111, Sobr ·tudo, afiguras,• 1111111111 \ p1· ss1111 s que o cará ter tradi·l1u11ili, 111 1· rn11 st· 1vador desta última 1111 d1•l11 1111111 11dwrs(i 1ia nata do pro1• 11•1,, li lilllll illl O

11 .ul ldonalista

A. R,u,w /\ ( 'llllllll 1{1•vol111,·110, l"Ol1l0 vimos, é 111111·s l111 ,·o q111· Sl' d1·s1·11vlllVl' e11 1função d · 1111111 R ·volu,:lll. Hst11 s1· vo lt a ·onstanl ·m ·111 • ·ontra lodo um I · •ado tk· ins tituiçõ ·s, d' doulrinas, d• ·ostu111 ·s, d • modos de ver, sentir e pensar cri stãos qu • recebemos ele nossos maiores, e que ainda não estão completamente abolidos. A Contra-Revolução é, pois, a defen ora das tradições cristãs. ♦

arma de desa rti c u laç ão do corpo socia l

Porta de Brandenburgo, em Berlim, símbolo da alemanha, cujas famílias estão sob a ameaça da desagregadora legislação social-democrata

Entrevista

14 A

pesada h e ran ç a sovi éti ca na Rússi a atual

Revolução e Contra-Revolução

Brasil Real Brasil Brasileiro

2

16

A Ordem nasc ida da Contra - Re volução

A Palavra do Diretor

4 5

Nossa Senhora do Pronto Soc orro e o atendimento im e diato

33 A

forma da herança es pirit ua l

Elegânc ia nos Sa lõ e s do Segundo Impé rio

Internacional

34 Cuba :

40 a nos d e jugo c omunista

18 Coréi a

do Norte : a trag édia caus ad a p e lo comun ismo sta lin ista

Santos e festas do ,nês

Leitura Espiritual

20

36

Carta -c irc ula r aos amig os d a Cruz

Atualidade

Capa

7

21

Na Alemanha, família ameaçada de ext inção

S.0.S. Fa,nília

Destaque

Página Mariana

1. A <:0 1111,1 lkvolu ·ao <·

12 Des informaç ão:

Escreve,n os leitores

Escapu lário do Carmo - Hi stóri c o e significado

TFPs e,n ação

40 Comemoração

natalina at rai grande públ ico

Vidas de Santos

27

38

S ão Cl áudi o de la Colombi e re e a devoç ão ao Sagrado Cora ç ão

Caso Pinochet

A,nbientes, Costu,nes, Civilizações

30 Sã

44 Cerv eja,

Guaraná e Coca -co la

polari z ação: bênção para o Chi le

Policial na Praça Vermelha, em Moscou, durante o regime soviético. Este representa trágico legado para a Rússia atual.

Na próxima edição, publ icar mos a magnifica explicitaç o, f lta pelo Prof. Plínio Corr a d Ollv Ira da missão con de defend r dopas ado o o, 1 1 Revol ução. progr C A T OL I C I S MO

Fevereiro de 1999

3


-

-

-

--,

--

-

PÁGINA MARIANA

.

~

•.Com a palavra.... o -·Ditfe(otr · 1

'

• 1

~

1

-, ,c

~

,

1

,,

\

~

,

~

Nossa Senhora do Pronto Socorro:

Amigos le itores, Na prese nte ed ição, Catolicismo, atendendo a pedidos formulados por vários de seus le itores, publica, como matéria ele capa, e luc id ati vo arti go sobre uma devoção mari ana que se encontra atualmente em grande voga: o Escapul ário cio Carmo. Após pesquisar múltiplas fontes , nosso co laborado r Plínio Maria Solimeo elaboro u um trabalho que, além de apresentar sint ti ca visão hi stórica do Escapul ário, oferece inl'ormaçõcs e dado. indispen sáveis para seu reto uso. Co nvé m ressaltar que muitas pessoas hoje cm dia utili zam o Escapul ári o quase como se e le fosse um amu leto. Catolicismo espera que o le itor, informado devidamente por essa matéria , ajude portadores cio Escap ul ári o a corri gir ta l distorção grosse ira, orientand o e estimul ando o uso adequado desse importa nte instrumento ele sa lvação, conced id o aos ho men s pela Mãe ele Deus. * * * A Alemanha - j á sob novo governo social -democrata - está e m vias de passar pela mai or transformação de sua hi stór ia , após a queda do Muro de Berlim e da Cortina de Ferro. A matéria env iada por nosso co laborado r em Frankfurt, Mathi as von Gersclorff, ajudará o le itor a compreender as rece ntes refo rmas empree ndidas pelo govern o Schrêicler. O espectro da profunda Revolur.,:cio Cu /furai em c urso naquele país tende a desagregar, de modo particular, a in st itui ção da fa míli a e a subve rter a posição verdadeira que a mulher deve ocupar na soc iedade.

rápido atendimento ,naterno V ALDIS

* * * O caso Pi nochet e sua repercussão no Ch il e: o que pensar do debate ideológico que toma conta dessa nação andina? A polari zação é uma coi sa sadia? Qual o juízo acertado que se eleve fazer da fase comuni sta ele All cndc e cio posterior governo Pinochct, na História cio C hil e? Essas e outra s perg untas, ele g rande interesse para os leitore s, estão respondidas na matéria que fi g ura nesta edição , qu e con s iste na tran scri ção cios exce rtos mais importantes ele documento pub li cado cm Santiago por um grupo ele ch il enos de escol , qu e enc aram a situação ele seu país à lu z ela doutrina tradicional ela Igreja e cios e nsinamentos cio Prof. Pl íni o Co rrêa ele O li veira. Estampado na edi ção ele 30- 12-98 ci o diár io " EI Mercúrio" , o referido texto anal isa com objetividad e a situação chilena , sob um reto prisma ideo lóg ico e hi stórico, cio qual a mídia inte rnacional tem fe ito questão ele desviar seus ho lofote .. Eis aí, caro le itor, breve e se letivo apanhado cio variado cardáp io jornalístico que Catolicismo lhe preparou para a presente ed ição. Em Jesus e Maria

9~7 Paulo Corrêa de Brito Fi lho DIRETOR

4

C AT

oLIe ISMO

Fevereiro de 1'999

Preços da assinatura anual para o mês de FEVEREIRO de 1999:

Na vida de todo católico, surgem situações difíceis que podem ser vencidas mediante atos de confiança. E esta virtude manifesta-se exteriormente mediante o ato de esperar. Existem também situações nas quais não cabe aguardar. Ou o socorro chega logo, ou tudo estará perdido. Isso não significa que não se deva ter confiança na Divina Providência; ao contrário, muitas vezes, a confiança exige pedirmos a Deus que nos conceda logo aquilo que é objeto de nossa confiança. Não conheceria bem Nossa Senhora a pessoa que, desejando uma solução imediata para resolver seu problema, julgasse que Ela também não o quisesse. Sendo Mãe amorosa, a Virgem Santíssima muitas vezes, almeja resolver nossas dificuldades até de modo mais rápido do que nós mesmos. No tesouro espiritual da Igreja Católica, encontramos uma invocação mariana especifica para tais casos: Nossa Senhora do Pronto Socorro, Padroeira da cidade de Nova Orleans, no sul dos Estados Unidos.

M uitas vezes na História ela Igreja as melhores intenções de aposto lado são atrapalhadas por problemas políticos imprevistos. Foi o que ocorreu com as religiosas Ursulinas, ded icadas ao ensino da juventude feminina, que estavam estabelecidas na cidade norte-americana de Nova Orleans, no Estado ela Louisiana. Como os nomes indicam, a região tinha sido colonizada por franceses . Mas dev ido a problemas de~orrentes da Revo lução Francesa, os países que dominavam a região tinham mudado várias vezes suas alianças, e antigos amigos tornaram-se depois inimigos.

Pedidos angustiosos: pronto atendimento maternal No início do século XIX, tal situação havia trazido complicações às reli giosas, pois 16 freiras espanholas tinham voltado para sua pátria e as poucas freiras francesas que ficaram em Nova Orleans receavam serem obrigadas a fechar o convento. Angustiada por esse temor, a superiora, Madre Santo André , escreveu para outra religiosa, na França, pedindo auxílio. Esta freira, Madre São Miguel, abrira uma pequena escola, pois não podia viver em convento devido à perseguição revolucionária. Ela começara recentemente a fazer algum bem espiritual às almas das pequenas alunas, após a tormenta revolucionária, quando lhe chega a carta dos Estados Unidos. Madre São Miguel ficou numa situação difícil: sentia em sua alma o desejo de ir trabalhar nas missões e, assim, dar grande glória a Deus, mas sua situação como religiosa era realmente complicada. A rigor, mesmo não residindo num convento na França, ela conLinuava sendo e

GRINSTEINS

freira, e como tal conservava o voto de obediência. Ora, na ocasião não tinha superioras imediata<; a quem pudesse solicitar autorização para viajar, pois estas tinham sido dispersas pela França e pelo ExImagem de terior. N. Sra. do Caberia então Pronto Socorro, venerada em pedir autorização ao Nova Or/eans Bispo. Mas este tam{EUA) bém se havia deslocado devido à perseguição. Neste caso, caberia ainda escrever para a Autoridade suprema de todas as religiosas, o Papa. Porém ... escrever ao Papa! Numa época de Revolução e de guerras, que criaram complicadíssimas situações internas na Igreja, o Santo Padre mal encontrava tempo para resolver gravíssimos problemas. Era óbvio que não disporia de tempo para responder cartas de uma desconhecida reli giosa, pedindo autorização para viajar! Além do mais, caso ele respondesse - o que era muito improvável - só o faria após muito tempo, e o convento americano já teria fechado. Talvez a Madre São Miguel nem sequer recebesse a missiva - numa época de comunicações tão difíceis - anunciando tal fechamento. Diante disso, valeria a pena abandonar uma escola onde ela fazia um bem certo, por um convento, ameaçado de fechamento, em favor do qual talvez não pudesse mais fazer bem algum? Uma alma medíocre, nesta contingência pouco ou nada faria. Mas não era desse estofo a alma da Madre São Miguel. Escreveu ela uma carta ao Sumo Pontífice, e, antes de colocá-la no correio, ajoelhou-se diante de uma imagem

ATOL I C I SMO

Fevereiro de t999

5


ATUALIDADE de Nossa Senhora, dizendo: "Ó Santíssima Virgem, se Vós alcançardes pronta e favorável resposta a meu pedido, eu Vos prometo fa zer com que sejais honrada na cidade de Nova Orleans sob a invocação de Nossa Senhora do Pronto Socorro". Após o que, levou a carta ao correio. Bem, agora restava apenas aguardar, pensou ela. Entretanto, Nossa Senhora, movida pela súplica desta dileta filha, nem permitiu que ela esperasse esgotar o tempo normal em tais circunstâncias. Assim, rece-

Frente ampla para erradicar a família na Alemanha Mathias von Gersdorff Enviado Especial

•IJ:fyf:f,l,f:

-< ['~ to, tijolo e outros materiais me'---,-r,.,/ ✓~- nos combustíveis. \ ~\ . Portanto, ao se ~eclar~r? incênd10, e logo no pred10 v1Z1nho, as religiosas julgaram-se perdidas. Uma delas teve porém uma idéia luminosa: correu até a capela para pegar a imagem do Pronto Socorro e colocou-a na janela por onde o fogo ia se alastrando para o convento. Neste momento , a Madre São Miguel exclamou: "Virgem do beu Madre São Miguel - antes cio que Pronto Socorro, estc1111os perdidas se Vós humanamente se poderia esperar - a ncio nos ajudais pronta111ente ". resposta do Papa autorizando-a a viajar Para espanto cios presentes, neste mesaos Estados Unidos e incorporar-se ao mo instante o vento perdeu a força e o fogo convento das Ursulinas de Nova começou a diminuir sem explicação, torOrleans! nando-se, então, fácil detê-lo. Com isso, Comovida por tão pronta resposta e o convento livrou-se da destruição. compenetrada da promessa que lizera, Devido a tão prodigioso fato, cresMadre São Miguel mandou esculpir, ainceu a fama da imagem, mais tarde escoda na França, uma imagem de Nossa lhida como Padroeira da cidade, após ter Senhora e a levou consigo ao partir para sido repelido um ataque dos ingleses, os Estados Unidos junto com outras frei então em guerra contra os Estados Uniras que a acompanharam nesta viagem. dos. Sendo as tropas inglesas muito mais Socorro imediato salva numerosas e bem treinadas, não duviconvento das chamas . dou o general americano, que comandava a defesa, atribuir a Nossa Senhora Ao chegar à cidade de Nova Orleans, uma vitória que dificilmente poderia se Madre São Miguel colocou a imagem exp licar sem ajuda sobrenatural. na capela do convento, e, conforme a A fama e os milagres da imagem do aludida promessa, começou a difundir Pronto Socorro continuaram crescendo sua devoção. Mas seria um outro aconao longo do século. E isso a tal ponto tecimento milagroso o que difundiria a que, em 1895, o Arcebispo Janssens, de devoção à nova invocação mariana. Nova Orleans, obteve a permissão do Num frio dia do final do ano de 1812, Papa para coroar canonicamente a imaum terrível incêndio começou a consu-

- ...__~

\ 1/

6

eAT

O L I

e IsMO

Fevereiro de

t 999

gem, cerimônia à qual assistiram todos os Bispos da Louisiana e do Texas.

Ao governo do novo Chanceler alemão Gerhard Schroder está assegurado um lugar na História: as gerações futuras recordá-lo-ão como sendo aquele que se empenhou em abolir a família em seu país. É a primeira vez que um governo procura ganhar prestígio com projeto que desvirtua o conceito de família. O que não poderá ser esquecido nem perdoado.

Socorro ao alcance da mão, mas de quem reza Sendo Nossa Senhora Mãe tão bondosa e so lícita cm socorrer-nos em nossas necessidades, poderia Ela não querer atender logo os pedidos de seus filhos? Mas então, por que, às vezes, o socorro demora tanto? Se a ajuda demorar, é porque Nossa Senhora deseja para nós algo melhor, talvez para nos exerc itar na prática ele alguma virtude difícil, como a paciência ou a confiança, com vistas à obtenção de méritos para o Céu. Mas, se o socorro perder todo seu sentido ao demorar, podemos então recorrer a Ela, com toda a segurança de sermos atendidos na hora? Sim, e até mesmo antes da hora, pois Nossa Senhora não se deixa vencer em bondade. E como conseguir isto? "Pedi e darse-vos-á, batei e abrir-se-vos-á ", ensina a Sagrada Escritura. Peçamos, pois, à Mãe de Deus seu pronto socorro. Se este for para o maior bem de nossas almas, Ela não deixará de nos atender. ♦

Fontes de referência: América Mariana, Pc. Fclix Alcjandro Ccpcda. Maria e se11s gloriosos tftulos , Eclésia Aducci, Editora Lar Cató lico, Florianópo li s, 1955.

Frankfurt - Para o novo governo, a família não é senão o lugar onde as crianças se encontram, quer seja constituída por um casal, uma pessoa so lteira com filhos, ou um concubinato. Tomando esta definição como ponto de referência, o governo Schroder preparou uma frente amp la para atacar de todos os lados a instituição familiar. As reformas previstas são as seguintes:

1 - Reforma do tratamento fiscal Atualmente, os casais regulares gozam de uma série de vantagens neste campo. Nada mais normal! Mas, segundo o novo governo, tais vantagens passarão a ser cons ideradas como uma forma de discriminação em relação às formas "alternativas" de convívio, devendo ser por isso drasticamente reduzidas. Deverão ser aumentados os subsídios estatais para cada filho gerado - dentro ou fora do casamento. Elimina-se assim a diferença existente entre os casais legitimamente constituídos e os solteiros ou solteiras com filhos, devendo todos ser tratados igualmente.

2 - Equiparação do "casamento" homossexual às uniões legítimas Procura-se, além do mais, criar uma instituição legal para os "casais" homossexuais, evitando-se dizer que se trata de um "casamento" ou ''.fam ília" homossexual. A atual Ministra da Justiça, Herta Daubler-Gmelin, assegurou que não será permitida a adoção de filhos por essa "união homossexual", a qual não seria considerada ''.família " pelo novo governo. Não obstante, essa "união" teria importantes vantagens fiscais, especialmente em matéria ele herança. E nin guém acredita que, ex istindo uma "união homossexual registrada", seja possível impedir politicamente, a prazo médio, que lhe seja autorizada a ad,oção de crianças. Dita uni ão passaria então a ser considerada como uma família comum, possuidora de todos os direitos.

3-

Abolição do pátrio-poder

O novo governo quer também reduzir os direitos de educação dos pais sobre os filhos, especialmente no tocante

A atual Ministra da Justiça da Alemanha, Herta Daubler-Gmelin

aos castigos físicos . Isto é feito sob a bandeira dos "dire itos i11fantis" , os quais, segundo o governo, somente podem aumentar se os direitos dos pais diminuem. - Luta ele classes entre pais e filhos? Naturalmente, pois o igualitarismo soc ialista quer penetrar no interior do lar e promover também ali suas utopias revo lucionárias.

4 - Incentivos: mulher trabalhar fora do lar e prostituição A Ministra da Família, Chrisliane Bergmann, deseja criar incentivos para que cresça cada vez mais o número de mulheres que trabalham fora do lar. Perguntada se daria algum benefício às donas-de-casa, respondeu que não, pois isso incentivaria as mulheres a permanecerem no lar. A Ministra também deseja dar um status profissional i:t prostituição, profissão infame que é objeto de maior consideração do que as donas-de-casa. A rejeição ou não desses projetos pelo Parlamento dependerá da capacidade de mobilização das forças cristãs e conservadoras da Alemanha. Se seus protestos forem suficientemente grandes e categóricos, não há dúvida que, a exemp lo cio que se deu recentemente na França, o governo alemão não terá al♦ ternativa senão recuar.

eATOLIe ISMO

Fevereiro de t 999

7


,,..__..

,

Cônego JOSÉ LUIZ VILLAC

PERGUNTAS 1. Foi por incesto que Adão e Eva povoaram o mundo? 2. "Pedi e recebereis", disse Jesus. E, no entanto, Deus deixou contraditoriamente, o povo do Brasil quase todo, pedir, pedir, sem resposta pela vida de Tancredo Neves, de Leandro e outros. 3. Por que rezar pelos mortos já que eles não podem mais pecar? E os que não têm parentes vivos para rezar por eles e nem dinheiro para mandar celebrar a quantidade de missas que os ricos podem, ficam em plano inferior no Além? 4. Tanta miséria e o Papa naquela riqueza e mordomia, enquanto Jesus nasceu numa . manjedoura. 5. Se Deus sofre com os pecados dos mortais, no Céu não deve haver tanta felicidade como pregam? 6. É incompreensível a discriminação, porque ninguém nesta vida tem culpa de ter nascido negro, ou com tendências homossexuais ou de famílias marginalizadas. 7. E, como explicar, também sem reencarnação, tantas crianças que já nasceram aleijadas, doentes ou miseráveis?

RESPOSTAS

Embora várias das perguntas apresentadas pela missivista já tenham sido respondidas nesta seção, como são clúv i clas muito comuns, procurarei respondê-las , e ele modo simples, como pede a mesma.

1. Incesto é a relação carnal entre parentes próximos, consangüíneos ou afins (pais, irmãos, primos etc.). É um pecado gravíssimo. No entanto, no início ela Humanidade havia apenas um casal, Adão e Eva, que recebeu ele Deus a ordem e a sublime missão ele povoar a Terra. Por força elas circunstâncias e disposição divina, é evidente que irmãos e irmãs tinham que casar entre si, até que o gênero humano fosse aumentando e os graus ele parentescos

e

eATOLIe Is MO

fossem ficando cada vez mais afastados. Neste caso não houve incesto, isto é, pecado, porque tratava-se de uma disposição divina (povoar a Terra) e ele obedecer uma ordem expressa ele Deus. Os casamentos entre os filhos ele Adão e Eva eram portanto legítimos e virtuosos, uma vez que cumpriam o que Deus havia determin ado.

Quem reza obtém

2. A promessa ele Nosso Senhor ele que quem rezar a Deus pedindo alg será atendido - "Pedi e dar-se-vos-á. Bus-

cai e achareis. Batei e abrir-se-vos-á. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrirse-á" (Mt. 7, 7-8) - comporta certas condições: a) Scricclaclc, respeito, recolhimento durante a o ração, pois quem reza está dirigindo-se a Deus Criador e Soberano Senhor ele todas as coisas. Rezar é co locar-se na presença e elevar com afeto a mente a Deus, como o ensina a Igreja; b) Ordem e pureza de intenções na oração, isto é, ao rezar devemos visar em primeiro lugar a maior glória de Deus, co nsoante a Palavra de Nosso Senhor no Evangelho: "Buscai, pois, em

primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça" (Mt.6,33) . Ou seja, em primeiro lugar demos a Deus o que é de Deus - adoração, ação de graças, reparação e amor - e então, sim, "todas estas coi-

sas vos serão dadas de acréscimo", continua assegurando-nos Nosso Senhor, referindo-se aos bens de natureza espiritual e material que Lhe pedimos; c) Humildade, confiança e perseverança na oração, porque Deus resiste aos soberbos e presunçosos, mas enche de bens aqueles que nEle cegamente confiam, não são volúveis mas perseverantes na Oração; d) A falta do estado de graça não é impedime nto para a oração. Mas salta aos olhos que a oração de quem está rompido com Deus e na sua inimizade - por se achar em pecado mortal tal oração não pode subir ao Céu como "incenso de suave odor". A não ser

Fevereiro de '1999

quando, impregnada de sentimentos de contrição, de penitência e reais desejos de conversão, comova o Pai das misericórdias, pois "o coração contrito e humi lhado jamais será desprezado por Deus" (Ps. 50). e) Às vezes Deus não nos dá o que pedimos, mas nos dá algo que Ele sabe que é melhor e que nós não sabemos. Será que no caso das pessoas citadas na consulta, que morreram, não terá sido melhor para elas morrerem naquele momento e não cm outro? Deus é que sabe.

Oração pelos mortos 3. Por que rezar pelos mortos? É certo que eles não podem mais pecar, mas se pecaram nesta Terra, e se esses pecados foram perdoados em vida, mesmo assim é preciso pagar o débito contraído com ajustiça divina, pela ofensa feita a Deus pelo pecado. Então, quando uma pessoa se salva, mas não fez suficiente penitência aqui nesta Terra, para pagar tal débito, ela logo após a morte vai para o Purgatório, onde deve expiar suas faltas e assim saldar sua dívida. A misericórdia de Deus, entretanto, aceita nossas orações, e o valor inaudito das missas que mandamos celebrar pelos mortos, diminuindo assim o tempo de duração das almas no Purgatório. A questão de falta de dinheiro para mandar celebrar missas não se põe, pois em toda missa celebrada há uma oração específica feita pela Igreja pelas almas de todos os fiéis defuntos. Ademais, a espórtula de uma missa não é tão alta assim, que alguém não possa pagar. Outrossim, se é legítimo pedir esmolas a fim de satisfazer as necessidades materiais, por que não será lícito pedir ou oferecer uma espórtula para fazer um ato de ai ta caridade em relação às almas do purgatório? Portanto, não se pode dizer e não é esse o espírito da Igreja - que alguém fica mais ou menos tempo no Purgatório por razões econômicas de seus parentes e conhecidos ... Luxo do Vaticano 4. Quanto a um certo luxo do Papa e do Vaticano, isso está de acordo com a grandeza do Papado e da representação de Nosso Senhor Jesus Cristo aqui na Terra. Já no Antigo Testamento Deus

Sala dos Santos, nos

tar de um pecado contra a natu reza, não combater essa tendência e entregar-se a ela é particularmente grave.

Apartamentos Borgia, Vaticano.

As riquezas artísticas e culturais do Palácio pontifício refletem de modo adequado a grandiosidade da missão do Chefe da Igreja Católica

O que diz a Igreja sobre a reencarnação

mando u expressamente Salomão construi r o Templo - a Casa de Deus - com o máximo de luxo, usando mármores, madeiras preciosas, ouro, etc. O homem precisa de símbolos q ue lhe falem sensivelmente a respeito das coisas que deve conhecer e amar. A magnificência do Vaticano e do cerimonial ponti fíc io são um modo de realçar a importância da Religião e do Papado e sua a bsolutame nte incomparável grandeza. Mais do que atender aos bens do corpo, é preciso atender aos bens do espírito; e o esplendor papal é um bem comum de todos, ricos e pobres, letrados e ignorantes. A beleza é um dos anseios da alma humana, pois é um reflexo de Deus, e deve ser admirada e apetecida tanto, ou em alguns casos, mais do que as meras necessidades materiais. O próprio Cristo Jesus criticou aqueles que, sob pretexto de amparar os pobres, falam contra o esplendor do culto q ue se deve a Deus. Narra São João: "Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi para Betân ia, onde estava Lázaro que Ele havia ress uscitado dos mortos. Prepararam ali um jantar para Jesus. Marta estava servindo, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com Jesus. Maria pegou então um frasco de um perfume de nardo puro muito caro, ungiu os pés de Jesus e os enx ugou com os cabelos. A casa ficou toda perfumada. Judas Iscariotes, um dos discípulos q ue o havia de trair, d isse: 'Por que não foi vendido esse perfume por trezentas moedas de prata para dá-las aos pobres?' Falava assim, não porque se interessasse pelos pobres, mas porque era ladrão. Tomava conta da bolsa e roubava o que nela depositavam. Jesus disse-lhe então: 'Deixa-a. Ela reservou esse perfume para o dia de minha sepultura. Sempre tereis pobres convosco, mas a Mim nem sempre tereis' "(Jo.12, 1-8). O Iscariotes

7. A doutrina ela reencarna-

foi o primeiro "miserabilista" . Terminou enforcando-se ...

Há sofrimento no Céu? 5. No Céu não há sofrimento. Quando se diz que Nosso Senhor, Nossa Senhora estão sofrendo com os pecados dos homens, isto se refere aos sofrimentos que Eles, por antecipação, padeceram aqui na Terra para nos salvar. Eles sofreram em previsão e por todos os pecados que iriam ser cometi dos até o fim do mundo. É legítimo, pois, numa linguagem figurada, dizer que os nossos pecados estão fazendo-Os sofrer. É o que se vê em muitas aparições, como Salete, Fátima, etc., onde Nossa Senhora revelou-se em prantos e com marcante tristeza. A discriminação é pecado?

6. Sim, a discriminação racial é absurda, uma vez que todos os homens são fil hos de Deus. A legítima desigualdade, colocada por Deus, entre as raças, não pode ser motivo para que uma discrimine ou persiga as outras. Q uanto a ter uma pessoa tendências sexuais desviadas, em alguns casos pode não haver culpa pessoal nisso. Ninguém deve ser punido ou desprezado apenas por tendências desordenadas - congênitas ou adquiridas - às quais resiste com denodo e constância. O que também se aplica a quem possui tendência para o roubo, a mentira, o orgulho etc., mas com o auxílio da graça não cede e mantém-se fiel aos Mandamentos de Deus. Ele só é culpado se se entrega à satisfação das tendências desorde nadas. No caso da homossexualidade, por se tra-

ção é fronta lmente contrária à Fé cató li ca. E é um absurdo face à própria ordem natural, pois, entre uma determinada a lma e um determinado corpo há uma adequação perfeita, disposta por Deus Cr iador, de tal modo que essa alma só pode vivificar esse corpo. E quando se dá a morte, imed iatamente após o Juízo particular, a alma ou entra na visão e fruição beatífica de Deus (Céu), ou é lançada nas chamas infernais (Inferno), o u é mantida temporariamente nas ardências de expiação (Purgatório) até o momento de ir para o Céu. E assim permanecerá até a Ressurreição e Juízo final, quando a alma se unirá de novo ao mesmo corpo para a vida eterna, no Céu ou no Inferno . O fato de uma pessoa nascer doente ou com qualquer defeito não tem necessariamente a ver com uma culpa sua ou de seus pais, como lemos no Evangelho de São João: "Jesus estava passando e viu um homem que era cego de nascença. Os discípulos perguntaramLhe: 'Mestre, quem foi que pecou , ele ou seus pais, para ele nascer cego?' Jesus respondeu: 'Ninguém pecou, nem e le nem seus pais, mas é para que as obras de Deus se manifestem nele"' (9, 1-4). A doença, a dor, a lágrima, os defeitos de nascença, enfim a morte, são conseqüênc ias do Pecado Original praticado por nossos primeiros pais Adão e Eva, que expulsos de um Paraíso de delícias foram lançados a este vale de lágrimas - a terra do nosso temporário destino. Somos seus descendentes e herdeiros. Ademais, Deus pode permitir que uma pessoa nasça com um defeito ou que uma vida seja acompanhada de sofrimento; mas Ele concede sempre graças abundantes para tal pessoa superar e inclusive tirar proveito espiritual do mesmo, e fazer com que as obras de Deus se manifestam nele. ♦

eATOLIe ISMO

Fevereiro de 1999

9


"Mundo cão': não vale para os animais... Não é de hoj e que os cães e animais de estimação em gera l passaram, em muitos casos, a substi tuir os filhos abortados. E os an imais absurdos substitutos de inocen tes vítimas humanas - ampliam cada vez mais seus privilégios. Senão vejamos: • 200 mil cães sujam as ruas ele Paris. A Prefeitura teve então a "genial" idéia ele construir nas praças e avenidas, toaletes públicas para cachorros; • Em Guia de endereços úteis da

cap ital pauli sta figuram, entre outras co isas: plano ele saúde e táx i para cães, psicól oga para resol ver o problema de stress dos cachorros ele estimação ... ; • Na Escóc ia, Woofie, urna cadela ele raça co fi e, fo i condenada à pena de morte porq ue lati u para um carteiro. Urna conhecida ex-atriz fez um discurso em defesa ela cadela e conseguiu sua libertação; • Na Grã-Bretan ha, o terro ri sta Hornc, condenado a 18 anos ele prisão porque lançou d iversas bombas contra instituições "violadoras" de pseudos-clireitos dos an imais, faz greve de fome. Objetivo: forçar o governo ing lês a aprovar uma lei que proíba a uti l ização de anima is em experiências cien tíficas. Se ele morrer, será o primeiro "mártir" da causa cios ani ma is... D iante dessa inversão de valores, não seria me lhor tirar o qualificativo cani no da expressão em voga

"mundo cão"?

Safra recorde desacredita Reforma Agrária O governo brasi leiro prevê que asafra de grãos de 98/99 deverá atingir pelo menos 83 mi lhões ele to neladas, a maior j á registrada no País. Haverá crescimento mín imo de 7,8% sobre a safra cio período anterior. A rroz e feij ão serão os principais responsáve is pelo cresc imento da próxima safra. Segundo a Conab (Cia. Nacional ele Abasteci mento), haverá urna safra mínima de arroz ele 11 ,2 mi lhões ele tonela-

Frases

Diplomado: 25 dólares por mês!

banas: tubos de pasta de dente, sabone-

Voltando de Cuba, o repórter L uiz Caversan, ela "Folha de S. Paul o", publicou (edição ele 27-12-98, pp. 22 a 26) impressionante cobertura sobre a miséria, a tristeza e a insatisfação rei nantes na antiga Pérola das Antilhas, após 40 anos de dominação comunista. Destacamos a seguir algumas frases sintomáticas ele habitantes cio "Paraíso" cubano:

Gregório, 38 anos; trabalhou 20 como economista especializado em indústria pesada, ganhando US$25 por mês. Hoj e, afuma ele, "tenho o negócio de caldo de

tes, desodorantes, creme de barbear, chocolates, aspirina, band-aid e mais uma variedade de produtos simples que aqui se compram em qualquer supermercado ou farmácia!

Perspectiva de futuro: nula "Não há motivo para alegria. A gente trabalha muito e não vê nenhuma perspectiva de fu turo" (Dentista Lara).

Medicina cubana: melhor da América Latina? "Faz uma semana que eu não posso atender ninguém. Sabe po r quê? Só tem anestesia no meu consultório. Mais nada, nem algodão, nem álcool, nem cimento cirúrgico"

Ateísmo neopagão, ainda pior! Há aproximadamente 30 ou 40 anos, um fato causou viva indignação popular em nosso País: a embaixada russa exigia que se arrancasse o Crucifixo do caixão e do carro da fu ne rária que iria transportar o cadáver de um diplomata daquela nação comunista. Neste mês, a Funerária Osse/, de Sorocaba-SP, lançou novo tipo de esqu ife. A fam ília enlutada poderá escolher o distintivo do time de futebol para o qual torcia o falecido, a fim de colocá-lo no lugar onde normalmente figura o Crucifixo. Eis aí rombuda manifestação de ateísmo - pior do que o dos comunistas - característica do neopaganismo contemporâneo. Deveria despe rtar indignação ainda maior que a causada décadas atrás .. .

10

CATO L I

e

IS MO

Fevereiro de 1999

elas, ou sej a, 30,3% maior que a safra ele 8,5 m ilhões de toneladas consegu ida anteriormente. A produção de f eijão será de 3 mi lhões de toneladas - 37,8% maior que a co lheita anterior. Eis aí uma notícia significativa para quem tenha um pingo de bom senso, e urna confirmação a mais da eficác ia de nossa agric ultura, baseada na propriedade privada. Por qu e, então, efetuar Reforma Agrári a em terras particulares? Não há razão para alterar a atual estrutura agrária, que vem assegurando recordes de produção agrícola.

cana, que me dá um ganho de quase US$40,00 por dia".

Cabeças de gado: de 8 milhões para 2 ... "Em 1959, Cuba tinha 6,5 milhões de habitantes e 8 milhões de cabeças de gado. Hoj e há 11 milhões de habitantes e 2 milhões de cabeças de gado" (Ricar-

Conceito castrista de liberdade...

primeiro secretário da Juventude Comunista da Faculdade de Física) .

(Dentista Lara) .

Não há o que comer e vestir

Fatos

"Todo mundo trabalha, trabalha, trabalha, e nada muda. Não há o que comer, não há o que vestir. Só os poderosos do partido se dão bem. O povo que se dane "(Dentista Lara) .

Apresentamos, a seguir, apenas três dos fatos signi ficativos colhidos na reportagem de Luiz Carvesan:

Nas lojas, penúria de vestimentas e cal ados

Presentes para cubanos Uma c ubana embarca em Miami (USA) com um sacolão de plástico repleto de p resentes para os parentes cu-

■ Na Índia: perseguição anticatólica Exigindo a expulsão dos missionários católicos, integristas hindus incendiaram, em 28 de dezembro último, uma igreja católica em Gujarat, cidade situada a 900 quilômetros ao sul de Nova Delhi. Pelo menos 1O pessoas ficaram feridas, segundo informaçõés das autoridades locais. Ultimamente várias igrejas, escolas e hospitais católicos daquela região têm sido atacados, e fiéis apedrejados. Não nos esqueçamos de incluir em nossas orações nossos irmãos indianos que sofrem persegu ições por sua fidelidade à Fé católica.

do, advogado).

"O que não pode é colarem cartazes dizendo o que pensam. Por isso que temos presos políticos. Este é um país livre, mas não se admite que se faça propaganda dizendo o que está errado. No socialismo é assim e ponto [final]" (Lázaro Amoyo,

BREVES RELIGIOSAS

Sobraram os cadillacs dos anos 50...

Ironia do destino Os comunistas de Cuba combatem acerbamente o capitalismo americano. Contudo, os únicos carros que sobreviveram ao comunismo são os cadillacs da década de 50. Hoje muitos deles são usados como táxis, ou carros de lotação !

De casarões a favelas ... Todos os casarões das famílias ricas, ante1iores ao comunismo, foram desapropriados e transformados em cortiços (colméias). Numa casa de seis cômodos, vivem seis fann1ias em regime de favela.

500 mil em Santuário mariano do Paquistão

No Paquistão, apesar de toda perseguição relig iosa, aproximadamente meio milhão de fiéis compareceram à peregri naç ão a nual ao Santuário Mariamabad, em Lahore. O encontro mariano, que se realizou em setembro, efetuou-se pela primeira vez em 1949 e tornou-se uma trad ição muito cara aos católicos paquistaneses.

Bem-aventurado Frei Galvão, rogai por nós!

Em Guaratinguetá (SP), cerca de 7.000 pesso as compareceram ao encerramento das comemorações pela beatificação de Frei Antonio de Sant'Anna Galvão, primeiro brasileiro nato a ser elevado às honras dos altares, filho daquela cidade.

CATO L IC ISMO

Fevereiro de 1999

1 1


DISCERNINDO, DISTINGUINDO, CLASSIFICANDO...

Cuidado com a desinformação! O problema da desinformação é muito sério no Brasil.

Fatos de uma realidade gritante são apresentados por vezes com um significado oposto àquele que realmente têm C.A.

E

TAMOS NA ERA da informação rápida, imediaa mesmo. O telégrafo, que parecia a nossos avós um prodígio de rapidez, tornou-se velho e totalmente ultrapassado. Agora são os satélites, é a Internet, é a transmissão globali zada e instantânea do som e da imagem de uma ponta do mundo até a outra (se nos é dado exprimirmo-nos assim). É uma enxurrada de informações que nos inundam diariamente, provindas de todas as partes do Globo. Isso levanta, porém, um problema novo. Nunca se abusou tanto dos veículos de informação como agora, transformados, não raras vezes, em meios de desinformar. De tal modo que uma pessoa sensata sabe perfeitamente que a primeira atitude a tomar diante de um jornal, de um rádio, de uma televisão ou de qualquer afümação sem prova, é desconfiar.

Do aborto à Reforma Agrária O aborto é apresentado como um direito da mulher, quando, na verdade, não passa de uma matança de inocentes, a exemp lo da promovida por Herodes por ódio ao Menino-Deus. A televisão vem sugerida como um meio informativo e de distração, indispensável neste século em que vivemos, mas de fato transformou-se num possante fator de corrupção moral das famílias e da juventude em particular, além de incitar à violência. Homens de grande descortino e san12

CATOLICISMO

A Reforma Agrária no Brasil é um exemplo típico de desinformação. Órgãos esquerdistas da mídia apresentam-na como panacéia para os problemas do campo. Na realidade, · ela provocou a favelização da vida rural. Nesse sentido, é característica a situação dos assentados da Gleba XV de novembro (foto acima), no Pontal do Paranapanema (SP).

tidade têm sido sistematicamente perseguidos pela desinformação, por se oporem aos erros e males de sua época. É o caso do Prof Plínio Corrêa de Oliveira, por seu combate ao igualitarismo antinatural e socialista e à imoralidade galopante.

Fevereiro de f999

Em nome da liberclacle, a desinformação prega uma educação sexual elas mais perniciosas, puro ensino de libertinagem para rapazes e moças, quando não para crianças cio primeiro grau. As noções mais escabrosas de como entregar-se a aberrações sexuais são postas ao alcance até de crianças, impróprias que são mesmo para os adultos que não tenham uma necessidade profissiona l ou vocacional de conhecê-las, como o médico e o sacerdote. A prática da homossex ualidade, tão abominada pelas Sagradas Escrituras, e que atraiu do Céu castigos terríveis como os infligidos a Sodoma e Gomorra, passa a ser qualificada de simples opção sexual, passível ele ser legalizada como um tipo d!ferente de casamento. Até a AIDS vem sendo utilizada como fator de desinformação. A pretexto de prevenção contra e la, faz-se a mais deslavada propaganda da libertinagem sexual: tudo passa a ser legítimo, desde que se use preservativo ... A Reforma Agrária é outro exemplo característico de desinformação . Onde quer que ela tenha sido aplicada - Rússia, Cuba, México, Angola, Egito etc. - redundou num empobrec imento total da população. A ponto de ter sido necessário voltar atrás e modificar radicalmente a situação - exceto em Cuba, onde Castro se obstina em manter o povo na miséria. Mesmo no Brasil, as experiências de assentamentos que têm sido feitas só

serviram para disseminar pelo campo verdadeiras favelas rurais, conforme o provou de sobejo a TFP no livro Reforma Agrária semeia assentamentos Assentados colhem miséria e desolação. Entretanto, há uma propaganda contínua, zumbindo ou berrando que a Reforma Agrária resolverá os problemas do trabalhador rural. Embora contra toda a evidência, a força e a persistência dessa propaganda são tais, que ela entra a martelo na cabeça das pessoas, impedindo muitas vezes que se veja a realidade como ela é.

A desinformação, uma ciência esotérica Aqui estamos de cheio no problema da desinformação. Mas é preciso definir bem os termos para saber cio que estamos falando. Não estamos nos referindo à desinformação no sentido corrente que o termo tinha até alguns anos atrás, de pessoa a quem faltam informações. A palavra sofreu uma evolução nos últimos tempos e passou a ser usada, sobretudo pela esquerda, com um significado cient(fi.co, quase diria esotérico. Já em 1983, um autor francês, Edouard Sablier, estudava o assunto ( O fio vermelho, Plon, Paris). Mostra e le nessa obra como a esquerda toma por base, para sua ação de desinformação, o princípio de Lenine segundo o qual "dizer a verdade é um preconceito pequeno-burguês. A mentira é freqüentemente justificada pelo fim que ela busca" (p. 278). Foi com fundamento nesse princípio maquiavélico que a antiga KGB chegou a montar um departamento especializado em desinformar. E a segunda edição da Grande Enciclopédia Soviética definia desinformação como sendo "a disseminação pela imprensa, pelo rádio, pela TV, pelo livro etc., de falsas informações destinadas a impressionar o público". A desinformação é praticada em todo o mundo, principalmente por setores da esquerda avançada, como uma verdadeira arma de combate para desarticular o corpo social: "A desinformação está para a luta de classes como um gás de combate para um exército em cam-

panha. Ela envenena o organismo político e social, enfraquece a resistência e termina por aniquilá-lo" (op. cit. p. 277). Na antiga KGB, o departamento encarregado de desinformar fornecia os dados e publicações "deslinados à imprensa, punha em circulação documentos de natureza a mover a opinião pública. Seus agentes conduziam campanhas contra políticos e personalidades, fomentavam manifestações ou greves para acompanhar uma ofensiva psicológica" (p. 278).

É forçoso desconfiar Enfim, caro leitor, quando lhe falarem do paraíso a que vai nos conduzir a Reforma Agrária, quando lhe disserem que todos os invasores de propriedades rurais são realmente gente semterra que não tem o que comer por culpa de fazendeiros gananciosos e da atual estrutura sócio-econômica, DESCONFIE! DESCONFIE também quando lhe procurarem ocultar a ·verdadeira natureza ideológica desses movimentos organizados de invasões , quando buscarem acobertar o papel que a chamada esquerda católica vem desempenhando nesse assunto todo. O leitor pode estar sendo vítima do mecanismo da desinformação.

Edifício do antigo quarte-general da KGB, em Moscou. Nele estava instalado o departamento encarregado de desinformar, isto é, de disseminar "falsas informações destinadas a impressionar o público".

DESCONFIE quando lhe disserem que o aborto é necessário, e lhe contarem um , dois, três ou quatro casos sentimentais para justificá-lo. DESCONFIE da propaganda feita em torno de todo tipo ele imoralidade. Em face desse quadro, constitui precioso e mesmo indispensável contributo para a população brasileira informá-la devidamente do que está ocorrendo. Nesse sentido, o boletim mensal lnformativo Rural, editado pela TFP, temse revelado de uma utilidade extraordinária. Combatendo galhardamente os mitos criados pela desinformação em matéria de Reforma Agrária e invasões ele terras, ele fornece dados que passam desapercebidos à quase totalidade cios brasileiros, mesmo cios homens do campo. E sem os quais não há como se defender contra a avalanche de desinformação que nos submerge. Nesse sentido também, Catolicismo tem continuamente procurado ajudar seus leitores a se desvencilharem das malhas envolventes e perigosas da desinformação nos mais diversos campos da atividade humana. ♦

CATOL ICISMO

Fevereiro de t999

13


ENTREVISTA ~

'

A Rússia precisa mudar de mentalidade Dr. Michael Waller, vice-presidente do American Foreign Policy Council (Conselho de Política Exterior Americano), especialista em assuntos russos, analisa com penetração a conjuntura caótica reinante na Rússia atual

• Dr. Michael Waller: "Na realidade, [a Rússia] de fato nunca iniciou uma transição rumo ao capitalismo. Faltam-lhe os valores morais que formam a base do livre mercado"

14

CATOLI

e

Desde a queda do Muro de Berlim, em 1989, e o colapso do Império Soviético, a Rússia tem sido palco de crises diversas que variam nas aparências, mas sempre apresentam um denominador comum: o caos. Como entendê-lo? A tarefa parece desafiar a compreensão de analistas políticos, sociólogos e economistas de todos os portes e matizes ideológicos. Dr. Michael Waller vem enfrentando com acerto tal desafio há quase 10 anos. Autor da obra KGB: The Secret Empire (KGB: o Império secreto), Dr. Waller recebeu em Washington, para uma entrevista, nosso correspondente Orlando Lyra Jr., respondendo a algumas das mais significativas questões sobre esse "caos em constante evolução" em que parece ter-se transformado a ex-União Soviética. Catolicismo - Como a Rússia está enfrentando a dramática crise financeira e política por que passa atualmente? O governo russo vem percorrendo a senda da economia de mercado ou está voltando ao passado comunista? Dr. Michael Walter - Trata-se antes de uma espécie de autodestruição do que propriamente uma volta ao passado. É impossível voltar ao comunismo sem o restabelecimento do aparelho de repressão política. Embora muitos políticos, que por ironia se declaram democratas , falem dessa possibilidade, não vejo nenhuma vontade por parte das forças de segurança de voltar ao passado. Por outro lado, dizer que a Rússia está seguindo "os passos da economia de mercado" é pura fantasia. Na realidade, o país de fato nunca iniciou uma transição rumo ao capita-

IS MO

Fevereiro di! 1999

tismo. Faltam-lhe os valores morais que formam a base do livre mercado . Os assim chamados reformadores do antigo si stema soviético foram todos formados nas escolas do marxismo e leninismo. Eles trouxeram para dentro do novo sistema toda a herança do passado, além de incorporar elementos podres do capitalismo ocidental. O resultado disso foi o aparec imento de uma economia controlada por maffias que se entre-aniquilam. O povo sofre as conseqüências desses conflitos.

vizinho e não odiá-lo ou invejá-lo por isso. Em outras palavras, nós nos sentimos motivados pelo sucesso dos outros e não abatidos. Desejamos subir como eles, não fazê-los descer. Na Rússia, por causa dos 70 anos de comunismo, dá-se um fenômeno diametralmente oposto: a tendência é destruir quem alcança sucesso, não imitá-lo. Não se tolera que alguém progrida na escala social. Isso se dá mesmo entre pequenos fazendeiros . Eu mesmo presenciei muitos casos desses. Lembro-me, em concreto, de uma família de pequenos agricultores que aprendeu algumas regras da economia de mercado, inovou em matéria de tecnologia e marketing. Conseguiu, com muito esforço, plantar e comercializar nabos, obtendo um bom lucro com isso. Pois bem, seus vizinhos, enfurecidos com o sucesso desse pequeno agricu ltor, invadiram suas te1rns durante a noite e passaram o trator sobre a plantação de nabos. Destruíram tudo por pura inveja .. Enquanto não mudar tal mentalidade, não há condições morais para uma verdadeira economia de mercado. Tudo se transforma em corrupção oficializada.

Catolicismo - O que está faltando, então, em termos de valores morais? Há esperança de um dia a economia de mercado funcionar na Rússia? Dr. Waller - Em muitos aspectos, a Rússia assemelha-se à América Latina: há um impulso instintivo rumo à burocratização. Este fantasma estrangula tudo. Gera corrupção oficial e super-regulamentação, além de inibir a livre iniciativa. O resultado é o desastre a que esta.mos assistindo. Na Rússia, esse problema é ainda maior. Apesar de todos dizerem que odeiam o Estado, o impulso primeiro dos russos a.inda é procurar no Estado a solução de tudo. E Yeltsin não tem feito outra coisa: hoje, a Federação Russa conta com um aparato burocrático muito maior do que nos tempos da União Soviética, incluindo a burocracia do Partido Comunista. Acho que a.inda serão necessárias duas gerações para o livre mercado realmente vigorar na Rússia. Como disse antes, a herança do passado comunista é a.inda muito forte, tendo deixado marcas indeléveis na mentalidade do povo. A Rússia precisa mudar de mentalidade.

Catolicismo - Não há nenhuma fonte devalores espirituais na Rússia que possa mudar tal mentalidade? Dr. Waller - Há uma ITemenda ausência de liderança moral na Rússia. A assim chamada igreja 01todoxa, na realidade a igreja cismática russa, está completamente desprestigiada. Ela comprometeuse até o pescoço com o regime soviético. Todo mundo sabe que Alexei II, Patriarca de Moscou, pertenceu à KGB, a polícia secreta comunista, encarregada de prender e executar dissidentes. Hoje, conhece-se até o codinome que ele usava como agente de polícia: Drozdob, que significa pássaro negro. Potta.nto, não se pode esperar nada de uma instituição tão comprometida com o comunismo como é a igreja ortodoxa russa. Não obstante percebe-se, sobretudo entre os jovens, uma crescente aspiração por algo que transcenda as simp les reformas políticas e econômicas. Muitos procuram uma verdadeira reforma interna, nas almas. Isso nos faz lembrar da promessa de Nossa Senhora de Fátima de que um dia a "Rússia se converterá".

Catolicismo - Como assim? Dr. Walter - Aqui nos Esta.dos Unidos há uma expressão idiomática que diz keeping up with the Jones, o que, mais ou menos, significa "imitar o vizinho". Imitar o sucesso econômico do

Catolicismo - A mídia ocidental vem insistindo em veicular notícias de que existe uma saudade crescente do povo pelo regime soviético e pelas "virtudes" comunistas. Como explicar isso? Dr. Walter - O povo russo não tem propria-

mente saudades do comunismo, nem quer a volta da União Soviética. O que asp ira é por estab ilidade e um mínimo de esperança para o futuro, já que fo i educado por um regime em que a livre inici a.tiva era inexistente. Os russos simplesmente não sabem sobreviver por eles mesmos. Necessitam do Estado que lhes dê tudo, por menor que seja a dádiva. Com as tais reformas econômicas, que, como vimos, nada tinham de genuinamente capitalistas, as pensões desapareceram do dia para noite, e a hiper-infla.ção, artificialmente criada pelo governo, liqüidou a minguada poupança f" " \r .do povo. Resultado: caos e desespern~.. _ ""' ,.... l Os idosos sentem-se abandonadÕs;,e-ós", ~ .. , .- H • - · ou jovens inseguros quanto ao futuro. ToêloS'pré!.'-. ·• senciam, impotentes, a pilhagem geral do erário público, e selem-se nau, eados quando percebem que muitos pa' es o Ocidente ainda tiram proveito dess situação caótica. Do Chase Manh t tam Bank ao governo brasileiro, qu6 investiram pesado na corrupta bolsa 1 de valores da Rússia. Infelizmente, isso desmoraliza. o Ocidente aos olhos dos russos. Catolicismo - O Sr. tem denunciado, em seus artigos para o "Washington Times", a política exterior dos Estados Unidos em relação à Rússia. Basicamente tem acusado o governo americano de favorecer a corrupção oficializada na Rússia. Isso parece muito forte. Poderia explicar melhor tal denúncia? Dr. Walter - Claro! É muito simples: a política exterior de Clinton em relação à Rússia tem sido de apoiar cegamente Boris Yeltsin, sem nenhuma crítica aos elementos notoriamente podres de sua administração. O governo americano sabia perfeitamente quão corrupto era o ex-primeiro-ministro Viktor Chernymirdin . Não obstante, continuou concedendo empréstimos bilionários a um regime corrupto. E agora continua a fazer o mesmo em relação ao ex-agente da KGB, Primakov, o atual • primeiro-ministro, que acaba de receber, gra- • tuitamente, 4.? milhões de toneladas de grãos e outros milhões de toneladas vendidos a preço irrisório. Essa posição a-crítica da atual Administração norte-americana face ao descalabro reinante na ex-União Soviética. vem alienando cada vez mais o interesse do povo americano em ajudar a pobre nação russa, além de desacreditar o Ocidente aos olhos de seu povo. ♦ CAT O LIC IS MO

"O governo americano sabia perfeitamente quão corrupto era o ex-primeiro-ministro Victor Chernymirdin. Não obstante, continuou concedendo empréstimos bilionários a um regime corrupto. E agora continua a

fazer o mesmo em relação ao exagente da KGB, Primakov, o atual primeiro ministro"

Fevereiro de 1999

15


Um Brasil nobre, polido e pouco conhecido REINALDO

'

FALTA DE CRONISTAS nacionais da época, foi o historiador baiano Wanderley Pinho buscar mormente em nanativas de estrangeiros em visita ao Brasil dados sobre a vida de salão na época do Segundo Império. Longe de ver um Brasil apoucado, encontraremos em muitas famílias um brilho não muito diferente do que se via na Europa, e com um matiz especial: o espírito brasileiro ...

A

Bahia: religiosidade, polidez e hábitos europeus Cató lico nasceu o Brasil. E naquela terra onde por primeira vez foi celebra-

da a Santa Missa, permaneceu sobremaneira arraigada a religiosidade. Na Bahia "Linclley notou ( 1802) que

os principais divertimentos ela cidade eram os religiosos - festas ele santos, procissões ele.freiras, semanas santas apreciadíssimas pelas senhoras. E informa que 'em algumas casas de gente mais fina ocorriam reuniões elegantes, concertos familiares, bailes e jogos de cartas. Durante os banquetes e depois da mesa bebia-se vinho de modo fora do comum, e nas festas maiores apareciam guitarras e violinos, começando então a cantoria"'. "Mawe, nas suas Viagens no interior do Brasil, é elogioso à sociedade baiana em 1809-1810. Escreveu que, se as maneiras e costumes dos habitantes da Bahia diferiam um pouco dos que observara no Rio de Janeiro, dizia-se, entretanto, que na sociedade da Bahia havia mais vivacidade, finura e polidez, e gosto pela música. As damas vestiam-se à inglesa usando muitos cor1 dões de ouro e poucos diamantes, dando preferência às crisólitas....

"Tollenare que assinalava com evidente exagero a pouca sociabilidade dos habitantes de todo o CATOLIC I SMO

MOTA JR.

Em artigo anterior, apresentamos aspectos pitorescos da pequena São Paulo de outrora, com seus doces encantos. Hoje, focalizaremos a vida social e elegante nos salões das famílias aristocráticas no Segundo Império {1840 a 1889), sobretudo da Bahia e de Pernambuco.

Mesmo da parte de quem vinha com preconceitos e espírito crítico se haveria de ouvir elogios à sociedade baiana:

16

F.

Fevereiro de 1999

Brasil, viu, em 1817, a sociedade baiana reunida no teatro ... . "Grande foi sua surpresa e não menor desapontamento: - 'não só Gabotti ou Hoggart não teriam encontrado aí um só traço de caricatura, com.o ... . às senhoras não faltava gosto nem mesmo certas graças' .... "Não lhe mereceu críticas, senão elogios, o concerto de piano e flauta. Reivindicou mesmo para seu país o louvor que traçou à pianista: 'a senhora que executou ao piano fê-lo com graça verdadeiramente francesa'. "O Príncipe Paulo de Wurtemberg,

em 1853, foi hóspede ele Mr. Guillmer 'numa vivenda bonita na cidade alta' - e

chama-lhe: 'hospitaleiro genti l-homem' . "Certo, que lhe foram abertas 'as portas dos salões da aristocracia' onde pôde colher elementos para dizer que os brasileiros eram tão bem educados e cultos quanto amáveis e gentis, e as damas, em geral morenas e muito bonitas, trajavam-se à francesa. "Já antes, em 1836, outro estrangeiro, Alcide D'Orbigny (Voyage Pittoresque dans les deux Amériques) pudera escrever: 'a soc iedade da Bahia, doce, afável, polida e renomada no Brasil por suas boas maneiras. A classe alta tem todos os hábitos europeus com a finura do luxo que comporta a vida crioula'". Aí vemos aspectos de uma socieda-

de verdadeiramente nobre, pois, como afirma o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro Nobreza e Elites tradicio-

nais análogas*, "as boas maneiras, a etiqueta e o protocolo modelavam-se segundo padrões que exigiam da parte do nobre uma contínua repressão do que há de vulgar, de desabrido e até de vexatório em tantos impulsos do homem. A viela social era, sob alguns aspectos, um sacrifício contínuo que se ia tornemdo mais exigente à medida que a civilização progredia e se requintava".

Refinamento intelectual em salão baiano "Se se fechavam alguns salões antigos, outros surgiam. Um deles foi o de Dona Adelaide de Castro Alves Guimarães, irmã do poeta e também poetisa, no seu palacete da Soledade .... 'Na casa da Soledade- assinala Xavier Marques, freqüentador daquele círculo - respirava-se a mais sadia atmosfera intelectual. A erudição histórica e as doutrinas políticas interessavam especialmente ao diretor do "Diário da Bahia". Na sala da biblioteca vivia-se grande parte dos dias, consagrando à leitura as horas de lazer que as condições de fortuna do chefe permitiam gozar a todos os seus. Nos menores trabalhos manuais punha-se talesmero e uma fantasia tão deliciosa que faziam pensar nos dedos de fada que por ali andavam. Era a arte de D. Adelaide, o seu delicado sentimento estético, a beleza de que ela tinha o culto e que perfumava o ambiente daquele interior

Recepção de D. Pedro li 110 Recife - Litografia do Monitor das Famílias

esquisito. Fora do lar, na sociedade, ela lembrava, pela nobreza de espírito e a distinção das maneiras, uma daquelas grandes damas que homavam a cultura social das cortes antigas'".

D. Pedro li: "Pernambuco é um céu aberto" "Em 1859 agitou-se a alta sociedade pernambucana para receber e cortejar a Suas Majestades. "Os palácios presidenciais nas províncias eram em geral de.sprovidos de elementos para uma hospedagem régia. O de Pernambuco havia já alguns anos fora reformado, e, por assim dizer, refeito e reconstruído na administração de Rego Barros, Conde da Boa Vista. Mas aquelas mobílias de mogno e jacarandá, os tremês dourados, vasos, cerâmicas e candelabros; os leitos de pau-cetim ou de jacarandá , as colchas e rodapés de cetim bordadas a ouro fino; uma banheira de metal dourado com torneiras de prata para água quente e fria; os charões da Índia que alfaiavam o salão de música, desde os móveis ao piano, raro por seu teclado de madrepérola e tartaruga, com embutidos dourados; as poltronas de seda e as costureiras; os castiçais de ouro; a baixela: talheres, tabuleiros, salvas, fruteiras e serpentinas, tudo de prata; _as duas dúzias de talheres e uma colher de sopa de ouro maciço - tudo isso era coleta entre famílias abastadas que traziam ornatos de suas casas a comporem um ambiente de luxo para os Monarcas. "A cidade paramentou-se de galas, luminárias, arcos, coretos ou palacetes, e aclamando os soberanos, a população

gozava o espetáculo de um solene cortejo - o Imperador fardado de almirante, ao lado da esposa debaixo do pálio, cujas varas sustêm os vereadores, em volta o presidente da província Fiuza (Barão de Bom Jardim), o Bispo, o General Coelho (Barão da Vitória), o Visconde da Boa Vista e os barões de Suassuna e Cam.aragibe, que em breve seriam elevados a conde e visconde, os lentes da Faculdade de Direito, e Tristão de Alencar Araripe, chefe de polícia, e mais sessenta senhoras convidadas pela presidência da província, entre as quais certamente a Marquesa do Recife e as Viscondessas de Goiana e Boa Vista. "Pedro li aportando ao cais e relanceando o espetáculo que divisava, sobretudo o pavilhão em que se apinhavam cerca de duzentas damas, exclamara com vivo entusiasmo: 'Pernambuco é um céu aberto' ". É interessante notar como, no carinho e dedicação ao Soberano, pode-se ver um povo que antes de invejar a superioridade e querer diminuí-la -como muitas vezes nos querem fazer crer certos escritos desprovidos do amor à verdade - a reverencia e presta-lhe sincera homenagem. É bonito ver aí a grandeza de alma, a generosidade que compõem o caráter realmente nobre, de homens cujo proceder fazia jus aos bens materiais que constituíam seu ornato e complementavam sua nobreza (Wanderley Pinho, Salões e Damas elo Segundo Reinado, Livraria Martins Editora, São Paulo, 3ª edição, 1959). ♦

Nota: * Livraria Editora Civil ização, Porto, 1993, p. 134.

eAT OLIe ISMO

Fevereiro de 1999

17


DESTAQUE Trabalhadores agricolas preparam o campo para plantio na Coréia do Norte. A Reforma Agrária destruiu a produção agricola do país

·Coréia do Norte: Canibalismo comunista Luís DuFAUR

Crianças desnutridas numa creche de vila situada ao noroeste de Pyongyang, capital da Coréia do Norte

península. Essa ocupação deu origem à atual Coréia do Norte, subjugada por férrea ditadura comunista ele tipo stalinista, hoje sustentada pela China. A parte meridional da península formou a Coréia do Sul, a qual alcançou progresso econômico impressionante no pós-guerra. Nesse mesmo período, ao Norte o comunismo fechou as fronteiras e seguiu uma política externa de provocação armada contínua. Internamente, aplicou as reformas de estrutura almejadas pelos socialistas e comunistas ele todas as latitudes, inclusive do Brasil.

Carne humana para evitar a morte com a doutrina, e decidiram "viver No país onde ainda cristãmente". v1gora reg1me Entretanto, não havia missionários comunista de tipo para pregar na Coréia e voltaram sozinhos. Mas não desanimaram. Eles próstalinista, sinistros prios iniciaram o apostolado convertenfrutos do marxismo do boa parte da nobreza. Quando, anos -fome e miséria apamais tarde, chegaram os primeiros savorantes - constituem cerdotes, o número de batismos foi imenso. Tal surto ele conversões foi inlição para o mundo terrompido por feroz perseguição por parte dos Imperadores chineses. A partir de então, ao longo dos séculos, houCoréia, nação de milenar história, abriu-se outrora de modo alvissareiro à . ve milhares de mártires, vários dos quais canonizados. Como os santos Paulo evangelização. Os primeiros difusores Khoan, Pierre Hieu e J. B. Thanh. do catolicismo não foram missionários, Hoje, os católicos formam uma mimas membros da nobreza local. noria importante e em expansão na Em 1777, uma embaixada de nobres da Coréia foi à Corte do Imperador da Coréia. China, para entregar presentes rituais. Domínio do terror Eles queriam também conhecer a reliNo fim da II Guerra Mundial, tropas gião verdadeira. Em Pequim, encontraram livros católicos, entusiasmaram-se soviéticas ocuparam a parte norte da

.

.

A

18

e AToLICISMO

Fevereiro dé 1999

Qual foi o resultado? A Reforma Agrária destruiu a produção; e a fome atinge aspectos tétricos. A inépcia ela gestão socializada do campo assombra até os funcionários da FAO: eles não sabem o que fazer, nem quando chove nem quando há seca. Verifica-se também casos de canibalismo e de assassinato para vender carne humana em mercados clandestinos, informou "O Globo" de 210-97, citando declarações de fugitivos do país ao jornal "South China Morning Post", de Hong Kong. Refugiados e viajantes chineses descreveram cenas de terror: corpos estendidos nas ruas, violência e doenças por toda a parte, além de antropofagia, acrescentou notícia publicada em "O Globo" de 12-4-98. "Nossos vizinhos comeram a própria filha para não morrer de fome. É verdade. Vi com meus próprios olhos", disse uma testemunha de 23 anos ao referido

jornal de Hong Kong (apud "Diário do Grande ABC", 12-4-98). A atual fome matou cerca de dois milhões de pessoas, o equivalente a 10% da população, reconheceram funcionários do governo norte-coreano que escaparam do país. Uma estudante de engenharia de 27 anos, também fugitiva, disse não ser mais possível contar os mortos. A falta de alimentos, acrescentou, faz as pessoas circularem desesperadas por todo o território ("O Globo", 12-2-98). Tais cifras somam-se aos 1,6 milhão de vítimas causadas pelo comunismo na Coréia, no período 1917-1997, segundo o jornal "lzvestia" de Moscou (apud "Globo", 31-10-97) .

co para exibir. Apesar disso, saiu espantado . Os olhares perdidos e as atitudes ausentes dos bebês de um ano numa creche oficial, estarreceram-no. Crianças afetadas por anemia, escor~uto, pelagra, marasmo e barriga d' água formavam a maioria. Ao lado delas, brincava uma minoria razoavelmente alimentada: eram os filhos dos membros do partido do governo igualitário socialista! (apud "Jornal do Brasil", 4-10-98). A Coréia cio Norte é oficialmente um "paraíso dos operários". Por isso mesmo, mendigar é tido como ofensa ao regime. "Aqui sofre-se e morre-se entre quatro paredes, em silêncio", declarou um professor ao representante de "EI

País". As paupérrimas safras são estocadas pelo Exército. A distribuição beneficia a nomenclatura que tiraniza o país. Lee Ok Sun, diretora da Granja Cooperativa Up, confessou que as crianças recebem comida inadequada, mas estão melhor do que os adultos, alguns cios quais simplesmente faleceram de fome. E, enquanto a população morre de inanição, o governo "popular" desenvolve armas nucleares, foguetes balísticos e usinas atômicas com tecnologia chinesa e ... ocidental!

* * *

Na hora em que as crises financeiras abalam a economia mundial e muitos comunistas metamorfoseados em excomunistas reconquistam destaque na mídia e galgam postos em importantes países ocidentais e do Leste europeu, a dantesca lição da Coréia do Norte representa dramático brado ele alerta contra falsas soluções que devem ser rejeitadas. Que o sangue cios gloriosos mártires coreanos, sempre presente ante o trono de Deus, atraia sobre os infelizes que gemem naquele desditoso país o perdão e a misericórdia divinas, pela intercessão de Maria Santíssima! ♦

Comunistas desviam ajuda ocidental Organismos humanitários internacionais enviaram grandes quantidades de alimentos para os famintos. Mas, em vão! O Exército comunista, segundo a organização Médicos sem Fronteiras, confiscou o material, consumindo-o ele próprio ou revendendo-o no mercado negro. A esse respeito, é sumamente significativa a reportagem do jornalista Ignacio Cembrero, do quotidiano espanhol "El País". Visitou ele instituições oficiais. Portanto, o que o regime nortecoreano possui ele mais propagandístiMenino faminto de quatro anos hospitalizado na Coréia do Norte

CATO LIC ISMO

Fevereiro de 1999

19


N

ÃO HÁ no mundo homens aos quais não teL..:1■1-'=~="-''---""''-'--"'"" 't. nh a sido destinada uma cruz, tanto aos bons quanto aos maus. No alto do Ca lvár io, Aque le que é a Bondade por exce lência pelos homens morreu na Cruz, entre duas outras: a cruz do bom ladrão e a do mau ladrão. O Divino Redentor conv ida a todos nós a carregar generosamente nossa cruz, como Ele próprio o fez de modo sublime.

itura

:p_iritual

São Luís Mar ia Gri gni on de Montfort (1673-1716), o ardente missionário francês, gra nde apóstolo da devoção a Nossa Senhora e autor do cé lebre Tratado da verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, esc reveu - num só dia, após insp irado retiro esp iritu a l - o opúsculo Ca rta-Circular aos Amigos da Cruz, de onde extraímos o trecho aba ixo. Essa pequena obra constitui um verdadeiro tesouro espiritu al para todos que desejam, em me io às atribul ações da vida, abraça r sua cruz, no cam inho da santificação, rumo às glóri as da bem-aventurança etern a.

Grandeza do nome Amigo da Cruz A. Este nome é grande e glorioso " Chamai-vos Amigos da Cruz . Como é grande este nome! Confesso-vos que ele me encanta e deslum- . bra. É mais brilhante do que o so l, mais elevado que os céus, mais glorioso e mais pomposo que os títulos mais magníficos dos reis e dos imperadores. É o grande nome de Jesus Cristo, a um tempo verdadeiro Deus e verdadeiro homem; é o nome inequívoco de um cristão.

20

eATOLIe ISMO

Imagem de Nossa Senhora do Carmo, Padroeira do Chile

C. Exame de consciência sobre essas obrigações

B. Mas quantas obrigações encerra!

"Entretanto, se seu brilho me encanta, seu peso não me espanta menos. Quantas obrigações indispensáveis e difíceis contidas neste nome e expressas por estas palavras do Espírito Santo: 'Sois uma raça eleita, um sacerdócio real, uma nação santa, um povo que Deus formou ' (1 Pedro, 2,9). "Um Amigo da Cruz é um homem escolhido por Deus, entre 10 mil que vivem segundo os sentidos e a razão para ser unicamente um homem todo divino e elevado acima da razão, e todo em oposição aos sentidos, por uma vida e uma luz de pura fé e por um amor ardente pela Cruz. "Um Amigo da Cruz é um rei todo-poderoso e um herói triunfante do demônio, do mundo e da carne em suas três concupiscências. Pelo amor

filho da dor e da dextra, gerado em seu dolorido coração, vindo ao mundo por seu lado direito atravessado e coberto da púrpura de seu sangue. Dada a sua extração sangrenta, só respira cruz, sangue e morte ao mundo, à carne e ao pecado, para estar totalmente oculto, aqui na Terra, com Jesus Cristo em Deus. "Enfim, um perfeito Amigo da Cruz é um verdadeiro porta-Cristo, ou antes, um Jesus Cristo, de maneira que possa, em verdade, dizer: 'Vivo, mas não eu, é Jesus Cristo que vive em mim' (Gal. 2, 20).

Imagem de São luís Grignion de Montfort

às humilhações, esmaga o orgulho de Satanás; pelo amor à pobreza, triunfa da avareza do mundo; pelo amor à dor, amortece a sensualidade da carne. "Um Amigo da Cruz é um homem santo e separado de todo o visível, cujo coração está acima de tudo quanto é caduco e perecível, e cuja conversa está no Céu; que passa pela Terra como estrangeiro e peregrino; e que, sem lhe dar o coração, a contempla com o olho esquerdo e com indiferença, calcandoª com desprezo aos pés. "Um Amigo da Cruz é uma ilustre conquista de Jesus Cristo crucificado no Calvário, em união com sua Santa Mãe; é um Benoni ou um Benjamim,

Fevereiro de 1999

"Sois, por vossas ações, meus queridos Amigos da Cruz, aquilo que vosso grande nome significa? Ou, pelo menos, tendes verdadeiro desejo e vontade verdadeira de assim vos tornardes, com a graça de Deus, à sombra da Cruz do Calvário e de Nossa Senhora da Piedade? Entrastes no verdadeiro caminho da vida, que é o caminho estreito e espinhoso do Calvário? Não estareis, sem o pensar, no caminho largo do mundo, que é o caminho da perdição? Sabeis bem que há um caminho que parece ao homem reto e seguro, e que conduz à morte?" ♦

Fonte bibliográfica: Carta -Circular aos Amigos da Cruz, Primeira parte - Excelência da união dos Amigos da Cruz, tradução de Maria Helena Montezuna Poh le, Editora Santa Maria Ltda. , Rio de Janeiro, l954, Nihi l Obstar de D. Estêvão Bettencourt, O.S.B., Censor, p.p. 14, l5 e l6.

Escapulário do Carmo tábua de salvação oferecida por Maria Santíssima PLINTO M/\RI/\ SüLJMlm

Um dos sintomas recentes mais reconfortantes de religiosidade e devoção marianas que está se generalizando, especialmente entre os jovens, é certamente o uso do Escapulário do Carmo. O presente artigo, além de visar a difusão de tão louvável hábito, tem por objetivo aprofundar seu conhecimento, contribuindo assim para eliminar o caráter de quase superstição com que o Escapulário tem sido adotado por alguns, devido à ignorância religiosa CATOL I CISMO

Fevereiro de 1999

21


À esquel'da: Visão do Monte Carmelo, divisando-se ao fundo o Convento dos Padres Carmelitas Abaixo: imagem do Profeta Elias, que se venera na Sede da TFP, na Serra do Japy (Município de Jundiaí-SP)

(monjas ou freiras), e depoi s as Terceiras ou Oblato.,·, formadas esta s últimas por simples leigos , casados ou sol teiros, que viviam com suas íamílias. Os terceiros eram ligados po r votos ou promessas, conforme o estado, ús Ordens Primeiras, e participavam cios bens espirituai s ela Ordem. O s terceim.1· recebiam um hábito religioso mais simpl es, qu e u savam todos di as; ou , mai s comumente, apenas aos domingos e em festa s rei igiosas. Vieram depoi s as Cm1/i'arias para os lei gos que não podiam in gressar nas Or-

dens Terceiras 3 . Segundo o Pe. Simón María Besal cluch4, a Co11/iw-ia de Nossa Senhora do Carmo é tão anti ga quanto seu escapul ári o ( 125 1) . Es te é um a miniatura ci o Escapul ári o monásti co entreg ue por Nossa Senhora a São Sim ão Stock. Vejamos co mo. Certa manhã, o Sr. Joaquim Bacarin , co nstrutor res idente em Sa nto André (S P), resolvera levar consigo sua filhi nha ele cinco anos para uma elas casas que estava construind o. M al chegou ao local, a menina, ex ultante, co meçou a ex plorar o novo terreno, sa ltando e pulando ele sa ti sfação. Aprox imou-se assim ele um poço ele 20 metros ele prorunclidacle, com oito ele água. Curi osa, inclinou-se para ver seu fundo, perdeu o equilíbri o e ca iu naquele abi smo. A seu grilo desesperado, aco rreram pai e pedreiros. O Sr. Joaquim queri a a todo custo descer em bu sca da li lh a, mas ro í d iss uadido por não Ler apetrec hos nem práti ca para isso. Reso l veu-se então chamar um poceiro, que tardou quase um a hora cm chegar. Ao ati ngir o níve l ela água, no fun do ci o poço, em vez el e um ca dáver, enco ntro u a menin a bo iando, mantida à tona mil agrosamente pe lo Escapulári o que trazia ao pescoço . O Sr. Joaquim, fora ele si ele emoção, estreitou em seus braços a filhinh a sorridente; depoi s, co movid o, ca iu de j oelhos e agrad eceu a Nossa Senhora do Carmo, enquanto os presentes, choran do, bradavam: "Milag re! Milag re! Mi-

lag re de Nossa Senhora do Ca rm o!"

1 •

Exemplos assim, da proteção prodi gali zada por Nossa Senhora por meio ci o Escapul ári o ou bentinho ci o Carm o, são

22

CATO L IC IS MO

inúmeros e podem ser encontra dos em vári as fontcs 2 . Por isso, não nos deteremos neles scnã ele passagem. Procuraremos antes ex pli ca r o qu e signifi ca m propri amente esses dois pedaços de lã unidos por um cord ão, que tantas graças e benefíc ios têm proporc io nado àq ueles que os portam pi ccl osamcnlc.

Origem e evolução histórica do Escapulário Tanto o Escapul ário (do latim scapulae, ombros), quanto o própri o háb ito monástico e as ves tes li túrg icas desenvo lvera m-se a partir dos traj es ci os leigos. Co m o tempo, o Escapu lári o monástico foi evo luindo · até chegar, no sécul o X 11 , ú forma atual , to rn and o-se então parle in tegrante ele quase todos os hábitos monásti cos, inclu sive o carmelita. Mas este não ti nha o signifi cado que adquiriu depois, como veremos . Co mo cl escl obram enlo das Ordens Primeiras (monges ou frades), surgiram as Seg undas

Fevereiro ds 1999

Ordem do Carmo: do Antigo Testamento ao monacato oriental e ocidental Segund o a tradi ção carmelita, a Ordem ci o Carm o Leve ori gem nos Prorc-

tas Elias e EI iseu e seus seguidores . Eles já veneravam a futura Mãe cio M essias, simboli zada por uma nuven zinha - citada na Sagrada Esc ritura - que prenuncio u a chuva redentora que, a rogos ele Elias, fert il izou a terra ressequida ele Isra el. Esses doi s grandes Profetas tiveram seus continuadores nos Filhos dos Prof etas ( instituição surg ida na época cio Profeta Samuel e dotada ele al guma semelhan ça com os in stitutos reli giosos alu ais) , e mais tard e nos essê ni os (rami ri cação entre os anti gos i sra elitas) . E, j á na era cri stã, nos ermitães qu e povoaram o Monte C armelo, situado na Pa les tina. Es tes ermitães acabaram por co nsti tuir-se em ordem reli giosa ao estil o oc idental, no sécul o XII , so b um a regra escrita pelo Patriarca ele Jeru sa lém, Sa nto A lberto ele Vercelli , confirmada depois pelo Papa Honóri o 111. Em 129 1, esses eremitas ci o M onte C armelo foram martiri zad os pel os mu çulmanos e seu convento queimado. Mas a O rdem subsistiu , poi s muitos dos monges do Ca rmelo eram europeus e hav i-

am eretuaclo runclações em vários locai s ela Europa, inclusive na lnglaterra 5 .

A Grande Promessa e o Privilégio Sabatino: sua autenticidade O Pe. Simón María Besa lcluch , em sua já citada obra, refuta sábia e sobejamente os argumentos e autores que põem em clú vicia a autent icidade da Grande Promessa e cio Privilég io Sabatino 6 . No que consistem a Grande Promes-

sa e o Privilég io Sabatino? Em um momento ele grande aflição para a Ordem do Carmo, que corria peri go até ele extinção, seu novo Geral , o inglês São Simão Stock, supli cava insistentemente ~1 M ãe ele Deus que lhe desse um sinal ele sua proteção . No dia 16 ele julh o ele 125 1, quando rezava em seu co nvento ele Cambridge, Inglaterra, Nossa Senhora apareceu- lhe co m o M enino Jesus nos braços e rodeada ele anj os. Apresentou-lhe então um escapul ári o di zendo- lhe:

Escapulário: privilégios, condições para usar, -1mpos1çao - e uso

-

1º A Grande Promessa : "A quele que morrer com o Escapulário nc7o so/i·erâ as penas do infern o".* 2° O Privilégio Sabatino : será liberto ci o Purgató-

ri o no sábado seguinte ú sua morte.

* * *

Para gozar desse privil ég io sabati no são necessárias as seguintes condi ções : a - Haver recebido cleviclamenlc o Escapulário, isto é, ter sido ele imposto por um sacerdote com poder para tal; b - Que o Escapul ári o seja co mo presc reve a Igrej a: reiLo de dois pedaços ele lã (e não ele outro materi al) ela fo rm a retan gular, li gados entre si por co rdões ou cadarços e cor requerid as (marrom ou marrom escuro). Se a própri a pessoa qui ser co nfeccioná-lo, o tamanho adequ ado ele cada um cios pedaços ele lã poderi a ser: 3,5cm ele altura x 2,5cm ele largura, ou aind a menor, obser vando-se essa proporção;

c - Q ue um a de suas parles ca ia so bre o peito e a out ra sobre as cos tas ; d - Q ue se observe a castidade segun do o estado (perreita para os solteiros, e ma tri moni al para os casados); e - Que se rezem as orações presc ritas pelo sacerdote que o impôs .

* Frei A fon so M ari a, O E.1·ca1mllí rio do Carmo e a 111edalh a, Ca i xa Pos tal, 532, Rec ife. lmprim alur D . . Mi guel ele L im a Valvercle, Arceb i spo ele O linda e Reci fe, 3- 12- 194 1.

N.U.: Qualquer pessoa poderá confecc ionar seu própri o Escapul ári o, desde que enco nt re difi culd ade em obter algum já feito. Para isso, basta segui r ri gorosament e o que estabelece o it em b ac im a.

CA TOLI C I S MO

Fevereiro de 1999

23


Observações úteis sobre o Escapulário

Brasão da Ordem do Carmo Foto: R. Tamaki

Escapulário: grande escudo contra perigos terrenos • É poss ível que alguns leitores não se dêem inteiramente conta do grande teso uro que rep rese nta o Esca pul ário. Como afirmou o Papa Pio XII , " não é coisa de pequena importância procurarse a aquisição da vida eterna segundo a tradi c ion a l prom essa da Virge m Santíssima Iao Esca pul ário l; trata -se, com ef eito, da empresa mais importante e do modo mais seguro de a levar a cabo" 12 • E o mesmo Pontífice acentua a importância do Escapul ário como meio ele incrementar a tão necessári a devoção mariana. Eis suas palavras : "Certamente ninguém ignora quanto contribuiu

para avivar a fé católica e emendar os costumes o amor à santíssima Mãe de

"Recebe, fi lh o muito amado, este Escapulário da tua Ordem, sinal de minha confraternidade. Será um privilégio para ti e para todos os Ca rmelitas. Todo que com ele morrer não padecerá dofogo eterno. Ele é, pois, um sina l de salvação, def esa nos perigos; aliança de paz e de pacto sempiterno" 7 Esse autor, sobre a autenticidade de tal milagre, argumenta com Santo Agostinho: "A ssim como as palavras exprimem a linguagem humana, os milagres exprimem a divina "; ora, "é contra to dos os atributo.1· di vinos o fato de Deus aprovara mentira corn núlagres", como os que até hoj e se obtêm por meio do Esca pulário. Nota o Pe. Besalduch que São Simão ped ia à Vi rgem " um signo, um si nal de sua graça que fosse visível aos olhos de seus inimigos". E que Ela, ao en tregar- lhe o Escapulário, "declara que o entrega a ele e a todos os Carmelitas como urn signo de sua confraternidade e um sinal de predestinação" H_ A pred il eção ele Nossa Senhora pelo

24

CATO LICIS MO

Carmo foi confirmada de modo ainda mais maternal no século seguinte, quando, aparecendo ao Papa João XXH, prometeu- lhe espec ial ass istência aos que trouxessem o Escap ul ári o do Ca rm o, e que os li v rari a cio Purgatóri o no primeiro sábado após sua morte. Essa segunda promessa é co nhec ida como Privilég io Sabatin o9 • Por Ca rmelitas aqui se entendiam os membros elas Ordens Pri111eira , Segun da e Terceira mai s os elas Co11/rarias do Carrno. Entreta nto, co ncedeu depois a Igreja a várias Ordens religiosas a íacu Idade de benzer também peq uenos escapul ários e im pô- los ao.- fi éis inde-

. pendente de estarem ligados ou não às Confrarias 10 ; assi 111 , este nd eu-se também a todos os que portam o Escapu lário cio Ca rmo aquelas promessas ela Mãe ele Deus. lsso provocou a tão universa l divul gação desse Escapulário, que passou a ser o escapulário por antonomásia. E,j untamente com o Rosário, um cios símbolos cio católi co piedoso e servo ele Maria11 .

Fevereiro de 1999

Deus, especialmente através daquelas expressões de devoção com as quais, preferentem.ente às outras, parece que as mentes se enriquecem.de doutrina sobrenatural e as almas são solicitadas ao cultivo da virtude cristã. Entre estas, fi gura em. primeiro lugar a devoção ao santo escapulário dos carmelitas que, adaptando-se por sua simplicidade à índo l e d e todas as p es soas , com ubérri rnos frutos es pirituais es tá amplissimarnente difundida entre os .fiéis cristãos" 13. O Esca pul ári o não é só um penhor ele sa l vação eterna, mas um a co ncreta proteção nos peri gos da vida. Isso co mpreenderam- no sa ntos, mona rcas e simpl es pes soas cio povo . Al gun s exe mplos: • O piedoso Rei Luís XIII , da França, trazia-o preso a seu pendão . No sangrento síti o ele Montpellier, viu cair a seu lado, atingido no peito por doi s tiros, o cava leiro de Beau regarcl . Qua ndo o foram levantar, supondo-o morto, o cavaleiro, que só havia desmaiado, leva ntouse e mostrou, sob a ves te perfurada pelas balas, o Escapulário do Carmo. O rei , emocionado por essa prova ele proteção

• "Além da grande promessa de preservação do inferno, do singular privilégio Sabatino, do honroso título de Irmãos da Virgem [os frades do Carmo são chamados ' Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo'] e da salvação nos perigos, assim como do grande número de indulgências, os que vestem o Escapulário do Carmo gozam da participação de todas as boas obras que se praticam em toda a Ordem do Carmo. Isto quer dizer que, na Ordem do Carmo, tudo o que cai sob o comum denominador de 'boas obras ', como virtudes, satisfações, Missas, orações, pregações, jejuns, disciplinas, imolações, fruto das Missões, prática dos votos, austeridade da vida do claustro, efeitos saudáveis do apostolado da devoção à Virgem do Carmo e a seu santo Escapulário etc., forma um acervo comum ou um capital social que se reparte entre todos e cada um dos membros que, seja pela profissão (religiosa), ou em virtude do privilégio da agregação, pertencem à dita Ordem da Virgem do Carmo", . • O Escapulário pode ser imposto mesmo em crianças que não chegaram ao uso da razão, pois servir-lhes-á de "defesa e salvação nos perigos". Além disso, quando adultos, se tiverem tido a infelicidade de o abandonarem e levar vida irreligiosa, tendo já recebido a imposição anterior, bastará que qualquer um lhes coloque o Escapulário ao pescoço para que gozem de seus privilégios. • Ele pode também ser imposto em pecadores moribundos que o aceitem, pois ser-lhes-á penhor de salvação. Por isso, os sacerdotes chamados a atender moribundos nesse estado costumavam, antes de mais nada, propor-lhes tão-somente que aceitassem a imposição do Escapulário; o resto vinha por acréscimo. São inúmeros os casos em que pecadores empedernidos so licitam a assistência de um sacerdote, depois que alguém de sua família, sem que o saibam, coloque um Escapulário sobre seus travesseiros. • Para se gozar o privilégio sabatino, uma prática piedosa geralmente prescrita pelos sacerdotes em comutação da recitação do Ofício Parvo e jejuns prescritos, é a da recitação dos Sete Padre-Nossos, Ave-Marias e Glórias em louvor das Sete Alegrias de Nossa Senhora, outrora muito comum na Europa.

• Pelo significado que o Escapu lário tem de ser uma aliança com Nossa Senhora, recomenda-se que se o oscule freqüentemente. Com essa prática agradável à Mãe de Deus - ganham-se também indulgências. • Quando se substitui um Escapulário, o modo mais correto de eliminar o antigo é queimá-lo por respeito, e nunca jogá-lo ao lixo como traste velho. • Uma pessoa que tenha sido objeto da imposição do Escapulário e tenha passado muito tempo sem usá-lo, pode por si mesma recolocá-lo ao pescoço, sem necessidade de nova bênção ou imposição por sacerdote.

Medalha-escapulário O Papa São Pio X concedeu , através de regulamentação de 16 de dezembro de 191 O, emanada pelo Santo Ofício, a permissão de usar, em vez de um ou mais pequenos escapu lários, uma só medalha de metal. Esta deve ter em uma das faces o Sagrado Coração e, na outra, a Santíssima Virgem . Todas as pessoas validamente investidas com um escapu lário de lã, já bento, podem trocá-lo pela medalha de metal. Tais medalhas devem ser usadas constantemente, penduradas ao pescoço ou "de outra maneira conveniente", ganhando-se com seu uso quase todas as indulgências e privilégios concedidos aos pequenos escapulários 2 • Entretanto, aconselha-se portar de preferência o Escapulário propriamente dito. Pois ele, além de gozar de maior número de indulgências do que a medalha, foi diretamente concedido por Nossa Senhora a São Simão Stock. A Virgem Santíssima em sua aparição entregou-lhe um Escapulário de lã marrom. E o próprio São Pio X, quando promulgou o mencionado decreto, recomendou vivamente todos os fiéis que continuassem usando o Escapulário de pano.

1. EE, p. 324.

2. Cfr. The Ca tholic Encyc!opedia, p. 510, Cfr. Enciclopédia Espasa-Calpe, Tomo XI, pp. 111 8 e ss.

(Continua na pág. 26)

eAT OLIe ISMO

Fevereiro de 1999

25


VIDAS DE SANTOS de Maria, pediu- lhe o Escap~1lári o mirac ul ado para portá- lo sobre si 14 • ., • Em Caxias do Sul (RS), o Sr. Leonardelli estava à j anela vendo três meninos brincarem na rua. De repente, apareceu um cac horro louco e, num abri r e fec har de olhos, mordeu dois dos meninos. Tentou morder o terceiro mas não conseguiu, afastando-se correndo. Os dois fe ridos foram levados ao hospital. Quando foram ver o que imped ira 0 cão de morder a terceira criança, constataram que e la trazia sobre si o Escapulário do Carmo ... 15 • U ma jovem foi confessar-se com o Cura D' A.rs. Antes que ela se acusasse de seus pecados, disse- lhe o Santo: "Lembra-te de que, no baile a que foste há alguns dias, apareceu um. vistoso jovem, que dançou com todas as moças, menos contigo? E que ficaste muito vexada por isso ? E que, no momento em que ele saía, pareceu-te ver faíscas em seus pés? Pois saibas que e ra o demônio emforma humana, e que só não dançou contigo porque levavas o Escapulário. Dá graças à Virgem por isso" 16• • No bairro de Santana, na capital paulista, Luiz Barreto, então com 15 anos de idade na década de 40, ao atravessar a estrada da Cantareira de bicicleta, foi apanhado pelo trem, fica ndo debaixo dos vagões. Quando o trem acabou de passar, transeuntes acorreram e encontraram a bi-

Imagem de Nossa Senhora do Carmo, igreja de Nossa Senhora do Carmo, São Paulo

cicleta destroçada, mas o rapaz ileso. Ajoelhando-se, ele beijou seu Escapu lário dizendo: "Foi o bentinho de Nossa Senhora do Carmo que me salvou". Diante do milagre, todos os presentes apressaramse também em recebê-lo 17 •

São Cláudio de la Colombiêre,

• São inúmeros os casos em que incê ndi os são apagados, quando se arremessa sobre as chamas o Escapulário do Carmo. Citamos aqui dois casos, em países total mente diferentes, para mostrar a universalidade do prodígio: - Um incêndio em Videi ra (SC), devorara j á três casas de madeira pertencentes a João Ferlim e ameaçava a maior casa comercial ela cidade, encostada a uma delas . Da. Santi na Brandali se, sua proprietária, imediatamente mandou colocar um escapulário no teto de sua casa. O fogo estancou imed iatamente sem nela tocar, fato tido por milagroso por centenas de pessoas que acompanhavam a cena 18 • "O Rev. Prior do Convento de Claudete, na província de Albacete, Espanha, conser"' va em seu poder um Escapulário j que, atirado ao fogo que lavraa: va em uma casa dessa vila no ano de 1832, o apagou imediatamente sem provocar-lhe dano. No Convento de São Felipe, de Játiva, conserva-se um Escapulário que apagou imediatamente outro incêndio ocorrido no povoado de Cela, província de Alicante, a princípios deste século" 19 • ♦

grande Apóstolo do Sagrado Coração AFONSO DE SOUZA

Escolhido por Nosso Senhor para dirigir Santa Margarida Maria Alacquoque na mais trágica e decisiva fase da vida desta, o Santo deu o impulso inicial à devoção ao Sagrado Coração nos Tempos Modernos. Qualificado pelo Divino Redentor como servidor fiel e amigo perfeito1 , tornou-se ele renomado pregador e diretor de consciências, além de apóstolo do Escapulário. Em sua opinião, "nenhuma outra devoção oferece tanta certeza à nossa salvação" quanto esta prática religiosa 2 • ATURAL DE SAINT-SYMPHORIBN, perto ele Lyon, C láud io de la Colombiere provi nha ele famíl ia que já dera ilustres membros à Magistratura. De sua mãe, mu ito pi edosa, recebeu a formação religiosa que despertari a nele a vocação. O fato de ter sido aluno do Colégio dos jesuítas de Lyon, cujos professores eram conhecidos por sua militância antijansenista3, marcou a fundo sua espiritualidade e futuro apostolado, baseado na misericórdia e na confiança. Noviço jesuíta, seus dotes invulgares já aos 19 anos chamaram a atenção ele seu mestre, o Pe. Jean Papon, que ass im o descreve ao Geral da Companhia, em relato de 1660: temperamento "suave" e aparência "delicada ", "grande talento, rara capacidade de juízo, prudência consumada, muita experiência da vida. Começou bem os estudos. Apto para qualquer coisa" 4 •

N

Notas: 1. C fr. O Escapulário de Nossa Senh ora do Carm.o, l ivreto e laborado e d ifund ido na Bas íli ca do Carmo, São Paulo, s/d, p. 13.

2. São citados mu itos exemplos de autênticos mi lagres obtidos através do Escapulário, por exemplo, na Enciclopédia dei Escapulario dei Carmen do Pe. Simón María Besalduch (Luis G ili, Editor, Librería Católica lntemacional, Barcelona, 1931 , que passare mos a citar com a sigla E.E.). 3. Pietro S iffrin , Enc icl oped ia C attol ica, verbete Scapolare, tomo XI, pp. 15 e 16, Casa Edittri ce G . S. Sansoni , Florença. 4. C fr. E.E., p. 667 .

5. Cfr. Enciclopédia Universal Ilustrada Europeu Americana, Espasa-Calpe S. A., Bi lbao, to mo X I, pp. 111 8 e ss.

26

e ATOL

IC ISMO

6. F ica ass im re l"ulado, por exemp lo, Joseph Hil ge rs, e n tre o utros a uto r dos ve rbe tes Sabba tine Privilege e Scapu lar e m Tlte Catholic Encyclopedia, Caxlon Pub li s hin g Com pany, Limited , London , 19 12 , vol. Xlll, pp. 289,290, 508 e ss. 7. E.E ., pp. 99, 203 e ntre o utras. 8. Op . c it. , p. 150. 9. C fr. op. cit., pp . de 243 a 293. 10. Cfr. Enciclopédia Espasa -Calpe 10111 0 XX, p. 667. 11. C fr. The Catholic Encyclopedia , Cax ton P ublishing Company, Lim ited, London , 19 12, vo l. X Ili , pp. 508 e ss. 12. Op. c it., p. 626. 13. Pio X II , EiJístola de 11/2/1950 aos Gerais

Fevereiro de 1999

dos Padres Ca rmelitas, por ocasião do VII Centenário do Escapulário do Carmo , ap ud DOCTRINA PONTIFLC IA, IV, Docu mentos Ma ri anos, Hi la ri o Marín, S.I., BAC, Madrid , 1954, pp. 626-627 (Grifos nossos) . 14. Cfr. E.E ., p. 442. 15. Cfr. O Escapulário de Nossa Senhora do Carmo, p. 12. 16. Francis Trouchu, "Le Curé D'Ars Sa int Jean- Mari e Baptiste Vianney " L ibrairie Catholique Em ma nu e l Yite, Lyon, 1935, p. 350. 17. Cfr. O Escapulário de Nossa Senhora do Carmo, p. 2 1. 18. Cfr. op. c it., p. 20. 19. E.E., pp. 346 e 347.

Religioso exímio e fidalgo consumado Ainda estudante fo i esco lhido para preceptor de dois filhos do poderoso ministro de Luís XIV, Co lbert: Nico lau, futuro Arcebispo de Ro uen, e João Batista, futuro marquês de Seigne lay e Ministro da Marinha. Na residência de Colbert- grande mecenas da cul tura - conviveu com pessoas polidas , e legantes e cultas. Tornou-se amigo de Olivier Patru , membro da Academ ia Francesa, considerado o homem que falava o melhor francês no Reino. Nessa convivência completou sua educação, tornando-se não apenas um perfeito religioso, mas também consumado fidalgo5. O Pe. Nicolau La Pesse, ed itor de seus Sermões, em Lyon, no ano ele 1684 6 assim o descreve: "Espírito vivo, juízo seguro, fino e penetrante, alma nobre, j eito e graça. Distinguia-se sobretudo por sua maneira de pensar e pela elegância e precisão de e.x-

ffi CAT O LI

e

IS MO

Fevereiro de 1999

27


pressão. Quando falava com as pessoas, sua distinção e doçura conquistavam os espíritos e os corações. A união com Deus transparecia no seu rosto e nas suas palavras. A oração era nele habitual. Como era reto e esclarecido, considerava com extrema justiça qualquer assunto que tivesse de tratar" 7 .

"É preciso ser santo para fazer santos"

tava de uma direção segura. Sua Superiora, Madre de Saumaise, apesar de reconhecida virtude e discernimento, não se sentia segura para julgar questão tão clelicacla. Recorrera, para isso, às notabiliclacles locais. Estas foram unânimes em julgar que se tratava de ilusões ... A boa Madre, no entanto, hesitava: a Irmã Margarida Maria (1647-1690) era sensata, humilde, obediente e não parecia ter nada ele visionária nem querer se valorizar por essas experiências místicas. Portanto, era preciso que elas fossem julgadas por a lguém com santidade, vasta cultura e profundo saber teológico, e com renome ele grande prudência e juízo seguro. A quem recorrer? Foi durante esse impasse que o Pe. Cláudio chegou a Paray-le-Monial e conheceu a vidente.

Ordenado sacerdote em 1669, o Pe. de La Colombiere voltou a Lyon para lecionar no Colégio da Trindade, durante três anos. Retirou-se depois.para a Casa São José, ali completando o período da probatio, ou seja, o ano de recolhimento e meditação prescrito pela regra da Companhia de Jesus. Descendendo de família de notários, o jovem jesuíta A chancela do "sentia muito o valor dos renomado jesuíta compromissos jurídicos e esà nova devoção pecialmente dos votosfeitos a Deus". Não só naque la Casa Em sua primeira preleção religiosa, mas ainda durante às monjas, o Pe. C láudio notou uma que o ouvia mais três a quatro anos, meditou de atentamente. A superiora intal modo sobre as Constituiformou -o que se tratava ela ções e o espírito da CompaIgreja do Convento de Paray-le-Monial, Irmã Margarida Maria. nhia de Jesus, que fez o voto onde Sta. Margarida-Maria A/acoque recebeu a grandiosa - "É uma alma visitada pela de "obse rvar as ConstituiMensagem do Sagrado Coração de Jesus ções, as regras comuns, as regraça", comentou o jesuíta. gras da modéstia e as da vida Sacerdotal" 8 o mais perfei Ao mesmo tempo, uma voz interior dizia à mencionatamente possível. da freira: "Eis aquele que te envio" 10 • Foi esse o meio que esco lheu para santificar-se. Nesse Como os santo. geralmente falam a mesma linguagem, o Pe. ele la Colombiere e a Irmã Margarida Maria logo se sentido, lê-se em uma das deliberações que tomou durante a probatio: "Não importa o preço: é preciso que Deusesentenderam. Ele interpretou a ex periência mística da reli teja contente. É verdade que é preciso ser santo para fa zer giosa e estimulou -a vivamente a seguir as inspirações do santos, e meus defeitos muito consideráveis me fa zem co. Espírito que a dirigia. nhecer quanto estou distante da santidade; mas, meu Deus, E, contra a genera lidade das opiniões, empenhou seu fa zei-me santo, e não poupai nada para me fazer bom. juízo de aprovação de maneira serena e firme. A Superiora Quero sê-lo, não importa o que me custar" 9 • poderia ficar tranqüila; aquilo vinha ele Deus. São Cláudio de la Colombiere representou assim a caução Encontro de dois Santos humana das visões de Santa Margarida Maria. Acontecesse o Com essas qualidades espirituais e intelectuais, o Pe. Cláuque fosse - e muita perseguição e incompreensão ainda teridio estava já preparado para a grande missão de sua vida. am lugar-, um fato irremissível estava posto: o jesuíta afaTendo sido transferido o Pe. Pierre Papon, superior dos mado por sua prudência e segurança de juízo estava certo da jesuítas de Paray-le-Monial, o Pe. de la Colombiere foi autenticidade das visões da Irmã Margarida Maria. designado para substituí-lo no cargo. Isso mostra o alto Nos 20 meses em que o Pe. Cláud io foi Superior da conceito em que era tido. residência jesuíta em Paray-le-Monial, fundou associações Havia no Convento das Yisitandinas daquela cidade uma ele piedade, pregou missões e dirigiu numerosas almas. jovem religiosa, simples, de pouca cu ltura, que parecia esPorém, a grande importância de seu apostolado consistar sendo favorecida por graças extraordinárias e necessitiu no apoio inestimável que prestou a Santa Margarida

Maria: uma nova luz - a devoção ao Sagrado Coração - iria encher os espaços ela Igreja sob o bafejo de Papas e Santos. Coube ao Pe. de la Colombiere, naquele momento, a missão de proteger o seu tímido bruxuleio inic ial contra as várias tempestades. E ele foi fiel ao encargo recebido.

Apostolado fecundo: ódio dos hereges e prisão

campanhas ele calúnias da História, misto de estrondo publicitário, denúncias no Parlamento, medidas judiciais e pressões sobre a Corte e o Rei. Embora baseada na mentira, a febricitação criada convul sionou o Parlamento e a opinião pública. São C láud io, acusado injustamente ele um suposto complô contra o Rei, o "Gates Plot'', foi lançado nos calabouços infectos e gelados do King's Bench, onde as péssimas condições agravaram sua tuberculose incipiente. Em dezembro ele 1678, banido da Inglaterra voltou para a França.

Entrementes, outro campo ainda maior de apostolado rec lam ava o zelo prudente cio Padre de la Colombiere: a InÀs portas da morte, glaterra. zelo não arrefece O Duque de York, herdeiro do trono e futuro Jaime II, O Padre de la Colombiere viveu casara-se com a Princesa italiainda alguns meses, sempre muito ana Maria Beatriz cl'Este, filha doente. Foi-lhe dado um ofício poudo Duque de Módena, encanco cansativo-d iretor espiritual dos tadora, séria, piedosa e de granseminaristas em Lyon - , tendo dude inte li gência. O Pe. C láudio rante essa fase exercido benéfica infoi escolh ido para a difícil tafluência sobre o futuro Pe. de refa de ser seu confessor e o Galliffet, o qual se transformou num pregador de sua capela. Devedos maiores apóstolos da devoção ao ria viver em meio a uma popuSagrado Coração no sécu lo XYill. lação cheia ele prevenções São C láudi o faleceu em Parayanticatólicas; ter hábitos de le-Monial no dia 15 de fevereiro de Corte, sem se deixar mundani 1681, ce lebrizando-se como o SanImagem do Sagrado Coração de Jesus zar; saber agradar com natura- - Basílica do Sagrado Coração, Montmartre, Paris to da confiança e o pregador da milidade, mas ser firme nos prinsericórdia do Sagrado Coração . cípios. Poderia fazer um grande bem, porém haveria Beatificado por Pio XI em 1929, foi canonizado por João sempre o risco de comprometer os interesses católi♦ Paulo IT em 1992. cos de forma gravíssima, se fosse inábil ou impruNotas dente . Tal missão pressupunha não apenas uma virJ. Vie et Oeuvres de Saiu te Marguerite-Marie, Éd iti ons Sa int Paul, Paris , 199 1, t. 2, pp. 45 1 e 452, apud Pé ric les Capanema Ferreira e Melo , tude sólida, mas também destreza, tato e experiênO Estandarte da Vit6ria - A devoção ao Sagrado Coração de Jesus cia da vida . e as necessidades de nossa época, Artpress Indústria Gráfica c EdiPerfeito filho da obediência, o Pe. Cláudio deixou tora , São Paulo, 1998, p. 46. Paray-le-Monial rumo a Londres, em agosto de 1676. 2. Sennon pour la fête d11 Scapullaire , Oe11vres, Lyon, 1702, T Ili , apucl John Mathias Haffcrt, Maria na sua Ptv 111essa do Escap11/6rio, Na capital inglesa, não se limitou a ser o pregaEdições Carmelo, Aveiro, I 967 , p. 93. dor e diretor de consciência da Duquesa de York. 3. O Janse11i.1·1110 , heres ia que constituiu uma corrente semi -protestante Seus densos e piedosos sermões na capela do paláno interior ela Igreja , era de um rigorismo hirto e despropositado. c io atraíam muita gente. Visitava doentes e converFu i co nde nado por diversos Papas. 4. Pe. Geo rges Guiuon, S.J., Le bie11heure1.1.x Claude La Colombiere teu muitas pessoas. Resgatou da apostas ia dezenas ,ton milieu et so11 te111ps, Librairie Catho lique Emmanuel Yitte, Paris, de Sacerdotes. Sempre que possível, inculcava a de1943, p. 56, apud Péricles Capanema Ferreira de Melo , op. c it. , p. 45. voção ao Sagrado Coração, que recebera de Santa 5. C fr. Péricles Capanema Ferreira e Melo, op. cit., p. 47. Margarida Maria, e ao Escapulário. 6. Sa111os de Cada Dia , Pe. José Le ite, S.J., Editoria l A.O., Braga, 1993, 3a. edi ção, vol. 1, p. 226. O ódio anti-re li gioso contra ele aumentou. Para 7. C fr. Péricles Ca panema Ferreira e Melo op. c it. , p. 47. destruir as perspectivas favoráveis que a Religião 8. Santos de Cada Dia, op. c it., p. 226. Católica encontrava na Inglaterra neste final de sé9. Pe. GcorgcsGuitton, op.cit. pp. 165, 169, apud Périclcs Capanema, op. cit., p. 50. 10. Idem Guilton, op. cit., p. 239, apud Péricles Capanema, op. cit. , p. 51. culo XVII, foi desencadeada uma das mais terríveis

ffi - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -- -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ffi 28

CATO L I

e

ISMO

Fevereiro dé 1999

CATO LICIS MO

Fevereiro de 1999

29


CASO PINOCHET À esquerda: Santiago, recente manifestação popular a favor de Pinochet

derão formar um juízo objetivo a respeito de tema que há quatro meses vem figurando em manchetes e importantes noticiários da mídia internacional: o caso Pinochet. Frisamos que, sem o conjunto de dados e a sólida argumentação que compõem esse documento, o leitor teria dificuldade de formar um juízo veraz sobre o assunto. Com efeito, de tal modo os meios de comunicação social - em âmbito universal, dominados pela esquerda -, têm distorcido os verdadeiros termos da problemática em questão, que será difícil discernir e rejeitar os sofismas por eles lançados. Como também perceber a tática de dois pesos e duas medidas adotada pela mídia internacional: em relação ao ex-presidente chileno General Augusto Pinochet, perseguição, e ao anticomunismo, proscrição; em face do comun ismo e de seus corifeus, indulgência.

\[JATEm . ~lf JUZ~ .ESPARK IIDTIEt{AlJTORlWl HOAAL

lllll=TlBEF<NIOOYMIDW•A-rno

E~OIINTiHIJBt\·Af Rr,MJffNJ\ , f.J,f; ·(a

·

/\ · RUSIA de

MILL~fS ~ AS€SINAOOS .lll!lt l HíPOCRITAS ! ,

I PI NOCHET NOS SALVO 1,

A sã polarização, urna bem-aventurança para o Chile "Oxalá fosses frio ou quente. Mas, porque és morno, e nem frio nem quente, começarei a vomitar-te da minha boca" {Ap. 3, 15-16} /

E

COM PRAZER que apresentamos a seguir aos leitores de Catolicismo excertos principais do impressionante e oportuno manifesto publicado no diário "EI Mercurio", de Santiago do Chile, em 30 de dezembro último. Os signatários do mencionado documento ressaltam que lutaram durante longo tempo sob a inspiração do Prof.

30

eATOLIe ISMO

Plínio Corrêa de Oliveira, insigne pensador e líder católico, fundador da TFP brasileira e inspirador da vasta família de almas que defende, nas mais variadas latitudes do mundo, os princípios da tradição, da família e da propriedade. À luz das judiciosas, esclarecedoras e penetrantes considerações que constam de tal manifesto, nossos leitores po-

Fevereiro dê 1999

"O País vive há dois meses profunda comoção, em decorrência do pedido de extradição do General Augusto Pinochet feito por Madri a Londres. A inaudita exigência do juiz socialista Baltazar Garzón, o insólito apoio que lhe prestaram os governos e alguns tribunais da Espanha e da Inglaterra, bem como a ruidosa mani-

festação de todas as esquerdas do mundo, despeitaram no Chi le ânsias de vingança da minoria marxista e a legítima indignação da maioria anticomun ista. "Não obstante, diversas vozes - entre as quais se destacam as de alguns Bispos, do Governo e da Democracia Cristã - fizeram-se ouvir repetidas vezes, mais para lamentar a polarização do que para advertir o País sobre a virulência do sociali smo marxista.

Dois pesos e duas medidas "Nessa encruzilhada está em jogo o destino de nossa Pátria e do mundo, pois com tais manifestações busca-se a proscrição do anticomunismo e a imunidade do marxismo, apesar de todas as tragédias que este trouxe consigo. "Os abaixo-assinados - que inspirados no exemplo do insigne pensador cató lico, Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, lutamos há anos, e mesmo há décadas, em defesa da civilização cristã fa ltariam com o seu dever se não mostrassem ao País o perigos provenientes de imaginar que o comunismo perdeu sua índole perversa e não é atualmente merecedor de urna repulsa categórica. "Tem-se dito que o juiz Garzón e seus êmu los atacam a soberania nacional, negando a legitimidade da ordem jurídica chilena. Pior do que isso, uma máquina de guerra psicológica revolucionária - formada por governos de esquerda, órgãos de imprensa, tribunais

sem eq uan imidade nem competência e ONGS infectadas por agitadores marxistas - procura obter um "consenso mundial" contra a consciênc ia e a dignidade do Chil e, deformando o que aqui se passou, leg itimando a agressão marx ista e infamando a reação cív ico-m ilitar. "O auge dessa parcialidade consiste em que, oito anos após a queda da Co1tina de Ferro, ainda não se fez qualquer processo judicial contra os responsáveis pelo assassinato de nada menos do que LOO milhões de pessoas, chegando-se ao ponto de ... Honecker e Fidel Castro terem sido protegidos pelo establishment ocidental.

Os que semearam ventos colheram tempestades "Os que se arrogam ass im o direito de decidir sobre os destinos do Chile omitem algo fundamental: entre a ínfima minoria de marxistas chilenos e estrangeiros que foram objeto da reação das Forças Armadas, muitos subvertiam e demoliam o Estado de Direito, para negar definitivamente a todos os chilenos seus direitos fundamentais . "Mais ainda, muitas das pessoas hoje apresentadas corno vítimas inocentes do governo militar - não poucas provenientes de outros países - formavam brigadas revolucionárias amiúde ali adas com terroristas, guerrilheiros e agitadores. Atuavam à margem da lei e contra ela, para precipitar a guerra civil e instaurar a tirania vermelha. "Era pois previsível que algumas dessas pessoas caíssem, vítimas ela violência por elas mesmas semeada. E não é de estranhar que, nessa escalada de vio lência, membros das forças ela ordem, que também são homens suj eitos aos efeitos do pecado, tenham cometido excessos. "A investida contra as Forças Armadas invoca os direitos humanos como se estes constituíssem prerrogativa exc lusiva dos subversivos, em tratar os responsáveis pela segurança nacional com a imparcialidade que a justiça pede e, muito menos, com a benevolência que mostra para com a subversão. Desfile de comunistas no centro de Santiago durante o governo de Allende, sendo instrutores cubanos os militantes indicados por duas flexas

A esquerda marxista: nenhum arrependimento; pelo contrário, desejo de se vingar "Fazendo tábu la rasa dessas realidades, o vozerio marxista internacional não somente execra de forma pública os excessos que atribui à Junta Militar, como se nega a reconhecer o bem por ela rea1izado, sem ex igir o menor arrependimento ele comunistas e socialistas que provocaram o trauma. "Não é estranho que não ten ham manifestado arrependimento, a não ser por seus "erros táticos", ou seja, aqueles que os impediram de enganar ou dominar o País. Tampouco perdoaram, como ficou patente nesses dois meses, o que indica que, na primeira oportunidade, muitos deles reincidirão, chegando a extremos até agora não alcançados. "A maioria dos chilenos, longe de amedrontar-se com esse vozerio, reagiu com energia ante a violação da soberania nacional e contra a guerra psicológica com a qual se pretendia dobrá-la. Daí resulta, em vez da rendição esperada pelos socialistas, o fortalecimento das fibras anticomun istas ela população.

A polarização: perigo ou necessidade? "Têm sido freqüentes as lamentações ante a polarização da opinião pública a propós ito desses acontecimentos, como se dela forçosamente derivassem os mais graves perigos, e do relativismo ideológico e da inércia, todos os benefícios. Tal visualização é errada, por carecer de critério moral. "Para se saber se uma polarização é boa ou má, faz-se mister anali sa r sua índole e como se manifesta. Se ela se produz por questões secundárias e se expressa com ód ios e fanatismos, será contra a Lei de Deus. Mas será um dom do Céu e uma bem-aventurança se causada por grandes questões doutrinárias que afetem a Fé, a Moral ou o Direito. "Não é lícito combater a polarização se esta surge a propósito de assuntos dos quais depende a ordenação da sociedade em conformidade ou contra os preceitos do Decálogo. Em tal caso, ela deve ser temperante no tocante aos interesses pessoais e respeitosa da clig-

CATOL I C ISMO

Fevereiro de 1999

31


S.O.S. FAMÍLIA nidade dos oponentes, mas ru;dorosa contra aqui lo que,., viola a vontade de Deus. "Nessas condições, a polari zação é a expressão política do conselho do Divino Mestre: 'Sejam as tuas palavras sim, sim, não, não' (Mt. 5,37). O contrário é a tibieza, estigmati zada com estas palavras ardentes: 'Oxalá fosses frio ou quente. Mas, porque és morno, e nem frio nem quente, começarei a vomitar-te de minha boca ' (Ap. 3, 15-16). "Por isso Pio XI qualificou o comunismo de 'intrinsecamente perverso' e ensinou que socialismo e comuni smo são 'termos contraditórios', sem temor que de suas palavras derivassem polarizações fun estas .

O conhecido agitador comunista Mário Palestro doutrina jovens na vigência do governo da Unidade Popular

a interpreta- los no sentido dado pela esquerda mundi al, aguai presume inocentes os comunistas e gravi ss imamente culpados os anticomunistas .

A paz social só nasce da verdadeira ordem cristã

A atitude dos Bispos progressistas

"Para que haja paz socia l, devem ter grande füm eza aqueles que desejam que o País se ordene segundo os princípi os eternos ensinados pela Igreja, para maior glória de Deus e salvação das almas . "Não se deve temer que dessa firmeza - que é a virtude cardeal da fo rtaleza - derive a violência, pois, provindo da Fé, sabe respeitar os limi tes da Moral e os imperativos das virtudes da prudência e da caridade. Ademais, como a história dos santos sempre o demonstrou, um católico intrépido impõe respeito aos ini mi gos da Fé, sem necessidade de exercer sobre eles nenhuma coerção. "É absurdo equiparar a extrema obsessão dos marxistas com a firmeza com a qual a maioria anticomunista do País recusa seus erros. Porque se é péssima a pertinácia do subversivo, é ótima a perseverança no bem dos que observam o Decálogo. "Foi prec isamente esse relativi smo o tobogã através cio qual o Chile deslizou nos anos 60 e 70 até cair no fundo do abismo marxista ... tornando-se necessário que as Forças Armadas enfrentassem a subversão totalitári a no contexto ele uma autêntica guerra interna. "Se os apelos que se fazem ao arrependimento, ao perdão e à reconciliação omitem os setores e os fatos que se têm em vista e como se chegou a esta situação, a opini ão pública será induzida

"Es ta última con s ta tação no s reconduz à questão enunci ada mai s ac ima, ele se exigir o pedido unilateral ele perdão: caso se trate de soli citá-lo e de mostrar arre pe ndime nto , os Pastores poderiam dar o exemplo reconhecendo suas própri as responsabilidades. "Com efeito , a con sc iênci a católica fo i golpeada por graves ações e omi ssões de setores decisivos do C lero chi leno a favor cio marxismo, as quais foram documentadas no livro A Igreja do Silêncio no Chile - A TFP proclama a verdade inteira.

32

e A To LI e I S MO

Nunca esquecer, nunca transigir, nunca reincidir "Os abaixo-assinados lu tamos du rante longo tempo sob a inspiração de Plini o Corrêa ele Oliveira, fu ndador e inspirador ela vasta fa míl ia de almas que defende, nos cinco continentes, os princípios ela tradição, ela fa míli a e da pro. priedade. Orgulhosos dessa longa luta doutrinária, du ra nte a qual mui tas vezes fo mos vítimas da violênc ia marxista, estamos conscientes de ter contribuído para transform ar esses ideais no principal pólo católi co de combate ao comuni smo e ao sociali smo, marxista ou democrata-cristão. "Por isso não tememos as polari zações quando elas se produzem, como na

Fevereiro d e 1999

presente encruzilhada, em torno dos grandes temas doutrinários de cuja solução depende o futuro da Pátria. "Nesse sentido apelamos a todos os diri gentes válidos da Nação, especialmente aos Senhores Bispos, para que apli quem os importantes recursos que a Providência lhes deu , a fim de impedir uma nova capitulação ante a ofensiva cio socialismo marxi sta. "Se o Chile, por omissão de seus atuai s dirige ntes, ceder ante a presente ofen siva, optando por uma fal sa 'terceira via' neo-socialista, afastar-se-á do rumo traçado há um quarto ele século, quando se libertou da iminente tirania marxi sta. Tal rendição abriri a caminho a novos ataques cada vez mai s ousados, ardilosos e prepotentes, contra a tradição nacional, a família cri stã e a propri edade privada. "Que Nossa Senhora do Carmo, Rainha e Padroeira do Chile, nos ajude a todos os chilenos a cumprir eximiamente nosso dever de nunca esquecer o sucedi do nos anos cio regime marxista, nunca transigir quanto aos princípios cri stãos, e nunca reincidir nos erros do passado" . Santiago, 13 ele dezembro ele 1998, 90º Aniversári o do nascimento cio Prof. P linio Corrêa de Oliveira

Alejandro Bravo L ira Gonzalo Larraín Campbell A lfredo M ac Ha le Espinosa L ui s Montes Bezanill a M auri cio Vargas Lyon Juan Antonio Montes Varas Juan Mi guel Montes Cousií'ío Fernando Antúnez Alclunate José Antonio Ureta Zaí'í artu Carlos dei Campo García Huiclobro Alfo nso Riesco Valclés Mathias von Gersclorff Carlos P. dei Campo Santa Cruz Felipe dei Campo Santa Cruz C laudi o Larenas Herrera Francisco J. Zamora Duhalde Nota : Os intertítu los qu e fi guram nesta matéria são de autori a da redação.

Tradições Familiares Na seção S.O.S. Famíli a, publicada em nossa última edição, ressaltamos a força da herança material para assegurar a perpetuidade das tradições de família. No trecho que ora publicamos, de O Espírito Familiar, Mons. Henri Delassus ressalta a força da herança espiritual, os princípios, as virtudes e os bons costumes, para que a obra dos ascendentes se mantenha intacta e seja transmitida de geração em geração. Sem esse legado, dá-se a liqüidação da memória familiar, extingue-se a cada geração uma família; e os filhos aceitarão como normal aquilo que os pais - quando tinham sua idade - veriam horrorizados. O Autor discorre sobre a "agonia" das tradições familiares no fim do século XIX, responsabilizando, entre outros fatores, as leis então em vigor na França. Se ele vivesse no Brasil neste fim de século XX, o que escreveria sobre certas leis abusivas - ou projetos de lei - que favorecem a substituição da família pela chamada "união livre"? Certamente, cheio de espanto, clamaria o Autor contra a Lei do Divórcio; a Lei 9.278, (a chamada "Lei do Concubinato "); o projeto de Lei que visa regularizar o "casamento" homossexual; a legalização do aborto; a chamada educação sexual até para crianças a partir de 4 anos de idade; enfim, contra o processo desagregador que está conduzindo a instituição do casamento quase à extinção, favorecendo a desintegração da família e provocando problemas psicológicos nos filhos. A solução apresentada por Mons. Delassus, no sentido de se evitar a elaboração de leis contrárias à instituição da família, consiste - além da formação de um movimento de opinião pública - em imbuir nas almas dos filhos as tradições familiares, pois, enquanto estas perdurarem, esses atos legislativos encontrarão uma sã resistência.

"Conceder aos pais de .família a liberdade de reconstituir um patrimônio, bem de f amília transmissível de geração em ge ração, é apenas a metade da Jarefa a executar, para cobrir novamente o solo francês corn verdadeira.sfarnílias, no sentido próprio da palavra. A segunda tarefa é fazer renasce r nelas as 1radições. A primeira só está ao nosso alcance indiretamenle, a/ra vés do legislador. A segunda pode e deve ser a obra de cada um na própria casa. Só se pode esperar a abolição das leis revolucionárias a par/ir de um grande movimento de opinião. Mas o q.ue cada um pode fà zer é reavivar junto a si o espírito de f amília. Assim, f ará aos seus o maior bem possível, e ao mesmo tempo prepara a renovação da sociedade. Porque é necessário que haja tradições sustentemdo as leis, para que elas tenham a f orça que o assentimento do coração lhes proporciona; da mesma.forma que é necesCATO LI

Matrimonio in Ciociaria, Pintura de Er1rico

Nardi, (fins do séc. XVIII) - Pinacoteca Via Giulia, Roma. O quadro representa um casamento segundo os tradicionais costumes populares e pitorescos -, da região italiana de Ciociaria. As leis civis devem proteger a família legitimamente constituída pelo sacramento do matrimônio, como, por exemplo, era a instituição familiar há dois séculos naquela zona da Itália.

sária a educação f amiliar para sustentar as /radições, mantê-las, f azer com que elas se tornem o princípio dos costumes, sem os quais as boas leis ncio seio nada, e contra os quais as leis más nada podem " .. ..

Transmissão das "tradições de família" "De onde vem essa impassibilidade? [a ausência ele reação às más leis que clessoram a famíli a]. Do fato de ncio haver ma is nos espíritos idéias firm es, p rincípios solidamen /e estabelecidos e

IS MO

Fevereiro de t 999

33


INTERNACIONAL nas almas, e sim idéias vagç111· e.flutuantes, incapazes de colocar energia nos corações. E por que as idéias, em nossos dias,.flutuam assim? Porque as idéi-. as-m.ães, as idéias-princípios não.foram impressas na alma das crianças por pais nos quais elas haviam sido inculcadas pelos ensinamentos dos avós, por sua vez imbuídos dessas verdades pelos ancestrais. Em uma palavra, porque não há mais tradições nas .famílias. "Havia antigamente uma idéia de modo geral disseminada, quase religiosa, associada à expressão 'tradições de .família', entendida no seu melhor significado, enquanto designando a herança das verdades e das virtudes, no seio das quais se .formaram as características que fi zeram a duração e a grandeza da Casa. "Hoje em dia essa expressão não diz nada às novas gerações. Estas surgem num dia para desaparecer no seguinte, sem haver recebido, e sem deixar depois delas, aquela fonte de lembranças e qfeições, de princípios e de costumes que antes eram transmitidos de pais para.filhos e colocavam as .famílias que lhes eram .fiéis acima das que os desprezavam. Toda família que tem tradições deve-as, de modo geral, a um dos seus ancestrais, no qual o sentimento do bem foi mais forte que no comum dos homens, e ao qual a sabedoria e a vontade .foram dadas para as inculcar nos seus".

Progresso moral "A verdade é um bem - diz Aristóteles - e uma família na qual os homens virtuosos se sucedem é uma família de homens de bem. Esta sucessão de virtudes tem lugar quando a família remonta a uma origem boa e honesta, poi s é próprio a um princípio que ele produza muitas coisas semelhantes a si mesmo. De algum modo, é a sua obra de formar seu semelhante. Portanto, quando existe numa família um homem tão unido ao bem que sua bondade se comuni ca aos seus descendentes durante muitas gerações, daí decorre necessariamente uma família virtuosa".

"Todo homem que queira formar uma 'família virtuosa' deve persuadirse desde logo de que seu dever não se 34

C ATOL I

eISMO

limita - como quis Rousseau - a prover às necessidades.físicas do seu.filho enquanto ele não tenha condições de provê- las por si mesmo. Ele lhe deve a educação intelectual, moral e religiosa.. O animal tem a .força necessária para atender às necessidades corporais da prole, e isto lhe basta. Mas a criança, ser moral, tem muitas outras necessidades, e é por isso que Deus deu ao pai de família a autoridade para instruir a vontade dos seus .filhos e fa zêlos entrar; manter-se e progredir na via do bem. Essa autoridade, Deus a quis permanente, porque o progresso moral é obra de toda a vida. Segundo as intenções da Providência, o progresso deve se desenvolver e crescer com a idade, e por isso é necessário que a .família humana não se extinga a cada geração. O vínculo familiar deve subsistir entre mortos e vivos, enlaçar umas às outras todas as .filiações de uma mesma descendência, mantendose assim durante séculos nas raças vigorosas".

História da família "O pensamento do homem de bem nci.o deve limitar-se aos seus próprios filhos. Deve ir além, para as gerações que se seguirão, e fa zer com. que aquilo que é virtude se torne I radição entre eles. "Para isso o livro dafamília (*) pode contribuir grandemente. Iniciar esse livro, ordenar ao primogênito que o continue e transmita essa ordem ao seu próprio filho, é o meio mais fácil e mais seguro de se introduzir numa família as tradições. Com a condição de se adotar como regra inviolável, rio entanto, de só estabelecer vínculos [casamentos, por exemplo] com famílias em que reinem as virtudes que se deseja transmitir aos próprios filhos". (Mgr Henri Delassus, L'Esprit · Familia! dans la Maison, dans la Cité et dans l'État, Société Saint-Augustin, Desc lée, De Brouwer, Lille, 1910, pp. 146 a 150). ♦

* O g rande alcance que o Autor atribui ao fato de uma família registrar sua história, já o sa lientamos em nota na edição anterior da seção S.O.S. Família (p. 14).

Fevereiro de 1999

o dia 1° de janeiro de 1999 comemorou-se o 40° anivers,1rio do nefasto regime comunista de Cuba, a ilha-cárcere do Caribe. O saldo da revolução cubana não podia ser mais desolador: 12.000 fuzi lados no "paredón "; 400.000 cubanos que passaram pelos cárceres e campos de concentração como prisioneiros políticos; dezenas de milhares afogados no mar ao tentar fugir do comunismo; os mais a ltos índices de suicídios e abortos do Hemisfério; miséria material, devido à ineficiência do regime socialista; exportação, durante décadas, da sangrenta revo lução à 1 América Latina e África ...

CUBA

N

40 anos de •

comunismo O genocídio físico e espiritual de um povo

diante da indiferença, quando não da cumplicidade, de muitos dirigentes ocidentais

XXI, os supostos 'sucessos' do comunismo cubano, lencionando implanlar uma sorte de castrismo sem Castro que poderá prolongar ainda mais a agonia de nosso querido povo".

Esse trágico panorama vem se desenrolando diante de tantas indi ferenças , quando não de cump licidades, de muitos dirigentes ocidentais. É o que acaba de denunciar em Miami um representativo grupo de personalidades cubanas exi ladas, em manifesto estampado no "D iário Las 2 Américas" :

Filial perplexidade '

f. ,'

Ji

/J f

,...-.,.,--·"'

pre, "em toda a exlensão em que a dou-

jl'

_,"# trina da Igre,1a assim o pede, não po9'

>7 '·-..

#

-

·

~

-

·

·r-/ ·

' "' ......~

demos deixar de manifes lar.filialmente, como um imperativo de nossas consciências, 1w5sa pro.fúnda dor e perplexidade diante da recente mensagem pa'Jal de congratulação, onde se alude ao niversário da revolução cuba.,--~ na como sendo 'a Festa nacional' de Cuba". Per~ , gunta~: "Como ~o) denamos consrde-

,. · -

,._

r

__-.,_,,,~ ~ - ~

'-:'ç,

·';, .... ,

<~

' . ~:~,(.

desterrados cubanos.

sar de contrabando, rumo ao século

Em outra passagem dessa importante dec laração, os desterrados cubanos, ao mesmo tempo que procl amam sua plena adesão e veneração ao Santo Pa-

..

,,~·"

"Transcorridos quarenta longos anos da nefasta revolução comunista em Cuba, e passado um ano da histórica viagem de S.S. João Paulo ll à ilha cárcere - que tantas expectativas de liberdàde despertara em milhões de cubanos - , presenciamos nos Estados Unidos, Canadá, Europa e América Latina uma série de iniciativas diplomáticas, políticas e .financeiras que, direta ou indiretamente, .favorecem o prolongamento do regime comunista", afirmam os

O documento denuncia a continuação de pl anos dos seguidores de Fidel Castro para perpetuar o regime comunista num eventual cenário pós-Castro: "Tentar-se-á fazer pas-

Fraude castrista

GüNZALO GUIMARÃES

Indiferenças e cumplicidades

"Castrismo sem Castro"

das, de miséria para o povo, de perseguição e asfixia para os católicos, de exportação da revolução para a Améri ca Latina e África, e,~fim, de genocídio espiritual e material de uma naçci.o ?"

,-

,'

\.·,

' ~~'\:.\~-~-·. íl ·

ifl PI-

&,~.,.Jl,V:Ssa

rJ /) .

. //.)

rar co mo 'Festa naçional' uma trágica data que, ao contrário da libertação do povo cubano, marcou o começo de uma longa opressão c:omunista de quatro déca-

Outro aspecto fundamenta l, indispensável para se compreender a atual conjuntura cubana - e as artimanhas comun istas tentando a sobrevivência do regime - é a fraudu lenta política religiosa castrista, que tem como objetivo fazer crer à opin ião púb lica mundia l que os católicos cubanos já não sofrem perseguição. Um dos lances mais recentes dessa enganosa coreografia fo i a dec laração do Bureau Político do Partido Comunista de Cuba (PCC), em dezembro último, na qua l, contra todas as ev idências históricas, afirma-se cinicamente que "a revolu-

ção cubana nunca se caracteriwu por um espírito anti-religioso". Ta l dec laração foi refutada com abundantes dados históricos pela Comissão de Estudos pela Liberdade de Cuba, num ensaio intitulado Cuba e os católicos: o Partido Comunista mente!, lançado no mesmo mês. A declaração do PCC chega a insinuar que Cuba poderia ser um laboratório social, no qual germinaria uma sui generis convergência comuno-catól ica rumo ao século XXI, que tornaria realidade velhos sonhos e utopias de teólogos da libertação , hoje aparentemente derrotados. Mas, sem dúvida, a Vitgem da Caridade do Cobre, Padroeira de Cuba, saberá an iquilar esses sinistros planos, que redundarão em fracasso. ♦

Notas: 1. C fr. Sergio F. de Paz et a lii., Cuba comu -

11is1a: ve1go11ha de nosso tempo e de nosso CO /'l(ine11.1e, Miami , 1997, cap. 1. 2. 1999: La causa de la liberlad de Cuba y e/ deslierro cubano e11 la mayor e11crucijada de su Hislo ria, Co mis ión de Estudios Por la Liberlad de Cuba e grupo N0Cas1ro.co111, "D iario Las Américas", Miami, 17- 1-99.

CATO LI

e

ISMO

Fevereiro de 1999

35


Fevereiro 1999

§®illlü@~ DOM

7 14 21 28

SEG

TER

QUA

QUI

SEX

SAB

1 8 15 22

2 9 16 23

3 10 17 24

4 11 18 25

5 12 19 26

6 13 20 27

(ç Jl(ç~~

3 everetrO .

de

1

10

16

22

Santa Escolástica, Virgem.

Santo Onésimo Bispo, Mártir.

Cátedra de São Pedro

+ Roma, séc. 1. Escravo de Filcmão, depois de roubar seu amo, fugiu para Roma, onde encontrou São Paulo na prisão. O Apósto lo, após tê-lo convertido, mandou-o ele volta a Fi lcmão pedindo a este que não o recebesse como escravo, mas como um irmão (cfr. Col. 4, 7-9). Segundo São Jerônimo, Onésimo, torn ou-se pregador do Evangelho e Bispo ele Ercso, sendo lapidado em Roma.

Santa Sotera, Virgem e Mártir. + Rom a, 304. Parente ele Santo Ambrósio, Bis-

po ele Mil ão e Doutor ela Igreja, ainda jovem havia feito voto ele virgindade; para melhor preservá-la, recusou qualquer adorno que pudesse ressaltar-lhe a beleza. Foi decapitada em ódi o à Fé so b o Imperador Dioclec iano.

11

Purificação de Nossa Senhora

1

5

Santo Henrique Morse, Mártir.

Santa Águeda, Virgem e Mártir.

+ Inglaterra, 1535. Estudante em Londres, fu-

giu para a França para tornar-se católico, ordenando-se sacerdote em Roma. De volta a seu país como missionário, foi preso com o Pe. Jo hn Robinson, que o recebeu como jes uíta, faze ndo ele seu noviciado durante os três anos de cativeiro. Exilado, retornou à Inglaterra e, sob um pseudônimo, obteve muitas conversões. Preso e exilado mais uma vez, ainda retornou à sua pátri a, tendo sido preso, jul gado e esquartejado por ódio à Fé.

2 Sta. Catarina de Ricci

São Leandro

APRESENTAÇÃO DO MENINO JESUS NO TEMPLO E PURIFICAÇÃO DE NOSSA SENHORA (Nossa Se11hora das Catldeias ou Ca11delária).

3 São Brás, Bispo e Mártir ♦

São Bento de Aniane

São Lucas, o jovem

São Loure11ço de Ca11tuária, Arcebispo Um cios 39 monges enviados em 596, com Santo Agostinho ele Cantuári a, para a Inglaterra, sucedeu-o na Sé ele Cantuária. Devido à volta ao paganismo promovida pelo novo rei Eclbaldo e seus cortesãos, Lourenço resolveu abandonar o país. São Pedro apareceu-lhe com um chicote na mão, repreendendo-o por querer abandonar suas ovelhas, e deu-lhe tremenda surra, em decorrência ela qual fi caram profund as marcas cm suas costas. Lourenço procurou o rei narra ndo-lhe o ocorrido e mostran. do-lhe o corpo fe rido. Isto o converteu. E, com ele, o povo.

36

Santo André Corsini

CATO LICISMO

mosteiros ele Bellich e ele Santa Maria, em Colônia. Sua virtude e prudência levaram Santo Heriberto, Bispo de Colônia, a consultá- la em todas as suas clificulclacles.

6 São Guarino, Bispo e Co1ifessor. + Bolonha 1159. Cônego Agostiniano ela Santa Cruz, renomado por sua santidade, fugiu pela janela cio convento quando quiseram fa zê-lo Bispo ele Mortária. Tendo passado 40 anos no convento ele Mortári a, ele edificante observância religiosa, o Papa obrigou-o a aceitar o Arcebi spado ele Pal estrin a co m o chapéu cardinalício.

7 Lucas, o Jovem ou o Taumaturgq C01ifessor. + Grécia, 946. Só aos 18 anos a mãe permitiu-

lhe ir viver como eremita num monte perto ele Corinto. Começou então a atrair multidões . Devido aos inúmeros milagres .que operava, ficou conhecido como o Taumaturgo .

8 São Nicetas, Bispo e C01ifessor. + França, 611. Amigo ele São Gregório Mag-

no, restabeleceu a Sé ele Besançon, para a qual fora nomeado, e que após a destruição ela cidade pelos hunos trasladara-se para Noyon, na Suíça.

9

4

São Nicéforo, Mártir. + Anlioquia, 260. Leigo, teve uma desavença

mãe (como Santo Agostinho, o fa moso Doutor el a Igreja), torn ou-se grande pregador carmelita, depois Bi spo ele Fiésolc. Sua cari dade para com os pobres, sobretudo envergonhados, foi extrema.

Fevereiro de 1999

+ Alemanha, 1O1 5. Fundou e go vern ou os

Santo André Corsi,z~ Bispo e Co,ifessor. + Fiésole, 1373. Convertido pelas lágrimas da

São João Batista da Conceição

Santa Adelaide de Bellich, Virgem.

com um sacerdote, Sabrício. Embora procurasse várias vezes obter o perdão cio sacerdote, este sempre o recusou, mesmo na hora cio martírio. Isto fez com que Sabrício fraquejasse e, apes ar ela s adm oestações de Nicéforo, apostatasse. Nicéforo então declarou-se cristão e morreu em seu lugar.

NOSSA SENHORA DE LOURDES

17

(1858)

QUARTA-FEIRA DE CINZAS.

Jejum e Abstinência, início da Quaresma.

São Gregório II, Papa e C01ifessor. + Roma, 73 1. Acompanhou o Papa Constantino 1 a Constantinop la para combater o Concílio de Trullo, que declarara a independência do Patriarca de Co nstantin opl a c m relação ao Papa . Sucedendo a Constantino I no Só li o pontifício, combateu heresias, reformou costumes, convocou concíli os, mandou reconstruir grande parte das mu ra lhas de Roma.

12 São Bento de Aniaue Abade, C01ifessor. + Alemanha, 82 1. Abandonou a Corte de Carl os

Magno tornando-se monge beneditino. O Imperador Luís, o Piedoso, filho de Carlos Magno, para conservá- lo junto a si, construiu para ele um mosteiro em Cornelimunslcr, confi ando-lhe a inspeção de todos os mosteiros cio Impéri o. A este Santo eleve-se principal men te a redação dos cânones para a reforma cios monges no Concílio ele Aquisgrán, em 8 17. É conhecido como o restaurador do monaqui smo no Ocidente e como um segundo Bento.

13 Santa Catari11a de Ricc~ Virgem. + Itália, 1590. Esta extraordinária santa ent rou aos 12 anos no convento das Dominicanas cm Prato, aos 13 fo i nomeada Mestra de Noviças, depois superi ora, e, aos 30, priora vitalícia.

14 São João Batista da Co11ceição, C01ifessor. + Córd oba, 16 13. 1ngressando na Ordem dos Trin itári as, constatou com tri steza que suas reg ras primiti vas estavam em decadência . Por isso fund ou uma casa reform ada de Desca lços Ref o rm ados em Valdepefí as , co m aprovação de Roma, o que lhe causou perseguição e agressões físicas por parte de confrades re laxados .

15 São Claúdio de la Columbiere (vicie seção ( Vidas de Santos, p. 27)

18 São Simão, Bispo e Confessor + Jerusalém, 107. Filho de Maria Cleof'as, pri mo de Nosso Senhor, sucedeu a Santiago Menor na Sé de Jerusalém. Avisado sobrcnatu ralmenle da deslrnição da cidade, saiu com os cristãos para Pela, às margens do Jordão, voltando para estabelecer-se nas ruínas da cidade santa destrnícla. Foi mrutirizado sob o Imperador Trajano.

19 São Beato de Lieôana, C01ifessor. + Espanha, 798. Quando o Bi spo de Toledo co meço u a pregar abertamente a heres ia ncstori ana, o mon ge Beato, cio mosteiro de Liébana e seu amigo o sacerdote Etcrio, depois Bispo ele Osma, saíra m a campo para atacá-lo pela palav ra e por escritos.

20 Santo Euquério, BisJ10 e Confessor. + Orléans, 743 . Logo após ser nomeado Bi spo de Orl éa ns condenou abertamente Carl os Marte! por seu costume de apoderar-se dos bens da Igreja para suas guerras. Foi por isso ex ilado para Colônia, Liege, e, finalmente, para o mosteiro de Sa int-Trond , onde termin ou santamente seus dias.

23 São Sere110, o Jardineiro, Mártir. + Alemanha, 307. Jardineiro "vivia na solidão, .\'Cln.tificando seu 1rabalho manual com orações e penitências, até ser preso e decapitado por causa de sua Fé " (cio Martirológio Romano).

24 São Montano e Companheiros, Mártires. + Cartago, 259. Estes sele discípulos ele São Cipriano, quase todos sacerdotes, fo ram aprisionados um ano após seu mestre, torturados e decap itados por ódi o à Fé sob o procurador romano Solon.

25 São Cesário Nazia11ze110, C01ifessor. + Constantinopla, 369. Irmão cio grande São Gregóri o Nazianze no, torn ou-se médico da Corte im perial de Juliano, o Apóstata, que tentou pervertê- lo. Por isso, renunciou à sua função e afa stou-se da Corte, para a qu al fo i reconduzido pelo novo Imperador.

26 São Vítor de Areis, Confessor. + França, 6 1O. Dedicou-se ao ministério sacerd otal por algum tempo, mas logo reti rou-se para um lugar ermo para entregar-se à contemplação, jejum e penitência. Sua fa ma de mil agres logo atra íram-lhe visitantes ilustres, entre os quais o rei.

27 São Leandro, Bispo e Confessor. + Sevilha, 596. Irmão de Santo Isidoro, "enca rregado da f ormação do rei do,ç visigodos arianos, trouxe de vo lta toda a Ig rej a da Espanha para a verdade e unidade católicas"

(do Martirológio Romano).

21

28

São Pedro Damião, Bispo e Doutor da Igreja.

Santo Osvaldo, Bispo. + Worcester (I nglaterra) 992. Monge beneditino,

São Roberto de Southwel4 Mártir. + Inglaterra, 1595. Gra nde poeta inglês, tornou-se heróico mi ssionário, coroando sua obra apostólica com o martíri . Prefeito de estudos no Co légio Inglês de Roma, foi enviado a seu país co mo capelão da Condessa A1111e de Arundel, atendendo secretamente todos os católicos de Lond res, inclusive alguns aprisionados na Torre de Londres. Denunciado, passou três anos na pri são sofrendo tortu ras e escrevendo seus pungentes poemas para encorajar os companheiros de pri são. Foi enforcado e esquartejado em Tyburn.

indicado para a diocese de Worcesler pelo Rei Edgru· por recomendação de São Dustan . Como Bispo auxiliou este Santo e Santo Ethelwold a revivescer a Religião católica na Inglaterra, encorajou a vida monástica e escolar. Fundou o mosteiro de Wcstbury-on-Trym e a Abadia de Ramsey, em Huntingdonshire. Nomeado também Bispo ele York, ocupou ao mesmo tempo as duas dioceses, a pedido de seus diocesanos. Nota Os Santos aos quais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.

e AT OL I e I S M O

Fevereiro de 1999 ·

37


ESCREVEM OS LEITORES

,a·;-,,·--L!. ~--:=

~R~o -~ ./"

,. \

rnonr,

lilS---, "

-

: L 22 '. ~

-----,::;! TFP -

Qual o significado?

~ É com sati sfação que escrevo estas linhas, comuni ca ndo qu e eu gosto muito da revi sta Catolicismo. Gosto muito de ler a vida dos santos, pois tem tantas coisas que a gente não sabi a._Todas as mensagens e notícias são tão importantes, para quem quer e gosta de ler, que eu fico ansiosa quando chega o fim do mês para receber a próx ima revi sla, que é muilo inleressante e proveitosa para nossa vida. Gostari a de saber qual o sign(ficado da s 3 letras TFP. (M.K.G. -

TFP -

Sta. Catarina)

Que quer dizer?

~ É uma ótima revi sLa, goslo mui to do que fal am sobre Nossa Senhora, S.O. S. Famílias, etc. Gostaria de saber o que quer dizer T.F.P. , sou nova assinante ainda não faz um ano e irei renovar. Estou aprendendo a conhecer melhor Nossa Senhora, acho isso muito imporlante. (1.0.L. -

São Paulo)

Nota da Redação: A TFP - Sociedade Brasileira de Def esa da Tradição, Família e Propriedade - fo i fundada pelo Prof. Plini o Corrêa de Oliveira na capital pauli sta, em 26 de julho de 1960, constituída por católi cos apostólicos romanos convictos e prati cantes. Seu pugilo inicial originou-se de colaborado res e propagandi stas de nossa revi sta Catolicismo , editada desde j aneiro de 195 1, os quais form avam uma verdadeira famíli a de almas . Anteriormente - até dezembro de 1947 - eles se haviam ocupado da elaboração de O Legionário , semanário ofi cioso da Arquidiocese de São Paul o, do qual Plini o Corrêa de Oliveira era o diretor.

38

CATO LICISMO

Já no primeiro número de Catolicismo , o Prof. Plini o apontava para o idea l, nunca des mentido, dessa famíli a de almas: "Pode-se dizer que o Reino de Cristo se torna efeti vo na terra, individual e social, quando os homens no íntimo de sua alma como em suas ações, e as sociedades em suas instituições, leis, costumes, rnan!festações culturais e artísticas, se conformam com a Lei de Cristo .... O católico deve aspirar a uma civilização católica como o homem enca rcerado num subterrâneo deseja o ar li vre, e o pássaro aprisionado anseia por recuperar os espaços irifinitos do Céu. E é esta nossa .finalidade, nosso grande ideal " (A Cruzada do Século XX). A T FP é extraparticlári a, tem caráter cultural , cívico e fil antrópico, visando esclarecer a opinião e os poderes constituídos sobre a influência maléfi ca exercida sempre mais, na vicia intelectu al e na vicia públi ca do País, pelos princípios soc iali stas ecomuni stas, em detrimento da tradi ção, da fa míli a e da propri edade privada, pilares da Civili zação Cri stã. Os fatos atuai s estão mostrando que o comuni smo não morreu, mas passa por uma velhaca metamorfose para iludir os incautos. Mediante nova "maquiagem " , visa mais fac ilmente atingir sua meta fin al: a impl antação de um utóp ico estado anárquico. Contribui grandemente para isso a dete- • ri oração moral dos costumes e a demoli ção de todas as instituições. Face a esses males, ergue-se a TFP. Os sóc ios da TFP - os fu ndadores, como também os eleitos temporari amente pela Assembléia Geral - são destacados partic ipantes da luta ideo lóg ica empreendida pela entidade. Há ainda os cooperadores que, permanecendo ex trínsecos ao quadro

Fevereiro d t, 1999

social, emprestam solidariedade irrestrita aos princípios doutrinários e aos ideais da TFP, como ainda co laboram co m ela para a consecução de seus obj eti vos . Habitu almente moram cm suas sedes. A T FP conla, externamente a seus quadros, com o precioso apoio de famíli as e pessoas disseminadas por todo o Brasil , as quais, no âmbito de suas relações privadas, defendem os princípi os e pos ições tomadas pe la entidade . São os valorosos correspondentes-esc larecedores da TFP. Claro está que as ações desenvolvidas pela TFP em defesa cios valores da Civ ili zação Cri stã (as campanhas a favo r cio direito de propri edade, contra a lega li zação do aborto e do "casamento" homossex ual, contra a imora lidade e violência na TV e a infiltração esquerdista nos meios católicos etc. , ou mesmo para difundir a devoção a Nossa Senhora) , recebem muito apoio. Mas também atraem anti palias, por vezes até ód ios, daqueles que não perfi lh am os idea is da enLidade. Tal reação contrári a confirma a e fi các ia da TFP, pois quem semeia apenas indiferença em Lorno de si não é e fi ciente. Cerlos setores do macrocapitali smo publi citári o têm mov ido cic li camenle campanhas contra a TFP, e apesar de disporem de poderosos recursos, seus efeitos foram peq uenos. A TFP, pelo favor de Nossa Senhora, tem alcançado resultados mui to superi ores a seus modestos meios de ação , po is es lá profun dame nte enraizada na opini ão nacional.

* * * Impossível é, nu ma rápida resposta, resumi r todas as atuações da TFP ao longo de quase quatro décadas. Aconselhamos a aqu isição do li vro Um homem, uma ob ra, uma

gesta*. Esta obra mostra - até .1988, quando foi publicada - a puj ança da TFP, que se desenvolve sempre mais no exato momento em que a tradição vai sendo repudi ada, a família dissolvida e a propriedade assa ltada por agentes soc iali stas, co muni stas e ... certos capitali sLas. A puj ança dessa corrente conslilui o que algun s denominam ''. fenômeno TFP" , que se difundiu por numerosos paíse e conta com a benevolência de fi guras internacionais de relevo, na Igreja corno na sociedade Lemporal. Como inspiraclor de toda a aluação da TFP - onlem, hoje, como amanhã - ergue-se a imensa fi gura moral de seu fundador, o Prof. Plinio Corrê.'l de Oliveira, em cuja alma sempre viveram todos esses elevados ideais, ao quais ele consagrou sua vida e cm favor dos quais lutou sem cessar.

* Ed ições Brasil de Amanhã, Artprcss - Ruu Javaés, 68 1- 0 11 30-0 10 - São Paulo P. Fone: (O 11 ) 220-4522, Fax: 220-5 63 1). Nexo entre política e religião

R É com grande sati sfação que lhe escrevo para di zer como Catolicismo modifi co u a minh a vid a e o me u modo de ver as coisas. Eu nunca me interesse i antes por política, pois não via que ela e reli gião estão in timamente li gados. Hoje já consigo entender melhor certos acontecimentos da humani dade, assim como entendo melhor a Idade Médi a. A edição nº 575 fo i altamente esc larecedora de mui tos eventos hi stóricos. Todas as edições são ótimas, mas essa fo i a que mais me ajudou. Por so rte, algun s ami gos da TFP enviaram-me um número ex tra e eu pude compartilhá- lo com outras pessoas. (D.B. -

São Paulo)

Em prol do altíssimo ideal da boa imprensa ~ Por meio desta, com grandíss ima sati sfação, venho tributar a V. Sa. um preito laudatório, urna homenagem de reconhecimento pelo excelente e efi caz labor reali zado em prol cio alLíssimo ideal da boa imprensa. A TFP, V. Sa. e toda a equipe de Catolicismo , sois verdadeiros apóstolos, vozes retumbantes que, no deserto do mundo moderno, bradais, impávida e audaciosamente, aquela verdade sempre antiga e sempre nova que seduziu a S. Agostinho, e, qual novo S. João Batista, aplainais os caminhos do Senhor, cumprindo, fielmente, o dever de instruir os ignorantes, uma das obras de mi sericórdia, quiçá, a mai s urgente nestes dias, e da qual cada um de nós haverá de prestar vigorosas contas no dia de seu juízo. Assim, contribuís ativa e positivamente na restauração e expansão do Reinado Social de Nosso Senhor Jesus Cristo. Que o nosso Bom Deus se di gne de abençoar e multipli car os fru tos de tão benfazeja árvore ( .. .) Com a minha gratidão, também as minhas orações. (R.G .P.L.L. -

Goiás)

Ampliação por todo Brasil

M É com mui ta honra e gratidão que lhe escrevo para dar meus parabéns à incrível e incomparável publicação da ed itora Padre Belchi or de Pontes Ltda. Po is vejo que Catolicismo é o melhor meio de as pe soas entenderem com mais eficácia os princípi os do CrisLi ani smo. Cada vez que leio uma rev ista Catolicismo me vejo mais por dentro da reali dade de minha religião e seria bom se todos tivessem uma

assinatura dela e, ass im, seríamos mai s confian tes na convi cção cri stã. É muito proveitosa essa excelente obra, contudo desejo que ela se ampliasse mai s e mais por todo o Brasil. Parabéns e felicidades a todos. (1. S. D. C. -

Maranhão)

Lamentação... ~ Noto a melhora da revi sta a cada mês, é muito agradável a variedade de temas, todos escritos cio ângul o católico. Só lamento não ter ainda mai s pág inas. (H.B.L. -

São Paulo)

Ler, ensinar e discutir

~ Catolicismo está de parabéns, poi s tanto bem tem fe ito a mim, e agora faz a meus fa mili ares e amigos, pois à noite faço reuniões fa mi li ares para ler, ensinar e di scutir sobre os arti gos , prin c ip a lm ente o S.O.S. Família e Vida dos Santos, uma vez que Catolicismo nos traz o que a "Igreja Progress ista", nem em sonho pensa trazer. (E.A.G. -

São Paulo)

De começo ao fim ~ Vim a receber esta rev ista como um presente dado por meu querido primo. Não conhecia o Catolicismo, mas agora tenho a honra de ler esta revi sta tão bem escrita. Gostari a de fe li citá-lo, por uma revista tão bem fe ita de começo ao fim , em que nós leitores temos a honra e o grande prazer de conhecer mai s sobre os mil agres acontecidos. Obri gado! E que Nosso Senhor Jesus Cristo abençoe a todos os colaboradores dessa revista.

eATO LIe ISMO

(F.V.F. -

Fevereiro de

São Paulo)

t 999

39


Protesto virtual Aderentes de OANF protestam, via Internet, contra apelações uti lizadas por emissoras como forma de garantir audiência. Com esse sistema, nem as curtas minisséries e nem as piadas blasfemas de programas humorísticos de baixo nível vão escapar aos protestos das famílias decentes.

Nem só pela Internet

Ranking dos Piores expressa a verdadeira opinião da família brasileira

Nova edição de Revolução e

Pesquisa nacional lançada por O Amanhã de Nossos Filhos com o objetivo de mostrar quais os programas mais rejeitados pelos telespectadores revela realidade surpreendente

Lançamento em Porto Alegre

O boletim informafdtM Ep)I lr M.vem"ss .Qpçõtf C.Mooo ,lnl.a 1 tivo TV Debate, de -:,.l""lf;)I ~1.,,1>í', 1s1a~1 .!.l 11! imoralidade em atribuir ao OANF, tem trazido toEl'ldnro jt-ttpJJ.,,.,...Ol/dhoto,gbr/ .:l público a resp onsabilidade No-,,dâ1 1 RecCllllendadDI I M~ 1 ~ tnt, o'ltl I So11wat111 1 dos os meses o númepela má qualidade dos prograro de telefone e de FAX mas. A gora, a desculpa gorou! Bem vindo ao Site do O Amanhã de Nossos FIihos das principais emissoA s primeiras apurações da ras de TV. Desse modo, [ '> lo Slf[ é m,mlldo 11a los co l,1bo1,,do1H (le OAHí, 111csc111os 0111 pesquisa indicam algo inu siOANF solicita que cada III JII du ~-000 dd,ldH do Br,11II, com ,1 ll n ,1 ll d.id11 tlo hlVil nl J I lltlhl 91.111do cm P.u,. aderente, ao constatar tado. Com objetividade mateuma cena contrária à mática, as sucessivas apurareta moral, utilize o teções confirmaram a intriganlefone para protestar te constatação: os programas energicamente. E recoque denotam maior rej eição menda que, ao fazer OA NF p, 01~ 1.1 C0llll d Domin go L19,ll do público são os p or parte seu protesto, ele se "Folhn de S,l o Pnulo~desm 11sc111t1 l1us.i de R;irlnh <l apresentados como campeões identifique como ade.:J til rente de OANF, tendo i;ll .,,,,. º""""'""""' do gosto popular. lriiciorn!9 N&1 te~ - (O A-lenh ... em vista um objetivo : Ora, tal con statação reveassim sua reclamação terá o la a verdade sobre essa avalanche ele prorespaldo de mais de 35.000 g rama s im ora i s: el es pod em se r UERENDO SABER quai s são brasileiros, também particicômodos para a emissora, podem ser os programas de TV mais agrespantes da Campanha. mais baratos. Mas, em hipótese alguma, sivos à moralidade e nocivos às Escorregadela satisfazem o gosto elas pessoas decenfamíli as brasileiras, OANF reso lveu di tes e das famíli as brasileiras. rigir-se diretamente aos interessados. Ou O conceituado jornal "Gazeta Mercantil", de São Paulo, seja, OANF quis saber a opinião de pais, Funcionamento da pesquisa ao falar de OANF, foi contradim ães e avós que, di a a dia, enfrentam o tório, transgredindo leis da lóAtravés de cartas ou pela Intern et, maior adversári o que exi ste contra a boa gica. Com efeito, na edição de OANF enviou a seus aderentes um forformação que procuram dar a seus fi 2 30/12/98 a 1 /1 /99, o quotidiamul ári o ele pesqui sa. N el e p ede-se qu e lhos e netos. D esnecessári o dizer que tal no mencionado publicou maa pessoa indiqu e o nome de três proadversário é a T V imoral e vi olenta! A téria qualificando OANF como gramas (entre tantos) que consid ere pesquisa fo i denominada por OANF de ONG, sucursal da TFP, orgam ai s imoral e de baixo nível. C om o nização chamada quase seRanking dos Piores, pois o objetivo pre. ereta por ele ... "É lamentável apoio de seus aderentes, OANF espera tendido era apont,u- os programas mais que um jornal possa qualificar ampli ar ainda mai s a pesquisa. Poi s, rej eitáveis na opini ão do público telesde semi-secreta uma campaqu anto mai or o número de participanpectador. nha que ele mesmo informa tes, mais evidente torn ar-se-á o fato: o ter 45.000 aderentes'!._ obserVoz do povo revela povo bras ileiro não aprova a imorali va judiciosamente Paulo retumbante verdade dade que uma minori a amoral defende Corrêa de Brito Filho, Coordeco mo corol ári o de uma pretensa libernador Geral de OANF. Querendo justificar suas apelações ao dade de expressão . ♦ baixo nível, insistiam os promotores da ~(JliO

b,111011,1 CO IIIJ ,\ ,1 TV 111101.i l

HOMO

Contra-Revolução:

H

á quase 40 anos, em abril de 1959, o centési -

mo n~mer~ de Ca~olicism? --:-- r~vi ~ta ela qual o Prof Phn10 Correa de Oliveira e o 111sp1rador e a alma propul sora - publicava, com prioridade, a obra magna de sua autoria, Revolução e Contra-Revolução. Esse livro tornou-se o volume de cabeceira e o guia de ação contra-revolucionária dos sócios e cooperadores da TFP brasileira, como também elas TFPs e entidades afins disseminadas pelo mundo. Estava esgotado no Brasil quando, recentemente, a EditoraArtpress , de São Pau lo, em boa hora o reeditou . Para o lançamento dessa nova edição no Rio Grande do Sul, o núcleo loca l da TFP, sediado em Porto Alegre à rua Santo Inácio 164, realizou ato no dia 19 de novembro último. Na ocasião, o Sr. Armando Alexandre dos Santos discorreu sobre a vida e a obra do insigne autor de Revolução e Contra-Revolução, Plinio Corrêa de Oliveira. Seguiu-se um coquetel , durante o qual o público presente manifestou interesse especial em aprofundar seu conhecimento sobre a personalidade do ilustre pensador e líder católico, fundador ela TFP. À esquerda: aspecto do público durante a conferência do Sr. Armando Alexandre dos Santos (ao fundo) , pronunciada na Sede do Núcleo da TFP em Porto Alegre, à rua Santo Inácio, 164

Q

40

e ATOLIeISMO

Fevereiro de 1999

1. Santa Missa celebrada pelo Revmo. Pe. Davi Francesquini, na Capela do Imaculado Coração de Maria, em Cardoso Moreira (RJ), que contou com a presença do Diretor da TFP, Dr. Plinio Vidigal Xavier da Silveira e de numerosos sócios, cooperadores e correspondentes-esclarecedores do Norte fluminense, no dia primeiro do Ano de 1999, festa de Santa Maria, Mãe de Deus 2. Aspecto parcial do público constituído por sócios, cooperadores e correspondentes-esclarecedores da TFP, presente à conferência do Diretor da entidade Dr. Paulo Corrêa de Brito F", realizada na Sede da associação em Brasília, no dia 27 de dezembro p.p., sobre a vigorosa expansão das TFPs em todo o mundo 3. Santa Missa celebrada pelo Côn. José Luiz Vi/fac na igreja de Santa Luzia, capital paulista, no dia 24 de dezembro último. Ao ato litúrgico compareceram sócios, cooperadores e correspondentes-esclarecedores da TFP

CATO LIC ISMO

Fevereiro de 1999

41


toni o E. H . Poli , muito li gado à ampanha de Fátima. Sa li entou e le o pape l centra l que a Mensage m de Fáti ma sempre teve na vich do Prof. Plínio Corrêa de O li veira e na fa míli a de almas TFP. Em seg uida, elevou-se ao a l1 0, ha s t ad o pe lo P rí nc ip e D . Bertrand, o esta ndarte rubro marcado pe lo leão do urado ela entidade.

À direita: aspecto parcial do numeroso público enquanto assistia à peça Milagre no Presépio

Embaixo: Saudação à Virgem de Fátima proferida pelo Cel. Carlos Antonio E. H. Poli, Diretor da TFP

Em meio a cânticos, "Bispo desce do Céu... "

e. A. G. Laia

teri al difundido pela Campanha, bem como de li vros editados pe la TFP.

Virgem de Fátima: fervorosa homenagem

Nossa Senhora de Fátima e Menino Jesus atraem grande público

"'E

stava tudo tão lindo, que eu nem sei o que dizer ", di z ia · e mocionado, ao sair, um dos parti c ipantes da ho menagem a Nossa Senho ra de Fátima e ao Me nino Jes us promo vida pe la TFP, através de sua Ca mpanh a Vinde Nossa Senho ra de Fátirna, não ta rdeis! O eve nto teve lu ga r no dia 3 de j ane iro , na sede da e ntid ade, situ ada na

42

eAT OLIe ISMO

Serra do Japy, no muni c ípi o d e Jundi aí (SP). [nic ialme nte, os que chegavam o ato teve iníc io às 15 horas - d iri g iam-se à cape la, onde um be líss imo Presépi o a todos encantava. Percorri am depois as dependências dos vários ed ifíc ios que compõem a referida sede, nas quais podia m encontrar, aqui e ali , signifi cativa exposição do ma-

Fevereiro de 1999

A cópi a da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima chegou às 16 horas, num landau azu l que pertencera ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, espec ialmente aparelhado para a ocasião. Já dentro da prop riedade trata-se de uma sede com extensa área verde em torno dos edifíc ios - a imagem fo i recebida pelos cerca de 400 partic ipantes do ato, e levada em cortejo, num andor, até a porta da capela, ao som de cânticos de louvor. No cortejo - orientado pelo Coordenador da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis 1, Sr. Marcos Lui z Garcia - destacavam-se o Príncipe D. Bertrand de Orléans e Bragança, bi sneto da P rincesa Isabel, e o Diretor da TFP, Dr. Plínio Vidigal Xavier da Silveira . Presentes também diversos propagandistas de Fátima, da região, que j á haviam aco lhido a imagem peregrina em suas casas. Ao chegar à entrada da capela, o cortej o deteve-se e uma calorosa saudação à Virgem de Fátima fo i fe ita pelo D iretor da TFP, Cel. Carl os An-

Colocada a imagem peregrina na pos ição princ ipal, jun to ao altar da cape la, um coral ap resentou-se cantando músicas gregori anas e natalinas em latim , francês e alemão, para regozij o e enlevo dos presentes . Uma surpresa enca ntou o público infa ntil que se mov ime ntava de um lado para o utro. Durante o lanche, enquanto refri gerantes, panetones e sorvetes eram di stribuídos, repentinamente apareceu um B ispo todo revestido de be los paramentos, com seu bácul o, sua longa capa vermelha e sua barba bra nca. Era São Nicolau que, desc ido do Céu e andando a passo lento, e ncarregou-se de trazer presentes para as cri anças; além, ev identemente, de alguns carvõezinhos para as mal comportadas ...

Marajá na caravana dos Reis Magos "Todos agora vamos nos sentat; as conversas vão cessar, porque uma peça representada por meninos e rapazes da região vai começar" , anunciou o Sr. Marcos L ui z Garcia, Coordenador da Campanha de Fátima. Intitul ada Milag re no Presépio, a peça teve o do m de causar p rofun da e moção e mara vilh ame nto e m todos os prese ntes. Tratava-se de um a ad aptação do co nhec ido conto nata lin o O Menino do Tambor. Montado num pônei, um pequeno marajá participou do cortejo dos Reis Magos que vinham visitar o Menino Jesus. Acompanhava-o tanto um nobre hindu, que mantinha uma bela umbela sobre a cabeça do maraj á, quanto um rico mercador, o qual conduzia o pônei pe las rédeas. O conjunto era seguido por um corpo de guardas, vestidos a caráter. As roupas todas eram ricamente co loridas, à maneira oriental. O peq ue no ina raj á e nca nto u o me nino do ta mbor, q ue jun ta me nte com seu pa i, guard ião de um poço no desert o, incorporou-se à maravilhosa carava na. A eh gare m junto à manjedoura, começa ndo o pequeno do tam bor

À esquerda: o pequeno marajá que participou do 1 cortejo dos Reis Magos. Acima: São Nicolau, com mitra, báculo, capa vermelha e barba branca, encantou as crianças

j ci a' (j

a tocar seu in strumento para o Menino Jesus, um sorri so divino embargou as vozes que queriam cantar: não só as do marajazinho e seus seguidores, mas igualmente a do M enino do Tambor. Nossa Senhora, porém, que é M ãe ta mbé m desses meninos inocentes, ordenou aos anj os que cantassem em seu lu gar. E o mil agre operou-se no Presépio.

Despedida abençoada e serena Já começava a escurecer no local e, antes de sa ir, todos fi zeram questão de oscular os pés das image ns do Menino Jesus e de Nossa Senhora de Fátim a. Formou-se assim uma fil a, longa e pausa.da. Foi realmente um di a maravilhoso ! O própri o céu encarregou-se de contrari ar as prev isões climáticas para o dia 3, po is não choveu nem o so l se mostro u esca ldante. Tudo contribu iu para que o numeroso público presente pudesse aproveitar com sereni dade e e levação as magnífi cas graças que, e m substitui ção às gotas de água, cho♦ veram em abundânc ia.

CAT O L IC ISMO

Fevereiro de 1999

43


Cerveja, Guaraná e Coca-Cola Plinio Corrêa de Oliveira

: ~ A (}

A cerveja é uma bebida cuja psicologia - se assim . ' 1,, me seja permitido expri, mir - difere bastante da do refrigerante comum. Ela é varoni l, é aprazível quanto à vista, tem um gosto que se afirma, apresenta variedades agradáveis e quase incontáveis. Entretanto, essa bebida oferece certo inconveniente: convida de algum modo para o alcoolismo; mas esse problema não reside tanto na cerveja quanto em seu consumidor. Devido à sua natureza, tal bebida é mais saborosa quando servida gelada. Por isso, independentemente do intuito de refrescar-se, a maior parte das pessoas que a toma prefere ingeri-la a uma temperatura baixa. Nela observa-se qualquer coisa de um pouco plebeizante. Posso conceber perfeitamente uma pessoa de alta categori a que beba cerveja com bom gosto. Mas di scerne-se na bebida um a pecto, medi ante o qual o indi víduo sente a inclinação de bebêla em certa qu antidade, qu e não chega necessariamente até a embriaguês, mas que atinge os lim ites desta. A pessoa tende agesticular muito, cantar alto, comer demais e fazer coisas do gênero, as quais revelam algo de desequilíbrio. E é preciso naturalmente considerar esse dado com atenção.

gostei . Notei algo de deformante do bom gosto. Naturalmente, ela exigia ser servida em temperaturas polares ... A Coca-Cola penetrou em todo os ambientes. Com facilidade, com naturalidade foi ocupando todos os lugares. Enfim, a Coca-Cola conquistou o mundo.

I

./

* * *

Os refrigerante não alcoólico têm, por sua vez, uma variedade incontável. No refri gerante, podemos distinguir dois aspectos: primeiro, o gosto intrínseco da matéria prima da qual ele é produzido; o segundo consiste no deleite que a refri geração produz. Esses dois as pectos produzem efeitos diversos sobre o homem, sendo necessário fazer a distinção. Nos antigos refrigerantes, que se generalizaram nas primeiras décadas deste século, preponderava o gosto, a delectação do sabor da matéria prima empregada para sua elaboração.

Um desses refri gerantes é o Guaraná. O guaraná é uma planta nativa da Amazônia. Com o pó proveni ente do fruto dessa planta, produz-se uma bebida de cor dourada, com espuma branca, gaseifi cada todos os refri gera ntes dessa época já eram gaseificados - , o que concorria para tal refri gerante alcançar enorme sucesso. Com dua s modalidad es di stinta : o Guaraná Espumante e o Guaraná Champagne. O Espumante era doce e espumava de fato. O Champagne ex ibia uma espuma muito mais di screta, semelhante à da bebida alcoó lica denominada Champagne. Como a Champagne atingira naquele tempo o auge da moda, o Guaraná Champagne cri ava a ilusão: quem o bebi a estava tomando algo parec ido com a famosa Champagne, alcançando, em vista disso, muita difusão.

* * * Esse refrigerante beneficiou- e ele uma associação de imagens. Quando entrou o período ocaCola, Hollywood estava na baixa e o cinema europeu começava a alca nçar um prestígio que não desfrutara anteriormente. Em outros termos, o monopólio do cinema vinha escapando dos Estados Unidos por causa ela alta qualidade técnica, artística e de nr dos mais filosofados, mais lnba lhaclos, produzidos pelo cinema europeu. A Coca-Cola, entretanto, co nti nuou a representar o que podería mos chamar a beb id a s imb ó li ·a do hollywoodisrno. Hollywood não morrera; os grandes dias ela llollywood - da decadente Hollywood - o indi vídu o ainda podi a percebê- los no paladar, 101111111do Coca-Co la .. . Pareceu-me muito inleressa nt ·, 11 1•u111 tempo atrás, a tentativa de mudanço ci o f'or mato da garrafa da Coca - ola. P ·nse i: " Virá um tipo de ga rrcifr, q11l' di' verá ser mais revolucionário e /()(111 o inundo vai aplaudir ". Houve, pelo contrário, ·o mo qu • uma co ntra -revo lução na 'ocn Cola. Causa desse r ·cuo: a indi ,_ nação. Torrentes d · ·artas d · 'C lll sumidores d toda a ord · 111 •xi 1 i ram qu e a em pr sa ·o,·r, '0 /11 reformu lasse o 'ln ·ro d · •:irr111':1. Voltou-se ent ão ao tipo anti 1 0 , o qual, 1ue cu s<1iba, ainda p ·r11111 nece cm uso ...

* * * Entretanto, o triunfo dos refri gerantes fo i atingido quando surgiu a Coca-Cola. É preciso di zer que tomei apenas uns dois ou três go les ele Coca-Cola e desde logo não

Excertos da conf r nela prof rido pelo Prof. Pllnlo Corr" d Ollv Ir para sócios e coop r dor daTFP, em 24 de Janeiro do 1995. S visão do autor.



Na edição de fevereiro, a obra de Plinio Corrêa de Oliveira nos desvendou os esplendores da Ordem nascida da Contra-Revolução, com a sacralização dos valores de vida temporal. Na presente edição, ele nos

A realidade concisa,nente

1O

explicita a missão da Contra-Revolução de proteger a "mecha que ai nda fumega", ou seja, defender os valores ainda vivos do passado - o que não significa "arqueologismo", mas sim uma concepção con trarevolucionária do progresso.

S.O.S. Fa,nília

12

A autoridade do pai

Nacional

Capítulo III

14

A Contra-Revolução e o prurido de novidades (cont.)

Nossa capa: Fotocomposição do ateliê artístico de Catolicismo

Para entender a crise econômica do Brasil

Internacional

15

B. A mecha que ainda fumega A Revolução ataca a civilização cristã mai s ou menos como certa árvore da floresta brasil eira, a fi gueira brava ( " urostigma olea ria " ), que, crescendo no tronco de outra, a envol ve comp letamente e mata. Em suas correntes "m.oderadas" e de velocidade lenta, acercou-se a Revolução ela civili zação cristã para envolvê- la ele todo e matá-la . Estamos num período em que esse estranho fenômeno ele destrui ção ainda não se co mpl etou, isto é numa situação híbrida cm que aq uil o a que quase chamaríamos restos mortais da civili zação cri stã, somado ao perfume e à ação remota ele muitas tradições , só recentemente abolidas, mas que ainda têm alguma coisa ele vivo na memória dos homens, coexiste com muitas in stitui ções e costumes revolucionários. Em face dessa luta entTe uma esplêndida tradição cristã em que ainda palpita a vicia, e uma ação revolucionária inspirada pela mania ele novidades a que se referi a Leão XITT, nas palavras iniciais ela Encíclica Rerum Novarurn, é na~ tural que o verdadeiro contrn-revolucionário seja o defensor nato cio tesouro das boas tradições, porque elas são os valores cio passado cristão ainda ex istentes e que se trata exatamente ele sa lvar. Nesse sentido, o contra-revolucionário atua como Nosso Senhor, que não veio apagar a mecha que ainda fumega, nem romper o arbusto partido (c rr. Mt. 12,20). Deve ele, portanto, pro ·u-

Agora, versão light do MST

Guerrilha colombiana: tragédia de uma nação

Revolução e Contra-Revolução

Brasil Real Brasil Brasileiro

2

18

A mecha que ainda fumega

A Palavra do Diretor

4

O salão de Cotegipe

Discernindo

20

Opúsculo da TFP reverte situação em cidade catarinense

Página Mariana

5

Nossa Senhora "que desata os nós"

Capa

21

C. Falso tradicionalismo O espírito tradicionali sta da ('011 tra-Revolução nad a t m d ' ·011111111 co m um fal so e estr ito tradi cio1111li s mo que conserva c rt os rilos, ·slilos ou costumes por m ·ro amor i'ls 10111111s anti gas e sem qualqu ·r :ipn•~·o pl' l11 doutrina que os , ·rou . l slo M' 11 11 arqu eo log ismo, 11:10 sudio l ' vivo tradi ciona li smo.

2. A Conlra-R ·voluc,;ao t· conservadora Á 0111 !'li Rl'VOIII ·1 111 l ' ('()IIHl'I VII dora ? E111 u111 srn11d o, 1, i111 , 1· profun dam ·nt t· . li t•111 0111111 :-. ·111ul11, 111ío, la111hC- 1n prnl'1111d1111H •111l•, S· Sl' 11111 11 dt· cw1i-.t•1v111·, do pres ·nt ·, 111 1•11 q111· 1' IH1111 l' llll'l'l'l'~ viv ·r,

Foto rio Lon/1 quo rl,1/11 111 ha 1111 / rlfol'( vot,

ti

·o

t/,1 C mara

tltulçlío,

011

t11 /11

11

11111/0 cio "uma

w

q11.1/ tollo con1111,; 11or rcpre11/,,r lr,,<llçlío.

111

• 11l,,r """' hol,, 11111

11/r, 1.111/11, J)111j, lo tio ,1l11,1/ vrlmciro111/11 /N /111 l11 ql , 1,111v lll,,t,, 111•0116 11 abo-

llç,1111/1

,111

1mll,,v11/

111,rr,11los Lordes.

11 <'rn11111 l{l'Voli11;110 e ·ons ·rvadora. Mw, ,~ l' M' 11:11u d · p ·rp ' lu ar a sil1111~·nt, 111111 id11 L' lll qu • nos enco nlra1110~, dl' sustar o processo revo lu cio11:il'io lll'Hl11 ·iapa, mantendo-nos imów 1s L'o 11,o uma estátua ele. ai, à marl'l'lll do ·aminho da Hi stória e do 'I' mpo, abraçados ao que há ele bom · d· mau cm nosso séc ulo, procurando assim um a coex istência pcrp lu a e harmôni ca cio bem e cio mal , a on lra- Rc volução não nem pod ' s 'r conserv adora.

7

Como enfrentar as tentações

A palavra do sacerdote

8

A pena da excomunhão

Escreve,n os leitores

36 Entrevista

37

Revolução cultural no Brasil: devastação

Leitura Espiritual rar salvar amorosamente todas essas tradições cristãs. Uma ação contra-revolucionária é essenc ialmente, uma ação tradicionalista.

Após a Marcha Pela Vida, o Arcebispo Custódio A. Pereira celebrou Missa na Igreja da Anunciação, em Hanover (Pensilvânia) . Na foto a assistência que compareceu ao ato litúrgico, vendo-se no altar o Prelado celebrante, acolitado por Mons. Gilles Wach.

Adiada votação de Projeto instituindo "casamento" homossexual

Vidas de Santos

TFPs e,n ação

29

40

Santa Luísa de Marillac e as Irmãs da Caridade

Santos e festas do 111ês

TFP norte-americana: atuação destacada Marcha e Missa pela vida

32

A,nbientes, Costu,nes, Civilizações

Destaque

44

34

Virtudes refletidas em Crucifixo barroco

Na Alemanha: em marcha Revolução Cultural

Educação sexual: capa do livro do professor para este lecionar o opúsculo Aprender Brincando, des-tinado a crianças de 4 a 6 anos

Na seq üência, será expo to, nu próxima edição, o verdadeiro con lto d• progresso cristãment nt mi cio.

C AT O L IC IS MO

Março de 1999

3


PÁGINA MARIANA

Com a palavra... o Diretor .

- -~

.

_.._

_...,,, =- -

Amigo Leitor, Uma revolução de ixa o Brasil na im inênc ia do caos! Revolução que não dispõe de tropas, de bombas, de mísseis, ou de trincheiras. Mas, como se as tivesse, faz vítimas, amedronta e angustia. Eis o tema da matéria de capa desta edição de Catolicismo. Ela constitui mais um consciencioso trabalho elaborado por nossa equipe de articulistas. Para levar ao conhecimento dos leitores de Catolicismo esse processo revolucionário que, paulatina e sutilmente, corrói os princípios basilares sobre os quais repousa o que resta de Civi lização Cristã em nossa Pátria. E no Brasil ta l processo vai atingindo seu auge! Uma verdadeira revolução, mas uma Revolução Cultural, que consiste num processo desagregador das mentes, dos costumes, das tradições, desapercebido pelas próprias vítimas de sua ação destruidora. Inversão de valores , admiração pelo bizarro, menosprezo pela família, drogas, crimes, violência ... Eis, em síntese, alguns sintomas da revolução que vai tirando cada vez mais sua máscara e revelando gradativamente sua fisionomia sinistra. É com ta l expediente de simulação que esse germe revolucionário sui generis vai provocando veladamente a apostasia moral da sociedade! Como conseqüência, um número cada vez maior de pessoas tem se deixado levar pela torrente dos modismos grotescos, etapa prévia para despencar no abismo dos vícios! Mais do que apresentar uma visão realista sobre a sociedade atual, esse trabalho visa mostrar, com exemplos, a natureza de um insidioso e dissimulado processo que assola o homem contemporâneo, focalizando sua incidência em nosso País. Ao inteirar-se da matéria, o leitor dar-se-á conta de que uma oposição tão completa aos princípios sempiternos da Santa Igreja conduz irremediavelmente ao cao . Em vista disso, encerro esta carta fazendo um apelo: Não se deixe enganar, caro leitor, com as falácias propugnadas pela Re volução Cultural e, junto com Catolicismo , difunda este alerta. Em Jesus e Maria

?~7 Paulo Corrêa de Brito Filho DIR ETOR

4

C AT O LIC ISMO

Março de 1999

Quem, neste mundo ateizado e materialista, envolto em tantas crises, não se vê enovelado num emaranhado de problemas sem saída? Desajustes na vida familiar, queda no mau caminho do vício ou da droga, problemas econômicos, incompreensões e atribulações morais ou espirituais de toda ordem afligem o homem contemporâneo. Quantos "nós" a serem desatados. A esse propósito, convém lembrar a existência de uma devoção a Nossa Senhora que vem exatamente auxiliar a resolver esses problemas. Trata-se da sugestiva invocação de Nossa Senhora "que desata os nós", da qual fa laremos a seguir.

E

M BUENOS AIRES , tomei um ônibus para percorrer um determ inado trajeto. Na máquina cobradora, vi um cartaz com bonita estampa de Nossa Senhora, com os dizeres: "Este ônibus passa pela igreja de Nossa Senhora Que Desata os Nós" . Que invocação curiosa! , pensei. Conversando depois com um amigo, informou-me ele que tal invocação começara a divulgar-se na Argentina há uns doi s anos, quando um quadro trazido da Alemanha, inesperadamente adquiriu tão grande popularidade, que a pequena igreja de San José dei Parral, na qual se encontra a pintura (no bairro de Agronomia, na Grande Buenos Aires), tornou-se um centro de peregrinação. Problemas ou nós a serem desatados, todos os temos. Deparar com uma devoção a Nossa Senhora que preci samente desata tais nós em nossa vida, nos é certa-

Nossa Senhora 11 que desata os nós" PLI NIO MARI A S ü UMEO

mente de grande vali a. Não deve causar surpresa, pois, a tão rápida popul aridade que adquiriu essa devoção. Resolvi ir conhecê- la. Tomei o ônibus e recorri ao motori sta, pedindo-lhe o favor de me avi sar onde deveri a descer. " Cómo no! Sabe usted que mucha gente viene a visitar esa iglesia?", comentou ele. Realmente assim é: "Um surpreenden-

te f enômeno religioso tem-se manifestado em Buenos Aires em apenas dois anos, e já mobiliza grandes multidões: a devoção à 'Virgem Desata Nós"', di z o di ário "La Naci ón" 1• " Ontem e anteontem umas 25.000 pessoas f oram ao templo", continua o quotidi ano. "Mas no .fim-de-semana anterior, contando-se a sexta-feira, 8, dia do mês que f oi considerado como es-

C AT O L IC ISMO

Março de 1999

5


pecial por essa devoção [por ser a festa

da Imaculada Conceição, comemorada a 8 de dezembro], nada menos que 130.000 pessoas acudiram a essa igreja convertida em um santuário popular" . "É um f enômeno que não se pode explicar. O bairro vê-se alvoroçado por um movimento ao qual não está acostumado. Já ultrapassa nossos limites", afirmou ao

jornal um estudante de Comunicação Social, porta-voz da Paróqu ia. Para mostrar a crescente adesão popular a essa devoção, "La Nación" apresenta os seguintes dados: O quadro foi trazido da Alemanha em 1996. No dia 8 de dezembro seguinte, dia da Imaculada Conceição, já mais de cinco mil fiéis visitaram o templo. Na mesma festa, em 1998, seu número ultrapassou 70.000, e foi necessário desviar o trânsito várias quadras ao redor da igreja. O repórter daquele diário portenho, que esteve na igreja ao meio-dia de uma manhã calorenta, viu umas 50 pessoas rezando diante do quadro. Entrevistou algumas. "É a primeira vez que venho", informou-lhe uma senhora enferma, que fora levada por uma amiga. "Senti necessidade de vir". Um médico de 37 anos, acompanhado da esposa e dois filhos , já hav ia ido lá várias vezes. Comentou que até agora ambos têm visto essa devoção como algo de "cristalino, transparente " 2.

A igreja São José do Parra/ Depois de um interessante passeio turístico de quase uma hora pela grande Buenos Aires, o motori sta fez- me sinal para aproximar-me. "Usted se baja aquí, dobla en la primem a la izquierda, y va hasta la tercem cal/e. Ahí verá la iglesia".

à porta de entrada, onde já se estabeleceu uma loja de souvenirs... Hav ia uma dezena de bancos em sentido oposto ao altar-mor, voltados para o quadro, destinados aos fi éis. Não faltava também o livro para anotar-se pedidos ou graças recebidas. Embora fosse cerca das três horas da tarde de um dia de semana também extremamente quente, uma dezena de pessoas rezava diante da pintura. Esta realmente é muito piedosa e inspira confiança de imediato. Após uma saudação ao Santíss imo Sacramento e ao Padroeiro da igreja, aproximei-me do quadro para rezar.

A que desata o "nó" da desgraça O quadro original de Maria, Knotenloserin ou Desatadora dos Nós, foi pintado no início do sécul o XVIII por artista desconhec ido. Encontra-se na igreja de San Peter am Perlach, construída em 1067, bem no coração da cidade de Augsburgo, na Alemanha. De estil o barroco, a pintura representa Nossa Senhora como Imacul ada Conceição, sobre a meia lua, esmagando com os pés a serpente maldita. Como Sede da Sabedoria, paira sobre Sua cabeça o Divino Espírito Santo em forma de pomba. Rainha dos Anjos, está rodeada por eles, sendo que dois estão postados junto a Ela, um de cada lado. Um deles apresenta-Lhe a longa fita do emaranhado de nossos problemas, angústias, afli ções, que Ela, com suas puríssimas e virginais mãos , vai desenovelando, um a um. O outro vai recolhendo a fita já inteiramente desenovelada e lisa como uma alma reta. Olha com compaixão para o fie l, corno a dizer- lhe: "Tens prob lemas que não conseguds

Não foi tão fác il assim. Mas finalmente deslindar? Aqui está a Onipotência Sucheguei ao local desejado. Em suas proxi- plicante, que pode solucioná-los para ti. midades, já havi a os onipresentes quiosVê com que facilidade Ela o fa z com esta ques com objetos de piedade à espreita de fita. Vem. Recorre a Ela!". Abaixo da Virgem Santíssima enconperegrinos. A igreja de San José dei Parra/ em . tra-se outro anj o, provavelmente o da nada lembra os belos e, por vezes, magní- Guarda, que conduz pela mão, em meio ficos templos da capital portenha. É po- às trevas deste vale de lágrimas, um pobre e simples, mesmo para o subúrbi o de bre degredado filho de Eva. Indica-lhe classe média em que está locali zada. Em também o mais seguro meio para ele chesua única nave, São José preside o altar- gar ao fim de sua jornada terrestre: seguir mor com ar acolhedor. a Estrela da Manhã, a Consoladora dos O quadro, que tem atraído numeroso Aflitos, o Auxílio dos Cristüos. público àquele templo, fica preso à parede O olhar de Nossa Sen hora tein uma do fundo, no corredor esquerdo, logo junto expressão muito serena e maternal, com 6

e

A

To LI e I s M o

Março de 1999

um mi sto de tristeza devido aos sofrimentos de seus filhos, ainda que ingratos, e de comprazimento pelo fato de poder aj událos. Reflete também muita pureza. Segundo estudiosos, o piedoso pintor, para executar o quadro, inspirou-se num texto do Bispo Santo Irineu de Lyon. Este Santo nasceu em Smirna, na Ásia Menor, sendo discípu lo de São Policarpo que, por sua vez, o fo i do Apóstolo São João Evangelista. Env iado para evangeli zar a antiga Gáli a, Santo Irineu tornou-se Bispo de Lyon. Ele é considerado o primeiro grande teólogo católico, tendo refutado, em um tratado em ci nco partes denominado Adversus omnes haereses (Contra todas as heres ias), os gnósticos 3 gau leses, e no qual defende também a primazia do Papa. Segundo a tradição, foi martirizado em 202. Eis o texto referido: "Eva, por sua desobediência, atou o nó da desgraça para o gênero humano. Pelo contrário Maria, por sua obediência, o desatou".

Essas frases constituem uma apli cação a Nossa Senhora das palavras do Apóstolo São Paulo referindo-se a Cristo Jesus, em sua Epístola aos Romanos: "Assim como, pela desobediência de um só homem, fo ram todos constituídos pecadores, assim, [também] pela obediência de um só, todos tornar-se-ão justos" (Rorn. 5, 19).

Depois do pecado original, não há quem não sinta o peso da vida, das preocupações e das tentações, "do aguilhão de Satanás que nos esbofeteia ", na expressão de São Pau lo. Quantas vezes fazemos bons propósitos que não duram , quantas vezes enveredamos por caminhos tortuosos e nos enredamos em nossos próprios problemas. Quantos nós temos a desatar... Para obter a graça do desnovelamento de tais nós, nada mais indicado do que recorrer continuamente, por meio da oração, Àq uela que os pode desatar! ♦ Notas: 1. "La Nac ión", 18/1/99, p. 8

2. ld., lb. 3. De "gnose" (do grego g110.~i.1·, co nheei mento). - "Doutrinas de d iversas se itas dos sécul os ri e Ili , nas quais seus in ic iados pretendiam ter, da reli g ião e de todas 11s coisas, um co nhec imento bem sup ·ri()t' 1 qu •I • obt id o pelo ens in amen to da l grcj11", 1'11111 JloulquiéRaymo ncl Sain t .1 ·11 11 , l> irti111111nir1• de la La11g 11 1• i'l,i/o,1·011/ilq111•, l 'll'SSCS l111iv0rsitai rcs de Fn 1ncc, 1'111'is, 1</(i2 , p. 1O1,

Pensamentos consoladores nas tentações S

E DO VENENO das serpentes tira-se reméd io, por que não tirar das tentações nossa sa lvação? No "Pa i Nosso", o Divino Autor dessa oração nos ensin a a ped ir: "Não nos deixe is ca ir em tentação". Nesta sublime prece, Nosso Senhor nos ensina a ped ir não que sejamos libertos das tentações,

.-.~!~;:=~~~~-=-

SP-iritual

"Ignorais que não estamos no mundo para gozar, mas para padecer? É no Céu que se goza a paz, e não riesta vida, onde convém padecer. E aquele que cá não tivesse paixão, não sofreria, mas gozaria, o que não é possível, porque, enquanto vivermos teremos paixões e só delas seremos livres depois da morte, segundo a opinião dos Doutores e' da Igreja. "Mas por que nos afligiremos, se o nosso triunfo nasce do combate das nossas idéias e paixões? A ag itação no mar transtorna por tal forma os humores, que os que navegam não conhece m o incômodo senão passado algum tempo, pelas convulsões e vômitos que provoca. É um dos grandes proveitos da aflição fazer-nos con hecer o nosso nada, fazendo-o sobrenadar às nossas inclinações. "Estes grandes assaltos e tentações tão fortes não são permitidos por Deus senão contra as almas que Ele quer elevar ao seu puro e santo amor. "Os doces geram vermes nas crianças e em mim que não sou criança; aí tens a razão porque o nosso Salvador mistura as consolações com amarguras ... "Reclamemos o seu socorro; não é senão para isso que Ele permite que estas ilusões nos atormentem ...

mas sim que, passa ndo por elas, não ca iamos; e res istindo às tentações, conquistemos o Céu. Nesse sentido, uma vez que das tenta ções ninguém escapa - nem sa ntos, nem pecadores; nem Adão dentro do Pa raíso, nem nós fora dele - esco lhemos para Leitura Espiritual deste mês um signifi cativo trecho do grande São Francisco de Sal es, Bi spo-Prín cipe de Genebra (século XVII), Patrono da Imprensa Cató li ca*

corno a inveja, ficaram em nós para nosso exercício, a fim de praticarmos o valor espiritual resistindo-lhe. É o Filisteu que os Israelitas devem combater sem nunca o poderem derrubar. "Quando os soldados não es tão em batalha ou na guerra , pode-se dizer deles: ln pace leon es, in b e l/o ce rvi,

(leões na paz, cervos na guerra). Mas Nosso Senhor não quer destes soldados no se u exército; quer combatentes e vencedores e não imbeci s e fracal hões . Pois se E le quis ser tentado e oprimido, foi para nos dar o exemp lo de resistência à tentação. "Se Nosso Senhor permite estas cruéis revoltas no homem, nem sempre é para punir algu m pecado, mas apenas para manifestar a força e virtude da assistência divina" . -

Pintura de São Francisco de Sales Mosteiro da Visitação, Turim (Itália)

(Pensamentos Consoladores de São Francisco de Sales, extra-

No perigo nossos olhos se erguem ao Salvador "Ontem de tarde houve aqui grandes trovões e relâmpagos, e eu estava tão contente em ver o meu irmão e nosso Groisi que multiplicavam os sinais da cruz e o nome de Jesus!. .. Ah !... sem isto não teríamos invocado tanto a Nosso Senhor. Estas rebeliões do apetite sensual, tanto de ira

ídos de se us esc ritos, pelo Pe. P. H ug uet S.M., tradução de Vasco Macedo, Livraria Salesiana Editora, São Paul o, 1946, pp. 133-134). ♦

*

Catolicismo publ icou, em sua edição de janeiro p.p. , co m o títu lo São Francisco de

Sales, baluarte da Contra-l?eforma e Doutor da Igreja, a vicia desse co fundador da Congregaçào da Visitaçào, juntamente com Sa nta Joana de C hantal. D eclarado Dowor da Igreja pelo Papa Pio I X.

eAToLIe Is Mo

Março de 1999

7


mediante a Co mu nhão dos Santos.

Pecado mortal

Cônego JOSÉ LUIZ VILLAC

PERGUNTAS 1. Desejo saber: em

que situações uma pessoa pode ser excomungada e que sorte tem a alm.a de uma pessoa que recebe a pena de excomunhão? 2. Todas as religiões são boas quando praticadas sinceramente?

RESPOSTAS

Pelo pecado mortal, o fiel não rompe com esse Corpo Místico, mas perde a vida da graça, passando a ser um membro morto no Corpo da Igreja. Certas espécies de pecado mortal, além de extinguir a vid a da Graça, afetam a vida institucional da Igreja, causando escânda lo e perturbação e ntre os fiéis. Por causa dessa reperc ussão externa e pública, tais pecados transformam-se em delitos e são punidos pela Igreja de modo também externo e público. É preciso que haja uma sanção púb li ca para punir o delito e restabelecer a ordem social lesada por essa

1. Para se entender bem a grave questão da excomunhão, convém fazer algumas considerações iniciais. A Igreja é urna sociedade perfeita, . pois tem em si todos os elementos indispensáveis para conduzi-la ao seu fim. Na Terra é a Igreja - e só E la - o Rebanho de Cristo, o Reino de Cristo, a Esposa de Cristo, o CORPO MÍSTICO DE CRISTO. É urna Sociedade divina e humana. É divina por sua origem e instituição, por sua Doutrina, por seus Sacramentos. Divina, sobretudo, por sua Cabeça - Nosso Senhor Jesus Cristo, por sua Alma - o Divino Espírito Santo, e por sua Vida que é a Vida da Graça, vivificando e santi fican do todos os seus membros que, unidos à Cabeça (Cristo) e à Alma (Espírito Santo), constituem o Corpo Místico de O Papa São Gregório VII, lançou uma das Nosso Senhor Jesus Cristo. Como Somais famosas excomunhões da História: contra o Imperador alemão Henrique IV, em 1076 ciedade perfeita e, completa que é , foi dotada por instituição divina de Mestres e Pastores com a missão de Ensi - espécie de pecados, visando a emenda do delinqüente e alertando os demais nar, Santificar e Governar (Igreja Dofiéis. cente) e de discípulos e súd itos (Igreja Discente), que dos Sagrados Pastores Há também pecados externos que, devem receber o alimento da Doutrina embora ocultos, constituem deli tos e são punidos com excomunhão. Por exeme da Graça a caminho da Igreja Triunplo o crime do ABORTO, mesmo se fante , no Céu . perpetrado pela mãe sem o conhecimenCom o Batismo, a pessoa é incorpoto de qualquer outra pessoa. rada a esse Corpo Místico, passando a beneficiar-se de todos os tesouros da IgreExcomunhão ja, quais sejam, a guia do Magistério, a A excomunhão é então urna penali sua vida sacramental e o inesgotável dade eclesiástica que se aplica a alguém patri1I1ônio de indulgências, sufrágios etc.,

e

CATOLICISMO

Março de 1999

batizado, púber, e réu contumaz de determinado pecado, exc luindo-o da comunidade dos fiéis, e, por isso, impedindo-o de ministrar ou receber os sacramentos e os sacramentais, de tornarse padrinho de Batismo ou de C ri sma, e até mesmo excluindo-o da sepultura Ec lesiástica (Encomendação, Missas de 7º ou 30º dia etc.) após a morte. É, portanto, uma pena severíssim a, po is priva aqueles que nela incorrem de receber os bens da graça, que nos vêm por meio dos sacramentos e sacramentais e através das orações da Igrej a, tão necessários à nossa eterna salvação.

Excomunhão automática? S im ! Há certos pecados que acarretam a excomunhão ipso facto, em outras palavras, de forma automática, bastando apenas que se preencham os requisitos abaixo mencio nados. Outros pecados ex igem que, para haver excomunhão, a a utoridade competente puna o delinqüente med iante uma Sentença Declaratória. Não são automáticos. De aco rdo com o Código de Direito Canônico, são as seguintes as excomunhões ipsofacto (automáticas) ou latae

sententiae: • Apostasia da fé católi ca, heresia ou cisma (cânon 1364). • Profanação de espécies consagradas (cânon 1367). • Violência física contra o Romano Pontífice (cânon 1370 § l). • Sacerdote conceder a absolv ição do cúmplice e m caso de pecado torpe (cânon 1378 § 1). • Consagração de Bispo sem mandato pontifício (cânon 1382). • Violação de sigilo sacramental pelo confessor (cânon 1388 § 1) • Procurar o aborto, seguindo-se o efeito (cânon 1398).

deres para tal (cânon 1378 § 3). • Violação do sigilo sacramental por parte de intérpretes ou outros que tomaram conhecimento de matéria da confissão (cânon 1388 § 2, cf. c.983 § 2 ).

Levantamento da Excomunhão Algumas excomunhões só podem ser levantadas, isto é absolvidas, pelo Sumo Pontífice, no caso da prática dos seguintes pecados: • Profanação de espéc ies (hóstias) consagradas. • Violê ncia física praticada contra o Soberano Pontífice. • Absolvição do cúmp lice em caso de pecado torpe. • Consagração 'd e Bispo sem mandato pontifício. • Violação direta do sig ilo sacramental.

Situação do excomungado Portanto, a situação de urna pessoa legitim ame nte excomungada é de extremo perigo para a sa lvação de sua alma. Tal pessoa deve fazer tudo o que for necessário para sa ir desse estado, remove ndo as causas da excom unhão , fazendo a penitência imposta pelo Bispo o u pelo Papa a fim de ser abso lvida e para que sej a leva ntada a exco -

Excomunhão imposta pela Autoridade Há outros pecados que acarretam a excomunhão, embora não ipso fa cto (automaticamente) mas mediante intervenção e Dec laração da Autoridade; chama-se tal excomunhao ''./áendae sententiae ". Por ·x ·rnp lo : • Simu lar · •I ·hraçuo da Eu ·ari stia ou a abso lvi ·1 o su ·rn 111l· 11t al , s ·m po-

munhão. Só após tal procedimento qu e a re integra no Corpo da Igreja poderá, e m Confi ssão, ser abso lvid a do pecado. Sua situação é particularmente perigosa por causa do pecado mortal e do delito que acarreta a excomu nhão, o qual leva ao rompimento com o Corpo Místico de Cristo e priva a pessoa das graças que dEle advêm.

Excomunhão não legítima Convém lembrar que uma excomunhão pode ser ileg itimamente declarada o u imposta, caso o suposto pecado que a teria originado - por exemp lo , c isma, heres ia, aborto etc. - na reali dade não tenha ocorrido. Nessa situação, a pessoa assim inju stamente atin gida nunca deve revoltar-se, mas buscar prudente e respeitosamente a Autoridade eclesiástica para esc larecer a situação e defender-se co m base no próprio Direito da Igreja. E, acima de tudo, pôr toda sua confia nça em Deus, que s uprirá co m graças extraordi nári as a pessoa que se viu privada de graças, em decorrênc ia de uma indevida sentença de excomunhão.

Resumo Em síntese: o mais grave da excomunhão não é o seu aspecto jurídico, público, mas a causa que a motivou, isto é, o pecado, agravíssima ofensa a Deus. A situação de uma pessoa que morre excomungada, depende então de seu real estado de alma. Se, mesmo no caso de não ter sido levantada a excomunhão, a pessoa alcançou da misericórdia de Deus uma graça de arrependimento e propósito verdadeiramente perfeitos, que a restabeleceu no estado de graça, ela se salva. O mesmo acontece se a excomunhão foi fr uto de um e ngano jurídico-canôn ico - inválida aos o lhos de Deus _._ e não afetou o estado de graça da pessoa. Por fim, quem morre realmente excomungado ,

·---.;:::;

:rA110-..:rem!(T).,Jh,J..o,mSuJ'fb o.,•A1·~

; O Imperador Henrique IV em Canossa (Itália) (Miniatura da Vita Malthildis, de Donizone, Biblioteca Vaticana). O Imperador (embaixo) pede a intercessão da Condessa Mathi/de (na parte superior, sentada), pa_ra ser suspensa a excomunhão lançada contra ele.

Capela de São Gregório VII (séc. XII) na Catedral de Safemo (Itália), cidade onde faleceu o Santo Pontífice, em 1085

sem arrependimento perfeito, se perde para sempre.

* * *

2- Achar que todas as religiões são boas é um eq uívoco. Pois Deus é Verdade, e E le não pode adm itir que tenha o mesmo valor a verdade e a mentira. Ele fundou uma única Igreja e quer ser adorado por meio dEla. Há casos em que as pessoas não têm oportunidade de conhecer a verdadeira Igreja e então, por ignorância, professam uma fal sa religião. Mas, nesse caso, recebem graças para praticar as virtudes e ter o desejo de segu ir a verdadeira Relig ião. Nessas condições, recebem o batismo de desejo e são agregadas de um modo invisíve l, mas verdadeiro, à única Igreja de C ri sto, a Igreja Cató li ca, Apostó lica , Romana. É certo que exi ste aí um mistério insondável à inte li gência humana. Mas mediante a Revelação, Deus forneceu nos os elementos necessários para que creiamos e sejamos salvos. Sua Igreja é a detentora, expl icadora e intérprete dessa Revelação. ♦


No Brasil, nova ameaça: a eutanásia Dentro em breve deverá entrar em debate no Congresso Nacional o projeto de novo Código Penal. Se for aprovado na redação atual , entre outras coisas, deverão ser abrandadas as penas para aqueles que praticarem a eutanásia (morte para evitar sofrimento). Se um familiar ou amigo eliminar um doente considerado como paciente termin al ou um idoso, a pena máx ima a que poderá ser condenado é de apenas cinco anos de prisão. Hoje, a eutan ás ia pode dar até 20 anos de cadeia. A eutanásia e o aborto são como doi s irmãos siameses, igualmente criminosos , frutos do egoísmo característico de nossa civilização neopagã. Para se libertar dos filhos indesejados e dos doentes e velhos incômodos, o homem contemporâneo está empregando cada vez mai s uma pseudo-solução simpli sta, bárbara e criminosa: homicídio! O lado esquerdo mata o nasc ituro, o lado direito mata o idoso.

Em 1997, 2,5 milhões de abortos na Rússia! O Ministério da Saúde da Rússia publicou estatísticas as sustadora s sobre a p rática do aborto naquele país, referentes ao ano de 1997. De cada 10 nascituros, sete são abortados! Ou seja, 70% das mães que estão para ter filhos abortam. Isto revela o grau de desagregação moral espantoso a que se chegou na ex-Un ião Soviética! O sangue desses milhões de inocentes clama a D eus por vingança.

10

eATo

L I

eIs

M

o

Março de 1999

um matutino paulista noticiava com grande destaque : "Míssil de Pyongyang [capital da Coréia do Norte] poderá atingir os

Durante muitos anos, na. época da Guerra Fria, a imprensa mundial apresentava a então União Sovi ética como sendo a segunda potência mundial e uma grande ameaça nucl ear pa ra o Ocidente. Em conseqü ênc ia, muito d i nheiro e bens foram mandados para acalmar a fera. Quando em 1989 caiu a Cortino de Ferro, verificou -se que todo o suposto poderio soviético não era mais que um b lefe e o povo soviético estava passando fom e. No dia 4 de fevereiro último,

O curioso é que, até há alguns m eses, as notícias sobre o regime comunista da Coréia do Norte aludiam sobretudo à fome e miséria reinantes nesse país. O qu e estará ocorrendo, na realidad e? O que estará sendo preparado?

,,-, -

á

,.

Preso e amarrado num mourao est a v1t1ma.

O , d'

s m 10s, em

1

>,t

dança macabra da morte. Quando fecham o círculo, a ·. ~ vítima sente o tacape roçar sua cabeça. Quando o cír,1 .~,1 cul o se abre, ele suspira um pouco al iviado, mas no ' ¼ fundo sente que suas horas estão contadas. Essa imagem é bem adequada para explicar o cerco montado contra os proprietários rurais brasileiros por toda a sorte de "índios" esquerdi stas, especia lmente pelos militanLes inva- · sores do MST. No ano passado, o MST fecho u o cerco promovendo aques, invasões e mortes. Os fazendeiros ficaram temeroso. e um pouco reagiram. Neste ano, o MST começa promovendo o 1° Festival de Música, em Palmeira das Missões (RS). É um modo ele alargar um pouco o círculo em tomo de suas vítimas para ver se com isso conseguem captar alguma si mpatia. É a versão light do MST...

Não criti camos, ev identemente, os que uti I izam esses serv iços. O corre-corre do mundo moderno e a necess idade de economizar, muitas vezes obrigam a isso. nt1 camos, isLo sim, uma civilização que cria condi ções d' vid a tais '111 que es es serv iços se tornam imp 'rativos. aminhamos agora para outro absurdo : comidas por minuto . im , sur ,iu · m Tóquio nova moda : ·0111ida por rninuto . O íre-

A castidade além ele ser uma preciosa virtude, beneficia e promove a família, a dignidade do indivíduo, impede a gravidez fora cio matrimônio e diminui a possibilidade ele se contraírem enfermidades. Certamente o leitor imaginará que essa afirmação foi feita por algum Bispo já aposentado, super-conservador. Ledo engano. A asserção é ele Anclrew Daub, presidente cio grupo Why Life, em declarações à imprensa durante a /1 Semana Nacional da Castidade, que se realizou na capi tal norte-ameri cana entre 8 e 14 de fevereiro último. O principal obj etivo cio referid o congresso foi alertar os jovens sobre as vantagens ela prática da cas-

O co ntro le ele natalidade, o aborto e o fim cio matrimônio ameaçam de extinção o povo italiano. Segundo o anuári o ISTAT '98, no ano de 1996 houve um pequeno aumento ela população italiana, mas graças aos imi grantes e aos filhos ele estrangeiros nascidos na Ctáli a, pois o número ele mortos superou o ele italianos natos . Se tal situ ação perdu rar, dentro de mais alguns anos a Itál ia será dominada porestrangeiros.

Estados Unidos ".

Danç_a d~ mone e versao /1gthdo MST...

Em grandes restaurantes franceses a refeição costuma demorar duas horas e não menos. Não devido à moleza cios garçons, mas pela vari edade de pratos e bebidas servido . A lém disso, por causa ele um va li oso princípio: a comida é também pretexto para uma boa conversa. Hoj e proliferam por quase todo o Bras il as refeições por quil o. Não importa a qualid ade, va le quanto pesa.

Castidade: por que não?

Itália poderá perder identidade

Oenigmada Coréia do None

,,

\ \

~ I-·~;"li~~

~

\

,.

\.

~ I"' . " "'-· "'""'r ~

,

ti ~ ,

$

tidade, ou seja, a abstenção do uso do sexo antes cio casamento e ele

'i' ,

~':/ P

~~ ~

Jl~ ~) !-// , 1/ - - f

~ ,_, ~

j

~ /4~ t ~ 1

~

-

;. .

l

.

11V'

, i

ffi i \

guês entra, bate o cartão ele ponto e começa a co ntagem dos minutos. Não importa o quê, nem a quantidade. Apenas o tempo que os exec uti vos passam dentro do restaurante . Quanto menos ficar, menos paga! E is aí mais um indício ele que o mundo rea lmente se afasta de uma sã ci v ili zação. E quem se afasta ela civi lização, tem como outro polo a barbárie...

A notícia susc ita naturalmente uma reflexão: em vez ele uma associação desse gênero brotar, como seria lógico, nos arraiais católicos, tendo

. ,} ,

½U ~

aventuras extraconjuga is na v igêneia deste, ressaltou Daub.

)

em vista o que postul am o 6º e o 9° Mandamentos cio Decálogo, surgiu ela num ambiente laico ! E nasce a pergu nta: por que associações católi cas noite-americanas, impulsionadas por seus B i spos, não empunham essa bandeira da defesa da castidade verdadeira j óia do tesouro moral ela Igreja Católica - , e deixam tal pendão nas mãos pouco seguras de uma entidade de cunho laicista?

• • • • • • • • • •

• • • • • •

• • • • • • • •

• • •

• • • • •

• • • • •

• • • • • • •

• • •

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

BREVES RELIGIOSAS ■

Vaticano: nova condenação do homossexualismo Em 21 de janeiro último, João Paulo li voltou a condenar o "casamentd' homossexual: ''.A crônica quotidiana traz, infelizmente, amplas confirmações acerca dos miseráveis frutos que essas aberrações [uniões entre homossexuais] da norma divino-natural acabam por produzir''. É incompreensível que ainda se digam católicas , pessoas favoráveis a tais abominações, condenadas reiteradas vezes na Sagrada Escritura e pelo Magistério eclesiástico . ■

Na França, mais padres exorcistas Em 1975 não havia mais do que 15 padres exorcistas - nomeados pela Igreja em toda a França. Hoje, segundo o jornalista Hélio Hara, do diário carioca "O Globo", são mais de 120. Em boa hora vem esse aumento de exorcistas, pois nunca o demônio esteve tão presente nas atividades humanas quanto em nossos dias ... ■

Incêndio consome igreja barroca A mais bela igreja de Mariana (MG), a de Nossa Senhora do Carmo, em fase final de restauração, foi destruída por incêndio em 20 de janeiro último. Em menos de uma hora, o fogo consumiu a nave central, o forro, o telhado, dois altares laterais e o coro da igreja. Trata-se de uma verdadeira jóia da arquitetura barroca mineira, e portanto fruto da civilização cristã no Brasil. Esperemos seja plenamente restaurada.

eAToLIe Is

M

o

Março de 1999

1 1


S.O.S. FAMÍLIA

Autoridade do pai Santidade da mãe Deus determinou que os homens recebessem a existência uns dos outros e estabeleceu a dependência dos filhos em relação aos pais. Portanto, quis a autoridade do pai, sem a qual não se sustenta uma família, assim como sem a cabeça não se governa o corpo. Dizia Camões: "Um fraco rei faz fraca a forte gente". Parafraseando-o, podemos afirmar que um fraco pai faz fracos os filhos. E estes, por sua vez, não serão bons pais se não forem bons filhos.

'

autoridade paterna deve -s~ · são do admirável Papa São Pio X: somar a santidade materna. E "Omnia instaurare in Christo" (Restauo que Mons. Henri Delassus rar todas as co isas em Cristo). deixa claro em sua obra O espírito faÉ com esses conformes, e tendo miliar. Nesta edição, o te ma será a auem vi sta proporcionar a nossos leitotoridade do pai para a boa formação res uma visão do que seja a autorida família; na próxima edição, focalidade paterna numa sociedade catózaremos o papel da mãe virtuosa, que 1ica, que transcrevemos o texto de exerce uma singular influência sobre Mons. Delassus. os filhos, deixando marca indelével em * * * toda família . "A continu idade do lar e do livro de Fazemos notar, entretanto, que o família são, por assim dizer, apenas os Autor escreveu sua obra, na segunda sustentáculos exteriores da família. O metade do século XIX, para uma socieque constitui a alma e o princípio vital dade incomparavelmente mais conserdela são a autoridade do pai, a santidade vadora e preservada que a nossa. Em da mãe e o cu lto dos antepassados ....". outros termos uma sociedade na qual as características da Civi lização Cristã Autoridade do bom pai de familia: não se reduziam a meros vestígios imagem do Padre Eterno como sucede com a sociedade contemporânea . "A autoridade paterna era consideHoje, uma simp les restauração da rada uma essênc ia superior às outras, e autoridade paterna e m todo seu vipor isso era tão profundamente respeigor, des li gada de uma retada. Em Les Six Livres de la Républicristianização geral da sociedade, das que, Jean Bodin diz: 'O príncipe goverfamí li as e dos indivíduos, não reso l- na os súditos, o mestre os discípulos e o veria o conjunto dos problemas atuais. capitão seus soldados. Mas não há um Descemos tão baixo, que não basta só dentre esses a quem a natureza dá colocar uma ou outra estaca num algum poder de governa,; como o fa z ed ifício social que rui por todos os ao pai, que é a verdadeira imagem do lados . É preciso uma restauração togrande Deus soberano, pai universal de tal, seg undo o lema que figura no bratodas as coisas'.

A

12

CAT OLICISMO

.

Março de 1999

"Imagens de Deus sobre a terra, é propriamente a idéia que os filhos fazem de seus pais. Por toda parte encontramos pensamentos como este, de Etienne Pasquier: 'Devemos considerar nossos pais como deuses na terra, os quais nos são dados não apenas para nos transmitir a vida, mas para nos santificar por uma boa educação e sábia.formação'. "São Francisco de Sales, escrevendo a uma das suas sobrinhas, diz: 'Estais junto ao vosso pai, que admirais como uma imagem do Pai Eterno. É nesta qualidade que devemos honra e reverência àqueles dos quais Ele se serviu para nos dar a vida'. "Esse caráter tão religioso da autoridade inspirava o respeito e tornava fácil a obediência, estimulava o devotamento à família e mantinha a concórdia entre os filhos".

Pátrio poder: parcialmente abolido pela Revolução francesa "Abalada no século XVIII pela corrupção dos costumes, a autoridade paterna foi quase destruída pela Convenção. "A partir do momento em que tiveram em mãos o poder legis lativo, os homens imbuídos do espírito de Rousseau - que afirma ser o indivíduo, e não a família, a unidade social - apressaram-se em abolir o pátrio poder sobre os maiores de vinte e um anos e debilitálo em relação aos mais jovens .... "Se o socialismo assumir o poder, transformará em leis esses conceitos. Benoít Malon, no seu livro Le Socialisme lntégral, diz: 'O importante é abolir radicalmente a autoridade do pai e seu poder quase régio na.família. Com efeito, a igualdade só será perfeita com essa condição. Não são os filhos a mesma coisa que os pais ? Por que mandar neles? om que direito? Nada de obediência, do ·ontrário, nada de igualdade'".

Pai sem autoridade, subversão da estrutura familiar "O pai já se encontra, diante dos filhos, na situação do soberano impedido de reprimir a rebelião dos súditos. A literatura age no mesmo sentido que a lei, combatendo sem cessar a velhice e a idade madura por afirmações desmentidas pela razão. A própria escola, pelos conhecimentos que transmite na ordem das coisas materiais, persuade os filhos de que eles têm uma verdadeira superioridade sobre seus pais, que ignoram esses conhecimentos e os faz assumir um tipo de supremacia na família .... "Todos deploram hoje a ruptura dos vínculos familiares e seus resultados, que são: desaparecimento do respeito e da obediência nos jovens, sua emancipação e, como conseqüência, uma corrupção extrema dos costumes privados e públicos. Enfim, a decadência da raça e da sociedade posta em perigo. Nas classes inferiores o mal revela-se mediante o cinismo .... Quanto se agravou o mal na última metade do século! Nas classes superiores guardam-se mais as aparências, mas a realidade não é melhor. Fortalecida por seu direito à herança, a juventude revolta-se freqüentemente contra a disciplina do lar. Ela pretende gozar, no ócio e na devassidão, a riqueza criada pelo trabalho dos antepassados".

Famílias: modeladas pela autoridade paterna "É supremamente urgente, portanto, restaurar a autoridade paterna. Nenhuma tem títulos mais legítimos, nenhuma é mais necessária. · "O poder paterno é aquele que, na ordem natural, oferece no mais alto grau as características de uma instituição divina. Ele está acima do poder do soberano, cujo papel se limita a dirigir uma sociedade sobre a qual não pode reivindicar direitos baseados na natureza. Pelo contrário, a autoridade atribuída ao pai é uma conseqüência legítima dessa dignidade natural, que é de continuar a obra da criação, reproduzindo seres que têm o sentimento da ordem moral, e que podem ser elevados ao conhecimento e ao amor de Deus. "Revestida de uma legitimidade tão alta, esta autoridade se impõe pela ne-

Reunião da Convenção, durante a Revolução Francesa: o pátrio poder desde então passou a sofrer uma erosão

cessidade de assegurar a existência da mulher e dos filhos, incapazes de subsistir por si mesmos. Ela se impõe ao amor paterno, a mais durável e menos egoísta das afeições humanas, porque o pai sente bem que, sem ela, lhe é impossível educar filhos que trazem no coração o pecado original. Ela se impõe, além disso, pelo serviço que presta à sociedade, recolhendo e transmitindo pela educação o tesouro de verdades morais e experiências acumu ladas pelos séculos. Desta forma, a autoridade paterna sempre foi considerada - exceto entre nós atualmente - como uma das bases da ordem social, necessária a todas as raças e a todos _os tempos, como um dos elementos invariáveis da constituição social. "Charles de Ribbe afirmou sobre Le Play* que, de tudo o que ele auscultou no corpo social, de todas as análises que fez dos diversos elementos que constituem a sociedade, saltou a seus olhos, como conclusão absolutamente demonse

A

trada pela experiência, que se as sociedades refletem a imagem das famílias que as compõem, as famílias são o que a autoridade paterna faz delas. 'Devolvendo ao pai sua autoridade, restauraremos o ministro de Deus na ordem temporal. Quanto mais avançarmos nessas análises, mais constataremos que é necessário dar à família sua autonomia. Evidentemente só constituiremos hoje maus governos, com homens entregues ao erro. Neste estado de erro profundo, nossa salvação só pode vir da única autoridade que, em virtude da lei natural, permanece devotada a seus subordinados. A autoridade paterna cumprirá aquilo que_ é superior às forças de toda autoridade pública"'. ♦

*

Frédéric Le Play, pesqui sador social francês do século passado, que analisou espec ialmente a in stituição da família. (Mgr Henri De lassus, L' Esprit Familiai dans la Maison, dans la Cité et dans l 'État, Société Saint-Augustin , Desc lée, De Brouwer, Lille, 1910, pp. 158 a 165) .

To LI e I s Mo

Março de 1999

13


NACIONAL

INTERNACIONAL crescimento su tentado , sem antes eliminar o déficit público. Quai squer outras medidas constituem paliativos que só geram desânimo, desconfiança e confusão.

Crise econômica brasileira: 66

Tudo como dantes no quartel de Abrantes" ... CARLOS PATRTCTO DEL CAMPO

Enquanto o Estado não diminuir seus gastos, nada se resolve

D

EPOIS DE TRÊS ANOS de estabilidade, o monstro da infl ação volta a ameaçar o País com todas suas conseqüências socia is e econômicas. Como entender esse ameaçador retorno? É simples: tal monstro nunca morreu. De fato, o Plano Real - que, em tese, foi muito bem concebido-em sua aplicação prática não o foi. E le anestesiou o monstro, mas não o matou. Por quê? Porque a verdadeira causa da inflação ficou intocada. A anestesia aplicada pelo Plano Real teve três componentes: desindexação, abertura econômica e câmbio fixo. Com esse tratamento, o monstro dormiu à espera da aplicação de uma injeção leta l: a reforma fiscal , para acabar com o déficit publico. Esta injeção letal não foi aplicada e o efeito da anestesia começou a passar. Agora vemos o monstro levantar-se e começar novamente a ameaçar o País.

por parte da população nacional (dívida interna) ou da população estrangeira (dívida externa). Na prática, é uma mistura de todos esses ingred ientes. No caso concreto do Brasil, o único ingrediente que não foi usado foi o segundo, ou seja, uma diminuição das despesas públicas. As despesas cio Estado (a soma dos gastos em suas três instâncias, federal, estadual e municipal ) não deixou de crescer insaciavelmente e em total desproporção com os fortes aumentos dos impostos que têm ocorrido no decurso do tempo. A conseqüência natural desse desatino é um aumento explosivo das dívidas interna e externa, o que, por sua vez, tem aumentado as despesas públicas, pela necess idade de se dispor de recursos cada vez maiores a fim de pagar os juros de tal dívida. É um verdadeiro círculo vicioso. Mediante diversos mecanismos financeiros, esses aumentos da dívida interna e externa terminam por acrescer a Déficit público e inflação quantidade de dinheiro na economia, É fáci I entender por que o déficit incrementando a demanda de público termina por gerar inflação. beris e serviços em desproporção O déficit público - como o próprio à oferta nacional. nome indica - produz-se quando os . No caso de uma economia gastos do Governo (a soma dos gastos fechada - como era, grosso modo , ·a dos governos federal , estaduais e municipais) é superior ao valor dos impostos brasileira antes recolhidos. do Plano Real Como é obvio, ele alguma parte tem - tal desequilíque provir o dinheiro para cobrir tal dibrio gera um auferença. De um aumento dos impostos, mento imediato de uma diminuição elas despesas, de um nos preços. aumento na produção, de dinheiro obtiNo caso de uma ecodo pelo Banco Central, do empréstimo nomia aberta e especia l14

CAT O LICISMO

Março de • 1999

mente com um câmbio fixo, esse desequilíbrio produz um déficit crescente na balança de pagamentos do País, incrementando a oferta de produtos e serviços e evitando, assim, um aumento nos preços internos. Mas isto pressiona as reservas em moeda estrangeira, obri gando a um aumento da dívida externa para captar novos recursos.

Crise na balança de pagamentos Se, por qualquer razão, a capacidade de end ividamento vê-se diminuída, nesse mesmo momento gera-se uma crise na balança de pagamentos, esgotando-se rapidamente as reservas internacionais. Tal fenômeno causa uma presão insustentável sobre o câmb io, provocando um ajuste em seu preço e, como conseqüência, uma volta inevi tável da inflação. Dependendo das medidas que tomem as autoridades econômicas e da reação dos agentes econômicos, esse aumento nos preços pode processarse num único salto, para depois contin uar no mesmo nível anterior à desvalorização; ou pode ser o início de um au mento crôn ico nos preços , característico do processo inflacionário. O vilão da história é o déficit público. Nada de sério pod e se r proposto para estabilizar a economia cio Brasil e obter as condições para um

Bode expiatório

da esquerda: o neoliberalismo Confusão típica cons iste e m at ri buir a cr ise ao neoliberalismo - entendido aqui como um modelo econômico baseado no livre mercado e na iniciativa privada - , como o fazem os corifeus ela esquerda. Atitude demagógica e irresponsável , pois sabese que um dos pressupostos de qual quer economia de mercado verdadeira é o equilíbrio fiscal. Chamar o modelo econôm ico brasileiro de neoli beral no sentido aqui empregado é um autêntico eufemismo . Os verdadeiros responsávei s pela situação por que passa a economia brasileira são aqueles que, dos mai s variados lugares do panorama nacional , têm-se oposto aos cortes nos gastos públicos. Destacam-se entre eles exatamente os políticos de esquerda, que têm feito uma oposição sistemática a qualquer iniciativa apresentada para diminuir as despesas do Estado. Ne sse mesmo se ntido, chama a atenção o fato de o próprio Governo federal vir-se mostrando contraditório e m suas intenções de cortar o gasto público. Basta observar o volume ele recursos que e le tem destinado para a Reforma Agrária. Segundo o Ministro Jungmann , "enlre 1964 e 1994, a re-

forma agrária gastou 3,9 bilhões de dólares. Nesle governo, eu cheguei a 7 bilhões" ("Diário ele Pernambuco", 1 11-99). Verba totalmente despe rdiçada, pois em sua grande parte é um dinheiro aplicado a fundo perdido e sem retorno, que só favorece a fave/ização do meio rural. As graves dificuldades que afligem o Brasil no decorrer do presente ano sirvam de lição para que, de uma vez por todas, o Estado brasileiro deixe de ser uma carga para o País e permita que a iniciativa privada, com seu empuxe característico, leve a Nação aos patamares de desenvolvimento para os quai s a Providência Div ina a chamou. ♦

Colômbia 1

'A guerrilha pode ser enfrentada e vencida'' Vizinha do Bras il , a Co lômb ia, país com território de quase 1.200.000 km 2 , sofre há mais de 30 anos a agressão brutal de uma guerrilha comunista. Vinte mi l homens armados agem em 80% de seus Departamentos (circunscrições políticas e administrativas seme lhantes aos Estados brasileiros) . Procuram impor a uma pacífica população de quase 40 milhões de almas, maciçamente cató lica, um programa de reformas de cunho igualitário e marxista. Como exp licar este fato: uma guerLuís Guillermo Arroyave rilha comunista que se expande e força negociações, após o desmoronamento do comunismo na ex-URSS? A respeito desse tema procuramos colher informações seguras, que figuram num exame penetrante da questão efetuado por a lguém que conhece bem a situação: Luis Gui ll ermo Arroyave, observador objetivo e bom analista político, que concedeu a Catolicismo a entrevista abaixo. Nascido em Medellin, a capital indu stria l da Colômbia, o entrevistado, de 41 anos, vive no Brasil desde 1984, tendo se estabe lecido em São Paulo como artista gráfico talentoso . Ele é ainda consu ltor gráfico de editoras. Suas freqüentes viagens, na Colômbia e seus estudos sobre aquele país irmão credenciam-no de modo particu lar para falar sobre a situa ção ali reinante. Luís Guillermo foi entrevistado na redação de Catolicismo, na capital paulista. Embora respondendo com amabilidade às questões que lhe iam sendo propostas, não sorriu uma única vez. Percebe-se que os acontecimentos de sua pátria o marcaram a fundo.

Catolicismo - Sr. Luís G uillermo, o governo colombiano iniciou novas tratativas de paz com a guerrilha, pouco tempo após a posse do Presidente Anclrés Pastrana. Isso tem dado margem a controvérsias. Como o Sr. vê tais negociações?

Sr. Luís Guillermo Arroyave Como condição prévia para o início elas conversações; a guerrilha exigiu a entrega de um território de 42.000 km2, quase o tamanho cio Estado cio Rio de Janeiro. É bom ter isso em vista. Reclama ela ai nela a troca cios guerrilheiros presos por policiais e militares, os quai s são continuamente seqüestrados pela guerrilha. Diante ele

condições desse tipo, receio n1uito que as tratativas não constituam uma porta que se abre em vista de uma solução, mas term inem numa capitulação ruinosa. Nestes 35 anos, por causa ela utopia assassi na que move as guerri lhas, meu país perdeu dezenas ele milhares de vidas preciosas, sobretudo pessoas de condição humi Ide, so ldados e policia is . Fam ílias sem conta padecem sofrimentos indi zíveis e vem ocorrendo um sem-número de dramas pessoais pungentes. O país perdeu bilhões de dólares e anos de progresso se exauriram. As cidades estão inchando ainda

eATo LIe Is

M

o

Março de t 999

15


percebam tal fato. Trágico é que seja um show criminoso, mortífero e destruidor.

Guerrillas de las -Farc: un con.trapoder en Colombia Guerilleros

Catolicismo - Show? Em que sentido? L. G. Arroyave - Em primeiro lugar, pretendem os guerrilheiros ter apoio popular. Isto não é verdade. O povo tem horror a eles. Basta ouvir as conversas nas ruas, nos bares e no interior das casas de família. Em segundo lugar, querem fazer passar a imagem de gente idealista. No entanto, entre eles não há idealismo autêntico, o que existe é outra coisa: utopismo fanático . A guerrilha nasce da propaganda comunista e recruta a maioria de seus participantes mediante o emprego de métodos intimidatórios nas populações camponesas. Vive hoje especialmente do dinheiro do narcotráfico, além dos resgates obtidos de seqüestros, de extorsões e chantagem. É uma aliança do crime com a revolução social.

Habitantes do Município de São Carlos (Antioquia) enterram seus mortos, após mais um ataque guerrilheiro contra a população civil. O medo levou mais de 200.000 pessoas a abandonar seus lares e buscar refúgio nas grandes cidades.

16

•• mais, devido ao afluxo de gente desesperada e • sem recursos. É um êxodo rural provocado pela • intranqüilidade nas regiões convulsionadas pela guerrilha. Para se ter uma idéia, só em 1998 • houve 2216 seqüestrados, 149 massacres, mais • de 200.000 pessoas migraram em decorrência • da situação. É um balanço impressionante. A • guerri lh a está causando toda essa tragédia. É • terrível!

• Catolicismo - Sendo assim, em que condições • se poderia se estabelecer a paz? L. G. Arroyave - A nação colombiana não pode ceder à chantagem comunista. Seria sua • derrota. Para isso, de início, todos precisamos ter a noção clara de que a guerrilha não tem a força que se propaga. Ela pode perfeitamente • ser enfrentada e vencida. Veja, por exemplo, sua posição em face das eleições: ela sempre fugiu do teste das urnas. Por quê? Ela teme mais o voto do que o fuzi l. A guerrilha é sobretudo um grande show publicitário. É preciso que todos

CAT O L ICIS MO

Março de 1999

Catolicismo - Mas como, então, se poderia consegu ir a paz? L. G. Arroyave - Como? Volto ao ponto capital: informar e esclarecer é de fundamental importância. O povo está pouco informado, há muita confusão a respeito. De momento, parece-me que está fazendo falta no país uma grande campanha de esclarecimento sobre os verdadeiros objetivos das ações guerri lheiras. Ostentar também perante o público seus atos, nos quais usam de crueldade e mostram total falta de escrúpu los. E ainda descrever as várias táticas de guerra psicológica revolucionária que os guerrilheiros estão usando para dominar os espíritos. Dominar, no caso, pode ser convencer, mas pode ser também intimidar, adormecer, desinteressar, atrair. E a guerri lha não só intimida. Utiliza recursos para desarmar resistências e atrair simpatias. Essa campanha de esclarecimento precisaria ser muito ampla, congregar os mais variados setores e, finalmente, repercutir no Exterior. Seria o primeiro passo rumo a uma paz verdadeira. Depois, viriam outros . Catolicismo - O Sr. poderia explicar um pouco mais esse ponto? L. G. Arroyave - A guerrilha chantageia: ou se aceita o que ela quer, ou ela continua jogando bombas, seqüestrando e matando. Se o adversário aceita suas condições, ela mostra sua face falsamente simpática: guerrilheiras bem apresentadas, guerrilheiros cu idando de crianças, repressão a pequeno crimes nas zonas subjugadas por ela. Coisas assim. E isso não pode ser. É preciso recusar tal chantagem.

Frentes

Un crecimiento vertiginoso de sus fuerzas

V' 11.000

"·"u•~--l

9.000

73 frentes

90

70

7.000 "

Fundador y jefe máximo de las Farc

1.000

J..Ll.l UJJJ lllJ

1964 66

68

70- 72

74 76 78

1O 80 82

64

86 88

90 92

94

g) Nombre: Pedro Antonio Marin

g) Alias: nrofijo, Manuel Marulanda

961997

~ Nacimiento: 13 de mayo de 1930

en Génova (Quindio)

Zona de acción dei Bloque Sur Los frentes dei Bloque Sur

Fuerzas Especiales de las Farc Teofilo Forero Amazonas Fuente: Ejórdlo, Alto Comlslonado para la Paz

Catolicismo - Quais seriam os outros efeitos da ação guerrilheira? L. G. Arroyave - Falo sobre um, muito importante. Hoje está se difundindo no público urna posição perigosa. Muitos se sentem desorientados, sem rumo. E firma-se a impressão de que já não adianta resistir, com o conseqüente desejo de abandonar o país e refazer a vida noutro lug a r. É urna sensação estranha: a tranqüilidade da vida diária nas grandes cidades convive com o medo; e a normalidade das ativ idades com o receio de se cair em um dos vários tentácu los da g uerrilha: extorsão, seqüestro, assassinato. E isso, sem que tenha aparecido urna solução eficaz, durante tanto tempo. Veja, meu caro, são mais de 30 anos de bárbara agressão. O que virá depois, se continuarmos no mesmo rumo? A crença artificial de que a Colômbia não é viável? Volto ao ponto de partida: é necessário uma grande campanha de esclarecimento. Pois se a guerrilha é um show publicitário, nossa primeira preocupação deve consistir e m cortar a comunicação entre o palco e os assistentes. Isolá-la do público. Depois, numa segunda etapa, as forças vivas da Nação trabalhariam para, juntas, encontrarem a saída. E is aí, em algumas palavras, minha convicção.

Catolicismo - Agradecemos-lhe a interessan- • O jornal "EI Colomte entrevista concedida à nossa revista. Ela foi • biano" publicou em muito elucidativa para o público brasileiro. 7-1-99 o quadro L. G. Arroyave - Envio meus cumprimen- acima que mostra o tos cordiais a todos os assinantes e leitores de crescimento das Catolicismo . ♦ FARC nos últimos anos. Décadas de • omissão por parte das autoridades ' • permitiram a saída • da guerrilha do • fundo da selva para a periferia das • grandes cidades.

• : • : •

• • • •

e ATo L Ie Is

M

o

Na foto à esquerda, publicada no diário "EI Tiempo" de Bogotá (10-1-99), mais de 3 mil guerrilheiros fortemente armados vigiam ... as conversações de paz realizadas na cidade de São Vicente dei Caguán

Março de t 999

17


REI NALDO

Ao pensar na vida desalões no Brasil de outrora, especialmente o Salão de Cotegipe, devemos nos reportar a um como que mundo de fadas, onde há um cintilar constante de luzes esparsas, não físicas, mas que tudo iluminavam com especial colorido, maravilhoso e impalpável

Com tanta graça e espírito discorre, Wanderley P inho, sobre a vida de salões no Bras il do Segundo Reinado, a um tempo com leveza e profundidade, que nos parece melhor deixá-lo falar: "Tudo é uma ginástica do espírito em que se conferem opiniões, e as inteli gências mais se entretêm do que demonstram; colhem e não impõem ; menos afirmam do que levam outras a confessar; mais aprendem que ensinam .... "Entes há que pela sua só presença parecem chispa r magnetismo e comu nicar vivac idade e clarividência. Junto de certos causeurs (conversadores) quantas vezes nos s ur preendemos de agudezas que no s

e A To LI e IS Mo

MOTA

JR.

inexplicavelmente! ... Aproximar os que têm este dom, dos saturados de estudo, dos fatigados de iso lamento sil encioso ou das lutas a que a vida obriga, é talvez clarear veredas onde eles antes tateavam . Quanto pensamento, poesia , romance, ensaio não nasceu dessas centelhas que a meditação profunda não desperta às vezes nos mais brilhantes talentos?! .. . "Na biblioteca alarga-se o mundo da observação e ela dedução; nos sa lões o ar está impregnado ele intuição. Esse adivinhar do espírito carece ele estim ulantes que a convivência artisticamente d isciplinada serve em momentos de leve embriaguez espiritua l".

O salão Barão de Cotegipe Na descri ç ão cio s al ã o de Coteg ipe, no Rio ele Janeiro, e ncontramos a concret izaç ão arquelípica, em termos de Brasil , desse lu sco-fusco de maravilhoso e elevação ele espírito, que as palavras iniciais cio au to r nos despertaram o interesse e a curiosidade de conhecer. O sa lão ele Cotegipe, nos seus me lhore s a s pecto s , pode ser comparado a um sal ão e urope u da mesma época, com a pecu1i ariclade el e manife star uma nota brasi leira inconfundíve l, que o tornava especia lmente atraente para os estrangeiros que nos vis itavam . Novamente Wancl e rl ey Pinho abrir-nos-á as portas do referido salão, que ilu strou a última fase da monarquia ( 1876 a 1889): "Após o jantar, quando as noites eram quentes, bati am- se cm mesas no terraço, pa r-

. rraria quem considerasse mera futilidade de esp írito os ambientes aristocráticos que se for·am nos salões no Bras il do sécul o XIX. A exemp lo do que ocorrera na França, embora com menor saliência, e les tiveram importante papel na fo rmação soc ial da Nação , como e lemento fundamental da vida intelectual , ao lado do estudo, do trabalho e da luta. Se hoj e em di a tanta falta fazem ao nosso querido Brasil manifestações autênticas de arte - apesar de sermos um povo muito aberto às e levações do espírito - isso se deve em boa medida ao vácuo deixado pela ausência de ambientes verdadeiramente requintados, como eram os sa lões. E entre as artes, uma há que a telev isão matou de modo ignóbi l: a de conversar. 18

F.

.

Março de 1999

ceiros ele voltarete: Adolfo Lisboa, par de valsa da Princesa e da Viscondessa de Cavalcanti , Peçanha el a S ilva, o Conde de Figueiredo, Miranda Castro, Barce lo s, Luís A lv ares de Azevedo Macedo .. . "E todas as sa las se abriam para as rece pções que altern ava m, sempre às quintas-feiras: de dança e mú sica; poesia, música e palestra .... "O Visconde de Taunay, e m no ites de maior intimidade, preludiava umas miniaturas musicais de sua compos ição, alg um as mesmo improvi sadas no momento .. .. "S inhazinha Barros Barreto faz ia-se rogar, mas domjnava, segura, o teclado. Itiberê da Cunha e o co mpositor Cardoso de Meneses dedilhavam músicas de sua autoria; e os vio linos de White e Kinsman Benjamin espa lh ava m, por aq uelas sa las, dolentes ge midos na Pensée Fug itive de Papini , ou no Scherzo de Hauser...

Ambiente de cordialidade e espírito "E lá iam ex ibir-se, levados pelos ministros de seus países, numa como apresentação à sociedade, artistas estrangeiros que visitavam o Rio: o violoncelista Bottes ini e Lebano .... "O recitati vo andava em voga; Ciro de Azevedo declamava a 'Judia' ou uma das estrofes de 'D. Jaime '; Vila da Barra dizia co m modéstia sonetos e quadras e trechos da Divina Comédia por ele trad uzidos. O uviam-se estrofes de Castro Alves, Go nçalves Crespo, Machado de Assis, Gonçalves Dias, João de Lemos, Garrett. .. "Aq uela s recepções fa iscavam de espírito . Madame Amelot s uste ntava uma palestra com graça parisiense; a Baro nesa de Canindé, se às vezes afetava na expressão, ilustrava a conversa com a notícia das últimas produções literári as nacio na is ou de França; Sinhazinh a Barros Barreto c hi ava ro mpantes gaiatos ... "Discorria-se tanto de ass untos universais, europeLJs, como dos fatos da crônica nacional.... "Em me io a um a contradança o u uma palestra, entre um lance de jogo ou marca de quadrilha, desdobrava-se a

amabilidade de Coteg ipe , ajudado de suas duas filhas, herdeiras em bons quinhões do espírito paterno. "Possuíam elas qualidades para essa mundana missão. À lhaneza baiana simples e quase terna mas dosada do instinto de hi erarq ui a, da proporção, da conveniência, da distância - essa maneira que era apa nágio das altas camadas daquela província - aliavam ambas um moderado formalismo bebido nos 'dont ' britânicos, quebrada a rigidez de suas maiores severidades ....

Cultivo do bom gosto e da arte da conversa "Des li zavam por aq ue las sa las os Amelot du C hai llou, de boa fidalguia de França, a ministra de uma anti ga fa míli a da Bretanha, destemida amazo na, Marie Lakoma. "Os Wyndham - de Inglaterra ali ando a uma grande distinção a si ngularidade de M rs. Wyndham falar o fran cês como uma parisiense .... "D istinto como um gentleman, outro ministro português - Anton io Tovar de Lemos - lembrava um seu predecessor, Matias de Carva lho, tão íntimo de Coteg ipe que lhe dera um filho a batizar. "Ali iam os Ba rões von Sc hre iner e os A Iv is vo n Schill er, d' Áustria, e a inda o utros i Iustres personagens de Portugal, Espanha, Itália, Argentin a, Ur ugua i... "Tantos conv ivas estrangeiros em festas e banquetes naquela casa não conseguiram dar-lhe ao ambiente o tom co nvenc ional e monótono da roda diplomática; e les , sim , é que se afeiçoavam ao caráter brasileiro que se impunha na distinção desafetada e na singeleza do co nvívi o aristocrático e íntimo ao mesmo tempo. "Nossas boas e simples tradições não eram esq uecidas. Se, a lém das quintasfeiras, aquelas salas s.e abriam em recepções maiores, bailes ou banquetes a mi nistros e diplomatas que partiam ou chegavam , a comandantes de navios de guerra estrangeiros, a 23 de outubro (ani versário de Cotegipe), ou a 20 de agosto (data da ascensão do ministério que presidia), não falhava a festa de São João quando, no jardim, ardia a fog ueira para

Barão de Cotegipe - Pintura de E. Müller, Bahia, 1857

assar o milho e o cará, o aip im e a batata comidos à ceia com a baiana canjica tradicional. "O Barão ele Cotegipe sabia o va lor ele suas recepções e delas era muito cioso. Certa vez esteve a pique ele, como Presidente do Conselho, deixar de ir a um baile do Cassino, a despeito de lá comparecer o Imperador, porque fora marcado para uma quinta-feira, levando à conta de uma desatenção a coincidência. "É que tanto era ele político, chefe de partido e parlamentar, como mundano. E não julgava as suas qualidades de homem de sociedade menores que as de inteli gência, combate e mando, que tanto exaltavam sua fama . "E com isso mostrava-se homem de ♦ es pírito." (Wanderlei Pinh o, Salões e Damas do Segundo Reinado, Livraria Mart in s Ed it ora, Ri o de Jan eiro, pp. 7, LO , 11 , 159 a 173).

C AT O L IC IS MO

Março de 1999

19


DISCERNINDO, DISTINGUINDO, CLASSIFICANDO...

Opúsculo esclarecedor reverte situação C.A.

Invasão de casas de pequenos agricultores efetuada por índios, em Bons1:1cesso (Santa Catarina}, é denunciada em folheto difundido pela TFP AGRICULTOR Luiz Carlos Orsi e sua e posa nasceram e cresceram em terras que já pertenciam a seus avós, na localidade de Bonsucesso, situada entre os municípios de ltaiópolis e Doutor Pedrinho, em Santa Catarina. Agora, temem perder tudo, após árduo trabalho na lavo ura. A dona-de-casa Geraldina Castilho desespera-se e chora: "Minha família não tem para onde ir". Os índios, porém, não se sensibili zam com os probl emas dos colonos e di ze m que as terras lhes pertencem.

º

oo rnln iquc pfcrrc fago

INVASÕES iNDIOS: AS BRASILEIRO O DIREITO TE pERAN

E 1GENISTA A auesTAO IN~RIMóRDIOS oesoE os seus

20

C ATOL ICISMO

Março de

Uma das ramificações da campanha que vem se desenvolvendo no Brasil contra o direito de propri edade diz respeito ao favorec imento escandaloso de invasões praticadas por índi os. Seguindo o exemplo do que fi zeram pelo bem dos silvícolas o Bem-aventurado Anchieta, o Pe.Manoel da Nóbrega e tantos outros, também nós desejamos ajudar os atuais indígenas, no mesmo sentido da atuação daqueles abnegados mi ssion ári os. Mas, a verdadeira consideração que temos pelos indígenas, não nos deve fazer olvidar a rea lidade do que está se passando, em que freqüentemente eles são manipul ados co m fins subversivos. E mbora contrárias à mora l cristã, tai s invasões gozam, não raro, até de poderosos apoios eclesiásticos. Além disso, é claro, há o intuito de gerar em nosso territóri o enclaves nos quais a sobera ni a nacional seria, no mínimo, erod ida. "Não se pode fa zer nada contra aviolência dos índios"; "eles não têm responsabilidade perante a lei". Essas e outras frases do gênero corriam entre os assustados agricultores da localidade de Bonsucesso, vítimas das invasões e depredações levadas a cabo pelos indígenas xoklengs da reserva Duque de Caxias. Pouco depois, porém, circ ul ava entre os habitantes locais e nos muni cíp ios adjacentes um interessante folheto intitu lado: Índios: as invasões perante o direito brasileiro, que a TFP se encarregou de divulgar. O texto - de autoria de Dominique Pierre Faga, proprietário de terra e m Itaiópolis (SC) e diretor da Editora Diário das Leis, de São Paul o - desfaz esses eq uívocos e demonstra que os legítimos proprietários têm pleno direito de se opor a essas depredações *.

i 999

O folheto teve o dom de restaurar o ânimo aos assustados proprietários rurais de Bonsucesso, que passaram a reivindicar seus direitos com especial cuidado. A partir de então, o clima psicológico na região mudou para melhor e os índios acabaram sendo despejados por ordens judiciais, com desafogo geral da população. Porém, os problemas ainda não estão resolvidos. Os infelizes colonos, atemorizados, têm-se recusado a voltar a suas casas enquanto houver um só indígena em Bonsucesso. Os xoklengs continuam ameaçadoramente a viver em barracos nas proximidades das propriedades das quais foram retirados. Os agricultores de ltaiópolis e Doutor Pedrinho já realizaram uma manifestação em frente à Prefeitura e ao Fórum de Itaiópolis, solicitando ação imediata por parte das autoridades. Uma das faixas dizia: "A incompetência da FUNAI deixou nossas famílias sem casas, sem emprego e com fome". Um abaixo-assinado com mais de 1.100 assinaturas pede a retirada dos silvícol as do local e a volta das famílias desalojadas. O Prefeito de Doutor Pedrinho declarou: "Há quase 20 anos, quando instituíram a reserva Duque de Caxias, os índios retiraram toda a madeira de lei da região, venderam. tudo, enriqueceram e depois gastaram tudo. Hoje a mesma situação está se repetindo em Bonsucesso" (cfr. "A Notícia", Joinville 17-10-98). O bo m resultado alcançado pela oportuna divulgação feita pela TFP em Bonsucesso e cercani as - explicando a verdadeira situação das invasões perante a leg islação - importa numa lição: quando se age com determinação e inteligência, dentro da lei, é possível reverter situações até bastante adver as. ♦

*

Os interessados crn adquirir o fo lheto podem pedi - lo ao " Diário das Leis", rua Bocaina, 54 - CEP 050 13-90 1 - São Paulo, SP - Tcl : (0 11 ) 263 -3 155


sócio-econômicas, que opet:psse na vida cotidiana, nos costumes, nas mentalidaeles, nos modos de ser, •de sentir e de viver. É a chamada ' revolução cultural ' . "Consideram eles que esta revolução, preponderantemente psicológica e tendencial, é uma etapa indispensável para se chegar à mudança de mentalidade que tornaria possível a implantação da utopia igualitária, pois, sem tal preparação, a tramformação revolucionária e as conseqüentes ' mudanças de estrutura' tornar-se-iam ef êmeras" 1• Tal revolução, e mbora tenha evidentemente seus teóricos , não é constituída sobretudo pela formulação e difusão, pelos g randes meios de propaga nda, d e conceitos e de doutrinas e laborados . Vi sa e la uma transformação paulatina nos hábitos, costumes e modos de ser e de viver na vida cotidi ana de cada um de nós . E o ambiente próprio para o seu desenrolar é uma despreocupação otim ista, be m como o incentivo aos aspectos festivos da existência, paralelamente a um des inte resse pe los gra ndes temas que di zem respe ito aos destinos da Nação e do mundo. E nfim , um amb ie nte em que a e rosão das ideolog ias leva à tota l ausênc ia de polê mjca e ao re lativismo. Por estas razões, é uma revo lução des perce bida e tranqüil a, e no serdespe rcebida e tranqüila está prec isame nte a nota tôn ica da mudança de me ntalidades que nos propomos tratar neste arti go. Todo esse camjnhar imperceptíve l da Revolução Cultural nos diversos países onde e la o pe ra tem como conseqüênc ia o afastamento da verdadeira Fé cató lica e a destru ição dos restos de moral , de cu ltura e de hábitos de vida herdados da C ivilização C ristã. Por certo, esta rápida aprec iação sobre a realidade brasile ira contemporânea parece ao mesmo tempo verídica, mas · pouco palpável. A enumeração de diversos aspectos dessa neo- revolução e de fatos que a ilustram , ajudar- nos-ão a compreender melhor a rea lid ade que descrevemos.

Proliferação da droga e estabelecimento de Estado paralelo

plicável, tem causas bem. precisas: a educação permissiva, a omissão dafa mília e o mercantilismo aético do show

O consumo das drogas é cada vez ma ior, inc lusive e ntre os estudantes. Estão aí para atestá-lo inúmeros dados fornec idos pe las autoridades. Segundo a rev ista "Isto é", "a Polí-

business" 3 . Contraditoriamente a esta progressiva libe rali zação do uso ele drogas, o brasi le iro presencia o Estado empree nder uma luta contra o tráfico. Luta que, por um lado, obtém determinados êxitos e, por outro, dá cada vez mai s a impressão de luta perdida. O Estado aparece assim, uma vez mais, impotente, o que tende a paralisar aq ue les que manifestam certo desejo de reação. O "Jornal do Brasi l", e m maté ria intitul ada A ousadia do crime organizado, comenta:

cia Federal acaba de concluir um levantamento sobre apreensões de drogas no Brasil. Nada animador. As chamadas drogas pesadas alastraram-se assustadoramente em 1998 em relação ao ano anterio1: Exemplo: as apreensões de psicotrópicos (causam.graves perturbações psíqui cas) aum entaram. 2.223% nesse período" 2 . Essa proliferação do uso das drogas tem levado, por sua vez, a que muitas vozes autorizadas proponham até a despenalização de a lg uns tipos de drogas. Deste modo, o brasileiro vai se habituando a que a conduta viciosa invada furtiva me nte a vicia cotidiana. Conduta qu e traz cons igo, inev itave lm e nte, a de linqüê nc ia .

"Os j ovens que se organizam. em gangues para brigar em f estas, shows e ruas de Brasília, invariavelmente, estão drogados", informo u a promotora da Vara ela Infância e da Juve ntude, Se ima Sauderbronn.

"A violência ju venil, surpreendentemente gratuita e aparentemente inex-

Estrada Sílvio Tibiriçá, na favela Buriti-Congonhas, subúrbio do Rio; duas manilhas foram cobertas de cimento pelos traficantes para impedir o acesso de carros

22

e A To LI e I s Mo

Março de ' 1999

"A ousadia demonstrada pelos trqficantes do Rio dá a proporção do poder paralelo instituído por eles, mesmo em bairros aristocráticos da Zona Sul. .... "Em janeiro, traficantes do Morro do Cantagalo, ... . proibiram moradores .... em /panem.a, de deixar a polícia entrar em seus apartamentos.para observar o movimento no morro. Em. março, o coronel Jorge da Silva descobriu um decálogo de normas implantado pelas 'autoridades' do morro, que determinava regulamentos com.o as leis do Silêncio e do Recolhimento, além de punições para os moradores da região . .... "Nem os hospitais são perdoados pelo tráfico. Em julho, a polícia teve de reforçar a segurança do Hospital

Violência no Rio: corpo do empresário José Alfredo Gomes (coberto com plástico preto), morto com tiro no peito na rua do Catete por um ladrão, em 4 de fevereiro último

So uza Aguia,; no Ce ntro, pa ra evitar a invasão de traficantes para resgatar Leandro Sacramen to dos Sa ntos, o Bo mbinha "

4.

Insegurança e paralisia diante do crime

1

Outro te ma que a toda hora nos bate à porta é a violência e o c resc ime nto do crime. Como veremos, tal violê nci a é também e la fator essencia l dos mecanismos da Revolução Cultural para e mpreender a mudança gradua l das me ntal idades. É e le me ntar, qualque r bras il e iro o sabe, que o Estado lhe deve proporcionar a segurança. Entretanto, e apesar dos esforços meritóri os das forças da ordem, o crime vai se tornando avassa lador. Para a transformação elas mentalidades empreendida pelas forças da Revolução Cultural é necessário que o público não só se s inta inseguro, como até parali sado diante da agressão cio crime.

É por isso que aumenta a cada dia o núme ro das pessoas que adota m minuc iosas med idas de segurança para sua garantia pessoa l, seja e m res idências, seja e m estabe lecime ntos come rc ia is o u e m automóveis. Se bem que poucas delas compreendam, na sua g lobalidade, as causas antes ele tudo ideológicas de tal situação. E nqua nto a criminalidade avança, o combate à de linqüê ncia sofre a cada dia golpes que vão de ixando a im age m cio Poder Público aba lada. Recentemente, o verdadeiro show e m torno da elita g reve ele fome cios seqü estraclores do e mpresário Abílio Diniz foi um exe mplo disso. Apesar de condenados e m últ ima instância por um crime hed iondo, monto u-se em to rn o dos criminosos todo um c lim a emociona l que visava •tornar impopular e inuma na a manute nção das penas. Comentou judiciosamente a esse respeito Antonio Amaral de Sampaio, Dou-

torem D ireito Púb lico e a ntigo professor das Facu ldades ele Direito Când ido Meneies e da UFRJ:

"No episódio dos seqüestradores de Abílio Diniz assistimos hoj e o estranho caso de reversão de vítim.as. Aquele empresário, pouco antes de sua programada execução, foi salvo pela polícia civil paulista. Nove anos depo is do delito, porém, classificado de hediondo pela legislação vigente, osfacínoras remanescentes conseguiram a façanha de manter todo o País sob seqüestro, ameaçando as instituições nacionais com as conseqüências da greve, impropriamente chamada de fome, que engendraram a.fim de obtera liberdade" 5.

C ATO L IC ISMO

Março de 1999


A demolição da , instituição familiar ,.. A Revolução Cultural de que estamos tratando é, como vimos, norteada por uma concepção filosófi ca radicalmente atéia, igualitária e libertária. Por isso, um dos seus alvos prediletos é a família, pilar fundamental da sociedade. Apesar da grande decadência da vida cristã em nossos dias, os traços de autoridade, compostura e tradição ainda difusos na instituição famjliar, constituem freio importante ao avanço da Revolução Cultural. No seu jogo astuto, esta última não ataca de modo aberto e frontal a instituição fami liar, mas tenta erodir gradualmente seus fundamentos - nos campos jurídico-institucional, educativo e dos costumes. Fazendo crer que as ânsias de liberdade e de igualdade da sociedade tornam inaceitáveis e peremptos os princípios que regem a fam ília.

Destruição do casamento indissolúvel Movendo-se num terreno favorável devido à permissividade crescente da sociedade, a Revolução Cultural apresenta, antes de tudo, o casamento cató1ico indi sso lúvel como um cárcere e

prestigia todas as formas de infidelidade conjugal ou adu ltério. Be m como favorece, especialmente através 1 dos meios de comunicação, o íif!:' divórcio e o concubinato ou \ uniões livres, as qu ais vêm crescendo de modo preocupante. "O casamento é visto como prisão, escravidão ", afi rma reportagem da "Folha de S. Pau lo" 6 . A mesma reportagem acrescenta ainda dados significativos: "Há duas ou três décadas .... família era sinônimo de casamento, de fato e de direito. A aliança que deveria ser eterna se quebrou . ....

p

Ministério da

Saúde

24

CATO LI C I S MO

Março de "1999

Ministério da Educação edo

Desporto

Passeata a favor do aborto na capital paulista

"No domínio da cultura, esse relacionamento, já sob considerável estresse, sofreu ataques por todos os .flancos, da denúncia feminista contra a op ressão da ,nulhe r ao questionamento da autoridade do 'pater familias'. A união conjugal deixou de ser vista como indissolúvel, mesmo em países católicos como o Brasil" ... . "S eparações e recasa m en tos embaralham relações e papéis. Entram em cena os namorados do pai ou da mãe, seus .filhos, mães que são chefes ele fa mília, pessoas que se tornam pais e avós na mesma época. Não existem mais modelos aos quais se adequar" 7. Por sua vez, a legislação vai consagrando gradualme nte essa dissolução dos costumes. Depois do divórcio, outras fo rmas de atentar contra a célul a básica da sociedade se manifestam: "Sinal dos tempos: o casal que pretende viver sob o mesmo teto sem formalizar o casamento está procurando o cartório. Uma lei de 1996 regulamenA inocência das crianças já é extirpada de suas almas muito cedo: de 4 a 6 anos mediante o opúsculo Aprender Brincando; de 7 a 9 anos através do folheto Valorizando a Vida

tou o artigo da Constituição segundo o qual o homem e a mulher que estão juntos sem ser casados têm os mesmos direitos de quem assina a papelada" 8. Por sua vez, a "Folha de S. Paulo" noticia que o "adultério e bigamia podem deixar de ser crime" . "A comissão elo Ministério da Justiça que estuda a modernização elo Código Penal decidiu eliminar do código o capítulo que define os crimes contra o casamento ..... "Deixam de ser crimes a bigamia, o adultério, a simulação de casamento e a indução de casamento" 9 . A simpatia dos meios de comunicação estende-se hoje também às chamadas " mães solteiras", cuja cond ição habitualmente contrária à moral é apresentada como uma opção válida e normal de vida. Contribuiu muito nesse sentido o verdadeiro show mediático em torno do nascimento da filha de uma apresentadora de televisão. "O f enômeno Xuxa também não pode ser desconsiderado, diz a terapeuta familiar Silvia Rechulsk.i, 50. Libertadas do vínculo procriação-casamento, as mulheres vêem a maternidade como expressão de realização pessoal, à fre nte de ter um companheiro" IO _

Educação sexual:

eliminação de travas psíquicas contra-revolucionárias O público brasileiro também é alvo, a todo o momento, por parte das forças da Revolução Cultural, de propagandas, espetáculos, programas de televisão, artigos de jornais e revistas, de formas de vida que afirmam o endeusamento do prazer. A união sexual - lícita, segundo a moral católica, apenas no casamento monogârn.ico e indissolúvel , tendo como fim primordial a procriação - é substituída pela noção do mero prazer sexual: e incentivam-se todos os meios para afastar o fantasma da grav idez não desejada, com fartas campanhas de uso dos mais variados tipos de anticoncepcionrus. A difusão dessa noção corrupta e hedonista da sexual idade a toda a soc iedade exige a chamada educação sexual em todos os níveis. Assim, estamos diante desse fato aterrador: um programa oficial de educação sexual desde os qua-

tro anos de idade, elaborado pelo Mi nistério da Saúde e pelo Ministério da Educação. Titular atual do primeiro desses órgãos federais é o Sr. José Serra que, conforme veremos adiante, bruxou Norma Técnica em novembro último, mediante a qual fica implantada na rede pública de hospitais do País a aberrante prática do aborto. O ti tu lar do segundo desses órgãos é o Sr. Paulo Renato de Souza, que ocupa a pasta da Educação desde o início da primeira adm ini s tra ção Fe rnand o Henrique, há mais de quatro anos. Tal programa de educação sexualque se enquadra nas ati vidades da Coordenação Nacional de DST (doenças sexualmente transmissívei s) e AIDS foi preparado de longa data, tendo sido anunciado com antecedência por alguns órgãos da imprensa como medida inovadora. Foi dividido em três partes. A primeira, chamada Aprender brincando, é dirigida a crianças de 4 a 6 anos. A segunda, intitulada Valorizando a Vida, destina-se a crianças de 7 a 9 anos; e a terceira, chamada Crescendo de Bem com a Vida , tem em vista crianças na faixa de lO a 12 anos. "Composto de 20 vídeos educativos, 2 milhões de gibis e farto material impresso e audiovisual, o programa ensina a meninos de 4 anos que a cegonha não existe, mostra aos meninos de 7 anos o que é uma relação sexual e ensina aos de 1Oanos que o sexo é prazeroso e não precisa ser necessariamente para procriação ..... "Didáticos e às vezes explícitos, os gibis antecipam com ilustrações e texto informações sexuais que os meninos costumam obter mais tarde .... . "O material audiovisual será exibido diariamente pela TVE e retransmitido no dia seguinte para cerca de 50 mil escolas da rede pública de ensino que possuem antena parabólica. A meta é atingir 10 milhões de crianças no primeiro ano e ir crescendo até atingir os 30 milhões da rede pública em todo o País" 1 1 • É centrada no hedoni smo absoluto (prazer acima de tudo). E visa erradicar das mentes certas categorias morais e soc iais de cunho dito reacionários, tais como a virgindade, a honra, o

horror ao pecado, mesmo contra a natureza, etc. Tenta-se impor ass im uma ideologia sexual que substitua por completo a moral católica tradicional. A nota profundamente revolucionária de tal ofensiva é bem frisada por um dos principais divulgadores, em nível mundi al, das doutrinas desta neo-revolução, o autor francês Pierre Fougueyrollas: "A revolução sexual .fará saltar as travas psíquicas" que ainda hoje impedem a "expansão ilimitada" das possibi !idades revolucionári as existentes em cada ser humano 12.

Violação da natureza humana: uniões homossexuais O homossexual ismo foi sempre considerado pelo ensino católico, muito justamente, como um gravíssimo atentado à moral e ato contra a natureza, oposto a Mandamentos do Decálogo, constituindo pecado que brada aos Céus e clama a Deus por vingança. Nada mai s compreensível, pois, que a soc iedade vi sse co mo moralm ente ofensivas as relações homossexuais. Entretanto, hoje em dia assiste-se a uma hábil campan ha publicitária - a peça-mestra no jogo da Revolução Cultural - para apresentar o homossexualismo como fato co mum e normal na sociedade. É crescente o mercado destinado ao público homossexual , apresentado como um fil ão a mais do cons umo. Nesse sentido, observa-se uma proliferação de revistas destinadas aos homossex uais, as quais tiveram suas tiragens consideravelmente aumentadas desde que pessoas conhec idas do mundo do espetáculo ou do esporte, heterossexuais, decidiram posar nuas . A televisão, especialmente nas novelas, tenta igualmente banalizar essa aberração moral: "O personagem Rafael de Por Amor vai .. .. assumir seu homossexualismo. 'Resolvi seguir o caminho indicado pelo meu coração e pelo meu desejo ', dirá Rafael ao deixar a mulher e os filhos adolescentes para morar com o na..-!lil"'ll!l!lla morado, Alex. Segundo o autor da novela, Manoel Carlos, o enredo simplesmente reflete um comportamento que

CAT O L I

eISMO

Março de 1999

25


Foto do vírus HIV, da AIDS, ampliada por microscópio

se espe lha na arte produzida no Brasil , é descrita de modo vivo por Osmar F reitas Jr. em artigo para a rev ista "Isto é", a respe ito d e Jackson Pollock:

vem ganhando cada vez mais adeptos" 13 . Se bem que as diversas tentativas de introduzir uma le i que consagrasse o assim chamado "casamento" homossexual tenham esbarrado na reação peremptória dos meios catól icos, o fenômeno vai sendo, passo a passo, amparado em deci sões judiciais :

"Aos poucos, o Judiciário começa a reconhecer direitos de casais homossexuais. Quando isso não é possível - a lei brasileira não legitima a união entre pessoas do mesmo sexo-, a Justiça tem encontrado.formas de não deixar essas pessoas totalmente desamparadas" 14 . Clamorosas nesse sentido foram as declarações do M ini stro do S upremo, Celso de Mello: "O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Celso de Mello, defen-

deu o fim da punição a militares homossexuais, a união civil de pessoas domesmo sexo, a proibição constitucional do preconceito, o direito à cirurgia para mudar de sexo e a alteração do registro civil para modificar nome e identificação sexual" 15 .

· comp leme ntadas por uma hábil propaganda. Esta, aproveitando-se de histórias , às vezes chocantes, propugna que o aborto seja efetivamente real izado e envo lve o noticiário com notas de sentimentalismo. Deste modo procura tornar simpática, ou pelo menos aceitável, essa abe rra ção. É o crime contra a vida do nascituro, a única vítima verdadeiramente inocente dos desvios sentimentais e sexuais que levam , por vezes, a uma gravidez. Uma vez mais a silenciosa mudança de mentalidades se vai operando. Merece ser mencionado aq ui importante documento anti-aborto elaborado pela TFP. Trata-se da carta que a entidade enviou ao Ministro da Saúde, Sr. José Serra, em 24 de novembro último, a propósito da Norma Técnica expedida recentemente por ele. Através de uma simples norma técnica, implanta-se na rede pública de hospitais do País a criminosa prática do aborto. Em sua missiva, a TFP solicita àquele ministro seja ordenado o recolhimento da referida norma, a qual "contraria

os sentimentos e convicções cristãs da população brasileira". Até o presente, a entidade não recebeu resposta à sua solicitação, por parte da mencionada autoridade.

Aborto: ampliação do massacre de inocentes no País

Anti-arte e Contra-cultura

Nesse quadro de destruição da família empreendido pela Revolução Cultural, o aborto joga importante papel. Nossa legislação, infelizmente, não pune o aborto nos casos em que a gravidez resulte de estupro, ou naqueles em que o aborto seja o único recurso para salvar a vida da mãe. Tais disposições legais - frontalmente contrárias à moral cató li ca- são

Neste processo de revolução tranqüila e silenciosa, a arte e a cultura desempenham papel de re levo. A arte de qualquer tipo - desde o teatro à dança, desde a pintura e da escultura à arquitetura - sempre buscou espe lhar alguma forma de perfeição. Entretanto, a arte parece hoje em dia orientada para a busca do absurdo e do irracional. Esta tendência mundial , que

26

CATOLICISMO

Março de 1999

"Segundo a percepção popular, até mesmo uma criança de três anos consegue pintar quadros como os de le. E quem vê o caos colorido de tinta borrifada sobre a tela custa a discordar desta impressão. O problema é que, nesta tarefa de pingar.freneticamente, ninguém.foi tão genial quanto Pollock, considerado o artista pioneiro do expressionismo abstrato. Há método em sua loucura" 16 . A pintura e a escultura, nos seus elementos de vanguarda, percorrem esse caminho da loucura com método. Para entender isso, basta determo-nos na última Bienal de São Paulo que escolheu como tema central a ... ANTROPOFAGIA . De outro lado, peças teatrais que ficaram famosas na hi stória da arte cê ni ca, como ob ras de Shakespeare, são agora transformadas em uma seqüência desconexa de abs urdos.

Aviltamento dos trajes rumo ao nudismo Aroupaea civili zação são inseparáveis, como inseparáveis sa , a.riamente, nudismo e barbárie. Essas conjunções não são fruto do acaso . O traje visa de modo imediato abrigar o corpo e atender ao senso do pudor, mas tem igualmente um significado cultural. Ajuda ele, de modo excelente, a simbolizar os valores de alma. Por isso, o homem c ivilizado criou, ao longo dos séculos, uma infinidade de trajes (eclesiásticos, civ is, militares) adequados às funções e às circunstâncias. Esta grande variedade levou a que os povos com uma cultura rica, engendrassem grande variedade de trajes típicos. Q uanto mais as civi li zações decaem, tanto mais os trajes perdem seu sign ificado simbólico e mesmo tende-se a su-

primi-los. Isso também ocorre porque o embotamento do sentido do pudor, que ab re caminho à nudez, é uma componente dessa mesma degradação que chega até a barbárie. Também no modo de trajar vemos hoje a presença dessa Revolução Cultural. Não é difícil para quem anda nas ruas verifi car que as vestimentas setornam cada vez mais uni formes, despojadas e até vu lgares. Além disso, as roupas tra nsparentes e ousadas, e mesmo sumárias, deixam sempre mais a descoberto o corpo. O nudismo ganha ass im cada vez mais terreno . A par deste progressivo avanço cio nudismo no modo ele traj ar, nota-se a propaganda sutil e d iscreta a favo r do nudismo total, de uma vida em "co munhão com a natureza". Quanto à prática nudi sta, a revista "Isto é" estampa reportagem sobre uma fazenda de gado, no interior pauli sta, que se torno u c lu be de nudismo. O clube Rincão é, segundo o proprietário, o médico A lexand re Tsanac lis, "um espaço

para quem se incomoda com o uso compulsivo de roupas". Como frisamos, o nudismo traz em si uma filosofia até ia, uma forma específica e rad ical de ig ualitarismo, que é bem ressaltado, nesta reportagem , por Maria Tereza Pereira, 24 anos, supervisora do tal Rincão:

"Nuas, as pessoas estão sem cascas, livres de julgamentos e preconceitos. Aqui todos são iguais" 17 .

Diz R icardo Yalladares, da rev ista "Veja" : "Domingo é dia de almoçar na

casa da sogra, cochilar no sofá ouvindo futebol pelo rádio e, de uns tempos para cá, ver Gugu Liberato e Otávio Mesquita invadindo a casa de gente famosa. Microfone na mão, os dois apresentadores entram na residência de cantores, atores e jogadores de.futebol. Abrem seus armários, bisbilhotam suas gavetas e, depois de esquadrinhar todos os cantos da casa, os surpreendem na cama, em trajes por vezes sumaríssimos" 19 . Uma outra reportagem de "Veja", refer indo-se especificamente ao programa Ratinho Livre, apresenta amostra muito reveladora ela televisão brasileira:

"Nunca se viu nada igual na televisão brasileira. Brandindo para as câmeras um cassetete de 40 centímetros, voz alterada e olhos esbugalhados, o apresentador defende a idéia de que enfiar bala em bandido é mais barato do que mantê-lo preso. Logo a segui,; traz para o palco a mulher que teve os olhosfurados, as orelhas e a língua cortadas pelo próprio marido. Não demora e entra em cena uma fam ília inteira resolvendo seus conflitos na base do palavrão e do sopapo. "O apresentador criou o que se pode chamar de mundo cão em capítulos. .... "Não são apenas as histórias e as imagens no Ratinho Livre que causam espanto, mas também a capacidade das pessoas de ir ao programa e se expor de maneira constrangedora " 20 .

moeda corrente a violência irracional e desmedida, embrutecendo os espíritos até infanti s, sujeitos a essa verdadeira ofensiva. U m artigo ele G ilberto D imenstein na "Folha de S. Paulo" ressalta a propósito:

"A ONU concluiu análise de todos os desenhos animados em seis emissoras de TV aberta, transmitidos em agosto passado - as 71 horas de desenhos indicaram que, em média, a cada 60 minutos, aparecem 20 crimes, a maioria lesão corporal e homicídio. .... "Pesquisa realizada pela Unive rsidade Gama Filho, no ano passado [ 1997], destinada à revista 'Claudia ', investigou a erotizaçcw e exploração da _figura da mulher na programação infàn.til. .. .. Em 15 1 horas de programação, os pesquisadores detectaram 308 cenas de erotização ..... "De acordo com o levantamento, a cada 29 minutos, meninos e meninas recebem um estímulo erótico" 2 1. E a Revolução Cultural prossegue sua si le nc iosa marc ha rumo a uma total mudança de mentalidades.

Ambiente de torpeza e degradação A esse processo de av il tamento- a que a Revolução Cultural s ubmete suas vítimas - não é a lhe io o am bi ente de torpeza e degradação que invade a vida cotidiana. A ndando pelas ruas, somos a toda a

Uma verdadeira bomba dentro de casa: a TV imoral A telev isão é um cios instrume ntos mais eficazes dessa transformação de mentalidades, entre outras razões pela capacidade de penetrar na intimidade cios lares.

"Ninguém sabia então, mas ajàmília preparava-se para sofrer um golpe mortal com o advento da TV", afirmou Carlos Heitor Cony na "Folha de S. Paulo" 18. Suas novelas popularizam como normais os costumes mais contrários à moral católica e que até então eram rejeitados pela sociedade. A transmissão contínua de cenas degradantes e obscenas constitui um verdadeiro bombardeamento sobre as mentes, avi ltando-as.

eATo

L I

eIsMo

Março de 1999

27


VIDAS DE SANTOS hora agredidos por cartazes de propaganda que exploram de mqdo desenfredado a sensualidade e até o obsceno. No linguajar do dia-a-dia vemos, cada vez com mais freqüência, a penetração de termos chulos e de palavrões. Esse tipo de linguagem tem crescente guarida em jornais e revistas. Práticas sociais, que outrora primavam em demonstrar bom gosto, são deturpadas. Presentes desaforados como sapos, luvas de box, chifres e macacos de pelúcia estão na moda. Narra a revista "Veja _SP":

"De um caixãozinho, vem a mensagem: 'Vamos enterrar nossas brigas'. Mas há coisas bem mais picantes e excêntricas na loja Doces Vinganças & Reconciliações. São 262 produtos com frases desaforadas ou carinhosas, mas sempre maliciosas e divertidas" 22 . A matéria Brindes nojentos, mas divertidos, da revista "Folhinha" fala por si: "Emanuel Adan Fiscus, 13, ganhou três narizes e um olho. 'São nojentos, mas dá para brincar de médico e assustar os colegas'. Felipe Barreto, 11 , comprou o salgadinho e ganhou o dedo do pé. 'Depois que vi, fiquei com nojo de

comer o salgadinho " .. ... E a matéria informa ainda: "A Century do Brasil vai trazer dos Estados Unidos o 'Gus Gutz', boneco de pano com uma boca enorme, pela qual as crianças podem retirar coração, fígado, intestino" 23 . Os temas atinentes à sexualidade, até há pouco tratados com pudor e com reserva, pulam hoje para as manchetes dos jornais e para as propagandas, tornando-se moeda corrente nas conversas. A prostituição foi sempre considerada como uma condição degradante. Hoje em dia, contudo, observa-se a tentativa de inseri-la na sociedade como uma atividade profissional entre tantas . outras, chegando-se mesmo a propor que ela seja sindicalizada!

Ambiente propício não à paz, mas à destruição Este breve elenco de exemplos mostra como o brasileiro médio vai sendo habituado - sem se dar conta - a conviver com a quebra gradual de todos os padrões de moral e de cultura. Fatos que

28

CATO LIC ISMO

outrora causariam indignação geral, integram-se no atual ambiente relativista, sem causar maiores traumas. Mas alguém poderá indagar: não será este ambiente relativista e hedonista da Revolução Cultural, o que evita os conflitos e produz um ambiente propício a uma paz autêntica? Essa pergunta - inspirada pela idéia errada de que não deve haver conflitos entre os princípios verdadeiros e os falsos - esquece alguns pressupostos fundamentais. Quando o homem relativiza princípios e costumes, ele passa a viver apenas segundo seus instintos e paixões. Seus hábitos deixam de ser modelados por ideais e princípios de ordem superior e e le procura, por comodidade, uma adaptação àquilo que o consenso geral determine. Ora, como vimos, hoje em dia tal consenso tem cada vez mais conotações libertárias e igualitárias. Assim, as vítimas do consenso serão tiranizadas por tudo quanto estiver na moda, à qual será sempre mais fácil aderir, afastando-se progressivamente dos preceitos da moral católica que impõem obrigações e deveres. O homem "consensual " tornar-se-á assim presa fácil do igualitarismo e doespí1ito libe1tário dominantes. Visto este fenômeno sob a ótica social, tenderão a ser destruídas - como já vêm sendo - todas as estruturas e costumes que protegem a própria ordem da sociedade humana. E onde a ordem social degringola, é o caos e a proliferação de brigas e desavenças que imperam. Tal situação evidentemente não pode propiciar a paz, mas será o caldo de cultura de contínuos conflitos. A paz, como diz Santo Agostinho, floresce em outras condições. Ela é a

"tranqüilidade da ordem" (XIX, De Civitate Dei, c. 13).

Reação necessária O quadro traçado neste ai.tigo sobre a

Revolução Cultural deve animar-nos à luta. Conhecidos os meandros desta neo-revolução, é nosso dever, em primeiro lugar, empenhai.mo-nos em evitar os efeitos nocivos dela sobre nós mesmos e nossos próximos. Mas é preciso também saber dar, nas horas e momentos opo1tunos, o brado de aleita que despeite os adormecidos.

Março de 1999

Devemos estar certos de que, com o favor materna l de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, e com a persistência na proclamação da fidelidade aos ideais da Civilização Cristã, nosso esforço não será em vão. Aliás, diante de Deus nenhum esforço em favor do bem é feito em vão. De algum modo, ainda que não o vejamos e não o saibamos, ele contribui para nossa salvação e para instaurar nesta Terra de Santa Cruz a paz pe1feita que advirá do triunfo do Imacu lado Coração de Ma1ia. ♦

~~J_tJ-1~J llJJ~~J iJ3 J~J~J]J íl J~JJj Perfeita discípula de São Vicente de Paulo A Providência Divina uniu as almas desses dois grandes Santos - embora fossem eles muito diversos quanto à classe social a que pertenciam e ao temperamento - para a fundação de admiráveis obras: a Congregação das Irmãs da Caridade e as Confrarias da Caridade

Notas: 1. Plíni o Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra -Revolução, Artpress, S. Pau lo, 4" edição e m português, 1998, p. 164. 2. Barra ,nuito pesada , "Isto é", S. Paulo, 3-21999. 3. Ca rlos Alberto di Franco, Brasília, cidade sitiada , "O Estado de S. Paulo", 3 1-8-1998. 4. Alui zio Freire, A ousadia do crim e organizado , "Jornal do Brasi l" , Rio de Janeiro , 2812- 1998 . 5. Antonio Amaral de Sampaio, Um país refém do.v seqiiestradores, "O Estado de S. Paul o", 24- 12- 1998. 6. Marce lo Leite, Ter família, bem melhor do que casar, "Folha de S. Pau lo", 20-9- 1998 . 7. Idem, ibidem 8. A nova aliança , " Veja" , São Paulo, 16- 121998. 9. Willi am França, Adultério e bigamia podem deixar de ser crime, "Folha de S. Paulo", 282- I 998. 10. Marce lo Leite, Ter família , bem n,elhor do que casar, "Fo lha de S. Paulo", 20-9- 1998. 11. Vannildo Mendes, Governo lança ca rtilha de educação sexual, "G lobo", Rio de Janei ro, 28-8- 1998. 12. Pierre Fouguey-ro ll as, Marx, Freud et la révolution rota/e, Anthropos, Paris, 1972, p. 630. 13. Aída Veiga, Virada radical, "Veja", 13-51998. 14. Euni ce Nunes, Horn.assexual expõe vida à Justiça enquanto espera .. . , "Folha de S. Paulo", 28-2- 1998. 15. Silvana de Freitas, O presidente do STF defende união gay, "Folha de S. Paulo", 5- 121998. 16. Osmar Freitas Jr., Beleza no caos, "Isto é", 20- 1- 1999. 17. " Isto é", Todo mundo nu, 3-2-1999. 18. Carlos Heitor Cony, O mundo entra em casa, "Folha de S. Paulo", 20-9-1998. 19. Ricardo Valladares, Pelo buraco da fecha dura, " Veja" 6-5- 1998. 20. Ricardo Valladares e Neuza Sanches, O novo fenôn,eno da TV, "Veja", 18-3- 1998. 21. Gilberto Dimenstein, TV brasileira exibe 20 crirnes por hora de desenho, "Fo lha de S. Paulo", 28- 10- 1998. 22. Alecsandra Zapparoli, Presente de grego, " Veja SP", 10-6- 1998. 23. Rosânge la de Moura , Brindes nojentos, mas divertidos, "Folha de S. Pau lo", 29-8- 1998.

AfONSO DE SO UZA

E

M DEZEMBRO e janeiro últimos, nos edificamos com dois grandes Santos: São Francisco de Sales e Santa Joana de Chantal. Animados por um só ideal, fundaram a Congregação da Visitação. Tal obra desempenhou papel saliente na história da Contra-Reforma católica na França do século XVII. Junto a eles atuou, por vezes, São Vicente de Paulo, cooperando naquela magnífica realização. Depois, São Vicente de Pau lo levou avante outra obra ainda maior, com repercussão mais universal do que a do Bispo de Genebra e da Baronesa de Chantal. Santa Luísa de Marillac foi dirigida espiritual e grande cooperadora de São Vicente. Desempenhou, em relação a ele, papel análogo ao de Santa Joana de Chantal junto a São Francisco de Sales. Neste mês comemoramos a festa litúrgica dessa grande santa.

Decadência religiosa e miséria material No século XVII já ia adiantada a decadência da Idade Média - época que tão admiráveis frutos produziu outrora para a Cristandade. As guerras de religião na França haviam tornado o país continuamente devastado, o campo sem cultivo, as fortunas arruinadas, um sem-número de famintos e miseráveis refugiavam-se em Paris, aumentando de modo assustador a população da capital.

"Os mendigos formavam exércitos que se apresentavam em grupos compactos, arma ao braço e blasfêmia nos lábios, diante das igrejas, exigindo imperiosamente a esmola" 1• O que podia fazer o Poder Público ante tão grande mal? Muito pouca e durável coisa. Foi quando a Providência suscitou esse homem de estatura verdadeiramente profética, São Vicente de Paulo, que - secundado por almas exponenciais e de grande santidade, como Santa Luísa de Marillac - com suas obras de assistência e misericórdia começou a modificar o lúgubre panorama.

O encontro de dois santos A infância e a adolescência de Luísa de Marillac foram uma sucessão de sofrimentos morais e espirituais. Órfã de pai e mãe, foi educada pelo tio, Chanceler do Reino de França. Homem de grande piedade, fê-la progredir nas letras, artes e virtude. Entretanto, de consciência sumamente delicada, Luísa sofria da terrível doença espiritual dos escrúpu los. Aos 22 anos, sentiu o apelo para a vida religiosa, mas cedeu ao desejo do tio e ao conselho do confessor, casando-se com Antonio Le Gras, oficial a serviço da Rainha . Antonio, porém, trazia consigo os sintomas da doença que o levaria ao túmulo 12 anos depois. Viúva aos 34 anos, rica e piedosa, Luísa dedicou-se

ffi CAT O L IC IS MO

Março de t 999

29


<~

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -- ----:1- -- -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

nho que tivera muitos anos antes, qu ando Deus lhe mostrainte iramente aos pobres. Faltava- lhe porém um diretor que ra mu itas jovens que, dirigidas por e la, entregava m-se ao a livrasse dos ma lditos escrúpu los, permitindo-lhe enfim atendimento dos pobres. Por isso, queria apressar as co ivoar para os altos hori zontes a que se sentia chamada. São sas, formando logo uma sociedade religiosa. Franc isco de Sa les tentou essa tarefa, mas os escrúpu los Co mo diz um dos biógrafos de São Vicente de Paul o, prosseguiram. "as pressas de Santa Luísa não entravam na psicologia Dois anos após a morte do Prelado, Santa Luísa conhedo Santo. Entre ambos entabuceu São Vicente de Paulo. No prilou-se por essa época a batalha meiro encontro, a impressão mútua episto lar da lentidão contra a dos doi s santos foi negativa. A bela pressa". São Vicente tentava e elevada educação aristocrática de refreá-la, mas sem esfriar o bom Luísa de Marillac levava-a a ver no impul so que a propulsionava para Pe. Vicente um camponês um tanto a frente: "Deixe Deus obrar, efierústico e tristonho. O sacerdote, por se nEle... e verá cumprir-se os desua vez, não se interessou por aq uesejos de seu coração" 2 . la grande dama . Ocupado, como vivia, com os pobres, não tinha em O anjo da dirigida vi sta dirigir espiritualmente pessoapressa o do diretor as da alta soc iedade. Essa primeira Pressionado por Santa Luísa, impressão mútua, contrastante, desSão Vicen te escreveu- lhe dizendo vaneceu-se aos poucos quando um q ue, com freq üenc ia, q "bom fo i descobrindo na alma do outro anjo" dela hav ia fa lado com o seu, os enormes tesouros que a graça ai i · sugerindo- lhe a obra a ser fundadepositara. da. Por isso, fa lariam sobre e la o Formou-se então aq uela sociemais rápido possível. dade esp iritual, que frutificaria deA pressa de Santa Luísa acepois em tantos benefícios para a lerou os planos de São Vicente. E, Igreja e a soc iedade. E, onde São fina lmente, encontraram uma fórFrancisco de Sales nada consegui mula: suas filhas não seriam relira, São Vicente de Paulo triunfou, giosas. Ao compor, com Santa curando a jovem viúva de seus es- São Vicente de Paulo-Pintura de Simon Françoys crú pu los e tornando-a sua mai or (1660), Casa Generalícia dos Lazaristas, Roma Luísa, as regras das Filhas da Cacolaboradora nas obras de mi seri córdia que empreend ia, ridade, São Vicente tirou de las todas as palavras que puconduzindo-a adema is aos páramos da santidade. dessem dar idéia de vida reli giosa. Não teriam clausura, convento, nem aparência religiosa. Vesti r-se-iam como as Santa Luísa, por sua vez, co locou-se inteiramente em suas mãos, fundando com e le as Confrarias da Caridade, camponesas que aguardavam a fundação do Instituto e sera Cong regação das Irmãs da Caridade (de São Vicente de viam nas Caridades. Paulo), tornando-se sua grande auxiliar até falecer em 15 Assim, no dia 29 de novembro de 1633 , fundou-se o Instituto das Filhas da Caridade, cujo espírito deveria ser de março de J 660, seis meses antes de seu diretor. de "simplicidade, caridade, humildade, mortfficação, amor A pressa da dirigida, a lentidão do diretor ao trabalho .... obediência, pobreza e castidade" 3• Como os votos são algo da essência da vida re li giosa São Vicente de Paul o, visitando as Confrarias da Cariembora não bastem os votos para caracterizá- la - São dade do in terior, ia recrutando as jovens mais virtuosas e ti nha a intenção que suas fi lh as os fizessem. Vicente não aptas para as destinar às Confrarias de Paris. Recebiam Convenceu-se, porém, ao ler, em 1640, uma fó rmul a dos e las algumas rápidas lições sobre curativos, modo de tratar votos pronunciados por uma Orde m hospitalária itali ana os enfermos, e faziam os exercícios espirituais sob a direção conceb idos nestes termos: "Faço voto e prometo a Deus de San ta Luísa, antes de ini ciar seu traba lho na capital. A guardar toda minha vida a pobreza, a castidade e a obesanta ia depois visitar e incentivar a cada uma delas em seu diência, e servir a nossos senhores, os pobres" . Levou-os traba lho caritativo nas diversas paróquias. ad iante, mas aos poucos. Só dois anos depois permitiu a Crescendo o número de jovens, São Vicente pensou em Santa Luísa de Marillac e a outras quatro Irmãs, que os prepará- las para uma espéc ie de nov iciado na senhorial casa pronunciassem. Depo is foi sendo permi tido às que tivesde Luísa de Marillac. Esta via ass im concretizar-se um so-

Casa central das Filhas da Caridade, na Holanda

sem mai s de cinco anos na co mpa nhia, que também os fi zessem.

Prudente sagacidade feminina vence a humildade do Santo Houve uma santa polê mica entre os dois fundadores sobre a quem deveriam ficar sujeitas as Irmãs. O Santo queria pô-las não sob sua direção, mas submetêlas aos Prelados locais. Santa Luísa discordava e com razão. E seus argumentos tinham peso: alegava os inco nvenientes que adviriam à institui ção se os Bispos onde se estabelecessem pusessem obstáculos, e a perda da unidade de espírito que isso acarretari a. Desta vez, Luísa de Marillac, com astúc ia cheia de bom espírito, fez intervir no assunto a rainha, Ana d' Áustria, obtendo q ue ela escrevesse a Roma para pedir ao Papa que nomeasse São Vicente de Pau lo e seus sucessores como superi ores do Instituto. Ass im , desta vez, a prudente sagac idade de Santa Luísa levou a me lhor sobre a humi Idade de São Vicente de Paul o ...

Afastada a tentação de vanglória A fama dessa grande dama, apóstola da caridade, difundiu-se por vi las e cidades, tornando-se sua entrada e saída em mui tas delas um verdadeiro triunfo. Em Beauvai s, por exemplo, não podia ter sido maior: "Mesmo os homens, desejosos de escutá-la, entravarnfurlivamente na casa onde falava às senhoras, esgueiravam-se até perto da sala da conferência, colavam os ou vidos nas paredes de tabique, e se retiravam maravilhados de tanta prudência e sabedoria. O povo de Beauvais despediu-se dela perseguindo-a com vivas e aplausos até os arredores da cidade. A multidão, rodeando sua carruagem, estorvava sua marcha". Um milagre veio confirmar na fé essa gente si mples daquela época e m que grandeza de alma e virtude ainda encantavam. Com a multidão rodeando a carruagem, de repente uma menina caiu sob suas rodas em movimento. A um grito de terror dos presentes, Santa L uísa ergueu os olhos ao céu numa prece. Passada a carruagem, a meninazinha levantou -se por si própria, sem um arranhão. Esses triunfos, se de um lado alegravam o vigilante São Vicente, ele outro deixavam-no preocupado em manter a humildade de sua dirigida, pois não há maior veneno para as obras de Deus do que a vanglóri a. A isso, só a alma solidamente firmada na virtude pode res istir. Nessas ocas iões, e le aconselhava Luísa de

Mari llac: "Una vosso espírito às burlas, de5prezas e maus tratos sofridos pelo Filho de Deus ... Na verdade, senhora, uma alma verdadeiramente humilde se humilha tanto nas honras quanto nos desprezas, e obra como a abelha, que fabrica seu mel tanto do orvalho que cai sobre o absinto quanto do que cai sobre a rosa" 4 •

Palavras do mestre recolhidas pela discípula Semanalmente o Fundador reun ia as Filhas da Caridade e m fam iI iares reuniões nas quais ele lhes faz ia perguntas sobre as virtudes cristãs, os votos e as Santas Regras. Ele comentava as respostas confirmando, esclarecendo ou corrigindo algum ponto. Sua palavra "cálida, viva, simples, famil iw; convincente, penetrante, inslntliva e prática" se dirigia "à razão, ao coração e à vontade daquelas 12, 50,80 e até 100 irmãs que acudiam todas as semanas, das paróquias de Paris e subúrbios, para receber as lições do san/o Fundador" 5 . Santa Luísa de Mari Ilac, percebendo o tesouro que aquelas explicitações encerravam , começou, com a ajuda de o utras irmãs, a anotá-las com a maior fidelidade. Ta is notas foram se difund indo entre as Filhas da Caridade por toda a França, sendo as primeiras co leções impressas em 1825. Graças, portanto, ao tirocín io de Santa L uísa de Marillac, possuímos essas regras de sabedoria e bom senso emanadas de um santo, com toda a vivacidade e até o pitoresco com que as pronunciou São Vicente de Paulo. ♦

Notas: 1. San Vicente de Pc11í/ - Biogrqfia y Se/ecci611 de fa critos, Pes. José Hcrrera, C.M. e Vercmundo Pardco, C. M. , B.A.C ., Mad rid , 1955, pp. 307 a 3 1O. 2. Op. cit. , pp. 265 , 266. 3. Op. cit. , p. 267. 4. Op. ciL. , p. 248 5. Op. ciL. , p. 6.

Outras obras oonsultadas: -

John J. Dclan cy, Dictio11ary ofSai11ts, Doubleday, New York, 1980. Pe. José Leite, S. J. , Santos de Cada Dia, Ed itor ia l A.O., Braga, 3a. edição corri gida e aumentada , 1993, tomo 1. Edelvives, E/ Sa11to de Cada Dia, Editoria l Lu is Vives S.A., Zaragoza , 1947, vo l. 11 , Ma rzo - Ab ril.

ffi - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - c : l lsa-:=--- -- - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - ffi

30

C AT O L IC ISM O

Março de ~ 999

C AT O LIC ISMO

Março de 1999

31


')- ')

') ') ')- '-j Março 1999

íc@~ DOM

SEG

TER

QUA

QUI

SEX

SÁB

1 2 3 4 5 7 8 9 10 11 12 14 15 16 17 18 19 21 22 23 24 25 26 28 29 30 31

li~~

de'-7)4,arço 6 Sii-0 Co,z011, Mártir.

+ Galiléia, 25 1. "Jardineiro cristão, conde-

1

Anunciação do Anjo

Sa11to Albino, Bispo e C01ifessor. + Angers (França) 550. De nobre estirpe, foi

eleito Bi spo de Angers já sexagenário; combateu vigorosamente, sob risco de vida, o imora l costume de senhores semibárbaros de se casarem incestuosamente com irmãs ou filhas. Convocou o Concílio de Orleans que estabeleceu penas severas contra esse abuso. Muitos milagres lhe são atribuídos.

2 Sa11ta I1tês da Boêmia, Viúva.

São Clemente Maria Hofbauer

São Zacarias, Papa

+ 1282. Filha de reis, casada aos 13 anos com o Príncipe da Si lés ia, fo i para o mosteiro cisterciense para terminar sua formação. Falecendo seu marido, resolveu entregar-se toda a Deus, fund ando um as ilo destinado aos pobres e um sodalício - a Ordem dos Crucíferos ou da Stella Rubra - para deles cuidar. Fundou também o Mo teiro das Irmãs Pobres, ou Damianitas, no qual professou e governou por 47 anos.

3 Sa1ttos Mari110 e Astério, Mártires. + Palestina, 262. "Marino ia ser promovido ao grau de centurião quando foi denunciado com.o cristão por u11·1. rival. Obrigado a escolher, preferiu a palma do m.artírio às honras militares. O senador romano Astério, que havia assistido seu suplício, foi condenado à morte por haver-lhe recolhido o corpo" (do Ma rtirológio Romano.)

4 Sii-0 Casimiro, Confessor ♦

São Lúcio I Papa, Mártir. Domingo de Ramos

+ Roma, 254. Foi um dos ilustres presbíteros de Roma que seguiram São Cornélio ao desterro, tendo sucedido a este no Papado.

5

São Sofrônio

32

eAT oLIe Is Mo

nado a correr na frente de um carro tendo seus pés atra vessados por cra vos, por haver confessado ser discípulo de Jesus crucificado".

7 Santas Perpétua e Felicidade, Mártires. ♦

Santo Esterwin Abade, C01ifessor. + [n g late rra, 686. Deixou a Co rte de

Nortúmbria pelo claustro de Wearmouth, sob a direção de São Bento Biscop, seu parente. Como Abade, fo i modelo de piedade, prudência e amor à penitência.

8 Sii-0 Joii-0 de Deus, Confessor. ♦

Sa1tto Ariano e Companheiros, Mártires. + Egito, 3 11. Ariano "exercia fun ções de juiz em Antino, quando, testemunhando a constância dos cristãos que acabara de condenar, converteu-se com quatro companheiros. Foram levados para Alexandria a fim. de serem. afogados no mar" (do Martirológio Romano).

9 Santa Fra1tcisca Romana, Viúva. ♦

São Gregóri,o de Nissa, Bispo e Confessor. + 400. Forma com seu irmão, São Basílio, e seu am igo, São Gregório Nanzianzeno, a tríade dos Luminares da Capadócia, caracterizados por esta forma: "Basílio, o braço que atua; Nanzianzeno, a boca que fala; Nissa a cabeça que pensa". Pelos seus escritos está entre os qu e mais contribuíram para extirpar o arianismo nas regiões católicas onde vigoravam os ri tos orientais.

11 Sii-0 Sofrônio, Bispo. + Alexandria, 638. Nascido em Damasco, vi-

veu 20 anos como eremita para depois "ser colocado à frente da igreja de Jerusalém., que viu ser destruída pelos sarracenos" (do Martirológio Romano).

12

10

Sa11to Adria110, Mártir. + Palestina, 308. Sabendo que os cristãos eram

+ 335. Foi um dos firmantes do Concílio de

perseguidos em Cesaréia, para lá se dirigiu a fim de prestar-lhes auxílio. Preso, foi açoitado e depois lançado aos leões, que correram para ele submissos. Teve então a cabeça decepada.

Nicéia contra os arianos. Venerado pelo Imperador Constantino e sua mãe Santa Helena, com ela descobriu vários dos instrumentos da Paixão, inclusive a verdadeira Cruz.

Crucifixão, conseguindo uma licença para sepultar Nosso Senhor. Segundo a tradição, juntou-se depois aos discípulos de Jesus e foi apóstolo fervoroso.

18 + 25 0. Di sc ípulo de São Clemente de

Alexandria, fo i eleito Bi spo da Capadócia. Dirigindo-se em peregrinação a Jerusalém, escolheram-no para Bispo dessa cidade. Narra Eusébio que "coroado de cabelos brancos deu testemunho da sua fé nos pretórios e morreu coberto de grilhões numa prisüo de Cesaréia".

13

19

Santos Rodrigo e Salomii-0, Mártires.

São josé Esposo da Satitíssima Virge1>1, Patrono da Igreja e da Boa Morte.

vertido ao catolici smo, era sacerdote. Apaziguando uma disputa doméstica, seu irmão islamita denunciou-o ao Califa. Na pri são, encontrou Salomão, também cristão preso pelo mes mo motivo. Ambos foram decapitados por não quererem apostatar.

14 Santa Flore,ztina, Virgem. + Cartagena, 633. Irmã do homem mais notá-

vel da Espanha, São Leandro de Sevilha, de São Fulgênci o, o Pai dos pobres, Bispo de Ecija, e de Santo Isidoro, sucessor do irmão na Sé de Sevilha, tia do mártir Santo Hermenegi ldo. Tomou o hábito beneditino e, auxi liada pelos irmãos, fundou 40 mosteiros onde viviam mais de mil reli giosas.

15 Sa11ta Luísa de Marilfac (vide seção Vidas de Santos, p. 29) ♦

20 + França, 703. Filho de alto funcionário do exército de Clóvis II, abandonou a Corte fazendo-se monge. Foi nomeado para a Sé de Sens, enquanto seu titular, Santo Amatus, estava ainda vivo. Mas resignou do cargo para ir evangelizar os frís ios, empenhando-se em que estes cessassem de praticar sacrifícios humanos.

17 Sii-0 Patrício, Bispo e C01ifessor. ♦

26 Sii-0 Teodoro e Companheiros, Mártires.

27 Sa11to Habib, Mártir. + Edessa (Iraque) 322. Diácono, exercia a pregação no campo, sendo por isso perseguido. Escondeu-se e posteriormente apresentou-se ao prefeito, que o mandou queimar vivo. Antes ele morrer foi beijar sua mãe, que assistia ao suplício.

28 DOMINGO DE RAMOS Triunfal entrada de Cristo Jesus em Jerusalém poucos dias antes de Sua Pai xão na mesma cidade.

21

29

+ 339. Esses cristãos que, com Santo Atanásio, comemoravam a Sexta-Feira Santa na Sé de Alexandria, foram massacrados pelos arianos e pagãos. Mal escapou da carn ificina o grande Bispo.

+ Viena, 1820. Aprendiz de padeiro, trocava o

Santa Rietrudes. Aos oito anos, após a morte do pai, foi viver com a avó, Santa Gertrudes, abadessa de Hamage. À morte desta, foi eleita em seu lugar, apesar de ter somente 12 anos. Faleceu antes de atingir os 30 anos de idade.

O mais importante acontec imento da Históri a: o Verbo de Deus se incarna no seio puríss imo de Maria.

Mártires de Alexa11dria.

22

16

ANUNCIAÇÃO DO ANJO E ENCARNAÇÃO IX) VERBO

te, possivelmente sofreram o martíri o sob Diocleciano.

São Wuifrano, Bispo e Confessor.

Sii-0 Zacarias, Papa e C01ifessor.

Santa Euseôia de Hamage, Virgem.

tos na Inglaterra, essa Princesa atravessou a Mancha fazendo-se religiosa na França. Voltou então à sua pátria onde organizou a vida monástica em Barking.

+ Líbia, ?. Estes 43 cristãos vindos do Orien-

Para se ter idéia da grandeza de São José, considere-se apenas que foi digno esposo da Rainha dos Céus e pai adotivo de Jesus.

Sii-0 Cleme11te Maria Hojbauer, C01ifessor. forno pelos li vros, formando-se na Universidade de Viena. Fez-se redentorista em Roma, onde foi ordenado.

+ Inglaterra, 524. Não havendo ainda conven-

25

na ao Oriente, defendendo São João Crisóstomo quando de sua expulsão da Sé de Constantinopla; e à África, apoiando Santo Agostinho contra a heresia donatista. Na Itália, teve que enfrentar a invasão dos visigodos " [chefiados por Alarico] (Do Martirológio Romano).

+ Córdoba, 857. Rodri go, muçulmano con-

24 Santa Hildelita, Virgem

Sa11to Alexa,zdre de Jerusalén1, Bispo e Mártir.

Santo I11ocê11cío I, Papa e Co,ifessor. + 417. "Estendeu a solicitude da Igreja Roma-

+ França, 680. Filha de Santo Adalberto e de

Sii-0 Macári,o de Jen,salé1>1, Bispo e Confessor.

Sii-0 José de Arimatéia, C01ifessor. + ?. "Homem bom e justo ", esteve presente na

Santo Eustásio, C01ifessor.

+ França, 629. Educado por seu tio, São Mieto, Bispo de Langres. Entrou para o Mosteiro de Luxeuil, fundado por São Columbano, a quem sucedeu como Abade. Voltando a Luxeuil , estabeleceu o Ofício perpétuo.

30 São Régulo, Co,ifessor.

+ 752. Grego de origem, "por sua forte personalidade, soube impor-se junto a vários soberanos lombardos, francos e bizantinos. Em. Roma restaurou diversas igrejas e fez grande número de funda ções em favor dos pobres e peregrinos " (do Martirológio Romano).

23

+ França, Séc. Ili. "Bispo de Senlis.foi,juntamente com São Dionísio de Paris e São Luciano de Beauvais, um dos primeiros evangelizadores da Gália " (do Martirológio Romano).

31 Sii-0 Be1t.jami111, Mártir. + Pérsia, 422. Preso por fazer proselitismo en-

Sii-0 José Orlo~ Confessor. + Barcelona, 1702. De origem humilde, com o auxílio de alguns sacerdotes conseguiu ordenar-se e doutorar-se em Teologia. Grande pregador, era muito procurado por suas luzes sobrenaturais para a direção das almas e pelo dom de profecia.

tre os magos e os adoradores do fogo, foi posto em liberdade. De novo aprisionado e conjurado a apostatar, foi empalado por ódio à fé. Nota Os Santos aos quais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.

Março de f 999

e

A

To LI e I s Mo

Março de t999

33


DESTAQUE o Vaticano e o Episcopado alemão, cujos Bispos há mais de dois anos resistem às instruções da Santa Sé e do Papa nesse ponto. Um pedido formal de João Pau lo 11 foi dirigido ao Episcopado, em janeiro de 98, para que os Bispos se desligue m do sistema estatal de aconsel hamento. E nq uanto isso, cresce o número de abo rtos, que ultrapassa o marco de 300 mil por ano!

~

Alemanha

A Revolução Cultural em marcha Valores católicos estão sendo desagregados por tremenda Revolução que não mata ninguém, mas destrói a influência cristã nas almas

Atílio Faoro Correspondente

W·U~ic,fr'tllN

subtis e de grande eficácia destruidora, vai amordaçando o povo alemão, tentando impedir que sua parte sadia reaja diante desse processo de dissolução dos valores da nação germân ica. A moral cristã é afrontada de mil modos. Torpes manifestações de despudor são oste ntadas diariamente pela publicidade e pela mídia com toda naturalidade. Nos talkshows, programas Frankfurt - Segundo o conhecido hisde TV apresentados e ntre duas e cinco toriador francês Pierre Gaxotte, a históhoras da tarde, horário em que as crianria da A lemanha é pontilhada de conças estão diante do vídeo, discutem-se trastes. É a terra das ascensões prodigiotemas corno sexo grupa l, vida das prossas e desgraças apocalípticas . E la passa titutas etc. rapidame nte de grande potência para o A sexualização da juventude avancaos. E do caos para g ra nde potência. ça. A revista juvenil "Bravo", entre ouPovo pensador, musical, trabalhador tros artigos demolidores da família, apree guerreiro como nenhum o utro, sabe e le senta entrevista com um rapaz e uma também entreter-se sadiamente em fesmoça que contam, em ling uagem vultas onde a cerveja e as com idas fortes gar, suas primeiras relações sexuais. Os exprimem a alegria de viver de outrora. entrev istados são fotografados inteiraNo coração do Continente europeu, mente nus, de corpo inteiro, de maneira faz a li gação e ntre o Leste e o Oeste, frontal. A revista dirige-se a jovens de tendo fronteiras com nove países. Esta LO a 14 anos, e a lcança tiragem semanal espec ial situação geográfica faz com que de um milhão de exemp lares! a A lemanha seja um centro natural de Sintomático é o comentário da revisinfluências e de debates, de choques ta "Der Spiegel": em recente artigo, afircu lturais e ideológicos. ma que urna das metas da Revolução da Revolução Cultural: Sorbonne (Maio de 68) era fazer com tradições cristãs na mira que a vida sexual deixasse de pertencer à esfera privada e íntima das pessoas e Este simpático país, que em apenas se tornasse um assunto público, conver50 anos se recuperou das devastações da sado em casa ou na rua, de forma banal Segunda Guerra Mundial transformando-se na primeira potência européia e na . e corrente, como hoje se fa la sobre política ou negócios. Essa "conqu ista" está terceira econom ia mundial , carrega conse realizando agora, assinala a revista. sigo incontáveis costumes e tradições cristãs. Atualmente, está sendo assolaNovo governo impulsiona do por uma tremenda Revolução Cultudesagregação de costumes ral. Esta revolução não mata ninguém, Após 16 anos de governo democramas muda as mentalidades, formadas em ta-cristão, que por suas inúmeras conboa medida pela influência da Igreja e cessões à esquerda desiludiu os católida moral cristã, abalando instituições cos alemães, os socia listas - geração como a família, base da organização so"maio de 68" conquistaram o poder. cial. Tal Revolução, mediante métodos

34

eAToLIe Is Mo

Março de t 999

Livro esclarecedor A Associação Alemã pró Civilização Cristã, conhecida no país pela s ig la

Coli gando-se com os verdes, o governo do Chanceler Schroder acaba de apresentar um plano de governo que acelera a Revolução Cu ltura l. As propostas do novo governo, já em discussão no Parlamento federal , fa lam por si: diminuição dos efetivos do exército, novo conceito de família - "lugar onde estão as crianças", com casamento ou sem casamento, com pais heterossexuais ou homo ssexua is - , libera lização da pílula abortiva RU 486, reconhecimento da prostituição como profissão etc.

Blasfêmias: Revolução no plano religioso Do ponto de vista religioso, os católicos vêm sendo torpedeados, sobretudo a partir de 1990, por urna onda de blasfêmias. Os responsáveis por essa maré negra de blasfêmias aproveitamse de uma lei que regulamentou as manifestações artísticas e que, na prática, descriminalizou a blasfêmia. Na majestosa Catedral de Colôniatalvez o mais famoso monui:nento do catol icismo alemão - um fotógrafo de revistas pornográficas introduziu um homem e urna mulher, os quais foram fotografados inte irame nte nus sobre o a ltar! A revista "Der Spiegel" apresentou na capa urna foto-montagem de João Paulo II segurando um báculo no qual , no lugar do Crucificado, aparece urna mulher com os seios desnudo . Peça de teatro em Berlim discute qual eria o pai de Jesus, escarnecendo da virgindade de Maria Santíssima. Em meio a esse "mar de iam.a", um pastor protestante e cre-

veu um artigo no qual afirma que a Virgem Maria teria conceb ido depois de ter sido vio lentada por seu pai! Comentando esta maré de blas fêmias, o Cardeal Meisner, de Colônia, declarou que "a Alemanha não é mais

um país de poetas e de pensadores, mas de blasfemadores".

Desilusão com os Pastores Neste ambiente hostil à prática da Fé, constata-se ademais a profunda desilusão da maior parte dos fiéis com muitos Bispos, os quais, por palavras, atos e omissões, vão abandonando Sl a missão de Pastores, deixando que o rebanho seja minado pelos efeitos da Revolução Cultural e m curso . Dom Lehmann, Bispo de Maiança e atual presidente da Conferência Episcopal A lemã, costuma fazer declarações que se chocam com a posição católi ca tradic ional. Recentemente ele causou perp lex idade entre os católicos quando, referindo-se a Lutero, declarou que ele poderia ser "um mestre das duas Igrejas", a católica e a protestante. Há 24 Bispos na Alemanha. Apenas um, Dom Dyba, de F ulda, não permite que em sua jurisdição func ionem os

Centros Diocesanos de Aconselhamento. Estes têm a faculdade de em itir um atestado mediante o qual qualquer mulher pode procurar uma clínica e praticar o aborto. Essa escanda losa prática gerou uma séria polêmica entre

DVCK (Deutsche Vereinigung fi.ir e ine C hri stliche Ku ltur) - entidade coirmã da TFP bras ileira-, publicou a respe ito um livro de grande alcance doutrinário. Trata-se da obra do sacerdote jesuíta Prof. Dr. Giovanni B . Sala, da Facu ldade de Fi losofia de Munique, que mostra a impossibilidade moral de organismos da Igreja participarem das refe ri das Comissões de Aconselhamento. Com o títu lo "Sistema católico de

aconselhamento e participação na lei do aborto", a obra fo i apresentada ao público, em outubro último, na Feira do Livro de Frankfurt. Atualme nte, e la está sendo amplamente divulgada, tendo obtido excelentes repercussões.

Como e quando reagirão os alemães? Analistas bem informados comentam que uma elas conseqüê ncias da Revolução Cultural é a formação de duas Alemanhas: a oficial, que segue a onda, e a profunda, que reduzida momentaneamente ao si lêncio, não quer romper com

sua vocação histórica, indi ssoluve lmente vincu lada à C ivilização Cristã. Como reagirá essa A leman ha profunda, atualme nte na defensiva? Terá e la a inda e nergias para opor-se a essa Revolução Cu ltura l ? É difícil prever, exatamente porque, desprovida do apoio da mídia, poucas ocasiões tem e la para manifestar-se. Um pequeno mas s ignificat ivo s intoma de reação da A lemanha profunda - amordaçada pelos agentes da Revolução Cultural e s il enc iada - são as manifestações indignadas que fig uram nas seções de Cartas dos Leitores, nos principais jornais. Nelas, Bispos e líderes da Democrac ia C ri stã são duramente criticados por não se oporem seriamente à crise moral que se abateu sobre o país. Crise que é, no fundo, a mola propulsora da referida Revo lução. Outro sintoma - q ue é certamente uma repercussão do livro do Padre Sa la - é o documento firmado por 111 relevantes pessoas do la icato católico pedindo aos B ispos que obedeçam ao Papa e se retirem das Comissões de Aconselhamento. O documento, que veio a público em janeiro, fo i subscrito por vários nobres, e ntre os quais a Pri ncesa G loria von Thurn und Taxis e a Condessa Johanna von Westphalen. Mais recente mente, deve-se mencionar a derrota dos socialistas ocorrida em fevere iro último no Estado de Hessen, há mui tos a nos co ntro lado pela esquerda. A derrota ocorreu por um fo rtalecimento dos democratas c ri stãos que consegu iram 43,4% dos votos contra 39,4% dos soc ia li stas . A derrota da esquerda é atribuída ao radicalismo das propostas da coali zão de socia li stas com verdes. Ta l radicalismo levou muitos e le itores a votarem na Democrac ia Cristã q ue, por pressão das bases, também adotou na campanha e leitoral uma retórica mais decente. ♦ Festa de ação de graças pela colheita na cidade Viescheide: vê-se o cortejo do qual participam camponeses com pitorescos trajes típicos e animais com artísticos enfeites florais; riquezas folclóricas combatidas pela Revolução Cultural

C AT O L IC ISMO

Março de 1999

35


ENTREVISTA

ESCREVEM OS LEITORES ··, '

.,

"Reforma Agrária"= Terrorismo Agrário [8J Sen hores Por dever de justiça, patriotismo e especialmente por dever de Cristão, parabenizo Catolicismo pela coragem e a serenidade com que denuncia obadernismo que hoje infelicita a nossa Pátria. Tocou-me sensivelmente a entrevista publicada este mês, (Nº 577, págs. 34 a 37) em que se retrata a tendenciosa "reforma agrária" em vigor no País. Todos sabemos que isto aí não é uma reforma agrária, mas um meio usado pelos comunistas para a implantação de seu regime; se não é isto, a que fim serviria o anarquismo em notório crescimento no País? A familia de Da. Maria Anton ieta e quantas outras que sofrem a frustração do descumprimento propositado da Lei, depois de anos e anos acred itando que o fruto do trabalho honesto, dedicado, contínuo, não poderia ser de tal maneira esbu lhado ... A frustração é ainda maior quando, como no caso em foco, o próprio Governo deprecia a Lei e a CNBB partic ipa ativamente, por meio da CPT, dessas atividades chocantemente injustas. O nosso Deus, Da. Maria Antonieta, é um Deus de Amor, de Justiça (Dt 32,4 - Ro, 9,14) e consome-se pelo zelo de sua Causa (Jo 2, 17). Conforte-se porque temos ainda baluartes como é a revista Catolicismo que, corajosamente denuncia essas barbáries.

te de Catolicismo, mesmo porque ela é sem dúvida alguma, uma verdadeira insp iração católica. Essa revista nos proporciona uma eficácia básica de nossa rei igião e sempre me traz novos conhecimentos. Digo também que gostei deste primeiro Nº de 99. Digo com sinceridade que está bem rico em conteúdo e bastante interessante. Creio que você e os demais sócios da revista prepararam o melhor de Catolicismo rumo ao ano 2000 e por isso estou certo de que os outros 11 números que faltam serão mais e mais interessantes. Continuem sempre assim, pondo-nos sempre mais a conhecer nossa própria religião, pois necess itamos de forças como essa. (G.S.D.C. - Maranhão)

t8J É com muito prazer que lhe escrevo . Primeiramente digo que estou gostando bastante de ser um assinan-

36

CAT O LICIS MO

Severino Cavalcanti: vista nos traz informações sobre a nossa Igreja Católica Apostólica Romana, importantes e apre nd emos muito. Na minha opinião, é a melhor revista católi ca que já li. O Sr. está de parabéns. Que Nossa Senhora de Fátima continue iluminando-o, como a todos que fazem a revista para continuarem cada vez melhores. (T.G. - Minas Gerais)

Informações fidedignas

[8] Estamos recebendo, lendo, divulgando e apreciando esta brilhante Revista Católica, riquíssima de informações fidedignas e precisas a respeito das atrocidades sociais, culturais e máxime religiosas de nossa Igreja, de nosso País e de nosso Povo. (L.F.P. - São Paulo)

Inspiração de Deus [8J L i logo toda a matéria do Nº 577 de Catolicismo. No decorrer da lei tura confirmou-se o meu julgamento inicial: As obras de Deus - a lu z, o firmamento (o céu), o elemento ári do (a terra) separado das águas que estão debaixo do céu (os mares) ... . o Homem - são todas boas, porém são muito boas (excelentes) quando vistas no conjunto (Gen . 1). Com o devido respeito à palavra de Deus,julgo poder reconhecê-lo, pela conseqüência, como o inspirador dos assuntos da querida revista. (C.Z.F.L. - Paraíba)

''A melhor revista católica"

(L.L.D.L. - Pará)

Necessidade "de forças como essa"

Deputado

[8J Escrevo para dizer-lhe que arevista de janeiro está ótima, muito bem elaborada, a nova seção l eitura Espiritual é ótima. Gosto de tudo da revista, mas o que mais gosto é Página Mariana e a Vida dos Santos. A re-

Março de 1999

"Conhecimento que não tínhamos antes"

t8J

A revista Catolicismo é uma revista educadora e evangelizadora para nossa família, é uma maneira de estarmos tendo informações sobre as notícias do Catolicismo, outras informações sobre o que acontece no mundo e o conhecimento de coisas que não tínhamos antes. É uma revista maravilhosa, espero que ela continue sempre assim e que melhore cada vez mais. (H.C.D.S. - Sergipe)

Graças [8J Estou muito contente com os esforços que vêm desenvolvendo para melhorar mais a revista ..... Tenho recebido muitas graças de Nossa Senhora depois que comecei a divulgar sua devoção, trabalhando pelo Seu Reino na Terra e para conversão dos pecadores. (D.D.e.A. - São Paulo)

decisivo o trabalho da TFP contra homossexualismo

S

ÚBITA E SORRATEIRAMENTE, e sem alarde na mídia, foi introduzido na pauta de votação da Câmara dos Deputados, durante a convocação extraordinária de janeiro último, o infame Projeto de "casamento " homossexual, de autoria da ex -deputada Marta Suplicy (PT-SP). A autora do projeto preparou um verdadeiro show para impressionar os deputados. Arregimentou meia dúzia de homossexuais e lésbicas que portavam faixas e cartazes pleiteando a aprovação do projeto. Entretanto, ela não contava com a mobilização dos católicos contra o Projeto, em larga medida por ação da TFP. Atenta à defesa da civilização cristã, a TFP denunciou a manobra através de carta ao presidente da Câmara Federal, deputado MicheJ Temer e aos líderes dos partidos. Cópia da mi ssiva foi distribuída aos demais deputados. Ao mesmo tempo, a entidade colocou em ação os seus correspondentes-esclarecedores di sseminados pelo Brasi l, a fim de protestarem junto aos parlamentares de seus respectivos Estados contra a votação desse nefando Projeto. Foi também enviada carta a todo o Episcopado nacional, alertando para a manobra, mediante Internet, fax e correio. A reação não se fez esperar. Centenas de aderentes das campanhas da TFP, mai s particularmente de "Vinde Nossa Senhora de Fátima, não Tardeis!" e "O Amanhã de Nossos Filhos", remeteram faxes e telefonaram para deputa.dos a elas mais vinculados, pedindo-lhes que pleiteassem a retirada de pauta. do Projeto em questão. Ou então, em caso de votação em plenário, que o rejeitassem. Outras associações cívicas e religiosas atuaram no mesmo sentido. Percebendo a reação da maioria cristã de nosso povo e a polêmica criada, os líderes dos partidos acharam mai s prudente transferir avotação do "casamento " homossexual para ou tra ocasião. Em sua indignação, a autora do Projeto -

que não se reelegeu nas últimas eleições - mal consegui a conversar com os repórteres, e cu lpou o presidente da Câmara por ter retirado o Projeto da pauta. No Gabinete do Deputado Michel Temer, o aparelho de fax não parava de funcionar. Eram tantos os protestos contra a inclusão do malfadado Projeto, eufemisticamente qualificado de "parceria civil", que seus assessores várias vezes desligaram o aparelho. Na carta que o vice-presidente da TFP no exercício da presidência, Dr. Eduardo de Barros Brotero, enviou ao Deputado Michel Temer, a TFP manifesta "o mais categórico protesto pelo conteúdo intrinsecamente perverso desse Projeto de l ei, que, sob o pretexto de disciplinar a 'união civil' de pessoas domes-

•• Deputado Severino : Cavalcanti:

• : • • • • Lembra o documento da TFP que a. doutri - : na católica "considera tais relações como um • ato intrinsecamente aberrante, atentatório à • • Lei de Deus e à Lei Natural, próprio a desper- • tar a ira e a maldição divinas, por ser um pe- • • cado que 'brada aos Céus e clama a Deus por • vingança'". Por fim, pergunta: "desejarão nos- : sos legisladores insultar a Deus e empurrar o • Brasil para as sendas da maldição e da ruína, • reconhecendo como normal uma prática infa- : me e antinatural como a homossexualidade?". • Na mesma missiva, a TFP pede que seja ou- : vida, de forma especial e com antecedência, a • voz do Episcopado nacional , o qual certamente : teria uma. palavr a decisiva a dizer, do ponto de • vista da moral católica e da doutrina duas vezes : milenar da Santa Igreja, sobre um Projeto que • repugna a fundo a majoria católica do País. : Quando da votação anterior sobre o mes- • mo Projeto, a TFP já havia reco lhido pareceres : de mais de 20 Bispos e um abaixo-assinado de • mai s d e 700 padres contra o "casamento" ho- : mossexual. • mo sexo, na verdade escancara as portas da legislação brasileira para a legitimação de atos pecaminosos e antinaturais inerentes às relações homossexuais" .

eATo

LI

eIs

M

o

"Há quatro anos a deputada Marta Suplicy (PT-SP) tenta aprovar o seu absurdo Projeto de "parceria civil", popularmente conhecido como "casamento" homossexual, na Câmara dos Deputados

Março de 1999

37


• • : • •

Agora, em carta enviada aos membros da H ierarqui a cató l ica, a TFP, movida pela aflição de ver o País na i minênc ia de ser j ogado pelas mãos de seus legis ladores nas vias da maldição e do pecado, ousa imp lorar a todo o Episcopado:

• '"Clama, ne cesses!' Clamai para que no • Brasil não se oficialize o mesmo pecado de : Sodo,na e Go,norra/ Claniai para que esse

r••iiiiiiiiiiii.;_;;;;;;;;:::---7

Projeto soez de 'casamento' homossexual seja rejeitado na íntegra! Clamai para que nosso País não seja coberto da vergonha de trair sua missão histórica, atolando-se na cumplicidade de um pecado que só servirá para atrair a cólera divina sobre nosso povo!" E prossegue a carta da TFP: "Nessa hora decisiva, a voz autorizada de nossos Bispos poderá colocar um.fim, de modo de.fi.nitivo, a tal Projeto de Lei depravado, que nunca deveria ter conhecido a luz do dia". E finaliza relembrando o salmista, Rei Davi, quando bradou:

"É tempo de agir, Senhor, pois lançaram por terra vossa Lei".

''Através de uma deputada federal, tenta-se introduzir na legislação brasileira esse ato intrinsecamente perverso e antinatural" [o de homossexualismo]

• • •• • • • • •• • : • •• •

O Deputado Severino Cavalcanti (PPB-PE), segundo vice-presidente e Corregedor da Câmara dos Deputados, que tem se destacado por sua eficaz atuação em defesa da família no Congresso Nacional, fo i procurado em seu gabinete na Câmara pelos correspondentes de Catolicismo na capital federal, Sr. Nelson Barretto, encarregado do escritório da TFP em Brasília, e Sr. Frederico Viotti, cooperador da entidade. Tendo em vista a enérgica posição assumida por esse parlamentar em defesa da família e da moral católica-especialmente naquela circunstância da sub-reptícia apresentação do negregando Projeto de "casamento" homossexual - nossos correspondentes foram solicitar ao Deputado Severino Cavalcanti L1111a entTevista sobre o terna. O parlamentar acedeu prontamente ao pedido, respondendo com tranqüilidade às perguntas que lhe foram dirigidas .

• Catolicismo -

: • :

• :

• : • : • : •

38

* * *

O que pretende a deputada Marta Suplicy com seu projeto da chamada "parceria civil"o u, na realidade, de "casamento" homossexual, colocado na pauta de votação da Convocação Extraordinária do Congresso Nacional? Dep. Severino Cavalcanti - Há quatro anos a deputada Marta Suplicy (PT-SP) tenta aprovaro seu absurdo Projeto de "parceria civil", popularmente conhecido como "casamento" homoss.exu.al, na Câmara dos Deputados . Segundo a deputada, o homossexualismo não é um vício, mas uma opção pessoal. Sen-

CATO LI C I S MO

cio assim, era necessário "regulamentar" tal opção, dando cidadania ao vício do homossexualismo! Pelo seu Projeto ele Le i, o Estado deveria garantir ao "casal" homossexual os mesmos direitos dos heterossexuais casados. De forma inexplicável, o seu Projeto havia sido colocado na pauta da Convocação Extraordinária do Congresso Nacional. Segundo a nossa Constituição Federal, o Congresso Nacional apenas poderia se reunir, em Convocação Extraordinária, para aprec iar casos ele "urgência ou interesse público relevante" (art. 57, § 6º, II da CF) . Pergunta-se: qual a urgência ou o interesse púb l ico relevante de se legalizar o "casamento" homossexual? Logo que tomamos conhecimento do fato, interpelamos o Presidente da Câmara, Deputado Michel Temer, que retirou o Projeto de pauta. Cabe salientar a enorme pressão que chegou do Brasil inteiro, por meio de faxes, telefonemas e e-mails, pedindo que tal Projeto fosse retirado de pauta. Fico feliz em poder mencionar, em entrevista a Catolicismo, que grande parte desses telefonemas partiram de pessoas contactadas pela TFP, especialmente através de suas campanhas "Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!" e "O Amanhã de Nossos Filhos". Foram inumerávei s as pessoas que li garam ou passaram.fax, de Norte a Sul do País, não só para o meu gabinete, mas para os dos demais deputados desta Casa legislativa. Receb i a cópia ele um.fax do Arcebispo de Olinda e Recife, D. José Cardoso Sobrinho, ao deputado Michel Temer, protestando veementemente contra a inclusão na pauta do Projeto de "casamento" homossex ual.

Catolicismo - O Sr. poderia explicar aos leitores de Catolicismo os graves inconvenientes da aprovação desse Projeto de Lei para o Brasil? Dep. S. Cavalcanti - De acordo com a moral católica, ensinada por Nosso Senhor Jesus Cristo e transmitida ao longo dos séculos pela Igreja, o homossexualismo é um pecado contra a natureza, que "brada aos Céus e clama a Deus por vingança". Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento figuram diversas condenações contra o homossexuali smo. No Antigo Testamento é narrada a destruição de duas cidades em que o homossexuali smo era aceito: Sodoma e Gomorra. Através de uma deputada federal, tentase introdu zir na legis lação brasileira esse ato intrinsecamente perverso e antinatural.

Se tal Projeto fosse aprovado, casais de homossexuais amparados pela lei conviveriam com famílias bem constituídas em um mesmo bloco de apartamento ou conjunto de casas. Não é difícil imaginar as catastróficas conseqüências que decorreriam dessa convivência ... A barreira de rejeição moral que separa o vício da virtude estaria trincada ou mesmo derrubada.

Catolicismo - Alg umas pessoas alegam que esse Projeto não equ ipararia o "casamento" homossexual ao casamento heterossexual, mas apenas regu lamentaria uma situação já existente e que necessitava o amparo da lei. O que pensa o Sr. a esse respeito? Dep. S. Cavalcanti - Nem tudo o que existe pode ser legalizado. Existe o roubo e o assassinato, existe a pedofilia e o adultério. Todos esses vícios, apesar de existi rem, não podem ser reconhecidos pelo Estado. Sobretudo, m111 ca poderiam ser legali zados! Sobre a questão de que o Projeto de Lei ela chamada "parceria civil" buscaria apenas possibilitar a realização de um "contrato" entre pessoas cio mesmo sexo, o que não seria o mesmo que "casamento " homossexual, é bom lembrar que devido à danosa laicidade do Estado brasileiro, este não reconhece o casamento religioso. Para ele, o casamento é apenas um contrato civil estabe lecido entre pessoas de sexos diferentes. Se o objetivo da "parceria civil" é possibilitar a realização de um contrato que garanta os mesmos direitos dos heterossexuais aos homossexuais, o efeito é o mesmo que legali zar o "casamento" homossexual, pois os dois são, para o Estado, um contrato. Apenas usar-se- ia o nome camuflado e enganoso de "parceria civil" para designar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. É bom lembrar que a lei atua l já garante o direito ele qualquer pessoa dividir o que possui. Não precisamos legali zar nenhuma união homossexual para assegurar o que já está legalmente garantido.

jeto absurdo, mas durante as atividades normai s do Legislativo. Nos quatro anos em que a autora da proposta defendeu seu Projeto, ela sempre ridicularizou e humilhou com termos torpes e vis no nível portanto do que ela defende -, os parlamentares que, como eu , defendem a família. Talvez por se achar acima de tudo e de todos, tenha a ex-deputada se auto- intitulado, pela impren sa, líder da bancada feminina no Congresso e agredido, ele forma gratuita, outras colegas que ousavam discordar de suas propostas permissivas.

Catolicismo -

O Sr. teria algo mais a dizer a nossos leitores? Dep. S. Cavalcanti - Em todas as votações de projetos contrários à família, contamos com o apoio de algumas associações cívicas e reli''Apesar de a mídia giosas, entre elas a TFP, e esperamos poder ter praticamente continuar contando com esse apoio precioso ignorado o meritóna renhida luta em prol cios valores da família • rio trabalho que sua e do Brasil. entidade desenvolApesar de a mídia ter praticamente igno- • veu contra o rado o meritório trabalho que sua entidade dehomossexualismo senvolveu contra o homossexualismo em nosem nosso País, so País, esteja certo de que ele foi fundamental • esteja certo de que e decisivo para impedir que fosse aprovado o ele foi fundamental nefando projeto de "casamento" homossex ual. e decisivo para Todos sabemos que, de modo geral, os interesimpedir que fosse ses dos órgãos de comunicação não são aprovado o atua lmente os mesmos dos verdadeiros católinefando Projeto cos . A campanha de silêncio promovida por • de "casamento" eles, portanto, é um sinal de nossa vitória! ♦ homossexual

Catolicismo - O Sr. acredita que o Projeto voltará a ser apreciado pelo Congresso Nacional? Dep. S. Cavalcanti - Apesar de a deputada Marta Suplicy não ter sido reeleita para a Câmara Federal, o seu Projeto ele "parceria civil " deve ainda ser apreciado por esta Casa Legis lativa e pelo Senado Federal. Quando ele vier para ser votado, vamos derrotá-lo! Queremos derrubar de vez esse Pro-

.

Março de 1999

CATO L IC IS MO

Março de 1999

39


TfPs EM AÇÃO ..,

Mobilização da TFP contra Projeto de ••casamento'' homossexual E SURPRESA e sem que a opinião pública fosse advertida, a ex-deputada petista Marta Suplicy qui s aproveitar a Convocação Extraordinária do Congresso Nacional, de janeiro último, para fazer passar na Câmara dos Deputados seu nefando Projeto de Lei 1.151/95 - o assim chamado "casamento " homossexual. Ante a imjnência da aprovação de tal Projeto, a TFP imediatamente se pôs a campo para denunci ar essa manobra em carta diri gida ao presidente da Câmara Federal, deputado Michel Temer, e aos líderes dos partidos. Também os demais deputados receberam cópias da missiva. Em seguida, a TFP mobilizou seus sócios e cooperadores, bem como seus correspondentes-esclarecedores e simpatizantes de norte a sul do País, para uma intensa campanha a fim de alertar os parlamentares a respeito da gravidade da situação. E das conseqüências que adviriam para o Brasil se aprovada fosse essa proposta, tão avessa aos princípios cristãos do povo brasileiro e à nossa tradição jurídica. A TFP coorde nou também um maciço envio de protestos particulares, através de cartas, fax, telefonemas e e-mails (v ia Internet), a.os deputados nos quais cada qual votou no último pleito e aos líderes dos partidos, instando-os a se mobili zarem contra tão aberrante Projeto de Lei . Os parlamentares - diziam algumas dessas mensagens - terão de prestar contas ao eleitorado, caso permitam que o "casamento" homossexual seja aprovado.

D

res dos partidos políticos - representando um contingente majoritário de parlamentares - a apresentarem ao

Retirada de pauta Houve assim uma bela reação do eleitorado católico, que levou os líde-

40

e A To LI e I s Mo

Março de ' 1999

presidente da Câmara Federal um pedido de retirada da pauta de votação do referido Projeto de Lei 1.151/95. Em conseqüência desse pedido e conforme o regimento interno da Câmara Federal, o Projeto foi retirado.

A carta Transcrevemos abaixo alguns excertos mai s significativos da carta que a TFP enviou ao Presidente da Câmara Federal, deputado Michel Temer.

Exm 9 . Senhor. Deputado Com o maior estupor e perplexidade, vimos a notícia de que foi incluído de sopetão, na pauta da convocação extraordinária do Congresso, o Projeto de Lei 1. 151 /95, da deputada Marta Suplicy (PT-SP), o qual tenta implantar o nefando "casamento" homossexual em nosso País. Na qualidade de Vice-Presidente do Conselho Nacional, no exercício da presidência, da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), pedimos vênia para manifestar a V Ex.º nossa profunda estranheza em face a tão inopinada decisão de levar à apreciação da Câmara dos Deputados - em regime de convocação extraordinária - um Projeto de Lei repudiado de Norte a Sul do País pela maioria cristã de nosso povo, sem que nenhuma razão relevante seja apresentada para tal açodamento. Assim, pedimos vênia para manifestar a V Ex.º= 1º) Nosso mais categórico protesto pelo conteúdo intrinsecamente perverso desse Projeto de Lei 1. 151 /95, da deputada Marta Suplicy (PT-SP) . .... 2º) Nossa mais viva estranheza pela forma açodada e em tropel com que se quer fazer aprovar esse Projeto de Lei, em tudo contrário à doutrina da Igreja e à índole cristã do povo brasileiro . .. .. 3º) Nosso franco e respeitoso apelo para que a votação do referido Projeto de Lei seja adiada para o período legislativo normal, e com prazo suficiente para que possam se manifestar a respeito de/e as forças vivas da Nação. Ouvi-las é uma necessidade, sobretudo quando está em discussão um problema que tocará fundo na consciência cristã de cada brasileiro. Sobretudo, Senhor Presidente, que se ouça de forma especial, e com antecedência, a voz do Episcopado Nacional . .. .. Temos em nosso poder os pareceres de mais de 20 Bispos e um abaixo-assinado de cerca de 700 Sacerdotes contra esse nefando Projeto de Lei de "casamento" homossexual. Com toda a certeza, no mesmo sentido manifestar-se-á a esmagadora maioria dos Senhores Cardeais, Arcebispos e Bispos brasileiros.

Eduardo de Barros Brotero Vice-Presidente do Conselho Nocional no exercício do presidência

Nossa Senhora de Fátima Atnplia-se a Peregrinação Per,nanente CAMPANHA Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! , da TFP, e tá ampliando o número de imagens peregrinas que perco1Tem as casas dos participantes da Campanha, o que tem sido ocasião para abundantes e assinaladas graças. Como meta próxima, 10 imagen estarão peregrinando, ou seja, sete a mais do que as existentes. A cada visita é proj etado um audiovisual sobre as Aparições de Fátima, bem como é feita rápida exp lanação a respeito da Campan ha, seu objetivos, sua difusão. É rufícil falar em conversões, mudanças de hábitos, formação da consciência moral da época da in fância c juventude - tudo isso tão desejado por Nossa Senhora - se as pe soas não conhecem bem os apelos e a Mensagem que Ela dirigiu à humanidade em Fátima. Hoje em dia, infelizmente, a grande maioria da s pe s as pratica exatamente o co ntrário do qu Nossa Senhora pediu aos três pa. torinh s na Cova da Iria. A Mensagem de Fátima um poderoso instrumento para que as pessoas se dêem conta da decadência gen ra li zada que asso la a humanidade, motivo de tantas lágrima derramadas pela Mãe de Deus em nossos cu lo. A Peregrinação Permane nte m maior escala tornará viável uma pri meira abordagem das pessoas, p rmi tindo que o maior número possfv'cl d católicos possa dar-se conta dos desígnios da Virgem Santíssima. Possibilitará também um trabalho ele formação moral e religiosa. daqueles que desejam aprofu ndar seu conhecimento a respeito da Mensagem ele Fátim a e ela Medalha Milagrosa ele Nossa Senhora das Graças. As imagens da foto são muito semelhantes à Imagem Peregrina Inter-

A

nacional de Nossa Senhora de Fátima, que chorou milagrosamente em Nova Orleans (EUA), em 1972. A Campanha tem receb ido numerosas cartas de pessoas que gostariam de acolher Nossa Senhora em suas casas e que desejam convidar seus am igos e parentes a. fim de co nhecê- la e de rezar a seus pés. O Pe. David Francisquini, quando soube da ampliação da peregrinação, fez questão que a nova etapa começasse por sua cidade, Cardoso Moreira, no Estado do Rio de Janeiro. Imagine-se as 10 imagens em peregrinação pelo Brasil e deixando por onde passam um rastro de luz. Luzes sobre os Estados, as cidades, os bairros, os lares e as fa mílias visitados. É um rastro de bênçãos, de graças, de conversões, de reconci Iiação, de paz, de fé, de oração, de luta contra o mal. As visitas são excl usivas para os lares dos participantes da Campanha. Acompanham as imagem um ou dois voluntários que estão aptos a dar explicações sobre a Mensagem de Nossa Senhora de Fátima e sua estreita li-

gação com a Medalha Milagrosa. Essa última, convém recordar, foi revelada por Nossa Senhora no século passado a Santa Catruina Labouré, em Paris. Em cada lar visitado é rezado um terço nas intenções de todos os participantes, especialmente pelas pessoas que contribuíram para que tal peregrinação se tornasse realidade. Cada imagem peregrina ex ige todo um conjunto de providências: um ou dois acompanhantes, uma coroa para a imagem, um automóvel, um projetor de slides, um aparelho de som, além, evidentemente, do combustível necessário. Segue também com os acompanhantes o materi al essencial para adivulgação de ambas devoções marianas, como medalhas, fotos, livros etc. As aparições de Fátima causaram grande comoção no mundo todo, em sua época. Pode-se imaginar o efeito benéfico que causará no Brasil inteiro, nos dias de hoje, a presença e as visitas dessa Imagens Peregrinas de Nossa Senhora de Fátima! ♦

C AT O LIC ISMO

Março de 1999

41


TfPs EMAÇAO

Embaraço da imoralidade: O Amanhã de Nossos Filhos deixa emissoras em situação crítica Ranking dos Piores, pesqui-

sa lançada por OANF, alerta anunciantes e põe em xeque imoralidade na TV

S

EGUINDO de vento em popa, a pesquisa Ranking dos Piores está se tornando cada vez mais conhecida e, portanto, representativa. Só o que não muda é a certeza que

ela transmite: programa imoral e de baixo nível está longe de ser aprovado pelo povo brasileiro. Para divulgar esse resultado, OANF o está enviando por Internet para as prin cipais agências de publicidade.

Programa de baixo nível não encontra patrocínio Em face da flagrante rejeição, evidenciada pelo Ranking, alguns

Ratinho apela para

~~ ~ 11 ·:

agressão verbal

'

"Ofensa maior foi cometida contra a inteligên-

·r.·~~l i., eia do povo", comentou Paulo Corrêa de Brito Filho, i,-j,.~ ,

',f'\ .:: ' ~ \ ~ il '\

O apresentador Carlos Massa, do SBT, cognominado Ratinho, utiliza expressões de baixo nível ao se referir a OANF

'· .,::.,_,,/

ERTURBADO pelo Ranking dos ~ ., ' Piores, que tem afastado patrocinadores ao evidenciar a rejeição popular a seu programa, o apresentador Ratinho expressa seu baixo nível, referindo-se a OANF com expressões grosseiras e vulgares. Segurando um cassetete, vociferando de maneira ridícula, o apresentador fez acusações descone- · .--r·,··"" xas e absurdas aos diretores da TFP, a (.~---· ,_ :✓,,,~ qual promove a Campanha, e à coordenadoria desta.

P

42

programas notoriamente imora is estão enfrentado sérias dificuldades. Sem encontrar anunciantes que se arrisquem a vincular seu produto ao baixo nível da atração, em issoras estão tendo que experimentar o gosto amargo do prejuízo. O exemp lo mais recente disso é o caso do SBT. Se o leitor tiver o mau gosto de si nto nizar a em issora durante o intervalo do Pro grama do Ratinho, irá perceber que, no lugar das inserções comerciais, o que predomina são as chamadas da própria emissora para suas outras atrações ...

..... ~.. ...

Coordenador Geral de OANF ao Informativo TV Debate, em resposta às injúrias proferidas por Ratinho. Segundo o Coordenador, é "espantoso" que o apresentador do SBT tenha chamado os coordenadores de OANF de "meia dúzia de milionários", já que é o próprio Ratinho quem ganha milhões de reais explorando a miséria das pessoas. Conclusão: diante do insólito comportamento de Ratinho, pode-se concl uir que os promotores da imoralidade na .- ~· . TV já não gozam da sensação de liberdade que tinham antigamente. Agora eles têm algo a temer, como seja a ação de esclarecimento junto à opinião pública: OANF!

~~~ -~

OANF vai à Escola

Disk TV Denúncia

Aumento de participantes

Consciente do importante papel desempenhado pela Escola na formação mora l de nossas crianças, a coordenação de OANF pretende, a ind a neste ano, imp lanta r uma nova campanha. Dirigida aos professores de escolas primárias, ela visará alertar os mestres sobre os danos que a imoralidade na TV pode causar à formação de uma pessoa.

Enquanto o Co ngresso Nacional não vota a DELETEL, solução defini tiva contra a imora lid ade da TV, OANF já se empen ha em que seja posta em prática a Delegacia do Telespectador: Trata -se do Disk TV Denúncia . Por esse sistema, em breve os telespectadores poderão denunciar a TV imoral de qualquer parte do País e a qualquer hora.

Essa é a maior meta de OANF para o a no de 99 . Segundo o Coordenador Geral da Campanha, para que suas iniciativas possam de fato exercer pressão sa lutar sobre as em issoras e patrocinadores é neces sário a mobi lização de um grande número de pessoas. Os coordenadores de OANF estão trabalhando em um novo projeto nesse sentido.

CATO LICISMO

Março de 1999

Nos Estados Unidos, Marcha e Missa pela vida

--....

Orlando L ra, r. Correspondente

Estados Unidos

WA SHINGTON - O dia 22 ele janeiro passou para a hi stóri a cios Eslaclos Unidos co mo uma data ele vergonha. Neste dia, há 26 anos, a uprcma Corte aprovo u o aborto mediante a dec isão Ro vs. Wacle, que se tornou tristemente célebre. Mas ao conlrário de outros países nos quais se legali zo u o aborto, surg iu um a forte reação na op inião públi ca a meri ca na contra a 1m11ança ele inocentes. Inconformados com a propon,río apoca líptica desse ho locausto - 40 milhões d ·rian ·as 'X terminadas e m 26 anos os norte-ameri ca nos Tiaram ccnlcnas de organi zações Pela-Vida que lutam conl ra o abo rto uti li za ndo todos os meios legais di sponfv ' is. O 'V nlo-símbolo desta reação . é a Marcha pela Vicio , qu ' cm 22 de janeiro último reuniu 130 mil pessoas ' tn Washinglon. Provenie ntes dos qualro cantos deste país-continente, velhos, moços ·rian ·:is cerraram fi leiras ao lado ele centenas de Card ais, Bispos, 1adres e re li g iosos, para protestar conlra a "ve1;1{011/tr1 deste século" : o genocíd io indi scriminado d' ·ria n ·:1 s indefesas. Desde a prime ira Morcft a w ta Vida , e m 1974, a Sociedade Arnerica11a de 0 <'./<'SO da Tradição, Fam.ília e Propriedade Lc m o ·upado lu ,ar de dcslaq ue nesse evento. As dezenas 1' 'slandart 'S auri-rubros, as vi stosas capas envergadas por · ·111 ·nus d ' cooperadores e correspondentes ela o r 1 .i ni ,,,11 ·110, 'mpreslam à Marcha um tom de ga lhard ia e b ' I ·zu . Mas, se os csland:1r1 •s · capas dão co lor id o e conotação herá ldica , a l'unl';irra da TrP co nfere o toque vibrante ele 30 in slrum ' lllos d ' sopro e percussão. É impossível descrever a ai · ria • o cnlusias mo co muni-

Os estandartes da TFP norte-americana tremulam ao vento durante a Marcha pela Vida, marcando a posição de realce ocupada pela entidade no evento

cactos à multidão por essa manifestação. Após lo ngas horas em pé, ouvindo d isc ursos e sa udações, a IOº graus centígrados aba ixo ele zero, não espanta que a lgun s se deixem abater tanto pelo cansaço e fri o qu anto pela fome. O toq ue límpido e empolgante dos metai s ela Fanfarra ela TFP leva nta os ân imos, estimul ando os anti -aborti stas a marcharem com e nlusiasmo rumo ao Capitó li o e à Suprema Corte. Neste ano, a TFP norte-americana foi ho nrada pela presença e m suas fil e iras, durante a Marcha pela Vida , de Dom Custod io A lvim Pe reira, ex-A rceb ispo ele Loureço Marques, Moçam biqu e, e atualmente CônegoMor da Bas ílica de São Pedro, em Roma. Dom Alvim Pereira ve io acompanhado de Mons. G ill es Wach , Superio r Gera l cio Instituto C ri sto Rei (Itá li a), e de dezenas ele o utros padres e leigos da assoc iação francesa Droit de Naí:tre, li gada à TFP fra ncesa. No dia seguinte à Marcha, Dom Alvim Pereira oficiou Missa na Igreja da Anunciação, em Hanover. Após o Santo Sacrifíc io, celebrado segundo o rito tridentino, foi oferecido um banquete aos ilustres hóspedes e a outros 300 convidados na sede centra l da TFP no rte-ameri cana, e m Spring Grove, na Pensilvâni a. ♦

Convidados pela TFP norte-americana, participaram da Marcha pela Vida o Arcebispo Custódio A. Pereira, Cônegomor da Basílica de São Pedro (Roma) e Mons. Gil/es Wach, Superior Geral do Instituto Cristo Rei (Itália). Na foto, com batinas r oxas: à esquerda, Mons. Gilles Wach e à direita Dom Custódio A. Pereira; com batinas pretas, membros do Instituto Cristo Rei dos Estados Unidos; e ainda leigos que assistiram o ato litúrgico.

CATOL I C I S MO

Março de 1999

43




d~!it~ Nesta edição 40 anos de Revolução e Contra-Revolução

9

Espelho da alma do Autor

Entrevista

12 Repercussão

de

Revolução e Contra-Revolução na Itália 40 anos de Revolução e Contra-Revolução Nossa capa: O beijo de Judas - Afresco de Giotto (séc. XIV), Capela Scrovegni, Pádua (Itália). Adaptação de cores realizada pelo ateliê artístico de Catolicismo

16 Valor

reconhecido por simpatizantes e adversários

Docun1ento

18 Documento

da TFP de transcendência internacional

Revolução e Contra-Revolução

2

Capa

A Palavra do Diretor

21

4

A realidade concisan1ente

Página Mariana

5

Maria -Bistrica, Protetora dos resistentes

A palavra do sacerdote

7

Casamento e limitação da natalidade

Semana Santa: traição ou fidelidade ao Redentor

28 Na

Coréia do Norte: comunismo sem máscara e retoques

Vidas de Santos

30 São

Fidelis de Sigmaringa: martirizado por calvinistas

Aspecto parcial do auditório durante uma das conferências proferidas no IV Congresso de CorrespondentesEsclarecedores da TFP, 14 a 16 de fevereiro último

Santos e -Festas do n1ês

36 S.O.S. Fan1ília

38 A

santidade da mãe: fator de estabilidade familiar

TFPs en1 ação

40 IV

Congresso de CorrespondentesEsclarecedores

Escreven1 os leitores

An1bientes, Costun1es, Civilizações

33

44 Grécia

antiga: predominância da harmonia

Discernindo

34 Fracasso

de

assentamentos reconhecido pelo governo f ederal

Imagem de São Fidelis de Sigmaringa, Matriz de São Fidelis na cidade do mesmo nome (RJ)

C ATOLI C I S MO

Abri/de 1999

3


PÁGINA MARIANA

Maria-Bistrica

Amigo le itor,

Padroeira da Croácia e Protetora dos que resistem

Semana Santa! Nesse tempo a Igreja convida-nos ao recolhimento, à reflexão e à conversão. Quere ndo auxiliar nossos leitores na salutar tar efa de exame da própri a vida espiritual - exercício que normalmente nos leva a progredir na Fé Catolicismo apresenta uma análise substanciosa das atitudes de pes oas que mantiveram contato com Nosso Senhor durante sua Paixão. Uma meditação que deve nos transportar à época da· existência terrena de nos o Redentor, olocanclo-nos no lugar daque las pessoas que tiveram o privil égio de conhecer pessoalmente o Salvador divino. Qual teria sido nossa atitude? Teríamos nos portado com uma fide lidade análoga à da M ãe ele Deus (guardadas as proporções) ou a coragem de Verônica, que enfre ntou os sold ados para aproximar-se ele Jesus e enxugar-L he o rosto coberto ele suor e sangue? Teríamos a contri ção ele São Dimas que, me mo te ndo levado um a vida d ' crimes e na situação de cruc ifi cado, soube r conhecer o Filho de 1 ' US nJ\qu •I ' que estava padecendo ao seu lado , ass im qu O ouviu di z.er: " Pai, perdooi lh es

V ALDIS

Que fazer diante de um inimigo anticatólico tão forte, contra o qual, humanamente falando, é impossível resistir? Pactuar? Fazer algum ."acordo"? Render-se? Ou devemos pedir o auxílio de Nossa Senhora para enfrentá-lo com fortaleza, dispostos a tudo para não perdermos nossa Fé? A história apresentada a seguir, de Nossa Senhora de Bistrica, na Croácia, comprova como essa última opção é a única verdadeira

porque não sabem o que f azem?" Ou será que muitos de nós ag iríamos como a mai o ria do povo: pr •l"t·ri11do 11 malíc ia dos cri mcs e dos víc i s representados por Bnrrnh6s, rn ndl' ll ttnd o o F ilho de Deus que ele ·ceu cio mais a l_to cios é us para nos r ·s •u lur do p ·t·11do'l E ainda, talvez, nos defenclc ríamos: j o111os i11.1·1i/7ados .. . O que teríamos feito co m Nosso Senhor? N ão pe nse o leitor que estas refl exões nstilu c m ap ·nus ·s p ' ·tal u~, o abstrata. Afinal, estamos ass istindo a uma autê nti ca Via m cis nos di as d ' hoje, e quem a está percorrendo, de cruz às costas, sob aço ites e impro p ·ri os , é a própri a Igreja Católica. Quantos não se tê m levantado contra Ela com in sultos, condenando-A po r causa de seus princípios? Mas ... pior ainda, qu antos não têm ag ido como verdade iros Judas lscariotes? Qual nossa atitude em relação à Igrej a Cató lica, o Corpo Místi co ele Cri sto? Por uma feli z coincidê ncia, esta edição de Seman a Santa coinc ide com as comemorações do 40°. aniversário do lançamento da obra Revolução e Contra-Revolução do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Compreendendo muito bem os proble mas que a Santa Igrej a e nfrenta em nosso século, ele falou em Paixão da Igrej a, aludindo aos padec imentos e traições que o Corpo Místico de C risto vem sofrendo. Aquel a obra extravasou npssas fron teiras e percorreu um longo caminho de lu z nos cinco continentes . Houve até um ecl esiástico de proj eção que chegou a compará-la à obra imortal de Santo Agostinho, A Cidade de Deus. Desejando a todos profícua reflex ão quaresmal, despeço-me, com votos de uma Santa Páscoa, e de especi ais bênçãos de Nosso Senhor Jesus C ri sto Ressuscitado a todos nossos le itores e familiares . E m Jesus e M a ria

~ ~07 DIR ETO R

4

CATOL IC ISMO

Abril de 199!1

OUCOS PAÍSES católicos possuem uma história de lutas e fidelidade à Santa Igreja Católica como a Croácia. Situada no Leste da Europa, viu os povos vizinhos irem apostatando e se afastando da verdadeira Igreja. O povo croata, entretanto, permanece fiel. Os sérvios, seus vizinhos, aderiram, em primeiro lugar, ao cisma dos gregos. Esse cisma devorou várias nações, mas ao chegar à Croácia estancou. Depois foi a heresia dos Bogomilos, no século XIII, que contaminou diversas regiões do Leste europeu. Mas na fronteira croata foi barrada. Surgiu depois um perigo muito maior: o maometanismo dos turcos, que chegavam com

P anual para o de ABRIL de 1. Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avuleo:

GR!NSTEINS

XVI, o título de "Antemurale Christianitatis ", ou seja, Baluarte da Cristandade. Não pararam aí os inestimáveis serviços que os católicos croatas prestaram à Igreja e à Civilização Cristã. Quando o protestantismo perverteu parte considerável da Europa, contaminando algumas populações do Reino da Hungria, ao qual pertenciam os croatas, estes não aderiram à nova heresia. E, mais uma vez, a heresia estancou em suas fronteiras. Posteriormente, foram tropas croatas as que sufocaram várias revoluções liberais e anticatólicas que sacudiram a Europa no século passado. Ainda em nosso século, os croatas souberam permanecer fiéis à sua Fé, quando o comunismo subjugou toda a Europa Oriental, tendo vários deles sofrido o martírio ou terríveis perseguições, como o heróico Cardeal Stepinac, há pouco beatificado. E na recente guerra que eclodiu no território da ex-Iugoslávia, demonstraram os croatas mais uma vez suas qualidades guerreiras na defesa de seus santuários, vários deles ferozmente bombardeados pelas forças do regime comunista de Belgrado.

Maria-Bistrica: símbolo de uma luta heróica Imagem de Nossa Senhora de Bistrica

uma força avassaladora. Os povos vizinhos da Croácia renderam-se.

Croácia: Baluarte da Cristandade Os croatas, contudo, muito inferiores em número, embora superiores quanto à Fé, decidiram resistir. Apelaram a Nossa Senhora, pediram seu auxílio materno e ... resistiram contra toda esperança por muito tempo. Seu território era invadido, mas depois os invasores eram expulsos. Tal resistência evitou que os turcos entrassem na Itália, na Áustria e na Alemanha. A Croácia foi um dique que defendeu toda a Europa. Por isso, o Papa Leão X concedeu-lhe, no século

Foi em meio a um desses memoráveis combates em defesa da Fé que começou a história do Santuário considerado hoje o símbolo da nação croata. Quando, em 1545, os muçulmanos se aproximaram de uma capela na colina do vinho (Vinski Vrh), o povo da região refugiou-se na próxima cidade de Bistrica, levando consigo uma pequena imagem que representa Nossa Senhora vestida como dama nobre da região, com o Menino Jesus nos braços. O pároco da cidade, temendo a invasão dos turcos, tomou a imagem e a escondeu num buraco cavado no muro da igreja. Os turcos dominaram a cidade, o pároco fugiu e morreu sem ter revelado a ninguém onde havia escondido a imagem. A luta continuou alguns anos, após os C ATO LIC IS MO

Abril de 1999

s


quais os católicos retomarall). a cidade. Em J 588, o novo pároco.,da igreja ficou surpreso ao ver uma luz sair de dentro de um muro. Com a ajuda dos paroquianos, o sacerdote perfurou a parede encontrando então a imagem de Nossa Senhora. A notícia do miraculoso fato difundiu-se rapidamente pela região e começaram as peregrinações.

Novamente ocultada e reaparecida Mas, no decorrer daquelas incessantes guerras, os muçulmanos mais uma vez invadi"ram a cidade. De novo, em 1640, o pároco escondeu a imagem atrás da parede do altar-mor da igreja e evaa imagem milagrosa ele Bistrica. O párodiu-se. A devoção à imagem diminuiu co não tinha idéia que imagem podia ser em meio à confusão da guerra. E anos essa, mas, estimulado pelo Prelado, e apó após já ninguém se lembrava mais dela. minucio a procura, acabou por derrubar Desta vez, a vitória dos turcos parea parede do altar-mor, reaparecendo a cia certa. Em 1683, eles já tinham chegasim a aludida imagem , que desta forma do até a capital da Áustria, Viena. Tudo voltou a ver s u povo. indicava que então o Baluarte da CrisTal acontecimento despertou o fertandade seria destruído. Entretanto, os vor cios liéis, pois significava que Nossa turcos foram esmagados em Viena pelas Senhora não tinha querido ver os invatropas do Rei da Polônia, Jan Sobieski, c começaram uma retirada que permitiu à sores; mas tendo retornado os católicos, Ela queria vê-los. Começou então novaCroácia manter-se firme como fronteira mente a veneração à imagem ele Bistrica. entre os católicos e os infiéis. Permaneceria desaparecida a imaEm 98 anos: 1109 milagres gem da Virgem, que tanto tinha ajudado Para recompensar a fidelidade na luta a manter viva a Fé em meio à confusão pela Fé contra os maometanos, um dos provocada pela guerra? primeiros milagres que Nossa Senhora Um novo milagre, contudo, permioperou foi o de libertar sete prisioneiros tiu que ela fosse encontrada. Num docatólicos que se encontravam numa formingo de setembro, após o sermão cio taleza turca. Ela lhes apareceu em sopároco, os católicos presentes à Missa nhos e disse: "Não temais, meus.filhos, subiam até o púlpito da igreja para rezar mas tende confiança, porque eu recupea fim de obter certas graças. Entre essas rei a visão em Bistrica, onde permaneci pessoas, apareceu uma senhora vestida sem ver por mais de 40 anos. Fazei uma de azul, tendo nas mãos uma vela acesa. promessa de peregrinar até lá e sereis Ela pediu: "Rezai com todo o povo para libertos". Obviamente, ao acordar, os que eu possa voltar a ver". O pedido prisioneiros fizeram a promessa pedida. não deixava de ser estranho, uma vez que Imediatamente, suas correntes caíram, elita senhora tinha subido e descido do · a porta da prisão abriu-se e eles pudepúlpito e se retirado sem ajuda. ram sair. Peregrinaram então até a refeApós a Missa, o pároco foi visitar rida igreja para agradecer à Mãe de Deus outro sacerdote, e encontrou no caminho por sua libertação. a senhora que fizera aquele pedido. DeComeçaram então a multiplicar-se sejou perguntar-lhe o motivo dele, mas a os milagres operados por Nossa Senhosenhora desapareceu repentinamente. O ra, a tal ponto que, só de 1688 até 1786 pároco concluiu então tratar-se da Virgem (98 anos), foram anotados 1109 prodíSantíssima. Solicitou ajuda ao Bispo, o gios no Livro dos Milagres. Essa quanqual lembrou-se que, sendo menino, titidade de milagre reforçou a ré do nha feito uma peregrinação descalço até

&

CATO LI C I S MO

Abril de 1999

Santuário - Basílica de Nossa Senhora de Bistrica, na Croácia

povo, de tal forma que nunca puderam os muçulmanos, inimigos da Fé, conquistar a Croácia. Em 1715, o governo do país mandou erigir o altar-mor do templo rei igioso, que desta forma passou a ser consi derado o Santuário-símbolo da nação. A partir dessa época, os católicos é que tomaram a iniciativa do ataque contra o muçulmanos, sendo estes finalmente expul o da região, após quase 400 anos de tentativas para apoderar-se desse valoroso baluarte católico. E se pequeno país especialmente protegido por Nossa Senhora permaneceu de pé e invicto, enquanto outras nações muito maiores sucumbiram ao jugo muçulmano. A história dessa imagem constitui um símbolo para os católicos de nossos dias no mundo todo. Nossa Senhora poderá estar escondida de nossa visão, devido a perseguições. Mas desde que confiemos e resistamos, Ela mesma operará os prodígios necessários para reaparecer a nossos olhos! E e por quaisquer razões tivermos a infclicidad' de nos esquecermos dEla, a Virg ·m licl jamais se olvidará de nós, • dcsejar6 nos ver novamente. É pr •ciso 11H11lll'I" 11:1 alma essa esperança. ♦ Fontes <k n-ft·n•11dw Do111l' ll11•11 M111< 11<c1 , S,11,111,111 M11ria11i S1111 1'1111111. 1<1111111, 111•11.

d ' titllll/111, hl J1·1111

l.11tl11111r.

N11llf' /1,11111 • dt• 1011/ e

i,'fi t1111f"'• 1'11 l<1• Hilll , M1111I • III N, I 1)1{,I ,

casamento é indissolúvel, mas não consigo entender por que Deus daria mais valor a um casamento de interesse, de conven iência, do que ao casamento por amor. É muito mais fác il manter unida uma famí lia onde o pai e a mãe se amam e logo conseguem transmitir isso aos filhos. É errado desejar casar por amor? É errado desejar ser fe liz aqu i na Terra, ou devemos desejar só a felicidade no Céu? Não entendo por que o objetivo principal do casamento tem que ser a reprodução; o mundo já não está suficientemente povoado? A Igreja condena o uso da pílula anticoncepciona l?

RESPOSTAS

Não é errado buscar alguma felicidade aqui nesta Terra, nem o amor no casamento. Ao contrário de certas seitas pagãs ou protestantes, a Igreja não considera a vida neste mundo como um castigo, mas como uma participação nos planos de Deus, embora numa terra de desterro, e, portanto, onde prevalece o sofrimento. É preciso, entretanto, entender bem o que é a felicidade e o amor. Muitas pessoas confundem a felici dade com o prazer, o gozo, a alegria, a despreocupação etc. Se a felicidade fosse isso, ela não poderia existir quando há dor, sofrimento, dificuldade, apreensão etc. Sendo a paz "a tranquilidade na ordem" - como ensina Santo Agostinho - , cremos poder dizer que a felicidade está na fruição dessa paz, fruto da ordem que, por sua vez, só é alcançada, mantida e duradoura mediante a observância da Lei de Deus. Assim a alma ordenada goza de paz. É feliz. A família ordenada, na qual os LO Mandamentos são observados, usufrui da paz. É feliz.

Ora, nesta vida, muitas vezes os momentos mais felizes vêm unidos a dores e apreensões, as quais nos de ixam depois saudades e uma sensação de plenitude, de vitória. Como diz Nosso Senhor, a mulher, quando está para dar à luz fica apreensiva; mas depois fica contente e feliz com o filho de suas entranhas, não mais selembrando das dores sofridas (cfr. Jo J6, 21). Um filósofo pagão, dotado de sólido bom senso, procurando entender no que consistia a fel icidade, chegou à conclusão de que ela está no dele ite proporcionado pela prática da virtude. Esta concepção, fruto da sabedoria natural, é confirmada pela Reve lação divina que nos mostra que a felicidade procede do temor de Deus, é um dom de Deus. Assim, lemos na Escritura: "Nasceu a luz para os justos e a alegria para os retos de coração" (S I. 96, 11). "Vós, que temeis o Senho1; esperai nEle e para vossa consolação virá sobre vós a sua misericórdia" (Ecl. 2, 9) "porque o Senhor Deus .... não priva da felicidade os que procedem retamente" (SI 83, 12-13).

A falta de amor no casamento A falta de amor no casamento é uma anomalia, uma carência. Entretanto, não devemos considerar aqu i como amor a paixão e a atração sensual, as quais dependem dos caprichos da sensibilidade, mas sim a estima profunda e real, que gera o respeito, o afeto e a colaboração mútuos. Podemos então tomar do Apóstolo São Paulo a verdadeira concepção de casamento cristão, calcado no amor que Cristo tem à sua Esposa Mística, a Igreja. Inspirado pelo Espírito Santo, dirige-se assim aos primeiros cristãos da cidade de Éfeso: "Maridos, amai vossas esposas, como Cristo amou a Igreja e Se entregou por Ela, para santificá-La, purificando-A pela água do batismo com a palavra, para apresentá-La a Si mesmo toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim. os

maridos devem amar suas mulheres, como a seu próprio corpo. Quem ama sua mulher, ama a si mesmo. Decerto, ninguém odeia sua própria carne mas a nutre e trata como Cristo faz com sua Igreja, porque somos membros de seu corpo" (Ef. 5, 2 1-33).

Base jurídica do casamento Entretanto, se o normal é que ex ista amor e mútuo afeto no casamento, não se pode colocar só no amor sensível a base jurídica do matrimônio. Pois, dessa forma, o casamento seria uma das insti tu ições mais frágeis e efêmeras de quantas existem, porquanto dependeria das mutações do coração humano. Se assim fosse, quando deixasse de haver afeto entre os esposos, o casamento esta.ria dissolvido e com isso se estabeleceria o caos das uniões instáveis e passageiras, a poligamia sucessiva do divórcio, enfim o amor livre. Então, a essência do contrato de casamento não está só no a.mor mútuo dos esposos, mas antes de tudo na promessa que ambos fizeram perante Deus, no pacto que estabeleceram ao casarem-se de se unirem por toda a vida, na fidelidade e no desejo de terem filhos, colaborando com Deus na admirável tarefa de propagação do gênero humano. No fundo, baseia-se no amor de Deus. Dessa forma, ainda quando, por infelicidade, cessasse o amor afetivo com que os esposos se uniram matrimonialmente, não cessaria. o compromisso efetivo e indissolúvel assumido, bem como o profundo amor aos filhos e o respeito pela fé empenhada que fazem com que o casamento persista. No caso dos cristãos, acresce ainda o respeito especialíssimo pelo sacramento do matrimônio.

Objetivo principal: a prole Em relação aos filhos, não se deve contrapor o amor mútuo dos esposos ao desejo e à aceitação da prole com que Deus abençoa o matrimônio. Quando a Igreja estabelece a prole como o fim primário do casamento, Ela não está excluindo o amor entre os esposos, pois tal amor, se é verdadeiro, abre-se para o dom da vida, para as alegrias da maternidade e da paternidade. CATOLICISMO

Abril de 1999

7


40 ' anos Livro que é espelho de uma alma CEL. CARLOS ANTONIO

Os filhos são o dom com que Deus abençoa o casamento, especialmente a família fecunda e numerosa

O contrário faria do casamento aquilo que um escritor francês chamou de "egoísmo a dois", o que se opõe à noção correta de união matrimonial. Os filhos,já dissemos, são o dom com que Deus abençoa o casamento, especialmente a fanúlia fecunda e numerosa, e constituem um dos elementos mais sólidos da estabilidade e harmonia conjugal. Não se deve vê-los portanto como um embaraço, um empecilho para a felicidade matrimonial, uma dificuldade que se deve evitar para se ter mais liberdade e facilidade de gozar a vida. É esta a concepção pagã e hedonista do casamento. Os filhos, longe de serem um empecilho para a harmonia e felicidade do casal, são a mais bela e autêntica expressão do amor conjugal, um complemento sem o qual - ao menos em desejo, para aqueles que são estéreis - , este amor facilmente fenece e se estiola.

Pílula anticoncepcional Como vimos, a felicidade genuína não se constitui no gozo da vida, mas está na satisfação que vem da prática da virtude e do temor de Deus, do cumprimento do dever. Está também na alegria da participação no plano divino de povoar a Terra e a Jerusalém Celeste.

"Crescei e multiplicai-vos, enchei a terra!" (Gen . I, 28).

dade (hoje em dia esses métodos estão muito desenvolvidos), isto enquanto persistirem tais razões. Havendo circunstâncias imperiosas que imponham o controle (por razões de saúde, por angústia econômica .... , por excessiva freqüência de gravidezes .... ), tal decisão deve ser tomada no temor de Deus, na tristeza e no desejo de que estas circunstâncias cessem o quanto antes, lamentando a necessidade que obriga a tal recurso. Por que é que não se pode utilizar a pílula anticoncepcional? Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que várias dessas pílulas de fato são abortivas, não impedindo a fecundação, mas de fato expulsando o embrião já concebido. É criminosa. Mesmo, entretanto, que não seja abortiva, a pílula é um modo de, realizado o ato conjugal, este fique privado artificialmente de sua natural fecundidade. Equipara-se pois ao pecado pelo qual Onan foi castigado, com a morte, por Deus (cfr. Gen. 38, 8-10). Não importa que o obstáculo posto para frus. trar a fecundação seja a interrupção da relação ou o uso de meios químicos, físicos - como os famigerados "preservativos" - ou outros, incluindo a ligadura de trompas na mulher, ou a vasectomia do marido. Nada disso é permitido pela moral católica.

Quando há razões sérias e ponderáveis, a Igreja permite a utilização dos métodos naturais de controle da natali-

a

CATO L IC IS MO

Abril de 199!J

Métodos naturais Ao contrário da pílula e demais mé-

todos que impedem artificialmente a fecundidade do ato conjugal, os métodos naturais, baseados no conhecimentos dos períodos de fertilidade feminina, propõem apenas a abstenção de relações nesses períodos. Não interferem, portanto, no ato conjugal propriamente dito, nem impedem artificialmente sua fecundidade, mas propõem tão-somente à abstenção desse ato em determinadas ocasiões, ou eja, nos dias de fertilidade. Embora tais métodos sejam bastante eficazes, eles não têm aquela precisão mecânica dos reprováveis métodos artificiais. Embora desejando, por alguma razão realmente ponderável, evitar a concepção, está no espírito desse método natural acolher com amor e gratidão um filho, caso for ele concebido. A vontade de Deus acima de tudo. Quanto à esterilidade natural de um, ou de ambos os esposos, tal esterilidade não impede o casamento, a não ser quando resultante de impotência física ou psicológica, de um ou do outro cônjuge, quando perpétua e antecedente ao matrimônio. Concluindo, não há nada de errado em querer alguma felicidade, inclusive nesta Terra. O que está errado é almejar a felicidade de um modo falso, ou pondo nesse desejo tal empenho, que a outra vida, a do Céu, perca o atrativo que nos deve sempre e em tudo nortear e apaixonar. ♦

Procuramos o Coronel do Exército, Carlos Antonio E. Hofmeister Poli, que por mais de três décadas acompanhou muito de perto a vida de Plinio Corrêa de Oliveira e com ele manteve um convívio muito assíduo. Pedimos-lhe um artigo comemorativo para este mês - no qual celebra-se o 40º aniversário do lança-

E.

HoFMEISTER POLI (Rl)

mento de Revolução e Contra-Revolução, publicado em primeira mão no centésimo número de Catolicismo, em abril de 1959. Ele se prontificou a fazê-lo, de modo a demonstrar que o Autor dessa magna obra não apenas explicitou a doutrina contida no livro Revolução e Contra-Revolução, mas a colocou em prática, tornando-se sobretudo um exemplo-vivo dela. O Gel. Poli, um dos diretores da TFP, acrescentou que este aspecto sempre o deslumbrou em Plínio Corrêa de Oliveira: um homem que viveu in concreto os princípios de Revolução e Contra-Revolução, aplicando-os com suma coerência em todos os instantes de sua vida1.

e

ONHECI Plínio Corrêa de Oliveira - Dr. Plínio - em 1959. Desde então, esse varão todo católico, todo apostólico foi para mim modelo exímio de fé, de amor a Deus e guia seguro nos tormentosos dias em que vivemos. Modelo exímio de fé e de amor a Deus, porque Dr. Plínio considerava toda a realidade - note-se bem: toda, isto é, sem qualquer exceção - em função de Deus e dos direitos da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, e, como conseqüência, também da Civilização Cristã.

Contínuo combate ao mal e ·favorecimento do bem Por isso, a vida de Dr. Plínio foi um contínuo combate. Jamais ele se desmobilizou. Mesmo quando repousava, seu espírito permanecia prestes a agir conforme as circunstâncias o exigissem, tal a adequação de sua vida com a luta que empreendeu. De temperamento afável e até afetuoso, sabendo agradar para fazer o bem, em nada Dr. Plínio TO L IC IS MO

Abril de 1999

9


Plínio Corrêa de Oliveira na biblioteca da primeira Sede Social da TFP, na capital paulista, em 1964

transigia com o mal, fosse este arrogante ou se esgueirasse mediante insinuações, aliciamentos ou conivências: a barreira era intransponível e, conforme o caso, o contra-ataque fulminante e irresistível. Nada escapava à sua vigilância, quer para enfrentar o mal, quer para aproveitar as oportunidades de fazer o bem. A energia para a luta, Dr. Plínio a hauria na Santa Igreja. Sem ela - dizia ele sua vida "não seria exeqüível, nem sequer concebível". Gigante entre os grandes que a Santa Igreja gerou ao longo dos sécu los, Dr. Plinio sabia também debruçar-se sobre os pequenos, os fracos, os pecadores, para elevá-los, fortalecê-los, conduzi-los à penitência, à compunção ... sobretudo à luta.

Modela, mestre e guia Assim, fui sendo admitido gradualmente na intimidade desse homem providencial: quanto mais o conhecia, mais o adm irava e mais percebia a imensidade insondável de sua personalidade. Ele foi, é, e sempre será único como modelo, mestre e guia de todos os verdadeiros membros da TFP, até o fim dos séculos. Recentemente apresentaram-me um neocooperador da TFP: "Cel. Poli disse-me ele - eu não conheci Dr. Plinio". Num instante, surgiu em meu espfrito a constatação: o grande dom que Nossa 10

CATO L I C I S MO

Senhora me concedera de conviver com Dr. Plínio. A imensa pena do jovem que, entretanto, reluzia de entusiasmo pela TFP, quase me comoveu: ele não conhecera Dr. Pli nio! Limitei-me ao banal "muito prazer" e formular votos de que Nossa Senhora o ajudasse a tornar-se um fervoroso membro de nossa entidade. O mencionado neocooperador esteve muito presente, até o fi na l daquele dia, em minhas cogitações. Já de itado, antes de apagar a luz, como é meu hábito, tomei o livro Revolução e ContraRevolução para ler alguns parágrafos. Logo dei-me conta - e isso mu ito me consolou - de que aq uele jovem teria a seu alcance um meio eficiente e acessível de conhecer Dr. Plin io: ler e estudar Revolução e Contra-Revolução.

Revolução e Contra-Revolução reflete Plínio Carrêa de Oliveira Com efeito, Dr. Plinio escreveu Revolução e Contra-Revolução em 1959, visando principa lmente aprofundar sua comun icação de alma, que já era grande, com os integrantes do então "Grupo de Catolicismo" - os quais viriam a constituir a TFP, em 1960. Para isso, ele apresentava o fim que seu combate tinha em vista: destruir essa "imensa avalanche que é a Revolução, dar-lhe o nome adequado, indicar muito sucintamente suas causas profundas, os agentes que a promovem, os elementos essenciais de sua doutrina, a importância respectiva dos vários terrenos em que ela age, o vigor de seu dinamismo, o 'mecanismo' de sua expansão" 2. No plano sobrenatural, as relações · de Dr. P linio com Deus, com Nossa Senhora, nos são insondáveis. Porém, no plano humano, reflexo do sobrenatural, o que mais caracterizou Dr. Plínio foi o combate contra a Revolução, causa por excelência da grande crise q ue se abateu sobre a humanidade. Ou seja, combate contra os adversários da Santa Igreja e da Civilização Cristã, tanto os declarados quanto os velados, sejam eles os

Abril de 1999

in imigos externos ou os que te ntam destruir a Cidade Santa de dentro de seus próprios muros. Ora, o combate, quando de fato merece essa designação, é a ap li cação do esforço- do resistir e do enfrentar, como também, do discernir e do articu lar com o máximo de envo lvimento pessoal. Ao descrever, portanto, seu combate, Dr. Plín io del ineou a si mesmo. Pois delineava-se - por oposição - no que odiava a ponto de querer destruir: a Revolução. Assim como - por identidade - no que amava e queria restaurar e exaltar: a Contra-Revolução.

Amar à Ordem contra-revolucionária simétrico ao ódio à Revolução Imenso é o papel do amor e do ódio na alma humana. Santo Tomás, ao abordar esse tema na Suma Teo lógica, afirma: "De onde é necessário que o amor seja anterior ao ódio; e que o ódio seja tido por nada, a não ser que contrarie convenientemente aquilo que se ama" 3. Dr. Pl ínio foi um oceano de amor a Deus, e, conseqüentemente, odiou a Revolução com todas as fímbrias de sua alma. Porque a Revolução é, na História da humanidade, a suma revolta do homem contra a Ordem estabelecida por Deus no Universo e um esforço metodicamente conduzido, por agentes sagacíssimos, para implantar radicalmente o contrário dessa Ordem. Tal verdade - e segundo a lição de Santo Tomás, o ódio ao mal, no caso concreto a Revolução, é causado pelo

amor a Deus e à Ordem por E le estabelecida - Dr. Plin io a de ixa bem clara nas páginas de Revolução e Contra-Revolução. Ele quali fica a Revolução como gnóstica e igualitária, palavras estas adequadas para desig nar a real idade como e le a discerniu: - Gnóstica, porque nega a Deus como um Ser pessoal, legis lador - que estabeleceu o Decálogo - e transcendente a toda Criação, origem e fim último do homem. Portanto a Quem devemos obedecer, servir e amar. - Igualitária, porque promove arevolta contra as desigualdades harmôn icas que o próprio Deus estabeleceu amorosamente entre todos os seres criados. Com efeito, no Universo, como Deus o criou, nada é igual a nada. Amar as desigualdades legítimas supõe amar as superioridades; e esta é a via para amarmos a superioridade suprema que é Deus. Portanto, odiar tais superioridades, leva a odiar a Deus. Em decorrência de urna visão do Un iverso elaborada cuidadosamente à luz da doutrina catól ica, Dr. Plí nio define a Civ ili zação Cristã como "austera e hierárquica, fundamentalmente sacral, anti-igualitária e antiliberal" 4. Tal Civi lização, Dr. Plí nio amo u-a desde muito jovem. A ela votou todo o seu coração, sabendo que lhe cabia uma missão: definir um ideal, entusiasmar-se e fazer outros se entusiasmarem por esse ideal e levar os que tiverem se entusiasmado a lutar para: "extinguir a Revolução e construir a Cristandade nova, toda resplendente de fé, de humilde espírito

hierárquico e de ilibada pureza" 5. E le estava compenetrado de que isso se faria "sobretudo por uma ação profunda nos corações". E, enlevado, reconhecia que "esta ação é obra própria da Igreja, que ensina a doutrina católica e a.faz amar e praticar", sendo pois a Igreja "a própria alma da Contra-Revolução" 6. Esse ideal, por sua vez, comportava também em retirar a Santa Igreja da situação mais aflitiva e hum ilhante pela qual passou, deste a morte de Nosso Senhor Jesus Cristo 7.

Não uma luta em tese, mas atual e concreta Em consonância com isso, era sua concepção da luta contra-revolucionária: "Importa acrescentar que a Contra-Revolução, assim vista, não é nem pode ser um movimento nas nuvens, que combata fantasmas. Ela tem de ser a Contra-Revolução do século XX, feita contra a Revolução como hoje em concreto esta existe e, pois, contra as paixões revolucionárias como hoje crepitam, contra as idéias revolucionárias como hoj e se formulam, os ambientes revolucionários como hoje se apresentam, a arte e a cultura revolucionárias como hoje são, as correntes e os homens que, em. qualquer nível, são atualmente os fautores mais ativos da Revolução. A ContraRevolução não é, pois, um mero retrospecto dos male.f(cios da Revolução no passado, mas um e:,forço para lhe cortar o caminho no presente" 8.

siderações. Daí também o discern imento das almas, descobrindo o plano específico de Deus para cada urna delas. Favorecer a realização desses p lanos era preocupação constante do insigne líder e pensador cató li co. Revolução e Contra-Revolução exerce também um papel formador. Suas páginas contêm não só ensinamentos, mas toda uma visão das coisas, tão ampla, que orienta a pessoa que deseje se modelar segundo os planos divinos para com ela. Pois, na amp litude universa l dessa visão, cada qual pode encontrar sua vertente própria de se unir a Deus. Muito e muito mais se poderia dizer sobre a reversibilidade existente entre Revolução e Contra-Revolução e seu Autor. É assunto lum inoso e inesgotável, que merece a maior atenção. Estou certo de que, qua lquer estudo de Revolução e Contra-Revolução, é altamente proveitoso. Porém, a meu ver, o maior proveito que se pode tirar dessa obra é ter em vista, como objetivo explícito, conhecer a pessoa de Plinio Corrêa ele O li veira. Varão inteiramente isento de qualquer mancha revolucionária e, a meu ver, padrão eminente para os homens dos tempos vindouros, previstos por Nossa Senhora em Fátima, quando se referiu ao triunfo de Seu ♦ Imaculado Coração.

Notas: l. Em síntese, o Autor deno mina Revolução o

Para conhecer melhor o Autor: análise profunda do livro Como Dr. Plínio, Revolução e Contra-Revolução é um monumento monolítico de coerência, fonte inesgotável de conhecimentos e escola de amor a Deus. Sobre isso, convém dar aqui uma explicação, ainda que sumária. Por uma via especialíssima de vida espiritual, que o levou a alto grau de santidade9 , Dr. Plínio via a realidade do ângulo em que ela é vista pelo próprio Criador. Daí a coerência e a universalidade de suas conEm decorrência de uma visão do Universo elaborada cuidadosamente à luz da doutrina católica, Dr. Plínio define a Civilização Cristã como "austera e hierárquica, fundamentalmente sacral, anti igualitária e antiliberal "

2. 3. 4. 5. 6. 7.

8. 9.

processo mu ltissecu lar q ue vem destruindo a Cristandade, desde o dec lín io da Idade Méd ia, é poca e m que o ideal católico de sociedade mai s se aproximou ele sua reali zação. E entende por Contra-Revolução a reação organizada que se opõe à Revolução e visaresta urar a Cristandade. Revoluçc7o e Contra-Revolução, Artpress, São Paulo, 4" edição, lntro lução, p. 15 Suma Teológica, 1 "li"; q. 29, 2,c. Revoluçc7o e Co11tra -Revoluçcio, Parte II, cap. 11, 1. Op. cit., Parte li - cap. X II , 5. Op. cit. , Parte 11 - cap. X II, 5. Sobre as ca lam idades na fase pós-conci liar da Igreja, é de fundamental importân cia o depo imento ele Pau lo VI na Alocução ao Seminário Lombarclo, em 7 ele dezembro ele 1968 e no sermão de 29 de junho de 1972. Re vo/11çcio e Contra-Revolução, Parte 11 , cap. 1, 3. É este o meu sentim ento e a minha convicção pessoa l, que evidentemente não visa adiantar-se ao juízo infalível ela Santa Igreja, o qual acato com toda submissão.

C ATO L IC IS MO

Abril de 1999

1 1


ENTREVISTA

Quatro prestigiosas edições de Revolução e Contra-Revolução na Itália Sr. Giovanni Cantoni, natural de Piacenza, Itália, fundou em 1972 a editora Cristianità e, no ano seguinte, a revista do mesmo nome. Esta é o órgão oficial do movimento Alleanza Cattolica (Aliança Católica), cujo fundador e dirigente nacional é o próprio entrevistado. Desde 1994, colabora no "Século de Itália", quotidiano da Alleanza Nazionale (Aliança Nacional), como editorialista. E desde 1996, está sob sua responsabilidade a rubrica semanal do Dicionário do Pensamento Forte. O entrevistado promoveu o lançamento de três edições italianas de Revolução e Contra-Revolução através da Editora Cristianità, de Piacenza. Está no prelo uma quinta edição a ser lançada pela mesma empresa editorial, uma vez que a Campanha Luci sull'Est promoveu uma quarta edição do livro. O Sr. Giovanni Cantoni concedeu entrevista a Catolicismo, em sua residêneia, na cidade de Piacenza. Entrevistou-o o diretor do Bureau das TFPs em Roma, Sr. Juan Miguel Montes.

O

Sr. Giovanni Cantoni:

'~ semeadura de Revolução e Contra-Revolução na Itália

foi indubitavelmente relevante e fecunda"

12

• : : • : • •

• •

• Catolicismo - Quais as razões que o leva: ram a publicar Revolução e Contra-Revo/u• ção na Itália? : Sr. Giovanni Cantoni - A resposta comporta • algumas indicações de fato e de caráter pessoal. : Em 1960, aderi aos Centros pela Ordem Civil, • nascidos como reação à "abertura à esquerda", : isto é, o ingresso dos socialistas no governo da • República italiana. No mesmo ano de l960, pu: bliquei uma coletânea de artigos do Padre jesuíta • Luigi Taparelli d' Azeglio com o título La libertà : tirannia -Sàggi sul liberalismo risorgimentale, • (A liberdade tirania - Ensaio sobre o liberalis: mo ressurgi mental), tomando posição assim con• t:ra o Risorgimento, a saber, contra a Revolução : italiana, isto é, a versão italiana da Revolução dita • francesa. Esta publicação atraiu, na época, a aten: ção dos leitores da recém-constituída Sociedade • Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Pro: priedade, nascendo a partir de então um relacio• namente com ela que dura até agora. Quando

CATO LICISMO

Abril de 19'99

encontrei Revolução e Contra-Revolução, em 1961 , na edição em francês preparada no Brasil, julguei identificar na obra uma resposta útil aos meus problemas pessoais político-religiosos e aos do mundo político-cultural no qual vivia: portanto, um instrumento para esclarecimento em uma "confusão" rica de boas intenções, mas pobre de orientações razoáveis e ordenadas. E me impressionou sobretudo o fato de que permitisse de ir para além da compreensão "política" do passado e que, colhendo também aspectos existenciais do processo revolucionário, pusesse na II Parte -A Contra-Revolução-, as premissas para uma obra de Restauração, seja no interior do ciclo revolucionário em curso, seja após a sua eventual realização.

Catolicismo - Que importância teve a RCR no desenvolvimento do pensamento contra-revolucion ário italiano? Sr. G. Cantoni - A semeadura da RCR na Itália foi indubitavelmente relevante e fecunda. Do ponto de vista quantitativo, tal semeadura repetiu-se várias vezes: após a edição de 1964, pelas gráficas da Editora dell'Albero de Turim , cuja tradução foi preparada no Brasil e por mim rev ista apenas quanto ao indispensável. Estudei o português necessário para retraduzir o texto e promovi uma segunda edição, em 1972, e uma terceira, em 1977, em ambos caso através da Editora Cristianità de Piacenza. E m 1998, foi feita uma quarta edição por Luci sull 'Est, em Roma. E estou preparando uma quinta para 1999, sempre mediante a Editora Cristianità, após o falecimento do autor, e no 40º. aniversario da publicação da obra. Do ponto de vista qualitativo, a obra desenvolveu e continua a desempenhar a função que descrevi: contribuiu e continua contribuindo para o esclarecimento, seja em relação à compreensão do passado, como do presente, seja a ação a se desenvolver no presente em vi ta do futuro. Evidentemente, sem qualquer responsabilidade para o autor e sem prejuízo de ninguém, entre os frutos da semeadura, recordo o primeiro "fruto público", que me di z respeito, isto é, o ensaio introdutório que inseri à ed ição de 1972, A Itália entre a Revolução e ontra-Revolução, uma tentativa de interpr tar os 200 últimos anos

de história italiana, segundo os critérios expostos e propostos em RCR. Tal interpretação constituiu e continua a constituir o quadro de fundo da atividade de Alleanza Cattolica no seu apostolado cultural contra-revolucionário. Naturalmente com todas as revisões que se tornaram necessárias com o passar do tempo e com o fato de tal interpretação ser exposta às mudanças que derivam do conhecimento histórico, tanto do meu como da cultura histórica italiana e européia, porque o "revisionismo", intrínseco à ciência histórica, não deve ser somente desejado mas também praticado.

Catolicismo - Para a edição italiana de RCR , em 1977, o Autor acrescentou uma Ili Parte denunciando a IV Revolução . Qual é a atualidade de tal análise sobre a IV Revolução, sobretudo depois do desmantelamento do bloco soviético, que encarnava a Ili Revolução? Sr. G. Cantoni - Sou pessoalmente orgulhoso de estar na origem material da III Parte de RCR - Revolução e Contra-Revolução vinte anos depois. Trata-se de uma parte de extraordinária importância, porque, ao menos nas suas grandíssimas linhas , completa a descrição conceptual do ciclo do processo revolucionário, ainda quando a exposição seja intencional me nte hipotética e pedagogicamente interrogativa. Com efeito, o itinerário da revolução religiosa para a político-social, e desta para a econômico-social, conclui-se com e na revolução cultural de massa, realização difusa da revolução cultural elitista, aquela humanistarenascentista que está na origem da revolução religiosa e com a qual o processo propriamente se iniciou. Na III Parte, vêm fornecidos os primeiros parâmetros para enquadrar quanto está ocorrendo não só de 1968 a 1989, mas também o que esta ocorrendo depois de 1989, o 68 das nações, seja como um requinte da dissolução quanto uma ocasião de restauração, dotando assim a II Parte de um ulterior alcance. E se, como se diz, "quem bem começa, já está na metade da obra", creio que se possa também dizer que "um problema bemfocalizado, já está resolvido pela metade". Catolicismo - O que o Sr. pensa a respeito do conceito de Revolução nas tendências, descrito pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, e que parece ser um contributo muito peculiar às teses contra-revolucionárias já desenvolvidas no século passado? Sr. G. Cantoni - Não se trata do único

contributo, nem elementos esparsos desse aspecto do fenômeno revolucionário estão ausentes nos autores contra-revolucionários que precederam o mestre brasileiro e que ele levou em consideração a partir do eclesiástico francês Mons. Henri De lassus, que viveu entre o século XIX e o século XX e que é autor da obra Le probleme de l 'heure présente: antagonisme de deux civilisations. Por isso tal contributo pode ser indicado como peculiar no sentido de do minante, não abso lutamente de único. Tratase, porém, de um aspecto que integra a perspectiva contra-revolucionária precedente, impedindo que pudesse ser reduzida a perspectiva de um setor, ainda que seja de setor importante corno o religioso ou o político. Corn efeito, introduzindo elementos existenciais, reporta à noção e à dimensão antropológica da cultura, não só àquela sociológica - "o(. .. ) conceito de "revolução cultural " abarca, co,n impressionante analogia, o mesmo campo já designado(. .. ) como próprio da Revolução nas tendências", afirma o autor em um comentário de 1992 - , e, conseqüentemente, sugere também uma espécie de "pequena via" no quadro do "ideal da Contra-Revolução", "restaurar e promover a cultura e a civilização católica ". Segundo o Papa João Paulo II, "a cultura não diz respeito apenas aos homens de ciência, como não deve se encerrar nos museus. Essa é, direi quase, a residência habitual do homem, o que caracteriza todo o seu comportamento e o seu modo de vive,; e até mesmo de habitar e de vestir-se, o que ele acha belo, o seu modo de conceber a vida e a morte, o amor, a família e o compromisso, a natureza, a sua própria existência, a vida associada dos homens, como também Deus" (Discurso à Comunidade Universitária de Louvain, de 20-5-1985, n. 1, in lnsegnamenti di Giovanni Paolo //, vol. VIII, l , p. 1590). Portanto, o apostolado contra-revolucionário católico, integrado não só de elementos macroestru turais, màs também mi croestruturais, segundo o ensinamento de Corrêa de Oliveira, é hoje mais do que nunca parte objetivamente constitutiva do aposto lado cu!tural católico, por explícita indicação pontifícia denominada Nova Evangelização. Catolicismo - O grande canonista, recentemente falecido, Pe. Anastasio Gutiérrez, dizia

: •

"Na Ili Parte : [da obra], vêm : fornecidos os . . • pr,me,ros : parâmetros para

. : : : • •

enquadrar quanto está ocorrendo depois de

1989, O 68 das nações, seja • como um re-

• : • • • : : • •

quinte da dissolução quanto uma ocasião de restauração, dotando assim a li Parte de um

• ulterior alcance" •

• PuN10 Co1rn ,,A IJJ'' •

oUVElllA

RIVOLUZlONE

<tri$tiattità

• : • • •• •

C ATO LIC IS MO

Abril de 1999

13


"O estudo de Revolução e Contra-Revolução deve querer dizer reflexão guiada, a partir do texto, para todo o católico socialmente empenhado"

14

q ue o co nteúdo de Revolução e Conlra- Revolução deveri a ser e nsinado nos grandes centros cató li cos de c ul tura s upe ri o r, po rq ue ne les fa lta uma visão co ntra-revoluc io ná ri a . Mas a lgué m pode ri a ver no caráter marcadame nte sintético de RCR uma difi cul clacle à sua aceitação no ambi ente acadêmi co. O que o Sr. pensa a esse propós ito? Sr. G. Cantoni - Concordo com o ju ízo ex presso pe lo pranteado Pad re c laretiano, mas cre io que devo faze r um a prec isão. Co m efe ito, antes de tudo, parece- me que ta l juízo indica uma carê nc ia no mundo cató li co, constitu ída por inadeq uados pontos de referênc ia nos parâmetros da Filosofia e ela Teo log ia da Histó ri a, com as co nseqüe ntes q uedas na v icia mora l, seja dos ind ivíduos como dos grupos hum a nos que constitue m ta l mundo, dev idas à ausência desses parâmetros. E m segun do lugar, o do uto canoni sta entende sugerir como útil os pa râmetros expostos e propostos na RCR, à q ual se refere corno

"uma obra magis1ral, c1ijos ensinamenlos deveriam ser diji111didos a1é fa zê-los peneirar na consciência de lodos os que se sinlam verdadeira111e111e ca16li ·os; eu diria mais, de lodos os ho111e11.1· de boa vontade". Neste ponto penso q ue a proposta necessita ele urna re fl exão sobre o gênero I itcrário da RCR, para ev ita r eq uívocos, como aque le ele propo r um gené ri co "estudo". Com efeito, em minha opinião, não se trata ele um texto ele estudo no sentido corrente cio termo, isto é, ele um texto do q ual se haure sobretudo informações, mas de "um simples conjunto de leses" - a defin ição é do próprio Corrêa de O liveira - útil para pro mover "exercícios intelectuais e espirituais que renovem a 'consciência de verdade'" -co mo a c hamou o Pontífice reinante - nos cató licos e nos não cató licos. Expli co-me com um exemplo que cons idero decisivo. Seria exato sugerir o "estudo" - senão para estud iosos de ascética e mística católicas - dos Exercícios Espirituais de Santo Inác io de Loyo la? Como é sabido, não se trata de um "livro para se ler", mas de um gu ia à med itação organi zada, à oração metódica, uma espécie de esboço para um a coméd ia de arte - e coméd ia, co mo testemunha a obra-prima de Dante A li ghieri , não indi-

CATOLICISMO

Abril de 1999

ca só e princ ipa lme nte representações cô micas e co m fin a l fe li z, c uj o pro tago ni sta é o exerc itante, e cuj a matéria principa l é fo rnec ida pe la co ndi ção passada e presente do mes mo exerc itante, isto é, da sua vid a, e que te m necessidade da presença a mais di screta poss íve l - o que não quer di zer secreta, mas simpl esme nte não s ubstituti va - de um maestro, o diretor do curso de exercícios, aque le que os "encena " . Certamente RCR te m relação com o Tratado da Ve rdadeira Devoção a Ma ria, de São L uís M aria G ri g ni on de Montfo rt: trata-se de urn a re lação ind icada explic itamente pelo próp rio a uto r, e m um prefácio, no da ed ição arge ntina de 1970, que parece consti tuir contribu to fun da me nta l à " interpretatio authentica" de RCR. Mas não fa lta m, certame nte, re lações com os Exercícios Espirituais, dos q ua is RCR, creio, constitui a versão sub specie societalis, "apta para a sociedade" . E esta úl tima re lação ape la para a necess idade de um organi smo o mais possível d iscreto - ou sej a, que não "roube espaço" ao exercitante - de d ireção cios exercíc ios, ao mes mo te mpo intelectual e espiri tua l, para propor ao corpo soc ial cató lico e não cató li co, sobretudo aos seus líderes, não só po líti cos mas de opini ões, a fim de q ue examin em à lu z de seus critéri os, sua hi stóri a, a hi stória de suas nações, de seus povos e ele suas soc iedades. A este propósito, parece- me sign ificativo o q ue o autor escreve e m 1978, no pre fác io à segunda ed ição espanho la de RCR: "( .. . )abstenho-me de aplicações con-

cretas ao panorama espanhol, deixando a meus leitores que o faça m segundo as inspirações de sua fé e de seu patriotismo" . Po r isso, ouso propor, ele modo in terrogativo e po rta nto hipotético, uma tese da q ua l esto u pro fundamente convencido, derivada de tais propostas de identificação do "gênero" de RC R: este organi smo de d ireção esp iri tua l e inte lectual não se rea li za ta lvez nas Soc iedades de Defesa da Tradi ção, Famíli a e Propri edade e nas entidades análogas, inspiradas na obra apostólica de Plíni o Corrêa de O li veira, ou simplesmente simil ares? Por isso, para conc luir sobre o ass un to, o estudo de RCR deve querer di zer refl exão gui ada, a partir do texto, para todo católico ocia lmente e mpenhado. Mas, posta a natureza social do homem, que cató li co e não cató lico não se ac ha de a lg um modo soc ia lme nte empenhado? Para usar o texto, p rtanto, necess ita-se não só o tex to cm si mesmo - o que constitui um a tese cio onsc lhc iro /\các io - mas alguém q ue se ponha a seu serviço e gui e o seu uso. Q uatro anos de po is do fa lec imento do au-

to r e q uarenta anos de po is da pu blicação de RCR, impõe-se a reflexão sobre esta questão : é possíve l sepa rar o autor e o seu cari sma daquil o que ele mesmo indi ca como sua obra princ ipa l, qu and o no Auto- retrato .fü osó.fico de 1976, atua li zado e m 1994 [e publi cado na edi ção de outub ro de 1996 de Ca1olicisnw l, afirma ca tego ri ca me nte q ue "o ensaio em que

condenso o essencial de meu pensamenlo explica o senlido da minha atuação ideológica"? De onde separar signi fica qui çá exa lta r o auto r presc ind indo da adequada va lori zação de sua o bra- prima e da pro moção de seu uso correto. Co rno te rmo de referê ncia pe la resposta à d ita questão, creio que valha esta outra, para a qua l já se encontra à di spos ição abundante materi a l hi stóri co para examinar: é poss íve l separa r Sa nto Inácio e o seu cari sma dos Exercícios Esp iriluais, ass im co mo estes de Santo [nác io? Não me parece o único uso incorreto da mensagem de Corrêa de O li veira o que indique i ac ima . Com efe ito, não posso deixar de lado a hi pótese de que RCR sej a tratada como texto de hislória ma is be m do que re fl exão sobre a hi stória e da hi stóri a pa ra apli ca r às d iversas hi stóri as, quando não como texto profético no senti do ríg ido de indicador exato e concl usivo do te mpo e do lugar de a lgun s aco ntecime ntos fut uros. De minha parte penso q ue RCR é um instrumen lo de medida inseparável do seu auto r, q ue o propõe exatamente corno inslrumento do qual servir-se não como gaiola na qual encerrar-se. Assi m, parece- me q ue devem corretame nte se enquad ra r nos Comen tários fe itos em 1992, orig inados dos aco ntec ime ntos suced idos depois de 1989: c re io q ue se trata, como ta mbém no I e no II capítul o da UI Parte, A Revolução, um processo em transfo rmação continua e Apogeu e crise da 111 Revolução, sobretudo de prec iosos exemplos de ap licação dos critérios de RCR, de uma verificação da permane nte atualidade dela como instru mento, ma is bem do q ue integrações ao própri o texto, que, sem embargo, não fa ltam: quem escreve exatamente a mesma obra depo is de ta nto te mpo? Ainda que a resposta tenh a sido mu ito longa, devo completá- la ao me nos em tese em relação à sua última parte, a re lativa a q uanto está ind icado como caráter sin tético do texto. Antes de tudo, segundo minha opi ni ão, ta l síntese co nfi rma a natureza de RCR como "um simples conjunto de teses". Porta nto o seu caráter sap ienc ial - "produto autêntico da sap ientia christiana", como a de fine o Pe. G utierrez -

o u seja, útil para da r sabor à info rm ação do usuário, ao exerc itante po líti co-re li gioso, e não ao sim ples le ito r e à sua cul tura. Tal caráter sa pi e nc ia l é ex traído, di st il ado d a re fl exão in spi rada do autor sobre a hi stó ri a ela c ri standade ro man o-germâni ca. Trata-se certamente de um limite obj etivo, isto é, de um traço be m defi nido por Con êa de O li veira no segundo capítul o da I Pa rte, não de um defeito, como o ind icado por Eric Voege lin a respeito de G iambattista Yico, "( .. . )quando generalizou o curso romano em uma "história ideal ". Corrêa de O li ve ira não se pretendi a erud ito, co mo e le própri o me d isse forma lmente em 1972, po r ocas ião ele nosso prime iro encontro, e não me pareceu ex pressão de modéstia, mas declaração com caráter e intenção de finitóri a. Mas erudito não se contra põe só a ignorante; cont rapõese também - e é o caso de nosso Autor - a douto insati sfeito com o acervo de conhecimentos . Portanto, sábio da sabedoria extraída da reflexão sobre a real idade, o mu ndo cató li co, e o tempo histórico objeto da atenção dos pensadores contra- revo luc io nários. Lame nto não poder ex por compl etame nte os "Ensinamentos" de um frade do mini ca no de Pisa, Ba rto lomeo de San Concordi o, que vive u na segunda metade do séc. Xlll e na prime ira do séc. XIV, o q ual ded ica uma inteira seção de sua obra Ensinamentos dos Antigos para ind icar sete razões pelas q uais "o dizer algo de

"O seu caráter sapiencial [ da obra] - 'produto autêntico da sapientia christiana' como a define o Pe. Gutierrez -, ou seja, útil para dar sabor à informação do usuário, ao exercitante político religioso, e não ao simples leitor e à sua cultura"

modo breve é melhor que dizê-lo de modo longo". Seja sufic iente a última: "Os homens hoj e são desejosos de brevidade" . O q ue d izer cio nosso "hoj e"? ♦

C ATO LIC ISMO

Abril de 1999

15


40

·anos

RevoluÇão e Contra-Revolução Elevação de pensamento Eficácia na ação JUAN GONZALO LARRAIN CAMPBELL

Revolução e Contra-Revolução: eixo em torno do qual têm girado os artigos de Catolicismo por quatro décadas. Entretanto, é provável que nossos leitores não formem uma idéia completa sobre a penetração que o livro tem alcançado. Em vista disso-neste mês em que se comemora o 40° aniversário do lançamento desta magna obra - nosso objetivo é mostrar, no presente artigo, a influência e a eficácia do pensamento do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, na esfera teórica e teórico-prática, na luta contra a Revolução, com base na opinião que eclesiásticos, pensadores e escritores de diversas tendências ideológicas emitiram a respeito de tal obra. ·1

A melhor sistematização da Contra-Revolução Por sua vez, o autor espanhol Lu iz M. Sandoval Pinillos escreve: "Possivelmente a aproximação mais complexa e sistemática da Contra-Revolução .... é a que contém o livro de Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e ContraRevolução, de referência ineludível". E mais adiante acrescenta que a concepção da obra é: "Pe,:feita como arquétipo ideal, muito útil e necessária para formar uma organização compacta de combate contra-revolucionário." 4

"Inspira as campanhas da TFP"

O

JESUÍTA equatoriano Pe. Aurélio F. Aulestia mostra a grande envergadura de Revolução e Contra-Revolução, apresentando-o como enfoque contemporâneo do combate entre Bem e o Mal, sobre o qual, em suas épocas, trataram Santo Agostinho - "As duas cidades" - e Santo Inácio de Loyola - "As duas bandeiras". "Dois Amores, escreveu Santo Agostinho,fundaram duas Cidades, a saber: o amor de si mesmo até o despreza de Deus,fundou a cidade terrena; e o amor de Deus até o despreza de si mesmo, fundou a Cidade celestial (De civitate Dei XIV, 28) ... . "Santo Inácio de Loyola, em seus Exercícios Espirituais apresenta a célebre meditação das Duas Bandeiras, que, na realidade, é um verdadeiro comentário da visão genial de Santo Agostinho .... "De outra forma, mas coincidindo no essencial com Santo Agostinho e Santo Inácio de Loyola, um egrégio pensador e publicista moderno, Plinio Corrêa de Oliveira, brasileiro, apresenta a luta eterna das Duas Bandeiras sob os nomes de Revolução e Contra-Revolução". 2 16

C ATO L IC IS MO

Ensaio fundamental dentro do tradicionalismo O escritor brasileiro, Ubiratan de Macedo, que reconhece sua discrepância ideológica em relação à TFP, afirma que Revolução e Contra-Revolução dá os fundamentos filosóficos do tradicionalismo: "Plinio Corrêa de Oliveira .... escreveu, em 1959, um ensaio fundamental dentro do tradicionalismo. Referimo-nos ao opúsculo Revolução e Contra-Revolução que foi logo traduzido para várias línguas, caracterizando a importância mundial do tradicionalismo brasileiro. "Este ensaio dá os fundamentos filosóficos do tradicionalismo." A seguir ressalta a visão metafísica e teológica da · História que se desprende da obra: "Caracteriza a Revolução como sendo não apenas um movimento localizado como a Revolução Francesa, mas dálhe uma dimensão metafísica e de teologia da História. A Revolução é um inimigo temível que inspira uma cadeia de ideologias e que está por detrás da Reforma Protestante, da Revolução Francesa e do Comunismo." 3

Abril de 1999

O sacerdote progressista francês Charles Antoine, conhecido brasilianista5 deixa claro o espírito hierárquico que anima o Autor e o caráter abarcativo do livro, que inspira as campanhas e ofensivas da TFP, reconhecendo assim a eficácia da obra também no terreno político-social: "Só bem mais tarde esse pensamento teológico se orienta e sistematiza. Em 1959, com efeito, Plinio Corrêa de Oliveira publica um novo livro: Revolução e Contra-Revolução. Segundo o Autor; a revolução mundial está em marcha, e leva necessariamente à destruição do homem e da sociedade .... " E continua: "O comunismo é hoje o inimigo, e a Contra-Revolução a luta especíjlca e direta do cristão. É a idéia monarquista que inspira a Contra-Revolução. Isso não implica a rejeição da república, que, em sua essência, não é forçosamente revolucionária .... "A [publicação] de Revolução e Contra-Revolução corresponde a uma doutrina elaborada e combativa, que inspira as campanhas e ofensivas do movimento [TFP Japós a sua constituição". 6

Poderosa influência de Revolução e Contra-Revolução no Chile A eficácia da douLrina exposta pelo insigne pensador e líder católico em seu livro e a conseqüente influência exercida por este no terreno político-social marcaram a fundo a polarização da situação chilena nas décadas de 60 a 80. É o que sustenta o destacado soc iólogo esquerdista Otto Boye. Após afirmar que o jesuíta Pe. Vekemans liderou o pólo progressista, escreve: "Por sua parte, a TFP solenizou apresença no Chile de uma mentalidade católica de direita que parecia praticamente desaparecida. Um de seus padres fundadores (sic), o brasileiro Plinio Corrêa de Oliveira, foi amplamente d(fundido no Chile através de sua obra Revolução e Contra-Revolução. Dada a acolhida que esta corrente integrista de direita tem tido entre alguns católicos de classe alta que até hoj e influem poderosamente no governo chileno, merece ser citada um par de reflexões centrais de dito autor ...." 7

Catecismo da Contra-Revolução Dificilmente poderiam honrar mais o Autor de Revolução e Contra-Revolução, as palavras do conhecido escritor norteamericano John Steinbacher, extraídas de seu prefácio à ed ição em inglês da obra publicada nos Estados Unidos em 1972: "Este livro é um catecismo contrarevolucionário. A História tem registrado catecismos revolucionários no passado .... Mas nunca existiu um livro parecido ao que o Sr. vai ler ...." E após fazer um breve resumo da obra, conclui: "Não cabe nenhuma dúvida que a última metade deste livro (A Contra-Revolução) é o documento mais importante que jamais se escreveu, depois da Bíblia, posto que mostra, com clareza e de modo inequivocamente exato, como l'UNIO COQAA lll!OUVl!IM

a Civilização Cristã pode ser salva por esta geração". 8

Louvor de Núncio Apostólico, Mons. Romolo Carboni Pouco mais de do is anos após a publicação de Revolução e Contra-Revolução, o então Núncio Apostólico no Peru, Mons. Romolo Carboni 9 escreveu uma carta datada de 24-7-196 1 a seu Autor, man ifesta ndo-lhe sua "magnífica impressão" a respeito da obra. Vejafacsímile da missiva ao lado e, abaixo, alguns trechos da mesma: "Distinto professor: "A leitura de seu livro Revo.lução e Contra-Revolução causou-me magn(fica impressão, tanto pela justeza e acerto com que analisa o processo da Revolução e desenvolve as verdadeiras origens da quebra dos valores morais que desorientam as consciências no presente, como pelo vigor com que assinala a tática e os métodos de luta para superá-la .... "Estou seguro de que seu douto livro prestou um singular serviço à causa católica e contribuirá para concentrar as forças do bem na rápida solução do g rande problema contemporâneo .... "Desejo-lhe, estimado Professor; uma

Fac-símile da carta do Núncio Apóstolico no Peru

ampla difusão e uma merecida acolhida a seu livro por parte dos leitores católicos desejosos de alistar-se nas fileiras do movimento anti-revolucionário. "Aceite o testemunho de minha sincera admiraçc7o por sua obra e as expressões de minha distinta consideração". Romolo Carboni (Arcebispo Titular de Sidón) Núncio Apostólico" ♦

Notas: 1. Os textos apresentados neste artigo constitu-

e m um a pequena amostra das cente nas de repercussões de Revolução e Contra-Revolução que temos em mãos. 2. Aurélio F Aulesti a 8., SJ, E.1· necesa rio que Jesucristo reine!, En la Mitad de i Mundo , Quito, 1973 , pp. 64, 65. Tanto o Pe. Aulestia como todos os autores que adiante citamos fundam e ntam suas afirmações e m Revolução e Co11tra-l?evolução, tran sc revendo trechos da obra. Devido ao pouco es paço que di spomos e a finalidade deste art igo, limitar-nos-emos a reprod uzir apenas suas opi ni ões. 3. Ubiratan de Macedo, As idéias polft icas no Brasil, Convívio, São Paulo, 1979, vol. 2, p. 24 1. 4. Luiz Maria Sandova l Pinill os, Consideracio-

S.

6. 7.

8.

9.

nes sobre la Contrarrevoluci6n, Speiro, 1990, PP- 3, 28 e 29. O Pe. Antoine escreveu numerosos li vros sobre a situação político-reli g iosa do Brasil, em muitos dos quais trata longamente sobre o pensa men to e a ação de Plínio Corrêa de Oliveira. Pe. Charles Anto ine, O Int egrismo Brasileiro, C ivili zação Bras il ei ra, 1980, pp. 22, 23. Otto Boye, Condicionantes externas dei aporte de la lgles ia Católica a la ldea y Praxis de la Democracia en Chile, CED (Centro de Estud ios dei Desarro llo), Agosto/1984, nº 13, pp. 29-3 1. Revolution and Counter-Revolution, 1972, by Ed ucator Pub lications, Fullerton, CA, Foreword by Joh n Ste inbacher, pp. 7 e 1O. Mons. Romolo Carboni , fo i Núncio Apostólico no Peru , e posteriormente, junto ao Governo da Itál ia.

PllnJo Corrêa

de Oliveira

Revolución y

Contra-Revolución


DOCUMENTO ~

.

Documento da TFP que a História confirmou

como o grande inco11formado, o criador do grande caso internacional, de uma recusa inquebran.1ável, que salva a honra da Igreja e do gênero humano. O seu exemplo -com o prestígio da púrpura romana intacta nos ombros robustos de pastor valente e abnegado - mostrou aos católicos que não lhes é lícito acompanhar as multidões que vão dobrando o joelho anle Belial'" 4 .

Os fatos

Neste mês recordamos também outro aniversário marcante: 25 anos da publicação do documento "A política de distensão do Vaticano com os governos comunistas - Para a TFP: omitir-se ou resistir?". Tal documento e as circunstâncias em que ele veio a lume são referidos na obra, já editada em cinco idiomas, do catedrático italiano, Prof. Roberto de Mattei, O Cruzado do século XX - Plinio Corrêa de Oliveira. Do capítulo VI desse livro transcrevemos abaixo o item 9 - "A Resistência" à Ostpolitik vaticana. A transcrição constitui síntese fidedigna do contexto histórico no qual se deu aquela célebre atitude da TFP brasileira, assumida pelas TFPs e entidades afins então existentes nas Américas e na Europa. "A Ostpolitik vaticana teve numerosos críticos em todo o mundo, a começar por aqueles que deveriam ter sido os seus beneficiários e que declararam ser, pelo contrário, as suas vítimas: os cristãos do Leste europeu. Mas a manifestação

1. Segundo Plínio Corrêa de O li veira , " pode-se afirmar se m exagero o seg uinte: desde a bolchevização da Rússia, o comuni smo não teve vitória igual. Até mesmo as conquistas catastróficas qu e a mo leza (chamemo- la assim) de Roosevelt proporcionara ao co muni smo em Yalta, não igual em noc ividade os resultados difusos mas profundos da 'queb ra das barre iras ideológicas'operada pela dup la Nixon - Ki ss inge r" (A crise lou ca , in "Fo lh a de São Pau lo", 18 de agosto de 1974). 2. Nasc ido perto de Piacen za em 1914, Agostino Casaro li foi orde nado Sacerdote em 1937 , e

18

CATOL I C I SMO

Abril de 1999

de discordância pública mais relevante no campo católico foi, indiscutivelme nte, a hi stórica Declaração de Resistência publicada em 1974 em 36 jornais de diversos países, pelas TFPs então ex istentes nos continentes europeu e americano. O autor e primeiro signatário da histórica declaração foi Plinio Corrêa de Oliveira. "Em 1972, a 'distensão' tinha recebido um extraordinário impulso com as viagens de Nixon à C hina e à Rússia 1 • O objetivo ela política desenvolvida em escala mundial pelo presidente americano e pelo seu Secretário de Estado Henry Kissinger era idêntico ao ela política que Willy Brandt, chanceler sociali sta da Alemanha, desenvolvia em escala européia : a idéia de uma 'convergência' entre o bloco ocidenta l e o com uni sta. O único resu ltado desta política ele co laboração, fundada sobre o eixo privilegiado Washington-Moscou, foi o ele adiar por vinte anos, graças às ajudas econôm icas, o inevitável desmoronamento cio império comunista, enquan to a agressividade sov iética continuava a crescer na mesma proporção em que aumentavam os subsíd ios mandados pelo Ocidente.

Cardeal Mindszenty, herói da resistência anticomunista Agostinho Casaroli 2 ,

"No campo ec lesiástico, Mons. Mi nistro cios Negócios Estrangeiros de Pau lo VI , adotava uma política de entend ime nto com o comunismo análoga à ele Brandt e de Kissinger. Uma das mai s ilustres vítimas ela Ostpolitik vaticana foi o Cardeal Mindszenty, Primaz da Hungria e herói da resistência anticomuni sta que, em 1974, foi destituído ela Arquidiocese de Esztergom por Paulo VI e exil ado em Roma, a fim de facilitar a aproximação entre a Santa Sé e o Governo húngaro 3 . "'No panorama de devastação geral - escreveu Plinio Corrêa de Oliveira - o Cardeal Mindszenly tem-se erguido

em 1940 entrou para o serviço da Secretaria de Estado, onde desenvo lveu toda a sua carreira ec les iást ica. Em 1963 recebeu de João XXlll a incumbê ncia de viaj ar a Budapeste e a Praga para ex plorar a poss ibilidade de retomar contatos com aque les governos. Ini c iou ass im um a lo nga série de viagen s e e ncontros nos países do Leste com uni sta que o levou a rea liza r, so bretudo no pontificado de Pau lo VI, a po lítica vaticana co nhecida pelo nome de Ostpolitik. João Paulo li nomeou -o em 1979 Cardea l, prefe ito do Conse lho para os Negócios Públicos da Igreja e seu Sccre-

tá ri o de Estado, cargo que ocupou até o dia lº de dezembro de 1990. - Cfr. Alceste Santini , Casaroli, l'uomo dei dialogo , Ediz ion i Sa n Paolo, C inise ll o Ba lsamo , 1993 . 3. Do Cardeal József Mindszenty cfr. as Memórias, tr. lt. Rusconi , Mi lão, 1975. Quando, e m 5 de feve re iro de 1974, se torno u de domínio público a notícia de sua destitu ição, o Card. Mindszenty lançou um com unicado em q ue declarava nunca ter renunciado a seu cargo de Arcebi spo nem à sua dignidade de Primaz da Hungria, sub linhando que "a decisão foi tomada unicamente pela Santa Sé" (ibid. , p. 372).

"Poucos dias depois, e m I Ode abril de 1974, a Folha de São Paulo publicava, como matéria paga, uma ampla dec laração da TFP brasileira com o título 'A política de distensão do Vaticano com os governos comunistas - Para a TFP: omitir-se ou resistir?'. "No mesmo ano, por ocasião de uma viagem a Cuba, Mons. Casaro li tinha afirmado que 'os católicos que vivem em Cuba estão feli zes sob o regime comunista' e que 'os ca-

tólicos e; em geral, o povo cubano, não têm a menor dificuldade com o governo socialista' 5 . Este episód io é recordado na dec laração da TFP, ao lado de outros não menos significati vos: a viagem à Rúss ia em 197 1, feita por Mons. Willebrands, Presidente do Secretariado para a União dos Cristãos, a fim ele encontrar-se com o bispo 'ortodoxo' Pimen, homem de confiança do Kremlin, e o apo io do Cardea l Raúl Silva Henríquez, Arcebispo de Santiago cio Ch ile, ao líder marxista Salvador Allencle.

Cessar a luta, ou explicar a posição? "Perante tais fatos , Plinio Corrêa ele Oliveira, em nome da TFP, escrevia com linguagem respeitosa mas , ao mesmo tempo, firm e:

"'A diplomacia de distensão do Vaticano com. os governos comun islas cria, enlretan to, para os católicos anticomunistas, uma situação que os afeta a fundo, muito menos enquanto anticomunistas do que enquanto calólicos. Pois a todo o momento se lhes pode fa zer uma o~jeção supremamente embaraçosa : a ação anticomunisla que efetuam não conduz a um resultado precisamente oposto ao desejado pelo Vigário de Jesus Cristo? E como se pode com.preender um católico coerente, cuja atuação ruma em direção oposta à do Pastor dos Pastores? Tal pergunta traz como conseqüência, para IOdos os católicos anúcomunistas, uma alternativa: cessar a lula, ou explicar a sua posição. "'Cessar a luta não podemos. E é por imperativo da nossa consciência de católicos que não o podemos. Pois se é dever de qualquer católico promover o bem e combater o mal, a nossa consciência impõe-nos que d(fundamos a doutrina tradicional da Igreja, e combatamos a doutrina comunista.(. .. ) a

4. Plínio Corrêa de Oliveira, Ao grande criador do caso imenso, in "Folha de S. Pau lo", 3 1 de março de 1974. Cfr. Também id. , A glória, a alegria, a honra, in "Fo lha de S. Paulo" , 10 de fevereiro de 1974; Ternuras que arrancariam lágrimas , in "Fol ha de S. Paulo", 13 de outubro de 1974; Co1iforme queria

O Cardeal Josef Mindszenty recebe mensagem de admiração e homenagem das TFPs, a ele entregue em Viena pelo enviado especial das entidades, Dr. Martim Afonso Xavier da Silveira, em 15-3-1974

Igreja não é, a Igreja nuncafoi, a !grejajamais será tal cárcere para as consciências. O vínculo da obediência ao sucessor de Pedro, que jamais romperemos, que amamos com o mais profundo da nossa alma, ao qual Lributamos o melhor do nosso amor, esse vínculo nós o osculamos no momento mesmo em. que, triturados pela dor, afirmamos a nossa posição. E de joelhos, fitando com veneração a figura de Sua Santidade o . Papa Paulo VI, manifestamos-lhe toda a nossa fidelidade.

Budapeste, in "Fo lha de S. Paulo .. , 20 de ou tubro de 1974. 5. Cfr. "O Estado de S. Paulo", 7 de ab ril de 1974. No curso da viagem, realizada entre 27 de março e 5 de abril de 1974, ate nd e ndo a conv it e do Ep isco pado cuba no, Mon s. Casaro li teve colóq ui os com expoe ntes do

governo e com F ide l Castro. Nu a no seg uin te esteve na Re pública Democrá ti ca Alemã e entre 30 de j ulh o e 1º de agosto de 1975 tomou parte, como de legado es pec ial de Paulo VI , na Co nferê ncia sob re a "seguran ça" de Hel sinki , ass in ando, e m nome da Santa Sé, a ata final.

C ATO L IC IS MO

Abril de 1999

19


Aquino)oude 'ag ressãoàsalmas ' IO (São Roberto Bellarmino) no campo doutrinário - é legítimo, por parte dos fi éis, o direito à resistência, até mesmo pública, à autoridade eclesiástica. "Donde a liceidade de uma atitude de ' resistência': 'Uma resistência que não é separação, não é revolta, A solução: atitude do não é acrimônia, não é irreverência. Apóstolo São Paulo Pelo contrário, é fidelidade, é união, é amor, é submissão ' 11 . Apoiando-se "A obediência à hierarquia eclena atitude de São Paulo que ' resistiu siásti ca, que o catecismo e a própria em face' a São Pedro 12 , Plinio Corrêa fé nos impõem, não é incondicional ; de Oliveira escrevia: 'No sentido em ela certamente possui limites, como que São Paulo resistiu, o nosso estado afirmam todos os teólogos. O 'Dicioé um ato de resistência' 13 . Esta denário de Teologia Moral' publicado claração de resistência foi publicamenpelos Cardeais Roberti e Palazzini exte assumida por todas as Associações plica, por exemplo: 'É claro que nunde Defesa da Tradição, Família e Proca é lícito obedecer a um Superior; São Paulo Apóstolo - Mosaico da Basílica de priedade, e entidades afins então exisque ordene algo contrário às leis diSão Paulo Fora dos Muros, Roma tentes nas Amé1icas e Europa. vin4s ou eclesiásticas; dever-se-ia, " Vinte anos depois do Concílio, a 'Instrução sobre alneste caso, repetir as palavras de São Pedro: é preciso obedeguns aspectos da Teologia da Libertação', da Sagrada Concer antes a Deus que aos homens (At. 5, 29) ' 7 . gregação para a Doutrina da Fé 14 , que definia o marxi smo "Esta legítima 'desobediência' a uma ordem de si injusta como 'uma vergonha do nosso tempo', parecia vir dar razão em matéria de f é e moral pode estender-se, em casos particuà declaração de 'res istência ' da TFP e dos católicos lares, até à resistência mesmo pública à autoridade eclesiásanticomunistas de todo o mundo à Ostpolitik 15 " . (O Cruzatica. Arnaldo V Xavier da Silveira, num estudo dedicado à do do século XX, Roberto de Mattei, Livraria Civilização Resistência pública às decisões da autoridade eclesiástica 8 , provou bem esta tese, transcrevendo citações de Santos, Dou♦ Editora, Porto, 1997, pp. 294-300). tores da Igreja e ilustres teólogos, os quais demonstram que Nota da Redação: O título e os intertítulos do texto são da Redação. - em caso de 'perigo iminente para afé' 9 (São Tomás de

"'Neste ato filial, dizemos, ao Pastor dos Pastores: A nossa alma é vossa, a nossa vida é Vossa. Mandai-nos o que quiserdes. Só não nos mandeis que cruzemos os braços diante do lobo vermelho que investe. A isso se opõe a nossa consciência' " 6

6. PlinioCorrêadeOliveira,A Polfticadedistensão do Vaticano ... , in Catolicismo nº 280 (abril de 1974). Publicado também em 36 jornais brasileiros e depois reproduzido em 73 órgãos ele impre nsa, entre jornais e revistas de 11 países, sem receber a mín ima objeção a respeito da sua ortodox ia e da sua correção canônica. 7. D. G rego ri o M a ni se , O.S.B., ve rb e te "Obbedienza ", in DTM, p. 111 5. 8. Arnaldo Xavier da Silveira, La nouvelle messe de Paul VI: qu'en pe11ser?, Diffus ion ele la Pensée França ise, C hiré-e n-Montrcuil , 1975, pp. 3 19-334. 9. Segundo São Tomás ele Aquino, ex iste o direito ele resistir pub licamente, em cleterrninaclas c ircunstâncias, a uma decisão cio Romano Pontífice. Afirma a propós ito o Doutor Angélico: "Existindo um peri go próx imo para a fé , os Prelados devem ser repreendidos, até publicamente, por parte dos seus súditos. Assim São Paulo, que era súdito ele São Pedro, repreendeu-o pub licamente, em razão ele um perigo iminente ele escândalo em matéria ele fé. E, como diz o come ntário de Santo Agostinho, 'o próprio São Pedro deu o exemplo aos que governam, a fim ele que estes, afastando-se a lguma vez do bom cam inho, não recusem como indev ida um a correção mesmo vinda dos seus próprios s úditos'" (Ga l. 2 , 14)"(S umma Theológica, 11-11, 33, 4, 2).

20

C ATO L IC ISMO

10. Um o utro grande teó logo, o Cardeal j esuíta São Roberto Bellarrnino, ca mpeão cios direitos cio Papado na luta contra o protestantismo, a firma : "Assim co mo é líc ito res istir ao Pontífice que agride o corpo, ela mesma forma é líc ito resistir àq ue le que agride as almas, o u que perturba a orde m c ivil ou, sobretudo, àque le que tentasse destruir a Igreja. Digo que é líc ito res istir-lhe deixando ele fazer aquilo que ordena e impedindo a exec ução ela sua vontade; mas não é lícito julgálo, puni -lo e depô- lo , porque estes atos são próprios ele um s uperior"(De Romano Pontefice, 11 , 29). 11. Plínio Corrêa ele O li ve ira, A política de distensão do Vat icano., c it. 12. Ga l. 2, 1 1. 13. Plíni o Co rrêa ele O liveira, A política de distensão do Vaticano., c it. 14. Congregação para a Doutrina ela Fé, Instru ção Libertatis 1111nti11s, cit. 15. A dec laração foi sa udada por Plínio Corrêa ele O li ve ira co mo "jato ele água fresca e benfazeja lançada por um a mangueira ele bombeiro". "Para quem se a fli g ia diante desse espetácul o, por enqu anto trágico, mas que dentro em breve pode transformar-se em apoca líptico - comentou Plínio Corrêa ele Oliveira - ver que um órgão como a Sagrada Co ngregação para a Doutrina ela Fé a fir-

Abril de 19'99

rna, preto sob re o branco, a incompatibilidade ela doutrina católi ca com o marxismo é algo ele aná logo a que alguém, dentro ele um incêndi o, sinta c hegar a si, inopi nada me nte, o jato ele água fresca e benfazeja ele uma mang ue ira ele bombeiros. "A mim que, como presidente cio Conselho Nacional ela TFP brasil e ira, fui o prime iro sig natário da Declaração ele Resistência à Ostpolitik vaticana, incumbe o dever ele justiça ele manifestar aqui a alegria, a gratidão e sobretudo a esperança que sinto, dentro cio incêndio, com a chegada desse alívi o. "Sei que irmãos ele Fé extrínsecos aos arraiais ela TFP, sobretudo fora cio Brasil, se abstêm ele externar análogos sentimentos, notadamente porque julgam que uma só mangueira é insufic iente para apagar todo um incêndio. "També m julgo que urna só mangueira não apaga um incêndio. Mas isto não impede ele saudá- la como um benefício, tanto mais quanto não tenho prova ele que ficaremos só com essa mangue ira. Não foi inesperada a ' Instrução' do Cardea l Ratzinger? Um passo inesperado não co nvida a esperar outros na mesma linha, também ma is ou menos inesperados?" (Plínio Corrêa ele O liveira, "Un primo ostacolo agli errori diffusi dalla teologia della liberazione ", in Cristian ità, Piacenza, nº 11 7, j ane iro 1985 .

Rogier van der Weyden, O Sepultamento de Nosso Senhor (1450) - Gafleria degli U(fizi, Florença (Itália)

Em face da Sagrada Paixão Traição hipócrita - Compaixão e fidelidade PLÍNIO MARIA SüLIMEO

C

HEGAMOS, mais uma vez, no Ano Litúrgico, à Quaresma e à Semana Santa. É sentença comum que tudo quanto é costumei ro acaba envilecendo-se. Há sempre o risco de nos habituarmos às coisas mais sublimes e tornar rotineiro até o que há de mais exce lso como a Sagrada Comunhão. Por isso, os Santos insistem na necess idade de procurarmos sempre imbuir-nos, com novo fervor, do espírito próprio a cada fase do Ano Litúrgico, de maneira a ap roveitar ao máximo suas graças específicas. Façamo- lo com a Quaresma. Já nos Padres da Igreja (aqueles varões insignes que sucederam os Apósto los) e nos textos litúrgicos,

é geral a idéia desse tempo como propício para o arrependimento dos pecados, conseqüente reforma de vida e busca de um progresso espiritual. Assim se expressa o Papa São Leão Magno em um de seus sermões: "Ainda que não haja época do ano a que não estejam assinalados dons divinos, e se nos conceda em todo tempo acercar-nos do perdão de Deus, convém, entretanto, que se disponham agora as almas de todos para o aproveitamento espiritual com maior -diligência, e se animem com uma co11fiança mais ampla. A proximidade do dia em que fomos remidos nos convida aos exercícios de piedade para celebrar, deste modo, o mistério sobre todos excelente da paixão do Senhor com pureza de alma e de corpo" 1•

C ATO LICISMO

Abril de 1999

21


"Recomenda São Bento a seus monges em sua Judas lscariotes: protótipo da hipocrisia "E, aproximando-se logo de Jesus, disse: 'SalRegra que se entreguem neste santo tempo à oração ve Mestre'. E deu-lhe um ósculo" (Mt. 26, 49). acompanhada de lágrimas de arrependimento ou de Nunca as histórias registraram hipocrisia tão deterno fervor" 2 . A Paixão de Nosso Senhor foi assim continuatestável. Convém, portanto, bem se ponderar a f ealdade desta hipocrisia, pela mente fonte de reafervoramento e sa ntificação qual corneçararn as humipara inúmeras alm as. É lhações e padecimentos do um tesouro inesgotável, nosso amabitr1·sim.o Redento,: Pois é um dos vícino qual podemos sempre haurir coisas novas. os contra o qual achamos Ne ste ano vamos no Evangelho, que Jesus abordar esse terrível e mais se levantou, estigmagrandioso Drama divino, tizando-o quase sempre analisando algun s do s com ameaças, advertindo personagens que dele parpor vezes aos apóstolos que se acautelassem deste ticiparam com maior ou f ermento 'quod est hypomenor relevo. Utilizarecresis' (Luc. 12, 1), tal o mos para isso dados de diferentes valores, extraídos ódio que desejava injúndir contra este vício, como da Escritura, da Trad ição, melhor se compreenderá dos Santos, da pi edad e corrente dos fi éis. examinando o procedi mento de Judas lscariote. Convém ressaltar que A traição de Judas, Giotto (séc. XIV) há uma figura absoluta"Do mesmo ,nodo que - Capela Scrovegni, Pádua (Itália) os corvos, quando si':! premente ímpar nesse Dracipitam sobre uma presa, logo lhe arrancam os olhos, ma, a qual deve ser considerada com prioridade. Ela é, de si, o mais excelso exemplo de fidelidade ao as~·i,n fe z u dernônio co11·1. Judas, e fa z com todo [e] Div ino Redentor, dentre as meras criaturas humaqualquer pecador, transformando-lhe a razão e o juízo para que nada enxergue. Este corvo ü1f'ernal tinhanas. Ela é, ademais, obra-prim a da criação, ocupando um lugar supremo em toda a hierarquia dos seres se de tal sorte se assenhoreado do traido,; que o mesmo Cristo não duvidou dizer na última ceia 'unu s et criados. É a Mater Dolorosa, a Mãe do Verbo Divi vobis diabulus est' [um de vós é um diaboj. no Encarnado! De tal maneira Ela se associou aos padecimentos de Seu Divino Filho que mereceu, com "Diz Orígenes: Jesus era como o maná do deserto. propriedade e justi ça, a qualificação sublime de CoCada qual o reconhecia mais, ou menos, conforme as diferentes disposições do próprio coração. Por isso o Redentora! mesmo Judas, que ia em sua procura com a mentira na O exe mpl o de fid elid ade superl ativa de nossa extremosa Mãe, Maria Santíssi ma, Àquele que se hoca, com a petfídia no rosto, e com a hipocrisia no ofereceu co mo Vítim a Im ac ul ada para nos rem ir, coraçüo, não O conheceu. Portanto, fica bem claro e Nosso Sen hor Je us Cri sto, é particularmente digman(festo que todos os hipócritas, todos os Judas, todos os herdeiros de seu mau espírito, não poderão ver a no de nota para os ca lólicos de hoje. Em face da alua i cri se que assola a Santa Igreja - co rn o que Deus, nem reconhecer seu poder, sua autoridade, emrenovando no Corpo Místi co de Cri to a Paixão de bora se gloriem ser do número dos seus discípulos. "Muitos opinam que Judas, derrubado como tonosso Redentor - devemo pedir à Virgem Fiel urna participação no seu admirável espírito de Fé e dos os demais, não só não aproveitou deste milagre para reconhecer o poder de Jesus, mas, pelo contráem sua forta leza, que arrostaram terríveis provações durante a Sagrada Paixão, de modo perfeirio, mais perverso do que todos os demais que se achavam espavoridos e na estupefação, ele acrescenta a tíss imo.

22

CATO LICISMO

Abril de 1999

obstinação à hipocrisia. E, cifetando serenidade no semblante, adianta-se para Jesus, O saúda com palavras de paz, quando lhe está declarando guerra cruel. "Ó, quanto não sentiu Jesus este fin gimento, esta hipocrisia de um discípulo. São Leão Magno não duvida dizer que Jesus sentiu mais esta fals idade de Judas do que todos os demais ultrajes da Sagrada Paixão. Porque, como di z o Espírito Santo, são preferíveis as feridas dos que amam , aos ósculos dos que odeiam. Portanto, quanto devem dilace rar o Coração de Jesus os hipócritas imitadores de Judas, os quais reconhecem. Jesus por seu Deus e bla.~femam continuamente seu Santo Nome' "Quem, sem pasmar, poderá contemplar Jesus abraçado a Judas, o cordeiro com o lobo, a Santidade com o crim.e, o amor com o ódio, a sinceridade com a pe,fídia, a bondade com a ingratidão, a verdade com a hipocrisia! "Concluamos, portanto: quanto devemos odiar a hipocrisia, visto ser uma simulação de palavras ou de obras, tão contrária a um. dos principais atributos de Deus, que é amesma verdade. "O hipócrita, diz Santo Tomás, é grandemente culpado porjingir virtude, scmtidade, devoção, sem possuíla e sem. estimá-la; por abusar sacrilegamente de uma coisa espiritual, fazendo da santidade, um crime, e da virtude, um vício " 3. Sabemos o fim que teve esse hipócrita e qual foi o prêmio de sua hipocri sia'

as que é a glória sagrada, num momento em que bem outros eram os pensamentos do Cireneu. " Vinha ele despreocupado pela estrada. Pensava tão-som.ente nos pequenos problemas e nos pequenos interesses de que se compõe a vida miúda da maioria dos hornens. Mas Vós, Senhor atravessastes seu trqjeto com Vossas chagas, Vossa Cruz, Vossa imensa do,: E a este Simão tocou tomar posição percmte Vós. Forçaram-no a carregar convosco a Cruz. Ou ele a carregaria mal-humorado, indiferente a Vós, procurando tornar-se simpático ao povo por meio de algum novo ,nodo de aumentar vossos tormentos na alma e no corpo; ou a carregaria com amor, com compaixão, sobranceiro ao populacho, procurando aliviar- Vos, procurando sofrer em si um pouco de Vossa do,; para que soji-êsseis um pouco menos. "O Cireneu preferiu padecer convosco", conclui o grande pensador católico. "E por isso seu nome é repetido com amor, com gratidão, com santa inveja, há dois mil anos, por todos os homens de.fé, em toda a fa ce da terra, e assim continuará a ser até a consumação dos séculos " 4. A generosidade de Simão parece ter sido premi ada com o dom da fé, convertendo-se ele e sua família. São Marcos, ao escrever muito depois seu Evangelho, esc larece que esse Simão era "pai de Alexandre e de Ri!fo " (São Marcos, 15, 2 1), o que supõe serem pessoas con hec id as entre os cristãos. O que fa la a favor da tradi ção de que os dois foram depois " di scípulos dos Apóstolos e ilustres preSimão Cireneu: gadores do Evangelho" 5 . protótipo Afi rma-se que Alexanda abnegação dre é o mesmo mencionado "Quem era Simão? Que nos Atos dos Apóstolos, se sabe dele senão que era com São Pau lo, no teatro de O Cirineu e a Verónica de Cirene? E que sabe o geÉfeso ( 19, 33); e seu irmão, ral dos homens sobre Cirene, senão que era a terra -citado pelo mesmo Apóstolo na carta aos Romanos: de Simüo?" indaga o Prof. Plín io Corrêa de Oliveira "Sa udai Rufo, escolhido no Senho,; e sua mãe e miem inspirada Via Sacra que compôs. E responde: nha" ( 16, 13). Esta última expressão de São Pau lo re"Tanto o homem como a cidade emergiram da obsferindo-se à mãe de Rufo (que seria, nessa hipótese, curidade para a glória, e para a mais alta das glóriesposa de Simão Cireneu), mostra o grau de afeição e

CATO L IC IS MO

Abril de 1999

23


intimidade que havia entre o Apóstolo e os membros dessa família 6.

Berenice, ou Verônica: protótipo da santa audácia

que subiu a uma árvore para melhor vê-Lo. O pequeno homem tornou-se grande aos olhos ele Deus, pois Nosso Senhor, que se hospedou em sua casa, dele afirmou: "Hoje entrou a salvação nesta casa, porque este também é .filho de Abraão" (Lc. 19, 9). Nessa ocasião, Berenice ter-se-ia convertido também com o marido. Ambos teriam ido, depoi s da Ressurreição, como apóstolos para a França, onde Zaqueu se tornou Bispo com o nome de Amador e morreram em Soulac, onde o túmulo contendo os ossos de Santa Yerônica fo i venerado por muito tempo .

Embora os Evange lhos não mencionem esta mulher forte - merecedora de destaque dentre as mai s intrépidas7 que acompanharam o Divino Salvador a caminho do Calvário - , sua existência é contudo sustentada por antiga tradi ção 8, sendo ela mencionada no chamado "Evangelho de Nicodemos" 9. Berenice - depois Yerônica (ele verum icon, verLongino: protótipo dos dadeira imagem) - era, segundo alguns, prima ele favorecidos pela misericórdia São João Batista e fazia parte do grupo das santas Alguns autores identificam São Longino com o mulheres da Galiléia que acompanhavam Nosso Seso ldado que, com a lança, perfurou o lado ele Nosso nhor. Não tiveram elas a covardia dos Apóstolos e Senhor. Para outros, foi o centurião, que exclamou di scípulos, que fugiram quando viram o Divino Mesno momento ela morte ele Nosso Senhor: "Esse é vertre ser aprisionado; mas seguiram-No, passo a passo, dadeiramente o Filho de Deus" (Lc., 23, 47). Há os durante Sua Vi a Crucis, e permaneceram junto a Ele que dizem que ele foi um e outro. aos pés da Cruz. "Segundo San.to Agostinho, Lon.gino, quando reQuando, no caminho do Calvário, o Sa lvador paconheceu a Jesus Cristo como Filho de Deus no morou para co nso lar as "Filhas de Jerusalém " 10 , mento de Sua morte, não entendia ainda Ioda a exYerônica aproveitou a oportunidade para, atravessantensão das palavras que pronunciou. do a barreira de populacho, aproximarQueria mais dar a entender que se do Divino Mestre. "Ela Lhe se /ratava de um homem diapresentou o véu de linho que vino, no qual havia algo de portava à cabeça para enxuex/raordin ário, sobrenatural. ga r o suor e o sangue que Isso não o impediu de, tendo corriam abundantemente de que escolh er entre acabar de Sua fa ce. Jesus, por um 111ilamatá-Lo de vez, se ainda Lhe gre de bondade, ao enwga ,; reslasse um sopro de vida, ou imprimiu sobre esse véu uma quebrar-lh e i111piedosamen.te imagem e representação tão as pernas, como era costuperfeita de Suaface adorável, 111e com os cruc!ficados, preque mesmo as marcas das bo13 . fe riu a segunda hipótese" f etadas e de ou/ros ferimentos Para piedosa legenda da que Ele tinha recebido aí apaIdade Média, aquela mi stura receram distintamente" 11 . ele sa ngue e água que saíram "D ir-se- ia, à primeira Longino perfura o lado de Nosso Senhor, Fra do costado ele Nosso Senhor vista, que prêmio maior j a- Angélico {1450) - Museu de Sao Marcos, Florença atravess ado pela lança de mais houve na História. Com Longino, banhou-lhe a face, curando-o de uma enferefeito, que rei teve nas mãos tecido mais precioso que midade cios olhos. O que para alguns "é uma maneiaquele Véu? Que general teve bandeira mais augusta? ra singela de dizer que a f é abriu os olhos de sua Que gesto de coragem e dedicação foi recompensa14 alma aos pés da cruz " . do com fav or mais extraordinário?" indaga uma vez Além disso, o ato executado por Longino ao permais o Professor Plínio Corrêa ele Oliveira 12. furar o lado do Salvador, longe de ser contrário à sua Segundo antiga tradição, Santa Yerônica foi espofé nascente, era um ato ele humanidade, porque, fasa ele Zaqueu, o di sc ípulo de Jesus que era tão baixo

24

CATO L ICIS MO

Abril de 1999

Dimas, o ladrão crucificado à direita do Salvador. zendo sair o sangue e a água 15 do coração do SalvaTocado de modo fulminante, ele converteu-se instandor, ele poupava a seu corpo adorável a quebra de taneamente como São Paulo ao cair do cavalo. suas pernas, que sofriam os supliciados aos quais ainda restava um sopro de vida 16 . Como o ladrão da esquerda de Jesus blasfemava Nas pinturas e esculturas da Idade Média, Longino contra o Senhor, Dimas repreendeu-o dizendo: "Nem tu temes a Deus, estando no mesestá de joelhos e numa posição tão mo suplício? Para nós isto é jusrespeitosa, que a fé parece ter já to: recebemos o que mereceram nascido em seu coração. Por causa desse mistério tão resnossos crimes. Mas Este não fe z mal algum". peitável e de sua qualidade de cavaleiro romano, São Longino era antiAssim, contrito pelos seus pecados, e confiando na misericórgamente tido em grande consideradia divina, Dimas fez esta proclação pelos homens de armas. mação de fé na divindade de JeNa liturgia grega, tendo São Longino, segundo o seu ofício, resus, dizendo-Lhe: "Senhor, lemcebido ordem ele guardar o túmulo bra-te de mim quando entrares em do Salvador depois de sua sepulTeu reino". E recebeu esta imprestura, foi testemunha cios grandes sionante resposta , que cormilagres que ocorreram no moresponde à primeira canonização mento da Ressurreição. E foi por pública, a única feita pelo próprio Nosso Senhor: "Em verdade te eles ainda mais confirmado em sua digo: hoje estarás comigo no pacrença. Ele narrou aos príncipes raíso'" (São Lucas, 23, 32 a 43). dos sacerdotes, escribas e fariseus, o que havia visto e ouvido ..... Te"Esse cordeiro cheio de doçuO Bom Ladrão, Fra Angélico (1450) mendo que o nome do Salvador se ra, tendo mais consideração à - Museu de São Marcos, Florença grandeza da contrição e à humiltornasse mais ilustre que antes, eles dade da prece desse ladrão, do que às injúrias que esforçaram-se em corromper Longino com ricos preacabara de receber, concedeu-lhe o que pedia. Pois sentes e belas promessas ... O santo soldado, que estava já totalmente mudado e cheio da luz divina, reprometeu-lhe que aquele dia mesmo ele estaria consigo no paraíso. O que foi muito fielmente cumprido cusou absolutamente ser o ministro dessa impostura. Pelo contrário, ele publicou a altas vozes a verdade, e porque, logo que o bom ladrão morreu, sua alma foi levada aos limbos, que Nosso Senhor tinha pouco anfoi uma fidelíssima testemunha da Ressurreição de tes transformado, por sua presença, em um paraíso de Nosso Senhor. glória e de delícias 17. São Dimas: protótipo "Mas, o que é que lhe valeu a graça de ter esse da verdadeira contrição fim ? O Evangelho não o diz. São os Apócrifos que Narra São Lucas que, quando o Salvador camiasseguram que Dimas a merecera uns 30 anos antes, no deserto, quando a Sagrada Família fugia para o nhava pelas ruas de Jerusalém em sua Via Crucis, Egito. Lançando-se ele sobre dois bandidos da sua "eram também levados com Jesus outros dois [condenados], que eram malfeitores, para serem mortos". igualha, que tinham roubado a bolsa e o jumentinho a São José, obrigara-os a tudo restituir imediatamenChegando ao Calvário, ali crucificaram o Redentor "e os ladrões, um à direita e outro à esquerda". te. E o Menino Jesus agradeceu-lhe, prometendo que lhe pagaria na devida altura" 18 . Ora, "o povo estava observando, e os príncipes dos sacerdotes com o povo O escarneciam". O mesJosé de Arimatéia: protótipo da mo faziam os soldados. vitória sobre o respeito humano "Jesus dizia: Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fa zem". "Jesus Cristo, vindo ao mundo, quis que um José o tomasse entre seus braços para render-Lhe Essas palavras foram um raio da graça divina para

C ATO L IC IS MO

Abril de 1999

25


os primeiros deveres de sua vida; quis também que um ou.Iro José o recebesse entre suas mãos após sua morte, para render-Lhe os úllimos deveres da sepul1ura 19 . " Homem rico que lambém era discípulo de Cris!O " (Mt. , 27, 28), ",nas oc ultam ent e, por medo dos judeus" (Jo. 19, 38) "ilustre membro do Sinédrio que tamb ém esperava o re ino de Deus" (Me, 15, 43), José era de

Arimatéia, povoado situado no monte Ephra'in. Mudando-se para Jerusalém, comprou casas, jardins e propriedades, sendo admitido no Sinédrio 20 . "Esse ofteio dava -

mente" 22 a Pila/os e pediu-lhe o corpo de Jesus" (Me. 15, 43) para

dar-lhe uma sepultura honesta 23 .

Segundo o Evangelho, José "comprou um sudário" e, com a ajuda ele Nicodemos e possivelmente de São João Batista, retiraram da Cruz o corpo do Redentor e o embal sa maram com uma mistura de cem libras ele mirra e aloé 26 . Não há dados exatos sobre José de Arimatéia depois desta obra de mi sericórdia praticada em rel ação ao próprio Salvador do Mundo. Segundo a tradição, permaneceu ele com Nossa Senhora e os outros di scípulos, tendo assistido à Ascensão e recebido o Espírito Santo em Pentecostes, morrendo santamente em Jerusalém.

"Santo Anselmo24 acrescenla que a San/a Virgem revelou-lhe que, quando José de Arimatéia pediu o corpo de Jesus a Pilatos, esse discípulo, para obter tal fávo,; fe z-lhe saber que a mãe de lhe entrada às mais célebres asJesus ficara dilacerada de dor sembléias da cidade. Foi nessa após a morte de seu Filho, e que qualidade que ele se encontrou José de Arimatéia junto com Nicodemos a única coisa que poderia modenaquele famoso mas detestável e São João Evangelista retiram o corpo de rar sua dor seria lhe dar ao meconselho, que se realizau no pa- Nosso Senhor da Cruz, Fra Angélico (1450) - Museu de São Marcos, Florença nos a sati~façcio de O amortalhar. lácio de Caifás, no qual procuE que Pilatos, após ter-se asseravam-se os meios de levar à gurado pelo centuricio que Jesus havia expirado, ormorte o Filho de Deus" 2 1, co m o que ele não quis denou que se entregasse o co,po a José" 25 . consentir.

Conclusão: "Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do Céu"

Notas

13. Les Petits Bollandistes, op. cit. tomo 3., pp. 425 e 426). 14. Les Petits Bollandistes, id. ib. 15. Os Padres Ida Igreja ! admitira111 o prof1.111do sig11ificado místico des te Jato: a água e o sangue siio símbolos do Baris1110 e da E11carisria, o do batismo da água e do sa11g11e. Outros viram 11 esra sag rada abertura a origem da Sa111a Igreja, que brota do coswdo do segundo Adcio morro, como tiro11 Deus Eva do costado do primeiro Adüo adormecido" (D. Isidro Go má, E/ Evangelio Explicado , Rafael Cas ull eras, Barcelona, 1930, vol. IV, p. 408). 16. "A opemção do 'crurif'ragium ' ou quebra das pemas em horrível. Os soldados iam às cruzes com pesadas maças, e quebravam a golpes as cadeiras e pernas dos infelizes moribundos. O bárbaro suplício abreviava o outro da cruz, produziudo rapidamente a morte". (D. Isidro Gomá, op. c it. , p. 407). 17. Les Petits Bo llandi stes, o p. cit. , tomo 16, pp. 53 e 54). 18. Santos de cada dia , Pe. José Leite S.J., Ed itoria l A.O. , Braga, vo l. 1, p. 378. 19. Les Petits Bollandistes, op. cit. , tomo 3, p. 464. 20. "Co1po de conselheiros q11e,j1111.10 ao sumo sacerdote, exercia amplos poderes religiosos e civis, especialmente perto do fim do Estado judaico em Jernsalém " (Encic/opedia Carrolica, C iuà de i Vaticano, Casa Editrice G.S.Sanson i, Firenzi, 1953 , t. Xl , p. 698). 21. Les Pelits Bo llandistes, id. , .ib.

l. São Leão Magno, Homilias sobre e/ a,io litúrgico, Hom ilias sobre la Quaresma , Hom ilia 4. B.A.C., Madrid , 1969, p. 177. 2. D. Guéranger, E! Alio Lirurgico, Ed ito rial Aldecoa, Burgos, 1956, vol. li. pp. 128, 129. 3. Para descrever este pérfido e apóstata personagem, selec ionamos alg uns lúcidos comentári os que fi guram no livro Leituras Populares sobre a Sagrada Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e dores de Maria Santíssima, por um Sacerdote da Congregação da Mi ssão, B.L. Garn ier, Livreiro-Editor, Rio de Janeiro, 2a. edição ( 1883), pp. 79-87 , omit indo, por questão de espaço, partes não essencia is para a compreensão do conj unto. 4. Via Sacra, in Catolicismo , nº 3, março de 195 1, 5'. estação. 5. Les Petits Bollandistes - Vie.1· eles Sainrs, d 'apres le Pere Giry, par Mg r Pau l Guérin , Bl o ud et Barra i, LibrairesÉd iteurs, Pari s, 1882, vo l. 16, p. 50. 6. Cfr. Enciclopedia Catto lica, Città dei Vat ica no, Casa Editrice G.C. San soni , Firen ze, 1953, t. Xl, p. 634. 7. Um edito especial proibia manifestações deste gênero [lágrimas e soluços ou outras manifestações de tri steza) qua11 do passa vam os condenados à morre" (L.CL. Fillion, Vida de Nuestro Se1ior Jes uc risro , Ed itori a l " Voluntad ", Gaztamb ide, 3, Madrid , 1927, p. 308). 8. Em gemi muitos resistem a admitir que a história da Verônica e de seu auda z e piedoso gesto, e a ve11eração popular como

26

No momento da Paixão recebeu ele graças especiais vencendo sua pu silanimidade. Acompanhou o Salvador até o alto do Calvário quando até os Apóstolos e discípulos, depois de se terem gabado de que jamais O abandon ariam, fugiram vergonhosamente. Assim que o Redentor expirou, "ap resentou-se corajosa-

C ATO L IC ISMO

Abril de 1999

santa, não tenham mais fi 111damen ros que essas le11das. De faro , os Evangelhos falam de algumas mulheres que seg11iw11 Jesus d11.ra11re Sua pregação e O assistiam com seus bens (Lc. 8, 2-3; Mr. 27, 55; Me. 15,4 1). E assi11alam repetida me11te como estas e ou.Iras m11//1eres se condoíam dE/e e O seguiam a caminho do Calvário e 110 Calvário (Lc. 23, 2730-3 1-40; Mr. 27, 56 e Me. / 5,40). Se bem que dão o 110111e de alg umas delas, 1uio dão o de Verô11ica. Mas es/C/, co111 roda probabilidade, esteve j111110 ao Se11ho1; e é 11111iro possível e verossímil o gesto que se lh e atribui. O armigo da tradição e piedade popular sobre a Verônica assim o Ja zem supor" (Da ni e l de Santos, Gran E11 cicolopedia RIALP, Ed iciones Rialp, S.A ., Madrid , 1975, tomo 23, p. 446). 9. " O Evangelho de Nicodemos está alinhado entre os apócrifos [não oficia is 1- Ma s, exc/11i11do esses livros do câ11on das escritums di vinas, é sabido que a Igreja não e11te11deu nega rlhes todo o valor histórico" (Les Petits Boll andistes, op. cit. tomo li , p. 237). 10. O Evangelista assinala em particular algumas mulheres de Jerusalém - dis1i111as, por conseguinte, das piedosas galiléias com as que erro11eamenre se as tem confundido por vezes que nüo remiam manifestar publicamente com lágrimas e soluços de pesa r a viva compaixão que lhes inspirava o varão das dores (L.CL. Fi llion, op. c it. , tomo IV, p. 308). Jl. Les Petits Bo llandi stes, op. cit. , l. 16, pp. 50,5 1. 12. Via Sacra, in Catolicismo nº 3, março de 1951, 6'. Estação.

"Mortificai, pois, os vossos membros no que têm de /erreno: a devassidcio, a impureza, as paixões, os maus desejos, a cobiça, que é uma idolatria. Dessas coisas provém a ira de Deus sobre os descrentes . .... Vós vos despistes do homem velho com os seus vícios, e vos revestiste.1· do novo, que se vai restaurando conslan temente à imagem e/Aquele que o criou, até alingir o perfeito conhecimento. Aí ncio haverá mais grego nem judeu, n.em. bárbaro nem cita, nem escravo nem homem li vre, mas somente Crislo, que será ludo em todos". ♦

Para concluir, citaremos, com a Liturgia, as palavras insoiradas do Apó tolo aos Co lossenses (3, 1 a 6; 9 a 11) sobre os frutos ela Ressurreição do Divino Salvador na alma dos eleitos: "Se, portanto, ressuscitastes corn Crislo, buscai as coisas do Céu, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e ncio às da Terra. Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, vossa vida, aparecer; enteio também vós aparecereis com Ele na glória. Nosso Senhor Ressuscitado redime as almas dos justos, Fra Angélico (1450) - Museu de São Marcos, Florença

22 . "Sa111a ousadia se requeria para declara r-.l'e publicamen-

te .feguidor de Jesus, q11a11do o Siuédrio, ao qual perte11 cia, em {leso O havia conde11ado à morre" (D. Isidro Gomá, op. c it. , p. 4 13). 23. "Os judeus não cm cificavam os criminosos. Contudo, algumas vezes, para escarmento, nrcle11ava111 que foss em pen-

dumdos em 11111 patíbulo os cadáveres dos iri/'elize.1· lapidados. Mas a lei proibia rerm.ina11temente que esti vessem ali mais de um dia (Deut. 2 1,23). Ao contrário, os romanos, entre os quais era corrente o sup/[cio da crucifixão, ncio tinham pressa em retirar os justiçados, a tal ponto que, às vezes, eram presas das aves de rapina e dos chacais. Jesus tinha morrido por volta das três da tarde, depois de umas quatro a cinco horas de suplício. Ncio sucedia morrerem tão depressa os crncificados, que às vezes lutavam courm a morre dois ou três dias, até morrer por esgoramen.ro" (D. Isidro Gomá, op. cit. , pp. 406 e 407). 24. Les Pet its Bollandistes, op. cit. , p. 465. 25. "Permissões desta natureza cusravam às vezes somas enor-

mes. Mas Pilatos mostrou -se generoso e não pediu nada. Talvez São Marcos quis aludir a isso com o emprego de um verbo que expressa um dom gratuito " (L.CL.Fillion , op. cit. , tomo IV, p. 338). 26. "A mirra que os Magos levaram ao berço de Jesus serviu

também para embalsa mar seu co rpo e seu sepulcro" (L.CL.Fi llion, op. cit. , tomo IV, p. 339) .

C ATO LIC IS MO

Abril de 1999

27


'Todo bem que oEstado faz ti malleito: todo malque oEstado faz ti bem leito"

No Vietnã: perseguição anticatólica A peregrinação de católicos provenientes da França, Itália e Estados Unidos ao Santuário de Nossa Senhora de la Vang, no Vietnã do Norte, de 13 a 15 de agosto, em comemoração do 200º aniversário das aparições da Virgem nesse local, corre o risco de ser proibida pela autoridades comunistas do Vietnã. Motivo alegado para a proibição: "Razões de segurança"! A polícia local tem desaconselhado a viagem dos peregrinos, lembrando as incomodidades da mesma, bem como dissuadido as agências de viagem de acompanharem os visitantes até o mencionado Santuário. Segundo o Pe. Giuseppe Duong Duc Toai, responsável pela peregrinação, espera-se, apesar de todos os obstáculos impostos pelas autoridades locais, o comparecimento de 120.000 peregrinos.

28

C ATO L IC IS MO

Abril de 1999

Esse pensamento, que parece um simples jogo de palavras, encerra, entretanto, uma gran de verdad e: quando o Estado pretende açambarcar tudo, ocorrem desastres como o que está acontecendo com o sistema previdenciário, não só no Brasi l, mas em todo o mundo. De um lado, o Estado controla a natalidade pelo estímulo do uso de contraceptivos e do aborto, prá ticas condenadas pela moral católica. E, de outro lado, o progresso da ciência prolonga a perspec-

tiva de vida. Resultado: o mundo está envelhecendo e cada vez mais os poucos que forem concebidos e não forem eliminados pelos pais mediante o aborto e estiverem na faixa de produtividade - de 20 a 60 anos - terão que trabalhar mais para sustentar mais aposentados. Luciana Nunes Leal comenta no quotidiano carioca "Jornal do Brasil" que as mulheres de classe média e com alto nível de escolaridade hoje têm em média apenas 1,7 filhos por casal.

Antes, invasões; agora, também saques... João Pedro Stédile, ex-seminarista, formou-se em economia e hoje é líder nacional do MST. Este movimento, a pretexto de reivindicar terra para quem não a tem, há vários anos vem fomentando invasões de propriedades rurais por todo o Brasi l. Numa segu nda etapa, instigou o bloqueio das estradas e o saque de caminhões de carga. E, agora, não só defende o saque de supermercados, mas protesta contra aqueles que afirmam serem criminosos tais atos!

• • • • •

Enquanto milhões de nortecoreanos morrem de fome... Em fevereiro último, o chefe do governo comunista da Coréia do Norte, Kim Jong li, comemorou seu aniversário gastando a vultuoso soma de 100 milhões de dólares! Isto sucedeu em meio a um estado de calamitosa miséria da população. Qual a origem desse dinheiro? Uma reportagem da revista "Veja" (3-3 -99) aponta o narcotráfico, a falsificação de dólares (transformando 1 em 100 dólares) . E, além disso, como não poderia deixar de ser, a "generosidade" do governo norte-americano, que manda para aquele país 70 milhões de dólares anu-

• •

• • • • • • • •

• • • •

• • • • •

• •

KimJong li

ais. Esta quantia é remetida oficialmente para combater a fome dos norte-coreanos ...

o

o

Falência das esquerdas fura olhos de esquerdista...

o

O insuspeito Frei Betto, frade dominicano tristemente célebre pela acusação de ter mantido li gações com o terrorista Marighella na década de 60, posteriormente ardente adepto do PT, é obrigado a reconhecer um fato notório: a falência e o aburguesamento da esquerda. "Desde que o Muro de Berlim desabou sobre a sua cabeça, a esquerda brasileira entrou em estado de apoplexia [afecção cerebral que provoca privação dos sentidos e do movimento]. Ao abrir os olhos após o vendaval que varreu o Leste Europeu, ela não mais enxergou o socialismo real e se viu cercada de fluxos de capital de todo os lados", escreveu desanimado o irrequieto religioso, em artigo publicado na edição de 10-3-99 de "O Estado de S. Paulo".

o Em Cuba, verdade jornalística é perigosa ...

Vamos! Esquerdistas, indignem-se... Fidel Castro convocou extraordinariamente o Parlamento cubano, que aprovou por unanimidade a Lei de Proteção da Independência Nacional e da Economia de Cuba. Para se ter idéia do autoritarismo dessa lei, considere o lei tor que, a "busca ou obtenção de informação", considerada contra os interesses do regime vigente será punida com pena de 3 a 15 anos de prisão. Os jornalistas cubanos e não cubanos residentes naquele país que coloquem "as barbas de molho".

Seria bem o caso de interpelar agora os esquerdi stas de todo o naipe: comunistas, socialistas, socialdemocratas, progressistas, etc., etc., dizendo-lhes: "Vamos! Esquerdistas, indignem-se ... protestem contra essa nova lei cubana que atenta contra o que vocês chamam de violação de direitos e garantias individuais ... " Ou será que os esquerdistas só protestam quando leis análogas são aplicadas por regimes contrários à esquerda? Então, política de dois pesos e duas medidas?!

• • • • • • • • • • • • • •

• •

• • • • • • • • •

• • • • • •

• • • • • • • •

• •

• • • • • • • • • •

• •

BREVES RELIGIOSAS _J Esterilização de mulheres venezuelanas: condenação episcopal

A Conferência Episcopal venezuelana manifestou, através de seu Secretário Geral, vigorosa desaprovação da campanha de esterilização de mulheres, lançada pelo governo daquele país em fevere iro último. Trata-se de um projeto governamental chamado Bo/ívar 2000, tendo como autor o Presidente Hugo Chavez. Será sensível o novo Chefe de Estado venezu elano ao alerta lançado pela Hierarquia eclesiástica contra esse pecado abominável? _J Sri Lanka: vitória dos católicos

As eleições provinciais previstas para 12 de abril próximo - QuintaFeira Santa - foram postergadas. Os católicos do país promoveram enérgicos protestos contra o governo, devido à data escolhida para as eleições, pois sua realização seria uma ofensa à comemoração da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo . Após fortes tensões, a Corte Suprema, em 9 de março último, deu parecer favorável aos católicos, estabelecendo outra data - 27 de abril - para o pleito eleitoral. Se todos os católicos assumissem sempre atitudes simi lares, seja em Sri Lanka, seja em qualquer outro país do mundo, como seriam diferentes as coisas!

• •

C AT O L IC IS MO

Abril de 1999

29


VIDAS DE SANTOS

ffi

i:JÍEJ J j .cJ_2Jj~ iÜ:J :EJj f_jj J J:SJ]ÜJ fj:SJ Mártir da ortodoxia católica AFONSO DE SOUZA

Modelo de leigo e advogado católico, de religioso e mártir, São Fidelis de Sigmaringa foi suscitado por Deus no início do século XVII para pregar uma autêntica reforma católica na Suíça alemã, e reconduzir à verdadeira Igreja os que haviam-se deixado seduzir pela heresia de Calvino 1.

À sombra do caste lo de Sigmaringa, às marge ns do Danúbio, no Principado de Hohenzollern, Alemanha, João Rey encontrou refúgio, quando perseguido pelos protestantes de seu país. Natural de Ambers, na Holanda, este descendente de espanhóis, de fé sólida e honestidade comprovada, por suas qualidades morais e administrativa chegou a ser escolhido para conselheiro da Corte e prefeito de sua cidade adotiva. De seu matrimôn io com a virtuosa Genoveva de Rosemberg nasceu Marcos, o futuro São Fidelis de Sigmaringa. Desde tenra idade, o meni no professava entran hada devoção à Vi rgem e horror ao pecado, reve lando formação religiosa tão profunda que marcou toda sua vida, coroada com a palma do martírio. Inteligente e aplicado, Marcos fez com sucesso seus estudos na cató lica Universidade de Friburgo, na Suíça. Ainda incerto de sua vocação, de uma coisa estava convicto: que, em qualquer estado ele vida, tinha que ser um fiel seguidor de Nosso Senhor Jesus Cristo. Na delicada fase da adolescência, manteve a inocência batismal por meio de orações, freqüência aos Sacramentos, jeju ns e rec urso constante à Rainha dos Anjos. Isso lhe era tanto mais d ifícil, por ter-se tornado um jovem muito bem apessoado. De e levada estatura, bela presença, semblante sério e sereno, Marcos era respeitado pelos profes ores e admirado pe los condiscípu los que, por sua c iência e virtude cognominaram-no de o Filósofo Cristão. Após diplomar-se em direito c ivil e canôn ico, Marcos

e11feitar como o fa z uma mulhe1; será indigno da glória, a qual não se pode conquistar senão so.fi·endo varonilmente as penas da vida e calcando aos pés seus prazeres!" 2 . Na França, Marcos aceitou desafi os ele protestantes para debates e m praças púb li cas, confu ndindo-os sempre. No Franco Condado, ingressou na Con:fi·aria de São Jorge, cuja fi na li dade era a de sepul tar os condenados à morte. U m d ia em que seus compan heiros afastaram-se com repugnânc ia de um malcheiroso mend igo, disse- lhes: "Vós sereis chamados um dia a ser chefes de povos. Mas ninguém pode mandar nos demais sem antes ter-se vencido a si mesmo. Lembrai-vos de que vossos vassalos são semelhantes a vós e que, tendo as mesmas necessidades que vós, deveis estar dispostos a socorrê-los" 3 .

Desilusão com advocacia e abandono do mundo

aceitou o convite ele alguns condiscípu los, entre e les o Barão de Stotzingen, para servir- lhes de companheiro e guia numa viagem cultural por várias nações da Europa. Conhecendo diversas líng uas, Marcos exerceria também a função de intérprete. Ao aceitar esse convite, que poderia apresentar riscos à virtude, Marcos Rey tinha um propósito: transfonnar essa viagem ele prazer em uma peregrinação religiosa e científica. Percorreram assim a Espanha, França e Itá lia, visitando santuários, museus e caste los. Sempre liderados por Marcos, os viajantes não deixaram de ir também aos hospitais levar aos doentes esmolas e conforto moral. Durante os percursos, o jovem advogado não perdia ocasião para incutir em seus companheiros de viagem o desapego dos bens temporais e uma virtude viril. Dizialhes: "Um jovem deve despre zar os vãos adornos; se ele se

Finda a viagem, Marcos estabeleceu-se em Ensisheim (A lsác ia), então cap ital dos Estados austríacos e sede de governo, para exercer a advocacia. Co mo em tudo bril hante, em breve adq ui riu fama e c li entela. O D r. Marcos Rey, no enta nto, preferi a as causas cios pobres às cios ricos, para poder clefe nclê- los gratui tamente. Em suas defesas,jamais utili zou rec urso a lgum que pudesse tisnar a hon ra da parte contrári a. Certo d ia, a Providência iria servir-se de um de seus sucessos para apartá- lo do mundo. Defendendo uma causa j ustíss ima, fê- lo com tanta maestria que encerrou o caso de vez. O advogado da parte contrária espero u-o fora do ed ifíc io do fó ru m, d izendo- lhe: "Desse modo meu jovem colega nunca fa rá fo rtuna. Pois nós, advogados, não devemos ex por todos nossos arg umentos de uma só vez e encerrar os casos. Mas devemos ter uma certa pru dente d iss imu lação para os pro lo ngar, e com isso ir obtendo a remu neração necessária para vivermos cond ignamente, fruto de tantos estudos". A isso o Dr. Rey, que se guiava sobretudo por sua consciênc ia e princípios religiosos, respondeu-lhe com essas palavras que, se observadas hoje em dia, cerceariam muitas inj ustiças: "Sempre cri que todo gasto inútil e os devidos à incompetência e descuido do advogado, são outras tantas dívidas que este contrai com seu de.fendido. E nem o tempo nem a experiência far-me-ão mudar de opinião. À nobreza de nossa pro.fissão corresponde proteger o inocente, de.fender a viúva e o órfão oprimidos ou despojados pela violência ou pela astúcia. Nosso labor não é de mercenários. Devemos ter por glória o fa zer respeitar as leis. Quem pense o contrário será indigno de exercer tão nobre pm.fissão " 4 . Como outro grande santo e famo o advogado, Santo Afonso Maria de Ligório, o Dr. Marcos Rey com isso des ilud iu -se do mundo, dec idindo-se a abandoná-lo ele vez.

Horror à tibieza e ardente zelo apostólico Depois de fazer os exercícios espirituais, Marcos pediu ad mi ssão no Convento capuchinho ele Friburgo. Por sugestão do superi or, recebeu antes a ordenação sacerdotal. Na festa de São Francisco de Assis de J 6 12, cantou sua Primeira Missa e recebeu o hábito capuchinho, troca ndo seu no me batisma l pelo que o imortali zari a, Fideli s de Sigmaringa. Em breve, o fe rvo r e o zelo do nov iço chamara m a atenção dos superiores que, tendo em vista seus grandes dotes e ta lento, desti naram-no à pregação. Seg un do o gra nde co nte mpl ativo deste séc ul o, D. Chautard , a alma de todo apostolado - títul o q ue deu a seu cé lebre li vro - é a vida interi or. U m apósto lo sem vida interi or é co mo uma árvo re sem fr utos. Essa é, ali ás, a regra de todos os santos. O u ele está sempre proc urando as alturas , o u irá decaindo cada vez mais. Por isso, Frei Fideli s, "em suas preces", diz um de seus biógrafos 5, "pedia a Deus sobretudo que não o deixasse cair em pecado nem na tibieza", pois sabia ser esta a maior ini miga da perfeição. Enquanto pregador, o Santo usava ele fra nqueza apostóli ca para mover as a lmas e convertê- las. "Naquela época, em que as deso ,dens e os escândalos estavam na 01dem do dia, o célebre pregador capuchinho trovejava contra o vício sem temer as críticas dos católicos tíbios nem as ameaças dos ímpios. Aplicava o.fen v candente à chaga de seu século para curá-la mais depressa e do modo mais radical" 6 . Em 16 18, Frei Fideli s fo i e leito superio r do Convento dos capuchi nhos em Rhe infeld, perto de Basil é ia, na Suíça. No a no seguinte, e legeram-no para o de Felclkirch, e mais tarde, para o de Friburgo. No ano de 162 1, o exército austríaco invad iu a reg ião dos grises suíços, tendo sido esco lhi do o Santo para capelão do exérc ito aca nto nado, nos arredores ele Feld kjrch. Uma peste ataco u as tropas faze ndo inú meras vítimas. Ficle li s corria de um a outro dos enfermos a fim ele levar auxíli os materiais e ela Re li g ião, obtendo, junto aos ricos, donativos para comprar os reméd ios necessários aos fer idos. Recorreu para isso ao próprio Arq uiduque Leopo ldo, generalíssimo do exército austríaco, para socorrer os empestados. Com sua prudênc ia e caridade apaziguou um grupo de so ldados rebelados por falta de víveres .

Vigoroso polemista contra os hereges "Quando o Arquiduque Leopoldo recobrou certos vales.do país dos grises, que antes lhe pertenciam, pensou em enviar para lá missionários zelosos que pregassem afé católica e fi zessem voltar ao grêmio da Igreja os infelizes que d Ela haviam-se apartado por causa da pregação dos calvinistas. A Congregação da Propaganda Fidei7, de Roma, nomeou São Fidelis chefe dos missionários" 8 . Foram e les os primeiros a serem enviados a esse povo

ffi

ffi 30

C AT O L IC IS MO

Abril de 1999

CATO L IC ISMO

Abril de 1999

31


ESCREVEM OS LEITORES

Matriz de São Fidelis de Sigmaringa, na cidade de São Fidelis, na região do norte fluminense

depois que se perveteram para o calvinismo. Em seu novo campo de apostolado, "cada um de seus passos foi marcado por conversões. Na primeira conferência que manteve com os calvinistas, ele reconduziu à verdade dois nobres. Quem não se convenceria ouvindo esse apóstolo desafiar os ministros protestantes, fazendo cair por terra todas suas argumentações ? Vendo -o caminhar com os pés nus catequizando as crianças, procurando as ovelhas desgarradas através do gelo, dos rochedos escarpados e precipícios ?" 9 . É claro que isso só podia suscitar ódio nos inimigos da Fé. E São Fidelis não ignorava que poderia ser morto a qualquer momento. Pelo contrário, afirmou aos seus condiscípulos: " Peço a Deus constantemente duas coisas: passar a vida sem ofendê-Lo, e derramar até a última gota de sangue por Seu amor e pela Fé Católica" 1O . O apóstolo teve mesmo uma premonição sobre seu próximo martírio. Tendo conhecimento de vários complôs para assassiná-lo, "querendo morrer com as armas na mão, começou a assinar: 'Irmão Fidelis, que dentro em breve será pasto de vermes'" 11 .

Fortaleza em face do desejado martírio No dia 24 de abril de 1622, celebrava o Santo Sacrifício da Missa em Grusch, pregando para os soldados a respeito da blasfêmia. De repente, entrou em êxtase, revelando-lhe Deus que aquele dia seria o de

Notas 1. A seita calvini sta é uma das mai s rigori stas entre as protestantes, baseada num o rgulho enraízado, é das que mais se opõe - doutri nária e ps icolog icamente - à mentalidade católica. Calvino: "O mai s importante inic iador do protestantismo na França , Suíça e Paíse s Baixos" .. . "(sua doutrina] é entre laçada c m to rno de uma interpretação particular da predestinação, de uma concepção peculi ar da vida moral e social, e a uma conseqüente forma pró pria do cu lto e si stema socia l" (Arna ldo Lan z, En.ciclopedia Cattolica, Città de i Vaticano, Casa Ecl itri ce G .C . Sansoni - Fire nze, 1949, verbete CALVINO, t. 3, pp. 402 a 408) . 2. Les Petits Bolland istes, Vies des Saints, Mgr Paul Guérin , B lo ucl et Barrai , Libraires-Éditeurs, Pari s, J 882, t. S, p. 8. 3. Fr. Ju sto Pérez ele Urbe! O.S.B ., Afio Crü1ia110, Ediciones Fax, Madri , 1945 , 3a. edi ção , tomo li , p. 194 . 4. Ede lvives, E/ San.lo de Ca da Dia, Edito ri a l Lui s Vives, S.A. , Saragoça , 1947, to mo li, p. SSS. 5. Abbé C . Martin , Vies eles Sainls à l 'usage eles Prédicaleurs, Librairie Re lig ie use ct Ecc lés iastique, Paris, 1865 , tomo 11, p. 109.

Irreverência e audácia assombrosas

nada pela Moral católica e pelo Magistério ec lesiástico.

~ Como assinante dessa magnífica revista católica, transmito-lhes, em anexo, notícia de "O Globo" do dia 12 de dezembro de 1998 que informa sobre uma atitude revoltante de uma Senadora durante uma Missa de Ação de Graças, ce lebrada por D. Evaristo Arns, no encerramento das atividades anuais do Senado. Ali se lê que a Senadora Emíl ia Fernandes teve a reprovável inic iativa de suprimir na leitura da Oração dos Fiéis a parte que condenava o aborto, fazendo assim, do altar, uma defesa indireta desse, para nós, pecado mortal! Só podemos entender que a iniciativa dessa representante do povo em efetuar a leitura decorreu de postura demagógica. Concordarão seus e leitores com tal procedimento? Surpreendeu-nos também que o celebrante, por desatenção ou motivos desconhecidos, não tenha lido a parte suprimida, antes de encerrar, como é próprio, a Oração dos Fiéis. À consideração dos senhores, se considerarem adequado comentar o triste episódio para conhecimento dos leitores de Catolicismo. Infelizmente, pelo que é informado, o fato apenas motivou gracejos dos ilustres fiéis presentes.

Luta total

(L.A.P.S. - Rio de Janeiro)

6. Edc lvives, op . c it. , p. 558 . 7. Con g regação ela Propaganda Fide i: Originariamente eram duas comi ssões ele Cardeais fundadas por São Pio V em 1568, uma para reconduzir à Fé os hereges da Europa Selen.lrional e outra para converter os pagãos das Índias Orie ntais e Oc identais . Foram elas recri adas ofici almente por Gregório XV em 1622 com a mesma fina lidade (c fr. Enciclopedia Cauolica , t. 4 ., p. 329).

Nota da Redação: Quase não cabe comentário ao insólito e lamentável fato noticiado pelo quotidiano carioca, pois salta aos olhos a irreverência e audácia assombrosas de se valer de uma leitura durante a Missa para manifestar posição abortista - portanto favorável ao homicídio de inocentes - reiterada e gravemente conde-

8. Pe. Jean Croi set, Afio Cris1iano, Saturnino Cal leja, Madri , 1901 , t. 2, 285 . 9. Les Petits Boll andi stes, Id. , p. 10.

10. Edelvives, op. cit., p. 560. 11. Pe . José Leite, S.J., San/os de cada Dia , Editorial A.O ., Braga , 3a.

~ A luta contra a imoralidade na televisão tem que ser total mesmo, não podemos parar. É uma aberração o que os promotores desses programas imorais estão fazendo com as famílias, despejando noite e dia sujeiras em nossas casas. (1.0.D. - Paraná)

tem todos os holofotes da mídia a apoiá-la, Catolicismo tem o grande critério, que é o Supremo Magistério da Igreja, que é o que nos conduz à vida eterna. Sempre segui ndo fielmente o Pai e Fundador da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Pmpriedade, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, de saudosíssima memória. Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil o guarde, assim como todo o corpo de redatores e colaboradores de Catolicismo.

Mais espaço

(J.L.N.B. - São Paulo)

r8'.l Quero parabenizá-lo, pois, em todas as edições, nunca se esquecem de falar a respeito da família. Gostaria de sugerir que houvesse mais espaço a inda para se tratar desta questão da família na soc iedade moderna e, como dizem os mais modernos, de lnstiluição Falida. Desde já obrigado, por todas as informações que recebemos através desta revista católica e instrutiva. (A.N. - São Paulo)

Farol ~ Venho por meio desta felicitá-lo pelo mensário Catolicismo , sobretudo depois de uma entrevista que li de uma conhecida atriz, que fez a seguinte afirmação: "Cheguei a um ponto em que não tenho mais critério para analisar absolutamente nada". É num momento como esse que, com toda a razão, posso me considerar positivamente privilegiado por fazer parte da família de almas dos assi nantes de Catolicismo, que o senhor dirige. Privilegiado sim, pois Catolicismo é efetivamente um faro l a nos orientar. Ao contrário da citada atriz, que

Jacinta ~ Queria parabenizar a revista Catolicismo, por transmitir não só a

mim, mas a todos os meus familiares, tantas coisas boas. Apesar de não poder contribuir com uma boa quantia, mais com o pouco que mando, tenho o privilégio de ter em mãos uma revista que nos transmite informações de grande importância. Peço que, se for possível, mande-me duas ou três medalhas milagrosas, e, se possível, também que publicassem na revista algo mais sobre a menina Jacinta, dos três pastorinhos, pois tenho muita curiosidade em saber a respeito dessa menina. Aqui termino, agradecendo por tudo e peço a Deus e a Virgem Maria, que aumente a campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! E que esta revista se expanda pelo mundo inteiro e que vocês continuem transmitindo essa força e fé que vocês têm. Deus abençoe a todos da campanha. Não deixem de lutar contra a imoralidade da TV, que está cada vez mais um absurdo! (A.J.D.S. - Paraíba)

edição, 1993, tomo 1, p.513.

ffi

ffi 32

sua glorificação. Após a Missa, ficou longo tempo rezando diante do altar, partindo depois para Sevis. No cam inho, caiu nas mãos de soldados protestantes, dirigidos por um ministro da mesma seita. Na rec usa de abraçar o calvinismo, respondeu: "Eu vim até vós para refutar vossos erros, e não para aceitá-los". A esta resposta, um dos heréticos desferiu-lhe um golpe na cabeça, lançando-o por terra. O mártir conseguiu ainda pôr-se de joelhos e dizer: "Ó Maria, Mãe de Jesus, assistime neste transe!". Outro golpe lançou-o por terra. Seu crânio foi despedaçado por uma maça e seu corpo apunhalado várias vezes sem piedade. Cortaram-lhe, enfim, uma das pernas para castigá-lo por suas andanças tentando convertê-los. Contava esse herói de Jesus Cristo apenas 45 anos de idade. O corpo de Fidelis foi levado a Weltkirchen, com exceção da cabeça e da perna esquerda, que tinham sido dele cortados pelos hereges. Estes foram para a catedral de Coire. Devido ao grande número de milagres que desde então começou a se operar pela intercessão de São Fidelis de Sigmaringa, foi ele beatificado em 1729, e canonizado 17 anos depois. Tornou-se o Santo o protomártir da Sagrada Congregação da Propaganda Fidei . ♦

CATO L IC IS MO

Abril de 1999

C AT O LIC IS MO

Abril de 1999

33


DISCERNINDO, DISTINGUINDO, CLASSIFICANDO...

Coilfissão sem Contrição C.A.

Por que a Reforma Agrária tem fracassado? Por que os assentamentos não têm dado certo? A essas perguntas, que tanta gente se faz, uma resposta muito proveitosa pode ser tirada da entrevista do Ministro Jungmann ao "Diário de Pernambuco" (11-1-99). Para quem sabe ler, equivale a uma confissão.

or que o assentado não deu certo? Responde o Ministro Jungmann: "Esse homem sempre foi mandado. Sempre seguiu ordens. E agora tem que gerir seu próprio negócio. É um salto cultural muito grande". Deduz-se, pois, que o Governo cometeu um erro crasso. Como pôde ele tomar um homem que só está habituado a trabalhar mediante orientação recebida de outro - no caso o patrão - e achar que esse homem poderia, sem qualquer preparação prévia, dar esse "salto cultural muito grande" com as próprias pernas? O que se deveria ter favorecido é o emprego no campo (o contrário do que foi feito, ao prejudicar largamente os proprietários). Ou pelo menos criar condições prévias para que o colono fosse aculturado a fim de exercer sua nova função de pequeno produtor. O que não poderia acontecer, é exatamente o que foi feito, ou seja, lançar essa pobre gente sem conhecimento, sem descortino, na aventura dos assentamentos.

P

A Reforma Agrária atrelada a "uma parte da esquerda" Prossegue: "A Reforma Agrária terá de ter uma relação mais próxima do mercado. Isso é sobretudo diffril de

34

C ATO LIC ISMO

Abril de 1999

pensar porque para uma parte da esquerda a reforma agrária sempre foi concebida como uma ante-sala dosocialismo, como da quebra da propriedade rural". Realmente surpreendente que o Ministro venha agora a público fazer essa confissão. Essa atual Reforma Agrária, longe da idéia de mercado, feita para agradar "uma parte da esquerda", a qual faz dela um instrumento de "quebra da propriedade rural", para impor uma situação social no campo que seja a "ante-sala do socialismo", é o que sistematicamente veio sendo denunciado pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, desde que publicou, em 1960, o famoso livro "Reforma Agrária - Questão de Consciência", autêntico best-seller. As declarações do Ministro equivalem a um reconhecimento de que, até agora, a Reforma Agrária no Brasil foi feita em detrimento da população brasileira, apenas para agradar aos social is tas de "uma parte da esquerda". Que poder de fascínio tem sobre nossos governantes essa "parte da esquerda", capaz de fazê-los contrariar os mais legítimos interesses não só dos colonos e dos proprietários rurais, mas do conjunto dos brasileiros, os quais pagam impostos exorbitantes para que se realize a Reforma Agrária, e vêem a Nação altamente prejudicada pelas investidas contra o direito de propriedade, feitas tanto pelo MST quanto por desapropriações injustas? Mesmo agora, o governo acha "difícil" aproximar a Reforma Agrária do mercado, porque uma parte da esquerda não quer! Até quando o governo permanecerá atrelado a essa parte da esquerda?

a liderança nacional hoje contra a Reforma Agrária?". De fato, além da TFP (sempre fiel ao pensamento de seu fundador, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira), quem hoje faz uma oposição eficaz, em nível nacional, à Reforma Agrária socialista e confiscatória? Quantos são, infelizmente, os que se limitam a falar contra as invasões do MST, mas engolem uma legislação e uma prática quase comunistas como as que estão aí, a fazer do Brasil uma "ante-sala do socialismo", por meio da "quebra da propriedade rural "?

Desapropriação-monstro, gastos faraônicos E o Ministro não exagera ao dizer isso, pois, informa ele, "nós desapropriamos uma área equivalente a duas vezes o Estado do Rio de Janeiro. Isso nestes quatro anos. Entre 1964 e 1994 a Reforma Agrária gastou 3,9 bilhões de dólares. Neste Governo, eu cheguei a 7 bilhões". Realmente, o baque financeiro para a Nação foi espantoso.

"Vamos abrir mão do Estado democrático?" Causa espécie a grande abertura que o Ministro demonstra em relação a essa minoria esquerdista que deseja uma Reforma Agrária imediata. Ele chega alevantar a hipótese de "abrir mão do Estado democrático", para atendê-la. Pela formulação dada pelo Ministro, parece que ele pessoalmente não concorda com essa hipótese. Mas só o fato de levantar tal possibilidade causa espécie, pois sabidamente a extrema-esquerda sempre quis o fim do Estado de Direito em favor de urna ditadura comunista. Eis as palavras do Ministro: "Querem reforma agrária mais rápida? Querem reforma agrária do dia para a noite? então vamos abrir

mão do Estado Democrático de Direito. Alguém está afim de abrir?".

"O MST venceu" ... Mas se a Reforma Agrária tanto prejudicou os proprietários, se não trouxe benefício para os verdadeiros trabalhadores rurais, se tem exigido de todos os brasileiros impostos altíssimos para poder mantê-la, se golpeia a propriedade privada com risco para as instituições, afinal, quem ganhou com essa Reforma Agrária? O Ministro Jungrnann é bastante claro - até incrivelmente claro - ao apontar o vencedor: "O grande problema com o MST é que o MST venceu. Colocou a reforma agrária na agenda nacional. É mérito dele".

... e o Brasil perdeu, mas pode vencer O que o Ministro poderia ter acrescentado é que se o MST venceu o Brasil, não foi por contar com apoio na opinião pública. Todas as pesquisas feitas a respeito mostram a grande rejeição do público às invasões de terra. Mas o MST, é preciso reconhecê-lo, encontrou cumplicidades espantosas não só no Clero de esquerda (que, aliás, é o verdadeiro regente do MST), como em altas esferas da mídia e da política. Se esses apoios cessassem de repente, o MST cairia ao chão, murcho corno um balão inflável sobre o qual se aplicou um alfinete incandescente. Assim, ainda hoje, se se fizer um trabalho cuidadoso e sistemático junto à opinião pública, para esclarecê-la devidamente sobre o que está se passando em matéria de Reforma Agrária, pode-se conseguir que ela exija de nossos governantes urna mudança de rumos nessa matéria. E se isso acontecer, é certo que a situação pode reverter, e o Brasil voltar a um estágio de produtividade na paz social para progresso reto de toda a Nação. ♦

A bancada ruralista "perdeu todas as batalhas" para o Governo Um aspecto triste, mas não menos verdadeiro, que ressalta das declarações do Ministro, é como os líderes rurais não estiveram à altura de sua missão de defender os direitos e interesses da classe que representam. Segundo Jungmann, os componentes da Bancada Ruralista no Congresso Nacional "perderam todas as batalhas" para o atual governo. A tal ponto que o Ministro pergunta de modo um tanto sarcástico: "Quem é

CATO LI C I S MO

Abril de 1999

35


000000 Abril 1999

1

1

§ffilJTI.~§ ""

'"

m

,~

:'

: '

~ qle

4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

Semana Santa

ce Jlce§m

~ril

13

20

Santo Hermenegildo, Mártir.

Sii-0 Teótimo, Bispo e Confessor.

+ Sev ilha, 586. Filho do rei Leov igildo, da

+ Ásia Menor, séc. V. "Nasc ido pagão, tornou-

Espanha vi sigótica, ari ano, fo i convertido à orto dox ia por sua es posa Indeg unda . Deserdado pelo pai por não querer abjurar a Fé católica, fo i decapitado. Três anos após seu martírio toda a nação visigótica retornou à Fé católica.

se especialmente célebre por seus conhecimentos de filosofi a grega, dando real ce a esta ciência por uma ri gorosa prática do cristi ani smo. Mai s tarde to rn ou-se Bispo ele Cíti a" (do Martirológio) .

14 Santa Tomafda, Virgem.

Sta. Catarina de Siena

1

8

+ Alexandria, séc . V. "Martiri zada por ter-se

QUINTA-FEIRA SANTA

Sii-0 Guatério Abade, Confessor.

Instituição da Sagrada Eucari stia e do Sacerdócio.

Paixão e Morte de Nosso Senhor Jes us Cri sto. Jejum e Abstinência.

+ França, 1099. Eleito Abade do Mosteiro de São Martinho de Pontoise, por julgar-se indi gno de tal cargo, fugiu várias vezes, sempre recondu zido por seus monges, até que São Gregório VII ordenou-lhe que lá restasse. Aplicou então em seu mosteiro a refo rma religiosa proposta por esse grande Papa.

negado a ceder aos desejos impúdicos de seu sogro" (do Martirol gio).

3

9

2

São Pio V

SEXTA-FEIRA SANTA

SÁBADO SANTO Jesus Cristo no sepulcro e a soledade de Nossa Senhora.

4 Santa Gema Galgani

S. Luís Grignion

PASCOA DA RESSURREIÇÃO "Cristo ressuscitou, ressuscitou verdadeiramente, Aleluia!"

5 Santa Juliana de Cornillon, Virgem. + França, 1258. Religiosa agostini ana, grande devota da Eucaristia, Deus comunicou-lhe o desejo de ter uma festa dedicada ao Corpo de Cristo. Perseguida em sua própria comunidade, teve que desterrar-se seis vezes até sua morte.

6 Os 120 Mártires da Pérsia. + 344. Entre estes cristãos presos por ódio à

Nossa Sra. do Bom Conselho de Genazzano

Fé contam-se nove virgens consagradas e in úmeros clérigos. Depois de seis meses de prisão nas piores condições, fora m todos degolados pronunciando o nome de Jes us.

7 Santo Hegesipo, Confessor. + Roma, 180. Judeu convertido, fo i para Roma

Santo Hermenegildo

36

Santa Juliana de Cornillon

C AT O L IC IS MO

onde "escreveu uma história da Igreja desde a Pa ixão do Se nh or até seu te mpo" (do Martirológio). Dele diz São Jerônimo: "Muito próximo do tempo dos Apóstolos, fo i imitador de suas virtudes e vida, bem como de sua maneira de fa lar".

' Abril de 1999

Santa Valdetrudes, Viúva. + Bélgica, 688. "Mãe de fa mília cristã, depois de ter criado seus quatro filhos, todos honrados como santos, abraçou uma vida de oração e solidão. Junta ndo-se- lhe outras mulheres, ori ginou-se o mosteiro em torno do qual fo rmou-se a cidade de Mons" (do Martiro lógio).

10 Santo Ezequie~ Profeta. + Palestina, séc. VI A.C .. "Levado cativo para a Babilônia alguns anos antes da queda de Jerusalém, aí exerceu a maior parte de seu mini stério profético. Como sacerdote, mostro u grande zelo pelo Templo e pela Lei. Como Profeta, centrou sua pregação sobre a renovação interior do coração" (do Martiro lógio).

11 Santa Gema Galgani, Virgem. + Lucca, 1903. Grande mística de nosso século, tin ha visões contínuas de seu Anjo da Guarda, que a admoestava e aconselhava como um irmão. Foi favorecida também por visões de Nosso Senhor, recebendo os estigmas da Sagrada Paixão. Perseguida cruelmente pelo demônio, algumas vezes seu Anjo a tinha que livrar de suas garras. Faleceu aos 25 anos de idade depois de muitos sofrimentos.

12 Sii-0 Vítor de Braga, Mártir. + 306. "Ainda catecúmeno, recusou-se a adorar os ídolos e confessou Cristo Jesus, Fi lho do Deus Vivo. Após muitos tormentos fo i decapitado, e assi m mereceu ser batizado em seu próprio sangue" (do Martirológio).

15

21 Sii-0 Simii-0 Barsaheu, Bispo e Mártir. + Selêucia, 34 1. Aprisionado e tortu rado por ter-se recusado a adorar o so l durante a perseguição de Sapor II , da Pérsia, fo i obrigado a assistir à decapitação de uma centena de cristãos antes ele ser ele ta mbém martiri zado.

Sii-0 Crescênclo, Mártir.

22

+ Ásia Menor, 354. Fi lho de cristãos, sofria

Sii-0 Leônidas, Mártir.

muito por ver os exlrav ios de seus conterrâneos idólatras. Um di a cm que festejavam uma deidade pagã, reprovou-os publicamente, sendo por isso apri ionado. Negando-se a oferecer incenso aos ídolos, foi marti rizado.

+ Alexandria, 204. Retórico, fil ósofo e professor de renome em Alexandria, pai do célebre Orígenes. Este tinha 17 anos quando Leônidas fo i preso, e o incenti vou a enfrentar o martírio. Uma rica cristã socorreu depois a viúva e os sete filhos do mártir, cujos bens haviam sido confi scados.

16 Sii-0 Paterno Bispo, Co11fessor. + França, 564. Monge nu m mosteiro do Poitou,

deixou-o com São Escubflio para fazerem-se eremitas na Normandia. A santidade de ambos em breve atraiu-lhes inúmeros seguidores, que se reuni ram numa abadi a. Nomeado Bispo de Avranches aos 70 anos, governou sua diocese com rara prudência até sua morte.

17 Santos Elias e Isidoro, Mártires. + Córdoba, 856. E tcs sacerdote e monge "fo-

ram condenados à morte ao confessarem sua fé cri stã d iante do Is lami smo " (do Marti ro lógio).

23 Sii-0 Geraldo de Tou~ Bispo e Co,ifessor. + França, 994. Cônego da Catedral de Colônia nomeado Bispo de Toul , diocese que governou durante 31 anos. Notável pregador, transformou sua Sé episcopal num centro de saber, trazendo monges da Irlanda e da Grécia. Fundou mosteiros, edificou igrejas e um hospital.

18 denado por São Gregóri o Mag no. Tendo viajado para a Irlanda, lá apoiou a litu rgia romana e sua data para a fixação da Páscoa. Consagrado Bispo e Legado papal para a Irlanda, consolidou essas reformas.

26 Nossa Senhora do &m Conselho de Genazza,zo. Quadro tras ladado miracul osamente pelos Anjos, da Albânia invadida pelos muçulmanos, para cidade de Genazzano, nas proximidades de Roma, no séc. XV. Essa pintura tornou-se fa mosa por seus milagres.

27 Sii-0 Teodoro, Cotifessor. + Eg ito, 368. "Di scípul o de São Pacô mio, 'cheio da graça de Cristo e ardente pela ação do Es pírito Santo, mostrava-se hábil em reconciliar os irmãos divididos' . Também foi chamad o a aco mp anhar se u sucess or, São Horsiésio, em seu governo e em sua catequese" (do Martirológio).

28 Sii-0 Luís Maria Grigni.on de Montjort, Confessor. ♦

Sii-0 Pedro Maria Chane( Mártir. + Oceania, 184 1. Sacerdote da Sociedade de Maria, foi enviado como primeiro missionário à ilha Futuna, na Oceania. Bem recebido pelo chefe dos indígenas no princípio, percebeu depois que os conselheiros deste lhe votavam antipatia. Foi por eles morto a pauladas enquanto rezava em sua cabana.

29 Santa Catarina de Siena, Virgem. ♦

Sii-0 Wilfrido, o Jove,n, Bispo e Confessor.

24 Sii-0 Fidelis de Sigmaringa

+ Inglaterra, 744. Um dos cinco Prelados emi -

(vide seção V idas de San.tos, p. 30) ♦

Sii-0 Laseriano, Bispo e Co1ifessor. + Irlanda, 639. Monge, fo i a Roma, sendo or-

dos centros intelectuais mais intensos da Bélgica" (do Martirológio).

Sii-0 Gregório de Elvira, Bispo e Co,ifessor. + Espanha, séc. IY. Famoso pelo zelo apostólico, ciência eminente, santidade e intlexibilidade de princípios, nunca quis pactuar com os hereges arianos. Desvendava seus artifíc ios, desarmando suas invectivas, não recuando nem mesmo diante das ameaças do Imperador, ariano.

nentemente santos a respeito dos quais São Beda diz terem sido educados na Abadia de Whithy. O Santo pôs-se a servi ço de São João de Beverly, sucedendo-lhe na Sé de York. Grande pregador, pai dos pobres, resignou à sua diocese, a fim de preparar-se para a morte na Abadia de Ri po.

30 Sii-0 Pio V, Papa e Confessor. ♦

19 Santa Ema, Viúva. + Alemanha, 1045. Filha do rei dos saxões que

depois de 32 campanhas fo i vencido por Carlos Magno e se converteu. A Santa casou-se com o Conde de Ludgero. Enviu vando ainda moça, ded icou-se à educação do filho único e a obras de misericórdia, fa lecendo num mosteiro por ela fundado em Bremen.

25 -

Santos Mariano e Tiago, Mártires. + Numídia (África), 259. "A vida da graça era

Sii-O Marcos Evangelista, Bispo e Mártir. ♦

Santo Hermmio Abade, Confessor. + Bélgica, séc. VJIJ . "Sua sabedoria maravilhou Santo Ursmério, que induziu seus monges a escolhê-lo como seu sucessor à frente do Mosteiro de Lobbes, destinado a tornar-se um

tão intensa nestas testemunhas de Deus, que fizera m vários outros mártires pelo exemplo de sua fé" (do Marti rológio). Nota Os Santos aos quais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.

C AT O L IC ISMO

Abril de 1999

37


S.O.S. FAMÍLIA ~

.

A santidade da mãe Vimos em SOS-Família, publicado na última edição, a indispensável função da autoridade paterna para a boa constituição de uma família. O trecho que ora transcrevemos, extraído do livro de Mons. Delassus, O Espírito Familiar,focalizará o papel da mãe de família para formar seus filhos na virtude e na fidelidade aos princípios perenes da Doutrina Católica papel insubstituível e particularmente importante nos tempos atuais, em que a instituição familiar está sendo desagregada de modo inclemente. Superior à influência exercida pela soma de todos os preceptores que alguém possa ter em sua adolescência, é o benéfico influxo representado pelas virtudes da boa mãe que marcam indelevelmente uma pessoa; esta será, geralmente, em grande medida modelada por aquilo que recebeu da formação materna. "Feliz o homem a quem Deus deu uma santa mãe! - disse Lamartine. Apesar dos desvios da sua imaginação, Lamartine guardou sempre a lembrança da educação cristã que lhe deu sua mãe. Mais de dois anos anLes de sua morte, ele se ajoelhou na semana de Páscoa à Santa Mesa, ao lado de sua mãe. Como diz Joseph de Maistre: 'Se a mãe tomou como um dever imprimir profundamente na fronte de seu filho o caráter divino, pode-se estar praticamente seguro de que a mão do vício nunca o apagará inteiramente'. "Quantas outras mães imprimiram profundamente, na alma dos filhos, o respeito, o culto, a adoração de Deus, de Quem elas eram para eles, pela pureza de vida, a imagem viva! "Como mãe, a mulher cristã santifica o homem-filho; como filha, ela edifica 38

CATO L IC IS MO

o homem-pai; como irmã, ela melhora o homem-irmão; como esposa, ela santifica o homem-esposo".

A "raiz" da santificação '"Eu quero fazer do meufilho um santo' - dizia a mãe de Santo Atanásio. "'Graças mil vezes, meu Deus, por nos terdes dado por mãe uma santa!' exclamaram por ocasião da morte de Santa Emíl ia seus dois filhos, São Basílio e São Gregório Nazianzeno. '"Ó! meu Deus, eu devo tudo a minha mãe!' - dizia Santo Agostinho. "Como gratidão por tê-lo tão profundamente impregnado da doutrina de Cristo, São Gregório Magno mandou pintar sua mãe Sílvia ao seu lado, com vestido branco e a mitra dos doutores, estendendo dois dedos da mão direita, como para abençoar, e tendo na mão

Abril de 19°99

"Quase todos os santos fizeram remontar as origens da sua santidade à própria mãe".

A "raiz" de grandes personagens ... "Pode-se acrescentar que os grandes homens também foram feitos pelas próprias mães. "O Bispo Castulfo, numa carta a Carlos Magno, recorda-lhe a lembrança de sua mãe, Berta, e lhe diz: 'Ó rei, se Deus todo poderoso vos elevou em honra e glória acima de vossos contemporâneos e de todos os vossos predecessores, vós o deveis sobretudo às virtudes de vossa mãe! ' '"É sobre os joelhos da mãe - disse Joseph de Maistre - que se forma o que há de mais excelente no mundo'. "Ela é no lar essa chama resplandecente de que fala o Evangelho, distribuindo sobre Lodos a luz da Fé e o ardor da caridade divina. A ela incumbe vivificar na família a idéia da soberania de Deus, nosso primeiro princípio e nosso último fim, o amor e reconhecimento que devemos ter por sua inliniLa bondade, o temor da sua justiça, o espírito de religião que nos une a Ele, a lei dos castos costumes, a honestidade dos atos e a sinceridade das palavras, o devotamento e ajuda mútua, o trabalho e a temperança" ....

esquerda o livro dos santos Evangelhos diante dos olhos de seu filho. "Quem nos deu São Bernardo, e o fez tão puro, Lão forte, tão abrasado de amor por Deus? Sua mãe, Aleth. "Mais perto de nós, Napoleão disse: 'O futuro de urna criança é a obra da sua mãe'. E Daniel Lesueur afirma: 'Quando se é alguém, é muito raro que isso não se deva à própria mãe'. Pasteur afirmou: 'Ó meu pai e minha mãe, que vivestes tão modestamente, é a vós que eu devo tudo! Teus entusiasmos, minha valorosa mãe, tu osfizeste passar para mim. Se eu sempre associei a grandeza da ciência à grandeza da pátria, é porque eu estava impregnado dos sentimentos que tu me havias inspirado'. A alguns que o felicitavam por ter o gosto da piedade, o Santo Cura d' Ars disse: 'Depois de Deus, isto se deve à obra de minha mãe'.

... e de homens de qualquer condição social "'Na famífia operária - diz Augustin Cochin - afigura dominante é a da mãe. Tudo depende da sua virtude e acaba por se 111odelar de acordo com ela. Ao marido competem o trabalho e o aprovisiona111e11to do lar, e à mulher os cuidados e a direção interior. O marido ganha, a m.u//1er poupa. O marido alimenta osfllhos, a mulher os educa. O marido é o chefe da família, a mulher é seu elo de unicio com ela. O marido é a honra do leu; a 111ulher a sua bênção'".

Mãe católica: "raiz" do heroísmo "O Visconde de Maumigny escreveu: '"Devemos às nossas mães e irmãs o fundo de honra e de devotamento ca-

valheiresco que é a vida da França. Nós lhes devemos a Fé católica. Discípulas da Rainha dos Apóstolos e dos Mártires, as mães fizeram passar seus corações aos dos filhos .... ' "'Maria Santíssima, o modelo das mães, ensinou-lhes como se sacrifica um filho único a Deus e à Igreja. Ao ouvir as narrações dessas imolações sublimes [este texto foi redigido em 1862, quando os Zuavos Pontifícios derramavam seu sangue para defender a Santa Sé], Pio IX comentava: 'Não, a França que produziu tais santas não perecerá jamais!' "'A primeira vez que a heróica viúva de Pimodan viu o Papa, não lhe disse 'Oh! Santo Padre, devolvei-me meu marido!', mas disse: 'Oh! Dizei-me que ele está no Céu!' E quando Pio IX respondeu 'Não reza mais por ele', ela não perguntou mais nada, pois entendeu que era viúva de um mártir, e isso bastava. "Em Castelfidardo os zuavos pontifícios combatiam sob os olhos de suas mães, presentes em seu pensamento e entre as paredes do santuário onde a Rainha dos Mártires gerou o Rei dos Mártires. Todos, enquanto marchavam contra o inimigo, repetiam esta frase de um deles: 'Minha alma a Deus, meu coração à minha mãe, meu corpo a Loreto'. À mãe deles, a Maria Santíssima, que a todos inspirava, reverte a honra da batalha. Como outrora os cruzados, e mais tarde os vendeanos, foi sobre os joelhos das mães que eles aprenderam a morrer por Deus, pela Igreja e pela Pátria." (Mgr Henri Delassus, L'Esprit Familiai dans la Maison, dans la Cité et dans l'État, Société Saint-Augustin, Desclée, De Brouwer, Lille, 1910, pp. 165 a 175). *

*

mente carinhosa mas firme, Da. Lucília realizou o ideal de mulher inteiramente brasileira, inteiramente católica e inteiramente aristocrática, numa época em que já a figura materna ia sendo obscurecida pelas ondas revolucionárias das modas e dos hábitos modernos. E, como fecho desta série, reproduzimos a seguir algumas palavras do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira sobre Aquela que é o mais alto modelo da verdadeira mãe de família: Nossa Senhora - Mãe de Deus Filho, Esposa de Deus Espírito Santo e Filha de Deus Pai - da Qual ele sempre foi ardentemente devoto.

"A Santíssima Virgem representa a quintessência inefável, a síntese amplíssima de todas as mães que existiram, que existem e que existirão. De todas as virtudes maternas que a inteligência e o coração humano podem conhecer. Ainda mais: daqueles graus de virtude que apenas os santos sabem encontrar, e dos quais somente eles sabem alcançar, voando com as asas da graça e do heroísmo. É a mãe de todos os filhos e de todas as mães. É a mãe de todos os homens. É a mãe do Homem. Sim, do Homem-Deus que se fez Homem no seio virginal dessa Mãe, para resgatar todos os homens. É uma Mãe que se define com uma palavra: mar. Que, por sua vez, dá origem a um nome. Um nome que é um céu: Maria". ♦

*

"Síntese amplíssima de todas as mães" Com o texto acima, encerramos as transcrições dos trechos selecionados da esplênd ida obra do polemista católico Mons. Henri Delassus~ Não sem antes lembrar como o insigne fundador da TFP, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, atribuía o melhor de sua formação moral e religiosa a sua querida mãe, a tradicional dama paulista, Da. Lucília Ribeiro dos Santos Corrêa de Oliveira. Exemplo de mãe extremaC ATO L I C I S MO

Abril de 1999

39


OANF pede que Ministério Público paulista defenda família brasileira Pais e Mães de família organizados em torno da campanha O Amanhã de Nossos Filhos recorrem ao Ministério Público para exigir o fim dos filmes pornográficos difundidos pela Rede Bandeirantes

S

40

e AToLIe Is

M

o

Abril de 1999

adesão cada vez mais sólida de seus participantes

Apelo da~ !a~ílias brasileiras ao Mimsterio Público Ex mo. Sr.

Procurador-Gemi de Ju:-.1i ·a 1 :: • O~. ~ui 1. _A11tonio Guiman{:. ~ -1~~,ido de Sao Paulo M11w,1éno Plíhlico do Esindo de Pmllo

sl,

IMENSA divulgação da Mensagem de Fátima, levada a cabo por essa importante Campan ha da TFP, tem produzido um bem incalcu láv I às almas. Muitas delas, como náufragas, encontram-se à deriva nas mil correntezas que, em n ssos dia~ , arrastam a humanidade para os abismos mais tenebrosos cios vícios , do pecado mortal e da p rdi ção. Como um farol que brilha nas trevas ela noite e rer 'Ce a sólida corda da esperanra na qual segurar, assim vai a TFP atraindo, ele modo crescente, ess s náufragos cio final do século XX que se recusam a dei xar-se leva r para o trisl' lim . Para que os l ' il or ·s d' Catolicismo possam ter uma id ·ia das graças que Nossa Sen hora d' Pá1ima está concedendo aos participantes dessa Campanha, publicamos abaixo alguns testemunhos, esc lhidos a •s mo.

A

egundo o art. 129, inci so II, da Cons~it_uiçã_o F~de_ral, é função do Mrn1sténo Publico zelar para

que os "serviços de relevância pública" respeitem os direitos assegurados na Lei. O artigo diz ainda que o MP deverá tomar as medidas necessárias para a salvaguarda desses direitos. Baseado nisso, OANF está promovendo uma campanha nacional, pedindo às pessoas que prezam a moral e a decência, assinarem uma Petição a ser entregue ao Procurador Geral de Justiça do Estado de São Paulo, Dr. Luiz Antonio Marrey. O documento pede que o Ministério Público obrigue a emissora a respeitar os valores éticos e morais da família, conforme preceitua o art. 221, inciso IV, da Constituição. Com essa campanha OANF espera que a Bandeirantes seja impedida de continuar transmitindo a sessão chamada Cine Privé. OANF recorreu ao MP paulista por ser em São Paulo a sede da emissora. Irmanada com OANF na luta pelo bem-estar moral de nossas crianças, a revista Catolicismo acompanhará passo a passo essa justa reivindicação das famílias brasileiras. Esperamos que nas próximas edições possamos noticiar mais uma corajosa ação do MP

Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!:

A., , i1 1;11ura : - - - - - - - - - - ~

paulista em defesa da Lei, ou seja, o fim da pornografia na TV.

Ranking dos Piores chega às empresas de publicidade O Amanhã de Nossos Filhos está divulgando a pesquisa Ranking dos Piores entre as principais agências de

publicidade do País, visando alertar os patrocinadores de programas rejeitados pelos telespectadores. Enviando comunicado ao Departamento de Mídia das principais agênc ias de publicidade do Brasil, OANF está conseguindo um poderoso aliado na luta dos pais e mães de família contra a imoralidade na TV: as agências de publicidade.

Qualidade vale mais que audiência Preocupadas com a imagem de

seus clientes, as agências estão cada vez mais atentas à qualidade dos prog ramas aos quais recomendam o anúncio de marcas e produtos. Prova disso é a notória escassez de inserções publicitárias nos intervalos de alguns programas de forte apelo imoral. Conforme ressalta o comun icado de OANF, há emissoras preenchendo os intervalos com anúncios da própria programação por não terem anunciantes. Catolicismo felicita O Amanhã de Nossos Filhos pelo sucesso de suas campanhas em defesa da saúde moral de nossas crianças e jovens. Lembrando sempre que nós também apoiamos a luta dos pais e mães de família que desejam livrar seus filhos das garras da TV imoral. ♦

• Nunca tenham medo A ,radeçolhes por estar parlicipan lo d 'Sta campanha, na qual Nossa ' nhora 'Stá clerramanclo graças e mai s graças. • cada um ele vocês, que estão sempre batalhando para manter seus pari icipantes sempre info rmados, peço que Deus derrame em seus corações a semente ela Palavra que germine e cr'sça dentro de vocês, pois são muito

im1 ortantes para Deus e para a Igreja. Que vocês continuem sendo, não só a Igreja do amanhã, como também a Igreja ele hoje, Igreja presente e atuante. Peço a Nossa Senhora elas Graças que vocês nunca tenham medo de assumir o papel na Igreja, que nunca tenham medo ele falaJ. Sim, a mi ssão que Maria tem reservado a vocês. Sejam sempre corajosos e clecidiclos, e sempre conv ictos ele que tanto a Igreja necessita, como também ela conta com vocês. Que continuem sendo a nova geração de apóstolos, enviando mensagens de Maria a todo o Brasil, para que as pessoas tenham Nossa Senhora co mo intercessora, eclucaclora e amiga. Porque não há ningué m como Ela para nos ajudar a abraçai· os planos, as missões que Deus tem reservado para nossas vicias. Q ue o Senhor abençoe e guai·cle a cada um no Seu coração e derrame graças e mais graças sobre esta Campanha. (Srta. A.A.F., São Paulo)

• Ele se consagrou antes de morrer - É com grande satisfação e respe ito que escrevo esta carta, pela cleclicação que tem para com a minha fa mília, colocando-a em oração no momento em que estamos precisando muito, principalmente com o aconteci mento ele uma morte na família. Meu marido fa leceu dia 13 ele fevere iro, no dia em que chegou a carta cio Coração ele Maria. E le traba lhou ele manhã, voltando pai·a casa meu cunhado entregou-lhe um envelope. Aí ele sentou no sofá, eu abri a carta e di sse a ele: "Olha, L., é para consagrar a família". Então e le leu

a parte mais bonita ela consagração, me deu as fo lhas e saiu para um outro cômodo ela casa. Enquanto tirava meu fi lho do carrinho para deitálo na cama, ouvi um barulho; era ele, estava caído no chão ela sala. Foi um grande desespero, eu pedia socorro, mas e le de u entrada no hospital sem vida. Foi horríve l para nós, mas, com a graça de Deus, estamos consegui ndo paz e m nossa fam ília. Q uando minha fi lha leu a consagração, ficou emocionada ao saber que o pa i se preparava para a morte; e le se consagrou antes, porq ue tinha aca bado ele ler e morre u. (R.M.L.J ., São Paulo)

• Os inimigos rondam, mas Nossa Senhora vence - No Rio ele Janeiro, estava marcada a v isita ela Imagem Peregrina ele Nossa Senhora ele Fátima para as 17 horas ele um d ia ele fevereiro , na casa el a S ra . A .C.M. Na parte ela manhã, a lguém li go u para a clona ela casa, afinna nclo-se ele nossa Campanha e dizendo que a visita não seri a mais possível, pois e la morava num apartamento no qual não caberia muita gente, e a dupla que leva a imagem não teria retorno. A Sra. A.C.M.,justamente inclignacla, li gou para a central ela Campanha pedindo explicações. Aí tudo se esc lareceu. Q ue m hav ia li gado eram di ssidentes, que procuravam atrapalhar a visita ele Nossa Senhora e hav iam telefonado, mentindo para a dona ela casa. A visita da Imagem reali zou-se normalmente, conforme o programado, e a Sra. A.C.M. ficou muito satisfeita. ♦

C AT O LIC ISMO

Abril de 1999

41


TfPs EM AÇÃO

EALIZOU-SE em São Bernardo do Campo (SP), no Pampas Palace Hote l, durante o Carnaval - 14, 15 e 16 de fevereiro último - o IV Congresso de CorrespondentesEsclarecedores e Simpatizantes da TFP. Tais congressos são de impo1tância capital, pois a permuta de experiências, idéias e opiniões, vem enriquecer todo o conjunto dos participantes, e a nobre causa da defesa da Civilização Cristã em nosso País ganha profundidade e efi cácia. É fato notório, na História Universal, que os movimentos de opinião se desenvolvem através do convívio e da ação de grupos: os salões franceses antes da Revolução de 1789 desempenharam papel marcante nos acontecimentos que fizeran1 a História nos últimos 200 anos. Tai salões constituíam-se muitas vezes, espec ialmente na França, por meros apreciadores do Savoir vivre;ou seja, das boa maneiras, dos ditos espirituosos, do espírito de resposta pronta (esprit de reparti), e transformaram-se algum tempo antes da Revolução Francesa em lugares de propagação de falsas e insolentes idéias revolucionárias. Vário s historiadores, do séc ulo XVIII em diante, começaram a qualificar tais salões de laboratórios de opinião pública, centros de propaganda.fi.los~fi.ca, antecamâras do poder, etc ... Tudo isso co loca em relevo a importância do convívio e de sua influência (deletéria no caso do exemplo citado, mas que pode ser também sad ia) na sociedade.

R

Em carta: descrição viva "... Ainda guardo na memória os três dias de agradável convívio durante o Cong resso, que tanto reforçou o desejo de melhor propagar os princípios c~ntra-revolucionários, fortalecer assim a Civilização Cristã em no nosso querido Brasil", escreveu um dos participantes do último Congresso em caita dirigida aos organizadores do mesmo. Em síntese foram três dias em que foi possível estudar e anali sar em con-

42

C AT O L IC IS MO

Lançada na Polônia a magna obra do fundador TFP

Congresso de CorrespondentesEsclarecedores: oração, trabalhos, contemplação da glória divina junto vários temas importantes, e fortalecer assim nossos ideais e convicções comuns hauridas dos ensinamentos do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. A abertura do evento contou com a solene entrada da Imagem de Nossa Senhora de Fátima. A primeira conferência, dando abertura ao IV Cong resso, profusamente ilustrada por slides, foi de Dr. Plínio V. Xavier da Silveira, e abordou o tema As preocupações, aflições e esperança de salvação no limiar do século XXI. Dando seqüência à série de conferências, que nos encheu de esperanças, foram abordados os temas: 'Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem', de autori a do grande Doutor Mariano, São Luís Maria G. de Montfort ; 'A alma de todo apostolado', do abade Dom Chautard; depois as palestras de atuali zação sob o título 'Um ano de Revolução e Contra-Revolução'; seguiu-se a conferência intitulada 'Após os castigos previsto em Fátima, os esplendores do Reino de Maria', proferida pelo Prof. Paulo Corrêa de Brito Filho; o 'Resumo das atividades da TFP brasileira', com destaque para a 'Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!', foi apresentado pelo Coordenador dessa Campanha, Marcos Luiz Garcia que também aludiu às batalhas contra a imoralidade e violência na TV promovidas por 'O Amanhã de Nossos Filhos'. Confirmando tais esperanças, o Dr. Mário Navarro da Costa, diretor cio Bureau de representação das TFPs em

Washington expôs com muita fé o tema 'A certeza da vitória'. Foi muito elucidativa a conferência ela Sra. Catherine Goyard, da diretoria da Campanha Avenir de la Culture (Futuro da Cultura), entidade afi m à TFP francesa. Ela narrou as epopéias empreendidas por essa valorosa associação. Com charme e espírito de concisão, características mai·cantes do povo francês, a oradora descreveu a marcha de mais de cem mil pessoas pelas ruas de Pai·is em protesto contra o infame "casamento" homossexual, a qual teve como uma de suas molas propulsoras a imensa campanha efetuada mediante o sistema de mala-direta, por Avenir de la Culture. Na sessão de encerramento, o Dr. Luiz Nazareno de Assumpção Filho rel embrou a análi se feita pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira sobre a visão relativista deste final de milênio. Uma concepção atéia que afronta a Deus, veementemente condenada já no Antigo Testamento pelo Profeta Sofonias.

No convívio: graça perceptível Seria insuficiente descrever o Congresso apenas pelas excelentes conferências nele proferidas. Era preciso estar presente para perceber a graças decorrentes de um elevado convívio, cheio de fé e de catolicidade. Durante as refeições, apresentava-se a oportun idade para ricas e agradáveis conversas. Na missiva que acima citamos, encontrase ainda o seguinte trecho: " .. . Algumas vezes, reuníamos nossa delegação em uma mesa com apre-

A mesa que presidiu a sessão de encerramento do Congresso. Da esquerda para a dire ita: Dr. ,:>tinio Vidigal Xavier da Silveira, Dom Bertrand de Orleans e Bragança, Cônego José Luiz M arinho Villac ' Dr. Luiz ':"azareno de Ass umpção Filho, Dom Lwz de Orléans e Braga nça, Pe. D avid Francisquiní e Sm. Catherine Goyard

ÓS cinco edições em português, numeroas na América hispânica e em diversos países europeus, veio a lume recentemente pela Editora ARCANA, de Cracóvia, na Polônia: a célebre obra de autoria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução. Essa edição polonesa (tradução de Slawomir Olejniczak), segundo nosso correspondente em Cracóvia, Sr. Leonardo Przybysz, tem despertado grande interesse, talvez pelo fato de a parte sã daquele país - liberto, há relativamente pouco tempo, da sangrenta tirania comunista - estar à procura de fo rtalecimento para jamais retornar ao regime que massacrou durante décadas os autênticos valores da nação. E Revolução e Contra-Revolução bem apon ta esse rumo seguro para a restauração da Civilização Católica. "Se a Revolução é a desordem, a Co~tra-Revolução é a restauração da ordem", consigna de modo lapidar essa magistral obra, agora ao alcance de todos poloneses libertos da desordem comunista e à busca da verdadeira ordem , que consiste na "Civilização Cristã, austera e hierárquica, fundamentalmente sacra/ antiigualitária e antiliberal". ♦

/'linio Corre<1 de Oliveira Flagrante de refeição no rc taurante do hotel durante o Co11grcs o

sença de direlores da 7'1•'/~ e, 110 jantar de sábado, tivemos a honra de ·011tar 1·m11 o prese11ça de S.A.I.R. Dorn Bertrand de Orl ,a11s e /Jmw111ça, que nos relatou fatos irnpressio11a111es do vida do Papa Pio IX e de São João Bosco, 110 s ,rn fo /JC/.1'.rndo, e111 sua luta contra o l,iberalismo. " 'Eu serei a vossa recomp ·nsa i 'masiadamente grande', prvmeteu Nosso S ,11/,01: foi o que recebe1nos nesses três dias, em que se 111e.l'clara111 l,an11011icarnente oração, profícuos lraballws, e111 .1·111110, 11111a contemplação da glória di vi11a e seus f('.flexos 11a luta contra-revolucionária empree11dido pela TFP, 110 ambiente neopagão e relativis/a 110 qual vivemos". ♦

rl\rwofu9a i

'Kontrrewofu':}a /t- /1 lln,,,/11 , 1,,j,,, "'' 1'"1:ud(,.111. 1

'""""•~""'''" ,, ,, ,,,:,~,11,,,,,,.,,,,,,.,_.t/l,./I

C ATO LIC IS MO Abril de 1999

Abril de 1999

43


ENAS , a mais culta e brilhante das 1da?es greg~s, na Antiguidade, teve ongem cunosa. Fustel de Coulanges, em sua fa mosa obra La Cité Antique (A Cidade Antiga), ex plica que, bem primitivamente, hav ia tribos, provavelmente nômades, naqu e la reg ião da Grécia antiga. Estas fixaram-se, em determinado momento, passando a cultivar a terra. Tais tribos dependiam , cada uma delas, de um pat:riarca, isto é, de um homem que descendia das primeiras famílias, cio tempo em que estas eram nômades. Aquela sociedade não era ainda um Estado, mas sim uma enorme família, um projeto de Estado - um patriarcado. Quando começou a nascer a cidadezinha Atenas, os chefes das várias tribos passaram a morar nela, e uma certa parentela destes continuaram a res idir no campo. Tais patri arcas, quando tinham que reso lver alguma co isa sobre a cidade, reuniam-se com sua descendência e decidiam. Era o povo ateniense todo que comparec ia nas assembl éias gerais: 400 a 50Ó ho;11ens. Como ninguém era rei, pois não hav ia um homem tão importante e de tanta categoria que os outros aceitassem como soberano, eles resolvi am as questões med iante votação. E, como essa votação se decidi a? Através ele discursos. Então, em pequenas praças, mas de uma beleza que ficará célebre até o fim do mundo, ladeado pela harmonia - filh a do deAcima: Ânfora grega com figuras negras - Combate entre Aquiles e a amazonas Pentesiléia, Museu Britânico, Londres. As ânforas gregas, de barro, com fundo avermelhado, como essa, tornaram -se célebres e figuram n s grandes museus do mundo.

sejo de perfeição -, nessas praças pronunciavam-se discursos para reso lver o que deveria fazer o povo. O que era o povo? Era constituído pelos patriarcas e seus descendentes. Assim, o grande orador inteligente, que argumentasse bem, fa lasse de forma harmônica, tivesse uma voz potente, soubesse sublinhar suas palavras por meio de gestos - tinha muita possibilidade de ser o verdadeiro rei de Atenas. Porque levava atrá de si, o que poderíamos chamar de assembléia patriarcal.

* * *

Atenas e outras cidades gregas foram crescendo. Pode-se dizer que a Grécia fo i, em certa época, o fa r-west ela Ásia. Ela está situada próximo da Ás ia e os as iáticos civ ili zados empreendi am exped ições à Grécia para comprar, por exempl o, aze itonas, azeite, ânforas de barro de uma cor avermelhada. Nelas os gregos pintavam figuras ao mesmo tempo.simples, naturai s e distintíssimas, que até hoje são admiradas em todos os museus bem equipados da Europa. A partir ele então, fo ram se fixando na Grécia comerciantes de outros países. Estes comerciantes levavam suas fa míli as e iam se multiplicando. Tanto os comerc iantes quanto os agricultores da Grécia compravam escravos. Estes provinham de outros povos, sendo que muitos deles eram prisioneiros de guerra. Assim, pouco a pouco, fo rmaramse três categori as sociais: 1. os patriarcas e seus descendentes; 2. oscomerciantes,queeram imigrantes; 3. os escravos. Os patri arcas e seus eles

não reconheciam como grego quem não d scendesse deles. Não tinham os adventícios direito ele votar nas assembléias, nem de ía'.I, r uso da palavra em público. Assim, a sociedade política em AI nas era for mada pelos nobres. Aquela cid ad ' era sua pátria e o patri arca era o pater pai dos pais, o modelo dos pai s.

* * *

Os gregos possuíam talento para ruz ·r coisas lindíssimas e até imortai cm 1 as11u· muito dinheiro. O q_ue custa, por ex ·n1plo, levantar uma coluna? Mas, eles sabiam o 111 • deve ter uma coluna para ser marav ilhosa. Por exemplo, ir ela estreitando-s I nta111 ' 11te, de tal maneira que, em cima, s u di , m ·t:ro seja menor que o da base. Desta fo l'rna, tem-se então a impressão de qu a ·olun11 mais alta do que na realidade ela . Coluna li sa é sem graça: um lubo q11 · não vale nada. É preci o fazer a coluna ·0111 adornos. Daí aparecer a coluna ·0 111 11qu · las reentrânci as e sa liências. Para 101·11 111 graciosa, o capitel que a ' 11 ·i111 11. Os gregos con~ c ·ionan1rn rn !unas que se tornaram imo1l11is. s vezes,·um templo inteiro ruiu , l 'OIII 11 exceção de certa coluna qu · I' ·sl<HI dl· pé: ela sozinha virou 111011u111t•nl o his tórico! Datam las, às Vl''.l.l'S, dl' p1 i mitivos tempos dos p ·qu ·nos 111 11i ·111 tores geniais, qu' passav11111 s1111s 1111 ras elabonrn lo mal'11vi lh11s d ·ss · lipo. O que Ludo isso indi •11 '/ A tend6n ·ia profundo dl' 111 1povo para a harmoni u. O ·s111lwkr ·r 11s 11· lações cnl r' os v l'ios l'l •111L·11l os d1· um lodo, d ' 111111 wirn q11 · 1•s11· ~ ·í11 agradáv ·I cil' Vl'I' : isso l' 11111111011 l11 , conalural 110 11· • •o.

para em 1 s o do outor.

V•



d~lff~ Nesta edição Prosseguimos na presente edição a transcrição do Cap.111 (Parte li) de Revolução e Contra-Revolução. Anteriormente, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira ressaltara que o contra-revolucionário deve tudo fazer para salvar os valores ainda existentes do passado cristão. Consideraremos agora a concepção do verdadeiro progresso apresentada por ele, que consiste mais na "ascensão dos homens rumo à perfeição moral", do que o avanço meramente material.

A palavra do sacerdote

8

Eucaristia, homossexual idade, purgátorio

A realidade concisamente

Capítulo III

1 O Ta

A. Contra-Revolução e o prurido de novidades (cont.)

3. A Contra-Revolução é condição essencial do verdadeiro progresso A Contra-Revolução é progress ista? Sim, e o progresso fo r aut6nti E não, se for a marcha para a reali zação da utopia revolu i nária. Em eu as pecto mate rial , consisl o verdadeiro progresso no r to ap roveitamento d as forças ela natur za, segundo a Lei de Deus e a serviço do ho mem . Por isso, a Contra-Revo lução não pactua com o tecnicismo hipertrofiado de hoje, com a adoração das novidades, das velocidades e das máquinas, nem com a deplorável tendência a organizar "more mechanico" a sociedade humana. Estes são excessos que Pio XII condenou com profundidade e precisão (cfr. Radiomensagem de Natal de 1957, Discorsi e Radiomessaggi, vol. XIX, p . 670). E nem é o progresso materi al de um povo o elemento capital do progresso cristãmente entendido. Consiste este, sobretudo, no pleno desenvolvimento de todas as suas potências de alma e na ascensão dos homens rumo à perfeição moral. Uma concepção contra-revol ucionária do progresso importa, pois, na prevalência dos aspectos espirituais deste sobre os aspectos materiais. Em conseqüência, é próprio à Contra-Revolução promover, entre os indivíduos e as multidões, um apreço muito maior por tudo quanto diz respeito à Religião verdadeira, à verdadeira filosofia, à verdadeira arte

Mok - Pinochet: dois pesos e duas medidas das esquerdas

Colheita de uva no vale do Reno (Alemanha) . Essa atividade, não mecanizada, obedeceu um progresso natural e orgãnico, conservando até nossos dias características de trabalho manual, e mesmo de tipo famlllnr

Nossa capa: N o primeiro plano: Imagem Peregri na de Nossa Senhora de Fátima que verteu lágimas em Nova Orleans (EUA). Composição fotográfica rea lizada pelo at~liê artístico de Catolicismo

Vidas de Santos

12 São

João de Ávila: pai espiritua l de Santos

Nacional

Revolução e Contra-Revolução

15 Inv asões

2

Internacional

C onceito de v erdadeiro progresso

de terras : denúncia corajosa da TFP

18 Reação

da opinião púb lica alemã em face do esquerdismo do governo

A Palavra do Diretor

4 Destaque Trabalho agrícola na Alemanha, tendo como fundo de quadro cenário industrial. Quando a indústria começa a interferir no ambiente, e na atividade agrícola mecanizada, pode-se indagar: isso já não representa um progresso distorcido, que se desviou de um labor natural e orgânico?

5

O remédio para as crises atuais

Leitura Espiritual

7

Escrevem os leitores

34 Conde

de Proença-a-Velha fa la a Catolicismo

S.O.S. Família

36 Comunismo

Capa

Atualidade

21

38 Kosovo :

Exce lências de Maria Santíssima

Fátima : esperança para o Brasil às v ésperas do século XXI

Brasil real, Brasil brasileiro

30 Encanto

da São Paulinho de outrora

Pela própria noção de reto progresso, vê-se que este tem por contrári o progresso da Revolução. Assim , a Con tra-R ' VOlu ·ão ondição essenc ial parn qu • s ·ja preservado o d ·s ·nvo lvi111l' lll o 11 ormal do verdad ·iro pro •n·sso, e derrotada a utopio rl·vo l11( io11:11'i11, que de progresso s(i 11·111 11 p11H 11l'i11s f'nlaciosas .

Entrevista

e dissolução da família

20

Santos e festas do mês e à verdadeira literatura, do que pelo que se relaciona com o bem do corpo e o aproveitamento da matéria. Por fim, para demarcar a diferença entre os conceitos revolucionário e contra-revolucionário de progresso, importa notar que o último toma em consideração que este mundo será ernpre um vale de lágrimas e uma passag m para o Céu, ao passo que, para o pri meiro, o progresso deve faz r da '1\.'rl'II um paraíso no qual o hom ·111 vi vu l'c liz, sem cogitar da ' t ·rnid1ul1•,

Policial sérvio numa vila ao norte de Pristina, capital do Kosovo

32

genocídio e invasão muçulmana na Europa?

TFPs em ação

40 Reivindicação

ao Ministério Público promov ida por OANF

Ambientes, Costumes, Civilizações

44 Prússia:

simplicidade, clareza , lógica e heroísmo

Os Condes de Proença-a-Velha em seu solar setecentista de Fo'J.-de-Arouce. Entrevista do Sr. Conde a Catolicismo

0

11róxl11111 ctlç o: definição do que é 11111 ui 11111.11 ontra-revo lucionário, em

N

t cio

1h11 1

111

stado potencial. C AT O LIC ISMO

Maio de 1999

3


\

DESTAQUE .

-

-~--- - -

Há solução para a crise hodierna? Amigo leitor,

PLIN IO MARIA SO LI MEO

Todos reconhecem que o mundo moderno encontra-se em profunda crise. Mas quase ninguém aponta a única solução verdadeira, já propugnada no século V por Santo Agostinho: a prática dos Mandamentos da Lei de Deus pelos componentes de todas as camadas da sociedade

13 de Maio! Festa de Nossa Senhora de Fátima. Há 82 anos Maria Santíssima, em sua Mensagem à humanidade pecadora pediu oração, penitência e conversão, prometendo seu maternal amparo a quem A atendesse. Também preveniu sobre os castigos que viriam, caso· as pessoas não cessassem de ofender a Deus. Dentre esses castigos aludidos por Nossa Senhora merece menção o aniquilamento de algumas nações ! Agora, fica a pergunta: será que nós, os brasileiros, seremos alvos desses castigos divinos, ou temos virtude sufi ciente para não sermos atingidos por eles? Não é preciso ser grande estudioso para perceber que, infelizmente, em muitos aspectos, nosso País ainda responde com indiferença aos apelos da Mãe de Deus, ou mesmo, os rejeita. Basta observar em nosso País a _crise religiosa reinante, a inversão de valores morais, os milhares de abortos cometidos, a alarmante expansão do uso de drogas ... práticas características de uma sociedade cada vez mais paganizada, à beira do caos. E tal situação é conseqüência, em última análise, da não observância dos pedidos formulados por Maria Santíssima cm Fátima ... Mas, nem tudo está perdido. Ainda há lu z no fim do túnel para o Brasil do século XXL E essa luz chama-se Nossa Senhora de Fátima! O leitor verá que é na difu são da Mensagem, tran~mitida pela Mãe de Deus aos três pastorin hos na Cova da Iria, que reside a melhor forma de combater esse deplorável estado de coisas ex istente em nossos dias não só no Brasil, mas em escala universal. Fica, portanto, aqui uma recomendação: leia atentamente a matéria de capa desta edição e reflita sobre a responsabilidade que temos perante Nossa Senhora, especialmente nós católicos. Uma aliança com Nossa Senhora de Fátima atrair-nos-á muitas graças e poderá livrar-nos de tragédias que j á começam a ocorrer em algumas regiões do mundo. Já não serão elas um prenúncio dos terríveis castigos previstos pela Mãe de Deus? Em Jesus e Maria

9:~07 D IRETOR

4

CATO L I C I S M O

Maio de 1999

Preços da assinatura anualpnn om de MAIO cl 1<J99 Comum: Cooperedor: Benfeitor: Qrende Benfeitor: xemp/11r 11v11l110:

" Pertenço a uma .fàmília muito numerosa, e vivo com minha mãe viúva. !,~felizmente quase toda a família degenerou. Um. de meus irmcios está na priscio por assalto a banco à meio armada, e o mais novo está indo pelo mesmo caminho. Como em cidade pequena tudo é conhecido, quando vou com minha mãe oferecer para rezar o rosário em alguma casa da vizinhança, ouço: 'Se vocês ncio convertem a própria.família, como querem converter os outros?'. O que é que posso fazer? O Sr. pode me dar um conselho?" Infeli zmente esse relato não é fictício, mas bem real , e exprime o drama de muitas famíl ias de nossos d ias. * * * Dificilmente, na História da humanidade, o mundo, em seu conjunto, passou por cri se pior que a dos dias que correm. Crise, crise, crise, eis a palavra que se ouve por todo lado. Crise reli giosa, moral , po lítica, econômica, de autoridade, da famíli a, das institui ções ... As páginas dos jornais gotejam notíci as nesse sentido, deixando-nos atordoados e acabrunhados. O pior dessa situação é o não se ter a quem recorrer nesta orfandade espiritual em que se encontra a maior parte da nossa população, pois a crise ati ngiu até o interior do Santuário. Há crise de fé, de vocações ... por discrição paramos aq ui . Como resultado da crescente perda do senso religioso do povo, este estende os braços para agarrar-se, neste naufrágio geral, a qua lquer co isa que se assemelhe a uma tábua de sa lvação ou a um paliativo para os problemas pessoais. De

onde o aumento do consu mo da droga, da prática da magia, da pro liferação de seitas pentecostalistas oferecendo soluções milagrosas e coisas do gênero. Outros, mais fe li zes, buscam conse lho junto a pessoas autenticamente cató li cas ou a mov imentos que as congregam. Exemplo di sso é o número sempre crescente de pessoas que escrevem à Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, ncio tardeis!, promovida pela TFP, pedindo conse lhos para resolver problemas de caráter pessoa l. .. Del es ap rese ntarem os duas amostras, evidentemente salvaguardando a identidade e características que possam identificar as pessoas. "Depois de separada há muitos anos (ficando com um.filho de um ano), contraí novas núpcias. Acontece que entrementes meu filho cresceu, não estuda, ncio trabalha, e se tornou adieto a drogas e bebida às minhas custas. Ora, meu novo marido quer que eu seja enérgica com ele para que assim, sem. meios, ele deixe o hediondo vício. Mas acho que a coisa ncio é.fácil assim, pois tenho medo que meu.filho se junte a traficantes para obter a droga. Então. estou num dilema: .fico com meu marido, ou com meu .filho. Como ncio ganho o suficiente para alimentar o vício deste, que vai sempre crescendo, não sei o que fa zer. Peço um conselho antes que eu faça uma besteira na minha vida". Tendo quase falido a institui ção do matrimônio, devido ao esvaziamento de


seu conteúdo relig ioso, as uniões estávei s tornam-se cada vez mais raras e precárias, prolifera o concubinato etc. Apenas outro exemplo: "Casei-me há alguns anos. M eu esposo e eu vivíamos muito bem e nos respeitávamos muito. Tivemos doisfilhos. Acontece que de uns meses para cá, meu marido começou a esfriar, mudar de comportamento, e a não ligar mais para mim nem. para osfilhos. Um dia eu encontrei na carteira dele cartas de amor a outra mulher e desta a ele. Eu pensei em. matar meus filhos e depois me matar. Eu cheguei até a duvida r que D eus e.xiste. Ele confessou tudo, me pediu perdão dentro da catedral. Eu estou com ele mas não perdoei comple tam.ente. Não consigo esquece ,: Eu não tenho mais confiança nele e isso é horrível. Me ajudem!"

*

*

-

CAT OLICISMO

dos políticos ao podei: A causa é ganância, que cria a corrupção, o fis iologismo, o nepolismo, o cliente/ismo que pode levar o doente à fal ência total " (G .C.F., ide m, ibidem). " ... o problema ocorre porque o 'sistema 'foi criado por políticos para políticos; ou seja, de forma que os espertos possam levar vantagem em detrimento da maioria indefesa" (G.A.G., idem, ibidem). " Pe,p le.xidade, indignação e, sobret udo, vergonha .... rise, fome, dese111prego, sobrecarga tributária, 30 111ilhões de miseráveis ... e os e.xnws. Srs. Deputados estaduais de Alagoas e vereadores de Maceió com verba e.xclusiva para a compra de vestimentas, verba que nem sempre deve ser utilizada para a finalidade precípua de sua criação" (E.A .S., idem, ibidem).

*

*

As cartas que lemos em seções de jornai destinada ao leitores, se bem que de caráter menos privado - e muito compreensivelme nte - revestem-se ta mbé m dessa nota de crise e de beco- sem.saída: "Nosso país está sem. rumo; nosso povo, exaurido de f é; da fé que j á não fa z milagres, da fé que já não faz chover. Temos fome, senhor presidente, de comida, de cultura, de saúde, de desenvolvimento. Queremos resultados para tudo que pagamos, para a segurança que não temos, para a educação que nos tiraram" (E.M.S., em A Opinião dos Leitores, "Jornal do Brasil", Rio, 21-3-99). Essa falta de segurança e de rumo tão sugestivamente descrita por essa leitora, encontra pungente eco em outra carta: "No dia 14 morreu minha mãe. Eu, meus irmãos e parentes, providenciamos a macabra burocracia dos funerais. Depois de tudo acertado, o conselho do agentefimerário: não levem o corpo agora (21 hs). Só amanhã, depois das oito horas. A madrugada no [cemitério] São João Batista é perigosíssima, em.fac e dos freqüentes assaltos àqueles que vão velar seus mortos. No dia seguinte, à luz do sol, velamos e sep1tlta11ws nossa 111ãe. 6

Permanecem insepultas a vergonha na cara de nossos governantes, o pudor e a dignidade dessa gente que nos rouba o mais fundo dos sentimentos. Dupla orfandade, que tristeza e vergonha nos consomem! " (J.G .N. , idem, 23-3-93).

Na situação de crise moral reinante em todo o mundo, a criminalidade no seio da juventude é um dos sintomas mais preocupantes

Nessa situ ação de precariedade e desgoverno em que todos vivem , a classe política é das mais visadas pelos leitores. E lucidativos nesse sentido são estes trechos de cartas publicadas nos mesmos dia e seção, de um diário paulistano: "Os políticos eleitos nas últimas eleições, nem bem assumiram., já mudaram de partido, num.a flagrante deslealdade e desonestidade para com seus eleitores e partidos que escolheram. O que esperar desses políticos?" (A.J.M ., ' m Fórum dos Leitores, "O Estado d ' Sao Paulo", 2 1/3/99). "O Brasil esttí dol'11/1' l, 11 t/1•1'//dn, ,, o diagnóstico é si11111/i•,1·: 11111',J.iO d11, ·11tio

.

Maio de 1999

*

*

D irá o le itor: "Tudo isso é verdade, e estamos cansados de o saber e com.provar todos os dias. Haverá solução?" Todas essas crises se agravarão ainda mais pelo simples fato de se buscarem soluções onde não se as pode encontrar. O problema não é econômico, político ou cu ltural. Mas é, em sua essência, reli gioso. E tais crises não cons istem senão numa conseqüênc ia do afastamento sempre contínuo do homeri1 em relação Àquele que é "o caminho, a verdade, e a vida ". Santo Agostinho já ressaltava que, num reino o u cidade em que todos, desde o supremo magistrado até o último mendigo, praticassem seriamente os Mandamentos da Lei de Deu ; em que estes fossem observados tanto na indústria quanto no comércio, tanto no ensino quanto nos lares e até no <.;a11 1po do lazer; então, ter-s ' -in um wrdadeiro paraíso na Terra. 1i isso, l'lll lodos os sentidos, in ·lu siw q11111110 110 wrdadeiro progresso . Pois , 1ll'M,1t sockdude, concreti1/,ill' Sl' i1111111~ p11l11 v1a~ d· Nosso Senhor: 1 " / 1,wu111i 111 i111,·m1 o ffino de Deus e Su,1111111 1 ,,, ,· 111,/// // 111ais vos será dado /1/1/ 11, 11·11 Ili/ri" (l,c 12,3 1). 1•1 i l 11111111 solução! ♦

Maria é a esperança de todos os homens N

este mês consagrado a Nossa Senhora, Catolicismo oferece a seus leitores trec ho do livro Glórias de Maria Santíss ima, de Santo Afon so Maria de Li gó ri o. N asc ido em Marian e ll a (Itáli a), em 1 696, fundou e m 17 32 a Congregação do s Rede ntori stas, muito co nh ec id a no Brasil pela pregação de mi ssões e por sere m os sace rd otes redentoristas

spiritual

res pons áveis pelo Santu ário M ariano de Aparecida do N orte. Fal eceu em 1787, sendo elevado à honra dos altares e dec larado Doutor da Igrej a. Os Papas o distinguiram, chamando-o coluna do templo, estrela nas nebulosas do erro, mestre em Israel. Éda lav ra desse grand e devoto de Nossa Senhora a leitura espiritual sobre a esperan ça, onde ele refuta a falsa posi ção dos protestantes em relação aos exce lsos pred icados da M ãe de Deus.

"M ARIA

rea lmente é nossa esperança. Não suportam os hereges modernos que nós saudemos e c hamemos a Maria nossa esperança. Dizem que só Deus é nossa esperança, e que Ele amaldi çoa que m põe sua confiança na criatura . 'Ma ldito o homem que confia no homem' (Jr 17 , 5). Maria é c riatu ra, o bj etam e les; como, poi s, um a cri atura há de ser a nossa espera nça? Isto di ze m os he reges. E ntreta nto, quer a Santa Igreja que cada dia todos os ecles iásticos e todos os religiosos em voz a lta, e em no me ele todos os fiéis , invoque m a Maria com este nome ele esperan ça nossa. " De do is modos, di z o Angé li co Sa nto Tomás , podemos pôr nossa esperança num a pessoa, como causa princ ipal ou como causa mediante. Q uem deseja obter do rei uma graça, espe ra a lcançá- la do rei co mo soberano senhor, e espera obtê- la do se u ministro ou va lido, como intercessor. No últi mo caso a graça co ncedida veio do re i, mas por intermédio do seu valido . Portanto, quem pretende a graça, com razão chama, aq ue le seu in tercessor, a sua esperança. Por ser de infinita bondade, sum ame nte deseja o Rei do Céu e nriqu ecer- nos com as s uas graças. Mas porque para tanto é necessár ia da nossa parte a co nfi ança, deu-nos o Senhor, para aumentá- la, sua própria Mãe por advogada e intercessora, e concedeu- lhe plenos poderes a fim de nos

Santo Afonso Maria de Ligório

valer. Por esta razão que r também qu e nela coloq uemos a esperança de nossa salvação e de todo o nosso be m. Sem dúvida são amaldi çoados pe lo Senhor, co mo di z Jeremias, aq ueles que põem sua confi ança na criatura unicame nte. Ta l é o procedimento dos pecadores que, em troca da am izade e dos préstimos ele um homem, não se inco moda m de ofende r a Deus. São abençoados pelo Senhor e lhe são agradáveis, porém, os que esperam em Maria, tão poderosa co mo Mãe de Deus, para impetrar-lhes as graças e a vida eterna. Pois ass im quer Deus ver honrada

aquela exce lsa cri atura, que neste mundo o amou e honrou mais cio que todos os anjos e homens juntos. "É, portanto, com muita razão qu e chamamos à Virgem esperança nossa, porque, como diz São Belarmino cardeal, es peramos pela sua intercessão obter o que não a lcançaríamos só com nossas orações. Invoca mo-la, observa Suarez, para que a di g nidade da in tercessora supra a nossa fa lta ele méritos. De modo que, continua e le, invocar a Virgem com ta l esperança não é desconfi ar da mi sericórdia de Deus, senão temer pe la própria indig nidade. "Motivo tem pois a lgrej a, em apli car a M ari a as pal avras do Ec lesiástico (24, 24), com as quai s lhe c hama a Mãe da santa esperança, M ãe que faz nascer em nós, não a esperança vã dos bens transitórios desta vicia, mas a santa esperança dos bens imensos e eternos da vida bem-aventurada. Sa lve, esperança de minha alma, saudava-a Santo Efrém, salve, ó segura salvação dos cri stãos, auxíl io cios pecadores, defesa dos fiéi s, salvação dos cristãos, salvação do mundo . .... Todos os bens, todas as graças, os auxílios todos que jamai s receberam ou até o fim cio mundo receberão os homens, lhes têm vindo e hão de vir por intermédio de Maria" . ♦ Sa nto Afonso Maria de Ligório, Glórias de Ma ria Sa111íssi111a, Ed itora Vozes Ltcla, Petrópo li s, 3' edi ção, 1944.

e ATo LIe Is

M

o

Março de 1999

7


·--- r

-

y---

r

Cônego

JOSÉ LUIZ VIU.AC PERGUNTAS 1. Uma pessoa que assiste a 1,2,3 ... missas num mesmo dia, pode comungar 1, 2, 3 ... vezes? Em caso positivo, qual o jejum que deve ser observado para antes de cada comunhão? 2. Antigamente, no fim da missa, recitavase a oração de S. Miguel. Depois esta oração foi supressa. Atu almente reza-se uma Ave-Mari a e um cântico a Nossa Senhora. De quem partiu essa idéia? 3. Por que há homossexuais que atuam nos seminários, ou em outras áreas da Igreja e até como Ministros Extraordinários da Sagrada Eucaristi a, se a Bíblia não é a favor dessa prática, embora eles também sejam . nossos irmãos em Jesus? Na minha Paróquia isso acontece . 4. Por que existem pessoas que nascem dementes e paraplég icas, vivem como uma plantinha na dependência total dos outros? Em que essas pessoas estão se rvindo a Deus, se estão fora da razão? 5. Um assunto que tenho curiosidade, ésaber se o purgatóri o existe e se as Escritu ras falam algo a respeito.

RESPOSTAS

1. De fato, a redação do cânon 9 17 do Cód igo de D ire ito Canônico de 1983 se prestou a dúv idas. E le d iz q ue uma pessoa q ue já tenha receb ido a comunhão, pode recebê-la "novamente" nu m mesmo d ia de ntro de uma M issa. Consul tada, entretanto, a Com issão de Interpretação do Cód igo, respo nde u que se pod ia com ungar apenas ma is uma _ vez, e não quantas se assistissem à Missa em um dia. Lembro que a prática trad ic ional da Igreja sempre fo i a de comun gar apenas uma vez por dia. O Cód igo de 1983, porém, autoriza uma seg u ncla comunhão , com a condição especificada. Q uanto à q uestão cio jejum eucarístico, a norma permanece a de I hora antes da Comunhão, não se contando aí

remédios e água . Para os doentes e idosos, bem como para as pessoas que cuidam deles, não há necessidade de jejum, pois isso dificultaria a Sagrada Comunhão destas pessoas, posto que - sobretudo quando estão hospitalizadas - devem se alimentar em horas d iferentes das comuns, ou têm necessidade de se alimentar com maior freqüência, ou por fraqueza etc.

Oração final da Missa 2. Em relação às orações ao pé do Altar que se rezavam ao fim da Missa entre outras a Oração a São Miguel Arcanjo, composta e prescrita pelo Papa Leão XIII - , sancionadas por São Pio X e Bento XV e indulgenciadas por Pio XI, e las foram abolidas na reforma litúrgica de 1962 e posteriores. O fiel pode, entretanto, e é sumamente louvável, rezar tal oração como um ato de devoção, pois hoje, como nunca, necessitamos a proteção do Grande Arcanjo.

Homossexuais dentro da Igreja? 3. A prática do homossexualismo é um pecado gravíssimo que brada aos céus e clama a Deus por vingança. Assim, Deus enviou anj os para destruir acidade de Sodoma por causa desse pecado (Gen 19-13). Entretanto, uma pessoa tendo a péssi ma tendência para tal tipo de pecado, à qual porém não deve ceder e praticar a

castidade. Neste caso seria to lerável, repito TOLERÁVEL, que e la participasse de alguma atividade pastoral, desde que o desv io permanecesse oculto e absolutamente contornado o risco de escândalo. Po is a Igreja deve velar não só pela salvação da alma de pessoas que tenham essa tendência, mas princ ipa lmente pelo conjunto dos fiéis. Outra coisa é alguém entregar-se a esse tipo de abomin.a ção, ainda mais de modo habitual. Neste caso, não poderia atuar em obras pastorais e jamais ser Ministro Extraordinário da Eucaristia. Sua participação em tais obras seria ev identemente um abuso, um escândalo, uma profanação. Ingressar nu m Seminário? Jama is' Jamais! A caridade para com os pecadores cons iste principalmente em traba lh ar para convertê- los, não em aceitar seu pecado ou dar a entender que o mesmo não tem importância. Menos ainda expormos outras pessoas ao perigo de pecado.

Dementes e Paraplégicos 4. Por que existem pessoas que nascem dementes ou paraplégicas? Trata-se aqui dos insondáveis desígnios da Providência, os quais, nem sempre, o homem consegue entender. Como estas pessoas dão g lória a Deus? No que se refere aos dementes desde o nascimento, eles dão glória a Deus pelo mero existir, por terem sido criaFra Angélico - A última Ceia (séc. XV) - Museu de São Marcos, Florença

São Luís IX, Rei de França (1215-1270), serve uma refeição aos pobres - Miniatura das Pequenas Horas de Ana de Bretanha (início do séc. XVI), Biblioteca de M. Ambr. Firmin - Didot Essa ação do Santo revela como caridade e compaixão, em grau heróico, coadunam-se com a dignidade real

dos por Deus. Eles refletem, de alg um modo, o O i ador, pois todo homem foi feito à sua imagem e seme lhança. Se esse clemente, além disso, for batizado, e le será um herdeiro do Céu, onde - após a ressu rreição - perfe itamen te são e no esplendor da "idade de Cris10 ", irá re inar ju nto co m os anjos e santos, co ntempla ndo a Deus por toda a eternidade. Por outro lado, essas pessoas dementes aj udam a seus pa is, parentes, conhec idos, a, pela sua paciência e conformidade, amarem ma is a Deus, e não se de ixarem levar em demasia pe las il usões e atrativos deste mundo.

Pobres e doentes: prediletos de Deus No caso dos a leijados, além do que fo i dito antes, e les dão g lória a Deus por todos os seus atos de piedade, e, sobretudo, pela paciência com que aceitarem a pesada cruz que devem carregar. Se é pesada sua cru z, a graça divina será também abundante, para que e les tenham forças para carregá- la, e granjear muitos méritos para o Céu. Não devemos nunca nos esquecer que os pobres, os doentes, enfim, aqueles que sofrem, são predi letos de Deus. Se e les não existissem, a Terra seria menos completa, pois impediria que uma série de virtudes como a da compaixão, caridade, paciência etc. fossem praticadas, não somente pelos doe ntes e por todos os que sofrem , mas também por todos aqueles a quem a Providência divi na põe em seus caminhos.

Existe o Purgatório? 5. O Purgatório não só ex iste, mas é mesmo uma das maravilhas ela Providênc ia e bondade divinas. Sua existência é verdade de Fé, confirmada pelo Concílio Tridentino (Sess. XXV, D .B. 983), bem como pelas Sagradas Escrituras e toda a Trad ição da Igreja. Ademais, à luz da simples razão ente ndemos que, sendo Deus perfeitíssimo e Santo dos Santos, nós não poderemos chegar à sua d ivina presença se estiver-

mos marcados pela mancha do pecado. Então, não existindo o Purgatório onde as almas são purgadas dessas manchas até estarem resp lendentes de santidade para comparecerem d iante cio C ri ador - só lhes restaria o Inferno. Mas Deus quer salvá- las e por isso instituiu o Purgatório. Em sua Providência sapientíssima e misericordiosa, Deus criou esse estado, prévio à felicidade eterna, para onde vão temporariamente as pessoas que morrem sem terem expiado suficientemente, aq ui na Terra, a pena devida pelos pecados mortais cometidos e perdoados, e também pelos pecados veniais perdoados ou não, mas cuja pena não foi integralmente paga. O texto da Escritura mais preclaro a respeito do Purgatório é o do Livro II dos Macabeus (XII, 43), o qual narra como Judas Macabel.1 mandou oferecer um sacrifício pelos que haviam morrido na batalha, por expiação de seus pecados. Eis o texto:

Livro dos Macabeus "38 Depois disto, reunindo seu exérc ito, Judas Macabeu atingiu a cidade de Odolam. Como chegasse o sétimo d ia

da semana, purificaram-se confo rme o costume e ali mesmo ce lebrara m o sábado. "39 No dia seguinte, sendo já urgente a tarefa, os homens de Judas Macabeu fo ram recolher os corpos dos que tinham caído, para os sepultarem com seus parentes nos túmulos cios antepassados. 40 Então, debaixo das túnicas de cada um dos mortos, encontrara m objetos consagrados aos ídolos ele Jâmni a, cujo uso a Lei vedava aos judeus. Tornou-se evidente a todos que fo ra aquela a causa de sua morte. 4 1 Bendi sseram todos a ação cio Senhor, o justo Jui z que torna manifestas as coisas ocul tas 42 e puseram-se em prece, suplicando fosse inteiramente perdoado o pecado cometido. O nobre Judas Macabeu exo1tou o povo a conservar-se isento de pecado, pois tinham visto com os próprios olhos o que acontecera por causa do pecado dos que hav iam tombado. 43 Depois, tendo organizado uma coleta entre os soldados, mandou a Jerusalém cerca de duas mi I dracmas, para q ue se oferecesse um sacri fíc io expiatório. Ação mui to justa e nobre, inspirada no pensamento da ressurreição ' 44 Pois, se não esperasse que os soldados caídos hav iam de ressuscitar, teri a sido supérfl uo e insensato orar pelos mortos. 45 Considerando ele, porém, que belíssima recompensa está reservada aos que morrem piedosamente, seu pensamento fo i santo e piedoso. Eis por que mandou oferecer aquele sacrifíc io pelos mortos, para que ficasse m livres do seu pecado". Estes livros da Bíbli a são rej eitados pe los protestantes, po is co ntrad ize m suas fa lsas doutrinas, supostamente baseadas na própri a Escritura! Afina l, j á L utero e Ca lvino, respectivamente, esforçavam-se por faze r crer que o Purgatóri o era "um mero fantasma do diabo" e "uma invenção f unesta de Satanás" ! ♦

a

CATO L ICISMO

Maio da 1999

C ATO LIC ISMO

M aio de 1999

9


Jovem norte-americano: 'filho pródigo!I"

"Os jovens americanos são muito mais conservadores que seus pais. Eles são contra o aborto, dizem 'não ' ao se.xo ocasional e são a favor da pena de morte" . Estas são algumas das conclusões de uma pesquisa feita pelo Higher Education Research lnstitute, da U niversidade da Califórnia, em Los Angeles, Estados Unidos, entre os alunos do primeiro ano. O ''.filho pródigo " da parábola evangélica precisou chegar às bolotas dos porcos para sentir saudades da casa paterna. Não será esse mesmo fenômeno que estar á acontecendo no seio da sociedade norte-a meri cana? Se for isto, seria o caso de exclamar: bem-aventurada juventude norte-americana, pois tai s sintomas poderiam ser o iníci o de sua conversão!

Na década de 70, os líderes do Khmer Rouge, grupo guerrilheiro comunista do Camboja, leva ram à morte dois milhões de cambojanos. O atual Secretário-geral da ONU, Kofi Annan, recom endou que os responsáveis por esse imenso genocídio fos sem julgados por um tribunal internacional, para que houvesse "transparência

nos procedimentos iudiciários". O governo daquele país protestou, alegando que o único chefe do mencionado grupo guerrilheiro, atualmente preso, Ta Mok (foto acima), deverá ser julgado no próprio Camboja.

Deixemos de lado por ora o seguinte problema: até que ponto a constituição de um tribunal internaciona l permanente é compatível com o princípio da soberania dos Estados? E comparemos o silêncio dasesquerdas internacionais nesse caso do guerrilheiro Ta Mok com a verdadei ra media war (guerra pela mídia) promovida por elas para pressionar o governo inglês a extraditar o ex-presidente chileno Pinochet, a fim de ser julgado na Espanha. Política de dois pesos e duas medidas. Visão jurídica caolha, uma constante dessas esquerdas!

Família em crise: tema inesgotável... A crise da família é um problema tão generalizado nos dias de hoje que pode até parecer tema desgastado. Entretanto, algumas notícias sobre o assunto são de estarrecer. Segundo relatório da ONU, engravidam por ano 14 milhões de adolescentes no mundo, entre os 15 e 19 anos. De cada cinco, duas recorrem ao aborto; ou seja, 5.600 .000 cri anças são assassinadas pelas próprias mães! No Brasil é sabido que, a cada 1000 adolescentes grávidas, 32 recorrem ao aborto ...

*

*

*

É o que está acontecendo com o comunismo chinês. Ora sorridente, ele se apre senta desenvolvimentista, vendendo seus produtos (ordinários, diga-se de passagem) a preços baratíssimos. Mas, de tempos em tempos, deixa cair a máscara e mostra sua verdad eira e sinistra face .

10

C AT O L IC ISMO

Maio d11 1999

Pelo menos para cães e gatos, a vida está fica ndo cada vez mais agradável. E também para os propri etári os de empresas destinadas a proporcionar conforto e be m-estar a animais de estimação ... Há alguns anos, qualquer homem de bom senso ficava horrorizado ao saber que, na Índia, a vaca era animal sagrado, gozando de todos os privilégios; que no Egito antigo e pagão, venerava-se o gato ; e no M éx ico dos Aztecas, sacrificavam-se crianças aos deuses. Pois bem, o mundo neopagão deste final de milênio vem praticando algo de análogo: milhões de crianças são assass in adas no ventre materno mediante o aborto; e, em contrapartida, tudo o que era devido a elas está sendo oferec ido a an imais mimados!

odemônio é uma pessoa Por ocasião da publicação do novo ritual para os exorcismos da Igreja, o Cardeal chileno Jorge Arturo Medina Estevez - Prefeito da Congregação Vaticana para os Sacramentos e o Culto Divino, fez a seg uinte declaração difundida pela Agência de notícia s Ze nit. "Atualmente quase não se fala ou não se quer falar - do demônio e, no entanto, nunca corno hoje as pessoas correm atrás de sessões

espíritas, magia, missas negras etc. Para a fé católica - continua o Purpurado - a ex istência do demônio é algo que não admite dúvida. O próprio Jesus nos fala do demônio no Evangelho e São Paulo também se refere às forças do mal. Estas forças não são algo abstrato: são uma pessoa, o diabo e seus seguidores. Portanto, acredito que devemos estar atentos à sua influência".

Beisebol· demolidor de barreira ideológica

Comunismo chinês: por trás da máscara, cara de dragão Imagine o leitor um monstro de ficção um Frankstein, por exemplo - que tivesse uma máscara simpática e sorridente afivelada ao rosto para esconder sua carranca horrorosa . O público aplaudi-lo-ia ao vê-lo tão simpático. Mas se tal monstro, de propósito, levasse essa máscara mal afivelada e, de tempos em tempos, a deixasse ligeiramente caída, para mostrar uma parte da sua verdadeira face, certamente isso causaria arrepio no público .

Filhos abortados, animais mimados...

Esquerdas caolhas

• • • • • • • • • • • • • •

• • • • • •

• • • • • • • • • •

• • • • • • • • •

Vejamos um exemplo disso: espiões chineses fizeram uma imersão total na tecnologia nuclear dos Estados Unidos, revelaram analistas do Serviço de Inteligência norteamericano (CIA) à revista "Newsweek " . Quando a CIA mostrou as provas da espionagem a especialistas em questões atômicas, eles "quase caíram para trás". Um funcioná rio anônimo, citado por aquela revista, ad mitiu que os chineses "infiltraram-se com pro fundidade nos programas secretos" dos Estados Unidos. Eis aí, leitor, um episódio em que a más cara simpática do comuni smo chin ês caiu. E apareceu sua autêntica e horrenda cara de dragão ... Por lr,is da máscara sorrlclontc <lo Presidente h/11 s, Jlang Zemin, existe outra face ...

Uma partida de beisebol pode dar início à derrubada de mais uma sa lutar barreira ideológica: a que separa os Estados U ni dos de Clinton da Cuba comun ista de Fide l Castro. Com efeito, a partida de beisebol reali zada em Havana entre a equipe cubana e a americana de Baltimore não contribuirá para esse res ul tado? A euforia da vitória não levará os americanos, ou até mesmo alguns cubanos que vivem nos Estados Un idos, a começar a esquecer as masmorras da ilha-pri são e o paredón de F idel Castro? Analogamente, foi uma partida de ping-pong entre os Estados Unidos de N ixon e a China comuni sta de Mao que, na década de 70, deu início à aproximação entre os dois países. Em conseqüência, o mundo esqueceu todos os horrores das persegui ções efetuadas pelos verme lhos, dos campos de co ncentração, da Revolução Cu ltural de Mao Tsé-tung. E hoje, quase 30 anos depois, produtos chineses de quinta categori a, frutos, em larga med ida, de traba lho escravo, são vendidos a preço barato no M undo L ivre ameaçando quebrar várias indústrias oc identais.

• • • • •

BREVES RELIGIOSAS Lourdes: mais um milagre reconhecido Depois de 1 O anos de acompanhamento, foi reconhecida oficialmente pelo Bispado de Tarbes e Lourdes - em fevereiro último mais uma cura mi lagrosa obtida por ação de Nossa Senhora de Lourdes. Jean Pierre Bely, que padecia de esclerose "em estado severo e avançado", teve "cura súbita, completa e durável". _J

Pílulas de Frei Galvão: permissão renovada Em Guaratinguetá, graças aos insistentes pedidos dos fiéis , as autoridades eclesiásticas reso lveram permitir novamente a confecção e a distribuição das conhecidas pílulas de Frei Galvão, que tinham sido proibidas no ano passado. Assim, a partir de 25 de março último, os devotos do primeiro beato brasi leiro que visitarem essa cidade, já têm novamente à sua disposição as famosas pílulas . _J

_J Na Bolívia, indígenas interpretam música barroca Em plena selva boliviana, na aldeia de Urubicha, devido sobretudo a uma herança cultural transmitida através dos séculos pela ação missionária dos jesuítas no interior do continente americano, encontra-se um verdadeiro conservatório de música barroca: 30 músicos e um coro de 13 sopranos, 17 contraltos e 15 tenores interpretam o cântico Jesus Coronat Virginum de Domenico Zipoli (1688-1726) . Mestres europeus começam a se interessar por esse autêntico fenômeno de caráter artístico ...

CATO L IC IS MO

Maio de 1999

1 1


VIDAS DE SANTOS

AFONSO OE SOUZA

Conselheiro de Bispos e nobres, pregador, diretor de almas, coluna da Igreja e um dos paladinos da Contra-Reforma católica no século XVI, São João de Ávila pode ser chamado pai espiritual de grande número de Santos na Espanha de sua época

D

e repente, ouve-se na igreja um s.oluço que mais parecia um rugido: um homem. de grande porte sai do templo, onde predica o Pe. Mestre Ávila na festa de São Sebastião, dando fortes pancadas no peito compungido: era o futuro São João de Deus! Esse foi um dos esplêndidos fruto s da pregação ardente e sobrenatural de São João de Ávila, o qual figura e ntre os maiores santos espanhóis de sua época, com Santo Inácio de Loyo la e Santa Teresa de Jesus.

*

*

*

João de Áv il a 1 nasceu no ano de 1500 na pequena cidade de Almodóvar dei Campo, na Diocese de Toledo. Seus pais, Alonso de Ávila e Catarina Xixón, eram "dos mais honrados e ricos do lugar" .,O pai descendia de "cristãos novos" Uudeus convertidos). Precoce na inteligência e piedade, notava-se nele desde menino uma já notável mortificação, muita propensão para a oração, devoção profunda ao Santíssimo Sacramento e um amor especial pelos pobres. Aos 14 anos foi mandado para a famosa Universidade de Salamanca para estudar Direito. Não terminara ainda esse curso quando, sentindo um apelo especial de Nosso Senhor para Seu inteiro serviço, abandonou os estudos voltando para casa. Nela permaneceu três anos em grande recolhimento, oração, penitência e freqüênc ia aos Sacramen-. tos. Passava várias horas do dia em adoração diante do Sacrário. Seu intenso amor de Deus dirigiu-o, enfim, ao sacerdócio, pelo desejo de atrair o maior números de pecadores a seu riador. Continuou assim seus estudos na não menos famosa Universidade de Alcalá, onde fo i discípulo do renomado Domingos de Soto, que predisse ao seu aluno um bri lhante f'uturo .

No dia de sua ordenação, o Pe. João de Ávila vestiu e serviu com as próprias mãos refeição a 12 mendigos em honra dos Apósto los . .!}nico herdeiro da grande fortuna dos falecidos pais, vendeu tudo, distribuindo o obtido aos necess itados. Desde en,tão passaria a viver de es molas. Começou então "uma vida austeríssima, de grande recolhimento e mortificação, dada à oração e.favorecida com extraordinárias visões e revelações" 2 . "Às mortificações do corpo, juntava as do espírito. Morria todos os dias para si mesmo pela prática de uma renúncia absoluta, de uma humildade profunda e de uma inteira obediência" 3 .

Apóstolo da Andaluzia Sedento de almas, o jovem sacerdote dirigiu-se a Sevilha com o intuito de embarcar para as Índias, a fim de converter a multidão de pagãos que morria sem conhecer· o verdadeiro Deus. Enq uanto esperava a partida, um dia em que celebrava a Missa e pregava em uma paróquia da cidade, foi ouvido pelo Servo de Deus, Pe. Fernando de Contrerás. Vendo o grande tesouro espiritual que -se encerrava naque le sacerdote de aspecto humilde e mortificado, quis saber de quem se tratava. Conhecendo assim o projeto do Pe. João de Ávila, pediu o referido Pe. Fernando ªº1 - Grande Inquisidor que ,orde1wsse ao sacerdote, em nome ~ da santa obediência, que permanecesse na Espanha, onde poderj~ ob'tér também imenso·s frutos. Dessa forma começava sua carre ira apostó li ca o grande Apóstolo da , 1 Andalu zia.

"O Espírito Santo fala por sua boca" Como pregador, o Pe. Ávi la adqu iriu logo grancle re nome. Esco lh eu São Paulo como modelo e patrono. Preparava -se para cada sermão com mu ita oração e pe-

., 1

Conselheiro de Prelados e nitê ncia, a fim de obter que a graça divina o assistisse e correspondência com Santos a seus ouv intes. Aos poucos a fama do novo pregador espa lho u-se por Para sustentar os inúmeros discíp ulos que se formaram a seu redor, o Pe. Mestre Ávila dedicava boa parte de seu toda a Andaluzia. "Sua popularidade é extraordinária. Quando prega, lotam-se as igrejas e tem que fa zer seus tempo à correspondência e a escrever obras espirituais. sermões nas praças públicas" 4 . "Dir-se- ia que o EspíriDiz o grande teólogo Frei Luís de Granada que "as cartas lhe chegavam de Iodas as partes da to Santo falava por sua boca, de tal modo seus sermões estavam cheios Espanha. E, em seus últimos anos, era ele conselheiro nato de vários prelados, desses traços de fogo que convertem como o Arcehispo de Granada, D. Pedro e mudam os corações. Ele retirava do vício aqueles que nele eslavam Cuerrero, D. Cristóbal de Rojas, bispo de Có,doba e D. Juan de Ribera, bispo enchc;furdados, e confirmava no bem de Badajoz e mais tarde arcebispo de aqueles que não se tinham. desviados Valência" 7 . Este último seria também das vias da justiça" 5 . elevado à honra dos altares. Não é de admirar que, durante seus São João de Ávila manteve corressermões "até os rapazes que o ouvipondência com quase todos os Santos am, choravam; e quando terminava o sermão, era coisa maravilhosa ver as espan hóis contemporâneos seus, como São Pedro de Alcântara, Santo Inácio de pessoas que o seguiam beijando-lhe as Loyola, Santa Teresa de Jesus, São Franmãos e a roupa e mesmo os pés, se não houvera impedido" 6. cisco de Borja e São João de Ribeira. Os sermões do Pe. Mestre Ávila Humildade do Santo tornaram-se tão famosos, que as pesem face de Santo Inácio soas dirigiam-se já de madrugada às Se bem que o Pe. Mestre de Ávila igrejas onde ia pregar, para obter um São João de Deus - Retrato no Hospital tenha atraído muitos discípulos, não forbom lugar. À veze , sendo pequena a dos Irmãos da Caridade, em Madri. Sua conversão operou-se du~ante um mou ele nenhuma Ordem religiosa. Mas, igreja, ele tinha q ue pregar nas praças sermão de São João de Avila ao con hecer melhor a Compan hi a de públicas. E, lotando-se estas, as pessoJesus, disse ao jesuíta Pe. Villanueva: "Isso é o que eu andaas subiam até nos telhados das casas para ouv i-lo, ficando va atrás há tanto tempo. E agora dou-me conta de que não por mais de duas horas presos às suas palavras. me saía porque Nosso Senhor havia encomendado esta obra Ante o Tribunal da Santa Inquisição a outro, que é vosso Inácio, a quem tomou por instrumento Naquela época em que toda a Europa e_ra abalada por do que eu desejava fa zer e não conseguia" 8 . Santo Inácio o tinha em alta conta, escreveu-l he direcismas e pseudo-reformadores, e na própria Espanha uma tamente, e ordenou aos seus representantes na Espanha seita, a dos iluminados, sob aparências de alta virtude, e ninc lu sive a São Francisco de 801ja que acabara de ser receganava muita gente piedosa, o Santo Tribunal da Inquisição bido na Companhi a - que visitassem o Pe. Mestre de Ávila estava muito ativo para opor-se a qualquer novidade duvie tudo fizessem para atraí-lo para sua Ordem. O Mestre dosa. Fala a favor dessa instituição tão caluniada, o fato de Ávila respondeu diretamente a Santo Inácio que estava disque vários Santos, acusados por inimigos, foram a ela leposto a nela entrar se não estivesse constantemente tão vados, julgados e, ev identemente, inocentados. Assim sucedeu com Santo Inácio de Loyola e com a grande Santa doente. Mas aconselhou a trinta dos seus melhores discíTeresa de Jesus. pulos que o fizessem. Doou à Compan hia de Jesus vários Da mesma forma co ube ao santo Mestre Pe. Áv il a a dos colégios por ele fundados, e quis ser enterrado na igreja da Ordem em Montilla. g lória de ser acusado por invejosos perante o temível • Os jesuítas da Espanha tinham por e le grande veneraTribunal, e de permanecer nele preso enq uanto corria ção, consultavam-no em casos difíceis, e o assistiram em seu processo. Nesse isolamento concebeu uma de suas seu leito de morte. mais famosas obras, Audi, Filia (Ouve, Filh a) escrita para uma de suas dirigidas a quem desejava e levar a eminenPlêiade de discípulos admiráveis te santidade. Aos poucos, muitos discípulos, atraídos por sua san ti Ev identemente, foi comprovada a inocência do Santo, dade, haviam se reunindo em torno do Pe. Mestre Ávila. fazendo ta l evento brilhar mais sua ortodoxia.

ffi 12

ffi CATOLICISMO

Maio dt1 1!,99

C ATO L IC IS MO

Maio de 1999

13


I

I

I

1I:NTC INl:l)ITC l)CC:lJMl:NTC INl:l)ITC l)CC:lJMl:NTC INl:l)ITC l)CC Inúmeros le igos, a lg uns da a lta nobreza, também puseram-se sob sua direção. Houve casos, como o da Condessa Ana Ponce de León, e m que não só a castelã, mas todas suas donzelas de serviço entregaram-s~ definitivamente a uma vida verdadeiramente re lig iosa. Três de suas convertidas, por e le dirigidas, morreram e m odor de santidade, te ndo sido favorecidas com grandes graças místicas. Um outro grupo de discípulos seus, liderados pe lo Servo de Deus Pe. Mateus de la F uente, dedicou-se à vida contemplativa ·como solitários junto ao monte Tardón, restaurando depois na Espanha a primi tiva Ordem de São Basílio. Outros ainda aderi ram à reforma de Santa Teresa, vindo a tornar-se proeminentes Carmeli tas Descalços. Um terceiro_ g rupo, infeli zmente, veio a ser o desgosto ~ d a . Entregues estes membros am- " bé~ vida contemplativ ã, apesar d<)S admoestaçõe vee mentes e enérgicas do Santo - que via o perigo que corriam por buscar o dele ite esp iritua l pelo deleite c m si - dele se afastaram, acabando por segHir a seita dos iluminados e serem condenados pefa Inquisição.

Vocação especial diante do sofrimento A partir cios 50 anos, ou seja, nos últimos 19 anos de sua vicia, o Pe. Mes tre João ele Ávila esteve sempre doente, a lgumas vezes impossibi litado mesmo de levantar-se, seja com a lta febre, seja com terríveis dores re na is (descobriram-se três pedras em seus rins , depois ele sua morte). Nem po r isso de ixava ele ate nder aos inúm eros vis ita ntes ou de ditar cartas para os seus dirigidos. À primeira me lhora, já estava no púlpito .

"Sua ânsia pelo martírio se satisfazia no leito de dor; e constantemente repetia: 'Senhor meu! Cresça a dor; e cresça o amor, que eu me deleito em padecer'". Qua ndo as dores e ram mais in suportáve is, bem espanho lamente exclamava: "Senhor: mais mal, e mais paciência ". E, també m: "Fazei comigo, Senhor, como

fa z oferreiro: mantende-me com uma mão, e batei-me fortemente com a outra" 9 . Às dores abdom inais, acrescentaram-se, nos meses anteriores à sua morte, outras agudíssimas no ombro e lado esq uerdo das costas. No mês de março, o médico, como verdadeiro cató li co, lhe disse: "Senhor;

agora é o tempo em que os verdadeiros amigos digam as verdades: vossa reverendíssima está morrendo. Faça o que é necessário para a partida". O Pe. Mestre Ávi la e levou os olhos ao céu numa súplica à Santíssima Virgem, e pedi u c m seguida os Sacramentos que recebeu com a mai s tocan te piedade.

que costumam dizer aos que serão enforcados ou queimados quando os acompanham ao patíbulo?" . Responderam e les: "Que ponham sua confiança em Deus e nEle confiem". O moribundo então sup li cou-l hes: "Meus padres, digam-me então muito isso" IO _ Na madrugada do dia I Oele maio de 1569, o Pe. Mestre João ele Ávi la foi receber no céu "o prêmio demasiar damente grande que Deus reserva àqueles que O amam" . A uma discípu la foi revelado por um anjo q ue sua a lma não passara pelo Purgatório, mas fora d iretamente para o Céu 11. Santa Teresa ele Ávila, que estava em Toledo na casa de Dona L ui sa ele la Cerda, quando recebeu a notícia pôsse a c horar cop iosa e sentidamente. Às Irmãs que lhe perguntaram a razão desse tão profundo pranto, uma vez que o Pe. Mestre de Ávi la deveria j á estar gozando de Deus, respondeu: "Disso estou bem certa. Mas o que me dá pena é que a igreja de Deus perde uma grande coluna, e níui-

tas almas, um grande amparo que tinham nele, que a minha, apesar de estar tão longe, o tinha por causa disso obrigação" 1.2 • Os desígnios de Deus são imperscrutáveis. Apesar ele todos esses s ina is e testemu nhos universais de santidade, o Pe. Mestre Ávi la só foi beatificado em 1894 - portanto, mais de três séculos depois - e .seria canonizado quase oitenta após a beatificação, em 1970! ♦

Notas I. Tornamos co rno base para este art igo a biografia que apai'ccc nas Obras Completas dei Santo Maestro Juan de Avila, de autoria dos Pes. Luís Sa la Bal ust e Franc isco Martin Hernandez (Bib li oteca de Auto res Cri sti anos, Madrid , 1970). Esse li vro tem como f'und amcnto a prime ira biografia do mesmo esc rita pe lo célebre teólogo e místi co dom inicano espa nhol , Fre i Luís ele Gran ada, seu a mi go íntim o; as dec larações dos conte mporâneos do Santo co nsta ntes nos processos visa nd o sua beati ri cação; suas obras e correspondênc ia . Pa ra s im pi i fi cação, as citações das mencionadas Ob ras Comp letas aparecerão co mo BAC e o número ela pág in a onde li guram.

2. BAC, p. 37. 3. Les Petit s Boll ancli stes, Vie.1· des Sai11ts, Mgr Paul G uérin , Bloucl ct Barra i, Libraires-Éditcurs, Pa ri s, 1882, t. Ili , p. 292. 4, BAC, p. 38. 5. Lcs Petits Bo ll andistcs, op. c it. , p. 293. 6. BAC, p. 38. 7. BAC, pp. 264/265. 8. Ide m, p.158. 9. Idem , p. 331. 10. ldern , p. 334. 11. C fr. icl ., p. 339. 12. Pe. Diego ele Ycpcs , Vida , virtude.\' y milagro.1· de la Bresa de Jesús , apud BA , 1 • 340.

ffi

ffi 14

Aos sacerdotes da Companhi a de Jesus que acorreram junto ao seu leito de morte, perg untou: "Padres meus: o

CATO LICIS MO

Maio de 1999


I

'I

I

11:NiC INl:l)liC l)OC:lJMl:NiC INl:l)liC l)CC:lJMl:NiC INl:l)liC l)CC: ...


INTERNACIONAL política não gosta ele experiências, especialmente em época ele crise econôm ica.

,..

Frankfurt - O júbilo e entusiasmo não

Em Hesse: inesperada derrota das esquerdas

tinham limites entre os esquerd istas, em setembro do ano passado, quando os resultados da última eleição no âmbito federal lhes foram favorávei s. A coali zão entre sociai s-democratas e eco log istas estava cheia de planos e previsões. Os intel ectuais dos partidos competiam e m esboçar as reformas sociais mai s engen hosas e atrev idas.

Em setembro de 1998... o sonho Queriam uma nova soc iedade. Segundo e les, a Alemanha seria conduzida ao novo milênio modernizada, mais justa, mais livre e mais igualitária. E não somente a Alemanha. Com a maioria dos países europeus sendo governados por gab in etes esquerdistas, poderia ter início a marcha para uma

.A, esquerda alemã se deu conta,

"Europa social, mais solidária, na qual não contam apenas os interesses da macroindústria e da finança".

após seis meses no poder, de que sua vitória política converteu-se em derrota

Em março de 1999... o pesadelo

truturais e pragmati smo, enquanto outros reclamam que é preciso manter o curso reformista, pois "é para isso que nos elegeram" . O chance ler Schroder procura aca lmar os ânimos, repetindo à sac iedade qu e é necessário ouvir os anseios do povo e que não se pode governar contra as le is ela economia. Para completar o caos, políticos de todas as alas do governo colocam em dúvida a capacidade da atual coalizão e publi camente especulam a respe ito de outras alianças.

Meio ano depois, os ânimos oscilam em outras freqüências. Hoje, a política alemã é um "saco de gatos". Os político s esquerdistas não param de brigar e de insultar-se publicamente. Un s exigem uma mudança de rumo, reformas es-

Após seis meses, lamentação. Por quê?

O chanceler Schróder foi agredido pela realidade: a opinião pública alemã

18

CATO LIC IS MO

A semente da discórdia foi colocada pelo próprio resultado das eleições de setembro. Antes delas, a constelação de governo mais desejada era uma coalizão entre social-democratas (SPD) e democrata-cristãos (CDU), la "Grosse Koalition ". A população achava que somente uma aliança entre os dois partidos mais poderosos, que reúnem normalmente entre 75 e 80% dos votos, poderia solucionar os graves problemas estruturais da Alemanha: desemprego angustiante, hip e rtrofia cio istcma soc ial , c rise

.

Maio de 1999

previdenciária, globali zação, novo rol na política internacional , crise financeira mundial etc. Para a maioria, o Panzerestá enferrujado e precisa de uma boa lubrificação, que somente uma grande maioria parl amentar poderia rea li zar. Também o então candidato a chanceler, Gerhard Schrõder, do SPD, preferia uma coalizão com os democrata-cristãos . Ele j á tivera que governar com os vereies quando foi governador da Baixa Saxônia e conhec ia o utopi smo dos ecologi stas. Entretanto, o resultado e leitoral de 27 ele setembro lhe fez uma má jogada: a CDU sofreu uma catástrofe ao perder 6,5 % - de longe o pior lugar do pósguerra - , enquanto o SDP obteve 4 1% e os ecologistas 6,7 %.

Reforma da cidadania: transbordamento do copo A coalizão com os vereies, desejada pe la ala esquerdi sta do SPD, tornou-se inevitável. Inev itável como a embriaguez do triunfo: os novos poderosos conquistaram o poder, como os bárbaros haviam conquistado Roma. Uma verdadeira avalancha de

desgraças se precipitou sobre a população alemã aterrorizada, que, ele acordo com pesquisas realizada imediatamente após as eleições, teria desejado um triunfo menos avassalador ela esquerda. Reforma fiscal ecológica , fim da energia atômica, redução de privilégios fiscais , redução de subvenções, "casamento" homossex ua l, pílula abortiva, lega li zação do concubinato, fim de privilégios fiscais para as famílias, redução dos gastos de defesa, imposto sobre as transações da bol sa etc. Mas o projeto que fe z o copo transbordar foi a reforma da cidadania, que pretendia dar passaporte alemão a mi lhões de estrangeiros, em s ua maioria turcos muçulmanos. Esse verdadeiro sabbát era conduzido por um gabinete que se enca ixa bem dentro desse quadro: o chance ler Schrocler está no quarto "casamento", o exmini stro da Fazenda, Oskar Lafontaine, já vai pelo terce iro, o atual ministro das Relações Exteriores empata com o chance ler, e nquanto o mini stro Trittin , da Eco logia, é pai so lte iro. Tudo isso foi demasiado para o público alemão, que ao menos em matéria Oskar lafontaine -

O Stalingrado político de u-se nas eleições regionais de Hesse, nas quais os democrata-cristãos ganharam estrondosamente com um programa marcadamente direitista. Este prometia, por exemplo, as execuções penais mais duras de toda a Alemanha, e sobretudo impedir a reforma cio direito da cidadania na Câmara Alta, onde estão representados os Estados e na qual as esq uerdas detinham até e ntão a maioria. Essas eleições foram especialmente dolorosas para os vereies, que perderam um terço dos escrutínios, caindo de 1 1,2 para 7,2%. E o pior é que o eleitorado jovem não votou neles, preferindo a "reacionária e intolerante" CDU. A maior parte dos eco logistas ainda tem como arquétipo o partido que se formou no início dos anos 80, quando setores do movimento pacifista, feminista e ecológico se uniram para cri ar um "partido antipartidos " (Antipartei en-partei). Esse tipo de conglomerado pós-materialista parece estar passando ele moda numa Alemanha com 4,4 milhões de desempregados, super-endividada, transbordando ele imigrantes e com os sistemas de previdência social quebrados. Depoi s elas eleições ele 7 ele fevereiro no Estado de Hesse, tudo começou a ir mal para o governo, com as diferentes alas jogando a culpa umas sobre as ou-

tras pe lo desastre político. O mais grave no entanto foi que os políticos mais esquerdistas, temendo uma virada para a direita, reforçaram suas insistências reformistas, acenando para uma coalizão com os comunistas, que nos Estados da antiga Alemanha Oriental alcançam aproximadamente 20% dos votos.

Esquerda entra em pane A crise chegou ao seu clímax quando Schroder, que se mostra amigo da indústria, bateu sobre a mesa e ameaçou renunciar caso a ala esquerdi sta continuasse ex igindo uma política contrária aos interesses econômicos do País. Apesar dos pesares o chancel er detém ainda gra nde popularidade, e foi graças a ele que a esquerda ganhou as eleições no ano passado. Entretanto, dentro do SPD ele se situa à direita, motivo pelo qual não goza de popularidade no partido. A palavra forte ele Schrõcler quebrou a vontade da estrela da ala esquerdista - o ministro da Fazenda , Oskar Lafontaine, que entregou de surpresa sua renúncia no dia l l de março. Nos últimos meses e semanas o governo se pôs a reordenar suas tropas para apresentar-se disciplinado nas próximas eleições no Estado de Bremen, e especialmente para o Parlamento Europeu no dia l3 ele junho. Essas duas eleições são muito simbó licas, pois uma nova derrota obrigaria o SPD a mudar oficialmente de rumo e provavelmente também de coalizão. Uma coalizão cio SPD com os libera is, ou inclusive com o CDU, tornar-se-ia praticamente indi spensável. ♦

estrela da ala

esquerdista do SPD - tendo entrado em choque com Schróder, foi obrigado a renunciar ao ministério da Fazenda

C ATO LICISMO

Maio de 1999

19


ESCREVEM OS LEITORES

Injusta pena ...

[8:1 Venho pe la presente solic itar a renovação de minha assinatu ra de Catolicismo .... Anteriormente .. .. envi ei fax à central de assinantes .... não obtive retorno e pensei que logo receberi a o cupo m para o débito automático. Be m, agora quero reafirm ar me u pedido, po is Catolicismo é uma excelente revista cató lica para a fo rmação cios cató li cos. Não sej a eu punido com tão injusta pena ! 11 (J.J.L. - Via internet - Goiás)

Nota da redação : La me ntando a involuntári a "punição", in fo rmamos ao remetente que as providênc ias cabíveis fo ram to madas. Qualquer nova irregularidade que ocorra, pedimos ao caro ass in ante que no- la comunique.

Quem procura acha ...

1BJ

Esta tem por finalidade e logiar esta revi sta que atende a todos aque les que se interessam por uma publicação de alto níve l voltada principalmente para o povo cató lico. Já havia me desinteressado pela leitura ele muitas revi stas semanais brasileiras, quando encontrei enfim a rev ista Catolicismo . O povo Brasileiro que vem sendo assa ltado por uma revolução cul tu ral de cunho Marxista e Materialista, inconsc ientemente deseja a restauração ela civili zação cri stã, "querem a primazia cio espiritual sobre o material, a primazia da Famíli a, da Tradição e da Propriedade, a compensação so~ cial dos direitos pelos deveres e encargos, querem a consciência Nac ional ele um povo ao invés cios conchavos políti cos interesseiros e des morali zadores, querem a harmonia social substituindo a luta de classes, querem enfim ordem Econômica-Social-Moral".

20

CATO LIC IS MO

Maio de

t 999

Somente a T FP através ela rev ista Catolicismo e ela Campanha ele Nossa Senhora de Fátima exprime o senti mento cio povo Brasileiro.

muito o meu modo de vida, graças a Deus. Estou aprendendo muito junto com minha famíli a. (E.A.M . - São Paulo)

(P.A.D.F. - Rio de Janeiro)

Dom de Deus "Leitura obrigatória para todos os católicos"

[8:1 Tendo conhec imento cio conteúdo desta co nceituada rev ista, Catolicismo , e tendo também conhecimento ela seriedade dos me mbros que a compõem, a Pastoral da Ju ventude, neste ato representada por seu Secretári o, vem mui respe itosamente soli citar junto a esta conceituada Edi to ra - Pe. Belchi or de Pontes Ltcla., um exemplar da revi sta supra citada. Tendo em vi sta os nossos estudos e as nossas limitações como católicos, a Rev ista Catolicismo é le itura obrigatóri a para todos os cató li cos. Embora seja lamentáve l que isso não ocorra. Contudo a Pastoral da Juventude cle:ej a levar a Pa lavra aos j ovens ele uma maneira for mati va para que se sintam capac itados a serem in trume ntos de Evange li zação. Evangeli za d o res e Eva nge li zados , j o ve m evangeli zando Jovem. O utross im , in fo rmamos que desej amos nos to rn ar ass inantes desta Rev ista. Ta mbé m gosta ría mos q ue nos fosse enviado as fo rmas de ass inatura e condições de pagamento para que tão logo possamos recebê- la.

•I

~ Fique i muito conte nte de receber a revi sta Catolicismo . Desde que comecei a ler a revi sta e os folhetos

Vinde Nossa Senhora de FáLima, não tardeis, eu comecei a receber g raças e antes de aco ntecer as coisas eu prevej o. Acho que é um dom de Deus, graças a Catolicismo. Peço a Deus dar forças a todos para espalhar Catolicismo ao mundo todo. (E.J.C.S. - São Paulo)

"Domingo imoral e não Domingo legal" ~ Estou gostando muito de ser assinante da rev ista Catolicismo . Tem ass un tos muito interessantes. Gosto de parti c ipar ela cam panha de Nossa Senh ora de Fátim a e fiqu e i muito emoc io nada ao recebe r o li vrinho com o terço, isto há uns três anos. Passe i a rezar todos os di as e pedi um emprego para meu fi lho e para que e le se in teressasse pelos estudos. Faz do is anos que ele está trabalhando e gostando de estudar. Vou participar cio O Amanhã de Nossos Filhos e concordo com o Domingo imoral e não Domingo legal.

(R.C.P. - Paraná)

"Isto que faltava em minha casa"

[8:1 Aproveito para deixar um recado sobre a revi sta Catolicismo. Eu adoro ler [a rev ista] porque realmente era isto que fa ltava em minha casa. S in cerame nte , esta rev ista mud o u

(D.A.S.S. - São Paulo)

TFP ~ Sou fasc inado pelas ações ela TFP. Me identifico muito com os temas abordados pela rev ista Catolicismo. Parabé ns e obrigado por satisfazer mais um leito r. (N.P.V.J. - São Paulo)

13 de maio de 1917. Se alguém afirmasse que o Brasil estava nas cogitações de Nossa Senhora de Fátima quando, há 82 anos, Ela apareceu aos três pastorinhos na Cova da Iria, poderia ser tachado de estar forçando um pouco a nota. Tal posição dificilmente seria defensável. Mas a Providência Divina nada faz que não tenha sentido e não vise um objetivo bem definido. E ninguém pode negar que Nossa Senhora em Fátima, falou em português. Ela transmitiu a

Mensagem mais importante de nosso século em nosso idioma. Mera coincidência? Ela apareceu em Fátima, como poderia ter aparecido em Estocolmo ou Nova York? Não . A. tribuna escolhida pela Mãe de Deus para falar ao mundo foi Portugal. Enquanto outros povos necessitam traduzir a Mensagem de Fátima para eus idiomas, com as imprecisões e interpretações inerentes às traduções, nós brasileiros recebemos as palavras da Virgem em sua versão original. É difícil não

se sentir alvo não único, é claro, mas especial dessas palavras ...

"Várias nações serão aniquiladas" Entre os castigos anunciados por Nossa Senhora de Fátima, está o aniquilamento de várias nações. Que critério a Providência Divina teria para decidir o terrível desaparecimento desta ou daquela nação? Nossa Senhora previu também que "em Portugal se conservará sempre o

CATO LICISMO

Maio de t 999

21


Dogma da Fé". Qual terá ~ido a razão dessa predileção por P rtugal? E o Brasil? O que Nossa Senhora terá reservado para nosso País?

Quadro de horrores a nossos olhos Pousando seu maternal olhar sobre nossa Pátria, Maria Santíssima não terá muito com o que se alegrar, a começar pela situação em que se encontra a imensa maioria de católicos. As igrejas, outrora repletas de fiéis que se revezavam ao longo do dia com fervor, hoje estão freqüentemente vazias. Muitas permanecem boa parte do tempo fechadas, abrindo apenas para a celebração de algum ato religioso que nem sempre prima pelo recolhimento e o espírito de oração. Aumenta assustadoramente o número de crianças brasileiras sem batismo, sem crisma e que vão crescendo sem as graças concedidas a partir da Primeira Comunhão. Muitas delas nem sabem quem são Nossa Senhora, os Anjos, os Santos, o Papa. Ao invés do Catecismo, freqüentam assiduamente a escola de depravação da televisão, permanecendo de cinco a seis horas diárias diante do vídeo, assistindo a programas cada vez mais imorais e que ofendem gravemente a Deus. Por toda parte a violência deixa suas marcas. Assassinatos a sangue frio, estupros, seqüestros, assaltos com armas sofisticadas, fazem com que os brasileiros se auto-encarcerem em suas casas em busca de proteção e segurança.

Tráfico de drogas: Estado paralelo com leis próprias... As drogas estão cada vez mais ao acesso de todos. Que adolescente, hoje em dia, não tem um ou mais amigos que já experimentou algum tipo de entorpecente ou que é mesmo escravo do vício? O tráfico organiza-se, em algumas regiões, como um Estado paralelo, criando seus territórios e ditando suas próprias leis. Tal quadro, não será de si suficiente para incluir o Brasil na triste lista de nações que desaparecerão, segundo a profecia de Fátima? É uma pergunta cheia de propósito. Sobretudo tendo em vista que a descrição que fizemos é ainda muito incompleta.

Emblema da divulgação da Mensagem de Fátima

Insegurança no ventre materno... A insegurança atinge até o ventre materno. A cada ano estima-se que milhões de abortos são cometidos em nosso País. Cada vez mais inocentes são sacrifi- · cactos, sem dó nem piedade, por aqueles que o geraram e que deveriam ser seus naturais protetores.

Outro lado da moeda: a esperança Porém, seria unilateral ficar apenas nessa constatação. É preciso ver também o outro lado da moeda, lado brilhante como o Sol e belo como a lua: a misericórdia de Nossa Senhora. Pois, se é certo que Nossa Senhora

tem em vista a terrível conjuntura em que se encontra o Brasil, é certo também que Ela prodigaliza abundantemente suas graças por todo nosso território. Talvez nada seja tão característico dessa chuva de graças quanto a crescente proliferação de brasileiros que se esforçam para atender aos apelos da Mensagem de Fátima, empenhando-se em divulgála. Como boa Mãe que é, Nossa Senhora suscita essas pessoas e depois se compraz em abençoar o Brasil porque essas pessoas existem.

Peregrinações, distribuição maciça de livros populares contendo a Mensagem de Fátima, programas de Rádio e Internet. Grandes meios de ação a serviço do bem. desaparecerão devido a um terrível castigo. Ao contrário, que ela se situe entre as que conservarão a Fé e entrarão para o Reino do Imaculado Coração de Nossa Senhora, conforme Ela prometeu em Fátima.

Rumo ao ano 2000!

Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!

... à rede Internet

<>l..,11.\I ~1,,,1:.i1alillll ..!l l!J t,..jt,.p,,,_._IIIQbol

Assim começou o maior movimento fatimista do mundo...

l

divulgação que deve se iniciar também em 13 de Maio. Os coordenadores da campanha querem que nesse dia todos falem de Fátima!

""'°'t<hC..,)11:j---~~~••1

Considerando o fim de nosso - 1 • - 1- 1 ""1-- 1-"1 século e a iminência de um novo No dia 13 de l\faio este Site estará no ar. milênio, a mencionada campanha dá agora um grande passo. Será a promoção de uma Mobilização Nacional em torno da Mensagem de Fátima, com início em 13 de maio, data em que se comemora a primeira aparição de Nossa Se1'"'/e Nt>ssa Se11ltt>ra rle Fcíti11111, 11/il> tllrdeis! nhora. A mobilização se estendeJJ!lld º~~ rá até o início do ano 2000. tfi'""'-L~ ...,. ~ ~ ~ ~ l ! ! l•••-Ela permitirá um grande incremento da divulgação da Mensagem de Inicialmente serão distribuídos 300 Fátima por todos os confins deste nosso mil exemplares, e novas tiragens suceder-se-ão até atingir a meta de 2 MIimenso Brasil. LHÕES de exemp lares a serem distri Livro popular: buídos ainda antes do final deste século. divulgação maciça Se os meios o permitirem, esse número A primeira iniciativa dessa mobilizapoderá ser muito ampliado. ção será a edição de um livro popular, Com tal edição, a campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! visa atingir escolas e professores, hospitais e famílias necessitadas espiritualmente, tornando o aludido projeto um grande plano nacional de difusão da Mensagem.

Uma das razões que mais possantemente levou Plínio Corrêa de Oliveira a lançar em 1992 a Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! foi considerar a grande importância de uma ampla divulgação da Mensagem de Fátima entre as famílias brasileiras, como o pómeiro passo para conduzir as almas ao atendimento dos apelos de Nossa Senhora. Hoje em dia, infelizmente, grande número de fanu1ias não sabe como formar a consciência moral e religiosa de seus filhos. Muitas vezes, as crianças vão crescendo "largadas", como se não tivessem sido ctiadas para atingir um fim transcendente e eterno, até mesmo como se não fossem seres humanos. Eis aí uma das principais causas da decadência moral de nosso País.

Aos poucos, essa obra inspirada pelo fundador da TFP foi se difundindo pelo Brasil, tendo atingido todas as camadas da população, constituindo-se hoje no maior movimento fatimista do mundo. Um movimento voltado sobretudo para o futuro. Com a convicção de que está em nossas mãos lutar para reverter a atual situação, não permitindo que a Nação brasileira figure entre aquelas que

contendo simplesmente a Mensagem de Fátima, com as palavras de Nossa Senhora. Um livro que seja acessível a todas as classes sociais e a diferentes níveis culturais.

.:1

A terceira parte desse plano será o lançamento da campanha na rede mundial de computadores Internet. A Internet está se tornando um dos mais poderosos meios de comunicação do mundo moderno, e sua utilização permitirá a realização de um grande apostolado. De toda e qualquer parte do Brasil, e do MUNDO, poder-seá tomar conhecimento das últi"" mas informações da campanha. Os que têm acesso à Internet poderão visitar a sede virtual da campanha a partir do dia 13 de Maio, no endereço: www.fatima.org.br

.

Ampliada Peregrinação Permanente Já foi noticiada, em números anteriores de Catolicismo , a Peregrinação Permanente de imagens de Nossa Senhora de Fátima que a campanha promove em todo o País. l 999 começou com um grande incremento dessas peregrinações, mas está

De um programa radiofônico... Um programa radiofônico contendo a história da Mensagem de Fátima e seu conteúdo, serão enviados gratuitamente para aproximadamente 2 mil emissoras de rádio brasileiras, com um pedido de

A l l ·tórla das parlçíJes

Fátima

Pro~n1ma Rodlofônl<o

À esquerda: capa do livro que contém a Mensagem de Fátima,

Ampla divulgação da Mensagem de Fátima entre as famílias, primeiro passo para se atender aos apelos de Nossa Senhora. 22

CATOLICISMO

Maio de 1999

acessível ,l tod,1s as classes sociais. Acima: Site da Campanha de Fátima.

À direita: capa do CD com o programa radiofônico

CATO LIC ISMO

Maio de 1999

23


seu estandarte, amp lia suas atividades e percorre o Brasil levando Imagens Peregrinas de Nossa Senhora de Fátima aos lares. "Nada nos desviará de tal rumo, pois temos claro que, se não.fosse esse trabalho, milhares de almas não estariam se beneficiando hoje de uma vida muito mais ligada à Religião Católica", comenta Marcos Luiz Garcia.

prevista uma ampliação considerável de tal iniciativa até o final deste ano, pois é muito grande o número de famílias que têm solicitado visitas às suas casas.

De ousadia em ousadia: Rumo ao ano 2000 "Nada disso teria sido possível sem o esforços de nossos milhares de aderentes em todo o Brasil", declarou Marcos Luiz Garcia, coordenador-geral da campanha. Para ocoordenador, os avanços obtidos até o momento foram obra da Providência, que soube inspirar pessoas a impulsionarem esse projeto de norte a sul do País. "Graças a isso, caminhamos de ousadia em ousadia até chegar aqui. Agora, estamos diante de outro grande desafio: Rumo ao ano 2000 será uma divulgação da Mensagem de Fátima como jamais se fez no Brasil nestes 82 anos que já se passaram desde as aparições de Nossa Senhora", completou.

sejamos apenas beneficiários das graças que Deus tem reservado para nós, mas coparticipantes de seus grandes planos para a humanidade.

Depois de 82 anos... História influenciada

Maior movimento fatimista mundial: o que esperar?

Terço solene e queima de pedidos

As abundantes graças já concedidas Parece incrível que depois de quase até hoje por Maria Santíssima a inúmeum século seja tão grande o número dos ras famílias, as milhares de cartas que que desconhecem a Mensagem de Fátichegam diariamente à sede da campanha, ma a qual entretanto permanece de urna o plantão telefônico que a cada dia setoratualidade marcante. na insuficiente para atender a tantas chaO espetacular das aparições de Fátimadas, e o fato de estar constituído em ma afetou sensivelmente os rumos da nosso País o maior movimento fatimista humanidade, que caminhava rapidado mundo ... nos conduz à pergunta: mente de desastre em desastre. Como seria terrivelmente pior a decadência da - Não estará Nossa Senhora human idade se não fosse a poderosa inreservando ao Brasil graças tervenção de Nossa Senhora nos rumos ainda maiores? da História. É com o coração cheio dessa espeMas Ela quer nossa ajuda para reali- . rança que a campanha Vinde Nossa Sezar essa obra regeneradora e de salvanhora de Fátima, não tardeis! desfralda ção. A Virgem Santíssima não deseja que

Corno coroação do lançamento de Rumo ao ano 2000, haverá no dia 13 de Maio um Terço Solene, rezado numa das sedes da campanha. Após o Terço, haverá a tradicional queima de pedidos aos pés de urna imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, como tem sido feito nos anos anteriores. Centenas de milhares de súplicas ardentes dirigidas ao Imaculado Coração de Maria subirão ao Céu ... rumo ao ano 2000! * * * Com a presente matéria, Catolicismo une-se ao projeto Rumo ao ano 2000 da campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!, e convida seus amigos e leitores a que façam o mesmo. Nosso País necessita de Fátima como jamais necessitou em toda sua história. Colocá-lo nessa via poderá significar a luz no fim do túnel para o Brasil do sé♦ culo XXI. Quem ainda dade de conhnao teve oportuni. ecer essa mer,·to· riacampa h formaço~ n a pode solicitar ines a seu pia tfônico: (011) 3955-06~~º tele-

Parece incrível que depois de quase um século seja tão grande o número dos que desconhecem a Mensage111 de Fátilna a qual entretanto permanece de uma atualidade candente. 24

CATOLICISMO

M aio d e 1999

É próprio da História

registrar e conservar na memória os grandes acontecimentos. Já a chamada Pequena História se dedica a registrar episódios menores, circunstanciais, ocorridos em torno dos grandes lances históricos, impedindo que eles se percam no esquecimento geral. Esses episódios menores têm, muitas vezes, grande interesse, pois completam a narração dos grandes lances da História e permitem uma compreensão melhor deles. Eles fazem um pouco o papel do sal na comida. . Neste mês de ma10, Catolicismo apresenta a seus leitores algo que bem se poderia incluir numa Pequena História de Fátima. ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS

o dia 7 ele setembro ele 19 17, apareceu inesperadam ente em Fátima, aco mpanhado de um am igo, o jove m Dr. Carlos de Azevedo Mendes, advogado ele Torres Novas. Esse jovem, que mai s tarde se tornaria político influente e jornali sta, era católico praticante e tivera boa formação, mas, como ele mesmo narrou depois, era cético no que di zia respeito às aparições e por vezes chegava a troçar delas. [a a Fátima sobretudo atraído pe la curi osidade - pois já então Portugal inteiro falava das aparições da Cova da Iria.

N

ffi

. '

1 .

Espírito sobrenatural dos videntes de Fátima: testemunho de um cootemporâneo Em carta à sua noiva Maria Prazeres Lucas Courinh.a, o jovem descreveu de modo pitoresco a se nsação que ca usou, entre o público provinciano que lotava a igreja, a chegada ele dois foras teiros a cavalo. A primeira impressão de desconfi ança logo se desfez porque o j ovem se

ajoelhou e se pôs a rezar. Não se tratava, pois, de um anticlerical daqueles que por vezes chegava m das cidades grandes, a zombar da Religião ... A seguir, Carlos confessou-se, ouviu Missa e com ungo u. Como não conhecia nin gué m no loca l, ne m sabi a

CATO LIC ISMO

Maio de 1999

25


onde podi ~ comer algo "O le nço da maneira como o usafalam e contam o que viram é admirável (esta a e m jejum dese impress ionante. va a in da mai s lh e rea lçava as fe ições: "A Lúcia vê a Senhora, fa la com e la de a véspera e j á era os o lh os negros, ele um a vivacidade meio-di a), pensou em encantadora , uma ex pressão angé li ca, e o uve-a. A Jac inta vê a Senhora, ouvese fazer convidar para a, mas não fa la com Ela. O Francisco vê ele um a bondade que nos sed uz, um a Senhora, mas não lhe fa la nem a o uve ! o a i moço cio Padre ... todo ex traordinário , que não sei porÉ interessante esta diferença, não achas, D ito e feito: fo i se desquê, nos atra i .... pedir cio Vi gário, di "Muito envergonhadita, com dificulPrazeres? .... zendo que ia co m seu "Ouv ir as petizas, vê- las na sua simdade ouvíamos o pouco que fa lava em resposta a minhas perguntas. Faltava-lhe am igo "procurar uma plicid ade, exa minar-lhes o seu todo , impress iona-nos de uma maneira extraa sua Lúcia. Não estava bem! .... Depois taberna onde fosse ord inária, e leva-me a concluir que e m de durante algum tempo a ter entretido, poss íve l comer qual conversando e (não te ri as !) brincando, tudo o que me dizem a lgum a co isa exisquer coisa que fingiste de sobre natural. Estar com e las chose ele a lmoço". chegou o Francisco. Carapuço enterrado pela cabeça, j aleca muito curta, colete O arti fíc io deu cerca- nos com um a fo rte inte ns idade ... deixando ver a camisa, calças justo. Foram logo Hoje, Prazeres, é conv icção minha que Lúcia tas, enfim, um homem em miniahá um fato extraordinário que a nossa convidados, e le e o tura. Bela cara de rapaz! Olhar razão não alcança. Qua l? Com ansiedaami go, para almoçarem com o Prior da F regues ia . Eram seis padres vivo e cara agarotada ! Com ar de mais crescente ainda espero o próxie os do is visitantes. O assunto, desempenado responde a mi mo dia 13. O que é certo é que nos senevidentemente, não podi a deinhas perguntas. A Jacinta coti mos bem junto das pequenas, e chegaxar de ser Fátima: meça a ganhar confi ança. mos a perder a noção do tempo. Há uma "A lmoço an imado. Exp li Pouco depois chega a Lúcia. atração que não sei como explicar... Uma Não imaginas a alegria de quei o motivo da minha ida. das impressões mais intensas das cri anJacinta, quando a viu! Toda ças é a da beleza ela Senhora. O rapaz Trocamos impressões. Na véspera, as pequenas tinham ela riu, correu para ela e mmpara exprimir a sua adm iração dizia que estado em casa do Prior, para ca mais a largou! Era um quaera " muito bonitica"! ! ! Mostrei-lhe o teu os Padres as inte rrogarem. dro lindo ... .. retrato e perguntei: é mais bon ita? "A Lúcia não tem fe ições "Muito mais! ". Mantiveram todas as s ua afirmações de sempre, o que que nos impress ionem. Só o * * o lhar é vivo. As fe ições são juntamente com a atitude das peSeis dias depois desse primeiro enquenas, os impressionou . Não era vu lgares . O tipo ela região. contro com os videntes, o Dr. Carlos ele Ao princípio, também reAzevedo Mendes retornou a Fáti'ma, esrazão sufi ciente para poderem fo rmar um juízo, mas todos concortraída. Mas em breve as tetando presente à aparição de 13 de sedavam que havia algo de extranho à vontade e então, sem tembro. E no mês segu inte novamente ordinário. O quê? Espere mos a lá esteve, sendo testemunha do milagre embaraços, respondem do so l. Escreveu então um relato c ire vão satisfazendo a seqüência dos fatos, e que a vonFrancisco minha curiosidade . ... . cunstanciado dos fatos, em carta tade ele Deus se manifeste" . Foi em seguida visitar os videntes . dirigida a um seu irmão (possi"Esperas com ansiedade a velmente o Pe. Cândido ele minha impressão, não é verda- 11 Conversou com a mãe de Franc isco e Jacinta ("uma velhota seca, modos dede? Pois vamos a ela .. .. Como Azevedo Mendes S.J.). sembaraçados, todo de mulher ativa") e, Ambos os relatos, o feite d isse, exam ine i ou antes into à noiva e o dirigido ao terroguei os três em separado. afina l, conseguiu fa lar com as cri anças. irmão, são de grande imTodos dizem o mesmo sem a A primeira que chegou fo i a Jacinta, portância hi stóri ca e foram mas muito in tim idada: mais pequena alteração. A " Muito pequerrucha, muito encolhi -. base principal , que de tudo o incluídos no primeiro vo lume elita , foi chegando para ao pé de mim. que me dizem eu deduzi , é que da Documentação Crítica de .... O Vigário tinha-me dito que era um Fátima, editado em 1992 a apa ri ção quer que se espalhe anjo. Qu is també m form ul ar op ini ão. pelo Santuário de Fátima e a devoção do Terço. Todos os coordenado pelo Pe . José Afirmo-te, Prazeres, é um a nj o .... Se a pequenos dizem sempre que Gera ldes Freire. minha Prazeres a visse e fa lasse co m quem lhes apa rece é a Senhoe la, só a não raptaria se não lhe fosse ra. Não sabem quem é ... Só * * possível! .... depois elas 6 vezes, no dia Os leitores já conhecem 13 d e o u tub ro, lh es diz a profunda impressão que os "Quereria descrever-te a carita, mas, videntes causaram ao jovem cre io bem , que nada conseguirei dizerquem é e o que quer! A naturali Jacinta te aprox im ado ao menos! advogado ele Torres Novas. dade e a ingenuidade com que

26

C ATO LIC IS MO

Maio de 1999

Seria interessante saber que impressão te rá causado e le, nos três pastorinhos. Na sua Segunda Memória, escrita em novembro ele 1937 - 20 anos depois das apa rições - a Irmã Lúcia se referiu ao Dr. Carlos de Azevedo Mendes, mas surpreendente mente di z que tivera mui to medo daque le hom em que, na sua im ag inação infanti l, lhe parecera um perigoso alemão (Portugal estava, então, e m g uerra com a Aleman ha). O medo que Lúcia teve do Dr. Carl os ele Azevedo Mendes logo se di ssipou. Já no ano seguinte, com licença de seus pai s, foi passar a lgun s dias na res idê ncia del e, em Torres Vedras. O Dr. Carlos e sua esposa qui seram que Lúc ia residi sse permanentemente com eles, e pediram aos pais da vidente autorização para isso, comprometendo-se a cuidar de sua ed ucação. A mãe de Lúcia era favoráve l ao proj eto, mas o pa i somente autorizou que a menina fosse passar alguns dias em casa do simpático casal. ♦

Primitiva casa de Lúcia em Aljustrel, na freguesia de Fátima

Jacinta e Lúcia, na época das aparições

Quarto de Francisco em Aljustrel

Transladação dos. restos mortais de Jacinta para o jazigo na Basílica da Cova da Iria, em 1° de maio de 1951

: ..,...-~

CATO LIC ISMO

Maio de 1999

27


Jacinta e Francisco: dois videntes já declarados veneráveis "Um processo de beatificação é o processo mais rigoroso da Igreja . Neste caso [de Francisco e Jacinta], durante seis meses de estudo dos rela tórios, dezoito peritos da matéria debruçaram-se sobre a vida dos dois pequeninos e com grande admiração pelas suas virtudes deram o seu voto positivo, por escrito, à Congregação para as Causas dos Santos. Tendo essa votação depois sido apresentada ao Santo Padre, este mandou preparar o Decreto sobre as virtudes heróicas dos Pastorinhos e em 13 de Maio de 1989 reconheceu oficialmente perante a Igreja a vida santa de Francisco e Jacinta Morto. Isto quer dizer: os dois Pastorinhos da Cova da Iria são santos e particularmente venerados como tal. "E o que falta para que essa veneração venha a tornarse pública? "Para que tudo isso seja permitido, a Igreja exige um milagre por sua intercessão, provado cientificamente. "Esta prova está a correr em Roma, no Vaticano. Esperamos com fé firme que este exame duma cura extraordinária termine em breve. Os seus nomes já são conhecidos por todo o mundo. Foi justamente isso que tanto impressionou a Igreja . Embora o resultado negativo duma consulta às diferentes Comissões na Congregação para as Causas dos Santos sobre a possibilidade das virtudes heróicas nas crianças e nos jovens tivesse obrigado o Papa Pio XI, em 1937, a mandar arquivar todos os processos de crianças e jovens até à idade de 17 anos, até então aceitos em Roma, os processos dos Pastorinhos obrigaram a Igreja a rever a sua posição e a abolir o cancelamento papal. "Jacinta, depois de ver o inferno, só se preocupava com a salvação das almas em perigo de se perderem para sempre. "No fim da sua vida ainda multiplicava os sacrifícios. O que lhe custou mais foi ter deixado a família para )r ser tratada num hospital em Lisboa e lá morrer sozinha. 'O me u Jesus, agora podes converter muitos pecadores, porque este sacrifício é muito grande'. Francisco chegou, por meio da meditação dos mistérios do terço, aos vé rtices da contemplação, só queria ficar com Jesus, que se encontrava triste por causa dos pecadores, e procurava consolá-lo continuamente, realizando o pedido do Anjo: 'Consolai o Vosso Deus'. " Depois das visões, parecia ter recebido a vocação de eremita: escondia-se atrás das rochas e das árvores para rezar sozinho; outras vezes subia aos lugares mais elevados e solitários e aí entregava-se tão intensamente à meditação e à oração que ne m ouvia as vozes dos que o chamavam . 'Que belo é Deus, que belo! mas está triste por causa dos pecados dos homens. Eu quero consolá-Lo, quero sofrer por seu amor'. "Termino repetindo a profecia do Santo Padre Pio X: 'Haverá santos entre as cria nças!' Acrescentando : 'Haverá sim, haverá em breve!'" -

28

Pe. Lufs Kondor, Vice-Postulador das Ca use s, Hoveró santos entre as crianças ... em breve "L'Oss rvatore Romano", ed ição em po rtuguês, 6 de março de 1999.

CATO LIC ISMO

Maio de 1999

U

m atento le itor do best-seller de a utoria de Antonio Augusto Borelli Machado, As aparições

e a mensagem de Fátima, conforme os manuscritos da Irmã Lúcia, livro divulgado no mundo inteiro pelas TFPs, e nviou pe rguntas, ped indo esc larec imentos sobre certos porme nores das Aparições de Nossa Senhora e m Fátima, em 1917 , aos três pastorinhos: Lúcia, Francisco e Jacinta. O autor da referida obra e lucidou sinteticamente as questões propostas. Jul gamos que seria de interesse também de nossos leitores - tão ate ntos a tudo quanto se relacione com Fátima - tomar conhecime nto desses detalhes ricos de conteúdo doutriná ri o.

Gravidade do pecado, necessidade da oração, 111isericórdia divina o seu casti go. Nem sempre aquilo que parece mais razoável a nossa me nte li mitada e falível corresponde ao conhec imento infinito que Deus te m das al mas. Posta a questão nestes termos, devemos pro ce d e r seg und o a lóg ica

l" pergunta: Na Parte II, p. 40, Lúcia pergunta a Nossa Senhora a respeito do destino eterno de Amélia. A Virgem responde-lhe dizendo que Amélia ficará no Purgatório até o fim do mundo. Quem era essa Amélia? - A tal A méli a, a respeito da qual Nossa Sen hora disse q ue ficaria no P urgatório até o fim do mundo, e ra um a j ove m de A ljustre l (aldeia onde moravam os videntes), e que ficara conhecida por uma "irreme-

diável desonra em matéria de castidade", segundo afi rma o hi storiógrafo de Fátima, Cônego Sebasti ão Martins dos Reis

(Sín tese crítica de Fátima, 1967, p. 64, nota 40).

2ª pergunta: Por que tanto rigor com uma alma? Por que deixar alguém sofrendo no Purgatório até o fim do mundo? - Em primeiro lugar, cabe pondera r que os juízos de Deus são infalíve is, porque E le tem um conhecimento perfe ito cio que cada alma fez. Sendo infinitame nte justo não castiga nin gué m a lém da med ida, e sendo infinitamente mi seri cord ioso, até mitiga algum tanto

Fotografia dos três videntes em 13 de julho de 1917, logo após a visão que tiveram do inferno

inaciana dos Exercícios Espirituais, e não concluir que Deus é excessivamente severo, mas que o pecado é um ato tão grave que merece um castigo tão severo ... E a inda mais tem perado pe la mi sericórdia infinita de Deus! No caso concreto da Amélia, está se vendo bem quanto Deus abomina a perda da virgindade fora do Sacramento do Matrimôn io, o que deve arrep iar um número incontável de fiéis que foram formados na escola permissivista que se difundi u em ce1tos am bientes católicos, especialmente após o Concíl io Vaticano II. Ademai s, como podemos saber nós que

outros pecados graves terá cometido essa pessoa? Deus entretanto o sabe . Se algo em nós não está e m sintonia com essa ava liação da extrema gravidade do pecado em geral, e do pecado contra a castidade em parti c ul ar, devemos reformar os nossos c rité rios à lu z da doutrina cató lica e da lógica inacian a ac ima lembrada. Todo pecado mortal é um ato extremame nte sé ri o, pois é uma ofensa a Deus, um ato de revolta contra Deus, que nos torna inimigos de Deus e réus do inferno. Se a pessoa de le se arrepende, Deus reto rna a sua ami zade, mas não deixa de cobrar a pena devida a esse pecado, na Terra ou no Pu rgatório. Por fim, cabe observar que tanta gente deve ter tido pena dessa A mé lia, e rezado por ela, que a sentença inicial dada por Deus pode ter sido comutada, e quiçá já esteja até no Céu. Pois, como ésabido, nossas orações e sacrifícios - sobretudo o Sa nto Sacrifíc io da Missa alivi am as penas das a lmas do Purgatório. Ta l é a conso ladora doutrina católi ca, severa nas suas austeridades, e suave nos seus perdões. Fica aq ui um convite a nosso leitor, que se interessou por Amé li a, a que reze por e la.

3ª pergunta: Por que teria Nossa Senhora sido rigorosa com o Francisco, dizendo que ele só iria para o Céu se rezasse muitos Rosários? Para as duas outras videntes Ela não estabeleceu o mesmo. - Quanto ao Franc isco, embora não tive se senão nove anos, al go não andava bem na retidão de sua .alma em relação a Deus, razão pela qual Nossa Senhora d isse que ele teria que rezar muitos terços, antes de entrar no Céu. Por isso, entre os vide ntes de Fátima, como sublinhava o Prof. Pl ínio Corrêa de O liveira, ao comentar as aparições, Francisco é o modelo das almas peniten tes. Talvez tenha sido, dos três videntes, o que melhor discerniu o

sentido profundo da Mensagem de Fátima. Corrobora essa impressão o livro do Pe. Joaquín M aría Alonso, DocLrina y

espiritualidad dei mensaj e de Fátima (Arias Montano Editores, Madrid, 1990), que realça muito a figura do já hoje venerável Francisco. Jacinta, ao que tudo indica, não perdera sua inocê ncia de alma, e daí o não te r Nossa Senhora indicado ne nhum a ex igência espec ial para ela. Quanto à Irmã Lúcia, era a vidente principal , e sobre ela Nossa Senhora tinha desígnios especiai s. O que não nos impede de lembrar que ela foi um tanto mol e e m enfrentar as dificuldades que lhe acarretavam as aparições, a ponto de ser admoestada pela própria Jacinta. Não é fácil a vida de uma vidente autêntica!

4ª pergunta: Na Parte III, p. 66, Jacinta refere-se à sua madrinha. Quem é ela? Seria a Madre Maria da Purificação Godinho? - Jacinta chamava sua madrinha a Madre Maria da P urificação Godinho, que a ass is tiu n o Hospital Don a Estefâni a, em Lisboa, e recolheu muitas de suas refl exões. Essa Madre Godinho alegou anos depois ter tido e la mesma algumas revelações de Nossa Senhora, sobre uma Congregação religiosa que ela deveria fundar. Como a autenti cidade dessas revelações deixou dúvidas, alguns autores pretendem pôr e m dúvida tudo quanto Madre Godi nho afirmou de Jac inta. Tal não me parece criterioso, pois segundo a praxe canôni ca, e mesmo a praxe processual c ivil , o valor de um testemunho se mede pela credibilidade da testemunha na é poca do depoimento, e não pe lo que e la venha a fazer depois. E, ademais, o que Madre Godinho di z como proveniente de Jacinta é tão consonante com tudo o mais da Mensagem de Fátima, que considero totalmente arbitrário riscar esse depoimento pela conduta futura da depoente. ♦

CA TOLI C I SMO

Maio de 1999

29


A São Paulinho de 20 mil almas Com nota poética e plena lucidez, então com a idade ele 94 anos, ass im dá in ício ao seu livro a grande dama pauli sta, nascida em 185 1: "Ó boa, calma, simples e monótona Paulicéia

SÃO PAULO NO TEMPO DE DANTES RE INALDO

F.

M OTA

JR.

À medida que nos aproximamos do terceiro milênio, assistimos aos avanços cada vez maiores da tecnologia transfarmando nossas vidas, alterando nossos hábitos, facilitando mil coisas. Contudo, muitas vezes sentimos saudades de um tempo que já se foi ... Hoje voltaremos nossos olhos para a pequena e tranqüila São Paulo de apenas 20 mil habitantes.

N

Cinco gerações da família Souza Barros. D. Felicíssima, ao centro, com sua tataraneta Evangelina, no colo. D. Maria Paes de Barros, autora da obra analisada neste artigo está à esquerda, sua filha D. Maricota Barros Wright, à direita. De pé, sua neta D. Elisa Oliveira. A foto foi tirada aproximadamente em 1920 (Arquivo da família Paes de Barros Brotero).

AQUELE TEMPO em que não hav ia o micro-ondas, o computador era apenas um possível a ser reali zado, a Internet uma invenção futuríve l, o telefone (celular) hoje no bolso de tantos, uma impossibilidade. O automóvel, atualmente um me io de transporte banal , existe em tal número, que provoca qui lômetros de congestionamento eni certas megalópolis. Não se podem negar as fac il idades que confere um ca rro àquele que o possui, mas .. . não são apenas faci lidades. É mu ito cômodo dispor de um telefone celu lar pessoa l, para chamar ou ser chamado a qua lquer momento. Mas quantas vezes vi pessoas almoçando ao meu lado, terem de interromper sua refeição, sua conversa, para atender um chamado do pequeno aparelho que soa. São as facilidades do avanço tecnológ ico, são hábitos alterados, são vidas transformadas que, de vez em quando, fazemnos olhar para trás e dizer: como era boa a vida de outrora! Recentemente veio a público uma reed ição do livro No tempo de dan1es, de Maria Paes ele Barros, que nos faz mergu lhar numa sociedade hoje difícil de imaginar, mas, em certo sentido, muito de invejar.

Ressalva inicial A primeira edição da obra, lançada pe la Brasiliense, data de 1946, tendo sido precedida

30

CATOLICISMO

Maio de 1999

por uma Breve explicação ou prefácio de Monteiro Lobato, e por Introdução de Caio Prado Júnior, dois notórios esquerdi stas. A respeito da orientação deste úl timo, merece registro a seguinte frase que consta de sua Introdução: "Do tada de espírito romanesco e idealista, não admira que Maria [Paes de Barros], tendo aspirado nesse ambiente rão vivificanres auras, sempre se inclinasse para as correntes esquerdistas de seu tempo ". Cabe aqui um reparo à frase acima. As "tão vivificantes entras" que a autora teri a "asp irado" na São Paulo ela segunda metade do século

passado, de fato, não seria m ele molde a inclinála para as "corren tes esquerdistas de seu tempo". Pelo contrário, ta is ventos tonifi cantes emanados de uma sociedade mo ldada, em seus aspectos essenciais, pelas gloriosas tradições católicas da origem lusa - não teriam propendido a memoria lista a assum ir pos ições esq uerdistas, mas sim, para adotar uma atitude na linha da autêntica trad ição. Nesse sentido, não deixa de ser uma incoerência por parte ela autora de No tempo de dantes, tendo em vista essas ra ízes da sociedade pau lista ele então, o fato - aludido na referida Introdução - de ter ela se to rn ado "membro ativo da Igreja Presbiteriana Independente".

De qualquer forma, é digna de louvor a iniciativa da Editora Paz e Terra ao editar meses atrás a obra de Maria Paes ele Barros - curioso, interessante e fided igno relato dos hábitos e co. tumes pau listas de várias décadas atrás.

do tempo de da n1es 1 Fa lai, reco rdações, fa lai, saudades, de vez que te ncio posso cantar, São Paulo, como o grande vale, invocando o auxílio das formosas Tág ides, para que lhe dessem 'um novo engenho ardente' .. . "Cresceras e já contavas milhares de habitantes ... " Essa cidade assim considerada crescida

ti nha, na época, 20 mi l habitantes 1 Para quem hoje cam inha pela cidade e tem que atravessar as largas aveni das paul istanas, com sua agitação, seus in úmeros veícul os, seu barnlho contínuo, seu ar pouco saudável, não é verdade que se tem vontade ele se ver transportado àque1as ruas estre itas, sem a fa lsa alegria cios incontáveis luminosos elas lojas, a pretender atrair a atenção para seus produtos com algo ele estardalhaço, e voltar àquele passado de calma que hoje não se consegue encontrar? "Nesses tempos serenos, a cidade pobre ncio oferecia diversões. Ncio existia, portanto, a gana pelos divertimentos; ninguém agitava sobremaneira, nem estavam os nervos expostos, como hoje, a incessantes ruídos. A ncio ser para desempenho de seus afazeres, ninguém andava pelas ruas solitárias, calçadas de grandes pedras irreg ulares. Sobre elas rodavam, aos solavancos, as três únicas seges da cidade, pertencentes ao bispo, à Marquesa de Santos e ao Comendador Luiz Antonio de Souza Barros".*

A felicidade de nossos bons avós... "Felizes, entretanto, viviam nossos bons avós nesse retraimento. A parte feminina da família, sobretudo, levava vida quase unicamente restrita ao lar".

É possível que lendo tal narrativa, alguns leitores estejam a pensar que um mundo assim seria interessante para um dia ou dois, mas que não seriam capazes de suportar por mais tempo tanta calma e monotonia. Para quem sempre viveu no corre-corre e na agitação de uma grande cidade, pode parecer compreensível tal pensamento. Mas, vejamos bem o que diz a narradora: "FELIZES viviam nossos bons avós..." A calma, a serenidade de então comun icava-lhes esse dom tão e tão procurado, e hoje tão pouco encontrado: a felicidade. Em nossos dias, com tantas possibi !idades de diversão, o homem não se satisfaz e constatase um número crescente dos su icíd ios. A saciedade

dos prazeres e dos divertimentos cio mundo moderno, ao invés de conduzir o homem à fe licidade, leva-o ao desespero e a optar pela morte ou a fugir através da droga. Numa cidade em cuj as ruas rodavam as três ún icas seges, pertencentes ao Bispo, à Marquesa de Santos e ao Comendador Lui z Antonio Souza Barros, com poucos lugares para visitar, era, contudo, possível levar uma vida fe li z. A ex istência em São Paulo apresentava um cunho campestre, com poucos co légios. Os filhos das melhores famíl ias iam estudar na Europa. A criação da Faculdade de Direito e a abertura de uma boa livrari a veio inaugurar uma nova era para a cidade. De toda parte aflu íram inúmeros estrangeiros, entre os quais professores de línguas, ciênc ias, mús ica etc., e a cidade começou a tomar háb itos mais apurados .

Vida calma, mas operosa Na famíl ia da memoria lista, grandes e pequenos, todos falavam francês . Também eram impressos nessa língua os livros didáticos, bem como os vol umes das duas estantes que se viam na espaçosa sa la de estudos. A governanta alemã lec ionava para as crianças da família, fra ncês e alemão. As au las começavam cedo e cessavam às duas ho- ' raspara o jantar, com pequeno intervalo ao meio-dia. Depois dessa refeição, sentavam-se as men inas, dando-se aos trabalhos de agu lha. Em voz alta ed isti nta, a irmã mais velha faz ia então a leitura de algum livro instrutivo. Como se vê, o ambiente de calma e placidez de então não era constituído de um monótono .farnienle. As men inas, mesmo da classe alta, eram desde cedo habituadas aos estudos e afazeres domésticos, próprios ao seu delicado caráter feminino.

*

*

*

Voltaremos ao assunto na próxima edição, quando esperamos continuar nosso passeio pelas ruas daquela tranqui la São Paulinho de outrora. ♦

Sala onde se reuniam as crianças para brincar e tomar refeições na residência de Da. Maria Paes de Barros. Fotografia tirada em 1890 (Acervo de Modesto Carva/hosa).

* O Comendador Luiz Antonio de Souza Barros é o pai da memo ria li sta. (Obra de referê nc ia: No Tempo de Dantes, Maria Paes de Barros. Edi tora Paz e Terra. São Pau lo, 2" ed .. 1998, pp. X, 1, 2, 5, 7, 12, 14, 15 , 17).

CATO LIC IS MO

Maio de 1999

31


000000 Maio 1999

§®@J1@~ DOM

SEG

TER

QUA

QUI

SEX

SÁB

1 1 9 16 u

Santa Júlia

30

3 10 17 24

31

4 11 18 15

5

11 19 16

6 13 10 17

7 14 11 18

8

15 li 19

1 Siio José Operário, Esposo da Santíssima Virgem. ♦

de

ce írce~~

'-7Waio 6

Siio Mariano e Companheiros, Mártires. + Argélia, séc. Ili. Leitor na comunidade de C ircé, foi preso juntamente com muitos ou tros c ri stãos durante a per seg uição ele Va leriano. Foram alinhados na vertente de uma co lina, onde tiveram a cabeça clecapitacla.

Santo Amador, Bispo, Confessor. + França, 4 18. " Para destruir mais fac ilmente São Máximo de Tréveris

Santa Maria Madalena de Pazzi

certas superstições pagãs, aplico u-se em es ti mular o culto dos mártires cri stãos, em parti cu lar ele Santo Estêvão, a quem dedicou a nova catedral ele Au xerre lcle onde era bi spol " (Do Martirológio Romano) .

Primeiro Sábado do mês.

2 Santo Atanásio, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. + A lexandria (Egito) 373. Grande defensor da Fé contra os arianos, ex ilado cinco vezes por Imperadores favorávei s aos heresiarcas, suportou toda sorte de cal únias de seus inimi gos.

3 Siio Juve11a~ Bispo, Co11fessor. + Itáli a, 376. Médico no Oriente, emi grou para Narni , na Itáli a, ele onde foi nomeado Bi spo pelo Papa São Dâmaso. Salvou sua Sé da destrui ção por parle cios I igurianos, obtendo cio Céu uma tormenta que os afogou.

Santos João Houghton e Companheiros, mártires

4 Sa11tos Joiio Houghton e Companheiros, Mártires. +

Londres, 1535 . João, Roberto Lawrence e Agostinho Webs ter, ca rtuxo s, e Ricardo Reynolcl, por se terem recusado a aceitar o Ato de Supremacia , que aceitava o lúbri co rei Henrique VIII como cabeça ela Igrej a na Ing laterra, foram arrastados pela s ruas co m a maior se lvageri a, enforcados e esquartejados, em virtude ele sua ficleliclacle à Fé ca tólica.

5 Santa Jutta von Sangerhausen, Viúva. + A lemanha, 1260.

Santo Atanásio

32

São Nicolau Alberati

CATO LICIS MO

Natural ela Turíngia, envi uvando muito cedo, mudou-se para a Prússia, feudo dos Cavaleiros Teutônicos, cios quais seu irmão era Grão-Mestre. Doou toda sua fortu na aos pobres, dedicando-se a seu servi ço.

Maio de 1999

7 Beata Gisela, Viúva. + A lemanha, 1060. " Irmã ele Santo Henrique, Imperador da Alemanha , e esposa ele Santo Estêvão, rei ela Hungri a. Viúva, entrou para o mosteiro ele Nieclerburg, cio qual tornou -se Abadessa" (cio Martirológio).

Primeira Sexta-Feira do mês.

12 Santo Epifânio, Bispo e Co1ifessor. + Chipre, 403. Judeu conve1ticlo ela Palestina, viveu em sua vi la natal como monge durante 30 anos, quando foi nomeado Bispo de Chipre. Grande polemista, "sua erudição e amor pela ortodoxia levaram-no a denunciar várias doutrinas maculadas pela heresia" (do Maitirológio).

13 82' Aniversário da Primeira Apariçiio de Nossa Senhora em Fátima

14 ♦

Siio Michel de Garicoits Francês, denominado no semin ário "o novo São Luís Gonzaga" . Pároco, reformou espiri tualmente seus ti éis. Professor de semin ário, fez progredir na piedade professores e alunos. Fi lho ticlelíssimo ela Igreja, combateu tena zmente a heresia jansenista. Fundou a Socieda-

de dos Padres do Sagrado Coração de Jesus .

15 Santo Aquiles, Bispo e Confessor.

Siio Pedro de Tarantésia, Bispo e Confessor.

+ Grécia, 330. Bispo ele Lari ssa, na Grécia, fi cou cé lebre pelo dom cios mil agres. Faleceu em sua cidade episcopal ao voltar do Concílio ele Nicéia. Os búlgaros obtiveram suas relíquias, que tran sportaram para a cidade de Presbo, que tomou então o nome ele Aquili.

ciense de Bonnevaux. Seu pai e doi s irmãos seguiram-no nesta decisão. Nomeado Arcebispo ele Tarantésia, reformou a di sciplina eclesiásti ca, substituiu um clero corrupto ele sua catedra l por cônegos regu lares e desapareceu para ser irmão leigo em um co nvento na Suíça . Encontrado, teve que reassumir suas funções .

9 Siio Nicolau Alberat~ Confessor. + Bolon ha, 1443. "Cartuxo, ordenado Bispo ele Bolonha, foi nomeado Núncio Apostó li co do Papa Martinho V. Traba lhou com sucesso para restabelecer a paz entre a França e a Inglaterra" (do Martirológio).

10 Siio Joiio de Ávila, Confessor (v icie seção Vida de Santos , p. 12)

11 Santos Abades de Ouny, Co1ifessares. + Sécul os X a XII. Santos Oclon , Majolo, Odilon, Hugo e Pedro o Ven erável. "A elevada autoridade moral ele C luny, que do século X ao XII estes abades co loca ram a serviço da Igreja e ela paz civ il , explica-se pela irradiação ele suas perso naliclaclcs, pela cstabiliclacle ele seus mandatos, isenta ele toda ingerência secular, e por sua ficlcliclaclc ao nada preferir à Obra de D eus" (cio alenclári o ela Ordem Beneditina).

16

Siio Teodoro de Pavia., Bispo e Confessor.

+ Atenas, séc. 11. " Di scípulo cios Apóstolos que,

21

27 Siio Júlio, Mártir.

+ França, Séc. VI. " Havia preclilo uma próx i-

+ Bulgária, séc. IV Veterano elas legiões romanas, às quais tinha servido por 26 anos, es-

ma invasão cios lombardos, caso a Gália [atual França] não fi zesse penitênc ia. Quando, efeti vamente, os lombarclos chegaram, dedicou-se a converter um grande número ele invaso res à fé e aos cos tumes cri stãos" (do Martirológio).

28

+ Córsega, Séc. VII. " Jovem cri stã africana, aprisionada pelos muçulmanos durante uma invasão, foi crucificada na Córsega, ela qual tornou-se a Padroeira celeste" (cio Martiro lógio) .

+ Á ustria, 1045. Fi lho cio Duque ela Carínti a e da Condessa Mali Ide, tornou -se Bi spo Würzburg. Construiu várias igrejas e sua ca tedral. Erud ito escritor, por indicação Imperador Conrado li foi promovido à Sé Mi lão. Fa leceu na Áustria .

ele Sé cio ele

18 Santo Érico Re4 Mártir. + Suécia, 1150. Promoveu a evangeli zação cios fin landeses, ainda pagão s. Sua s " Leis de Érico" muito favoreceram a Igreja e as mu lheres, tratadas até então como escravas. Foi martiri zado pelo pretenden te dinamarquês ao trono da Suécia, quando acabava ele assistir à Missa.

tando em serviço numa elas fronteiras cio I mpério, foi co ndenado à morte co m doi s com panheiros, na perseguição ele Diocleciano, por ter-se recusado sacri fi ca r aos ídolos.

22 Santa Júlia., Virgem e Mártir.

Os Apósto los, até então tíbios, fracos, ele vista baixas, tendo rezado no Cenáculo, receberam o Espírito Santo por interm éd io da Virgem Maria, tran sformando-se de uma vez em destemidos heróis ele Jesus Cristo.

17

na perseguição ele Adriano, reuniu , por sua fé e atividade, sua Igreja atingida pelo terror e dispersão, e apresentou ao Imperador uma útil apologia ela reli gião cri stã, digna da doutrina que ele havia receb ido dos Após tol os" (do Martirol ógio).

Santo Hospício, Co,ifessor.

OOMINGO DE PENTECOSTES

Siio Bruno de Würzburg, Bispo e Co,ifessor.

receu sua vicia pela renovação espiritual da Igreja. Abençoada com graças místicas, deu o melhor ele si mes ma na ficlelidacle quotidiana aos três votos ele sua profissão reli giosa" (do Martirológio).

26

23

ASCENSÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

+ Florença, 1607. Carmelita aos 16 anos, " ofe-

Siio Quadrato, Confessor.

e lúcida, índole afável e humilde, quando vagou a Sé ele Pavi a foi aclamado por unanimi dade para o ca rgo. Edifi cou seu rebanho com o esplendor ele suas virtudes.

Siio Matias, Apóstolo e Mártir.

Santa Maria Madalena de Pazz~ Virgem.

20 + Itália, 778. Dotado de uma inteligência clara

8 + França, 1174. Entrou para o Mosteiro cister-

vogados, estudou Direito e Teologia em Pari s e Orléans. Transformou o solar que recebera cios pais em hospital , asi lo para velhos e crian ças abandonadas. Lá estabeleceu também seu escritório para atender consultas cios pobres e cios clesamparaclos, não havendo advogado ele mai s renome nem pessoa mai s estimada em toda a Bretanha, ela qual se tornou um cios santos mai s popu lares.

24 NOSSA SENHORA AUXILIADORA ♦

São Vicente de Léri11s, Co,ifessor.

Siio Justo de Urge( Bispo e Collfessor. + Espanha, séc. VI. Um cios quatro irmãos considerados por Santo Isidoro ele Sevilha como cios varões ilustres que floresceram na Espanha visigótica , escreveu diver sas obras e portou -se como pastor vigi lante e cari tat ivo na Sé de Urge!, para onde fora elevado.

29 Siio Máximo de Tréverls, Bispo e Confessor. + França, 349. Sucedeu a Santo A grício corn o Bi spo dessa então cidade imperial , distinguindo-se por seu ze lo e forta leza. Acolheu Santo Atanásio ex ilado por sua ortodox ia, participou cio Conc íli o ele M il ão onde os arianos foram condenados. Morreu na França, para onde fora, devido à perseguição desses mesmos arianos.

+ Fra nça, 445. Jovem gaulês, abandonou a ca rreira militar para tornar-se mon ge em L érin s. Ordenado sacerdote "ticou célebre na hi stória ela Teologia por sua doutrina sobre a Tradição, cm que afirma que a inteligência da fé e a formulação dogmática devem progredir na Igreja co m o tempo, mas exc lusivamente no mesmo sentido e na mesma crença" (cio Martirol ógio), e que são vcrclacleiras aquelas doutrin as que assi 111 foram consideradas "sempre, em toda parte, e por todos os fi éis".

19

25

Siio Ivo, Cmifessor.

São Gregório VII, Papa e Co,ifessor.

+ fra nça, 1303. Sacerdote, Padroeiro dos Ad-

30 DOMINGO DA SANTÍSSIMA TRINDADE

31 VISITAÇÃO DE NOSSA SENHORA A SANTA ISABEL ♦

NOSSA SENHORA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS Nota Os Santos aos quais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.

CATOL I C I SMO

Maio de 1999

33


ENTREVISTA gun s hi stori adores, o Rei Dom Diniz recebeu ela Ordem dos Templários - Ordem que mui to protegeu - o célebre Projecto Áureo, que não era senão aque le que tinha sido dado por Nosso Senhor Jes us Cri sto a Dom Afo nso H enriques antes da Batalha de Ourique: o anú ncio da Cru z de Cri sto e estabelec imento do Seu Reino na Terra. Dom Diniz criou centros ele piedade, estudo e ação, tal como o Prof. Pli nio Corrêa de Oliveira ao fundar as TFPs. Instituiu as festas cio Império cio Espírito Santo; fundou a primeira Universidade em Portuga l e a Ordem de Cristo. Antevendo profeticamente os Descobrimentos, mandou plantar o pinhal ele Leiria a fim de ter madeira para a construção elas caravelas. O Infante Dom Henrique, co mo GrãoMestre da Ordem de Cristo, concretizou todo o so nho de Do m Diniz, contin uado depois da sua morte pela dinastia de Aviz.

Na fotografia: Da. Maria Isabel Osório e o Engenheiro João Filipe Osório, Condes de Proença-a-Velha

dencial da História de Portugal. O Brasil pode ser considerado como um filho deste, e quando um pai está velho e cansado - para além de ter desperdiçado os bens que os seus antepassados lhe legaram, - só pode ver no filho rico a esperança ele uma continuidade e de um futuro maravilhoso, tanto espiritual como material.

Catolicismo - Em sua recente viagem ao Brasil , quais os aspectos da verdadeira tradição brasileira que mais o agradaram? Conde de Proença-a-Velha - Humanamente falando, a simpatia e a amab ilidade do povo brasileiro. Quanto à natureza, é o país mais bonito do mundo. Re lativamente à arqui tetura, vê-se que havi a uma classe soc ial que prestava louvor a Deus em todas as suas obras. As famíli as brasileiras que pude conhecer são aqu il o que eu jul go ser a verd adeira famíli a cristã.

Catolicismo - Qual a impressão que causou

• •

Conde de Proença-a-Velha:

"Hoje em dia, certos historiadores têm a mania de desmitificar tudo o que é sagrado, tudo o que está em relação com Deus"

34

Catolicismo -

: Conde de Proença-a-velha • e TFP: • • • • consonância de ideais • • • •

: ~ m a vintena de quilômetros da ci• dade de Coimbra, célebre pela sua Universidade, que se ergue • sobranceira sobre as margens do Mondego, encontra-se o so lar setecentista de Foz-de-Arouce. Propriedade dos Condes de Proença-a-Velha e Fozde-Arouce, uma antiga casa senhorial que abriga atrás dos seus muros e portões armoriados muito da história da família e um pouco da História de Portugal. Engenheiro silvicultor, formado pelo Instituto Superior de Agronomia de Lisboa, o Conde de Proença-a-Velha produz um premiado vinho (tinto e branco) Quinta de Foz-de-Arouce, de alta qualidade. Gestos largos, afável e acolhedor, é como este fidalgo de 71 anos bem conservados acolhe a toda a gente. Foi numa tarde com um sol refulgente da primavera, entrante na Europa, que ele - recém -chegado do Brasil - recebeu o correspondente de Catolicismo em Portuga l, Sr. José Narciso Pinto Soa -

CAT OLIC ISMO

Maio de '1999

res, para conceder a entrevista que pu b li camos abaixo.

Catolicismo - O que o Sr. Conde te ri a a contar sobre o sonho de Dom Afonso Henriques, que foi uma espécie de gérmen da nação portuguesa? Conde de Proença-a-Velha - Respondo a sua pergunta citando uma frase de Fernando Pessoa n' A Mensagem: "Deus quer, o hom.em sonha, a obra nasce" . Deus quis, Dom Afonso Henriques sonhou , Portuga l nasceu. Hoj e em dia, certos hi storiadores têm a mania de desmitificar tudo o que é sagrado, tudo o que está em relação com Deus. Acredito, sem sombra de dúvida, no milagre ele Ourique. As armas ela nossa bandeira não teriam uma explicação coerente, apesar ele já terem inven tado muitas justificações para a natureza dessas armas. Catolici.rnw

Qual a missão histórica que a Providênci a concedeu ao Rei Dom Diniz e ao Infante Dom Henrique, o Navegador? Conde de Proença-a-Velha - Segundo ai-

Qual a relação entre a devoção a Nossa Senhora da Imacu lada Conceição e a História de Portugal? Conde de Proença-a-Velha - Nossa Senhora teve sempre um a íntima relação com a nossa hi stó ri a, sobretudo nos momentos crucia is. Dom Afonso Henriques estabeleceu um feudo em Braga à Virgem Santíssim a; a Rainha Santa I abel, mulher de Dom D ini z, mandou construir, no convento da Trindade em L isboa, o primeiro altar consagrado no mundo à Imacu lada Conceição; Dom Nuno Á lvares Pereira, depois da Batalha de A ljubarrota, ordenou esc ulpir na Inglaterra uma im agem da Imaculada Conceição, que é a que está em Vila Viçosa numa igreja construída a expensas suas, e dedicada à Mãe de Deus. Foi diante dessa imagem que, em 1646, Dom João IV, depois da Restauração, proclamou Nossa Senhora da Co nceição Padroeira do Reino e Rainha ele Portuga l cl 'aquém e d'além- mar, duzentos e oito anos antes da Proclam ação cio dogma da Imacu lada Conceição. Nossa Senhora quis confirmar a sua realeza sobre Portugal ao aparecer em Fátima, cm 1917, em momentos tão difíceis para a Igreja e o País, com a perseguição religiosa e a i mplan tação da República.

Catolicismo - A História do Brasil pode ser cons iderada um prolongamento da História de Portugal? Em caso afirmativo, haveria uma missão histórica comum das duas nações? Conde de Proença-a-Velha - Para mim, a Históri a cio Brasil é um a concretização provi-

"Considero a TFP brasileira uma obra humana e espiritualmente perfeita, depois de tudo o que vi. As sedes que visitei irradiam espiritualmente, nos mais pequenos pormenores, a figura do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira"

ao Sr. Conde, em sua visita ao Brasil, a TFP brasileira? Conde de Proença-a-Velha - A primeira sensação que tive, bem co mo a da minha mu lh er e cios primos que me acompanharam, foi de vergonha por sentir que, em Portuga l, pouco se faz em relação ao qu e a TFP brasile ira está a fazer pela divulgação da Mensagem de Fátima. Senti depois uma grande a I eg ria em reco nhecer que é no Brasil , descendente de Portuga l, e como filho e contin uador da ação do pai que está velho e cansado, que se perpetua a obra ini ciada. Considero a TFP brasileira uma obra humana e espiritualmente perfeita, depois de tudo aquilo que vi. As sedes que visitei irradiam es pi ritualm en te, nos mai s pequenos pormenores, a figura cio Prof. Plinio Corrêa de Oliveira que dá vida aos centros de est udo e ação que também pude conhecer. Aproveito a oportunidade para expressar o meu recon hec imento a todos os assessores e à direção da TFP brasileira pela maneira fidalga como nos receberam, e a impressão com que ficamos é de que encarnam a continuidade da obra do fundador da TFP. ♦

CATO LIC ISMO

Acima: artístico crucifixo barroco existente no solar senhorial de Foz-de-Arouce

Maio de 1999

35


S.O.S. FAMÍLIA

16

Foto de um "casamento" na exURSS. Segundo a legislação

N.ão separe o homem, o que ·Deus uniu"

Em 1917, em Fátima, Nossa Senhora prognosticou que a Rússia espalharia seus erros pelo mundo... Que erros foram esses?- Inúmeros. Dentre eles, um concerne particularmente aos leitores de SOS-Família: a dissolução da instituição fa~ miliar "Não separe o homem, o que Deus uniu. Qualquer que repudiar sua mulher; e se casar com outra, comete adultério contra a primeira. E, se a mulher repudiar seu marido e se casar com outro, comete adultério" (Me 10, 9-12). A doutrina tradiciona l da Santa Igreja estabelece: as relações sex uais são permitidas somente dentro do matrimônio ; o casamento é indi ssolúvel, por in stituição divina, (portanto, lei humana alguma tem o direito de dissolver o laço conjugal) ; quem negar tal doutrina coloca-se, ipsofacto, fora da Igreja, pois o caráter sacramental e indissolúvel do vínculo matrimonial foram definidos pelo Con- · cílio de Trento (séc. XVI) .

Negação de dois Mandamentos da Lei de Deus: "Não pecarás contra a castidade" e "Não cobiçarás a mulher do próximo" Enlrelanlo, segundo a doutrina comunisla, as relações sex uais pré-ma-

trimoniais, ou extra-matrimoniai s, não são condenáveis. O casamento é considerado um mero registro público, que, para ser dissolvido, basta que uma das partes manifeste o desejo de fazê-lo. A partir ele então, ambos os cônjuges estão livres para contratar novas uniões, o que configura o "amor

livre". * * * Recente edição da revista "Veja" traz sua matéria de capa com o título:

Unidos pelo divórcio - Como se relacionam pais e .filhos nas 14 milhões de famílias brasileiras, formados por segundos e terceiros casamentos (c.fr. "Veja", São Paulo, 17/3/99). Tal constatação - 14 milhões de famílias separadas e formando novos casais - parece ser uma confirm ação ela profecia de Nossa Senhora sobre erros que a Rú ss ia es palharia pe lo mundo. Elucidou muito bem esta questão o Prof. P líni o Corrêa de Oliveira, num artigo intitulado Para os anticomunista pró-comunismo, pu bIicado no quotidiano "Fo lh a de S. Paulo", em 4/6/69:

"Segundo despacho datado de Moscou e difitndido aqui na impren sa diária, a revista soviética muito caracteristicamente intitulada 'Agitador' publicou recentemente um artigo sobre a doutrina comunista em matéria sexual. "O 'Ag itador' não fe z senão dar forma acessível a teses clássicas do marxismo. Foi precisamente a simplicidade - eu diria melhor, a crueza das.formulações da revista, que melevaram a reproduzi-las aqui. Faço-o para mostrar a muitas pessoas sincercunente infensas ao comunismo, que - sem o saber-concordam com es/e

soviética, o casamento era mero registro público, apenas para efeitos civis, que podia ser dissolvido a qualquer momento, por uma ou outra das partes. O contrário, portanto, do que ensina a doutrina católica sobre o vínculo matrimonial, com seu caráter sacramental, monogâmico e indissolúvel.

em muitos pontos-chave. E as convido, com isto, a uma radical revisão de suas posições a respeito da moral sexual. "Começa a revista por leg itimar o 'casamento de experiênc ia' e outras barbaridades congêneres que vão ganhando terreno nas nações do Ocidente. Com efeito, resumindo o texto do 'Ag itador', diz o despacho telegráfico: 'Na sociedade comun ista .. .. não se consideram imorais as relações sexuais antes do casamento quando se baseiam na s inceridade e no afeto '.

Assim, basta que entre um j ovem e uma j ovem se forme uma atração romântica, para lhes ser lícito ir, . sem mais, às últimas conseqüências. Se, ao longo dos tempos essa ligação sobreviver, e os jovens se quiserem casar, muito hem. Se não quiserem, podem continuar unidos, sem por isto merecerem a menor crítica. E se ambos (ou um só, é claro!) .ficarem .fartos da união, o remédio é fácil: basta que se digam adeus. "Mas, perguntará alguém, nesta perspectiva de que adianta então o casamento? De nada, absolutamente nada: 'Existe um novo critério moral para condenar ou aprovar o sexo. Não se trata de s itu ar as relações [sexuais] como matrimoniais ou pré-matrimoniais, mas sim em estabelecer se se baseiam no amor recíproco', diz o 'Agitador'. Mais claro

não poderia ser. É tão claro, que até cria um problema: para que sobrevive então o casamento, na leg islação soviética? O que esla chama de 'casamento' nada tem de comum com o que, nos povos civilizados, se entende por !ai. O 'casa mento ' soviético não passa do regislro - para efeitos

civis secundários - ele uma ligação sem conteúdo moral, que pode e deve ser desfeita por qualquer das partes, desde que o deseje ... ."

"O comunismo morreu": expressão desmentida pela propagação do amor livre "O 'Ag itador', aliás, não se empenha muito em ocultar o fundo das co isas. Por isto cita esta fras e de Lenine: 'O comunismo não eleve levar ao ascetismo, mas sim ao gozo da vida'. "E, realmente, o panorama de uma sociedade autenticamente comunista é, em matéria sexual, bem es/e: o de uma vida gozada, no pior sentido do termo. "Ora, aqui os extremos se encontram. Tal vida, precisamente assim, não é o que aprova, o que deseja, não é a meta para a qual vive muita gente que se imagina no pólo oposto do comunismo? "A conseqüência salta aos olhos: quem aplaude ou promove a imoralidade, nas sociedades do Ocidente, prepara-as para o comunismo ... "Por isto, o 'Agitador' fa z notar, alegre e esperançado: 'A chamada re-

volução sexual no Ocidente está enfraquecendo os vínculos fam ili ares e rejeitando numerosos tabus tradicio~ nais nas relações entre os sexos, levando ao amor livre'. Ao amor livre,

note-se bem, isto é, à posição comunista em matéria sexual".

Principal razão da crise da moralidade: crise da Fé "Certas pessoas acham supérflua, e até antipática, a palavra 'propriedade' no Lema da TFP Imaginam elas que entre a família e a propriedade não existe nexo, e que podem ser.fervorosas partidárias dafcunília, sendo embora inimigas da propriedade. "Os comunistas não pensam assim. Para eles, propriedade e .família são institutos conexos. É, pois, com muita coerência que 'Agitador' atribui a decadência moral do Ocidente à decadência da propriedade: a 'erosão' nos valores socr,ais do Ocidente, diz a revista, tem por ,nativo apodridão do ' princípio da propriedade privada, e m que se baseia a sociedade capitalista'. "O 'Agitador' exagera. A princi-

pal razão da crise da moralidade no Ocidente está na crise da Fé. Entre-

tanto, é claro que entre a família e a propriedade há um nexo natural. Quem é a favor da comunidade de bens e, portanto, não aceita que o homem possa di zer minhas econornias, meu patrimônio, minha casa, é coerente ao se opor a que ele possa dizer meu lar, minha esposa, meus .filhos. O direito pessoal a qualquer coisa tida como própria, seja a poupança de um trabalho, a inquebrantável .fidelidade do cônjuge, o afeto cálido de um .filho, eis do que o comunismo quer privar o hornem 'evo luído ' do século XX. ... ".

Propagação do divórcio e das uniões livres A velha notíci a de o "Agitador" é confirm ada pela nova da "Veja", que citamos ac ima, com urna diferença: "O Agitador" apresenta o idea l, em matéria sexual, para aqueles que viveriam num regime comunista, enquanto a "Veja" apresenta o fato, ex istente hoje e generali zado no Brasil e no Ocidente corno um dado normal. Para citar apenas um ponto: o que a doutrina comunista ensina sobre o amor livre. Não é a Lei do divórcio, implantada no Brasil desde 1977, de certo modo, o amor livre à prestação? E não é o que todos os dias se ensina, ele modo prático, nas televisões de nosso País? Nas novelas, por exemplo, é o que se vê com freqüência. Observa-se a ridicularização dos valores familiares, e mesmo a pornografia aberta. Assim, a Rússia comunista espalhou ou não seus erros pelo mundo? Com a palavra o leitor! ♦

• 36

CATO LIC IS MO

Maio de 1999

C ATO LIC ISMO

Maio de 1999

37


Áustria

Hungria

ATUALIDADE

Cànflito em Kosovo: .,,,,,, ,.,,,

ocas1ao para ,nvasao muçulmana na Europa? M IGUEL BECCAR VARELA

Especia l para CATOLIC ISMO

Nosso século já foi abalado por duas guerras mundiais, vive seus últimos dias com uma gigantesca Espada de Dâmocles suspensa sobre a humanidade: a nova guerra nos Bálcãs. Uma guerra pode ser legítima quando a favor de uma causa justa, como, por exemplo, em legítima defesa ou em prol da verdadeira Fé ou da Cristandade. No caso concreto do Kosovo, se tratará de guerra justa? Que conseqüências decorrerão para a Europa, para os Estados Unidos e o mundo? Sem pretender resolver o problema da guerra justa ou injusta no caso de Kosovo, este artigo apresenta entretanto dados ftmdamentais para se entender o que está ocorrendo naquela parte do mundo. (Bósni a, Iraque ... ), os fatos sucedem-se em ritmo tormentoso e caótico . O que impede de se lhes penetrar o sentido e de se medir a capac idade que eles têm de destruir va lores e instituições preciosas da c ivili zação cri stã. E m casos como este, é freqüe ntemente instrutivo lançar um golpe de vista sobre as manchetes cios jornais ao longo de certo espaço ele tempo. Isso permite ana li sa r os aco ntecimentos co m um a certa perspecti va hi stórica. É como medir os danos da tormenta depois que e la ocorreu, embora seja verdade que em concreto ainda não se possa di zer que e la tenha passado, nem sequer prever quando terminará. Tentaremos aqui anali sar o espaço de tempo que vai desde as vés peras do ataqu e d á NATO (o u OTAN) contra os obj eti vos iugos lavos até agora.

Paris - A guerra defensiva, e e m a lg un s casos mes mo a o fe nsiva, e nsin a a do utrin a cató li ca, é permitida qu ando há uma causa justa, sufi ciente me nte importante para justifi car os males que a aco mpanham. Pode-se indagar, no caso concreto da Iugos lávi a de hoje: há condi ções para empreender uma guerra justa medi ante a intervenção dos ali ados em Kosovo? É questio nável apresentar uma resposta afi rmativa. Ade ma is, a lg um as c irc un stâ nc ias presentes no qu adro de ta l modo pesam e altera m os dados da problemática, que merecem uma análi se mais cuidadosa. Para começar, é necessário di zer que o públi co oc ide nta l recebe, sobre os . acontecimentos em Kosovo, uma massa enorme de dados, confu sa, atemori zadora. Sobretudo, flutu ante e indec isa . Alguns aspectos do dra ma, ocultados no princ ípi o, são depois postos e m rea lce.

Bombardeio de notícias As manc hetes dos jornais são mai s ou menos standard na imprensa dos países ocidentais: 1. ( 18 de março) : " Kosovo, um diálogo de surdos ".

Acontecimentos ca{,ticos: violenta e destruidora tormenta E m Kosovo, como cm muitas outras situações seme lhantes nos últimos anos

2. (21 de março): "A NATO se prepara para intervir". 3. (25-26 de março): "A NATO declara guerra à Sérvia" - "Treze países da Aliança participam da ofensiva ". 4. (28 ele março) : "Os knsnvares, vítimas das represálias sérvias " - "O General Clark [chefe das forças da NATO] declara que é impossível evitar as matanças ". 5. ( 1º de abril ): "Continuam os bombardeios" - "Êxodo de koso vares: inquietação na Itália e na Grécia ". 6. (2 de abril): "Europa e ONU tentam organizar ajuda aos refugiados "·. 7. (6 de abril): "NATO impotente ante o exílio f orçado dos kosovares " - "Preocupa risco de desestabilizar os países acolhedores " . As notícias ocupam vári as páginas dos jornais, com profu são de mapas, um sem-número de dados técnicos, de entrevi stas sensacionais contendo dados horríve is sobre os sofrimentos das vítimas dos sérvi os. Três co isas são especi almente di gnas de nota no caso em questão. Prime iro, o êxodo da população c ivil para os pa íses ocide ntai s . Segundo, o surg imento - cada vez mai s de finido - de uma força internaci onal que impõe um conceito novo de justi ça, interferindo no interi or de um Estado, po is Kosovo é uma província do Estado iu gos lavo. Por fim , a ex pectati va de os EUA virem a ser considerados os grandes culpados no caso de um fracasso. Vej amos suc intamente cada um desses po ntos .

A imigração muçulmana na Europa Para começar, levanta-se o problema, j á muito sensíve l nos países europe us,

ele uma massiva imi gração muçulmana. Em Kosovo, tudo con spira nesse senti do, como se essa fosse a princ ipal meta dos participantes cio drama. Exceto, bem entendido, das vítim as . Por um lado, os comunistas - impunemente no poder na Jugoslávi a e em algun s países do ex-império soviético hostili zam os muçulmanos de Kosovo, provocando ondas de refugiados, especialmente em direção cios países do Ocidente. Os bombardeios aé reos da NATO muito mai s do que produ zirem um e fe ito di ss uasóri o co ntra as bruta lid ades co me tidas pe lo pres idente iu gos lavo comuni sta - parece m ter como e feito princ ipal re forçar a tática de Milosevi c de limpeza é/nica ou depuração racial. Po r fim , os EUA, a NATO e a Europa declaram-se dispostos a receber os refu g iados, que com o passar cios dias contam-se às centenas de milhares. Assim, cresce a imigração muçulmana na Europa, enquanto o mao metanismo se torna cada vez mais a segunda religião em alguns países do Velho Mundo. É o mes mo Islã, que ass ume um a atitude reivindicatória e insolente nos países onde vai acumulando milhões de seguidores. E que na Áfri ca e no Oriente Méd io e, mais recentemente, na Índi a e Indonésia é motor de perseguições religiosas e ele 11L11ncrosos martírios de católi cos. É claro que, para neutrali zar o desgosto do público ante o desv irtuamento de sua multissecul ar cultura, pe la presença destoante de uma cultura estranha e penetra nte, os me ios de comuni cação exasperam ao máx imo o natural senti me nto de compaixão pelas vítimas de Milosevic, ao mesmo tempo que silenc iam qualquer outra consideração comum e ele elementar justi ça para com os mais próx imos: "a caridade começa em casa". Essa imigração - que se vai tornando uma invasão cultural - fo i previ sta pelo Prof. Plínio Corrêa ele Oliveira já desde os primeiros mo mentos da derru bada da Cortin a de Ferro: " .... Hic et nunc, não é bem verdade que os marcos efetivos desse processo são ruínas? E, da mais recente delas, o que está a resultar para o mundo senão a exalação de uma confusão geral que promete a todo o momento catástrofes iminentes, .... como a migração de hordas eslavas

Mapa atual

dos Bálcãs

Macedônia Itália Albânia

inteiras do Leste para o Oeste, ou então de hordas maometanas progredindo do Sul para o Norte. Quem o sabe? Quem sabe se será isso? Se será só (!) isso? Se será ainda mais e pior do que isso?".*

Grécia

e o eventual fra casso ela ope ração, a mídi a só me nc iona o pape l dec isivo dos Estados Unidos, tudo parecendo ex pli car-se co mo uma prepotênc ia da nação mais poderosa do mundo.

Uma força internacional

*

Os diri gentes dos Estados Unidos e dos principai s países europeus decidiram apoi ar a intervenção da NATO. O bom senso, e sobretudo o ensinamento da Igrej a, conde na o chamado "p rin cípi o de não inte rvenção" (cfr. Syllabus, de Pio IX, nº 62). Mas, ele outro lado, causa preocupação ver definir-se no hori zonte a concreti zação da idéia de uma força internac ional, com delegação geral dos países ma is ri cos, assestando suas armas contra os que violam um suposto ideal de justiça. Ideal que já não é o decorrente dos princípios nascidos da Revelação e conqui stados pelo precios íssimo Sangue ele Nosso Senhor Jes us Cristo, mas baseado cm direitos hu manos la icos, com uma conotação, poder-se-ia d izer, neopagã.

O peso de um eventual fracasso recairá sobre os Estados Unidos É notáve l a incocrê~cia com a qual a impre nsa j ulga os prós e os contras da inte rvenção ela NATO. Quando se trata de justi f"i car a necess idade de deter o genocídio e m Kosovo, e la se refere com inte ira natu ra l idade ao co nsenso dos países que decidiram a intervenção. Mas quando se procura ressaltar os perigos

Qual deveri a te r sido o rac iocíni o do Imp e rad o r F ranci sco Jo sé quand o eclodiu a cri se nos Bálcãs, estopim da l G uerra Mundi al e causa da queda do Impéri o Austro-húngaro ? Parece- nos, deveri a ter sido ass im : "Temos o direito de declarar a guerra. Contudo, os males que dela ad virão não são apenas aqueles próprios a qualquer guerra jus/a, mas muito maiores. São tamanhas as tensões sociais, que uma /.? Uerra põe em periRO a própria sobrevivência do Império". Mutatis mutandis, é a própri a sobrevivência da Europa como fundamento da cultu ra e da civili zação cri stã que está e m jogo . Toda essa intervenção armada, sem uma po lítica coere nte, sem fin s claros, corre o ri sco de tran sformar-se na causa de sua ruína. É líc ito expor a Euro pa a esse peri go? Não há outros modos de se impor ao pres idente comuni sta Mil osevic? N ossa Senhora prev iu e m Fátim a grandes cas ti gos para a humanid ade. Sem dú vida, faze m parte dessa prev isão ♦ os tri stes di as em que vivemos .

*

Plini o Co rrêa de Oli veira, Nobreza e Elites

tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza ro111a11a, Livraria Civili zação-Editora . 1993, p. 154

,,

38

C A TO LI C I SMO

Maio de 1999

CATO LIC ISMO

Maio de 1999

39


TfPs EM AÇÃO

Ranking do Piores

No Brasil prevalece a consc1enc1a católica: é o que estão provando ,... as ações de OANF .,,,,.~. . . ~•""' .º, .,,,,,'11'·:,,..,'""<foº'_...."~··(, . ,/~~,ri-.. ~ •·0%

•A

4''

~

-"'li'

,,.,.-• .,dl'

<P""'"" ~"' v".,;>

<foº,:1>-,9,,

.,,. ,;-''

r/"

·q\"" . <:P"''«r

.,,11'·

.."

o<P' o<P' ;.é~~.. 11'~.., ~ ,,..<P .,,....

,<t!' .,,............ #

A pesquisa Ranking dos Piores, promovida por OANF, não pára! A votação 24 horas revela de forma inequívoca a índole moral do brasileiro

Reivindicação ao Ministério Público é sucesso entre aderentes de OANF Campanha dirigida ao Ministério Público do Estado de São Paulo desperta interesse maciço de pais e mães de família Na edição do mês passado Catolicismo noticiou a coleta de assinatura s que OANF está promovendo. O objetivo da campanha é reunir o maior número possível de participações para motivar o Ministério Público a tomar providências contra a exibição de film es porno gráficos na Rede Bandeirantes. Como se sabe, por força de lei, ao Ministério Público cabe a defesa do interesse social. Decorre daí a conveniência da participação de um número expressivo de pessoas em nossa campanha.

A participação está sendo acima do esperado Para surpresa dos coordenadores, sua s expectativas mais otimista s estão se ndo superada s: além dos aderentes, muitas pessoas que sou beram da iniciativa de OANF procuraram a sede da Campanha para assinar o "Apelo das Famílias Brasileiras ao Ministério Público".

A verdade cada vez mais clara Esse fato vem demonstrar, mais uma vez, que a maioria da popu lação qu er aplicados na TV os princípios da verdadeira moral e da decência. Está cada vez mais cla ro que o brasileiro é contra a promi scuidade e o baixo nível que alguma s emissoras de TV in sistem em mostrar como sendo o padrão de comportamento do povo bra sil eiro.

Participe! Se você também acha importante garantir um amanhã moral mente sa udável ,Para seu filho ou para seu neto, participe de OANF. Basta li gar e pedir informações pelo telefon e: 3955 - 1140

40

C ATO L ICIS MO

.

Maio de 1999

Os filmes porn ográfi cos da Bandeirantes, o programa apresentado por Ratinho e o Domingo Legal ainda são as atrações mais execráveis da_ T V brasileira, na opinião dos milhares de pai s e mães de famíli a que votam semanal mente no Ranking.

Fé católica: força que vence a imoralidade Líderes absolutos da rej eição popul ar, os programas imorais e de baixo nível têm comprovado, dia a dia, a fortaleza da form ação cató lica do nosso povo. Como fl or que brota no concreto para romper a monotoni a cinzenta das grandes cidades com pétalas co lori das, a consc iênc ia ca tóli ca do brasileiro tem feito a mora l, os bons costu mes e a decência vi cej arem glori osamente sobre a inversão de va lores incentivada pela TV.

Nobres portugueses visitam Campanha de Fátima

E

stiveram visitando a Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima não tardeis!, na tarde de 16 de março p .p., o Engenheiro João Filipe Osório e sua esposa Da. Maria Isabel Osório, Condes de Proença-a-Velha e Foz de Arouce . Juntamente com os Condes vieram seus primos, o Engenheiro Duarte Mayer de Carvalho e sua esposa, Da . Maria Luiza R. Mello Mayer de Carvalho. Foram acompanhados pelo Príncipe Imperial do Brasil, D. Bertrand de Orléans e Bragança e pelo Dr. Luiz Na zareno de Assumpção Filho, diretor da TFP. Ficaram encantados. Segun do o Conde, "a TFP está a fa zer sobre a Mensagem de Fátima algo que nos comove porque isto é feito no Brasil, e como diz Dr. Luiz [diretor da TFP], o Brasil é filho de Portugal. E o Brasil, com

uma humildade extraordinária, com um movimento extraordin á-

rio, aproveitou a Mensagem de

Fátima e está a divulgar de maneira que comove". Na exposição que foi feita aos ilustres visitantes pelo Sr. Marcos Luiz Garcia, Coordenador da Campanha, eles demonstraram enorme interesse em conhecer os fatos, os dados estatísticos, a di -

vulgação da Mensagem , da Me dalha Milagrosa, tudo enfim. Visitaram ainda os escritórios da Campanha, saindo vivamente impressionados com ovolume de trabalho, com a organização, com o enorme esforço

Acima: Os Condes de Proença-a-Velha e o Sr. Duarte Mayer de Carvalho e esposa visitam os escritórios da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! em companhia do Príncipe D. Bertrand de Orléans e Bragança e de Dr. Luiz Nazareno de Assumpção Filho, diretor da TFP. À esquerda: os visitantes ouvem uma explicação do Sr. Marcos Aurélio Vieira, dirigente da Campanha

empreendido para divulgar a Mensagem de Fátima. Para o Conde, é "cloro que o

movimento é atacado. Se não fosse bom, não seria atacado".

Catolicismo se irmana nesse combate A rev ista Catolicismo não mede esforços na hora de defender os princípios bas il ares de nossa Santa Religião Cató lica, Apostóli ca, Romana. Por i sso continuamos so lidários com essa luta travada por O Amanhã de Nossos Filhos! A fi nal, somos cató licos e devemo ex igir que as em issora de TV nos respeitem! ♦

C ATO LICISMO

Maio de 1999

41


.

Caravana de férias na região Nordeste urante o mês de janeiro, um grupo de jovens cooperadores da TFP, de Brasília, aproveitou as férias escolares para empreender uma caravana ao Nordeste, com o obje-

D

tivo de difundir obras da TFP. Foram no total 7 .000 quilômetros percorridos, de Brasília até João Pessoa, desta cidade a Salvador, e da capital baiana ao Distrito Federal.

Alguns momentos da caravana: Foto 1: No santuário do Bom Jesus da Lapa, erigido nas grutas existentes no interior de uma enorme rocha, às margens do rio São Francisco. Na foto, a entrada das grutas.

4

Foto 2: Diante da Basílica dos Montes Guararapes, belo templo colonial, local onde as tropas católicas luso-brasileiras derrotaram o invasor holandês calvinista. Foto 3: Devido à terrível seca que assola a região Nordeste, o açude de Cocorobó- o qual cobre a histórica cidade de Canudos, palco de violentos combates no fim do século passado entre tropas republicanas do governo e seguidores católicos e monarquistas de Antonio Conselheiro - secou quase por inteiro. Foi aproveitada então a oportunidade para se conhecer o histórico local. Foto 4: No local onde estava si-

EJ

tuada a cidade de Canudos, junto ao lugar sobre o qual se erguia o Cruzeiro que ficava entre as duas igrejas da cidade, palco dos mais violentos combates de toda a guerra. O resquício do cruzeiro fica normalmente a 12 metros abaixo do nível das águas.

Sin1pósio sobre Revolução e Contra-Revolução FP fra ncesa promoveu, em fevereir.o último, um impós io de três di as para aprofundamento da doutrina exposta pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em sua obra-mestra, Revolução e ContraRevolução. Para esse simpósio, reuniram-se membros e dirigentes de várias TFPs e associações afi ns agindo na Europa. O estudo da doutrina de ação contra-revolucionária e anticomunista, legal e pacífica, foi largamente favorecido pelo prestigioso ambiente do Château du Jaglu (foto superior), onde teve lugar o simpós io. A sala ele reuni ão que se vê na foto ao lado é o sa lão nob re do château. O Chateau du Jaglu abriga o ecretariado nacional da associação Avenir de la Culture, que trabalha em e tr ita co laboração co m a TFP fran ce. a. Os expositores fora m Dr. aio Xav ier da Silveira, que coordena e im pul sion a a ação das TFPs em vário países ela uropa há 20 anos; Dr. Miguel Beccar Varela, da TFP platina; Dr. Nelson Ribcir Frag Ili , brilhante conferencista, e o r. Fernando Telles de Siqueira, da Deutsche Verein.igung für eine Cristliche Kultur (DVCK), associação alemã coirmã da TFP brasileira. O simpósio foi presidido pelo Dr. duard de Barros Brotero, vice-presidente da oci claclc Brasi-

leira de Defesa ela Tradição, Família e Propriedade - TFP, que viajou para a França especialmente para essa ocas ião.

6

Foto 5: Na divisa dos Estados de Alagoas e Pernambuco, perto da cidade de Águas Belas ... trágica ironia: sobretudo carência de água na região. Foto 6: Subindo a Via Sacra construída no século passado na cidade de Monte Santo (Bahia). São 14 capelas escalonadas num percurso de vários quilômetros até o topo do morro que domina a cidade e a região. ♦

42

CATO LICISMO

.

Maio de 1999

C AT O LICISMO

Maio de 1999

43


orno todos os outros povos da erra, os prussianos apresentam defe itos e qu alid ades . N o prussiano, porém , são grandes os defe itos como també m grandes as qu alidades . Habitualmente inteligentes, eles pri mam , e ntretanto, pe la tê mpera ma ravilhosamente forte de sua vontade. Simples, claros, lógicos, de uma lógica fi na, desenvolvem retilíneamente sel)S princípios com a fria e implacável regularidade com que as formações germânicas marchavam [na Guerra de 19 14-191 8] com passos de ganso na Unter den Linden, ou nos campos de batalha da França. A alma prussiana é capaz de chegar com fac ilidade aos últimos extremos da lógica e do heroísmo, professando uma doutrina até suas últimas conseqüências e cumprindo um dever até as mais implacáveis exigências da Lei moral. Os prussianos são, portanto, admiravelmente aptos para a profissão da Religião católica, que exige a adesão total da inteligência a todas as suas doutrinas. E a todas as deduções que dessas doutrinas se possam ti rar, mesmo as mais remotas e indiretas; e que impõem à vontade a prática da virtude, mesmo quando ex igem do homem as mais trágicas renúncias, as mais terríveis imolações. O clima da vida cristã é o heroísmo. E é para o heroísmo que a alma prussiana tem uma admirável tendência natural. Os prussianos polarizam, portanto, de um modo notáve l, a lg un s dos ma is be los predicados com que a Providência Divina galardoou a nação gennânica. As melhores tradições de que viveu a Prússia procedem da época saudosa e mil vezes feliz em que a Igreja Católica plasmou ocoração inocente e leonino dos povos germânicos, fazendo dos antigos bárbaros os grande heróis da Cavalaria e das Cruzadas. Atletas de corpo hercúleo e cútis clara, de alm a fo1te e de fé virginalmente pura, aos quais a Cri tandade deveu na Idade Média muitas de suas mais gloriosas epopéias.

*

*

*

"Quanto maior a altura, tanto maior o tombo", di z um velho adágio. Em •conseqüência do pecado original,

simplicidade, clareza, lógica e heroísmo . Plinio Corrêa de O liw ir,, nas almas de po1te existe, ao lado de grandes píncaros, grandes abismos, as tendências para o bem coexistem sempre com não menores tendênc ias para o mal. O povo prussiano não escapou a essa regra. À sombra de suas grandes qualidades dormitavam grandes defeitos. Antes de tudo, a consciência de seu valor gerou nele um complexo de auto-suficiência e até de auto-esoteri smo, criando a presunção orgulhosa de tudo fazer pelas suas próprias forças, desprezando a graça de Deus. E m outros tempos, eles teriam tentado construir a Torre de Babel. Ao lado disto, os grandes defeitos, correlatos a suas grandes qualidades. A tendência para um log icismo vazio, simpli sta e não raramente simplório. Uma ausência total de sentimentos, para a transformação da energia em crueldade selvagem e da disciplina em servidão mecânica e desumana. Infe lizmente, quando a Civilização Cristã produzia seus melhores frutos na Alemanha, a pseudo-reforma protestante veio pôr a fu ro tod os estes defeitos. A grande apostasia de Albe1to de Brandenburg, GrãoMestre da Ordem dos Cavaleiros Teutônicos - que a seculari zou em 1525 - , ati•

rou os povos da região ulteriormenl lOvernada pelos Hohenzollern nos bra s da heresia. E com a heresia prote tant lodos os defeitos do espírito prus iano, lib ·ri ados do jugo suave de Nosso Senhor da Santa Igreja Católica começaram a produzir seus fru tos amargos. A partir dessa época, desponLaram duas Alemanhas. A Alemariha católica, impr ' 1. nada da Civilização Cristã e tendo ·orno pólo a Áustria dos Habsburg; a AI 111anha dos Hohenzollern, férrea, rí ida, militarista, imperialista, conqui tadora, 1 rrív ' I. Águia cujas garras cresciam de d ia a d ia, ' cujo desenvolvimento psicológ icos f'uzia no sentido de um endeusamento ·u lu v ' Z maior da força materi al. De urna coisa, porém, não n s d v ·mos esquecer. É que, acima e antes cl lud >, preciso estudar os meio de prornov r o ' 11· grandecimento ela Igreja Católica na Prússia. O problema prnssiano - evitar novas a 1 r ' S• sões - exige por ceit o fo1tes medidas d · caráter político e militar. Ma a solu ·to d ·sse problema só será completa com uma solução ideal, que é a solução de I dos os problemas: Nosso Senhor Jesus ris10. Excertos de artigo escrito polo Prof. Pllnlo Corrêa de Oliveira para o Jornal "O L glon rio", edição de 6 do maio do 1945. Atualização ortográfica e pequenas adaptaçõ o tllísticas são desta redação.


~

OJLICISMO


Ficou encerrado em nossa última edição o Cap. Ili da Parte li da obra magna de Plínio Corrêa de Oliveira, no qual ele desenvolve a tese de que a Contra-Revolução, por ser tradicionalista, propicia o verdadeiro progresso. Passamos agora à definição do que é um contra-revolucio nário e qual a tática da Contra-Revolução em relação ao me mo.

Capítulo/V O que é um ContraRevolucionário? Pode-se responder à pergunta cm epígrafe de duas maneiras:

1. Em estado atual E m estado atual, cont:ra-revolucionário é quem : • Conhece a Revolução, a Ordem e a Contra-Revolução em seu espírito, suas doutrinas, seus métodos respectivos. • Ama a Contra-Revolução e a Ordem cristã, odeia a R evolução e a

tin ucm dos ",1·c,,11i-<·0111rtH"l'"º''w l11 nários" d ' qu' ai r 1s f'a l6va ,nos (Pari ·

1-

ap. I X.

Capítulo V A Tática da

Contra-Revolução A tática d a Contra-Revolu ção pode ser considerada em pessoas, grupos, ou correntes de opinião, em função de três tipos de mentalidade: o contra-revolucionário atual , o contrarevolucionário potenci al e o revo lucionário.

• Faz desse amor e desse ódio o eixo em torno do qual gravitam todos os seus ideais, preferências e atividades. Claro está que essa atitude de aJma não exi ge instrução superior. Assim como Santa Joana d ' Are não era teólogo mas surpreendeu seus juízes pela profundidade teológica de seus pensamentos, assim os melhores soldados da Contra-Revo lução, animados por uma admirável compreensão do seu espírito e dos seus objetivos, têm sido muitas vezes simples camponeses, da Navarra, por exemplo, da Vendéia ou do Tirol.

E m estado potencial , contra-revolucionários são os que têm uma ou outra das opiniões e dos modos de sentir dos revolucionários, por inadvertência ou qualquer outra razão ocasional , e sem que o próprio fundo de sua persona lidade estej a afetado pelo espír ito da R evo lu ção. Al ertada s, esclarecidas, orientadas, essas pessoas adotam fac ilmente um a posição contra-revolucionária . E ni sto se dis-

11

1:ísl rnl' •s qu · s ' u ' t11nul :1m no hori zon1 ·, M as su11pr >pria lu ·id ''/, Ih · t'az p r. •b ·r toda u • 1 ·nsao do iso lam nt o s • ncon·111 qu' t· o rr •qll ' nL · m Lrn , num caos que lhe parece sem solução. Então o c nlra-rcvo lucionário, muita vezes, se ca la, abatido. Triste situação: "Vae soli ", di z a Escritura (Ecle. 4,JO). Uma ação contra-revolucionária deve ter em vi sta, antes de tudo, detectar esses elementos, fazer com que se conheçam, com que se apoiem uns aos outros para a profissão públi ca de suas convicções. E la pode reali zar-se de dois modos diversos:

O contra- revo lu ion ário utuul i ' menos raro do que nos put'l' ·e p, 1 meira vi ta . P ssui ·I • 1111111 1'1111 11 vi são das co isas, um a1111H' 1uud1111 wu1 1il à cocrên ·ia um fü1iu10 l0tl 1• l 'rn I h• tem uma noçao l11d d11 d 1 1h· til d1·1 1 do mundo <:011t1·111p111 1u1•11 ,. d11 1 1

B. Ação em conjunto liss ·s ·1H1l11l'los 1111l iv1d11 11 is ten d ·111, 11111111 1i111 w11h·, 11 :-. 111,1·11 :i r nos diVl'f'sos 11111hh· 11h·~ 111 irn, l'011 tra-rcvol11d0111 11111~ q111 · • ,. 11111·11 1 1111ma fa mí11 11 d1• 11 111111 11q I lrn,·11s se mu ltipli1·11111 p1·l1111111p1111 l.110 da união.

1111, li

li '

1/u ,,111 111

,

n

/11, /1111, Vllhll

"Cultura da transgressão": conseqüência do neopaganismo

S.O.S. Família Nossa capa:

14 Divórcio

- sentimentalismo romântico - egoísmo

Fotocomposição do ateliê artístico de Catolicismo

O neurologista Dr. Cícero Galli Coimbra, professor da UNIFESP, concede entrevista sobre a "morte encefálica"

Degradação Revolução e Contra-Revolução

2

Definicão de Contrá-Revolucionário

A Palavra do Diretor

17 Ai

Santos e -Festas do mês

Brasil real, Brasil brasileiro

32

dos pais que escandalizam seus filhos!

19 Passeio

pela São Paulo "de dantes"

Capa

4

tudo na escala individual. N ada mai s eficiente que a tomada de posição contra-revolucionária franca e ufana de um jovem universitário, de um oficial, de um professor, de um Sacerdote sobretudo, de um aristocrata ou um operário influente em seu meio. A primeira reação que obterá será por vezes de indignação. M as se p rseverar por um tempo que será mais longo, ou menos, conforme as cir unslilncias, verá, p uco a pouco, apa rcc r ·m ·ompa nh ·i ros.

1. Em relação ao contrarevolucionário atual

12

·,H

Esta ação deve ser feita antes de

Andreas Hofer - chefe das forças contra-revolucionárias que lutaram, no século passado, contra as tropas napoleônicas no Tirol austríaco - reunido com seu Estado-Maior

Uma revelação do Sagrado Coração de Jesus

A realidade concisamente

A. Ação individual

"anti-ordem".

2. Em estado potencial

Leitura Espiritual

21

Comemoração

5

Uma bomba um Oratório - uma explosão de graças

"Novo Mundo Rural": "cirurgia plástica" da

Reforma Agrária

Escrevem os leitores

Página Mariana

27

6

Entrevista

No local do crime nasce uma devoção

A palavra do sacerdote

9

O que caracteriza o martírio? O que é o sufrágio?

28 Morte

encefálica: perigo quanto ao transplante de órgãos

Destaque

Vidas de Santos

34 Santa

Clotilde na origem da França católica

Internacional

37 Renasce

a era de perseguição

contra o catolicismo

TFPs em ação

40 TFP

recebe visita da Milagrosa Imagem de Nossa Senhora de Fátima

. Ambientes, Costumes, Civilizações

44 Uma

das maravilhas de Veneza: o Retábulo de Ouro

30 Esquecida

a principal missão de São Marcelino Champagnat

A Imagem Peregrina de Fátima, que chorou em Nova Orléans (EUA), realiza mais uma visita à TFP

mpregada em re-

lonário em estaemos, no próximo ada ao "contra-revo o potencial" e aos re-

1, CATO LIC IS MO

Junho de 1999

3


r .--1 ...!1 11 1 1

· -

COMEMORAÇAO

li

Amigo leitor, Uma revista de inspiração cató li ca deve tratar de tema corno Reforma Agrária, direito de propriedade e espiritu a lidade? E les têm re lação e ntre si ? Têm, e m uita! Afinal, quem observa o Decá logo sabe que o 7° e o I Oº Mandamentos da Lei de Deus preceituam respectivamente: "Nãojiularás" '" 11{10 <"ohi çarás as coisas alheias" . Ou seja, preceitua o respeito à propricclad ' . Passam-se os sécu los , mudam as sociedades, os costumes, os valores , mas há uma realidade que não se altera nunca: sempre que a Lei de Deus não é observada há con. eqüências desastrosas! Não é por outra razão que a ideologia socialista, pregando a fa lsa idéia de que a propriedade privada é fundada no egoísmo (e não no Decá logo e na Lei naturnl) fomenta o ódio ao bem alhe io. Co nseq üê ncia: saq ues, ro ubos, esbu lhos de terra, etc. Entretanto, essa situação tende a piorar em face do "novo" pl a no agroreform ista intitulado Novo Mundo Rural, ideali zado pelo atual M in istro da Política Fundiária, Raul Jungrnann. Para que os le itores possam ass umir urna posição certa ante as perigosas conseq üê nci as decorrentes da agressão ao direito de propriedade, nossa revista apresenta na edição deste mês substanciosa matéria sobre tal plano de Reforma Agrária. Evidentemente vale a pe na ficar informado sobre esse assunto. Afinal, defender os Mandamentos cio Decálogo é dever de todo católico.

*

*

*

Piedosa devoção surge de atentado terrorista. É outra matéria desenvolvida nesta edição, de grande importância para nosso fortalecimento espiritual. Há 30 anos , urna bomba explodia no bairro paulistano de Higienópo li s. Entre os escombros, urna imagem de Nossa Senhora da Conceição. Ela parecia ter tomado sobre si todo o impacto do explosivo demolidor. No local do crime, floresce o perdão. Eis a bela história do Oratório de Nossa Senhora da Conceição Vítima dos Terroristas, narrada com maestria por urna testemunha cios efeitos devastadores da bomba, o Coronel Carlos Antonio Hofmeister Poli. Boa leitura. Em Jesus e Maria

~ ~()7 D IRETOR

4

CAT OLICISMO

Junho da 1'999

À esquerda, vêem-se os danos causados pela bomba lançada na sede da TFP Acim a: O ora tório construído exa tam ente no local da explosão

Nasce uma inédita invocação mariana

"Quando, na madrugada de 20 de junho do ano passado, {1969] os terroristas estouraram uma bomba na sede da Presidência do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, imaginavam estar vibrando um rude golpe nessa entidade. Na realidade, era precisamente o contrário que sucedia: a Providência servir-se-ia do fato para abrir pouco depois - precisamente naquele local - um rio de graças" 1

C

om essas palavras, o Prof. Plinio Corrêade Oliveira referiu-se a um grave e simbólico acontec imento, que presentemente completa 30 anos. Precisamente há três décadas, às três horas da madrugada, mãos terrori stas detonaram uma bomba na sede da TFP, situada na rua Martim Francisco, 665, na capital pauli sta, danificando seriamente o prédio. Um cooperador da TFP ali repousava e pode testemunhar os fatos como se passaram. Isto ocorreu às vésperas de uma grande campanha da entidade contra o chamado "progressismo", den unciando a infiltração esquerdista nos meios católicos. Imaginariam os autores do atentado que, intimidando a TFP, esta cancelaria a pl anejada campanha? ... Ledo engano! Três di as após a explosão, sem se deixar amedrontar, a TFP saiu às ruas, com seus vistosos estandar-

tes rubro-áureos - desta vez dando mais um passo à frente no seu modo de apresentar-se e m púb lico: e nvergando, pela primeira vez, as hoje características capas rubras, ideadas pelo Prof. P lí nio Corrêa de Oliveira - numa campanha que se pro longou por 70 dias, (percorrendo 5 14 cidades de 20 Estados) e desmascarou a trama de órgãos que discreta me nte propagava m a subversão na Igreja: o/ DOC e os "grupos proféticos". A eficácia de ação da TFP, em sua luta anticomunista, merec~u a honra desse atentado terrorista. Bomba que glorifica uma obra, pois, como se costuma dizer: "Só se jogam pedras em árvores que dão.fi·utos "... E mais ainda: a Divina Providênc ia servi r-se- ia desse criminoso ato terrorista para eri gir um Oratório que já por seis lu stros transformou-se num co ntínuo foco de graças.

Entre os escombros causados pela explosão, encontrou-se uma antiga e bela imagem barroca de Nossa Senhora da Conceição, que passou a ser invocada também com o título de Vítima dos Terroristas. Até hoje a imagem ostenta os da no s qu e causaram o atentado: eloqüente testem unho do de lito. A resposta de Plíni o Corrêa de Oli veira à ameaça terrorista não se fezesperar: mandou construir - precisamente no loca l da explosão - um oratório, em reparação à Senhora que fora vítima dos terrori stas. Abrindo, ass im , no lugar cio crime, uma fonte de perdão e de graças.

Expansão da nova devoção mariana Inaugurando o Oratório, em I l de novembro de 1969, o Prof. Plíni o acendeu os tocheiros: um de cada lado do nicho , representando as orações que, continuamente sobem aos Céus. Sucedem-se as vigílias noturnas - a partir de 1º. de maio de 1970, estabelecidas inicialmente, apenas por alguns meses e uma devoção popular simples e espontânea começou logo a se mani festa r: eram moradores do bairro que vinham rezar ali ; eram transeuntes que se detinham para uma Ave Maria, ou, ao menos, para fazer um sinal da cruz; eram devotos que ofertavam fl ores, desde uma simp les rosa até riquíssimos ramalhetes, ou mesmo rosas de prata e jóias. A Rainha dos Céus ali di spensava tantas graças que, ''.fa lando de público, em nome dos demais cooperadores da TFP, o jovem acadêmico de Direito, Valdir Trivelatto me [ao Prof. PIini o]

eATOLIeISMO

Junho de 1999

1

11 1

5


PÁGINA MARIANA por alguma graça r c bida - quanto semblantes afl itos, 111 smo v rtcndo lágrimas. Todo. com olhos lixos nAqucla que, embora lamentando lanlos p cados cometidos, está ·emprc lisposla ao p rdão para os pecadores contritos. P '1"tléo, se o quiserem, mesmo para aqu ·les qu' - é raro, mas ocorre - pelo oral ,rio passam, gera lmente c m ca rros v · loz 's ( ão "corajo os" ... ), e gritam insullos ·ontra os que ali reza m. Sem s incomodarem ·om tais agr ·s sõ s verbais, os t •l' •pi slas, invarinvel m 111 , ·o ntinuarn u r •z,11· ·0111 s ·r ·ni dad ', at ' m ·smo p •los adversários da entidade, "para que Nossa Senhora lhes loque a alma e os converta"... ♦

pediu que por todo sempre as vigílias 2 continuassem" .

Vigília desde o pôr do sol até o raiar da aurora Assim, estabelecido, "por todo sempre", as Vigílias continuaram e já por 30 anos, das 7:00 hs da noite até às 6:00 da man hã, sócios e cooperadores da TFP e também correspondentes da entidade num revezamento de hora em hora e ajoe1had os em ge nuflex ó rio s po stos diretamente na calçada - rezam conti nuamente o Rosário, nas intcnçõ s p rmanentes, estabelecida pe lo Prof. Plini o Corrêa de O liveira (ve1· quadro abaixo). Na gloriosa ex istê ncia desse singe lo oratório, são incontáveis as repercussões, bem como os pedidos de orações e notícias de graças alcançadas, que nos chegam de todos os recantos do Bras il. Mesmo nas horas mais tardias da noite, com freqüênc ia vêem-se pessoas do público que ali param, ou motori stas que dimi nuem a marcha de seus automóveis, para di ri gir alguma súplica à Senhora do Oratório. São fisiono mias, as mais diversas, que ali se pode observar: tanto expressões de grande consolação - talvez

prova-se sem esforço, incide geralmente sobre crises - local, estadual, nacional, internacional - e de inúmeras formas. Quem não se sente, de algum modo, atingido por qualqu er dos aspectos dela, está na mais profunda das crises, poi s está no mundo da lua. Não há como fugir à realidade que nos entra olhos a dentro: estamos no mundo daquele que oferece o pão amassado: o demô nio.

Esperanças e certeza de solução

Notas: 1. Plínio Corrêa ele O li ve ira, Maio-1970: dois jovens rezam po r você, " Fo lha ele S. Paulo", 26-4-70 2. Plínio Corrêa ele Oli ve ira, E Nossa Senhora sorrirá ao Brasil, " Folha ele S. Paulo", 14-6-70

*

M esmo aqueles que não têm co ndições ele visi tar o Oratório podem esc rever seus pedidos ele orações e endereçá- los para a Rua M artim Franc isco , 665 - Ce p: O1226-00 1 - Hi gienópolis - São Pau lo - SP. Ou enviá- los por fax : (O1 1) 3824-94 11 .

Intenções das vigílias diárias • Pela Igre ja, para que Nossa Senhora a faça triunfar sobre o comunismo e o progressismo, e a leve ao mais alto apogeu; • Pela Cristandade, para que Nossa Sen hora lhe dê sabedoria e intrepidez na luta contra seus adversári os ostensivos e velados ; • Pela vitória urgente da Contra-Revolução e a implantação do Reino de Maria; • Pelo Brasil, para que Nossa Senhora o livre do progressismo e do comunismo declarados ou velados, e o leve à rea lização de sua providencia l missão; · • Para que Nossa Senhora prote ja a TFP contra as investidas de seus adversários, e a torne sempre mais dedicada e eficiente na defesa da civilização cristã; • Em favor das pessoas visadas pela guerra psicológica comunista, para que Nossa Senhora lhes dê argúcia, fortaleza de ânimo e vitória;

6

eAToLIeIs Mo

Junho de

• Por nossos correspondentes, amigos e benfeitores, para que Nossa Senhora os recompe nse ao cêntuplo pelo apoio que dão a nossa Ca usa; • Pelos nossos adversários, para que Nossa Senhora lhes toque a alma e os converta; • Por todos o que sofrem na imensa urbe, para que Nossa Senhora os console, ajude e sa ntifique; • Por todos os que agonizam, para qu e Nossa Senhora lhes sorria na hora extrema; • Por todos os que persevera m na virtude, para que Nossa Senhora lhes dê constante progresso; • Por todos os que lutam, vacilando nesta noite entre a virtude e o pecado; • Por todos os que pecam, para que Nossa Senhora os preserve do desespero e os reconduza ao bem; • Pelas intenções de todos aqueles que se recomendaram às nossas orações.

t 999

OME O PÃO que o demônio amassou", expressão que por antonomásia ca racteri za alguém numa si tu ação de suma in íeli cidad ', suma aflição, sumo desacerto. Será exagerado aplicá-la ao mundo atual, mergulhado todo e le numa imensa cri se? Não há hoj e que m não necessite, a todo momento, de auxílio, de socorro mesmo, para viver com um mínimo de norma lidade, para afastar prejuízo iminente ou até para ev itar alguma catástrofe ... Com efeito, tendo o mundo voltado as costas a Deus, trocado a verdade e a virtude pelo gozo da vida, abriu as portas para o demônio. Este cntrouc puidamentira - co mo

O significado profundo do Oratório da TFP na capital paulista sempre, prometendo felicidade, trouxe amargura e aflição de espírito. Assim se explica, em profundidade, a crise ciclópica que assola a civili zação contemporânea. Ela afeta de modo pessoal, todos os homens e o homem todo: instalou-se na família, na economia, no interior de cada alma, e m suas relações sociais, seja no plano individual, seja no profi sional. Assim, se os pais vivem em harmonia, há filhos que se desgarraram; se o presente parece equi librado, o futuro e nseja apreensões ... E o que di zer do Estado? Se houver dúvida a respeito, é fácil esclarecê-la. Basta analisar as primeiras páginas de um jornal qualquer, dos últimos 30 ou 60 di as. A tôn ica do notici ário, com-

Porém, isso não é tudo, e por certo lado, não é o principal. Há esperanças e grandes esperanças. Mas é necessário saber onde elas estão e como tirar proveito delas. E não são só esperanças, mas muito mais. Há uma certeza de so lução para todos os nossos problemas. E certeza efetiva de socorro em todas as crises, de um socorro poderosíssimo, eficaz e decisivo. Falando em certeza, está-se diante de um absoluto. É bom, pois, a sinalar que é disso mesmo que se está tratando. De um abso luto que não admite em sentido contrário a menor dúvida. Senão, não seria certeza. Problemas ime nsos requerem socorros proporci onais a eles, ou seja, baseados num poder maior e que esteja disponível para nos atender. Havendo, poi s, no caso atual, esse poder mai or que a crise e estando e le disponível para nós, podemos e devemos ter certeza do êx ito. É certo - também isso é, a seu modo, um absoluto que Deus, por altíssimas razões, instituiu Maria Santíssima como Rainha do Céu e da Terra, dos anj os e dos homens. A E la deu a possibilidade de di spor do poder que Ele mes mo tem por natureza. E, alé m disso, Ela é nossa Mãe e é a melhor de todas as mães. Assim, poder, Nossa Senhora tem; sendo nossa Mãe, está sempre a nossa disposição. Co mo e onde então recorrer à Santíssima Virgem? E is o ponto para onde a questão se desloca. Por ser - como dissemos - a me lhor das mães, além de Rainha, sempre que nos socorre, o faz de modo nobre e muito mais excelente do que imaginamos. Atendendo-nos, enseja também que nos vinculemos mais a Ela, por alguma prática exterior que proclame sua realeza e suas misericórdias, como também premeie um ato insigne fe ito para sua glorificação.

· Bomba terrorista - Oratório reparador Um modo de obter dessa Rainha e Mãe, com certeza, tudo que precisamos, é recorrer a Ela no Oratório singelo, piedoso e encantador mandado construir pelo Prof. Plínio Corrêa de O liveira, o insig ne fundador da TFP, para lo uvar Nossa Senhora da Conceição, Vítima dos Terroristas . Situa-se na rua

eAToLIeIsMo

Junho de 1999

7


Martim Francisco, 665, na capital paulista. Dr. Plinio, devoto fidelíssimo de Nossa Senhora, desde muito cedo se consagrou a Ela como escravo, segundo o método do grande São Luís Grignon de Montfort. A vida inteira, o fundador da TFP aspirou pela implantação de uma nova era hi stórica que fosse a efr:;tivação do Reino de Maria, previsto por Nossa Senhora, em Fátima: "Por, fim meu Imaculado Coração triunfará". Sua existência terrena foi um contínuo combate contra a impiedade e suas seqüelas na sociedade temporal. Seu coração pulsava sempre em sintonia com o Coração de Maria. Nele, tudo era de uma conformidade total com Nossa Senhora. Em suas perplexidades ele se resignava completamente à vontade de Maria Santíssima, pois, segundo dizia, "um escravo não tem direito de argüir sua senhora, tanto mais se a Senhora é Nossa Senhora".

tornava respeitável. Morava não distante daquele local. Rezava e la com recolhimento e muita convicção. - "Moço - disse-me ela quando ia me retirando - o Sr. sobe q11e eu vivo da proteção que Nossa Senhora 111e dá aqui. Fiq11e sabendo: 111do que e11 pedi aq11i a Nosso Senhora - preste ate11çc7o: tudo - Ela 111e deu. Aqui Nossa Senhora dá tudo o que a gente pede". Refletindo, não me foi difícil encontrar a razão desse tão grande socorro: é que esse oratório foi erigido em louvor da Mãe de Deus por um filho muito de sua predileção e com indizível ternura reparadora. Quando Dr. Plínio mandou construí-lo, visava ele fazer um ato de reparação à Senhora - à Qual ele se consagrara como escravo, no início de sua vida de lutas em prol da Igreja e da Civilização Cristã-, de um grave Imagem barroca de Nossa Senhora encontrada em meio atentado à bomba. Este destruíaos escombros, hoje venerada sob a invocação de Nossa ra parcialmente aq uela sede da Senhora da Conceição Vítima dos Terroristas TFP e danificara a pequena imagem que Já se venerava: piedosa efígie barroca, do Brasil Não foi necessário cobrar... antigo, de Nossa Senhora da Conceição. Enquanto obra arPois bem, esse varão católico, assim submetido a Maria tística, um mimo; enquanto expressão, uma rainha. Santíssima, referindo-se ao oratório que mandara construir, Destemor: apesar afirmou: "Se alguém pedir algo a Nossa Senhora lá e não

for atendido, venha cobrar de mim ..." Bem entendido, é claro que os pedidos devem ser bons, em si, e visar o bem de quem roga ou de outros, pois é inimaginável que a Santíssima Virgem pactue, ainda que de leve, com qualquer forma de mal. Tendo ouvido aquela afirmação de Dr. Plinio, passei a freqüentar assiduamente o oratório da TFP. Nunca precisei cobrar dele pedido algum ... Pelo contrário, não só sempre fui atendido, como até confirmado, de modo muito curioso, na promessa que Dr. Plinio fizera.

Comprovada a predição Pouco depois de enunciada a certeza de tal atendimento, cheguei para rezar no Oratório de Nossa Senhora da Conceição, Vítima dos Terroristas, por volta das 16 horas, de um dia qualquer. Lá se encontrava uma mulher de seus 40 anos, pessoa simples, mas de inegável dignidade, que a

a

e AT oLIe Is Mo

.

Junho de 1999

do atentado, campanha!

Esse atentado fora praticado t)a véspera do lançamento de importante campanha pública da TFP, desmascarando grupos ocultos que tramavam a destruição da Igreja, cm 1969. Impert rrito, Dr. Plinio não se abalou com o evento, e desencadeou a iniciativa que, pelo impulso de seu zelo e sua personalidade, desenvolveu-se brilhantemente. Mas seu coração de li lho e escravo não podia ser indiferente à ofensa que atingira sua Senhora e Mãe. Nossa Senhora recompensou-o por tanto desvelo, prodigalizando graças especiais no Oratório que em Sua honra ele havia erigido. Nesse local, quem a E la recorre é sempre atendido e a propósito de qualquer dificuldade. A nós cabe dar graças a Deus e recorrer a Nossa Senhora da Conceição, Vítima dos Terroristas quando quisermos, de l'ato, ser socorridos em nossas necessidades. ♦

Cônego

JOSÉ LUIZ VILLAC PERGUNTAS 1. Por que os mártires da Igreja Católica vão resignadamente para a morte? Assim os cristãos da Roma antiga, os cristeros no México, os católicos durante a Revolução Francesa etc. Para se caracterizar o martírio, é necessário não manifestar resistência física diante do algoz? E se manifestar? 2. Em artigo anterior o Sr. trata da questão do sufrágio em re lação aos defuntos. O que é sufrágio?

RESPOSTAS

1. O vocábulo "martírio" vem do grego, através do latim "martyrium", que significa TESTEMUNHO. Nos Tratados de Teologia a Igreja assim define o "Martírio": é a tolerância, ou seja, a aceitação voluntária e sem resistência da morte corporal - e de todos os tormentos que a acompanharem - infligida por ódio à Fé ou à virtude cristã. É o Testemunho perfeitíssimo da Fé. É o Martíri o no sentido estrito do termo. São portanto indispensáveis - para que haja Martírio no sentido estrito - os três elementos acima sublinhados, a saber: 1) aceitação voluntária: 2) da morte corporal; 3) perpetrada por ódioª- Fé. Houve, no entanto, nos primórdios do Cristianismo, casos em que, embora não se verificando os três requisitos, a lgreja cons iderou - e até nossos dias celebra - os seus protagonistas como Mártires. Servem de exemplo os Santos [nocentes, chacinados por Herodes (festa no dia 28 de dezembro); São João Evangelista, que saiu ileso da caldeira de azeite fervente (festa no dia 6 de maio); ou as Santas Apo ll onia e Pelágia que, para a guarda da virtude, buscaram a própria morte (festa no dia 9 de fevereiro). Estes são Mártires e venerados como tais, no sentido lato da palavra (cfr. Santo Tomás, Bento XIV) . No caso em que se é co locado ante

a alternativa, ou morrer ou apostatar da fé católica, o cristão tem que esco lher a morte e os tormentos que lhe são infligidos. A prova de que uma pessoa é mártir, é o entregar sua vida sem resistência aos algozes. O que não quer dizer que os católi cos não possam resistir e se defenderem. Os que resistem e se defendem, conforme o caso, podem até ser santos. Poderão até ser canonizados. Em certas circunstâncias pode até haver obrigação de se defender, por exemp lo quando da conservação da própria vicia depende evitar uma profanação ao Santíssimo Sacramento. Porém os que ass im agem não são mártires no sentido estrito. O martírio é uma graça específica, e muito alta, que Deus dá a alguns mas que não ex ige de todos. Por que a Igreja só canoniza como mártires os que não se defenderam? Porque aquele que se defende e resiste, pode fazê-lo por amor à Fé, mas pode também fazê-lo pelo sentimento natural de conservação da própria vida. Este último sentimento, embora legítimo, não caracteriza o martírio. Ora, como a Igreja não tem meios de conhecer os sentimentos interiores da a lma do católico que morreu se defendendo, e la não pode canonizá-lo. Ao passo que, aque le que poderia ter salvo sua vida renunciando à sua Fé ou defendendo-se, e não o fez, dá uma prova evidente de que era movi. do por amor à Fé. Os primeiros cristãos, embora perseguidos por causa de sua fé , o u ele suas virtudes, não tramavam uma revolta coletiva, uma revolução, para derrubar as autoridades pagãs. Eles procuravam conq ui star o Império para a Fé, através das orações, da pregação, mas sobretudo dando o testemunho do martírio. Nota-se que houve uma moção do Espírito Santo para. que, em conjunto, eles agissem assim. Foi diferente, por exemplo, no tempo das Cruzadas, em que o sopro do Espírito Santo movia os

-

cruzados à luta. Não foi por meios violentos que Deus quis impl antar a semente inicial do Cristianismo. Mas pela oração e pregação coroadas pelo testemunho de tal quantidade de mártires, quis mostrar a incomparável superioridade da Religião de Cristo, que fo 1java homens, mulheres e crianças da têmpera daqueles que passavam por tormentos atrozes e empenhavam a vida por amor a Deus, dando heróico testemunho de Cristo.

Cristeros do México Os chamados Cristeros no México, durante a perseguição anticleri ca l dos anos 20, não se portaram passivamente. Pelo contrário, eles se levantaram em armas em defesa da Religião e chegaram a derrotar o governo ditatorial anticlerical. Mas foram obrigados a abandonar as armas e perder os frutos de sua vitória porque foram, por razões um tanto nebulosas, obrigados pelas autoridades eclesiásticas da época a entregarem as armas e abandonar a luta. Quando, e ntretanto, eles eram aprisionados e condenados à morte, aceitavamna voluntariamente, morrendo então como mártires, dando provas de um heroísmo semelhante ao dos primeiros

Mártir com coroa na mão Mosaico do séc. IV - Batistério de São João - Nápoles (Itália)

e

AT

o LIe Is Mo

Junho de 1999

9


Três pedidos agradáveis ao Coração de Jesus spiritual

Acima: Os mártires Marcellino, Pollion e Pedro. Afresco (fim do séc. V) - Roma, cemitério de Ponziano (apud Wilpert, Pintura, gravura 255)

"Meu

À direita: O martírio de Sã o Dionísio, após o qual ele carrega a própria cabeça - do Livro de Horas, que pertenceu provavelmente a Carlos VIII (fim do séc. XV) - Paris, Biblioteca nacional

cristãos, bradando "Viva Cristo Rei!". Não se pode, outrossim, dizer que os que morrem de armas na mão, em defesa da Igreja ou da Civi li zação Cri stã, sejam necessariamente menos santos do que os mártires. Aqueles que, ao entrarem na luta, o fazem seriamente movidos por amor de Deus, têm as mes mas disposições do mártir de dar sua vida pela Igreja. Se ass im morrerem, Santo Tomás de Aq uino os considera Mártires (Suma Teológica, 2".2'c, q. 124, a. 5 ad 3), embora não possam ser ca noni zados como tais. O que importa não é o modo co mo se morre, mas as disposições internas de uma entrega total , inclusive da vida, para a glóri a de Deus, em defesa da Igrej a, da verdadeira Fé ou da Virtude Cristã.

terço ao pescoço e o símbolo do Sagrado Coração de Jesus no peito. Uma coisa é oferecer a vida pela Igreja e pela Fé. Outra coisa é esse oferecimento ser caracteri zado e reconhecido canonicamente como martírio. Para que essa morte seja caracterizada canonicamente como martíri o é preciso que não tenha havido resistência por parte do mártir e a morte lhe tenha sido infl igida por ódio à Fé. Ass im, por exemplo, Garc ia Moreno, o grande Chefe de Estado equatoriano do séc ulo pas ado, morreu in ódio jidei, em ódio à fé que ele defendia tão destemidamente. Mas, ele reagiu ao seu agressor - no que ele tinha pleno direito - e por isso não pôde ser considerado mártir, embora talvez, até provavelmente, tenha sido anto. Se for ca non izado um di a, não o será como mártir, mas si m como confessor da fé. A auréo la do martírio não nimbará sua fronte, mas poderá ser elevado à glória dos altares.

Revolução Francesa Duran te a Revolução Francesa, os católicos do Oeste da França se levantaram em armas em defesa do Rei e do Altar e formaram o Exército Real e Católico. Inúmeros deles viveram e morreram santamente, como Catelinau, chamado de o Anjo do Poitou, o Marquês de Lescure, o Conde Henri de La Rochejaquclain, e milhares de camponeses que traziam o 10

C A T O L I C 1S M O

O que é sufrágio? 2. É sinôn imo de apo io, favo r, soco rro etc. Graças à rea lidade maravi lhosa da Comunhão dos Santos - laço que une

.

Junho de 1999

N

osso mundo va i se torna ndo cada vez ma is mate ria li zado e, à força de esquecer-se de Deus e de viver distanc iado de Seus prece itos, encontrase em uma decadê ncia mora l como não se viu igual em outras épocas. Em conseqüência da fa lta do verdade iro amor de Deus e do próximo, vê-se também a miséria materia l atingir largas camadas da sociedade, inclusive almas das mais chamadas. O Co ração de Jesus, que é "fonte de vida e santidade", tem em Si a so lução para tudo e deseja ardenteme nte qu e O co nheça mos e O ame mos.

,--~!!!!;;=--=;=e:::::-,=-=--===:....=.::

estreitissimamente os membros da Igreja militante, padecente e triunfante em um só Corpo - todos os que estão em estado de graça, seja na terra, no Céu ou no Purgatório, podem satisfazer e interceder un s pelos outros, com orações, oferecimentos de Com unhões, sacrifícios, boas obras etc. Os que estão nesta Terra, acima de tudo med iante a celebração ou ass istência à Santa Missa. Essas orações, sacrifícios ou boas obras que nós oferecemos por alguém, chamam-se sufrágios. Usa-se sobretudo o termo de sufrágio em relação às almas do Purgatóri o, que padecem pelas fa ltas cometidas cm vida, mas pelas qu ais não fizeram sufi ciente penitência nesta terra , ainda quando perdoadas. Nós podemos ajudá- las sufragando essas almas, isto é, co mo dissemos, rezando por elas, e sobretudo mandando celebrar mi ssas em sufrágio (em auxílio) dessas almas, para que elas possam subir mais depressa à Pátria celeste. Trata-se de um excelente ato de caridade e as Santas Almas, por sua vez, supli cam a Deus que nos retribua por esse ato de amor fraterno. Ou o próprio Deus, vendo a nossa ca ridade fraterna conccd ' -nos novas graças e auxíli os. ♦

A edição de Catolicismo deste mês - tradi ciona lme nte ded icado ao Sagrado Coração de Jesus - não poderia privar se us leitores de meditar sobre o amor d Ele pelos homens e Sua adm iráve l propensão ao perdão, à misericó rdia e à cl e mência . Por ocasião da abertura do Jubi leu do Ano Santo de 1675, em Roma, Santa Margarida Maria Alacoque man teve com o Sagrado Coração de Jesus um colóquio, mui to sign ific ativo no tocante a Seu inesgotável amor pelas almas. Santa Margar ida Maria e ra religiosa do Moste iro da Visitação de Paray- le-Mon ial, na França, e foi co ntemplada, e ntre os anos de 1673-1675, co m três grandes reve lações do Sagrado Coração de Jesus.

••

Senhor e meu Deus, é preciso que Vossa misericórdia habite em todas as almas infiéis , a fim de que elas provem Vossa inocência e Vos glorifiquem eternamente. E Ele me disse interiormente: 'Sim, E u o farei, se tu me prometeres uma perfeita emenda ' . - Mas, Vós sabeis bem, meu Deus, que isso não depende de mim se Vós não o fizerdes, tornando eficazes os méritos de Vossa santa Paixão. "Ele me fez saber que a mais agradável oração que e u poderia fazer durante o tempo do jubileu era pedir três co isas e m Seu nome: "Primeira: oferecer ao Padre Eterno os abundantes desagravos que Ele prestou à justiça div ina pelos pecadores no madeiro da Cru z, pedindo-Lhe tornar eficaz o mérito de seu Sangue precioso para todas as almas criminosas a quem o pecado matou, a fim de que, ressuscitadas pela graça, elas O glorifiquem eternamente. "Segunda: oferecer-Lhe os ardores de Seu divino Coração, a fim de que cure a tibieza de tantas almas relaxadas entre Suas esco lhidas, rogando-Lhe que, pelo ardente amor que O levou a padecer a morte, Ele se apraze e m aquecer seus corações tíbios no Seu serviço e os faça arder com Seu amor, para que E le seja amado • eternamente. "Terceira: oferecer a submi ssão de sua vontade à do Padre Eterno para pedir-Lhe, pelos méritos dEsta, a obtenção do requinte de Suas graças e o cumprimento de todas Suas vontades". Fonte: Sai111e Ma,g uerire Marie - Sa vie écrire par e/le-même Sa int -Paul , 6, ruc Cassctl c, Pari s VI', 1947, pp. 72-73 .

Ed iti ons

Nosso Senhor Jesus Cristo, ostentando Seu Sagrado Coração, aparece a Santa Margarida Maria - Conjunto escultural, igreja do Bom Jesus, /tu (SP)

C A T O L 1C I S M O

Junho de 1999

1 1


"Cultura da transgressão': Fruto do neopaganismo atual Na Argentina, sadia e exemplar reação!

Beisebol: válvula de escape... para cubanos O representante republicano, Lincoln Dias Ba lart (Flórido) , teme que um grupo de seis esporti sta s, membros da delegação cubana de beisebol, tenham sido deportados pelos Estados Unidos para Cuba . Agentes de Fidel Castro tê-losiam retido em território norte-americano contra suas vontades, impedindo-os de solicitar asi lo político ao governo de Washington .. A po lícia de Baltimore confirmou, entreta nto, que o trein ador cubano Rigoberto Herrera Betan court solicitou asilo po lítico, horas após a delegação cubana ter saído daquela cidade. Herrera encontra -se sob custódia do serviço de imigração americano (IN S). Após o desconcertante acordo estabelecido entre os governos de Washington e Havana, pelo .1:1-....i- . qual os Estados Unidos se comprometem a "devo/ver" a Fidel Castro os cubanos fug iti vos por mar, os habitantes da infeli z il ha - pr isão aproveitam-se agora até de campeonatos / esportivos para esca ) par dó paraíso / · cubano... ♦

b 12

e A To L I e I s Mo

Junho de' 1999

A partir de março último, a prostituição foi proibida nas ruas de Buenos Aires. A medida legislativa reforma o Código de Convivência Urbana aprovado no ano passado. Tal legislação permitia a prostituição, mas os protestos de moradores de algumas áreas da capital argentina forçaram o_ s legisladores a voltar atrás. A salutar reação da opinião pública platina e alouvável medida legislativa constituem exemplos a se- . rem imitados no Brasil! Por que não? Então, só valem os maus· exemplos de outros países? ♦

Expansão assustadora entre iovens John Donohu e, diretor da UNICEF, asseverou que, pelo menos 270 mil pessoas, na região da ex - URS S, es pec ialmente j ovens, são oropos itivas. Se não for contro lado, o nível de in fecção pelo HIV pode atingir as taxas da Á fri ca Central: "os registros subiram de 30

mil novos casos em 1994 para 100 mil apenas no ano passado" . O uso de drogas injetáveis é a maior cau sa de infecções. Feita para o heroísmo e não para o prazer, a juventude vai sendo corroída pelas drogas e pela AIDS . Só a prática da moral cató li ca pode efetivamente remediar essa situação. Por que os pregadores não insi stem nesse ponto? ♦

• • • •

• • • • • • • • • • • • • • •

• • •

Brasil: vice-campeão sul-americano... de homicídios Na Am érica do Sul, somente a Co lômbia - terrivelmente assola da pelas guerril has e pelo narcotráfico - gan ha do Brasil em número de homicídios. No Estado do Rio de Janeiro, em particular, verifica-se um verdadeiro massacre: 215, 1 óbitos por 100 mil habitantes. A maioria desses homicídios - 87% em 1996 - foram provocados por arma de fogo e é grande a taxa de vítimas jovens, entre 15 e 29 anos. Em São Paulo, onde a vio lência também assusta, a taxa de homicídios entre jovens (1 5 a 29 anos) é de 134 por l 00 mil habitantes, o que cla ssifica esse Estado como o quarto com maior índice de assassi natos nes sa faixa de idad e. Pernambuco e Amap á ocupam o segundo e tercei ro luga res nesse tétrico ranking. Costumam-se aprese ntar mú ltipla s causas socio lógica s para tal violência. Entretanto, a razão mai s profunda, via de regra, é omitida: a crise religiosa. Se a verdadeira Religião - a Cató lica Apostó lica Romana - fosse professada , de fato, pelos brasileiros, não haveria essa alarmante violação do qu into mandamento do Decálogo: "Não matarós" . ♦

Dylan Klebold Eric Harris Os protagonistas da matança assimilaram e praticaram satanicamente a "cultura da transgressão"

A chacina de 15 adolescentes, numa escola de Denver, nos Estados Unidos, levou o Presidente Clinton a pedir, em rede nac iona l de TV, que a Am érica desperte para o "desqfio

tas nos últimos sete anos em insti tuições de ensino norte-americanas.

"co rredor da droga" para tornarse "importante consumidor", veri ficando-se um assu stador aumento de con sumo de entorpecentes entre crian ças de 8 a 12 anos, segundo o general Alberto Cardoso, mini strochefe da Casa Mi litar da Pres idência da República. Muitos pais desses j ovens assas-

A crise moral da famíl ia na so-

sinos e drogados são ou foram pes-

c iedade neopagã contemporânea tem provocado o aparecimento da ch amada "cultura da transgressão " , freqüente em famíli a aparentemente com estrutura. O jovem chega à escola com problemas. Estes são "resolvidos" pela gangue a que pettence e não mais mediante conversa com pai s ou confessores. Pai s, no plural , quase não existem mais. Al ém disso o divórci o e o trabalho a qualquer hora impossibi litam que os pais se tornem modelos ou pontos de referência para os filhos. O pro bl ema não é exclu sivamente ameri cano. A ssim, em j aneiro de 1998, a Inglaterra inaugurou pri sões especiais para menores de 12 a 14 anos; na Fran ça, o govern o estabeleceu um pl ano de emergência, que prevê 50 cadeias para menores delinqüentes ; na A rgentina, seg undo a r evi sta in g lesa " The Economi st", di scute-se a institui ção da pena de prisão perpétua para menores; e o Bras il deixou de ser

soas honestas, mas que se deixaram embair pela idéia falsa de que os progenitores devem permitir e con ceder tudo aos filhos. Conseqüência: sem Religião verdadeira, sem autoridade, sem limitações e críti ca, seus filh os menores torn aramse monstros. .. ♦

que os jovens enfi·entam nas escolas ". Ocorreram 236 mortes violen-

Cruzes no cemitério de Denver indicam os locais onde foram enterrados os estudantes, vítimas da chacina

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

• • • • • • • • •

Multidão na festa de Santo Expedito Mais de 200 mil pessoas visitaram a igreja dedicada a Santo Expedito - o Santo das causas urgentes - localizada no bairro da Luz, na capital paulista, por ocasião de sua festa, em 19 de ab ril último. A fila das pessoas que desejavam entrar na igreja estend ia-se por mais de dois quilômetros. Os fiéis não podiam permanece r mais que alguns segundos diante da im agem do Santo. _J

Atentado sacrílego contra Nossa Senhora Aparecida Sem aparentar qualquer distúrbio mental, o evangélico Carlos Antonio Macedo, 42 anos, atirou uma pedra na imagem de Nossa Senhora Aparecida - que graças ao vidro protetor nada sofreu-, no último domingo de Páscoa. Preso pelos seguranças da Basílica, declarou cin icamente que viera da capital paulista ao local com o único intuito de agredir a imagem da Padroeira Nacional. Fato sintomático neste fim de milênio: a par de ultrajes e blasfêmias lançadas contra a Mãe de Deus, é notório, por outro lado, o expressivo aumento de devoção a Ela, em âmbito internacional. Comprovam-no o crescente aflu xo de peregrinos aos grandes Santuários Marianos, como os de Lourdes e Aparecida. _J

Milagre reiterado Em 2 de maio último, se liqüefez o sangue de São Gennaro em Nápoles. O fato milagroso ocorre três vezes ao ano, diante dos fiéis reunidos em orações, na catedral daquela cidade . _J

e A To LI e I s Mo

Junho de 1999

13


•••••••••••••••••••••••••••••••••••••• tão pesada e tão fria quanto uma laj e sepulcral , de que jamais há de encontrar na terra a correspondência afetiva com que sonha seu coração.

A "heroína"...

Divórcio e Romantismo O mundo assistiu estarrecido o macabro massa-

OR QUE, muitas vezes, desfazse o casamento? Por que, hoje em dia, diminui assustadoramente o número de casamentos e o amor livre vai entrando nos costumes?

E

cre ocorrido no dia 20 de abril p.p. em Denver, Estados Unidos, num colégio de classe média alta. Que motivos têm levado jovens norte-americanos a provocar, nos últimos tempos, verdadeiros "banhos de sangue"? Analistas internacionais levantam suposições as mais diversas. Um motivo entretanto tem sido mais destacado: a crise da família. Nos Estados Unidos, de cada 10 casamentos, seis se dissolvem! Em nosso País, infelizmente, caminha-se para uma situação semelhante. 14

eAToLIe Is Mo

No artigo Divórcio e Romantismo, escrito para esta revista em outubro de 1951, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira explicita magistralmente a causa predominante que leva à dissolução do vínculo conjugal: o sentimentalismo egoístico e romântico. * * * "Nos compênd ios, diz-se que esta escola [romântica] já morreu. Evidentemente, é isto verdade se se trata de literatura ou de arte. Mas será igualmente verdade se se trata da vida? Os modos de ser e ele sentir que o romantismo criou estão de fato inteirame nte alheios aos hábitos me ntais e afetivos de nossos coevos? No que diz respeito ao casamento, é bem verdade que a atitude do homem contemporâneo não se ressente ele qualquer influência romântica? E que relação existe entre esta influência e o problema do divórcio?

À procura da 'alma irmã'... "Evoquemos antes de tudo alguns tipos de 'heróis'e 'heroínas'do romantismo. O 'herói' ele gênero 'delicado'

.

Junho de 1999

poderia ser imag inado como um jovem (nada menos romântico cio que os 50 anos!) esguio, pálido, ele feições regulares, grandes olhos melancólicos perdidos no vago do horizonte, com um desalinho poético no penteado e no traje, o peito arfando de aspirações ardentes, indefinidas , torturantes, por uma felicidade afetiva comp leta. Mas ele é um incompreend ido. Em recantos inexplorados de sua personalidade, há horizontes sublimes, há ane los indizíveis que pedem, procuram, imploram a compreensão de uma 'alma irmã'. Deve existir pe la vastidão deste mundo um ser feito para o compreender. Ele o procura, pois assim encontrará a fe licidade ... e vagueia tristonho pela vida, até que o encontre.

O "herói de tipo terrível"... "O herói romântico de tipo 'terrível', algum tanto diverso na aparênc ia física , é idêntico, cio ponto de vista moral, ao modelo que acabamos de descrever: exuberante de varonilidade, compleição atlética, beleza a lgum tanto sombria, segundo o estilo de algum personagem de Wagner, grande fortuna, grande situação social, influência imensa, tudo enfim que a vida pode oferecer... mas no coração uma chaga: um afeto ardente, uma decepção tremenda, uma persuasão

"S imetricame nte, formou-se a figura da 'heroína', de que não nos seria difícil evocar dois modelos característicos. Um é do gênero 'mignon '. Ela é um mimo de delicadeza de alma e de corpo. Qualquer dor a faz chorar, qualquer arranhão de a lma a faz sofrer. Ingênua como uma criança, traz no coração uma imensa vontade de se dedicar e de ser querida por alguém. Precisa de proteção, poi s sua fragi lidade é completa, e se espelha na meiguice de seu olhar, nas inflexões harmoniosas de sua voz, na finura de seus traços, na requintada delicadeza de toda sua compleição. Outro modelo seria a heroína cio gênero 'grande'. Beleza deslumbrante, estatura e porte de rainha, centro natural de todas as atenções, de todas as homenagens, de todas as dedicações, presença dominadora e fatal. No coração, é claro, uma crispação oculta, um travo profundo, uma grande e oculta dor. É a amargura de uma desilusão passada, a procura ansiosa e já sem esperanças, de alguém que verdadei ramente a compreenda. A seus pés, poetas, duques, milionários gemem inutilmente. Seu o lhar indiferente , altaneiro, profundo e tristonho, procura ao longe, pela vida afora, aqui lo que jamais encontrará. É a felic idade de um grande afeto, segundo as aspirações 'elevadíssimas' e torturantes que lhe trazem a alma num secreto e inces~ante verter de sangue.

Casamentos "de conveniência" "Os leitores sorrirão talvez. Não parece bem verdade que tudo isto acabou? Q uem vê passar, em seu automóvel de cor risonha, o jovem ou a jovem desta era de lepidez, sport e vitaminas, não achará que estamos a léguas do romantismo? O jovem é robusto, alegre, parece bem instalado na vida, cheio de senso prático e do desejo de vencer. Ajovem é desembaraçada, empreendedora, utilitária, muitas vezes ardida. Também

e la está alegre, sente-se bem, e quer 'aproveitar' a existênc ia. Que há nela de comum com a dama de gênero lacrimejante que comovia nossos avós? "Não negamos que o utilitari smo moderno criou um clima de muito maior tolerância para o casamento inspirado em motivos cinicamente financeiros. Não negamos que os cálculos concernentes à carreira, à posição social, influenciam hoje muito mais freqüentemente os casamentos do que outrora. Mas erraria quem quisesse generali zar abso lutamente os

onais. O 'herói' é hoje um 'popular gur · e a moça uma 'g lamour-girl '. Um 'po pular guy' como mil, bem entendido, e uma 'g lamour girl' como mil também. A mecanicidade da ex istênc ia hodierna força-os a ser menos assíduos do que seus ancestrais, no devaneio e nas intermináveis divagações. Tudo isto circunscreve de vários modos o âmb ito das efusões imaginativas e sentimentais. Mas todas estas reservas feitas, sempre que e les se ocupam de amor, é o mesmo sentimenta li smo adocicado, são os mesmos ane los vagos, as mesmas incom preensões, as mesmas afinidades, os mesmos sobressaltos, as mesmas crises, as mesmas ânsias de felicidade afetiva sem fim , e a crôn ica precariedade ele todas estas '. felicidades'. Não queremos aq ui fazer um estudo psicológico ela produção literária e artística mais ou menos de segunda classe que corre mundo, e que forma verdadeiramente o espírito da massa. Basta que nosso leitor tenha um pouco o senso da realidade que a todo momento o rodeia, para perceber quão justas são nossas observações. De fato, a grande maioria dos casamentos realizados por motivo ele afeto se constrói hoje em dia sobre sentimentos absolu tamente embebidos de sentimentalismo romântico.

"nas nuvens"

Se o casamento for baseado no sentimentalismo romântico e não nos princípios católicos, após a "lua de mel" costumam ocorrer as desilusões e ele pode transformar-se numa convivência áspera... causada por qualquer ninharia ou capricho

numerosos exemplos concretos que se poderiam apresentar neste sentido. Adespeito de todo o utilitarismo, o terreno reservado ao 'sentime[Lto ' continua muito consideráve l. E, se analisarmos este 'sentimento', veremos que ele não é senão uma adaptação muito superficial dos velhos temas românticos.

Casamentos "de afeto" "Nossa era de democracia já não admite personagens marcantes e excepcie

A

"E aqui está o problema. Se al guns casamentos se fazem por interesse, e outros por afeto, e se os que se fazem por afeto em gera l se fazem sob o influxo do romantismo, a questão da estabilidade do convívio conjugal depende de saber até que ponto o interesse ou o romantismo podem levar os cônjuges a se suportar mutuamente. "Não falemos do interesse. O assunto é por demais claro. Falemos cio romantismo. "Antes de tudo, acentuemos que o romantismo é essencialmente frívolo. Ele supõe ele bom grado as maiores virtudes na 'heroína' ou no 'herói'. Mas no fundo estas virtudes pesam muito pouco na balança, como fator de sobrevivência do afeto recíproco. Com efeito, o sentimentalismo perdoa geralmenTo LI e I s M o

Junho de 1999

15


DEGRADAÇÃO te, se m grande dificuldade , , de fe itos morais reais, ingratidões, injustiças, e até trai ções. Mas ele não perdoa trivialidades. De sorte que - para ir à carne viva da realidade é prec iso exemp lificar um modo ridículo de roncar durante o sono, o mau hálito, qualquer outra pequena miséria humana enfim, pode matar inapelavelmente um sentimento romântico ... que resistiria às mai s graves razões de queixa. Ora, a vida quotidiana é um tecido de trivialidades, e não há pessoa que no convívi o íntimo não as tenha mais ou menos difíceis de suportar. Por-isto, já se tornou banal fal ar das desilusões que vêm depois da lua-demel. 'Passado este período', me di sse certa vez al guém, 'minha esposa não me deu nenhuma decepção, mas me encheu de desilusões'. E como o romantismo por essência e por definição é todo feito de ilusões, de afetos descontrolados e hipotéticos por pessoas que só seriam possíveis no mundo das quimeras, a conseqüência é que em pouco tempo os senti mentos que eram a única base psicológica da estabilidade do convív io conjugal se desfazem.

"Cair na realidade" " Naturalmente, uma pessoa nestas cond ições não desce ao fundo das coisas, não percebe o que há de substancialmente irrea li zável e m seus ane los, e julga pura e simplesmente que se enganou . Entendeu e la, pois, que ainda pode encontrar e m outrem a fe lic idade que o casamento não lhe deu. Habitu ada a vi ver única e exc lusivamente para a própria felic idade, habituada a ver a felicidade rea li zada úni ca e excl usivamente na satisfação dos devaneios sentimentais, tal pessoa julgará sua vida irremed iavelmente estragada, se não se sati sfazer de outro m o do. E jul gará ig ua lm e nte estragada a vicia de todas as numerosas outras pessoas qu e tivere m caído no mesmo 'equívoco'. De onde o divórcio lhe parecerá absolutamente tão necessári o quanto o ar, o pão ou a ág ua. "A uma pessoa neste estado de espírito, que impressão poderá causar uma argumentação séria contra o divórcio, reforçada pela linguagem fria das estatísticas? Habituada a divagar, e não a pensar, e la detesta toda a argumentação, 16

CATO LIC ISMO

máxime quando séria. A linguagem dos números lhe parece ridícula em assuntos como este. Falar- lhe da sociologia a propósito de casamento e de amor se lhe afigura tão choca nte q uanto fa lar dos assuntos mais técni cos da botânica a um poeta entretido em adm irar a beleza de uma flor. "Compreende-se, pois, que a campanha antidivorcista, ferreamente coerente em todos os seus argumentos, bate num alvo errado procurando convencer com argumentos baseados na moral ou no bem do País, gente unicamente preocupada em alcançar a fe li c idade individual num mundo de sonho e de quimera.

Sobre o egoísmo nada se constrói... especialmente a família "E aqui chegamos ao fim. Em última análise, romantismo é apenas egoísmo. O romântico não procura senão sua própria fe licidade, e só concebe o amor na medida em que o 'outm 'seja instrumento adequado a torná-lo fe li z. Esta feli c idade afetiva, ele a deseja tão exclusivamente que, se der largas a seu sentimento, saltará sobre todas as barreiras da moral , dará ele barato toda as conveniências do bem comum, e satisfará brutalmente seus ins/tintos. E sobre o egoísmo nada se constrói ... a família menos ainda do que

sobrenatural , de bom senso, de equilíbrio de a lma , d e triunfo sob re os desregramentos da imaginação e dos sentidos, toda feita de piedade e de ascese enfim , para o amor sensual, egoístico, feito de descontroles, de sentimentalismo romântico ainda tão em voga. É falso imaginar que os verdadeiros esposos cristãos são os heróis de romance que por uma feliz coincidência conseguiram fazer um casamento autêntico, segundo o Direito Canônico, como passo preliminar para a satisfação de suas paixões, mas que levam para o tálamo conj uga l o mesmo estado de espírito, o mesmo egoísmo, a mesma imortifi cação de qualquer amor ele aventura. "Enqu anto a concepção sentimentalromântica influenciar implícita ou ex pli c itamente a mentalidade dos nubentes, todo o casamento será precário, poi s terá sido construído sobre o terreno essencia lmente pegajoso, movediço, vulcâni co, cio ego ísmo humano.

* * * "Diz-se comumente que a família é a base da sociedade. Os casamentos nascidos do sentimentalismo egoístico e romântico são a base da Cidade do Demônio, em que o amor do homem a si mesmo é levado até o esquecimento de Deus. Os casamentos nascidos do amor de Deus, e do amor sobrenaturalmente santo ao qualquer coisa. ~ próximo, até o esquecimento de "É preciso, pois, desfechar uma si mesmo, são a base única da Citremenda ofensiva anti-romântica, para · dade de Deus". ♦ mostrar a substancial diferença que vai da caridade cristã, toda fe ita de

Junho de' 1999

Nota: os intertítulos do texto e o negrito das últimas três frases são da redação

Comentário sobre um fato indignante PL!NIO MARJ A SüLllvlEO

Crianças brincando - Pintura de Vogel Nosso Senhor Jesus Cristo nos Evangelhos condenou energicamente aqueles que, mediante o escândalo, destroem a inocên cia nas almas infantis

Talvez achando a pena um pouco excessiva para uma adolescente serrana cios idos 1917, quando as moelas eram ainda recataclíssimas em relação ao quase nudi smo de hoje, sem freqüentar cinema, assistir televisão nem ao menos ir a teatro que a pudesse corromper, o autor indagou qual a opinião da Irmã Lúc ia a respeito cio assunto. A vidente, sem titubear, respondeu imed iatamente: " Por que há de ser tão incrível que uma alma possa eslar no Purgatório até o fim. do mundo, quando, por um só pecado mortal, se pode estar no I,~ferno por toda a Eternidade?" 1 Nada mais lógico para um católico.

Recente episódio ocorrido na capital paulista representa um sintoma alarmante de putrefação moral e exige de nossa parte análise e reparação!

O

mundo moderno perdeu mesmo a noção de pecado! Vê-se isso a todo mom ento e a todo propósito. Não é necessário ser grande moralista para constatar esse triste fato. Basta ser um simples observador ela realidade e ter ainda um resquício ele fé. Quantos, ao ler a notícia abaixo, darse-ão conta do profundo abismo moral que ela indica? "No fim de semana as bancas dos Jardins e Morumbi tinhamfila de pais com filhos pequenos, de idade ü~ferior aos d ez anos, querendo comprar a 'Playboy' da Tiazi nha, mandada apressadamente para as bancas. "Em alguns casos, de famílias com vários irmãos, os guris choravam porque cada um queria a sua revista. Não adiantava comprar uma para o clã.

"Com esta volúpia de consumo, não será de estranhar se o número da Tiazinha bater o recorde de Adriane Galisteu. Os tempos mudaram. Nãofaz tanto tempo assim, o ídolo da garotada era Emília, do Sítio do Pica Pau Amarelo (César G iobbi , Novos Ídolos , " O Estado de S. Paulo", 9-3-99, Caderno 2, seção Persona) * * Ao ler tal notíc ia, veio-me à mente um co mentário da Irmã Lúcia, a vidente de Fátima, em conversa com um escritor ameri cano. Na primeira aparição de Nossa Senhora em Fátima, a 13 de maio ele 1917, Lúcia perguntara-Lhe sobre duas me ninotas ele Aljustrel fa lecidas havia pouco. Uma, Nossa Senhora disse que já estava no Céu. Quanto à outra, Amélia, a Virgem esclareceu que ''.ficaria no Purgatório até o fim do mundo".

* * A inocência é uma das virtudes que mais assemelha um ser humano aos anjos. Era outrora a característica da infância, poi s a pessoa não atin gira ainda aquilo que um escritor francês chamava, com tanta propriedade, de "a venalidade da idade madura". Por isso, disse Nosso Senhor: "Deixai vir a Mim as criancinhas, e não as estorveis, pois delas é o Reino dos Céus" (Me 10, 14). Que grande responsabi lidade cabe aos pai s e mestres na preservação dessa inocência infantil! A alma da criança está aberta a todas as influências, boas ou más. Como um mata-borrão, e la absorve tudo e guarda e m sua memória, tão ativa e fé rtil nessa fase. É oportuno recordar aqui a terríve l sentença do Divino Mestre: "A i de quem escandali zar um des /es pequeninos. Melhor seria que se lhe atassem uma pedra de moinho ao pescoço e o jogassem nofiindo do mar" (Me 9,42). Ora, o que a notícia ac ima narra é, nada mais nada menos, do que o escân-

e AT oLIe Is Mo

Junho de 1999

17


"Deixai vir a Mim as criancinhas ...., pois delas é o Reíno dos Céus"

SÃoPAULO ,,

dalo da co laboração direta de pais no sentido de extirpar a inocênc ia da alma de seus próprios filhos! E é de se supor, pela atitu de desses meninos em face de uma revista que estampa fotos de nudi smo fem inino, que tal processo venha de longo tempo. Poi s, como diz con hec ido adágio, "nada de grande se faz de repente". Quer dizer, se esses genitores não ti vessem dado uma educação tão permissiva a seus filhos, se não lhes fra nqueasse m qu a lqu e r tipo de pro g ra ma s telev isivos, porventu ra teriam eles essa deplorável reação? Bem comenta o articu li sta: "Não fa z tanto tempo assim, o ídolo da garotada era Emília, do Sítio do Pica Pau Amarelo", quer di zer, a boneca falante criada por Monteiro Lobato. *

''No TE.MPO DE DANTES

ginal , não seria melhor que se lhes atasse uma pedra de moinho ao pescoço e se os atirasse ao mar, utili za ndo-nos das expressões do Evangelho ? E não se venha dizer que o rac iocínio é exagerado, porque as crianças não chegarão tão longe na senda da corrupção e cio pecado. Lembremo-nos ele que Santa Teresa cl'Áv il a viu uma criança ele quatro anos no Inferno ... naquele tempo, isto é, no século XVI! Pelo crescente número ele crimes cometidos por menores de idade em nossos dias, muitas vezes com requintes de cruelclacle, não é difícil compreender essa terrível rea lidade.

*

C AT O LI C I SMO

li

REINA LDO

O lamentável fato apresenta outro as pecto. Sabemos todos que, segundo a doutrina católica, pode-se pecar por pensamentos, palavras, obras e om issões. E que a visão constitui o sentido que mais diretamente fornece à mente os elementos necessários para a formação das idéias. Razão pela qual o Divino Salvador também alertou : "Se teu olho te escandaliza, arranca-o fora, pois é melhor entrar nu Céu com um só ulhu duque ir ao ú~ferno com os dois" (Me 9,47). Os olhos são as janelas da alma. Todos os mora li stas recomendam que se tenha vigi lância no olhar, combatendo a curiosidade mal sã, causa de tantas quedas morais. O caso bíblico do Profeta David é paradigmático nesse sentido. O fato de ele ter olhado para uma mulher casada, sem conter as más inclinações, . levou-o ao adultério e ao assassinato. O Rei Dav id, no entanto, alertado pelo profeta Natam quanto ao crime que praticara, fez severa penitênc ia. Dela resul taram os cé lebres e tocantes Salmos Pen itenciais. Em face cio exposto acima, é lícito indagar: pais que incentivam diretamente em seus fi lhos a tendência à impureza, presente no homem apó o pecado ori18

-

* * Outra ordem ele raciocínio. Segundo os teólogos, o pecado morta l é uma ofensa tão grave fe ita a Deus que, para ev itar um só deles, Nosso Senhor teria sofri do toda a Sagrada Paixão. Essa é uma das razões pela qual um só deles não arrepend ido leva a alma para o Infe rno. Um pecado mortal é, portanto, uma ofensa gravíss ima. A mes ma Santa Teresa observa que, se fosse dado à alma em estado de pecado ver-se esp iritualmente, ela morreria de susto com sua própria hecli onclez. Quantos pecados mortais o fato narrado ac ima provoca! Quantas inocências perdidas por parte de cri anças que tiveram acesso a tal

.

Junho de 1999

publicação pornográfi ca, por mãos de seus próprios pai s! É, poi s, um a cascata purulenta e execrável de imoralidades que só Deus, na Sua omnisc iê nc ia, pode ava li a r exatamente. * * * E nós, que temos a graça ele discernir esses males, o que elevemos fazer? Rezar e oferecer sacrifícios a Deus, em reparação pela prática dessa cade ia ele pecado s graves. Procurar, pe los nossos exemplos e obras, ser cada vez mai s fiéis a Ele para reparar o mal praticado por outros. Enfim , se fôssemos levar as coisas às últimas conseqüênc ias, deveríamos cortar com tudo aquilo que ainda nos afasta ele Deus, aceitar tudo o que pode nos unir a Ele (inclu sive grandes padec imentos que se nos apresentem), e nos entregar inteiramente a Ele, ele acordo com nosso estado, para compensar num dos pratos da balança ela Divina Providência, na medida de nossas fo rças, todo o mal que está sendo colocado no outro prato. E não nos esq ueçamos, um cios melh ores me ios ele reparar é indignar-se contra o mal cometido. Quem não se indigna com o mal, não ama o bem. ♦ 1• .J ohn I l afTcrL, Maria na sua Promessa do f::.1·cap11 /ário , Ed ições Ca rm elo, Ave iro, Portu gal, 1967, pp. 114,1 15 .

Continuando nosso passeio pela São Paulo de outrora, veremos como aquela atmosfera caseira era diferente do mundo agitado de hoje. Os inúmeros afazeres domésticos não permitiam que a vida rotineira causasse tédio, nem que houvesse avidez por divertimentos. Os laços f amiliares estreitavam-se com as recíprocas visitas, que constituíam verdadeira alegria, sobretudo para as crianças.

a. Maria Paes de Barros, que viveu naqu eles tempos de tranqüi lidade e segurança, narra em suas memórias há pouco reeditadas, como tran scorria sua vida em fa mília: "A vida era boa, sem suspiros, sem queixas; antes, reinava umafeliz tranqüilidade, baseada na afeição e confiança mútuas, que os anos nunca puderam alterar. Era um. convívio calmo e sem deslize, em que a palavra 'boa vontade' punha termo a todas as discórdias. "Costumava o Comendador di zer, sorrindo, que sua vida conjugal causava inveja a muita gente. A simplicidade da época favorecia os hábitos rotineiros".

D

Aprazível rotina do dia-a-dia, sem sobressaltos "Levantavam-se muito cedo tanto a família como os escravos. Era numeroso o pessoal de serviço. Ha via de z ou do z.e raparigas de quarto, mucarnas, serventes, engomadeiras, costureiras. No pavimento térreo habitavam três ou quatro mulheres casadas, que se ocupavam ela lavagem da roupa e outros serviços externos. Cumu todas as necessidades da jàmília eram supridas em casa, os maridos destas trabalhavam em diferentes ofícios: um era sapateiro, fornecendo calçados para todos os domésticos (só se compra vam botinas para passeios), outro era jardineiro, outro padeiro, dois eram cozinheiros - e havia ainda o mulato Joaquim, cocheiro de confiança. Todos eles serviam excepcionalmente como pajens. "Na grande sala de estar, ou antes, de costura, sentava-se a senhora, na sua cadeirinha baixa, tendo à frente uma mesinha com a almofada dura para prender o trabalho. Ao lado, o pequeno balaio com todos os seus petrechos. Entre eles se via - quase inacreditável hoj e! - um pedaço de fumo envolto em papel, que ela constantemente passava sobre os dentes, hábito esse muito generalizado e que se considerava então eficaz. para a conservação destes e das geng ivas.

F.

MOTA

JR.

"À pouca distância sentavam-se as prelas costureiras, cada uma tendo seu banquinho e seu balaio. Faziam ali os trabalhos que a senhora determinava, até a noitinha, quando levantavam acampamento. Levando então bcmcos e balaios, iam preparar os quartos para a noite, colocar velas nos castiçais e arear as bacias para os banhos".

Contraste: "São Paulinho" antigo e a "Babel" atual Na interessa nte narração ela Senhora Paes ele Barros, nota-se que um dos grandes prazeres da vicia fam ili ar era a boa conversa, arte hoje qu ase em extinção, devido ao corre-co rre durante o dia e ao verdadeiro confi sco pe la TV à noite, que acabou de matar as animadas rodas de conversa de outrora. "Como em todas as casas desse tempo, as ref eições eram servidas cedo. Almoça va se às nove horas; às duas em ponto era servido o j antar; às oito, j á noite, o mulato Joaquim traz.ia uma grande bandej a com .xícaras de chá, qu e iam passando a toda a família instalada em volta da mesa. Tinha esta, no centro, três altos castiçais de prata, a cuja luz mortiça se viam pratos de torradas, bisco itos e pão-de- ló. "Depois dessa leve refeição, estando todos reunidos, debatiam-se os acontecimentos do dia e a conversa geral se prolongava, exceção feita para os pequenos que, na hora certa, vinham pedir a bênção aos pais. Nessa ocasião o Comendador, depois de dar sua mão a beij ar, passava-a levemente sobre as fa ces das meninas, dizendo com um sorriso: 'Que Deus te fàça uma santinha '. "Co rria a vida un(forme, sem outros contratempos que não os do governo da casa. Ocupados todos com suas obrigações, não se sentia, como hoje, a ansiosa solicitude por divertimentos. Para aquelas rneninas caseiras, sobretudo, as visitas aos parentes constituíam verdadeiro praz.e,: É de crer que foss em então mais estreitos os laços de parentesco; não eneATo

L I

eIsMo

Junho de 1999

19


contrando os modernos qerivativos, os sentimentos pareciam concentrar-se na família".

As festas de Corpus Christi Entre as grandes festas do ano, que alteravam aque la tranqüi la roti na quotidiana, destacava-se a ele Corpus Christi, esperada por todos com ansiedade, ele modo particular pelas cria nças. "Alteravam", como disse, mas não quebravam a tranqüilidade ela vida quotidiana, pois essas festividades re i igiosas eram pro longamentos do cerimon ial da vida famili ar, naquel e mov ime nto compassado e sereno, sem as ag itações que se notam nos dias hodiernos, infelizme nte até mesmo em ce lebrações reli g iosas. " .... Punha-se logo a casa em reboliço com os aprestas - narra a autora de "No Tempo de Dantes", Da. Maria Paes de Barros-, pois todos iam à festa [à Procissão de Corpus Christi], desde os senhores até a última escrava. Só ficava em casa a velha Te reza, que já quase não andava e passava o dia inteiro no quarto, a mascar seufitmo. "A mamãe gostava de.fazer um dos.filhos acompanhar a procissâo como anjo, e para isso já tomara providências. No dia aprazado, seguia de carro com o pequeno para a casa das Mo lina, hábeis costureiras e.floristas que, além de outros préstimos, tinham este de preparar e de saber vestir anjinhos. Jeitosas, e,~fiavam-lhe as meias de seda hranca, o sapatinho de cetim, o vestidinho branco, bem armado e guarnecido de rendas de prata. Depois urra,~javam os longos cachos postiços, presos por.fita preta, sobre a qual colocavarn nívea coroa de.flores. ".... Por último eram colocadas nas costas as asinhas de penas brancas. E lá ia o anjinho, muito compenetrado - sacudindo os cachos, agitando as asas levemente ao passo lépido, num presságio de quem quer voa,: .. Acompanhado pelo pajem Joaquim., que se apresentava calçado e todo fardado, era ele o primeiro a sair, rumo à Igreja. " .... Vinha cifina l o aviso de que a procissão ia deixando a igreja, chegavam-s~ todos às janelas: os senhores com suas famílias, às do salão grande; as meninas, às dos quartos; e às da cozinha, todo o pessoal de serviço. Dirigiam-se os olhares para o portal da igreja, onde apareciam os andores, suportados por ornbros m.ásculos, mediante longos varais. Caminhavam todos lentamente, pela rua juncada de.folhas. Dos lados iam os anjinhos de branco e azul, muito cônscios do seu pa-

20

CATOLICISMO

.

Junho de 1999

pel. As crianças, que da janela assistiam pela primeira vez ao préstito, faziam mil perguntas às escravas: "- Quen·1 é esta santa? "- É Santa Margarida, Nhonô - pois não vê que está com o carneirinho? "- E este, que é? "- É Seio Francisco. Não vê que ele é.fi·ade e tem um cordão na cintura ? "E assim, em meio da curiosidade das cric111ças e dos risos das escravas, chegava o .fim do cortejo. Silêncio, agora! ... Lei ia passando o pálio, com toda a solenidade. Cobertos de seda branca, com.fi·anjas de ouro, os varais eram sustentados pelos camaristas da cidade. Sob este rico dossel, lento e grave caminhava o bispo, rodeado dos mais importa/1/es personagens da cidade. Também ele vinha ricamente paramentado com vestes de seda branca guarnecidas de galões dourados. Nas mãos traz.ia o cibório de ouro contendo a hóstia. Seminaristas e mocinhos do coro, de batina negra e sobrepeliz branca, agitavam levemente os turfbulos de prata, fa zendo subir até as janelas do sobrado a pe,fúmada fumaça do incenso. Todos, sem exceçâo, punham-se de joelhos, reverentes.... ".

*

*

*

Em meio a essas nuvens de incenso, ao cerimonial e àque la atmosfera so lene "de dantes", deixo nossos leitores, conv id ando-os a degustar, no próximo mês, um pouco mais os encantos e o perfume cristão desse bom tempo, que desapareceram. Mas esperamos confiantes que a Providência Divina propiciará a seu tempo a restauração dos mesmos, em o u♦ tro contexto histórico.

Nolson Bmrotco

Sobrado da rua São Bento, esquina com rua do Ouvidor, em 1862. Pertenceu ele ao Brigadeiro Luís Antonio e depois a seu filho, Barão de Souza Queiroz, respectivamente avô e tio da autora. As procissões descritas neste artigo, eram assistidas pela memorialista, dos balcões dessa residência (fotografia de Militão Augusto de Azevedo. USP/MP Acervo do Museu Paulista da Universidade de São Paulo)

ASCI em 1960. Chamaram-me "Reforma Agrária" e meus pais espalharam por todo o Brasil que eu seria a panacéia para os males da agropecuária. Quatro anos depois, eu ainda não tinha conseguido andar e meus genitores acharam que mudando meu nome para ET (Estatuto da Terra), tudo funcionaria. Mas, pensei eu, o que ad ianta um novo nome, se por dentro sinto que nada mudou? Esperei. Vinte anos se passaram. Fis ioterapia, exercícios, estímulos externos, ultrasom, muito infra-vermelho não conseguiram tirar-me do meu entrevamento aos 24 anos. Em 1985, nova mudança de nome revelava minha terrível crise ele identidade: PNRA (Plano Nacional de Reforma Agrária). A situação só piorou. O Dr. Jungmann, meu atual "médico", julga que só fisioterapia não resolve e decidiu fazer também urna "operação plástica". Garante que será um sucesso e até já pensa em chamar-me "Novo Mundo Rural" ...

N

40 anos de fracassos Desde 1960, os famosos planos de Reforma Agrária vão se sucedendo uns aos outros, sem nunca atingir os objetivos previamente anunc iados. A

Prof. Plínio Corrêa de Oliveira: crítica clarividente e intrépida do Estatuto da Terra

grande esquecida nisso tudo é a opinião pública nacional, constrangida a presenciar tanta propaganda em favor da Reforma Agrária, sempre com resultados negativos . E a pagàr a conta.

Agora, diante da fa lência do plano de Reforma Agrária que vigorou nos últimos anos, fica patente que o Estatuto da Terra (ET), que o inspirou, carrega fa lhas sempre mais visíveis. É o que diz o Ministro Extraordinário da Política Fundiária, Raul Jungmann: "O E tatuto da Terra é um modelo que carrega falhas, mais visíveis a cada dia .... o Estatuto da Terra não leva em conta a Federação" (OESP). Ora, que o ET nada de bom poderia trazer para o Brasil foi visto e denunciado pelo Prof. Plinio Corrêa ele Oliveira em dois memoráveis e corajosos documentos, dados a lume ainda em 1964, em pleno regime militar, logo após a publicação da lei. A partir daí, várias outras denúncias foram feitas pela Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP) no mesmo sentido. Infelizmente não se atentou para a importância dessas denúncias, todas elas baseadas em fatos abundantes e argumentos irrefutáveis. Os acontecimentos pre-

Nota - O texto do "Novo Mundo Rural" (o novo plano de Reforma Agrária) , sob forma de "versão preliminar", datado de 24 de março, está sendo difundido pelo INCRA. A lém disso , o Ministro tem se pronunciado com freqüência sobre o assunto. Duas entrev istas por e le concedidas à imprensa são particu larmente eluc idativas ela orientação que se quer imprimir agora à Reforma Agrária: a ele 1 1 de janeiro, no "D iário de Pernambuco", e a de 2 1 ele março, em "O Estado de S. Paulo". Para as c itações que faremos do documento difundido pelo INCRA usaremos a sigla NMR; para as ent revistas citadas , usaremos respectivamente DP e OESP. Citações de outras fontes serão indicadas por extenso .

e AToLIe Is Mo

Junho de 1999

21


previsão de uma super-safra de grãos, com cerca de 84 milhões de toneladas. Segundo o sábio ensinamento de Santo Tomás de Aquino, uma instituição só deve ser reformada quando se puder comprovar que ela não mais atende às finalidades para as quais foi erigida, e ficar patente que a inovação remediará suas lacunas. Ora, não só a agropecuária nacional vem atendendo à demanda de nosso consumo, como está provado à saciedade que a Reforma Agrária leva a uma estrutura geradora de miséria.

"Benefício" da Reforma Agrária: terras desvalorizadas em 50%

Capa da obra lançada pela TFP em 1996: denúncia do rotundo malogro dos assentamentos

sentes, porém, vieram corroborar o acerto delas.

"A dependência dos assentados que têm dificuldade de caminhar com as próprias pernas .... cria uma clientela rural" (OESP). O INCRA "levaria 40 anos para liberar de sua tutela os 414 "O Estado não consegue mais arcar mil assentados existentes hoje" (NMR). com a reforma como vinha.fazendo porque pôs no programa alguma coisa de 7 Fracasso social. Em lugar de produtores autônomos, criaram-se pessoas debilhões de reais nos últimos 4 anos" pendentes da mamadeira do Estado. (OESP). Tornou-se um "regime inviável "Esse homem sempre foi mandado. financeira e administrativamente .... Os Sempre seguiu ordens. E agora tem que assentados de J995 para cá devem algo gerir seu próprio negócio. É um salto como R$ 5,8 bilhões, para pagamento cultural muito grande" (DP). Mas endas terras e dos créditos. Estima-se que tão, foi cometido um erro crasso. Como o débito do conjunto dos assentados sob tomar um homem que só está habituado os cuidados do INCRA esteja em torno a trabalhar mediante orientação recebide R$ 8 bilhões" (NMR). da de outro - no caso, o patrão - e Ou seja, está dando um enorme preachar que esse homem poderia, sem juízo; o governo vai pondo dinheiro dos qualquer preparação prévia, dar esse contribuintes e não tem retorno. Por "salto cultural muito grande" com as muito menos, abriu-se uma CPI no Sepróprias pernas? nado sobre o Judiciário ... "Esse conjunto de questões delineia O fracasso dos assentamentos tam- · um modelo de reforma agrária que se bém é apontado pelo Ministro: "A má confunde com o arcaico" (OESP). E qualidade de uma boa parcela de logo a Reforma Agrária, que foi feita a projetos de assentamentos" (OESP). pretexto de modernizar o campo! E o Os assentados colhem miséria e desopior é que essa política levou a uma delação , conforme ficou demonstrado no sapropriação-monstro: "nós desaproprilivro Reforma Agrária semeia assentaamos uma área equivalente a duas vementos - Assentados colhem miséria zes o Estado do Rio de Janeiro. Isso nese desolação publicado pela TFP a esse tes quatro anos" (DP). respeito, e m 1996.

O próprio Ministro passa o atestado: a atual Reforma Agrária fracassou

22

CAT OLICISMO

Junho de '1999

Enquanto isso, o fundo da questão continua a não ser enfrentado: a Reforma Agrária prossegue como um processo artificial, estatizante, baseado numa ideologia de índole socialista e que na prática só piora a situação tanto dos trabalhadores quanto dos proprietários. Na verdade, a grande "obra" que a Reforma Agrária realizou até agora foi abocanhar a metade do patrimônio de todos os proprietários rurais. Pois se to-

Insegurança do Ministro: novo Plano pode estar "errado"! Agora, para resolver a situação realmente catastrófica criada pela Reforma Agrária no campo, anuncia-se ... um novo plano! Mas, se isso tudo é assim, então não se pode simplesmente pôr uma pedra em cima e substituir um plano por outro, igualmente concebido num gabinete e seguido de uns poucos debates em recintos privilegiados. Quem garante que não será um novo fiasco, pior que o anterior? Tanto mais que o próprio Ministro Jungmann se mostra inseguro sobre o êxito desse Plano, que ele admite poder estar "errado": "Ce rto ou errado, esse é o maior esforço que se faz em décadas para tentar esboçar alguma coisa nova" (OESP). São incalculáveis os danos morais, sociais e econômicos que uma aventura nesse campo podem trazer para o Brasil. E o pressuposto é que "o modelo de desenvolvimento focado na agricultura patronal se esgotou" (NMR). Nada mais alheio à realidade do que esse pressuposto, do qual parte o novo Plano governamental. O próprio agribusiness funciona a seu modo com a relação patrão-empregado. E o que tem sustentado a balança comercial brasileira ultimamente é a agricultura baseada na propriedade privada. Ainda agora temos a

formação de uma perigosa rede manobrada pelo MST. Rede essa que, numa situação de eventual crise nacional, facilmente poderá ser aproveitada como base de agitação guerrilheira para convulsionar o País, a exemplo do que vem ocorrendo na Colômbia. Além disso, a Reforma Agrária golpeia a fundo a propriedade privada, esteio da produtividade e da ordem econômico-social brasilei1;a, no que esta ainda tem de cristã. Pois a propriedade privada está baseada nos Mandamentos da Lei de Deus que mandam não roubar e não cobiçar as coisas alheias.

Escandaloso reconhecimento: o "MST venceu" A quem aproveita então a Reforma Agrária? O Ministro Jungmann é bastante claro - até incrivelmente claro - ao apontar o vencedor: "O grande problema hoje com o MST é que o MST venceu. Colocou a reforma agrária na agenda nacional. É mérito dele" (DP). O que o Ministro poderia ter acrescentado é que, se o MST venceu o Brasil, não foi por contar com apoio na opi-

nião pública. As pesquisas feitas arespeito mostram a grande rejeição do público às invasões de terra. Mas o MST, é preciso reconhecê-lo, encontrou cumplicidades espantosas não só no clero de esquerda (que aliás é o verdadeiro regente do MST), como em altas esferas da mídia e da política. Se esses apoio cessassem de repente, o MST cairia ao chão, murcho como um balão inflável sobre o qual se aplicou um alfinete incandescente. Se o vitorioso até aqui foi o MST, como afirma o Ministro Jungmann , é bem o caso de perguntar para onde nos quer conduzir esse movimento, que atualmente goza de tão assombrosa impunidade. Será para uma sociedade de tipo comunista, do mesmo estilo da desejada pela "esquerda católica" e pelo auto-extinto PCB (hoje PPS)? Qual o papel da CNBB, e de seu braço agroreformi sta, a CPT, na realização desse tenebroso plano? Em matéria de Reforma Agrária, a CNBB parece afetada pela crise de representatividade que atinge todo o País. Ao menos, em relação à posição de grande número de católicos. E ao que

das as terras desvalorizaram em média 50%, o patrimônio deles, que eram as

l

terras, a metade o Estado desvalorizou. Tudo parece levar à conclusão de que o melhor, no presente momento, seria parar com a Reforma Agrária, a fim de estudar seriamente o assunto. Promover um debate com participação de todas as forças vivas da Nação, durante todo o tempo necessário para esclarecimento cabal do tema, seguido eventualmente de um plebiscito. Em 1992, a TFP promoveu um abaixo-assinado subscrito por mais de 1 milhão de brasileiros pedindo um plebi scito sobre o tema da Reforma Agrária, mas o governo não ousou convocá-lo. A Reforma Agrária socialista e confiscatória tem levado à miséria numerosos proprietários que estavam colaborando ativamente para o bem do Brasil; é um fracasso do ponto de vista social, com esses assentamentos que difundem a pobreza entre os autênticos trabalhadores rurais, favorecendo-lhes o ócio e empurrando-os para a

Fac símile das páginas de abertura do artigo publicado na revista "Veja" (5-5-99), que apresenta uma visão recente da atuação do MST

C ATO L IC IS MO

Junho de t 999

23


À esquerda: é chocante o contraste entre a prosperidade de fazendas brasileiras e a miséria reinante nos assentamentos Abaixo: placa existente na entrada da antiga fazenda Anoni, no Rio Grande do Sul, desapropriada pelo Incra

parece, também em relação a um signi ficativo número de Bispos. Vivemos numa época em que as associações oficiais, quer de trabalhadores, quer de patrões, geralmente não representam , em pontos-chaves, o pensar, o querer e o sentir de seus representados. Situam-se sempre "à esq ue rda" deles, e às vezes até muito "à esquerda". Há pouco, um documento emanado da 37' Assembléia da CNBB, em ltaici, apoiava até o MST! (cfr. "Zero Hora", 16-4-99). Por outro lado, o modo ostensivo como a CPT (uma das pastorais mais sa lientes da CNBB) ig nora as diretrizes dadas por João Paulo II a Bispos brasileiros contra as invasões de terras não se compagina certamente co m a posição dos católicos em geral, e de certo número de Bispos em particular que continuam a segu ir o Papa nessa matéria, cujas palavras não podiam ser mais claras: "A Igreja não pode estimular,

inspirar ou apoiar as iniciativas ou movimentos de ocupação de terras, quer por invasões pelo uso da força, · quer pela penetração sorrateira das propriedades agrícolas" (Alocução de 2 1-3-95 aos Bispos brasileiros da Regional Sul 1, Estado de São Paulo).

Comprovado: omissão das lideranças rurais O Ministro faz uma afirmação que pode soar como uma acusação grave contra as entidades representativas dos proprietários rurais. Pelo que diz, e las não estariam preocupadas em defender o direitos das

24

CATOLICISMO

classes que representam, mas simplesmente estariam dentro de um "jogo" combinado com o Governo: "No início

do governo Fernando Henrique Cardoso, as principais lideranças da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e da Organização das Coopera tivas do Brasil (OCB) assinaram um memorial em que diziam estar comprometidas com a reforma agrária, desde que fosse feita dentro da lei .... Em si, isso já é um avanço, porque no governo Sarney os proprietários vetaram o processo .... É claro que sempre vão reclamar das invasões e do desrespeito à lei. Faz parte do jogo" (OESP).

Além do mais, segundo Jungmann, os componentes da Bancada Ruralista no Congresso Nacional "perderam todas as batalhas" (DP) para o atual governo, ou seja, fracassaram na defesa da classe que deveriam defender. Depois, que "jogo" é esse, do qual faz parte que as I ideranças patronais reclamem das invasões? Não se trata de uma defesa de direitos, mas de um

"jogo"? A situação é tanto mais estranha quanto, no dia 23 de março, "O Estado de S. Paulo" noticia que "Os produtores rurais aprovam a reforma". Trata-se de uma entrevista dos Srs. Luiz Hafers, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), e Pedro de Camargo Neto, presidente do Fundo de Desenvolvimento da Pecuária de Corte (Fundepec) e também diretor da SRB. Este último chega

a afirmar que "o programa não tem nada de novo, já que a proposta de Jungmann é aquilo que defendemos j á há algum tempo". Como explicar que uma cúpu-

1a rural possa defender essa proposta tão eivada de socialismo e tão prejudicial à própria classe? O "Novo Mundo Rural" apresenta alguns aspectos que, considerados em si mesmos, são à primeira vista positivos e merecedores de simpatia. Assim, o intuito de descentralizar a distribuição das terras; de conceder títulos de propriedade e :i'!\li~'"""c~-..,...-..,.....,,..,_:.._ não apenas de posse a pequenos agricultores; de diminuir o ritmo das desapropriações, estimulando a compra de lotes por autênticos agricultores; de inibir a atual legião de aproveitadores, exigindo do assentado reembolso criterioso do valor do lote e dos créditos; de conceder ao pequeno proprietário créditos equivalentes aos do assentado; de procurar inserir o pequeno agricultor no mercado, a fim de que caminhe pelas próprias pernas etc.

Tal afirmação levanta sérios problemas. Então, depois do governo Sarney, essas lideranças patronais mudaram radicalmente de posição (por quê?) e se comprometeram a não mais defender seus representados contra uma lei de Reforma Agrária, mesmo que ela seja virulentamente socialista como a que está aí?

Porém, esses são aspectos circunstanciais do NMR, q ue douram a pílula amarga da Reforma Agrária sem extra ir- 1he o veneno mais profundo , como veremos. Ele tem igualmente aspectos muito mais preocupantes , como a possibilidade da formação de soviets agrários. Mas o ponto-chave, a nosso ver, é que a concepção de fundo continua a mesma, ou seja, a falsa idéia soc ialista de que o Estado pode alterar a seu belprazer a estrutura sócioeconômica do País, atropelando ou mesmo demolindo instituições e costumes tradicionais impregnados aind a de cri stianismo.

Novo plano: "cirurgia plástica" cria verdadeiros "soviets" 1- Educação marxista? - Fala-se em avançar na educação. O essenc ial é saber se neste particular o MST continuará colaborando como até agora. Pois é sabido que "educação" significa para o MST, como aliás para Fidel Castro em C uba, não ai fabetizar ou ens inar agricu ltura, mas é primordialmente um meio de disseminar a ideo logia marxista e ntre suas pobres vítimas. 2- Descentralização com "soviets" - A tão decantada descentralização da Reforma Agrária, no que consiste?

"Teremos o Conselho Nacional do Desenvolvimento Rural e, abaixo dele, os conselhos estaduais e municipais .... A entrada é pelo Município .... O plano municipal e a diretriz, a política, é.federal. Mas a porta de entrada não é pela prefeitura e, sim, pelos conselhos municipais do Pronaf .... Pretendemos ampliar os conselhos do Pronaf com a participação dos movimentos sociais, dos sem-terra e de quem mais for necessário. Hoje já hâ a participação da Igreja, dos produtores rurais, do representante da prefeitura. É aí que é tomada a decisão sobre a base territorial do município, consolidada pelos conselhos estaduais, nos quais a liderança é do Estado, com participação do Incra e de todas as entidades .... Quando digo que

o município será responsável, não se trata apenas da prefeitura mas da OAB, da CNBB, dos sem-terra, do agricultor familiar e do vereador" (OESP).

conselhos municipai s que não dependem dos Prefeitos, com conselhos estaduais que não dependem dos Governadores. Essa "novidade" e m relação aos antigos Planos de Reforma Agrária constitui a principa l alteração introduz ida pela "cirurgia plástica" proposta pelo Mini stro Jungmann. 3 - "Soviets" plenipotenciários? - "Essa comunidade [os Conselhos]

Ou seja, a Reforma Agrária é muni cipal mas não será feita pelas prefeituras e sim pelos tais conselhos nos quais atuarão a "esquerda católica", o MST, as ONGs etc. Não fica claro no que isso é diferente dos soviets que prepararam o advento do comunismo na Rússia ele 1917. Na realidade, corre-se o risco de Nelson Barr ouo constituir, em favor ela Reforma Agrária, uma estrutura parale la aos poderes constitucionais de governo, com

tem uma capac idade maior de intermediar o conflito do que deixar o enf'renlamento entre o movimento social e a polícia militar" (OESP). Será que a Po lícia Militar vai ser colocada de lado? Não desocupará mai s as terras in vadidas, a pretexto de que o Conse lho vai intermed iar os conflitos? E se ta is conselhos, na prática, substituírem a Polícia Militar, não poderão e les vir a exercer um papel análogo ao dos soviels que na Rússia co muni sta, em que se persegui u impi edosame nte os camponeses mais abastados, denominados kulaks (exp loradores) pelos bolchevistas? 4 - Neutralização do Judiciário: - "O mecanismo da desapropriação é

Na foto, cartaz fixado no escritório do Assentamento Libertação Camponesa, na cidade de Não-me-toque (RS)

uma conquista, mas tem um defeito complicado, é que sempre cai na via judicial" (OESP). Ora, sempre se entendeu que

O que são os Soviels?

a possibilidade de recorrer à Justiça era uma garantia da liberdade. Agora, passa a ser "um defeito complicado" submeter ao Juiz. Mas onde fica aí a democracia?

(Soviets = Conselhos). Rece beram a designação de soviets os Conselhos de "representantes" dos operários, so.ldados e camponeses, que, na Rússia, prepararam o advento do regime comunista. Após a tomada do poder pelos bo lchevistas naquele país, em outubro de 1917, tais Conselhos transformaram-sedespoticamente em órgãos deliberativos, que promoveram verdadeiras chacinas daqueles que resistiam ao novo governo. O soviet se constituiu na célula da sociedade marxista, a ponto de dar o nome soviética à unidade política que se formou:

(OESP). Então o proprietário deve ser punido? É crime ser proprietário? Num Estado comunista isso é assim. Mas querer impor isso ao Brasil? "É um proble-

União das Repúblicos Socialistas SOVIÉTICAS. O governo era exer-

ma grave pois como é judicial foge ao nosso controle" (OESP). E quem disse

cido através de uma hierarquia de soviets (ou conselhos), no topo do qual estava o Soviet Supremo, que foi dirigido sucessivamente por Lênin, Stalin e outros.

que tudo deve estar debaixo do controle do Governo? Num Estado totalit,irio, talvez, mas num Estado de Direito ... 5 - Representatividade espúria dos "soviets"- Mas se não é o Judiciário quem estabe lece, em última instân-

c

"Na via judicial .... multiplica até por nove o valor da indenização" (OESP). Quer dizer, o INCRA oferece uma indenização baixíssima, o proprietário apela ao Judiciário, ganha, e o Ministro acha que isso atrapalha. Se houver superindenização, é claro que deve ser apurada e punidos os responsáveis. Mas daí a alijar a Justiça do processo .. . "Hoje, de-

sapropriar não é punii; é privilegiar"

AT

o

LI

cIsMo

Junho de

t 999

25


ESCREVEM OS LEITORES Se no Brasil vigora o regime representativo e um Congresso é encarregado de elaborar as leis, em Brasília, por que estabelecer um poder paralelo - os Conselhos - que evocam os soviets da ex-URSS?

de sua ideolog ia e se arvoram a falar em no me do povo?

6 - Exclusivismo disparatado: propriedade familiar - Se se trata, como diz o Ministro, de "urna política integrada de desenvolvúnento sustenlado para o meio rural brasileiro" (OESP),

eia, o preço, quem será? Um arremedo de resposta parece constar na seguinte aprec iação do Ministro: "daqui para

.fi·ente partiremos para um m.odelo que, na hora de bater o martelo, a comunidade dirá sim, pois é ela quem paga" (OESP). Isso levanta sérios problemas. Primeiramente, se a com unid ade deve ser consultada sobre o preço, por que não cons ultá- la também sobre o mérito da desapropriação? Não basta perguntar quanto ela quer pagar por uma terra. Previamente é preciso saber se e la está de acordo em desapropriar aquela terra. Mais ainda, se e la está de aco rdo em que haja desapropriações. É natural! Mais de l milhão de pessoas já subscreveram o abaixo-assinado da TFP pedindo um plebiscito sobre a Reforma Agrária. Não foram ate ndidas. Por quê? Depois, o preço não é definido apenas por quem paga, mas também por quem recebe. É claro. Se não houver essa reciprocidade, haverá confisco puro e simples . O proprietário da terra desapropriada terá defesa contra o preço eventua lmente inju sto? Como será essa defesa, se o Judiciário for a lijado do processo? Outro problema: como se mani fe. tará a comunidade na questão do preço ? Serão os tai s Conselhos Municipai s? Ma que representativ idade efetiva têm eles em relação aos contribuintes brasile iros? Ou corremos o risco de cair no sistema tirânico dos soviels que decidem em função 26

CATOLICISMO

por que só fa lar em propriedade familiar? Por que não integrar nela também as propriedades grandes e médi as, às quais o Brasil historicamente e no presente tanto lhe deve? É absolutamente certo que o desenvolvimento agrícola brasileiro se fez pela coexistência harmônica de grandes, médias e pequenas propriedades. Mais ainda, com o correr do tempo, o fracionamento das grandes e médias propriedades em pequenas fo i se fazendo de modo natural e orgân ico, sem traumas e atendendo às necessidades regionais. Isso é que trouxe ao Brasil uma verdadeira paz social no campo, a qual só terminou quando se iniciaram os tais planos quiméricos de Reforma Agrária. Sem fa lar em que, se o Brasi l fosse viver da agricultu ra familiar proveniente dos "mais de 3 núl assentamentos" (NMR) de Reforma

Junho de 1999

Ag rári a, já estaria faminto como uma imensa Cuba.

Brado de alerta: o futuro será nosso juiz! O que dirão as gerações futuras arespeito desse "Novo Mundo l?ural " - pl ano soc iali sta que poderá aniquil ar um dos segmentos mais competitivos do País? Como a História considerará o espantoso contra-se nso de um Plano de Reforma Agrária que persegue e tende a desarticular um setor produtivo, no momento e m que e le bate recordes de eficácia, como está a demonstrar a atual safra de grãos, com mai s de 80 mi lhões de toneladas? Qua l o juízo que se fará no futuro de lideranças rurais que levam adiante uma política cap itul ac ionista, como as que estabelecem acordos espúrios, em detrimento dos verdade iros interesses dos setores que representam? E como fica a Bancada Ruralista no Congresso Nacional , da qual diz o Ministro Jungmann que perdeu "todas as batalhas"? O que pensarão nossos pósteros de um a política govername nta l, como a atual, que já apli cou (ou desperdiçou) 7 bilhões de reais num a Reforma Agrária cuj o fracasso fica claro nas próprias palavras do Mini stro? Já que se tornou moda hoje em dia constituírem-se Comissões Parlamentares de Inquérito, por que não se propõe uma para serem anal isadas as mazelas da Reforma Agrária? É curioso e sintomático que tal idéia não tenha ocorrido a ninguém ... Ei s aí um tema - este sim ! que mereceria um esclarec imento profundo e comp leto, ao qual a opinião pública nacional teria direito. E, para finalizar, após as interrogações ac ima, nascidas da aná li se fria e realista das coisas, voltemos nosso o lhar a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil. Não permita Ela que, ao nos aproximarmos dos 500 anos da Terra de Santa Cruz, seja este símbolo de nossa Redenção posto de lado, em favor da aplicação de idéias socialistas e anticri tãs, que tendem a nos arrastar ao caos e à demolição do queresta de ordem na sociedade atual. ♦

Um para 150...

M É com grande a leg ri a e satisfação que escrevo para dizer-lhes como esta revista Catolicismo tem-me aj udado e muito. Eu sou coordenador de um grupo de jovens e cateq ui sta do cri sma. Como os jovens de hoje estão mu ito nas perguntas do "Por que", Catolicismo me deu as respostas. Fico muito grato e satisfeito por ser assinante e ac ho que todas as pessoas que defendem, estimam e prezam a tradi cional Religião cató li ca deveriam fazer como eu - ser ass inante de Catolicismo. Eu lamento que só recebo uma rev ista (e entendo, é claro) e tenho que emprestar para 150 jovens e sem contar com a eq uipe de coordenação ... . (N.B.D.S. - São Paulo) Variedade 1?=<J Tenho gostado muito da rev ista, tratando ele assuntos tão cli ferentes, desde econom ia até religião, passando por política, hi stória, etc. , tudo no ângulo de nossa santa Religião, coisa que a nossa impre nsa diária não faz e só escreve a respeito de coisas sensacionali stas para impressionar os leitores, mas não para informá-los devidamente. Parabéns aos escritores dessa revista mensal tão bem ilustrada. (D.G.S. - Minas Gerais)

Vida interior

M

Todas as matérias abordas em

Catolicismo são muito importantes para mim. Começando pela capa, o ite m 2, !?evolução e Contra-l?evolução faz-me compreender as mudanças na sociedade em que vivemos . Embora eu encontre dificuldade, pois o vocabulário é superior ao meu 2°

grau. A Página Mariana, exa ltando Maria Santíssima, sempre traz assuntos novos que o le itor não sab ia . ... . A parte de atual idades nos traz o con hec imento cio que está se passando em cada lugar. Gosto de saber o que se passa no mundo. E só Catolicismo me di z tudo certinho. Assunto de famíl ia, Igreja, os papas, a Palavra do Sacerdote, enfim é uma revista que preenche o me u interior; Ambientes, Coslwnes e Civilizações, gosto muito . .... (M.A.R.S. - Maranhão)

Código de Defesa do Telespectador

Edições maravilhosas

Ansiosíssima espera

M

M Primeiramente gostaria de falar que todo mês a espera da revi sta Catolicismo é ans iosíssima. Temos nos surpreendido a cada pág ina, a cada capa e organi zação. Esta revista é uma

Gostaria de saber mais sobre a vida de Nossa Senhora, como e la viveu e como morreu, e também sobre a morte de São José, po is a Bíb lia não fala sobre isso.

~ Temos qu e levar adiante a pu ni ção da imoralid ade na TV. É uma abe rração e não podemos de ixa r nossos lares invadidos pe la impu reza. Temos que bri ga r com o governo, pe lo Cód igo de Defesa ao Telespectador. Agradeço todo o e mpe nho, Dr. Pau lo, Cô nego José Luís Villac, pelos esc la rec im e ntos aos le itores. (J.A.O. - Paraná)

Gostaria que todos ass inassem

bênção para nossos lares, e rogo a

Catolicismo, que é uma revi sta com-

Nossa Senho ra Fát im a, que vocês cresçam mais e mais espiritualmente, o Sr. e toda sua equ ipe . (M.P.O. - Bahia)

pleta. Quero também parabenizar toda a eq uipe, pois todas as ed ições que recebi até hoje são maravilhosas. Aqui fico reza ndo , pedindo a Deus e ao Espírito Santo, pela devoção à Virgem Maria, da qual sou devota, para que vocês sempre sej am iluminados a cada dia, a cada passo e a cada revista. (A.M.D.S. - Paraíba)

Plínio Corrêa de Oliveira [>:.<'.] O Professor Plínio Corrêa de Oliveira é um escritor que dispensa qualquer comen tário no mundo de hoje. Sua memória deve estar em paz, pois no mundo e~ que vivemos a imprensa publica tudo que lhes é oportuno. Sendo assim , o Prof. P línio é um dos melhores, porque é uma leitura sadia, cu lta e de grande val ia. (N.D.S.A. - Rio de Janeiro)

Verdades Esquecidas

i>=<:l Sou semina ri sta e desde qu e estou no sem in ári o venho lendo todas as revistas. Eu gostaria de ver um dia a TFP tomando conta do Brasil in teiro, deste Brasil que precisa ser purificado , precisa de uma limpeza gera l. Espero que seja um Bras il governado por mãos cató li cas e que sejam co nde nados todos os erros, como o a borto , "casamento" ho mossex ual etc. Gosto de ler todos os ass untos, pois são cheios de verdades, mas principalmente Verdades Esquec idas, pois me fazem pensar como era a [greja Católica Apostó li ca Romana. (C.L. - Paraná)

C ATOL IC ISMO

Junho de 1999

27


ENTREVISTA

Morte encefálica e ! transplante de órgãos

• •

Oportunos esclarecimentos prestados pelo médico neurologista Prof. Cícero Galli Coimbra, da UNIFESP, sobre esse atualíssimo tema

I

MAGINEMOS a cena. Um jovem, vítima de acidente automob il ístico, está entre a vida e a morte na UTI de um hospital. Seus pais e fami li ares, na antesala, desejam ardentemente sua recuperação. Outro quadro, na mesma UTI: um homem de meia idade pode salvar-se se receber um transplante de fígado. Caso contrário, morrerá. E, quanto mais passa o tempo sem receber esse transplante, menores são suas poss ibi lidades de sobreviver. Sua famíl ia agita-se para obter a doação do órgão que vai salvar sua vida, o qual poderia vir do

Josô e . Sopúlvoda

Prof. Gal/i Coimbra:

"O tratamento de hipotermia é capaz de normalizar rapidamente a pressão no interior do crânio, impedindo que sua elevação faça cessar a circulação cerebral. Reduz também o edema (inchaço) cerebral"

28

• • •

jovem acidentado. Duas situações dramáticas. E a família do homem de meia idade está submetida a uma grave prova de ordem moral. Pois não pode, para salvar seu ente querido, precipitar a morte do jovem que sofreu o acidente automobilístico, por mais improvável que seja sua recuperação. Mesmo que essa recuperação esteja inteiramente descartada pelos mais sólidos critérios da medicina! Para a equipe médica que vai diagnosticar a morte do jovem, o drama moral torna-se ainda mais agudo. Um erro pode custar uma vida: a do jovem, candidato a doar seus órgãos, se a morte dele for diagnosticada de forma precipitada ou defectiva; ou a do homem de meia idade, se não receber a tempo o órgão que lhe fa lta para a sobrevivência, e cuja família pressiona para que a equipe autorize logo o transplante. Neste caso imaginário, a equipe médica sente o poder de vida e de morte em suas mãos. Quase se diria que, mais do que um grupo de médicos, funciona ali um verdadeiro tribunal com poderes aterradores. E obrigações não menos terríveis, porque, como ensina a doutrina da Igreja, os poderosos serão poderosamente atormentados.

CATOLICISMO

Junho de 1999

O pressuposto para que um transp lante possa ser cons iderado lícito, nos casos em que a extração do órgão a ser transferido impo rte em falecimento do doador, é que este último já esteja realmente morto . Em outras palavras, não se pode admitir que alguém seja levado à morte para poupar a vida de outrem. Então, toda a problemática referente aos transp lantes esbarra num problema prime iro, incontornável: estará o doador realmente sem vida? Não é suficiente que o futuro doador esteja desenganado pelos médicos. Pois a previsão pode falhar. E mesmo que fosse infalível, ou seja, que tal ou tal pessoa não pudesse de modo algum sobre viver, não seria lícito levá-la à morte para efeito de transplante.

* * * Em situação tão de licada, compreende-se então , com facil id ade, que a equipe médica necess ita ter, atrás de si, critérios legais perfeitamente confiáveis de acordo com a moral, atua lizados e firmes. É o caso dos adotados no Brasil? O "Jorna l do Brasi l" , nos dias 21 e 22 de fevereiro último, publi cou duas matérias sobre esse assunto. Nelas, relata os estudo feitos pelo neurologista Cícero Ga ll i Coimbra, que questionam os critérios precon izados pelo Conselho Federal de Medic ina. E no dia 1° de março, em editoria l intitulado Morte Suspeita, o mencionado quotidiano carioca declara que o cientista levanta uma "dúvida séria". E a respeito dos doadores potenciais afirma o jornal:

"Deve-se tentar salvar esse paciente e não considerá-lo a priori, por falta de recursos, preguiça ou até ganância desenfreada, simples doador de órgãos". E conc lui que, se assim não for feito, "estaremos matando pacientes, em geral pobres, que poderiam ser salvos, em nome da eficiência e da esperança dos transplantes". Sem nos envolvermos diretamente na controvérsia eminentemente científica, e que a esse título escapa às características desta revista, Catolicismo julga útil informar seus leitores a respeito dela. E, para isso, traz às suas páginas declarações do jovem e brilhante neurologista Cícero Galli Coimbra, Professor-adjunto do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia

da Universidade Federal do Estado de São Paulo (UNIFESP), orientador da pós-graduação em Neurologia e Neurociências, Pós-Doutor pela Universidade de Lund (Suécia). O entrevistado recebeu amavelmente a reportagem de Catolicismo em seu gabinete de trabalho no Departamento de Neuro logia e Neurocirurgia da UNIFESP.

Prof. Galli Coimbra - Desde que não tenha sido executado o teste ela apné ia, pessoas que preenchem

após o acidente que as vitimou. Os casos recuperá-

Catolicismo - Os critérios adotados no Brasil, para

veis podem chegar a 50% ou 70%, conforme a rapidez com que o tratamento é instituído e conforme a causa da lesão cerebral. Catolicismo - Qual o peso da autoridade dos mé-

a constatação da morte do futuro doador de órgãos,

dicos que estão contestando, no plano internacio-

são inteiramente confiáveis? Ou pode suceder a retirada de órgãos de pessoa que, na realidade, não estava morta? Prof. Cícero Galli Coimbra - Os critérios são adotados em nível internac ional, não apenas no Brasi 1. Encontram -se, no entanto, ultrapassados pelo progresso do conhecimento científico atual, que se contrapõe aos conceitos que levaram à elaboração desses critérios em 1968. Na realidade, são critérios prognósti cos, não diagnósticos: a partir de um período curto de observação, infere-se que não ocorrerá recuperação elas funções neurol ógicas, que se constata estarem ausentes através cio exame clínico. Um prognóstico ruim pode mudar com o progresso da medicina, que disponibiliza novos e mais efic ientes recursos terapêuticos para situações antes consideradas irreversíveis. Adernais, o teste da

nal, esses critérios?

Prof. Galli Coimbra -

(http ://www.epm.br, na parte de "Serv iços ao Público"), tem sido recon hecida pela Com i ssão Organizadora cio 3° Simpósio Mund ial sobre Coma e Morte (A lan Shewmon e outros), pelo Presidente da Sociedade Ca tóli ca de Med icina dos EUA (Pau l Byrne) e pelo Presidente ela Comi ssão ele Ética e Humanidades da Academia Americana de Neurologia (James Bernat), entre outros. As cartas de apoio encontram-se também di sponíveis na Internet, traduzidas para o português. Catolicismo - Que problemas éticos estão envolvidos na polêmica?

Prof. Galli Coimbra - A continuidade do emprego do teste da apnéia, em que se des liga o respirador por até I O minutos, mesmo com medidas que

pacientes em tal situação crítica, pois pode com-

tentam (mas não conseguem completamente) pre-

hipotermia?

Prof. Galli Coimbra - Na redução da temperatura cio corpo de 37ºC para 33ºC, mantendo-se o paciente assim por um período que varia de 12 a 24

ponto de vista ético, pois pode • determinar a morte através de efeitos deletérios [referentes] ao suprimento de sangue ao cérebro"

A validade das críticas •

veiculadas aos atuais critérios através da Internet

apnéia constitui-se em um grande ri sco para esses prometer irrevers ivelmente a circulação ele sangue ao cérebro, induzindo à morte, que deveria apenas auxiliar a diagnosticar. Catolicismo - No que consiste o tratamento por

'~ continuidade do emprego do teste da apnéia, em que se desliga o respirador por até 10 minutos, é indefensável do

muitos ou todos os demai s critérios clínicos foram recuperadas pelo tratamento hi potérrnico, vindo a reassu mir a sua rotina de atividades diárias meses

venir a ocorrência ela falta ele oxigênio durante o teste, é indefensável sob o ponto de vista ético, po is pode determinar a morte através dos efeitos deletérios já citados sobre o suprimento ele sangue ao cérebro, e não traz - nem é executado com a intenção ele trazer - qualquer benefício terapêutico para o paciente. O médico inglês David Evans, que também apóia essas críticas , em carta disponível na

horas, conforme prática que tem sido empregada no Japão, na A lemanha e nos EUA. Entre outros efeitos, esse tratamento é capaz de norma lizar ra-

internet, aconselha os fami l iares a não autorizarem a reali zação desse teste.

pidamente a pressão no interior do crânio, impedindo que sua elevação faça cessar a circu lação ce-

(principalmente quando a alternativa oferecida é o teste da apné ia, para benefício ele possíveis

rebral. Reduz também o edema (inchaço) cerebral, que é um dos principais fatores responsáveis pela elevação dessa pressão, e paralisa as reações químicas que levam as célul as nervosas à morte. Víti -

receptores ele órgão) co nst itui- se, de fato , no rní-

mas de traumatismo crani ano grave e ele paradas card íacas prolongadas (30 a 47 minutos de dura-

surpreendent~mente bons alca nçados com pa- • cientes muito graves, e já publicados na !itera- • lura médica desde 1996. É destituída de coe-

ção) têm tido as suas funções neurológicas completa ou quase completamente recuperadas através desse tratamento. Catolicismo - Há casos de recuperação total de pessoas que poderiam ser consideradas mortas de acordo com os atuais critérios de diagnóstico de morte encefálica?

O não emprego cio tratamento hipotérmico JosóC.SopOl,odo

nimo em uma negativa de socorro, mesmo que • seja motivada pe la falta dos recursos necessários, ou pelo desconhecimento dos resu l tados

rência a argun1entação de que esses resu ltados • são muito recente s ou carecem ele mais reitera- • ela confirmação , simplesmente porque os autores dessa argumentação não têm a oferecer nenhuma alternativa terapêutica que te nh a propi ciado resu ltado s melhores. ♦

C AT OLICISMO

Junho de 1999

29


DESTAQUE

r_J}J~J 11JJJ ~J ~ Rogai por nós!

~J __r1j B _1 j 1J o

Para um grandioso acontecimento - a canonização do Padre Marcelino Champagnat, modelo para os educadores - uma multidão reuniu-se, no dia 18 de abril p.p., na Praça de São Pedro, em Roma. Muitos brasileiros - ex-alunos maristas e pais cujos filhos estudam em colégios dos Irmãos Maristas, bem como devotos em geral- estavam presentes a essa solenidade. Padre Marcelino José Bento Champagnat, fundador da Sociedade dos Irmãos Maristas, nasceu no interior da França, num povoado chamado Rosey, em 20 de maio de 1789 (ano cio início ela Revolução Francesa), fa lecendo em 6 de Junho de 1840. Teve por missão preservar a juventude cios maléficos princípios da Revol ução Francesa, alertando-a contra os ensinamentos dos fa lsos profetas de sua época. Foi beatificado por Pio XJI em 29 de maio de 1955 e ago-

O

30

CAT OLICISMO

Junho de ~ 999

1J ~J1_/

ra, após comprovados três milagres ocorridos nos Estados Un idos, Madagascar e Uruguai - foi proclamado santo por João Paulo n. Para conhecimento de nossos le itores, publicamos abaixo excertos de importante documento a ltamente e log ioso para o novo Santo. Trata-se da A locução do Papa Bento XV por ocas ião da promulgação do decreto sobre a heroicidade das virtudes cio Bem-aventurado Marcelino Champagnat, em 1 1 de julho de 1920.

* * * "Basta considerar os princípios do século XIX para reconhecer que rnuitosfalsos profetas apareceram na Fran ça, e a partir daí se propunham d!fúndir por toda a parte a maléfica influência das suas perversas dou/ rinas. Eram profetas que tomavam ares de vingadores dos direitos do povo, preconizando uma era de Liberdade, de Fraternidade, de Igualdade. Quem não via que estavam di5jarçados de ovelhas 'in vestimentis ovium ' ?

Falsos profetas que pregavam

a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade "Mas a Liberdade preconizada por aqueles profetas não abria as portas para o bem, e sim para o mal; a Fraternidade por eles pregada não saudava a Deus como Pai único de todos os irmãos; e a Igualdade por eles anunciada não se baseava na idenlidade de origem, nem na comum Reden.-

ção, nem no mesmo destino de todos os homens. Eram profetas que pregavam uma igualdade destrutiva da diferença de classes querida por Deus na sociedade; eram profetas que chamavam irmãos aos homens para lhes tirar a idéia de sujeição de uns em relação aos outros; eram profetas que proclamavam a liberdade de Jazer o mal, de chamar luz às trevas, de confundir o falso com o verdadeiro, de preferir aquele a este, de sacrificar ao erro e ao vício os direitos e as razões da justiça e da verdade. "Não é d!fkil compreender que esses profetas vestidos com pele de ovelha, inlrin.secamen.le, quer dizer, na realidade, tinham de aparecer como lobos rapaces: 'qui veniunt ad vos in vestimentis ov ium, intrinsecu s aulem sunt lupi rapacis' raproximam-se de vós com peles de ove lha, mas na realidade são lobos rapaces].

Cuidado! Com os falsos profetas... "Não é de se maravilhar que conlra taisfalsos profetas devesse ressoar uma palavra terrível: 'guardai-vos de les!' , ' attendite a falsi s prophetis'. "Marcelino Champagnat ouviu essa palavra; entendeu lambém que não tinha sido dita só para ele, e pen.sou em tornar-se o eco de/ajunto aosjilhos do povo, que via serem os mais expostos a cair vítimas dos princípios de 1789, devido à própria inexperiência e à ignorância dos seus pais em matéria de religião .... "'Attendite a fa lsi propheti ' : eis as palavras que repelia aquele que almejava deter a lorren.te de erros e vícios que, por obra da Revolução Francesa, ameaçava inundar a Terra. 'Attendite a falsis propheti s': eis as palavras que explicam a missão que Marcelino Champagnal abraçou; palavras que não devem ser sepul!adas no esquecimento por quem quiser esludar a sua vida.

... eles produzem maus frutos! "Não deixa de ter interesse a comprovação do falo de que Marcelino Champagnat, nascido em 1789,foi destinado a combater, na sua aplicação prática, precisamente os princípios que lomaram o nome do ano do seu nascimento,

e depois obtiveram triste e dolorosa celebridade. "Para jus1ificar a sua obra, ter-lhe-ia bastado conlinuar a leitura cio Evangelho de hoje, porque um simples olhar sobre as chagas que os princípios de 1789 abriram no seio da sociedade civil e religiosa, patenteariam como aqueles princípios continham a suma do ensino dos .falsos profetas: 'a fructibus eorum cognoscetis eos ' ....

Os bons frutos produzidos pelo Padre Marcelino Champagnat "Ao incremenlo das casas dos Pequenos Irmãos de Maria llrmãos Maristas], e à boa orientação dos jovens nelas acolhidos, coac(juvou sem dúvida Nossa Senhora, por meio de uma imagem que apareceu, depois desapareceu, e fina lmente/oi de novo encontrada. Verdadeiramente maravilhoso f oi aquele primeiro incremento, só explicável pelo sucessivo aumenlo, lambém tão extraordinário, que antes do décimo luslro da sua fundação, cinco mil religiosos do novo Jnstiluto davam sadia instrução a cem mil meninos espalhados por Iodas as regiões do orbe. "Se o Venerável Champagnat tivesse adivinhado, com profética luz, leio adm irável efeito, lamenlar-se-ia certamente do excessivo nú,nero de meninos que ainda permaneciam sumidos nas sombras da morte e nas trevas da ignorância, e leria deplorado, mais ainda, não ter podido impedir melhor o nefasto desenvolvimento da perniciosa semente espalhada pela Revolução Francesa. No entanto, um sentimenlo de profunda gratidão a Deus, pelo bem realizado pela sua Congregação, tê-lo-ia obrigado a di zer que, assim como cios péssimosfi·utos do ensino de alguns profetas conlemporâneos seus, se dedu zia a sua falsidade, assim o amac/urecimenlo dos bons frulos da sua obra mostravam a bondade dela: 'Igitur ex frutibus eorum cognoscetis eos'". ("L' Osservatore Romano", 12- 13/7/ 1920, 2ª ed. - Apud Plínio Corrêa de O li veira, Nobreza e elites tradicionais aná log as nas alocuções d e Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, Livraria Civi li zação-Editora , Porto , 1993, pp. 207-208). ♦ Nota -

Os intertítulos do documento são da redação.

eATOLIe ISMO

Junho de 1999

31


')

')

')

')

')

')

J unho 1999

§ c[l@ü@~ 1/

DOM

SEG

TER

QUA

QUI

SEX

SÁB

6 13 20 27

7 14 21 28

1 8 15 22 29

2 9 16

3 10 17

23

24

4 11 18 25

5 12 19 26

8 Sa11to Guilherme de York, Bispo e Confessor.

2 Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

+ Lyon, 177. "Seus fortes e repetido.,· combates sob [os imperadores ro manos·! Ma rco Aurélio A111011i110 e LIÍcio Vera estão descritos numa carta que a Igreja de Lyon enviou às autoridades da Ásia e da Fríg ia" (do Marti-

ro lógio Ro mano).

3 Santa Paula Frassinetti

Santo Antonio M aria Gianelli

SOLENIDADE DO CORPO E SANGUE DE CRISTO

4 Sa11ta Clotilde, Rainha. (vide seção Vidas de Santos p. 34)

Beato José de Anchieta

32

CAT OLICISMO

lhante em suas palavras, grandioso em seus conselhos, cheio de amor para com todos, repleto até o .fim do de seu coração da serenidade e da aleg ria do Espírit o Sa nto" (cio

Marti ro lógio Romano -

Monástico),

10

11

Sii-0 Felipe, Confessor.

SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS.

Junho de 't 999

Santa Paula Frassinett~ Virgem. + Itá lia, 1882. Fu ndou as Irmãs ele Sa nta Dorotéia, dedicadas ao ensino, em meio às maiores di fic uldades e perturbações políticas. Dizia: " Habituemo-nos a viver o dia-a-dia e pensemos só em.fazer diariamente nossa obrigação, deixando o cuidado de tudo mais a Deus".

tornou-se Bispo de Pádua e Cardeal, dedicando o melhor de suas atividades ao seminário episcopal que transformou num dos melhores ela Itália. Nele é guardado reverentemente o coração cio Santo.

19 Santos Gervásio e Protásio, Mártires. + Mil ão, Séc. III. O primeiro foi açoitado com pontas de chumbo até a morte e o segundo, depois ele fl agelado, degolado. Santo Ambrósio descobriu seus corpos em 386. De Mi lão seu culto ex pandiu-se até as Gálias, onde várias igrejas lhes fora m clecl ica<las.

Sii-0 Metódio de Constantinopla, Bispo e Confessor.

20

+ Consta ntinopla, 847. Italiano, "estudou ern.

Santo Adalberto de Magdeburgo, Bispo e Confessor.

Constantinopla onde abraçou a vida monástica. Tornou-se Abade e, mais tarde, Patriarca. Fez triunfar definiti vamente, com o apoio de Roma, o culto das samas imagens, instiluindo a 'Festa da Ortodoxia ', celebrada anualmente desde então" (do Martirológio Romano - Mo-

nástico).

15

6

+ Itália, 1846. Fundador das Fi lhas ele Maria Santíssi ma cio Ho,to, dos Missionários ele Santo Afonso ele Ligório e cios Oblatos ele Santo Afonso, foi Bispo de Bobbio, notável pelo seu zelo apostólico e caridade para com suas ovelhas.

14

Santa Maria Micaela do Santíssimo Sacramento, Virgem.

ra, pai de sete bem-aventu rados Mártires tidos de sua esposa Santa Sin/orosa; e também ma rt írio de seus companheiros Cereal, Amâncio e Primiti vo" (do Marti ro lógio Ro mano).

7

+ Itália, Séc. VI. Bispo na região dos Abruzzos, sofreu perseguições por ter proclamado a clivi ncl acle de Cri sto, send o afoga do pe los longobarclos no rio Atemo.

Sii-0 Columba Abade, Confessor.

+ Espanha, 85 1. "Adolescente, apesar de edu-

converteu a Samaria à fé de Cristo, batizou o eunuco de Candace, a rain ha da Etiópia, e fi n.almente term.inou seus dias na Cesaréia"

Santo Antô11io de Lisboa ou Pádua, Co11fessor.

+ Escócia, 597. "Na tu reza a ristocrática, bri-

+ Séc. II I. "Varão de grande nobreza e cultu-

Santo Antonio Maria Gianell~ Bispo e Confessor.

Santo Eusébio

Sii-0 Sancho, Mártir.

(Do Martirológio Ro mano).

São Luís Gonzaga

9 Beato José de Anchieta, Apóstolo do Brasil

Sii-0 Getúlio e Companheiros, Mártires.

+ Pa lestina, Séc. li. Um dos sete primeiros Diáconos ordenados pelos Apóstolos, é nomeado logo depois de Santo Estêvão, o Proto-Mártir. "Afamado por seus milagres e prodígios, São Gregório Barbarig o

+ Inglaterra, 11 54. Sobrinho cio rei Santo Estêvão, mu ito cedo fi cou tesoureiro da igreja ele York e em seguida seu Arcebi spo. Caluniado, fo i afastado do cargo. Depois ele sete anos ele humi lh ações fo i reabi litado pela Santa Sé. Mui tos mil ag res fora m operados em seu tú mulo, inclusive três ressurreições.

5 cado na corte rea l, não hesitou em so.fi-er o martírio pela f é de Cristo 11a perseguição dos árabes" (do Marti ro lógio Ro mano).

13 Sii-0 Peregrino, Bispo e Mártir.

1

Sii-0 Plotino, Bispo e Companheiros, Mártires.

Martirológio). Coroou Carl os Magno Imperador na Basílica Vaticana, na noite ele Natal ele 800, restaura ndo assim o Sacro Império.

Sa11to I11ácio, Anacoreta. onde se acabava de adotar a obse rvância cl un iace n se, deu novo imp ulso ao monaquismo" (do Marti ro lógio Romano).

-

z}unlw

30

+ Espanha, Séc. XI. "Feito abade de Onha,

.

de

ce ífce~m

+ Espanha, 1865. Vi scondessa de Jorba lán, recebeu fo rmação reiigiosa e li terária, sobressaindo desde cedo pela devoção à Eucaristi a. Fundou o Instituto da Religio a Adoradoras Escravas cio Santíssimo Sacramento e da Caridade, dedicado à adoração eucarística e ensino. Dirigida de Santo Antonio Maria Claret, por sua ami zade com a Rainha Isabel l i exerceu benéfica infl uência na Corte espanhola.

+ Alemanha, 98 1. Enviado pelo Imperador Otão, o Grande, como chefe de um grupo ele missionári os que fo ram evangeli zar os eslavos. Tendo todos seus companheiros sido massacrados, Adalberto voltou à Alemanha, onde fo i designado Bispo ela nova Sede epi scopal ele Magdeburgo, na Saxônia.

21 Sii-0 Luís Go11Zaga, Confessor. ♦

Santo Eusébio, Bispo e Mártir. + Sfria, 378. Ex ilado para a Trácia pelo Imperador ariano Yalêncio, visitava as igrejas não ari anas di sfarçado co mo so ldado para confinm1- las na fé. Voltando cio ex ílio, após a morte ele Valêncio, fo i assassinado por um a mul her ariana por causa de sua fé católica.

+ Trento, 405. Nascido cm Trento, foi educado em Atenas. Eleito Bispo ele sua cidade natal, "tudo f ez para extirpar os últimos vestígios de idolatria. Por esse 1110/i vo, ho111e11s f erozes e bárbaros abateram -no com uma rajada de pedras" (cio Martirológio Romano) .

27 Nossa Senhora do Perpétuo Socorro Segundo a tradição, essa pintura foi trazida ele Creta para Roma por um negociante e permaneceu na igreja ele São Mateus até 1812, inclo depois para uma capela dos agostinianos. Em 1866, o Geral dos Redentoristas obteve de Pio IX a custódia da imagem, divulgando-a então por toda paite, tornando-se uma elas estampas ele Nossa Senhora mais populares em todo o mundo.

Sii-0 Plutarco e Companheiros, Mártires. + Egito, 202. Ass istindo às aulas cio célebre Orígenes, em Alexandri a, fora m por ele conve rtidos à fé católica, enfrentando por isso o martírio nas perseguições de Severo.

29 Comemoraçii-0 de Sii-0 Pedro e Sii-0 Paulo, Apóstolos.

16

22 Sa11to Albano, Mártir.

+ Bé lgica, 1246. " Monja cisterciense de

+ Inglaterra, 304. Destacado habitante ele

Aywieres, na diocese de Namw; f oi cumulada de g raças místicas por Jesus Cristo, que a i11s1ru iu no mistério do Seu Sagrado Coração, a única lu z na cegueira do seu .fim de vida" (do

Veru lami um (hoje Santo Albano), escondeu em sua casa um sacerdote durante a perseguição ele Diocleciano. Convertido pelo min istro de Deus, ficou tão tocado pela doutrina católica que trocou ele vestes com ele, sendo preso em seu luga r. Negando-se a oferecer incenso aos ído los, fo i açoitado, cruelmente torturado e fi nalmente teve a cabeça decepada.

Henrique, fo i educada na Corte pela Imperatri z Santa Cunegundes. Casou-se com Guilherme ele Friesach e teve dois fi lhos, os quai s fora m assassinados. Tra nsido de dor, o pa i foi em peregrinação a Roma, fa lecendo no cami nho ele volta. Sua viúva santi ficou-se dedicando-se a Deus e a obras de caridade.

23

Sii-0 Marcial, Bispo e Co11fessor.

Martirológio Romano -

Monástico).

17 Sa11tos Ma11uel, Sabei e Ismael, Mártires. + Calcedônia, 362. "Embaixadores do rei da Pérsia pa ra negocia r a paz com Juliano, o Apóstata, o imperador quis obrigá-los ao culto dos ídolos; como recusassem com grande constância, mando u passá-los a Jio de espada" (cio Marti ro lógio Romano) .

Sa11ta Ema, Viúva.

+ Alemanha, I045. Parente cio Imperaclor Santo

30

Santa Agripina, Virgem e Mártir.

18

+ Roma, 8 16. "A que111 Deus restituiu 111ila-

Sii-0 Gregório Barbarigo, Bispo e Confessor.

24

+ Itália, 1697 . De família patrícia de Veneza,

Natividade de Sii-0 Joii-0 Batista.

grosa111e111e os olhos que os ímpios havia111arra11cado e a l(ng ua que lhe haviam cortado"(clo

26 Sã-0 Vigüio, Bispo e Mártir.

Santa Ludgarda, Virgem.

Sii-0 Leii-0 III, Papa e Co11fessor.

IMACULADO CORAQÍO DE MARIA.

+ Itália, Séc. V Celebérr imo pela doutr ina e santidade, seus discursos revelam sua ciência e virtude, sendo quase tão importa ntes quanto os ele Santo Agostinho.

28

+ Roma, Séc. III. Tendo feito voto ele virg indade, foi aprisionada e martiri zada sob o Imperador Valcriano. Seu corpo fo i tras ladado para a Sicília onde seu tú mulo é afa mado pelos mu itos milagres ali operados.

12

25 Sii-0 Máximo de Turim, Bispo e Confessor.

+ França, Séc. Ili. Um cios pri meiros a anunciar a ve rdadeira Religião nas cerca ni as de Limoges, França, onde é venerado com seus dois sacerdotes Alpiniano e Austriclin iano. A vicia dos três foi pontilhada ele extraordinários milagres. Nota Os Santos aos quais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.

C ATO LIC ISMO

Junho de 1999

33


VIDAS DE SANTOS

r✓

1

~ ~Jf J-S~J modelo de rainha católica AFONSO DE SOUZA

Instrumento da Providência para a conversão da França C hilperico, com seus do is filhos, o caos provocado na E uteve a cabeça decepada, e a muropa dos sécul os TV e V lher fo i atirada a um ri o co m uma pe la invasão dos bárbaros pedra ao pescoço. Imposs ibilitadas e a queda do Impéri o Romano do de governar pela lei de sucessão, Ocidente, um povo começou a toas duas filh as de Chilperico foram mar relevo, liderado por um sobepoupadas. Goncleba ldo - um dos rano adolescente ainda pagão, Clóirmãos invaso res - levou-as para vi s. A conversão deste povo represua corte e apesar de ari ano 1, persentari a uma grande vitóri a para o mitiu às duas sobrinhas que conticri stiani smo, povo este que se tornuasse m a professar a verdade ira naria a nação que fo i denominada re li g ião. Filha Primogénita da Igreja, a FranA mais ve lha elas irmãs, Fredeça. O papel de uma princesa, Cl ogári a, tomou o véu re li gioso num tilde, como instrumento da Prov imosteiro, onde terminou seus di as dência nessa obra, fo i primordi al. e m odor ele santidade. C lotilde, a O invi cto C lovi s e ncontra-se mai s nova, por "sua doçura, pieface aos poderosos alamanos no dade e amor pelos pobres, faziacampo de batalha situado na pl ase bendizer por todos aqueles que nície de To lbiac. De repente vê seu viviam a seu redor" 2 . "Essa j oexército recuar aos poucos em tal vem princesa demonstrou urna pâni co que, na fu ga, uns g uerreiconslância admirável em meio a ros atro pe lam os outros. DesespeSanta Clotilde lança -se aos pés do altar e seus i11/or1únios, e começou abrirado, o monarca pagão co meça a obtém o restabelecimento de seu segundo filho lha,; como um milagre de honra e clamar aos seus deuses, pedindode virlude, pela sanlidade de suas lhes aj uda. E m vão. Lembra-se enações .... Seu porte era belo, suas maneiras agradáveis, tão de C lotilde. Caindo de joelhos, eleva seus o lhos ao Céu, seu rosto bem fe ito e de uma beleza teia regular, que não se e brada com toda a alma: "Ó Jesus Crislo, Deus de Clotilpodia ver nada de mais bem acabado" 3 . de. Se me concederdes vencer esses inimigos, eu crerei em Vós e serei batizado em vosso nome ". Daí nasceu a F rança Zelo apostólico na corte dos bárbaros francos cató lica, a tantos títul os g lóri a da Santa Igreja. A fama de tal virtude e beleza chegou ao vizinho reino Quem era essa C lotilde, cuj o Deus era tão poderoso? É cios Francos (depois França), onde seu jovem e fogoso rei, o que vere mos neste artigo. Clóv is pensou em desposar a virtuosa princesa, apesar ele ser Lírio em meio ao lodo da heresia ela católica. Ce,tamente influiu nessa decisão o Bispo São Rem ígio, no qual o rei fra nco depositava inteira confiança. Gund ioch, rei da Borgonha, morrera numa bata lha co nAs bodas rea li zaram-se no ano de 493 e m Soissons, tra os bárbaros, e m de fesa da Fé e de seus Estados. Seus co m toda a suntuosidade ela época. quatro filh os, desej ando governar, divi d iram o pequeno "No palácio do reifiwico ins1alou-se um ora/ório care ino. E ntretanto, pouco te mpo depois, do is de les, mais gatólico, onde diariamente se ofereciam os Sagrados Misténancio os e belicosos, uniram-se aos fe rozes a lamanos para rios, aos quais a Santa assis/ia co111 singular devoção" 4 . invad ir os re in os dos o ut ros do is irm ãos. Um des tes ,

N

ffi 34

eAT oL IeIs Mo

.

Junho d e 1999

Um ano após o casamento, C lotilde deu à luz um herde iro, e obteve ele C lóvi s li cença para bati zá- lo. Poucos dias depoi s, o pequeno inocente fo i para o Céu. O re i, irado, alegou que se ele tivesse sido consagrado aos seus deuses, não teria morrido. A rainha protestou com firm eza di zendo que se alegrava pelo fa to de De us os ter julgado dignos de que um fruto ele seu matrimônio entrasse no Céu. E que, em vez de entri stecer-se, e les deveriam rejubilar-se. lsso aplacou o re i. No ano seguinte, C lotilde deu à luz outro menino que, apenas bati zado, correu peri go ele vida. A rainha lançou-se aos pés do altar e, por suas súpli cas e lágrim as - que vi sava m mais a conversão do marido cio que evitar essa segunda morte - obteve de De us que e le se restabelecesse.

Grandiosa missão de converter o rei As qualidades ela esposa começaram a impress io nar vi vamente a Clovi s. Mas ele tinha um temperamento modelado pe la barbári e, e portanto re fratário à Reli gião cató lica. Para obter a conversão do marido e cio reino, a piedosa rainha e ntregava-se e m segredo a g randes austeridades, pro lo ngadas o rações, e especi al caridade para co m os pobres . Ao mes mo tempo, "honra va seu real esposo, e procurava suavizar seu temperamenlo belicoso com sua mansidão cristã" 5. Q uando C lóv is vinha fazer-lhe confidênc ias a respeito ele pl anos de combate e sonhos de grandeza, e la aproveitava para fa lar-lhe do verdadeiro Deus. " Enquanto não adotares o verdadeúv Deus - d izia- lhe e la - temerei que volles das batalhas vencido e humilhado. Até agora não enfi·entasle inimigos dignos de leu valo,: Se, por desgraça, .fores cercado e acossado por wn exército mais numeroso, em vão pedirás a ajuda de leusfalsos deuses ". C lóvi s conte ntava-se em desv iar a conversa para não magoa r a esposa co m bl asfêmias. Sempre d isposta a procura r e incentiva r o bem, Clotil de tornou-se ami ga ele Santa Genoveva, que então res pl andecia em Pari s por suas virtudes e mil ag res . A ela e a São Re míg io recome ndou também a conversão cio mari do. Enquanto isso, punha-se a catequi zar suas damas, do mésticos e mes mo algun s dos nobres francos que viviam no palácio, fa lando- lhes ela abundânc ia ele seu coração.

Qui s Deus que o rei bárbaro comprovasse mai s uma vez, com os próprios o lhos, a santidade ela Re li g ião que lhe estava sendo pregada. Ao passarem pela vila ele Vou ziers, um cego aprox imou-se para pedir esmo la, e só ao tocar a túni ca de São Veclas to, adquiriu imedi atamente a visão 6 . À rainha - que o esperava ansiosamente, po is C lóvi s j á mandara notícia ele sua conversão - di sse e le: " O Deus de Clolilde deu-me a vitória. De hoje em dianle será meu único Deus! "

"Curva a cabeça, Sicambro" No dia ele Natal do ano 496, C lóvi s, co m três mil ele seus mai s valentes gue rreiros , ingressaram pe lo bati smo na milícia do Deus de Clotilde. Recebera m-no igua lmente s uas du as irmãs e seu filh o bastardo, T hi erry. Ao entrar o re i cios francos co m o B ispo ele Reims no bati stéri o, di sselhe este as palav ras que se torn aram fa mosas: "Curva a cabeça, alti vo Sicambro; adora o que queimaste e queima o que adoraste". No momento e m que São Remígio ia proceder à unção do rei com o ó leo ci o Santo C ri sma, baixou el a abóbada cio te mpl o uma pomba trazendo no bi co uma ampo la com azeite . O B ispo, vendo naquilo uma orde m celeste, ung iu com e le a cabeça de C lóvi s7 . Com esse azeite seriam ungidos depo is prati ca mente todos os re is franceses, até ser quebrada a ampo la du ra nte a nefa nda Revo lução Francesa. "Em poucos dias, lodo o reino dos fran cos entrava na Igreja, pondo à cabeça de seu Código nacional aquele grito enlusiasla que é wna c01yissão de fé: 'Vi va Cristo, que ama os francos!"' 8.

Após a conquista do marido, a conquista de Paris para a Cristandade Clóv is enviou e mbaixadores ao Papa Anastác io e fez co locar s ua própri a coroa di ante do túmul o cio Apósto lo

Conversão alterou a História C hegou fin almente, na pl anície ele To lbi ac, a hora da Prov idê nci a. Vimos como C lóvis obteve a reversão da bata lha com o auxíli o di vino, e pro meteu converter-se. Essa conversão fo i pronta e sincera. Não que rendo esperar chegar a So issons para in struir-se "na fé de Clotilde", mandou chamar um virtuoso eremita, São Vedasto, para que marchasse a seu lado, instruindo-o na Fé cató li ca.

ffi CAT O L ICISMO

Junho de 1999

35


INTERNACIONAL

São Pedro, iniciando assim a À santa rainh a re stavam ai iança entre a França e a ma is de 30 anos de provas e soIgreja. Encorajado por C io ti Ifrim e ntos c ru é is. A lentada por de, o rei mandou destruir os sua própria experiência, Cloti ltemplos dos ídolos e construir de tinha dado sua filha , que ree m se u Es tado ig reja s ce bera seu nom e, como esposa d e di c ada s a o ve rdad e iro a Amalrico, re i dos vi sigodos, De us. Favorecido també m vi sando a conve rsão desse monas armas, Cl óvis conqui stou narca. Mas um he rege é se mpre a inex pu gnáve l Pari s, crespior que um pagão. A reação do ce ndo assim seu reino . soberano ariano foi , pe lo conO amor que unia os doi s trári o, de proporcionar toda soresposos tornou-se, a partir de te de pe rsegui ções à esposa, deentão, muito mai s forte e sovido à fide lidade desta à verdaSanta Clotilde dedicou-se "a servir os pobres, proteger as viú vas e os orfãozinhos" brenatural , concedendo-lhes de ira re li g ião. Se us vass al os, a Providência mais do is filhos com pe rmi ssão do re i, chegae uma filh a. Esta última, Theoclechilcle, é também honva m a a ti ra r-lhe la ma quando e la ia à ig rej a . rada como Santa, comemorando-se sua festa no di a 7 Tomando conhec imento desses ultrajes, seus irm ãos deste mês. dec lararam guerra a Ama lri co, que fo i morto. Trou xeram C lotilde levou seu esposo a e mpreender uma guerentão consigo a segunda C lotilde . A virtuosa mãe, contura contra Al ari co, rei cios vi sigodos, q ue tentava dissedo, não vo ltari a a ver a filha senão no Céu, po is esta, acaminar a heresia ari ana na reg ião de Guyenne . C lóvi s brunhada de dor, faleceu a caminho ela pátria. perseguiu esses perniciosos hereges, enquanto C lotil Milagres em vida, santa morte de - que o acompanhara nessa cru zada - qu al novo Mo isés, rezava com os braços elevados para o céu pe lo Santa C lotilde operou vá rios mil agres ainda e m vida, êx ito da batalha. O re i vi sigodo foi morto e desbarataco mo curas, mudança de água em vinho, fez surgir uma do seu exérc ito. fo nte em campo árido. Enfi m, C lóvi s, ex tenuado pelas fadigas e tra balhos Sentindo aproximar-se a morte, mandou chamar seus do governo, viu-se atacado por mortal doença em Padois filhos, exortando-os da mane ira mais vi va a servir a ri s. C lotilde aco rreu junto a ele, tendo antes fe ito chaDeus e a guardar sua lei, a proteger os pobres, a vivere m mar São Severino, Abade. Este, ape nas tocando a ponjuntos em perfe ita harmoni a, e a tratar seus povos com bonta de seu manto no sobe rano, fez- lhe recuperar tota ldade paternal. Tendo de po is fe ito profi ssão pública de fé mente os sentidos para receber consc iente mente os cató lica e recebido os Sacramentos que a pre pararam para sacramentos e prepara r-se para a morte. O rei fra nco a ete rnidade, entregou docemente sua alma ao C riador. ♦ fal ece u em 27 ele novembro ele 5 1 1, aos 45 anos ele Notas: idade, 30 desde que subi ra ao trono e 20 depo is do 1. Ari ano: seg ui dor das dout rinas do he resiarca Ario, (250-336), sacasamento com C lotilde. A santa rainha, após copioso cerdote de Alexa ndria que ca iu em he res ia nega ndo q ue as três Pespra nto, exc lamou como verdadeira cri stã: "Senhor, de soas da San 1íss irna Trindade são abso lula menle igua is qu anto à natureza e coelern as . A heresia aria na a lastro u-se po r quase lodo o Vós eu o recebi pagão; por vossa misericórdia, eu vom undo já cristiani zado de e ntão. Foi condenada pe lo Co ncíli o de lo entrego cristão. Que vossa vontade sej a f eita!" Nicéa 1 (325) e por vá ri os o ut ros Co nc íli os.

Na viuvez, virtude heróica diante dos sofrimentos Parec ia que a mi ssão de C lotilde na Terra estava encerrada. Qui s viver só para Deus e fez di vidir o re ino entre seus três filhos e o enteado . Mudou-se depo is para junto do túmulo de São Martinho, em Tours, onde, diz São G regório de Tours, "viu-se uma filha de rei, sobrinha de um rei, esposa de um rei, e a mãe de vários reis, passar as noites em oração, servir os pobres e proteger as viúvas e os mfãozinhos" 9.

ffi 36

No solo, um dos seis indonésios cristãos linchados por _ muçulmanos na capital Jacarta, em 22 de novembro último

2. Les Pctits Bo ll andi stes, Vies de.,· Sai11t.1·, Mgr Pa ul G uérin, Blo ud ct Ba rra i, Lib ra ires-Éd iteurs, Pari s, 1882, t. VI , p.4 16 . 3. Pc. S irn ão Manin , Vi,, des Srti11ts, Ba r-lc- Duc, l111pri111eri e de Madarnc Lag uc rrc, 1859, vo l. 11 , p. 826. 4. Edc lvivcs, E! Sa nto de Cada Día, Ed ito ri a l Lui s Vi ves , S.A. , Saragoça, 1947, tomo Ili , p. 345. 5. Pe. Jea n C roi sel, Aíio Cristiano, Sa1urnin o Ca ll eja, Madri , 190 1, t. li , p. 75 1. 6. C f'r. Edelvivcs, o p. c it. , tomo Ili , p. 348. 7. C f'r. Bo ll andistes, op. c it , 10 1110 VI , pp. 42 1, 422; Ede lvivcs, op. c it , 101110 Ili , p. 349). 8. Fr. Justo Pérez de Urbe!, OSB , Aíio Cristiano, dicioncs Fax , Mad ri d, 1945, tomo 11 , p. 525. 9. Bo ll and islcs, o p. c it. , to mo VI , p. 422.

ffi CAT OLICISMO

Junho de 1999

Assassinatos, seqüestros, torturas, escravidão, tráfico de mulheres e meninos, perseguições de toda sorte, "conversões" forçadas etc.: uma autêntica guerra religiosa movida contra Nosso Senhor Jesus Cristo e Sua Igreja está em curso! Entretanto, a mídia internacional dirige seus potentes holofotes seletivamente sobre certos acontecimentos - como os de Kosovo - e não focaliza essa imensa tragédia ocorrida nos presentes dias. O correspondente de Catolicismo em Roma relata as atrocidades inauditas que vêm sofrendo nossos irmãos na Fé em diversos países nos quais os católicos constituem minoria.

As atuais perseguições anticatólicas evocam paganismo antigo uan Mi uel Montes Corresponde nte Itália

Roma - No limi ar do terceiro milê nio vai se tornando cada vez mais dramático o fe nômeno da persegui ção reli g iosa contra os cri stãos, que faz le mbrar a fú ri a persecutóri a e a c rueldade do [mpério Romano pagão. O que pode causar surpresa para que m, na relativa tra nqüilidade reinante no Oc ide nte, j á viu desaparecer os terríveis fl agelos do nazismo e, até certo ponto, do comuni smo sov iéti co, consiclcra11do-se por isso, qui çá, ao abri go de outros horrores. E ntretanto, acaba sendo posto diante ele um a realidade carregada de dor na "aldeia global " . Nesta, tudo q uanto ocorre de signifi cati vo provoca profundas re percussões, a médi o ou a longo prazo, um pouco por toda parte . A Agência Fides, que de pende do

Di cas té ri o vati ca no da Propaganda Fidei, a firm a: "No mundo de hoje há mais de 200 núlhões de cristãos perseguidos e mais de 400 milhões discriminados por causa de sua fé. Os responsáveis por isso são 70 Estados nos quais impera um regime ateu (China, Vietnã, Cuba, Laos, Co réia do Norle), ou um crescente fund amentalismo (Sudão, Paquistão, Eg ito, Índia, Indon ésia, Arábia Saudita ... )" (editori a l de 18/2512-98). E ntenda-se aqui como fund amenta lismo não somente o islâmico mas ta mbém o hinduísta.

Inércia em face da perseguição anticristã Caro line Cox, uma c idadã ing lesa e mpe nhada na li bertação dos escravos

C ATOL IC IS MO

Junho de 1999

37


cristãos subjugados pelo~.,fundamentali stas muçulmanos, espec ialmente no Sudão, apresenta a seg uinte questão: "Quando uma parte do Corpo de Cristo sofi·e, todo o corpo sofre. Por isso, gostaria de perguntar a todos os irmãos qu e estão vivendo na pa z e na tranqüilidade .. . : quanto fa zem pelos irmãos perseguidos ?" (Ficles, 8- 1-99). O semanário parisiense "Marianne", em interessante matéri a intitulada "O Novo Martírio dos Cristãos" (21/27- J298), ass im descreve a pass ividade do Ocidente diante desses fatos : "Em meio ao rumor natalino, silêncio a respeito dos cristãos do Paquistão, da Índia, da Arábia Saudita, do Vietnã, da China, do Sudão, que são agredidos, aprisionados, liquidados. Entre as guirlandas do Ocidente, silêncio sobre essas catacumbas. Devido a um certo militantismo superficia l, o martírio deles não vale uma missa. Eis o motivo: são cristãos".

Sudaneses cristãos, vítimas de brutal perseguição por parte do Governo muçulmano de Cartum, reunem-se ao ar livre para rezar

meridional , que obriga esses infelizes a se refugiarem alhures, não é um mero conflito tribal, mas corresponde a uma política radicalmente islam izante segui da pelo governo. O cérebro do regime de Cartum, o xeq ue Hassan E I Tourabi, enunciou com e loquência o credo que an ima essa persegui ção: "A era do Cristianismo acabou-se. O século 2000 é a era do Islã " ("Marianne", 21/27- 12-98). Há no Su l cio Sudão três milhões e meio de cristãos, dois terços dois quais são cató licos. Os Baggara - uma tribo islamizada, expli ca a Fides, e não ori ginári a do Sudão, que combate a Sudoeste cio país "como quinta coluna do exército islâmico" - estão equ ipados com armas modernas que lhes permitem "liquidar o gado, destruir as alde ias, matar pessoas", sendo "também responCatólicos sudaneses, vítimas sáveis pelo trétfico de escravos, rapazes de islamização forçada · e moças, que são vendidos nos mercaTodo o mundo tomou conheci mendos do Norte e do Oriente Médio como to do drama dos kosovares em di sperservos e prostitutas ". Segu ndo as fonsão. Entretanto, quantos estão a par do tes da Fides, "trata-se de um inconfunque vem acontecendo com os católi cos dível genocídio étnico ". Apesar das prono Sudão? messas governamentais de buscar o es"Milhares de refugiados, que tinham tabelecimento da paz nessa área, "há 17 construído uma aldeia às portas da caanos que se exalta de maneira extrenúspital sudanesa, foram obrigados a se ta uma guerra santa para transformar o deslocar para uma zona desértica, priSudão numa nação árabo-islâmica. .... vada de qualquer estrutura. Isto aconA máquina da islamização vai para a teceu na periferia de Hajj Yussef; pou- frente de modo imperturbável: aqueles cos quilômetros a nordeste de Cartum, que resistem são exterminados; as mouma área na qual se encontravam 150 a ças são raptadas e vendidas como 200 mil pessoas, quase todas fugitivas concubinas para os muçulmanos; os da guerra no Sul do Sudão ... A Igreja meninos da rua, órfãos, são recolhidos local havia criado um centro polivalente, em campos especiais de reeducação e no qual os jovens eram alimentados, ensão islamizados. Ao mesmo tempo, a sinava-se o Catecismo, celebrava-se a econom ia es tá no extremo limit e" Eucaristia. Com efeito, a maior parte (Fides, 26-2-99). dos refugiados de Hajj Yussef era crisA mencio nada c idadã inglesa, tã. As crianças quefi·eqüentavam ases- · Caro line Cox, fundou uma verdadeira colas da Arquidiocese eram pelo menos organ ização internacional destinada a 10 mil... Os habitantes de Hajj Yussef comprar, dos muçulmanos do Norte, os foram coagidos a evacuar o local, cada escravos cristãos e restituí- los às suas vez mais empurrados rumo ao deserto. famíl ias do Sul. Ela denuncia com veeO caso de Hajj Yusssejf não é o primeimênc ia por todo o Ocidente a feroc idaro e, segundo a Agência Fides, 'essas de do plano islamizante que é levado a medidas atingem sempre um ou mais cabo pelas autoridades sudanesas, afircentros cristãos'" (Fides, 19-2-99). mando que a "perseguição aos cristãos É prcci o dizer que a guerra no Sudão atingiu níveis intoleráveis"; e revela que 38

e ATOL I e I s Mo

Junho de '1999

çulmana. São contextos e modalidades diversos, mas um fenômeno em escalada que se soma às matanças de cristãos por obra de fanáticos hindus, na Índia, e a uma mais severa repressão dos católicos fiéis ao Vaticano, na China comunista" ("Corriere della Sera", 25-2-99).

Índia: em alguns meses, recrudescimento da violência anticatólica

são escrav izadas especia lmente as crianças, porque "dóceis e fáceis de islamizar", sendo os jovens encaminhados para os trabalhos mai s duros e as moças destinadas ao concubin ato ("Co rri e re della Sera", 22-2-99 ).

Católicos indonésios submetidos a ferro e fogo Depois de anos de massacres na exco lôn ia portuguesa de Timor Leste, a persegu ição anticatólica dos islamitas estende-se para outras zo nas d a Indonésia. Recentemente, na ilh a de Ambon, nas Ma lu cas, as desorden s provocadas pelos muçulmanos tiveram como resu ltado, segu ndo as autoridades locai s, "um balanço de mais de 105 mortos e 20 mil refugiados que se encontram em aloj amentos improvisados. Ao invés disso.fontes não governamentais falam de mais de 250 mortos . .... 'Não obstante a escassez de forças, estamos obrigados a fazer algo pelos que sofrem por causas religiosas ou étn icas', dec larou para F id es Mons. Petrus Mandagi, bispo de Amboina .... Nas desordens de Ambonfoi destruída também uma das mais antigas igrejas da Ásia oriental, uma preciosa testemunha cris-

tã, erigida no luga r em que, no ano de l 5 11 , des embarco u São Francisco Xavier" (Fides, 26-2-99). Com o e loq üente títul o "E na Ásia muçulmana, um ano de lutos e destruições", o "Corriere dell a Sera" publica em 25-2-99 um artigo sobre essa tragéd ia, assinado por Marco dei Corona: "Os momentos mais selvagens foram os dos choques que, no ano passado, acompanharam a queda de Suharto, senhor da Indonésia: a multidão irada irrompe nas igrejas, saqueia os bairros que as circundam, lincha cristãos ante a indiferença da polícia ... Ontem recebemos a notícia de mais 14 m.or/es na ilha de Ambon (Molucas), e elas atingem o número de pelo menos 135 em 99, nessa província. Em 1998, as igrejas destruídas em toda a Indonésia foram 200, tendo sido 'apenas' 50 de l 945 a J990. E no Timor Leste, a província que desde 1975 reivindica a separação de Jakarta, afé católica une-se aos sentimentos de independência: temos então uma longa tradição de repressões e massacres". E o articulista do "Corriere", Marco dei Corona,conclui: "No prazo de um ano as manifestações de inlolerância violenta contra os cristãos marcaram a Ásia mu-

Não ex iste somente a perseguição em nome cio Is lã, mas também a que é movida pe lo hinduísmo fundamentali sta. Tendo-se iniciado há pouco tempo um vagalh ão de intol erância hinduísta no estado ele G uj arat, estende-se ele agora para outras zonas do país. "No dia 2 de fevere iro, no Bihar, uma escola católica fo i apedrejada e dois sacerdotes foram espancados por um grupo de jovens. No dia seguinte, em Baripada, na Orissa, poucos dias depois da matança do nússionário auslraliano Graham Staines, uma/reira católica indiana de 35 anos foi agredida e estuprada ... No dia 7 de fevereiro, sempre na Orissa, uma j ovem cristã de 18 anos .... foi violentada e depois morta com o seu pequeno irmão de JOanos" (Fides, 12-2-99). O c itado serviço ele "Marianne" informa-nos que, "em nome de 'ghar vaspi', o retorno às origens, multiplicam-se o assassinato e a violação coletiva de religiosas". Alguns diri gentes cristãos enviaram uma carta ao Parlamento indiano, so l icitando- lhe uma intervenção decisiva. Isto ocorreu após um d ia de oração estabelecido por muitas D ioceses cató li cas da Índia, em 2 1 de fevereiro úl timo. Mons. Alan de Last ic, Arceb ispo de De lh i, declarou que o dia de oração fo i organizado "para sensibilizar a opinião pública sobre as violências sofridas pela comunidade cristã em Gujart, Orissa, VIiar Pradesh, Bihar e em outros lugares do país" (Fides, 26-2-99). O mesmo Prelado denunciou gue está em curso "uma depuração é/nica e religiosa" ("Marianne", 2 1-27- 12-98 ). O governo federal, que estava no poder até algumas semanas, era dirigido pelo Bharatiya Jan/a Party (BJP), o qua l por sua vez se inspirava no movi mento Rashtriya Swayamsewak Sangh (RSS), criado em J925 como um "exér-

cito religioso". O RSS é o principal responsável pelo clima de perseguição reli giosa, com a ec losão de uma campanha mac iça contra a presença cristã na Índ ia, e pela "visita" em poucos meses a um milhão e meio de casas. O Fórum Cristão unido pelos Direitos Humanos registrou mais de J50 casos de violênc ia anti cri stã desde 1998, quando a coali zão c hefiada pelo BJP ass umi ra o poder (cfr. Fides, 23-4-99). Com a queda do governo BJP, os cristãos sentem um alívio .. . mas não se sabe quanto tempo ele durará.

Jamais cruzar os braços diante da intolerância anticatólica Séculos atrás, a H istóri a fo i sul cada pelo "maior fenômeno mediático" para utilizar a expressão de um jornalista do quotidiano parisiense "Le Monde" - que fo i a Cruzada. Mov imento este - convém recordá-lo - pregado pelo Papa Urbano II, incenti vado pelo Doctor Mellifluus (São Bernardo), e do qual tomou parte São Luís IX , Rei ele França. Os princípios doutrinários que o legiti mavam foram também magistra lmente expostos por Santo Tomá de Aq uino. Diante dessa esca lada de persegui ção reli giosa, os cató licos hod iernos têm o dever ele prestar, na medida de suas possibilidades, aux íli o a seus irmãos na Fé submetidos a perseguições, em qua lquer parte do G lobo. Encerrar-se-á o atual milênio com a eclosão ele g uerras de re lig ião globalizadas? Presencia remos a uma contra-cruzada, confi rmando o que disse o pres idente do Eg ito, Nasser, em 1962: "O Crescente arrastou a Cruz na lama ... Só uma cavalgada muçulmana é que nos poderá restituir a glória de outrora. Essa glória não será reconquistada senão quando os cavaleiros de Alá tiverem pisoteado São Pedro de Roma e Notre Dame de Paris"?* Aconteça o que aco ntecer, uma co isa é certa: Nossa Senhora triunfará! E, como assegurou o Divino Redentor, "as portas do h1ferno não prevalecerão" (Mt 16, 18) contra a Santa Igreja, Católica, Apostólica, Roma na. ♦

* Apucl "Nouvclles de Chrélicnté", n. 362, de 13-9-62

e ATo LIe IsMo

Junho de 1999

39


... Entrega das Petições/Protesto a Sílvio Santos

SBT: portas fechadas à família brasileira ,%

l

Comissão de pais e mães de O Amanhã de Nossos Filhos, que faria a entrega das Petições/Protesto ao empresário Sílvio Santos, é barrada na portaria do SBT SBT negou às famílias brasileiras: desli gar o telefone sem dar explicações, após uma espera de 20 minutos, foi a resposta da emissora aos aderentes de OANF que compuseram a Comissão encarregada da entrega das Petições.

Comissão: altivez e coragem ~

~

t 1 - Da esquerda para a direita: Da. Maria Sofia Vidigal Pacheco e Silva, Dr. Celso da Costa Carvalho Vidigal, a funcionária do SBT e Dr. Paulo Henrique Chaves Da esquerda para a direita: Da. Gilda de Oliveira Ribeiro Vidigal, Sr. Valdomiro da Silva, Dr. Paulo Henrique Chaves, Dr. Celso Vidigal e Da. Maria Sofia 2-

ADESÃO maciça de pais e nães de família de todo Brasi l à campanha promovida por O Amanhã de Nossos Filhos não deixa dúvidas: as famílias repudiam a obscenidade da Banheira do Gugu e a pornografia contida na letra das músicas cantadas pelos palhaços ET e Rodolfo. Essa realidade ficou expressa nas milhares de Petições/Protesto que OANF levou aos estúd ios do SBT, localizados próximo à rodovia Anhangüera, em São Paulo.

A

"Liberdade de expressão" E se é o chavão utilizado pelas emissoras de TV na hora de justificar as apelações ao baixo nível moral. Pois foi exatamente essa "liberdade" que o

40

CAT O LICISMO

Depois de inúmeras tentativas, com vistas a marcar dia e hora para a entrega das Petições/Protesto, a comissão de OANF enfrentou a situ ação com altivez e coragem. No dia 28 de abril p.p., Dr. Ce lso da Costa Carva lho Vidigal, Diretor da TFP, e sua esposa Da. Gilda Oliveira Ribeiro Vidigal, foram pessoalmente ao SBT entregar as reivindicações das famílias brasileiras. Também participaram da Comissão de entrega a filha do referido Diretor da TFP, Da. Maria Sofia Vidigal Pacheco e Silva, Dr. Paul o Henrique Chaves, Secretário da Coordenação de OANF, Sr. Marcos Ba ltazar e sua esposa Da. Alexandra Baltazar - além de seus dois filhos menores e Sr. Valdomiro da Si lva.

Perseverança das famílias brasileiras Falta de educação ao telefone e truculência da segurança. Foi esse o tratamento dispensado à Com issão de OANF. Sem se deixar intimidar, os pais e mães de família que foram levar as Petições/Protesto ao SBT permaneceram uma hora e quarenta e cin-

Junho de 't 999

co minutos do lado de fora da portaria, até que a direção da emissora se dignasse enviar uma funcionária para receber os documentos. Temendo que as Petições fossem simplesmente ignoradas, o referido Diretor da TFP exig iu que se lavrasse um protocolo atestando o recebimento.

SBT faz "cara feia" na hora de receber a crítica Após outra longa espera, a direção do SBT permitiu que apenas três membros da comissão levassem as Petições/Protesto até a sala onde seria lavrado o protocolo. Carrancuda e visivelmente contrariada, uma funcionária protocolou as Petições e a carta que Dr. Paulo Corrêa de Brito Filho, Coordenador-Geral de OANF, enviou a Sílvio Santos.

Parabéns pelo empenho Catolicismo cumprimenta os aderentes de OANF que participaram ativamente dessa verdadeira cruzada especialmente em prol da sanidade moral ele nossas crianças. Certamente a violência, a imoralidade e a corrupção cios costumes não estariam assolando a sociedade contemporânea se maior número de pais e mães ele família se compenetrassem ela necessidade de proteger nossos filhos e netos contra a ação nociva de certos programas de TV. Participe também desta luta, caro leitor, o amanhã de nos os fi lhos merece seu empen ho! ♦

TFP na Feira do livro A TFP e Catolicismo tiveram presença marcante no Salão Internacional do Livro, realizado em São Paulo entre 21 de abril e 2 de maio últimos. Seu stand destacava-se entre os dos 600 expositores que lotavam uma área de 43 mil m 2 . Nesse stand flutuaram os estandartes da TFP, causando admiração ao grande número de visitantes. Uma senhora do Ceará, por exemplo, exclamou: "Eu até agora conhecia a TFP só em preto e branco; agora estou sabendo como ela é em cores, e a impressão é a melhor possível!" Das diversas obras do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ali expostas, atraiu muito a atenção dos visitantes o ensaio Revolução e Contra-Revolução, já traduzido em nove línguas. Como tam bém o último livro desse insigne pensador e líder cató lico : Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, traduzido em seis idiomas. Causava agradável surpresa aos transeuntes a impressionante tiragem do best-seller de autoria do sócio da TFP, Dr. Antonio A . Borelli Machado, As Aparições e a Mensagem de Fátima, conforme os manuscritos da Irmã Lúcia: 3.410.000 exemp la res, com edições em diversos países . ♦

CATO LICISMO

Junho de 1999

41



* Nota da Redação: Locali zada atrás do altar-mor (foto à direita), encontra-se a fa mosa obra- prima da ourivesari a medieval que recebe u a de nominação de "Palia D'oro" (Retábul o de Ou ro). Su a primitiva douração data do ano 978. E la fo i depois enriquec ida com mais ouro e esmaltes prove nie ntes das presas trazidas para Veneza, por ocasião da IV Cruzada, de 1202 a 1204. Essa obra compõe-se de mais de 80 esmaltes, e m meio a numerosas pedras prec iosas, aplicados sobre uma placa de o uro qu e mede 3,48 me tros de ex te nsão po r 1,40 de altu ra.



A palavra do sacerdote

Na edição de junho último, reproduzimos da obra do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a definição de um autêntico contra-revolucionário e algumas das táticas que por ele devem ser empregadas. Na presente edição, consideraremos as táticas a serem aplicadas em relação ao contra-revolucionário potencial e ao revolucionário.

2. Em relação ao contrarevolucionário potencial Os contra-revo lucionários devem aprf?sentar a Revolução e a Contra-Revolução em todos os seus aspectos, reli gioso, político, social , econômico, cultura, artístico etc. Pois os contra-revolucionários potenciais as vêem em geral por alguma faceta particular apenas, e por esta podem e devem ser atraídos para a vi são total de uma e de outra. U m contra- revo lucionário que argumentasse apenas em um plano - o político, por exemplo - limitari a muito seu campo de atração, expondo sua ação à esterili dade, e, pois, à decadência e à morte.

3. Em relação ao revolucionário A. A iniciativa contra-revolucionária E m face da Revolução e da Contra-Revolução não há neutros. Pode haver, isto sim, não combatentes, cuj a vontade ou cuj as veleidades estão, porém , conscientemente ou não, em um dos doi s campos. Por revolucionários entendemos, pois, não só os partidários in tegra is e declarado s ela Revolução, como também os "semi-

contra-revolucion.ários ". A Revolução tem progred id o, como vimos, à custa ele ocultar seu vulto total , seu espírito verdadeiro , seus fin s últimos. O meio mais eficiente de refutá- la junto aos revolucionári os consiste em mostrá- la inteira, quer em seu esp íri to e nas grandes linhas ele sua ação, quer em cada uma ele suas manifesta-

8

O Sacramento da Penitência - A aparição de mortos

A realidade concisamente

1 O Em ções ou manobras apa rentem ' nl ' in ocentes e insi gnifica ntes. /\rran ·ar- Ih -, assim, os véus é d sferir- lh o mai s duro dos go lpes. Por esta ra zão, o es forço cern irarevolucionário deve entrega r-se a csla tarefa co m o maior emp nho. Secunclari amen l , c laro, os 0 11 tros recursos ele um a boa di:il '- 1i ·:i sao incli spensáv is para o ·x il o d · u11 1;1 ação contra -r 'vo lu ·iondriu . 0 111 o "se111i-co111m re110/11 cio11rírio " , como ali 6s 1:1111h ·rn ·om o r ·volu ionário qu · 1•m " coríµ, 11/os" contra- revo lu ·ion:í rios, há · •rias possib i1iclad s d ' w laboração, e esta co labora ção cria um probl ema especial : até que ponl o · ' la prud nte? A nosso ver, a lul a conlrn a Revolução só se desenvo lv co nveni entemente li gando entr si pessoas radica l e inteiramente isen1 as ele vírus desta. Que os grupos co nlra- r vo lucionári os possam co laborar com elementos como os ac ima menc ionados, em algun s objetivos co nc retos, faci I mente se concebe . Mas, admitir uma co laboração omnímocla e estável com pessoas infectadas de qua lquer influência ela Revolução é a mais fl agrante elas imprudências e a ca usa, talv ez, ela maior parte dos malogros contra-revo lucionários.

breve, Macau sob o tacão da China vermelha

B. A contra-ofensiva r voluclonárla O r ·vo l11 ·io111írio, ·m viu de regra , ,. p ·1ul1111l l', wrhoso · af•ito à exibi ç: o, qu:111<10 11 :10 1' lll adversários cli an1· d · si, ou os 1' lll fra cos . Co ntudo, se l'll ·onlru qu ·111 o enfrente com ufania · arrojo, ·lc se ca la e organiza um a ·u111panha de silêncio. U m sil êncio em rn ·io ao qua l se percebe o discreto zumbir ela ca lúnia, ou algum murmúrio contra o "excesso de lóg ica" cio adversári o, sim . Mas um si lêncio conf uso e envergo nhado que jamai s é entrecortado por algum a rép li ca ele valor. Di ante desse sil êncio ele confusão e derrota, poderíamos di zer ao contra-revo lucionári o vitorioso aspa1a v ras es pirituo sas esc rita s por Yeuillot em outra ocasião: " Interro-

gai o silêncio, e ele nada vos responderá" ("Oeuvres Comp letes", P. Lethiell eux L ibrairie- Eeliteur, Paris, vol. xxxm , p. 349).

Na próxima edição, transc reveremos alguns dos meios de atuação que deve a Contra-Revolução utilizar - tanto os grandes meios, quanto os modestos - principalmente para a conquista das elites, pois são estas c1u dáo rumo às multidões.

Brasil real, Brasil brasileiro Nossa capa:

12 Conclusão

do passeio pela São Paulo de outrora

O Anjo da Anunciação

- Detalhe do Tríptico de Perugia - Fra Angélico (séc. XV), Galeria Nacional da Úmbria, Perugia (Itália)

Revolução e Contra-Revolução

2

Algumas táticas contra -revolucionárias

Destaque

14 Na

Calador de papéis - símbolo do sofrido povo chinês - passa diante de um cartaz em que aparecem Mao-Tse-Tung, Deng Xiaoping e o atual Presidente JiangZemin

França: Revolução Cultural sacrílega

Santos e festas do mês

16

Discernindo

31

Tentativa de guerrilha na atualidade brasileira

A Palavra do Diretor

Internacional

Entrevista

4

18 China

34 Bicentenário

Capa

Grandes Personagens

21

37 Moisés:

comunista: absurdo favorecimento por parte do Ocidente

Página Mariana

5

Nossa Senhora do Milagre: pintura atribuída · a São Lucas

Leitura Espiritual

7

Traços da espiritualidade inaciana

A luminosa presença dos Anjos no Universo: sua atuação no mundo material e entre os homens

Escrevem os leitores

27 Vidas de Santos

28 São

Lourenço de Brindisi, sustentáculo da Cristandade ameaçada

da heróica epopéia antinapoleônica na Itália

grande Profeta e legislador do povo eleito

TFPs em ação

40 Conseqüência

de recente campanha : Padre Marcelo Rossi e Coordenador-Geral de OANF trocam cartas

Ambientes, Costumes, Civilizações

44 O

charme da raça negra

Participantes do cortejo histórico, envergando o uniforme marron e branco das tropas imperiais da Áustria, realizado em Verona (24-4-99)

Fuzilamento do Imperador Maximiliano do México (1832-1867) (ao centro) - Famoso quadro de Manel. Esse soberano admitiu uma colaboração omnímoda e estável com revolucionários, imprudência que lhe veio custar a vida. C ATO LIC IS MO

Julho de t 999

3


.

PÁGINA MARIANA

..,,,,;.i,

. : Com.•~\,~~~ aa!fai~~ ra...' o ~])iretor •,e.~<..,;~ 1 I

~\

1:

{

.

U

Amigo leitor, - Os santos Anjos, urna ajuda que vem do Céu! A matéria de capa da presente edição, versando sobre o terna acima enunciado, vem de encontro ao anseio de um número crescente de nossos contemporâneos. Se é verdade que o espírito materialista e ateu produziu incalculáveis devastações em nosso século, é igualmente certo que urna legião de almas se ntem-se espiritualmente órfãs. E tentam preencher o vazio que se instalou em seu interior. Como? Voltando-se para os valores espirituais, para o sobrenatural. Em outros termos, buscando a Deus e invocando seres criados de ordem superior, que as auxiliem nas dificuldades desta vida. Isso explica o interesse crescente do homem atual, espec ialmente dos jovens, pelos Anjos, neste ocaso do século XX e do milênio, Catolicismo procura nesta edição não só satisfazer o salutar desejo de se conhecer o vasto terna -Anjos-, mas também explicar corno esses puros espíritos nos aj udam na vida concreta. Entra aí especia l01ente urna recomendação: como aproveitar a assistênci a contínua do Anjo da Guarda. Cada um de nós, ao nascer, recebeu da Providência Divina um Anjo da Guarda, que nos acompanhará corno guia e protetor até a morte!

*

*

J~@

*

Também na presente edição o le itor vai se deparar com nova seção:

Grandes Person.a8en.s. Por que ela foi criada? Na civilização neopagã em que vivemos, ele crescente e generalizada massificação dos homens, é sumamente oportuno apresentar grandes figu ras da Bistória. A seção é, pois, um antídoto contra a mediocridade reinante no mundo hodierno. E, para começar a série, foi esco lhida urna figura exponencial do A nti go Testamento: Moisés! Sim, o homem providencia l e extraordinário suscitado por Deus pàra tirar ela escrav idão o povo eleito e ser o seu grande legis lador. Resta-nos uma observação fi nal : a análise cios grandes personagens da História será feita de modo acessível - diverso de um estudo erudito com vistas ao enriquecimento espiritua l e cultura l de nossos leitores, Esperamos que nessa nova seção o caro leitoJ possa colher rico e sazonados frutos. Em Jesus e Maria

.9:~07

't... ~

4

CATO LICISMO

ma im age m de Nosles que afli giam a cidadezinha. sa Senhora, pintada, Com efeito, começara então na Espanha uma terrível guerra seg undo venerável trad ição, pe lo própri o Evancivil , conhecida com o nome ge li sta São Lucas, após inúde Guerra dos Comuneros. E Cocentaina teve também que meros des locamentos e prosofrer em meio a este tremenbl emas fi xo u-se afi na l na do conflito. tra nqüil a e abençoada cidadezinha espanhola de CocenNo di a 19 de abril de 1520, estava o padre Onofre tain a. Nesse fa to pode-se ver Satorre ce lebrando a Sa nta uma analogia: através de nuMissa na capela do Palácio merosas provações, chegaremos à nossa meta última que cios Condes de Cocentain a, em presença do filho maior é o Céu. do Conde, Don GuiIherme de Tal quadro hav ia sido venerado inicialmente em JeruCorell a, quando este reparou sa lém, do sécul o l ao V. Para que a imagem estava choranevi tar sua destru ição, quando lágrim as de sangue, Pri do da invasão da cidade pemeiro pensou estar enganado, mas terminada a Mi ssa, los muçulmanos, a Princesa bi zantina Pulqueria o traslaordenou fosse o qu adro descido do altar, a fim de comdou a Constantinop la. D ura nte 10 séc ul os a provar o fato. Ao ter a im aim agem permaneceu nessa gem entre as mãos, co locou cidade, que foi conqui stada um dedo numa lág rima que pe los turcos mu çulm anos saía de seu olho esquerdo; no em 1453. Algun s anos an tes, contato, a lágrima es palhouprevendo a iminente in vase no rosto. são, o Cardea l Pa tr iarca No total, a imagem verteu 27 lágrimas, que ainda Besari ón levou-a co nsigo a hoje se vêem em sua face. Ro ma, presenteando-a ao Papa Eugêni o TV, em agraConforme o estilo da época, fo i chamado o ta beli ão, para dec imento por tê- lo sagrado V ALD IS G RI NSTEJNS que fi zesse um a ata certifi Cardea l. Pouco te mpo a pintura cando o milagre. Na referida permaneceu em Roma, po is Cocentaina, pequena cidade da Espa- ata constam 500 assinaturas o Papa, à vista de um desen- nha, tornou-se palco de grandes mi- de pessoas que acorreram a tendimento com um súdito, presenciar o mil agre. ped iu ao Rei de Aragão que lagres atestando o desvelo da Mãe de Terá esse mil agre chao ajudasse, Este env iou a Ro- Deus para com seus filhos mais hu- mado a atenção daqueles que estavam envolvidos na guerma Don Ximen Perez Roig mildes de Corella, o qual solucionou ra civil , atribuindo e les, a o problema tão ao agrado do seus pecados, o pranto de Papa, que recebeu de presen te a pi ntura O famoso milagre das lágrimas Nossa Senhora? Não o sabemos. O fato atribuída a São Lucas. O cavaleiro, sié que a guerra terminou pouco tempo da Virgem Santíssima mul tanea mente, recebeu do Rei o título depois. Em nenhuma das .tTês grandes cidade Conde de Cocenta ina, na Espan ha, des onde esteve, consta que a imagem opeE, para que fosse dignamente venelevando consigo o precioso quadro. Asrada a im age m, pe la qu a l a Virge m rasse algum milagre, ou chorasse por ocasim, depois de passar pelas três capita is Santíssima se d ignava mani festar de sião dos grandes pecados cometidos pela do mundo antigo (Jerusa lém, Co nstanmodo tão claro sua dor pelos pecados população, como, por exemplo, o cisma ti nopla e Ro ma), a imagem acabou fide Constantinopla. O mais curioso porém cometidos, fo i fu ndado posteriormente xando-se num tranqü il o e distante local, um Convento de fre iras capuchinhas fo i que, pouco após sua chegada a Cocenonde ninguém imagin aria que pudesse com o no me de Nossa Senhora do Milataina, ela começou a manifestar-se como se estabe lecer tão preciosa relíq uia. milagrosa, chorando em vilt ude dos ma- gre de Cocentaina.

J u lho de 199 9

DIRETOR

®U-OÜí @ (gLJ@ j{tj ® eçü~ ~(Ç)~~ _h oLhJ@J :- @

C ATO L IC IS MO

Julho d e 1999

5


Apesar das lágrimas, bondosa concessão: a chuva Após o mil agre das lágrimas, a Virgem começou a ser invocada por ocasião das necess idades da população, especialmente solicitando a chuva, quando havia risco de faltar água para as plantações e de se perder a colheita. Para isso, o povo levava a imagem em procissão, e durante sete dias eram celebradas Missas em honra de Nossa Senhora de Cocentaina . E sempre, antes de terminar a sétima celebração do Santo Sacrifício, chovia. A tal ponto fico u conhecida a imagem por essa razão, que até os muçulmanos res identes nessa região após a reconquista católica a chamavam Senhora da Chuva. E quando sentiam a falta de água, os próprios maometanos suplicavam aos católicos para realizar logo a procissão ... Vários milagres retumbantes Deus realizou por meio desta im agem, como, por exemplo, a ressurreição de uma menina que passou 24 horas sob a água, ou permitir que sobrevivesse uma freira que, tendo caído num poço profundo, permanecera horas esperando socorro. No dia l º de março de J778, incendiou-se o palácio do Duque de Santisteban, em Madri. Uma cópia da imagem estava na escadaria do palácio, iluminada por um holofote de chumbo. Foi tão terrível o fogo, que o chumbo se derreteu , outros quadros situados acima da imagem ficaram carbonizados, mas a imagem nada sofreu, para surpresa geral. Assim, haveria vá.rios outros milagres a serem narrados. Relataremos apenas um , dos mai s documentados, que beneficiaram uma religio a franciscana do Convento da Cocentain a. "Só a imagem original há de me curar" A irmã Maria Margarita de Jesus era freira do Convento do Milagre, em l693, &

CATO LIC ISMO

quando foi atacada por terríve l enferm idade. Dores intensas no ventre, nas costas, convu lsões contínuas. E até úlceras na garganta, devido aos gritos ocasionados pelas intermináveis dores. Em meio à doença, teve um sonho no qual a imagem mi lagrosa da Virgem a curava. Por isso, pediu que levassem a imagem até seu leito, uma vez que não tinha condições de ir à igrej a. Este pedi do era ousado, pois não era costume naquela época deslocar a imagem principal à clausura do convento. Por isso, a Abadessa ordenou que lhe levassem uma das cópias existentes naquela casa religiosa. Em meio às dores, já. quase sem sentidos, Irmã Maria Margarita viu a imagem chegar e disse: "Não é esta a que curará, e sim a original". As freiras ficaram constern adas, mas pouco podiam fazer, pois certamente as autoridades ec lesiásticas não atend riam à solicitação. No dia 24 d' outubro, a

São Lucas - Fra Angélico (séc. XV), Capela Niccolina, Vaticano, Roma (Itália) O próprio evangelista São Lucas pintou o quadro milagroso de Cocentina

freira entrou em agonia e já não percebia nada. Só nesta extrema situação a Abadessa ousou pedir a autorização. E, para surpresa de todos, por tratar-s de uma moribunda, as autoridades consl' ll tiram. Quando a procissã com li i11111 gem se aproximava, a enf"errnu vol1011 :1 si e disse: "Já está che~w1<l0 Nos,,, , S,·

Julho de 1999

nhora, já estou bem, e nada me dói". Quando o padre que portava a im age m passou-a às mãos da freira, esta disse: "Agora já estou com perfeita saúde e tenho bom apetite". Após vários dias sem alimentar-se, comeu algumas bolachas e pediu para revestir-se do hábito ·apuchinho para acompanhar a imagem ai a porta do Convento. Para espanto dos pr ·s ·n t ·s, ela, que qu ase não se movia , co locou agilmente o háb ito religioso e acompanhou o cortejo. Novamente foi chamado o tabelião, pois todas as freiras, bem como os médicos que presenciaram a rápid a e inexp li cáve l cura ele Madre Maria Margarita, depusera m atestando o milagre.

Atendimento maternal a todos os filhos A hi stória dessa imagem pode ajudar a desfazer uma dificuldade que, infelizmente, muitos fiéis católicos têm em relação a Nossa Senhora. Julgam não serem suficientemente importantes para que a Mãe de Deus deles se ocupe. Ou então, que tanta gente é atendida por Ela, que não sobra tempo para todos. Essa imagem, porém, nos prova o contrário. Se Nossa Senhora quisesse fazer mil agres retumbantes, poderia têlos fe ito em Jerusalém, Constantinop la ou Roma, todas elas cidades muito importantes, nas quais residem pessoas poderosas . Mas Ela qui s, por me io eles a imagem, manifestar seu poder através de milagres, numa pequena cidade desconheci da at na própria Espanha, prodi ga liza ndo favores a todas as catego rias dL· li lhos ln1111ildes. Afastc111os L' lltao ·ssu tentação, pois Nossa Sc11horn 1· 11ossa Mãe, e cuida de cuda 11111 110s 11111is do que todas as mães do 111111Hlo j11111:1s o fariam. Ten hamos em n· l111;110 111111ss;1 Müc cio Céu uma confi1u ·11 1,1•11wlhu111 • à dos felizes habitan11•~ dn 1wqu •na e despretensiosa Co1 r1111111111 . ♦

Santo Inácio de Loyola: espiritualidade • vigorosa

Mu itos de nossos leitores poderiam imaginar que da pena de Sa nto Inác io (149 1-1556) tenha saído uma literatura tão magnífica quanto sua admirável obra, consubstanciada na Companhi a de Jesus - um dos pilares da Contra-Reforma Católica. Na rea lidade, porém, segundo seus bióg rafos, Sa nto In ácio não foi um li te rato. Nem sequer escritor que se te nha empe nh ado em red igir li vros . Sua prod ução inte lectua l apo nta pa ra outra fina li dade, não cons istindo prop riamente co m a exat idão gra matica l, mas so breem textos de le itura . São ve rdades ens in adas de tudo com a psico log ia hum a na, proc uma ne ira nova, ad mi ráve l síntese de pr incíp ios ra ndo o ri e ntá- la vigorosa me nte pa ra o ass im il ados ao cabo de anos de fo rmação. Seus bem e a prática das virtudes. escr itos deve m se r co nsiderados sob ta l prisma, Come mo rando-se a 31 do co rre nte e aí não causa rão des iIusão ao le itor; aprese nmês a festa desse giga nte da espiritua li tam-se e nx utos, co m uma fraseo log ia suc inta e, dade cató lica, Catolicismo a presentará Santo Inácio de Loyola muitas vezes, aparen temente dura. aos le itores a lguns excertos de sua o bra . Quadro de Ribera, Cúria Dentre os esc ritos legados à poster idade por -Generalícia E, dadas as c irc un stâ nc ias atu a is, da Companhia de esse grande esteio da Contra-Reforma [149 1- Jesus, Roma exata me nte dos Exercícios Espirituais 1556], destacamos os cé leb res Exercícios Espirise lec io na mos pa rte de seu Exame getuais, dest inados a orienta r o fi e l na prát ica do método ral de consciência, ind ispensáve l à prát ica de uma boa dos ret iros ina c ianos. Mé todo este que, por sua confissão. Restr in gir-nos-e mos ao exa me dos pensamenrad ica lidad e, lóg ica e eficácia, obteve tanto a conve rsão tos, de ixando pa ra o utra ocas ião o exa me das palavras e quan to a santificação de inumeráve is a lmas ao lo ngo de das obras. Pa receu- nos prove itoso incl uir aba ixo a coquase q uatro séc u los e meio. nhec ida oração composta pe lo Fun dado r da Compa nhi a Ana li sando os Exercícios Espiritua is com ate nção, de Jesus, rezada freq üe nteme nte e co m prove ito esp ir ipode-se percebe r que Sa nto In ácio, ao escrevê- los, não tua l, há séc u los, após o receb imento da Sagrada Hósti a: se preoc upou com a forma, e, mu itas vezes, nem seq ue r o Anima Christi.

sniritual

Exame de consciência

Pressuponho serem três os pensamentos em mim , a saber: um próprio de mim mesmo, ori undo de minha mera liberdade e querer; e outros dois, que vêm de fora: um proveni ente do bom espírito, e outro, do mau. Do pensamento

[Quanto ao merecimento] Há duas maneiras de se obter merec imento ao se resistir a um mau pensamento que vem de fora. Por exemplo, vem um pensa mento de cometer um pecado mortal, pensamento ao qual resisto prontamente e que é vencido. 2" -A segunda maneira de merecer é quando me vem aquele mes mo mau pensamento, eu lhe res isto, e torna a vir outra e outra vez; e sempre resisto até o pensamento ser vencido; e esta maneira de resistir tem mais merecimento que a primeira. l" -

*

*

*

•••

[Importa em pecado venial] Peca-se veniaJmente, quando o mesmo pensamento de pecar mortalmente vem, e o homem lhe dá ouvido por alguns i11stantes, ou recebe algum deleite sensual, ou na med ida em que haja alguma negligência em repelir tal pensamento.

* * * [Importa em pecado morta l] I"- Há duas maneiras de se pecar mortalmente: consiste a primeira, quando o homem dá consentimento ao mau pensamento, para logo agir como nele consentiu, ou para praticá-lo caso pudesse. 2ª - Consiste a segunda manei ra de pecar mortalmente, quando se materializa aquele pecado, e este é maior por três razões: primeira, por ser maior o tempo de sua duração; a segunda, por ser maior sua intensidade, e a terceira por ser maior o dano causado às duas pessoas.

Anima Christi (Alma de Cristo) Alma de Cristo, santificai-me. Corpo de Cristo, salvai-me. Sangue de Cristo, inebriai-me. Água do lado de Cristo, lavai-me. Paixão de Cristo, confortai-me. Ó bom Jesus, atendei-me. Dentro de vossas chagas, escondei-me. Não permitais que me separe de Vós. Do maligno inimigo, defendei-me. Na hora da minha morte, chamai-me. E mandai-me ir a Vós. Para que com vossos santos Vos louve. Pelos séculos dos séculos.

Nota: Os intertítulos ex pli cativos ac ima, que fi guram entre co lchetes, são desta redação.

C AT O LIC ISMO

Amém.

Julho de 19 9 9

7


ouço dizer que a Igreja Católica Apostó lica Romana é a Igreja fundada por Jesus Cristo. E, agora , ouço dizer qu~ a Igreja está voltada para o Ecumenismo. Como se explica isso? 2. Se uma pessoa faz um ou mais pecados gravíssimos, mas arrepende-se profundamente e pede perdão a Deus, por pensamento. Um dia essa pessoa morre arrependida, mas sem ter confessado esses pecados a um sacerdote, isso faz com que essa pessoa mereça o inferno? 3. Em edição anterior de Catolicismo, o Sr. afirmou que, ao morrermos, cada um tem o destino certo na hora em que deixa este . mundo. Perto de minha casa morreu um homem e sua netinha, de 2 anos, dizia, dias depois: "olha o vô"! Isso é possível? Dizem que não é bom acender velas dentro de casa, porque isso chama as almas que vi vem no escuro. O que o senhor acha disso?

RESPOSTAS

1. Sim. A única Igreja fundada por Jesus Cristo é a Igreja Católica Apostólica Romana, fora da qual para ninguém há salvação. É verdade de Fé (Denzinger, 1647). Quando uma pessoa não tem condições de conhecer a verdadeira Igreja, por viver em lugares onde predominam falsas religiões, como, por exemplo, em países maometanos ou budistas, ou por alguma outra razão, mas deseja sinceramente fazer a vontade de Deus, ama-O com um amor verdadeiro, então ela passa a fazer parle da Igreja, embora de uma forma não visível. E, assim, pode ser salva. É o que se chama batismo de desejo. Então ela é salva pela Igreja Católica, embora possa, materialmente, não fazer parte de seu Corpo visível. Mas, de fato, pela ação da graça e sua indiscutível boa fé, ela está unida à única e verdadeira Igreja de Cri, lo, que é só a Igreja Católica. Pode-se entender o ecumenismo como uma estratégia de fazer apostolado

a

eAToLIeIsMo

com pessoas de outras reli g iões e de manter contatos oliciais com seus líderes. Mas isto sem pôr cm dúvida que a Igreja Cató lica é a única verdadeira Igreja ele Cristo. No caso, há uma questão ele prudência que eleve ser vista com muito cuidado, e que consiste em não escandalizar os verdadeiros fiéis levando-os ao indiferentismo religioso, ou pôr em risco sua Fé. Há, hoje em dia, uma outra concepção ele "ecumenismo", generali zada e in teiramente falsa, fruto do relativismo doutrinário, e que coloca sacri legamente a Igreja Católica no mesmo pé ele igualdade com as outras religiões, como se todas fossem verdadeiras e conduzissem as almas à salvação eterna. Tal concepção contradiz tanto toda a Tradição quanto o Magistério da Igreja.

Necessidade da confissão 2. Nosso Senhor, cm sua misericórdia para conosco, instituiu os Sacramentos para nos regenerar e comunicar suas graça , e assim conduzir-nos à santificação e ao Céu. Entre os sete sacramentos, doi s dos que mai s revelam a mi seri córdia divina são o Batismo e a Confissão. Pelo Batismo, nós, que estávamos mortos pelo pecado origina l de nossos primeiros pais, na pia batismal ressuscitamos para a vida da graça. A porta do Céu abre-se para nós e, como dom incomparável , passamos a fazer parte da vida da Igreja e participamos da própria vicia divina. Mediante a Confissão sacramento ela Penitência - , nós, que rompêramos com Deus pelo pecado mortal, ou O desagradamos pelo pecado venial, somos misericordiamente perdoados. São João Nepomuceno confessa a Rainha da Boêmia (1740) - Pintura de G. M. Crespi, cognominado o Espanhol . O Sacramento da Confissão exige, normalmente, que os pecados sejam acusados ao Sacerdote, representante de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Julho de 1999

Para alguém ser perdoado ele um pecado leve (ou venial), como, por exemplo, uma mentira sem conseqüências, há vários meios. Assim, o simpl es arrependimento interior, o uso piedoso da água benta, a recepção contrita da Sagrada Eucaristia etc. Não é necessário, mas é louvável , acusar-se na confissão também cios pecados vcniais. Porém, para alguém ser perdoado de um pecado grave, ou mortal, há apenas dois meios: a) A Confissão sacramental acompanhada de sincero arrependimento (ao menos atrição por temor cio inferno) e ele sério propósito ele não voltar a pecar. Este é o meio comum. b) O arrependimento completo, a contrição perfeita, isto é, aque la que é motivada pelo puro amor a Deus, e não só por medo cio Inferno ou desejo cio éu , e acompanhada cio firme propósito ele nunca mai s voltar a pecar. Este é o meio extraordinário. Como clificilmcnlc saberá alguém com toda certeza se se arrependeu de modo completo e levado pelo puro amor a Deus, convém sempre confessar-se. Portanto, o meio ordinário e seguro é a Confissão. Aliás, um dos frutos seguros cio arrependimento perfeito é o desejo ele confessar-se tão logo seja possível. Por outro lado, tendo Nosso Senhor instituído esse prodígio de misericórdia que é a Confissão sacramental, a pessoa que pode confessar-se e não o

faz, corre sério risco de enganarse e perder-se. Mais grave ainda seria se e la, ao confessar-se, ocultar um ou mais pecados graves propositadamente. Digo propos itadamente, para que não haja escrúpu lo por uma omissão involuntária ele algum pecado grave . Sendo involuntária, e tendo havido o desejo de confessar todos os pecados, os pecados omitidos por esquecimento, sem deliberação, ficam também perdoados. A pessoa está em estado ele g raça e poderá con tinuar recebendo a Sagrada Comunhão, sem qualquer escrúp ulo. Mas é necessário que, depois de lembrados, eles sejam mencionados numa eventual nova confissão, sem necessidade de apressar o momento ela nova confissão por causa do pecado esquecido.

O inferno - Iluminura do livro "Les tres riches heures du Duc de Berry", séc. XIV, Museu Condé, Chantilly (França) . A existência do inferno e a eternidade de suas penas constituem verdades de Fé

É preciso confessar os pecados ao Sacerdote Não basta "co11fessar-se a Deus", como dizem os hereges protestantes ou os católicos mal formados. O Sacramento da Confissão exige que os pecados sejam acusados ao sacerdote, que ali está representando Nosso Senhor Jesus Cristo, - como pai, médico, doutor e juiz - o qual dará a absolvição. Isto nos humilha e nos mortifica, mas por isso mesmo faz bem à nossa alma, e torna-se um sacrifício agraciável a Deus. Em circunstâncias muito especiais, de catástrofes etc., é que se pode dar e receber a absolvição coletiva, quando não há possibilidade de cada um confessar individualmente seus pecados ao Sacerdote. Mas, uma vez cessada essa situação extraordinária, a pessoa precisa confessar-se pessoal mente, acusando-se ele seus pecados ao Confessor. Se os cató licos compreendessem melhor a grandeza e a misericórdia deste Sacramento, confessariam com mais freqüência, com mais empenho e fervor, pois além de perdoar os pecados, ainda que sejam apenas veniais, a Confissão confere graças atuais e sacramentais de arrepend imento e ele fervor, que muito ajudam nossa vicia ele piedade.

Os pecados graves levam ao inferno Os pecados que conduzem ao inferno são todos os pecados graves, como, por exemplo o adultério e impureza, desonestidade, difamação grave, vingança, ódio injusto contra alguém etc. Chamam-se "mortais" porque matam a vicia da graça na alma, votando-a ao inferno. O inferno é eterno, como também o Céu. É verdade ele Fé. Q uem cai nele, lá licará para sempre. A misericórdia ele Deus é infinita, mas também é infinita sua Justiça. O arrependimento e a misericórdia que perdoa o pecado são válidos enquanto há vicia. Uma vez ocorrida a morte, a pessoa é julgada e toma seu destino eterno, isto é, para sempre. É a falência total e irreversível ou então a salvação completa e maravilhosa junto a Deus, Nossa Senhora, seus Anjos e Santos. Façamos tudo para não sermos preci pi taclos no inferno. "O meu Jesus,

perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno .... " ensinou-nos a rezar Nossa Senhora de Fátima após cada dezena cio Terço.

Os mortos podem nos aparecer 3. É doutrina comum, isto é, ensinada

atamente após a morte, e recebe nesse mesmo ato o seu destino eterno: Céu ou Inferno. Normalmente, os que vão para o Céu, passam antes pelo Purgatório para pagar alguma pena dev ida, antes de se apresenta r diante ele Deus. Deus pode permitir, entretanto, que algumas elas almas que se encontram no Purgatório, esporadicamente se revelem aos vivos, sobretudo às crianças, às vezes em sonhos, às vezes em aparições. Em geral são Anjos que tomam a aparência ela pessoa morta, manifestando assim sua salvação para consolo da famíl ia e, ao mesmo tempo, reclamando orações e sufrágios por quem está sofrendo no Purgatório e quer ir logo para o Céu. Há, porém, fenômenos psicológicos - auto-sugestão, alucinações etc. que podem indu zir a criança, que está pensando muito em determinada pessoa, com base numa sombra, numa luz, etc., ter a impressão ele estar vendo algo, que não passa ele uma fantasia. É preciso ser muito cauto em relação a tais manifestações. É claro que elas podem propiciar ocasião para se rezar pelas almas cios falecidos. Trata-se ele um ato de caridade muito agracl,1vel a Deus. Quanto à questão ele almas que "vi-

vem no escuro, e às quais não se deve acender velas ", etc., c ifra-se ela à pura superstição. Não se eleve levar isso em conta, conti nuarmos a acender as velas em sufrágio elas almas que estão no Purgatório rezando com a liturgia ela Igreja: "Descanso eterno dai-lhes Senhor e a luz perpétua os ilumine" (da Missa pelos Defuntos). ♦ ERRATA

Na 2• resposta de nossa seção publicada na edição anterior, à p. 1O: EM VEZ DE: .... em um SÓ Corpo [ - todos os que estão em estado de graça, seja na terra, no Céu ou no Purgatório, podem satisfazer e interceder uns pelos outros, com orações, oferecimentos de Comunhões, sacrifícios, boas obras etc.]. LEIA-SE: .... em um só Corpo [ - porestarem em estado de graça, ou de glória, podem interceder uns pelos outros, beneficiando-se mutuamente e rendendo maior glória a Deus].

pela Igreja, que a alma é julgada imediCATO LI C I S MO

Julho de 1999

9


Partenon aos 2,5 mil anos: restauração de emergência

Patrimônio carioca à venda Está à venda a confeitaria mais famosa e trad icional do Brasil , que há cem anos vem sendo local de encontro de personalidades e da elite social carioca, e também de outros Estados e até vi sitantes do Exterior. Tombado pelo Patrimônio Histórico, o edifício da Confeitaria Co lombo foi inaugurado em 1894, tendo o estabelecimento comercial sido comprado em 1992 pela Arisco. Apesar de estar novamente à venda, a atual proprietária deseja manter o seu glamour. A notícia, ali ás, não alterou em nada o chá nos salões centenários da Colombo, que só será alienada para alguém que tenha condições de dar continuidade ao mesmo estilo da casa, cuja hi stória confunde-se, até certo ponto, com a da sociedade carioca, de um século a nossos dias. Comenta-se no Rio de Janeiro que não se busca um simples comprador, mas sim um empreendedor interessado na manutenção desse autêntico patrimônio cultural da

Cidade Maravilhosa.

Símbolo dos mais característicos da antiga c ivili zação grega, o Partenon corre sério risco de desmoronar. Um dos engenheiros que o examinou aval iou que as colunas da face norte estão sustentadas apenas pelos andaimes construídos em torno delas. Daí a realização dos consertos de emergência. Como há raízes de nossa civilização que se entranham na cultura e na civilização grecoromana, o tema nos interessa a fundo. Tanto mais em se tratando de célebre obra-prima arquitetônica, caracterizada por sua harmonia e majestade. Construído por Fídias no século V a.e., o Partenon apresenta rachaduras em boa parte dos 12.575 blocos de mármore, alguns dos quais de 1 2 toneladas. Os traba lhos de restauração foram iniciados há 16 anos. Ao serem retiradas 1 O anos atrás algumas das 46 colunas do tem plo, constatou -se que os cortes dos tambores de mármore achavam-se ligados por meio de cavilhas de madeira, em perfeito es-

João Paulo li: Sacrílego oseqüestro em Cali "O grupo armado interrompeu de forma sacrílega a celebração da Missa". Com estas palavras João Paulo li condenou o seqüestro - perpetrado pelo chamado Exército de Libertação Nacional (ENL) - de 140 fiéis inclusive do sacerdote, que assistiam à Missa numa manhã de domingo, na cidade co lombiana de Cali. Mons. Isaías Duarte, Arcebispo daquela cidade colombiana, exortou seus compatriotas a manifestar indignação e negar qualquer apoio aos grupos guerrilheiros . "A celebração litúrgica foi interrompida ... Cristo estava presente nas espécies eucarísticas e ficou jogado, porque os guerrilheiros não deixaram terminar a Missa. A guerrilha profanou a Eucaristia, a celebração litúrgica, o ato mais sagrado dos católicos, ultrajou e seqüestrou". Anunciando uma excomunhão, o Arcebispo comentou: "Nunca na História da Igreja aconteceu algo de parecido. A Eucaristia foi profanada e há necessidade de excomungar os responsáveis pelo ato". Numa gigantesca manifestação em Cali, 300 mil colombianos, exigiram a libertação de todos os seqüestrados pelos guerrilheiros, ♦ os quais, como se sabe, recebem treinamento de Cuba.

Perda de identidade na Europa

tado de conservação. Na ocasião, foi usado chumbo derretido para imped ir que a um idade atingisse ♦ as cavilhas mi lenares.

Todo o mundo j á sabia que cada vez nascem menos cri anças na E uropa. O que porém nem todos suspeitavam é que a situação está fi cando alarm ante. De acord o com a Co mi ssão Européia, no ano passado nasceram apenas 4,01 milhões de crianças na U nião Européia, total equivalente ao período de menor natalidade desde o fin al da II Guerra Mundi al. O crescimento natural da população - medido pe la subtração do

número de mortes em relação ao de nascimentos - fo i de apenas 320 mil pessoas. Segundo os especiali stas, o crescimento natural da Europa chegará a ser nul o em 2010, e até mesmo negati vo em 2020, se os governo s não adotarem medidas de incentivo à natalidade. E m contrapartida, a taxa de fec undidade dos imigrantes, na sua maiori a muçulmanos, chega a ser 20% maior do que a da população local. Com isso, os países europeus estão correndo o ri sco de perder sua identidade cri stã, cultu ♦ ral e étn ica.

• • •

• •

• • • • • • • • • • • • • •

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

.

. . . .• • • • • • •

. 10

CATO L I C I S MO

' Julho de 1999

Em Fátima, devotos de todo o mundo Em 13 de maio último 82º aniversário da primeira aparição de Nossa Senhora aos três pastorinhos em Fátima - cerca de 200 mil fiéis, vindos de todas as partes do mundo, compareceram ao Santuário ali construído em homenagem à Virgem. _J

Guerrilha assassina Sacerdote colombiano Guerrilheiros marxistas do Exército Popular de Liberfação ( EPL) assassinaram brutalmente, com 13 disparos à queima-roupa, o pároco de Cáchira - a 320 quilômetros de Bogotá- Pe. Pedro León Camacho Anaya, de 66 anos. Denunciando com coragem as injustiças da violência guerrilheira, vinha o referido sacerdote por essa razão recebendo ameaças de morte. Entretanto, invariavelmente respondia "não posso ser um cão mudo, tenho que obedecer a Deus antes que aos homens".. . _J

Brasil recebe Santo Antonio Encontram-se percorrendo o Brasil desde 15 de abril, as relíquias de Santo Antonio de Pádua, frade franciscano chamado Martelo dos hereges, grande pregador e taumaturgo excepcional. Esse tesouro permanecerá em nosso território até o dia 22 de novembro . _J

CATOL I C I S MO

Julho de 1999

1 1


SÃo PAULO "No TEMPO

DE DANTES ,,- Ili REINALDO

Aqui evocamos saudosos e salutares aspectos de uma vida que hoje parece um sonho longínquo, vivido por seres privilegiados, dignos de serem mve1ados por aqueles que, como nós, estamos inseridos no contexto da vida atual. Com isso concluímos esta série de artigos sobre São Paulo de outrora. Mas fica a pergunta: algo desses aspectos não poderíamos tentar . revivescer em nossos atribulados dias? 12

eATo

L I

A caridade para com os pobres, símbo lo vivo do espírito católi co - quão diferente dos chamados "d ireitos humanos" de hoje, frios e laicos - era não só exercida, mas ainda ensinada aos pequenos. Sem deixar de lhes impor justo castigo quando ela fosse violada. Castigo vexatório, mas educador, que era recebido com paciência. E, como nos diz a autora ele No Tempo de Dantes, Da. Maria Paes de Barros, que não empanava a fe licidade elas crianças: "Sentada {a Senhora mãe da memorialista] em sua cadeirinha baixa, trabalhando em.frente das escravas que costuravam, governava ela a casa, atendendo Lanto aos serviços das pretas como aosfilhos pequenos. Se batiam à porta, levantava-se um.a das escravas para ver quem era. Não raro tratava-se de alguma mulher de rnantilha, que vinha pedir esmola. A m.amãe abria então a gavetinha onde estavam as grossas moedas de cobre, de vintém e de dois vinténs, destinadas às pequenas despesas do dia e às esmolas. De uma.feita, mandou que uma das meninas levasse a moeda. - "Eu, não! - exclamou a pequena - que vá a negra le var! Nem. quero chegar perto dessa mulher tão slija, de saia rasgada e cheia de lama 1 Tenho até nojo! "E o castigo não demorou. Nesse dia, ao janta,; apareceu a pequena (que ainda usava saia curta) com. um velho vestido de chita, que lhe chegava aos pés, calçando uns chinelos.furados, os ombros cobertos por um xale surrado e desbotado, tendo nas ,nãos uma bandejinha velha! Vermelha e humilhada,fez a volta da mesa, pedindo esmola a todos os presentes e só recebendo olhares de compaixão. "Essas punições ostensivas - rerniniscência de hábitos.feudais, época em que os castigos eram aplicados em praça pública, diante do povo seriam, porventura, mais eficazes que as de hoje, ministradas em reserva, e por métodos persuasivos? Porém, ainda que imposições vexatórias, não escandalizavam ninguém: eram sofridas pacientemente, com.o justas e naturais, e não

eIsMo

Julho de 1999

F.

MOTA

JR.

constituíam nuvem que empanasse a f elicidade das crianças, que viviam satisfeitas, rodeadas da qfeição protetora dos pais".

Crise econômica, expressão desconhecida naqueles idos tempos Os grandes jornais não cessam hoje ele apresentar notícias, muitas vezes espalhafatosas, da instabilidade econômica que perpassa um grande número ele nações: bolsas que sobem, bolsas que descem; dólar em alta, dólar em baixa; bancos ou empresas que vão à fa lência, empresários que se suicidam. Enfim, um certo terror que, de certa forma, atinge a população como um todo. Daí se falar cada vez mais em stress, neuroses e depressões que fazem prosperar as farmácias, hoje em dia quase em cada esqu ina ... Para os que vivemos no clima ele agitação hodierna, cli fícil é imaginamo Bras il uma vicia tranqüila, estável e despreocupada. Mas tal modo de viver existiu e aqui segue dele uma imagem, para nos fazer descansar um pouco destes tempos de seqüestros, ele saqueadores e invasores a lcunhados ele "sem-terra". " .... Ó paulicéia de dantes, como era.farta a vida dos teus filhos, que viam na tua florescente lavoura do ceife a garantia econômica do presente e do.futuro! Sólidas eram então as fortunas, baseadas em. bens territoriais e, embora não houvesse estradas, as tropas seguiam para Santos carregadas dos produtos da província. A indústria era incipiente; vinham, portanto, da Europa quase todas as mercadorias necessárias. Diante de tanta abundância, o futuro não encerrava problemas. Quem.falaria em perder sua.fortuna? Nem em tal secogitava, pois erafirme como a própria terra que se transmitia aos .filhos, e nela se baseavam todos os planos e esperanças. Imaginar uma falência ou bc111 ·arrola seria cog itação fictícia, própria de novela! .... "

Notícia que alarmou o País O brasil ·iro , sempre ele índo le pacífica e amistosa , n1111c.i roi amigo de guerras e confli-

tos. Mas quando a honra e a defesa da Pátria a isto o chamaram, não recuou ante o dever. Como bem descreve a Sra. Paes de Barros, a guerra do Paraguai foi apenas um interstíc io entre as doçuras ela paz; e, logo restabe lec ida a ordem, cessaram os ód ios, deixando ver bem o verdadeiro caráter do brasileiro. " .... Assim, numa venturosa despreocupa ção, viviam os.filhos de São Paulo. Mal chegavam até aqui, como eco distante que logo silenciava, os rumores de guerras sangrentas que assolavam as repúblicas espanholas, nossas vizinhas, estendendo-se até a província do Rio Grande do Su l. A imensa distância e a acidentada viagem amorteciam o inleresse pelos nossos turbulentos vizinhos. Procurou o Brasil, por muito tempo, permanecer alheio a essas violências partidárias, que se man!festavam por vinganças cruéis; mas viu-se por vezes constrangido a prestar auxílio a nações oprimidas - apoio desinteressado, injus/amente interpretado, de vido ao respeito existenle en/re o nosso Império e as repúblicas espanholas".

Em meio à bonomia, ânimo forte Após descrever os sonhos ambiciosos cio ditador parag uaio, Francisco So lano Lopes , de expand ir suas fronteiras conquistando terras brasileiras, a memorialista mostra que nosso governo imperial, sempre pacífico, procurou desdenhar esse perigo para, assim, tranqüi lamente continuar longe das agitações . Mas eis que, inesperadamente e sem prévia declaração ele guerra, o vapor brasileiro Marquês de Olinda foi capturado pelos paraguaios ... "Ecoou por todo o país um. brado de revolta e alarme". C hegando, depo is, a notícia que tropas paraguaias tinham invadido a Província cio Mato Grosso, o Brasil viu-se na contingência de aceitar a guerra declarada. Providências foram tomadas, organizou-se um exército, uma esquadra. Seguem-se as batalhas ... Riachuelo, Tuiuti e outras. Por fim , nosso exérc ito sai vencedor. E a Sra. Paes ele Barros encerra assim esse capítulo: " .... Chegou então o dia em que a nação, jubilosa, festejou a volta de seus heróicos solclados, entre os quais o sétimo batalhão de voluntários paulistas - todos cansados, exaustos ,nesmo, trazendo as bandeiras rotas, mas orgulhosos e felizes. Nas doçuras da paz, cessaram os ódios. O povo pensava como o seu imperador: 'Não fizemos guerra ao Paraguai, mas ao seu despótico ditador'. Houve mesmo uma proposta para erigir uma estátua a D. Pedro li, por meio ele subscrição nacional, mas foi por ele recusada.

"Te rminado o conflito, o Brasil, que nunca tivera índole guerreira, não se embriagou com triunfos que não cobiçara. Contemplando o horizonte político, via-o límpido e Luminoso: tinha realizado suas justas aspirações e agora podia gozar elas vantagens obtidas através de /cm.tos sacr!f[cios e estender mão fraternal a lodos os seus vizinhos".

Buscando-se o acréscimo, perdeu-se o reino de Deus ... Após termos , assim, percorrido esse mundo sereno e aprazível de uma São Paulo que não conhecemos, onde as ruas eram atravessadas apenas pe las três únicas seges: a do Bispo, a ela Marquesa ele Santos e a do Comendador Souza Barros; de vermos a memoriali sta afirmar ''.felizes viviam nossos avós", num tempo em que a vida de família era operosa e estável, em que as crianças eram formadas nos princípios da caridade cristã; num tempo, enfim, que faria com que a palavra 'boa vontade'pusesse fim a todas as discórdias, parece um pesadelo termos de sair ao final da tarde para enfrentar congestionamen-

tos, perigos de sermos assaltados, notícias ele quebra na bolsa, de alta de juros ... Tudo o que aflige nossos contemporâneos foi por eles construído. Tendo posto de lado tanto os valores humanos autênticos, quanto os sobrenaturais, para ambicion ar um desenfreado progresso no campo material, colhem e les hoje o fruto clp que plantaram. A solução? De há muito no-la indicou Nosso Senhor no Evangelho: "Procurai primeiramente o Reino dos Céus, e tudo mais vos será dado de acréscimo " (Mt 6,33). ♦

Na página anterior: Sege do Comendador Luiz Antonio de Souza Barros, pai da autora. Além desta sege havia na cidade apenas mais duas: uma pertencente ao Bispo e outra à Marquesa de Santos. USP/MP Acervo do Museu Paulista da Universidade de São Paulo.

Acima: Rua Florêncio de Abreu, em 1887. Álbum comemorativo 1862/1887. Fotografia de Militão Augusto de Azevedo. USP/MP Acervo do Museu Paulista da Universidade de São Paulo.

Obra de referência Maria Paes de Barros, No Tempo de Ow11es, Ed itora Paz e Terra, São Pau lo, 1998, pp . 52, 53, 1 19, 129, 133 e 134.

C AT O LICISMO

Julho de 1999

13


DESTAQUE

Multiplicam-se na França blasfêmias, profanações, sacrilégios

BENO!T BEMELMANS

A Revolução Cultural em curso na Filha Primogênita da Igreja tenta esmagar os restos da Civilização Cristã Paris - Situada quase no centro da França, às margens do rio Loire, Blois foi sede de importante condado medieval, adquirido pelo rei São Luís IX no século XIII. Posteriormente, foi residência de Luís XII e de Francisco I; na Renascença, tornou-se a capital do reino e centro de irradiação cultural. Hoje, Blois tem como prefeito um ferrenho socialista, Jack Lang, ex-ministro da Cultura de Mitterrand e conhecido por seus intentos demolidores da França tradicional. Um habitante dessa bela cidade relatou a um jornal parisiense a profanação selvagem da igreja de São Saturnino, no fim do ano passado. Sua desctição é simples e indignante: "O altar-mor derrubado, a cruz quebrada, o tabernáculo partido, o cibório roubado e as hóstias consagradas jogadas no chão e nas lixeiras. A informação não foi divulgada em todo país, é claro. Na hipótese de que tal sacrilégio tivesse sido cometido em templos de outras confissões religiosas, o fato seria de bramir. Nesse caso, pode-se imaginar qual teria sido a alarido dos meios de comunicação!" (cfr. "Le Nouvel Aperçu", fevereiro de 1999). Sem dúvida, não se trata de um acontecimento isolado. De algum tempo a esta parte, vimos assistindo a um recrudescimento das manifestações de ódio e de violência contra a Fé católica. Por detrás dessas profanações, blasfêmias, sacrilégios, insultos à Religião católica existe uma sanha realmente satânica, cujo objetivo é achincalhar os símbolos cristãos. No fundo, é o direito de ser católico que é ameaçado na sociedade atual. Combatem-se as manifestações tradicionais da piedade cristã, nega-se a influência benfazeja e legítima da Santa Igreja na cultura, nas instituições, na sociedade.

Blasfêmia mesclada com e sexo e corrupção Muito freqüentemente, a blasfêmia chafurda na perversão sexual e na corrupção. É o caso de um programa de grande audiência da televisão francesa Canal +, Les Guignols de / 'i11fo, que apresentou a Sagrada Ceia de Nosso Senhor Jesus Cristo com os Apóstolos como uma orgia

14

CATO L I C I S M O

Julho de /ggg

de homossexuais. Não se pode imaginar ignomínia maior. As emissões se deram em 21 e 24 de janeiro último. Pouco antes ganhara publicidade na França o álbum blasfemo Jnri, cuja capa apresentava uma mulher seminua como Cristo crucificado. As fotos internas, à guisa de ilustração de uma "vida de Jesus", variam do escabroso ao obsceno. Pouco depois era publica.do na Suécia outro álbum de uma fotógrafa lésbica que pretendia representar Nosso Senhor como homossexual. Apressou-se em dar-lhe publicidade um órgão da mídia francesa. O mau odor da pornografia e da sordidez exalam das páginas desse álbum. O mesmo órgão publicou em 12 de fevereiro último, em lugar destacado na primeira. página, uma caricatura representando um Clinton miraculado diante de uma "imaculada Conceição" voluptuosa, alusiva ao ignóbil caso Mônica Lewinsky. Ainda na França, a publicidade natalina. de uma empresa telefônica a.presentava. um presépio em que o Menino Jesus era substituído por. .. um fone!

or de todos os tempos", tentou justificar-se o reverendo Peter Owen-Jones. Os exemplos poderiam multiplicar-se; os católicos fra nceses são freq üentemente colocados sob uma avalanche de blasfêmias e de ataq ues à sua Religião. Diante de pecados graves como o da blasfêmia, que atinge diretamente nossa Fé, o dever impõe q ue não os aceitemos e nem permaneçamos indiferentes. Pelo contrário, que os rejeitemos de toda alma e façamos tudo quanto estiver legitimamente a nosso alcance para que cessem. Além de ofenderem o Divino Redentor e de levarem almas para o inferno - como Nossa Senhora lembrou aos três pastorinhos de Fátima - tais pecados têm uma conseqüência social grave: se a sociedade não os combate, multip licar-se-ão em seu seio as tentativas de destruição da Fé cristã. O dinamismo do mal arrastará assim à perdição não apenas indivíduos blasfe madores, mas sociedades inteiras, sejam estas grupos, cidades ou países.

Civilização Católica: fruto da virtude No momento em que se multiplicam pelo mundo as perseguições cruentas que martirizam nossos irmãos na Fé (lembremos, a título de exemplo, os episódios sangrentos ocorridos recentemente na Indonésia, na Índia, na Argélia e no Sudão), em muitos países do Ocidente, outrora cristãos, os ataques à Igreja e aos católicos são lançados mediante injúrias provindas da impiedade militante. É preciso estarmos conscientes a respeito dessa tática do Maligno e opormos a ela nossa firme convicção de católicos que podem e devem infl uenciar a sociedade em que vivem. A virtude autêntica não pode confi nar-se à esfera pessoal. E la deve transparecer naquele que a pratica e atuar, através de uma espéc ie de sadio contágio, junto àqueles q ue o rodeiam. Propagando-se, a virtude tenderá a restaurar a cultura e a c ivilização católicas. É o grande ideal pelo qual se bate a família de almas de Catolicismo . ♦

Efígie de Jesus Cristo com traços de Che Guevara Na Inglaterra.- fato que foi publicitado na França - a igreja anglicana. mandou imprimir centenas de milhares de exemplares de um cartaz para ser colocado em lugares públicos e meios de transportes, a fim de atrair o público a freqüentar suas paróquias. No cartaz, "um Jesus inédito, olhar negro e duro, barba cerrada e maxilares de ferro, bem distante dos retratos suaves e sem-sabor tradicionalmente em vigor nas paróquias. Pois os traços brutos escolhidos para encarnar o Nazareno não são os de um esquecido apóstolo da Palestina, mas os do célebre revolucionário marxista argentino Che Guevara, companheiro de Fidel Castro" ("Le Monde", 8-1-99). A legenda do cartaz é significa.tiva: "Doce e humilde? Pois então descubra o verdadeiro Jesus! Igreja, 4 de abril". "Não quisemos dizer que Jesus era comunista, mas simplesmente que ele também era um revolucionário - o mai-

C ATO L IC ISMO

Julho de 1999

15


0 0 0 0 0 0 Julho 1999

I

§c[L)]lÜ@§ (ç Jl(ç§~ DOM

SEG

TER

QUA

QU I

SEX

SAB

4 11 18 25

5 12 19 26

6 13 20 27

7 14 21 28

1 8 15 22 29

2 9 16

10 17

23

24

30

31

3

1 Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo

Santo Aarão

Santo Aarão, Levita. + Palestina, 1250 A.C. Irmão de Moisés, foi

seu delegado [porta-voz] junto ao Faraó quando das tentativas de libertar o povo hebreu do cati veiro no Egito. Foi declarado por Moisés, por ordem de Deus, o primeiro e Supremo Sacerdote da Ordem levítica.

de

z}ullw

passaram, por instigação da mãe deste, a ódio e maus tratos. Para manter a paz doméstica e obte r a co nve rsão ele se us perseg u iclores, Goelo leva resolveu sofrer tudo pacientemente com espírito sobrenatural. Foi mandada enforcar pelo marido que, para não comprometerse, pretextou uma viagem. Depois, moído ele remorsos, confessou o crime e fo i ex pi ar seu pecado num convento.

6 Santa Maria Gorett4 Virgem e Mártir. ♦

Santos Mártires de Gorcum

Beato Inácio de Azevedo

2 Santo Oton de Bamberg, Bispo e Confessor. + Alemanha, 1139. "Na época da querela en-

tre a Igreja e o Império soube, por sua correção e lealdade, servir sem. choques a corte imperial e a Sé Apostólica. Pregou o Evangelho aos povos da Pomerânia e da Gennânia do Norte" (do Martirológio Romano-Monástico). Primeira Sexta-Feira do mês.

3 São Tomé, Apóstol.o. ♦

Santa Marcelina

São Leão II, Papa e Confessor. + Roma, 683. Eloqüente pregador, notável por sua caridade para com os pobres e seu amor à mú sica. Co nfirm ou o Ili Concíli o de Consta ntinopl a, sendo elog iado no Liber Pontifica/is por suas qua lidades naturai s e virtudes cristãs. Primeiro Sábado do mês.

4 São João Boste

São Lobo

[No presente ano, no Brasil] São Pedro e São Paul.o, Apóstol.os

São Rômul.o de Fiésole, Bispo e mártir. + Itália, séc . li. "Discípulo do Bem-aventurado Apóstolo Pedro, foi enviado pelo mesmo a pregar o Evangelho, anunciando a Cristo em muitos lugares da Itália", antes ele derramar seu sangue pela fé (do Martirológio Romano).

7 São Panteno, Confessor. + Alexandria, séc. Il. "Varão apostólico, reple-

to de sabedoria, tão grande era seu zelo e amor pela palavra de Deus que, abrasado de fé e piedade, saiu a pregar o Evangelho de Cristo aos povos que habitavam os mais rernotos confins do Oriente" (cio Martiro lógio Romano).

8 São Procópio, Mártir. + Pa lestina, séc. IV. Primeira vítima ela perseguição de Diocleciano, segundo o historiador Eusébio, "era originário de Jerusalém e vivia como asceta. Sua cultura profana era fraca, mas a Palavra de Deus era sua força. Foi decapitado após ter corifessado valorosamente sua fé" (do Martirológio Romano-Monástico).

Santa Ju/ita

16

CATO LICIS MO

São Guilherme Abade, Confessor.

9

+ Alemanha, 1091. Introduziu em sua Abad ia ele Hirschau, na Baviera, a reforma cluniacense, transformando-a num centro desse movimento, o qual se estendeu por todo o sul da Alemanha.

Santos Mártires de Gorcum

5

+ Holanda, l 572. Dezenove católicos presos quando os calvini stas tomaram a cidade, foram enforcados por clcfcnclcrcm a auto ridade ela Igreja Católica e a Presença Rea l ele Nosso Senhor no antíssimo Sacramento.

Santa Godol.eva, Mártir da fidelidade conjugal

10

+ Holanda, 1070. Todo o amor e consideração

Sete Irmãos Mártires.

aparentados pelo marido antes do casamento,

+ Roma, séc. 11. E. tes sete irmãos, Januário,

Julho de 1999

Feli pe, Félix, SiJvano, Alexandre, Vital e Marcial, enfrentaram o martírio sob o imperador Antonino, exortados por sua mãe, Santa Felicidade.

11 São Sigisberto, Confessor. + Alemanha, séc. Vll. "Monge irlandês, deixou a caravana monástica de São Columbano que passava pela Suábia em direção à Itália, paraji111da1; junto à nascente do Reno, um novo centro de vida religiosa chamado Disentis" (cio Martiro lógio Romano-Monástico).

12 Santos Narbor e Felix, Mártires.

19 Santo Ambrós-Jo Autpert, Confessor.

São Jacinto, Mártir.

+ França, séc. VIII. "Oficial da corte de Pepino, o Breve,foi preceptor do.fúturo Imperador Carias Magno, entrando logo depois para a Abadia de São Vicente , no Ducado de Benevento. Autor muito apreciado na Idade Média, escreveu vários comentários à Sagrada Escritura e várias obras litúrgicas e hagiográficas" (cio Martirológio Ro manoMonástico).

+ ltália, séc. Il. "Lançado primeiro no fogo e depois projetado numa torrente, saiu iHcólu rne. Depois, sob o Imperador Trajano, terminou sua vida ao fio da espada. A matroHa Júlia sepultou-lhe o co17Jo em sua quinta perro de Roma" (cio Martiro lógio Romano).

20

+ Roma, 432. Roma no de nascença, fo i atraído a Mil ão pela santidade de Santo Ambrós io. Eleito Papa, combateu as heresias ele Nestório e de Pelágio, convocando para isso o Concílio ele Éfeso, que proclamou a divina matern idade ele Nossa Senhora.

Santo Elias, Profeta. ♦

+ Itália, séc . JY. Estes dois irmãos de origem

Sa11to Aure1-Jo, Bispo e Confessor.

afri cana, soldados, sofreram vários tormentos sob Max imiano, sendo por fim degolados.

+ Cartago, 430. Como Bispo ele Cartago, go-

13 São Silas, C01ifessor.

vernava a Igreja ela África que contava com cerca de 500 Bispos, ajudado e aco nselhado por Santo Agostinho.

27 São Celestino I, Papa e Cotifessor.

28 Santos Mártires da Tebaida.

+ Macedôn ia, séc. I. Foi des ignado pelos Após-

21

+ Egito, séc. Ili. Muitos mártires que padece-

to los para aco mpanhar São Pau lo e São Barnabé em suas pregações aos gentios. "Cheio da graça de Deus, exerceu fervorosamente o ministério da pregação "(clo Martirológio) .

São Lourenço de Brindis~ Confessor e Doutor da Igreja.

ram sob Déc io e Valeriano os mais diversos tormentos. A um cios mártires, "bra11.darne11.te ligado a uma alcatifa deflores, chegou-se uma desavergonhada prostituta para o provocar à luxúria. Ele, porém, cortou com os dentes a própria língua e cuspiu-a no rosto da sedutora", sendo depoi s martirizado (cio Martiro lóg io Romano).

14 São Héraclas, Bispo e Confessor. + Eg ito , séc. Ili. Est ud ou na Esco la de

Alexandria, tornando-se depois Bispo dessa cidade. Sua grande fa ma atraía à sua Sé episcopal muitos erud itos que vinham para conhecê-lo.

15

(vicie seção Vida de Santos, p. 28)

22 São João Ll.oyd, Mártir. + lnglaterra, 1679. Natural cio País ele Gales, estudou em Guent e Vallaclolid , onde foi ordenado. Voltou a seu país para dar assistência aos católicos, mas foi preso e condenado à morte como padre clandestino juntamente com São Phi lip Evans. Canoni zados entre os 40 Mártires da Inglaterra e País de Ga les.

São Tiago, Bispo e Confessor.

23

+ Ásia Menor, 338. Célebre asceta, mestre espiritual ele Santo Efrém, famoso por sua santidade e erudição. Eleito Bispo ele Ními sis, na Mesopotâmia, foi um cios que condenaram o ariani smo.

São João Cassiano, Confessor.

16 Nossa St.>nhora do Carmo

17 Beato Inácio de Azevedo e 39 Companheiros, Mártires do Brasil ♦

Santa Marcelino, Virgem + Milão, Séc. IV. Irmã de Santo Ambrósio, recebe u o véu elas vi rge ns ela mão cio Papa Libério, na Basílica ele São Pedro, em 353.

18 Santa Sinforosa e filhos, Mártires. + Itália, séc. III . Esposa cio mártir São Getúli o,

morreu tam bém pela Fé católica juntamente com seus sete filhos, Crescêncio, Julião, Nemésio, Primitivo, Justino, Estácio e Eugênio.

29 São Lobo, Bispo e Confessor. + França, 478. Bispo ele Troyes, esteve na In-

gl aterra com São Ge rm ano combatendo o pelagianismo. De vo lta a seu país, Átila, o bárbaro rei cios hu nos, o reteve como refém, dele recebendo benéfica influência.

+ França, 432. Provençal, fez-se monge em

Belém e depois vive u 15 anos como erem ita no Egito. Ordenado, fixo u-se em Marse lha, onde fundou dive rsos mosteiros, nos qua is im plantou o ascetismo e a espiritua lidade cios mo nges do Egito.

24 São João Boste, Mártir. + Inglaterra, 1594. Tendo estudado em Oxford, converteu-se ao Catolici smo em 1576, indo para a França, onde fo i ordenado. Designado para as mi ssões inglesas, esteve atendendo aos cató licos residentes no norte ela Inglaterra. Tendo s ido desco berto. fo i enforcado e esquartejado, morrendo assim gloriosamente pela Fé católica.

25 São Tiago Maior, Apóstol.o

26 São Joaquim e Santa Ana, pais de Maria Sa11tíssima.

30 Santa Julita, Mártir. + Ásia Menor, 305. Rica viú va de Cesaréia, tendo sido despojada por meios fraudul entos ele toda sua fort una por um cios principais da cidade, resolveu processá-lo. Intimada, durante o processo, a sacrificar aos ídolos para obter a restituição ele seus bens, preferiu perdê-lo, e à vida temporal, para ganhar a eterna.

31 Santo Inácio de Loyola, Confessor. ♦

São Faôio, Mártir. + Ásia Menor. séc . Ili. Soldado, recusou-se a levar as in sígn ias do Governador provincial porque nelas fi guravam símbolos pagãos. Preso, declarou-se cri stão, sendo por isso condenado à morte.

Nota Os Santos aos quais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.

C AT O L IC ISMO

Julho de 1999

17


INTERNACIONAL

CHINAcomunista capitalismo: espúria e destrutiva

aliança

Em nome de uma pretensa liberdade econômica, capitalistas alimentam um dragão, que está ansioso para nos devorar m fins da década de 80 deu-se a derrocada do bloco soviético, causada pela miséria e pelo estancamento característicos dos regimes coletivistas. A partir daí, por um fenômeno precipitado - entre outras razões pelo desígnio comum aos mais altos círculos políticos de impulsionar o mundo para um misto de globalização e autogestão, tendências que não fizeram senão crescer - , favoreceu-se a China, atual potência propulsara do coletivismo. A índole opressiva do Estado soviético, que concentrava em suas mãos os bens de produção e controlava todos os outros fatores da vida econômica, só podia causar um estancamento crônico, o qual afetou também, em grau maior ou menor, os demais regimes socialistas, com efeitos demolidores em todos os quadrantes da Terra. A súbita e simultânea derrubada de muitos governos marxi stas não poderia deixar, portanto, de ter muitos efeitos auspiciosos. E isso não só por acabar com o ameaçador poderio soviético e com suas injustiças, monstruosidades e violências, como também por favorecer a desmontagem da hipertrofia estatal. Pois, ao colocar a nu as ruínas que esta última produziu em tantos países, inibia 18

CATO L IC IS MO

ALFREDO MAC HALE

a atuação das esquerdas marxi stas, neles próprios e no resto do mundo.

Nova tendência: eliminação do Estado Entretanto, assim como comunistas e socialistas viviam obcecados em fortalecer o Estado, esmagando as vitalidades individuai s e nacionais, emergiram com grande ímpeto, na última década, diversos setores desejosos do extremo oposto. Ou seja, que na generalidade dos países o Poder público reduzisse sua atuação sem cessar, ainda que com sacrifício das suas funções mais indispensáveis, como a defesa da identidade e soberania nacionais, a manutenção da ordem interna, a repressão ao cri me, o cumprimento das leis, etc. Esses setores advogam uma absoluta liberdade, chegando ao extremo ele atribuir a esta um papel quase redentor. Querem impô-la tanto em matéria moral como social e econômica. Neste último âmbito, propiciam não somente a livre iniciativa empresarial, do comércio internacional e do contrato de trabalho, mas querem também o fluxo irrestrito de capitais, tecnologias e contingentes laborais através elas fronteiras. De forma a ir, no fundo, constituindo - graças à uniformização das leis nacionais - uma espécie de super-Estado mundial. Assim, com o tempo, vão sendo impostas condições tendentes a tornar equivalentes em todas as nações os processos produtivos e seus respectivos custos. O que conduz a dim inuir o contraste entre a prosperidade dos países que vivem e m liberdade e a miséria dos escravizados e coletiv istas.

Julho de 1'999

Cartaz alusivo à desastrosa viagem de Clinton à China, no ano passado, em rua de Pequim: prossegue o favorecimento absurdo e suicida do Ocidente em relação ao drag,'io comunista

Pânico da miséria e fascínio pela prosperidade pressionam o mundo

Concorre também para constituir um super-E tado a formação de grandes blocos de nações, que começam adotando o I ivre comércio para logo tender à integração gera l, erodindo a soberania e a alteridadc de todas elas.

De outro lado - juntamente com a crise do Estado-nação - a globalização induz, de modo artificial mas cada vez mais intenso, a que cresçam, se fundam ou se associem , tornando-se todo-poderosos, os gigantes mundiais das finan-

ças, da indústria e do comércio. Enquanto outros conglomerados outrora poderosos entram em crise, sucumbem e desaparecem. Isso torna a estabilidade econômica um atributo cio passado, e submete, a um só tempo, as populações e os países aos riscos vertiginosos ela ruína total e ao fascínio com as ilusões ele uma prosperidade sem precedentes. Com efeito, muitos países - dentre os quais os chamados "tigres asiáticos" são exemplos quase fo lclóricos - imaginavam-se num progresso incomparável, a ponto ele se julgarem modelos para muitas nações ocidentais. Ta is países entraram no último ano em crises que ameaçaram arruiná-los, ao se esvaírem subitamente perspectivas que haviam surgido também ele modo urn tanto inopinado. Isso gerou um clima geral de instabilidade e ansiedade, porque ficou claro que as regras pelas quais se produzem esses vais-e-vens, somente uma proporção cada vez menor de pessoas consegue decifrar. Em meio a essas oscilações, as formas tradicionais de produção dos bens de consumo e as categorias em que estes se agrupam - que ao longo das décadas ou inclusive dos séculgs foram se formando, conferindo brilho à civilização ocidental - vão desaparecendo ao embate de verdadeiras avalanches de produção ordinárias e massificadas, praticamente descartáveis, de origem freqüentemente ignota. Produções preparadas por fabricantes sem nenhum prestígio e às vezes até de ex istência efêmera, que não dão

O fechamento de empresas deficitárias aumentou o problema do desemprego na China

garantia a quem os adquire, mas que derrubam a competência e favorecem a vulgarização geral.

Aliança espúria: Estado comunista e vorazes capitalistas Esses produtos procedem o mais das vezes da Ch ina comunista, onde são fabricados por massas de trabalhadores miseráveis, estas sim exp loradas pelo consórcio infame de um governo marxista, iníquo e despótico com empresários insaciáveis e imorais. A fim de prosperarem rapidamente, tais empresas comuna-capitali stas aproveitam-se das populações cativas para fabricar a custos ínfimos produtos que se destinam ao comércio mundial. Inundam assim os mercados, vendendo a preços muito mais altos que os do mundo comunista, contudo mais baixos que os do mundo desenvolvido. Sem embargo, quando se denuncia os adeptos dessa "economia libertária" por sua cumplicidade imoral com os regimes comunistas em incessante violação dos direitos da população, reduzida a virtual escravidão, simplesmente afirmam esperar que a difusão da liberdade econômica total modere a tirania, impregnando-a cada vez mais de uma "ética" pecu liar que o pragmatismo produziri a, conduzindo a uma nova ordem econômica de amplitude mundial'.

CA TO L I C I S M O

Julho de 1999

19


Assim, muitos gigante$, dos Bancos, da indústria e do comércio do Mundo Livre, que subsistem e prosperam graças a essa liberdade, associam-se ao Estado chinês - ou a empresas de sua propriedade, pertencentes a hi erarcas cornunistas, ao.Partido ou às máfi as sem i-clandestinas formadas por personagens do mundo ofic ial2 - para fo rmar empresas que trabalham em regime de privilégio, por se acharem protegidas por membros das cam·arilhas governantes.

"Livre concorrência" só par~ os que ingressam no sistema infame ... Essas empresas pagam salários irrisórios e estabelecem condições infra-humanas para os operários3 . Impedem-nos de protestar, em decorrência da polícia política e dos sindi catos co muni stas, como também de fugir, pela rigidez das fronteiras internas e externas. Além do mais, obtêm, por meio de suas relações com a tirania vermelha, franquias tribu-. tá.rias e outros incentivos do Estado, ao mesmo tempo que dificultam o surgimento de empresas rivais em condições competi ti-

mesmo sistema. Como é natural , os enormes lu cros auferidos por tais empresas dependem não somente do fato de países que as acolhem, como a China

.

comunista, assegurarem privilégios, como mão-de-obra baratíss ima e dócil , mas também de uma virtual garantia dos governos do Mundo L ivre de proporcionar perfeita fluidez ao comércio internacional, abstendo-se de impor a tais países condições que lhes criem obstáculos, nem sequer para coibir esses abusos.

Economia orgânica e empresas tradicionais do Ocidente: vítimas do conluio "com uno-capitalista" Em conseqüência dessa concorrência desleal de dimensões gigantescas, incontáveis produtores do resto do mundo definham e se arruinam , ferindo-se de morte a estrutura da economia orgânica de numerosas nações. Tal concorrência também abre cami nho a que, num futuro talvez não distante, suba m os preços dos produtos chineses, para aumentar muito o lucro desse comércio infa me. Por sua vez, os principais governos ocidentais - tantos dos quais se j actam de suposta sensibilid ade soc ial e de humanitarismo, a ponto de, em certos casos, tratar de impô- los a viva força - não se impressiona m com esse conluio internacional que reún e os vícios do comunismo aos pecados do pi or tipo de capitalismo. Que reedita em nosso séc ul o o traba lho escravo e contribui a preparar, para o próximo milênio, o mon stro col e tivi sta que já planej a nos devorar.

"'""

1. Cfr. James A. Dom, E/ orden espo111á11eo chin o (A gê nc ia Inte rn ac iona l de Pren sa Econó mi ca) e La muerte dei co11u111is1110, in " EI Mercurio", Sa ntiago do Chil e, 7-3-99). 2. Cfr. L ui s Kraar, 6 grandes mitos da China, in " Fortun e Am ericas", e ncarte do "Jornal do Bras i I" , 1 1-5-99. 3. C fr. Ne i I C. Hu ghes , Quebra11do a tigela de f erro, in " Fore ign Affai rs", Ed. Brasileira , nº 22, São Pau lo, julho de 1998, encarte da "Gazeta MercantiI".

Nosso Senhor no Horto das Oliveiras -Salmos do Rei lngeborg, 1200, Museu Condé, Chantilly (Fra nça)

O ruo

1

r)

©lco ~ ~~ ~ C1J w1 <91~

Dotados de natureza mais perfeita que a humana, esses puros espíritos foram criados para dar glória a Deus, reger o mundo material e serem potentes auxiliares dos homens, com vistas à sua salvação eterna

;:"" ':;~

r.; • ......

Notas

PLI N IO MAR IA S OLI MEO

~._--

:.... .; :...; ....

Trata-se, assim, de uma espécie de lice nça outorgada pelos governos ma is importantes do mundo aos organismos internacionais que regulam o comércio mund ial, para que estes beneficiem em toda med ida do possível a China com uni sta, a fim de que e la cresça e se prepare para exercer no futuro um papel ainda mai s funesto que o atual. Com isso, os coletivistas mostram ter aprendido muito bem uma lição: julgam ago ra mais conveniente valer-se da liberdade para se fortalecerem , só a atacando em plano mundial, no futuro. Evitarão assim que se repita com a China o suced ido há uma década com a U nião Soviética: por ter sido coarctada por seus diri gentes até o extremo, debilitaram-na e no fundo provocaram a sua queda. Por sua vez, o Mundo L ivre demonstra que não aprendeu lição alguma, pois continua a manter o costume absurdo e suic ida - fruto de seu espírito liberal e imprev idente - de ajudar seu pior inimigo, fo rtalecendo-o sem dar-se conta de que prepara ass im graves riscos para o futuro, quando o beneficiado tiver se tornado poderoso. ♦

-

um êx tase, Santa Mari a Madalena de Pazz i viu uma re li g iosa de sua Ordem (carmeli ta) ser tirada do Purgatório e levada ao Céu por seu Anjo da Guarda. E Santa' Francisca Romana viu seu Anjo da Guarda conduz ir ao Purgatório, para se r purificada, uma alma a ele confiada. O espírito celeste perma-

neceu fora daquele local de purgação, para apresentar ao Senhoros sufrágios oferecidos por aq uela alma. E, ao serem estes aceitos por Deus, essa alma era ali viada em suas penas 1• Logo ao nascer, o homem rece be de De us um desses a ngé li cos g uard iões, q ue o acompanhará dura nte a vida, protegendo-o e comunicandolhe boas inspirações. Se a pessoa tiver vivido segundo a Lei de Deus, a ponto de se santifi car e ir diretamente para o Céu, o Anjo da Guarda a conduzirá a esse lugar bendito. Se, de outro lado, o que é mais provável, ela preci sar purificar-se no fogo do Purgatório, o Anjo conduzi-laá depois ao Paraíso Celeste. Ou, caso contrário, se tiver rejeita-

Desempregado expõe num papel suas habilitações, numa rua de Pequim: fato indicativo de grave problema na China

20

CATO LICIS MO

Julho de / 999

C ATO L IC ISMO

Julho de 1999

21


,

do suas inspirações e bons impul sos, condenando-se para todo o sempre, abandoná-la-á às portas do I nfe rno. E m nossos dias, a par do materiali smo e do ate ísmo reinantes em tantas almas e e m incontáveis ambie ntes, notase um a sa lutar reação - cada vez mais intensa e generalizada - a essas chagas da civi li zação contemporânea. O sentimento re li gioso, a crença em Deus e no destino eterno ganham sempre mais terreno, espec ialmente no seio da juventude atual. Um sintoma desse renasce r dos valores espirituai s é prec isamente .o interesse pelos Anjos, o aumento da devoção aos puros espíritos, bem como dos pedidos invocando sua intercessão. E mbora tal revivescência, infeli zmente, se manifeste e m algun s casos mesclada a superstições e até manifestações de ocultismo. Para atender a esse sadio movimento de a lm a, propu semo-nos hoje apresentar a nossos leitores a atualíssima e atraente temáti ca dos Anjos.

*

*

*

O Anjo só passa a custod iar o novo ser depoi s que este sa i das entranhas maternas. Isso porque, desde o momento da concepção até o do nasc imento do novo ser, o Anjo da G uarda da mãe cui da também da nova cri atura, ass im como q uem guarda uma árvore carregada de frutos, juntamente com a árvore custodia também os frutos 2 . Temos necess idade da celeste proteção angéli ca. Nossa a lma imortal está destinada a ser, de futuro , companhe ira dos Anjos e ocupar a seu lado, no Céu, um dos tronos de ixados vazios pela queda daqueles puros espíritos que se rebelaram contra Deus, transformando-se em demô ni os. Ta l necess idade sobretudo provém da própri a humana fraq ueza para atingir esse obj etivo. Que empenho não terá o demô ni o para que um recém-nascido não receba as ág uas regeneradoras do Batismo? Muitas vezes também procura causarnos ma les físicos. " A fun ção prin cipal do Anjo da Guarda é iluminar-nos em relação à verdade e à boa doulrina. Mas sua proteção acarreta lambém muüos outros efeitos, tais como reprimir os demônios e impedir que nos sejam causados da-

22

nos espirituais ou corporais" . Eles " rezam por nós e of erecem nossas preces a Deus, tornando-as mais efi cazes pela sua intercessão (Apoc. 8, 3; Tob. 12, 12), sugerem-nos bons pensamentos, incitcmdo-nos afazer o bem (At. 8, 26; 1O, 3ss). Do mesmo modo, quando nos infligem penas medicinais para nos corrigir (2 Sam. 24, 16): e - mais importante que tudo - quando nos assistem na hora

C AT O L IC ISMO

Arcanjo Gabriel-'- Guariento Di Arpo

da morte, forta lecendo-nos contra os supremos assaltos do demônio" 3 • A lg um as a lm as muito e le itas, que conservaram intacta sua inocência e candura batisma l ao longo da vida, por especia l privilégio de Deus tiveram a dita de ver seu Anjo da Guarda. Assim sucede u co m São Geraldo Mage la, Sa nta Francisca Romana, Santa Gema Galgani e outros Santos . Vejamos dois exemplos: • Sa nta Francisca Romana: dama ro mana da mai · ilustre estirpe, queria fazer-se relig iosa mas fo i obrigada pelos pais a casar-se, te ndo proc urado santifi car-se no estado de matrimôni o. Desse casamento nasceram vários filhos. U m deles, João Evangeli sta, de ex trema piedade, dotado do dom da profecia, fa leceu ange licamente aos nove anos. Um ano após sua morte, apareceu ele a Franc isca, resp landecente de lu z, acompa nhado por um jovem ainda mais brilhante. Fez conhecer à mãe a g lóri a de que gozava no Céu; e comun icou-lhe que vinha buscar sua irmãzinha Inê , de c inco anos, para colocá- la entre os An-

Julho de 1'999

j os. E que, por ordem de De us, de ixaria aque le Anjo para - juntame nte co m seu Anjo da Guarda - ass isti-la no que lhe resta.va de vida terrena. Era um Anjo de categoria superior, um Arcanjo. A partir de então, Santa Francisca via constantemente esse Arcanjo que, segundo ela, brilhava mai s q ue o sol, de mane ira qu e não co nseg ui a fit á- lo . Se Francisca deixava esca par alguma palavra menos necessá ria, ou caso se preocupasse um pouco demai s com os problemas domésticos, o Anjo desaparecia, ficando oculto até que e la se recolhesse de novo. E le, com suas lu zes, a auxi li ava muitas vezes, defendendo-a contra os ataques do demônio, que constantemente a assaltava 4 • • Santa Mariana de Jesus: cognominada a Açucena de Quito, após o fa lecimento do pai , sendo ainda um bebê, a mãe retirava-se para uma casa de campo levand o-a ao co lo, no lom bo de uma mula. Na passagem de um riacho de águas muito céleres, a mul a tropeçou e a criança caiu dos braços maternos ... No entanto, a menina predestinada ficou sustentada no ar por seu Anjo da Guarda, até que a pressurosa genitora a recolhesse 5 .

Valiosos conselheiros celestes Os Anjos da G uarda são nossos conse lhe iros, inspirando-nos santos desejos e bons propós itos. Evidentemente, fazem-no no interior de nossas almas, se bem que, como vimos, tenha havido a lmas santas que mereceram de les Teceber visivelmente ce lestiais conse lhos. Q uando Santa Joana D ' Are, ainda menina, g uardava seu rebanho, o uviu um a voz que a cha mava: "Jeanne! Jeanne!" Q uem poderia ser, naque le lu-

Os eleitos - Detalhe do quadro Juízo Final - Fra Angélico (séc. XV), Academia de Belas Artes, Florença (Itália)

gar tão ermo? Ela viu -se então envo lvi da numa luz brilhantís sima, no meio da qual estava um Anj o ele traços nobres e a prazíve is, rodeado de o ut ros seres angé li cos que o lhavam a menina com comprazimento. ".leanne", lhe disse o Anjo, "sê boa e piedosa, ama a Deus e visita anúúde seus santuários" . E desapareceu. Joa na, inflam ada ele amo r de Deus, fez então o voto de virg indade pe rpétu a. O Anjo apareceu-lh e outras vezes para aconselhá- la, e quando a de ixava, e la fi cava tão triste que chorava 6. O des ve lo do nosso Anjo da G uarda para conosco está bem ex presso pe lo Profeta Dav i no Sa lmo 90: "O mal não virá sobre ti, e o flage lo não se aproxi1nará da tua tenda . Porque mandou [Deus] os seus Anjos em teu f avor, que te guardem ern lodos os teus caminhos. Eles levar-te-ão nas suas mãos, para que o teu pé não tropece em alguma pedra" (SI. 90, 10- 12). Inúmeros são os exemplos cio poderoso auxílio dos Anjos na vida dos Santos. Santa Hi ldegonde, alemã (+ 1186), te ndo ido em peregrin ação a Jerusalé m com o pai e fa lecendo este a cam inho, foi freq üe nte mente soco rrida por se u Anjo. Certo d ia, quando viaj ava a caminho de Roma, fo i assaltada e abando nada como morta. Pôde enfim levantar-se, e viu surg ir seu Anjo num cavalo branco. Este ajudou cuidadosa mente sua protegida a montar, e a condu ziu até Verona. Lá, de la se despediu di zendo: "Eu serei teu defensor onde quer que vás" 7 • Santa Hildegonde poderia ap licar a si o seguin te comentári o de São Bernar-

do ao Sa lmo acima c itado: "Quão grande reverência, devoção e confiança devern causar em teu peito as palavras do real profeta! A reverência pela presença dos Anjos, a devoção por sua benevolência, e a co11/iança pela guarda que têm de ti. Veja que vivas com recato onde estão presentes os A,~jos, porque Deus os mandou para que te acompanhem. e assistam em todos teus cam inhos; em qualquer pousada e em qualquer rincão, tem reverência e respeito ao teu anjo, e não cometas diante dele o que não ousarias fa zer estando eu em tua presença" 8 . São Boaventura afirma: "O santo anjo é um fie l paran.ú1fo conhecedor do amor recíproco existente entre Deus e a alma, e não tem inveja, porque não busca sua glória, senão a de seu Senhor". Acrescenta q ue a co.isa mai s importante e principal "é a obediência que devemos ter a nossos santos Anj os, ouvindo suas vozes interiores e saudáveis conselhos, como de tutores, curadores, mestres, guias, defensores e medianeiros nossos, assim em fugir da culpa dopecado, como no abraçar a virtude e crescer em toda pe~feição e no amor santo do Senhor" 9 .

Intrépidos guerreiros do Exército do Senhor E m várias partes dos Livros Sag rados os Anjos são me ncionados como sendo a Milícia Celeste. Ass im , narra o Profeta Isaías ter visto que "Os Serafins ... clamavam um para o outro e diziam: San.to, Santo, Santo é o Senhor Deus dos exércitos". (Is. 6, 2-3). E, no Apoca lip se, c hefiados pe lo Arcanjo São Mi g ue l, travaram no Céu uma grande batalha derrotando Satanás e seus anjos rebe ldes (Ap. 12, 7). E m outras passagens aparecem eles exercendo mesmo fun ções bélicas. Lemo s, por exemp lo, no // Livro das Crônicas que, tendo Senaqueribe invadido a Judéia, mandou uma delegação a Jerusalém dissuadir seus habitantes da fidelidade ao seu rei Ezequias, blasfemando contra o Deus verdadeiro. O Rei de Judá e o Profeta Isaías puseram-se em oração implorando a proteção divina contra as tropas inimigas. "E o Senhor enviou um anjo que exterminou todo o exército do rei da Assíria no próprio acamparn.ento, com os chefes e os generais, e o rei voltou para sua terra inteiramente co11fúso" (II C ron. 32, 1 a 2 1).

CATO L IC IS MO

Julho de 1999

23


Anjo armado -

Domenico Da Tolmezzo

Guerre iros angé li cos - tanto no Antigo quanto no Novo Testamento às vezes juntam-se também aos homens contrn os inimigos do Senhor. Assim, por exe mplo , ajudaram Judas M aca be u numa batalha deci siva. Outras vezes auxiliaram os so ldados da Cru z contra os mu çulmanos, co mo vem narrado nas . crônicas das Cruzadas. Na Sagrada Esctitura, o próprio autor dos Atos cios Apóstolos afirma: "O Senhor Deus dos exércitos freqüentemente envia também seus guerreiros para livrar seus anúgos das mãos dos ímpios" (Atos 5, 18-20; 12, 1- 11 ).

Protetores dos homens, mensageiros de Deus No L ivro ele Danie l ( 10, 13-21), o Arcanjo São Mi guel defendeu os interesses cio s israe li tas co ntra o Anjo protetor ela Pérsia. No Apocal ipse, São João refere-se à vitória desse Arcanjo contra o demônio e seus asseclas. Mai s recentemente, lemos na autobiografia de Santo Antonio Maria C laret, que certo dia, estando ele só no coro cio Mosteiro cio Escoria l, viu Satanás que o fitava com grande raiva e des peito, por ter frustrado algum de seus planos com relação aos estudantes. Ouviu então a voz cio Arcanj o São Miguel que lhe dis e: "Antonio, não temas. Eu te de.fenderei". São Gabriel foi o grande mensageiro e e mbaixador ele Deus não só na Anunciação a Nossa Senhora, mas, segundo o parecer ele muitos teólogos, também junto a São Zacarias, para anunciar-lhe o nasci mento ele João Batista. E

24

C A-TO L I C ISMO

junto a São José, a quem apareceu três vezes em sonhos: para anunciar a concepção divina de Maria, recomendar a fuga para o Egito e o retorno daquele país, após a morte de Herodes. A mi ssão de São Rafael junto ao jovem Tobias é detalhadamente descrita na Bíblia. Já e m tempos bem posteriores, assinalam-se também muitas de suas intervenções, como a salvação eterna do tesoureiro de um rei da Polônia, pe lo fato de o protegido ter-lhe grande devoção; e o ter livrado das mãos ele assaltantes um burguês ele Orl eans que a e le se recomendara, numa peregrinação a Santiago de Composte la 1°. Narra-se na vicia da Beata Madre Humildade de Florença (+13 10) qu e, te ndo sido e leita Abadessa de seu mosteiro, além de seu Anjo da G uarda, recebeu mais um para ajudá-la no governo da com unidade. Ela compôs para suas religiosas um a sin ge la oração, pedindo a guarda cios sentidos, prece e m que se

'Exorcismo breve do Papa Leão XIII (1884) 1

,j 1' 1

tl

l

l l

1

(1\

L "

s

ão Miguel Arcanj o, clefendei- nos no co mbate, sede nossa proteção contra a malclaele e as ciladas do de mô ni o. Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos; e vós , Prín cipe da milíc ia celeste, pela fo rça divin a, precipitai no lnferno satanás e os outros espíritos mali gnos que vagueiam pelo mundo para perder as almas. Amém

11

l

l i;

!:

,i 1 11j

;

,(1

i! ~

nota muito a influênc ia cio espírito de Cavalaria da época: "Bons Anj os, meus possantes protetores: gua rdai todas minhas vias e vigiai cuidadosamente à porta de meu coração, de medo que eu não seja surpreendida por meus inimigos. Brandi diante de mim vosso gládio protetor! Guardai também a porta de minha boca para que nenhuma palavra inútil escape de meus lábios! Que minha língua seja como uma espada, quando for o

Julho de 1999

caso de combater os vícios ou de ensinar a virLude! Fechai meus olhos com um duplo selo quando eles quiserem ver com complacência outra coisa que Jesus. Mas tende-os abertos e despertos quando for para rezar e cantar os louvores do Senhor. Vigiai também a porta de meus ouvidos, a.fim de que eles repilam sempre com desgosto tudo o que vem da vaidade ou do espírito do mal. Colocai entraves a meus pés quando eles quiserem ir peca,: Mas acelerai meus passos quando se tratar de trabalhar para a gloria de Deus ou da santa Virgem Maria, ou a salvação das almas! Fazei que minhas mãos sejam sempre, como as vossas, prontas a executar as ordens de Deus. Abafai em mim o olfato do corpo, a.fim de que minha alma não aspire mais que o suave perfume das.flores celestes. Em uma palavra, guwdai todos meus sentidos, de m.aneira que minha alma se deleite constantemente em Deus e com as coisas celestes. Meus A,~jos bem -amados: fui colocada sob vossa guarda pelo doce Jesus; eu vos suplico que me guardeis sempre com cuidado, pelo amor e/Ele. Ó m.eus Anjos bem-amados, eu vos peço de me conduzir um dia à presença da Rainha do Céu, e de suplicar-lhe que eu seja colocada nos braços do divino Menino Jesus, seu Filho bem-amado! " 11.

Qual a natureza desses puros espíritos? Os Anjos são seres puramente espi rituais, dotados de inte ligênc ia, vontade e livre arbítrio, elevados por Deus à orde m sobrenatural , isto é, chamados pe la graça a participar na vida de Deus através ela visão beatífica. Mu itíssimo ma is perfeitos que os ho me ns, sua inte ligência é inerrante e sua vontade imensamente poderosa. Como não têm dependência nenhuma da matéria, seu conhecimento é consideravelmente mai s perfeito que o do homem; para eles, ver é já conhecer. E conhecer significa compreender a co isa em toda a profundidade de que são capazes, em sua substância, e sem possibi lidade de erro. Por isso, a prova, para eles, teve conseqüência imediata e irremediável. Pois seu querer é absoluto, sem volta atrás. Aquilo que querem, desej am-no para

todo o sempre. Da í o fato de, após a prova, terem passado imedi atame nte à eternidade do Inferno (os demônios), co mo à do Céu (os anjos bons). Deus criou os Anjos para conhecêLo, amá-_L o, servi-Lo e proclamar suas grandezas, executar suas ordens, governar este universo e cuidar ela conservação elas espécies e cios ind ivíduos que ele contém. "Como príncipes e governadores da grande Cidade do Bem, a que se refere todo o sistema da criação, os anjos presidem, na ordem material, ao movimento dos aslros, à conservação dos elementos, e à realização de Lodos osfenômenos naturais que nos enchem de alegria ou de terror. Enlre eles eslá compartilhada a administração deste vasto império. Uns cuidam dos corpos celestes, outros da terra e seus elementos, outros de suas produções, árvores, plantas, .flores e frutos. A estes, está confiado o governo dos ventos e mares, dos rios e fontes; àqueles~ a conse,vação dos animais. Não há uma criatura visível, nem grande nem pequena, que não tenha uma potência angélica encarregada de velar por ela" 12• Algumas vezes os Anjos, quando são enviados por Deus aos homens para alguma missão, utilizam a forma humana, a fim de acomodar-se à nossa natureza. Entretanto, nesses corpos etéreos e li geiros com os quais em gera l aparecem, não estão como a alma humana está no corpo, dando-lhe vida e tornando-o capaz de operações vegetais e animais. Pelo contrário, ali estão como um operário está em sua máquina, da qual se serve para executar as obras de sua arte. Fora do horário de trabalho, não têm com elas nenhuma ligação. "Segundo os mais doutos intérpretes, as aparições acidentais dos anjos no mundo não são mais que o prelúdio de sua aparição habitual no Céu. Assim, é provável que no Céu os anjos assumirão magn(ficos corpos aéreos para regozijar a vista dos eleitos e conversar com eles face a face" 13 •

A maravilhosa classificação dos coros angélicos

Os 9 Coros ~a,fficos, ªfft'upados em três hierarquias Serafins - do grego "séraph", abrasar, queimar, consumir. Assistem ante o tro no de Deus* e é seu privi légio estar unidos a Deus de maneira mais íntima, nos ardo res da caridade. Querubins - do hebreu " chérub", que São Jerônimo e Santo Agostinho interpretam como "plenitude de sabedoria e ciência". Assistem também ante o trono de Deus, e é seu privilégio ver a verdade de um modo superior a todos os outros anjos que estão abaixo de les. Tronos - algumas vezes são chamados "Sedes Dei", (Sedes de Deus). Também assistem ante o trono de Deus, e é sua mi ssão assistir os anjos inferiores na proporção necessária.

•••

Dominações - São assim chamados porque dominam sobre todas as ordens angélicas encarregadas de exec utar a vontade de Deus. D istribuem aos Anjos inferiores suas funções e seus ministérios. Potestades - Ou "condutores da ordem sagrada", executam as grandes ações que tocam no governo universal do mundo e da Igreja, operando para isso prodígios e milag res extraordinários. Virtudes - cujo nome significa "força", são encarregados de tirar os obstáculos que se opõem ao cumprimento das ordens de Deus, afastando os anjos maus que assediam as nações para desviá-las de seu fim, e mantendo assim as criaturas e a ordem da divina Providência.

•••

Principados - Como seu nome indica, estão revestidos de urna autoridade especial: são os que presidem os reinos, às províncias, e às dioceses; são assim denom inados pelo fato de sua ação ser mais extensa e universal. Arcanjos - são envi ados por Deus em missões de maior importância junto aos homens. Anjos - os que têm a guarda de cada homem em particular, para o desviar do mal e o encami nhar ao bem, defendê- lo contra seus inimigos visíveis e invisíveis, e conduzi-lo ao cam inho da salvação. Velam por sua vida espiritual e corporal e, a cada instante, comunicam-lhe as luzes, forças e graças que necessitam. 14

* " 'Assistir' a11te o trono de Deus tem dois significados: um é quando recebem Suas orde11s; quando Lhe oferecem as orações, esm.olas, boas obras e votos dos mortais; quando def endem contra os demônios as causas dos homens no Tribunal Supremo; quando fixam seu olhar nos raios da fac e divina para perceber as delicias inef áveis que constituem sua f elicidade. "Neste último sentido, todos os anjos, sem excetuar nenhum, são 'assistentes diante de Deus', porque todos gozam., se,n interrupção, da Visão Beatífica, mesmo enquant(l se ocupam do desempenho de alguma missão no governo do mundo. Mas, em outro sentido estrito, a expressão 'assistir diante do trono de Deus' designa os Anjos da primeira hierarquia, e que não podem ser empregados em ministérios exteriores" (Corn . A Lap ide, in Tob. XII , 15 , ap ud Mons. Ga L11ne, Tratado dei Espíritu Santo, Granada, lmp. Y Lib. Espaiiola de D. José Lopez Guevara, 1877, p. 137).

A distinção dos Anjos em nove coros, agrupados em três hierarquias diferentes (ver quadro ao lado) , embora não C AT O L IC IS MO

Julho de 1999

25


ESCREVEM OS LEITORES citas" (Is. 6, 1-3). "O Senhor reina .... está sentado sobre querubins" (SI. 98, l ). Os três Coros inferiores aos acima enunciados estão relacionados com a conduta geral do universo. E os três últimos Coros dizem respeito à conduta particular dos Estados, das companhias e das pessoas 14 •

Quem foi o Padre Belchior de Pontes? ~ É uma grande satisfação poder escrever à conceituadíssima Editora Padre Belchior de Pontes. Há quase dez anos tenho a graça de assinar a Revista Catolicismo , a melhor do gênero no Brasil. Além disso, sou profundo admirador cio aposto lado ela TFP, da vida e obra cio saudoso líder e pensador católico brasileiro Plínio Corrêa de Oliveira. A título de curiosidade, eu gostaria muito ele saber quem foi o Padre Belchior ele Pontes - se possível indicando-me alguma biografia sua. Aguarelando a vossa resposta, despeço solicitando as vossas orações, assim como eu prometo as minhas.

Conclusão: devoção e fidelidade aos Anjos Evidentemente, todas essas maravilhas cio mundo angé lico deveriam levarnos a um profundo amor, reverência e gratidão especialmente para com nosso Anjo da Guarda, ev itando tudo aquilo que possa contristá-lo, como são nossos pecados. "Como te atreverias afazer na presença dos Anjos aquilo que não farias estando eu diante de ti?", interpelanos o grande São Bernardo. E deveríamos fazer tudo o que sabemos poder alegrar o Anjo da Guarda, pois só assim estaremos trabalhando efetivamente para nossa própria santificação e salvação. A reverência a seu Anjo da Guarda levava Santo Estanislao Kostka, que o via

Oração a nosso Anjo da Guarda

conste explicitamente da Revelação, é de crença geral. Essa di stinção é feita em relação a Deus, à condução geral do mundo, ou à condução particular dos Estados, das companhi as e das pessoas. Os três coros da primeira hierarquia, vêem e glorificam a Deus, como diz a Escritura: "Vi o Senhor sentado sobre um alto e elevado trono ... . Os Sera.fins estavam por cima do trono .. .. E clamavam um para o outro e diziam: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus dos exér-

S

anto Anjo do Senhor; meu zeloso guardador, já que a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, guarda, governa e ilumina. Amém

São Francisco de Assis servido pelos Anjos - Bernardo Rodriguez, 1780, Museu de Arte Religiosa, Popayán (Colômbia)

constantemente, a este requinte de delicadeza: quando ambos deviam entrar por uma porta, ele pedia ao Anjo para passar antes. E como este, às vezes, se recusasse, in sistia com ele até que cedesse 15• Oxalá tantos e tão belos exemplos nos sirvam para reverenciar e acrescer nossa devoção a esses bem -aventurados espíritos angé licos que Deus, em sua misericórdia, concedeu-nos co mo guardi ões, conselheiros, protetores e mensageiros - es pecialmente valiosos no mundo neopagão em que vivemos-, co m vistas à obtenção da vida ♦ ce leste !

Notas 1. Cfr. Dehardc, apu I Pc. Ramón J. de Muíiana , Verdad y Vida , Ed itori al EI Mensajero de i Corazón de Jesús, Bi lbao, 1947, tomo 1, p. 233. 2. C fr. Dr. Edu ardo Marfa Vilarrasa, La Leyenda de Oro, L. Go nzá lez y Compaíiía - Ed itores, 5" ed ição, tomo 1, p. 497. 3. Plín io Maria So lim eo, Os Sa111os Anjos, Nos sos Celesres Prote/Ores, o leção Cato lic ismo nº 2, 1997, pp. 63, 64. 4. Les Petits Bo i la ndi stcs, Vi e.1· des Sa ints, d'aprcs te Pcrc Giry, Bloud ct Barrai , Li brai -

2&

C AT O L IC IS MO

res-Éd it eurs , Paris, 1882, tomo 111 , p. 3 1 1. 5. C fr. !d. , ib., tomo VI, p. 230. 6. Cfr. Debout, Vie de Saint Jea1111.e D'Arc, apud Pe. Muíiana, op. c it., p. 230. 7. Cfr. Les Petits Bo ll andistes, t. IV, p. 529; Deharbe, apud Pe. Muiia na , op. cit. p. 232. 8. Cfr. Ed uard o Vilarrasa, op. c it. , p. 499. 9. Pedro de Ribadane ira , Fios Sa,1ctomm, apud Eduardo Vil arrasa, op. c it. , p. 499. 10. C fr. Les Petits Bo ll andi stes, op. c it. , t. XI, pp. 50 1-5 02.

Julho de 1999

li . ld .. ib., tomo VI , pp. 109, 110. l2. Mons. Garnne, Trarado dei Espíriru San/o, tradução espanho la de D. Joaquin Torres Asensio, lmp. Y Lib. Espaiiola de D. José Lopez de G ueva ra , Granada, 1877, t. 1, p. 1 16. 13. lei ., ib. p. .116. 14. C fr. Les Petils Bollanclistes, op. cit., t. XI, 50 1-502. 15. C fr. V. Agustf, Vida de San Estanis/ao de Kosrka , p. 308, apud, Pe. Muíiana , op. c it. , p. 230.

(M.W.- DF)

Nota da Redação: Catolicismo, cuja Editora leva o nome desse santo sacerdote jesuíta cio século XVII, com gosto responde ao ped ido, pois sendo ele nosso Patrono, temos o dever ele difundir sua história, aliás tão injustamente esqueci da neste Brasil a que ele tanto bem fez. Já em março ele 1968, Catolicismo, em seu número 207, publicou um extenso artigo sobre a vicia desse admirável missionário, taumaturgo e profeta, que exerceu seu sacerdócio em São Paulo, então chamada "Vila de São Paulo do Campo de Piratininga". Nesta seção publicamos algumas rápidas linhas a respeito - baseadas no livro do Pe. Manoel da Fonseca, "Viciado Venerável Padre Belchior de Pontes", Lisboa, 1752 - pois é, certamente, de interesse cios demais leitores. Ainda muito menino, Belchior já possuía grande devoção a Nossa Senhora. Quando ele tinha apenas 6 anos, sua mãe, Ignez Domingues Ribeyra, estando enferma, pediu ao esposo a levasse ao médico ela Vila, mas que antes passassem pela Capela de Pinheiros (fundada pelo Beato José de Anchieta), onde se venera-

va uma imagem de Nossa Senhora do Monte Serrate. Depois ele ali rezarem, seguiram em busca do médico. Mas quando este examinou Da. Ignez, duvidou que ela tivesse estado doente algum dia .. . Ouvindo contar os feitos ele São Francisco Xavier no Oriente e os trabalhos dos Veneráveis José de Anchieta e João ele Almeida em sua mesma terra, Belchior resolveu imitá-los, entrando em sua milícia, a Companhia de Jesus. Seguiu para a Bahia, onde fez o noviciado e completou os estudos. Já professo, foi elevado ao sacerdócio e enviado pelos superiores às missões de São Paulo, que muito o atraíam. Durante 40 anos labutou nas aldeias de "Taquacocetyba, Mboy, São.Joseph(clos Campos), Jacarey, Nazareth, Araçariguama, Marueri, ltapycyryca..." Não o reteve seu zelo no distrito de São Paulo, mas levou-o mais longe: "Ytu, Guaratinguetá, Tc1ubaté, os sertões de Minas Geraes; percorreu ainda a costa até Pemaguá, subindo dali às Serras de Corityba ". "As obras do Padre Belchior de Pontes, que, escapando ao seu recato, chegarão 'a nossa notícia, parecendo ordinária não deixam de ser heróicas; e bem podemos dizer de/las, o que das de Moysés disseram os Magos a Faraó: Digitus Deis est hic (Exod. 8,19)". (O dedo ele Deus está aqui) . Tal é o parecer do Padre Mestre Joseph Troyano, ela Congregação cio Oratório, Qualificador do Santo Ofício, ao fazer em 1751 a censura cio livro do Padre Manoel de Fonseca. Para todos os contemporâneos do Padre Belchior, ele foi um modelo de pureza, sendo tão conhecida nele essa virtude, que os mesmos impuros mudavam de conversa à sua chegada, temendo suas vigorosas repreensões. Nada lhe parecia excessivo quando se tratava ele conservar a virtude angélica. Além de freqüente meditação da Paixão ele Cristo e elas dores ele Nossa Senhora, usava ele ri gorosíssima guarda cio olhar,

para que por ele não lhe entrasse no coração o veneno da impureza. Era ele uma vigilânc ia meticulosa na matéria. Dentre as inúmeras predições desse glorioso Varão, encontra-se a profecia que fez ela Guerra cios Emboabas e o segundo levantamento elas Minas Geraes, ocorrido em l 720, ao tempo cio Conde deAssumar. Contava já 73 anos o venerável sacerdote quando seus superiores o mandaram assistir na Fazenda ele Araçariguama, onde permaneceu por dois anos, apesar elas fadigas e achaques. Procuraram aliviá-lo com todos os remédios conhecidos, mas o padre os dissuadia, dizendo que aquele mal era ele morte, e que morreria na próxima sextafeira, às 3 horas da tarde. Na quinta-feira piorou muito e lhe administraram a Santa Unção e o Viático. Instrui u ele ao Padre Simão Alvares, que o assistia, de como proceder; pediu-lhe que no dia seguinte dissesse Missa de agonizantes, e que na hora derradeira rezasse a oração ele Santo Anselmo e lesse a Paixão de Cristo. Quiseram os Religiosos, conforme o costume elas Comunidades, assisti-lo durante a noite, mas o servo de Deus lhes recomendou que fossem descansar, pois não morreria antes das 3 horas da tarde seguinte. De fato, chegadas as 3 horas daquela sexta-feira, ele, que tanto venerava a Paixão ele Cristo, entregou ao mesmo Senhor a sua alma, pronunciando os dulcíssimos nomes ele Jesus e Maria. Era o dia 22 ele setembro ele 1719. Vários prodígios ocorreram após sua morte, entre os quais a cura ele uma sua afilhada, que fora atacada por estranha moléstia. Uma valiosa recordação do Padre Belchior conserva a graciosa cidade ele Mboy, hoje chamada Embu, não longe da capital paulista: a igrejinha por ele construída, precioso monumento da piedade antiga.

CATO L I C I S M O

Julho de 1999

27


VIDAS DE SANTOS

~ (Q) .-J

l .w lJ] (gj th] Ç,;~ 2)

íl~

~ J íl s o~u homem providencial , que marcou sua epoca AFON SO DE SOUZA

Exímio cruzado, pregador, apologista, diplomata, taumaturgo e sábio, amigo de Papas, do Imperador e de Príncipes, foi venerado ainda em vida pelo povo como Santo úlio César - nome de batismo do Santo - nasceu em Brindisi a 22 de julho de l 559, filho de Guil herme R usso e Isabel Masell a, casal modelarmente religioso, que desde o berço lhe incutiu o temor e o amor de Deus.

J

Aos oito anos de idade perdeu o pai ; pouco depoi s foi admitido na esco la dos meninos oblatas, espéc ie de pequeno seminário dos frades franci scanos, onde sua inteligência invul gar, fide líssim a memória e aplicação ao estudo o fizeram notar por parte de mestres e condiscípulos. Adolescente, foi morar com o tio paterno, Padre Rossi, em Veneza. Este diri gia uma esco la privada para alunos que segui am o curso na Universidade de São Marcos e logo descobriu no sobrinho o tesouro que lhe fora confiado. Não hes itou em incentivá- lo na via da santificação e no desejo de ab raçar a vida religiosa. Assim, Júlio César entrou para a Ordem dos Capuchinhos, em Veneza, tomando em religião o nome Lourenço, com o qual tornar-se-ia célebre. E ntregou-se ao estudo das línguas latina, hebraica e grega, alé m de aprofu ndar-se e m H istória, Fi losofia e Teologia. Sua memória era tão prodigiosa, que aprendeu a Bíblia de cor, confidenciando mesmo a um condi scípulo que, se por desg raça essa obra sagrada viesse a desaparecer, e le seria capaz de reconstituí-la. Frei Lourenço foi inc umbido de pregar mes mo antes de sua ordenação, obtendo muitas conversões, tanto nesse período quanto depois de tornar-se sacerdote. Tendo o eco do sucesso de F rei Lourenço chegado aos ouv idos do Papa C lemente VIII, incumbiu-o este das pregações aos judeus de Ro ma. Além de grande teólogo, familiarizado com as Sagradas Escritu ras, Frei Lourenço tinh a a vantagem de fa lar correntemente o hebreu. Cu mpriu sua missão com êxito extraordinário, o que levou alg un s judeus influentes, com con iderável número de seus correligionári os, a solicitar serem instruídos na verdadeira Reli gião. Aos 30 anos, Frei Lourenço foi e le ito Guardi ão (Superior do Convento) de Bassano dei Grappa. Três anos após, Vigário Prov incial da Toscana e depois de Veneza. Em l 596 elegeram-no Defini dor Gera l da Ordem, um dos mais e levados cargos. Mais tarde, tornou-se G uard ião de Veneza e Provincial da Suíça.

Bastião da Cristandade perseguida Do Tiro l e do Império Austro-Húngaro apelaram aos Capuchinhos para socorrer a fé ameaçada. Frei Lourenço foi esco lhido para chefiar um grupo de 11 confrades e fundar Mosteiros em Praga e Viena. O problema era delicado por causa da pusilanimidade e superstição do Imperador Rodolfo e da influência que exerciam vários de seus aux iIiares protestantes - inclusive o famoso astrôno mo Tyco-Brahe - os quais envenenavam as relações do monarca com os mi ssio nários. Foi necessário o apo io de influentes nobres católicos para arevogação de uma sentença de expu lsão cio religiosos.

O intrépido miss ionário pôs-se e ntão a pregar, " re.fittando com

coragem e impetuosidade implacável" (*) os hereges. Começou a participar de reuniões, promovidas por damas da aristocracia, entre católicos e protestantes, para debater proble mas reli giosos; seus conhecimentos de Teologia e da Sagrada Escritura propi ciavam- lhe sem pre superioridade nas discussões. Foi-lhe ass im possível fund ar três co nve nto s no Império: e m Praga, Viena e Gratz, c idade então governad a pe lo Arquiduque Ferd inand o, futuro Imperador, que na época contava 2 l anos.

-

São Lourenço de Brindisi na batalha de Alba Real contra os turcos Pintura de F. Grandi, Pinacoteca do Vaticano

Exímio cruzado, diplomata e mediador Q uando os turcos invadiram a Hungria e rumaram para Viena, dois capuchinhos foram soli citados para capelães das tropas imperi ais. Fre i Lou renço decidiu ser um deles. No campo de combate ele Alba Real, o Santo era visto em toda parte confessando e an imando os soldados. No ardor da bata lha, munido de um Crucifixo, foi ad iante das tropas gritando : "A vancemos, avancemos!" Por mais que os inimi gos se empenhasse m e m derrubá-lo, fo i-lhes impossível. Uma co mo que mão invi sível desv iava de tal maneira todos os golpes assestados contra o capuc hinho, que os so.ldados refugiava m-se atrás de le como da mais protetora mu ra lha ... Apesar da infer ioridade de armas, os fi lh os da C ru z desbarataram as tropas de Mafoma, infli gindo- lhes pesada derrota. Cena semelhante repetiu-se quando Frei Lourenço exerceu missão dipl omática na Espan ha, propondo a Felipe III, da parte do Papa Paulo V, nova investida contra os mouros daquele país. Estes, reorgan izando-se, já constituíam uma força ameaçadora. Sob o comando de Dom Pedro de Toledo, um reduzido número de cristãos, inflamados pelo zelo cio santo capuch inho, expu lsou então os mou ros de suas melhores posições, apoderando-se de seus bastiões. São Lourenço de Brindisi exerceu também papel-chave na fo rm ação de uma Liga Católica, idea li zada pelo D uque Max imili ano da Baviera, a fim de opor-se à Liga Pro-

testante. Visitando os Príncipes católicos e obtendo sua adesão - sobretudo a do Rei da Espanha, então a mais poderosa nação católica da Europa - tornou ele realidade esse plano. Com sua hab ilidade diplomática, apoiada sobretudo em sua fama de santidade, Frei Lourenço, a pedido do Papa,

conseguiu várias vezes ev itar guerras fratri c idas entre os Príncipes catól icos, tendo reconcili ado também o Arquiduque Matias co m seu irmão, o Imperador Rodo lfo, po is o primeiro ameaçava abrir um a cisão no Império e iniciar um conflito. Do mes mo modo, conseguiu fazer cessar uma guerra entre o Rei Feli pe III da Espanha e o D uque da Sabóia, bem como outra entre o Duque de Parma e o de Mântua. Colocando a Fé católi ca ac ima de tudo, São Loure nço de Brindisi sempre fo i um paladino contra os in imigos da Igreja e um arauto da paz entre os prínc ipes católi cos.

Polemista extraordinário e taumaturgo Frei Lourenço polemizou com o pastor luterano Policarpo Leyser, que escrevera contra ele e os jesuítas um panfleto cheio de injúrias, no qual os desafia a refutá-lo por escrito. Nessa polêmica, julgou me lhor atacar direta me nte Lutero, cabeça da heresia, do que aquele Pastor, um de seus inexpressivos membros. Com seu profundo conhec imento da Escritura em seus orig inais grego e hebreu red ig iu um a refutação "das mais originais e das mais geniais jamais concebidas". Isto é, um manual de "consulta rápida e ele Linhas-mestras claras e precisas", no qual vê-se a "habili-

dade e competência impressionantes elo autor no emprego dos textos orig inais da Santa Escritura sobre os quais os protestantes pretendiam apoiar-se", partindo assim "para um ataque.formidáve l contra Lutero". Para a redação desse manual, o Santo "compulsa pessoal e escrupulosamente as próprias obras do heresiarca". Suas atividades eram quase sempre apoiadas por estupendos mi lag res, narrados por seu primeiro biógrafo e contemporâneo, Frei Lourenço d' Aosta: cegos viam, paralíticos andavam, mudos agradec iam em alta voz. Em cada vi !arejo que entrava, era recebido com uma verdadeira apoteose. Feliz época aquela, em que a virtude era popular! Frei Lourenço li go u-se de santa am izade com o Duque da Bav iera, Max imiliano, em que m via um grande zelo pela Relig ião. A pedido deste, obteve a cura da Duquesa, que sofria de histeria e esterilidade.

Vigário -Geral da Ordem E m l 602, os padres cap itulares elegeram Fre i Lourenço para Vigário-Geral da O rdem. Ao mesmo tempo, confiaram-lhe o cu idado de v isitar as províncias transalpinas da mesma.

ffi 28

ffi eAT oL IeIsMo

Julho de 1999

CATO LI C I SMO

Julho de 1999

29


DISCERNINDO, DISTINGÜINDO, CLASSIFICANDO

Viajando a pé, às vezes toda a Escritura para defesa e percorrendo até 40 milhas exaltação da Mãe de Deus". "É por dia, tanto durante o tóro que se escreveu de melhor e rido verão quanto o frígide mais completo sobre a Virdo inverno, ou enfrentangem Mãe de Deus". do chuvas torrenciais, vi A outra grande devoção de sitou ele, em um ano, as São Lourenço de Brindisi foi à Províncias da França, PaíSagrada Eucaristia. Ela se exses Baixos e Espanha. primia mais propriamente duNessas visitas, algumas rante o Santo Sacrifício da M isvezes Frei Lourenço ia à cosa, que era "o centro não sozinha lavar a louça utilizamente de sua vida espiritual, da por seus confrades. Mas mas de toda sua existência". esse ato de hum ildade não Para poder expandir seu corao impedia de utilizar a enerção nesse sublime mistério, ele gia, quando necessário. Asobteve do Papa as dispensas e sim, num convento que disos indu ltos necessários, de punha de muitas comodidamodo que - coisa inusitada São Lourenço de Brindisi escreve o Mariale des, ao lado de uma igreja - Gravura de Carlos Baroni, naquela época - podia celebrar museu dos Capuchinhos, Roma mal cuidada, chamou a a qualquer hora do dia ou da atenção do Guardião: noite. O santo "prolongava a "Deus antes, vós depois" disse-lhe. "Não tendes vergocelebração [da Missa] durante seis, oito, JOhoras ou mais". nha de estar todos em um convento aquecido e de mesa Isso se explica pelos freqüentes êxtases que o arrebatavam bem guarnecida ao lado de uma capela ameaçada de nas várias partes do Santo Sacrifício. ruína, com a chuva inundando o santuário?" Última Missão e predição da morte Seu zelo pelo cumprimento das regras pode ser avaliado pelas Ordenações que deixou em diferentes luA última missão que exerceu foi junto a Felipe III, congares e os apelos contínuos, insistentes e enérgicos em tra o Duque de Ossuna - homem valente, mas devasso e prol da austeridade tradicional da Ordem, especialmencorrompido, que oprimia seus vassalos - acobertado na te da mais estrita pobreza. Corte por seu parente, o Duque de Uceda, favorito do Rei. Embora o soberano estimasse muito Frei Lourenço, não Os dois grandes amores de queria descontentar o Duque de Uceda. Em vi sta disso, as São Lourenço: a Virgem Maria coisas não iam para a frente. A Santa Sé também, temendo e a Sagrada Eucaristia a cólera do Duque de Ossuna, Vice-rei de Nápoles, não A devoção que Frei Lourenço votava à Virgem ousava dizer uma palavra para fazê-lo cair. Maria representa algo de inexprimível. Era uma devoFrei Lourenço, inflamado de zelo, para provar a santição "impregnada de reconhecimento. Ninguém mais dade da causa que defendia, revelou que em breve morreque ele foi tão convencido de tudo ter recebido de Maria ria e que no prazo de dois anos o Soberano espanhol e o e por intermédio de Maria". Entre outras graças insigPapa o seguiriam ante o tribunal de Deus. nes que o Santo Lhe atribui está a de nunca ter sido Poucos dias depois, após um ataque agudo de gota sesujeito às tentações de sensualidade. guido de febre, Frei Lourenço entregava sua alma a Deus, Do púlpito, dizia: "Todo dom, toda graça, todo benequando cumpria 60 anos. O Papa Paulo V seguiu-o, em ficio que temos e que recebemos continuamente, nós os janeiro de 1621, e dois meses após, Felipe III. Três anos recebemos por Maria. Se Maria não existisse, nós não depois, era a vez do Duque de Ossuna, a quem Felipe IV existiríamos e não haveria o mundo". "Deus queira mandara processar e prender no castelo de Almeida... ♦ insistia ele - que todos, todos, todos, e desde a infância, Notas aprendessem bem depressa essa verdade: aquele que se * Frei Arthur de Carmi gnano, O.F.M. cap. , Saint Laurent de Brindes, confia a Maria, que se enlrega a Maria, não será jamais tradução france sa de Fre i Flavien de Québec, O.F.M. cap., Roma, abandonado, nem neste mundo nem no outro". Postu lation Généra le des Frêres M ine urs Capucins, 1959, pp. 22Ele transcreveu, numa obra intitulada Maria/e, os 23 . Todos os trechos entre aspas, sem me nção da fonte, foram extraídos dessa obra. sentimentos de seu coração: "É uma mobilização de

ffi 30

Grupo de "sem teto", com mulheres e crianças à frente, na chamada Vila Bandeira Vermelha, Betim, em 26-4-99, dia do confronto com a PM

Circo, guerrilha e opinião pública C.A.

Forças guerrilheiras e terroristas vão reaparecendo no panorama nacional, gozando de altas cumplicidades mas encontrando sadia rejeição por parte da opinião pública. - Até que ponto tal rechaço terá força para tornar-se uma reação eficaz?

N

ffi C ATO L IC IS MO

Julho de 1999

o multicolorido panorama político-social brasileiro, o negrume vai tomando contornos mais definidos, ao mesmo tempo que cobre áreas cada vez mais extensas. Falo da esquerda violenta, a qual vai pondo as "manguinhas de fora" com uma desfaçatez que preocupa. E muito. De um lado, são notícias insistentes

de que o MST se arm~ e as invasões aumentam, jogando de lado o tênue véu da hipocri sia com que até há pouco se cobriam os invasores ao falar em terras improdutivas. Confessam eles agora cinicamente - a hipocri sia é a ante-sala do cinismo - que visam mesmo apossar-se das propriedades produtivas. Há também as novas facções que se despren-

Encapuçado participante da mesma invasão (destaque da foto da p. 33)

C AT O LIC ISMO

Julho de 1999

31


dern do MST, sempre mais viole ntas, como cópias-carbo no mais negras qu e o ori g inal e sempre maís à esquerda . Também a CONTAG vem se espec ia li za ndo e m invasões e apesar disso continua a receber verbas do gove rn o fede ral. Recente me nte, resolveu unir-se ao MST numa mesma estratégia de luta. O pres idente da CONTAG, M a noe l J. dos Santos, ameaço u endurecer ai nda mai s: "É como disse nosso companhei-

ro Che Guevara, endurecer sempre, sem perder a ternura ".

MST. A revista "Isto É", que se e ncarrego u de fazer sua apresentação oficial ao público como movimento te rrori sta (edição ele J 2-5- 1999), faz re montar suas origens a 1969, época em que o MR-8 explodi a bombas pelo Brasil e seq üestrava personalidades. S ua constituição ma is recente data ria ele 1997 . Vários o utros órgãos de impre nsa têm dado destaque ao assunto. A apresentação te m todas as características de um show: fotos de pessoas e ncapuzadas; cartazes com as inevitáveis caras de Marx, Lenin e Mao; apologia da formação de focos de g ue rrilha e ações terroristas; os slogans são de "aterrorizar": "Com o povo e a força das ar-

Quanto aos sem-teto, de re ivi ndicadores de -mo radia passam já a formar peque nos batalhões agressivos, arreganham os de ntes, a meaçam, e nfre ntam a mas vamos chegar até a vitória.final! " po lícia, atemo rizam o cidadão comum. Por de trás de todos esses movimenSem fa lar nos anunciados campos c lantos, sempre insuflando-os, sempre codestinos de tre inamento militar, nos brando deles mais agress ividade, mais quai s vigo ra ríg ida hie rarquia, o armaforça de impacto, a chamada esquerda me nto pesado existe em quantidade e os católica - Bispos, padres e leigos para instrutores falam espanhol. .. os quai s a Teologia da Libertação conti Mas e nga nar-se- ia redondamente nua a faze r fe rver o cérebro e a líng ua, à . quem ac hasse que se trata ape nas de um espera de uma efervescênc ia das a rmas. c irco. Nota-se, por de trás, a vontade incontenível de torna r reali dade a ameaDaí, por exemplo, o desejo sempre renovado de um Frei Betto de unificar toda ça, acompa nhada já ele um começo turessa agitação e balbúrd ia numa só Cenbule nto de execução. O as pecto c irce ntral dos Movimentos Populares, que ade é o invó luc ro cor-de- rosa que visa tornar aceitável por um público desprequira força suficiente para levar de roldão toda a estrutura social brasi le ira. E ven ido a poss ibilidade do re nascime nto junto com esta, de cambulhada, os ricos, da gue rrilha e do terrorismo no Brasi l. Como quem e mbrulha e m papel ele sora classe médi a, os pobres não-revoltados e mesmo a prática re li giosa tradicional e vete uma bomba que desej a fa ze r exp lodir nas mãos de um desafeto . os costumes ordeiros da nossa gente. Enquanto isso, o principal incenti Comunistas confessas, vador latino-americano das g uerrilhas, altas cumplicidades Fidel Castro, recebeu em Havana o Mini stro brasi leiro encarregado da ReforO palco esco lhido para o lançamenma Agrária, Raul Jungmann, e elogio u to em grande estilo ela vio lência da LOC foi a cid ade de Betim , junto a Belo Hoa posição do nosso govern o no que se rizonte, e os protagonistas foram os semrefere à inclu são da Reforma Ag rária na Carta de Havana. Se o com uni sta Fidel teto. A ação adq uiriu uma ta l carga de negrume revo lucionário, que o próprio está conte nte com a posição brasileira a prefeito pelista de Betirn apareceu como respeito ela Reforma Agrária, é bem o mode rado e teve o prédio da Prefeitura caso ele mudar e sa posição, o u então invad ido . De fato, "o grupo considera colocar as barbas de molho!

Show bem encenado:

lançamento de movimento terrorista O mai s novo ingred iente acrescentado à sa lada da violência no Bras il chama-se Liga Operária e Camponesa (LOC), apontado como di ss idênc ia do

32

CAT OLICISMO

FHC, ltama,; Lula e Brizola como farinha do mesmo saco". Para o coma nda nte dos sem-teto, Gerson Lima, que se apresenta também corno um cios principais d irigentes da LOC, "todas as revoluções verdadeiras

no mundo foram dirigidas por partidos comunistas ".

Julho de 1999

Noticia-se ao mesmo te mpo vários "feitos" ante riores da organi zação, deixando-se e ntender que o movimento já tem hi stória e vai continu ar agindo, ao que parece gozando de impunidade semelha nte à cio MST. Fala-se també m que 62 organi zações, e m diversos pontos do País, preparam-se para a luta armada. Diri gentes ela LOC, e ntre os quai s o próprio Gerson L ima, j á ocuparam postos importantes no governo de Min as e há suspeitas fundadas - consignadas por "Isto É" - de desvios de grossas verbas oficia is para a guerrilha. Um cios diri gentes ela LOC afirma que "a maior

parte das atividades da Liga é.financiada pelo Fundo do Amparo do Trabalho [o qual recebe verbas federai s] e por sindicatos ". Está sendo investigada també m a parti cipação da LOC e m assa ltos a bancos, c uj o dinhe iro se destinaria à gue rrilha e ao terrorismo. Não fa ltam ainda os indi víd uos que abandonaram a LOC qua ndo começaram a perceber os rumos terrificantes tri lhados pe los chefes e que dão depoimentos confirmando o aspecto te nebroso do g rupo : "Cheguei a prestar juramento,

ajoelhado dianle do comando, prometendo disposição de enlregar a própria vida à causa" , diz uma teste munha. Em Betim, os sem-teto comandados pe la LOC invadi ra m uma á rea da Prefe itura e ali estabe leceram um a espécie de terrilório livre, ao qual chamaram Vila Bandeira Vermelha. Só eles tinham acesso ao local, que era patru lh ado por mascarados ostenta ndo foices e porreles e com desafios verbais ao Exérc ito. O Padre João Délson chego u a rezar uma M issa no loca l. Fa lavam de invasão de terra, revolução popular e luta armada. "Se mata-

rem um daqui, dez nós vamos malar", procl amava m. Doutrinavam cri anças de até IO anos, as quais era m e nsinadas a cantar: "Sou comunista por toda vida. Ó bela chiao, bela chiao. Sou comunis-

ta por toda vida e comunista hei de morrer. E se morro em combate, toma em suas mãos o meu fuzil. Ó bela chiao, bela chiao" . Os canto res e ram ritmados por um violão tocado por um dos sern-Lelo.

"Não sou invasora, sou guerrilheira", disse uma das sem-teto, de 20 anos. E m 26 de abr il , res istira m à ação polici-

ai ele re integração de posse. Alguns so ldados ficaram fer idos. No confronto, dois invaso res morre ram bal eados. Seg undo o co ma ndante policial , te ri a m s ido mo rtos pelos próprios companhei ros, uma vez q ue a Polícia estava usando balas ele borracha e não de verdade.

Se não fossem os apoios ... adeus guerrilha A esque rd a v iolenta vive um cios rnornenLos de mai or paradoxo ele sua hi stóri a no País. Nunca e la Leve tantos fato res favo ráveis para atuar, ele um lado; de o utro, nun ca e la e nco ntrou obstácu los tão difíceis ele transpor como agora. E ntre os fatores favoráve is sobressa ise a g rand e in ação dos Poderes Públicos e m face dos se m- le i, desde que estes proclamem atuar po r razões soc ia is. Q ue m quer que afirme esta r luta ndo pelos pobres o u co isa qu e o valha, recebe o rótu lo de "movimento social" e te m uma garanti a de impunidade que amedro nta. Ade m ais, o lobby político, corno também a atuação de certas ONGs em favo r cios movi me ntos de esque rda rad ica l, são poderosos . Pela Internet, começara m a ser veic uladas mensagens ele apo io à LOC, e ntre as quais, a da Un ião Naciona l dos Se rvidores Púb l icos (UNSP). Há ainda a superabundante repercussão na mídi a a respeito de qualquer coisa que façam ou digam tai s movime ntos o u seus c hefes. Para não fa lar da tristemente famosa esquerda católica, sempre áv ida de mai s esquerd is mo e que je itosamente vai impul sionando toda a sorte ele ativi stas para a vio lê nc ia. Esse quadro é agravado pe la presente cam panh a que se faz no País e m prol do desarmamento dos civi s. As leis antiarmas que eventua lmente venham a ser aprovadas só serão acatadas pelos cidadãos ho nestos. É claro I Não é a LOC, ne m os bandidos, nem ninguém desse nível moral que vai entregar armas ou deixar de adquiri- las por contraba ndo e outros me ios.

Acima: grupo de "sem teto" na Vila Bandeira Vermelha, Betim, 26-4-99. À esquerda: detalhe da foto da p. 31

De modo que o brasi leiro comum fi cará desarmado diante de q ualquer tentativa de banditismo social que se faça. Além ele não pode r contar com a Po líc ia, freqüentemente para li sada pelas campan has de imprensa, pe las ações dos políticos de esq uerda e dos padres adeptos ela Teologia da Libe rtação . A lgo semelhante ocorreu na vizinha Colô mbia, onde os habitantes tiveram seu porte de arma muito dificu ltado, o que aj udou e norme mente a ex pa nsão da g ue rrilha co muni sta que hoje j á domin a um vasto território e, cada vez mai s, vai ditando as cartas no país. lmag ine-se o caso, nada quimérico, de um próspero e pacífico fazende iro, que se desarmou comp letamente por imposição da lei, e que vê de repente um bando armado arreben tando as porteiras de sua propriedade? O que fazer? Deixar-se saq uear e matar?

Se a opinião pública reagir, extingue-se a guerrilha Se assim é - perg untará o leito r por que essas forças da esquerda violenta não tomam logo o poder no Brasi l? A pergunta, a nosso ver, tem todo o propós ito. E a continuarem as coisas como vão, talvez não demore muito para que isso se dê. Há e ntretanto um fator que

por e nqua nto impede essa supre ma ousadia e que in felizmente não está sendo realçado co mo deveria sê- lo. Trata-se da fundamenta l ojeri za do brasi le iro a esses movimentos da esquerda revo lucionária, fato numerosas vezes ressaltado pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Há qualquer coisa de sad io na op inião pública nac io na l, considerada como um todo, que até agora tais mov ime ntos revolucionários e seus cúmpli ces não consegu iram quebrar. Com isso, o artifici a li smo desses g rupos que dizem querer o bem do povo, mas que são rejeitados por e le, salta aos olhos ! E impor à Nação pelas armas uma cam isa-de-força esq uerd ista, compl etamente antinatural, pode traze r reações e conseq üê ncias desastrosas, indesej adas e imprev isíveis para quem promova tal estado de coisas .. . Estamos certos de que, se tal reação sadia au men tar e se conc retizar ele modo eficaz contra os fautores da vio lê nc ia esquerdista, do mais alto dos Céus, Deus não abandonará aq ue les que lutam pela verdade, pelo bem e pela o rdem das coisas tal como Ele as c riou . E as graças para essa resistência nos virão por meio de Nossa Sen hora Aparecida, Rainha do Brasil, que co nosco contraiu um doce vínculo materno de proteção e amor. ♦

C ATO L I C I S MO

Julho de 1999

33


ENTREVISTA •

~: Há 200 anos: a111pla vitória • • antinapoleônica na Itália • • •

Entrevista com o Prof. Massimo Viglione, renomado historiador O historiador italiano Massimo Viglione denuncia um complô do silêncio montado pela

Prot Massimo Viglione:

"Onde [os franceses] chegavam impunham impostos de guerra sem limites, profanavam os conventos, cometiam sacrilégios contra o Santíssimo Sacramento, dispersavam as relíquias dos Santos, impunham leis ferozmente laicistas"

•Em • •

: • • • • • • : • • ••

.

• : • • : • :

• : • :

• : • • •• • : •

34

historiografia revolucionária e restabelece a verdade histórica: - a contra-revolução antinapoleónica na península itálica teve profundidade e extensão análogas às da Guerra da Vandéia, na França, ou às da insurreição dos espanhóis contra as tropas francesas

1999 comemora-se o bicentenário de um acontecimento pouco comentado, cujo momento culminante deu-se em 1799 . Trata-se da grande contra-revolução empreendida pelo povo italiano contra a imposição forçada dos princípios da Revolução Francesa por parte dos exércitos napoleônicos, que contavam com o apoio das quintas-colunas jacobinas* da península. Apesar de as reações dos italianos - comumente chamadas insurreições - contra as reformas jansenistas e iluministas já houvessem começado em 1 787, foi somente a partir da invasão de Napoleão na Itália (em 1796), que a resistência se generalizou por todo o território, em nítida defesa do altar e do trono. Ou seja, da Religião católica e dos legítimos governos existentes nos diversos reinos italianos, numa palavra, da milenária civilização católica. As insurreições prolongaram -se por todo o período da dominação do Corso como era chamado Napoleão Bonaparte até o fuzilamento do seu lugar-tenente, Joaquim Murat, na Calábria, em 181 5 . Esta página heróica da História foi escrita por centenas de milhares de italianos, abrangendo todo o território, desde os Alpes até a Puglia e a Calábria. Cerca de 200.000 deles pereceram bradando "Viva o Papa", "Viva o Rei", "Viva o lmperador". Entretanto, o brado que mais ressoou nos lábios dos insurgentes foi

CATOLICISMO

Julho de 1999

têm dedicado anos ao estudo das fontes documentais. Muitos jornais e revistas vêm concedendo espaço em suas páginas a artigos e entrevistas sobre o assunto. Para conhecer melhor o que aconteceu nesse período, nosso correspondente em Roma, Sr. Juan Migue l Montes, entrevistou o Prof. Massimo V iglione, um dois maiores experts na matéria e autor de dois livros recentíssimos sobre o assunto: Rivalte dimenticate. Le insorgenze degli italiani dai/e origini ai 1815 [Rebeliões esquecidas. A insurreição dos italianos desde as origens até 181 51, Roma, Città Nuova, 1999 (340 pp.) e Le insorgenze. Rivoluzione & Controrivoluzione in Itália [As in surreições. Revolução e Contra-Revolução na Itália], 1792-1815, Milano, Ed izioni Ares, 1999 (240 pp.) .

Catolicismo - Que causas levaram os italianos à contra-ofensiva geral contra as forças napoleônicas?

"Viva Maria", registrado depois pelos historiadores filo-revolucionários em sentido depreciativo. Com a expressão "Viva Maria" são freqüentemente denominados os insurgentes italianos. Outra denominação célebre com que eles são conhecidos é a de "sanfedistas", em virtude do nome do exército que o Cardeal Ruffo levantou em Nápoles contra os francese s de Napoleão: Exército da Santa Fé. Foi uma verdadeira epopéia, tão trágica quanto heróica, que durou 25 anos, e que exatamente há duzentos anos teve o seu ápice. Com efeito, no inicio de 1799, quase toda a península itálica encontravase sob o domínio napoleônico. No final desse ano, porém, nenhum soldado francês pisava as terras italianas. Poucas vezes, ou nunca na História, uma força contrarevolucionária obtivera um triunfo militar tão vasto como nesse ano. Foi só depois do golpe de Brumário (7-11-1799) que o Corso começou a reconquistar o terreno perdido na Itália. Como o leitor bem pode notar, o pri meiro elemento que chama a atenção é o silêncio que caiu sobre esses fatos históricos. Têm-se publicado estudos sobre a análoga resistência da Vandéia, na França, e sobre o levante antinapoleônico da Espanha. Mas na Itália - onde o assunto é hoje de muita atualidade - o muro de silêncio só agora está sendo derrubado, pelo esforço de alguns investigadores que

Prof. Massiomo Viglione -

As causas são de dois tipos. As imediatas - os franceses, sob as ordens de Napoleão, saq ueavam tudo: as casas dos pobres, as igrejas, os hospitais, os "Montes de Piedade " (institutos de poupança e crédito fundados pela Igreja para benefício das classes mais necessitadas). Onde chegavam, impunham impostos de guerra sem limites, profanavam os conventos, cometiam sac ri légios contra o Santíssimo Sacramento, dispersavam as relíqui as dos Santos, impunham leis ferozmente laicistas, e até uma que obrigava os Bispos a fazer o serv iço militar.. . Al ém disso, levaram embora boa parte dos tesouros de arte da península italiana, inclusive a própria Imagem de Nossa Senhora de Loreto e os célebres cavalos de bronze da Basílica de São Marcos de Veneza. O maior furto da História, feito em nome da fraternidade! A lém da indignação justíssima que todos esses abusos produziam, a causa mais profunda das insurreições foi ideológica. Os italianos tinham tolerado pacificamente, ao longo dos sécu los, invasões de todos os tipos , inclusive a dos muçulmanos, como também as efetuadas por outros franceses, na época de Carlos VIU e dos Anjou. Os soldados e funcionários de Napoleão, porém, não eram aos olhos dos italianos os franceses de outrora: eram "revolucionários" que vinham modificar pela força a essência da sociedade italiana, formada ao longo do tempo; vinham para aniquilar 1400 anos de civilização cristã, para substituí-la por

uma sociedade laici sta e igua1itária. Fo i isto que chocou profundamente os peninsulares desse tempo, habituados à serenidade e à ordem da ltá1ia, toda ela baseada no binômio Altar e Trono, levando-os à reação armada. Catolicismo - Essas reações foram espontâneas, ou organizadas pelos nobres e pelo Clero? Quem de- • Golpe de Martinet e Revi/la, las participou? • intitulado Massacre dos • feridos franceses em

Prof. M. Viglione - Na maior parte dos ca- • Vérone, France militaire, sos, as reações era1n de caráter popular e es- : Paris, 1835, Coleção Arnaldo pontâneo, principalmente devido ao fato de que, ainda quando os nobres e o Clero tinham uma posição contrária à Revolução Francesa (o que não acontec ia sempre, sobretudo entre o Clero do su l, mais aberto à influênciajansenista), eles tendiam a uma atitude prudente. Somente depois do l evante da população, os nobres, e às vezes até os sacerdotes, passavam a comandar o movimento. Mas todas as classes sociais participavam das insurreições, sem nen huma exclusão . Sobretudo o povo miúdo, um pouco menos a burguesia, embora também ela tenha aderido no fim. Em todo caso, tratou-se essencialmente de um ' fenômeno de massa", para usar um termo caro aos marxistas. O caso mais clamoroso nesse sentido foi o do Cardeal Ruffo, em sua empresa de reconquista do Reino de Nápoles: tendo desembarcado no dia 7 de fevereiro na Calábria à testa de sete homens, já no mês de abri l vemo-lo chefiando mi lhares de voluntários. E no dia 13 de junho entra vitorioso em Nápoles, com um exército imenso, para derribar a República jacobina e restaurar os Bourbons. A cidade de Arezzo organiza em poucos dias um exército de 38.000 voluntários e reconquista o Grão Ducado da Toscana.

Catolicismo -

• • • : • : • : • : • : • : •

Liberati, Verona (Itália)

"Pode-se, sem dúvida, falar em 'Vandéia italiana', sobretudo considerando O tema sob um prisma

• ideológico. •• A insurreição

• : • : • •• • •• •

italiana não pode, infelizmente, invejar nada à Vandéia do ponto de vista do genocídio"

Em seus livros, o Sr. ressa lta :

as ferozes matanças de insurgentes pratica- • das pelos revolucionários . Poder-se-ia falar :

numa "Vandéia italiana"?

Prof. M. Viglione - Pode-se, sem dúvjda, falar em "Vandéia italiana", sobretudo considerando o te1na sob um pris1na ideológico. A insurreição italiana não pode, infelizmente, invejar nada à Vandéia do ponto de vista do

:

genocídio. Eu dou alguns exemp los que me vêm à memória: em Mondovl, foram massacrados a fio de espada l 500 mulheres e crianças em apenas uma hora de repressão, outras 1500 pessoas em Isernia, 2200 em Amantea, 9000 em San Severo, 4000 em Andria, sem contar os 10.000 mortos em Nápoles, no le-

• :

• :

: • : • : •

C ATO LIC ISMO

Julho de 1999

35


GRANDES PERSONAGENS

"Como imaginar que as forças prójacobinas e esquerdistas, que têm ocupado por décadas quase todos os espaços da cultura do país, possam aceitar ou, pior ainda para eles, divulgar, que centenas de milhares de italianos se alçaram contra os 'imortais princípios' do liberalismo, do socialismo, do republicanismo, da Revolução Francesa, em defesa da civilização e da tradição católicas?"

vante dos Lazzari, durante o qual os napolitanos foram queimados vivos nas suas próprias casas. No dia 22 de agosto de 1806, na igreja de São Lourenço, em Reggio Ca lábria, dezenas de mulheres, velhos e cri anças, que tinham procurado refúgio nesse lugar sagrado, foram queimados "até o último". Ninguém lhes propôs seq uer a rend ição ou sair para fora, como reconheceu em seu relatório um ofic ial de José Bonaparte. Na Abadia de Casamari, ainda no ano 1799, depois ele serem hospedados pelos monges, os so ldados napoleônicos entraram na igreja para pisar com os cavalos as hóstias consagradas. Quando os monges jogavam-se no chão tentando recuperá-las , os franceses go lpeavam-nos com os sabres, primeiro cortandolhes os dedos, e depois, assass in ando-os. Um recente cálcu lo refere-se a pelo menos 200.000 itali anos mortos em defesa da Civilização Cristã, embora quase ninguém o saiba. Catolicismo - Como é possível que quase ninguém o saiba? Como foi possíve l ocultar tudo isto? Prof. M. Viglione - A resposta é, no fundo , simp les. Como imaginar que as forças prójacobinas e esquerdistas, que têm ocupado por décadas quase todos os espaços ela cultura cio país, possam aceitar ou, pior ainda para eles, divu lgar, que centenas de milhares de ital ianos se alçaram contra os "irnortais princípios" do liberal ismo, cio socialismo, cio republican ismo da Revolução Francesa, em defesa da civ ili zação e ela tradição catól icas? E tudo isso no país do Papado? Poder-se-á objetar: mas as insurreições na Vancléia e na Espanha são mais conhecidas.

À esquerda: dois participantes de cortejo histórico envergando o uniforme azul dos Oficiais de Infantaria de Veneza, em comemoração do bicentenário da resistência às tropas napo/eônicas na Itália, Verona, 23 de abril p.p.

36

C AT O L IC IS MO

Julho de 1999

. otses: ~

Glf)ante do ~tiffo ê)ést~!!!~!2 O extraordinário Profeta, escolhido por Deus para libertar da escravidão

egípcia o povo eleito do Antigo Testamento, e ser seu legislador, foi glorificado pelo Redentor e esteve presente nos esplendores da Transfiguração

Por que se conhece tão pouco o levante ela ftá1ia contra Napoleão? A diferença da França ou da Espanha em re lação à Itália reside no fato ele que tivemos aqu i o "Risorgimento", ou seja, o movimento que promoveu a unidade italiana na segunda metade cio século passado. O "Risorgimento " é apresentado ao italiano médio como a Revolução Francesa é apresentada ao francês médio: o bem por excelência. Ora, os artífices do "Risorgim.ento" tinham como precursores doutrinários os jacobinos da Revolução Francesa. Por isso , tornava-se necessário cancelar ela memória, especialmente por parte da historiografia oficial, a idéia de que os princípios da Revolução Francesa trazidos aqui por Napoleão tinham sido energicamente rejeitados pela maioria cios italianos, para desta maneira ev itar uma análoga reação contra o própr io "Risorgimento". Movimento este que, por sua vez - como o reconheceu o maior ideó logo co munista italiano, Gramsci - foi um fenômeno de pequenas elites e não ele maiorias . A in s urreição italiana contra Napoleão fo i, pelo contrario, um fenômeno absolutamente maciço e popular. ♦

*

A palav ra jacobino provém do nome de um famigerado clube composto por revo lucio nários ex tremados, prati camente co muni stas, que, durante a Revolução Francesa, reun iam-se no ant igo co nvento dos frades jacobinos, em Pari s. Esse clube, cujos membros sustentaram o sanguinário Com itê de Sa lvaçüo Pública até sua exti nção, foi dissol vido cm 1794. A part ir da Revolução Francesa, o termo jacobino passou a ter um alca nce uni versa l, designando todos os movimentos, instituições ou pessoas que perfilham idéias revolucionárias de extrema esq uerda, seme lhantes às propug nadas pelo clube cios j acobinos.

atolicismo in icia hoje nova seção: Grandes Personagens, tema de importância ún ica para a formação tanto cultural quanto espiritual de nossos leitores. Pareceu-nos adequado começar pelos personagens do Antigo Testamento. E entre as muitas figuras dignas de realce, duas se nos apresentam muito sali entes: Moisés e Elias. Além de seus prodigiosos feitos, foram eles os únicos que Nosso Sen hor Jesus Cristo escolheu para aparecerem junto a Ele quando manifestou sua glória na Transfiguração do Monte Tabor. Tendo de escolher um cios dois, escolhemos Moisés, crono logicamente anterior e segundo palavras lapidares de Bossuet, o famoso orador sacro, Moisés foi: "O mais antigo dos historiadores, o mais subiime dos.filósofos e o mais sábio dos legisladores". Ademais, Catolicismo várias vezes tem abordado tem as referentes ao Profeta Elias que - segundo a interpretação de abalizados exegetas - deverá voltar para concluir sua missão no fim do mundo. Também já tratamos de Elias enquanto o precursor dos devotos de Nossa Senhora e, segundo a Tradição, autêntico Fundador da Ordem do Carmo. Pois os discípulos desse grande profeta constituíram a semente dos Filhos da Virgem Santíssima

C

que, nos primeiros tempos do C ri stianismo, habitavam o Monte Carmelo.

*

*

*

Esc larecemos os leitores que é nosso intuito apresentar esses grandes per-

ríamos que o tema pudesse alargar os horizontes cio le itor do ponto ele vista de seu progresso cu ltural e espiritual. Queira a Santíss ima Mãe de Deus nos ajudar a tanto.

Nascimento de Moisés em meio à opressão egípcia

José é reconhecido p'or seus irmãos - Gravura de Gustave Doré (séc. XIX)

sonagens de modo acessível, não com aprofundamentos eruditos ou universitários, mas especialme nte sob um prisma espiri tual. Em outros termos, gosta-

José, um cios filhos ele Jacó, invejado pelos irmãos devido à predileção que o pai lhe demonstrava, fo i vendido como escravo a uma caravana que se dirigia ao Eg ito. Lá, interpretando acertadamente so nhos do Faraó, tornou-se seu homem de confi ança e primeiro-m ini stro. Ora, num dos sete anos ele carestia que asso lou Israel, seus irm ãos fo ram exatamente ao Egito comprar trigo, ali armazenado devido à previdência do primeiro-ministro, que acumul ara o cereal durante o período de fartura. José não só os perdoou pelo fato de o terem vendido, mas convidou-os, com o benep lác ito do Faraó, a vir morar com e le em seu país de adoção. Os 70 israe litas que então ingressaram no Egito multiplicaram-se enormemente . E, à morte de José e seus irmãos, já constituíam uma multidão forte, próspera e trabalhadora. Posteriormente, um Faraó "que não conhecera José" alarmou-se, temendo a formação desse Estado dentro do Es-

C ATO LIC ISMO

Julho de 1999

37


tado eg ípcio. Depoi s de subju ga r os hebreus e escravizá- los, constatou que estes se mu ltiplicavam e norme mente. Diante dessa situação, ordenou q ue todos os recém-nasc idos hebreus do sexo masculi no fossem mortos.

Moisés salvo das águas

e tu lhe servirás de Deus" (ld., 4, 16). Se não cressem em Moisés, Deus faria mi lagres para que acred itassem. Moisés não devia temer, poi s o Senhor lhe assegurou: "Eu serei contigo "(ld., 4, 12).

Punidas a dureza e a falsidade do Faraó

Que mãe não tentaria salvar seu reOs dois irmãos, querendo simpl ifi car a coisa, pediram ao faraó que deibento? Assim fez uma mu lher "da casa xasse o povo hebreu sa ir para "uma f esde Levi", casada com um homem da ta no deserto". O Faraó franziu o mes ma casa, e que dera à luz um filho formoso e robusto. Depois de escondêsobrolho. Não só não autorizou aquela pretendida festa, mas deilo por três meses, temendo ser descoxou de fornecer a palha para os tiberta, colocou o bebê num cesto, fazenjolos que coziam os hebreus, o que do-o flutuar no rio Ni lo, permanecendo o cesto junto à folhagem próxima às marlhes aumentava o trabalho; e reforçou sua vi gilância. gens. Indo a filha do Faraó banhar-se com suas donzelas, ouviu o choro do meA vida piorou para os judeus, nino . Recolheu-o, adotou-o, e deu-lhe o que foram se que ix ar a Moisés. Este comunicou a Deus as reclanome de Moisés, criando-o como seu fimações de seus compatriotas. E o lho na corte do Faraó. Senhor não só reafirmou sua aliCrescendo, Moisés tinha tudo para ança com o povo, mas ordenou a estar satisfeito do ponto de vi sta natural. Era tratado como um prínc ipe, e re- . Moisés que se apresentasse novamente ao irascível Faraó. cebia todas as homenagens. Entretanto, Moisés não teve alternativa. Conão suportava que maltratassem seus irmeçou então a operar diante do mãos de raça. Certo dia, vendo um egípFaraó uma série de prodígios, que cio açoitar um judeu, entrou em luta com os magos da corte, com auxílio die le e matou-o. E m seguida, temendo o abólico, tentavam imitar com certo Faraó, fugiu para a terra de Madiã, situaêxito. Porém, como o Faraó não ceda além do deserto. desse, começaram então a vir, como Deus se define: castigos sobre os egípcios, diversas "Eu sou Aquele que é" pragas, umas após as outras. Em seu desterro, Moisés casou-se, A cada praga o Faraó conceteve doi s filho s, e pastoreou o rebanho dia aos jude us a licença prometi de seu sogro. Certo di a em que conduda, mas em seguida voltava atrás . zia suas cabras e ovelhas para junto do Após a nona praga, Moi sés anunmonte Horeb, viu no cimo deste uma ciou ao Faraó que se finalmente sarça (vegetação) que ardia sem se cone le não os de ixasse sa ir, veria pesumir. De seu interior ouv iu uma voz, recer os primogênitos de todo o mais forte que o tropel de mil cava los e país, desde o seu primogênito até o do último dos animais . o ribombar dos trovões: "Eu vi a aflição de meu povo que está no Egito", di sseDeus mandou então a Moisés que in stituísse a festa da Páscoa - que siglhe "Aquele que é" (Ex. 3,6) . Por isso, Moi és deveria voltar para o Egito, ennifica Passagem do Senhor - e enviou contrar-se com o Faraó e pedir-lhe a li a décima praga predita. O Faraó, por fim , berdade de seu povo, para levá-lo à tercedeu e deixou partir o povo hebreu. Mas ra onde "co rria o lei/e e o mel" . Ante após a partida deste, esqueceu-se o Faraó tal empresa ordenada por Deus, Moisés de todas as pragas e castigos sofridos, e titubeou, gaguejou, mas o Senhor foi considerando apenas que não mais teria desfazendo suas objeções como um pai a farta mão-de-o bra gratuita de 600 mil re ponde a um filho que teme faze r a liobreiros judeus, mandou seu exército persegui -los. Este avistou-os j á às marção. Moi és gagueja? Aarão seu irmão, gens do Mar Vermelho. falaria por ele: "Ele /e servirá de boca, 38

CATOLICISMO

Julho de 1999

Os hebreus, assustados, começaram a bradar contra Moi sés por tê- los exposto a tal situação. O Profeta apresentou a Deus a rec lamação, e, por sua ordem, feriu o mar com seu bastão. As ág uas foram então se separando em dois campos e deixaram um corredor através do qua l os fugitivos puderam passar a pé enxuto, reunindo-se novamente à passagem dos egípcios, que foram tragados por e las.

Peregrinação de 40 anos: bondade e castigo divinos Começou então, para os israelitas, uma peregrinação através do deserto. Em virtude de seus pecados e contínuas infidelidades, tal peregrinação tornou-se um zig-zag que deveria durar 40 anos. Durante es e período, Deu operou em favor deles os maiores milagre , apesar de sua contínua in ati fação e murmuração contra Moisés. Assim, para saciar- lhe a sede, o Senh or torno u potáveis as ág ua de Mara;

faltando-lhes o que co mer, deu-lhes codornizes e a lime ntou-os com o maná, que tinha o sabor de "flor da farinh a com mel" (ld. , 16, 3 1), e se tornou o símbolo da E ucaristia. Fez brotar ág ua da rocha; e ouviu as preces de Moisés enquanto os hebreus lutavam contra os Amalecitas. Moisés recebeu nesse tempo a vi sita do sogro, que lhe trouxe a mulher e seus dois filhos que e le deixara em

Madiã. Iluminado por Deus, o sogro sugeriu-lhe que admin istrasse a justiça med iante representantes em cada g ru po da nação juda ica.

Ira santa: as Tábuas da Lei e o Bezerro de Ouro Três meses após a saída do Egito, Moisés sub iu o Monte Sina i, onde o Senhor o chamava. Deveria in formar os israe litas que, se obedecessem à voz divina e guardassem sua ali ança, "sereis o meu povo particular entre todos os povos" (ld ., 19, 5).

Eis que Deus apareceu a Moisés e a seu povo "na obscuridade de uma nuvem", ao estrondo de um trovão e de relâ mpagos, e ao som de uma trombeta "que ecoava com força". "Todo o monte fum egava porque o Senhor linha descido sobre ele em meio a chamas.. . Moisésfala va, e os trovões divinos respondiamlhe" (]d., 19, 16 a 19 ). E neste cen{u-io sublime, Deus comunicou-lhe as Tábuas da Lei contendo os IO Mandamentos! Voltou depois Moisés ao Monte Sinai, onde com Josué, durante 40 dias e 40 noites, Deus comu nicou-lhe outra série de le is, usos e costumes. Ora, o povo "de dura cerviz", vendo que Moisés demorava adescer, pediu a Aarão que lhes fi zesse " um deus que marche à nossa frente" (Id., 32, 1), injuri ando assim todos os benefícios e aliança estabelecidos com eles pelo Deus verdadeiro. E o irmão de Moisés não só cedeu àquele blasfemo pedido, fundindo um bezerro de ouro (ídolo dos egípc ios que o adoravam com o nome de Apis), mas até ofereceu-lhe sacrifíc ios. Nesse momento, Moisés, alertado pelo Sen hor, desceu da montanha tomado de santo furor. E o castigo foi terrível: "Sua cólera se inflamou, arrojou de suas mãos as tábuas e quebrou-as ao pé da montanha. Em seguida, tomando o bezerro que tinham f eito, queimou-o e esmagou-o até reduzir a pó, que lançou na água e afez beber aos israelilas" (ld., 32: 19-20). Depois, "pôs-se de pé à enlrada do acampamento e exclamou: 'Venham a mim todos aqueles que são pelo Senhor! Todos os filhos de Levi se ajuntaram em tomo dele. Ele lhes disse: 'Eis o que diz o Senhor de Israel: cada um de vós meta a espada sobre sua coxa. Passai e repassai através do acampamenlo, de uma porta à outra, e cada um de vós mate o seu irmão, seu amigo e seu parente'" (Id., 2627) que tivesse prevaricado adorando o ídolo. Foram mortos 3 mil. Naquele tempo, em que nem a Sinagoga havia surgido, Deus fa lava pela boca dos Profetas. Por isso é que co mu -

nicou a Moi sés a vasta legislação que deveri a reger a conduta do povo eleito, bem como minucio sas pre sc ri ções litúrgicas. Hoje, tanto a autoridade quanto a profec ia se encontram na Santa Igreja Católica, Apostó lica, Romana. Enfim, esse homem repleto de obras e méritos diante de Deus, depois de tudo que fizera, não have ria de entrar na Terra Prometida! Já em suas proximidades, como faltasse ág ua, o povo, como sempre, começou a murmurar. Deus ordenou então a Moisés que batesse com a vara no rochedo. Moi sés e Aarão, pressionados pelo povo, hesitaram e, por um momento, a fé fraquejou. Por isso, bateram duas vezes. O Senhor ofendeu-Se com essa falta de fé, vedando-lhes a entrada na Terra Prometida (cfr. Num. 20, 9 a 12). Apesar dos pedidos do Profeta para ao menos nela pisar, o Senhor, que até então havia atendido a todos os seus rogos, não lhe respondeu. Diante desse silêncio, Moisés compreendeu que seus dias chegavam ao termo . Contava 120 anos. Subiu ao Monte Nebo, de onde contemplou a terra tão ardentemente desejada, na qual não entraria. E ali, na terra de Moab, aquele Profeta, aquele intrépido guerreiro, aq uele amigo de Deus rendeu sua alma ao Criador, desconhecendo-se até hoje o lugar de seu túmulo (cfr. Deut. 34, 1 a 7). Que o seu espírito - de fidel idade a Deus, de prontid ão e rad ica li dade em cumprir a vontade e os desígnios divinos - sejam imitados por nós, numa época de apostasia e neopaganismo. Era histórica de relativismo, de rejeição dos Mandamentos do Decálogo e culto idolátri co de novos e modernos Bezerros de Ouro ... E m meio à terrível crise que assola o mund o atual, seja Moisés nosso mode lo e nosso suste ntác ulo , como o fo i para o povo judeu de sua época. Santo Profeta Moi sés, vinde em nosso ♦ aux íli o!

Nota A fo nte de re ferênc ia para a e laboração do arti go ac im a é co nstituíd a pelo s seguintes textos do Antigo Testamento: Livro do Gên.esis, cap. 37 a 50 e dos Livros do Êxodos ; Levírico, Números e Deureronô111io. As citações litera is dos tex tos bíblicos são indi cadas no corpo do arti go.

C ATO L IC IS MO

Julho de 1999

39


São Paulo, 1 9 de junho de 1999

TfPs EM AÇÃO

. Coordenador-Geral Padre •Marcelo Ross1 :orrespondência de OANF trocam . d OAN F o Coordenadoraderentes e ' . • Transcritas as cartas qu~ Geral da Campanha recebeu a m1ssw~ de nossa mms d0 Sacerdote que transcrevemos abat resultaram . . ' ' o texto Reproduzimos tam bem , da recente inicwtiva xo. o Dr Paulo Correa de resposta que · ., . . de O Amanhã de No ssos .· Filho dirigiu ao ecles1ast1co. d rentes BlltO . · ter uma Filhos estavam descontentes_ e Os leitores poderao, assim, deoradaçao . - deconJ·unto dessa última atuaçao alarma d os co111 a º v1sao moral a que chegaram certos prog~ade nossa Campanha. como por exemplo, os os TV d ' R · mas e , apr~sentadores Gugu Liberara e at1 E foi com preocupação que ass1sSão Paulo, 3 de junho de 1 99 9 . nI10. . _ p dre Marcelo tiram a partic1paçao do a es prooramas. Rossi em alguns des S º - d Exmo . Sr. "Ih , orrêa de Brito F1 o . Suoeri ram entao a Coordenaçao e OAN F que o referido Sacerdote fosse convidado a participar do esforço que 1panha empreende em pi o\ nossa Can . .. . 1· aç-ao da TV brasile11 a. da 11101a 1z ·d Atendendo à sugestão, a Co0t e- de OANF lançou nova campanaçao · · /e nos"P,,1dre Marcelo Rossi, CIJUC n\1a: "' sas f .anu'l ,.as.I" . . . \ ·ocordo com seu trad1c1ona pt De a . , ·e - OANF enviou a t . cesso de atuaçao, sidência de cada aderente uma cai ta eral explicando as do C oordenª dor-G razões da iniciativa. Junt~ com ess~ . . foi remetido tambem um cai m1ss1va d deren tão que contém um apelo _os a Padre Marcelo Ross1. tes ao - d Sa O cartão chama a atença? o -. ·d ara a exploração praticada po1 cet ote p usam sua .. certas emi ssoras de T V, que imagem sacerdotal com o fim d~ atr_a~ ir a audiência do públi co para p1 og1a mas de baixo nível. Ao mesmo tem o mencionado cartão pede que o ppo,d. Marcelo Rossi fo rm ule publicaª ,e as necessárias cnt1cas ,. proaos n1 ente ' · .· d que o -· b oramas "rno1 1.. , ·ais ' não perm1ttn _ º obra de evangelizaçao contu ua sua r fo rma de entre tent menpara qualque __ do to que constitua ocas1ao de _peca . 1 Tal cartão deveria ser assmado pe ~ d Campanha e postado a aderente a d erce paróquia em que o Sacer ote ex Se u ministério. ' a remessa A\oumas semanas apos' º . da correspondência ao da menciona º

Padre Marcelo, ajude nossas famílias!

s:unc:ntc.

Dr. Pau lo C Rua M artim Francisco 665.

h s " Padre Marcelo, ajude . h " _ c ampan a Ref .: "O Amanhã de Noss~s Ftl osR /"gião são incompatíveis na TV e em ., ,,·as" e "Imoralidade e e 1 nossas ,am, 1 qualquer lugar".

Nesta

Prezado Senhor:

. . bem assim de ou- . diretamente rece b i, , de correspondenc1a que . nheci mento das campa Atraves _ hadas por seus destin atários , t o':'e' co I de V Sa ., e mediante tras encam1n . sob a coordenaçao gera - . cão de renhas epigrafadas , as quais_, . - Ativa" destinados a arrecada . M lo form ulários ditos de "Part1c1paçao ,, 'apelo e alerta do Padre arce cursos f inanceiros , centram-se em_o -~~rovam a sua presença em progra. . de que as famílias de bem na Ross,_ . ,, y Sa . a m inha mas ,morais . _ so deixar de externar a · Surpreendido pelo fato, na~ posté difamatória , no sentido de que, com . da imputaca o, a b ndo para o presindignação diante . .. . - es estaria eu cola ora raras part1cIpaço , as minhas poucas e .. d "imorais". 1h , . de programas qual1f1cados e . d a missão espiritual a qua u t 1g1~0 exercício do sacerdócio, e cump:1:e~tos e emissões que considero

~:~~;~;;:~e ;,~'.f1 '~;:u:~~~=:~~:,~::';~é~: :~::~::~{{i~:~!;•~:;,:.d::::;':

mildemente me propu~

~~~t:~~:r ªsua

grande audiência,

c~~:ic~ão pessoal que eventualmentea~º~:s quais nu nca fui, não sou r cenca de meu superior , da " . . ligados aos refe ri dos program . ' enquanto obtiver a 1 . ocorrenc1as AI", . · erei censor. ,as, . • · d " inda que por isso in1uria o . me é assim e 1ama1s s . continuare i a faze-lo, a -o só pela injustiça da pecha q~e I e alerta" Peco pois a V. Sa.' na I ta inutilidade prática do ape o lancada, mas também pela comi e que imediatamente as faça cessar . vei~ulados nas citadas campan as, . . do irmão em Cristo, Cord ialmente , . Padre M arcelo Ro ss1

Revmo . Sr. Pe . Marce lo Rossi Paróquia Nossa Sen ho ra do Perpétuo Socorro e Sant a Ros ália Av . M ascote , 1 17 1 - Jardim Previdência 0 4363-001 - São Paulo - SP Revmo. Pe. M arcelo Ros si Dirigimos-lhe muito respe ito samente esta missiva para esclarecer as razões do pedido que lhe encaminhamos e pôr termo às difere nças entre o intento de O Amanhã de Nossos Filhos - Campanha que temos a honra de co ord enar - e seu modo de entender o referido pedido. Em sua carta de 3 de junho do corrente, expressões como " .. .. minha indignação diante da imputação até difamatória ", ou " .... ainda que por isso injuriado", ou " .... injusta pecha que assim me é lançada", indicam t alvez que o propósito de nossa Campanha não foi inteiramente compreen dido pelo Sr. Com efeito, se o Sr. analisar atentamente a carta que OANF remeteu a seus aderentes, bem como o cartão que lhe foi dirigido, verá que não se trata de censura e nem, muito menos, de injúria ou difamação cont ra sua pessoa . O que, na verdade, milhares de pais e mães de família solicitam é que o Sr., no uso do prestígio que conquistou entre as emissoras de TV , contribua para fazer cessar as investidas diariamente desfechadas contra a formação moral de nossos filhos e netos. Um quadro como a Banheira do Gugu , por exemplo, não pode ser considerado edificante na formação moral de uma crian ça ! E o que é mais grave: a licenciosidade, a malícia e a obscenidade de atrações desse gênero são, invariavelmente, ocasiões de pecado para os telespectadores. O cartão que lhe foi remetido solicita , única e tão-somente, que o Sr. , pelo amor às almas inocentes e de acordo com os princípios católicos , ajude-nos a defender a integridade moral de nossas crianças. E faz respeitosamente um apelo para que sua obra de evangelização não contribua para qualquer forma de entreteniment o qu e constitua ocasião de pecado . Aproveitamos o ensejo para ressa ltar que a campanha OANF, desde seus primórdios até o presente , tem por escopo alertar os brasileiros - os aderentes dela já atingem a cifra de 40 .000 , disseminados em 5 .000 cidades de todo o País - para a triste situação de decadência moral a que chegaram nossas emissoras de TV . Estamos cônscios de que a atuação de OANF concreti za precisamente o pensamento e a intenção de João Paulo 11, tão bem ex pressos pelas seguintes palavras pronunciadas para Prelados brasileiros: " Se eu tivesse que mencion ar, embora sucintamente, graves problemas que ameaçam a família brasileira , citaria ... o influ xo negativo da mídia, invadida por programas que não só rid icu larizam valores familiares como a unidade, a f idelid ade e a perenidade do casamento, ch egando até a preconizar o contrário" (Discurso do dia 9-6-90 aos Bispos brasileiros da Região Leste em visita ad limina apostolorum, "L'Osservatore Rom ano " , 10-6-90 , p. 5) . Essa re comendação pontifícia veio confirm ar um a posição que já era para nós um dever de consciência. Merece ainda um comentário de nossa parte a afirm ação constante em sua carta de que a Campanha OANF é feita "mediante formul ário s ditos de Participaç ão Ativa, destinados à arrecadação de recursos financeiros" . Com a devida vênia , informamo-lo de que nossa Ca mpanh a não visa arrecadação de recursos, mas somente manutenç ão e expansão da atu ação cont ra a TV imoral e violenta . Para isso, ela solicita uma contribuição financeira espontânea. Desse m odo podemos ating ir bom número de famílias, auxiliando-as a premunir seus filhos e neto s contra a corrupção televisiva. Estamos certos de que a presente contribuirá para desfaze r possíveis equívocos a respeito de nossa iniciativa. Pedindo sua bênçã o sacerdotal, subscrevemo-nos respeit osamente

Paulo Corrêa de Brito Filho Coord enador-Geral

L-:~===~==:=~=~=- ~=================================================================;1~===~=====:= _.= -= -= -= -= ~~~~~~~~~~~-=~======~~::::::=~=-=====~C-A ~T~O~L ~I:C~l~S~M~O~:Ju:l:h:o~d:e~t~g:g:g~.. .1

41


Mensagem de Fátima propaga-se no Peru

F

oi oficia lmente lançada em Lim a a Campanha O Peru precisa de Fátima. Seu fim : tornar a Men sagem de Nossa Se-

nhora conhec ida de todos os peru anos. No dia 13 de maio último, por ocasião do 82º aniversário da Primeira Aparição ele Nossa Se nhora de Fátim a, um concorrido ato - com a participação de 700 pessoas - foi realizado no auditório do Colégio Champagnat. Primeiramente houve a rec itação meditada cios mi stérios gozosos do Santo Rosário; depois uma conferência sobre a divulgação ela Mensagem de Fátima na Rú ssia e no Leste europeu, destacando-se o releva nte papel das TFPs nesse apostolado. Seguiu -se a explicação do plano ela nova fase dessa Campanha no Peru e um intervalo mu sica l - concerto de fl autas; finalmente, um "vinho de honra ". Todos os presentes, e ntusiasmados, consideraram um êx ito marca nte a Campan ha, estava m dec ididos a não poupar esforços para torn ar essa extraordiná ri a M ensagem co nhec ida e ntre as famí li as peruanas antes do fim do atual mil ê nio, be m co mo para que No sa Senhora cative o coração e a alma da nobre nação vizinha.

42

CATO L IC IS MO

Julho de 1999

1. Postal distribuído ao público: a Imagem tendo ao fundo típica paisagem peruana. 2. Numerosa assistência lotou o Auditório do Colégio Champagnat, por ocasião da Conferência do Sr. Valdis Grinsteins. 3. Encerrada a sessão, os presentes afluem junto aos stands de livros, interessados em melhor conhecê-los. 4. Dirigem-se também ao quadro de N a. Sra. de Fátima para rezarem na intenção do êxito da Campanha.

C ATOLICI S MO

Julho de 1999

43


f!

oder-se- ia faze r poeticamente a seguinte pergunta: no conjunto das fl ores que Deus criou, pode-se conceber uma fl or preta? E que re lação e la teri a com as harmoni as do universo? A raça negra certa me nte fo i be nefi ciada pe lo fato de mi ssionários cató licos exercere m na Áfri ca seu aposto lado e terem convertido à verdade ira Fé muitas pessoas. Além do que, o deslumbramento produzido pela civili zação ocide ntal levo u número considerável de afri canos a abandonar hábitos mil enares censuráve is e adotar estil o de vida menos di stante ele uma conversão.

*

*

*

Al guns pequenos fa tos ocorridos e m minha vida, mas com significado simbóli co, ilu s tra m o e ncanto qu e se pode discernir na cor preta e na raça negra. Certa vez, passea ndo de auto móvel, em Pari s - creio que ia a caminho do aeroporto - , atravessando alguns bairros peri fé ricos, encontre i numa loj a, exposto num a vi trine, um vaso com tulipas. O bonito e o pitoresco do vaso - com aquela nota pi cante que só os franceses sabe m dar - continha uma tuli pa preta. Em to rno de la, tulipas de um verme lho cor de sangue, amare lo dado a dourado e bra ncas, formavam uma po li cromi a e m que a cor preta era a nota firme, que dava encanto a todo o resto. Isso fez- me lembrar ela raça negra ...

*

*

*

Não posso me esquecer também ele ceita noite que ·ve ele passar no continente afri -

cano, em Dakar, capital do Senegal, numa de minhas vi agens à Europa, devido à escala do avião. Minha grande recompensa foi ver os negros. Dakar é uma grande cidade. Sob influ ênci a el a F rança, mod e lou-se muito, sem deixar ele ser uma grande cidade negra. Fui vi sitar um parque, juntamente com companheiros de viagem. De re pente, note i um certo movimento e percebi que era uma cele bridade que estava chegando. Realmente, cercada de um g rupo de o utros negros, seus co nte rrâneos, vinha uma mocinha, de uns 18 a 20 anos, na fl or de sua juventude portanto, preta como ébano . Podi a ser filh a ou so brinh a ci o B e m-a ve nturad o Pi e rre Toussaint... Estava vestida de tal modo que, creio, nunca me esquecere i e m minha vida .. . Um cor-de-rosa muito mimoso, muito leve, com panej amentos abundantes e um turbante da mes ma cor. Portava também miçangas com vidros coloridos que ela sacudi a, modo indireto de chamar a atenção. Era um liv ro africano com encadernação francesa ... A moça tinha aprendido man.tien [atitude ereta cio tronco e da cabeça]. Seus modos não eram a ltivos, mas dignos e di stintos, com desembaraço. Seu modo de sorrir afá vel, mas mantendo di stância, pareceu-me bem morali zado. E m torno ele si, mantinha uma atmosfera ele gracejo leve e inocente, como uma brisa vinda cio mar. Preste i atenção nos outros negros que estavam andando por ali . Eram altos, bem constituídos e com fi sionomi a séri a, portando um f ez: um chape uzinho e m form a de cone truncado, de um verme lho escuro, alguns de les ostentando no alto um po mpom preto. Os senegaleses usavam duas peças de roupa: as túni cas, que iam cio alto cio pescoço até as pl antas cios pés, de cores di ferentes, mas muito di scretas; e, por cima de las, uma cobertura para o corpo, sem

mangas, uma espéc ie de co lete, de a berturas bem grandes para deixa r passa r os braços, e não fec hada na fre nt . Toda essa indumentári a comuni cavalhes uma atitude que evocava um tanto a ele um professo r catedrático de uma gran de Universidade, quanto um pouco a lc janízaros*.

*

*

*

Isto posto, o que concl uir obr ara a negra? E la mani fes ta, em certa · c irc unstânc ias e ocas iões , uma capac id ade d ex pressão, que não é tanto a ela pa lav ra , mas sim cio po rte, do mov imento, do sto, do ri so e da compenetraç~o, qu Ih · dá um poder que é ele causa r invej a não querendo ofender ninguém - a mui tos po vos bra ncos. Eu seri a te ntado a di zer que a todos . Excetuo, entretanto, to lo mundo que queira se excetuar...

* Corpos ele infantari a regul ar cio exérci1 0 1ur ·o, que cons1ituíam a guarda cios ullõcs, cri11dos pelo Vizir H alil Pacha durante o rei nado do Sultão otomano Mura l ( 1319- 1389).

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP em 31 de maio de 1991. Sem revisão do autor.



A palavra do sacerdote

Após a exposição, na última edição, de algumas das táticas da ContraRevolução analisadas pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira (Revoluç o e Contra-Revolução, Parte li, Cap. V, nºs 2 e 3) transcrevemos a seguir uma de ouro: mais que procurar o domínio das multidões, convém conquistar as elites. Serão examinados também alguns dos meios de ação da Contra-Revolução.

4. Elites e massas na tática contra-revolucionária ·A Contra-Revolução deve procurar, qu anto poss ível, conqui star as multidões. Entretanto, não deve fazer disso, no plano imedi ato, seu objetivo principal, e um contra-revolucionário não tem razão para desanim ar pelo fato de que a grande maioria dos homens não está atualmente de seu lado. Um estudo exato da Hi stória nos mostra, com efeito, que não foram as massas que fizeram a Revolução. Elas se moveram num sentido revolucionário porque tiveram atrás de si elites revolucionárias. Se tivessem tido atrás de si elites de orientação oposta, provavelmente se teriam movido num sentido contrário. O fator massa, egundo mostra a vi são objetiva da Hi. tória, é secundári o; o principa l é a formação das e lites. Ora, para essa formação, o contra-revolucionári pode estar sempre aparelhado com os recu rsos de sua ação individual , e pod pois obter bons frutos, apesar ela ca r ·ncia de meios materi ais e técn icos com que, às vezes, tenha que lutar.

do de espírito derrotista de alguns de seus companheiros que, de antemão, abandonam a esperança de di spor deles porque os vêem sempre na posse dos filhos das trevas. Entretanto, devemos reconhecer que, in concreto, a ação contra-revolucionári a terá de se reali zar muitas vezes sem esses recursos.

2. Utililizar também os meios modestos: sua eficácia Ainda assim, e com meios dos mais modestos, poderá ela alcançar resultados muito apreciávei , se tai meios forem utilizados com retidão de espírito e inteli gência. Co mo vimos, é concebível uma ação contra-r vo lu-

8

cionári a r ·d u1/.ida à mera atuação in dividual. Mas não se pode concebê-la sem esta últim a. A qua l, por sua vez, desde que bem feita, abre a portas para todos os progressos. Os pequenos jornais de inspiração contra-revolucionária, quando de bom nível, têm uma eficácia surpreendente, principalmente para a tarefa primordial de fazer com que os contra-revolucionári os se conheça m. Tão ou mai s efi cientes podem ser o livro, a tribuna e a cátedra, a serviço da Contra-R volução. Transcreveremos no próximo mês advertências do Autor sobre alguns obstáculos que a Contra -Rovoluç, o deve elimi nar para atingir ou fim, na luta ideológica por ela ompro nclida.

Origem dos nomes Adão e Eva - a expansão da humanidade a Redenção - o espiritismo - a Arca de Noé

A realidade concisamente

1 O Jospin,

trotskista na juventude

Nossa capa: Fotocomposição do ateliê artístico de Catolicismo

Discernindo

12 A

verdade sobre a

Coluna Prestes: um roteiro

Vidas de Santos

de banditismo pelo Brasil Revolução e Contra-Revolução

2

O fator massa é secundário , o principal é a formação das elites

29 São

José de Calazans enfrenta dissidentes dentro de sua própria Congregação

Luzes sobre o Leste

14 Atuação

de Luci sul/'Est no longínquo Kirguistão

S.O.S. Família

Santos e Festas do mês

A Palavra do Diretor

16 Deixou

32

4

História

Página Mariana

18 Há

5

de ser proibido proibir ...

34 Penetrante

análise do Proj e to de lei sobre o desarmamento: ele beneficiará os bandidos

quatro séculos e meio São Francisco Xavier desembarcava no Japão

Nossa Senhora da Cabeça,

especial proteção contra a poluição mental de nossos dias

Entrevista

Internacional

Escrevem os leitores

38 Fidel

na Cimeira do Rio: de pretenso herói a Patinho feio

Leitura Espiritual

20

7

Tradição

TFPs em ação

21

40 Nova

A admirável fidelidade e submissão de São Francisco Xavier a Santo Inác io de Loyola

Alta Escola de Equitação:

chama viva da tradição lusa

Capa

Capítulo VI

22

Os Meios de Ação da Contra-Revolução

Ambientes, Costumes, Civilizações

De fender-se não é apenas u m direit o, mas um dever

44 Santa

Gema Galgani: excelsa dignidade no olh a r e no port e

1. Tender para os grandes meios de ação Em princípio, é claro, a ação contra-revolucionária merece ter à sua di sposição os melhores meios de televi são, rádio, imprensa de grande porte, propaganda racional, eficiente e brilhante. O verdadeiro contra-revolucionário deve tender sempre à utilização de tais meios, vencendo o esta-

campanha do DVCK contra o aborto na Alemanha

Coluna Prestes no interidr do M aranhão. A Coluna provocava pânico nas populações

Henri de La Rochejaquelein (1772-1794) - Pintura do Bnr o li 1/11 (11111) /,1111oso e heróico chefe das forças vandeanas que se leva11tar,1111 r.c)llf,n 11 1 1111/111 /1111 1/11 , r/11r,1nte a Revolução Francesa, entrou para a Históri,1 como 11111111 111/11111/,1 Ili 1111MII 1r111/ ,1 da França, que soube galvanizar forças aute11tl .1111 111 11111111/111 CATO LIC ISMO

Ag osto d e 1999

3


-------~------

PÁGINA MARIANA

-

Com a palavra ... o Diretor ~-

~

"

'

--

'

Neste mês comemora-se esta curiosa invocação mariana, reveladora da admirável misericórdia dAquela que é a Sede da Sabedoria

Amigo leitor,

Desarmamento .....:... imobilização dos homens honestos, favorecimento dos criminosos . Sob esse título, o Coronel do Exército de Cavalaria e Estado-Ma ior Carlos Antonio E. Hofmeister Poli (R I ), expõe aos leitores de Catolicismo, e m matéria de capa, a incompatibilidade do Projeto de lei enviado pe lo governo federal ao Congresso Naciona l sobre o desarmamento, com o que dispõ~ a Doutrina católica sobre a obrigação que cada qual tem de defender a si mesmo, seus próximos e os ben s que leg itimamente possui. Doutrina pela qual nossa revi sta sempre pautou sua conduta. O articulista demonstra como o desarmamento da população civil fere o direito e a obrigação que o chefe de família te m de defender os seus, como também os be ns que lhe pertencem, ressa ltando que o Projeto de le i implica num a violação de mandamentos do Decálogo. Analisando a função do Estado, o Cel. Poli lembra ainda que este deve atu ar apenas subsidi ari amente na defesa do indivíduo e da família. O exercíc io do direito de defesa cabe prime irame nte aos indivíduos. Dessa forma, o Estado deverá efetuar somente a regul amentação dos meios capazes para essa defesa, a rim de torná-la mais eficaz. Chamando atenção para o utro ponto importante, atinente ao desarmamento, o autor denuncia: certos programas de TV, no País, f"azcm propagan da de condutas crimi nosas; ao mesmo lempo, o governo apresenta Projeto de lei que tende a cli ri cultar a contenção do crime. Completam bem essa matéria de capa, a substanciosa entrevista do Ten. Cel. PMESP Paes de Lira e o penetrante artigo do Coronel do Exército de [nfantaria e Estado-Maior Mário Hecksher Neto (R I ). Assunto de atualidade que merece destaque nesta ed ição é também a pertinente análi se que José Carlos Sepú lveda da Fonseca, nosso enviado espec ial , faz da Cimeira, América Latina-Caribe-UE, realizada no Rio de Janeiro na última semana ele junho. O artigo mostra como Fidel Castro, na Cimeira, ao contrário do que era anunc iado, não fo i o clono ela festa ... Concluo com uma observação. Por que a mídia, em geral, não aborda os aspectos doutrinários nos temas por e la versados? Não estaria a opinião pública brasileira sendo submetida a um processo de anestesia mento, ele esvaziamento , tanto da lógica quanto de princípios doutrinário$? E, como conseqüência, não se mostra e la insensíve l a fatos e idé ias que outrora causar-lheiam indi gnação? Pense nisso, caro le itor, e comente. Comente muito em seus c írculos ele parentes e amigos o que ninguém comenta ...

E m Jesus e Maria

9:~.7 1>11u 1n11

4

CA 1

11

1S M O

.

A11o•to d• f 111111

LEO DANIEL.E

\

C

omo imaginar o altaneiro pico da Cabeça, situado na Serra Morena, em terras de Andaluzia? Provavelmente será, como tantas montanhas da nobre Espanha, rochoso, anguloso e seco. O fato é que a três léguas do pico encontra-se a cidade ele Anclújar, onde vivia um humilde pastor chamado Juan Alonso de Rivas. Vida movimentada experimentara esse Juan Alonso! Depo is ele participar das guerras entre os reis de Castela e os mouros, ficou cativo dos muçulmanos juntamente com seus pais. Tendo conseguido fugir, perdeu seu braço direito na evasão.

Uma provação - uma recompensa Corria o ano de 1227, e fatos ainda mais notáveis haveriam de acontecer na vida de Juan Alonso, que, sendo mutilado e sem poder carregar armas, retirou-se à Serra Morena para apascentar um pequeno rebanho de sua propriedade. Por diversas vezes ouviu ele, ao longe, o toque de uma sineta. O som parecia vir do alto ela montanha. O pastor não sabia o que pensar do misterioso chamado. Até que, na noite ele 12 de agosto, ouviu mais distintamente a sineta. Erguendo os olhos, viu uma luminosidade intensa e bela, que se difundia a partir do monte da Cabeça. Correndo maravi lhado para o local, deparou -se com uma gruta, da qua l provinham os raios de luz.

e AToLIe Is Mo

Agosto de 1999

5


Sobre as rochas estava uma belíssima imagem de Nossa Senhora. Juan Alonso, extasiado, caiu de joelhos. Uma voz dulcíssima, que parecia vir do Céu, se fez ouvir: - "Não temas, servo de Deus. Vai à cidade de Andújar, e diz a quantos encontrares que chegou o tempo de cumprir a vontade de Deus,fazendo erigir neste lugar um templo, onde se hão de operar grandes milagres em favor dos fiéis". Juan Alonso prometeu obediência, mas pediu um sinal para não ser tomado por visionário. Nossa Senhora lhe deu muito mais do que isso! Disse-lhe: - "Vai, o testemunho de tuas palavras será o braço perdido que te restituo". Imediatamente, ele vê perfeitamente são o braço que havia perdido ao escapar dos mouros! Esse milagre serviria de prova em face daqueles que duvidassem da veracidade de suas palavras. Sem conter sua alegria, Juan Alonso correu ao povoado para narrar o ocorrido. Como todos conheciam o pastor aleijado, que fora mutilado pelos infiéis, o milagre entusiasmou o povo, e logo se organizou uma procissão até o local da aparição, tendo à testa o Vigário e as autoridades do lugar. Uma bela igreja foi edificada, e a Virgem, sob a invocação de Nossa Senhora da Cabeça, tornou-se a Padroeira da cidade.

Propaga-se a devoção na Espanha ... Maria Santíssima será invocada sob esse título em outros locais da Espanha. Conta a tradição que alguns soldados procedentes de Andújar levavam sob sua proteção uma cópia da imagem da Virgem da Cabeça. Quando passaram na vi la de Casas Ibáfiez, os soldados pediram abrigo para si e para a imagem. A população prontamente os acolheu. Uma vez restabelecidos, prosseguiram viagem. Com o objetivo de agradecer a hospitalidade, deixaram a imagem na casa de alguma daquelas famílias que foram tão receptivas. Os ibaneses, sensibilizados com o presente e 6

CATOLICISMO

agradecidos pelos favores que começaram a ser concedidos pela Virgem Maria, resolveram construi-lhe uma ermida. A imagem passou a ser propriedade de todos e seu culto difundiu-se pelas redondezas.

... e chega ao Brasil No Rio de Janeiro, em sua ex-catedral, ainda hoje se venera uma imagem de Nossa Senhora da Cabeça, à qual os devotos oferecem ex-votos em forma de

Azulejo representando N . Sra. da Cabeça, que se encontra no exterior da Igreja da rua Taba tingüera, na capital paulista

cabeças de cera de todos os tamanhos. Tal devoção data dos tempos da fundação da cidade. Também na capital paulista há uma simpática e acolhedora igrejinha, próxima ao centro da cidade, à rua Tabatingüera, onde se venera uma imagem [foto da p. 5] de Nossa Senhora da Cabeça - igreja do Menino Jesus e Santa Luzia. No Brasil, em geral, ela costuma ser invocada para males que atacam o cérebro. Os fiéis qu · padecem de cefaléia e as mães de filhos com problemas escolares tamh 111 u l'111 recorrem para a solução d' s ·us mnles.

Agosto dB 19'99

Essa invocaçã ela Santíssima Virgem sugeriria ai nela uma proteção especial cm relação à parte mai s nobre do corpo humano, tão afetada pelo "mal du siecle" - ou seja, p los desequilíbrios mentais e psíqui cos que se vêm tornando como qu endêmicos cm nos os dias - e por tudo ele mal que pensamos e fazemos . Suave lembrança, leve alusão.

Embora in extremis, intervenção salvadora Mas um fato muito digno de nota viria reforçar tal insinuação. Um nobre senhor, condenado à pena de morte, fez o voto de depositar uma cabeça de cera aos pés da sagrada imagem, se a Virgem o salvasse. No dia da execução, estando já o carrasco a postos e a multidão reunida na praça, toda esperança parecia afastada. Eis que se ouve o reboar de uma cavalgada e chega em grande galope um mensageiro do Rei, portando a graça a.o condenado! Em cumprimento de seu voto e em recordação desse extraordinário acontecimento, nos santuários dedicados a Nossa Senhora da Cabeça representase a Virgem trazendo nas mãos uma cabeça. A cabeça do nobre? Com certeza. Mas quando vejo a piedosa imagem, confesso que penso na minha. Todos somos, um pouco mais, um pouco menos, réus de morte. Quando mais não seja, do Homem-Deus que morreu em nosso lugar, e de Nossa Senhora, que sofreu todas as aflições da agonia de Seu Fi lho. Além disso, de nossa cabeça proccd 111 nosso pensar, ajuizado ou ins nsato, r·to ou imoral; nosso ver, ouvir, s ·ntir, e todos os nossos movim ·ntos . Assim, m1o Sl r/1 11rn11 ouvirmos, na ima.ginaç.o, 1111111 Vl'/, 1111iis r ·hoar nas p dras cio l'lll,·111111·1110 o 1•1dop1: cio cavai ·iro (llll' trn1, 11 p1.i,·11 do Rl·i dos Reis, des111 Vl'/ p1111111osl Prn t11d111~1,0 111111111 ~l'l'II <k mais cla11111111111, No · 11 S1·11l111111 dn abeça, 1np111 prn 1111. ♦

Um grande mestre que se tornou discípulo Esta é m a is uma das maravi lh as da Santa Igreja Católica, rep roduzida na vida do admirável São Francisco '\s'Ul~:,::_::::rXavier (1506-1552), a quem foi atribuído o título glorioso de Patrono das Missões cató li cas. Comemora-se neste m ês o 450º . aniversário de sua c hegada ao Japão. De nobre estirpe espanhola, inte lige nte, o futuro lh e e ra promissor. Aos 27 anos lecionava na famosa Uni versidade de Paris, no Quartier Latin, quando ne la ingressou um misterioso universitário, usando trajes estranhos para o gosto de Francisco Xavier e já próximo dos 40 a nos: In ác io de Loyola. Sobre e le corria toda sorte de boatos. Chamado por Deus para fundar a Companhia de Jesus, In ác io não tardou em discernir, em seu ta lentoso e jovem professor, uma grande vocação re li giosa. Como a abo rdagem não e ra fácil, a Providência co locou a inter m e-

sniritual

" .... Eu irei imediatamente apresentar-me ao imperador, depois às academias e às universidades, e ali espero fazer triunfar o Evangelho! " .... Logo que me veja estabelecido em meio daquele povo, por-vos-ei ao corrente de seus costumes, da sua literatura e do sistema do seu governo. Farei mais, darei esses esclarec imentos minuciosos à Universidade de Paris, para que ela os transmita às outras Universidades da Europa .... "Não tenho expressões para vos descrever a alegria que sinto quando penso nesta empresa! Ver-me-ei exposto aos maiores perigos que o Oceano pode oferecer: o das tempestades, que são freqüentes e terríveis naquelas paragens; o dos escolhos, dos bancos de areia, dos ventos e das vagas que são temíveis naqueles mares desconhecidos, com pilotos inexperientes; finalmente o dos piratas que infestam aqueles perigosos mares. "Os perigos dessa travessia são tais, que os nossos marinheiros se consideram muito felizes quando podem salvar um navio por três que se arriscam.

diação de outro notáve l espa nhol, Pedro Fabro, por quem Francisco Xavier tinha grande apreço e com o qual compartia um quarto na Universidade. Visando o bem da a lm a de Francisco, consegu iu Pedro Fabro convencê- lo a aceitar In ác io como terceiro compan he iro de quarto. Aquiesceu, com a condi ção de que o novo morador não importun asse seu repouso com o infati gáve l e incômodo 11Quid prodest!", ou seja, com a inspirada pergunta que foi a chave para a conve rsão de Francisco Xavier: 11De que serve ao homem ganhar o

Universo, se ele vier a perder a sua alma ?

11

Deus e Nossa Senhora estavam fel izmente do lado de In ácio. Uma vez operada a conversão do mestre, transformou-se Francisco Xavier no gra nd e Apóstolo do Oriente e discípulo fiel de Santo Inácio de Loyola, a quem esc reveu, pouco antes de c hegar ao Japão - entre muitas outras - a enlevada e fogosa ca rta que abaixo reproduzimos. Àquele Oriente lon gínquo ao nde fora levar a mesma Fé que o in cêndio protestante da pseudo-reforma procurava extin gu ir na Europa.

Quadro de São Francisco que se encontra no altar da igreja da cidade de Xavier, na Espanha

"Tudo isso mais me anima. Deus dáme uma tal convicção de que arvorarei a Cruz de Jesus Cristo sobre aq uele solo pagão, que não recua.ria por maiores que fossem ainda os perigos! Podereis julgar das razões desta convicção pelas memórias que eu vos env iar sobre aque le país. " .... Vós praticareis uma boa ação, bem agradável a Deus e a todos nós que estamos em exílio tão longe de vós, escrevendo-nos uma carta de instruções espirituais, uma carta que fosse como que o vosso testamento , pela qual legaríeis aos vossos filhos das Índias as riquezas espirituais que tendes recebido de Deus tão abundantemente. "Fazei-nos, eu vos rogo, essa caridade, se o vosso tempo puder prestarse aos nossos desejos!

" .... Para mim, não vos peço ma.is que uma graça, e é de designar um dos nossos Padres para celebrar, durante um ano, o santo sacrifíc io em São Pedro in Montório, onde o santo Apóstolo foi crucificado , e de me dar, por um dos nossos, notícias circun stanciadas sobre a situação da nossa Companhia ... "Oh! vós, meu venerável Padre, que sois verdadeiramente o pai da minha alma! É de joelhos que eu vos escrevo, como se estivesse junto de vós; é com os dois joelhos em terra que vos conjuro que insteis com a divina Majestade, em todas as vossas orações, e em vossos santos sacrifícios, que me faça conhecer a sua santa vontade, até que eu tenha um sopro de vida, e que me dê forças para a cumprir! "Peço o mesmo socorro a todos os nossos Padres e Irmãos. "Vosso filho e servo em Nosso Senhor - Francisco Xavier." ♦ (São Francisco Xavie,; Apóstolo das Índias J.M.S . Daurignac, Livraria Apostolado da Imprensa - Por10, 1959, 5" edição, pp. 3 14 a 3 17).

eAToLIe Is

M

o

Agosto de 1999

7


Criação do homem 2 . No princípio "Deus disse: Faça mos o homem à nossa imagem e semeCônego lhança .... e criou JOSÉ LUIZ VILLAC Deus o homem à sua imagem; e criouos varão e mulher .... e disse: Crescei e PERGUNTAS multiplicai-vos, e enchei a Terra , e 1. Gostaria de saber sujeitai-a" (Gen. 1, 26-28). Foi consi o verdadeiro signifiderando que Adão estava muito só, e decado dos nomes Adão e Eva? sejando já a magnífica multiplicação da 2. Como foi que se deu a expansão da huespécie humana que, de uma de suas manidade sobre a Terra? Podia haver casacostelas, Deus criou Eva. Por isso, crioumento entre irmãos no início da Criação? os já homem e mulher, como futuros e 3. Jesus Cristo afirmou que só por seu inúnicos pais de todo o gênero humano. termédio chegar-se-á ao Pai. Assim sendo, pergunto: após o Antigo Testamento, que Depois do pecado original foram exlugar está reservado para todas as milhões pulsos do Paraíso, com a ordem de Deus: de pessoas que morrem neste mundo e que "Crescei e multiplicai-vos". Evidentenão vivem segundo os ensinamentos do Dimente primeiro tiveram filhos e filhas. vino Mestre? Assim, nasceram Caim o primogênito, 4. Peço que esclareça se o espiritismo é Abel e Set que preencheu a falta de Abel. religião, pois muitos seguem o espiritismo "E, depois que gerou Set, viveuAdão 800 pensando que faz parte integrante da Reli- . anos e gerou filhos e filhas" (Gen. 5, 4). gião Católica. Por que temos espírito? Estes casaram-se entre si, gerando outros 5. É verdadeiro tudo o que vem relatado na filhos e filhas. Estes últimos, por sua vez, Bíblia sobre a Arca de Noé? casaram-se com primos-irmãos, gerando nova geração, e assim por diante. RESPOSTAS Não houve incesto no caso dos primeiros irmãos casando-se entre si, pois Adão e Eva havia o mandado de Deus e a geração 1. O significado exato do nome Adão só podia proceder-se desse modo. É bem é duvidoso. De si, em hebreu adam sigclaro que, à medida que foi crescendo o nifica homem. Como ele foi feito do bargênero humano, isso não mais se deu , a ro (Gen. 2,7), muitos fazem uma relanão ser com a decadência moral da hução com outro termo hebreu, adamah, manidade. Por exemp lo no caso dos solo, terra, de onde darem a Adão o sigIncas, que só se casavam entre irmãos nificado de nascido da terra ou o terroso. para conservar "puro" o sangue "real" Deus, ao castigar Adão pelo pecado, diz: na mesma família, bárbaros como eram, "Com o suor do teu rosto comerás teu em muitos aspectos, inclusive ignoranpão até que retornes ao solo, pois dele do todos os problemas que normalmenfostes tirado. Pois tu és pó e ao pó te surgem da união consangüínea próxiretornarás" (Gen. 3,19). ma, os quais levam à degenerescência Em latim, homo (homem) também da prole. Não são de admirar, pois, abertem como etimologia o nascido da terrações muito maiores, como o homosra (humus). sexualismo existente entre eles, os saQuanto a Eva, diz o Livro do Gênecrifícios humanos em massa seguidos de sis: "O homem chamou sua mulher canibalismo, etc., práticas corriqueiras 'Eva', por ser a mãe de todos os viventambém nas tribos indígenas íbero-sultes" (3,20). Seu nome (havvah, é expliamericanas antes do Descobrimento e cado pela raiz hayah, viver e relacionaEvangelização das Américas. do com hyya dar a vida. Pode-se dizer An unciação (detalhe) - Frn AnqNlro então que Eva significa (aquela) que dá (séc. XV), Museu do Prado, M adrl (Es11,111h,1) a vida, como se deduz da intenção de D epois do f)C!C,1do or/1fl11,1/, Adão e Eva fo ram exvulsos ,lo P,11,1/,11 Adão ao dar-lhe esse nome.

a

eAT o LIeIsM o

Agosto de

t 999

Redenção universal de Nosso Senhor 3. O sacrifício e a Redenção de Nosso Senhor Jesus Cristo foram universais, valendo para todos os tempos e lugares; para os que viveram antes dEle, com Ele e depois dEle. Os justos do Antigo Testamento salvaram-se em previsão e pela ap li cação dos méritos futuros de Jesus Cristo. Permaneceram aguardando no limbo dos Patriarcas até o Redentor abrir as portas dos Céus para todos os que, até a consumação dos sécu los, aproveitariam dos referidos méritos, adquiridos mediante Sua Paixão, Morte, Ressurreição e Ascensão ao Céu .

As pessoas que não vivem segundo os ensinamentos de Nosso Senhor e morrem nesse estado de pecado mortal , exceto por uma graça toda especial e gratuita que os mova a uma inteira reconciliação com Deus, vão indiscutivelmente para o inferno. Em se tratando de pessoas que nunca tiveram oportunidade de conhecer os 10 Mandamentos e o ensinamento de Nosso Senhor Jesus Cristo, salvam-se os que viveram segundo os ditames da reta consciência, desejando fazer sempre aquilo que Deus quer, e unindo-se portanto, através do batismo de desejo, à Igreja Católica, fora da qual, depois de sua fundação, para ninguém é possível salvar-se (cfr. Pio IX, "Singulari quadam"). Todas as graças concedidas atualmente, o são em função da Igreja, fundada por Nosso Senhor para ser a Arca da Nova Aliança, o meio necessário para a salvação. Tais pessoas que se uniram místicamente à Igreja, entraram para essa Arca bendita. Aqueles que rejeitam os ensinamento s de Cristo, os que vivem como se Deus não existisse e voltados apenas para seus prazeres e apegos, não podem esperar alcançar a bem-aventurança eterna a meno que se arrependam e se convertam.

Espiritismo é superstição 4. O espiritismo é uma superstição e uma falsa religião. Catolicismo e espiritismo são termos contrad itórios. O cató1ico que, com pertinácia, adere e freqüenta sessões espíritas, deixa de ser católico e é excomungado como herege. O espiritismo não tem nada em comum com a Igreja Católica. Sua doutrina baseia-se em falsas idéias filosóficas e teológicas que contrariam o Dogma Cató lico. Assim, apenas para dar um exemplo, o espiritismo, mediante a fantasiosa teoria da "metempsicose ", contraria a Sabedoria e a Providência de Deus, e também sua Justiça e Misericórd ia, afirmando que as almas se reencarnariam sucessivamente em outros corpos que não o seu ou mesmo em animais , tendo infinitas vidas sucessivas, com os conseqüentes padecimentos e dificuldades dessas vidas. Em vez de serem julgadas de uma só vez por seus atos bons e maus e receberem o prêmio ou o castigo merecidos por seus atos

Após o dilúvio, Noé, sua mulher, seus três filhos e as três noras saem da Arca

pessoais, tais almas - segundo essa fantasiosa teoria - iriam tendo essas existências sucessivas para irem se purificando nesta Terra. Trata-se de um absurdo, pois, sendo Deus a suma Justiça e a suma Misericórdia, premia ou castiga cada um conforme seus méritos ou suas culpas próprias, e não por causa de fatos ocorridos em outras supostas encarnações. Por que iria o C riador submeter o homem a infindas reencarnações nesta Terra e, mais absurdo ainda, dar-lhe aspectos ora de animal, ora de pessoa humana? O homem é um composto de corpo e alma feito à imagem e semelhança do Criador. Cada alma é criada diretamente por Deus para unir-se a determinado corpo, não podendo, por disposição divina, unir-se a outro corpo para o qual ela não foi criada. Muito menos a um corpo de animal!

Existiu a Arca de Noé? 5. Sim, o fato é verdadeiro, pois as Sagradas Escrituras são uma das fontes da Revelação. E, como C<!_tólicos, devemos acreditar naquilo que nos foi revelado por Deus, ou através da Sagrada Escritura (palavra escrita), ou através da Tradição apostólica (palavra falada). Portanto houve o dilúvio que foi universal e baniu da Terra todo o gênero humano, com a exceção de poucas pessoas: o Patriarca Noé, sua mulher, seus três filhos

e as três noras. E houve a Arca da Salvação: a ARCA DE NOÉ. É fato histórico e faz parte da Revelação. Nos Livros Sagrados há também elementos figurativos, a respeito dos quais os especialistas, os exegetas - por meio ele comparações com circunstâncias análogas, com expressões empregadas na Sagrada Escritura em outros contextos etc., etc., quer dizer, depois de muito estudo -dão a interpretação que a Igreja adota como oficial. É a interpretação autêntica, que sendo destilada ininterruptamente desde os tempos apostólicos, passando pelos Primeiros Apologetas, Padres da Igreja, Doutores da Igreja e chancelada pelo supremo Magistério, chega até nós e nos é proposta. Assim age a Santa Madre Igreja para que não caiamos no erro dos protestantes, pois Lutero diz que cada um pode interpretar a Bíblia como bem entender. É a "teologia " do livre-exame. O resultado disso manifesta-se nas milhares de seitas protestantes - às vezes subdivisões de uma subdivisão, e assim por diante-, que pipocam pelo mundo afora. Como diz a Sagrada Escritura que "o número dos estultos é infinito", hoje em dia basta um malabarista qualquer alugar uma garagem e inventar um nome chamativo para sua "igreja", que ele atrai uma multidão de irmãos ... Todos eles com a Bíblia na mão ... naufragam nas águas do livre-exame. ♦

eAToL Ie Is Mo

Agosto de

t 999

9


• • • • • • • • • • • • • • • • •

APós meio século, esquerda perde Bolonha A esquerda italiana sofreu uma das mai s impress ionantes derrotas eleitorais da hi stóri a política do país no pós-guerra, perdendo o controle da cidade de Bolonha, pel a primeira vez desde 1945. Este revés representa tremendo golpe para M assimo D' A lema, o ex-comuni sta que se tornou primeiro-ministro há nove meses. A prefeitura de Bolonha, a Vermelha foi ganha pelo bl oco de centro-direita, em eleição municipal bastante disputada. A lém de Bo lonha, outras administrações consideradas bastiões da esq uerda, co mo A rezzo e Pádu a também foram incorporadas pela coalizão direitista. A derrota do cand idato do parti do de D' A l ema [foto abaixo] é o mais recente sinal da turbu lênc ia em que mergulha a coali zão de

• •

• • • • •

• • • • • • •

• •

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

Brasil-Império reluz na Cimeira O salão privativo dos Chefes de Estado, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, onde se reali zaram em 28 e 29 de junho úl timo as reuniões da C imeira América L atina e Caribe - U ni ão Européia, proporcionou um passeio pelo barroco da época do I mpério , comenta o quotidiano carioca "O G lobo" (66-99). Barroco ambientado pelo antiquári o A rn aldo Danemberg, com pinturas de pai sagens, flora e fa un a do Brasil em cinzeiros e cache-pots, de autori a da Pri ncesa Dona M ari a Gabriel a de Orléans e Bragança. D ispostos ao longo do sal ão de 300 metros quadrados, móveis hi stóricos brasil eiros dos museus Castro Maia e H i stóri co N acional da cidade: mesas de bolacha e torneados, mesas em curvas e em talh as. A l ém de um tape te arraio lo enorme, col ocado sob a mesa do I mpério, do gabinete da Princesa Isabel , onde ela assinou a Lei Áurea. ♦

10

CATO LICISMO

Agosto d e

't 999

No Oregon, eutanásia lou suicídio?) legalizada Todos concordam que a vida não tem preço. E quanto custa ria a morte de um paciente no hospital? O Depa rtamento de Saúde do Estado norte-americano do Oregon resp o ndeu: 45 dólares ... Pelo menos é esse o valor que o governo desse Estado da costa oeste dos Estados Unidos paga por paci ente terminal que deseja participar do programa de suicídio assistido, aprovado em referendo popular . Isso mesmo! No Oregon, o governo financia os custos hospitalares de quem deseja suicidar-se com a ajuda de um médico. Dois doentes terminais de Portland, a principal cidade do Oregon , já morreram à custa dos cofres públicos . Até janeiro passado, 23 pessoas haviam sido legalmente mortas por médicos no Est ado. Quinze delas optaram por receber injeções letais. Numa sociedade neopagã, em que as pessoas já perderam o senso do próprio ser, tendo embotado o instinto de conservação, suicídio, eutanásia e aborto andam de braços dados ... Trata-se ademais de pecado grave contra o 5 ° Mandamento da Lei de Deus: Não

matarás.

Decálogo em colégios norte-americanos A Câmara dos Deputados dos EUA aprovou, após longos debates a respeito de Deus, de arm as e de assass inatos em escol as, uma recomendação para que os colégios di vulguem os 1O Mandamentos, ao m esmo tem po q ue rep r ee nd eu Holl y wood pelo excesso de violência em filmes. A decisão constituiu uma vitóri a dos conservadores, que são contrários ao controle da venda de armas. Ótimo exemplo a ser imitado pel o nosso Congresso Nacional , que dentro em breve deverá votar um Proj eto de lei estabelecendo o desarmamento da popul ação. Cabe a pergun ta: os bandi dos serão também desarm ados? ♦

ce ntro-esquerda. O pri ll"!eiro-minis tro admi tiu que o res ultado é

"grave e do loroso". O candi dato a prefeito de centro-direita recebeu 50,6% dos votos . Sua vitóri a ocorre em um momento de crescente confusão quanto à identidade e ao futuro da coai izão governi sta. ♦ e

A

,

,

BREVES: . RELIGIOSAS Romaria de motociclistas à Aparecida O Sindicato dos Motociclistas do Estado de São Paulo promoveu em maio último a 17ª Romaria em homenagem a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira dos motociclistas. Reunindo-se a partir das 6 horas da manhã na Marginal do Tietê, rumaram em direção ao Santuário cerca de 70 mil motociclistas, chegando ao local por volta do meio dia. Houve então celebração de Missa campal e a tradicional bênção dos capacetes e motocicletas. _J

Marxismo duro e marxismo light O Comitê do Partido Comunista de Havana mandou retirar os crucifixos de 1Onovos carros fúnebres doados recenteme nte pela Itália a Cuba, apesar da oposição manifestada pelos funcionários do organismo estatal cubano Serviços Necrológicos. Ass im, Fidel Castro, o marxista duro, "agradece" os presentes que recebe, apesar de toda boa vontade do governo italiano . D'Alema, primeiro-ministro da Itália e ex-comunista, ainda não ordenou a retirada de crucifixos dos carros fúnebres da península ... Lá, o marxismo é light. _J

Pólen da Terra Santa no Santo Sudário Segundo declarações de cientistas israelenses, em 15 de junho último, o Santo Sudário de Turim - mortalha que envolveu o Sagrado Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo após a Crucifixão -tem resquícios de plantas e pólen que só existem na Terra Santa. Uma prova a mais de sua autenticidade, a somar-se a tantas outras! _J

To L I e I s Mo

Agosto d e 1999

1 1


DISCERNINDO, DISTINGÜINDO, CLASSIFICANDO

Algodão doce, pipoca e Coluna Prestes Cai mais um mito revolucionário: a Coluna Prestes {1924-1927} assemelhava-se a um bando de salteadores. É o que mostram documentos inéditos deixados por Juarez Távora - o segundo dos chefes da Coluna - e depoimentos de pessoas que viveram aqueles acontecimentos e. A. os meus tempos de criança, faziam parte da paisagem das ruas de São Paulo uns vendedores de guloseimas que empurravam carrinhos de mão. Em torno deles aglomerava-se a garotada. Fabricavam algodão doce, alguns; outros vendiam quitutes diversos ou então cartuchos de pipoca. Mais até do que saborear o quitute, era atraente contemplar aquele fabrico primitivo e pitoresco, em plena rua. Era o algodão que saía de um tubo e formava um maço volumoso e branco na mão do vendedor; ou ainda o milho que, ao calor do fogo, virava do avesso e saltava, estralando, em forma de pipoca. Mas na hora de levá-los à boca, tanto a pipoca quanto principalmente o algodão doce me pareciam algo frustros. Faltava-lhes substância; não tinham consistência. De onde a tendência da criançada de ingerir grandes quantidades daquilo que prometia mas nunca saciava. Acabaram, ou quase tanto, aqueles vendedores com seus carrinhos ambu lantes. Acabou sobretudo aquela garotada ingênua e alegre, para a qual tudo era motivo de felicidade inocente. Hoje, as crianças têm que esco lher entre serem torturadas pela televisão em casa, formarem gangues perigosas na rua, ou aprender nas escolas as piores aberrações sob o eufemismo de educação sexual. Pobres crianças de hoje!

N

Arquivos e depoimentos esclarecedores De tudo isso me ficou uma recordação saudosa. E a partir desta, naturalmente, surgem analogias. O mjlho que pula, virando pipoca ao calor do fogo, lembra certos mitos revo lucionários lan9ados ao ar, em clima de aquecimento, como é o caso da Coluna Prestes. fmpressionam pela propaganda que deles se faz, mas quando se vai exam iná-los de perto, são mais frustrantes do que o algodão doce que se dissolve na boca sem deixar conteúdo. Só que o dito algodão, no paladar ainda deixa açúcar, enquanto os mitos revolucionários segregam apenas azedume e amargor. Os "heróis" da Coluna Prestes, recebidos com festas,

12

e

A

To LI e Is Mo

Agosto de '1999

ram recentemente abertos ao público pelo Centro de Pesquisa e Documentação (Cpdoc). E o que se constatou? "Marcha de horrores", qualifica justamente a revista "Veja" (9-6-99) logo no título de sua reportagem a respeito. Foi entre 1924 e 1927 que esse exército revolucionário, que na sua melhor pe,formance reuniu apenas 2 mil homens, bateu perna pelo Brasil adentro como um assustador fantasma coletivo, passando por 11 Estados. Praticavam saques e violências à maneira de bando de salteadores. A revista informa que 28.000 cartas, manuscritos , mapas e fotos compõem o arquivo de Távora - abrangendo mais de 60 cios 77 anos de sua vicia - , morto em 1975. "Retratam. o cotidiano da Coluna Prestes com a maior riqueza de detalhes", informa a antropóloga Luciana Heymann, coordenadora do setor ele documentação do Cpdoc. É um acervo respeitável! Os documentos agora vindos a público comprovam o que antes fora atestado pela transmissão oral dos habitan tes das cidades percorridas pela Coluna. Cartas enviadas ao comando cio movimento por autoridades locais, padres e moradores relatam as atrocidades cometidas. Mesmo integrantes do chamado exército revolucionário (outro nome ela Coluna Prestes) denunciaram por escrito os abusos cometidos, que incluíam até o estupro de "senhoras indefesas".

Povo pobre é reduzido à miséria pela Coluna

Comando da Coluna Prestes (foto de autor desconhecido, 1925). Sentados, da esq. para a dir.: luiz Carlos Prestes (3° ), Miguel Costa e Juarez Távora, proprietário dos documentos

fogos e música pelas populações das cidades por onde passavam, como se tentou impingir goela a dentro à opinião pública nacional, já vão sendo desmitificados. E era bem tempo. Na verdade, tratou-se de um bando de comunistas que aterrorizavam nossos pacatos habitantes cio interior, de modo não muito diferente do que fazem hoje os guerri lheiros colombi anos ou os invasores profissionais do MST. Só que os tempos eram outros, e eles não se beneficiaram de tantas cumplicidades cm altos escalões da política, da mídia e do Clero de e qucrda, como as que gozam os atuais subversivo . Os arquivos ele Juarez Távora - o segundo homem no comando ela Coluna depois de Luiz Carlos Prestes - fo-

O pânico que a Coluna comunista gerava nas populações era tal, que os moradores fugiam apavorados à aproximação de suas tropas. Um habitante ele Porto Nacional, norte ele Goiás, Cel. João Ayres Joca, escreve: os habitantes vivem na "apreensão com a aproximação da Coluna" e, apesar das garantias dadas pelos chefes, "não se pôde impedir o esvaziamento quase completo da cidade". Os saques promovidos pelos componentes do exército revolucionário estavam à altura do medo da população. O padre dominicano José Maria Amorim, Prior do Convento de Santa Rosa, em Porto Nacional, assim relata a passagem dos comunistas de Prestes: "A passagem da Coluna revolucionária através de nossos sertões e por nossa cidade tem sido um lamentável desastre que.ficará por alguns anos irreparável. Em poucos dias, nosso povo, na maioria pobre, viu-se reduzido à miséria". Um dos líderes do movimento revolucionário, Miguel Costa, escrevendo a um subordinado seu, chefe de destacamento, admite a ladroagem, a sanha e a bebedeira dos integrantes da Coluna: "Envergonha não só a nossa causa como o Brasil. Além do roubo e da tentaliva de incêndio, ficou provado o excesso nas libações alcoólicas".

Outro integrante do movimento, capitão Antonio Teodoro, assim se exprime: "Na retirada de Catanduvas (no Paraná), os habitantes da Vila Benjamimjáfalavam contra os saques cometidos pelos soldados revolucionários. Até mesmo no Paraguai se pratica saque. No Mato Grosso, os saques e os incêndios eram freqüentes, sem motivos que os justificassem. Tropa que diz bater-se pela liberdade dum povo não pratica incêndios, saques e não viola senhoras indefesas, como até aqui se tem praticado ". E mostra a conivência do comando: "Os culpados foram punidos'! Não! Não se encontraram responsáveis. Por quê?". Mas não é só nos documentos deixados por Távora que existem essas provas. Ainda estão vivas testemunhas de tais atrocidades. Em Rio Bonito (hoje Caiapônia, em Goiás), relata Sebastião Zacharias de Andrade, 91 anos: "Tinha notícia [emjulho/1925] que os revoltosos vinham chegando, matando criança e destruindo tudo; o povo revoltou e fugiu para os matos" ("O Estado de S. Paulo", 13-6-99). O saldo da passagem da Coluna por Rio Bonito foi terrível. Balearam um surdo-mudo; cerca de 30 homens atearam fogo em duas fazendas. O Pe. José Senabre Sanroman registrou nos livros da igreja: "Recomendação para que se faça um tríduo de preces públicas para obter de Deus a paz e a tranqüilidade na Diocese de Goiás, infelizmente agora invadida por hordas de bandidos. Invadido, pois, o município e de posse da cidade, os revolucionários praticaram toda sorte de depredações e violências, roubando, saqueando o comércio e fa zendeiros, incendiando casas e fa zendas e assassinando vítimas ignorantes, dando em resultado um prejuíza incalculável para o desventurado, pobre e .flagelado município de Rio Bonito, ficando grande número de famílias na fome e sem roupa".

A Coluna Prestes e os "movimentos sociais" Como foi possível que, nestes últimos anos, livros escolares e até livros de História tidos como sérios, a mídia, a propaganda em geral apresentassem a Coluna Prestes como um movimento de idealistas, ocultando a realidade evidente? Só se explica, a nosso ver, pela parcialidade gratuita e absurda em favor da ideologia comunista, que infelizmente tomou conta de grande parte ele nossas elites intelectuais e mediáticas. Aliás, não temos diante de nossos olhos essa mesmíssima parcialidade, exercendo-se, também contra toda evidência, em favor do MST, dos movimentos comunistas de sem-teto e de outras organizações de esquerda, todos eles agora pintados com o rótulo cor-de-rosa de "movimentos sociais"? ♦

e AToL Ie Is

M

o

Agosto de t 999

13


LUZES SOBRE O LE nhar. Ela têm agora liberdade de prosperar numa terra prom issora. Praticamente não há católicos no país. A população divide-se entre muçulmanos e cismáticos. Mas, admitem sem dificuldade: "Somos na realidade ateus". Em certa ocasião, perguntei a urna das pessoas que nos acompanhavam a respeito de sua religião. Surpreso, indeciso, não sabia como responder a tão inusitada pergunta. "Sou muçulmano", murmurou hesitante. "Na realidade, sou ateu", completou. Compreendi que falar de religião numa ex-república soviética ainda era muito inusitado.

Desde a queda do Muro de Berlim, a Campanha Luci Sull'Est (Luzes sobre Leste) que atua na Itália, se empenha em amparar os povos até então escravizados pelo regime bolchevista. Coube a nosso enviado especial, Dr. Nelson Ribeiro Fragelli, a missão de colaborar na tarefa de recuperação moral e espiritual dos kirguizes. Ele envia-nos significativo relato de sua viagem ao Kirguistão Bishkek - A primeira impressão que se tem ao chegar a Bishkek, a capital do Kirguistão, é a de tranqüilidade de vida. Pouca gente percorre suas vastas avenidas. Os raros carros, por serem velhos, são lentos. Mas mesmo tais veículos despeitam nos ocidentais a simpatia que, entre nós, se tem pelos antigos modelos, tão menos pretensiosos e mais divertidos do que os últimos tipos. As pessoas são afáveis, calmas e simpáticas. Sente-se nelas um estilo de ser honesto, que não vem dos modelos convencionais propalados pelo cinema ou televisão e que tanto afligem os espíritos ocidentais preocupados em estar na moda. Nada curiosas, são entretanto natmalmente atenciosas. Cativam pela alegre presteza com que atendem o visitante. O Kirgui stão é um país independente desde a dissolução da malfadada União Soviética, há cerca de 10 anos. Situado na Ásia Central, ao Norte da Índia, confinando com a China, a terra dos kirguizes é montanhosa, árida, com lagos de uma beleza deslumbrante, alojados entre montanhas, a 2 mil metros de altitude. O povo, outrora organizado em tribos, praticou o nomadismo até a domi14

eAToLIeIs Mo

A missão de Luzes sobre o Leste

1{1Rgu lsTÃô um convite, uma esperança Nelson Ribeiro Fra elli Enviado especial Kirguistão

nação soviética. Pastori l, montando eximiamente a cavalo, vivendo em tendas, seus trajes de lã encantam pelas cores e pela gravidade das formas. Os chefes tribais descendiam dos guerreiros de Gengis-Khan. Vi suas fotos num museu histórico: um resto de olhar dominador, próprio ao destemido; patriarcais, prontos a proteger os seus. Antiga tradição os liga a uma legenda heróica.

Aberrantes imposições do comunismo Após a revo lu ção comunista de J 917, a organização tribal dos kirguizes · foi desmantelada pelo bolchevismo, que não entendeu seu espírito livre e sonhador. A foice e o martelo pedem mão calejadas que os utilizem. Stalin subjugou barbaramente o povo, proibiu a vicia nômade, confinou-o em fábricas. Seus chefes entretanto sentiam-se portadores de antigas tradições. Percebendo que perderiam sua identidade histórica se deixassem a vida livre de pastores,

Agosto de -,.999

protestaram junto ao governo comuni sta. Em conseqüência, foram exterminados em sua totalidade. Grande parte da população foi deportada na era staliniana. Submetido pela força, o Kirguistão tornou-se por sua vez terra de deportação. O utros povos componentes da Grande Rússia, arrancados de seus territórios, foram enviados para lá, permanecendo nesse país da Ásia Central. E acabaram adotando por pátria a terra do sacrifício. Uma senhora, ai.ta funcionária da Universidade, neta de nobres russos, tem saudades de sua terra natal. Seus avós, originários do Cáucaso, onde eram antigos proprietários, foram deportados para o Kirguistão pela revolução leninista e pouco depois fuzi lados. Perguntei -lhe em que complô anticomunista tinham se metido, para merecer a pena capital. "Nada fizeram contra o governo marxista, respondeu-me. Meus avós foram fuzilados e meus pais obrigados a viver no exílio por serem nobres". Hoje ela preza o Kirguistão. Não é de estra-

Eu visitava o país enquanto enviado de Luci sull 'Est (Luzes sobre o Leste). Esta associação italiana, inspirada na obra de Plinio Corrêa de Oliveira, desenvolve nos países da antiga Cortina de Ferro notável trabalho apostólico, confortando espiritualmente os católicos que ali sobreviveram às devastações praticadas pelos comunistas. Através de um sacerdote missionário no país, Luci sull'Est havia ajudado a ereção de uma capela e a fundação, na Universidade de Bishkek, da cátedra de Teologia e Cultura Ocidental. Um país há séculos imerso no paganismo e no cisma começa assim a conhecer a cultura cristã e, sobretudo, o ensinamento da Santa Igreja Católi ca a respeito das verdades eternas. O Reitor da Universidade de Bishkck acolheu-nos agradecido e sem preconceitos a respeito do catolicismo. A Universidade deseja ainda receber colaboração mais intensa de católicos ocidentais. Segundo um ditado russo, fo i-nos dito que, no campus, a praça nunca fica vazia: "Fracassado o comunismo, ou nos vem do Ocidente um novo ensinamento, ou o comunismo poderá retornar. Não conhecemos outro sistema". O desafio estava lançado. Conseguiremos nós, portadores de uma cultura que deveria ser o oposto do comunismo, atraí-los a formas de vida cristãs e a uma ordem social cristã e orgânica? Nossa responsabilidade é tanto maior, tendo em vista que, nesta fase póssoviética, o povo se vo lta à religião. Cessou a arregimentação forçada cio

pe la ditadura bolchevista. Uma vez liberadas, elas estão se abrindo a uma influência cristã proveniente do Mundo L ivre. E le nunca foi indiferente aos interesses da Igreja e da C ivili zação Cristã em qualquer parte do mundo.

Realização de um sonho

Os enviados de Luci sull'Est diante da Universidade Kirguis-Russo-Eslava em Bishkek, após a recepção de um diploma de agradecimento pela colaboração que LSE lhe prestou. Vestem tradicionais indumentárias dos chefes-de-tribo kirguizes. Tais vestimentas foram-lhes presenteadas pela Universidade.

Partido Comun ista: as brigadas juvenis não mais se reúnem; aos sindicatos não se impõe mais a doutrinação; o esporte militarmente praticado deixa de ser uma arma da propaganda soviética. Paradas, marchas, demonstrações públicas rigidamente disciplinadas não mais são realizadas. Com isso as pessoas procuram associar-se de outros modos. E os templos contam hoje com maior afluxo .

Extirpar o ranço comunista, sem importar os gérmens revolucionários do Ocidente A sociedade kirguiz atual tem poucas diversões. Quase não se vêem tabuletas anunciando restaurantes ou cinemas. Anúncios lu minosos são raros. As bancas de revistas não apresentam o abundante material ao qua l estamos acostumados. Conseqüentemente conversa-se bem mais. Sobretudo os jovens têm mais tempo para refletir. E quem muito sofreu é levado a mais freqüentes reflexões. Com isso, reanima no espírito cios kirgu izes a idéia que nunca os abandonara, em particular nos momentos dramáticos até há pouco vividos: a reiigião tem_seu papel na vida. Mas falta-lhes tudo para praticar a verdadeira Religião: catequistas, livros, salas de reuniões, capelas e sobretudo sacerdotes. Todas essas necessidades tem Luci sull'Est em vista, animada pelo desejo de Plinio Corrêa de O liveira de levar ao Leste europeu uma ajuda espiritual às populações outrora dominadas

An ima-a também um fato de caráter fami liar e simbó lico, que nas TFPs e entidades afins despertava sorrisos comprazidos, quando aquele insigne líder e pensador católico, anos atrás, mencionava o Kirguistão. Corriam os anos sombrios da Guerra Fria. Sem ter podido estudar atentamente esse país, ele no entanto mencionava o Kirguistão com freqüência. Já não me lembro exatamente darazão. Mas ficou-me na memória a idéia de que, naqueles anos, quando o com unismo avançava no Ocidente porque nós mesmos, ocidentais, nos encarregávamos de demolir as barreiras que dele nos separavam, povos da Ásia Central ofereciam notáveis resistências ao marxismo, não se deixando submeter inteiramente. "Quem sabe, repetia Dr. Plinio, não encontraremos homens de valor entre afgãos e kirguizes? Encontrar os kirguizes tornou-se assim para nós uma esperança - mais simbólica cio que real; um sonho mais do que uma perspectiva concreta - embora so ubéssemos que na alma daquele varão católico indômito, a possibilidade desse encontro constituía um desejo em busca de reali zação. O tempo passou. O Kirgu istão saiu das col unas dos jornais. A Un ião Soviética ruiu. Da lembrança de muitos, o heroísmo kirgu is esvaneceu-se. E somente agora aquele sonho adquire algumas das cores da realidade, porque certamente dele não se esqueceu Plín io Corrêa de Oliveira. Em Bishkek recordei-me tantas vezes de seu sorriso esperançoso e de seu olhar distante ao falar cio Kirguistão, como se o procurasse num horizonte longínquo. Parec ia-me então discernir nele uma afinidade, de algum modo fraterna, com aqueles que resistiam ao inimigo comum que, no Ocidente, também desejava nos dominar. Um mundo desconhecido e novo abre-se em nosso caminho. Preparemo♦ nos para ajudá-lo a desabrochar!

eAToLIeIsMo

Agosto de 1999

15


.k:---=-......................................

.. . . . ti=1.1

"No passado, os pais acreditavam que os filhos lhes deviam obediência cega .... para o bem das crianças .... "Acontece que muitos pais modernos se tornaram modernos em excesso. Não sabem dizer não para nada. Com isso, prejudicam os filhos. A liberdade excessiva, ensina agora um número crescente de psicólogos e pedagogos, produz adultos sem noção de limites e responsabilidades ... . "Na Inglaterra, um dos maiores sucessos editoriais nos últimos meses é um livro chamado Saying No - Why it 's lmportant for You and Your Child ( Dizer não - Por que isso é importante para você e seu filho). A autora, a psicoterapeuta Asha Phillips, afirma que desde os primeiros meses de vida dos bebês os pais devem estabelecer claramente certos limites .. .. "Asha Phillips também diz que cabe aos pais escolher a hora e a forma adequada de dizer não .... 'Quem diz sim o tempo todo, para não passar a imagem de autoritário, está criando uma situa-

~

' ' ~

udo permita, nad~ coíba; não impinja nada a seus filhos", apregoava - ad nauseam - a pedagogia dita moderna de esco las pedagógicas, psicológicas e psiquiátricas, que surgiram por volta da década de 60. Não coibir sequer os maus impulsos dos filhos, nem mesmo proibi-los de chupar o dedo ou de freqüentar maus cinemas, pois qualquer proibição teria efeito traumático negativo - ensinavam os novos pedagogos. O tempo passa, o mundo dá suas voltas ... e, no apagar de luzes deste século, "belos conceitos" da pedagogia dita moderna caem por terra, como um castelo de caitas alicerçado na utopia. Com o desmoronamento dessa pseudo-pedagogia, novos conceitos emergem e pedagogos, psicoterapeutas e psiquiatras, mostraiTI que os pais precisain saber impor limites.

Por que impor limites? O não é uma palavra forte, e dizer não aos filhos é duro. Mas estes - ao contrário do que se ensinava até então - gostam de pais afetuosos, mas que sabem também proibir quando necessário. As crianças podem até espernear e chorar ouvindo um não!, mas terminada a crise de choro, elas passam a admirar e confiar ainda mais nos pais, seguras de poder contar com eles em situações mais difíceis.

Geração "Maio de 68" Os estudantes da geração que pregou a liberdade total há 30 anos, no berço da Revolução Cultural de tipo anarquistaª conhecida Revolução da Sorbonne, de maio de 1968, que abalou gloriosas tradições da França - cresceram ... Hoje estão formados, alguns são professores, e dentre eles há os que não ensinam mais o que reivindicavam naquela década, ou seja, o permissivismo total , a morte da Civilização Cristã e o nascimento da uma nova civilização - a do instinto. Naquele tempo, imperou o slogan "A imaginação tomou conta do poder". Muitos estudantes saíram às ruas sob o lema: "É proibido proibir". Alguns daqueles jovens estudantes de 68, agora, "ag redidos pela realidade", voltam-se 16

eAToLIeIs Mo

11

Não!'' Por que não? Uma curva da História: do "É proibido proibir" ao "É permitido proibir" para os valores tradicionais e ... opera-se uma reviravolta: eles concebem novo lema, oposto ao de maio de 68: "É permitido proibir" ...

Antes tarde que nunca ... Nesse sentido é sintomática recente matéria publicada pela revista "Veja" de l 6 de junho último, na qual vemos, por exemp lo, a psicoterapeuta Asha Phillips professora na Clínica Tavistock de Londres, afirmar, baseada em extensa experiência, muitos estudos, pesquisas etc., que em certas circunstâncias é preciso proibir e saber dizer NÃO!

Agosto de '1999

1àl matéria, intitulada - Por que é preciso dizer NÃO - Depois de uma geração que tudo permitia aos filhos, agora educar é saber impor limites, é uma colaboração de Daniel Ressei Teich e Juliana De Mari para a "Veja", da qual destacamos aqui algu ns trechos: "Essa geração de pais (nascidos ou educados nos anos 60 ou 70) cresceu ouvindo dizer que nada é mais saudável do que deixar as crianças exercitarem suas próprias emoções .... Dizer não é um desafio que está além dasforças e convicções de muitos pais e mães ....

ção fantasiosa e perigosamente distante da vida real'.... "A geração que cresceu sob o domínio de pais autoritários fazia um e~forço sincero de dar mais liberdade aosfilhos, para que a espontaneidade das crianças florescesse sem ser abafada pela opressão dos mais velhos. Em muitos casos o resultado foi desastroso".

Educadores que deseducavam Quando o Rei dos Francos, Clóvi s, converteu-se do paganismo ao Catol icismo no século V, o Bispo de Reims, São Remígio, apostrofou-o no momento do batismo: "Queima o que adoraste, adora o que queimaste". Seria bem o caso di zer aos apologistas da pseudo-pedagogia moderna - que ensinam que não se deve pôr limites às crianças, dizer não a seus impulsos; fazer-lhes qualquer repreensão, etc. etc.: "Queimem o que ensinastes, ensinem o que queimastes" ... Os inúmeros desvios ocorridos na educação das crianças se deveram assim

aos "vangua rdeiros da modernidade", que pregando somente a tolerância e a indul gência em excesso, mais contribuíram para deseducar do que propriamente para educar. Isto porque tais pedagogos baseavam-se na assim chamada rnoral nova e não na moral tradicional e sempiterna da Santa Igreja, única âncora segura. Com o objetivo de auxiliar pais e mães de famílias, transcrevemos alguns ens inamentos que nos deixou o Padre Marcelino Champagnat, canonizado em 18 de abril último. São Marcelino, considerando quão órfã de formação religiosa e moral estava a juventude de sua época (isto em meados do século XIX, imagine-se o que ele julgaria da orfandade da juventude deste fim do século XX !), fundou o Instituto dos Maristas, com o fim de educar os meninos e ens inar-lhes as verdades da Religião Católica, e não somente dai·-lhes instrução primária (ver quadro abaixo). Voltaremos ao tema na próxima edição. ♦

Educação da criança: no que consiste? "Que é educar um menino? "É por acaso cuidar, satisfazer suas necessidades e não permitir que lhe falte coisa alguma em alimentos e vestuário? - Não. É ensinar-lhe a ler e escrever e comunicar-lhe os conhecimentos que mais tarde necessite para acertar seus negócios temporais? - Não. Educação é obra mais nobre.... ". Após mostrar que tudo isso é bom e necessário ao menino, mas de menor importância, o Pe. Marcelino Champagnat explica que, devido ao pecado original, com o qual nascemos, temos inclinação a todos os vícios. "É um lírio [a criança], mas rodeado de espinhos; uma vinha, mas que necessita ser podada .... O objeto da educação é arrancar esses espinhos, podar essa vinha .... "É corrigir seus vícios e defeitos, tais como o orgulho, a indocilidade, a falsidade, o egoísmo, a gula, a grosseria, a ingratidão, a preguiça etc. Logo ao nascer estes e outros vícios, é quando urge podá-los; é necessário matar a víbora antes que cresça e surja o veneno; curar o mal-estar antes que degenere em doença mor-

tal. Quando pela primeira vez se descobre um defeito no menino, a repreensão suave, um ligeiro castigo bastam para remediá-lo e esmagar o gérmen de mal; mas se o deixais crescer, converter-se-á em um hábito que não conseguireis corrigir apesar de todos vossos esforços. Os vícios e defeitos incipientes - que se consideram de pouca monta, e com este pretexto deixam de reprimir-se -são, diz Tertuliano, os gérmens dos pecados que pressagiam uma vida animal. "Os espinhos, quando começam a brotar, não picam; as serpentes quando nascem, carecem de veneno; mas com o tempo os espinhos endurecem e ficam pontiagudos como espadas, e as serpentes desenvolvem o veneno .à medida que envelhecem. O mesmo sucede com os vícios e defeitos do menino; se se os deixa crescer e desenvolver, transformam-se em paixões tirânicas, hábitos criminosos que resistem a todo esforço e não são capazes de correção" *.

* Enseíianzas Espirituales, dei Padre Marcelino Champagnat, Editorial Luis Vives, S.A. - Zaragoza, 1955, pp. 307 a 309.

eAToLIeIsMo

Agosto de 1999

17


À esquerda: estandarte da TFP, afixado em 1996 por sócio da entidade, no monumento comemorativo da chegada de São Francisco Xavier à ilha de Kagoshima. Na pág. ao lado: São Francisco Xavier e o Bem-aventurado Fernandez chegam ao porto de Shimonoseki. Pintura de Utsumi Shizuharu.

melhavam aos ela Civilização Católica - a estrutura patriarcal da família e a soc iedade feudal japonesa. O que dizer também ela seme lhança do bushido - Código dos samurais (classe guerreira que durante séculos governou aquele país) - com o Código de Cavalaria medieval?

Auspicioso processo de conversão

Naquele 15 ele agosto, no momento ouco se sabia então a respeito daquele país cio Extremo Oriente, se em que São Francisco pi sava as terras cio Japão, Deus estabelecia com aquele bem que, há alguns séculos, Marpovo sua primeira aliança. co Polo escrevera em suas memórias de viagens que "a 1500 milhas da China Enquanto isso na Europa .. . havia uma grande ilha, conhecida como Um século apenas nos separava do Cipingu. O povo é de tez clara, alegre, de belasfeições, e muito cerimonioso ...." Concílio ele Constança, que pusera fim ao Grande Cisma do Ocidente restabePor uma dessas coincidências lecendo a unidade ela Santa Igreja. O chamemo-la assim-, por um desses caminhos aparentemente tortuosos da ProHumanismo e o Renascimento provovidência, o Apóstolo das Índias conhecavam imensas e funestas transformaceu um samurai denominado Yagiro, que ções no seio da Igreja, produzindo uma crise ele fé e ele costumes sem precedenuma vez morto seu senhor ficara "órfão"; e porque cometera um assassinato, retes. Há 32 anos, Lutero dera o brado de fugiara-se nas longínquas terras da Ín- · revolta contra a Sé de Pedro. Sua heresia provocava devastações e nações india. São Francisco interessara-se enorteiras apostatavam. A Europa estava conmemente por ele. Este lhe contara mavulsionada por guerras religiosas. O ravilhas do seu país de origem, cios seus Concílio de Trento encontrava-se em usos e costumes. curso, combatendo e condenando os São Francisco, sempre dócil à voz principais erros da heres ia protestante. da graça, apesar de ter programado sua O Papa Júlio III encerrava sua X Sesviagem à China, cuja conversão para a são, não conseg uindo porém levar a Santa Igreja era o seu grande sonho, decabo, em toda sua extensão, a verdadei cidiu antes pa sar pelas terras de Yagiro. 18

eATo

LI

eIsMo

Agosto de f'999

ra reforma necessária para restaurar a Santa Igreja. E como isso não bastasse, os turcos maometanos ameaçavam 111vadir a Europa e chegar até Roma.

O revide da Providência Entretanto, em revide, a Providência suscitara os grandes Santos da Contra-Reforma, como Santo Inácio ele Loyola, Santa Teresa ele Ávila, São Pedro de Alcântara e tantos outros. E se é bem verdade que a Igreja perdia multidões de fiéis na Europa, no Extremo Oriente e nas Américas, São Francisco Xavier, o Beato Padre Anchieta e outros heróis do Catolicismo trabalhavam para reconquistar, de algum modo, o terreno perdido. Estava-se diante de duas civilizações muito diversas: a de nativos, em larga medida selvagens e incultos, nas Américas, e, cio outro lado do mundo, se bem que pagã, uma civilização de praticamente 2.000 anos de hi stória, de usos e costumes que, por alguns lados, se asse-

É nesse solo assim preparado que São Francisco vai deitar a semente do Evangelho. Seu discernimento profético fezlhe perceber que, para se ter sucesso no apostolado com aquele povo, cumpria conquistar a simpatia ela aristocracia palaciana e cios samurais. Se no começo ele se apresentara modesta e humildemente, na segunda fase do curto período de dois anos e dois meses que lá permaneceu, São Francisco passou a usar de todas as prerrogativas que lhe foram conferidas por Roma, Portugal e Espanha e pelo governo das Índias Ocidentais. Dois anos depois, a semente estava lançada: 800 japoneses convertidos ao Catolicismo, sendo promissor o futuro. Entretanto, São Francisco teve que embarcar para as Índias. Em pouco tempo, as esperanças cio grande Apóstolo transformaram-se em realidade. Meio século após sua chegada ao Japão, o Catolici smo já se difundira de norte a sul cio país. As conversões não se restringiam apenas ao povo, mas vários sen hores feudais e mesmo nobres da corte imperial haviam-se convertido à verdadeira Fé.

O revide do demônio Hideyoshi, o Shogum (em linguagem moderna seria o primeiro-ministro), queria unificar o Japão, mas encontrava resistênc ia da parte de diversos Daymios (Senhores Feudais). O Vice-Provincial jesuíta, Padre Co-

elho, que então gozava de grande prestígio junto ao Shogum , decidiu conseguir o apoio de alguns senhores feudais sobre os quais ele exercia influência. Eram tantos que, tendo disso conhecimento, Hideyoshi passou a considerálo como inimigo. Somem-se a esse erro tático do religioso, o ódio anti-católico e a cobiça mercantilista dos protestantes holandeses, bem como as intrigas incentivadas na época por franciscanos, dominicanos e agostinianos contra os jesuítas: será fácil compreender o que aconteceu depois ... Hideyoshi, que nutria até então certa simpatia para com os católicos, ainda que motivada por interesses comerciais, mudou de postura. Instigado ainda pelos bonzos budistas, que eram os principais prejudicados pela grande expansão cio Cri stian ismo no país, baixou um primeiro decreto restringindo a ação dos católicos em 1587. A partir de então, começaria o período ele perseguições e martírios que tornou o Japão um dos países a apresentar maior número de mártires na História da Igreja.

Banimento do Catolicismo e fechamento dos portos para o Ocidente A situação tornou-se de tal maneira tensa que, em 1614, o Shogum Ieyazu baixou o decreto de banimento do Catolicismo no Japão. As igrejas foram destruídas, todos os missionários deportados, e os que permaneceram foram martirizados juntamente com os fiéis. Calcu la-se em cerca de 280 mil católicos martirizados, só em 1635.Em 1639, o Japão fechou definitivamente os portos para o Ocidente. Seguiram-se dois sécu los de isolamento, enquanto continuavam as perseguições. Em 1640, por instigação dos batavos protestantes, estabeleceu-se um como que Tribunal de Inquisição às avessas, o Kirishitan-shumon-[tratame-yaku. O maior ódio, contudo, não partia dos hereges ou dos budistas, mas de ex-padres ou ele católicos que haviam apostatado da Fé. Eles não só denunciavam aqueles que eram fiéis, mas sugeriam ou até mesmo praticavam torturas nos pontos mais fracos que poderiam levar os católicos à apostasia.

Fim do isolamento de 200 anos No ano de 1854, o Japão rompe seu isolamento. Em 17 de março de 1865, na cidade de Nagazaki foi reerguido o primeiro templo católico, para atender aos eventuais marinheiros ocidentais, pois era de se supor que 200 anos de perseguição e ~solamento tivessem apagado definitivamente a Fé católica daquele povo.

"Nosso coração é semelhante ao vosso" Certo dia, um grupo ele japoneses entra na igreja, passo a passo. Tudo observam, com muito cuidado. Apontam para uma imagem de Nossa Senhora. Dirigem-se à sacristia, à procura do padre, fazem-lhe três perguntas: - Padre, o Senhor é casado? - Não!, respondeu o Sacerdote, muito intrigado ... - Padre, o Senhor crê na presença real de Nosso Senhor na Eucaristia? - Sim! ... - Padre, o Senhor é fiel a Roma? - Sim! Claro! ... Os japoneses, então, esboçam um imen so sorri so e, em meio às lágrimas, dizem: - Padre, então nosso coração é semelhante ao vosso! ... Há 200 anos, quando os jesuítas foram expulsos cio país, deram eles aos católi cos japoneses uma recomendação: no futuro, quando abrirem novamente os portos e vocês quiserem saber qual é a verdadeira Religião, consultem os forasteiros sobre esses três pontos.

A Religião católica um dia florescerá! Hoje, 450 anos depois, a comunidade cató li ca japonesa é relativamente pequena. Mas aquele solo foi regado por sangue ele mártires, e "o sangue de mártires é semente de novos cristãos", como dizia Tertuliano. Dia virá, certamente, em que a Religião católica florescerá com todo seu esplendor na Terra do Sol Nascente, como anelou ardentemente São Francisco Xavier, e como esperam no Céu os inúmeros mártires japoneses. Nossa Senhora Estre la ela Manhã, Padroeira do Japão, rogai por aquele país regado abundantemente por sangue tão generoso! ♦

e AToL Ie Is

M

o

Agosto de 1999

19


ESCREVEM OS LEITORES

Uma trincheira moral ~ Recebi o nº 582, de julho de 1999: excelente, desde a apresentação gráfica até o essencial, que é o conteúdo. Ao contrário de tantas publicações descartáveis, Catolicismo é uma fonte çle conhecimento e de sabedoria - uma trincheira moral nesses tempos de dissolução e de derrocada da Ética. Quanto ao artigo "Divórcio e Romantismo", que ainda não havia lido, tem muito de atual. Faço-lhe, no entanto, um reparo: acredito no sentimento romântico como fator favorável à solidez do casamento cristão. (J.P.L. - São Paulo)

"Jeito" da publicação ~ Recebi a revista Catolicismo desse mês (junho p.p.), linda e muito útil. Não tenho críticas, apenas elogios. Gosto do jeito como é publicada, as lindas figuras, as histórias dos santos, etc. (W.K. - São Paulo)

"Li e reli" ~ Prezado Dr. Paulo É com imensa satisfação que venho nestas poucas linhas "conversar" com o Senhor. Admiro-o muito, pessoa muito competente, com muita força de vontade de aj udar e divulgar o que há de mais sagrado: "O Catolicismo". Lendo a revista, muito me emociona de ainda haver neste mundo pessoas como o senhor. Li esta revista em seus mínimos detalhes, pois não que- . ria perder nada dela. Li e reli por duas vezes, todos os artigos com seus temas, e quando se fala da Virgem de Fátima, começo até a chorar. Quando cita os santos e santas de Deus, começo a beber esta maravilha que existe, como a prática dos mandamentos, São

20

e ATo LIe Is Mo

João de Ávila. Também quando se falou da "guerra", da família dos Três Pastorinhos: que famil ia humilde! nos dá vontade de vivermos naquele tempo, embora o nosso seja tão penoso como foram dos pais de Lúcia, Francisco e Jacinta. Acabo de receber a revista do mês de Junho, vou ler e embeber nesta linda e maravilhosa obra. Parabéns, Senhor Diretor. (A.M.G.R. - Minas Gerais)

Orfandade espiritual [8J Agradeço imensamente o env io da revista Catolicismo. Considerandose o estado de orfandade em que nos encontramos a Revista cai sobre nós como uma bênção que vem do Céu. (R.B.C. - São Paulo)

Aquela que "desata os nós" ~ Comosemprelendoarev istaCatolicismo, li a reportagem sobre "Nossa Senhora que desata os nós". Linda! Muito real a maneira corno foi escrita. Me senti naquele ônibus, perguntando onde era a Igreja de São José dei Parra!. Parabéns ! (A.A.L.B. -

Ceará)

"Leitura obrigatória" ~ Com certeza esta é urna revista de leitura obrigatória para os que desejam melhor se informar sobre os acontecimentos cotidianos à luz dos Evangelhos e da Mensagem de Fátima. Tenho cada vez mais aprendido ao ler suas reportagens, aitigos, etc., que estão sendo decisivos na formação em mim de um senso crítico cada vez mais enraizado na doutrina Cristã. Cada vez que tenho em mãos um novo exemplar desta revista chego a ficar ansioso de quanto conhecimento e sabedoria Cristã estarei assimilando. Aprendo muito ao ler sobre Revolução e Contra-Revolução do

Agosto de f999

saudoso Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Torno-me cada vez mais sereno ao ler a seção Leitura Espiritual. Aprendo a admirar o que realmente é digno disto, tanto os costumes, quanto as obras das mãos do homem inspirado por Deus. Sinto cada vez mais a vontade de viver nas épocas retratadas nas reportagens, tamanha a beleza e a nobreza das civilizações que se foram. Mas corno não posso voltar ao passado, sinto entusiasmado em ajudar a construir urna sociedade tão esplendorosa quanto a que se foi. Ah! Mas foi com um enorme prazer que li a obra do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira "Sacra/idade na Ordem Temporal", publicada em outubro de 1998. Quantos conhecimentos eu aprend i que influenciam e influenciarão na minha maneira de viver, de pensar, de agir, de opinar. Não somente esta obra, mas toda a revista Catolicismo em si exercem esta in fluência sobre mim. Influência positiva, diga-se de passagem. Paraben izo também pelo excelente acabamento gráfico desta publicação. Isto está ev idente na beleza de todas as capas das edições que recebi, em especial a de maio último .... Seria necessário que eu escrevesse várias cartas sobre os benefícios que tenho ao ler Catolicismo. Mas com certeza estarei sempre a lhes escrever pelo bem que me concedem e à minha familia. (L.W.D.S. - Minas Gerais)

Exemplo de heroísmo 18] Queria parabenizá-los pelas histórias "Vida de Santos", que a cada mês ternos o prazer de ler. O que o mundo necessita para resolver tanto problema é do exemplo desses santos que rnostrai-ain tanto heroísmo e amor de Deus. (J.D.M.B. -

Santa Catarina)

Escola de equitação lusa mantém tradições da antiga cavalaria ibérica, célebre por sua extraordinária agilidade Coimbra - Numa manhã solarenga do mês de maio, partiu de Lisboa um grupo espec ial, dirigindo-se a Queluz numa pequena viagem de cerca de 10 quilômetros - para ver e aprec iar uma tradição do Portugal de sempre: a Alta Escola de Equitação. O Palác io de Queluz - onde nasceu e morreu nosso primeiro Imperador - recebeu os visitantes com a célebre hospitalidade lusa. Lá, de maio a outubro, todas as quartas-feiras pela manhã, tem lugar um espetác ulo de harmoni a e elegânc ia: cavaleiros, airosamente trajados à séc. XVIII, dominam com rigor e leveza os belos corcéis lusitanos. Nesse dia o Palácio recebeu a visita de um descendente de D. Pedro I, o Príncipe Dom Anton io de Orléans e Bragança, acompan hado de sua esposa, a Prin cesa Dona Christina, e também dos Condes de Proença-a-Velha e ele um animado grupo de portugueses. A apresentação ini ciou-se às l lh, nos jardins do Pa lácio. Cavalos e cavaleiros, em sincronia, começaram um autêntico ballet, po is uma música bai·roca acompanha o desfile eqüestre.

A Escola Portuguesa Esta Escola de Arte Eqüestre é a continuação da antiga Picaria Real, Academia eqüestre da Corte portuguesa, fechada em 1807 quando das inv asões napoleônicas. Contudo, não se perderam os ensinamentos e a tradição. Preservados devido à paixão portuguesa - jamais interrompida - pelo torneio a cavalo, que conservou a mesma equ itação, as mesmas selas e os mesmos trajes. Essa Escola possui o magnífico patrimônio cultural ele Arte Eqüestre. Ela destina-se a conservar e dar a con hecer essa maravilha, bem como praticar e ensinar a arte de montar, estando em ní-

A Tradição da Arte Eqüestre em Portugal lBSEN NORONHA

vel seme lhante ao ela grand iosa Escola Espanhola Eqüestre ele Viena, ou da francesa Cadre Noir de Saumur.

O cavalo ibérico Em Portugal conservou-se a pureza e a qualidade ela raça eqü ina. A leveza e a flexibilidade do cavalo ibérico remonta aos sécu los de guerras ibéricas, primeiro contra os cartagi neses, depois romanos e árabes e, finalmente, contra os franceses. Estes últimos não tiveram condi ções de alcançar a vitória contra a cavalaria ibérica, pois a maneira ele montar destes últimos cava leiros, utili zando estribos curtos, era de urna agilidade única. Ta l modo de montar, con hecido como à gineta, foi a base da Academia Eqüestre de Nápoles - e de todas surgidas mais tarde, fundadas no Renascimento - numa tentativa ele aligeirar o método nórdico de montar, dito à brida.

A Coudelaria de Alter Um especial ista em cavalos disse: "Trono de reis, cúmplice na dilatação da Fé e do Império, o cavalo lusitano lateja indubitavelmente nos nossos corações". Os cavalos que estavam encantando a todos naquela manhã, com as suas diversas evoluções, passos e cadências, são provenientes de uma cidade cio Alentejo e

A

- região ao sul ele Portugal - chamada Alter do Chão. A coudelaria (haras), fundada por D. João V - influenciado por sua esposa Rainha Dona Maria Ana de Áustria, que admirava profundamente a Escola de Viena - , acaba de completar um quarto de milênio. Ao Rei D. João V, que reinou durante o período do apogeu ela extração cio ouro no Brasi l, deve-se esse haras capaz ele rivalizar com os principais congêneres europeus. Era a época do barroco, na qual construíram-se, por exemp lo, o magnífico Convento de Mafra e a deslumbrante Bibli oteca da Universidade de Coimbra. Por isso, o cava lo de Alter é conhec ido corno o cavalo barroco e a arte eq i.iestre ali desenvolvida como a arte barroca de montar. Essa belíssima arte sempre mereceu um lugar de destaque na hi stória e na cu ltura de Portugal. O mais notável equ itador português ele todos os tempos foi o quarto Marquês de Marialva, a ponto de ai nda hoje se confund ir amiúde .o nome dessa arte eqi.iestre com o de Arte Marialva. No Palácio de Queluz, os Marialvas dominavam os animais, conduzindo-os em cenas de rara beleza durante cerca de 45 minutos. Foram enormemente apreciados pelos Príncipes cio Brasil e ♦ seus acompanhantes.

To L I e I s Mo

Agosto de 1999

21



e harmonizam realidades que, à primeira vista, poderiam parecer conflitantes. Assim, os V, VI, VII, IX e X Mandamentos, definindo direitos e obrigações referentes à vida, à estrutura fami liar e à propriedade privada, estruturam a legitimidade de toda a ordem socia l e a harmonizam com os interesses individuais. Com efeito - data vênia insistimos em aspectos j á referidos aqui - os VI e IX Mandamentos ("Não pe-

honestos disponham de meios eficazes para sua defesa, de suas famílias e de seu patrimônio. Porém é necessário notar que a intervenção indiscriminada do Poder Público em matéria de segurança - como também em todos os setores da vida nacional - deve levar em conta o princípio de subsidiariedade, tão bem expia-

car contra a castidade" e "Não desejar a mulher do próximo") defendem a instituição da família; já o VII e X ( "Não roubar" e "Não cobiçar as coisas alheias") defendem a propriedade privada; e o V Mandamento ( "Não matar") regula as obrigações perante a vida: procura evitar a morte, a doença e assegu rar as condições de sobrevivência e de egurança. Por essas rápidas considerações constata-se fac ilmente que os conceitos de vida, de farru1ia e propriedade são correlatos entre si. Pois a propriedade é condição da viabilidade da instituição familiar e de sustentação da vida; esta, por sua vez, tem como meio normal próprio de ser gerada e de pleno desenvolvimento, a familia.

A legítima defesa começa no âmbito individual e familiar Retomando o assunto, a missão do Estado perante a vida consiste em criar condições para que os homens indivi dualmente, em família e nos diversos segmentos sociais possam sustentar-se, progredir, tratar-se quando doentes e proteger-se. A função de proteção - assunto em pauta - , o Estado a exerce garantindo a soberania nacional e a ordem governamental, perseguindo e punindo o crime, promovendo a segurança pública preventiva e ensejando que os homens

nada mai eficiente do que o indivíduo, a fam íli a e a empresa para realizar o que lhes é próprio, e nada mai s desastroso · do que o Estado se meter a fazer o que é do interesse privado. Tal ocorre também - e tal vez, sobretudo - com os problemas de segurança, individual e familiar. Estes englobam providências que vão desde o fechamento da casa à noite, até o enfrentamento com o ladrão que força o portão para roubar galinha ... ou seqüestrar o filho de um próspero industrial, ou ainda violentar pessoas queridas etc.

O "dever-de-estado" conta com graças divinas especiais

A legítima defesa é um direito decorrente da lei moral e nada mais desastroso do que o Estado interferir indebitamente no âmbito privado

nado na Encíc licaMater et Magistra, de João XXIII. Ou seja, no âmb ito individual e familiar, como também empresarial, o Estado não deve interferir sem razões graves e comprovadas, porque é próprio ao indivíduo, à família e à empresa poderem fazer tudo aqu ilo de que, por sua natureza, são capazes, e serem apoiados pelo Estado apenas subsidiariamente no que ultrapasse seu âmbito. Ora, a natureza das coisas assim o exige e a recente experiência dos países socialistas e comunistas o demonstra:

A doutrina católica ens ina que o homem, no desempenho das obrigações decorrentes da cond ição em que vive, conta com graças especiais. É a mão paternal da Providência Divina apoiando o operar de tudo o que é legítimo. Essas obrigações chamam-se "deveres-de-estado", e as graças correlatas, "graças-de-estado". Assim, o médico que assiste ao enfermo conta com uma proteção especial da Providência Divina para não ser arrastado nas tentações que o corpo hum ano causa; o militar e o polic ial, para enfrentar um risco iminente, dispõem de uma graça que lhes fortifica a coragem etc. A lém disso, todos, médicos, militares e policiais - tomados como exemplo - terão uma ajuda adequada para o êxito do que, por deverde-estado, devem fazer. É próprio aos pais uma "graça-deestado" para cumprirem, como ninguém, suas obrigações na família. Como as mães têm um dom - ou seja "graça-de-estado" - para educar, corrig ir, apoiar, sobretudo para consolar os filhos, o chefe de família é especialmente fa-

vorecido pela Providência para defender o lar. Por o utro lado, essa obrigação note-se, não é apenas um direito - de defender o lar, é in alienável e não há poder na Terra que legitimamente possa substituí-la, pois decorre da própria natureza da família assim como foi ela instituída por Deus. É o chefe de família quem melhor sabe das providências a tomar e dos meios de que deve dispor para a defesa. Pois, além do legítimo interesse que o move, ele conta com "graças-de-estado " próprias à sua condição.

Missão subsidiária do Estado na defesa individual e familiar O exercíc io da defesa individual e da defesa fami li ar assim concebidas, isto é, decorrentes de uma obrigação de estado e contando com graças especiais, é um bem em si e necessário à boa ordem das coisas. E, ademais, assim é visto pelo público em gera], embora em termos não doutrinários , mas práticos. Por outro lado, o Governo deve ver nisso um meio apto de atingir o bem comum, num âmbito que e le não tem cond ições de promovê-lo, a não ser subsidiariamente. Essa ação subsidiária do Estado indispensável mas subsidiária, é bom insistir - inclui uma regulamentação para o uso dos meios. Como ainda programas educacionais sobre o emprego adequado deles. Como se vê, regulamentação e campanhas educacionais não para impedir o uso desses meios, mas adequá-los ao que se destinam, para dar-lhes mais eficácia no emprego, com um mínimo de ri sco. Ainda ass im , o Estado deve ter em vista que o geral dos campos ele atuação do homem, mesmo os mais legítimos, comporta riscos como, no caso, o emprego de armas de fogo. Esses ri scos devem ser calcu lados, mas seria utópico e malfazejo pretender extingui- los totalmente. Extinguir riscos, em muitos casos, pode ser extingu ir atividades vitais, sem as quais a vida ficaria inviável.

Não é necessário exemplificar, tão evidente é a realidade.

É contrário à ordem natural proibir aos bons o exercício de uma função que lhes é própria É próprio a uma ordem social sadia incrementar o bem e dar-lhe toda a li berdade ele ação; simetricamente cercear, quanto possível, o mal e a I iberdacle ele praticá-lo. Esse é princípio básico da Civilização Cristã. Por outro lado, o que caracteriza aquilo que se opõe à ordem natural é tolher ao bem a liberdade e m toda a medida do possível e proteger, favorecer e prestigiar a liberdade para o mal. Nesse contexto, como qualificar o fato de o exercíc io da legítima defesa de homens honestos ser impedida pelo desarmamento geral? Não é isso limitar a liberdade dos bons? Não é favorecer a _liberdade para o mal? Sim, porque quem está disposto ao crime não vai renunciar aos meios de que di s põe para cometê-lo pelo receio de uma sanção legal menor do que a acarretada pelo próprio crime. É isso evidente, pois quem ace ita o risco ele ser condenado por um assass in ato

moral - portanto doutrinário - para o concreto. Não se co nhece pessoa de bem, atualmente, que não se sinta envergonhada, humilhada e apreensiva com o que vê em certos programas de telev isão. "Certos programas", dissemos, mas tão entranhados estão e les no contexto geral despejado pela te levisão, que a palavra "certos" fica, no caso, de um alcance muito questionável. Nesses "certos programas" o que se vê, o que jovens, ado lescentes e até crianças têm diante de si? Pornografia e violência. Mas pornografia e violência apresentadas com sed ução, ou seja, propaganda da imoralidade e do crime. Portanto, a propagação da perversão moral e da subversão naquele sentido estrito. Qua l a atuação do Estado contra tal propaganda do crime? Estudos, m11nerosos e irrcfutávci s, mostram como a pornografia é favorecedora ativa dele. É uma irrisão nesse contexto em que assim se faz tal propaganda do crime, falar em desarmamento geral para coi bi-lo. ►

.1..--~t-~~3:1

de s:~:-==::a:ii.iiijji~

não vai se coibir cio uso armas pela eventua l pena de seu uso ilegal. Por outro lado, o homem honesto que pauta a vida pela legalidade ficará desarmado ! Uma vez que a vítima potencial esteja desarmada, o que impedirá o bandido de cometer o crime? Não é isto - indireta, mas eficazmente- promover e prestigiar o mal? No sentido próprio e estrito da palav ra é subverter, ou seja, co locar em cim~ o que deveria estar embaixo: é o Estado agir contra o bem comum, contrariamente, portanto, à sua razão de ser.

O exercício da legítima defesa dos homens honestos não será impedida pelo desarmamento geral?

Grave omissão do Estado:

a propaganda do crime As considerações anteriores vão naturalmente se encam inhando do terreno

• 24

e AT oLIe ISMo

Agosto de "1999

eAToLIeIsMo

Agosto de 1999

25


Grave intromissão do Estado: monopólio da coragem É fácil ver como o lema Tradição, Família e Propriedade reúne conceitos correlatos uns com os outros e resume a ordem social enquanto concebida nos planos de Deus. Simetricamente, socialismo, totalitarismo e utopia constituem uma trilogia de termos também reversíveis entre si. No célebre livro Revolução e Contra-Revolução, Plínio Corrêa de Oliveira mostra essa reversibilidade, bem como a fonte dos direitos individuais que 6 o próprio Deus, autor da natureza humana. Para o socialismo, o fundamento desses direitos não é Deus, mas o Estado legislador, o qual se incumbe, por sua vez, de velar por todos os interesses particulares. Como se vê, nessa concepção, além do elemento subversivo, existe uma utopia. No caso da segurança pessoal, segundo a concepção socialista, a lei regulará e o Estado proverá: se for bem feita suposição para quem está no mundo da lua - ou mal feita, são contingências secundárias. Ao indivíduo e à sua família cabe resignar-se ao que lhes for oferecido. Estado socialista monopolizador da coragem! Como admitir tão bela virtude em tão má companhia?

Necessidade de proibir o uso de armas de fogo não está demonstrada Como bem explica Plínio Corrêa de Oliveira na obra Reforma Agrária, Questão de Consciência**, pode haver circunstâncias anômalas em que o bem social exija a limitação provisória de direitos individuais, pois aquele prevalece sobre estes. Salus populi suprema /ex esta (Que a salvação do povo seja a lei suprema), dizia o Direito Público romano.

26

eAToLIeIsMo

Para que isso ocorra, contudo, é necessário estar amplamente demonstrado que a anomalia social só se resolverá com a limitação de direitos individuais. No caso do Projeto de lei 1073/99, quem for procurar alguma demonstração na Exposição de Motivos do Ministério da Justiça, que o encaminhou ao Congresso Naciona l, ficará inteiramente frustrado. Com efeito, só se entende a argumentação constante da referida Exposição de Motivos partindo-se do princípio de que, desarmando a vítima, o criminoso não atuará. Ou seja, abrindo-se as jaulas, as feras não atacarão! Outro entendimento não se pode ter lendo-se, por exemplo, o ítem 9 do documento citado: "Para impedir que a violência continue grassando, não é suficiente apenas proibir a venda de armas de fogo. Necessário é que haja um posicionamento legal sobre as armas que estão em poder de particulares .... no sentido de determinar aos proprietários das armas que as recolham às unidades das Forças Armadas.... ". Por outro lado, o Sr. Ministro da Justiça reconhece, no próprio documento em pauta, que a ap licação da lei anterior sobre o controle das armas de fogo não teve por conseqüência a diminuição de crimes. Eis suas próprias palavras: "Pretendia-se com este diploma legal (lei 9437, de 20 de fevereiro de 1997) obter-se um efetivo controle de armas de fogo no Brasil e, como conseqüência, sensível diminuição das estatísticas de · crimes. Infelizmente, tais expectativas viram-se frustradas ....". Além de não demonstrar a necessidade de desarmar homens honestos para diminuir a criminalidade, um só exemplo parece suficiente para caracterizar como é vaga e inconclusiva a argumentação constante da mesma Exposição de Motivos, extraída de seu item 6: " .... episódios envolvendo o uso inadequado

Agosto de f999

de armas de fogo, ocorridos na década de 90, têm compelido países que, historicamente, sempre reconheceram direitos aos cidadãos de possuírem armas de fogo para defesa pessoal, como os Estados Unidos, por exemplo, a debaterem o assunto e reverem suas concepções sobre a matéria". Como pretender que "rever e debater" equivale a demonstrar? Como também, nada mais vago e impreciso do que considerar uma medida debatida nos Estados Unidos, sem sequer mencionar o teor e a conclusão do debate, como aplicáveis ao Brasil.

Projeto de lei mal elaborado Sendo um dip loma legal a ser eventualmente inserido na ordem jurídica do País, é normal se ouça o parecer de Juízes de Direito, sob seu aspecto técnico-jurídico. Com efeito, em documento enviado aos Srs. Deputados, os Juízes de Direito, Dr. Fernando Figueiredo Bartoletti e Dr. Carlos Vieira von Adamek conc luem a análise do Projeto 1073/99 propondo modificações necessárias ao texto original, "em razão da falta de técnica legislativa na sua elaboração. "Os equívocos demonstram que seus elaboradores não possuem maior conhecimento jurídico da matéria. "Apresentaram ao parlamento texto apressado e sem uma maior reflexão sobre suas conseqüências jurídicas, inclusive sobre o erário público, a quem caberá custear os processos e as indenizações a que a norma der causa. "Aproveitaram-se de momento de comoção social em decorrência dasescaladas dos índices de violência e de criminalidade no País, simplesmente para criar nova corlina de fumaça sobre o tema, sem qualquer conseqüência de relevo e expressão na matéria". Como conclusão, os dois Magistrados afirmam que, feitas as correções in-

dispensáveis no texto do Projeto, "vê-se sua desnecessidade, já que toda matéria encontra-se disciplinada quer por leis complementares e por leis ordinárias".

grupos organizados de guerri lha e de terrorismo urbano, que então atuaram, como hoje o faz o MST, para subverter a ordem social no Brasil. É, pois, motivo de grande perplexidade o fato de terroristas e guerrilheiros daquele tempo, hoje anistiados, ocupando cargos políticos de relevo, serem propugnadores do desarmamento geral.

Portanto, os brasi leiros e de modo particular os católicos devem ver nesse Projeto de lei uma injustiça contra a qual devem se opor com todos os meios lícitos. A lição de Sum Tzu Somos herdeiros daqueles que não Considerando o panorama nacional, se resignaram a entregar nossa terra vemos que, cada vez mais, elementos de aos huguenotes franceses no século violência vão se corporificando em esXVI, nem aos hereges calvinistas hotruturas perigosas que ameaçam landeses, no século XVIL A nossa própria estabilidade sociInsurreição Pernambucana VATICANO al. Basta ter em vista o notic iáocupa papel decisivo na forrio sobre as operações realizamação de nossa Pátria. Nessa 11 das por comandos de seqüesInsurreição, o Exército nacitros, de assaltos a bancos etc. onal, ao qual me honro pertenAlguns até já têm nome, como cer, teve seu berço. "Comando Vermelho" ... Na Terra de Santa Cruz, Dentre esses elementos de quando se configura um proAté mesmo a Constituição Pastoviolência, cabe destacar o MST, blema ele consciência, o brasiral Gaudium et Spes afirma categoricaconsiderado por vários jornais leiro torna-se circunspecto: de peso como embrião de formente: olha em torno, analisa e espeças de guerrilha, ou mesmo ra a oportunidade de agir. E "Em um mundo marcado pelo mal como uma guerrilha já praticaatuando, sublima-se, podendo e pelo pecado, existe o direito à legítimente implantada no País. reparar tudo quanto de erradama defesa por meio das armas (ConsComo toda guerrilha em sua mente concessivo lhe deve ser tituição Pastoral Gaudium et Spes, 79). fase inicial, esses elementos conimputado. Esse direito pode tornar-se um dever tam, para progredir, tanto ou Nossa Senhora é Rainha cio grave para quem é responsável pela mais com conivências de caráter Brasil. Em Aparecida, desfila vida dos outros, pelo bem comum da político, do que com as próprias diante dEla, ele modo contínuo operações que desenvo lvem. família ou da comunidade civil (Catetodo nosso povo, mesmo o Nesse contexto, não se pode mais miúdo, a Ela vinculado cismo da Igreja Católica, nº 2265)". deixar de aplicar à realidade mediante um liame materno e (O Comércio fnlemacional de Anna~· - Uma reflexão élinac ional os ensinamentos de filial. NEia todos confiamos, ca", lº/5/1994, assinam o Cardeal Rogcr Etchcgaray, PreSum Tzu, grande estrategista sidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, e Mons. Martin porque, apesar de tudo, nós Diarmud, secretário. Vozes, Petrópolis, 1994, pág. 17). chinês ele há 25 séculos. somos filhos e Ela é Mãe: fiAliás, os estudos de estralhos muito censuráveis, a vátégia contemporâneos dão realrios títulos, e por isso contritos. Conclusão ce crescente a Sum Tzu, pois ele aborda Em todo caso, filhos. a problemática militar levando muito em O Projeto de lei visando o desarmaNossa Mãe, nossa Rainha, Nossa conta, como elemento de guerra mais efimento geral da população brasi leira Senhora indicar-nos-á o que fazer, a ciente que as armas convencionais, os constitui: oportunidade de agir e conceder-nos-á fatores da conquista psicológica. • grave risco de entregar nossa Páas graças para obtermos a manutenção Diz Sum Tzu: "Lutar e vencer totria nas mãos de elem~ntos subversivos; dos direitos de ordem natural e a paz que das as batalhas não é a glória suprema. • sacrifício ou eliminação ele um almejamos. ♦ A glória suprema consiste em quebrar direito dos mais fundamentais, que é o a resistência do inimigo sem lutar". direito de legítima defesa pessoal, famiOra, um modo por excelência de liar e do patrimônio; * O Autor é Coronel cio Exército de Cavalaria e quebrar a resistência sem lutar é desar• enorme questão de consciência, Estado-Maior e também Diretor da TFP. mar o inimigo. porque esse direito consiste também * * Refor111a Agrária - Que.\'lão de co11sciê11cia Num passado bem recente, no fim numa grave obrigação intransferível - Editora Vera Cruz Lida., São Paulo, 1961 dos anos 60 e na década de 70, tivemos - 3" edição, p. 196 e ss. imposta pela Lei de Deus.

Existe o direito à legítima defesa por meio das armas"

e AToL Ie Is

M

o

Agosto de 1999

27


VIDAS DE SANTOS

O absurdo projeto de 66 Lei do desarmamento'' CEL. LGUMAS "cabeças pensantes" do atual governo têm a pretensão de querer impor aos cidadãos de bem procedimentos e opções em matéria de segurança pessoal. Isto ocorre em um País que se diz uma democracia representativa e numa situação em que o governo federal e os governos estaduais não vêm demonstrando a mínima competência para controlar os bandos criminosos que, de modo alarmante, seqüestram e matam pessoas, praticam contrabandos de todos os tipos, inclusive o de armas, traficam drogas impunemente nas ruas e nas escolas, exploram a prostituição de adultos e crianças, dominam presídios de segurança máxima e infiltram-se nas Polícias, nas Forças Armadas, no Poder Jud iciário e no Congresso Nacional. Eis que, diante desse caos, o governo resolve enviar ao Congresso o Projeto de lei 1073/ 99 simplista e amparado em argumentação in consistente que, na prática, sancionará apenas aqueles que estão agindo de acordo com a legislação em vigor, isto é, os cidadãos que têm suas armas registradas, portes de armas concedidos pela autoridade competente e os colecionadores conhecidos e autorizados. As motivações que levam o cidadão a possuir uma arma são variadas e desde épocas imemoriais o homem se armou para defender sua família e os seus bens nas situações de perigo, como está acontecendo agora, diante da incompetência do Estado brasileiro que não nos protege. Mas não são essas pessoas que cometem crimes . Elas normalmente reagirão, em legítima defesa, às agressões. Não cabe também aos burocratas de plantão deduzir que tais pessoas não têm competência para usar uma arma em defesa própria, num confronto com marginais. Essa afirmação

lI

extraordinário fundador e fiel discípulo do Redentor padecente

M ARI O H ECKSI-IER N ETO (R l )*

é baseada em dados estatísticos incompletos e não confiáveis, produzidos certamente para justificar a posição dos propugnadores da medida. Ter ou não uma ou mais armas, dentro dos preceitos legais, é uma opção pessoal do cidadão que deve ser respeitada! Essa lei de desarmamento geral, se promul gada, não diminuirá o contrabando, o tráfico de drogas, os seqüestros e a violência; ao contrário, deverá estimular esses delitos. Os bandidos, de agora em diante, terão certeza de que as pessoas de bem não poderão reagir, pois tiveram seus revólveres e pistolas, geralmente de fabricação nacional, apreendidos pelo governo, enquanto eles continuarão com seus potentes fuzis e metralhadoras, vindos da Améri ca do Norte e da Europa, bem lubrificados e prontos para nos ameaçar, roubar e eliminar . Lamentavelmente, a mídia, quase toda, parece apoiar essa medida ilógica. Por que motivo procede desta maneira? Que pressões estará sofrendo? Vemos também políticos de esquerda batendo palmas. Certamente as armas das organizações de massa que eles controlam ou apóiam não devem estar cadastradas e não serão reco lhidas! Enquanto isto, proprietários legítimos , que tiverem terras e casas invadidas, serão postos na cadeia se estiverem armados quando resistirem às turbas invasoras. Pelo texto do Projeto de lei, as polícias, que não conseguem sequer manter o controle sobre seus presídios de segurança máxima, esta rão encarregadas de recolher as nossas armas. Imaginem o que poderá acontecer ... A nossa última esperança é o Congresso Nacional. Rezemos para que lá prevaleça o bom senso da maioria.

P U NJO M ARI A S OLI MEO

F

Há santos como São José de Calazans que, embora praticando exímiamente as virtudes em grau heróico e sendo amados e respeitados durante a vida, morrem desprezados na própria obra admirável que fundaram. E no caso desse grande Santo, foi ele vítima de uma revolução igualitária, feita por membros de sua própria Ordem, num movimento de luta de classes. Viu, por fim de modo pungente, ser extinto pela mais alta autoridade religiosa da Terra aquilo a que dedicara o melhor de sua existência.

* O Autor é Coro ne l do Exérc ito de Infa ntari a e Estado-Ma ior

oi com surpresa que os habitantes do pa lác io do nobilíssimo D. Pedro de Urge!, Barão de Peralta de la Sal , na Católica Espanha, viram seu filh o de c inco anos, em 156 1, correr pela casa armado de um punhal , que havi a tirado da panóplia patern a, atrás de a lgo. Do quê? Indagavam-se. De nobre estirpe guerreira, o sangue bé li co fe rvialhe nas veias. Dotado também de profundo senso religioso, ouvira dizer que o de mônio, inimi go dos homens, procurava por toda parte e meios possíve is perdê- los eterna me nte. R eso lv era e nt ão, co mo bo m fi lh o d e batalhadores, aniqui lá- lo. Chegando ass im armado ao sótão do imenso edifíc io onde só havi a trastes e coisas fora de uso, viu de repente, ele um canto, sair voando negra fi gura alada - provavelmente um morcego e m espavorid a fu ga: "Foges, cova rde?! Não te atreves a enfrentar minha ira?" interpelou com desp rezo o vale nte campeão de calças curtas 1• Esse traço mostra a têmpera de alm a desse intrépido soldado ele Jes us Cristo, que ele difere ntes fo rmas muito da no iria causar ao demô nio, e q ue por e le seri a perseguido até o fim de sua lo nga vicia. Coube-lhe a glóri a de "haver aberto a primeira das escolas gratuitas para meninos do povo", e é graças a e le que "a religião pode dizer que o ensinamento dos pobres lhe pertence por direito de nascença e de conquista" 2 .

Da Espanha para o centro da Cristandade O j ovem filh o cio Barão ele Peralta, tendo estudado nas melhores universidades, e fa lando perfeitamente a língua latina, doutorou-se e m D ire ito civil e ec les iástico. U m conce ituado biógrafo do Santo observa que ele, "escuta os teólogos, discute com agudeza os subtis pro-

ffi

ffi CATO LIC ISMO

Agosto de 1999

29


blemas da metafísica, faz versos, freqüenta o /ralo dos homens sábios e santos, e, aos 20 anos, tem todo o presJígio dos grandes mesJres . .... Alto, robusto, atlélico, ombros largos, organismo de aço, cabeleira loura abundante, José parecia chamado a aumentar com bélicasfaçanhas os brasões de seus antepassados" 3 . Entretanto o brilhante estudante resolvera seguir a carreira eclesiástica. Mas, falecendo-lhe o irmão mais velho, o pai quis forçálo a casar-se para substituí-lo na baronia e assegurar adinastia. José recomendou-se à Rainha do Céu, de quem era devotíssimo. Foi atacado então por uma moléstia mortal, que o levou à beira do sepulcro. Quando todos choravam à sua cabeceira, perguntou ao pai se lhe seria permitido seguir sua vocação caso se curasse. O Barão, que já via o filho defunto, em lágrimas concordou. Contra todas asesperanças, José começou a recuperar-se tão rapidamente, que em pouco tempo preparava-se para o sacerdócio. Assim recebeu a ordenação sacerdota l no ano de 1583. Depois de trabalhar nas dioceses de Huesca, A lbarracín e Urge! , atendendo a uma voz interior, o herdeiro dos Calazans trasladou-se para Roma, onde se tornou teólogo do Cardeal Colonna. Para satisfazer à sua extrema caridade, entrou em várias arquiconfrarias pias para atendimento de presos, doentes e crianças.

Congregação das Escolas Pias: obra providencial, de futuro, traída Ao passar pela área do Transtevere, bairro popular de Roma, em suas obras de caridade, José sentia o coração opresso ao ver meninos vagabundeando pelas ruas, em instrução e expostos a todos os riscos e vícios. Tentou obter para eles lugar nas escolas subvencionadas pelo Poder Público, mas encontrou as maiores dificuldades. Concebeu então o plano de fundar uma escola inteiramente gratuita para meninos, encontrando eco no pároco de Santa Dorotéia. Este não só lhe ofereceu duas salas paroquiais, mas associou-se a ele na labuta. Aos poucos o número de alunos .foi crescendo e mais dois sacerdotes uniram-se aos já existentes. Tornou-se então necessário mudar para lugar mais amplo, sendo-lhes orerecido o Palácio Yestri,junto à igreja Santo Andrea della Valle. Com a vinda de mais auxiliares, tomou aí corpo a congregação dos Pobres da Mãe de Deus e das Escolas Pias, que o Papa Paulo V "quis que se chamasse Paulina,

honrando-a com seu nome para dar a entender que era obra sua" 4 •

Seminário Maior (cursos de Filosofia e Teologia) da Congregação dos Pobres da Mãe de Deus e das Escolas Pias no Monte Mario, em Roma

Os novos religiosos ensinavam aos alunos as primeiras letras, aritmética e gramática, instruindo-os ao mesmo tempo nos princípios religiosos e bons costumes. A princípio, a obra de São José de Calazans encontrou ap lauso universal e a proteção de Cardeais, Príncipes, nobres. Houve no início grande número de candidatos dessa classe social, que foram modelos de pe1feição. Mesmo assim o Santo não podia atender a todos os pedidos de fundação por falta de religiosos em número suficiente.

"Luta de Classes" interna: irmãos leigos x Clérigos Aos 20 anos da fundação , as Escolas Pias já se haviam difundido pela maior parte das cidades italianas, pela França, Alemanha, Hungria e Polônia, havendo pedidos insistentes para seu estabelecimento provenientes da Espanha e Boêm ia. O fundador escrevia a um súdito que, "se eu

tivesse 10 mil religiosos, em menos de um ano teria onde empregá-los" 5 . Contribuía muito para a popularidade dessa obra o fato de seu fundador ser um taumaturgo a quem se atribuíam milagres estupendos, inclusive ressurreições. José de Calazans pedia constantemente a Deus a graça de morrer pregado à Cruz, com Nosso Senhor Jesus Cristo. Essa Cruz lhe veio da parte de quem menos podia esperar: dos seus próprios filhos! Imitou assim o Divino Redentor não só na Crucifixão mas também como vítima da traição de novos Judas. Apesar de possuir todas as graças de fundador, a Providência permitiu que São José, para atender às contínuas demandas, aceitasse em sua Congregação, sem muita seleção, principalmente para irmãos leigos, pessoas que depois serlhe-iam causa de muita tristeza. Pois, mais adiante, devido à escassez de pessoal docente, começou a escolher os mais inteligentes desses irmãos leigos para a docência. Ora, assim promovidos e esquecendo-se de todo espírito religioso, iniciaram eles uma revolução interna na Congregação. "No princípio, os alvoroços tiveram um caráter

que poderíamos chamar mais bem de democrático e social. Foi uma luta de classes de [irmãos] leigos conlra clérigos, de coadjutores contra sacerdotes" 6 • Os irmãos leigos promovidos quiseram primeiro obter o privilégio de usar chapéu, como os professores sacerdotes. Foi -lhes concedido.

Exigiram então a tonsura, que a custo obtiveram. Aspiraram em seguida ao sacerdócio. E, "resolvidos a conquistar a

igualdade suspirada, começaram a conjurar, a rebelar-se, a inquietar o instituto e a buscar os apoios de gente do século" 7• A rebelião chegou mesmo à agressão física. "Compreendendo que havia sido demasiado acessível na admissão do pessoal, o fundador esforçava-se agora para selecioná-lo, animando os dissidentes a passar para outras Ordens, e mostrando-se mais rigoroso com os noviços. 'Não temais - escrevia a seus lugares-tenente -abrir 100 portas em lugar de uma para que saiam todos os religiosos; e fechem noventa e nove e meia para permitir a entrada aos que se apresentem"' 8 •

Provincial ambicioso lidera a rebelião

VIU encarregado "uma congregação de cardeais entendida nos assuntos das ordens religiosas [a estudar a questão], os quais determinaram que o servo de Deus devia ser reintegrado no generalato com seus quatro assistentes depostos. Não obstante ... não só não teve efeito esta resolução senão que, exageradas por seus fomentadores as turbações domésticas, e fomentadas ou não corrigidas pelo segundo visilador, o Sumo Pont(fice expediu, em. 1646, um Breve reduzindo a Congregação das Escolas Pias à congregação de sacerdotes regulares, como a de São Felipe Néri" 10 • Em outros termos, de religiosos com os três votos e obediência ao superior da Congregação, passaram a ser sacerdotes seculares, sob a dependência dos Ordinários locais ... Era o fim da obra.

Revanche da Providência Divina: restauração da Congregação post-mortem

Como sempre acontece, logo surg iu um a mbic io so: um dos provinciais do Santo, aproveitando-se da situação, lidera arevolta. E, "seu caso é tão mons-

O calvário ele São José de Calazans chegara ao fim. Assistruoso, quanto incrível seu tritiu assim com tranqüilidade a unfo", comenta o mencionado extinção da obra à qual dedicabiógrafo 9 . Apoiado nada menos ra meio século de sua existêndo que pelo Santo Ofício, obtecia, vendo em todo o ocorrido ve ele a prisão do venerando somente a vontade de Deus. fundador nos cárceres da InquiMorreu aos 92 anos, alegre, sição. E o povo de Roma viu teve a revelação - que comuatônito aquele ancião de 86 nicou aos presentes junto ao seu anos, até então um dos homens leito de morte-de que sua obra mais populares da cidade e já ressuscitaria. E assim foi, pois tido como Santo, levado como em J 656 sua querida Congregaprisioneiro pelas ruas, com seus ção foi restaurada. quatro principais assessores. FoA honra de Deus e de Seu ram libertos na mesma tarde e fiel servidor foram desagravadas carregados em triunfo pelo com a beatificação de José de povo, mas ... o Santo fundador Calazans, em 1748, e posterior Autógrafo {6 de janeiro de 1626) e objetos raros via-se destituído do cargo de menos de 20 anos canonização, do Santo, conservados na Casa Mãe superior perpétuo passando a depois. da Congregação das Escolas Pias, em Roma simples religioso, enquanto os O que aconteceu com seus chefes rebeldes assumiam as rédeas do governo. verdugos? É certo que já prestaram sérias contas a Deus Houve reação, principalmente da parte de vários Príncipor seus atos, e que não deixaram traço de seus nomes para pes, tendo o Pontífice Inocêncio X, que sucedeu a Urbano ♦ a posteridade...

Notas 1. Fr. Justo Pérez ele Urbel, O.S.B., Aiio Cristiano , Ecliciones FAX , Madrid, 3' edição, 1945, tomo Ili , pp. 454,455 . 2. Les Petits Bollandistes - Vies des Sai11ts, d'apres /e Pere Giry, par Mgr. Paul G ué rin , Paris, Blo ucl et Barra i, Lib raires-Écliteurs, 1882, tomo X, p. 265. 3. Fr. Justo de Urbe!, op. cit. , p. 455. 4. Dr. Eduardo María Yi larrasa, La Leyenda de Oro, L. González Y

Compaiiía, Barcelona , 1897, tomo UI , p. 403 .

5. lei. ib. p. 406 . 6. Fr. Ju sto Pérez ele Urbel, op . cit., p. 459. 7. lei. ib., p. 460. 8. lei. ib. , p. 46 1. 9. lei. ib., p. 46 1. 10. Dr. Eduardo Yilarrasa , op . cit., p. 406.

ffi

ffi 30

e A To L 1e Is Mo

Agosto de 1999

eAToLIeIsMo

Agosto de 1999

31


000000 Agosto 1999

ce íf~m '; ~, :, 7 :, de (J/nosfo 't:J §~~@§

DOM

1

SEG

!l 9

10 11 1!1 13 14 15 16 17 18 19 !10 !11 !l!l !13 U !15 !16 !17 !18 !19 30 31 8

·~

Santa Rosa de lima

1 Santo Afonso Maria de Ligório, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja ♦

Siío Fe1ix de Gerona, Mártir.

São João Batista

São Félix de Gerona

+ Espanha, séc. IV. "Depois de soji·er vários 1ormentos, foi açoi1ado por ordem de Dacian.o até entregar a Deus sua alma invicta" (do

Martirológio Romano).

2 Siío Pedro Juliiío Eymard, Co,ifessor. + França, 1868. Fundador do Instituto do

Santíssimo Sacramento para a adoração perpétua, seus últimos anos foram cheios de sofrimentos. Dizia a Nosso Senhor: "Eis-me aqui,

+ Espanha, séc. IX. Esses 200 monges e Abade foram trucidados pelos muçu lmanos por causa de sua fé, no mosteiro de São Pedro de Cardenha. Foram sepu ltados pelos cristãos no mesmo local, dentro do claustro. ·

7 Santo Alberto de Trápan4 Confessor. + Itália, 1307. Carmelita, a eficácia de sua pregação e o poder dos milagres obtiveram inúmeras conversões, especialmente entre os judeus. Prov incial de Messina, abasteceu milagrosamente a cidade de alimentos durante o cerco das tropas do Duque da Calábria.

8

Senha,; no Jardim das Oliveiras; humilhai-me, despojai-me; dai-me a cruz, contanto que me deis também o vosso amor e a vossa graça".

Siío Domingos de Gusmão, Confessor.

3

Esses Santos são assim denominados pela eficácia de sua intercessão nos seguintes casos: São Jorge (contra as doenças da pele); São Brás (garganta); Santo Erasmo (intestinos); São Pantaleão (fraqueza); São Vito (coréia ou dança de São Vito); São Cristóvão (furacões, pestes, viagens); São Dinis (possessões diabólicas); São Ciríaco (olhos e possessões); Santo Acácio (doenças na cabeça); Santo Eustáquio (p reservação do fogo eterno); Santo Egíd io (pânico, loucura, medos noturnos) ; Santa Margarida (rins e gravidez); Santa Bárbara (raio e morte repentina) e Santa Catarina de Alexandria (estudantes, oradores, advogados).

Siío Dalmácio, Confessor. + Constanti nopla, séc. V. "Era monge há 48 anos quando, em 431, saiu pela primeira vez de sua clausura, acompanhado de sua comunidade, para inlervir no Concílio de Éfeso em favor dos Bispos fiéis, privados de sua liberdade pelos nes1orianos" (do Ca lendário RoSão Pedro Julião Eymard

Santo Estêviío e Companheiros, Mártires.

mano-Mo nástico)

4 Siío Joiío Maria Vianney, Cura d'Ars, Confessor, Patrono dos Párocos

14 Santos Auxiliares

9

5 Santo Alberto de Trapani

Santo Osvaldo de Nortúmbria

Nossa Senhora das Neves

Santo Osvaldo de Nortúmbria, Confessor.

+ Inglaterra, 642. Fugindo para a Escócia quan-

Santa Afra, Mártir.

do seu pai foi derrotado e morto, converteu-se ao Cri stiani smo. Com ajuda celeste, derrotou os reis da Mércia e de Gales, reconquistando o reino da Nortúmbria, do qual foi rei.

+ Aleman ha, 304. Mulher pública, vivendo

com luxo, fo i tocada pela graça. Recusou-se a sacrificar aos ídolos na perseguição de Dioclec iano. E preferiu purificar-se numa fogueira, por sua fé, do que padecer o fogo eterno.

6 Transflguraçiío de Nosso Senhor Jesus Cristo São João M. Vianney

32

São Dalmácia

e A To LI e I s Mo

Agosto de '1999

10 Santo Hugo de Montagu, Co,ifessor. + França, J 135. Monge de Clun y, fo i eleito

Abade de São Germano de Auxerre e depois Bispo dessa cidade. Notável por seu zelo e fé, favoreceu a nascente Ordem de Cister.

11

18

elida ", porque foram precipitados numa fos-

Santo Alexandre o Carvoeiro, Bispo e Mártir.

Santos Florêncio e Lauro, Mártires.

sa cheia de ca l, ao se recusarem a adorar os ídolos.

+ séc. Ili. Vagando a Sé de Comona, na Ásia

Menor, alguém, por zombaria, sugeriu o carvoeiro local. São Gregório, o Taumaturgo, levou contudo a coisa a sério, pois percebeu sob aparências humildes uma grande alma. Alexandre era filósofo e exercia aquela função por humi ldade. Governou sua diocese com sabedoria e prudência, recebendo a coroa do martírio sob o Imperador Décio.

12 Santa Hilária e Companheiras, Mártires.

+ Ásia Menor, séc. li. Irmãos, ta lhadores de

pedra, quando terminaram de edificar um templo pagão, foram convertidos juntamente com os proprietários daquele, Próculo e Máximo, que os precederam no martírio.

19 Santo Ezequiel Moreno Dias, Bispo e Confessor.

26

sou 15 anos evangelizando as Filipinas e depois a Colômbia, onde foi elevado a Vigário Apostólico de Casanare e depois a Bispo de Pasto.

20 Siío Bernardo, Doutor da Igreja

Siío Cassiano, Mártir. cioso no cumprimento do dever, por sua fé em Cristo foi condenado à mo1te. Seu juiz deu plena liberdade a seus alunos pagãos para fazerem com ele o que quisessem, até levá-lo à morte.

14 Santo Eusébio, Confessor.

Siío Cesáreo de Arles, Bispo e Confessor.

+ Espanha, 1906. Missionário agostiniano, pas-

poi s do martírio da filha, foi apan hada por pagãos quando rezava em sua sepultura. Estes atearam fogo às suas vestes, morrendo ela pela fé de Cristo com três criadas: Digna, Euprébia e Eunônia.

+ Itália, séc. Ili. Mestre-escola muito conscien-

Siío José de Calazans, Confessor. (vide seção Vida de San.tos p. 29)

+ Alemanha, séc. III. Mãe de Santa Afra, de-

13

25 Siío Luís, Rei de França, C01ifessor.

Siío Samue~ Profeta do Antigo Testamento. + Judéia, séc. XI A.C. "Amado por Deus, .... Profela do Senhor, estabeleceu sua realeza e julgou a assembléia segundo a lei de Deus. Antes do tempo do sono e/emo, ninguém se levantou para o acusar" (Do Martirológio

+ França, 543. "Monge de Lérins, eleito mais tarde Bispo de Arles fez-se o advogado da população galo-roman.ajunlo aos francos, presidiu importantes concílios provinciais e estimulou. a instiluição monástica redigindo duas regras, nas quais tema uma sínlese das /ra.di ções egípcia e agoslinia.na" (do Martirológio

Romano-Monástico).

27 Nossa Senhora dos Prazeres ♦

Siío Rufo, Bispo e Mártir. + Itália, séc. li. "Oriundo de uma família patrícia, foi batizado com. Ioda sua casa pelo Bem-a venlurado Apolinário, discípulo de Seio Pedro" (do Martirológio Romano), sofrendo

Romano - Monástico).

21 Siío Pio .x; Papa e Confessor.

depois o martírio.

Siío Privato, Bispo e Mártir. + França, séc. Ili. Durante a invasão dos

28 Santo Agostinho, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja

+ Roma, séc. IV. Por sua fidelidade à ortodox ia católica, foi preso pelo herético Imperador Constâncio num quarto de sua própria casa onde, sete meses depois, rendeu seu espírito. Uma igreja que fundara no Esqu ilínio recebeu seu nome.

alamanos, fo i preso. Ao tentarem que ele os aj udasse a entrar num castelo forte onde estavam seus diocesanos, negou-se, bem como a oferecer sacrifícios aos ídolos. Morrendo em virtude cios maus tratos.

15

22

30

Nossa Senhora Rainha ( antigame,zte: Imaculado Coraçiío de Maria)

Santa Margarida Ward, Mártir.

ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

16

Santo Alsácio, Confessor.

Santo Hipólito, Bispo e Mártir.

+ Ásia Menor, 358. Persa, servindo no exército romano, foi aprisionado por ódio à fé, mas

+ Itália, séc. Ili. Célebre por sua erudição, "por causa de sua brilhanle confissão defé, sob o imperador Alexandre, foi precipitado de mãos e pés alados, dentro de uma cova profunda cheia de água, onde alcançou a palma do martírio" (do Martirológ io Romano).

depois solto. Tornou-se então eremita numa torre na Nicomédia, onde tornou-se conhecido pela fama de seus milagres e pelo dom da profec ia.

17 Santa Clara de Montefalco, Virgem + Itáli a, 1308. Entrou aos sete anos de idade

para o convento da Santa Cruz, onde era superiora sua irmã, e logo demonstrou tanto fervor quanto as melhores noviças. De elevadíssimo grau de recolhimento, fo i agraciada por inúmeras aparições de Nosso Senhor e da Virgem Santíssima. Falecendo sua irmã, foi eleita por unanimidade para substituí-la, até a sua morte aos 33 anos de idade.

29 Degolaçiío de Siío Joiío Batista

+ Inglaterra, 1588. Da nobreza britânica, foi

presa com seu servente irlandês João Roche por ter ajudado a fuga do Pe. Ricardo Watson. Foi-lhes oferec ida a liberdade se pedissem perdão à ímpia Elisabeth e denunciassem o esconderijo do Sacerdote. Tendo-se recusado a isso, foram enforcados e esquartejados em Tyburn.

31 Siío Pauli,zo de Tréveris, Bispo e Confessor.

23 Santa Rosa de Lima, Padroeira da América Latina.

24 Siío Bartolomeu, Apóstolo. ♦

Trezentos Mártires de Cartago. + África, séc. IV. Esse conjunto de heróis de Cristo é também conhecido por "Massa Cân-

+ Tréveris, 358. Defensor da fé no Concílio de

Nicéia e grande partidário de Santo Atanásio, foi por isso exilado pelo Imperador ariano Constâncio para a Ásia Menor, onde morreu entre não católicos, vítima de sofrimentos e fadigas. Nota Os Santos aos quais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.

e A To LI e I s Mo

Agosto de 1999

33


ENTREVISTA Catolicismo - Atualmente, a Austrália e a :

..,

Desa mamento: • perigos p ra a Nação O Tenente-Coronel PM do Estado de São Paulo, Jairo Paes de Lira, aborda, com sabedoria e equilíbrio, a candente questão

do desarmamento, tema exposto em recente Projeto de lei do governo federal •• Catolicismo - O governo federal enviou ao

U

m assunto que tem sensibilizado a opinião pública nacional é o Projeto de lei que o Executivo federal encaminhou ao Congresso, com vistas a pro-

• : • •

mover o desarmamento da população. Como a problemática apresenta muita gravidade e merece ser considerada com todo o cuidado pelos bras ileiros, em geral, e por nossos leitores, em particular, Catolicismo, além das matérias elaboradas para esta edição pelos Coronéis do Exército Carlos Antonio Espírito Hofmeister Poli e Mário Hecksher Neto a respeito do tema, julgou muito conveniente entrevistar o Ten.-Cel. PMESP Jairo Paes de Lira, Comandante do 3° Batalhão de Polícia de Choque. O entrevistado, brilhante Oficial da Polícia Militar paulista, é um estudioso da questão desarmamento. Tem participado de reuniões e conferências no ExteriOr, na qualidade de Oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo. O Ten.-Cel. Paes de Lira recebeu a re-

: • • : • • : : • • : • : • : • : • : •

• Ten.-Cel. PM Paes de Lira:

portagem de Catolicismo em seu gabine- :

te, no quartel da Polícia de Choque, à rua • Amambaí, 9, e foi solicito em responder, :

com a pertinência e a segurança de um • abalizado conhecedor do tema, as pergun- : tas que lhe eram dirigidas. •

34

e A To LI e Is Mo

Agosto de 't999

"O resultado concreto desse mal formulado texto, se vier a converter-se em norma legal, será o desarmamento d dos homens e bem, seja porque não tolerarão viver à margem da lei, seja por temer à reprimenda judicial"

• Congresso um Projeto de lei para o desarma•• menta da população. Qual o seu parecer so• bre esse projeto? : 'ren.-Cel. PM Paes de Lira - Trata-se de um • Projeto de lei pleno de boas intenções: daque•• le tipo que, segundo a sabedoria popular, pavi • menta a estrada do inferno. E veja que credito •• à iniciativa boas intenções unicamente porre• cusar-me a admitir que um governo democrá•• tico conspire para suprimir dos cidadãos pro• dutivos e amantes do Estado de Direito, em •• termos práticos, o legítimo direito à autodefe• sa. Sim, porque todos - e nós, membros da : Força Estadual, em pri1neiro lugar - devem • reconhecer que o Estado não consegue garan: tir, em caráter absoluto, os direitos constituci• onais à vida, à integridade física e moral e à : propriedade. • O resultado concreto desse mal formula•. do texto, se v·1e1· a converte1·-se e1n no1·1na le• gal, será o desarmamento dos homens de bem, : seja porque não tolerarão viver à margem da : lei, seja por temor à reprimenda judicial. Já os • criminosos, que obviamente desprezam todo • tipo de imposição legal, agradecerão e festeja: rão, pois a pretendida lei virá apenas facilitar• lhes a má vida, afastando boa dosagem do ris: coque deveria onerar a sua vil atividade. • Digo-lhe com toda franqueza, como Ofi: eia! de Polícia Militar e cidadão: a lei atual, de • nº 9.437, é fortemente restritiva quanto ao por: te, mas realista e razoável quanto à posse do• miciliar de arma; o projeto, no entanto, quer : instituir uma lei draconiana, a meu ver em fran• co choque com os direitos civis já citados, além : de ser indiscutivelmente expropriatória, já que • contém um dispositivo que ameaça privar ci: dadãos de parte dos seus bens sem o devido • processo legal, também assegurado constitu: cionalmente. Ou impor-lhes desapropriação su• mária por preço vil , o que dá na mesma.

Inglaterra adotam esse tipo de leg islação . Que conseqüências ela tem acarretado nesses países? Ten.-Cel. Paes de Lira - Tenho acompanhado, desde um congresso policial de que participei em Haia, em junho de 1998, o caso da Inglaterra, onde as estatísticas mostram brutal inflexão - para cima - da curva de crimes violentos. Veja bem, não estou falando de números absolutos, que são bem inferiores aos do nosso País, mas em índices de criminalidade . E acontece que os índices explodiram, nos últimos cinco anos. E por quê? A resposta, a meu ver, está exatamente na razão direta do armamento dos criminosos e no agressivo aun1ento do seu atrevimento, e na razão inversa do desarmamento quase total da população em geral, que, como já frisei, reduz consideravelmente o risco da atividade criminosa. O caso da Ing laterra, é claro, não deve ser red uzido a uma fórmula excess ivamente simplificada. Não obstante, entendo-o como um dos muitos que se aj ustam aos estudos dos professores John Lott e David Musta.rd, da Universidade de Chicago, sobre a posse de armas pelos cidadãos de bem como fator moderador da violência, e não o contrário. No tocante à Austrália, conheço apenas os dados que o mesmo professor John Lott deunos a conhecer, em recente entrevista ao jornal "O Estado de S. Pau lo". Segundo ele, o efeito do desarmamento absol uto da população naquele país-continente resultou em considerável recrudescimento do crime violento, praticado por criminosos habituais, nas ruas das grandes cidades (Sidney e Melbourne em especial) e também nas vastidões rurais, em que as grandes distâncias e as peculiaridades geográficas favorecem o criminoso,já que a legislação local não fez exceção nem mesmo para os fazendeiros e moradores das paragens inóspitas e carentes da presença da força policial.

• : • : • • •• • •• • •• • : • : • : • : • : • : • : • : • • • • • : • •• • •• • • • • •• • :

Catolicismo - Quando entra em vigor tal gê- •• nero de legislação, os criminosos são sempre • beneficiados pelo fato de utilizarem armamento :

ilegal? '"fen.-Cel. Paes de Lira - Sim, sem dúvida, pois dispõem de todo o gigantesco mercado clandestino para abastecer-se, à margen1 da lei que desprezam. Não necessitam de indústria e de comércio local regular para isso. É claro que as leis de mercado funcionam também para o submundo. Assim, o preço das armas, devido à menor oferta, subirá para tais consumidores.

• : • : • : • : •

• • •• : • •

•~os crédulos

••

que virem na pretendida lei uma mais ativa

: • ••

prevenção de : caráter penal • contra atividades •

. •

criminosas, /embro que penas entre um e dois

: • •• •

anos de reclusão •• não assustam • bandidos" •

.

Só que eles rião se incomodarão muito com esse percalço: bastará que intensifiquem as suas investidas contra os já então desarmados "financiadores" . Aos crédul os que virem na pretendida lei uma mais ativa prevenção de caráter penal contra atividades criminosas, lembro que penas entre um e dois anos de reclusão não assustam bandido. Basta lembrar a recente lei de novembro de 1998, mais uma na fieira das que afrouxaram a execução penal, a estabelecer regime aberto - sim, aberto - para penas até quatro anos de reclusão, independentemente do crime praticado. E quanto às penas mais importantes, de dois a quatro anos de reclusão, previstas na lei atual, essas sim idealizadas para atingir criminosos habituais, simplesmente não são aumentadas no projeto. Portanto, fica claramente delineado o objetivo da proposta: exacerbar a pena que alcançará o infrator eventuai, ou seja, na maioria dos casos cidadãos comuns desavisados ou recalcitrantes.

•• Catolicismo • : • : • : • : • : • : • : •

Os homens honrados ficarão indefesos em face dos criminosos? Ten.-Cel. Paes de Lira - Não! Caberá à Força Pública garantir proteção ao cidadão comum desarmado - e ela, creia-me, o fará. Mas não me assiste o direito de fantasiar a realidade. Essa proteção nunca chegará ao absoluto - inatingível por definição. A complexidade do panorama dos grandes aglomerados urbanos, as deficiências estruturais, a decadência moral e os fatores sociais criminógenos têm favorecido o crescente e incontrolável ingresso de pessoas naquilo que costurno chamar de "mercado do crime". De fato, são tantos os criminosos habituais e oportunistas em atividade que nem mesmo as qua-

eATo LIe Is

Mo

Agosto de 1999

35


tro mil e oitocentas prisões de pesso\ · as em flagrante delito, efetuadas por mês pela Polícia Mili ar, produzem resu ltados descendentes sensíveis nos índices de criminalidade, no Estado de São Paulo. Outro fator preocupante é o decrésc imo do potencial da polícia, igualmente embutido no projeto. É que o texto proíbe também aos policiais possuir armas de fogo, abrindo caminho para iniciativas infelizes como a do governo socialista do Rio Grande do Su l, cujo Secretário de Segurança, Sr. José Paulo Bisol , vem de vedar, por portaria, o porte de arma por policiais, fora do • • estrito horário previsto em escala de serviço. Com a provável generalização de tais medidas, os policiais não somente ficarão indefesos ante a sanha vingativa de criminosos, mas também perderão a capacidade de aderir lealmente ao serviço, estando de folga, frente à iminência ou à eclosão do crime, como, para benefício da sociedade, ainda é tão comum entre os cidadãos em armas que compõem as fileirns da Força Estadual Paulista.

Catolicismo -

Ao invés de diminuir a crimi nal idade, o desarmamento ocasiona um aumento desta, por que representa um incentivo ao crime? E isto porque os bandidos sabem que não encontrarão resistência proporcional? Ten.-Cel. Paes de Lira - Esta é exatamente a tese de Lott e Mustard, cientificamente provada no seu estudo denominado Crime, Deterren-

ce and Right-to-Carry Concealed Handguns. Eu concordo com as conclusões dos dois ilustres acadêmicos. Não por "afinidade ideológica", digamos assim. Afinal, John Lott e David Mustard não são, e nunca foram, homens de armas: o primeiro ensina na Faculdade de Direito e o segundo milita no Departamento de Economia da citada universidade americana. Minha concordância resulta do estudo aprofundado a que submeti o mencionado texto, durante a preparação da ,ninha tese ·referente ao Curso Superior de Polícia. Os autores convenceram-n1e da sua honestidade científica, pois concluíram e reconheceram que a contrapartida da redução dos cri1nes violentos, em cidades onde os cidadãos de bem podem portar armas de defesa, é o aumento dos crimes não-violentos. Não houve, portanto, manipulação de dados. O que importa é o ganho social representado pelo decréscimo da violên-

36

eAT oL IeIsMo

Agosto de ~ 999

• : : • • : • : • •

"O criminoso armado, embora talvez sem consciência da teoria [de que o crime violento é atividade de alto risco], age em consonância com ela: se o risco é baixo, ou nenhum, arrisca a empreitada, se o risco, no caso representado pelo potencial de autodefesa da vítima é elevado, ele atende ao estímulo"

eia experimentada: sofrer um furto é muito menos traumático, para a vítima individual e para a sociedade, do que sofrer um roubo à mão armada. Lott e Mustard concluíram que a permissão legal para que cidadãos de bem, sem antecedentes criminais, portem armas, reduz sensivelmente os crimes violentos e produz um incremento de apenas meio por cento no índice de mortes acidentais por armas de fogo. Este último, socialmente toleráve l, frente ao decréscimo estimado de 1.500 homicídios, 4.000 estupros e mais de 60.000 roubos à mão armada. • Os números que apresento são aproximados, • pois cito-os de memória, e referem-se, é claro, ao ambiente estudado - os Estados Unidos da América. Os pesquisadores lavraram o seu estudo sob a ótica econômica, como é natural, concluindo também que a permissão legal em questão resulta em ganho anual estimado de seis bilhões de dólares. Onde a lógica disso? É simples: o crime violento tem de ser, eu digo que é imperativo sê-lo, atividade de alto risco para o agente. É uma atividade eminentemente econômica. O criminoso armado, embora talvez sem consciência da teoria, age em consonância com ela: se o risco é baixo, ou nenhum, arrisca a em• preitada; se o risco, no caso representado pelo potencial de autodefesa armada da vítima, é elevado, ele atende ao estímulo, considera a relação custo-benefício e vai em busca de alvo mais fáci 1. Nessa linha de raciocínio, sendo raros os "patos sentados", o de ii nqüente acaba por optar pelo crime patrimonial de destreza, de oportunidade ou de astúcia, em que o potenci• al de confronto tende a zero. Outro estudo, de Wright e Rossi, da Uni• versidade de Massachusets, confirma a tese de Lott e Mustard, a partir de insuspeitas entrevistas com criminosos condenados por roubo à mão armada.

• Catolicismo - Quais as med idas convenien• tes e ma is acertadas para combater a criminalidade crescente no Brasil? Ten.-Cel. Paes de Lira - O caminho não é o • proposto pelo Projeto de lei. Em termos de controle, a existente lei nº 9.437 é suficiente nos • seus mandamentos, mas pouco eficaz quanto • ao comércio ilícito de armas, como aliás reco• nhece o próprio Ministro da Justiça, Dr. Renan • Calheiros, na exposição de motivos nº 293, que encaminha o projeto.

Ora, o controle fracassou não por ações dos cidadãos respeitadores da lei, mesmo os armados. Fracassou, isto sim, pela crescente atividade e pela incontrolável arrogância dos grupos ele extermín io, dos traficantes de entorpecentes e das quadrilhas de assaltantes à mão armada. Há de admitir-se a parcela de culpa que toca à deficiente repressão. Mas o que garante que a pretendida lei mudará tal quadro de situação? Rigorosamente, nada! Ao contrário, os estudos isentos e a observação ela realidade cotidiana indicam exatamente o contrário. Aliás, Wright e Rossi, no seu citado estudo, afirmam que 88% dos criminosos obtêm armas de fogo apesar de todas as restrições legais, independentemente da eficácia preventiva e repressiva da políc ia. A criminalidade deve-se combater em três frentes: a social, a legal e a moral, sendo a última mais importante e mais difícil de retomar e de consolidar. A frente social é deresponsabil idade do Estado, que deve investir maciçamente cm programas ele emprego, educação e saúde, como forma de combate ao crime miúdo e aos acenos do narcotráfico, que coopta crianças e adolescentes carentes para as "tarefas de apoio", transformando-as logo em seguida em seguranças armados do ilícito comércio, pagando-lhes salários a que dificil mente teriam acesso no mercado formal ele trabalho. Fala-se muito do sucesso de New York na redução dos índices criminais, mas : ele não ocorreu por acaso, nem da noite para o dia. Foram necessários 1O anos de "tolerância zero" e ele pesados investimentos em equipamentos urbanos, lazer assistido, saúde, educação e política de pleno emprego, tudo secundado por importantes programas de combate ao uso de drogas pela juventude. A frente legal, também de responsabilidade do Estado, deve abranger os esforços da polícia, da justiça e do sistema prisional, integraclamente. Na esfera policial, o Estado deve investir na qualificação cada vez maior dos recursos humanos, evitando cair na armadilha quantitativa - qualidade é a palavra-chave. Deve investir em tecnologia. Mas acima de tudo zelar pela •

"Há que combater-se a decadência moral, a ausência de valores familiares, a perda do sentido de solidariedade, culminando na falta de fé, componentes de um quadro de carência espiritual tendente a brutalizar as pessoas"

auto-estima cios membros da polícia, ao invés de tratá- los como agentes públicos de segunda classe, ou sinalizar à sociedade que apenas os tolera, como a um mal necessário. Na esfera da justiça criminal, as metas devem ser idênticas, adicionando-se a elas a necessária aproximação do sistema ele persecução criminal (Judiciário e Ministério Público) do c idadão comum. É imperativo prover celeridade aos procedimentos, abo li ndo forma lismos que só atendem aos interesses dos criminosos, patrocinados por maus advogados - contratados e pagos semanalmente com produto de ilícitos de toda sorte. Ainda no que toca à justiça criminal, o crescente afrouxamento da lei, sistematicamente elaborada e votada atendendo a conveniências de política criminal, voltadas para o esvaziamento das prisões a todo custo, em nada ajuda: trata-se de uma tendência equivocada, digo mesmo pseudo-social, que deve ser freada , em pro l dos interesses da verdadeira cidadania. A frente moral é fundamentalmente de responsabilidade do indivíduo, enquanto ser social ético, dotado de superior centelha divina. Há que combater-se a clecaclência mora l, a ausência de valores familiares, a perda do sentido de solidariedade , culminando na falta de fé, componentes de um quadro de carência espiritual tendente a brutalizar as pessoas. A banalização da violência, a corrida desenfreada aos bens materiais e o escapismo das drogas vêm produzindo em todo o mundo o fenômeno da criminalidade por livre opção. Minha observação pessoa l, como profissional, permite-me concluir que o crime resultante de fatores criminógenos de raiz social é hoje categoria residual. A maioria dos criminosos violentos está no "mercado do crime" porque assim quer; porque deseja a posse dos bens disponibilizados pelo sistema produtivo ocidental, mas não deseja esforçar-se por obtêlos de modo honesto, vinculado aos princípios cristãos. Eles querem tais bens: portanto vão tomá-los de quem os tem, pouco se importan• do com os direitos alheios, com a lei dos homens ou a Lei ele Deus. ♦

.

e

A

To LI e Is Mo

Agosto de 1999

37


INTERNACIONAL

A Cimeira que não foi de Fidel JOSÉ CARLOS SEPÚLVEOA DA FONSECA

Países da Comunidade Européia, da América Latina e do Caribe reúnem-se para contestar a hegemonia americana. A presença de Cuba é questionada. E Fidel Castro, ao contrário do que se previa, não foi o dono da festa. e da América Central, cujos habitantes em sua grande maioria são refratários à ideologia marxista do regime cubano, bem como à violência revolucionária dos movimentos por ele inspirados. São sintomáticas a esse propósito as palavras do Presidente Fernando Henrique Cardoso em entrevista a Márcia Carmo Karam do "Jornal do Brasil" (4/7/99), ao ser indagado por que um político como Fidel Castro ainda faz tanto sucesso: "Ele é Davi contra o Cofias. Ele está ali, ao lado dos Estados Unidos, tem uma posição de firmeza contra o gigante". Essa posição de apregoada firmeza por parte de Fidel Castro - que se fez igualmente sentir face a Gorbachev quando do desmoronamento, pelo menos parcial, do modelo soviético-, permite a Cuba apresentar-se como expoente de um "modelo" a ser exportado para toda a América Latina. Um modelo que contém em si urna simbiose do comunismo clássico com as mais avançadas correntes da esquerda católica e que aponta para a mudança radical do atual sistema econômico-financeiro mundial. Tudo com vistas à construção de uma sociedade de estilo de vida miserabilista (igualdade na miséria), em contraposição ao modelo dito consumista e neoliberal. É compreensível que, para o desenvolvimento de tal política, seja publicitaria.mente importante a participação de Fidel Castro em eventos internacionais, como a Cimeira do Rio. Pois assim se prepara o terreno para que certos dirigentes internacionais - seja por afinidade ideológica, seja por oportunismo

endo como fundo de quadro as elezas naturais, que tornam o paorama do Rio de Janeiro único no mundo, desemolou-se a Cimeira da América Latina, Caribe - União Européia. Um forte esquema de segurança, que se estendia a boa parte da cidade, envolveu a reunião de 48 Chefes de Estado e de Governo para discutir a cooperação política, econômica e cultural entre os blocos da União Européia e da América do Sul. Se bem que boa parte das conversações e das extensas publicações na imprensa tenham versado sobre a criação de uma zona de livre comércio entre os dois blocos, muitos observadores e até diversos participantes do encontro-entre eles o Chanceler alemão Gehrard Schrõder e o Presidente francês Jacques Chirac -viram como principal objetivo da Cimeira uma contestação à hegemonia americana. A América Latina deixaria de ser uma área de influência dos Estados Unidos. É significativo, nesse sentido, que esta tenha sido a maior reunião do hemisfério ocidental sem a presença norte-americana. Nesse contexto de deterioração das relações dos Estados Unidos com a América Latina, Cuba exerce papel de capital importância. Com efeito, a inexplicável continuidade do castrismo cubano no panorama continental tem como um de seus efeitos mais perniciosos lançar um indefinido sentimento de frustração em largos setores da opinião pública americana, debilitando assim sua capacidade de reação contra o comunismo. Semelhante fenômeno se dá nos países da América do Sul 38

0

CATOLICISMO

Agosto de f999

político - voltem sua ação numa direção favorável aos interesses do utopismo miserabilista. Exemplo característico é o do líder espanhol Aznar, dito conservador, que fez questão de visitar Fidel Castro no Hotel e foi qualificado pelo dirigente cubano como sábio, talentoso e afetuoso e o mais leal colaborador da Cimeira de Havana (a próxima Cimeira Ibero- americana, a realizar-se em Havana, conta com o primeiro-ministro espanhol como um dos seus principais propulsores!). Não é difícil crer que todos os holofotes da propaganda estivessem voltados para o governante do Caribe. O conhecido aiticulistado "Jornal do Brasil", VillasBôas Corrêa, vaticinava até que esta seria a "Cimeira de Fidel Castro". Ele seria, uma vez mais, "o dono da festa". Entretanto, os fatos não correram ao gosto do "velho demônio", como se definiu a si mesmo o próprio Fidel Castro numa entrevista à imprensa. Pai·a os líderes que iriam assinai· a Declaração do Rio - na qual propugnavam o "fortalecimento da democracia representativa e participativa e da liberdade individual" bem como "promover e proteger todos os direitos humanos e liberdades fundamentais" - era espinhoso e contraditório ter como companheiro Fidel Castro, cujo regime antidemocrático não respeita qualquer dos direitos fundamentais do homem nem de Deus.

Foi o que muito bem assinalaram 15 parlamentares brasileiros - entre os quais Lael Varella, Marcos Cintra, Ricai·do lzar e o próprio vice-presidente da Câmara de Deputados, Severino Cavalcanti - em missiva conjunta com deputados italianos e outras personalidades de destaque daquele país: "Cuba

comunista, que logo após a visita de S.S. João Paulo II, em janeiro de 1998 contrariando frontalmente o explícito desejo do augusto visitante de que 'Cuba se abra ao mundo' - se encarregou de ir fechando mais e mais as grades de seus cárceres e apertando as algemas policiais, legais e psicológicas com as quais oprime 12 milhões de nossos irmãos latino-americanos" .* Foi igualmente o que assinalaram representantes do exílio cubano em importante conferência de imprensa no Rio de Janeiro (ver quadro abaixo). Esse mal-estar sentiram-no diversos dirigentes presentes à Cimeira, diante das perguntas dos jornalistas, como, por exemplo, os chanceleres do México, da Espanha e da Alemanha. O próprio Schrõder titubeou diante da pergunta de uma jornalista alemã, a respeito do valor que poderia ter um documento que se compromete com a democracia se um dos seus signatários é o "ditador Fidel Castro" (Cfr. "Público", Lisboa, 30-6-99). Esses e outros fatores, como o trabalho de esclarecimento levado a cabo por representantes de cubanos no exílio junto aos mais de 1500 jornalistas do

mundo inteiro que se concentravam na sala de imprensa, fizeram com que a unanimidade publicitária em torno de Fidel Castro fosse quebrada. Ao final da Cimeira, não houve sequer condições para que o líder comunista cubano saísse na foto oficial. Em dois de seus comunicados, a conhecida agência internacional de notícias Reuters, realçando as manifestações anticastristas que acompanharam a realização da Cimeira, afirmou claramente: "Castro fica sem fotos e vai com as mãos vazias". "Fidel Castro não vai se esquecer da Cimeira entre América Latina e a União Européia, onde pela primeira vez em muitos anos Cuba não é a estrela mas sim o patinho feio da festa". Resta agora saber quais os dirigentes ocidentais que estarão dispostos a prestigiar Fidel Castro na próxima Cimeira em Havana... ♦

*

Além dos quatro parlamentares citados, também subscreveram o documento os seguintes deputados: Cunha Bueno (SP), Salvador Zimbaldi (SP), Celso Russomano (SP), G il berto Kassab (SP), Aro lde de Oliveira (RJ), Jair Bolsonaro (RJ) , Abe lardo Lupion (PR), Werncr Wanderer (PR), Hercu lano Anguinetti (MG) , Roberto Balestra (GO) e Telmo Kirsl (RS).

Representantes do exílio cubano apelam ao Ocidente livre o Hotel Luxar Regent, quase ao lado do local onde se hospedaria Fidel Castro, representantes de movimentos de cubanos exilados concederam importante conferência de imprensa, durante a qual denunciaram as mais recentes perseguições do regime comunista de Havana. Representando a coalizão Cuba Fala, fizeram uso da palavra Sylvia lriondo, Presidente da organização Mães e mulheres contra a Repressão; Ana Charbonell, diretora da Ahança de Jovens Cubanos e Chuny Montaner, do Grupo de Trabalho da Dissidência Cubana. Fez igualmente parte da mesa Gonzalo Guimaraens, enquanto coordenador do CubDest Serviço de Difusão.

N

Conferência de imprensa de representantes de Cuba no exílio, no Luxor Regent Hotel de Copacabana. Neste momento, era tentada uma comunicação telefônica com resistentes na ilha-prisão. Da esquerda para a direita: Ana Charbonell, Gonzalo Guimaraens, Sylvia lriondo e Chuny Montaner

"É preciso que os mandatários participantes da Cimeira do Rio de Janeiro façam, afinal, algo pela liberdade de nosso povo, pois, do contrário, esta reunião perderá a sua legitimidade e seriedade", afirmou Sylvia lriondo. Chuny Montaner citou documentos recentes que demonstram o perigo representado pelas armas bacteriológicas em posse do regime castrista. Gonzalo Guimaraens relembrou a importante mensagem de deputados brasileiros e italianos aos Chefes de Estado e de Governo presentes à Cimeira, bem como o recente documento da Fundação Lawton de Direitos Humanos que denuncia o apartheid ideológico existente em Cuba. Os representantes do exílio cubano pediram ainda que o Ocidente ouça as vozes dos opositores que, no .ú ltimo dia 2 de março, dirigiram uma pungente mensagem, para que a próxima Cimeira Ibero-americana não se realize em Cuba: "Por Deus e pela dignidade, olhem para Cuba. Olhem para os Cubanos. Não sustentem a mão que nos assassina. Não é ético nem cristão assistir a uma Cimeira num país onde o governo desconhece o direito de seus cidadãos", afirma a mencionada mensagem.

eAToLIeIsMo

Agosto de t 999

39


Paulo Corrêa de Brito Filho, Coordenador-Geral de OANF, já entrou em contato com o Ministério Público do Estado de São Paulo

OANF quer entrevista com Procurador de Justiça Estamos atentos... Catolicismo acompanhará passo a

R

ecentemente O Amanhã dos Nossos Filhos promoveu cam-

panha que visa pôr fim aos filmes pornográficos exib idos pela Rede Bandeirantes. Ao noticiar, na ocasião, esse -louvável esforço, Catolicismo prontificou-se a acompanhar passo a passo o desenvolvimento da campanha. Pois bem, segundo informações do Coordenador-Geral de OANF, já há contatos com o MP paulista para obter uma entrevista com o Procurador-Geral de Justiça do Estado de São Paulo, Dr. Luiz Antonio Guimarães Marrey.

passo o desenrolar da campanha, esperando naturalmente não ser preciso noticiar que o Ministério Público foi omisso quanto aos apelos de milhares de famílias brasileiras ...

A "presteza" das emissoras de TIi. .. Na edição do dia 22/2/99 - fevereiro, notem bem - o "Jornal do Brasil" adjetivava com as palavras "presteza" e "rigor" a atitude do Sr. José Gregori, Secretário Nacional de Direitos Humanos do Ministério da Justiça.

Tanta "presteza" e tanto "rigor" foram devidos ao ultimato que o Secretário enviou às emissoras de TV Intransigente, o Sr. José Gregori estabeleceu o dia 31 de março deste ano como a data limite para que as emissoras apresentassem um Código de Ética com medidas punitivas para conter os abusos cometidos na guerra pela audiência. Seis meses depois, o Sr. Secretário parece continuar aguardando serenamente o acatamento de sua determinação. E as famílias brasileiras continuam sendo vítimas do desrespeito e da imoralidade de programas de TV. Quanta presteza!.. . ♦

Exploração da sensualidade infantil leva OANF a protestar contra o programa de Raul Gil O concurso Mini Tchan, promovido pelo

programa apresentado por Raul Gil, na TV Record, está sendo combatido por milhares de aderentes de OANF Numa época em que muito se fala da necessidade de proteger a infância e o bem-estar das crianças, as apresentações censuráveis de Raul Gil, da Rede Record, não passaram despercebidas aos aderentes de OANF.

Tudo por IBOPE? Querendo entrar na corrida pelo Éden televisivo (primeiro lugar no IBOPE), Raul Gil não pensou duas vezes : ressuscitou o polêmico concurso Mini Tchan. Alvo de protestos, a atração chegou a ser cortada do SBT. Só para lembrar: a emissora de Sílvio Santos é famosa pelas apelações ao baixo nível moral. Pois, mesmo assim, o SBT não teve coragem, naquela ocasião, de continuar com a exploração infantil.

Ética gravemente violada na corrida pelo IBOPE Apresentando meninos e meninas como miniaturas de dançarinos conhecidos pela sensualidade de suas coreografias, o concurso tenta atrair audiência exibindo crianças que imitam uma dança consistente em movimentos com clara intenção libidinosa.

40

e A To L I e I s M o

Agosto de 1999

O pior não é nem o exemplo... O Dr. Paulo Corrêa de Brito, Coordenador-Geral de OANF, comentou na reunião de Coordenação que certas danças são "péssimos exemplos para as crianças", mas, segundo ele, há algo ainda pior: esse gênero de programação "agrada de cheio à lascívia de certo tipo de adultos". Na mesma ocasião o Coordenador ressaltou a importância de lutarmos por programas que edifiquem nossas crianças e não as explorem escandalosamente.

Atitude de OANF Através de carta enviada a seus aderentes, OANF explica a gravidade do problema, e pede que cada pessoa assine um protesto e o envie para o presidente da Rede Record.

Conteúdo do protesto O protesto de OANF pede que a presidência da emissora faça cessar imediatamente o concurso Mini Tchan, ressaltando quão inapropriado é esse tipo de atração para a moralidade e o bem-estar de nossas crianças. Catolicismo se compraz em noticiar essa verdadeira cruzada que OANF está empreendendo em favor da infância brasileira . Faça como a revista: apóie e participe de OANF!

eAToLIe Is Mo

Agosto de 1999

41


Quarta edição italiana de Revolução e Contra-Revolução stá em curso a difusão da quarta edição de Rivoluzione e Contro-Rivoluzione, obramestra de Plin io Corrêa de O liveira, editada por Luci sull'Est- Roma. Recentemente o livro foi apresentado em duas sessões real izadas em Palermo, bem como outros encontros efetuados em diversas cidades da Sicília. A primeira sessão teve lugar no Instituto Don Orione e contou com numerosa participação de jovens. Usaram da palavra os Srs. Júlio Loredo, do Ufftcio TFP, e Pier Luigi Bianchi-Cagliesi , do Coordinamento Triveneto per la Civilità Cristiana.

E TFP-Ação na Alemanha em defesa da infância agredida pela mídia A "Deutsche Vereinigung für eine Christliche Kultur" - DVCK (Associação Alemã por uma Cultura Cristã), entidade coirmã da TFP, organizou em Bonn, no dia 29 de abril último, uma conferência sobre "Abuso sexual de crianças e pornografia infantil". Fez uso da palavraManfred Paulus [foto], principal comissário criminal e autor de importantes livros sobre a matéria. O conferencista ressaltou o nexo existente entre a criminalidade, a decadência moral da sociedade e o perrnissivismo sexual, especialmente a sexualização da sociedade através da mídia. E lamentou a falta de reação da opinião pública face a esse tipo de abuso.

e

om o obj tlvo mais espec ífico d colaborar n t r ta da formação católica d gra nde número de adol contes italianos, Luc/ sull'Est lançou também um tir gem de 100.000 ex mpl res da obra Giacinta d/ F. -

Nova campanha da DVCK contra o aborto A campanha SOS Leben, que combate a prática do aborto na Alemanha, iniciou a divulgação de um novo vídeo, no qual procura despertar a importância da defesa ao ainda não nascidos. O vídeo uti liza as técnicas Aktion mais modernas da sonografia, SOS LEBEN prasentiert: através das quais pode-se ver em detalhe a vida da criança no claustro materno. O Sr. Benno Hofschulte, diretor da campanha,. comentando a oportun idade da iniciativa, afirmou que as novas gerações estão perdendo a noção da existência do nascituro pela aceitação cada vez maior do aborto por parte da sociedade.

42

CAT OLICISMO

Agosto de 1999

O segundo ato, a cargo da Associação Mili zia de /l ' lrnmaco lata de Palermo, fo i emo ldurado pelo hi stórico salão ixto V da Basíl ica de São Franisco le A. sis. E. teve presente a ele ra ncle público, constituído em sua maioria por jovens da capital siciliana. Falaram durante o evento o dirigente da Mi li zia, Frei Lui gi Gattuso, OFM Conventuais, Reitor do Seminário franciscano da Sicília e animador da Milizia deli' lmmacolata daquela cidade meridional. Confirmando seu ca ráter de manual para a formação contra-revolucinária, a obra do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira também fo i matéria de debate no âmbito do retiro espiritual reali zado junto ao Santuário de 'ihi/111m111a, em Pa lermo, e do qual participaram joven I ori ·ntaç, o tradicional.

Giadnta diFatitna<~ Ln. {'astore(ía ,{e(fo Madonna

A

Associação italiana Luci su!l'Est, está difundindo a mais famosa obra de São Luís Maria Grignion de Montfort, Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. A entidade realiza assim um grande anseio do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, que sempre incentivou essa difusão.

-

(

-;__

tima - La pastorei/a dei/a Madonna - a história da

vidente de Fátima, Jacinta , escrita pelo Pe. Fernando Le ite, SJ. Na sede de Luci sull'Est, em Roma, incontá veis repercussões têm chegado de pais e mães de fam ílias relatando que os filhos - lendo a· vida de Jacinta tende m a progredir no caminho da virtude do bem.

Conferência no auditório da Casa Polônia, em Cracóvia

Revolução e Contra-Revolução na Polônia A TFP francesa, em colaboração com a Associação Vadem.ecum e o Clube Monárquico Conservador, da Polônia, promoveu a realização de uma série de conferências em cinco cidades daquele país: Cracóvia, Varsóvia, Lublin, Loclz e Poznan. As conferências, profer idas pelo sócio da TFP brasileira, Dr. Nelson Ribeiro Fragelli, versaram sobre a vi são católica da História à luz do livro Revolução e Contra- Revolução, obra magna do Prof. Plinio Corrêa ele Oliveira.

Faculdade de Ciências Políticas da Universidade de Varsóvia. 1'-111"'" "' I'' ' ' \ lt ,111

,,.

tl',1\\11 ,o , \\ ~ l~ t \Ili

ti

,1 1 111,,011

\' l•ltll'/11 ,11. , 11 111 1L•.,1111/ 11\llt; '.W\UJ \lJ.I

.' Am,1/1,.J,i 11/:1,, h/11,,1,ru 11,l,•tli•lr.1',it!., H1·1,1i./u. I A.;mm•,- 111 ,/uq,t

1•;

),'-l, ~j

Dr Nelson Fragelll

\

1 -~·

"

,

.,.

"

( 11,.,h••q~~h

:·.1,1,\, \~~1.\ · J'. rema1i,fu 1.,eilc,

SJ

""-1,,,, .....

~""!!---~. .

Cartaz-convite para a conferência na Universidade Católica de Lublin

cAToLIcIsMo

Agosto de 1999

43




s'J~Jffi Nesta edição

Capítulo VII Obstáculos à Contra-Revolução 1. Escolhos a evitar entre os contra-revolucionários Os escolhos a evitar entre os contra-revolucionários estão, muitas vezes, em certos maus hábitos de agentes da Contra-Revolução. Nas reuniões ou nos impressos contra-revolucionários a temática deve ser cuidadosamente se lecionada. A Contra-Revolução deve mostrar sempre um aspecto ideológico, mesmo quando trata de questões muito pormenorizadas e contingentes. Revolver, por exemplo, os problemas políticopartidários da História recente ou da atualidade pode ser útil. Mas dar excessivo realce a questiúnculas pessoais, fazer da Juta com adversários ideológicos locais o principal da ação contra-revolucionária, apresentar a Contra-Revol ução como se fosse uma simples nostalgia (não negamos, aliás, é claro, a legitimidade dessa nostalgia) ou um mero dever de fidelidade pessoal, por mai s santo e justo que este seja, é apresentar o particular como sendo o geral, a parte como sendo o todo, é mutil ar a causa que se quer servir.

2. Os "slogans" da Revolução Outras vezes estes obstáculos estão em "slogans" revolucionários aceitos, não de raro, como dogmas até nos melhores ambientes.

A. ''A Contra-Revolução é

estéril por ser anacrônica" O mais insistente e nocivo desses

"slogans" consiste em afirmar que em nossa época a Contra-Revo lução não pode medrar porque é contrári a ao espírito dos tempos. A H istória, di zsc, não volta atrás.

A Religião Católica, segundo esse singu lar princípio, não existiria. Pois não se pode negar que o Evangelho era radicalmente contrário ao meio em que Nosso Senhor Jesus Cristo e os Apóstolos o pregaram. E a Espanha Católica, germ ano-ro mana, também não ex istiria. Pois nada se parece mais com uma ressurreição, e portanto, de algum modo, com uma volta ao passado, do que a plena reconstituição da grandeza cri stã da Espanha, ao cabo dos oito século que vão de Covadonga até a queda de Granada. A Renascença, tão cara aos revolucionários, foi, ela mesma, sob vários aspectos pelo menos, a vo lta a um naturali smo cultural e artístico fossi lizado havia mais ele mil anos.

A atual catedral de Córdoba, antiga mesquita daquela cidade, é um edifício simbólico da restauração cristã na Espanha após oito séculos de dominação maometana

A História comporta vais-e-vens, portanto, quer nas vi as cio bem, quer nas do mal. Ali ás, quando se vê que a Revolução considera algo como coerente com o espírito dos tempos, é prec iso circunspecção. Pois não raras vezes se trata ele alguma velharia dos tempos pagãos, que ela quer restau rar. O que têm ele novo, por exemplo, o divórcio ou o nudismo, a tirania ou a demagogia, tão generalizados no mundo antigo?

34

A palavra do sacerdote

A atuação contra-revolucionária junto às massas é importante mas secundária, sendo o principal a formação das elites. É o que se conclui da leitura dos itens de Revolução e Contra-Revolução, publicados na última edição. Passaremos a seguir ao Cap. VII da Parte li.

8

Carisma, gnose, Albigenses e Cátaros

A realidade concisa,nente Por que crá modern o o divorcista e anacrônico o defensor ela indi sso lubilidade? O conceito ele "moderno " para a Revolução se cifra no seguinte: é tudo quanto dê livre curso ao orgulho e ao igualitarismo, bem como à sede ele prazeres e ao libera li smo.

B. ''A Contra-Revolução é estéril por ser essencialmente negativista" Outro "slogan": a Contra-Revolução se define por seu própri o nome como algo ele negativo, e portanto ele estéril. Simples j ogo ele pa lavras. Pois o espírito humano, partindo do fato ele qu e a negação el a negação importa numa afirmação, exprime ele modo negativo muitos ele seus conceitos mais positivos: i n-falibiliclacle, in-clepenclência, in-nocência, etc. Lutar por qualquer desses três objetivos seria negativi smo, só por causa ela formu lação negativa em que eles se apresentam? O oncíli o cio Vaticano, quando definiu a inf"ali bili clacl e pap al , fez obra negat iv i sta? A Imaculada Conceição é prerrogativa negativi sta ela M ãe ele D us? Se se entende por negati vista, ele acordo com a linguag 111 ·orrcntc, algo que insiste em nc ar, cm atacar, e cm ter os olhos continuamcnt ' vo ltados para o adversári o, dcvc-s di;,, r que a Contra-Revolução, s ' 111 ser apenas negação, tem cm sua csi(' n ·ia ai um a co isa ele fun Iam ' ntal • sadi ·i mcntc negativi sta. onstitui ·la, ·orno dissemos, um mov im ·nto diri 1 icl o contra outro mov im ' nt o, · n:1o s' ·omprccncle que, numa lut a, 11111 :idversário não tenha os o lhos postos sobr · o outro e não esteja co m •I : nurn.i utitudc ele polêmica, d ' ataqu · • ·ontra-ataque.

1O -

Woodstock 99: submundo à imagem e semelhança do inferno - Um Kosovo na América Latina?

Nossa capa: Vista aérea da Basílica e da praça de São Pedro, em Roma

Revolução e Contra-Revolução

2

Como evitar os obstáculos que a Revolução coloca para impedir a marcha da Contra-revolução

A Palavra do Diretor

Brasil Real

12 O

Brasil visto por uma francesa (Parte 1)

Dr. Eduardo de Barros Brotero, Vice-presidente da TFP no exercício da presidência, concede entrevista a Catolicismo

Nacional

14 Curso

de militâncias do MST: não querem apenas a invasão de terras, mas a tomada do Poder

Entrevista

34 Eduardo

de Barros Brotero, discorre sobre a eficácia dos métodos de ação da TFP no presente e as luminosas perspectivas da entidade para o futuro

Vidas de Santos

18 São

José de Cupertino: pequeno quanto à inteligência, gigante no amor de Deus

4 Página Mariana

Capa

Grandes Personagens

5

21

38 Davi:

Mais um precioso legado de Portugal ao Brasil : devoção a Nossa Senhora da Luz

Escreve,n os leitores

7

de pastor a Rei; de pecador a exímio modelo de penitente

Saiba defender sua Fé católica contra a heresia protestante

Atualidade

TFPs e,n ação

28 Breve

40 Sócios

retrospecto de nosso século que chega ao fim

Santos e -Festas do ,nês

32

e cooperadores da entidade rezam diante da milagrosa imagem do Bom Jesus de Pirapora (SP)

A,nbientes, Costu,nes, Civilizações

44 Gato:

símbolo animal do diplomata

Ponte de pedra e Prefeitura Municipal de São João dei Rei (MG)

Nos tópi co gulnt , , obrn do Prof. Plinio Corr a do Ollv Ira ontl nua refutando os "slogm,s" mal fr qO ntomente repetidos polos r volu lon. rio . É o que veremo m no sn próx mn dlç o. C ATO LI

e

ISMO

Setembro de 1999

3


PÁGINA MARIANA

Com a palavra ... o Diretor

N

Amigo leitor, Formar e informar para restaurar a Civili zação Cri stã e defendê-la contra eus inimi gos. A frase acima sintetiza um dos propósitos da revista Catolicismo. Oferecer ao leitor o que há de ma is autênti co na Do utrina cató lica para fo rmá- lo, com o intuito de restaurar a Civili zação Cri stã em seus fundam entos naturai s, como ensina São Pio X. E defende r os sa ntos ensinamentos da Igrej a, informando o le ito r sobre os erros disseminados pe las fal sas doutrinas de outrora e dos dias presentes. Justamente vi sua li zando a defesa dos sempite rnos princípios consagrados pe la Santa Igrej a é que apresentamos como matéri a de capa desta edição o te ma: "A doutrica católica .face a objeções de protestantes". Se o le itor ainda não teve oportunidade de rebater pessoa lmente heres ias, bl asfê mi as e impropérios enunciados por protestantes contra a Igrej a Católica, conhecerá, por certo, al gué m que j á teve que fazê- lo. Que m qui ser preparar-se para refutar sofi smas protestantes de toda a orde m não pode deix ar de le r Catolicismo deste mês. Fundame ntação na Bíblia justifi cando a exi tênc ia dos Santos, o poder sacerdota l de perdoar os pecados e a infa libilidade pontifíc ia, po r exempl o, são pontos invariave lme nte contraditados pe los protestantes com a vã. fin ali dade de desacreditar a Fé cató li ca. Leia esse importante arti go e sa iba respo nder com prec isão e c lareza àque les dos arraiais protestantes que atacam a Doutrin a da Sa nta Ig rej a. Se , por um lado, é-nos grato prestar esse impo rtante scrviç a nosso públi co , gostaríamos de ver matéri as do gênero abo rdadas tamb m c m outras rev istas de inspiração cató li ca. Este é um ponto cm re lação a qu a l não cabe exc lu sividade, devendo e le ser um fl o rão de g lóri a para qu a lquer publicação ele o rie ntação cató li ca. ln fe li zmente, poré m, out ras rev istas d gênero, não raro têm-se furtado à tarefa ele o ri entar os ca tó li co. sobre co mo e les devem defe nder-se dos ataques tanto de protestantes qu anto ele hereges das mais vari adas procedê ncias. Essa, co ntudo, não fo i, não é, e com a proteção ele Nossa Senho ra, j amai s será a pos ição ele Catolicismo. Desej o a todos uma boa le itura e até a próx ima edi ção. E m Jesus e Mari a

9~7 DIR ETOR

P.S. - Na seção "Co m a pa lav ra ... o Direlor" da edição de agosto p.p. (nº 584), comenta mos o arti go do Cel. Carl os A ntoni o E. J-l olf"meister Poli ( R I). Ta l coment ári o deve ser entendido à lu z cio que afirm a o mencionado autor nos seguintes tóp icos de sua co laboração : " O exercício da def esa individual e da def esa fa milia r .... , deco rre111es de uma obrigaçc7o de es1ado e conlando com graças especia is, é um bem em si e necessário à boa ordem das coisas . ... . Por oulro lado, o Go verno deve ve r nisso um 111eio ap10 de alingir o bem com.um, num {i 111bi10 que ele nc7o 1e111 condições de promovê- lo, a nc7o ser sulJ.1"id iariamen1e."

4

C ATO LIC ISMO

este mundo neopagão em que vive mos, os home ns não entende m o modo de ag ir divi no: se De us nos prova nesta vida , vi sa pre miar-nos na vicia ete rn a, caso sejamos fi é is . Ass im , a hi stó ri a da devoção mariana narrad a a seguir nasce u de um a provação , da terríve l prova da esc ravid ão . Pero Martins era um português pobre da vil a de Carnide. Dedicava-se à agri cultura pelo iníc io cio sécul o XV. Tendo trabalh ado no sul de Portugal, conheceu Inês Anes, um a moça don a de a lg um patrimô nio com a qual casou. Volto u à sua vila natal e lá levava uma exi stê nc ia tranqüila co m sua es posa. Vida ideal segundo muitos .. . mas não segundo Deus, que desej a muito mais do nosso bom português. A provação despontou em seu cami nho. Caiu ele prisioneiro dos mouros da África. Teria e le participado ele alguma das numerosas expedi ções lusas à África ou sido seqüestrado pelos piratas muçul manos que saqueavam as costas portuguesas? Não o dizem as crônicas. O fa to é que esteve prisioneiro na Áfri ca. Qu e queda espetacul ar! Passar de senhor de si e ele outros, alimentando-se bem, rodeado do carinho de sua famíli a, trabalhando num clim a ag radáve l, e sobretudo confortado facilm ente pe los auxílios da Re li g ião verdade ira, a cató li ca, para a tri stíssima condi ção de escravo, o bri gado a traba lh ar num campo alhe io, sob c lima atroz, para alimentar um g rupo ele seqüestradores, sem segurança de nenhuma espéc ie, alheio a todo carinho e co mpaixão . Exposto a morrer a qualquer mo mento, sem ter pe rto um padre para o ajudar a viver e morrer bem e assim poder se apresentar diante do terríve l tribuna l divino, no qual a sentença é nada menos cio que a bem-aventurança ete rna ou o infe rno eterno ! Rea lm e nte , isso é qu e é pro va ! Q uantos a nos durou ? Nin gué m sabe, mas provavelmente foi um bom tempo. Procurou-se resgatar Pero Martins ele seu cativeiro, mas dadas as mi seráveis comuni cações do te mpo, es peci a lmente e ntre povos inimi gos, não se co nseguiu

Setembro de 1999

Preços da assinatura anual para o mês de SETEMBRO de 1999 Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avuleo:

NOSSA SENHORA .DA LUZ Padroeira de Curitiba Devoção mariana, nascida de milagre em Portugal, floresce no Brasil VA LDIS CAT O LI

e

ISMO

G RIN ST EJN S

Setembro de 1999

5


-

ESCREVEM OS LEITORES

Mapa da África de um atlas português da época em que Pero Martins caiu prisioneiro dos mouros

pagar o resgate. Assim, teve ele que continuar prestando "serviços" a seus cruéis amos. Já transcorria o ano de 1463 e nenhuma esperança humana restava ao infe li z cativo. O que fazer nessa te rrível circun stâ nci a? Abandonar a Fé cató li ca, o que lhe traria a libertação quase automática ? Louc ura! Seria trocar poucos anos de vida, ainda que em liberdade, por uma eternidade infe li z - o pior negóc io desta vida.

Solução milagrosa para situação insolúvel Pe ro M a rtin s rezo u a M a ri a Santíssima, a Qual dec idiu so luc ionar sua situ ação de for ma a ev idenciar que re move todos os obstáculos postos pelos homens. A Mãe de Deus a pareceulhe em sonhos durante 30 noites consec uti vas e prometeu -lhe que na últim a noite, ao acordar, estaria em Carn ide, sua c id ade natal. Acrescentou que, ao chegar ali , deveria buscar uma imagem Sua que fora escondida perto da fonte do Machado, num loca l que lhe seri a indicado por uma Luz. Nossa Senhora pediu , além disso, que construísse uma erm ida no luga r em que e ncontrasse a imagem. Indescritível a alegri a do bom português ao acordar e encontrar-se de volta em sua terra! Parecia mentira! Sair da terrível escrav idão de fo rma tão fác il , só porque Ela, a Rainha do Céu e da Terra, assim o qui s ! Tomado de emoção, Pero Martins pôs-se imedia tamente a procurar a Imagem que Nossa Sen hora lhe pedira para encontrar. Não fo i difícil que lhe dessem

&

CATO LICISMO

notícias dela, porque já há algum Le mp começara a aparecer sobre a fo nte cio Machado uma luz mi steriosa, cuj a ori ge m ninguém consegu ia descobrir. ALé ele Li sboa, a capital, curiosos apareceram para ver tão eslrnnho fenômeno. Saiu então Pero de noite, acompa nhado ele seu primo Lopo Simões, para procurar a imagem. Ao chegar à fonte viram a Luz, a qual começou a se mover na frente deles . Seguiram-na até parar no meio do matagal , sobre umas pedras. Os dois primos removeram as pedras e encontraram uma imagem de Nossa Senhora, tal como a Virgem havia descrito nos sonhos. Nasceu ass im a devoção a Nossa Senhora da Luz, para a qual foi co nstruída uma ermida e de pois um a magnífi ca igreja no local ela aparição.

A nova devoção mariana transfere-se ao Brasil Menos de 40 anos haviam transcorrido desse fato prodi gioso, quando a frota ele Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil. E,ju nto com a Reli g ião cató li ca, vieram ao Brasil as devoções mai s correntes em Portuga l. E m 1580 j á ex isti a e m São Pau lo uma ig reja de licacla a Nossa enhora ela Luz, transferida c m 1603 para o aluai bairro ela Luz, o nde se e ncontra o Mos-

Imagem de Nossa Senhora da Luz que se encontrava na mais antiga capela de São Paulo, fundada por Domingos Luís, por alcunha O Carvoeiro

Setembro de 1999

teiro concepc ioni sta no qual está e nterra lo o bem-ave nturado Frei Galvão. No Ri cl Jane iro havi a igualmente um santuá ri o, c uj a image m e ncontra-se hoj e na Matri z cio A lto ela Boa Vista .

------'•-==

Padroeira de Curitiba Mas foi especia lme nte em Curitiba onde Nossa Senhora qui s mostrar que sua bondade se estendi a à nação filha ele Portuga l, libertando os pobre índios pagãos, escravos cios pecados e cios vícios. Por volta ele 1650 ex istia uma cape la dedicada a Nossa Se nhora ela Lu z, perto cio rio A tuba, no atual Estado cio Paraná. Os habita ntes cio loca l notaram com surpresa que, pelas man hãs, a imagem tinha sempre os o lhos voltados para uma região com muitos pinheiros, ou pinhais Curi tiba, em idioma indígena - , onde dominavam os ferozes índi os ca ingangues. De tal modo o o lhar da image m nessa direção era insistente, que os habi tantes decidiram desbrava r a região. Para isso, armaram-se e pe netraram no loca l, decididos a lutar e dominar os selvagens.

Nossa Senhora da Luz apazigua indígenas Em v z do previsíve l combate, o que o o rr u fo i a aco lhedora recepção ofer ida I lo cacique Gra lha Branca, ou Arax . Os índ ios concordaram e m ceder ami gavelme nte o terreno aos desbravado res, e o cacique tomo u sua vara , símb lo lo maneio, ente rrando-a no local que viria a ser a praça central ela fu tura cidade. Muito simboli camente, dita vara, ao c hegar a prim ave ra, vo ltou a desabrochar, dando ga lhos e flores . Nesse loca l - hoje Praça Tiradentes - foi erguida a ig reja em honra a Nossa Senhora el a Lu z. Com o tempo a cidade cre ceu, ele ta l modo que foi necessário edificar novo te mplo. Foi e ntão construída a bela Catedra l neogótica que hoje conhecemos. É pena, poré m, que a image m ori g ina l ela Padroe ira, fe ita ele te rracota, não permaneceu na nova Catedral en onLranclose até hoje no Mu seu param1 nse. ♦ Bibliogralia: Eclcsiu /\du re i, Muriu e se 11 s glo riosos 1(1 11/os , l.id. Lilr C'ill lico, 1958 . Nilza Botelho Mc1,:all:, C'1'11/11 ,, doze invocações de Vi1"Me111 M11rio 110 Jlm sil , litl. Vm.cs, Petrópolis

Há meio século: Decreto de excomunhão de favorecedores do comunismo

12J

Exmo. Sr. Diretor: Assino esse be nemérito mensári o, desde o número 80, ele agosto ele 1957 , faz 42 anos. Graças a Deus, Catolicismo veio a se tornar a me lhor rev ista cató li ca cio Brasil, tanto no conte údo quanto na ap resentação. A título ele colaboração, venho lembrar que o "Jornal ele Commérc io" , publicado desde 1827 aqui no Rio, tem, atualmente, em seu cade rno A, um a secção denominada "Memó ria", co m a recordação ele notícias publ icaclas por aquele diário há 170, há 150, há 100 e há 50 anos. No número de 17 p.p. , le mbrava-se que, meio século atrás, no dia 17 de julho ele 1949, eram ali estampados telegramas ele Roma, os quai s informavam que, na véspera (festa ele Nossa Senhora do Carmo), o Santo Ofício (hoje Congregação para a Doutrina ela Fé), por orientação do Papa Pio Xll, então gloriosame nte reinante, baixara Decreto de excomunhão

dos Católicos que professassem, defendessem ou propagassem o Comunismo ou com os governos comunistas colaborassem . Como não consta que tal dec isão te nha sido revogada, venho s ugerir que Catolicismo ass in a le, ele al gum modo, o c inqüente nário dela. JÚLIO CÉSAR PARAGUASSU Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Comendador da Ordem do Mérito Judiciário, Membro da União de Juristas Católicos, fíliada à Association lnternationale des Juristes Catholiques, de Roma.

Nota da redação: Agradecemos os generosos termos refere ntes a nossa rev ista, contidos na ca rta cio Exmo. Sr. D ese mbargador Júli o Césa r Paraguassu, a tantos títulos insigne assinante de nossa revista. Embo ra o cinqüentenário do a ludido Decreto cio Santo Ofício tenha transcorrido e m julho p.p., julga mos oportuno rep rod uzir aq ui o reg istro hi stórico dessa importante ini c iativa da Santa Sé, e m boa hora le mbrada pelo ilu s tre Magistrado carioca. Não tendo e la sido revogada, seg und o no s co n s ta , s u a atualidade parece- nos ev ide nte, não só e m vista do comu ni smo c láss ico ex iste nte hoje e m diversos países como China , C uba , Vi etnã e Coréia do Norte, ma s també m no tocante a atividad es ele virulenta s g ue rrilhas ele c unho marxista , co mo o Sendero Luminoso , no Pe ru , e es pecialmente a da FARC, na Co lômb ia . Mesmo no Brasil não se pode minimizar a c resce nte atuação viol e nta cio MST, que declara abe rtamente ter por objetivo es tabelecer no País o s istema socia li sta. E isto, não co ns id e rando a atuação desestabilizadora e desagregadora cio com unismo metamorfoseado e m outros países cio Globo.

Noticia-se até que a g uerrilha cio Peru lá estava para transmitir táticas, eficiência já comprovada e, assi m, transformar - agora abertamente - "sem-terra" em guerrilhe iros, a fim de tomare m o poder no Brasil. No meu tempo ... capuchinhos era m quase sa ntos! Pessoas ela minha lgreja me deixam muito mal, os "progressistas": fazem bagunça, ajudam a baderna, rasgam os I O Mandamento s . Os "carismáticos": mai s parecem subjugados pelo " bi spo" Ecl ir Macedo, rezam, gritam, dançam ... Os "tradicionai s": dizem a mim (que sou prova viva ela violência física elas invasões) que são contra a guerrilha, a ilegalidade, mas publicamente calam-se; e quem ca la, consente ... Restam vocês ela TFP, do CatO'licismo , apenas vocês. E u sei quanto custa combater, quanto é difícil lutar contra esses movimentos que querem desesta bili zar o País, o quanto é difícil lutar por princípios, justiça, honestidade. E todo esse combate torna-se ainda mais árd uo quando enco ntra oposição "dentro ela própria casa". Por isso quero, mai s uma vez, solidarizar- me com vocês e pedir-lhes que, por favor, continuem, não desanimem!

Carta de Da. Marô ':'

Nota da redação: (*) Da Marô (Ma-

12J

Parece que o nosso "querido" MST resolve u ofe rece r um pouco mais de pretexto para ver se governo, autoridades etc. etc . apresentam al guma reação ... Re firo- me à reunião (o u elevo dize r "C im eira"?) entre Brasil , Argentin a, C hil e e Bolívia rea li zada no Mato Grosso cio Sul e ... na chácara cios Capuch inhos! (**)

ria Antonieta Canello ele Freitas) é proprietária exp ul sa da Fazenda Marília, em Colméia (TO). Ela concedeu pungente entrev ista a Catolicismo, publicada na edição ele janeiro p.p. , sob o título: "O drama de uma família expulsa de suas terras". (**) Para me lhor compreensão dessa assertiva: ver arti go na página 14 desta edição.

1986.

C ATO LIC IS MO

Setembro de 1999

7


PERGUNTAS 1. Dias atrás foi apresentado, em um programa de televisão, um jovem italiano que trazia nas mãos, pés, lado esquerdo e na testa, as chagas de Cristo. O que a Igreja diz sobre esse assunto? Essas chagas são verdadeiras? Ou são forjadas? 2. O que é gnose? Quem eram os albigenses? E os cátaros? 3. O que é o Dulcinismo? 4. Qual a diferença entre exote ri s mo e esoterismo?

RESPOSTAS

1. Na Hi stóri a da Igreja, alguns Santos ou pessoas virtuosas receberam em seus corpos os sinais dos estigmas, isto é, das chagas da Cruc ifix ão de Nosso Senhor, nas mãos, nos pés, no costado, na cabeça, correspondendo aos cravos co m que fo i pregado na cruz, a lançada recebida do centuri ão e a Coroa de espinhos. O mai s famoso dos esti gmati zados foi São Francisco de Ass is. Al guns desses santos receberam todos os esti gmas, outros apenas a lg un s, às vezes vi síve is aos olhos dos outros, às vezes invi síve is. Trata-se de um a graça espec ial que os teólogos chamam de graça gratuita ou carisma, não porque toda graça não seja um livre do m de Deus, mas porque esse tipo de graça não está relacionado diretamente com a virtude da pessoa que a recebe e é dada sobretudo como um testemunho, um modo de fazer bem aos outros. São Paul o trata longamente dessas g ra ças na primeira Epísto la aos Coríntios, advertindo-os de que ac ima dos carismas está a caridade - ou seja, o amo r de Deus e m primeiro lu gar e o amor do próx imo por amor de Deus e os repreende ainda por darem excess iva impo rtância aos carismas. Há um perigo de interpretação nesses fe nômenos extraordinários carismá-

a

C AT O L IC IS MO

ti cos, poi s sendo fatos externos que não santifi ca m propri amente a a i ma , o demônio, com seu poder angélico, pode às vezes imitá-los. E São Paulo diz que o demônio se di sfarça em anjoclc luz para cnganaros homens. Mai s vale um ato de amor ele Deus cio que todas as graças carismáticas ou sinai s ex teriores, como cu ras, esti gmas etc.

Quando um carisma é verdadeiro? Então, qu al é o critério para se reconhecer quando um carisma é verdade iro, quando ele é obra cio de mônio ou simples trapaças humanas, ou ainda fru to ele certas doenças como, por exemplo, a hi steria? O critéri o é o exame da doutrina e cio comportamento da pessoa, rea l o u supostamente ag raciada co m esses dons. Se a pessoa reve la uma autêntica humildade, uma caridade perfeita, uma d o utrina seg ura, de aco rd o co m os ensinamentos ela ig rej a Ca tó li ca , podese supo r - não se pode Ler uma certeza abso lu ta antes de a Ig reja te r exa mi nado o fato e se pronunciado qu e o cari sma é verdadeiro. Aí estão os critérios a sere m e mpregados. No caso e m questão, a suspe ita ele fraud e podia ser inteiramente descartada? As doutrinas defendidas por tal pessoa eram inteiramente sensatas, lógicas, e sobretudo ortodoxas, de acordo com o ensino tradiciona l da Igreja? Faltam-me esses dados para me pronunciar sobre o caso concreto citado pelo mi ss ivista.

Definição de gnose 2. A gnose (termo que quer dizer conhecimento em grego) é um erro filosófico e teológico que ve m desde a Antigüidade,

Setembro de •1999

Estigmatização de São Francisco - Francisco de Zurbarán (1631 -1640), Col. particular, Madri

antes de C ri sto, mas que depoi s penetrou no C ri stianismo, dando origem à ma io ri a elas heres ias. A gnose nega que o homem possa conhecer certas verdades mais e levadas através da in teli gênc ia, pe la observação el as co isas cri adas, o co nvívio soc ial, o estudo, e, no caso da ordem sobrenatural , pe la Revelação divina. Então, pe lo me nos a certo tipo de verdade ele o rdem fil osófica só se poderia chegar através de iniciações, pelo contato com certos grupos esotéricos (cio grego interio,; secrelo), que seri am os detentores dessa verdade oculta, a qu al passa ri a ele geração e m geração ele ini c iados. Há várias fo rmul ações para descrever a "gnose". Da mos aqui um a mais corrente. A " teolog ia" da gnose é, em simpl es termos, a seguinte: a c ri ação não teria sido um ato livre de Deus, fr uto cio seu amor infinito, q ue desejou que o utras cri aturas participa se m ele sua fe l icidacle e ele sua g lória , mas teria resultado de um ele a. Lre. Deus teria entrado num processo de decomposição intern a, ele onde teriam emanado, clesprencliclo, partículas divinas. O de mônio, inimi go de

Santo Agostinho - Francisco de Zurbarán (1631-1640) - Mosteiro de Santo Agostinho, Sevilha (Espanh a)

Deus, teria então criado a matéria, e aprisionado essas partículas divinas nela. A matéria seri a, pois, má, e o homem eria um ser dotado de uma partícula divina, seu espírito, apri sionado em um corpo mau, porque materi al. A sa lvação, para a gnose, se dá então através do conhecimento das doutrinas secretas , reservadas apenas aos iniciados e através de cerimô ni as e atitudes que libertem o espírito da matéria. Conforme as variantes da g nose, entram jejuns irrac ionais, macerações inconcebíve is do corpo. Esses atos nada tê m a ver com a penitênci a cristã, sofri mentos razoáveis praticados por amor ele Deus, para obtermos graças e perdão ele nossos pecados. Muitos dessas seitas heréti cas praticavam o suicídio ritu al. Há a i nel a outras formulações el a "gnose" que admitem que a própri a matéria é divina, e que portanto o pó, o jacaré, os espinhos, tudo enfim seria divino. O budi smo e várias re li g iões o rientais têm por base princípios g nósticos.

Maniqueísmo No começo do C ri stiani smo as heresias de fundo gnóstico se apresenta-

ram com muita clareza e foram combaOu/cinismo 3. O Dulcini smo ou Dol cini smo foi tidas pe los Padres ela Igreja, especialuma variante da gnose, cio catarismo, que mente Santo Jrineu ele Lião. Um pouco mais tarde, surgiu o maniqueísmo, de um floresceu na Itália no começo do sécu lo tal Manés, que pregava a gnose. E le apreXIV. Tratava-se ele seguidores de um exca rpinte iro, Segare lli, que fo i sucedido sentava Deus e o de mônio como dois seres igualmente pode rosos, doi s "deupor Dolcino. Diziam que a Igreja tinha ses", um autor cio bem - o espírito - , se corrompido, que viri a um Papa deo outro cio mal - a matéria. sig nado espec ia lm e nte por Deus que Santo Agostinho, que antes ele se res taurari a a pureza primitiva. Eram soconverter ao cato lic ismo de ixou-se lecia l is tas, contra toda riqueza, defendi var pelos erros cios manique us, foi deam o uso comum das mulheres e em poi s seu grande adve rsário, exp li cando pree nderam ações violentas co ntra bi squ e não ex iste um mal absolt1to, um pados, igrejas etc. Fo i prec iso também "deus mau". Tudo qu e ex iste, em si mespromove r contra e les um a · Cruzada. mo é bom , poi s foi criado por Deus, fon - . Dolcino, como já havia acontec ido com te da bondade. O mal , ex plica e le, é um Segarelli , foi condenado à morte, deabuso que os seres inte ligentes fazem da pois de apris ionado. liberdade conced ida pelo Criador (o mal Exoterismo e esoterismo moral) , ou é fruto da debilidade das na4 . Exotéri co, com ,r. quer dizer, em greturezas criadas, como as calamidades, as doenças, etc. (ma l físico). go, externo, e é ap li cado àqui lo que pode ser conhecido por todos. Ass im se chaAlbigenses e cátaros mavam algun s filósofos antigos, os quai s Séc ulos ma is tarde , por volta de julgavam que o conhecimento, a verda1 100- 1200, as doutrinas maniqu é ias de, devem ser ensinados e levados ao chegaram à Europa, trazidas por mercaconhecimento de todos. É o contrário de dores, conqui stando adeptos no norte da esotérico com s.._ que signifi ca oc ulto, Itália, e principalmente no sul da Fran♦ escondido. ça, na reg ião ele Albi. Por isso, essa doutrina, que tomava Castelo de Peyrepertuse no Aude (França), aspectos do catolicismo para enganar, fo i bastião cátaro assediado durante a Cruzada contra os Albigenses conhec id a como Albigense. Seus sequazes foram também chamados de cátaros (do grego, puros), que era como, na sua soberba, eles se chamavam a si mesmos. Inimigos da matéria, do corpo humano - que, segundo eles, aprisionava a paitícula divina - , eram contra o casamento, considerando-o uma abominação. Eram também contra as riquezas, a hierai·quia social, enfim tudo aquilo que constitui uma civi li zação, porque achavam que isso perpetuava a matéria e, po1tanto, o mal. Eram sumamente radicai s e várias vezes praticaram em grupos o suicídio ritual, chamado endura. Vários mi ssionários enviados até e l~s foram mortos, tornando-se necessário promover uma C ru zada para destruir esse perigo tanto espiritu al co mo soc ial. O grande chefe dessa Cruzada foi Simão de Montfort. São Domingos de Gu smão pregava arecitação do Rosário - que lhe fora ensinada por Nossa Senhora - para combater os cátaros ou albi genses. CATOLIC I SMO

Setembro de 1999

9


Woodstock gg ::º:.:a~':o~:ação emblemáticos

A

Na origem da rebelião da Febem, desagregação familiar

O

balanço de quatro dias de rebelião no Complexo Tatuapé da Fundação do Bem-estar do Menor (Febem), na capital paulista, é o espelho de uma crise originada muito além dos portões daquela instituição. Na raiz da de linqüência juvenil está principalmente o enfraquecimento da estrutura familiar. Numa pesquisa realizada no Rio de Janeiro e no Recife, patrocinada pela Unesco e pelo Ministério da Justiça, comparando infratores e não-infra tores saídos do mesmo am biente, chegou-se a conclu sões semelhantes. Por detrás do fenômeno do jovem infrator, por prática de crimes graves como homicídio, assalto a mão armada, lesão corporal, estupro e atentado violento ao pudor, há sempre um triste histórico familiar. ♦ 10

e AT oLIe ISMO

Setembro de 1999

co nfu são co meço u ant es mesmo d_o final do ~ oodsl;o~k 99, reali zado em JUiho ulti mo, na cidade de Rome (Estados Unidos), qu ando Red Rot Chilli Peppers encerrava o festival e no telão Jimm y H endri x tocava Fire (fogo). A música parece ter fun cionado como pal avra-de-ordem para dezenas de pessoas que, na pl atéia, carregavam " velas da paz". O pri meiro alvo foi um carro, virado e incendi ado. Muitos cios que ass isti - . am à cena começaram a usar seus isqueiros para atear fogo ao camping próx imo aos palcos. Desde então, Woodstock desca mbou para o caos. Garrafas ele água voavam sobre a multid ão. Al gun s grupos alimentavam o fogo co m mesas de madeira , nyl on ele barracas de acampar e ca ixas de papelão. Cai xas registradoras foram roubadas, barracas para venda ele ca mi setas foram assa ltadas e depreciadas. Grupos de

rapazes subi ra m nas to rres de som e até quatro caminhões foram incendi ados pelos vândalos. Woodstock parec ia um acampamento de refu giados das Nações U nidas, onde, em vez de co mida, trocavam-se maconha e cogumelos alucinógenos por alguns dólares. Preservativos usados boiavam nas poças de água, ao lado ele sapatos velhos. N ão é de estranhar que uma... chamemo- la música, inspirada em ritu ais satâni cos da Á fri ca , tenh a como resultado o que está desc rito acima! ♦

Banditismo ousado e caos Canarana - cidade de quase 20 mil habitantes, em Mato Grosso, - tornou -se manchete de jornais no dia 27 de julho último : numa surpreendente operação, nove assaltantes armados de metralhadoras dominaram a cidade em 15 minutos. Primeiramente invadiram a Delegacia, renderam os policiais, trancando-os nas celas e libertando 12 presos. Em seguida, roubaram 200 mil reais de três instituições financeiras e fugiram rapidamente. A população, que assistiu atônita a tal ousadia, não tinha condições de reagir a bando tão fortemente armado. O episódio de Canarana é um sintoma alarmante do progresso do caos social em curso no País . Quando o banditismo chega a dominar uma cidade inteira e neutralizar autoridades policiais, transpôs-se um perigoso limite. Sirva o fato de alerta para que os brasileiros responsáveis reajam contra a caotização em marcha! ♦

Indiferença neopagã diante de cadáveres or mais de uma hora de meia, nas areias de Lavagna, praia da cidade de Gênova, ao norte da Itália, o cadáver de Giovanni Pio permaneceu estendido sobre um barqui nho de sa lvamento. Em torno, a vida continuava com embaraço, curi os idade, enfado. Tal qu al aconteceu na mes ma prai a em agosto de 97, e sobretudo em Tri este, quando causou horror a foto publicada pelo "Corri ere dell a Sera": um morto à margem, com pessoas em volta que se bronzeavam, aj eitavam os colcho-

netes, mergulh avam, e algumas cri anças que observavam. N o mundo neopagão em que vivemos , o egoísmo, o hedoni smo e a perd a da di gnid ade chegara m a tal ponto, que o se r hum ano após a morte é considerado pelos seus semelh antes um verd adeiro traste. Para converter um a sociedade atolada nessa lama pútrida ela indiferença e ci o relativi smo, só mesmo um castigo regenerad or como o anunciado por Nossa Senhora em Fátim a' ♦

No até canibalismo

1

magine o leitor o que será atualmente a Coréia do Norte, para que tantos de seus habitantes (cem mil nos últimos anos) cruzem a fronteira com a China a fim de escapar da fome reinante cm seu país. Eles contam histórias assustadoras sobre a nação devastada que deixaram para trás, mencionando até a prática do canibalismo. A Coréia do Norte, cujo regime é comunista, é governada com mão de ferro por Kim Jong, denominado o Grande líder. ♦

• • • • • • • • • •

• • • • •

• • • • • • • • • • • • • • • • • •

• • • • • • • •

• • • reocupados com as péss imas condições econômicas e a vioncia que assola seu país, os colombianos estão fugindo de sua pátria em grande número . Segundo autoridades ameri canas, se tal situação continuar, poderá desencadear grave cri se imigratóri a. Os números fa lam por si. De j aneiro até abr il, cerca de 65 mil colombi anos dei xaram o país, dando preferência aos Es tados U nidos. Pelas estim ativas das autoridades colombi anas, mai s de 300 mil pessoas deverão sair da Co lômbia até o fin al do ano. Em muitas cidades americanas,

milhar es de col ombianos fizeram manifestações pedindo "status de proteção temporária", que permi te aos refugiados da guerra ou de desastres em outros países morar e trabalhar nos Estados U nidos por mais de 18 meses. Apesar di sto tudo, o Govern o Pastrana in siste em co ntinu ar as negoci ações de paz com a guerrilha, que é o principal fator de desestabilização da nação. Com essa absurda políti ca entregui sta por parte do Governo colombi ano, seri a bem o caso de perguntar: Qual será o futuro da nação ♦ vizinha?

• • •

Reféns da guerrilha são libertados pelo Exército colombiano

• • • • •

• • • •

BREVES RELIGIOSAS Argentina: comemoração oficial contra o aborto A Argentina, nação irmã, celebrou pela primeira vez em 25 de março último Festa da Anunciação de Nossa Senhora - o Dia da Criança por Nascer. Admirável iniciativa em defesa da Lei de Deus, contra a matança dos inocentes. Oxalá tal celebração fosse imitada por outros países, que se dizem pró direitos humanos, mas que se esquecem serem os nascituros também entes humanos ... _J

Sacerdotes presos no Sudão Segundo a agência de notícias católica "Fides", a perseguição aos católicos continua no Sudão, onde se tem utilizado as ghost houses - câmaras de tortura - para se obter confissões de pretensos delitos contra o Estado. Nesse sentido, encontram-se presos desde 1998 os padres Hilary Boma e Lino Sebit, juntamente com outras 25 pessoas. Rezemos por esses nossos irmãos na Fé, que sofrem por amor a Nosso Senhor Jesus Cristo . _J

Moedas com a face de Jesus Foi encontrada uma coleção de moedas contendo a face de Nosso Senhor Jesus Cristo em relevo, confeccionadas entre os anos de 900 e 1000. O precioso achado se deu durante uma escavação de rotina perto de Tiberíades, junto ao Mar da Galiléia, em Israel, pela equipe do Prof. Yizhar Hirschfeld, da Universidade Hebraica . São 58 moedas, contendo em grego as seguintes palavras: "Jesus, o Messias, Rei dos Reis" e "Jesus, o Messias, o Vitorioso". _J

eATOLIeISMO

Setembro de 1999

1 1


',,

,~

■ :Jtiâii•MiM■W,Jtiâf.iii:l;iâMi•i•*•

Através de uma assinante de Catolicismo, tomamos conhecimento da carta de uma senhora parisiense ·em visita ao Brasil. Com a verve característica do povo francês, ela descreve a uma amiga suas impressões de viagem a São João del Rei, em Minas Gerais. A nosso pedido, a autora da carta gentilmente acedeu a que publicássemos sua tradução. Com muito gosto o fazemos nesta seção consagrada a redescobrir o Brasil católico, profundo e autêntico.

Le Brésil vu par une française CATHERINE GüYARD SECRETÁRIA DA ASSOCIAÇÃO FRANCESA AvENIH DE LA CuLTUllE*

L91&itik ~'fP São João dei Rei I lmag ine, entre duas fi leiras ele co linas suaves, bem bras il eiras, bondosas - como tão bem as qu alifi cou o saudoso Dr. Plíni o Corrêa ele Oli veira - uma cidade fu ndada pelos bandeirantes vindos ele Taubaté no começo cio séc ulo xvm, toda impregnada ele valores hi stóri cos ainda bem vivos. Olhando pela janela cio hotel, divi sam-se bem à frente as duas torres da catedra l ele Nossa Senhora do Pil ar, dissim ul ando em parte a peq uena igreja ele Nossa Senhora elas Mercês. E à esquerda, as torres singe las de Nossa Senhora do Rosári o, destaca ndo-se entre os te lh ados dos be los solares e do casari o co loni al, telhados não de um vermelho agressivo, mas suav izados pela pátin a dos anos. Os habitantes leva m de modo muito natu ra l, no mes mo ambiente ele seus remotos antepassados, a vid a comum de todos os dias do fim do sécul o XX. Dominando o panorama, urn a única, alta e esgui a palmeira imperial parece simboli zar essa continui dade hi stóri ca.

Pont-Neuf brasileiro Até os ru ídos que vêm da ru a trazem anti gas lembranças: as badaladas dos vários sinos a cada quarto de hora, o toe-toe das patas dos cava los sobre as pedras do ca lçamento, puxando charretes ou montados sem sela por destros cavaleiros, algun s cios qu ais não têm ainda IOanos ... A cidade fo i construída ao longo de um va le ba nhado pelo Córrego do Lenheiro. Esse cu rso ele água espra iava-se largamente, mas fo i ca nalizado. Entreta nto o cais e as pon tes anti gas, em arcos de gra1ides pedras, subsistem e lembram em tamanho pequeno o nos o Pont-Neuf (Ponte

Nova) sobre o Sena . O ambiente ganha com elas espec ial enca nto. O so l, ao se esconder por detrás das colinas, tinge as fac hadas brancas de tons que vão do ouro ao rosa e deste ao lilás . As igrejas iluminam-se e destacam-se ainda mais no céu azu l real, semeado de estrelas, onde a lu a - um crescente fininh o e bem desenhado - destil a uma impressão de calma em que o céu co nvi ve com a terra. Depoi: de uma noite embalada pelo toque dos sinos, o dia começa naturalmente com o café-damanhã. Mas que café-da-manhã! Sobre uma grande mesa redonda, no centro da sala, estão o café com leite e o pão com manteiga evidentemente, mas também brioches, pão-de-queijo quentinho, sucos variados, frutas, excelente queijo-de-minas, frios, chás etc. etc., sem esquecer os deliciosos biscoitos e seq uilhos, enfim o suficiente para um bom almoço. Ah, que bom acordar com a fartura brasileira! Oxalá o pecado da gula fosse mais benevolamente perdoado quando cometido nessas terras ...

O esplendor das igrejas Primeira visita do dia, igreja de Nossa Senhora do Carmo. Na fac hada, típica das igrejas barrocas bra ileiras, as elegantes linh as cio pórtico, das co lunas e da torres em pedra sabão destacam-se nas paredes brancas, nas quais as janelas - surpreendentes para nós fra nceses, na fachada ele uma igreja - dão ao so lene cio monumento uma nota aco lhedora e atraente. Do Largo cio Carmo parte uma pitoresca rua, ca lçada de pedra como todas as outras, de ali nhamento des igual, com casas bran-

cas de portas e janelas emoldu radas de azul , verde ou ocre. Em geral pequenas, com um a loja no anelar de baixo, tem no primeiro andar duas ou três janelas com balcões de fe rro batido e lampi ões, pois em São João dei Rei predominou o bom gosto e toda a fi ação elétrica corre no subso lo. A catedral ele Nossa Senhora cio Pil ar domi na essa rua cio alto ele uma escadari a, com sua fac hada sóbri a ele linhas cláss icas. Deixando para trás o brilho cio sol e penetrando na obscuri dade do portal, ele repente, um Ah! de ad mi ração. A macieira escura dos bancos, do assoalho, dasestalas, ela mesa da comunhão, contrasta com o ouro vivo cios alt ares, das im age ns co m roup as sun tuosas, coroadas de prata cin zelada e tão expressivas, o vermelho das fl ores que se acumulam no altar-mor... Tudo resplandece ele lu z! Algun s fi éis rezam no reco lhi mento e no silêncio. É a in timi dade da oração no esplendor do cenári o... Impossível descrever com detalhes cada altar, cada imagem; cada qual tem seu atrativo e beleza própri a. Num nicho à esq uerda encontrase a primeira im agem de Nossa Senhora cio Pil ar traz ida pelos bandeirantes fund adores da cidade. De made ira po li croma da, e nca ntadora e pequenin a, deu origem a essa imponente catedral , sendo a Padroeira ele São João dei Rei. Aí também está relatada a hi stóri a de Nossa Senhora cio Pil ar, que é uma elas mais anti gas devoções a Mari a Santíss ima, ini ciada quando Ela ainda vivi a em Jeru sa lém e apareceu ao Apósto lo São Tiago em Zaragoza, na Espanha, sobre um pilar traz ido do Céu pelos anjos. Nessa igreja, onde a rea leza de Nossa Senhora se faz tão bem sentir, o dourado domina tudo, ele tal modo que nem mesmo o brilho cio so l co nsegue supl antá- lo.

Cenas pitorescas Continuando, a mesma rua desemboca no Largo do Rosário. Os so lenes so lares das melhores fa míli as e as casinhas colori das mais modestas alternam-se harmoniosamente em torno da singela e encantadora igreja construída pelos escravos para abrigar a lrmandade ele Nossa Se-

nhora do Rosá rio dos Homens Pretos. Onde a luta ele classes e ele raças? tão noticiada pelos quotidi anos franceses I Todo ambiente do Largo como que brada o contrári o. Falta apenas uma coisa: um banco para sentar-se e comodamente deixar-se impregnar por essa suave harmonia e consonância. Um banco? Lá está ele em uma outra praça sombreada, rodeada ele alegres morad ias, silenciosas e bem cuidadas: é o Pelourinho. Tudo respi ra a ca lma. Na casa el a esquina, uma velhinha apoiada sobre a janela, ao lado ele seu gato, parece esperar... Logo chega um homem, pele queimada ele sol, gra nde chapéu, trazendo dois latões ele leite. Ele pára junto à janela e entorna na jarra ela boa senhora uma med ida ele leite fresco. Sem pressa, bate uma prosinha co m o velho que também assomou à janela. Esta simpl es cena, tão corriqueira, que se repetiu durante sécul os e que se redu z hoje às cidades cio in terior, não fa rá fa lta aos nossos filhos das grandes capitais, que em sua agitação nunca a conhecera m? As cri anças que aí crescem, de olhos vivos, espertos e alegres, faze m voar suas pipas com incrível habilidade no alto da escadari a junto à igreja ele Nossa Senhora elas Mercês. Curiosas, em meio à brincadeira, não deixam ele prestar atenção à língua estranha que ouvem. E com a intuição típica dos bras ileiros, logo concluem que se trata do francês. Como? " Pelo sotaque", respondem elas, um pouco sem jeito pela indiscrição. Junto às pedras cios degraus, desgastadas pelas in tempéri es e pelos passos dos devotos ele Nossa Senhora das Mercês ao longo dos séculos, deixo- me fi car por longo tempo contemplando o vasto panora ma: o casa ri o anti go cercando as igrejas cio centro hi stóri co, e o resto ela cidade que va i crescendo com a puj ança própria da nação bras ileira, por entre as encostas ao longo do va le, quase a perder de vista. ♦

Acima: Sobrado colonial em São João dei Rei Na parte inferior: visão parcial da cidade

Nota : Na próx ima ed ição lra nscrcvcrcmos a pane li nal dessa caria, que t[ío bem descreve um aspeclo do Brasi l rea l e verdadeiro. * A Associação Ave11ir de la C11l111re (Fulu ro da Cultu ra) é uma entidade que mantém estrei tos laços com a TFP fra ncesa. O títul o (0 Bras il visto por uma f'rancesa) e os intert ítul os são da redação.


NACIONAL

Meta· do MST: tomar o Poder e transformar o Brasil em nova União Soviética GREGÓRIO ViVANCO LOPES

Ainda há quem acredite que o MST deseja de fato resolver um problema de terra para o trabalhador rural! E tal idéia esquisita existe até em não poucos dirigentes do País. Entretanto o movimento alardeia, para quem qu1ser ver e ouvir, estar alinhado a uma internacional de esquerda, que trabalha para tomar o Poder e impor ao Brasil um regime de tipo marxista

U

m " Curso d e capacitação de militâncias do Cone Sul" foi reali zado de 19 de abril a 8 de mai o, e m Sidrolândia (MS), contando com a presença de bras il eiro , argentinos, chi lenos, parag uaios e bolivi anos. Promovido pe lo MST junta mente com uma tal de CLOC (Coordenadoria Latino-Americana de Organizações do Campo), o Curso teve como palco um antigo semi nário dos padres capuch inhos, atu a lmente diri g ido por dois frades , sob o nome de Centro Cultural São Francisco de Assis. Ali estavam reunidas as várias sig las da esquerda: CUT, CONTAG, PT, CPT e algumas ONGs internac ionais. Presente na inaug uração o governador do Estado, conhecido como Zeca do PT. Temos em mãos o documento final que emitiram *. Embora se apresente

14

CATO L

t

C IS MO

ca" é a verdadeira mentora ideológica cio MST e sua contínua inspiradora e propulsora. A col.a~oi"ação ela imprensa é incli sp€1í:iâ~e l: "a necessidade de p,--fJ;;,õ·,;er ações para aparecer na _...-- imprensa".

como um doc ume nto ~9:9:;_MSt-- e seja um a análi se (iJ~JJí=x ista) da rea- .. 1idade brasil eira/ é quase tod9:;.0l·ê• escrito em língua espanhol a,,...~ que é muito suspe ito.

Dinheiro para tomar o Poder e apoio das paróquias Entre as no rmas e diretri zes mini stradas no Curso, estava a ele que "dinheiro não é nem será problema para bloquear estradas, promover invasões em todo o País". Visam ainda "a tomada dos bens de produção" . Os caminhos a trilhar para "a libertação do proletariado" são "a Reforma Agrária e o socialismo " . Para isso são vá lidas "todas as formas de luta possível, tendo sempre em mente o poder". Assim, os mi litantes "devernsaber combinar táticas para atacar em d(/erentes pontos do País " . Os frades forneciam ca fé da manhã, almoço e j antar. Co mida farta e diária barata: R$ 8,00 por pessoa. Abás, a imensa importância logística de milhares ele paróquias espalhadas por todo o território nacional, interligadas e conectadas, "muito contribuiu para desenvolver o MS7; através de suas pastorais ", reconhece a organização. Poder-se-ia acrescentar ainda que a "esquerda católi -

Setembro de 1999

Confissão estarre··:Cédora: as verda --· deiras intenções

,,..A chamada lu ta contra o latifúndio, outra coisa não é senão a velha lu ta de classes marxi sta. Pois o MST "é também. um movimento político, porque ao lutar pela Reforma Agrária no Brasil, atinge diretamente os interesses da oligarquia rural e do Estado". E ainda: "a luta adquire wn caráter político e de classe". As lições ele marxismo se sucedera m durante o C urso. Confessam ago ra qu e a Re forma Agrária não é fe ita para me lhonu· a condição econômica cio lavrador pobre e sim por razões político-ideo lóg icas: "A luta pela terra " passou "do plano da conquista econômica para a luta política contra o Estado e não simplesmente contra o lati/undiário". Por isso, "apenas ocupar a terra para trabalhar é wna posição Já superada que não se sustentará ". "Os dirigentes possuem um sonho revolucioná(continua na p . 16)

*

Sob re os lemas u·atados neste arti go - inclu ídos os doi s qu adros - f'ora m publi cadas d iversas notícias na imprensa, que nos aj udaram a comp lementar a mat ria : " lobo", 13-6- 1999; "Jorn al do Brasil", 3 1-5-99; "Gazela do Povo", Cu riti ba, 18-6-99; "O Es tado do Paraná", 29-5-99; " f/olha de S. Paul o", 295, 9 e 26-6-99, "O ·stado de S. Paul o", 29-5, 9, 20, 2 1,22, 24, 25 · 26/6/99.

CNBB tenta arrancar apoio popular para os sem-terra No momento em que o MST torna claros seus planos de tomada do poder no Brasil para impor um regime marxista, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBBJ pede ao público que apoie os semterra. Como se vê, a Teologia da Libertação - embora o Vaticano tenha denunciado seu cunho marxista - continua a ser o motor da "esquerda católica" no Brasil.

C

onhecedores de que o povo católico é e m sua grande maioria contrário ao movimento ele invasões da propri edade alheia - e sobretudo contrário à violê ncia e ao com uni smo - os Bispos diri gentes ela CNBB fi zeram um "veemente apelo" ao povo brasileiro para que "realize significativos gestos de solidariedade" em favor cios que chamam de "irmãos sem-terra". Não se conformando com a fa lta de apoio popular à causa dos sem-terra, a CNBB chama a população para uma mobilização gera l: o povo "p recisa mobilizar-se para implantar condições suficientes que permitam a construção de uma nação socialm.ente Justa ". E mais : "Incentivamos todos os que estão positivamente comprometidos com essa causa". A nota, intitul ada "O Clam.or que vem do campo", mostra ainda um indi sfarçável desagrado com o fato de os invasores terem sido despejados de numerosas fazendas que ocupavam ilega lmente no Paraná. E acusa o governador do Estado de conivência em re lação às torturas e outros tipos de vio lênci a contra os sem-terra. O comunicado pede ainda uma Reforma Agrária "ampla e integral " e foi divul gado pelo próprio presidente da CNBB, D . Jayme Chemell o. Ali ás, a Pastoral da Terra j á vai aplicando esses princípi os. E ntre os sem-terra que saquearam três caminhões em Porto

Feli z (SP), em fin s de maio, encontrava-se o professor de soc iolog ia, Marcelo Buzzeto. Ele trabalha na Pastoral da Terra em São Paulo e dá aul as na Universidade Bande irante (U niban), de São Bernardo do Campo. O motori sta ele um dos cam inhões saqueados reconheceu o professor como sendo um dos integrantes do grupo que o ameaçou com facões. Convém lembrar que o Papa João Paulo II já se pronunc iou contra as invasões ele terra. O governo cio Paraná, em Nota Oficial, desmentiu que houvesse torturas aplicadas a sem-terra durante as re integrações ele posse naquele Estado. Di z a Nota: O sem-ten-a Geraldo José dos Santos apresentou-se "na sede da Comissão Pastoral da Terra, onde passou a acusar a polícia de tê-lo ag reelido fisicamente durante a reintegração de posse .... baseia-se em supostas alegações de médicos que não quiseram se identificar. .... Com relação às dernais acusações do MST e da CPT, a Secretaria da Segurança Pública do Paraná informa que todas as 14 reintegrações de posse foram efetuadas deforma pacífica..... Os membros do MST que alegam ter sofrido algum tipo de violência durante as desocupações foram submetidos a exames de lesões corporais, cujos laudos médicos não aponta,n qualquer tipo de lesão que pudesse caracterizar o emprego de práticas de tortura ou meio cruel .... lamenta que os integrantes do MST façam uso de denúncias totalmente infundadas" .

O MST declara abertamente sua intenção de impla ntar no Brasil um regime marxista

CAT

oLte

ISMO

Setembro de 1999

15


rio, que é construir sobre os,, escombros do capitalismo urna sociedade socialista " , • Uma verdadeira inqui sição deve exercer cuidadosa " vigilân-

cia para evitar desvios ideológicos; por menores que estes pareçam, deve-se procurar eliminá-los, pois poderiam pouco a pouco ganharforça e transformar-se em tendências dentro da organização", Seria uma ingenuidade peri gosa achar que os assentamentos ele Refo rm a A grária são planejados para que ,agricultores neles produ zam, Antes de qualquer coisa, eles constituem uma base de operação para o MST, uma rede capaz ele agir em todo o País num momento dado. Daí "a organização dos núcleos, os gru-

À esquerda: manifestação da Frente Sandinista, organização guerrilheira-marxista da Nicarágua Acima: A derrubada do Muro de Berlim: marco histórico para o processo de metamorfosear ocomunismo

comu ni sta ele 19 17 que criou a União Sovi ética, incluídas nela, em 1945, váripos-motores, dentro dos assentamentos, as nações. Só que, curiosamente, a croonde está constituída a base do MST". nologia que começara com a criação cio É preci so promover "a organização somundo, pára de repente em 1979, de cial dos assentados", modo que o leitor não fica sabendo que o Apresentam ainda, em 15 pág inas, , sociali smo fracasso u rotundamente em "um resumo geral sobre a histó ria da todos esses países e que a U ni ão Sov iétiHumanidade desde os tempos das caca caiu de podre! Mais ainda, o marco vernas", onde tudo é interpretado segunfina l, ele 1979, é a tomada cio governo ela do a ótica marxi sta. Ta lvez em nenhum Nicarágua pelos sandinistas. Ocu lta-se, outro lugar cio documento se possa aprepois, que estes há muito tem po foram ciar uma junção tão ex travagante entre apeados do poder pelo voto popular, a parcialidade ideológ ica e o ridícul o. Será que os autores desse "resumo O pobre leitor se vê arrastado através geral sobre a história " querem incutir das várias épocas da Hi stória até chegar em sua massa de manobra a idéia ele à "luta dos trabalhadores rumo ao soci- qu e o mundo acabou em 1979 !? Vivealismo". Dessa luta são apresentados marcos importan tes como a Revolução

ríamos ago ra no limbo? Ou talvez no purgatóri o?

Trabalho ... junto ao povo para obter seu apoio O fato de que a op ini ão pública (a

"massa") não concorda com a ideologia cios dirigentes cio MST também vem aludido no documento final. Propõe-se então desenvolver uma ação que vise mudar as conv icções das pessoas para torn á- las revolucionárias:

"A massa pode não ter consciência dos problemas que tem " por isso "os dirigentes precisam saberformular propostas e ter capacidade de convencer a massa de que estas propostas são as melhores".

Vandalismo e atuação subversiva do MST

A

s áreas das quais os sem-terra foram despejados no Paraná sofreram verdadeiro vandalismo durante o tempo em que perm aneceram ocupadas. Relatório de deputados pa ra naenses mostra que houve dano s "em escala ampla e generalizada ", inclusive roubo de gado. Cerc as e

À esquerda: Che Guevara conversa com Fidel Castro. No Paraná, o MST muito sintomaticamente denominou seu Centro de Formação e Pesquisa Che Guevara

16

eATOL Ie ISMO

Setembro de 1999

"A massa por si só não se organiza ", então eleve haver um " grupo" que a dirija:

"as /arejas de massa devem ser preparadas e discutidas no grupo .. ., os grupos dão forma e corpo ao trabalho de massa" , "Muitas vezes as aspirações dos di rigentes não são as mesmas da massa. Nesse caso, é preciso desenvolver um trabalho ideológ ico para fa zer com que as asp irações da massa adqu irarn caráler político e revolu cionário", Há nesses texto s uma co nfi ssão indireta mas preciosa de que as tai s aspirações elas massas, elas quai s os revolucionári os se fazem porta-vozes, não pass am de uma balela para enga nar otários. Na verdade, trata-se de uma "e l ite" (melhor se diria uma anti -e lite), intoxicada ele princípi os marx istas e que deseja fazer a opini ão pública engolir esses princípios ele qualquer modo: se não o consegue pela persuasão, é pela propaganda ou pela força.

O fato é que a Reforma Agrária continua sendo imposta à reveli a ela população bras il eira. A maior parte cios brasileiros desconhece o assunto. Pesqu isa feita pela MCJ-Marketing co nstatou que 64% dos entrevistados desconhecem inte i ramente o tema Reforma Agrár ia. Ademais, 9 1% dizem que "o governo deveria divulgar mais informações" sobre o assunto. É impossível não lembrar aqu i a lucidez de vi são do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, que com tanta antecedência e em numerosas ocasiões, denunciou esse divórcio ex istente entre as cúpulas revo lucionária s e a opinião púb lica . Divórcio qu e é sentido na própria carne tanto pe los diri gentes ela guerrilha colombi ana, cio Sendero Lwninoso, como cio MST ou ele qualquer outro movimen-

to que anseia tomar o poder para impor reg imes ele índole com uni sta. E no fim cio Curso, vem uma afirmação que equivale a um av iso para todos os brasileiros: "Os audazes sempre

prevalecem sobre os medrosos ". Ou sej a, se houver um acovarclamento daquele qu e não concorda m com o MST, as teses marxistas cio movimento dominarão o Brasil , como a minoria comuni sta tomou conta da Rú ss ia em 19 17. A tran sparência elas intenções cio MST é total , di z um diário pauli stano: a sensação é a ele uma "decla ração for-

mal de guerra ao Estado Democrático" , Apesar di sso, o MST "não é perturbado pelas auloridades do governo ". Nossa Senhora Aparecida, Rainha cio Brasil , nos ajude a não ter parte nessa covardi a. ♦

Acima: Conversação entre o Presidente colombiano Andrés Pastrana (último, à direita) e os chefes da guerrilha do país. O divórcio entre as cúpulas guerrilheiras e a opinião pública é sentido tanto na Colômbia quanto em outras nações.

mangueiras de gado são derrubadas e as casas das fazendas têm os seus utensílios roubados e danificados para que o dono perca o interesse pela propriedade. Quase não há sinais de plantação, apesar de algumas fazendas terem permanecido invadidas durante quase quatro anos . Por outro lado, relatório s da Secretaria de Seguran ça do Paraná afirmam que os integrantes do MST no Noroeste daquele Estado estão armados e preparados para reagir à ação policial. O secretário de Seguran ça, Cândido Manuel Martins de Oliveira, disse que o treinamento para usar essas armas e o ensino de táticas de guerrilha seriam dados em instituições administradas pelo MST e cita o Centro de Formação e Pesquisa Ernesto Che Guevara (Cepag) . - Não há dúvida: existem indícios de práticas subversivas, inclusive treinamento de guerrilhas, no Cepag - afirma. Na biblioteca do Cepag, entre os livros Terra, de Sebastião Salgado, e A vida de Lenine, há uma foto em que aparece o revolucionário Ernesto Che Guevara.

- Esse é o nosso herói~ a inspiração de todo mundo aqui - afirma Arizinho, 18 anos, que mora no local . A atuação criminosa do MST no Paraná vai longe! Uma escuta em telefones de líderes da organização, amparada judicialmente, revela as ameaças de morte que eles fazem à juíza da Comarca de Loanda (PR) : "Nós vamos lá no Fórum amanhã e vamos tirar a cabeça da juíza fora ", afirma Jaime Outra Coelho; "É, né? Tem que ir com as foices", diz Gilmar Mauro, coordenador nacional. Falam ainda em colocar fogo no Fórum etc . A juíza Elisabeth Kather, de Loanda, viu-se obrigada a pedir proteção policial para si e para o Fórum. Por sua vez, o deputado federal Francisco Graziano denunciou que agitadores rurais estão se armando também no interior de Minas. Ele quer estabelecer uma CPI na Câmara para apurar a atuação do MST. Conseguirá ele enfrentar o forte lobby socialista encabeçado pela esquerda católica?

e

ATOL I C I SMO

Setembro de 1999

17


VIDAS DE SANTOS

@ JJ@

® cdJ@

~M [)@uúDw@[/

maravilhas da graça divina em meio a indigências da natureza humana D~sprovido de qualidades naturais, esse Santo, cuja festa comemoramos neste mês, teria seu nome varrido pelo vento da História não fosse sua radicalidade no amor a Deus e o recíproco amor do Criador àquele servo fiel, imitador do Profeta ]ó PLIN IO M ARIA SüLIMEO

Assim narra um autor a infâ ncia desse santo:

"A natureza foi com ele uma madrasta: não lhe deu nem riqueza, nem saúde, nem talento, nem ouro, nem prestígio, nem nobreza... Não teve sequer um berço no momento de vir ao mundo. Seus companheiros o desprezavam e todo o mundo se ria dele. Sustevese largo tempo entre a vida e a morte, até que um ermitão o esfregou com azeite e o curou. No entanto, continuou a ser olhado como o homem mais desgraçado do mundo, por essa confusão estranha de nossa linguagem, pois se em algo superabundava aquele menino, era precisamente na graça que o ia tirar da obscuridade e desprezo, para aureolar sua fronte com as luzes [até ali] inverossímeis da glória" 1

O inútil Boca-aberta Cupertino era uma pequena c idáde no R eino de N ápoles, na Itália, e ntre Brindisi e Otranto, cerca do Golfo de Tarento. N e la vivia um piedoso carpinte iro, tão pouco capaz que seu no me não fo i retido pelos biógrafos do filho. No mo mento e m que sua es posa estava para dar à luz, o casal teve que fugir dos agentes da Justiça

que procuravam o carpinte iro po r dívidas não pagas. Fo i assim que José teve a dita de, à seme lhança cio Deus Me"" nino, nascer no estábulo que lhes serviu de refúgio, ., e m l7de junhocle 1603. C rescendo, viu-se que o menino, sempre ? distraído, era incapaz de ma nter um diálogo, de segurar a lgo sem deixar ca ir; e nfim , na aul a fi cava pensando em o utra coisa, numa atitude que mereceu-lhe o apelido de Boca aberta. Ning ué m podia ac red itar que, por detrás claq ue le exterior ridíc ul o e· quase idi ota, esco ndiam -se pepitas de o uro que só têm valor no Reino ce leste.

./4

Função: zelador da mula conventual M a l sabendo le r e, pior, escrever, aos l 7 anos José pediu admissão no convento cios Franc iscanos Conve ntua is, o nde tinha do is tios. Mas foi recusado por sua aparência tão desfavorável. Os Capuc hinhos aceitaram-no para ex pe ri ência, passando e le por todas as funções. Mas José

N o domingo do Bom Pastor, São José de Cupertino apresentou-se ao Padre Guardião com um pequeno cordeiro em seus ombros, após o que foi arrebatado em êxtase até a altura das cúpulas das árvores ficando estático durante duas horas, causando admiração em todos os religiosos do convento

mostrava-se tão estabanado, que qu ebrava tudo o que lhe davam. Quando ia pôr a mesa, bastava olhar para o C ruc ifi xo , so ltava um g rito, la rgava os pratos - que se espatifava m no chão - e nqu anto e le e ntrava e m êxtase. Com o pe nsamento "nas nuvens" , serv ia o pão preto em vez cio branco, porque "não sabia distingui-los". Foi mandado e mbora descal ço e só com a roupa cio corpo. Mal tinh a saído cio co nve nto, cães o atacaram, deixando seu hábito e m tiras. Andando pelos campos, pastores tomaram-no por um ladrão, e ca íram sob re ele a pauladas. Na estrada, fo i perseguido por um cavale iro que o julgava um esp ia . C hegando e m lastimáve l estado a C upertin o, nenhum parente quis recebê- lo, considerando-o vagabundo; a própria mãe (o pa i ti nh a fa lec ido) lançou- lhe e m face:

"Se te mandaram embora de uma casa santa, algo .fizeste. Agora só te resta o cárcere, o desterro, ou morrer de fome" .

Mas, não tinha jeito! - para o di aco nato era necessári o exame. Acontece que José, por causa de sua devoção à Mãe de Deus, só conseguira reter na memória uma passagem cio Evangelho: a que diz "bendito o seio que te portou", na qual meditava constantemente. E fo i exata me nte a que lhe tocou comentar! E e le o fez tão magnificamente, co mo o faria o melhor cios teólogos! Para a o rde nação, o utra intervenção mi rac ul osa: o exam in ado r, vendo que os lO primeiros candi datos saíram-se mag nifi camente bem,julgou inútil exa minar os dema is !

Lutas e visões A partir de sua ordenação sacerdotal, José passou a "conside-

rar-se como exilado do paraíso, e como condenado a habitar uma terra de inimigos. Por isso ele se propôs a combater, e, pela luta, chegar ao Céu" 2 .

Para isso jej uava e flagelava-se, passando vários dias sem a lime nto, M as finalmente a gen itora insó com a Sagrada E ucaristia. Máscara mortuária do San to tercedeu por e le junto aos Conve nO demônio ag red ia-o ora fi situais, convencendo seus irmãos a came nte, ora in sinuava-lhe pensareceberem o sobrinho pelo menos para cuidar da mula mentos de ava reza ou de apego a a lgum objeto, te ntancio convento, revestido do hábito da Ordem Terceira de do vencer sua virtude. O combate era tão ac irrado que São F ra ncisco. mais tarde o Sa nto comentou: "Não suspeitava que a

Ordenação sacerdotal, após sucessivos fatos miraculosos Aos poucos, e ntreta nto, os re li giosos fo ram observando aq ue le si lencioso jovem , e descobrindo brasas que fumegavam sob a áspe ra c inza. Sempre a legre, sorride nte e aceitando as humilhações com desapego angélico, sua ling uagem revelava toca nte simpli c idade de coração e pureza de a lma. Obedec ia incontinenti , e levava uma vida de mortificação extraord in ári a. Viram q ue José tinha verdadeira piedade e vocação sacerdota l. Fo i admitido aos estudos como postu lante. O estudo foi-lhe uma cruz bem pesada, pois sua memória era fraca e, sempre absorv ido nas coisas d iv inas, não consegui a reter no dia seguinte uma palavra aprendida no anterior. A Providência queria dele amor, e não erud ição. O B ispo de Nardo, que aprec iava sua virtude, fo i lhe conferi ncl o, se m dificuldade , as ordens menores e o subdiaconato.

trama das redes do diabofossem tão subtis. Agora compreendo pe,f'eitamente que o mérito da pobreza não está precisamente ern não possuir nada, senão ern não ter afeto às coisas da Terra" 3 • José gozava entretanto da companhi a dos anjos, vendo-os muitas vezes pessoalmente e co m eles conversando como de amigo a a migo. Sua devoção ao mi stério da natividade de N osso Senhor era profunda . Muitas vezes o Menino Jesus aparecialhe. E le, tomando-O nos braços, aca ric iava-O e dizia as palavras mais ternas que podia conceber. Começou para São José de C upertino, depois de dois anos de terríveis provações, a série de êxtases tão extraordin ários, como dificilmente se o uvi ra narrar antes e . depois de le na Hagiografia. Bastava o uvir o nome de Jesus o u de Maria, que e le dava um grito e, literalme nte, voava rumo ao obj eto a mado. Se estava na igreja, voava para junto do a lta r da Virgem ou do Santíssimo. Se no jardim, para o cimo de uma árvore, permanecendo ajoelhado na ponta de um de seus galhos como se fosse o mais leve passarinho.

ffi 18

ffi eATO LIe ISMO

Setembro de 1999

C AT O LIC IS MO

Setembro de 1999

19


Santuário da Grottela, Convento no qual São José de Cupertino passou parte de sua vida

Em Roma, qu ando ele se viu di ante do Vigário de C ri sto na Terra, entrou em êxtase, fi cando suspenso no ar durante a audi ênc ia, até que o Superio r lhe ordenasse em no me da obediê ncia que vo ltasse a si.

Ovelhas acompanham a Ladainha... Verdade iramente imbuído do espírito de São F ran cisco, ocorreram com ele inúmeros fa tos di gnos ele constarem nos Fioretti elo Poverello ele Ass is. Certa vez, por exemplo, não estando os ag ricultores numa capela rural para a Lada inha, por causa ela co lheita, viu ao longe rebanhos que pastavam. Diri g indo-se aos animais, o Santo exclamou: "Ovelhinhas de Deus, vinde aqui honrar a Mãe de meu Deus, que é também a vossa". Deixando atrás pasto, filh otes, tudo, e las aco rreram em tumulto ao ape lo ele José, sendo que naturalmente não podi am tê- lo ouvido devido à di stância. Entrando na cape la, todas caíra m de joelhos e, com um longo balido, respo ndi am às invocações ela Lada inha diri gid a pe lo Santo. Outra vez, tendo uma peste di zim ado os rebanhos, diri g iu-se, a pedido cios ca mpo neses, ele ovelh a e m ovelha morta, o rdenando- lhes que se levantassem e m no me de Jesus. E todas vo ltaram à vida. Às fre iras clari ssas de sua cidade, mandou que um passarinho lhes cantasse durante o Ofício para incitá- las a fazê-lo bem.

Conselheiro dos grandes deste mundo O Duque de Brunsw ic k e de Hanover, o protestante João Frederico, então com 25 anos, curioso, obteve do superior de Assis o favo r de assistir a uma Mi ssa do "scmto que voava". José não fo i av isado de nada. Na hora de partir a Hóstia, estranh ame nte não consegui a fazê- lo, po is esta oferec ia res istênc ia. Afli to, os o lhos em lág ri mas, o Santo levito u alguns pa lmos acima do so lo, e nessa pos ição retrocedeu alguns passos, d iri gindo a Deus fe rvorosa prece. Pôde depois partir a· Hósti a com a costume ira facilidade. O Duque qui s saber o motivo do sucedido. José respo ndeu ao Superi or: " Vós trouxestes gente que tem o coração muito duro e que se obstina em não crer no que ensina a Santa Madre Igreja. Esta é a causa pela qual o Cordeiro sem mancha endureceu-Se em minhas mãos, de ,nodo que não conseguia dividi-Lo".

ffi 20

A doutrina católica face a objeções de protestantes

O bte nd o Iice nça para manter conversas e receber conse lhos do Santo, o Du que fo i teste munha de novo milagre. Dura nte outra Mi ssa do Santo, viu na Hósti a sagrada, durante a E levação, uma cru z negra . Fre i José so ltou um grito, e permaneceu suspenso no ar e nquanto di zia olhando a cru z: "Senh.01; esta é vossa; não quero senão a vossa glória. Tocai e abrandai, Senhor, esse coração. Fazei com que seja aceito por vossa Divina Mqjestade". Sua oração fo i aceita, pois o Duque de Brunswi ck converteu-se 4 • Fre i José chegou a um tal grau de discernimento cios espíritos, que parecia ler os corações. E le vi a as pessoas freqüe ntemente sob a fo rm a do animal que representava o estado de sua a lm a. Ele senti a também os odores do pecado ou da virtude, ele mane ira que, chegando-se a um pecador, di zia: "Cheiras mal. Vai te confessar".

1

P ADRE D AVID F RANCISQUJNl

Santidade atrai multidões apesar dos obstáculos Numa época em que a heresia de Lutero tentava fo rtemente penetrar nos pa íses cató li cos, o Sagrado Tribunal ela Inqui sição vig iava sobre qualquer anormalidade. Vendo as grandes multidões que at raía Fre i José de Cupertino, julgou prudente, de acordo com o Papa, retirálo para um convento menos conhecido, onde ele deveri a viver praticamente reclu so. Fo i-lhe proibido fa lar com qu alquer pessoa além dos re li g iosos cio convento, e mesmo ele escrever cartas a quem quer que fosse. Fo i inútil. Embora o convento fosse construído na pa rte mais escarpada de uma mo nta nha, isso não impediu que uma multidão crescente para lá se diri gisse "para ver o santo", ele tal modo que nas cercani as começaram a surg ir hospedagens e comércio para atender o peregrinos. Fre i José fo i então tra nsferido para outro convento , e ass im sucessiva mente, até chegar ao de Ósimo, o nde predi sse que te rminari a seus di as , o que ocorreu poucos anos depois, a 18 de sete mbro ele 1663. A multi dão que passou a acorrer a seu túmulo indicava sua fa ma ele anticlacle. ♦

Bibliografia J. Fre i Justo Pérez de Urbe !, O.S.B ., Aiio Cristiano, Ed ic ioncs FA X, Mad ri d, 1945 , 3" ed ição, vo l. 111 , p. 642. Vie.1· eles Saints, d 'apres te Pe re Giry, pa r Mg r Pa ul G ué rin , Pa ri s , Blo ud et Barra i, Libraircs- :clitc urs, 1882 , tomo X I, p. 223. 3. Ed c lvives, O Sa nto de Ca da Dia, Ed itor ia l Lu is Vives , .A .. Sa ragoça, 1955, to mo V, p. 184. 4. Ecle lvives , o p. c it. , p p. 187- 188 .

2. Les Petits Bo ll a nd istes, -

ffi C AT O L IC ISMO

Setembro d •e t 999


1 - Por que os católicos dizem que o '\ ' Senhor Jesus é Deus?

Nós, católicos, acreditamos que Jesus Cri sto é Deus. Primeiramente, pelo dom precioso da fé que gratuitamente recebemos - e que está à disposição de todos os que não se fecham para ele - o qual dispensa demonstrações. Em segundo lugar, porque isto vem provado nas Sagradas Escrituras com as próprias palavras do Redentor e testemunhos de outros. Jesus Cristo é aí referido ora como Deus, ora como Filho de Deus, o que, para efeito de provar sua divindade, dá na mesma. Pois o-Fi lho tem a mesma natureza do Pai. Nós, simples mortais, podemos ser filhos adotivos de Deus. Filho de Deus propriamente, por natureza, gerado desde toda a Etern idade, só Jesus Cristo: "Tu és meufi.lho, eu te gerei hoje" (SI 2, 7; Act 13, 35; Heb 1,5 e 5,5). Jesus Cristo, ademais de ser verdadeiro Deus, é verdadeiro homem. , Houve hereges que negaram a natureza humana de Jesus Cristo. Para eles, Jesus seria somente Deus e seu corpo um a espécie ele fantasma sem substânc ia, apenas para ser visto. Mas aq ui não nos ocuparemos desses hereges , pois se perderam na noite cios tempos. Vejamos algumas passagens da Escritura que nos falam ela clivinclacle de Jesus Cristo. Por exemplo, quando Caifás conjurou-O, "em. nome do Deus vivo" a di zer se era "o Cristo, o Filho de Deus", respondeu Jesus: "Sim. Além disso eu Vos declaro que vereis doravante o Filho do Homem [Ele mesmo] sentar-se à direita do Todo-Poderoso, e voltar sobre as nuvens do céu" (Mt 26, 63-64, Me 14, 6 1,62;

cretles, porque não sois das minhas ovelhas ... Eu e o Pai somos um" (Jo lO, 24 a 30). Ora, ouvindo isso os judeus quiseram apedrej á-Lo "porque, sendo homem te fazes passar por Deus". Cristo Jesus não os desmentiu; pelo contrário, admoestou-os: "como acusais de blasfemo aquele a quem. o Pai santificou e enviou ao mundo, porque eu disse: Sou o filho de Deus? Se eu não fa ço as obras de meu Pai, não m.e credes. Mas se as faço, e se não quiserdes crer em mim, crede nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está

obras que faço em nome de meu Pai dão testemunho de mim . Entretanto, não 22

eATO

L ICIS MO

céus, viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e vir sobre Ele. E eis que ouviu uma voz do céu que dizia: Este é o meu Filho muito am.ado, no qual pus as minhas complacências" (Mt 3, 16-17), o

que ocorreu também durante a Transfiguração no Monte Tabor, com o seguinte acréscimo: "Escutai-O". Há várias outras passagens nas quais Jes us afirma Sua clivinclacle. E isso os Apóstolos e os Discípulos creram, tanto ass im que o ensin aram em seus escritos e pregações. São João começa o seu Evangel ho dizendo: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus". E para que não ficasse dúvida, esc lareceu: "E o Verbo se f ez carne, e habitou entre nós"

(Jo 1, 1 e 14). E conc lui se u Eva nge lh o com estas palavras : "Estas co isas foram escritas para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em Seu. nome" (Jo 20, 31). Por sua vez, São Marcos ini cia ass im seu Evangelho: "Princípio da Boa Nova, de Jesus Cristo, Filho de Deus" (l, ]).

Portanto os protestantes, que dizem segu ir a Bíblia à risca, para serem coerentes consigo mesmos deveriam recon hecer a clivinclacle ele Nosso Senhor Jesus Cristo. A Transfiguração de Cristo -Afresco de Fra Angélico (séc. XV), Museu de São Marcos, Florença (Itália) . "Este é meu Filho amado, em quem tenho minhas complacências. Escutai-O" (Mt 17, 5).

em mim e eu no Pai" (id ., 36 a 38).

Estando uma vez em Cesaréia ele Fel ipe, perguntou Jesus aos Apóstolos:

Lc 22, 67-70). Os sacerdotes judeus com"No dizer do povo, quem é o Filho do preenderam bem toda a extensão dessa afirhom.em?" Eles responderam "Uns dizem mação, pois rasgaram as vestes dizendo que é João Batista, outros, Elias; outros, que Ele blasfemara e que, por isso, era réu Jeremias ou um dos profetas". Perguntoude morte. Teria Jesus cometido um pe1júrio?, cabe perguntar aos protestantes. Deus . lhes Jesus: "E vós, quem dizeis que sou.?" São Pedro, adiantando-se, respondeu: " Tu nos livre de o pensar! és o Cristo, Filho do Deus vivo!" Ao que Já antes, na festa ela Dedicação, aos judeus que O rodearam perguntando peremprespondeu Cristo Jesus: " Feliz és, Simão, toriamente: - "Até quando nos deixarás .filho de Jonas, porque não foi a carne nem na incerteza? Se tu és o Cristo, dize-nos claramente" - , respondeu-lhes Nosso Senhor: "Eu vo-lo digo, mas não credes. As

Quando Jesus Cri sto foi batizado por São João Batista, "eis que se abriram os

o sangue quem te revelou isto, mas meu. Pai, que está nos Céus" (Mt 16, 13 a 17).

Não podia ser mais claro. Essa profissão de fé mereceu a São Pedro ser declarado como a pedra angu lar ela Igreja.

Setembro de 1999

2 - Por que os católicos cultuam Maria e os Santos, quando está escrito que Jesus é o único Mediador?

Realmente, São Paulo afirma em sua primeira epístola a Timóteo (2, 5), que "há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os homens que é Jesus Cristo".

Essa afirmação não exclu i que possa haver outros mediadores secu nd ários, poi s o próprio Apóstolo cios Genti os é o pri meiro a pedir a intercessão ele outros junto a Deus . Assim, diz aos rom anos: "Rogo-vos, pois, irmãos, por Nosso Senhor Jesus Cristo, e pelo amor do Espírito Santo, que me C!judeis com as vossas orações por núm a Deus" (R m 15, 30);

aos Corintos diz que spera que Deus o liv rará ele futuros grandes perigos, •~se nos ajudardes também v6s com orações em nossa intenção " (2 or 1, 9- 11).

3 - Mas vocês, católicos, substituem o Senhor Jesus por Maria.

Nós, católi cos, temos e é a única atitude coerente - uma profunda veneração, e não adoração, a Maria Santíssima. Se reconhecemos que Jesus Cristo é Deus, temos que reconhecer que Ela é a Mãe ele Deus. Só esse fato já mereceria ele nossa parte essa veneração espec ial. Se elevemos honrar pai e mãe, Cri sto Jesus deixaria ele darnos ni sso o mais exím io exemplo, ainda mais com tal Mãe? Ficaria Ele magoado com nossa veneração a sua sa nta Mãe? No Pequeno Ofício ela Imaculada Conceição figura o seguinte raciocínio, claro, lógico, aclamantino para demonstrar que Maria foi isenta cio pecado origi nal: "Por decoro do Filho não podia o labéu de Eva macular Maria" ; e, "não podia tal Mãe assim eleita, por um momento à culpa estar sujeita". Sendo Deus todo-poderoso,

deixaria ele faze r qualquer exceção, superar qualquer regra em favor dAquela que esco lheu para Mãe cio seu Verbo? Aqui apli ca-se o ax ioma ela Igreja: Podia, queria, logo fe z. Quer dizer, Deus quer o mais perfeito. Poderia tomar um a carne que fosse a ela mais perfeita elas criaturas. Podendo faze r isso, querendo fazêlo, por que não haveri a ele tê-lo fe ito? Nossa Senhora, pelo papel que teve na Redenção, tornou-se Medianeira entre nós e Jesus Cristo. Não é uma mediação independente, diferente ela do Filho, mas ele participação, por vontade divina, na mediação ele Cristo Jesus. É uma assoc iação ela Mãe à mediação de seu Divino Filho. 4 - Mas onde se encontra, nas Sagradas Escrituras, base para isso?

Narra o evangelista São Lucas que, indo Maria Santíssima visitar sua prima Santa Isabel, que esperava o futuro São João Batista, saudou-a. "Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: 'Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fru/o do teu ventre' " (Lc 1, 41-42). Não se pode negar a evidência ele

que o Divino Espírito Santo servi u-Se da

A Virgem de las Cuevas - Francisco de Zurbarán (1641-1658), Museu Provincial, Sevilha (Espanha). Nossa Senhora, pelo papel que desempenhou na Redenção, tornou-se Medianeira entre Jesus Cristo e os homens

voz ele Maria para santificar o menino e cumul ar a mãe com suas bênçãos. Também o ep isód io das Bodas ele Caná mostra, ainda com mais ev idência, o poder ela intercessão de Maria Santíssima. Foi por sua insistência que Jesus, antecipando Sua hora (]o 2, 4) , realizou seu primeiro milagre público. 5 - Como explicam os católicos a expressão "antes de coabitarem", em Mateus, 1, 18, empregada em relação a José e a Maria?

Aqui , mais uma vez, é preciso conhecer o contexto para se compreender essa passagem. Segundo o costume judeu, ocasamento se realizava em duas etapas. Na primeira, embora os noivos fossem consi-

cleraclos já casados, a esposa permanecia algum tempo na casa paterna. Na segunda etapa, os parentes a levavam para a casa cio esposo, e aí se consumava o casamento. Com a expressão "antes ele coab itarem" , o Evangeli sta dá a entender que a concepção virginal ele Cristo se deu antes que a Virgem Maria estivesse vivencio na casa ele seu castíssimo esposo. O que não significa que tenham coab itado depois. Como alguém que diz, fulano estava dormindo e morreu antes de acordar. Não significa que depois tenha acordado. Que não houve coabitação se constata também quando o mesmo Evangeli sta narra que São José, percebendo que sua esposa concebera, não conhecendo o mistério, mas não querendo difamá-la, resolveu "rejeitá-la secre/amente". Mas o Anjo cio Senhor apareceu-lhe em sonhos tranqüilizando-o e aconselhando-o a recebêla em sua casa, porque Ela concebera por obra cio Espírito Santo (Mt 1, 20 a 24). 6 - E as passagens - "Não a conheceu até que deu à luz um filho ..." em Mateus, e - "Seu Filho primogênito" - empregadas por Lucas, não revelam que Maria teve outros filhos depois?

Nas Sagradas Escrituras, a expressão "até que" é empregada muitas vezes para

indicar um tempo indeterminado, e não para marcar algo que ainda não aconteceu, mas acontecerá depois. Assim, por exemplo, no Salmo (109, 1) Deus Pai, dirigindo-se a Deus Fi lho, diz: "Senta-te à minha direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo a Jeus pés" .

Isso não quer dizer que depois disso o Fi lho deixará ele sentar-se à direita cio Pai ... Com relação à exp ressão "Filho primogênito ", cumpre ressaltar que, entre os orienta is (até mesmo hoje em dia em vários países), o primeiro filho nasc ido de um matrimônio tinha uma ascendência moral sobre todos os outros irmãos

Lutero queima a Bula papal que condenou suas teses

e AT OLIe ISMO

Setembro de 1999

23


e irmãs que viessem a nascer. As; si m se ressa ltava que era o primogênito, ainda que e1e viesse a ser o filho único. Por isso vê-se aparecer freqüentemente nas Sagradas Escrituras a expressão "primogênito": "todo o primogênito do sexo masculino será meu" (Ex 34, 19-20); " Resgatarás o primogênito dos teus filhos: e não aparecerás na minha presença com as mãos vazias" (N um 18, 15).

A expressão "fil ho primogênito" em São Lucas é entendida assim, e o foi pela Tradição oral durante quase um milêni o e mei o, até surgir Lutero, que "descobriu" esse detalhe para tentar "provar" que Mari a não permaneceu virgem.

nifestassem em certas ocasiões, como ao nascer? No Tabor, por exempl o, seu corpo apareceu glorioso. E faz parte das características de um corpo glori oso atravessar paredes e objetos sem dificuldade 7 - E a expressão "a Mãe e os irmãos e sem danificá-los. de Jesus? " O grosseiro erro dos protestantes, baseNós, que temos a fe li cidade de serados numa ignorante interpretação das Esmos cató licos e seguirmos a Tradi ção e crituras (fruto do "livre exame"), de que Ela os ensinamentos da Santa Madre Igreja, . teve filhos depois, é uma injúria ao próprio cremos firmemente que Mari a Santíssima Nosso Senhor Jesus Cristo. Não se comfo i virgem antes, durante e depois do parpreende como eles não percebem isso. to. Como se deu isso, como permaneceu Anali semos o exempl o dado que é a virgem depoi s do parto? Quem criou os citação do Eva ngelho, "A mãe e irmãos céus e a terra poderia perfeitamente faze r de Jesus". Ora, é sab ido que entre os ori esse mil agre. O corpo de Nosso Senhor, entai s, os parentes mai s próx imos eram como Deus e homem, não podechamados de irmãos, como até ria ter as caracte rísticas do hoje se dá em alguns países, notada me nt e a Índi a, corpo glorioso, que se maonde em alguns idi omas Trítico barroco com loca is não há palavras imagem de Nossa Senhora ao centro ,.1 para designar "prúno ". - Autor c/esconhecido, Na própria Sag rada Escola quitenha, séc. Escritura isso está bem elaXVIII, Quito (Equador)

Descida da Cruz Fra Angélico (séc. XV), Museu de Florença (Itália) Na pintura, vêem-se as três Marias.

ro no livro de Tobias. Aconselhado pelo Arcanjo Rafael a casar-se com Sara, filh a de Raquel, primo-irmão de seu pai, assim rezou a Deus: "Senhor, sabeis que não é por motivo de luxúria que recebo por mulher esta minha irmã " (Tb 7, 4-6). Quais são os "i rmãos de Jesus" citados pelos Evangelistas?

São Marcos diz que, quando Nosso Senhor começou a pregar na Sinagoga, vendo Sua sabedoria, o povo se perguntava: " Nâo é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago , de José, de Judas e de Simão ? Não vivem aqui também entre nós suas irmãs ?" (Me 6, 3) .

São Lucas esc larece que Tiago e Judas eram filhos de Alfeu ou Cleofas (6, 1516). Portanto o eram também José e Simão. Mas não Jesus , que sabemos que era filho de "José, o carpinteiro ". Portanto, não poderiam ser irmãos carnais. Por outro lado, São Mateus dá o nome da mãe deles: "Entre as quais estava ... Maria, mãe de Tiago e de José" (Mt 27, 56). Não se pode confundir esta Mari a com sua homônim a, es posa de José, o carpinteiro. São João deixa bem clara essa di stinção: "Junto à cruz de Jesus estava sua mâe e a irmã (prima) de sua Mãe, Maria, mulher de Cleofas" (Jo 19, 25),

serpentes ardentes, que rnorderam e mataram muitos", como Moi és intercedes-

cuja filh a se chamava Maria Salomé. São as bem conhecidas "três Marias". Aliás, atualmente os protestantes mais cultos já nem levantam mais essa objeção.

se pelo povo, ordenou-lhe que fizesse uma serpente de bronze e a co locasse num lugar visível e público para que todo aquele que olhasse para ela, não morresse. Pelo que se tornou o símbolo da Cruz (Num 2l,5a9). Mais uma vez - du rante quase mil e quinh entos anos, a não se r algun s heres iarcas prec urso res de Lutero , os iconocl astas - houve a veneração das im age ns se m probl e mas. Pois j á nas catacumbas, os primeiros cristãos, perseguidos, para auxili ar sua fé tão posta à prova, pintavam e esc ulpi am naq ueles subterrâneos figuras representando Cri sto e Sua Mãe santíss im a. O que mostra de passagem que o culto também à Mãe de Deus é tão anti go quanto o próprio Cristianismo.

Os ca tó li cos não adoram im age ns. Elas são apenas representações de Nosso Senhor, de Nossa Senhora, cl_os Anjos ou do: Santos que nos ajudam a lem brar deles , a amá-los e invocá- los. É o mesmo que acontece com as fotografias das pessoas que nos são caras : quando nós gostamos de olhar para tais fotografias , é nas pessoas que elas representam que estamos pensando, e não nas fotog rafias enquanto um pedaço de papel. C AT OL I

eIS

MO

Setembro de 1999

" Nâo farás para ti escultura, nemfigura alguma do que está em cima, nos céus ou embaixo, sobre a terra, ou nas águas, debaixo ela terra" . Isso qu eri a

di zer que não se deviam fazer estátuas simboli za ndo "deuses" de madeira ou de pedra, sob a fo rma de um astro, de um pássaro, de um homem, de um ani mal, de um a planta ou de um anim al aq uát ico como obj etos de adoração. Isso é fora de dúvida, pois Deus não pode contradizer-Se a Si próprio. No mesmo livro cio Êxodo, cinco capítulos adiante, ordena a Moisés qu e fa ça doi s querubins de ouro, com as asas estendi das, para cobrir o propiciatório da Arca da Aliança (Ex 25, 18). Adiante, no liv ro dos Números, qu ando, para punir o povo hebreu que murmurava co ntra Deus e Moisés, "o Senhor enviou contra o povo

8 - E por que os católicos adoram imagens, quando está formalmente proibido pelas Escrituras?

24

Ademai s, é preciso ler em seu contexto, e não fora dele, os textos da Bíblia, citados pelos protestantes. Assim , o texto por eles citado vem preced ido por uma frase que explica bem o sentido em que a proibição de fazer estátuas deve ser compreendido: " Não terás outros deuses diante de m.inha fa ce". Quer dizer, trata-se da proibição de faze r ídolo s, po is os hebreus eram muito in clin ados, pe lo exem pl o dos povo s pagãos vizinhos, à id olatri a. Tendo alertado de que se trata de "outros deuses" - portanto, ídolos - continua Deus Nosso Senhor:

9 - Quero uma prova, com base na Bíblia, do alegado poder do sacerdote de perdoar os pecados. Por que não se confessar diretamente a Deus?

A confis são é um cios mais sublimes Sacramentos da Igreja! Que outra reli gião pode conceder a um a alma amargurada pelo peso de seus pecados, infidelid ades, más ações, aq uela paz e tra nqüilidade de co nsc iência que só uma confi ssão bem fe ita pode dar? Mas vamos aos textos bíblicos para res ponder, com o Pe. Júli o Maria, ao objetante protestante. Que o homem peca, ex perimenta molo a cada momento. O própri o Espíri to Santo di z, pela boca cio esc ritor sagrado: "O justo peca sete vezes por dia " (Pv 24, 16). E "nâo há homem que não peque" (Ecle 7, 2 1). São João é co nseqü ente: "Aquele que diz que não tem. pecado, fa z Deus mentiroso" ( 1 Jo I , 1O).

Todo homem, poi s, é pecador. Deus, pelo contrári o, não é só santíss imo, mas a própria Santidade. Por isso nenhum homem pode ir a Ele com seu pecado, como diz o Salmista: "Nesta porta do Senhor; só o justo pode entrar" (S I 1 17, 20); e o Apóstolo: "Os pecadores nâo possuirâo o reino dos céus ".

Como ficam então as coisas? Não é o homem destinado ao Céu? Tem que haver solução para esse impasse. Mais uma vez o divino Espírito Sa nto, falando pela boca do escritor sagrado, adverte e dá a so lução: "A quele que esconde os seus crim.es, nâo será purificado; [mas] aquele que, pelo contrário, se confessar e deixar seus crimes, alccmçará a misericórdia" (Pv 28, 13). O qu e é ainda enfatizado por São João: "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e j usto para nos perdoar e pur(ficar-nos de toda injustiça" ( l Jo, 8).

Está bem, dirá o protestante. Mas não está dito que não podemos nos confessa r diretamente a Deus. É ev idente que Deus pode perdoar diretamente os pecados, como Nosso Senhor Jesus Cri sto afirmou de Si mes mo em sua vida terrena: "O Filho do homem, na Terra, tem. o poder de perdoar os pecados" (Mt 9, 6). E vemos mesmo que "Jesus curou um paralítico e lhe disse: tem confiança, os teus pecados te são perdoados" (lei., 2-7) .

Ora, Nosso Senhor comunicou esse privi légio a Seus Apóstolos quando disse: "Assim como o Pai me enviou, eu vos envio a vós". Depois, soprando sobre eles, acrescentou: "Recebei o Espírito Santo. Aqueles a

quem perdoardes os pecados, ser-Lhes-ão perdoados; e aqueles a quem os retiverdes, ser-Lhes-ão retidos" (]o, 20, 22-23). Se, de um lado, Cri sto Jesus deu aos sacerdotes, pela sucessão apostóli ca, o poder de perdoar os pecados, de outro impôs aos pecadores o dever de co nfessálos . [sso é de bom se nso. Por isso São Tiago di z ex pli citamente: "Co,~fessai os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, a fim de que sejais salvos" (5, 16). Ora, esse "uns aos outros" quer

di zer, os que não têm o poder de perdoar devem confessar-se com quem o tem. Para serem coerentes com o Evangelho como alegam que o são, os protestantes deveriam confessa r-se un s com os outros, ou, pelo menos, com seus pastores; por sua pos ição, seriam eles em tese os mai s di sc retos, e não passari am adiante o que ouv issem. Mas isso é quase hu manamente impossível sem haver a obri gação cio sigil o sacra menta l, como temos sacerdotes cató li cos. 10 - O Papado é uma invenção de Roma para subjugar as consciências timoratas. No início não havia diferença entre o bispo de Roma e os demais bispos.

Vimos acima, em São Mateu s 16, 16, a profissão de fé de São Pedro na clivinclacle de Cri sto Nosso Senhor. Eis o que respondeu-lhe em seguida o Divino Mestre: "E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do il1ferno não prevalece reio contra ela. Eu te darei as chaves do reino elos Céus: tudo o que liga res na terra, será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na terra, será desligado nos Céus" (Mt 13, 18).

Que valor têm essas palavras de Cri sto Jes us? Ele mes mo afirm a: " Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra". Por força desse poder, ordenou Ele: " Ide, pois, ensinai todas as gentes, batizandoas ern nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a observar todas as coisas que vos mandei. Eu estarei

convosco todos os dias, até a consumação do mundo" (M t 28, 18 a 20) .

CATO LIC IS MO

Setembro de 1999

25


Para serm os breves, digai~1os com o Pe. Leonel Franca : no dia em que viesse a faltar o principado hieraráqui co de Simão, a pedra escolhida pelo Salvador, as portas do inferno teriam prevalecido. Sem base, o edifício ca iria em inevitável ruín a. Que o primado de Pedro foi reconhecido desde o início da Lgreja, basta ler a farta documentação ac umul ada pelo Pe. Leonel Franca em seu substancioso li vro A Igreja, a Reforma e a Civilização , que recomendamos aos leitores.

nem no referente a suas obras. Lutero fo i um homem vio lento e li bidinoso, um sacrílego concubinatári o, cheio de orgulho e pretensão. Em sua doutrina, af-irmou: "Crê.firrnernente, e peca sem cuidado", e que "tudo que vem. da fé é tão falso, como é certo que Deus existe" etc. É uma doutrina baseada na adulteração elas Sagradas Esc rituras (só Lutero fez, o que é recon hec ido mesmo por protestantes, mai s ele 3 mil alterações na Bíb li a) a seu bel

11 - Por que os católicos têm a pretensãp de só eles terem a verdadeira religião? Outros também não a podem ter legitimamente?

Só há uma Religião verdadeira, como di z São Paulo aos Efés ios : " /-lá

um só Senhor; uma só f é, urn só batismo" (4, 5). Por outro lado, Cri sto Jesus, quando concedeu o primado a Pedro, di sse-lhe: "Tu és Pedro, e

sobre esta pedra edificarei a minha Igreja" (Mt 16, 18). Ressa lta co m muita propri edade o Pe. Júlio Mari a que Ele di z "a minha", para mostrar que só a clEle é a verdadeira I greja. Uma Igreja, para ser verclaclei ra, eleve ter quatro qualidades que a di ferencie das não verdadeiras: eleve ser una, santa, católica e apostóli-

ca. Una: eleve sê-lo nos pontos essenci-

o princípio, nem está di sseminada pelo mundo in teiro. Suas igrejas são loca is, reg ionais ou naciona is, não ex istindo uma igreja uni versa l. Por fim , não é Apostólica, pois nasce u em 15 18, fundada por um padre apóstata, desenvolveu-se mediante adul terações ela doutrina cios Apó stolo s, um mil ênio e meio depois ela era apostó li ca. 12 -

Por que a Igreja proíbe os católicos de lerem a Bíblia?

A Igreja não proíbe. Apenas recomenda que ela seja lida com cu idado e só em versões intei ram ente fidedi gnas, para não se resvalar nesses erros protestantes. O próprio São Pedro alerta os primeiros fi éis a respeito ela clificulclacle ele compreensão que há em algumas passagens de São Paulo: "Reconhecei que a longa pa-

ciência de Nosso Senhor vos é salucorno lambém vosso ca ríssimo irmão Paulo vos escreveu, segundo o dorn de sabedoria que lhe foi dado. É o que ele fa z ern todas as suas cartas, nas quais fala nestes assuntos. Nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras" ( 2 Pecl 3, 15- 16). E São Lucas, no Ato dos Apóstolos, tc11;

narra que o Apóstolo São Felipe fo i ais ela fé, culto e em sua constituição alertado por um Anjo para ir à estrahierárqui ca. da que desce ele Jeru sa lém a Gaza. Santa: tem que sê- lo em sua doutri Nela viu passar um ministro da rai na, em seu culto, e em muitos de seus Imagem de São Pedro - Arnolfo di Cambio (1232-1302) - Nave da Basílica de São Pedro. nha Canclace, ela Etiópia, lendo I saías membros. O primado de Pedro foi reconhecido desde o início da Igreja. pro feta. " ! Fe lipe] pergunt ou-lh e Cató lica : tem qu e ser uni versa l, 'Porventura entendes o que estás lendo?' prazer: pior ainda, rej eitou muitas elas coicomo di z a palavra, devendo ex i tir em Respondeu-lhe [o eunuco]: " 01110 é que sas in stituídas por Jesus Cri sto. todas as épocas, e estar difundida pelo posso, se não há alguém que mo expliEssa doutrina não produz a santidade mundo inteiro. que?'. E rogou a Felipe que subi.ue e se seus membros. O própri o eminente entre Apostólica: eleve ter ori gem nos Apóssentasse jun.10 dele [para exp li car- lhe o renegou seus votos, inclu sive o ele Lutero tolos. sentido cio que lia]" (Atos, 8, 26 a 3 1). celi bato, juntando-se sacril egamente com Perguntamos: que I greja preenche esO próprio Nosso enhor ad moestou uma exmonja, que fez o mesmo. Henrique ses requisitos? ele forma enérgica os cli scí1 ulos ele Emaús VIU, fundador cio anglicani smo, casou-se Vejamos, por exemp lo, a religião propor sua in capac i lacl e ele interpretar as várias vezes, depoi s ele mandar decapitar testante. Esc ritura s: "Ó gente se111 inteligência! duas de suas mulheres. Para fi carmos aqui. Não forma uma I greja una porque está Como sois tardo.1· de coração para crerdes O próprio Lutero disse ele seus discípulos : div idida em vári as "denominações" (há tudo o que a111111ciaram os profetas! ... E, "A maioria dos meus discípulos são uns mai s de mil seitas, e a cada dia estão surcomeçando por Moisés, percorrendo toepicuros. Eles se chamam reformados: eu gindo outras); ademais, não têm unidade de dos os prci/e1 as, •xplicava-11,es o que d Ele os chamo demônios encarnados ... " . doutrina, nem de cul to, nem ele governo. se achava dito em todas as Escrituras" Não é católica, isto é, universal, poi s, Não é Santa, nem quanto a seus fun (Lu · 24, 25 a 27). ♦ como uma só confi ssão, não ex iste desde dadores, nem no tocante a suas doutrinas,

26

C ATO L I

e

IS MO

Setembro t/e 1999

Revolução Protestante, na origem da Revolução Francesa e da Revolução Comunista Revolução Protestante "O orgulho e a sensualidade, em cuja satisfação está o prazer da vida pagã, suscitaram o protestantismo. "O orgulho deu origem ao espírito de dúvida, ao livre exame, à interpretação naturalista da Es critura. Produziu ele a insurreição contra a autoridade eclesiástica, expressa em todas as seitas pela negação . do caráter monárquico da Igreja Universa l, isto é, pela revolta contra o Papado . Algu mas, mais radicais, nega ram tam bém o que se poderia chamar a alta aristocracia da Igreja, ou seja, os Bispos, seus Príncipes. Outras ainda negaram o próprio sacerdócio hierárquico, redu zindo-o a mera delegação do povo, único detentor verdadeiro do poder sa cerdotal. "No plano moral, o triunfo da sensualidade no protestanti smo se afirmou pela supressão do celibato eclesiástico e pela introdu ção do divórcio".

Revolução Francesa "Profund ame nte afim com o protestantismo, herdeira dele e do neopaganism o renascentista, a Revolução Francesa realizou uma obra de todo em todo simétrica à da Pseudo-Reforma [protestante]. A Igreja Con st itucional que ela, antes de naufrag ar no deísmo e no ateísmo, tentou fundar, era uma adaptação da Igreja da França ao espírito do protestantismo. E a obra política da Revolucão Francesa não foi sen ão a tra.nsposição, para o âmbito do Estado, da "reforma" que as seitas protestantes mais radi ca i s adotaram em matéria de organi zação eclesiástica: • Revolta contra o Rei , simétrica à revolta contra o Papa ; • Revolta da plebe contra os nobres, simétrica à revolta da "plebe" eclesiástica, isto é, dos

fiéis, contra a "aristocracia" da Igreja, isto é, o Clero; • Afirmação da soberania popular, simétrica ao governo de certas seitas, em medida maior ou menor, pelos fiéis" .

Revolução Comunista "No protestantismo nasceram algumas seitas que, transpondo diretamente suas tendências religiosas para o campo político, prepararam o advento do espírito republicano. São Francisco de Sales , no século XVII, premuniu contra estas tendências republi canas o Duque de Sabóia . Outras, indo mais longe, adotaram princípios que, se não se chamarem comunistas em todo o sentido hodierno do termo, são pelo menos pré-comunistas. "Da Revolu çã o Francesa nasceu o movimento comunista de Babeuf. E mais tarde, do espírito cada vez mais vivaz da Revolução , irromperam as escolas do com unismo utópico do século XIX e o com unismo dito científico de Marx. "E o que de mais lógico? O deísmo tem como fruto normal o ateísmo. A sensualidade, revol tada contra os frágeis obstáculos do divórcio, tende por si mesma ao amor livre. O orgulho, inimigo de toda superioridade, haveria de investir cont ra a última desigualdade, isto é, a de fortu nas. E assim, ébrio de sonhos de República Universal, de supressão dé toda autoridade eclesiástica ou civil, de abolição de qual quer Igreja e, depois de uma ditadura operária de transição, também do próprio Estado, aí está o neobárbaro do século XX, produto mais recente e mais extremado do processo revolucionário". (Excertos extraídos da obra de Plínio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, Artpress, São Pau lo, 4a. edição, 1988, pp.

A austeridade protestante "Outra objeção poderia vir do fato de que certas seitas protestantes são de uma austeridade que toca as raias do exagero. Como, pois, explicar todo o protestantismo por uma explosão do desejo de gozar a vida? Resposta: "Ainda aqui, a objeção não é difícil de resolver. Penetrando em certos ambientes, a Revolução encontrou muito vivaz o amor à austeridade. Assim, formou -se um "coágulo". E, se bem que el a aí tenha conseguido em matéria de orgulho todos os triunfos, não alcançou êxitos iguais em matéria de sensualidade. Em tais ambientes, goza-se a vida por meio dos discretos deleites do orgulho , e não pelas grosseiras delícias da carne . Pode até ser que a austeridade, acalentada pelo orgulho exacerbado, tenha reagido exageradamente contra a sensualidade. Mas essa reação, por mais obstinada que seja, é estéril : cedo ou tarde , por inanição ou pela violência , será destrocada pela Revolução . Pois não é dé um puritanismo hirto, frio, mumifica do, que pode partir o sopro de vida que regenerará a Terra". (Plínio Corrêa de Oliveira, op. cit., p . 50)

Na parte superior da página, da esquerda para a direita: os heresiarcas protestantes Lutero, Melanchthon, Calvino e Zwinglio

27 a 30).

CATO LIC I SMO

Setembro de 1999

27


ATUALIDADE

IGUAllTARISfflO a religião que o Século XX adotou Na majestosa galeria dos séculos que se foram, o século atual vai figurar como "o igualitário" LEO

D

entro de um muito curto espaço de tempo, o tão glorifi cado sécu lo X X va i ser "o século passado". Salvas sem fim de fogos de artifício saudarão a nova centúri a e milêni o. A o mesmo tempo, soa a hora da verd ade. Como é natural , muitos espíritos, num saudável exercício de análi se, vão se debruçar sobre estes 100 anos, e perguntar de que valeram . Nossa época, como qualquer época da Hi stória, pode ser jul gada, entre outras coi sas, através do tipo humano que gerou . D e pouco adianta co nqui star a lua e todas as estrelas, desvendar o micro-universo do átomo, efetuar todas as proezas da tecnociência, atingir um grau de enriquec imento prodi gioso num a estabilid ade econômi ca compl eta, se ao mes mo tempo o tipo humano entrar em vi sível decadência. Pois o que interessa sobretudo ao homem, abai xo de D eus, é o própri o homem. Vamos imaginar que em 100 anos os homens, atingidos por um a enfermid ade desconhec ida, viessem a se torn ar anões . Que decepção ! Por mais que as conqui stas da ciência e o de empenho da economi a fossem ex pressivos, esse sécul o fi cari a marcado como catastrófi co. Feli zmente, no sécul o XX is o não ocorreu , no aspecto físi co. Que di zer da alm a humana e da personalidade? É a pergunta. Vou , "a vôo de pássaro", anali sar o f utum século passado do ponto de vi sta do tipo humano que ele engendrou.

"Bel/e époque", "ouverture" que se transformou em "fina/e" Estes 100 anos iniciaram - e de form a promi ssora. A Belle Époque não foi uma época sem defeitos. M as se notava, na juventude de então, um vento de idea li smo e

28

eATOLIe ISMO

Setembro d'e 1999

D AN ll,LE

de talento, uma tal ou qual tendência ao cavalheiri smo, à firmeza de princípi os, ao heroís mo, à nobreza de sentimentos. As trincheiras da l Grande Guerra di zim aram a moc idade européia. Ao mesmo tempo, a influência avassa ladora ela wayo.f life ameri cana, isto é, o modo de vicia adotado nos Estado Unidos , consagrad a pela vitóri a militar cios ali ados, e tomada espec ialmente em seus aspectos hollywoodianos, a saber, inspi rados nos estil os difundidos pelos film es ele Holl ywood, operava uma espéc ie de !?evolução Cultural, abal ando a civi li zação tradi cional cio Velh o Mundo. As promessas cio início do sécul o fo ram af ogadas em um banho de sangue, e simultaneamente - perdoem os leitores a trivi alidade da ex pressão - em um "banho de coca-cola", ou sej a, na fo rça cli ssol vente cios novos costumes 1• M es mo assim e apesar de tudo, a chama ele idea li smo cava lheiresco não morrera ele todo. Era necessári o ex tinguir aqueles vestígios que aind a incomodava m a Revo lução uni versa l. O nazi-fascismo apareceu para empolgar e prec ipitar no vazio o que deles ainda restava. De seu lado, o comuni smo operou um a aind a mais desastrosa modifi cação no tipo hum ano - modelando um ente Hitler foi um dos expoentes máximos do igualitarismo no século XX

hum ano ate u, mass ifi cado, anóclin o e embru tec ido, a qual perdu ra até hoj e nos loca is onde dominou, sobretud o na Rú ss ia2 . Termin ada a Jl Guerra Mundi al, desencadeia-se o processo cujas principais fa ses se podem observar no quadro ao lado. E le desf echa na ec losão cio tipo humano que se convencionou chamar ele pós-m.oderno.

O tipo humano pós-moderno Voltado cada vez mais para dentro ele si mes mo, ca rente cio senso da soc iedade, o homem pós- modern o afund a novazio. N o prazer de ser um qualquer. A vida pós- modern a apresenta ao homem três elementos principai s para preencher o imenso e lúgubre vazio de hoj e: 1) a saturação informativa; 2) o frenético consumo ao modo pós- modern o 2 ui s; 3) a sedução da mais clesbragada imorali dade. Os três f atores o enchem, se ass im se pode di zer, ele vazio. O homem contemporâneo vai, ass im, cada vez mais se minimi zando, se mini aturi zanclo. Tudo torn a-se pequeno, acanhado, agachado, sem grandeza. Ele tende a ser a raiz quadrada cio homem cio in íc io do séc ulo. Tota lmente domin ado pelas peq uenas delícias, ele torn ase apáti co. "Cada qual vive em urn bun ker de indiferença", di z um autor3 • Ocorreu uma mini aturi zação cio desej o humano. Qualquer quinquilh ari a produzida pela tecnociência j á preenche suas perspectivas. Mui tas vezes, aquil o que re luz num shoppingcenter basta para sac iar sua capac idade ele desej ar. Suas microaspirações sa ti sfazem-se inteiramente com mi cro-objetos. Para o homem pós- modern o quase só ex istem duas coisas: o "eu" e o " agora". É curi o o, mas a mídia quase não abord a tal fenômeno. Entretanto, no mundo das idéias e dos livros muito se tem esc rito sobre o tema. Os títul os de algumas obras deixa m filtrar seu co nteúdo: A escalada da insign!ficância, de Castori ades; A era do vazio, ele G illes Lipovetsky ; A derrota do pensamento, de A lain Fin k i elkr aut , O fim do socia l, ele Jea n B auclri I larcl ... Entre os autores católi cos, podemos encontrar teses semelhantes por exemp lo em A civilização da acédia, do j esuíta Pe. Horacio Boj orge. Nos livros e na rea lidade, o homem vai sendo cada vez menos o que sempre foi . A lgun s autores usam a palavra zumbi. Diz-se

hom o psycholo-

O homem moderno vai se tornando um boneco da tecnociência, cada vez mais tosco

Como surgiu a massa pós-moderna O tipo humano "pós-moderno", de nossos dias, é o produto de uma longa gestação, que consumiu várias décadas. 1918: após a Primeira Grande Guerra a in fluência cultural norte-americana, tomada em seus aspectos mais "hollywoodianos", tornase proeminente. Fim dos anos 20: surgem nessa época os primeiros sintomas do fenômeno "geraçãonova", também conhecido em alguns ambientes como "geração coca-cola". Notam-se, no tipo humano que vinha despontando, certas fragilidades, as quais provocam estranheza nas gerações anteriores . Dir-se-ia que minguavam nele as capacidades próprias ao estado adulto pleno : a atenção, a compreensão, a direção e a autocensura. Anos 50: ocorre a grande revolução do lazer e do quotidiano, provocada pelo rock-androll, a beat-generation, seus anexos e conexos. Como explica o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, surgiu então "um feitio de espírito que se caracteriza pela espontaneidade das reações primárias, sem o controle da inteligência nem a participação efetiva da vontade; pelo predomínio da fantasia e das ' vivências ' sobre a análise metódica da realidade". Maio de 1968: estoura a revolução estudantil da Sorbonne. Com o dístico "é proibido proibir", alteia -se a bandeira negra anarquista e reforça-se ainda mais a tendência para a "espontaneidade das reações primárias". Notese: foi uma revolução de classe média. 19 8 9: o desmoronamento da Cortina de Ferro contribuiu para incrementar certo clima de despreocupação e otimismo extremado. Anos 90: O individualismo, o hedonismo e o narcisismo pós-modernos se estabelecem por toda a parte. A massa pós-moderna prossegue em sua expansão flácida, pouco perceptível, mas extremamen te rápida .

CATO LI

e

ISMO

Setembro de 1999

29


,-

GE~AL

... ·------· ·· ~ · -- ~ -~

1

O ESTADO DE S PAULO ~

g icu.1· (mergulhado na pró pria psicolo gia) ; homo clausus (fechado em si) ; homo aequa/i.1· (homem igualitarizado, se assim se pudesse dizer). Mas não se fal a quase mais em homo sapiens 1

.

Com ev idente mas ex press ivo exagero, chega-se a f alar em mutação antmpológica". D e certa forma, o homem não é mai s o mesmo; mas co rn o ele foi se transformando aos poucos, muitos nada percebem.

1b açã~·~ontra a cól era no li111111 ~rr., d ,t Scc,c111rla ~dc Pcrrwmbuco 1 ,.. ._ 1r.:t. • .. e,

t

f

NE

c ocnço ... Ela gar:inrc

pio. qur a cólera cs11.1' role no Esrado. , ~ norificoçõcs do doen

!

11 :1s c~n municípios d; Zona da Mata

•i ! t

r>c rnamhu ca nn.

Num deles, Vi cêncfa, a prcfcf. t~

Eva Andrndc

Lrnia (PMDB) dccrcrou es indo d~ ~a lamidadc publica nn semana. passada, cle-

.

. ç.lo de 4S casos

io,

sendo nbnstccido rrcs lnnos C cacimbas 'lilo sendo cloradas J>O;

'

d

b

-

meio termo em todos os campos e a gran e o sessao. Do ponto ele vista racial, a ONU fala em promover "o homem bege", ou seja, a méd ia crom ática entre o branco, o preto, o verm elho e o amarelo. O homem arroga-se ass im o direito ele corri gir o que considera um erro da natureza ... Ora, a natureza é urna obra ele Deus. Corri gir a natureza signifi ca tentar corri gir o próprio Deus! Também vão diminuindo cada vez mais as diferenças entre pais e filhos, bastardos e filhos legíti mos, esposas e concubinas, mães ele família e prostitutas, homens normais e tarados, bêbados e sóbrios, professores e alunos, padres e leigos, patrões e empregados, ri cos e pobres, bem educados e cafajestes, índios e caras-pálidas, civilizados e bárbaros. Numa outra ordem de coisas, entTe históri a e devaneio, fato e versão, realidade e ficção, música e ruído, obras de arte e brincadeiras ele mau gosto, quando não verdadeiras aberrações cio ponto de vista artístico. Escrevem-se livros para mostrar que a sanidade mental é um conceito relativo; os loucos, euferni sti camente designados como usuários de serviços psiquiátricos, seriam pessoas normai s, tendo apenas algumas pequenas mani as ou urn a concepção da vida diversa da cios outros. Até as rnai . óbv i as entre as diferenças, ou seja, as ex istentes entre os homens e os bichos, vão se amortecendo. Fa la-se A tecnociência tende a tornar o homem ainda mais tosco e ma/acabado que as estátuas da ilha de P,íscoa

"Especialista em higiene

bucal de felinos": sem comentários...

--........_..

cada vez mai s em direitos cios animais, constroem -se hotéis para gatos, escova m-se os dentes de cachorros 5 • Co rno di z Freclric Jarneson, assistimos a urnafornúdável erosão dos contornosi'. Ora, essa erosão cios contornos atinge o homem em seu cern e, em sua personalidade, tran sforman do-o quase num semi -homem. Pense comi go, leitor. É urna lei da natureza que tudo aquilo que se desenvolve se diferenci a. A marcha da semente à árvore florid a e depois cheia ele frutos é a marcha ela di ferenciação. As sementes de urna mesma espécie se confundem. M as as árvores j á formadas , a produzir flores e frutos, são nitidamente cliver a um a ela outra. E ass im sucede com todos os seres vivos. Marcada mente com os animais superiores. E, de maneira exponencial , co m os homens. Considerem-se aquelas estátuas da Jlha de Páscoa. Produzidas por arti stas primitivos, elas se parecem todas entre si. M as se um Michelangelo lhes tivesse dado acabamento, elas deixariam ele se confundir e cada urna constituiria obra-prima à parte. Da mesma forma, seria normal que, com o desenvolvimento da humanidade, os homens - mantendo embora a igualdade de natureza - fossem se diferenciando cada vez mais em seus acidente . Ora, é o contrário o que hoje sucede: ele vão se conftmclindo cada vez mais. N ão apenas as hierarqu ias se achatam, corno as próprias diferenças vão progre. sivarnente se extinguindo. Essa constatação mostra o quanto vai calamitosa a decadência do gênero humano enquanto tal.

Balanço no limiar do ano 2000 Todo o ag itar-se do éculo XX pode resumir-se, sob certo ponto de vista, em duas tendências principais: 1. Achatar as diversidades ex istentes no sentido vertical, redu zindo ao mínimo todas as diferenças que possam levar à con tituição de uma hi erarqui a, de fato ou ele direito. 2. Abater as diversidades que separam as pessoas no plano horizontal, despersonali zando-as com esse fim. Para isso, fazer minguar as barreiras entre os sexos, as idades, as raças, as nacionalidades, as condi ções ele ordem moral, de ed ucação, civili zação, preeminência, fun ção.

Setembro ele 1999

Utopia? Certamente. M as urna utopi a radicalmente perversa, porque ela se revo lta contra Deus, Criad or elas características e das diferenças .

É como quem di z: "Sei que não poderei destruir inteiramente esta Catedral que é o Universo. Mas vou tentardestruí-la e desfigurá-la tanto quanto ,ne for possível ". As du as tendências enumerad as acima - o achata mento vertical e a incli ferenciação hori zontal - não são antagôni cas mas, pelo contrári o, constituem urna única e mesma propensão: o igualitarismo .

são, a conseqüência lógica é o achatamento de to- ido Sccrcra ria Estadual Dentes limpos para felinos 1S1,'o'-· das as diferenças entre os homens. Veja mos alguns ~oo·~j~~cdioe",,y','oc 11,::zy,ISs', ~JPttmlma,. :!N : Amfd/cnhl J,,,,,· • comro Friskit!S/CFA n nwforfa dos ·o mil dental,lefe/i11os t~ma m 1'gume t:m Housron n ri' rmli::.ado /X1Nicipoudonu:onr 1 S exen1p o . cs de Vic4:ncla . clenttl' de um ga;oduro::0r1~_,"',. lllllflf!S/Jt!f' ,= o f'Xas. Jean mo 1•t Mês ropamp,o. " e . cionalmen:: ::::; ~~~!hecidt~ 1102 Bucr,F;,:u a:",-.•,cifnda/ de f'ígien~ I 0 A palavra unissex, tão corrente, mostra a tencen·•-......_ .• ==osUnidor. q,,,m, 0 , ,,.,,./:...~~•wfdo, 11 ,~., - - - - --".,~ ..., V...-J eia à fu são dos sexos, quanto o permita a natureza. CI1egar ao ,,._.._,,- - . _

ATO L IC IS MO

I

~ lemo, de uma CKpn n-

n1cíp10 nllo !cm á u~

Reduzida a natureza humana à menor ex pres-

e

i

po,s dn notifica-

Zero é igual a zero

30

1

--.

1

. 1 1

e à esca lada ela in significância;

✓ Em res umo, foi o igualitari smo que co mandou o conjunto ele transformações ciclópicas que, a partir da promissora Bel/e Époq11e cio começo ci o sécul o, dese mbocaram numa pseudo-civilização ex-cristã, que é o que hoj e vemos, com tri steza e reprovação. Conclui -se que, como sempre ensinou o teólogo das desigualdades sociais 7 Plinio Corrêa ele Oliveira, o igualitarismo foi a religião de século XX.

Na demoli ção de tod as as cles igualcl acl es e diversidad es, o homem contemporâneo es tá pondo o mes mo empenho que os medievais deitaram na con trução de suas gra ndi osas catedrai s8 . Que nesse período o homem tenha ido Époque; à lua ou tenha posto em marcha os com✓ Foi o igualitarismo que, por ass im putadores mais sofisticados, isso absoludi zer, afogou na way of Life hol/ywoodiana tamente não nos conso la. O século XX, o Velho Mundo tradicional; na ordem de valores superiores, na or✓ Foi o igualitari smo que levantou a dem ela qualidade, não foi gra nde em bandeira vermelha do comuni smo e da luta quase nada, exceto na enorme capacidade classes; de de destruir a Civilização Cristã. Uma ✓ Foi o igualitarismo que contrapôs destruição geralmente fl ác ida, é verclaa cru z ga mada e o fascio do nazi-fasciscle. M as apesar di sso, e talvez por causa mo, à soc iedade orgânica característica da disso, portentosa mente efi ciente. Civilização Cristã; E ass im como um homem inco nsc i✓ Foi o igualitari smo que alteou a ente de sua desgraça, o séc ulo XX ocubandeira negra do anarqui smo, contra toda pa, na so lene ga leri a dos séc ul os e cio s autoridade; milênios, a postura de um insignificanA Revolução da Sorbonne foi uma manifes✓ Foi o igualitari smo que levou rate tolamente crédulo. in signifi cante por tação igualitária da classe média pazes de classe alta ou médi a a envergarem que redu zido à menor expressão; e tolatrajes e costumes ele proletári os, a partir mente créclu lo por não perceber seu lados anos 50; mentáve l estado e co ntinu ar desva nec ido com as purpurin as ✓ É o igualitari smo qu e co ndu z o bail e clo iclo do consuela tecnociência, cio consum o e ela globa li zação. mo, elas modas e cios es petácul os em nossos dias; De um ve lho esc lerosado costumava-se dizer antigamen✓ É o igualitari smo que preside à gradati va destruição ela te que era um puer centum annorum : um menino ele 100 anos. difer ença entre as pátria s m ediante o pro cesso ela Ao completa r os seus 100 anos, é este o qualifi ca tivo que o mundi ali zação ou globali zação; sécul o XX merece. Excl uída, é claro, a in ocência própria à ✓ É o igualitaris mo que preside à disseminação do vazio infância sad ia e autêntica. ♦ E, pronunci ada essa palavra, proferido esse diagnóstico, corn o por enca nto todos os acontecimentos confu sos do século expirante colocam-se em ord em: ✓ Foi o igualitari smo que abateu, no fundo das trincheiras, a promissora juventude da Bel/e

Notas 1. De OLllro lado, neste fim do séc ulo, é cios Estad os U ni dos que procedem promissores sintomas de repúd io ao ale ij ão pós- moderno. 2. Sa ul o Ramos, conhec ido juri sconsult o pau li sta. cm viagem por aquelas

banda s, com ag ud o senso de observação, o f'creccu conc ludente desc ri ção do qu e chama "a.1·.1·assi11a10 da alma mssa" ("Fo lha de S. Paul o" , 3 de agosto de 1995).

2BIS: O pra zer de consumir potenciali zou-se com chamada "segmentação", que substituiu a anti ga produção e co nsumo de massa. Hoj e a of'erta de bens tende a ser cada vez mai s divcrsili cada, pelo que se torna mais atraente. A isto se sorna a cham ada "cs tcti zação" dos produtos que, em última anál ise, não pa ssa de um requinte na arte de ve nder ilu sões, juntamente com as mercadorias. Tudo isso torn a " tcchnico lor" o vaz io pós- modern o. Co mo di z um autor, " a fábri ca, suja , fe ia, foi o templo moderno; o shopp ing, feérico em lu zes e co res, é o al tar pós- moderno" (Jair Ferrei ra dos Sa nt os, "O qu e é pós- moderno", Brasili ense, 17' impressão, 1997, p. 10). "O consumidor de hoje é um bípede co m a boca aberta", afirmou c m pit o resca lin g ua gem o cl, e,f pa1m11 Laurc nt Suauclcau, em entrev ista a esta rev ista.

3. Lipovetsky, Gi ll es. L'i?re d11 Vide (Ga llirnard, Paris, 1993) , p.110. 4. L ipovetsky, op. cit. . p. 7 1. 5. O Estado de S. Pau lo, 1-2-99 , p. A9. 6. '' P6s-Mode1·11 is1110. a Lóg ica Cu/rural do Capiw lis1110 Tardio", p. 359. 7. Ex press ão cunh ada pe lo brilhante int elec tu al italiano G iova nni Ca ntoni.

8. O leit or de Calolici.rnw , identilicaclo co m a doutrina ca tó li ca , ge ra lmente dispensa a demonstração de que o igualitari smo é um erro que • não enco ntra guarida na doutrina da Igrej a. Em síntese, Deu s é o au tor elas clcsigualdaclcs e portanto, ele si, elas são boas e co ntri buem para a be leza e ordem cio Un iverso. O Prof. Plínio Corrêa de O li ve ira, apo iado no ensin amento dos Papas, o demonstrou caba lmente ern várias obras, so bretudo cm " !?evolu ção e Co11tra-Revoluçãa" e cm "Nobreza e elires 1mdicio11ais a116/ogas". 9. Es te arti go é a co nden sação ele trabalho consideravelmente mai s ex tenso. Os que desejarem receber gratuitamente tal traba lh o, mai s mati zado e acompanhado ele indi cações bibliográficas mai s comp letas, podem pedi - lo à Redação ele Catolicismo ou pelo endereço elet rôn ico: leodan @uol. co rn .br

CAT O L IC IS MO

Setembro de 1999

31


000000 Setembro 1999

§0@11@~

;~

DOM

5 12 19 26

SEG

6 13 20 27

TER

QUA

QUI

SEX

SÁB

7 14 21 28

1 8 15 22 29

2 9 16 23 30

3 10 17

4 11 18 25

24

1

5

São Lobo, Bispo e Confessor.

São Vitorino, Bispo e Mártir.

+ França, 625. Monge na famosa Abadia ele Lérin s, sucedeu Santo Artêmio na Sé episcopal ele Sens. O Rei Clotário - devido às más informações ele seu emi ssário e cio Abade ele São Remígio, que desejava fi car com a Sé ele Sens - baniu o santo Bispo para uma área ainda pagã. São Lobo co nverteu o governador local c muitos proem inentes personagens à verdadeira Fé, quando fo i chamado ele volta por Clotári o, já melhor in fo rm ado.

+ Itália, séc. li. Bi spo ela cidade ele Am iterno, por sua ficleliclacle a Cri sto foi pendurado ele ca beça para bai xo so bre ág uas rn efíti cas e sulfurosas, entrega ndo sua alma a Deus no terceiro dia.

2 São Guilherme, Bispo e Confessor. Santa Emília M aria de Rodai

+ Dinamarca , 1070. Inglês, ca pelão cio Rei

Canuto, fez com ele uma viagem à Dinamarca. Impress ionado co m o lastimáve l estado ele aba ndono cios pagãos, dec idiu evangeli zá- los. Eleito Bispo ele Roski lcle, censurou energicamente o Rei Sweyn por ter executado muitos homens se m julga mento. Mais tarde, o Rei confessou publ icamente esse pecado e tornouse amigo cio Santo.

São Ciríaco

São Pedro de Arbués

3 Santa Basilissa, Virgem e Mártir. + Aqui léia, séc. IV Com nove anos, "pelag raça de Deus superou açoites,.fogueiras e animais f erozes" entregando assim sua alma virginal a Deus (cio Martirológio Romano). Primeira sexta-feira do mês.

4 Santa Rosália, Virgem

----

Santo André Kim

32

Setembro

Santo Alberto

São Pacífico

São Gregório

de

ce ífce~m

São Severiano

São lobo

e ATO LIe ISMO

+ Palermo, séc. XII. Como era muito bela, aos 14 anos a Santíssima Virgem recomendou-lhe que de ixasse o mundo e enviou dois Anjos para gui á- la até um a gruta. Como os pais a procurassem na região, os Anjos apareceram-lhe ele novo e a leva ra m para o alto cio mo nte Pellegrino, onde ela viveu na co ntemplação e penitência os 16 anos que lhe restaram ele vicia. A descoberta ele suas relíq uias em 1624 fo i ocasião ele muitos milagres. Ela é a padroeira ele Palermo. Primeiro sá bado do mês.

Setembro IJe 1999

6 São Magno, Confessor. + França, séc. VIII. Discípulo ele São Columbano, tinha um dom es pecial para afasta r co m seu bastão predadores e parasitas cio campo. Após sua morte, vários desses bastões co nti m1aram operando os mes mos prodígios.

10 Santo Alberto, Bispo de Avranches. + França, séc. Vlll. São Mi guel Arca njo apa-

receu-lhe pedindo a construção ele um santuário a ele cleclicaclo no Monte Tombe, no litoral ela Normandia. Em 866 tal santuári o tornou -se uma Abadia beneditina, a famosa Abadia ele São Mi guel. É considerada uma elas rnarav i1has do Ocidente.

fo i morto a punhaladas por "cristãos novos" Uucleus pseudo-convertidos ao crist iani smo), quando rezava na Catedral ele São Salvador.

18

São Cleofas, Disc ípul.o de Cristo.

(Vide seção Vida de Santos, p. 18)

+ Pales tina, séc. 1. "Morto pelos judeus na

19

11 São Pafúncio, Confessor.

+ França, 1852. De nobre fam íli a, dedicou-se

+ Egito, séc. IV. " Monge, que se tornou Bispo da Tebaida e confessou a Fé sob o lrn.perador Maxim.ino. As mutilações das quais foi vítima deram-lhe grande prestígio junlo aos Padres do Concílio de Nicéia" (do Martirológio Romano - Monástico).

a preparar crianças para a Primeira Comunhão, e depois, com outras três companheiras, lançou os fund amentos elas lrmãs ela Sagrada Parnília, cleclicaclas à educação clajuventucle. Passo u terríveis tentações co ntra as virtudes cardeais durante 32 anos. Faleceu sa ntamente sendo canonizada por Pio XII , em l950.

Santíssimo Nome de Maria

20

13

Santo André Kim Taegon e Companheiros, Mártires da Coréia + séc. XIX. Este sacerdote nativo sofreu o

São Felipe, Mártir. + Egito, séc. JJI. "Pai ele Santa Eugê ni a, virgem, depois de renun ciar à cli gniclacle ele prefe ito cio Egito, recebeu a graça cio Batismo. Enquanto faz ia oração, foi degolado por ordem cio prefeito Terêncio, seu sucessor" (cio Martirológio Romano).

25

São José de Cupertino, Confessor.

Santa Emília Maria de Rodat, Virgem.

12

paralítico, passando o res to ele seus dias em São Severino, onde dedicou-se à oração e mortificação. Conhecido pelos seus êxtases, santidade e dom ele profecia.

martírio precedendo aos missionários fran ceses, entre os quai s doi s Bi spos e muitos leigos convertidos por eles, em meados cio sécul o XJX.

21

mesma casa onde preparara a ceia para o Senhor, porque havia professado sua fé nEle. Para gloriosa reco rdação, Leve ali mesmo sua sepultura" (cio Martirológio Romano).

26 Santos Cipriano e Justina, Mártires + Nicoméclia, séc. IV. "Cipriano, que era m.ago, foi convertido pela graça sobrenatural da virgem Justina, que ele Lentara em vão corromper através de seus sortilégios. Os dois sacrificaram a vida por Cristo" (cio Martirológio Romano - Monástico) .

27 São Vicente de Paul.o, Confessor. ♦

São Caio, Bispo e Mártir. + séc. 1. Discípulo ele São Barnabé Apóstolo, foi morto na perseg ui ção ele Nero.

28

Santa Regina de Alésia, Virgem e mártir.

14

São Lourenço bnbert, Bispo e Mártir.

Exa/Jação da Santa Cruz

+ Coréia, 1839. Este missionário francês, Vi-

Bem-aventurados Mártires do Japão.

+ França, séc. li. Filha ele um pagão, fa lecendo sua mãe, foi educada por urna cri stã. Expul sa ele casa pelo pai quando este soube que ela era cri stã, fo i mora r com a mulher que a educara, trabalhando como pastora. Como recusou-se a casar com o prefeito romano, fo i aprisionada , torturad a e decapitada. Na Borgonha há um a ba síli ca so bre o se u sarcófago desde o séc ul o V, com os di zeres

São Materno, Mártir.

gá rio Apostólico na Coréia, seguiu o mártir André Kim na grande perseg ui ção que visou exterminar a Reli gião católica cio so lo coreano.

+ séc. XVIL Vários religiosos agostin ianos e seus cateq ui stas foram martiri zados durante a perseguição entre 16 l 7 e 1632.

7

"Aqui César venceu a Gália; aqui urna virgem venceu César" .

8 Natividade de Nossa Senhora Ta mbém: Nossa Senhora da Lu z, Nossa Senhora ela Vitória, Nossa Senhora ele Nazaré e Nossa Senhora ele Monteserrate.

9 São Severiano, Mártir. + Armênia, séc. IV " Visitava ,n.uitas vezes os [futuros] quarenta Mártires, que estavam no cárcere. Por ordem do prefeito Lísias, fo i então erguido ao ar corn. urna pedra aos pés, moído de pancadas e lanhado de açoites. Nesses tonnentos enlregou sua alm.a a Deus" (cio Martirol ógio Romano).

+ Alemanha, séc. IV. Apóstolo ela reg ião cio Mosela, Mosa e Reno in fer ior, na Alemanh a, governou a Sé ele Colônia.

15 Nossa Senhora das Dores ♦

São Nicomedes, Confessor. + ltália, séc. li. Sacerdote. Aos que o pressio-

navam para sacrifi ca r aos ídolos, respondeu: "só sacrifi co ao Deus Todo Poderoso". Foi então aço itado co m chumbo até a morte.

16 Santa Edite de Wilto11 + Inglaterra, 984. Filha cio Rei Edga r, ela [nglaterra, foi educada na Abadia de Wilton, onde mai s tarde sua mãe também se fez reiigiosa. Professa ndo aos 15 anos, rec usou várias abad ias e a tornar-se rainha, quando seu meio-irmão, Santo Ed uard o Mártir, foi assassinado.

17 São Pedro de Arbués, Mártir. + Espanha, 1485. Apontado Inquisidor provincial para o Aragão pelo famoso Torquemacla,

22

29

Santo Emerano, Bispo e Confessor. + Al e ma nha , séc . VU . Evange li zador el a

Os Três Gl.oriosos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael

Bavi era, seu nome permanece li gado ao da Abadi a ele Kl einehelfenclorf qu e, levantada sobre seu túmulo, tornou-se luga r de peregrinação.

23 Santo Adanano, Abade e Confessor. + Escócia, 704. "O maior dos sucessores de São Columbano na di reção da Abadia de lona, na Escócia, exerceu benéfica influência sobre a Ig reja e a sociedade de seu tempo" (cio Martirológio Romano - Monástico).

São Ciríaco, Eremita. + Palestina, séc. IV. "Aos 18 anos recebeu o hábito m.onáslico das mãos de San.to Eutímio e depois apresentou-se a São Gerásimo, às margens do Jordão. Sern.pre buscando a solidão para evitar seus admiradores e os perigos do mundo, fixou-se na Laura (m.osteiro) de Suca, onde morreu quarenta anos mais tarde" (cio Martirológio Romano - Monástico) .

30 São Jerônimo, Doutor da Igreja.

24 ·

Nossa Senhora das Mercês

São Gregório, o Iluminador.

+ Armênia, 300. Evangeli zador e organ izador

São Pacifico, Confessor.

da Igreja na Armênia.

+ Itáli a, 172 1.. Severamente educado por um tio, ao ficar órfão aos cinco anos, aos 17 en-

trou para os Frades Menores Observantes em Forano, ensinou filosofi a tornando-se depois missionário. Aos 35 anos ficou cego, surdo e

Nota Os Santos aos quais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.

CATO LIC ISMO

Setembro de 1999

33


ENTREVISTA

TFP: expansão do precioso legado de Plinio Corrêa de Oliveira Dr. Eduardo de Barros Brotero, Vice-presidente do Conselho Nacional da TFP no exercício da Presidência, discorre sobre o histórico da entidade, sua atuação, seus planos e expectativas para o século XXI Ainda muito jovem, ele acompanhava o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira (!m suas viagens à cidade de Santos, onde o fundador da TFP, num ambiente tranqüilo e aprazível, tratava dos assuntos da direção de sua obra nascente. O discípulo, cheio de entusiasmo e admiração, talvez não se desse conta que estava sendo formado pessoalmente pelo mestre para, um dia, ser um dos dirigentes que garantem a continuidade de sua obra. Hoje, o atual presidente em exercício da TFP fala com exclusividade a Catolicismo, não recuando diante de questões complicadas e embaraçosas que lhe foram apresentadas por nossa reportagem na Sede do Conselho Nacional da entidade, na capital paulista.

co mo ele era fec undo em pl anos, proj etos e atividades. Essa f ecundi dade produ ziu dois efe itos, entre outros. Primeiro, fez com que os ideais ela TFP se ex pandi ssem por mais ele 25 países, e o Bras il , pela primeira vez em sua históri a, passasse a exportar ideo logia. E nosso fundador dei xou para os continu adores ele sua obra o legado de prin cípi os ele sabedori a, pl anos e métodos de ação contra-revolucionári os* j amais concebi dos no decorrer ela Hi stóri a da I grej a, o que servirá para os sécul os futu ros como fonte inspiradora àqueles que queiram ser fi éis à líclim a Tradi ção ela Santa Igrej a.

Catolicismo - Antes de mais nada,

a dificuldade? EBB - Co nsiste na fidelidade estri ta aos sagrados princípi os há pouco mencionados. Usei a palavra "estrita" propositadamente, pois seconhec i al guém que fosse e, tri to e ex igente na • fidelidade a esses princípi os , esse alguém f oi o Pro f. Plíni o Co rrêa de O li ve ira. Ca be a nós, que diri gimos agora sua obra, a manutenção desse "espírito" que, na verdade, é a defini ção da própri a identidade da T FP e, por que não, à Sa nta [grej a Católi ca, A postóli ca, Romana?

Catolicismo - E em que consiste

por que Vice-presidente e não Presidente?

Dr. Eduardo de Barros Brotero Essa foi uma dec isão tomada pelos • sócios-fund adores da T FP por ocasião do fa leDr. Eduardo de cimento do Prof. Plíni o Corrêa de Oliveira, em 1995. Todos consideramos que seri a uma ju sta Barros Brotero: homenagem a nosso fund ador, dei xar o cargo "Se conheci da pres idência vacante, e fazer com que este alguém que fosse fosse exercido pelo Vi ce- pres idente.

Catolicismo - E então o Sr. assumiu esse cargo?

EBB - N ão. O primeiro Vi ce-presidente elei- • to nessa condi ção foi o Dr. Lui z Naza"re no • Tei xeira de A ss umpção F ilho. E le o f oi para • con1pletar o n1andato 94-96 e reeleito então por •

doi · anos. E, em 1998, eu o sucedi pelos dois anos seguin tes.

Catolicismo - É fácil dirigir uma organiza- • ção como a TFP? EBB - É fácil e difícil. Fác il porqu e, quem : conheceu Dr. Plíni o Corrêa de Oliveira, sabe

34

C ATO LIC IS MO

Setembro dê t 999

estrito e exigente na fidelidade a esses princípios [princípios de sabedoria], esse alguém foi o Pro(. Plínio Corrêa de Oliveira"

Catolicismo - Como fica a TFP hoje, depois da queda do Muro de Berlim e da Cortina de Ferro? Esse fato não fez desaparecer seu principal inimigo, o comunismo? EBB - Passados alguns anos, clepoi da eurori a provocada pela queda cio Muro, e posteriormente pela abertu ra ela Cortina de Ferro, são poucos os intelectuais e anali stas pol íticos que ousam afirm ar que o comuni smo morreu, ou que o comuni smo acabou. Cada vez mais vai se fi ro com un i sm o • mand o a id éi a el e qu • metamorfoseo u-se, que ele está passa ndo por

um a tra nsfo rm ação. Devemos esta r atentos quando essa nova face cio comuni smo aparecer inteiramente, pois numa coisa os comuni stas não mudarão: sua determin ação firm e ele destruir o que ainda resta ele Ci vili zação Cri stã. A T FP está atenta e mobili zada. Sem contar que o co muni smo co ntinu a muito prese nte em sua fi sionom ia cláss ica na Chin a, no Vi etnã, na Coréia do Norte, em Cuba e nas guerrilh as da Co lômbi a. E ao que parece, também no M ST.

tecnolog ias a serviço do bem. [sso significa que, num determin ado momento, ir às ru as poderá ser o mais adequ ado; noutras circun stâncias, será mais efi caz atuarmos através da mídia, da Intern et, por exempl o.

Catolicismo - Internet também? EBB - Por que não? Co mo a Jntern et está se

Catolicismo - Em Cuba, não está se operando um certo degelo? EBB - Apesa r ele todo o apoio el a propaganda intern ac ional e do prestígio que alguns países ca pitali stas tentam comunicar a Fidel Castro, este não consegue evitar que seres hum anos deses perados se lance m ao Mar do Ca ribe, correndo ri sco de vida em embarcações precári as, na esperança de fug ir da ilh a- pri são . O utro exemplo frisante ela presença do comuni smo clá. sico é a poderosa guerri I ha na Co lô mbi a. Al ém dess a temos o fami gerado Sendero Luminoso no Peru qu e, seg undo info rm ações veicul adas na imprensa, esta ri a prestando "assessoria" aos ass im chamados "sem-Lerra" bras il eiros , os qu ais não escondem seus desígni os de to mada do poder e impl antação de um regi me soc iali sta, co m elimin ação da propri edade pri vada, entre outros valores. Quem ousa afi rm ar, em sã consc iência, qu e o peri go co munista está afastado?

Catolicismo - A revista "Isto É", em sua edição de 11 de agosto, assim inicia uma longa reportagem sobre a TFP: "Já não se vêem mais nas ruas das capitais brasileiras aqueles rapazes com cabelos cortados à escovinha, ladeados por gigantescos estandartes vermelhos, megafones em punho, a berrar contra o divórcio, a reforma agrária e a igreja progressista". Por que, ultimamente, aTFP não é vista nas ruas? EBB - Apenas por uma questão de pri ri la- • de. H ouve época em qu e a ação da TFP se dcsen rol ava fund amentalm ente nas ru as , cm co ntato direto com a popul ação. M as o mu ndo vai mudando e as técnicas de comunicação também . I sso não significa que abandonamos as

ru as, abso lutamente. Tudo é questão de eficá- • eia, de ocas ião, de estratégia. Entre os princí- • pi os de ação que herd amos de nosso fund ador, : está o seu espírito aberto para o uso de novas •

"O jornal francês 'Libération' reconhece a eficácia desses meios utilizados pela TFPcom as seguintes palavras: 'Coloca os meios mais modernos a serviço de uma causa eminentemente conservadora' "

constituindo num possa nte meio de co muni cação, é também para lá que o nosso ca mpo de batalh a se diri ge. Nossa ca mpanha " Vinde Nossa Senhora de Fátima, não ta rdeis! " j á possui seu site, aliás muito procurado: www.fatim a.org. br. E outra Campanh a promovida pela entidade O Aman hã de Nossos Filhos igualmente di spõe de um site, que tê m encontrado aco lhida muito signifi ca tiv a por part e d o públi co: www.oanfilhos.org. br. Em seu livro Revolução e Contra- revolução, Dr. Plíni o fal a em usar "os grande meios de ação" em fav or da ContraRevolução . O que não for isso é desco lar-se da rea l idade. A esse propós ito o j ornal francês " Libérati on", do di a 12-08-98, estampou um a ex tensa matéri a sobre a TFP e no editori al ass inado por Gerard Dupuy, dessa mes ma edi ção, reco nhece a efi các ia desses meios utili zados pela T FP co m as seguintes palav ras: "Met les moyens les plus modernes

au service d 'une cause éminemment conservatrice". (Co loca os meios mais modern os a serviço de uma cau sa eminentemente conservadora).

Catolicismo - Isso explica o fato da TFP ter também um amplo departamento de marketing direto? EBB - Em parte ex pli ca . De qu e modo uma organi zação co mo a T FP va i se co muni ca r co m as ce ntenas de milh ares de aderentes ele suas ca mpanh as, di sse min ados por todo o B ras il ? E mprega mos para tal meios apropri ados e mais efi cazes . E, nesse sentido, a uti I ização de mailing (s istema de envios por maladireta) e do telemarketing têm sido amplamente incrementados dentro ela TFP. Com isso, podemos nos co munica r rapid amente com o nosso públi co. E de uma fo rm a direta e efi caz. M as, ao mes mo tempo, continu amos com o sistema de v isitas às cidades, organi zação de congressos, co nfe rênc ias em vária s partes ele nosso territóri o, atu ação em feiras ag ro• pec uári as, etc. CATO L IC ISMO

Setembro de t999

35


Catolicismo - E quais sãç hoje os projetos

Senhora fez em Fátima. E, e m segundo lugar, porq ue Fátima, alé m de ser uma Mensagem de tragédias e castigos, é também uma Mensagem de esperança. Nós temos recebido inúmeras car• tas que atestam isso. As pessoas afirmam que, depoi s que conheceram a Me nsagem, tudo lhes fica mai s claro: os aco ntec imentos, as difi culdades, as provações pessoa is. E isso lhes dá ânimo para enfrentar as agruras da vida, auxi li a a própria santi ficação pessoa l e a dos seus.

prioritários da TFP? EBB - A TFP atua com um leque muito amplo de projetos, mas eu destacari a al guns mais conhecidos do público brasilei ro. Antes de mais • nada, a TFP continua a atuar contra a Reforma • Agrária, denunciando em publicações e contatos pessoai s a impunidade com que age o MST. E també m exercendo pressão junto às autoridades para que realmente atuem contra as invasões de terras. Além disso, a entidade atua contra a imora lidade na TV, med iante a Campanha O Amanhã de Nossos Filhos, que hoj e conta co m cerca de 50.000 aderentes em aproximadamente 5.000cidades do Brasil. Pela primeira vez em nossa história, pai s e mãe de famí lia organizam-se para fazer pressão junto a autoridades e mesmo junto aos promotores da imoralidade, no sentido de imped ir que programas imorais invadam seus lares e destruam a educação de seus filhos.

Catolicismo - Além do mais, Nossa Senhora prometeu a vitória em Fátima ... EBB - Exatame nte, Ela garantiu aos três pastorinhos o seu triunfo, ao afirmar: "Por.fim, o Meu Imaculado Coração trüu1fárá! ". Há garantia mai o r que essa? Portanto, trabalhar pe la vitória do Imaculado Coração de Mari a é, por ass im di zer, trabalhar com "cartas marcadas". Ela garantiu , E la fará!

• Catolicismo - O Sr. está satisfeito com os • resultados dessa campanha? EBB - O resultado ideal seri a a ex tinção de todo e qualquer programa imoral da te levi são . Evidenteme nte, sabemos que essa ex pectativa é utópica. Mas, imag ine o que seria a te lev isão se os produtores e os promotores da imorali dade pudessem agir li vremente, certos de qu e nen huma fo rça de o pos ição os press ionaria! Eu não sei onde a coisa iria parar. Portanto, a barreira que te mos leva ntado te m essa eficácia. E la significa uma intimidação publi c itária àq ueles que não respeitam os lares brasil e iros e não c umprem as finalidades pe las quai s obtive ram a concessão de um canal de te levi são.

••

: • •

• •• •

•• •

••

Catolicismo - Mas, o Sr. estava falando dos

• projetos ... EBB - Po is be m, além dessa campanha, a TFP está engajada na divulgação maciça da M ensa- •• gem de Nossa Senhora de Fátima. Nós cons ide- • ran1os as aparições de Fáti1na con10 o fato °n1ais : importante do século XX e a exp li cação cabal • para o que ocorre nos dias de hoje e, principal- : • mente, para o que ainda está por aco ntecer.

• •

''A barreira que temos levantado [contra a imoralidade na TV mediante a Campanha OANFJ tem essa eficácia. Ela significa uma intimidação publicitária àqueles que não respeitam os lares brasileiros"

• Catolicismo - E a dissidência ocorrida na : TFP após o falecimento do Dr. Plinio? EBB - Essa é uma boa pergunta, poi s me per• n1ite fa zer a lgun s esc larec in1entos. Parece- me que o te rm o dissidência é um tanto be névolo. •• Como lhe di sse, Dr. Plíni o era, antes de tudo, um ho mem de princípi os ha uridos substanc ialmente na Do utrin a tradi cional da Santa lgre• j a. E ta is princíp ios estão maravilhosamente consubstanciados e m sua obra-mestra Revolu• ção e Contra-revolução. Esses mesmos prin : cípios nortea ram s ua vicia nos mínimos detalhes, poi s e le era inteirame nte coere nte co m o • que e nsin ava, e portanto , fo i segundo esses • princípios que e le fundou a TFP. Dessa forma , • qualque r me mbro da TFP que não sintoni zasse com os me nc io nados princ ípios, acabava se • auto-excluindo ela e ntidade. Apó o fa lecimento •• de Dr. Plínio, o que ocorreu foi que um grupo • de pessoas, dive rg ind o rad ica lm e nte de ses • princípios, te ntou im por uma nova estrutura • igua litá ri a de ntro da e ntidade. Daí e u qu alifi : car e a atitude corn o "desvio", e não co n10 • "dissidência" . Eles se desv iara m cios princí•• pios estabe lec id os pe lo fundador, princípi os • estes fo rmul ados de modo c laro e explíc ito nos : Estatutos de nossa e ntidade .

Catolicismo - E no que uma divulgação ma- •

ciça da Mensagem contribui para os fins que a TFP se propõe? EBB - Primeiro, porque é preciso divulgar para nossos contemporâneos os pedidos que Nossa

• Catolicis1no -

36

eATo LIe Is

M

o

: • : •

Setembro de 1999

O Srª poderia dar um exem-

rar os a luçlidos Estatutos e laborados po r Dr. Plinio. Ele mes mo ressalto u várias vezes a importância capital desses Estatutos, em palestras pronunc iadas em nossos aud itó rios. Tenh o • aqui , por exempl o, o tex to de uma co nferênc ia de Dr. Plíni o para j ovens ela TFP, e m 7-2- 1987 , c uj a gravação te mos e m nosso poder. S uas palavras textuais fora m: "A razão de ser da exis- • tência da TFP está escrita nos nossos Estatu-

tos. E nossos Estatutos foram redigidos por mim mesmo com muito cuidado e com muita seriedade, portanto com muita autenticidade". Ora, essas pessoas, quando e ntraram para a TFP, tinham conhecimento dos estatutos e nunca questionaram os mes mos. Se os ace itaram , por que mudar de poi s? E co mo fi ca o "espírito" que o fundador qui s imprimir à s ua obra?

Catolicismo - Então a TFP hoje está coesa? EBB - Inte ira me nte. A TFP de hoje é a mesma de sempre, a TFP de Dr. Plínio, coesa, visando os mesmos objetivos e princípios estabelecidos pelo fundador, e desse caminho não quere mos ne m devemos abso lutame nte nos des viar. Os que se afastaram, não afetam com isso em nada os rumo, dessa obra providencial. Cada um prestará a De us contas de suas atitudes. Q ue contas prestarão aq ueles que resolveram difamar a TFP, num estertor de orgulho e ambi ção?

• movera m um processo co ntra a TFP, para alte-

"O próprio

Dr. Plinio ressaltou várias vezes a importância capital dos Estatutos da TFP. Eis suas palavras textuais: 'A razão de ser • da existência da TFP está escrita em nossos Estatutos .... que foram redigidos por mim mesmo com muito cuidado e • com muita seriedade' "

: • Catolicismo - E a visita de João Paulo li a Cuba? Aliviou em algo a situação angustiante da população? EBB - É muito difícil avaliar o que acontece dentro de uma prisão. Mas, logo após a vi sita de João Paulo II a C uba, e m 1998 - contrari • ando frontalm ente o desejo exp lícito cio augusto visitante de que "Cuba se abra ao mundo" - , Fidel Castro encarregou-se de ir fec hando ain• da mais as grades ele seus cárceres e apertando cada vez ma is os torniquetes po li ciais, lega is e ps icológicos, medi ante os qu a is o prime 12 mi lhões de nossos irm ãos latin o-a,n e ricanos, há quatro décadas .

• Catolicismo - Como a TFP analisa a atual crise brasileira? EBB - Embora a formulação pareça um tanto batida, ela é verdadeira : nós consideramos que o BrasiI passa sobretudo por uma séria crise moral. Se nós tivéssemos, em todos os segmentos políticos e sociais, autoridades e diri gentes que fossem verdadeiros exemplos para o País, a situ ação seria diferente. Se a instituição da família fosse sadia, poderíamos esperar um futuro melhor. A violê nc ia nasce princ ipa lm e nte nos lares destruídos. A corrupção surge nos lares sem formação cató li ca. A grande arma contra a desagregação da sociedade é a fam íli a sólida. Fam ílias bem constitu ídas, base ele verdadeiras elites, elas gerariam políticos honestos, empresários justos, trabalhadores dedicados. Tudo numa grande ordem influenciada pe la Santa Igreja Católica, e que cumpriri a fi elmente os J O Mandamentos ela Le i de Deu s. ♦

Catolicismo - Sobre as atividades recentes da TFP, gostaria de perguntar, em primeiro lugar, qual foi sua participação em favor da liberdade de Cuba, na recente Cimeira de chefes de Estado, do Rio de Janeiro? EBB - Te nd o co nh ec i me nto da di ssona nte, para não di zer escanda losa parti c ipação de uba comuni sta nesse evento im portante para a Amé ri ca Latina e a Un ião E uropéia , uma equipe de sóc ios e cooperadore. da TFP, promove u a di stribui ção, na im eira , de uma carta-p rotesto ass in ada po r 16 deputados brasile iros e seis ita li an s. A di stri bui ção foi fe ita para as mais ele 40 de legações de países re prese nta los na Co nfe rê nc ia, be m co mo para a im pren sa intern ac io na l presente no Rio el e Jane iro (hav ia mais ele mil jornali stas c redenc iados) . Temos re percussões de que isto contribu iu para que a promoção publicitá ri a ele Castro r-icasse seriamente ava riada.

• pio?

• EBB - Sim. Entre outras coi as, tai s pessoas

por exemplo, constatou que o governante da ilhapri são foi o "patinho f eio" da Cimeira, e saiu ele lá com as mãos vazias ... Nos encontTos anteriores em Santiago do Chile e no Porto (Port11gaJ), Castro assinou documentos a favor da democracia e cios direitos humanos. Vo ltando a Cuba, porém, promulgou a Ley de ln.versiones Extranjeras, que consagra o trabalho semi -escravo, com a compl acência de empresários inescrupulosos cio Mundo Livre, inclusive brasileiros.

Catolicismo - Avariada? Como assim? EBB - A conhec ida agência britânica Reuters,

• •

• • • •

• • •

* M étodos de ação contra-revo lucionários são aq ueles que se opõe à Revo lução. Seg undo a magistral obra Revolução e Co111ra-Revo/11ção, do Prof'. Plínio Corrêa de Oli veira, Revol11ção é o processo mu lti ssecul ar que vem destruindo a Civili zação Cristã, desde o dec líni o da Idade M édia, época em qu e o idea l ca tóli co de soc iedade mais se aprox imou de sua rea li zação. E Contra -l?evo!uçiio é a reação organizada que se opõe à Revo/11 ção e vi sa restaurar a Civi lização Cri stã.

CATO L IC ISMO

Setembro de 1999

37


GRANDES PERSONAGENS

avi:

SJ?ro e a-Guerreiro do Senhor Dos grandes personagens do Antigo Testamento, Davi é certamente dos mais admiráveis. Pastor adolescente ainda, é ungido rei, mata Golias com sua funda. General, prudente e arrojado, poeta inspirado, profeta, grande monarca e sobretudo um Santo. De sua pena surgiu o Livro dos Salmos e de sua contrição e penitência nasceram páginas das mais belas já escritas por homem: os Salmos Penitenciais. Jos,~MAR IA DOS S ANTOS or sua desobediênc ia, o re i Saul caíra no d es agrado de Deus. No rigoroso sistema vigente no Antigo Testamento, o utro deveria receber o cetro de Israel. O profeta Samuel é e nvi ado por Deus a Saul, para reprovar seu proced imento e lhe dirige palavras de ouro, de muita atua lidade e m nossos dias : "O desobedecer é como um pecado de magia, e o não querer submeter-se, é como um crime de idolatria". Conseq üê nc ia:

"porque lu rejeitaste a palavra do Senho1; o Senhor te rejeitou a li, para que não sejas rei" (I Sam 15, 22- 23). Transmitido o terrível recado, o Profeta Sa mue l toma co ns igo ó leo e um nov ilho para sacrifica r, e se dirige à poética Belém, na tribo de Judá, a fim de ung ir um dos filhos de Isaí para suceder a Saul. E ncontrar aquele que fora escolhido por Deus não foi fác il , pois lsaí apresenta- lhe sucess ivame nte sete filhos. E mbo ra fossem e les bem apessoados, o Senhor rej eita-os, e ns ina ndo a Samuel que não se julga o ho mem só pela aparê nc ia, mas sob retudo pelo co ração.

c uida ndo do rebanho. "Mande-o chamcu; pois não nos senta remos à mesa

antes que tenha chegado ". Ass im a parece em cena Davi: "Louro, de belos olhos, e mui formosa aparência". O Se nho r o rde na a Sa mu e l: "Levanta-te, e unge-o, porque é esse". O profeta unge-o e m fre nte aos pai s e sete irmãos, que devem g ua rdar segredo até momento oportuno. E "daquele

dia em diante, comunicou-se o espírito do Senhor a Davi" (1 Sam 6, 12- 13).

O jovem Davi, sustentado por Deus, mata o gigante Ora, nesse tempo os israelitas ma nti nham uma prolongada gue rra contra seus eternos inimi gos, os fili steus. Entre estes hav ia um homem bastardo, Golias, que med ia quase o dobro da estatura dos home ns comuns. O g igante usava capacete de bronze e "couraça escamada" . Já seu aspecto inspirava terror. Certo dia, quando os israe li tas continuavam a g ue rra, o fili steu a pareceu

ma is uma vez para deles zo mba r. Ouvindo as imprecações do pagão, Davi infl amou-se de zelo pela g ló ri a de Deus. E, com coração mag nâ nimo e coragem ind o m áve l, co nfi ado na ajuda do Altíssimo, reso lve u e nfre ntá- lo. Procuro u o rei e lhe disse: " Não de~faleça o

coração de ninguém. por causa deste filisteu; eu, teu servo, irei e combaterei contra ele" (I Sam 17, 32). Nada pôde di ss uad ir Davi desta e mpresa. Co lheu na torrente c inco pedreg ulhos a rredondados e, co m seu caj ado e funda, e ntrou na li ça o nde o esperava Go li as. Go li as, espada e m punho, ava nçou, mas Davi corre u e, pegando uma das pedras que co locara em seu bornal , lançou-a com a fund a com tal maestri a, que e la feriu o fili steu na testa, tombando-o ao so lo. O ado lescente prec ipito u-se sobre o g iga nte, desembainhou sua espada, e com e la corto u- lhe a cabeça. Ou viram-se g ritos de júbilo do lado dos israelitas, e de terror das fileiras contrári as, seguidos da fuga e m completa debandada. Os israelitas pe rseguiram-nos causando- lhes grande mortandade. Tudo isso vem re latado na Sagrada Escritura.

Inveja e ingratidão de Saul Co mo só i aco ntecer, no mome nto da aflição Saul tinha tudo prometido a quem o li e: 1· ' 1us1ve . 'Í( , (,r; vrasse do LI 1steu, 1nc ~1.• , .. . a mão de sua filha ma is velha. Mas a g ratidão é uma das virtudes mais raras. Tomado de invej a pelo jove m campeão, o rei não Jhe concedeu a mão de ua filha , mas passou a perseg ui -lo e a ate ntar contra sua vida. Mais ainda, vendo q ue Davi era amado pel o povo e saía sempre vitorioso das campa nh as, Sa ul pensou

~i,

e m fazê- lo perece r numa batalha. Para isso pro meteu- lhe a mão de sua filh a Micol se e le matasse, com s uas próprias mãos, 100 fili steus. Dav i matou 200 e casou-se com a filha do rei. Mas Saul , mesmo ve ndo que o Sen ho r estava co m o genro, "durante o resto de sua vida detestou Davi", apesa r de "cada vez que

os chefes dos.filisteusfazicun incursões, Davi era mais bern sucedido que todos os homens de Saul" (] Sam 18, 29-30). A partir daí, Davi estará constantemente fugindo de Saul , e mbora nunca te nha levantado a mão contra o rei , por te r s ido este ungido. O qu e prova a retidão de Davi. Sau l acabo u por se sui c id a r, para não ca ir na s m ãos do s fili steus, que já lhe tinham matado três filhos e g rande parte do exérc ito (cfr. I Sa m 3 1, 1 a 7; I Cron I O, 1 a 6) .

Esplendor do reinado de Davi e nova aliança com Deus Quando mo rre u Saul , Dav i d iri g iu se a Hebron , o nde fo i ung ido rei de Judá. E nqua nto isso, Abne r, genera l de Sau l, ho m em valente m as ambic ioso, fez sagrar rei de Israel a Tsbo et, filho do fa lecido mo narca. D esse modo, só a casa de Judá (ou sej a, a pe nas uma dentre as 12 tribos ele Israe l) segui a Davi. ~ Enfim , e m meio a mil vicis~ r- situcl es nas qu ais a retidão ele ,;Davi nunca se desmentiu , l sboset 1 e Abner foram assassinados, e a casa ele Israel reconheceu a Davi o un giu re i ele todo o povo (cfr. II Sa m I a 5). Davi rec up e rara sua primeira mulher e caso u-se co m o utras*, tendo delas diversos fi lhos. Derrotou os jebuseus da forta leza ele S io n,

"São estes todos osjilhos que tendes?", indaga Samuel. Praticamente, ex pli ca Isaí, pois restava só o caçul a que estava 38

eATO LIe ISMO

Davi mata Go/ias

Setembro de 1999

-~-.;:: -

em Jerusalém, que reed ifi cou dando-lhe o no me de Cidade de Davi. Com materi a l recebido do rei de Tiro, ed ificou um palácio para o qual quis transpo rtar a Arca da Aliança. Depois disso Davi obteve vitória sobre vitória, fa zendo tributários muitos povos, tendo guarni ção até e m Damasco, na Síria. Organizou a o rdem pública no reino, e fez-se respe itado, mante ndo o inimigo lo nge dos seus domínios.

Pecado e tocante penitência do Real Profeta Durante uma elas ca mpa nhas contra os amonitas, Davi e nvi o u Joab, seu general, comandar as tropas, e pe rma neceu e m Jerusalém. Ora, como a ocios idade é mãe de todos os vícios, certo dia, depois ela sesta, o rei passeava pelo terraço de seu palácio sem mai o r preoc upação. De repente viu , numa casa próxima, uma for mosa mulher, Betsabé, que se banhava. Tendo a pa ixão subido a seu coração, mando u bu scá- la, e com e la pecou, mes mo sabendo que e ra mulher ele um suboficial que no mom ento expunha sua vicia por e le na g uerra ! Ora, Betsabé concebeu, e mandou av isar o re i. Este, para cliss imular as co isas, ma ndo u q ue o ma rid o voltasse ela g ue rra co mo que para pedir- lhe informações cio ca mpo ele batalha, e assim coa bitasse com sua mulher. Mas o bravo g uerre iro não qui s o co nfo rto do lar enq uanto seus companhe iros passavam os perigos e as privações ela g uerra. Permaneceu no átrio cio palácio com o utros sold ados sem conviver com a esposa. A paixão cega. O até e ntão justíss imo Davi não enco ntrou o utra saída senão mandar que U ri as, esse s ubofic ia l cleclicaclo, fosse co locado no lu ga r m a is pe ri goso ela bata lha, o nd e certamente pe receria. Fo i o que sucede u, e Dav i tomou e ntão Betsa bé por esposa . Mas, e nviado por Deus, o profeta Natan apareceu diante cio rei e increpou- lhe o dup lo crime, depoi s ele tantos be nefíc ios a ele co nced idos pelo C riador. Dando-se conta cio pecado co metido e tocado pela g raça, Davi caiu ele joelhos c lamando: " Pequei contra o Senhor". Natan res pon de-lhe que o Senhor o perdoara, mas que,

CATO L I

co mo puni ção, o filho desse ad ulté rio mo rre ri a (cfr. n Sam 11 e 12). Vestido ele saco, e m jej um e prosternado ao so lo, Davi supli cou ao Senhor durante sete dias que poupasse a vicia cio menino. Segundo a tradição, fo i nessa ocasião que escreve u os 7 Salmos Penite nc ia is, obra-prima ele sentime nto, compunção, e verdadeira contrição. Findo esse período, o me nino morre u. Tal pe nitê ncia, no e ntanto, fo i agradável a Deus, que concedeu novo filh o a Betsabé, o céle bre Salomão, a quem o Senhor enviou "o profeta Natan, que deu

ao menino o nome de 'Amável ao Senhor' porque o Senhor o amava" (icl . ib. 25). Quando suas forças diminuíra m com a idade e so frime ntos, o re i quase fo i mo rto num a batalha. Salvo pe la vale ntia de um ele seus so lclaclos, estes supl icaram- lhe que não mai s saísse em batalha "pa ra que não se apague a Lâmpada de Israel " (lei . 2 l , 17). Mas essa lâ mpada j á tinha pe rdido seu primeiro fu lgor. E ofu scou-se mais quando Davi atraiu ele novo a cólera de Deus, ao ma ndar, po r vaidade, recensear seu numeroso po vo. Isso trouxe como conseqüê ncia uma peste: "Eu sou o que

pequei, eu fui o que procedi mal; que fizeram estes, que são as ovelhas? Volte-se, te peço, a tua mão contra mim, e contra a casa de meu pai!" (icl. , ib. ] 6, 17), fo i a sú pli ca de Davi ao Senhor, a que m ofereceu sac rifíc ios, fazendo cessar Sua cólera. Tendo sagrado Salo mão seu sucessor, depois ele muitas recome ndações, o Real Profeta "morreu numa ditosa ve-

lhice cheio de dias, de bens e de glória" (I Cron 29, 28; I Reis 2, 1O). ♦

* "A

poliga111ia rcasa mento de um ho me m com d ive rsas mulheres"!. pelo fato de q ue não se op6e ao .fim pri1116rio do m.atrimô11.io [a procri ação 1. pode exislir por e,1plíc i1a dispensa

d ivina c:0111 0 .Yt1cedeu 1,u Vel!to Tesrwnento J.mas não a " po liandri a", casamento ele um a mulher

co m vá rios homens] (cfr. Gen 16, 2; 2 1, 12; Deut 2 1, 15)". Ta l d ispe nsa teve po r finalidade o ma is rápido povoamento da Terra depoi s do Dilú vio e fo i abo lida por Nosso Senho r (Mt 19, 9; Me IO, 11 ; Lc 16, 18), "que declamu que a disp ensa fo i dada 'propt e r duritiam cordi s' (por causa da dureza do coração), enqua111a que, no p rincípio não era assim (Mt 19, 8)". (Enc iclopedia Ca 11olica, C itt à dei Vatica no, Casa Editrice G. S. Sa nsoni , Firenze, 1952, tomo 9, p. 168 1).

e

IS MO

Setembro de 1999

39


Precisamos já da DELETEL jornal "O Estado de São Paulo" (19/7/99) divulgou notícia comprovando que o fam igerado Programa do Ratinho superara-se ma is um a vez em matéria de imora lid ade.

º

Cuf!1plicidade inexplicável Seg undo info rma aq ue le matutino paulista, Fláv io Cavalcanti Jr. , diretor da ABERT, entidade responsável pela fisca li zação ética da TV brasileira, reconheceu a idone idade jornalística no trata mento dispensado pelo mencionado Programa à ex ibi ção de um a programação imora líss ima, recentemente levada ao ar.

A incompetência continua a mesma Confirmando a sua j á trad ic io nal fa lta de agi lidade, José Gregori , Secretário Nac io na l de Direitos Humanos, tomou uma decisão: marco u ma is uma rodada de negociações com as e mi ssoras de TV. Faltou energ ia e sobrou tra nsigênc ia: " Vou dar prazo até 20 de setembro para as emissoras apresentarem manuais de qualidade", garantiu dec idido o Secretário.

Só tem uma solução É preciso terminar com essa política de banho-maria e de enganar as fa míli as brasil e iras. Nós preci samos da Delegacia dos Telespectadores - DELETEL - e, precisa mos j á ! E la é a única solução.

Capa da ú l tima edição de TV Debate : na m i ra, programa de Ra ul Gil da TV Record

Fala Imprensa!

A

"Folha de São Paulo" (15 -7 -99) noticiou que o Presidente Fernando Henrique Cardoso e Lula entabulam cordiais relações com Ratinho. Em face do fato , O Amanhã de Nossos Filhos (OANF) pergunta: será que o Presidente e o ex-presidenciável estão querendo montar na fama (ilusória) do apresentador, apesar da nocividade de seu programa para a formação moral de nossas crianças? O "Jornal do Brasil" ( 1 5 -7 -99) divulgou notícia da vitória de Ratinho sobre o 0800 do Senado. Segundo o JB, Ratinho pediu que seu público telefonasse para 0800-612211 dizendo que seu programa é de alto nível. 70 mil pessoas ligaram, o sistema congestionou e saiu do ar. A ser verdadei ra a notícia, OANF estranha a posição do Senado. Como é que um serviço telefônico destinado a atender reclamações de todo Brasil pára de funcionar com 70 mil chamadas? O Senado quer resolver o problema, ou está querendo contemporizar e enganar os telespectadores? A.M.A.Z - RJ - escreveu para o JB (4-6 -99) reclamando da falta de compostura exibida no programa da apresentadora Hebe Camargo. Dizendo-se contrária à censura, a telespectadora pede apenas bom senso e bom gosto para os apresentadores de TV. Infelizmente esses apresentadores não entendem pedidos desse gênero. É necessário multá-los, tirá-los do ar, e uma lei para puni-los. DELETEL neles, já! W.A, Petrópolis - RJ também escreveu para o JB dizendo que a TV não cumpre sua obrigação de informar, educar, cultivar, formar consciência e divertir. Na verdade, a realidade é pior do que a descrita pela missivista do jornal. Afinal, a TV deforma a educação que pais e mães de família tentam dar a seus filhos. Isso precisa acabar! Participe também_o leitor de OANF e ajude-nos a defendar um futuro digno para nossos filhos e netos!

Campanha de Fátima alerta contra filme blasfemo A Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! toma a dianteira, em nosso País, na defesa da Igreja Católica e de Nossa Senhora, violentamente atacadas em filme americano.

A

associação norte-a mericana America Needs Fátima (A América precisa de Fátim a) informou à Coordenação de sua coirm ã brasileira da perversa pretensão dos estúdios Walt Disney, através de sua fi li al Miramax, de lançar em todo o mundo um filme a ltamente blasfemo e com incitamento à pratica de vícios hed iondos.

Insultos à Religião, apologia do pecado Narra ndo a hi stória de dois anj os decaídos que tentam prova r a fa libilid ade d Deus, o filme intitulado Dogma ofende a Sagrada E uca ri tia, nega a Concepção Virginal de Maria, conspurca a imagem de Moisés e compara a Santa Mi ssa ao ato sex ual, além de outras blasfêmias inimagináveis. Drogas, aborto e alcoo li smo são algumas das perversões e víc ios que o

eATO

L ICIS MO

' 1999 Setembro de

Maior movimento fatimista do mundo sai à frente E mbora o lançamento do fi lme esteja previsto somente para o final deste ano, a coordenação da Campanha de Fátima não quis ficaresperando. Em face da agressão que e se li xo c inematográfico pratica contra a Igreja Católica e do perigo que e le representa para a fo rmação mora l dos jovens, tomou-se uma decisão: antes mesmo de o filme chegar ao Brasi 1, está sendo promovida uma campanha de assinaturas e m fo rm a de Petição/Protesto endereçada ao Mini stro da Justiça, José Carlos Dias, pedindo que a ex ibição desse filme seja proibida.

Catolicismo adere ao movimento Se depender da boa vontade cios aderentes da Campanh a de Fátim a, tal veneno e m forma de filme não irá mac ul ar nosso Pa ís. A revista Catolicismo so lid ariza-se com os idea is de "Vinde Nossa Se-

Fátima é cada vez m ais procurada por

internautas

C

..=J 'I St11hOTII 111 11utt(C\I

6,~,,, c m F.

"Voltarei ainda aqui uma sétima vez"

bllu•~•• ◄ §i

40

filme da Disney tenta disseminar entre o púb lico j ovem.

ontinua vertiginosa a procura do site da Campanha de Fátima. O número de acessos até o fi nal do mês de julho fo i de 1 18 .000 e as cifras continuam ubindo. Com tanta procura pelo e ndereço www.fatima.org.br, a Campan ha viu-se obrigada a incre-

nhora de Fátima, Não tardeis!" e prontifica-se a acompanh ar passo a passo mais esse co mbate em defesa de nossa Fé e e m prol da moralidade da família brasileira. Participe o le itor também desta Campa nh a! Para ob te r informações sobre e la li g ue para: (0xx 11 ) 3955-0660.

Simpósio revela fervor do brasileiro pela devoção a Nossa Senhora de Fátima Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, ~ão t~rdeis!

ª

promove a peregrinaçao permanente de 1 O Imagens de Nossa Senhora de Fátima. De lar em lar, as imagens peregrinas vão unindo famílias e amigos através da recitação do terço e da devoção à Mãe de Deus . Em simpósio realizado na última semana de julho, uma agradável surpresa revelou-se para a equipe que organiza a peregrinação: o número de imagens hoje existente já não é suficiente para atender à quantidade de famílias que deseja receber a peregrinação em seu lar. Eis uma prova de que a devoção a Nossa Senhora está cada vez mais presente no coração dos brasileiros! mentar ainda mais o site, tendo formado uma equipe especial só para c uid ar desse departamento . Ao acessar o site, o vi sitante pode conhecer a Ca mpanha, ler as últimas notícias do mais recente boletim, inscrever-se na Aliança de Fátima, ped ir materia l etc. Para breve, a eq uipe responsável pelo site promete outras importantes novidades.

jihik>

CA TO LI

e

IS MO

Setembro de 1999

41


TFPs EM AÇÃO ..,

No acolhedor ambiente da sede dos Buissonets da TFP, em São Paulo, Simpósio para Apóstolos de Correspondentes e Correspondentes-Apóstolos do Brasil Sudeste-Sul {10/ 11 julho p.p.)

A bela Imagem do Bom Jesus de Pirapora é uma artística e piedosa escultura barroca, através da qual Nosso Senhor Jesus Cristo vem concedendo numerosas graças e operando milagres em benefício do povo brasileiro

1 Conferência em Londrina Paulo Corrêa de Brito Filho, Diretor da TFP e de Catolicismo, pronunciou conferência sobre o tema Ameaças à família brasileira na atualidade, no salão de convenções do Hotel Crillon de Londrina (PR). A exposição foi ilustrada com a projeção de slides de telas de grandes pintores focalizando a vida familiar em várias épocas históricas. Na foto, à esquerda, o orador, tendo à sua esquerda o Prof. Gil de Macedo Grassi, encarregado da Sede da TFP naquela cidade. Na foto abaixo, parte do público presente, que seguiu com atenção e interesse a palestra, a qual apresentou também os êxitos obtidos nos principais lances promovidos pela Campanha de OANF, em defesa da família brasileira contra a imoralidade e a violência levadas ao ar por emissoras de Tv.

42

e AT O LIe ISMO

0

Setembro de f 999

Sócios e cooperadores da TFP rezam, em 4 de julho p.p., diante da milagrosa Imagem do Bom Jesus, no Santuário de Pirapora (SP) , nas intenções da Civilizaçã o Cristã em nosso País

Aniversário do Côn. José Luiz Villac Transcorreu 110 di.1 25 de julho p.p. o 70° an iversário do Revmo. Cõn. José Luiz Vlllac, destacado colaborador de Catolicismo Para acolher parentes e grande número de amigos, dentr e os quais vários col.lboradores de nossa re vista, bem como sócios e cooperadores d,1 TFP, o il11stre aniversarian te ofereceu um almoço em sua fazenda Nossa Senhora das Lágrimas, localizada no município de Ribeirão Claro {PR). Na foto, detalhe do evento. Da esq. para a direita: Revmo. Cõn~ José Luiz Vi/lac, Revm o. Pe. José Henrique do Carmo, Exma. Sra. Da. Maria Bernadette Vill,1c Ade/e, írm, cio aniversariante, Dr. Paulo Corrêa de Brito Filho, Diretor ele Catol icismo, no momento em que dirigia palavras de congratul,1ç, o ao homenageado, e Sr. Fauze Villac Adde, sobrinho do Revmo. C611. José L11iz Víllac.

e AT OLIe

IS MO

Setembro de 1999

43


gato é um animal muito interessante. Ele representa a preocupação despreocupada : anda com ar de quem não tem nada a ver com aquilo que o circunda. Mas, de vez em quando, deita um olho para ver se tudo está em ordem e seguro. Ele não escorrega nunca, jamais cai. E se o derrubam, sempre cai de pé. Vale a pena observá-lo, sobretudo quando ele é novinho. Na medida em que o bichano vai ficando mais maduro, sua velhacaria não tem nome. O gato parece-me muito expressivo. É o símbolo do diplomata entre os animais. Há gatos lindos, com felpos muito bonitos. Os olhos dos gatos em geral são belos. Mesmo quando meio vira-latas, com uns olhos verdes com tom de uva ordinária, ainda assim eles são interessantes. Alguém me dirá: ''Mas o Sr. não o considera um animal antipático?"

Respondo: ''Nem por isso eu deixaria de reconhecer que ele é interessantíssimo ". Gato vira-lata e gato educado

Cada um deles apresenta o seu interesse próprio. O gato vira-lata, de telhado, como que ostenta espírito de um D'Artagnan. Ele pula, ele se quebra e só não fica caolho. O resto, tudo acontece com ele. Como, por exemplo, num velho lobo do mar fica aquela fisionomia de quem enfrentou todos os mares, também assim o gato vira-lata enfrenta todas as noites, com suas incertezas. Pelo contrário, o gato bem arranjado, de casa, é muito educado, limpo, embora fa lso. Ele finge ser amigo de quem o alimenta ... É inegável que o conjunto dessas características torna o gato um representante do reino anim 'tl imensamente interessante. Excertos da conferência proferída pelo Prof. Pll nlo Corrêa de Ol iveira para sócios e cooperador daTFP, em 15 de outubro de 1993. Sem r visão do autor.



~f!ffi Nesta edição Destaque

Extraída de Revolução e Contra-Revolução, continuamos a apresentar a refutação (cap. VII, 2-C) de mais alguns slogans que - à maneira de realejo - os revolucionários repetem mil vezes na tentativa de desacreditar a Contra-Revolução.

9

Cardeal da China comunista manifesta sua adesão ao Papado

A realidade concisan,ente

e. ·~ argumentação contra-revolucionária é polêmica e nociva" O terceiro "slogan " consiste em censurar as obras intelectuais dos contra-revolucionários, por seu caráter negativi sta e polêmico, que as levari a a insistir demais na refutação do erro, em lugar de fazer a explanação límpida e despreocupada da verdade. E las seri am, assim, contraproducentes, pois irritariam e afastari am o adversá ri o. Exceção fe ita de possíveis demasias, esse cunho aparentemente negativi sta tem uma profunda razão de ser. Segundo o que fo i dito neste trabalho, a doutrina da Revolução esteve contida nas negações de L utero e dos primeiros revolucionários, mas apenas muito lentamente se foi explic itando no decorrer dos sécul os. De maneira que os autores contra-revoluc ionários sentiram, desde o início, e legitimamente, dentro de todas as fo rmul ações revolucionári as, algo que exced ia à própria formulação. Há muito mais na mentalidade ela Revolução a cons iderar em cada etapa do processo revolucionário, cio que simples mente a ideologia enunciada nessa etapa. Para fazer trabalho profundo, eficiente, e inteira mente objetivo, é, pois, necessári o acompanhar passo a passo o desenrolar da marcha da R evolução, num penoso esforço de exp licitação das coi sas implícitas no processo revolucionário. Só assim é possível atacar a Revolução como de fato deve ela ser atacada. Tudo isto tem obri gado os contra-revolucionários a ter constantemente os o lhos postos na Revolução, pensando, e afi rmando as suas teses, em função cios erros dela. N este duro trabalho intelectual , as doutrinas de verdade e de ordem ex istentes no depósito sagrado cio Magistério ela Igreja são, para o contra-revolucionári o, o tesouro cio qual ele vai tirando coisas

novas e velhas (cfr. Mt l 3,52) para refutar a Revolução, à medida que vai vendo mais fundo nos tenebrosos abi smos desta. Assim, pois, em vá.rios ele seus mais impo rtantes aspectos é sad i am ente negativi sta e polêmico o trabalho cono·a-revolucioná.rio. É, ali ás, por razões não muito diversas que o Magistério Ec lesiástico va i definindo as verdades, o mais das vezes, em função elas diversas heresias que vão surgindo ao longo ela hi stória. E formul ando-as como con-

entífi co e uni versitário. R con hecendo a esse plano toda a sua granel e até muito gra nde importância, o pon to ele mira habitu al ela Contra-Revolução deve ser a Revolução tal qual ela é pensada, sentida e vivida pela op ini ão pública em seu co njunto. E neste sen tido os co ntra-revo lu c ion ári os elevem atribuir um a imp rtânc ia muito particular à refuta ção ci os "slogans" revo.lucionários .

B. Eliminar os aspectos polêmicos da ação contra-revolucionária A idéia de aprcs · ntur u 'on tra-Rcvolução sob uma lu z mui s "si111pcítica" e "positiva" faz · nd( ·0 111 )li ' ela não ataque a Rcvo luç. o, · o q11 ' pode haver de mai s lri sl ·m •11tc ·li ·i ·nt c para

O Magistério eclesiástico vai definindo as verdades geralmente em função das diversas heresias, como o fez São Pio X (gravura acima) ao condenar o modernismo

denação do erro que lhes posto. A ssim agindo, a Igreja nunca r • · ·ou l'uzer mal às almas .

3. ATITUDES ERRADAS EM FACE DOS "SI.OGANS" DA REVOLUÇÃO A. Abstrair dos "slogans"

revolucionários O sforço co ntrn- r -volu ·i onári o não clev s r li vr 'S ·o, isto , não pode contentar- s' co111 u111a dial ti ca com a Revolução no pla110 puramente c i -

empobrecê- la d' ·on t ·(ido ' de dinamismo (cfr. Part • 11 'up.Y l ll ,3,B). Quem ag iss • s' , 1111d o ·ss.i lamentável tática 111ostruri1111111 ·s1nt1 falta ele senso d u1n ·h ·I' · d· l\st:ido 1uc, cm face d tropas i11i1ni •11s q11 L' trnnspõcm a fronl ·i ni , f'i l',l'SSL' l ' 'SSIII' IOdii resistênc ia urn1t1tlu , ·orn o i 11 t11it o d' cativar a si111p11ti11 do i11 v:1 sol' ', assim, par:lli s - lo. N11 1't1 11 lid 11d '. l' il- miularia () lll)ll 'tO (111 1\'l l!,'1 (), Sl' ll l dt· ter () ini111i •o . Isto <-, t·11tn· 111 ri1111 p1í tri :1 ... N11o q11L·r isto di tt· r qm· 11 lin •un'L'lll do co 11t n1 l'l' Vol11do11íi ri o nao s ·j a 11111ti z11d 11 SL' •1111d o 11s ·irc.; un stâncias. () 1)i v i11 0 M ·str ', prega ndo na Jud( i11 , qu1: •sl:iva sob a ação próxima dos p ~r li dos fariseus, usou de uma lin'll ll, · 111 candente . Na Galiléia, pelo ·onl n.í ri o, onde predominava o povo sim ples e era menor a influência dos l'ari seus, sua linguagem tinha um tom mais docente e menos polêmi ·o.

1O -

Canal do Panamá ameaçado: empresa da China comunista poderá vir a dominá-lo - Autobiografia de Santa Teresinha: agora best-seller também na Rússia

Nossa capa: Foto de Plínio Corrêa tendo ao fundo personalidades e episódios da História

Brasil Real Imagem milagrosa de Nossa Senhora de Fátima que verteu lágrimas em Nova Orléans (EUA)

12 O Revolução e Contra-Revolução

2

Atitudes erradas diante de slogans revolucionário

A Palavra do Diretor

4

Brasil visto por uma francesa (Parte li)

Nacional

14 Reação

s_o_s_

Mensagem de Fátima e Comunismo: correlações

A palavra do sacerdote

8

34 União

Européia desfigura as nações impondo costume único a povos diversos

Faniília

16 Liberdade

de se fazer tudo ... que a Lei de Deus permite

Página Mariana

5

Internacional

conservadora revela verdadeira face do Brasil

Castidade apenas para mulheres? O inferno existe?

Santos e -Festas do niês

Vidas de Santos

36

18 São

Escreven, os leitores

Pedro de Alcântara: Padroeiro (pouco conhecido) do Brasil

Capa

21

Considerações de Plínio Corrêa de Oliveira sobre o plano de Deus para a Criação

Entrevista

30 Secretário

particular do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira narra episódios inéditos da vida do fundador da TFP

38 TFPs en, ação

40 -

Tópicos não publicados de carta enviada a "Isto É" - Novo lance da TFP em sua luta anti -abortista

Anibientes, Costunies, Civilizações

44 Raio -X

de uma fotografia de Santa Teresinha, menina

Igreja de São Franciscor em São João dei Rei, vista por trás

No próximo capítulo (VIII), o Autor de Rereve o volução e Contra-Revolução d modo de avançar processivo d I R volução, que difere do modo contra-, vo/11 .lonário.

eAToLIeIsMo

Outubro de 1999

3


PÁGINA MARIANA

1

Rússia espalhará seus erros pelo mundo..." ~

Amigo leitor, Teol og ia e H istóri a jun tas, na visão de um in signe pensador e líder cató lico ! É esse o presente - que enriquece a fé e abre vastos hori zontes culturais e hi stóricos - oferecido como matéri a de capa da presente edição ao caro leitor. Outubro é o mês em que fal eceu o Prof. Plini o Corrêa de Oli veira, fund a9or da TFP, in spirador de Catolicismo e seu prin cipa l co laborador. H á quatro anos nossa revi sta aproveita essa ocas ião para prestar àquele varão católico ao menos uma peq uena homenagem, pub licando alguma de suas vigorosas produções inte lectu ais; ou então co mentá ri os a propósito de sua vida e ob ra. Nesta ed ição, esse autê ntico mestre da Co ntra-Revolução tece co nsiderações sob re a Teo log ia da H istóri a co m linguagem simpl es e grande penetração de e pírito. A nalisa os planos d Deus referentes à ri ação. Apesar da. su ess ivas incorrespo n lências diant cios gra ndiosos proj tos divinos, tanto d um a parce la d A njos quanto d ' hom ns, o plano do riador mu ni m-s esse nc ialmen te 111 smo, ao lon ro de urnas ri ' d ' a ·ont ·im 'n toschave da Teo logia da 11 istória ! A revo lta dos Anjos maus, o p caclo ori gin ·tl e a expu lsão de nossos primeiros pa is do Paraíso Terres tre, oca Li go ci o lil úv io, a T rr ele Babel, o surg imento do povo eleito, a união hi postáti ca, por exemp l torn am patente o modo ele atuar da Prov idência di vin a: após cada defecção de suas cri aturas, surge nova marav ilha medi ante a qual a Sabedori a de Deus mais um a vez se patenteia. Co m a fund ação da Santa I grej a Católica, sua expansão por toda a Terra e a formação da Civ ili zação Cri stã, dá-se nova e magnífica vitóri a divin a. Entretanto, oco rre a decadência da Idade M édia e surge a Revolução, processo mul tissec ul ar que até nossos di as vem destruindo a C ivi li zação Cri stã. Se analisarm os a triste situ ação ocas ionada pela cri e revo lucionári a em que se debate o mundo contemporâneo, ainda urn a nova maravilh a se anun cia. Em Fátima, a própri a M ãe de Deus profetiza uma grand iosa vitóri a: "Por.fim, o meu Imaculado Coração triunfará!", ainda que após os merecidos casti gos a serem infli gidos à hum anidade pecadora e também por E l a prev istos.

E m Jesus e M ari a

9:~07 DIRETOR

4

CATOL I C I S M O

Outubro de 1999

Em 1917, Nossa Senhora previu, em Fátima, uma Segunda Guerra Mundial, mais trágica do que a Primeira. Grande número de cidades foram devastadas nesse novo conflito, como Cisterna (foto), na ltáli,1 1 em fevereiro de 1944.

VALD IS

Em 13 de outubro d e 1917, ocorreu a última Aparição de Nossa Senhora em Fátima, tendo lugar, portanto, no presente mês, à derradeira comemoração desse acon-: tecimento antes do ano 2000. Em vista do caráter relevante de tal data, no presente artigo é estabelecida uma relação entre a Mensagem de Fátima e o comunismo.

GRINSTEINS

" Não se deve mi sturar po lítica com rel igião". É uma afirm ação muito difundida, até certo ponto verdadeira, mas que precisa ser an alisada com cuidado. Hoj e em di a, é claro , há um abu so no apresentar a religião co mo in strumento de transformação política da sociedade. Fazem-se muitos dos adeptos da chamada Teo logia da Libertação. Entretanto - numa visão co mpletamente di stinta - a I grej a sempre ensinou que também os as pectos pol ít icos , soc i ai s, econômi cos da vida humana devem estar impregnados de reli gios idade. E que uma C AT O LI

e

IS MO

Outubro de 1999

s


Mais ainda. Foi a partir ela Rú ssia que o com uni smo realmente se difundiu pelo mundo, utili za ndo os grandes recursos do país e lança ndo mão dos efici entís~ simos métodos ele guerra psico lógica revolucionária como arma ele propaga nda. Todas as nações qu e tiveram a infeli cidade de serem dominadas pelo comuni smo podem traçar a origem de sua desgraça, colocando como ponto ele referência a Rú ssia, seja pelo envi o de armas e de agentes subversivos, sej a pelo fato ele terem sido ocupadas diretamente pelo Exército vermelh o.

co isa não pode simplesmen,te ser separada da outra. Com efeito, a própria Mãe de Deus veio nos trazer em Fátima uma mensagem de cu nho essencialmente reli gioso, na qua l figuram entretanto referências a problemas políticos de nosso conturbado sécul o. Se uma doutrina político-social é contrária à Religião cató li ca, estabelecendo, por exemplo, o Estado como uma in stituição atéia, não nos deve causar surpresa que Nossa Senhora tenha verberado essa concepção.

Circun!jtâncias em que foram enunciadas as profecias de Fátima

As profecias de Fátima já se realizaram?

O comu ni smo, como doutrina, é muito anterior às aparições de Fátima. O manifesto comu ni sta de Marx já havia sido publicado há mai s de 60 anos, quando ocorreram as aparições de Nossa Senhora, em 1917. Ex istiam, aqui e acolá, partidos comunistas, alguns deles mesclados com associações terroris- . tas e anarquistas. Mas não tinham até então conqui stado o poder em nenhum país. Portanto, não haviam conseguido apli car na prática suas catas tróficas teoria político- oc iais igualitárias. Na época das aparições de Fátima, o mundo encontrava-se em meio aos trág icos combates da Prim eira Guerra Mundial , e a atenção da op ini ão pública estava toda voltada para o resultado desse embate, que iria decidir por muitos anos o destino da hum anidade. Nessas circunstâncias, o problema de o co muni smo alcançar o poder em alguma nação, e de lá difundir sua ideo logia, atraía a atenção só de poucos círcu los políti cos espec iali zados, e não a do grand e público europeu ou americano. A maioria das pessoas achava que os grandes debates do sécu lo que começava se travariam a respeito da divisão dos territóri os coloni ais na África e Ásia, ou da luta ideológica entre monarquia e república; e não da luta entre comunismo e anti comunismo. Em sua Mensagem, Nossa Sen hora qui s foca li za r o qu e seria o grand e inimi go da Reli gião cató li ca em nosso séc ulo, não tend o feito nenhum a menção à França, à Inglaterra ou à Alemanh a, g rand es potências da época

Podemos afirmar, então, que as profecias de Nossa Senhora já se cumpriram? Algumas sim, outras ainda não. Co mo a co nsag ração pedida por Nossa Senhora a seu Imaculado Coração parece não ter sido rea li zada estritamente segundo os req ui sitos estabeleci dos por Ela, nem a devoção da comunhão cios primeiros sábados foi suficientem ente prati cada, não se ev itou a Segunda Guerra Mundial , a Rússia não se converteu e não houve paz . Ocorreu, pelo contTário - como Nossa Senhora previra - a grande difusão cios erros cio comu nismo, a partir da Rú ssia, pelo mundo inteiro. Fundaram-se partidos comunistas em todos os continentes. Foram lançadas as classes sociais umas contra as outras. Expandiu-se o terrorismo por todo o globo. Em nosso continente, Cuba não cessou ele ser até agora um foco de subversão que continua a difundir o vírus mortal cio comunismo, especialmente em países ela América Latina. Em todas as nações que o comu ni smo dominou , houve uma sistemática coerção da liberdade ela I greja que chegou até a perseguição. Proibiu-se a di fusão ela doutrina católica e a rea li zação de atos ele culto em público, esco las e estabelecimentos ca ritativo s católicos foram confi scados, numerosos católi cos foram apri sionados, torturados e muitos deles chegaram ao martírio. Recentemente ainda foram beatificados vários mártires, como o Bi spo búl garo Eugênio Bossilkov, as Carm elitas cio Convento ele Guadalajara, na Espa nha, e o Cardeal Stepinac, da Croácia.

6

eAT

O L IC ISMO

São Peterburgo, novembro de 1917: o assalto ao Palácio de Inverno representou um acontecimento simbólico da catastrófica implantação do comunismo na Rússia, e, a partir desse país, em todo o mundo

envolvid as na guerra. Portanto, quando a Rússia ainda não havi a si do dominada pelo com uni smo, Nossa Senhora já advertira sobre o peri go da expansão dos erros dos quais essa nação eri a o porta-e. tandarte.

Palavras de Nossa Senhora Vejamos quais foram as palavras de Nossa Senhora na apari ção de 13 de ju lho de 19 17: "A guerra (Primeira Guerra Mundial) vai acabai-; mas se não dei-

xarem. de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior: Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o gra nde sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo de seus crim es, por meio da guerra, da fom e e de perseguições à Igreja e ao San.to Padre. Para a impedir; virei pedir a consagração da Rússia ao 111e11 Imaculado Coração e a comu11/Jcio reparadora dos prirn.eiros sábados. Se atenderern. aos meus pedidos, a N,íssio se converterá e terão pa z; se 11cio, e.1·w1lhará seus erros pelo 1111111do, pro111m1e11 do guerras e per/1eg11içries à Igreja ; os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sr~fi·e,; várias 11aç<ies serão an iquiladas ; por fi111 , o 111.e u Imaculado Coraçcio tri111if'a r6. O San to Padre consagrar-Me-ó a Rússia, que se

Outubro de 1999

converterá, e será concedido ao mundo algum rempo de paz ". * Da leitura dessas palavras surge uma primeira interrogação: por qu e N ossa Senhora não menciona o comuni smo ou a Rú ssia comuni sta , e alud ' apenas à Rú ss ia em gera l? Na aparição ele 13 de julho de 19 17, o co n uni smo ainda não tinha conqui stado o pod ' r nesse país, poi s o governo do zar hav ia sido substituído pelo 1 0v ·rno burgu~s ele Keren ky, 111 março dn Iu ·I ' ano. E foi só co m a rcvo lu çfüi d ' outubro de 1917 dia 7 d· nov ·mbro no calendário ocidenta l que n Rú ss ia caiu sob o jugo comuni sta . Na épo ·a tias aparições, não teria s ·111 ido !"a i.ir d ' Rú ss ia comuni sta. Mas, no cont ·xlo da M ·nsag •m fi ca claro qu • ·ss • país tran sf'ormar-sc- ia num fia 1 ·lo -, lllui s ainda , num flagelo anti ·atóli ·o. /\1 m di sso, se não foi o comuni s111 0 , quais leriam sido os erros qu e a Rú ss ia dif'uncliu em nosso sécul o? Seri am os da chamada Igreja Ortodox a? A hipótese é vácua, poi s essa igrej a perman ece ali mumificada, sem verdadeira capac idade ele ex pansão. A li ás, o pior aspecto dela foi ter-se dobrado servi lmente - em muitos de seus · I ·mentos mais representativos - ao ·omuni smo, serv indo- lhe até de sustent a ·ao.

Um ponto, entretanto, ela parte conhecida da M ensagem de Fátima, oferece certa dificuldade ele interpretação. É a frase: " Várias nações serão aniquiladas ". De fato, muitas nações foram dura e até clurissimamente castigadas na Segunda Guerra Mundial , perdendo parcelas enormes de população, muitos territórios c, cm alguns casos, até a independência. Mas parece não poder di zerse simplesmente que foram aniquiladas, isto é, redu zidas a nada.

Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fá tima que chorou em Nova Orléans (EUA)

Como, então, interpretar isso? Estudiosos da M ensagem ele Fátima chamam a atenção para um fato. Nossa Senhora afirma que a Primeira Guerra Mundial iria acabar, mas que, como castigo dos pecados ela humanidade, no rei nado ele Pio XI começaria outra pior, o que já sucedeu. Será, então, qu e esse castigo aplacou a justiça divina justamente irritada contra os homens ou virá ainda um terceiro castigo? N este caso, esse novo castigo teria uma esca la provavelmente mai or (poi s os pecados não têm senão aumentado) e determinari a, este sim, o fato ele várias nações pura e simpl es mente serem aniqui ladas e desaparecerem da face ela Terra? Reforça esta interpretação o fato de

o aniquilamento ele várias nações ser mencionado no trecho que fala das guerras promovidas pelo comunismo e não no contexto da Segunda Guerra Mundi al. Ao que facilmente se objetará que o comunismo j á morreu. Não obstante, o fato é que o marxi smo nunca dominou tantos governos desde a queda do Muro de Berlim como agora. Dos 15 países ela Comunidade Européia, J 3 estão sob governos social-democratas, ocialistas o u de agremiações esquerdistas; na Rú ss ia acaba ele ser nomeado como pri meiro-ministro um ex-agente da KGB ; na Ásia, os comunistas cl áss icos conti nuam no poder na China, no Vietnã, na Coré ia do Norte. Em nosso continente, além de Cuba e a Guiana serem oficialmente comuni stas, a Venezuela é governada por um partido de esq uerda e a Colômbia está se ri amente ameaçada pelas guerrilhas marxi stas. No Brasil , o MST - de orientação confirmadamente com uno-católica - vai assumindo cada vez mais as características ele um movi mento guerrilheiro de vastas proporções, que a qualquer momento pode surpreender a N ação. Mai s subtil, porém não menos rea l, é a metamorfose do comuni smo clássico e sua expansão pelo mundo, especialmente a partir el a Revo lu ção ela Sorbonne, em 1968. É a Revolução Cultural ele cunho esq uerdi sta que vai desagregando toda a soc iedade pela di sso lução dos cos tumes, a di sseminação ela droga, o divórcio, o aborto, o homossexual ismo, a imoralidade nos meios ele comunicação social, etc. Diante desse panorama, como pensar que os castigos enunciados em Fátima tiveram seus dias encerrados co m o término da Segunda Guerra Mundial ? L embremo - no s entretanto qu e a mensagem ele Nossa Senhora em Fátima conclui com uma entusiasmante promessa: " Por.fim, o meu Imaculado Coração triun{ará!" Coloquemos, poi s, toda nossa confiança nEla, nesta hora trágica e gloriosa para a Santa Igreja e a Civili zação Cristã. ♦

*

Antoni o Aug usto Borelli Machado, As apariçõe.,· e a 111e11sage111 de Fá tima co11fo r111e os ma111.1scrito.1· da lr111 ã LIÍcia , Edi tora Vera Cruz

Ltda. , 35" edi ção, São Paulo, 1993 , pp. 46-47.

CAT O L IC ISMO

Outubro de 1999

7


DESTAQUE

enfermeira. Participanqo de um congresso, ouvi uma autoridade dizer que hoje em dia os homens cobram muito ·das mulheres e que estas não estão preparadas para isso. Os homens não são obrigados à prática da castidade antes do casamento, as mulheres estão. Como fica isso? Muitas vezes a mulher não está preparada para o relacionamento conjugal. Se ela não encontra um marido compreensivo, como fazer? Experiência pré-matrimonial? 2. Catolicismo tem tratado do Inferno. Acho eu, que ninguém voltou depois que morreu para nos dizer a verdade sobre o Inferno.

RESPOSTAS

Castidade é só para as mulheres? 1. Em relação à guarda da pureza, é um absurdo pensar que só as mu lheres elevem praticar a castidade e que o mes mo não é exi gido dos homens . O Mandamento "Não pecar conlra a caslidade" (6°) é inexoráve l para os doi s sexos, e é completado pelo outro, "Não desejar a mulher do próximo" (9°) , isto é, não cometer adul téri o, ainda que apenas em desejo. O D ivino Espírito Santo, valendo-se ele São Paulo em sua Carta aos Efési os (V, 3-5), alerta-nos : "Nem se-

juges tenham de si, é a afinidade de princípi os, e o desejo de se ajudarem mutuamente no processo de santi ficação e a educarem santamente os filh s. Se o amor a Deus estiver presente nessa união, ela será fecunda e duradoura. Se ela se basear apenas na paixão passageira, nos desejos fugazes, ela não resistirá. A lém di sso, a própria natureza dispôs as coisas ele tal forma que, a menos que se trate de casos patológicos, o ato conjuga l - sobretudo coon estado pelo Sacramento cio Matrimônio - é reali zado sem dificuldade ou trauma. É claro que os noivos devem ser prudente e discretamente escl arecidos a respeito antes cio casamento, para não estarem na completa ignorância. M as informação adequada e cas ta, dada no respeito e na consideração da santid ade ci o matri mônio, está muito lon ge ele ser " experiência pré-matrimonial " . N ão se uti li za a pessoa humana para qualquer tipo ele experiência , seja sex ual, seja ele qualquer outra natureza. Sua intrínseca nobreza não permite isso. A lém do que, no ca so cm questão, v io lar-se- i a direta-

quer se nomeie entre vós a.fornicação ou qualquer impureza ... . nem palavras torpes .... Porque, sabei-o bem, nenhum .fornicador ou impúdico .... terá herança no reino de Cristo e de Deus". Sa nto Afonso Maria de Ligór i o, Doutor e grande morali sta da I grej a, diz que a fa lta que mais leva pessoas para o inferno é o pecado ele impureza. O mesmo dizia .Jacinta, a vidente de Fátima que está prestes a ser beatifi cada. Para o casamento dar certo, não é preciso ter "experiência sexual" . O que assegura um matrimôn io estável , além de um conhecimento satisfatório que os côn-

a

CATOLIC ISMO

São Paulo - Óleo de autor desconhecido, século XIX, igreja de São Francisco, Bogotá

(Colômbia) . O Apóstolo dos Gentios adverte: "Nem sequer se nomeie entre vós a fornicação ou qualquer impureza".

Outubro de 1999

mente os Mandamentos ele D eus. Péss i ma preparação para o casamento!

O Inferno existe? 2. Hoje em dia há muita dificuldade em aceitar o dogma da existência do inferno e da eternidade de suas penas. [sso porque se faz uma idéia errad a, uma idéia vesga de D eus. Se E le é a Suma Bondade, é também a Suma Ju tiça, e portanto deve tratar cada um perfeiti ssimamente segundo seus merecimentos. A o que observarem todos os seus Mandamentos e praticarem a virtude, arrependerem-se sinceramente de seus pecados e fa lecerem piedosamente, o prêmio é o Céu. Aos que recusarem a sua graça e levarem uma vida de pecado na violação dos seus Mandamentos, apegando-se tanto a ele que morrem na impiedade, o castigo é o inferno. É a pura e a perfe itíssjma ju sti ça. Deus usou ele sua infinita mi seri córdia para sal var a todos. Deu-nos Seu Filho U nigênito, deu-nos a Santíss ima Virgem Maria, deu-nos a I grej a, deu-nos os sete Sacramentos e dá-nos superabundantemente a graça ! Mas se muitos recusam essa mi seri córdi a e se endurecem no pecado, i sto é, no afastamento de Deus, o que fazer? Em suas pregações, Nosso Senhor, alertou -nos continuamente sobre o ri sco da condenação eterna, no fogo do inferno, onde o verme não morre (o eterno remorso). Basta abrir os Evangelhos, especialmente o de São M ateus. Além de tudo e acima de tudo, basta-nos a voz solene e so no ra da Santa I grej a qu e, dog maticamente, ensina que o [nferno ex iste e qu e el e e seus suplíc ios são ete rn os (Sy mbolo Athanas iano, Conciliam Lateran. [V). Para não comentar a doutrina sobre a natureza da "pena de dano" , ou seja, a eterna privação de Deus, é bom reafirm ar que a "pena dos senlidos", ou seja , os torm ento s apli ca d os aos demônios e aos réprobos por ag nt s externos - no caso o fogo, r ai, obj ' l ivo, corpóreo - , embora nã d linida dogmaticamente, é qualilica la 1·olo •i ·t1111cnte como "cerla, ·o n111111 e <'illríli('(1". D evem s amar a 1) ·11 s po r inteiro, em sua bondad • l' ·111 s1111j11 st i1,:a . E consiclcra rn os qut· 1111 0 1111 1wda mais imporlant · purn 1111s, do q11 t• sal varmos 11 0 SS ll uln111 . ♦

Destemido Cardeal chinês denuncia perseguição religiosa em sua pátria

m

E m 30 de julho último, festa de Santo ln ác io de Loyola, o Cardea l Gong Pinmei tinha vá ri os -..111,111111~._ motivos para celebrar em Ação de Graças em Stamfo rd (EUA): 20 anos de cardina lato, 50 de consag ração epi scopa l, 70 de ordenação sacerd otal e .. . 90 de vida! Mas, o que sobretudo o intrépido ancião desejava era agradecer a Nossa Senh ora de Sheshan "po r sua bênção e amorosa proteção à Igreja Calálica na

China que vem so.fr·endo 50 anos de perseguição religiosa", segundo a A g. F icles. Mon s. [gnácio Gong Pinmei foi nomeado Cardea l in pectore em 1979, por João Pau lo li . Em 19 de junho último, o Santo Padre envi ou- lhe, através do Arcebi spo ele Briclgeport, Mons. Edward Egan, mensagem de saudação e B ênção Apostólica. Em resposta às congratul ações de João Paul o H, o heróico Purpurado enviou ao Pontífice a seguinte carta:

"Sanlíssimo Padre "Laudelur Jesus Christus! "Leio com grande aleg ria e gralidão sua saudação, jun/arnente com sua bênção e prornessa de orações por ocasião de meu aniversário. Neste ano cumpre-se também o 50º aniversário da perseguição da Igreja Católica na China. O Clero e os fiéis agradecem o fato de

Nosso Senhor Jesus Cristo ter escolhido os úllim.os de seus.filhos corno leslemunhas da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. Com a proteção amorosa de Nossa Senhora de Sheshan, o número dos ccllólicos na China triplicou durante este m.eio século de perseguição. "É improvável que os Bispos e eu possamos ir à Cidade Eterna para vêlo. De qualquer .forma, seu rosto, seu ensinamento e suas palavras de estímulo .ficarão sempre vi vas nos corações de seus 9 milhões de.filhos na China. "De j oelhos ante Sua Santidade, suplico-lhe que abençoe a Co11ferência dos Bispos Católicos da China e todos seus filhos espirituais. Oremos para que exista 'um só Pastor e um só rebanho' e que possamos brevemenle dar a boa vinda

ao Sumo Pontífice em terras da China. "Vosso devoto servo em Cristo " lgná cio Ca rd. Gong, Bispo d e Shangai, Administrador Apostólico de Nanchino e Soochow" .

Quem é o Cardeal Gong Em 1985, após pas ar 30 anos encarcerado pelos comuni stas, mas aind a sob pri são domiciliar, foi permitido ao intrépido Purpurado encontrar-se com o Cardeal filipino Mon s. Jaime Sin , que viajara à China exclu sivamente para isso. Entretanto, os verd ugos comuni sta s permitiram que tal encontro ocorresse apenas durante uma refeição, e mes mo assim di ante ele membros da Associação Católica Patriótica (d irigida pelo governo) e ci o Partido Comun i sta, ao todo umas vinte pessoas. No final cio encontro, o Cardeal filipin o propôs que cada um dos co mensa i s entoasse al g um cântico, seguindo velha tradi ção loca l. Q uando chegou a vez ci o Cardea l Gong, ele entoou: "Tu es Petrus et super hanc

petram aedificabo Ecclesiam meam"

Apesar da perseguição do governo comunista, a recepçã o dos Sacramento, como o da penitência (na foto, numa igreja de Pequim), vem crescendo significativamente

(Tu és Pedro e sobre esta pedra ed i ficarei a minha Igreja) . A lguns cios presentes tentaram im pedi -lo, mas fo i impossív el. Trinta anos de cárcere não consegui ram quebrar a fé e a fidelidade do B i spo de Shangai à ♦ Santa M adre Igreja e ao Papado!

ln Memoriam

Monsenhor Romolo Carboni Sua Excelência Reverendíssima Monsenhor Romolo Carboni, Núncio Apostólico e Arcebispo titular de Sidón, faleceu no dia 2 de setembro último. Nascido na cidade italiana de Fano a 9 de maio de 1911 - onde veio a falecer - foi ordenado sacerdote em 31 de março de 1934. Entrou no serviço diplomático da Santa Sé em 15 de setembro de 1937, sendo nomeado Bispo a 28 de setembro de 1953. Em 2 de novembro de 1959 foi nomeado Núncio Apostólico no Peru , e no dia 26 de abril de 1969, Núncio Apostóli co junto ao governo italiano. O ilustre eclesiástico, quando residia em Lima, na qualidade de Núncio Apostólico no Peru , tomou conhecimento da renomada obra de Plínio Corrêa de Oliveira, Revolução e Con-

tra-Revolução, lançada em 1959, tendo dirigido a seu Autor elogiosa missiva, datada de 24-7-1961 , da qual destacamos os seguintes tópicos: "Distinto professor: ''.A leitura de seu livro Revolução e Contra-Revolução causou-me magnífica impressão, tanto pela justeza e acerto com que analisa o processo da Revolução e desenvolve as verdadeiras origens da quebra dos valores morais que desorientam as consciências no presente, como pelo vigor com .que assinala a tática e os métodos de luta para superá-la .... "Estou seguro de que seu douto livro tem prestado um singular serviço à causa católica e contribuirá para concentrar as forças do bem na rápida solução do grande problema contemporâneo."

CATO L I

e

ISMO

Outubro de t 999

g


,..1

r1 JU!pj~~~~• •~~.......i;-:1

China comunista no canal do Panamá

A

presença da China está cada di a maior na zona do canal. A companhia chinesa Hutchinson Whampoa Ltd. assinou um contrato ele longo prazo para operar os portos existentes nas pontas do canal, no Atlântico e no Pacífico. Segundo investi gações cio Con-

O

s europeus dos l5 países membros da União Européia - cujo Parlamento situa-se em Estrasburgo - perderam a confiança nela, revela relatório confidencial para a presidência da Comissão Européia. O documento informa que a insistênci a ela União Européia na uniformi zação de regulamentos e leis, buscando uma padronização, tornou-se simpli sta e inadeq uada. Em uma seção intitulada " O que não está.funcionando", o documento i nsiste: "A união é o produto de uma

Votação no Parlamento Europeu de Estrasburgo

era dominada pelo aspecto legalista e tecnocrata ... A União Européia foi fundada - e está sendo construída - por detrás de portas fechadas, sem transparência ... e os europeus estão cada vez menos di spostos a aceitar, como fato consumado, a perda de sua in dividualidade enq uanto nação . ♦

Falta de pai: criança neurótica

A

gress ivid ade, indi sc iplina, baixo rendim ento esco lar, apatia - características que levam as famílias a cons iderar as cri anças em processo ele neurose não são nada mais que a ausência ele um pai. Esta é a constatação de urn a pesquisa fe ita por Ver a Resende, professora do Departamento de Psicologia da Universidade do Estado de São Paulo, UNESP, de Bauru. Vera Resende, que coordena a clínica de psicologia, afirma que 80% elas crianças inscritas para

• • • • • • •

Crianças guerrilheiras na Colômbia

Europeus não confiam na UE

receber tratamento de psicoterapia têm somente problemas de relac ionamento familiar. De acordo com a professora, a ausência paterna provoca nel as distúrbios de comportamento. Afirma que isso é ainda pior nos meninos, que buscam referencial masculino no momento em que só convivem com a mãe e com a professora na escola. Não encontrando, eles começa m a manifestar problemas. Isto para não falar da "p rodução independente", que agrava mai s ainda esta situação. ♦

elo menos se is mi I jovens menores ele 18 anos, ele ambos os sexos, tomam parte atual mente nas atividades ele grupos guerrilheiros de esquerda na Colômbia, seg undo relatório cio UNICEF. O número co rrespo nde a cerca ele um quinto do total ele integrantes desses grupos, de acordo com o documento. Os menores atuam na produção e in stalação de minas terrestres. São utili zados também para matar civi s e vi giar pessoas seqüestradas. As Forças Armadas Revolucionárias da Co lômbi a (FARC), um do s g rup os guerrilheiros marxi sta s, admite poss uir integrantes ele 15 anos. O governo de Bogotá diz que há cri anças ain da mai s novas no grupo. A lgum as delas in gres sa m nesses grupos por se rem órfãs ou outras causas, ma a maioria é seqüe strada da famíl ia e "convidada " a entrar nas suas fileira s. ♦

• •

• • • • • •

gresso Americano, a referida firma tem ligações com os militares eo governo co muni sta ela Chin a. Para agravar a illtação, a base americana sed iada naquele país terá ele ser evacuada, pois o Tratado do Cana l cio Panamá, assinado em 1977, estabeleceu que todos os soldados americanos elevem estar fora da áre·a até o meio-d ia ele 3 J de dezembro próximo. Além disso, os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias ela Colômbia (FARC) freqüentemente entram no Panamá para recolher carregame ntos ele armas contrabandeadas ... E há ainda quem pen se que o perigo comuni sta foi afastado da América Latina! ♦

10

eATOLIeISMO

Outubro de '1999

O

Menino guerrilheiro na Colômbia. Segundo um relatório da UNICEF, atualmente um quinto do total dos guerrilh eiros desse pais é formado por jove ns menores de 18 anos

e do processo de desestatização da e ·onomia, o governo vem tendo uma arrecadação tributária elevadíssi111a, embora se saiba que, nesse período, houve a destruição do sistema de saúde pública, piora do educacional, falência do siste111a habitacional e o caos na segurança pública" , exp li ca a pesq ui sa do IBPT. O estudo também mostra que é "p reocupante " o aumento da carga tributária para esle ano. "Os indicadores econômicos indicam um pequeno crescimento, ou até mesm.o queda do PIB. Apesar disso, o contribuinfe brasileiro está sendo obrigado a recolher individualm.ente mais tributos". Esses dados entretanto parecem confirmar outra co isa: a idéia de que o processo ele soc ialização está se acelerando caoticamenle ♦ no sofrido Brasil.

Na Inglaterra, eutanásia oficiosa

N

o tocante à manutenção ela vida dos pacientes em fase terminal , a Associação Médica Britânica emitiu novas diretivas procedimentais a serem adotadas por seus associados. Os médicos poderão decidir pela suspensão do tratamento e da alim entação dos doentes que não julgarem pass íveis de cura e sem sérias esperan ças de sobrevida. Poderão, além disso, suspender a quimioterapia aos pacientes de câ ncer. A lém de recusa r os tratamentos que julgarem "desproporcionados", mesmo apenas sob o aspecto econôm ico. Em toda essa questão, a opini ão dos parentes não Lerá qualquer poder decisório.

Arcebispo colombiano excomunga guerrilheiros Os guerrilheiros colombianos do Exército de Libertação Nacional foram excomungados oficialmente pelo Arcebispo de Cali - a segunda cidade em importância no país - Mons. Isaías Duarte Cancino, no dia 30 de julho último, pelo fato de terem seqüestrado 150 fiéis que participavam da Missa dominical na igreja La Maria de Cali . Dos capturados, 36 ainda permanecem presos , segundo a Agência Zenit. -1

• • • •

No Brasil, carga tributária socialista aumento ela carga tributária no Brasil nos últimos 13 anos foi de 256%, enquanto o PIB cresceu apenas 167% . Este é o resultado do estudo reali zado pelo In stituto Brasi lei ro de Planejamento Tributário (IBPT) sobre o aumento cios tributos no País. Desde l 986 " verifica-se que, apesar do co111m le da iri/lação

Relíquias de Santa Teresinha percorrem Rússia Santa Teresinha do Menino Jesus continua sendo a grande missionária do. século XX. Suas relíquias acabam de percorrer, na Rússia, as duas Sibérias e o Kazakistão, num total de 30 mil quilômetros, com grande proveito espiritual dos povos que habitam aquelas longínquas regiões, outrora subjugadas pelo comunismo. Seu livro, Manuscritos Autobiográficos, distribuí do nas mesmas paragens, tornouse lá verdadeiro best-seller. -1

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

Doi s médicos responsáveis pelo movimento contra a eutanásia, Andrew Ferguson e Peggy Norris, temem que

a "associação dos médicos esteja confundindo a cessação de um tratarnen10 não eficaz com a prática de tirar a vida dos pacientes terminais", ou seja, estariam facilitando a eutanásia. Desse modo, como confessa o presidente ela AMB, Mich?el Wilks, os médi cos pró-eutanás ia terão as costas quentes para enfrentar as denúncias dos parentes de doentes mortos pela suspensão do tratamento. E is aí um sintoma alarmante de insensibilidade moral numa época em que o neopagan ismo se tornou predominante. ♦

• • •

• • • •

• • • • • • • •

Cresce fervor mariano na França Por ocasião da festa da Assunção de Nossa Senhora, houve um aumento extraordinário na freqüência dos fiéis aos santuários marianos da França. Somente nos 50 santuários mais importantes registrou-se uma assistência de mais de 200 mil pessoas. Em Lourdes, por exemplo, compareceram por volta de 35 mil peregrinos . Maria vincit, Maria regnat, Maria imperat! -1

• • • • • • • • •

• •

..• • •

• C AT O LI

e

IS MO

Outubro de 1999

1 1,


Le Brésil vu par une française - li CATHERINE GOYARD SECRETÁR IA DA ASSOCIA ÇÃO FRANCESA

Avt:Nm DE u 1 Cuaune*

, . A margem direita do Córrego do Lenhei ro que .J-\..: c ru za toda São João de i Rei, e c uj as po ntes Continuamos nossa visita a São João de] Rei, ciceroneados por uma senhora francesa que tão bem descreve o Brasil verdadeiramente brasileiro

dão à cidade seu c harme característico, e ncontra-se a peque na e be m conservada estação da estrada de fe rro e m estil o Belle Epoque. E la abriga atua lme nte um museu o nde estão ex postas as recordações desses te mpos a ntigos e m que as viagens ainda tinham propo rções humanas. Bom núme ro de re lóg ios, provenie ntes ele várias estações da Estrada de Ferro Oeste de Minas, continua m a balança r seus pê ndul o e m cadênc ia, sem se preocupa r se o tempo corre mais rápido hoj e que a nti ga mente. A lg un s de seus belos mode los poderiam perfeitame nte orname ntar uma típica ala de ja ntar fra ncesa do sécul o XIX.

Um museu que de repente retoma à vida Podemos ver fotografias de home ns de fe ições graves, bi goeles decididos, trajes impecáveis. Senadores ou Conselhe iros do Impé ri o? Não ! Func io nários ela Estrada de Ferro Oeste de Minas! Com e mpregados desse caráte r, nada ele brincade iras : ning ué m ousa viajar sem pagar, roubar o vizinho ou importun ar as senhoras. Viaj ava-se com toda segurança e o pe rc urso, por ma is longo que fosse , representava um praze r tranqüil o.

12

c

AT

o

L I

c IsMo

Outubro d e

t 999

Outras fotografias mostram ainda uma mul tidão de operá ri os e m torno de D. Pedro fl e da Famíl ia [mpe ri a l, e m visita aos traba lhos ele impl antação ele um trecho ela estrada ele ferro. Sérios mas di ste ndidos, "em famíl ia " e ntre a população, os sobe ranos deixam-se a mave lme nte fotografar nesse acontecimento tão importa nte . E ra toda uma região ele Minas Gerais que, graças a esse meio ele tra nsporte e ele comun icação "rápida", se ab ri a para o desenvolvimento . Um forte ruíd o, um apito estre pitoso e de re pe nte o mu seu to ma vida! Sobre os tri lhos, um minú sculo trem, mov ido por um a também minúscul a máquin a prepara-se para partir. É a Maria Fumaça, um a loco motiva a vapor, ele 19 12, pintada ele preto com deta lhes verme lhos e todos os metais brilha ndo. Mai s velha que nossos antigos co mbatentes ela Grande Guerra, como os me lhores lc ntr e les, e la contin ua fun c io na ndo. Viu passa r cm . e us vagões clamas e legantes cl lo ngas sa ias e grandes c hapéus com "voilette" (peq ue no véu) para proteger os o lhos, nho rcs cl casaca e ca rtol a com suas indi spe nsáveis benga las, c ri a nças be m comportadas , de lu vas bra ncas e alegres chape uzinhos, aco mpanh adas de boas babás de rosto sorride nte ... Toda essa gente se reuni a para a ave ntu ra da viagem com cord ialidade e di stinção, e a Maria Fumaça certame nte não deixaria de protel a r a partida com toda a cortes ia, para esperar a lg um passage iro atrasado. O sin o toca, a locomo ti va assob ia, resfo lega, tosse, e le ntame nte põe-se e m mov ime nto. Num turbi lhão de fumarada negra que sai pe la chaminé e de fum aça branca que csca1 a por entre as rodas, o uve-se o ruíd ritmado característico, e a viagem ini cia-se, cl va arinho, devagarinho, sem ne nhum a brutaliclad ' .

Um eco perdido da Revolução Francesa Pa ra o nclc va i ' la? Para Tirad ·nt ·s. Tiradentes, não! Y.3i para Sao .los tk· I Rl'y, ·omo be lame nte se ·ham uvu ·ssu ·idud ·z.inhu . O no me

de Tirade ntes é por demai s do lo roso aos o uvidos franceses : e le faz le mbrar que nosso país fo i devastado e m 1789 po r terrível revo lu ção qu e visava des truir suas in titui ções mil e na res baseadas na Do utrina Cató li ca, para instaurar o reg ime do Te rror. E o socia li s mo, f ruto dessa revo lução, procura ainda hoj e abater de finiti vamente o que resta da Civ ili zação C ri stã na França. Recorda- nos que as idé ias revo luc ioná ri as espalh a ram -se pe lo mundo inte iro, e nco ntrand o eco nessas lo ngínquas parage ns, na Co,~juração Min eira, que ado tou por divisa " Libertas quae sera tamen " (L ibe rdade, a inda qu e tardia), le ma tão próx imo da tri ste me nte céle bre trilog ia "Liberté-Egalité- Fratemité " (L i be rdade- [g uald ade-Frate rnid ade ).

Um eco do Brasil colonial E m direção oposta à s impática estação, junto ao Córrego do Le nhe iro, e ncontra-se o im po ne nte e ha rm o ni oso so lar de João da Silva M o urão, de três a nel ares, com um ri co trabalho e m pedra e mo ldurando as jane las. Já não é a de i icacleza festiva ela Bel/e Epoque, mas a so l idez ornamentada da co nstrução co lo ni a l. Em suas vastas sa las está in sta lado um inte ressante mu seu que ex põe peças característi cas da arte e do mo bili ário mine iro. O casarão, um dos ma io res ela c idade, domina a ltivo um la rgo o nde e abrem ele par em par as portas de uma típica po usada. Num a mbi e nte de casa de famí li a, rú stico e acolh edor, co m pesadas mesas de made ira e cadeiras de pa lh a, é oferec ido um perfumado, suc ul e nto e de li c ioso frango ao molho pardo, pre parado e m panela de pedra . A larg ueza mine ira é tal q ue uma porção serve fartamente três pessoas e priva até do gosto de experime ntar os famosos doces case iros 1

"Prima inter pares":

a Igreja de São Francisco Fa lta vis itar a maravilha de São João de i Re i. O panoram a é impe ri al' A grande praça é c irc und ada po r casas co lo ni ais de portas e j ane las co loridas, e pe lo so le ne casarão do Co nde de São João de i Rei, o nde se hospedou D . Pedro II qu a ndo de sua vi s ita à c id ade . Um jardim faz parte desse conjunto. Ne le o Soberano planto u do is re nques de palmeiras impe ri ais, que sobem suave me nte até um a bela escadaria cercada de balau strad as. No alto , majestosa, des lumbrante, e rg ue-se a ig rej a de São Franc isco. Basta o lh ar sua forma le ve me nte oval, suas pro po rções e legantes, ass im como o pórtico de

pedra sa bão linda me nte trabalh ado, para reco nh ecer ne la o gêni o do Aleijadinho. De fato , foi proje tada pe lo g ra nde a rti sta mine iro e exec utada por seus di sc ípulos. O inte ri o r da ig reja não decepcio na. Be m ao contrári o. Sua nave le mbra o casco de um navi o vi sto por de ntro . S uas paredes brancas acolhe m a ltares de madeira enta lhada, e m c uj os ni c hos imagens ex traord inc'írias pe la exp ressão e pelo 111ai11tien (m'odo de po rta r o pescoço e o bu sto) convid a m co m amável in sistê nc ia ao reco lhime nto e à oração, que, segundo a defini ção da Santa Ig rej a, é a e levação da a lma a De us. T udo nessa ig rej a é nob re: seu aspecto, os mate ri ais e mpregados, a ma neira com o fora m trabalh ados. O altar- mo r ba rroco é ele grande categori a: as esc ultu ras, as pinturas, o trabalho e m o uro harm o ni zam-se com leveza, charrne e e legânc ia . Sab iamente a Santa Igrej a o ri e nta todo esse es pl e ndo r requintado, ad miráve l e suntu oso para ho nrar a fi g ura dolorosa de Nosso Senho r C ruc ifi cado. Com efe ito, na pa rte central, está co locado um g rande c rucifi xo que me receria ser visto mais de perto. Segundo pi edosa trad ição, ele fo i esculpido por um desconhecido que pedira para fica r trancado e m um q ua rto com as ferramentas e a macie ira necessári a para a escultura. Todos os dias passava m- lhe co mida po r uma portinh o la e o prato voltava vaz io, até um di a em que o a lime nto não fo i mais tocado. A rrombo u-se e ntão a po rta ; o homem havia desaparecido, deixando um a imagem extraord ina riame nte pungente de Nosso Senhor C ru cificado. O lhos a rregalados, lábios entreabertos , a cabeça proj etada para a frente, a escultu ra é a ilu stração perfeita ele um trecho das Lamentações do Profeta: " O vós todos que

passais pelo caminho, parai, e vede se há do r semelhante à ,ninha dor" (Jeremias 1, 12). Fora, a no ite cai. A igrej a ilumina-se, destacand o-se de· ma neira impressio na nte sobre o negro do céu sem nu ve ns . A praça permite av istá- la a um a distância perfeita e a e levação torna-a aind a mais alta. Comovida por ta nta be leza, minha alma de fra ncesa eleva-se e m um ato de adoração a Deu , suscitado por aspectos de um Brasi l pou co co nh ec id o em nossa

"douce France ".

A igreja de São Francisco, com sua forma levemente oval, com seu lindo pórtico de pedra sabão projetado pelo Aleijadinho, é a maravilha de São João dei Rei

* A A ssoc iação " Ave ni r ele la Culture" é um a enticl acle qu e mantém estreitos laços co m a TFP fran cesa. ** O títul o e os intertítu los do arti go são ela redação

C AT O L IC IS MO

Outubro de t 999

13


NACIONAL

ReaÇão conservadora traz esperanças para o Brasil As esquerdas que procuram imprimir seu rumo à Nação - agindo ora com prudência, ora com radicalismos - ficaram surpresas com o despontar de uma opinião pública conservadora e ordeira que lhes atrapalha os planos. Para onde caminhamos? PLJ N IO V 10 1GAL XAVIER DA S ILVE IRA

reeleição do Presidente Fernando Henrique, ao cabo de um primeiro período presidencial aparentemente bem-sucedido com o contro le da infl ação, parec ia abrir para o País uma perspectiva otimi sta, que durou pouco . . Na realidade, para o segundo mandato e le obteve somente o apo io de 33,87% do e leitorado, enquanto o des interesse caracterizado pe los votos brancos e nu los e pelas abstenções, atingiu a 36, 16% (cfr. Catolicismo nº 576 dezembro/98). Era a primeira manifestação do desco ntentame nto de uma maiori a sil enc iosa. Plíni o Corrêa de O li veira di zia que o "otimista prepara, na véspera, a desilusão e o desespero do dia seguirue". Foi o que acontece u. O otimi smo se esva iu tão rápid o e in ex pli cave lm e nte quanto surgiu . O descontentamento cresceu, de sil enc ioso passou a rumorejar, sa iu à rua, tomou conta das praças e bl oqueou as rodov ias . Quem parar e pres-

ª

tar atenção ouvirá os pas os dessa insatisfação. A crise econômica, o desemprego em massa, o desacerto das medidas tomadas pelo governo, o aumento de impostos e dos preços que benefi c iam os cofres públicos, a cri se in stitucio nal caracteri zada por contínuas mudanças de mi ni stros, tudo contribui para aumentar o clima de caos. Estare mos fadados a seguir do lorosos exempl os do Cari be, ou o utros mais recentes ele países sul -a me ri canos que rumam a pa os acelerados para a clesartic u lação tota l, co mo é o caso el a Venezue la e ela o lômbia?

A surpreendente vitória dos caminhoneiros O primeiro grande movimento de protesto surgiu, inesperadamente, com a parali sação dos caminhoneiros, ameaçando gravemente o abastecimento da cidades.

Uma classe poderosa, con ervadora, constituída em geral por proprietários cios veículos; se até então parecia não organizada, ela se insurgiu como um só homem contra as elevações bruscas dos preços ele combustíveis e de pedágios, que comprometiam ele modo grave sua estabilidade econômica. Surpreso com a subitaneidade do mov imento, o governo recuou, suspendendo o aumento de preços e procurando dar garantias de que a classe não fi cari a com sua situação econômica desestabili zada. Um movimento bem articulado, sintoma ex pressivo da insatisfação popular, levou o governo a ceder, mostrando a própria fraqueza.

Aliança com a esquerda e derrota dos ruralistas Animados, talvez, com o sucesso ela paralisação das r clovias, as li deranças ru ra is dec idira m repetir a faça nha, promovendo um "ca minhonaço" sobre Brasília para protcstarcontraa desesperadora situ ação a que a agricul tura fo i conduzida no País, qu e r pe la d e te ri oração econômi co-fin anceira, quer pe lo crescimento das invasões de pro priedades por "se m-terra", vistas compl acente mente por ex press ivo número de autoridades. Após IO dias de infrutíferas mani fes tações em B ras íli a, iludidos pe la in-

genuiclade de reivindicar um abatimento de 40% ele suas dívidas junto aos bancos ofi ciais, os rurali stas vi ra m-se surpreendidos por dois fa tos inesperados: a ali ança de seus líderes com as esquerdas e o abando no das reivindicações e m defesa do dire ito de propriedade, preço ex ig ido por Geno íno e seus co legas para darem apo io po líti co ao movimento. Essa inabilidade das lideranças provocou enorme fru stração na cl asse, não conformada com a po lítica ele "ceder para não perder". Tal política j á as levara a apoiai· a catastrófi ca aprovação elas leis de Reforma Agrári a que vão destru indo o princípio da propri edade no País, um a das princ ipai s causas da grave crise que se abate sobre a ag ropecuária.

A Marcha dos 100 mil: fracasso das esquerdas Numa tentati va de dar à in sati sfação popul ai· um caráter radicalmente esquerdi sta, foi organi zada uma pretensa Marcha dos 100 mil a Bras íli a. Um verdadeiro caos no noti ciári o ela imprensa, que fa zia oscilar o número ele parti c ipantes entre 30 mil e 130 mil pessoas, torn a difícil ava li ar o verdade iro tamanho cio mov imento. O úni co dado mais concreto é que os ônibus que transportaram os mani festa ntes a Bras íli a, previ stos em 2500 pe los organi zadores da marcha, pouco ul trapassara m os mil , segundo dados da Po lícia Militai· do Di strito Federal. Tud o tra nscorre u pacificame nte, sem ma iores inc identes. As notícias da imprensa de ixara m séria dú vida a respeito do cai·áter esquerdi sta dos manifestantes. Havia pessoas indignadas com o governo, grande número de jovens punks e congêneres que aproveitai·ain a ocasião pai·a conhecer Brasília, a maioria deles em ônibu s alugados pe la CUT ou por sindicatos ele trabalhadores. Numerosos came lôs ofereciain alimentos, lembranças de Brasíli a e farta literatura comuni sta. Estava posta a nu a pouca seriedade cio movimento.

Julgamento de Eldorado de Carajás: absolvição dos oficiais Mais uma vez, políticos rur,1/isf,1s t•n,1111 ,10 ,1/i,11 ,,. ,h 1•sq11crdas, ignorando o caráter ideológico <los wo1/ulo11•, 1111,,i,

14

CAT O L IC IS M O

Outubro d e' 1999

Ao mes mo te mpo, começou o ru mo roso julgamento do chamado massacre de Eldorado de Carc!jás. Um show

Esplanada dos ministérios, é tomada por camelôs, durante a Marcha dos cem mil, em frente à Ca tedra l de Brasília

el a im prensa esqu e rdi sta pren unc iava um a ri gorosa condenação dos 150 mili tares ela Po lícia do Pará, ac usados como res po ns~í veis pela tragédi a. A defesa, ag indo com muita habilidade, surpreende u os jurados e a opini ão públi ca co m a ex ibição de um filme ele aute nti cidade indi scutíve l, demo nstra ndo que hav ia armas entre os sem-terra, que de les partiu o prime iro tiro e que os po liciais agiram em legítima defesa. Com essa documentação, apesar dos protestos das tubas da esquerda e de a lgum as autoridades (vide qu ad ro), a opi ni ão conservado ra recebeu co m simpatia a dec isão cio Júri popul ar pe la abso lvição dos ofic ia is que co mand aram a o peração . O Prom oto r ele ac usação,

FHC lamenta absolvição de oficiais no Pará "Eu não quero prejulgar, ,nas a sensação de impunidade é o que impede a consolidação da denwcracia ". O Presidente fri sou que sua opinião era a de um cidadão comum porque, como Pres idente da República, não se intrometia nas decisões da Justiça. "Se há algo que revoltou o País e a mim fo i o massacre de Eldorado. Isso é inaceitável" ("O Estado ele S. Paul o" 20-8-99).

*

*

*

José Gregori, Sec retário dos Direitos Humanos: "Temos a lamentar que o corpo de jurados não tenha compreendido a profu ndidad e da tragédi a de Ca rajás" ("O Estado ele S. Paulo", 20-8-99).

inconfo rmado, conseguiu suspender o julgamento. Torna-se impossíve l imag inar no momento que rumo tomarão os aco ntecimentos.

* * * Uma sensação ele pe rplex idade paira sobre o País: a preocupação co m a in segura nça dos po li c iais milita res na execução ele sua árdua mi ssão; a impunidade cio MST; a o mi ssão dos governos estad uais no cumprimento de centenas de mandados de re integração ele posse; a criminalidade crescente no te rritóri o nacio nal. Os caminho ne iros constituem um a c lasse média de propri etári os, que na labuta di ári a e penosa adquiriu um a fis io no mi a fo rte me nte conservadora. Não parecem esta r influ enc iados pe la esquerda. Obrigara m o governo ao recuo. Ganharam ! Os ru rali stas, classe também poderosa e conservadora, deixaram-se levar por uma ori entação errônea e m busca de reivin dicações impopul ares, e tentaram se unir às esquerdas. Perde ra m! Os mili tares, o utra c lasse conservadora, fo rmada por homens que arri scam suas vicias em defesa da orde m e do bem comu m, apesar da pressão arrasadora de certa imprensa de esq uerda em sentido contrário. Estão ganhando! As esquerdas radicais, iludindo-se na avali ação das reações de opini ão públi ca, tentara m uma de monstração de fo rça co m a chamada Marcha dos 100 mil. Perderam ! Q uem ga nhará? Se os conservadores se mantiverem a lertas, sabendo defe nder suas pos ições, serão os vencedores . Se se deixa rem levar pela pressão das patrulhas-ideológ icas que constitue m grande parte el a mídi a, se rão os perdedo res. Quem viver, verá .. . ♦

C AT O L I

e

IS MO

Outubro de 1999

15


. . . . . . .. . . . . . . . . . . ,

Para a boa formação, aliar firmeza com bondade

li.

São Marce lino Cha mpag nat e nsina q ue, para a for mação ela vo ntade das crianças, é prec iso im por di sciplin a, mas sem exigências desnecessári as; advertir, mas com doçura; castiga r, mas sem aterrorizar. A seg uir, alguns de seus conselh os nesse sentido :

E preciso saber dar e negar Falso conceito de liberdade leva à escravidão aos vícios. Liberdade: direito de se fazer tudo que a lei de Deus permite. atéri a publi cada em SOS-Família, edi ção de agosto), ressaltava como certa pedagogia d ita moderna se equi vocou ao querer inculcar nos pais de famili a uma atitude excessivamente indul gente: nunca proibir, j amais d izer não aos impul sos dos fil hos. Ou sej a, a apli cação apenas da primeira parte do axioma em epígrafe, É preciso saber dar. .. , - dar aos fi lhos tudo qua nto exijam, ceder sempre, conceder-lhes uma li berdade se m fro nte iras. E m contraposição, apresentamos então o que ensina a pedagogia trad icional, norteada nos princípios da Santa Igreja: é preciso saber dar , mas também, quando necessário, saber negar, proibindo aos fil hos aquilo que os levari am a adqu irir maus hábitos. * * * Em continui dade, mostraremos agora que ta l pedagogia li beral é cao lha ao ver apenas um lado da questão. Pois, baseando-se num falso conce ito de li berdade, ensina que as crianças, para serem fe li zes, deve m viver inteiramente livres, fazendo o que "der na veneta" e que não se deve coibir-lhes em nada suas espo ntane idades. Isso devido a uma falsa inte lecção de Iiberclacle. Per mi ti nclo faze r tudo o que pede a imag inação, as más tendências levam o home m a ceder a seus próprios caprichos e às más paixões, e logo ao pecado. Daí a expressão "escravo do

pecado".

Liberdade e "liberdade" Inic iamos a exposição cio tema por uma explicitação feita pe lo P rof. P lí nio Corrêa ele O li veira a respe ito cio exato sentido ele liberdade: 16

e ATOLIeISMO

"A doutrina ca tólica sobre a liberdade humana ensina que esta consiste, não no direito ou na f aculdade de f azer tudo quanto aprouver aos sentidos e à imaginação, mas em seguir os ditames da razão, por sua vez ilustrada e amparada pelafé. O que constitui precisamente o contrário da doutrina de Freud e da rnaior parte das escolas psicológicas e psiquiátricas que surgiram depois dele. "Ora, nestas condições, a sujeição a uma disciplina voltada a impedir que o homem se ponha em ocasiões de ser arrastado pelo bramido irracional e turbulento dos instintos, constitui, não um vínculo ou uma algema para a liberdade, mas uma preciosa proteção para ela. "Assim, proibir a um j o vem que _fr-eqüente ambientes onde se fum e maconha não é lirnilar a liberdade dele, mas garantir essa liberdade contra a tiremia do vício, para o qual uma tentação sutil ou torrencial pode atraí-lo de um morn.en.to para outro" 1•

Liberdade? Sim, para o bem; não, para o mal N a co nh ec ida E ncíc li ca ele Leão XIII, Libertas Praestantissimum, ele 20 · ele junho ele 1888, (ver quadro ao lado) o Pontífi ce denun cia como di storção e abu so ela libe rd ade pe rmi tir-se faze r tudo o q ue passa pe la cabeça, inclusive o ma l; li berdade não co nsiste na es po ntane idade in sti ntiva, mas em seguir a reta con sci ê ncia, po is, a verdadeira noção de li berdade está na práti ca el a virtude e não na fac uldade ele pecar, que seria escra vidão.

Outubro de 't 999

Ensinar à criança submissão aos pais, não significa tolher sua liberdade, mas sim, proteger sua inocência

Ass im , uma criança obedecendo aos pais, não é tolhida em sua liberclacle, mas dá provas ele ser livre aceitando ser por eles orientada naq uil o que é bom e evita ndo o mal. O santo pedagogo Pe. Champagnat so ube, na ed ucação cios meninos nos colégios maristas por ele fundados, harmon izar extraordinariamente o saber dar e o saber negar: Segundo ele, para conciliar disciplina e liberdade é necessário gravar os princípios rel ig iosos na alma ela criança e formar- lhe a vontade, mas desde os primeiros anos. Se já crescidas , seria como querer end ire itar um grande arbusto - ao dobrá- lo, e le se q uebra . Ao passo que, sendo e le pequen ino, facil mente é endireitado. Quando ainda criança, os bon s princípios imprimem-se com faci lidade no espíri to e no coração ela criança, ela adq uire o gosto na prática da virtude, convenc ida de que sl a é o hem que a torna verdade iramente fcli:t,, mesmo neste mundo, e que o pecado é o pior dos males.

"Realizar lrabalho de educação é formar a vontade da criança, ensinemdo -a a obedece,: A grande chaga deste nosso século é a independência. Cada um quer fa zer a sua vontade e se crê mais capaz de mandar do que obedecer. "A criança recusa submissão aos pais; os subordinados revol!am.-se contra seus chefes; a maior parte dos cristc7os desprezam.as leis de Deus e da Igreja. Numa palavra, por toda parte reina a insubordinação. Portanto, presta-se bom serviço à Religião, à Igreja, à sociedade, à famíl ia e, sobretudo, à própria criança, orientando-lhe a vontade, ensinando-a a obedece,: Ora, pa rafonnar a criança à obediência, é preciso: 1 ° - Jama is mandar o que nüo seja j usto e razoável. Nada exigir dela

que repugne à razão ou revele injustiça, tirania ou capricho: ordens deste tipo só perturbam o espírito da criança, inspiram-lhe profundo desprezo; 2 ° - Evitar mandar ou proibir muitas coisas de uma só vez. A multiplicidade de ordens ou proibições gera a confusão, leva ao desânimo e fa z a criança esquecer ou desprezar boa parte das ordens ou proibições. Aliás, qualquer pressão desnecessária tem como resultado f azer desanimar ou semear o mau espírito; 3° - Jamais ordenar coisas muito dificeis ou impossíveis, porque exigências exorbitantes irritam as crianças, tornando-as teim.osas ou rebeldes em vez de torná-las dóceis; 4° - Exigir a execução total do que se ordenou dentro do j usto e razoável; pois dar ordens ou impor deveres, castigos e não exigir o cumprimento é f avorecer a desobediência às ordens e proibições que se deu; 5 ° - Estabelecer boa disciplina e exigir que se cump ra o regulamento. Essa disciplina é de molde a f ortalecer a vontade da criança e dar-lhe energia, habituá-la à obediência e a um.a certa

violência que é preciso impor-se para lutar contra as paixões e praticar a virtude. Essa disciplina exercita a vontade por meio das renúnciasfi'eqüentes que ela ensej a; obriga a criança a refrear sua dissipação, ficar em silêncio, conse rvar-se no reco lhimento, ti restar atenção às lições do professo ,; manter a com.postura, reprimir suas impaciências, chegar em tempo, estudar as lições, cumprir as tarefas, mostrar-se respeitosa com os prof essores, leal e obsequiosa com os colegas e e;justar seu caráter a uma porçüo de coisas que a contrariam.. Pois esta série de atos de obediência e um.a seqüência de pequenas vitórias sobre si mesma e seus def eitos constituem o meio privilegiado de lhe f ormar a vontade, tom á- la f orte e dócil a um tempo e dar-lhe a constância no bem " 2. ♦ Notas: 1. Plíni o Corrêa de O li ve ira , Guerreiros da Virgem, Ed ito ra Ve ra C ruz Ltd a., São Pa ul o, 1985, pp. 122 a 124 2. Ensinamentos do Bem.-Aventurado Champagnat (Excertos de "Avis, leçons, se ntences et instru c ti ons"), po r Ir. João Ba tis ta Fure t, FMS. Ecl. Educa , C uritiba, 1987, pp. 228-229.

Leão XIII: Adesão a um bem falso = defeito da liberdade "A liberdade, portanto, é, como temos dito, herança daque les que receberam. a razão ou a inteligência em. partilha; e esta liberdade, examinando-se a sua natureza, outra coisa não é senão a f aculdade de escolher entre os meios que condu zem a um fim determinado. É neste sentido que aquele que tem a facu ldade de escolher uma coisa enlre algumas outras, é senhor de seus atos . .... "Assim como o poder enganar-se, e enganar-se realmente, é uma fa lta que acusa a ausência da pe,feição integral na inteligência, assim também. aderir a um bem fa lso e enganador, ainda que seja um indício do livre arbítrio, constitui contudo um defeito da liberdade, com.o a doença o é da vida. Igualmente a vontade, só pelo fato de que depende da ra zão, desde que desej a um

objeto que se afaste da reta razão, cai num vício radical que não é senão a corrupção e o abuso da liberdade. Eis por que Deus, a pe,feição infinita, que, sendo soberanamente inteligente e a bondade por essência, é tam.bém. soberanamente livre, não pode de nenhuma f orma querer o mal moral. E o mesmo sucede com os bem-aventurados do Céu, graças à intuição que têm do soberano bem. .. .. " O Douto r Angéli co oc up ou-s e fr eqü ente e longamente desta questão; e da sua doutrina resulta que a f aculdade de pecar não é uma liberdade, mas um.a escra vidão " (Leão XIII, Encíclica Libertas Praestantissimum., Documentos Pontifícios, Nº 9, Vozes, Petrópo li s, 196 1, 4". ed. , pp. 6 a 8).

CATOL I C I S MO

Ou tubro d e 1999

17


VIDAS DE SANTOS

.

~{J D

JJ 3 i JJ iJ iJ3 J-\ j i_jiJJJ-1~J]~J Padroeiro do Brasil Di z um seu bi ógrafo que "o menino tinha f eições ag radáveis, era vigo roso, de porte esbelto e bem servido de dons naturais. Retinha de cor um texlo depois da primeira leitura, o que lhe permitia citar sem enganos o verso mais curto que f osse, da Bíblia" 1• Pe dro es tud o u fil osofi a na Univ e rs id ad e d e Salamanca. Apesar de estar na prime ira ado lescênc ia, levava j á vida de asceta. Ded icava a maior parte de seu te mpo li vre à oração, visita aos doentes e encarcerados, socorrendo os pobres co m suas esmo las. Aos 15 anos, j á era um a espécie de diretor espiritual de um grupo de condi scípulos. O ano de 15 15, que ass istiu a primeira revolta de Lute ro contra a Igrej a e o nascimento de Santa Teresa, viu també m a entrada de Pedro, aos 16 anos, num convento fran c iscano observante. Para isso, saiu escondido da famíli a. A no ite estava escura. No caminho encontro u largo ri o. E ncomendou-se a Deus, e um súbi to vento, envolvendo-o, tra nsportou-o para a outra margem. Esse fo i o primeiro gra nde mil ag re dos inúmeros de que fo i obj eto esse filh o de São Franc isco.

Mortificação na fonte da santidade

"Conheci um religioso chamado Frei Pedro de Alcântara - que julgo um santo, já que sua vida e seus atos não deixam disso dúvida - , que passava muitas vezes por louco extravagante junto dos que o ouviam falar"; dizia desse santo, modelo de penitência e grande reformador, a incomparável Santa Teresa de Jesus PUNI

M AR IA SOLIMEO

edro Gavarito nasceu em Alcântara, na Espanha, em 1499, ano da publi cação da B ul a sobre as inul gênc ias, que seri a usada por L utero co mo pretexto para sua rebe li ão contra Roma. De fa míli a nobre, seu pa i era leg ista e prefe ito da cidade.

Pedro estava determinado a tornar-se sa nto pela mais estrita observância das regras, sil êncio he ró ico, e tota l desapego desde o prime iro in stante de sua vida re li g iosa. Seu superi or ajudou-o, prova ndo-o de todo os modo . Por exemplo ordenando-lhe, mesmo estando e le em êxta e, d urante a oração, a executa r as mais desagradáveis ta refas. Ma o pior era enfrentar o de môni o do sono. Era só chega r o mo me nto da oração em comum , que um a fadi ga invencível o asso mava. Como Frei Pedro confessa rá mais tarde a Santa Teresa, empreendeu ele uma heró ica e te naz lu ta contra o sono. E venceu-a graças às drásticas medidas que tomou: além da mortifi cação e jej uns contínuos, não concedi a ao repouso mai s que hora e meia; e ass im mes mo, de joelhos, com o que ixo apo iado em uma tá bu a; ou sentado, encostado na parede. O demô nio não se deu por vencido, e o perseguiu ele outros modos. Já que não consegui a domin á-lo pe lo sono, persegui a-o com ruídos e estrondos no pouco tempo dedi cado ao descanso. Algum as vez s chegava a derrubar o frade no chão, qua e uíoca n lo-o. · m outras

ocasiões ati rava-lhe pedras, que seus cond isc ípul os encontravam e m sua cel a no d ia seguinte.

Pregador fecundo e alta vida mística Aos 25 anos, apesar de sua re iutância, Fre i Pedro fo i ordenado sacerdote. Com ele, mui tas vezes a o bedi ência tinha que vencer a humildade. Di z seu bi ógrafo que "a missa de Frei Pedro de Alcântara valia por wna missão. Podia-se apalpar a sublime fa miliaridade que o unia a Cristo". Recebeu ordens de pregar, e "todos se admiravam da profundidade de sua doulrina, do calor de sua palavra", de sua "eloqüência máscula e robusta, toda embebida de Sag rada Escritura unindo estranhamente as graças das Bem-aventuranças com as chicotadas de João Batista". O " pior" para Fre i Pedro era que Deus se compraz ia e m mostrar publicamente as graças qu e lhe concedia . Às vezes era arrebatado e m êx tase, em ple na rua, quando estava esmo lando para o convento. O u na igrej a, em frente a todos seus confrades e fi éis. Isso, para ele, era o maio r tormento. Como São José de C upertino, "às vezes uma só palavra o arrebatava de tal modo, que começava a lançar gritos ininteligíveis, saía fora de si, e ficava suspenso no ar" 2 .

Penitência na raiz da glória celeste As terríveis penitências, d isc iplin as, j ejuns e demais mortificações de Frei Pedro, tra nsformaram-no quase que num esq ue leto. Sa nta Teresa o descreve como feito de raízes de árvore. Ela mesma tes temunho u o q uanto essa penitênc ia fora ag radável a Deus, vend o-o, logo após a morte, subir ao céu e m me io a um brilho ful gurante, di zendo- lhe: "Oh! bendita penilência, que me valeu. /amanho peso de glória !" Se Fre i Ped ro era peni te nte, não era por isso um santo tristonho; pe lo contrário, detestava a tri steza: "alegrava-se nos bosques, nos cimos dos montes, à beira dos regatos límpidos. Os passarinhos, em seus aleg res rodopios, vinham pousar-lhe sobre os ombros". E Santa Teresa te. temunha: "Com toda a santidade, ele era muilo af ável, embora.falasse pouco quando não interrogado; ,nas, nas poucas palavras que pronunciava era muito agradável, porque tinha boa visão das coisas".

A nobreza, submissa ao grande Santo Frei Pedro fu g ia da fa ma, e a fa ma o perseguia. Seu renome chegou a Portuga l, e D. João III o pediu como confesso r. A obedi ênc ia obrigou-o a ace ita r. Transformou a Corte lusa e m modelo de virtude. Ademais, fo i

incontável o número de fid algos de ambos os sexos qu e tudo abandonaram para vi ver na mais ex trema pobreza. "A seu conselho, a rainha Catarina.fez de seu. palácio urna escola de virtude e de devoção. O !,~fànte D. Luís, irmão do rei, mandou construir o convento de Salvaterra em seu f avo ,; e nele se retirou para viver como o mais pobre dos religiosos, depois de ter vendido seus móveis e sua equipagem, pago suas dívidas e f eito voto solene de pobreza e castidade". E o santo teve que intervir para fo rçar o príncipe a moderar suas morti ficações. "A ü1fanta Maria, sua irmã,fez também voto de castidade e empregou todos seus bens no serviço de Nosso Senhor" 3, const:ru indo, por exemplo, o Hospital da Mi sericórdi a e um convento de C lari ssas. Além di sso, fora m inúmeros os nobres, tanto em Portugal quanto na Es panha, que entrara m para a Ordem Terceira da Penitência, por sua influência: "A es/amenha [tecido do hábito re li g ioso] que ele usava era demais cifàmada para que os grandes nomes de Espanha não disputassem a honra de um pedaço sob o arminho, sob a seda ou sob a púrpura" . ~

Padroeiro do Brasil "Desde que Sua Majestade Real e Imperial recebeu , sob o nome de Pedro 1 .... a missão de governar e dirigir este povo .. .. esteve convenci do .. .. e se persuadiu de que não poderia reger e admini strar os negócios desta Nação, sem que antes se interessasse em ter um Padroeiro celest ial que, por sua intercessão junto de Deus , lhe assegurasse os meios de bem agir, de bem dirigir e de bem administrar. "Não foi necessário long a reflexão. Já pela devoção especial que ele tinha por São Pedro de Alcântara .... já por trazer, como imperador, o próprio nome do santo, ele decidiu escolhê-lo como padroeiro principal de todo o império .... [e) suplica a S.S. o Papa Leão XII que se digne com sua benevolência apostólica , confirmar a escolha" . Isso foi feito a 31 de maio de 1826. É lastimável que essa festa, antes tão solenemente comemorada no Império, tenha caído no olvido com o advento da República, de modo tal que poucos são hoje em dia os brasileiros cientes de que São Pedro de Alcântara é o pa- droeiro de nossa nação. (Cfr . Past oral Co let iva dos Arceb ispos e Bispos das Prov íncias ecles iást icas de São Se bastião do Ri o de Janeiro, M ari ana, São Paul o, Cu iabá e Porto Al eg re. Ri o de J ane iro, 1911 . Apêndice XXX, pp . 6 19, 62 0 . ln Frei Estefâ ni o Piat, c uj a citação bibli og ráfi ca d a ob ra enco nt ra-se na nota 1 da p. 20).

ffi

ffi 18

CATOL I CISMO

Outubrode •1999

C ATO LIC IS MO

Outubro de 1999

19


CAPA

O Imperador Carl os V e sua fi lha, a princesa Joana, qui sera m-no como confessor; mas Frei Pedro soube recusar essa onerosa honra sem fer i-los .

Exímio Reformador de Ordens religiosas No ano de 1538, o Capítulo dos Observantes desca lços - que segui am a regra primitiva - elegeu Frei Pedro de Alcântara co mo Prov incial. Aproveitou ele para a refo rm a desse ramo franciscano, acrescentando maior severid ade às regras e novos exercíci os, dando maior faci lidade àqueles que desejavam entregar-se ao reco lhimento e à contemp lação. Daí o nome que receberam de Franciscanos Reco letas. E m breve sua reforma se dif undiria pela Europa, estendendo-se aos confin s da Í ndi a e do Japão. Traba lh o u tamb ém para qu e se fundas se m na Es panha conventos de Cl arissas, reform ados por Santa Coleta, e fo i um dos maiores apoios à reform a de Santa Teresa de Jesus.

me o Senhor uma vez, que não Lhe pediriam coisas em seu nome que Ele não atendesse. Muita s, que eu lhe tenho encomendado que peça [por mim] ao Senhor; as vi atendidas" 4 •

Bendita penitência que me valeu tão grande glória!

Sóror Teresa de Jesus estava na maior deso lação. ç'.x perim entando os mai s elevados fenô menos da vida mística, não era compreendida por seus diretores, irm ãs de hábito, nem pelo povo em gera l, porque na Espanha do século XVI matéria reli giosa era fe li zmente do interesse geral. A lertad a por todo mundo, tinha rece io de estar sendo vítima de ilu sões e j oguete do demôni o. Entrementes, Frei Pedro de A lcântara teve que ir a Áv ila. Nas primeiras palavras trocadas com a carmelita, não só confirmou a origem divina de suas apari ções como a incentivou a soltar velas à ação do Divino Espírito Santo. Q uando a San ta enfrentou a mai s terrível opos ição ao seu proj eto de reform a, ele fo i seu grande ali ado, aplainando o ob. tácu los e levando-a à vi tóri a. E ntre os doi s santos cstabe l ccu-se uma ami zade divin a, que não termin ou com a morte de Frei Pedro, profeti zada por ela um ano antes.

Fazia tempo que F rei Pedro de A lcântara vivia praticamente de milagre, consumido pe las penitências,jejun s e trabalhos. Devorado por uma febre e contrariando seus hfüitos, aceitou um as no para ir até Áv il a em socorro de M adre Teresa, que encontrara novas difi culdades para a fundação cio se u primeiro n~osteiro refo rmad o. Com um companheiro, pararam perto de uma estalagem. Com todos os incômodos da febre, o santo se estirou no chão, co locando o manto dobrado sobre uma pedra para lhe serv ir de trave sse iro. Ni sso surg iu a estalajade ira, injuriando-os aos gr itos porque o asno entrara na sua horta, devorando algumas couves. Vendo que o frade se mostrava in sensível às injúrias, a irada mulher puxou- lhe o manto co locado debaixo da cabeça. Esta bateu vio lentamente na pedra, causa ndo profundo ferim ento. M al momento esco lhera a mu lher, pois nesse instante chegou um fidalgo para encontrar-se co m Frei Pedro, a quem tinha em conta de verd adeiro sa nto. Vendo-o co m a cabeça sangrando, indi gnou-se contra a megera, ordenando inco ntinenti a seus homens que pusessem fogo à estalagem e passassem à e pada cus moradores. Foi preciso que Frei Pedro usasse de todo seu dom de persuasão para evitar a catástrofe. Sentindo que eu fim chegara, Frei Pedro pediu que o levassem para o convento ele A renas, onde saudou a morte com o almo: "E11 ·he-m.e de alegria o saber que vou para a casa do Senhor". Assistido por Nossa Senhora e ão J ão Eva ngeli sta, entregou sua bela alma a D eus no dia 18 de outubr de 1562, aos 63 anos.

"Eu o tenho visto muitas vezes com grandíssima glória", escreve Santa Teresa. E "parece-me que muito mais me consola agora que quando estava aqui [na Terra]".

" Deus levou-nos agora o bendito Frei Pedro de Alcântara ! xc lamou Sa nta Teresa. " O mundo j á não podia so.fi'er tanta per:feição" 5 .

U ma afirmação que é um incentivo para serm os mais devotos desse grand e Pa tronado Bras il : "Disse-

Gregóri o X V o beatificou em 1622, e Clemente IX o elevou à honra dos altares em 1669 . ♦

Sustentáculo de Santa Teresa de Jesus

Notas: 1. Fre i Es le fâ ni o José Piat, O.F. M., São Pedro de Alcâ111ara , Pa11v 110 do Brasil, trad ução do fra ncês po r Frei C la rê ncio Neotti O.F.M., Ed iLora Vozes Lida. , Petrópo li s, 1962 , p. 13. Os trechos que virão e nlre aspas e sem c it ação ele fo nt e se rão desta o bra. 2. Fr. Ju sto Perez de Urbe !, O.S.B. , A ,io Cristiano, Ecli c io nes Fax , Mad rid , 3" ed ição, 1945 , tomo IV, p. 148.

ffi 20

eATOLIeISMO

Outubro de t 999

3. Les PeLits Bo ll a ncli stes - Vies eles Sa ints, d'apre.1· le P. G iry, po r Mg r Paul G uérin , Blo ud e t Barra i, Libraires- Éd ite urs, Paris, 1882 , 10 111 0 XII , p. 46 1. 4. Li/Jro de la Vida , in Sa nta Teresa de Jesus, Obra s omp lelas, B.A .C., Macl ri , 195 1, vol. 1, p. 76 1. 5. Libra de la Vida, cap. 27.

Visão panorâ,nica da

Hist6ttia unioettsal

PLINIO C ORRÊA DE ÜLIVEIRA

Em 17 de janeiro de 1967, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira proferiu importante conferência que marcou época nos ambientes internos da TFP. Sócios e cooperadores da entidade haviam obtido a competente licença para ministrar aulas de Religião em vários colégios da capital paulista, naquele ano . Solicitaram então ao insigne líder e pensador católico uma orientação a respeito .

Em sua exposição, o fundador da TFP julgou preferível apresentar uma visão geral, embora muito sintética, da História a partir da criação divina, para que os futuros professores extraíssem dela aquilo que julgassem mais adequado à elaboração dos programas de seus cursos. Beneficiários dessa sucinta exposição não foram apenas os referidos professores de Religião; mas todos nós que, 32 anos após, tomamos conhecimento ou relembramos os conceitos - ao mesmo t empo penetrantes, claros e didáticos que compõem o vasto e complexo tema desenvolvido pelo ilustre orador. A fonte do texto abaixo é uma gravação em fita magnética , feita na ocasião, razão pela qual nos limitamos a introduzir pequenas adaptações ao estilo de um texto escrit o, excluindo apenas o que nos pareceu de menor int eresse para o leito r. Desde o falecimento do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em outubro de 1995, Catolicismo vem dedicando a matéria de capa desse mês à existência e obra daquele que, em vida, foi a realização plena da frase que lhe serviu de epit áfio: Varão católico e apostólico, total-

mente romano. Esperamos que a escolha da matéria da presente edição para os caros leitores seja de igual proveito espiritual e cultural ao dos t emas abordados nas edições de out ubro dos anos anteriores. A Direção de Catolicismo


A criação dos astros e dos animais

-Mosaico da nave central da catedral (fim do século XII) de Monreale (Itália)

e

orno fim último da cri ação Deus teve em vista a Si mesmo. Ele visou, ao criar, Sua própria glória. Em Deus podemos distinguir a glóri a intrín. eca da glória extrínseca. Aliás, também no homem pode se distinguir esses dois tipos de glória. O que é a glória intrínseca? É o esplendor, a manifestação externa, de dentro para fora, das qualidades gloriosas de um determinado ser. Por exemplo, em Nosso Senhor Je us Cristo no alto da Cruz, transformado, segundo di z a Escritura, num leproso, hav ia glória intrínseca, pois Ele tinha uma infinidade de méritos, de virtudes, de capacidades. Mais ainda, algo disso fi !trava exteriormente, apesar de tudo quanto a flagelação e a Paixão introduziram de deformante nEle. Por sua vez, a glória extrínseca é a glóri a que outros concedem, que outros reconhecem, que o utros tributam. Assim, por exempl o, Nosso Senhor, ao entrar em Jeru salém, aclamado pelos judeus, tinha glória extrínseca e intrínseca, enquanto que no alto da cruz estava presente apenas a glória intrínseca. A glória extrínseca, os judeus de então não Lha concederam. 22

CATO L IC IS MO

Ele tinha essa glória, porque havia o louvor que Nossa Senhora Lhe prestava. E o louvor de Nossa Senhora vale in sondave lmente mais do que representam, em sentido negativo, as blasfêmias ele todos os homens e demônios somados. Mas, digamos que, exceção feita de Nossa Senhora e das santas mulheres, Nosso Senhor, em Sua Paixão, não possuía glóri a extrínseca. Assim, na co luna da flagelação Ele não recebia glóri a extrínseca. Ninguém que estava lá ass istindo à fl agelação O glorifi cava. Essa é a diferença que vai entre a glóri a extrínseca e a glóri a intrínseca.

Fim da criação: glória extrínseca de Deus tributada pelas criaturas A glóri a intrínseca, Nosso SenhorJesus Cri sto a tem infini ta, Deus a tem infinita, eterna, absoluta e nenhuma criatura a pode aumentar. Ele não precisa cri ar para acrescê- la. A glória ex trínseca, a glóri a que Lhe vem ele fora, as criaturas podem dar-Lhe, louvando-O, reconhecendo as qualidades dEle, prestando-Lhe homenagem, amanOutubro de , 1999

Coroação da Virgem (detalhe) - Fra Angélico, séc. XV, Galeria dos Ofícios, Florença (Itália) As miríades de Anjos refletem, no seu conjunto um quadro total de Deus

cio-O e servindo-O. Para isso Ele criou, tendo em vista sua glóri a ex trínseca. A glóri a extrínseca de Deus provém cio quê? Provém da excelência de suas criaturas, ou seja, da semelhança das criaturas em relação a Ele, porque tudo o que é excelente é semelhante a Ele. Então, a semelhança das criaturas para com Ele constitui sua glória extrín seca. Um homem não concede glória extrínseca a Deus como um boneco. Sendo ele um ente vivo, dotado ele inteli gência, deve desejar assemelhar-se a Deus. Tudo quanto há nele de similar a Deus, ele eleve aprimorar. Tudo quanto o poderia levar para longe ele Deus, eleve ele rec haçar. Deve adorar a Deus, eleve louvar e servir a Deus.

Impossibilidade de uma só criatura espelhar adequadamente toda a glória extrínseca devida a Deus Deus poderia cri ar um a só criatura para Lhe dar glóri a? Ou Ele, a criar, teria que criar várias cri aturas?

Criação: maravilhosa coleção de seres, cada um refletindo Deus de modo inconfundível

Absolutamente falando, Deus não precisa criar criatura nenhuma, porque Ele não tem necess idade da glória extrínseca que nós Lhe damos. Ela convém, mas não Lhe é necessária. De maneira que, absolutamente falando, Deus não precisava criar nada. Mas, a criar, Ele poderia criar um só ser? Em outros termos, poderia haver uma só criatu ra que desse sufi ciente glória extrínseca a Deus? Essa matéri a é muito discuti da entre os teólogos. Inclin amonos para a idéia de que nenhuma cri atura soz inha, nem mes mo Nossa Senhora em sua indi zível perfeição, poderia dar suficiente glória a Deus; e que Este, a criar, teria que criar vários seres, porque Deus é tal que em nenhuma criatura há possibilidade ele refletir todas as perfeições divi nas. E para dar glóri a extrínseca sufi ciente a Deus, é preciso que a criação reflita todas as suas perfe ições. De onde serem necessárias muitas cri aturas. A cri ação, ass im, necessari amente, envolveria muitas criaturas. O pressuposto que está nessa afirmação é o seguinte: para que a criação dê sufi cientemente glóri a a Deus, precisa ser um reflexo total clEle. Não que reflit a com toda a propriedade cada um ele se us atributos, mas eleve refl etir, nas limitações de toda criatura, os atributos clEle.

Ora, os atributos dEle são tai s, que uma criatura não os pode conter todos em forma suficiente para os refl etir. Então é necessário que haja muitas cri aturas. Daí conclui-se que toda a criação é uma espécie de coleção, e que Deus criou os seres de maneira qu e cada ente reflita , ele modo inconfundível, um dos atributos dEle. De maneira que um atributo divino pode ser refletido por I O milhões ele seres, pouco importa. Cada ser refl ete de modo inco nfundível, um aspec to daquele atributo dEle. Isso val e sobretudo para os Anjos. A cri ação angéli ca deu-se de tal maneira, que ela reflete, no seu todo, com as miríades de Anjos que há e que são incontáveis, um quadro total de Deus. E é uma co leção-espelho, em que cada Anjo não repete o outro, porque Deus não gagueja. O homem que tem um defeito de locução pode dizer uma coisa repetida. Ele pronuncia duas síl abas, uma das quais supérflua. Mas Deus não vai, ao faze r o espelho da sua glória, colocar um ente que figure um gaguejar, que repita viciosamente o que o outro j,i di sse, o que outro já é. De maneira que os Anjos todos co nsti tuem uma prodigiosa co leção, uma fabulosa co leção em qu e todos os atribu tos ele Deus estão dev id amente espelhados . Então, Tronos, Dominações, Querubins, Serafins, Potestades, Virtudes , Arcanjos, Anjos, todos eles co nst ituem, no tota l, umà imagem de Deus. Mas depois, exam in ando-se as várias ordens angé li cas intername nte, cada uma delas é uma espéc ie de coleção dentro da co leção, e a representação de um atributo dentro do atributo.

Coroação de Maria Santissima (1375)

-Pintura de Catarina, Galeria da Academia, Veneza (Itália). A revelação da futura realeza de Nossa Senhora aos Anjos pode ter sido a causa da rebelião de Lúcifer e seus sequazes

A queda dos Anjos rebeldes -

Iluminura de "Les trés riches heures" do Duque de Berry, séc. XV, Museu Condé, Chantilly (França)

Grande luta no Céu: expulsão dos Anjos maus Deus ex igiu dos Anjos, logo depois de sua criação, que Lhe prestassem glória. Ele criou os Anjos como seres livres, e uma parte dos Anjos, induzida por Lúcifer, recusou a homenagem devida a Deus. Veremos mais adiante em que consiste essa homenagem. Resultado, a revolta: Proeliwn magnumfactum est in caelo. Travou-se no Céu uma grande batalha. São Miguel colocou as coisas · nos termos em que deveriam ser colocadas, precipitando Satanás e os outros Anjos rebelados no inferno, restabelecendo imediatamente e de um a só vez a ordem. Em vista disso, ficaram vazios os tronos dos Anjos revoltosos no Céu. Como preencher esse . ? vazio.

Os imutáveis planos da criação A cri ação angélica espe lhava totalmente a Deus. Portanto a humanidade não foi cri ada propriam ente para preencher esse vazio, porque pode-se ad mitir que Deus criasse os homens independente da criação dos Anjos. fsto

e ATOL I e I S M O

Outubro de 1999

23


um plano segundo, mediante o qual os homens fossem ocupar os tronos dos Anj os rebeldes e completar as harmonias que fi caram defici entes no Céu. Imaginemos alguém que, perdendo alguns músicos de uma orquestra, convoca outra orquestra para formar outrn conjunto, porque o conjunto é melhor que cada parte. Há, pois, uma vocação do homem para preencher os lugares dos Anjos no Céu e formar com eles uma só imagem de Deus, cantar uma só glória de Deus.

porque seri a muito belo que Deus qui sesse utili za r um esqu ema com todas as poss ibilidades da cri ação e reali zá- lo, cri ando o puro espírito, o animal com espírito, o animal sem espírito, a pl anta e a matéria inanimada, que consiste num esquema das possibilidades da cri ação . E é possível que Ele fi zesse isso ainda que os Anj os não tiv esse m defecc ionado. Mas, uma vez que houve a queda dos Anj os, pôs-se o problema: como remedi á- la? E a so lução: cri ação dos homens. Por exemplo, tomemos a natureza física, porque é mais fácil. Deus, sendo um abi smo infi nito de todas as perfe ições, por algum lado é sumamente majestoso, mas por outro lado é sumamente grac ioso. Enco ntra mos animais que refl etem a majestade de Deus. Por exemplo, o leão. Há animais que refl etem algo de indizivelmente gracioso que ex iste em Deus. Por exemplo, o beija-fl or. O trovão refl ete, por sua vez, Deus enquanto puniente. O cordeiro refl ete Deus enquanto capaz ele perdoar, enquanto manso, enquanto pac ífico. Quer di zer, Deus tem um número indi zível de atributos, ou seja, de qualidades. Cada uma elas cri aturas espelha uma qualidade. O conjunto delas espelh a o conjunto das qualidades divinas.

24

e

AT O L IC IS MO

Possibilidade de estabelecer o elenco dos atributos infinitos de Deus É possível faze r um elenco dos atributos divinos e Santo Tomás d_e Aquino o apresenta. Pode-se enumerá- los como que num catálogo, como que numa class ificação. Isso não é co ntra a infini tude de Deus. O qu e se ria co ntra a sua infinitude: Ele ter esses atributos de modo limitado, a saber, um pouquinho de cada atributo ou perfeição. Então, no qu e co nsiste a intinitude de Deus? Consiste em que cada uma dessas perfeições é infinita.

Anjos e homens: duas grandes orquestras musicando eternamente a glória divina Deus desejava criar como que duas gra ndes orquestras diversas - o mundo angé lico e a humanidade - , cada uma cantando as glóri as dEle a seu modo. Então a cri ação hum ana, oferecendo a Deus outro refl exo total d Ele; depois a cri ação animal, a cri ação vegetal, a cri ação mineral, tudo apresentando refl exos totai s do Criador. Ele tinha esse pl ano, mas com a queda dos Anjos, fo i confo rme à sua sabedoria constituir Outubro de, 1999

Orgulho: possível causa da revolta dos Anjos Entrada dos animais na Arca de Noé

- Jacopoda Ponte (séc. XVI), Museu do Prado, Madri

Por que se deu a queda dos Anj os? Al guns di zem que Deus ofereceu a esses puros espíritos a poss ibilidade ele ascender à ordem sobrenatural; quer di zer, além da sua natureza, eles receberem um dom, medi ante o qual seriam elevados acima de sua própri a natureza, isto é, à ordem da graça. E ademais de conhecerem a Deus através do conhec imento natural que eles já possuíam, obteri am o dom ele ver a Deus face a face na vi são beatífica, a qual é pro priamente efeito ela graça. É um pouco como se Deus aparecesse para os homens e di sse se: "Vocês querem ser Anjos? Eu vou dar a vocês um dom que não está na natureza de vocês e pelo qual vocês vão ver tudo o que wnA11jo vê. Quer dizer, vocês vão ser angelizados." Deus apareceu aos Anjos e disse: " Vocês vão ter uma participação na vida da Santíssima Trindade, mediante a graça. Vocês vão poder ver a Santíssima Trindade f ace afc1ce, por um dom gratuito, que é superior à natureza de vocês. Vocês aceitam isso?" Então os Anjos rebeldes teriam fe ito o seguinte raciocínio: "É tal a grandeza que tenho em minha natureza, sou tão estupendo, tão magn(/tco, que me humilha receber um dom que me coloca

acima de minha própria natureza. Eu. quero ser eu. Para que agora essa espécie de enfeite, mas que vem de fora, em que eu já não sou eu? Isso eu não quero. Eu prefiro o meu eu só, sem nenhum. auxílio sobrenatura l e nenhuma riqueza sobrenatural, porque o contrário seria pisar a excelência de minha natureza."

Orgulho pode inclinar à recusa da vida sobrenatural Aplicando a prova cios Anjos à psico log ia hum ana, pode ser que o homem ace ite a proposta di vina e diga: "Quero!"; ou fi que ressentido e responda: "Pre.fim .ficar eu mesm.o" . Há mentalidades que embicam por aí. Assim agiu o demônio para com Deus. Ele disse a Deus: "Ordem sobrenatural, ncio quero". Fico u resse ntido, resse ntim ento cul poso, revoltou-se e não quis.

Conhecimento da Encarnação do Verbo e da Realeza de Nossa Senhora: outra possível causa da revolta angélica Outros teó logos julgam que a prova dos Anjos consistiu na reve lação ci o Mistér io da Encarnação do Verbo: a Segunda Pessoa ela Santíss ima Trin dade

haveri a ele se unir hi postati camente, não a eles, mas a um homem, e que não haveri a uni ão hipostática com Anj o nenhum , e que eles teri am que adorar esse Homem-Deus. Outra coisa mui to mortifica nte para o orgulho cios anjos rebe lados 1 Im ag inemos, por exemplo, Lúcife r - pa rece que era o mais magnífico de todos os Anj os que ouve fa lar: - Deus va i constituir uma união hi postática. - Sou eu, não é verdade? - Não! - Como? Que Anjo Ele escolheu? - Nenhum Anj o. Serão criados homens e a uni ão hi postática vai se efetuar com um homem. E a este Ho mem-Deus você terá que adorar. Podemos imaginar a constri ção revoltada, imunda, mas autêntica, explicável à maneira cios defe itos ele Satanás diante do fato: "Enlão, todo o rneu brilho, rodo o meu talento, Ioda a minha sabedoria, lodo o rneu charme, toda a preeminência que eu tenho sobre rodos os espíritos angélicos, isso é nada ? Na hora da melhor predileção, da ma ior honra, da preferência mais excelsa, a escolha recai sobre um homem 1" Depois, ainda: Mari a Sa ntíssi ma! A mãe clEle - não só Ele, que afinal é Homem-Deus -, mas sua Mãe, que é pura cri atura, recebe tal honra em ser Mãe d Ele que vai ser Ra in ha ele todos vocês. E um bater ele sobrancelhas, ele pestanas, ele cíl ios d Ela vai mover vocês todos. E nem é homem, é uma mulher. Satanás terá pensado: "A h, ncio! Também, levar até onde ..."

Criação do universo e estabelecimento de um plano para o homem no Paraíso Terrestre Então veio a cri ação desse nosso uni verso. Deus criou primeiro o universo material, como

narra o Génes is: E dentro cio uni verso materi al, cri ou o homem. Estava constituído um todo após o qu al, segundo o Génes is, Deus descansou no sétimo dia, considerando a sua obra. Esse descanso é exatamente a alegri a por sentir a obra que Lhe está dando glóri a, vendo que cada co isa era boa e o co njunto era ótimo. O conjunto cio universo era magnífico. Deus, então, cri ou os homens. Qual era o papel dos homens para realizar a glória de Deus? Deus colocou os homens no lugar mais mag nífi co de todo o universo, o Paraíso Terrestre que ainda ex iste, se bem que ninguém saiba onde está e possa nele entrar. A intenção cl Ele era que os homens, vivencio nesse Paraíso, tivessem já a vicia ela graça; que vivessem nessa Terra, aind a sem a visão beatífi ca, se be m qu e Deus fa lasse a eles com freqüência, se manifestasse a eles amiúde. E quando chegasse o fim da vicia cios homens, eles não morressem e fossem levados vivos para o Céu. Os homens deveriam, no Paraíso Terrestre, pelo seu talento, cri ar cul tura, civili zação, estilos artísticos, literários etc. Tudo o que o homem reali za aqui , ele deveri a empree nde r lá. Mas deve ri a efetuar ele modo muito mais magnífico cio que na atual situação.

A Anunciação e a Encarn ação do Verbo Divino

- Iluminura de "Les trés riches heures" do Duque de Berry, séc. XV, Museu Condé, Chantilly (França) Media nte o Mistério da Encarnação do Verbo Divino, Deus realiza nova maravilha, maior que as maravilhas anteriores

Civilização humana no Paraíso e a glória tributada a Deus Tudo isso era acrescido pelo fa to ele que o homem, pelos dons sobrenatura is que poss uía, era dotado ele alta ciência. Diante ele Adão desfil ara m todos os ani mais, e ele deu a cada um deles o nome apropri ado, de acordo com a sua natureza. Ele era, pois, um zoo log ista fa bul oso e um lin güi sta extraordinári o. Encontrou logo a palavra adequada para chamar cada animal por seu nome, pela sua nota distintiva natura l. E isso Adão faz ia não só em rela-

CATOL I C I S M O

Ou tub ro d e 1999

25


ção aos animais, mas quant9 a todos os seres cri ados. Agora imag inemos d~is, cinco, dez bilhões de homens vivendo durante dezenas ou centenas ele séculos no Paraíso, acumul ando tudo isso. Não podemos ter idéia do que poderia ter sido a civilização humana no Paraíso e a glória que ela teria dado a Deus. Essa obra de servir a Deus, de progredir na virtude, os homens fora m chamados para reali zar juntos, influenciando-se uns aos outros; colaborando uns com os outros. No Paraíso, todas as pessoas boas ficariam melhores observando as outras. E vendo o conjunto dos homens - que era ótimo, melhor cio que cada homem em particular - os homens iri am se sa ntifi cando. E toda a cultura, toda a civili zação existentes no Paraíso seriam um in strumento para a santificação dos homens. Esse plano ruiu por causa do pecado original. Após a queda, o homem fo i expul so do Paraíso, perdeu os dons sobrenaturai s e preternaturais que possuía. E ficou sujeito ao pecado, a apetências desregradas: sua inteli gência obnubilouse, sua vontade enfraq ueceu-se, o corpo passou a ser como que um corpo leproso.

Suma misericórdia: após o pecado, fidelidade de Deus a seu plano em relação aos homens Começou então a vida nesta Terra, de ex íli o, mas o plano continuou o mesmo. Fora do Paraíso, o pl ano divino continuou o mesmo, porque a natureza humana permaneceu fundamentalmente a mesma. Ta l plano consiste essencialmente nos três pontos já enunciados: 1°) Os homens devem santificar-se juntos , for mando um a sociedade; 2º) Essa sociedade deve cons26

e

ATOL ICIS MO

truir um Estado, uma cu ltura , uma civili zação, como meios de santificação; 3°) Os homens devem produzir obras de arte e de cultura de toda ordem não só para seu benefício, mas para aperfeiçoa r a natureza criada por Deus.

pomba, o arco-íris e a Terra que se povoa ele novo. Esse episódio empresta uma beleza maior à hi stória cio homem do que se não tivessem ocorrido tais fatos. Então, recomeça o processo. Os homens pecam ele novo. Constituem uma ordem errada, cuj a expressão mai s aguda foi a construção da Torre de Babel. Eles pecam interiormente e constróem uma ordem pecaminosa. Ta l ordem pecaminosa os induz a pecarem mais. Construída a Torre de Babel , sobrevem o castigo di vino: a dispersão dos povos.

Planos divinos em relação aos homens - A teoria do "resto" Começa a História da humanidade que, em suas várias vicissitudes, resume-se no seguinte: Deus sem pre indu zindo os homens a construi r uma determinada ordem como essa, e os homens sem pre fu gindo da construção dessa ordem. Deu.-, então, passa do Plano A para o Plano B, para o Plano C, para o Plano D etc. E cada vez que Ele passa para outro plano, inaugura maravilha maior. Deus, na era patriarcal, concede ao povos graças. Os descendentes ele Adão conhec iam a religião verdadeira, a reli gião natura l, com algo da Revelação. Conhecendo tudo isso e tendo a possibili dade de criar uma ordem patriarcal boa, os homens pecaram e cri aram um gênero de cul tura e civ ili zação errôneas. Essa civili zação traz como conseq üência o castigo divino que a destrói mediante o dilúvio. Este não só eliminou os homens maus, mas destruiu uma ordem de coisas, ele maneira a dela não sobrar nada. Assim , houve um primeiro plano ele Deus: constitui ção de uma ordem de coisas; recusa dos homens; destruição dessa ordem. Mas Deus separa o "resto " . É o residuurn revertetur (o resto voltará). Restam Noé e sua fa míli a. E em favor de Noé, para continuar a reali zação cio seu plano, Deus opera maravilhas. Surgem então marav ilhas maiores do que aquil o que Ele destruiu. Marav ilh as: a profecia ele Noé, a construção ela arca, o di lúvi o. Terminado este, vem a Outubro de ' 1999

Torre de Babel: como que segundo pecado original

Torre de Babel - Pieter Bruegel, O Velho (séc. XVI), Museu de História da Arte, Viena Construida a Torre de Babel, sobrevem o castigo divino: a dispersão dos povos

Com tal castigo, algo baixa [ele categori a]. Quase se poderi a dizer que o pecado da Torre de Babel constituiu um segundo pecado ori gin al. Porque houve uma decadência no homem, que passou a ser castigado pela confu são elas línguas. E tal confusão supõe um amolecimento mental. Porque a palavra é o termo normal e fi nal do pe nsa mento. E se algo amoleceu na ordem da palavra, é porque algo enfraqueceu na ordem cio pensamento. E depois - coisa pior - os povos di spersos co nstituíram a gentilidade. Em vez ele se corrigirem, tais povos resultaram nessas nações pagãs que conhecemos.

Então Deus co nst itui um povo para Si, a fim ele, por meio dele, constru ir uma ordem reta. Suscita então o povo hebraico, e logo opera uma maravilha maior cio que a anteri or: nesse povo nascerá o Messias. Em tal povo tam bém nascerá Nossa Senhora. A história do Anti go Testamento é a ele um povo na Terra que, pelo menos ele, conhec ia a Lei di vina, prestava cul to ao verdade iro Deus e conhec ia uma ordem ele co isas bem constituída. Entretanto, tal povo várias vezes viola essa ordem. Revo lta-se contra Deus, verificando-se uma decadência contínua cio povo eleito até o momento cio nasc imento do Messias. Portanto, outra vez um pl ano que não se reali za. E Deus ap lica sua ju stiça. Dispersa o povo hebra ico, castiga-o, mas serve-se cios restos fiéis cio povo hebraico para fundar a verdadeira Igreja. E surge então a obra-prima das ob ras-p rim as ela cr iação excetuando a natu reza humana ele Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora - a Sa nta Igreja Católica, Apostóli ca, Romana.

Expansão da Santa Igreja e formação da Civilização Cristã - Eclosão do pecado de Revolução* Mais ain da, mediante um a espécie de revicie div ino, a Igreja atinge com seu benéfico influxo todos os povos, e remedeia todos os males até então ex istentes. Nova vitória divina . Isso apresenta uma beleza magnífica. A Igreja Cató li ca, por sua vez, floresce, estende-se a toda a Terra e nasce a Civili zação Cri stã med ieva l. Começa a construção da ordem perfeita. Mas com a decadência ela lclacle Média, surge a Revolução. Quando aparece a Revolução, Deus aprimora a Sa nta Igrej a através da Contra-Revo lução. A Contra- Reforma tinha as graças

* Seg undo a mag i stral obra Revol11 çcio e Contra- Revoluçc7o, cio Pro f. Plíni o Co rrêa ele O li ve ira, Revoluçc7o é o processo multi ssecul ar que ve m destru indo a C ivi lização C ri stã desde o decl ín io ela Idade M édia, época em qu e o ideal cató l ico ele soc iedade ma is se aprox im ou ele sua rea l i zação . E Co111ra-l?evol11çcio é a reação o rganizada que se

opõe à Revoluçüo e visa restaurar a C iv ili zação C ri stã.

** O mo v im ento ultrarn ontano cio séc. X IX , aq ui rereri clo pelo A utor, defend ia rirmemente as pos i ções cio Papado co ntra a co rrent e l ibera l, a qua l proc urava nã o só inovar ern matér ia ele I i berclacl e re-

1ig iosa co mo também se in surgia co ntra as or ientações tradic iona i s

para ser mai s be la cio que a Civili zação Cristã med ieva l. O movimento ultramontano (**) cio sécu lo XIX, por alguns aspectos, foi mais belo que a Contra-Reforma. E a Contra-Revo lução em nossos dias é mai s magnífi ca cio que o movimento ultramontano cio séc ulo passado.

Reino de Maria: emprego da máxima força divina

ela Igreja Ca tó li ca . O termo Ultra -

Fortaleza da Fé - Miniatura do séc. XV, Coleção deM.Ambr. Firmin-Didot A gravura representa a Igreja Docente na Civilização Cristã medieval: a fortaleza, assediada pelos ímpios e hereges, é defendida pelo Papa, pelos Bispos, monges, Doutores da Igreja, que são os cavaleiros da Fé.

Quer dizer, Deus vai requintando a obra dEle e cios que Lhe permanecem fi éis. E é preciso que uma vez pelo menos o plano ele Deus se rea li ze inteiramente, e que não seja como uma fumaça. Se eu, por exemplo, pinto um quadro que dura apenas três minu tos, é como se eu não tivesse pintado quadro nenhum. É preciso que em determinado momento algo de duráve l ex ista. E ex ista porque a má xima força ele De us vai se r empregada. Essa máxima fo rça é Nossa Sen hora. Exatamente a glóri a ele Nossa. Senhora consistirá em conceder durabil idade e cons istênci a àq uilo que até agora redundou cm tentativas precursoras. Surgirá então, o Reino de Maria, pred ito por Nossa Senhora em Fátima: "Porjim, o meu Imaculado Coração triunfará!".

111011ta110 tem ain da urn signifi cado mai s amp lo. Para exp li cá- lo,

ap rese ntamo s a seg u ir exce rto s ma i s importantes do verbete ul1ra que f'i gura na E11ci-

1110111a11 i s1110,

clop edia Ca11olica, Torno X II , co l. 724, C idade cio Vati cano, 1954:

"Palavra de significado genérico e impreciso, criada e usada além dos Alpes ( França, Alema11!ta, Inglaterra, Paffes Baixos) para de sig11m: mais do que 1111/CI verdadeira co rre11/e de p e11same1110, a ade süo às orie111aç6es e à poúçlio da Igreja Ro11w11a em suas relações teológicas e jurisdicionais, ou ain da em seus interesses polílicos. "Eram, porta1110, de11omi11ado.1· 11l11wno111a1t0s 110s 111 e11 cio11ado.1· países, os escrilores, hom ens políticos, perso11age11.1· eclesidsticos católicos que seg uiam tal li11lta de co11d111a e 11a111ralme111e wdos os ita lian os.fiéis aos e11si11a111e11tos da Santa Sé. "Começo u -se a clwm a r ul 1ra11w111a1tos os leigos ou religiosos que s11ste111ava111 na Ale111a11 ha o partido do Papa Gregório VII du rcmte a luta pelas i11ves1 id11ra.1· 1séc. X I I. No século XVIII, foram clta,nados com a ,nes111a de11omi11açc7o, 11a Fran ça, p elos ja11se11istas e regalistas, os juristas e os teólogos que combateram suas doutrinas .. A palavra co11ti11uou a ser usada durant e o séc11lo XIX por todos os liberais e acatólicos que ,w ca,npo religioso seg uiram teo rias 11ovas e mantive ram um re la c io11 ame11to prdtico vexatório em seus co 11 ta c1os com o cc110 /;c i s1110".

CATOL IC ISMO

Outubro de 1999

27


O que 'Será, de futuro,. esse menino? Essa pergunta, ao longo da História, pais e mestres a fizeram a respeito de seus filhos e alunos; há quase oito décadas, ela poderia ter sido formulada também em relação a um menino de 12 anos... to do Prof. Plíni o Corrêa de O li veira é ocas ião propícia para admirarmos sua grandiosa obra, com refl exos nos cinco continentes, e nos perguntarmos: Este

Quando se adm ira a beleza de uma frondosa- árvore fl orid a ou então toda carregada de fruto s, ex perim enta-se um gá udi o. N ão dei xa de se r também aprazível ao espírito adm irar a arvorezinh a que há pouco germin ou e indagar: O que será dessa pequenina árvore ?

varão, que a/é seus últimos dias, aos 87 anos, incansave/rnen/e pugnou em prol da San /a Igreja e da Civilização Cris1ã, como era ele quando criança?

Se rá .fi·ondosa, ou esléril e raquítica? Dará ahundan/esfrulos e .flores?

Poderíamos preparar mais de um a

Se no rein o vegetal tal co nsideração é cheia de propósito, muito mais o é ao observ arm os um a cri anc inh a e. im ag inarm os o que ela virá a ser quan do chegar à idade ad ulta ou mesmo à anc ianid ade. Este quarto ani versári o de fa lecimen-

ed ição espec ial de Catolicismo apenas hi stori ando aspectos da inocente infância de Plinio Corrêa de Oliveira. Dessa in fâ ncia oferecemos hoj e a nossos leitores ao menos um dos ''.fi·u fos ", que sua extremosa mãe, Da. Luci li a, guardou carinh osamente, durante décadas, em suas gavetas. "Saboreando-o", já naquela época poder-se-ia ter um a primeira

idéia ela frondosa árvore que a partir dali se desenvo lveri a: o fundador ela TFP. A que 'ji"L1to" nos referim os? A uma eloqüente redação ele português, escrita por ele em 192 1, nos ban cos cio Co lég io São Luiz, cios Padres j esuítas da cap ita l paulista, quando tinha apenas 12 anos.

Lendo a breve compos ição aba ixo, é possível que professores cio jovem ginasiano se perguntassem: " O que será, de futuro, esse menino?" E por ela poderemos considerar o estudante que, j á no. tenros anos, tinha potenci almente o que ele depois nos legou, bem como , em germ e, a concepção ela luta contra-re-

volucionária e a gesta que empreenderi a mais tarde. Em última análi se, vemos o dedo ele Deus que modelava sua inocente alma, para que viesse a ser o infati gável varão combatente, defensor dos interesses ela Santa I grej a Católi ca, Apostólica, Romana e da C ivili zação C ri stã.

J) MJJW i .arpiadá.v.lÚ Jl jbi JlJ1a i.tw.adiu J) JW,UJ} ~ Ã .

Mm ÍJJll'll .ltJK.IU:ÍidaJ., .a ~ f/J,lJl

?11.aJ. lUÍJJ fJl);Jl)U. JrUlÍhJ .tÍíJ MJJW pi}ÃrµtJl ÍJlJJJl ÍllllmJlJtfÍJM píl.,lfllÍJÚJJÃ. Vi.a a.¼ 1U1.aJ. .fÍJl Á.l(.Q

d.da.dJl mm JrUlÍhJ .J..a.lUJ..U1l Jl

.QJ) p.aÃÃ.QÃ pJlÍJ) .CJlmifiAÍb JJÍU. aÍ,llÍÃJlm-ÃJl

.um bU.1:Jw' JW .q..ua1 ÃJlll)l'lÍv2.cJl.u Á.l(.Q máJl, Jl a.¼ J)D.Í:ÃD..J. .c.aJ)JU/t.aà /,JlJIA.aJ).am jwu.oÃ.a.¼: "V.á .aJJ .di.al)J) m.al.di1.a m.ul.lulll, 1u f/J,lJl .f/Jlll.llMJl .um .di.a/JJ), Jl pÍJJà f/J,lJl di.aÍ,J), .um l1lÍMÂ.O ill.a.i.doA Lf.11Jl .úuuu/o. .fÍJl .J..a.lUJ..Ufl a d.da.dJl .n.a1.alf/J,lJl .am.amJJÁ Jl JW,U/JÁ fil.JwÁ am.am ". !)./J.ÍJJ /J23 MJÍ,Ã.llÃ.Ll..aÍJ:. b ill.a.i.doA f/J,lJl .q.uÍ.J. Í,JÚJJlll .árJ.u.a p.aAa .aca.lm.all J) ÃllMí), Jn.aÁ JlJ1a MJ.lWJl-1.Jui .J..a.lUJ..Ufl, Jl J) J1lJlMnJJ Ã..U.cJlflll.U mm b JJi.nJw.

'>

;

tí.oiM.an-

.um pi)m.all. .q.u.i.J. pi}à ffeJJu;fl mJnJlà a.¼ ÃD..a.¼ ~ - Jn.aÁ a pll.ÍmJÚlta ÍJlJJJl J) fJlJ.MIJ .fÍJl .cin~- a .J.J2LJ.U.fLda .fÍJl .c.aJl.JlJl .luun.a.n.a Jl a 1JlJl.cJU.Jl.a .fÍJl m.tá.a.l mm 3,i.n.al,M. CÍ1Jl.rJ.altfÍ1J na .cirim1Jl .q.mz linha MaJlliidJJ p.all..a ll.Jl.lJ..Ú:Ült, jbi .tÍJlÍJ:.aJ,.-ÃJl Jta Á.U.Q aniJl.c.âmaJw. J)JUÍJl li11.Íl.a J1lJJJ.duJian.dn J) ÍJlÍJ) .um.a pi,JufoJ .fÍJl .n.inffeu .dan.ç.an.tÍJJ, Jl .q..u.anr,w a.¼ JlllXJW/.fJU. J)ll,.( .a J1lJlÁJ1l.Q .t:Jl.fl.Q .tÍJJ .cJllnÍllJu.o p.a,ua;,. .aniJl Á.U.Q JJ.ÍM:a Jl JllÚ.ãJ) ÍJ).llCl) .fÍJl .tÍJJ

t'"

/)Á

1.úm.uloà Jl JJ.ákÍJJà 01tpocflwà ~

(

.aJ)

ÍJJJUJ.fl

.à .cbllÍJl db AJli dbà mb.nÍJlà paA.a llJlJl.nÍJlJl.f ·llui J) .din/vÚJw .fÍJl 1iiJJ mal ~ . m.aJ. J) MJDJlll.aJW lU1JJ fJ.11Íà JJi-ÍJJ Jl J11.tl.fl.tÍJJu. dip1t. .aJJÁ AJlmbllÃb j.bi

J-·í / ;- l J/

\'

~~ f,/

~ •

~-...,..U'-'L

MJJda.doÃ

.q.mz b

~ .rom ludo f/J,lJl JlJla ÁJl.{,(

p.aAa jJJJla .fÍJl ÁllQÁ p!Wp!tÍJlfÍ.a.tÍJl dipm.tÍJJ: "'Yl.iiiJ .q.wv,.tJ .din/vÚJw .q..Llll jbi JlJÚJlJl m.áJJÃ .fÍJl lJtai.doA ':

/'

~921 28

e A To LI e I s Mo

Outubro de 1999

C AT O LI C I SMO

Outubro de 1999

29


ENTREVISTA digamos assim - Escola de Contra- • !?evolução, onde tudo fosse feito com a maior

: sem limites ao ideal; na presença do adversá• rio, circunspecção; na luta, altaneria e cora: gem. E, pela coragem, vitória!". Dessa forma

uma -

Entrevista com , . o secretario particular de Plinio Corrêa de Oliveira Costuma-se dizer que ninguém é grande homem para seus próximos. No caso de Plinio Corrêa de Oliveira entretanto esse dito absolutamente não se aplica. É o que se conclui da entrevista concedida a Catolicismo por Fernando Antúnez Aldunate, que por mais de 15 anos conviveu de perto com o grande pensador e líder católico, fundador da TFP O entrevistado é chileno de nascimento, tendo passado mais de 20 anos de sua existência no Brasil. A tua/mente em Paris, na sede da TFP francesa desta cidade, situada à A v. Lowendal, 12, o Sr. Fernando Antúnez Aldunate atendeu "on fine " (via Internet) a reportagem de Catolicismo , respondendo com toda segurança as perguntas que lhe foram propostas. Catolicismo - O Sr. poderia descrever suas primeiras impressões, quando iniciou suas funções como secretário particular de Dr. Plinio? Fernando Antúncz Alclunatc - Quando comecei a traba lhar com ele na qualidade de secretário, em fins de 1977, já o havia assessorado anteriormente de modo muito próximo. Ele me oferecera, em 1972 e I 974, a tarefa de pôr em ordem sua biblioteca particular. Mas a ocasião de maior apro ximação, antes de me tornar seu secretário, apresentou-se em 1975, c1uando ele sofrera grave ac idente automobi lístico e eu pude prestar-lhe algu ns serv iços. Em 1977, ao retornar de uma estadia na Europa, durante a qual participei das ativ idades do Bureau Tradition Familie Propriélé pour l' Europe, constatei que praticamente Dr. Plínio era o secretári o de si próprio. Mesmo para simples trabalhos de datilografia ele pedia a colaboração de pessoas de um ou outro setor da

30

C AT O L IC ISMO

Outubro

de

1999

TFP, e para cada servi ço eram colaboradores diferentes. Era uma situação muito diversa da que se poderia imagin ar do "lodo-poderoso" • líder da TFP, co mo certa imprensa esq uerdista por vezes o apresentava. Sr. Fernando Antúnez Naquela época, muitas de suas correspo ndências ele as despachava de madrugada, quanA/duna te: do seus co laboradores já hav iam ido descan"Dr. Plínio queria sar. Assim, ele fazia anotações nos próprios não só que o papéis que tinha para despachar, e os deixava na quina de uma cômoda. Eram, como ele os movimento conchamava, os "papéis da quina" , aos quais ele tra-revolucionáiria dar um a ou outra destinação ao começar o rio avançasse, despacho da manhã. Desde esse período até o estabelec imento mas que de um Secretariado - que compreendia cerca houvesse uma de seis pessoas em 1995, ano de seu fa lec imen-digamos to - com o qual Dr. Plín io despachava todos os dias, pode-se medir bem o aumento de suas assim - Escola atividades e o cresc imento da TFP.

de Contra-Revo1ução, onde tudo fosse feito com a maior perfeição e diligência"

Catolicismo - Dr. Plinio era muito exigente na cobrança daquilo que ordenava a seu secretariado fazer? FAA - Ele gostava de pontua l idade e exatidão nos serviços e os cobrava. Porém , intransigente • com o mal e seus seq uazes, não conhec i em minha vida pessoa mais compreensiva e pedagógica. Queria não só que o movimento contrarevolucionário avança. se, ma que houvesse

perfeição e dili gência em prol da causa pela qual combate a TFP, contra os inimi gos da I greja e da Civi lização Cristã. E, nessa faina, pode-se dizer que sua paci ência era própria de um santo.

Catolicismo - Não são raros os que , talvez influenciados por comentários de certa mídia, imaginam que Dr. Plinio fosse muito enérgico, não admitindo sequer perguntas de esclarecimentos ao que ele ordenasse. O Sr., que o secretariou por mais de 15 anos, confirma isso? FAA - Nada mais falso! Gentil , ameno, sempre sereno e paciente com todos, gostava que se lhe fi zessem perguntas, por mai s incômodas que fossem. N ão se ressentia em nada com objeções e, pelo contrário, as estimu lava. Sempre, após as reuni õe. , perguntava se alguém tinha alguma objeção ao que fora exposto, se alguém queria dizer algo, fazer alguma observação, comentário etc. Apenas esperava de todos, dentro da TFP, um desejo sincero de afinar com a doutrina católi ca e uma di sposição de ânimo para o combate contra-revo luc ionário , tal qu al ele próprio o definiu em seu famoso li vro "/?evolução e Contra- Revolução". Absolu tamente não se pode dizer que ele ex igisse "um pensamento único" e "polilicamente correto" no seio da TFP.

definiu Dr. Plinio o estil o de viver, de agir e de • lutar da TFP.

"Ele soube criar • • :

. • • : : • • • • • : • : • : •

•• •

•• • •• •

termos contemporâneos - do : espírito do cava- • feiro cristão de outrora: 'No ideal ismo,

: •

: • :

ardor; no trato, cortesia; na ação,

• : • :

Catolicismo - Durante os despachos, ele admitia intervalos? Ou na hora de trabalho era só trabalho? FAA - Na hora de traba lho, era traba lho mesmo, e seguido. Mas não tinh a a menor dificuldade em tratar de algo inesperado ou importante que surgisse e que não estivesse na agenda pré-estabelecida. Admitia ser interrompido por algum assunto relevante, um telefonema, ou aproveitar uma oportunidade a fim de esclarecer alguma dúvida, faze r bem a quem com ele estivesse despachando, e tudo dentro de uma ca lma e um a paz extraordi nárias. Recentemente li no texto de uma conferên cia de Dr. Plínio, uma referência dele ao trabalho como sendo uma ativ idade intensa, mas ca lma. Assim ele trabalhava, de modo diverso de como certo tipo de trabalho é entendido atualmente: agitadíssimo e produzindo um a como que embriaguês de realizações .

devotamento • : sem limites ao : Catolicismo - Dr. Plínio tirava férias? • ideal; na presen- • FAA - Jamais. Costumava dizer que não • :

: Catolicis1110 - Isso nas reuniões internas da TFP, ou mesmo nas conferências públicasque ele pronunciava? FAA -Tanto nas co nferências internas quanto nas externas. Essa prática lhe era tão habituai que, mesmo diante de um aud itório hostil , Dr. Plíni o utilizava esse sistema, gostava que pessoas do púb li co se levantassem para esclarecer dúvida , objetar algum ponto etc. O que deixava os ass istentes adm irados com a amabilidade demonstrada pe lo orador. E le receb ia com freqüência personalid aeles de todo o mundo, jornalistas da grande imprensa internacional e naciona l. Mesmo aqueles co nhec idamente contrários à entidade saíam da entrev ista contentes e convencidos de que Dr. Plíni o e a TFP não eram um "covil de fanáticos ", acusação que tantas vezes a própria imprensa lançava, de mo lo este sim fanático. Ele soube criar um "estilo de atuação" que ficou marcado por ser um a versão - em termos contemporâneos - do espírito docavaleiro cri stão de outrora: "No idealisrno, ar-

um 'estilo de atuação' que ficou marcado por ser uma versão _ em

••

• : • • • •

se

• tira férias no serviço de Nossa Senhora, nem

ça do adversário, : circunspecção; : · • na 1ut a, a lt anena :

e coragem. • E, pela coragem, • vitória!, •

. •

: Dessa forma • definiu Dr. Plínio • • 0 estilo de viver, • : de agir e de lutar • da TFP" : • : •

: • •

. •

: • : • : •

:

:

• :

• :

se entra em férias no decurso de uma batalha. Ele tin ha a firme noção de que participava de um a grande lu ta - sempre lega l e no JJlano ~ das idéias - , um combate sem quartel. Seu espírito estava imbuído da mai s integral e desinteressada das ded icações, das quais os membros da TFP participamos entusiasmados, o que nos estimul ava a seguir o exemplo que ele sempre deu: nos momentos das maiores dificuldaeles, no lugar mais difícil, lá estava Plinio Corrêa de Oliveira, sendo o primeiro a enfrentar o problema; e não descansava enquanto não estivesse tudo em ordem. Era impressionante! Entretanto, com uma personalidade muito equilibrada, costumava descansar quando conc luía algum trabalho de grande fô lego, como por exemplo ao térm in o de escrever algum li vro, na direção de uma ampla campanha etc. Mas, o que ele chamava de "um grande descanso", eram apenas un s três, quatro ou cinco dias...

: •

: Catolicis1110 - Como corriam esses dias de • descanso de Dr. Plinio? : FAA - Ele costumava ir a um a fazenda de • amigos - parte da qual se tornou depoi s uma

• dor; no trato, cortesia; na ação, devotamento •

C ATO L IC ISMO

Outubro de 1999

31


sede da TFP - nas proximiqades da c idade de Amparo (SP), quando e ·a o caso de se proporciona r "g rande" descan so, como já disse. Ou tras vezes ia a um hote l em Serra Negra (SP). Outrora, costum ava repousar num aprazível hotel que havi a em Santos, o Parque Balneário , na época do inverno. Mesmo nesses lugares, utili zava boa parte do tempo para traba1ho s, es tudos , a e laboração ele livro s ou planejamento de campanhas. Durante as refeições conversava com amigos, proferindo às vezes verdadeiras palestras . Dr. Plinio era emine nte mente comunicativo e onde estivesse formava-se em torno de le an imada l'oda. Era um adm irável "causeur " (aquele que tem o gosto da conversa e levada) , di zia que um modo peculiar seu de desca nsar era m as "causeries " (conversação num tom me io fami li ar, meio de pal e tra) , ta l era seu enorme gosto pe la boa conversa. "Grande descanso" era apenas porque podia - fora de São Pau lo e não estando assediado por consu ltas a todo momento - dormir um pouco mai s. Dr. P lini o sempre teve um sono admirável. Mas, propriamente, "descanso " para ele - além de conversas elevadas - era sobretudo contemplar. Homem de espírito eminentemente contemplativo, ele anali sava, ad mirava tudo de be lo que via, extra ía ensi namentos e li ções de todos os seres; transcendendo as coisas materiai s, e levava tudo aos grandes princípi os e a Deus. Muito seletivo daquilo que contemplava, ele sabia rejeitar como ningué m os aspectos fe ios e maus cios objetos que anali sava. Por vezes encontrei -o sozinho, mas encantado como criança inocente, por exempl o folheando álbuns de caste los, de catedrais, panoramas etc. Aproveitava também desses curtos períodos de lazer para leitu ra, que habitu almente comentava durante as refeições; e às vezes após os percursos ele automóvel que ele fazia todas as ta rdes para rezar o Rosário e outras orações diárias.

Catolicismo -

Qual o tipo de leitura que apreciava? FAA - Dr. Plinio era um g rande leitor, sobretudo ele História. Penso que, de ntro desse filão, o qu e mai s e le gostava le r era m memórias, provave lmente por tratarem mais de perto ela temática que e le imortali zou na seção de Ambientes Costumes e Civilizações, ele Catolicismo. Particularmente o atraíam os me moriali stas do An.cien Régime.

Catolicismo -

Quais foram seus autores

prediletos?

32

e ATOL I e I SMO

Outubro de ' 1999

FAA -

Era g rande le itor ele hag iografias (v icias ele santos). Lembro-me que ficou entusiasmado co m São Bernardo ele C larava l, alma ele fo go num corpo frág il ; com a hi stória ele São Lui z, Re i el e França, narr ada por se u Condestável Joinville ; admirava sobre maneira São Luiz G ri gnon ele Montfort, Santo Inácio de Loyo la e tantos outros. Mas um ele seus autores precli letos era

Monsieur Duque de Saint-Simon (1675 -1755),

"Dr. Plinio era eminentemente comunicativo e onde estivesse formava-se em torno dele animada roda. Era um admirável 'causeur' (aquele que tem o gosto da conversa elevada), dizia que um modo peculiar seu de descansar eram as 'causeries' (conversação num tom meio familiar, meio de palestra), tal era seu enorme gosto pela boa conversa"

cé lebre memorialista do G rande Século e um cios maiores c lássicos da literatura francesa. Suas me mórias se estendem por oito volumes - quase sete mil pág inas e m papel bíblia - , que Dr. Plinio leu e mbevec ido. Só uma coisa lame ntou nelas: tê- las acabado de ler. .. Tudo isto, sem falar das le ituras fe itas por dever de ofício, enquanto fundador e líder da TFP, que faziam parte do dia-a-dia desse grande intelectua l e homem ele ação.

Catolicismo -

Quais eram os pratos da predileção de Dr. Plinio? FAA - Eu d iri a que eram as massas e os molhos. Bom garfo por natureza, desde 1967 lame ntav e lm e nte te ve que seg uir uma di eta estritíss ima por causa de diabetes. Mas tinha autorização médica para romper essa di eta uma vez por semana . Esse dia ele o reservava para ir a algum bo m restaurante, se possíve l, para comer massas. També m aprec iava uma boa carne. Costu mava di zer a respeito de peixes, que estes são um bom pretexto para os mo lhos ... Desde muito pequeno destacava-se pe la inc lin ação à boa mesa. Ass im , sua irmã Rosée escrevera jocosamente, co m ca li grafia de menin a, na le tra P ela E ncic lo pé dia f ra ncesa Lanvusse: " Pfinio,fameux gastronome, il passa toute sa vie en mangeant " (Plínio famoso gastrônomo, e le passo u toda s ua vida comendo). Não fo i o que aco nteceu! Passou toda a s ua vida batalhando, mas sabia apreciar, nos intervalos da luta, a boa comida. Mas, co mo tudo o que analisava e fa zia, ta mbé m a gastronomia ele a transpunha para um plano superi or, de valores espirituai s. Compreende-se à vista disto seu dito arrojado , qu e de ixo u perp lexo um interlocutor: "Come-se

mais com o espírito do que com o corpo " ...

• Catolicismo -

Dr. Plinio pensava em aposentar-se um dia? FAA - Para o espírito de autêntico cruzado • que o animava, não havia "aposentadoria". E ass im fo i. Com 86 anos , e le ainda passava todos os dias tendo no centro de seus esforços,

cog itações e trabalh os - qu e se prolongavam madrugada adentro - , a direção ela ação contra- revoluc ion ária. E ntretanto, e le tinha um plano: poder passar o fim ele seus d ias como contemp lativo, só na conside ração elas co isas de Deus. Gracejando , di z ia que iria para a "Gruta do Co rnélia", - isto é, viver soz inho num a g ruta, lendo e meditando os comentários ela Sagrada Esc ritu ra, feitos pe lo grand e exegeta j esuíta do sécu lo XVII, Corné li o a Lapide. Ass im , após os trág icos e g loriosos acontec ime ntos previstos por Nossa Senhora e m Fátima, e realizadas suas Promessas, ou seja, "O triunfo do lm.acufado Coração de Maria ", e le pretendi a ir para a

"G ruta do Co rnélia" ...

ratolicismo - Mas ele tinha planos de deixar o comando da TFP para outro, a algum sucessor? FAA - E le d e ixo u a TFP muito be m estruturada, ele ta l modo que, na ausência de le, a E ntidade pudesse continuar s ua marcha rumo à reali zação cios planos por e le traçados. Sua ausência nos fa z um a fa lta tremenda, poi s e le é in substituíve l. M as a TFP continua a lutar pelos mes mos idea is ele sempre, por e le propostos . Dotado el e espírito e levado , elog iava as pessoas que lhe prestavam servi ços . Bem ao contrári o da mesq uinharia ele anela r buscando defe itos para comentar. Assim , poder-se-ia ser levado a pensar que, quando e log iava um ou outro, estaria indicando alguém para seu sucessor. Ledo enga no ... Uma vez, dada a intimidade com que Dr. Plínio me tinha favorecido , perguntei -lhe se estaria, por mei o ele elog ios, indi cando um sucessor. " Pen-

sar isso seria me conhecer m.uito pouco, meu filho ", foi a rcs1osta curta e lapidar.

Catolicismo - Mesmo para após seu falecimento, Dr. Plinio não preparava a sucessão? FAA - E le costumava dizer que não estava preparando u1n s ucessor, mas tantos líderes • quantos co labo rado res próx imos poss uía, dando-lhes responsabi lidade e ori e ntações para a ação. E que, ele resto, co nfiava e m Nossa Se- • nhora , a Qua l, por ocasião ele ua mo rte, melhor cio que e le o far ia, co mo ali ás está e m seu testamento.

Catolicismo - O Sr. esteve com ele na últi- • ma viagem à Fazenda de Amparo? FAA - Sim. Co mo di sse anteriorme nte, um : cios lugares de refú g io de Dr. P lini o, para re- •

O Prof Pfinio Corrêa de Oliveira com seu secret,irio por volta do ano 1975

"Ele deixou a TFP muito bem estruturada, de tal modo que, na ausência dele, a Entidade pudesse continuar sua marcha rumo à realização dos planos por ele traçados. Sua ausência nos faz uma falta tremenda, pois ele é insubstituível. Mas a TFP continua a lutar pelos mesmos ideais de sempre, por ele propostos"

pousar, era a fazenda e m Amparo. Para lá e le quis ir, após ter encerrado a lg uns trabal hos que lhe ca usaram muita preocupação . Mas não desejou ele modo alg um empree nder essa viage m e nquanto não terminasse inte irame nte os re feridos trabalhos, mes mo estando já muito debi litado pe lo câncer, cio qual ne m e le nem nós tính amos con hec imento. Provave lmente ele se sentia muito ma l ele saúde. Mas, como um guerreiro, não seq ue ixava. Pe lo contrário, desdobrava-se em afeto e es merava-se quanto ao bom trato.

Catolicismo - Que poderia nos dizer sobre esses dias passados em Amparo? FAA - Fo i uma estad ia, pensávamos nós, com vistas a seu restabe lec ime nto. Ele estava se m condi ções ele efetuar g randes empreendimentos, pois nesses últim os dias a enfermidade agravo u-se rapi dame nte. Lembro-me do último almoço na fa zenda: era uma quarta-feira, sendo que e le dari a entrada no hosp ital na noi te ela sex ta-feira seguin te, e m estado de coma leve . A lmoça ndo acamado , a voz muito debili tada, o lh ava com te rnura para um quadro ele Nossa Se nhora de Genazza no, di ze ndo qu e nEla estava a so lução para tudo. E comentava como e le, j á sem fo rça, devia apo iar-se sobre C ATO LIC IS MO

Outubro de 1999

33


INTERNACIONAL os que o rodeavam, como, uma velha águi a que prec isasse se apoi ar em seus filhotes para voar. Fora~11 dias ele muita dor para ele e para todos nós que presenciávamos aque la tragédia pela qual passava nosso fundador.

tóli cos da Hi stória cio Ocid ente, um var ão que di sce rniu e an ali so u el e modo in édito o mal deste sécu lo; qu e o expl icitou magistralmente, o desc reveu e o co mbateu em todos os minuto s de sua ex istência e com todas as suas forças.

Catolicismo -

O Sr., que acompanhou os derradeiros dias de Dr. Plínio no hospital, poderia narrar-nos algo a respeito? FAA - No hosp ital, ele não rec uperou sua total lucidez. Notava- e em sua fi sionom ia uma enorme perpl ex idade. Mas como tinha v ivido com a alma na presença de Nossa Senhora, a cada instante, a cada gesto , mes mo na incon sciência ou semicon sc iência, era fáci l ver o varão de espírito elevado e sobrenatural. Assim, por exemplo, não se esquecia de fazer as orações antes e depoi s elas refeições, ainda que não se lembrasse ela fórm ul a. Tentava rezar o Rosário até os últimos di as. Tratava bem a todos, por mai s atrozes que fossem as suas dores. Os médi cos e todo o pessoa l ela enfermagem fi caram enca ntados com a presença e a bondade el e Dr. Plínio. Comentavam como ele era diferente de outros, poi s muitas vezes nesse estado os doentes ficam in suportáveis.

Catolicismo -

Agradecemo-lhe as tão interessantes respostas, porém temos que ir encerrando por aqui. Constatamos que há matéria não apenas para uma entrevista, mas para vários livros. Mas ainda gostaríamos de perguntar-lhe: que balanço o Sr. faz de todos esses anos de trabalho, num convívio diário com Dr. Plínio? FAA - N ão poderi a ser melh or tal balanço, es pec ialmente no referente à formação cató li ca, à formação intelectual e à cio caráter. Poder observ á- lo sempre cumprindo se us deveres ele luta co ntra a Revo lu ção em defesa da San ta I greja e da Civili zação C ri stã, co nstitui um dom inco mparáve l ela Provi dênci a. Estou cer to el e te r sid o benefi ciado por um imerec ido privil ég io, podendo seg uir tão de perto e com tanta intimid ade um cios maiores líderes ca-

34

CATOL I C I SMO

Constituição um povo:

Catolicismo - Não resisto propor-lhe ainda uma questão, garanto que será, de fato, a última. Mas talvez um pouquinho indiscreta: o Sr. poderia nos contar algum conselho, assim mais particular, que Dr. Plínio lhe tenha dado? FAA - Foram tantos... o problema é esco lher um e qu e sej a "publicável" . Dr. Plíni o, se mpre atento às necess idades dos que o rod eavam , parti cul armente as espirituai s, manifestava um di scernim ento contínuo . A ss im, mais ele uma vez, tarde ela noite, quando terminavam os trabalhos, vend o ele que al guma provaç ão - permitid a por No sa Senhora - me visitava espec ialmente, co m a deli cada di scri ção que o ca racteri zava, propunha-me: " Vamos rezar um Memorare (a céleb re e bela oração mari ana, Lembrai-vos) por este .filho?" E fazia então algum co mentári o particular. Mui tas vezes referi a-se à bondade infinita ele Nosso Senhor .J es us Cristo, fazendo ver co mo em todos os passos ele sua doloro. a Paixão, Ele esta va di sposto a perdoar com uma pac iência sem limites. Co m fr eqü ênc i a também , Dr. Plínio clava- me conse lh os sobre a necess id ade ela lógica na conduta ele cada um , e ele co mo não elevemos nos deixar leva r por meras impressões. In sisti a na necess idade ele se adquirir o hábito de anali sa r tudo para se ter um a co nvicção robusta, co nqui stada com rac iocíni os e não med iante meros sen. tim entos . Ele própri o era muito assim . Em sua v id a esp i ritual e intelectual, sempre se reportava a Nosso Senh or Jesus Cri sto e a Nossa Se nhora, anali sava se determin ada co isa estava de aco rdo co m E les . Se não est ivesse, ele categoric amente a rej eitava; e se fosse conforme ao Divino Redentor e à Sua M ãe Santíssima, ele a ace itava co m entu siasmo. ♦

Outubro de '1999

E

m 12 de j aneiro deste ano, o mini stro das Relações Exteri ores alemão, Joschka Fischer, foi ~t sede do Parl amento E uropeu em Estrasburgo, onde fez um discurso inédito na qualid ade de Presidente cio Co nselho da União Européia, o mai s alto ca rgo daq uela in stituição. Seu di scurso foi a palavra-de-ordem para o início do debate sobre uma Constituição Européia, tema emudec ido há vários anos. Depo is de Fischer, uma séri e de políti cos de primeiro esca lão começara m a fazer propostas concretas no sentido ele se proceder a uma maior democ rat ização cios órgãos europeus. De imed iato cumpre apressar, para se conseguir um bom lugar na atenção pública e estar na vanguarda dos arquitetos ela nova Europa rep ubli cani zada ...

O receio fundado de conservadores A esqu erd a retirou da gave ta panfletos alegando que era necessári o criar uma Europa social, pois até agora somente os interesses econômi cos ela macro finança e macro- in dú stri a determinavam os rum os ela União. U ma Ca rta Social poderia conseguir uma mai or identifi cação cio povo com as instituições européias, as quai s, segundo o j argão esquerdi sta, "ig11oram as verdadeiras

ara criar artificialmente europeu? Ameaçada a identidade das nações européias pelo processo de unificação continental M A-r111 As voN GrnsooRF1º· Stzembosz, professo r ela Un iversidade Catól ica de Lublin , na Pol ônia. Ele teme que seu país, desej oso ele ingressa r o quanto antes na União Européia, seja obrigado a aceitar um a Constituição que ex ij a ele seus membros a legali zação do "casamento" homossex ual, o aborto li vre e a eutanás ia, entre outros iten s antinaturai s e rej eitáve is. A Com unidade Européia já exerce um a pressão muito grande sobre os países no tocante a esses temas. Os homossex uai s pressionam seus governos para impl ementar o "casa mento" homossex ual , alegando que o Parlamento Europeu o recomendou. E a Alemanha foi acusada há pouco pela Comissão, por di scrimin ar os estrangeiros europeus em seu territóri o mediante entraves burocráticos para imped i-los ele votar nas eleições com unais e estaduais. A Al emanha arrisca , desse modo, ter ele enfrentar um pleito no Trihuna / dos Direitos Humanos de Estrasburgo, por discriminação. Com uma Constituição será muito mai s fác il exigir cios Parlamentos nac ion ai determin adas normas, o que representa um perigo para a soberania elas nações européias.

necessidades do povo".

Instituições democráticas européias X soberanias nacionais

Do lado co nservado r leva ntaram-se vozes temerosas qu anto a uma Constitu ição Européia excessivamente li bertária, a qual catalogasse direitos e va lores que países com maior perfil cri stão difici lmente poderiam aceitar. N esse sentido, por exempl o, manifestou-se Adam

Um grande passo na formu lação ele um elenco de direitos era um ci os objetivos ela C imeira Européia rea li zada em Co lônia, Alemanha, em princípios ele junho, onde se reuniri am os Chefes de Estado europeus. Tanto a esquerda quanto a centro-direita apresentaram projetos bastante concretos. En-

quanto para a esquerda o mai s importante é a form ul ação ele um elenco ele direitos e deveres dos c idad ãos, para a centro-direita, em particul ar para a Democracia C ri stã , o problema ce ntral con siste no equilíbrio entre a União e os Estados nacionai s, unidade e vari edade, so lid aried ade e competição. Em poucas palavras, em que med ida assoberan ias nac iona is se di sso lveri am dentro elas in stitui ções democráti cas européias. A Democrac ia Cri stã européia foi desde o início o motor cio processo el e unifi cação . Ao s se us ade rente s mai s patrióticos, preocupados com o poss ível desaparec imento el as identidades naci onai s, se mpre se apresentou o proj eto europeu como al go que não culmin aria em um super-Estado. A tôni ca seria a de uma Europa elas reg iões , ou uma Europa da. p;ítria s. Esta era a promessa ... Portanto, enquanto a esq uerd a alega que graças a uma Constituição Européia se obterá maior ju stiça , a centro-direita argumenta qu e, com uma Constituição, o indivíduo e as regiões podem defender-se co ntra eventuais arbitrari edades ele um governo centra l. Uma incógnita: em que medida as popu lações européias desejam uma Constituição? O euro-ceticismo aumentou enormem ente na últim a década. Espec ialm ente a imposição do Euro e do Tratado de Maastricht criaram antipatias que co ntrastam fortemente com o entu sias mo ex istente no início cios anos oitenta . Este descontentamento manifestou -se de modo urpree nclente na abstenção colossa l

O discurso do Ministro das Refações Exteriores da Alemanha, Joschka Fischer (foto) foi a palavra de ordem para se iniciar o debate sobre a Constituição Européia

ele 13 ele junho último, por ocas ião das eleições para o Parl amento Europeu.

Prevalecerá o artificialismo; ou a organicidade e o bom senso? Certos políticos europeus calcul am que uma Constiluição poderia ju stamente aumentar a identificação cios cidadãos com suas instâncias políti cas nacionais. Seria ass im a primeira vez na Hi stória que se elaboraria uma Constituição para a cri ação de um povo: o europeu! A ex peri ência hi stórica e o bom se nso entretanto indicam o contrário: fo rm a-se primeiro um povo. Es te, em função ele suas características própri as, vai elaborando organicamente sua Lei básica, que às vezes nem é escrita e rígida, mas consuetudinária e fl ex ível , como sucede na Inglaterra até nossos dias... ♦

CATOL I CISMO

Outubro de 1999

35


000000 Outubro 1999 Ji

§~@Lt@~

'r

<

DOM

3 10 17 !14 31

SEG

4 11 18 25

TER

5 12 19 26

QUA

6 13 20 27

QUI

7 14 21 28

SEX

1 8 15 22 29

SÁB

2 9 16 23 30

de

ce írce~~

Outubro

11

18

Santa Sol.edade Torres, Virgem.

Sik> Lucas, Evangelista.

+ Espanha, 1887 . Fi lha de pequenos comerciantes, começou a ajudar o sacerd ote Miguel Martínez na guard a dos doentes, e com ele fun dou as reli giosas Servas de Maria.

12 Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil

13 Sik> Geraldo Abade, C01,jessor.

s-

São Demétrio

Santo Apolinário

imão

1

5

Santa Teresinha. do Menino Jesus, Virgem

Sik> Benedito, o Preto, C01,jessor.

Santo Apolinário, Bispo e Cor,jessor.

Sik> Romano "O Menestrel'~ Cm,jessor. + Síri a, 653. De ori gem judaica, tornou-se sacerdote em Constantinopla no tempo do Imperador Anastás io l. Nossa Senhora, aparecendolhe, comunicou-lhe talento poético que se expressou por uma série de hinos em Sua honra. Primeira sexta-feira cio mês

+ França, 520. Filho de São Hesiquio, estudou

sob a direção de São Mamerto, sendo consagrado Bi spo de Vallence por seu irmão, Santo Avito, de Vi ena de França. Combateu tenazmente os ari anos de sua di ocese, restabelecendo nela a Religião católica .

São lucas

2 Santos A,yos da Guarda

+ França, séc. lll. Sofreu o mmt írio em Agen, na

França. Seu culto adquiriu muita popularidade quando um monge levou suas relíqui as para Conques, que ficava no roteiro das peregrinações de Compostela. Daí seu culto di fundir-se pela Península Ibérica, e, de lá, para as Américas.

+ França, 680. " Filho de uma fa mília da aris/ocra cia _fi-anca, fo i educado na cor/e de C/01ário li. Tornando-se monge e depois Bi.l" po de Autun, so_{i-eu inicialmente o exílio e depois a decapiw çeio por ha ver reprovado O.\" grandes des/e mundo por seus hábilos dissofu los e suas inj11s1iças" (do Martirológio Romano-Monástico). Primeiro sábado cio mês

-

São Quintino

3 Santos Veríssimo, Máxima e Júlia, Mártires.

SãoProclo

Santos Adauto, Mártir, e Calistena, Virgem

C AT O L IC IS MO

+ Ásia Menor, séc. IV. Adauto era general do Exército romano. Tendo sua filh a, Calistena, sido requestada pelo Imperador Max imino, procurou-lhe um refúgio num luga r remoto da Mesopotâmia. Irri tado, o Imperador mandou matá-lo. Depois da morte de Max imino, Cali ste na vo ltou para Éfeso ond e termin ou santa mente seus di as.

Outubr o d tJ 1999

de Nicéia anles de se relirarpara a 7ebaida com o leitor de sua igreja, Seio Vi ato1: Ambos morreram com. inlervalo de poucos meses, e seus corpos.foram levados mais /a rde de valia para Lieio" (cio Martirológio Roma no - Monástico).

15 Santa Teresa de Ávila, Virgem, Reformadora.. ♦

8

+ Alemanha, 1009. Aparentado com a famíli a

Sik> Demelrio, Mártir. + Ásia Menor, séc. Ili . " Procônsul romano que, depois de converler muitos à f é de Crislo, .foi trespassado de lanças por ordem do impera dor Maximiano" (do Martirológio Romano).

Patriarca Abraão.

+ Egito, 382. "Bispo de Lião, que defendeu afé

São Bruno de Querfut, Bispo e Mártir.

persegui ção de Diocleciano, já eram cultuados no século VI. Nos séculos X e XI hav ia pelo menos sete igrejas a eles dedi cadas só entre os ri os Mo ndego e Minho.

São Francisco de Assis, Co,!fessor.

14 Sik> Justo, Bispo e C01,jessor.

Nossa Se11hora do Rosário

9

4

36

7

+ Portu gal, séc. 111. Martiri zados du ra nte a

São Geraldo Abade

Santo leodegário

6 Santa Fé, Virgem e Mártir.

São Lec-1.e:,tdrio, 0>1,,fessor.

-

+ França, 909. Conde de Aurillac, fundou em seu condado uma célebre abadia que se torn ou parada obrigatóri a para os peregrinos de Compostela. Dela fo i Abade o grande Santo Oclon, antes de o ser de Cluny, o qual escreveu a vida de São Geraldo.

+ Palestina, séc. X IX A.C. "Esperando conlra Ioda esperança, obedeceu a Deus que o mandara deixar seu país, e mais tarde sacrificar seu .filho Isaac, único herdeiro da posteridade promelida. Teve f é em Deus, que o declarou j us/o, e ele se !ornou o pai de urna mul!ideio de cren/es" (do Martirol ógio Romano - Monásti co).

10 Sa11tos Mártires Franciscanos de Ceuta. + Áfri ca, séc. XIII. Daniel, Samuel, Ângelo, Leão, Nicolau, Hugolino, sacerdotes, e Dono, irmão leigo, tendo ido a Ceuta pregarem o Evangelho e refutado os erros de Mafoma, fo ram cobertos de opróbrios, açoites e prisão antes de receberem a palma do martírio pela espada.

imperial, entro u num mosteiro em Ro ma e depois colocou-se sob a direção de São Romualdo, em Rave na. Enviado como Bispo e apóstolo à Rutêni a, fo i preso pelos pagãos com 18 companheiros. Deceparam-lhes as mãos e os pés antes de os degolarem.

16 Santa Margarida Maria Alacquoque, Virgem.

na e pelo prestígio da autoridade da Roma Orienta l. Combateu os nestori anos e outros hereges.

Sik> Mon011 Eremita, Cof!fessor. + França, 630. Deixa ndo sua Escócia natal para

ir para Roma, encontrou na Bélgica o Bispo de Maestrich, São João, o Cordeiro, e a ele se ligou por laços de ami zade. A conselho do Bispo, fi xou-se nas Ardenas, nos bosques de SaintHubert, onde fo i assass inado por bandidos. É dos Sa ntos mais venerados na região.

25 Santos Crispim e Crispinia110, Mártires. + França, séc. Ili. Irm ãos, foram evangelizar a Gá lia co m Sã o Qu in tin o; d urant e o dia eva ngeli zavam, e it noi te traba lhavam como sapateiros para sustenta r-se. Por ocas ião de uma perseguição aos cristãos, fo ram aprisionados, torturados e mortos à es pada.

19

26

Sik> Pedro de Alcântara, Patrono do Brasil

Santos Rogaciano e Felicíssimo, Mártires.

(vide seção Vidas de San/os, p. 18)

20 Santa Maria Bertila Boscardi11, Virgem + Itália, 1922. De humilde ori gem, entrou no Insti tuto de Santa Doroté ia, onde sua ru de aparência levou a superi ora a colocá-la na cozinha. Tendo que ajudar na enferm ari a das cri anças durante uma cri se de difteri a, mostrouse uma enfe rmeira capaz, inteligente e paciente. Cuidou de pois dos so ldados ferid os na Pri meira Guerra Mundial. Sempre humilde e solícita, fa leceu aos 34 anos.

+ África, séc. 111. "Seio Cipriano deu 1es1e111u11ho deles 111t11w carta dirigida aos cristeios perseguidos: 'Sigam em ludo o sacerdore Rogaciano, que para a glória do nosso 1e111po vos apon/C/ o ca111i11ho pela vale111ia de suafé "' (do Ma rti ro lógio Ro mano - Monástico).

27 São Gonçalo de Lagos, Co,,jessor. + Portu ga l, 1422. Agostini ano, no táve l por sua vida de jejum e penitência, rec usou o título de doutor e outras distinções.

28 Sautos Si.mão e Judas Tadeu, Apóst:olos.

21

Santo Agatik> Anacoreta, Confessor.

Sik> Firmiliano, Bispo e C01,jessor.

+ Ásia Menor, séc. IV. " Celebrado por seu discerni111enlo; segundo ele 'nc7o havia nada nwis difícil do que a oraçeio, pois neio há es.forços que os demônios neio f aça111 para inlerromper es/e poderoso 1neio de os desarnwr"' (do Martirológio Romano - Monástico) .

+ Ásia Menor, 268. Ardoroso comba tente da heresia dos donatistas, o historiador Eusébio o class ifica como uma das figuras mais notáveis de seu tempo.

29 Sik> Zeno'bio, Mártir.

22 Siio Donato, Bispo e C01,jessor. + Itália, 875. Monge irl andês em peregrin ação a Roma, passando por Fiésole fo i aclamado Bispo pelo povo da di ocese vacante. Foi, durante 48 anos, pastor dessa região da Toscana, reerguendo-a após a in vasão dos normand os.

+ Ásia Menor, séc. IV. Médico, torn ou-se sacerdote, e "11a derradeira perseguiçeio, exortava os owms ao 11wrtírio. Por isso IO m ou-se 1a111bé111digno dessa graça" (do Ma rtirológ io Romano).

30 Santa Dorotéia Schwartz, Viúva.

23

+ Alemanha, 1394. Filha de camponeses, ca-

Sik> Guilherme de Ma/avalie, C01,jessor.

Santos Servando e Germano, Mártires.

+ Itáli a, 11 57. Natural da França, depois de

+ Espanha, séc. IV Convertidos do pagani smo, tornara m-se apóstolos, o que lhes valeu a pri são e tortu ra. Libertados, torn aram a pregar com grand e êx ito, o que ·determin ou serem novamente presos, torturados, e enfim decapitados pela fé em Cri sto.

sada com um operári o, teve nove fi lhos. O mau gê nio do marido a fa zia sofrer. Com a morte do esposo, levou vida rec lusa, sendo favo recida com êxtases, visões e revelações .

uma vida dissipada, converteu-se, entregandose à ex istência eremítica na Itáli a, onde viveu na contempl ação e penitência.

17 Santo Herik>, Bispo e Mártir. + Ásia Menor, séc. 11. "Discípulo do Bem-ave11-

24

1urado Inácio, a quem. sucedeu no episcopado, e cujas pegadas seguiu corno .fiel imi1ado1; em seu amor a Cristo deu a vida pelo rebanho que lhe.fora confiado" (do Martirológio Romano).

Sik> Proclo, Bispo e C01,jessor. + Constantinopla, 446. Patriarca ela ca pital cio lm pério do Oriente, iníluenciado por São João Crisóstomo, mostrnu-se zeloso pela boa clouu·i-

31 São ·Quintino, Mártir. + França, 287 . Filho de um senador romano, fora à Ga lia com São Luciano como apóstolo.

Fo i martiri zado no lugar que to mou o se u nome, tornando-se célebre na França. Nota Os Santos aos quais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.

CATO LIC IS MO

Outubro de 1999

37


ESCREVEM OS LEITORES

Peço uma explicação

R No dia 19/05/99, vieram em mi nha casa duas pessoas, dizendo que eram visitantes ele "Na. Sra. de Fátima não Tardeis" e que a Santinha viria para rnjnha casa. Fiquei muito contente. M ostraram-me fotos ele todos acontecimentos, ela nossa Ca mpanha, até mesmo fotos cio Dr. Plínio. Depois disso falaram que hav ia uma mudança, ele "Na. Sra. de Fátima não Tardeis" para "Associação Cultural Na. Sra. de Fátima",e queeu teria que cancelar o nosso comprom isso, para associar-me a este novo. Em seguida deram-me um cartão rosa para preencher, e cancel ar também no Banco. Disseram para todas as correspondên cias que viessem daí, para eu mandála. de volta ou rasgasse. Por isso peço uma explicação, pois acho tudo isso muito estranho. O endereço deles é: Rua Dr. João A lves cios Sa nto , 116 1 - 13093-431 - Campinas. (Z.M. - Rio de Janeiro)

Explicação - li

M Recebi em junho/99 no centro ela C idade cio Rio ele Janeiro, onde tra balho, em pleno ex pediente, doi s jovens senhores, trazendo-me impressos e o utro materi al e, dizendo-me o seg uinte: que com a morte do Sr. Plíni o, que todos já sabíamos, muita co isa havia mudado: 1º. Q ue a campanha "Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!", agora seria Associação Cultural Nos-. sa Senhora de Fátirn.a; 2°. A Revista M ensa l não seri a mai s Catolicismo, mas , Dr. Plinio etc. etc., tendo mudado mesmo ele endereço. Tal fo i a conversa (pressão) que

38

C AT OL IC ISMO

me levaram a ass inar novos papéis e ca ncelar os anteri ores. Inadvertid amente, diante ele pessoas de boa aparência e con hecedores de todo o trabalho, os assinei. Somente depois, soube por uma am iga que estão fazendo isso com dezenas de pessoas (muitas dezenas ... ). Quão lamentável esta perturbação de magnífica obra. (M.C.N. - Rio de Janeiro)

Nota da redação: Ambas missivistas têm toda razão em estranhar os fato s por elas relatados, pois a Campanha intitulada "Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!" nada tem a ver com a dita "Associação Cultural Nossa Senhora de Fátima ". A primeira é promovida pela TFP, instituição fundada em 1960 pelo inesquecível Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, que a dirigiu e lançou as bases de seus Estatutos. Enquanto a tal "Associação Cultural Nossa Senhora de Fátima " foi criada já após o falecimento de Dr. Plínio, por um grupo dissidente que se desviou dos Estatutos da TFP Pelas informações dos leitores e outras que nos chegam, vemos que lamentavelmente há pessoas que procuram utilizar indevidamente o nome da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!, da TFP, para criar confusão nas mentes, prejudicar essa gloriosa Campanha e tirar proveito em favor da tal nova ''Associação Cultural Nossa Senhora de Fátima". Mas não se confundem os dois grupos. Inform amos também que não houve qualquer mudança de nome na revi sta Catolicismo - que continua de modo crescente suas tiragen s, com expressiva adesão de novos assinantes - nem tampouco na estrutura ou nos objetivos da TFP Entende esta Redação que nos-

Outubro de 1999

sas missivistas, após esta explicação, dispõem dos elementos para julgarem elas próprias a conduta das pessoas que as procuraram, praticando as ações narradas em suas cartas e utili za ndo o nom e da "Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!", promovida pela TFP A quem se apresentar em nome da TFP ou da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!, peçam sempre a credencial. Os nossos autênticos propagandistas ficarão contentes em poder mostrá-la. Aqu eles que desejarem maiores esclarecimentos, estamos à inteira disposição. O telefone de atendimento é : (0xx11) 3955-0660.

Desarmamento N a cond ição ele cidadão, venho por meio desta cumprimentar Vossa Sen hori a pelas publicações na Rev ista Catolicismo, nº. 584, contra a transformação em lei ela mensagem nº. 699, ele Ol /06/99, que proíbe a vencia de arm as ele fogo no território nacional. O Congresso brasil eiro está sendo envo l vido numa campa nha falaciosa, que procura clemagogicamente so lucionar de fo rm a errada o grave prob lem a ela violência .... Leis dessa natureza servem apenas para restrin gir liberdades, e como tal, num Estado Democrático elevem ser elaboradas com muito bom senso e parcimônia, sob pena ele se tiranizar a população. N enhum Estado tem o direito de oprimir seus cid adãos im pedindo-os ele defenderem suas vicias ... . Salta aos o lh os qu e nin g uém quer bandidos arm ados. O que e quer é band ido preso, cumprin do sua pena e uma polícia eficiente, bem eq uipada, bem

remunerada, motivada e respeitada .... Todos podem c laramente perceber que os índices ele v iolência no Brasil estão crescendo, bem como o aumento cio armamento clandestino em poder dos criminosos, apesar elas restri ções ao porte ele armas que vêm ocorrendo, o que prova a inu tilidade de qualquer medida que pretenda desarmar o cidadão honesto .... A inconstituciona lidade ela pretensão do Executivo Federal inclusive é patente, po is não apenas desrespeita o direito adqui rido ele quem lega lmente possu i uma arma decorrente do ato juríd ico perfeito que foi sua aq ui sição, ma também ignora que o direito à vida do brasileiro, por meio ele sua defesa, é intocável. Isso para não se mencionar o verdadeiro confisco que se pretende levar a efeito com a apreensão das armas regulares, bens de brasi leiros que serão tornados numa verdadeira afronta ao con stitucional direito de propriedade. D espotismo da espécie é sem precedentes na história republicana deste Paí . Ass im, acredito que aos Católi cos, dentre os quai me inc lu o, cabe particularmente o dever ele zelar pela manu tenção e o res peito elas li berdades indiv iduais, pois toda e qualquer ação contrária a estas terá um alto preço para a soc iedade. Louvo o elevado discernimento ele Vossa Senhori a, digno defensor ela democracia que certamente não será vi o lada. (M.P. - São Paulo)

"Sou da Paz" ~ Tenh o receb ido norma lmente as revi stas Catolicismo , mas lendo esta últim a, "Le i do Desarmamen to. Quem serão as vítimas " , não posso imped ir-me ele escrever para deixar marcado o quanto aproveitei com sua

leitura. Tomei notas ele alg uns itens para poder co nvencer os companheiro s ele trabalho que têm algumas opiniões fa lseadas sobre este problema. Eu também ti nha, mas com o acompanhamento cios artigos me peguei que estava influenciado emoc ionalmente pela propaganda cio pessoal cio "Sou da Paz" . E u também sou da paz, mas não paz para os bandi dos que rouba m, matam e muitas vezes estupram. Para ter paz esses m arginai s não podem andar em liberdade. (M.J.A. - São Paulo)

Lei de desarmamento dos bandidos?

R É obrigação do Estado defender a população honesta, mas se ele não nos defende? Ou ca ire mos reféns cios assassinos ou somos obri gados a defender-nos nó mesmo , nossas famíli as, nossos ben s etc . Obrigado pel a coragem em nos dar subsíd ios, nos dar forças para lu tar contra a ignorância genera l izacla cios torcedores da lei ele desarmamento. Por que eles não fazem um a lei de desarmamento dos bandidos? (E.C.M.J. - Paraná) Lufada de ar puro

M Aproveito a ocasi ão pa ra parabenizar a eq uipe de Catolicismo. As revistas têm estado ótimas! Assu ntos candentes como o "Desarmamento", abord ado neste mês, prec isa m ser estudados e difundidos. Cada págin a é uma lu fada ele ar puro, para nós que v ivemos neste mundo tão caoti zado, tão poluído moral e ideologicamente fa lando, e que desejamos de toda a alma, o triun fo dos verdadeiros e peren es valores ens in ados pela Santa

Igreja . Q ue N ossa Senhora ele Fátima continue a iluminar esta eq uipe tão áv ida em preservar, cultivar e difundir os ens in amentos cio sempre lembrado e mui l íssimo venerado Dr. Plínio Corrêa ele Oliveira. (Z.L.C. - Rio Grande do Sul)

Posição honesta, clara e corajosa

M Ontem à noite tive a oportuni dade de ler o arti go ele título "Desarmam.ento ", escri to pelo Cel. Carl os A ntôn io E. Hofmei ster Po li , na ulti ma ed ição ela revista Catolicismo. Como atirador e chefe de família, preocupado com o rum o que as nossas autorid ades m ais importantes têm dado aos assuntos relac ionados ao uso e posse ele arm as ele fogo, tive uma agraciável surpresa ao ler a posição honesta, clara e coraj osa assumi da na sua publicação. Ass im, gostari a ele lhes pedir, caso seja possível, que me fosse envi ada uma cópia do texto utili zado na sua publicação para q ue eu possa repassá-lo para outros compm1heiros de esporte e pessoas ele minhas relações pessoai s e profissionais. E mbora não goste ele política, acred ito que somos obri gados a participar decisivamen te em temas importantes como este. (L.C.J. - São Paulo) Nota da Redação: Agradecemos aos demais leitores que nos enviaram cartas com comentários - todos muito pertinentes - sobre a matéria especial que publicamos a respeito do absurdo Projeto de Lei do Desarmamento. Pedimos a compreensão por não transcrever nesta seção todas as cartas e e-mails recebidos, o que se deve unicamente à falta de espaço.

e AT O LIe ISMO

Outubro de t 999

39


TfPs EMAÇAO Campanhãl.O Amanhã de Nossos Filhos

4. 100 Apelos entregues ao Ministério Público

M

Geral da Campanha, Dr. Ce lso ela Costa Carvalho Vicli gal, Diretor da TFP, Da. G ilda de O liveira Ribeiro da Costa Carvalho Vidigal sua ex ma. esposa, e Sr. Sandro Bonfim, aprese ntou os referi dos documentos à Promotoria de Justiça da Infância e da Juventude do Estado de São Pau lo, locali zada na rua Major Q uedinho, 90 na capital paulista. Por indicação do Procurador-Geral de Ju stiça cio Estado de São Paulo, dita com issão fo i recebida pela Promotora de Justiça da In fânc ia e J uventude, Dra. Sil va na B uogo, às 14h, a qual manteve com seus componentes amável conversação. Para atestar a entrega dos 4. 100 documentos, fo i lavrado um Termo de Declarações cujo fa c-símile fi gura ao lado. ♦

ais um êxito alcançado por OANF! A Campan ha propu sera a seus aderentes que assinassem um Apelo das famíl ias brasileiras ao Ministério Público. O documento era dirigido ao Exmo. Sr. Procurador-Geral de Justiça do Estado de São Paulo, Dr. Luiz Antonio Guimarães Marrey, e so licitava provi dências para se pôr fim às sessões ele film es pornográficos que, sob o título ele Cine Privé, são ex ibidas na Rede Bandeirantes de Televisão. Chegou à Coordenaria ele OANF o express ivo número ele 4.100 Apelos, com essa final idade , subsc ritas por aderentes da Campanha. Em 6 ele setembro último, uma comissão ele OANF formada por Dr. Paulo Corrêa ele Brito Filho, Coordenador-

~~

-

MIN l!:>'T ÉRI O l'ÚO LICO DO ESTADO OE SÃO PA ULO

fENMO OE D ECLARAÇÕES

Em 06 de Httmbro de 1999 ,, 1,i hof■s,

nnt, Promoto,,a 1111

comper-am PMaint• • Dr' ti!Nana tsuogO, OI

Corrh

(111

senno.-,,

Ju.UÇ.,

Pll<IIO Areu,o

0111of1lh0 RG 1.012 015-SSP/SP, CalMI da Costa c.,..,,lhO Vtdlga!

RG l 353 •OO.SSP/SP, Gilda de 011\IGlra Ribeiro cio Costa CwvalhO Vldlg11 RG 1 7290$4,SSP/SP, SendrO Donllll\RO l11643GIM SSPISP o.tl#amqu9 roJIIHOl111lm a Socled«la BIHll.it-1 ~ OetH• da Tf.Olçao, Famlh1 1 PrO!)f'lodlKII , TF I'. tll'l<IO OIHIO quo 111.,-id• ont,dldl d11onvol .-o ln\imlf(U

cal'l'IP..-Nls, dtnlre ei.1 aQ\1911 comecida por

·o omaohA de nossos filhOI' .

d.o qual o Iº aedllflNI 6 COOldoNdor Gero! A campanha re11f>dll 6 uma ,,,.e,111,vll qve 1111' l)lf!f'IOrdlatmen10 o COl'l'lbfllt " lmo,alkllKIO 1 " vloltnda 1'111

TV

Compareeom I

ona PromolOl'1oll de J,..s11ça Plf• aotr-011 4 100

~\eomPfotoooloóelfllr.0.ntll.eP J 449199)queOOl'l$ublllt'ldlm apelo óe raml!,a1 bl11116ifn cuio obfotlvo to d& tollaw ao M,nl,tóno P\lbiioo Qllll 10ffi(I mod><IOI pora a lup!lllio dH MnOO•

de t, ln'IH l)OIMQfil!ieol que

$00 ultNCkl9 1)111 Ride oaooe~antll de Tetflvldo, IOb O tltlJIO 'Cll"IO l'flWI'

Ood•am ~ que o

andtreQO

dl 1.i«ldl SOdldú t Rua Matt!m

Frlll>citcO, 665. Slo P■ulolSP Cep 01226-001 •

e

arlos Massa, mais conhec ido como Ratinho, erra fe io ao apostar no lBOPE. De sa te nto , o aprese ntador do SBT confundiu gosto popular com mau gosto vu lgar. Resul tado: seu prog rama, edificado no grotesco, na vio lência, na imoralidade e, muitas vezes, na pornografia, despertou indi gnação de pais e mães que se preocupam com a retidão mora l de seus filhos e netos.

A gota d'água Con hecido pe la vu lga ridad e de suas apresentações, há muito que Ra -

40

CATO L IC IS MO

.

tinha vinha se fazendo digno da antipatia e da opos ição das pessoas com decê nc ia e di gnidade. Co ntudo, a gota d 'água para os aderentes de OANF se mobilizarem contra o Programa do Ratinho foi a ex ibi ção ele um show erótico, gravado na Tail ând ia.

Agressão hedionda Numa revista de orientação católi ca, como é o caso de Catolicismo, é impossível descrever a obscenidade existente na aludida ex ibição levada ao ar, numa ag ressão hed ionda às famíl ias bras ileiras. Basta-nos transcreve r as

Outubro de 1999

Saiu na .imprensa

H

O

á nov idades no site de OANF! Agora os navega ntes da web qu e forem ao endereço: www . oanfilhos.org. br poderão expressar sua opini ão a respeito da Campanha e sobre a TV. Trata-se cio chamado Livro de Visitas, iniciativa recentemente impl antada no espaço virtual ela Ca mpanha. Todo leitor que tem acesso à Internet, aproveite essa chance para expor sua opinião e aux ili ar O Amanhã de Nossos Filhos em sua ação. ♦

diári o "O Estado de São Paulo" (29-7-99) noticia que o Presidente da Repúb lica, Fernando Henrique Carcloso,j untamente com Lula, seu adversário petista, estão se "confi·aterniz.ando ", em segredo, com Ralinho. Lembrando que Lula não teve receio em tornar público seus jogos de sinu ca com Murillo Macedo, Mini stro cio Trabalho, na época cio regime militar, o jornal questiona a razão do mistério ex igido pelos dois políticos sobre o encontro com Carl os Massa.

A ser verdadeira a notícia, o fato de FHC e Lula não quererem vincular sua image m à de Ratinho é um forte indício de que a audiência aludida pelo apresentador cio SBT não aba rca pessoas dotadas el e se riedad e e de discernimento, ca pazes de influir num a eleição, por exemplo. Ou seja, audiência não é refl exo da verdadeira opinião popular. Faça como Catolicismo: una-se a OANF! Ajude a provar que o conteúdo de programas como o de Ratinho, não só desagrada, mas é considerado ex tremamente ultrajante pe las pessoas ele bem! ♦

s.,,i, Ceclha • tolo!one 3955

l 140 Firmo HII c:,om Htlnll!U'll dol rep<Hel'lllf'l!H jon\lffiell\O ec,m ostn P<OfflOIOl•deM1iça.

N~

ma,s tol deçllfiMlo Eu,

,

PfornolOflO,S\ibtcfOYI

p,

o.aw"""

"''°'°

·.-:r.

~,

1/,"t..f ...

,2_d... ~,.-~~-,,,,.J.'<h

Ratinho caindo do cavalo Pais e mães de família, aderentes de OANF, perdem a paciência com o apresentador do SBT e decidem pôr fim à apelação imoral do Programa do Ratinho

Atenção internautas

palav ras cio Dr. Paulo Corrêa de Brito P', Coordenador-Geral de OANF: "Esse tipo de programa constitui clamorosa violaçcio da moral católica, exortando à promiscuidade e à lascívia" .

Organização do Protesto Para pôr fim às apelações do Programa do Ratinho, a Coordenação de OANF organ izou um maciço envio de protestos a Silvio Santos, proprietário da em issora.

Funcionamento Cada aderente recebe em sua casa um texto de protesto para que o envie ao dono do SBT. Esse texto poderá ser env iado por fax , pelo correio ou mesmo por ambos. O importante, segundo a Coordenação, é manifestar a indignação das pessoas que prezam o respeito à moral e ao. bons costumes. ♦

A

reação ocasionada pela Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, ncio tardeis! contra a projeção, em nosso País, do film e blasfemo Dogma, vem recebe ndo milhares de adesões diárias. Esse film e subverte completamente a figura moral ele Nosso Senhor Jesus Cristo, violentando gravemente e a fundo a consciência relig iosa dos católicos. Além cios valoroso aderentes da campanha, milhares de outros católicos indignados estão enviando suas petições assinadas para serem e nca minhadas ao Mini stro da Justiça pedindo que seja proibida a proj eção desse film e no Brasil.

A

o mesmo tempo em que o espectro cio filme Dogma ameaça nosso horizonte, outro terrível inimi go da Religião católica tenta ganhar terreno. O assassinato de inocentes. O Mini tro da Saúde, José Serra, instituiu uma Norma Técnica permitindo a prática do chamado aborto legal cm todos os hospitais

Essa oportuna iniciativa da campanha Vinde Nossa Senhora de Fálima, não tardeis!, em uni ão co m as TFPs de outros países , como a do s Estados Unidos e a ela França, está se transformando numa verdadeira cruzada internacional e m defesa d a honra de Nosso Senhor Jes us Cristo. ♦ O Belo Deus - Catedral de Amiens (França), portal central. Obra-prima da escultura do século XIII, os traços admiráveis dessa imagem refletem adequadamente a sublimidade da figura do Redentor, ignobilmente ultrajado pelo filme blasfemo Dogma

da rede pública, bastando que a mulher apresente um simples boletim de ocorrência polici al afirmando que foi estuprada. Em outras palavras, tal medida "abre a porteira " para toda sorte de abusos e promove esse pecado que, além de gravíssimo, é punido pela Santa Igreja com excomunhão automática.

Os Propagandistas ele Fátima, juntaram seus esforços à Campanha contra o aborto, organizada pela TFP, [ver matéria seguinte] enviando cartões de protesto, telefonando e passando faxes aos deputados da Comissão de Seguridade Social e Família. Que Nossa Senhora de Fátima abençoe nosso esforço e livre o Brasil de tão grande mal! ♦

eATO LIe ISMO

Outubro de 1999

41


TfPs EM AÇÃO

.

Há mãos tintas de sangue ... N ELSON R AMOS B ARRETTO

Brasília - O Mini stro da Saúde, José Serra, havi a impl antado meses atn1s - por meio de uma simpl es Nurrna Técnica - o aborto nos hospitais da rede pública. Os referidos hospi -

tos contra a No rma Técnica abortista cio Mini stro el a Saú_ d e. Devido a esse esf orço, a presença ele anti -aborti stas foi notável. Até alguns que não podiam votar - por serem suplentes ou ele outras comissões- fizeram questão de aparecer, a fim de manifestar suas posições contrári as l1matança de inocentes.

tais fi cava m obri gados a praticar o pecado do aborto, bastando a gestante alegar ter sido estuprada e apresentar um Boletim de Ocorrência. Ou sej a, o assass inato de Votou contra o aborto crianças ainda no ventre matern o ! No di a 25 de agosto p.p. reali zou-se avoVi sando derrubar tal Norma Técnica, o tação. A maiori a cios integran tes ela referid a Airton Roveda (PFUPR) Alm eida de Jesus (PUCE) deputado Severin o Cavalcanti , el e Pern amComi ssão era de esquerdi stas pró-aborto, senAlmerinda de Carvalho (PFURJ) bu co , aprese ntou um Proj eto de Decreto do a relatora ela matéri a, a depu tada Jancli ra Angela Guadagnin (PT/SP) Legislati vo (PDL 737/98). Feghali , cio Partid o Comuni sta do Brasil (PC Celso Giglio (PTB/SP) Costa Ferreira (PFUMA) ci o B) do Ri o el e Janeiro, a qual, evidentemenIntervenção da TFP Euler Morais (PMDB/GO) te, era a favo r do aborto. Assim , j á de in íc io, Eurico Miranda (PPB/RJ) A TFP apoiou efeti vamente essa ini ciati prev ia-se um desastroso resultado, proveniente Jorge Costa (PMDB/PA) José Linhares (PPB/CE) va anti -aborti sta por ocas ião da votação da el e uma Comi ssão composta maj oritari amenLamartine Posella (PMDB/S P) matéri a na Cornissão de Seg uridade Social e te por médi cos e fe mini stas aborti stas: não fo i Lidia Quinan (PSDB/GO) Fcunília. aprovado o Proj eto ele D ecreto L egislati vo do Marcos de Jesus (PST/PE) Osmânio Pereira (PMDB/MG) N a qu alidade de Vi ce-pres idente cio ConD eputado Severin o Cavalcanti , que visa derPastor Amarildo (PPB/TO) selho N acional da TFP, no exercício da prerubar a No rm.a Técnica do Sr. José Serra. Serafim Venzon (PDT/SC) sidência, o D r. Ed uardo de B arros B rotero A opini ão pública católi ca precisa conheTotal: 16 enviou ca rta a todos os deputados, considecer os nomes dos deputados que votaram conVotou pró aborto rando que, nessa questão, "está em foco não tra o aborto e os que votaram favora velmente Alceu Collares (PDT/RS) apenas uma simples aprovação ou rejeição (vej a quadro ao lado) e, assim , mani festa r o Alcione Athayd e (PPB/RJ) de "norma" ou parlaria, mas sobretudo urna seu apoio ou seu protesto, atra vés de carta ou Antonio Palocci (PT/SP) controvérsia de repercussão nacional, que Benedito Dias (PFUAP) telefonema, como também saber escolher, no Carlos Mosconi (PSDB/MG) envolve fo rçosamente aspectos polílicos, sopróx imo pleito eleitoral , em quem votar. Darcísio Perondi (PMDB/RS) ciais, e, principalmente, religiosos e morais O depu tado mineiro, Osmâni o Pereira, fez Djalma Paes (PSB/PE) da maior g ravidade. Pois, pela lóg ica do siso seguinte comentári o a respeito cios responEduardo Jorge (PT/SP) Henrique Fontana (PT/RS) tema vigente, se o eleitorado brasileiro é de sáveis pela aprovação do aborto: "Eles estão Jandira Fechali (PC do B/RJ) maioria católica, nem o Legislativo nem o com as mãos cheias de sangue". Já o DeputaJorge Alberto (PMDB/S E) Execuli vo poden·i aprovar leis ou impor dedo ca tólico Severin o Cavalca nti lamentou a Laura Carneiro (PFURJ) Lavoisier Maia (PFURN) cretos e portarias que conlrariem. os sentiomi ssão da CN BB nesse epi sód io. Lúcia Vânia (PSDB/GO) mentos e as convicções cristãs da populaÉ de se temer pelo futuro cio Bras il , caso Marcondes Gadelha (PFUPB) ção .. .. ", como o é a insti tucional ização do sej am aprovadas pelo Congresso leis diretaRafael Guerra (PSDB/MG) Raimundo Gomes Matos(PSDB/CE) aborto que, segundo a doutrina católica, consmente opos tas às ele Deus, como a do aborto ! Rita Camata (PMDB/ES) titui um pecado que "brada ao Céu. e clama Rosinha (Dr.) (PT/PR) A batalha continua a Deus por vingança". Saulo Pedrosa (PSDB/BA) Sérgio Carvalho (PSDB/RO) E m v ista do resultado acima, o E critório Mobilização Teté Bezerra (PMDB/MT) ela TFP em B rasíli a continu a vigil ante e acomUrsicino Queiroz (PFUBA) A T FP mobili zou seus sócios, cooperadopanhando ele perto e com toda atenção o enVicente Caropreso (PSDB/SC) Total: 24 res, correspondentes-esclarecedores e simpaca minh amento do Proj eto que segu irá para ti zantes - além cios Propagandistas da Ca mvotação na Com.issão de Consliluição e Justipanha Vinde Nossa Senhora de Fá!ima, não tardeis! - de norça (CCJ), e, pos teriormente, no plenári o el a Câmara Legislati va. te a sul cio País, no sentido de enviarem a Brasíli a seus protesA grande maiori a ci os brasileiro é ca tóli ca. A Norma Téctos contra o aborto. Assim , pelo correio, por fax, telefonemas e nica afronta essa maiori a. L ogo, o aborto só será lega li zado no e-mails via internet, a TFP conseguiu faze r chegar aos deputaBrasil se os católicos permanecerem indi ferentes ou omi ssos, dos membros el a referid a comi ssão, uma avalanche ele protesdi ante desse gravíss imo pecado: o massacre cios i nocentes. ♦

*

*

*

,

••isto E'': v1sã

torcida a

O

se man ,fri o pauli sta " I sto É" p u bli co u em sua ed i ção ele 11 -8-99, sob o títul o Legião Estrangeira, matéri a de sua correspondente em Pari s referente às TFPs francesa e brasileira, a qual mereceu sérios reparos por parte ci o Serviço de Imprensa ela T FP Na edi ção seguinte, ele 18-8-99, o referi do semanári o - além ele tópicos elas ca rtas ela re li g iosa Ir mã M ari a Fra nc i sca Teresa lo Menin o Jes us (Cotia-S P) do r. Frederi co Yi otti (Bras íli a-Dr) , que cl cfcnclem a T FP de infundadas acusações contidas na alu dida reportagem - es tampa também alguns pou ·os tr ·hos da missiva que Paulo Corrêa de BriI 0 Filho, Diretor el e Imprensa el a TrP, remeteu à revista tendo em vista of'cr ' c ' r aos leitores ele " Isto É" uma visão objeLiva el a te1m\ti ca. Reproduzi mos abaixo excerto principais dessa caria, que põe "os pingos nos is" e torn a patente a des in fo rm ação el a corrcspond ' Ili ' de " Isto É" a respeito el a T FP brasi leira . As pari ·s grifadas do tex to correspondem nos I pi cos ela mencionada mi ss iva in s ' ridos na seção "Cartas" el a ediçã d 18-8 99 da rev ista. Os leitores p cl r, o p ·rcchcr assim , com facili dade, eo11I0 " Isto (;" amputou tópicos importanl 'S du carta, que apresenta a contínu a ' profícua atuação ela TFP em prol la 'ivi l i1,11<;ao Cristã no Brasil.

1

o gu dade lan~

Ina s otéria referente às osileiro sob o título ', da correspondenanes, que mes por parte esa. o artifundados. altra essa enti - . v rsórios que vão

desde o Primeiro-ministro Lionel Jospin até ONGs defensora s da laicidade. "No referente à TFP brasileira , o artigo procura apresentála como 'pálida sombra de seu pa ssado, mergulhada em profundas divisões internas desde a morte do líder Plinio Corrêa de Oliveira, em 1995'. "Ao que parece. a correspond ente de 'I sto É' em Paris está totalm ente desinformada a respeito de nossa contínua atuação e da dissidência (e não de profundas divisões interna s). ocorri a na entidade. "Para a reta informação dos leitores dessa revi sta. é im prescindível uma retificação : a TFP vem desenvolvendo. já antes de 199 5. em ritmo crescente, uma atua ção multiforme. sobretudo através de três cam panhas: 1- 'Vinde No ss a Sen ho ra d e Fátima. não tard eis! ' ; 2- 'O Amanhã de Nossos Filhos' : 3- 'S.O. S. Fazendeiro' . "Seri a por demais longo enumerar mesmo os principai s e recentes êxitos obtidos por cada uma dessas eficazes iniciativas. Basta dizer que 2 milhões e quinhentos mil brasil eiros já mantiveram correspondência com a Co o rd enação da p r im eira dessa s Campanhas, solicitando material alusivo à Mensagem de Fátima. " 'O Ama nhã de Nossos Filhos', que vi sa principalmente combater a imoralidade e a violência na TY, com seus 50.000 aderentes disseminados por 5.000 cidades brasileiras, tem conseguido evitar a apresentação de fil mes e programas imorai s e, até mesmo, alterar o enredo de uma teleno vela da Globo - 'Torre de Ba bel' . "Convém ressa ltar que nos últimos anos a atuação de aderentes dessas duas campanha s junto a membros do Congresso Nacional tem sido fator

IJASCONTRAO A"SEITA BRASILEIRA" it UONEI JOSPIN

deci sivo para barra r projetos de lei anticatólicos: a maior liberaliza ção do aborto e o chamado 'ca samento' homossexual. Em janeiro p.p. ocorreu a derrad eira tentativa frustrada de intro duzir essa última medida em nossa legislação. "E ressalto apenas que a Campanha 'S.O.S. Fazendeiro', em sua defesa da propriedade privada e no combate à Reforma Agrária socialista e confiscatória em curso no País, vem conseguindo um êxito editorial: a venda de 20.000 exemplares 'Guia Prático de Prevenção con tra invasões de terra'. "Só a carência compl eta de informações poderia ter levado a correspondente em Paris a con siderar a TFP 'relegada à lata de lixo da História ' . Certam ente ela também não tomou conhecimento de matéria publicada por nossa entidade na ' Folha de S. Paulo' , à página 5, sob a epígrafe 'TFP Escla rece', em 23-6 -98, na qual o tema da diss idência é colocado em seus devidos term os; bem como ignorou a extensa reportagem publicada nas páginas 4 e 5 por aquele matuti no, em 19-8-98, sob a epígrafe ' Con se rvadores derrotam prog ress ista s', com os títulos 'Disputa interna na TFP é decidida na Justiça de SP' , 'Sem comunismo, TFP ataca aborto, TV e união civil gay' . Essa matéria alude à vitória judicial, em primeira instância, que a TFP obteve na 3° Vara Cível de São Paulo contra os referidos dissidentes. "A sucinta enumeração das mais recentes atua ções da entidade eviden cia quão longe da realidade situa- se o juízo da jornalista sobre o atual po der de fogo da TFP brasileira" . ♦

L...,.---------------------------~-------------...,.----=----~~~=====-=---------------------------------_J 42

C AT O LIC IS MO

Outubro de 1999

CAT O L IC IS MO

Outubro de 1999

43




História

Após rebater os "slogans" lançados para desacreditar a Contra-Revolução, no Cap. VIII da Parte li o Prot Plínio Corrêa de Oliveira explica em profundidade o processo que pelo qual passam muitas pessoas que mudam de opinião no decurso da vida.

7

Muro de Berlim: uma década após sua queda ...

A palavra do sacerdote

8

Capítulo VIII O caráter processivo da Contra-Revolução e o "choque" contra-revolucionário 1. Há um processo contra-revolucionário É ev idente que, tal como a Revolução, a Contra-Revolução é um processo, e que portanto se pode estudar a sua marcha progressiva e metód ica para a Ordem. Todavia, há algumas característi cas que fazem essa marcha diferir profundamente do cam inhar da Revolução para a desordem integral. Jsto provém do fato de que o dinami smo do bem e o do mal são rad icalmente diversos .

2. Aspectos típicos do processo revolucionário

em sua mentali dade, em seu subconsciente, em seus modos de sentir, um resíduo de hábitos e fermentos contra-revolucionári os que as mantêm li gadas, cm parte, à Ordem. A corru pção revo lucionária nela não é tão dinâmica e, por isto mesmo, o erro só pode progrc li r cm s u spírito passo a passo e como qu se disf'arçando. A mesma lenti dão d ritmo xpli ca como muitas p ssoas mudam enormemente de opini ão no decurso da vida. Q uando são ad ol sccntcs tem , por exemplo, a respeito lc modas indecentes uma op inião scv ' ra, consoa nt ' o ambiente cm qu ' viv ' 111 . Ma is tard ', com o "evolu ir " dos cos tumes num sentido cada vez mais reluxado, essas pessoas se vão adaptando às sucess ivas modas. E no fim da vida apl audem trajes que cm sua juventude teri am reprovado fortemente. C hegaram a essa posição porque f'o ram caminhan lo len-

Na próxima edição reproduziremos o texto de "Revolução e Contra-Revolução" que mostra como as vítimas do processo revolucionário podem não só escapar do mesmo, mas até destroçá-lo.

A. Na marcha rápida Quando tratamos das duas velocidades da Revol ução (cfr. Parte I - Cap. VI, 4), vimos que algumas alm as se empolgam pel as suas máx imas num só lance e tiram de um a vez todas as con seqüênci as do erro. B. Na marcha morosa E que há outras que vão aceitando lentamente e passo a passo as doutrinas revolucionári as. Mui tas vezes, até, esse processo se desenvolve com continuidade através das gerações. U m "semi-contra-revolucionário " muito infe nso aos paroxismos da Revolução tem um filh o menos contrário a estes, um neto indiferente, e um bisneto pl enamente integrado no flu xo revolucionári o. A razão deste fato, como dissemos, está em que certas fa míl ias têm

ta e imperceptivelmente através das etapas mati zadas da Revolução. N ão tiveram a perspicácia e a energia necessárias para perceberem para onde estava sendo conduzida a revolução que se fazia nelas e em torn o delas . E, gradualmente, acabaram chegando talvez tão longe quanto um revolucionári o da idade delas que na adolescência tivesse adotado a primeira vclociclaclc. A verdade e o bem ex i stcm nessas aImas nu 111 stado de derrota, mas não tão derrotados que, dian t ele um grave erro e um ravc ma l, não possam t r um sobressa lto às vezes vitorioso sa lvador que as faça perceber o f'undo perverso ela Rcvol ução e as leve a uma atitude categóri ca e sistemática contra todas as mani l'cstaçõcs dcsta. ÉJ ara cv itar cssessaclios sobressa ltos de alma e essas cri stalizações contra-revolucionár ias, que a Revolução anela passo a passo.

O dever da mulher no lar católico A eternidade do inferno

A realidade concisamente Nossa capa:

1O -

À esquerda: militante do MST, participante da recente Marcha dos sem-terra a Brasília. À direita : guerrilheiro colombiano das FARC. Fotocomposição do ateliê artístico de Catolicismo

Aumento da gravidez precoce no Brasil: a responsabilidade das TVs A barbárie de aberrante moda: a "bod-mod"

Brasil Real

Santos e festas do mês

12 O

32

Brasil autêntico: belos vestígios de espírito medieval

Revolução e Contra-Revolução

Internacional

2

14 No

Aspectos típicos do processo revolucionário

A Palavra do Diretor

4

5

Entrevista

Timor Leste, católicos massacrados pelo islamismo fundamentalista

Escrevem os leitores

Nossa Senhora da Caridade do Cobre, Padroeira de Cuba

34 Colombiano

denuncia: narcoguerrilha marxista causa de desestabilização de sua pátria

Grandes Personagens

37

17

Página Mariana

Erik Sprague, entusiasta do "bod-mod", quer transformar-se em lagarto ...

Vidas de Santos

18 Santo

Estanislau Kostka: nobre polonês, noviço da Companhia de Jesus

Noé, o justo que confiou em Deus e ignorou as zombarias dos maus

TFPs em ação

40 -

Capa

21

Processo de "colombização" em curso no Brasil

Nacional

29 Como

entender a realidade que a mídia não revela

Campanha contra a impunidade da subversão rural no Brasil Épica caravana difunde Mensagem de Fátima na Lituânia

Ambientes, Costumes, Civilizações

44 O

esplendor gótico numa Catedra l italiana: Orvieto

Habitantes de Timor Leste exibem, em Jacarta, no mês de abril último, fotos que atestam as violência s praticadas contra os partidários da independência do país

A tirania revolucion ária das modas levou o homem contemporâneo, que no século passado e no início do atual trajava -se de modo composto (foto ,1 dirclt.1) aos des varios da inclume11tnrl, 1 punk (foto ,1cl111,,) C ATO L I

e

ISMO

Novembro de t 999

3


---

-

PÁGINA MARIANA

~--

Com a palavra ... o Diretor '

,

~

Ca ro Ami go, Reli gião e política são tern as opostos? Pode ser que o leitor se faça essa pergunta ao torn ar conh ec imento da matéri a de capa desta edi ção de Catolicismo. Ou ainda: o que eu, bras il eiro e ca tóli co, tenho a ver co m a situ ação da Co lômbi a ou com as invasões de terra prati cadas pelo MST? l sso é importante para minha sa lvação? Si gnifi ca algo para meu progresso espiritu al ? N ão seri a melh or apresentar apenas a vida serena e virtuosa de al gum Santo? Perguntas desse tipo podem surgir por fa lta de um conhecimento mais pro fund o da D outrin a católica sobre a soc iedade humana. A situação de caos a que chegou a Colômbi a não pode ser indiferente para um católico bem form ado. A desag regação mora l, política, soc ial e econômi ca do país vi zinho - e irmão do Bras il , pois ambas as nações pertencem à C ri standade latino-ameri cana - supõe vi olações graves à L ei de Deus e à própri a L ei natu ra l. E tais pecados, espec ialmente contra o 5°, 7° e I Oº M and amentos do D ecá logo, devem ser co nhecidos e rej eitados por nós ele modo especi al. Por quê? 1. U rn a nação católi ca latin o-a meri cana está endo vulnerada profun damente pelas forças revo lu cionári as qu e v isam a destrui ção da C ivili zação Cristã. 2. Esse proce so é tanto mais grave quanto é notóri o que ele é análogo ao que, embora num estágio anteri or, desestabili za o B ras il. E m v ista di sso, qu em ele nós está cli pensado de lutar em prol da C ivili zação C ri stã, ameaçada de modo ass ustador na Co lômbi a e sumamente preocupante em nosso País? Quem ele nós es tá di spensado de co mbater o que é errado e ensin ar o qu e é certo? D aí a importânci a el a matéri a prin cipal da presente edi ção: proporci onar ao leitor o conhec imento, na realid ade atu al, dos passos de uma R evo lução que vem demol i ndo a C ivili zação C ri stã há séculos e que hoj e atinge o seu apogeu. Essa v isão crítica dos aco ntec imentos atuais permitirá ao l eitor identifi car c laramente, em seu cotidi ano, as tendências opostas a essa C ivil ização. E, ass im , auxili á- lo a apoiar co m segurança tudo aquilo que signi fiqu e um clique ao movimento revolu cionári o, isto é, a autênti ca ContraRevo lução. D esej o a todos urna boa leitura. Em Jesus e M ari a

~ ~07 DIR ETOR

4

CATOLICISMO

Novembro

de 1999

Preços da assinatura anual para o mês de NOVEMBRO de 1999:

ue moti vo há para N ossa Se nh o ra qu erer aparecer a certas pessoas? Ou para aparecer em certa data e não em outra ? Di fíci I a resposta , po i s, exce to al gum as poucas apari ções, na imensa maiori a delas os motivos para N ossa Senh ora ter esco lhido tal data ou esse ou aqueles vid entes perman ece m envoltos em mi stéri o que teremos a alegri a de desvendar no Céu. Ess a fo i a qu es tão qu e me ve i o à mente após a leitura da aparição da imagem de N ossa Senhora da Caridade - Padro ei ra da des ditada Cuba, outrora conhec ida como Ilha da Ave Maria. Prim eiro, pelos fe li zes protagoni stas do mil agre: dois irmãos indígenas, João e Rodri go de Hoyos, e um cri oulo, João M oreno, todos eles adolescentes e trabalhadores numa fazenda. Portanto nada revelavam de especial. Porque motivo foram escolhidos? Mistéri o... E m seg undo lu gar, pela form a medi ante a qual fo i enco ntrada a imagem: boiando no mar sobre uma tábua, na qu al estava escrita: " Eu sou a

Virgem da Ca ridade". E

como explicar que uma imagem de 30 cm fi casse boiando em águas bravias sem se molhar? Um mi stério a mai s...

Elucidação de alguns fatos não esclarece mistérios... N a feli z época em que a imagem apareceu, no início do século XVU, a situ ação era muito diferente da nossa, encharcada de ateísmo. O sobrenatural era levado muito a séri o. A ss im, por exemplo, não se pense que os três rapazes narraram o epi sódio da apari ção e tudo fi cou ni sso - acreditasse quem qui sesse. Nem falar! N esse tempo ninguém iria tolerar fal sas "aparições", fe itas sob encomenda para chamar a atenção sobre os "videntes" e suas "mensagens " intermináveis. Foi por isso que, apenas conhecida a notícia da apari ção na fa zenda onde trabalhavam os três j ovens, o superi or da propriedade rural enviou um mensageiro para avi sar a autoridad e im edi ata, à qual devi a obedi ência. Tratava-se do Admini strador Real das minas da vil a de Cobre - assim chamada devido à abunà dância desse metal - , V ALDIS G RJNSTEINS Dom Francisco Sánchez de M oya, o qual indicou as primeira s normas a perm anecer três di as numa cabana, deserem seguidas no trato com a imagem. vido à turbul ência do mar. Se uma caDevia ser con struída, logo de iníci o, noa não podia navegar se m afund ar, uma pequena ermid a para abrigá-la, ten-

Regime comunista nãa consegue esmagar devoção Padroeira do povo cubano

o mais impression ante é que nem sequer a orl a de seu vestido estava mo1had a ! Fato es te tanto mai s di gno de atenção quando se considera que os três rapazes tinham ido bu scar sa l na costa e viram-se obrigados a

CAT O LIC ISM O

Novembro de 1999

5


HISTÓRIA guiu que os nativos, sempre que lhes indicava a imagem, repetissem Ave Maria. Por isso, durante certo tempo a ilha de C uba foi conhecida como Ilha da Ave Maria.

)

Nem a perseguição comunista conseguiu apagar a veneração à imagem

do e le envi ado uma lâmpada de cobre para iluminar a pequenina imagem. A seguir, foi nomeada uma comj ssão formada por pessoas competentes e pres idida pe lo sacerdote da Vil a do Cobre, que deveria e lucidar tudo e elaborar um re lato sobre tão ex traordinári o fato . Para tristeza dos ateus e incrédulos do século passado e do atual, que sempre negaram qualquer seriedade à aparição da imagem, há algum tempo foram encont:rados em Sevilha (Espanha), pelo hi sto- · riador cubano Dr. Levi Marrero, os relatórios originais da apari ção ... Após interrogar os três rapaze , para ver se caíam em contradição ou se declarava m algo contrário à doutrina católica, a comi ssão nada encontro u quedesmenti sse o re lato da aparição. Contudo, nin gué m co nseg ui a ex pli ca r como a imagem da Virgem aparecera no mar.

vezes . O que sig nifi cava? Mai s provave lme nte que a im agem queria esta r noutro lu gar. Por isso fo i tra sladada à Vil a de Cob re. E ntretanto Nossa Senhora hav ia esco lhido o utro local, perto da c id ade. Uma menina da reg ião, de no me Apolônia, comunicou ter vi sto a efígie da Virgem nas co linas atrás da Vila. Para assegurar-se de que era esse o local onde e la desejava er venerada, foi reali zada um a Mi a. À noite, foram vistas três co lun as de fogo no mes mo loca l onde a ri ança dizia ter visto a imagem. o rn o o fenômeno repetiu-se nas du as noites seguintes, não restou a men r dúvida. E até hoj e lá se encontra a v nera ncla imagem.

Como surgiu a Imagem? Persist até nossos dias um debate sobre a origem ela imagem, po is numa época e m que ningué m no aribe teria ca pac idade de rea li za r um a escultura daq ue la categori a, necessa ri amente teria e la sido trazida de algum outro loca l. A opini ão mai s aceita era que o conqui tado r Al onso de Ojeda a tive se deixado em poder dos índios, quando esteve nas costas de Cuba ao iníc io do sécul o XVI. Com efeito, esse audaz navegador, após sobrev iver a um naufrágio em reg ião de pânta nos e ve r mo rrere m de fome e cansaço vários de seu · ho men , fo i encontrado pelos índios Cueiba, com os qu ais estabe leceu boas re lações. Para agradecer o auxílio concedido, presenteou-lhes uma imagenzinh a que tinha trazido da Espanha, ao mesmo tempo em que procurou ensinar-lhes as verdades e lementares de nossa Relig ião. Infe li zmente a barreira da lín gua dificultou muito esse trabalho. Mas Oj eda conse-

Milagre indica local escolhido pela Virgem Após os interrogatórios, cabi a decidir onde deveri a ficar a imagem. "Na fa zenda" , diziam alguns; "Na vila do Cobre", afirmavam outros. A rigor, ela tinha aparecido no mar, perto da faze nda; mas era inegáve l que seu culto seri a maior na vil a, onde era maior o número de habitantes. Entretanto a im agem ficara na pequena ermida. Certa no ite Di ego de Hoyos, irmão dos descobridores da imagem, foi ace nder a lâmpada da ermida quando notou qu e a virgem não estava mai s lá ... lncontine nti , correu para av isar os moradores da faze nd a. Após uma intensa busca, nada encontraram . Na manhã seguinte a imagem encontrava-se no seu loca l, na ermida ... Esse prodíg io repetiu -se po r três &

eATOLIe ISMO

.

Novembro de 1999

A imagem de Nossa Senhora da Caridade do Cobre sempre ocupou destaque espec ia l na devoção dos católicos cubanos, a ponto de ser proclamada, em 19 16, Padroeira da Ilha. Se de um lado os milagres operados por e la foram numerosos, infelizmente também contra ela se manifes taram o ódio e o desprezo. Em 1899, seu Santuário foi profa nado por bandidos, que roubara m as j óias mai s valiosas e cortaram a cabeça da sagrada imagem para retirar um diamante. Muito pi or entretanto é a política satâni ca do regime de Fidel Castro contra a im agem, o qu e tem despertado reação e atos de desagravo. Não se trata ago ra de retirar suas j ó ias, mas pior: impedir a aproximação de almas que lhe são devotas - verdadeiras j óias espirituais. O governo cubano não autori za muitas peregrinações ao local, vigiando de perto os vi sitantes. Estes pode m ser privados da educação universitária, ou ver-se privados de seu trabalho, o que - num pa ís onde o único patrão é o Estado - representa uma tragédia. Além disso, o regime castri sta promove todo tipo ele imoralidades entre os jovens para afa tá-los das prática reli g iosas. M as mes mo a, im não conseguiu ex tinguir a dev ção à Padroeira de C uba. Peçamos a Nossa Senhora que proteja seus filho fiéi s na ilha-prisão, não permitindo que essa bela devoção caia no o lvido. Pois um país que perde a clevoçã à sua Padroeira entra em ago ni a. E nosso anelo é que Nossa Senhora da Ca ridade cio Cobre volte a re inar na an♦ tiga Ilha da Ave Maria!

Fontes de referência: Maria e seus gloriosos tíwlos, Ed itora Lar Ca tó li co, 1" edi ção, 1958. Rube m Vargas Uga rle S.J ., Historia dei Culto a Maria e11 lberoamérica, Ta ll eres Gráficos Jura , Madrid , 3" edição, 1956. D. Eugeni a G uzmán, A Virgem da Ca rida de e o futuro de Cuba, C ubDcst, 1999 .

Há 1 O anos caía o Muro da Vergonha Uma década após esse evento que marcou a História de nosso século, a ex-Alemanha comunista ainda se ressente da sinistra herança deixada pelos 44 anos de pesado jugo marxista M ATH IAS VON GERSDORFr

Frankfurt - Quando um copo está com ág ua até a metade, e le está me io cheio ou meio vazio? Dez anos após a queda do Muro de Berlim, esta c idade e a antiga Alemanha comuni sta são metade capitalista ou metade comunista? O certo é que, embora po liti camente integrada ao mundo ocidenta l e capitali sta, a antiga República De mocrática da Ale manha ostenta feridas provenientes do marxi smo, ainda não c icatri zadas. As mudanças são ev identes: as estradas, hoj e excele ntes e rep letas de Mercedes-Benz e de BMW, atravessam um território até há pouco servido por rodovias estre itas e esburacadas, nas quai s c ircul avam somente os Trabbis e os Wartburgs, péss imos produtos das indú strias comunistas. Fábricas moderna s foram in s tal adas e m Leipzig, Dresden ou Jena. Durante o verão, alemães da ex-Berlim oriental visitam Londres, Pari s e Roma. Empresários, que por ocas ião da queda do Muro estavam nas esco las aprendendo Marx e Le nin , fundam empresas de Internet, de public idade ou de prestação de serviços.

Permaneceu o estigma comunista Tudo isso, porém, convive num mundo que ainda conserva vestígios do comuni smo. As peri fe ri as das cidades são deprimentemente mo nótonas e miseráveis. A fi sionomia de boa parte da popul ação está marcada pe lo ressentimento e pe la inveja, vícios que estão na raiz da luta de classes . O antigo Partido Comuni sta, hoj e denominado Parlido Socialista Democrático, di spõe ele escri tóri os em todas as partes e afixa com profusão cartazes e m época de e le ições. O ex-Chance ler Helmut Kohl disse há dez anos que o co muni smo deixaria rapidamente de constituir um a força políti ca. Entretan to hoj e ele ainda é uma ameaça e consegue º?te r estave lmente mais de 20% dos votos.

Berlim: Pujança capitalista + ferrete comunista Em nenhum lugar da Alemanha sente-se tanto essa dicotomia como na nova capital , Berlim . Enquanto no centro desta c idade de três milhões de habi ta ntes

está surg indo um compl exo de edifíc ios de proporções gigantescas - símbo lo arquitetônico da nova geração de alemães, que está perdendo a timidez da geração do pós-guerra - , na zona leste ainda se enco ntra a antiga capital comuni sta, com o Palácio da República e os mo numentos aos Heróis do trabalho e aos soldados sovi éticos.

Usurpações de ex-funcionários comunistas Muitos defendem com unh as e dentes que ainda ex iste a antiga Alemanha comunista. E m sua xenofobia, reje itam tudo o que vem do Ocidente. Ao contrário do que ocorreu com os nazistas depois da II Guerra Mundi a l, a queda do Muro de Berlim não impediu que antigos fun c io ná ri os co muni stas conseguissem manter-se e m cargos pú blicos, apoderar-se de empresas e de terras privati zadas em 1990 ou obter generosas aposentadori as. Isto provoca natu ra lmente a ira elas vítim as do co muni smo, tanto as que se ex ilaram como as que permaneceram no setor do minado pelos vermelhos, rejeitando a colaboração co m o regime. Entidades lançam re ivindicações e pedem justiça, como é o caso dos Es1udanles pelo Estado de Direito. Seu presidente, Sven vo n Storch, declara que não se trata so mente de recobrar as pro pri edades ro ubadas pelos comunistas, mas de devolver a dignidade àqueles que durante décadas fo ram espezinhados e m seus direitos e cujo so frim ento é hoje em dia ♦ ig norado.

C ATO LIC ISMO

Novembro de 1999

7


do é cabeça da mulhe1; como Cristo é a cabeça da Igreja, seu. corpo, do qual Ele é o Salvador. Ora, assim como a Igreja está SL(jeita a Cristo, assim também as mulheres o sejam a seus maridos em tu.do. Maridos, amai as vossas esposas, como Cristo amou a Igreja, e por Ela se entregou. a si mesmo, para A santificcu: ... Ashom e m não deve sim os maridos devem. amar as suas esobediência a ninguém? Só a mulher é quem posas como a seus próprios corpos. O deve obedecer? O homem não deve ouvir a que ama a mulher; ama-se a si rnesmo .... opinião da· mulher em certas coisas que se resolve em casa? A mulher deve simplesEste mistério é grande, mas eu o digo em mente obedecer o que o marido resolveu relação a Cristo e à Igreja. Por isso tamsozinho, sem ouvir a mulher e os filhos? bém cada um de vós ame sua mulher 2. É verdade que não podemos rezar por como a si mesmo; e a rnulher reverencie uma pessoa que morreu na prática de grano seu marido" (Efés ios, 5, 2 1-33). des virtudes? .É claro que, na med ida do possível, 3. Nunca pude me convencer de que existe deve haver consonância entre o marido, a condenação ao inferno. Creio que Deus é a mulher e os filhos , o que se consegue nosso amoroso Pai e que é infinitamente quando o lar está penetrado pelos princímisericordioso. Ninguém pediu para nascer, foi Ele quem nos criou . Como pode um pai · pios cató li cos. O homem não é um ditador e muito menos um tirano, ele é e pocriar um filho para depois condená-lo ao suplício eterno? so e pai ; e é enquanto tal que sua autori dade se exerce. Ele próprio está suje ito à lei de Deu , fora da qual sua auto ridade RESPOSTAS não se exerce leg iLimamcnle.

A mulher só deve obedecer?

1. De in stitui ção e por di spos ição divi na, o marido deve ser a cabeça do casa l, pois se não houve r em toda soc iedade humana alguém que governe e tenha a palavra final , cai-se na anarquia, ou seja na desordem. Uma das causas da cri se do casa me nto hoj e em dia é o ig ualitarismo total que se pretende entre os esposos, sem que haja alguém que tenha autoridade sobre o outro . O resultado é que, havendo discórdia, os cônjuge partem lev ianamente para a desastrosa separação ... E ntre tanto, o domíni o do marido sobre a esposa e os filhos deve ser amoroso, cheio de respeito e compreensão. Tudo deve ser fe ito por amor a Deus, na caridade, suportando-se e animando-se mutu a m e nte, na bu sca da própria santificação, da ed ificação dos filhos e bem-estar da fa míli a. O Apóstolo São Paulo explica a razão profunda desse procedimento. Diz ele: "As mulheres sejam SL\jeitas a seus maridos como ao Senho r porque o mari-

e

C ATO LIC ISMO

Deus aproveita todas as orações 2. Pode mos e deve mos reza r pe las a lmas de todos os fa lec id os . A menos que a Igrej a declare, por me io ele seu Mag istério infa líve l, que determinada pessoa não está no Céu. A oração nunca se perde: se rezamos para uma pessoa que j á se sa lvou, Deu s apli ca as nossas orações a o utras almas que ainda estão no Purgatório, espec ialmente aque las pelas quais ninguém reza.

Inferno é eterno 3. A ex istênc ia cio inferno e sua eternidade são verdades de Fé, tendo sido definidas pela Igrej a em Concílios, Símbolos de Fé, e documentos cio Magistério. As referências nas Sagradas Escrituras são incontáveis; talvez a mais impressionante seja a seguinte sente nça do Morte de São Boaventura - Francisco de Zurbarán (séc. XVII), Museu do Louvre, Paris

Já em seu leito de morte o grande Doutor da Igreja era venerado como Santo

Novembro d /, 1999

Divino Sa lvador, re produzida por São Mateus: "Apartai-vos de mim m.a/ditos, ide para o fogo eterno, que foi preparado para o demônio e para os seus Cl/'1:ios" (25, 41). Nesta afirmação fica patente a ex istência do infe rno: o fogo preparado para o demôni o e seus anj os; co mo fica também ev idente a eternidade elas penas infe rn ais: o fogo é eterno co mo o é a separação de Deus - apartai-vos de mún malditos, ou seja, réprobos . O mes mo Eva ngeli sta traz o utras afirmações do Salvador e m que fi ca claro o tormento sens ível no infe rno, aliado à privação cio brilho ela presença divina: as trevas exteri ores, o choro e o ranger de dentes. Aos judeus que o renegam Jesus apresenta a sorte que espera os ímpios: "serão lançados às trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes" (8, 1J- 12).

Inferno: "aí haverá pranto e ranger de dentes" Na parábola elas núpcias do filho do Rei , d iz Jesus, referindo-se àquele que não estava com a veste nupcia l (a inocência): "A tai-o de pés e mãos, e lançai-o nas tre vas exteriores; aí haverá pranto e ranger de dentes" (22, 12- 14). Ao servo infi e l da parábo la cios tale ntos :

"Lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes" (25, 30). N osso Senhor exp li ca a parábol a do j oio e do tri go: " O Filho do homem enviará os seus a,~jos, e tirarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniqüidade. E lançá-los-ão na.fornalha de .fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes. Então resplandecerão osju.stos como o sol no reino de seu Pai" ( 13, 4 1-43). No Evangelho de São M arcos (9, 4248) , encontramos a severa advertência ele Nosso Senhor sob re o inferno, insistindo no fogo que não se apaga, e no verme que não morre. Ou seja, na eternidade cio luga r ele perdição e nos do is principai s tormentos: o dos sentidos (fogo) e o da danação (o verme, o remorso contínuo', a privação da esperança, de Deus): "E se a tua mão te escandalizar; corta-a; melhor te é entrar na vida eterna maneta, do que, tendo duas mãos, ir para o inferno, para o fogo inextinguível, onde o seu. verme não ,narre, e o fogo não se apaga. E se o teu pé te escandaliza, corta-o; melhor te é entrar na vida eterna manco do que, tendo dois pés, ser lançado no inferno num fogo inextinguível, onde o seu verm.e não morre e o.fogo não se apaga. E, se o teu olho te escandaliza, lança-o fora ; melhor te é entrar no reino de Deus sem um olho, do que, tendo dois, ser lançado no.fogo do i~ferno, onde o seu verme não morre e o.fogo não se apaga. Porque todo (ho mem) será salgado pelo fogo , e toda vítima será salgada com sal ". Bastam esses terríveis exemplos para vermos como o D ivino Salvador in sistiu no castigo eterno como forma ele preparar seus ouvintes à conversão e portanto à sa lvação eterna.

Deus é misericórdia, mas também justiça Deus é infinitamente misericordioso, mas é também infinitamente ju to. E le cri ou o ho mem à sua imagem e semelhança, e, dotando-o da admüável prerrogativa cio LIVRE-ARBÍTRIO, deu-lhe todos os meios para conhecê-Lo, amáLo e serv i-Lo nesta Terra, salvar-se e ir gozar o Céu por toda eternidade. Se entretanto o homem, abusando pecarnino-

sarnente do livre-arbítrio, O desobedece e se revolta contra Ele, O injuria e prefere viver afastado de sua presença, é justo que sofra as conseqüências de seus atos ... A misericórdi a dE le está e m conceder su.perabundantemente todos os meios para irmos para o Céu e participarm os de sua g lória por toda eternid ade, e não em compactuar com aqueles que não se importam e m trocar o Céu pela Terra e se revo ltam contra E le . Sua mi sericórdi a está sobretudo em nos ter dado seu F ilho Unigênito - mo rto na C ru z por nós !- ; a Sa ntíss ima Virgem co mo M ãe de Misericórdia, intercessora e M edi ane ira nossa o nipotente junto a Ele; a Santa Igreja e nela o Div ino Espírito Santo, princípio da Graça Santificante e vivifi cador das sete Fontes da Salvação, que são os sete Sacramentos que geram, nutrem e dão-nos a Vicia Etern a. Podemos estar certos de que são intei-

eAT

ramente verdadeiras as palavras dirigidas a No sa Senhora naque la fa mosa oração, o Lembrai-vos: "Nunca se ou.viu dizer que algum daqueles que têm recorrido à vossa proteção, implorado a vossa assistência e reclamado o vosso socorro.fosse por Vós desamparado" . Assim, todo homem que recorrer a Ela terá misericordi osa ajuda, mas é preciso recorrer. A respe ito do juízo eterno é prec iso, portanto, ver os do is aspectos: não só a mi sericórdia, mas também a justiça. No exempl o dado pelo mi ss ivi sta clo pai que cria o filho - , e m todas as épocas da humanidade houve bons fi lhos e maus filhos. Os bons foram premi ados por seus pais e os maus fora m castigados. Vej a-se na própria Sagrada Escritura a maldi ção ele Deus ca indo sobre Ca im que mato u Abel, depoi s a maldição de Noé contra Canaã, filho ele seu filh o Cam e muitos outros casos. ♦ O LIC ISMO

Novembro de 1999

9


Aids: seus verdadeiros remédios são esquecidos

S

egundo estimativa do Ministério da Saúde , existem hoje no Brasil cerca de 536.000 pessoas infectadas pelo vírus da Aids, número três vezes maior do que os 163.000 casos notificados ao governo . Na Rússia, a Aids cresceu 70 % em 1999 . Entretanto, funcionários do governo advertem que o total de casos pode ser até dez vezes maior dos que o indicado pelas últimas estáticas divulgadas pelo Ministro da Saúde, que em julho último decla rou haver 1 5. 81 9 casos de Aids no país . No continente africano, os ín dices disparam. Desde os anos 80, a doença já matou pelo m enos 11 milh õe s d e pessoas mais do que a soma de tod as as guerras que assolam o c ont in ente. Do total de 30 milhõ es d e portadores do vírus no mundo, 22 milhões vivem na Áfri c a! Muitos depositam suas esperanças de cura, ou pelo menos de estancamento da doença, nos famosos "coquetéis ". Mas a cada descoberta da m edicina aparecem novos vírus ainda mais devastadores. No entanto, os únicos remédios real.m ente eficazes para combater essa moléstia atroz - o domínio das paixões desregradas , o comba te ao vício da impureza e a prá tica da virtude da castidade afiguram-se , para pessoas profundamente atoladas no pec ado, como mais dolorosos do que a própria doenç a ... Por isso são omitidos . ♦

10

CATO L I

e

IS MO

.

Novembro d e 1999

Coréia do Norte,taminta ... de armas

Exilados Cubanos pedem por seus mártires

E

ª

nquanto suas crianças ofrem em massa de desnu tri ção aguda, em mei.o à mais grave escassez de alimentos vivida pelo pa ís desde sua cri ação no fi m da II G uerra Mundi al, o regime comunista da Coréia do N orte não pára de comprar arm as no Exteri or. Segundo relatóri o apresentado ao Parl amento da Coréia do Sul pelo Mini stério da D efesa, o v izinho e ri val do N orte gastou com armas mai s de 150 milhões de dól ares desde l 995 ano em que começou a depender da ajuda do Exterior para alimentar sua popul ação. O tirânico reg ime norte-coreano não divul ga estatís ti cas nem perm i-

Criança desnutrida na Coréia do Norte

te que a imprensa estrangeira faça reportagens sobre o número das v íti mas da fo me. Entretanto, mes mo conhecendo essa absurda situação, o Oc idente continua a fin anciar um dos regi mes comuni stas mais cru éis ainda ex i stentes. ♦

"Modificações do corno": último absurdo da moda

N

a sociedade neopagã em que vivem os, as aberrações e a barbárie chegam até a perda do senso do ser. A deptos da moda bod-mod (modificações do corpo), que têm a Califórnia como M eca, tatuam o corpo com ferro quente, talham-se com navalha para gravar,

por meio de cicatri zes, os momentos rel evantes de sua exi stência, cortam a língua ao mei o e fazem malabari smos com as duas partes, corno se fossem cobras venenosas . O americano E ri k Sprague, de 27 anos, entu iasta radi cal do " bodm.od", está firme mente di sposto a

Comissão de Estudos pela Liberdade de Cuba - associação de cubanos no exílio - enviou a João Paulo 11, em outubro último, veemente apelo em prol dos mártires cubanos, vítimas do comunismo castrista . Depois de recordar a emocionante homenagem que o Romano Pontífice - por ocasião de sua última visita à Polônia - rendeu aos mártires imolados desde as perseguições de Nero e Diocleciano até os que foram vítimas da sanha comunista em nossos dias, os subscritores do impressionante documento Lhe fazem o seguinte apelo : "Por isso, quanto desejaríamos que a Igreja iniciasse o processo de canonização dos nossos heróis da Fé [de Cubai, de maneira que possamos tê-los como oficiais intercessores celestes em favor de nossa querida Pátria agonizante. Quanto desejaríamos também que, durante o Jubileu do ano 2000, que contempla uma rememoração da Igreja relativa aos mártires católicos, fosse incluída uma menção aos nossos mártires cubanos. A vossos pés, fil,almente suplicamos e exclamamos: Santo Padre, resgatai do esquecimento os mártires cubanos, vítimas do comunismo! " Assinada por dezenas de cubanos espalhados pelo mundo e publicada na íntegra no jornal "Diário las Américas", editado em Miami (EUA) , a referida mensagem foi entregue na Secretaria de Estado do Vaticano, em 17 p.p. ♦

se metam orfosear em l agarto. Com esse propósito, impl antou caroços de silicone acima das sobrancelhas, bifurcou a língua, lixou os dentes para que adquirissem form ato de presas e, aos poucos, vai se cobrindo de tatu agens de escamas verdes . "Enquanto as pessoas têm o controle e fazem isso por opção, não é

ecl arações recentes do M i nistro da Saúde, José Serra, estabeleceram evidente nexo entre as program ações de tel evisão e o alarm ante crescimento da grav idez precoce no B rasil. Os números apresentados são realmente de espantar! Dos 648.439 partos realizados pel o Sistema Unificado de Saúde (SUS) em L998, 31.857 eram de meninas de 10 a 14 anos. Os dados do SUS são apenas a ponta do i ceberg cio problema, poi s não incluem os par tos reali zados em hospitais particulares ou sem assi stência médica. E i sso sem contar as mulheres que praticam o aborto ! C ri anças e adolescentes chegam a essa situação sem compreender a difere nça entre o mundo real e a fa ntasia. D isse o Mini stro: "esse é

patológico", pretende L uciana M ari a Sarim, psiquiatra do Hospital da U niversidade de São Paulo. E ntretanto o que l emos acima constitui, para quem recebeu verdadeira formação católica, profunda revolta do ser humano contra Deus, seu Cri ador, que fez o homem à sua imagem e sem elhança. ♦

o ponto em que o drama da gravidez precoce e a responsabilidade da T V se entre laçam". E m pesquisa sobre a sexuali dade e comportamento de vid a, realizada em São Paulo com 2.337 j ovens, 79,5 % dos entrevi stados decl araram que filmes e propagandas er óticos, vei cul ados pel a TV, influenci aram a sua atividade sex ual. Muitos pensam que com a famigerada "educação sexual " o problema poderá ser resolvido .•N a realidade, trata-se de urna "deseducação sexual ", que só tem agravado a situ ação. Por que não se ensinam e inculcam , nas escol as e nos programas de televi são, a modésti a nos costumes e a prática da pureza? Ei s a verdadeira solução para esse grave problema moral. ♦

• • • • • • • • • • • • • •

• • • • • • •

• • • •

• • • • • •

• • • • •

• •

• • • • • • • • • • • • • • • • • •

• • •

• • • • • •

• • • • • • • • • • • • • • • • • •

BREVES RELIGIOSAS Multidões acorrem ao Santuário Mariano de Sri Lanka Mais de 200 .000 peregrinos acamparam , em agosto último, no terreno que rodeia o Santuário Mariano Nacional de Sri Lanka. A fim de comemorar o aniversário da consagração da ilha à proteção de Nossa Senhora de Lanka - feita pelo Papa Pio XII , em 1947 - e o 25º aniversário da dedicação da Basílica, construída em homenagem à Santíssima Virgem. Os peregrinos acompanharam as celebrações religiosas promovidas pela Arquidiocese de Colombo, capital da ilha, segundo informa a Agência Fides. A dedicação da Basílica se deveu ao voto feito pelo antigo Arcebispo de Colombo, Mons. Jean-Marie Masson, OMI, que rogou a Nossa Senhora preservar Sri Lanka - na época Ceilão dos horrores da li Guerra Mundial e de uma possível invasão japonesa, pedidos que foram atendidos milagrosamente. _J

Religiosa indiana seqüestrada e torturada Uma freira católica, que desempenhava trabalho apostólico junto aos pobres na cidade de Chapra , no oeste da Índia, foi raptada, despida e agredida, ao que tudo indica por fanáticos hindus, em 23 de setembro último. O Bispo local informou que os agressores ameaçaram-na, caso revelasse o que havia ocorrido. A religiosa, entretanto, corajosamente denunciou seus torturadores. Até o momento as autoridades locais não prenderam os criminosos, informa a Agência Zenit. _J

C AT O L IC I SMO

Novembro de 1999

1 1


No Brasil real e profundo, traços de Idade Média No limiar do século XXI, o Brasil - oitava economia mundial, inserida nos sistemas de comunicação instantânea e da informática - é um país que conserva bons traços medievais FREDER[CO HOSANAN

Vaqueiros em Feira de Santana (BA) . No trato com o patrão, fidelidade e harmonia.

Há algum tempo, ca u ou-me profunda impressão a op ini ão do professor baiano Va ldir Freitas Oliveira sobre nosso País. Dizia el.e que "o Brasil, embora não tenha vivido a Idade Média, é um país profundam.ente medieval ". Note o le itor, o verbo "ser" no presente do indicativo. Ousada afi rmação, quando se está 700 anos distante daquela era hi stórica e se tem diante dos olhos uma c ivili zação que é o oposto daqueles tempos legendári os em que, segundo o mesmo professor, "o herói era santo e o scuito, herói. Os portugueses que chegaram aqui estavam impregnados do medievalismo europeu. Desde o começo de nossa História, éramos mais medievais do que modernos".

S.

DE FREITAS

Perdoe-me o leitor a banalidade de lembrálo do iníci o de nossa colon ização através do sistema de Capitanias Hereditárias, análogo a fe udos como os havia na Idade Média, para verse o quanto o professor tem razão. "E esta mentalidade [medieval] ainda persiste hoje" Impressio nante! Após tantos sécul os e num país que não con heceu a Idade Média, a menta lidade medieval , herdada dos portugueses, persiste ainda hoje entre nós. Não é difíci I encontrar traços profundamente medievais no Brasil de cem anos atrás. Uma das obras clássicas de nossa literatura, "Os Sertões", é loqu az testemunha disso. 1

No Brasil hodierno, vínculo feudal Por exemplo, numa descrição rica e precisa, Euclides da Cu nha relatou que os sertanejos "aprendem o a, b, c e toda a arte em que são eméritos: conhecer os f erros das suas jázendas e os das circunvizinhas. Porque o vaqueiro, não se contentando com ter de cor os f erros de sua fa zenda, aprende os das demais. Deste modo, quando surge no seu pasto um animal alheio, CL(ja marca conhece, o restitui de pronto. No caso contrário, conserva o intruso, tratando-o como as demais. Não o aplica em trabalho algurn e deixa-o morrer de velho. Não lhe pertence. "Se é uma vaca e dá cria, reproduz com perfeição na descendência dela a mesma marca desconhecida. De quatro em quatro bezerros, porém, separa um para si. É a sua paga. Estabelece assim com o patrão desconhecido o mesmo trato que tem com o seu. E cumpre estritamente, sem juízes e sem testemunhas, o estranho contrato que ninguém escreveu ou sugeriu". 12

eATO LIeISMO

Novembro ile 1999

Permita-me o le itor um comentário: "O estranho contrato que ninguém escreveu ou sugeriu", é bem um contrato de tipo medieval, onde estão presentes a lealdade e o direito costumeiro. "Sucede, afinal, depois de muitos anos, ser decifrada uma marca. Ao invés da peça única que lhe fugira e da qual se deslembrara, o proprietário recebe urna ponta de gado, todo o produto dela. "Parece fántasia esle fato, entretanto, nos sertões, é vulgar. É um traço encantador da probidade dos matutos. Os grandes proprietários da terra e dos rebanhos a conhecem. Têm todos, com o vaqueiro, o mesmo contrato de parceria resumido na clausula única de lhe darem em troca dos cuidados que despendem., um quarto dos produtos da fa zenda. E sabem que nunca se violará a percenlagem. "O ajuste de contas fa z-se no.fim do inverno e realiza-se, ordinariamente, sem que esteja presente a parte mais interessada. O vaqueiro separa escrupulosamente a grande maioria de novas cabeças pertencentes ao patrão (nas quais imprime o sinal da fa zenda) das poucas, um quarto, que lhe couberam por sorte. Grava nestas o seu sinal particular. Escreve ao patrão dando-lhe conta minuciosa de todo o movimento do sítio, alongando-se aos mínimos pormenores. "O patrão, ausente, conhece-lhes a fidelidade sem par. Não os .fiscaliza. Os vaqueiros são-lhes servos submissos. Nascendo, vivendo e morrendo na mesma quadra de terra, passam a vida inteira cuidando, fielmente, dos rebanhos que lhes não pertencem " 2• Esse alto relacionamento patrão-empregado parece um sonho hoje em dia . Sem que o tenhamos conhecido, é-se levado naturalmente a sentir nostalgia desse tempo que não mais existe ...

Lealdade feudal x rapina do MST Talvez assim não exista mesmo, mas ... algo dessa lealdade ainda há disseminada por esse im e nso hinterland brasileiro. Vejamos, por exemp lo, um fato rombudamente gritante: O MST e as invasões que promove. Em tantos anos de agitação social no campo, com milhares de esbulhos praticados em todo o território nacional e com uma prestigiosa cobertura de certa mídia, não se conhece um fato sequer de empregados de fazenda que tenha aderido aos invasores. O contrário é notório! Ora, isso revela uma evidente leald ade. Lealdade essa herdada de seus avós, citados, por exemplo, por Euc lides da Cunha.

Vaqueiro nordestino em traje típico. "O patrão ausente, conhece-lhes a fidelidade sem par. Não os fiscaliza. Os vaqueiros são-lhes servos submissos."

Essa atitude de lea ldade ao patrão, resistindo ao esbulho praticado pelo MST (recusando até uma eventual projeção jornalística nac ional ), é propriamente o fruto de uma herança católica, e que se constitui num a me nta lid ade que teima e m sobreviver, apesar do desabamento do velho, vigoroso e maj estoso ed ifício da Civilização Cristã de outrora.

Tradição pertinaz sobrepuja calúnia Esse é apenas um aspecto, entre tantos outros pelo Brasil afora, dessa "persistência medieval". Assim, é bem verdade que "nós somos filhos diretos daqueles tempos ", segundo o prof. Freitas Oliveira. Tempos que vararam os séculos e agora, no limiar da virada do milênio, na era da informática e das comunicações instantâneas, a "mentalidade medieval persiste". Ó Idade Média, que te fazes presente em nossos dias, como ainda presentes estão os teus caste los e as tuas catedrais ! E dizer qu~ tu foste ca luni ada de todas as formas por autores revolucionários e anticatólicos que te alcun haram de era de obscuran ♦ tismo e de trevas...

Notas: 1. Prof. Walclir Freitas Oliveira , revi sta BIS, cio Banco Econômico , p. 5, n.483, agosto/94. 2. Euc lides ela C unha, "Os Sertões", p. 13 l.

C ATO L IC IS MO

Novembro de 1999

13


INTERNACIONAL mente ocorrem mortes devido à falta de mantimentos e mesmo água .

.

Terra arrasada Hoj e a capital, Dili, segundo informa m alguns repórteres, é uma cidadefantasma, destruída pelos saques, pela fúria dos mili cianos islâmicos contrári os à indepe nclência.

..

"'A capilal de Timor Leste é um deserto em cham.as ', afirma o chancel er

No Timor Leste,

australiano, Alexander Downer, reproduzindo relatos de refu giados que chegaram a Darwin , norte da Au strália. Di sse que a cidade lembra Phnom -Penh qu ando o Km e r Verme lho tomou a cap ital cio Camboja, e m 1975. 'Não há mais mora-

dores, apenas rondam. a cidade os soldados do exército indonésio e os paranúlitares, enquanto os prédios pegam.fogo'"

1111111~r:::;:::::::::::i 100 mi.

-==J00km

cruel perseguição anticatólica

·1

Pequena ilha de 800 mil almas - enclave católico em meio a um arquipélago maciçamente muçulmano - é mergulhada num banho de sangue

Católica timorense reza devotamente diante deimagem da Virgem Santíssima, semidestruída devido ao ódio à verdadeira Religião

HELVÉC IO ALVES

om muita honra os timorenses se proclamam portugueses. A veneração deles por Portugal é tão grande, que jamai s permite m sej a pi sada sequer na sombra da bandeira lu sa, que considera m sacrossanta.

C

timorenses amavam Portugal, orgulhavam-se de usar nomes portugueses e guardavam, desde os tempos da Monarquia, as bandeiras de Portugal, que transmitiam de geração em ge ração, como precioso e sagrado depósi10 ". 2

Timor - território luso de além-mar

Timor - ex-colônia abandonada pelo governo revolucionário português

Quando os maléficos ventos da "Revolução dos Cravos", eclod ida e m Portugal em 1974, ainda não haviam atingido o Timor Leste, esta ilha recebeu a vi sita, em 20 de outubro daq uele ano, do insuspeito Dr. Almeida Santos, Mini stro de Coordenação Inte rnacional de Portugal. Ele, diante de 15 mil pessoas, não pôde deixar de evocar a mi ssão colonial de seu país com as seguintes palavras:

"Nós, portugueses, .ficamos muito comovidos quando um português sai de Lisboa, dá a volta ao mundo e pode ainda encontrar Portugal no outro lado do mundo. Que Pátria! Que povo!" 1 Nesse mesmo sentido afi rmou o escritor Joaq uim Fonseca: "Realmente, os 14

e AT OLIe ISMO

A partir da de nominada "Revolução dos Cravos", o novo governo marxista de L isboa inicia a fun esta política de descolonização da. e ntão Províncias Ullramarinas. E fê-lo ele mane ira a e ntregar o poder desses territóri o a movime ntos gue rrilhe iros de orie ntação comuni sta. Abandon ado o Timor à sua própria sorte, e m conseq üênc ia da citada Revolução, a Ilha é mergulhada num trág ico período: o movime nto ele tendência marxista-leninista Frente Revolucionária do Timor Leste Independente (Fretilin), proclama a independê ncia ela ex-colôni a. lndependência que pouco durou . Doze dias após, a Indonés ia invadiu e dominou o

Novembro be t 999

Timor. Saem os portug ueses, entram os indonés ios .. . Assim , os cató licos timorenses viera m a ficar mais tarde entre do is fogos: ele um lado pe rseguidos pe los muçulmanos e, ele o utro, sofre ndo domínio da

Fretilin. A Indonésia, o maior país muçulm ano cio mundo, te ntou e liminar o cato lic is mo da Ilha ; construiu mesq uitas e destruiu igrejas; e nche u a Ilh a co m seguidore ela re li g ião de Maomé e expul sou católi cos; chegou ao cú mulo ele obrigar mulhe res cio Timor Leste a tomar contraceptivos, enquanto estimulava o aumento da prole entre os islamitas, com o fim ele diminuir a população católi ca. E, no iníci o desta década, pro moveu um grande massacre no qua l pereceram cerca de 200 mil timorenses!

Apesar da perseguição, timorenses conservaram a Fé católica Chegamos ao referendo rea li zado em setembro último, mecl ianl o qual 78 ,5%

("Jornal cio Brasil", 9-9-99). E a Agênc ia ele notícias "Zenit" compl etou : "Muitos soldados indonésios es-

tão confessando as atrocidades cometidas contra a população civil no Timor, e não se trata de casos isolados". É o que confirma Franciscus Lengkong, supe ri or dos Irmãos de Nossa Senhora da Misericórdia, em Dili . Muitos soldados, assegura, "vêem.aqui todos os dias para conf essar seus pecados" ("Zenit", 4- 10-99).

Uma guerra de religião ela população optou pe la independê nc ia de Timor Leste e m relação à Indonésia. Refere ncio rea li zado sob observação da ONU , mas sem proteção internac ional. .. Grupos islâmi cos muito bem armados não aceitara m o res ultado ev idente e começaram a subme rgir a Ilha num banho ele sangue. Devido à violência em curso, a ONU, incompreensive lmente, mandou retirar seu pessoal... A palavra de o rdem era para que também os jornali stas cio mundo inte iro, que lá ainda se encontrava m dando cobertura ao refere ndo, se retirassem ... Teria sido para que o martírio ele católi cos, perpetrado pelos grupos islâmi cos, ocorresse se m testemunhas ? ...

Quando o mundo acordou... já era tarde! Somente após terem os militantes para m i I i tare s, apo iados pelo Exérc ito indo nés io, "depenado " as principais ci-

dacles do Timor Leste e massacrado seus habitantes, é que a ONU começou a organi zar um a força internac ional para a ma nute nção ela paz ... U ma derrota a mais para a coleção, j á não peq uena, de fracassos ac umulados po r essa organização inte rnacional. Por fim , no dia 20 de setembro, a Inte,j'et (força de pacifi cação elas Nações U nidas), composta por 7.500 homens inclusive 5 l brasileiros - sob o comando do general austra liano, Peter Cosgrove, desembarcou no Timor Leste. Ou melhor, naq uil o que restou do país. Era tarde ... Os membros cla]nterf'et chegaram para contar os cadáveres, para verem as fossas comuns, para apagarem os últimos incêndi os e di stribuir alimentos aos que morriam de fome. E ncontraram c idades e m ruínas, despovoadas, pois os que conseguiram escapar da barbári e destrutiva das milíciais para militares muçulmanas fu giram para as montanh as, onde dia ri a-

Não há dúvida que ex iste um fator políti co- ideo lóg ico po r d e trás do "affáire" Timor e tal fa tor pode tornar ma is co mpl exa a e lucid ação desses acontecimentos. Seja como fo r, inde pe nde nte dos interesses de alguns dirigentes po líticos autonomi stas mais destacados, é indi scutível a leg itimidade da aspiração da maiori a cios timorenses em co nstituir um a realidade separada da Indonés ia, ou mes mo restabe lecer seus laços com a ex-metrópole portuguesa. Porém, o elemento mais decisivo nesse caso parece ser ele natureza religiosa, uma vez que a esmagadora maioria dos timorenses é catóLica - 90% da população. Com o estímulo o u a cumplic idade do regime indonés io, desde o iníci o desses dramáticos aco ntecimentos intervieram fu ndamenta.listas muçulmanos procurando islamizar a parte leste ela Ilha. No seu todo, algo de muito parecido ao que acontece com os cristãos do Sudão

CATO LIC IS MO

Novembro de 1999

15


ESCREVEM OS LEITORES NU (Nadhlatul Viama), a poderosa organização muçulmana, com 20 milhões de inscritos, conclamam à guerra santa e.falam de dezenas de milhares de voluntários mobilizados bem como de um 'heroísmo espontâneo' contra os novos colonizadores" - isto é, os membros da força de paz ("Corriere della Sera", 199-99). O mesmo fa to é apontado por "O Público" de Li sboa (1 9-9-99) ao info rm a r qu e "ce m mil muç ulmanos

indonésiosjá assinaram uma declaração de apoio à 'jihad ' (guerra santa)". O pe riódico po rtuguês atribui à NU 30 milhões de militantes e come nta a respe ito de seu líde r, Gus Dur Wahid, que se trata de um dos mais influentes dirigentes políticos indo nésios.

Um jovem "timorense do Leste

é encurralado por milicianos paramilitares apoiados pelo governo de Jacarta ... ... e morto a tiros

meridi o nal, vítimas de uma be m orquestrada campanha, c ujo objetivo é o extermínio o u a is lami zação pe la fo rça. Asseme lh a-se ao que j á oco rre u e m o utros lu gares da Indo nés ia, co mo a ilha de Ambo n, nas M o lucas . N aquela ocas ião, . o di ário itali ano "Corrie re dell a Sera", de 25-2-99, denunciava que cerca de 200 ig rej as tinh a m s id o d es truíd as n a Indo nésia e m l 998 !

Mártires no final do século XX De fa to, j á nos primeiros di as da tragédi a ocorrida logo após a votação favo ráve l à inde pe ndê ncia, o mundo tomo u conhec ime nto das atrocidades pe rpe trad as co ntra ca tó li cos: ig rej as incendi adas, sacerdotes e fre iras trucidados, execuções sum á ri as, ho rríve is assass in atos de mulheres g rá vidas e de c rianças indefesas, as quais fora m mortas de tanto golpeá-las furi osamente contra paredes (cfr. "Di ário de N o tíc ias", L isboa, 14-9-99). A agê ncia va tica na "Fides", de 17-9-99, cita um re lató rio da FAO que calc ul a te re m s ido sete mil os timo re nses mo rtos pelas milíc ias fil oindo nésias, 100 mil os que fora m depo rtados para Timo r O este e o utros l 00 mi 1 os que estão escondidos nas mo ntanhas de Timo r Leste. O j o rnal "Avve nire" (orgão ofi c ioso do E pi scopado itali a no) de nuncio u um pl a no de ação, acertado e m nove mbro último, e ntre os grupos fund a me ntali stas de Jacarta, vi sando islamizar totalme nte o arquipélago indo nésio (M a-

1&

C ATO L I

e

IS MO

Uma "Internacional" islâmica Essa ofensiva islâmica fund amentali sta, é bo m lembrar, está presente e m vários pontos quentes do mundo: da Argéli a ao M édio Oriente, do ex-império soviético até a Indonésia. É mesmo um dos e lementos mais obscuros do panorama, para qualquer pessoa que queira estabelecer um balanço séri o da situação ri a G ra zia C utuli , Fundamentalistas em mundi al neste fim de século e de milêni o. ação, "Corrie re de ll a Se ra", 10-9-99). A esse respeito, basta pe nsar nas paO Padre E lvi o Da moli , diretor da · vo rosas e xpl osões ocorrid as recenteseção italiana da Caritas, afirma "que me nte na Rússia, as quais ce ifara m cenjá no passado órfãos católicos fora m te nas de vidas humanas, o brigando as deportados de Timor Leste para serem cambaleantes autoridades moscovitas a islami zados" ( ibid e m ); e o P a dre redo brar a vi gilância nas centrais nuc leCaesario Sisto Sanedrin, dire tor do mesares . Desde há muito te mpo, anali stas mo o rgani smo para a Ásia e o Pacífi co, internacio nais se pergunta m se os terroac resce nta: " F-lá setores do Exército ri stas mao metanos j á não estari a m de indonésio que exercem pressões para a posse de sofisticadas armas de destrui islamização .. . a Igreja está em pedaços" ção maciça . (ibide m). Po r isso, não pode mo o lhar para o A a ludida agência "Fides" re produ z fund a me ntali smo is lâ mico como um a as pa lavras de um mi ssio nário da capi rea lidade frag me ntada. M as deve mos ta l do Timo r: "Todos os incêndios - das igrejas às casas religiosas - fa zem parte dar- no conta de q ue estamos di a nte da atuação de uma verdade ira e nova Interde um plano de destruição total dos lunacional, partic ularme nte ativa e eficaz gares de culto. O destino das ig rejas não nestes mo me ntos de grande instabilidaé diferente do da população" ("Fides", de po lítica para muitas nações, e de re17-9-99). novados pe rigos para a ação eva nge li Uma nova "guerra santa" zadora da S anta Ig rej a . ♦

maometana

Logo que zarparam os primeiros navios da Interfet, surgirnm novas ameaças. De Surabaya, a segunda cidade indonésia, conta- nos o e nviado do "Corriere de ll a Sera", M assimo Nava: "Os dirigentes da

Novembro De 1999

Notas: l. Dan iel Rodrigues, O Caso de Tim or, in " O Co mércio do Porto", Pan o, 19-5-76. 2. Joaquim M. Fonseca, Comi, são em Ti mor, Ti pog rqfia Veritas, Guarda, Port uga l, 1976,

Cartilha contra erros protestantes ~ E nriqueci meu conhecime nto na

leitura da revi sta do mês de sete mbro .... ta mbé m com a cartilha do Padre David Franc isquini , sei agora como e nfre ntar os protestantes (que se nomeia m em minha cidade como "evangélicos") . Ótimas respostas sobre o c ulto que de ve mos à Vi rge m M ari a e aos santos, o que não significa deix ar de c ultua r a De us. M as tem ainda um proble ma qu e esses "eva ngéli cos" colocam e que gostaria de ver respo ndido nessa revista, o u numa carta para o e ndereço .... O problema é o seguinte: Alg uns até que aceita m a idéia que não sig nifica substituir Deus pela Virge m M a ri a e os sa ntos, ma s e les ac ha m que pode atrapa lha r, qu e ro di zer, pode diminuir nossa devoção a De us porque fi ca dividida. (S.M.C. - Bahia) Nota da Redação: Pelo contrário, a devoção a Nossa Senhora e aos Santos "não diminui", mas aumenta nossa adoração a Deus , levando-nos mais rápida e facilmente a Deus Nosso Senhor. O Doutor Angélico, São Tomás de Aquino, diz que nossas preces devem subir ao trono de Deus pelo mesmo canal pelo qual desceram os benefícios divinos; como recebemos esses benefícios pela intercessão dos Santos, é pela devoção a eles que devemos nos aproximar de Deus (cfr. IV Sent. d. 45 , 1. 3, a . 2) . Podemos responder com as próprias palavras do grande Papa São Pio X: "Todos nós, pois, que estamos unidos a Cristo, que somos - como diz o Apóstolo - os membros de seu corpo, feitos de sua carne e de seus ossos (Efésios, 5, 30), saímos do seio da Virgem à maneira de corpo unido

à sua cabeça .... Se, pois, a Bemaventurada Virgem é ao mesmo tempo Mãe de Deus e dos homens, quem pode duvidar que Ela não empregue todas as forças junto a Jesus Cristo, que é a cabeça do Corpo da Igreja, a fim de que Ele difunda seus dons sobre nós que somos seus membros, e em primeiro lugar, para que nós Oconheçamos e vivamos por Ele .... Mari a, como nota justamente São Bernardo, é o aqueduto ou, se quisermos, o colo [pescoço], pelo qual o corpo está ligado à cabeça, e pelo qual a cabeça exerce seu poder e sua virtude sobre o corpo ". (Encíclica "Ad diem illum", 2 de fevereiro de 1904).

Colômbia

M Estimados Amigos So u leitor ass íduo de Catolicismo e quero e nvi ar-lhes, daqui da Colô mbi a, minhas mais cordi ais fe lic itações pe la qua lid ade inte lectua l e també m editori al da revista. Como é necessári a um a orie ntação católi ca para a o pinião pública ! Isso rea li zam os senho res, nesses te mpos de caos e convul sões se m no me. Em meu País, os últimos governos tê m sido os pioneiros na América a faze r concessões e pac tos infames com te rrori stas e g rupos g uerri lheiros marxi stas, com o pre texto de conseguir a paz. E, la me ntave lme nte, o que tê m conseg uido é exatame nte o contrá ri o ! Fe li citações po rque os senh o res no B ras il o ri e nta m seus le ito res para um a atitude de verdadeiros cató licos, que e nfrentam com va lo r os adversári os da Igrej a e da C ivili zação, e não tra nsigem com a cl a udi cações que levam a esta apostas ia geral e m que se e ncontra a C ivili zação Cristã. (E.T.V. - Colômbia)

Elegância

M O últim o número de Catolicismo está ó timo . Gos te i de todas as re po rtage ns. Gostari a de ac rescentar que o títul o e m fra ncês da repo rtage m na pág ina 12 fi co u ex tre ma me nte c harmoso. C' est si élégant! (L.P. - São Paulo) A palavra do sacerdote

M Parabéns pela revi sta Catolicismo. Co mo e u sempre fui mui to católica, sempre sonhei com uma revi sta assim. A parte que mais me cha ma a ate nção é "A palavra do sacerdote", a qual todos os meses qu ando vo u lê- la sempre tem algo interessante que me desperta a ate nção e ti ra minhas dúvidas mais usuais. Continue m assim . (L.A.C. - Pernambuco) Confirmação na Fé

M Pa ra mim , os mo me ntos mais feli zes são qu ando recebo a rev ista e m casa . Le ndo o Catolicismo fi co confirmado na fé e na devoção a Nossa Senho ra. Peço orações pa ra que mi nhas filh as também te nha m muita devoção a N ossa Senho ra . (F.S.J. - Sergipe) Alto teor cultural religioso

R Catolicismo é um a revi sta ex trao rdiná ri a ele alto teor cultu ra l re li gioso, que veio enc her de alegri a e fe li c idade o me u di a-a-di a. É uma revi sta completa, rea l, ri ca e m conte údo. O que mais me in spira a fé são os ass untos re lac io nados com Fátima, po r ser um grande devo to de Mari a. De parabé ns os diri gentes desta revi sta maravilhosa. (R. D. M. - Paraíba)

p. 87.

CATO L IC IS MO

Novembro de 1999

17


VIDAS DE SANTOS

Nobreza e juventude aliadas a virtude exí,nia Uma das glórias da Companhia de Jesus, Santo Estanislau Kostka, é um dos santos não-mártires mais jovens da Igreja, pois faleceu aos 18 anos incompletos, tendo entretanto vivido, para a virtude, como um ancião PLINJO MARIA S OLIMEO

"Ajoelha-te, ajoelha-te; vê que Santa Bárbara, acompanhada de dois A,~jos, traz-me a Comunhão", exclamou Estan islau moribundo no leito, diri gindo-se a seu preceptor, quando estudante no colégio jesuíta de Viena. E o preceptor completa sua narração com as seguintes palavras: "E levantando-se, pôs-se de j oelhos na cama. Depois disse três vezes: 'Senhor, eu não sou digno .. .' Abriu a boca ... e es tendeu a língua com profundíssima humildade" 1 • Mas não foi ainda desta vez que Estani slau morreria. Esse episódio é e mble mático da vida inte iramente excepcional deste Santo, cuj a festa comemora-se a 13 de novembro, di a em que seu corpo foi ex umado e encontrado sem nenhuma fo rma de corrupção.

Das mais nobres famílias da Polônia Estani slau nasceu e m 1550 no castelo de Rostkow, de uma família das mais nobres da Polônia, que se "distinguia pela invariável fidelidade à antiga fé católica, diante das tempestades luteranas e renascentistas"2 • Seus pai s foram João Kostka, Senador do Reino,.e Margarida Kriska, de estirpe não menos ilustre que o marido. Estani slau foi dessas almas que parecem ter, desde o berço, correspondido a todas as graças espec ialíss imas com que Deus as cumula, percorrendo em pouco tempo, na santidade, uma carreira que muitos levam a vida inteira para atingir. De uma pureza extrema, qualquer palavra mais livre faz ia o menino enrubescer e até mes mo perder os senti-

dos. Quão di fere nte da perversão infantil que grassa em nossos dias! "Falemos doutra coisa, costumava dizer o ve lho pai, senão o nosso Estanislauzin.ho levantará os olhos ao céu, para dar em seguida com a cabeça no chão" 3 • A par dessa ex trema delicadeza de consc iência, o menino fo i, desde cedo, també m mode lo de sabedori a e honestidade.

Na capital do Império Austro-Húngaro Foi-lhe dado como preceptor um jovem cavale iro, João Bilinski, para ensinar-lhe as primeiras letras. Aos 14 anos seu pai enviou -o com este, e com o irmão mais velho, Paulo, para Vie na, onde o Imperador Fernando tinha fundado um colégio jesuíta para a ed ucação da juventude de língua alemã. Foram recebidos na quali dade de internos; e quando M ax imili ano I fecho u o internato, foram viver na casa de um lutera no, o Senado r Kimberker. Para a consciênc ia reta de Estani slau, o viver sob o teto de um herege era um co ntínuo tormento. Entre seus condi scípulos, Estani slau logo se fez notar "por seu belo espírito, assiduidade ao estudo e raras virtudes ... .. Ele fugia cuidadosamente da conversação dos escolares libertinos e de tudo que não o incitasse à devoção e ao amor de Jesus Cristo .. .. O recolhimento e o silêncio faziam suas delícias; e, quando falava, era sempre com tanta modéstia e discrição, que, era perceptível, não dizia nada precipitada ou irrejletidamente" 4 . Ora, nunca dois irm ãos foram tão diferentes co mo Paulo e Estani slau. O primogênito era amante da boa-

vida, mundano, dado aos prazeres que a grande cap ital podia oferecer. O caçula não vivia senão para as coisas celestes. E com isso era, mesmo sem o querer, uma censura muda e constante ao modo de ser do irmão. Evidentemente tinham que surgir atritos, que Paulo resolvi a segundo a "lei do mais fo rte", chegando muitas vezes a agred ir Esta ni slau. Este entretanto tinha urna fortal eza de alm a que se sobrepunha à moleza produzida pelos vícios no irmão.

Nossa Senhora lhe entrega o Menino Jesus Certo dia Estanislau adoeceu tão grave mente, que os médicos declararam nada mais ser possível fazer, e que a medi cina j á não podi a sa lvá- lo. O doente suplicou então ao irmão e ao preceptor que chamassem um sacerdote para mini strar-lhe os Sacramentos, ao menos a Sagrada Comunhão. No entanto, os dois, temendo desgostar o luterano que j amais permitira a entrada de um sacerdote católi co em sua casa, optaram por fazer ouvidos moucos. Estanislau resolveu então apelar para o Céu; le mbrou-se de ter lido certa vez que os que se recomendavam a Santa Bárbara não morriam sem recebe r os Sacramentos. Com fe rvor, pediu então a intercessão dessa Santa em seu favor. O que ocorreu a seguir, narrado por seu preceptor, depois ordenado Sacerdote, vem descrito no início deste artigo. Pouco depois e le recebi a também a visita de Nossa Senhora com o Me nin o Jesus nos braços e co locandoO nos de Estani slau. Ao despedir-se, a M ãe de Deus recomendou-lhe que entrasse para a Companhia de Jes us. No mesmo momento, Estani s lau sentiu-se inteirame nte curado .

São Pedro Canísio -Gravura de Dominicus Custos. Como Provincial de

Augsburgo, São Pedro Canísio recebeu o jovem Estanislau.

Dois Santos o auxiliam a realizar sua vocação O adolescente qui s obedecer imediatamente o conselho de Nossa Senhora. Foi procurar o Pe. Provincial dos jesuítas na Áustria, mas este negou-lhe admissão sem a autori zação do pai; recorreu ao Legado Papal, que também não quis comprometer-se. Aconselhado então pelo Pe. Francisco Antônio, confessor pottuguês da Imperatriz, fez o voto de peregrinar de casa em casa da Companhi a pelo mundo, até encontrar uma que o admitisse sem condições. Para isso teve que sair escondido de casa e tomar a estrada para Augsburgo. Doou seus trajes de seda a mendi gos, e vestiu -se com uma grosseira túnica adrede preparada. Entrementes seu irm ão e o preceptor, dando-se conta da fu ga, partiram de carruagem atrás do fugitivo. Quando dele se aproximaram, Estani slau, como um pobre peregrino, pediu uma es mola. Sem se darem conta, jogaram-lhe uma moeda e continuaram o caminho ... Como o Provincial de Augsburgo encontrava-se em Dilingen, para lá se diri giu o jove m polonês. Ora, este não era senão o grande São Pedro Canísio, que reconqui staria para a verdadeira fé quase metade da Alemanh a, pervertida pelo ímpi o Lutero. Como os Santos se entende m, fo i sem dificuldade nenhuma e com grande alegri a que ele recebeu o jovem postul ante. E, para livrálo da possível perseguição do pai , enviou-o com outros doi s pretendentes à casa mãe, em Roma. Outro grande Santo, São Francisco de Borgia, então terceiro Gera l dos jesuítas, recebeu Estani slau na Cidade Eterna co m os braços abertos di zendo-lhe: "Estanislau, eu te recebo, e não te posso negar este gosto, porque tenho muitas provas de que Deus te quer em nossa Companhia" 5 • Assim via Estani slau atendidos seus votos, entrando para o noviciado de Santo André do Quirinal a 28 de outubro de 1567.

O Anjo do Noviciado E m pouco tempo o j ovem polonês mereceu de seus condisc ípulos o cognome de o Anjo do Noviciado. "A poiado no conhecimento de si mesmo, quer dizer, de seu nada [sem a graça divina], de suas fraquezas, de sua incapacidade para todo bem e de sua corrupção original, ele tinha uma humildade que os lou vores não podiam alte·rcu; e ·que as reprimendas mais humilhantes não podiam exasperar" 6 . Seu amor a Deus era tão veemente, que abrasava-lhe o peito. Um dia, o Padre-mini stro e nco ntrou-o muito cedo no pátio, perto da fo nte, refrescandose. - "Que fa zes aqui numa hora tão matinal? " perguntou-lhe. Respondeu o novi ço: - "Padre, meu peito ~ ardia muito e vim buscar um pouco de alívio." 7

ffi

ffi 18

CATO L IC IS MO

Novembro de 1999

CAT OL IC IS MO

Novembro de 1999

19


A

Devoção especialíssima à Mãe de Deus Estan islau tinha a mais profunda devoção a Maria Santíssima. Estudava e compil ava os textos mais belos em seu louvor, e as passagens mais próprias a demonstrar sua grandeza. Em sua honra rezava, desde pequeno, o Rosário. A quem lhe perguntava por que amava tanto a Maria, respondia: "Como não A hei de amar, se é mi-

nha Mãe?" Foi por insistência sua que se instituiu o costume de os noviços todas as manhãs, logo ao acordarem, poremse de joelhos voltados em direção da Basílica de Santa Maria Maior, e pedir a Nossa Senhora sua bênção. O mesmo fariam à tarde, logo depois do exame de consc iênc ia. Esse costume manteve-se depois no Noviciado. O desejo de Estani slau era o de morrer na véspera do dia de g loriosa Assunção de Maria ao Céu, e ele teve uma revelação de que seu voto seria atend ido.

No dia de sua festa, Maria Santíssima vem buscá-lo e o leva ao Céu Como era costume em diversas com unidades relig iosas, no fim do mês de julho foi distribuído a esmo, no noviciado jesuíta, o nome de um Santo daquele mês que cada religioso deveria venerar e honrar de modo mais especial durante o mês entrante. Coube a Estani slau, para agosto, o do grande mártir São Lourenço. No dia 8, na vigília da festa do Santo, Estan islau quis honrá-lo de uma maneira particular, faze ndo um ato de humilhação pública. Após ter dito suas fa ltas no refeitório, oscu lou os pés

COLOMBIA,

de cada religioso, disciplinou-se, e pediu a cada um de esmola um pequeno pedaço de pão para sua refeição. Depois foi ajudar na cozinha onde, à vista do fogo, começou a meditar nos sofrimentos de São Lourenço, assado vivo em uma grelha. Isso o impressionou tanto, que caiu desmaiado. Levado à sua cela, veio-lhe à boca um fluxo de sangue. Soube então que seu desejo de morrer no dia da Assunção seria satisfeito. E isso ele o dizia a todos. Na vigília dessa gloriosa festa, pediu para lhe serem administrados os Sacramentos, que recebeu angelicamente. E às três horas da manhã do dia 15, Nossa Senhora, acompanhada por uma multidão de Anjos, veio receber a virginal alma de Estanislau Kostka. Ele morria aos 18 anos incompletos, tendo passado apenas 10 meses no noviciado jesuíta. Acorreu tanta gente a seu enterro, que levou seu médico, Dr. Francisco Tolet, depois nomeado Cardeal, a exc lamar: "Eis uma coisa verdadeiramente maravi-

país em desagregação - sinistro modelo para o BRASIL de amanhã? Impressionantes analogias entre os dois países: as diferenças das situações colombiana e brasileira estão mais no grau de deterioração e menos na própria natureza dos vírus destruidores do corpo social de ambas as nações

lhosa: um pequeno noviço polonês que morre; faz-se honrar pela cidade de Roma como um Santo!" 8 •

A glorificação post mortem E nterrado na igreja Sa nto André rnonte Cavallo, em Roma, começaram a ocorrer milagres em seu túmulo. Sua fama difundiu-se, primeiro por sua pátria, e depois por toda a Europa. Na Polônia "não havia Prelado ou

grande senhor que não quisesse ter {sua estampa], e o próprio Rei colocou-o em sua galeria junto às imagens dos santos" 9 • Beatificado em 1604, Esta ni slau fo i canon izado em 1726. ♦

ALFREDO MAC HALE GREGÓRIO V lVANCO LOPES

Notas 1. Pe. José Leite, S.J., Santos de Cada Dia, Ed itori a l A.O. , Braga, 1987, 3' ed ição, vo l. IIJ, p. 294. 2. Idem , ibi dem. 3. lei. , ib. 4. Les Petits Bo ll and istes, Vies eles Saints, d'apri!s le Pi! re Giry, par Mgr. Paul Guérin, Pa ri s, Bloucl e l Barra i, Libra ire -Écl iteurs, Pa ri s, 1882 vo l. Xlll, p. 388. 5. Abbé Cro issel, A,io Cristiano, tradução espa nhola cio Pe. José Francisco ele lsla, Salurnino al lcj a, Maclri , 1901 , tomo IV, p. 497. . 6. Les Pelits Bo i lancl istcs , op. c il. p. 39 1. 7. Pe. José Leite, op. cil., p. 296. 8. Les Petils Bo ll ancli stes , op. ci t. p. 394. 9. Jd. , ib. , p. 394.

Vista da Basília dedicada a Santo Estanislau Kostka,

na Polônia

20

eATOL Ie ISMO

Novembro de f ggg

A

cons iderar o dramático caos que nvolve presentemente a Colômbia, observadores com freqüência se perguntam que itinerário essa nação perco rreu ao longo das últimas décadas para chegar ao ponto em que hoje se enco ntra. Assim, como foi possíve l que a op inião pública, e as elites em especial, observassem os sinai s precursores do ab ismo do qual se ap rox imavam e no qual depois cairi am, com diversos gra us de apatia, sem que houvesse vozes sufici entemente numerosas, valentes e e loqü e nte s que de sse m o alarme e conclamassem a um a reação. É uma questão qu e importa muito e luc idar, mesmo porque já são abundan-

tes os sintomas de "colombianização" do Brasil. Dezenas de milhares de mortes viole ntas e cerca de do is mi l seq üestros anuais, além de de li tos literalmente incontáveis contra a propriedade constituem na Colô mbia uma tragédia que dispen sa comentário·s, po is supera o sucedido em quase todas as demais nações latino-americanas, inclusive aquelas qu e foram traumatizadas por conflitos cruentos ou por crises ga lopantes. Mais. Tão terríve l situação parece sugerir que essa in fel iz nação perdeu a capacidade de reag ir, poi s só uma pro-

porção ínfima de tais c rimes termina em processos judiciais eficazes, com sentença.A ime nsa maioria das pesqu isas para determina r os culpáve is por esses delitos fica obstruída pelo emaranhado da corrupção generali zada, transformando-se por sua vez num fator adi cional de violência, sendo incontáve is as pessoas que reso lvem ''.fa zer justiça" pelas próprias mãos. As sucessivas comoções produzem um descontentamento profundo mas impotente, num clima tac iturno, a lgo fatalista, derivado em parte do fato de que as tragédias, crimes e convu lsões, e mbora afetando a população como um todo, parecem no entanto não ameaçar uma importante e poderosa parte dela. Esta parcela contaria com uma proteção como que mi ste riosa mas eficaz, através da qual os agentes do caos, em vez de serem seus inimi gos, deixá-laiam inteiramente incólume.

e ATO LIe ISMO

Novembro de f 999

21


1

numa intensidade que há três décadas prati ca mente nin guém na Co lômbi a podi a suspeitar. 1. O ex-Presidente Ernesto Samper 2. Guerrilheiros das FARC 3. Grupo de autodefesa em Medellin

Quando o caos chega r a um ponto irreversíve l, então é possível qu e tal co ntin genle anestes iado acord e ele seu leLargo. Será ainda tempo?

Das elites tradicionais às oligarquias partidárias Durante toda a hi stóri a co lomb iana, o caráter profundamente cató li co ela população deu forças a um scLor conservador muito unido ao C lero tradici onal, inibindo as forças liberais, laicisLas e sociali stas. Apesar disso, houve entre essas duas parce las ela população freqüenLes guerra s civi s que chegaram até o presente sécul o. Em meados dele, os focos guerrilheiros, ele início libera is, to rn aram-se claramente marxistas. O regime político ela Co lômbi a, em quase todos os séc ul os ele sua vicia independente, esteou-se sempre nas eli tes nac ionais e reg ionais, muiLas elas qu ais até há algumas décadas conservava m atributos ele reli gios iclacle, ínclo-

22

C ATO L IC IS MO

le patriarca l, regime orgâni co, influência moral e lidera nça cultural verdadeiramente notáveis sobre o conjunto ela soc iedade. Sem embargo, essas elites foram gradualmente se transform ando em verdadeiras oli garquias, ele modo especial a partir ci os anos 50, deixando ele servir o bem comum, e portanto ele exercer fun ções públicas confo rm e os altos interesses ela nação, para co meçarem a bu scar o pode r e a valer-se dele primordi alrnenle em benefício próprio.

O processo de corrupção da sociedade coloml:. ;ana Quando tomou corpo no mundo a cr ise reli giosa e n. ral cios anos 60, irrompeu em todas as classe sociais cio País urn a ânsia inlernperante ele gozar a vicia, leva ndo um número cada vez mai or de co lomb ianos a desej ar freneticamente ganhar clinh iro sem se irnporLar por que meio · fossem e sem pre tar atenção nas vozes - a essa altura j á bastante tímidas, indec isas e indulgentes para com a corrupção - que até então os hav iam censurado e ele algum modo moderado. Assim, aumentou fortemente a deteri oração mora l cios meios políti cos, fo rm ando-se múltiplas carnarilhas, ora

Novembro de f 999

rivai s, ora tolerantes ou cúmplices, mas raramente inimi gas entre si , nas quai s as nascentes "máfias" do delito organi zado encontraram poderosos elementos de proteção, i ndependentern ente dos partido s que estivessem no govern o ou na oposição.

Início do cultivo e tráfico de drogas N os anos 60 e 70, fi zeram sua entrada na Co lômbi a o cultivo e o tráfico de drogas. Também adquiriram urn a in tensidade muito mai or os vários grupos guerrilh eiros marxi stas que vinham atuando desde os anos 50 de modo mais ou menos marg in al. Ou seja, brutais e impunes nas regiões afastadas, mas cm geral ausentes elas grandes cidades e das zo nas pr xim as destas. Por ca usa da corrupção descrita, o tráfico ele drogas e a guerrilha enco ntrara m circun stâncias muito favoráveis para conso lidar-se, crescer e enco ntrar protetores , de modo que não tardaram em se converter em fo rças podero as, proteg idas precisamente pelos homens públicos que deveriam co mbatê- las. Assim, ambos os flagelos se fo rtalecera m e se expa ndiram sem cessa r, chega ndo a tran sform ar-se em gravíssimos focos de perturbação nacional,

A guerrilha cresce na medida do aumento de impunidade Quando, no começo dos anos 80, a guerrilh a marxi sta adquiriu essa ampla ex pressão, o Estado, ao invés ele combatê- la , po r dec i são do Pres id ente Bel isa ri o Betancur ( 1982- J 986) ini ciou um a política indulgente e concessiva que, no fundo, foi continuada pelos governos seguintes - que impli cou em deix á- la atuar impun emente dentro de margens muito co nsideráveis. Permitiu lhe, adema is, aumentar enorm emente seu poder e seu conti gente, ameaçando a fundo o conjunto da população. A partir daí, cada vez que um governo tenta impul sionar uma políti ca de di stensão com a guerrilha, esta mani festa aceitar a iniciativa, mas ex ige como preliminar que o Exército suspenda todas as ativid ades contra ela. O que não significa que a guerrilha, por sua vez, se abstenh a de co ntinuar a violência co ntra a popul ação, antes a aumenta, valendo-se da impunidade. Tal indul gência oficia l em relação à subversão co nflui co m a luta de classes e co m outras fo rmas de agitação contestatária para beneficiar a guerrilh a, porqu e esta recruta nesses meio boa parte de seus membros.

Assim, ao crescer rapidamente durante os anos 80, a guerrilh a pôde, em fin s dessa década, atingir um poderi o que lhe permitiu aliar-se ao narcotráfico e nele penetrar, convertend o-se no mai s potente e peri goso inimi go interno ela nação e deteriorando brutalmente sua ord em jurídi ca, justamente porque a impunidade cio crime é um cios mais poderosos estímul os que este pode ter.

Os abusos da classe política - Apatia da opinião pública Esse curso dos acontecimentos produziu uma apatia e uma recusa profundas na população em relação ao que se faz no mundo oficial. Levando, como conseqüência, a um total ceticismo a respeito do que este possa propiciar de construti vo e também ao receio ele que é aí que se geram as pi ores crises. Por isso, a abstenção eleitoral na Colômbia - habitualmente em torno de 60% - é a mais alta cio continente, revelando que o país não acredita que os problemas possam ser remediados nas contendas partidári as. Essa apatia impli ca pois numa profunda rej eição em refação aos políticos profissionais. Daí o fato ele os parti culares, que se dedi ca m às ativid ades privadas , desejarem simplesmente que a esfera pública os deixe viver em paz, omi tindo-se com relação a ela. Omissão esta que prejudica gravemente os mais altos interesses el a nação.

1. Atentado guerrilheiro em Bogot,i 2. O Presidente Pastrana olha a cadeira vazia de Tiro Fijo no inicio das conversações de paz 3. A polícia colombiana destrói laboratório de cocaína

Nesse contexto, normalm ente os abusos, inépc ias e escâ ndal os cio partido governi sta causam a este um profundo desgaste que fortalece a oposição. E, entretanto, tão logo ascenda ao poder, esta última fa rá mai s ou menos o mesmo que fez o govern o anterior, só que em benefício ele outros setores e dirigentes. Ao cabo cio quatriênio pres idencial, esse fenômeno provavelmente repetir-seá em sentido inverso, prol ongando o essencial desse tipo ele regime político. Ou seja, que o país é governad o por diversas camarilhas que se alternam no poder, habitualmente de costas para o bem ela nação, o que causa a impressão ele que os problemas desta são insolúvei s.

Agressividade dos criminosos afugenta pessoas de bem A enorme quantidade de assassinatos e seqüestros na Co lômbi a - proporci onalm ente a mai s alta do mundo - faz com que verdad eiras multidões

e ATOLIe ISMO

Novembro de f 999

23


A "Colombianização" do Brasil

UERl

"Fui o que tu és, serás o que eu sou"!* Terrível sentença, e ncontrada na cidade de Fano (Ú mbri a - Itá lia), como

PAAEC\ BOGOTA TE

Acima: passeata de protesto contra seqüestros em Bogotá

À direita: Enterro das vítimas de um dos numerosos atentados em povoado de camponeses no interior da Colômbia

e mi gre m dos campos confl agrados para as perife ri as das g randes c id ades, as quais também estão com freqüência dominadas pe lo crime organi zado e penetradas pe la subversão marxi sta. Ao mes mo tempo, um co ntingente cada vez maior do segme nto pensante da nação reso lve aba ndoná- la para viver em paz no Exteri or. Com isso, o setor do qual se poderia esperar um a reação sa lvadora vai sendo prog ress ivame nte debilitado, e nquanto os agentes do caos vão se tornando cada vez mais fortes, impunes e desafiantes.

ab ri gá- los ele qualquer ataq ue cio Exérc ito, mas a partir ela qual lançam ataques sempre que o desejam. Essas capitul ações do Estado são toleradas pe la opini ão pública, obv iamente mediante à promessa oficial de que assim se obteria a paz. Mas, há alguns meses, depois de me io ano de concessões pacifistas, a guerrilha esteve a ponto ele atacar diJ·etamente a capital do país. Tendo-se comprovado, ademais, que a "zana de distensão" que lhe hav ia sido concedida

Guerrilha recebe território maior que a Suíça Era essa, há um ano, a situ ação ela Colômb ia quando subiu ao poder o presidente Anclrés Pastrana, do Partido Conservador, graças ao intenso desprestígio do Partido Liberal, em virtude dos escândalos do governo Ernesto Samper e ela gravíssima deterioração produzida na ordem pública durante o seu período. Sem dúvida, a grande ma ioria cios e le itores de Pastrana ansiava pela restauração ela ordem jurídica e a cessação ela impunidade ela narco-guerrilha. Contudo , a política do novo governo fo i exatamente o contrári o, ou seja, levou as co ncessões aos guerrilhe iros muitíssim o mais lo nge que seus predecessores. Estabe leceu um a zona ele 42.000 km 2 maior que a S uíça - para

24

C ATO L IC IS MO

derá mais uma vez, na falsa esperança de co m isso não perder tudo? - Devemos acordar e lutar e nqu anto é tempo, para não sermos tragados por essa g igantesca onda! Pois bem sabemos que a apatia e a letarg ia dos que deveriam lutar, co nstitue m as principais a li adas desses mov ime ntos subversivos.

Novembro de 1999

Colômbia 35.000

2.600 1.000.000

200.000 6.000

65,6%

para facilitar a pacificação, fora utilizada para aumentar o tráfico de drogas. Daí o fato de ter hav ido recentemente um sobressa lto internac iona l em face da fo rça adq uirida pela guerrilha colombiana, graças à referida indo lência govern amental. Sobressa lto, ao que parece, que vem sendo aproveitado pelo presidente Pastrana para buscar ajuda internacional. Com que fim a utili zará? Para derrotar a g ue rri Iha, o u para c la udi car mais um a vez diante dela? Qualquer que seja a resposta, importa que os países vizinhos se preparem para defender-se de uma ameaça que, nas últimas décadas, não fez senão crescer.

Em meio às trevas, uma luz de esperança Há, porém, um fator nesse quadro dramático que não pode ser om itido nem minimizado: o profundo espírito cató li co arraigado na população colombiana, ape ar da agressão sem paralelo que vem sofrendo. Essa religiosidade, mesmo com as catástrofes que se abatem sobre a nação, mantém-se viva e se manifesta ainda pujante, sobretudo no Santuário nac ional ele C hiquinquirá e no famoso Santuário ele Nossa Sen hora de las Lajas. A Mãe de Deus, med iante essas duas devoções marianas bem co lomb ianas, poderá ainda intervir num processo que ameaça aniquil ar uma elas nações mais católicas da América Latina.

a a póstrofe que o esque leto de um morto faz a um homem vivo. Tal frase, evidentemente, não se aplica apenas às re lações entre um esque leto e um vivo. Mas pode também, co m as adaptações necessárias, aplicar-se ao relacionamento entre do is vivos ou mesmo entre duas nações. Nesse sentido, não poderia a Colômbia dirigir-se ao Brasil de modo idêntico? - "Serás o que sou!" Ao tomarmos conhecimento, na primeira parte desta matéria, da evo lução (me lho r se diria invo lução !) dos trágicos aco ntecimentos em curso na Co lômbia, salta aos o lhos que o Brasil poderá resva lar a méd io prazo para a dramática e caótica situ ação daquele país irmão, caso não co loq ue um freio às atuais agitações de índo le revolucionári a. Ne e enti lo, é ilu strativo estabelecer uma rápida comparação e ntre as manchetes da imprensa sob re a Co lômbia, co m as referentes ao B rasi 1 ( ver quadro ao lado).

Será o Brasil de amanhã a Colômbia de hoje? Continu ando nosso País a trilhar o mesmo caótico cam inho percorrido pela Colômbia, bem se poderia prever que as manchetes estampadas nos presentes dias em jornais colombianos serão essencia lmente as mesmas no Brasil de amanhã. Tudo depende d a reação da opini ão pública brasileira - portanto de nossa reação! Pois, se não reag irmos co ntra a atuação desses movimentos revo luc ionários que intentam: 1) abo lir o direito de propriedade; 2) promover invasões de terras e ele prédios; 3) ampli ar ainda mais a esca lada da violência e do ba nditi smo, dos seqüestros, do narcotráfico e da corrupção em geral o Brasil será dominado po r essa onda desagregadora. Frente a essa investida de in spi ração marxi sta co m o obj etivo de desestabilizar a Nação, a opini ão pública bras il e ira continu ará apática o u mesmo mergulhada em seu sono letárgico? Ce-

Quando a casa do vizinho está pegando fogo ... Em face dos dados aterradores do quadro da página anterior, convém recordar que o Brasil possui 1.644 quil ômetros de fronteira - quase desguarnec ida - com a Co lô mbi a .. . Nossa Senhora de Chiquinquirá, Padroeira da Colômbia

Cá e lá, impunidade há Analisando a situ ação do Brasil sob a lente cio que ocorre nesse país vizinho, vê m-nos à mente as cenas de fazendas

Manchetes referentes à Colômbia Guerrilha ataca perto de Bogotá !"Jorn al do Brasi l ", 9/7/1999)

Manchetes referentes ao Brasil MST intensifica invasões em Minas !"J orna l do Brasil", 5/7/1999)

Um pais acuado pela violência

Violência cresce no campo

I "0 Globo", 11 /7 / 1999 )

!"Jornal do Brasil", 5/8 / 1999)

Trezentos reféns em estrada

Estradas: polícia retira bloqueios à força

1"0 Globo", 12/7/1999)

!"Jornal da Tarde", 29 / 7/1999)

Guerra na Colômbia mata 255 em 4 dias

Capital tem um seqüestro-relâmpago a cada 5 horas

!"Jornal do Brasil", 12/7 / 1999)

!"Jornal da Tarde", 4/9 / 1999)

Carro-bomba em Medellín mata 10 e fere 30

Sem-terra: 1O saques em Pernambuco

1"0 Estado de S. Paulo", 31 / 7/1999)

l"O Estado de S. Paulo", 07 / 9 / 1999)

EUA temem imigração em massa

Quadrilha ataca uma cidade inteira em MT

1"0 Globo", 2/ 8 / 1999)

("O Estado de S. Paulo", 28/8/19991

Para EUA, tráfico colombiano ameaça toda a AL

Traficantes brasileiros iam trocar armas por drogas na Colômbia

l"O Estado de S. Paulo", 7 /8 / 1999)

("Jorna l da Tarde", 17/ 8/1999)

Guerrilheiros das Farc estão prontos para guerra total

Grupo de sem-terra resiste a despejo em MS. Invasores destruíram pontes que dão acesso à propriedade para impedir entrada de policiais

1"0 Globo", 10/8/1999)

("O Estado de S. Pau lo", 25 / 9 / 1999)

Colômbia pára com greve geral apoiada pela guerrilha ! " Jornal da Tarde", 01/9/1999)

Dias manda abrir inquérito contra líder do MST por incitamento à violência ** !"J orna l do Brasil", 9/10/ 1999)

Filha de senador da Colômbia é presa por suspeita de tráfico

Brasil preocupa-se com infiltração de narcotraficantes no poder

l"Associated Press", 0 1/10 / 1999)

!"Financial Times", 7 / 10/ 19991

C ATO L IC I SMO

Novembro de 1999

25


droga em outros estados" ("Financial Times" L ondres, 7- 10-99) .

Vagão brasileiro desprender-se-á da locomotiva colombiana?

Fotos da última Marcha dos Sem-terra a Brasília: simpatia dos militantes pelo comunismo ficou patente

invadidas, gado dispersado e morto, cercas e po rteiras arrebentadas, casas incendiadas, famílias de proprietári os de terras lançadas na mi séri a de uma hora para outra, prédios invadidos, bl oqueio de rodovi as, saques a caminhões e supermercados, seqüestros etc. Enfim, atos muito parecidos com os praticados pelas guerrilh as co lombi anas. E mes mo assassinatos, inocentes transform ados em reféns, e toda sorte de violências cometidos pelos assim chamados sern-terra. Sem fa lar das agitações efetivadas nas cidades pelos sem-teto... e as autorid ades parecem não se inquietarem ... Sobretudo causa apreensão a incrível impunidade de que gozam esses profi ssionais da subversão - impunidade análoga à que impera na Colômbi a. Táticas de guerrilha já são aplicadas no campo brasil eiro, à moda co lombi ana, se m a contrapartid a de uma repre são efi caz. Se anali sa rm os a co nduta de bo m número de políti cos, bem como da quase totalidade dos cori feus da esquerda católica, em face das invasões de propriedades no ca mpo e na cidade, a semelhança com o que acontece na Colômbi a é patente e al arm ante. Tudo se passa co mo se um pacto estivesse em vi gor entre o MST e determinadas autoridades do País, com o fim de erodir - e por fim destruir - o di reito de propriedade no B rasi 1. Enquanto uma força (menor) avança des inibidamente, a outra (maior) deixa fazer, omi te-se, empregando uma cantilena invari áve l : "aco rdos", "conve rsações",

"concessões ", "paz" ...

26

e AT OLIe ISMO

Inibição de atividades lícitas e favorecimento das ilícitas, mediante impunidade Catolicismo, em sua ed ição de agosto último, publi cou ex tensa matéri a sobre o Proj eto de L ei de desarm amento geral da popul ação, de autori a do govern o f ederal. N a vi zinha Co lômbi a, lei menos ri gorosa do que esse proj eto difi cultou enormemente a defesa da popul ação honesta. E isso, ev identemente, fac i I i tou a atuação e ex pansão da guerrilh a, se us ataqu es e seqüestros. Caso o mencionado Proj eto de L ei sej a aprovado, não ex ultarão os bandos subversivos, os invasores do M ST, os sem-

teto, os narco trafi cantes e demai s agentes do crime organi zado? N ão ex pandi rão ainda mais suas atividades destruti vas? A resposta parece óbvi a. Esta revi sta também publicou, em sua edi ção de setembro, matéri a denunci ando a reali zação de um Curso - Cur-

so de capacitação de militâncias do Cone Sul (de 19 de abril a 8 de maio últim o, em Sidro lândi a-M S) - para elementos do M ST. N ele ensin ava-se claramente que o obj etivo desse movi mento não é apenas a invasão de terras, mas diretamente a to mada do Poder através da luta arm ada, para transform ar o Bras il num a nova Uni ão Sov iéti ca ...

Comandante do Exército colombiano alerta o Brasil

Militar recomenda combate rigoroso aos narcotraficantes e aos guerrilheiros "O Comandante do Exército da Colômbia, general Harold Bedoya, exMinistro da Defesa, recomendou ontem às autoridades brasileiras a adoção de providências para o combate mais rigoroso ao narcotráfico, advertindo que, em caso contrário, o Brasil poderá viver situação grave como a colombiana. Bedoya aproveitou a ocasião para confirmar a presença de sete guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionári as da Colômbia (FARC) e do Exército de Libertação Nacional (ELN) atuando livremente no Brasil. "'Se o Brasil não tomar uma providência neste ano ou no próximo, a situação pode ficar tão grave quanto na Colômbia', afirmou o militar, durante depoimento de uma hora e cinco minutos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico na Câmara dos Deputados. 'A sorte da Colômbia é a sorte do Brasil. A desgraça da Colômbia também é a desgraça do Brasil', completou. "Segundo o general colombiano, a máfi a brasileira é especializada em compra e venda de armas para abastecer o mercado da droga ...." ("Jornal do Brasil", 8/10/99) .

Novembro de 1999

Notícias da imprensa brasileira denotam uma situação do País cada vez mais semelhante ao trágico estado de coisas reinante na Colômbia

N ão é ta mbém este o obj eti vo visado pela narco-guerrilh a colombi ana? Ainda aqui a resposta parece evidente. Se alguma dúvida ainda restar sobre a afirmação acima, é opo rtuno reproduzir o que recentemente diversos órgãos de imprensa noticiaram sobre ati v id ades de lobbystas guerrilh eiros colombi anos em Bras íli a: "As Forças Armada Revo lucionária s da Co lômbi a (FA RC) abri ram uma representação diplomática in form al no Bras il e um de se us co m and antes , H ern án Ramírez, de 55 anos, está há três meses no País na condição de em baixador da guerrilh a. A Mi ssão das Farc, que circul a livremente em B ras íli a e nos gabinetes dos líderes no Congresso, é co nvencer o govern o a reco nhece r o mov imento guerrilh eiro como ' uma força beli gerante' na Co lômbi a e auto ri zar o fun cionamento de uma representação form al no Brasil " ("Jorn al do Brasil ", l 7/9/ l 999). M erece ser transcrito trecho de significa tiva notíc ia publicada pelo j orn al britâni co "Financial Times" a respeito

do processo de deteri oração genera li zada em curso no Brasil. "O crim e organi zado vincul ado ao comércio de drogas ilega is começou a corro mper as institui ções políticas e judi ciais do Norte e Oeste do Bras il , de acord o com políticos, fun cionári os do govern o e dipl omatas brasi leiros. " Nas últimas seman as, um a séri e de escândalos relac ionados com as drogas, envo lvendo políti cos e juízes, alertou os líd eres bras il eiro s para o poder de corrupção do dinheiro das drogas em um país que tem f ronteiras longas e em larga medida desguarn ec idas com os três maiores produ tores de cocaín a do mundo: Bolívia, Co lômbi a e Peru . '"Es pec ial mente nos es tados de fronteira, os narcotrafi cantes estão tenta ndo se infil tra r no Executi vo, Legislati vo e Judiciári o e, até certo ponto, j á o co nseguiram ', di z M oroni Torgon, deputado federal que comanda a Comi ssão Parl amentar de Inquérito so bre o comércio de drogas ilega is. ' Se não tomarm os cuidado, seremos invadidos'. "O caso mais séri o envolve Hildebrand o Pascoa l, ex-deputado federa l e co mandante da Polícia Militar no Es tado do Acre, qu e faz fronteira com o Peru . Depois de ter seu mandato cassado pe lo Co ngresso no mês passado, Pascoa l foi detido por suposto envo lvimento no tráfego de drogas. " Outras 26 pessoas, incluindo poli ci ais e pare ntes de políti cos, também foram detidas por envolvimento co m o grupo de Pascoal. Gercino José da Sil va, ex-procurador-geral da Justiça Federal no Acre, que condu ziu as investigações sobre Pascoa l, afirm a que ex istem esq uadrões da morte e tráfi co de

Certa vez, com a lucidez que lhe foi sempre característi ca, o Pro f. Plíni o Corrêa ele Olive ira di ssertava sobre a situ ação latino-ameri cana. M ostrava o inesquec ível mestre que, na presente quadra hi stóri ca, a Co lômbi a era a loco moti va qu e pu xava a Am éri ca L atin a rum o aos obj etivos da Revolu ção mundi al. E o Brasil era um vagão desse trem. Para onde empurrassem a Co lômbi a, para lá também desej arão arras tar nosso País. Um fa tor, contudo, pos iti vo no caso brasileiro - e que, confo rm e correrem os acontecimentos, pode constituir um sinal ele es peran ça - é que a opini ão públi ca nac ional não se te m deixado ofu scar pela im age m de um M ST "idealista", em busca da "justiça social", que certa mídia procura in sistentemente incul ca r. A s invasões de terras e demais investid as contra a propri edade privada, que vão se multipli cando de acordo com um pl ano cuidadosa mente preparad o, não co nseguem atra ir o apoio popul ar de que tanto necess itam os impul sionadores do caos para dar novos passos . Quando perguntado, o povo brasileiro sempre tem se manifestado contrári o aos atentados feitos contra as instituições de direi to natural. M as isso só não basta! É prec iso que esta força co lossa l - a opini ão públi ca - deixe de ser apenas pass iva e tome a di anteira na luta em defesa de seus legítimos e mais sagrados direitos. Se não, a loco moti va co lombi ana arras tará o vagão brasileiro .. .

Não basta só a TFP lutar A T FP tem se mob ili zado efi cazmente nesse sentido, sempre dentro dos parâmetros legais e pacífi cos que caracteri zam sua atuação, obtendo frutos preciosos em fav or da civili zação cri stã entre nós. Onde estaríamos hoj e se nem a TF P tivesse se levantado para opor barreiras aos que têm por meta a destrui ção da

C AT O L IC IS MO

Novembro de 1999

27


NACIONAL famíli a e ela propriedade priv, ela no Brasi1? Entretanto, a TFP 1ão pode fazer tudo sozinha. Se a parte sadia ela opi ni ão pública nacional unir-se numa frente úni ca contra essas primícias ele guerrilh a, então tudo ainda se pode esperar. Caso contrári o, a incipiente eri sipela guerrilheira, que à maneira ele uma virose maligna atacou o "g igante deitado em berço esplêndido" , debilitar-lhe-á

totalmente as forças, redu zindo-o à condi ção de pasto dos víru s sini stros do caos. Aí, então , só nos restará apelar a Nossa Senhora ele Fátim a, para que faça o qu anto antes cumprir suas terríveis previ sões fe itas na Cova da Iri a, a fim de que a elas se siga, no Bras il e no mundo, o marav ilhoso triun fo de seu Im acul ado Coração. ♦

(*) Q uod tu cs ego fui , quod ego sun et tu eres (c il 11 , 6243)

1lene:wela

( **) O l íde r do M ST, João Pedro Stéd i le , co nc l arn o u os sem- ter ra a agire m co m ag ress i vi d ade na manifes taçã o nac i onal marcada pa ra I O de nove mbro: "Nesse dia, quem mora perto de pedágio quebre os pedágios. Q11 e111 está perto de estradas vai pa ra r as estradas. Trabalhado r sem terra não va i dar sossego a /atiji,ndiá rio. Onde tive r /atif,índio, entre. Não vamos deixar os cc111.teiros de ba rragens {t ,ncionar ".

,,'

1

t,~urinum \

\

Para se entender o Brasil de hoje O título pode parecer pretensioso, mas é facilmente explicável. Leia este artigo e entenderá o que é o Brasil real, diferente do Brasil da propaganda C.A.

A recente Marcha dos sem-terra: balão murcho ...

mesmo a retificações. Aberto ta mbém por que não? - a objeções.

"Casamento" homossexual e aborto: realidade e propaganda

N ELSON RAMOS B ARRETTO

Brasília - Cansada, a Marcha cios sem-terra chegou à

capital federal no di a 7 ele outubro, fez um a mani [estação em fre nte ao Banco Centra l, mas não chegou até a Espl anada cios Mini stéri os. Assim, essa caminhada fo i mais tímida do que a Marcha rea li zada em 97, que terminou em frente ao Palácio do Pl analto, quando foi di spersada por uma fo rte chu va. Tal mud ança parece deco rrer cio reduzido número de manifestantes, que desapareceri am na ex tensão cio gramado ela Esp lanada cios Mini stéri os. Embora o MST não seja ca paz ele produ zir alimentos nos oito milhões de hectares desa pro priados pelo governo Fern ando Henrique e di stribuídos aos 280 mil assentados, ele sabe "produzir " notíc ias ele repercussão junto ao públi co ... Com número redu zido de mani fes tantes e com a bandeira dos sem-terra mui Jo,io Pedro Stédile to desgastada, o MST reso l- Líder do MST veu utili za r um a bande ira mais ampl a que consegui sse reunir vários setores desco ntentes com o atual governo, dando um novo títul o para sua caminhada: "Marcha Popular pelo Brasil " . Rea li zou um protesto em frente ao Ba nco Centra l contra o acordo co m o Fundo Monetári o Internacional (FMI) e, ainda, no ca minho, promoveu culto ecumêni co em homenagem ao índi o Ga ldino ele Jesus, assass inado em abril de 97. Mes mo com essa variedade de protestos, a marcha não fo i capaz de reunir quatro mil pessoas, segundo os cá lculos da Políc ia Mili tar.

28

e ATO LIe ISMO

Novembro de 1999

'13olivia 1-

-

-

-

:'':P11.rug11 1

'

I

I

\ \

t

, ... _, ,''J, I

...

'

'

S2lryen.lin.a

uma cro nolog ia para situar o leitor no tema; e ass im por di ante. E o títul o desse qu adro ex pli ca tivo freqüentemente é: "Para entender. .. (tal coisa)".

Não conseguindo esconder seu rad icali smo, um dos líderes do MST, o marxista .João Pedro Stéclil e, co ncluiu a marcha com um di . cur. o exa ltado convoca ndo os mani fes tantes a de. truir pedágios, ocupar hidrelétricas e impedir o trânsito nas es tradas em LO ele novembro, di a da greve nac ional programada pelos sindicatos.

irou háb ito na imprensa diári a publicar, num quadro à parte, daos que aj udam o leitor a entender a matéri a principal. É um recurso do jornali smo moderno que pode ser bem útil para fo rnecer press upostos ou info rmações co latera is, às vezes indispensáveis para quem ignora tudo ou qu ase tudo sobre determinado assun to em pauta. Nesses quadros podem constar in fo rmações hi stórica , como seri a narrar a ori gem da di sputa entre a China comuni sta e Formosa; outras vezes são dados doutri nári os, como explicar no que consiste o marxismo adotado pelo MST; ou então

Ocorre que, no Brasil de hoje, mais ou menos tudo quanto acontece é difícil ele entender. Os fatos se desenro lam em meio ao caos: surgem e se atropelam numa tão grande confusão, desaparecendo logo depois, sem que se saiba bem a que vieram nem por que se foram e que rastro deixara m. Por isso é preciso um quadro - semelhante ao que costuma ser publicado pela imprensa, mas mui to mais cuidadoso - que nos exp lique o que está realmente acontecendo com este gigantão, dentro de cuj o territóri o vivemos e que por vezes parece cambalear sem rumo definido. Este artigo procura dar algun s elementos para co mpor esse quadro, sem ter a pretensão ele di zer tudo. É um primeiro esboço, uma tentativa sujeita a acrésc imos, a precisões,

Veja-se por exempl o o desagradável ass unto chamado "casamento " homossexual. Ele tem sido trazido à baila vári as vezes na mídia, no Congresso Nac ional, mesmo nas conversas. Fi cou patente, todas as vezes que se tratou desse tema, que a grande maiori a do público não deseja qu alqu er equip aração desse tipo de "união " com o casa mento legítimo entre homem e mulher. Mais ainda, o sentimento cri tão cio povo se vê profundamente ofendido com a possibilidade ele legalizarem no País tal "matrimônio", a justo título tido como anti-natural e ofensivo a Deus. Entretanto, os defensores dessa aberração voltam sempre à carga, e o mais incrível é que o faze m em nome ela democracia, como se representassem aspi rações cio povo - desse mesmo povo que é contrário ao que eles propõem. Como entender isso?

Outro exemplo é a tentativa reiterada ele dar largas ao aborto. Ao longo elas diversas inves ti das aborti stas havid as no Brasil , fi cou provado e até arquiprovaclo que aborto é igual a assassin ato de cri ança inocente e indefesa. Quem concorre para a efetivação de um aborto fi ca automati camente excomungado, seja a mãe, o médico, ou quem fo r. Por mais que a moralidade esteja decadente em nossa Pátri a - e infe li zmente descemos baixo nessa rampa - é certo porém que a prática cio aborto ainda causa horror. A mãe que apresenta as mãos tintas do sangue de seu próprio filh o, produz repulsa. Ora, por absurdo que possa parecer, é ex atamente em nome ele direitos

CATO L IC IS MO

Novembro de 1999

29


AndÍéa

·

O

·

"'{h""'""'.. -

hum.anos ou direito da mulher que freqüentemente os abortista . se levantam na mídia, no Governo, no Legislativo e até no Judiciári o. Como entender isso?

Invasores que apavoram a população, são beneficiados pelas autoridades Dou só mai s um exemplo, entre os múltiplos que poderi am ser apresentados. Poucos mov imentos no Brasil terão chegado a um tal grau de desprestígio popular quanto o das invasões de terras. Ainda há pouco o MST promoveu a tomada de uma pequena e pacata cidade interi orana chamada Anhembi , no Estado de São Paulo. Sem cerimônia os invasores se instalaram na própria zona urbana. A população fi cou litera lmente apavorada, o comércio fechou as portas. Se ti vessem anu nciado que se tratava de um bando de comu ni stas malfeitores da Coluna Prestes, o resultado não teria sido difere nte. Entretanto, os invasores tiveram um apo io do governo do Estado que não é concedido a cidadãos honestos em dificul dade! O próprio prefeito de Anhem bi , a princípio concedeu alojamento e faci lidades aos sem-terra, só mudando de atitude depoi s, à vista do repúdi o dos habitantes. Pouco antes, um bando do MST havia também acampado no ce ntro de Curitiba, ali se estabelecendo indefinida mente, sem ser incomodado pelas autoridades, apesar do ev idente desagrado da população. Ali ás, ainda no Paraná, o governador - que havia anos não promovia as reintegrações de posse de propri edades invad idas-, ao constatar que seu prestígio eleitora l desabava por causa di sso, vi u-se constrangido a promover numerosos despejos de sem-terra. Ora, esse mesmo MST, tão impopular, conforme o demonstram ademais diversas pesquisas de opini ão, é recebido por nossas autoridades, consegue verbas fab ulosas do INCRA, goza de uma impunidade que qualquer batedor de carteira julgari a invejável e tem abertas as portas da mídia para sua propaganda e suas bravatas. Repetimos: como entender isso?

outro tão característico, que não res isto contá- lo ao leitor. Faz pa1te do folclore da esquerda contemporânea estar sempre acenando com o fantasma da pobreza, inflando as estatísticas o quanto pode, sem perder ocasião de utilizar-se da pobreza real, e sobretudo da imaginária, para tentar fazer engolir à população suas idéias e sua demagogia. E a reboque delas, impor ao Brasil um regimesóciopolítico-econômico não muito diferente daquele em que a desditosa Cuba está mergulhada por obra e graça de Fidel Castro. Papel sa liente nesse fo lclore das esquerdas ocupam as fave las, sobretudo as do Rio . Aque les barracos de madeira carunchada, sem janelas - atenção! estou em pleno fo lclore -, sem luz elétri ca, sem água, onde mais vegetam do que vi vem seres humanos excluídos do regime capitali sta neo libera l e por ele esmagados, suj eitos às piores doenças e à fome. Coisas dessas o leitor deve ter ouvido ou lido às pencas. Convido-o pois, para se despo lu ir dessa propaganda pegajosa, a tomar um banho de rea lidade. A Soc iedade Científica da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Science) rea li zou uma pesqui sa em 30 fave las do Ri o, num tota l de 4 1.200 casas. Foram cadastrados 158. 78 1 moradores, o equi va lente à popul ação de uma cidade de tamanho méd io. É uma amostragem bem considerável! Foi o trabalho de um ano, ao qual se entregaram 20 pesqu isadores. Verificaram eles que as condições de sanea mento básico são bem boas nas favelas: 94,9% das moradias (quase todas !) são de tijolo e não de madeira, 93,2% delas têm água canali zada e 87,3 % fazem

Não é um paraíso, é claro. Há também fatores negativos, como índice alto de desemprego e de analfabeti smo, mas não é nem de longe o desastre que nos querem impingir como rea l. Basta dizer que as fave las abrigam 2. 05 3 microempresas; apenas 6,42% dos comerciantes locais precisam de algum tipo de crédito para abrir seus negócios. O coordenador geral da pesqui sa, José Matias de Lima, explica que "em geral eles estão otimistas diante dofitturo; 84,5% dos pmprietários vão investir no seu negócio, mantê-lo ou di versijicá-lo ". Como então

apresentar as favelas como focos de terrível pobreza? Como entender isso?

Na Rocinha: excluídos ou empreendedores? Dentre as fave las do Rio, a mais famosa talvez seja a da Rocinha, por sua extensão, seu tráfico de drogas e... sua pobreza. Pobreza !? Mereceu ela uma pesqui sa especial feita pela Acibm (Associação Comercial da Rocinha). Sim senhor, eles têm uma associação comercial própria! São 1.215 estabelecimentos comerciais cadastrados na Acibro (sem fa lar nos não cadastrados). Dentre eles, 42 são salões de beleza. Vaidosa a Roc inha! "Ganho mais aqui do que ganha va em Copa -

cabana " , di z Lourdes Maria Pereira, que

montou seu próprio salão (cfr. "Folha de S. Paul o" , 18- 7-99) . Há ta mb é m a CopaRoca, uma Cooperativa de costureiras da Rocinha que faz concorrência a conhecidas grifes do Rio de Ja neiro. O número de bares registrados nessa fave la já sobe a 329. Há ainda duas agências bancári as, nove restaurantes, 34 lanchonetes, 16 sorveteri as, quatro bufês e duas empresas que vendem comida pronta, embalada e quente, para consumo doméstico . Sem fa lar em duas estações de rádio, um jornal mensa l com 12 mil exemplares e uma empresa de TV a cabo, a TV Roe, com 1.500 ass inantes. E logo será instalado um MacDonalds ... Seus moradores vivem em apa rtamentos qu e, nas áreas mais va lori zadas da Rocinha, pod em va ler R$ 50 mil. Os que mora m de a lu g ue l, e m apa rta mentos de 2 quartos , paga m em médi a R$ 500,00 por mês . A prefeitura carioca está pensando em considerar a Rocinha não mais co mo favela, mas como bairro da cidade. São mais de 45 mil habitantes. É poss ível apresentar a Rocinha como centro de mi éri a? Como entender isso?

Essas vári as contradições - a propósito do "casam.ento" hom ossex ual , do aborto, do MST, das fave las e de muita outra coisa - levam-nos a uma constatação de primeira importânc ia para se entender o Brasil atual: estamos diante de

O exempl o do MST deveri a ser o último deste artigo, mas veio-me à meJite um

e AT oLICISMO

mais falar em.fa velas, ma.ç em comunidades de baixa renda" (cfr. "O Estado de S. Paulo", 15- 16/7/99).

Removendo a bruma do caos: dois Brasis para se entender o Brasil

Favelas do Rio: focos de miséria ou de pujança?

30

parte da rede coletora de esgoto. Esses são índices bem superiores à médi a nac iona l constatada na última Pesqui sa Nacional de Amostra de Domicílio (PNAD) do TBG E, de 1997. Segundo o secretário do Trabalho do Rio, André Uran i, "não se pode

doi s Brasis. Um é o rea l; o outro, é o apresentado pela propaganda. O brasi leiro da rea lidade é reli gioso, quer manter os cos tumes e as leis herdados da Civili zação Cri stã, é contra as in vasões do MST, não quer privil egiar os homossex uai s, repele o aborto. É trabalhador e dinâm ico mes mo quando pobre, não é um revoltado, não é contra os ricos e, pelo contrário, quer montar seu próprio negócio ainda que pequeno. De outro lado, o brasileiro, segundo a propaganda - e muitas vezes a propaganda ofi cial - é um ogro favoráve l a todo tipo de libertinagem, aberto à lega li zação de todas as formas de aberrações sex uais e quer se ver livre dos incômodos da gravidez, ainda que a preço do sa ngue das vítimas inocentes. É também um co nstante revoltado contra quem possu i mai s do que ele, é igualitári o como um comunista , só pensa em demolir a atual sociedade para impor o soc ialismo marxista e vingar-se dos ricos que acusa de o oprimirem e o exc luírem da sociedade. Em resumo, para essa propaganda o brasileiro típi co seri a uma versão sem barbas de Fidel Castro, misturada com o culto a toda fo rma de frenes i sexual. A isso chamam liberdade e iguald ade, j,1 que não ousa m fa lar em fraternidade. É preciso porém, para os que conduzem tal propaga nda, que essa dife rença gritante entre o Brasil rea l e o outro não apa reça, fique na bruma. Po is se fic ar muito clara essa diferença, o Brasil da propaganda tende a desprestigiar-se. Desprestigiado, ele perde força e mingua. Minguando o Brasil da propaganda, é o Brasil

À esquerda: uma rua comercial na Favela da Rocinha

Acima: numerosas antenas parabólicas são um sintoma do nível de vida de seus habitantes

rea l que toma consciência de si mesmo e pode querer voltar a organizar uma sociedade de leis e costumes cristãos, vivida na ordem e na virtude, da qual ele é saudoso. Nada contribui tão possantemente para que não fique clara essa diferença - aliás, gritante 1 - entre os doi s Brasis, do que o caos. A confu são do noticiário, os fatos que não se explicam, a inversão da hierarquia de valores, a importância exagerada atri buíd a a aco ntecimentos es portivos, a foca li zação delirante de atrizes e atores, bem como de apresentadores de TV, a sobrevalori zação de fatos miúdos em detri mento daqueles que verdadeiramente importam, a superexcitação sex ual , a superprodução de escândalos políticos, tudo isso funciona como uma cortina de fumaça que impede as pessoas de verem a realidade como ela é e de julgá- la adequadamente. Então, caro leitor, chegamos assim ao fim de nossa caminhada. Se quisermos entendera que realmente se passa no Brasil de hoje é preciso - mas absolutamente é preciso - não permitir que nossas vistas sejam toldadas pela poeira infecta do caos. É necessário tomar cada fato e limpá- lo cuidadosa mente da confusão que o envolve, anaüsá-lo, verificar se ele nos fo i apresentado na sua devida importância, ou se esta foi exagerada ou diminuída pela propaganda. Enfim, é preciso saber ver o Brasil rea l através da bruma caótica com que nos é apresen tado o Brasil da propaganda. ♦

.

Novembro de 1999

CATO LIC IS MO

Novembro de 1999

31


Novembro 1999

ce ífce~~ :,d<fNovembro

§cID@ü@~ DOM

Santo André

Santa Sílvia

7 14 11 18

SEG

TER

QUA

QU I

SEX

1 8 15

t

3 10 17 t4

4 11 18 t5

5 11 19 16

tt 19

9 16 13 30

13

to

1 (neste ano tra nsferido para o dia 7) ♦

São &migrw, Mártir. + França, séc . li. Enviado por São Policarpo

para evangeli za r a G,1lia, "depois de vários e gravíssi1110.1· ton-nentos, aplicado.1· por ordem do juiz Terêncio, 1noerarn-lhe o pescoço coni urna /Jarra de fe rro e per/úraram -lhe o corpo com uma lança, sob o imperador Marco Aurélio" (cio Martirológio Romano).

2 Comemoraçiio dos Fiéis Defu11tos.

São Teodoro

S. Alberto de Louvain

Aos que visitarem o cemitério e rezarem pelos defuntos, concede-se Indulgência Plenária aplic,1vel só às almas cio Purgatóri o, di ari amente, cio dia r ao 8. Para ganhar a indulgência é necessári o preencher as condições costumeiras, isto é, ter-se confessado, comungado, e rezar nas intenções cio Papa. Com essas mesmas condições pode-se ganhar uma indulgência plenári a só aplicável às almas cio Purgatório visitando-se no dia r qualquer igreja ou oratório público ou semipúblico e rezando-se o Credo e o Pai Nosso.

3 Sa11tos Valentim e Hilário, Mártires.

São Benigno

+ Itá li a, séc. Ili . Sacerdote o primeiro, e diácono

o segundo, "por causa de sua f é e111. Cristo .foran,.atirados ao Tibre com uma pedra ao pescoço. Salvos milag rosamente por um Anjo, foram enteio degolados. Assim alcançara11·1.a coma do martírio" (cio Martirológio Romano).

4 São Livínio

Siio Carros &>rromeu, Bispo e C,01,jessor.

São Nicolau I

Siio Joiio Zedaz11eli e Companheiros, Corifessores. + Geórgia, 580. Grupo ele 13 monges sírios enviados para evangeli zar a região cio Cáucaso; lá introduziram a vicia monásti ca fundand o vári os mosteiros, muito fl orescentes.

5 Santo Aniano

32

CATO L IC IS MO

na, mãe cio grande Papa São Gregóri o Magno, a ele secundava em suas boas obras e necessidades domésticas. Primeira sexta-feira do mês

+ Egito, 295 . Soldado cri stão sírio, fo i para o deserto fazer penitência. Tendo conhecimento cios festejos em honra aos Imperad ores cio Oriente e Ocidente, foi ao teatro onde estava reunida a mu ltidão, para fusti ga r a idolatria e o pagani smo. Mereceu com isso os mai s terríveis suplícios e a coroa cio martíri o.

12 Siio Livínio, Bispo e Mártir.

6

+ Bélgica, séc. VII. Originári o da lng\aterra,

Siio Barlaam de Khuty11, C01ifessor.

foi ordenado por Santo Agostinho ele Cantuária e enviado à Belgica como apóstolo. Depois de converter muitos à fé ele Cri sto, fo i martiri zado pelos pagãos . .

+ Rússia, 1193 . Da nobre famíli a Novgorod,

Alexis, após a morte de seus pais, deu sua heran ça aos pobres, torn ando-se eremita em Khutyn , às margens do Rio Volga. Sua santidade atraiu-lhe muitos discípu los . Organi zo u a vida monástica, tomando o nome de Barlaam. Seu túmu lo tornou-se luga r ele peregrinação. Primeiro sá bado do mês

7 (11este ano) Todos os Santos ♦

Siio Fwrêncio de Estrasburgo, Bispo e C01ifessor. + França, 693 . Sacerdote irlandês que se tornou eremita na Alsácia. Curou a filha cega e muda cio rei Dagoberto, que o fez Bispo ele Estrasburgo.

8 Siio Vilealdo, Bispo e C01,jessor. + Alema nha, 789. Inglês de ori gem, "desenvolveu grande atividade missionária em meio aos frisões e saxões, sobretudo na regieio entre os rios Wesser e Elba, onde f ora enviado por Seio Bonifácio" (cio Marti ro lóg io Romano Monás tico).

9 Dedicaçiio da Bas üica de Siio Joiio de Latriio ♦

Siio Teodoro, Mártir. + Ásia Menor, séc. Ili. Soldado, por causa de sua fé fo i açoitado e aprisionado. No cárcere apareceu-lhe Nosso Senhor. Depois fo i ,dil acerado com unhas de fe rro e queimado. E um cios três grandes soldados mártires ori entais com São Jorge e São Demétrio.

10

Santa Süvia, Viúva.

Siio Justo de Ca11tuária, Bispo e Co,ifessor.

+ Roma, 594. Da mais alta ari stocracia rom a-

+ [nglaterra, 627. Um cios monges beneditinos

Novembro de 1999

11 Siio Menas, Mártir.

1

17

Todos os Sa11tos

e nviado por São Gregó rio Ma g110 para evangeli zar a Inglaterra, foi o primeiro Bi spo de Rochester e depois sucedeu a São Lourenço como qu arto bispo ele Cantuári a.

13 Siio Nicolau I, Papa e Co,ifessor. + Roma, 867. "Dotado de uma per.wnalidade brilhante, garantiu a liberdade da lgreia em f ace aos dois imperadores e1Jteio 11 0 poder: Miguel, ,w Oriente; e Lotário, 110 Ocidente" (do Martirológio Romano - Monástico).

14 Siio Serapiiio, Mártir. + África, 1240. O primeiro religioso da Ordem

ela Bem-Aventurada Virgem Mari a elas Mercês a derramar o sangue em terras cio Islã, pregado numa cruz, visando o resgate cios cativos.

15 Siio Rafael Kalinowski de Siio José, Co,ifessor. + Polônia, 1907. Natural ela Lituâni a, cursou a Academia de Arquitetura Militar onde obteve o grau "summa cum laucle" (máx imo com louvor), sendo convidado para nela lecionar. Capitaneou um movimento ele li berdade ele seu país contra a opressão russa. Aprisionado e condenado à morte, teve a pena comutada por u·abalhos fo rçados durante IOanos. Findo esse período, fo i preceptor do Venerável Augusto Czartoryski, em Paris. Finalmente entrou para os carmelitas descalços, morrendo em odor de santidade.

16 Santo Euquério, Bispo e C01ifessor. + França, 449. Casado, pai de dois l1lhos (que

posteri ormente fo ram bispos), ele comum aco rdo com a esposa, ele e ela ingressaram na vida monástica, ele no convento de Lérins. "Eleito Bispo de Licio, serviu à Igreja pela pro.fitndidade de sua f é e pela extenseio de seus conhecimentos teológicos" (cio Martirológio Romano - Monástico).

17

24

Santo A11iano, Bispo e C01,jessor.

Sa11tas Fk>ra e Maria, Virgens e Mártires.

+ França, 453. Bi spo de Orléans, ajudou a de-

fender a cidade cont ra a invasão de Áti la, obtendo para isso o auxíli o cio general ro mano Aecius, que repeliu o inim igo. Famoso por seus milagres.

18 Siio Romiio, Mártir. + Ás ia Menor, 303. "Q ua1Jdo o prefe ito Asclepíades i11 vestiu co1Jtra a cristandade com intençeio de extenuinâ-la, ele exortou os demais cristeios a que lhe opusessem resistência. Por isso i1Jjligira111-lhe os mais duros tonnentos" , morrendo estrangulado na pri são (cio Martirol ógio Romano).

+ Es panha , 85 1. Flora , nasc id a de pa i maometano e mãe cristã, fo i denunciada pelo próprio irmão aos mouros que dominavam a cidade. Fugindo, encontrou-se com Maria, outra jovem cristã perseguida. Resolveram então ir diretamente ao governador muçulmano confessa r sua fé. Confortadas por Santo Eul ógio, também prisioneiro, receberam o martírio.

25 Siio Mercúrio, Mártir. + Ásia Menor, 250. Solclaclo, di z-se que um anjo emprestou-lhe uma espada para levar seu exército à vitória. Denunciado como cri stão, fo i decap itado.

19

26

Santa Ermemburga, Viziva. + Inglaterra, 700. "Princesa de Kent, casou-se com o .filho do rei da Mércia com quem teve três filh as, todas venerada.ç como santas. Ao .ficar viú va, .fillldo1.1 o Mostei,v de Minster-inThanet, de Olldefoi abadessa" (cio Martirológio Romano-Monásti co).

Siio Silvestre Abade, Co,ifessor. + Itália, 1267. Eremita, fund ou 12 mosteiros nos quais instituiu a regra beneditina em sua pureza, dando assim ori gem à Ordem de São Sil vestre.

27 Nossa Senhora da Medalha Milagrosa.

20

Santo Edmu11do, Mártir. + Inglaterra, 870. Sub indo ao trono aos 15 anos, govern ou com sabedoria e prudência de anci ão. Protegeu pobres, órfãos e viú vas, sendo um pai para seus súditos. Tendo pagãos dinamarqueses invadido o país decapitaram-no por não querer apostatar.

21

Siio Tiago, Mártir. + Pérsia, séc. V. Cristão, renegou a fé para conseguir as boas graças cio soberano. Tendo sua es posa e sua mãe cortado relações com ele por sua perfíd ia, caiu em si, chorou sua fa lta, e proclamou corajosamente sua fé. O rei, irritado, mandou que lhe cortassem membro por membro antes ele o deca pitarem.

( 11este a110) Festa de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei. ♦

Sa11to Alberto de Louvai11, Bispo e Mártir.

28 São Sóste,ies, Mártir. Ásia Menor, séc. 1. Discípulo de São Paul o, que o menciona em uma de suas epístolas.

+ Bélgica, 1192. Martiri zado por de fender os direitos da Igreja contra a prepotência cio Imperador Henrique IV, da Alemanha.

22 Santos Filemom e Ápia, Mártires. + Ásia Menor, séc. 1. Di scípulos ele São Paul o, que diri giu ao primeiro uma carta na qual louva "sua caridade e sua f é em relação ao Senhor Jesus e a todos seus.fiéis", fo ram ambos apri sionados, açoitados, eoterraclos numa cova até a cintura e mortos a pedradas por sua ficle1idade a Cristo.

23 Siio Cleme11te I, Papa e Mártir.

29 Siio Saturnino, Bispo e Mártir. + França, séc. Ili. Um cios sete mi ssionári os enviados para evangeli zar as Gá lias, foi Bi spo de Toulouse, onde exerceu grande apostolado até ser preso pelos pagãos no Capitólio loca l, cio alto cio qual o precipitaram ao solo.

30 Sa11to André, Apóstok> e Mártir. ♦

Siio Co11stdncio, C01ifessor. + Roma. "Que resistiu. energicamente ao.1· pelagia11os. Tanto so.fi·eu coni suas i111rigas, que 111.erece lugar entre os confessores da Fé" (do Martirológio Romano).

+ Roma, 97. Terceiro sucessor de São Pedro, escreveu uma carta aos Coríntios, considerada documento fu ndamental na defesa cio primado uni versal cio Bispo ele Roma.

Nota Os Santos aos quais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.

e AT O L I e I S MO

Novembro de 1999

33


ENTREVISTA

Guerrilhas marxistas na origem do processo de caotização da Colômbia

Francisco J . Dozsa

E

stampando na presente edição matéria de capa que estabelece paralelo entre a situacão colombiana e a brasileira, a reportage~ de Catolicismo procurou o Sr. Julio Ricardo Bonilla, a fim de nos apresentar uma visão objetiva , sem qualquer retoque, de sua sofrida Pátria . Natural da Colômbia, desde 1973 ele faz parte da TFP de seu país e presentemente colabora com a TFP paraguaia. Nosso entrevistado veio recentemente da Colômbia, onde observou in loco o que lá está ocorrendo. Comparou a realidade com o que a imprensa internacional vem notici ando a respeito. De passagem por São Paulo, ele respondeu com precisão às questões formula -

• •

• tude têm tomado?

• : • • • : • •

Julio Ricado Bonilla: "Minha impressão particular é a de que o governo mantém as forças

quadro impressionante - pouco conhecido • no Brasil devido às distorções de certa mídia • - do que lá presenciou . :

Catolicis,no - Nesta sua última viagem à Co- : lômbia, como o Sr. encontrou sua Pátria?

Julio R. Bonilla - O cl ima que observei em Santa Fé de Bogotá, a Capi ta l, era de um mini Vi etnã. Andei pelas perife ri as da cidade: impressiona muito encontrar-se às vezes tanques e soldados annados até os dentes, à espera de alguma ação dos guerrilheiros. Respira-se um clima de tensão contínua. Nos jornais e noticiári os da televisão, são contínuas as notícias sobre as ações das guerrilhas . Porém, o mais grave nessas notícias é o fato de acentuarem que a guerrilha leva a 111elhor. A 1nesma hi stóri a repete-se 'sempre: un1 grupo de 40 ou 50 so ldados que são emboscados por 500 ou 600 guerrilheiros. Obvi amente, quem leva vantagem são estes úl timos. E a imprensa

• • •• •

eAToL Ie Is

MO

di ári a noticia tais fatos de fo rma a cri ar um estado de desânimo e às vezes de pâni co mesmo. Foi nesse sentido o caso dos ataques que guerrilheiros lançaram com "misseis " a um quartel e dos quais a imprensa ocupou-se com grande estardalhaço. Na hora da verdade, o que eram os aludidos mísseis? Simples botijões de gás armados com ex plosivos, lançados rodando contra os soldados. Mas essas des info rmações apenas servem para criar um grande desa lento na popul ação.

• Catolicismo - E as Forças Armadas, que ati-

das por nossa reportagem, apresentando um :

34

• • •• • •• • •• • •• •

:

• •• • •• • :

•• •

Novembro de 1999

militares meio manietadas, ordenando-lhes permanecer numa posição apenas defensiva"

•• • : • : • : • : • : • : • : • : •

• •

JRB - Infe li zmente, o que qualquer pessoa sem grandes conhec imentos militares pode observar, é um a lamentável pass ividade por parte das Forças Armadas. Não se nota o desejo, em termos gerai s, de que elas ass umam a iniciati va contra as forças in surgentes. Pareceri a haver un1a mão mi steri osa que parali sa o natural ímpeto com que os militares deveri am reagir. Minha impressão particul ar, fundada em opiniões reco lhidas nos vários ambi entes que ti ve ocasião de visitar, é a de que o governo mantém as fo rças militares meio 1nani etadas, ordenando- lhes pennanecer nu1n a pos ição apenas defensiva. Numerosos colombianos estão indignados com essa políti ca. Chamou-me mui to a atenção o clamor generali zado da opini ão públi ca contra o governo pelas contínuas e indi gnantes concessões deste à guerrilha, e por não ter deliberado salvar a Colômbi a do caos em que se encontra submersa. É curi oso constatar que a imprensa internacional não noti cia dev idamente esse clamor popul ar.

• Catolicismo - Nesse tipo de revoluções, a es: tratégia da psy-war (guerra psicológica) tor• nou-se atualmente um elemento fundamen: tal. O Sr. teria notado sinais dessa ação? • : • : •

JRB - Eu ousari a di zer que qu ase todo esse conflito é conduzido com base em esq uemas de guerra psico lógica. Através de mecani smos de propaga nd a, o poder rea l dos guerrilheiros é multipli cado e exagerado de modo a produ zir

abatimento nos diversos ambientes que poderi am reagir efetivamente. Correm, por exemplo, rumores do seguinte teor: "Não vá amanhã aos supermercados porque a gue rrilha vai detonar bombas nesses lugares". Imagine o Sr. o estado de ânimo a que fi ca red uzid a uma popul ação, com o passar dos anos, vivendo sob esse tipo de ameaças contínu as. Pode chega r u111 momento em qu e não agüente mais e se entregue a qualquer so lução, por sui cida ou irracional que ela possa ser. Casualmente encontrava-me na capi ta l por ocas ião do que se chamou na Colômbi a "la toma de Bogotá" por parte da guerrilha. Os rumores corri am de um lado a outro e a imprensa fazia eco a eles. As pessoas, assustadas, imaginavam de repente ver a cidade assa ltada pelos insurgentes, os quais, correndo pelas ruas, varreri am tudo. Então todos correram para comprar e estocar ali mentos. Militares e poli ciais em estado de emergência. Enfi m, uma situação muito difíc il. Quando se pôde escl arecer a rea lidade, verificou-se que se tratava de uma coluna de apenas 700 guerrilheiros proveni entes dos territóri os que o governo Pastrana vergonhosamente lhes hav ia entregue, e que assa ltaram um povoado próximo a Bogotá. Mas desta vez o Exército os enfrentou, infli gindo- lhes dura derrota. Morreram mais de 280. E só não sofreram mais baixas porque se refu giaram nos referidos territórios, verdadeiros "santuários" cujos li mites os militares não podem transpor.

• •

• •

: •

: :

"Impressionoume também o perigo potencial que representa para Bogotá o bairro Simón Bolívar, de um milhão de habitantes. É considerado um baluarte dos delinqüentes e da guerrilha, havendo setores

Catolicismo - Poderia nos dar um exemplo •

deste nos quais nem JRB - Nessa mesma investi da, quando se fez a o Exército se contagem dos cadáveres dos guerrilheiros, certi- : fi cou-se que mais da metade eram mulheres e • atreve a entrar" que constate a eficácia dessa guerrilha psi- • • cológica?

jovens 111enores de 18 ano . Ou seja, esse grupo de rebeldes tão pequeno e déb il hav ia posto em pâni co uma cidade de sete 111ilhões de hab itantes ! E as notíc ias intern acionais ressa ltavam que Bogotá poderi a ca ir e1n poder dos guerrilheiros. Tenha certeza de que se o governo decid isse acabar com a guerrilha, fá- lo- ia em pouco tempo. Por exempl o, Fujimori , no Peru , tem combatido efi cazmente a subversão guerrilheira.

: • : • : •

• • •• •

ma aparecer de surpresa e levantar barreiras na estrada. Retêm 50 ou 60 automóveis e os guerrilheiros começam a ped ir documentos de identidade. Confrontamnos, através de um computador portátil , com o cadastro dos colombianos, o que lhes permite conhecer as rendas das pessoas detidas. Os considerados ricos são imediatamente seqüestrados, ex igindo-se elevadas quantias para seu resgate. Se são policiais ou militares, são mortos na hora. Assim, todo o mun do te me viaj ar. Até av iões são seqüestrados, para se obter reféns. Os caminhões com mercadorias são freqüentemente assa ltados e des pojados de suas cargas pelos guerrilheiros. O comércio se ressente drasticamente desses assaltos. O êxodo ca mponês para buscar proteção nas grandes cidades é alarmante. Regiões inteiras vão se des povoando. Na fronteira com a Venezuela já se fa la de um pequeno-Kosovo.

• Catolicismo - A imprensa brasileira noticia • muito a questão do narcotráfico ...

• JRB - O probl ema não é apenas os guerrilheiros ... Temos também o ass un to dos trafi cantes de drogas, conhecido por todos; dos para militares que combatem por sua conta os guerrilheiros, • uma vez que o Estado não o faz; das quadrilhas • de bandidos e seqí.iestradores que assolam o país; ela ali ança narco-guerrilheira. Enfim, é um país em claro processo de des integração. [mpress ionou-me também o peri go poten• cial que representa para Bogotá o ba irro Simón : Bolívar, de uni 1nilhão de habi tantes, quase um a • cidade. É considerado um baluarte dos delinqüen• tese da guerrilha. A ta l ponto, que há setores nos quais nem o Exército se atreve a entrar. Ex iste a • desconfi ança genera li zada ele que em algum mo: menta se possa promover ali uma revolta popu• lar qu e ponha em peri go a capital. : Chama a atenção o pouco que repercutem • no Exterior as mortes de Sacerdotes e até de ai: guns Bispos, vil mente assass inados pela guerri • lha. Matam-nos porque prejudicam em suas pa: róqui as as atividades dos guerrilheiros. São ver• dadeiros mártires, que apesar das ameaças rece: bidas deci di ram não abandonar seus fi éis.

: Catolicismo - E os organismos de "direitos

• humanos''? Eles não se articulam para fazer : cessar tão patente violação dos mais bási• cos direitos?

JRB - Hoje em di a, viajar por terra de uma cida- • de para outra é uma temeridade. A guerrilha costu- •

: JRB - Ah' Quando algum esquerdi sta é fe rido • num dedinho ... a mídi a internacional "põe a boca

Catolicismo - E no interior da Colômbia, Sr. Julio, como está a situação?

eATOLIeISMO

Novembro de 1999

35


GRANDES PERSONAGENS no mundo"! Algo simil ar ~ ocorre com os mov ime tos dos "direitos hum anos" na Co lômbi a. Seus integrantes só se preocupam em defender os guerrilheiros, cri ando todo tipo de obstác ul os às autoridades. Para eles, parecem não ex istir direitos humanos quando se trata de soldados e de vítimas dos seqüestradores. Soldados fora m recentemente atingidos com ácido que os queimava, sem que esse bárbaro atentado ti vesse despertado o menor protesto dos "defensores dos direitos húmanos" . Tive também conhecimento, • através ele ami gos, que guerrilheiros acusados ele seqüestro seguido ele assassinato, di spunham ele "O estado de advogados pagos pelos chamados "defensores dos desespero direitos humanos", enquanto os famili ares das vídos colombianos timas não recebiam qualquer apoio. É indi gnante' As pesso_as não se atrevem a denunciar publicaestá chegando mente essas aberrações por receio ele represáli as. a um tal ponto, O medo ronda por toda parte. Catolicismo - No Brasil algo de análogo se passa ... Mas, e o governo colombiano?

JRB - É impress ionante o modo pelo qu al o governo ele Pastran a insiste em seu malfadado processo ele pacificação, apesar ela oposição quase total da opini ão pública co lombi ana. Nas vári as pesqui sas efetuadas, as porcentagens de rejeição superam 85% dos entrev istado . Eu mes mo fi z urn a pesqui sa junto a tax istas. Abso lu tamente todos eram contrári os a esse processo . Vári os di ziam que, com tal processo ele paz, os guerri lheiros queriam simpl esmente aumentar seu poder. E já ele tal fo rma se julga m donos da situ ação, que se atreveram a seqüestrar todos os fi éis que assisti am a urna Mi ssa domini ca l na importante cidade de Ca li. Algo nunca visto, por sua ousadi a. Não lhes importou interromper a Missa e profanar a Eucari sti a. Levaram inclusive o sacerdote! Até hoje várias dessas pessoas continu am seqüestradas. Nem a exco munh ão lançada pela Igreja contra os profa nadores moveu-os a libertar os reféns. Eles fazem o que bem entendem, em todas as latitudes do país. :

• Catolicismo - E o clero? JRB - Lamentavelmente, a Hierarqui a Eclesiástica, e1n seu conjunto, está apoiando plenan1ente • esse desastroso processo de fa lsa paz, sem levar em linha ele conta o custo a pagar. É claro que todos • desejamos a paz para a Colômbi a. Mas quando a guerrilha entende por paz receber considerável quota de poder no país, só se pode prever urna tragédia de •

36

e ATOLIe ISMO

Novembro de 1999

que a maioria deseja uma intervenção, seja dos Estados Unidos, seja da ONU"

conseqüências inca lculáveis. Certamente repetir-se-á o desastre sofrido pelas nações que ca íram sob a tirani a bolchevi sta. Será talvez uma nova Cuba. Imagine o absurdo: depois ele o mundo inteiro tertesternunhaclo o desastre sofrido pelos países ele além ex-Cortina de Ferro, a Colômbia entra nesse caminho. Parece um pesadelo! Catolicismo - Finalizando, pode nos dizer algo sobre a classe empresarial colombiana? JRB - É dramática a situação sócio-econômica do país. Muitos empresários e pessoas abastadas, e até as de poucos recursos, estão abanclonanclo o país. Só este ano já fo ram 300 mil. Uns pelo receio ele serem seqüestrados - atualmente há urnas 2.500 pessoas nessa situação -, outros, pessoas simples, por terem perdido tudo no confli to. Os capitais estão fugindo cio país e obviamente as fo ntes ele trabalho diminuem ele modo alarmante. Há uma altíss ima taxa ele desemprego. A economi a está entrando em co lapso. A mi séri a começa a in staurar-se na outrora próspera Colômbi a. Pre. enciei algo que jamais havia vi sto: grande quantidade de colégios particulares estão fec hando, pois os pais já não di spõem de recursos para educar os filh os. E, na maiori a dos estabelecimentos educacionais, as cri anças que não pagaram a mensa lidade são clevo lviclas para casa. É comum o caso ele pais de alunos que contribuem com o pagamento de dívidas dos ami gos ele seus fi lhos. Creio que esse drama dá urna idéia ela situação. O estado de desespero dos colombi anos está chegando a um tal ponto, que a maiori a deseja urna intervenção, seja cios Estados Unjclos, seja ela ONU , seja de qualquer outra procedência, desde que os salve da anarquia em que se encontram. Ainda há pouco, após tantos anos ele calamiclacles e terrorismo guerrilheiro, os Estados Unidos estão reconhecendo que a Colômbi a realmente está sendo víti ma de uma guerrilha marxista. E ainda, ele uma temível ali ança narco-guerrilheira. Quantos milhares ele cadáveres serão ainda necessário. para que o so• corro internacional é~ude a Colôn1bj a a destruir os

• focos ela guerrilha marxista? Esses terrori stas procuram induzir o mundo a acreditar na mentira ele que eles são idealistas bem intencionados, que apenas lutam pelo bem-estar das elas es mais necessitadas! Este fo i o embuste e o cavalo-de-bata!ha ele • todas as revoluções marxistas no mundo inteiro. Urna mentira deslavada que lhes permi tiu subjugar ti ranicamente nações inteiras. A Colômbia é urna nova vítima dessa infame mentira. ♦

,

oe

o SefJUndo pai do aruero humano

Esse homem justo, 10° Patriarca bíblico, que segundo a linguagem da Sagrada Escritura "andava com Deus", mereceu ser tomado em consideração quando o Altíssimo pensou em exterminar o gênero humano J OSÉ M ARrA DOS S ANTOS

SD

epois de descrever o pecado de Adão e o assassinato de Abel por Ca i111 , o Livro do Gênesis faz uma enumeração dos descendentes do nosso primeiro pai, até chegar a Noé. De início tem-se uma perpl exidade, ao se constatar que, já naque la remotíssim a era, a corrupção da humanidade chegara ao ponto de merecer ser punida por Deus com extremo rigor. Sendo Noé o 10° Patri arca em Iinha direta desde Adão, co mo pudera m os homens mul tipli ca r-se em tão po uco tempo? Entretanto, não fo i tão po uco tempo ass im, devido à longa ex istência dos primeiros Patri arcas. O período que vai ele Adão até Noé é ele 1056 anos. O própri o Adão viveu 930 anos e do is de seus descendentes, Jared e Matusa lém, qu ase atingiram o milêni o (o primeiro viveu 962 e o segundo 969 anos), todos "gerando.filhos e f ilhas", co mo vem repetido após a enumeração de cada um . Caim não é apontado nessa enumeração - certamente por causa de seu pecado - , apesar de a Bíblia _meneio-

A construção da Arca possivelmente levou de 60 a 70 anos

nar sua descendência. Co meça a enumeração com Set, outro filho de Adão, "que nos .foi dado para substituir Abel, que Ca im matou" (id., 4, 25) . Diz a Sagrada Escri tura que Adão gerou Set; Set, Enós; Enós, Ca in an; Ca in an, Malaleel; Malleel, Jared; Jared, Henoc ... Aqui o escritor sagrado faz um parênteses para ressa ltar que Henoc "cuidou com. Deus " . E qu e, depo is ele viver 365 anos e gerar filhos e filh as , "desapareceu, porque Deus o levou ". Segun do a Tradi ção, Heno_c fo i levado por Deus para algum lugar ignorado (Sab. 4, 1O; Hebr 11,5), como Eli as, e deverá voltar no fim dos tempos a fim de lutar contra o Anti cri sto. Henoc, continua a Esc ri tura, gerou Matusa lém (que atingiu a maior longevidade no gênero hum ano), e este gerou Lamec, pai ele Noé.

A decadência da humanidade Todos esses Patriarcas geraram filhos e filh as. À medida que fo ram se multi -

pli ca ndo, fo rmaram tribos; no decurso dos mil êni os, estas fo rmaram nações. Aos po ucos fo ram surgind o cid ades, comércio, agri cultu ra e pecuári a. Al gumas tribos eram nô mades e locomoviam-se de um lugar para outro em bu sca ele boas pastagens. Outras fi xaram-se fo rm ando cidades. É interessante ressa ltar que as famíli as eram até então monogâmicas, e que a poli gamia surgiu exatamente pelo lado amaldi çoado, pois fo i o 6° descendente de Caim, Lamec, qu e a iniciou, tom ando para si duas mulheres co mo esposas. Di z depois a Escritura que, "vendo os .filhos de Deus que as/ilhas dos homens eram.formosas, tomaram por suas mulheres as que, dentre todas, lhes agra-

CAT O L IC IS MO

Novembro de 1999

37


Mosaico da Basílica de São Marcos, Atrio, Veneza (Itália)

Noé, o justo que "andava com Deus"

Noé soltou primeiro um corvo que não voltou. Depois soltou uma pomba.

Mas hav ia Noé. Seu nome deriva de raiz hebra ica que sign ifica "consolar", pois quando nasceu, disse seu pai: "este consolar-nos-á nos trabalhos e nas fadigas das nossas mãos, nesta Terra que o Senhor amaldiçoou" (id ., 5, 29). E ele foi realmente um conso lo para os pais, e para Deus. O que levou o C ri ado r, ao pensar em exterm inar o mundo, lembrarse de Noé, que "achara graça diante do Senho r" (id ., 6, 8). Por quê? Porque "Noéfoi um homem justo e pe1:feito entre os homens de seu tempo; andou co,n Deus" (id., ib. , 9), isto é, observo u fidelíssimamente sua lei. Noé é chamado "justo" pelo Livro da Sabedoria: "E, quando, por causa dele [Caim], a água inundou a terra, a salvação veio ainda da sabedoria, conduzindo o justo num lenho desprezível" ( 1O, 4); e ''.justo e pe,jeito" pelo Livro do Eclesiástico: "Noéfoi encontrado pe,jeito e justo, e no tempo da ira tornou-se a reconciliação [dos homens]" (44, 17). Resolvendo, pois, Deus , casti gar a raça humana, disse a Noé: "O.fim de toda a carne chegou diante de mim; a Terra, por suas obras, está cheia de iniqüidade, e eu os exterminarei com. a terra". Ordenou a Noé que construísse uma Arca, dando-lhe as medidas e fo rma que deveria ter. Seria de três andares para poder caber - a lém das oito pessoas de sua fa míli a - um casa l de cada espéc ie

daram ". Quer dizer, aq ue les que representavam o bem, seduzidos pela aparência exteri or das ''filhas dos homens", entregaram-se à sensualidade com aq uelas que pertenciam ao lado que não andara bem. Por isso "o meu espírito não permanecerá para sempre no homem disse o Senhor - porque é carne " (Gn 6, 3). Isto é, carnal. Como primeiro castigo, Deus red uziu então a longev id ade do homem (entre os anti gos era considerado uma desgraça morrer jovem, com "apenas" 120 anos ... ). Esse número de anos representava pouca idade se considerarmos que até então a méd ia de vida era de quase 900 anos. Do comércio dos filhos de Deus com as filhas dos homens nasceram os g igantes, "homens possantes e muito afamados". Então Deus, "vendo que era grande a malícia dos hornens sobre a Terra, e que todos os pensamentos do seu coração estavam. continua.mente aplica.dos a.o mal, arrependeu-se de ter.feito o homem sobre a terra. E, tocado de íntima dor de coração, disse: 'exterminarei da face da terra o homem que criei, desde o hornem até a.os animais, desde os répteis até as aves do céu; porque me pesa de os ter f eito'" (id. , 6, 5 a 7). 38

C AT O L I

e

IS MO

Novembro de 1999

de an imais, aves, "bestas e répteis da terra". Deus inclusive advertiu-o que levasse para a Arca "coisas que se possam comer", para servi r de alimento aos seus e aos animai s (id . 6, 14 e ss.).

co mai s: ele deveria pôr na Arca sete pares cios "animais puros", e, dos impu ros, um par. A razão disso é que Noé iria necessitar, depois, de animais puros para oferecer sacrifíc ios.

Construção da Arca enfrentando a zombaria dos maus

Romperam-se as fontes do abismo e abriram-se as cataratas do céu

Quanto tempo levou a construção da Arca? Os três filhos de Noé - Sem, Ca m e Jafet - nasceram quando e le já completara os 500 anos. Eram adultos e casados ao começarem a aj udar o pai a construir a Arca, mas não tinham filhos. Assim, é possível que a construção tenha demorado de 60 a 70 anos, pois a Escritura diz que Noé tinha 600 anos quando a terminou . Nóe, a lém de ca rpinte iro, fez-se apóstolo, e começou a pregar a conversão e o castigo. Todos, porém , riam e zombavam dele. Pode-se supor que, quando chov ia, muitos corri am para perguntar-lhe, rindo, se j á co meçara o castigo, e coisas dessa nat ureza. No ma is, tocavam a vidinha diária, como descreve Nosso Senhor: "Quanto àquele dia e àquela hora [do Juízo Final], ninguém sabe, nem os a,~jos do céu, nem o Filho, mas só o Pai. Assim comofoi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem. Porque, assim como nos dias antes do dilúvio [os homens] estavam com.endo e bebendo, casando-se e casando seus.filhos, até o dia em que Noé entrou na Arca: e não souberam nada até que veio o dilúvio e os levou a todos, assim também será na vinda do Filho do homem" (Mt 24, 36 a 39). São Paulo afirma: "Foi pela f é que Noé, avisado por Deus de coisas que ainda se não viam, com piedoso temor, foi aparelhando uma Arca para salvar a sua família, pela qual [Arca] condenou. o m.u.ndo e se tornou herdeiro da justiça, que se obtém pela.fé" (Heb 11 , 7). A família de Noé também não duvidou de suas palavras e entregou-se com afinco e determinação à construção da Arca, até que ficasse pronta. E Deus disse a Noé: "Entra na Arca tu e toda a tu.a casa, porque te reconheci justo diante de mim no m.eio desta geração" (id . 7, L). Aqui Deus espec ifi ca a Noé um pou-

Sete dias depois de Noé ter entrado na Arca com a fam ília e animais, "romperam-se as fontes do grande abism.o e abriram-se as cataratas do céu; e caiu chuva durante quarenta dias e quarenta noites .... as águas cresceram, e elevaram a arca muito alto por cima da Terra. Inundaram tudo com violência, e cobriram tu.do na su.per.f(cie da Terra. A arca, porém, era leva.da sobre as águas. E as águas eng rossaram prodigiosamente sobre a terra; e todos os mais elevados montes que há sob todo o céu.ficaram cobertos. A água elevouse quinze côvados acima dos montes que tinha coberto [cerca de 7,5 m]"( icl., 7, 11 -12, 17

parte para outra, retiraram-se de cima da Terra, e começaram. a diminuir depois de 120 dias" (icl . 8, J a 3). Noé soltou um corvo, que não voltou. Soltou depois, por três vezes, um a pomba: na primeira ela vo ltou logo, poi s não encontrou onde pousar; na segunda voltou trazendo no bico, como símbolo da restaurada paz entre Deus e os homens, um ramo de o liveira; na terceira vez a pomba não voltou. Noé compreendeu então que poderiam descer da Arca. Era o 60 l 0 ano de sua vida!

Maldição e bênção de Noé aos filhos

a 20). Do re lato bíblico depreende-se que tenha havido duas ca usas s imultâ neas agindo para provocar o dilúvio: um catac li sma terrestre "romperam-se as fontes do abismo"; e chuvas torrenciai s "abriramse as cataratas do céu". Pode-se im ag inar o sentimento da fa míli a de Noé ao contemplar a cólera de Deus através desse imenso e terrível espetáculo, bem como ao considerar que a oito pessoas que a constitu íam eram o que restava cio gênero humano sobre a Terra às quai s cab ia a grande responsabi lid ade de serem os novos pais da Humanidade a partir de então .. . Por fim, "Deus lembrou-se de Noé e de todos os animais selváticos, e de todos os animais domésticos que estavam com ele na arca, e fez soprar um vento sobre a Terra, e as águas diminuíram. Fecharam-se as fontes do abism.o e as cataratas do céu, e.foram retidas as chuvas do céu. E as águas, agitadas dum.a

tas ele nossa era, determinou o Senhor: "tudo o que se move e vive será vosso alimento; eu vos dou todas estas coisas, como vos dei os legu.m.es verdes" (id . 9, 3). E disse a Noé: ''.farei a minha alicmça convosco, e não tornará mais a perecer toda a carne pelas águas do dilú vio". E, como sina l da ali ança co m os homens, fez su rg ir no céu o arco-íris: "E o arco estará sobre as nuvens, e Eu o verei e me lembrarei da aliança eterna que foi feita entre Deus e todas as almas viventes de toda a carne que existe sobre a terra" (id ., ib. 16).

Sacrifício e nova aliança Ao sair da Arca, "Noé edi,ficou. um altar ao Senhor; e, tomando de todos os animais e de todas as aves puras, ofereceu-os em holocausto sobre o altar" (id . ib., 20). Isso agradou tanto a Deus, que Ele prometeu não mais ama ldi çoar toda a Terra. E abençoou Noé, repetindo-lhe a ordem que dera ao primeiro homem: "Crescei e multiplicai-vos, e enchei a terra". A natureza não mai s cessaria de dar seus frutos, e, como nova cabeça da criação, deveriam impor-se aos animais e às aves e "a tudo que se move sobre a terra". Ta lvez visando certos eco log isCATO LI

Quase todos os Patriarcas eram agricultores, e Noé um deles. Ora, e le plantou uma vinha, espremeu o suco da uva e o bebeu. Como não conhecia os efeitos daquela bebida, ficou embri agado, aparecendo despojado de suas vestes em sua tenda . Cam, o filho caçula, vendo-o nesse estado, começou a rir e foi chamar os irmãos. Estes não viram motivo para graça; e, por respeito ao pai , pegaram um a coberta e, "tendo o rosto voltado" para o lado, o cobrira m. Noé, quando soube depois do ocorrido, ama ldi çoou, não Cam, mas seu filho Canaã (no estilo do Antigo Testamento, que atin ge várias gerações) que "será escravo de seus irmãos ". Quanto aos filh os que agiram bem, disse-lhes: "Bendito seja o Senhor Deus de Sem, e Canaã seja seu escravo. Dilate Deus a Jafet e habite Javet nas tendas de Sem; e Canaã seja seu. escravo" (id . ib. , 26, 27). A Escri tura nos diz que com 950 anos Noé descansou finalmente no Senhor, tendo cumprido a grandi osa missão de se tornar o segundo pai do gênero humano. Ele é um exempl o magnífico para os católi cos de hoje. Estes devem imitá- lo na fé inabalável que teve na promessa divina, e na firmeza diante das zombari as de seus contemporâneos - que se assemel ham aos neopagãos atuais, desprezadores ela Lei de Deus. ♦ eISMO

Novembro de 1999

39


Campanha O Amanhã de Nossos Filhos

J ~~=

resistência contra blasfêmia e imoralidade do filme ••oogma'' Miramax, empresa ligada à Walt Disney, produz filme blasfemo e imoral, prevendo seu lançamento em nosso País. Os aderentes de OANF, porém, não aceitam essa agressão à Religião e aos valores morais da maioria das famílias brasileiras e promovem Pesquisa Nacional com o objetivo de levar as autoridades públicas a proibir a exibição desse filme no Brasil

1-

O que os bra ·1 filme s, e1ros pensam do blasfemo "Dogm "? O que os pais e ~ a . esperam das mates - de família au ondades"> "' • . . Ri+44tl(&t9i•Ji11 • ocê considera maccilávcf que um·t co . •t

edistribua umfilmecom:1 res ~ mp::m/ua cinemmográ ficacomoa W . Nossa Senhora e Süo Jo~f? sões. difamações e 7.ombarias da Rcligi.io C t~1· ah D,sncy / Miramax produza

g

2.

3.

,

.

SIM. lemos que reagir e lcntarimpecr

O TALV ~

4.

ç s contrn o fiJmc, até diante dos cinemas?

que meus afazeres o pen . EZ, pois eu não me sinto em condi õesru tam e num mnbicntedeordcm.

eunãomeim ç · O NAO, . porto com o que apresenta o fil

.

Você cons,clcra importante publicar

I me ou com o cfe110 que ele pode causar . • orcsu rado dcstaPcsquisacm grandccscala? ., . ' :- ,~Maqu~fiqueclaro paraasautoridades . 1,1.?es1.11'.1os dispostos li cngolirquaJqucr li .ddo País e pro~olorcs desse filme blasfemo uc . O NAO,JX>1sospro11101orcsde& fiJ fJO _eofcnsa ,) Rcligi;1o da gr-u1dc .· . ,q . noBrasiJ P. . . se I mcca"iau1ond:1des nacionais não se irn' m,uona dos brasileiros. 1u il1r1 r nh ,,1 ' i111 i',-,.mu ot níl1 po1tamcomoqueopovopcnsa,

O SIM

O

filme Dogma é um ataq ue direto à Fé e aos princípios morais de todo católico brasileiro. Nega a virgindade de Nossa Senhora, ridiculari za e blasfema contra a Santa Missa, comparando-a a um ato de orgia sexual, ofende gravemente a Deus e incita os jovens à blasfêmia, à imoralidade, à promi scuidade, ao homossexuali smo, à pornografia e ao aborto. Eis - em pouquíssimas palavras - o conteúdo perverso do filme Dogma, produzido pela

Miramax.

Agressão à Religião e à Moral católica Idea li zado e produ zido de modo a ofender a Deu s, ridic ularizar e denegrir a Igreja Católi ca, o film e Dogma não deixou de incluir pesadas doses de imoralidade e m seu enredo imundo e pervertido.

Pesquisa Nacional Preoc upado com as conseqüênci as devastadoras que esse filme blasfemo e imoral representa para a forma-

t', 'flt'pf

ção reli giosa e moral cios j ovens e adolescentes, a Campanh a O Amanhã de Nossos Filhos rea li za uma Pesquisa Nac ional junto a milhares de pai s e mães de fam ília sobre as blasfêmias e perversões do filme Dogma. A estratég ia ideali zada por OANF cons iste em divul gar amplamente, especialmente junto às auto ridades públicas, o res ultado da Pesquisa Nacional O que os brasileiros pensam so-

bre o filme Dogma . A ampla divul gação cio resultado dessa Pesqui sa vai de ixar claro para nossas auto rid ades a rej e ição elas famílias ao filme. E também a rejeição q ue essas mes mas famí li as diri gem àqueles que, tendo nas mãos o poder para impedir a ex ibi ção de um filme blasfe mo corno Dogma, no e ntanto venham a se omitir. Será um alerta para os produtores da Walt Disney / Miramax, ele que o

Diogo Waki

!

\

(li!I

S.O.S Fazendeiro: TFP conclama todos os produtores rurais

Campanha Nacional contra a impunidade

..

NÃO, eu considero qualquer a ;- d Jr a cx1b1çliodcsse filme. Vi ê ç,10 essa na1 urez·1com oc estaria disposto a paniciparde 111anifcsta õc ,. o censura, e sou contra.

O SIM, na medida cm

Preocupada com o agravamento do problema agrário no Brasil, a diretoria do Boletim Informativo Rural e da Campanha S.O.S. Fazendeiro, da TFP, promove debates e estabelece os próximos lances contra a Reforma Agrária socialista e confiscatória, em reuniões realizadas na sede da Entidade, na Serra do Japy (Jundiaí-SP).

a ,ca, de Nosso Senhor Jesus Cristo,

~I~.cons1deroi11accitávc/. u AO, considero apenas de mau goMo. •OCê ncha que devemos fazer ludo o dess~film c blasfcmo,qucagrideos vaJ que esteja de acordo com a Lei e a Ordem . . péss1mos cxcmp/oscxibidos "Do orcsmonus creJigiosos qucensinam parn impedir a ex ibição • cm gma"? • os a nossos fiJJios e netos, devido aos

0 0

TFP : Simpósio sobre a Reforma Agrária

li!

Brasil não é composto ele "ca rneirus" que engolem os lix os que e les nos envia m. E mostrará à nossa juventude que seus pais estão prontos e aptos a defendê- los, dando-lhes o exemp lo ele como agir amanhã em be ne fício ele seus própri os filhos !

Participe de OANF Não pe rca a chance de cerrar fil e iras com OANF. Ajude a levantar uma grande barreira à entrada e ex ibi ção desse film e no Brasil. Assim , o Sr. estará não apenas preservando a formação re li giosa e moral que deu à sua família , mas estará ev itando qu e se ofenda g ravemente a Deus, e impedindo també m que se promovam a blasfêmia e a pornografia em nosso País. Entre em contacto com OANF: Telefone/fa x: (0xx 11 ) 39551 140 Email: master@oanfilhos.org.br ♦

"Vamos dizer ao Preside nte Fernando Henrique, que ele ai nda pode salvar a situação. Que exerça sua influência para punir os invasores do MST e quejandos. E le usam táti cas de g uerrilha e querem tomar o poder. Vamos pedir ao Presidente que mande o Incra deixar ele estim ul ar as agitações. Primeiro vê m os inva ores, quebram, depenam tudo e depois vem um fiscal do Incra fazer a vistoria para saber se a faze nd a está produzindo de aco rdo com os índi ces de pro-

dutividacle estabelecidos pelo governo!!! Por fim, vem um decreto de desapropriação. Esta situ ação precisa cessar". Milh ares ele ape los co nte nd o o tex to ac im a tê m chegado ele todas as partes cio Brasil ao Palácio cio Planalto. Brasil eiros ele todas as classes estão preocupados com a impunidade dos invasores e s uplicam ao Pres id e nte que tome providências efetivas. A TFP está promovendo esse lance decisivo e m favo r ela classe rural , tão oprim ida e abandonada no s dias ele hoje.

Milhares de rurali stas receberam um a carta ela Ca mpanha S .O.S. Faze ndeiro - pelo sistema de "mala direta" - sugerindo o e nvio ele um CA RTÃO AMARELO ao Preside nte Ferna ndo Henrique Cardoso, com as reivindicações prementes cios agric ulto res. Com grande número de adesões, conseguiremos mostrar ao governo o qu anto estamos preocupados com o futuro de nosso País. Abaixo,fac-similes do mapa elas invasões promovidas pelo MST e m quatro anos e meio Uulho de 94 a dezembro ele 98) e do cartão amare lo ela Campanha Na-

cional contra a Impu nidade.

Campanha Nacional contra a impunidade Ex mo . .':> r. l>mf. 1:i.:rnamlo Henrique C:irdoM1 DO Prc~idcn1i.: du Ri.:púhli1.:;1 Sr. Prc!. idente, V. Ex a. tl cclarou rcci.:111 cme111e <1ue "A .re11sartio de imptmidatle é o q11e impede a comolidaçno dtt democracit, ". Rea lmente h:i l1tn:1 impunitl:1dc quc uos preoct1pa, qt1c é ,, dos cl cmcmos do MST e c.:ongê ncrcs, que arrcbc111am nos.~as cercas, invadem nossas propricd,1dcs, nmtum nosso gu<lo, queimam

noi,sm• puslagens, bloqueiam nossns estrad as, saqu cimu nossos camin hões, m:tt:un nossos cmpreg;.1dos e continu:un impunci;. Q uando comcguimos a rc intcgru\'.!IO <le posse . os governos csrnduais ou silo omissos. ou demoram cm ordcna r quc se cumpr:1:i lei, i> <tui.: pi.:n niti.: que os in vasores Ucprcdcm ainda 111:iis nossas propriedades. E como se is m nfo baslns,;c, ve m o lncrn parn faze r :1 viscoria de noss:is proprieda<les. exigirn.Jo índices ahsur<los Jc pm<ll1t ividadc. dt1s~ifü:n11d o-11s. quase quc inv11riavc l111cn1c, de "írnprocluti vas" e. cm coni,cl1Uenciu, sor11oi,. dc1rnprupriad11s c111 fa \•or dos í11 vni-,nrcs .. Sr. l'rcsidcrue, pedimos a V. Exa. que 10111c hXhts a~ provid~nci as ncccssílrias. no ftmbílo do Poder Executivo, pum que ccs~c c.-.lt.! c:;iado de cuisas. V. Ex11. 11i11da po<le .~ 11 lvar a si1uaçílo do Bnt:,, il. de_ _ _ _ de 1999 A ,;sírmturu _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __

40

eAToLICISMO

Novembro de 1999

C AT O LIC ISMO

Novembro de 1999

41


TfPs EMAÇAO

2 e 3 de outubro de 1999

O

papel histórico do Brasil, o não cumprimento de sua vocação e Nossa Senhora de Fátima, a grande saída para nosso País e para o Mundo. Foram esses os temas abordados em dois dias de Encontro Regional de Correspondentes e Simpatizantes do Norte-Fluminense, realizado na Sede Social da TFP, em Campos, Estado do Rio de J aneiro. 1 50 Sócios, co rrespondent esesclarecedores, propagandistas de Fát ima e simpatizantes lotaram o salão da Sede Regina Ange/orum daquela cidade e acolheram com entusiasmo a imagem de Nossa Senhora de Fátima, que iniciava, naquela data uma peregrinação de casa em casa dos propagandistas e simpatizantes de Fátima .

Mesa de presidência de uma das sessões. Da esquerda para a direita: Pe. David Francisquini, de Cardoso Moreira-RJ, Dr. Plínio Xavier da Silveira, Diretor da TFP, Desembargador Julio César Paraguassu

O salão principal da Sede Regina Angelorum foi insuficiente para conter

A

s Assoc iações "Lumieres sur l ' Est" d a TFP francesa , "Lucci sull'Est" da Itália e a

" Deutsche Vereinigung für eine Christliche Kultur" (DVCK) da Ale-

manha, promoveram no mês de setembro último uma caravana que percorreu diversas cidades da L ituâni a com a finalidade de difundir a Mensagem de Nossa Senhora de Fátima, bem como de dar alento espiritual ao povo lituano, oprimido durante décadas sob o tacão da bota comuni sta e hoje fe li zmente liberto desse jugo. A carava na partiu de F rankfurt na tarde de 27 de agosto rumo ao porto de Kiel , tomando no dia seguinte um nav io com destino ao porto lituano de Klaipeda, onde chegou no domingo à no ite, dia 29. Depoi s partiu para Kelme, cidade situada a cerca de 150 quilômetros de Klaipeda. Sinteticamente, e is o que extraímos do diário de um dos caravanistas: Dia 30 de agosto: O programa consistiu numa vi sita ao M orro das C ruzes, que setornou símbolo da resistência dos católicos litu anos à sanha dos comu nistas. Os membros da delegação puderam neste dia visitar também a cidade de Siaulai, cuj o Bispo é um an ti go conhecido da TFP. Dia 31: A Carava na fo i recebida e m Vilnius pelos dep utados Petras Sacalini s e lgnacas, professor universitário na capital lituana, bem como pela Presidente da Associação dos

Samaritanos, em cuj a sede teve lugar a recepção. Dia 1º de setembro: No bairro Zverin as, locali zado nas proximidades do Parlamento, começou propriamente a ação públi ca dos membros da TFP, com uma larga distribuição de imagens e estampas de Nossa Sen hora de Fátima. Os mencionados deputados ofereceram aos componentes da Caravana um a lm oço no Parlamento lituano. Após o almoço, fora m e les recebidos pelo ex-Presidente e Deputado Vytautas Landsbergis, atual chefe do Partido Conservador. Hou ve ainda um encontro com a P res idente dos bi elo-russos na diáspora . Dia 2: Na loca li dade de Ig na lin a os membros da caravana visitaram a hi stórica igreja de Paluse. Nesta, como nas demais ocasiões, portando estandartes e envergando as capas rubras da TFP, a Caravana levava uma réplica da imagem de Fátima que verteu lágrimas em Nova Orléans (E.U.), em 1973. O deputadoAntanas Racas explicou ao público presente o significado dos símbolos e passou a palavra ao dirigente da comitiva, Sr. Renato Vasconcelos. Este ressaltou que o mal não acabou com a queda do comunismo nos países do leste e salientava a importânci a da devoção a Nossa Senhora para enfrentar a crise moral de nossos dias. E m todas as visitas era di stribuído gratuitamente material relacionado com a Mensagem de Fátima. A partir deste segundo dia, passaram a

ser ofertados li vros co m a hi stóri a de Jac in ta e li vrinhos ensin ando como rezar o terço . Ao fi nal da tarde, a caravana se dirig iu a Salakas, cid ade que faz parte do Mu ni cípio ele Zara ai . A imagem peregrina fo i recebida pe lo j ovem vigário loca l na bo nita igreja de Nossa Sen hora das Dores, estando presente numeroso público. Dia 3: As ativ idades iniciaram-se às I Oh na localidade ele Degucia i com uma vi ita à igrej a ele Sto. Antônio . Apó o cântico do ofic io parvo ele Nossa Sen hora, roram di stribuídos li vros ela hi stóri a ele Jac inta e do Rosário e estampas. E tavam presentes o vi gário, Pe. Remi g iu s, o jovem prefeito de Zarasa i, Amoldas Abramav icius, e outras autoridades, entre as quais a vereadora Stasc Gostauticne, que ofereceu um jantar c m sua residência. Às 1 1:30 h, n centro ele Zarasai, a image m ele Na. Sra. ele Fátim a fo i conduzida num cortejo simples (foto 2) desde a prefeitura até o centro ela praça principal (fotos 3 e 4), enfeitada para a oca ião onde estava armado um pequeno altar e onde aguardavam o lcro e demais autoridades locais, bem como alunos de diversas scolas. Terminada a cerimônia, formou -se o cortejo cm direção à igreja matriz com membros de associações portando estandartes e moças e senhoras com trajes típicos. O dia encerrou-se co m uma recepção na casa ela vereadora Stasc Gostautiene, que acompanhou a caravana em diversos eventos. Na ocasião, o dirigente da Caravana concc-

deu entrev ista para um jornal loca l. Dia 4: Pela manhã, o pároco da localidade e bom número de pessoas aguardavam a caravana e m Tmbradas. O Deputado Sacalini s apresentou a delegação das TFPs e o prefe ito ele Zarasa i traduziu as pa lavras cio dirigente ela caravana. Após almoço na residência do Pároco, os membros ela caravana despediram -se das autorid ades ele Zarasai e dirigiram-se a Kelme, onde houve, no fina l da tarde, uma homenagem aos deportados da Lituân ia que morreram no ex íli o. Em cgu ida o Deputado Racas ofereceu um jantarem sua casa à Delegação Internac ional da TFP. Estiveram presentes o Prefeito da cidade e membros da soc iedade local. Todos os anos, no prime iro dom ingo de setembro, reali za-se a tradicional peregrinação à Si luva (foto 1), cidade onde Nossa Sen hora apa receu e m 1630, locali zando-se ali o Santuário da Padroe ira ela Lituânia. Desde a ind epe nd ê nc ia da Lituânia, em 1990, as TFPs e entid ades afi ns têm sido conv idadas, invariavelmente todos os anos, para essa peregrinação. Os caravanistas entraram e m cortejo portando a imagem de Nossa Senhora de Fátima. Em torno da image m co locaram-se as autorid ades ec les iás ticas e c ivis , bem como o Núnc io Apostólico na Lituânia, o qua l dirigiu algumas palavras em italiano aos presentes. Também participaram da peregrinação o Arcebispo ele Kaunas, o B ispo de Siau-

liai , um Bispo Auxilia r ele outra localidade e o secretári o particular cio Núncio (foto 5). No final ela tarde a caravana partiu para Alytos, c idade cujo Pároco é o Pe. Pranas Gavenas, velho am igo da TFP brasileira. Em apenas se is dias de atividades - além do contacto mantido com o púb lico, com autoridades loca is e ela farta distribuição de image ns e estampas de Na. Sra. de Fátima - foram difundidos 7 mil livros do Rosário e quase 3 mil li vros da hi stória de Jacinta. ♦

todos os participantes do Encontro

42

C AT O L I

e

IS MO

Novembro de 1999

eAToLICISMO

Novembro de 1999

43


stamos diante de uma feeria Assim, a beleza do co lorido aplide cores sobre uma fac hada cado sobre a fachada de linhas gótiestritamente gótica ! Trata-se cas nos dá a idéia do que seria uma da fachad a da célebre Catedra l de síntese entre forma e cor. Orvieto, na Itália. Desenho e cores sublimes A rosácea - a única que exi ste na fachada - fica dentro de um quaVelha disputa entre os artistas. O drado, o qu al não se diri a be m que apresenta mais esplendor: a forexatamente gótico. Há nele qualquer ma ou a cor? Num quadro, o que é mais coisa de clássico, mas que se encaixa notável: o desenho ou o colorido? tão perfe itamente dentro do estilo A esse respeito há duas grande gótico que não se tem o que reparar. escolas de arte italianas divergentes A cor esco lhida é a mais esplenentre si. A escola florentina toda fe ita dorosa das cores: o ouro. de desenho, pobre intencionalmente Toda a fachada é apresenta um de co lorido para que o desenho resfund o de mosa ico dourado. É um salte, e a escola veneziana, magnífica mosaico de tal qualidade, tão rutilante em coloridos e tendo apenas o desee tão magnífico, que sendo esta igrenho necessário com o intuito de dar ja do século XIV, tem-se a impressão pretexto para as cores se mostrarem. que sua construção terminou ontem. Antes dessas duas esco las se di Nesse sentido, ela não apresenta a ferenciarem e polemi zarem, já havi a poesia do granito, o qual fi ca mai belo urna magnifica síntese das duas na à medida que envelhece. O velho graCatedral de Orvieto. nito que desafi a todos os tempos e toBeleza inatacável das as intempéries, tem a sua beleza. transcende menosprezo P LINIO C ORRtA DE Ü LNEIRA Ele fa la da eternidade na medida em dos homens que resiste ao tempo e afirma a sua ex istência contra o tempo. Passam as eras, mas o granito fi ca. Nota-se a quantidade de trabalho em pedra; nas coluninhas, na rosácea, no quadrângulo, nos fl orões, nos rebordos. Os hoA Catedral de Orvieto, pelo contrário, apresenta-se como que concluída ontem. Os invernos e as tragédias da História passaram por ela, mens que construíram essa Catedral eram homens que trabalhasem a atingir em nada. Ela permanece magnífica, esplendorosa. O vam sem pressa de acabar e que morri am em paz diante da igreja mosaico de Orvieto se reporta para a eternidade no sentido que ignoinacabada, certos de que as gerações futuras haveri am de eo n ·lui r ra o tempo. Não resiste a este porque não tem nada a ver com ele. O sua construção. tempo não o atinge. O mosaico está lá e está acabado! Esta é uma igreja inatacável em sua beleza. Não vejo qu · scja possível fazer qualquer reparo, qualquer reserva cm relac,:l1o a ·la. Nesse mosaico vêem-se vári os grupos humanos. Em cima, uma cena: a da Coroação de Nossa SePode-se preferir outras. Depende do gos nhora. Depois, à direita e à esquerda da to individual, mas impugnar esta i •reja •111 rosácea, outros agrupamentos. No alto algo, não vejo que seja possível. das portas - quer dentro, quer fora das Ela está iso lada no meio dos oulros ogivas -, fi guras coloridas também. O edifícios, co mo que di zendo: "Vôs 111 c• colorido está por toda parte. Não são coignorais mas também eu vos ignoro. ,\'1• res de estardalhaço, mas são todas cores não quereis olhar-me e não q11ereis 11•1·11 mui to vivas. nhecer a minha beleza, ela aq11i c•.1·1d d1• Quem fez isso não tinha o gosto das pé para vos j ulgar. Um dia pre.1·Iarl'i.1·1·011 cores pálidas e discretas. Estas têm a sua tas ao Juiz eterno. Qua11to a 111i111, <I 111 i beleza que se perdem umas nas outras e nha conversa é com o sol, co11111111111· 1·11111 se confundem ou se fundem umas com as o vento... ". outras, mas não é a beleza que está aqui. Excertos da conferência proferid a p lo Prof. Aqui estão as cores defi nidas, que têm vida Plínio Corrêa de Oliveira para óc io própria. De tal forma que cada grupo é cooperadores da TFP em 23 d Janeiro d 1981. Sem revisão do autor. uma sinfÔni a de cores espec iais.

_p!:)!JJ'JJJ

JJ!JJJJ JJ



DeJ~!fii Nesta edição Nos ítens que publicamos no último mês de "Revolução e Contra-Revolução" (Cap. VIII da Parte li, nºs 1 e 2) o Prot Plinio Corrêa de Oliveira explica o modo processivo de agir da Revolução - diferentemente em cada alma - de acordo com os graus de aceitação dos princípios revolucionários. Na presente edição examinaremos (nº 3) o modo como as almas podem desvencilhar-se do processo revolucionário.

3. Como destroçar o processo revolucionário Se é assim que a Revolução conduz a imensa maiori a de suas vítim as, pergunta-se de que modo pode uma delas des vencilhar-se deste processo; e se tal modo é diverso do que têm, para se converter à Contra-Revo lução, as pessoas arrastadas pela marcha revolucionári a de grande velocidade.

A. A variedade das vias do Espírito Santo Nin g uém pode fi xa r limites à inexaurível vari edade das vias de D elis nas almas. Seri a absurdo reduzir a esquemas assunto tão complexo. N ão se pode pois, nesta matéri a, i r além da indicação de alguns erro a ev itar e de algumas ati tudes prudentes a propor. Toda conversão é fruto da ação do Espíri to Santo, que, fa lando a cada qual segundo suas necessid ades, ora com maj estosa severi dade, ora com suavid ade matern a, entretanto nunca mente.

8. Nada esconder Assim , no itinerári o do erro para a verdade, não há para a alma os silêncios ve lhacos da Revo lução, nem suas metamorfoses fraudulentas. N ada se lhe oculta do que ela deve saber. A verd ade e o bem lhe são ensinados integralmente pela I grej a. N ão é escondendo, sistematicamente, o term o úl timo de sua fo rmação, mas mostrando-o e fazendo-o desejado sempre mais, que se ob tém ci os homens o progresso no bem. A Contra- Revolução não eleve, pois, di ssimular seu vulto total. Ela deve fazer suas as sapientíss im as normas es tabelecidas por São Pi o X para o proceder habitu al do verd adei ro após to lo: " N ão é leal nem digno ocultar, cobrin do-a com uma bandeira equívoca, a qualidade de católico, como se esta fosse

mercadori a avari ada e de contrabando" (carta ao Conde M edolago Albani , Presidente da U ni ão Econômico-Social, da Itáli a, datada de 22- Xl - 1909- " B onne Presse", Pari s, vo l. V, p. 76). Os católi cos não elevem "ocultar como que sob um véu os preceitos mais importantes do Evange lho, temerosos ele serem talvez meno ouvidos, ou até completamente aba ndonados" (En ·íc lica "J ucunda Sane", de 12-111 - 1904 - "Bo nnc Presse", Paris, vol. 1, p. 158). Ao que j udi c iosa mente ac rescent ava o sa nt o Pontífi ce: "Sem dúv ida, não será alh io à prudência, também ao propor a verdade, usar de certa contempori zação, quando se tra tar de esclarecer homens hosti s às nossas in stitui ções e in teiramente afas tados de Deus. As fe ridas

que é preciso cortar - diz São Gregório - devem antes ser apalpadas com mão delicada. M as e. sa mesma habi lidade assumiri a o as pec to ele pru cl6nci a carn al se eri gid a cm no rm a d conduta constante e co mum ; e tant o mai s que desse modo pareceri a lcr-s' ' m pouca co nta a graça di vin a, qu ' 111io concedida somente ao a ·crdócio 'aos seu min is tros, mas a l o los os f'i is d· Cri to, a fi m ele qu ' nossas pa lavrus atos co movam as alm as d 'SS ' S homens" (ci o·. ·i1. , i hi d.).

C. O "choque"

das grandes conversões ensuran do , co mo o fizemos, o csqu mati smo n sla ma téria, parece-nos nlr ' lanl o qu' a adesão plena e consciente à Revo lução, como esta in concreto se apresenta, consti tu i um imenso pecado, uma apostasia rad ica l, ela qual só por meio ele uma conversão igualmen te rad ica l se pode voltar. Ora, segundo a Hi stóri a, afi gura-se que as grandes conversões se dão o mais das vezes por um lance ele alma fulmi -

K. Drake

A realidade concisa,nente

8

nante, provocado pela graça ao en ejo de qualquer fato interno ou externo. Esse lance di fere em cada caso, mas apresenta com freqüência certos traços co muns. Concretamente, na conversão do revo1ucionári o para a Contra-Revolução, ele, não raras vezes e em linhas gerais, se opera ass im :

• a. Na al111a e111pedemida do pecador que, por 11111 p1r1ce.1'.1·0 de grande velocidade,Jói logo ao extre1110 do Revoluçcio, res tam s ' mpr · r ' ·ursos d' i nl li gência e bo m s ' nso, 1 ·nd ·n ·ias mais ou menos d linidas para o h ' 111 . 1 ' us, ' mbora não as pri ve j amais da •raça su licientc, espera, não raram ·111 ', qu · ' ssas almas eh guem ao 111ais f'u ndo da miséri a, para lhes faz ' r v ' r d ' uma só v % ·0111 0 num f'ul guranl ' ''./los/, ", a 'norrnid acle ele seus ' rros 'd· s ' US p · ·ados. l •oi quando d ·s · ' LI :i po nl o d· qu ·r 'r s' alimentar das ho lolas dos por ·os que o li lho pr6di 10 ·ai 11 '111 si • vo lt ou à casa pai ' ma ( ·l'r. 1, ·. 15, 16 a 19).

Blasfê,nia

1 O TFP:

\l{,/m1r!o

tfhia e 111 íope que vai resle11tw11e111e 11a rampa da Revo-

0 /111 0

/11 ( ·00 , atuam ainda, não inteira mente r' ·usados, certos fermen tos sobrenatu rais ; há valores ele trad ição, ele ordem, de Reli gião, que ainda crepi tam como brasas . oba cinza. Também essas almas podem, por um sadio sobressalto, num momento ele desgraça extrema, abri r os olhos e reavivar em um instant e lud o quanto nelas definhava e ameaçava morrer: é o reacender-se da me ·ha q11l' ainda fumega (cfr. Mt. 12, 20 ).

Na próxima edição que a plausibilida nossos dias e total da Rev físicos. Dep do suas idéi posição tom

"··

Cruzada contra fi lme b lasfemo e pornográfico "Dogma"

Nossa capa: Adoração dos Magos (detalhe) - Afresco de Fra Angélico (séc. XV), Museu de São Marcos, Florença (Itália)

O público presente à homenagem a Nossa Senhora de Fátima no auditório Augustinianum, em Roma, acompanha atentamente a meditação do Santo Rosário

Leitura Espiritual

13 Nascimento

do Divino Infante: prodígios de amor

Revolução e Contra-Revolução

Natal

Santos e festas do ,nês

14 A

34

História

Discernindo

Escreve,n os leitores

4

16 Dólares

36

2

Como desvencilhar- se do processo revolucionário

"Lutero: não e não!"

atmosfera especial do Natal alemão

para sustentar

a "Cortina de Bambu"

A palavra do sacerdote

Brasil Real

6

18 Tradicional

A verdadeira mística e sua deturpação Os Re is Magos Casamento - D e squite eclesiástico - Divórcio

·J _./ ., 1

• b. Na

"Parabéns" a cachorro? Inversão de va lores Macau será "chinificado": dias contados ... Arcebispo de lzmir adverte : é grave o perigo muçulmano

Vidas de Santos

37 São

romaria em louvor à Padroeira do Brasil

21 Capa Majestade na Pobreza - Meditação sobre o Nata l

Entrevista

30 Projeto

TFPs

40 -

Carta do Diretor

25

João da Cruz: grandeza no sofrimento

de reforma tributária : proposta burocrática, convencional, nociva à Nação

e,n

ação

Luci sull'Est recepciona Imagem milagrosa de Nossa Senhora de Fátima em Roma Caravanas da TFP no Leste Europeu

A,nbientes, Costu,nes, Civilizações

44 Natal :

tradições natalinas na Alemanha

Tradicional árvore de Natal doada todos os anos pelo povo norueguês à cidade de Frankfurt

F,G) em ace etatan-

CATO LIC IS MO

Dezembro de t 999

3


HISTÓRIA

"Não Juí d ever m ai s urgente que o de :1g rad ecer" (Santo Ambrósio)

fundador da TFP, Prof . Plínio Corrêa de Oliveira, inspirador e principal colaborador de nossa revista, completaria no presente mês 91 anos. Nesta ocasião, desejamos externar-lhe um a vez mais nossa imorredoura gratidão, e prestar profunda homenagem a quem poderíamos chamar nosso modelo, me stre e guia. Se Catolicismo, contra ventos e marés, continua a Cruzada de Plínio Corrêa de Oliveira sempre na fidelidade aos íntegros princípios por ele ardorosamente defendidos - , também a ele o devemos. Princípios esses sempiternos, que nunca morreram, pois não são outros senão os imutáveis princípios da única Igreja verdadeira do único Deus verdad eiro - a Santa Igreja Católica Apos tólica Romana . Julg amos oportuno reprod uzir aba ixo uma co laboração do Prof . Plínio Corrê a de Oliveira, publicada na " Folha de S. Paulo" em 27 /12/83 e reprodu zid a em jan eiro de 1 984 nas páginas de Catolicismo. Nela transparece, de modo fulgurante, seu entranh ado amor à Santa Igreja. Ness e artigo, que embora date de 1 5 anos atrás é de uma atualidade m arca nte, o Autor co menta o deploráv el evento ocorrido há 482 anos: a fixação na porta da igreja do castelo de Wittenberg (em Augsburgo Alemanha), das blasfemas 95 teses de Lutero (foto ao lado ), no dia 31 de outub ro de 1 51 7 - marco da primeira rebelião desse heresi arc a contra a Igreja Católi ca.

CATO L IC ISMO

Moisés agia movido por sua vontade, como seu lugar-tenente, como carrasco que ninguém superou, nem mesmo igualou em assustar, aterrorizar e martirizar o pobre mundo " (op. , cit. , p. 230).

distensão do Vaticano com os governos cOJnunistas Para a TFP: omitir-se? Ou resistir?" (cfr. "Folha ele S.

Q

4

"Eu não posso e não vou me retratar". Com essas palavras, Lutero defende os seus escritos na Dieta de Worms, em abril de 1521.

Tive a honra de ser, em 1974, o primeiro signatári o de um manifesto publicado em cotidianos dos principais do Brasil e reprodu zido em quase todas as nações onde existiam as então onze TFPs. Era seu título: "A política de

Paulo", 10-4-74). Nele, as entidades declararam seu respeitoso desacordo face à "Ostpolitik" conduzida por Paulo VI, e expunham pormenorizadamente suas ra zões para tanto. Tudo - di ga-se de passagem - expresso ele maneira tão ortodox a que ninguém levantou a propósito qualquer objeção. Para resumir numa frase, ao mesmo tempo toda a sua veneração ao Papado e a firmeza com a qual decl aravam sua R es istência à "Ostpolilik " vaticana, as TFPs di ziam ao Pontífice "Nossa alma

é Vossa, nossa vida é Vossa. Mandai-nos o que quiserdes. Só não nos mandeis que cruzemos os braços diante do lobo vermelho que investe. A isto nossa consciência se opõe". L embrei-me desta frase com especial tri steza, lendo a carta escrita por João Paulo II ao cardeal Will ebrancl s (c fr. " L ' Osservatore R omano", 6- 1 1-83) , a r · · · · rsá rio

Dezembro de 1999

Tal está em estrita coerência com estoutra blasfêmia, que faz de Deus o verdadeiro respon sável pela traição ele Judas e pela revolta ele Adão: "Lutero - comenta Funck-Brentano - chega a

LUTERO: não e não! PuN10 C o RRÊA DE OuvEIRA

ass in ada no dia 3 1 ele outubro, data cio primeiro ato ele rebeli ão do heresiarca, na I grej a cio castelo ele Wittenberg. Está ela repassada ele tanta benevolência e amenicl acl e, qu e m e I rg untei se o Au gusto si gnatário esqu era as terríveis blasfêmias que o frade a1 óstata lançara contra D eus, ri sto Jesus ri I ho ele D eus, o Santíss im o acram ento , a Virgem Mari a e o própri o I apacl o. c rt o qu e ele não as ignora, pois estão ao ai ·:rnc' d ' qual 1uer cató li co ult o, m li vros d bom quil ate, os quai s ai nela hoj ' nuo s, o di fí ·eis de obter. 'T>nho · 111111 ·nt ' dois deles. U m, na·ion:11 : • "/\ IMrejo, o !?e.f()rma e a Civili·w <·tio " do •rande j esuíta Padre L eon •I Frnn ·u. Sobre o li v ro e autor, os sil"' n ·ios • ·I ·siásti ·os o fi ciais vão deinndo hni xar a rio ·ira. O outro livro • cl • um dos mais co1111 • ·idos lli stori aclores fran ceses de te s" ·u lo, Fu nck- B rentano, membro cio Instituto de r rança e ali ás insuspeito protestante. Co mecemos por citar textos colhi dos na obra des te último: " Luth er" (G ra sset, Pari s, J934 7". ecl ., p. 352). E vamos diretamente a esta blasfêmia sem nome: "Cristo - di z Lutero -co-

meteu adultério pela pri111eiro vez com a mulher da f onte, de que 11osfola João. Não se munnura va en-1tomo dele: 'Que f ez, então, corn e la '!' 0 <•1111is co m Madalena, em, seg uir/11 1·11111 11 11111/he r

adúltera, que ele absolveu tão levianamente. Assim Crislo, tão piedoso, também teve de f ornicar, antes de morrer" ("Propos de table" , nº 1472, ecl. ele Weimar 11 , 107 - cfr. op. cit. , p. 235). Lido isto, não nos surpreende que Lutero pense - como assinala FunckBrentano - que "ce rtamente Deus é

grande e poderoso, bom e misericordioso .... mas é estúpido - 'D eus est stultissimus' ( "Propos de table " nº 963 , ed . de Weimar, 1, 487). É um tirano.

declarar que Judas, ao trair Cristo, agiu sob imperiosa decisão do Todo-Poderoso . 'Sua vontade (a ele Juda s) era dirigida por Deus; Deus o movia com sua onipolência '. O próprio Adão, no paraíso terrestre,foi constrangido a agir como agiu. Estava colocado por Deus numa situação tal que lhe era impossível não cair" ( op. cit. , p. 246). Coerente ainda nesta abominável seqüência, um panfleto ele Lutero inti tulado "Contra o ponl!ficado romano júndado pelo diabo ", ele março de J 545 , chamava o Papa, não "Santíssimo ", segundo o costume mas "infernalíssimo", e acrescentava que o Papado mostrouse sempre sedento ele sangue (cfr. op. cit., pp. 337-338). Não espanta que, movido por tai s idéias, Lutero escrevesse a Melanchton, a propósito das sangrentas perseguições ele H enrique VIII contra os católicos ela Inglaterra. " É licito encolerizar-se quando

se sabe que espécie de traidores, ladrões e assassinos são os papas, seus cardeais e legados. Prouvesse a Deus que vários reis da Inglaterra se empenhassem em acabar com eles " (op. cit., p. 254). Por isso mes mo exclamou ele tam-

A igreja luterana e o governo comunista da Alemanha Oriental aliaram -se para comemorar o quingentésimo aniversário de Lutero, em 1983

bém: " Basla de palavras: o f erro! o fogo! " E acrescenta: " Punimos os ladrões à espada; por que não havemo s de agarrar o papa, cardeais e toda a gangue da Sodoma romana e lavar as mãosnoseusangue? "(op.cit. , p. l04). E sse ódio ele Lutero o acompanhou até o fim da vicia. Afirma Funck-Brentano: "Seu último sermão público em

Wittenberg é de 17 de janeiro de 1546: o último grito de maldição contra o papa, o sacrifício da missa, o culto da Virgem " (op. cit. , p. 340). N ão espanta que grand es perseguidores ela I greja tenham festejado a memória dele. A ss im "Hitler mandou pro-

clamar f esta nacional na Alemanha a data comemorativa de 31 de outubro de 1517, quando o frad e agostiniano revoltoso qfixou nas portas da igreja do castelo de Wütenberg asfamosas 95 proposições con1ra a supremacia e as doutrinas pont(fteias" (op. cit., p. 272 ). E, a despeito ele todo o ateísmo oficial do regime comuni sta, o Dr. Erich Honnecker, presidente cio Conselho ele Estado e do Conselho ele D efesa, o pri meiro homem da República D emocráti ca Alem ã, aceitou a chefia cio comitê que, em pl ena Al emanha vermelha, organizou as espalhafatosas comemorações ele Lutero neste ano (cfr. "Cerman Comments ", de Osnabruck, Al emanha Ocidental, abril ele l983) . Que o frade apóstata tenha despertado tai s sentimentos num líder nazista, como mais recentemente no líder comuni sta, nada ele mais natural. Nada mais desconcertante e até vertiginoso, cio que o ocorrido quando da recentíssima comemoração do quingentés imo aniversário do nascimento de Lutero num esquálido templo protestante ele Roma, no dia I l do corrente. Desse ato festivo, de amor e admiração à memória do heresiarca, participou o prelado que o concl ave ele 1978 elegeu Papa. E ao qual caberia, portanto, a missão ele defender, contra heresiarcas e hereges, os santos nomes de Deus e ele Jesus Cri sto, a Santa Mi ssa, a Sagrada Eucaristia e o Papado! " Vertiginoso, espantoso" - gemeu, a tal propós ito, meu coração de católico. Que, sem embargo, com isto redobrou ele fé e veneração pelo Papado. ♦

eATO LIe ISMO

Dezembro de 1999

s


Cônego, através de Catolicismo, dissesse alguma coisa a respeito dessas manifestações místi cas que estão sendo divulgadas atualmente, e que às vezes é difícil para nós leigos compreender sem ajuda de alguém especializado nas coisas da Igreja. 2. Quem eram os Reis Magos? A Escritura diz que eles vi eram do Oriente guiados por uma estrela. De que nações eram eles? 3 . O Senhor pode ria explicar o que é desquite eclesiástico? É o mesmo que divórcio?

RESPOSTAS

Deus não confere a nada valor mágico 1. Vamos começar fa lando da fal sa mística, para di stingui -la da verdadeira. Popul armente e de modo errôneo têm se chamado mística certas práti cas ou orações que produziri am infa li velmente um efeito que se quer obter. É, em certo sentido, o mesmo que simpatia. Esse conceito está mui to errado. Deus não confere a nada um valor mágico, isto é, por meio do qual se obtém automaticamente o que se quer, e ainda mais ele um a fo rma mecânica. Isso seria fo rçar a Deus, tentar obri gá-Lo a atender nossos caprichos. É o que a Teologia Moral denomi na de superstição. A lgreja, quando recomenda vivamente certas práti cas piedosas, como o uso de escapul ári os, medalhas, recitação ele certas orações, novenas, peregrinações etc., não atribui a elas um poder mágico ou mecâni co, mas condiciona sempre a obtenção das graças à vontade de Deus, à pureza ele intenção e à fo rma piedosa com que tais práticas são utili zadas. Deus é misericordioso e propenso a atender, sobretudo se se pede por meio ele Nossa Senhora, mas não há automatismo. Devem-se rejeita r com firm eza as superstições, pois deturpam as verd adei6

e AT O L I e

ISMO

ras práticas piedosas e muitas vezes constrange m as pessoas, como po r exemp lo, ce rtas "corrente.1· de oração " q ue " não poderiam ser interrompidas sob pen.a de castigos divinos" . Isso não tem nada a ver com a sabedoria ela Divina Provi dênc ia, que deu a seus fi lhos a li be rdade ele espírito e não a suje ição às el itas fo rças "m.ágicas e mecân icas" ela supersti ção. Desde que a pessoa esteja unida a Deus e praticando a virtucle, nada eleve temer, a não ser o pecado. Se Deus permiti r alguma ação diabó lica sobre a pessoa, Ele lhe dá as graças sufic ientes para resistir, e ti rar daí um proveito. É preci so, então, fu gir com horror elas prát icas supersticiosas, sob retud o ele cu nh o es pír ita , adiv inhações, simpati as etc., po is va ler-se delas é I ecar co ntra o 1° Mandamento. A verdadeira mística consiste num estado ela vici a esp iritu al, no qual o Espírito Santo, através de seus dons, atua com grande in tens idade na alma em estado ele graça, torn ando-a ati ladamente dócil à ação div in a. Às vezes esse estado é acompanhado de dons extraordinários, como os milagres, as revelações, êxtases etc. Mas tai s carismas não faze m parte propriamente da vicia mística ordin ária, nem são necessários, pois esses dons podem até ser dados a pessoas menos ad iantadas na vi rtude, para que os exerçam para o bem de outros. O importante não é irmos atrás do extraordinário - tantas vezes sensac ional e popul aresco -, mas procu rarmos progredi r na virtude, a fim de cumprir com os nossos deveres e sermos fié is às inspirações divinas. É preciso não esq uecer também que o demôni o pode rea li zar muitas dessas coi sas extraordinári as, simul ando fa lsos mi lagres, fa lsas reve lações etc., e com isso confundir as pessoas ingênuas e levianas. Como diz São Tiago Apóstolo, para sermos fié is a Deus , vivamos da Fé

Dezembro de 1999

Adoração dos Reis Magos -Zurbarán, séc. XVII - Museu de Belas Artes, Grénob/e (França)

traduzida cm boas obras, pois "assi111 como o co rpo sem alm a é morto, assim ta111bé111 a f é sem obras é morta" (Tg 2, 26).

Reis Magos - representantes de todas as Nações 2 . A figura cios três Reis Magos que vieram adorar a Jesus recém- nascido, é cheia de encanto e de mi stério. Sua presença confirmava o orácu lo do Salmista antevendo o Messias: "Todos os reis se prostrarão diant e dele, as nações todas o servirc7o" (Sal. 72, 11). Diz São Mateus: "Tendo Jesus nascido em Belé111 da Judéia 110 tempo do rei Herodes, eis que vieram magos do Oriente a Jerusalém, pe1g1111ta11do: Onde está o rei dos judeus recém-nascido ? Vimos a sua estrela 110 Oriente e viemos adorá-Lo". E mais adiante: "E eis que a estrela que tinham visto 110 Oriente, ia adiante deles, até que, chegando sobre o lugar onde estava o menino, pamu. Vendo a es/rela, .ficaram po.1·s11ídos de grandíssima alegria. E, entrando 11a rnsa, encontraram o 111eni110 com Maria, sua 111üe, e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo seus tesoums, lhe ofereceram presentes, owv, incenso e mirra" (2, 1, 9- 11 ).

O evangeli sta os chama de magos, isto é, sábios, possive lm ente sacerdotes da Pérsia que sofreram a influência da antiga reli gião juda ica, quando o povo hebreu permaneceu em cativeiro naquele país. De onde, ilumin ados por Deus, esperarem o nasc imento do Messias e virem adorá- Lo. A estrela que os gui ou é símbolo da lgreja, que conduz os homens, e também de Nossa Senhora, a Estrela da Manhã, que mostra o caminho a todos aqueles que buscam seu Filho. É a aurora que pressagia a vinda cio So l da Justiça.

Provenientes da Arábia ou da Pérsia Assim , das duas hipóteses mais levantadas a respeito do país de ori gem dos Reis Magos, Arábia e Pérsia, a mais provável é a segunda, estando ele acordo principa lmente com os Padres da Igreja mais antigos. Quanto aos presentes, segundo ainda os Padres da Igreja, o ouro simboli za a realeza de Cri sto, o incenso sua divindade, e a mirra representa sua humanidade e a Paixão que Ele estava chamado a padecer. A tradi ção nos apresenta os magos como reis, de acordo com o Salmo acima citado. Como eles representavam todos os povos, aparecem como pertencentes às três principais raças descendentes de Noé, sendo um deles fig urado por isso como negro. Seus nomes, Gaspar, Me lqui or e Baltaza r, ta mbém são elementos da tradi ção que se fo rmou em torno de suas fi guras, não constando dos Evange lhos. São comemorados todo ano na Festa da Epi fa ni a do Senhor - a 6 de janeiro - com o esp lendor das mais veneráveis tradi ções li túrgicas.

Desquite não é divórcio nem é anulação do casamento 3 . O casamento é um contrato de ordem natural, sujeito portanto à lei natu ral, a qual deve ser seguida por todos os homens, inclusive os pagãos. "O pacto m.atrimonial pelo qual o homem e a mulher constituem entre si o consórcio de toda a vida, por sua índole natural ordenado ao hem dos cônjuges e à geração e educação da prole, en tre batizadosfoi por Cristo Senhor elevado à dignidade de sacramento" (Cód igo de Direito Canôni co, Cân. 1055 § 1). "Portanto, entre batizados, não pode

haver contrato matrimonial válido que não seja, ao mesmo tempo, sacramento" ([dem, § 2). É pois uma elevação do casamento ao plano sobrenatu ra l. O fim primordi al do casa mento é a perpetu ação da espéc ie e a conveni ente educação dos filhos. Tem também como fin alidade o bem dos cônjuges, seu aperfeiçoamento espi ritual, a aj uda mú tua, a mitigação da concupiscência etc. "As propriedades essenc iais do matrimônio são a unidade [casa mento monogâmi co] e a indissolubilidade que, no matrimônio cristão, recebem .firmeza especial em virtude do sacramento". De todo matrimôni o válido se ori gin a entre os cônjuges um vínculo que é por sua natureza perpétuo e exc lu sivo: o matrimôni o cri stão confe re ademais a graça aos cônjuges que a ela não opõem obstácul o. Co mo sacramento, é um compromi sso sério de cumprir, dentro dessa uni ão, as leis de Deus e da Igreja, tendo graças especiais para manter a fid elidade recíproca, educar cri stãmente os filhos, compartilhar dos sucessos e das dificuldades da vida co m espíri to de confi ança e de submissão à vontade divina. Para receber o sacra mento do matrimônio é prec iso que homem e mulher sejam bati zados e co mpreendam a mi ssão sobrenatural que lhes cabe como cônjuges e como genitores de seus filh os. Só o casame nto sacra mental é vá lido entre bati zados. A mera uni ão civil não torna váli da a uni ão entre bati zados, vivendo as pessoas em concubinato e, portan to, em pecado mortal, excluídas da prática dos sacramentos. Exemplos que tornam nul o ou inválido um casamento: a) a coação fís ica ou mora l para casar; b) entre os que não têm uso da razão; c) por impotência antecedente e perpétua (mas não por esterili dade); d) pelo fato de a pessoa já ser casada com outra; e) pelo fato de ter recebido ordens sagradas; f) por consangüinidade próx ima. O verdadeiro casamento . não é fru to. de sentimento romântico, mas, antes de tudo, de amor a Deus e di spos ição de segu ir suas santas leis e praticar seus Mandamentos, inclusive com sacrifício. "O matrimônio ratificado e consumado não pode ser dissolvido por nenhum poder humano nem por nenhuma causa, exceto a mo rte" (Códi go de Dire ito

Canôni co, Cân. 114 1). Ou seja, o matri mônio válido entre cristãos, depois de consumado, não pode ser di ssolvido por nenhuma causa. Mas a [greja não tem poder para anular al gum tipo de casa mento? Sim, no que se refere a casa mento de pessoas não bati zadas, e apenas em algumas circunstâncias muito espec iais. Por exemplo, se num casal de pessoas não bati zadas, uma delas se converte e se batiza, e a outra por isso começa a persegui -la ou abandona o lar. Aí, em favo r da perseverança na fé da pessoa que se batizou, a Igreja pode vir a anul ar aquele vínculo matrimoni al. Chama-se privilégio paulino, por ter fund amento numa das Epístolas de São Paulo. O que é então o desquite ecles iástico permiti do pela Igreja? É a simples separação dos co rpos ele dois cri stãos casados entre si, por graves situações ele confli to entre os cônjuges, motivadas, por exempl o, pela infidelidade contumaz (adul tério), abandono definiti vo do lar, agressões físicas ou mora is. A Igreja admi te esse desquite, mas não tem poder para permitir - e não permite - novo casa mento para nenhum dos dois. Separa-se o convívio físico, separam-se leito, mesa e habitação, mas permanece o víncul o do matrimôni o va lidamente contraído. Os fi lhos normalmente devem fi car com a parte inocente. Desqui te ec les iástico é di fe rente de di vórcio. Este último é inaceitável para a lgreja Católi ca, pois permite uma nova uni ão entre pessoas já casadas. Em ambos os casos - desquite eclesiástico e di vórcio - o vínculo matrimoni al não se rompe, e qualquer nova uni ão co nstitui pecado grave. ♦

Nota da Redação: Na edição de novembro último (587º), na resposta à segunda pergunta - "Deus aproveita todas as orações" - , leia-se: "Podemos e devemos rezar pelas almas de todos os fa lecidos. A menos que a lgreja dec lare, por meio de seu Magistéri o in fa líve l, que determinada pessoa está no Céu". Dev ido a um lapso de rev isão, no texto impresso consta: "A menos que a Igreja declare, por meio de seu Magistéri o infa lível, que determinada pessoa não está no Céu".

e AT oLIC ISMO

Dezembro de 1999

7


Macau: mais uma capitulação do Mundo livre

E

Bispo alerta para "reconquista" muçulmana

"Graças

às suas leis democráti cas, invacl i -los-emos. Graças às no ss as l e i s r eli g i osas, dominá- los-emos" . Com essas palavras, um Líder muçulmano sintetizou para Mon s. Giu seppe Bernardini , Arcebi spo de Izmir, na Turquia, as intenções do Islã em relação à Europa. Mons. Bernarclini, que viveu durante 42 anos na Turquia, país predominantemente muçulmano, dirigiu um documento por escrito ao Sínodo dos Bi spos E uropeu s, ped ind o a João Paulo II um encontro espec ial para tratar do "problema dos mu-

çu lm.anos nos país es cristãos". Acentuou o Prelado que, na rea lidade, "po-

de-se crer que a domina ção j á co m eço u ", poi s as nações muç ul manas ri cas "aplicam os

petrodólares não para criar em.pregos nos países pobres do norte da África e Oriente Médio, mas para co,ú·truir mesquitas e centros culturais nos países cristãos, onde há emigrados islâmicos, incluindo Roma, que é o centro da Cristandade". O Arcebispo de Izmir co ncluiu o documento formul ando um a pergunta: "Como não ver em. tudo isto

um. claro programa de expansão e reconquista ?" ♦ B

e AT OLIe ISMO

Dezembro de 1999

m 20 de dezembro, Macau um enc lave ex i stente há quatro séculos no litoral chinês deixará ele ser territó ri o portu guês, passando ao jugo da China comunista. M ais uma entrega vergonhosa cio Ocidente à pseudo-potência marxista do Oriente, famosa por não respeitar os tão enaltecidos "direi/os humanos" e de perseguir implacavelmente a relig ião, em especial a Fé católica. Não obstante isso, potências oc identa is, como os Estados Unidos, In g laterra e França, co ntinuam a conceder- lhe generosas benesses comerc iai s e econôm icas. Eis aí mai s um trágico exemplo ela cegueira suicida de países capitalistas. A tri ste sina de Hon g Kong, "clúnificada" anos atrás , não fo i sufic i ente para fazer ca ir as escamas qu e cobrem os o lh os dos govern antes ociclentai ! A próx ima vítima que a China co muni sta quer abocanhar é Taiwan. ♦

Cadela de socialite recebe ''parabéns a você" epezinha, a cadela ela socia/ite cari oca Vera Loyo la, fo i hoenageacla com afin ado coro ele "latidos", em ritmo ele "parabéns a você e é big, é big. .. " , por "mães e pais", co nvidados para sua festa de aniversári o. Diz a imprensa que os ami gui nhos de Pepezi11ha foram pontuais. John-John, pug cio decorador Eder M ene hin e, desembarco u ele sua M erced es e trouxe, como presente para a "a11i versariante ", biscoiti nhos de ração, bi chinhos ele morder e al g un s vasos de orq uídea. De Sasha, um Labrador ''.filho " da socialile Bel Monteiro, ela ganhou um pingente de ouro, em fo rma de osso com nome gravado, para a co leira. Para completar o ro l de excentric idades, Pepezinha, além de dormir com Vera e o marido, tem à sua d i sposição três veterin ário s para cuidar de sua saúde ! Frivolidade, futilidade e superfi cialidade são moedas correntes numa sociedade decadente e neopagã, em que as pessoas perderam senso da própria di gnidade e da compostura. Parecem não querer mai s di ferenciarem-se dos an imais. ♦

Exemplo de amor materno e confiança em Deus

Na Argentina, eficaz reação conservadora

S

O

egundo informa a agência Zenit, uma jovem mãe ori g inári a d e Monte San Vito, na It á li a, c hamada Claudia Cardinali, recebeu, no terceiro mês de gestação, a terrível no tícia de que tinha câncer na pla centa . Um caso entre 100 mil. Colocou-se para ela a nec essidade de tomar uma grave deci são: operar- se imediatamente para ext irpar o tumor, e, em con seqüência, perder o filho; ou deixar transcorrer a gravidez com risco de sua vida. Com o apoio do marido, optou pela vida do filho. A c riança nasceu com pletamente sã e passa bem, apesar do parto prematuro. Claudia externa em seu ros to as marc as do sofrimento, e ao mesmo tempo de uma indescritível alegria. Para premiá -la, a Divina Pro vidência n ão só propiciou a sal vaç ão da cria nç a, como também a ext irpação do tumor. Pod erá, assim, a herói ca mãe ter mais filhos no futuro. Belo exemplo de amor ma terno e de confiança em Deus, virtud es tão odiadas pelos abortistas, escravizados a se u repugnante ego ísmo . ♦

tema do aborto caíra subitamente num inexplicável silêncio, às vésperas das últimas eleições na Argentina. Apesar elas declarações pessoais de alguns candidatos, que se manifestaram contrários à sua aprovação, nenhum deles apresentava garantias quanto ao que fariam , caso ascendessem ao poder. Outros escondiam suas posições abortistas por temor ele perder votos, como, por exem plo, certos candidatos ela AI iança - qua l ificacla ele "centro esquerda " - composta por dois partidos: União Cívica R ad i ca l (UCR) e Frente para o Sociali smo (FREPASO). Entretanto, poucos dias antes elas eleições, a problemática cio aborto voltou à tona, ocupando a primeira página de todos os jornais do país. N esse contexto, um grupo ele estudantes universitários e jovens profissionais, reunidos no Centro Cullural Reconquista, publicou uma importante declaração no dia 2 1 ele outubro último, r10 conhecido diário " La Nación" (v ide fa c-simile, abai xo, à esquerda) . Tal g rupo também promoveu uma ca mpanha de di stribuição de volantes nas vias públi cas pedindo aos cand idatos qu e defini ssem c lara mente suas posições no tocante ao aborto e ao chamacio "casamento " homossex uSOLICITADA al. Dessa forma, o Centro Cu/. 16 a los candidatos: Un pedido de deflmC n • . to" homosexual fu rai Reconquista contribuiu Aborto y "casam1en asombroso vado de forteme nte para qu e a opin ião Ante una campuí\n elc~1orn\ cur:~~1 por quié1~-~:~ pública argentina fosse alertada \deas, incont11bles a.rgcnt~nos se_~enlificados coo ninguna de \as cm1 ' • tar pucs, en rigor. no se s,cnten' qu anto a esses tema s, de dec ituras. . candidMOS alln no se han ex· ticli\ari\leote, que los \ futuro de '" fü~ siva importância para o f uturo A c\\ocontribui )'~d:;:obre dos tenrns cruclale.-s ptllr::o'' entre pnrcjos presado con e an I Uumado "cl\sam e . da nação irmã.

~::1::i~;:;;cjidod

mmn argentina: el i,borto y e homoscxul\\(:S,

.

rsonnles de los candid_atos,

N~e:~::~•:~e~\~~~:: i:1t:~.1~::{~::i~:~:.::,•;~~:::,~~~•~B ~~•:: ~~; f6gico.s o \os intcrcs~s poHucos d organismos intcrnac1onu1cs. r lo demâs. la fugllz discuslón

.

1 . borto ces6 brusc11 ! confu• como indicauva _de ln

1:~sobr::n:iaron ~s;;r;;t'F~~~1t:, la R·l,a, p~c~~l:~~~:;,~~e~: . poderosas corrientcs a os Aires 1

:;mente, circ~

1

';:

"bucna sucrte evidencia ln ~;~s,:t:~:d;, la Legishtlu~a de ;;:;e~:~ó!e:c~;:nsablc". ,\tluni.o, c01" de Salud Rcproduct1va ~ . impu\san la Ley ectos de naturaleza sm11l ar. n· entre otros tantos proy Mcijide , que en 1994 prese En'cse sentido. ln Sra. Gn1cida ::~~;~:dos que despenalizo el abOT· tó un proyecto en tu c,mRrR .. to evita hablar dei tema... . ue el aborto es un d~· • ntidad Juan Pablo 11 c11sei'la q á .amás haccr Hc1Ahora bien , Su Sa .. e "ni11 guna ley dei 111undo podr J• excomunión sorden moral ~rn.vev·qu .. 62). Quicn lo praclica incurrc lcn Canónico. C. .. ("EvMgchum itac • , • a (Código de Dercc 10 • d to . . desde que cono1.c,1la pen edcn \'otnr eu favor e automâucn co;1sccucncia, los católicos ~o p:cl aborto y debcn cxigiri '398). En . fa"orezclm h\ lcgallzoc1ón I a cn ese sentido si re. de 00 aprobar tey a gun canclldatos que les a todos un co1nprormso su\taran clcctos. 1 Alianzn han manifestado que l diversos diputndos de n ·ento'' e11tre homose -

N ão escapou à observação cios mais argutos anali stas políticos que, ao se desvendar a posição abortista de· Graciela Fernandez M eijicle, ca ndidata da A liança ao govern o ela Província de Buenos Aires, a m ais importante da Argenti na, obteve-se uma das causas decisivas ele sua surpreendente derrota eleitoral. ♦

• • • • • • • • • • • • •

• • • • • • • •

• • • • • •

• • • • • • • • • • •

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

• •

• • • • • • • • • • •

BREVES RELIGIOSAS L Nossa Senhora de

Nazaré atrai 1,5 milhão de pessoas Realizada há 207 anos em Belém do Pará, a procissão do Círio de Nossa Senhora de Nazaré atraiu neste ano a impressionante cifra de um milhão e meio de pessoas. O ponto alto das festividades foi a procissão do domingo, 1O de outubro último, com o traslado da Imagem da Padroeira do Pará, que durou mais de seis horas . L Jacinta e Francisco

serão beatificados Mons . Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo da Diocese de LeiriaFátima, 1;1nunciou em 13 de outubro último, que os pastorinhos videntes de Fátima, Francisco e Jacinta Marto, serão beatificados numa cerimônia na Praça de São Pedro, em 9 de abril do próximo ano . L Jovens peregrinam

na Argentina Saindo do Santuário de São Caetano, em Buenos Aires, milhares de jovens peregrinos, tendo à frente uma imagem da Virgem Maria, dirigiram-se no sábado, 2 de outubro, à Basílica da Padroeira da Argentina, Nossa Senhora de Luján. Chegaram aí no domingo, depois de percorrerem 70 quilômetros a pé . Observadores calcularam em torno de um milhão de jovens os participantes da 25ª peregrinação a Luján, considerada um dos acontecimentos religiosos mais populares do país.

• CATO LIC IS MO

Dezembro de t 999

9


BLASFÊMIA são independentes, e, portanto, podem deixar de apresenta r os film es que não lhes conven ham por qualquer motivo.

''I•'

Crescem reações às blasfêmias d o f iIme Dogma li

,, ---==Err=1esto-=---=:c.: =-=--=-= Buri= ni Especial para Catolicismo

da França

TFPs do Brasil, Estados Unidos e França organizaram e m seus respectivos países campan has de protestos, reparação e esclarec i me nta da opinião pública a respeito do fi lme "Dogma". Com os atos públicos apresentados a seguir, interpretam a justa indi g nação de incontáveis cató licos, que não se resignam a permanecer indifere ntes e nquanto sua Santa Re li g ião é ag red id a impunemente pe la blasfêmi a e pela pornografia. As repercussões no Bras il, temolas not iciado em vári as ed ições na seção TFPs em ação. E is a lgumas repercussões da campanha efetuada por outras TFPs e associações co- irm ãs : • Estados Unidos Já faz muito tempo que a marca Disney não corresponde mais à ve lha idéia de filmes e desenhos an imados para o púb lico infantil, e m qu e um

TFPs do Brasil, Estados Unidos e França iniciaram campanha que sensibiliza e move retamente as consciências na opinião católica. Três meses depois, outras entidades seguem seus passos. Paris - Para compreender me lhor o desenvo lvimento dessa campanha em curso, tracemos um rápido perfil dos protagoni stas desta hi stó ri a real: Kevin Smith - é o f ac totum do film e " Dogma": ce nari s ta, a to r, diretor; é autor do enredo e o defende em seu site na Internet; di z ser cató li co e ir de vez em qu ando à ig rej a. M as não está de acordo com "algumas coisas", e mbo ra não esc la reça qu a is. 10

e AToLIe ISMO

Desafi ante e provocador, Smjth colou na prime ira versão do film e esta advertênc ia: "A todos aqueles que es-

tão pensando em nos atacar por causa deste.filme tri vial, lembrem-se que julgar é uma tarefa reservada a Deus. Se o filme é realmente blasf emo, o próprio Deus matar-nos-á e queimaremos no inf erno. Obrigado. Desfrutem da exibição ". A produtora do filme suprimiu esse texto ao concluir a versão comercial. . . Walt Disney Company - conhecida multinacional radicada nos Estados U nido , com repu tação por sua · produções no campo do entretenimento para público fa mili ar e in fa nti l, fi lmou "Dogma" em seus estúd ios. Qualquer co mpro mi so da D is ncy co m a pornografia ou com bla fê mi as provocari a escândalo, e, portanto, seria noc ivo à imagem da em pre a. Miramax - produtora ci nematográfi ca dependente da Walt Disney Co. Através de seus diretores, os irmãos

Dezembro de 1999

H arvey e Bob Wein steio , essa e mpresa contratou com Kevin Smith a reali zação de "Dogma" . Irmãos Weinstein - diretores da Mi ra max, co mbin a ram co m Kev in Smith a film agem de "Dogma" nos estúdi os da Di sney. E mbo ra ini c ialmente tenha m di to a Smith que fizesse seu film e com total liberdade artística, alarmaram-se com o resultado e fi zeram alguns cortes. Q uando a fil m agem c hegou ao fim , o fil me fo i apresentado e m Cannes, torn ando-se ev ide nte conteúdo a ltamente bl asfe mo e agressivo, apesar dos cortes. Os irmãos We in stein resolvera m então comprar a pelíc ul a a título pessoal, para resguardar as marcas Di sney/ M iramax da inevitável indi gnação dos católicos de tódo o mundo. Distribuidoras locais - são as fi rmas q ue têm co ntrato co m uma multinac ional como a Di sney para a ex ibição de filmes e m dete rminada área, como o B rasil. As di stri bui doras

va loroso prínc ipe despertava a princesa que fôra adormec ida por obra de um fe itiço em seu castelo de sonhos. Desde 1968 a Disney introd uziu , e m seus fi lmes de desenhos animados do Pato Dona ld, te m as d a Plann ed

Parenthood Federation of Ame rica, uma orga ni zação que pro move a limi tação da natalidade em países do Terce iro M undo através de métodos os ma is d iversos e rep rováveis. A TFP norte-ameri cana, através de sua ca mpanha A América precisa de Fátima , ed itou do is milhões de volantes de protesto contra o fi Ime "Dogma", dos quais 800 mil fo ram d istribuídos (em poucos dias) po r seus colaboradores. M ui tas pessoas, ao tomar conhecimento da campanha, ofereceram-se como voluntários para d istribuir tais folhetos e partic ipar de mani fes tações públi cas contra o film e em frente a cinemas onde se pretendia projetá-lo. Ao mesmo tempo em que os responsáveis pelo famigerado fi lme iam tentando di luir sua responsabilidade, cres-

ciam os protestos - legais, mas muito fi rmes - cios parti cipantes da campanha. Em seu site Internet News Askew, Kevin Smith procurava defender-se di zendo que "Dogma" estava sendo atacado por quem não o tinha visto, sem escl arecer que o roteiro do filme havia sido publicado na íntegra na Internet. Os prime iros protestos revelaramse de uma efi các ia fulmin ante: a fili al da Di sney, Miramax, sa iu apressadamente do jogo medi ante a venda do film e . .. a seus diretores, os irmãos We instein , pela qu anti a de I Omilhões de dó lares. Estes, servindo-se sem di sfa rces d a o rga ni zação Di s ne y/ Miram ax (o que põe e m questão a autenticidade da venda), apresentaram o film e no fes tiva l de Cannes e promovera m a sua di stribui ção. Os advogados dos irm ãos Weinste in tentaram di ssuadir, sem êx ito, o desenvo lvimento eficaz da campanha A América precisa de Fátima contra o filme. E m sua edi ção de 2 de julho de

Acima e à esquerda: manifestação de protesto promovida diante do Lincoln Center, em Npva York, por ocasião da estréia do filme

À direita: durante a manifestação, o Arcebispo Auxiliar de Nova York, D. Francisco Garmendia, dirige a palavra aos manifestantes

eATOLIeISMO

Dezembro de 1999

1 1


1999, a re vi s ta " Tim e'\ co loca v a

"Dogma" e ntre os film es vi o le ntos. No mesmo mês, Kevin Smith e os irmão s Weinste in e ncontra ram um di stribuid o r para o film e nos Estad os Unid os, firm a nd o co ntrato c o m a Lions Gate, uma e mpresa que os info rm es co m e rc ia is a prese ntav a m com o estando à be ira da bancarrota . E m agos to, confirmo u-se a esco lha da Lions Gate co mo di stribuido r local. A data de estréia de " Dogma" fo i marcada para 15 de o utubro, m as sem maiores explicações fo i adi ada para 12 de novembro .

E ntreta nto, no di a 4 de nove mbro de 1999 o fi lme fo i apresentado, fora do c irc uito co me rc ial , no Linco ln Center, e m M anhatta n. A T FP norteame ricana convidou e ntão seus 65.000 simpati zantes reside ntes num ra io de 200 milh as ( p o uco m a is d e 3 00 quilô me tros) de No va Yo rk a participar de um ato de pro testo . E m 7 d e n o ve mb ro, sóc ios e cooperadores da entidade di stribuíram mais 35 .000 folhetos informando sobre as blasfêmias anticató licas co ntidas no filme e convidando o público para um ato de re púdio a tal espetác ulo . M ais tarde, a distribuição de folhetos chegou a quatro milhões de exemplares.

• França E m junho de 1999, a TFP fra ncesa e nvio u cartas a 5 3.000 dos pa rtic ipantes mais ativos de s uas ca mpanhas, concl a ma ndo-os a erg uer uma ba rre ira eficaz co ntra o film e e m questão. S ua pro pos ta era m andar um cartão p osta l d e protesto à fili a l fra ncesa d a Di s ney (por esta r na o ri gem do filme) e o utra à BAC Filmes e nqu a nto di stribuidora na França e resp o n sá ve l p e la ap r ese nt ação d e Os boletins da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! (à esquerda), de OANF (à esquerda, abaixo) e da TFP francesa (abaixo), criticam o filme blasfemo

,...~.:~,lo."' Só•

e,iuJll~:.d;:1:.~

=~

)li

t.,..i,»u:;:::. :';~~:;:,'

;::;::::~.:~" o,

ampagne de r contre le fi/rn P otestation b/asphérnatoi

e~--"','':':'::.·~"''

12

eATOLIeISMO

Dezembro de 1999

O admirável nascimento de Jesus Cristo

" Dogma" no fes tiva l de Cannes. A s firm es res postas d os ade re ntes levara m a TFP francesa a a m pli ar s uces siva me nte a campa nha junto a m a is 17 .000, e m a is ta rde a o utros 9 .000 parti c ipa ntes desse pro testo.

• Alemanha A DVC K (Assoc iação Al em ã Pró C ivili zação C ri stã) di stribuiu 34.000 c upo ns de re púdio e protesto contra a ex ibi ção de " Dogma" em territó rio a le mão. H á motivos pa ra prever uma reação negativa d a fili a l da Disney no país, a qua l j á deve ter recebido cerca de 20 .000 ma nifes tações de pro testo . P or o utro lado, a legislação ale mã não admite a censura prévia e m matéria cinematográfi ca. E m conseqüênc ia, a DVCK está estudando, no plano jurídico, recorre r a uma lei que pro tege contra a bl asfê mi a, nos casos e m que esta ocas ione ou possa ocasio nar proble mas sociais. E xi stindo jurisprudê ncia clara nesse sentido, há boas possibilidades de que tenha êxito uma ação cautelar apresentada no mo me nto e m que a exibição for anunciada. E nqu anto isso, continuam a chegar cartas de apo io dos participantes da campanha.

• Argentina A Fundación Argentina d e l Maíiana e nv io u rece nte m e nte um a car ta expli cativa a seus correspo nde ntes, in fo rm a ndo-os so b re o fi lm e "Dogrna", de c uja existê ncia a im pren a local a inda não havi a tratado. Es a ini c iativa suscito u imediatame nte um movime nto influente no sentido de evitar a importação d o film e para a Argentin a, com base no direito e leme ntar - espec ialme nte dos católicos, que re presentam a es magad ora maio ri a d a nação argentina - de sere m protegidos co ntra uma ag re ão à s ua c re nça e co nvi cção re li g iosa. Do is B ispos ade ri ra m de imed iato a essa ini ciati va. També m a Aso iación ivil Fátima la Gran Esperanza stá promovendo uma campanh a o nlra o referido filme e a Disney A ,;í! •111ina , que o patrocin a nesse país, alniv s d· cupons de protesto q u , os ud ·r •nt 'S daquela associação r 111 ' I ' m l\ pa troc inadora. ♦

Os Padres João Pedro Pinamonti e Ca rl os Gregóri o Ros igno li foram dois notáveis jesuítas qu e viveram na ltá1ia no séc u lo XVII , fa lecendo no iníc io do XVIII. A fa mados orado res sac ros e profícuos mi ss ionári os, como bons di scípul os de Sa nto Inácio de Loyo la, empenh aram-se na pregação

~P-iritual

dos fa mosos Exercícios Espirituais, de autori a do fund ador da Co mpanhi a de Jesus. Com esse fim , o primeiro esc reveu um livro de meditação pa ra reli giosas, que depo is ampli ou, apli ca ndo-o aos sec u lares. E o segund o esc reveu as leituras es piritu ais co rrespondentes a cada um dos Exercíc ios. É dessas matéri as qu e extraímos a págin a de leitura esp iritu al, alu siva ao Santo N ata l, que hoje apresentamos ao leito r.

Tradicional presépio artesanal italiano do séc. XVIII

O

nascimento do Sa lvado r é também che io de prodíg ios de amor; e a sua primeira entrada no mundo O mostra piíss imo am ante dos homens. Podi a muito be m Ele vir com comodidades e pompas, e m di a so leníssimo; esco lher uma corte mag nífica, j azer em preciosíssimo berço, envo lto em finíssimas roupas; e co m isto te ri a també m d ado cla ríss im os sin a is do se u amo r; po rque tudo seri a semp re muito in fe ri o r à M aj es ta d e d e um D e us humanado. Porém, não fica ria sati sfeito o infinito amor de Jes us se não chegasse aos últimos excessos. Sabi a que um grande amo r se faz ve r na humildade e na paciênc ia. M as que humildade escolheu E le no seu Nascimento? Um presépio por palác io, uma manjedoura po r berço, umas pa lh as po r le ito, un s vi s anima is por cortesãos. Que m não se sente e nternecer ante aque las palavras do E va ngelho: ln pro-

pria venit; et sui eum non receperunt ? Veio à c idade de Be lém que era a sua, e os seus não O recebe ram, de onde fo i obri gado a me ndigar dos brutos a hospita lidade que L he negaram os ho mens. Ó que prod íg io de humildade ! Admira-se como um excesso de humildad e aqu e la d e Sa nto Al e ixo, se nh o r no bilíss im o, que fo i desconhec ido à própri a casa a pedir a seu pa i a lg um lugar e m que reco lhe r-se; e sendo reco lhido num vil ca ntinh o do seu pa lác io, recebe u po r ta ntos anos de seus mesmos c ri ados a es mo la dum pouco de pão . Se esta proeza, fe ita por um ho me m por a mor de Deus, foi de tão grande ad miração, que será uma tanto ma io r, fe ita po r De us por a mo r aos ho mens? Q ue pas mo ! que entre Deus neste mun do, casa sua, e não ache outro lu gar mais que uma vilíss ima lapa, e sej a necess itado a valer-se da pi edade dos brutos para L he mo de rare m , co m o

bafo, o rigor do fr io, em lugar dos serafin s que no Cé u L he ace nde m o tro no com amorosas chamas ! .... E com que re médi o se poderá cura r a soberba do homem, se co m a humil dade do F ilho de Deus se não abate? Co m que poderá sarar da avareza, se com a pobreza do presépi o se não mode ra? Co m que se poderá ex ting uir a concupi scênc ia dos gos tos se nsua is, se não se reprime, vendo que Deus Meni no logo no seu nasc imento começa a afli g ir co m ta nt as as pe rezas o se u de licadíss imo e santíssimo corpo? Acabe, po is, ó homem, de entender que agora o abatimento é exaltação, a pobreza é riquíss im a, e as pe na lid ad es são deli c ios íss imas. ♦

(Exercícios de Santo Inácio e Leituras Espirituais, Pinamonti , S.J. , Rosigno li , S .J ., Livrari a Aposto lado da Im prensa, Po rto, J 953, pp. 330 e ss.)

e AT OLIe ISMO

Dezembro de 1999

13


NATAL

pinheiros iluminados, bordejadas pela festiva decoração externa das casas comerciai s e igualmente inundadas por melodias natalinas, tocadas ou cantadas por pequenos grupos de músicos e cantores. Quando tudo isso merece a graça de ser coberto com um alvíss imo manto de neve - um gracioso dom divino de inocência - a visão sente-se transferida para um conto de fadas. Mas o centro de tudo é constituído

Frankfurt - Todas as c idades da A lemanha, grandes e pequenas, começam as preparações para a grande e sagrada fes ta do Natal , a mai s popular e fa mili ar entre os alemães. Preparação não signifi ca ape nas trabalho, limpeza, arrumação, compras. A nota dominante das semanas que antecede m a comemoração do nasc imento do D ivino Sa lvador é a formação de um clima, de um ambiente, que vi sa introdu zir as pessoas, a população inteira, numa crescente ex pectativa em vista da "vinda " do Menino Jesus, que está próxima. É propriame nte a ex pressão do tempo do Advento, em que a Ig reja se cobre de paramentos roxos para, em espírito de penitênc ia, ir de e ncontro ao esperançoso e fe li z dia do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cri sto. 14

C AT O L IC ISMO

Clima natalino invade toda a Alemanha Nem mesmo na moderna metrópo le finan ce ira e banc; ,ria da Ale manh a, a cidade d Frankfu rt, às margens lo rio Main , o ambi nte e pr grama nata linos de ixam de dar a nota. Nas quatro se manas que antecedem o Nata l, o ambi ente nas casas comercia is, grandes magazines e supermercados muda compl eta. me nte. A música ambi e nte, antes febri c itante e vul gar, passa a emi tir exc lu sivamente melod ias trad icionais natalinas, transmitindo uma atmosfera de aconchego, de doçura e fe li c idade. Não é raro encontrar pessoa cantando baixinho, acompanhando a melodi a, enquanto escolhem os objetos que desej am comprar. O mes mo se sente ao passear pe las ruas e praças públicas ornadas por inúmeros

Dezembro de 1999

pe la Fe ira de Natal, montada em fre nte à prefeitura, o hi stórico pal ác io denom inado "Rõmer"; na mesma praça em que outrora o povo festejava a coroação dos Imperadores do Sacro Império Romano Alemão.

Árvore de Natal de 30 metros A feira é so lenemente abe rta com o "acendam-se as luzes" no fim da tarde da sexta-feira que precede ao primeiro domingo do Adve nto. A essa ordem, dada pelo burgomestre da cidade, ladeado pelo cônsul-geral da Noruega - que tradicionalmente fa z vir, todos os anos, um a á rvore de Natal de quase trinta metros de altura, doada pelo povo norueguês à cidade de Frankfurt - , toda a decoração e a imensa árvore de Natal se ilumin am. Conj un tos in strumentais e vocais começam a apresentar músicas de Advento e Natal.

Sinos, canções e trompetes No sábado que antecede o primeiro domingo do Advento, todas as igrejas do cenb·o, em número de onze, fazem repicar os seus sinos durante meia hora, para anunciar o começo da época natalina. Um passeio pela cidade nessa ocasião é um acontec imento. É a rea lização do que diz uma linda canção de Nàtal alemã: "Nunca os sinos dobram com mais doçura do que no tempo do Natal; é corno se os anjos voltassem a cantai; como fizeram na sacrossanta noite de outrora, a glória de Deus e a.felicidade dos homens. Ó sinos, espalhai pelas vastidões da Terra o vosso sagrado som".

Duas vezes por sema na, do a lto da torre de uma ig reja, trompete iros saúdam os visitantes da fe ira, tocando melodias própri as da é poca. São Nicolau virá no dia 6 de dezembro para sa udar e presentear as crianças de Frankfurt. No dia 7, todos, g randes e pequenos, se re únem na fe ira para , ao cair data rde, entoarem juntos as tradicionais canções de Natal , sob a orientação de um famoso rege nte. No ano passado, parti c iparam desse encontro quatro mil pessoas. É um es petác ul o emocio nante e di gno pe lo cultivo público de um a tradição secular.

Feiras de Natal: tradição medieval A origem das Feiras de Natal remonta à Idade Média, quando os camponeses e artesãos do interior vinham às cidades oferecer seus objetos de decoração natalina, arti gos pa ra presentes e guloseimas típi cos, como pães de mel, pães de frutas e biscoitos, cujo aroma é caracteristicamente natalino. Adultos e crianças têm ocasião para degustar o mundo da inocê nci a que a festa do nascimento do Menino Jesus irradi a. Mais de um milhão e me io de pessoas vi sitaram, no ano passado, a Feira de Natal em Fra nkfurt. Até o dia 22 de dezembro as luzes da fe ira estarão iluminando o centro da c idade, quando então, do balcão da hi stórica prefeitura, o Menino Jesus desejará a todos um santo e abençoado Natal e o burgomestre dará a ordem de "apaguem-se as luzes". ♦

e ATO LIe ISMO

Dezembro de 1999

15


DISCERNINDO, DISTINGUINDO, CLASSIFICANDO

~o Brasil, a China e a mula-sem-cabeça Antes de ser rasgada a Cortina de Ferro e cair de podre o Muro de Berlim, era costume da mídia apresentar a Rússia Soviética como uma superpotência, comparável aos Estados Unidos. Hoje a miragem é a China. Bilhões de dólares para um país que não respeita os mais elementares direitos divinos e humanos. E é lá que o Brasil foi lançar um satélite! C.A. s a implosão 1da anti ga Uni ão Soiética e de fÍcar à mostra toda a sua fragilidade, viu-se o ridículo de a mídia tê-la apresentado como grande potência. Por que ocorreu isso? Para tal fa to, nunca e ap resentou uma ex pli cação. A partir daí, simpl esmente a mídi a deu o di to por não d ito e a vida continuou. Afinal, acobertado pela liberdade de imprensa, o macro-capitali smo publi c itári o pode dizer o que qui ser e bem entender sem dar sati sfação a ninguém. Agora a moda mudou. O incenso não é mais lançado sobre a Rúss ia; o novo totem é a C hina, também ela comuni sta. Aos incensado res não interessa saber que entre os chineses não há liberdade de impre nsa, que não se respe itam os direitos humanos. Também não inte ressa a eles que a tão decantada produção chinesa se baseia principa lmente no trabalho escravo o u semi -esc ravo. Essas coisas só são horríve is quando ocorre m no Oc idente. Na China não passa m de "aspectos secundários", superáveis pelo progresso ! E os c ató li cos c hin eses fié is ao Papado continu am a ser pe rseguidos, encarcerados, torturados. Su a fid e lidade de mártires e moc iona . A ta l po nto vai sua fide lidade, qu e o regim e co nve nceu-se que só a persegui ção não resolvia. C ri o u então, por co nta própri a, um d e riv a tiv o pa ra co nvid á- los a apostatar da fé verdade ira sem muita dor de consc iê nc ia. Trata-se de um a "igreja", rotul ada de "Patriótica", que macaqueia os ritos e cerimôni as da Igreja Cató li ca e fi ca à di spos ição dos que 16

C AT O LI

e

ISMO

quisere m rif'a r o Papado. Ela te m pl eno apo io do Governo.

Os sapos, o desemprego e o Saci-1 N ão é apenas a mídi a que se empenha nessa estra nh a torcida para que o comuni smo aca be afin al por dar certo em a lgum lugar do mundo, depo is de

O Presidente chinês, Jiang, recebido amistosamente em todo o Ocidente pelos sapos, consegue dinheiro e investimentos

ta ntos fracassos. Há mui to e mpresári o - e dos grandes ! - que canali za bilhões de dó lares para te ntar faze r co m que a C hin a comuni sta não des mo nte sob o peso do to talitari smo. São aq ueles que o Prof. Plíni o Corrêa de O li veira pito rescamente chamava de sapos. No Brasil , por exemplo, evita-se cuidadosamente comentar que a enxurrada de importados vindos da China comunista arrasa setores ela inclústri a nacional, gerando desemprego no Pa ís. Pois, como

Dezembro dé

t 999

pode o pequeno industria l brasileiro obrigado a seguir à ri sca uma legislação trabalhi sta draconi ana e freqüentemente vo ltada contra o patrão - competir com a produção chinesa, alicerçada na mãode-obra baratinha cio trabalho escravo, ou pago com sa lári os ele fo me nas empresas "capitalistas" ox igenadas com inversões estra ngeiras de dólares? E por fa lar nisso, como não estranhar que o Brasil tenha escolhido logo a C hina como parceira para lançar um satéli te ao espaço? Pelo menos para um leigo no assunto, tudo desaconselharia essa inusitada parceria: situa-se cio outTO lado do mundo; as técnicas comunistas não costumam funcionar; não há afini dades entre os dois países, tanto religiosas, quanto culturais, lingi.i ísticas, ou ele qualquer espécie ... A mídi a, q ue ta nto preza o chamado jorna li smo investigativo, contudo fi ngiu não notar o abs urdo dessa colaboração, e não de u nenhu ma explicação sobre o porquê dessas mãos dadas com o gigante amarelo. Foi obri gada, entretanto, a noticiar pouco de po is que o satélite não fun cionou. E o tal ele Saci- / (nome cio saté li te) ganhou, muito bras il e iramente, um ape lido: mul a-sem-cabeça.

Sorvedouro para empresas ocidentais: fuga de capitais Por onde quer que passe no Oc ide nte, Ji ang reúne-se ami stosamente com e mpresári os, os fa mosos sapos, ev identeme nte para conseguir dinheiro e investimentos. Mesmo porque, j á há a lgu m tempo o peso acabrunhado r do reg ime com uni sta se faz sentir sobre os e mpresários

Operários desempregados exibem suas habilidades, em cartazes no Mercado de Trabalho da cidade de Xingxing

que aco rrera m à C hin a. F ica m e les enrolados em burocrac ias, suje itos a regulamentos estata is mutáve is e esmagados po r rivais domésti cos que não sofrem os mes mos tipos de restrições. Ademais, apesar ela popul ação numerosa, o mercado interno é red uzido, dev ido à pobreza generali zada. Ta nto ass im que vári as mul tin ac io nais, depois de se cansarem de perder dinheiro, fi zeram as malas e tra nspu sera m ele vo lta a mu ra lha chinesa rumo a lugares menos inósp itos. Já pulara m fo ra di versas empresas como a Caterpillar lnc. e a Whirlpool Corp. (que no Bras il contro la a Brasmotor). O influ xo de capital estrangeiro na C hina está cain do: de cerca de 40 bi lhões de dólares em 1998 para 27 bilhões este ano, info rma o co nceituado " Wall Street Journa l" . O utras, porém, teimam em prosseguir, como a General Motors Co rp. e a Motorola Inc.

Macau, Tibete, Taiwan: três marcos da tirania vermelha Ji ang recebeu cio governo português a garantia ele que Macau - a ve lh a e simpáti ca Maca u lu sitana, cantada pelos poetas, onde esteve São F ranc isco Xavi er - ser-lhe-á defini tivamente entreg ue este mês para incorporar-se ao do míni o verme lho.

Mas o dragão amare lo é insac iável. Mantém o Tibete sob suas garras, apesa r el as ma ni fes tações contrári as el e tibetanos por todo o mun do, e já fa la abe rta me nte em aboca nha r Ta iwan, a qua l considera uma simpl es provínc ia.

Eliminação de meninas, venda de mulheres, execuções extra-judiciais O regime continua eliminando as crianças, quando não consegue im pedir que e las nasçam! O prêmi o Nobe l ele Economi a, Amartya Sem, ca lcul a em mais ele 50 milhões de mulheres e liminadas na Chin a, abortadas ou afogadas por causa ela po lítica cio filho único imposta pe lo regime comuni sta, desde 1980. A ter um só filh o, os chineses preferem que e le seja home m, e matam as menin as . Essa políti ca monstruosa -

que parece não incomodar as fe mini stas oc ide ntais - estimula o ra pto ele mulheres para serem vendidas a homens que não encontra m esposas, e torna a prosti tui ção um negócio rendoso, não obstante a di sseminação ele doenças venéreas. Mais ainda, ca lcul a-se e ntre 20 e 50 milhões os chineses que morreram de fom e entre 1959 e 196 1, sob o tacão comuni sta ele M ao. E a Revo lução C ultural - 1966 a 1976 - , qu antos matou, torturou ou levou ao suicídi o? O que fa ziam e ntão os atuais membros cio governo comuni sta chinês? O que fa zem agora? Não ! Essas perguntas incômodas não elevem ser levantadas. A própri a Ani sti a Internac ional, tão insuspeita quando se trata ele criticar a esquerd a, ca lcul a que a C hina executa extra-judic ialmente mais pessoas cio que todo o resto cio mundo junto. Eis a ponta do iceberg, aquilo que a Anisti a consegue conhecer: 2 mil assassinatos porano.

Fortalecer hoje o inimigo de amanhã Os princ ipai s bancos chineses estão fa lidos e metade de seus empréstimos desaparecem, eleg iuticlos pe las i nclú strias estatai s, insac iáveis e inúte is. Apesar di sso, comenta a revi sta britâni ca "The Spectator", "o Ocidente continua tratando a China como grande potência". Di ante cio ex posto acima, fi ca patente que a mula-sem-cabeça não é apenas o Saci-/. É toda essa po líti ca suic ida cio Ocidente, ele fa vorecer escandalosamente um regime comuni sta - cios mais desumanos que a História registra - que é hoje o grande vi o lador ele todos os dire itos divinos e humanos. E destinado a ser seu grande inimi go ele am anhã ! ♦

Terror na festa do cinqüentenário comemorações realizadas pelos 50 anos de implantacão do comunismo na China foram feitas num clima de "nervosismo pol1c1alesco", informou o diário francês "Le Monde". O povo permaneceu alheio e amedrontado, Centenas de pessoas foram presas previamente. Por onde passou o desfile militar, todos os imóveis que margeiam a avenida ficaram inacessíveis, os escritórios fechados e sem eletricidade, a rede de celulares suspensa. Espiões por toda a parte.

A

CAT O L IC ISMO

Dezembro de 1999

17


BRASIL REAL

~

BRASIL BRASILEIRO Essa diretoria, at ua lm ente presidida pelo Sr. Sérg io Alegro, trabalha o a no inte iro em prol da p e regrinação. Fo rmaram um corpo ele auxiliares que hoj e co nsta ele c inqi.ie nta pessoas, e ntre coz inh e iros, pessoa l ele limpeza, e nferme iros, massag istas e enca rregados cios primeiros soco rros. A ro maria poss ui também diversos veículos para o trabalh o de retaguarda, qu e acompa nh a os ro me iros leva nd o todo o material ele inte nd ênc ia. Este é co mposto por: • uma carreta, qu e transporta os co lc hões e as bolsas até o loca l onde elevem pernoitar os romeiros;

Há cinqüenta anos - percorrem romeiros 280 quilômetros para venerar Nossa Senhora Aparecida Numa peregrinação que já se tornou tradicional, há quase meio século centenas de romeiros caminham os 280 quilômetros que separam Varginha, no Sul de Minas, a Aparecida do Norte, no Vale do Paraíba, para louvar a Mãe de Deus. Para isso atravessam, durante seis dias, planícies e vales, montes e prados, numa autêntica demonstração do espírito épico e religioso do nosso povo. CARLOS SüDRÉ LANNA

E

ssa romaria teve um iníc io modesto. N o ano de 1952, o jovem Júli o Posse, popular mente conhecido por Zuca, afi m de pagar uma promessa, e mpreendeu, acompanhado apenas por seu fiel cão, uma piedosa aventura: fazer uma peregrinação a pé de sua c idade até o Santu ário Nacional de Nossa Senhora Aparecida.

• um caminhão, qu e transporta os manti mentos para as refeições; • outro caminhão, que transporta todo o material de coz inha, incluindo mesas, pratos e talheres; • um tercei'ro ca minhão - chamado caminhão CTI - que tem a inc umbência ele levar os feridos e doentes; Romaria do ano 1966

• uma caminhonete, que leva água aos loca is ma is difíceis ela caminh ada;

Por desconhecer ainda o caminho, foi ele reza ndo para que a Mãe de Deus protegesse sua inic iativa. Cortando campos e matas, atravessando c idades e aldeias, perguntando aqui e acolá, chegou com sucesso a seu destino. Animado co m o êx ito da empresa, Zuca resolveu repeti-l a e m 1953, desta vez acompanh ado por um ami go . No ano seguinte o utros juntaram-se a e les, e, aos poucos, o grupo começou a engrossar. Os primeiros romeiros carregava m consigo ma ntim e ntos, ro up as, panelas e o utros obj etos numa sacola de pano às costas. O que levava esses fiéis a tão longa e penosa cam inh ada? A devoção a Nossa Senhora Apa rec ida. A seus pés, c umpriri am promessas, fariam pedidos ele graças e ta mbé m saúde para si e para os seus.

• outra cam inhonete, que leva remédios, e nfe rme iros e faz o ate ndimento e a busca cios feridos, mesmo nos pontos ele difícil acesso . Todo cató li co pode participar dessa romaria . Nela tomam parte lavradores, comerciários, fun c ionári os públi cos, profissionais libera is, so lte iros e casados, jovens e velhos. Basta ter fé e espírito de heroís mo para ir. As idades variam muito, e vai desde o mais novo parti c ipante, com o ito anos, até o mais idoso, o Sr. Z uca, agora com 75 anos. Este, ev ide ntemente, percorre parte cio trajeto a pé e parte no ca minhão. N os registros ela romari a estão in scritos, desde seu iníc io, 1500 no mes; des tes, muitos j á faleceram , e outros, pe la idade, j á dela não ma is participam. M es mo ass im , em 1999, os participantes c hegaram ao impressiona nte número ele 51 1. N a peregrinação tomam parte só ho mens, que pagam um a pequena taxa ele in scrição para ajudar o custeio das despesas. Feita a in sc ri ção, são entregues aos romeiros duas cami setas e uma etiqueta de identifi cação para estes seguirem todos uni fo rmizados na ca mi nhada. Recebem também indicações sob re o percurso e os loca is de parada.

Estrutura-se a romaria

ROMARIA A

DE VRRGINH R ' ~ A RPRREC/OR 00 NORTE

C rescendo sempre o número ele rome iro s, fo i necessá ri o estruturar-se melhor a ro mari a para seu bom funcionamento. Em J987 Z uca constituiu um a comi ssão para orga ni zá- la, com um a diretoria com presidente, vice-presi dente e onze diretores . A e les incumbiri a tudo providenciar, até os mínimos pormenores, pois o número de romeiros e levou-se a centenas.

Através de prados e montes, colinas e vales A Romaria sa i de Varg inha na sexta-feira anteri or à Semana Santa, chegando a Aparecida cio No rte na Quarta-feira Santa, perfazendo ass im seis dias ele caminhada em louvor a Nossa Senhora Aparecida. No dia da partida da romaria , a Santa Missa é celebrada às c inco horas da manhã, na qual supli ca-se à Mãe de Deus proteção para os rome iros. A ca minh ada é emp reend id a tendo e m vista cortar cami nho at ravés cio mato, em meio a planícies, montanhas , estradas ele terra e picadas o nde todos passam reza ndo e rogando a Nossa Senh o ra a proteção co ntra mo rdidas ele cobras, aranhas e esco rpi ões, muito comuns na reg ião. É muito raro haver desistência durante o percurso. Gera lmente todos os que saem ele Yarginha chega m a Aparecida, mesmo que seja no caminhão cios fe ridos (o CTC).

A Romaria nas ruas de Guaratinguetá

1 - Descansando na beira de 'um lago na Serra da M antiqueira 2 - Caminh~o (CTI) 3 - Pernoite num ginásio de Cambuquira-MG

19


,

Epol)éia e Fé Entrevista de um peregrino

Catolicismo entrevistou o Sr. Fabiano Pereira Arantes, que participou da romaria nos últimos três anos. Eis seu relato do dia-a-dia da peregrinação deste ano de 1999

"No primeiro dia, saímos de Varginha com muito entu siasmo e alegria . A partida deu -se por volta das sete horas da manhã. Tomamos um lanc he pelo cami nho, e só paramos às 1 7 hora s, na c idade de Cambuquira . Lá jantamo s e pernoitamos num ginásio de espo rtes. "No segundo dia, o corpo já esta v a dolo rido devido ao cansaço do dia anterior, mas reiniciamos a cam inh ada às duas horas d a madrugada. Fi ze mo s um a rápida parada a fim de almoçar na c id ade de Olímpio Noro nha . Foram servid as m arm itas, e almoçamos numa praça e imediações. Continuamos depois o cam inho até chega r, por volt a das 17 horas, à cid ade de Cristina, onde jantamos, tomamos banho e descansamos, também num ginás io de espo rtes .

Assaduras, perda de unhas, inchaço dos pés "Ao ini c iarmos a ca minh ada às duas da m an hã do terceiro dia, as pernas estavam pesadas, as bolhas nos pés eram muitas, e a m aioria dos romeiros já tinha assa dura s e cãibras. Algun s começa ram a perder as unh as, que se descolavam devido ao inch aço dos pés. Paramo s para almoça r na cidade de Rio Claro, onde comemos na porta de um a igrej a e nos passe ios em sua volta. Depo is de outra cam inhada, chegamos a De lfim Moreira, última cidade de Min as Gerais no trajeto, onde jantamos, tomamos ba nh o, e descansamos no ga lp ão de uma fábrica aba ndon ada .

Diretoria da Romaria. No círculo, o Sr. Zuca, fundador da Romaria.

20

C AT O L I

e

ISMO

Dezembro de 1999

Com a palavra ... o Diretor , ---"No quarto dia, levanta mo-nos às cin co horas da manh ã e fomos em procissão pelas ru as da cidade, rumo à igreja matriz, onde ass istimos Missa. Depois continuamos a peregrinação, subindo e descendo a Serra da Mantiqueira . Almo ça mos no sopé da serra, já do lado do Estado de São Pau lo, onde foi montada a cozinha. Antes to mamos banho em uma cachoeira de águas c ristalinas e geladas qu e desce da serra. Depois da refei ção, continuamos a percorrer a estrada até c hegarmos , por volta d as 18 horas, a Piqu ete, onde jantamos, toma mos outro banho e descansamos no ginásio de esportes de um a escola. "Saímos de Piquete, no quinto dia de viagem, às duas da m adrugada. Nossos pés, c heio de bolhas, sangravam, e sentíamos ínguas , assaduras, inch aços e dores musculares. Caminhamos mais lentamente por um longo trecho de asfalto que parecia não ter fim, até que, por volta das 14 horas , chegamos à cidade de Guaratinguetá , onde tomamo s banho e descansamos num galpão do parque de expos ições da cidade. Nesse dia, vi eram de Aparecida três sacerdote s para atender às conf issões dos romeiros. A Missa foi ce lebrada no galpão. Depois dela, jantamos e dormimos, ago ra mais entusiasmados por estarmos quase chegando .

Confraternizacão, emocão e propósito dé voltar , "No último dia, partimos em procissão do parqu e de expos ições às três horas da madrugad a , reza ndo e cant ando . Por volt a das oito hora s, c hega mos a Apare cida. Até então não havíamos avistado a igreja . Foi de repente, virando um a esqu in a, que saímos bem em frente à Basílica, e a emoção tomou conta dos romeiros. Uns choravam , outros cantavam, rezavam e agradeciam a Nossa Senhora por terem conseguido che gar até lá. "Na porta da Bas ílic a encontramos uma multidão de familiares e am igos , que nos espe ravam . Houve um a confraternização cheia de emoção, alegria e muit a fé. Eles foram de ônibus ou ca rro para no s levar de volta para o nosso Sul de Min as. "Ao chegarmos em casa, uma só co isa nos enchia o coração: era já a saudade da romaria, do esforço empreendido, dos sofrimentos suportados, e o propósito de esta r novam ente , no ano próximo, junto à nossa M ãe, Nossa Senhora de Conce ição Apar ecida".

-------~-

-

-

Prezado leitor, Qual o nosso lu gar junto a Jesus Menino? Uma reflexão a respeito do Natal já é tradição em nossa revi sta. Mante ndo esse costume, a presente edi ção oferece ao amigo leitor uma das mais tocantes meditações escritas pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Com seu est il o lógico e preci so, o fundador da TFP lembra que os Reis Magos foram chamados ao Presépio represen!ando o topo da ordem soc ial de então ; e fora m convidados também os pastores, pertencentes a uma classe soc ial modesta. De um extremo a outro na escal a soc ial! Há lugar para todos, independe nte de sua grandeza, poder ou cultura . Afinal , nem os Reis Magos precisaram di sfarça r sua riqueza, nem os pasto res tiveram receio de externar sua condi ção social humilde, quando se apresentaram ao Divino Redentor. Segu indo essa mesma linh a de raciocínio, e aproveitando o ensejo, parece oportuno apresentar algumas refl exões sobre o papel desempenh ado por Catolicismo em face do imenso esforço apostólico a ser realizado e m nosso País. A ex istência de revi stas de in spiração cató lica pode gerar frutos semelhantes aos presentes ofertados pelos Reis Magos : aos olhos de Deus, algumas terão valor de ouro ou então serão perfumadas como o ince nso; a contribuição oferec ida por nossa linha editorial, co ntudo, pode comparar-se à mirra. Res ina de sabor amargo e odor sóbri o, a mirra tradicionalmente simboli za o so frim ento. E o sofrim ento própri o de um jornalista cató lico é apresentar a verdade e m opos ição ao erro, o que significa deixar clarame nte à mostra a opos ição ex istente entre as coisas que são antagô ni cas. Seja o vosso fa lar "sim, sim; não, não ", e nsina Nosso Sen hor no Evangelho. Tal princípi o denominase, no estudo da Lógica, Princípio de Contradição. In fe re-se do Princípio de Con tradição que o que é verdade, é verdade; o que é erro, é erro. O que é bom , é bom; o que é mau , é ma u. Que m gostar da verdade e do bem, deve detestar o que é e rrôneo e mau. Se o leitor julga que esse enunciado é obv io demai s para ser questi onado, leia qualquer dos jornais e revi stas disponíveis no mercado ed itori al. Ou ça o noticiário nas rádios ou nas TVs. E verá que a civilização conte mporânea, ele longa data, padece de um grande mal : gosta por vezes do que é bom, e ao mesmo tempo não detesta o que é mau ... Que estejam próximos - é nosso ardente desejo - os di as em que isso mude ! E Catolicismo, co m o seu apoio, vai continuar trabalhando nesse sentido. Boa refl exão, um Santo Natal e um Ano Novo repleto de bênçãos celesti ais são os votos de todos os co laboradores de Catolicismo , que ass ume m aq ui o comprom isso de, se assim o di spuser a Providência, entrar no ano 2000 com o desejo maior do que nun ca ele lhe oferecer o mais excelente em matéria de revista para a fa míli a católi ca. Preços da assinatura anual para o mês de DEZEMBRO de 1999:

E m Jesus e M ari a .

9:~o7

Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: _Exemplar avulso:

DIRETOR

eAToLIeISMO

Dezembro de 1999

21


t.

E6ES rAP0\S c lNSVLE M\'NEf\A Offf!UT I\.E6t 5 AR}$'-J 7SABBADONA At)VCET .PS. LtXI...e: _,.._

-

Li

••

t.

t.

t •

t •

t •

t •

• t.

---



Por ocasião das festas natalinas era hábito, no amb iente da TFP, ped ir ao Prof . Plínio Corrêa de Ol iveira que comentasse temas relacionados com o Santo Natal, nas saudosas palestras que ele fazia aos sócios e cooperadores da Entidade, quatro vezes por semana. Em dezembro de 1973, atendendo generosamente a um pedido, ele compôs duas meditações a propósito do Nascimento do Menino Jesus . Numa delas - que Catolicismo publicou em sua edição de dezembro de 1996 - o insigne pensador católico tratou -mais pormenorizadamente da grandeza e majestade do Menino-Deus. E de como nós, católicos, rezando diante de um santo presépio, poderíamos imaginar o Divino Infante imerso numa luminosa atmosfera de corte - não pobre, como de fato foi, mas um presépio esplendoroso, ri co como um trono de ouro, iluminado pela Estrela de Belém . Como se o Divino Infante tivesse nascido num fabuloso palácio, próprio a Ele, uma vez que era descendente de Príncipes da estirpe do Rei Davi. Nesse mítico presépio, a Virgem Puríssima seria representada como majestosíssima Rainha - como Ela de fato é - , adorando seu Divino Filho, acompanhada de seu casto esposo, o grande Patriarca . São José, pertencente à mais alta nobreza da época, e da fulgurante co rte dos três Reis Magos, Baltazar, Melchior e Gaspar, vestidos com preciosos trajes, portando todas suas insígnias reais. Na presente edição natalina, oferecemos aos le itores a outra meditação, composta pelo Prof. Plínio na mesma ocasião, mas sob um prisma inteiramente distinto.

a Santa Igreja há várias escolas espirituais, todas aprovadas por Ela e em geral inauguradas e seguidas por santos - portanto esplêndidas. Cada um deve seguir a que sua alma pede. Minha alma é em inentemente inac iana. O método de Santo Inácio de Loyola encanta-me: raciocínio si mpl es, claro, límpido, que conclui e que arrasta, e a respeito do qual não há tergiversação nem sofisma. Isto me deixa entusias mado. Mas sejamos cada qual como Deus Santo Inácio de Loyola o fez para a sua g lória. Assim - desde que seja dentro dos limites da Revelação e da Teologia posso até imag in ar "a velas soltas", que estarei fazendo considerações verdadeiras. Cabe notar, entretanto, que uma meditação tem que ser lógica - sem lógica não há meditação.

Meditação segundo a escola de Santo Inácio A med itação de Natal que desenvolverei tem altíssima autoridade, porque extraída diretamente de Santo Inácio de Loyola. Procurarei adaptá- la um tanto, pois e le a faz secamente e sem adornos. Adorná-la-ei um pouco. Santo Inácio diz que, na festa do Natal , Nosso Senhor Jesus Cristo quis dar aos homens uma lição. Acrescenta que os homens do mundo - isto é, o conj unto dos homens egoístas, que vivem não para Deus, mas para si mesmos (imensa maioria, sobretudo nas épocas de decadência, como o foi a de Nosso Senhor, e como é a nossa) - propendem para um dos três seg uintes objetivos: para as delícias, para as riquezas e para as honras.

quanto a vida de luxo pode apresentar de agradável , de go toso.

''As riquezas" Por riquezas ele entende algo diferente: a simples posse do dinheiro. É a avareza daqueles que procuram o dinheiro não por causa dos prazeres que este possa trazer, mas pela mania do dinheiro enquanto dinheiro, da riqueza enquanto riqueza. São pessoas que não tiram proveito nenhum de sua própria fortuna. Vivem às vezes de modo obscuro, apagado, banal, quiçá miserável, tendo apenas a alegria de sentirem-se continuamente de posse de uma grande quantia de dinheiro.

''As honras" Há, por fim, os prazeres da honra. São procurados não tanto por pessoa 0 que aspiram ao dinheiro ou à vida agradável, mas sim à consideração dos outros. Querem ser objeto de grandes ho menagen , de grandes atenções, de grandes reverências - o que procuram é o prestígio. Essa classifi cação de Santo Inác io é muitíssimo bem feita. Porque, em última a náli se, o egoísmo dos homens tem um desses três pólos. Alguém poderia objetar: "Dr. Plinio, tal class{ficação está muito esquemática. Uma pessoa pode ir atrás das três coi-

sas ao mesmo tempo: pode gostar muito do dinheiro, muito das delícias e muito do prestígio". É verdade, respondo, mas é próprio ao espírito humano gostar de uma dessas muito mais do que das outras. De mane ira que, depois de ter experime ntado todas, o indivíduo aca ba se fixando em uma determinada, e fazendo desta a finalidade de sua vida . E nsi na- nos Santo Tomás de Aquino que existe uma unidade no ho mem, pela qual ele tem, além da unidade ontológica [ele é um ser], uma unidade de objetivo [ele quer atingir um fim]. E quando ele não procura Deus, procura necessariamente um desses três prazeres como seu fim último. Continuando a meditação, mostra o fundador da Companhia de Jesus que Nosso Senhor Jesus Cristo veio ao mundo para provar que tais prazeres [como fim] não valem nada.

Poder infinito do Divino Criador do Universo Santo Inácio propõe , e ntão, a meditação de Natal tendo e m vista que as pessoas são levadas a esq uecer de Deus por ca usa de um dos três obj etivos idolátricos: dinheiro, prazeres ou honras.

E, muito mais do que ser capaz de criar riquezas, Ele é rico em sua essência. Ora, esse Deus infinitamente tão rico quis vir à Terra corno pobre. Quis nascer de um pai carpinte iro, de uma M ãe

Por delícias Santo Inácio entende os prazeres que o sentidos poden1 dar. São, antes de tudo, o· pr_a zeres ensuais; depois, os prazeres da degustação, da vista, do o lfato, do ouv ido; enfim, tudo e

ATO LIC IS MO

Dezembro de 1999

Ele não apenas criou todas as riquezas ex istentes, mas tem ai nda o poder inesgotável de criar quantas outras queira - e isto sem o menor esforço. Ele é on ipotente e exerce sua onipotência com perfeitíssima facilidade. Basta olharmos para as estrelas do céu e compreendermos com que facilidade Deus tudo cria. De tal modo Ele é infinitamente rico, que poderia criar t11do quanto ex iste e mais outro tanto, inesgotavelmente, com a mesma facilidade com que criou um grão de areia.

Desapego dos bens terrenos

''As delícias"

26

De que valem as riquezas deste mundo? O que Nosso Senhor Jesus Cristo nos e nsina no presépio? Deus criou o Céu e a Terra. Criou também, portanto, todas as riquezas que há na Terra. Tudo quanto ex iste de maravilhoso, de belo, tudo quanto ex iste capaz de fundamentar a prosperidade de um homem, foi Ele Quem criou . Não há homem capaz de dispor de riqueza comparável à de Deus.

O uso do luxo e as riquezas nesta terra, só tem sentido se aproveitado em prol de nosso fim último que é a glória de Deus e a nossa própria salvação

CATO L I

e

I SMO

Dezembro de 1999

27


satos, porque calcam aos pés a li ção que Nosso Senhor Jesus C ri sto lhes deu no presépi o. Não compreendem que Nosso Senhor, ali , ensinou-nos que ao homem é permitido desej ar, adquirir e conservar riquezas, desde que não faça di sto o objetivo supremo de sua vida . O objetivo supremo deve ser a glória de Deus, da Igreja Cató li ca; portanto, a vi tória da Contra-Revo lução sobre a Revolução*. A preocupação financeira eleve ser necessariame nte co latera l, sob pe na de se agir co mo um ve rd adeiro demente, por inverter a ordem dos valores, amando mais o que dev ia amar menos, e amando menos o que devia amar com mai s intensidade.

Loucura fazer de bens passageiros a principal finalidade da vida Presépio na Praça de São Pedro, Cidade do Vaticano

que executava e m casa serviços domésticos ; qui s nascer numa manj edoura, lugar o mais pobre que se possa imaginar; co mo aquec ime nto quis ter apenas o bafo de alguns animais e as roupinhas que Nossa Senhora Lhe fez; qui s, como asilo, não uma residência de homens, mas uma res idênc ia de bichos (porque a manjedoura era o lugar o nde os animais iam comer). E m tal lugarnasce u o Verbo de Deus! Quis E le mostrar, assim, quanto o homem deve ser indi fe rente às riquezas quando postas em comparação co m o servi ço de Deus. E como portanto deve viver, antes de tudo, não para ser rico, não para ter grandes cabedais, mas para servir a Deus, amando-O, louvando-O e servindo-O nesta Terra e de po is adora ndo-O no Céu por toda a eternidade.

Amar as riquezas mais que a Deus: inversão de valores Vemos em torno de nós ho me ns que correm debandaclamente atrás do clinhei -

28

eAToLICISMO

ro; que fazem ela posse deste a única preocupação de sua vicia e das conversas sobre e le o tema mais agradável, mais atraente, mais interessante; que colocam toda a sua fe lici dade na sensação de que possuem dinheiro e na ilu são de que nunca ficarão pobres e sim cada vez mais ricos. Ta is ho mens são un s perfeitos in sensatos. Porque esses bens, por mais qu e va lh am , con titu e m um a parcela minúscula cios ex istentes no U niverso. E, para Deus, o qu representam senão um pouquinho ele poeira e de lama? Imagi nemos o homem mais rico cio mundo, um magnata. Imaginemos ainda que a relação ele seus bens ocupe um catálogo cio tamanho ele uma li sta telefônica: imóveis, dinheiro, títulos, créd itos, objetos ele valor etc., etc. O que é tudo isto em co mparação com Deus Nosso Senhor? Nada, absolutamente nada. Os que vivem exc lu siva mente, o u principalmente para o dinheiro, e faze m ela posse dele o único objetivo ela vida, estes procedem como verdadeiros insen-

Dezembro de 1999

Nosso Senhor Jesus C ri sto, caso o desejasse, teria ordenado aos anj os reunir no presépio sedas, as mais delic iosas; perfumes, os ma is agradáve is; teria ordenado a execução ele músicas, as mais deleitáveis. Se os anjos cantaram para os pastores, com quanto ma is gáudio não cantari am para o Me nino Jesus ! E não há mú sica terrena que possa comparar-se, de lo nge, à música angélica. O M enino Jesus poderi a ainda di spor de agasalhos super-efi cazes, ser nu trido desde o começo com as melhores comidas; e m uma palavra, poderia terSe cumulado de delícias logo no primeiro mo mento de sua vicia terrena. E ntretanto, o que Ele fez? O contrári o. Quis nascer deitado na pa lha , material cuj o contato ne nhum rega lo dá ao co rpo; qui s esta r num a ma nj edoura, onde, por mais que Nossa Senhora e São José a te nham limpado, é ele se supor que o che iro não devia ser deleitável; quis tiritar de frio, esco lhendo para nascer à me ia-no ite ele um mês de inverno; como mú sica, qui s ter apenas o mug ido dos animais.

Em última análi se, quis o contrário ele uma situação ele de lícias. E desejou assim mostrar aos homens o quanto é loucura fazer delas a principal finalidade ela vicia. A li ção que E le veio trazer é, pois, o contrário ela busca cios prazeres: desde que seja para o bem das almas, desde que seja para a glóri a ele Deus, devemos desfazernos de todas as delícias, procura ndo apenas o bem , embora nos custe muito sacrifício e muita renúncia.

Nascido Príncipe, mas numa manjedoura

Adoração dos Reis Magos - Bernardino Luini, séc. XV - Museu do Louvre (França)

N osso Senhor Jesus C ri sto qui s nascer despido de tudo aq uilo que pode trazer vaidade. É verdade que nasceu Prínc ipe da Casa Real de Dav i; mas não deixa de ser também verdade que qui s nascer de um pai carpinte iro, de uma M ãe que faz ia - como j á fo i dito - servi ços domés ti cos. Qui s nascer e m uma época e m que a Casa de Davi tinha perdido seu poder político, seu prestígio soc ial, seu dinheiro; e m que Ele, portanto, não era abso lutame nte nada na orde m terrena das co isas. E, mais ainda, qui s nascer como um pária, fora da c idade, porq ue nela nin guém deu aco lhida a se us pais. Eles foram de casa em casa pedindo hospedagem, mas não lhes dera m aco lhida. Nasceu numa manjedoura para prova r aos ho me ns como são loucos aq ueles que faze m do querer apa recer uma idéia fixa, em vez de procurarem servir à Causa Católica; a lo ucura daqueles que procuram ser mais, e que fazem desta vaidade o fim de sua vida. Um católi co deve aproveita r tais rac iocíni os fazendo ap li cação aos outros e a si mesmo.

"Não! Tal procedimento é censurado por Nosso Senho r no Evangelho. Nosso Senhor; que é Rei, a Sabedoria Eterna, ensinou-nos o contrário. Ensinou-nos que tais coisas são secundárias, e que estes indivíduos, pondo nelas lodo o empenho de suas vidas, agem. de urn modo irracional, e serão por causa disso condenados no último dia. Pelo contrário, bem-aventurados os que renunciaram às riquezas, aos prazeres, às honras; ou que liveram riquezas, prazeres e honras, mas sempre na disposição de renunciar a eles a qualquer minuto, se a causa católica o pedisse. A estes vou admirar - aos do partido da renúncia. Aos outros eu desprezare i, e não me permitirei admiração a uma pessoa que não vive como deve viver".

Aplicação aos outros: a quem admirar?

Aplicação a si mesmo: dedicação inteira

Se o católi co, ao ver uma pessoa que não viva segundo a Lei de Deus nem

Nas relações com os outros, o que procu ro? Procuro ser considerado pe la

para a sua g lóri a, mas exc lusivamente para a própria vantagem - ta l ami go de fa míli a, tal vizinho, tal co lega de profi ssão que, por causa disso, daqui lo ou daqui lo outro tenha prestígio, ou que leve uma vicia deliciosa ou que tenha muito dinheiro - , sentir-se tendente a ad mirálo só por tais motivos, e le deve pensar:

minha riqueza? Ou pela vicia regalada que levo? Ou ainda por algum título de superioridade que eu tenha? Então devo chegar à conclusão ele que não valho nada. Porque não elevo procurar que os outros me co ns id e re m , mas qu e amem a Deus. Devo enca minhálos para o amor de Deus, e não fi xar a ate nção sobre mim . Agindo assim , estou roubando aquil o que é devido a Deus. E eu devo preocupar-me apenas com a dedicação inte ira qu e minha alma deve a Deus Nosso Senhor, a Nossa Senhora e à Santa Igreja Católica.

Conclusão da meditação: lutar e rezar Portanto, segundo a esco la de Santo In ác io - que é a esco la verdadeira - , dia e no ite devemos ter diante dos olhos estas considerações, e e liminar de nossa alma, com a energ ia ele quem arranca erva daninha, as considerações mundanas que nos levam a adorar o dinheiro, os prazeres e as hon ras . Isto supõe naturalmente muita oração, porque não se cumpre tal propósito apenas com atos ele força de vontade. Este é um pensamento tantas vezes penoso para o homem, que este sente dificuldade ele tê-lo sempre em vista. E, mesmo tendo-o, terá dificuldade em renunciar a tai s coisas. Ele precisa rezar, precisa ela graça, precisa mortificar-se para conseguir renunciar a e las. Agindo desta forma e le conseguirá e ass im agradará a Deus. ♦

Nota:

* Em síntese, Plínio Corrêa de O li ve ira, em sua magna obra "Revo lu çüo e Conlra- Revolu -

çc7o" , denomina Revo luçc7o o procc'sso mul ti ssecu lar que ve m destruindo a Cri standade, desde o dec líni o da Id ade M édia - época em qu e o idea l cató li co de soc iedade mais se aproximou ele sua rea li zação. E entende por Co11tra -Revoluçc7o a reação orga ni zada qu e se opõe à Revoluçc7o e visa restaurar a C ri standade.

e ATOLIe ISMO

Dezembro de 1999

29


ENTREVISTA

Projeto de reforma tributária: na contramão de .tudo o que a sociedade espera entro em breve, o Projeto de reforma tributária enviado pelo governo federal ao Legislativo, deverá ser votado no plenário da Câmara de Deputados. O ajuste fis cal, de acordo com a · opinião dos especialistas, é o principal fator para corrigir os sérios problemas , bem como para alcançar a normalização da economia nacional. Daí a importância da entrevista que o Deputado Federal Marcos Cintra (PL-SP) concedeu a tolicismo . O Deputado Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque é Dou tor em Economia e Mestre em Planejamento Regional pela Harvard University, dos Estados Unidos. É professor titular de Macroecono mia, Economia Internacional, Desenvolvimento Econômico, Economia Agrícola e Finanças Públicas na Escola de Administração de Empre sas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas . Exerceu até 1997 o cargo de vereador na Câmara Mu nicipal de São Paulo . No presente, o e ntrevistado exerce seu primeiro mandato de Deputado Federal pela legenda do Partido Liberal (SP). Sua condição de professor lau c reado, economista de renome e po lítico competente, além de especialista em Finanças Públicas , habilitam -no plenamente para fazer uma análise da reforma tributária. O ilustre parlamentar recebeu a reportagem de Catolicismo no salão verde da Câmara de Deputados, em Brasília .

1

Ca-

30

e ATOL I e I SMO

• • • • •

• • • • • • • • • •

• Catolicismo -

•• : •

Dep. Marcos Cintra:

: '~ carga tributá•• ria - que atingiu • uma elevação de : seu patamar •

•• médio em 23% • nos anos 70 e 80, •• para atingir 30%

: • : • •• •

: • • :

. •

.

Deputado Marcos Cintra, qual a razão para se realizar uma reforma em profundidade, do sistema tributário brasileiro? Dep. Marcos Cintra - O siste ma tributário brasile iro c hegou a um estágio avançado de deterioração , irrac io nalidade e inefic iência. A carga tribu tária - que atin g iu uma elevação de seu patamar médio em 23 % nos a nos 70 e 80, para atingir 30 % na atua lidade - é iníq ua , mal distribuída, excessiva e rebarbativa sobre o restrito segme nto dos q ue pagam impostos. Onera emp resas e trabalhadores do setor forma l e est imul a a informalização e a so negação como a lte rnativa de sobrevivênc ia de em-

• • presas e indi vídu os . •• Uma proliferação legis lativa anárquica,

• um a reg ul amentação co nfu sa alu c in am o

: na atualidade • é iníqua, mal • • distribuída, ex• • cessiva e rebar• • bativa sobre o • • restrito segmen•• to dos que pa-

: contribuinte honesto e estimul am a desobe-

• gam impostos"

• • • • • • • • •

• • • • •

• • • • • • •

Dezembro d'e 1999

• • • : • :

diência. A superpos ição de tributos mal conceb idos e de esferas de competência co ncorrentes engendram um custo in suportáve l ao produtor e prestador de servi ços, ao e mpregado e ao cons umi dor.

•• Catolicismo -

Em sua opinião, quais de• vem ser os objetivos básicos de uma ade•• quada reforma tributária? • Dep. Marcos Cintra - Em primeiro luga r, •• ela deve tornar o sistema tributário do País : mais simples, menos burocratizado e menos • oneroso. Para isso, ela deve desonerar o setor : forma l da economia - hoje sobrecarregado • com enorme carga fiscal - redistribuindo •• os encargos de impostos e contribu ições aos • setores informai s e aos que hoje em dia so•• negam impostos . Em o utras palavras, e la deve procurar • •• formas simples e eficientes de faze r todos : pagarem tributos, poi s assim , os que hoje • pagam e m excesso - co mo os assa lari a-

dos registrados e as empresas do setor fo rmal da econom ia - passem a paga r menos; e os qu e pagam pouco - como os setores informais - pas sem a pagar mais, todos arca ndo co m sua justa parte no custeio do setor público.

• • • • •• •

Catolicismo - Quais são os pontos mais importantes do projeto de reforma tributária do governo federal em tramitação no Legislativo? Dep. Marcos Cintra - Em res umo, o parecer do relator propõe as seguintes medidas principais: 1) C ri a um novo Impo sto sobre C ircul ação de Mercadorias (ICMS) mediante leg islação federal, mas arrecadado e fisca lizado tanto pelos Estados como pelo próprio governo federa l. Ele irá in corpora r as bases do atua l Imposto sobre C irc ulação de Mercadorias e Serv iços (ICMS), do Imposto sobre Produtos Indu stria li zados (IPI) e do Impo s to so bre Serv iços (ISS). Pode ai nda in corporar, como adicio na is, várias contribui ções soc ia is como o Prog rama Integração Social (PIS), Co ntribuição para fi ns soc iais (COFINS) e Co ntribuição Social sobre Lucro (CSSL) . Esti ma-se que no mínimo a a líquota deste novo ICMS será 24%. 2) Cria o IVV - Imposto de Ve ndas a Varejo - destin ado aos municípios e m subs. · ao rss 111corporado · t1tu1ção ao novo ICMS . A alíq uota previ sta é de 4 %.

•• : • : • : • •• •

••

Catolicismo - O Sr. julga que esse pro- : jeto atinge os objetivos de uma adequada reforma tributária a que o Sr. fez referência? Dep. Marcos Cintra - Parece que não. O mode lo proposto não a ltera a base conceituai cio atual sistema tributário. E m síntese, podese dizer que: 1) O proj eto não tira o incentivo à sonegação ao insistir em tributos dec laratórios de alíq uotas altíssimas;

• : • : • •• •• • : •

2) Não atin ge a econom ia in forma l, poi s mantém a es trutura d e imp ostos dec laratórios; 3) Aume nta alíquotas ele im postos ex is•• tentes e cri a novos; • 4) Não red uz a ca rga tributári a sobre o setor fo rmal da eco nom ia e sobre o empregado registrado, co nti nu ando a esti mul ar a sonegação e a fu ga para a economia in for mal; 5) Não desburocrati za, não simpli fica; e ampli a o poder da burocracia pública . Pode-se co ncluir que o s iste ma tributário proposto cami nh a na contramão el e tudo o que a soc iedade espera. O contrib uin te quer menos impostos, menos burocrac ia, me nos fiscai s e me nos corrupção. Nada disso será conseguido. Trata-se de um a proposta burocráti ca, co nve nc io na l, que protege os interesses corporativi stas ela burocracia pública. Vai prejudicar os municíp ios e infe rni zar a vicia do comérc io varej ista e do cons umidor final.

• : Catolicismo - Que conseqüências o Sr. "Do modelo • prevê, caso o atual projeto seja apro: vado? proposto, pode- • Dep. Marcos Cintra - Al ém de clesagrase dizer que não : dar o contribuin te e de não aj udar o setor tira O incentivo à • público a ampli ar o universo tributário , este • modelo irá gerar urna das duas poss ívei s consonegação ao • seqüê ncias: insistir em tribu- : 1) Pode quebrar o setor público com as tos declaratórios • a líquotas propostas para os novos tributos, •• pois se está correndo o ri sco de que a arrecade alíquotas • dação fiq ue muito aquém do necessário; ou a/tíssimas; não : 2) Para ev itar a quebra, será necessádesburocratiza, : ri o aumentar as alíq uotas; o que, por sua vez, não simplifica, • terá como conseqü ênc ia uma maior tendên• e ia à sonegação e fu ga para a info rmalidade e ainda amplia o •• e um agigantamento aind a ma ior cio Estado, poder da buro- • sufocando o contribu in te com mais fi scali cracia pública" • zação e mais im postos . : Tudo isto contraria o desejo da socie• dade de um Estado menor e mais efic iente.

.

CATO LIC IS MO

Dezembro de 1999

31


Catolicismo - O Sr. apreséntou uma pro- • • posta de reforma tribu tária alternativa . Quais são as medidas básicas que seu • •• projeto de lei contém?

Dep. Marcos Cintra -A pro posta altern a- • tiva sugere a cri ação do_ Imposto sobre Movimentações F inanceiras (IMF) semelhante ao atu al denominado Contribui ção Provi sóri a sobre Mov imentação F in anceira (CPM F). Aque le, junto co m o imposto se leti vo unifás ico, compõe a base do novo modelo que pro ponho. Tais impostos substituirão o Imposto de Renda sobre a pessoa jurídica, o IPI, o ICMS, as contribui ções pa tro na is ao In s tituto N ac io na l d e Seguridade Social (I NSS) e as vári as contribui ções soc iais como o COFINS, PIS e CSSL. Esse novo mode lo não impli ca rá num a umento da carga tributári a para os atua is contribuin tes. Por outro lado, a inc idê nc ia cios tributos signifi cará uma carga mais leve para os qu e hoje paga m demais, medi ante a ampli ação • do unive rso dos contribuin tes . A sonegação e a evasão serão minimi zadas. Catolicismo - O CPMF foi muito criticado por seu caráter cumulativo. O que o Sr. tem a dizer a respeito do tema? Dep. Marcos Cintra - As qu alidades e vantagens de tributos incidentes sobre lançamentos bancári os já fora m am pl ame nte demo nstradas pe la ex peri ência acumulada co m a cobrança cio IPMF e do CPMF. Contudo, nossa pro posta sugere alterações necessári as capazes de corri gir alguns cios in conveni entes e distorções da atu a l forma de cobrança sobre a movimentação fin anceira. O IMF proposto é um im posto cumul ati vo universal, inc idindo sucessivamente em cada etapa cio processo econôrnico, que se traduza numa mov imentação financeira. Criti car esse im posto por ser cumulativo é um fetiche 32

eATOLIeISMO

• tolo. Não ex iste imposto perfe itamente não• cumulativo, a não ser na imaginação teórica • descolada da realidade ou no "Di ário Oficial" . O Brasil tem uma parafernália de tribu• tos cumul ativos, de ntre os qu ais algun s são e xec rad os (PIS , C O FINS ), o utros to lerados (ISS , parte do ICMS e do IPI) e outros ainda aprec iados co mo se não fossem igualmente cumul ativos (IRPJ pres umid o, SIMPLES). O IMF proposto não é diferente sob esses aspectos, mas ex ibe va ntage ns notáve is pe la simplicidade, baixo custo e por ser pouco oneroso. Ade mais, os conhec idos postul ados da teori a do "second best" (teo ri a, segundo a guai, mui tas vezes - na práti ca a segunda opção é melhor e mais efi c iente do qu e a prime ira) e as conc lu sões da moderna teoria da tri butação ó tim a mostram que não se pode afirm ar a priori q ue um imposto cumul ativo seja me nos efi c iente que os nãocumul ativos. O mais prováve l é qu e, para '~ proposta um dado valo r de arrecadação, um imposto alternativa [de cumulativo co m uma alíquota baixa sej a prefe rível a um tributo sobre valor agregado com autoria do entrea líqu ota alta.

vistado] não implicará num aumento de • carga tributária • • •

• • • • • •

Dezembro de t 999

para os atuais contribuintes. A sonegação e a evasão serão minimizadas"

• • • • • • • •

.

Catolicismo - Dep. Marcos Cintra, quais são as principais características de sua proposta alternativa? Dep. Marcos Cintra - Em síntese, consiste em estabe lecer poucos im postos e, e m sua maiori a, não declaratórios. Ass im : 1) C ri a e mantém os seguintes im postos: a - Cri a o lmposto sobre Mov ime ntação F inanceira (IM F). Será o imposto bás ico embora não o úni co. E le não inc idirá sobre o mercado fi nanceiro e de cap itais. Sua alíqu ota tota l será de 2,7 %, cobrados metade no débito e a outra metade no crédito das mov ime ntações ba ncárias. Da a líq uota de 2,7 %, 1,4% destin ar-se-á à Previd ênc ia Soc ial e 1,3% aos Estados;

b - Manté m o Imposto de Renda, mas não incidi rá sobre salários inferiores a 20 salári os mínimos me nsais e ne m sobre o lucro das e mpresas; c - Mantém Impostos seletivos. Incidirão sobre energia, combu stíveis, autoveícul os, co municações, fum o e bebidas; d - Manté m a Contribui ção Previde nc iári a, que incidirá apenas sobre os asseg urados e os servidores ; e - M antém os Impostos não-declaratóri os sobre a propri edade (Imposto sobre a Propri edade de Veículos Auto motores IPVA, Imposto Territori al Urbano - IPTU, Imposto Territori al Rural - ITR) e os im postos regul atóri os sobre o comércio exteri or e as ope rações fin anceiras ; f - Será mantido o Imposto declaratóri o sobre servi ços (ISS); 2) Elimina os impostos IPI, ICMS , PIS, COFINS , CSSL e CPMF. 3) Elimina as contribui ções patronais sobre a fo lha de pagamento e o imposto de renda sobre o lucro das empresas.

: • : • • : : • : • : : • • : • • • • : : : • • ••

'~ solução dos problemas econômicos e sociais do País

: • : • :

Catolicismo - O Sr. pensa que a reforma tributária é suficiente para eliminar o déficit fiscal que está na raiz principalmente dos problemas econômicos do Brasil?

Dep. Marcos Cintra - Parece-me que a re-

• form a tributári a é uma condição necessária,

:

mas não sufi c iente. Ela ataca o probl e ma

• qu anto às receitas cio governo e não no que

: diz respeito às suas despesas. Pouco adi an• tará uma reform a tributári a, por mais ade: qu ada que sej a, se o governo, em todas as : suas instâncias - federal , estadual e muni. cipa l - não co ntrolar seus gastos. • A solução dos problemas econômicos e Estado. O Estado : soci ais do País passa necessari amente por um ·brasileiro conti- • enxugamento sério e radical do Estado. O que • nua sendo um • tem sido feito nessa matéria tem sido um re• meneio. O Estado brasileiro continua sendo saco sem fu nd0, : um saco sem fundo, que consome os recurque consome os : sos di sponíveis da Nação, favorece a permarecursos disponí- • nê ncia dos juros intern os em pata mares : proibitivos e sobrecarrega a economia br~siveis da Naçao" • leira com o ônu s de uma dívida interna e ex• terna totalmente desproporcionada à situação • fin anceira de nossa Pátri a. Catolicismo - A seu ver, S e m um a re vi são quais são as vantagens e m profundid ad e do s de sua proposta? gas to s cio go ve rn o de Dep. Marcos Cintra pouco adi antará um a reAl é m da simpli cidade e fo rm a tribut á ri a . Um efi c iência que minha proexe mpl o carac terísti co posta apresenta, se comdess a in se nsa tez e de parada ~o mode lo oficial gasto sem fim são as verem di scussão, julgo que bas aplicadas na Reforela oferece - em resumo ma Agrári a. Todo o mun- as seguintes vantagens: do sabe que esse dinheil ) Estimula a inverro praticamente é concesão cios lucros das empredid o a fund o perdid o, sas ao de ixa r o Imposto sem ne nhum retorn o sigde Re nd a inc idir apenas ni ficativo. so bre a pessoa fís ica e Pi or ainda, tais renão sobre a jurídica. Aucursos contribu em para me ntando o níve l de inf avelizar o campo, e, no ves tim e nto, aum e nta o fundo, cri ar pobreza. Se e mprego e a re nda; tais são os critérios para 2) Aoeliminara condespe nde r os rec ursos tribuição patronal, desonera públicos, a reforma tria folha de pagamentos, e butári a pretendida pode por esta fo rma estimula o até constituir um perigo, emprego sem prejudicar o poi s o E sta do p o de rá •• • chegar a ter mais recursos à sua di spos ição, salário líquido recebido pelo empregado. •• não para o bem cio País, mas para agravar os 3) Tende a desestimular a fu ga para a • • econo mi a informal e a sonegação. ♦ • problemas que o afli gem.

passa necessariamente por um enxugamento sério e radical do

.

e AT O LIe ISMO

Dezembro de t999

33


000000 Dezembro 1999

§®@ü@~ DOM

5 11 19 16

SEG

6 13

~o 17

ce J1ce~m

s;defDezembro

TER

QUA

QUI

SEX

7 14 11 18

1 8 15 li 19

1 9 16 13 30

3 10 11 17 18 14 15 31

Sa11ta Natália, Viúva. + Ásia Menor, séc. Ili. "Mulher do Bem-avenSantos Inocentes

São Corentino

turado Adriano, que por muito tempo assistiu a uns Sa n.t os Mártires encarce rados em Nicornédia sob o imperador Diocleciano. Depois que 10dos co11su111a1w 11 o martírio, mudou-se para Constantinopla, onde descansou em. Deus" (do Martirológio Romano) .

2 São Nuno, Bispo e Confessor.

3

Santo Aubert

São Francisco Xavier, Confessor. ♦

São Sola, Confessor. + Alemanha, 794. Monge inglês que fo i para a Alemanha pondo-se sob a direção de São Bonifácio, Apóstolo daquela terra. Vi veu como eremita, atraindo di scípulos que fo rmaram depois a Abadia de Solnhofen. Santa M aria M argarida Dufrost

Santa Colomba de Sens

Primeira sexta-feira do mês

4

Santo Ambrósio

34

CA T O LI

São João Evangelista

e

IS MO

São Filogônio, Bispo e Confessor.

20

Santa Luzia, Virgem e Mártir.

6

Sa11to Aubert, Bispo e Confessor.

Santa Asela, Virgem..

+ França, 669 . Exercendo com cleclicação o

+ Roma, séc. IV Di scípula de São Jerônimo

múnus episcopal em Av ranches, cond uziu também à vicia ele perfe ição muitos leigos.

14

21

São João da Cruz, Confessor e Doutor da Igreja.

+ Síria, séc. III. "Apresentou-se em lugar de

que dela escreveu que "era abençoada desde o seio de sua m.ãe", vivi a de jejum, orações e visitas aos túmulos cios Santos Mártires.

7 Santo Ambrósio, BisJJo, Confessor e Doutor da Igreja.

13 ♦

(Vicie seção Vida de San tos p. 37).

15

8

São Mesmi11, Confessor.

Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria.

+ Fra nça, séc. VI. Construiu perto de Orléans, num terreno que lhe dera o Rei Clóvis, uma Abadia que se tornou fam osa.

Festa institu ída por Pio IX em seguida à promulgação desse dogma, que coroava tradições muito antigas a respeito.

9 Santa Gorgônia, Viúva. + Ásia Menor, 372. Irmã de São Cesári o e cio

gra nde São Gregóri o Nazianze no, do utor ela Igreja. Seu pai também se chamava Gregó rio Nazianzeno e foi santo. Sua mãe fo i Sa nta Nona. Casou-se, sendo exemplar mãe ele famíli a. São Gregó rio fez o seu panegírico no fun era l.

10

São Melécio, Bb,110 e Co11jessor.

converteu-se ao catolicismo na França, ordenou-se sacerdote na Espanha - onde entrou para os beneditinos -, indo depois para a Inglaterra sustentar os católicos clandestinos. Reconhecido como padre católico ao não querer prestar o jura mento ele Supremacia cio Rei sobre a Igreja, foi martirizado.

11

5

São Trasão, Mártir.

São Martinho, Bispo e Confessor.

+ Roma, séc. 111. "De sua fa zenda [ele seus bensl suste/'llava os cristãos que trabalhavam nas ter,nas, os que se extenuava,n em outras obras públicas, e os que gen'liam ern calabuu-

Dezembro de 1999

+ Fran ça, séc . VI. Eremit a na reg ião de Quimper, França, fo i ac lamado pelo povo para aquela Sé vacante.

+ Ásia Menor, 324. "Bispo de Antioquia, de quem São João Crisós101110.fez o seguinte elogio: 'Foi ele retirado do tribunal para ser colocado na Sé episcopal. E11.qua11.to fo ra advogado, de.fendia os oprimidos contra os opressores; tornando-se Bispo, p1vtegeu os cristãos contra os ataques do demônio" (cio Marti rológio Romano - Monástico).

+ Ás ia Menor, séc. IV "l10111e1n de grande experiência e vasta cultura.foi cognominado por seus companheiros de mocidade 'o mel da Ática ', sendo co11siderado por Santo Atanásio e São Basílio como grande defensor da divindade do Verbo em. face do arianismo" (cio Martirológio Romano - Monástico).

+ Portugal, 579. Ori ginário ela Hungria, fo i em peregrinação ao túmul o ele seu homônimo, em Tours, fi xa ndo-se depois como mi ss ionário

+ Roma, 404. " Varão de riquíssima pobreza e

num Mosteiro perto ele Braga. Bispo dessa cidade, presidiu seus dois primeiros Concílios.

São João Roberto, Mártir. + Inglaterra, 16 1O. Natural cio País ele Ga les,

Primeiro Sábado do mês

25 Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo.

São Core11tino, Bispo e Confessor.

12 ♦

+ Síria, séc. 111. Famoso pregador, converteu a

pecadora Pelág ia, que fo ra por curi os idade ouvir um de seus serm ões. Ela deu-lhe sua fortuna, que ele di stribuiu aos pobres. Encaminhou a penitente para uma gruta perto de Jerusalém, a fim de que fi zesse penitência pelos seus pecados.

19 Santo Anastácio I , Papa. de solicitude toda apostólica. Roma, como disse São Jerônimo, não merecia tê-lo por muito tempo, para que a cabeça do 111111 ,do nãofosse decepada em vida de ICI I Bispo. Com efeito, pouco depois de sua ,norte, Roma.foi tomada e saqueada pelos Godos" (do Martirológio Romano).

Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira da América Latina.

Nossa Senhora de Guadalupe

1

ços. Preso por ordem. de Dioclecia11.o, recebeu a coroa do rnartíriojunto com o/ti ros dois que se cha,navarn Ponciano e Pretexta/o" (ci o Martirológio Romano).

16 Santas Virgens, Mártires. + Áfri ca, 480. Estas muitas virgens consagradas a Deus, qu ando ela invasão do norte ela África pelos Vândalos ari anos de Huneri co, "defenderam a honra da Igreja de Cristo em meio a auvzes torturas" (cio Marti ro lógio Romano - Monástico).

17 Santa Olímpia, Vitíva. + Turquia, 408. Casada aos 18 anos com o Pre-

feito ela capital do Império, enviu vou menos ele dois anos depois. Com sua gra nde fo rtuna fundou um hospital e um orfa nato. Quando São João Cri sóstomo, seu diretor es piritual, cai u em desgraça diante da lmperatri z, Olímpia seguiu sua sorte, sendo perseguida ele todo · os modos e falecendo no ex ílio ainda jovem, pouco depois ele São João Cri sóstomo.

18

26 (neste auo) Sagrada Família, Jesus, Maria e José. ♦

Santa Eugênia, Virgem e Mártir. + Roma, séc. 111. " Filha do Bem-aventurado ,nártir Felipe, depois de dar muitas provas de virtude e de levar a Cristo inúmeros grupos de santas virgens, teve porfiada luta sob o guante de Nicécio, Prefeito da cidade, e.foi.finalmente degolada a espada 110 tempo do imperador Calierw" (cio Martirológ io Romano).

27 São João, Apóstolo e Evangelista.

28 Santos Inocentes, Mártires. ♦

Santo Antônio, Confessor.

São Temistocl.es, Mártir. São Dióscoro, a quem. procuravmn para maFo i e11.1 ão torturado no cavalete, arrastado pelo chão, açoi!Cldo com varas. Assim logrou a coroa do martírio" (cio Martirológio Romano). 1c11:

+ França, 520. "Originário da Panôn.ia, levou 110 início vida eremítica nos Alpes. Depois, júgindo dos admiradores que vieram reunir-se à sua volta, retirou-se para o Mosteiro de Lérins" (do Martirológio Romano - Monástico).

29

22 São Ffavia110, Mártir. + Roma, séc. LV Antigo Prefeito ele Roma, esposo ele Santa Dafrosa, pai ele Sa ntas Bibiana e Demétria, todas mártires, também mereceu dar sua vicia pela fé de Jesus Cri sto.

23 Santa Maria Margarida Dufrost de Lajemmerais, Viúva. + Canadá, 177 1. Seu pai era um nobre rrancês, chefe das tropas da Colônia, falecido quando ela tinha 7 anos. Mãe de seis fi lhos e tendo o esposo dissipado toda fortuna fa miliar, deixou-a na miséria ao morrer. Com a aj uda alheia pôde montar um pequeno armazém, conseguindo paga r as dívidas, educar os filhos, e ainda enlregar-se à cariclacle, no que foi ajudada por outras viúvas, dando início à Congregação das Irmãs da Caridade, ou "Lrmãs cinzas" pela cor cio hábito.

24 Vigília do Natal de Nosso Sellhor Jesus Cristo. ♦

São Fláv io, Confessor.

Santa Tarsila, Virgem..

+ França, séc. VI. Itali ano vendido como escravo, seu clono o casou com outra escrava e o fez administrador ele seus bens. O patrão deulhe a liberclacle juntamente com sua esposa. De comum acordo, ela fo i viver num convento e ele fez-se sacerdote.

+ Roma, séc. VI. Tia de São Gregório Magno, com sua irmã Emili ana vivia com grande austeridade e em espírito ele oração na casa ele seu irmão, tio paterno cio Pontífice. São Gregório afirm a que Tarsila viu Nosso Senhor à hora da morte.

São Geraldo de Saint-Wandrill.e, Mártir. + França, 1029 . Abade ele Saint-Wanclril le, governou esse mosteiro durante 23 anos, dando os maiores exemplos ele todas as virtudes monásticas. Foi assassinado durante o sono por um monge revoltado com sua reforma e partidário do tirânico Duque Roberto 1.

30 São Rogério de Barl.etta, Bispo e Confessor. + França, séc. XII. Bispo ele Cannes, seu cor-

po fo i roubado piedosamente pelos habitantes de Barletta, na Itáli a, ele onde sua devoção se espraiou para outros luga res.

31 Santa Columba de Sens, Virgem. + França, séc. 111. Espanhola ele ori ge m, ainda pequena radi cou-se na França com um grupo ele espanhóis. Quase todos pereceram du rante a perseguição de Aureli ano. Di z-se que, entregue a um gru po ele libertinos, um urso saiu da fl oresta e fo i sentar-se a seus pés. E só quando ela lhe deu ordem para reti rar-se, o carrasco pôde consumar seu martírio. Nota Os Santos aos quais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.

C ATO L IC IS MO

Dezembro de 1999

35


ESCREVEM OS LEITORES

VIDAS DE SANTOS

São João da Cruz O valor da virgindade l:>:<J Acho ótima esta revista, poi s traz

notíci as importantes e que reanimam nossa fé, por exemplo, com a divul gação da vida dos santos todos os meses; e les são modelos para nós. Como católica praticante e ven do o mundo camjnhando para a decadência moral onde tudo é permitido, deixando os valores espirituai s de lado, gostaria de ver nesta revi sta um artigo que falasse sobre o valor da virgindade, poi s é com tri steza que vejo notícias de meninas até com 12 anos, grávidas. (M.C.L. - Espírito Santo)

Nota da redação: Ótima sugestão da missivista. Nunca é demais insistir nessa excelsa vi.Jtl1de, infelizmente menosprezada em nossos dias. De fato, é espantoso o que se escreve sobre a gravidez precoce em meninas de 12 anos ... É o que temos visto na imprensa. A propósito disso, perguntamo-nos: que culpa têm as TYs imorru s nessa degradação da infância e da juventude?- Mui ta, com toda certeza, poi s o qu e freqüentemente as crianças "aprendem" no vídeo, em qualquer horário, é imoralidade e vulgaridade. De tempos em tempos, é realçado em nossa revi sta o valor incomparáve l da virtude angéli ca, com maior freqüência na seção " Vidas de Santos". E também em outras, como por exemplo na edição de outubro último, mediante comentários sobre a pureza virginal de Santa Teresinha, de auto- · ria cio Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. É oportuno lembrar aqui, a tal respeito, uma judiciosa observação ele sua autoria: "A castidade, que é a virtude mais fácil e mais suave de se manter quando possuída inteira, é a mais difícil, mais insuportável de

e a sublimidade do sofrimento

observar quando possuída a meias".

A solução

O insigne pensador e líder católico costumava compara r a alma pura a uma pessoa ele pé sobre uma esfera: mantendo-se na posição de equilíbri o, e la nada tem a te mer. Mas qualquer imprudênc ia fá-la-ia resva lar e cair no fundo do abismo. Daí a importânci a ela vigilância: não havendo qualquer concessão por parte da pessoa nessa matéria, evitam-se ri gorosamente as ocasiões próx imas de pecado.

Agradeço a Medalha Milagrosa, por ajudar minhas ami gas na hora do deses pero. A todas às qu ais dei a Medalha reso lveram seus problemas urgentes. Ando se mpre com a minha Medalha Milagrosa, não abro mão de usá- la. Me salvou de um assalto que houve na minha escola. Acredito e confio na Medalha Milagrosa. [>v<)

(R.H.M. - São Paulo)

Providência Divina

H Um dia desses estava sentindo falta ela le itura de Catolicismo e, pensando nisso, tocam a campainha ... era · o carteiro trazendo a rev ista do mês . Era uma graça ele Deus para mim. (L.B.T. - São Paulo)

Maravilha ~

Gosto muito dessa rev ista porque publica aquilo ele nosso acervo cultural católico que normalmente fica escondido, e que é maravilhoso.

"Esclarecedora e rica em detalhes" l>-<l Corno católica apostó lica romana, venho por meio desta cumprimentar V. Sas. pe las publicações na revista Catolicismo, dando ênfase a reportagem de capa, "A doutrina católica f ace a objeções de protestanles ", esc larecedora e ri ca em detalhes onde muitos não atinam para a importância cios problemas que ocorrem constantemente na sociedade brasil e ira. (C.L.S.M. - Amazonas)

(D.P.T. - Bahia)

Assuntos diferentes Ajuda na crise

R Admiro esta publi cação porque diz a verdade inte ira, doa a que m doer, fazendo com que nos toq uemos e procuremos fazer o possível para atender os pedidos ele Nossa Senhora em Fátima.

R Agradeço primeiramente a Deus por receber a revi sta Catolicismo. Para mim foi ele grande riqueza, porque te m ass untos diferentes de outras revistas qu e li a. Todas as matéri as abordadas trazem importantes ensiname ntos para nossa vicia. Quero agradecer também a Dr. Paulo, ao Cônego José Luís Vill ac, pe lo bom desempenho e m todas as edições que tenho recebido e peço a Jesus e Mari a Santíssima que abe nçoem todos vocês que fazem parte desta equipe que tanto nos ilumin a com o que publica.

(A.D.O. - Bahia)

(F.A.D.M. - Ceará)

lBl Me entu siasme i com todas as revi stas que recebi , goste i muito e precisamos nos engajar nessa divul gação, é um me io ele ajudar nosso povo brasile iro nessa crise. (W.P.D.S. - São Paulo)

Doa a quem doer

A Providência Divina confirmou em graça e amoldou perfeitamente à Cruz de Cristo um religioso escolhido para secundar Santa Teresa de Jesus na extraordinária obra da Reforma do Carmelo PUNJO MARlA S üLIMEO

erto dia, a imagem de C ri sto Padecente perguntou a Frei João da Cru z o que e le desej ava em paga do seu amor puro e exclusivo a Deus. - " Padecer, Senho1; e serdesprezado por causa de Vós", respondeu ge ne rosa me nte o he ró ico carm elita, esteio el a reforma carme lita na e mpreendid a por Santa Teresa. Em sua boca, esse dito não era fi g ura de retó rica, mas exprimi a o élan generoso de sua alma de fogo. É conveni ente anali sar o ambi ente fa mili ar em que nasce u um dos maiores místicos ela História da Igreja, Doutor ela Igreja, c ujas obras espirituai s constitue m um tesouro in apreciável.

C

A família do Santo Gonza lo de Yepes era ele ilu stre família, com brasão e ante passados notáveis nas armas e na ciência, pertencente à ari stocracia ela anti ga capital espanhola, Toledo. Órfão, cri ado por um tio ec les iástico, trabalhava na admini stração e contado ria com outros do is tios, mercadores de seda. Ora, Gonzalo e namorou-se de Catarina Alvares, jovem e bela tecelã, órfã co mo ele, mas ele origem humil de. Com e la casou-se, apesa r da opos ição cios tios. Foi repudiado por eles e posto fora de casa. Ju stamente aqueles anos foram Lão estéreis, 9ue em Castela "nüo se acha püo por nenhum dinheiro" . Não conseguindo encontra r trabalho no seu ramo, Gonzalo viu-se obrigado a aprender com a espo a a profi ssão de tecelão, para sustentar o novo lar. Os filhos começaram a chegar: Francisco, Luís, João ... Este último, o nosso santo, mal conhece u o pai , pois

Gonzalo, clepo.is de dolorosa enfermidade, faleceu deixando mulher e filhos na mi séria. Luís, fraco e mal nutrido, logo seguiu o pai no sepulcro. Ca tarina viu -se obrigada a mu dar-se para loca lidade maior a fim de proc ura r ganhar o sustento dos seus . Francisco, o mai s velho, j á adol escente, aprendeu o ofício ela mãe para auxiliá-la. Em Medina dei Campo tiveram que separar- e do caçula, João, recebido no Colégio da Doutrina, espécie de orfanato que, a par ela manutenção física, dava a seus assistidos formação religiosa e escolar.

Na infância, milagres revelam proteção divina Do período de infânci a ele João de Yepes narram-se três fatos miracul osos. Quando o pequeno tinha por volta ele seis anos, brin cava com outros meninos de sua idade enfiando uma varinha numa Lagoa. Em determin ado momento, perdeu o equi líbrio e caiu na ág ua. Foi para o fundo , depois flutuou. Nesse momento viu Nossa Senhora, que lhe estendia sua puríss ima e alva mão. O pequeno João, consid erando aque la mão tão pura da Mãe de Deus, julgou-se indi gno ele tocá- la. E e nco lheu a sua. Surg iu então em cena um lavrador, que o " pescou" ela água. Outro fato se deu qu ando a família se trasladava para Medina. À entrada ela c idade, saiu ele um charco um eno rme monstro, pronto a devorar o menino. Este fez o sin al ela C ruz e o monstro desapareceu nas ág uas. O te rceiro fato ocorre u quando João, coroinha no conve nto da Madal ena, brincava no pátio com outros meninos. Estando perto ele um fundo poço, um amigo estabanado deu-lhe um encontrão, e Joãozinho nele caiu. ~

ffi - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ffi 36

C AT O LI

eISMO

Dezembro de 1999

CATO L ICIS MO

Dezembro de 1999

37


ffi Quando todos pensavam que se afogara, viram-no flutuando à fl or d 'água. E le mesmo pediu uma cord a-que atou à cintura, sendo ass im resgatado. O menino afi rmou aos espantados circ un stantes que Nossa Sen hora o sustentara sobre a água. Do convento das monjas, João, então já adolescente, trasladou-se para o Hospital da Conceição, onde teria três ocupações: a de ajudante de enfermeiro, de coletor de esmolas para a institu ição, e nas horas livres, de estudante no Colégio da Companhia de Jesus. Seu benfeitor no hospital queria que ele se ordenasse e ficasse capelão da instituição. Mas João de Yepes tinha outra idéia. Apenas terminou seu curso no colégio aos 2 1 anos, dirigiu-se furtivamente ao Convento carmelitano da cidade, onde pediu ad mi ssão com o nome de João de São Matias. Para terminar seu estudo de teologia, os superiores o envi aram para Salamanca.

Em vida, confirmado em graça

Dois grandes Santos e uma grande obra Foi precisamente logo depois dessa graça que ele teve o encontro providencial com Santa Teresa . Estava ela em Medina, onde acabara de fundar um convento reform ado de freiras, quando ouviu fa lar dele. Logo pensou que poderia dar ori gem ao ramo masculino de sua reforma, e suplicou a Deus que lhe concedesse essa graça. No dia segu inte, Frei João exp li cou a Teresa que queria fazer-se cartuxo - os cartu xos têm uma regra muito severa - para melhor levar uma vida de contemp lação e penitência. Quando a Madre lhe expli cou a idéia do Carme lo com a primitiva regra, ele fi cou enca ntado em secu ndar Madre Teresa na obra. De sse modo João de São Matias tornou-se João da Cru z nome pelo qual se tornaria mundialmente con hecido - , tendo sido o primeiro frade a receber o hábi to da Reforma carm elitana e o grande apoio de Santa Teresa para a consolidação dessa empresa. Quando a grande Fundadora foi enviada como priora ao seu anti go convento da Encarnação, qui ser aux ili ada por Frei João da C ru z como confessor das monjas.

Form ado desde o berço na escola da pobreza e do sofrimento, Frei João de São Matias estava preparado para receber a maior graça de sua vida. O rd enado sacerdote, Santa Teresa de Jesus - Anônimo séc. XVII Mérito e valor voltou a Medina dei Campo para - Real Academia de la Lengua - Madrid do espírito de Cruz cantar a primeira Missa, preparando-se para ela por meio de j ejum e mortificação. QuanFoi lá que ele se tornou a principal vítima da verd ado a celebrava com um fervor seráfico, ped iu "a Sua deira batalha que houve então entre carmelitas Ca lçados Mqjestade lhe concedesse não cometer pecado mortal e os Descalços sobre a reforma. Preso pelos Calçados na algum com que A ofendesse, e de padecer nesta vida em prisão do convento de Toledo em cela fria e sem j anelas, penitência de todos os pecados que, como horn.em .fi'ainteiramente incomu nicável,j ejuando a pão e água e senco, pudesse cometer se Sua Divina Mc1;jestade não o do flagelado por eles regular e cruelmente várias vezes sustentasse em suas mãos". por semana durante nove meses, mais tarde ele poderia Anos depois, esta ndo uma virtuosa freira esperando afirmar: "Não vos espanteis se eu mostro tanto amor pelo que Frei Matias termin asse de atender outra pessoa para so.fi'imento; Deus deu-me wna alta idéia de seu mérito e 3 tratar co m ele negóc ios de sua alma, recolhendo-se em valor quando eu estava na prisão de Toledo" . oração, "manifestou-lhe o Senhor a grande santidade Em contrapartida, nesse forçado isolamento recedo santo padre Frei João; e lhe revelpu que, quando [o beu insignes favores divinos, co mpondo ali alguns dos mesmo] disse a primeira Missa, lhe havia restituído a seus mais notáveis poemas. inocência e posto no estado de um menino de dois anos, Depois de uma fuga dramática - no decorrer da sem duplicidade nem malícia, co,7:firmando-0 em graça qual teve que pular o alto muro do convento-prisão como os Apóstolos para que não pecasse e jamais O ocupar-se-á ele da fo rmação de noviços, direção de 2 o.fendesse g ra vemente" . professos, e atend imento espiritu al de frades e religioIsso exp lica o imponderáve l de candura e pureza que sas. Mas sempre ocupando, no govern o da O rdem, posemanava de São João da Cru z, como depu seram depois tos sec undários, principalmente depois de 1582, quanem seu processo de canoni zação inúmeras testemunhas. do morreu a grande Santa Teresa.

4

Os Boll andi stas sinteti zam assim suas virtudes: "A

cio, perto da Serra Morena, onde era tratado co m consi-

vista apenas de um crucifixo era suficiente para provoderação e respeito. Por isso, quando os sin tomas de sua car-lhe êxtases de anwr e de o fa zer cair em lágrimas. A última doença surg iram e o superior pediu- lhe que esPaixão do Senhor era o objeto ordinário de suas meditaco lhesse um convento com mais recursos para tratar-se, ções, e ele recomenda fortemente essa prática em. seus esco lh eu o de Ubeda, dirigido por um de seus mai s escritos . .. .. A.firmava ser a co17:fiança em Deus o acerbos inimi gos, para poder sofrer até o fim. patrirn.ônio dos pobres, e sobretudo dos religiosos. Ofogo Este, apesar do estado do Santo ir piorando, co lodo amor divino fazia de tal maneira arder seu coração, cou-o numa ce la iso lada, proibindo toda visita. que suas palavras ú7:flamavam aqueles que o ouviam . .... Surgiram-lhe tumores numa perna, que foram intox iSeu arn.or a Deus se manifestava em certas ocasiões por cando todo o corpo. O cirurgião teve que fazer, a sangue traços de luz que brilhavam em. sua frio, uma incisão de alto a baixo nesface. .... Seu coração era como uma sa pern a, para tirar a matéri a puruimensa fornalha de amor que ele lenta. Cada curativo arrancava-lhe não podia conter em si mesmo e que pedaços de carne com a matéria púbrilhava parafora por sinais exteritrida. No entanto o enfermo, medi ores dos quais ele não era senho,: ,~ -,...,'1....._ U2~~~~ tando nos padecimentos da Paixão, Não se adinirava nele menos seu sofria tudo como se se tratasse do amor pelo próximo, sobretudo os po~i""'!lllll:~~~1-l,:~J corpo de um outrn. O médico, admibres, os doentes e os pecadores. ... . rado com tanta santidade, guardava as gazes cheias de pus e sangue, mas O profundo sentimento pela religião do qual ele estava penetrado inspi- 11!:~:i:::i::nil::: que desprendiam suave odor, para rava-lhe wn respeito extremo por aplicá-las em outros doentes, obtentudo quando pertencia ao culto di- 1~--.,;,-....,,.,_, llll:l-1•H.i:ui do assim vários milagres. vino. Pelo mesmo motivo, ele pro~~l~JI\J,! O prior, no entanto, mostrava5 curava san14icar todas suas ações" . ....,...,.,...,_,., se inflexível, não dando ao enfermo

J::ilt:-~f:;;;ii~~u~u

fin~~~flfil~I

Dev ido a sua pouca altura (não chegava a 1,60 m) e pelas suas poucas mas sempre judiciosas palavras, Santa Teresa o chamava afetuosamente de "mi Sen.equ ita", pois que ele lhe faz ia lembrar aq uele filóso-

•r;.;,..,..,.

~---------------_J São João da Cruz terminou seu curso de teologia na Universidade de Salamanca

fo da Antigüidade, seu conterrâneo. A ele se referia tam bém como o "santico de Fre i João", cujos "ossinhos farão milagres", pois era "celestial e di vino", e que "não

encontrei outro em. toda a Castela como ele, nem que 6 tanto afervore no cam.inho do céu" .

Para morrer, coloca-se nas mãos de um de seus piores inimigos No capítul o cios Descalços de 159 1 - apesar de ter sido o primeiro padre da reforma teresiana - Frei João viu-se privado ele todos os cargos que tinha na Ordem e redu zido a simples reli gioso. Um dos novos eleitos prometeu mesmo persegui - lo até vê- lo expul so da Ordem.

"Frei João está experimentando nestes momentos uma verdadeira e obstinada perseguição. O padre Diego Evangelista (seu pior opositor) não está ainda sati.~feito vendo o padre João da Cruz sem o.f,cio algum. Busca 7 avaramente sua humilhação" . E, para isso, começou uma campanha de ca lúni a contra o Santo. Frei João pediu para retirar-se a um convento iso la-

nem o necessário. Foi preci so que os religiosos mendi gassem nas ruas alimentos e medicamentos para o doente. Chegando o Provincia l, repreendeu o prior por sua dureza de coração . E este reconheceu sua fa l-

ta, mudando de tratamento. Mas o Santo já estava no fim , e tinha bebido tudo quanto podia do cáli ce de sofrimentos e humilhações. Entrou em agon ia no dia 13 de dezembro, fa lecendo pouco depois ela meia-noite. O Papa Clemente X o beatificou em 1675, Bento XIlI o canonizou em 27 de dezembro de 1726, e Pio Xf o declarou Doutor da Igreja Universal no princípio deste século. ♦

Notas 1. Frei Crisógo no de Jes ús, Vida de San Juan de la Cru ~, B.A.C. ,

Maclri, 1982, 11" ed ição. 2. lei . ib., p. 7 1, nota 19. 3. Les Pet it s Bol landistes , craprcs lc Pere Gi ry, par Mgr Pau lo Guérin, Bloucl et Barra i, Libraircs- Édi tcurs, Paris, 1882, Tomo • X III , p. 580. 4. Sociedade científi ca fo rm ada por um grupo restrito el e sace rdotes jesuítas belgas que se ded ica m há três séc ul os a pesq ui sa r a vida cios Santos, sobretud o em suas fo ntes oriis in ais, e qu e tomam seu nome do se u fundad or, Jea n Bol lancl. E elas font es mais abali zadas da hagiog ra l~a. 5. Op. ci t. , Tomo X III , p. 58 1. 6. Pc. José Leite, S ..l .,Sa111osde Cada Dia, Ed itorial A.O., Braga, p. 44 1. 7. Fre i Cr isógono de Jcsús, op. cit. , p. 37 1.

ffi 38

ffi CATO LIC ISMO

Dezembro de 1999

C AT O L I

eIS

MO

Dezembro de 1999

39


' · Tf Ps EM AÇÃO

Campanha O Amanhã de Nossos Filhos

Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!

[) _j_jJJ!J:iJJJ)JÍJ .I)!:J J'iJ8:0:iJ!!J;_j

~!JJJUDiJ

Levada a Fátima avalanche de pedidos a ·Nossa Senhora

comemora sucesso das campanhas de 1999 Assembléia Geral de fim de ano revela que aderentes de · O Amanhã de Nossos Filhos têm razões de sobra para comemorar " Foi um ano cheio de combates e vitórias expressivas!" . Com essa frase o Coo rdenador-Gera l de OANF, Dr. Paulo Corrêa de Brito Filho, definiu o comportamento da Campanha no ano de 1999. Segundo o Coordenado r, OANF neste ano deu um grande salto na eficác ia de suas campanhas, deixou de ser "um movimento a mais" de poucas famílias para se transformar numa campanha de âmbito nacional, com representação em Brasília e estruturando-se para atuar no Congresso a partir do ano 2000.

Perseguições, falta de dinheiro e vitórias ... Apesar do que chamou de "hercúleo esforço dos aderentes", que contribuem para a manutenção e ex pansão da Campanha, Dr. Paulo Brito afirmo u que depois das persegui ções movidas por algumas emissoras o maior probl ema enfrentado por OANF foi a falta de recursos financeiros que permiti ssem dar combate a inúmeras frentes que se abriram, inc lu sive nas emissões regionais. Mesmo assim, o OANF conseguiu sensibilizar inúmeras autoridades do Poder Público, influenciando também entidades da sociedade civil.

OAB engaja-se na luta Em discurso proferido na Assembléia de fim de ano, o Coordenador fri sou que o fato de a OAB - Ordem

40

e

AT O L IC ISMO

dos Advogados do Brasil - ter promovido no mês de agosto um congresso para debater a má qualidade da TV, indica que a campanha de conscientização promovida por OANF está ecoando em toda a sociedade brasileira.

Retrospectiva das Campanhas Falando sobre as campanhas que foram realizadas durante o ano de 99, o Coordenador-Geral de OANF destacou a importante continuidade na di fusão da Pesq ui sa Nacional sobre a criação da DELETEL - Delegacia do Telespectador.

DELETEL é a solução Segundo o dirigente da campanha, a DELETEL é a solução definitiva na luta contra a imoralidade na TV. Lembrando que OANF torna um número cada vez maior de pessoas cônsc ias de seus direitos a que a TV não seja um spray de imoralidades, Dr. Pau lo Brito afirmo u que em breve os políticos serão obrigados a sa ir de cima do muro e tomar uma atitude enérgica contra os abusos da TV. Nesse momento, afirma o Coordenador, "a idé ia da DELETEL será posta em prática para tranqüilidade dasfamílias".

Petições ao Ministério Público Em setembro, o Coordenador-Geral de OANF entregou no Ministério

Dezembro d~ 1999

Público paulista reivindicações provenientes de todo o País. Os documentos pediam que o Ministério Público tomasse medidas quanto à exibição de filmes pornográficos levados ao ar pela rede Bandeirantes de Telev isão. Lembrando que a Rede Bandeirantes agride diariamente a Constituição brasileira a.o apresentar filmes pornográficos, Dr. Paulo Brito afirmou que confia em providências por parte cio Mini stério Público.

Não faltou combate à exploração infantil O "MiniTchan",exibidopeloprograma. Raul Gi l, também não de ixou de ser denuncia.do e co mbatido por OANF. Esse quadro promove um a competição entre crianças de tenra idade. A c ri ança vencedora. será aquela que me lhor imitar as coreografias imorais de determ inados grupos musicai s. Essa campanha de OANF gerou uma g igantesca. onda de protesto contra o apresenta.dor. Segundo Dr. Paulo Brito, se estivesse em funcionamento a DELETEL - Delegac ia do Telespectador - o programa de Raul Gil já esta.ria fora do ar.

OANF contra Ratinho Em face da deformação moral gera.da pelo Programa do Ratinho, fezse indi spensável organi zar um poderoso protesto para conter os abusos do apresentador Carlos M assa.

Assim, os aderentes de OANF congestionaram o fax do Program.a do Ratinho e o sistema postal do SBT com o envio de Cartões/Protesto, por fax e pelo correio. Res ultado: Ratinho esbravejou e proferiu injúrias e ac usações difamatória s contra os coo rde nadore s da Campanha, dand o ocas ião a qu e OANF pleiteasse, por via judicial , o "Direito de Resposta" para contestar as absurdas invectivas do apresentador.

Balanço de 1999 Terminada a rclro pectiva das ini c iativas de OANF em 1999, D r. Pau lo Brito observo u: "Outrora os promotores da imoralidade trabalhavam Jranqüilos, com a cer1eza de que invadiriarn os lares brasileim .1·com seu lixo imoral e não e11fi·enlariarn qualquer tipo de protesto; hoje eles pensam duas vezes; amanhã será muito mais diftcil, pois nús não cedere1110.1· ".

Perspectivas para o ano 2000 O Coordenador-Gera l da Campanha declarou-se esperançoso quanlo ao desempenho de OANF no ano 2000. "Se, mesmo sem recursos necessários fo i possível fa zer tanto, lutando contra adversários poderosos.financeiramente como as emissora.,· de TV, irnagine o que faremos quando os tivermos" - concluiu o Coordenador. ♦

edidos à Mã e de Deus - totalizando mais de 1 25 quilos - foram levados a Fátima pe lo CoordenadorGeral da Campanha, Sr. Marcos Luiz Garcia. Num a demonstração de autêntica devoção e pujança, os Participantes da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! enviaram, durante este ano, a ma ior quantidade de pedidos a Nossa Senhora desde que se iniciou o costume de colocar os mesmos aos pés da Virgem de Fátima. Desta vez, em ra zão do fato auspicioso da anunciada beatificação de Jacinta e Francisco, em abril próx imo, os pedidos foram colocados junto à cama onde esteve longamente doente J acinta (foto à esquerda) e no quarto onde faleceu Francisco pelo Coordenador-Ge ral . Em cada um dos quartos foi rezado um rosário pelas intenções dos nossos Participantes, Propagandistas de Fátim a e membros da Aliança de Fátima. Orações e comun hões por todos os nossos Participantes foram feitas na Cova da Iria e junto às sepultura s de Francisco e J acinta, na Bas íli ca de Fátima. A peregrinação estendeu -se também até Valinhos, onde Nossa Sen hora apareceu em agosto de 1 91 7, e até a Loc a do Anjo, onde o Anjo de Portugal manifestou -se aos videntes por duas vezes. Antes de retorn ar ao Bras il, o Coordenador da Campanha vi s itou João Marto, irmão de Jacinta e Fra ncisco .

Crescente adesão dos católicos à campanha contra filme blasfemo A opinião pública católica do País está aderindo vigorosamente à campanha de assinaturas dirigida ao Ministro da Justiça solicitando a proibição da exibição do filme "Dogma" no Bras il. O autor do filme não teve o menor escrúpulo em colocar Nosso Senhor Jesus Cristo na condição de homossexual; em apresentar, co mo sendo Deu s, uma cantora de rock que se apresenta despida; e apresentar a Missa como uma re lação sexual etc . É difícil imagin a r blasfêmias mais graves contra nosso Divino Redentor, a Virgem Santíss ima e a Missa. Ao terem conhecimento do rote iro, os católicos são dominados por uma santa in conformidade e manifestam forte rejeição a ele, dando im ed iata adesão a nossa iniciativa . São muito numerosos os casos de pessoas que nos soli citam mais exemp la res de petições para co letar adesões junto a se us famil iares, colegas de escola ou de serviço. Se os católi cos - que constituem a maior forç a religiosa do País - de fato se unirem, o monstruos o filme não será projetado no Brasil .

CATO LIC IS MO

Dezembro de 1999

41


o ♦

ó

~~JJ~J '.J~JJJ~J:0 -.eJ~J -1FIJ -::JJ1J ~ j _cJ~EJ~ ::::; ~J.J-.".J ~J~J -.eJ~ JJJJJJ~EJ~J:0 JJa J~J ·J'. jJ~JJ JhJ ~~ J 1 EJ1 JJ::::;·J'.~J

A

ma bela .l10111enage m à fmagem peregrin a de N ossa Senhora de Fátima - a mesma que em 1972 verteu lágrimas em Nova Orlea ns, nos Estados Un idos - foi organi zada em Roma por ocas ião cio oita vo aniversári o das ativ idad es de Luci sull 'Est (L uzes sobre o L este). Essa associação divul ga a M ensagem de Fátima espec ialmente nos países excomun istas do L este europeu.

U

Mons. Cus tódio Alvim Pereira

42

eAT

O L IC ISMO

O ato fo i rea li zado no auditório Augustinianum, da Un iversidade ci os A gos tini anos, ao .l1 lado el a Praça de São ~ Pedro. O aud itóri o fi cou complemente lotado, tendo mais de mil pessoas comparec ido à sessão. O program a foi aberto com um pronunciamento ele M ons. Custódio A lvim Pereira, A rcebispo emérito ele Lourenço M arqu es (M oçambiqu e) e Cônego ela B asíli ca ele São Pedro, o qual ressa ltou que a Ca mpanha ele Luci sul/ ' Est na llál ia tudo dev ia a Pl ini o Corrêa de Oli veira, fundador da TFP. O ato central do program a consistiu na recitação de um Rosá rio medi tado, diri gido por M ons. A lvim Pereira, fi cando cada meditação a cargo ele pessoas cl i ferentes, que di spunham ele 1O minu tos para falar. O primeiro mi stéri o coube ao Padre Jossip Munj ic, capelão da Universidade ele Spalato, na Croácia. Ao Dr. M a.rijo

Deze mbro de t 999

Notáveis personalidades compareceram à homenagem. Da direita para a esquerda: Cardeal Opílio Rossi, Mon s. Custódio Alvim Pereira, Mons. Bartulis, Bispo de Sia ulai, o Arcebispo de Moscou, Mons. Kon drusiewicz, o Príncipe Sforza Ruspoli e o Senador Davide N ava.

Z ivk o v i c - d iri ge nte in tern ac ionalmente conhecido ela associação Prolife e ex- membro cio Pontifício onselho para a Famíl ia - o segundo. O terceiro esteve a cargo ele M ons. Bartulis, Bispo de Si aulai, na L ituânia. O quarto mistéri o fo i meditado pelo Prín cipe Gjon Gj omar kej , (Príncipe aJbanês de Mirdi zia), ex-prisioneiro num campo de concentração cio regi me comuni sta e terri velmente torturado. Metade de sua heróica famíl ia - cuj os antepassados combateram ao lado ele Scandenberg -

fo i assass i nada pelos co muni stas. O qui nto mjstério foi contemplado por um orador sacro trad icional, o capuchinho Pe. Cand ido Capponi , amigo do famoso Padre Pio. Após cada mi stéri o do Santo Rosári o, o Coro de Sc111 Nicola in Carcere entoava cântico cm grego riano. Também co laboraram para o e. plenclor da homenagem a N ossa Senhora cantores da Cap e la Six tina, be m co mo um aud iovi sual es pec ialmente preparado para a ocas ião. Compareceu ai nela à. ·essão - sendo muito aplaud ida quando anunciada - uma delegação de cubano anti comun istas que vi aj ara a Roma pa ra entregar a João Paulo Jl um pedido de bea ti fica ção cios ca tólicos cubanos martiri zados por Fidel Castro . "Cheguei anticomunista, mas agora sou dez vezes mais anticomunista que antes", exclamou uma freira, referindose ao brilhante evento que foi encerrado com uma locução do Sr. Júli o L o♦ redo, cio Ufficio T FP de Roma.

TFP france sa, tendo como base seu escritório de representação em Cracóvia (Polônia) , promove anualmente uma caravan a a países ex-comunistas do Leste Europeu , em colaboração com duas associações irmãs : Luci sull'Est, da Itália, e DVCK, da Alemanha. Neste ano, ela organizou duas caravanas, para ampliar ainda mais a divulgação de literatura e objetos religiosos - terços , medalhas e estampas de Nossa Senhora - naqueles países, durante décadas privados da boa doutrina católica. Uma caravana percorreu cidades da Ucrânia, ex pondo à veneração dos fiéis uma réplica da imagem de Nossa Senhora de Fátima (fotos à esquerda) . A segunda caravana (fotos abaixo) iniciou seu programa na Polôn ia, na pequena cidade de Mchy, onde a imagem foi recepcionada por numeroso públi c o (mais ou menos a metade da população) . Vi am-se estandartes e flores em profusão, até m esmo nas calçadas por onde passavam os caravanistas portando a imagem . Não faltaram também c ânticos, orações e ainda crianças lançando flores sobre Nossa Senhora. Em seguida a caravana tomou o rumo do sul e retornou a Cracóvia. Em todos os lugares a imagem foi recebida com entusi asmo, muita devoção, manifestaç ões de gratidão e pedidos para que volte no próximo ano. Ambas as caravanas , em agradecimento a Nossa Senhora pela proteção concedida durante toda a viagem, visitaram o famoso Santuário de Jasna Gora, principal devoção mari ana na catól ica e sofrida Polônia.

CATO LIC ISMO

Dezembro de 1999

43


xcer os a conferência p Plínio Corrêa de Ollvel cooperadores da TFP em 3 d Sem revisão do autor.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.